Você está na página 1de 25

A importância da transparência e accountability na administração local

Maria Cristina Ribeiro da Silva Couto


Universidade de Aveiro/Universidade do Minho, Portugal
cristinarscouto@gmail.com

Augusta da Conceição Santos Ferreira


Universidade de Aveiro, Portugal
augusta.ferreira@ua.pt

Área Temática: I - Setor Público e Não Lucrativo


Resumo

Cada vez mais é necessário que, quer os gestores públicos, quer os cidadãos,

tenham em atenção a importância que os bens/recursos públicos detêm pela sua especial

característica de serem públicos. Quer isto dizer que os gestores públicos têm de

administrar os recursos públicos de forma eficiente, eficaz, equitativa e transparente. Por

seu turno, os cidadãos deverão sentir-se informados, confiantes e conscientes do direito

que detêm no que concerne às práticas e uso dos recursos públicos por parte de quem tem

a capacidade de os administrar. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo

realizar uma revisão de literatura no sentido de conhecer os estudos realizados no âmbito

da accountability e transparência ao nível da administração local.

Palavras-chave: Transparência, Accountability, Prestação de contas

Introdução

A New Public Management veio clarificar a ideia de que a administração pública,

tal como acontecia no setor privado, necessita de instrumentos e práticas que incutam,

quer nos serviços públicos, quer nos seus dirigentes que o facto de ser "público" tem

subjacente uma enorme responsabilidade, necessidade de prestação de contas e

transparência.

Assim, tal como afirma Robert D Behn (1998, p. 131), os defensores da New

Public Management destacam que "o método tradicional de executivo do governo é

demasiado complicado, demasiado burocrático, demasiado ineficiente, também é


insensível, muito improdutivo. Não nos dá os resultados que queremos do governo. E,

hoje os cidadãos esperam que o governo produza resultados. Já não toleram a ineficiência

ou ineficácia". No fundo, espera-se que com esta nova abordagem da administração

pública aumente a confiança dos cidadãos no desempenho do seu governo.

Por outras palavras, podemos afirmar que a New Public Management veio

melhorar aspetos como a eficiência e reduzir despesas do setor público (Cuadrado-

Ballesteros, García-Sánchez, & Prado-Lorenzo, 2013). Isto vai de encontro com o

pensamento de Pollitt and Bouckaert (2004, p. 6), uma vez que afirmam que a New Public

Management é "geralmente considerada como um meio para um fim, não um fim em si

mesmo. Para ser mais preciso, devemos talvez dizer que é potencialmente um meio para

múltiplos fins. Estes incluem a poupança (economias) nas despesas públicas, a melhoria

da qualidade dos serviços públicos, a eficácia das operações do governo e o aumento das

oportunidades de que as políticas escolhidas e implementadas sejam eficazes." Esta

reforma da administração pública traduz-se num reforço do controlo dos políticos sobre

a burocracia; possibilita que os funcionários públicos tomem consciência da importância

da gestão dos recursos públicos; e aumenta a accountability no sentido de responsabilizar

os gestores públicos pelas suas políticas e programas.

Assim, importa relembrar, segundo C. Hood (1991), que a New Public

Management tem como principais características a entrada no setor público de gestores

profissionais provenientes do setor privado, procurando desta forma a profissionalização

da gestão e uma orientação para as técnicas de gestão privada; a definição de medidas e

padrões de desempenho com objetivos mensuráveis e claramente definidos; a

preocupação com o controlo dos resultados, enfatizando a necessidade de insistir nos

resultados e não nos processos; a desagregação de unidades do setor público, dividindo


grandes estruturas em unidades mais pequenas, recorrendo a formas inovadoras de

organização das atividades; a introdução de fatores que promovam a concorrência no

setor público, nomeadamente com a contratação, procurando com isto baixar custos e

melhorar a qualidade da prestação dos serviços; a ênfase nos estilos e práticas de gestão

do setor privado, introduzindo modelos que flexibilizam a gestão; e, por último, a ênfase

em maior disciplina e moderação na utilização de recursos. Desta forma, podemos

afirmar que esta mudança de paradigma resultou em duas grandes alterações: alteração

da abordagem para a gestão por resultados e introdução de inovações contabilísticas

(Bracci, 2008).

Ora, face a todas estas mudanças no setor público, verificamos que existe uma

mudança no enfoque principal do seu desempenho e uma maior descentralização. Isto

significa que a descentralização permitirá aumentar a capacidade de resposta, a eficiência

e a eficácia do setor público (Eckardt, 2008). Nomeadamente, ao nível da administração

local, podemos verificar que com esta mudança de paradigma aquela assumiu uma

panóplia de funções mais abrangentes (da Cruz & Marques, 2014). O governo funciona

melhor quando é responsável perante os cidadãos (Merat, 2004). Porém, importa salientar

que a accountability no setor público se traduz em inúmeras relações, nomeadamente

entre os funcionários eleitos e os gestores, entre os funcionários eleitos e os cidadãos e,

ainda, entre os cidadãos e os gestores (Kluvers & Tippett, 2011).

O setor público, designadamente o governo local, procura ir de encontro com

aquilo que os cidadãos desejam e procura ser responsável perante aqueles (Shah, 2014).

Com a New Public Management este pensamento ganhou mais força uma vez que, tal

como afirma Bracci (2008, p. 3), "a reforma aumentou a responsabilidade dos gestores
em termos de alocação de resultados e a realização de desempenho, com a introdução de

incentivos baseados na gestão por resultados".

Face ao exposto, este artigo apresenta os resultados de uma revisão de literatura

acerca de estudos baseados nas práticas de accountability e transparência ao nível dos

municípios.

1. Accountability vs Transparência

Quando utilizamos o termo accountability temos de ter consciência que são

inúmeras as definições que são utilizadas por forma a clarificar o conceito. Quer isto dizer

que a accountability não é um conceito com um significado claro e universal (Bovens,

Schillemans, & Hart, 2008; Hudaya, Smark, Watts, & Silaen, 2015). Antes pelo contrário,

é um conceito de difícil conceitualização e multifacetado (R. D. Behn, 2001; Brandsma

& Schillemans, 2013; Koppell, 2005; Mulgan, 2003; Pinho & Sacramento, 2009). Uma

outra característica associada ao conceito de accountability reside no facto de esta ser

fundamental em qualquer organização e de estar presente em diversos níveis (Hall &

Ferris, 2011).

