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MATÉRIA DE DIREITO CONSTITUCIONAL III

Prof. Simone

RECAPITULAÇÃO

Formas de Governo: é o meio pelo qual o poder político é transmitido dentro de um


determinado estado, temos duas formas:
a) Monarquia = é uma forma de governo onde o poder político é hereditário e vitalício. Brasil
foi monarquia até 1889 (fomos o último país a proclamar a república na América Latina).
b) República = res pública ou coisa de todos. É a forma de governo que é transmitida de
maneira temporária e eletiva, é eleito pelo povo e ficará por um determinado tempo fixado
pela Constituição.
Sistemas de Governo: são as relações entre poder executivo e legislativo.
a) Parlamentarismo: há uma grande ênfase ao poder legislativo e é um sistema onde o
executivo é dual e o primeiro ministro é tirado do parlamento.
b) Presidencialismo: é um sistema de governo criado nos EUA na primeira constituição
americana de 1789, trata-se de um sistema onde a ênfase do poder é dado ao presidente da
república. Há uma divisão bem nítida dos poderes, sendo que o presidente da república detém
grande poder em suas mãos.
Sistemas Políticos: refere-se a participação do povo na participação do poder político. Se
estamos em um sistema que permite somente um partido político, que não admite qualquer
tipo de contestação, possui um líder político carismático, chamamos de totalitarismo. Se
estamos diante de um estado onde o povo participa da decisão política, estamos diante da
democracia, os governantes são representante do povo (Art. 2º da CF/88).
Formas de estados: como o poder político governamental se apresenta dentro do país.
a) Estado unitário: onde há uma só forma legislativa, um só executivo, um só legislativo e um
só judiciário (normalmente estes estados são de pequena extensão territorial). O Brasil foi um
estado unitário durante o império.
b) Estado federal: forma descentralizada dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

O ESTADO FEDERAL BRASILEIRO

O estado federal é a forma de estado composto que tem descentralização de poder, feita pela
própria CF (em nível constitucional). Esta forma de governo é intocável, imutável e imexível
(Art. 60, parágrafo 4º inciso 1º). Esta forma de governo é protegida pela CF.
Surgimento: como pode surgir um estado federal? Teremos duas modalidades de formação:
a) Por agregação: quando vários estados se unem para formar um novo estado e tem-se
o nome de estado federal, exemplo as 13 colônias americanas, independentes entre si,
e proclamaram sua independência face à coroa inglesa. Logo após fizeram uma forma
de estado chamada de Confederação (tratado internacional de mútua ajuda e
cooperação). Após perceberem que estes laços confederados ficaram muito tênues,
em 1789 se reuniram na Convenção de Filadélfia e após esta convenção, foi criado o

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Estado Federado, abrindo mão da soberania de cada um deles em prol de um novo
estado, Estado Unidos da América. Estes provincianos continuaram dotados de
autonomia, mas cederam a soberania em favor deste novo estado que surgiu.
b) Por desagregação: onde se tem um estado unitário e há uma descentralização,
partindo de um todo para várias partes. No Brasil, ao proclamar a República, as
províncias transformaram em estados-membros dotados de capacidade administrativa
e política. Era um estado unitário e foi transformado em um estado federado. A
consequência desta forma, é que os estados-membros detém menos autonomia que
em estados-membros originados por agregação. Nestes últimos, cada estado-membro
já tinha sua constituição, permanecendo-as de forma intocada, e a criação de uma
constituição federal, é feita com matérias residuais. Já no federalismo por
desagregação, é feita uma constituição federal única, e os estados-membros legislam
sobre matérias residuais.

Características do estado federal brasileiro


O estado federal é a união de direitos constitucionais. O pacto federativo está inserido,
materializado na CF. Tudo que interessar a União encontra-se na CF, que prevê inclusive nas
graves crises institucionais (chamado de direito de crise, como estado de sítio e estado de
defesa e a intervenção federal).

A indissolubilidade do vínculo federativo


Art. 1º - união indissolúvel – significa que nenhum ente da federação brasileira pode dela se
retirar para transformar em outro país, não é aceito a secessão (separação). Não adianta
proclamar que é indissolúvel e ficar somente no papel, por isso existem mecanismos de
proteção a este artigo, inclusive a intervenção federal.

Alterabilidade interna
Internamente dentro dos estados membros há a permissão de alterabilidade em seu território,
criando novos estados-membros, municípios e etc, desde que seja internamente e conforme
regras constitucionais. Isto pode ser feito, conforme Art. 18, parágrafo 4º, através de um
plebiscito feito à população interessada, sendo de vontade desta população, haverá um
projeto de lei complementar (a ser aprovada por maioria absoluta, indo a sanção ou veto
presidencial) e sendo aprovada e sendo sancionada/promulgada, faz-se a divisão interna no
país. O CN não é obrigado a aprovar a lei criando um novo estado-membro. Existem 03 tipos
de alteração: fusão, desmembramento e anexação. As Assembléias Legislativas estaduais são
ouvidas (meramente ouvidas, mas não decidem nada).
Fusão – dois estados se unem para formação de um ente federativo: a população (não é o
povo) é consultada, através do plebiscito e se aprovado, será encaminhado projeto de lei
complementar ao CN, e este não se vincula ao resultado do plebiscito, e se o CN aprova, vai ao
presidente para sanção ou veto. A participação popular é ínfima.
Desmembramento – um estado se divide em dois ou mais, e o processo legislativo é o mesmo.
Anexação – uma parte de um estado se divide e anexa a outro estado, sendo que o processo
legislativo é o mesmo.
Existe ainda a possibilidade de virar território federal, que eram partes do território brasileiro
que não era estado, nem município e que eram gerenciados pela União (áreas de pouco

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desenvolvimento econômico). Uma parte de um estado pode desmembrar e virar um
território, a ser administrado pela União.

INTERVENÇÃO FEDERAL

É da essência do federalismo a autonomia dos entes federativos (Art. 1º e 18 – caput). A


autonomia significa a liberdade de agir livremente desde que sejam obedecidos os limites
traçados pela Constituição Federal (exemplo, Art. 25).
Intervenção federal é a exceção, ou seja, quando a União, de maneira unilateral, rompe,
temporariamente, com a autonomia do estado-membro. Durante a intervenção federal
(havendo esta ruptura momentânea) a constituição é imexível (Art. 60).
Causas que levam a intervenção federal (Art 34):
a) Manter a integridade nacional: a integridade nacional é defender o território
brasileiro, que não pode ser desfalcado.
b) Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra: são dois casos.
A primeira parte refere-se à invasão estrangeira, a exemplo uma invasão paraguaia ao
estado do Paraná, tratando-se de uma invasão, dentro do país, através do estado-
membro do Paraná. Neste caso, o presidente poderá intervir para repelir a invasão
estrangeira. Na segunda parte, repelir a invasão de uma unidade da federação a outra,
(ou seja, um estado-membro invade o outro estado-membro) e para garantir o
restabelecimento da ordem instaura-se a intervenção.
c) Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública: deve ser um fato anômalo,
real, efetivo, iminente (prestes a acontecer), como exemplo, um estado onde a milícia
formada por uma corja de bandidos mandando mais que o governo estadual. Ordem
pública é o estado de paz social.
d) Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação: garantir
os poderes Executivo (governador), Legislativo (assembléia legislativa) e Judiciário (TJ),
de atuarem, não serem cerceados de seu poder.
e) Reorganizar as finanças da unidade da Federação: dívida fundada é o compromisso
que o estado assume com a União pedindo recursos emprestados, e se este
compromisso for superior a 12 meses e se ficar 02 anos sem pagar (tempo total de 3
anos) poderá haver intervenção, salvo motivos de força maior. Ou ainda deixar de
entregar aos municípios as receitas tributárias fixadas na constituição, em caso de não
repassar, poderá ter intervenção.
f) Prover a execução da lei Federal, ordem ou decisão judicial: o estado que não
obedecer uma lei federal ou uma decisão federal poderá sofrer intervenção.
g) Assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis: a) forma republicana,
sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c)
autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais.

