Você está na página 1de 196

PAISAGISMO

PROFESSORA
Me. Andreia Gonçalves
PAISAGISMO

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


CAMARGO, Larissa Siqueira.
Paisagismo. Andreia Gonçalves.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2018.
196 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Paisagismo. 2. Projeto. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-0830-2 CDD - 22ª Ed. 711


 CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva,
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard,
Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Arthur Cantarelli Silva, Designer Educacional Agnaldo Ventura, Isabela Agulhon, Revisão Textual
Hellyery Agda, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Ilustração Marta Kakitani, Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Janes Fidélis Tomelin


Pró-Reitor de Ensino de EAD

Kátia Solange Coelho


Diretoria de Graduação
e Pós-graduação

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora

Professora Mestre Andreia Gonçalves


Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (2014).
Especialista em Conservação e Restauração do Patrimônio pela PUCPR (2016).
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Maringá
(2009). Atua desde 2013 na docência nos cursos de Arquitetura e Urbanismo,
Engenharia Civil e Tecnologia em Design de Interiores, atuando nas áreas de
Urbanismo, Projeto Arquitetônico e Paisagismo. Concomitante à docência, atua
desde 2010 na concepção e execução de projetos de arquitetura, arquitetura
de interiores e paisagismo.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e
publicações, acesse o currículo, disponível no endereço a seguir: http://lattes.
cnpq.br/1142136172729134.
apresentação

PAISAGISMO

Caro(a) aluno(a), antes de abordarmos o conteúdo deste livro, comentarei, brevemente,


sobre o meu interesse pela disciplina Paisagismo, o qual ocorreu ainda na graduação,
quando, cursando a disciplina de projeto da paisagem, pude participar de um projeto
de iniciação científica que estudava os espaços livres da cidade. Durante meu mestra-
do em Engenharia Urbana (2012-2014), o interesse ganhou maior espaço, quando,
realizando um estudo aprofundado na arborização urbana da cidade de Maringá, me
apaixonei de vez pelo paisagismo e todas as suas vertentes.

Desde 2013, como docente da graduação nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e


Design de Interiores, tenho me dedicado às disciplinas de paisagismo. Assim, este livro
nasce da experiência em lecionar nesta área e da grande paixão em estudar a paisagem e
suas potencialidades no desenvolvimento de projetos de qualidade estética e ecológica,
garantindo maior qualidade de vida e conforto aos usuários.

Este livro tem como objetivo orientar os estudos e desenvolvimento de projetos de pai-
sagismo na escala do micropaisagismo, voltado ao profissional de design de interiores.
Assim, contém conhecimentos que tratam das definições da atividade de paisagismo;
caracterização de tipologias vegetais utilizadas nos projetos; breve histórico do pai-
sagismo mundial e brasileiro; princípios de composição em projetos de paisagismo;
etapas de projeto e sua representação gráfica, e, por fim, apresenta as tipologias de
projeto paisagístico e demandas de projetos contemporâneas.

Na Unidade I, será abordado os conceitos e definições de paisagismo, a origem do termo


e suas aplicações. Contudo, a maior parte da unidade se ocupará com a apresentação e
caracterização das tipologias vegetais, sua divisão em grupos, suas características par-
ticulares e as formas de emprego de cada tipologia vegetal nos projetos de paisagismo.

A Unidade II se dedica a fazer um passeio pela história do paisagismo, desde a antigui-


dade até os tempos contemporâneos, discutindo a evolução da atividade paisagística e
apresentação

suas referências. Abordará como a atividade de paisagismo se desenvolveu no Brasil.


Neste percurso, serão abordados os estilos de jardins, suas características e influências
nos projetos paisagísticos atuais.

A Unidade III trará a discussão sobre os princípios de composição em paisagismo,


os elementos de composição de projetos, suas características e propriedades e como
trabalhar esses elementos visando a qualidade de projeto.

A Unidade IV abordará as etapas de um projeto paisagístico, desde a concepção do


projeto junto ao cliente até o projeto executivo de implantação do jardim. Abordará
também as formas de representação gráfica destes projetos: desenho à mão livre, de-
senho técnico e simbologias.

A Unidade V fechará o livro apresentando as temáticas de projeto paisagístico apli-


cáveis ao micropaisagismo. Serão estudados os projetos da temática residencial, seus
requisitos e particularidades, projetos comerciais e institucionais. Esta unidade buscará
refletir também sobre os projetos contemporâneos, as demandas e tendências atuais.

Dessa forma, este livro busca contemplar os conteúdos necessários à formação de um


profissional capacitado e atento às questões técnicas e criativas relacionados à atividade
de concepção de projetos paisagísticos de qualidade estética e funcional, atendendo às
demandas do mercado de trabalho.
sum ário

______________ _______________
UNIDADE I UNIDADE IV
RECONHECENDO A VEGETAÇÃO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA EM PAISAGISMO
14 Definicão de Paisagismo 130 Representação Gráfica à Mão Livre
16 Caracterização das Espécies 136 Representação Técnica
20 Uso Paisagístico 139 Peças Gráficas do Projeto Paisagístico
24 Classificação das Tipologias de Vegetação 143 Etapas de Projeto
40 Referências 154 Referências
41 Gabarito 155 Gabarito

_______________ _______________
UNIDADE II UNIDADE V
HISTÓRIA DO PAISAGISMO PROJETOS PAISAGÍSTICOS
48 Breve Histórico do Paisagismo: Da Pré-História à 162 Tipologias de Projeto: Paisagismo Residencial
Idade Média
165 Tipologias de Projeto: Paisagismo Comercial
59 Breve Histórico do Paisagismo: Renascimento
168 O Micropaisagismo
65 Breve Histórico do Paisagismo: Modernismo e
173 Demandas Paisagísticas Contemporâneas
Pós-Modernismo
179 Paisagistas e Projetos Contemporâneos
68 Paisagismo no Brasil
193 Referências
79 Referências
194 Gabarito
80 Gabarito
195 CONCLUSÃO GERAL

_______________
UNIDADE III
COMPOSIÇÃO EM PAISAGISMO
86 Princípios de Composição
94 Elementos de Composição no Paisagismo
110 Características dos Elementos de Composição
123 Referências
124 Gabarito
RECONHECENDO A VEGETAÇÃO

Professora Me. Andréia Gonçalves

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Definição de paisagismo
• Caracterização das espécies
• Uso paisagístico
• Classificação das tipologias de vegetação

Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer as tipologias vegetais.
• Conhecer conceitos do paisagismo.
• Identificar as características das plantas.
• Aprender as formas de uso da vegetação nos projetos de
interiores.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), damos início aqui à primeira unidade do livro


de paisagismo. Nesta unidade, serão abordados alguns conceitos impor-
tantes de paisagismo e suas divisões, porém o foco desta unidade serão as
plantas, principais elementos de composição de jardins.
Abordaremos a vegetação a partir de suas características físicas, seu
comportamento e suas formas de implantação e uso no paisagismo, ten-
do como objetivo a identificação e reconhecimento das tipologias vege-
tais disponíveis, suas características e estrutura que nos permite classi-
ficá-las em grupos. Serão abordados desde a nomenclatura das espécies
até suas características quanto ao clima, solo, temperatura e crescimento
adequados ao seu desenvolvimento. Sabendo que os elementos vegetais,
por se tratarem de elementos vivos, não se comportam de forma exata
e previsível. As plantas são facilmente influenciadas pelo clima, solo e
ambiente onde estão inseridas; assim, ter conhecimento destes fatores é
fundamental para a atividade do paisagista.
Neste livro, as espécies serão divididas em: arbóreas, arbustos, pal-
meiras, herbáceas, aquáticas, trepadeiras e bromélias, para facilitar sua
identificação. Como a diversidade de plantas passíveis de uso no paisa-
gismo é imensa, não é foco desta unidade a identificação de todas as espé-
cies vegetais, mas sim sua identificação com relação à estrutura, textura,
forma, porte e principalmente suas formas de uso nos jardins, tornando
o aluno capaz de classificá-las dentro de grupos.
Trataremos dos conhecimentos necessários de cada espécie para seu
emprego de forma adequada nos projetos de interiores, de modo a pro-
mover conforto e qualidade estética aos usuários. A classificação da ve-
getação será seguida de ilustração de espécies e formas de composição
delas, visando ilustrar ao aluno as principais características reconhecíveis
nos grupos vegetais e de que forma estes podem ser explorados estetica-
mente dentro dos jardins, sejam em espaços abertos como quintais ou
espaços internos às edificações.
PAISAGISMO

DEFINICÃO DE
PAISAGISMO

14
DESIGN

A palavra paisagismo deriva da palavra paisagem. micropaisagismo e macropaisagismo. O primeiro


Esta significa espaço de terreno que se abrange em se refere aos trabalhos de paisagismo de menores
um lance de vista. Seu significado popular remete a dimensões, realizados em pequenos espaços. Neste
uma vista pitoresca, agradável, seja o ambiente natu- tipo de projeto, a escala de representação se encon-
ral ou uma figura (DEMATTÊ, 2006). tra entre as escalas de 1:50 até 1:1.000 e normalmen-
O paisagismo é uma atividade que trabalha com te envolve soluções técnicas mais simples. Por outro
a organização dos espaços, tendo como objetivo pro- lado, o macropaisagismo é o trabalho de paisagismo
porcionar bem-estar aos seres humanos, atendendo realizado em grandes espaços, no qual a escala usual
suas necessidades e conservando os recursos desses está em geral entre 1:5.000 a 1:50.000, envolvendo
espaços. Portanto, o paisagismo reúne a arte de criar problemas técnicos complexos e multidisciplinares
com a técnica de viabilizar. (DEMATTÊ, 2006).
No paisagismo, falaremos sempre sobre o jar- São exemplos de projetos de micropaisagismo
dim. A palavra jardim tem origem: Gan = proteger, os jardins internos, jardins residenciais, jardins de
defender + eden = prazer, satisfação, delícia, for- inverno e jardins comerciais e institucionais de pe-
mando assim o termo garden, no inglês, e jardim, no quenos espaços. São exemplos de projetos de ma-
português. Em diferentes culturas, o jardim sempre cropaisagismo o paisagismo rodoviário, arborização
está associado a um espaço perfeito, um ambiente urbana, projetos de praças e parques. Neste livro,
de harmonia, beleza e satisfação espiritual, um ver- debruçaremo-nos apenas sobre os projetos de mi-
dadeiro paraíso. Justamente desse conceito vem a cropaisagismo.
referência cristã ao jardim do éden como o paraíso.
Um jardim é a representação idealizada da pai-
sagem como cada civilização desejaria que ela fosse.
Para Roberto Burle Marx, principal nome do paisa- SAIBA MAIS
gismo brasileiro, era importante que o jardim fosse
bem sucedido ecologicamente, adaptando-se à pai-
No Brasil, ao contrário de outros países, não
sagem e ao clima local. existe uma formação específica em paisagis-
O paisagismo é única expressão artística que en- mo. A atividade paisagística é exercida aqui
volve os cinco sentidos. A visão por meio das cores, por profissionais graduados em cursos como
arquitetura e urbanismo, agronomia, enge-
movimento dos ventos e formas. O tato por meio do nharia florestal, biólogos, geógrafos, ecólogos,
contato direto do usuário com o jardim. O paladar artistas plásticos (DEMATTÊ, 2006) e designers
com o uso de frutos e flores comestíveis. O olfato de interiores, estes focados no micropaisagis-
mo e espaços interiores.
pelo perfume fornecido pelas plantas. E a audição
por meio do som da água, das folhas e dos pássaros. Fonte: a autora.

A atividade paisagística pode ser dividida em

15
PAISAGISMO

CARACTERIZAÇÃO
DAS ESPÉCIES
Por se tratarem de seres vivos, o desenvolvimen- identificação e utilização do vegetal. Envolve seu
to das plantas depende de várias características do comportamento, sua relação com o meio e suas ne-
ambiente. Segundo Vilaça (2005), as plantas são se- cessidades básicas. São eles:
res vivos e se comportam como tal, sendo assim, • nome popular;
quanto mais o jardim se aproximar da realidade • nome científico;
natural, mais bonito ele será. O jardim deve ser • origem geográfica;
pensado como um meio de integração e não um • temperatura;
espaço onde as plantas funcionam apenas como • solo adequado;
adornos. • luminosidade;
Para se conceber um jardim, é necessário o co- • rega;
nhecimento de fatores importantes para o bom • multiplicação;
desenvolvimento da vegetação. Estes fatores com- • espaçamento de plantio;
preendem um mínimo de dados que permite a • crescimento.

16
DESIGN

NOME POPULAR ORIGEM GEOGRÁFICA

Como é comumente (popularmente) conhecida a Refere-se ao lugar de procedência da espécie, o qual


espécie, podendo variar de uma região para outra. indica os fatores de altitude, temperatura, solo, lumi-
nosidade e umidade ideais. No entanto, vale lembrar
NOME CIENTÍFICO que existem espécies que se adaptam às condições
diferentes do ambiente natural, elas são chamadas
Diz respeito à forma correta de dar nome aos vege- de espécies aclimatadas.
tais. Normalmente está relacionado ao nome de seu
descobridor. O nome científico é reconhecido inter- CLIMA E TEMPERATURA
nacionalmente e é composto por dois nomes:
• O do gênero (classificação mais ampla), vem Estão relacionados à temperatura exigida por cada
em primeiro lugar e é iniciado por maiúscula; e, planta, permitindo o seu cultivo, o que não significa
• O da espécie (classificação mais particular), ser a temperatura ideal. Normalmente as tempera-
vem em seguida ao gênero e é iniciado por turas são divididas em cinco categorias, sendo elas,
minúscula.
quente, quente a ameno, ameno, ameno a frio e frio
Por convenção, o nome científico aparece grifado ou (VILAÇA, 2005).
em itálico e escrito em latim (VILAÇA, 2005).
Exemplo: LUMINOSIDADE
Nome popular: Ixora
Refere-se à intensidade e duração da luminosidade exi-
gida pelas plantas para seu cultivo. As plantas possuem
necessidades diferentes com relação à intensidade da
luz incidente, mesmo estando em um mesmo clima.
A luminosidade é dividida em pleno sol, quando as
plantas necessitam estar sob o sol para se desenvolve-
rem melhor; meia-sombra quando necessitam de certo
sombreamento, com luz no entorno; e, sombra, quando
as plantas necessitam de sombreamento e pouca luz ao
redor para melhor se desenvolverem (VILAÇA, 2005).

SOLO

Trata do tipo de solo no qual a planta se desenvolve


melhor. Seguir a realidade natural é a melhor ma-
Figura 1 - Nome científico: Ixora coccinea neira de se obter um jardim. Os solos podem ser di-
Fonte: Shutterstock. vididos em:

17
PAISAGISMO

• Argiloso: para plantas que precisam estar em


ra ou o porte da planta depende das características
condições de solo úmido, áreas pantanosas
ou brejos, necessitando de grande quantida- climáticas, portanto são alturas médias, pois as plan-
de de água. tas podem atingir altura maior ou menor de acordo
• Arenoso: para plantas que necessitam de solo com o clima, solo ou região onde esteja implantada
seco, com pouca umidade e pobres em nu- (VILAÇA, 2005).
trientes.
• Areno-argiloso: este tipo de solo atende a SAIBA MAIS
necessidade da maioria das plantas, pois pos-
sui umidade balanceada e boa capacidade de
reter nutrientes e, apresentam assim, carac- Outras informações podem complementar a
terísticas mais equilibradas (VILAÇA, 2005). ficha técnica das espécies vegetais. Uma delas
é a forma de inserção das espécies, ou seja, de
quais formas determinada espécie pode ser
REGA utilizada no paisagismo. Algumas espécies se
adaptam melhor se forem plantadas de forma
Refere-se à necessidade de rega da planta. A quanti- isolada, destacando seus aspectos estéticos
e suas necessidades de crescimento e desen-
dade de água no solo depende da temperatura e da
volvimento. Outras adquirem melhor aspecto
luz recebidas e da estrutura do solo. Além da água visual quando inseridas em agrupamentos.
absorvida pelo solo, as plantas também têm exigên- Há ainda aquelas espécies que podem ser
usadas de ambas as formas, isoladas ou em
cia da umidade do ar.
grupos, diretamente plantadas no solo ou
inseridas em vasos, formando cerca viva ou
ESPAÇAMENTO DE PLANTIO barreiras visuais.

Fonte: a autora.
Trata da distância ideal para o desenvolvimento
confortável da muda. Esta característica pode ser
adaptada no projeto e, para criar efeitos, pode-se di-
minuir ou aumentar este espaçamento. REFLITA

CRESCIMENTO
No desenvolvimento de projetos paisagísticos,
é fundamental que seja sempre considerado
O crescimento é a velocidade com que a planta atin- o porte adulto da vegetação, que é variável
ge a maturidade, podendo variar conforme as con- de acordo com cada espécie e tipologia; as-
sim, o aspecto final do jardim será o mesmo
dições ambientais e de manutenção; podendo ser concebido em projeto. Deve-se lembrar que
de crescimento lento, que na maioria dos casos tem a vegetação é um elemento vivo e que se mo-
uma durabilidade maior, ou de crescimento rápido, difica de acordo com o crescimento.

que normalmente morrem rápido também. A altu-

18
DESIGN

19
PAISAGISMO

USO PAISAGÍSTICO
 uso paisagístico trata da forma que as plantas podem ser usadas dentro de um jardim.
O
Formas de composição e associação de espécies vegetais, buscando criar aspectos visuais
que podem ser estéticos ou de proteção.
As plantas podem ser usadas como:

BARREIRA FÍSICA

São possíveis por meio do uso de plantas que, por sua textura, porte ou forma, criam uma
barreira física que impede a passagem. Comumente chamado de cerca viva, este elemento
tem função de proteção e cercamento, barreira visual, proteção contra ventos, além da fun-
ção estética. Nesse tipo de elemento, as plantas mais utilizadas são as arbustivas.

20
DESIGN

FORRAÇÕES

As forrações têm a função de cobrirem o solo pro-


tegendo-o da erosão causada pelas chuvas e ventos.
Constituem-se de plantas rasteiras, normalmente her-
báceas que não excedem 15 cm de altura (VILAÇA,
2005).
Os gramados são o tipo de forração mais co-
mum e, com exceção destes, todos os outros tipos
de forração são muito sensíveis ao pisoteio, o que
Figura 2 - Cerca viva formada por pinheiros restringe o espaço a um uso contínuo.
Fonte: Shutterstock. As forrações, na maioria dos casos, são as plantas
responsáveis por trazerem mais cor aos jardins. Por
BORDADURAS proporcionarem um bom cobrimento da superfície
do solo, é possível criar canteiros bem desenhados e
As bordaduras são constituídas por plantas que são ricos em coloração.
alinhadas, normalmente de baixo porte, delimitan-
do canteiros, criando formas e delimitação de pas-
seios e circulações. As espécies herbáceas, por seu
baixo porte e variedade de cores, são o principal tipo
a ser utilizado nesta composição.
As bordaduras são utilizadas como contorno
de canteiros ou formando desenhos no jardim. Elas
podem ser utilizadas também para limitar o cresci-
mento de outras plantas, avançando sobre passeios
ou áreas gramadas.

