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Engenharia

do Produto
Me. Márcia Fernanda Pappa
Me. Ricardo Tomaz Caires
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Esp. Robson Aparecido Barbosa Junior
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


216 p.
“Graduação - Híbridos”. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes
e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-gra-
1. Engenharia. 2. Produto. duação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-259-2 Débora Leite; Head de Metodologias Ativas Thuinie
CDD - 22 ed. 658
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristia-
ne Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais
Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Impresso por: Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina
Abdalla Normann de Freitas; Supervisão de Projetos
Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock

Coordenador de Conteúdo Crislaine R. Galan.


NEAD - Núcleo de Educação a Distância Designer Educacional Raquel Meneses Frata e
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Ana Cláudia Salvadego.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia P. Ferreira e Erica F. Ortega.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Isabela M. Belido e Lavignia S. Santos.
Ilustração Welington Vainer Satin de Oliveira.
Realidade Aumentada Cesar H. Seidel,
Matheus A. de Oliveira G. e Maicon D. Curriel .
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este livro de Engenharia do Produto


é uma importante ferramenta para seu processo de aprendizagem. Como
você verá, a Engenharia do Produto trata da estrutura da criação de um
produto, desde a ideia inicial até a fase de lançamento.
O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) será abordado de
forma detalhada, por se tratar de um conjunto de atividades para o de-
senvolvimento do produto, desde sua forma abstrata e intangível, até as
estratégias de pós-lançamento.
Na Unidade 1, abordaremos a respeito da história do desenvolvimento de
produtos, resgatando como isso ocorria no passado e como é abordagem
para o processo de desenvolvimento.
Na Unidade 2, trataremos do tema inicial para desenvolver e gerenciar um
projeto de produto: o planejamento. Nesta unidade, será possível compreen-
der as diferenças de escopo do produto e o escopo do projeto, além do mais
essencial que é conhecer as fases do ciclo de vida do produto.
Na Unidade 3, será dado início às etapas do projeto do produto, com a
fase de projeto informacional, também apresentando as ferramentas de
DFD e DFMA.
Na Unidade 4, o tema refere-se à fase de projeto conceitual, iremos entender
mais sobre a concepção de um produto e a análise dos Sistemas, Subsistemas
e Componentes (SSCs).
A Unidade 5 irá abordar a respeito das fases de projeto preliminar, ativi-
dades desenvolvidas e também a ferramenta de engenharia simultânea.
Na Unidade 6, será apresentada a documentação do produto, e concei-
tuaremos a importância da ficha técnica no processo de gerenciamento
do produto.
A Unidade 7 se refere à fase do projeto detalhado, em que será possível
compreender como é o detalhamento do projeto do produto, fase na qual
são definidos os processos de fabricação e, até mesmo, a prototipagem do
produto.
Na Unidade 8, será abordado o lançamento do produto, juntamente com
o desenvolvimento de estruturas de vendas, distribuição e atendimento
ao cliente.
A Unidade 9 apresenta ferramentas que auxiliam no processo de desen-
volvimento de produtos, como a ferramenta FMEA e também conceitos
relacionados à indústria 4.0.
Esperamos que nosso livro se torne um aliado para sua formação e atuação
profissional, e que a transferência de conhecimento seja muito proveitosa e
também acabe despertando em você a curiosidade em buscar mais conhe-
cimento relacionado à Engenharia do Produto. Ótima leitura!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Marcia Pappa
Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (2012), Especialista em
Gestão Empresarial pelo Centro Universitário de Maringá (2009) e Engenheira de Produção
pela Universidade Estadual de Maringá (2004). Há 11 anos atua na área de educação, ensino
superior de graduação e pós-graduação e mais de 15 anos de experiência na área de produ-
ção nos diversos setores produtivos.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/9032725512494940

Ricardo Tomaz Caires


Mestre Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2020). Especialista em Lean Manufacturing com
certificação Green Belt Six Sigma pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/2015),
destacando as competências adquiridas: Liderança Lean, Excelência na Gestão da Rotina,
Melhoria Incremental de Processos. Possui graduação em Engenharia de Produção pela Uni-
versidade Estadual de Maringá (UEM/2013). Há mais de 6 anos atua na área de engenharia
de produção, sendo 2 anos como Agente Local de Inovação no SEBRAE/PR, acompanhando
mais de 50 empresas, diagnosticando questões sobre a gestão empresarial e, paralelamente,
sobre inovação.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/9012593161532858

Germano Fogaça Pavão de Souza


Especialista em Logística Empresarial, certificado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP/2015), destacando as competências adquiridas: Liderança, Exce-
lência na Gestão da Rotina, Melhoria Incremental de Processos, Gestão da Qualidade. Possui
graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2013),
e atualmente é pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho também pela Uni-
versidade Estadual de Maringá (UEM/2017).
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/4098595959560710

Robson Apdo Barbosa Junior


Especialista em Lean Manufacturing com certificação Green Belt Six Sigma pela Pontifícia Uni-
versidade Católica do Paraná (PUC/2015), destacando as competências adquiridas: Liderança
Lean, Excelência na Gestão da Rotina, Melhoria Incremental de Processos. Possui graduação
em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2013). Atuante
na área de logística, com vasta experiência com transportes especiais e cargas indivisíveis.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/1066373344655636
Princípios do
Desenvolvimento
de Produtos

13

Planejamento
do Projeto

43

Projeto
Informacional

63
Projeto Projeto
Conceitual Detalhado

89 153

Projeto Lançamento
Preliminar do Produto

115 175

Ferramentas do
Documentação Processo de
do Produto Desenvolvimento
de Produtos

133 195
96 Sistemas e Subsistemas -
Descascador de Batatas
127 Engenharia Simultânea
164 Construção do protótipo
208 Projeto de produto com auxílio de
Realidade Aumentada

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Esp. Robson Aparecido Barbosa Junior
Me. Marcia Fernanda Pappa

Princípios do
Desenvolvimento
de Produtos

PLANO DE ESTUDOS

Processo de Medidas para


Desenvolvimento o Sucesso

A História Geração Conhecendo


de Ideias o Cliente

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer a história dos produtos. • Entender como o produto poderá ter sucesso.
• Identificar os conceitos e objetivos de novos produtos. • Identificar as necessidades dos clientes.
• Compreender o processo criativo.
A História

Como seria nossa vida se não conhecêssemos


tudo que existe hoje? Com certeza seria uma vida
normal, porém sem muitas regalias. Imagine sua
vida sem eletricidade, veículos, utensílios domés-
ticos, eletrônicos, roupas, medicamentos e muitas
outras coisas que são indispensáveis e essenciais
hoje. A inspiração para criar algo novo raramente
surge do nada, ela geralmente representa uma res-
posta à necessidade de solucionar um problema
ou atender a uma necessidade.
Segundo Cunha (2008), no final do Século produtos passou a estabelecer um objeto de rees-
XIX, foi quando iniciou o interesse por métodos truturação do próprio negócio da empresa.
e técnicas direcionados ao desenvolvimento de Depois que o foco das atenções foi direciona-
produtos. A indústria despertou aos poucos para do ao produto, surgiu um número expressivo de
relevância desse novo domínio de conhecimento, literatura técnica tratando a respeito de projeto
sendo que só no final do Século XX conseguiu das mais diferentes categorias. Assim, aparece-
uma posição de destaque. O autor relata que, no ram diversas obras relacionadas com projeto de
decorrer desse processo, ocorreu um aumento da produtos, primeiramente, em um nível bastante
base de conhecimento acumulada ao desenvol- primário; no entanto, no decorrer do tempo, fo-
vimento de produtos, de todos os tipos, classes e ram surgindo propostas mais elaboradas de sis-
origens, e que o papel desempenhado pelo pro- tematização da atividade projetual. Na Figura 1, é
fissional envolvido com a atividade foi sofrendo exemplificada a progressão do foco das atenções
algumas alterações e o desenvolvimento de novos no mundo industrial (CUNHA, 2008).
Revolução Industrial
Informatização

Mecanização World-Class Manufacturing


II Guerra Mundial

Taylorismo
Automatização
Fordismo Globalização

T
Processo de Fabricação

Logística de Produção

Mercado

Qualidade

Sistemas Técnicos

Cliente

Negócio

Figura 1 - Progressão do foco das atenções no mundo industrial


Fonte: Cunha (2008, p. 2).
O desenvolvimento de novos produtos se faz necessário para garantir a competitividade das empresas
e pode ser traduzida como inovação. Se olharmos o passado recente do Brasil, verificaremos que a
década de 50 sofreu um avanço no processo de industrialização e, com isso, surgiram novas indústrias
e outras foram sendo fortalecidas (CAPUTO; MELO, 2009).

UNIDADE 1 15
Nos anos 80, surgiu um mercado diferente: a No final do século XX, houve a preocupa-
globalização incidiu em uma ampla concorrência ção com a gestão do portfólio de produtos,
de empresas e, consequentemente, fez surgir um que passou a ser uma das preocupações fun-
consumidor cada vez mais exigente, querendo uma damentais induzindo que o foco na inovação
diversidade de produtos em tempos menores. Nessa em produto deveria ser incorporado ao plane-
década, com o desenvolvimento da microinformáti- jamento estratégico das empresas (CUNHA,
ca, houve o surgimento de diversas tecnologias com- 2008). Veja, na Figura 2, a linha do tempo dos
putacionais, trazendo um suporte importantíssimo métodos e técnicas utilizadas no desenvolvi-
ao desenvolvimento de produtos. mento de produtos.
Product-based Business
Revolução Industrial
Métodos / Atividade Projetual
Interesses do Consumidor PDM
Projeto de Artefatos
RV PLM
DFM/DFA
Reengenharia
Engª Conc.

CAD DIP

T
Concepção de princípios de funcionamento de máquinas e equipamentos

Sistematização de soluções técnicas de projeto


Foco mercadológico

(Re-)aproximação projeto-fabricação

Informatização

Organização do trabaho

Visão integrativa

Negócio

Figura 2 - Métodos e técnicas em desenvolvimento de produtos: linha do tempo


Fonte: Cunha (2008, p. 3).

Para exemplificar a história do desenvolvimento de novos produtos, vamos utilizar uma marca que
foi criada pela empresa Alpargatas. Você certamente conhece, já deve ter usado e provavelmente tenha
um par de Havaianas. Criada em 1962, teve como inspiração uma sandália japonesa de dedo chamada
Zori e, nesse ano, surgiu a havaianas tradicional (HAVAIANAS, [2020], on-line)1.

16 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Figura 3 - Modelo de Havaianas

Por muitos anos, esse foi o modelo comercializado pela Alpargatas, chegando a vender mais de 80
milhões de pares anuais. Havia até um consenso popular de que era um produto feito somente para
as pessoas menos favorecidas. De fato, era bem simples. Em contrapartida, tinha um preço acessível
e alta durabilidade. Entretanto, a empresa quis mudar esse falso slogan criado pela opinião popular e
provar que a havaianas é um chinelo para ser usado por todos (HAVAIANAS, [2020], on-line)1.
Então te pergunto: como atingir todas as classes e provar que a havaianas possui um produto para
calçar qualquer cidadão? A resposta é simples, inovação! (Figura 4). Na década de 90, a Havaianas
começou a inovar disponibilizando uma variedade de cores, chinelos floridos, entre outros (HAVAIA-
NAS, [2020], on-line)1.

UNIDADE 1 17
Figura 4 - Loja Havaianas

18 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Com um forte marketing, a marca passa a ser febre nacional e acaba
sendo criado o slogan “Havaianas: todo mundo usa”. Esse exemplo
prova que a inovação é essencial para o sucesso da marca e garan-
te longevidade da empresa. Caso ela tivesse ficado em um único
modelo, certamente surgiriam concorrentes oferecendo produtos
que a população deseja consumir.

Os trabalhos do Grupo de Engenharia dos Produtos, Processos e


Serviços (GEPPS) estão voltados para um melhor esclarecimento
e entendimento da importância estratégica do campo de conheci-
mento desenvolvimento integrado de produtos, processos e ser-
viços como elementos-chave para a obtenção de competitividade
e qualidade dos produtos e processos nas organizações.
Nestes últimos anos, com a globalização da economia e a com-
petitividade cada vez maior, surgiram novos conceitos e paradig-
mas relacionados ao desenvolvimento de produtos, processos e
serviços de forma rápida, com baixo custo e alta qualidade. Neste
contexto, o GEPPS entende que o processo de desenvolvimento e
melhoria de produtos, processos e serviços, dada a sua natureza
interdisciplinar e multidisciplinar, requer o esforço integrado de
pesquisa envolvendo diversas especialidades e de distintas áreas.
Fonte: GEPPS ([2020], on-line)2.

Acompanhando os fatos históricos, podemos perceber que, ao longo


do tempo, o foco dado aos produtos foi evoluindo e dando destaque
a pontos específicos, como qualidade, diversificação, tecnologia e
aparência. No processo de desenvolvimento de produtos, acompa-
nhar esses itens é interessante para que as características do projeto
sejam alcançadas.

UNIDADE 1 19
Processo de
Desenvolvimento

De maneira geral, o Processo de Desenvolvimento


de Produtos (PDP) incide em várias atividades
que buscam, por meio das necessidades do mer-
cado e das restrições existentes, obter as espe-
cificações de projeto de um produto e seu pro-
cedimento de produção, para que as indústrias/
fábricas consigam produzi-lo. Envolve também o
acompanhamento do produto após o lançamento,
assim como o planejamento da descontinuidade
do produto no mercado, incluindo no processo
de desenvolvimento as lições aprendidas ao longo
do ciclo de vida do produto (ROZENFELD et al.,
2006).

20 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Com a globalização, tudo se tornou muito rápido, a informação se propaga numa velocidade
imensa e proporciona uma grande diversidade de produtos oferecidos. Com o acesso rápido às infor-
mações, os clientes estão cada vez mais criteriosos em suas escolhas, ou seja, ficaram mais exigentes.
As possibilidades de escolhas são muitas e, observando isso, as empresas lançam novos produtos com
frequência para conseguir fornecer atrativos que o produto anterior não tinha, despertando a neces-
sidade de troca ou substituição.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), é por meio desse processo de desenvolvimento de produtos (Fi-
gura 5) que a empresa cria novos produtos, sendo eles mais eficientes, competitivos e atendendo à
necessidade do cliente no menor tempo possível.
DESENVOLVER PRODUTOS

PLANEJAMENTO
PRODUÇÃO
ESTRATÉGICO
PESSOAS DE DIVERSAS ÁREAS
Figura 5 - Ilustração dos envolvidos no desenvolvimento de produtos
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 11).

Para Baxter (2011), o desenvolvimento de novos produtos é uma atividade complexa, abrangendo
vários interesses e habilidades, tais como:
• Os consumidores almejam novidades, melhores produtos, a preços aceitáveis.
• Os vendedores desejam distinções e benefícios competitivos.
• Os engenheiros de produção almejam simplicidade na fabricação e facilidade de montagem.
• Os designers gostariam de experimentar novos materiais, processos e soluções formais.
• Os empresários querem gastar pouco e obter retorno do investimento rápido.

O Brasil é um país em desenvolvimento e, por esse motivo, é mais rotineiro fazer adaptações e melho-
rias de produtos existentes que, de fato, criar algo novo. A transferência internacional de tecnologia
possibilita que as novidades cheguem ao Brasil, por exemplo, de automóveis, equipamentos eletrônicos
etc. Assim, temos, em nosso país, uma adequação do produto e projeto para ser viável, ajustando-se
aos padrões brasileiros de fornecedores, mercado local e processo produtivo. Nosso país se destaca por
produtos de pouco valor agregado, por exemplo: café, soja, suco de laranja e celulose.

UNIDADE 1 21
As principais características do PDP, segundo Rozenfeld et al. (2006) expõem que 85% do
Rozenfeld et al. (2006), são: custo final do produto se refere às escolhas al-
• Elevado grau de incertezas e riscos. ternativas ocorridas no início do ciclo de de-
• Decisões importantes no início, quando in- senvolvimento, e apenas 15% dizem respeito
certezas são maiores. às definições e decisões tomadas após as fases
• Dificuldade de mudança das decisões iniciais. iniciais ao longo do ciclo de desenvolvimento.
• Uso de muitas e variadas informações (di- Para exemplificar, temos a curva de compro-
versas fontes). metimento do custo do produto nas fases do
• Multiplicidade de requisitos a serem atendi- ciclo de vida (Figura 6).
dos em todo Ciclo de Vida do Produto.
• Ciclo: Projetar-Construir-Testar-Otimizar.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

Margem para
Custos Redução de Custos
Comprometidos
100%
Projeto detalhado
Comprometimento dos Custos (%)

75% Avaliação de alternativas,


análise de soluções,
definições etc.

50%
Análise de Mercado,
estudo de viabilidade,
requisitos do projeto,
25% concepção, diretrizes etc. Contabilidade
de Custos

0%
Planejamento e Projeto Projeto Produção, Uso e Apoio
Projeto Conceitual Preliminar Detalhado Construção e Logístico
Avaliação do Produto
CICLO DE VIDA DO PRODUTO

Figura 6 - Curva de Comprometimento do Custo do Produto nas Fases do Ciclo de Vida


Fonte: adaptada de Rozenfeld et al. (2006).

22 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


A classificação dos projetos de desenvolvimento de produtos se dá por diversos critérios, sendo que
a classificação mais utilizada é baseada no grau de mudanças que o projeto representa em relação a
projetos antecedentes, conforme expõe Rozenfeld et al. (2006). Temos, então, os mais comuns:
• Projetos Radicais (Breakthrough)
» Alterações significativas.
» Nova categoria ou família de produtos.
» Novas tecnologias e materiais.
» Requer processo de manufatura inovador.
• Projetos Plataforma ou Próxima Geração
» Alterações significativas.
» Sem novas tecnologias ou materiais.
» Novo sistema de soluções para o cliente.
» Estrutura comum entre os diversos modelos de uma família.
• Projetos Incrementais ou Derivados
» Pequenas modificações em relação aos existentes.
» Para redução de custo.
» Inovações incrementais nos produtos/processo.
• Projetos Follow-source (seguir a fonte)
» De outras unidades do grupo, clientes ou contrato tecnologia.
» Não requer alterações significativas.
» Unidade local adapta para condições locais.
» Envolve validação do processo, equipamentos, ferramentas, a produção do lote piloto e o
início da produção.

UNIDADE 1 23
Para conseguir atingir o objetivo principal do PDP, é necessário ter uma estrutura organizacional
muito bem fundamentada, organizando os processos e gerindo a equipe eficientemente. De acordo
com Rozenfeld et al. (2006), podemos acompanhar uma visão geral do processo de desenvolvimento
de produto, que é classificada em três etapas principais: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e o
pós-desenvolvimento (Figura 7).

Processo de desenvolvimento de produto

Pré Desenvolvimento Pós

Planejamento
estratégico Acompanhar Descontinuar
dos produtos produto/ produto
processo

Gates >>

Planejamento Projeto Projeto Projeto Preparação Lançamento


projeto Informacional Conceitual Detalhado produção do produto

Processos Gerenciamento de mudanças de engenharia


de apoio

Melhoria do processo de desenvolvimento de produtos

Figura 7 - Visão geral do processo de desenvolvimento de produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 44).

Essa visão geral do processo de desenvolvimento do produto permite uma melhor organização das
atividades a serem desenvolvidas como também na etapa seguinte que consiste na geração de ideias.

24 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Geração
de Ideias

A geração de ideias surge em função de propó-


sitos, que vão melhorar, adaptar ou inovar em
algum tipo de determinada tarefa, evento, pro-
duto etc. É óbvio que nem toda criação terá um
resultado satisfatório, porém cabe aos gestores
analisar para conseguirem trabalhar com as ideias
que possivelmente não irão falhar.

UNIDADE 1 25
Segundo Barbieri, Álvares e Cajazeira (2008), ções e escolher a melhor delas para que o processo
as ideias aparecem em função de agentes básicos, de desenvolvimento seja eficiente”.
tais como: problemas, necessidades, oportunidade A geração de ideias é crucial no processo cria-
de melhoria de produção e comercialização de tivo, porém não é a única e nem a parte final. Uma
bens e serviços. Para Kaminski (2000), a criativi- outra parte crítica no processo é verificar o que fa-
dade é fundamental no desenvolvimento de um zer com as ideias geradas, quais aproveitar e quais
produto, independentemente da fase em que ele descartar. Para isso, existem diversas ferramentas
esteja, sendo a base para a geração de alternativas para a escolha da melhor ideia, vamos detalhar
viáveis. Com base nessas premissas, a criatividade algumas para conhecimento.
pode ser estimulada seguindo-se determinadas
etapas (Figura 8).
Verificação Ferramenta Brainstorming
Iluminação
Incubação
É uma ferramenta para geração de novas ideias, sen-
Preparação
Inspiração inicial
do realizada em grupo, composto por um líder e
cerca de dez membros. Para Kaminski (2000, p. 21),


Figura 8 - As etapas da criatividade
Fonte: Baxter (2011, p. 86).
a característica mais marcante do brains-
Ainda segundo Baxter (2011, p. 86), “a inspiração torming é a ausência total de críticas, ou
é o primeiro sinal, que surge na mente, para uma seja, não deve haver inibição, por parte dos
descoberta criativa”. Este autor expõe que existem participantes, de apresentar suas ideias, por
três categorias principais de técnicas para a gera- mais estranhas que pareçam; ao contrário,
ção de ideias, as quais veremos a seguir. eles são estimulados a fazer.
• Redução do problema: técnica que busca
resolver, modificando uma ou mais carac- O coletivismo é um fator muito importante dessa
terísticas do problema. É reducionista, pois ferramenta, pois as decisões são em grupo e o
analisa apenas o produto existente e não individualismo não existe; assim, toda responsa-
expande a visão além dele. bilidade e créditos da ideia pertencem ao grupo
• Expansão do problema: técnica que abre e não ao autor.
leques de possíveis soluções, procura alar- Segundo Baxter (2011), o brainstorming con-
gar as perspectivas do problema, não se siste em sete etapas:
restringindo ao produto existente. 1. Orientação: identifica a real natureza do
• Digressão do problema: técnica que problema.
procura fugir das soluções convencionais, 2. Preparação: faz um estudo relativo ao
com um pensando lateral, buscando novas problema, tais como produtos existentes,
alternativas para o problema. concorrentes, preços e canais de distribui-
ção.
Vistas essas três técnicas para geração de ideias fo- 3. Análise: analisa a viabilidade, se vale a
cadas em problemas, Baxter (2011, p. 102) explica pena seguir em frente. Por meio da aná-
que: “o procedimento mais importante no projeto lise, pode-se determinar causas e efeitos
de produtos é pensar em todas as possíveis solu- do problema.

26 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


4. Ideação: é a fase criativa; aqui é gerada a dido, sendo estudados os aspectos essenciais
solução para o problema. O líder é peça para compreender o problema novo.
fundamental para fluidez das ideias. • Tornar estranho o que é familiar: essa
5. Incubação: fase da “pausa”, após muita fase é necessária para uma nova visão das
fluência de ideias, o ritmo vai se tornando coisas, ou seja, olhar o problema sob um
lento e é melhor dar uma pausa de um ou novo ponto de vista.
mais dias. Assim, após o relaxamento, as
soluções podem aparecer mais facilmente.
6. Síntese: essa fase analisa as ideias, faz a jun- Ferramenta Análise
ção para chegar em uma solução completa. Paramétrica
7. Avaliação: é feito o julgamento das ideias.
A análise paramétrica serve para comparar os
É importante reforçar que essas etapas não são produtos em desenvolvimento com produtos já
obrigatórias, variando a utilização das etapas de existentes, ou aqueles dos concorrentes, baseando-
acordo com o problema a ser solucionado. De -se em certas variáveis chamadas de parâmetros
preferência, o brainstorming deve ser gravado ou, comparativos. Em um problema ou produto, a
então, a equipe deve disponibilizar alguém para análise abrange os aspectos quantitativos, quali-
fazer as anotações das ideias. tativos e de classificação.
• Quantitativo: parâmetros quantitativos
podem ser expressos numericamente. Por
Ferramenta Sinética exemplo, qual é o tamanho, peso, veloci-
dade ou preço de um produto? Qual é sua
É aplicada na solução de problemas inéditos ou durabilidade?
quando se deseja introduzir mudanças mais pro- • Qualitativo: parâmetros qualitativos são
fundas ou processos. É um aperfeiçoamento do aqueles que servem para comparar ou or-
brainstorming que utiliza especialistas em diver- denar os produtos, mas não apresentam
sas formações, sendo eles: matemáticos, físicos, uma medida absoluta. Qual é a tesoura
químicos, marketing etc. mais confortável? Qual é a cadeira que
Kaminski (2000) e Baxter (2011) explicam que provoca menos dores lombares?
o procedimento sinético pode ser subdivido em • Classificação: os parâmetros de classi-
duas fases: ficação indicam certas características do
• Tornar familiar o que é estranho: essa fase produto, entre as diversas alternativas
informa ao grupo e aos participantes indivi- possíveis. O carro tem ar-condicionado?
dualmente como o problema deve ser enten- O aparelho de TV tem controle remoto?

UNIDADE 1 27
Outras ferramentas podem ser usadas nesse processo, como brain-
writing; análise do problema; anotações coletivas; análise morfoló-
gica; MESCRAI; analogias; votação; clichês e provérbios; e avaliação
FISP (Fases Integradas da Solução de Problema).

Ferramentas Características
Conhecer as causas do problema e tra-
Análise do Problema
çar estratégias com essas informações.
Anotações são realizadas por diversas
Anotações Coletivas pessoas e servem como base para
brainstorming.
Estudo de possíveis combinações entre
Análise Morfológica
características dos produtos.
Trabalha com as ações de: modifique,
MESCRAI elimine, substitua, combine, rearranje,
adapte, inverta.
Exercício de aplicação de características
Analogias observadas em outros produtos no pro-
duto que está sendo desenvolvido.
Após a reunião de várias ideias, são
Votação feitas as votações para as melhores, que
podem ser incorporadas aos produtos.
Utilização de ditados populares para se
Clichês e Provérbios ter ideias diferentes no desenvolvimen-
to de novos produtos.
É um método de avaliação em que as
Avaliação FISP soluções dos problemas são avaliadas
em fases distintas.

Quadro 1 – Ferramentas de Análise


Fonte: a autora.

Diante disso, no processo de desenvolvimento de produtos, mo-


mento em que as ideias são consideradas, as técnicas e ferramentas
podem ser utilizadas para fortalecer o projeto e encaminhá-lo para
o sucesso.

28 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Medidas para
o Sucesso

Vimos, até esse momento, que o processo de de-


senvolvimento de produtos engloba várias etapas
e atividades, e para que o produto tenha suces-
so com seu público-alvo o planejamento dessas
ações é essencial.

UNIDADE 1 29
Pensar em inovação é algo que exige dedi- • Margem de lucratividade.
cação, pois pode ser um processo moroso, que • Grau de fragmentação da indústria.
demanda investimentos no médio e longo prazo. • Facilidade de entrada de novos concor-
Para criar um produto de qualidade e que tenha rentes.
sucesso no mercado, é necessário que se tenha um • Velocidade de mudança da tecnologia etc.
ambiente favorável dentro da empresa, fazendo
surgir uma “cultura” empresarial voltada para de- A competitividade da empresa, porém, pode ser
senvolvimento de produtos. Para Baxter (2011), avaliada pelos seguintes indicadores:
o sucesso comercial de novos produtos tem a ver • Qualidade relativa dos produtos.
com a quantidade que são vendidos aos clientes • Participação relativa de mercado.
a um preço razoável, sendo assim: • Custos relativos.
• Todos os custos de produção e comercia- • Nível relativo da tecnologia.
lização sejam cobertos. • Disponibilidade de insumos.
• Todos os custos de desenvolvimento sejam • Lealdade dos clientes.
cobertos. • Subsídios.
• Haja um lucro suficiente para remunerar • Energia.
o capital investido pela empresa. • Localização.
• Patentes
Para Oliveira (2003, p. 69), porém, “o sucesso
dos produtos da empresa depende de fatores de A partir do momento em que se coloca um
mercado (como a taxa de crescimento, margens produto no mercado, ele deve se pagar, ou seja,
praticadas, etc.), e da competitividade relativa da todo custo que foi incorporado desde a cria-
empresa (custo, qualidade, etc.)”. Ainda expõe que ção até a fase de comercialização deverá ser
a empresa deve avaliar as chances de sucesso de retribuído. Nenhuma empresa cria um produto
um novo produto, verificando dois fatores pri- novo para ter prejuízo, o que move o mercado
mordiais: a atratividade do mercado e a posição é o lucro, sendo o retorno do capital investido
competitiva da empresa, sendo necessário avaliar acrescido do lucro.
a situação atual e prognosticar a futura. Existem estratégias para o desenvolvimento de
Os indicadores a seguir mostram como a atra- produto que impactam diretamente em seu su-
tividade do mercado pode ser avaliada: cesso. Baxter (2011, p. 131) cita que as estratégias
• Taxa de crescimento do mercado em rela- de inovação podem ser classificadas em quatro
ção ao da economia. tipos, conforme o Quadro 2:

30 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Estratégias ofensivas
As estratégias ofensivas são adotadas pelas empresas que querem manter liderança no mercado, colo-
cando-se sempre à frente dos concorrentes. Elas dependem de investimentos pesados em pesquisa e
desenvolvimento para introduzir inovações radicais ou incrementais em seus produtos. As estratégias
ofensivas são proativas e trabalham com perspectiva a longo prazo para o retorno dos investimentos.
Elas são consequência de uma forte cultura inovadora da empresa, em que devem existir várias equi-
pes dedicadas à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. Empresas desse tipo
costumam dar grande importância às patentes, que garantem o monopólio durante um certo tempo.
Esse período de tempo em que a empresa praticamente não encontra competidores no mercado, para
o produto lançado, é essencial para obter lucro e recuperar os investimentos realizados no desenvolvi-
mento e também para compensar os prejuízos decorrentes das falhas inevitáveis de alguns produtos.
Estratégias defensivas
As estratégias defensivas são usadas pelas empresas que querem seguir as empresas líderes. Contudo,
deliberadamente, deixam que outras empresas arquem com custos maiores de desenvolvimento e
corram o risco para abrir novos mercados. Esse tipo de estratégia é chamada de “segunda melhor” e
depende da rapidez com que as empresas conseguem absorver as inovações lançadas por outras e
introduzir melhorias naqueles produtos pioneiros. Isso pode ser feito com menores custos e menos
riscos, em relação às líderes, mas também terá menor lucratividade.
Estratégias tradicionais
Estratégias tradicionais são adotadas por empresas que atuam em mercados estáveis, com uma linha
de produtos estáticos, na qual existe pouca ou nenhuma demanda de mercado para mudanças. As
inovações são pouco relevantes, limitando-se a mudanças mínimas no produto para reduzir custos,
facilitar a produção ou aumentar a confiabilidade do produto. As empresas tradicionais são pouco
equipadas para introduzir inovações, mesmo que sejam forçadas a isso por pressões competitivas. Se
essa pressão for muito forte, é possível que não suportem, acabando por sucumbir.
Estratégias dependentes
As estratégias dependentes são adotadas por empresas que não tenham autonomia para lançar seus
próprios produtos, pois dependem de suas matrizes ou de seus clientes para introdução de inovações.
Isso ocorre com empresas que são subsidiárias de outras ou aquelas que trabalham sob encomenda.
São representadas tipicamente por fabricantes de peças ou componentes em que o projeto é definido
pela grande empresa montadora, como acontece no caso da indústria de autopeças. As inovações
geralmente se limitam a melhorias de processo.

Quadro 2 - Estratégias de Inovação


Fonte: Baxter (2011, p. 131).

De acordo com a estratégia empresarial, veja o Quadro 3, que demonstra a importância das diversas
atividades relacionadas com a inovação.

Atividades ligadas ao desenvolvimento

Inova- Prazo para Engenharia


Tipo de Pesquisa e de- Marketing
ção no entrar no de produ- Patentes
estratégia senvolvimento técnico
design mercado ção
Ofensiva XXX XXX XX XX XXX XXX
Defensiva X XXX XXX XX X
Tradicional XXX
Dependente XXX
Quadro 3 - Diferentes estratégias empresariais exigem diferentes prioridades no uso das atividades ligadas ao desenvol-
vimento
Fonte: Baxter (2011, p. 132).

