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Estado moderno e do
pensamento político
contemporâneo
Seidel, Carolina Cunha; Lopes, Franciele Aparecida
SST Pressupostos do Estado moderno e do pensamento po-
lítico contemporâneo / Carolina Cunha Seidel; Franciele
Aparecida Lopes
Ano: 2020
nº de p.: 12
Apresentação
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Ainda, escreveu livros, entre os quais destacam-se duas importantes obras: O
Príncipe e Discursos sobre a primeira dé cada de Tito Lívio.
Sa iba ma is
A clássica obra O Príncipe, quando publicada, foi duramente
criticada e denunciada, pois se entendia que continha ensinos
imorais que afrontavam a política e os conteúdos éticos. Maquiavel
se defendeu, dizendo que a arte dello stato (técnica política) teria
sua própria lógica e não deveria ser determinada por outros
imperativos, como a religião ou a moral, e, logo, contrapunha-se
drasticamente à corrente e doutrina cristã agostiniana.
Segundo Maquiavel, a política é uma luta ativa para alcançar o poder e a prática
das virtudes tradicionais, em um contexto de conflito e instabilidade política que
pode levar ao fracasso do político e à ruína do Estado. Nesse sentido, haveria uma
imagem intuitiva, na qual o político deveria ser meio homem (fazer uso das virtudes
humanas tradicionais) e meio besta (saber usar a astúcia e a força em momentos
excepcionais).
Curiosida de
Há uma parte do trabalho de Maquiavel que é muito menos
conhecida, parte essa que concerne ao seu lado republicano e
que pode ser encontrada nos Discursos sobre a primeira década
de Tito Lívio. Nesse livro, Maquiavel defende a República como o
regime mais adequado para garantir a estabilidade do Estado e a
liberdade dos cidadãos. Para ele, república deve ser entendida no
sentido de que são os próprios cidadãos que a governam, além
disso, os membros do corpo político estão igualmente sujeitos às
leis.
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Metaforicamente, a besta, para o autor, às vezes era identificada como o leão (a
força) e outras vezes como a raposa (a astúcia). Dessa forma, Maquiavel incorporou
uma defesa da nova virtù (nova virtude), entendida como astúcia e determinação,
que complementaria a clássica virtus (virtude). O político teria, à sua disposição,
todos os meios possíveis para lidar com a fortuna, aleatoriamente, que é mutável e
instável e, consequentemente, não pode ser totalmente confiada a ele.
Sa iba ma is
Maquiavel subordinava a virtude à política (virtude simplesmente
útil em termos políticos), pois, vendo o a fã de glória um substituto
a moral da moral, inaugurou a concepção da Filosofia como
disciplina a serviço das metas da humanidade inteira. Sua teoria
filosófica política tentava garantir a realização da ordem de direito,
rejeitando uma meta natural do homem.
5
que defendia a natureza com o princípio único daquilo que é considerado como
real).
Curiosida de
Quais são as condições em que o soberano pode esperar que os
sujeitos obedeçam às leis ou aos mandatos legitimamente? Ou,
de outra forma: em que casos deve haver consentimento por parte
das pessoas ante ao governo e em quais casos é justo se rebelar?
Dessa forma, a longo prazo, seria insustentável a existência dos homens e, por
esse motivo, os indivíduos deveriam concordar em deixar o estado de natureza e
alcançar garantias mínimas de paz. Nasceria, assim, o contratosocial.
Ate nç ã o
A ideia consiste na justificativa do poder soberano baseado na
argumentação da passagem do estado da natureza para o estado
civil, ou seja, os sujeitos deveriam obedecer ao soberano, porque
ele seria responsável por assegurar a paz e a preservação de seus
bens.
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Assim, a alternativa ao governo civil seria o retorno à guerra e o terror do estado de
natureza, pois o homem, abandonado ao seu estado natural, tornando-se um perigo
para a humanidade.
Para Locke, não há liberdade onde não há lei, pois, na condição natural do homem,
não há lei pre estabelecida, e, na visão do pensador, para ser livre, os homens
deveriam ser legisladores.
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Sa iba ma is
Convém destacar que a obra Dois tratados sobre o governo,
de Locke, é de grande importância para o estudo da política.
Recomendamos a leitura!
No próximo e último, tópico, vamos explanar sobre alguns autores que marcam o
pensamento político contemporâneo.
Karl Marx (1818-1883) era discípulo da Filosofia de Georg Wilhelm Friedrich Hegel
e buscou, de maneira explícita, demonstrar que a realização da ordem de direito
é um subproduto necessário do conflito dialético, das cegas paixões egoístas no
processo da história.
