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INSTITUIÇÃO: Universidade Eduardo Mondlane
IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO
Capítulo do Programa da cadeira: Estado na teoria Política Moderna Agir Editora Rio de Janeiro
Jean-Jacques Chevallier foi um intelectual francês do século XX. Atuou como professor na Faculdade de Direito e
Ciências Econômicas de Paris. Além disso, foi membro da Academia de Ciências Políticas e Morais da França
(Académie des Sciences Morales et Politiques) de 1964 a 1983. Sua principal área de atuação parece ter sido a história
do pensamento político. Um dos seus trabalhos mais citados é "Les grandes œuvres politiques: de Machiavel à nos
jours" (As Grandes Obras Políticas: de Maquiavel aos Nossos Dias), considerado um clássico na França e reeditado
recentemente. Esse livro sugere que Chevallier dedicou boa parte de sua carreira a compreender a evolução do
pensamento político ocidental, analisando obras seminais de grandes autores como Maquiavel.
ASSUNTO
RESUMO/ARGUMENTO
O “Ensaio sobre o Governo Civil” é uma obra escrita por John Locke e publicada em 1690, durante um período de
grande agitação política na Inglaterra pós-Guerra Civil. Locke nasceu em 1632 e viveu em uma época marcada por
conflitos entre monarquistas e parlamentaristas, bem como por questões religiosas, especialmente entre anglicanos e
puritanos.
O contexto histórico no qual Locke desenvolveu suas ideias foi fundamental para moldar seu pensamento político. Seu
pai era um puritano que apoiava o Parlamento durante a guerra civil, e Locke mesmo testemunhou as lutas políticas e
religiosas de sua época. Sua formação acadêmica em Oxford e sua posterior atuação como médico e conselheiro político
de Lord Ashley também influenciaram suas visões sobre governo e sociedade. Locke escreveu o “Ensaio sobre o
Governo Civil” em resposta às ideias autoritárias de Thomas Hobbes, especialmente expressas em sua obra “Leviatã”.
Enquanto Hobbes defendia um Estado absolutista baseado no contrato social, no qual os indivíduos renunciavam a
certas liberdades em troca de segurança, Locke argumentava que os seres humanos nascem livres e iguais no estado de
natureza, possuindo direitos naturais inalienáveis, como vida, liberdade e propriedade. Para Locke, o estado de natureza
não era necessariamente um estado de guerra e caos, como Hobbes afirmava. Ao contrário, era um estado regido pela
razão natural, no qual os indivíduos podiam viver em harmonia, desde que respeitassem os direitos dos outros. No
entanto, havia limitações nesse estado, como a falta de um poder executivo imparcial para aplicar a lei.
Assim, os indivíduos concordavam em formar uma sociedade civil para proteger seus direitos naturais e garantir a
segurança mútua. Esse contrato social, baseado no consentimento dos governados, era a origem legítima do governo
civil. Locke defendia a separação de poderes, com o legislativo sendo o mais importante, e argumentava que os
governantes deveriam governar de acordo com as leis estabelecidas e com o consentimento dos governados.
Locke justificava o direito de resistência do povo contra um governo que violasse seus direitos naturais, incluindo o
direito à revolução se necessário. Essas ideias foram revolucionárias para a época e influenciaram profundamente o
pensamento político subsequente, contribuindo para o desenvolvimento do liberalismo político e da democracia
representativa.
Locke argumenta que os seres humanos, no estado de natureza, possuem dois poderes: o de preservar a si mesmos e aos
outros e o de punir os crimes contra as leis naturais. Ao entrarem na sociedade civil, os indivíduos renunciam a parte
desses poderes em favor da sociedade, que herda esses poderes e os delega ao governo. Propõe a divisão dos poderes
em legislativo, executivo e confederativo, defendendo que o legislativo seja supremo e sagrado, determinando como as
forças do Estado devem ser empregadas para a conservação da sociedade. Ele argumenta que o poder legislativo deve
estar separado do executivo para evitar abusos de poder, sendo este último responsável pela aplicação das leis
estabelecidas.
É ressaltado que o poder legislativo não deve ser absoluto e arbitrário, devendo limitar-se ao bem público e não podendo
infringir os direitos naturais dos indivíduos. Locke enfatiza que os direitos naturais dos homens não desaparecem no
estado civil, mas continuam a existir para limitar o poder social e garantir a liberdade.
A obra de Locke é vista como uma defesa do direito de resistência do povo contra um governo que viole seus direitos
naturais, culminando na justificação do direito de insurreição ou “direito de apelar ao Céu”. Ele argumenta que a paz
não deve ser mantida a qualquer custo, e o povo tem o direito de se libertar de um governo tirânico.
A obra teve um impacto duradouro na filosofia política moderna, influenciando o desenvolvimento da democracia
liberal e das Declarações de Direitos, tanto nas colônias americanas quanto na França revolucionária. Locke é
reconhecido como um pensador fundamental na defesa dos direitos naturais, na separação dos poderes e na justificação
do direito de resistência contra a tirania.
Ele atribui à lei uma importância sagrada, considerando-a a expressão da vontade geral e o remédio contra a
arbitrariedade dos indivíduos detentores do poder. A lei é vista como a fonte da justiça e da liberdade, permitindo
subjugar os indivíduos para torná-los livres e garantindo o consentimento de todos. Para Rousseau, a lei reflete uma
ordem transcendente e não pode ter um objeto particular, sendo sua execução confiada a homens particulares. No
entanto, Rousseau enfrenta o dilema de como executar a lei sem comprometer sua universalidade. Ele propõe a distinção
entre o soberano, responsável por estabelecer as leis, e o governo, encarregado de executá-las. O governo deve ser
apenas um instrumento da vontade geral, subordinado ao soberano, e seus membros são meros oficiais do soberano,
podendo ser escolhidos e destituídos conforme a vontade do povo, que é o verdadeiro detentor do poder. Essa distinção
entre soberano e governo redefine a natureza das formas de governo e estabelece uma relação de subordinação entre o
governo e o povo.
Rousseau classifica as formas legítimas de governo com base no número de membros encarregados de executar as leis.
A democracia, onde o povo decide tanto as leis quanto sua execução, é vista como confusa e propensa a conflitos
internos. A aristocracia, governo por uma minoria, pode ser natural, eletiva ou hereditária, sendo preferível a eleição de
sábios para governar. A monarquia, onde um único governante detém o poder executivo, é considerada a forma mais
eficaz de governo, desde que o monarca seja apenas um executor das leis e não busque usurpar a soberania do povo.
No entanto, Rousseau critica a monarquia hereditária e absolutista, que busca o interesse próprio do monarca em
detrimento do interesse público. Ele alerta para o perigo de corrupção do governo, que tende a se afastar dos interesses
gerais em favor dos particulares, e destaca que nenhum governo está imune à inevitável tendência à autodestruição,
comparando-a à velhice e à morte do corpo humano.
TRANSCRIÇÃO DE CITAÇÕES MAIS RELEVANTES
“O poder legislativo e o poder executivo, em todas as monarquias moderadas e em todos os governos bem ordenados,
devem achar-se em diferentes mãos”. (Chevallier, 1999, p.112)
CRÍTICA E CONTRIBUIÇÃO