As principais distinções entre direitos obrigacionais e direitos reais são: (1) os direitos obrigacionais estabelecem relações entre pessoas para o cumprimento de obrigações, enquanto os direitos reais estabelecem uma relação direta da pessoa com o bem; (2) nos direitos reais a pessoa exerce poder direto sobre o bem sem consentimento de terceiros. Existem também situações mistas em que elementos dos dois tipos de direito estão presentes na mesma relação jurídica.
Descrição original:
Resenha sobre o capítulo "Principais Distinções" no manual de Direito das Obrigações de Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald
Título original
Resumo 1 - Direito das Obrigações (Diogo Lácio Oliveira Nobre)
As principais distinções entre direitos obrigacionais e direitos reais são: (1) os direitos obrigacionais estabelecem relações entre pessoas para o cumprimento de obrigações, enquanto os direitos reais estabelecem uma relação direta da pessoa com o bem; (2) nos direitos reais a pessoa exerce poder direto sobre o bem sem consentimento de terceiros. Existem também situações mistas em que elementos dos dois tipos de direito estão presentes na mesma relação jurídica.
As principais distinções entre direitos obrigacionais e direitos reais são: (1) os direitos obrigacionais estabelecem relações entre pessoas para o cumprimento de obrigações, enquanto os direitos reais estabelecem uma relação direta da pessoa com o bem; (2) nos direitos reais a pessoa exerce poder direto sobre o bem sem consentimento de terceiros. Existem também situações mistas em que elementos dos dois tipos de direito estão presentes na mesma relação jurídica.
As principais distinções entre direitos obrigacionais e direitos reais, no que se refere à estrutura são, segundo Cristiano Farias e Nelson Rosenvald: “a) nas obrigações, instala-se relação jurídica entre pessoas determinadas ou, ao menos, determináveis [...], cujo objetivo é um comportamento do devedor, traduzido em uma prestação particularizada de dar, fazer ou não fazer. Em contrapartida, nos direitos reais não se estabelece relação jurídica individualizada, e sim verdadeira situação jurídica de poder do titular do direito sobre o próprio objeto [...].” [...] “b) nos direitos reais [...], o titular exercitará poder direto sobre a coisa, com atuação imediata sobre o bem, sem o consentimento de terceiros”. (FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 103) Ou seja, apesar de terem muitos atributos semelhantes, os dois direitos possuem distinções naturais, e a principal de todas é que enquanto nos direitos obrigacionais são estabelecidas relações interpessoais que buscam cooperar e satisfazerem-se igualmente, nos direitos reais há uma relação da pessoa com um bem (Idem, ibidem, p. 104). 1.1.1 Revisão crítica da dicotomia e situações híbridas É inegável que há diversos casos em que existem os dois tipos de direitos (obrigacional e real) em uma única relação, como exemplificam Farias e Rosenvald ao dizerem que: “(a) não apenas as obrigações, mas também os direitos reais podem nascer de negócios jurídicos [...]; (b) alguns direitos reais são apenas criados para ampliar a eficácia das relações obrigacionais [...]; (c) mesmo dentro de relações reais existem obrigações para as partes [...]; (d) alguns direitos obrigacionais possuem eficácia real [...].” (Idem, ibidem, p. 109) Entretanto, Pietro Perlingieri lembra que, apesar de existirem situações mistas, ainda se tratam de direitos diferentes, pois: “a situação real é aquela que grava uma res determinada e específica, enquanto a situação creditória não possui essa relação de inerência, eis que sua marca é o comportamento devido: a prestação, que será alcançada pela via do adimplemento.” (PERLINGIERI apud FARIAS& ROSENVALD, 2017, p. 106) 1.1.2 Obrigações propter rem Obrigações propter rem são “prestações impostas ao titular de determinado direito real, pelo simples fato de assumir tal condição” (FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 109), ou seja, é uma obrigação ligada a um bem, como uma taxa de condomínio, sendo assim, se caracteriza como uma relação mista, entre direito obrigacional e real. 1.2 Direitos da personalidade É imprescindível não confundir os direitos obrigacionais com os da personalidade, pois, enquanto estes “se inserem no grupo das situações subjetivas relacionadas à tutela dos atributos fundamentais do ser humano” (Idem, ibidem, p. 113), aqueles são caracterizados como direitos patrimoniais, onde as pessoas buscam satisfazer uma prestação ou submissão. 1.3 Obrigação, dever, sujeição e ônus Além disso, é necessário fazer uma distinção entre o que é obrigação, dever, sujeição e ônus jurídicos. Dessa forma, é possível dizer que obrigação stricto sensu “é um dever jurídico específico e individualizado, decorrente de uma relação jurídica, consusbstanciada em prestações de dar, fazer ou não fazer.” (Idem, ibidem, p. 115), enquanto o dever jurídico é: “a noção que individualiza comportamento vinculado que o sujeito deve, necessariamente ter para satisfazer o interesse de que é titular de direito subjetivo correspondente. Distingue-se da obrigação porque corresponde genericamente a qualquer situação passiva de uma relação jurídica patrimonial e relativa” (FONTES apud FARIAS & ROSENVALD, 2017, p. 115). Ademais, a sujeição se relaciona com o direito potestativo é um poder jurídico que produz um efeito a outrem por um simples ato de livre vontade, em que uma das partes tem poder e a outra está submissa. Por fim, o ônus jurídico se caracteriza pela necessidade de se cumprir com uma conduta para a defesa de um interesse próprio.
Referências: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: 2 obrigações. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. 655 p.