Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
do Produto
Me. Márcia Fernanda Pappa
Me. Ricardo Tomaz Caires
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Esp. Robson Aparecido Barbosa Junior
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Marcia Pappa
Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (2012), Especialista em
Gestão Empresarial pelo Centro Universitário de Maringá (2009) e Engenheira de Produção
pela Universidade Estadual de Maringá (2004). Há 11 anos atua na área de educação, ensino
superior de graduação e pós-graduação e mais de 15 anos de experiência na área de produ-
ção nos diversos setores produtivos.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/9032725512494940
13
Planejamento
do Projeto
43
Projeto
Informacional
63
Projeto Projeto
Conceitual Detalhado
89 153
Projeto Lançamento
Preliminar do Produto
115 175
Ferramentas do
Documentação Processo de
do Produto Desenvolvimento
de Produtos
133 195
96 Sistemas e Subsistemas -
Descascador de Batatas
127 Engenharia Simultânea
164 Construção do protótipo
208 Projeto de produto com auxílio de
Realidade Aumentada
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Esp. Robson Aparecido Barbosa Junior
Me. Marcia Fernanda Pappa
Princípios do
Desenvolvimento
de Produtos
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer a história dos produtos. • Entender como o produto poderá ter sucesso.
• Identificar os conceitos e objetivos de novos produtos. • Identificar as necessidades dos clientes.
• Compreender o processo criativo.
A História
Taylorismo
Automatização
Fordismo Globalização
T
Processo de Fabricação
Logística de Produção
Mercado
Qualidade
Sistemas Técnicos
Cliente
Negócio
UNIDADE 1 15
Nos anos 80, surgiu um mercado diferente: a No final do século XX, houve a preocupa-
globalização incidiu em uma ampla concorrência ção com a gestão do portfólio de produtos,
de empresas e, consequentemente, fez surgir um que passou a ser uma das preocupações fun-
consumidor cada vez mais exigente, querendo uma damentais induzindo que o foco na inovação
diversidade de produtos em tempos menores. Nessa em produto deveria ser incorporado ao plane-
década, com o desenvolvimento da microinformáti- jamento estratégico das empresas (CUNHA,
ca, houve o surgimento de diversas tecnologias com- 2008). Veja, na Figura 2, a linha do tempo dos
putacionais, trazendo um suporte importantíssimo métodos e técnicas utilizadas no desenvolvi-
ao desenvolvimento de produtos. mento de produtos.
Product-based Business
Revolução Industrial
Métodos / Atividade Projetual
Interesses do Consumidor PDM
Projeto de Artefatos
RV PLM
DFM/DFA
Reengenharia
Engª Conc.
CAD DIP
T
Concepção de princípios de funcionamento de máquinas e equipamentos
(Re-)aproximação projeto-fabricação
Informatização
Organização do trabaho
Visão integrativa
Negócio
Para exemplificar a história do desenvolvimento de novos produtos, vamos utilizar uma marca que
foi criada pela empresa Alpargatas. Você certamente conhece, já deve ter usado e provavelmente tenha
um par de Havaianas. Criada em 1962, teve como inspiração uma sandália japonesa de dedo chamada
Zori e, nesse ano, surgiu a havaianas tradicional (HAVAIANAS, [2020], on-line)1.
Por muitos anos, esse foi o modelo comercializado pela Alpargatas, chegando a vender mais de 80
milhões de pares anuais. Havia até um consenso popular de que era um produto feito somente para
as pessoas menos favorecidas. De fato, era bem simples. Em contrapartida, tinha um preço acessível
e alta durabilidade. Entretanto, a empresa quis mudar esse falso slogan criado pela opinião popular e
provar que a havaianas é um chinelo para ser usado por todos (HAVAIANAS, [2020], on-line)1.
Então te pergunto: como atingir todas as classes e provar que a havaianas possui um produto para
calçar qualquer cidadão? A resposta é simples, inovação! (Figura 4). Na década de 90, a Havaianas
começou a inovar disponibilizando uma variedade de cores, chinelos floridos, entre outros (HAVAIA-
NAS, [2020], on-line)1.
UNIDADE 1 17
Figura 4 - Loja Havaianas
UNIDADE 1 19
Processo de
Desenvolvimento
PLANEJAMENTO
PRODUÇÃO
ESTRATÉGICO
PESSOAS DE DIVERSAS ÁREAS
Figura 5 - Ilustração dos envolvidos no desenvolvimento de produtos
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 11).
Para Baxter (2011), o desenvolvimento de novos produtos é uma atividade complexa, abrangendo
vários interesses e habilidades, tais como:
• Os consumidores almejam novidades, melhores produtos, a preços aceitáveis.
• Os vendedores desejam distinções e benefícios competitivos.
• Os engenheiros de produção almejam simplicidade na fabricação e facilidade de montagem.
• Os designers gostariam de experimentar novos materiais, processos e soluções formais.
• Os empresários querem gastar pouco e obter retorno do investimento rápido.
O Brasil é um país em desenvolvimento e, por esse motivo, é mais rotineiro fazer adaptações e melho-
rias de produtos existentes que, de fato, criar algo novo. A transferência internacional de tecnologia
possibilita que as novidades cheguem ao Brasil, por exemplo, de automóveis, equipamentos eletrônicos
etc. Assim, temos, em nosso país, uma adequação do produto e projeto para ser viável, ajustando-se
aos padrões brasileiros de fornecedores, mercado local e processo produtivo. Nosso país se destaca por
produtos de pouco valor agregado, por exemplo: café, soja, suco de laranja e celulose.
UNIDADE 1 21
As principais características do PDP, segundo Rozenfeld et al. (2006) expõem que 85% do
Rozenfeld et al. (2006), são: custo final do produto se refere às escolhas al-
• Elevado grau de incertezas e riscos. ternativas ocorridas no início do ciclo de de-
• Decisões importantes no início, quando in- senvolvimento, e apenas 15% dizem respeito
certezas são maiores. às definições e decisões tomadas após as fases
• Dificuldade de mudança das decisões iniciais. iniciais ao longo do ciclo de desenvolvimento.
• Uso de muitas e variadas informações (di- Para exemplificar, temos a curva de compro-
versas fontes). metimento do custo do produto nas fases do
• Multiplicidade de requisitos a serem atendi- ciclo de vida (Figura 6).
dos em todo Ciclo de Vida do Produto.
• Ciclo: Projetar-Construir-Testar-Otimizar.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
Margem para
Custos Redução de Custos
Comprometidos
100%
Projeto detalhado
Comprometimento dos Custos (%)
50%
Análise de Mercado,
estudo de viabilidade,
requisitos do projeto,
25% concepção, diretrizes etc. Contabilidade
de Custos
0%
Planejamento e Projeto Projeto Produção, Uso e Apoio
Projeto Conceitual Preliminar Detalhado Construção e Logístico
Avaliação do Produto
CICLO DE VIDA DO PRODUTO
UNIDADE 1 23
Para conseguir atingir o objetivo principal do PDP, é necessário ter uma estrutura organizacional
muito bem fundamentada, organizando os processos e gerindo a equipe eficientemente. De acordo
com Rozenfeld et al. (2006), podemos acompanhar uma visão geral do processo de desenvolvimento
de produto, que é classificada em três etapas principais: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e o
pós-desenvolvimento (Figura 7).
Planejamento
estratégico Acompanhar Descontinuar
dos produtos produto/ produto
processo
Gates >>
Essa visão geral do processo de desenvolvimento do produto permite uma melhor organização das
atividades a serem desenvolvidas como também na etapa seguinte que consiste na geração de ideias.
UNIDADE 1 25
Segundo Barbieri, Álvares e Cajazeira (2008), ções e escolher a melhor delas para que o processo
as ideias aparecem em função de agentes básicos, de desenvolvimento seja eficiente”.
tais como: problemas, necessidades, oportunidade A geração de ideias é crucial no processo cria-
de melhoria de produção e comercialização de tivo, porém não é a única e nem a parte final. Uma
bens e serviços. Para Kaminski (2000), a criativi- outra parte crítica no processo é verificar o que fa-
dade é fundamental no desenvolvimento de um zer com as ideias geradas, quais aproveitar e quais
produto, independentemente da fase em que ele descartar. Para isso, existem diversas ferramentas
esteja, sendo a base para a geração de alternativas para a escolha da melhor ideia, vamos detalhar
viáveis. Com base nessas premissas, a criatividade algumas para conhecimento.
pode ser estimulada seguindo-se determinadas
etapas (Figura 8).
Verificação Ferramenta Brainstorming
Iluminação
Incubação
É uma ferramenta para geração de novas ideias, sen-
Preparação
Inspiração inicial
do realizada em grupo, composto por um líder e
cerca de dez membros. Para Kaminski (2000, p. 21),
“
Figura 8 - As etapas da criatividade
Fonte: Baxter (2011, p. 86).
a característica mais marcante do brains-
Ainda segundo Baxter (2011, p. 86), “a inspiração torming é a ausência total de críticas, ou
é o primeiro sinal, que surge na mente, para uma seja, não deve haver inibição, por parte dos
descoberta criativa”. Este autor expõe que existem participantes, de apresentar suas ideias, por
três categorias principais de técnicas para a gera- mais estranhas que pareçam; ao contrário,
ção de ideias, as quais veremos a seguir. eles são estimulados a fazer.
• Redução do problema: técnica que busca
resolver, modificando uma ou mais carac- O coletivismo é um fator muito importante dessa
terísticas do problema. É reducionista, pois ferramenta, pois as decisões são em grupo e o
analisa apenas o produto existente e não individualismo não existe; assim, toda responsa-
expande a visão além dele. bilidade e créditos da ideia pertencem ao grupo
• Expansão do problema: técnica que abre e não ao autor.
leques de possíveis soluções, procura alar- Segundo Baxter (2011), o brainstorming con-
gar as perspectivas do problema, não se siste em sete etapas:
restringindo ao produto existente. 1. Orientação: identifica a real natureza do
• Digressão do problema: técnica que problema.
procura fugir das soluções convencionais, 2. Preparação: faz um estudo relativo ao
com um pensando lateral, buscando novas problema, tais como produtos existentes,
alternativas para o problema. concorrentes, preços e canais de distribui-
ção.
Vistas essas três técnicas para geração de ideias fo- 3. Análise: analisa a viabilidade, se vale a
cadas em problemas, Baxter (2011, p. 102) explica pena seguir em frente. Por meio da aná-
que: “o procedimento mais importante no projeto lise, pode-se determinar causas e efeitos
de produtos é pensar em todas as possíveis solu- do problema.
UNIDADE 1 27
Outras ferramentas podem ser usadas nesse processo, como brain-
writing; análise do problema; anotações coletivas; análise morfoló-
gica; MESCRAI; analogias; votação; clichês e provérbios; e avaliação
FISP (Fases Integradas da Solução de Problema).
Ferramentas Características
Conhecer as causas do problema e tra-
Análise do Problema
çar estratégias com essas informações.
Anotações são realizadas por diversas
Anotações Coletivas pessoas e servem como base para
brainstorming.
Estudo de possíveis combinações entre
Análise Morfológica
características dos produtos.
Trabalha com as ações de: modifique,
MESCRAI elimine, substitua, combine, rearranje,
adapte, inverta.
Exercício de aplicação de características
Analogias observadas em outros produtos no pro-
duto que está sendo desenvolvido.
Após a reunião de várias ideias, são
Votação feitas as votações para as melhores, que
podem ser incorporadas aos produtos.
Utilização de ditados populares para se
Clichês e Provérbios ter ideias diferentes no desenvolvimen-
to de novos produtos.
É um método de avaliação em que as
Avaliação FISP soluções dos problemas são avaliadas
em fases distintas.
UNIDADE 1 29
Pensar em inovação é algo que exige dedi- • Margem de lucratividade.
cação, pois pode ser um processo moroso, que • Grau de fragmentação da indústria.
demanda investimentos no médio e longo prazo. • Facilidade de entrada de novos concor-
Para criar um produto de qualidade e que tenha rentes.
sucesso no mercado, é necessário que se tenha um • Velocidade de mudança da tecnologia etc.
ambiente favorável dentro da empresa, fazendo
surgir uma “cultura” empresarial voltada para de- A competitividade da empresa, porém, pode ser
senvolvimento de produtos. Para Baxter (2011), avaliada pelos seguintes indicadores:
o sucesso comercial de novos produtos tem a ver • Qualidade relativa dos produtos.
com a quantidade que são vendidos aos clientes • Participação relativa de mercado.
a um preço razoável, sendo assim: • Custos relativos.
• Todos os custos de produção e comercia- • Nível relativo da tecnologia.
lização sejam cobertos. • Disponibilidade de insumos.
• Todos os custos de desenvolvimento sejam • Lealdade dos clientes.
cobertos. • Subsídios.
• Haja um lucro suficiente para remunerar • Energia.
o capital investido pela empresa. • Localização.
• Patentes
Para Oliveira (2003, p. 69), porém, “o sucesso
dos produtos da empresa depende de fatores de A partir do momento em que se coloca um
mercado (como a taxa de crescimento, margens produto no mercado, ele deve se pagar, ou seja,
praticadas, etc.), e da competitividade relativa da todo custo que foi incorporado desde a cria-
empresa (custo, qualidade, etc.)”. Ainda expõe que ção até a fase de comercialização deverá ser
a empresa deve avaliar as chances de sucesso de retribuído. Nenhuma empresa cria um produto
um novo produto, verificando dois fatores pri- novo para ter prejuízo, o que move o mercado
mordiais: a atratividade do mercado e a posição é o lucro, sendo o retorno do capital investido
competitiva da empresa, sendo necessário avaliar acrescido do lucro.
a situação atual e prognosticar a futura. Existem estratégias para o desenvolvimento de
Os indicadores a seguir mostram como a atra- produto que impactam diretamente em seu su-
tividade do mercado pode ser avaliada: cesso. Baxter (2011, p. 131) cita que as estratégias
• Taxa de crescimento do mercado em rela- de inovação podem ser classificadas em quatro
ção ao da economia. tipos, conforme o Quadro 2:
De acordo com a estratégia empresarial, veja o Quadro 3, que demonstra a importância das diversas
atividades relacionadas com a inovação.
UNIDADE 1 31
Como você pode ver, o Quadro 3 relaciona o tipo de estratégia
(ofensiva, defensiva, tradicional e dependente) e suas respectivas
prioridades dentro das atividades ligadas ao desenvolvimento.
Em relação às atividades ligadas ao desenvolvimento, podemos
destacar a “Engenharia de Produção”, que deteve uma incidência em
todos os tipos de estratégia. Isso nos revela o quanto é necessário
investir nessa área para reduzir custos de produção e ir fazendo
melhoria contínua para aperfeiçoamento dos processos.
Não se pode esquecer do efeito da qualidade do produto, quan-
do ele está sendo comercializado; muito do seu sucesso depende
desse quesito, compramos um produto para ser durável, que tenha
um desempenho técnico funcional, confiabilidade, que atenda às
normas de fabricação e que tenha um preço justo.
