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Direito das obrigações

Principais Distinções

Aluno: Diogo Lácio Oliveira Nobre


Email: diogolacio@alu.uern.br

1.1 Direitos reais


As principais distinções entre direitos obrigacionais e direitos reais, no que se refere à
estrutura são, segundo Cristiano Farias e Nelson Rosenvald:
“a) nas obrigações, instala-se relação jurídica entre pessoas determinadas ou, ao menos, determináveis
[...], cujo objetivo é um comportamento do devedor, traduzido em uma prestação particularizada de dar,
fazer ou não fazer. Em contrapartida, nos direitos reais não se estabelece relação jurídica
individualizada, e sim verdadeira situação jurídica de poder do titular do direito sobre o próprio objeto
[...].” [...] “b) nos direitos reais [...], o titular exercitará poder direto sobre a coisa, com atuação
imediata sobre o bem, sem o consentimento de terceiros”. (FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 103)
Ou seja, apesar de terem muitos atributos semelhantes, os dois direitos possuem
distinções naturais, e a principal de todas é que enquanto nos direitos obrigacionais são
estabelecidas relações interpessoais que buscam cooperar e satisfazerem-se igualmente, nos
direitos reais há uma relação da pessoa com um bem (Idem, ibidem, p. 104).
1.1.1 Revisão crítica da dicotomia e situações híbridas
É inegável que há diversos casos em que existem os dois tipos de direitos (obrigacional e
real) em uma única relação, como exemplificam Farias e Rosenvald ao dizerem que:
“(a) não apenas as obrigações, mas também os direitos reais podem nascer de negócios jurídicos [...];
(b) alguns direitos reais são apenas criados para ampliar a eficácia das relações obrigacionais [...]; (c)
mesmo dentro de relações reais existem obrigações para as partes [...]; (d) alguns direitos obrigacionais
possuem eficácia real [...].” (Idem, ibidem, p. 109)
Entretanto, Pietro Perlingieri lembra que, apesar de existirem situações mistas, ainda se
tratam de direitos diferentes, pois:
“a situação real é aquela que grava uma res determinada e específica, enquanto a situação creditória
não possui essa relação de inerência, eis que sua marca é o comportamento devido: a prestação, que
será alcançada pela via do adimplemento.” (PERLINGIERI apud FARIAS& ROSENVALD, 2017, p.
106)
1.1.2 Obrigações propter rem
Obrigações propter rem são “prestações impostas ao titular de determinado direito real,
pelo simples fato de assumir tal condição” (FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 109), ou seja,
é uma obrigação ligada a um bem, como uma taxa de condomínio, sendo assim, se caracteriza
como uma relação mista, entre direito obrigacional e real.
1.2 Direitos da personalidade
É imprescindível não confundir os direitos obrigacionais com os da personalidade, pois,
enquanto estes “se inserem no grupo das situações subjetivas relacionadas à tutela dos
atributos fundamentais do ser humano” (Idem, ibidem, p. 113), aqueles são caracterizados
como direitos patrimoniais, onde as pessoas buscam satisfazer uma prestação ou submissão.
1.3 Obrigação, dever, sujeição e ônus
Além disso, é necessário fazer uma distinção entre o que é obrigação, dever, sujeição e
ônus jurídicos. Dessa forma, é possível dizer que obrigação stricto sensu “é um dever jurídico
específico e individualizado, decorrente de uma relação jurídica, consusbstanciada em
prestações de dar, fazer ou não fazer.” (Idem, ibidem, p. 115), enquanto o dever jurídico é:
“a noção que individualiza comportamento vinculado que o sujeito deve, necessariamente ter para
satisfazer o interesse de que é titular de direito subjetivo correspondente. Distingue-se da obrigação
porque corresponde genericamente a qualquer situação passiva de uma relação jurídica patrimonial e
relativa” (FONTES apud FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 115).
Ademais, a sujeição se relaciona com o direito potestativo é um poder jurídico que
produz um efeito a outrem por um simples ato de livre vontade, em que uma das partes tem
poder e a outra está submissa. Por fim, o ônus jurídico se caracteriza pela necessidade de se
cumprir com uma conduta para a defesa de um interesse próprio.

Referências:
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: 2
obrigações. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. 655 p.

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