8
Sa iba ma is
Convém ressaltar que Karl Marx criou a dialética marxista, também
chamada de materialismo dialético, que recorre à dialética – a arte
do diálogo, poder de persuasão, convencimento da verdade por
meio de um discurso – para entender as lutas de classes sociais.
Para Marx, seu professor Hegel criticou o formalismo moral de Kant e sua abstração
vazia nas questões de política, pois, para esse último, Kant contrastava com uma
Filosofia da História em que o motivo se torna consciente de si mesmo, nunca de
maneira individual e unilateral, mas seguindo uma evolução coletiva de grandes
momentos e tempos.
Para Marx, Hegel era um visionário que defendia os interesses dos líderes do
Estado prussiano, camuflando-os sob a aparência de uma Filosofia altamente
especulativa. Em razão disso, Marx transformou a dialética hegeliana à realidade
material, modificando sua orientação e objetivos. Na teoria de Marx, os filósofos
se limitariam a interpretar o mundo, mas o que realmente deveria ser feito era
transformá-lo.
Sa iba ma is
Leia mais sobre o utilitarista neste interessante artigo: www.
revistas.usp.br/discurso/article/view/89097
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Na história do pensamento das Ciências Políticas, a tomada de decisões na política
passou a ser pensada com base em critérios que justificassem tais escolhas e que
se pautassem na máxima utilidade das ações do homem para proporcionar
felicidade. Essa corrente de pensamento ficou conhecida como utilitarista.
Curiosida de
De acordo com Mill, existiriam valores, como liberdade ou
tolerância, que deveriam ser protegidos, e o utilitarismo teria
que ser combinado com uma série de regras para garantir que
as decisões éticas ou políticas não fossem reduzidas a meros
cálculos de utilidade que não levassem em consideração os
direitos individuais.
Mesmo que a corrente utilitarista seja bastante atual, podemos perceber que
algumas ideias políticas defendidas por pensadores como Platão ou Hegel a
influenciaram. Essa presença também aparece em outros autores que formaram o
pensamento político na contemporaneidade.
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Conclusão
Conhecer as diversas ideologias que influenciaram a formação dos Estados
modernos é de fundamental importância, pois a partir do passado podemos refletir
sobre os erros cometidos e agirmos para a melhoria não somente do Estado que
vivemos mas, também, para a melhoria da sociedade em que vivemos.
Desta forma, ao ter estudado este conteúdo, poderá ser possível compreender o
contexto de como os Estados se relacionam entre sí e os motivos que levam cada
um a agir como agem nas relações internacionais. Lembramos que é necessário o
apronfundamento por meios dos textos complementares que foram aqui sugeridos.
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Referências
BENTHAM, Jeremy. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
HOBBES, T. Leviatã. Tradução: João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.
São Paulo: Martins Fontes, 2003.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo civil. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
MARX, Karl. O Capital. Vol. 2. 3ª edição, São Paulo, Nova Cultural, 1988.
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Diferenças entre
Estado e Governo
Fernandes, R.;
SST Diferenças entre Estado e Governo / Raquel Fernandes
Ano: 2020
nº de p.: 9 páginas
Apresentação
Nesta Unidade, iremos entender a diferença entre Estado e governo. Estado é o
conjunto de instituições sociais que constituem a organização política de um povo;
é o controle social da sociedade. Já governo é o conjunto de pessoas que exercem
o Poder Executivo (que veremos ainda nesta unidade) de um Estado e é exercido
por meio de formas e sistemas, como monarquia e república; presidencialismo,
parlamentarismo e semi-presidencialismo. Assim, podemos entender que o governo
é o grupo de pessoas que representa o Estado.
Estado
Segundo Dalmo de Abreu Dallari (2005), o Estado é uma sociedade politicamente
organizada, com regras de convivência de seus membros, dotado de autoridade
superior. A origem deste Estado deu-se através da formação originária (natural ou
contratual), a partir de um agrupamento humano não integrado a um determinado
Estado; ou, através da formação derivada, nascendo a partir de Estados
preexistentes (fracionamento ou união).
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O Estado brasileiro é dotado de povo, território e soberania
Formas de Estado
Governo
O governo é a esfera máxima de um Estado ou nação, onde atuará em nome do
povo através da máquina administrativa ou da administração pública.
Formas de governo
Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, traz duas formas de governo, sendo elas a
monarquia e a república, pois, para ele, o governo poderia ser exercido por uma só
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pessoa ou por muitas. Assim, a natureza da vontade, na monarquia, é individual e,
na república, é coletiva.
A monarquia foi perdendo força e, com o fim da Primeira Guerra Mundial, aumentou
o desaparecimento das monarquias, que foram substituídas por governos
republicanos. Após a Segunda Guerra Mundial, esse processo ficou ainda mais
evidente com as independências das colônias europeias na Ásia e na África.