O sucesso e fracasso de novos produtos dependem de diversos
fatores; no entanto, Baxter (2011, p. 26) os classifica em três grupos
principais, que mostram as chances de sucesso mediante à priori-
zação dos desenvolvedores (Figura 9).
Chances
de sucesso 5X
dos novos 3X 2,5X
produtos
Forte orientação Planejamento e Fatores internos
para o mercado especificação à empresa
prévias
• Benefícios
significativos para O produto deve ser: • Excelência técnica
os consumidores; • Definido com precisão; e de marketing;
• Valores superiores • Especificado • Cooperação entre
para os precisamente antes de a área técnica e
consumidores. seu desenvolvimento. marketing.
UNIDADE 1 33
As empresas, geralmente, criam algo novo ou é necessário realizar pesquisas de mercado e as
melhoram os produtos já existentes para atender às principais questões que surgem são:
necessidades dos clientes. Por isso, conhecer o cliente • Qual é o segmento-alvo de mercado?
é essencial para se obter um desempenho satisfatório • Qual técnica será utilizada para obtenção
com o lançamento de um novo produto. das informações?
Segundo Oliveira (2003), existem várias ne- • Qual será o tamanho e composição da
cessidades que os clientes demonstram quanto a amostra?
um produto: • Como as pessoas serão selecionadas e
• Funções que o produto deve desempenhar. questionadas?
• Nível de desempenho.
• Confiabilidade. Para empresas que tem poucos clientes, sugere-se
• Comodidade para usar. que sejam ouvidos todos os clientes, porém, se a
• Preço que está disposto a pagar, entre outras. empresa tem muitos clientes, é necessário fazer
a pesquisa por amostras. Oliveira (2003, p. 77)
O autor relata que as necessidades dos clientes não diz que “a empresa deve utilizar todas as fontes
são fixas, sendo impossível ter uma lista definiti- disponíveis de informação sobre as necessidades
va dessas necessidades. O que se pode concluir é dos clientes”, veja algumas:
que o mercado é afetado por novas tecnologias, • Informações da assistência técnica.
novos competidores, taxa de câmbio, entre outros, • Análise do uso do produto.
com isso, os clientes criam novas expectativas, • Reclamações.
necessidades e os produtos já existentes perdem • Regulamentações.
a atratividade. • Exigências legais.
É necessário ouvir o cliente para lapidar sua
necessidade e criar algo dentro das expectativas; Você já percebeu que os clientes não demons-
além de compreender, é necessário surpreender. tram diretamente suas necessidades, porém dão
Segundo Cooper (2001 apud VANALLI, 2003, p. indícios vagos de suas vontades? Os produtos já
32), “o entendimento e atendimento das necessi- comercializados ajudam nesse processo, pois por
dades e desejos dos clientes são um dos direcio- meio deles conseguem visualizar as característi-
namentos de melhores resultados dos negócios”. cas negativas e assim sugerem melhorias e dizem
Para dar um direcionamento de conhecer o como gostariam que o produto fosse.
cliente, faz-se necessário obter a voz dos clientes, A Figura 10 mostra os itens mais exigidos pelos
e isso garante a valorização e priorização de suas clientes. Essas informações devem ser estudadas
necessidades. Oliveira (2003) expõe que quando para o desenvolvimento de produto ter uma di-
a empresa não tem experiência com o produto, reção correta (OLIVEIRA, 2003).
Itens exigidos
Quando se quer obter as necessidades reais a partir da voz dos clientes, é necessário desenvolver os
itens exigidos, assim, podemos conseguir verificar as verdadeiras necessidades conforme expõe Oliveira
(2003). Portanto, temos necessidades de vários tipos:
• Funções exigidas (por exemplo “marcar data” em um relógio).
• Qualidade intrínseca do produto (por exemplo “confortável no braço”).
• Funções estimadas (por exemplo “identificar a marca”).
• Preço.
• Atendimento a legislações.
• Serviços associados aos produtos, etc.
O cliente deve ser consultado periodicamente, a fim de avaliar o produto em todas as fases do projeto,
com isso se cumpre o objetivo de verificar se as necessidades dos clientes estão sendo atendidas pelo
produto.
Nunca se esqueça do cliente, ele é o foco e todo cuidado deve ser tomado para conseguir fidelizá-lo
à sua marca/produto, dessa forma estará garantindo a continuidade da empresa. Inovar é preciso!
Diante disso, conhecer o cliente é fundamental para que todo o processo de desenvolvimento de
produtos seja realizado da melhor forma possível, de modo a alcançar resultados satisfatórios, pois,
a partir do conhecimento do público-alvo, é possível identificar as melhores ideias que atenderam a
demanda especificada e, assim, planejar e definir as atividades das próximas etapas do desenvolvimento
de produtos.
UNIDADE 1 35
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
36
LIVRO
37
BARBIERI, J. C.; ALVARES, A. C. T.; CAJAZEIRA, J. E. R. Geração de Idéias para inovações: Estudos de casos
e novas abordagens. Simpoi Anais, 2008.
BAXTER, M. Projeto de produto - guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Blucher, 2011.
CAPUTO, A. C.; MELO, H. P. D. A industrialização brasileira nos anos de 1950: uma análise da instrução 113
da SUMOC. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 39, n. 3, p. 513-538. jul./set. 2009.
CUNHA, G. D. A evolução dos modos de gestão do desenvolvimento de produtos. Produto e produção, Rio
Grande do Sul, v. 9, n. 2, p. 71-90, jun. 2008.
ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.; ALLIPRANDINI, D. H.;
SCALICE, R. K. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo. São
Paulo: Saraiva, 2006.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https://www.havaianas.com.br/a-historia. Acesso em: 14 jul. 2020.
2
Em: http://gepps.ufsc.br/. Acesso em: 14 jul. 2020.
38
1. As principais características do processo de desenvolvimento de produtos são o elevado grau de incertezas e riscos; as decisões
importantes que devem ser tomadas no início, quando as incertezas são maiores; a dificuldade de mudança das decisões
iniciais; o uso de muitas e variadas informações, ou seja, diversas fontes; a multiplicidade de requisitos a serem atendidos
em todo Ciclo de Vida do Produto; e o respeito ao ciclo: Projetar - Construir - Testar - Otimizar.
2. As classificações mais utilizadas nos projetos de desenvolvimento de novos produtos que podemos citar são os Projetos ra-
dicais, Projetos Plataforma ou Próxima geração, Projetos incrementais ou derivados e Projetos follow source (seguir a fonte).
3. Os itens a serem observados para que o processo seja eficiente e atenda o objetivo proposto são as funções exigidas (por
exemplo “marcar data” em um relógio); a qualidade intrínseca do produto (por exemplo “confortável no braço”); as funções
estimadas (por exemplo “identificar a marca”); o preço; o atendimento a legislações e os serviços associados aos produtos.
39
40
41
42
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Fernanda Pappa
Planejamento do Projeto
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Requisitos Técnicos
Quartos de 20 m²
Janelas simples com persianas
Azulejos de coloração
Balcão com pedra de mármore
Você pode observar que, para definição do escopo do produto, as características da residência são de-
talhadas, ou seja, o produto é avaliado. E para construção do escopo do projeto, o modo de construção
e todos os recursos necessários são levados em consideração.
O escopo do produto traz as descrições técnicas e funcionais do produto planejado, portanto este
tópico buscará auxiliá-lo na construção de um escopo de produto adequado para a realidade na qual
o seu projeto está inserido (Figura 1).
UNIDADE 2 45
Escopo do Produto
Restrições e Premissas do Projeto
46 Planejamento do Projeto
Minuta do Projeto
Portfólio de produtos
Escopo de produtos similares Em reuniões, o Gerente de
Projeto estuda a Minuta do
Planejamento Projeto e o Portfólio de
do Projeto Produtos. Em seguida,
Definir escopo consultando eventualmente
do produto documentos de escopo de
outros produtos da empresa,
definirá as diretrizes básicas
Escopo do produto que o produto deverá atender.
Reuniões
Definir escopo do projeto
Lista de Verificação do
Adaptar o modelo de referência Escopo do Produto
Para a construção de um escopo do produto de- para o desenvolvimento geral do projeto. Após
verão ser estabelecidos os parâmetros básicos ser encerrada essa etapa, o gerente de projeto
que definem o produto, ou seja, do que ele se a avaliará profundamente e, com a validação
trata e para que servirá (funções), de forma que das características e funcionalidades do produ-
os futuros clientes tenham de forma clara o que to, haverá toda a base de dados para conciliar
consumirão. Os parâmetros para definição de novas etapas no projeto, sendo alguma delas
escopo do produto devem ser preferencialmen- pesquisa de mercado, análise de decomposi-
te quantitativos e, no caso de ser qualitativo, as ção do produto, análise e engenharia do valor,
metas do produto devem estar claras e concisas. análise de funções, desdobramento da função
A análise para desenvolvimento do esco- qualidade etc.
po do produto deve ser baseada no estudo de Com a construção do escopo do projeto fi-
tendências de mercado, produtos concorrentes, nalizado, é interessante que o gerente de projeto
comportamento conhecido pelos consumidores, faça um checklist dos itens levantados para que
sazonalidades, entre outros, lembrando que to- não haja retrabalho na próxima etapa do proje-
das essas informações devem ser levantadas na to informacional, e que a base de informações
fase de planejamento estratégico. fornecida pelo escopo do produto seja completa
A fase de construção e de definição do esco- é essencial para tomada de decisões do projeto
po do produto é de fundamental importância em questão.
UNIDADE 2 47
Escopo
do Projeto
48 Planejamento do Projeto
mudanças no escopo do projeto devem estar in- do negócio aos quais pretende atender; à descri-
tegradas aos demais controles do Planejamento ção detalhada do produto que será elaborado; aos
de Projeto, descrevendo e controlando atividades objetivos quantitativos do projeto relacionados
como qualidade, custo, prazos, entre outros, dado a custo, qualidade, prazos etc.; ao conjunto das
que uma única mudança dessa variável impacta necessidades identificadas; e, por fim, a um plano
nas demais etapas do projeto. de gerenciamento do escopo, que mostrará como
Na definição do escopo do projeto, é neces- ocorrerão as etapas do projeto e de que maneira as
sário também que fiquem claras as justificativas mudanças que virão a ocorrer serão incorporadas
pelas quais o projeto está sendo executado, o que ao planejamento proposto.
auxiliará em etapas futuras do planejamento do Com o detalhamento do escopo do projeto,
projeto. Assim sendo, as definições de escopo de haverá uma melhor precisão de estimativas de
projeto e do produto são utilizadas para a prepa- custos, tempo e recursos, além da definição de
ração de um documento denominado Declaração padrões mais claros para medição e controle de
do Escopo do Projeto. desempenho, visto que, com uma atribuição mais
Para que o gerente de projeto elabore uma De- precisa das responsabilidades, o gerente de projeto
claração do Escopo do Projeto, é necessário que poderá gerir o comportamento que a execução do
se atente à justificativa do projeto e os requisitos projeto está tomando.
Escopo do Produto
Declaração do Escopo do Projeto
Planejamento
do Projeto Detalhar o Escopo Preparar o EDT e
revisar a Declaração
do Projeto
do Escopo do Projeto
Avaliar riscos
Definir escopo do projeto Princípios do EAP/EDT
Definir atividades do projeto Estrutura Analítica do Projeto /
Definir recursos Decomposição do trabalho
Planejar e preparar aquisições
Definir indicadores de desempenho
UNIDADE 2 49
Análise de
Viabilidade
50 Planejamento do Projeto
Desenvolvimento dos orçamentos
para a execução do projeto
Plano de gerenciamento
dos custos do projeto Definir custo-alvo
UNIDADE 2 51
Para que possamos fazer uma análise econô-
mica plausível para o desenvolvimento de um
produto, é necessário que saibamos os concei-
tos de fluxo de caixa, ou seja, é necessário que
entendamos a sistemática de entrada e saída de
dinheiro durante o ciclo de vida planejado para
o produto (ROMEIRO FILHO et. al., 2010). Por
isso, a seguir, estudaremos os três componentes
principais de um fluxo de caixa, são eles:
• Investimento no novo produto: basica-
mente, seria o investimento utilizado para
o desenvolvimento das especificações e
para preparação do produto, investimento
no capital humano utilizado para o desen-
volvimento do projeto, testes, protótipos,
análise de qualidade do produto, pesquisas
de mercado, equipe de vendas etc.
• Receitas: pode ser considerada a soma dos
investimentos financeiros que se espera
arrecadar com a comercialização dos pro-
dutos, não se esquecendo de multiplicar os
investimentos ao preço estimado.
• Custos e despesas de produção: nada
mais são do que os valores gastos para a
produção e comercialização dos produ-
tos, sejam estes valores investidos direta
ou indiretamente.
52 Planejamento do Projeto
Ciclo de Vida
do Produto
UNIDADE 2 53
Plano do Projeto
Definir o
problema de
projeto do
produto Detalhar ciclo Estrutura de desdobramento
de vida do
do ciclo de vida;
produto e
definir seus check-lists;
clientes matrizes de mapeamento
Identificar os
requisitos dos
clientes do
produto
54 Planejamento do Projeto
penetração no mercado fazem com que o lucro das to de concorrência com novos produtos, inovações
organizações sejam negativos; são nessas fases que tecnológicas implementadas no mercado e mudan-
se encontram os períodos de maiores investimen- ça de hábitos nos consumidores.
tos e, consequentemente, maiores riscos. É nesta fase em que a empresa começa a obso-
Nas fases de crescimento, começam aparecer lência do produto e, assim, as empresas gradati-
aumento nos lucros e, geralmente, poucas empresas vamente eliminam os canais de distribuição que
lucram positivamente antes dessa fase. Na fase de estão dando menos lucro, para logo em seguida
maturidade, porém, tem-se uma estabilidade, mais encerrar a produção do produto. O abandono dos
bem descrita como o período sem crescimento e de produtos, na grande maioria das vezes, ocorre após
estagnação do mercado, porém a maior parte dos a fase de declínio, porém, em alguns casos, é possí-
lucros referentes ao produto estão situados nesta vel que o produto transite da fase de crescimento
fase. Na fase de declínio, ocorre uma diminuição direto para fase de declínio sem passar pela fase
nas vendas causadas por fatores, tais como aumen- de maturidade.
Marketing / Estratégia
necessidade / Planejamento
estratégico da empresa
problema
Planejamento
É de extrema importância do produto
Reciclagem/Reúso/
Figura 7 - Etapas adjacentes ao planejamento do produto Remanufatura
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 347).
