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RESOLUÇÃO Nº 42/2013

Dispõe sobre a aprovação dos


benefícios eventuais no
município de Nova Lima,
estabelecendo diretrizes,
princípios e critérios.

O CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE NOVA LIMA–


CMAS/NL, no uso das atribuições legais que lhe confere a Lei Municipal Nº
2205/2011em reunião extraordinária, realizada no dia 26 de novembro de 2013;

CONSIDERANDO a Política Nacional de Assistência Social - PNAS aprovada


pela Resolução CNAS nº 145/2004, que dispõe sobre as diretrizes e princípios
para a implementação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS;

CONSIDERANDO a Norma Operacional Básica - NOB aprovada pela Resolução


CNAS nº 130/2005, que dispõe sobre a operacionalização do Sistema Único da
Assistência Social – SUAS;

CONSIDERANDO que a implantação do Sistema Único da Assistência Social -


SUAS exigiu e vem exigindo um conjunto de ações para o reordenamento dos
serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social na perspectiva
de aprimorar seu campo de proteção, assegurando sua especificidade ao tempo
em que contribui com a intersetorialidade, que articula ações de proteções entre
os entes federados e entidades e organizações de assistência social;

CONSIDERANDO os benefícios eventuais da assistência social, previstos no


artigo 22 da Lei Orgânica da Assistência Social, alterada pela Lei 12.435 de 06
de julho de 2011, que integram o conjunto de proteções da política de
assistência social e, neste sentido se inserem no processo de reordenamento de
modo a garantir o acesso à proteção social ampliando e qualificando as ações
protetivas;

CONSIDERANDO o Decreto Federal nº 6.307/2007 que dispõe sobre os


benefícios eventuais e define em seu artigo 9º que as “provisões relativas a
programas, projetos, serviços e benefícios diretamente vinculados ao campo da
saúde, educação, integração nacional e das demais políticas setoriais não se
incluem na modalidade de benefícios eventuais da assistência social”; assim
como a Resolução nº 39/2010 do CNAS que “dispõe sobre o processo de
reordenamento dos Benefícios Eventuais no âmbito da Política de Assistência
Social em relação à Política de Saúde”;

CONSIDERANDO o Levantamento Nacional sobre os Benefícios Eventuais da


Assistência Social realizado em outubro de 2009, com vistas ao mapeamento da
situação da regulação e prestação dos benefícios;

CONSIDERANDO a competência atribuída ao CNAS pela Lei 8.742, de 1993 –


LOAS alterada pela Lei 12.435 de 6 de julho de 2011, para a definição de
critérios e prazos para a regulamentação dos benefícios eventuais,
cofinanciados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal, conforme § 1º do art.
22 da referida Lei, que gera corresponsabilidade aos conselhos estaduais e
municipais de emitir parâmetros para adequação a realidade local;

CONSIDERANDO a Resolução CIT nº7 de 10 de setembro de 2009 que acorda


procedimentos para a gestão integrada dos serviços, benefícios
socioassistenciais e transferência de renda para atendimento de indivíduos e de
famílias beneficiárias do PBF, PETI, BPC e Benefícios Eventuais no âmbito do
SUAS;

RESOLVE:

Art.1° Regulamentar a provisão de benefícios eventuais no âmbito da


Política Pública de Assistência Social no município de Nova Lima, estabelecendo
diretrizes, princípios e critérios.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS

Seção I
Da Definição

Art.2º Os benefícios eventuais são provisões suplementares e provisórias


que integram organicamente as garantias do Sistema Único de Assistência
Social - SUAS com fundamentação nos princípios da cidadania e nos direitos
sociais e humanos, prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de
nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade
pública ou emergência.

§ 1º A situação de vulnerabilidade temporária caracteriza-se pelo advento de


situações de riscos, perdas e danos à integridade da pessoa e/ou de sua família
e podem decorrer de:
I - falta de acesso a condições e meios para suprir a reprodução social
cotidiana do solicitante e de sua família, principalmente a de alimentação;
II - falta de documentação;
III - falta de domicílio;
IV - situação de abandono ou impossibilidade de garantir abrigo aos
filhos;
V - perda circunstancial decorrente da ruptura de vínculos familiares, da
presença de violência física ou psicológica na família ou por situações de
ameaça à vida;
VI - desastres e de calamidade pública; e
VII - outras situações sociais que comprometam a sobrevivência.