Assim, a accountability procura aperfeiçoar os serviços públicos e capacitá-los de

meios capazes de ir ao encontro das necessidades e exigências dos cidadãos,

caracterizando-se pelas seguintes funções: aferir se os objetivos e a sua utilidade se

encontram em uníssono; permitir a melhoria do desempenho dos agentes públicos;

prevenir com o conhecimento do desempenho as ações e os comportamentos e não


unicamente controlá-las; possibilitar o aumento da legitimidade com a ênfase dada à

responsabilização de prestação de contas e respetiva sanção; e, por último, permitir que

os processos e procedimentos sejam transparentes (Blair, 2000).

Neste sentido, podemos afirmar que vários têm sido os estudos realizados

apresentando várias abordagens do conceito de accountability (Biermann & Gupta, 2011;

Bovens, 2005; Bresser-Pereira, 1999; Keay & Loughrey, 2014; Ma & Hou, 2009;

O'Donnell, 1998; Smulovitz & Peruzzotti, 2000).

A accountability administrativa foi de encontro com o intuito subjacente ao novo

paradigma da New Public Management uma vez que o enfoque principal está na

responsabilização dos resultados (Martell, 2007).

Importa referir que, ao nível da prestação de contas, é necessário ter em atenção o

tipo de informação que é prestada. Isto porque os processos de prestação de contas são

processos políticos que poderão dar mais ênfase a determinados valores, resultados dos

programas, discursos e práticas em detrimento de outros que na sua ótica não são

considerados tão dignos de ser visíveis (Muller, 2008).

Nesta perspetiva podemos afirmar, tal como Da Silveira, Moreira, Ávila, and

Weyh (2013, p. 3), a "accountability diz respeito à obrigação dos gestores públicos de

informar sobre o uso dos recursos públicos e de responsabilizar-se por falhas no alcance

dos objetivos planeados" ao passo que a "transparência refere-se ao acesso desencadeado

pelo público à informação oportuna e fidedigna sobre decisões de desempenho no setor

público". No entender de Christopher Hood (2010, p. 989), a accountability "denota o

dever de um indivíduo ou organização de responder de alguma forma sobre como têm

conduzido os seus negócios" ao passo que a transparência "significa a condução dos


negócios de forma a que decisões, regras e outras informações sejam visíveis do exterior".

Da mesma forma, Vila i Vila (2013) refere que a transparência tem na sua essência dois

elementos comuns: o acesso à informação e a sua oportunidade temporal. Assim, a

transparência torna-se uma exigência básica para a participação do cidadão no que diz

respeito à democracia. Tal como afirma Rebolledo, Zamora Medina, and Rodríguez-

Virgili (2016, p. 62), os "cidadãos a fim de avaliarem a forma como os seus representantes

políticos gerem os recursos coletivos e tomam decisões baseadas em critérios sólidos,

precisam de informações por fontes transparentes e de alta qualidade". Digamos que em

uníssono com o desempenho, a transparência assume um papel chave, dado que ao longo

do tempo assistiu-se a falta de legitimidade por parte dos governantes públicos e se torna

fulcral que os políticos tenham de volta a confiança dos cidadãos (Lawton & Monfardini,

2010). Daí que a accountability influencia a confiança dos cidadãos, o que tem como

consequência a satisfação dos cidadãos (Danaee Fard & Anvary Rostamy, 2007). E, caso

as organizações disponibilizem informação que se traduza numa maior transparência do

que o que aquela que é minimamente exigida em termos legais e apresentem um maior

compromisso neste sentido, levará com que usufrua de uma maior confiança e

legitimidade perante os cidadãos (Saez-Martin, Caba-Perez, & Lopez-Hernandez, 2017).

Isto porque, por um lado, apesar de todo o tipo de informação que o cidadão pode ter

acesso de forma simples e facilitada, acabará por ter um certo grau de desconfiança

(Afonso, 2014). E, por outro lado, os atores/funcionários públicos podem levar a cabo a

sua conduta tendo uma noção clara que o deverão fazer de forma coerente e correta e não

ilegal e corrupta, pois existe uma grande probabilidade de essas informações serem

divulgadas (Williams, 2015).

Esta distinção vem reforçar o direito que os cidadãos detêm de ter acesso a

informação que lhes permita ter uma visão de como os gestores vão administrando os
recursos públicos e pondo em práticas as diversas políticas públicas. Isto implica uma

participação mais ativa por parte dos cidadãos. Está aqui subjacente o conceito de

accountability social, a qual tem intrínseco o facto de que os cidadãos, para além da

votação, têm um conjunto de recursos e práticas capazes de responsabilizar os prestadores

dos serviços públicos (Schaeffer & Yilmaz, 2008). A accountability social pode ser vista

como normativa ou instrumental. Sob a perspetiva instrumental esta tem como principais

objetivos: aumentar a eficiência da prestação de serviços; melhorar a qualidade de

governação e da democracia; e, ainda aumentar a capacitação dos cidadãos (Brinkerhoff

& Wetterberg, 2016).

Perante o exposto podemos verificar que os conceitos de accountability e

transparência são conceitos que detêm uma relação muito estreita e específica. Ou seja,

apesar das diversas dimensões do conceito de accountability (transparência,

responsabilidade, sujeição, controlo e capacidade de resposta), a análise e a avaliação que

pode ser realizada a cada uma delas não é uniforme, isto é, a transparência é um elemento

fundamental e fulcral para a prestação de contas, mas não um elemento constitutivo da

accountability (Bovens, 2007).