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Sistema de governo: presidencialismo e
parlamentarismo
União entre as formas de sistema do governo
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No Brasil, adotamos a República Presidencialista, onde o(a) Presidente da República
exerce as funções de chefe de Estado e chefe de governo. Enquanto chefe de
governo, o(a) Presidente da República traça as linhas de ações a serem seguidas
pelos órgãos do país e, com isso, participa diretamente da administração do Estado.
Além disso, desempenha papel político, no sentido de aproximar-se do Poder
Legislativo e buscar consenso para a execução de um bom governo.
Quando ouvimos que nosso país tem ministro da saúde, ministro da educação etc.,
estão sendo referenciados os ministros de que falamos anteriormente. Pense que
seria humanamente impossível para o(a) Presidente saber tudo o que se passa no
Brasil e trabalhar sozinho em todos os setores, como saúde, educação, transporte
etc., pois não podemos nos esquecer de que o nosso país é extenso territorialmente
e repleto de diferenças econômicas e culturais. Dessa forma, é primordial que o(a)
Presidente tenha pessoas de confiança que possam auxiliá-lo nos trabalhos.
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Diferenças entre Estado e Governo
O Estado é toda a sociedade política, incluindo o governo. O governo é
principalmente identificado pelo grupo político que está no comando de um Estado.
O Estado possui as funções executiva, legislativa e judiciária. O governo, dentro
da função executiva, ocupa-se em gerir os interesses sociais e econômicos da
sociedade, e de acordo com sua orientação ideológica, estabelece níveis maiores ou
menores de intervenção (ROCHA, 2009, p. 140).
Fechamento
Nessa Unidade, estudamos o Estado e o Governo, suas diferenças. Já o Estado
inclui o governo, o qual deverá ser soberano para comandar o povo dentro do
seu território. O governo é o condutor das atividades políticas do Estado, que são
realizadas pelo Poder Executivo. Tanto o Estado como o governo são dotados de
cacteristicas, elementos e formas.
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 10 out 2020.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 25.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 36.ed. São Paulo: Atlas, 2020.
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Repartição da
competência
do Estado
Oliveira, Julio
SST Repartição da competência do Estado / Julio Oliveira
Local: 2020
nº de p. : 12
Apresentação
A Federação ou Estado Federal designa uma forma de Estado, um modo de
organização territorial e de poder. O que caracteriza o Estado federado é o fato de
ser composto por diversas entidades territoriais autônomas, em maior ou menor
medida de pender do Estado nacional, que possui governo próprio.
Repartição da competência
Agra (2014) atribui à repartição de competência a principal característica da forma
federativa de Estado, pois desempenha missão sensível para o federalismo, que é
evitar atritos entre os entes federados.
Definir quais matérias devem ficar a cargo da competência dos entes federativos não
é trabalho fácil.
3
Segundo Tavares (2017), o modelo de repartição de competência, que teve origem na
Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, consistia na enumeração de
poderes na figura do Governo Central, reservando-se aos Estados parciais poderes
não enumerados.
Observe-se que, por mais minuciosa que tenha sido a Carta de 1988, ainda
existem conflitos entre os componentes da Federação, oriundos da defesa de suas
autonomias.
O princípio da predominância do
interesse
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as
entidades componentes do Estado federal é o da predominância do
interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões
de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados
tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional,
e aos Municípios concernem os assuntos de interesse local, tendo a
Constituição vigente desprezado o velho conceito do peculiar interesse
local que não lograra conceituação satisfatória em um século de vigência.
(SILVA, 2013)
Ocorre que, conforme observa Bulos (2015), “tal princípio não resolve todas
as situações que lhe são colocadas, em razão da dificuldade ou mesmo da
impossibilidade de se determinar, em algumas hipóteses, qual é o interesse
predominante, como os problemas relacionados à Amazônia, ao polígono da seca e
ao Vale do São Francisco.”
4
A repartição de competências e o dilema do interesse predominante
Técnicas de repartição
São técnicas tradicionais de repartição de competência previstas nas constituições,
segundo Silva (2013): enumeração dos poderes da União, reservando-se aos Estados
os poderes remanescentes (EUA e Argentina); atribuição dos poderes enumerados
aos Estados e dos remanescentes à União (Canadá); enumeração das competências
das entidades federativas (Índia e Venezuela).
