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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Recursos XVII
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RECURSOS XVII

Procedimento Perante o Juízo “a quo”

1º passo: interposição do recurso

O procedimento se inicia perante o órgão que proferiu a decisão a ser impugnada. Dessa
maneira, o primeiro alerta é que tal qual ocorre com o recurso em sentido estrito, a apelação
também pode ser interposta por petição ou a termo. O recurso a termo é aquele formulado
sem o rigor formal.
Por exemplo: numa uma sentença proferida em audiência, a parte levanta a sua mão e
diz “excelência, recuo”. Nisso, o apelo acabou de ser interposto sem rigor formal.
O prazo para apelar é de 5 dias, contado da correspondente intimação da sentença que
pretende-se impugnar. Esse prazo possui natureza essencialmente processual, sendo regu-
lado pelo artigo 798 do Código de Processo, ou seja, inicia-se no primeiro dia útil subse-
quente a intimação da decisão. Logo, se for intimada na sexta, por exemplo, o prazo passa
a fluir na segunda, e se encerrar em dia não útil ou final de semana, será prorrogado ao pri-
meiro dia útil subsequente.
Por exemplo: se foi intimado na quarta, inicia-se a contagem na quinta se for dia útil, e o
prazo estará encerrado na segunda.
5m
No Processo Civil, conta-se somente dias uteis. Já no Processo Penal, o miolo do prazo
comporta dias corridos.
Em última análise, a pessoa é intimada para apresentar as razoes de fato e de direito que
estão sustentando o recurso apresentado. No direito processual penal, o prazo para arrazoar
a apelação é de 8 dias. Isso ocorre pelo apelo ser um recurso mais complexo e de maior difi-
culdade de elaboração.

2º passo: o recorrente será intimado para apresentar as razões

Esse é um elemento extremamente importante para divorciar o processo penal do civil.

• As razões caracterizam os argumentos de fato e de direito que embasam o recurso;


• O prazo de 8 dias conta a partir da correspondente intimação.
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A ideia de que há prazo fluindo independentemente de intimação é ultrapassada. Toda a


doutrina versa em sentido contrário.

3º passo: a parte contrária será intimada para apresentar contrarrazões

• Prazo de 8 dias.

Com as razoes e contrarrazoes, os altos são conclusos ao juiz sentenciante para que
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remeta o recurso para julgamento pelo tribunal. Em última análise, o recurso de apelação não
oportuniza o exercício do juízo de retratação.
O juiz não pode se retratar da sentença proferida diante de um apelo interposto total-
mente distinto à realidade daquilo que ocorre em recurso no sentido estrito.
Como não há julgamento monocrático de apelação em sede de tribunal, o recurso será
julgado por uma Câmara ou Turma do TJ ou TRF.

4º passo: com as razões e contrarrazões, o recurso será remetido a julgamento


pelo órgão “ad quem”

ATENÇÃO
A apelação não oportuniza juízo de retratação.

Juízo “ad quem”

Como inexiste julgamento monocrático da apelação, o recurso será julgado por uma
Câmara ou Turma do TJ ou TRF.

Questões Complementares

a) Juizado Especial
No juizado o prazo para apelar é de 10 dias. Apesar de ser um dos primados a celeridade,
no âmago, a organização do procedimento é mais racional. Logo, o recurso de apelação é
integrado em contexto único, ou seja, apela-se já com as razões (art. 82, Lei 9.099/85).
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b) a apelação pode subir ao Tribunal com ou sem as razões em que pese a ampla crítica
da doutrina (art. 601, CPP).
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É complexa a ideia de que o tribunal irá julgar um apelo sem as razoes de fato e direito
que alicerçam o recurso. Para muitos, como parte contrária, isso pode parecer vantajoso
devido a possibilidade de se antecipar. Contudo, como fará isso se são conhecidos os fun-
damentos da impugnação?
c) o apelante pode optar por apresentar as razões diretamente no tribunal (§ 4º,
art. 600, CPP)
O apelante pode optar por apresentar as razões diretamente na segunda instância e não
no juízo do piso. Por que quem apela teria o interesse de arrazoar diretamente no tribunal?
Não são poucos os advogados que residem na capital, ou seja, na sede do tribunal, e advo-
gam para o interior.
A ideia de precisar viajar para interpor recurso, apesar de toda a tecnologia disponível,
ainda persiste. Logo, ao interpor no interior, já se aponta o desejo de arrazoar diretamente
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no tribunal. Essa é a ideia de uma conveniência geográfica para processo analógicos que
ainda não foram digitalizados.
d) o assistente pode arrazoar logo após o MP
O assistente de acusação atua num contexto acessoriedade quando confrontado com
o papel do Ministério Público. O assistente está autorizado a arrazoar o recurso ministerial.
Assim, o promotor interpõe o apelo, há 8 dias para formulação das razões, e o assistente
possui o prazo de 3 dias para se manifestar.
e) o assistente de acusação só poderá apelar se o MP não o fizer (recurso supletivo ou
subsidiário)
O recurso do assistente é denominado subsidiário. Ele apela se o MP não o fizer, mas
isso ocorre de duas formas distintas:
O assistente de acusação pode estar formalmente habilitado. No transcurso do processo,
a vítima, ou os sucessores da vítima, poderão se habilitar na condição de assistente de acu-
sação para auxiliar o MP no caminho da persecução penal. O assistente, por meio do seu
advogado, por apelar, porém, só o faz se o MP não interpuser recurso.
Se o assistente está devidamente habilitado, ele será intimado da sentença. Nesse sen-
tido, a doutrina defende que o sujeito terá o prazo de 5 dias para apelar a partir da intimação.
Procedimento correto: intima o MP da sentença e se o prazo para interpor apelação
transcorrer in albis, o assistente de acusação será intimado e terá 5 dias para apelar dentro
de 5 dias.
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É possível que a vítima do crime, ou seus sucessores, não estejam habilitados. Ao final
do processo, ao se deparar com sentença absolutória, a vítima poderá se apelar na condição
de assistente dentro do prazo de 15 dias, contando a partir do esgotamento do prazo do pro-
motor para interpor apelação.
Art. 598. (…) ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apela-
ção, que não terá, porém, efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá
do dia em que terminar o do Ministério Público.
A ideia é que o prazo dele será maior do que todos os outros porque como não estava
habilitado, não seria intimado da sentença.
Se o promotor apelar, o assistente será chamado para arrazoar.

Conclusão

O assistente não habilitado goza do prazo de 15 dias para interpor apelação, passando
a fluir do esgotamento do prazo do Ministério Público. Esse assistente não será intimado da
sentença.
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Tecnicamente, nem mesmo deveria ser denominado “assistente de acusação”, pois não
está habilitado. Na verdade, é a vítima.

EFEITOS RECURSAIS

Efeito obstativo: a apelação obsta o trânsito em julgado da decisão.


Efeito devolutivo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Nestor Nérton Fernandes Távora Neto.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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