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Fichamento

Discente: Diogo Lácio Oliveira Nobre


Email: diogolacio@alu.uern.br
Docente: Veruska Sayonara

Texto

DAHL, Robert. A. Sobre a democracia. Brasília, UnB, 2001/2009. (Capítulos 8 e 12).

Capítulo 8 - Que instituições políticas requer a democracia em grande escala

“Resumindo, as instituições políticas do moderno governo democrático são:


 Funcionários eleitos. O controle das decisões do governo sobre a política é investido
constitucionalmente a funcionários eleitos pelos cidadãos.
 Eleições livres, justas e frequentes. Funcionários eleitos são escolhidos em eleições
frequentes e justas em que a coerção é relativamente incomum.
 Liberdade de expressão. Os cidadãos têm o direito de se expressar sem o risco de
sérias punições em questões políticas amplamente definidas, incluindo a crítica aos
funcionários, o governo, o regime, a ordem socioeconômica e a ideologia prevalecente.
 Fontes de informação diversificadas. Os cidadãos têm o direito de buscar fontes de
informação diversificadas e independentes de outros cidadãos, especialistas, jornais, revistas,
livros, telecomunicações e afins.
 Autonomia para as associações. Para obter seus vários direitos, até mesmo os
necessários para o funcionamento eficaz das instituições políticas democráticas, os cidadãos
também têm o direito de formar associações ou organizações relativamente independentes,
como também partidos políticos e grupos de interesses.
 Cidadania inclusiva. A nenhum adulto com residência permanente no país e sujeito a
suas leis podem ser negados os direitos disponíveis para os outros e necessários às cinco
instituições políticas anteriormente listadas. Entre esses direitos, estão o direito de votar para a
escolha dos funcionários em eleições livres e justas; de se candidatar para os postos eletivos;
de livre expressão; de formar e participar organizações políticas independentes; e de ter
direitos a outras liberdades e oportunidades que sejam necessárias para o bom funcionamento
das instituições políticas da democracia em grande escala.” (p. 99-100)
“Tomadas integralmente, essas seis instituições políticas não constituem apenas um novo
tipo de sistema político, mas uma nova espécie de governo popular, um tipo de “democracia”
que jamais existira pelos 25 séculos de experiência, desde a primeira democracia em Atenas e
a primeira república em Roma. Tomadas em seu conjunto, as instituições do moderno
governo representativo democrático são historicamente únicas; por isso é bom que recebam
seu próprio nome. Esse tipo moderno de governo democrático em grande escala às vezes é
chamado de poliarquia - democracia poliárquica.” (p. 104)

“O governo de pequenas organizações não precisaria ser governos representativos


plenamente desenvolvidos, em que os cidadãos elejam representantes encarregados de
promulgar leis e criar políticas. No entanto, esses governos poderiam ser democráticas, talvez
até bastante democráticos.” (p. 105)

“As instituições políticas rigorosamente exigidas para um governo democrático


dependem do tamanho da unidade. As seis instituições listadas anteriormente
desenvolveram-se porque são necessárias para governar países, não unidades menores. A
democracia poliárquica é o governo democrático na grande escala do país ou estado-nação.”
(p. 107)

“Se aceitamos a conveniência da igualdade política, todos os cidadãos devem ter uma
oportunidade igual e efetiva de votar e todos os votos devem ser contados como iguais.” (p.
109)

“Se tiverem de levar em conta as ideias de outros, será preciso escutar o que esses outros
tenham a dizer. A livre expressão não significa apenas ter o direito de ser ouvido, mas ter
também o direito de ouvir o que os outros têm para dizer” (p. 110)

“[...] em muitos países, é preciso atingir a democratização até o nível da democracia


poliárquica. No entanto, a dificuldade para os cidadãos nas democracias mais antigas é
descobrir como elas poderiam chegar a um nível de democratização além da democracia
poliárquica” (p. 113)

Capítulo 12 - Que condições subjacentes favorecem a democracia?


“Antes de terminar, o século XX transformou-se numa era de triunfo democrático.” (p.
161)

“A vitória definitiva da democracia não fora obtida, nem estava perto. A China [...] ainda
não havia sido democratizada. [...] Da mesma forma, regimes não-democráticos persistiam em
muitas outras partes do mundo: na África, no sudeste asiático, no Oriente Médio e em alguns
dos países remanescentes da dissolvida União Soviética. Na maioria desses países, as
condições para a democracia não eram altamente favoráveis, não se sabia se ou como eles
fariam a transição para a democracia.” (p. 162)

“Condições essenciais para a democracia:


1. Controle dos militares e da Polícia por funcionários eleitos
2. Cultura política e convicções democráticas
3. Nenhum controle estrangeiro hostil à democracia