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A repartição de competências, pela ótica constitucional,
visa o equilíbrio das relações entre os entes federativos
1. técnica dos poderes enumerados – aplicada à União (arts. 21 e 22) e aos Mu-
nicípios (art. 30);
2. técnica dos poderes remanescentes – aplicada aos Estados (art. 25, § 1º);
3. técnica da reserva especial de competência – aplicada ao Distrito Federal (art.
32, § 1º);
4. técnica da delegação legislativa – lei complementar federal pode autorizar os
Estados a legislar sobre assuntos correlatos à competência privativa da União
(art. 22, parágrafo único);
5. técnica da atuação administrativa paralela – aplicada, simultaneamente, a to-
dos os entes federativos (art. 23);
6. técnica da atuação legislativa concorrente – aplicada à União, aos Estados e
ao Distrito Federal (art. 24);
7. técnica na atuação exclusiva – aplicada ao Município (art. 30, I);
8. técnica da atuação suplementar – aplicada ao Município (art. 30, II); e
9. técnica da atuação residual – aplicada à União (arts. 145 a 162). (BULOS,
2015)
6
Se você levar em consideração o princípio da predominância do interesse e as
técnicas de repartição de competências aqui citadas, podemos afirmar que a Lei
Maior de 1998 dividiu a competência em dois grandes grupos (Bulos, 2015):
Repartição de competências
ENUMERADA
EXCLUSIVA
REMANESCENTE
COMPETÊNCIA COMUM
ADMINISTRATIVA DECORRENTE
ORIGINÁRIA
PRIVATIVA
CONCORRENTE
SUPLEMENTAR
DELEGADA
ORIGINÁRIA
Fonte: Bulos (2015)
Ate nç ã o
7
A competência administrativa exclusiva pode ser enumerada ou remanescente. Por
enumerada entende-se que são aquelas que vêm taxativas na Constituição. Já as
remanescentes são as que sobram após a enumeração das competências de um
dos entes. O art. 21 da CF é um exemplo de competência administrativa exclusiva
numerada. Por sua vez, o art. 25, §1º, é exemplo de competência administrativa
exclusiva remanescente.
Ate nç ã o
8
Fonte: Deduca (2020)
9
A Constituição de 1988 também prevê as chamadas competências legislativas.
Ate nç ã o
10
• Competência legislativa suplementar – ocorre quando os Estados e o Distri-
to Federal, para suprir lacunas legislativas, adicionam, esclarecem e aperfei-
çoam matérias de interesse regional, conforme pode ser observado no §2º do
art. 24 da Carta Magna de 1988.
Fechamento
Estudamos um pouco mais sobre a organização dos Estados federados. Foi possível
identificar a importância da divisão das competências e os vários modos de como
se dão. Como visto, apesar da Federação ser uma forma de organização de muitos
Estados, nem sempre têm a mesma configuração.
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Referências
AGRA, W. de M. Curso de direito constitucional. 8. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2014
SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 37. ed. São Paulo: Malheiros,
2013.
TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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Princípios
do direito
administrativo
Bellan, Rosana
SST Princípios do direito administrativo / Rosana Bellan
Local: 2020
nº de p. : 15
Apresentação
Os princípios do Direito Administrativo podem ser entendidos como orientações
que embasam este ramo do Direito. São linhas mestras que orientam as atividades
da Administração Pública. Tais princípios podem estar explícitos em uma norma ou
virem implícitos, como objeto de interpretação.
Para iniciar nossa análise dos princípios, trataremos daqueles que estão previstos
expressamente no art. 37 da Constituição Federal de 1988.
Princípios da legalidade,
impessoalidade e moralidade
Princípio da legalidade
Pelo princípio da legalidade, o administrador público somente deve agir dentro dos
limites determinados pela lei. Segundo ensina Di Pietro (2015), “a Administração só
pode fazer o que a lei permite”.
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Da obra de Meirelles (2015), extraímos que “[...] na Administração Pública não há
liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer
tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza”.
Ate nç ã o
Se ao administrador só é admitido fazer o que a lei permite, como
podemos assistir diariamente notícias de escândalos nacionais
relatando o descumprimento das leis pelos nossos representantes?
Por que diariamente assistimos a reiterados atos de desrespeito à
Constituição Federal e por conseguinte aos direitos dos cidadãos?
Princípio da impessoalidade
Sobre o princípio da impessoalidade, destaca-se que as ações do administrador
público devem ser impessoais, ou seja, ele não pode agir de forma a favorecer
interesse próprio ou de terceiros. Pelo contrário, deve buscar sempre o interesse
da coletividade envolvido em determinado ato. Fala-se também em princípio da
finalidade, pois a finalidade dos atos praticados na Administração deve ser sempre
pública e não particular.
[...] nele se traduz a ideia de que Administração tem que tratar a todos
os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem
4
favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação
administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos
de qualquer espécie.
