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Renato Ribeiro
Renato Ribeiro
1 Fundamentos da estratégia 9
1.1 O que é estratégia? 10
1.2 Origem militar da estratégia 11
1.3 Conceito de estratégia 11
1.4 Os 5 Ps da estratégia 14
1.5 As escolas do pensamento estratégico 20
1.6 Uma visão crítica e integradora das escolas estratégicas 26
Gabarito 225
Apresentação
Atualmente, um dos aspectos do meio organizacional mais discutido diz respeito ao processo
e à elaboração da estratégia empresarial. Qual seria, todavia, a razão dessa supervalorização do tema?
Por que esse interesse surgiu entre os empreendedores?
Uma leitura dessa situação pode indicar a saudável preocupação em promover uma maior
aproximação entre a empresa e a realidade social dos clientes. Registramos esse movimento, assim,
como um processo positivo e fundamental ao amadurecimento social.
Outra questão por muito tempo refletida foi a dinâmica do mercado atual, na qual o empresário
deve analisar seu empreendimento e responder à questão: “por que as pessoas comprariam da minha
empresa, e não da concorrente?”
Estar atento à concorrência é fundamental para qualquer empresa. Saber como o concor-
rente se relaciona com os clientes, ou se fará uma promoção importante na próxima semana, ou,
ainda, se abrirá uma nova filial por perto, pode fazer com que seu comércio tenha condições de
se antecipar e, assim, criar novos produtos ou até mesmo melhorar a qualidade do atendimento.
Além disso, esta obra pretende responder a quatro questões fundamentais: (i) Como criar
valor para o cliente e ganhar dinheiro?; (ii) Como melhorar a competitividade diante dos atuais
ou potenciais concorrentes?; (iii) Como prever as mudanças que, favorável ou desfavoravelmente,
causarão impacto em seu negócio?; e (iv) Como escolher o melhor caminho a ser seguido no futuro
e garantir o crescimento a longo prazo? O objetivo é ajudá-lo na difícil tarefa de obter respostas
e implementar decisões que correspondam às dúvidas surgidas.
Por fim, Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações pretende
ainda contribuir com os empreendedores para melhor utilizarem a estratégia empresarial como
importante instrumento administrativo de tomada de decisões, garantindo, assim, a lucratividade
e a perpetuidade das empresas.
Bons estudos!
1
Fundamentos da estratégia
as análises dos fatores externos e as dos fatores internos da empresa. Feito isso, a questão
abordada pode ser considerada estratégica.
Em um mundo cada vez mais competitivo, é essencial que as organizações tenham uma
boa estratégia competitiva e corporativa. A estratégia competitiva é uma forma de atuação em
que uma empresa está em competição com outras e age em resposta às suas estratégias. Esse tipo
de estratégia pretende conferir vantagens à empresa em relação aos seus concorrentes.
Vídeo
1.3 Conceito de estratégia
Apesar de o termo ter origem no militarismo, precisamos entender
que os negócios não são uma guerra. Muitas vezes ouvimos declarações que
dizem o contrário, destacando o calor da batalha na concorrência empresarial.
1 Sun Tzu foi um general na antiga China, há mais de 2.500 anos. Sua obra A arte da guerra serviu de base para os círculos militares
da Rússia e da China. Foi primeiramente traduzido para o francês, em 1872, e, posteriormente, para o inglês, em 1905.
12 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Essa é, portanto, uma expressão empresarial tolerável. Guerra e negócios podem até ter elementos
comuns, mas, na totalidade de seus aspectos, são distintos.
O conceito de estratégia é encontrado com diferentes conotações em diversos contextos,
seja na esfera teórica da academia ou na realidade das organizações. Além disso, é um conceito
que, ao ser incorporado ao vocabulário da ciência da administração, veio evoluindo ao longo
das últimas décadas, com as contribuições de diversos pesquisadores na área. Portanto, uma
definição exata, precisa e única para estratégia não será encontrada, mas, sim, uma miríade de
definições que foram surgindo nas últimas décadas, principalmente na academia, sendo que
várias delas têm sido validadas e utilizadas por muitas empresas da vida real, enquanto muitas
outras definições se constituíram em modismo passageiro e não se consolidaram.
Estratégia é a arte de planejar e colocar o plano em ação, com o objetivo de alcançar ou
manter posições relativas e potenciais favoráveis a futuras ações táticas sobre um objetivo e
procurar condições favoráveis para alcançar objetivos específicos. Ou seja, refere-se ao programa
geral para a consecução dos objetivos de uma organização e, portanto, para o desempenho de
sua missão.
Trata-se de uma forma de direcionar a empresa ao aproveitamento dos recursos que possui
e à orientação de um caminho a seguir, frente a diferentes objetivos.
Para Stoner (1985, p. 141)
Estratégia é o programa geral para a consecução dos objetivos de uma
organização e, portanto, para o desempenho de sua missão. A palavra
programa implica, em nossa definição, um papel ativo, consciente
e racional desempenhado por administradores na formulação da
estratégia da organização. Uma estratégia estabelece uma mesma direção
para a organização em termos de seus diversos objetivos e orienta o
aproveitamento dos recursos usados para a organização seguir em direção
a estes objetivos.
Ainda de acordo com Stoner (1985, p. 141), a estratégia também pode ser definida como “o
padrão de resposta da organização ao seu ambiente no tempo”, pois ela estabelece uma associação
entre os vários recursos de uma organização para enfrentar os desafios e riscos apresentados pelo
mundo exterior.
O autor também afirma que toda organização tem uma estratégia – não necessaria-
mente boa –, mesmo que esta nunca tenha sido formulada explicitamente. Isto é, toda organi-
zação tem uma relação com seu ambiente, que pode ser estudada e descrita: “Esta visão de estratégia
inclui organizações onde o comportamento dos administradores é de reação – de resposta e
ajustamento ao ambiente sempre que necessário” (STONER, 1985, p. 143).
Von Neumann e Morgenstern (1944, p. 137, tradução nossa) concluem que ela se refere a
“uma série de ações tomadas por uma empresa e definidas de acordo com uma situação particular”.
Para Drucker (1985), estratégia diz respeito à análise da situação presente e à sua mudança,
se necessário. Já Ansoff, na obra Administração estratégica (1983), descreve-a como a regra para
tomar decisões determinadas por fatores como escopo produto/mercado, vetor de crescimento,
vantagem competitiva e sinergia.
Fundamentos da estratégia 13
2 Pessoas, grupo de pessoas ou organizações que podem influenciar ou ser influenciados por uma organização,
a exemplo de: consumidores, usuários, empregados, proprietários, dirigentes, governo, instituições financeiras, opinião pública ou
acionistas.
14 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Estratégias pretendidas
Estratégias deliberadas
Estratégias realizadas
Estratégias não realizadas
Estratégias emergentes
formulação prévia. Na concepção de Mintzberg e Quinn (2001), uma ideia puxa a outra até que
um novo padrão é formado, a ação precedeu a racionalidade: uma estratégia emergiu, isto é, a
estratégia como padrão consolida um modelo de atuação empresarial que tende a proporcionar
credibilidade à companhia, o que é válido tanto em seu manejo com clientes e fornecedores,
quanto com seus funcionários.
3 “Entende-se por joint venture a associação econômica entre duas empresas, que podem ou não ser do mesmo ramo, durante um
período específico e limitado. Essa parceria pode operar de várias maneiras, executando-se para fins logísticos, industriais, comerciais,
tecnológicos e outros. Em muitos casos, a joint venture atua no sentido de ampliar o mercado consumidor de grandes multinacionais sem
demandar um grande investimento em infraestruturas e transportes” (PENA, 2019, grifo do original).
4 “A incorporação é o ato de absorção de uma ou mais empresas por outra organização. A pessoa jurídica da empresa incorporada
se extingue, transferindo direitos e obrigações para aquela que a incorpora. A natureza jurídica da incorporadora permanece inalterada, e
há apenas uma alteração de contrato no sentido de comunicar o aumento do patrimônio, que é passado integralmente de uma empresa
para a outra” (DICIONÁRIO FINANCEIRO, 2019).
5 Franchising é a forma de fazer negócio em parceria na qual uma empresa com sucesso comprovado concede a terceiros o direito
de explorar os seus produtos e serviços, de usar marca comercial e, ainda, de implementar os seus métodos de gestão, recebendo
contrapartidas financeiras. É uma estratégia em administração que utiliza um sistema de parceria no qual uma empresa (detentora de
uma marca) cede o direito de uso de sua patente, know-how e distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços. Trata-se
de uma estratégia que consiste em replicar um conceito de negócio (de sucesso) já existente.
18 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
da marca em toda a América Latina. Ela conta com as opções de restaurantes drive-thru, lojas e
quiosques de shopping e in-store. A franquia brasileira está entre as que mais crescem no mundo e
apresenta um faturamento de quase 4 bilhões de reais ao ano.
6 É uma expressão em latim que significa modo de operação. É alguém ou algo que usa o mesmo jeito e aplicação em todas as coisas
que realiza, faz tudo de uma mesma forma, de maneira que se identifique por quem foi feito determinado trabalho.
Fundamentos da estratégia 19
plano, manobra e/ou procedimento. Porém, a relação entre eles é bem mais complexa. Para alguns
autores, as perspectivas da organização podem ser um plano; para outros, as primeiras originam o
segundo. Sendo assim, existe razão para se acreditar que, como planos, procedimentos e posições
são mutáveis ou dispensáveis, as perspectivas são imutáveis.
De acordo com Henry Mintzberg (2001), a estratégia não é simplesmente planejada, e sim
moldada. Como você deve ter percebido, o uso dos 5 Ps exige mudanças de comportamentos e
posturas, ou seja, é preciso desenvolver novas competências.
Ao aprofundar o conceito de estratégia, Mintzberg (2001) permitiu que os gestores
ampliassem o seu entendimento sobre o contexto no qual a empresa está inserida e como ela
se transforma ao interagir com o mercado. Portanto, a teorização sobre estratégia proposta
pelo estudioso foi fundamental para o ambiente corporativo, possibilitando a sua aplicação em
diferentes segmentos e com distintos objetivos mercadológicos.
Cada definição nos apresenta fundamentos importantes que colaboram e facilitam nossa
compreensão desse termo tão abrangente dentro da administração. Com as definições do termo
estratégia propostas por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) e denominadas 5 Ps da estratégia,
surge um facilitador para uma melhor visualização dentro da organização dos pontos relevantes
para sua elaboração e realização.
Embora apresentados separadamente, os 5 Ps da estratégia são, na verdade, ferramentas
que podem ser utilizadas de maneira individual ou combinadas. O emprego de qualquer tipo de
estratégia organizacional contribui para a melhoria dos resultados obtidos por uma corporação.
Em uma análise geral, é necessário que as organizações elaborem estratégias que as tornem
competitivas. Sob essa ótica, os 5 Ps da estratégia constituem um importante modelo para a
identificação da estratégia na organização. Cada P tem sua função específica nesse contexto.
O P que recebe maior importância pelos empresários é o plano, embora seja constantemente
esquecido após sua elaboração. Por sua vez, o pretexto permite à cúpula estratégica identificar
a manobra que permitirá conduzir a organização. Já o padrão se refere a tudo aquilo que já se
tornou estratégico na empresa e que não pode ser mudado. A posição identifica o nicho de
mercado em que a instituição pretende atuar. E, pelas análises realizadas, arriscamo-nos a colocar
como o P mais importante o da perspectiva, que diz respeito à estratégia interiorizada, sendo
este o menos valorizado pelos dirigentes, talvez pela sua intangibilidade ou pela dificuldade de
ser identificado.
Um diagnóstico estratégico da empresa se faz necessário na intenção de detectar possíveis
falhas e corrigir o rumo em tempo hábil, de modo que não ocorram danos graves, possibilitando à
organização se antecipar às mudanças dentro do ambiente interno e se precaver das alterações no
ambiente externo.
Ao se ter consciência desses cinco Ps da estratégia, pode-se projetar e encontrar respostas
para o futuro. Não existe um melhor caminho para se traçar a estratégia. O importante é elaborar
planos, estabelecer metas, mensurar os resultados e corrigir os pontos falhos. Enfim, o sucesso de
qualquer estratégia consiste em saber fazer bem muitas coisas e integrá-las umas às outras.
20 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
7 Segundo Pereira (2016), o conceito de que a verdade apresenta muitos lados é um dos ensinamentos centrais do sábio
indiano Mahavira (599-527 a.C.), ser iluminado do Jainismo, uma das religiões mais antigas da Índia. Esse conceito foi difundido,
entre muitas maneiras, por meio da conhecida “parábola dos cegos e do elefante”, que se tornou popular especialmente no
poema do americano John Godfrey Saxe (1816-1887).
Fundamentos da estratégia 21
Com base nessa fábula, os autores tratam da estratégia dividida em dez escolas, e enfatizam
que, conforme indicado no início desta seção, para se conhecer o todo é preciso compreender as
partes, embora o simples conhecimento das partes isoladas não leve ao conhecimento do todo
completamente.
Por meio do conhecimento das escolas do pensamento estratégico, é possível observar
diferentes perspectivas e abordagens, o que sugere uma evolução no entendimento da formulação
do planejamento estratégico. Nesse sentido, abordamos a seguir duas escolas – a do design e a
do planejamento – que têm natureza prescritiva, preocupando-se mais com a maneira como as
estratégias devem ser formuladas do que como efetivamente são formuladas.
A formulação de estratégias não trata apenas de valores e visão, competências e capacidades,
mas também de militares e religiosos, de crise e empenho, de aprendizado organizacional e
equilíbrio interrompido, de organização industrial e revolução social.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) desenvolveram um conceito de divisão dos estudos
estratégicos em dez escolas, as quais estão constituídas em três grandes grupos:
• escolas prescritivas;
• escolas descritivas;
• escolas configuracionais.
Essas escolas não tratam somente da formulação da estratégia, mas de todo o processo que a
envolve. Cada uma delas representa uma maneira diferente de formular estratégias, como se pode
notar no Quadro 1 a seguir:
22 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Descritivas e explicativas
É difícil afirmar qual foi a primeira escola a enfileirar as seguintes. Assim, configuramos as
principais características de cada escola do pensamento estratégico.
• Escola do planejamento
Consiste nas ideias da escola do design somadas à concepção de que o processo da
formulação estratégica é também formal, e não somente cerebral.
Refere-se à reunião de elementos concretos e abstratos em um todo, tratando da
complexidade de um imenso volume de informações e assumindo que os riscos inerentes
são naturais. Dessa maneira, essa escola utiliza a intuição para o processo de tomada de
decisão e da criatividade para tratar de problemas antigos.
A estratégia e sua formação são definidas como um processo formal, o que representa
a necessidade de ter a consistência do comportamento ao longo do tempo. A técnica de
planejamento estratégico está incluída nessa escola.
• Escola do posicionamento
Incentivada por Michael Porter, a escola de posicionamento tem “a visão de que a
estratégia se reduz a posições genéricas selecionadas por meio de análises formalizadas
das situações da indústria, tais como as avaliações feitas através do modelo das cinco
forças competitivas do citado autor” (CASSIANO, 2007).
Segundo essa escola, para a formulação da estratégia devem ser feitos, primeiramente,
estudos minuciosos dos ambientes internos e externos. Com isso, são evidenciadas
ameaças, oportunidades provenientes do ambiente externo e as forças e fraquezas
advindas do ambiente interno. A ideia principal de estratégia e formulação da escola do
posicionamento resume-se a um processo analítico.
• Escola cognitiva
Cassiano (2007) define do seguinte modo os parâmetros que embasam a escola cognitiva:
Essa escola estuda as estratégias que se desenvolvem nas mentes das pessoas,
a fim de categorizar os processos mentais em estruturas, modelos, mapas,
conceitos e esquemas. Assim, a pesquisa é dirigida ao modo como a mente
24 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Essa escola também, em outra corrente, preocupa-se em estudar a maneira pela qual o
conhecimento e a interpretação são utilizados para a construção de estratégias. Ela analisa
o processo mental que ocorre na concepção das estratégias.
• Escola do aprendizado
A escola do aprendizado, chamada também de escola descritiva, afirma que a estratégia
se origina com a organização como um todo, tanto individual quanto coletivamente.
Desse modo, as estratégias seriam o aprendizado da empresa de acordo com o fluxo das
ações organizacionais e padrões comportamentais. Não haveria, assim, uma diferenciação
entre o processo de formulação e a implementação da estratégia.
• Escola do poder
Essa escola tem sua base em uma conjunção de interesses, coalizões e negociações tanto
no ambiente interno quanto no ambiente externo das empresas. Os centros de interesses
políticos são a base para a construção da estratégia.
Ela é utilizada como processo de negociação, que se divide em duas dimensões:
• micropoder: enxerga o desenvolvimento da estratégia dentro das organizações como
um fenômeno essencialmente político, de modo que o processo de formulação da
estratégia envolve barganha, persuasão e confrontação entre os atores que dividem o
poder na empresa.
• macropoder: “visualiza a organização como uma entidade que usa seu poder sobre
os outros e seus parceiros de alianças, realizando joint-ventures e outras redes de
relacionamento para negociar estratégias ‘coletivas’ de seu interesse” (CASSIANO, 2007).
O foco principal dessa escola é beneficiar, por meio de estratégias, grupos de interesse que
operam nos processos políticos da empresa. Esses ganham maior ênfase na caracterização
da formação de estratégias como um processo de influência.
Esse advento, poder e política têm sua configuração no desenvolvimento do
planejamento estratégico, indo até sua consumação. Percebem-se as várias fases dentro
desse itinerário, distintamente pelas “influências”, seja por parte da alta diretoria, dos
gerentes de projetos ou do próprio pessoal operacional, que muitas vezes tem alianças
com outros setores.
A escola do poder caracteriza a formação de estratégia como um processo aberto de
influência, enfatizando o uso do poder e da política para negociar estratégias favoráveis
a determinados interesses. A palavra poder é utilizada para descrever o exercício da
influência além de puramente econômica.
Fundamentos da estratégia 25
• Escola cultural
Na escola cultural ocorre o oposto em relação à escola do poder, pois a estratégia está
baseada no coletivo, no pensamento social e cultural da empresa. A escola do poder é
voltada para os interesses próprios e é dividida, já a cultural é orientada à organização
como um todo e aos interesses comuns.
A formação da estratégia é um processo de interação social baseado nas crenças e nas
interpretações comuns aos membros de uma organização. Assim, a cultura seria respon-
sável pela concepção da estratégia e uma desencorajadora das mudanças estratégicas.
A escola cultural pratica uma teoria baseada em recursos. Uma organização é vista como
um pacote desses recursos, os quais podem ser:
• capitais físicos: localização geográfica, tecnologia física, plantas, equipamentos etc.;
• Escola ambiental
Esta escola considera que a estratégia somente reage perante as alterações ambientais.
Assim, é o ambiente que estabelece a ordem e a estratégia a ser seguida.
A escola ambiental provém da teoria da contingência, que surgiu para se opor às
afirmações conflitantes da administração clássica de que há uma maneira melhor de
dirigir uma organização. Para os teóricos contingenciais, tudo depende do porte da
empresa, de sua tecnologia, da estabilidade de seu contexto e da hostilidade externa.
Esses estudiosos começaram a identificar as dimensões do ambiente responsável pelas
diferenças nas organizações.
De acordo com Cassiano (2007), o ambiente se apresenta à instituição como um
conjunto de forças gerais que determina estratégias em função de estabilidades
e instabilidades, além de estabelecer as pressões institucionais de cunho político e
ideológico sofridas pela empresa. Dessa forma, é o ambiente que determina os critérios
de permanência no mercado.
uma voz exultante: “Fantástico! Temos de começar a trazer sapatos imediatamente! Encontramos
um mercado gigantesco! Eles não têm sapatos! Andam todos descalços”.
Dessa história, podemos concluir que em meio à era da incerteza, nada estará garantido;
além de nos depararmos com uma constante competição, também nos deparamos com desafios
constantes. Por isso, temos de ser sábios para transformar cada desafio em grande oportunidade de
aprendizado e de negócio.
Dessa forma, ressalta-se também que o planejamento estratégico é de suma importância,
uma vez que servirá de “bússola”, dando rumo à caminhada e proporcionando que o profissional
seja ágil e proativo, tendo sabedoria para enfrentar as ameaças e aproveitando ao máximo as
oportunidades encontradas em meio à “destemperança” do mercado. Assim, visualizando e
transformando seus pontos fracos em fortes, o planejamento estratégico mantém o foco e o
direcionamento em prol do almejado, sem perder a agilidade em meio às mudanças.
As ameaças e os desafios serão constantes, portanto, em vez de reclamar, é importante
encarar os desafios, trabalhar suas ideias, olhar o que muita gente ainda não viu e que pode fazer a
diferença, de preferência agregando valores e construindo algo novo, diferenciado.
8 São redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais e as relações de poder.
9 Página da web cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente de forma inversa (como um diário).
10 Página de internet para uso pessoal, com atualização periódica, por meio da qual se podem trocar experiências e comentários com
os usuários.
11 Termo utilizado na estatística para identificar distribuições de dados da curva de Pareto, em que o volume de dados é classificado
de forma decrescente.
12 O marketing viral refere-se a técnicas de marketing que tentam explorar redes sociais preexistentes para produzir aumentos
exponenciais em conhecimento de marca, com processos similares à extensão de uma epidemia (SIGNIFICADOS, 2019a).
Fundamentos da estratégia 29
13 “Break-even (lê-se “breikíven”) é uma expressão inglesa que designa um ponto de equilíbrio nos negócios em que não há perda nem
ganho, nem lucro nem prejuízo” (SIGNIFICADOS, 2019b).
30 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Considerando que as inovações são capazes de gerar vantagens competitivas a médio e longo
prazos, inovar é essencial para a sustentabilidade das empresas.
A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos da empresa, trazendo uma
diferenciação, mesmo que momentaneamente, no ambiente competitivo. Ela é ainda mais
importante em mercados com abundância de commodities, como os que apresentam um elevado
nível de concorrência e cujos produtos são praticamente equivalentes entre os concorrentes.
Nesse sentido, a visão de longo prazo, alicerçada na inovação, faz com que as empresas sejam
mais comprometidas com seus stakeholders, afinal, existe uma preocupação com a perenidade
da organização. Em outras palavras, as ações tomadas atualmente são pautadas em um futuro
mais longínquo. Exatamente por isso, as empresas visionárias que realmente se preocupam com a
sobrevivência do negócio para as próximas gerações devem fazer uso do pensamento estratégico,
que nada mais é do que o processo de examinar o que será feito, sempre levando em consideração
as necessidades do grupo de pessoas que será atingido pelo processo/pela atividade.
A visão de longo prazo é uma vantagem das empresas, no sentido de que ela fortalece a
vontade de sobrevivência do negócio. Para sobreviver, a organização precisa ter uma gestão
profissionalizada e se preocupar com seu futuro.
estratégico bem elaborado, ao passo que a bússola se refere à visão de futuro e à missão da empresa,
o norte aonde ela quer chegar.
Recorrer a ferramentas que façam o planejamento de recursos empresariais como uma
forma de alcançar os objetivos é uma ótima estratégia para tomar decisões assertivas e garantir
o resultado esperado. Isso porque, no meio corporativo, o sucesso não acontece por acaso. Ele é
consequência da utilização inteligente de meios direcionados para alcançar metas previamente
estabelecidas.
O segredo do fracasso ou sucesso depende essencialmente da administração realizada dos
materiais. O ideal é encontrar o equilíbrio na sua utilização. Eles podem tanto estar escassos como
também em grande quantidade para o futuro desenvolvimento da empresa. Por isso, o segredo
do sucesso de uma organização é a obtenção oportuna de recursos, considerando as melhores
condições de custo, bem como a quantidade e qualidade exigidas.
O estabelecimento de objetivos e desafios é básico para qualquer atividade ou negócio, uma
vez que, não se sabendo aonde se quer chegar com a empresa, qualquer caminho servirá. Muitos
executivos têm uma visão do futuro de suas instituições análoga à visão de uma criança sobre si
mesma. Quando são perguntados sobre o que desejam que suas empresas se tornem nos próximos
anos, simplesmente respondem: “maior”.
Entretanto, o que deve ser apreciado é que, para uma empresa, ser maior traz enormes
implicações para o seu modelo de gestão. Uma organização que no momento não está sendo
lucrativa pode obter mais sucesso ao procurar sua sobrevivência na redução dos custos do que
no crescimento das vendas. Portanto, na fixação de objetivos e desafios da empresa, maior nem
sempre é melhor.
A falta de objetivos empresariais é um dos principais fatores que levam as organizações à
falência. O importante é planejar, cumprir e seguir de maneira eficiente toda a estratégia traçada.
Assim, as chances de o negócio progredir serão bem maiores.
Assim, a gestão dos recursos que a empresa tem, de maneira efetiva, direcionada para os
objetivos, visa antecipar a instituição a fim de que ela tenha espaço no mercado competitivo e
crie produtos inovadores ou que tenham um valor percebido pelos consumidores. Mas para que
tudo isso ocorra, é preciso que a corporação tenha também a cultura de disseminar informações e
conhecimento, a fim de que sua inteligência competitiva possa auxiliar de fato a gestão de projetos
futuros.