Figura 3 - Bordadura ao longo da circulação Figura 4 - Canteiro com forrações


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

21
PAISAGISMO

Figura 5 - Cerca viva


Fonte: Shutterstock.

CERCA-VIVA

São plantas, normalmente arbustivas, que por seu


porte, textura e forma possibilitam a formação de
cercas e muros naturais que bloqueiam a visão, im-
pedem a passagem de pessoas e animais, auxiliam
na delimitação dos espaços do jardim e podem até
redirecionar os ventos e amenizar a incidência de
radiação solar nas edificações.

ISOLADO

As plantas organizadas de forma isolada normal-


mente possuem caráter estético ornamental, ou
que necessitam serem implantadas isoladas para
se desenvolverem adequadamente. Alguns tipos de
palmeiras são bastante ornamentais e se destacam
quando utilizadas isoladamente. O efeito de isola-
mento pode ser reforçado com o uso de iluminação
direcional, destacando ainda mais a planta dentro
do jardim.
Figura 6 - Palmeira plantada de forma isolada
Fonte: Shutterstock

22
DESIGN

Figura 7 - Maciço vegetal formado por plantas de espécies diferentes


Fonte: Shutterstock.

SAIBA MAIS
MACIÇOS
Muitas espécies permitem seu plantio e uso
Os maciços são formados por meio do agrupamen- em vasos, seja a pleno sol, meia sombra ou
em ambientes internos, o que pode ser muito
to de plantas, seja de uma mesma espécie ou de es-
explorado em projeto de interiores. Os vasos
pécies diversas. Os maciços podem ter tamanhos e podem ser usados isoladamente ou em agru-
formas diversas, desde pequenos maciços até agru- pamentos, com vasos de tamanho igual ou
em tamanhos, alturas e materiais diversos.
pamentos de grande extensão. Em um maciço, po- Os vasos podem são encontrados prontos em
dem ser associadas plantas de tipologias diferentes formas, cores e texturas diversas e são facil-
mente integrados à composição do jardim.
como herbáceas mais junto ao solo, arbustivas fa- Um tipo de vaso muito utilizado no paisagismo
zendo o fechamento mediano, e arbóreas que pro- contemporâneo é o chamado vaso vietnamita.
movem recobrimento no plano mais alto, buscan- Fonte: a autora.
do criam linhas de visão que preencham o espaço.

23
PAISAGISMO

CLASSIFICAÇÃO DAS
TIPOLOGIAS DE VEGETAÇÃO
As espécies são divididas em grupos de acordo com suas características físicas e
seu comportamento. Neste livro, elas serão divididas em 7 grupos a saber: arbó-
reas, arbustos, palmeiras, herbáceas, aquáticas, trepadeiras e bromélias.

24
DESIGN

ARBÓREAS ARBUSTIVAS

As árvores são plantas perenes, ou seja, possuem Os arbustos, como o próprio nome sugere, apresen-
vida longa, possuem porte elevado (de modo geral tam algumas semelhanças com as árvores. No en-
acima de 5 metros) e tem como características físi- tanto, há diferenças que permitem distinguir as duas
cas um tronco lenhoso e bem definido e a presença categorias, sendo uma delas o porte. A maioria dos
de copa. As árvores podem ser classificadas quanto arbustos não atinge mais do que três metros de al-
ao porte em: pequeno porte (normalmente até 12 tura, os considerados grandes geralmente não ultra-
metros), médio porte (até 25m) e grande porte (aci- passam os seis metros.
ma de 25m). Como elementos de projeto, permitem diversi-
ficada forma de uso e apresentam-se volumetrica-
mente em uma infinidade de formas, tamanhos e
cores. Alguns se assemelham às pequenas árvores,
outros se mostram finos e pontiagudos, verdadeiros
elementos escultóricos, outros possuem folhagens
de cores diversas.

Figura 8 - Flamboyant - Delonix regia


Fonte: Shutterstock.

Figura 9 - Ipê amarelo - Tabebuia alba Figura 10 - Buxinho - Buxus sempervirens


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

25
PAISAGISMO

Este grupo de vegetal possui espécies que permitem


ao homem sua modelagem em várias formas (poda
constante), conhecida como topiaria, muito utiliza-
da nos jardins clássicos europeus do período renas-
centista.
Certos arbustos são usados pelo colorido das fo-
lhas, que variam do verde ao vermelho, do branco
ao vinho, ao multicolorido, como é o caso do cróton
(Codiaeum variegatum). Os arbustos são o grupo
que apresentam maior variedade de cores nas folha-
gens; além das diversas tonalidades de verdes, verme-
lhos, cinzas e amarelos, muitos arbustos apresentam
várias cores em uma mesma folha. Esses tons podem
aparecer em manchas disformes e variáveis em cada
Figura 12 - Hibisco – Hibiscus rosa-sinensis
folha ou apresentarem um padrão de desenho que se Fonte: Shutterstock.

repete em todas as folhas (ABBUD, 2006).


No paisagismo, os arbustos podem ser utilizados nas
mais diversas formas: como barreira física, borda-
duras, cercas-vivas, revestimento de muros, cercas
vivas, canteiros, vasos, podendo ser implantadas
isoladas ou em maciços. É o grupo vegetal com mais
opções de uso no paisagismo (VILAÇA, 2005).

PALMEIRAS

As palmeiras são plantas tropicais, que por possuí-


rem porte elegante são facilmente distinguíveis das
demais tipologias. Quando de porte elevado, con-
correm com as árvores na paisagem. Quando de
pequeno porte se assemelham aos arbustos, poden-
do ser utilizadas com funções semelhantes (VILA-
ÇA, 2005). Muitas espécies de palmeiras possuem
características ornamentais, o que valoriza seu uso
Figura 11 - Cróton - Codiaeum variegatum
Fonte: Shutterstock. no paisagismo. Umas das principais características
das palmeiras é o caule, ou estipe, que não se rami-
Outros arbustos atraem mais pelo colorido das flo- fica, e apresenta uma coroa de folhas no topo. Os
res, como o hibisco: caules podem ser lisos, cilíndricos ou “barrigudos”.

26
DESIGN

Possuem anéis ao longo de seu comprimento, alguns


com anéis espinhentos.
Em certas palmeiras, as folhas ao se destacarem
do caule deixam marcas (em outras as folhas não se
destacam), formando uma saia ao redor do tronco,
o que potencializa seu caráter ornamental, como
exemplo vemos a Tamareira.

Figura 13 - Tamareira - Phoenix dactylifera


Fonte: Shutterstock.

As palmeiras podem ter um único tronco, simples,


Figura 15 - Palmeira real - Archontophoenix cunninghamiana
solitário (Palmeira real) ou vários, formando uma Fonte: Shutterstock.

touceira (Areca bambu). Neste caso, o tronco po-


derá ser subterrâneo, tornando-as aparentemente As folhas podem ser grandes, em forma de leque,
acaules. botanicamente denominadas flabeladas.

Figura 14 - Areca bambu - Dypsis lutescens Figura 16 - Palmeira azul - Bismarckia nobilis
Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

27
PAISAGISMO

Outras apresentam folhas semelhantes a uma pena, lidocarpus lutescens), Camedórea (Chamaedorea
chamadas pinadas (Syagrus romanzo�anum, Jeri- oblongata), Coralina (Chamaedorea erumpens),
vá). As raízes das palmeiras são fasciculadas, não Rafis (Rhapis excelsa) e a Tamareira anã (Phoenix
profundas, o que permite o transplante mesmo de robelinii).
indivíduos já adultos. Quanto ao porte, podemos
encontrar desde espécies de palmeiras de pequeno HERBÁCEAS
porte, atingindo cerca de 2m de altura, até as de por-
te maior que podem atingir 50m de altura. As herbáceas são plantas de pequeno porte, poden-
As palmeiras, por seu porte elegante e esguio, do alcançar altura de um metro ou pouco mais. Essas
conferem leveza e harmonia aos jardins. Em função plantas possuem tecidos pouco resistentes, ricos em
de seu crescimento vertical, são comumente utiliza- água, de corte fácil e sem caules definidos. Podem
das em áreas estreitas, tendo em vista a inexistência ser anuais, cujo ciclo de vida ocorre durante uma ou
de uma copa de grande diâmetro. Quando planta- duas estações do ano, ou perenes e se multiplicam
das isoladamente, principalmente as de grande por- por sementes, bulbos ou mudas. Algumas espécies
te, funcionam como marco ou referencial dentro de deste grupo podem ser utilizadas como forração
uma área qualquer, ao mesmo tempo em que as de (VILAÇA, 2005).
pequeno porte podem atuar como esculturas vivas. As espécies herbáceas são ricas em flores colo-
Algumas espécies podem ser cultivadas em ridas, sendo muito utilizadas para promover mais
interiores, são exemplo a: Areca bambu (Chrysa- vida ao jardim.

Plantas Herbáceas Lavanda - Lavandula Sangue de Adão Tulipas

28
DESIGN

AQUÁTICAS

As plantas aquáticas pertencem ao grupo de plantas herbáceas, porém que possuem


uma característica específica: necessitam da água para se desenvolverem. Geralmente
são plantas de pequeno porte. As plantas aquáticas classificam-se em: submersas, flu-
tuantes livres e fixas, emergentes e anfíbias, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 17 - 1- anfíbia; 2 - emergente; 3 - flutuante fixa; 4 – submersa livre; 5 – submersa fixa; 6 – flutuante livre; 7 – epífita

1 anfíbia 2 emergente 3 flutuante fixa

4 submersa livre 5 submersa fixa 6 flutuante livre 7 epífita

29
PAISAGISMO

SUBMERSAS FLUTUANTES FIXAS

Aquelas que se desenvolvem totalmente embaixo São aquelas plantas que flutuam sobre as águas, mas
da água, podendo ser livre ou terem as raízes fixas. tem suas raízes fixas no fundo do lago. A Vitória Ré-
Normalmente estas espécies não são utilizadas no gia é um exemplo deste tipo de aquática. Esta espé-
paisagismo. cie apresenta folhas gigantes flutuantes que podem
atingir 2,2m de diâmetro (LORENZI, 2013).
FLUTUANTES LIVRES

Aquelas que flutuam sobre a água, podendo se des-


locar de acordo com o movimento da água ou ven-
tos. Como exemplo temos o alface d’água. Esta es-
pécie é utilizada com frequência no paisagismo em
aquários, lagos, tanques e espelhos d’água. Como se
multiplica rapidamente, em pouco tempo cobre a
superfície da água, proporcionando um efeito deco-
rativo muito interessante (LORENZI, 2013).

Figura 19 - Vitória régia – Victoria amazonica


Fonte: Shutterstock.

EMERGENTES

As plantas emergentes são aquelas de bordas, que


tem suas raízes fixam no lodo, porém a maior par-
te de sua estrutura fica acima do nível da água. São
comuns em bordas de rios e lagos. O papiro é um
exemplo, sendo uma planta de grande efeito or-
namental quando cultivada em jardins aquáticos,
à beira de lagos, lagoas, espelhos d’água e tanques
Figura 18 - Alface d’água – Pistia stratiotes
Fonte: Shutterstock. (LORENZI, 2013).

30
DESIGN

TREPADEIRAS

As trepadeiras são plantas de caules compridos e


fracos que não se sustentam, precisando de suporte
ou tutor para se apoiarem e se desenvolverem, isso
permite a manipulação de sua forma de crescimen-
to. Podem ser plantas lenhosas ou herbáceas. As tre-
padeiras multiplicam-se geralmente por sementes e
estacas e apresentam raízes superficiais, o que é ou-
tro fator que dificulta sua sustentação.
Quanto ao porte, as trepadeiras não são medidas
pela altura e sim por seu comprimento, o que pode ser
muito variável de espécie para espécie, sendo muitas
vezes difícil determinar seu porte de forma precisa.
Figura 20 - Papiro – Cyperus giganteus
Fonte: Shutterstock. De acordo com a forma de crescimento, as trepadei-
ras podem ser classificadas em quatro grupos:
ANFÍBIAS
Volúveis
São aquelas plantas que já saíram da água, porém
precisam de solos alagadiços para se desenvolverem. São aquelas plantas, normalmente herbáceas, que para
Como exemplo o inhame-preto, que pode ser utili- seguirem sua trajetória ascendente utilizam um sistema
zado em margens de lagoas e tanques, tanto dentro, similar ao da reação muscular, ou seja, os ramos ao to-
quanto fora da água (LORENZI, 2013). carem no tutor/apoio enrolam-se subindo em espiral.

Figura 21 - Inhame-preto – Colocasia esculenta var. Aquatilis Figura 22 - Tumbérgia - Thunbergia alata
Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

31
PAISAGISMO

Sarmentosas

São plantas dotadas de órgãos especiais de fixação


chamadas de gavinhas, provenientes de raízes, fo-
lhas, caules e até de flores modificadas. Outra ma-
neira que algumas espécies deste grupo usam para
subir são raízes adventícias. Na realidade, esse tipo
de trepadeira desenvolve raízes ao longo dos ramos,
fora, portanto, do lugar em que aparecem normal-
Figura 24 - Jasmim-estrela - Jasminum nitidum
mente. A unha de gato é um exemplo. Fonte: Shutterstock.

Arbustos escandentes

As espécies assim chamadas fazem parte de um grupo


intermediário entre os arbustos e os cipós. Estas plan-
tas crescem até atingir uma determinada altura, depois,
com o próprio peso, os galhos caem, se debruçando so-
bre o solo, necessitando assim de tutores para determi-
nar seu crescimento ascendente. A melhor maneira de
educá-los como trepadeira é por meio de amarrilhos.
Feito isso, os arbustos escandentes são uma ótima opção
para cobrir pergolados e caramanchões. Como exem-
Figura 23 - Unha-de-gato - Ficus pumila
Fonte: Shutterstock. plo, tem-se as espécies: Bougainvillea spectabilis (pri-
mavera); Plumbago campensis (bela-emília); Allamanda
Cipós cathartica (alamanda) e algumas rosas trepadeiras.

Estas plantas emitem longos caules que, depois de su-


birem consideravelmente, começam a ficar arqueados
devido ao peso próprio. São plantas que não se enrolam
no suporte e não possuem órgãos fixadores, portanto
se debruçam sobre os apoios construídos ou outras
plantas. Os caules são resistentes, longos e de cresci-
mento rápido. Com um suporte para se apoiar, estas
trepadeiras atingem grandes alturas. Como exemplo
tem-se as espécies: Pandorea ricasoliana (sete-léguas);
Cuspidaria convoluta (cipó-rosa); Congea tomentosa
Figura 25 - Primavera - Bougainvillea spectabilis
(congéia); Jasminum nitidum (jasmim-estrela). Fonte: Shutterstock.

32
DESIGN

No paisagismo, as trepadeiras podem ser utilizadas


para revestir arcos, caramanchões, cercas, grades,
muros, paredes, pérgolas, portais e treliças (VILA-
ÇA, 2005).

Bromélias

As bromélias não são especificamente outro grupo


vegetal, mas sim uma família de herbáceas muito uti-
lizadas no paisagismo. São plantas de origem tropical,
com folhas que se organizam e formam uma roseta.
Figura 27 - Vaso prateado – Eechmea fasciata
Fonte: Shutterstock.

A multiplicação se dá por sementes ou por separa-


ção dos próprios brotos que se formam lateralmente
(LORENZI, 2013).

SAIBA MAIS

As plantas suculentas são espécies herbá-


ceas de aspecto carnoso e espesso, capaz
de armazenar grande quantidade de água,
o que lhe permite se desenvolver bem em
solos secos, arenosos ou rochosos (VILAÇA,
2005).

No paisagismo, podem ser utilizadas em va-


Figura 26 - Bromélias
Fonte: Shutterstock.
sos, isoladas ou em maciços. São as plantas
principais dos jardins de pedra, inspirado
nos ecossistemas desérticos existente mun-
Se comportam bem quando em conjunto com ou- do afora. Necessitam de alta luminosidade.
tras plantas tropicais, podendo ser utilizadas em Caracterizam-se também por necessitarem
de solos bem drenáveis com predominân-
maciço ou em vasos. Estas espécies não se adap- cia de areia e cascalho (LORENZI, 2013).
tam a solos encharcados e preferem climas quentes,
Por serem espécies de pequeno porte, as
não se adaptando em geadas ou em ambientes com suculentas são ideias para composição de
temperaturas baixas (VILAÇA, 2005). As bromélias jardins em pequenos espaços como varan-
apresentam grande variedade de cores. Apresentan- das, sacadas, floreiras, desde que recebam
luminosidade abundante.
do porte variado também. Além das cores presentes
nas próprias folhas, as bromélias também possuem Fonte: a autora.

floração exuberante.

33
considerações finais

E assim, finalizamos a primeira unidade do livro de paisagismo. Nesta unidade,


foram abordados conteúdos introdutórios à atividade paisagística, porém não
menos importantes. Desde o entendimento da atividade paisagística, suas defini-
ções e divisões até conhecimentos específicos dos vegetais, os elementos princi-
pais de qualquer jardim.
O reconhecimento das tipologias vegetais, assim como o conhecimento das
características de comportamento de cada espécie é fundamental para o bom
desempenho da atividade profissional do paisagista. Seja para a composição do
projeto enquanto obra de arte e criação, como para o bom desenvolvimento das
plantas dentro do jardim, lembrando que cada espécie apresenta exigências par-
ticulares com relação à luminosidade, solo, rega e implantação.
Outro aspecto de suma importância para o desenvolvimento de projetos pai-
sagísticos de qualidade é o entendimento de como cada tipologia vegetal pode
ser utilizada no paisagismo, podendo o profissional potencializar as qualidades
singulares de cada espécie, enriquecendo e valorizando ainda mais a qualidade
estética, funcional e ambiental do jardim.
Esta unidade reuniu os conhecimentos básicos sobre a vegetação, que serão
base para a compreensão dos conteúdos abordados nas unidades seguintes, per-
mitindo ao aluno e futuro profissional o entendimento da vegetação no processo
de projeto e seu comportamento no espaço concluído, enquanto ser vivo, que se
modifica ao longo do tempo.
O conhecimento aqui apresentado permite ao aluno relacionar com a história
do paisagismo princípios de composição e representação de projetos paisagís-
ticos, que serão abordados na sequência, dando-lhe um conhecimento crítico
sobre as formas de uso e inserção dos elementos vegetais nos diferentes períodos
históricos, além das diferentes formas e possibilidades de composição por meio
das tipologias vegetais e sua correta representação gráfica.

