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O PENSAMENTO MULTIFACETADO

DE C. S. LEWIS
MÓDULO 1
VIDA E OBRA DE C. S. LEWIS
PARTE 1
BIBLIOGRAFIA
A. BIBLIOGRAFIA

Existem, pelo menos, duas biografias disponíveis sobre


Lewis em língua portuguesa.

A mais robusta é a de Alister McGrath, A vida de C.S.


Lewis: do ateísmo às terras de Nárnia (São Paulo:
Mundo Cristão, 2013).

McGrath realizou uma pesquisa excelente, propondo


inclusive revisões às principais biografias já escritas
sobre Lewis, como é o caso da biografia de George
Sayer, Jack: A life of C. S. Lewis (Wheaton: Crossway
Books, 1994) — “Jack” foi o apelido que o próprio Lewis
deu a si mesmo, quando tinha 5 ou 6 anos de idade.

Outra importante biografia revisada por McGrath é C. S.


Lewis: a biography (New York: HaperCollins, 1996), de
Walter Hooper, o último secretário de Lewis e um dos
seus mais importantes biógrafos e especialistas.

A outra biografia em português, mais resumida e


panorâmica, é a de David Downing, C. S. Lewis: o mais
relutante dos convertidos (São Paulo: Vida, 2006).
A. BIBLIOGRAFIA

Há também outros livros importantes para um estudo


biográfico sobre Lewis. Vale a pena destacar a sua
autobiografia, Surpreendido pela alegria (São Paulo:
Mundo Cristão, 1998), sobretudo por ser um
diagnóstico feito pelo próprio Lewis do seu passado,
especialmente, da sua conversão.

Aliás, o título dessa obra traduz o que Lewis


compreendia ser o resumo da vida humana: a busca
pela alegria ou Sehnsucht, termo tomado do
romantismo alemão (cf. David Downing, C. S. Lewis: o
mais relutante dos convertidos, p. 33-35).

Outra obra é Todo meu caminho diante de mim (São


Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2020), um diário escrito
por Lewis a partir do encorajamento dado pela Sra.
Moore, uma figura importante para compreender a
biografia de Lewis.
A. BIBLIOGRAFIA

Além dos textos autobiográficos, há também uma vasta


correspondência de Lewis. Uma parte considerável das
cartas de C. S. Lewis se encontram publicadas em três
volumes na The Collected Letters of C. S. Lewis (New York:
HaperCollins).

O primeiro volume, publicado em 2004, é uma compilação


das cartas familiares do período de 1905 a 1931; o
segundo volume, publicado também em 2004, reúne as
cartas do período de 1931 a 1949 — a maior parte delas é
sobre os seus livros, as suas palestras radiofônicas, como
aquelas que originaram Cristianismo puro e simples, e
sobre a Segunda Guerra Mundial.

O terceiro volume, publicado em 2007, se concentra nas


correspondências do período de 1950 a 1963 que tratam
das Crônicas de Nárnia, da sua vida e carreira em
Cambridge e da sua relação com Joy Davidman.
A. BIBLIOGRAFIA

Recentemente, a Thomas Nelson Brasil publicou uma


tradução de Letters of C. S. Lewis, uma coletânea de
cartas selecionadas desses volumes, sob o título As cartas
de C. S. Lewis.

Por fim, Alister McGrath escreveu uma instrutiva biografia


intelectual de C. S Lewis, The intellectual world of C. S.
Lewis (Chichester: Wiley-Blackwell, 2014), que procura
reconstituir o contexto no qual a erudição de Lewis está
enraizada.

Ou seja, de onde partiram as suas ideias sobre diversas


disciplinas como filosofia, literatura, teologia, pedagogia,
psicologia, entre outras. Sobre o pensamento de C. S.
Lewis, vale a pena conferir a tradução do The Cambridge
Companion: C. S. Lewis: além do universo mágico de
Nárnia, de Robert MacSwain e Michael Ward (São Paulo:
Martins Fontes, 2015).