Procedimentos para intervenção Federal


A intervenção federal será feita através de decreto presidencial (função exclusiva conforme
Art. 84, parágrafo único – é indelegável, logo é exclusiva). Este decreto de intervenção (Art. 36,
parágrafo primeiro) explicitará a amplitude, o prazo (a intervenção é eminentemente

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temporária, pois é uma exceção) e as condições de execução (o que será feito durante a
intervenção, serviços públicos, como a ordem será cumprida) e que se couber, nomeará
interventor (apesar de poder ter intervenção federal sem a presença do interventor). Este
decreto será submetido à apreciação do CN (Art. 49, IV). O que instaura a intervenção federal é
o decreto presidencial. Primeiro, o presidente decreta, somente após, o CN aprecia a
intervenção (aprova ou não, pois aprovação é posterior ao ato e autorização é anterior ao ato).
O decreto presidencial, para a instauração da intervenção federal, poderá ser:
a) Espontâneo: ex-ofícium, discricionário (aquele onde o agente público pondera sobre a
conveniência ou oportunidade da medida, e vinculado é obrigatório, agente é mero
executor da lei), sem provocação, o presidente pode decretar a intervenção, conforme
os temos do Art. 34, incisos I, II, III e V. Ninguém provoca, mas tem que ouvir os
Conselhos da República e de Defesa (Art. 89 e 90), obrigado ouvir, mas não “escutar”.
O decreto presidencial irá para CN aprovar ou não – e se o CN não aprovar, a
intervenção deve ser cessada imediatamente sob pena de crime de responsabilidade.
b) Provocado: alguém tem que provocar o executivo (presidente) decretar. O presidente
não pode decretar a intervenção, sem que haja a provocação.
a. Solicitação: No art. 36, I, citará que no caso do Art. 34, IV, somente os órgãos
estaduais, solicitado pelo Poder Legislativo estadual ou Poder Executivo,
estiverem coactos ou impedidos. O judiciário jamais solicita, ele requisita. O
decreto presidencial irá para CN aprovar ou não – e se o CN não aprovar, a
intervenção deve ser cessada imediatamente sob pena de crime de
responsabilidade.
b. Requisição 01: Art. 36, I, Poder judiciário estadual, através do STF, se o poder
judiciário estadual estiver coacto. O decreto presidencial irá para CN aprovar
ou não – e se o CN não aprovar, a intervenção deve ser cessada
imediatamente sob pena de crime de responsabilidade.
c. Requisição 02: Art, 36, II, remete ao art. 34, VI – segunda parte, no caso de
descumprimento de ordem judicial, depende de requisição do órgão que teve
a ordem descumprida (STF, STJ, STE – quem emitiu a ordem que foi
descumprida é que deve requisitar a intervenção federal). Somente o poder
judiciário quem pode requerer a intervenção federal.
d. Representação: no Art. 36, III, dependerá de provimento do STF, de
representação do PGR na hipótese do Art. 34, VI, primeira parte (prover
execução de lei federal descumprida) e Art. 34, VII (princípios constitucionais
sensíveis) e suas alíneas. O único que pode fazer esta representação ao STF,
que fará a representação ao presidente da república é o Procurador Geral da
República (PGR). Neste caso, como o STF já deu provimento, este decreto
presidencial não vai ao CN para aprovação – Art. 36, IV, parágrafo III. Neste
caso não necessariamente será nomeado interventor, apenas se não
cessarem, através de decretos, o motivo da intervenção.
O CN poderá suspender a intervenção a qualquer momento.
Temos duas modalidades: uma intervenção política e uma intervenção jurídica.

Baixou o decreto da intervenção, ela está instaurada. O CN aprova (ou não) o decreto
presidencial através de decreto legislativo (aprovar = o que já está em vigor).

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Na requisição feita pelo STF, STJ ou TSE, Art. 34 VI ao presidente, não há necessidade de
aprovação do CN (no caso do Art. 36, parágrafo 3º).

O presidente não pode decretar intervenção federal que não esteja taxativamente arrolados
no art. 34 da CF/88, apesar de uma “pequena margem de liberdade” no inciso III deste artigo.

A aprovação do decreto presidencial de intervenção federal, pelo CN através do decreto


legislativo é uma forma de controle político. O poder judiciário fará um controle formal para
verificar se este decreto está dentro dos requisitos do Art. 34, se este decreto foi enviado para
o CN, mas nunca, o judiciário, entrará no mérito no ato do presidente (ele, judiciário, irá
controlar a constitucionalidade do ato).

Porém não se pode esquecer que no parágrafo 6º do Art. 37, as pessoas jurídicas de direito
público e as pessoas jurídicas de direito privado, prestadores de serviços públicos, serão
responsáveis, mesmo sem dolo ou culpa, se causarem danos à terceiros, em caso de
intervenção, eles serão responsabilizados. Isto não é controle sobre a intervenção e sim
reparação do dano (teoria da culpa objetiva).

SOBERANIA DA FEDERAÇÃO

Soberania – o poder de decidir os assuntos internos em poder de última instância e sem


qualquer interferência da comunidade internacional e no plano internacional, a soberania
significa a igualdade jurídica entre os estados perante a comunidade internacional. Acharemos
a soberania nos art. 4ª, 14 e 171 da CF/88. A soberania reside na República Federativa do Brasil
(soberana é a federação brasileira conforme art. 4º da CF/88). O chefe do estado (presidente
da republica) ao representar o Brasil, fora de nosso território, representa o Estado do Brasil, é
o presidente do Brasil. A União é apenas autônoma, não é soberana, ela apenas demonstra a
soberania da República Federativa do Brasil, pois é ela que é titular, que detém a soberania,
apenas na hora de demonstrar, veicular, conduzir a soberania brasileira, é a União (que é um
ente federado e através do chefe do executivo) exercendo a função de chefe do estado.
Portanto, a União NÃO é soberana, ela apenas veicula a soberania do Estado Brasileiro (Art. 4º
da CF/88). A soberania está na República, mas quem exerce-a é a União, a República
Federativa do Brasil que é a pessoa jurídica de direito público internacional que a detém.

Autonomia dos entes federativos


Internamente, todos os entes federativos do Brasil são autônomos: a União, Estados-
Membros, Distrito Federal e Municípios. Esta autonomia se revela no plano da auto-
organização com o poder legislativo derivado das assembléias legislativas, e poder de auto
gestão do governador dos estados. Os municípios tem autonomia administrativa e legislativa
representados pelos prefeitos e vereadores, com total liberdade dentro dos princípios
estabelecidos na CF/88. De igual forma, no Distrito Federal, a autonomia administrativa e
legislativa é presente dentro dos limites da constituição. O Estado tem o poder constituinte
decorrente ou derivado (porém este poder constituinte não é soberano pois atua dentro dos
limites da constituição federal e estadual).

Autonomia Político Administrativo

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Vivemos no meio de leis federais, estaduais e municipais; decretos federais, estaduais e
municipais. Como isso é possível? O pacto federativo faz uma rígida e clara distribuição de
competências.
O município legisla sobre coisas locais, a União legisla sobre o que é de interesse de todos e o
resíduo fica a cargo do estado.
Competência é a atribuição legal para agir.
Competência legislativa é aquela competência para elaborar leis, e a competência
administrativa é a competência para prática administrativa (prestação de serviços públicos).
Competência exclusiva é aquela competência (atribuição legal de agir) que é indelegável e a
competência privativa é a que pode ser delegada (Art. 22 da CF/88).
Formas de delegações: lei complementar, autorização, concessão e permissão.

Repartição de Competência = é a atribuição legal para agir.


Competência originária = quando deflui diretamente da lei. Toda competência exclusiva é
originária e indelegável.
Competência delegada = aquela que vc exerce por delegação, alguém delega a competência.
Formas de delegação: leis, autorizações, concessões e permissões. Toda competência delegada
decorre de uma competência privativa (pois se for exclusiva, não se pode delegar).
Competência enumerada = União, artigos 21, 22 e etc. tudo que é competência da União foi
taxativamente enumerada a ela.
Competência implícita = Município, Art. 30, I – compete ao município legislar sobre assuntos
de interesse local (exemplo limpeza urbana, coleta de lixo, organização do trânsito, etc . .). Não
basta o município apenas entender que o interesse é local, tem que ver se a matéria não está
reservada para a União legislar.
Competência residual ou remanescente: Estado, Art. 25, parágrafo 1º, está reservado ao
Estado legislar tudo aquilo que não lhe seja vedado pela CF/88 (tudo aquilo que não está
reservado para a União ou Município).
Competência Concorrente = Art. 24, quando dois ou mais entes federativos podem legislar
sobre um mesmo assunto e ao mesmo tempo. No uso desta competência concorrente, a União
(CN) pode é legislar o chamado de norma geral – norma principiológica, genérica, abstrata,
sem detalhes, pormenores – e o Estado fará a lei suplementar, complementando a lei feita
pelo congresso, trazer a norma geral à sua realidade. Porém se o CN, por exceção, deixar de
legislar sobre algum assunto, o Estado pode legislar, por competência supletiva, quando há um
vazio deixado pela União (uso da competência concorrente SUPLETIVA – não existe lei, está
suprindo). A União, neste caso, somente pode emitir norma geral, ou seja, uma norma
principiológica, que não pode pormenorizar, que não pode detalhar – princípio geral (CN),
porém, no parágrafo 2º deste Art. 24, não exclui a competência suplementar dos Estados-
Membros, somente pode complementar (suplementar) o que já existe. Inexistindo lei federal
do CN sobre normas gerais, os estados exercerão a competência legislativa plena para atender
suas peculiaridades, ou seja, pode legislar no vazio, no uso da competência supletiva, e aí o
estado pode emitir norma geral (para o estado). A superveniência (aquilo que vem depois) de
lei federal sobre normas gerais suspende eficácia da norma estadual naquilo que ela for
contrária (não revoga, suspende apenas naquilo em que ela está contrariando, pois se algum
dia a União revogar a lei federal, a lei estadual volta a ter eficácia).