34
LEITURA
COMPLEMENTAR

HORTA DE TEMPEROS

As hortas têm sido uma opção para se ter elementos verdes em pequenos espaços,
tendo tanto função utilitária, quanto estética.
Quando se deseja implantar uma horta é necessário saber que está necessitará de
pelo menos duas horas de sol todos os dias. O plantio das hortaliças pode ser feito em
pequenos vasos, floreiras de modo que tenham boa drenagem. Os vasos podem ser
colocados nas varandas ou até mesmo no peitoril das janelas, permitindo que as hor-
taliças recebam a luz solar.
Quando se tem pouco espaço disponível é possível montar uma horta vertical, utilizan-
do pequenos vasos que podem ser fixados em um painel ou diretamente nas paredes
ou por meio das bolsas vivas, estas fazem a função do vaso e recebem os temperos ou
hortaliças.
As regas devem ser feitas diariamente e em quantidades razoáveis, sempre em perío-
dos em que o sol esteja mais ameno; o indicado é regar as plantas no início da manhã
ou no fim da tarde.
Uma dica importante é que na hora do plantio as ervas sejam separadas, tendo em
vista que cada uma delas requer um cuidado especial. Para manter a boa drenagem do
solo, uma dica importante é usar pequenas pedras no fundo dos vasos, essas farão a
drenagem e o controle do excesso de água no vaso.
Na escolha das espécies que irão compor a horta, deve-se optar pelas espécies de
maior consumo. São exemplos de espécies para uso em hortas de temperos o alecrim,
manjericão, hortelã, orégano, tomilho, sálvia, pimenta e salsão.
Saiba algumas características dessas espécies:
O manjericão prefere temperaturas mais altas ou amenas. É muito utilizada em pratos
da cozinha italiana, como pizzas e molhos para massas.
O alecrim, por se tratar de uma planta muito resistente, é ideal para hortas com baixa
manutenção. Ele se adapta a climas mais quentes e secos, podendo passar até três dias
sem ser regado. É utilizado para temperar carnes, especialmente peixe e frango.
O salsão resiste bem ao inverno e necessita ser regado todos os dias para se desenvol-
ver bem. É recomendado para uso em sopas, saladas, omeletes e sanduíches.
A hortelã tem suas raízes mais profundas que as das demais ervas, assim indica-se que
seja plantada sozinha em um vaso, de modo que não prejudique o desenvolvimento de

35
LEITURA
COMPLEMENTAR

outras plantas. A hortelã é muito utilizada na culinária árabe, em assados e grelhados,


podendo ser utilizada também na decoração de pratos e no preparo de chás.
O orégano exige pouca água para se desenvolver e se adapta bem em qualquer am-
biente. É uma espécies utilizada em pizzas, em molhos e assados.
A pimenta é uma planta resistente que gosta de espaço para se desenvolver. O indicado
é o plantio de forma isolada. É recomendada, devido ao seu sabor picante, em molhos,
conservas e temperos.
A sálvia resiste bem às baixas temperaturas e assim como o alecrim é indicada para
hortas de baixa manutenção. É utilizada para a decoração de pratos e para temperar
carnes mais gordurosas, como carne de caça.
O tomilho é uma planta que não necessita de muita água, podendo ser regado a cada
dois dias. Quanto menor for a umidade no vaso, mais cheiroso o tomilho ficará. É usado
em ensopados e molhos à base de vinho (JARDINEIRO, 2016, on-line)1.
A horta trará ao espaço a presença de elementos naturais ao mesmo tempo em que
terá muita utilidade. É possível preparar diversas receitas com ervas, temperos e horta-
liças fresquinhas, colhidas em casa, sem custo e com garantia de qualidade.

Fonte: a autora.

36
atividades de estudo

1. O que difere um projeto de micropaisagismo de um de macropaisagismo?

2. Sobre os tipos de espécies é correto afirmar que:


I. As árvores são plantas perenes e possuem porte elevado.
II. Os arbustos possuem pouca variedade formas e cores, o que limita sua
forma de uso no paisagismo.
III. As trepadeiras podem ser utilizadas para revestir arcos, caramanchões,
cercas, paredes, pérgolas, portais e treliças.
IV. As plantas aquáticas pertencem ao grupo de plantas arbustivas e tem
como característica a necessidade da água para se desenvolverem.
V. As palmeiras são um grupo de plantas arbóreas, que atingem grandes al-
turas, podendo chegar até 50m.

Assinale a alternativa correta:


a. As alternativas II e III estão corretas.
b. As alternativas I, III e V estão corretas.
c. As alternativas III, IV e V estão corretas.
d. As alternativas II, IV e V estão incorretas.
e. As alternativas I, II e IV estão incorretas.

3. Os maciços são:
a. Os maciços são formados por meio do agrupamento de plantas de uma
mesma espécie.
b. Os maciços sempre assumem os mesmos tamanhos e formas.
c. Em um maciço, podem ser associadas plantas de tipologias diferentes
como herbáceas, arbustivas e arbóreas.
d. Os maciços são formados por plantas herbáceas que promovem o reco-
brimento do solo.
e. Os maciços são usados para demarcar caminhos, circulações destacando
elementos construídos.

4. Dentre as características mínimas que se deve conhecer de uma espécie


antes de sua inserção em um projeto de paisagismo estão, exceto:

37
atividades de estudo

a. Origem geográfica, tipo de solo e luminosidade.


b. Temperatura, rega e espaçamento de plantio.
c. Origem geográfica, e rega luminosidade.
d. Temperatura, solo, cor e multiplicação.
e. Espaçamento de plantio e crescimento.

5. São características das plantas suculentas:


a. Necessitam de pouca luminosidade.
b. Adaptam-se melhor em solos argilosos.
c. Podem atingir grandes alturas quando adultas.
d. Possuem estrutura carnosa e espessa que acumula água.

e. São plantas características de lagos, lagoas e espelhos d’água.

38
Plantas para Jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras
Harri Lorenzi
Editora: Instituto Plantarum
Ano: 2013
Sinopse: esta obra apresenta de forma objetiva e ilustra-
da as principais plantas ornamentais cultivadas no Brasil,
para composição de jardins e parques, arranjos florais, e
plantas de vaso para usos em interiores. Este livro abor-
da uma imensidão de espécies efetivamente utilizadas na
composição de jardins, com fins ornamentais.
Comentário: esta obra comporta-se como um grande
book de espécies ornamentais, o que tem facilitado muito
a atividade do paisagista na escolha das espécies que irão
compor os projetos.

Este vídeo apresenta 11 espécies que necessitam de pouca luz direta e que, portanto, al-
gumas delas podem ser facilmente usadas em interior. O vídeo destaca espécies do tipo
folhagem.
Em: https://www.youtube.com/watch?v=1dnkMo7vlBY
referências

ABBUD B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em Arquitetura Paisagística. São Paulo: SENAC, 2006.

DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de paisagismo. 3. ed. Jaboticabal: Funep, 2006.

LORENZI, H. Plantas para jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras. Nova Odessa, SP: Instituto
Plantarum, 2013.

VILAÇA, J. Plantas Tropicais: guia prático para o novo paisagismo brasileiro. Editora Nobel, 2005.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.jardineiro.net/>. Acesso em: 23 mai. 2017.

40
gabarito

1. O micropaisagismo se refere aos trabalhos de paisagismo de menores dimensões,


realizados em pequenos espaços, enquanto o macropaisagismo é o trabalho de pai-
sagismo realizado em grandes espaços, envolvendo problemas técnicos complexos
e multidisciplinares.
2. D.
3. C.
4. D.
5. D.

41
UNIDADE
II
HISTÓRIA DO PAISAGISMO

Professora Me. Andréia Gonçalves

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Breve histórico do paisagismo – da Pré-História à Idade Média
• Breve histórico do paisagismo – Renascimento
• Breve histórico do paisagismo – Modernismo e Pós-modernismo
• Paisagismo no Brasil

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a história da atividade paisagística no mundo desde os
povos pré-históricos até a atualidade.
• Reconhecer as linhas de pensamento paisagístico que se
desenvolveram ao longo da história.
• Compreender o histórico de implantação e desenvolvimento do
paisagismo no Brasil.
• Reconhecer as diferentes linguagens paisagísticas.
• Conhecer e reconhecer os estilos de jardins, suas características e
elementos formais
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a) da Unicesumar, damos início aqui à segunda unidade do


livro de paisagismo. Nesta unidade, será abordado o contexto histórico
do paisagismo, da antiguidade aos dias atuais e a introdução e desenvol-
vimento da atividade paisagística no Brasil.
A atividade paisagística está ligada ao homem desde os povos pré-
-históricos, por isso, neste capítulo, faremos uma viagem pela história da
humanidade, abordando a forma como cada sociedade trabalhou com o
paisagismo, as principais características de composição e formas, os ele-
mentos utilizados e as espécies vegetais preferidas por estes povos, seja elas
de caráter utilitário ou ornamental.
Ao longo da história, os jardins foram agregando e assumindo novas
funções. Inicialmente eram jardins utilitários, diretamente ligados às ati-
vidades agrícolas e de subsistência da sociedade. No decorrer dos anos, o
jardim adquiriu cada vez mais uma função estética e ornamental, trans-
formando-se em elemento fundamental de composição com a arquitetura.
Sendo assim, no Tópico I desta unidade, abordaremos o desenvolvi-
mento paisagístico da pré-história à idade média, passando pelas criações
dos povos babilônios, persas e egípcios que possuíam características seme-
lhantes entre si, porém cada qual com suas particularidades que respon-
diam diretamente às suas crenças e necessidades.
No Tópico II, faremos um percurso pelos jardins do Renascimento.
Este período foi um divisor de águas para a atividade do paisagismo, pois
os jardins, que até então eram predominantes nos palácios e templos, cer-
cados por muros, tornam-se jardins abertos, conectados com a paisagem
natural.
No Tópico III, abordaremos a atividade paisagística na era moderna,
a produção no modernismo e no contemporâneo. E no Tópico IV, o de-
senvolvimento do paisagismo no Brasil, as correntes de pensamentos e as
características dos jardins nacionais.
PAISAGISMO

BREVE HISTÓRICO DO PAISAGISMO:


DA PRÉ-HISTÓRIA À IDADE MÉDIA
O texto bíblico do livro de Gênesis faz menção ao jardim do éden, o paraíso ter-
reno. Nesse texto, o paraíso é descrito como um lugar de fartura e agradável. Até
os dias atuais, tem-se relacionado os jardins a espaços exuberantes, agradáveis e
que de alguma forma remetem à idealização do paraíso. Isso pode ser visto em
várias culturas ao longo da história.

48
DESIGN

dependente, em dois lugares distintos: Egito e Chi-


E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden,
do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha na. Enquanto os jardins egípcios eram baseados nas
formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra pequenas áreas agrícolas irrigadas do deserto, os
toda a árvore agradável à vista, e boa para co- jardins chineses eram baseados nos parques de caça
mida; e a árvore da vida no meio do jardim, e imperial.
a árvore do conhecimento do bem e do mal. E
saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali
Inicialmente os jardins tiveram maior função
se dividia e se tornava em quatro braços” (BÍ- utilitária; segundo Noordhuis (2003), os povos babi-
BLIA, Gênesis 2, on-line)1. lônios, egípcios, gregos e romanos construíram jar-
dins que se organizavam de acordo com uma estéti-
Desde o surgimento das cidades, os jardins repre- ca própria, sua forma tinha um significado concreto
sentam uma preocupação de caráter mais amplo do e atendiam à função utilitária.
que apenas o ornamental. Desde o Neolítico, existe o No entanto, somente no século XIX, eles as-
cuidado com a estilização, representação e contem- sumem função de lazer e recreação, sobretudo nas
plação da vegetação por meio das cerâmicas e inscri- zonas urbanas densamente povoadas. Vão surgir os
ções. Com os sumérios, os babilônicos, nos jardins parques públicos urbanos e as praças com função re-
suspensos e nos jardins mesopotâmicos, por meio creativa e de salubridade para as grandes cidades.
das formas artificiais criadas a partir de elementos Os jardins constituem-se em um dos espelhos
naturais, marca a adaptação da humanidade à natu- do modo de viver dos povos que o criaram nas di-
reza rude (SCALISE, 2010). ferentes épocas e culturas. Com o passar do tempo,
Com a obtenção de certo grau de desenvolvi- assumiram sempre mais uma função estética, verda-
mento, o homem manifesta a exigência de construir deira e própria forma de arte.
jardins. Registros históricos apontam que a arte da A Figura 1 apresenta a linha do tempo da histó-
jardinagem surgiu pela primeira vez, de forma in- ria dos jardins.

Pré-História Antiguidade Idade moderna Atualidade


Mesolítico Clássica Renascimento Pós moderno
Neolítico Grécia Antiga Clássico
Roma Antiga Inglês

Antiguidade Idade Média Idade


Mesopotâmia Monacais Contemporânea
Egito Mouriscos Moderno
Pérsia
Oriental
Figura 1 – Linha do tempo
Fonte: a autora.

49
PAISAGISMO

PRÉ-HISTÓRIA (ANTERIOR A 3500 A.C) Com relação à organização e composição dos


jardins, as linhas retas e a simetria eram caracterís-
No Período Neolítico, cerca de 10.000 a.C., os pri- ticas marcantes.
meiros jardins estavam relacionados ao surgimento
da agricultura. O homem que deixou de ser nôma- MESOPOTÂMIA (3500 - 500 A.C)
de se fixa na terra e cria os primeiros assentamentos
humanos que modificam a paisagem natural. Na Mesopotâmia, o jardim está relacionado à ideali-
Como exemplo, temos o assentamento de Sto- zação do paraíso terreno. Os jardins eram constitu-
nehenge, no Reino Unido, datado de 3100 a. C. (Fi- ídos por jardins suspensos, irrigados por sistema de
gura 2). bombeamento de água e canais de irrigação e cer-
cados por muros altos. Era comum a utilização de
espécies vegetais exóticas.
Nos jardins suspensos da Babilônia (Figuras 3
e 4), predominavam os terraços impermeabiliza-
dos apoiados sobre os muros, onde eram cultivadas
plantas como as palmeiras e roseiras. A água era le-
vada até os terraços por meio de aparelhos hidráu-

Figura 2 – Stonehenge
Fonte: Shutterstock.

JARDINS DA ANTIGUIDADE

No Egito e na Pérsia, com regiões áridas e de clima


seco, a água era um elemento fundamental para a
Figura 3 - Jardins suspensos da Babilônia
sobrevivência. Estes povos vão desenvolver os pri- Fonte: Shutterstock.

meiros tanques, os canais de irrigação e fazerem uso


das árvores de sombra. Os jardins, neste contexto, licos sistema de irrigação. A vegetação era disposta
simbolizavam a sombra e água fresca. As plantas uti- de forma simétrica e era utilizada não apenas com
lizadas evidenciavam a agricultura, eram elas princi- função utilitária, mas pela aparência ornamental
palmente árvores frutíferas e condimentos. (DEMATTÊ, 2006).

50
DESIGN

Figura 4: Jardins suspensos da Babilônia Figura 5 – Jardim do Palácio de Golestan, Tehran, Irã
Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock.

PÉRSIA (3500 - 500 A.C) Esses jardins possuíam muita simbologia. O


cipreste, por exemplo, simbolizava a passagem da
Na Pérsia, os jardins eram cercados por muros al- vida para a eternidade, e as árvores frutíferas repre-
tos, sendo uma forma de proteção. Eram espaços de sentavam a vida e a fertilidade. Também foram os
relaxamento, contemplação, meditação. Também primeiros a utilizar as plantas por seu valor estético,
associados à ideia de lazer, luxo e amor. Nestes jar- tirando partido de sua forma e aroma.
dins, havia uma preocupação estética e dentre os As espécies utilizadas nos jardins eram os cipres-
elementos utilizados estavam: a água, luz e sombra, tes, plátanos e romãs; eram sempre renovadas para
pavilhões e coretos, pátios com colunas e arcos e os que permanecessem jovens. Eram muito cultivadas
sistemas de irrigação. flores como rosas, violetas e jasmins (SCALISE, 2010).

SAIBA MAIS

De acordo com a lenda, os jardins suspensos da Babilônia teriam sido construídos pelo do rei Nabuco-
donosor II (604-562 a.C.) para sua esposa Semíramis, para lembrá-la da vegetação das montanhas de
seu país natal: Media (Irã).

Estes jardins eram compostos de vários andares, com terraços apoiados por abóbadas e pilares de tijolo
e ligados por uma escadaria em mármore. No primeiro terraço, foram plantadas árvores de grande porte
como os plátanos, palmeiras, pinheiros e cedros. No segundo terraço, os ciprestes e árvores frutíferas.
Nos últimos terraços, estavam as anémonas, as tulipas, os lírios, as íris e as rosas, tão apreciados por
Semíramis. A água para irrigação do jardim era trazida do rio Eufrates por um sistema de irrigação fluvial.

Apesar da beleza descrita desses jardins, não há nenhum registro de como este foi construído, mantido
e qual o motivo de sua destruição. Não existe o registro em nenhum dos documentos encontrados na
Babilônia no período de Nabucodonosor da existência dos jardins suspensos

Fonte: adaptado de Silva ([2017], on-line)2.

51
PAISAGISMO

EGITO (3500 - 500 A.C)

Os jardins egípcios estavam associados ao Rio Nilo e


ao complexo sistema de canais de irrigação construí-
dos para fertilização do solo. Nestes jardins, eram utili-
zadas tanto espécies utilitárias, quanto as ornamentais.

Figura 7 – Colunas do templo de Kom Ombo


Fonte: Shutterstock.

Figura 6 - Cena Agrícola, Dayr al-Bahri,


Vale dos Artesãos, 1306-1290 a.C.
Fonte: Shutterstock.

Os jardins ocupavam grandes espaços planos à mar-


gem do rio, orientados segundo os pontos cardeais
e traçados em formas geométricas, com rigorosa
simetria. Também eram orientados na crença dos
egípcios sobre a astrologia; as plantas tinham signi-
ficado simbólico e religioso, além de funções utilitá-
Figura 8 – Colunas do templo de Isis
rias (DEMATTÊ, 2006; NOORDHUIS, 2003). Fonte: Shutterstock.

Algumas espécies como o papiro, o lótus e a


tamareira eram consideradas pelos egípcios como As plantas eram comumente representadas nas ilus-
espécies sagradas; eram por vezes inspiração para a trações egípcias, como a Figura 9, que mostra uma
arquitetura (Figuras 7 e 8). ilustração com papiros.

52
DESIGN

Com relação à composição, os jardins egípcios ti-


nham como características as formas retangulares e
a simetria. Dentre os elementos presentes no jardim,
estão as piscinas, canteiros com flores, cercas-vivas e
caramanchões de parreiras.
Os jardins eram espaços que conduziam a che-
gada à residência e eram cercados por altos muros.
O jardim exercia a função de proteção, poder e ma-
nutenção do clima.

Figura 9 – Representação do papiro


Fonte: Shutterstock.

Na ilustração do templo Hypaethral, feita por


Bartlett, é possível identificar as espécies vegetais
frequentemente utilizadas no paisagismo egípcio,
destaque para as tamareiras.
Figura 11 - Templo de Karnak
Fonte: Shutterstock.

Figura 12 - Templo de Luxor


Fonte: Shutterstock.

Neste período, as guerras foram uma forma de difu-


são das espécies, pois estas, assim como outros ele-
Figura 10 - Ilustração do quiosque Trajano, templo Hypaethral, mentos, eram levados pelos vencedores como tro-
publicada em Magasin Pittoresque, Paris, 1850
Fonte: Shutterstock. féus de guerra.