Assim, Christopher Hood (2010) consciente de que quer a accountability, quer a

transparência revestem-se de demasiada importância no que concerne a boa governação,

estabeleceu três formas distintas de relacionar estes dois conceitos: "irmãos siameses" - a

accountability e a transparência não são dois conceitos realmente distinguíveis um do

outro; "partes correspondentes" - a accountability e a transparência são separáveis, porém

complementam-se um ao outro por forma a garantir a boa governação; e, por último,

"casal estranho" - a accountability e a transparência não trabalham necessariamente em

conjunto podendo envolver elementos que estão potencialmente ou realmente em tensão


uns com os outros. No entanto, em termos práticos, pode-se dizer que existe alguma

dificuldade em medir o nível de transparência de uma organização. Porém, Williams

(2015) desenvolveu um indicador capaz de medir o nível de transparência, sendo este

divido numa componente de informação e numa componente de accountability.

2. A importância da transparência e da accountability na administração local)

Existe um fundamento muito claro quando nos debruçamos sobre o setor público

e a sua finalidade. O setor público procura, em sentido lato, o bem comum, o bem-estar

da sociedade. Ciente desta responsabilidade, quer os organismos públicos, quer os

gestores públicos, deverão ter consciência que terão de unir forças por forma a garantir:

a legitimidade, a confiança, a eficiência, a eficácia, a equidade e a responsabilidade

inerente ao facto de gerir recursos públicos. Por outro lado, os cidadãos devem ter acesso

a informação por forma a se sentirem informados no que respeita à forma como os

recursos estão a ser geridos e qual o desempenho dos gestores públicos.

Face ao exposto procurou-se realizar uma revisão da literatura acerca dos estudos

desenvolvidos no âmbito do governo local, nomeadamente na forma como os recursos

públicos estão a ser utilizados pelos autarcas; como é vista a necessidade de prestação de

contas (accountability); e de que modo é feita a prestação de contas por forma a ser

possível medir o grau de transparência dos municípios.

Assim, é importante salvaguardar, desde logo, que a accountability, a

transparência e a confiança dos cidadãos nos autarcas detêm uma grande importância ao

nível do governo local. Existe uma maior accountability (responsabilização) ao nível do

governo local tanto no que respeita às expetativas dos eleitores como no facto de os
autarcas puderem perder o seu lugar mais facilmente devido ao seu mau desempenho. No

mesmo sentido, o governo local pode e deve tornar-se mais recetivo às exigências e

necessidades dos cidadãos e a maior capacidade de construir uma verdadeira governação

participativa e mais eficaz na prestação de serviços (Blair, 2000; Bratton, 2012).

Poder-se-á dizer então que a prática da accountability ao nível dos governos locais

é sem dúvida imprescindível. Daí que a divulgação de informação seja ela informação

financeira ou não financeira reveste-se de especial importância para promover a confiança

dos cidadãos. Perante esta contastação, Danaee Fard and Anvary Rostamy (2007)

procuraram explicar a relação entre accountabiliy, confiança e satisfação dos cidadãos e

analisar o efeito da confiança no governo, da confiança social e dos media sobre a relação

entre satisfação e confiança dos cidadãos. Concluíram que: a taxa de accountability das

organizações é baixa, que a accountability legal é considerada como mais importante e

que a accountability de desempenho, financeira e a ética não detêm tanta importância.

Ora, isto vem de encontro com a questão de que a prestação de contas é ainda entendida

como uma obrigação legal. Ou seja, não é atribuído à accountability vantagens no que

respeita ao apoio que poderá dar na tomada de decisões. Por seu turno, da Cruz and

Marques (2014) procuraram examinar quer no Uganda, quer no Quénia a tomada de

decisões a nível local, a participação dos cidadãos e a accountability local. Após o estudo

concluído verificaram que o fundamento da descentralização no que respeita a tomada de

decisões tendo por base as necessidades e as prioridades dos cidadãos é ingénuo.

Destacam, ainda que a eficácia da participação e a accountability residem no facto de as

informações terem de ser partilhadas de forma ampla e estratégica, o que não acontece na

maioria dos países em desenvolvimento.


Por outras palavras, dado o grau de importância inerente à accountability, "os

governos devem compilar e divulgar informações mais compreensíveis, comparáveis,

oportunas e fiáveis, em benefício dos cidadãos, dos órgãos de supervisão e de outras

partes interessadas" (Bolívar, Galera, & Muñoz, 2015).

Relativamente à forma como a accountability é vista podemos concluir que se

afastou da noção tradicional de accountability e de accountability de gestão. Há uma

maior aproximação do conceito de accountability ao comportamento empresarial do setor

privado, sendo que podemos assistir a uma relevância maior a determinadas

características da New Public Management: desempenho, resultados e relatórios

financeiros (Kluvers & Tippett, 2011). Ora, o desempenho, quer de uma organização

privada, quer de uma organização pública depende de um conjunto de fatores. Ao nível

do governo local também é necessário ter em consideração diferentes fatores que

permitam criar um modelo correto de avaliação de desempenho, uma vez que deverá ter

em atenção um conjunto de variáveis exógenas que não são controladas pelos executivos

locais (da Cruz & Marques, 2014).

Desta forma, ao nível do setor local é necessário percebermos que tipo de


informação é considerada como importante para a própria avaliação de desempenho dos
responsáveis locais (Tooley, Hooks, & Basnan, 2010). Assim, através de um inquérito
sobre os relatórios dos governos locais da Malásia foi selecionado um conjunto de itens
que, sustentados na literatura, se agruparam em: a) visão geral e operacional da
informação, b) informação de desempenho não financeiro, e, c) desempenho financeiro e
informações sobre o desempenho. Deste estudo verificamos que as partes interessadas,
apesar de considerarem que as informações no que respeita à posição financeira e ao
desempenho são importantes, dão maior enfoque a informações relacionadas com o
desempenho que não está patente nas demonstrações financeiras, nomeadamente
desempenho não financeiro e informações/metas para o futuro. Do mesmo modo,
Montañés, GIL, and López (2012) e Albaladejo and López (2009) constataram que as
informações divulgadas pelos municípios espanhóis baseiam-se em indicadores
financeiros e do orçamento e não em indicadores de gestão dos serviços públicos.