Para quem deseja compreender as Crônicas de Nárnia:


Colin Duriez, Manual prático de Nárnia (São Paulo: Novo
Século, 2009).
PARTE 2.1
BIOGRAFIA (1898-1939)
A. INFÂNCIA NA IRLANDA
(1898-1908)

o Clive Staples Lewis é irlandês, nasceu


na cidade de Belfast [“Little
Lea”](29/11/1898).
o Filho de Albert James Lewis, um
advogado bem-sucedido, e Florance
Augusta Lewis [“Flora”], de uma família
da aristocracia protestante irlandesa.
o Quando se mudaram para Little Lea,
Lewis pediu a sua família que o
chamasse de “Jack”.
A. INFÂNCIA NA IRLANDA
(1898-1908)

o Warren Hamilton Lewis [“Warnie”] é


seu irmão mais velho. Ambos passavam
horas sozinhos no sótão da casa
habitando mundos imaginários.
o Havia livros por toda casa. Seu pai e sua
mãe liam muito, e Lewis tinha
liberdade para procurar e ler o que
quisesse.
o Quando Warnie saiu de casa para
estudar na Inglaterra, Lewis tornou-se
um leitor voraz.
B. ESCOLARIZAÇÃO
(1908-1917)

o Sua mãe, Flora, morreu de câncer em


23 de agosto de 1908 (9 anos): “Era só
mar e ilhas. Agora, o grande continente
havia afundado como Atlântida.” —
Surpreendido pela alegria. Cf. também
O sobrinho do mago (São Paulo: Martins
Fontes, 2014), p. 88, 112, 116, 122, 136, 162,
175, 179-181.
o Seu pai decidiu que seria melhor que
seu filho fosse estudar em colégios
internos na Inglaterra:
1. Wynyard School (Watford): 1908-
1910.
2. Cherbourg School (Malvern): 1911-
1913.
3. Malvern School (Malvern): 1913-1914.
B. ESCOLARIZAÇÃO
(1908-1917)

o Warnie tinha decidido seguir carreira


militar, mas havia um problema: ele
tinha sido expulso do colégio por
fumar.
o Albert Lewis resolve contratar um
educador: William T. Kirkpatrick, que,
por fim, ensinará não somente Warnie,
mas também Jack.
o Resultado: Lewis ganhou uma bolsa de
estudos para a University College
(Oxford), para estudar os clássicos
(1916).
C. A “GRANDE GUERRA”
(1917-1918)

o Nessa época, Lewis já havia se tornado


um ateu empedernido.
o Arthur Greeves (1895-1966), amigo mais
próximo e para toda a vida, um cristão
comprometido (1910).
o Em suas anotações de 1935, Lewis
relembrou que ele havia
“bombardeado” Greeves com “toda
artilharia leve de um racionalista de 16
anos”.
Em 1914, a Inglaterra iniciou o programa de recrutame
nto militar. A Grande Guerra estava só começando.
Nessa mesma época, Lewis ganhou uma vaga na
Universidade de Oxford. Mas era inevitável.
Ele foi convocado e, em 1917, destinado à infantaria de
Oxford, ao lado de seus colegas universitários.
O mais importante deles:

Paddy Moore
Jane King Moore
(1872-1951) e sua
filha Maureen.
D. DE VOLTA A OXFORD
(1919-1927)

o Publica Spirits in Bondage [Espíritos em


cativeiro] (1919) e conhece Owen
Barfield.
o Entre 1920 e 1923, conquista vários
prêmios, mas permanece
desempregado.
o Em 1925, assume o cargo de professor
de Língua e Literatura Inglesa, no
Magdalen College (Oxford).
o Em 1926, publica Dymer: a poem (Clive
Hamilton).
ESNOBISMO
CRONOLÓGICO

“É a aceitação acrítica do ambiente


intelectual comum à nossa época
e a suposição de que tudo aquilo que
ficou desatualizado é por isso
desprezível.”
— C. S Lewis, Surpreendido pela alegria (1955)
E. MAGDALEN COLLEGE
(1927-1930)

o Em 11 de maio de 1926, conhece J. R. R.