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Somente a União pode emitir norma geral? Não, no uso da competência supletiva, o estado
pode emitir norma geral. Agora a União somente pode emitir norma geral.
Compete aos municípios suplementar a legislação federal e estadual no que couber (Art.30),
então vale dizer que os municípios têm competência suplementar, complementar (não
confundir com competência supletiva – vazia – que é somente estado e DF). Os municípios não
podem legislar no vazio (observar que no caput do Art. 24, ele não tem competência
supletiva). O município somente pode suplementar/complementar os requisitos que estão no
Art. 24.
Competência comum (Art. 23) todos os 4 entes federativos podem dispor em pé de igualdade.
É de competência de todos os quatro entes federativos, sem concorrência. A diferença entre
competência comum e concorrente é que na competência comum, todos estão em pé de
igualdade e na competência concorrente é primazia da União, na competência comum, é
administrativa, trata-se de políticas públicas e na competência concorrente é ato legiferante.

RIGIDEZ CONSTITUCIONAL
Constituição rígida é a constituição onde a modificação é muito mais arduosa, ao contrário das
constituições flexíveis.
O CN é quem legisla, é o órgão legiferante da União. No Art. 60, Parágrafo 4, inciso I, mostra o
quanto é rígida a constituição (forma federativa do Estado). O princípio federativo é intocável,
já algumas normas federativas podem ser emendadas. É o limite material da constiuição.
Limite procedimental, as assembléias legislativas tem uma parcela de poder legislativo
reformador.

BICAMERALISMO FEDERATIVO
Todo estado federativo é bicameral, com representação de todo povo e dos estados membros,
ou seja, a Câmara dos Deputados representa todo o povo, proporcionalmente à população, e o
Senado representa os estados membros igualitariamente. O município é um ente federativo
que não tem representação na esfera legislativa federal. O desequilíbrio provocado pela
Câmara dos Deputados, se iguala no Senado, pelo motivo de se ter 03 Senadores para cada
Estado Membro. Porém, no caso de uma cessão conjunta, a representação da população é
maior que a representação senatorial.
Princípio da participação, onde o povo da federação, através dos seus representantes e os
entes federativos, exceto os municípios, participam da vontade política nacional através da lei
(LC ou LO – aprovada pelos representantes do povo, na Câmara e pelos representantes dos
estados-membros, no Senado).

Atribuição de Nacionalidade pela União


Art. 12 da CF/88 fala sobre a nacionalidade. O critério de nacionalidade brasileira é jus saguini
e jus soli – com abrandamentos –, ou seja, nascido no território brasileiro ou filhos de
brasileiros são considerados brasileiros. Nas confederações os povos permaneciam com as
suas nacionalidade de origem, já o estado federal, no pacto federativo, a atribuição da
nacionalidade é da República Federativa do Brasil.

Previsão de órgão de Cúpula – STF


Toda federação tem um órgão de cúpula, que no nosso caso é o STF. É o órgão encarregado:

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a) Resolução dos conflitos – Art. 102, 1º, f, - processar e julgar originariamente (em
primeira e única instância) as causas e conflitos entre a União e estados, entre a União
e DF e entre outros (município é no tribunal de justiça estadual).
b) Controle da constitucionalidade das leis, ou seja, em caso de conflito de competências,
como exemplo uma lei estadual fere uma lei federal, o STF irá agir na solução do caso.
É um asseguramento da própria federação brasileira.

Renda própria – repartição de competências tributárias


Não adianta falar que os entes federativos são dotados de autonomia administrativa e política
se não tem renda. Para tal, cada ente federativo, tem sua autonomia (Art. 145 – impostos,
taxas e contribuições de melhorias) para instituição de tributos. A contribuição de melhorias
significa que em caso de melhorias em um determinado imóvel, a exemplo, o município
poderá cobrar um certo valor devido as melhorias (asfaltamento, luz, água, esgoto e etc) feitas
no local do imóvel, pelo fato de que seu imóvel se valorizou e não se admite enriquecimento
sem causa.

Vedações (proibições)
É proibido à União, os estados, municípios e DF, os itens arrolados no Art. 19 da CF/88, ou seja:
tem que existir uma separação entre estado e religião, é a perfeita igualdade de todos, no que
tange a religião (porém é permitido o envolvimento do estado em assuntos religiosos, no
auxílio de campanhas, como campanha da fraternidade).
Recusar fé aos documentos públicos (os documentos públicos devem fazer prova em qualquer
parte da União, tem fé pública, não podendo ser recusado em nenhum local do território
nacional).
É proibido também a distinção entre brasileiros, exemplo, no Estado de Minas Gerais, abrir um
edital para concurso público e dizer neste edital que vale somente para os mineiros; a União
isentar o estado de São Paulo de um determinado tributo, em detrimento dos demais estados
(princípio da isonomia federativa).

ENTES FEDERATIVOS

UNIÃO
Internamente a União é apenas autônoma, nos termos do Art. 18. Na acepção externa, a União
representa a República Federativa do Brasil, sendo autônoma e soberana. O território da União
é todo o estado brasileiro, a sede é o DF e a capital é Brasília. Temos os 03 poderes (Art. 44 -
CN, Art. 76 – PR e Art. 101 – PJ).
Bens Públicos = o Estado existe para servir aquele povo (conjunto de pessoas) que vive sobre
seu território. Ele existe para tornar a vida possível ou mais fácil. Não é o homem que existe
para servir o Estado (Nazismo e Comunismo). O Estado é a integração de povo, território e
poder político.
Os serviços públicos são atividades que o Estado executa para tornar nossa vida possível ou
mais cômoda (serviços de utilidade pública – servidor público, que pelo povo é remunerado).
Somos cercados por serviços públicos, do acordar ao dormir, como exemplo, luz, água e
esgoto, telefonia, televisão, ônibus, polícia, tudo isso é exemplo de serviço público.

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Para que o Estado possa prestar os serviços públicos, com eficácia, o Estado precisa de bens
públicos, como viaturas policiais, postos de saúde, escolas, e etc.

Bens da União
Os bens públicos podem ser materiais e imateriais, móveis e imóveis, semoventes e etc e estão
citados no Art. 20 da CF/88. As terras devolutas são as terras que não integram ao patrimônio
do particular, portanto, integram ao patrimônio público, e se forem necessárias para a defesa
das fronteiras, fortificações e construções militares, são pertencentes à União. Dentro das 12
milhas náuticas, consideramos mar territorial, e dentre desta área, é de total competência da
União – é território brasileiro. Após as 12 milhas náuticas, as próximas 188 milhas, é chamada
de zona econômica exclusiva, tudo é livre, mas a exploração (massa d’água, solo e subsolo
oceânico) é exclusiva do Brasil (ZEE), mas é somente para uso de exploração econômica. Após
estas 200 milhas, existem ainda as plataformas continentais, onde o Brasil tem direito à
exploração econômica no solo e subsolo oceânico.

Estados
A autonomia está no Art. 18 e 25, parágrafo 1º, com o Poder Constituinte decorrente (por que
decorre) do Poder Constituinte Originário.
Temos os 03 poderes: Executivo (Art. 28), Legislativo (Art. 27) e o Poder Judiciário Estadual
(Art. 92 e 125 da CF/88).
As competências, que são as remanescentes, têm também as competências expressas (Art. 25,
parágrafos 2º e 3º) e enumeradas. Existem também as competências concorrentes
(suplementar – legisla no vazio e a supletiva – que complementam) e a competência comum.
Regiões metropolitanas – Art. 25, parágrafo 3º, são municípios contíguos que se unem
administrativamente para prestação de serviços comuns, como transporte coletivo, limpeza
urbana, iluminação pública. Estes municípios contíguos se unem em torno de um município
sede, e existe um órgão gestor desta região, mas o município continua autônomo. É criada
através de lei complementar estadual (Assembléia Legislativa) e está sujeita a sanção ou veto
do governador do estado.

Municípios
A autonomia (Art. 18) se auto-organiza mediante lei orgânica (Art. 29) votada pela Câmara dos
Vereadores e não vai a sanção ou veto do prefeito. No município tem apenas 02 poderes, o
Legislativo e o Executivo.
Intervenção do Estado no Município = (Art. 35) quem intervém nos municípios, é o Estado (em
tese). A União somente poderia intervir em município brasileiro se existisse territórios, e
seriam nos municípios destes territórios.
Os motivos para intervenção estadual em municípios são: em caso de suspensão superior a 2
anos de dívida fundada; não prestar contas devidas na forma da lei; não aplicar o mínimo
estipulado em lei, da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
ações e serviços públicos de saúde; quando Tribunal de Justiça der provimento para assegurar
a observância de princípios indicados na Constituição Estadual ou para prover a execução de
lei, de ordem ou decisão judicial – o procurador poderá pedir provimento ao tribunal de justiça
e este faz a representação ao governador, e este baixa o decreto executivo e decreta a
intervenção municipal. No Art. 31, parágrafo 4º, diz que é vedado a criação de conselhos de

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prestação de contas de órgãos municipais, e no Art. 75, fala sobre os tribunais de contas
municipais, por que quem tinha tribunal de contas municipais na época da constituição
federal, manteve, mas o que é vedado é a criação de novos tribunais de prestação de contas
municipais.
Formação do município – Art. 18, parágrafo 4º, fala sobre a criação, incorporação,
desmembramento, fusão municipal, mas primeiro deve ser feito o estudo de viabilidade
municipal, se é factível esta criação, sendo factível a criação, faz-se o plebiscito para saber a
opinião, caso sendo aprovado, será votada a lei ordinária estadual na Assembléia e após,
enviado para sanção ou veto do governador. Tem prazos para a criação, exemplo, não se pode
criar um novo município um ano antes de eleição municipal.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

I – Princípio da hierarquia das leis e da prevalência constitucional.