Dado que são diversas as diferentes perspetivas sob as quais o conceito de

accountability é analisado, importa mencionar que estas abordagens têm por base o facto

de que os mecanismos de accountability adotados variam de organização para

organização e têm diferentes interpretações consoante os atores organizacionais

individuais (Hall & Ferris, 2011). Sob a perspetiva dos cidadãos, Quinlivan, Nowak, and

Klass (2014) procuram recolher evidências no que respeita ao uso e ao valor que é dado

pelos cidadãos relativamente à informação de desempenho do governo local. Verificaram

que a perceção dos cidadãos sobre o desempenho do governo local não é baseada em

indicadores de desempenho. Apesar de os indicadores de desempenho deterem o seu

papel, o que está na origem da opinião dos cidadãos é um processo muito mais complexo

e subjetivo.

Por sua vez, sob a perspetiva dos gestores, no que respeita à importância de

determinada informação de desempenho para a prossecução dos objetivos das suas

organizações, Lee (2008) concluiu que, por um lado, os gestores consideram que é

necessário a seleção de um conjunto de informação financeira e não financeira por forma

a atingir os objetivos da organização. Contudo, os gestores consideram menos útil a

informação não financeira para divulgação nos relatórios anuais e daí estar

subdesenvolvida. Por outro lado, existem gestores que criam uma espécie de informação

"privada" que se traduz num sistema de apoio às condutas diárias e às funções de gestão

(Bracci, 2008). Denota-se por parte dos gestores um certo receio no que respeita à

divulgação da informação, bem como, a divulgação de determinados itens. Por exemplo,

no que respeita a divulgação de informação sobre questões éticas, os municípios tendem

a divulgar muito pouco (Tagesson, Blank, Broberg, & Collin, 2009).


Em outro estudo, sob a perspetiva dos responsáveis políticos dos municípios

portugueses, concluiu-se que existem barreiras e obstáculos no que diz respeito à

implementação e utilização dos sistemas de informação devido à falta de compromisso e

visão política (Moreno Pires & Fidélis, 2015).

Por sua vez, o estudo realizado por Budding (2004) mostra que os responsáveis

dos municípios holandeses têm consciência que são responsabilizados por diferentes

formas e por diversos atores. Além disso refere que se os gestores se sentirem

responsáveis pelos resultados terá como consequência um melhor desempenho por parte

do governo.

Também sob a ótica dos políticos e gestores públicos procurou-se entender de que

forma é que são utilizadas as informações de desempenho. O estudo realizado por

Saliterer and Korac (2013) concluiu que tanto os políticos como os gestores públicos

utilizam a informação de desempenho, maioritariamente, no que se refere às relações

externas do que para fins internos.

Porém, ao debruçarmo-nos sobre a questão do desempenho, um conjunto de

dúvidas sobressaltam. Kluvers (2001) procurou esclarecer questões tais como: a) a

informação acerca do desempenho que está disponível permite formar um juízo de valor

acerca do desempenho da gestão?, e, b) a gestão está envolvida em questões

determinantes da política como os objetivos, os programas e a mensuração do

desempenho?. Kluvers (2001) concluiu que existe uma relação entre agente e principal, a

qual muda, uma vez que o orçamento por programas envolve a prestação de contas por

parte da gestão e existe, também, uma dependência de informações controladas pela

gestão. Além disso, as auditorias de desempenho constituem uma mais valia no que

respeita à responsabilização. Com a mesma pretensão, Heinrich (2002) procurou analisar


de que modo a gestão de desempenho é uma ferramenta política eficaz para aumentar a

responsabilidade governamental. Verificou que a informação relativa ao desempenho é

utilizada pelos gestores de forma mais eficaz para avaliar os efeitos de diferentes políticas

e métodos de gestão em prestação de serviços.

Importa ainda, ressalvar, no que respeita a informação de desempenho divulgada

por parte dos governos locais, que esta adequa-se às suas próprias estruturas

organizacionais (Torres, Pina, & Yetano, 2011). Ou seja, os governos locais divulgam

informação acerca do seu desempenho tendo em conta os seus próprios objetivos e metas.

Porém, e face à importância que a informação de desempenho detém para os

cidadãos, Montesinos, Brusca, Rossi, and Aversano (2013) concluíram que ainda há

desafios a serem superados no contexto local, nomeadamente, que é necessária uma

mudança de atitude na gestão de informação. Por outras palavras, ainda há um longo

caminho a percorrer, uma vez que se não existir um sistema de gestão, a informação não

é útil para a tomada de decisões, nem para a prestação de contas. Além disso, as partes

interessadas denotam pouco interesse nos relatórios de desempenho, bem como nos seus

benefícios.

Como já foi referido anteriormente a accountability e a transparência são

fundamentais para a boa governação do setor público. Deste modo torna-se importante

analisar as fontes ou meios que as organizações dispõem para prestar contas, ou por outras

palavras, para divulgar informação, uma vez que que são variadas e múltiplas. No entanto,

é certo que face ao desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação, o meio mais

utilizado seja a Internet, bem como todo o conjunto de ferramentas que esta dispõe. Ora,

neste sentido, a Internet tornou-se uma importante ferramenta a ser utilizada pela

administração pública. Uma vez que a Internet possibilitou o aumento da transparência e


a abertura das entidades do setor público, aumentou a interatividade com os cidadãos,

aumentou o nível de confiança e promoveu novas formas de prestação de contas. (Bonsón,

Torres, Royo, & Flores, 2012). Por outras palavras, a Internet permite que o governo "se

torne mais eficiente; facilita o funcionamento dos acordos entre as organizações públicas,

o setor privado e os cidadãos; e, ainda; capacita os cidadãos de desempenhar um papel

mais forte na interação com o governo" (La Porte, Demchak, & De Jong, 2002, p. 411).