§ 2º Entende-se por calamidade pública e emergência o reconhecimento pelo


poder público de situação anormal, advindas de baixas ou altas temperaturas,
tempestades, enchentes, inversão térmica, desabamentos, incêndios e/ou
epidemias, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à segurança
ou à vida de seus integrantes.

Art.3º Os benefícios eventuais serão ofertados de maneira integrada aos


serviços socioassistenciais.

§ 1º Caberá aos profissionais dos Centros de Referência da Assistência Social -


CRAS, equipes técnica de Proteção Social Básica, Centro de Referência
Especializado de Assistência Social - CREAS realizar a concessão dos
benefícios eventuais.

§ 2º O atendimento das famílias residentes em territórios sem cobertura de


CRAS dar-se-á por meio do estabelecimento de equipes técnicas de Proteção
Social Básica.

§ 3º Os benefícios eventuais concedidos por entidades de atendimento deverão


ser fiscalizados por este Conselho considerando que a concessão seja de forma
permanente, continuada e planejada.

Seção II
Dos Princípios dos Benefícios Eventuais

Art.4o O benefício eventual deve atender, no âmbito do SUAS, aos


seguintes princípios:

I - integração à rede de serviços socioassistenciais, com vistas ao


atendimento das necessidades humanas básicas;
II - constituição de provisão certa para enfrentar com agilidade e presteza
eventos incertos;
III - proibição de subordinação a contribuições prévias e de vinculação a
contrapartidas;
IV - adoção de critérios de elegibilidade em consonância com a Política
Nacional de Assistência Social - PNAS;
V - garantia de qualidade e prontidão de respostas aos usuários, bem
como de espaços para manifestação e defesa de seus direitos;
VI - garantia de igualdade de condições no acesso às informações e à
fruição do benefício eventual;
VII - afirmação dos benefícios eventuais como direito relativo à cidadania;
VIII - ampla divulgação dos critérios para a sua concessão; e
IX - desvinculação de comprovações complexas e vexatórias de pobreza,
que estigmatizam os benefícios, os beneficiários e a política de assistência
social.

Seção III
Dos Beneficiários em Geral

Art.5º O benefício eventual destina-se aos cidadãos e às famílias com


impossibilidade de arcar por conta própria com o enfrentamento de
contingências sociais, cuja ocorrência provoca riscos e fragiliza a manutenção
do indivíduo, a unidade da família e a sobrevivência de seus membros.

Art.6º Os benefícios eventuais serão concedidos aos cidadãos e às


famílias residentes em Nova Lima com renda per capita igual ou inferior a 1/2
salário mínimo e de acordo com a situação de vulnerabilidade social dos
usuários, mediante parecer técnico.

§ 1º As pessoas em situação de rua e os que estiverem em unidades de


acolhimento institucional sem referência familiar também poderão ser
contemplados pelos benefícios eventuais previstos nesta Resolução.

§ 2º A concessão de benefícios eventuais será destinada à família em situação


de vulnerabilidade social, com prioridade para a criança, adolescente, pessoa
idosa, pessoa com deficiência, gestante, nutriz e os casos de calamidade
pública.

CAPÍTULO II
DAS MODALIDADES DE BENEFÍCIOS EVENTUAIS

Seção I
Da Classificação

Art.7º No âmbito do município de Nova Lima, os benefícios eventuais


classificam-se nas seguintes modalidades:

I - auxílio por natalidade;


II - auxílio por morte;
III - auxílio alimentação;
IV - auxílio documentação;
V - auxílio transporte;
VI - auxílio mudança;
VII - auxílio por calamidade pública ou emergência.

Seção II
Do Auxílio por Natalidade

Art.8º O benefício eventual na modalidade de auxílio por natalidade


constitui-se em uma prestação temporária, não contributiva da assistência social
para reduzir vulnerabilidade provocada por nascimento de membro da família.

Parágrafo único. O auxílio por natalidade é destinado à família e atenderá as


necessidades do nascituro.

Art.9º O auxílio por natalidade será concedido na forma de bens de


consumo.

§ 1º Os bens de consumo consistem no enxoval do recém-nascido, incluindo


itens de vestuário, utensílio para alimentação e de higiene, observada a
qualidade que garanta a dignidade e o respeito à família beneficiária.

§ 2º A concessão do auxílio por natalidade será ofertado à família em número


igual ao das ocorrências de nascimento.