Hans Kelsen desenvolveu um esquema, em forma de pirâmide, onde no topo encontra-se a lei
maior, a Constituição Federal (e as Emendas Constitucionais). Nesta teoria clássica, temos um
escalonamento das normas jurídicas, onde as normas inferiores extraem sua legalidade na
norma superior e todas obedecem a CF e suas emendas. As normas originais da constituição é
fruto do poder constituinte originário e as emendas constitucionais são frutos do poder
constituinte de reforma. O poder constituído, criado pelo poder constituinte, não pode
insurgir, desacatar o mesmo. É por isso que se explica a supremacia da constituição em um
estado.
Qualquer ato legislativo ou do executivo não pode contrariar a constituição. O Supremo
Tribunal Federal não entende que há hierarquia entre as normas infraconstitucionais, apenas
entre as mesmas e a constituição.
A CF/88 (com suas emendas e a revisão) forma a lei suprema e a fonte geradora de todas as
demais espécies legais, as quais devem acatamento e subordinação. Poder Constituinte é
superior e não se confunde com Poderes Constituídos (Legislativo e Executivo), cujos atos
estão previstos e determinados na Carta Magna (princípio da hierarquia das leis).
Princípio da superioridade da Constituição = especial característica que lhe confere
predominância sobre as demais normas jurídicas subordinando-as aos seus comandos.
Princípio da supralegalidade = supremacia constitucional, a superioridade do texto
fundamental.
A decorrência destes princípios tornam qualquer lei (Legislativo) ou ato normativo (Executivo,
Judiciário ou Legislativo em função administrativa, atípica) que contraria a CF/88 são passíveis
de não serem aplicadas ou suspensas com perda de seus efeitos.
Podemos tirar a conclusão de Hans Kelsen que a lei é a execução da Constituição, ou seja,
todas as leis devem ser consoantes com o que a constituição prescreve. A lei comum apenas
desenvolve os preceitos constitucionais e torna possível a total aplicabilidade da Lei
Fundamental.

II – Conceitos de Controle da Constitucionalidade


Controlar a constitucionalidade é comparar a lei comum com a constituição para aferir,
conferir se a mesma está em acordo com a constituição, se esta lei infraconstitucional não fere

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normas à constituição. Trata-se de uma aferição das leis ao texto constitucional, recusando o
acatamento de normas divergentes ou ainda declarando-as ineficazes.
Opera-se o controle de constitucionalidade sobre os atos legislativos e atos executivos
(administrativos, mesmo se oriundo de órgãos jurisdicionais), a exemplo, medidas provisórias,
decretos (autônomos e não os regulamentares), deliberações administrativas dos tribunais,
entre outros.

III – Conceitos de Inconstitucionalidade


“Inconstitucionalidade é o vício ostentado por leis que provenham de órgão não legitimados
pela Constituição para editá-las, ou que tenham sido elaboradas em desacordo com as regras
nela estabelecidas (processo legislativo), ou que contenham preceitos antagônicos aos
constitucionalmente consagrados” (Marcelo Caetano).
A lei ou ato normativo que contém, de forma total ou parcial, prescrições que não se
compatibilizam com o texto constitucional ou ainda, tenham sido elaboradas por órgão
incompetentes, são considerados inconstitucionais. São suscetíveis, através de um processo
especial, de terem sua eficácia suspensa. Existe também a inconstitucionalidade por omissão,
onde o legislador comum omite-se no seu dever constitucional de legislar.

IV – Constituição nova e o direito infraconstitucional anterior: recepção e revogação


Uma constituição nova, ao ser promulgada, a que lhe precede deixa imediatamente de existir,
sendo revogada. Porém, já existe todo um sistema normativo pré-existente criado antes da
promulgação da nova Constituição, e tal sistema continua a existir. Não há a necessidade de
uma nova produção legislativa (lembrar que o CP é de 1940, o CC era de 1916, quando
promulgada a CF/88), se esta ordem normativa for compatível com a nova constituição
promulgada. Então no ato da promulgação da constituição poderá acontecer duas coisas:
a) A lei anterior pode ser recepcionada, se ela estiver em comunhão com a nova
constituição (princípio da recepção);
b) A lei anterior pode ser revogada, em caso dela não estar de acordo com a constituição,
então, ela estará automaticamente revogada.
Leis anteriores não pode ser inconstitucionais pelo fato do princípio da revogação, pois se
contrariou a nova ordem jurídica ela será revogada, e então não há o que controlar. Para ser
considerada inconstitucional, além de contrariar o texto e princípios da nova Constituição, a lei
deverá ter sido feita após 05/10/1988, que foi a data da promulgação da CF/88, pois ao entrar
em vigor, ou esta constituição recepcionou as leis já existentes, ou revogou-as. O objeto do
controle pode ser a lei (todas as leis, inclusive medidas provisórias, que não são leis, mas tem
força de lei), emenda constitucional e atos administrativos normativos de caráter genéricos,
oriundos dos poderes executivos, legislativos e judiciários.

Inconstitucional é tudo aquilo que vai contra a constituição federal (desobedece o processo
legislativo, ou desobedece princípio constitucional ou outros).

V – Fundamentos do controle de constitucionalidade.


Este controle vai surgir principalmente a partir do Séc. XVIII. Neste século passam a dar
importância na constituição escrita, movimento de constitucionalismo. Não adianta dizer que a
constituição é a carta magna se não existir mecanismos de proteção a esta carta.

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Reconhecendo-se a supremacia das normas constitucionais, temos como primeiro fundamento
para controle da constituição a proteção da mesma. Há a necessidade de criar mecanismos de
proteção à mesma, não basta dizer apenas que tem que ser observada e respeitada.
Outro fundamento é a proteção de direitos e garantias fundamentais, que foram teorizados
naquele século. Qualquer ato que lesar o seu direito pessoal, pode fazer uso do controle de
constitucionalidade. Em nossa constituição existe o Artigo 5º, mais que proclama os direitos
humanos, faz uma crítica ao regime anterior. Não houve criação de direitos, ele preexiste no
jusnaturalismo, mas a constituição a positiva. A nossa constituição é chamada de constituição
cidadã. Há também a limitação de poderes estatais, a constituição é o estatuto do poder, já
que os governantes não são mais absolutos, há os limites para atuação dos poderes,
configurando-se o Estado Democrático de direito.

VI – Finalidades específicas do controle de constitucionalidade


Controle concreto – recusa de um determinado cidadão em cumprimento de ato ou lei que
fere ou ameaça ferir um direito subjetivo seu, isto é um direito próprio. Tem a finalidade de
isentar concretamente alguém da incidência de lei ou ato normativo inconstitucional. Efeito
somente entre as partes litigantes.
Controle abstrato – suspensão da eficácia da lei ou do ato, visa retirar do ordenamento jurídico
uma lei que fere a harmonia do sistema legislativo brasileiro. O objetivo é afastar uma lei que é
inconstitucional. Efeito geral e vinculante.
Plena aplicação da constituição – ao promulgar a Constituição de 88, grande parte não podia
ser aplicada. Portanto, o controle serve para exigir o cumprimento dos dispositivos que
permanecem ineficazes devido a omissão do legislador ou administrador público.
Controle Prévio – é o controle sobre projeto de lei, cuja finalidade específica é de impedir que
uma lei, cujo projeto apresenta inconstitucionalidade, entre em vigor.

VII – Tipos de inconstitucionalidade


Inconstitucional é tudo aquilo que fere a constituição, seja por incompetência para elaboração
da norma, vício de forma ou procedimento (vício formal), ou ainda, contrariedade entre
conteúdo da norma e o texto constitucional (vício material), não esquecendo, ainda, da
inconstitucionalidade por omissão.
Temos alguns tipos de inconstitucionalidades:

1 – Inconstitucionalidade por ação do legislador infraconstitucional: o legislador faz a lei não


respeitando as regras.
a) Formal: diz respeito a técnica de elaboração legislativa, onde não se verifica os
princípios de ordem técnica ou procedimental no que diz a elaboração legislativa.
Temos a subjetiva (ou orgânica) – quem fez a lei não poderia fazê-la, somente pode
fazer a lei quem tem competência (invasão de competência) e iniciativa, a iniciativa
das leis conforme determinado na constituição (vício de iniciativa); e objetiva (ou
processual) – diz respeito as fases do processo legislativo, após a iniciativa, não é
respeitado o rito procedimental determinado pela Constituição. Na
inconstitucionalidade formal sempre será total, ou seja, a totalidade da lei será
considerada inconstitucional. Se a lei for aprovada, entrar em vigor, a lei será
totalmente inconstitucional e não haverá como consertar. Na inconstitucionalidade

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formal objetiva responde à pergunta: COMO FOI FEITA A LEI? Na inconstitucionalidade
formal subjetiva, responde a pergunta: QUEM ELABOROU A LEI? Ambas podem ser
objeto de controle prévio (no momento da elaboração da lei) quando repressivo (com
a lei já em vigor).
b) Material: aferir o teor, a essência da lei, se a mesma está em consonância com a
constituição, com o princípio constitucional, é transcender a letra da constituição
(discussão filosófica), tem mérito, há uma interpretação. Neste caso pode ser
declarada a inconstitucionalidade total ou parcial (pode ser apenas um artigo ou parte
dela que é inconstitucional). Responde a pergunta: O QUE DIZ A LEI?
No controle exercido sobre o vício formal, é exercido de modo técnico, não averigua a matéria
que se trata a lei a ser examinada, apenas o acatamento da forma, ao rito prescrito na CF/88. É
um controle estritamente jurídico.
Já no controle material enseja maiores discussões, pois incide sobre o teor da norma jurídica,
que deve estar de pleno acordo com o espírito, com a ideologia e com os princípios basilares
da CF/88.
A inconstitucionalidade da lei pode ser total (insanável) quando recai sobre toda a lei, e
parcial, quando o defeito afeta apenas uma parte dela, isto é, um ou algumas de suas normas,
podendo assim, ser sanada, sem ter que eliminar por completo o diploma legal. Lembrar que
nos vícios formais, a inconstitucionalidade é sempre total, e nos vícios materiais, a
inconstitucionalidade pode ser total ou parcial.