Neste sentido, torna-se fulcral entender que o governo eletrónico reveste-se de um

conjunto de características que se tornam um conjunto de mais valias para o governo

local, nomeadamente "compreende a prestação de serviços que os cidadãos podem aceder

online, o conteúdo do site municipal e a divulgação de informações financeiras

municipais" (Serrano-Cinca, Rueda-Tomás, & Portillo-Tarragona, 2009, p. 493). Isto é,

o governo eletrónico "tem permitido que as agências governamentais forneçam

informações e prestem serviços aos seus stakeholders internos e externos através dos seus

sites" (Styles & Tennyson, 2007, p. 62).

Contudo, e apesar da importância da Internet e das mais valias que ela detém, a

utilização que o governo local faz do seu site está restrita a determinados fatores como a

vontade dos dirigentes políticos e as estratégias de comunicação e gestão de informação

introduzidas (Gandía & Archidona, 2008).

De referir que o meio que os governos locais utilizam por forma a disponibilizar

informação de forma mais simples, rápida e de fácil acesso é de facto a Internet

(Albaladejo & López, 2009; García & García-García, 2010; Musa, Bebić, & Đurman,

2015; Pina, Torres, & Royo, 2007; Rebolledo et al., 2016). Além disso, a Internet permite

examinar a divulgação voluntária na esfera do governo local. Ora, assim, torna-se

importante indagar quais as causas que podem influenciar no relato voluntário


relativamente às informações financeiras. Assim, Laswad, Fisher, and Oyelere (2005) ao

analisarem o governo local e a sua divulgação voluntária constataram que existe uma

relação entre a divulgação voluntária e o grau de competição política, o tamanho e o tipo

de entidade, sua alavancagem, seu défice ou superavit e a pressão vivida nos meios de

comunicação. A mesma conclusão tiraram Styles and Tennyson (2007) ao analisarem os

municípios dos EUA, uma vez que os municípios de maior dimensão, maior receita per

capita, maior nível de divulgação contabilística são aqueles que estão mais propensos a

fornecer relatórios financeiros. Além dos fatores referidos, o desemprego parece também

estar negativamente correlacionado com a transparência ao nível do orçamento

(Caamaño-Alegre, Lago-Peñas, Reyes-Santias, & Santiago-Boubeta, 2013).

Pina et al. (2007) verificaram que os governos municipais da União Europeia

passaram a ter uma presença muito grande na Internet. No entanto, o nível de

interatividade com os cidadãos, é muito baixo. Os governos estão mais preocupados em

transmitir a imagem de modernização e de resposta aos cidadãos do que em capacitar-se

de mudanças que permitam que a administração pública interaja com os cidadãos. Isto

traduz-se num sinal de que existe pouca abertura por parte dos governos locais para

interagir com os cidadãos.

Gandía and Archidona (2008) ao analisarem os municípios espanhóis constataram

que os sites revelam um nível baixo de divulgação, o que significa que a maioria dos

municípios detém um site apenas como uma "presença". Podemos apontar, com base

neste estudo, como fatores que determinam o índice de divulgação: acesso à tecnologia e

ao nível educacional dos cidadãos, à visibilidade dos meios de comunicação públicos e à

dependência do governo municipal. Face a estudos anteriores, também Maria-Dolores

Guillamón, Bastida, and Benito (2011) concluíram, ao analisar os municípios espanhóis,


que os municípios maiores são aqueles a quem lhe é exigida uma maior prestação de

contas, o que por seu turno acarreta necessidade de meios materiais para isso, sendo que

só os grandes municípios é que o poderão fazer. Por seu turno, também María-Dolores

Guillamón, Ríos, Gesuele, and Metallo (2016) concluíram que os municípios maiores

recorrem mais a aplicativos dos media social para divulgar informações, e por isso, são

mais transparentes.

Albaladejo and López (2009) concluíram, também, que o meio mais utilizado

pelos municípios para divulgar informação é a Internet com ênfase na informação

económico-financeira. Além deste aspeto, é de ressalvar que existe por parte do autarca

a perceção de que as auditorias externas estão revestidas de vantagens para o apoio na sua

gestão, daí que cada vez mais se assiste ao seu recurso de forma voluntária. No entanto,

García and García-García (2010, p. 693), ao analisarem os municípios espanhóis,

concluíram que ainda se constata um baixo grau de desenvolvimento dos sites municipais

e que os municípios que mais relatam as suas informações contabilísticas online são os

municípios de maior dimensão, com grandes níveis de investimento no período

contabilístico e com um alto grau de competição política. Mais, concluíram que "o

impacto negativo que a publicação de alguma informação crítica pode ter sobre a opinião

pública torna os governos locais relutantes em divulgar voluntariamente informações

financeiras online".

Musa et al. (2015) procuraram analisar a transparência e abertura dos governos

locais croatas e verificaram que as informações disponibilizadas são informações "leves"

cuja relevância política não é grande, por forma a que essa informação não possa ser

utilizada contra eles. Isto significa que o nível de informação disponibilizada é muito

baixo.
Rebolledo et al. (2016) procuraram analisar o nível de transparência dos sites dos

governos locais e concluíram que existe um défice na implementação da transparência.

Os resultados da investigação realizada por estes autores vão de encontro aos estudos

atrás mencionados, nomeadamente, no que se refere aos mecanismos de interação com os

cidadãos.

Indo ao encontro do que está plasmado nos artigos anteriores, as tecnologias de

informação desempenham um papel muito importante ao nível da participação dos

cidadãos na vida política da administração pública, apesar de Lawton and Monfardini

(2010) concluírem, ao analisarem o impacto da New Public Management sobre a

accountability pública em dois países europeus, que ainda é possível verificar um

distanciamento entre o cidadão e o processo. E, ainda, que as sugestões fornecidas pelos

cidadãos não são consideradas como vinculativas aquando do momento de decisão por

parte dos políticos. Porém, é de notar que o caminho seguido pela administração pública

nos diversos países varia no que respeita à forma como vão adotando os mecanismos e

ferramentas inerentes à prestação de contas. Isto porque os autores verificaram que, por

exemplo no caso sueco, está bem enraizada a preocupação com a divulgação, utilizando

diversos mecanismos e práticas de prestação de contas por forma a se tornar a conduta da

administração o mais transparente. Entre eles encontram-se relatórios escritos, bem como

um conjunto de informações disponibilizado e ainda a possibilidade de discutir questões

virtualmente. Por sua vez, no caso italiano, o importante mecanismo de responsabilização