UNIDADE 1 31
Como você pode ver, o Quadro 3 relaciona o tipo de estratégia
(ofensiva, defensiva, tradicional e dependente) e suas respectivas
prioridades dentro das atividades ligadas ao desenvolvimento.
Em relação às atividades ligadas ao desenvolvimento, podemos
destacar a “Engenharia de Produção”, que deteve uma incidência em
todos os tipos de estratégia. Isso nos revela o quanto é necessário
investir nessa área para reduzir custos de produção e ir fazendo
melhoria contínua para aperfeiçoamento dos processos.
Não se pode esquecer do efeito da qualidade do produto, quan-
do ele está sendo comercializado; muito do seu sucesso depende
desse quesito, compramos um produto para ser durável, que tenha
um desempenho técnico funcional, confiabilidade, que atenda às
normas de fabricação e que tenha um preço justo.
O sucesso e fracasso de novos produtos dependem de diversos
fatores; no entanto, Baxter (2011, p. 26) os classifica em três grupos
principais, que mostram as chances de sucesso mediante à priori-
zação dos desenvolvedores (Figura 9).

Chances
de sucesso 5X
dos novos 3X 2,5X
produtos
Forte orientação Planejamento e Fatores internos
para o mercado especificação à empresa
prévias
• Benefícios
significativos para O produto deve ser: • Excelência técnica
os consumidores; • Definido com precisão; e de marketing;
• Valores superiores • Especificado • Cooperação entre
para os precisamente antes de a área técnica e
consumidores. seu desenvolvimento. marketing.

Figura 9 - Fatores de sucesso no desenvolvimento de novos produtos


Fonte: Baxter (2011, p. 26).

Assim, podemos concluir que o sucesso no desenvolvimento de um


produto exige organização, planejamento e dedicação, pois, somente
dessa forma, o consumidor final receberá um produto com quali-
dade e segurança, permitindo uma ótima experiência de consumo.

32 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Conhecendo
o Cliente

Imagine que uma empresa de chocolates teve uma


ideia de lançar um novo produto, um chocolate
com recheio de pimenta orgânica, visto que tem
um grupo crescente de pessoas preocupadas com
alimentação e querem atender essa demanda. Para
isso, antes de lançar o produto, começa a testar no
mercado, com degustações, pesquisas de gosto
e consumo com objetivo de avaliar essas expe-
riências e decidir pelo lançamento ou não desse
produto.

UNIDADE 1 33
As empresas, geralmente, criam algo novo ou é necessário realizar pesquisas de mercado e as
melhoram os produtos já existentes para atender às principais questões que surgem são:
necessidades dos clientes. Por isso, conhecer o cliente • Qual é o segmento-alvo de mercado?
é essencial para se obter um desempenho satisfatório • Qual técnica será utilizada para obtenção
com o lançamento de um novo produto. das informações?
Segundo Oliveira (2003), existem várias ne- • Qual será o tamanho e composição da
cessidades que os clientes demonstram quanto a amostra?
um produto: • Como as pessoas serão selecionadas e
• Funções que o produto deve desempenhar. questionadas?
• Nível de desempenho.
• Confiabilidade. Para empresas que tem poucos clientes, sugere-se
• Comodidade para usar. que sejam ouvidos todos os clientes, porém, se a
• Preço que está disposto a pagar, entre outras. empresa tem muitos clientes, é necessário fazer
a pesquisa por amostras. Oliveira (2003, p. 77)
O autor relata que as necessidades dos clientes não diz que “a empresa deve utilizar todas as fontes
são fixas, sendo impossível ter uma lista definiti- disponíveis de informação sobre as necessidades
va dessas necessidades. O que se pode concluir é dos clientes”, veja algumas:
que o mercado é afetado por novas tecnologias, • Informações da assistência técnica.
novos competidores, taxa de câmbio, entre outros, • Análise do uso do produto.
com isso, os clientes criam novas expectativas, • Reclamações.
necessidades e os produtos já existentes perdem • Regulamentações.
a atratividade. • Exigências legais.
É necessário ouvir o cliente para lapidar sua
necessidade e criar algo dentro das expectativas; Você já percebeu que os clientes não demons-
além de compreender, é necessário surpreender. tram diretamente suas necessidades, porém dão
Segundo Cooper (2001 apud VANALLI, 2003, p. indícios vagos de suas vontades? Os produtos já
32), “o entendimento e atendimento das necessi- comercializados ajudam nesse processo, pois por
dades e desejos dos clientes são um dos direcio- meio deles conseguem visualizar as característi-
namentos de melhores resultados dos negócios”. cas negativas e assim sugerem melhorias e dizem
Para dar um direcionamento de conhecer o como gostariam que o produto fosse.
cliente, faz-se necessário obter a voz dos clientes, A Figura 10 mostra os itens mais exigidos pelos
e isso garante a valorização e priorização de suas clientes. Essas informações devem ser estudadas
necessidades. Oliveira (2003) expõe que quando para o desenvolvimento de produto ter uma di-
a empresa não tem experiência com o produto, reção correta (OLIVEIRA, 2003).

34 Princípios do Desenvolvimento de Produtos


Tabela de necessidades
dos clientes

Itens exigidos

Assistência Análise Razão das Reclamações Imposições


Técnica do uso características de clientes legais Cenários

Figura 10 - Conversão da voz do cliente em necessidade do cliente


Fonte: Oliveira (2003, p. 77).

Quando se quer obter as necessidades reais a partir da voz dos clientes, é necessário desenvolver os
itens exigidos, assim, podemos conseguir verificar as verdadeiras necessidades conforme expõe Oliveira
(2003). Portanto, temos necessidades de vários tipos:
• Funções exigidas (por exemplo “marcar data” em um relógio).
• Qualidade intrínseca do produto (por exemplo “confortável no braço”).
• Funções estimadas (por exemplo “identificar a marca”).
• Preço.
• Atendimento a legislações.
• Serviços associados aos produtos, etc.

O cliente deve ser consultado periodicamente, a fim de avaliar o produto em todas as fases do projeto,
com isso se cumpre o objetivo de verificar se as necessidades dos clientes estão sendo atendidas pelo
produto.
Nunca se esqueça do cliente, ele é o foco e todo cuidado deve ser tomado para conseguir fidelizá-lo
à sua marca/produto, dessa forma estará garantindo a continuidade da empresa. Inovar é preciso!
Diante disso, conhecer o cliente é fundamental para que todo o processo de desenvolvimento de
produtos seja realizado da melhor forma possível, de modo a alcançar resultados satisfatórios, pois,
a partir do conhecimento do público-alvo, é possível identificar as melhores ideias que atenderam a
demanda especificada e, assim, planejar e definir as atividades das próximas etapas do desenvolvimento
de produtos.

UNIDADE 1 35
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) ganhou importância diante


da necessidade de oferecer aos clientes experiências de consumo eficientes,
de forma a surpreender suas necessidades. Diante de um mercado cada vez
mais competitivo e consumidores exigentes, diferenciar-se no mercado é tarefa
obrigatória para que as empresas consigam comercializar seus produtos de
forma a manter todo PDP eficiente. Com base nisso, explique quais as principais
características do processo de desenvolvimento de produtos.

2. O processo de desenvolvimento de produtos engloba diversas tarefas e ativi-


dades, que devem ser encaradas como projetos, para que as ações a serem
desenvolvidas sejam desempenhadas conforme foram planejadas. Sendo assim,
cite quais as classificações mais utilizadas nos projetos de desenvolvimento de
novos produtos.

3. No processo de desenvolvimento de produtos (PDP), ouvir a voz do cliente é


fundamental para ele tenha sucesso no seu lançamento. Estudar e compreen-
der as características do público-alvo é fator decisivo de competitividade e,
para que esse processo tenha resultados positivos, de forma que a empresa
consiga oferecer boas experiências de consumo, é necessário observar alguns
itens relacionados aos clientes. Diante disso, descreva quais itens devem ser
observados em relação ao público para que o processo seja eficiente e atenda
o objetivo proposto.

36
LIVRO

Gestão de novos produtos


Autor: Merle Crawford e Anthony Di Benedetto
Editora: Bookman
Sinopse: colocar um novo produto no mercado que cumpra com os objetivos
desejados por empresas e consumidores é o desafio de milhares de marcas. Esse
é também o grande desafio dos gestores de produtos. Este livro apresenta todas
as etapas do processo de desenvolvimento de novos produtos - da identificação
e seleção de oportunidades até o lançamento. Adotando um foco gerencial e
a perspectiva do marketing, Crawford e Di Benedetto mostram os conceitos e
as “boas práticas” do setor por meio de estudos de caso e exemplos amplos e
atuais, pesquisas inéditas e inúmeras referências. Listas de questões pontuam
o texto e desafiam o leitor a refletir sobre o conteúdo apresentado. Sucesso
há mais de três décadas, este livro já ajudou a formar milhares de gestores ao
redor do mundo e chega à sua 11ª edição abrindo caminho para futuros gesto-
res conhecerem os segredos do mercado e descobrirem o poder da inovação.

37
BARBIERI, J. C.; ALVARES, A. C. T.; CAJAZEIRA, J. E. R. Geração de Idéias para inovações: Estudos de casos
e novas abordagens. Simpoi Anais, 2008.

BAXTER, M. Projeto de produto - guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Blucher, 2011.

CAPUTO, A. C.; MELO, H. P. D. A industrialização brasileira nos anos de 1950: uma análise da instrução 113
da SUMOC. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 39, n. 3, p. 513-538. jul./set. 2009.

CUNHA, G. D. A evolução dos modos de gestão do desenvolvimento de produtos. Produto e produção, Rio
Grande do Sul, v. 9, n. 2, p. 71-90, jun. 2008.

KAMINSKI, P. C. Desenvolvendo produtos com planejamento, criatividade e qualidade, Rio de Janeiro:


LTC, 2000.

OLIVEIRA, C. A. Inovação da tecnologia, do produto e do processo, Belo Horizonte: DG, 2003.

ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.; ALLIPRANDINI, D. H.;
SCALICE, R. K. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo. São
Paulo: Saraiva, 2006.

VANALLI, A. S. A voz do cliente no desenvolvimento de produto. Curitiba: Cefet, 2003.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https://www.havaianas.com.br/a-historia. Acesso em: 14 jul. 2020.
2
Em: http://gepps.ufsc.br/. Acesso em: 14 jul. 2020.

38
1. As principais características do processo de desenvolvimento de produtos são o elevado grau de incertezas e riscos; as decisões
importantes que devem ser tomadas no início, quando as incertezas são maiores; a dificuldade de mudança das decisões
iniciais; o uso de muitas e variadas informações, ou seja, diversas fontes; a multiplicidade de requisitos a serem atendidos
em todo Ciclo de Vida do Produto; e o respeito ao ciclo: Projetar - Construir - Testar - Otimizar.

2. As classificações mais utilizadas nos projetos de desenvolvimento de novos produtos que podemos citar são os Projetos ra-
dicais, Projetos Plataforma ou Próxima geração, Projetos incrementais ou derivados e Projetos follow source (seguir a fonte).

3. Os itens a serem observados para que o processo seja eficiente e atenda o objetivo proposto são as funções exigidas (por
exemplo “marcar data” em um relógio); a qualidade intrínseca do produto (por exemplo “confortável no braço”); as funções
estimadas (por exemplo “identificar a marca”); o preço; o atendimento a legislações e os serviços associados aos produtos.

39
40
41
42
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Fernanda Pappa

Planejamento do Projeto

PLANO DE ESTUDOS

Escopo do Projeto Ciclo de Vida do Produto

Escopo do Produto Análise de Viabilidade

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender as especificações do escopo do produto. • Analisar viabilidade econômico-financeira do produto.


• Compreender as definições de escopo do projeto. • Acompanhar as fases do ciclo de vida do produto.
Escopo
do Produto

O planejamento está presente em nossas vidas em


todos os momentos, seja nas atividades relaciona-
das à vida pessoal ou na área profissional. Uma
simples ida a uma panificadora para comprar o
pãozinho do café da manhã exige um planeja-
mento. Mesmo sem ser documentado, você pensa
no horário que deve sair de casa, a quantidade de
produtos que será comprada ou a forma como
você irá fazer o pagamento. No mundo dos negó-
cios não é diferente, as ações devem ser planejadas
para que se alcance os objetivos com a melhor
eficiência possível.
Quando falamos em planejamento, temos
basicamente três momentos: o planejamento es-
tratégico, em que são definidas as ações a longo
prazo; o planejamento tático, que é o momento
das definições a médio prazo; e o planejamento
operacional, aquele em que as atividades são pen-
sadas a curto prazo.
No processo de desenvolvimento de produtos,
as ações devem ser planejadas para que o produto
ou serviço esteja disponível ao cliente no momen-
to certo, com a qualidade desejada e com o custo
apropriado.
Nesta unidade, iremos trabalhar o planejamen- • Escopo do Produto: é realizado de acordo
to do projeto, entendendo a importância do pla- com a especificação técnica que descreve o
nejamento, especificação do escopo do produto e conjunto de desempenho e funcionalidades
do projeto, como também as fases do ciclo de vida. e o desempenho desejado para o produto.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), a primeira • Escopo do Projeto: é responsável pela
atividade de planejamento do projeto a ser rea- definição do conjunto de trabalhos que se-
lizado deve ser o estudo e o detalhamento das rão executados para a elaboração e entrega
definições básicas do produto a ser efetuado. O de um produto. Sendo assim, o escopo do
resultado final será uma documentação que sin- projeto possui, em um de seus itens, uma
tetizará as funções e características do produto, descrição sucinta do escopo do produto.
denominado escopo do produto.
De maneira sucinta e mais objetiva, de acordo Podemos observar a diferença entre escopo do pro-
com Rozenfeld et al. (2016), a diferença entre Es- duto e escopo do projeto com o exemplo de um pro-
copo do Produto e Escopo do Projeto é: jeto para construção de uma residência (Quadro 1).

Escopo do Produto Escopo do projeto


Casa térrea Construir uma casa na cidade de Maringá - PR
3 quartos (sendo uma suíte)
Sala de recepção Pacotes de trabalho
Cozinha Infraestrutura (escavação/fundação)
Lavanderia Superestrutura (paredes, cobertura, sistemas elé-
2 banheiros tricos, acabamento)
Jardim externo Mão de obra
Estacionamento para 2 carros

Requisitos Técnicos
Quartos de 20 m²
Janelas simples com persianas
Azulejos de coloração
Balcão com pedra de mármore

Quadro 1 - Escopo do Produto e Projeto


Fonte: os autores.

Você pode observar que, para definição do escopo do produto, as características da residência são de-
talhadas, ou seja, o produto é avaliado. E para construção do escopo do projeto, o modo de construção
e todos os recursos necessários são levados em consideração.

Construção do Escopo do Produto

O escopo do produto traz as descrições técnicas e funcionais do produto planejado, portanto este
tópico buscará auxiliá-lo na construção de um escopo de produto adequado para a realidade na qual
o seu projeto está inserido (Figura 1).

UNIDADE 2 45
Escopo do Produto
Restrições e Premissas do Projeto

Por meio de reuniões com


Planejamento especialistas, o Gerente de
do Projeto Projeto irá preparar a
Definir escopo
Declaração de Escopo do
do projeto
Projeto, contendo o escopo
do produto e as restrições
e premissas impostas pelo
DP da empresa.
Declaração de
Escopo do Projeto

Relações com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Definir escopo do produto Análise de custo/benefício


Adaptar o modelo de referência Técnicas de discussão em grupo
Preparar declaração de escopo Avaliação por especialistas

Figura 1 – Atividades de definição do escopo do produto


Fonte: adaptada de Rozenfeld et al. (2006, p. 212).

Sabendo as características do escopo do produto, implementação e na validação das funcionali-


o gerente de projeto deve se atentar na maneira dades e características do produto em questão.
pela qual ocorrerão os trabalhos, buscando tra- É interessante lembrar que a Minuta do Pro-
balhar de maneira assertiva e sistemática, bus- jeto é o anúncio único que autoriza formalmente
cando entender, primeiramente, qual o produto o início de determinado projeto; neste docu-
que se espera criar com o projeto proposto. mento, deve-se incluir uma descrição mínima do
Algumas atividades são inerentes para a projeto de produto que será desenvolvido e da
construção de um escopo de produto, sendo pessoa responsável pelo trabalho de preparação
elas as reuniões entre o gerente de projeto e os da declaração de escopo deste projeto (ROZEN-
especialistas técnicos do produto pelo qual se FELD et al., 2006). A Figura 2 apresenta uma
deseja desenvolver. O gerente de projeto terá exemplificação de Minuta de Projeto, a maneira
como suporte as informações vindas do portfó- como ela pode auxiliar no desenvolvimento de
lio e da Minuta do Projeto, que darão apoio na um produto.

46 Planejamento do Projeto
Minuta do Projeto
Portfólio de produtos
Escopo de produtos similares Em reuniões, o Gerente de
Projeto estuda a Minuta do
Planejamento Projeto e o Portfólio de
do Projeto Produtos. Em seguida,
Definir escopo consultando eventualmente
do produto documentos de escopo de
outros produtos da empresa,
definirá as diretrizes básicas
Escopo do produto que o produto deverá atender.

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Reuniões
Definir escopo do projeto
Lista de Verificação do
Adaptar o modelo de referência Escopo do Produto

Figura 2 - Atividades da Minuta do Projeto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 221).

Para a construção de um escopo do produto de- para o desenvolvimento geral do projeto. Após
verão ser estabelecidos os parâmetros básicos ser encerrada essa etapa, o gerente de projeto
que definem o produto, ou seja, do que ele se a avaliará profundamente e, com a validação
trata e para que servirá (funções), de forma que das características e funcionalidades do produ-
os futuros clientes tenham de forma clara o que to, haverá toda a base de dados para conciliar
consumirão. Os parâmetros para definição de novas etapas no projeto, sendo alguma delas
escopo do produto devem ser preferencialmen- pesquisa de mercado, análise de decomposi-
te quantitativos e, no caso de ser qualitativo, as ção do produto, análise e engenharia do valor,
metas do produto devem estar claras e concisas. análise de funções, desdobramento da função
A análise para desenvolvimento do esco- qualidade etc.
po do produto deve ser baseada no estudo de Com a construção do escopo do projeto fi-
tendências de mercado, produtos concorrentes, nalizado, é interessante que o gerente de projeto
comportamento conhecido pelos consumidores, faça um checklist dos itens levantados para que
sazonalidades, entre outros, lembrando que to- não haja retrabalho na próxima etapa do proje-
das essas informações devem ser levantadas na to informacional, e que a base de informações
fase de planejamento estratégico. fornecida pelo escopo do produto seja completa
A fase de construção e de definição do esco- é essencial para tomada de decisões do projeto
po do produto é de fundamental importância em questão.

UNIDADE 2 47
Escopo
do Projeto

Para Rozenfeld et al. (2006), ao entendermos


quais as características e funções do produto, ou
projeto, é necessário que sejam definidas as ca-
racterísticas pelas quais o conteúdo de trabalho é
delimitado, isto é, as características que descrevem
“como” o produto será obtido, pessoas que serão
envolvidas no processo, premissas etc. (Figura 3).
Na construção do escopo do projeto, são uti-
lizadas informações provenientes do escopo do
produto. Essa é uma das fundamentações que
o escopo do projeto precisa respeitar e, como
já citado anteriormente, é necessário que essas
informações sejam escritas de forma clara, com
metas bem definidas, com preferência para metas
quantitativas.
Para que haja excelência na construção do
escopo do projeto, é fundamental a definição do
processo de gestão do escopo, isto é, é necessá-
rio garantir que as alterações a serem realizadas
estarão presentes neste documento, terão seus
impactos avaliados e que serão aceitas por to-
dos os envolvidos no projeto de comum acordo.
Além disso, deve levar em consideração que as

48 Planejamento do Projeto
mudanças no escopo do projeto devem estar in- do negócio aos quais pretende atender; à descri-
tegradas aos demais controles do Planejamento ção detalhada do produto que será elaborado; aos
de Projeto, descrevendo e controlando atividades objetivos quantitativos do projeto relacionados
como qualidade, custo, prazos, entre outros, dado a custo, qualidade, prazos etc.; ao conjunto das
que uma única mudança dessa variável impacta necessidades identificadas; e, por fim, a um plano
nas demais etapas do projeto. de gerenciamento do escopo, que mostrará como
Na definição do escopo do projeto, é neces- ocorrerão as etapas do projeto e de que maneira as
sário também que fiquem claras as justificativas mudanças que virão a ocorrer serão incorporadas
pelas quais o projeto está sendo executado, o que ao planejamento proposto.
auxiliará em etapas futuras do planejamento do Com o detalhamento do escopo do projeto,
projeto. Assim sendo, as definições de escopo de haverá uma melhor precisão de estimativas de
projeto e do produto são utilizadas para a prepa- custos, tempo e recursos, além da definição de
ração de um documento denominado Declaração padrões mais claros para medição e controle de
do Escopo do Projeto. desempenho, visto que, com uma atribuição mais
Para que o gerente de projeto elabore uma De- precisa das responsabilidades, o gerente de projeto
claração do Escopo do Projeto, é necessário que poderá gerir o comportamento que a execução do
se atente à justificativa do projeto e os requisitos projeto está tomando.

Escopo do Produto
Declaração do Escopo do Projeto

Planejamento
do Projeto Detalhar o Escopo Preparar o EDT e
revisar a Declaração
do Projeto
do Escopo do Projeto

Declaração do Escopo do Projeto (Revisada)


Estrutura de Decomposição do Trabalho (Primeiro nível)

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Avaliar riscos
Definir escopo do projeto Princípios do EAP/EDT
Definir atividades do projeto Estrutura Analítica do Projeto /
Definir recursos Decomposição do trabalho
Planejar e preparar aquisições
Definir indicadores de desempenho

Figura 3 - Atividades para definição de Escopo do Projeto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 236).

UNIDADE 2 49
Análise de
Viabilidade

Caro aluno(a), neste tópico, vamos estudar a


importância de se ter um bom planejamento e,
principalmente, um estudo de viabilidade para
o lançamento de um produto no mercado, para
que haja retorno econômico-financeiro de todos
os esforços da engenharia do produto.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), embora o
principal objetivo do gerenciamento dos custos
no projeto esteja diretamente relacionado aos
custos dos recursos necessários à implantação
das suas atividades, os atuais gerenciamentos de
custos buscam cada vez mais considerar os efeitos
das decisões do projeto no custo de utilização de
seu produto resultante. A Figura 4 exemplifica
melhor as atividades que permeiam a análise de
viabilidade de um produto.

50 Planejamento do Projeto
Desenvolvimento dos orçamentos
para a execução do projeto
Plano de gerenciamento
dos custos do projeto Definir custo-alvo

Planejamento Verificar manufaturabilidade


do Projeto Analisar a viabilidade do custo-alvo
econômica
Definir volume de vendas

Realizar avaliação econômica


Definição dos principais indicadores financeiros
do projeto relacionados com o produto final

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Preparar estimativa Técnicas e procedimentos


de orçamento de análise financeira

Figura 4 - Atividades para análise de viabilidade do produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 221).

Assim, é possível dizer que, ao iniciarmos o Pla- Análise Econômica do


nejamento do Projeto, são definidos os princi- Desenvolvimento de Produtos
pais indicadores financeiros do projeto relacio-
nados ao produto que será produzido, dentre As empresas ou organizações privadas existem
eles estão: com a principal justificativa da geração de lucro
• Custo-alvo do produto. no desenvolvimento de suas atividades, sejam elas
• Previsões de retorno do investimento. por meio do desenvolvimento de produto ou de
• Análise das características e funcionali- serviços, e para a maioria dos investidores, acionis-
dades. tas e empresários, a geração de lucro passa muito
além da resposta positiva entre receitas e despesas.
A análise de viabilidade de um produto é um dos Para a imensa maioria, é necessário que os
principais critérios para a tomada de decisões na investimentos em novos produtos ou projetos
execução de um projeto e deve ser realizada de tragam retorno ao que foi investido, isto é, é ne-
maneira minuciosa na etapa de Planejamento do cessário que seja melhor que o “dinheiro” que a
Projeto, considerada também como uma referên- empresa gastaria com outros investimentos. As-
cia inicial para as etapas de definição de escopo sim, a avaliação econômico-financeira auxilia na
do produto e escopo do projeto (ROZENFELD medição do retorno do projeto de maneira com-
et al., 2006). parável com outros investimentos.

UNIDADE 2 51
Para que possamos fazer uma análise econô-
mica plausível para o desenvolvimento de um
produto, é necessário que saibamos os concei-
tos de fluxo de caixa, ou seja, é necessário que
entendamos a sistemática de entrada e saída de
dinheiro durante o ciclo de vida planejado para
o produto (ROMEIRO FILHO et. al., 2010). Por
isso, a seguir, estudaremos os três componentes
principais de um fluxo de caixa, são eles:
• Investimento no novo produto: basica-
mente, seria o investimento utilizado para
o desenvolvimento das especificações e
para preparação do produto, investimento
no capital humano utilizado para o desen-
volvimento do projeto, testes, protótipos,
análise de qualidade do produto, pesquisas
de mercado, equipe de vendas etc.
• Receitas: pode ser considerada a soma dos
investimentos financeiros que se espera
arrecadar com a comercialização dos pro-
dutos, não se esquecendo de multiplicar os
investimentos ao preço estimado.
• Custos e despesas de produção: nada
mais são do que os valores gastos para a
produção e comercialização dos produ-
tos, sejam estes valores investidos direta
ou indiretamente.

Com o conhecimento de fluxo de caixa e da im-


portância do estudo de viabilidade econômico-fi-
nanceira para o desenvolvimento do produto, o
gerente de projeto poderá mostrar aos stakehol-
ders (investidores em geral) a rentabilidade de seu
projeto por meio de dados pautados em números,
mais precisamente valores financeiros, isto é, se
você consegue mensurar o que está planejando,
certamente conseguirá gerenciá-lo da melhor
maneira possível.

52 Planejamento do Projeto
Ciclo de Vida
do Produto

Para Rozenfeld et al. (2006), o ciclo de vida do


produto pode ser considerado a descrição gráfica
do histórico do produto, descrevendo todas as
etapas pelas quais o produto passa, desde o início
dos esforços para elaborar o produto, até o final
do suporte pós-venda, isto é, quando é finalizada
qualquer forma de compromisso da empresa com
o suporte ao produto.
É importante ressaltar que o ciclo de vida do
produto não acaba quando sua manufatura ou
venda é descontinuada, muitos produtos conti-
nuam sendo usados, sejam por meio dos siste-
mas pós-vendas, reciclagem etc. Os exemplos mais
clássicos estão relacionados com os automóveis
que, mesmo após a venda, os clientes mantêm
relação com a empresa no que diz respeito a ga-
rantias e manutenções.

UNIDADE 2 53
Plano do Projeto

Projeto Refinar o ciclo de vida do


Informacional produto
Detalhar o ciclo
de vida do produto
e definir seus clientes
Definir os clientes do projeto
ao longo do ciclo de vida
Estágios do ciclo de vida do produto
Clientes envolvidos em cada fase do ciclo de vida

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Definir o
problema de
projeto do
produto Detalhar ciclo Estrutura de desdobramento
de vida do
do ciclo de vida;
produto e
definir seus check-lists;
clientes matrizes de mapeamento
Identificar os
requisitos dos
clientes do
produto

Figura 5 - Detalhamento das atividades do ciclo de vida do produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 241).

O modelo apresentado na Fi-


gura 6 é um dos mais utilizados
Tenha sua dose extra de conhecimento pelas literaturas referentes à en-
assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
genharia de produto segundo
leitor de QR Code.
o ciclo de vida do produto de
acordo com a evolução das ven-
das do produto.
Desenvolvimento Lançamento Crescimento Maturidade Declínio Segundo Rozenfeld et al.
(2006), as fases do ciclo de vida
de um produto, que compreende
Vendas
Vendas

o planejamento, produção e pro-


Fluxo de caixa
Lucro jeto, são caracterizadas por um
crescente investimento até o lan-
çamento deste produto no mer-
Tempo
cado. As fases que incorporam
as etapas de lançamento e cres-
cimento, os custos de pesquisa e
Figura 6 - Ciclo de vida do produto desenvolvimento, bem como os
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 342). custos adicionais de promoção e

54 Planejamento do Projeto
penetração no mercado fazem com que o lucro das to de concorrência com novos produtos, inovações
organizações sejam negativos; são nessas fases que tecnológicas implementadas no mercado e mudan-
se encontram os períodos de maiores investimen- ça de hábitos nos consumidores.
tos e, consequentemente, maiores riscos. É nesta fase em que a empresa começa a obso-
Nas fases de crescimento, começam aparecer lência do produto e, assim, as empresas gradati-
aumento nos lucros e, geralmente, poucas empresas vamente eliminam os canais de distribuição que
lucram positivamente antes dessa fase. Na fase de estão dando menos lucro, para logo em seguida
maturidade, porém, tem-se uma estabilidade, mais encerrar a produção do produto. O abandono dos
bem descrita como o período sem crescimento e de produtos, na grande maioria das vezes, ocorre após
estagnação do mercado, porém a maior parte dos a fase de declínio, porém, em alguns casos, é possí-
lucros referentes ao produto estão situados nesta vel que o produto transite da fase de crescimento
fase. Na fase de declínio, ocorre uma diminuição direto para fase de declínio sem passar pela fase
nas vendas causadas por fatores, tais como aumen- de maturidade.

O Ciclo de Vida do Produto (CVP) é um modelo de como as vendas de um produto se comportam


com o passar do tempo. Ele é utilizado como base para se tomar decisões em relação a um produto,
por exemplo: devo investir em propaganda? Devo diminuir o preço? Devo sair desse mercado?
Fonte: Crestani et al. [2020] (on-line) 1.

Marketing / Estratégia
necessidade / Planejamento
estratégico da empresa
problema

Planejamento
É de extrema importância do produto

dizer que cada produto pos-


Projeto
sui exclusividade com relação
ao seu ciclo do produto e que, com Planejamento
do Processo
as informações levantadas em etapas,
como definição do escopo do produto e
Produção
definição do escopo do projeto, busca-se definir
as fases do ciclo de vida do produto, com base no Lançamento
conhecimento existente sobre produtos similares ou
com base em produto que já foram lançados. A Figura 7 Uso
mostra, de maneira mais clara, as etapas adjacentes ao plane-
jamento do produto. Retirada

Reciclagem/Reúso/
Figura 7 - Etapas adjacentes ao planejamento do produto Remanufatura
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 347).

UNIDADE 2 55
Clientes e Ciclo de a distribuição e divulgação do produto, po-
Vida do Produto rém, nesta etapa, o lucro geralmente é me-
diano, e o perfil de clientes que consomem
Os clientes de um ciclo de vida de um produto o produto é caracterizado por absorver
podem ser divididos em: uma nova tecnologia que deu certo e, por
• Clientes externos: são considerados isso, eles passam a adotá-la, causando uma
como o grupo de pessoas ou organizações elevada taxa de crescimento nas vendas.
que irão utilizar, manter, desativar ou • Maturidade: nesta etapa, a taxa de cresci-
retirar o produto do mercado. mento é praticamente nula, ou muito baixa,
• Clientes intermediários: correspondem no entanto, é nesta etapa que geralmente
àqueles responsáveis pela distribuição, as organizações desenvolvedoras do pro-
vendas, compras e marketing do produto; duto conseguem os maiores lucros, já que
estes clientes têm como principal objetivo a maioria das despesas já foi amortizada
a satisfação dos clientes externos. nas fases anteriores do ciclo. O perfil dos
• Clientes internos: entende-se como os clientes nesta etapa do ciclo é caracterizado
fabricantes e os indivíduos envolvidos no como aquele que consome o produto, em
projeto e na produção dos produtos. grande parte, por imitação (conhecidos
também como maioria inicial).
A relação dos clientes e o ciclo de vida do produto • Declínio: o lucro das organizações desen-
fornece uma visão mais amplificada de todo o volvedoras de produto passa de fraco para
processo, permitindo o desenvolvimento de so- negativo na grande maioria das vezes, dado
luções específicas para cada um desses clientes ao declínio na participação do produto no
(FERREIRA, 1997). É importante ressaltar tam- mercado. Para a empresa, é importante
bém o relacionamento entre clientes e o ciclo de manter o monitoramento durante a ma-
vida oriundos do marketing. Nessa visão, os clien- turidade do produto de forma a identificar
tes são divididos de acordo com fluxo de vendas e o mais rápido possível o aparecimento da
as etapas do ciclo de vida do produto, sendo elas: fase de declínio e, se necessário, desconti-
• Lançamento: neste período, é constatado, nuar o produto. O perfil de clientes nesta
geralmente, uma taxa de vendas relativa- etapa é daqueles clientes bastante fiéis, os
mente forte, porém com pouca participa- quais não foram atraídos por novas tecno-
ção no mercado (Market share). Frequen- logias ou novas marcas.
temente, nesta fase, os clientes consomem
os produtos com o intuito de serem “ino- As etapas do ciclo de vida do produto depen-
vadores”, os “primeiros” a consumirem de- dem de diversos fatores, dentre eles o tipo de
terminada demanda. Nesta etapa, o lucro produto, o tipo de projeto, a escala de produ-
ainda não é suficiente para suplantar as ção, funcionalidades, sazonalidade, manutenção,
despesas do projeto. características de manuseio etc. Por isso, com
• Crescimento: nesta etapa, frequentemen- um estudo detalhado, é possível se prevenir de
te, as vendas já conseguiram suplantar as eventuais falhas e se antecipar ao mercado nas
despesas realizadas no desenvolvimento do tomadas de decisões para melhorias contínuas
produto. A empresa ainda terá gastos com no desenvolvimento de produtos.