53
PAISAGISMO

JARDIM ORIENTAL (2000 A. C.)

A arte do jardim na China e Japão sempre foi inde- São jardins cheio de simbolismo, tendo sido ori-
pendente da arte ocidental. Os jardins criados pelos ginados nos templos xintoístas, que têm como prin-
orientais estão baseados em outras crenças e foram cípio a adoração a divindades que representam as
destinados pelos habitantes à compreensão mais ín- forças da natureza, e nos budistas, que consideram a
tima da natureza. O ponto comum entre o jardim natureza como algo sagrado. Esses jardins remetem
japonês ou chinês era a presença de uma montanha à ideia de que o espaço é um bem escasso (COOPER,
ou um lago (PAIVA, 2004). 2006) e induzem o homem a enxergar a si mesmo.
Os jardins orientais têm sua origem associada A água é um elemento recorrente e pode ser en-
aos parques de caça chineses. E, por isso, buscam contrada em pequenos lagos e cascatas. Outros ele-
acomodar os elementos paisagísticos de modo que mentos também podem ser vistos em abundância
pareçam naturalmente acomodados, ou seja, que a como a pedra e o bambu.
interferência do homem seja minimamente perce- O jardim oriental exprime uma relação entre o
bida. Por exemplo, pedras de rio são dispostas para passado, o presente e o futuro. Tem como objetivo
sugerir que a própria natureza as colocou ali. expressar a essência da natureza em um limitado es-

Figura 13 - Jardim Oriental Figura 14 - Jardim Oriental em Kyoto, Japão


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

54
DESIGN

passagem, momento de mudança ou de en-


paço, buscando transmitir repouso e tranquilidade
trar em um local sagrado.
e sendo um espaço ideal para a meditação e a con-
• O bambu está relacionado à persistência, de-
templação. vido à sua resistência e flexibilidade.
A vegetação utilizada se caracteriza pelo uso de • A água significa um elemento da vida.
poucas espécies, porém de grande beleza, como os • Lagos com carpas são um símbolo da força e
bambus, azaléias, camélias, íris, glicínias, tuias, gra- da coragem.
ma japonesa e cerejeira do Japão. • A Sakura ou cerejeira ornamental é conside-
Cada elemento presente no jardim oriental tem rada a flor da felicidade.
um significado específico:
• As lanternas de pedras são usadas como sím- A arte na jardinagem japonesa consiste em concen-
bolo da tradição cultural e como elemento trar a atenção sobre o essencial. As plantas são ex-
decorativo. Estão relacionadas à concentra- tremamente valorizadas, sendo utilizadas principal-
ção e a espiritualidade.
mente as plantas perenes, criando um jardim estável
• As pontes estão relacionadas ao sentido de
independente da estação do ano (SCALISE, 2010).

Figura 15 - Cerejeira Figura 16 - Bambu Figura 17 – Lanterna de pedra


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

55
PAISAGISMO

GRÉCIA ANTIGA (SÉC. VII - V A.C)

Em busca de novos territórios, os gregos assimila-


ram em sua cultura o gosto pela construção de jar-
dins, importando da Pérsia os jardins paradisíacos.
Na Grécia surgiu a utilização de vasos com flores
anuais utilizados para oferendas aos deuses (SCA-
LISE, 2010).
No Período Egeu, identifica-se uma possível
influência egípcia nos jardins implantados entre as
alas das casas, que tinham como característica a sim-
plicidade. A topografia ondulada dos terrenos pro-
porcionava formas mais naturais que se opunham às
formas geométricas (DEMATTÊ, 2006).
No Período Clássico, por outro lado, a raciona-
lidade prevalece e os jardins assumem uma função
mais ornamental do que utilitária. Os jardins pos-
suem figuras geométricas e proporções matemáticas.
A vegetação é inserida de forma simétrica e é mar-
cante a presença de pátios internos às edificações.
Figura 18 e 19- Jardim do Templo de Teseo, Atena, Grécia
Fonte: Shutterstock.

ROMA ANTIGA (SÉC. I - III D.C)

Na Roma Antiga, primeiramente os jardins eram Estes jardins apresentavam os seguintes elementos:
destinados ao cultivo de legumes, frutas, ervas e flo- • estátuas;
res, chamados de hortus. Tinham caráter de subsis- • pergolados;
tência e todas as residências possuíam este tipo de • fontes;
jardim (DEMATTÊ, 2006). • bancos;
Posteriormente, surgem os jardins recreativos • peristilos (pátio cercado por colunas);
que se encontravam nas residências de alto poder • plantas em vasos ou golas;
aquisitivo. • balneários.

56
DESIGN

Os jardins romanos tiveram inspiração nos jardins gre- plantas medicinais, plantas frutíferas e flores de cor-
gos, podendo ser considerados aperfeiçoamento destes. te para a ornamentação dos altares. Na forma, os
Assim como os jardins gregos, os jardins romanos pos- caminhos cortavam-se em ângulos retos que faziam
suíam composições geométricas e simétricas e estavam menção a cruz cristã. Os jardins deste período são
associadas ao lazer, meditação e contemplação. Os jar- divididos em dois tipos: os monacais e os mouriscos
dins definiam o status e a importância da família. (DEMATTÊ, 2006).
Apesar das influências gregas, os jardins roma- Os jardins Monacais estavam localizados nos
nos tinham características próprias de seu povo, claustros dos mosteiros, com características funcio-
sendo espaços ordenados, metódicos e austeros. A nais, e possuíam formas geométricas e simétricas. Nes-
arquitetura era o elemento mais valorizado, sendo te período, as igrejas e mosteiros eram os centros de
comum para se ampliar a sensação de interpene- toda a atividade social. Os jardins tinham função de
tração do ambiente. Os muros do fundo do jardim produção de alimentos e hortaliças, ervas aromáticas
eram pintados com paisagens, árvores, fontes e ou- e medicinais, árvores frutíferas, flores, viveiros de pei-
tros elementos. xes, pássaros (livres ou em gaiolas), locais para banho.
Eram cultivadas plantas utilitárias e ornamen-
tais, sendo comum o uso de bordaduras vegetais nos
canteiros e de trepadeira (hera) revestindo partes
construídas (DEMATTÊ, 2006).

Figura 21 – Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha, Portugal


Fonte: Shutterstock.

Figura 20 - Jardim Romano


Fonte: Shutterstock.

IDADE MÉDIA (500 - 1500 D.C)

Na Idade Média, os jardins foram reduzidos a áre-


as confinadas em claustros dos castelos e mosteiros,
destinadas ao cultivo de subsistência: hortaliças,
Figura 22 – Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha, Portugal
Fonte: Shutterstock.

57
PAISAGISMO

Além da vegetação e da água, foi recorrente o uso


de cerâmica e azulejos para revestimento de paredes
junto aos jardins.

Figura 23 – Mosteiro de São Domingo de Silos, Burgos, Espanha


Fonte: Shutterstock.

Por outro lado, os jardins Mouriscos estavam locali-


zados nos grandes palácios e castelos e não possuí-
am regras de composição orgânicas ou geométricas.
Estes jardins tiveram influência Hispano-árabes e
tinham a água como elemento essencial de compo-
Figura 25 – Palácio de Alhambra, Granada, Espanha
sição, tanto para climatização, como para a criação Fonte: Shutterstock.
de uma paisagem sonora. Fazia uso de plantas aro-
máticas que despertassem o olfato, tendo variedade
de cores nas plantas e flores. As espécies comumente
utilizadas eram a alfazema, primavera, rosas, anê-
monas, cravo, jasmim, jacinto.

Figura 24 – Jacintos e jasmins Figura 26 – Palácio de Alhambra, Granada, Espanha


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

58
DESIGN

BREVE HISTÓRICO DO PAISAGISMO:


RENASCIMENTO
Neste tópico, veremos os tipos de jardins e linhas intercâmbio universal de ideias que elevariam as artes
paisagísticas desenvolvidos no período do Renasci- da paisagem de um nível local e doméstico de projeto
mento na Europa. Dentre eles, estão os jardins clás- ao moderno conceito de planejamento abrangente.
sicos da Itália e França e o Jardim Inglês, referência O Renascimento foi um período marcado pela
para os parques do período moderno. retomada dos padrões clássicos. Um das principais
mudanças no cenário paisagístico é a transição dos
RENASCIMENTO (SÉC. XVI – XIX) jardins murados para os jardins abertos, pois o jar-
dim passa a refletir a época (DEMATTÊ, 2006). O
Segundo Jellicoe e Jellicoe (1995), durante os séculos primeiro exemplo de jardim aberto foi a Villa Me-
XVII e XVIII, as civilizações ocidentais se transfor- dici, nos arredores de Florença, na Itália (COOPER,
maram em sociedades liberais. Suas bases filosóficas 2006).
e legais, além do espírito científico, propiciaram liber- Os jardins renascentistas são inspirados nos do-
dade de empreendimento e mobilidade social, bem mus e nas villas romanas e fazem uso da técnica hi-
como as possibilidades de prosperar e expandir em dráulica espanhola. Apresentam também influência
escalas mais amplas. A partir de então, deu início o medieval no uso pomares e hortas. Fez-se uso tanto

59
PAISAGISMO

de plantas de valor utilitário, quanto ornamental. No a conexão com a paisagem, por meio da criação de
entanto, segundo Noordhuis (2003), as plantas or- pontos de fuga. As flores são secundárias, a vegeta-
namentais substituem a maioria das utilitárias. ção é composta por ciprestes, tuias e buxinhos, de
Os jardins europeus do século XV ao XVIII são porte baixo e topiadas emoldurando os canteiros.
suntuosos e elaborados, sendo as plantas submetidas Outros elementos são presentes como as estátuas,
a formas artificiais por meio da poda, sendo produto escadarias e fontes de desenho clássico.
do culto à forma clássica (DEMATTÊ, 2006). Uma O jardim Inglês, porém, com inspiração nos jar-
característica importante para a atividade paisagís- dins chineses, busca imitar a natureza por meio de
tica nesse período é o desenvolvimento do projeto um traçado livre e sinuoso, com a presença de água
do jardim antes da execução, o que se deu também em lagos ou riachos, naturais ou artificiais.
pela complexidade deles. Na composição, os jardins Segundo Lamas (1993, p. 194), é no período clás-
fizeram uso da modulação classicista e do antropo- sico barroco que o paisagismo se estrutura “como
centrismo. um campo específico da arquitetura e do planeja-
As plantas utilizadas nos jardins do renascimen- mento urbano”, e a natureza ganha “os mesmos atri-
to eram menos variadas do que as utilizadas atual- butos culturais e estéticos que à cidade”. Neste perí-
mente, porém eles souberam evitar a monotonia nos odo, as cidades passaram por mudanças no modo
jardins (NOORDHUIS, 2003). Neste período, de- de viver urbano; surgem novas tipologias espaciais
ram-se três importantes estilos de jardins: o clássico como os parques, as alamedas, o jardim e o passeio
italiano, clássico francês e o Inglês. arborizado (LAMAS, 1993).
Em cada país, o jardim vai assumir característi-
cas próprias: enquanto na Itália são mais volumosos JARDIM ITALIANO
e opulentos; na França, as formas são mais sutis e
detalhadas, sendo predominante a vegetação de por- O jardim italiano é um jardim pensado nos detalhes
te baixo, dando destaque aos edifícios (DEMATTÊ, e buscava promover perspectiva arquitetônica. Para
2006). promover o prolongamento dos jardins, eram utili-
O Jardim Italiano e o Jardim Francês eram se- zadas muralhas, escadarias e parapeitos. A conexão
melhantes com relação à concepção de formas geo- gradual entre a massa de construção e de vegetação
métricas e simétricas. No entanto, no jardim italiano era feita por meio de pátios com pórticos. Os pas-
era abundante o uso de estátuas, já no francês a ve- seios eram feitos por passagens retilíneas e ortogo-
getação é quem ganha maior importância. nais entre si e a água estava presente de forma deco-
São características do estilo clássico as linhas ge- rativa em fontes.
ométricas e simetria dos traçados: círculos, retângu- Os elementos arbóreos e vegetais são subordina-
los e triângulos combinam-se. Costuma-se dizer que dos à arquitetura, sendo sempre recortados e topia-
este jardim era desenhado com régua e compasso, dos. A vegetação perene é a preferida, pois assegura
dada a geometrização das formas. o aspecto definitivo com o jardim e compõe com a
São comuns nesse jardim as sebes baixas e ri- arquitetura. Eram utilizadas plantas cítricas e orna-
gorosamente aparadas emoldurando os canteiros e mentais, dentre elas, as cidras, limoeiros e laranjeiras.

60
DESIGN

Figura 28 – Villa Lante, Bagnaia, Itália


Fonte: Shutterstock.

Não se usava flores, o foco era a massa arbórea. Na composição destes jardins, eram
comuns os labirintos.
Nas Figuras 28 e 29, vemos a ilustração dos jardins da Villa Lante, pode-se obser-
var os desenhos geométricos criados com o uso da vegetação topiada. Outra caracte-
rística marcante do estilo italiano encontrado neste jardim é a presença de água, junto
a uma fonte no centro do jardim, assim como o uso abundante de estátuas.

Figura 29 – Villa Lante, Bagnaia, Itália


Fonte: Shutterstock

61
PAISAGISMO

JARDIM FRANCÊS

No jardim de estilo francês, as amplas perspectivas


eram desenhadas para que o jardim parecesse infini-
to, se fundindo com a paisagem do entorno. Desper-
ta a admiração, não falta a água e vistas panorâmi-
cas. A criação de jardins era um modo de fazer arte
com a natureza.
Com relação à organização do jardim, o passeio
principal era mais largo e os demais perpendicula-
res, à disposição do elementos era exatamente simé-
trica, com canteiros bem desenhados.
Dentre os elementos que compõem um jardim
francês estão:
• bosques;
• claustros;
• galerias;
• salas verdes;
• babirintos;
• anfiteatros;
• Canais;
• Cascatas;
• Esculturs;
• Elementos decorativos.

Eram evitados os muros altos, possuía escadas e fon-


tes bem decoradas e os edifícios sempre estavam ele-
vados com relação ao jardim.
Um bom exemplo é o Jardim de Versalhes, cria-
do por ordem de Luis XIV em 1662, foi desenhado
por André de Le Nôtre. Este introduziu no jardim
duas grandes lâminas d’água que produzem a im-
pressão de um espaço infinito quando se unem ao
Figura 30, 31 e 32 - Jardim de Versalhes, França
canal (COOPER, 2006). Fonte: Shutterstock.

62
DESIGN

Figura 33 - Hortênsias Figura 34 - Jardim Inglês, Bavaria, Alemanha


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

JARDIM INGLÊS de proteger o jardim do gado circundante, sem, no


entanto, isolar os jardins da paisagem natural, eram
Conhecido como jardim naturalista ou paisagista, construídos muros invisíveis aos olhos de quem se
este busca a volta à natureza, sendo formado por ex- encontrava dentro do jardim (NOORDHUIS, 2003).
tensos gramados, vegetação em sua forma natural, ár- Com relação à composição e formas, o traçado
vores, riachos, rochedos e ruínas (DEMATTÊ, 2006). do jardim inglês era livre e sinuoso, com a utilização
Os jardins eram projetados de modo que se con- de elementos como calçadas, gramados, canteiros e
fundissem com a paisagem do entorno. Para tanto, bordaduras com flores, grandes maciços de plantas
criavam-se caminhos sinuosos, criavam-se colinas, e linhas curvas. A composição buscava promover a
organizando a perspectiva de maneira que o jardim sensação de que não existiu intervenção humana e,
e a paisagem formassem uma única unidade. Os la- ao contrário dos jardins clássicos, não buscava a per-
gos, que até então eram feitos em formas retilíneas, feição, assemelhando-se mais às formas da natureza.
ganham bordas sinuosas. Estes corpos d’água e trilhas Os paisagistas ingleses fizeram uso de métodos
de utilidade incerta são característicos dos jardins já utilizados nos jardins franceses para promover a
desta época. Era usual, em uma das extremidades dos integração do jardim construído à paisagem do en-
lagos, colocar-se pequenas ilhas repleta de árvores torno, dando a sensação de continuidade entre os
para dar a impressão que o lago era mais largo. A fim espaços (COOPER, 2006). Até a metade do século

63
PAISAGISMO

XIX, os jardins eram patrimônio da classe mais rica; com o tempo, esse cenário
foi mudando e cada vez mais gente pode ter acesso aos jardins (NOORDHUIS,
2003). Optavam pela implantação de vários tipos de flores, folhagens, arbustos,
ervas. As plantas utilizadas eram aquelas que necessitavam pouca manutenção.
Entre as espécies estavam a lavanda, bela-emília, rosas, jasmim, hortênsias, aga-
pantos, glicínias entre outras.

Figura 35 - Jardim do Palácio Kensington, Londres


Fonte: Shutterstock.

SAIBA MAIS

No renascimento, além dos jardins clássicos e inglês, desenvolveu-se


também jardins de estilos barroco e rococó. Estes eram evoluções dos
jardins clássicos, porém com formas menos rígidas e simétricas, adqui-
rindo um aspecto de jardim vivaz e que sugeria movimento.

Fonte: Noordhuis (2003).

64
DESIGN

BREVE HISTÓRICO DO PAISAGISMO:


MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO
No período moderno e pós-moderno, o paisagismo por linhas geométricas e pela ausência de ornamen-
está diretamente relacionado à arquitetura e irá agre- tos. Assim, na década de 1930, alguns paisagistas, es-
gar novas funções além da utilitária e estética: entra pecialmente nos Estados Unidos, despertaram para
em cena a função dos jardins e área tratadas paisagis- a necessidade de encontrar uma linguagem moder-
ticamente como espaços de lazer da sociedade. na para o paisagismo, como um estilo que refletisse
o espírito da arquitetura (COOPER, 2006).
MODERNISMO (SÉC. XX) O período moderno se caracteriza pelo aban-
dono do passado imediato e adota forte postura na-
Ao longo do século XX, a arquitetura influenciou o cionalista, sendo a vegetação nativa mais valorizada.
desenho dos jardins. Surgia um novo estilo arquite- Possui influência do jardim eclético inglês e se opõe
tônico, baseado na forma e na função e caracterizado aos ideais clássicos. O jardim moderno assume fun-

65
PAISAGISMO

ção recreativa além do valor ornamental. Com rela-


ção à composição, o uso de formas orgânicas que se
assemelham às formas da natureza é recorrente.
No Brasil, Roberto Burle Marx desenvolveu um
estilo pessoal de paisagismo, essencialmente brasi-
leiro e moderno. Projetou jardins baseados na utili-
zação de plantas autóctones. Seu estilo informal per-
mitia que os jardins se fundissem com a paisagem
circundante (COOPER, 2006), como acontecia nos
jardins ingleses.
Percebe-se também uma forte influência da
pintura do século XX, nos pisos e desenhos de ve-
Figura 37 – Palácio Itamaraty, Brasília
getação, especialmente nas obras de Burle Marx. Fonte: Shutterstock.