Tolkien.
o Em 25 de setembro de 1929, morre
Albert Lewis.
o Em 1930, muda-se para The Kilns e
escreve para Greeves que começou a
frequentar a capela da faculdade.
F. CONVERSÃO (1930-1932)

o Em 1931, depois de uma conversa com


Tolkien e Hugo Dyson, percebe que o
cristianismo é um “mito verdadeiro”. O
mais relutante dos convertidos se rende
ao cristianismo.
o Escreve O regresso do peregrino (1932).
o Tutorias, aulas e palestras em Oxford.
G. DOCÊNCIA (1933-1939)

o Os Inklings.
o Escreve Alegoria do amor (1936).
o Começa a escrever a “Trilogia de
resgate”: Além do planeta silencioso
(1938).
o A Inglaterra declara guerra à
Alemanha (1939).
PARTE 2.2
BIOGRAFIA (1939-1963)
G. DOCÊNCIA (1933-1939)

o Os Inklings.
o Escreve Alegoria do amor (1936).
o Começa a escrever a “Trilogia de
resgate”: Além do planeta silencioso
(1938).
o A Inglaterra declara guerra à
Alemanha (1939).
H. APOLOGETA (1939-1942)

o Amizade com Charles Williams.


o O parteiro literário: O Senhor dos Anéis.
o Apologética em tempos de guerra: O
problema do sofrimento (1940).
o Palestras radiofônicas durante a
Segunda Guerra Mundial (BBC, em
Londres).
o Cartas de um diabo a seu aprendiz
(1942).
I. FAMA (1942-1945)

o Publica Perelandra (1943) e Uma força


medonha (1945).
o Palestras radiofônicas durante a
Segunda Guerra Mundial.
o Morre Charles Williams em 1945. Crise
entre os Inklings.
J. TENSÕES (1945-1954)

o O grande abismo (1946) e Milagres


(1947).
o Capa da Time, 08/09/1947.
o Polêmica com Elizabeth Anscombe.
o Da lógica para a imaginação: Nárnia
(1950-1956).
o Morre sra. Moore. Warnie cai em
alcoolismo (1951).
Elizabeth
Anscombe
J. TENSÕES (1945-1954)

o Assume a cátedra de Língua e


Literatura Medieval e Renascentista, na
Universidade de Cambridge (1954), com
o discurso: De Descriptione Temporum.
o Publica English Literature in the
Sixteenth Century, Excluding Drama
(1954).
O DINOSSAURO DE
OXFORD

“Quanto eu não daria para ouvir qualquer


ateniense antigo, até mesmo um bem
estúpido, falar sobre a tragédia grega.”

— C. S Lewis, De Descriptione Temporum (1954) [inaugural feita por


Lewis em sua posse da cátedra de Literatura Inglesa e Medieval na
Universidade de Cambridge]
L. CAMBRIDGE (1954-1960)

o O caso Joy Davidman.

o Casamento no civil, escondido de


todos, em 23 de abril de 1956.

o Até que tenhamos rostos (1956)

o A diferença entre os livros que


gostamos e os melhores livros. Por
exemplo, Lewis gostava dos livros de
George MacDonald apesar de não
considerar que eles eram os melhores
livros.
L. CAMBRIDGE (1954-1960)

Joy caiu ao chão ao tentar atender uma


ligação, quebrou o fêmur e, no raio-x,
descobriu um tumor maligno no seio
esquerdo, bem como metástase em outras
partes do corpo.
OPINIÃO DO C. S. LEWIS SOBRE OS
DOIS CASAMENTOS — 1943

“Minha opinião é que as Igrejas devem


reconhecer francamente que a maioria dos
britânicos não são cristãos, e, portanto, não
se deve esperar que levem uma vida cristã.
Devem haver dois tipos distintos de
casamento: um governado pelo Estado,
com regras aplicáveis a todos os cidadãos, e
outro governado pela Igreja, com regras
que ela mesma aplica a seus membros. A
distinção entre os dois tipos deve ser
bastante nítida, de tal forma que se saiba
sem sombra de dúvida quais casais são
casados pela Igreja e quais não são.” — C.
S. Lewis, “Cristianismo puro e simples”.
RASCUNHO DE UMA CARTA DE J. R. R.
TOLKIEN PARA C. S. LEWIS,
ENCONTRADO DENTRO DO
EXEMPLAR DE TOLKIEN DO LIVRO DE
LEWIS — 1943