56 Planejamento do Projeto
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Compreender o ciclo de vida do produto é fundamental para que as estratégias


sejam realizadas de forma a atingir o objetivo de cada uma das etapas. Definir
as ações a serem realizadas em cada momento contribui para o alcance dos
resultados. Diante disso, escolha a alternativa que representa as etapas do ciclo
de vida do produto, segundo as evoluções de vendas:
a) Lançamento, crescimento, maturidade e declínio.
b) Desenvolvimento, lançamento, crescimento, maturidade e declínio.
c) Desenvolvimento, crescimento, maturidade e declínio.
d) Desenvolvimento, lançamento, maturidade e declínio.
e) Nenhuma das opções anteriores está correta.

57
2. No desenvolvimento de produtos, a definição de escopo significa definir o produ-
to e projeto de acordo com o alvo que se deseja atingir. Sendo assim, de acordo
com as proposições sobre Escopo do Produto e Escopo do Projeto, assinale (V)
para alternativa verdadeira e (F) para Alternativa falsa.
( ) O escopo do projeto é realizado de acordo com a especificação técnica que
descreve o conjunto de desempenho e funcionalidades e o desempenho
desejado para o produto.
( ) O escopo do produto é responsável pela definição do conjunto de trabalhos
que serão executados para a elaboração e entrega de um produto.
( ) O escopo do projeto possui, em um de seus itens, uma descrição sucinta do
escopo do produto.
( ) O escopo do produto é realizado de acordo com a especificação técnica que
descreve o conjunto de desempenho e funcionalidades e o desempenho
desejado para o produto.
( ) O escopo do projeto é responsável pela definição do conjunto de trabalhos
que serão executados para a elaboração e entrega deste.
a) FFFVV.
b) FFVVV.
c) FFVVF.
d) FVFFV.
e) FVFVFV.

3. O ciclo de vida do produto representa sua evolução conforme os momentos de


vendas vão acontecendo. Acompanhar essas ações se torna primordial para
entender a evolução dos produtos ao longo do tempo. Todas as alternativas a
seguir representam etapas do ciclo de vida de um produto, exceto:
a) Introdução.
b) Declínio.
c) Maturidade.
d) Viabilidade.
e) Crescimento.

58
LIVRO

Projeto do Produto e do Processo


Autor: Roberto Gilioli Rotandaro, Paulo Augusto Cauchik Miguel e Leonardo
Augusto de Vasconcelos Gomes
Editora: Atlas
Sinopse: o livro traz a fundo conceitos de engenharia do produto, devido ao
fato dos autores serem todos engenheiros, explanando conceitos de concebi-
mento do produto, valor mercadológico do produto, detalhamento do projeto
de produto e a viabilidade comercial para o desenvolvimento de um produto,
mostrando de maneira clara os objetivos da engenharia do produto.

59
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Saraiva, 2006.

ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elseiver, 2010.

FERREIRA, C. V. Estimativa de custos de produtos na fase de projeto conceitual: uma metodologia para
a seleção da estrutura funcional e da alternativa de solução. 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Me-
cânica), Universidade Federal de Santa Catarina, 1997.

REFERÊNCIAS ON-LINE

CRESTANI et al. Ciclo de Vida do Produto (CVP). Brasil Escola. [2020]. Disponível em: https://meuarti-
go.brasilescola.uol.com.br/administracao/ciclo-vida-produto-cvp.htm#:~:text=1%20INTRODU%C3%87%-
C3%83O,exemplo%3A%20devo%20investir%20em%20propaganda%3F. Acesso em: 25 set. 2020.

60
1. B.

Essa alternativa está correta pelo fato de apresentar todas as fases do ciclo de vida do produto.

2. b) F, F, V, V, V.

F – é falsa, pois é o escopo do produto que apresenta essas características.

F – é falsa, pois é o escopo do projeto que apresenta essas características.

V – é verdadeira, pois no escopo são inseridas essas informações.

V - é verdadeira, pois essa é a definição para escopo do produto.

V - é verdadeira, pois essa é a definição para escopo do projeto.

3. D.

Viabilidade não consta no gráfico do ciclo de vida do produto, e sim no planejamento dele.

61
62
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Fernanda Pappa

Projeto Informacional

PLANO DE ESTUDOS

Requisitos Design para Fabricação e


dos Produtos Montagem (DFMA)

Conceituação do Matriz Casa da


Projeto Informacional Qualidade (QFD)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender a importância da fase de projeto informa- • Explorar a ferramenta QFD.


cional. • Entender a aplicação da ferramenta DFMA.
• Conhecer como é feito o levantamento dos requisitos
dos produtos.
Conceituação do
Projeto Informacional

A etapa de projeto informacional é constituída


pelo início ao projeto do produto, em que as ideias
pensadas anteriormente começam a ser materiali-
zadas e documentadas. Os requisitos dos produtos
são levantados e avaliados a partir da necessidade
do público-alvo, de forma a atender o mercado
com o máximo de eficiência.
Quando pensamos em um novo produto ou
serviço, logo vem nossa mente o que será ne-
cessário ser feito para que ele tenha sucesso no
mercado. Sendo assim, é importante fazer o le-
vantamento de informações referente ao produto
ou mercado, os requisitos necessários para o seu
desenvolvimento e as atividades que deverão ser
realizadas para que, ao final do processo, tenha-
mos um resultado positivo.
Essas informações e atividades fazem parte
da etapa do projeto informacional, ou seja, nessa
etapa, é feita a introdução ao projeto, em que os
requisitos são estudados e documentados para
que o planejamento seja efetivo.
Agora imagine a seguinte situação: você mora
em uma residência com uma área livre de, aproxi-
madamente, 500 metros, uma área livre conside-
rável em que você teve a ideia de plantar grama,
para que fosse possível aproveitar mais esse local
e também contribuir com o meio ambiente. Em
um dia ensolarado, com uma temperatura perto
dos 40 graus, você resolve cortar a grama com
um equipamento novo que adquiriu. O tempo
vai passando e você vai ficando cansado, com
calor, sem paciência e tem a ideia de melhorar
esse equipamento que comprou, criando um novo
produto. Incorporando tecnologia, drone e gps
para que o trabalho seja facilitado, de forma que o
equipamento faça o trabalho sozinho e você fique
somente com a atividade de acompanhamento.
Nessa etapa de geração da ideia, você deve do-
cumentar os requisitos do cliente e do produto,
de forma a reunir informações para construção
do projeto, de forma a documentar e detalhar as
etapas para possíveis tomadas de decisão.
Sendo assim, podemos considerar que, nesse
momento, você está iniciando a construção do
projeto informacional.
Nessa etapa, temos as seguintes tarefas a serem
realizadas:
• Definição do Projeto.
• Matriz de Necessidades.
• Definição dos Requisitos do Cliente.
• Definição dos Requisitos do Produto.
• Aplicação de Ferramentas de Gestão.
• Pré-especificação do Projeto.

Essas informações iremos estudar e detalhar nos


próximos tópicos desta unidade.

UNIDADE 3 65
Requisitos
dos Produtos

É importante coletar informações referente ao


público que se deseja atingir, pois a partir disso o
levantamento dos requisitos do produto começa a
ser realizado para atendimento das necessidades.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), para a iden-
tificação dos requisitos dos clientes, é preciso que
se levante as necessidades por meio de listas de
verificações, observações diretas, entrevistas e
grupos de foco ou qualquer outro método que
traga interação com os clientes.

66 Projeto Informacional
Após o levantamento das necessidades, é pre- Posteriormente a estas etapas de classificação, le-
ciso que elas sejam processadas inicialmente e, vantamento e agrupamento, denominamos este
posteriormente, sejam agrupadas, classificadas e processo de “requisitos dos clientes”.
ordenadas de acordo com o ciclo de vida do pro- Requisitos dos clientes estão diretamente liga-
duto. O agrupamento das necessidades possibilita dos a aspectos como desempenho funcional, fato-
a verificação de requisitos similares, eliminando- res humanos, propriedades, espaço, confiabilida-
-se repetições e necessidades pouco relevantes. de, ciclo de vida, manufatura e recursos (Figura 1).
Declaração do Escopo do Produto
Ciclo de Vida do Produto
Clientes do Produto Coletar as necessidades
dos clientes de cada fase
do ciclo de vida
Projeto
Informacional Agrupar e classificar
Identificar os
requisitos dos as necessidades
clientes do produto
Definir requisitos dos clientes

Requisitos dos clientes Valor dos requisitos


dos clientes

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Identificar os
requisitos
dos clientes
do produto Questionários
estruturados, entrevistas,
checklists, Brainstorming,
diagrama de afinidades;
Definir Definir QFD; diagrama de Mudge
requisitos especificações
do produto do produto

Figura 1 - Atividades para definição do Escopo do Produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 371).

Existem determinados requisitos do produto definidos como básicos que são aqueles que não geram sa-
tisfação aos clientes, porém são requisitos essenciais para a composição do produto; estes requisitos não
são verbalizados pelos clientes, porém, se esquecidos no produto final, os clientes ficarão insatisfeitos.

UNIDADE 3 67
Existem também os requisitos denominados requisitos com desempenho esperado, isto é,
requisitos que quanto melhor o seu desempenho, maior será a satisfação do cliente. Atualmente,
o grande desafio das empresas é determinar os requisitos dos produtos por meio da “voz dos
clientes”, ou seja, é encontrar os requisitos que realmente surpreendem e agradam aos clientes,
pois geram benefícios dos quais os consumidores não esperavam.
Cliente satisfeito Ao encontrarem estes re-
Esperado
quisitos os quais causam im-
pactos nos clientes, ao longo
do tempo, tornar-se-ão obso-
letos e, assim, de acordo com a
Excitação
evolução natural do mercado,
Desempenho tornar-se-á um requisito bá-
Excedente
sico em um futuro bem pró-
Desempenho Pobre ximo. Por isso, é necessário
manter-se atualizado com as
Básico
tendências de mercado, por
meio das necessidades dos
clientes.
A Figura 2 representa o
diagrama de Kano, que relata
bem os requisitos dos clientes
Cliente insatisfeito
segundo itens básicos, espera-
Figura 2 - Diagrama de Kano
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 421). dos e de excitação.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

Para a obtenção de uma comunicação eficaz durante o desenvolvimento de um projeto de um produ-


to, é fundamental que as informações características do produto estejam de acordo com a linguagem
técnica de engenharia; é de fundamental importância, então, que as informações sejam expressas em
“números” para que haja mensuração técnica por parte de todos envolvidos no projeto. A esses parâ-
metros denominamos requisitos do produto (ROZENFELD et al., 2006).
A obtenção dos requisitos com base nas necessidades levantadas pelos clientes se constitui na
primeira decisão física sobre o produto que está sendo projetado e, assim, possibilita parâmetros
mensuráveis, associados a características definitivas que terá o produto, constituindo um momento
importante para o projeto.

68 Projeto Informacional
A Figura 3 exemplifica bem a definição dos requisitos de projeto
do produto, com relação ao projeto informacional, relações com outras
atividades e métodos e ferramentas de apoio com relação aos requisitos.

Requisitos dos clientes


Converter requisitos de
clientes em expressões
Projeto mensuráveis
Informacional
Definir requisitos Analisar e classificar os
do produto requisitos do produto

Hierarquizar requisitos
Requisitos do produto do produto

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Identificar os
requisitos
dos clientes
do produto Matriz de Atributos, checklists,
Primeira Matriz do QFD,
Análise paramétrica,
Análise matricial,
Definir Definir Diagrama de Mudge
requisitos especificações
do produto meta

Figura 3 - Requisitos do Projeto de Produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 432).

Voltando ao exemplo citado anteriormente, do produto cortador de


grama, como seria a documentação dessa etapa do projeto informa-
cional? Onde iniciamos e como terminamos essa documentação?
(CORTADOR DE GRAMA AUTOMÁTICO, [2020], on-line)1.

Vamos Praticar?
• Etapa 1: definição do projeto

Cortador de Gramas Inteligente


Nesse momento, o escopo do produto e escopo do projeto devem
ser estudados e documentados, de acordo com as características do
cortador de gramas e o público que deseja ser atendido com esse
produto.
• Etapa 2: matriz de geração de necessidades

Nesse momento, são analisados os atributos do produto comparado


à necessidade dos clientes e ciclo de vida do produto (Figura 4).

UNIDADE 3 69
Atributos

Ciclo de Vida Confiabilidade Econômico Funcionamento Normalização Robustez Praticidade

Estar de
Baixo acordo com
Vendabilidade custo as normas de
segurança

Operar Cortar a grama Suportar Dispensar


normalmente uniformemente pequenos manuseio ou
Função em condições e contemplando choques a supervisão
adversas toda a área eventuais
como sob estipulada obstáculos
chuva e vento imprevistos

Precisar de Ter baixo Facilidade de


pouca custo de efetuação de
Manutenção
manutenção reparo pequenos
reparos

Ter formato
Armazenagem que facilite sua
armazenagem

Ter o Atender Solidez


Ser durável menor possíveis estrutural
Fabricação preço normas
possível existentes
Permitir
que seja
facilmente
Transporte locomovido
quando não
em uso

Utilização de Ter baixo Inserção das Operar Possuir


dispositivos consumo coordenadas normalmente grande
viabilizem a de energia geográficas em condições autonomia
segurança de referentes à adversas dispensando
Uso pessoas e área a ser como sob fios e
animais perto cortada a chuva e recargas
do aparelho grama vento constantes
durante seu de energia
funcionamento

Figura 4 - Matriz de Geração de Necessidades


Fonte: Cortador de Grama Automático ([2020], on-line)2.
• Etapa 3: levantamento do grau de importância

Nesse momento, todas as necessidades levantadas na etapa anterior são analisadas e ordenadas pelo
grau de importância (Figura 5). Esse grau de importância é analisado pela equipe de projetos e podem
ser aplicadas algumas ferramentas para se chegar a essa ordenação, como o método AHP (Analytic
Hierarchy Process) e também a matriz casa da qualidade (DFD).

70 Projeto Informacional
Necessidades do usuário Grau de importância

Estar de acordo com as normas de segurança 10

Cortar a grama uniformemente por todo o terreno estipulado 10

Ter grande autonomia (dispensar fios) 9

Dispensar manuseio ou supervisão 8

Suportar pequenos choques 7

Ser durável 7

Ter solidez estrutural 7

Ter baixo consumo de energia 6

Ser de fácil transporte 6

Ter baixo custo 5

Precisar de pouca manutenção 5

Ter baixo custo de reparo 5

Operar normalmente em condições adversas 4

Ser fácil de guardar 4

Figura 5 - Levantamento do Grau de Importância


Fonte: Cortador de Grama Automático ([2020], on-line)3.

Após esses levantamentos, são analisados e documentados os requisitos dos usuários e projeto para
documentação dessa etapa do projeto informacional que corresponde ao levantamento das informações.

UNIDADE 3 71
Matriz Casa da
Qualidade (QFD)

A matriz QFD (Quality Function Deployment),


também conhecida como matriz da Casa da Qua-
lidade, é um método que auxilia na gestão e na
padronização no desenvolvimento de um projeto.
Foi criado no Japão, no final dos anos 60, para
ser aplicado nas atividades iniciais no desenvol-
vimento do produto, garantindo a qualidade dos
processos (CARVALHO, 1997; BOUCHEREAU;
ROWLANDS, 2000; NASCIMENTO, 2002; JU-
RADO, 2006; SILLOS, 2009).
Essa matriz é uma metodologia que pode ser
aplicada no desenvolvimento de produtos e ser-
viços e tem como objetivo mensurar as neces-
sidades dos clientes (Figura 6), de forma que a
organização consiga estudar essas necessidades,
fazer comparações e ordenações de acordo com
a relevância (JURADO, 2006).

72 Projeto Informacional
VENDAS E DISTRIBUIÇÃO

MARKETING

FABRICAÇÃO

ENGENHARIA

PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO

QFD

P&D

ENGENHARIA

FABRICAÇÃO

MARKETING

VENDAS E DISTRIBUIÇÃO

Figura 6 - QFD traduz as necessidades dos clientes em requisitos apropriados à empresa, em cada estágio do processo de
desenvolvimento de produto.
Fonte: Ryan e Eureka (1992, p. 42).

Segundo Rozenfeld et al. (2006), a matriz QFD auxilia no trabalho de equipe no desenvolvimento de
um projeto de produto, que busca conciliar diferentes definições do produto dentre as mais variadas
fases do projeto, desde o estabelecimento das necessidades dos clientes, requisitos do projeto, definições
de valores-meta até as dificuldades técnicas associadas a cada produto.
Com a utilização adequada da matriz QFD, é possível reduzir o número de mudanças no projeto,
diminuir o tempo de duração do projeto, redução de reclamações por parte dos clientes, favorecimento
de comunicação entre os diferentes agentes que atuam no desenvolvimento do produto, identificação
de características que contribuem para atributos de qualidade do produto, entre outros. Assim sendo,
a Figura 7 descreve como deve ser montada a estrutura de uma matriz QFD.

UNIDADE 3 73
Matriz de
Correlação
7

4
Requisitos
do Produto

1 2 5 3

Importância
Requisitos Matriz de Benchmarking
dos Clientes Relacionamentos Competitivo

6
Quantificação dos
Requisitos do Produto

Figura 7 - Matriz QFD


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 451). contendo informações, tais como re-
clamações, qualidade desejada, taxa de
Segundo Rozenfeld et al. (2006), as etapas da Ma- melhoria etc.
triz da Casa da Qualidade (QFD) estão dispostas 4. Requisitos do produto: é responsável
da seguinte maneira: pela medição da habilidade do produto
1. Requisitos dos clientes: desenvolvimen- para satisfazer às necessidades (requisitos)
to das informações, iniciando-se com o dos clientes.
estabelecimento de quem são os consumi- 5. Matriz de Relacionamento: serve como
dores e o que eles esperam na forma dos um elo entre os requisitos dos clientes (o
requisitos, isto é, o que os consumidores que fazer?) com os requisitos do produto
esperam do produto final de acordo com (como fazer?); para cada célula da matriz,
suas funcionalidades. é verificado se existe uma relação ou não
2. Importância: importância dos requisitos entre eles e, caso exista, qual a sua inten-
na visão dos clientes, por meio do desen- sidade (impacto).
volvimento de informações. 6. Qualificação dos requisitos do produ-
3. Benckmarking competitivo: é neste to: a quantidade de requisitos irá compor
campo da matriz QFD que se torna o conjunto de especificações para o pro-
possível identificar a situação atual do duto ser desenvolvido.
produto com relação a concorrentes e, 7. Matriz de Correlação: as interações en-
até mesmo, produtos similares lançados tre os requisitos do produto compõem o
pela empresa. Nesta etapa, é onde ocorre chamado “telhado” da Casa da Qualidade
grande oportunidade de melhoria re- e estabelece um entendimento sobre a na-
ferente aos requisitos dos clientes, sen- tureza, efeitos e intensidade possíveis entre
do possível criar colunas, neste campo, os requisitos do produto.

74 Projeto Informacional
A matriz QFD pode ser analisada em cada uma das suas etapas juntamente com as atividades do
projeto informacional (Quadro 1):
Capítulo Campo da QFD Atividades do Projeto Informacional
Identificar os requisitos dos clientes do
1 Requisitos dos clientes
produto
Identificar os requisitos dos clientes do
2 Importância dos requisitos
produto
Benchmarking com produtos dos concor- Identificar os requisitos dos clientes do
3
rentes produto
4 Requisitos dos produtos Definir os requisitos do produto
Correlação entre requisitos dos clientes e
5 Definir os requisitos do produto
requisitos do produto
Quantificação dos requisitos do produto
6 Definir especificações-meta do produto
(valor-meta)
Correlação entre os requisitos do pro-
7 Definir especificações-meta do produto
duto

Quadro 1 - Comparativo entre os campos e as atividades da fase do projeto informacional


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 465).

A utilização das informações fornecidas pela matriz da Casa da Qualidade para tomada de decisão se
dá devido à importância da padronização das informações, ou seja, independentemente do usuário
(acionistas, empresários, gerentes), as conclusões irão sempre estar centradas no consumidor do produto.
A flexibilidade apresentada pela metodologia permite relacionar necessidade do público-alvo,
variáveis técnicas dos produtos ou serviços e necessidade das empresas, a fim de tomar as melhores
decisões. No caso de serviços, também é possível a aplicação da metodologia. Você pode acompanhar
(Figura 8) a aplicação da metodologia QFD no estudo de trânsito das cidades.

UNIDADE 3 75
Características Técnicas Qualidade Planejada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 Benchmarking Análise Comparativa

Nº. de vagas especiais de estacionamento

Quilômetros de congestionamento
Nº. de empresas de transporte público
Nº. de estacionamentos particulares

Argumento de melhoria do serviço


Nº. de placas verticais de sinalização

QFD

Nº. de viaturas de monitoramento

Treinamentos agentes de trânsito


Nº. de vagas de estacionamento
Taxa de manutenção no trânsito

Campanhas educativas por ano

Nº. de projetos em andamento


Nº. de moderadores de tráfego

Nº. de passarelas de pedestres

Tempo de congestionamento
Extensão vias para pedestres
Nº. de sinalização horizontal

Pólos geradores de tráfego


Velocidade média veículos
Extensão vias para ciclistas

Nº. de agentes de trânsito

Nº. de barreiras na cidade


para avaliar

Nº. de acidentes por ano

Nº. de veículos SETRAN


Densidade de tráfego
Grau de Importância

Taxa de Melhoria
Nº. de semáforos

a qualidade no

Nº. Coletivos TP
Nº. usuários TP

Peso Absoluto
Nosso Serviço

Peso Relativo

Priorização
Trânsito de Maringá

IDEAL
Meta

Ranking
Nosso Serviço
IDEAL
Direção da Melhoria

5
4
3
2
1
Sinalização 5 3 5 5 1,6 1,5 12,5 8% 7
Benchmarking 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

Redutor de velocidade 5 2 5 5 2,5 1,5 18,7 12% 3


Sentido das vias 4 4 5 5 1,2 1,2 6,0 4% 10
Ciclovias 2 1 5 5 5,0 1,5 15,0 10% 6
Requisitos dos usuários

Estacionamento 1 4 5 5 1,2 1,2 1,5 1% 15


Educação 3 1 5 5 5,0 1,5 22,5 14% 2
Transporte Público 2 2 5 5 2,5 1,2 6,0 4% 9
Pedestres 3 1 5 5 5,0 1,5 22,5 14% 1
Fiscalização 4 2 5 5 2,5 1,5 15,0 10% 5
Manutenção 3 2 5 5 2,5 1,0 7,5 5% 8
Sistema Binário 3 3 5 5 1,6 1,0 5,0 3% 11
Veículos SETRAN 1 1 5 5 5,0 1,0 5,0 3% 12
Poluição visual 1 3 5 5 1,6 1,0 1,6 1% 14
Dificuldade de acesso 1 2 5 5 2,5 1,2 3,0 2% 13
Congestionamento 4 2 5 5 2,5 1,5 15,0 10% 4
Valor Atual - SETRAN 3 5 3 3 2 4 4 1 2 4 1 3 1 3 1 3 3 3 3 1 3 2 2 3 1 4 3 Legenda:
IDEAL 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Muito positiva
Meta 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Positiva
Dificuldade Técnica
Qualidade Projetada

1 2 2 5 1 1 1 1 2 1 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 3 2
Total Pontos 557 540 307 410 607 93 157 23 303 173 135 539 623 129 238 577 215 345 141 266 266 266 554 172 232 142 197 Nenhuma
Análise Comparativa

Percentual (%) 7% 7% 4% 5% 7% 1% 2% 0% 4% 2% 2% 7% 8% 2% 3% 7% 3% 4% 2% 3% 3% 3% 7% 2% 3% 2% 2% Negativa


5 Muito negativa
Valor Atual - SETRAN
4 = 1: possível correlação
IDEAL 3 = 3: alguma correlação
2
1 = 6: forte correlação
Alvo
Priorização
Aumenta
Ranking 4 6 10 8 2 26 21 27 11 19 24 7 1 25 15 3 17 9 23 14 13 12 5 20 16 22 18 Diminuir

Figura 8 - Exemplo da Casa da Qualidade em um estudo para avaliação da qualidade no trânsito das cidades brasileiras
Fonte: Chiroli (2011, p. 88).

A Matriz QFD funciona como a voz dos clientes para a empresa desenvolvedora do projeto de produto,
assim como os membros envolvidos no projeto podem utilizar a matriz como fonte de dados, a fim de
se obter novas estratégias e, consequentemente, obtendo vantagem competitiva em um mercado que
está cada vez mais concorrido e dinâmico.
Assim, a matriz QFD proporciona uma visão global no processo de desenvolvimento de produtos,
visão do cliente, fornecedores, concorrentes, permitindo uma análise integrada das informações ge-
radas, possibilitando tomar as melhores decisões.

76 Projeto Informacional
Design para Fabricação
e Montagem (DFMA)

O termo DFMA (Design for Manufacture and


Assembly) é a combinação de duas metodologias,
Design for Manufacture, que significa o design
para facilitar a fabricação das peças que formarão
um produto, e o Design for Assembly, que significa
o design do produto para facilitar a montagem.
O DFMA tem uma relação com os princípios
do DFX (Design for Excellence), ou Projeto para
Excelência, que, de acordo com Bralla (1996), o X
representa as características de qualidade de um
produto, como confiabilidade, robustez, impacto
ambiental, facilidade de serviço, manufaturabili-
dade e facilidade de montagem.

UNIDADE 3 77
Isto é, utilizando essa metodologia no processo de • Utilização de peças e materiais comuns
desenvolvimento de produtos, a empresa consegue à família de produtos.
fazer uma análise minuciosa do projeto pensando • Trabalhar com concepção e montagem
na otimização do processo produtivo, como estudo de produto à prova de erro, utilizando,
de materiais, peças e montagem que irão contribuir por exemplo, a técnica de Poka Yoke.
para uma maior facilidade na produção. • Trabalhar com requisitos de manuseio e
A necessidade de desenvolver produtos cada orientação de peças descritas no projeto.
vez mais rápidos, devido ao mercado e concorrên- • Projetar pensando nas facilidades de
cia, faz com que as organizações repensem seus montagem dos produtos fabricados.
processos. Essa metodologia auxilia no processo • Reduzir ou eliminar partes flexíveis e
e agiliza o desenvolvimento de produtos. interconexões.
Utilizando o DFMA no desenvolvimento, os • Incorporar métodos de fixação fáceis e
gestores conseguem identificar, de forma mais efi- eficientes.
ciente, os problemas que podem ocorrer no processo • Trabalhar com design de produto mo-
produtivo, podem prevenir, detectar e eliminar des- dular, englobando maior variedade de
perdícios antes de iniciar o processo de produção. produtos.
As técnicas de DFMA tem como objetivo o • Pensar no design do produto com foco na
trabalho em conjunto da equipe de desenvolvi- automação do processo.
mento e visa a redução de componentes, peças e
conjuntos de montagem, objetivando a redução Para que você consiga compreender a aplicação
de custo e tempo de montagem dos produtos, da metodologia, vamos considerar uma análise
focando nos seguintes fatores: realizada em um determinado produto, de acordo
• Redução da quantidade de peças compo- com os estudos de Souza et al. (2016).
nentes e simplificação do projeto da peça. O produto estudado foi o laptop infantil, este
• Definição e estudo de peças de design apresenta 3 idiomas e tem como objetivo promo-
para facilitar a fabricação dos produtos. ver o aprendizado de forma interativa. O produto
• Projeto do produto levando em conside- foi escolhido pelos autores devido ao fato de per-
ração os recursos produtivos disponíveis ceberem que, com a aplicação da metodologia
e evitar tolerâncias muito pequenas no DFMA, conseguiriam melhorar o projeto (Figura
projeto. 9).

Figura 9 - Laptop escolhido para o estudo


Fonte: Souza et al. (2016, p. 6).

78 Projeto Informacional
Primeiramente, o produto foi desmontado para permaneça com suas características projetadas
análise dos componentes. Após essa análise, hou- e, ao mesmo tempo, mantenha a segurança para
ve a identificação de uma possível redução no nú- os usuários.
mero de parafusos para fixar a carcaça (composta Com isso, foi conseguido a redução de 50%
de tampas inferior e superior da base), sem preju- no número de parafusos, de 12 para 6 parafusos,
dicar a estrutura interna ou externa do produto. mantendo as mesmas características funcionais e
Testes foram realizados para que o produto de segurança. (Figura 10).

Figura 10 - Alteração da quantidade de parafusos


Fonte: Souza et al. (2016, p. 7).

Também foi analisado uma placa de circuito elétrico que é responsável pelo funcionamento do te-
clado. Ela é parafusada na base do laptop, por meio de 15 parafusos. Após essa análise, foi possível
a eliminação de 10 parafusos (Figura 11), permanecendo com as mesmas características projetadas.

Figura 11 - Parafusos com cores amarelas eliminados


Fonte: Souza et al. (2016, p. 8).

Outro item analisado foram os dois suportes de fixação do alto falante. Após os testes, foi possível a
redução de 2 parafusos e 1 suporte plástico, impactando diretamente na redução de custos e otimização
no processo de montagem (Figura 12).

UNIDADE 3 79
Figura 13 - Tampa de Abertura
Fonte: Souza et al. (2016, p. 9).

A última análise foi na trava da tampa superior


do produto, que utilizava 2 molas para seu fun-
cionamento. Foi retirada uma das molas e o pro-
duto permaneceu com as mesmas características,
assim, foi possível a sua eliminação como também
o parafuso de fixação (Figura 14).

Figura 12 - Suporte de Alto-Falantes


Fonte: Souza et al. (2016, p. 8).

Continuando o processo de análise dos compo-


nentes, 2 componentes plásticos utilizados para
limitar o movimento de abertura da tampa do
laptop também foram testados, pois foi observado
que a tampa já possuía um delimitador de aber-
tura de tela; sendo assim, esses componentes não
tinham função (Figura 13). Testes foram realiza-
dos, permitindo a exclusão desses 2 componentes Figura 14 - Trava Superior
e 2 parafusos. Fonte: Souza et al. (2016, p. 9).

80 Projeto Informacional
Nesse estudo, os pesquisadores verificaram que o produto já possuía princípios da metodologia DFMA
como modalização e peças autofixadoras e, ainda assim, com uma análise mais aprimorada, foi possível
a melhoria do projeto, resultando em ganhos pela redução dos seguintes componentes:

Componentes Quantidade
Parafusos cabeça de panela 2,5 x 8,0 mm 2
Parafusos cabeça de panela 3,0 x 8,0 mm 6
Parafusos com arruela embutida 1,5 x 6,0 mm 10
Parafusos cabeça de panela 2,0 x 6,0 mm 2
Parafuso com arruela embutida 2,0 x 6,0 mm 1
Hastes de limitação plásticas 2
Suporte para áudio do produto 1
Mola 1
TOTAL 25

Quadro 2 - Apresentação dos Resultados


Fonte: adaptado de Souza et al. (2016).

Além dessa apresentação da redução dos componentes, que nesse caso foi uma redução de, aproxima-
damente, 18%, os gestores podem apresentar os números financeiros, ou seja, apresentar a redução em
números para que a informação fique mais completa e favoreça a decisão mais assertiva.