é o relatório social anual voluntário, o qual não é auditado externamente. Além disso, os

cidadãos italianos veem o seu entendimento acerca do município limitado ao site e aos

jornais locais.
Alcaraz-Quiles, Navarro-Galera, and Ortiz-Rodríguez (2014) ao analisarem os

governos regionais espanhóis concluíram que a densidade populacional e o nível de

educação constituem fatores que podem contribuir para aumentar o interesse dos

governos regionais pela transparência da informação sobre sustentabilidade económica e

da informação ambiental. Ora, no que respeita aos governos locais nos países anglo-

saxónicos e nórdicos verificamos que existe uma grande preocupação em fornecer

informação ao nível da sustentabilidade, fazendo uso para isso dos seus sites (Navarro

Galera, de los Ríos Berjillos, Ruiz Lozano, & Tirado Valencia, 2014).

Por seu turno, é importante realçar que poucos são os estudos que desenvolveram

um quadro analítico capaz de verificar as práticas de transparência ao nível dos governos

locais (Oztoprak & Ruijer, 2016) um vez que existe um conjunto de fatores políticos e

fiscais que afetam a transparência (Polo-Otero, 2011).

Considerações Finais

Todas as práticas, mecanismos e alterações decorrentes da New Public

Management traduzem-se em incentivos capazes de melhorar a eficácia e eficiência do

setor público. Uma vez que se procurou adaptar um conjunto de ferramentas geralmente

conhecidas como caracterizadoras do setor privado para o setor público é inevitável que

haja uma maior consciencialização por parte dos gestores públicos e dos cidadãos para

que os recursos públicos devam ser administrados com rigor, equidade, eficiência e

eficácia. Para que isto possa ocorrer na prática do dia a dia da administração pública torna-

se imprescindível que os gestores públicos tomem consciência da importância e das

vantagens que a prestação de contas detém para o seu próprio desempenho, bem como
para que o cidadão se sinta confiante nas políticas públicas. Prevê-se, desta forma, que

accountability seja vista como um fim ou objetivo desejável, pois dela decorrerá

organizações mais acessíveis e responsivas e, de pessoas mais responsáveis (Espeland &

Vannebo, 2007). Quer isto dizer, que a accountability torna-se um fim pelo qual o setor

público se deve pautar uma vez que inerente ao seu próprio conceito, muitas vezes se

associa o conceito de responsabilidade.

De salientar que o conceito de transparência não é um conceito fácil de definir,

uma vez que são vários os aspetos que a caracterizam que estão intimamente relacionados

com outros conceitos e, muitas vezes, terminam por ser considerados sinónimos. Poder-

se-á dizer no âmbito da accountability e da democracia, que a transparência é uma

ferramenta importante e eficaz para garantir o acesso a informações por parte dos

cidadãos (María del Carmen, Bolivar, & Hernandez, 2014).

Perante a revisão de literatura realizada verificamos que a maioria dos estudos

estão relacionados com a avaliação da transparência ao nível dos sites dos municípios. É

unânime que a Internet é um meio que constitui uma mais valia para os municípios e seus

representantes, bem como para os cidadãos. Também de referir que o nível de

transparência dos municípios varia de acordo com diferentes fatores sendo o tamanho do

município um dos fatores decisores a nível de práticas de transparência.

Porém, torna-se importante realizar estudos que analisem a perceção dos gestores

públicos perante a Internet como meio de informação de divulgação de informações

financeiras do setor público (Rodriguez Bolivar, Caba Perez, & Lopez Hernandez, 2007).

Verificamos também que apesar de toda a investigação empírica sobre a temática

da accountability e os seus respetivos meios de prestação de contas escassos são os


estudos que analisam a prática da accountability na perceção dos autarcas. Bem como

estudos que analisem os mecanismos de prestação de contas como uma mais valia no

processo de tomada de decisão. Isto vai de encontro com a necessidade já sentida por

Nogueira and Jorge (2012) ao considerarem que poucos estudos têm sido realizados,

analisando os gestores do governo local e as suas perceções sobre a utilidade das

informações contabilísticas divulgadas na informação financeira do governo local,

designadamente, no contexto da tomada de decisões e no controlo interno.

Também é necessário realizar mais estudos que procurem estabelecer um quadro

analítico capaz de examinar as práticas de transparência dos governos locais (Oztoprak

& Ruijer, 2016).

Referências Bibliográficas

Afonso, W. B. (2014). Fiscal Illusion in State and Local Finances: A Hindrance to