Com fundamento neste princípio, o art. 37, §1°, da Constituição Federal de 1988,
proíbe que autoridades, partidos ou agentes públicos se promovam às custas das
realizações da Administração Pública, utilizando-se da propaganda oficial, por
exemplo, como forma de angariar popularidade. Observe o texto da Constituição
Federal:
Art. 37 […]
Ate nç ã o
Apesar de ser um princípio previsto na Constituição como
obrigatório, você talvez já tenha observado políticos usando
dinheiro público para fazer propaganda de seu governo com o
intuito de se promover e angariar votos para a próxima eleição.
Reflita sobre isso e fique mais atento a esta prática. Você pode
denunciar o uso de dinheiro público em promoção pessoal.
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Princípio da moralidade
Pelo princípio da moralidade, o administrador público deve agir com honestidade, e
pautado pela ética e pelos bons costumes.
Para Di Pietro (2015), trata-se de um princípio que deve ser observado não apenas
pelo administrador, mas também pelo particular quando se relaciona com a
Administração Pública, pois, como lembra a autora, é frequente, em licitação, o
conluio entre licitantes. O conluio em licitação configura violação ao princípio da
moralidade pelo particular.
Princípio da publicidade
O princípio da publicidade determina que os atos da administração devem ser
públicos, sendo que todo cidadão tem o direito de ter acesso a tais atos. Neste caso,
estamos diante da exigência de transparência da atuação administrativa, importante
para que seja possível um maior controle por parte da população sobre as ações de
seus governantes.,
6
aos assuntos que a todos interessam, e muito menos em relação aos
sujeitos individualmente afetados por alguma medida. (MELLO, 2015)
Art. 5° [...]
Ate nç ã o
Note que todas as esferas da Federação (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) sujeitam-se aos preceitos da nova lei. Trata-
se, portanto, de uma Lei de normas gerais, de caráter nacional, que
obriga todos os entes federados.
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Podemos afirmar, com certeza, que esta lei é fundamental para garantir o acesso à
informação e efetivar a democracia em nosso país.
Existem atos, no entanto, que não devem ser publicados. Isso acontece quando é
necessária a defesa da intimidade das pessoas, no caso de proteção da segurança
da sociedade e do Estado (art. 5º, incisos LX e XXXIII da Constituição Federal).
Princípio da eficiência
O princípio da eficiência foi introduzido na Constituição Federal de 1988, dez
anos após o nascimento da Constituição – em 1998, com a chamada reforma
administrativa. O objetivo inicial de introdução deste princípio, pela Emenda
Constitucional 19/1998, no “caput”, do art. 37 da Constituição Federal, foi trazer para
a Administração Pública métodos de gestão já utilizados nas empresas privadas,
as quais buscam sempre a produtividade, qualidade na prestação de serviços e
maximização de resultados.
Para Di Pietro (2015), o princípio da eficiência pode ser visto sob dois
pontos de vista. Em um primeiro aspecto a ser considerado é “[...] em
relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o
melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores
resultados”.
Note que este princípio busca aferir mais resultados com menos dispêndios. Por
este motivo, pode ser chamado de princípio da proibição de excesso, que significa
8
aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar atuações
desnecessárias ou abusivas por parte da Administração Pública.
Ate nç ã o
De Mello (2015) entende que os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade não se confundem. Para ele, o princípio da
razoabilidade exige da Administração uma atuação dentro de
critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o
senso normal de pessoas equilibradas, respeitadas as finalidades
de competência outorgadas.
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Princípios da segurança jurídica, da
motivação e do contraditório e ampla
defesa
Ate nç ã o
O art. 54 da Lei nº 9.784/1999 tem como fundamento este
princípio, ao proibir que a Administração anule atos já benéficos
aos administrados praticados há mais de cinco anos. Observe o
texto da lei:
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Veja que o objetivo deste princípio é sempre proteger o cidadão contra novos atos
praticados pelo administrador.
Mas, fique atento, porque a segurança jurídica não ampara atos ilegais. Caso a
Administração tenha praticado atos ilegais, ela pode anulá-los dentro do prazo
previsto em lei, que em regra é de cinco anos, conforme previsto no art. 54 da Lei nº
9.784, acima descrito.
Princípio da motivação
O princípio da motivação exige que a prática dos atos administrativos esteja
acompanhada da devida justificação.
Para Di Pietro (2015), este princípio significa que a Administração deve indicar “[...]
os fundamentos de fato e de direito de suas decisões”. Segundo a autora, “[...] a sua
obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque trata de formalidade
necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos”.