UNIDADE 2 55
Clientes e Ciclo de a distribuição e divulgação do produto, po-
Vida do Produto rém, nesta etapa, o lucro geralmente é me-
diano, e o perfil de clientes que consomem
Os clientes de um ciclo de vida de um produto o produto é caracterizado por absorver
podem ser divididos em: uma nova tecnologia que deu certo e, por
• Clientes externos: são considerados isso, eles passam a adotá-la, causando uma
como o grupo de pessoas ou organizações elevada taxa de crescimento nas vendas.
que irão utilizar, manter, desativar ou • Maturidade: nesta etapa, a taxa de cresci-
retirar o produto do mercado. mento é praticamente nula, ou muito baixa,
• Clientes intermediários: correspondem no entanto, é nesta etapa que geralmente
àqueles responsáveis pela distribuição, as organizações desenvolvedoras do pro-
vendas, compras e marketing do produto; duto conseguem os maiores lucros, já que
estes clientes têm como principal objetivo a maioria das despesas já foi amortizada
a satisfação dos clientes externos. nas fases anteriores do ciclo. O perfil dos
• Clientes internos: entende-se como os clientes nesta etapa do ciclo é caracterizado
fabricantes e os indivíduos envolvidos no como aquele que consome o produto, em
projeto e na produção dos produtos. grande parte, por imitação (conhecidos
também como maioria inicial).
A relação dos clientes e o ciclo de vida do produto • Declínio: o lucro das organizações desen-
fornece uma visão mais amplificada de todo o volvedoras de produto passa de fraco para
processo, permitindo o desenvolvimento de so- negativo na grande maioria das vezes, dado
luções específicas para cada um desses clientes ao declínio na participação do produto no
(FERREIRA, 1997). É importante ressaltar tam- mercado. Para a empresa, é importante
bém o relacionamento entre clientes e o ciclo de manter o monitoramento durante a ma-
vida oriundos do marketing. Nessa visão, os clien- turidade do produto de forma a identificar
tes são divididos de acordo com fluxo de vendas e o mais rápido possível o aparecimento da
as etapas do ciclo de vida do produto, sendo elas: fase de declínio e, se necessário, desconti-
• Lançamento: neste período, é constatado, nuar o produto. O perfil de clientes nesta
geralmente, uma taxa de vendas relativa- etapa é daqueles clientes bastante fiéis, os
mente forte, porém com pouca participa- quais não foram atraídos por novas tecno-
ção no mercado (Market share). Frequen- logias ou novas marcas.
temente, nesta fase, os clientes consomem
os produtos com o intuito de serem “ino- As etapas do ciclo de vida do produto depen-
vadores”, os “primeiros” a consumirem de- dem de diversos fatores, dentre eles o tipo de
terminada demanda. Nesta etapa, o lucro produto, o tipo de projeto, a escala de produ-
ainda não é suficiente para suplantar as ção, funcionalidades, sazonalidade, manutenção,
despesas do projeto. características de manuseio etc. Por isso, com
• Crescimento: nesta etapa, frequentemen- um estudo detalhado, é possível se prevenir de
te, as vendas já conseguiram suplantar as eventuais falhas e se antecipar ao mercado nas
despesas realizadas no desenvolvimento do tomadas de decisões para melhorias contínuas
produto. A empresa ainda terá gastos com no desenvolvimento de produtos.
56 Planejamento do Projeto
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
57
2. No desenvolvimento de produtos, a definição de escopo significa definir o produ-
to e projeto de acordo com o alvo que se deseja atingir. Sendo assim, de acordo
com as proposições sobre Escopo do Produto e Escopo do Projeto, assinale (V)
para alternativa verdadeira e (F) para Alternativa falsa.
( ) O escopo do projeto é realizado de acordo com a especificação técnica que
descreve o conjunto de desempenho e funcionalidades e o desempenho
desejado para o produto.
( ) O escopo do produto é responsável pela definição do conjunto de trabalhos
que serão executados para a elaboração e entrega de um produto.
( ) O escopo do projeto possui, em um de seus itens, uma descrição sucinta do
escopo do produto.
( ) O escopo do produto é realizado de acordo com a especificação técnica que
descreve o conjunto de desempenho e funcionalidades e o desempenho
desejado para o produto.
( ) O escopo do projeto é responsável pela definição do conjunto de trabalhos
que serão executados para a elaboração e entrega deste.
a) FFFVV.
b) FFVVV.
c) FFVVF.
d) FVFFV.
e) FVFVFV.
58
LIVRO
59
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Saraiva, 2006.
ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elseiver, 2010.
FERREIRA, C. V. Estimativa de custos de produtos na fase de projeto conceitual: uma metodologia para
a seleção da estrutura funcional e da alternativa de solução. 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Me-
cânica), Universidade Federal de Santa Catarina, 1997.
REFERÊNCIAS ON-LINE
CRESTANI et al. Ciclo de Vida do Produto (CVP). Brasil Escola. [2020]. Disponível em: https://meuarti-
go.brasilescola.uol.com.br/administracao/ciclo-vida-produto-cvp.htm#:~:text=1%20INTRODU%C3%87%-
C3%83O,exemplo%3A%20devo%20investir%20em%20propaganda%3F. Acesso em: 25 set. 2020.
60
1. B.
Essa alternativa está correta pelo fato de apresentar todas as fases do ciclo de vida do produto.
2. b) F, F, V, V, V.
3. D.
Viabilidade não consta no gráfico do ciclo de vida do produto, e sim no planejamento dele.
61
62
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Fernanda Pappa
Projeto Informacional
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 3 65
Requisitos
dos Produtos
66 Projeto Informacional
Após o levantamento das necessidades, é pre- Posteriormente a estas etapas de classificação, le-
ciso que elas sejam processadas inicialmente e, vantamento e agrupamento, denominamos este
posteriormente, sejam agrupadas, classificadas e processo de “requisitos dos clientes”.
ordenadas de acordo com o ciclo de vida do pro- Requisitos dos clientes estão diretamente liga-
duto. O agrupamento das necessidades possibilita dos a aspectos como desempenho funcional, fato-
a verificação de requisitos similares, eliminando- res humanos, propriedades, espaço, confiabilida-
-se repetições e necessidades pouco relevantes. de, ciclo de vida, manufatura e recursos (Figura 1).
Declaração do Escopo do Produto
Ciclo de Vida do Produto
Clientes do Produto Coletar as necessidades
dos clientes de cada fase
do ciclo de vida
Projeto
Informacional Agrupar e classificar
Identificar os
requisitos dos as necessidades
clientes do produto
Definir requisitos dos clientes
Identificar os
requisitos
dos clientes
do produto Questionários
estruturados, entrevistas,
checklists, Brainstorming,
diagrama de afinidades;
Definir Definir QFD; diagrama de Mudge
requisitos especificações
do produto do produto
Existem determinados requisitos do produto definidos como básicos que são aqueles que não geram sa-
tisfação aos clientes, porém são requisitos essenciais para a composição do produto; estes requisitos não
são verbalizados pelos clientes, porém, se esquecidos no produto final, os clientes ficarão insatisfeitos.
UNIDADE 3 67
Existem também os requisitos denominados requisitos com desempenho esperado, isto é,
requisitos que quanto melhor o seu desempenho, maior será a satisfação do cliente. Atualmente,
o grande desafio das empresas é determinar os requisitos dos produtos por meio da “voz dos
clientes”, ou seja, é encontrar os requisitos que realmente surpreendem e agradam aos clientes,
pois geram benefícios dos quais os consumidores não esperavam.
Cliente satisfeito Ao encontrarem estes re-
Esperado
quisitos os quais causam im-
pactos nos clientes, ao longo
do tempo, tornar-se-ão obso-
letos e, assim, de acordo com a
Excitação
evolução natural do mercado,
Desempenho tornar-se-á um requisito bá-
Excedente
sico em um futuro bem pró-
Desempenho Pobre ximo. Por isso, é necessário
manter-se atualizado com as
Básico
tendências de mercado, por
meio das necessidades dos
clientes.
A Figura 2 representa o
diagrama de Kano, que relata
bem os requisitos dos clientes
Cliente insatisfeito
segundo itens básicos, espera-
Figura 2 - Diagrama de Kano
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 421). dos e de excitação.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
68 Projeto Informacional
A Figura 3 exemplifica bem a definição dos requisitos de projeto
do produto, com relação ao projeto informacional, relações com outras
atividades e métodos e ferramentas de apoio com relação aos requisitos.
Hierarquizar requisitos
Requisitos do produto do produto
Identificar os
requisitos
dos clientes
do produto Matriz de Atributos, checklists,
Primeira Matriz do QFD,
Análise paramétrica,
Análise matricial,
Definir Definir Diagrama de Mudge
requisitos especificações
do produto meta
Vamos Praticar?
• Etapa 1: definição do projeto
UNIDADE 3 69
Atributos
Estar de
Baixo acordo com
Vendabilidade custo as normas de
segurança
Ter formato
Armazenagem que facilite sua
armazenagem
Nesse momento, todas as necessidades levantadas na etapa anterior são analisadas e ordenadas pelo
grau de importância (Figura 5). Esse grau de importância é analisado pela equipe de projetos e podem
ser aplicadas algumas ferramentas para se chegar a essa ordenação, como o método AHP (Analytic
Hierarchy Process) e também a matriz casa da qualidade (DFD).
70 Projeto Informacional
Necessidades do usuário Grau de importância
Ser durável 7
Após esses levantamentos, são analisados e documentados os requisitos dos usuários e projeto para
documentação dessa etapa do projeto informacional que corresponde ao levantamento das informações.
UNIDADE 3 71
Matriz Casa da
Qualidade (QFD)
72 Projeto Informacional
VENDAS E DISTRIBUIÇÃO
MARKETING
FABRICAÇÃO
ENGENHARIA
PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO
QFD
P&D
ENGENHARIA
FABRICAÇÃO
MARKETING
VENDAS E DISTRIBUIÇÃO
Figura 6 - QFD traduz as necessidades dos clientes em requisitos apropriados à empresa, em cada estágio do processo de
desenvolvimento de produto.
Fonte: Ryan e Eureka (1992, p. 42).
Segundo Rozenfeld et al. (2006), a matriz QFD auxilia no trabalho de equipe no desenvolvimento de
um projeto de produto, que busca conciliar diferentes definições do produto dentre as mais variadas
fases do projeto, desde o estabelecimento das necessidades dos clientes, requisitos do projeto, definições
de valores-meta até as dificuldades técnicas associadas a cada produto.
Com a utilização adequada da matriz QFD, é possível reduzir o número de mudanças no projeto,
diminuir o tempo de duração do projeto, redução de reclamações por parte dos clientes, favorecimento
de comunicação entre os diferentes agentes que atuam no desenvolvimento do produto, identificação
de características que contribuem para atributos de qualidade do produto, entre outros. Assim sendo,
a Figura 7 descreve como deve ser montada a estrutura de uma matriz QFD.
UNIDADE 3 73
Matriz de
Correlação
7
4
Requisitos
do Produto
1 2 5 3
Importância
Requisitos Matriz de Benchmarking
dos Clientes Relacionamentos Competitivo
6
Quantificação dos
Requisitos do Produto
74 Projeto Informacional
A matriz QFD pode ser analisada em cada uma das suas etapas juntamente com as atividades do
projeto informacional (Quadro 1):
Capítulo Campo da QFD Atividades do Projeto Informacional
Identificar os requisitos dos clientes do
1 Requisitos dos clientes
produto
Identificar os requisitos dos clientes do
2 Importância dos requisitos
produto
Benchmarking com produtos dos concor- Identificar os requisitos dos clientes do
3
rentes produto
4 Requisitos dos produtos Definir os requisitos do produto
Correlação entre requisitos dos clientes e
5 Definir os requisitos do produto
requisitos do produto
Quantificação dos requisitos do produto
6 Definir especificações-meta do produto
(valor-meta)
Correlação entre os requisitos do pro-
7 Definir especificações-meta do produto
duto
A utilização das informações fornecidas pela matriz da Casa da Qualidade para tomada de decisão se
dá devido à importância da padronização das informações, ou seja, independentemente do usuário
(acionistas, empresários, gerentes), as conclusões irão sempre estar centradas no consumidor do produto.
A flexibilidade apresentada pela metodologia permite relacionar necessidade do público-alvo,
variáveis técnicas dos produtos ou serviços e necessidade das empresas, a fim de tomar as melhores
decisões. No caso de serviços, também é possível a aplicação da metodologia. Você pode acompanhar
(Figura 8) a aplicação da metodologia QFD no estudo de trânsito das cidades.
UNIDADE 3 75
Características Técnicas Qualidade Planejada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 Benchmarking Análise Comparativa
Quilômetros de congestionamento
Nº. de empresas de transporte público
Nº. de estacionamentos particulares
QFD
Tempo de congestionamento
Extensão vias para pedestres
Nº. de sinalização horizontal
Taxa de Melhoria
Nº. de semáforos
a qualidade no
Nº. Coletivos TP
Nº. usuários TP
Peso Absoluto
Nosso Serviço
Peso Relativo
Priorização
Trânsito de Maringá
IDEAL
Meta
Ranking
Nosso Serviço
IDEAL
Direção da Melhoria
5
4
3
2
1
Sinalização 5 3 5 5 1,6 1,5 12,5 8% 7
Benchmarking 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
1 2 2 5 1 1 1 1 2 1 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 3 2
Total Pontos 557 540 307 410 607 93 157 23 303 173 135 539 623 129 238 577 215 345 141 266 266 266 554 172 232 142 197 Nenhuma
Análise Comparativa
Figura 8 - Exemplo da Casa da Qualidade em um estudo para avaliação da qualidade no trânsito das cidades brasileiras
Fonte: Chiroli (2011, p. 88).
A Matriz QFD funciona como a voz dos clientes para a empresa desenvolvedora do projeto de produto,
assim como os membros envolvidos no projeto podem utilizar a matriz como fonte de dados, a fim de
se obter novas estratégias e, consequentemente, obtendo vantagem competitiva em um mercado que
está cada vez mais concorrido e dinâmico.
Assim, a matriz QFD proporciona uma visão global no processo de desenvolvimento de produtos,
visão do cliente, fornecedores, concorrentes, permitindo uma análise integrada das informações ge-
radas, possibilitando tomar as melhores decisões.
76 Projeto Informacional
Design para Fabricação
e Montagem (DFMA)
UNIDADE 3 77
Isto é, utilizando essa metodologia no processo de • Utilização de peças e materiais comuns
desenvolvimento de produtos, a empresa consegue à família de produtos.
fazer uma análise minuciosa do projeto pensando • Trabalhar com concepção e montagem
na otimização do processo produtivo, como estudo de produto à prova de erro, utilizando,
de materiais, peças e montagem que irão contribuir por exemplo, a técnica de Poka Yoke.
para uma maior facilidade na produção. • Trabalhar com requisitos de manuseio e
A necessidade de desenvolver produtos cada orientação de peças descritas no projeto.
vez mais rápidos, devido ao mercado e concorrên- • Projetar pensando nas facilidades de
cia, faz com que as organizações repensem seus montagem dos produtos fabricados.
processos. Essa metodologia auxilia no processo • Reduzir ou eliminar partes flexíveis e
e agiliza o desenvolvimento de produtos. interconexões.