UNIDADE 3 81
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para que as organizações tenham produtos que surpreendam seus clientes de


forma a proporcionar experiências únicas de consumo, faz-se necessário co-
nhecer de forma profunda os seus requisitos. Diante desse contexto, explique
quais os principais requisitos que devem ser considerados.

2. A matriz QFD (Quality Function Deployment) também conhecida como matriz da


Casa da Qualidade, é um método que auxilia na gestão e na padronização no
desenvolvimento de um projeto. Em relação às etapas da matriz da qualidade,
escolha a alternativa correta.
a) Matriz de Relacionamento: é neste campo da matriz QFD que se torna possível
identificar a situação atual do produto.
b) Benckmarking competitivo: serve como um elo entre os requisitos dos clientes
(o que fazer?) com os requisitos do produto.
c) Matriz de Correlação: as interações entre os requisitos do produto compõem
o chamado “telhado” da Casa da Qualidade.
d) Qualificação dos requisitos do produto: importância dos requisitos na visão
dos clientes, por meio do desenvolvimento de informações.
e) Importância: a quantidade de requisitos irá compor o conjunto de especificações
para o produto a ser desenvolvido.

82
3. O termo DFMA (Design for Manufacture and Assembly) é a combinação de duas
metodologias, Design for Manufacture, que significa o design para facilitar a
fabricação das peças que formarão um produto, e o Design for Assembly, que
significa o design do produto para facilitar a montagem. Diante disso, avalie as
afirmativas e escolha a alternativa correta.
I) Essa metodologia é utilizada no processo de desenvolvimento de produtos
com objetivo de controlar a gestão de estoques de matérias-primas.
II) Utilizando o DFMA no desenvolvimento, os gestores conseguem identificar, de
forma mais eficiente, os problemas que podem ocorrer no processo produtivo.
III) As técnicas de DFMA têm como objetivo o trabalho em conjunto da equipe
de desenvolvimento e visa a redução de componentes, peças e conjuntos
de montagem.
IV) A definição e estudo de peças de design para facilitar a fabricação dos pro-
dutos são itens considerados quando aplicada a técnica de DFMA.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

83
LIVRO

QFD - Desdobramento da Função Qualidade na Gestão de Desenvolvimento


de Produtos
Autor: Lin Chih Cheng , Leonel Del Rey de Melo Filho
Editora: Blucher
Sinopse: esse livro apresenta, de forma detalhada, os conceitos relacionados à
metodologia QFD, ouvindo com eficiência a voz do cliente para direcionamento
das ações. São apresentados casos reais de indústrias que aplicaram o QDF
e os resultados que elas tiveram. É um livro voltado para gestores de forma a
aprimorar seus conhecimentos.

84
BRALLA, J. G. Design for eXcellence. New York: MacGraw-Hill, 1996.

BOUCHEREAU, V.; ROWLANDS, H. Methods and techniques to help quality function deployment
(QFD). University of Wales College, Newport, South Wales, UK, 2000.

CARVALHO, M. M. QFD: uma ferramenta de tomada de decisão em projeto. 1997. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Engenharia de Produção
e Sistemas. Florianópolis, 1997.

CHIROLI, D. M. G. Um Estudo para Avaliação da Qualidade no Trânsito das Cidades Brasileiras. Dis-
sertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Engenharia
Civil. Maringá, 2011.

JURADO, J. M. D. Avaliação de um programa de pós graduação em engenharia mecânica visando for-


necer subsídios para seu planejamento e controle contínuo utilizando a ferramenta Quality Function
Deployment. 2006. (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia Mecânica. São Paulo, 2006.

NASCIMENTO, C. A. A. M. Aplicação do QFD para identificar pontos críticos do processo de desenvol-


vimento de produtos a partir dos dados de assistência técnica – Experimento em empresa de tecnologia
da informação. 2002. (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Minas Gerais. Depar-
tamento de Engenharia de Produção. Belo Horizonte – Minas Gerais, 2002.

ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elseiver, 2010.

ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; SILVA, S. L.; ALLIPRANDINI, D. H.;
SCALICE, R. K. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo. São
Paulo: Saraiva, 2006.

SILLOS, V. L. Qualidade de site de Governo eletrônico: estudo de caso sobre a aplicação do QFD ao site da SH/
CDHU. 2009. (Mestrado em Administração) – Universidade de São Paulo. Departamento de Administração.
São Paulo, 2009.

SOUZA, G. C. B.; MOCO, N. A.; PERUSSI, J. B.; GUIMARÃES, R. M. Aplicações do método DFMA e
FMEA em um Laptop Infantil. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO.
João Pessoa/PB, 2016.

85
RYAN, N. R.; EUREKA, W. E. QFD. Perspectivas Gerenciais do Desdobramento da Função Qualidade. São
Paulo: QualityMark, 1992.

REFERÊNCIAS ON-LINE:

Em: https://sites.google.com/site/cortadorautomaticodegrama/projeto-informacional/definicao-do-projeto.
1

Acesso em: 12 ago. 2020.


2
Em: https://sites.google.com/site/cortadorautomaticodegrama/projeto-informacional/matriz-de-geracao-de-
-necessidades. Acesso em: 12 ago. 2020.
3
Em: https://sites.google.com/site/cortadorautomaticodegrama/projeto-informacional/levantamento-do-grau-
-de-importancia. Acesso em: 12 ago. 2020.

86
1. Requisitos dos clientes estão diretamente ligados a aspectos como desempenho funcional, fatores huma-
nos, propriedades, espaço, confiabilidade, ciclo de vida, manufatura e recursos. São divididos em requisitos
do produto definidos como básico, que são aqueles que não geram satisfação aos clientes, e requisitos
denominados requisitos com desempenho esperado.

2. C.

3. D.

87
88
Esp. Robson Apdo Barbosa Junior
Me. Márcia Pappa

Projeto
Conceitual

PLANO DE ESTUDOS

Análise das Funções Ergonomia


dos Produtos e Estética

Conceituação Análise de Sistemas Seleção do


e Subsistemas Conceito

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar as definições relacionadas à etapa do projeto • Compreender como as características relacionadas ao


conceitual. conceito do produto são analisadas e escolhidas.
• Entender quais atividades devem ser realizadas nessa
etapa do desenvolvimento de produto.
Conceituação

Caro(a) aluno(a), você está acompanhando que o


processo de desenvolvimento de novos produtos
consiste em um conjunto de atividades que tem
como objetivo criar um novo produto para um
determinado mercado, a fim de sanar necessida-
des específicas dele, considerando, para isso, as
possibilidades e restrições tecnológicas.
O desenvolvimento de produto também exe-
cuta ações de acompanhamento após o lança-
mento do produto no mercado, fazendo análises
periódicas e, se necessário, realizando eventuais
mudanças neles. Assim, temos, na Figura 1, uma
representação gráfica das etapas do Processo de
Desenvolvimento de Produtos (PDP).
Como se pode observar na página seguinte, há
três blocos de atividades principais, os processos
pré, processos de desenvolvimento e os processos
pós-desenvolvimento. Nesta unidade, estudare-
mos o Projeto Conceitual que está localizado nos
processos da etapa de Desenvolvimento.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), no Projeto
Conceitual de maneira geral, as atividades desen-
volvidas se relacionam com a busca, criação, re-
presentação e seleção de soluções para o problema
do projeto de produto, ou seja, o objetivo principal
é desenvolver princípios para o projeto do pro-
duto que satisfaça às necessidades e exigências
dos consumidores e que se diferencie dos demais
produtos similares encontrados no mercado.
Processo de Desenvolvimento de Produto

Pré Desenvolvimento Pós

Planejamento
estratégico Acompanhar Descontinuar
dos produtos produto/ produto
processo

Gates >>

Planejamento Projeto Projeto Projeto Preparação Lançamento


projeto Informacional Conceitual Detalhado produção do produto

Processos Gerenciamento de mudanças de engenharia


de apoio

Melhoria do processo de desenvolvimento de produtos

Figura 1 - Processo de Desenvolvimento de Produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 44).

Assim, o projeto conceitual tem o objetivo de O projeto conceitual pode ser estruturado em al-
apresentar como o novo produto será desenvol- gumas etapas de desenvolvimento (Figura 2). Como
vido para atingir às necessidades dos clientes, con- se pode observar, a metodologia segue a mesma lógi-
siderando as linhas básicas de forma e função, ca das etapas do processo criativo, já que a etapa do
construindo um conjunto de princípios funcio- projeto conceitual demanda muita criatividade. Se-
nais e de estilo, levando em conta restrições com guindo as etapas representadas, consegue-se trans-
relação ao contexto geral da empresa, funciona- formar a oportunidade identificada em conceito
lidade e ergonomia. e o conceito em alternativas para o novo produto.

Entendimento Informação Compreensão Elaboração Verificação

Estudo de Estudo
Definição concorrência ergonômico
do projeto
Estudo Geração de
Estudo funcional Avaliação
alternativas
do segmento e escolha
de mercado conceituais
Estudo
Definição do
de estilo
segmento Estudo de
materiais e Estudo das
tecnologias restrições

Figura 2 - Etapas do projeto conceitual


Fonte: Neto e Favaretto (2005, p. 3).

UNIDADE 4 91
A primeira etapa do processo de desenvolvimen- mercado, e dessa oportunidade identificada que
to do projeto conceitual é o entendimento, que se transformará em conceito, associando opor-
abrange os aspectos de definição do problema e tunidade e segmento escolhido.
definição do segmento. Nessa etapa, formular- Na definição do problema, por sua vez, de-
-se-á qual o problema que o novo produto irá ve-se definir os objetivos e os limites do projeto,
satisfazer. uma boa forma de executar essa tarefa é utilizan-
Para Neto e Favaretto (2005), na escolha do do uma técnica de definição de problemas. Uma
segmento, pressupõe-se que existe uma neces- bastante simples e eficiente é a ferramenta 5W2H,
sidade ainda não atendida de uma parcela do onde se questiona sobre os aspectos:

What O que será desenvolvido como novo produto?


Why Por que será desenvolvido tal produto?
Where Onde será desenvolvido o produto?
When Quando será desenvolvido?
Who Quem irá desenvolver?
How Como será desenvolvido?
How Much Quanto custará para ser desenvolvido?

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

Na segunda etapa do projeto conceitual, são analisa- produto que será desenvolvido, construindo o seu
das as informações essenciais para o novo produto, conceito e tomando como base as necessidades
ou seja, se deve aprofundar mais em informações encontradas no segmento selecionado para atua-
sobre os concorrentes, segmento de atuação se- ção no mercado.
lecionado, materiais e tecnologias necessárias ao Os aspectos funcionais do produto visam iden-
desenvolvimento concreto do produto. tificar as características que o produto deve pos-
Para Neto e Favaretto (2005), a etapa de Com- suir para funcionar e satisfazer a necessidade do
preensão, que é a terceira etapa do processo de consumidor que adquiriu o produto. Assim, a aná-
desenvolvimento do projeto conceitual, estuda lise funcional ou análise das funções do produto é
quatro características importantes do novo pro- uma técnica descritiva orientada para o consumi-
duto que são aspectos ergonômicos, funcionais, dor e tem a característica de identificar, de forma
estéticos e aspectos de restrição. Essas informações clara e objetiva, questões de desempenho, função,
são específicas e vinculadas diretamente com o manutenção, montagem e outros do novo produto.

92 Projeto Conceitual
Segundo Baxter (2011), para realizar essa análise, é importante realizar as perguntas “Como?” e “Por que?”
e, a partir delas, desenvolver uma técnica denominada de árvore funcional, representada na Figura 3, na
qual se encontra proposição de soluções conceituais para cada uma das questões funcionais do produto.

Árvore funcional de um saca-rolhas


ETAPA 1
Liste todas as ETAPA 2
funções do produto
Selecione a
função principal

Extrair rolha
ETAPA 3
Selecione as
funções básicas

Aplicar força Agarrar rolha

Fixar Fazer Introduzir Parafusar


engrenagem conversão parafuso
ao corpo mecânica na rolha ETAPA 4

COMO?
Ordene as
funções
secundárias

Agarrar Converter Apoiar Posicionar Girar ETAPA 4


com as movimento o corpo parafuso parafuso
mãos contra a Confira
garrafa a árvore
Providenciar transmitir funcional
POR QUÊ?

apoio movimento
giratório (por quê,
como?)

Figura 3 - Árvore funcional de um saca-rolhas


Fonte: Baxter (2000, p. 202).

No estudo do estilo do novo produto, é importante saber que cada produto deve ter uma aparência
adequada com a função que irá desempenhar; o visual do produto precisa refletir seu objetivo. O estilo
do produto pode ser derivado de outros produtos da empresa, identificando, principalmente, a marca.

UNIDADE 4 93
O estudo das restrições é re-
lacionado às características e ao
contexto da empresa que desen-
volverá o novo produto; dessa A nossa empresa realmente tropeçou em alguns dos lançamen-
forma, estabelece-se os limites tos de seus novos produtos. Mas nunca se esqueça que você só
e as fronteiras do projeto. Essa consegue tropeçar se você está em movimento.
etapa, então, avalia o aproveita- Fonte: Former ([2020], on-line)1.
mento de fornecedores, pontos
de vendas, estrutura de produ-
ção e estratégias da empresa, Conjunto inicial de conceitos gerados
além de analisar se o desenvol-
vimento do novo produto está
1ª rodada - seleção de conceitos
alinhado com a missão, visão e
valores e objetivos da empresa.
A quarta e penúltima etapa Conceitos selecionados
do processo conceitual é a Ela-
boração. Para Baxter (2011), é Geração e mistura de conceitos
nessa etapa que são geradas as
alternativas conceituais, sendo Conceitos expandidos
que estas devam sintetizar to-
das as informações levantadas 2ª rodada - seleção de conceitos
nas etapas anteriores do projeto
conceitual.
Conceitos selecionados
Por fim, o último estágio do
processo verifica e seleciona o
conceito do produto a ser desen- Geração e mistura de conceitos
volvido. Atualmente, o método
de seleção do conceito é basea- Conceitos expandidos
do no trabalho de Stuart Pugh,
que desenvolveu um processo Repita, se for necessário
em que os conceitos gerados vão
convergindo sistematicamente Conceito selecionado
em um único conceito. Segundo
essa técnica, a escolha do con- Figura 4 - Etapas do processo da convergência controlada para a seleção do conceito
Fonte: Baxter (2011, p. 260).
ceito não é simples, envolve cria-
tividade, combinação de vários
conceitos com mescla de vários De forma prática, avaliações ocorrem nas diversas etapas e momen-
pontos positivos dos respecti- tos do desenvolvimento do projeto e o objetivo sempre é o mesmo:
vos conceitos. A representação selecionar os conceitos mais interessantes e promissores para o
da técnica de Pugh das etapas de segmento do mercado escolhido, atendendo também às restrições
convergência estão na Figura 4. relacionadas ao contexto da empresa.

94 Projeto Conceitual
Análise das Funções
dos Produtos

As funções dos produtos estão relacionado ao seu


objetivo, ou seja, quais serão as características e
funcionalidades que o produto terá e como essas
funcionalidades irão atender as necessidades e
superar as expectativas do público-alvo.
Para Baxter (2011), a análise funcional é uma
ferramenta poderosa direcionada aos futuros
consumidores que utilizaram o produto; com a
ferramenta, as funções são apresentadas a eles e é
verificado a forma que são percebidas e avaliadas
por eles, identificando qual a importância relativa
atribuída às funções analisadas.
A ferramenta pode ser aplicada a um produto já
existente como também para produtos que estão em
projetos e, nesse caso, na fase de concepção, gerando
mais conceitos, além de também poder ser utilizada
nas análises de valores e na análise de falhas.
A análise funcional é iniciada com a descrição
de uma lista de funções que o produto executa.
Para essa etapa, o segredo é questionar o que o
produto faz, não o que o produto é, pois responder
o que o produto é limita a análise de suas funções.
A cada resposta da equipe do projeto sobre o que
o produto faz, é escrita a função mencionada; as-
sim são listadas as funções mais significativas dos
produtos para os consumidores.

UNIDADE 4 95
Após listar todas as funções, a etapa que se inicia é a de selecio-
nar a função principal. Para desenvolver essa etapa, é interessante
desenhar uma Árvore funcional, na qual as funções são ordenadas,
sendo a função principal aquela que é a razão da existência do pro-
duto em questão. As demais funções são organizadas sob a função
principal de forma hierárquica e lógica, tomando em consideração
sempre a visão dos consumidores.

Função Preparar batatas


principal para serem cozidas

Funções Remover Remover


secundárias a casca os olhos

Seguir contorno Limitar Cortar a casca Furar a batata


da batata profundidade da batata com a goiva
de corte
Sistemas e Subsistemas -
Contar com
Descascador de Batatas
Girar lâmina, Segurar Enfiar
seguindo o profundidade o cabo a ponta
contorno controlada
da batata Alavancar Girar
a ponta
ou
a ponta
Como exemplo, podemos citar
o caso de um aspirador de pó,
cuja função principal é “remo-
Girar o Usar lâmina
punho
ou
giratória ver poeira”, tendo como uma
Figura 5 - Árvore funcional de um descascador de batatas
função básica e essencial para
Fonte: Baxter (2011, p. 241). remover a poeira “sugar ar”, que
também pode ser classificada
Analisando a Figura 5, podemos identificar que a árvore pode ser lida como ação direta de remover
tanto de cima para baixo como debaixo para cima. No caso de se ler a poeira.
de cima para baixo, ao passar de um nível superior para um inferior Após listar as funções bá-
da árvore, deve-se perguntar: Como? Ou seja, “Como batatas são sicas, as funções secundárias
preparadas para serem cozidas? Removendo-se a casca e os olhos. do produto são identificadas.
Como a casca é removida? Cortando-se a casca em uma profundidade Elas podem ser identificadas
limitada, seguindo-se o contorno da superfície da batata”. analisando os níveis da árvore
Se lendo a árvore debaixo para cima, passando de um nível infe- funcional, encontrando-se na
rior para um posterior, a pergunta a ser feita é: Por quê? Seguindo o base da árvore funções que se
exemplo de Baxter (2011, p. 241), “por que você enfia e gira a ponta referem às características mais
do descascador? Para fazer um furo na batata. Por que você fura a simples do produto.
batata? Para remover os olhos” e assim por adiante. Analisando as funções de
Após a definição da função principal, a próxima etapa é listar quais um produto, temos que con-
as funções básicas; essas, por sua vez, são relacionadas com a função siderar também uma aborda-
principal de duas formas: ou as funções básicas são consequência, gem um tanto diferenciada
causas diretas da ocorrência da função principal do produto, ou as daquela que apresentamos até
funções básicas são essenciais para a ocorrência da função principal. o momento, sendo que um dos

96 Projeto Conceitual
maiores pensadores dessa teórica que é voltada duto é muito relevante uma vez que é a primeira
às funções dos produtos em relação ao design que estabelece uma relação com os consumidores,
deles é também um dos maiores pensadores do devido ser relacionado com os sentidos deles e
design: Bernd Lobach. não com conceitos e necessidades. Assim, um con-
Segundo Lobach (2001), um bom produto, do sumidor, primeiramente, vê e avalia as formas de
ponto de vista do design, precisa desempenhar um objeto, por exemplo, de um carro, para depois
três distintas funções básicas: a estética, a prática analisar suas funções técnicas.
e a simbólica. A função prática é a capacidade o Por fim, a função simbólica deriva dos aspectos
produto desempenhar a função para a qual foi estéticos dos produtos, porém é efetiva, uma vez
desenvolvido, atender às necessidades e expec- que os aspectos estéticos são associados com con-
tativas dos clientes em relação ao seu uso. ceitos e emoções dos consumidores, ou seja, faz
Na análise da função prática de um produto, associação de ideias com memórias e experiên-
é levado em conta os aspectos da antropometria, cias anteriores, criando, dessa forma, significados
usabilidade e praticidade do uso, ou seja, todo o as- para compra e uso dos produtos. Como exemplo,
pecto fisiológico da relação entre produto e homem. temos a utilização da cor vermelha para “pare” no
Para ser considerado um bom produto em re- semáforo; a cor é um elemento estético que está
lação ao design, o produto precisa desempenhar associado a uma sensação de advertência para a
também a função estética que atenda aos aspectos cultura ocidental, assim o vermelho é um símbolo,
fisiológicos da percepção sensorial do consumi- algo que indica ou lembra um conceito.
dor quando este manipular o produto, que resulte Sendo assim, a análise da função do produ-
na satisfação dos sentidos. to possibilita avaliar as informações coletadas
Segundo Gomes (2005), na função estética para o desenvolvimento do produto, como
também estão envolvidos aspectos de cor, forma, também análise dos sistemas e subsistemas,
textura, som, simetria, isometria, união, transla- fornecendo informações também para o pro-
ção, rotação e outros. A função estética de um pro- jeto detalhado.

O Estilo deve atender à demanda do Consumidor.


Na década de 1980, Donald Petersen, no momento presidente da Ford, decidiu banir o teto de vinil
de todos os novos carros da empresa. Petersen, um homem autoconfiante no seu senso de estilo,
detestava acessórios extravagantes. Ele, entretanto, foi forçado a rever sua postura, quando os
revendedores de todos os Estados Unidos inundaram o departamento de marketing da ford, dos
pedidos dos consumidores de carros com teto de vinil.
Fonte: Baxter (2011, p. 76).

UNIDADE 4 97
Análise de sistemas
e Subsistemas

No desenvolvimento de produtos, analisar os com-


ponentes que fazem parte do produto é funda-
mental para que os processos de desenvolvimen-
to e produção sejam executados com eficiência,
pensando em custos, processos e produtividade.
Segundo Amaral et al. (2006), um produto
pode ser descrito por meio de termos funcionais,
que correspondem a características que executam
operações e/ou transformações que contribuem
com o desempenho global do produto e também
podem ser descritos por termos físicos que repre-
sentam componentes, peças e subconjuntos que
exercem alguma função no produto.
Nesse contexto, temos a Arquitetura do Pro-
duto, que estuda a interação dos blocos com a es-
trutura física deles, sendo que a arquitetura pode
ser classificada em modular ou integrada.
Assim, com a arquitetura do produto (Figura
6), o produto pode ser observado como um com-
posto de várias e diferentes partes que se relacio-
nam entre si e também que estão relacionadas
com as soluções e funções que cabe a eles. Com
isso, as possibilidades de solução são organizadas
em sistemas, subsistemas e componentes que, ne-
cessariamente, atendem às definições de produtos.

98 Projeto Conceitual
Definir arquitetura das Identificar Sistemas, Subsistemas
alternativas de projeto e Componentes (SSC)

Definir integração entre SSCs das


alternativas de projeto

Layout do produto

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Desenvolver as alternativas de solução


Catálogo de solução
Definir arquitetura Métodos de criatividade
Matriz indicadora de módulos
Definir Analisar Definir parcerias de Matriz de interfaces
arquitetura SSCs co-desenvolvimento

Figura 6 - Representação da Arquitetura do Produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 264).

Segundo Rozenfeld et al. (2006), a arquitetura do com as propriedades pretendidas no produ-


produto representa o produto pelas suas proprie- to – O modelo de concepção deve, na me-
dades físicas e técnicas que são essenciais para o dida do possível, se parecer com o produto
seu bom funcionamento. Com isso, a avaliação e pretendido. Suas funções principais são a
escolha de alternativas para os projetos de produ- descrição e a comunicação das ideias bási-
tos devem se basear não só em questões técnicas, cas que constituem a concepção elaborada.
mas também em critérios relacionados ao uso,
produção, custo e outros; assim, os modelos de Análise de sistemas, subsistemas e componentes é
princípios de solução total de produto devem ser bastante importante para o projeto, uma vez que
trabalhados para chegar aos modelos de concep- permite que a equipe possa prever impacto no ci-
ção, e esses, por sua vez, necessitam ser o máximo clo de vida no projeto do produto. Não considerar
detalhado sobre como permitir a verificação de esses fatores no projeto pode levar a decisões erra-
peso, custos e dimensões totais. das, o que pode resultar em trabalho de reprojeto.
Segundo Rozenfeld et al. (2006, p. 265): Uma boa análise permite que sejam desen-


volvidos produtos com projetos e desempenhos
O modelo de concepção representa o pro- superiores, fazendo que, consequentemente, haja
duto, sobretudo em linguagem gráfica, ou diminuição de custos e tempo de desenvolvimen-
seja, em desenhos esquematizados ou es- to e, ainda, melhora na percepção do cliente em
boços. Suas propriedades já se assemelham relação ao produto.

UNIDADE 4 99
Ergonomia
e Estética

A forma como o produto é concebido é pensando,


pensando na sua embalagem, uso, informações
disponíveis e estética são itens planejados na etapa
do projeto, de forma a atender as necessidades
de mercado e também das áreas internas da or-
ganização.
O termo Ergonomia é derivado da palavra
grega “Ergon” que significa trabalho, e da palavra
“Nomos” que significa regras. Assim, temos que
a ergonomia é um conjunto de disciplinas que
estuda a interação entre o homem, as máquinas,
ambiente de trabalho e métodos organizacionais
empregados com aplicação de conhecimentos de
anatomia, fisiologia e psicologia para solucionar
problemas originados dessa interação.
Segundo Kaminski (2000), os principais ob-
jetivos da ergonomia são a segurança, satisfação,
bem-estar dos trabalhadores e demais pessoas que
se relacionam com sistemas produtivos e com os
produtos, sendo que a eficiência é tratada como
o resultado dessa interação e todos esses aspectos
são tratados de maneira organizada e científica,
fazendo uso de metodologia apropriada tanto nos
projetos quanto na operacionalização dos produ-
tos, visando resultados satisfatórios.

100 Projeto Conceitual


A maioria dos produtos funcionam em coor- • Reduzir e simplificar as tarefas necessárias
denação com pessoas, por isso a ergonomia tem para utilizar o produto, assim, os contro-
papel importante no projeto de produto. Segundo les, funções e as informações operacionais
Rozenfeld et al. (2006), há quatro formas básicas devem ser as mais claras, visíveis e simples
e distintas de interação entre pessoas e produtos possíveis.
que são: • Implementar restrições para tentar impe-
• Espaço de trabalho ocupado em torno do dir ações incorretas do próprio usuário, ou
produto. seja, deve-se prever possíveis erros huma-
• Espaço de trabalho como fonte de potência nos na utilização dos produtos.
para o produto. • Além de tais recomendações, é preciso con-
• Espaço de trabalho atuando como sensor. siderar informações de idade, sexo, força e
• Espaço de trabalho atuando como con- outros aspectos dos usuários que irão com-
trolador. prar os produtos, uma vez que, com essas
informações, os projetos são mais direcio-
Essas quatro formas de interação entre pessoas nados ergonomicamente com o público-
e produtos formam a base de estudo dos cha- -alvo que irá consumir e utilizar o produto.
mados “Fatores humanos”, que são considera-
dos pensando em todas as pessoas que podem A ergonomia contribui para a melhoria constante
entrar em contato com o produto a ser desen- dos produtos e das interações do homem com seu
volvido, desde a etapa da manufatura, percor- meio de trabalho e pode contribuir variando con-
rendo toda a cadeia do produto até o descarte forme situações distintas. Para Kaminski (2000),
propriamente dito. existem três principais situações que a ergonomia
Os fatores humanos considerados pela ergono- pode contribuir, que são as diferentes etapas de
mia estão bastante relacionados, principalmente, um projeto, denominando-se ergonomia de con-
com a qualidade e a segurança dos produtos. A qua- cepção, correção e ergonomia de conscientização.
lidade é definida, neste caso, como sendo a capaci-
dade de funcionamento do produto como esperado,
ou seja, espera-se que o produto funcione de forma Ergonomia de Concepção
confortável, criando boa compatibilidade entre o
produto e o seu usuário no espaço de trabalho, assim A ergonomia de concepção, como o próprio nome
como espera-se que seja de fácil utilização. sugere, é aquela que busca contribuir logo na fase
Segundo Magrab (1997 apud ROZENFELD inicial do projeto de produto, equipamento ou
et al., 2006), para se obter um produto adequado local de trabalho. É nesse momento do projeto
em termos ergonômicos, deve-se fazer algumas que são estudadas as interações possíveis que o
considerações, como: produto ou equipamento poderá desenvolver ao
• Adequar os produtos à sua própria utiliza- longo de todo o seu ciclo de vida, ou seja, é anali-
ção e às características físicas e intelectuais sada ergonomicamente a interação do objeto com
dos usuários alvos, para que não sejam ne- todas as pessoas que poderão manipulá-lo em
cessárias forças e movimentos extremos e algum momento, seja na fabricação, distribuição,
complexos da parte deles para a utilização utilização até o seu descarte. Nesse momento, os
do produto. seguintes itens são avaliados:

UNIDADE 4 101
• Ergonomia do Produto • Ergonomia para o Consumo
Produto é entendido, nesse contexto, como O ideal para um produto é que o homem se
sendo o meio que o homem utiliza para adapte facilmente a ele, sendo assim, nesta
realizar alguma função, então o produto adaptação, considera-se segurança para o
pode ser um objeto, equipamento, máqui- usuário, facilidade de manuseio e conforto
na e outros. A qualidade ergonômica do para o homem.
produto está ligada aos aspectos analisados
por todo o seu ciclo de vida, devendo ser de • Ergonomia no Abandono do Produto
fácil produção, fácil de ser manuseado, não No momento que o produto encerra sua
apresentando riscos físicos de lesões ou vida útil para os consumidores, deve se
emissão de substâncias danosas aos con- pensar na destinação final deste, é neces-
sumidores e também de fácil manutenção. sário saber quais processos eles sofrerão
e causarão ao meio ambiente. Nesse mo-
• Ergonomia na Produção mento, tamanho, forma e composições
Na ergonomia na produção, deve ser pen- químicas são as principais características
sado como o produto será produzido, ou analisadas, além, é claro, de definir qual o
seja, quanto mais viável a produção de um melhor local para destinação, que pode até
produto, melhor, assim há menos chances ser informado nas instruções do próprio
de se cometer algum tipo de erro na pro- produto.
dução. Segundo Kaminski (2000, p. 116),
“postos de trabalho são componentes do
sistema de produção e envolvem três fa- Ergonomia de Correção
tores básicos: o homem, elementos físicos
como máquinas e computadores e o am- A ergonomia de correção é utilizada em situações
biente em que eles se encontram”. reais, após o desenvolvimento de um produto;
como o nome já sugere, é a correção de algum
• Ergonomia na Embalagem e Transporte quesito. É aplicada em problemas reais que refle-
A embalagem e transporte também são tem na segurança, fadiga, doença do trabalhador
etapas bastante importantes nas quais haja e até em quantidade e qualidade de produção,
ergonomia, uma vez que a embalagem é o considerando um produto que pode ser equipa-
que protege o conteúdo do seu produto e, mento ou máquinas já existentes. Como exemplo,
devido a isso, necessita ser bem desenvol- podemos citar a utilização de filtros em máquinas
vida, porém não dificultosa. Considerando poluentes.
o transporte, é preciso analisar formas que
facilitem o carregamento e distribuição do
produto, tornando o transporte acessível Ergonomia de
financeiramente e eficiente, consideran- Conscientização
do aspectos de como o produto chegará
aos mercados e, principalmente, à casa do Esta ergonomia é utilizada quando nem a ergo-
consumidor, conhecendo a melhor rede nomia de concepção e a ergonomia de correção
de transporte, ferroviária, aérea ou outras. foram o suficiente para sanar algum problema

102 Projeto Conceitual


ergonômico de determinado
produto. É desenvolvida por
meio de treinamentos e ca-
pacitações, por exemplo, para
operadores de máquinas, para
que estes aprendam a traba-
lhar de forma segura e identi-
ficando fatores de riscos que
podem eventualmente apare-
cer em qualquer momento no
equipamento ou ambiente de
trabalho como um todo.
Para desenvolver a ergono-
mia de conscientização, pre-
cisa-se de uma equipe bem
variada tecnicamente, pois
profissionais como médicos,
técnicos de segurança, psicó-
logos, engenheiros e outros
podem auxiliar fornecendo
conhecimento para a resolu-
ção desses problemas ergonô-
micos que podem aparecer.
Assim, segundo Rozenfeld
et al. (2006), os produtos não
podem nem devem atingir
apenas requisitos definidos
na estrutura de funções, mas
precisam ser esteticamente
agradáveis aos olhos dos clien-
tes. Isso se deve à necessidade
de atrair o consumidor para a
compra, uma vez que pesqui-
sas apontam que a maior parte
do poder de decisão de uma
compra por um produto novo
está no visual dele, ou seja, na
estética; assim, a atração por
parte do consumidor desperta
o sentido visual e o desejo de
compra.