Dentre as espécies utilizadas estão as palmeiras, bro-


mélias, helicônias, vitória régia, pandanus. CONTEMPORÂNEO (SÉC. XXI)

O movimento contemporâneo expressa nova rup-


tura após período não muito longo das diretrizes
modernas. Nos anos 1990, sofrem concorrência de
antigos ícones do passado, preceitos ecológicos e
pela tendência do pós-modernismo, surgindo novas
organizações de espaços livres.
O paisagismo neste momento se caracteriza pela
inserção de novos usos, novas formas e uma renova-
da influência europeia, especialmente dos projetos
executados em Paris e na Espanha.
Reintroduzem o conceito de cenarização exacer-
bada, agora inspirada em figurações da arquitetura
pós-modernista. O utilitarismo, o ideal ecológico, o
pós-modernismo e neoecletismo são as facetas pro-
jetuais da linha contemporânea. Este é o estilo que
prevalece na atualidade, configurando-se como uma
mistura dos grandes estilos do passado.
Uma das características contemporâneas é que o
jardim passa a ser parte das novas exigências da popu-
lação, inclusive por questões de saúde pública. Com
Figura 36 - Helicônia
Fonte: Shutterstock. relação à composição, apresenta estilo livre, mas assim

66
DESIGN

como o modernismo, com raízes no jardim inglês, que Nas Figuras 38 e 39, podemos observar as caracte-
apresentava justamente formas mais livres e sinuosas, rísticas dos jardins contemporâneos como o uso de
diferente dos padrões clássicos. Busca-se a integração iluminação cênica, buscando valorizar a vegetação
entre jardim e o ambiente construído, com a criação ou os elementos construídos; a relação entre a arqui-
de um jardim alegre e florido, integrado às áreas de la- tetura e o jardim; a interligação entre jardim e áreas
zer. Além da vegetação, este jardim será marcado pelo sociais, de lazer e descanso.
uso de mobiliário e elementos decorativos.

Figura 38 – Jardim Contemporâneo Figura 39 – Jardim Contemporâneo


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

67
PAISAGISMO

PAISAGISMO
NO BRASIL
A introdução do paisagismo no Brasil foi tardia; os Nos palacetes do país, era visível o ecletismo,
primeiros grandes espaços verdes apareceram so- espécies brasileiras decorando jardins franceses e
mente no século XVIII. Ainda no período colonial, ingleses. Segundo Macedo (2012), o século XX foi
foram criados os primeiros passeios públicos do o período em que a atividade de paisagismo brasi-
Brasil, dentre eles o Passeio Público do Rio de Ja- leira se consolidou, libertando-se das influências
neiro em 1785, projetado por Valentim da Fonseca e europeias e assumindo uma identidade própria. O
Silva. Segundo Macedo (2012), este foi um marco na reflexo disso foi a introdução de espécies nativas do
história do paisagismo brasileiro, pois foi o primeiro Brasil nos projetos de paisagismo, incluindo a arbo-
espaço público criado para o lazer da população. rização urbana. De acordo com Macedo (2012), são

68
DESIGN

identificadas três grandes linhas projetuais na arqui- equipamentos como playgrounds, áreas de convívio
tetura paisagística brasileira: familiar, quadras esportivas.
No período moderno, a vegetação predomina,
podendo ser nativa ou exótica, seguindo uma lingua-
Eclética Moderna Contemporânea gem naturalista-tropical. A água ainda tem caráter
contemplativo e é desenhada tanto em formas orto-
gonais, como curvas, porém sempre assimétricas.
ECLÉTICO É comum a presença de elementos construídos
como jardineiras, bancos, mesas, fontes, monumen-
O ecletismo iniciou-se em 1783, com a abertura do tos, pisos e murais com desenhos bem elaborados
Passeio Público, e marcou a ruptura dos velhos pa- (MACEDO; SAKATA, 2010).
drões coloniais. A partir de então, outros espaços fo- O grande representante do paisagismo brasilei-
ram criados seguindo os conceitos vigentes na épo- ro neste período foi Roberto Burle Marx. Ele criou
ca, com forte influência os ideais culturais europeus. jardins tropicais com a presença marcante de plantas
Assim estes espaços de lazer eram compostos por nativas e exuberantes, como as bromélias.
elementos românticos, bucólicos e árcades. Eram
compostos por elementos como maciços arbóreos,
extensos relvados e águas sinuosas, semelhantes aos
parques europeus (MACEDO; SAKATA, 2010).
O tratamento do espaço é feito de forma livre,
dentro de uma visão romântica e idílica, buscando
recriar a imagem de paraísos perdidos, dos campos
bucólicos ou de jardins de palácios reais.
Eram espaços para contemplação, sendo raros os
espaços dedicados às atividades esportivas. A água
está presente em fontes, chafarizes, lagos e espelhos
d’água, seja com formas orgânicas ou geométricas
clássicas. A vegetação é utilizada de forma elaborada
em maciços arbustivos, forrações e arbóreas (MA-
CEDO; SAKATA, 2010).

MODERNO

Na década de 1930 e 1940, uma nova corrente de


caráter nacionalista irá influenciar diversos setores
da cultura nacional. A valorização das atividades re-
Figura 40 - Sítio Burle Marx, Rio de Janeiro
creativas ao ar livre incentivaram o aparecimento de Fonte: acervo da autora (2014).

69
PAISAGISMO

CONTEMPORÂNEO SAIBA MAIS

O paisagismo contemporâneo brasileiro caracte-


riza-se pela diversidade formal e conceitual, sendo Roberto Burle Marx foi primeiramente um
artista plástico e desenvolveu um trabalho
expressa por ações paisagísticas derivadas de diver- de alta qualidade, tendo como influência as
sas linhas de pensamento. São encontrados espaços correntes artísticas. Em seu trabalho como
compostos por uma miscelânea estilística, com ele- paisagista, valorizou as espécies nativas e
a arquitetura moderna. A associação entre
mentos dos jardins passados como colunas e gaze- Burle Marx, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa
bos, que se compõem com jardins tropicais e tam- foi muito intensa.
bém espaços onde os elementos arquitetônicos são Seus projetos tinham como característica
mais destacados que a vegetação, com o abuso de formas abstratas, piscinas, espelhos d’água,
paginação de piso, pórticos, assim como jardins ins- esculturas, diversos níveis e grandes manchas
de folhagens coloridas. Seu primeiro trabalho
pirados na belle époque, com presença de topiarias, como paisagista foi feito a pedido do arqui-
bordaduras coloridas e parterres (MACEDO, 2012). teto e amigo Lúcio Costa no início dos anos
Uma das características do contemporâneo é o 30. Assim, projetou um jardim revolucionário
com plantas tropicais e estética da pintura
conceito do uso da vegetação seguindo a ideologia abstrata.
da preservação dos ecossistemas ou acompanhando
Vale lembrar que até então os jardins brasi-
a tematização do espaço, formando cenários varia- leiros seguiam o padrão europeu e faziam uso
dos. A água permanece como um elemento impor- de espécies como azaléias, camélias, magnó-
tante na composição dos espaços, seja na forma de lias e nogueiras. Apaixonado pela flora brasi-
leira, Burle Marx realizou incontáveis viagens
lagos, nascentes, espelhos d’água, fontes ou bicas por todo o país à procura de plantas raras e
(MACEDO; SAKATA, 2010). exóticas. Muitas das plantas que utilizamos
hoje no paisagismo foram descobertas e uti-
lizadas primeiramente por ele, dentre elas
as bromélias.

Fonte: adaptado de Marx (2004).

REFLITA

Você percebeu que os jardins, ao longo do


tempo, foram criados e transformados de
acordo com a história, cultura e crenças de
cada sociedade?
Os jardins foram reflexos das sociedades que
os produziram.
Figura 41 - Jardim da Mostra Casacor Paraná
Fonte: Autora, 2016.

70
considerações finais

Na segunda unidade do livro de paisagismo, buscou-se fazer uma viagem ao


longo da história do paisagismo. Foram abordadas as criações de cada povo, as
características destes jardins, seus elementos, formas e a vegetação empregada
por cada sociedade.
É importante que o aluno compreenda que a atividade paisagística está direta-
mente relacionada à cultura dos povos. Assim, a arte de produzir jardins evoluiu e
se transformou ao longo do tempo, à medida que se descobriram novas técnicas de
lidar com a vegetação e novas formas construtivas. O avanço no campo paisagístico
acompanhou o avanço da sociedade, tanto no aspecto técnico, como no cultural.
À medida que a sociedade evolui, o modo de viver e se relacionar do homem
se modifica, sua cultura se modifica e assim também o seu modo de produzir
jardins. Pode-se perceber que ao longo da história da sociedade o jardim evolui,
adquirindo novos elementos, novas funções que atendiam diretamente às deman-
das da sociedade atual. Desde a pré-história até os dias atuais, os jardins tiveram
função utilitária, mas ao longo da história a função estética e de recreação foram
agregadas a ele, ampliando o alcance e a importância dos jardins.
Os jardins, que inicialmente eram privilégio das classes mais abastadas, hoje
transformaram-se em um elemento acessível a todos e quase que indispensável à
qualidade de vida da população. O jardim de um período sempre foi referência
para outro jardim em período seguinte, seja pela correspondência de pensamentos
e características, como pela oposição. O que se produz hoje é reflexo do que já foi
produzido por sociedades precedentes.
Dessa forma, torna-se fundamental o conhecimento e entendimento dos estilos
paisagísticos que prevaleceram ao longo da história, pois estes serão base para a
criação de jardins atuais.

71
LEITURA
COMPLEMENTAR

NOVOS PADRÕES DE PROJETO PAISAGÍSTICO


O paisagismo brasileiro experimentou, a partir de 1990, um período de tendências formais varia-
das e de grande diversidade na concepção de projetos, tendo sido influenciadas pelas tendências
mundiais, desenvolvidas principalmente nos grandes centros da Europa e Estados Unidos. Essas
inovações chegaram ao Brasil por meio de livros e revistas, filmes, viagens e também por meio de
assessorias internacionais para órgãos públicos na concepção de ações na área paisagística.
Tem-se a busca de formas inéditas e de novos mercados de atuação, especialmente por parte
de novos projetistas que se mostram abertos às novidades vindas do exterior. Essas novidades
penetram facilmente nas mãos de arquitetos e paisagistas que as incorporam em seus projetos. O
resultado se observa na concepção de projetos, em que se tem o uso de pórtico de cores e formas
variadas, novos tipos de paginação de piso e plantio, a utilização de mobiliário urbano com design
sofisticado. Aos poucos, essas novidades formais vão sendo inseridas nos espaços do cotidiano,
nos jardins eruditos e vernaculares, em praças, parques e em calçadas (MACEDO, 2012).
A partir de então, observa-se uma variedade de soluções, as quais refletem a diversidade de novas
demandas e influências formais em andamento. Segundo Macedo (2012), podem ser identificados
alguns padrões de projeto, dentre eles destaca-se:
Formalismo geometrizante
Nesse padrão, a inspiração é o tratamento radical de pisos, terrenos, águas e paredes de um modo
quase pictórico. Busca-se a criação de formas inéditas por meio do uso de formas geométricas na
composição dos elementos.
A vegetação é inserida de forma comportada, estruturada por traçados geométricos simples, re-
tas e curvas. A vegetação tem uma função de cenarização e não necessariamente de elementos
estruturador do espaço.
No âmbito residencial esta tendência pode ser identificada pelo que se denomina popularmente
de projeto clean, ou seja, espaços estruturados por formas simples, claros e com pouca vegetação.
Neomodernismo
Consiste na continuidade e aperfeiçoamento das premissas de projeto modernista. A concepção
de projeto dá ênfase ao uso da vegetação tropical, usando formas geométricas livres na paginação
de pisos e desenhos de canteiros e piscinas. No uso da vegetação, predominam as paletas de cores
que vão do verde intenso ao da policromia, explorando as nuances e tonalidades da vegetação
nativa e aclimatada.
Os materiais utilizados continuam os mesmos, como o mosaico português, com o uso intenso das
cores nos desenhos dos pavimentos.

72
LEITURA
COMPLEMENTAR

Neoecletismo ou pós-modernismo
Neste padrão, observa-se o incremento por parte dos projetistas, da utilização de formas tradi-
cionais, com uso constante de canteiros geométricos, cercados por bordaduras de plantas de es-
pécies como o buxinhos e o pingo de ouro, espécies que permitem a topiaria. Tem-se a volta do
uso de roseiras e demais espécies sazonais. Nos jardins privados, é retomado o uso de elementos
decorativos típicos dos jardins do ecletismo, como as estátuas clássicas, fontes e tanque inspirados
na velha Roma e palácios Barrocos e Renascentistas, uso de bancos, pérgulas e gazebos inspirados
no passado.
Ambientalismo
Resultado da conscientização pública em relação a problemas ambientais, esse tipo de projeto
tem como foco a vegetação nativa, que pode ser uma mata de araucárias, um manguezal, a vege-
tação de praia ou do cerrado. A partir dos anos 1970, percebe-se o valor dos remanescentes vege-
tais tanto no aspecto cênico, para a constituição dos espaços, como ambientais, como objetos da
preservação e conservação, a valorização da vegetação em seu estado natural é menor.
É possível encontrar paisagistas que trafegam por estes padrões de concepção de projeto com
facilidade, um padrão não predomina sobre o outro. A pluralidade de pensamentos e atitudes
que conduz a esta miscelânea de soluções espaciais é a característica deste momento. O período
atual do paisagismo se caracteriza por uma extrema liberdade e independência a qualquer tipo
de estilo (MACEDO, 2012).

Fonte: adaptado de Macedo (2012).

73
atividades de estudo

1. “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali


o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a
árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio
do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. E saía um rio do
Éden para regar o jardim” (BÍBLIA, Gênesis 2)

O texto do livro de Gênesis faz a primeira menção a um jardim, falando


deste espaço como um ambiente agradável, farto e composto de elemen-
tos naturais como plantas e água. Sobre os jardins ao longo da história,
pode-se afirmar que:

I. Essa referência do jardim do éden aparece nos jardins da Grécia e Roma


antiga, onde se tinha o objetivo de alcançar o paraíso terreno.
II. Os jardins mesopotâmicos tinham como função principal de contempla-
ção, meditação e cultos religiosos.
III. O jardim egípcio fazia uso de plantas ornamentais e utilitárias, em oposi-
ção ao jardim mesopotâmico.
IV. O jardim egípcio fazia uso de plantas consideradas sagradas, estas eram
inspiração também para a arquitetura.
V. Na antiguidade, as guerras foram uma importante forma de difusão das
espécies vegetais, sendo levadas como troféus pelos vencedores.

Assinale a alternativa correta:


a. As alternativas I, II e III estão corretas
b. As alternativas I, II e V estão corretas.
c. As alternativas IV e V estão corretas.
d. As alternativa I, II I e I V estão incorretas.
e. Todas as alternativas estão incorretas.

74
atividades de estudo

2. A figura abaixo ilustra um jardim Mourisco. São características deste jar-


dim o descrito em:

Jardins do Palácio de Alhambra, Granada, Espanha.

a. Neste tipo de jardim, é comum o uso de cores e plantas aromáticas como


a alfazema, cravos e o jasmim.
b. Estes jardins tinham como função principal a produção de alimentos e
hortaliças, ervas aromáticas e medicinais.
c. O jardim mourisco estava presente em todas as residências; destinado ao
cultivo de legumes, possuíam caráter de subsistência.
d. Os jardins mouriscos possuem referência hispano-árabe, tendo as plantas
floridas como elemento essencial da composição.
e. A referência árabe pode ser vista nas edificações e elementos que com-
punham com os jardins como o uso de plantas em vasos e a presença de
estátuas.

3. O renascimento é entendido como o renascer dos ideais clássicos, sendo


assim, os jardins deste período apresentam as seguintes características:
I. Neste período, surgirá a elaboração de projeto antes da execução dos jar-
dins.
II. Os jardins do renascimento tem inspiração nos jardins da Idade Média,
como os gregos e romanos.
III. Os jardins possuem desenhos bastante complexos, com formas geométri-
cas, com modulação classicista e antropocentrismo.

75
atividades de estudo

IV. Os jardins italianos e franceses desse período tinham características se-


melhantes; no entanto, enquanto no francês era abundante o uso de es-
tátuas, o italiano primava pelo uso de plantas.
Assinale a alternativa correta:
a. As alternativas I e III estão corretas.
b. As alternativas I e II estão corretas.
c. As alternativas III e IV estão corretas.
d. As alternativas II e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

4. Relacione a coluna A com a coluna B


1. Jardim Clássico.
2. Jardim Desértico.
3. Jardim Inglês.
4. Jardim tropical.
5. Jardim Oriental.
(( ) Bambu, pinheiro, lago e ponte.
(( ) Gramado, bosques, lago, flores.
(( ) Espelho d’água, bromélia, pedras e folhagem.
(( ) Simetria, topiaria, estátuas, arbustos.
(( ) Pedra, areia, cactos e tamareira.

Assinale a sequência correta:


a. 1, 2, 3, 4, 5.
b. 5, 4, 3, 2, 1.
c. 5, 3, 4, 1, 2.
d. 3, 5, 4, 1, 2.
e. 5, 3, 4, 2, 1.

76
atividades de estudo

5. Assinale a alternativa correta.


a. A ponte e o lago são elementos característicos do jardim tropical ou mo-
derno. A simbologia da ponte está relacionada à passagem, transição, en-
quanto a água representa a vida.
b. A vitória régia é uma planta característica do paisagismo moderno ou tro-
pical. Espécie nativa da Amazônia, seu uso foi recorrente nas obras do
paisagista brasileiro Roberto Burle Marx.
c. A topiaria é uma arte exclusiva do Jardim Italiano, onde predomina o uso
de arbustos em um desenho geométrico e simétrico, não sendo encontra-
do nos demais estilos.
d. São elementos característicos do jardim contemporâneo o uso da luz com
efeito cenográfico, uso do mobiliário em integração com espaços de conví-
vio, além de elementos decorativos. No entanto, o uso de plantas tropicais
o classifica como um jardim moderno.
e. O jardim inglês foi referência para os jardins e parques produzidos pos-
teriormente ao redor do mundo. Seu traçado sinuoso e com respeito às
formas naturais influenciou inclusive os jardins orientais.

77
PAISAGISMO

Jardin y paisaje
Paul Cooper
Editora: Editora Blume
Ano: 2006
Sinopse: o livro discute os jardins e sua relação com a pai-
sagem, fazendo uma breve abordagem dos jardins ao lon-
go da história. Ao longo da referência, são apresentados
diversos exemplos de jardins, com estilos, características e
locais distintos, promovendo ao aluno o entendimento so-
bre as diversas abordagens sobre o jardim.

Arte & paisagem: (conferencias escolhidas)


Roberto Burle Marx
Editora: Studio Nobel
Ano: 2004
Sinopse: o livro discute os jardins produzidos por Roberto
Burle Marx, apresentando imagens dos projetos e discussão
sobre sua forma de criação.

