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Repartição de Competências

A Repartição de Competências é um instrumento jurídico utilizado pela Constituição


para garantir aos Entes Federativos autonomia, instrumento esse que dá certos
poderes aos Entes Federativos para administrarem seus respectivos territórios.

Segundo André Ramos Tavares : “A repartição de competências é considerada


como um dos elementos essenciais ao federalismo e sua caracterização
efetiva. Não havendo hierarquia entre os entes federativos, e para
garantir-lhes a autonomia, as Constituições procedem a uma repartição de
competências.”

O princípio que norteia essa repartição se chama Princípio da predominância do


interesse em que a União se responsabiliza em matérias de interesse geral, os
Estados em matérias de interesse regional e os Municípios no âmbito de interesse
local. Porém, quando a Constituição vai tratar das competências do Distrito Federal,
ela acumula neste Ente Federativo as competências dadas aos municípios e aos
Estados conforme disposto no Art. 32, §1º CF/88, entretanto como exceção à regra,
o DF não compete na organização do Ministério Público do seu território pois
compete privativamente à União (Art. 22, XVII).

O legislador define algumas dimensões da Repartição de Competências, dividindo


as competências em Administrativas, ou materiais, e Legislativas.

Competências Administrativas

As competências administrativas, também chamadas de não legislativas,


determinam o campo de atuação dos Entes Federativos. Conforme Pedro Lenza: “A
competência não legislativa, como o próprio nome ajuda a compreender, determina
um campo de atuação político-administrativa, tanto é que são também denominadas
competências administrativas ou materiais, pois não se trata de atividade
legiferante.”, são essas normas que regulamentam o campo do exercício das
funções do governo de cada Ente, por isso há competências exclusivas da União
(Art. 21,CF/88) e competências comuns (Art. 23, CF/88)

Competências Exclusivas

Ao dissertar sobre essas competências André Ramos Tavares nos escreve o


seguinte: “É aquela na qual cada ente federativo têm seu campo de atuação próprio,
excludente da atuação de qualquer outra entidade federativa.”. Essas normas não
podem ser delegadas a outros Entes, um exemplo disso é o fato de que apenas a
União pode declarar guerra e celebrar (Art. 21, I) e essa função não pode ser
transferida a um Estado.
Tem-se uma divisão entre poderes enumerados e poderes reservados, os
poderes enumerados são os da União, presentes no art. 21, e dos Municípios,
presentes no art. 30, os poderes reservados são os destinados aos Estados,
previsto no art. 25 § 1º “São reservadas aos Estados as competências que não lhes
sejam vedadas por esta Constituição.”

Competências Comuns (art. 23)

Nessas competências a atuação não é exclusiva, não é somente um Ente que atua
em determinada matéria, mas sim todos os Entes que concomitantemente vão
exercendo funções simultaneamente, por isso são chamadas de cumulativas,
paralelas ou simultâneas.
No âmbito da competência comum, todos os entes federativos podem atuar
administrativamente. Assim, tanto a União quanto os Estados-membros, Municípios
e Distrito Federal encontram-se aptos a realizar atividades quanto às matérias
mencionadas.

Competências Legislativas

É a competência que dá o poder aos Entes de elaborar leis, o legislador separa as


competências da seguinte forma: competência enumerada, da União (art. 22),
passível de delegação aos Estados mediante leis complementar (parágrafo único
do art. 22); competência resi­dual ou remanescente, para os Estados-membros (art.
25, § 1º, da CF); com­petência municipal para os assuntos de interesse local (art. 30,
I); competência concorrente entre União, Estados e Municípios (arts. 24 e 30, II, da
CF); competência do DF, englobando a dos Estados e Municípios (art. 32, § 1º, da
CF).

As competências privativas da União (Art. 22), são competências previstas para a


União mas que podem, mediante lei complementar, serem delegadas aos Estados
para que esses possam legislar sobre questões específicas de matérias arroladas
no artigo.

As competências residuais (art. 25, § 1º, da CF), são destinadas aos Estados para
que legislem sobre tudo que não seja vedado na Constituição, ou seja, tudo aquilo
que não for, expressamente, de outros entes é dever do Estado legislar sobre essa
matéria.

As competências concorrentes (arts. 24 e 30, II, da CF), nessa competência as


normas gerais cabem à União, e aos Estados membros cabem as normas
particulares. Por isso a competência dos Estados membros é denominada
complementar, por adicionar-se à legislação nacional no que for necessário.
Também cabe à União legislar sobre normas particulares para seu âmbito. Segundo
Alexandre de Moraes: “A Constituição brasileira adotou a competência concorrente
não cumulativa ou vertical, de forma que a competência da União está adstrita ao
estabelecimento de normas gerais, devendo os Estados e o Distrito Federal
especificá-las, através de suas respectivas leis. É a chamada competência
suplementar…”

As competências do DF (art. 32, § 1º, da CF) englobam as competências dos


Estados e dos Municípios, Isso quer dizer que, o DF tem a competência
remanescente (art. 25, § 1º), a competência concorrente (art. 24, em relação aos
Estados), a competência suplementar (art. 30, II) e a competência para assuntos
locais (art. 30, I, no tocante aos Municípios).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TAVARES, André R. Curso de direito constitucional . [São José dos Campos,


SP]: Editora Saraiva, 2024. E-book. ISBN 9788553621248. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553621248/. Acesso em:
07 abr. 2024.

MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional . [Barueri, SP]: Grupo GEN,


2023. E-book. ISBN 9786559774944. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559774944/. Acesso em:
07 abr. 2024.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional. (Coleção esquematizado®) . [São José


dos Campos, SP]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN 9786553624900.
Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624900/. Acesso em:
07 abr. 2024.

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