Considerações finais
Fazendo uma retrospectiva do pensamento estratégico, percebe-se que esse fenômeno
passou por diferentes fases e contextos semânticos. No seu princípio, o termo estratégia significava
uma forma de vencer o oponente, um instrumento de vitória na guerra. Posteriormente, ele foi
levado a outros contextos e campos do relacionamento humano: político, econômico, empresarial,
etc., contudo, sempre mantendo em todos os seus usos a raiz semântica: a de definir caminhos –
tendo em vista que as temáticas estratégia e gestão estratégica são relevantes para as organizações
da atualidade.
O objetivo deste capítulo foi mostrar que existe um entendimento para cada um dos temas
discutidos, apesar de se constatar que os futuros gestores têm alguma dificuldade de traduzir esses
conceitos para a realidade das organizações, o que pode implicar dificuldades no planejamento
e na gestão de estratégias nas empresas nas quais eles venham a trabalhar.
Essa relação entre teoria e prática pode contribuir para a competência dos novos
gestores do mercado, afinal, procurou-se mostrar neste capítulo que existe um equilíbrio entre
as correntes de pensamento sobre o conceito (evitando, assim, optar por uma escola e seguir
exclusivamente o que ela apregoa) e uma aproximação com a realidade da vida prática do gestor, o
que se apresenta como um grande desafio à área.
• ESTRATÉGIAS empresariais. 2009. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Sebrae RS.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6_TegknfvD4. Acesso em: 8 abr. 2019.
Fundamentos da estratégia 33
Este vídeo mostra o conhecimento atual sobre a definição de estratégia, mas apresenta
uma proposição prática e acessível para que todos possam entender e utilizar o conceito.
Atividades
1. Qual é o conceito de estratégia?
2. Quais são os cinco conceitos de estratégia de Henry Mintzberg? Faça uma explicação sucinta
de cada um deles.
Referências
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mar. 2007. Disponível em: http://insightestrategico.blogspot.com/2007/03/resumo-das-10-escolas-de-
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VON NEUMANN; MORGENSTERN, O. The theory of games and economic behavior. Princeton, NJ:
Princeton University, 1994.
2
Análise do negócio e transformação
empresarial por meio dos cenários
Entender o negócio de uma organização é uma questão muito mais filosófica do que
econômica. Mas, afinal, como podemos entender o negócio de uma empresa?
As organizações fazem parte de nossas vidas, uma vez que existem para satisfazer as nossas
necessidades. São sistemas vivos, compostos de um grupo de pessoas que trabalham em conjunto
em uma tarefa comum. Assim, o negócio pode ser entendido como a essência do que a organização
faz, o que é produzido e entregue aos clientes.
Toda empresa tem um propósito, uma finalidade e uma missão que são as razões de
sua existência. Para conseguir atingi-los, é necessário desenvolver uma estrutura com regras,
procedimentos, cargos, funções e responsabilidades capazes de prover o arcabouço necessário para
que ela alcance seus objetivos. As organizações podem ser de vários tamanhos e existem com a
finalidade de fornecer todos os tipos de produtos e serviços.
As transformações políticas, sociais e econômicas, cada vez mais aceleradas, mudaram o
ambiente dos negócios no mundo inteiro e ofereceram novas e promissoras oportunidades de
empreendimento. Nesse sentido, estar em sintonia com as transformações mundiais é um passo na
busca de oportunidades.
As transformações relevantes nesse aspecto levam à pressuposição de que todos os
fenômenos a que assistimos, desde a globalização até a formação de mercados econômicos, é
uma tendência global. É a democratização da informação, ou melhor, a era do conhecimento, das
corporações estratégicas que não têm mais países ou fronteiras. Trata-se de um estágio avançado
do capitalismo: o processo de “mundialização” da economia.
A era da globalização traz mudanças que atingem todo o planeta e que, sem dúvida, devem
ser consideradas. É por meio dessas mudanças que surgem as tendências que influenciam o
ambiente com que as empresas interagem no dia a dia. Isso afeta diretamente o mundo empresarial:
as corporações tendem a se tornar flexíveis para suportar as frequentes mudanças do mercado.
Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de
informação. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da
economia e comecem a provocar certa homogeneização cultural entre os países.
Pode-se dizer que atualmente, nos cenários mundiais, a economia da informação e do
conhecimento é proposta, sem mais nem menos, como o novo conteúdo e referência da política
da informação.
36 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Essa compreensão fica mais bem visualizada por meio da Figura 1 a seguir:
Figura 1 – O conceito do negócio
Necessidades
Possíveis necessidades
2
dos grupos de clientes
Grupos
1 1 de clientes
2 3
2
3
Possíveis formas de como atender
as necessidades dos clientes
Formas de atendimento
Com isso, pode-se definir um negócio como as atividades que direcionam o fluxo de
produtos/serviços ao mercado consumidor e que estabelecem e implantam decisões estratégicas
para assegurar essa continuidade.
Definir o negócio, portanto, é explicitar o âmbito de atuação da empresa. Para tanto, o
primeiro ponto a ser considerado se refere à observação das necessidades e dos problemas que um
grupo de clientes potenciais pode apresentar.
Uma boa concepção do conceito de negócio é o princípio de um projeto que se materializa
posteriormente por meio de um plano concreto. Ou seja, os clientes buscam adquirir uma solução
para um problema existente (necessidade), e não simplesmente comprar um produto.
A ideia de negócio indica o produto que será o eixo central da empresa ou o serviço
que será oferecido. Qualquer empresa pode ter sucesso quando desperta o interesse de clientes
potenciais. Por essa razão, uma ideia de negócio bem-sucedida é aquela que identifica uma
necessidade humana e que está ligada a um desejo de satisfação. Sede, frio, fome, conquista, afeto,
38 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
poder e realização pessoal são algumas das necessidades mais comuns que os seres humanos
seguramente têm, pois fazem parte de suas naturezas. Essas necessidades podem ser atendidas por
meio de um produto ou serviço oferecido por uma empresa.
Um negócio rentável e com projeção de futuro somente poderá existir se estiver baseado
na solução de problemas por meio da venda de bens e serviços. Com relação a esse aspecto, é
importante realizar uma análise da demanda, isto é, avaliar se há um grupo objetivo de indivíduos
dispostos a desembolsar dinheiro para a solução que está sendo oferecida.
O conceito de negócio é fundamental para o sucesso empresarial. Como mencionado,
entender o negócio de uma organização é uma questão de cunho praticamente filosófico: por um
lado, está muito distante da empresa; por outro, trata-se de uma concepção que permeia todas as
decisões de maior abrangência.
São necessárias várias análises para que essse conceito possa ser definido; a definição deve
ocorrer por meio de decisões tomadas com base em tópicos críticos. Pode-se dizer que é necessário
trabalhar com análises e decisões para chegar a esse conceito.
A definição do conceito e/ou a caracterização do negócio se dá à medida que são tomadas
decisões sobre mercado, posição competitiva e fórmula de produção. Segundo Herrera (2007):
A atividade principal de uma organização constitui o seu negócio e, através de
sua declaração, comunica ao mercado, de forma sintetizada, suas competências
principais e subjacentes. Quando dizemos forma sintetizada, queremos dizer:
a declaração do negócio tem de estar contida numa frase curta, assertiva e
comunicativa, não deixando margem à dupla interpretação. O negócio deve
ser definido em termos do benefício que irá oferecer para suas clientelas e
competências da empresa e não apenas do produto que fornece. A declaração
do negócio deve explicitar, além das competências de vanguarda da organização,
competências essenciais [...], ambas orientadas às necessidades e desejos do
cliente. A declaração deve ser abrangente, visando futuras expansões de portfólio
do negócio, posto que o negócio de uma organização pode ser abrangente,
satisfazendo clientelas distintas por meio de suas linhas de negócio, exigindo
por vezes declarações específicas para as diversas clientelas.
Apesar de a definição ser uma etapa mais permanente, não pense que será uma “camisa de
força” para sua empresa. O impacto das mudanças tecnológicas tem levado empresas a questionarem
e refletirem sobre os seus negócios, mesmo sendo líderes mundiais nos setores em que atuam.
Afinal, qual é o verdadeiro negócio da empresa? Em um mundo em constante transição e
mudança, não se pode ter ou manter um negócio sempre da mesma forma. O negócio precisa ser
flexível, mutável, porém, consistente e com identidade. Assim, não se resume ao produto ou serviço
que as empresas oferecem ao mercado, mas à finalidade maior que esse produto ou serviço oferece
para satisfazer as necessidades do cliente (consumidor). Logo, a definição do negócio depende
do que o consumidor percebe, pensa, acredita e quer em determinado momento. Trata-se de um
processo de satisfação do cliente, e não de um processo de produção de produtos/serviços. Dessa
forma, é preciso definir o negócio em função do mercado em que a organização atua, e não pelos
produtos que ela produz ou comercializa.
Análise do negócio e transformação empresarial por meio dos cenários 39
O mundo dos negócios implica, em sentido lato, várias noções relacionadas. Quando
a atividade dos negócios se desenvolve de modo formal e com certo volume, tende-se a criar
empresas. Uma empresa é uma unidade econômico-social, composta de elementos humanos,
técnicos e materiais, cujos objetivos consistem em obter utilidades mediante a participação no
mercado de bens e de serviços e satisfazer as necessidades dos clientes com o fruto da produção de
sua expertise.
Como já citado, o negócio precisa ser flexível e mutável, porém, consistente e com identidade.
Não se resume ao produto/serviço que as empresas oferecem ao mercado, mas sim à finalidade
maior desse produto/serviço para satisfazer as necessidades do cliente (consumidor).
Logo, a definição do negócio depende do que o consumidor percebe, pensa, acredita e quer
em determinado momento. Trata-se de um processo de satisfação do cliente, e não de produção
de produtos/serviços. Em outras palavras, não adiantará construir uma ponte de modo eficiente
(conforme o projeto e com o mínimo de recursos possíveis) e dentro de um prazo estabelecido se
ela não estiver unindo dois pontos, isto é, se não houver efetividade na ação.
Para detectar essas oportunidades, é importante estar atento ao ambiente externo, verificando
o que poderia melhorar a qualidade de vida das pessoas, reduzir custos e agilizar processos. Olhar
para o ambiente externo com espírito crítico e capacidade de análise é a melhor maneira de
estimular a criatividade para gerar oportunidades de negócios. No entanto, uma oportunidade não
é um bom negócio por si só.
Você sabia que no Japão, por exemplo, foi desenvolvida uma lata de refrigerante que tem
uma espiral interna com gás e, quando a lata é aberta, o líquido gela automaticamente? Você pode
pensar que esse produto é campeão de vendas, mas não é isso o que ocorre, pois o custo ainda é
muito alto.
Uma oportunidade de negócio não é por si só um bom negócio. Precisamos descobrir se
essa oportunidade tem mercado, se pode ser vendida a um preço atrativo, se é possível promovê-la,
distribuí-la, produzi-la com qualidade e em escala suficiente, bem como se o negócio será lucrativo
dado o determinado potencial de vendas.
maior a incerteza e a velocidade das transformações mais necessária se faz a antecipação de futuros,
de modo a preparar as empresas e os governos para as surpresas e descontinuidades”.
A palavra cenário vem do latim scaenarium, que significa “local da cena”. Considerando
a etimologia do termo, podemos entender cenário como uma descrição que contém atores,
informação por trás deles, informações sobre o seu ambiente, seus objetivos, além de sequências
de ações e eventos. Trazendo para a linguagem dos negócios, o cenário é o próprio ambiente
competitivo no qual uma organização atua em busca de sobrevivência e crescimento.
Na abordagem do planejamento estratégico, o cenário é definido como o conjunto de
hipóteses quantitativas e qualitativas sobre características, condições e fatores predominantes no
ambiente externo que podem afetar as estratégias de uma organização e, assim, condicionar seus
planos de ação, bem como suas operações e seus resultados. Segundo Campbell (apud VILLAME,
1994, tradução nossa), por exemplo, “o termo cenário é designado globalmente como casos
representativos de interações entre usuário e o sistema técnico”. A representatividade desse cenário
depende do objetivo pelo qual é utilizado.
Em linhas gerais, cenários representam critérios e medidas para a preparação do futuro da
empresa. Segundo Godet (1987, tradução nossa), trata-se do “conjunto formado pela descrição,
de forma coerente, de uma situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos que
permitam passar da situação de origem à situação futura”. A finalidade essencial da construção de
cenários é apresentar aos gestores uma imagem significativa de prováveis futuros, em horizontes
de tempos diversos.
Conforme os autores citados nesta seção, compreende-se que os cenários consistem em uma
descrição detalhada de uma possível situação do ambiente no futuro, com base em informações
disponíveis no ambiente externo da organização. Uma vez estabelecido o cenário, procura-se
construir estratégias que respondam de maneira efetiva às necessidades da empresa, para que ela
atinja seus objetivos de negócios.
Por meio dos cenários, os gestores podem avaliar e fazer uma projeção do relacionamento
entre a empresa e o ambiente, sendo que este deve ser projetado pela construção dos cenários
dentro de alguns anos. Os cenários também podem estar atrelados à reflexão sobre possíveis
maneiras de alterar esse relacionamento, visando assegurar um posicionamento mais favorável
para o futuro da empresa.
Análise do negócio e transformação empresarial por meio dos cenários 43
Pode-se observar que, em cada setor de atividade humana, a palavra informação recebe um
diferente significado. Em especial nas organizações, ela é elemento primordial no que se refere a
processos de decisão.
Porém, não é importante somente ter a informação, mas saber como armazená-la, organizá-
-la e interpretá-la. Estabelecer o grau de importância de determinada informação, qual a melhor
e mais rápida forma de obtê-la, é um fator determinante na qualificação da eficiência da empresa
como um todo.
Ainda segundo Valentim (2006), a informação é entendida como a coordenação de todos os
dados importantes para a empresa, tanto para os gerados internamente como para os produzidos
externamente. Nesse sentido, de acordo com Braga (2019, p. 6):
À escala das organizações, a informação é um fator decisivo na gestão por
ser um recurso importante e indispensável tanto no contexto interno como
no relacionamento com o exterior. Quanto mais fiável, oportuna e exaustiva
for essa informação, mais coesa será a empresa e maior será o seu potencial
de resposta às solicitações da concorrência. Alcançar esse objetivo depende,
em grande parte, do reconhecimento da importância da informação e do
aproveitamento das oportunidades oferecidas pela tecnologia para orientarem
os problemas enraizados da informação. A revolução da informação exige,
assim, mudanças profundas no modo como vemos a sociedade na organização e
sua estrutura, o que se traduz num grande desafio: aproveitar as oportunidades,
dominando os riscos inerentes ou submeter-se aos riscos com todas as incertezas
que acarretam.
Ainda de acordo com Ansoff e McDonnell (1993), a gestão estratégica é uma abordagem
sistemática à gestão de mudanças, compreendendo: posicionamento da organização por meio da
estratégia e do planejamento, resposta estratégica em tempo real por meio da gestão de problemas
e gestão sistemática da resistência durante a implantação da estratégia.
A gestão estratégica é um processo contínuo e integrado que visa auxiliar a administração no
gerenciamento da organização e se baseia em três pilares fundamentais: planejamento estratégico,
execução da estratégia e acompanhamento da estratégia. Ou seja, relaciona-se ao conjunto de
práticas e objetivos definidos pelos principais gestores de uma empresa, levando em consideração
os ambientes interno e externo da companhia.
A gestão estratégica é uma forma de otimizar e tornar mais eficaz a gestão de um negócio.
É o conjunto de ações de gerenciamento dos recursos da empresa, a fim de alcançar metas e objetivos.
Como fica claro pelo próprio nome, essa forma de gestão existe para administrar e conduzir um
negócio de acordo com algumas estratégias, passando por toda a estrutura da organização.
Atualmente, essa é uma das áreas do campo da gestão de maior destaque e relevância. Sua
importância reside no fato de se constituir em um conjunto de ações gerenciais que permitem aos
gestores de uma empresa mantê-la integrada ao seu meio e no curso correto de desenvolvimento,
possibilitando atingir seus objetivos e sua missão (CAMARGOS; DIAS, 2003).
Resumindo, a gestão estratégica é uma expressão aqui utilizada para englobar diversos
conceitos e disciplinas, como: planejamento estratégico, administração estratégica, sistemas como
balanced scorecard1, e deve passar pela definição de metas e objetivos, para em seguida serem
aplicadas técnicas de otimização em todas as áreas da estrutura da empresa. Assim, os objetivos
ficam mais fáceis de serem alcançados, bem como as metas de serem batidas e os resultados
maximizados.
Transmitindo tudo isso em palavras mais técnicas, gestão estratégica se refere ao
processo de desenvolvimento e manutenção de uma referência estratégica entre os objetivos
e as capacidades da organização e as mudanças de suas oportunidades no mercado. Trata-se
de um processo contínuo e dinâmico que foca o gerenciamento organizacional, baseando-
se, como já citado, em três pilares fundamentais: planejamento, execução estratégica e
monitoramento estratégico. O primeiro estabelece uma direção com base na missão, na visão
e nos valores. Após definir-se o foco, são estabelecidas as metas. Já o segundo engloba o curso
de ação selecionado para o alcance dos objetivos propostos por meio de ações orientadas ao
1 Segundo Kaplan e Norton (apud OLIVEIRA, 2008), trata-se de uma ferramenta que “traduz a missão e as estratégia das empresas
num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para o sistema de medição e gestão estratégica” a curto, médio
e longo prazos.
Análise do negócio e transformação empresarial por meio dos cenários 47
desempenho. Por sua vez, o terceiro lida com o acompanhamento de indicadores-chave sobre
o desempenho, propondo melhorias e incentivando o alcance das metas propostas.
Nesse contexto, a gestão estratégica nas empresas diz respeito à busca por um posicionamento
favorável no mercado, ou seja, competitividade. Assim, pretende transformar a ideia de negócio
em valor real para todos os stakeholders da organização, mediante um plano de ação contemplando
objetivos e metas que conduzam a empresa à lucratividade, competitividade e sobrevivência
mercadológica.
que torna menos provável que a organização seja surpreendida por movimentos mercadológicos e
ações de seus concorrentes.
Se a gestão estratégica for implantada incorretamente, haverá:
• redução de lucratividade;
• baixa motivação dos funcionários;
• surpresas dentro do ambiente de trabalho que podem mutilar a organização.
Assim, uma boa gestão estratégica traz mais discernimento para identificar o que funciona
e orienta o resultado ao que realmente importa, impedindo que a empresa e seus colaboradores
percam o foco e permitindo que saibam realmente o que estão fazendo e para onde estão indo.
São muitas as empresas, porém, que arriscadamente utilizam apenas ferramentas básicas,
a despeito de todos os instrumentos disponíveis para se navegar com mais tranquilidade nesses
turbulentos tempos de globalização.
Considerações finais
A visão do negócio e dos cenários de transformação empresarial passa a ser uma
ferramenta de extrema utilidade para administradores, pois quanto maior for o conhecimento
dos cenários idealizados, mais decisões concisas serão tomadas.
O problema é que para a formação de cenários lógicos faz-se necessário contar com uma
mão de obra que possua percepção e análise bem apuradas de ambientes externos, além de um
espírito de mudança forte, capaz de não obstruir sua ousadia e de preparar para os casos de os
cenários nunca se concretizarem, o que é difícil de encontrar nas organizações.
O diferencial presente nas empresas que adotam o sistema de planejamento de cenários
está justamente no preparo que elas têm para mudar. De nada adianta ter uma equipe dedicada ao
estudo do ambiente externo a fim de elaborar cenários e dispor de executivos que não acreditam
neles, pois dessa forma pode-se acabar tomando decisões que contradizem o planejamento.
Nesse sentido, é preciso estar sempre pronto para uma mudança tanto na vida pessoal
quanto na profissional, e nas corporações isso não é diferente. Sob essa ótica, o planejamento de
cenários se torna uma poderosa arma de vantagem competitiva quando combinada com uma mão
de obra ousada e capaz.
Portanto, quanto melhor se conhecer o território por onde a matilha andará, melhor será a
“caçada”, ou seja, quanto mais conhecimento for desenvolvido para o planejamento de um cenário,
melhores serão as oportunidades para a solução dos problemas.
52 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
• 5 FILMES que todo empreendedor deveria assistir | #Office 6. 10 set. 2016. 1 vídeo
(7 min). Publicado pelo canal Tiago Tessmann. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=vsuofi4DHfY. Acesso em: 12 abr. 2019.
Neste vídeo, descrevem-se alguns argumentos importantes sobre o negócio e a
comunicação.
Atividades
1. Como podemos definir a palavra cenário no mundo dos negócios?
2. Por que as empresas, na constante busca de oportunidades, devem estar em sintonia com as
transformações mundiais?
3. Por que os executivos das empresas devem sempre buscar o entendimento dos cenários?
Referências
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BRAGA, A. A Gestão da informação. SIMA: gestão da informação memória e arquivo. Disponível em: http://
simagestao.com.br/wp-content/uploads/2016/04/Gestao-da-Informacao.pdf. Acesso em: 13 abr. 2019.
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Makron Books, 1993.
DAFT, R. L. Organization theory and design. 6. ed. Cincinati, OH: Thomsen, 1998.
Análise do negócio e transformação empresarial por meio dos cenários 53
FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias – evolução e
tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 2000.
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Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Centro tecnológico, Universidade Federal de Santa
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GRUMBACH, R. J. dos S.; MARCIAL, E. C. Cenários prospectivos. 5. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
HERRERA, W. Missão e negócio. Portal do Marketing, 24 maio 2007. Disponível em: http://www.
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MOÇO, S. de S. O uso de cenários como técnicas de apoio para avaliação ergonômica de softwares interativos.
83 f. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia da Produção) – Centro tecnológico, Universidade
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SILVA, H. H. et al. Planejamento estratégico de marketing. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
SIMON, I. O que é informação? Como ela age? 24 maio 1999. Disponível em: http://www.ime.usp.br/~is/ddt/
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VILLAME, T. Les scénarios comme outil methodologique d’apport ergonomique à la conception. Paris:
Université de Paris, 1994.
3
O ambiente em que as empresas operam
Análise do ambiente
Macroambiente setorial
Econômico Modelo de Porter Objetivos
Social Atratividade Marketing
gerais
Político Ciclo de vida I
Tecnológico Concorrência A
M
I P
P
N R
Produção/ L
T E
operações E
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Ambiente M
G D
Negócio x Missão e Visão Estratégias E
R I
Organização gerais N
A Z
Recursos T
Ç A
humanos A
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Ç
O E
Ã
Análise da organização M
O
Cadeia de valor Finanças
Estratégias genéricas
Competências
Pontos fortes
Pontos fracos
por mudanças profundas, e, como não poderia deixar de acontecer, os processos de mudança têm
impactado a economia e as instituições de modo geral.
Na esteira dessa afirmação, Robbins (2001, p. 89) argumenta que o “ambiente de uma
organização é composto por forças e instituições externas a ela que podem afetar o seu desempenho”.
O ambiente normalmente inclui fornecedores, clientes, concorrentes, sindicados, organismos
governamentais regulamentares e grupos de interesses especiais.
Em cada organização existe um ambiente diferente. Por isso, o caráter preciso desse
ambiente depende do nicho que a empresa demarcou para si mesma em relação à gama de
produtos ou serviços que oferece e aos mercados a que atende.
Podemos conceituar o ambiente empresarial como todos os elementos que envolvem a
empresa, correspondendo ao que está para além das fronteiras ou dos limites da organização.
Dessa forma, o ambiente é caracterizado por intensa competição, dificuldades econômicas,
mudanças tecnológicas, incertezas sobre políticas governamentais e outros fatores que ameaçam o
futuro da corporação.
Seguindo a mesma lógica, o ambiente funciona como um campo dinâmico de forças que
interagem entre si, provocando mudanças e influências positivas nas oportunidades que surgem,
ao mesmo tempo que amortece e absorve as influências negativas ou se adapta a elas. Dessa
forma, o ambiente consiste em uma fonte de recursos e oportunidades de onde a organização
extrai os insumos necessários ao seu funcionamento e subsistência, mas é também uma fonte
de restrições, limitações, coações, problemas, ameaças e contingências para a sua sobrevivência.
A organização identifica e aprende a se comportar frente a uma multiplicidade de forças
ambientais diferentes, de modo a saber aproveitar o embalo das forças favoráveis e a evitar o
impacto das forças desfavoráveis para manter sua sobrevivência e seu crescimento. O ambiente
empresarial é, assim, definido e entendido como aquele cujas forças impactam diretamente
os resultados da empresa e será abordado com base nas seguintes dimensões: munificência,
dinamismo e complexidade. Essas dimensões pressupõem que o estudo do ambiente passa por
uma discussão sobre:
• o grau no qual o número e a sofisticação dos elementos no ambiente tornam o
entendimento mais difícil (munificência);
• a estabilidade/previsibilidade de um ambiente (dinamismo);
• o nível de recursos disponíveis em um ambiente, relativo ao número de firmas
competindo por esses recursos (complexidade).