Utilizando o DFMA no desenvolvimento, os • Incorporar métodos de fixação fáceis e
gestores conseguem identificar, de forma mais efi- eficientes.
ciente, os problemas que podem ocorrer no processo • Trabalhar com design de produto mo-
produtivo, podem prevenir, detectar e eliminar des- dular, englobando maior variedade de
perdícios antes de iniciar o processo de produção. produtos.
As técnicas de DFMA tem como objetivo o • Pensar no design do produto com foco na
trabalho em conjunto da equipe de desenvolvi- automação do processo.
mento e visa a redução de componentes, peças e
conjuntos de montagem, objetivando a redução Para que você consiga compreender a aplicação
de custo e tempo de montagem dos produtos, da metodologia, vamos considerar uma análise
focando nos seguintes fatores: realizada em um determinado produto, de acordo
• Redução da quantidade de peças compo- com os estudos de Souza et al. (2016).
nentes e simplificação do projeto da peça. O produto estudado foi o laptop infantil, este
• Definição e estudo de peças de design apresenta 3 idiomas e tem como objetivo promo-
para facilitar a fabricação dos produtos. ver o aprendizado de forma interativa. O produto
• Projeto do produto levando em conside- foi escolhido pelos autores devido ao fato de per-
ração os recursos produtivos disponíveis ceberem que, com a aplicação da metodologia
e evitar tolerâncias muito pequenas no DFMA, conseguiriam melhorar o projeto (Figura
projeto. 9).
78 Projeto Informacional
Primeiramente, o produto foi desmontado para permaneça com suas características projetadas
análise dos componentes. Após essa análise, hou- e, ao mesmo tempo, mantenha a segurança para
ve a identificação de uma possível redução no nú- os usuários.
mero de parafusos para fixar a carcaça (composta Com isso, foi conseguido a redução de 50%
de tampas inferior e superior da base), sem preju- no número de parafusos, de 12 para 6 parafusos,
dicar a estrutura interna ou externa do produto. mantendo as mesmas características funcionais e
Testes foram realizados para que o produto de segurança. (Figura 10).
Também foi analisado uma placa de circuito elétrico que é responsável pelo funcionamento do te-
clado. Ela é parafusada na base do laptop, por meio de 15 parafusos. Após essa análise, foi possível
a eliminação de 10 parafusos (Figura 11), permanecendo com as mesmas características projetadas.
Outro item analisado foram os dois suportes de fixação do alto falante. Após os testes, foi possível a
redução de 2 parafusos e 1 suporte plástico, impactando diretamente na redução de custos e otimização
no processo de montagem (Figura 12).
UNIDADE 3 79
Figura 13 - Tampa de Abertura
Fonte: Souza et al. (2016, p. 9).
80 Projeto Informacional
Nesse estudo, os pesquisadores verificaram que o produto já possuía princípios da metodologia DFMA
como modalização e peças autofixadoras e, ainda assim, com uma análise mais aprimorada, foi possível
a melhoria do projeto, resultando em ganhos pela redução dos seguintes componentes:
Componentes Quantidade
Parafusos cabeça de panela 2,5 x 8,0 mm 2
Parafusos cabeça de panela 3,0 x 8,0 mm 6
Parafusos com arruela embutida 1,5 x 6,0 mm 10
Parafusos cabeça de panela 2,0 x 6,0 mm 2
Parafuso com arruela embutida 2,0 x 6,0 mm 1
Hastes de limitação plásticas 2
Suporte para áudio do produto 1
Mola 1
TOTAL 25
Além dessa apresentação da redução dos componentes, que nesse caso foi uma redução de, aproxima-
damente, 18%, os gestores podem apresentar os números financeiros, ou seja, apresentar a redução em
números para que a informação fique mais completa e favoreça a decisão mais assertiva.
UNIDADE 3 81
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
82
3. O termo DFMA (Design for Manufacture and Assembly) é a combinação de duas
metodologias, Design for Manufacture, que significa o design para facilitar a
fabricação das peças que formarão um produto, e o Design for Assembly, que
significa o design do produto para facilitar a montagem. Diante disso, avalie as
afirmativas e escolha a alternativa correta.
I) Essa metodologia é utilizada no processo de desenvolvimento de produtos
com objetivo de controlar a gestão de estoques de matérias-primas.
II) Utilizando o DFMA no desenvolvimento, os gestores conseguem identificar, de
forma mais eficiente, os problemas que podem ocorrer no processo produtivo.
III) As técnicas de DFMA têm como objetivo o trabalho em conjunto da equipe
de desenvolvimento e visa a redução de componentes, peças e conjuntos
de montagem.
IV) A definição e estudo de peças de design para facilitar a fabricação dos pro-
dutos são itens considerados quando aplicada a técnica de DFMA.
83
LIVRO
84
BRALLA, J. G. Design for eXcellence. New York: MacGraw-Hill, 1996.
BOUCHEREAU, V.; ROWLANDS, H. Methods and techniques to help quality function deployment
(QFD). University of Wales College, Newport, South Wales, UK, 2000.
CARVALHO, M. M. QFD: uma ferramenta de tomada de decisão em projeto. 1997. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Engenharia de Produção
e Sistemas. Florianópolis, 1997.
CHIROLI, D. M. G. Um Estudo para Avaliação da Qualidade no Trânsito das Cidades Brasileiras. Dis-
sertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Engenharia
Civil. Maringá, 2011.
ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elseiver, 2010.
ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.; ALLIPRANDINI, D. H.;
SCALICE, R. K. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo. São
Paulo: Saraiva, 2006.
SILLOS, V. L. Qualidade de site de Governo eletrônico: estudo de caso sobre a aplicação do QFD ao site da SH/
CDHU. 2009. (Mestrado em Administração) – Universidade de São Paulo. Departamento de Administração.
São Paulo, 2009.
SOUZA, G. C. B.; MOCO, N. A.; PERUSSI, J. B.; GUIMARÃES, R. M. Aplicações do método DFMA e
FMEA em um Laptop Infantil. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO.
João Pessoa/PB, 2016.
85
RYAN, N. R.; EUREKA, W. E. QFD. Perspectivas Gerenciais do Desdobramento da Função Qualidade. São
Paulo: QualityMark, 1992.
REFERÊNCIAS ON-LINE:
Em: https://sites.google.com/site/cortadorautomaticodegrama/projeto-informacional/definicao-do-projeto.
1
86
1. Requisitos dos clientes estão diretamente ligados a aspectos como desempenho funcional, fatores huma-
nos, propriedades, espaço, confiabilidade, ciclo de vida, manufatura e recursos. São divididos em requisitos
do produto definidos como básico, que são aqueles que não geram satisfação aos clientes, e requisitos
denominados requisitos com desempenho esperado.
2. C.
3. D.
87
88
Esp. Robson Apdo Barbosa Junior
Me. Márcia Pappa
Projeto
Conceitual
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Planejamento
estratégico Acompanhar Descontinuar
dos produtos produto/ produto
processo
Gates >>
Assim, o projeto conceitual tem o objetivo de O projeto conceitual pode ser estruturado em al-
apresentar como o novo produto será desenvol- gumas etapas de desenvolvimento (Figura 2). Como
vido para atingir às necessidades dos clientes, con- se pode observar, a metodologia segue a mesma lógi-
siderando as linhas básicas de forma e função, ca das etapas do processo criativo, já que a etapa do
construindo um conjunto de princípios funcio- projeto conceitual demanda muita criatividade. Se-
nais e de estilo, levando em conta restrições com guindo as etapas representadas, consegue-se trans-
relação ao contexto geral da empresa, funciona- formar a oportunidade identificada em conceito
lidade e ergonomia. e o conceito em alternativas para o novo produto.
Estudo de Estudo
Definição concorrência ergonômico
do projeto
Estudo Geração de
Estudo funcional Avaliação
alternativas
do segmento e escolha
de mercado conceituais
Estudo
Definição do
de estilo
segmento Estudo de
materiais e Estudo das
tecnologias restrições
UNIDADE 4 91
A primeira etapa do processo de desenvolvimen- mercado, e dessa oportunidade identificada que
to do projeto conceitual é o entendimento, que se transformará em conceito, associando opor-
abrange os aspectos de definição do problema e tunidade e segmento escolhido.
definição do segmento. Nessa etapa, formular- Na definição do problema, por sua vez, de-
-se-á qual o problema que o novo produto irá ve-se definir os objetivos e os limites do projeto,
satisfazer. uma boa forma de executar essa tarefa é utilizan-
Para Neto e Favaretto (2005), na escolha do do uma técnica de definição de problemas. Uma
segmento, pressupõe-se que existe uma neces- bastante simples e eficiente é a ferramenta 5W2H,
sidade ainda não atendida de uma parcela do onde se questiona sobre os aspectos:
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
Na segunda etapa do projeto conceitual, são analisa- produto que será desenvolvido, construindo o seu
das as informações essenciais para o novo produto, conceito e tomando como base as necessidades
ou seja, se deve aprofundar mais em informações encontradas no segmento selecionado para atua-
sobre os concorrentes, segmento de atuação se- ção no mercado.
lecionado, materiais e tecnologias necessárias ao Os aspectos funcionais do produto visam iden-
desenvolvimento concreto do produto. tificar as características que o produto deve pos-
Para Neto e Favaretto (2005), a etapa de Com- suir para funcionar e satisfazer a necessidade do
preensão, que é a terceira etapa do processo de consumidor que adquiriu o produto. Assim, a aná-
desenvolvimento do projeto conceitual, estuda lise funcional ou análise das funções do produto é
quatro características importantes do novo pro- uma técnica descritiva orientada para o consumi-
duto que são aspectos ergonômicos, funcionais, dor e tem a característica de identificar, de forma
estéticos e aspectos de restrição. Essas informações clara e objetiva, questões de desempenho, função,
são específicas e vinculadas diretamente com o manutenção, montagem e outros do novo produto.
92 Projeto Conceitual
Segundo Baxter (2011), para realizar essa análise, é importante realizar as perguntas “Como?” e “Por que?”
e, a partir delas, desenvolver uma técnica denominada de árvore funcional, representada na Figura 3, na
qual se encontra proposição de soluções conceituais para cada uma das questões funcionais do produto.
Extrair rolha
ETAPA 3
Selecione as
funções básicas
COMO?
Ordene as
funções
secundárias
apoio movimento
giratório (por quê,
como?)
No estudo do estilo do novo produto, é importante saber que cada produto deve ter uma aparência
adequada com a função que irá desempenhar; o visual do produto precisa refletir seu objetivo. O estilo
do produto pode ser derivado de outros produtos da empresa, identificando, principalmente, a marca.
UNIDADE 4 93
O estudo das restrições é re-
lacionado às características e ao
contexto da empresa que desen-
volverá o novo produto; dessa A nossa empresa realmente tropeçou em alguns dos lançamen-
forma, estabelece-se os limites tos de seus novos produtos. Mas nunca se esqueça que você só
e as fronteiras do projeto. Essa consegue tropeçar se você está em movimento.
etapa, então, avalia o aproveita- Fonte: Former ([2020], on-line)1.
mento de fornecedores, pontos
de vendas, estrutura de produ-
ção e estratégias da empresa, Conjunto inicial de conceitos gerados
além de analisar se o desenvol-
vimento do novo produto está
1ª rodada - seleção de conceitos
alinhado com a missão, visão e
valores e objetivos da empresa.
A quarta e penúltima etapa Conceitos selecionados
do processo conceitual é a Ela-
boração. Para Baxter (2011), é Geração e mistura de conceitos
nessa etapa que são geradas as
alternativas conceituais, sendo Conceitos expandidos
que estas devam sintetizar to-
das as informações levantadas 2ª rodada - seleção de conceitos
nas etapas anteriores do projeto
conceitual.
Conceitos selecionados
Por fim, o último estágio do
processo verifica e seleciona o
conceito do produto a ser desen- Geração e mistura de conceitos
volvido. Atualmente, o método
de seleção do conceito é basea- Conceitos expandidos
do no trabalho de Stuart Pugh,
que desenvolveu um processo Repita, se for necessário
em que os conceitos gerados vão
convergindo sistematicamente Conceito selecionado
em um único conceito. Segundo
essa técnica, a escolha do con- Figura 4 - Etapas do processo da convergência controlada para a seleção do conceito
Fonte: Baxter (2011, p. 260).
ceito não é simples, envolve cria-
tividade, combinação de vários
conceitos com mescla de vários De forma prática, avaliações ocorrem nas diversas etapas e momen-
pontos positivos dos respecti- tos do desenvolvimento do projeto e o objetivo sempre é o mesmo:
vos conceitos. A representação selecionar os conceitos mais interessantes e promissores para o
da técnica de Pugh das etapas de segmento do mercado escolhido, atendendo também às restrições
convergência estão na Figura 4. relacionadas ao contexto da empresa.
94 Projeto Conceitual
Análise das Funções
dos Produtos
UNIDADE 4 95
Após listar todas as funções, a etapa que se inicia é a de selecio-
nar a função principal. Para desenvolver essa etapa, é interessante
desenhar uma Árvore funcional, na qual as funções são ordenadas,
sendo a função principal aquela que é a razão da existência do pro-
duto em questão. As demais funções são organizadas sob a função
principal de forma hierárquica e lógica, tomando em consideração
sempre a visão dos consumidores.
96 Projeto Conceitual
maiores pensadores dessa teórica que é voltada duto é muito relevante uma vez que é a primeira
às funções dos produtos em relação ao design que estabelece uma relação com os consumidores,
deles é também um dos maiores pensadores do devido ser relacionado com os sentidos deles e
design: Bernd Lobach. não com conceitos e necessidades. Assim, um con-
Segundo Lobach (2001), um bom produto, do sumidor, primeiramente, vê e avalia as formas de
ponto de vista do design, precisa desempenhar um objeto, por exemplo, de um carro, para depois
três distintas funções básicas: a estética, a prática analisar suas funções técnicas.
e a simbólica. A função prática é a capacidade o Por fim, a função simbólica deriva dos aspectos
produto desempenhar a função para a qual foi estéticos dos produtos, porém é efetiva, uma vez
desenvolvido, atender às necessidades e expec- que os aspectos estéticos são associados com con-
tativas dos clientes em relação ao seu uso. ceitos e emoções dos consumidores, ou seja, faz
Na análise da função prática de um produto, associação de ideias com memórias e experiên-
é levado em conta os aspectos da antropometria, cias anteriores, criando, dessa forma, significados
usabilidade e praticidade do uso, ou seja, todo o as- para compra e uso dos produtos. Como exemplo,
pecto fisiológico da relação entre produto e homem. temos a utilização da cor vermelha para “pare” no
Para ser considerado um bom produto em re- semáforo; a cor é um elemento estético que está
lação ao design, o produto precisa desempenhar associado a uma sensação de advertência para a
também a função estética que atenda aos aspectos cultura ocidental, assim o vermelho é um símbolo,
fisiológicos da percepção sensorial do consumi- algo que indica ou lembra um conceito.
dor quando este manipular o produto, que resulte Sendo assim, a análise da função do produ-
na satisfação dos sentidos. to possibilita avaliar as informações coletadas
Segundo Gomes (2005), na função estética para o desenvolvimento do produto, como
também estão envolvidos aspectos de cor, forma, também análise dos sistemas e subsistemas,
textura, som, simetria, isometria, união, transla- fornecendo informações também para o pro-
ção, rotação e outros. A função estética de um pro- jeto detalhado.