Condições favoráveis à democracia:


4. Uma sociedade e uma economia de mercado modernas
5. Fraco pluralismo subcultural” (p. 163)

“É menos provável que se desenvolvam as instituições democráticas num país sujeito à


intervenção de outro hostil ao governo democrático nesse país.” (p. 163)

“[...] durante as últimas décadas do século XX, ocorreu uma épica mudança no clima
política do mundo, que melhorou imensamente as perspectivas para o desenvolvimento da
democracia.” (p. 164)

“Em contraposição à ameaça externa da intervenção estrangeira, talvez a ameaça interna


mais perigosa para a democracia venha de líderes que têm acesso aos grandes meios de
coerção física: os militares e a Polícia. Se representantes democraticamente eleitos pretendem
obter e sustentar um controle eficaz sobre as forças policiais e militares, os membros da
Polícia e os militares, especialmente entre os oficiais, devem ceder. Sua deferência ao
controle dos líderes eleitos deve estar profundamente arraigada, para não ser arrancada.” (p.
165)
“Instituições políticas democráticas têm maior probabilidade de se desenvolver e
resistirem num país culturalmente bastante homogêneo e menor probabilidade num país com
subculturas muito diferenciadas e conflitantes.” (p. 166)

“Conflitos culturais podem irromper na arena política, como normalmente acontece [...].
Essas questões impõem um problema especial para a democracia. Os adeptos de uma
determinada cultura muitas vezes consideram suas exigências políticas uma questão de
princípio, de convicção profundamente religiosa ou mais ou menos religiosa, de preservação
da cultura ou sobrevivência do grupo. Consequentemente, consideram suas exigências por
demais decisivas para permitirem uma solução conciliatória - não são passíveis de negociação.
Não obstante, num processo democrático pacífico, a solução de conflitos políticos, em geral,
requer negociação, conciliação, soluções conciliatórias.” (p. 166-167)

“O princípio do governo da maioria deu lugar (em graus variados) a um princípio de


unanimidade. Assim, qualquer decisão do governo que afetasse de modo significativo os
interesses de uma ou mais das subculturas seria tomada apenas com a concordância explícita
desse grupo no gabinete ou no Parlamento.” (p. 170)

“Mais cedo ou mais tarde, todos os países passarão por crises bastante profundas - crises
bastante profundas - crises políticas, ideológicas, econômicas, militares, internacionais. Dessa
maneira, se pretende resistir, um sistema político democrático deverá ter a capacidade de
sobreviver às dificuldades e aos turbilhões que essas crises apresentam.” (p. 173)

“As perspectivas para a democracia estável num país são melhores quando seus cidadãos
e seus líderes apoiam vigorosamente as práticas, as ideias e os valores democráticos. O apoio
mais confiável surge quando essas convicções e predisposições estão incrustradas na cultura
do país e são transmitidas, em boa parte, de uma geração para a outra. Em outras palavras,
quando o país possui uma cultura democrática” (p. 174)

“Historicamente, o desenvolvimento das convicções democráticas e de uma cultura


democrática estava estreitamente associado ao que chamaríamos de economia de mercado. [...]
No entanto, [...] uma economia capitalista de mercado prejudica seriamente a igualdade
política - cidadãos economicamente desiguais têm grande probabilidade de ser também
politicamente desiguais.” (p. 175)

“Podemos resumir o argumento deste capítulo em três proposições gerais: em primeiro


lugar, um país dotado de todas essas cinco principais condições terá praticamente a certeza de
desenvolver e manter as instituições democráticas. Em segundo lugar, é muitíssimo
improvável que um país onde essas condições estejam ausentes desenvolva as instituições
democráticas ou, se o conseguir, que as mantenha. E um país em que as condições são mistas
- algumas favoráveis, outras desfavoráveis? Retardarei um pouco a terceira proposição geral
até ponderarmos o estranho caso da Índia.” (p. 175-176)

“[...] a Índia, em geral, apoia as instituições democráticas. [...] Aparentemente, não


apenas as elites políticas como todo o povo indiano eram mais apegados às instituições e às
práticas democráticas [...].” (p. 178)

“Ao contrário da América Latina, por exemplo, as tradições militares indianas pouco
apoiam golpes ou ditaduras militares. Embora bastante corrupta em geral, a Polícia não
constitui uma força política independente capaz de um golpe.” (p. 178)

“No final das contas, a Índia confirma a terceira proposição que prometi. Num país em
que estejam ausentes uma ou diversas, mas não todas as cinco condições favoráveis à
democracia, a democracia é duvidosa, talvez improvável, mas não necessariamente
impossível.” (p. 179-180)

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