“Eu gostaria de saber em que evidências


você baseia seu sistema de ‘dois
casamentos’! (...) O último casamento
cristão ao qual compareci foi realizado pelo
seu sistema: o casal se ‘casou’ duas vezes.
Desposaram um ao outro diante da
testemunha da igreja (um pastor), usando
um conjunto de fórmulas e fazendo um
voto de fidelidade para toda a vida (e a
mulher de submissão);
eles então se casaram novamente diante da
testemunha do Estado (um escrivão, e neste
caso — contribuindo, na minha opinião,
para a impropriedade —, uma mulher,
uma escrivã) usando outro conjunto de
fórmulas e não fazendo qualquer voto de
fidelidade ou de submissão. Achei que esse
foi um procedimento abominável — e
também ridículo, já que o primeiro
conjunto de fórmulas e votos tornava o
segundo inferior. De fato, ele só não seria
ridículo se fosse admitido que o Estado
estava realmente dizendo por implicação:
‘Não reconheço a existência de sua igreja;
vocês podem ter feito certos votos em seu
lugar de reunião, mas eles são apenas
tolices, tabus particulares, um fardo que
vocês impõem sobre si mesmos; um
contrato limitado e impermanente é tudo o
que realmente é necessário para os
cidadãos.’ Em outras palavras, essa ‘rígida
divisão’ é um pedaço de propaganda, um
contra-sermão proferido a jovens cristãos
recém-saídos do pronunciamento das
palavras solenes do sacerdote cristão.” — J.
R. R. Tolkien, ‘As cartas de J. R. R. Tolkien’,
Carta 49.
L. CAMBRIDGE (1954-1960)

o Casamento religioso no Churchill


Hospital, em Oxford, oficiado pelo
rev. Peter Bide.
o Os quatro amores (1960).
o Em 13 de julho de 1960, morre Joy
Davidman.
o Anatomia de uma dor (1960).
M. ÚLTIMOS DIAS (1961-1963)

o “Os homens devem suportar sua


partida deste mundo.” 22/11/1963 —
múltiplas causas: insuficiência
renal aguda, obstrução prostática e
degeneração cardíaca. No mesmo
dia, John F. Kennedy e Aldous
Huxley também morreram .
M. ÚLTIMOS DIAS (1961-1963)

o Entrevista Eric Metaxas e Walter Hooper (1)


https://www.youtube.com/watch?v=ZR27HYJbX1s
o Entrevista Eric Metaxas e Walter Hooper (2)
https://www.youtube.com/watch?v=i8rElJJKqpE
o Entrevista Eric Metaxas e Walter Hooper (3)
https://www.youtube.com/watch?v=VHSRJZ8SK6s
PARTE 3
OBRA
Obra de C. S. Lewis
(Walter Hooper)

o Poesia: Spirits in Bondage [Espíritos em


Prisão], Dymer, poemas narrativos,
poemas, coletâneas de poemas

o Textos autobiográficos: O regresso do


peregrino, Surpreendido pela alegria,
Uma dor observada [A anatomia de um
luto]

o Novelas: Além do planeta silencioso, A


torre negra, Perelandra, Uma força
medonha, Até que tenhamos rostos
Obra de C. S. Lewis
(Walter Hooper)

o Fantasias teológicas: Cartas do Diabo ao


seu aprendiz, O grande divórcio

o Teologia: O problema do sofrimento,


Cristianismo puro e simples, A abolição
do homem, Milagres, Reflexão sobre os
Salmos, Os quatro amores, Cartas a
Malcom
Obra de C. S. Lewis
(Walter Hooper)

o Crônicas de Nárnia: O sobrinho do


mago, O leão, a feiticeira e o guarda-
roupa, O cavalo e seu menino, Príncipe
Caspian, A viagem do “Peregrino da
Alvorada”, A cadeira de prata e A ultima
batalha
o Crítica literária: Um prefácio a “Paraíso
perdido”, Literatura inglesa no século
XVI, Um experimento em crítica literária,
A imagem descartada
o Cartas: amigos, parentes, leitores

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