UNIDADE 4 97
Análise de sistemas
e Subsistemas
98 Projeto Conceitual
Definir arquitetura das Identificar Sistemas, Subsistemas
alternativas de projeto e Componentes (SSC)
Layout do produto
“
volvidos produtos com projetos e desempenhos
O modelo de concepção representa o pro- superiores, fazendo que, consequentemente, haja
duto, sobretudo em linguagem gráfica, ou diminuição de custos e tempo de desenvolvimen-
seja, em desenhos esquematizados ou es- to e, ainda, melhora na percepção do cliente em
boços. Suas propriedades já se assemelham relação ao produto.
UNIDADE 4 99
Ergonomia
e Estética
UNIDADE 4 101
• Ergonomia do Produto • Ergonomia para o Consumo
Produto é entendido, nesse contexto, como O ideal para um produto é que o homem se
sendo o meio que o homem utiliza para adapte facilmente a ele, sendo assim, nesta
realizar alguma função, então o produto adaptação, considera-se segurança para o
pode ser um objeto, equipamento, máqui- usuário, facilidade de manuseio e conforto
na e outros. A qualidade ergonômica do para o homem.
produto está ligada aos aspectos analisados
por todo o seu ciclo de vida, devendo ser de • Ergonomia no Abandono do Produto
fácil produção, fácil de ser manuseado, não No momento que o produto encerra sua
apresentando riscos físicos de lesões ou vida útil para os consumidores, deve se
emissão de substâncias danosas aos con- pensar na destinação final deste, é neces-
sumidores e também de fácil manutenção. sário saber quais processos eles sofrerão
e causarão ao meio ambiente. Nesse mo-
• Ergonomia na Produção mento, tamanho, forma e composições
Na ergonomia na produção, deve ser pen- químicas são as principais características
sado como o produto será produzido, ou analisadas, além, é claro, de definir qual o
seja, quanto mais viável a produção de um melhor local para destinação, que pode até
produto, melhor, assim há menos chances ser informado nas instruções do próprio
de se cometer algum tipo de erro na pro- produto.
dução. Segundo Kaminski (2000, p. 116),
“postos de trabalho são componentes do
sistema de produção e envolvem três fa- Ergonomia de Correção
tores básicos: o homem, elementos físicos
como máquinas e computadores e o am- A ergonomia de correção é utilizada em situações
biente em que eles se encontram”. reais, após o desenvolvimento de um produto;
como o nome já sugere, é a correção de algum
• Ergonomia na Embalagem e Transporte quesito. É aplicada em problemas reais que refle-
A embalagem e transporte também são tem na segurança, fadiga, doença do trabalhador
etapas bastante importantes nas quais haja e até em quantidade e qualidade de produção,
ergonomia, uma vez que a embalagem é o considerando um produto que pode ser equipa-
que protege o conteúdo do seu produto e, mento ou máquinas já existentes. Como exemplo,
devido a isso, necessita ser bem desenvol- podemos citar a utilização de filtros em máquinas
vida, porém não dificultosa. Considerando poluentes.
o transporte, é preciso analisar formas que
facilitem o carregamento e distribuição do
produto, tornando o transporte acessível Ergonomia de
financeiramente e eficiente, consideran- Conscientização
do aspectos de como o produto chegará
aos mercados e, principalmente, à casa do Esta ergonomia é utilizada quando nem a ergo-
consumidor, conhecendo a melhor rede nomia de concepção e a ergonomia de correção
de transporte, ferroviária, aérea ou outras. foram o suficiente para sanar algum problema
UNIDADE 4 103
Seleção do
Conceito
MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE
CADEIRA DE SEGURANÇA
PARA BEBÊS
Oportunidade
Alternativa 1 Alternativa 2
de Referência
Peso Cinto de aperto Menor preço Como 1, acres-
Critério de Seleção do fácil (com uma e excelente centando-se brin-
fator das mãos) segurança quedos opcionais
Tamanho do mercado potencial 10 0 +10 +10
Lucro/unidade vendidas 10 0 -10 +10
Ciclo de vida do produto 5 0 0 -5
Custo do desenvolvimento 1 0 +1 -1
Risco de acidente/técnico 5 0 +5 -5
Risco de aceitação/mercado 10 0 +10 +10
Uso da capacidade produtiva 5 0 -5 -5
Canais de distribuição 7 0 0 -7
Capacidade de projeto 3 0 +3 -3
Total 56 0 +14 +4
Quadro 1 - Matriz de avaliação para seleção de oportunidade para um assento de segurança para bebês
Fonte: Baxter (2011, p. 199).
UNIDADE 4 105
Segundo Baxter (2011, p. 259), que (0), significa que não existe nada melhor que
“
o conceito de referência, que, no caso, é o produto
Para facilitar o processo, cada conceito do concorrente. Assim, é necessário que os concei-
é comparado com o conceito referencial. tos sejam melhorados consideravelmente, dessa
Aqueles julgados “melhor que” são avalia- forma o produto a ser lançado terá competitivi-
dos em (+1), o “pior que”, em (-1), e o “igual”, dade no mercado, principalmente para concorrer
em (0). O conceito referencial pode ser o com o produto de referência.
melhor concorrente atual do novo produto Dessa forma, o estudo do projeto deve retor-
proposto. O resultado do ordenamento será nar à fase de desenvolvimento para gerar novos
único número total que expressa o mérito conceitos e alternativas, se por acaso a soma dos
relativo de cada conceito. Um número total conceitos for (0) ou menor, uma vez que não é
positivo indica que o conceito avaliado é viável o desenvolvimento de um produto que
melhor que o conceito referencial, enquanto não é melhor que o do concorrente, pois, conse-
total negativo indica o contrário. Fazendo quentemente, esse produto não seria competiti-
isso com todos os conceitos, aquele que vo e poderia não ter saída no mercado, gerando
apresentar maior resultado positivo será custos e gastos para a empresa, mas não retorno
considerado o melhor conceito. financeiro.
Se pelo menos um dos conceitos obtiverem
A segunda etapa corresponde à etapa na qual é pontuação positiva, o processo de seleção do con-
gerada uma mistura dos conceitos, destacando ceito pode ser realizado novamente, com apenas
os pontos positivos de cada conceito e tentando os melhores conceitos, tendo, assim, um número
incluí-los em apenas um único produto. Nesse mo- reduzido de opções, e a escolha deve ser daquele
mento, os aspectos negativos são desconsiderados. conceito que obteve maior nota na matriz de ava-
Considera-se um determinado conceito clas- liação apresentada anteriormente.
sificado como forte no geral, mas obteve uma Com essa mudança de conceito referencial,
pontuação de (-1) em um critério e questiona-se todo o processo de transferência dos aspectos po-
se há outro conceito que obteve a nota (+1) nesse sitivos dos outros diferentes conceitos para aquele
mesmo critério. Assim, se for possível incorporar conceito considerado mais forte, após o processo
essa característica positiva ao conceito que é forte, se deve analisar em novos conceitos e, no final,
ele ficará mais forte ainda. pode haver duas possíveis situações.
Após essa análise, observa-se as notas (0) desse A primeira situação é que os resultados “der-
conceito forte: essas notas poderiam virar (+1) rubam” o conceito referencial. O conceito que
se houvesse transferência das características de alcançar a maior nota global positiva será ado-
outros conceitos? Após realizar todas as transfe- tado como um novo conceito referencial e todo
rências possíveis, é analisado se depois de tantos o processo deverá ser repetido até que nenhum
movimentos surgiu algum novo conceito que an- outro consiga avaliação global positiva maior que
tes não existia na relação e, caso tenha surgido, ele ele e, assim, nenhuma outra ideia surja para subs-
deve ser adicionado na matriz de avaliação para tituí-lo. Todo esse processo leva tempo, porém
ser avaliado. os bons resultados obtidos superam o tempo e
No final de todo esse processo de análise, se o custo despendido para o desenvolvimento dos
não surgiu nenhum conceito com avaliação maior processos.
“
Na seleção de conceitos, os mesmos são gerados e posteriormente são refinados, elaborados e de-
senvolvidos. Se os critérios de seleção forem bem elaborados, a seleção de conceitos contribuirá para
agregar mais valor ao produto, do que qualquer outra atividade, com tempo de trabalho reduzido.
A segunda situação possível é não obter conceitos com avaliação positiva, evidenciando que nenhum
conceito examinado foi forte o suficiente para superar o conceito referencial. Nesse caso, o conceito
referencial é adotado como o conceito do produto, pois foi avaliado como o melhor das opções, assim
essa etapa de seleção de conceito é encerrada e a equipe do desenvolvimento de projetos pode passar
para outra etapa da consideração do projeto.
UNIDADE 4 107
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
108
2. A ergonomia é um conjunto de disciplinas que estuda a interação entre o homem,
as máquinas, ambiente de trabalho e métodos organizacionais empregados com
aplicação de conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia para solucionar
problemas originados dessa interação. Diante disso, analise as afirmativas e
escolha a alternativa correta.
I) A ergonomia é avaliada no desenvolvimento de produtos, descartando a
relação entre produto e espaço de trabalho na produção.
II) No projeto conceitual, a ergonomia do produto deve ser detalhada de forma
a considerar o processo produtivo.
III) A ergonomia deve adequar os produtos à sua própria utilização e às carac-
terísticas físicas e intelectual dos consumidores finais.
IV) A ergonomia visa implementar restrições para tentar impedir ações incorretas
do próprio usuário.
109
LIVRO
110
AMARAL, D. C.; ALLIPRANDINI, D. H.; FORCELLINI, F. A.; ROZENFELD, H.; SCALICE, R. K.; SILVA, S.
L.; TOLEDO, J. C. Gestão de desenvolvimento de produtos – uma referência para a melhoria do processo.
São Paulo: Saraiva, 2006.
BAXTER, M. Projeto de produto - guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Blucher, 2011.
GOMES, A. D. Havaianas: com o mundo a seus pés. Revista HSM Management, São Paulo, n.48, 2005.
LÖBACH, B. Design Industrial: Bases para configuração dos produtos industriais. Tradução Freddy Van Camp.
Rio de Janeiro: Edgard Blücher, 2001.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Saraiva, 2006.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://malucomg.wordpress.com/2015/12/11/os-mais-bem-sucedidos-sao-aqueles-que-acumulam-o-
-maior-numero-de-fracassos-frase-de-arthur-fry-ex-cientista-da-3m-pai-do-famoso-post-it-o-fracasso-te-o/.
Acesso em: 24 ago. 2020.
111
1. A.
2. D.
3. Na etapa do projeto conceitual, o conceito do produto é definido, ou seja, na empresa de chocolates, após
análise do mercado, ela pode levantar todos os produtos e suas características que podem ser produzidas,
definir, nesse momento, as características desses produtos, as funcionalidades, as questões ergomômicas
e criar uma lista de produtos e características para ser escolhido se lança ou não produtos veganos.
112
113
114
Me. Márcia Pappa
Projeto Preliminar
PLANO DE ESTUDOS
Atividades Desenvolvidas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender o objetivo do projeto preliminar. • Visualizar como a Engenharia Simultânea pode auxiliar
• Apresentar de forma detalhada as atividades desenvolvi- nessa fase do projeto.
das nessa etapa.
O que é
Projeto Preliminar
UNIDADE 5 117
Podemos acompanhar (Figura 2) as atividades pertencentes a essa fase do projeto:
TAREFA
ESPECIFICAÇÕES
CONCEPÇÕES
LAYOUT DEFINITIVO
Finalizar os detalhes
Projeto Completar os desenhos detalhados e
detalhado documentos de produção
Verificar todos os documentos
DOCUMENTAÇÃO
SOLUÇÃO
Pode ser observado que, nessa fase de projeto preliminar, ocorre a materialização das informações das
etapas anteriores e uma preparação para montagem e fabricação do produto.
Nas atividades realizadas, também estão incluídas, segundo Arend et al. (2003), a análise de viabi-
lidade técnica e econômica, estudos de trade-off, logística, aplicação de ferramentas para análise dos
modos de falha e efeitos (FMEA).
É importante que nessa fase sejam detalhadas todas as informações do produto e projeto, pois é uma
preparação para a etapa seguinte. Podemos acompanhar (Figura 3) essas informações e integração
entre as fases.
Desenho
técnico Protótipos
Entradas
Análise Resultados
de falhas do teste
Projeto
detalhado
Especificação Novos
Decisões
dos materiais componentes
Procedimentos Componentes
de montagem padronizados
Resultados
físicos
Especificação do produto
UNIDADE 5 119
Atividades
Desenvolvidas
A partir desse esboço, a equipe de projetos conseguiu materializar as ideias pensadas anteriormente e
o projeto começa a ganhar corpo e documentação.
Com o esboço do produto pode ser feito o levantamento de materiais utilizados, construindo, assim,
a ficha técnica do produto (Quadro 1):
A partir da ficha técnica, é possível obter dois tipos de informações, a primeira relacionada aos ma-
teriais utilizados para produção do produto e a segunda relacionada ao custo, pois com a informação
de custo de cada material, é possível gerar a informação de custo do produto.
UNIDADE 5 121
Também é possível definir a ficha de processos. A partir do esboço do produto, é possível fazer o
levantamento dos processos produtivos, bem como máquinas necessárias e operações manuais que o
produto passará (Quadro 2):
Item Processo Equipamento Descrição
1 Estoque - Armazenamento de matéria-prima
2 Corte Tesoura Corte do material (napa) para começar a costura
Costura dos elás- Costura dos elásticos nas duas estruturas para
3 Máquina de costura
ticos prender os esmaltes
Costura do zíper no bolso destinado a guardar
4 Costura do zíper Máquina de costura
esmaltes
Costura da segunda parte da estrutura que
5 Costura da 2ª parte Máquina de costura
começará a dar formato à bolsa
Costura dos bolsos Costura dos bolsos transparentes utilizados
6 Máquina de costura
(transparentes) para guardar demais ferramentas
7 Velcro Máquina de costura Costura do velcro para fechar a bolsa
Acabamento do “forro” para deixar porta-esmal-
8 Cola Pincel
te mais resistente
9 Acabamento Máquina de costura Acabamento com viés em toda estrutura
10 Embalagem - Embalagem em sacos plásticos
Quadro 2 - Ficha de Processos
Fonte: adaptado de Pinto et al. (2011).