Além do exposto, de acordo com Marcovitch (1972), o ambiente traz o conceito de
eficácia, o qual “se refere ao êxito do sistema como um todo, tanto internamente como no seu
relacionamento externo. Por exemplo, de nada adianta uma organização prestar um serviço
eficientemente, se esse serviço não é relevante para a comunidade”.
Deve-se, portanto, abordar a organização como um sistema aberto, afirmando que ela é
um “organismo” ajustável que reage às influências do ambiente. Portanto, trata-se de um conceito
de ecologia empresarial que envolve a inserção do “organismo-empresa” em seu ambiente.
58 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Sob esse prisma, de acordo com Oliveira (1991, p. 89), “o ambiente empresarial não é um
conjunto estável, mas um conjunto muito dinâmico”. Nele atuam grandes quantidades de forças,
de diferentes dimensões e naturezas constantemente mutáveis, pois cada uma delas interfere,
influencia e interage com as demais forças do ambiente. Nesse contexto, as empresas devem
procurar aproveitar as oportunidades, bem como amortecer as ameaças ou, simplesmente,
adaptar--se a elas.
Portanto, o ambiente empresarial de cada organização é diferente. Em qualquer momento, o
seu caráter preciso depende do nicho1 que a empresa demarcou para si mesma em relação à gama
de produtos ou serviços que oferece e aos mercados a que atende.
Ambiente
Entradas Saídas
Transformação
O conceito de ambiente remete ao de eficácia, que “se refere ao êxito do sistema como
um todo, tanto internamente como no seu relacionamento externo. Por exemplo, de nada adianta
uma organização prestar um serviço eficientemente, se esse serviço não é relevante para a
comunidade” (MARCOVITCH, 1972).
Deve-se, então, tratar a organização como um sistema aberto, um “organismo” ajustável que
reage às influências do ambiente. Ou seja, trata-se de um conceito de ecologia empresarial que
aborda a inserção do “organismo-empresa” em seu ambiente.
Para efeitos de gestão estratégica, o ambiente pode ser dividido em dois níveis:
• ambiente geral (macroambiente): relativo às grandes forças externas que influenciam
a organização;
• ambiente operacional (de tarefas)2: próximo à organização, constituído por clientes,
fornecedores, concorrentes e substitutos (Figura 3).
Figura 3 – Níveis de análise do ambiente
Elementos tecnológicos
Competidores Clientes
Parceiros
estratégicos Elementos
Elementos políticos/
socioculturais legais
2 Alguns autores, como Certo e Peter (1993), designam a organização como ambiente interno. Nesta obra, para diminuir a confusão
terminológica, optou-se por focar a palavra ambiente nos fatores externos à organização, sendo que, para se referir a fatores internos,
deu-se preferência ao termo recursos.
60 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
É importante e necessário que se estabeleça uma relação direta entre os fatores externos e
internos à empresa. Entretanto, é interessante que essa interligação se faça depois da concretização
das análises dos fatores externos e internos de maneira isolada.
Organizações em
ambientes estáveis
escolhem uma
estrutura mecanística
Determinam o
Características do projeto da estrutura de
ambiente uma organização e os
sistemas de controle
Organizações em
ambientes mutantes
escolhem uma
estrutura orgânica
Diante do exposto, pode-se afirmar que não existe um modo melhor de organizar; a
estrutura depende do ambiente no qual a organização opera. Como mencionado, a estrutura de
uma organização e o seu funcionamento são dependentes da relação da empresa com o ambiente
externo.
Dessa forma, o modelo mecanístico retrata a organização como uma máquina, para
conquistar seus objetivos e metas de maneira eficaz. Por sua vez, a estrutura orgânica estabelece
uma oposição à estrutura mecanística e descreve a organização como um organismo vivo, isto
é, busca o alcance de objetivos e metas por meio da satisfação máxima, da flexibilidade e do
desenvolvimento do potencial humano.
A conclusão é que a forma mecanicista de organização é mais apropriada sob condições
ambientais relativamente estáveis, enquanto a forma orgânica é mais apropriada para condições
ambientais de mudança e inovação. Em resumo, é o ambiente que determina a estrutura e o
funcionamento das organizações.
O ambiente em que as empresas operam 61
Considerações finais
O contexto em que as empresas operam se refere a nada mais do que o ambiente em que
estão inseridas, a partir do qual se originam suas múltiplas ações.
Por essa razão, a importância da compreensão desse estudo ambiental consiste na
possibilidade de se identificar pontos críticos de pressão ambiental e de verificar prováveis
tendências de mudanças, além de aumentar o poder de previsibilidade e controle de proatividade
da organização sobre os elementos externos e o desenvolvimento de mecanismos de gestão de
impactos ambientais.
A estratégia de uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da indústria com as
condições competitivas. Além disso, precisa ser direcionada para conquistar oportunidades de
crescimento. Do mesmo modo, a estratégia deve ser equipada para proporcionar a defesa do bem-
-estar da empresa e do seu desempenho futuro contra ameaças externas.
É importante ressaltar que esse processo não ocorre em um espaço vazio. Seguindo um
sentido contrário ao exposto neste capítulo, pode-se partir do ambiente e influenciar todos os
demais componentes do ciclo de interdependência, em que a organização produz seus outputs (ou
saídas – bens e serviços) e os resultados, os quais representam a junção do produto da ação/atuação
organizacional com a resposta ambiental.
Evidentemente, as contínuas transformações ambientais pressionam as organizações.
A depender da intensidade de tais alterações, esse processo poderá levar a mudanças na forma e na
atuação organizacional. Sob essa ótica, a grande dificuldade está em prever essas transformações
ambientais e sua possível influência nas organizações. Isso passa pela concepção predominante de
ambiente e pelas respectivas formas de se adquirir conhecimento desses mesmos ambientes.
Há uma certa concordância de que a relação entre organização e ambiente é complexa e
interdependente. Assim, o estudo das dimensões e dos fatores ambientais ajuda a compreender e
mensurar, ainda que de modo limitado, o grau de variação desses fatores e, consequentemente, as
possíveis influências sobre as organizações.
Desse modo, pensar no direcionamento e na atuação organizacional sem considerar de
modo consistente o ambiente é incoerente com a abordagem contemporânea da estratégia. Isso
significa levar em conta não somente os aspectos concretos e objetivos do ambiente, mas também
o que é o ambiente e como ele é percebido, pois essas duas situações influenciam diretamente a
formação das estratégias e a consequente ação das organizações.
Atividades
1. O que podemos entender por monitorar o ambiente geral em que a organização opera?
2. Quais são os níveis de análise ambiental, para efeito de compreensão estratégica?
3. Explique sucintamente por que a estrutura de uma organização e o seu funcionamento
são dependentes da relação da empresa com o ambiente externo, retratando a organização
como uma máquina.
Referências
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empresarial: um estudo de caso sobre o processo de monitoramento do ambiente externo em uma empresa
brasileira de grande porte. In: SEMEAD, 7., 10-11 ago. 2004, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: FEA-USP,
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FISCHMANN, A. A.; ALMEIDA, M. I. R. Planejamento estratégico na prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
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MOTTA, P. R. Dimensões gerenciais do planejamento organizacional estratégico. In: VASCONCELLOS
FILHO, P. Planejamento estratégico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1982.
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SILVA, R. O. da. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
4
Análise do ambiente geral
Fatores macroambientais
Organização
Fatores microambientais
Elementos tecnológicos
Competidores Clientes
Parceiros
estratégicos Elementos
Elementos políticos/
socioculturais legais
Muitas das transformações e descontinuidades que acometem os setores são causadas por
mudanças no macroambiente, o qual consiste no ambiente geral das organizações em que se
encontram todos os fatores externos a elas, entre os quais se destacam: os fatores demográficos,
econômicos, socioculturais, político-legais, tecnológicos e ecológicos.
A estratégia de uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da indústria com as
condições competitivas e, além disso, precisa ser direcionada para conquistar oportunidades de
crescimento. Do mesmo modo, a estratégia deve ser equipada para proporcionar a defesa do bem-
-estar da empresa e do seu desempenho futuro contra ameaças externas.
Nesse sentido, a análise do macroambiente é a atividade mais complexa e, na maioria
dos casos, a mais relevante do processo estratégico. O produto da análise do macroambiente é a
identificação das oportunidades e ameaças que envolvem uma organização e que serão a base para
que ela atinja sua eficácia organizacional.
Portanto, o objetivo da análise do ambiente geral é a identificação de ameaças e
oportunidades, levando em consideração que pretende definir estratégias:
• quanto à competitividade (como competir);
• quanto ao produto/mercado (como desenvolver);
• quanto à utilização dos meios (quanto investir).
4.2.1 Tendências
Quando se avalia o mercado de uma organização, é preciso compreender claramente “para
onde os ventos sopram” ou ainda “para onde os ventos vão soprar”. Essa avaliação responderá aos
seguintes exemplos de questionamentos:
• Como está o ambiente onde atuamos?
• Como tal ambiente estava nos últimos três anos?
• Como estará no ano seguinte, daqui a três anos e nos próximos dez anos?
• Há surpresas no horizonte? Boas ou más?
Lembre-se de que o futuro não é uma mera extrapolação ou projeção do passado. O futuro
é o novo, o diferente, mais complexo e rico, cheio de ameaças, mas também de oportunidades para
quem souber identificá-las e aproveitá-las.
Assim, as tendências podem ser definidas como comportamentos emergentes – portanto
ainda em evolução – observáveis em uma parcela da população. Esses comportamentos são
Análise do ambiente geral 69
Entretanto, algumas tendências só são perceptíveis em uma escala de tempo maior. São as
chamadas tendências de evolução lenta. São exemplos desse tipo de tendência:
• aumento da duração da vida média;
• aumento da temperatura média do planeta;
• esgotamento progressivo das reservas naturais;
• redução do índice de natalidade;
• aumento do consumo de drogas entre jovens, adolescentes e até crianças.
Cada uma dessas tendências, tanto as rápidas quanto as de evolução lenta, deve ser
acompanhada e medida, se possível, avaliando seu impacto sobre o ambiente externo das
organizações.
70 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
4.2.2 Descontinuidades
Nas palavras de Costa (2002, p. 83), descontinuidades se referem a “mudanças bruscas no
ambiente externo da organização que podem afetar profundamente os seus negócios ou atividades,
como uma revolução, uma explosão, um terremoto, ou o falecimento de uma pessoa muito
importante”.
São alguns exemplos de descontinuidades:
• aprovação de alguma lei ou norma que afete os negócios;
• declaração de guerra ou acordo de paz;
• privatização de uma grande estatal;
• acordos internacionais, por exemplo: Área de Livre Comércio das Américas (Alca);
• mudanças de políticas econômicas, cambiais, monetárias ou tributárias.
Portanto, em razão das mudanças que ocorrem em uma velocidade cada vez maior, é preciso
muito esforço para entender “em que direção sopram os ventos” ou, principalmente, “para onde
eles soprarão”.
Nessa ótica, é necessário também refletir sobre o futuro das organizações, o que dependerá
da capacidade de os dirigentes resolverem os problemas e conflitos internos, buscando alinhar os
interesses econômicos, sociais e políticos às exigências do mercado e às tendências ambientais.
Como o planejamento estratégico procura delinear os passos a serem seguidos com base
em uma visão de futuro, o esforço para identificar essas variáveis passa a ser uma ferramenta-chave
na determinação das rotas a serem escolhidas e seguidas pela organização.
área a empresa atua, quais são os fatores que mais a influenciam e a dimensão em que ela opera. Se
a empresa é uma multinacional e está presente em vários países, por exemplo, seu planejamento
estratégico deve abranger o conhecimento do macroambiente de cada um desses países, porque
certamente constituirão fatores diferentes – em alguns locais, os fatores culturais exercerão mais
influência, ao passo que em outros, nem tanto.
Assim, o conhecimento do macroambiente possibilita um parâmetro para que a empresa
tenha uma previsão do que pode ou não ser aproveitado (ou seja, as oportunidades), para que
melhore seu desempenho e sua eficiência. Além disso, trata-se de um diferencial no caso de os
concorrentes não terem a mesma visão de oportunidade. Ainda, a noção exata do macroambiente
também traz previsões sobre as ameaças e, junto ao planejamento, permite que se busquem soluções
para minimizar esses impactos ou anulá-los por meio de propostas de soluções.
Desse modo, a empresa precisa investir na análise do macroambiente para que possa
conhecer melhor os fatores que influenciarão sua eficiência.
1 Segundo Porter (1986), a competitividade de uma indústria é determinada por cinco forças: 1. Entrantes potenciais;
novas empresas que poderão vir a concorrer com as atuais; 2. Produtos substitutos: produtos alternativos que poderão
vir a concorrer para a mesma necessidade; 3. Poder de barganha dos clientes: possíveis oligopólios e tendências
de verticalização a montante destes; 4. Poder de barganha dos fornecedores: possíveis oligopólios e tendências de
verticalização a jusante destes; 5. Rivalidade entre os competidores.
2 Métodos criados para otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema.
Análise do ambiente geral 73
Impacto
Atual Futuro
Tempo
A matriz SWOT (Figura 4) avalia a empresa olhando para suas forças e fraquezas, levando
em consideração os seus fatores internos e externos.
Figura 4 – Matriz da análise SWOT
S – Strengths W – Weaknesses
Fatores internos
F – Força F – Fraquezas
SWOT
FOFA
O – Opportunities T – Threats
Fatores externos
O – Oportunidades A – Ameaças
Os pontos fortes e fracos são decorrentes de variáveis internas e controláveis pelo órgão ou
programa. Por sua vez, as oportunidades e as ameaças são decorrentes de variáveis externas, mas
não são diretamente controláveis pela empresa – embora, por vezes, possam exercer influência
sobre essas variáveis.
As oportunidades podem propiciar condições favoráveis, desde que a empresa tenha interesse
e condições de usufruir delas. Já as ameaças podem criar condições desfavoráveis, portanto, a
empresa deve planejar como minimizá-las.
O objetivo da análise SWOT é definir estratégias para manter pontos fortes, reduzir a
intensidade de pontos fracos, aproveitando oportunidades e protegendo-se de ameaças. Seus
elementos podem ser descritos da seguintte maneira:
• Forças (strengths): correspondem aos recursos e às capacidades da empresa que podem
ser combinados para gerar vantagens competitivas com relação aos seus competidores.
Incluem:
• marcas de produtos;
• conceito da empresa;
• participação de mercado;
• vantagens de custos;
• localização;
• fontes exclusivas de matérias-primas;
• grau de controle sobre a rede de distribuição.
Deve-se atentar que, muitas vezes, forças e fraquezas se confundem. Uma força atual pode se
transformar em fraqueza no futuro, pela dificuldade de mudança que provoca.
• Ameaças (threats): são aspectos externos negativos que podem pôr em risco a vantagem
competitiva da empresa (por exemplo: novos competidores, perda de trabalhadores
fundamentais etc.). Além disso, as ameaças correspondem a mudanças no ambiente que
apresentam riscos à sobrevivência da empresa, como:
• mudanças nos padrões de consumo;
• lançamento de produtos substitutivos no mercado;
• redução no poder de compra dos consumidores.
Para a análise SWOT cruzada (Figura 5), primeiramente é preciso fazer uma avaliação
clara do ambiente, isto é, pesquisar profundamente as forças e as fraquezas e saber identificar as
oportunidades e as ameaças. Para cada cruzamento, é importante saber criar objetivos/estratégias:
• Pontos fortes x oportunidades: estratégia ofensiva/desenvolvimento das vantagens
competitivas.
• Pontos fortes x ameaças: estratégia de confronto para modificação do ambiente a favor
da empresa.
• Pontos fracos x oportunidades: estratégia de reforço para poder aproveitar melhor as
oportunidades.
• Pontos fracos x ameaças: estratégia defensiva com possíveis modificações profundas
para proteger a empresa.
Figura 5 – Representação gráfica da análise SWOT
Na conquista do objetivo
Ajuda Atrapalha
S W
(organização)
Interna
Forças Fraquezas
Origem do fator
O T
(ambiente)
Externa
Oportunidades Ameaças
A análise SWOT é uma excelente porta de entrada para implementar um modo de pensar
um pouco mais estratégico na empresa. Ela pode contribuir para a elaboração de uma boa
78 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
estratégia competitiva da organização por meio da identificação das forças, fraquezas, ameaças e
oportunidades presentes no contexto organizacional em que é aplicada.
Em resumo, a análise SWOT é ferramenta para uma ampla análise ambiental corporativa,
que atua como um pilar da gestão e do planejamento estratégico de uma organização. É válido
ressaltar que devido à sua simplicidade, a matriz pode ser usada em empresas de qualquer porte
ou tamanho, não sendo exclusiva de grandes corporações ou multinacionais.
Ela também pode ser utilizada da maneira conhecida por SWOT cruzada, em que as
informações dos quatro quadrantes se cruzam, possibilitando delinear inúmeras estratégias para o
futuro da empresa, as possibilidades permitidas por esse modelo de análise são imensas e essenciais.
Ela deve ser usada por qualquer empresa que deseja se tornar competitiva no mercado em que atua.
A matriz consegue tornar clara e transparente a visualização externa e interna da
organização, permitindo ao gestor maximizar suas atividades de forma que consiga tirar proveito
das oportunidades e, ao mesmo tempo, proteger-se das ameaças que possam surgir.
Toda empresa que deseja minimizar suas dificuldades deve fazer uso desse tipo de análise,
principalmente para estabelecer uma posição estratégica forte e conseguir atingir o maior controle
possível sobre as variáveis que rodeiam seu ambiente.
Considerações finais
As organizações interagem com o ambiente externo, o qual exerce nelas uma influência
interna direta. Devido a uma empresa ser frequentemente influenciada pelo ambiente externo,
mudanças nele ocorridas podem acarretar alterações em seu interior.
O ambiente traduz um contexto que apresenta uma enorme e complexa variedade de
condições extremamente variáveis, dinâmicas e mutáveis, difíceis de serem abordadas. Por esse
motivo, as organizações precisam explorar e enxergar o ambiente, para reduzir a incerteza a seu
respeito. Em outras palavras, as empresas devem mapear seus espaços ambientais.
A análise do ambiente organizacional constitui-se em uma importante ferramenta para o
desenvolvimento do planejamento estratégico, que, por sua vez, tem se mostrado como uma área
da administração que deixou de ser privilégio de poucas organizações para se tornar parte do
cotidiano inclusive de organizações menores.
No entanto, o processo de elaboração de uma análise ambiental poderá ser bastante
complexo e dispendioso, se forem utilizadas técnicas como cenários para analisar o ambiente
específico de uma organização. Mas ao se recorrer a estudos e pesquisas já disponíveis, a
utilização da análise ambiental pode se tornar perfeitamente realizável, inclusive em pequenas
empresas.
Análise do ambiente geral 79
Atividades
1. O que se pode entender por monitorar o ambiente geral em que a organização opera?
Referências
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DRUCKER, P. Administração de organizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. São Paulo: Pioneira,
1994.
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-Prentice-Hall, 2002.
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NORBURN, D. PEST analysis. In: DEREK, C. Blackwel Encyclopedia of Strategic Management. Oxford:
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INVESTIGAÇÃO PARA OS ESTUDOS EMPRESARIAIS E DE GESTÃO, 6., jul. 2007. Lisboa. Anais [...].
Lisboa: 2007.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro:
Campus-Elsevier, 1986.
5
Análise do ambiente empresarial
ou de tarefa
Não é difícil compreender que nenhuma organização está dissociada do meio em que atua.
As empresas são (ou podem ser) influenciadas pelo mercado, pelas concorrências, pela legislação,
por situações político-econômicas e até mesmo climáticas.
O ambiente é um contexto que apresenta uma enorme e complexa variedade de condições
extremamente diversificadas, dinâmicas e mutáveis, difíceis de serem abordadas. Assim, as
organizações precisam explorar e enxergar o ambiente para reduzir a incerteza a seu respeito. Em
outros termos, elas devem mapear o seu espaço ambiental.
A abordagem do ambiente externo no estudo das organizações vem ganhando importância
desde o final da década de 1950, quando o conceito de ambiente foi introduzido na administração
a partir das ideias da teoria dos sistemas.
O ambiente externo pode ser dividido em dois: ambiente geral ou macroambiente e
ambiente operacional. Neste capítulo, o estudo se concentrará neste último, também conhecido
como ambiente de tarefas.
O ambiente operacional é o mais próximo da organização e se constitui de stakeholders,
clientes, concorrentes, fornecedores, produtos e serviços substitutos etc., com os quais a empresa
interage diretamente por meio de transações de entrada e saída. Esse é o ambiente específico no
qual uma organização interage para sobreviver e prosperar com grupos e pessoas reais, sendo
também diferente para cada empresa e variando conforme os negócios em que ela atua.
1 São conhecidos como bens de produção, isto é, bens ou serviços adquiridos pelas empresas em seu processo
produtivo, com a finalidade de gerar outros bens ou serviços.
82 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Distribuidores
e
ad
nid
Sin
mu
di
ca
Co
to
Aci
s
oni
stas ros
Out
Empresa
tes Forn
ecedo
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C
o
Cl
rn
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Mídia
ve
tes
Go
Segundo Daft (2003), o ambiente de tarefa se refere ao meio ambiente específico da empresa
que corresponde ao segmento do ambiente geral mais imediato e próximo dela. Além disso,
inclui setores com os quais ela interage diretamente e que têm impacto direto na capacidade de a
organização alcançar seus objetivos.
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 83
Ambiente geral
Variáveis Variáveis
tecnológicas políticas
Ambiente de tarefa
Empresa
Variáveis Variáveis
sociais demográficas
Variáveis
ecológicas
2 “Os competidores diretos são organizações que produzem produtos ou serviços similares. Os competidores
indiretos são organizações indistintas que podem alterar o interesse do consumidor, desviando as suas intenções de
compra” (OLIVEIRA; SILVA, 2006).
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 85
potenciais são todos ‘concorrentes’ para as empresas na indústria, podendo ter maior ou menor
importância, dependendo de circunstâncias particulares” (PORTER, 1986, p. 24).
Figura 3 – As cinco forças competitivas de Porter
Entrantes potenciais
Fornecedores Compradores
Rivalidae entre
as empresas existentes
Substitutos
A lógica subjacente ao modelo é que, quanto maior for a força, menor será a rentabilidade
estrutural do setor e, consequentemente, da empresa. Assim, um setor com forte concorrência,
em que fornecedores e compradores poderosos impõem suas condições, com muitos produtos
substitutos e em um mercado onde é muito fácil entrar, dificilmente será rentável no longo prazo.
A seguir são descritas as características mais relevantes para a determinação da intensidade
de cada uma das forças competitivas.
assim como uma possível exclusão de insumos ou mercados para o seu produto, caso a
maioria dos concorrentes estabelecidos esteja integrada.
• Diferenciação do produto: a diferenciação tem origem na identificação de uma marca da
empresa, seja por meio do serviço ao consumidor, das diferenças dos produtos, do esforço
de publicidade ou pelo fato de ter entrado primeiro na indústria, entre outros fatores
que desenvolvem um sentimento de lealdade em seus compradores. A diferenciação cria
uma barreira de entrada, dado que os novos entrantes são forçados a investir pesado para
romper os vínculos estabelecidos entre os clientes e as empresas existentes.
• Necessidade de capital: a necessidade de investir recursos financeiros em grande
quantidade para poder competir cria uma barreira de entrada. O capital é essencial para
os investimentos em instalações de produção, bem como para manter estoques, cobrir
prejuízos iniciais e até mesmo para atividades de risco, como pesquisa e desenvolvimento
ou publicidade inicial.
• Custo de mudança: refere-se aos custos com os quais se defronta o comprador quando
este muda de um fornecedor para outro. Os custos de mudança podem incluir a
aquisição de novos equipamentos, treinamento de empregados, testes/qualificações de
nova fonte e até mesmo gastos psíquicos de desfazer um relacionamento. Quando esses
custos são altos, constituem uma barreira de entrada.
• Acesso aos canais de distribuição: ao entrar em uma indústria, uma nova empresa
precisa assegurar a distribuição de seu produto, fazendo desconto de preços para
convencer o varejista a ceder espaço por meio de promessas de promoções, por
exemplo. Se o acesso aos canais de distribuição (atacado e varejo) for limitado, quanto
maior for o controle dos concorrentes sobre esses canais, mais difícil será a entrada
na indústria.
• Desvantagem de custo independente de escala: Porter (1986) enuncia ainda alguns
fatores que apresentam vantagens plenas de custos para as empresas estabelecidas em uma
indústria, impossíveis de serem igualadas pelos entrantes potenciais, independentemente
de economia de escala. Tais fatores são os seguintes: a) tecnologia patenteada do produto
(protegido por patentes ou segredos); b) acesso favorável às matérias-primas (as empresas
estabelecidas têm o controle das fontes de matérias-primas mais favoráveis ou as têm
sob controle a preços muito mais baixos do que o total); c) localizações favoráveis;
d) subsídios oficiais (preferenciais do governo); e) curva de aprendizagem ou experiência
(os custos declinam na medida em que uma empresa acumula experiência na fabricação
do produto). Segundo Porter (1986), os efeitos da experiência refletem na redução dos
custos no marketing, na produção, na distribuição e, principalmente, nas ações que
envolvem alto grau de participação de mão de obra em operações e tarefas complicadas.