UNIDADE 4 103
Seleção do
Conceito

Após passar pelas várias etapas que o projeto


conceitual possui, a seleção do conceito é a etapa
final do projeto conceitual, ou seja, após analisar
vários aspectos, como os sistemas, subsistemas,
as funções do produto, ergonomia e estética, é
o momento de analisar todas as informações le-
vantadas nas demais etapas e, enfim, selecionar o
conceito para o produto.
Segundo Baxter (2011), existem alguns méto-
dos que facilitam essa tarefa, os métodos moder-
nos são baseados no trabalho de Stuart Pugh, que
desenvolveu um método da convergência contro-
lada, que são desenvolvidos ao modo que os con-
ceitos gerados pela equipe do desenvolvimento do
projeto vão convergindo sistematicamente e, por
fim, tem-se a seleção e um único conceito.

104 Projeto Conceitual


Conjunto inicial de conceitos gerados
De acordo com o método de Pugh, a seleção
do conceito não é uma atividade trivial e simples,
1ª rodada - seleção de conceitos
não é apenas selecionar o melhor conceito que foi
gerado, mas se trata de um processo que envolve Conceitos selecionados
o uso da criatividade, combinação de vários con-
ceitos, analisando e mesclando aspectos positivos Geração e mistura de conceitos

de diferentes conceitos que podem até gerar mais


Conceitos expandidos
conceitos durante o processo de seleção.
A Figura 7 apresenta as etapas do processo 2ª rodada - seleção de conceitos
da convergência controlada para a seleção do
conceito, que foi citada no primeiro tópico des- Conceitos selecionados
ta unidade. Neste item, o método será estudado
Geração e mistura de conceitos
mais a fundo, analisando cada uma das etapas.
Seguindo o modelo de seleção do concei- Conceitos expandidos
to, eles são ordenados de acordo com critérios
de seleção já estabelecidos na especificação de Repita, se for necessário
oportunidade. Esse processo, por sua vez, é feito
Conceito selecionado
com auxílio da matriz de avaliação, onde os cri-
térios são organizados em um eixo e os critérios Figura 7 - Etapas do processo da convergência controlada
de seleção no outro, como podemos observar para a seleção do conceito
no Quadro 1. Fonte: Baxter (2011, p. 260).

MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE
CADEIRA DE SEGURANÇA
PARA BEBÊS
Oportunidade
Alternativa 1 Alternativa 2
de Referência
Peso Cinto de aperto Menor preço Como 1, acres-
Critério de Seleção do fácil (com uma e excelente centando-se brin-
fator das mãos) segurança quedos opcionais
Tamanho do mercado potencial 10 0 +10 +10
Lucro/unidade vendidas 10 0 -10 +10
Ciclo de vida do produto 5 0 0 -5
Custo do desenvolvimento 1 0 +1 -1
Risco de acidente/técnico 5 0 +5 -5
Risco de aceitação/mercado 10 0 +10 +10
Uso da capacidade produtiva 5 0 -5 -5
Canais de distribuição 7 0 0 -7
Capacidade de projeto 3 0 +3 -3
Total 56 0 +14 +4
Quadro 1 - Matriz de avaliação para seleção de oportunidade para um assento de segurança para bebês
Fonte: Baxter (2011, p. 199).

UNIDADE 4 105
Segundo Baxter (2011, p. 259), que (0), significa que não existe nada melhor que


o conceito de referência, que, no caso, é o produto
Para facilitar o processo, cada conceito do concorrente. Assim, é necessário que os concei-
é comparado com o conceito referencial. tos sejam melhorados consideravelmente, dessa
Aqueles julgados “melhor que” são avalia- forma o produto a ser lançado terá competitivi-
dos em (+1), o “pior que”, em (-1), e o “igual”, dade no mercado, principalmente para concorrer
em (0). O conceito referencial pode ser o com o produto de referência.
melhor concorrente atual do novo produto Dessa forma, o estudo do projeto deve retor-
proposto. O resultado do ordenamento será nar à fase de desenvolvimento para gerar novos
único número total que expressa o mérito conceitos e alternativas, se por acaso a soma dos
relativo de cada conceito. Um número total conceitos for (0) ou menor, uma vez que não é
positivo indica que o conceito avaliado é viável o desenvolvimento de um produto que
melhor que o conceito referencial, enquanto não é melhor que o do concorrente, pois, conse-
total negativo indica o contrário. Fazendo quentemente, esse produto não seria competiti-
isso com todos os conceitos, aquele que vo e poderia não ter saída no mercado, gerando
apresentar maior resultado positivo será custos e gastos para a empresa, mas não retorno
considerado o melhor conceito. financeiro.
Se pelo menos um dos conceitos obtiverem
A segunda etapa corresponde à etapa na qual é pontuação positiva, o processo de seleção do con-
gerada uma mistura dos conceitos, destacando ceito pode ser realizado novamente, com apenas
os pontos positivos de cada conceito e tentando os melhores conceitos, tendo, assim, um número
incluí-los em apenas um único produto. Nesse mo- reduzido de opções, e a escolha deve ser daquele
mento, os aspectos negativos são desconsiderados. conceito que obteve maior nota na matriz de ava-
Considera-se um determinado conceito clas- liação apresentada anteriormente.
sificado como forte no geral, mas obteve uma Com essa mudança de conceito referencial,
pontuação de (-1) em um critério e questiona-se todo o processo de transferência dos aspectos po-
se há outro conceito que obteve a nota (+1) nesse sitivos dos outros diferentes conceitos para aquele
mesmo critério. Assim, se for possível incorporar conceito considerado mais forte, após o processo
essa característica positiva ao conceito que é forte, se deve analisar em novos conceitos e, no final,
ele ficará mais forte ainda. pode haver duas possíveis situações.
Após essa análise, observa-se as notas (0) desse A primeira situação é que os resultados “der-
conceito forte: essas notas poderiam virar (+1) rubam” o conceito referencial. O conceito que
se houvesse transferência das características de alcançar a maior nota global positiva será ado-
outros conceitos? Após realizar todas as transfe- tado como um novo conceito referencial e todo
rências possíveis, é analisado se depois de tantos o processo deverá ser repetido até que nenhum
movimentos surgiu algum novo conceito que an- outro consiga avaliação global positiva maior que
tes não existia na relação e, caso tenha surgido, ele ele e, assim, nenhuma outra ideia surja para subs-
deve ser adicionado na matriz de avaliação para tituí-lo. Todo esse processo leva tempo, porém
ser avaliado. os bons resultados obtidos superam o tempo e
No final de todo esse processo de análise, se o custo despendido para o desenvolvimento dos
não surgiu nenhum conceito com avaliação maior processos.

106 Projeto Conceitual


Segundo Baxter (2011, p. 260):


Na seleção de conceitos, os mesmos são gerados e posteriormente são refinados, elaborados e de-
senvolvidos. Se os critérios de seleção forem bem elaborados, a seleção de conceitos contribuirá para
agregar mais valor ao produto, do que qualquer outra atividade, com tempo de trabalho reduzido.

A segunda situação possível é não obter conceitos com avaliação positiva, evidenciando que nenhum
conceito examinado foi forte o suficiente para superar o conceito referencial. Nesse caso, o conceito
referencial é adotado como o conceito do produto, pois foi avaliado como o melhor das opções, assim
essa etapa de seleção de conceito é encerrada e a equipe do desenvolvimento de projetos pode passar
para outra etapa da consideração do projeto.

UNIDADE 4 107
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A análise funcional é uma ferramenta poderosa direcionada aos futuros con-


sumidores que utilizaram o produto; com a ferramenta, as funções são apre-
sentadas a eles e é verificada a forma que são percebidas e avaliadas por eles,
identificando qual a importância relativa atribuída às funções analisadas. Diante
desse contexto, escolha a alternativa correta.
a) A análise funcional pode ser utilizada na análise de valores e análise de falhas
dos produtos.
b) A análise funcional é iniciada a partir de o custo do produto ser calculado por
produto.
c) Na análise funcional, as características secundárias dos produtos são descar-
tadas.
d) Na análise funcional, as características primárias dos produtos são descartadas.
e) Na análise funcional, é interessante montar a árvore funcional partindo da
função secundária.

108
2. A ergonomia é um conjunto de disciplinas que estuda a interação entre o homem,
as máquinas, ambiente de trabalho e métodos organizacionais empregados com
aplicação de conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia para solucionar
problemas originados dessa interação. Diante disso, analise as afirmativas e
escolha a alternativa correta.
I) A ergonomia é avaliada no desenvolvimento de produtos, descartando a
relação entre produto e espaço de trabalho na produção.
II) No projeto conceitual, a ergonomia do produto deve ser detalhada de forma
a considerar o processo produtivo.
III) A ergonomia deve adequar os produtos à sua própria utilização e às carac-
terísticas físicas e intelectual dos consumidores finais.
IV) A ergonomia visa implementar restrições para tentar impedir ações incorretas
do próprio usuário.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. A empresa “X chocolates” está analisando seu público-alvo e constatou que a


tendência de consumo está mudando, os consumidores estão buscando pro-
dutos mais veganos. Diante desse cenário, explique qual a finalidade da etapa
do projeto conceitual ser realizada nesta empresa.

109
LIVRO

Como se Cria - 40 Métodos para Design de Produtos


Autor: Ana Veronica Pazmino
Editora: Blucher
Sinopse: o livro apresenta as fases de desenvolvimento de produtos, as etapas
a serem seguidas nesse processo, bem como técnicas que auxiliam nessas eta-
pas, sendo elas relacionadas ao planejamento, análise da concorrência, decisão,
acompanhamento e controle das ações de planejamento.

110
AMARAL, D. C.; ALLIPRANDINI, D. H.; FORCELLINI, F. A.; ROZENFELD, H.; SCALICE, R. K.; SILVA, S.
L.; TOLEDO, J. C. Gestão de desenvolvimento de produtos – uma referência para a melhoria do processo.
São Paulo: Saraiva, 2006.

BAXTER, M. Projeto de produto - guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Blucher, 2011.

GOMES, A. D. Havaianas: com o mundo a seus pés. Revista HSM Management, São Paulo, n.48, 2005.

KAMINSKI, P. C. Desenvolvendo produtos com planejamento, criatividade e qualidade. Rio de Janeiro:


LTC, 2000.

LÖBACH, B. Design Industrial: Bases para configuração dos produtos industriais. Tradução Freddy Van Camp.
Rio de Janeiro: Edgard Blücher, 2001.

NETO, A. I.; FAVARETTO, F. Projeto conceitual: O projeto da “Forma” do produto. V CBGDP -


Congresso Brasileiro de Inovação e Gestão de Desenvolvimento do Produto. Curitiba, 2005. Disponível em:
http://paginapessoal.utfpr.edu.br/iarozinski/publicacoes/Projeto%20conceitual.pdf/. Acesso em: 12 ago. 2020.

ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Saraiva, 2006.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://malucomg.wordpress.com/2015/12/11/os-mais-bem-sucedidos-sao-aqueles-que-acumulam-o-
-maior-numero-de-fracassos-frase-de-arthur-fry-ex-cientista-da-3m-pai-do-famoso-post-it-o-fracasso-te-o/.
Acesso em: 24 ago. 2020.

111
1. A.

2. D.

3. Na etapa do projeto conceitual, o conceito do produto é definido, ou seja, na empresa de chocolates, após
análise do mercado, ela pode levantar todos os produtos e suas características que podem ser produzidas,
definir, nesse momento, as características desses produtos, as funcionalidades, as questões ergomômicas
e criar uma lista de produtos e características para ser escolhido se lança ou não produtos veganos.

112
113
114
Me. Márcia Pappa

Projeto Preliminar

PLANO DE ESTUDOS

Atividades Desenvolvidas

O que é Projeto Preliminar Engenharia Simultânea

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender o objetivo do projeto preliminar. • Visualizar como a Engenharia Simultânea pode auxiliar
• Apresentar de forma detalhada as atividades desenvolvi- nessa fase do projeto.
das nessa etapa.
O que é
Projeto Preliminar

Antes de iniciarmos os conceitos relacionados ao


projeto preliminar, quero te propor uma reflexão.
Imagine que estamos diante de um projeto do
produto Camisa Social Feminina (Figura 1).
papel para a digitalização, possibilitando simula-
ções de montagem e encaixe das partes.
Com a geração dessas informações, o produto
está preparado para que o protótipo seja realizado.
Assim, podemos entender que a etapa do projeto
preliminar é a fase de preparação do produto para
que ele possa ser fabricado e todos os testes sejam
realizados, pois recebe informações ainda abstratas
das etapas anteriores, transfere essas informações em
forma de documento e gera como resultado infor-
mações para o setor produtivo conseguir fabricar o
produto, nesse exemplo a camisa.
Assim saberá quais operações/processos será
preciso realizar, tipo de máquina, operadores e
materiais que serão necessários para sua fabri-
Figura 1 - Modelo de Camisa Social cação, para que o protótipo apresente, ao final
Fonte: a autora. do processo, todas as características pensadas
inicialmente.
A equipe de engenharia do produto já realizou A etapa de construção do protótipo está inse-
as etapas anteriores do projeto e, nesse momento, rida na fase do projeto detalhado.
temos as seguintes informações: Com esse exemplo, você pode observar de for-
Projeto Informacional: definição da ideia do ma ampla o objetivo da fase do projeto preliminar
produto. que, segundo Arend et al. (2003), tem como ca-
Projeto Conceitual: seleção do conceito do racterística tratar das configurações do produto,
produto. ou seja, descrever as especificações do projeto,
A partir disso, é iniciada a fase de projeto preli- desenvolver as concepções do produto, requisitos
minar, assim a equipe tem que fazer algumas defi- do projeto e informações gerenciais de planeja-
nições, por exemplo: montar a árvore do produto mento, acompanhamento e controle.
com informações referente ao processo produtivo, A importância dessa fase, de acordo com Pahl
processos e subprocessos, ou seja, as operações de e Beitz (1996), está no fato da reunião e organiza-
corte, costura e montagem. Nesse caso, a empresa ção das informações e, ao mesmo tempo, decidir
fabrica também o tecido, assim define a estrutura várias atividades simultaneamente, pois no desdo-
de processos para fabricação desse material, o que bramento do projeto há a possibilidade de iniciar
na indústria do vestuário é conhecida como ficha variadas frentes de trabalho, testes de materiais,
de sequência operacional ou ficha de processos. definição de fornecedores, formas de montagem
Desenhar as partes da camisa, utilizando um soft- do produto e nível de complexidade de produção,
ware, como o CAD, para que as ideias passem do por exemplo.

UNIDADE 5 117
Podemos acompanhar (Figura 2) as atividades pertencentes a essa fase do projeto:
TAREFA

Esclarecimento Definição da tarefa


da tarefa Elaborar as especificações

ESPECIFICAÇÕES

Identificar os problemas essenciais


Estabelecer a estrutura de funções
Concepção Pesquisar princípios de solução
Combinar e concretizar em variantes de concepção
Avaliar segundo critérios técnicos e econômicos

CONCEPÇÕES

Desenvolver layouts e formas preliminares


Selecionar o(s) melhor(es) layout(s) preliminar(es)
Refinar e avaliar sob critérios técnicos e econômicos

Projeto preliminar LAYOUT PRELIMINAR


(de configuração)

Otimizar e completar o projeto das formas


Verificar erros e controlar custos
Preparar a lista das partes preliminares e os
documentos de produção

LAYOUT DEFINITIVO

Finalizar os detalhes
Projeto Completar os desenhos detalhados e
detalhado documentos de produção
Verificar todos os documentos

DOCUMENTAÇÃO

SOLUÇÃO

Figura 2 - Fases do processo de projeto


Fonte: Back e Ogliari (2001, p. 76).

Pode ser observado que, nessa fase de projeto preliminar, ocorre a materialização das informações das
etapas anteriores e uma preparação para montagem e fabricação do produto.
Nas atividades realizadas, também estão incluídas, segundo Arend et al. (2003), a análise de viabi-
lidade técnica e econômica, estudos de trade-off, logística, aplicação de ferramentas para análise dos
modos de falha e efeitos (FMEA).

118 Projeto Preliminar


Os principais objetivos do projeto preliminar são:
• Desmembramento do produto em partes, sistemas, componentes e peças, de forma a facilitar a
construção do produto. Essas informações são documentadas para posterior análise.
• Validação das informações resultantes das etapas anteriores.
• Levantamento e documentação de informações técnicas do produto.
• Verificar melhorias no desenvolvimento do produto.

É importante que nessa fase sejam detalhadas todas as informações do produto e projeto, pois é uma
preparação para a etapa seguinte. Podemos acompanhar (Figura 3) essas informações e integração
entre as fases.

Desenho
técnico Protótipos

Entradas
Análise Resultados
de falhas do teste

Projeto
detalhado

Especificação Novos

Decisões
dos materiais componentes

Procedimentos Componentes
de montagem padronizados
Resultados
físicos

Especificação do produto

Figura 3 - Integração das Informações


Fonte: Baxter (1998, p. 31).

Assim, no processo de desenvolvimento de produtos, na fase de projeto preliminar, a equipe de projetos


deve estar bem atenta e ser capacitada para a realização das tarefas e levantamento das informações
para que as demais ações possam ser realizadas com segurança.

UNIDADE 5 119
Atividades
Desenvolvidas

É no projeto preliminar que as decisões são


tomadas de forma mais aprofundada, onde as
informações geradas até o momento devem ser
minuciosamente analisadas para que nas etapas
seguintes não se tornem problemas e acarrete em
altos custos para o projeto.
Assim, as atividades desenvolvidas nessa etapa
estão relacionadas ao:
• Projeto preliminar do produto, ou seja, o
esboço do produto.
• Levantamento de materiais.
• Descritivo dos processos produtivos.
• Definição do pré-custo.

120 Projeto Preliminar


Para exemplificar essas atividades, vamos abordar o exemplo do produto porta esmaltes, esse projeto
foi desenvolvido pelos autores Pinto et al. (2011).
Organizando as informações advindas das etapas anteriores com base no conceito do produto, foi
elaborado o projeto preliminar do produto (Figura 4):

Figura 4 - Esboço do projeto do produto porta esmaltes


Fonte: Pinto et al. (2011, p. 6).

A partir desse esboço, a equipe de projetos conseguiu materializar as ideias pensadas anteriormente e
o projeto começa a ganhar corpo e documentação.
Com o esboço do produto pode ser feito o levantamento de materiais utilizados, construindo, assim,
a ficha técnica do produto (Quadro 1):

Valor Material Porcentagem


Unidade Quantida-
Item Peça/Componente do custo total
Medida de material (R$) (%)
1 Napa m 0,5 2,50 12,5
2 Elástico m 4 4,30 21,5
3 Velcro cm 10 0,50 2,5
4 Plástico transparente cm 45 2,00 10
5 Viés m 2,5 1,40 7
6 Cola g 5 0,30 1,5
7 Linha m 10 3,00 15
8 Zíper cm 60 2,00 10
9 Mão de obra Unidade - 5,00 25
TOTAL 20,00 100
Quadro 1 - Ficha Técnica do Produto
Fonte: Pinto et al. (2011, p. 8).

A partir da ficha técnica, é possível obter dois tipos de informações, a primeira relacionada aos ma-
teriais utilizados para produção do produto e a segunda relacionada ao custo, pois com a informação
de custo de cada material, é possível gerar a informação de custo do produto.

UNIDADE 5 121
Também é possível definir a ficha de processos. A partir do esboço do produto, é possível fazer o
levantamento dos processos produtivos, bem como máquinas necessárias e operações manuais que o
produto passará (Quadro 2):
Item Processo Equipamento Descrição
1 Estoque - Armazenamento de matéria-prima
2 Corte Tesoura Corte do material (napa) para começar a costura
Costura dos elás- Costura dos elásticos nas duas estruturas para
3 Máquina de costura
ticos prender os esmaltes
Costura do zíper no bolso destinado a guardar
4 Costura do zíper Máquina de costura
esmaltes
Costura da segunda parte da estrutura que
5 Costura da 2ª parte Máquina de costura
começará a dar formato à bolsa
Costura dos bolsos Costura dos bolsos transparentes utilizados
6 Máquina de costura
(transparentes) para guardar demais ferramentas
7 Velcro Máquina de costura Costura do velcro para fechar a bolsa
Acabamento do “forro” para deixar porta-esmal-
8 Cola Pincel
te mais resistente
9 Acabamento Máquina de costura Acabamento com viés em toda estrutura
10 Embalagem - Embalagem em sacos plásticos
Quadro 2 - Ficha de Processos
Fonte: adaptado de Pinto et al. (2011).

Com essas informações, é possível avaliar como está o andamento do projeto do produto até o mo-
mento é já tomar as devidas decisões.
Lembrando que a próxima etapa do projeto é compreendida da fase de projeto detalhado, onde o
protótipo é construído e essas informações são atualizadas.
O esboço do projeto é atualizado para o projeto desenvolvido em software, com as formas aprimo-
radas, medidas e cotas atualizadas (Figura 5).

122 Projeto Preliminar


0,03

0,06

0,08

0,03
0,10
0,25

0,15 0,03

0,25
0,28
Figura 5 - Projeto do Produto
Fonte: Pinto et al. (2011, p. 7).

Com o desenvolvimento do protótipo, é possível atualizar a ficha técnica com o consumo dos materiais
e, assim, calcular o custo do produto e posterior preço de venda.
Na ficha de processo, é possível inserir o tempo de produção de cada etapa produtiva, dessa forma,
a informação de tempo de processo, complexidade e custo minuto podem ser avaliadas.
Podemos compreender essa etapa como sendo o início da concretização das informações pensadas
até o momento, o projeto vai assumindo mais informações e, ao mesmo tempo, possibilitando análises
mais precisas.

UNIDADE 5 123
Engenharia
Simultânea

Você sabe o que quer dizer Engenharia Simul-


tânea?
Imagine uma fábrica de chocolates que de olho
nas preferências e estilo de vida de seu público-
-alvo teve a ideia de lançar chocolates orgânicos.
Diante dessa ideia, começou a pesquisar o merca-
do, pesquisas de campo, tendências e definiu um
conceito do produto. Junto a isso já está pesqui-
sando fornecedores das matérias-primas, tipos
de máquinas para o setor produtivo, pensando na
embalagem e informações que serão disponibi-
lizadas aos consumidores. Essas atividades estão
sendo realizadas ao mesmo tempo, por equipes
distintas e seguindo o mesmo cronograma do
projeto.
O que a empresa ganha com essa forma de
trabalho?
Ganha tempo, agilidade, redução de custo e,
consequentemente, consegue lançar o seu produto
no mercado de forma mais rápida que se tivesse
utilizando a abordagem tradicional.

124 Projeto Preliminar


Sendo assim, engenharia simultânea (Concur-
rent Engineering) quer dizer trabalho simultâneo
(Figura 6), sistemático, integrado e multidiscipli- Tenha sua dose extra de
nar em busca de agilidade e eficiência em todo conhecimento assistindo ao
processo (CASAROTTO FILHO; FÁVERO; CAS- vídeo. Para acessar, use seu
TRO, 1999). leitor de QR Code.

Marketing
Projeto ENGENHARIA SEQUENCIAL
Conceitual Projeto
Detalhado
Prototipagem
Projeto do
Processo Processo de
Manufatura Produção
Marketing
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Redução de tempo
Prototipagem
Projeto do
Processo
ENGENHARIA SIMULTÂNEA Processo de
Manufatura Produção

Tempo

Figura 6 - Engenharia Sequencial x Engenharia Simultânea


Fonte: Back e Ogliari (2001, p. 31).

Na engenharia simultânea, segundo Back e ços prestados, dessa forma, as empresas devem
Ogliari (2001), atividades podem ser desenvol- trabalhar de forma a surpreender esses clientes,
vidas ao mesmo tempo ou até uma se sobrepor com produtos que atendam suas necessidades.
a outra, possibilitando agilidade, melhoria na Para Hartley (1998), a engenharia simultânea
geração da informação e redução de tempo de busca, a partir do entendimento dos requisitos
projeto. dos clientes, definir os critérios que os produtos
No processo de desenvolvimento tradicional, terão para atendê-los durante todo seu ciclo
os custos se tornam maiores devido ao tempo para de vida.
execução das atividades como também revisões A engenharia simultânea busca atender os se-
necessárias nas fases de execução e encerramento guintes objetivos:
para a produção (PEDRINI, 2012). • Trabalho interdisciplinar.
A realidade de mercado retrata a compe- • Produto desenvolvido para o cliente.
titividade crescente e clientes cada vez mais • Projeto de engenharia detalhado.
exigentes, os clientes criam uma expectativa • Definição de indicadores de qualidade.
cada vez maior em relação aos produtos e servi- • Integração entre todas as áreas.

UNIDADE 5 125
Vamos, agora, verificar uma aplicação prática dos 4. Desenvolvimento de croquis para a coleção.
conceitos relacionados à Engenharia Simultânea. 5. Análise crítica da coleção (sem dados de
O estudo foi realizado por Pereira et al. (2001) na custo, capacidade etc.).
indústria Maju Indústria Têxtil Ltda, pertencente 6. Desenvolvimento de protótipos.
ao grupo Marisol. 7. Análise de tempos e consumos de malha,
A necessidade de aplicar a engenharia simultâ- tecidos e aviamentos.
nea no desenvolvimento de produtos se deu por 8. Análise dos custos.
algumas razões: 9. Análise de valor da coleção e realização de
• Os custos dos produtos não estavam sendo modificações que se fizerem necessárias
bem apurados. nos produtos.
• As restrições de manufatura, como capaci- 10. Criação do catálogo dos produtos da coleção.
dade produtiva, matérias-primas e serviços 11. Programação de consumos de malhas à
terceirizados. Marisol e tecidos terceirizados.
12. Estudo de carga máquina produção Maju,
Inicialmente, foi feito um estudo do processo de a fim de verificar a ocupação dos equipa-
desenvolvimento de produtos e mapeado de acor- mentos.
do como ele era desenvolvido. Em uma sequência, 13. Programação da coleção.
as atividades eram desenvolvidas: 14. Produção.
1. Pesquisa de tendências. 15. Estocagem.
2. Desenvolvimento de malhas, tecidos, co- 16. Vendas aos distribuidores e grandes lojas.
res e aviamentos.
3. Desenvolvimento de operações e/ou má- Após um benchmark com a equipe, foi proposto
quinas. o seguinte fluxo de processo (Figura 7):
Cadastramento
Aprovação e distribuição de Previsão de
Croquis cópias do croqui vendas

Estimativa Estimativa
de consumo de tempo
de malha e restrições

Restrição
Manufatura
de malha

Custos/
Pré-custos viabilidade
dos artigos da coleção

Tomada de
decisões

Figura 7 - Aplicação da Engenharia Simultânea no Processo


Fonte: Pereira et al. (2001, p. 44).

126 Projeto Preliminar


Após o primeiro teste em uma coleção de produtos, foi possível
identificar alguns problemas no fluxo, como falta de comparti-
lhamento de informação entre as áreas. Essas foram ajustadas e,
como pontos positivos, a empresa conseguiu um melhor enga-
jamento no processo como um todo, uma redução de tempo de
desenvolvimento e melhor eficiência em todo processo.
Assim, o conceito de engenharia simultânea visa a otimização
do processo de desenvolvimento de produtos, com redução do
tempo e melhoria na comunicação e troca de informação entre
os envolvidos.

Engenharia Simultânea

UNIDADE 5 127
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma indústria de estofados está desenvolvendo um novo colchão com materiais


diferenciados, mantas térmicas com características de relaxamento. Já coletou
informações, definiu conceito e agora está na fase do projeto preliminar. Diante
desse contexto, explique a finalidade do projeto preliminar.

2. As atividades desenvolvidas na fase do projeto preliminar podem ser divididas


em: desenvolvimento do esboço do produto, levantamento de materiais, des-
critivo dos processos produtivos e definição do pré-custo. Explique por que é
importante definir o pré-custo do produto.

3. A empresa que decide trabalhar com engenharia simultânea está disposta a


mudar seu processo de desenvolvimento, pois o trabalho é simultâneo, siste-
mático, integrado e multidisciplinar em busca de agilidade e eficiência em todo
o processo. Diante do exposto, explique por que a empresa consegue ganhar
agilidade no processo de desenvolvimento do produto.

128
LIVRO

Gerência de Projetos/ Engenharia Simultânea


Autor: José Severino Fávero, João Ernesto Escosteguy Castro e Nelson Casarotto
Filho
Editora: Atlas
Sinopse: esse livro apresenta a ideia de gestão de projetos industriais e como
administrar as diversas etapas com a engenharia simultânea, apresenta concei-
tos e exemplos de integração de informações e busca da melhoria do projeto.

WEB

O assunto Engenharia Simultânea é bem interessante e entender seus princípios


de aplicação torna os projetos mais ágeis, rentáveis e eficientes. Para saber mais
a respeito desse assunto.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

129
AREND, L.; FORCELLINI, A. F.; OGLIARI, A.; WEISS, A. Desenvolvimento de um Implemento Agrícola Modular
para Pequenas Propriedades Rurais. XXXII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2003.

BACK, N.; OGLIARI, A. Desenvolvimento do produto: engenharia simultânea. Programa de Pós-Graduação


em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Florianópolis. Florianópolis, 2001.

BAXTER, M. Projeto de Produto – Guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Editora Edgard
Blucher Ltda, 1998.

CASAROTTO FILHO, N.; FÁVERO, J. S.; CASTRO, J. E. E. Gerência de projetos / Engenharia simultânea.
São Paulo: Atlas, 1999.

HARTLEY, J. R. Engenharia Simultânea: um método para reduzir prazos, melhorar a qualidade e reduzir
custos. Trad. Francisco José Soares Horbe. Porto Alegre: Artes médicas, 1998.

PAHL, G.; BEITZ, W. Engineering Design: a Systematic Appoach. 2 Rev. ed. Great Britain. Springer Verlag, 1996.

PEDRINI, M. K. Engenharia simultânea: planejamento e controle integrado do processo de produção/projeto


na construção civil. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade
Federal do Espírito Santo. Vitória, 2012.

PEREIRA, E. C. O.; PISKE, F.; OLIVEIRA, G. P.; SANTOS, J. U.; NARDELLI, R.; JUNIOR, W. P. Engenharia
Simultânea: um estudo de caso em uma empresa têxtil. Salvador: Enegep, 2001.

PINTO, R. S.; JÚNIOR, R. A. R.; PINTO, A. B.; CÂMARA, R. A. D. S.; FONTENELLE, M. A. C. Usando uma meto-
dologia de desenvolvimento de produto para o projeto do porta esmalte. In: Congresso. Campina Grande, 2011.

130
1. Essa fase tem como característica tratar das configurações do produto, ou seja, descrever as especifica-
ções do projeto, desenvolver as concepções do produto, requisitos do projeto e informações gerenciais
de planejamento, acompanhamento e controle.

2. É importante pelo fato de a empresa ter números para tomar decisão de aprovação ou não do produto,
verificar a viabilidade e conseguir calcular o preço de venda.

3. A empresa consegue agilizar seu processo, pois as atividades acabam sendo realizadas ao mesmo tempo,
em conjunto, não esperando o término de uma atividade para iniciar a outra.