Com essas informações, é possível avaliar como está o andamento do projeto do produto até o mo-
mento é já tomar as devidas decisões.
Lembrando que a próxima etapa do projeto é compreendida da fase de projeto detalhado, onde o
protótipo é construído e essas informações são atualizadas.
O esboço do projeto é atualizado para o projeto desenvolvido em software, com as formas aprimo-
radas, medidas e cotas atualizadas (Figura 5).
0,06
0,08
0,03
0,10
0,25
0,15 0,03
0,25
0,28
Figura 5 - Projeto do Produto
Fonte: Pinto et al. (2011, p. 7).
Com o desenvolvimento do protótipo, é possível atualizar a ficha técnica com o consumo dos materiais
e, assim, calcular o custo do produto e posterior preço de venda.
Na ficha de processo, é possível inserir o tempo de produção de cada etapa produtiva, dessa forma,
a informação de tempo de processo, complexidade e custo minuto podem ser avaliadas.
Podemos compreender essa etapa como sendo o início da concretização das informações pensadas
até o momento, o projeto vai assumindo mais informações e, ao mesmo tempo, possibilitando análises
mais precisas.
UNIDADE 5 123
Engenharia
Simultânea
Marketing
Projeto ENGENHARIA SEQUENCIAL
Conceitual Projeto
Detalhado
Prototipagem
Projeto do
Processo Processo de
Manufatura Produção
Marketing
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Redução de tempo
Prototipagem
Projeto do
Processo
ENGENHARIA SIMULTÂNEA Processo de
Manufatura Produção
Tempo
Na engenharia simultânea, segundo Back e ços prestados, dessa forma, as empresas devem
Ogliari (2001), atividades podem ser desenvol- trabalhar de forma a surpreender esses clientes,
vidas ao mesmo tempo ou até uma se sobrepor com produtos que atendam suas necessidades.
a outra, possibilitando agilidade, melhoria na Para Hartley (1998), a engenharia simultânea
geração da informação e redução de tempo de busca, a partir do entendimento dos requisitos
projeto. dos clientes, definir os critérios que os produtos
No processo de desenvolvimento tradicional, terão para atendê-los durante todo seu ciclo
os custos se tornam maiores devido ao tempo para de vida.
execução das atividades como também revisões A engenharia simultânea busca atender os se-
necessárias nas fases de execução e encerramento guintes objetivos:
para a produção (PEDRINI, 2012). • Trabalho interdisciplinar.
A realidade de mercado retrata a compe- • Produto desenvolvido para o cliente.
titividade crescente e clientes cada vez mais • Projeto de engenharia detalhado.
exigentes, os clientes criam uma expectativa • Definição de indicadores de qualidade.
cada vez maior em relação aos produtos e servi- • Integração entre todas as áreas.
UNIDADE 5 125
Vamos, agora, verificar uma aplicação prática dos 4. Desenvolvimento de croquis para a coleção.
conceitos relacionados à Engenharia Simultânea. 5. Análise crítica da coleção (sem dados de
O estudo foi realizado por Pereira et al. (2001) na custo, capacidade etc.).
indústria Maju Indústria Têxtil Ltda, pertencente 6. Desenvolvimento de protótipos.
ao grupo Marisol. 7. Análise de tempos e consumos de malha,
A necessidade de aplicar a engenharia simultâ- tecidos e aviamentos.
nea no desenvolvimento de produtos se deu por 8. Análise dos custos.
algumas razões: 9. Análise de valor da coleção e realização de
• Os custos dos produtos não estavam sendo modificações que se fizerem necessárias
bem apurados. nos produtos.
• As restrições de manufatura, como capaci- 10. Criação do catálogo dos produtos da coleção.
dade produtiva, matérias-primas e serviços 11. Programação de consumos de malhas à
terceirizados. Marisol e tecidos terceirizados.
12. Estudo de carga máquina produção Maju,
Inicialmente, foi feito um estudo do processo de a fim de verificar a ocupação dos equipa-
desenvolvimento de produtos e mapeado de acor- mentos.
do como ele era desenvolvido. Em uma sequência, 13. Programação da coleção.
as atividades eram desenvolvidas: 14. Produção.
1. Pesquisa de tendências. 15. Estocagem.
2. Desenvolvimento de malhas, tecidos, co- 16. Vendas aos distribuidores e grandes lojas.
res e aviamentos.
3. Desenvolvimento de operações e/ou má- Após um benchmark com a equipe, foi proposto
quinas. o seguinte fluxo de processo (Figura 7):
Cadastramento
Aprovação e distribuição de Previsão de
Croquis cópias do croqui vendas
Estimativa Estimativa
de consumo de tempo
de malha e restrições
Restrição
Manufatura
de malha
Custos/
Pré-custos viabilidade
dos artigos da coleção
Tomada de
decisões
Engenharia Simultânea
UNIDADE 5 127
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
128
LIVRO
WEB
129
AREND, L.; FORCELLINI, A. F.; OGLIARI, A.; WEISS, A. Desenvolvimento de um Implemento Agrícola Modular
para Pequenas Propriedades Rurais. XXXII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2003.
BAXTER, M. Projeto de Produto – Guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Editora Edgard
Blucher Ltda, 1998.
CASAROTTO FILHO, N.; FÁVERO, J. S.; CASTRO, J. E. E. Gerência de projetos / Engenharia simultânea.
São Paulo: Atlas, 1999.
HARTLEY, J. R. Engenharia Simultânea: um método para reduzir prazos, melhorar a qualidade e reduzir
custos. Trad. Francisco José Soares Horbe. Porto Alegre: Artes médicas, 1998.
PAHL, G.; BEITZ, W. Engineering Design: a Systematic Appoach. 2 Rev. ed. Great Britain. Springer Verlag, 1996.
PEREIRA, E. C. O.; PISKE, F.; OLIVEIRA, G. P.; SANTOS, J. U.; NARDELLI, R.; JUNIOR, W. P. Engenharia
Simultânea: um estudo de caso em uma empresa têxtil. Salvador: Enegep, 2001.
PINTO, R. S.; JÚNIOR, R. A. R.; PINTO, A. B.; CÂMARA, R. A. D. S.; FONTENELLE, M. A. C. Usando uma meto-
dologia de desenvolvimento de produto para o projeto do porta esmalte. In: Congresso. Campina Grande, 2011.
130
1. Essa fase tem como característica tratar das configurações do produto, ou seja, descrever as especifica-
ções do projeto, desenvolver as concepções do produto, requisitos do projeto e informações gerenciais
de planejamento, acompanhamento e controle.
2. É importante pelo fato de a empresa ter números para tomar decisão de aprovação ou não do produto,
verificar a viabilidade e conseguir calcular o preço de venda.
3. A empresa consegue agilizar seu processo, pois as atividades acabam sendo realizadas ao mesmo tempo,
em conjunto, não esperando o término de uma atividade para iniciar a outra.
131
132
Me. Márcia Pappa
Documentação
do Produto
PLANO DE ESTUDOS
Ficha de Ficha
Consumo Técnica
Importância da Ficha de
Documentação Processos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar quais são os documentos gerados na etapa • Conceituar a ficha de processos e demonstrar sua utiliza-
do desenvolvimento do produto. ção no desenvolvimento e processo produtivo.
• Explicar qual a finalidade da ficha de consumo e em quais • Conhecer o documento de ficha técnica e sua finalidade.
etapas é utilizada.
Importância da
Documentação
As startups estão se fazendo presente em todo território brasileiro e com crescimento significativo.
De acordo com a Revista Exame, o número de startups cadastradas na Associação Brasileira de Star-
tups (ABStartups) já ultrapassa o número de 12 mil empresas. Empresas de fora do Brasil também
estão se fazendo presentes, como é o caso da Rappi, que foi fundada em 2015 na Colômbia, até os
dias atuais chegou em 8 países da América Latina e alcançou o status de Unicórnio.
Fonte: Drska (2019, on-line)1.
UNIDADE 6 135
Ficha de
Consumo
Basicamente, temos dois tipos de informação: para sua produção. Sendo assim, a base de informa-
quantidade e valor. Você sabe me dizer onde ou ção analisada é a ficha de consumo. A partir do mo-
em que momento são utilizados? mento que a OP (ordem de produção) é liberada
A quantidade de cada material é utilizada pela para o setor produtivo, o setor de almoxarifado faz
área de PCP (Planejamento e Controle de Produ- a separação dos materiais de acordo com essa ficha.
ção) para fazer previsão de consumo. A partir do Caso não tenha material suficiente para a produção
momento que o pedido é liberado para produção, da demanda, é gerado um pedido de compras com
deve ser analisado se tem ou não matéria-prima a quantidade faltante (TUBINO, 2009).
UNIDADE 6 137
Ajustar quantidade conforme disponibilidade de tecido
As indústrias que não trabalham com essa ficha de consumo, com base em qual informação fazem o
planejamento da produção? Isso é para refletirmos na sua importância.
A segunda informação que consta na ficha diz respeito ao valor do material. Esse valor é definido
pela organização no momento em que o valor da última compra do material é atualizado. Tem em-
presas que trabalham com o custo do material, com impostos, sem impostos, custo padrão, enfim irá
depender da regra de negócio adotada.
Esse valor irá gerar a informação para o custo do produto e posterior preço de venda. Ele integra-
liza a ficha técnica do produto, pois com o valor total de materiais, adicionando o valor dos serviços e
percentuais de encargos que incidem sobre o faturamento da empresa, ela consegue calcular seu custo
e preço de venda.
Essa visão geral será apresentada a você no tópico que traz informações detalhadas da ficha técnica.
Sendo assim, a ficha de consumo traz informações importantes e oferece ao gestor uma maior visão
do seu produto, tanto relacionada a processos internos como fatores a serem analisados relacionados
à competitividade.
UNIDADE 6 139
Outras informações podem ser adicionadas nesta ficha, como A ficha de processos é desen-
imagem do produto, detalhamento de como deve ser realizado o volvida juntamente com a
processo e também o tempo de produção de cada operação. construção do protótipo, pois
Podemos observar um modelo de ficha de operações (Quadro nesse momento é possível
2). Tem-se o campo de código, que é um sequencial das operações, acompanhar todas as etapas
o campo de operação, onde são inseridas as operações ou processos e detalhes da fabricação. Tem-
de fabricação, o tipo de máquina ou se é operação manual e o tempo -se a informação do tempo pa-
padrão por operação. drão, esse pode ser obtido por
meio da técnica de cronome-
FICHA DE OPERAÇÕES tragem ou MTM (methods-ti-
Código Operação Máquina Tempo Padrão me measurement).
1 Cortar Madeira Corte 1,20 De acordo com Moreira
2 Cortar Perfil Corte 0,30 (2009), o tempo padrão é um
norteador do processo produ-
3 Colar Perfil na Madeira Manual 2,22
tivo, pois com essa informação
4 Fazer Acabamento Manual 3,27
a empresa consegue fazer um
5 Embalar Manual 0,54
dimensionamento do proces-
Total 7,53
so mais coerente com sua es-
Quadro 2 - Exemplo de Ficha de Operações
trutura e seus recursos.
Fonte: a autora.
Para ser obtido o tempo padrão de cada processo por cronometragem, é realizada a medição do tempo
do protótipo e, posteriormente, na produção, é feita a cronometragem do lote de fabricação, assim se
tem um tempo mais próximo da realidade (Quadro 3).
Código Operação Máquina T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 Média TN TP
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 6 141
Ficha
Técnica
Para análise do custo e posterior formação do preço de venda, além da informação de consumo de
materiais (Quadro 4), são analisados os serviços e encargos que incidem sobre o faturamento da em-
presa. Resgatando o exemplo de uma blusa feminina, temos o seguinte:
UNIDADE 6 143
Lista de Materiais:
Referência: 201917 Cor: Estampada
MATÉRIA-PRIMA
Código Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Valor Total
1 Crepe metro 1,38 9,6240 13,2811
2 Entretela metro 1,00 2,2700 2,2700
3 Botão unidade 7,00 0,0634 0,4438
4 Linha unidade 1,20 2,7100 3,2520
5 Etiqueta interna bordada - numeração unidade 1 1,4400 1,4400
6 Etiqueta de composição unidade 1 0,0500 0,0500
7 Etiqueta adesiva papel couche unidade 1 1,4700 1,4700
8 Fast pin unidade 1 0,0039 0,0039
9 Tag etiqueta marca unidade 1 0,4750 0,4750
10 Alma unidade 1 0,3500 0,3500
11 Embalagem plástica unidade 1 0,0785 0,0785
TOTAL MATÉRIAS-PRIMAS 23,11
Os serviços que são realizados no produto devem ser levados em consideração, sejam eles realizados
internamente ou externamente.
SERVIÇOS
Código Serviço Quantidade Valor Valor Total
1 Corte 1 1,50 1,50
2 Costura 1 15,00 15,00
3 Estamparia 1 9,00 9,00
4 Caseado 7 0,40 2,80
TOTAL SERVIÇOS R$ 28,30
Quadro 5 - Exemplo de Serviços
Fonte: a autora.
Além dos encargos, são considerados outros itens e seus percentuais, como comissão, frete e propaganda,
esses são analisados de acordo com a regra de negócio estabelecida pela organização.
Levando em consideração os insumos, serviços e encargos, a empresa consegue analisar seu custo
e gerar o preço de venda (Quadro 7).
PREÇO DE VENDA
Sub Total: (matéria-prima + serviços) 99,0366
Total: (PV) 100% = (CP) x + (Mark Up)
43,75%
(CP)x = 100% - MK
Preço 226,3694
Quadro 7 - Exemplo de Preço de Venda
Fonte: a autora.
Essa é a primeira informação fornecida pela Ficha Técnica. Nesse momento, a empresa consegue
avaliar se o produto será aprovado ou não, se será necessário alteração de materiais para manter a
competitividade e estabelecer seu percentual de margem de contribuição.
Uma informação que consta na ficha técnica está relacionada aos detalhes do produto necessários
ao setor produtivo, essa parte é conhecida como ficha de detalhes (Figura 3). São inseridas as infor-
mações, a fim de evitar dúvidas no chão de fábrica, buscando manter as mesmas características do
momento da aprovação do produto.
UNIDADE 6 145
Ficha de Detalhes
Referência: 201917 - Blusa Julia Outra informação adicionada
O bordade deve
na ficha técnica faz parte da
ser colocado área de qualidade, atributos
do lado esquerdo
a 5 cm da costura que devem ser considerados,
lateral.
indicadores e características que
devem ser observadas no setor
produtivo (Quadro 8).
