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Texto 1
MALUF, Sahid. Teoria geral do Estado. São Paulo, Saraiva, 2018 (Cap. XXXIX, XL). 1
1 Noção
“A divisão do poder de Estado em três órgãos distintos (Legislativo, Executivo e
Judiciário), independentes e harmônicos entre si, representa a essência do sistema
constitucional. Uma Constituição que não contenha esse princípio não é Constituição, como
afirmaram os teóricos do liberalismo.” p. 3
2 A doutrina de Montesquieu
“Antes mesmo dos Estados europeus, a América do Norte acolheu com entusiasmo a
fórmula do genial escritor. A primeira Constituição escrita que adotou integralmente a
doutrina de Montesquieu foi a de Virgínia, em 1776, seguida pelas Constituições de
Massachussetts, Maryland, New Hampshire e pela própria Constituição Federal de 1787.
Reafirmaram os constitucionalistas norte-americanos, de modo categórico, que a concentração
dos três poderes num só órgão de governo representa a verdadeira definição de tirania” p. 4
1
Todas as referências para as páginas são relativas ao arquivo PDF utilizado para esse fichamento
formal, não substancial. O poder é um só; o que se triparte em órgãos distintos é o seu
exercício.” p. 4-5
1 Generalidades
“O constitucionalismo em que se cristaliza o humanismo político dos séculos XVII e
XVIII trouxe no seu bojo, como programa essencial, o princípio da soberania nacional e o
imperativo da existência de uma Constituição escrita como instrumento de definição e
limitação da autoridade pública. E preconizou que a Constituição, para que seja como tal
reconhecida e aceita, há de conter, necessariamente, dois princípios essenciais: a divisão do
Poder em três órgãos (Legislativo, Executivo e Judiciário) e a declaração dos direitos
fundamentais da pessoa humana.” p. 6
“Com as revoluções liberais da América do Norte e da França foi que a doutrina dos
direitos individuais, uma espécie de Novo Evangelho, segundo a expressão de Esmein,
firmou-se em bases jusnaturalistas, tornando-se eixo diretor das estruturas constitucionais. E a
partir do século XIX todas as Constituições democráticas passaram a inserir no seu texto a
Declaração dos Direitos do Homem, vazada nos moldes clássicos, com força de limitação do
poder do Estado.” p. 7
2 Classificações
“As Declarações de Direito, em regra geral, vêm divididas em duas partes: a primeira
trata dos direitos políticos (ou direitos de cidadania) e a segunda trata dos direitos
fundamentais propriamente ditos, inerentes ao homem como pessoa humana.” p. 7
“Os direitos fundamentais propriamente ditos referem-se aos atributos naturais da pessoa
humana, invariáveis no espaço e no tempo, segundo a ordem natural estabelecida pelo Criador
do mundo e partindo-se do princípio de que todos os homens nascem livres e iguais em
direitos. Estendem-se, portanto, a todos os homens, sem distinção de nacionalidade, raça, sexo,
ideologia, crença, condições econômicas ou quaisquer outras discriminações. São os direitos
concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual, à propriedade etc.” p. 7
5 Direitos sociais
“Os direitos sociais [...] correspondem a obrigações positivas do Estado, configurando
normas de ação governamental. São direitos individuais e grupais à prestação assistencial do
Estado. São declarações programáticas que se completam e se efetivam através de
regulamentação legislativa ordinária.” p. 9
Texto II
PULIDO, Carlos Libardo Bernal. Direitos fundamentais, juristocracia
constitucional e hiperpresidencialismo na América Latina. In: Brasília, Revista Jurídica
da Presidência, 2015. Vol. 17, n. 111, p. 15-34.
1 Introdução
“O princípio da supremacia da Constituição determina, então, que toda norma e todo ato
jurídico do Estado e dos particulares deve ser conforme a Constituição, ou, dito em sentido
contrário, que nenhuma norma ou ato jurídico do Estado ou dos particulares pode contrariar as
disposições da Constituição. Se uma dessas normas ou atos jurídicos contraria a Constituição,
deverá ser declarado inaplicável ou nulo, segundo o caso.” p. 17
“Se considera, não só na Europa e Estados Unidos, senão também na América Latina, que
o controle de constitucionalidade é uma instituição essencial do Estado. Se me permitem
utilizar a célebre metáfora de Elster, se reconheceu que os governos de turno devem estar
atados ao mastro que representa os direitos fundamentais e as regras do jogo político
estabelecidas na Constituição, para que não sucumbam aos cantos de sereias provenientes das
conjunturas políticas.” p. 21
“Os direitos sociais são promessas de prestações que a Constituição faz a cada indivíduo
e as Cortes Constitucionais são responsáveis por garantir seu cumprimento. Por esta razão,
não é estranho que a incapacidade do Estado para satisfazer os direitos sociais haja levado à
instauração massiva, ante a justiça constitucional, de ações de tutela ou recursos de amparo5
onde se pede à Administração Pública que assegure as prestações que, em teoria, podem ser
deduzidas dos direitos sociais.” p. 23
“[...] resulta bem complexo deduzir das disposições Constitucionais indeterminadas uma
única solução correta. Elas não assinalam ao juiz constitucional a maneira de regular o
processo. O juiz não pode chegar a conhecer o sentido da sentença; tem que construí-lo.” p.
29
“[...] a jurisdição deve limitar sua atividade a controlar que o meio escolhido pelo
legislador ou pela administração para atender um objetivo constitucional legítimo não seja
desproporcionado; que não restrinja outro direito fundamental para além do que seja
necessário. O juiz deve converter-se, então, em um protetor da concordância prática que deve
existir entre os diversos princípios Constitucionais (HESSE, 1992, p. 45).” p. 29
“Dieter Grimm enuncia que, a seu juízo, uma abordagem prospectiva da Constituição é
bastante problemática: ‘se uma mudança na concepção da constituição poderá compensar esta
perda de validez, ou se ela se atrofiará em um ordenamento parcial, é uma questão em
aberto’.” p. 30