131
132
Me. Márcia Pappa

Documentação
do Produto

PLANO DE ESTUDOS

Ficha de Ficha
Consumo Técnica

Importância da Ficha de
Documentação Processos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar quais são os documentos gerados na etapa • Conceituar a ficha de processos e demonstrar sua utiliza-
do desenvolvimento do produto. ção no desenvolvimento e processo produtivo.
• Explicar qual a finalidade da ficha de consumo e em quais • Conhecer o documento de ficha técnica e sua finalidade.
etapas é utilizada.
Importância da
Documentação

Na etapa de desenvolvimento de produtos, é es-


sencial que o projeto contenha a documentação do
produto, pois informações importantes são inseri-
das para que as demais áreas da organização façam
uso em seus processos de tomada de decisão.
A documentação que estamos tratando se
refere à ficha técnica, que contém os dados refe-
rente a materiais, custo, detalhes para produção
do produto, sequência operacional e também in-
formações referentes à qualidade.
Imagine que você trabalhe em uma indústria
do vestuário e é responsável pela área de PCP (Pla-
nejamento e Controle da Produção). No momen-
to de fazer o planejamento da produção, analisa,
no software ERP, quais são os pedidos de vendas
liberados para produção. A partir da quantidade
de peças a serem produzidas, você precisa fazer a
previsão de consumo de materiais, para isso busca
a ficha técnica que foi documentada pela área de
produtos, onde consta todas as matérias-primas
para produção do produto, sendo assim, você
consegue rapidamente identificar se tem maté-
ria-prima para produzir os pedidos ou precisa
iniciar o processo de compras.
Para o responsável do PCP desenvolver suas talhamento das atividades, tem-se uma visão geral
atividades no setor produtivo, essas informações da organização, como também melhor visualização
advindas da área de engenharia do produto é base dos pontos de melhorias.
para planejamento, programação e controle dos A Rappi está trazendo o conceito de cozinha
processos produtivos, assim você pode compreen- compartilhada, conhecido também como dark
der a importância da documentação. kitchens, onde reúne, em um local, restaurantes
Esse é um exemplo de atividade que precisa ser que querem atender os pedidos gerados por apli-
realizada diariamente pelas indústrias, e para que cativos de delivery de comidas. Esses espaços são
seja tomada a melhor decisão, de maneira ágil e administrados por terceiros que centralizam os
confiável, a ficha técnica é a base. pedidos e geram as entregas. Com o objetivo de
Você já deve ter escutado que as empresas pre- atender cada vez mais rápido seus clientes e manter
cisam tomar decisões cada vez mais rápidas e mais a qualidade dos produtos, esse modelo de negócio
acertadas, não é mesmo? busca sucesso em suas operações.
E o Engenheiro e/ou Gestor está intimamente Imagine a complexidade do processo de ges-
ligado com essa frase, pois é necessário que as de- tão desse modelo de negócio! Para auxiliar no
cisões no chão de fábrica sejam as mais assertivas planejamento e realização das atividades, torna-
possível, utilizando como base a documentação do -se fundamental que os restaurantes tenham co-
produto, essas decisões também se tornam mais nhecimento dos seus processos, como tempo de
assertivas. preparação de seus pratos, etapas de produção e
Outro ponto interessante que nos chama à aten- ingredientes que serão necessários, essas informa-
ção é saber detalhadamente os processos em que o ções são essenciais para garantir o sucesso desse
produto irá percorrer até seu destino final. A ficha modelo de negócio.
de operações ou processos desempenha essa fun- Assim, a ficha de operações se faz presente,
ção, pois com o desenvolvimento em conjunto com proporciona um maior conhecimento do produ-
o protótipo do produto, é gerada a informação de to, pontos de restrição, como também pontos de
processo como também o tempo de cada processo. melhorias.
De acordo com Martins e Laugeni (2005), A partir dos próximos tópicos, vamos detalhar
mapear os processos é fundamental para o bom cada um desses documentos para que você entenda
andamento dos negócios, pois, conhecendo o de- como eles são criados e como são utilizados.

As startups estão se fazendo presente em todo território brasileiro e com crescimento significativo.
De acordo com a Revista Exame, o número de startups cadastradas na Associação Brasileira de Star-
tups (ABStartups) já ultrapassa o número de 12 mil empresas. Empresas de fora do Brasil também
estão se fazendo presentes, como é o caso da Rappi, que foi fundada em 2015 na Colômbia, até os
dias atuais chegou em 8 países da América Latina e alcançou o status de Unicórnio.
Fonte: Drska (2019, on-line)1.

UNIDADE 6 135
Ficha de
Consumo

A indústria de salgados congelados “Harume”, an-


tenada na tecnologia, automação dos processos e
no conceito de indústria 4.0, resolveu se aprofun-
dar e conhecer um pouco mais a respeito desses
assuntos, como também os benefícios que trazem
para a organização como um todo. Pesquisando
um pouco mais a respeito de indústria 4.0, ana-
lisou o papel do 5G e conseguiu entender que a
tecnologia irá proporcionar o fim das conexões
por fio, aumento da eficiência e controle dos pro-
cessos. O diretor de operações mais que depres-
sa resolveu fazer investimentos em tecnologia,
software, automação, treinamento de pessoal para
esperar esse avanço.
Muito bem, você, futuro profissional, já está
familiarizado com esse termo ou não está?
Mas o que devemos pensar antes de todo esse
investimento é: como estão sendo realizados nos-
sos processos? Estão padronizados, documenta-
dos e são eficientes para receber essa inovação?
Sendo assim, a ficha de consumo tem o pro-
pósito de gerar uma informação que serve como
base para a padronização do processo, em etapas
da área de desenvolvimento como de planejamen-
to e controle da produção.

136 Documentação do Produto


Olha que interessante! Esse documento, com o modelo, sem precisar de ajustes, é feita a
chamado ficha de consumo, deve ser criado primeira aprovação do modelo.
na etapa de desenvolvimento de produtos, jun- Nesse momento, é criada a ficha de consumo,
tamente com o protótipo. Nele são inseridos os inserindo todos os materiais que foram utiliza-
materiais que serão necessários para produção dos para produção dessa blusa. A área de produ-
do produto, como também a quantidade de tos insere essas informações em softwares ERP
cada item. ou planilhas de Excel para serem compartilhadas
Vamos entender essa ficha em um exemplo com as demais áreas da organização.
de uma blusa feminina. Na indústria do ves- Além da informação de quantidade dos
tuário, após o estilista desenvolver a peça, de materiais, também é inserida a informação de
acordo com as tendências e estilo do público- custo de cada material. Essa informação pode
-alvo, é montada uma primeira blusa, essa peça ser informada pelo próprio setor, ou quando a
é chamada de peça piloto. A peça é provada por empresa trabalha com software de gestão, esse
um manequim de provas e, se estiver tudo certo dado já está integrado ao material (Quadro 1).
Referência: 201917 - 19.0017 Cor: Estampada
Matéria-Prima
Código Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Valor Total
1 Crepe 97% poliéster 3% elastano metro 1,50 9,6240 14,4360
2 Entretela 8516 N00114 - 0,67m metro 2,00 2,2700 4,5400
3 Botão unidade 7,00 0,0634 0,4438
4 Linha unidade 10,00 1,6200 16,2000
5 Etiqueta interna bordada - numeração unidade 1 1,4000 1,4000
6 Etiqueta de composição unidade 1 0,0500 0,0500
7 Etiqueta adesiva papel couche unidade 1 3,0000 3,0000
8 Fast pin unidade 1 0,0039 0,0039
9 Tag etiqueta marca unidade 1 0,4750 0,4750
10 Alma unidade 1 0,3500 0,3500
11 Embalagem plástica unidade 1 0,0785 0,0785
TOTAL MATÉRIAS-PRIMAS 40,98
Quadro 1 - Exemplo de Ficha de Materiais
Fonte: a autora.

Basicamente, temos dois tipos de informação: para sua produção. Sendo assim, a base de informa-
quantidade e valor. Você sabe me dizer onde ou ção analisada é a ficha de consumo. A partir do mo-
em que momento são utilizados? mento que a OP (ordem de produção) é liberada
A quantidade de cada material é utilizada pela para o setor produtivo, o setor de almoxarifado faz
área de PCP (Planejamento e Controle de Produ- a separação dos materiais de acordo com essa ficha.
ção) para fazer previsão de consumo. A partir do Caso não tenha material suficiente para a produção
momento que o pedido é liberado para produção, da demanda, é gerado um pedido de compras com
deve ser analisado se tem ou não matéria-prima a quantidade faltante (TUBINO, 2009).

UNIDADE 6 137
Ajustar quantidade conforme disponibilidade de tecido

Figura 1 - Necessidade de Produção


Fonte: Software NetOne ([2020], on-line)2.

As indústrias que não trabalham com essa ficha de consumo, com base em qual informação fazem o
planejamento da produção? Isso é para refletirmos na sua importância.
A segunda informação que consta na ficha diz respeito ao valor do material. Esse valor é definido
pela organização no momento em que o valor da última compra do material é atualizado. Tem em-
presas que trabalham com o custo do material, com impostos, sem impostos, custo padrão, enfim irá
depender da regra de negócio adotada.
Esse valor irá gerar a informação para o custo do produto e posterior preço de venda. Ele integra-
liza a ficha técnica do produto, pois com o valor total de materiais, adicionando o valor dos serviços e
percentuais de encargos que incidem sobre o faturamento da empresa, ela consegue calcular seu custo
e preço de venda.
Essa visão geral será apresentada a você no tópico que traz informações detalhadas da ficha técnica.
Sendo assim, a ficha de consumo traz informações importantes e oferece ao gestor uma maior visão
do seu produto, tanto relacionada a processos internos como fatores a serem analisados relacionados
à competitividade.

138 Documentação do Produto


Ficha de
Processos

Para as pessoas que não são muito familiarizadas


com a cozinha de casa, seguir a receita para a prepa-
ração de um prato é fundamental para que ao final
saia tudo certo com o prato escolhido, não é mesmo?
Imagine que o prato escolhido é um bolo de
chocolate, seguimos a receita, separando os in-
gredientes, os utensílios e aparelhos necessários
e depois observamos o modo de preparo seguin-
do todas as instruções atentamente, esperamos o
tempo de preparo ansiosos para que após 30 ou
40 minutos de forno o bolo esteja perfeito!
A ficha de processos ou ficha de operações con-
tém essas informações de ingredientes e modo de
preparo, tem como objetivo a padronização do mé-
todo de trabalho que seja mais eficiente, com maior
qualidade e menor custo. Isto é, a receita seguida
para fazer o bolo de chocolate pode ser entendida
como uma ficha de processos, pois contém as in-
formações necessárias para produção do produto.

UNIDADE 6 139
Outras informações podem ser adicionadas nesta ficha, como A ficha de processos é desen-
imagem do produto, detalhamento de como deve ser realizado o volvida juntamente com a
processo e também o tempo de produção de cada operação. construção do protótipo, pois
Podemos observar um modelo de ficha de operações (Quadro nesse momento é possível
2). Tem-se o campo de código, que é um sequencial das operações, acompanhar todas as etapas
o campo de operação, onde são inseridas as operações ou processos e detalhes da fabricação. Tem-
de fabricação, o tipo de máquina ou se é operação manual e o tempo -se a informação do tempo pa-
padrão por operação. drão, esse pode ser obtido por
meio da técnica de cronome-
FICHA DE OPERAÇÕES tragem ou MTM (methods-ti-
Código Operação Máquina Tempo Padrão me measurement).
1 Cortar Madeira Corte 1,20 De acordo com Moreira
2 Cortar Perfil Corte 0,30 (2009), o tempo padrão é um
norteador do processo produ-
3 Colar Perfil na Madeira Manual 2,22
tivo, pois com essa informação
4 Fazer Acabamento Manual 3,27
a empresa consegue fazer um
5 Embalar Manual 0,54
dimensionamento do proces-
Total 7,53
so mais coerente com sua es-
Quadro 2 - Exemplo de Ficha de Operações
trutura e seus recursos.
Fonte: a autora.

Para ser obtido o tempo padrão de cada processo por cronometragem, é realizada a medição do tempo
do protótipo e, posteriormente, na produção, é feita a cronometragem do lote de fabricação, assim se
tem um tempo mais próximo da realidade (Quadro 3).
Código Operação Máquina T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 Média TN TP

Quadro 3 - Exemplo de Ficha de Cronometragem


Fonte: a autora.

140 Documentação do Produto


A ficha de processos é utilizada nas indústrias pela área de Produtos como sendo uma informação
adicional para aprovação do produto, pois com o tempo padrão do produto é possível calcular o custo
minuto que poderá compor o preço de venda.
A área de PCP também faz uso da ficha de operações/processos no momento do planejamento da
produção, pois como contém as informações de processos/tipo de máquina e tempo, é realizado o ba-
lanceamento da ordem de produção, identificando o tempo necessário para produção da OP, quantas
pessoas serão necessárias, quais máquinas e equipamentos serão utilizados e como deve ser essa distri-
buição no chão de fábrica.
O balanceamento do setor produtivo se faz importante, pois o gestor consegue ter uma visão geral
da sua fábrica, ocupação, eficiência, pontos de restrição e pontos de melhorias, baseado em informações
confiáveis (ZACCARELLI, 1982).
Por meio da ficha de processos, também é possível calcular o Lead Time, ou seja, o tempo de proces-
samento dos produtos e definir o prazo médio de entrega dos pedidos.
Assim, podemos observar como a ficha de operações pode ser utilizada nas indústrias e o tipo de deci-
são que pode ser tomada pelos gestores, buscando a agilidade e a confiabilidade nas informações geradas.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE 6 141
Ficha
Técnica

A ficha técnica é um documento elaborado pela


área de produtos, em que as informações tratadas
anteriormente são reunidas em um único local, e
é utilizada como o documento que caminha com
produto por toda organização.
Essa ficha pode ser utilizada por qualquer tipo
de empresa, de qualquer área de atuação e porte,
pois a partir dela os gestores conseguem tomar
decisões mais acertadas.
A ficha técnica é um documento que acom-
panha as ordens de produção, é utilizada desde o
momento de aprovação do produto até a chegada
da produção na expedição. Ela pode ser gerada
manualmente ou por meio de softwares de gestão,
conhecidos como ERPs.
Segundo o autor O’Brien (2009), os softwares
de gestão apresentam ferramentas que contri-
buem para agilidade dos processos; a integração
das informações também é uma característica
desses sistemas, permitindo a comunicação entre
as áreas organizacionais e agilidade dos processos.
Podemos acompanhar, na Figura 2, um exem-
plo de um relatório de ficha técnica gerado por
um software ERP de gestão empresarial.

142 Documentação do Produto


Figura 2 - Relatório de Ficha Técnica
Fonte: Software NetOne ([2020], on-line)2.

Basicamente, temos as seguintes informações na ficha técnica:


• Materiais.
• Custo.
• Detalhes do produto/produção.
• Sequência operacional.
• Requisitos para controle de qualidade.

Para análise do custo e posterior formação do preço de venda, além da informação de consumo de
materiais (Quadro 4), são analisados os serviços e encargos que incidem sobre o faturamento da em-
presa. Resgatando o exemplo de uma blusa feminina, temos o seguinte:

UNIDADE 6 143
Lista de Materiais:
Referência: 201917 Cor: Estampada
MATÉRIA-PRIMA
Código Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Valor Total
1 Crepe metro 1,38 9,6240 13,2811
2 Entretela metro 1,00 2,2700 2,2700
3 Botão unidade 7,00 0,0634 0,4438
4 Linha unidade 1,20 2,7100 3,2520
5 Etiqueta interna bordada - numeração unidade 1 1,4400 1,4400
6 Etiqueta de composição unidade 1 0,0500 0,0500
7 Etiqueta adesiva papel couche unidade 1 1,4700 1,4700
8 Fast pin unidade 1 0,0039 0,0039
9 Tag etiqueta marca unidade 1 0,4750 0,4750
10 Alma unidade 1 0,3500 0,3500
11 Embalagem plástica unidade 1 0,0785 0,0785
TOTAL MATÉRIAS-PRIMAS 23,11

Quadro 4 - Lista de Materiais


Fonte: a autora.

Os serviços que são realizados no produto devem ser levados em consideração, sejam eles realizados
internamente ou externamente.
SERVIÇOS
Código Serviço Quantidade Valor Valor Total
1 Corte 1 1,50 1,50
2 Costura 1 15,00 15,00
3 Estamparia 1 9,00 9,00
4 Caseado 7 0,40 2,80
TOTAL SERVIÇOS R$ 28,30
Quadro 5 - Exemplo de Serviços
Fonte: a autora.

Os valores dos serviços são adicionados aos insumos.


Os encargos considerados devem ser avaliados juntamente com a área contábil, pois dependendo
do enquadramento da empresa, será um percentual considerado (Quadro 6).

144 Documentação do Produto


ENCARGOS
Código Encargo Percentual Valor
1 Alíquota faturamento até 180 mil anual 3,25% 7,36
2 Venda E-commerce (cartão 8% - site 3,99%) 8,00% 18,11
3 ICMS -
4 IPI -
5 PIS -
6 COFINS -
7 IR sobre o lucro -
8 Comissão de Venda 5% 11,32
9 Frete -
10 Custo Financeiro -
11 Margem de Contribuição Desejada 40% 90,55
Total 56,25% 127,33

Quadro 6 - Exemplo de Encargos


Fonte: a autora.

Além dos encargos, são considerados outros itens e seus percentuais, como comissão, frete e propaganda,
esses são analisados de acordo com a regra de negócio estabelecida pela organização.
Levando em consideração os insumos, serviços e encargos, a empresa consegue analisar seu custo
e gerar o preço de venda (Quadro 7).
PREÇO DE VENDA
Sub Total: (matéria-prima + serviços) 99,0366
Total: (PV) 100% = (CP) x + (Mark Up)
43,75%
(CP)x = 100% - MK
Preço 226,3694
Quadro 7 - Exemplo de Preço de Venda
Fonte: a autora.

Essa é a primeira informação fornecida pela Ficha Técnica. Nesse momento, a empresa consegue
avaliar se o produto será aprovado ou não, se será necessário alteração de materiais para manter a
competitividade e estabelecer seu percentual de margem de contribuição.
Uma informação que consta na ficha técnica está relacionada aos detalhes do produto necessários
ao setor produtivo, essa parte é conhecida como ficha de detalhes (Figura 3). São inseridas as infor-
mações, a fim de evitar dúvidas no chão de fábrica, buscando manter as mesmas características do
momento da aprovação do produto.

UNIDADE 6 145
Ficha de Detalhes
Referência: 201917 - Blusa Julia Outra informação adicionada
O bordade deve
na ficha técnica faz parte da
ser colocado área de qualidade, atributos
do lado esquerdo
a 5 cm da costura que devem ser considerados,
lateral.
indicadores e características que
devem ser observadas no setor
produtivo (Quadro 8).

Figura 3 - Modelo de Ficha de Detalhes


Fonte: a autora.

Tabela de Medidas (medidas em centímetros)


Descrição 36 38 40 42 44

Ombro a Ombro 20 22 24 26 28

Comprimento 50 52 54 56 58

Comprimento Manga 20 22 24 26 28

Decote 15 16 17 18 19

Quadro 8 - Modelo de Tabela de Medidas


Fonte: a autora.

A ficha de sequência operacional também faz parte do documento Assim, podemos entender que a
de ficha técnica, pois é uma informação que será utilizada para o ficha técnica é o documento que
planejamento e controle da produção (Quadro 9). deve nascer juntamente com o
produto em desenvolvimento,
Ficha de Operações
pois desde a etapa de projeto
Código Operação Máquina Tempo Padrão
do produto ela já é utilizada; e,
1 Cortar Madeira Corte 1,20
posteriormente, para tomada
2 Cortar Perfil Corte 0,30
de decisão de aprovação ou não
3 Colar Perfil na Madeira Manual 2,22
desse produto, ela também pode
4 Fazer Acabamento Manual 3,27
ser consultada para tomada da
5 Embalar Manual 0,54
decisão.
Total 7,53

Quadro 9 - Modelo de Ficha de Sequência Operacional


Fonte: a autora.

146 Documentação do Produto


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Na etapa de desenvolvimento de produtos, é essencial que o projeto contenha


a documentação do produto, pois nessa documentação, informações importan-
tes são inseridas para que as demais áreas da organização façam uso em seus
processos de tomada de decisão. Sendo assim, explique a importância de criar
os documentos dos produtos.

2. A ficha de consumo deve ser criada na etapa de desenvolvimento de produtos,


juntamente com o protótipo. Nele são inseridos os materiais que serão necessá-
rios para produção do produto, como também quantidade de cada item. Diante
desse contexto, escolha a alternativa correta.
a) Na ficha técnica, o material utilizado para produção é inserido de acordo com
o lote mínimo de compra.
b) O valor da última compra não pode ser alterado, já que os custos são fixos
durante o processo produtivo.
c) A ficha técnica é construída por família de produtos, ou seja, é uma ficha base
utilizada por produtos com a mesma característica.
d) Na ficha técnica, os consumos de materiais são inseridos para uma unidade,
assim é possível calcular também o custo do produto.
e) A ficha técnica é utilizada por todos os setores/áreas com exceção da área de
compras.

147
3. De acordo com Moreira (2009), o tempo padrão é um norteador do processo
produtivo, pois com essa informação a empresa consegue fazer um dimensio-
namento do processo mais coerente com sua estrutura e seus recursos. Diante
desse contexto, analise as afirmativas e escolha a alternativa correta:
I) O tempo padrão pode ser obtido somente pela técnica do MTM.
II) A ficha de operações é composta do tempo padrão e consumo de materiais.
III) A partir da ficha de operações, é possível calcular consumo de matérias.
IV) A ficha de operações reúne o tempo padrão cronometrado, exceto o tempo
de produção.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

148
WEB

A ficha técnica é um documento que nasce juntamente com um produto, sendo


assim é de fundamental importância compreender esse documento na área de
engenharia do produto no processo de desenvolvimento. Esse artigo apresenta
informações bem interessantes a respeito desse documento.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

149
MARTINS, P.; LAUGENI, F. Administração da Produção. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

MOREIRA, D. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. São Paulo: Saraiva, 2009.

TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Atlas, 2009.

ZACCARELLI, S. B. Programação e Controle da Produção. São Paulo, Pioneira, 1982.

REFERÊNCIAS ON-LINE

Em: https://neofeed.com.br/blog/home/exclusivo-rappi-investe-em-cozinhas-compartilhadas-no-brasil/.
1

Acesso em: 24 ago. 2020.

Em: http://net1ti.com.br/. Acesso em: 24 ago. 2020.


2

150
1. Os documentos do produto estão relacionados a organizar as informações do processo, como insumos,
mão de obra, tempo de produção, qualidade, enfim, são importantes pelo fato de ser um meio de coleta de
dados para que os setores/áreas consigam gerar informações, sejam elas do processo produtivo, compras,
almoxarifado, expedição ou comercial.

2. D.

3. E.

151
152
Me. Ricardo Tomaz Caires
Me. Márcia Pappa

Projeto Detalhado

PLANO DE ESTUDOS

Planejamento do Considerações do
Processo de Fabricação Projeto do Produto

O que é o Construção
Projeto Detalhado? do Protótipo

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender o objetivo do projeto detalhado. • Apresentar a importância da construção do protótipo.


• Entender as atividades relacionadas ao processo de fa- • Conhecer as fases finais de planejamento do produto.
bricação.
O que é o
Projeto Detalhado?

Antes de apresentarmos os conceitos relaciona-


dos ao projeto detalhado, vamos entender o que
constitui essa fase, qual objetivo e as atividades
desenvolvidas. Para isso, vamos pensar em um
produto, por exemplo, uma camisa.
Na indústria do vestuário, após a ideia do pro-
duto, ou seja, a camisa, a área de engenharia do
produto começa a fazer as pesquisas, cores, ten-
dências, modelos, tudo isso de acordo com seu
público-alvo.
Após as informações reunidas e o conceito de-
finido, a empresa se prepara para iniciar o proces-
so de peça piloto, ou seja, a confecção da camisa
para validar as informações.
Para isso, é necessário organizar as informações para que seja possível produzir essa camisa, ou seja,
a ficha técnica do produto é montada. As informações referentes aos materiais utilizados, quantidades,
os detalhes referentes ao processo produtivo e a sequência operacional do produto são organizadas e
liberadas para o processo produtivo (Figura 1).

Ficha Técnica - Camisa Fernanda


Referência: 18.0001 Cor: Branca
Matéria-Prima
Valor
Código Descrição Unidade Quantidade Unitário Valor Total
1 Riviera - Fio 60 - TF 3406 metro 1,50 19,1200 28,6800
2 Entretela 3200 M metro 1,00 16,1500 16,1500
3 Entretela 8040 3 cm - vista metro 0,60 4,8000 2,8800
4 Botão tamanho 18 unidade 13 0,0634 0,8242
5 Linha unidade 5,00 1,4000 7,0000
6 Etiqueta interna bordada - numeração unidade 1 1,5000 1,5000
7 Etiqueta de composição unidade 1 0,0500 0,0500
8 Etiqueta adesiva papel couche unidade 1 1,0000 1,0000
9 Fast pin unidade 1 0,0039 0,0039
10 Borboleta unidade 1 0,0280 0,0280
11 Clips unidade 5 0,0150 0,0750
12 Colarinho plástico unidade 1 0,1160 0,1160
13 Gola papel unidade 1 0,1500 0,1500
14 Tag etiqueta marca unidade 1 0,4750 0,4750
15 Alma unidade 1 0,3500 0,3500
16 Embalagem plástica unidade 1 0,0785 0,0785
Total Matérias-Primas 59,36

Processos
Código Processo Máquina Tempo
1 Corte Corte 1,00
2 Costura Reta 1,20
3 Caseado Caseadeira 0,45
4 Bordado Bordadeira 0,25
Tempo Total 2,90

Figura 1 - Exemplo de Ficha Técnica


Fonte: a autora.

Com essas informações organizadas e documentadas, os gestores conseguem desenvolver, de forma


eficiente, as atividades relacionadas ao projeto detalhado, conforme veremos nos tópicos seguintes.

UNIDADE 7 155
Planejamento
do Processo
de Fabricação

Antes de planejar processos de fabricação do pro-


duto, temos algumas atividades precedentes para
os Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSCs),
como veremos a seguir.

156 Projeto Detalhado


Criar, Reutilizar, Procurar e Codificar SSCs

Como visto no projeto conceitual, os itens que são determinados na etapa da concepção do produto
podem vir a ser adquiridos de terceiros ou fabricados pela empresa, necessitando ser projetados (RO-
ZENFELD et al., 2006).
Sistema Subsistema Subsistema/componente
Torno
Apoio
SS Barramento Estrutura fundida
S suporte Elementos de fixação
Sensores
Guia
Estrutura cabeçote
SS Cabeçote móvel
S fixação Guia de movimento
Motor de posicionamento
da peça Elementos de fixação
Controle de posicionamento
Mecanismo de acionamento
Placa de Fixação
Contraponta

SS Carro longitudinal
SS Carro transversal
S fixação e SS Carro porta-ferramenta
movimento
da ferramenta SS Carro torre de fixação
Fuso
Vara

Motor de avanço
S de avanço
Controlador de avanço

Motor de acionamento
S de Controlador de acionamento
acionamento
principal SS Eixo-árvore
SS Redutor

SS Painel de controladores
SS Computador CN
S de controle SS Canal de comunicação
SS Sensoreamento
Software

SS Emissão de fluido de corte

SS Recolhimento de cavaco

Cabos, conectores etc.

Itens fabricados Itens comprados S: Sistema SS: Subsistema


Figura 2 - Exemplo de estrutura de um torno para detalhamento
Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 305).

UNIDADE 7 157
Observando a figura, podemos analisar a variação de itens fabricados (destacados) e itens comprados
(escritos na cor preta). É importante esse detalhamento, pois há subsistemas que não foram detalha-
dos na fase do projeto conceitual. Esta atividade inicia a criação dos SSCs restantes, não definidos no
projeto conceitual (ROZENFELD et al., 2006).

Foi definido Desdobrar É comprado


na concepção? Não É estratégico? Não
Criar novos ou fabricado?

Sim

Sim
É fabricado Não sei É comprado

c) Não
Tentar recuperar existe nada Procurar no mercado
semelhante

a) Existe b) Existe d) Não existe e) Existe


idêntico semelhante nada no mercado no mercado

Desdobrar
Reutilizar Modificar Criar novos

Criar código de identificação

Calcular e desenhar SSCs para SSCs Decidir


não estratégicos comprar Desenvolver
Especificar tolerâncias fornecedores
ou fabricar
Integrar SSCs
Finalizar desenhos para todos
Completar BOM SSCs fabricados Planejar
processo

Figura 3 - Lógica da tarefa de criar, reutilizar, buscar e criar identificação


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 304).

Rozenfeld et al. (2006) expõem ainda que pode haver itens que virão a ser estratégicos para a empresa,
que deixará de comprar e passará a fabricar internamente, assim, é necessário que sejam projetados,
recebam um código e sigam para as fases subsequentes de detalhamento.
Aos SSCs restantes, deve ser realizado um trabalho de verificação na empresa, para encontrar itens
semelhantes ou iguais, na tentativa de reutilizar ou então buscar no mercado para ser comprado. Con-
tudo, recomenda-se a tentativa de utilizar, primeiramente, os existentes na empresa. Passando por este
procedimento, existem cinco possibilidades de resultados:
1. Existir um item idêntico que pode ser reutilizado.
2. Existir um item semelhante ao que se busca.
3. Não existir nada similar ao que se busca.
4. Não se encontrar nada no mercado que possa vir a ser comprado.
5. Existir a possibilidade de se adquirir o que se busca no mercado.

158 Projeto Detalhado


Assim, os itens e subitens devem ser detalhados de por meio de cálculos de dimensionamento e/ou
forma a complementar as informações advindas otimização, baseado nas especificações do dese-
do projeto conceitual, assim o projeto do produto nho inicial, que pode ter sido representado no
é completado com essas informações que servirão projeto conceitual.
de base para as demais etapas. Para desenhos e simulações de SSCs, é pos-
sível utilizar de ferramentas como CAD/CAE/
CAM, com intuito de facilitar seus detalhamentos
Calcular e Desenhar os SSCs e auxiliar nos cálculos da criação. Como já dito, a
simulação, muitas vezes, já é permitida no projeto
Aqui, partimos para um segundo momento da conceitual (ROZENFELD et al., 2006).
criação e detalhamento dos Sistemas, Subsistemas Logo, dentro da integração dos SSCs, ocor-
e Componentes, sendo assim, devemos atentar rem avaliações, integrando os componentes nos
naqueles itens e características que são críticos subsistemas, respectivamente os subsistemas nos
para cumprir com os requisitos do produto. sistemas e os sistemas no produto (Figura 4). Pa-
É necessário realizar a análise dos itens, se ralelamente, dentro das atividades da engenharia
são novos ou conhecidos para a empresa, para simultânea, são avaliados os estudos de processo
então dar tratamento da busca pela tecnologia de fabricação e montagem, bem como a compra
para compra ou desenvolvimento interno. Neste de SSCs dos quais não será possível a fabricação
último caso, os itens podem vir a ser analisados interna da empresa.
Especificações dos SSCs
Plano de processo macro Levantar informações de custos,
tempo, capacidades e competências
para o desenvolvimento/
fornecimento dos SSCs
Projeto
detalhado
Decidir fazer Orçar os SSCs dos fornecedores
ou comprar
Decidir entre desenvolver e
produzir ou comprar SSC

Decisão make-or-buy Estimar os custos dos SSCs para a


Informações de fornecedores empresa
Cotação dos SSCs comprados

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Decidir fazer ou comprar


Planilhas de cálculo
Modelos de ornamentação
Criar e detalhar Sistemas de cotação
SSCs,
Desenvolver Sistemas de comunicação
documentação
fornecedores
e configuração

Figura 4 - Tarefas da atividade de decidir fazer ou comprar SSCs


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 338).

UNIDADE 7 159
Na fase decisória entre fabricar ou terceirizar, deve-se levar em
consideração o levantamento de dados, como: custos, tempo, capa-
cidades e competências para o desenvolvimento ou fornecimento
dos SSCs (ROZENFELD et al., 2006).
Rozenfeld et al. (2006, p. 339) sugerem que “a estimativa dos
custos internos para a empresa fabricar um componente é composta
dos seguintes elementos”:
• Custo da matéria-prima.
• Custo por operação de fabricação (operações de produção,
montagem, inspeção etc.).
• Custo de mão de obra direta.
• Custo de ferramentas e equipamentos necessários para a
sua fabricação.
• Custos indiretos associados.
• Custo de desenvolvimento.

Com o desenho do produto, é possível analisar de forma mais clara


e completa as informações e planejar as demais etapas do projeto.

Planejar Processo de Fabricação e


Montagem

Projetar um produto trata-se de uma atividade que culmina na


criação da descrição de algo que ainda não existe e, no entanto, que


tem o poder de viabilizar esta construção. Além disso,
as decisões tomadas na etapa de concepção de um produto
referentes à sua forma geométrica, ao seu acabamento super-
ficial, à sua vida útil etc. têm ligação direta com as escolhas
dos processos de fabricação e dos materiais constituintes do
produto (ROMEIRO FILHO et al., 2010, p. 338).