Ombro a Ombro 20 22 24 26 28
Comprimento 50 52 54 56 58
Comprimento Manga 20 22 24 26 28
Decote 15 16 17 18 19
A ficha de sequência operacional também faz parte do documento Assim, podemos entender que a
de ficha técnica, pois é uma informação que será utilizada para o ficha técnica é o documento que
planejamento e controle da produção (Quadro 9). deve nascer juntamente com o
produto em desenvolvimento,
Ficha de Operações
pois desde a etapa de projeto
Código Operação Máquina Tempo Padrão
do produto ela já é utilizada; e,
1 Cortar Madeira Corte 1,20
posteriormente, para tomada
2 Cortar Perfil Corte 0,30
de decisão de aprovação ou não
3 Colar Perfil na Madeira Manual 2,22
desse produto, ela também pode
4 Fazer Acabamento Manual 3,27
ser consultada para tomada da
5 Embalar Manual 0,54
decisão.
Total 7,53
147
3. De acordo com Moreira (2009), o tempo padrão é um norteador do processo
produtivo, pois com essa informação a empresa consegue fazer um dimensio-
namento do processo mais coerente com sua estrutura e seus recursos. Diante
desse contexto, analise as afirmativas e escolha a alternativa correta:
I) O tempo padrão pode ser obtido somente pela técnica do MTM.
II) A ficha de operações é composta do tempo padrão e consumo de materiais.
III) A partir da ficha de operações, é possível calcular consumo de matérias.
IV) A ficha de operações reúne o tempo padrão cronometrado, exceto o tempo
de produção.
148
WEB
149
MARTINS, P.; LAUGENI, F. Administração da Produção. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. São Paulo: Saraiva, 2009.
REFERÊNCIAS ON-LINE
Em: https://neofeed.com.br/blog/home/exclusivo-rappi-investe-em-cozinhas-compartilhadas-no-brasil/.
1
150
1. Os documentos do produto estão relacionados a organizar as informações do processo, como insumos,
mão de obra, tempo de produção, qualidade, enfim, são importantes pelo fato de ser um meio de coleta de
dados para que os setores/áreas consigam gerar informações, sejam elas do processo produtivo, compras,
almoxarifado, expedição ou comercial.
2. D.
3. E.
151
152
Me. Ricardo Tomaz Caires
Me. Márcia Pappa
Projeto Detalhado
PLANO DE ESTUDOS
Planejamento do Considerações do
Processo de Fabricação Projeto do Produto
O que é o Construção
Projeto Detalhado? do Protótipo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Processos
Código Processo Máquina Tempo
1 Corte Corte 1,00
2 Costura Reta 1,20
3 Caseado Caseadeira 0,45
4 Bordado Bordadeira 0,25
Tempo Total 2,90
UNIDADE 7 155
Planejamento
do Processo
de Fabricação
Como visto no projeto conceitual, os itens que são determinados na etapa da concepção do produto
podem vir a ser adquiridos de terceiros ou fabricados pela empresa, necessitando ser projetados (RO-
ZENFELD et al., 2006).
Sistema Subsistema Subsistema/componente
Torno
Apoio
SS Barramento Estrutura fundida
S suporte Elementos de fixação
Sensores
Guia
Estrutura cabeçote
SS Cabeçote móvel
S fixação Guia de movimento
Motor de posicionamento
da peça Elementos de fixação
Controle de posicionamento
Mecanismo de acionamento
Placa de Fixação
Contraponta
SS Carro longitudinal
SS Carro transversal
S fixação e SS Carro porta-ferramenta
movimento
da ferramenta SS Carro torre de fixação
Fuso
Vara
Motor de avanço
S de avanço
Controlador de avanço
Motor de acionamento
S de Controlador de acionamento
acionamento
principal SS Eixo-árvore
SS Redutor
SS Painel de controladores
SS Computador CN
S de controle SS Canal de comunicação
SS Sensoreamento
Software
SS Recolhimento de cavaco
UNIDADE 7 157
Observando a figura, podemos analisar a variação de itens fabricados (destacados) e itens comprados
(escritos na cor preta). É importante esse detalhamento, pois há subsistemas que não foram detalha-
dos na fase do projeto conceitual. Esta atividade inicia a criação dos SSCs restantes, não definidos no
projeto conceitual (ROZENFELD et al., 2006).
Sim
Sim
É fabricado Não sei É comprado
c) Não
Tentar recuperar existe nada Procurar no mercado
semelhante
Desdobrar
Reutilizar Modificar Criar novos
Rozenfeld et al. (2006) expõem ainda que pode haver itens que virão a ser estratégicos para a empresa,
que deixará de comprar e passará a fabricar internamente, assim, é necessário que sejam projetados,
recebam um código e sigam para as fases subsequentes de detalhamento.
Aos SSCs restantes, deve ser realizado um trabalho de verificação na empresa, para encontrar itens
semelhantes ou iguais, na tentativa de reutilizar ou então buscar no mercado para ser comprado. Con-
tudo, recomenda-se a tentativa de utilizar, primeiramente, os existentes na empresa. Passando por este
procedimento, existem cinco possibilidades de resultados:
1. Existir um item idêntico que pode ser reutilizado.
2. Existir um item semelhante ao que se busca.
3. Não existir nada similar ao que se busca.
4. Não se encontrar nada no mercado que possa vir a ser comprado.
5. Existir a possibilidade de se adquirir o que se busca no mercado.
UNIDADE 7 159
Na fase decisória entre fabricar ou terceirizar, deve-se levar em
consideração o levantamento de dados, como: custos, tempo, capa-
cidades e competências para o desenvolvimento ou fornecimento
dos SSCs (ROZENFELD et al., 2006).
Rozenfeld et al. (2006, p. 339) sugerem que “a estimativa dos
custos internos para a empresa fabricar um componente é composta
dos seguintes elementos”:
• Custo da matéria-prima.
• Custo por operação de fabricação (operações de produção,
montagem, inspeção etc.).
• Custo de mão de obra direta.
• Custo de ferramentas e equipamentos necessários para a
sua fabricação.
• Custos indiretos associados.
• Custo de desenvolvimento.
“
tem o poder de viabilizar esta construção. Além disso,
as decisões tomadas na etapa de concepção de um produto
referentes à sua forma geométrica, ao seu acabamento super-
ficial, à sua vida útil etc. têm ligação direta com as escolhas
dos processos de fabricação e dos materiais constituintes do
produto (ROMEIRO FILHO et al., 2010, p. 338).
Os softwares de alto desempenho podem incorporar a simulação dos processos de fabricação e auxiliar
nesse processo de gestão.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 7 161
As características funcionais dos produtos devem ser estabele-
cidas; como sabemos que o termo qualidade apresenta um fator de
subjetividade, devem ser definidos os parâmetros de qualidade do
produto, podendo seguir as dimensões:
Dimensões Parâmetros
Qualidade de características Desempenho técnico ou funcional
funcionais intrínsecas ao Facilidade ou conveniência de uso
produto
Qualidade de características Disponibilidade
funcionais temporais (de- Confiabilidade
pendentes do tempo) Mantenabilidade
Qualidade de conformação Grau de conformidade do produto
Qualidade dos serviços Instalação e orientação de uso
associados ao produto Assistência técnica
Interface com o usuário
Qualidade da interface do
produto com o meio Interface com o meio ambiente (im-
pacto no meio ambiente)
Qualidade de características Estética
subjetivas associadas ao Qualidade percebida e imagem da
produto marca
O custo do ciclo de vida do produto
para o usuário compreende a soma
Custo do ciclo de vida do
dos custos de aquisição, de opera-
produto para o usuário
ção, de manutenção e de descarte
do produto.
Quadro 2 - Dimensões e parâmetros da qualidade de um produto
Fonte: adaptado de Toledo (1994).
UNIDADE 7 163
Romeiro Filho et al. (2010, p. 298) destacam que “aproximada-
mente 80% dos custos de um produto são comprometidos nas eta-
pas iniciais do PDP.” Por isso a importância de garantir a validação
conceitual com a equipe de desenvolvimento, antes de qualquer
ação voltada à produção ou fabricação, ou seja, que envolva ma-
nufatura de fato. Tecnologias como CAD/CAE/CAM (Computer
Aided Design, Computer-Aided Manufacturing, Computer-Aided
Engineering) são softwares muito utilizados para auxiliar na simu-
lação e experimentação de novos produtos.
A construção e teste de protótipos virtuais diminuem conside-
ravelmente os custos e o tempo de desenvolvimento de um projeto.
O procedimento tradicional de desenvolvimento de projetos
de produtos, como: projetar-construir-testar-otimizar passa a ser
executado por outro conjunto de atividades, como: elaboração do
Construção do protótipo modelo 3D, validação do modelo, protótipo virtual e prototipagem
“
rápida. Romeiro Filho et al. (2010, p. 298) esclarecem que
os protótipos virtuais ou protótipos reais cumprem inicialmente
o mesmo papel do desenho técnico, que é facilitar a comu-
nicação entre a equipe de projeto, fornecedores e clientes no
melhor entendimento do componente e de seu funcionamento
no produto.
Opções de Prototipagem
Maquete
Protótipo
UNIDADE 7 165
Considerações
do Projeto
do Produto
Uma perspectiva voltada para a área ambiental sobre o ciclo de vida dos produtos é a caracterização
das fases produtivas desde a formação da matéria-prima até a sua deposição final (Figura 5). Essa
perspectiva é fundamental para avaliar os possíveis impactos ambientais causado pelo produto e,
respectivamente, construir ações para reduzir esse impacto (ROMEIRO FILHO et al., 2010).
Para Rozenfeld et al. (2006, p. 378), essa fase está amarrada ao projeto como um todo, uma vez que
“
envolve as diversas fases do desenvolvimento, pois:
durante o estudo do portfólio, o levantamento da projeção de vendas, a definição da estratégia de
produto e desdobramento dos requisitos, foram documentadas informações relacionadas com o fim
de vida do produto, por exemplo: como descontinuar o produto, data prevista para a descontinuidade,
expectativa do mercado etc.
UNIDADE 7 167
Extração de
matéria-prima
Desenvolvimento
do produto
Produção Remontagem
Uso Desmontagem
Logística
Reversa
Reciclagem
Disposição
Final
“Essas informações agregam todas as características do produto voltadas para o meio ambiente, obtidas
até este momento, e também para a descontinuidade da produção e finalização do suporte ao produto”
(ROZENFELD et al., 2006, p. 378). Isto é, na definição do ciclo de vida do produto, leva-se em conta
essas informações, além de serem atualizadas constantemente, como, por exemplo, quando há mudanças
de condições mercadológicas e tecnológicas, o plano do ciclo de vida do produto obrigatoriamente
deve ser reajustado (ROZENFELD et al., 2006).
Assim, o projeto detalhado norteia o setor produtivo de como o produto deve ser fabricado, fornece
informações detalhadas de itens, materiais, máquinas, processos e mão de obra de forma a fornecer
informações e otimizar as demais etapas do projeto.
UNIDADE 7 169
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
170
LIVRO
171
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review. May/
June, 1990, p. 3-15.
ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo.
São Paulo: Saraiva, 2006.
TOLEDO, J. C. de. Gestão da mudança da qualidade de produto. Gest. Prod., São Carlos, v. 1, n. 2, p. 104-124,
ago. 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X19940002000
01&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 13 ago. 2020.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://startupi.com.br/2016/05/conheca-a-area-de-inovacao-da-totvs-baseada-no-conceito-de-design-
-thinking/. Acesso em: 24 ago. 2020.
172
1. A empresa deve reunir as informações referente ao desenvolvimento do produto, ou seja, levantamento
de materiais, quantidades desses materiais, definição do processo produtivo, processos, máquinas e equi-
pamentos utilizados, para posteriormente construir o protótipo.
173
174
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Pappa
Lançamento
do Produto
PLANO DE ESTUDOS
Processo de Marketing de
Distribuição Lançamento
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender como o produto será vendido. • Definir a forma como a empresa fará o marketing do
• Definir a logística de distribuição. produto.
• Elaborar um canal de comunicação entre a empresa e • Compreender como deve ser inserido o produto no
o usuário final. mercado.
Processo
de Vendas
Modelagem de processos
Desenvolver Estudos de Marketing
processo de Lançar
produto Sistema CRM
vendas
Sistema ERP
UNIDADE 8 177
É importante ressaltar que
a tecnologia da informação
aproxima as empresas de seus
clientes nas vendas, isto é, uti-
lizar sites institucionais, redes
sociais, entre outras alternativas
podem auxiliar a organização a
possuir vantagens competitivas
com relação ao processo de de-
senvolvimento de vendas.
A etapa do desenvolvimen-
to do processo de vendas pode
ser ilustrada de acordo com a
Figura 1, na qual são mostradas
as principais atividades relacio-
nadas ao processo de vendas,
assim como ferramentas e mé-
todos auxiliares.
O processo de vendas deve
ser estruturado de forma a orga-
nizar as ações de vendas, como
também o alinhamento e inte-
gração com os demais setores
de desenvolvimento com os
setores de vendas.
UNIDADE 8 179
Especificações finais do produto
Especificação do processo de produção
Plano de lançamento Desenhar processo de distribuição
Especificações da cadeia de suprimentos
Definir logística do processo
Fechar acordos com distribuidores
Lançamento
do Produto Adquirir recursos
Desenvolver
processo de Desenvolver sistema de apoio à
distribuição distribuição
Treinar pessoal de apoio à
distribuição
Especificações do processo de distribuição
Recursos para operação do processo Implantar/integrar o processo de
distribuição
Liberação do processo
Planejar
lançamento
Modelagem de processos
Sistema SCM/ERP
Desenvolver
processo de Lançar
distribuição produto
Com a competitividade do mercado atual, a concorrência não se dá mais entre as empresas, e sim
por meio de sua cadeia de suprimentos, isto é, competir por preço é suicídio, e ofertar produto com
qualidade é obrigação, assim a cadeia de suprimentos pode vir a ser um fator decisivo nas instituições.
UNIDADE 8 181
Processo de
Atendimento
ao Cliente
Planejar
lançamento
Modelagem de processos
Desenvolver Sistema SCM/ERP
processo de Lançar Sistemas de teleatendimento
atendimento produto
ao cliente
UNIDADE 8 183
Marketing de
Lançamento
UNIDADE 8 185
Lançamento
do Produto
Fase Final de
Desenvolvimento do Produto
UNIDADE 8 187
Avaliação da fase de lançamento do produto
O Figura 4 traz os questionamentos necessários para que façamos uma boa análise da etapa de lan-
çamento de produto.
O processo de vendas está aprovado? Ocorre a
integração com outros processos do negócio?
PROCESSO O processo de atendimento ao cliente está aprovado?
DE APOIO Ocorre a integração com outros processos do negócio?
O processo de assistência técnica está aprovado?
Ocorre a integração com outros processos do negócio?
PLANO DE FIM
O plano foi atualizado?
DE VIDA DO PRODUTO
189
3. Quando a empresa decide lançar os produtos desenvolvidos, os processos que
envolvem essa etapa devem estar muito bem definidos. Sendo assim, leia as
afirmativas e escolha a alternativa correta.
I) O processo de promoção do evento de lançamento deve estar mapeado.
II) Deve ser realizada a contratação de serviços para o evento de lançamento.
III) A empresa deve fazer avaliação dos processos de apoio ao lançamento.