2 – Inconstitucionalidade por omissão do legislador e aplicabilidade das normas


constitucionais: é o “não fazer a lei”. Quando a constituição diz que “será regulamentada por
lei complementar” e não existe esta lei complementar. Essa inconstitucionalidade reside na
inércia do legislador ou do administrador, que deveria completar a norma e não o fez.
Teremos 03 tipos de normas constitucionais: a) eficácia plena, que são auto aplicáveis, no ato
da promulgação da constituição, passam a valer, tem aplicabilidade direta, imediata, integral, a
partir da promulgação constitucional; b) eficácia contida, este tipo de norma constitucional
prevê uma regulamentação futura, porém a não existência da regulamentação, não impede a
sua aplicação, exemplo Art. 5º, Inciso XIII, são também normas de aplicabilidade com efeitos
imediatos à promulgação; c) eficácia limitada, esta gera omissão, se não houver lei
regulamentando, a norma não é aplicável (programática, que é endereçada aos
administradores públicos e institutiva, para instituir algum órgão). Pode ser relativa (existe a
lei para regulamentar o artigo, mas a mesma não é capaz de fazer com que o artigo seja
totalmente aplicável – exemplo: Art. 227 da CF/88 – porém o ECA não regulamenta
satisfatoriamente este artigo) ou absoluta (não existe lei regulatória).
Normas constitucionais de princípio institutivo – são aquelas as quais o legislador constituinte
traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para
que o legislador ordinário os estruture em definitivo, mediante lei.
Normas constitucionais de princípio programático – normas as quais o legislador constituinte
traçou princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos legiferantes, não são endereçadas
diretamente aos cidadãos.
Vale lembrar que a inconstitucionalidade por omissão não atinge as normas de eficácia plena,
obviamente porque as mesmas não precisam de regulamentação. Isto vale também para as
normas de eficácia contida, pois não as impede de aplicação imediata.

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VIII – Pressupostos de existência de controle de constitucionalidade
A constituição deverá ser escrita, grafada. Esta noção de constituição escrita vem do Séc. XVIII
(Revolução Americana e Revolução Francesa, além da Revolução Gloriosa Inglesa). A
Constituição tem que ser promulgada, que significa ser em um único ato, é codificada (ao
contrário, são as constituições esparsas, escrita ao longo do tempo – nestas, a norma posterior
revoga a norma anterior e não cabe, portanto, controle de constitucionalidade), lembrar que
as emendas constitucionais não desfiguram esta classificação. A constituição deve ser rígida,
ao contrário das flexíveis, sendo que nestas, as novas leis mais novas irão simplesmente
derrogar as mais antigas, em caso de conflito. A rigidez constitucional apresenta-se pela
imposição de limites materiais (cláusulas pétreas), limites circunstanciais (situações anômalas,
como estado de sítio, de defesa, intervenção federal), procedimentais (relativo a processos de
elaboração das emendas) e temporais.

IX – Forma de controle quanto ao momento que ele é feito


1 – Controle preventivo ou à priori (prévio) – é feito durante a elaboração legislativa, em
qualquer uma das fases do procedimento legislativo, na gestação da lei, antes da promulgação
e publicação. A constituição prevê todo um procedimento a ser seguido para elaboração da lei,
e a contrariedade a este procedimento gera inconstitucionalidade do tipo formal. Também,
poderá ser aferido se á desconformidade quanto aos princípios constitucionais, ou seja,
controle material. É um controle abstrato. Controle político (comissão de controle e justiça das
casas legislativas ou veto do presidente). A vantagem é que impede, ocasionalmente, uma lei
inconstitucional entrar em vigor (vale para controle material e formal)
2 – Controle repressivo ou a posteriori – recai quando a lei já está em vigor, inclusive na fase
do vacatio legis (pois a lei já está em vigor, não está vigente, mas está em vigor). Este controle
é jurídico.
Ambos os tipos de controles examinam todos os requisitos (materiais e formais), sendo o
controle preventivo com grande vantagem em relação ao repressivo.

X – Formas de controle repressivo quanto ao órgão fiscalizador


1 – Controle concentrado – Surgiu na Áustria (idealizado por Kelsen), é um modelo onde existe
apenas uma corte (um único órgão) encarregada para realizar o controle de
constitucionalidade. Acontece na França (Conselho Constitucional), ao qual é reservado
exclusivamente o controle. Aqui, o STF atua no controle abstrato de constitucionalidade.
2 – Controle difuso – modelo americano, qualquer membro do órgão judiciário pode prover o
controle de constitucionalidade, nos casos concretos a eles apresentados. Este controle é
aberto e seus efeitos aplicados somente as partes litigantes. A desvantagem é ter decisões
diferenciadas para casos análogos, gerando insegurança jurídica e afrontando o princípio da
igualdade. Pode ser sanado por via recursal e tem sido reduzido através do efeito das súmulas
vinculantes.
3 – Controle dual ou misto – usado no Brasil, onde no controle abstrato (visa somente a lei,
sem caso concreto) é exercido somente o Supremo Tribunal Federal (normas e atos federais e
estaduais que ferem a CF) e Tribunal de Justiça (normas e atos municipais e estaduais que
ferem a Constituição Estadual). Mas no controle difuso (controle concreto) qualquer juiz de
direito (órgão do poder judiciário) pode fazer o controle (desde 1891). O Supremo está

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sistematicamente tentando acabar com o controle difuso, através da súmula vinculante ou
ações declaratórias.

Controle Abstrato = aquele que analisa a lei em tese, por ela mesma, não havendo caso
concreto e seu exercício é concentrado em apenas um órgão.
Controle Concreto = aquele onde o controle é feito na defesa de direito individual próprio,
havendo caso concreto e pode ser exercido pelo juiz comum (efeitos apenas entre as partes
litigantes).

XI – Efeitos do controle da Constitucionalidade


1 – Inter partes quando a decisão judicial opera somente entre as partes litigantes – controle
concreto, que é também controle difuso. Efeito somente para as partes litigantes.
2 – Erga omnes, quando o efeito é geral, é um controle abstrato, vale para todos, mesmo para
aqueles que não postularam (ommibus – para todos). Este controle é concentrado e abstrato,
é somente o Supremo que faz, com a lei em vigor.
3 – Ex tunc – desde para sempre – significa que seus efeitos retroagem no tempo.
4 – Ex nunc – a partir de então – significa que produz efeito a partir da declaração, nunca
retroage.
5 – Efeito vinculante – é o efeito para todos os demais órgãos do poder judiciário, salvo o
próprio Supremo, e todos os órgãos da administração pública, direta ou indireta, dos quatro
entres federativos (exceto Legislativo - CN).

XII – Técnicas de controle da constitucionalidade no Direito Comparado


1 – Órgão Político – controle exercido por órgão de natureza política (Poder Legislativo ou
Poder Executivo).
a) Pelo poder Legislativo = controle realizado no decurso dos debates legislativos, sendo
prévio e com efeito impeditivo. Na Holanda, se a lei entrar em vigor, não há como
voltar atrás. Não há o controle judicial posterior a aprovação da lei.
b) Por um Conselho Constitucional = órgão político autônomo especialmente criado para
o fim de realizar o controle. Na França, como berço da separação de poderes, não
admite que um poder possa anular o poder do outro. Surge um órgão (Conselho
Constitucional Francês), formado pelos ex presidentes somados a 9 outros membros
escolhidos pelo parlamento (podem ser leigos), com mandato de 9 anos, alterando-se
de 3 em 3 anos. Hoje, este conselho faz o controle prévio e também o controle
repressivo, desde que acionado pelo Conselho de Estado (presidente da república ou
conselho) e as decisões deste conselho não tem recurso. Criticas: as pessoas que
fazem parte dele não são pessoas técnicas na análise do direito (não são
necessariamente advogados, juízes, promotores ou outros do meio jurídico).
2 – Órgão Jurisdicional – é o controle exercido pelo poder judiciário
a) Jurisdição autônoma = controle concentrado, aquele que é feito por um único órgão
(idealizado por Kelsen), e exercem o controle repressivo (após lei ter sido promulgada)
Exemplos Tribunal Constitucional da Espanha e o Português.
b) Poder Judiciário = qualquer juiz, difusamente, faz o controle (modelo americano).
Fundamenta na idéia de que, como aos juízes cabe a interpretação das leis, a eles
compete determinar o significado da constituição e das leis comuns e em caso de

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conflito, devem preferir a constituição. Sistema adotado no Brasil a partir de 1891.
Qualquer juiz ou tribunal (difusamente) poderão negar a aplicação da lei no caso
concreto, se entenderem que a lei é em desacordo com a CF e o Supremo Tribunal,
que não é somente um órgão de controle constitucional (conf. Art. 102 da CF/88),
poderá declarar a inconstitucionalidade abstratamente (em tese).