§ 3º O auxílio natalidade poderá ser concedido diretamente a um integrante da


família beneficiária, qual seja: mãe, pai, parente até segundo grau ou membro
da comunidade quando não houver responsável familiar.

Art.10º O auxílio por natalidade poderá ser requerido sessenta dias antes
da data prevista para o parto ou até noventa dias após o nascimento.

Parágrafo único. O auxílio natalidade deve ser concedido até quinze dias após
o requerimento.

Seção III
Do Auxílio por Morte

Art.11º O benefício eventual na modalidade de auxílio por morte,


constitui-se em uma prestação temporária, não contributiva da assistência social,
para reduzir vulnerabilidade provocada por morte de membro da família.

Art.12º O auxílio por morte ocorrerá por meio de prestação de serviços.

Parágrafo único. Os serviços devem cobrir o custeio de despesas de urna


funerária, velório e sepultamento, dentre outros serviços inerentes que garantam
a dignidade e o respeito à família beneficiária.

Art.13º. O auxílio requerido em caso de morte deverá ser prestado


imediatamente por intermédio de plantão 24 horas.

§ 1º A concessão do auxílio por morte será devido à família em número igual ao


das ocorrências de morte.

§ 2º O auxílio por morte poderá ser concedido diretamente a um integrante da


família beneficiária, qual seja: mãe, pai, parente até segundo grau ou membro
da comunidade quando não houver responsável familiar.

Seção IV
Do Auxílio Alimentação

Art.14º O benefício eventual na modalidade de auxílio alimentação


constitui-se em uma prestação temporária não contributiva da assistência social
em forma de cesta básica e/ou cesta de legumes, para reduzir a vulnerabilidade
provocada pela falta de condições sócio econômicas para aquisição de
alimentos com qualidade e quantidade de forma a garantir uma alimentação
saudável com segurança às famílias.

Art.15º O alcance do auxílio alimentação é destinado preferencialmente


às famílias que se encontram nas seguintes situações:

I – insegurança alimentar causada pela falta de condições


socioeconômicas para manter uma alimentação digna, saudável com qualidade
e quantidade;
II – desemprego, morte ou abandono pelo membro que sustenta o grupo
familiar;
III – nos casos de emergência e calamidades públicas;
IV – grupos vulneráveis e comunidades tradicionais

Seção V
Do Auxílio Documentação

Art.16º O benefício eventual na modalidade de auxílio documentação


constitui-se numa prestação temporária, não contributiva da assistência social,
garantindo aos cidadãos e às famílias a obtenção dos documentos que
necessitem e que não disponha de condições para adquiri-los.

Art.17º O auxílio documentação abrangerá os seguintes documentos:

I – segunda via de certidões de nascimento, casamento e óbito;


II – segunda via de Carteira de Identidade;
III – Cadastro de Pessoa Física - CPF;
IV – fotos em tamanho três por quatro, para regularização de documentos
e inserção no mercado de trabalho.

Seção VI
Do Auxílio Transporte

Art.18º O benefício eventual na modalidade de auxílio transporte


constitui-se em uma prestação temporária não contributiva da assistência social,
no fornecimento de passagens de transporte coletivo municipal, intermunicipal
e/ou interestadual que poderão ser concedidos nas seguintes modalidades:

I – Passe Social Eventual destinado à:

a) garantia do acesso do usuário aos serviços, programas e projetos


socioassistenciais;
b) participação do usuário em processos de seleção ou entrevista para
inserção no mercado de trabalho;
c) visita a ente familiar em privação de liberdade, objetivando preservar o
vínculo familiar.
d) garantia do acesso a cursos profissionalizantes e/ou de qualificação de
curta e média duração, atividades esportivas, artísticas e culturais,
mediante comprovação de frequência e parecer técnico.

II – Passe Social Migrantedestinado à:

a) família e individuo em situação de risco pessoal e social, em processo


migratório, com permanência há um período inferior a dois meses no
município e que esteja em situação de procura por trabalho, fixação no
município e mobilidade para outro município onde mantenha vínculo
familiar e comunitário;

III – Passe Social Emergencial destinado à:

a) pessoa em situação de rua que pretenda regressar à cidade de origem ou


para outro município onde mantenha vínculo familiar e comunitário;
b) família ou pessoa residente no município em situações consideradas
emergenciais possibilitando a reinserção familiar e comunitária, mediante
parecer técnico.