Vídeo: Versailles, des jardins aux châteaux de Trianon


Nesse link, você encontra um vídeo que permite um passeio pelo jardim de Versailles, vale
muito a pena conferir:
https://www.youtube.com/watch?v=dYbiGVANIH8

Vídeo: Burle Marx


Veja o vídeo sobre a obra de Roberto Burle Marx, você pode encontrá-lo no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=ISV8VbLu1AU

78
referências

COOPER, P. Jardín y paisaje. Barcelona: Naturart, S.A. Editado por Blume, 2006.

DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de paisagismo. 3. ed. Jaboticabal: Funep, 2006.

JELLICOE, G.; JELLICOE, S. El Paisaje Del Hombre. Gustavo Gilli. Barcelona,


1995.

LAMAS, J. M. R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação


Calouste Gubenkian. Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica.
1993.

MACEDO, S. S. Paisagismo Brasileiro na virada do século: 1990-2010. Campi-


nas: Editora da Unicamp, 2012.

MACEDO, S. S. Paisagismo Brasileiro na virada do século: 1990-2010. São Pau-


lo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.

MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 3. ed. São Paulo:


Editora da Universidade de São Paulo, 2010.

MARX, R. B. Arte & paisagem: (conferências escolhidas) / Roberto Burle Marx;


Jose Tabacow, organização e comentários. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2004.

NOORDHUIS, K. T. La Gran Eciclopedia del jardín: guia práctica. Madrid: Edi-


torial LIBSA, 2003.

PAIVA, P. D. de O. Paisagismo I: histórico, definições e caracterizações. Lavras:


UFLA/FAEPE, 2004. 127p.: il.

SCALISE, W. de O. Paisagismo: história e teoria. Faculdade de Engenharia, Ar-


quitetura e Tecnologia. Universidade de Marília, 2010.

Referências On-Line
1
Em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/2> . Acesso em: 06 jun. 2017.
2
Em:<http://www.infoescola.com/historia/jardins-suspensos-da-babilonia/>.
Acesso em: 24 mai. 2017.

79
gabarito

1. C.
2. A.
3. D.
4. C.
5. B.

80
UNIDADE
III
COMPOSIÇÃO EM
PAISAGISMO

Professora Me. Andréia Gonçalves

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Princípios de composição
• Elementos de composição no paisagismo
• Características dos elementos de composição

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os princípios de composição de projetos de
paisagismo.
• Entender os elementos que compõem um jardim.
• Reconhecer as características dos elementos compositivos.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O jardim é uma verdadeira obra de arte, sendo assim transmite emoções.


Além disso, ele também pode ser entendido como uma adequação do meio
ecológico para atender exigências naturais da civilização (MARX, 2004),
portanto deve ser concebido para ser explorado pelos cincos sentidos do
ser humano.
O paisagismo, por lidar com elementos naturais, é uma obra mutável,
que está sempre se transformando. Ao longo das estações do ano, podemos
contemplar e perceber as próprias mudanças nas cores e formas no efeito
de luz e sombra.
Como obra de arte, o jardim deve ser belo e confortável, proporcionan-
do repouso físico e espiritual. Assim, nesta unidade trataremos da compo-
sição dos jardins, seus princípios, elementos e características.
O conhecimento dos princípios de composição é fundamental para o
desenvolvimento de projetos de qualidade, tanto no aspecto estético, quan-
to no aspecto funcional, respondendo as demandas e expectativas dos usu-
ários. O uso adequado de cada elemento, de acordo com os princípios de
composição, irá garantir composições criativas, únicas e harmônicas.
Na Unidade I deste livro, abordamos os tipos de vegetação, sua impor-
tância e forma de uso nos jardins. No entanto, além das plantas, existem
outros elementos de composição no paisagismo. São eles elementos natu-
rais e construídos que, ao longo da história, como foi abordado na Unidade
II, ganharam cada vez mais espaço na arte do paisagismo. Por isso, nesta
unidade, abordaremos esses elementos de composição e suas característi-
cas. O entendimento e reconhecimentos desses elementos e dos principais
princípios de composição irá proporcionar a você, aluno, a capacitação de
como e quando usar cada elemento, produzindo composições harmoniosas
e de qualidade, garantindo sucesso ao projeto do jardim.
A diversidade de elementos de composição e de suas características pro-
porcionam ao profissional de paisagismo uma rica esfera para trabalhar e
desenvolver de forma criativa e inovadora seus projetos.
PAISAGISMO

PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO
A composição de um jardim exige o entendimento mo proporciona ao usuário uma rica vivência sen-
deste como obra de arte e como espaço utilizável, sorial, somando diversas e completas experiências
que despertará as mais diversas sensações em seus perceptivas.
usuários. O paisagismo trabalha com elementos di- O sentido da visão pode ser explorado de várias
versos que permite ao projetista explorar os efeitos e formas, pois este permite ao usuário a percepção do
sensações que um jardim pode causar. movimento das folhagens e copas provocados pelo
Segundo Abbud (2006), o paisagismo envolve vento, a mudança de luminosidade provocada pela
os cinco sentidos do ser humano e, quanto mais um luz do sol durante o dia, pela chuva que escurece,
jardim aguçar os sentidos, melhor este cumprirá seu pela própria escuridão da noite, pontuada pela luz
papel. Ao contemplar os cinco sentidos, o paisagis- da lua e das estrelas (ABBUD, 2006).

86
DESIGN

Quando a visão focaliza os elementos vegetais, O projeto de paisagismo deve fazer uso do jogo
percebe as formas das copas, flores e folhas, dos de dissimular e mostrar certos elementos, fa-
caules e galhos. Investiga as inúmeras cores das zendo com que percursos sejam marcados por
florações, folhas e folhagens e informa também prazerosas descobertas. A modelagem espacial
sobre as texturas, macias ou ásperas, miúdas ou diversificada por meio de volumes vegetais e
graúdas, sobre os efeitos de lisura ou rugosidade, construídos é a base de um bom projeto paisagís-
de brilho ou opacidade presentes em folhas e flo- tico. É por esse percurso que teremos sensações
res (ABBUD, 2006, p. 17). diferenciadas, incluindo a sensação de beleza
(ABBUD, 2006, p. 20).

Pelo tato, pode-se perceber diversas outras sensações Entendendo o espaço paisagístico a se projetar, de-
por meio do contato direto com os elementos do jar- ve-se pensar nos elementos que irão funcionar como
dim. Esse sentido nos permite perceber a temperatura tetos, paredes e pisos. No paisagismo, os tetos se
e características de textura dos elementos. Além, tam- constroem fazendo uso da copa das árvores, de per-
bém, de nos permitir a sensação de calor emitido pelo golados, caramanchões, gazebos. As paredes ou bali-
sol e o frescor da sombra das árvores e demais plantas. zas verticais podem ser feitas por arbustos, árvores,
O paladar possibilita experimentar o sabor dos taludes, rochas, morros, montanhas, muros. O piso
jardins, por meio de frutas e flores comestíveis, tem-
peros e especiarias, chás e infusões que podem ser SAIBA MAIS
implantados nos jardins, hortas e pomares.
A audição nos permite conhecer o som das
Lembre-se que técnicas de ampliação de
águas, o farfalhar das folhas, o balanço dos ramos, jardins já foram utilizadas pelos clássicos,
o canto dos pássaros, os ruídos do caminhar sobre no jardim inglês e no período moderno. Os
paisagistas faziam uso de técnicas para unir
pedras ou pedriscos (ABBUD, 2006).
o espaço do jardim à paisagem do entorno,
Pelo olfato pode-se perceber o perfume das flores, visando à ampliação dele ou à percepção de
folhas, cascas e ramos. Também pelo cheiro de chuva, um jardim sem limites.
de grama cortada (ABBUD, 2006), dentre outros, que O jardim pode ser ampliado e unificado à
enriquecem as sensações que um jardim pode pro- paisagem do entorno utilizando-se algumas
mover ao ser humano, explorando todos os sentidos. técnicas e conceitos de composição. Por meio
de desníveis ou fossos entre um plano e outro
De acordo com Abbud (2006), o espaço paisagís- do jardim, é possível provocar a integração
tico pode transmitir diferentes e contrastantes percep- entre este e a paisagem, pela ilusão de ótica.
ções ao usuário, dependendo das extensões, alturas e Essa técnica já era usada pelos paisagistas no
luminosidade do espaço. Deve-se entender que no período clássico. Outra forma de promover
jardim trabalha-se em grande parte com elementos esta unificação é por meio da composição e
disposição do estrato vegetativo, trabalhando
dinâmicos, que se transformam com o tempo, com a com plantas em alturas diferentes e crescen-
mudança das estações etc. Portanto, no projeto paisa- tes até atingir a altura do estrato vegetativo do
gístico, deve-se pensar para além das superfícies e vo- entorno, promovendo assim uma integração
entre o jardim e a paisagem do entorno.
lumes definidos pelas plantas, como nos espaços entre
elas, os “vazios” que serão utilizados pelas pessoas. Fonte: adaptado de Cooper (2006).

87
PAISAGISMO

pelos gramados, áreas pavimentadas, rampas, esca- A unidade em um jardim acontece quando en-
das, muretas, superfícies de água etc. (ABBUD, 2006). xergamos todo ele como um conjunto harmônico,
A inserção adequada dos elementos paisagísti- não havendo elementos desconectados ou em dis-
cos durante a composição de um jardim pode pro- cordância. Podemos concluir que os princípios de
mover sensações e percepções diferentes, pode-se, harmonia e unidade estão diretamente relacionados.
por exemplo, promover a sensação de ampliação do
jardim, conectando este à paisagem ou massa vege- Equilíbrio
tativa do entorno.
Os princípios de composição são importantes O equilíbrio é alcançado quando a organização do
para a criação de jardins agradáveis e harmoniosos. jardim oferece sensação de estabilidade, ou seja,
Na sequência, abordaremos alguns princípios de quando os pesos visuais são neutralizados. Ele pode
composição que devem ser aplicados no desenvol- ser explorado por meio do uso de elementos simé-
vimento de projetos paisagísticos, buscando sempre tricos (elementos de forma e organização idêntica)
a qualidade estética dos espaços e qualidade de vida ou por pontos que se equilibram na paisagem, mes-
dos usuários. mo não sendo idênticos, porém com pesos equiva-
lentes - equilíbrio assimétrico (DEMATTÊ, 2006).
Harmonia O equilíbrio pode ser dividido em simétrico, as-
simétrico e radial. O equilíbrio simétrico acontece
A harmonia de um jardim é o resultado do uso cor- quando os elementos se organizam de forma igual
reto e equilibrado dos vários elementos artísticos e em ambos os lados, sendo uma característica de jar-
funcionais. A harmonia é a percepção integrada do dins clássicos e formais. Este tipo de princípio pode
jardim, quando este se organiza por meio da unifica- ser visto na Figura 1, em que vemos que a vegetação
ção de uma ideia ou qualidade dominante.
A harmonia é alcançada quando aplicada a pro-
porção adequada entre os elementos (DEMATTÊ,
2006). O projeto do jardim deve ser um todo, um
conjunto de formas, cores, texturas etc. Estas devem
se relacionar e nunca destoar entre si, assim se al-
cançará a harmonia.

Unidade

A unidade é garantida quando os elementos estão


relacionados intimamente e subordinados a um mo-
tivo principal, havendo hierarquia entre os elemen-
tos que formam o jardim (DEMATTÊ, 2006).
Figura 1 - Equilíbrio simétrico
Fonte: Shutterstock.

88
DESIGN

é organizada por meio de um eixo central – o es-


pelho d’água – e a partir dele é implantada de for-
ma idêntica em ambos os lados, com mesma forma,
porte, cor e espaçamento entre elas.
No equilíbrio assimétrico, porém, os elementos
se equivalem no peso, no entanto possuem formas
distintas, sendo característico em composições in-
formais, espontâneas e dinâmicas. Na Figura 2, ve-
mos que a vegetação inserida em ambos os lados do
caminho são distintas, no entanto, seus pesos visuais
se equilibram, pois possuem porte, quantidade, for-
mas e volumes semelhantes.
A vegetação pode ser utilizada também para
amenizar ou acentuar pesos visuais produzidos pe-
las edificações, como apresentado na Figura 3. Neste
caso, ao mesmo tempo em que os arbustos baixos
se contrapõem à verticalidade da edificação, pro-
Figura 3 - Equilibrio visual
movem equilíbrio visual, pois enquanto a edificação Fonte: Shutterstock.

cria uma linha vertical em cor clara, o que sugere


mais leveza, os arbustos em cores verdes e com tex- O equilíbrio radial se dá a partir de um movi-
tura rugosa promovem maior peso visual, ainda que mento radial com foco em um elemento central,
possuam tamanho menor que o edifício, fazendo sendo utilizado na composição como um contrape-
que haja equilíbrio. so à retangularidade do jardim, criando movimento
que vai ou vem de um ponto central. Como é ilus-
trado pela Figura 4.

Figura 2 - Equilíbrio assimétrico Figura 4 - Equilíbrio radial


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

89
PAISAGISMO

Movimento

O movimento em um jardim pode ocorrer de forma


real, dado pelo movimentar da vegetação, animais,
água corrente, ou pode ser por meio da ilusão, com
utilização de elementos que promovam contraste e a
partir de então gerem a ilusão de movimento. Como
exemplo, o uso de cores que aproximam (quentes) e
cores que afastam (frias) produzem movimento ao
jardim (DEMATTÊ, 2006).
Na Figura 5, o movimento do jardim acontece
pela variedade e mudança nas cores das flores.
Figura 6 - Movimento pelas formas e porte
Fonte: Shutterstock.

Na Figura 7, porém, o movimento é gerado pelas


formas onduladas nos canteiros e nos caminhos,
além das tonalidades de cores diferentes, fazendo
que o olhar do observador faça um passeio pelo jar-
dim para compreendê-lo como um todo.

Figura 5 - Movimento pelas cores


Fonte: Shutterstock.

Na Figura 6, o movimento é gerado pelas formas e


alturas diferentes da vegetação, fazendo o olhar per- Figura 7 - Movimento pelas formas e cores
correr por entre elas. Fonte: Shutterstock.

90
DESIGN

Proporção e escala A proporção se refere à relação entre as partes e


um todo, como a proporção entre largura e compri-
Este princípio se relaciona com a forma e tamanho mento do espaço. Podemos enfatizar ou diminuir a
dos elementos do jardim. A proporção se refere à característica de proporção de um espaço. A inser-
correspondência de uma parte com o todo ou entre ção de uma leira de palmeiras ao longo de um ca-
os elementos relacionados entre si. Para um prazer minho, por exemplo, promove a ampliação vertical
visual, é necessário que os objetos guardem entre si dele em relação à largura, criando uma sensação de
uma proporção harmônica, ou seja, a proporção em afunilamento e direcionamento, por isso esses ele-
um jardim é a relação harmoniosa entre suas partes mentos normalmente são inseridos em caminhos
e elementos. que levam a um ponto de interesse principal, como
pode ser visto na Figura 8.
A escala, por sua vez, se refere ao tamanho abso-
luto de um elemento comparado a outros tamanhos.
Nos projetos de jardim, a escala humana será uma
referência, ou seja, a relação que se estabelece entre
o tamanho do jardim e as pessoas (ABBUD, 2006).

Ritmo

O ritmo se caracteriza pela repetição de uma forma


ou elemento, iguais ou semelhantes, dando coerên-
cia ao projeto. Trata-se do movimento organizado e
contínuo.
Ele pode ser obtido por meio da repetição de
formas, cores ou objetos que dão caráter ao projeto,
pela proporção de tamanhos e por movimento de li-
nha contínua.
Como será apresentado na Figura 9, o ritmo é
dado tanto pela repetição da vegetação, na mesma
espécie, cor, forma e espaçamento, como também
Figura 8 - Proporção
pela paginação de piso, marcada por duas tonalida-
Fonte: Shutterstock. des de cinza que se repetem em espaçamentos iguais.

91
PAISAGISMO

Figura 9 - Ritmo
Fonte: Shutterstock.

Ênfase e Centro de Interesse

É fundamental a presença de elementos que se so-


bressaiam no contexto geral do projeto. Esses ele-
mentos de destaque podem se sobressair devido à
forma, iluminação ou tamanho, atraindo a atenção
do observador (DEMATTÊ, 2006). Um elemen-
to ênfase é aquele que possui grande peso visual e
Figura 10 - Ênfase
conceitual, para o qual a atenção do observador é Fonte: Shutterstock.

direcionada.
Os elementos de interesse podem também ser Contraste e Analogia
chamados de pontos focais. Segundo Abbud (2006),
podem ser esculturas, painéis, edificações ou espé- O contraste é um elemento importante na composi-
cies vegetais de formas variadas e vistosas, que se ção do jardim, pois auxilia no aparecimento de ou-
destaquem na composição, podendo ser iluminado tro princípio, o movimento. Por meio da utilização
e servir como referência de localização para o usuá- de elementos com características opostas na forma,
rio, quando se tratar de um jardim com dimensões tonalidade, textura e cor, é possível promover tam-
maiores. Na Figura 10, os elementos de interesse são bém dinamismo e movimento ao jardim. No entan-
as palmeiras que, por sua forma e textura diferencia- to, possuir contraste não significa que os elementos
das e ornamentais, funcionam como destaque den- devam discordar, pelo contrário, ainda com contras-
tro do jardim. te o jardim deve ser harmônico.

92
DESIGN

Figura 11 - Contraste e analogia


Fonte: Shutterstock.

Figura 12 - Contraste e analogia


Fonte: Shutterstock.

Por outro lado, a analogia na composição de um Na Figura 12, o contraste acontece entre o de-
projeto parte do princípio da utilização de elemen- que de madeira em tom amadeirado e textura lisa e
tos com características semelhantes como cores pró- a vegetação em tonalidade verde vibrante e textura
ximas, formas e texturas semelhantes. pontiaguda. Acontece também com esta mesma ve-
Nas Figuras 11 e 12, podemos ver exemplos de getação e o revestimento da parede, em pedras, com
aplicação do princípio de contraste. Especificamente textura e cores também distintas.
na Figura 11, o contraste está presente na diferen- No entanto, vemos que ambos os ambientes são
ça de cores e textura entre o gramado e o deque de harmônicos e também possuem analogia, pois as to-
madeira, criando uma linha divisória clara entre o nalidades e materiais dos revestimentos são repeti-
recobrimento do solo. dos em vários pontos.

93
PAISAGISMO

ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO
NO PAISAGISMO
Neste tópico, abordaremos os elementos de com- ELEMENTOS NATURAIS
posição no paisagismo. Na elaboração de projetos
paisagísticos, trabalha-se com elementos variados, Água
sendo estes naturais como plantas, rochas, água, luz
ou elementos construídos e arquitetônicos como ca- A água é um dos principais elementos naturais utili-
minhos, bancos, pérgolas, quiosques, piscinas, chur- zados no paisagismo, ela tem a função de aproximar
rasqueiras, mobiliário, luminárias e outros elemen- os espaços construídos à natureza e é um elemento de
tos decorativos. Vamos conhecer alguns deles, suas interação. Ela pode ser utilizada de diversas formas:
características e formas de uso. em lagos, espelhos d’água, fontes, chafariz, cascatas etc.