Transparency. State and Local Government Review.
Albaladejo, F. J. B., & López, M. D. G. (2009). Contabilidad y auditoría en los grandes
municipios españoles. Auditoría pública: revista de los Organos Autónomos de
Control Externo(47), 101-108.
Alcaraz-Quiles, F. J., Navarro-Galera, A., & Ortiz-Rodríguez, D. (2014). Factors
influencing the transparency of sustainability information in regional
governments: an empirical study. Journal of Cleaner Production, 82, 179-191.
Behn, R. D. (1998). The new public management paradigm and the search for democratic
accountability. International Public Management Journal, 1(2), 131-164.
Behn, R. D. (2001). Rethinking Democratic Accountability (Vol. null).
Biermann, F., & Gupta, A. (2011). Accountability and legitimacy in earth system
governance: A research framework. Ecological Economics, 70(11), 1856-1864.
Blair, H. (2000). Participation and Accountability at the Periphery: Democratic Local
Governance in Six Countries. World Development, 28(1), 21-39.
Bolívar, M. P. R., Galera, A. N., & Muñoz, L. A. (2015). Governance, transparency and
accountability: An international comparison. Journal of Policy Modeling, 37(1),
136-174.
Bonsón, E., Torres, L., Royo, S., & Flores, F. (2012). Local e-government 2.0: Social
media and corporate transparency in municipalities. Government Information
Quarterly, 29(2), 123-132.
Bovens, M. (2005). Public accountability. The Oxford handbook of public management,
182-208.
Bovens, M. (2007). Analysing and Assessing Accountability: A Conceptual Framework1.
European Law Journal, 13(4), 447-468.
Bovens, M., Schillemans, T., & Hart, P. T. (2008). DOES PUBLIC ACCOUNTABILITY
WORK? AN ASSESSMENT TOOL. Public Administration, 86(1), 225-242.
Bracci, E. (2008). Managerialism, Accounting and Accountability in the Italian local
governments: an empirical analysis.
Brandsma, G. J., & Schillemans, T. (2013). The Accountability Cube: Measuring
Accountability. Journal of Public Administration Research and Theory, 23(4),
953-975. Bratton, M. (2012). Citizen Perceptions of Local Government
Responsiveness in Sub-Saharan Africa. World Development, 40(3), 516-527.
Bresser-Pereira, L. C. (1999). Sociedade civil: sua democratização para a reforma do
Estado. Sociedade e estado em transformação. São Paulo: UNESP/ENAP.
Brinkerhoff, D. W., & Wetterberg, A. (2016). Gauging the effects of social accountability
on services, governance, and citizen empowerment. Public Administration
Review, 76(2), 274-286.
Budding, G. T. (2004). Accountability, environmental uncertainty and government
performance: evidence from Dutch municipalities. Management Accounting
Research, 15(3), 285-304.
Caamaño-Alegre, J., Lago-Peñas, S., Reyes-Santias, F., & Santiago-Boubeta, A. (2013).
Budget transparency in local governments: an empirical analysis. Local
Government Studies, 39(2), 182-207.
Cuadrado-Ballesteros, B., García-Sánchez, I.-M., & Prado-Lorenzo, J.-M. (2013). Effect
of modes of public services delivery on the efficiency of local governments: A
two-stage approach. Utilities Policy, 26, 23-35.
da Cruz, N. F., & Marques, R. C. (2014). Revisiting the determinants of local government
performance. Omega, 44, 91-103.
Da Silveira, J. S. T., Moreira, A. P., Ávila, L. V., & Weyh, C. B. (2013). CONSTRUÇÃO
METODOLÓGICA, APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE UM ÍNDICE
MUNICIPAL DE ACCOUNTABILITY. Nucleus, 10(2).
Danaee Fard, H., & Anvary Rostamy, A. (2007). Promoting Public Trust in Public
Organizations: Explaining the Role of Public Accountability. Public Organization
Review, 7(4), 331-344.
Eckardt, S. (2008). Political accountability, fiscal conditions and local government
performance—cross-sectional evidence from Indonesia. Public Administration
and Development, 28(1), 1-17.
Espeland, W. N., & Vannebo, B. I. (2007). Accountability, quantification, and law. Annu.
Rev. Law Soc. Sci., 3, 21-43.
Gandía, J. L., & Archidona, M. C. (2008). Determinants of web site information by
Spanish city councils. Online Information Review, 32(1), 35-57.
García, A. C., & García-García, J. (2010). Determinants of online reporting of accounting
information by Spanish local government authorities. Local Government Studies,
36(5), 679-695.
Guillamón, M.-D., Bastida, F., & Benito, B. (2011). The determinants of local
government's financial transparency. Local Government Studies, 37(4), 391-406.
Guillamón, M.-D., Ríos, A.-M., Gesuele, B., & Metallo, C. (2016). Factors influencing
social media use in local governments: The case of Italy and Spain. Government
Information Quarterly, 33(3), 460-471.
Hall, A., & Ferris, G. (2011). Accountability and Extra-Role Behavior. Employee
Responsibilities and Rights Journal, 23(2), 131-144.
Heinrich, C. J. (2002). Outcomes–Based Performance Management in the Public Sector:
Implications for Government Accountability and Effectiveness. Public
Administration Review, 62(6), 712-725.
Hood, C. (1991). A PUBLIC MANAGEMENT FOR ALL SEASONS. [Article]. Public
Administration, 69(1), 3-19.
Hood, C. (2010). Accountability and Transparency: Siamese Twins, Matching Parts,
Awkward Couple? West European Politics, 33(5), 989-1009.
Hudaya, M., Smark, C., Watts, T., & Silaen, P. (2015). The Use of Accountability Reports
and the Accountability Forum: Evidence from an Indonesian Local Government.
Australasian Accounting Business & Finance Journal, 9(4), 57.
Keay, A., & Loughrey, J. (2014). The framework for board accountability in corporate
governance. Legal Studies, n/a-n/a.
Kluvers, R. (2001). Program Budgeting and Accountability in Local Government.
Australian Journal of Public Administration, 60(2), 35-43.
Kluvers, R., & Tippett, J. (2011). The views of councillors and managers on
accountability in local government: an empirical study in Australia. International
Journal of Management, 28(2), 519.
Koppell, J. G. S. (2005). Pathologies of Accountability: ICANN and the Challenge of
“Multiple Accountabilities Disorder”. Public Administration Review, 65(1), 94-
108.
La Porte, T. M., Demchak, C. C., & De Jong, M. (2002). Democracy and bureaucracy in
the age of the web: empirical findings and theoretical speculations. Administration
& Society, 34(4), 411-446.