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Pela análise da lei e das considerações trazidas pela autora Di Pietro, podemos
concluir que todas as decisões administrativas devem ser motivadas. De fato, os
incisos do art. 50 não diferenciam uns ou outros atos, de modo que todos os que se
encontrarem nas situações elencadas devem obrigatoriamente trazer os argumentos
que levaram a uma ou outra decisão.
Observe também que praticamente todo ato administrativo está abrangido pelo
dispositivo citado acima. Analisando-se somente o inciso I você pode constatar que
a maioria absoluta dos atos já está aí abrangida, pois qual ato administrativo não
nega, limita ou afeta algum direito ou interesse?
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Ate nç ã o
Você consegue observar que a necessidade da motivação dos atos
administrativos tem como finalidade a proteção do interesse dos
administrados? Ora, se o objetivo da Administração é satisfazer o
interesse público, a motivação dos atos é a forma mais eficiente de
demonstrar a legalidade e as razões que ensejaram sua prática de
forma que todos possam verificar a existência do interesse público
envolvido.
Como você viu, são princípios garantidos pela Constituição aplicáveis aos processos
administrativos e judiciais.
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Fechamento
Todos ramos do direito possuem princípios, que são a base do direito em questão.
Ao se analisar os fundamento de direito, os princípios costumam servir tanto como
normas para a análise de uma situação concreta quanto fundamentos ou standards
para interpretação das regras. Com isso já é possível visualizar a importância dessas
normas.
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: out.
2010.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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Administração
Pública I
Bellan, Rosana
SST Administração Pública I / Rosana Bellan
Local: 2020
nº de p. : 11
Apresentação
O Estado deve estar organizado de modo que seja capaz de promover o bem
público. A organização estatal com a finalidade de gerir o bem público é denominado
Administração Pública. Como o nome indica, designa os órgãos públicos em geral
responsáveis por administrar o bem público, o que inclui a atuação direta nos
serviços para a população.
Administração pública
O Estado tem por objetivo desenvolver atividades com o fim de promover o interesse
público. Para isso, desempenha basicamente três funções: a legislativa, a judicial e a
executiva (ou administrativa).
Le g isla tiva
Judic iá ria
Administra tiva
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Assim, podemos afirmar que a Administração existe com o objetivo de atingir um
dos fins públicos do Estado, qual seja, o de exercer atividades para o bem comum da
sociedade.
Para que isso seja possível, é necessária a existência de uma estrutura composta de
pessoas físicas, pessoas jurídicas e órgãos.
Para Di Pietro (2015), “a estrutura composta por órgãos, pessoas e seus agentes é
designada de Administração Pública em sentido formal. Já as atividades exercidas
por eles compreendem a Administração Pública em sentido material.”
Ate nç ã o
A Administração Pública, em sentido formal (orgânico ou subjetivo),
compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes
públicos encarregados de exercer a função administrativa. Já a
Administração Pública em sentido material (objetivo ou funcional)
compreende a própria atividade administrativa. (DI PIETRO, 2015).
Organização da administração
pública
A Administração Pública se organiza e exerce suas atividades por meio de órgãos,
pessoas jurídicas e pessoas físicas (agentes públicos).
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Administração Pública organizada por meio de órgãos e pessoas físicas e jurídicas
Administração direta
A administração direta abrange, em sentido amplo, todos os órgãos do Estado
encarregados de desempenhar a função administrativa, seja no Poder Executivo,
Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas, ou seja na Defensoria
Pública.
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Em sentido estrito, a administração direta abrange apenas os órgãos integrantes do
Poder Executivo de qualquer dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios).
Ate nç ã o
O Estado brasileiro é uma pessoa jurídica de direito público. Ele é
dividido em unidades federadas que são: a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.
Órgãos públicos
Segundo entendimento extraído da obra de Meirelles (2015), órgãos públicos
são “[...] centros de competência instituídos para o desempenho de funções
estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que
pertencerem”. Dito de outra forma, são centros de atribuições, instituídos por lei para
o desempenho das funções estatais.
Sendo eles um centro de atribuições, quem exerce essas atribuições são os agentes
públicos. Assim, podemos dizer que a vontade dos órgãos é exercida por meio dos
agentes públicos, chamados genericamente de servidores públicos.
Teoria do mandato
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Mandato
Essa teoria acabou não sendo aceita, pois só alguém com vontade própria pode
delegar poderes, o que não é possível verificar na relação entre órgãos do Estado e
seus agentes.
Além disso, pelo contrato de mandato, quando o mandatário age com excesso de
poder, aquele que delegou os poderes não responde por estes atos perante terceiros.
Isso não acontece na relação com o Estado, que sempre tem responsabilidade pelos
atos dos agentes públicos que se encontrem investidos no poder, na forma do art.