Seção VII
Do Auxílio Mudança

Art.19º O benefício eventual na modalidade de auxílio mudança constitui-


se em uma prestação temporária não contributiva da assistência social, por meio
de fornecimento de transporte para a mudança dos bens móveis para novo
endereço.

Art.20º O transporte dos bens móveis ficará restrito ao município de Nova


Lima e será realizado em parceria com Secretaria Municipal de Obras.

Seção VIII
Do Auxílio por Calamidade Pública ou Emergência
Art.21º O benefício eventual na modalidade de auxílio por calamidade
pública ou emergência é uma provisão suplementar e provisória da assistência
social prestada para suprir a família e o indivíduo na eventualidade dessas
condições de modo a assegurar-lhe a sobrevivência e a reconstrução de sua
autonomia.

Art.22º O público alvo deste auxílio são as famílias e indivíduos vítimas


de situações de calamidade pública ou emergência, os quais se encontrem
impossibilitados de arcar por conta própria com o restabelecimento para
sobrevivência digna da família e de seus membros, independente de renda
percapta.

Art.23º O benefício eventual destinado à situação de calamidade pública


ou emergência deverá ser garantido considerando a situação apresentada em
cada evento.

Art.24º No caso de calamidades, situações de caráter emergencial,


deverá ser realizada uma ação conjunta das políticas setoriais municipais no
atendimento aos cidadãos e às famílias beneficiárias.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art.25º Compete ao município de Nova Lima por intermédio do órgão


gestor da Política Municipal de Assistência Social, destinar recursos para o
custeio do pagamento dos benefícios eventuais, devendo constar em seus
instrumentos de planejamento.

Parágrafo único. O órgão gestor da Política Municipal de Assistência


Social não celebrará convênios, contratos, acordos ou ajustes com as entidades
e organizações de assistência social para concessão de benefícios conforme
artigo 6-B, § 3º da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS.

Art.26º O poder público municipal deverá firmar convênios e/ou termo de


parceria com outros entes federativos e/ou pessoas jurídicas para consecução
dos fins dessa resolução.

Art.27º Compete ao órgão gestor da Política Municipal de Assistência


Social:

I – a coordenação geral, a operacionalização, o acompanhamento, a


avaliação da prestação dos benefícios eventuais, bem como o seu
financiamento;
II – a realização de estudos da realidade e monitoramento da demanda
para constante ampliação da concessão dos benefícios eventuais;
III – expedir as instruções, fluxos e instituir formulários e modelos de
documentos necessários à operacionalização dos benefícios eventuais.
IV – elaborar Plano de Concessão de Benefícios Eventuais anualmente.

Parágrafo Único: o órgão gestor da Política Municipal de Assistência Social


deverá encaminhar relatório de execução físico e financeiro ao Conselho
Municipal de Assistência Social trimestralmente.

Art.28ºCaberá ao Conselho Municipal de Assistência Social:


I - reformular sempre que se fizer necessário a regulamentação de
concessão dos benefícios;
II - fiscalizar e a avaliar a execução dos benefícios eventuais e quando
identificado situações de irregularidades, tomar as medidas cabíveis;
III – acompanhar, avaliar e fiscalizar o financiamento.
IV – deliberar o Plano de Concessão de Benefícios Eventuais
anualmente.

Art.29º As provisões relativas a programas, projetos, serviços e


benefícios diretamente vinculados ao campo da saúde, educação e das demais
políticas setoriais não se incluem na modalidade de benefícios eventuais da
assistência social.

§ 1º No que se refere à concessão de prótese, órtese e medicamentos, deve ser


respeitado a Resolução nº 39 de 09 de dezembro de 2010, que define
competências da Saúde.

§ 2º Não serão considerados, dentre outros, como benefícios eventuais:


I – Passe Estudantil
II – Bolsa Sebrae

Art. 30º Responderá civil e penalmente quem utilizar os benefícios


eventuais para fins diversos ao qual é destinado como também o agente público
que de alguma forma contribuir para a malversação dos recursos públicos objeto
dos benefícios de que trata essa resolução.

Art.31º Por serem considerados direitos socioassistenciais em


consonância com as diretrizes da Política Pública de Assistência Social,
disciplinada na forma do Sistema Único de Assistência Social – SUAS é vedada
a vinculação dos benefícios eventuais a quaisquer interesses político-partidários.

Art.32º Revogam-se as disposições em contrário.

Art.33º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

Nova Lima, 26 de novembro de 2013

Matheus Ferreira Maia


Presidente do CMAS/NOVA LIMA/MG

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