XIII – Princípios regedores do controle da constitucionalidade


1 – Presunção da constitucionalidade – toda lei, todo ato, é considerado constitucional até
que se prove o contrário (iuris tantum), há uma presunção de constitucionalidade que milita
em favor da lei. Na dúvida, o juiz deve decidir pela constitucionalidade. Na certeza, o juiz tem
por dever de ofício declarar a inconstitucionalidade, mas na dúvida, deve decidir pela
constitucionalidade (in dúbio, pro “constituição”). Pressupõe-se o controle prévio na
elaboração das leis, ainda sobre o projeto, feito pelo próprio legislador. A
inconstitucionalidade não prescreve, porém somente pode ser objeto de controle a lei feita
após 1988, pois houve a recepção ou a revogação, ou foi recebida ou foi revogada.
2 – Em dúvida, decidir a favor da constitucionalidade – corolário do primeiro princípio, e
devido ao fato de presunção de que as leis comuns estão compatíveis com a Lei Maior. Se
houver apenas uma interpretação cabível para a lei e se o magistrado estiver em dúvida, este
deverá decidir pela constitucionalidade da lei. Na certeza da inconstitucionalidade, o juiz deve,
de ofício, deve declará-la em ação que lhe foi proposta.
3 – Interpretação conforme a constituição – as leis que admitem duas ou mais interpretação,
plurissignificativas ou polissêmico (inconstitucionalidade material – quanto ao teor, à
substância, o que diz a lei). No princípio da continuidade da lei, será feito de tudo para não
declarar a lei constitucional. Quando a lei apresentar duas ou mais interpretações, o Supremo
irá adotar a interpretação que torne a lei constitucional, em conformidade com a Constituição.
Isto somente é feito no controle material da constituição (no caso de lei ordinária, lei
complementar, emendas constitucionais e medidas provisórias). Esta é o que chamamos de
interpretação conforme sem a redução de texto. Porém algumas vezes, a interpretação do
texto, sem alguma palavra ou parte do artigo, a lei seria constitucional, por isso o Supremo
suspende ou suprime determinada palavra, ou expressão, para que possa “salvar” a lei,
tornando-a constitucional. É a interpretação conforme com a redução de texto.
4 – Imprescritibilidade – a inconstitucionalidade é imprescritível, podendo ser alegada a
qualquer tempo. As ações diretas de inconstitucionalidade não estão sujeitas a prazos para sua
propositura.
5 – Cláusula de reserva do plenário – no artigo 97 da CF/88 – Quando os tribunais forem
apreciar questões de constitucionalidade, somente podem decidir com a maioria absoluta e
não por turmas, câmaras e etc. Porém o Supremo, mediante a jurisprudência, tem exceções à
cláusula de reserva do plenário, em nome da economia processual, se o Supremo já tiver
manifestado sobre o assunto, declarando tal norma inconstitucional, não impede ao juiz de
manter o controle. Contudo, se o órgão fracionário rejeitar a alegação de
inconstitucionalidade, portanto, concluindo pela improcedência do pedido, o julgamento
continuará normalmente, sem que haja necessidade de levá-la a confirmação do tribunal
pleno. Tal cláusula aplica-se somente a órgãos colegiados, sendo que o juiz singular poderá
deixar de aplicar a lei, no caso concreto, se considerar inconstitucional.

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TÉCNICAS BRASILEIRAS DE CONTROLE

Todas as espécies normativas arroladas no Art. 59 da CF podem ser objeto de controle de


constitucionalidade pelo Poder Judiciário, inclusive as emendas à constituição. Também
podem ser objetos de controle os atos normativos, tais como decretos autônomos, decretos
regulamentares (que poderão se sustados pelo CN – Art. 49 IV), resoluções administrativas,
normas comuns federais, estaduais, municipais e distritais. Também os tratados
internacionais, passíveis de controle se incorporados ao ordenamento jurídico, através do
referendo legislativo (Art. 49) ou decreto presidencial (Art. 84).

I – Controle prévio
É o controle feito enquanto a lei está sendo elaborada (vai até a publicação). No Brasil, quem
faz este controle são os poderes Executivo, através de suas chefias, e Legislativo, através de
suas Comissões de Justiça e debate em plenário (controle político) – Art. 66. O controle prévio
(preventivo ou a priori) é exercido no Brasil:
a) Presidente da República – Art. 66, §1, Se o presidente da república considerar o
projeto de lei (LC ou LO) em todo ou em parte, inconstitucional, vetá-lo-á, integral ou
parcial, no prazo máximo de 15 dias úteis. O presidente da república exerce o controle
político, ao vetar tal projeto de lei, e este veto é sempre motivado, sabendo que o
legislativo poderá derrubar o veto e aprovar tal lei, portanto, o presidente não tem a
última palavra sobre veto legislativo. O presidente não exerce o controle sobre
emendas constitucionais, decretos legislativos e resoluções, sendo este controle prévio
é somente feito pelo legislativo. As medidas provisórias podem ser vetadas, caso
retornem do CN com modificações. É o chamado veto jurídico. A última palavra em
matéria de controle prévio no Brasil é do CN, pois pode derrubar o veto do presidente
da república.
b) Pelas Casas Legislativas Federais – O poder legislativo também faz o controle de
constitucionalidade, iniciando em suas comissões de constituição e justiça, lembrando
que este controle é terminativo, sendo que tal projeto, sem a aprovação da CCJ, não
poderá ser aprovado pelo CN, salvo se houver recurso por parte de algum parlamentar
(Art. 58). Em qualquer das fases do procedimento, o controle de constitucionalidade
pode ser feito. As comissões de Constituição e Justiça, tanto do Senado quanto da
Câmara examinam em primeira mão todos os projetos de lei, sob os aspectos de
constitucionalidade, juridicidade, técnica legislativa e redação. Quando se tratar de
resoluções, decretos-legislativos e emendas à constituição, tal controle se realizará
integralmente dentro do CN, haja vista que tais dispositivos não vão ao chefe do
executivo para sanção ou veto. O STF admitiu a possibilidade de controle difuso
(concreto) durante a elaboração da lei, por meio de mandado de segurança, ocorrendo
por parte de parlamentar que se sentir prejudicado durante o processo.

II – Controle Repressivo
É exercido já com a lei ou ato normativo em vigor, após a promulgação e publicação. Pode ser
realizado pelo Poder Legislativo e principalmente pelo Poder Judiciário.
1 – Controle Repressivo pelo Poder Judiciário.

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Controle por via de Exceção ou por Via de defesa ou controle incidental ou controle concreto
ou difuso ou aberto: este controle é repressivo porque a lei já está em vigor e é feito pelo
poder Judiciário. Este controle é difuso (qualquer Tribunal ou juiz de primeira instância, ou juiz
federal, podem atuar). Qualquer pessoa que tenha seu direito subjetivo lesado ou ameaçado
de lesão, pode fazer o uso deste tipo de controle, através de um mandado de segurança, e o
juiz pode deferir a liminar, que servirá para este impetrante, ou ainda, discutir posteriormente,
por via de defesa (exceção) e quem julgará será aquele juiz a qual os feitos foram distribuídos.
Se em caso o juiz tiver dúvida, ele (juiz) deverá decidir em favor da lei, pelo princípio da
continuidade da lei. A finalidade ou objetivo deste tipo de controle é eximir ou retirar da
incidência da lei, a pessoa impetrante. Pode ser objeto deste tipo de controle: leis federais
emanadas pelo CN, leis estaduais, leis municipais e do Distrito Federal, emendas à
Constituição, medidas provisórias e tratados internacionais. Efeito ex tunc (ou seja, retroage).
A lei considerada inconstitucional não desaparece do sistema normativo, podendo inclusive ter
aplicação em outro feito.
Recurso ao STF = primeiro tem que ter matéria constitucional, e o recurso a ser utilizado é o
Recurso Extraordinário, Art. 102 (tem que ter uma repercussão geral, provar no bojo do
recurso que a matéria tem ampla repercussão na vida política, financeira, econômica e social
do país). Após o trânsito em julgado, o STF comunica ao Senado Federal (Art. 52, X), e este é o
único competente para suspender sua execução, através de resolução. Lembrar que o efeito
vinculante limitou essa função do Senado Federal. Se o STF edita súmula vinculante (Art. 103-
A), suspende a aplicação da norma sem que seja necessário o Senado suspendê-la.
Após o STF decidir sobre a inconstitucionalidade da norma, mas não editar súmula vinculante,
seu presidente comunicará à Mesa do Senado sobre a decisão da Suprema Corte, podendo tal
comunicação ser feita também pelo PGR e à CCJ do Senado (lembrar que as ações diretas em
controle abstrato são decididas com efeito geral e vinculante, sendo as normas suspensas sem
ir ao Senado). O Senado analisa os aspectos formais da decisão do STF (aprovado pela maioria,
se não cabe mais recurso), e serve para qualquer ato normativo emitido por qualquer ente
federativo (inclusive município). O Senado não revoga a lei, simplesmente suspende, porém,
enquanto o Senado não suspender, via resolução, a lei declarada inconstitucional, mas mesma
tem eficácia e pode ser aplicada por qualquer juiz.
Qualquer pessoa pode exercer o controle incidental, se sentir lesado por norma que repute
inconstitucionalidade, pode usar do remédio constitucional chamado mandado de segurança,
habeas corpus ou ações ordinárias (o objeto da ação não é a constitucionalidade da norma e
sim a relação jurídica que envolve a aplicação da lei). Este controle é difuso (pode ser exercido
por qualquer juiz) e inter partes (válido somente para as partes vinculantes) e com efeito ex
tunc. Mas se o Senado, após comunicação do STF em recurso extraordinário, e o Senado baixar
a resolução suspendendo a norma, esta será erga omnes e com efeito ex nunc (a partir da
publicação senatorial). Esta resolução é de forma discricionária, ou seja o Senado não está
obrigado a baixar tal resolução suspensiva, por causa da comunicação feita pelo STF, haja vista
não existir prazo estabelecido e nem sanção se não o fizer (lembrar da independência
harmônica dos três poderes conforme Art. 2º da CF/88). Esta suspensão poderá ser em toda
norma ou em parte, de acordo com a decisão do STF. Após a suspensão, o Senado não mais
poderá alterar a norma, modificá-la ou extingui-la.
Pode-se afirmar que fatalmente não será mais necessário a aplicação do Art. 52, X, da CF/88,
pois se declarar a inconstitucionalidade incidental de leio ou ato normativo, o próprio STF