94
DESIGN

Figura 15 - Espelho d’água no Parque Inhotim, MG


Fonte: a autora (2015).

Pedras
Figura 13 - Espelho d’água
Fonte: Shutterstock. As pedras são elementos muito utilizados em jar-
dins, em formas e tamanhos mais variados. Podem
Segundo Abbud (2006), água é sempre o centro das ser utilizadas em sua forma natural, fazendo parte
atenções nos jardins, exercendo fascínio sobre os da composição do jardim juntamente com as plan-
usuários, e proporciona tranquilidade quando uti- tas e lagos, ou podem ser lapidadas para uso como
lizada em superfícies horizontais sem movimento. revestimentos de pavimentos, pisantes, muros, esca-
A água sempre esteve presente nos jardins, tanto das ou em mobiliários.
como um elemento de composição estética, como O jardim de estilo oriental é um exemplo da uti-
com a função de climatização dos espaços. Em algu- lização de pedras. Neste tipo de jardim, as pedras
mas culturas, a água também apresenta valor simbó- eram utilizadas em sua forma mais natural, como
lico, representando a vida. elementos decorativos, nos caminhos, no entorno
dos lagos, como demonstra a Figura 16.

Figura 14 - Lago no jardim da Casa do Baile, Pampulha Figura 16 - Jardim com pedras
Fonte: a autora (2015). Fonte: Shutterstock.

95
PAISAGISMO

Na Figura 17, vemos a utilização da pedra em for-


mato e técnicas diferentes, tantos pedriscos, quanto
pisantes lapidados que formam o caminho princi-
pal. As pedras ainda são utilizadas em formato de
esferas como peças decorativas.

Figura 18 e 19 - Painel e elementos de madeira


Fonte: Shutterstock.

Luz
Figura 17 - Jardim com pedras
Fonte: Shutterstock. A luz é um elemento de grande importância em um
projeto paisagístico. Muitas vezes o efeito final do
Madeira jardim só é alcançado com a ajuda da luz. Pode ser
utilizada para focalizar um elemento de destaque ou
A madeira é um elemento muito presente no paisa- para iluminar o espaço de maneira uniforme.
gismo, principalmente em espaços interiores. Estão
presentes em várias partes do jardim como em de-
ques, mobiliário, pergolados, vasos etc. A madeira
pode ser utilizada de maneira mais natural, rústica
ou de forma trabalhada.

Figura 20 - Iluminação de jardim


Fonte: Shutterstock.

96
DESIGN

Vegetação ELEMENTOS CONSTRUÍDOS

A vegetação é o elemento principal dos jardins. As Caminhos


diferentes espécies promovem formas, portes, cores
e texturas variadas no paisagismo. As plantas podem Os caminhos são os elementos construídos por onde
produzir efeito ornamental quando plantadas isola- se percorre e descobre o jardim, sendo desenvolvi-
das, seja pelas flores, folhagem, troncos, raízes ou dos de acordo com o tipo do jardim, podendo ser re-
pelo seu porte. tilíneos ou obter formas mais sinuosas, com ou sem
As árvores e arbustos definem a forma predomi- desnível. Segundo Demattê (2006), os caminhos de-
nante dos espaços, as palmeiras podem ser elemen- vem obedecer à topografia do terreno, valorizando
tos de ritmo, as trepadeiras são elementos de graça os desníveis.
e leveza, as flores, pelo colorido, podem ser ponto Os caminhos podem ser pavimentados ou não.
principal de atração, as folhagens e forração são ele- A pavimentação neste caso pode também ter uma
mentos de acabamento e o gramado é o tapete que função ornamental e estética, além da função de re-
unifica a paisagem (DEMATTÊ, 2006). vestir o solo.
A pavimentação pode ocorrer com diversos ma-
teriais: pedra natural, revestimentos cerâmicos ou
cimentícios, madeira, pedriscos, grama etc. Nas fi-
guras abaixo, são apresentados alguns exemplos de
caminhos e seus revestimentos.

Figura 21 - Vegetação diversa em um jardim Figura 22 - Caminho sinuoso com pisantes de madeira.
Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

97
PAISAGISMO

Os caminhos podem ser executados em mais de um


material, criando desenhos e diferentes texturas.

Figura 23 - Caminho sinuoso com pisantes de pedra e pedriscos. Figura 25 - Caminho com pavimentação asfáltica
Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

Em parques, é comum o uso de caminhos em reves- Adornos


timentos mais simples ou rústicos, feitos diretamen-
te no solo, com pequenos pedriscos ou pavimenta- Os adornos de um jardim são basicamente os de-
ção asfáltica, como ilustram as Figuras 24 e 25. mais elementos construídos que o compõem, como
vasos, muretas, escadas, caramanchões, pontes, es-
culturas, chafarizes, fontes, espelhos d’água, lagos,
luminárias, mobiliários e elementos decorativos.

Figura 24 - Caminho com pedriscos Figura 26 - Adornos


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

98
DESIGN

Pergolados

O pergolado é uma estrutura formada basicamen-


te por pérgolas, ou seja, vigas espaçadas igualmente
entre si. Eles são mais utilizados em madeira, mas
podem ser construídos em concreto, estrutura me-
tálica, bambu etc. Eles podem ser cobertos ou des-
cobertos. Sob essas estruturas normalmente se de-
senvolvem espaços de convívio, muito recorrentes
nos projetos de paisagismo contemporâneos. Neles
podemos encontrar mobiliário, elementos decorati-
vos, redes ou até parte de piscinas e spas.

Figura 29 - Estrutura pergolada em concreto


Fonte: Shutterstock.

Caramanchões

Os caramanchões são estruturas desenvolvidas


com a função de suporte para o desenvolvimento
de plantas, principalmente trepadeiras. São pareci-
dos com os pergolados – porém estes são estrutu-
ras com mais tramas –, podendo ser desenvolvidos
em formatos diferentes como arcos e, assim como
os pergolados, podem ser construídos com diversos
Figura 27 - Pergolado em madeira tratada
Fonte: Shutterstock. materiais.

Figura 28 - Pergolado com toras de madeira Figura 30 - Caramanchão em madeira


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

99
PAISAGISMO

Os caramanchões podem formar estruturas de re-


cobrimentos de passeios e circulação para pedestres
dentro do jardim, criando caminhos sombreados e
efeitos de perspectiva visual, como ilustram as Figu-
ras 31, 32 e 33.

Figura 31 - Caramanchão em ferro


Fonte: Shutterstock.

Figura 33 - Caramanchão em concreto


Fonte: Shutterstock.

À sombra dos caramanchões, podem ser inseridos


bancos e pequenos espaços de convívio, convidando
os usuários a permanecer no jardim.

Gradis

Além dos caramanchões, outro elemento que pode


ser utilizado como suporte para a vegetação é o
gradil: estrutura vertical tramada que dá suporte
para o crescimento das plantas. Os gradis podem
ser executados em madeira, como vemos na Figura
34, estrutura metálica como os alambrados ou te-
Figura 32 - Caramanchão em estruturas mistas
Fonte: Shutterstock. las, bambu etc.

100
DESIGN

Figura 34 - Gradil com vegetacão Figura 36 - Gazebo em ferro


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

Gazebo Deques

O gazebo é uma estrutura coberta, em formato cir- Os deques são elementos de pavimentação que fa-
cular ou em octógono, funcionando como áreas de/ zem a transição entre edificação e jardim. São es-
para convívio dentro do jardim. Este elemento foi truturas normalmente de madeira utilizadas em
muito utilizado no jardim de estilo inglês. jardins, varandas e bordas de piscina, podendo ser
utilizados em conjunto com plantas e iluminação.
Apesar de serem mais recorrentes em madei-
ra, os deques podem ser construídos com outros
materiais que simulem ou não a textura de madei-
ra, como porcelanatos, madeira reciclada, madeira
plástica, pedras.

Figura 35 - Gazebo Figura 37 - Deque em madeira


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

101
PAISAGISMO

Figura 38 - Deque ao redor da piscina


Fonte: Shutterstock.

Espelhos d’água

Os espelhos d’água são estruturas parecidas com


piscinas, porém com menor profundidade. Possuem
Figura 40 - Espelho d’água no Palácio Taj Mahal
formas variadas e podem estar conectados a elemen- Fonte: Shutterstock.

tos como fontes e cascatas.


Além da função estética, possui função de con-
forto térmico, pois ajudam a umidificar o ar. Os es-
pelhos d’água são estruturas antigas e recorrentes no
paisagismo.

Figura 41 - Espelho d’água


Fonte: Shutterstock.

Fonte/ Chafariz
Figura 39 - Espelho d’água
Fonte: Shutterstock. As fontes e os chafarizes foram elementos muito uti-
lizados nos jardins clássicos e, assim como os espe-
Os espelhos d’água são elementos que se adequam a lhos d’água, ajudam a umidificar o ar. São elementos
todo tipo de jardim, seja ele residencial, em espaços de destaque dentro da composição do jardim, de-
corporativos e comerciais, ou em praças e parques. monstrando imponência e a grandiosidade dele.

102
DESIGN

Vasos

Os vasos são elementos muito utilizados, principal-


mente no paisagismo de interiores. Eles podem ser
utilizados para receber plantas ou como elementos de-
corativos, podendo ser usados de forma isolada ou em
conjunto. Os vasos são peças muito versáteis e podem
ser de formas, tamanhos, materiais e cores variadas.

Figura 42 - Chafariz
Fonte: Shutterstock.

Esculturas

As esculturas, assim como as fontes de água, foram


Figura 44 - Vaso cerâmico
muito comuns nos jardins clássicos, principalmente Fonte: Shutterstock.

as estátuas. Entretanto, vemos sua presença marcan-


te em jardins contemporâneos, normalmente ocu-
pando lugar de destaque na obra paisagística. Na Fi-
gura 43, vemos uma composição com três esculturas
nos jardins do parque Inhotim em Minas Gerais.

Figura 43 - Esculturas nos jardins do parque Inhotim, MG Figura 45 - Vasos em material cimentício
Foto: a autora (2015). Fonte: Shutterstock.

103
PAISAGISMO

É comum o uso de vasos como elemento decorati- SAIBA MAIS

vo junto a fontes e espelhos d’água, como ilustra a


Figura 46. O paisagismo contemporâneo, com as no-
vas demandas de pequenos espaços e con-
ceitos de reciclagem e reaproveitamento de
materiais e peças, tem aberto espaço para
o surgimento de peças a partir do aprovei-
tamento criativo de elementos descartáveis
para utilização, como vasos e suportes para
plantas nos jardins.

Dentre os elementos utilizados, estão sapa-


tos velhos, pneus, bicicletas e carriolas de
mão, xícaras e copos entre outros.

Fonte: a autora.

Figura 46 - Vaso cerâmico utilizado como fonte


Cachepôs
Fonte: Shutterstock.

Os cachepôs são parecidos com os vasos, porém eles


Vasos de grandes dimensões podem ser usados são suportes para os vasos e não recebem as plantas
para inserção de plantas de médio porte, contro- diretamente. São feitos principalmente em madeira.
lando seu crescimento e permitindo que elas ocu-
pem espaços interiores.

Figura 47 - Vaso cerâmico preto Figura 48 - Cachepô em fibra


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

104
DESIGN

Figura 49 - Cachepô em madeira Figura 52 - Banco de madeira e almofadas


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

Figura 50 - Cachepô em Figura 51 - Cachepô em madeira


fibra sintética Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.

Mobiliário

Os bancos e futons são elementos decorativos e de


Figura 53 - Banco de madeira
apoio muito utilizados nos espaços de convívio den- Fonte: Shutterstock.

tro do jardim. A partir deles, pode-se estimular a


permanência e a contemplação do jardim ou a con- Além dos tradicionais bancos, o jardim pode ter ou-
fraternização entre os usuários. Os bancos podem tros tipos de mobiliário como as almofadas, e balan-
ser feitos em diversos materiais, porém são mais co- ços desenhados especificamente para compor espa-
muns em madeira. ços de jardim e áreas de convivência.

105
PAISAGISMO

Existem tipos variados de luminárias para jar-


dim, devendo estas serem escolhidas de acordo com
o efeito e o tipo de iluminação que se deseja promo-
ver ao jardim.
Balizadores: luminárias, geralmente em formato
tubular utilizada para clarear/marcar um caminho.

Figura 54 - Futon e almofadas no jardim


Fonte: Shutterstock.

Figura 56 - Luminárias tipo balizadores


Fonte: Shutterstock.

Figura 55 - Mobiliário para jardim


Fonte: Shutterstock.

Luminárias

As luminárias são os elementos fundamentais para o


jardim ser utilizado e contemplado durante a noite.
Além de iluminar o jardim, as luminárias podem ser
utilizadas para criar uma iluminação especial, cêni-
ca para destacar um elemento, planta um caminho
Figura 57 - Balizadores
ou um espaço dentro do jardim. Fonte: Shutterstock.

106
DESIGN

Luminárias de parede ou arandelas: busca de um Projetores ou espetos: empregados para ressaltar


efeito visual algo em destaque.

Figura 58 - Arandelas
Fonte: Shutterstock.

Postes: oferece iluminação uniforme em todas as di-


mensões.
Figura 61 - Projetor
Fonte: Shutterstock.

Figura 59 - Luminária poste Figura 60 - Luminária poste Figura 62 - Projetores


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

107
PAISAGISMO

REFLETORES:
PROMOVEM ILUMINAÇÃO
DIRECIONADA A ALGUM
ELEMENTO.

108
DESIGN

Têm-se ainda as luminárias móveis e decorativas que podem ser mudadas de lo-
cal e usadas para criar uma ambientação especial no jardim para um evento. As
Figuras 65, 66 e 67 ilustram essas luminárias.

1 3

1 - Figura 65 - Luminárias decorativas / 2 - Figura 66 - Luminárias decorativas / 3 - Figura 67 - Luminárias decorativas


Fonte: Shutterstock.

109
PAISAGISMO

CARACTERÍSTICAS DOS
ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO
Os elementos que compõem um jardim podem ser Volume
percebidos por meio de suas cores, formas, linhas,
massa, volume e textura. As características plásticas O volume da vegetação - sua massa, seu preenchimen-
e estéticas de uma planta é o que definirá seu poten- to - é a principal característica da vegetação na criação
cial ornamental em uma composição paisagística. dos espaços. Assim, a disposição destes volumes de
As formas, linhas e volumes determinam o dese- forma agrupada, enfileirados ou isolados cria vazios
nho e a estrutura do jardim. O jardim é definido pela entre eles, que podem ser estreitos, largos, fechados,
forma e volume das plantas perenes, mais duráveis, abertos ou voltados a alguma vista, de acordo com a
normalmente arbustos e árvores (DEMATTÊ, 2006). forma de disposição e organização (ABBUD, 2006).

110
DESIGN

As plantas possuem volumes diferentes de acor- a monotonia. As sensações são distintas já que os es-
do com as estações. Uma mesma espécie cria espa- paços parecerão menores quando o volume das fo-
ços volumétricos diferentes no decorrer do ano; isso lhas da vegetação for maior no verão e terão aspecto
garante maior diversidade ao jardim, eliminando-se maior quando as folhas caírem no inverno.

Cores

As cores são advindas, na maioria das vezes, das es-


pécies vegetais escolhidas para implantação. É pos-
sível criar um jardim muito colorido ou apenas em
tons de verde (DEMATTÊ, 2006).
A cor pode ser explorada em um jardim por
meio da coloração da floração e da folhagem das
plantas. Deve-se considerar a época de florescimen-
to de cada planta, assim como a mudança na colora-
ção das folhagens. Este fator promove dinamismo na
composição do jardim, pois este terá cores diferentes
ao longo do ano.
Figura 68 - Volume
Fonte: Shutterstock. Como vimos na Unidade I deste livro, algumas
espécies vegetais se destacam pelo colorido da flo-
ração, outras pela coloração da folhagem, inclusive
algumas espécies com folhagem variegada, ou seja,
espécies que apresentam mais de uma cor na folha-
gem.
De acordo com Bellé (2013), a percepção da cor
nas folhas da vegetação depende de fatores como o
tamanho da superfície, a textura, a pilosidade (pre-
sença de pelos), a capacidade de refletir mais ou me-
nos luz e de ser mais ou menos translúcida.
Segunda a autora, as cores quentes (vermelho,
laranja, amarelo) transmitem alegria, ação e proxi-
midade e por isso, devem ser utilizadas preferencial-
mente em locais amplos, de intensa atividade e em
Figura 69 - Volume da vegetacão
Fonte: Shutterstock. ambientes que se queira destacar.

111
PAISAGISMO

Por outro lado, as cores frias (azul, violeta, ver-


de) transmitem repouso, serenidade, calma e afas-
tamento, assim, são indicadas em áreas de descanso
ou lazer passivo, de contemplação e em pequenos
espaços, por transmitirem a sensação de amplitude.

Figura 72 - Plantas em tonalidades diferentes


Fonte: Shutterstock.

Formas
Figura 70 - Jardim com tons de verde
Fonte: Shutterstock. As formas são fundamentais no projeto paisagístico,
muitas vezes elas são resultado do estilo de paisagis-
mo implantado.
O jardim pode adquirir formas geométricas ou
orgânicas, mais parecidas com as encontradas na na-
tureza (DEMATTÊ, 2006).
Os elementos vegetais se dispõem em diversas
formas, existindo plantas mais arredondadas, ova-
ladas, alongadas, com galhos arqueados etc. O co-
nhecimento do porte da planta adulta talvez seja o
critério técnico mais importante, para que possam
ser evitados problemas futuros de incompatibilida-
de entre o espaço disponível e o crescimento da es-
pécie (BELLÉ, 2013).
Aluno(a), lembre-se que na Unidade I foi abor-
dada a importância de se considerar sempre o por-
te adulto da planta no desenvolvimento do projeto,
considerando, além de sua forma, o seu porte final,
garantindo que o efeito da composição desejado em
projeto será o mesmo que se concretizará com o de-
Figura 71 - Jardim em tons coloridos diversos
Fonte: Shutterstock. senvolvimento e crescimento da planta.

112
DESIGN

As formas ainda podem ser exploradas por meio


dos demais elementos de composição, pelo desenho
criado, da paginação de pisos, revestimentos entre
outros.

Figura 75 - Jardim com formas diversas


Fonte: Shutterstock.

Textura

A textura é a impressão visual ao tato. Essa caracte-


rística pode ser explorada nos materiais e elementos
construídos, pois realçam o efeito tridimensional
(DEMATTÊ, 2006). É importante lembrar que ela
também é um elemento visual que serve para subs-
tituir as qualidades do tato, podendo ser ondulada,
Figura 73 - Jardim em formas geométricas
Fonte: Shutterstock. enrugada, aveludada, granulada etc.