Por último, o governo, por meio de uma política governamental, pode também agir para
limitar ou impedir a entrada de novas empresas na indústria, como ao estabelecer limites para o
acesso de matérias-primas e licenças de funcionamento.
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 89
Além dessas barreiras, outros fatores podem desestimular a entrada de novos concorrentes
na indústria:
• retaliação esperada: quando os entrantes em potencial têm expectativas de vigorosas
retaliações, por parte das empresas já estabelecidas, a entrada pode ser dissuadida.
A ameaça de retaliação é maior quando as atuais empresas têm um passado de fortes
retaliações aos entrantes, alta liquidez, excesso de capacidade instalada, alto grau para
comprometimento com a indústria, ativos pouco líquidos ou ilíquidos e crescimento
lento da indústria.
• preço de entrada dissuasivo: indústrias nas quais a rentabilidade é muito baixa não
estimulam a entrada de novos competidores. A rentabilidade pode ser baixa por uma
imposição do mercado ou pode ser uma estratégia temporária das empresas estabelecidas
para impedir a entrada de novos concorrentes.
dos melhores preços e contestar as queixas dos fornecedores de que sua rentabilidade está
ameaçada.
Essas fontes de informações, que dão poder de negociação ao comprador da indústria,
podem ter origem nos consumidores, bem como nos compradores industriais e comerciais.
Sob essa ótica, os consumidores tendem a ser mais sensíveis aos preços quando compram
produtos não diferenciados, mas que representam uma despesa relativamente alta em relação às
suas vendas, e menos sensíveis aos preços quando compram produtos cuja qualidade, por exemplo,
é importante para eles.
Os compradores industriais e comerciais são representados pelos atacadistas e varejistas,
que além de estarem sujeitos às mesmas regras dos consumidores, podem reforçar o seu poder
de barganha em relação aos fabricantes (os varejistas, quando podem influenciar as decisões de
compra dos consumidores; os atacadistas, quando podem influenciar as decisões de compra dos
varejistas ou de outras empresas para as quais vendem).
Diante disso, é importante ser direto ao oferecer uma proposta de valor. Descubra quais
são os diferenciais da sua organização em relação aos seus concorrentes.
Vamos supor que sua empresa depende de um único fornecedor para repor suas matérias-
-primas. Logo, esse fornecedor tem um grande poder de barganha sobre a sua empresa e, com isso,
ele estabelece os preços, as formas de negociar, as condições de pagamento, entre outros fatores.
Caso você esteja inserido nesse contexto, é importante pensar em formas reais de prospectar
novas fontes de fornecimento. Do contrário, você estará fadado a depender das estratégias de seus
fornecedores, e não das suas próprias.
Outro passo importante a ser tomado é estabelecer vínculos reais de parceria com os
seus fornecedores. Como uma rede de supermercados, por exemplo, se relaciona com os seus
fornecedores de alimentos orgânicos? A organização fornece aos produtores ajuda de profissionais
especializados, os quais auxiliarão os fornecedores orgânicos com informações sobre plantio,
logística e comercialização. Assim, a rede de supermercados consegue integrar as atividades dos
fornecedores com os resultados reais da empresa.
3 Produtos substitutos são aqueles que não são iguais aos produtos da organização, porém satisfazem as mesmas
necessidades dos consumidores.
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 95
Segundo Porter (2004, p. 25), “os produtos substitutos que exigem maior atenção são aqueles
que (1) estão sujeitos a tendências de melhoramento do seu trade-off de preço-desempenho com
o produto da indústria ou (2) são produzidos por indústrias com lucros altos”. Como exemplos de
produtos substitutos, podemos citar: águas minerais, que são substituídas por bebidas com gás;
margarinas, substitutas das manteigas; sites e blogs, substitutos de diários e revistas.
Os produtos substitutos podem entrar facilmente em uma indústria quando seus preços são
baixos ou menores que os dos produtos existentes; há pouca publicidade de produtos existentes; há
pouca lealdade entre os consumidores; o custo de trocar um produto por outro substituto é baixo
para os consumidores.
É importante considerar todos esses fatores dentro do seu segmento e se manter atento às
variações do mercado, utilizando estratégias de solidificação e posicionamento de mercado para
um crescimento sustentável. Cada uma dessas forças, quando analisadas profundamente, podem
gerar planos de ação que, se forem usados estrategicamente, interagirão com o mercado de forma
positiva.
Segundo Porter (2004), a meta final da estratégia competitiva é lidar com essas regras em
favor da empresa e, em termos ideais, modificá-las. Em qualquer indústria, seja ela doméstica
ou internacional, que produz um produto ou serviço, as regras da concorrência estão englobadas
nas cinco forças competitivas já citadas: entrada de novos concorrentes; ameaça de substitutos;
poder de negociação dos compradores; poder de negociação dos fornecedores; rivalidade entre os
concorrentes existentes.
Não se pode negar o peso das influências externas em uma empresa, independen-
temente de sua área de atuação. No entanto, o modelo das cinco forças de Porter permite
visualizar o cenário de maneira mais ampla e desenhar estratégias para se preservar das ameaças
e não perder as oportunidades que o mercado oferece.
Assim, o objetivo estratégico de cada empresa é encontrar uma posição nessa indústria que
lhe permita se defender dessas forças ou influenciá-las a seu favor. Como todos os concorrentes
conhecem, pelo menos superficialmente, a existência dessas forças, o importante para a formulação
da estratégia empresarial é fazer uma análise profunda das raízes dessas forças.
O conhecimento dessas raízes permite uma melhor utilização dos pontos fortes e a
correção dos pontos fracos da empresa, além de possibilitar a identificação das alterações
estratégicas mais aconselháveis e das áreas mais atraentes ou mais arriscadas resultantes da
evolução da indústria.
O objetivo do diagnóstico das cinco forças competitivas de Porter é criar uma posição
defensável ou uma vantagem competitiva para a empresa dentro da indústria. Esse objetivo pode
ser desdobrado em:
• posicionar a empresa de modo que suas capacidades proporcionem a melhor defesa;
• influenciar o equilíbrio por meio de movimentos estratégicos (e melhorar a posição da
empresa);
• antecipar as mudanças nos fatores básicos das forças e responder a elas antes dos rivais.
96 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Para concluir a análise das forças competitivas, devemos lembrar que o objetivo da
organização é se posicionar no mercado em que ela está inserida, ou seja, criar uma posição
defensável ou uma vantagem competitiva dentro do seu segmento de mercado (indústria). Para
tanto, a empresa deve se posicionar de modo que suas capacidades proporcionem uma melhor
defesa e possibilitem uma antecipação às mudanças antes de seus rivais.
4 “Organismos vivos unicelulares ou pluricelulares constituídos por células dotadas de núcleo” (CONHECIMENTO
GERAL, 2016).
5 “Núcleo celular que possui n cromossomos (ou seja, a metade do número de cromossomos de um ovo fecundado),
como é o caso das células reprodutoras (gametas) ou de um organismo (prótalo dos fetos, espécie de musgo) formado
de células que têm esses núcleos” (DICIO, 2019a).
6 “Núcleo celular que possui um número par de cromossomos, o dobro do número de gametas” (DICIO, 2019b).
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 97
para uma grande variedade de propósitos. As informações coletadas na análise do ciclo de vida e
os resultados de sua análise e interpretações podem ser úteis nas tomadas de decisão (na seleção
de indicadores empresariais relevantes), na avaliação de desempenho de projetos ou reprojetos de
produtos, bem como em processos e/ou planejamentos estratégicos.
Assim como as pessoas, os produtos e as empresas, os diversos setores econômicos do
mercado apresentam estágios de desenvolvimento que caracterizam, com certo grau de
subjetividade, diferentes potenciais intertemporais.
Na Figura 5, a seguir, é possível observar a ideia do ciclo de vida para diferentes setores.
Independentemente de qualquer fator, toda indústria obedece a um ciclo composto de quatro
etapas: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Figura 5 – Ciclo de vida do setor
Tempo
Fonte: Elaborada pelo autor.
7 Termo que significa mercadoria, utilizado em transações comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de
mercadorias.
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 99
Segmentação do
Muita publicidade, mercado.
mas porcentagem de Esforços para ampliar o
Publicidade/vendas vendas mais baixa do ciclo de vida.
(P/V) muito altas. que da introdução. Linha ampla.
P/V e outro tipo
Melhor estratégia de Maior promoção. Predominam
Marketing de publicidade
preços. Publicidade e os serviços, os
mais baixo.
Altos custos de distribuição são negócios. Embalagem
marketing. básicas para importante.
produtos não Concorrente de
técnicos. publicidade.
P/V mais alta.
Capacidade entre
ótima/saturada.
Crescente estabilidade
Supercapacidade. do processo de
Supercapacidade
Lotes de produção Subcapacidade. fabricação.
de substancial
pequenos. Mudança para a Mão de obra menos
produção em
Fabricação e Alto conteúdo de mão produção em massa. especializada.
massa.
distribuição de obra especializada. Luta para a Grandes lotes de
Canais de
Altos custos de distribuição. produção com
produtos
produção. Canais de massa. técnicas estáveis.
especiais.
Canais especializados. Canais de distribuição
reduzem suas linhas
para melhorar suas
margens.
Fonte: Adaptado de Fernandes; Berton, 2005, p. 86.
100 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Como citado anteriormente, a ideia do ciclo de vida para diferentes setores sugere que toda
indústria obedece a um ciclo composto de quatro etapas. Em cada uma delas, ocorre a atuação das
cinco forças de Porter com maior ou menor intensidade, fato que define a forma de caracterizar as
estratégias a serem implementadas.
de vida. Como exemplo, podemos citar a empresa Nestlé, que inaugurou sua primeira fábrica
no Brasil em 1921, em Araras/SP. Certamente, nestes quase 100 anos de operações no território
nacional, a empresa passou por altos e baixos, mas sempre soube superar as dificuldades e sair da
fase de declínio. Conseguiu passar ao estágio seguinte e se fortaleceu ainda mais pelo aprendizado
da superação dos problemas.
Ainda conforme Adizes (1990), crescer significa a capacidade de lidar com problemas
maiores e mais complexos. Portanto, pode-se concluir que quando a empresa supera os obstáculos,
ela inicia um novo ciclo de vida. Assim, poderá colher bons frutos e aumentar sua rentabilidade.
Ao conhecer e entender o ciclo de vida do setor, a empresa é capaz de otimizar suas ações,
para garantir melhores resultados ao longo do tempo e, consequentemente, manter-se mais
competitiva. Quanto mais tempo o produto passa nas fases de crescimento e maturidade, maior é
o retorno sobre os investimentos no desenvolvimento, na introdução e nos custos com publicidade
para mantê-lo no mercado.
8 Market share significa participação de mercado, em português, e diz respeito à fatia ou quota de mercado que uma
empresa tem no seu segmento ou no segmento de um determinado produto. O market share serve para avaliar a força e
as dificuldades de uma empresa, além da aceitação dos seus produtos.
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 103
• setor de atividade: descobrir como está o setor de atividade, bem como quais são os
fatores externos à empresa que afetam diretamente a sua atividade;
• mercado-alvo: diz respeito aos consumidores atuais e potenciais, os quais constituem o
mercado ou a procura;
• concorrentes: são os competidores atuais ou potenciais que satisfazem as mesmas
necessidades do mercado – constituem a oferta total;
• fornecedores: relativo aos agentes econômicos públicos e privados que prestam serviços
ou vendem produtos ao setor;
• comunidade: refere-se às organizações e aos indivíduos que partilham recursos e têm
interesses relacionados ao mercado e ao setor de atividade.
Com essa análise, pretende-se propor uma reflexão sobre o estado atual do setor de atividade
em que a empresa vai operar. Essa reflexão envolve os seguintes aspectos:
• vendas do setor/estrutura;
• quais empresas existem no mesmo setor e como elas se comportam;
• antecipação das tendências do setor;
• reconhecimento de estratégias vencedoras;
• identificação dos principais intervenientes;
• criação de novas oportunidades;
• atuação para prevenir e evitar riscos.
As estimativas de tamanho do mercado são importantes como indicadores das
possibilidades de crescimento de um negócio, pois sinalizam o teto de um setor e, portanto,
as possibilidades de ganho. Desse modo, trata-se de um dos indicadores mais importantes, utilizado
pelos empresários em suas decisões de entrar ou não em um novo negócio.
No geral, uma boa análise de mercado inclui uma avaliação dos principais fatores que
influenciam o negócio.
quem está disputando o mercado com ela. Após definir isso, pode-se passar ao cálculo do
market share.
Com base no tamanho do mercado, a empresa pode estimar sua participação por meio
da seguinte fórmula:
Faturamento da empresa
Participação de mercado =
Estimativa de mercado
É preciso lembrar que números isolados podem levar a uma leitura errada do
desempenho da empresa. Por isso, é necessário contextualizar esses dados.
Vamos supor que um pequeno fabricante de chinelos, por exemplo, possa ter apenas 5%
do mercado – o que consideramos um bom resultado, pois está disputando espaço com empresas
gigantes do ramo no Brasil. Já uma escola de inglês tradicional em uma cidade do interior, por
exemplo, tendo 40% de participação no mercado pode ser um resultado negativo, pois está
estabelecida há 20 anos, enquanto seu novo concorrente, que abriu seu negócio há um ano, já
possui 20% do mercado. Ou seja, não basta calcular a participação no mercado (market share), é
preciso saber interpretá-lo.
Depois de definir o tamanho do mercado e a porcentagem dele que corresponde ao negócio
da organização, chega o momento de definir objetivos e metas para o crescimento desta. A lógica
é simples: você precisa tirar clientes dos seus concorrentes ou atingir os que ainda não foram
captados, no caso de novas demandas.
Existem algumas estratégias para aumentar o market share, sendo que as mais comuns
costumam ter efeitos de curto prazo, isto é, pouco duradouros. Novamente, reforça-se que um
planejamento bem elaborado é a chave do sucesso. As principais estratégias são:
• Preço: redução de preços, promoções e descontos chamam a atenção, mas não fidelizam o
cliente. Essa estratégia pode atrapalhar os lucros e ser copiada pela concorrência, podendo
gerar uma guerra de preços, o que muitas vezes leva organizações à falência.
• Inovação: inovar no que se vende ou na forma de vender também pode ser copiado e
melhorado pelo concorrente. Ou seja, a inovação é uma busca constante.
• Capacidade produtiva: ao perceber uma demanda de mercado que não é atendida, uma
empresa pode aumentar sua produção. Entretanto, essa escolha exige preparo, já que nem
sempre quantidade é sinônimo de qualidade.
• Marketing e publicidade: é preciso fazer com que os clientes conheçam os diferenciais de
uma empresa. Essa estratégia inclui construir uma imagem positiva do negócio. Mas, para
isso, é necessário garantir a imagem que é vendida aos consumidores.
Ao traçar estratégias, esteja ciente de como o aumento de market share pode impactar
sua capacidade instalada. Faça perguntas como: Minha estrutura física vai conseguir atender a
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 105
esse aumento de participação? Como isso vai afetar os custos fixos? Vou precisar contratar mais
funcionários? Qual será o reflexo no meu fluxo de caixa?
O que nem todo mundo pensa ao buscar atingir mais participação é que vender mais pode
significar que você vai precisar ter mais dinheiro em caixa para custear a reposição dos estoques e
as vendas a prazo.
Por fim, sempre foque no cliente. Busque excelência no atendimento, dê ouvidos ao que eles
falam, esteja preparado para atender às suas expectativas e se empenhe para ouvir reclamações
e resolver satisfatoriamente queixas eventuais. Lembre-se: é preciso conquistar o cliente para
aumentar o market share.
A análise da concorrência procura não somente olhar para as forças genéricas e abstratas
de um setor, mas para cada concorrente que atua no mesmo setor. Segundo informações do Sebrae
(2019), é necessário que a empresa conheça, primeiramente, as próprias características, tais como
aquelas referentes aos produtos que comercializa, ao porte, aos locais de atuação e à capacidade de
atendimento. Somente depois é que se pode estabelecer uma comparação com outras organizações
que possuem características idênticas ou semelhantes.
Com a identificação dos concorrentes diretos da empresa, devem-se buscar informações
adicionais por meio de pesquisa de mercado ou de pura observação, a ser realizada pelo proprietário
e por seus colaboradores.
• Por que fazer análise estratégica da concorrência?
É fácil pensar em uma série de vantagens que a análise da concorrência pode trazer para um
negócio. Entender o cenário do mercado, descobrir como a empresa está posicionada em relação
aos concorrentes, encontrar oportunidades, pontos de melhoria e desafios são algumas.
Ao observar como as outras empresas estão se planejando e agindo, é possível avaliar quais
estratégias e ações estão dando certo e entender quais fariam sentido para o negócio. Mas será que
isso é correto? Muitas pessoas se perguntam a repeito imaginando que observar a concorrência
pode soar antiético. Se essa é uma preocupação para você, saiba que não só é correto, como
totalmente necessário e incentivado por grandes autores e empresários.
• Como fazer uma análise da concorrência
Pode parecer óbvio, mas o primeiro passo para analisar a concorrência é definir quem são os
concorrentes. E isso não é necessariamente uma tarefa simples.
Existem diferentes formas e métodos para analisar a concorrência. A seguir, serão
apresentados aqueles considerados essenciais, mas lembre-se de que isso pode mudar de acordo
com as particularidades do seu mercado ou da sua empresa.
Primeiramente, identifique os seus concorrentes diretos, ou seja, aqueles que têm produtos
iguais aos seus e que disputam o mesmo mercado que a sua marca. Em seguida, defina os seus
concorrentes indiretos, isto é, aqueles que oferecem produtos semelhantes ou que satisfazem as
mesmas necessidades ou desejos que o seu. Os concorrentes indiretos disputam o mesmo perfil de
consumidor que você.
Ao definir os concorrentes diretos ou indiretos, é importante buscar identificar quais são
aqueles que competem de maneira mais acirrada com o seu negócio. Podem ser empresas que
estão localizadas geograficamente mais próxima ou que praticam estratégias de comunicação
semelhantes à sua.
Por exemplo: imagine que você tem uma pizzaria. Teoricamente, todas as outras pizzarias da
cidade são concorrentes diretos, mas aquelas localizadas no mesmo bairro certamente apresentam
uma competitividade maior. Além disso, uma hamburgueria na mesma rua pode apresentar uma
ameaça maior do que muitas outras pizzarias.
Por outro lado, um supermercado que vende pizzas congeladas, em um primeiro
momento, pode ser considerado um concorrente indireto, já que comercializa um produto
108 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
semelhante. Mas é preciso avaliar que a pessoa a comprar uma pizza congelada em um
supermercado tem um objetivo diferente daquela que vai à sua pizzaria em busca de um bom
atendimento, de uma pizza de forno a lenha ou de um ambiente descontraído.
Com esse exemplo, fica claro que a definição dos concorrentes nem sempre é simples, mas
também não precisa ser um “bicho de sete cabeças”. Após definir sua lista de competidores, passe à
análise da concorrência propriamente dita.
• Níveis de concorrentes
Há diversos níveis de concorrentes, desde a concorrência ampla, que disputa os mesmos
desejos e necessidades do consumidor, até a concorrência imediata das empresas com
produtos e serviços extremamente próximos e que competem pelos mesmos clientes
e mercados.
São tipos de concorrências:
• concorrência de marca: concorrentes que oferecem aos mesmos consumidores
produtos e serviços similares a preços semelhantes;
• concorrência industrial: todas as empresas que fabricam um mesmo produto ou classe
de produtos;
• concorrência de forma: todas as empresas que fabricam produtos que prestam o
mesmo serviço;
• concorrência em geral ou de desejo: todas as empresas que concorrem pelo mesmo
dinheiro do consumidor.
A Figura 6 avalia esses diversos tipos de concorrentes tomando como exemplo uma indústria
de chocolates:
Figura 6 – Níveis de concorrência em uma indústria de chocolates
Vídeo
5.6 Fatores-chave ou críticos de sucesso
A busca pelo sucesso mercadológico se torna mais eficaz quando se tem conhecimento
a respeito dos fatores-chave de sucesso, isto é, os tópicos que são imprescindíveis para o bom
andamento do negócio.
Também chamados de fatores de escolha, são pontos ou características desejáveis
pelos clientes que fazem com que eles decidam de quem, o quê, como ou quando vão optar
por determinado produto ou serviço. Esses fatores estão ligados à opinião dos clientes atuais
ou potenciais. Dependem de suas necessidades, preferências, conveniências e percepções
quanto às dimensões da qualidade do produto ou serviço que estão procurando.
Empresa
Concorrente A
Concorrente B
Análise do ambiente empresarial ou de tarefa 111
Concorrente C
No caso do Quadro 2, supõe-se que os fatores de sucesso são escalas de produção, preço
e atendimento, bem como que as empresas concorrem no mercado nesses fatores. Exemplo: a
fabricação de impressoras para computadores, considerando como fator-chave de sucesso a escala
de produção, a inovação, o preço e a durabilidade (Quadro 3).
Quadro 3 – Avaliação de concorrentes a respeito de fatores críticos de sucesso na fabricação de
impressoras
HP
Epson
Compaq
A análise do Quadro 3 revela as “brechas” do setor ou, em outras palavras, que tipo de
atributo uma empresa pode enfatizar ao desenhar uma nova estratégia. Descobrir e identificar quais
são os fatores críticos de sucesso de um empreendimento faz parte do esforço de planejamento.
Se você não tiver tempo para mapear o que é chave para alcançar o sucesso em seus negócios, como
pretende garantir esse sucesso em primeiro lugar?
É relevante enfatizar que os fatores críticos de sucesso podem e devem ser traduzidos
em indicadores, atribuindo-lhes medidas de desempenho para compará-las com características
consideradas importantes em relação ao objetivo definido de acordo com a necessidade, a
complexidade e a criticidade dos negócios em uma organização.
Quando os fatores críticos de sucesso são bem definidos, eles tendem a se tornar um ponto
de referência de uma empresa para as pessoas que amam ou admiram a marca. Isso pode ser
extensível a um produto ou até mesmo à pessoa do empreendedor. Você percebe a importância de
conhecer os fatores críticos de sucesso?
Após serem identificados, esses fatores devem ser colocados hierarquicamente,
priorizando aquele fator que influencia diretamente no desenvolvimento da empresa e, logo em
seguida, os que têm impacto na satisfação do cliente.
O princípio básico do sucesso nos negócios é conseguir fazer as coisas da melhor maneira
possível, sempre em busca da excelência. Nesse sentido, conhecer bem os fatores críticos de sucesso
vai contribuir também para distanciar a organização em relação aos concorrentes.
Qualquer empresa tem fatores críticos de sucesso. A partir do momento em que seu
conceito é entendido e medidas são tomadas para que problemas relacionados a esses fatores sejam
solucionados, a organização em questão consegue ter um parâmetro para implementar medidas
de aprimoramento de desempenho, medir a evolução dos projetos e julgar as características que
112 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
podem auxiliar ou atrapalhar o alcance dos objetivos. Feito isso, a organização é capaz de se
distanciar das crises, garantindo vantagem competitiva e o sucesso que tanto deseja.
Esses fatores-chave em algumas áreas críticas são definidos na análise estratégica global da
organização decorrente do estudo dos macroambientes, da atratividade do mercado de inserção e
das forças estruturais (capital humano, processos, tecnologias etc.), enfim, dos cenários construídos.
Assim, entende-se que os fatores-chave de sucesso são variáveis relevantes para um conjunto
de orientações estratégicas e sem seus atendimentos a empresa fica fragilizada, tendendo ao fracasso.
Considerações finais
O ambiente operacional é o nível do ambiente externo à organização composto de setores
que normalmente têm implicações específicas, relativamente mais imediatas na administração.
Ele constitui-se como um importante passo dentro da estratégia empresarial, afinal, a organização
vive em um ambiente e com ele se comunica, influenciando-o e sendo por ele influenciada.
Portanto, ela satisfaz seus fins entendendo esse ambiente em que se encontra.
No ambiente operacional ou de tarefas, os fatores que mais influenciam a empresa são
os concorrentes. Por exemplo, há um grande aumento de empresas atuantes no setor médico-
-hospitalar que estão dispostas a conquistar o mercado consumidor pela qualidade de seus produtos
e preços reduzidos. Porém, não só os concorrentes podem ser a principal influência à organização
como também os próprios consumidores, que são as peças fundamentais de qualquer empresa.
Este artigo traz uma boa explicação sobre os ambientes da organização. Seu enfoque é o
ambiente de tarefas com base em uma perspectiva de que, por meio de maior interação
com o ambiente no qual opera, este parece ser a melhor alternativa a uma organização que
procura garantir sua sobrevivência e seu desenvolvimento.
Atividades
1. O que você entende por ambiente operacional ou de tarefa?
3. Para que serve fazer a análise de atratividade do setor, em termos de realização do diagnóstico
do ambiente operacional?