Para a escolha do processo de fabricação, podemos considerar dois


critérios: tecnológicos e de produção.
Os principais parâmetros tecnológicos podem ser vistos no
Quadro 1, que geralmente estão incorporados aos softwares de
desenvolvimento de produto, ou projeto, disponíveis no mercado.

160 Projeto Detalhado


Parâmetros tecnológicos Descrição
O material da peça, muitas vezes, determina o processo de fabricação,
Material da peça uma vez que existem processos especialmente desenvolvidos para certos
materiais.
A forma geométrica final do componente é uma restrição forte para
Forma geométrica determinar o processo de fabricação. Podem ser obtidas várias formas
geométricas por cada processo de fabricação.
A espessura da parede de uma peça, muitas vezes, é o parâmetro de-
terminante para a escolha do processo de fabricação. Em alguns casos,
Seção mínima ou máxima
espessuras muito finas não são possíveis; em outros, espessuras muito
grandes inviabilizam o processo.
O peso de uma peça define quais os processos de fabricação viáveis.
Peso Peças muito pesadas apresentam restrições para certos processos de
fundição e moldagem.
A tolerância de fabricação serve como critério fino de seleção do processo.
Muitas vezes, o peso e a seção mínima da peça definem certo número de
Tolerância de fabricação
processos possíveis; a tolerância vai permitir escolher entre eles aquele
que atende aos requisitos do projeto.
A rugosidade reflete o acabamento superficial de uma peça. Peças com
tolerâncias apertadas têm rugosidade baixa, mas muitas vezes os re-
Rugosidade
quisitos de rugosidade da peça são muito altos, exigindo processos de
acabamento suplementares para conferir à peça melhor qualidade.
Outros parâmetros técni- São parâmetros específicos a certos processos de fabricação, como po-
cos rosidade na fundição ou número de passes na soldagem
Parâmetros de produção Descrição
Esses custos variam muito entre os processos de fabricação, assim como
Custos de equipamento e
ao longo do tempo. Por exemplo, a prototipagem rápida, que já foi muito
ferramental utilizados no
cara no passado, vem apresentando custos decrescentes de equipamento
processo de fabricação
e ferramental ao longo dos últimos anos.
Custo da mão de obra Cada processo exige qualificações diferentes da parte do operador.
Tempo de preparação (set-up) representa o tempo necessário para via-
Tempo de preparação bilizar os meios de produção para a realização da fabricação de um
determinado componente.
Quadro 1 - Parâmetros para escolha do processo de fabricação
Fonte: adaptado de Romeiro Filho et al. (2010).

Os softwares de alto desempenho podem incorporar a simulação dos processos de fabricação e auxiliar
nesse processo de gestão.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE 7 161
As características funcionais dos produtos devem ser estabele-
cidas; como sabemos que o termo qualidade apresenta um fator de
subjetividade, devem ser definidos os parâmetros de qualidade do
produto, podendo seguir as dimensões:
Dimensões Parâmetros
Qualidade de características Desempenho técnico ou funcional
funcionais intrínsecas ao Facilidade ou conveniência de uso
produto
Qualidade de características Disponibilidade
funcionais temporais (de- Confiabilidade
pendentes do tempo) Mantenabilidade
Qualidade de conformação Grau de conformidade do produto
Qualidade dos serviços Instalação e orientação de uso
associados ao produto Assistência técnica
Interface com o usuário
Qualidade da interface do
produto com o meio Interface com o meio ambiente (im-
pacto no meio ambiente)
Qualidade de características Estética
subjetivas associadas ao Qualidade percebida e imagem da
produto marca
O custo do ciclo de vida do produto
para o usuário compreende a soma
Custo do ciclo de vida do
dos custos de aquisição, de opera-
produto para o usuário
ção, de manutenção e de descarte
do produto.
Quadro 2 - Dimensões e parâmetros da qualidade de um produto
Fonte: adaptado de Toledo (1994).

Assim, a análise funcional do produto pode ser feita levando em


consideração as caraterísticas intrínsecas ao produto: o desempenho
e a facilidade de uso, como também as características funcionais
temporais: disponibilidade, confiabilidade e manutenabilidade.

“O desenvolvimento de produtos deve começar por um profundo


entendimento da funcionalidade, não apenas da forma”.
Fonte: Prahalad e Hamel (1990, p. 21).

162 Projeto Detalhado


Construção
do Protótipo

As empresas estão sendo cada vez mais desafiadas


a criar novos produtos para garantir destaque na
competitividade, aprimorando a diversificação,
qualidade, produtividade e em um curto período
de tempo. Exemplo disso temos a indústria auto-
mobilística, em que, a cada ano que passa, seus
processos são aprimorados para garantir entrega
de um novo conceito/projeto em curto prazo, isso
graças também ao emprego de novas tecnologias
de projeto (ROMEIRO FILHO et al., 2010).

UNIDADE 7 163
Romeiro Filho et al. (2010, p. 298) destacam que “aproximada-
mente 80% dos custos de um produto são comprometidos nas eta-
pas iniciais do PDP.” Por isso a importância de garantir a validação
conceitual com a equipe de desenvolvimento, antes de qualquer
ação voltada à produção ou fabricação, ou seja, que envolva ma-
nufatura de fato. Tecnologias como CAD/CAE/CAM (Computer
Aided Design, Computer-Aided Manufacturing, Computer-Aided
Engineering) são softwares muito utilizados para auxiliar na simu-
lação e experimentação de novos produtos.
A construção e teste de protótipos virtuais diminuem conside-
ravelmente os custos e o tempo de desenvolvimento de um projeto.
O procedimento tradicional de desenvolvimento de projetos
de produtos, como: projetar-construir-testar-otimizar passa a ser
executado por outro conjunto de atividades, como: elaboração do
Construção do protótipo modelo 3D, validação do modelo, protótipo virtual e prototipagem


rápida. Romeiro Filho et al. (2010, p. 298) esclarecem que
os protótipos virtuais ou protótipos reais cumprem inicialmente
o mesmo papel do desenho técnico, que é facilitar a comu-
nicação entre a equipe de projeto, fornecedores e clientes no
melhor entendimento do componente e de seu funcionamento
no produto.

Normalmente, nós superestimamos as mudanças que virão nos


próximos dois anos e subestimamos as mudanças que ocorrerão
nos próximos dez. – Bill Gates.

Opções de Prototipagem

A funcionalidade do protótipo vai além disso, pois é possível cons-


truir o modelo para testes reais de desempenho. Algumas opções de
realizar a prototipagem são: modelos, maquetes, protótipos virtuais
e o próprio protótipo real.

164 Projeto Detalhado


Protótipo Virtual

O produto é gerado em um software CAD 3D, favorecendo a vi-


sualização de design, simulação de operação da peça, verificação de
confronto entre componentes de um mesmo produto, edição com
cores etc. Além disso, dados da modelagem geométrica podem gerar
dados para testes de engenharia e até mesmo para a manufatura.
Essa integração de sistemas é chamada, de forma genérica, como
CAE/CAD/CAM, que trata da engenharia, projeto e manufatura
auxiliados por computadores (ROMEIRO FILHO et al., 2010).

Maquete

Segundo Romeiro Filho et. al. (2010, p. 300) “é um meio de repre-


sentação tridimensional não funcional e, na maioria das vezes, em
escala reduzida.”
O princípio fundamental dessa ferramenta está no auxílio da
apreciação geral do projeto, consequentemente a avaliação, em
concordâncias dimensionais, além da verificação de soluções es-
tético-formais.

Protótipo

De acordo com os mesmos autores, “é um modelo funcional que,


embora seja construído por processos de fabricação artesanais,
apresenta quase todas as características de um produto final” (RO-
MEIRO FILHO et al., 2010, p. 301).
Com o desenvolvimento do protótipo, a empresa consegue va-
lidar as informações alimentadas no projeto nas diferentes etapas.
A partir desse momento, a equipe de projetos tem a possibilidade
de analisar as características e funcionalidades do produto.
Como por exemplo, temos materiais utilizados, processo pro-
dutivo, mão de obra envolvida, tecnologia, custos, preço de venda,
tempo de produção e características qualitativas de qualidade do
produto.

UNIDADE 7 165
Considerações
do Projeto
do Produto

Após entendermos um pouco mais sobre especi-


ficação do produto, as suas especificações finais
estarão prontas. Partimos, então, para atividades
de: criar material de suporte do produto, proje-
tar a embalagem e planejar o término da vida do
produto (Quadro 3).

166 Projeto Detalhado


ATIVIDADES TAREFAS SÍNTESE
Criar manual de operação Contém regulagens, ajustes, capacidades mín. e máx.,
limites de funcionamento, cuidados com o produto.
1. Material de Criar material de treina- Material de treinamento de pessoas para instalação,
suporte mento transporte, assistência técnica do produto.
Criar manual de desconti- Procedimentos relacionados ao descarte do produto (pla-
nuidade do produto no de fim de vida)
Avaliar a distribuição do Análise da movimentação requerida e utilidade da emba-
produto: transporte e en- lagem (retornáveis ou não retornáveis)
trega
Definir as formas e as si- Relacionado às funções: a embalagem pode ser de con-
nalizações das embalagens tenção, proteção, comunicação e interação com ambiente
do produto e outros materiais. Análise como preços, apresentação,
resistência, materiais de fabricação.
2. Embalagem Identificar os elementos Exemplos: partes móveis, sensíveis, restrições de posicio-
críticos namento produto/embalagem.
Adequar embalagem aos
elementos críticos
Projetar embalagem Elaboração do projeto e processo de embalagem, para
Planejar processo de em- atender aos requisitos (tarefas) anteriores. Pode envolver
balagem a criação, desenhos, especificação, etc.

Quadro 3 - Síntese das atividades de criação: material de suporte e embalagem


Fonte: adaptado de Rozenfeld et al. (2006).

Planejar Fim de Vida do Produto

Uma perspectiva voltada para a área ambiental sobre o ciclo de vida dos produtos é a caracterização
das fases produtivas desde a formação da matéria-prima até a sua deposição final (Figura 5). Essa
perspectiva é fundamental para avaliar os possíveis impactos ambientais causado pelo produto e,
respectivamente, construir ações para reduzir esse impacto (ROMEIRO FILHO et al., 2010).
Para Rozenfeld et al. (2006, p. 378), essa fase está amarrada ao projeto como um todo, uma vez que


envolve as diversas fases do desenvolvimento, pois:
durante o estudo do portfólio, o levantamento da projeção de vendas, a definição da estratégia de
produto e desdobramento dos requisitos, foram documentadas informações relacionadas com o fim
de vida do produto, por exemplo: como descontinuar o produto, data prevista para a descontinuidade,
expectativa do mercado etc.

Além disso, as potenciais estratégias de descontinuidade do


produto, por exemplo, remanufatura, desmontagem, des-
carte e reciclagem, foram definidas na etapa de requisitos
POR FAVOR,
do produto. As estratégias de descontinuidade do produto RECICLE AS BATERIAS
possivelmente são lembradas e definidas durante o projeto
conceitual e também durante o detalhamento dos SSCs, no
projeto detalhado (ROZENFELD et al., 2006).

UNIDADE 7 167
Extração de
matéria-prima

Desenvolvimento
do produto

Produção Remontagem

Distribuição Limpeza, teste,


processos

Uso Desmontagem

Logística
Reversa

Reciclagem

Disposição
Final

Figura 5 - O ciclo de vida do produto segundo a perspectiva ambiental


Fonte: Romeiro Filho et al. (2010, p. 70).

“Essas informações agregam todas as características do produto voltadas para o meio ambiente, obtidas
até este momento, e também para a descontinuidade da produção e finalização do suporte ao produto”
(ROZENFELD et al., 2006, p. 378). Isto é, na definição do ciclo de vida do produto, leva-se em conta
essas informações, além de serem atualizadas constantemente, como, por exemplo, quando há mudanças
de condições mercadológicas e tecnológicas, o plano do ciclo de vida do produto obrigatoriamente
deve ser reajustado (ROZENFELD et al., 2006).

168 Projeto Detalhado


Conheça a área de inovação da TOTVS baseada no conceito de Design Thinking
[...] Entre as ações desenvolvidas por essa área de inovação, chamada internamente de UX Lab,
vale destacar a realização de protótipos e o quanto eles têm se mostrado eficientes para validar, de
forma rápida, barata e eficiente, uma ideia que pode, ou não, se tornar um produto ou serviço no
portfólio da companhia. [...]
Após pesquisas, entrevistas em campo, organizações de padrões e com as ideias em
mãos, a equipe combina e constrói protótipos, valida se tal solução atende às neces-
sidades dos clientes, se são viáveis tecnologicamente e se são boas para os negócios.
“A ideia de criar protótipos é identificar erros o quanto antes, assim otimizamos tem-
po e dinheiro, evitando longos períodos de revisão e desenvolvimento”, afirma Fabio.
Na fase de construção das ideias e planejamento dos protótipos, são utilizadas ferramentas sim-
ples, como papel, post-its, peças de legos, bolinhas e brinquedos diversos, todos materiais baratos
e fáceis de manusear.[...]
Fonte: Santos (2016, on-line)1.

Assim, o projeto detalhado norteia o setor produtivo de como o produto deve ser fabricado, fornece
informações detalhadas de itens, materiais, máquinas, processos e mão de obra de forma a fornecer
informações e otimizar as demais etapas do projeto.

UNIDADE 7 169
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma indústria que produz caneta esferográfica está avaliando o mercado e


verificou que a tendência de cores e texturas está apontando para um novo
produto e, além dessas características, o seu público está buscando produtos
que poluem menos o meio ambiente. Diante disso, reuniu informações para o
lançamento de um novo produto, definiu conceito e está na etapa do projeto
detalhado. Diante desse contexto e levando em consideração as informações
necessárias na etapa de projeto detalhado, descreva quais são as informações
que a empresa deve reunir para que essa etapa do projeto seja realizada.

2. A etapa de definição do processo de fabricação está inserida no processo de-


talhado e tem como objetivo levantar informações para que o produto seja
produzido de acordo com o projeto inicial e suas características. Sendo assim,
explique quais itens devem ser levados em consideração nesse momento.

3. O Protótipo é um modelo funcional que, embora seja construído por processos


de fabricação artesanais, apresenta quase todas as características de um produto
final. Diante desse contexto, explique qual o objetivo da construção do protótipo.

170
LIVRO

Construção de um Robô de Sumô: Desenvolvimento do Protótipo


Passo-a-Passo
Autor: Flávia Gonçalves Fernandes
Editora: Novas Edições Acadêmicas
Sinopse: o livro traz informações referentes ao desenvolvimento do protótipo
de um robô, apresentando o passo a passo da sua construção e as informações
necessárias para o seu desenvolvimento.

171
PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review. May/
June, 1990, p. 3-15.

ROMEIRO FILHO, E. et al. Projeto do Produto. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010.

ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do processo.
São Paulo: Saraiva, 2006.

TOLEDO, J. C. de. Gestão da mudança da qualidade de produto. Gest. Prod., São Carlos, v. 1, n. 2, p. 104-124,
ago. 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X19940002000
01&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 13 ago. 2020.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://startupi.com.br/2016/05/conheca-a-area-de-inovacao-da-totvs-baseada-no-conceito-de-design-
-thinking/. Acesso em: 24 ago. 2020.

172
1. A empresa deve reunir as informações referente ao desenvolvimento do produto, ou seja, levantamento
de materiais, quantidades desses materiais, definição do processo produtivo, processos, máquinas e equi-
pamentos utilizados, para posteriormente construir o protótipo.

2. É importante detalhar os itens, componentes e subcomponentes que serão comprados, reutilizados ou


fabricados. Desenhar e projetar os itens que serão produzidos internos e externos, a fim de não haver
paradas no processo produtivo.

3. Com o desenvolvimento do protótipo, a empresa consegue validar as informações alimentadas no projeto


nas diferentes etapas. A partir desse momento, a equipe de projetos tem a possibilidade de analisar as
características e funcionalidades do produto.

173
174
Esp. Germano Fogaça Pavão de Souza
Me. Márcia Pappa

Lançamento
do Produto

PLANO DE ESTUDOS

Processo de Marketing de
Distribuição Lançamento

Processo Processo de Atendimento Lançamento


de Vendas ao Cliente do Produto

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender como o produto será vendido. • Definir a forma como a empresa fará o marketing do
• Definir a logística de distribuição. produto.
• Elaborar um canal de comunicação entre a empresa e • Compreender como deve ser inserido o produto no
o usuário final. mercado.
Processo
de Vendas

Olá, Caro(a) aluno(a), nesta unidade, vamos poder


acompanhar as ações desenvolvidas para o lança-
mento do produto. Após todas as atividades de plane-
jamento serem realizadas, o produto é aprovado e as
estratégias de lançamento começam a ser estudadas.
Não é novidade que, para grande maioria dos
empresários, se não todos, o setor comercial ou se-
tor de vendas é considerado um dos setores mais
importantes da organização. Por isso, esta etapa de
desenvolvimento de processos de vendas é crucial
para que o lançamento do produto tenha o sucesso
esperado.
De acordo com Rozenfeld et al. (2006), o pri-
meiro passo para o desenvolvimento do processo
de vendas é mapear a maneira como ocorrerá estas
vendas, ou seja, nesta etapa, é necessário que haja
uma revisão do planejamento estratégico, mais es-
pecificamente nos requisitos do projeto.
Neste mapeamento, é necessário que seja de-
finido quais segmentos de mercado pretende-se
atingir, qual característica de consumo o produto
oferecido pretende atingir, de que maneira a venda
será executada, isto é, a empresa trabalhará com
representantes comerciais, lojas físicas, lojas vir-
tuais etc. O mais importante desta etapa é passar
segurança para os clientes que irão consumir o construção de prédio, pois em ambos os casos é
produto ofertado. necessário que, nesta etapa, exista uma boa relação
Em seguida, vem a etapa de aquisição de re- entre o vendedor e o cliente.
cursos para apoio das vendas, ou seja, aqui será Para um processo de vendas eficiente, a em-
necessário que a empresa possua todos os recursos, presa precisa verificar qual a melhor maneira de
pessoas, documentos e layout, para que possa dar satisfazer seus clientes por meio das vendas, seja
suporte aos consumidores finais, de maneira a não ela por meio da capacitação da equipe de vendas
deixar uma imagem negativa do produto, pois não já existente ou tercerização de um parceiro para
adianta ofertar um produto inovador com exce- executar este processo. Tudo isso dependerá do
lente qualidade se a empresa não possui estrutura produto o qual foi desenvolvido, de acordo com
de vendas para suportar a demanda do mercado. o grau de inovação que a empresa está propondo
Uma próxima etapa no processo de desenvolvi- para este novo produto.
mento de vendas é a busca de apoio às vendas por Finalmente, o último passo para o desenvolvi-
meio de catálogos do produto, pois com o auxílio mento do processo de vendas é a fase de implan-
de um documento formal, os vendedores terão em- tação do processo mapeado no início. Nesta etapa,
basamento para concluir suas vendas, pautadas em está incluso o período de adaptação e correção de
especificações do produto elaborado. problemas que venham a surgir quando o processo
Esta etapa tem grau de importância diretamen- já estiver em andamento. Deve-se supervisionar,
te proporcional à complexidade do produto, pois motivar e avaliar constantemente a equipe de ven-
quanto mais complexo é o produto, mais esta eta- das, que estará levando o produto da empresa para
pa se torna importante para o vendedor, poden- o mercado, isto é, essa equipe de vendas será a voz
do tomar como exemplo a venda de um simples de todo trabalho executado desde o início do pla-
eletrodoméstico e a venda de um elevador para nejamento estratégico.
Especificações finais do produto
Plano estratégico do produto
Desenhar processo de vendas
Plano de lançamento
Adquirir recursos
Lançamento Preparar documentação comercial
do Produto
Desenvolver Desenvolver sistema de apoio a vendas
processos de vendas Contratar/alocar pessoal
Treinar força de venda

Especificações do processo de vendas Treinar pessoal de apoio à venda


Recursos para operação do processo Implantar processo de vendas
Liberação do processo

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Modelagem de processos
Desenvolver Estudos de Marketing
processo de Lançar
produto Sistema CRM
vendas
Sistema ERP

Figura 1 - Atividades do desenvolvimento do processo de vendas


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 486).

UNIDADE 8 177
É importante ressaltar que
a tecnologia da informação
aproxima as empresas de seus
clientes nas vendas, isto é, uti-
lizar sites institucionais, redes
sociais, entre outras alternativas
podem auxiliar a organização a
possuir vantagens competitivas
com relação ao processo de de-
senvolvimento de vendas.
A etapa do desenvolvimen-
to do processo de vendas pode
ser ilustrada de acordo com a
Figura 1, na qual são mostradas
as principais atividades relacio-
nadas ao processo de vendas,
assim como ferramentas e mé-
todos auxiliares.
O processo de vendas deve
ser estruturado de forma a orga-
nizar as ações de vendas, como
também o alinhamento e inte-
gração com os demais setores
de desenvolvimento com os
setores de vendas.

178 Lançamento do Produto


Processo de
Distribuição

Para desenvolver um processo de distribuição


coeso e que atenda às necessidades dos clientes,
são necessárias algumas etapas semelhantes ao
processo de vendas, que são: o mapeamento do
processo de distribuição, logística do processo,
fechamento de acordo com distribuidores, aqui-
sição de recursos, desenvolvimento de sistema
de apoio à distribuição, treinamento de pessoal
de apoio à distribuição e, por fim, a etapa de im-
plantação do processo de distribuição.
Na logística de distribuição de um novo pro-
duto (Figura 2), é possível identificar fatores que
auxiliam o processo de distribuição segundo a
cadeia de suprimentos, com o auxílio de algumas
ferramentas e métodos (GURGEL, 2000).

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 8 179
Especificações finais do produto
Especificação do processo de produção
Plano de lançamento Desenhar processo de distribuição
Especificações da cadeia de suprimentos
Definir logística do processo
Fechar acordos com distribuidores
Lançamento
do Produto Adquirir recursos
Desenvolver
processo de Desenvolver sistema de apoio à
distribuição distribuição
Treinar pessoal de apoio à
distribuição
Especificações do processo de distribuição
Recursos para operação do processo Implantar/integrar o processo de
distribuição
Liberação do processo

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Planejar
lançamento
Modelagem de processos
Sistema SCM/ERP
Desenvolver
processo de Lançar
distribuição produto

Figura 2 - Atividades do desenvolvimento do processo de distribuição do produto


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 491).

Com a competitividade do mercado atual, a concorrência não se dá mais entre as empresas, e sim
por meio de sua cadeia de suprimentos, isto é, competir por preço é suicídio, e ofertar produto com
qualidade é obrigação, assim a cadeia de suprimentos pode vir a ser um fator decisivo nas instituições.

180 Lançamento do Produto


Para Rozenfeld et al. (2006), a logística e dis- • Aquisição de recursos: como no tópico
tribuição na gestão da cadeia de suprimentos en- anterior sobre processo de desenvolvi-
globa o planejamento, controle efetivo da entrada mento de vendas, é necessária a aquisição
e saída de materiais e produtos da empresa, assim ou melhoria com relação à estrutura de
como o fluxo de informação associado, desde o distribuição do produto, seja ela no trans-
início do desenvolvimento do produto até o clien- porte, na armazenagem etc.
te final, buscando atender seus desejos. • Capacitação de pessoas: é de fundamen-
O objetivo geral da distribuição física consiste tal importância que as pessoas envolvidas
em levar os produtos certos aos locais certos, no na logística de distribuição estejam atentas,
momento exato e com nível de serviço desejado treinadas e capacitadas para que flua as
ao custo mais baixo possível (NOVAES, 2001). entradas e saídas do produto desenvolvido
Assim, para que desenvolvamos um processo até o consumidor final.
eficaz na distribuição de um produto, Rozenfeld • Integração com outros processos de
et al. (2006) destacam que: gestão da cadeia de suprimentos: tanto
• Definição do ponto principal: definir a logística, quanto a produção e os seto-
o ponto principal é definir a logística de res de qualidade devem estar interligados
distribuição, e tem como objetivo definir para que haja um fluxo melhor de infor-
que o consumidor final seja atendido de mações e, consequentemente, diminuição
maneira correta dentro de um prazo míni- no tempo de desenvolvimento e entrega
mo estabelecido. Assim, a empresa precisa dos produtos. É válido lembrar também
verificar qual a melhor maneira de estocar a importância do processo de integração
seus produtos, a localização geográfica que com processo de assistência técnica, caso
a favoreça na distribuição e definir a me- haja algum problema na entrega ou no
lhor maneira de transportar seus produtos. desenvolvimento do produto.
• Fechamento de acordos comerciais com
os distribuidores: logo após a definição Os aspectos logísticos do desenvolvimento do
da logística de distribuição, é de funda- produto podem ser cruciais para empresa que
mental importância que haja o estreita- deseja possuir vantagem competitiva, pois para
mento da relação entre empresa e centros os consumidores, uma boa gestão da cadeia de
de distribuição com relação a serviços e suprimentos pode implicar em comodidade,
responsabilidades para que haja uma boa exclusividade e principalmente fidelização do
gestão na cadeia de suprimentos. produto.

UNIDADE 8 181
Processo de
Atendimento
ao Cliente

Compreender as necessidades dos clientes, de for-


ma a entender os seus requisitos, é fundamental
para o processo de desenvolvimento de produto,
como também no processo de atendimento ao
cliente, fornecendo segurança e agilidade nessa
etapa do atendimento.
Para Rozenfeld et al. (2006), o processo de aten-
dimento ao cliente é um canal de comunicação
entre a empresa e o usuário final do produto. Po-
de-se dizer que a principal função no processo de
atendimento ao cliente é criar possibilidades para
que o consumidor seja ouvido, seja por meio de
reclamações, seja por meio de feedbacks positivos.
É necessário que desenhem o processo, ad-
quiram os recursos para fortalecer a estrutura
de atendimento ao cliente, a padronização de
documentos e sistematização de apoio para esse
processo, além, é claro, de se ter pessoas capaci-
tadas e motivadas para o bom atendimento que
dê suporte ao consumidor final.

182 Lançamento do Produto


Rozenfeld et al. (2006) apresentam que as em- consumidor, o que pode vir a fortalecer a marca.
presas que trabalham com canais de distribuição Ressaltam, também, que para que haja um bom
ou não tenham contato direto com o consumidor atendimento, é necessário investimento no capital
final em seu processo de venda e terão que se pla- humano, e que as organizações devem se planejar
nejar cada vez mais para obter informações sobre para buscar o equilíbrio entre os processos, para
esses clientes, para melhor aplicar suas ações de que não seja destoante o processo de fabricação
marketing e, principalmente, identificar os requi- e o processo de vendas.
sitos para desenvolvimento do produto. A etapa de desenvolvimento do processo de
Estudando a fundo essas questões referentes ao atendimento ao cliente pode ser desenvolvida da
atendimento dos clientes, pode surgir uma dúvi- seguinte forma (Figura 3).
da: como reforçar a imagem perante o seu cliente? Atender bem o cliente é fundamental para fide-
Para Rozenfeld et al. (2006), um bom atendimento lização dele, como também para a prospecção de
aos clientes é uma excelente ação de marketing novos consumidores. Assim, o cliente deve ter suas
que ajuda a divulgar a imagem da empresa, já expectativas atendidas, podendo até ser utilizado
que a empresa está demonstrando respeito ao como meio para a boa divulgação de sua empresa.

Especificações finais do produto


Desenhar processo de
Plano de lançamento atendimento ao cliente
Comprar recursos
Lançamento Desenvolver documentação de
do Produto atendimento ao cliente
Desenvolver processo
de atendimento Desenvolver sistema de apoio ao
ao cliente atendimento ao cliente
Contratar/alocar pessoal/empresa
Treinar pessoal de atendimento ao
Especificação do processo cliente
de atendimento ao cliente
Recursos para operação do processo Implantar processo de
atendimento ao cliente
Liberação do processo

Relação com Métodos, ferramentas,


outras atividades documentos de apoio

Planejar
lançamento
Modelagem de processos
Desenvolver Sistema SCM/ERP
processo de Lançar Sistemas de teleatendimento
atendimento produto
ao cliente

Figura 3 - Atividades do processo de atendimento ao cliente


Fonte: Rozenfeld et al. (2006, p. 495).

UNIDADE 8 183
Marketing de
Lançamento

Encantar o cliente de forma a gerar o desejo pelo


consumo do produto é essencial no processo de ven-
das. Dessa forma, a área de marketing é responsável
por planejar ações e estratégias que promovam esse
desejo nos consumidores.
De acordo com Kotler (2000), um profissional
bem sucedido cuida primeiro do cliente e depois
do produto. Com isso, neste tópico, estudaremos a
importância de se utilizar o marketing como ferra-
menta de auxílio na conquista de novos clientes e,
por que não, na fidelização dos já existentes. Para
isso, estudaremos o passo a passo da promoção do
marketing de lançamento do produto.
Para Rozenfeld et al. (2006), o princípio da pro-
moção de marketing de lançamento está diretamente
relacionado à atualização do plano de lançamento.
Uma parte deste plano de lançamento está presente
na composição da estratégia do produto, pois toma
como referência estudos sobre o mercado no qual
o produto tenta ser inserido, lembrando que estas
fases já foram citadas em outras unidades quando
nos referimos a projeto informacional (informações
detalhadas de mercado e clientes). Há embasamento
deste plano durante o processo de projeto conceitual,
que é onde estão as avaliações sobre as características
do produto de acordo com a demanda do mercado.

184 Lançamento do Produto


Com isso, a atualização desse plano de lançamento visa corrigir possíveis falhas no lançamento do
produto, tais como estrutura, tamanho, posicionamento da marca, concorrência, custo-alvo, logística
de distribuição, orçamento, entre outros. Isto é, essa etapa de atualização serve mais precisamente como
um suporte para a elaboração de promoção do marketing, visto que é nessa etapa que são revistos os
custos das campanhas publicitárias, propagandas etc.
As fases seguintes à atualização do plano de promoção de marketing ocorrem de maneira simultânea.
Essas fases são preparação para campanha publicitária, desenvolvimento de propaganda, promoção
de vendas e, por fim, mas não menos importante, contratação de fornecedores para a execução do
marketing da organização.
Ainda para Rozenfeld et al. (2006), Marketing é algo que basicamente envolve o relacionamento
entre as necessidades e os desejos do mercado com o fornecimento de produtos e serviços, que geram
transferências de propriedade. É função vital, seja em organizações que buscam o lucro ou em orga-
nizações que não visam a esse objetivo como finalidade principal.
E no lançamento de um produto não é diferente, é necessário despejar a mesma atenção no ciclo
de vida do mercado, que se despeja no ciclo de vida do produto, que já foi estudado com afinco em
unidades anteriores deste livro.

UNIDADE 8 185
Lançamento
do Produto

O evento de lançamento do produto pode ser con-


siderado uma etapa crucial neste processo após o
desenvolvimento do produto, por isso é necessário
que avalie os processos de apoio ao lançamento,
planeje o evento de lançamento, contrate serviços
de apoio ao lançamento e, por fim, promova o
evento de lançamento do produto.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), ao realizar um
evento de lançamento de produto, é necessário
realizar uma avaliação do nível de prontidão dos
processos de apoio ao lançamento, tais como a
equipe de marketing, propaganda etc. Isto é, antes
de começar a planejar o evento de lançamento, é
de fundamental importância que as equipes de
atendimento ao cliente e de assistência técnica já
estejam preparadas para possíveis necessidades
dos clientes que venham a aparecer.