Laswad, F., Fisher, R., & Oyelere, P. (2005). Determinants of voluntary Internet financial
reporting by local government authorities. Journal of Accounting and Public
Policy, 24(2), 101-121.
Lawton, A., & Monfardini, P. (2010). Accountability in the new public sector: a
comparative case study. International Journal of Public Sector Management,
23(7), 632-646.
Lee, J. (2008). PREPARING PERFORMANCE INFORMATION IN THE PUBLIC
SECTOR: AN AUSTRALIAN PERSPECTIVE. Financial Accountability &
Management, 24(2), 117-149.
Ma, J., & Hou, Y. (2009). Budgeting for Accountability: A Comparative Study of Budget
Reforms in the United States during the Progressive Era and in Contemporary
China. Public Administration Review, 69, S53-S59.
María del Carmen, C., Bolivar, M. P. R., & Hernandez, A. M. L. (2014). The determinants
of government financial reports online. Transylvanian Review of Administrative
Sciences, 10(42), 5-31.
Martell, C. R. (2007). Municipal Government Accountability in Brazil. International
Journal of Public Administration, 30(12-14), 1591-1619.
Merat, J. (2004). Taxation and local government accountability in a clientelist context:
Colombia. Public Administration and Development, 24(3), 247-254.
Montañés, S. R., GIL, B. A., & López, C. M. (2012). Rendición de cuentas en los
ayuntamientos españoles a través de indicadores de gestión. Presupuesto y Gasto
Público, 66, 183-198.
Montesinos, V., Brusca, I., Rossi, F. M., & Aversano, N. (2013). The usefulness of
performance reporting in local government: comparing Italy and Spain. Public
Money & Management, 33(3), 171-176.
Moreno Pires, S., & Fidélis, T. (2015). Local sustainability indicators in Portugal:
assessing implementation and use in governance contexts. Journal of Cleaner
Production, 86, 289-300.
Mulgan, R. (2003). Holding power to account: accountability in modern democracies:
Springer.
Muller, S. (2008). Accountability Constructions, Contestations and Implications: Insights
from Working in a Yolngu Cross-Cultural Institution, Australia. Geography
Compass, 2(2), 395-413.
Musa, A., Bebić, D., & Đurman, P. (2015). Transparency and Openness in Local
Governance: A Case of Croatian Cities. Hrvatska i komparativna javna uprava,
15(2), 415-450.
Navarro Galera, A., de los Ríos Berjillos, A., Ruiz Lozano, M., & Tirado Valencia, P.
(2014). Transparency of sustainability information in local governments: English-
speaking and Nordic cross-country analysis. Journal of Cleaner Production, 64,
495-504.
Nogueira, S. P., & Jorge, S. M. (2012). Adequacy of the Local Government financial
reporting model in the context of internal decision-making: An exploratory study
in the municipality of Bragança. Tékhne, 10(2), 74-86.
O'Donnell, G. (1998). Horizontal accountability and new poliarchies. Lua Nova: Revista
de Cultura e Política(44), 27-54.
Oztoprak, A. A., & Ruijer, E. (2016). Variants of transparency: an analysis of the English
Local Government Transparency Code 2015. Local Government Studies, 42(4),
536-556.
Pina, V., Torres, L., & Royo, S. (2007). ARE ICTs IMPROVING TRANSPARENCY
AND ACCOUNTABILITY IN THE EU REGIONAL AND LOCAL
GOVERNMENTS? AN EMPIRICAL STUDY. Public Administration, 85(2),
449-472.
Pinho, J. A. G., & Sacramento, A. R. S. (2009). Accountability: já podemos traduzi-la
para o português?
Pollitt, C., & Bouckaert, G. (2004). Public management reform: A comparative analysis:
Oxford University Press, USA.
Polo-Otero, J. (2011). Análisis de los determinantes de la transparencia fiscal: Evidencia
empírica para los municipios catalanes. Revista de Economía del Caribe(8), 133-
166.
Quinlivan, D., Nowak, M., & Klass, D. (2014). From Accountability to Assurance –
Stakeholder Perspectives in Local Government. Australian Journal of Public
Administration, 73(2), 206-217.
Rebolledo, M., Zamora Medina, R., & Rodríguez-Virgili, J. (2016). Transparency,
Accountability and Participation in Local Governments: A Comparative Study of
Spanish Council Websites. Medijske studije, 7(14), 48-63.
Rodriguez Bolivar, M. P., Caba Perez, C., & Lopez Hernandez, A. M. (2007). E-
Government and public financial reporting: the case of Spanish regional
governments. The American Review of Public Administration, 37(2), 142-177.
Saez-Martin, A., Caba-Perez, C., & Lopez-Hernandez, A. (2017). Freedom of
information in local government: rhetoric or reality? Local Government Studies,
43(2), 245-273.
Saliterer, I., & Korac, S. (2013). Performance information use by politicians and public
managers for internal control and external accountability purposes. Critical
Perspectives on Accounting, 24(7–8), 502-517.
Schaeffer, M., & Yilmaz, S. (2008). Strengthening local government budgeting and
accountability.
Serrano-Cinca, C., Rueda-Tomás, M., & Portillo-Tarragona, P. (2009). Determinants of
e-government extension. Online Information Review, 33(3), 476-498.
Shah, A. (2014). Responsibility with accountability: A FAIR governance framework for
performance accountability of local governments.
Smulovitz, C., & Peruzzotti, E. (2000). Societal Accountability in Latin America. Journal
of democracy, 11(4), 147-158.
Styles, A. K., & Tennyson, M. (2007). The accessibility of financial reporting of US
municipalities on the Internet. Journal of Public Budgeting, Accounting &
Financial Management, 19(1), 56.
Tagesson, T., Blank, V., Broberg, P., & Collin, S. O. (2009). What explains the extent
and content of social and environmental disclosures on corporate websites: a study
of social and environmental reporting in Swedish listed corporations. Corporate
Social Responsibility and Environmental Management, 16(6), 352-364.
Tooley, S., Hooks, J., & Basnan, N. (2010). PERFORMANCE REPORTING BY
MALAYSIAN LOCAL AUTHORITIES: IDENTIFYING STAKEHOLDER
NEEDS. Financial Accountability & Management, 26(2), 103-133.
Torres, L., Pina, V., & Yetano, A. N. A. (2011). PERFORMANCE MEASUREMENT
IN SPANISH LOCAL GOVERNMENTS. A CROSS-CASE COMPARISON
STUDY. Public Administration, 89(3), 1081-1109.
Vila i Vila, J. (2013). Determinantes de la transparencia contable en los municipios.
Estado del bienestar: sostenibilidad y reformas.
Williams, A. (2015). A global index of information transparency and accountability.
Journal of Comparative Economics, 43(3), 804-824.

Você também pode gostar