4. Quais são os níveis de concorrência que você conhece? Explique cada um deles.
Referências
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a respeito. São Paulo: Pioneira, 1990.
CERTO, S.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implementação da estratégia. São Paulo:
Makron Books, 1993.
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Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005.
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LEZANA, Á. Ciclo de vida das pequenas empresas. Florianópolis: Ed. UFSC, 1996.
114 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
OLIVEIRA, J. F. de; SILVA, E. A. da. Gestão organizacional: descobrindo uma chave para os negócios. São
Paulo: Saraiva, 2006.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro:
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PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2. ed. Rio de
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ROWE, W. G. Liderança estratégica e criação de valor. RAE: Revista de Administração de Empresas, v. 42, n.
1, p. 7-19, jan./mar. 2002.
RUMELT, R.; SCHENDEL, D.; TEECE, D. Fundamental issues in strategy. Cambridge: Harvard Business
School Press, 1994.
Durante toda a existência da humanidade, sempre foi muito mais simples conhecer e apontar
os defeitos dos outros. Para muitos, o autoconhecimento parece uma tarefa muito distante e difícil
de ser realizada.
A expressão de Sócrates “Conhece-te a ti mesmo”, apresentada há mais de 20 séculos, ainda é
motivo de incômodo para muitos. Diante disso, cabe a seguinte reflexão: por que é tão importante
analisar a situação interna da organização?
Todas as pessoas têm o que se costuma chamar de “pontos cegos”. Ou seja, uma pessoa
pode não conseguir identificar facilmente todas as suas falhas e seus defeitos, ao passo que outros
sujeitos podem vê-los com clareza na pessoa em questão. A situação ainda piora no momento que
esses pontos cegos se tornam conhecidos, mas o indivíduo se nega a reconhecê-los, colocando a
culpa em outra pessoa ou situação. Uma das principais causas disso se deve à falta de uma cultura
de análise do ambiente interno e da identificação de problemas para o aperfeiçoamento contínuo.
Sob essa ótica, a maneira mais eficaz de manter uma empresa à frente da concorrência é fazer
o melhor antes que o concorrente faça. Isso implica conhecer muito bem a própria organização,
suas forças e fraquezas, e buscar dados que permitam atender aos desejos dos clientes. Com base
nisso, surgem elementos que podem auxiliar a organização a evoluir, mantendo sua posição perante
os concorrentes ou colocando-se em uma posição melhor.
Esse conceito pode ser mais bem compreendido por meio do entendimento estratégico de
fazer a avaliação do ambiente externo para conhecer os concorrentes e também da própria empresa
(análise do ambiente interno). Dessa forma, não é necessário se preocupar com reveses na batalha
do mercado. Porém, se o gestor detém conhecimento da própria organização, mas nada sabe sobre
os concorrentes, a cada passo que avançar no mercado, retrocederá um. Por fim, se nenhuma
análise ambiental do mercado for realizada, significa que a empresa não conhece a si mesma e
muito menos seus adversários (concorrentes). Nessa situação, sucumbirá gradativamente.
Macroambiente
Ambiente interno
Aspectos organizacionais
Aspectos de marketing
Aspectos financeiros
Aspectos de pessoal
Aspectos de produção
1 O benchmarking é a técnica por meio da qual a organização compara seu desempenho com o de outra
(MAXIMIANO, 2006).
118 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
2 As origens da escola humanista se encontram no desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente
a psicologia dinâmica, de Kurt Lewin, e a filosofia pragmática, de John Dewey. Ambas traduziram a necessidade de
humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da teoria clássica e
adequando-os aos novos padrões de vida do povo americano (RIBEIRO, 2007).
Análise do ambiente interno 121
Nos tópicos a seguir, serão apresentados esclarecimentos com relação aos pontos fracos e
fortes de uma organização, além de uma breve explicação sobre o que vêm a ser os pontos neutros.
3 Trata-se de uma entidade organizacional capaz de (ativamente) desempenhar comportamento. Pode ser um
indivíduo (por exemplo, um cliente ou um funcionário), mas também um grupo de pessoas ou recursos que têm uma
posição permanente (ou pelo menos a longo prazo) dentro da organização.
124 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Dessa forma, pode-se dizer que a vantagem competitiva deriva de capacidades profun-
damente enraizadas que estão por trás dos produtos de uma empresa. Além disso, as competências
são os resultados do processo de aprendizado coletivo da organização e, como tais, são “a cola que
une os negócios existentes” (PRALAHAD; HAMEL, 1998, p. 236).
Na esteira desse raciocínio, Rodríguez (2002) afirma:
a definição das competências necessárias a uma empresa precisa ser feita a
partir do seu plano estratégico e dos fatores críticos de sucesso para que os
objetivos estratégicos sejam atingidos. Por isso, é importante que a identificação
das competências seja feita inicialmente no nível estratégico da organização,
para, depois, serem desdobradas em competências específicas a cada nível
organizacional. O processo é, portanto, top-down6.
6 Top-down refere-se ao processo sistemático que, a partir da decomposição de um todo, procura entender seus
subsistemas e/ou componentes.
Análise do ambiente interno 127
Gerir Estratégia
Gestão Financeira
Governança Corporativa
Desenvolvimento
Desenvolvimento Qualidade do de Software Manutenção
de Software
de Software Produto no Cliente ao Software
de Suporte
Processos
Gerir
Gerir Gerir Gerir pessoas Gerir
infraestrutura
Projetos suprimentos (tático e operacional) apoio jurídico
física e tecnológica
De acordo com o esquema proposto por Porter e Millar (1985), a cadeia de valor pode ser
dividida em dois principais grupos de atividades:
• Atividades primárias: é possível identificar cinco atividades genéricas primárias em
qualquer indústria: logística interna; operações; logística externa; marketing e vendas;
prestação de serviços (Figura 3).
• Atividades de apoio: assim como as atividades primárias, as atividades de apoio podem
ser divididas em uma série de atividades de valor distintas, específicas a uma determinada
indústria, porém são classificadas de modo genérico em quatro categorias: infraestrutural
empresarial; gerenciamento de recursos humanos; desenvolvimento de tecnologias;
aquisição de insumos (Figura 3).
Figura 3 – Cadeia de valor de Porter
Infraestrutura empresarial
Aquisição de insumos
Considerações finais
A análise do ambiente interno ou autoanálise requer muita isenção de ânimo e imparcia-
lidade no julgamento, pois qualquer tentativa de encobrir fraquezas ou desempenhos insatisfatórios
poderá comprometer toda a estratégia futura.
A avaliação pode ser conduzida por pessoas da própria organização envolvidas com o
planejamento estratégico ou ser feita por meio de consultores externos. O importante é incorporar
o exercício de autoanálise à rotina operacional, para que ele funcione efetivamente como uma
ferramenta de administração estratégica.
Essa análise interna da empresa serve para determinar a estratégia mais compatível com os
recursos de que ela dispõe, na intenção de quantificar os hiatos existentes, bem como de compor
uma base para o plano de obtenção de recursos conforme escalas de prioridade e, ainda, para
constantes revisões da estratégia escolhida.
Ainda que seja possível encontrar diversos critérios para se classificar e avaliar o conjunto dos
componentes internos de uma empresa, há um núcleo comum que não varia. O que efetivamente
pode ser diferente se refere ao nível de sistematização, ao rigor, aos detalhes e à sofisticação que
uma proposta pode ter em relação a outra.
Essa é a forma mais comum e utilizada para as análises de potencialidades e fraquezas de
uma organização, feita a partir das suas áreas funcionais (marketing, finanças, recursos humanos e
produção) ou dos principais recursos que permitem a atuação da empresa, compostos de funções
adicionais como time gerencial, pesquisa e desenvolvimento e sistemas de informações gerenciais.
Nessas condições, partindo-se da hipótese de que o time gerencial realmente esteja
empenhado em pensar estrategicamente, é aconselhável que, para cada item descrito em cada um
dos grupos de variáveis abordados nas análises interna e externa, os membros da organização que
participam do processo decisório façam o julgamento no sentido de dizer o quanto cada item é
favorável ou desfavorável à empresa.
Atividades
1. Qual é o objetivo básico da análise do ambiente interno?
2. Quais são os aspectos mais importantes do ambiente interno de uma organização e que
devem ser analisados no diagnóstico estratégico?
3. O que você entende por pontos fortes e pontos fracos do ambiente interno de uma
organização?
Referências
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2007 ACM Symposium on Applied Computing, p. 1257-1262.
CERTO, S.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implementação da estratégia. São Paulo:
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Boston, v. I, 1998.
OLIVEIRA, D. de P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 1993.
PORTER, M. E.; MILLAR, V. E. How information gives you competitive advantage. Harvard Business
Review, v. 63, n. 4, p. 149-160, jul./ago. 1985. Disponível em: https://hbr.org/1985/07/how-information-
gives-you-competitive-advantage. Acesso em: 18 abr. 2019.
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review, v. 68, n.
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SANTOS, L. A. A. dos. Planejamento e gestão estratégica nas empresas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1992.
SPENCER, L. M.; SPENCER, S. M. Competence at work: models for superior performance. Nova Iorque:
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SILVA, A. C. L. BPM – Business Process Management: introdução sobre BPM em uma visão integrada e
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TAATILA, V. The concept of organizational competence: a foundational analysis. Jyväskylä: Jyväskylä Studies
in Computing 36, 2004.
VOM BROCKE, J.; ROSEMANN, M. (ed.). Handbook on business process management. Nova Iorque:
Springer, 2010.
7
Ferramentas do diagnóstico estratégico
Para a maioria das empresas brasileiras, nos últimos anos o mercado tem apresentado
mudanças drásticas na maneira de fazer negócios. Os gestores, assim, estão cada vez mais imersos
nas decisões do cotidiano e enfrentam dificuldades em formalizar planos estratégicos, dando
prioridade aos problemas de maior urgência. Uma alternativa para esse cenário é o planejamento
estratégico, construído a partir de um diagnóstico estratégico.
Sob essa ótica, neste capítulo serão demonstradas as principais ferramentas do diagnóstico
estratégico, que une o diagnóstico do ambiente externo ao da organização, para a formulação das
estratégias que definirão o planejamento da empresa.
Vídeo
7.1 O que significa diagnóstico estratégico
O planejamento estratégico pode ser definido como um processo para se alcançar
uma situação desejada com maior efetividade pela empresa. Logo, é de extrema relevância
realizar um diagnóstico estratégico na organização. Isso ocorre porque ele corresponde à
primeira fase do processo de planejamento estratégico, por meio da qual se busca verificar
qual é a realidade da empresa em relação a seus aspectos internos e externos. É possível,
então, observar as variáveis relevantes do ambiente no qual a empresa está inserida, de forma
a traçar aonde ela pretende chegar.
Realizado com base em dados e informações referentes aos ambientes externo e
interno de uma empresa, o diagnóstico estratégico objetiva fazer uma análise completa da
organização e do que pode influenciá-la. É extremamente importante para a tomada de
decisões, pois por meio dele o gestor é capaz de entender o cenário em que a empresa se
encontra e definir suas metas e estratégias de maneira acertada.
Compreender o negócio e suas variáveis (stakeholders) é uma forma de realizar o
diagnóstico estratégico. Trata-se de um processo sistemático que analisa criticamente a
situação da empresa, visando avaliar o seu grau de adequação estratégica.
O diagnóstico estratégico proporciona ao gestor informações básicas e pertinentes
para a verificação das vantagens do planejamento estratégico, por meio do tratamento
adequado dos pontos fortes, fracos e neutros da organização, assim como das oportunidades
e ameaças do ambiente externo. Nesse sentido, o diagnóstico estratégico fornece um
embasamento teórico com informações relevantes para a tomada de decisão. É importante
levar em consideração o desempenho da organização nos últimos períodos, bem como as
experiências, a situação e, claro, o objetivo futuro.
136 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
1 Lista de trabalho de um profissional ou de uma empresa. Pode também ser considerado um material acumulado
pelo desenvolvimento de um conjunto de ações de sucesso, voltado ao melhor resultado de uma pesquisa ou de um
trabalho.
Ferramentas do diagnóstico estratégico 137
Reestruturação interna
Em desenvolvimentos posteriores dessa matriz, alguns autores optaram por inserir uma
posição intermediária de produtos e mercados relacionados. A Figura 2 demonstra essa opção.
Figura 2 – Matriz Produto/Mercado ou Matriz de Ansoff
Desenvolvimento de
Novos Diversificação
novos produtos
Observe que o conceito pode ser ampliado para os negócios. Assim, uma organização pode
posicionar um negócio em um novo mercado ou em um mercado no qual já atua. Desse modo, a
Matriz Produto/Mercado pode ser trabalhada em um nível mais abrangente.
Ferramentas do diagnóstico estratégico 139
geradora de caixa, bem como a linha de negócios que deverá ser desativada por estar consumindo
recursos da empresa.
A Matriz BCG tem duas dimensões: a primeira é relativa ao crescimento do mercado; a
segunda, à participação relativa de mercado. Refere-se à participação de mercado da empresa em
relação à de seu maior concorrente. Assim, quanto maior for a participação de mercado de um
produto ou quanto mais rápido o mercado de um produto crescer, melhor será para a organização.
Cada eixo desse plano tem dois setores, o que resulta em quatro quadrantes ao todo, conforme
representação gráfica da Figura 3.
Figura 3 – Matriz BCG
O eixo vertical indica, em termos anuais (atual ou previsto), a taxa de crescimento com a
qual o negócio opera. Por sua vez, o eixo horizontal se refere à participação relativa no mercado,
calculada dividindo-se a participação da empresa no mercado pela de seu maior concorrente.
Logo, o portfólio de produtos estará dividido em quatro quadrantes. As quatro células
apresentadas na Matriz BCG significam as possíveis combinações de participação e crescimento
no mercado. Ou seja, representam os tipos que compõem a carteira de negócios da empresa.
O quadrante inferior esquerdo compreende os produtos chamados de vacas leiteiras ou
alimentadores de caixa2. O quadrante inferior direito engloba os produtos chamados de abacaxis ou
pets (expressão generalizada para animais de estimação). Produtos no quadrante superior direito
são chamados de oportunidades ou interrogações. Já os que estão posicionados no quadrante
superior esquerdo são denominados estrelas.
Para ajudá-lo a classificar cada produto, apresenta-se a seguir uma explicação do que cada
quadrante representa.
• Oportunidades ou interrogações: referem-se aos negócios ou produtos da empresa
que operam em um mercado de altas taxas de crescimento, mas com baixa participação
relativa. Os produtos desse quadrante são aqueles que ainda não geram muitos lucros,
mesmo com um certo grau de investimento em marketing e vendas. As oportunidades
geralmente envolvem produtos em fase de lançamento, os quais ainda não fornecem uma
base sólida para dados não muito conhecidos pelo público. Como exemplos, citam-se
os notebooks. Com a busca cada vez maior por mobilidade, trata-se de um produto que
exigirá muito investimento para ficar cada vez mais leve e portátil.
• Estrelas: como o próprio nome sugere, as estrelas dizem respeito aos principais produtos
do portfólio de uma organização, os quais geram uma receita alta. Referem-se a linhas
de negócios ou produtos que saem da condição de pontos de oportunidades e se tornam
bem-sucedidas. Porém, é necessário um alto investimento para que as estrelas alcancem
a performance desejada nas vendas. Como exemplo, indicam-se o sistema operacional
Windows, da Microsoft, e os smartphones, os quais se tornaram indispensáveis na vida
moderna. Há inúmeros concorrentes no mercado, mas as constantes melhorias exigem
aparelhos cada vez mais robustos e atualizações constantes.
• Vacas leiteiras ou alimentadores de caixa: são negócios ou produtos que estão inseridos
em mercados com pequenas taxas de crescimento, mas que têm uma boa participação.
São aqueles produtos que também geram uma alta receita, mas, ao contrário das estrelas,
a receita vem de forma orgânica e gratuita, sem alto custo para incentivar as vendas.
Geralmente, as vacas leiteiras se relacionam aos produtos que já estão bem estabelecidos
no mercado e que por terem uma boa percepção por parte dos consumidores acabam
se autopromovendo e gerando lucro naturalmente. Exemplos de vacas leiteiras são os
tablets, que estão se tornando instrumentos corporativos e substituindo os notebooks
nas residências.
• Abacaxis ou pets: referem-se aos negócios ou produtos que possuem participação fraca
em mercados com baixo crescimento e estão em fase de declínio, gerando baixos lucros
ou, até mesmo, perdas para a empresa. Esses produtos não vendem bem, não têm boa
margem de lucro, tampouco perspectivas de crescimento no mercado atual. Exemplos
claros desses produtos são os computadores de mesa. Apesar de se manterem relevantes
para áreas como design, produção audiovisual e fotografia, bem como para gamers, fora
desses nichos passaram a perder espaço para os notebooks, e a tendência é que o mercado
desses computadores diminua cada vez mais nos próximos anos.
b. Crie um gráfico cartesiano com uma linha horizontal e uma linha vertical
O formato básico da Matriz BCG é um gráfico cartesiano com uma linha horizontal e
outra vertical formando os quadrantes de classificação. Em outras palavras, uma linha
reta na horizontal cruzando com outra linha reta na vertical, formando ângulos de 90º.
Na linha vertical, você deve inserir o crescimento de mercado, que se refere a uma taxa
anual e constante em valor monetário relativa à evolução do PIB. A partir desse indicador,
a capacidade de o produto gerar caixa poderá ser analisada.
Ferramentas do diagnóstico estratégico 143
Participação do mercado
Alto Baixo
Ao fazer esse processo, você já estará classificando cada produto em seu devido
quadrante.
e. Analise os resultados
A análise de resultados é o passo final da sua Matriz BCG – e também o mais importante.
A movimentação dos produtos pelos quadrantes vai mostrar o caminho a ser seguido,
seja para aumentar os investimentos ou mudar totalmente de estratégia.
Ao olhar para sua Matriz BCG pronta, você pode tomar as seguintes decisões:
• Construir: investir para ampliar a participação de um determinado produto no
mercado, muitas vezes por meio de esforços de marketing e vendas.
• Manter: conservar a posição atual no mercado, o que é muito útil para os produtos do
tipo vaca leiteira.
• Colher: aproveitar ao máximo os resultados obtidos com o produto – nesse caso,
estrelas ou vacas leiteiras (que produzem receitas altas), as quais, em especial, oferecem
segurança para financiar novos projetos.
144 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
• Abandonar: decidir pelo abandono dos abacaxis, que quase sempre são mantidos
por questões emocionais. Quanto mais cedo a empresa se livrar dos produtos que
não contribuem para a sua saúde financeira, melhor será. Em alguns casos, é preciso
até mesmo descontinuar os produtos interrogação, antes que caiam para o quadrante
problemático.
7.2.2.2 Vantagens e desvantagens da Matriz BCG
Como qualquer ferramenta de análise, a eficácia da Matriz BCG depende da precisão com
que a tabela é preenchida e analisada.
Partindo de um cenário com dados confiáveis e uma classificação adequada, as principais
vantagens da matriz são:
• ampla visão da situação estratégica da empresa em relação a produtos;
• determinação das necessidades financeiras de cada unidade de negócio;
• informações que permitem o equilíbrio do fluxo de caixa;
• base para a formulação de diretrizes e políticas de investimento;
• manutenção de um portfólio de produtos competitivo.
Em termos de desvantagens, a Matriz BCG pode ser perigosa quando não há dados
precisos sobre a participação de mercado e contribuição dos produtos nos lucros da empresa.
Ela considera apenas a participação no mercado como fator de sucesso ou fracasso do produto.
Os problemas de interpretação também podem levar o gestor a um caminho prejudicial.
Um exemplo de erro é a desistência precoce de um produto no quadrante de interrogação,
especialmente quando se sabe que vários produtos de sucesso foram fracassos iniciais.
O mercado é muito dinâmico e, com o tempo, talvez um abacaxi se torne mais lucrativo que
uma estrela, por exemplo. Além disso, alguns produtos classificados como estrelas podem chegar a
dar prejuízo, caso seja necessário muito esforço para manter seus níveis de venda.
Para acertar na construção e análise da Matriz BCG, é preciso acompanhar constantemente
as mudanças de quadrante e aprender com os erros. Sem dúvida, nenhuma empresa é feita somente
de vacas leiteiras e estrelas: é preciso levar em conta o equilíbrio entre os quadrantes. Por isso, esse
método é mais bem aproveitado quando utilizado por empresas com certo tempo de mercado,
possuindo um histórico mais completo em relação à performance e ao volume de vendas de
cada produto.
Agora que você conhece a Matriz BCG, basta adaptar a ferramenta ao seu negócio.
Você deve ter percebido que os resultados que ela oferece repercutem diretamente no seu plano
de marketing. Afinal, as estratégias a serem adotadas certamente mudarão conforme o status do
produto ou o serviço em questão.
Ferramentas do diagnóstico estratégico 145
Diferentemente da Matriz BCG, que tem como objetivo a análise em quatro quadrantes
por meio de eixos nomeados como “participação de mercado” e “crescimento de mercado”, a
Matriz GE possui cinco quadrantes a mais (no total, nove quadrantes), formados pelos eixos que
avaliam a “atratividade” e a “força competitiva” em baixa, média e alta intensidade (Figura 4).
Figura 4 – Matriz GE ou McKinsey (Modelo 1)
Atratividade da indústria
Média
Baixa
Representa Representa
o tamanho a participação de
do mercado mercado
Atratividade da indústria
Matriz GE ou McKinsey
Alta Média Baixa
Investimento
Alta
Colher/
Média
Colher/ Colher/
Baixa
Seletividade
desinvestir desinvestir
A figura sugere que os negócios com grande potencial e atratividade de mercado, em que
a empresa possui uma forte posição competitiva, devem receber uma atenção especial, além de
investimentos. Por sua vez, os negócios que não são atrativos e não possuem uma boa performance
atrativa no mercado devem ser vendidos ou “colhidos”, ou seja, eliminados do portfólio da empresa,
pelo menos momentaneamente. É preciso utilizar toda a capacidade disponível para a geração do
máximo de caixa, antes de encerrar as operações.
As decisões que se tornam mais complicadas e difíceis de serem tomadas dizem respeito
às posições intermediárias. Os gestores devem fazer uma minuciosa avaliação do porquê
do posicionamento da empresa nesses quadrantes e criar alternativas para tornar o negócio
mais atrativo.
Ferramentas do diagnóstico estratégico 147
Diversos fatores influem nas duas grandezas analisadas, fornecendo para a empresa
inúmeras chances de administração em diversas variáveis, como pode ser analisado no
Quadro 3.
Quadro 3 – Variáveis influenciadoras da atratividade e competividade
A Matriz GE ou McKinsey é uma ótima ferramenta para empresas. Por meio dela,
é possível fazer uma análise dos negócios do portfólio, permitindo, assim, que os gestores
entendam quais unidades de negócio são mais importantes para a empresa, tendo em vista
as suas posições diante da atratividade da indústria em que operam, tornando mais fácil a
decisão de investir ou não nos negócios em questão.
Portanto, para colher bons resultados com a Matriz GE, é essencial que a organização
conheça muito bem o mercado. Para isso, deve se utilizar de benchmarking para compreender o
panorama total do mercado, bem como as tendências e a adoção de melhores práticas. Com esse
levantamento em mãos, o grau de confiabilidade da Matriz GE da empresa se torna muito maior.
3 Associar-se com os seus semelhantes para a satisfação de necessidades de comunicação, apoio, prestígio e
cooperação, entre outras, para que todos alcancem objetivos comuns.
148 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Alto
Alimentos
Adequado entre os Fatores-Chave de Sucesso
do negócio e as competências, recursos
e características da organização
Detergentes Produtos
pessoais
Plantações
de chá
Produtos
especializados
Rações
de
animais
Baixo
Adequado entre as oportunidades de parentesco do negócio
e as competências, recursos e características da organização
Fonte: Adaptado de Fernandes; Berton, 2005, p. 134.
ciclo de vida da empresa. Para se efetivar essa investigação, pode-se lançar mão da Matriz SWOT,
uma das ferramentas de análise mais utilizadas no planejamento estratégico das organizações.
Como já visto, a Matriz SWOT é uma ferramenta de análise de cenário (ou análise de
ambiente) utilizada como base para a gestão e o planejamento estratégico de uma corporação
ou empresa. Mas devido à sua simplicidade, pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de
cenário, da criação de um blog à gestão de uma multinacional. Trata-se de um sistema simples para
posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa no ambiente em questão.
Portanto, a Matriz SWOT de refere a uma análise dos ambientes externo e interno de uma
empresa e atua como uma ferramenta de apoio ao processo de planejamento estratégico. Assim,
diz respeito às forças (strengths), fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças
(threats) que resumem os principais aspectos do ambiente e as capacitações da empresa que têm
maior impacto para o desenvolvimento da estratégia.
O principal objetivo da Matriz SWOT é permitir um olhar objetivo das forças que compõem
o negócio, permitindo que o gestor possa desenvolver e firmar bem sua estratégia empresarial.
Trata-se, assim, de definir estratégias para manter pontos fortes, reduzir a intensidade de pontos
fracos, aproveitando as oportunidades e protegendo-se de ameaças.