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poderá editar Súmula Vinculante, evitando que a questão continue a acarretar insegurança
jurídica e multiplicidade de processos sobre questão idêntica. O efeito da Súmula não atinge o
Poder Legislativo, onde o CN poderá inclusive legislar sobre o assunto com sentido diferente
daquele que foi sumulado.
Importante lembrar que o recurso extraordinário no STF somente poderá ser impetrado em
caso de repercussão geral, relevância econômica, social, política ou jurídica, evitando assim
que a Corte deixe de julgar casos repetitivos. Quem faz o exame do recurso extraordinário é o
próprio STF, sendo feito pelo relator, e aprovado por quatro ministros da turma. Mas para
negar a existência da repercussão geral, deve haver manifestação de dois terços dos ministros
do STF (8 ministros). Se o STF recusar o recurso extraordinário, alegando inexistência de
repercussão geral, continuam processos com idêntica matéria com decisões conflitantes nos
tribunais, mas se aceita a repercussão geral, todos os demais processos com a mesma matéria,
nos tribunais inferiores, ficam sobrestados aguardando a decisão definitiva do STF.

Controle abstrato ou em tese: Chamamos de controle abstrato pois vai visar a lei em tese, seu
efeito é geral e vinculante, temos 05 tipos de ações diretas:

Ação direta de inconstitucionalidade genérica = é a mais importante de todas, a mais usada.


Tipo de controle repressivo (após a publicação) e em tese (visa a lei por si só, não há caso
concreto a ser levado em juízo, é a lei simplesmente). Visa restabelecer a harmonia jurídica. A
finalidade é a invalidação do ato ou da lei que é inconstitucional. Este controle é concentrado
por que é feito pelo STF, somente o Supremo pode fazer este controle abstrato, das leis que
ferem a CF. o supremo não pode fazer controle prévio de constitucionalidade. O objeto desta
ação (Art. 102, I, a) as leis estatuais (Assembléias Legislativas), federais (Congresso Nacional), e
do DF (que estiverem versando sobre assunto estadual), medidas provisórias, emendas
constitucionais, que ferem a Constituição. Neste caso, leis municipais não entram, pois são
julgadas pelo Tribunal de Justiça. Tratados internacionais cabem este tipo de controle. A lei
deve estar em vigor e elaborada após 05/10/1988. Quem pode fazer uso desta ação
(legitimados ativos) perante o STF, na medida em que este controle é concentrado? No Art.
103 diz quem pode propor a ação de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade. Porém, há distinção de duas categorias destes legitimados ativos: os
especiais e os universais. Os especiais são os elencados nas alíneas IV, V e IX, e tem que provar
a pertinência legitimada, tem que demonstrar o nexo causal do pedido, tem pertinência
temática. Os demais são universais, não tem pertinência temática. O legitimado passivo é
aquele que emitiu o ato ou a lei em desacordo, quem a fez é que estará no pólo passivo da
ação (Congresso Nacional, Presidente da República, Assembléia Legislativa Estadual,
Governador do Estado, Câmara Legislativa ou Governador Distrital).
Amicus Curie – ou amigo da corte, amigo da causa. O STF tem que julgar todo tipo de causa e
eles são juristas experimentados. O efeito destes assuntos irão cair em todos, pois a mesma
tem efeito erga omnes. O STF pode admitir ou não a presença do “amigo da corte”, que são
técnicos em determinado assunto, e são admitidos a falarem por 15 minutos na tribuna. O
relator do processo vai verificar a relevância da matéria que está sendo julgada e a
representatividade do órgão (pode ser um ou vários – amici curiae) e pode falar contra ou a
favor. Irão instruir e possibilitar os ministros a decidirem sobre matérias importantes. É um

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terceiro estranho à causa e admitido a falar no processo. O amicus curiae é espontâneo, não é
intimado, se oferecem através de petição.
O Procurador Geral da República (Art. 103 §1º) deve ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do STF (deve ser ouvido,
obrigatório, mas meramente opinativo) e ele sendo o autor da ação, que não cabe desistência,
e em caso de mudança do PGR ou ainda, se houver mudança de idéia, na obrigatoriedade de
manifestar, ele pode dar inclusive pela improcedência da ação que ele (como chefe do MP) foi
autor. Meramente opinativo, não se vincula sua opinião. Ele pode ser autor de todas as 5
modalidades de ações diretas previstas no texto constitucional.
O Advogado Geral da União (Art. 103, §3º) citará previamente, pois ele será o advogado,
defensor da lei, deverá defender a lei, objeto da ação, dizendo que a mesma é constitucional,
sendo curador do princípio da constitucionalidade, instaura o princípio do contraditório. O
advogado geral da união pode deixar de manifestar, se o STF já tiver manifestado sobre o
mesmo assunto (conforme Gilmar Mendes). O julgamento é no pleno (cláusula de reserva de
plenário, Art. 97, sem exceção).
Pedido de liminar = temos no Direito duas terminologia: fumus boni iuris e pedriculum in mora
– sinal do bom direito e evitar perigo pela demora. Ou seja, se o Supremo demorar a
suspender a eficácia da lei que ora é considerada inconstitucional, pode fazer, junto com a
ação, o pedido cautelar, alegando que a demora poderá causar danos irreparáveis às pessoas.
Aquele que recebe a liminar (que é levada ao plenário, cláusula de reserva de plenário), todos
os feitos que estão correndo sobre a matéria, ficam suspensos (Art. 102, I, p) – controle
concreto, difuso.
Efeitos (sem exceção) erga omnes, vinculantes e em regra, ex tunc. Porém, as vezes a
suspensão de uma lei pelo Supremo pode causar um mau maior que manter a lei, a exemplo,
uma grave perturbação da ordem ou uma enorme insegurança jurídica, como uma cobrança,
pro 20 anos, de um imposto federal, que fora declarado inconstitucional (a União deveria, em
tese, devolver todo o dinheiro recolhido, de todo contribuinte, nos 20 anos, quebraria o país).
Este efeito ex tunc, poderá ser modulado, se 2/3 dos membros do STF assim aprovarem
(limitar a data que será retroagida, da maneira que entenderem ser correto) transformando
em efeito ex nunc.
Se esta lei, declarada inconstitucional e que tem efeito vinculante, se for aplicada por um juiz
singular ou tribunal, poderá ter um recurso, denominado “reclamação”. Se o STF aceitar a
reclamação, será suspenso o ato praticado pelo juiz ou tribunal, devolvendo seus atos a este
juiz ou tribunal, para que ele continue o curso do processo, com esta norma suspensa.
Reclamação (art, 103 A §3): é medida jurisdicional cabível para garantir a autoridade e a
primazia das decisões do STF, face aos efeitos erga omnes e vinculante. O STF entendendo
procedente a reclamação, irá anular o ato administrativo ou cassar a decisão judicial que foi
reclamada.
É um controle concentrado, pois somente pode ser operado em primeira e única instância
pelo STF; é repressivo pois atua sobre a lei já em vigor; é abstrato, pois não se discute direito
subjetivo lesado, mas a lei em tese. O objetivo da ação (Art. 102, I, “a” da CF/88) é a lei ou ato
normativo federal, estadual ou distrital (na competência estadual) que contrariam a CF/88
além das emendas constitucionais e tratados internacionais já inseridos no direito. Não são
objetos: projetos de leis, leis revogadas, atos administrativos de efeito concreto e atos
privativos.