37, § 6º da Constituição Federal.
Teoria da Representação
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Por esta teoria, o agente público representa a vontade da pessoa jurídica.
Ocorre que a representação legal tem por finalidade suprir a capacidade jurídica dos
incapazes. Assim, dizer que a relação entre Estado e agente é de representação seria
o mesmo que equipará-lo a um incapaz.
Em resumo, pela teoria do órgão, a pessoa jurídica age por meio de seus órgãos
que a compõe, e estes por intermédio dos agentes públicos. Significa dizer que os
agentes agem em imputação à pessoa jurídica a que pertencem, ou seja, os atos
praticados pelos agentes são imputados à pessoa jurídica a qual pertencem: ao
Estado.
Outra questão muito importante em relação aos órgãos públicos é que eles não
possuem personalidade jurídica própria. Por essa razão, sua atuação é imputada à
pessoa jurídica da qual fazem parte, que possui personalidade jurídica e é dotada de
capacidade para contrair direitos e obrigações.
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Classificação dos órgãos públicos
Existe uma infinidade de órgãos públicos na estrutura pública brasileira. Os órgãos
públicos podem ser classificados:
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Ate nç ã o
Falamos anteriormente que a principal característica dos órgãos
públicos é a ausência de personalidade jurídica, característica
própria de pessoas físicas ou jurídicas. Apesar de não possuírem
personalidade jurídica, você já observou que muitos deles possuem
CNPJ? Embora seja contraditório, pois o CNPJ, como o próprio
nome indica, é o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, isso
existe na prática por conta de uma exigência da Receita Federal
do Brasil.
Fechamento
Por força constitucional o Estado brasileiro deve fornecer diversos serviços a
seus cidadãos na promoção do bem comum. A administração da coisa pública
para atingir essas finalidades não é simples, considerando o tamanho do Estado,
territorial e economicamente, além da complexidade dos serviços prestados.
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Referências
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
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Administração
Pública II
Bellan, Rosana
SST Administração Pública II / Rosana Bellan
Local: 2020
nº de p. : 13
Apresentação
Os órgãos são centros de atribuições criados pelo Estado para a execução de
atividades administrativas. Eles fazem parte da própria pessoa jurídica do Estado e,
por isso, compõem a administração direta.
Além de exercer atividades diretamente, por meio dos órgãos, o Estado também
desempenha atividade administrativa indiretamente, por meio de pessoas jurídicas
independentes. Estas entidades são criadas pelo Estado para o exercício de
outras funções públicas, que não as desenvolvidas pela administração direta. A
administração indireta compreende as seguintes categorias de entidades, todas
dotadas de personalidade jurídica própria: autarquias; fundações públicas; empresas
públicas; sociedades de economia mista; e associações públicas.
Autarquias
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei específica para
exercer atividades administrativas especificadas em lei e sujeitas ao controle do
Estado.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada
a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação. (BRASIL, 1988)
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obrigações distintas e específicas. Possuem personalidade pública e, por isso,
submetem-se ao regime jurídico público, quanto à criação, à extinção, aos poderes,
às prerrogativas, aos privilégios e às sujeições.
Sujeitam-se ao controle ou à tutela do ente que as criou: a pessoa jurídica que cria
a autarquia deve fiscalizar e supervisionar as atividades por esta desenvolvidas. Não
há hierarquia, e sim relação de vinculação, existindo apenas um controle sobre as
atividades finalísticas, com o objetivo de observar se a autarquia executa as tarefas
para a qual foi criada.
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Atenção
Segundo Meirelles (2015), “a personalidade de Direito Privado é
apenas a forma adotada para lhes assegurar melhores condições
de eficiência, mas em tudo e por tudo ficam sujeitas aos princípios
básicos da Administração Pública”.
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São características comuns das empresas públicas e sociedades de economia
mista:
Fundações públicas
São pessoas jurídicas criadas pelo Estado pela personificação de um patrimônio
público destacado e afetado à uma finalidade pública específica, após prévia
autorização por lei.
Note que, enquanto as autarquias são criadas por lei específica, as fundações
também são autorizadas por lei específica, conforme previsto no art. 37, inciso XIX,
da Constituição Federal, transcrito anteriormente.
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As fundações podem ser de direito público ou de direito privado.
Curiosidade
As Sociedades de Economia Mista normalmente adotam a
espécie empresária de Sociedade Anônima. Por serem Sociedades
Anônimas e possuírem parte do capital privado, podem negociar
suas ações a qualquer interessado, na bolsa de valores. É o que
ocorre com o Banco do Brasil e a Petrobrás. Você nunca verá,
entretanto, uma empresa pública negociando ações na bolsa de
valores, uma vez que o seu capital é inteiramente público e não
pode ser aberto à negociação privada. É o que ocorre com a Caixa
Econômica Federal, por exemplo.