A criação da Análise SWOT é creditada a Albert Humphrey e sua equipe de pesquisa
na Universidade de Stanford, nas décadas de 1960 e 1970. Em suas pesquisas, eles procuravam
entender por que o planejamento estratégico de empresas importantes havia falhado. Para avaliar
a organização na pesquisa, os autores utilizaram os seguintes critérios:
• O que é positivo, no presente, é uma força.
• O que é positivo, no futuro, é uma oportunidade.
• O que é negativo, no presente, é uma fraqueza.
• O que é negativo, no futuro, é uma ameaça.
S W
Fatores internos
Strengths Weaknesses
(forças) (fraquezas)
O T
Fatores externos
Opportunities Threats
(oportunidades) (ameaças)
Com base na análise da Figura 7, pode-se visualizar que os pontos fortes e fracos são
decorrentes de variáveis internas e controláveis pelo órgão. Por sua vez, as oportunidades e as
ameaças decorrem de variáveis externas, não diretamente controláveis pela empresa, mas sobre as
quais por vezes pode exercer influência.
As oportunidades podem propiciar condições favoráveis, desde que a empresa tenha
interesse e condições de usufruir delas. Já as ameaças podem criar condições desfavoráveis, por
isso a organização deve planejar como minimizá-las.
7.5.1 Forças
Forças se referem a elementos internos do negócio que potencializam o objetivo estratégico
analisado. Outra maneira de pensar sobre elas é imaginar os elementos que estão sob o controle
da empresa.
Elas correspondem aos recursos e às capacidades da empresa que podem ser combinados
para gerar vantagens competitivas em relação aos seus competidores.
A seguir, estão listados alguns exemplos de forças:
• conceito da empresa;
• características da equipe, como união, proatividade e experiência;
• ativos, como imóveis, equipamentos e softwares;
• localização privilegiada;
• marcas de produtos;
• participação de mercado;
• relacionamentos estratégicos com grandes empresas;
• networking dos investidores, da equipe ou de parceiros;
• competências específicas da equipe;
• portfólio de clientes.
Dessa forma, são praticamente infinitas as forças que podem ser listadas em um negócio,
mas é importante focar no que realmente faz a diferença para o objetivo da análise realizada.
Se a empresa está avaliando o lançamento de um software, por exemplo, o conhecimento
da equipe em programação de computadores pode ser uma força. Já a localização privilegiada
dificilmente representará uma força.
7.5.2 Fraquezas
Referem-se a elementos internos da empresa que atrapalham o objetivo estratégico
analisado. São, portanto, pontos mais vulneráveis da empresa em comparação com os mesmos
pontos de competidores atuais ou em potencial. De modo complementar às forças, as fraquezas
dizem respeito às características dentro do controle da organização que não ajudam na realização
da missão. Exemplos:
Ferramentas do diagnóstico estratégico 151
7.5.3 Oportunidades
As oportunidades da Análise SWOT se referem às situações externas à empresa e que podem
afetar positivamente no objetivo analisado. Tais fenômenos não estão sob controle da organização,
mas existe uma chance de eles acontecerem. Correspondem às oportunidades para crescimento,
lucro e fortalecimento da empresa, tais como:
• necessidades não satisfeitas do consumidor;
• novas exigências sociais ou no mercado de trabalho;
• aumento do poder de compra do mercado;
• disponibilidade de linhas de crédito;
• mudanças na legislação;
• desenvolvimento de uma nova tecnologia.
As oportunidades são espécies de sonhos. Embora elas estejam fora do controle da empresa,
deve haver uma preparação mínima para o caso de ocorrerem.
7.5.4 Ameaças
Dizem respeito a situações externas à empresa e que podem atrapalhar o objetivo
estratégico analisado. Assim como as oportunidades, as ameaças estão fora do controle da
empresa, mas sabe-se que há uma chance de acontecerem.
As ameaças correspondem a mudanças no ambiente que apresentam ameaças à sobrevi-
vência da empresa, a exemplo de:
152 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
As ameaças podem ser traduzidas pelos medos de parte da gestão da empresa. Assim
como ocorre com as oportunidades, deve-se considerar, mesmo que em linhas gerais, maneiras
de mitigá-las.
A Análise SWOT funciona bem antes de qualquer decisão estratégica, tática ou operacional
que precise ser tomada por uma equipe. Pode se referir à empresa inteira, a uma área ou a um time
menor que esteja envolvido em um projeto. Porém, antes de proceder a ela, a grande questão é
entender se a decisão não acabará sendo simples demais ou muito complexa para a análise.
Há decisões simplórias cujo envolvimento do time para confeccionar uma Matriz SWOT
acabará burocratizando mais o processo, em vez de trazer benefícios. Por exemplo, se um produto
estiver em falta em determinada empresa de revenda, não será necessário fazer uma Matriz SWOT
para proceder à reposição; basta fazer o pedido de compra.
No entanto, caso haja questionamentos sobre a relevância desse produto dentro do
portfólio da organização, talvez valha a pena avaliar uma mudança por meio da Análise SWOT.
Analogamente, há decisões que são muito complexas. O uso dessa ferramenta per se não resolverá
todos os fatores envolvidos. Será necessário um planejamento mais robusto.
Se você está pensando em dobrar o número de filiais nos próximos meses, por exemplo,
precisará abordar esse tema no contexto do plano estratégico da empresa, para traçar metas,
objetivos e planos de ação, além de verificar se a equipe atual disponível supre esse movimento.
Na conquista do objetivo
Ajuda Atrapalha
S W
(organização)
Interna
Forças Fraquezas
Origem do fator
O T
(ambiente)
Externa
Oportunidades Ameaças
Fonte: Adaptada de Johnson; Scholes, 2002 apud Chiavenato; Cerqueira Neto, 2003, p. 143.
Dessa forma, após a realização de uma Análise SWOT, torna-se possível observar as
vantagens e os pontos fracos da organização de maneira mais transparente, bem como sua situação
perante o mercado.
Sob essa ótica, acompanhe uma aplicação prática da Análise SWOT:
Quadro 4 – Aplicação prática da Análise SWOT
Ambiente interno
Predominância de
Sobrevivência Manutenção
Ambiente externo
Predominância de
Oportunidades
Crescimento Desenvolvimento
Considerações finais
Conhecer os instrumentos adequados para avaliar um negócio é fundamental para a
construção de um modelo de planejamento estratégico mais eficaz. Sob essa ótica, fazer o check-up
do empreendimento é essencial.
As ferramentas descritas e explicitadas neste capítulo possibilitam a avaliação de todas as
áreas do negócio, tais como: finanças, produção, recursos humanos, vendas, tecnologia, entre
Ferramentas do diagnóstico estratégico 155
outras. Assim, fica mais fácil identificar os pontos fracos e fortes, corrigir problemas e consolidar
qualidades, para sempre obter os melhores resultados.
Nesse sentido, essas ferramentas de análise são fundamentais no dia a dia de um executivo,
pois promovem uma visão completa, holística e exata da organização, simplificando a tomada de
decisões. Por isso, é de extrema importância ao gestor garantir que sua organização seja estratégica
e trabalhe com planejamento.
Logo, é necessária a conscientização de que todos os passos dados por uma organização,
independentemente do porte, devem suceder ações coordenadas que visam atingir um objetivo.
Atividades
1. Explique o que é a Matriz Produto/Mercado.
5. No processo decisório, quais são as questões às quais a Análise SWOT procura responder?
156 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Referências
CHIAVENATO, I.; CERQUEIRA NETO, E. P. de. Administração estratégica em busca do desempenho superior:
uma abordagem além do balanced scorecard. São Paulo: Saraiva, 2003.
JOHNSON, G.; SCHOLES, K. Exploring corporate strategy: text and cases. 6. ed. Londres: Financial Times-
Prentice-Hall, 2002.
MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
8
O processo de formulação de estratégias
As organizações geralmente têm uma estratégia, seja ela planejada ou não (PORTER, 1991).
No entanto, muitas vezes o plano apresenta falhas, uma vez que o desempenho de uma empresa
no mercado é dado por diversos fatores, como social, político, econômico, setorial, entre outros.
Porter (1986; 1991) menciona que “o desenvolvimento de uma estratégia acontece entre a
firma e o ambiente a que pertence”, bem como que “o principal influenciador de uma empresa é
o setor ou indústrias em que ela compete”. O autor descreve a estratégia competitiva como um
sinônimo de tomada de decisões, por meio das quais devem ocorrer ações ofensivas ou defensivas
com a finalidade de criar uma posição que permita à empresa se defender em um setor, para
conseguir lidar com as cinco forças competitivas (ameaça de novos entrantes; poder de barganha
dos fornecedores; poder de barganha dos clientes da organização; ameaça de produtos substitutos;
intensidade da rivalidade entre concorrentes) e, assim, expandir o retorno sobre o investimento
(PORTER, 1991).
Sob essa ótica, este capítulo abordará o processo de formulação da estratégia. De fato, uma
vez que as possibilidades são analisadas, bem como os ambientes geral, de tarefa e interno, além
da compreensão dos fatores que auxiliam o diagnóstico estratégico, o próximo passo é pensar no
que fazer, isto é, em como decidir sobre a estratégia que deverá posicionar a organização em seu
mercado de abrangência.
Vídeo
8.1 Estratégias genéricas
As estratégias genéricas são utilizadas para superar os concorrentes em uma
indústria (mercado). Assim, as empresas devem escolher uma posição dentro da
estrutura da indústria, sendo que esse posicionamento abrange a abordagem geral da
empresa para competir, e não apenas o seu produto ou grupo consumidor objetivado
(PORTER, 1991).
Por meio da análise de cada posição, pode-se traçar um plano de ação que
incluirá o posicionamento da organização. Dessa forma, por meio de movimentos
estratégicos, as suas capacitações podem fornecer as melhores defesas contra as forças
competitivas e/ou a influência sobre o equilíbrio de forças, no intento de melhorar a
posição competitiva da empresa e/ou a antecipação às mudanças.
Diante desse quadro, para enfrentar as cinco forças competitivas (a análise
estrutural de indústrias), a organização pode adotar três estratégias genéricas: liderança
no custo total, diferenciação e enfoque, conforme exposto na Figura 1 a seguir.
158 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Unicidade observada
Posição de baixo custo
pelo cliente
Alvo estratégico
No âmbito de
diferenciação liderança no custo total
toda a indústria
Apenas um
particular segmento enfoque
Vantagem competitiva
Alvo limitado
Uma posição de baixo custo possibilita à empresa obter retornos acima da média, apesar da
presença de forças competitivas. Esse fator lhe confere uma defesa contra os concorrentes, pois
com custos mais baixos, ela pode obter retornos depois que seus concorrentes tiverem consumido
seus lucros na competição.
Enfim, uma posição de baixo custo protege a empresa contra as cinco forças competitivas
porque a negociação só pode continuar a erodir os lucros até o ponto em que os lucros do próximo
concorrente mais eficiente tenham sido eliminados, bem como porque os concorrentes menos
eficientes sofrerão diante das pressões competitivas.
A estratégia de liderança de custos apresenta alguns riscos, além de vantagens e desvantagens.
Como riscos, podem-se citar:
• mudança tecnológica que anula o investimento ou o aprendizado anterior;
• aprendizado de baixo custo por novas empresas que entrem na indústria ou por seguidores,
por meio da imitação ou de sua capacidade de investir em instalações modernas;
160 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Após ser atingida, a posição de baixo custo tende a proporcionar à empresa margens altas
que podem compensar o prejuízo inicial e, ainda, viabilizar novos investimentos em equipamentos
e instalações modernas para que a liderança seja mantida.
Um exemplo bastante elucidativo da estratégia por custo total refere-se à entrada da Gol
Linhas Aéreas no Brasil, que de maneira avassaladora (pelo menos para seus concorrentes) tomou
o mercado de duas outras empresas comerciais: TAM e Varig.
Com a otimização das rotas aéreas, o sistema de vendas na internet e a redução dos serviços
prestados nos voos, a empresa reduziu drasticamente a quantidade de funcionários e de custos
operacionais (entre manutenção de aeronaves e pessoal em solo), posicionando-se como líder de
custos na aviação comercial no país.
Essa estrutura permitiu que a Gol, desde a sua fundação em 2000, cobrasse um preço mais
baixo que as concorrentes. Mesmo depois de dois anos, quando as empresas conseguiram reduzir
seus preços, ela manteve seus níveis, mas com uma margem de lucro maior, o que lhe permitiu
crescer vertiginosamente.
O processo de formulação de estratégias 161
8.1.2 Diferenciação
Significa diferenciar o produto ou serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja
considerado único no âmbito de toda a indústria. A diferenciação ocorre em várias dimensões,
mas não permite à empresa ignorar os custos, mesmo este não sendo o alvo primário. Não consiste
em desconsiderar os custos, mas em não os tornar o alvo estratégico primário.
A diferenciação, se alcançada, é uma estratégia viável para obter retornos acima da média
em uma indústria, pois cria uma posição defensável para enfrentar as cinco forças competitivas.
Atingir a diferenciação pode tornar impossível a obtenção de uma alta parcela do
mercado. Se as atividades necessárias para criar uma diferenciação são dispendiosas, para alcançar
o objetivo faz-se necessário um trade-off1 com a posição de custo. Além disso, ela pode não ser
incompatível com os custos relativamente baixos e com preços comparáveis aos da concorrência.
Em alguns casos, a diferenciação pode ocorrer sem que necessariamente os custos sejam elevados.
Essa estratégia pode assumir alguns aspectos, entre os quais se destacam:
• Diversificação horizontal: a empresa concentra o seu capital pela compra ou associação
com empresas similares.
• Diversificação vertical: a organização passa a produzir um novo produto ou serviço que
se encontra entre seu mercado de matérias-primas e o consumidor final do produto.
• Diversificação concêntrica: diversificação da linha de produtos, com aproveitamento da
mesma tecnologia ou força de vendas, oferecendo uma quantidade maior de produtos no
mesmo mercado.
• Diversificação conglomerativa: diversificação de negócios em que a empresa não
aproveitará a mesma tecnologia ou força de vendas.
1 Expressão que define uma situação em que existe um conflito de escolha. Caracteriza-se por uma ação econômica
que visa à solução de um problema, mas acaba acarretando outro, obrigando a uma escolha. Ocorre quando se abre mão
de algum bem ou serviço para se obter outro bem ou serviço distinto.
162 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
8.1.3 Enfoque
A estratégia genérica de enfoque significa, como o próprio nome sugere, focar um
determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico.
Sua premissa é de que a empresa é capaz de atender seu alvo estratégico estreito de maneira
mais efetiva ou eficiente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla.
Consequentemente, a empresa atinge a diferenciação por satisfazer melhor as necessidades de seu
alvo particular, por conseguir custos mais baixos na obtenção desse alvo ou por ambos.
Essa estratégia implica algumas limitações na parcela total de mercado que pode ser atingida.
O enfoque envolve necessariamente um trade-off entre rentabilidade e volume de vendas. Como
na estratégia de diferenciação, o enfoque pode ou não envolver um trade-off com a posição global
de custo.
O processo de formulação de estratégias 163
• Estratégia de joint venture: usada para entrar em um novo mercado; por meio dessa
estratégia duas empresas se associam para criar um produto. Normalmente, uma entra
com a tecnologia, e a outra, com o capital.
A estratégia de crescimento pode ser obtida por meio de recursos distintos, tais como
crescimento interno, integração vertical, integração horizontal ou, até mesmo, fusões e alianças
estratégicas, além de joint ventures. A seguir, apresenta-se uma breve explicação de cada um
desses recursos.
• Crescimento interno: obtido por meio do aumento das vendas, da capacidade de
produção e da força de trabalho. Preserva melhor a cultura organizacional da empresa,
bem como sua eficiência, qualidade e imagem. Pode se referir a:
• Crescimento interno horizontal: envolve a criação de novas empresas que operam
em negócios relacionados ou não relacionados. Exemplo: a Blockbuster atuava
inicialmente no negócio de aluguel de fitas; em seguida, criou suas lojas de música e
passou a comercializar CDs.
• Crescimento interno vertical: refere-se à criação de negócios relacionados ou não
relacionados dentro do canal vertical de distribuição da empresa, criando um
relacionamento entre fornecedor e cliente. Exemplo: empresas aéreas normalmente
compram suas refeições de bordo de fornecedores externos. A United Airlines,
porém, criou seu próprio serviço de alimentação de bordo.
A ação de cortar custos sempre requer uma boa tomada de decisão, para que essa redução
não implique a perda de qualidade ou a transformação do clima organizacional em um ambiente
mais tenso. É necessário, pois, que as empresas estruturem um planejamento para corte de custos
nos departamentos críticos, aqueles que exigem maior atenção, a fim de tornar possível obter um
melhor desempenho de custo-benefício.
Essa estratégia é utilizada quando uma organização está funcionando de forma deficiente,
mas não atingiu o estado crítico. Seu propósito é tornar a empresa mais enxuta e eficaz, envolvendo
a eliminação de produtos e resultados não lucrativos, além de reduzir a força de trabalho e cortar
custos com distribuição. Exemplos:
• Telefonia e internet: dois custos fixos (dependendo do ramo da empresa) essenciais para
o funcionamento de qualquer empresa.
• Água e energia: essas contas costumam ter valores bastante significativos e são essenciais.
Por isso, diminuí-los é considerado um dos bons exemplos de redução de custos nas
empresas.
Pode-se concluir que a área de operações tem uma importância acadêmica cada vez maior,
e os conceitos e modelos de estratégia de operações têm apresentado significativo desenvolvimento
nos últimos anos. No entanto, a necessidade de que as organizações vejam a área de operações como
um fator relevante para o próprio sucesso é cada vez maior, tendo em vista a crescente demanda
dos consumidores por atributos como qualidade, velocidade, confiabilidade e custos. Aliado a isso,
existe um aumento numérico e qualitativo da concorrência em vários setores.
Portanto, de posse de uma estratégia corporativa bem definida e com o conhecimento de
qual é a estratégia de negócios, pode-se passar à estratégia funcional ou de operações. Para isso,
faz-se necessário definir os objetivos de desempenho pertinentes à empresa e também as áreas de
decisão para cada objetivo.
170 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Por sua vez, as características e os riscos das estratégias financeiras são os seguintes:
• deve garantir o financiamento para os investimentos;
• deve controlar todos os recursos financeiros;
• os encarregados devem avaliar o impacto sobre os lucros, dentre as estratégias
escolhidas;
• atrasos no suprimento de recursos podem comprometer a estratégia;
• erros nos planejamentos podem provocar impactos não previstos.
Com toda a estratégia financeira definida, é importante que ela não fique guardada apenas
entre os principais gestores. Se a meta é reduzir custos em determinados setores, por exemplo, isso
deve ser repassado para toda a equipe. Se a meta é aumentar a venda de um determinado produto,
a equipe comercial também precisa ficar ciente disso.
Logo, de nada adianta traçar a melhor das estratégias, mas mantê-la ao conhecimento de
poucos. Quanto mais as informações forem disseminadas, mais distribuída será a responsabilidade
de atingir os resultados esperados e, com efeito, maiores serão as chances de a empresa atingir,
na prática, seu planejamento financeiro.
Por sua vez, as características e os riscos das estratégias de marketing podem ser:
• ocupar-se em desenvolver os quatro elementos do mix de marketing (preço, produto,
promoção, distribuição);
• o custo pode ser elevado;
• as estratégias podem ser deturpadas pelas funções da propaganda.
Portanto, ter uma estratégia de marketing bem montada e segui-la de perto não é opcional
para quem realmente deseja se beneficiar do poder dessa área para os negócios. Isso porque tal
estratégia implica o planejamento de todas as ações que serão utilizadas para divulgar uma marca,
um produto ou serviço e, consequentemente, atrair mais clientes.
Por seu turno, as características e os riscos das estratégias de recursos humanos estão listados
a seguir:
• considerar a preocupação com as pessoas e definir claramente a posição dos empregados;
• oferecer oportunidades de capacitação e progressão na carreira;
• vislumbrar programas de manutenção de empregados e de baixa rotatividade;
• estabelecer bons canais de comunicação interna;
• promover um alto comprometimento da administração quanto às estratégias, aos
regulamentos, às leis e ao respeito aos sindicatos;
• encorajar os colaboradores a participarem dos processos, inclusive fazendo proposições
para mudança no clima organizacional;
• prever investimentos em programas específicos (produtividade, prevenção de
acidentes etc.);
172 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Considerações finais
As funções básicas para se obter bons resultados estratégicos são planejar, organizar,
influenciar e controlar. Essas ações possibilitam traçar caminhos que determinam a estruturação
de uma empresa.
Quando estabelecidos, os objetivos trazem algumas vantagens à organização, bem como
ajudam a concentrar esforços, prover indicadores de controle, gerar aprendizado e fornecer uma
base para a geração de estratégias.
Nesse sentido, investir em inovação e crescimento é uma atitude essencial para que uma
empresa sobreviva no mercado. Assim, é fundamental os gestores elaborarem estratégias de
crescimento que preparem o empreendimento para enfrentar as crises e os desafios que podem
surgir. São justamente essas estratégias que permitem à organização prosperar e reagir em
momentos difíceis.
As estratégias de crescimento consistem em métodos e processos utilizados para promover
o progresso de uma empresa. Assim, ter uma estratégia de crescimento define como a corporação
enxerga os seus objetivos e se posiciona no mercado.
Sob essa ótica, os investidores que se interessam por empresas de crescimento devem estar
conscientes de que o pagamento de dividendos no curto e/ou médio prazo para essas companhias
não deve ser uma prioridade em suas operações.
Entretanto, em um horizonte de longo prazo – o qual pode ser considerado mais
realista –, é muito provável que, de acordo com a estratégia de crescimento de uma empresa,
ela dirija seus esforços para aumentar suas participações no mercado em forma de remuneração a
seus acionistas. Isso remete ao fato de que, no longo prazo, investir em organizações denominadas
como de crescimento pode, de fato, se constituir como um excelente negócio.
O processo de formulação de estratégias 173
Atividades
1. Ao enfrentar as cinco forças competitivas, existem três abordagens estratégicas genéricas
potencialmente bem-sucedidas para superar outras empresas em determinado mercado.
Quais são elas?
Referências
CERTO, S.; PETER, J. P. Administração estratégica. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e concorrência. Rio de Janeiro:
Campus, 1986.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro:
Campus, 1991.
SALUM, F. Planejamento estratégico: por onde começar? BM&FBOVESPA, 2016. Disponível em: http://
vemprabolsa.com.br/2016/04/22/757/. Acesso em: 1 maio 2019.
WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. Administração estratégica: conceitos. Brasília: Atlas, 2000.
9
O planejamento estratégico:
a trilha para o sucesso
O mundo parece estar mudando com uma frequência cada vez maior, e a cada dia surgem
novidades que geram oportunidades e trazem ameaças para pessoas e organizações.
Nesse sentido, as empresas que obtêm sucesso – mesmo em períodos de crise – possuem
um fator em comum: um plano bem estruturado. Esse é o direcionamento necessário para que
uma corporação se guie rumo ao sucesso, pois lhe mostra o que e como fazer, no momento certo.
Além disso, um bom planejamento indica os passos que devem ser seguidos na hora de implantar
as estratégias em todas as suas formas e como organizá-los.
Quem busca alcançar patamares altos na vida empresarial já sabe que se planejar é não
só uma recomendação básica, mas também uma necessidade, visto que o planejamento e o
sucesso profissional andam lado a lado. Por isso, analisar as oportunidades para o futuro, o que foi
conquistado até o momento e quais são as principais metas é uma tarefa que deve ser executada
a cada novo ciclo, possibilitando traçar um caminho com maiores probabilidades de sucesso
e avanço.
Em qualquer área ou setor em que uma empresa se encaixe, para alcançar um objetivo
de forma rápida e eficiente, o melhor recurso é utilizar um planejamento que funcione, sendo
necessário, ainda, elaborar estratégias que resultem no cumprimento de metas e objetivos
estabelecidos. Assim, pode-se obter mais clareza para a tomada de decisão. Logo, não deixe que o
tempo passe e seu sonho e suas metas fiquem no meio do caminho.
Tais ações devem tornar realidade os pensamentos e as diretrizes traçadas pelo profissional
de administração. Planejamento de mercado, estratégias de marketing e aplicação de métodos
eficazes de negociações são temas a serem aprofundados e analisados pelas empresas que desejam
manter a sua competitividade (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2002).
Mais do que nas décadas passadas, tornou-se imprescindível a implantação do planejamento
estratégico nas empresas, pois a internacionalização de economias, culturas e mercados se estabelece
dentro das organizações, criando raízes nelas. Sob essa perspectiva, este capítulo apresenta os
elementos essenciais para criar, formular e programar um caminho para se implantar a estratégia
organizacional, além de trazer informações sobre como planejar a estrutura da empresa a fim de
atingir essa finalidade.
176 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
prática as estratégias, acompanhá-las e avaliá-las. Para esse autor, todas as organizações praticam o
planejamento estratégico, com maior ou menor grau de formalização, explícita ou implicitamente.
