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competência
do Estado
Oliveira, Julio
SST Repartição da competência do Estado / Julio Oliveira
Local: 2020
nº de p. : 12
Apresentação
A Federação ou Estado Federal designa uma forma de Estado, um modo de
organização territorial e de poder. O que caracteriza o Estado federado é o fato de
ser composto por diversas entidades territoriais autônomas, em maior ou menor
medida de pender do Estado nacional, que possui governo próprio.
Repartição da competência
Agra (2014) atribui à repartição de competência a principal característica da forma
federativa de Estado, pois desempenha missão sensível para o federalismo, que é
evitar atritos entre os entes federados.
Definir quais matérias devem ficar a cargo da competência dos entes federativos não
é trabalho fácil.
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Segundo Tavares (2017), o modelo de repartição de competência, que teve origem na
Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, consistia na enumeração de
poderes na figura do Governo Central, reservando-se aos Estados parciais poderes
não enumerados.
Observe-se que, por mais minuciosa que tenha sido a Carta de 1988, ainda
existem conflitos entre os componentes da Federação, oriundos da defesa de suas
autonomias.
O princípio da predominância do
interesse
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as
entidades componentes do Estado federal é o da predominância do
interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões
de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados
tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional,
e aos Municípios concernem os assuntos de interesse local, tendo a
Constituição vigente desprezado o velho conceito do peculiar interesse
local que não lograra conceituação satisfatória em um século de vigência.
(SILVA, 2013)
Ocorre que, conforme observa Bulos (2015), “tal princípio não resolve todas
as situações que lhe são colocadas, em razão da dificuldade ou mesmo da
impossibilidade de se determinar, em algumas hipóteses, qual é o interesse
predominante, como os problemas relacionados à Amazônia, ao polígono da seca e
ao Vale do São Francisco.”
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A repartição de competências e o dilema do interesse predominante
Técnicas de repartição
São técnicas tradicionais de repartição de competência previstas nas constituições,
segundo Silva (2013): enumeração dos poderes da União, reservando-se aos Estados
os poderes remanescentes (EUA e Argentina); atribuição dos poderes enumerados
aos Estados e dos remanescentes à União (Canadá); enumeração das competências
das entidades federativas (Índia e Venezuela).
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A repartição de competências, pela ótica constitucional,
visa o equilíbrio das relações entre os entes federativos
1. técnica dos poderes enumerados – aplicada à União (arts. 21 e 22) e aos Mu-
nicípios (art. 30);
2. técnica dos poderes remanescentes – aplicada aos Estados (art. 25, § 1º);
3. técnica da reserva especial de competência – aplicada ao Distrito Federal (art.
32, § 1º);
4. técnica da delegação legislativa – lei complementar federal pode autorizar os
Estados a legislar sobre assuntos correlatos à competência privativa da União
(art. 22, parágrafo único);
5. técnica da atuação administrativa paralela – aplicada, simultaneamente, a to-
dos os entes federativos (art. 23);
6. técnica da atuação legislativa concorrente – aplicada à União, aos Estados e
ao Distrito Federal (art. 24);
7. técnica na atuação exclusiva – aplicada ao Município (art. 30, I);
8. técnica da atuação suplementar – aplicada ao Município (art. 30, II); e
9. técnica da atuação residual – aplicada à União (arts. 145 a 162). (BULOS,
2015)
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Se você levar em consideração o princípio da predominância do interesse e as
técnicas de repartição de competências aqui citadas, podemos afirmar que a Lei
Maior de 1998 dividiu a competência em dois grandes grupos (Bulos, 2015):
Repartição de competências
ENUMERADA
EXCLUSIVA
REMANESCENTE
COMPETÊNCIA COMUM
ADMINISTRATIVA DECORRENTE
ORIGINÁRIA
PRIVATIVA
CONCORRENTE
SUPLEMENTAR
DELEGADA
ORIGINÁRIA
Fonte: Bulos (2015)
Atenção
Competência administrativa exclusiva – é aquela que só pode
ser exercida pelo ente federado especificado na Constituição. Não
pode ser delegada. Por essa razão, o seu exercício se dá de modo
a excluir o campo de atuação dos demais entes. Exemplo: art. 21
da CF.
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A competência administrativa exclusiva pode ser enumerada ou remanescente. Por
enumerada entende-se que são aquelas que vêm taxativas na Constituição. Já as
remanescentes são as que sobram após a enumeração das competências de um
dos entes. O art. 21 da CF é um exemplo de competência administrativa exclusiva
numerada. Por sua vez, o art. 25, §1º, é exemplo de competência administrativa
exclusiva remanescente.
Atenção
Sabe-se que muitas competências administrativas existem
em virtude da previsão legal de competências legislativas que
com elas guardem pertinência. Na omissão de designação pela
Constituição Federal de competências administrativas para o
Distrito Federal, seria possível, em casos excepcionais, aplicar
as regras de competência legislativa do Distrito Federal que se
encontram efetivamente previstas na Carta Magna para solucionar
algum problema decorrente da omissão apontada?
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Fonte: Deduca (2020)
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A Constituição de 1988 também prevê as chamadas competências legislativas.
Atenção
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• Competência legislativa suplementar – ocorre quando os Estados e o Distri-
to Federal, para suprir lacunas legislativas, adicionam, esclarecem e aperfei-
çoam matérias de interesse regional, conforme pode ser observado no §2º do
art. 24 da Carta Magna de 1988.
Fechamento
Estudamos um pouco mais sobre a organização dos Estados federados. Foi possível
identificar a importância da divisão das competências e os vários modos de como
se dão. Como visto, apesar da Federação ser uma forma de organização de muitos
Estados, nem sempre têm a mesma configuração.
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Referências
AGRA, W. de M. Curso de direito constitucional. 8. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2014
SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 37. ed. São Paulo: Malheiros,
2013.
TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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