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FORMAS DE ESTADO

Formas de Estado – Organização política administrativa do Estado

Forma ou sistema de Governo – A maneira que se exerce o poder.

→ ESTADOS UNITÁRIOS

Corresponde ao momento centralizador à plena afirmação do Estado como


organização do poder. È a ausência de coletividades inferiores, providas
de órgãos próprios.

São aqueles que apresentam uma organização política singular, com um


governo único de plena jurisdição nacional, sem divisões internas que não
sejam simplesmente de ordem administrativa. Não têm esses organismos
menores uma autonomia política.

O tipo puro do Estado simples é aquele em que somente existe um Poder


Legislativo, um Poder Executivo e um Poder Judiciário, todos centrais, com
sede na Capital. Todas as autoridades executivas ou judiciárias que
existem no território, são delegações do Poder central, tiram dele sua
força; é ele que as nomeia e lhes fixa as atribuições. O Poder Legislativo
de um Estado simples é único, nenhum outro órgão existindo com
atribuições de fazer leis nesta ou naquela parte do território.

São divididos em partes, municípios, comunas, departamentos, províncias,


etc., tendo uma autoridade eleita pelos habitantes dessas regiões e
formados por pequenos poderes legislativos com a função de elaborar
certas leis de aplicação local. Mas, essas autoridades e esse poder são
delegações controladas pelo poder central. Ex. França, Portugal, Holanda,
Uruguai, Itália e Espanha.

KELSEN – As ordens jurídicas positivas dos Estados singulares não são


completamente centralizadas, nem completamente descentralizadas, são
sempre parcialmente centralizadas e, correlativamente, parcialmente
descentralizadas, aproximando-se ora mais de um ora mais do outro tipo
ideal.

Centralização e Descentralização

Desconcentração – Transferência para diversos órgãos dentro de uma


mesma pessoa jurídica, competências decisórias e de serviços, mantendo
tais órgãos relações hierárquicas e de subordinação. Essa autoridade
exerce uma parcela de poder público delegado. Não cria agentes
administrativos independentes. Distribui competências decisórias dentro de
uma hierarquia administrativa. Simples distribuição interna de autoridade.
Por ex: O poder executivo é o centro inicial de decisões e ação
administrativa, que desconcentra a sua atividade por meio de Ministérios,
secretarias, departamentos, Divisões, etc

Centralização política e administrativa – Unidade do sistema jurídico,


comportando o país um só direito e uma só lei. Exclusão conseqüente de
toda a normatividade plural. Unidade quanto a execução das leis e quanto
à gestão dos serviços.

Para Kelsen a centralização no sentido dinâmico atinge o grau máximo


quando todos as funções são realizadas apenas por um único órgão,
especialmente quando todas as normas de uma ordem jurídica, tanto as
gerais como as individuais, são criadas e aplicadas por um e mesmo
indivíduo.

Descentralização – È a retirada de competência de um centro para


transferi-las a outro, passando essas competências a ser próprias do novo
centro, que age em nome próprio, e não mais em nome do centro original.
Essa transferência é realizada por lei ou pode ser conferida pelo próprio
texto estruturador do Estado. Apenas a descentralização administrativa é
compatível com o estado unitário.

Descentralização administrativa – Implica, pois, a criação de novos


centros dotados de capacidade, os quais agem e deliberam em nome
próprio. Têm interesses próprios, competências privativas, o que lhes
permite opor-se a qualquer outro interesse que contrarie os seus. A pessoa
criada tem personalidade própria, mas não tem poder para dizer sobre
suas competências, ausência precisa de autonomia e independência.
Descentralização política – Quando o ente tem capacidade de
estabelecer comandos de sua própria competência. Capacidade
legislativa. A centralização política importa a existência de centro único
emanador de comandos normativos e, por isso mesmo, de sede exclusiva
de competências. A descentralização política significa a realidade de várias
pessoas (entendidas como centros de imputação de direitos e deveres)
investidas da função de dizer, por meio de regras gerais e abstratas, sobre
tudo o que importa a uma coletividade e que configura as suas
competências.

Uma comunidade jurídica descentralizada é, idealmente, aquela cujo


ordenamento consta de normas que apenas vigoram para domínios
(territoriais) parcelares. Dizer que uma comunidade jurídica se desmembra
em regiões ou parcelas territoriais significa que todas as normas ou
apenas certas normas deste ordenamento apenas vigoram para territórios
parcelares. Neste último caso, a ordem jurídica que constitui a comunidade
jurídica é integrada por normas com diferentes âmbitos espaciais de
validade.

O Estado Unitário pode ser fortemente descentralizado quando o centro


único dotado de capacidade legislativa, pode, por meio de lei, conferir a
várias circunscrições territoriais determinadas competências, atribuindo-
lhes, também, capacidade legislativa. Tudo depende da vontade do órgão
central.

“Para Kelsen a única distinção entre um Estado unitário dividido em


províncias autônomas e um Estado federal é o grau de descentralização.”

→ CONFEDERAÇÃO

Constitui uma associação de Estados soberanos que se unem para


determinados fins de ordem internacional sem quebra da soberania.
Instituída por tratados.