Diante dessas considerações, o planejamento estratégico pode ser definido como a forma de
determinar os objetivos certos e, em seguida, escolher os meios adequados para alcançá-los.
Qual seria, então, o modelo básico de planejamento estratégico? Para Mintzberg, Ahlstrand
e Lampel (2000, p. 45), existem centenas de modelos diferentes de planejamento estratégico. A esse
respeito, os autores afirmam:
todo livro-texto sobre o assunto, bem como toda “butique de estratégia”
de consultoria que se respeite, possui um. Porém, a maior parte se reduz
às mesmas ideias básicas: tome o modelo SWOT, divida-o em etapas
claramente delineadas, articule cada uma destas com muitas listas de
verificação e técnicas e dê atenção especial à fixação de objetivos, no
início, e à elaboração de orçamentos e planos operacionais, no final.
É claro que há, no mínimo, um e, frequentemente, vários diagramas para
mostrar o fluxo global. (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000,
p. 45)
A escola do planejamento aceitou a maior parte das premissas da escola do design, com
algumas exceções. O modelo simples e informal desta escola tornou-se uma elaborada sequência
de etapas, conforme o diagrama apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Diagrama-sumário de Steiner
Estudos de
planejamento
Finalidade
socioeconômica
fundamental
organizacional
Planejamento e Programação Planejamento e
planos e programas a planos de
estratégicos médio prazo curto prazo Organização
Valores dos principais Revisão
para
executivos Missões da Metas e avaliação
implementção
empresa; Subobjetivos Procedimentos de planos
de planos
objetivos a longo Subpolíticas Planos tácitos
prazo e políticas Subestratégias Planos
Avaliação de estratégicas programados
oportunidades e
problemas externos e
internos; e pontos fracos
e pontos fortes
da empresa
Testes de
visibilidade
o qual serão executadas, que deve abranger todos os níveis das organizações. De igual modo,
o autor aponta que os modelos, invariavelmente, levam à necessidade de selecionar as hierarquias
do planejamento, conforme demonstra a Figura 2.
Figura 2 – Hierarquia do planejamento
Controle de desempenho Planejamento de ações
Programas de
Administração Declarações de receitas Subobjetivos (p. ex. capital
Estratégia de negócios
de negócio e fluxos de fundos etc. crescimento, lucros.)
(posições)
Administração
Orçamento de planos Sub-subobjetivos Programas de
funcional Estratégia
operacionais e funcionais (p. ex. receitas, custos) capital e operacional
funcional
Administração
Orçamento de planos Sub-sub-subobjetivos
operacional Programas de
operacionais de (p. ex. metas de venda
subordinados reduções de custos) capital e operacional
Cavalcanti, Gomes e Pereira (2001, p. 10-30) apresentam uma sinopse histórica da formulação
da estratégia. Entre os conceitos mencionados pelos autores, está a formulação da estratégia como
integração (WEST, 2003). As premissas essenciais dessa formulação são:
• A formação estratégica é um espaço complexo.
• A formação estratégica é um processo, pois é um conjunto sequencial e peculiar de ações
que objetivam atingir uma meta. É usada para criar, inventar, projetar, transformar,
produzir, controlar, manter e usar produtos ou sistemas.
• As estratégias novas são, provavelmente, mais complexas, mais integradas, mais arti-
culadas e podem descartar direções estabelecidas em resposta a um ambiente em mutação.
• As ações decorrem da categorização1 de um mundo organizado e complexo.
De acordo com West (2003), “a trajetória apresentada na linha da estratégia empresarial
continua em busca de uma arquitetura empresarial que permita identificar competências amplas
a serem desenhadas”. Na esteira desse raciocínio, Cavalcanti, Gomes e Pereira (apud WEST, 2003)
ainda afirmam que a agenda do futuro deve fazer constar os seguintes elementos:
Futuro: estratégias em
100 redes multicêntricas
Competência essencial Mintzberg
90
Capacidade estratégica de mensuração da realidade
Mintzberg
5 configurações
70
Porter
60 Cadeia de Valor
50 Modelo de
PIMS (72) Porter (80)
40
30 Matriz
Boston (70)
20 Steiner (69)
10 Ansoff (65)
Condições e Competência
tendências distintiva
ambientais
Econômicas Capacidades:
Técnicas – Financeira
Físicas – Gerencial
Políticas – Funcional
Sociais – Organizacional
Comunidade Consideração de todas Reputação
Nação as combinações História
Mundo
A participação de mercado é
Banco de dados empírico para
Profit impact of market impulsionada pela lucratividade
1972 determinar áreas de mercados
strategy (Pims) e deriva da melhor qualidade
atrativos.
relativa do produto.
182 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Quadro 2 – Conceitos descritivos que apoiaram a remodelação das empresas a partir da década de 1980
Três disciplinas de
Excelência operacional x Contínuo investimento e excelência em
valor de Michael
1995 liderança de produto x pelo menos uma dessas três áreas de valor
Treacy e Fred
conhecimento do consumidor. para construir a reputação da companhia.
Wiersema
Vico Mañas (2001 apud WEST, 2003, p. 38) afirma que o planejamento estratégico se
desenha em nossa mente na forma de uma equação:
ao tratarmos de planejamento estratégico, o que logo se desenha em nossa
mente é uma equação, que não só considera os elementos objetivos conhecidos.
Na atividade das organizações, inserem-se diversos componentes que podem
ser previstos, imaginados e projetados. Faz parte de um pensamento estratégico
o elemento surpresa que os componentes da organização ou de seu ambiente
trazem consigo e que, por vezes, são impossíveis de detectar, analisar e controlar.
Poder-se-ia afirmar que são elementos subjetivos.
Por sua vez, Oliveira (1992) classifica as estratégias quanto a amplitude, concentração,
qualidade dos resultados, fronteira, recursos aplicados e enfoque. Sob essa ótica, segundo West
(2003), as estratégias, conforme sua amplitude, podem ser classificadas em:
O planejamento estratégico: a trilha para o sucesso 183
objetivos em metas menores, fornecendo diretrizes aos processos e atingindo todos os níveis da
hierarquia da organização.
Por exemplo, define-se que o objetivo principal de uma corporação é alavancar as vendas.
A partir disso, são estabelecidas pequenas metas – e seus respectivos planos de ação – que, se bem
executadas, conduzem ao objetivo macro: aumentar o volume de vendas. Os pequenos objetivos
podem se referir à aquisição de uma máquina nova para a produção, ao investimento em divulgação,
à ampliação do público-alvo, entre outros.
Por fim, o planejamento estratégico, além de fornecer as premissas de que um gestor precisa
para conduzir seus negócios, indica o caminho que deve ser trilhado de acordo com as metas
estabelecidas. Dessa forma, pode-se dizer que o plano tem foco em resultados.
– por exemplo, membros da diretoria e gerentes. Outro atributo referente ao planejamento tático
corresponde ao tempo em que se esperam resultados das iniciativas: geralmente, no prazo de um
a três anos.
Vídeo
9.5 A importância da missão e da visão
Após a análise do planejamento estratégico de negócio, é preciso diagnosticar vários
elementos com os quais ele mantém algum tipo de relação. A essa altura, entra em cena um
elemento bastante subjetivo do processo estratégico: a criatividade. A boa estratégia é aquela
que surpreende os clientes (evidentemente, de forma positiva), os concorrentes e a sociedade
em geral.
Por isso, no planejamento estratégico, a criatividade é um elemento surpresa. Por
exemplo, uma estratégia em que os concorrentes consigam antecipar detalhes, criando assim
uma contraofensiva, não é muito interessante.
Nesse sentido, a criatividade na concepção da estratégia aparece em vários momentos.
Está na concepção do produto ou serviço, na comunicação interna ou externa – como forma
de alavancar as vendas –, bem como no processo de logística e distribuição, definindo
alternativas que ninguém havia enxergado até o momento. Ela se faz presente, também, nos
mercados em que a empresa escolhe operar.
Existem vários exemplos de criatividade, desde o tão aclamado post-it da 3M até a
invenção do smartphone. A inovação não precisa aparecer somente no produto final, mas
também em processos, como é o caso da cadeia de fast-food McDonald’s. Os produtos
dessa rede não apresentam novidade nenhuma, tampouco atributos que os diferenciem de
O planejamento estratégico: a trilha para o sucesso 187
outra lanchonete. Porém, sua linha de montagem industrial, com procedimentos absolutamente
padronizados e estruturados, apresenta a originalidade que deu o toque necessário para o sucesso
da rede. Esse é um exemplo de utilização clara da criatividade.
9.5.1 Missão
A missão de uma empresa pode ser entendida como o seu propósito, o seu significado e a
sua razão de ser. Ela responde à pergunta mais básica que uma organização (e talvez uma pessoa)
deva se fazer: para que existimos? É verdade que essa pergunta está distante das operações do dia a
dia da empresa, no entanto é ela que lhes dá sentido.
A missão traduz as responsabilidades e as pretensões da organização junto ao ambiente,
além de definir o negócio, delimitando o ambiente de atuação da empresa. Revela também qual
é o papel da corporação na sociedade. Conforme Oliveira (2007), a missão deve ser definida de
maneira ampla e flexível, refletindo as habilidades essenciais da empresa.
Segundo Drucker (1984), uma empresa não se define pelo nome, estatuto ou produto que
faz; ela se define pela sua missão. Somente uma definição clara da missão é capaz de representar a
razão de existir da organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa.
Por ter um caráter inspirador e motivacional, pode ser conveniente expressar a missão de
forma criativa, por meio da utilização de metáforas que provoquem a imaginação das pessoas, que
mostrem como elas auxiliarão a construção de um propósito para o qual valha a pena empregarem
seu tempo e seus esforços. A fim de ser realmente efetiva, a missão de uma empresa deve:
• destacar as atividades da empresa, incluindo os mercados em que esta se enquadra,
as áreas geográficas nas quais atua e os produtos e serviços que oferece;
• enfatizar as atividades que a organização desempenha e que a diferenciam de todas as
outras do mercado;
• incluir as principais conquistas previstas para os próximos anos;
• transmitir o que se quer dizer de forma clara, concisa e interessante.
Sob essa ótica, Dornelas (2008) afirma que a missão deve responder ao que é a empresa.
Se você estivesse construindo a missão da sua, por exemplo, poderia iniciar com a seguinte
expressão: nossos produtos oferecem valor especial às pessoas, independentemente de quem
elas sejam.
Essa missão contém informações sobre o diferencial da empresa, porém não é completa.
Para comunicar as atividades, as realizações e os recursos da organização com mais clareza e
impacto, é necessário ampliar essa missão. Por exemplo: oferecemos os produtos da mais alta
qualidade, de valor incomparável, a todo o setor, permitindo que nossos clientes sejam líderes em
seus próprios setores (DORNELAS, 2008).
Essa missão se mostra mais completa e revela o que a empresa faz (“oferecemos os produtos
da mais alta qualidade”), a quem ela serve (“a todo o setor”) e qual é o seu diferencial em relação aos
188 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
concorrentes (“valor incomparável, permitindo que nossos clientes sejam líderes em seus próprios
setores”). Acompanhe exemplos de missão de algumas empresas:
• “Trabalhamos, diariamente, para sermos o restaurante favorito dos nossos consumidores”
(MCDONALD’S, 2019).
• “Somos uma família global e diversificada, com um legado histórico do qual nos
orgulhamos e estamos verdadeiramente comprometidos em oferecer produtos e serviços
excepcionais, que melhorem a vida das pessoas” (FORD, 2019).
• “Nossa missão é organizar as informações do mundo para que sejam universalmente
acessíveis e úteis para todos” (GOOGLE, 2019).
• “Comercializar produtos e serviços no varejo supermercadista, que atendam às
expectativas dos consumidores, da Família Zonta e colaboradores” (CONDOR, 2019).
9.5.2 Visão
De acordo com Collins e Porras (1998, p. 32), “os grandes navegadores sempre sabem onde
fica o norte. Sabem aonde querem ir e o que fazer para chegar a seu destino. Com as grandes
empresas acontece a mesma coisa: elas têm visão. É isso que lhes permite administrar a continuidade
e a mudança simultaneamente”. Empresas como Pão de Açúcar, Sony e Petrobras, por exemplo,
sabem distinguir entre o imutável e o variável. Uma visão clara ajuda a reconhecer a diferença entre
esses dois estados.
Segundo Allen2 (1998), as grandes empresas compreendem a diferença entre o imutável e
o que deve estar aberto a mudanças. Essa rara habilidade de administrar continuidade e mudança
– que exige uma disciplina consciente – está vinculada à capacidade de desenvolver uma visão.
É a visão que indica quais princípios básicos devem ser preservados e para qual futuro se deve
progredir. Mas o que vem a ser visão?
A visão trata de responder aonde a empresa quer chegar, enquanto a missão delimita sua
atuação no negócio escolhido. Refere-se, portanto, ao modo como a empresa vê o mundo. Indica
a imagem futura desejada e, alinhada com as aspirações da organização, pode definir e redigir o
que se pretende alcançar. Compreende algo que ainda não se tem, podendo ser um sonho ou uma
crença da empresa. Deve ser motivadora e mobilizadora, conduzindo para o futuro.
De acordo com Oliveira (2007), ela pode ser considerada como os limites que os principais
responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e
com uma abordagem mais ampla. Representa, portanto, o que a empresa quer ser em um futuro
próximo ou distante (OLIVEIRA, 2007).
Assim, a visão da empresa se refere a como ela vê, projeta e quer se relacionar com o
mercado a que pretende servir. Tem muito a ver com a sua visão estratégica, o que passa por uma
autoavaliação da qualidade de produtos, preços, custos, recursos humanos, bem como por planos
de formação, tendências do mercado e o que a concorrência está fazendo quando coloca o mesmo
produto no mercado. Além disso, a visão se volta para o design dos novos produtos da organização
e para campanhas de marketing que visam à publicidade.
A visão guarda estreita relação com a imagem que a empresa quer ter ou manter perante o
público consumidor. Logo, refere-se à direção da empresa, à sua personalidade e ao seu caráter.
Assim, deve transparecer as pretensões e as crenças da organização, ajudando os consumidores a
visualizá-la como os donos a veem, e não de forma impessoal. Ela não constitui os fins quantitativos,
mas, sim, motivação e direcionamento. Ou seja, a filosofia da empresa deve representar as
expectativas e os sonhos dos administradores.
Pode-se dizer ainda que a visão representa um sonho de longo prazo que, essencialmente,
nunca será atingido. Essa afirmação pode parecer fora de propósito, mas o objetivo é justamente
este: que a visão esteja sempre um pouco fora de alcance. A perseguição desse sonho é o que deve
manter viva a organização. Por isso, a visão é muito importante para as empresas, porque ela é a base
de todo o planejamento estratégico que orienta as atividades cotidianas de sócios e funcionários.
Porém, antes de planejar, é necessário que se tenha um parâmetro, o qual deve ser, justamente,
a imaginação do futuro. Com isso, pode-se obter a vantagem de identificar oportunidades de
desenvolvimento de produtos, assim como de se antecipar às possíveis barreiras e tendências.
Por fim, é importante destacar que a visão de futuro bem estabelecida e aceita na empresa
amplia o leque de oportunidades de investimento em projetos inovadores. Caso contrário,
os investimentos somente ocorrerão para projetos que apresentem retorno em prazos curtos,
que nem sempre são os mais lucrativos. Alguns fatores devem ser considerados ao se projetar uma
visão do futuro, segundo Santos (2006):
• Conhecimentos atuais dos sócios e funcionários a respeito da empresa e do negócio.
Isso é fundamental para a tomada de decisão e para o constante realinhamento da
direção que a empresa está tomando. Aqui, também entra o feeling3 do empresário.
Com conhecimento, outras informações inseridas poderão ser mais bem avaliadas.
• Desejos individuais também devem ser considerados para determinar a visão de futuro.
As perguntas a se responder aqui são, por exemplo: para onde eu gostaria de ir? Quais são
as minhas necessidades e como o futuro poderá contribuir para elas?
• A análise da história do mercado e da empresa é importante, pois permite resgatar
características específicas do direcionamento dos negócios.
• Estudos setoriais e de prospecção podem fornecer informações relevantes para direcionar
ou alinhar os negócios da empresa no longo prazo. Esses estudos também são ferramentas
potentes de identificação de projetos para o longo prazo, de forma a compor a cesta
estratégica de projetos.
Análise
histórica Conhecimentos
Visão de
Estudos e futuro
pesquisas
Desejos
Relacionamentos
9.5.3 Valores
Referem-se a princípios ou crenças que servem de guia ou critério para os comportamentos,
as atitudes e as decisões de todas e quaisquer pessoas que, no exercício das suas responsabilidades
e na busca de seus objetivos, estejam executando a missão para o atingimento da visão.
Os valores também podem ser vistos como um conjunto de crenças, ou princípios que
definem e facilitam a participação das pessoas no desenvolvimento da missão, da visão e dos
próprios valores. Eles ainda facilitam no comprometimento entre os próprios colaboradores e entre
estes e os clientes, a comunidade e a sociedade.
O planejamento estratégico: a trilha para o sucesso 191
9.5.4 Objetivos
Segundo Rezende (2008), os objetivos podem ser definidos como as grandes metas a serem
atingidas. Relacionam-se com os resultados que a organização pretende obter em determinado
período, consolidando seu negócio ou atividade. São definidos de forma concreta e devem
apresentar características especificas mensuráveis, alcançáveis, realistas e temporais.
Os objetivos representam, portanto, uma bússola para o administrador que sente a
necessidade de determiná-los claramente, pois, assim, é possível estabelecer a estratégia necessária
para quaisquer situações (LAS CASAS, 2001). Um objetivo é o que move a organização para tomar
alguma decisão ou buscar suas aspirações. É sinônimo de alvo, como o ponto de mira de uma arma
ou como o fim a atingir.
Sob essa ótica, os objetivos correspondem aos resultados quantitativos e qualitativos que
a empresa precisa alcançar em prazo determinado, no contexto de seu ambiente, para cumprir
sua missão. São, além disso, descrições concretas de aonde se está querendo chegar ou do que se
está tentando alcançar, ou seja, qual é o propósito da organização. Assim, o objetivo é estratégico
e abrangente.
Os objetivos, que podem ser enunciados como alvos bastante precisos, focalizam indicadores
de desempenho que permitem medir os resultados de determinada organização. No processo
de definição dos objetivos, é importante que sejam criados critérios quantificáveis (tais como
fatia de mercado, faturamento total, número de clientes etc.) que depois possam ser medidos
por indicadores, pois, assim, os resultados são avaliados na etapa de controle. Para atingir seus
192 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
objetivos, a empresa precisa alocar recursos que permitam alcançá-los ou realizá-los. Por exemplo:
aumentar o faturamento da organização em 30% para o ano de 2020 com base nos anos de 2018 e
2019, a fim de alcançar a autossustentabilidade financeira.
A falta de objetivos empresariais é um dos principais fatores que levam as empresas à falência.
O importante é planejar, cumprir e seguir de maneira eficiente toda a estratégia traçada, já que,
assim, as chances de o negócio progredir serão bem maiores.
Considerações finais
Neste capítulo, buscou-se mostrar a facilidade e a comodidade que um bom planejamento
estratégico proporciona a uma organização empresarial. Vale lembrar que o plano estratégico,
se for realizado isoladamente, será insuficiente. Por isso, junto a ele, é necessária a integração com
outros planejamentos táticos e operacionais. Assim, a empresa precisa estimular o planejamento e
formalizar tais ações. No entanto, para essa excelência, cada passo a ser desenvolvido deve englobar
muita dedicação, atenção, responsabilidade e veracidade de todos os dados levantados.
Dessa premissa, verifica-se que o primeiro passo é desvendar tudo o que influencia a empresa,
isto é, todos os fatores que implicarão medidas a serem tomadas futuramente de acordo com as
necessidades apresentadas. Nesse sentido, o diagnóstico estratégico e suas análises permitem e
direcionam toda a distribuição das ações que devem ser executadas. Sem esse embasamento, não
há como tomar decisões despreocupadas, pois a inexistência de dados concretos acarreta a não
visibilidade da real situação e acaba direcionando esforços para metas erradas.
Esse conjunto de princípios também deverá ser o guia para o planejamento estratégico da
empresa, que determina o caminho a ser seguido para o alcance de objetivos. Os fundamentos
da atuação da empresa deverão ser usados para promover a convergência dos recursos humanos,
materiais e financeiros, em prol do alcance de objetivos.
Sob essa ótica, a missão, a visão e os valores da empresa devem ser lembrados a cada tomada
de decisão. Por exemplo, ao avaliar a possibilidade de lançar um novo produto, o gestor deve sempre
ponderar se esse lançamento está de acordo com a missão a que a empresa se propôs, se vai ajudá-
la a alcançar os objetivos definidos por sua visão e se respeita os valores que guiam a sua conduta.
Assim, o planejamento aliado ao processo de desenvolvimento de estratégias pertinentes
permite a análise real das capacidades da empresa, aumentado suas chances de sucesso e de
concretização de objetivos.
Atividades
1. Como se podem classificar as estratégias segundo a metodologia do planejamento
estratégico?
3. Explique quais fatores devem ser considerados na construção da visão de uma empresa.
Referências
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REZENDE, D. A. Planejamento estratégico para organizações privadas e públicas: guia prático para elaboração
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TAMAYO, A.; GONDIM, M. G. C. Escala de valores organizacionais. Revista de Administração, São Paulo,
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Acesso em: 2 maio 2019.
WRIGHT, P., KROLL, M.; PARNELL, J. Administração Estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.
10
Decisões estratégicas: modelos
É importante, porém, não interpretar a ideia de outra forma, ou seja, separar as metas das políticas
criadas para atingi-las.
A essência da definição de estratégia recém-registrada se refere a um modelo.
A interdependência de objetivos, políticas e ações organizadas é crucial para a particularidade
de uma estratégia individual e para assegurar uma oportunidade de identificar uma vantagem
competitiva.
As decisões estratégicas são as mais importantes no que diz respeito à direção da empresa
como um todo. Elas podem abranger novos produtos, fusões e alianças estratégicas. Geralmente,
são tratadas pelo CEO, pelo presidente ou pelo conselho de administração da empresa, cujos
integrantes estão envolvidos na criação de um fluxo contínuo de mudanças e de vantagens
competitivas em relação a outros concorrentes e aos mercados atendidos.
Embora o tema da estratégia tenha sido amplamente tratado na literatura, não há uma
definição que seja universalmente aceita. Mintzberg (1987) ressalta as diversas e complementares
dimensões da estratégia, defendendo que ela requer uma série de definições – em especial, as cinco
descritas no Capítulo 1 desta obra.
Para concluir, pode-se dizer que uma decisão estratégica é aquela cujo resultado depende da
combinação de escolhas dos tomadores de decisão. Em outras palavras, existe uma interdependência
de decisões.
A ironia com o incidente da Intel é que Andrew Grove adotou uma abordagem lógica e
analítica para tomar sua decisão, mas falhou na identificação correta do problema. Este já não
residia nos chips defeituosos, mas no fato de que os clientes já não confiavam mais em seus
computadores para executar cálculos seguros. Ou seja, Grove apresentou a solução correta para o
problema errado.
Os líderes empresariais têm que ajustar suas maneiras de agir quanto à tomada de decisão
a depender do momento. No entanto, existem situações de rotina em que a própria organização
define e determina os passos para a tomada de decisão, não exigindo dos dirigentes um esforço
muito grande para a solução do problema. Em outras, os líderes empresariais estão às voltas com
problemas que não são frequentes na rotina de sua empresa e, portanto, necessitam de um grau de
risco muito maior por parte do tomador de decisão.
As distinções entre as situações as classificam em programadas e não programadas ou
em decisões tomadas em condições de certeza, risco e incerteza. O exemplo da Intel, exposto
anteriormente, mostra que uma boa decisão depende tanto da compreensão correta do problema
quanto da escolha da alternativa certa.
Vídeo
10.3 Níveis de decisões organizacionais
A tomada de decisão é um processo de fazer escolhas a partir de várias alternativas
com base em premissas de fatos e de valor. Portanto, essa escolha se refere à intenção de
avançar para um estado desejado e implica comprometimento de recursos.
Por exemplo, a tomada de decisão de um gerente pode definir objetivos e
metas que afetem toda a empresa. Igualmente, pode se referir a decisões específicas
relacionadas às atividades do dia a dia. Algumas dessas decisões podem não somente
200 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
ter implicações de curto prazo, como também ser definidas para prazos mais elásticos. Sob o mesmo
ponto de vista, as decisões gerenciais podem ser classificadas em três categorias: estratégicas, táticas
e operacionais.
Os quatro níveis organizacionais são a alta gerência ou cúpula, a gerência de nível médio,
os supervisores e os funcionários operacionais. Sob essa ótica, a Figura 1 ilustra que tipo de decisão
cabe a cada nível organizacional.
Figura 1 – Decisões nos diversos níveis
Estratégica
Alto
Tática
Intermediário
Operacional
Nível de supervisão
Após todo o exposto, é fácil perceber que a inteligência de negócios promove a melhoria
contínua de atividades e processos com base em decisões assertivas. O que talvez não esteja ainda
tão claro é que as decisões possuem níveis fundamentais para a efetividade do negócio.