IV) O processo de atendimento ao cliente deve estar mapeado.
Estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Todas as afirmações estão corretas.
190
FILME
Steve Jobs
Ano: 2015
Sinopse: o filme apresenta três momentos importantes da vida do inventor,
empresário e magnata Steve Jobs: os bastidores do lançamento do computador
Macintosh, em 1984; da empresa NeXT, doze anos depois; e do iPod, no ano de
2001, podendo fazer a relação com o processo de desenvolvimento de novos
produtos.
191
FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Editora Atlas, 2005.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI: Como criar, conquistar e dominar mercados. 10. ed. São Paulo:
Edição Novo Milênio, 2000.
NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Produção. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência
Moderna, 2001.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: Uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/lancamento-um-novo-produto-no-
-mercado.htm. Acesso em: 25 ago. 2020.
192
1. E.
2. C.
3. E.
193
194
Me. Márcia Pappa
Ferramentas do
Processo de
Desenvolvimento
de Produtos
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender ferramentas que podem ser utilizadas no • Apresentar ferramentas da indústria 4.0 que podem ser
processo de desenvolvimento de produtos. utilizadas no processo de desenvolvimento de produtos.
• Entender a ferramenta FMEA.
Uso das
Ferramentas
Exemplo 1
UNIDADE 9 197
Com essas informações em mãos, a empresa multidisciplinar avalie as informações geradas,
conseguiu traçar estratégicas buscando atender a situação atual do mercado, a situação inter-
as expectativas do seu público-alvo. Prepararam na da empresa para que as melhores decisões
ovos de chocolate mais recheados e com alto teor sejam tomadas.
de cacau. Apostou em versões diferenciadas de
chocolates já existentes e embalagens diferencia-
das, de forma que o seu público seja atendido de Ferramentas para Projetos
acordo com as necessidades pesquisadas.
As ferramentas que podem ser usadas nos proje-
Exemplo 2 tos de engenharia têm como objetivo agilizar as
atividades e integrar as informações do produto,
Agora vamos conhecer o exemplo da marca Co- entre elas podemos destacar: prototipagem rápi-
ca-Cola com o produto New Coke. Esse produ- da, engenharia simultânea, DFMA, CAD/CAE,
to foi lançado em 1985, com base em pesquisas FMEA.
realizadas com cerca de 200 mil americanos, a A ferramenta CAD/CAE/CAM pode ser
fórmula foi aprovada pela grande maioria dos entendida como sendo softwares que foram
entrevistados e foi lançado com uma grande ex- desenvolvidos para auxiliar o projeto dos pro-
pectativa (TERRA, 2010, on-line)2. dutos. O termo CAD (Computer-Aided De-
Apesar de todo planejamento, o produto não teve sign) pode ser entendido como sendo a ferra-
sucesso em seu ciclo de vida. No seu lançamento, a menta computacional utilizada com foco no
empresa conseguiu resultados satisfatórios, mas com desenho do produto e documentação. O termo
o passar do tempo, os gestores perceberam que nem CAE (Computer-Aided Engineering) são soft-
pesquisas e nem planejamento puderam medir os wares que possibilitam a engenharia analisar o
laços emocionais que os consumidores tinham em projeto do produto, de forma a simular carac-
relação à sua marca e produtos. Três meses após o terísticas, como por exemplo, interação entre
lançamento do novo produto, a empresa teve que componentes, pressão ou temperatura. O termo
voltar atrás e relançar o produto original, o qual tinha CAM (Computer-Aided Manufacturing) diz
sido parado de ser fabricado. respeito ao processo de manufatura assistido
Com isso, podemos perceber que somente por computador, em que softwares são utili-
as pesquisas não garantem o sucesso no lança- zados para controlar ferramentas e máquinas
mento dos produtos, é necessário que a equipe utilizadas no processo produtivo.
Vamos agora conhecer o projeto do produto em que foi aplicado as ferramentas CAD/CAM. Essas
ferramentas podem ser utilizadas em conjunto de forma a possibilitar projetar produtos do vestuário
em duas ou três dimensões (COSTA; ROCHA, 2009).
No processo de desenvolvimento do produto, a utilização desses softwares CAD/CAM possibilita
a materialização da ideia do produto, como também sua visualização nas três dimensões (Figura 1).
Os softwares também permitem a realização do encaixe das partes do produto e a liberação da ordem
de produção para o setor de corte iniciar o processo produtivo.
Assim, a tecnologia permite uma melhor comunicação e integração entre as áreas envolvidas no
processo, buscando maior agilidade e eficiência de forma a entregar o produto com as especificações
projetadas.
As ferramentas de desenvolvimento organizacional estão relacionadas à gestão do processo como
um todo, onde são utilizadas com objetivo de melhoria constante das ações relacionadas ao processo
de desenvolvimento de produto. Como exemplo dessas ferramentas, podemos citar a matriz da casa
da qualidade (DFD), ferramentas de gestão de projetos e softwares de gestão.
UNIDADE 9 199
Os processos das organizações devem ser estu-
dados e planejados de forma com que todos os
envolvidos no processo estejam prontos para
utilização de ferramentas organizacionais.
UNIDADE 9 201
A ferramenta FMEA auxilia nesse processo de Como ela pode ser utilizada tanto em produ-
qualidade, pois no processo de desenvolvimento tos quanto em processos, de acordo com Silva,
de produtos se faz necessário o estabelecimento Soares e Silva (2008), no produto é considerado
de padrões de trabalho para que as características as falhas nas especificações do projeto e as falhas
pensadas e planejadas nas etapas de desenvolvi- no processo são decorrentes de problemas no pla-
mento sejam executadas no momento da produ- nejamento e execução das tarefas.
ção do produto. A ferramenta é aplicada por meio de formulá-
Segundo A. Feigenbaum e D. Feigenbaum (1999), rios, onde uma avaliação dos riscos é realizada e
o termo qualidade tem um fator de subjetividade, atribui índices de severidade (S), ocorrência (O)
ou seja, de entendimentos diferentes por parte das e detecção (D) referentes a cada causa (TOLEDO;
pessoas; as empresas devem definir o padrão a ser AMARAL, 2006).
seguido para manter-se competitivas no mercado. A equipe de projetos se reúne e faz a avaliação
A ferramenta FMEA tem qualidade e pode das falhas de acordo com os índices apresentados,
ser utilizada em conjunto com outras ferramen- de forma que se consiga priorizar as falhas que
tas, por exemplo: a Análise da Árvore de Falhas geram maiores riscos ao consumidor do produto.
(FTA), a Matriz Casa da Qualidade (QFD) e Os valores de referência utilizados são apre-
Mapas Cognitivos Fuzzy (FCM). Ela tem como sentados a seguir:
objetivo principal a eliminação ou minimização • Índice de Severidade: esse índice se refere
dos riscos associados a cada modo de falha iden- à classe de pontuação das possíveis falhas
tificado (LAFRAIA, 2001; SAKURADA, 2001). pela visão do cliente.
UNIDADE 9 203
A partir da análise do produto e falhas, a equipe de projetos realiza
a avaliação por meio desses parâmetros, e calcula-se o número da
prioridade de riscos (NPR), por meio da multiplicação S x O x D.
Para melhor compreensão das ferramentas, vamos entender
uma aplicação prática. Segundo Dreger e Tondin (2016), foi feito
um estudo em uma indústria que produz bolsas e chegou-se às
seguintes informações:
Para que fosse possível a construção dessa tabela, foi encontrado a pontuação para cada modo de falha
e seu respectivo RPN. Após a execução das melhorias, foi feita uma reavaliação do formulário FMEA,
resultando em um novo RPN.
As recomendações foram feitas com base em padrões de qualidade exigidos pelas normas técnicas,
como também foram criados os procedimentos padrões para produção e ajustes no projeto do produto.
Dessa forma, é possível verificar como a ferramenta demonstra as informações coletadas do processo
para que sejam tomadas as melhores decisões de melhorias.
UNIDADE 9 205
Conceito da Indústria
4.0 em Produtos
UNIDADE 9 207
Exemplo 3
Tenha sua dose extra de Um exemplo que pode ser citado é da empresa Flex
conhecimento assistindo ao (Flextronics Internacional Tecnologia), localizada na
vídeo. Para acessar, use seu cidade de Sorocaba (SP), ela é multinacional e presta
leitor de QR Code. serviços de manufatura para serviços eletrônicos. A
unidade recebeu uma impressora 3D industrial e já
planeja seus novos produtos, pois produtos que antes
• Big Data e Analytics: com o grande volu- eram considerados apenas como ideais pela falta de
me de dados produzido, torna-se essencial um equipamento adequado para imprimi-los, agora
uma ferramenta para organização, pois sis- começa a ganhar forma.
temas ERP comuns ou planilhas de dados A empresa entende que a impressora é uma
podem não suportar o volume. forma de digitalizar o processo de manufatura,
• Robôs: a presença de robôs ao processo reduzindo o tempo de produção dos produtos.
produtivo fornece agilidade e o ganho de Com isso, conseguiu uma redução de 50% nos
produtividade. custos de produção.
• Simulação: esse é um recurso que permite Além desses pontos positivos de melhorar o
fazer simulações do produto ou processo, processo de desenvolvimento, a tecnologia apre-
antes da liberação da produção. senta um diferencial no sistema de impressão, em
que a matéria-prima utilizada é em forma de pó,
Vamos abordar um pouco mais sobre o pilar ma- e o equipamento imprime minuciosamente cada
nufatura aditiva ou impressão 3D. Com esse re- voxel (menor unidade em espessura), resultando
curso, o processo de desenvolvimento de produtos em melhor acabamento, qualidade e resistência
acaba sendo mais eficiente, pois pode projetar da peça (RENNER, 2019, on-line)3.
seus produtos e fabricá-los de forma mais rápida, Dessa forma, a empresa consegue aliar a tecnolo-
com menores custos, maiores testes e percepções. gia com as melhores práticas de gestão de produtos,
buscando sempre a melhoria contínua dos processos
e o atendimento das necessidades dos clientes.
Assim, conseguimos observar que os concei-
tos e pilares da indústria 4.0 cada vez mais serão
praticados, e o processo de desenvolvimento de
produtos pode tirar o melhor proveito das tecno-
logias utilizadas, a fim de que seus processos se
tornem cada vez mais ágeis e, consequentemente,
atendam seus clientes de forma excelente.
Nesta unidade, pode ser observado como as
ferramentas podem ser utilizadas no processo de
desenvolvimento de produto, integrando recursos
humanos, tecnologias e conceitos da indústria 4.0 de
forma a aumentar a produtividade das organizações.
Projeto de produto com auxílio de Realidade Aumentada
2. A busca pela melhoria contínua é fator de muita dedicação por todos os envolvi-
dos no processo, é necessário mapear o processo e fazer um planejamento das
ações que serão desenvolvidas. A ferramenta FMEA pode ser utilizada para a
melhoria da qualidade do produto e processo. Assim, explique qual a finalidade
do uso da ferramenta e como ela é aplicada em gestão de projetos.
3. A indústria 4.0 tem como objetivo a evolução do processo produtivo, com in-
tegração vertical, em que todos os níveis da fábrica estão conectados, e a hori-
zontal, em que todos os envolvidos no processo estão conectados, por meio da
tecnologia. Em desenvolvimento de produtos, os pilares da indústria 4.0 podem
ser utilizados como forma de otimização do processo. Dentre os pilares, escolha
um e explique sua aplicabilidade em gestão de projetos.
209
LIVRO
WEB
210
CARDOSO, M. O. Indústria 4.0: A quarta revolução industrial. 2016. Monografia (Especialização em Auto-
mação Industrial) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2016.
CLARK, K. B.; FUJIMOTO, T. Product Development Performance: Strategy, Organization and Management
in the World Auto Industry. Boston Mass: Harvard Business School Press, 1991.
COSTA, A.; ROCHA, E. Panorama da Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecções e a Questão da Inovação.
Rio de Janeiro: BNDES Setorial, 2009.
DREGER, A. A.; TONDIN, R. Melhoria no desenvolvimento de produto: uma aplicação da ferramenta FMEA.
Universo Acadêmico, Taquara, v. 9, n. 1, jan./dez. 2016.
FEIGENBAUM, A. V.; FEIGENBAUM, D. S. New quality for the 21st century: developments are the funda-
mental drivers of business. Quality Progress, 1999.
HUSTAD, T. P. Reviewing current practices in innovation management and summary of selected best pratictices.
In: PDMA Handbook of New Product Development. Product Development Management and Association
(PDMA), 1996.
ROOS, C.; DIESEL, L.; MORAES, J. A. R.; ROSA, L. C. da. Ferramenta FMEA: Uma abordagem voltada para
a melhoria da qualidade nos serviços de transporte. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Foz
do Iguaçu, PR, out. 2007.
211
SAKURADA, E. Y. As técnicas de Análise dos Modos de Falhas e seus Efeitos e Análise da Árvore de
Falhas no desenvolvimento e na avaliação de produtos. 2001. Dissertação (Mestrado em Eng. Mecânica) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico Florianópolis, 2001.
SILVA, R. L. A.; SOARES, P. R. F. T.; SILVA, A. K. B. Análise de risco utilizando a ferramenta FMEA em um
gerador de vapor. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Rio de Janeiro, RJ, out. 2008.
TOLEDO, J. C. de; AMARAL, D. C. FMEA: Análise do Tipo e Efeito de Falha. Grupo de Estudo em Qualidade.
UFSCar, 2006.
REFERÊNCIAS ON-LINE
Em: https://mercadoeconsumo.com.br/2020/03/12/pascoa-2020-varejo-espera-crescimento-entre-5-e-10/.
1
212
1. As ferramentas voltadas para pesquisa de mercado têm como objetivo coletar dados para posterior aná-
lise e tomada de decisão com base nas informações geradas. As ferramentas que podem ser usadas nos
projetos de engenharia têm como objetivo agilizar as atividades e integrar as informações do produto. As
ferramentas de desenvolvimento organizacional estão relacionadas à gestão do processo como um todo,
onde são utilizadas com objetivo de melhoria constante das ações relacionadas ao processo de desenvol-
vimento de produto.
2. É utilizada para analisar a causa e efeito de problemas em produtos ou processos. É uma abordagem siste-
mática, onde procedimentos são seguidos para identificação das falhas em produtos ou processo, objeti-
vando a melhoria contínua e a confiabilidade. A ferramenta é aplicada por meio de formulários, onde uma
avaliação dos riscos é realizada e atribui índices de severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) referentes
a cada causa. A equipe de projetos se reúne e faz a avaliação das falhas de acordo com os índices apresen-
tados, de forma que se consiga priorizar as falhas que geram maiores riscos ao consumidor do produto.
3. Manufatura Aditiva ou impressão 3D possibilita a criação de produtos de forma mais ágil e, consequente-
mente, a análise desses produtos torna-se mais eficiente.
213
214
215
CONCLUSÃO