Fase Final de
Desenvolvimento do Produto

Devido à importância de se lançar um produto de


maneira eficaz no mercado, alguns processos se-
rão fundamentais para o bom andamento da fase
final do desenvolvimento do produto, são eles:

186 Lançamento do Produto


Gerenciar lançamento Na fase em que será descontinuado o produto,
o plano deve obedecer a uma síntese das avaliações
Com intuito de promover o lançamento do pro- realizadas durante o ciclo de vida, e a tomada de
duto, é essencial que esse lançamento seja geren- decisões é feita baseada no portfólio, que resultarão
ciado por meio dos resultados, aceitação inicial e na continuação ou descontinuação do produto.
satisfação dos clientes. Entre as estratégias de atualização do plano de
Para Rozenfeld et al. (2006), os resultados re- fim de vida do produto, devem estar previstas es-
ferentes às vendas são medidos constantemente, tratégias, tais quais responsáveis pelos processos de
principalmente nas etapas após o lançamento do descontinuação, terceirização do plano de fim de
produto, sendo possível também mensurar resul- vida do produto, reciclagem do produto, extinção
tados referentes a custo e participação no mercado. do produto do mercado etc. É importante que o
O gerenciamento de resultados ocorre de maneira plano contenha também estratégias para a tran-
quantitativa, gerando a transição em si da etapa de sição dos clientes atuais do produto lançado, para
desenvolvimento para a etapa de lançamento. com produtos que serão lançados futuramente.
A aceitação inicial por parte dos consumido-
res é gerenciada paralelamente com a satisfação
dos clientes, pois ambas são de caráter quali- Viabilidade econômico-financei-
tativo, isto é, se o cliente não estiver satisfeito, ra do lançamento do produto
certamente ele não voltará a consumir a marca
do produto. Fato é que se torna indispensável A viabilidade do produto é uma atividade essen-
a presença da equipe de marketing, principal- cial para o processo de aprovação, custo e lan-
mente no início das vendas, com todo suporte e çamento do produto. Entender os números que
apoio aos primeiros clientes, que serão o carro esse produto gera é tarefa a ser realizada antes do
chefe para a boa aceitação da marca. lançamento do produto no mercado.
De acordo com Rozenfeld et al. (2006), a via-
bilidade econômico-financeira deve ser feita via
Atualizar plano de fim acompanhamento de indicadores da atividade de
de vida do produto gerenciamento do lançamento do produto, dentre
eles volume de produção, market share, entre outros.
Para Rozenfeld et al. (2006), o plano de fim de O monitoramento das atividades deve ser feito
vida do produto está descrito na etapa de projeto do início do lançamento até a descontinuidade
detalhado e deve ser atualizado simultaneamente do produto (FARIA; COSTA, 2005). A etapa de
durante todo o período de desenvolvimento do viabilidade econômico-financeira pode ser ali-
produto; porém, na fase de lançamento do produ- nhada juntamente à gestão financeira da empresa,
to, este plano deve ser realizado, pois passa para o que contém informações contábeis, gerenciais e
processo de produção que será o responsável por financeiras, e assim pode confrontar os dados rea-
fazer as mudanças quando necessárias, e quando lizados juntamente à etapa de desenvolvimento,
ocorrer o processo de descontinuação do produto, para melhorar a gestão e o desenvolvimento de
este plano volta a ser utilizado. novos produtos.

UNIDADE 8 187
Avaliação da fase de lançamento do produto

O Figura 4 traz os questionamentos necessários para que façamos uma boa análise da etapa de lan-
çamento de produto.
O processo de vendas está aprovado? Ocorre a
integração com outros processos do negócio?
PROCESSO O processo de atendimento ao cliente está aprovado?
DE APOIO Ocorre a integração com outros processos do negócio?
O processo de assistência técnica está aprovado?
Ocorre a integração com outros processos do negócio?

A produção está liberada?

PROCESSO A fase de preparação do produto foi aprovada?


DE PRODUÇÃO Evento de lançamento está ok?
O lançamento ocorreu como o planejado?

PLANO DE FIM
O plano foi atualizado?
DE VIDA DO PRODUTO

O estudo de viabilidade foi analisado e atualizado?


ECONÔMICOS
DE DESEMPENHO As premissas do estudo ainda são válidas?
As primeiras entregas e aceitação dos clientes estão ok?

Figura 4 - Checklist para o lançamento do produto


Fonte: adaptado de Rozenfeld et al. (2006).

De acordo com Rozenfeld et al. (2006), as me-


lhores práticas para esta fase de lançamento de
Nesta unidade, estudamos todos os elementos produto estão diretamente relacionadas à apro-
para lançamento de um produto. Sendo assim, vação da fase de lançamento, documentação das
a matéria a seguir traz um passo a passo bem decisões tomadas, registro de lições aprendidas
bacana, explicando algumas maneiras para o pla- e, por fim, o encerramento total da fase de de-
nejamento deste lançamento, com o auxílio de senvolvimento do produto.
algumas ferramentas de marketing, como a ma- No processo de lançamento do produto, as
triz SWOT, entre outras, que serão apresentadas áreas devem trabalhar em conjunto com a equi-
juntamente ao lançamento de um sabonete no pe de marketing, porém a responsabilidade do
mercado. O conteúdo vem ao encontro do que lançamento do produto deve ser de autoria da
estamos estudando nesta unidade, e com toda equipe de desenvolvimento do produto, é im-
certeza expandirá seus conhecimentos sobre portante documentar o conhecimento adquiri-
lançamento de um novo produto no mercado. do durante as etapas de desenvolvimento e, por
Link: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/ fim, mas não menos importante, comemorar os
administracao-financas/lancamento-um-novo- resultados obtidos com a equipe de desenvolvi-
produto-no-mercado.htm mento e todos os indivíduos envolvidos em um
Fonte: adaptado de Moreira ([2020], on-line)1. evento de lançamento do produto.

188 Lançamento do Produto


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. O processo de desenvolvimento de produtos possui várias etapas, iniciando nas fases


de projeto e finalizando na etapa de lançamento do produto desenvolvido. Diante
disso, assinale a alternativa que representa a(s) etapa(s) que está(ão) diretamente
relacionada(s) ao lançamento do produto no mercado.
a) Desenvolver processo de vendas.
b) Desenvolver processo de distribuição.
c) Desenvolver processo de atendimento ao cliente.
d) Promover marketing de lançamento.
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

2. Compreender o processo de chegada do produto ao cliente é fundamental para garantir


eficiência em todo processo de desenvolvimento de produtos. A logística de distribuição
do produto é necessária para garantir o bom funcionamento desse processo. Sendo
assim, leia as afirmativas e escolha a alternativa correta.
I) A logística envolve todos os processos de negócio da empresa, e isso é fundamental
para se garantir uma fidelidade ao cliente.
II) A logística não inclui planejamento, implementação e controle de fluxo eficiente e
eficaz de todo material e produto da empresa.
III) A logística acaba excluindo a integração dos processos de Gestão da Cadeia de
Suprimentos.
IV) As afirmações I, II e III podem ser consideradas afirmações verdadeiras.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

189
3. Quando a empresa decide lançar os produtos desenvolvidos, os processos que
envolvem essa etapa devem estar muito bem definidos. Sendo assim, leia as
afirmativas e escolha a alternativa correta.
I) O processo de promoção do evento de lançamento deve estar mapeado.
II) Deve ser realizada a contratação de serviços para o evento de lançamento.
III) A empresa deve fazer avaliação dos processos de apoio ao lançamento.
IV) O processo de atendimento ao cliente deve estar mapeado.

Estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Todas as afirmações estão corretas.

190
FILME

Steve Jobs
Ano: 2015
Sinopse: o filme apresenta três momentos importantes da vida do inventor,
empresário e magnata Steve Jobs: os bastidores do lançamento do computador
Macintosh, em 1984; da empresa NeXT, doze anos depois; e do iPod, no ano de
2001, podendo fazer a relação com o processo de desenvolvimento de novos
produtos.

191
FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Editora Atlas, 2005.

GURGEL, F. do A. Logística industrial. São Paulo: Edição Editora Atlas, 2000.

KOTLER, P. Marketing para o século XXI: Como criar, conquistar e dominar mercados. 10. ed. São Paulo:
Edição Novo Milênio, 2000.

NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Produção. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência
Moderna, 2001.

ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: Uma referência para a melhoria do pro-
cesso. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/lancamento-um-novo-produto-no-
-mercado.htm. Acesso em: 25 ago. 2020.

192
1. E.

2. C.

3. E.

193
194
Me. Márcia Pappa

Ferramentas do
Processo de
Desenvolvimento
de Produtos

PLANO DE ESTUDOS

Failure Mode and Effect


Analysis (FMEA)

Uso das Conceito da Indústria 4.0


Ferramentas em Produtos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender ferramentas que podem ser utilizadas no • Apresentar ferramentas da indústria 4.0 que podem ser
processo de desenvolvimento de produtos. utilizadas no processo de desenvolvimento de produtos.
• Entender a ferramenta FMEA.
Uso das
Ferramentas

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, vamos ob-


servar um pouco mais a respeito das ferramentas
que podem ser utilizadas no processo de desen-
volvimento de produtos, integrando pessoas, pro-
cessos e tecnologia.
Você pode ter observado que o processo de de-
senvolvimento de produtos tem natureza interdis-
ciplinar, ou seja, há necessidade de participação
de profissionais de variadas áreas da empresa, a
fim de trocar informação para garantir um bom
desempenho do processo.
Softwares são utilizados para trazer maior agi-
lidade e confiabilidade nas informações geradas,
já que para Clark e Fujimoto (1991), o processo
de desenvolvimento trabalha com variados dados,
esses geram informações e, consequentemente,
produtos, gerando oportunidades de mercado.
Segundo Hustad (1996), basicamente existem
três categorias de ferramentas que são suporte ao
processo de desenvolvimento de produtos, são elas:
• Ferramenta de Pesquisa de Mercado.
• Ferramentas de Projetos de Engenharia.
• Ferramentas de Desenvolvimento Orga-
nizacional.

As ferramentas voltadas para pesquisa de mercado


têm como objetivo coletar dados para posterior aná-
lise e tomada de decisão com base nas informações
geradas. É uma forma de planejar as ações quando
o assunto é saber a opinião do público-alvo relacio-
nado ao produto em desenvolvimento.
As pesquisas podem ser feitas de forma qua-
litativa ou quantitativa, a escolha vai depender
do objetivo da pesquisa. Existem vários tipos de
pesquisa, entre elas, podemos destacar, pesquisa
de hábitos de consumo, pesquisa de satisfação do
cliente, pesquisa de imagem de marca, pesquisa de
teste de campanha e pesquisa com colaboradores.
A forma como será realizada, quais dados de-
sejam ser coletados, como será aplicada e quem irá
acompanhar a pesquisa são itens de fundamen-
tal importância para que as informações geradas
realmente possam ser utilizadas para o processo
de desenvolvimento de produtos.
Para compreender o uso de ferramentas para
fazer pesquisa de mercado, vamos analisar 2
exemplos de pesquisas:

Exemplo 1

A marca de chocolates Lacta fez uma pesquisa, a


fim de identificar o perfil dos consumidores de
produtos na época de Páscoa. Por meio da pes-
quisa conseguiu identificar 4 perfis diferentes de
consumidor, sendo eles: Fonte: Empresa Mercado e Consumo (2020, on-line)1.

UNIDADE 9 197
Com essas informações em mãos, a empresa multidisciplinar avalie as informações geradas,
conseguiu traçar estratégicas buscando atender a situação atual do mercado, a situação inter-
as expectativas do seu público-alvo. Prepararam na da empresa para que as melhores decisões
ovos de chocolate mais recheados e com alto teor sejam tomadas.
de cacau. Apostou em versões diferenciadas de
chocolates já existentes e embalagens diferencia-
das, de forma que o seu público seja atendido de Ferramentas para Projetos
acordo com as necessidades pesquisadas.
As ferramentas que podem ser usadas nos proje-
Exemplo 2 tos de engenharia têm como objetivo agilizar as
atividades e integrar as informações do produto,
Agora vamos conhecer o exemplo da marca Co- entre elas podemos destacar: prototipagem rápi-
ca-Cola com o produto New Coke. Esse produ- da, engenharia simultânea, DFMA, CAD/CAE,
to foi lançado em 1985, com base em pesquisas FMEA.
realizadas com cerca de 200 mil americanos, a A ferramenta CAD/CAE/CAM pode ser
fórmula foi aprovada pela grande maioria dos entendida como sendo softwares que foram
entrevistados e foi lançado com uma grande ex- desenvolvidos para auxiliar o projeto dos pro-
pectativa (TERRA, 2010, on-line)2. dutos. O termo CAD (Computer-Aided De-
Apesar de todo planejamento, o produto não teve sign) pode ser entendido como sendo a ferra-
sucesso em seu ciclo de vida. No seu lançamento, a menta computacional utilizada com foco no
empresa conseguiu resultados satisfatórios, mas com desenho do produto e documentação. O termo
o passar do tempo, os gestores perceberam que nem CAE (Computer-Aided Engineering) são soft-
pesquisas e nem planejamento puderam medir os wares que possibilitam a engenharia analisar o
laços emocionais que os consumidores tinham em projeto do produto, de forma a simular carac-
relação à sua marca e produtos. Três meses após o terísticas, como por exemplo, interação entre
lançamento do novo produto, a empresa teve que componentes, pressão ou temperatura. O termo
voltar atrás e relançar o produto original, o qual tinha CAM (Computer-Aided Manufacturing) diz
sido parado de ser fabricado. respeito ao processo de manufatura assistido
Com isso, podemos perceber que somente por computador, em que softwares são utili-
as pesquisas não garantem o sucesso no lança- zados para controlar ferramentas e máquinas
mento dos produtos, é necessário que a equipe utilizadas no processo produtivo.

198 Ferramentas do Processo de Desenvolvimento de Produtos


Ferramenta CAD/CAM

Vamos agora conhecer o projeto do produto em que foi aplicado as ferramentas CAD/CAM. Essas
ferramentas podem ser utilizadas em conjunto de forma a possibilitar projetar produtos do vestuário
em duas ou três dimensões (COSTA; ROCHA, 2009).
No processo de desenvolvimento do produto, a utilização desses softwares CAD/CAM possibilita
a materialização da ideia do produto, como também sua visualização nas três dimensões (Figura 1).

Figura 1 - Software CAD/CAM

Os softwares também permitem a realização do encaixe das partes do produto e a liberação da ordem
de produção para o setor de corte iniciar o processo produtivo.
Assim, a tecnologia permite uma melhor comunicação e integração entre as áreas envolvidas no
processo, buscando maior agilidade e eficiência de forma a entregar o produto com as especificações
projetadas.
As ferramentas de desenvolvimento organizacional estão relacionadas à gestão do processo como
um todo, onde são utilizadas com objetivo de melhoria constante das ações relacionadas ao processo
de desenvolvimento de produto. Como exemplo dessas ferramentas, podemos citar a matriz da casa
da qualidade (DFD), ferramentas de gestão de projetos e softwares de gestão.

UNIDADE 9 199
Os processos das organizações devem ser estu-
dados e planejados de forma com que todos os
envolvidos no processo estejam prontos para
utilização de ferramentas organizacionais.

Assim, as ferramentas são utilizadas em diferentes


momentos do processo de desenvolvimento de
produtos e têm como objetivo melhorar a per-
formance, possibilitando aos gestores melhores
decisões.

200 Ferramentas do Processo de Desenvolvimento de Produtos


Failure Mode and
Effect Analysis (FMEA)

A ferramenta FMEA – Failure Mode and Effect


Analysis, no português utilizamos Análise de
Modo e Efeito de Falha – é utilizada para anali-
sar a causa e efeito de problemas em produtos ou
processos. É uma abordagem sistemática na qual
os procedimentos são seguidos para identificação
das falhas em produtos ou processo, objetivando
a melhoria contínua e a confiabilidade.
A busca pela melhoria contínua é fator de mui-
ta dedicação por todos os envolvidos no proces-
so, é necessário mapear o processo e fazer um
planejamento das ações que serão desenvolvidas
(PALADINI, 2005).

UNIDADE 9 201
A ferramenta FMEA auxilia nesse processo de Como ela pode ser utilizada tanto em produ-
qualidade, pois no processo de desenvolvimento tos quanto em processos, de acordo com Silva,
de produtos se faz necessário o estabelecimento Soares e Silva (2008), no produto é considerado
de padrões de trabalho para que as características as falhas nas especificações do projeto e as falhas
pensadas e planejadas nas etapas de desenvolvi- no processo são decorrentes de problemas no pla-
mento sejam executadas no momento da produ- nejamento e execução das tarefas.
ção do produto. A ferramenta é aplicada por meio de formulá-
Segundo A. Feigenbaum e D. Feigenbaum (1999), rios, onde uma avaliação dos riscos é realizada e
o termo qualidade tem um fator de subjetividade, atribui índices de severidade (S), ocorrência (O)
ou seja, de entendimentos diferentes por parte das e detecção (D) referentes a cada causa (TOLEDO;
pessoas; as empresas devem definir o padrão a ser AMARAL, 2006).
seguido para manter-se competitivas no mercado. A equipe de projetos se reúne e faz a avaliação
A ferramenta FMEA tem qualidade e pode das falhas de acordo com os índices apresentados,
ser utilizada em conjunto com outras ferramen- de forma que se consiga priorizar as falhas que
tas, por exemplo: a Análise da Árvore de Falhas geram maiores riscos ao consumidor do produto.
(FTA), a Matriz Casa da Qualidade (QFD) e Os valores de referência utilizados são apre-
Mapas Cognitivos Fuzzy (FCM). Ela tem como sentados a seguir:
objetivo principal a eliminação ou minimização • Índice de Severidade: esse índice se refere
dos riscos associados a cada modo de falha iden- à classe de pontuação das possíveis falhas
tificado (LAFRAIA, 2001; SAKURADA, 2001). pela visão do cliente.

Escala de severidade dos efeitos dos modos de falha Índice de severidade


Efeito não percebido pelo cliente 1
Efeito bastante insignificante, percebido por 25% dos clientes 2
Efeito insignificante, mas percebido por 50% dos clientes 3
Efeito moderado e percebido por 75% dos clientes 4
Efeito consideravelmente crítico, percebido pelo cliente 5
Efeito consideravelmente crítico, que perturba o cliente 6
Efeito crítico, que deixa o cliente um pouco insatisfeito 7
Efeito crítico, que deixa o cliente consideravelmente insatisfeito 8
Efeito crítico, que deixa o cliente totalmente insatisfeito 9
Efeito perigoso, que ameaça a vida do cliente 10

Quadro 1- Índice de Severidade


Fonte: adaptado de Roos et al. (2007).

202 Ferramentas do Processo de Desenvolvimento de Produtos


• Índice de Ocorrência: esse índice se refere à probabilidade de ocorrência de um item em es-
pecífico.
Escala de avaliação de ocorrência das causas e modos de falha Índice de ocorrência
Extremamente remoto, altamente improvável 1
Remoto, improvável 2
Pequena chance de ocorrência 3
Pequeno número de ocorrências 4
Espera-se um número ocasional de falhas 5
Ocorrência moderada 6
Ocorrência frequente 7
Ocorrência elevada 8
Ocorrência muito elevada 9
Ocorrência certa 10
Quadro 2 - Índice de Ocorrência
Fonte: adaptado de Roos et al. (2007).
• Índice de Detecção: esse índice se refere ao acontecimento de uma determinada falha. Após
ocorrida a falha, é feita a avaliação da eficácia dos processos utilizados.
Escala de detecção das causas e modos de falha Índice de detecção
É quase certo que será detectado 1
Probabilidade muito alta de detecção 2
Alta probabilidade de detecção 3
Chance moderada de detecção 4
Chance média de detecção 5
Alguma probabilidade de detecção 6
Baixa probabilidade de detecção 7
Probabilidade muito baixa de detecção 8
Probabilidade remota de detecção 9
Detecção quase impossível 10
Quadro 3 - Índice de Detecção
Fonte: adaptado de Roos et al. (2007).

UNIDADE 9 203
A partir da análise do produto e falhas, a equipe de projetos realiza
a avaliação por meio desses parâmetros, e calcula-se o número da
prioridade de riscos (NPR), por meio da multiplicação S x O x D.
Para melhor compreensão das ferramentas, vamos entender
uma aplicação prática. Segundo Dreger e Tondin (2016), foi feito
um estudo em uma indústria que produz bolsas e chegou-se às
seguintes informações:

• No ano de 2014, a empresa teve 4250 bolsas


devolvidas por algum tipo de problema.
• Após o levantamento das causas dessas de-
voluções, foi possível observar que, em 1389
bolsas, o problema estava relacionado ao de-
senvolvimento do produto.
• Foi desembolsado um valor de R$ 286.550,00
representando 1,95% do faturamento global
da empresa, referente a indenizações de clien-
tes.
• No processo de aplicação da ferramenta FMEA,
foi aplicado em conjunto outras ferramentas,
como brainstorming, diagrama de Ishikawa
e matriz de esforço, com objetivo de levantar
informações.

204 Ferramentas do Processo de Desenvolvimento de Produtos


Assim, foi possível aplicar a ferramenta FMEA:
Índice Índice
Modo de Ações Reco-
Função Efeito S O D RPN S O D RPN
Falha mendadas
Costura -
Seção onde
reúnem os
Criar ficha de
aviamentos Costura des- Alça arreben-
7 7 6 294 processos - 7 5 3 105
cortados da costurando ta
POP
bolsa dando
forma ao pro-
duto
Material - Ma- Teste de
Material não
terial escolhido Material des- qualidade para
possui boa 8 5 6 240 8 3 2 48
deve ser durá- casca os materiais
qualidade
vel e resistente selecionados
Quando o
rebite serve
Altura do como reforço
pé do rebite e segurança Teste de
Rebite - rebite 8 5 4 160 resistência dos 8 4 2 64
pode não ser em uma alça
tem a função suficiente o mesmo pontos críticos
de reforço e pode arre- para o rebi-
segurança, bentar te onde em
ou também alguns pon-
apenas detalhe Quando é tos da bolsa
decorativo apenas en- demanda mais
Enfeite cai
feite a bolsa força
com facilida- 2 4 2 16 2 3 1 6
pode ficar
de
sem o deta-
lhe desejado
Mosquetão de
Metal quebra não é pos-
Metal - Permi- Teste de resis-
com facilida- sível usar a 7 6 3 126 7 5 2 70
te retirar a alça tência a tração
de alça opcional
opcional
Quadro 4 - Aplicação da Ferramenta FMEA
Fonte: Dreger e Tondin (2016, p. 168).

Para que fosse possível a construção dessa tabela, foi encontrado a pontuação para cada modo de falha
e seu respectivo RPN. Após a execução das melhorias, foi feita uma reavaliação do formulário FMEA,
resultando em um novo RPN.
As recomendações foram feitas com base em padrões de qualidade exigidos pelas normas técnicas,
como também foram criados os procedimentos padrões para produção e ajustes no projeto do produto.
Dessa forma, é possível verificar como a ferramenta demonstra as informações coletadas do processo
para que sejam tomadas as melhores decisões de melhorias.

UNIDADE 9 205
Conceito da Indústria
4.0 em Produtos

A indústria 4.0, conhecida também como quarta


revolução industrial, é o momento que estamos
vivenciando na área industrial, onde sistemas ci-
bernéticos, internet das coisas, redes e inteligência
artificial são itens característicos.
No processo evolutivo industrial, que consta na história, obser- A quarta revolução industrial
vamos algumas fases: tem como uma das caracterís-
ticas relevantes a automação
de tarefas e controle de dados
e informações, com base nos
INDÚSTRIA 4.0 seguintes pilares (CARDOSO,
Originada de um
projeto de estratégia 2016):
INDÚSTRIA 3.0 de alta tecnologia do
As fábricas, na governo alemão, • Integração de sistemas:
INDÚSTRIA 2.0 década de 1970, promovendo a
Continuação da automatizaram informatização da integração dos sistemas
INDÚSTRIA 1.0 Revolução Industrial seus processos, fábrica, trata-se de um
No meio da Revolução até fins do Século XIX. utilizando conjunto de tecnologias dos envolvidos no pro-
Industrial, as fábricas A Principal característica computadores no e interações entre os
mecanizadas por meio é a utilização dos chão de fábrica, sistemas cyber-físicos, cesso.
das melhorias de conceitos e princípios CNC e robôs. internet das coisas e
James Watt na da linha de montagem big data, conhecido por • Internet das Coisas: a co-
máquina a vapor. de Henry Ford. fábricas inteligentes.
nexão entre rede de ob-
FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4
SÉCULO SÉCULO MEADOS DO ATUAL jetos físicos e máquinas
XVIII XIX SÉCULO XX
por meio de dispositivos,
Figura 2 - Evolução Industrial permitindo maior troca
de informações em tem-
A indústria 4.0 tem como objetivo a evolução do processo produti- po real.
vo, com integração vertical, em que todos os níveis da fábrica estão • Segurança cibernética:
conectados, e a horizontal, em que todos os envolvidos no processo sistemas de segurança
estão conectados, por meio da tecnologia (Figura 3): robustos para essa reali-
dade de indústria.
ANALYTICS
AUTOMAÇÃO
• Nuvem: o número de ta-
MANUFATURA refas integradas se torna
COMPUTAÇÃO EM NUVEM INTELIGENTE
INTEGRAÇÃO
grande e a necessidade
BIG DATA
DE SISTEMA
de recursos em nuvem é
INDÚSTRIA uma realidade.
4.0 • Manufatura Aditiva ou
SEGURANÇA DE
COMPUTADORES
impressão 3D: possibi-
ROBÔS AUTÔNOMOS REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL lita a criação de produ-
TECNOLOGIA NOVO MODELO
INTERNET tos de forma mais ágil
DAS COISAS
INTELIGENTE DE NEGÓCIOS e, consequentemente, a
análise desses produtos
Figura 3 - Pilares da Indústria 4.0
torna-se mais eficiente.
• Realidade Aumentada:
permite a realização de
treinamentos, capacita-
ção, documentação de
instruções de trabalho e
padronização.

UNIDADE 9 207
Exemplo 3

Tenha sua dose extra de Um exemplo que pode ser citado é da empresa Flex
conhecimento assistindo ao (Flextronics Internacional Tecnologia), localizada na
vídeo. Para acessar, use seu cidade de Sorocaba (SP), ela é multinacional e presta
leitor de QR Code. serviços de manufatura para serviços eletrônicos. A
unidade recebeu uma impressora 3D industrial e já
planeja seus novos produtos, pois produtos que antes
• Big Data e Analytics: com o grande volu- eram considerados apenas como ideais pela falta de
me de dados produzido, torna-se essencial um equipamento adequado para imprimi-los, agora
uma ferramenta para organização, pois sis- começa a ganhar forma.
temas ERP comuns ou planilhas de dados A empresa entende que a impressora é uma
podem não suportar o volume. forma de digitalizar o processo de manufatura,
• Robôs: a presença de robôs ao processo reduzindo o tempo de produção dos produtos.
produtivo fornece agilidade e o ganho de Com isso, conseguiu uma redução de 50% nos
produtividade. custos de produção.
• Simulação: esse é um recurso que permite Além desses pontos positivos de melhorar o
fazer simulações do produto ou processo, processo de desenvolvimento, a tecnologia apre-
antes da liberação da produção. senta um diferencial no sistema de impressão, em
que a matéria-prima utilizada é em forma de pó,
Vamos abordar um pouco mais sobre o pilar ma- e o equipamento imprime minuciosamente cada
nufatura aditiva ou impressão 3D. Com esse re- voxel (menor unidade em espessura), resultando
curso, o processo de desenvolvimento de produtos em melhor acabamento, qualidade e resistência
acaba sendo mais eficiente, pois pode projetar da peça (RENNER, 2019, on-line)3.
seus produtos e fabricá-los de forma mais rápida, Dessa forma, a empresa consegue aliar a tecnolo-
com menores custos, maiores testes e percepções. gia com as melhores práticas de gestão de produtos,
buscando sempre a melhoria contínua dos processos
e o atendimento das necessidades dos clientes.
Assim, conseguimos observar que os concei-
tos e pilares da indústria 4.0 cada vez mais serão
praticados, e o processo de desenvolvimento de
produtos pode tirar o melhor proveito das tecno-
logias utilizadas, a fim de que seus processos se
tornem cada vez mais ágeis e, consequentemente,
atendam seus clientes de forma excelente.
Nesta unidade, pode ser observado como as
ferramentas podem ser utilizadas no processo de
desenvolvimento de produto, integrando recursos
humanos, tecnologias e conceitos da indústria 4.0 de
forma a aumentar a produtividade das organizações.
Projeto de produto com auxílio de Realidade Aumentada

208 Ferramentas do Processo de Desenvolvimento de Produtos


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. O processo de desenvolvimento de produtos tem natureza interdisciplinar, ou


seja, há necessidade de participação de profissionais de variadas áreas da empre-
sa, e para auxiliar nesse processo, ferramentas de gestão podem ser utilizadas.
Basicamente, existem três ferramentas utilizadas, sendo assim, explique qual
objetivo principal de cada uma delas.

2. A busca pela melhoria contínua é fator de muita dedicação por todos os envolvi-
dos no processo, é necessário mapear o processo e fazer um planejamento das
ações que serão desenvolvidas. A ferramenta FMEA pode ser utilizada para a
melhoria da qualidade do produto e processo. Assim, explique qual a finalidade
do uso da ferramenta e como ela é aplicada em gestão de projetos.

3. A indústria 4.0 tem como objetivo a evolução do processo produtivo, com in-
tegração vertical, em que todos os níveis da fábrica estão conectados, e a hori-
zontal, em que todos os envolvidos no processo estão conectados, por meio da
tecnologia. Em desenvolvimento de produtos, os pilares da indústria 4.0 podem
ser utilizados como forma de otimização do processo. Dentre os pilares, escolha
um e explique sua aplicabilidade em gestão de projetos.

209
LIVRO

FMEA. Análise dos Modos de Falha e Efeito


Autor: Paul Palady
Editora: Imam
Sinopse: o livro apresenta informações práticas de como aplicar a ferramenta,
desde o diagnóstico inicial, entendimento do conceito da ferramenta, até a
aplicação e análise das informações geradas.

WEB

Variadas ferramentas para pesquisa de mercado podem ser utilizadas, e pela


internet existem ferramentas que podem auxiliar e muito nesse processo.

210
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21 ago. 2020.

212
1. As ferramentas voltadas para pesquisa de mercado têm como objetivo coletar dados para posterior aná-
lise e tomada de decisão com base nas informações geradas. As ferramentas que podem ser usadas nos
projetos de engenharia têm como objetivo agilizar as atividades e integrar as informações do produto. As
ferramentas de desenvolvimento organizacional estão relacionadas à gestão do processo como um todo,
onde são utilizadas com objetivo de melhoria constante das ações relacionadas ao processo de desenvol-
vimento de produto.

2. É utilizada para analisar a causa e efeito de problemas em produtos ou processos. É uma abordagem siste-
mática, onde procedimentos são seguidos para identificação das falhas em produtos ou processo, objeti-
vando a melhoria contínua e a confiabilidade. A ferramenta é aplicada por meio de formulários, onde uma
avaliação dos riscos é realizada e atribui índices de severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) referentes
a cada causa. A equipe de projetos se reúne e faz a avaliação das falhas de acordo com os índices apresen-
tados, de forma que se consiga priorizar as falhas que geram maiores riscos ao consumidor do produto.

3. Manufatura Aditiva ou impressão 3D possibilita a criação de produtos de forma mais ágil e, consequente-
mente, a análise desses produtos torna-se mais eficiente.

213
214
215
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), este livro apresentou os conceitos e ferramentas relacionados ao processo


de desenvolvimento de produtos, em que você pôde acompanhar as fases iniciais até as
atividades de pós-venda do produto.
Ao longo das unidades, foi possível acompanhar as etapas de projeto que envolvem o de-
senvolvimento do produto, e, com as dicas de leituras e atividades complementares propostas,
é possível que você, futuro(a) profissional, esteja munido(a) de ferramentas, bibliografias e
conteúdo para desenvolver trabalhos futuros.
Iniciamos com a história do desenvolvimento de produtos, bem como o processo de
criação e entendimento das necessidades do cliente, apresentando as etapas do projeto,
ou processo de desenvolvimento de produtos, em que a engenharia do produto está inte-
gralmente ligada por envolver diversos aspectos de projeção, análise e estudos sobre como
desenvolver um novo produto seguindo uma sequência coerente.
Seguir essas etapas aumenta drasticamente a confiabilidade desse projeto alcançar re-
sultados positivos, tanto na expectativa de empresa, a de obter lucro, quanto na visão do
cliente, de que suas necessidades sejam atendidas. Abordando assuntos relacionados ao
lançamento de produtos, uma fase importante por carregar a responsabilidade de que um
grande trabalho alcance todo o sucesso depositado durante o projeto.
A importância do planejamento e da gestão de um projeto vai muito além do desenvol-
vimento do produto, passam a ser fundamentais para que cada um execute suas atividades
diárias com a maior eficiência e eficácia possível, atividades essas que nós, professores,
entendemos que farão parte de suas rotinas profissionais. Sucesso!

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