A tomada de decisão se refere à direção mais adequada que uma empresa pode adotar em
determinada circunstância. Sob essa ótica, o processo decisório exige que todos se envolvam
com escolhas e grandes responsabilidades. De um decisor, espera-se a capacidade de decidir,
202 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
que abrange não só o discernimento, mas também o conhecimento, o senso de justiça e, claro,
muita coragem.
Nesse sentido, os níveis de decisão são amplamente dependentes, apesar de distintos, e
trabalham de forma integrada para que seja possível atingir resultados dentro da organização.
É possível visualizar três níveis: estratégico, tático (ou analítico) e operacional, cada um deles se
desdobra em responsabilidades e focos diferentes. Por isso, é de suma importância que o profissional
reconheça seu posicionamento dentro dessa estrutura de decisão, para que desempenhe suas
atividades de acordo com as expectativas a ele atribuídas.
Logo, quanto maior for o nível de decisão, maior será a sua repercussão na estrutura
organizacional. Com isso, no nível estratégico (topo da pirâmide), a decisão possui o maior impacto
e, normalmente, alcança toda a empresa.
Identificar e Tomar e
Desenvolver as Avaliar as Avaliar os
diagnosticar implementar as
alternativas alternativas resultados
o problema decisões
Feedback
O estudo sobre o processo decisório nas empresas tem sido objeto de investigação nos
últimos anos. A importância e a relevância de tal processo para os profissionais das
várias áreas envolvidas nas tomadas de decisão são inquestionáveis, mas o atual contexto
Decisões estratégicas: modelos 205
Considerações finais
Existem diversos tipos de decisão e variadas definições para eles. É importante compreender
que o ato de tomar decisões faz parte da essência humana, sejam elas de pequeno, médio ou grande
porte, envolvam riscos e incertezas ou não.
A tomada de decisões pode aparecer em qualquer contexto da vida diária, em nível
profissional, sentimental, familiar etc. O processo, em sua essência, permite resolver os vários
desafios que uma pessoa ou organização deve enfrentar.
No momento de tomar uma decisão, diversos fatores entram em cena. O ideal é o sujeito
apelar à sua capacidade de raciocínio e ao bom senso para rumar pelo caminho correto. Supõe-se
que esse caminho levará a um conflito real ou potencial.
Dentro das organizações, por não haver um domínio completo de todas as informações
pelos gestores, algumas decisões não solucionarão determinado problema ou não chegarão ao
resultado desejado.
Assim, os gestores vivem em um misto de risco e incertezas na tomada de decisões em
situações estimulantes que os levam a analisar todos os níveis possíveis de alternativas. Para que
os riscos sejam minimizados, é necessário ter conhecimento do mercado em que a organização
se insere.
Decisões estratégicas: modelos 207
No âmbito das empresas e dos negócios, a tomada de decisões é uma parte muito importante
do management e da gestão. Cada decisão transcendente para uma companhia costuma implicar
uma grande reflexão ou investigação, bem como a colaboração entre equipes multidisciplinares.
Toda tomada de decisão pode ter o impacto de mudar o mundo, mas a decisão precisa ter
base, ser analisada, enfim, constituir, de fato, uma solução.
Sob essa ótica, as empresas sempre devem ser desafiadas na tomada de decisões, para que
seus gestores possam levá-las ao crescimento em nível organizacional, bem como à maximização
do plano de negócios, fazendo-as enfrentar a competitividade e o mundo globalizado.
Atividades
1. O que é decisão estratégica?
3. Explique como o tipo de decisão muda segundo os níveis hierárquicos dentro de uma
organização.
Para obter sucesso nos negócios, é necessário fazer um bom planejamento. Porém, se este
não possui meio de averiguação, todo o esforço será em vão. A premissa básica do gerenciamento
estratégico é que a estratégia escolhida por uma empresa, obrigatoriamente, deverá refletir sua
missão e seus objetivos.
Nas organizações, controlar significa monitorar, avaliar e melhorar suas diversas atividades.
Controlar é fazer com que algo aconteça como foi planejado; refere-se ao processo de produzir e
usar informações para tomar decisões sobre a execução de atividades e para atingir os objetivos.
Consequentemente, o reexame de posições e ações passadas, bem como a comparação de resultados
reais com hipóteses mais adiantadas fazem parte do trabalho da gerência estratégica, como forma
de alcançar os objetivos e as metas organizacionais. Trata-se de uma maneira de garantir a posição
mercadológica da empresa no mercado concorrente.
As informações e as decisões de controle permitem manter uma organização ou sistema
orientado para seu objetivo. Ao exercer a função de controle, o trabalho é desenvolvido de forma a
estar sempre monitorando a organização, para que ela se mantenha no caminho certo, desviando
de incidentes, até que chegue ao seu objetivo.
O processo de controle fornece informações e possibilita tomar decisões sobre: quais
objetivos devem ser atingidos; o desempenho da organização em comparação com os objetivos;
riscos e oportunidades; o que deve ser feito para assegurar a realização dos objetivos; a eventual
necessidade de mudar.
Sob essa ótica, neste capítulo, os assuntos abordados serão: a natureza do controle;
conceitos e exemplos de controle estratégico; controles estratégicos e as formas de ajustá-los;
elementos organizacionais que os gerentes buscam controlar; métodos de avaliação das estratégias;
desvantagens do controle como suporte estratégico e algumas ferramentas básicas de controle para
uma administração eficaz.
Vídeo
11.1 Controle organizacional e controle estratégico
Para falar em controles organizacionais e estratégicos, precisa-se compreender
que, a fim de as atividades serem executadas conforme os gestores realmente
planejaram, há necessidade de um monitoramento constante, tendo em vista que
o processo administrativo, organizacional e empresarial não é estagnado, mas
extremamente dinâmico e cíclico.
Nesse sentido, o que o dirigente deve fazer para obter o máximo dos recursos
dentro do quadro de suas atividades técnicas, burocráticas e gerenciais?
210 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Planejamento
Controle Organização
Direção
Planejado ≠ Realizado
Ação de controle
Se houver uma discrepância muito acentuada entre objetivos traçados e resultados colhidos
após a execução do processo, haverá necessidade de algum tipo de ação corretiva, a qual garantirá
que os objetivos e as metas traçadas não sofram distorções.
Se o planejado for maior que o realizado, isso significa que os gestores superestimaram o
projeto, dando mais ênfase ao planejamento.
Por sua vez, se o realizado for maior que o planejado, é porque os gestores subestimaram o
projeto, dando maior importância à execução em detrimento do planejamento.
Em ambos os casos, há necessidade de uma ação corretiva, pois o ponto ótimo de um projeto
ou ação organizacional e/ou estratégica é que o planejado seja igual ao executado.
Planejado = Realizado
Por meio da comparação entre planejamento e desempenho, não se busca apenas localizar
os erros ou os desvios, mas predizer resultados. Nesse sentido, um bom sistema de controle,
além de proporcionar rápidas comparações, permite a localização de possíveis dificuldades ou
de tendências significativas para o futuro. Embora não seja possível modificar o passado, a sua
compreensão pode propiciar auxílio, de modo que, a partir do presente, criem-se condições para
que as operações futuras obtenham melhores resultados.
A palavra controle tem sua origem no idioma francês. Conforme Gomes, Assis e Barbosa
(2000, p. 3), significa “um conjunto de medidas exercidas sobre determinadas ações e processos de
um sistema, para que não se desviem das normas preestabelecidas”. Logo, controlar é garantir que
algo seja executado e que atinja o objetivo de acordo com o planejado.
No processo empresarial, o controle não tem o significado popular de fiscalização. Controle,
segundo Maximiano (2004, p. 360), “é o processo de produzir informações para tomar decisões,
sobre a execução de atividades e sobre os objetivos”. O processo de controle possibilita a tomada
de decisões, pois fornece as informações necessárias que alimentam os gestores da organização,
conforme pode ser visualizado na Figura 3.
Figura 3 – Informações produzidas pelo processo de controle.
Processo de controle
Resultados Como
comparados garantir o
com objetivos objetivo
Riscos e Necessidade
oportunidades de mudar
das atividades de objetivo
Desempenho
equivalente aos padrões
Medição de Comparar
desempenho os padrões medidos
O controle
começa Desempenho
significativamente diferente
dos padrões
De acordo com Chiavenato (2003, p. 613), o controle exerce uma função restritiva e
coercitiva, no sentido de coibir ou restringir desvios indesejáveis, e também pode ser “um sistema
automático de regulação no funcionamento de um sistema”.
Dessa forma, o controle estratégico é empreendido para assegurar que todos os resultados
planejados se materializem de fato.
As informações e as decisões de controle permitem manter uma organização ou sistema
orientado para seu objetivo. A finalidade básica do controle estratégico consiste em determinar
de que forma as medidas e estratégias da organização são eficazes para atingir os objetivos e os
resultados esperados.
Como já foi exposto, se os objetivos gerais e específicos não estão sendo atingidos como
o planejado, é porque os gestores da organização ou subestimaram ou superestimaram a
determinação de tais metas durante a realização do planejamento. A função do controle é modificar
as estratégias da empresa ou sua implementação, de modo a melhorar a capacidade da organização
para atingir resultados.
Qualquer empresa que pretende chegar a resultados eficazes deverá possuir uma rota
previamente estabelecida. Esta deve incluir metas claras e objetivas que proporcionem aos atores
do processo administrativo condições para manter o rumo sem se complicarem, conforme exemplo
a seguir.
Figura 5 – Critério para o controle e a avaliação da execução das atividades
X Objetivo
Início das (você deveria
atividades estar aqui)
Na maioria das médias ou grandes empresas, o controle da estratégia não é uma tarefa
puramente intelectual. As questões envolvidas são importantes demais e estão muito relacionadas
à distribuição de poder e autoridade na formulação ou avaliação da estratégia para acontecerem em
um ambiente de “torre de marfim”.
Na verdade, a maioria das empresas raramente se envolve com o controle de estratégia
formal e explícito. Pelo contrário, o controle da estratégia é um processo contínuo e difícil de
ser separado dos sistemas normais de planejamento, relatório, acompanhamento e recompensa
da empresa. Sob esse ponto de vista, é menos uma tarefa intelectual do que um processo
organizacional.
Atividades
Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 21), “o que não é medido não é gerenciado”. Por essa
razão, qualquer ação a ser implementada em uma empresa precisa receber um acompanhamento
para saber se está em consonância com as metas estabelecidas e para se conhecer quais medidas
devem ser tomadas para eventuais correções de rumos (MIRANDA; SILVA, 2002).
Miranda e Silva (2002) ainda destacam as seguintes razões para as organizações investirem
em sistemas de medição de desempenho:
• controlar as atividades operacionais da empresa;
• alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários;
• controlar o planejamento;
• criar, programar e conduzir estratégias competitivas;
• identificar problemas que necessitem de intervenção dos gestores;
• verificar se a missão da empresa está sendo atingida.
Assim, o desempenho organizacional reflete a estratégia em relação à sua formulação e
implementação, explicitando sua adequação frente às realidades externa e interna da empresa
e determinando o grau de variação entre os desempenhos real e padrão.
Embora alguma variação de desempenho seja normal, a administração precisa determinar
a faixa de variação aceitável. Variações para mais ou para menos devem merecer uma atenção
especial por parte do gerente.
Portanto, segundo Ghobad (2003), após terem sido executadas as medições de desempenho
organizacional, elas devem ser comparadas com marcas de desempenho preestabelecidas pelo
próprio processo de planejamento estratégico. Os padrões são desenvolvidos para refletir os
objetivos organizacionais.
Nesse sentido, os padrões são “marcos” que indicam níveis aceitáveis de desempenho
organizacional. Como regra, a administração deve desenvolver padrões em todas as áreas de
desempenho ligadas a objetivos organizacionais. Tais padrões podem se referir a posicionamento
no mercado, produtividade, desenvolvimento do pessoal, responsabilidade pública etc. Variam de
empresa para empresa e devem refletir o desempenho dos objetivos organizacionais. A seguir,
estão indicados alguns exemplos de padrões:
• lucratividade;
• produtividade;
• liderança do produto;
• desenvolvimento do pessoal;
• atitudes dos funcionários;
• equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazos.
Diante disso, pode-se concluir que a característica fundamental de uma organização que
pretende ter uma posição de liderança no mercado é a capacidade de efetuar com sucesso a
218 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
medição de seu desempenho. A realização sistemática desse processo confere à empresa não só uma
melhor visão interior, como também a avaliação contínua da eficácia e eficiência de sua estrutura,
seus programas, processos e pessoas.
No entanto, tais organizações não se limitam a recolher e a analisar dados sobre o seu
desempenho. Elas também recorrem a essas métricas para promover melhorias efetivas na
transformação de suas estratégias em iniciativas concretas. Em outras palavras, utilizam a medição
do desempenho na sua gestão corrente.
e especificar as atividades, o controle não teria qualquer propósito. Da mesma forma, sem a
organização, a orientação sobre quem deve fazer as avaliações e quem deve tomar as ações
corretivas não existiria. Por fim, sem a direção, todos os relatórios de avaliação não teriam
nenhuma influência sobre o desempenho atual da empresa.
11.3.1 Orçamentos
O tema orçamento é visto na atualidade como um grande fator de importância
nas organizações, por nortear a direção em que os gestores devem seguir. Esse
direcionamento para a organização poderá levá-la a resultados previamente definidos
no processo orçamentário, possibilitando que ela atinja os objetivos de geração de
empregos para a sociedade e obtenha lucro para os acionistas e/ou sócios.
O orçamento é uma ferramenta muito utilizada por grandes, médias e até mesmo
por pequenas empresas que objetivam melhores resultados. Simultaneamente, colabora
para que as organizações não sofram com imprevistos e estejam sempre prontas para
enfrentar uma crise ou crescer de forma sustentada.
Diversos autores tratam desse tema por ser uma ferramenta utilizada por inúmeras
empresas e, também, devido à sua importância no acompanhamento dos resultados.
Conforme Braga (1995), no processo orçamentário devem constar o desenvolvimento e
os resultados que a empresa almeja alcançar. Esses dados são apresentados observando-
se a estrutura da empresa e dos sistemas de contabilidade geral e de custos.
É importante estar atento para o fato de que orçar não significa apenas controlar
ou prever. Trata-se de uma análise exigente e rigorosa do passado e de um cálculo
cuidadoso das prováveis e desejadas operações futuras (BRAGA, 1995).
Nesse sentido, Figueiredo e Caggiano (2004) definem o orçamento como um
norteador direcional que deve ser seguido pelos gestores em busca do atingimento dos
objetivos organizacionais a curto prazo. Logo, o orçamento significa colocar tudo à
frente do que está acontecendo atualmente. Diz respeito a introduzir para o exercício
posterior todos os dados que constam no sistema de informação atual.
220 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Pode-se dizer que o orçamento se refere à repetição dos dados gerenciais atuais, mas com
dados previstos. Ou seja, basta inserir no sistema de informação gerencial os dados que deverão
ser retomados no futuro.
A definição de orçamento ainda abrange um método que os gestores utilizam como apoio
para suas funções de planejamento e controle. Assim, é de grande auxílio para que os gestores
tracem seus objetivos.
De acordo com Horngren, Sundem e Stratton (2004), os orçamentos destacam
antecipadamente os problemas potenciais e as vantagens. Para esses autores, são três os principais
benefícios de um bom orçamento:
• levar os administradores a pensar no futuro por meio da formalização de suas
responsabilidades para planejar;
• fornecer previsões sobre o melhor meio de avaliar o desempenho futuro;
• apoiar os gestores na articulação de seus esforços, de modo que os planos das subunidades
da organização satisfaçam os objetivos de toda a organização.
O orçamento é um importante instrumento de planejamento para uma empresa de
qualquer natureza, pois representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos em
determinado período. Tem como finalidade projetar em forma de valores e quantidades os
objetivos listados no planejamento estratégico, servindo como base para o processo de tomada
de decisão. Dessa forma, trata-se de uma ferramenta imprescindível para a gestão.
A seguir, estão listados alguns exemplos de projetos que podem utilizar Pert/CPM:
• construção de uma planta;
• pesquisa e desenvolvimento de um produto;
• produção de filmes;
• construção de navios;
• instalação de um sistema de informações;
• condução de campanhas publicitárias.
Tanto o Pert quanto o CPM, tomados isoladamente, utilizam principalmente os conceitos
de redes para planejar e visualizar a coordenação das atividades do projeto. Um exemplo
clássico de aplicação de Pert/CPM é o planejamento e o gerenciamento da construção civil.
As redes Pert são criadas em cinco passos:
• identificar as atividades e os eventos principais;
• determinar a ordem em que os eventos devem ser concluídos;
• diagramar o fluxo das atividades do início ao fim;
• calcular uma estimativa de tempo para completar cada atividade;
• determinar uma programação para as datas de início e encerramento de cada atividade e
do projeto inteiro.
Essa técnica auxilia muito no planejamento de projetos mais extensos, que dependem de
prazos muito específicos e não podem sofrer atrasos. Também ajuda a compreender melhor a
quais atividades ou tarefas é preciso dar mais foco, o que reduz significativamente a chance de um
projeto, processo ou produção parar.
Fazendo uma analogia com a produção de bens, por meio do método do caminho crítico
é possível descobrir os gargalos de um projeto, possibilitando que esforços sejam focados para
mantê-los em dia sem ignorar os outros pontos.
As redes Pert/CPM abordam o projeto de um ponto de vista sistêmico, já que fornecem
uma visão de totalidade devido à necessidade de se estabelecer interdependência entre todas as
atividades. Além disso, ressaltam as entradas, o processo ou o desenvolvimento das ações de acordo
com as relações de correspondência com as saídas – resultado desejado.
Ainda, as redes Pert/CPM conduzem a montagem de todo um esquema de feedback, por
meio do estabelecimento de um sistema de comunicações que abastece e permite à administração
– gerência do projeto – decidir, em função dos dados e das informações que convergem de diversos
setores, sobre o andamento do projeto.
Por fim, elas dão ênfase aos objetivos, visam à otimização política da performance, do prazo,
do preço e do risco (indicadores presentes em qualquer projeto) e constituem uma ferramenta
interdisciplinar e de comunicação, estabelecendo de forma clara as relações entre clientes
e fornecedores.
222 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
Considerações finais
O controle se constitui como uma ferramenta indispensável nas organizações,
principalmente no que diz respeito às estratégias, afinal estas devem ser não só avaliadas, mas
também controladas, pois somente assim será possível ter certeza de sua eficácia.
Portanto, uma estratégia sem critérios ou parâmetros pode representar “um tiro pela
culatra”. A organização em questão pode ser a vítima, já que o mercado é muito competitivo e
as empresas necessitam ser singulares, apresentando diferenciais competitivos.
Nesse sentido, o processo de controle deve ser aplicado em todos os setores de uma
corporação. Assim, os aspectos do desempenho de uma organização devem ser monitorados e
avaliados de acordo com objetivos e critérios diferentes para cada nível hierárquico.
1 Classes que modelam a sequência de controle específica de um caso de uso do sistema, ou seja, controlam a
execução dos eventos necessários.
Controle estratégico 223
Atividades
1. Qual é a relação entre planejamento e controle?
2. Um gerente de departamento alcança as metas de sua unidade gastando, porém, apenas 70%
do orçamento que lhe foi destinado. Com base no que foi aprendido neste capítulo, discuta
os prós e os contras desse resultado.
Referências
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WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. A administração estratégica: conceitos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Gabarito
1 Fundamentos da estratégia
1. Estratégia é a arte de planejar e executar movimentos e operações visando alcançar
ou manter posições relativas e potenciais favoráveis a futuras ações táticas sobre
determinados objetivos. Trata-se da arte de explorar condições favoráveis a fim de
alcançar objetivos específicos. Ou seja, é o programa geral para a consecução dos
objetivos de uma organização e, portanto, para o desempenho de sua missão. Uma
estratégia estabelece uma mesma direção para a organização em termos de seus diversos
objetivos e orienta o aproveitamento dos recursos usados para que a empresa siga em
direção a esses objetivos.
2.
3. Isso acontece porque o consumidor atual tem muitas opções para comprar, seja o seu
cliente pessoa física ou pessoa jurídica. Existem muito mais empresas hoje do que
antigamente, mas as vendas não ocorrem mais como antes e as margens de lucro são
cada vez menores. Portanto, a determinação de uma estratégia específica, para que
uma empresa possa se posicionar no mercado de maneira competitiva, depende do
entendimento claro de quem são seus clientes, como agem seus concorrentes, de que
forma se comportam os fornecedores etc.
5.
2. Porque as transformações, cada vez mais aceleradas, mudam o ambiente dos negócios no
mundo inteiro e oferecem novas e promissoras oportunidades de empreendimento.
3. Porque o propósito essencial dos cenários é apresentar aos executivos uma imagem
significativa de futuros prováveis em horizontes de tempos diversos. Com base nos cenários,
os executivos podem projetar o inter-relacionamento de sua organização com o ambiente
daqui a alguns anos. Eles podem também projetar formas de alterar esse relacionamento,
visando assegurar um posicionamento mais favorável da empresa no futuro.
5.
2.
4. Tendências são variações no ambiente externo e podem ser lentas ou rápidas. Por serem
persistentes, podem afetar as atividades da organização, de seus clientes, de seus fornecedores
ou da sociedade, tanto positiva quanto negativamente. Por isso, precisam ser acompanhadas
e avaliadas continuamente.
5. A análise PEST é uma ferramenta utilizada para fazer estudo macroambiental. Identifica
quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente
quantificáveis: política, econômica, social e tecnológica. Representa o ponto de partida para
a análise das influências ambientais importantes que ocorreram no passado e das potenciais
mudanças que podem acontecer no presente, com repercussões ao futuro da organização e
dos seus concorrentes.
3. Basicamente, serve para: identificar os fatores externos críticos que impactam a atratividade
do negócio; avaliar o grau de atratividade de cada um dos fatores identificados, tanto para o
presente como para o futuro; extrair dessa análise as oportunidades e as ameaças associadas
ao negócio.
4.
4. A Análise SWOT é uma ferramenta para fazer análise de cenário (ou de ambiente), utilizada
como base para a gestão e o planejamento estratégico de uma corporação e empresa –
entretanto, devido à sua simplicidade, ela pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de
cenário. É um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa
no ambiente em questão. Trata-se de uma análise do ambiente externo e interno de uma
empresa, como ferramentas de apoio ao processo de planejamento estratégico.
Quando a diferenciação é alcançada, torna-se uma estratégia viável para obter retornos, pois
implica uma posição defensável para enfrentar as cinco forças competitivas, embora de um
modo diferente considerando-se a liderança de custo, a saber:
2. A missão da empresa deve refletir sua razão de ser, bem como qual é o seu propósito e o que
faz. A visão diz respeito à direção que a empresa pretende seguir ou, ainda, ao que deseja
ser. Trata-se da personalidade e do caráter da empresa. Assim, a visão deve representar as
aspirações e as crenças da corporação.
2. O tomador de decisão otimizador é racional. Ele usa o modelo das seis etapas para tomar
decisões que maximizem o valor dentro de limitações específicas, quais sejam: definir o
problema; identificar critérios de decisão; ponderar os critérios; gerar alternativas possíveis;
classificar cada alternativa segundo cada critério; calcular a decisão ótima. Racionalidade diz
respeito a decisões consistentes e que maximizam o valor dentro das limitações existentes.
3. Os três níveis gerenciais são alta administração, média administração e supervisão. Decisões
programadas (recorrentes ou rotineiras) devem ser tomadas pelos níveis inferiores da
administração. Por exemplo, os gerentes de nível médio tomam decisões de coordenação
com consequências de curto prazo, e os gerentes de primeira linha tomam decisões
departamentais rotineiras para determinar o que precisa ser feito. Decisões não muito
frequentes ou únicas – não programadas – devem ser tomadas pela alta administração.
232 Estratégia empresarial: uma visão contemporânea das organizações
• definir o problema;
• identificar critérios de decisão;
• pesar os critérios;
• gerar alternativas;
• classificar cada alternativa segundo cada critério;
• calcular a decisão ótima.
11 Controle estratégico
1. Planejar significa definir metas organizacionais, estabelecendo uma estratégia para alcançá-
-las e desenvolvendo uma hierarquia de planos para integrar e coordenar as atividades.
Controle, por sua vez, refere-se ao processo de monitorar atividades para garantir que elas
estejam sendo realizadas conforme o planejado, corrigindo divergências importantes, se
necessário.
2. Se o gerente trabalhar para uma organização que valorize os funcionários que aumentam
a produtividade, embora gerem custos, ele será recompensado pelo resultado. Entretanto,
justificar aumentos orçamentários para o próximo período será difícil e poderá exigir
uma extensa justificativa de custos. Além disso, a alta administração pode esperar uma
produtividade igual ou maior dessa unidade, mesmo com um orçamento 30% menor. Pode-
-se também concluir que o acompanhamento do projeto não foi bem executado, pois, caso
contrário, o ponto divergente seria encontrado, possibilitando a correção.
Renato Ribeiro