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Como exemplos de fundações públicas, temos: Fundação Nacional do Índio (Funai) e
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Associações Públicas
Associações públicas são pessoas jurídicas criadas quando da celebração de
consórcio público pelas entidades federadas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios). O fundamento para sua criação está na Lei n. 11.107/2005, que dispõe
sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos.
Atenção
As autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades
de economia mista estão previstas no art. 4º do Decreto-Lei nº
200/1967, que trata da organização da Administração Federal. As
associações públicas estão previstas na Lei nº 11.107, de 6 de
abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais para que a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratem consórcios
públicos. Recentemente, em 2015, entrou em vigência a Lei nº
13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Agentes públicos
O Estado exerce atividades administrativas por meio de estrutura organizada,
composta por pessoas jurídicas, órgãos e seus agentes públicos. Agora que já
compreendemos o que são os órgãos e quais as pessoas jurídicas que compõe a
Administração, vamos ingressar no estudo de agentes públicos.
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A expressão agentes públicos pode ser analisada como:
Assim, agentes públicos são todas as pessoas naturais que, de qualquer modo e
independentemente do vínculo formado com o Estado, exercem funções públicas
em nome do Estado. São exemplos, desde os chefes do Poder Executivo, os
detentores de mandato eletivo, de cargos e empregos públicos, até os contratados
para o exercício de funções temporárias, os concessionários, permissionários
e autorizatários, os que exercem funções delegadas e os requisitados para o
desempenho de atividades pública, sem qualquer vínculo com o Estado.
Classificação
A maioria da doutrina classifica os agentes públicos em três grandes grupos:
• agentes políticos;
• servidores estatais ou servidores administrativos; e
• agentes particulares em colaboração com o Poder Público.
Alguns autores, como Meirelles (2015), consideram também como agentes políticos:
os magistrados, os membros do Ministério Público e os dos Tribunais de Contas.
Mello (2015) já designa servidores públicos em sentido amplo ou servidores
administrativos, como todos aqueles que mantém com o Estado ou com as
entidades da administração indireta relação de trabalho de natureza profissional, de
caráter não eventual e sob vínculo de dependência.
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Servidores estatutários ou servidores públicos em sentido es-
trito:
ocupam cargos públicos e são regidos por estatuto funcional. Por tal
motivo, são chamados estatutários e mantêm com o Estado vínculo de
trabalho de natureza institucional, criado por lei especial de cada uma das
pessoas jurídicas estatais. Na esfera federal, o regime jurídico estatutário
é regulamentado pela Lei nº 8.112/1990. Nos termos do art. 2º da Lei nº
8.112/1990, “servidor público é a pessoa legalmente investida em cargo
público”;
Empregados públicos:
Servidores temporários:
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Ingresso no serviço público
Segundo estabelece o art. 37, inciso II, da Constituição Federal de 1988, a investidura
em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público,
com algumas exceções. Observe o texto da Constituição.
Curiosidade
Você saberia dizer qual princípio está sendo observado pela regra
constitucional do concurso público? Tal exigência decorre de
um princípio ético e moralizador que visa assegurar igualdade e
impessoalidade no provimento dos cargos e empregos. Além disso,
a profissionalização do serviço público está ligada ao princípio da
eficiência na Administração.
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• Empregos públicos: segundo Mello (2015), são núcleos de encargos de traba-
lho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desem-
penhá-los, sob relação trabalhista.
Em síntese, podemos afirmar que tanto cargos quanto empregos são unidades
específicas de atribuições, localizadas no interior dos órgãos. A diferença essencial
entre cargo e emprego é o regime jurídico e o vínculo que os ligam com o Estado.
Enquanto o ocupante de cargo possui vínculo estatutário e institucional, o ocupante
de emprego possui vínculo trabalhista e contratual.
Em linhas gerais, você pode concluir que tanto os cargos quanto os empregos
possuem funções públicas, pois elas compreendem o conjunto de atribuições
conferidas a um agente para o alcance das finalidades públicas.
Fechamento
A Administração Pública indireta é exercida de modo igualmente indireto pelo
Poder Público, por meio de pessoas jurídicas próprias e independentes. Essa
independência não significa, entretanto, ausência de controle na medida em que
os entes da administração indireta também estão sujeitos aos princípios gerais da
Administração Pública. Exigem também, por exemplo a realização de concurso
público para o ingresso em seus quadros.
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em:
out. 2020.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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