→ ESTADO FEDERAL

Federação significa: união, pacto, aliança

Quando da formação da confederação das treze colônias libertas da


Inglaterra encontraram dificuldades para execução do tratado que tinha
firmado. Convocou-se uma reunião na Filadélfia com o intuito de formalizar
um novo pacto que fortalecesse a união entre os Estados, pois a
confederação mostrou-se frágil. Vencida as resistências de alguns estados
que não queriam abdicar de suas soberanias, foi editada a constituição
que previu que “os poderes legislativos pela presente constituição serão
atribuídos ao Congresso dos EUA composto do Senado e da Câmara dos
Representantes” em maio de 1787.

→ O federalismo pode ser:


• Federalismo por agregação= centrípeta

• Federalismo por segregação= centrifuga

→ Características

• Competência Constitucional própria;


• Constituição só será reformada com o consentimento dos estados-
membros;
• Instância judiciária superior com poderes para dirimir conflitos
porventura suscitados entre a União e os Estados;
• Repartição de competência;
• Autonomia constitucional do Estado-membro;
• Intervenção federal delimitada constitucionalmente;
• Método de divisão de poderes, que perante a coexistência do governo
geral com o governo das organizações participantes em esferas
distintas, coordenadas e independentes.

Ente Federado

• Legislação unitária ou comum, criando indiferentemente direitos e


obrigações imediatas para os cidadãos dos diversos Estados;
• Não possuem soberania externa;
• Internamente estão ligados a um poder único, que é o poder federal;
• Autonomia Legislativa;
• Capacidade de auto-organização por meio de constituições próprias
• Estabelecer a competência dos três poderes que habitualmente
integram o Estado

→ Requisito necessário a mantença da Federação

• A rigidez constitucional
• A existência de um órgão constitucional incumbido do controle da
constitucionalidade das leis

Crise Federalista Nacional

Inadequação da realidade aos meios de que dispõe o governo para atacá-la;

A constituição atrasada com os fatos;

Alguns autores acham mais prudente e verídico falar de estado unitário de


máxima descentralização do que propriamente de Estado federal, vêem mais
participação com dependência do que autonomia com participação nos
moldes do Estado Federal Contemporâneo.
→ A Federação EUA
A autonomia dos Estados federados nos EUA é maior tendo em vista o
modelo constitucional que expressa apenas o essencial à auto-organização
dos estados.

→ A Federação brasileira
No Brasil surgiu com a proclamação da República, com a formação dos entes
regionais que não existiam, mas foram formados pela vontade do poder
supremo;

Celso Ribeiro bastos acha a federação brasileira centralizadora por causa da


sua competência enumerada da União pouco restando aos Entes federados;

Os territórios constituem simples descentralizações administrativas- territoriais


da própria União, e conseqüentemente receberam da Constituição tratamento
compatível com sua natureza.

→ Federalismo tridimensional
Com a autonomia municipal fortalecida, e protegida de qualquer investida
contra a instituição. O Município brasileiro é entidade estatal integrante da
federação. Essa integração é uma peculiaridade nossa, pois em nenhum outro
Estado soberano se encontra o Município como peça do regime federativo
constitucionalmente reconhecida. Dessa posição singular do nosso Município
é que resulta sua autonomia político-administrativa, diversamente do que
ocorre nas demais federações, em que os Municípios são circunscrições
territoriais meramente administrativas.

Crítica do Prof. José Afonso da Silva

1. Não existe federação de Municípios. Existe Federação de Estados;


2. As Características da Federação brasileira não alterou com a inclusão dos
Municípios;
3. Os Territórios dos Municípios é compartilhado com o dos Estados;
4. A intervenção nos Municípios é da competência dos Estados o que
pressupõe um vínculo de subordinação, provando serem divisões político-
administrativas dos Estados e não da União;
5. A incorporação, fusão e desmembramento far-se-á por lei estadual;
6. Não há reconhecimento constitucional de capacidade de auto-organização
mediante cartas próprias e a ampliação de sua competência, sem estarem
submetidas aos princípios estabelecidos nas Constituições Estaduais. (art 29);
7. Não existe participação das unidades municipais nas decisões políticas –
jurídicas nacionais;
8. Não há possibilidade de um controle concentrado de lei municipal frente a
constituição federal, apenas por via difusa.
9. Existem onze ocorrências relacionadas às unidades federadas sem incluir
os Municípios: arts. 34 II, IV e V, 45 § 1º, 60 III, 85 II, 132, 159 § 2º, 225 § 1º III,
ADCT – art 13 §4º e 32 § 9º.

→ Federalismo de inspiração regional


Marcado pela presença e participação ativa de entes regionais no quadro
geral das competências autônomas com feição política. Mas de forma
estritamente administrativa, tendo em vista o desenvolvimento, a integração
de regiões em desenvolvimento e a composição dos organismos regionais “na
forma da lei”. Essa preocupação pode ser o caminho para emergir uma nova e
futura instância federativa – a das regiões. A criação de uma quarta instância
política da federação, que seria no caso o “ poder regional”, provido de
autonomia e erigido em eixo político de promoção e defesa de todos os
interesses regionais.

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