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Ação direta de inconstitucionalidade interventiva = há lesão ao Art. 34, VI (primeira parte) e
VII, a única pessoa que pode entrar com esta ação é o PGR (Art. 129 IV), que pode agir por
ofício (ser ser provocado) ou por representação, que poderá esta representação ser
engavetada. A legitimidade passiva será o estado membro que descumpriu o princípio sensível
ou a ordem (conforme Art. 36 da CFB – o estado-membro ou o DF na atribuição estadual). O
Supremo dá provimento ao pedido do PRG para que seja feito a Intervenção Federal no
estado-membro ou DF, comunica ao autor da ação (PGR) e ao Presidente da República, que
baixará o decreto com a intervenção federal. Se isso bastar para restabelecer a ordem, o
procedimento encerra, se não restabelecer, ela decreta a intervenção material, com o
interventor. Finalidade jurídica – declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
estadual. Finalidade política – a intervenção, se houver.

Ação direta de inconstitucionalidade por omissão: quem julga, é o STF e quem pode entrar
com este tipo de ação são os elencados no Art. 103 (I até IX) e o pólo passivo é quem não fez o
ato legislativo – CN ou Executivo. Neste caso, não existe a lei, e sim o “não fazer” do legislativo
ou até administrativo, é a omissão (é uma modalidade de controle direto). A norma tem de ser
de eficácia limitada, é aquela que necessita de uma regulamentação para que a mesma possa
ser aplicada. Se a lei que regulamenta estiver em processo legiferante, não há a possibilidade
de declarar a inconstitucionalidade por omissão (porém o STF fixou um parâmetro de 18
meses para que o CN concluísse a elaboração legislativa). No § 2º do Art. 103, declarada a
inconstitucionalidade, dará ciência ao órgão competente para a adoção das providências, se
for ato do Legislativo, não há prazo para correção, mas se for ato do poder executivo (ato
administrativo), o prazo é de 30 dias para fazê-lo. Porém o STF, em um julgamento, deu um
prazo de 2 anos para o CN a complementar a lei omissa (porém este prazo não trará nenhum
tipo de sanção ao CN). Então há uma tendência ao STF sugerir ao CN um prazo para elaborar a
lei que é necessária para tornar a norma constitucional e aplicável. Em nenhuma hipótese, o
STF poderá substituir o legislador ou o administrador para suprir a inércia, pois o seu papel é
fiscalizar.
Esta inconstitucionalidade pode ser total (absoluta – ausência total de lei ou ato normativo) ou
parcial (relativa – lei ou ato normativo são incompletos). Se for total, não há como classificá-la
quanto ao momento, mas se for parcial, o controle é repressivo.
Neste caso o Advogado-Geral da União atuará somente se o relator da ação o solicitar, e
sobretudo na omissão parcial (lembrar que ele é o advogado da lei inconstitucional, deve
defendê-la).

Ação declaratória de constitucionalidade (ADC): consiste em típico processo objetivo de


afastar a insegurança jurídica ou estado de incerteza, sobre validade de lei ou ato normativo
federal, transformando a presunção relativa de constitucionalidade em presunção absoluta.
Legitimidade ativa, Art. 103, I a IX e não existe legitimado passivo. Não se contempla lei
estadual que venha a contradizer lei federal. Há a necessidade de que haja a existência de
controvérsia entre juízes para que se possa propor esta ação, devendo o autor da mesma
demonstrar a controvérsia que coloca em risco a credibilidade constitucional. É uma decisão
do tipo declaratório, visa manter a lei, confirmando a sua validade. Não há a intervenção do
Advogado-Geral da União, porém há a necessidade de oitiva do Procurador-Geral da

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República. A ADC é dotada de eficácia erga omnes, efeito vinculante, restringe o controle
concreto de constitucionalidade. É controle abstrato (em tese).

Arguição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF: é um tipo de controle


concentrado, já que o órgão julgador é o STF (os estados membros não podem criar o instituto
no âmbito do Tribunal de Justiça). São legitimados os elencados no Art. 103, I a IX, porém o
cidadão comum não pode ser legitimo, mas pode representar ao Procurador Geral, e este se
quiser, pode ser autor da ação, que continuará sendo abstrato, pois não será objeto de defesa
de direito subjetivo, mas da própria norma constitucional que contém um preceito
constitucional. Tem que ser provado a pertinência temática para quem é exigida e exclui
qualquer órgão municipal da propositura desta ação. A lei não define com precisão quais são
os preceitos fundamentais, que deve ser feito mediante trabalho de interpretação, porém,
vislumbra, desde já, os elencados exemplificativamente nos artigos 1º ao 4º da CF/88, relativos
à soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa, pluralismo político e outros. Há também: direitos e garantias fundamentais,
princípios constitucionais sensíveis, cláusulas pétreas e quaisquer outros princípios de valor, ou
mesmo regras que identifiquem materialmente o compromisso ideológico da CF/88 e os
fundamentos da organização política, social e econômica. Importante ressaltar que são atos do
poder público, quer dizer, todas as entidades federativas, abrangendo inclusive os atos
municipais, diferentemente das demais ações de inconstitucionalidade, que não abrangem tais
atos. Os atos sujeitos à argüição deve ter relevante fundamento e comprovar controvérsia
judicial (se for necessário). Continuar página 50.
A finalidade da arguição é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultado de ato do
Poder Público, então o controle pode ser preventivo, para evitar lesões aos princípios ou
repressivo, para sanar lesões. Na arguição é cabível a figura do amicus curie.
A arguição somente terá cabimento se não houver qualquer outro meio eficaz para sanar a
lesividade, a saber: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança individual, e ações
diretas, entre outros, bem como o exaurimento de todas as instâncias, e o interessado deverá
provar que já utilizou de todos os meios. O PGR deverá ter vistas ao processo, para opinar. Os
efeitos são erga omnes e vinculante. As decisões, sejam procedentes ou improcedentes, são
irrecorríveis.

Controle repressivo pelo Poder Legislativo.


Art. 49 – Sustar os atos do PR que exorbitem o poder regulamentar ou dos limites . . .
A medida provisória é controle de inconstitucionalidade repressivo pelo Poder Legislativo. No
Art. 62, §9º, caberá a uma comissão de deputados e senadores, que irão analisar a medida
provisória, e após, será apreciada pelas casas, em sessão separada. As medidas provisórias não
tem controle prévio, pois a medida provisória, que tem força de lei no ato de sua publicação, já
nasce pronta. Esta medida provisória também se submeterá ao controle concreto pelo
Judiciário e o controle abstrato. O projeto de lei de conversão, que é uma medida provisória
modificada, vai ao chefe do executivo para sanção ou veto, enfim, uma medida provisória,
emitida pelo executivo, pode, se tiver mudanças feitas pelo legislativo, ser vetada pelo
presidente, por inconstitucionalidade.

Controle de constitucionalidade das leis federais

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A lei estadual que fere a lei federal, em sede de controle abstrato (aquele que não tem caso
concreto), art. 102, se for controle difuso, qualquer juiz.
Lei estadual que fere a constituição estadual, controle abstrato será feito pelo Tribunal de
Justiça (há uma simetria com o nível federal). No art. 125, compete ao estado ele mesmo
organizar o sistema de controle (§2º, art. 125), sendo vedado a legitimação de um único órgão
para autoria da ação.

Controle de constitucionalidade das leis municipais


Lei municipal que ferir a constituição federal, pode ser objeto de controle concreto e de
controle abstrato perante o STF. Em sede de controle concreto, a lei chega ao STF através de
recurso extraordinário e em sede de controle abstrato, argüição de descumprimento de
preceito constitucional.
Lei municipal que ferir a constituição estadual, controle abstrato, direto no TJMG. Se for em
controle concreto, qualquer juiz.
Lei municipal que ferir a lei orgânica, se for controle concreto, qualquer juiz, se for controle
abstrato, no TJMG.
Lei distrital na competência “estadual” que fere a CF, no controle abstrato, será feita pelo STF
(Art. 102), no controle concreto, qualquer juiz do DF. Competência municipal, no STF (ADPC –
argüição de descumprimento de preceito constitucional), recurso extraordinário, no controle
concreto.

Reforma constitucional
Poder Constituinte de Reforma (Emenda à Constituição – EC).
Os artigos da Constituição que ainda não foram emendados, jamais poderão sofrer controle de
constitucionalidade, pois são frutos do poder constituinte originário. As emendas à CF, os
artigos que já foram alterados, podem ser objetos de controle, concreto, abstrato, prévio,
repressivo. No Art. 60, diz quais são os tipos de inconstitucionalidade (que serão todas) que as
emendas à constituição podem sofrer.

Controle constitucional sobre Tratados Internacionais


Podem ser objetos de controle de constitucionalidade. O poder executivo (ministro Chanceler).
O STF diz que se algum artigo de tratado internacional que ferir a CF, valerá a constituição.
Cabe controle de constitucionalidade concreto e abstrato. O tratado tem que versar sobre
direitos humanos e se for aprovado, ele tem status de emenda constitucional, e as leis comuns
brasileiras não podem contrariar este tratado.

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