Figura 74 - Jardim em formas sinuosas Figura 76 - Jardim com riqueza de texturas


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

113
PAISAGISMO

Segundo Biondi (1990, apud LEAL; BIONDI,


2006), a distância do observador é um fator impor-
tante na percepção da textura. Quando a distância é
próxima, a textura é resultado do tamanho, forma,
qualidade da superfície e espaço das folhas, da ri-
gidez dos pecíolos e galhos. E quando a distância é
longa, os detalhes individuais são diluídos e a textu-
ra é resultante da luz e sombra que a planta fornece
ao local.
Podemos destacar algumas outras características
dos elementos de composição, que podem ser:
• Transparência: refere-se ao volume da folha-
gem, transmitindo leveza e evitando a forma-
Figura 77 - Painel com texturas da madeira e vegetação ção de barreiras visuais (BELLÉ, 2013).
Fonte: Shutterstock.

As espécies vegetais possuem diferentes texturas; es-


tas são percebidas especialmente pelo tato, mas tam-
bém pela impressão visual que a superfície das fo-
lhas, troncos ou frutos provocam. A textura também
é capaz de alterar a cor da vegetação, pois texturas
ásperas absorvem a luz, tornando as plantas mais es-
curas, enquanto que as texturas lisas refletem a luz,
deixando a planta em tons mais claros. Dessa forma,
na composição de um jardim, pode-se obter sensa-
ções distintas como a de suavidade ou agressividade
(BELLÉ, 2013).

Figura 78 - Plantas com texturas diferentes Figura 79 - Transparência


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

114
DESIGN

Figura 80 - Ausência de transparência • Aroma: o aroma ou perfume exalado, prin-


Fonte: Shutterstock.
cipalmente pelas plantas em um jardim, es-
• Mobilidade: o movimento pode ser produ- timulam o cérebro e provocam diferentes
zido pelo movimento dos ramos, folhas ou sensações e emoções; assim, eles podem ser
da planta inteira provocando sensações va- bastante explorados em uma composição de
riadas. Assim, pode ser explorada em jardins jardim sensorial (BELLÉ, 2013).
sensoriais pela geração de sons a partir dos
ventos. A mobilidade pode destacar a colora-
ção da folhagem, especialmente em espécies
que apresentem diferentes nuances de cores
nas faces das folhas (BELLÉ, 2013). O movi-
mento também pode ser explorado por meio
dos demais elementos de composição de um
jardim, como as luzes.

Figura 82 - Plantas com aroma


Fonte: Shutterstock.

REFLITA

O conhecimento técnico adquirido pelo profissio-


nal paisagista ao longo de sua formação acadêmi-
ca e profissional é o que o distinguirá no mercado
de trabalho. O paisagista adquire conhecimento
técnico sobre formas, princípios e elementos de
composição de projeto, o que fará toda a dife-
rença na concepção de projetos paisagísticos de
qualidade.
Fonte: a autora.
Figura 81 - Movimento gerado pelo vento no jardim
Fonte: Shutterstock.

115
considerações finais

Na unidade III, foi abordada a temática da composição na atividade paisagística.


Esta é fundamental para a criação e desenvolvimento de projetos paisagísticos de
qualidade que promovam a qualidade de vida e bem estar aos usuários, desper-
tando seus sentidos, transmitindo emoções e diferentes percepções.
Os usuários dos jardins são diferentes, da mesma forma que suas percepções.
Assim, conhecer os fundamentos de composição paisagística se torna fundamen-
tal ao profissional, que poderá, a partir de então, explorar as diferentes possibili-
dades, buscando sempre alcançar o resultado mais adequado para cada necessi-
dade e mais surpreendente, tanto com relação à estética, quanto à funcionalidade
dos espaços paisagisticamente tratados.
A compreensão dos princípios de composição e como estes podem ser tra-
balhados no desenvolvimento dos projetos permitem ao profissional paisagis-
ta maior garantia de sucesso, uma vez que ele pode fazer uso desses princípios
visando alcançar um efeito diferenciado, enfatizando sensações ou até mesmo
mascarar condicionantes ou sensações desagradáveis.
Os elementos de composição são peças chaves na concepção de projetos, são
eles que vão dar vida e personalidade ao jardim, podendo seguir um estilo espe-
cífico ou trazer características de estilos distintos dentro de um mesmo jardim.
A variedade de elementos, materiais e características destes dão ao profissional
de paisagismo uma gama de possibilidade para desenvolver seus projetos, inde-
pendente da dimensão do espaço, do programa de necessidades e do orçamento
disponível.
Quanto mais o profissional tiver conhecimentos de suas possibilidades, me-
lhor será seu desempenho no processo de composição. Sendo assim, entende-se
como de fundamental importância na capacitação dos alunos, no que se refere
à composição de projetos, o reconhecimento dos princípios de composição, os
elementos que compõem o jardim e suas características, tornando o futuro pro-
fissional na área de paisagismo atuante e questionador quanto à qualidade dos
projetos paisagísticos.

116
atividades de estudo

Analise o projeto paisagístico ilustrado pela figura abaixo e responda às ques-


tões 1, 2 e 3:

Figura 01 - Projeto paisagístico


Fonte: Shutterstock.

1. Descreva quais são os elementos de composição presentes neste projeto?

2. Descreva quais são as tipologias vegetais utilizadas nesta composição?

3. Descreva quais as características dos elementos de composição que são


exploradas neste projeto?

4. Sobre os princípios de composição em paisagismo, analise as sentenças


com (V) para verdadeiro e (F) para falso, assinalando alternativa correta.
(( ) A unidade em um projeto de paisagismo acontece quando este é perce-
bido como um conjunto harmônico, sem elementos desconectados ou
em discordância.
(( ) O equilíbrio simétrico e assimétrico partem do mesmo princípio – com-
posições de mesmo peso visual organizadas de forma idêntica a partir de
um eixo central.
(( ) O movimento em um jardim pode ser promovido pelo movimento da ve-
getação, animais, água corrente, ou por meio de elementos que promo-
vam contraste e gerem a ilusão de movimento.
(( ) O ritmo é um princípio que só pode ser explorado quando a composição
do projeto paisagístico conta com a utilização de elementos que apre-
sentem cores que possam ser repetidas, proporcionando assim o ritmo.

117
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. V, F, V, F.
b. V, F, F, F.
c. F, F, V, F.
d. F, V, F, V.
e. V, V, V, F.

5. Relacione a primeira com a segunda coluna


(( ) Trata-se da relação entre as partes e um todo, por exemplo, a relação
entre largura e comprimento do espaço.
(( ) Está relacionado à massa da vegetação - seu preenchimento - podendo
variar de acordo com as estações do ano.
(( ) Está relacionada com o volume da folhagem, transmitindo sensação de
leveza, evitando a formação de barreiras visuais.
(( ) É a impressão visual ao tato, podendo ser explorada nos materiais e ele-
mentos construídos, realçando o efeito tridimensional.
I. Transparência.
II. Textura.
III. Volume.
IV. Proporção.

Assinale a alternativa correta:


a. I, II, III, IV.
b. IV, III, II, I.
c. IV, III, I, II.
d. I, IV, II, III.
e. IV, I, III, II.

118
LEITURA
COMPLEMENTAR

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE JARDIM SENSORIAL NO JARDIM BOTÂNICO


DO IBB/UNESP, BOTUCATU/SP

Desde a Antiguidade, os jardins foram espaços criados para o lazer e prazer onde é
possível viajar no tempo, experimentar sensações diferentes, promover encontros e
entrar em contato com a natureza em sua mais exuberante expressão (CHIMENTTHI;
CRUZ, 2008). O jardim é como fragmento de um sonho e deve ser compartilhado por
todo e qualquer usuário, incluindo os portadores de algum tipo de deficiência visual,
auditiva ou física. Os idosos também têm esse direito, com sua natural perda de mobi-
lidade e diminuição dos sentidos.
Analisando-se a evolução histórica do paisagismo, verifica-se que as funções dos jar-
dins se modificaram ao longo do tempo, mas, de forma geral, no passado, não privile-
giaram o acesso e o desfrute pelas pessoas portadoras de deficiência, principalmente
os cegos. Mesmo porque, para muitas civilizações antigas, tais pessoas eram vítimas de
preconceitos. Além disso, os jardins mais antigos foram sempre concebidos mais para
serem vistos do que sentidos. Muitas vezes, eram símbolos evidentes da riqueza e do
poder de seus proprietários (LEÃO, 2007).
No dia-a-dia tem-se a impressão de perceber tudo através dos olhos, como se os outros
sentidos estivessem adormecidos. Na verdade, as relações do homem com seu mundo
dependem de uma série de informações que o instigam a mover-se para investigar,
para buscar ou para defender-se, de maneira precisa e adequada, evitando lesar ou
ser lesado. A função do jardim sensorial é de retomar esses sentidos, avivar a percep-
ção adormecida e torná-la real novamente (BAPTISTA; FRANÇÃO; MARCHESE, 2008). Os
videntes tendem a perceber tudo através dos olhos e perdem os outros sentidos. Não
lembram, por exemplo, que as plantas podem ter uma textura agradável ao tato, além
de um bom aroma (DETONI, 2008). Os jardins, de uma maneira geral, representam
um espaço de lazer e prazer. Através deste espaço, é possível experimentar sensações
diferentes e entrar em contato com a natureza em sua mais exuberante expressão. O
jardim sensorial difere dos jardins comuns em sua proposta; ele deixa de ser apenas
uma área de lazer para se tornar, além disso, uma ferramenta de inclusão social de
pessoas com diversos tipos de necessidades especiais, como a visual, por exemplo, e
de ferramenta para reabilitação em fisioterapia para tratamento de distúrbios como
alteração da marcha, equilíbrio e propriocepção (ELY et al., 2006). Contudo, o jardim

119
LEITURA
COMPLEMENTAR

sensorial não beneficia apenas as pessoas com algum tipo de necessidade especial ou
que estejam em reabilitação, podendo ser útil para as demais pessoas por estimular
sentidos que se encontram adormecidos pela prioridade dada à visão, ajudando-os a
relaxar ao entrar em contato com a natureza e a reassumir seu corpo tendo seus sen-
tidos integrados (ELY et al., 2006). Um jardim sensorial propõe-se mostrar mais do que
os olhos estão acostumados a ver. É como reconhecer a Natureza de outra maneira,
por meio da textura das folhas, do cheiro das flores e do sabor ou do som dos pássaros
e vento. Mais do que um conceito filosófico, essa é uma ótima maneira para instigar o
amor às plantas em pessoas deficientes assim como em crianças (VEIGA, 2008). Desta
forma, o Jardim Sensorial oferece os recursos para que ocorra uma aprendizagem sig-
nificativa, pois o visitante poderá construir ideias baseando-se em suas experiências,
criando uma relação entre o que ele sabia anteriormente e o que ele está aprendendo
(BAPTISTA; EL-HANI, 2006).
O jardim sensorial deve ficar suspenso a uma altura pré-determinada, considerando
passagem tanto para cadeirantes quanto para deficientes visuais e idosos. Este recurso
garante o livre acesso a todos que queiram tocar as espécies com facilidade. Este tipo
de jardim sensorial possui grande influência oriental manifestando-se através dos se-
guintes sentidos do corpo humano (CHIMENTTI; CRUZ, 2008): · Tato, através das textu-
ras das plantas; · Audição, com os repuxos d’água, sons das folhas se mexendo, sons de
pássaros e outros animais; · Visão, através das cores exuberantes; · Olfato com os aro-
mas das espécies e, finalmente; · Gustação, tão importante na formação do paladar jun-
to com a olfação, a associação será feita através do gosto de algumas ervas do jardim.
As diferentes espécies possuem diferentes texturas e através delas é possível garantir
a sensação do tato. Um bom exemplo disso é o caso das plantas suculentas que podem
apresentar infinitas texturas e um resultado excelente, principalmente considerando
os deficientes visuais (CHIMENTTI; CRUZ, 2008). As pequenas fontes e repuxos d’água
também são responsáveis por agradáveis sensações e podem ser inseridas através de
um sistema de bombeamento de água semelhante ao utilizado em aquários, onde é
estimulada principalmente a audição. As cores exuberantes das flores e folhagens tam-
bém garantem excelentes resultados no que se refere ao aspecto visual do jardim, onde
suas combinações podem expressar as mais infinitas combinações. Petúnias, rabos-de-
-gato, violetas, lírios-da-paz, gerânios, ixoras e plumbagos estão entre as mais cotadas

120
LEITURA
COMPLEMENTAR

para pequenos vasos e jardineiras. O resultado policromático varia de acordo com as


estações do ano. O olfato no jardim é trabalhado por meio de plantas aromáticas em
que é possível distinguir o agradável aroma das ervas e temperos caseiros. As espécies
mais utilizadas para este fim são: alecrim, hortelã, manjericão, salsinha, cebolinha, gen-
gibre e coentro. Segundo Chimentti & Cruz, 2008, as ervas aromáticas possuem efeitos
terapêuticos, penetrando através de células especializadas que revestem a mucosa na-
sal, chegando direto ao cérebro. Dessa forma tais ervas afetam as emoções, atuando
no sistema límbico que controla as principais funções do corpo. Para os deficientes
físicos e visuais, os jardins das sensações “sensoriais”, oferecem um contato mais pró-
ximo e seguro com a natureza. Os médicos e educadores também descobriram que
eles podem ser usados com sucesso para estimular os sentidos e acalmar crianças com
dificuldades de aprendizagem e idosos com demência. Tocar as plantas e senti-las com
as pontas dos dedos e apreciar seu aroma, também é uma experiência sensorial que
ajuda a aguçar os sentidos (DETONI, 2008). O aroma de plantas e ervas ajuda a acalmar
e a despertar lembranças (DETONI, 2008). Nesse espaço é possível o desenvolvimento
de atividades lúdicas para estimular os sentidos do homem, na percepção dos espaços
promovendo a integração destes com o meio ambiente.

Fonte: Matos, Gabriel e Bicudo (2013).

121
PAISAGISMO

Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística


Benedito Abbud
Editora: Senac São Paulo
Ano: 2010
Sinopse: neste livro, Benedito Abbud aponta diversos
recursos que a disciplina de paisagismo nos oferece
para projetar espaços vivos e, por isso mesmo, mu-
táveis, os quais nos convidam a com eles interagir de
maneira sensível, e não apenas pragmática.ção do
plano estratégico para organizações com ou sem fins
lucrativos, empresas públicas
Comentário: este livro aborda de maneira bastante
didática o processo de composição e desenvolvimen-
to de projetos paisagísticos por meio de técnicas e
princípios que nos levam a entender o jardim como
um espaço para ser percebido e utilizado por meio de
todos os sentidos.

122
referências

ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em Arquitetura Paisagística.


São Paulo: SENAC, 2006.

BELLÉ, S. Apostila de Paisagismo. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec-


nologia do Rio Grande do Sul – IFRS. Bento Gonçalves, 2013.

COOPER, P. Jardín y paisaje. Barcelona: Naturart, S.A. Editado por Blume, 2006.

DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de paisagismo. 3. ed. Jaboticabal: Funep, 2006.

LEAL, L.; BIONDI, D. Potencial ornamental de espécies nativas. Revista científi-


ca eletrônica de engenharia florestal. Ano IV, n. 8, ago. 2006.

MARX, R. B. 1909-1994. Arte & paisagem: (conferências escolhidas) / Roberto


Burle Marx; José Tabacow, organização e comentários. 2. Ed. rev. E ampl. São
Paulo: Studio Nobel, 2004.

MATOS, M. A.; GABRIEL, J. L. C.; BICUDO, L. R. H. Projeto e construção de


jardim sensorial no jardim botânico do IBB/UNESP, Botucatu-SP. Rev. Ciênc.
Ext. v. 9, n. 2, p. 141-151, 2013.

123
gabarito

1. Vegetação, iluminação/luminárias, revestimento de piso, madeira em fechamento


vertical.
2. Basicamente forrações junto ao solo e arbustivas (bambu).
3. A textura é explorada por meio da utilização do bambu, sua folhagem possui textura
que se destaca na composição, ao mesmo tempo em que promove transparência,
a medida que não cria um fechamento visual. A textura lisa dos materiais contrasta
com o volume produzido pela folhagem da vegetação. A proporção também é feita
por meio da relação entre a largura do caminho e a altura da vegetação.
4. a) V, F, V, F.
5. c) IV, III, I, II.

124
UNIDADE
IV
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
EM PAISAGISMO

Professora Me. Andréia Gonçalves

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Representação gráfica à mão livre
• Representação técnica
• Peças gráficas do projeto paisagístico
• Etapas de projeto

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as ferramentas e desenvolver representações
paisagísticas à mão livre.
• Conhecer as técnicas e formas de apresentação de
projetos paisagísticos.
• Conhecer os desenhos que compõem um projeto
paisagístico.
• Conhecer as etapas para elaboração de um projeto de
paisagismo.
unidade

IV
PAISAGISMO

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo à Unidade IV do livro de Paisagismo. Nesta


unidade, trataremos especificamente sobre a representação de projetos
paisagísticos, abordando as formas de representação, elementos gráficos
e textuais que compõem o projeto e as etapas de desenvolvimento do
projeto, desde o contato inicial com o cliente até a execução do projeto
paisagístico.
A representação gráfica para projetos é uma linguagem universal e
deve seguir as normativas técnicas. No entanto, para o projeto paisagís-
tico, não existem normativas específicas quanto à representação dos ele-
mentos vegetais. Sendo assim, nesta unidade discutiremos alguns tipos e
métodos de representação de espécies vegetais tanto no método à mão li-
vre como no desenho auxiliado por computador. A representação gráfica
define a individualidade de cada profissional, seu traço ou linguagem de
representação. Por mais que haja normativas, cada profissional, seguindo
as mesmas, estabelece sua linguagem de representação.
Abordaremos na sequência as peças gráficas que compõem os proje-
tos paisagísticos, assim como os elementos textuais que complementam
a representação gráfica e permitem o claro entendimento do projeto con-
cebido pelo paisagista.
Por fim, discutiremos as etapas de projeto, abordando as fases preli-
minares, antes mesmo de se iniciar algum traço ou representação gráfica:
o contato com o cliente, o entendimento do problema, o levantamen-
to do local e condicionantes, a montagem do programa de necessidades
junto com o cliente até se chegar à concepção e representação da pro-
posta paisagística. Ainda que normalmente não haja desenhos, ou algu-
ma forma de representação gráfica nestas etapas preliminares, elas são
fundamentais para o entendimento da encomenda e sucesso da proposta
de projeto. Em seguida, abordaremos as etapas gráficas do projeto, desde
sua concepção inicial até o projeto de execução do jardim, descrevendo e
discutindo os elementos pertencentes a cada etapa.

128
DESIGN

129
PAISAGISMO

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
À MÃO LIVRE
Neste tópico, será abordada a representação de figu- Vamos iniciar com a representação de figuras
ras paisagísticas feita à mão livre, para uso no desen- vegetais, elementos fundamentais nos projetos pai-
volvimento e representação de projetos paisagísticos. sagísticos. Nestes desenhos, será utilizado como re-
Tratar-se-á do traço, formato da vegetação, textu- ferência para a criação do desenho um círculo guia,
ra da folhagem, formação de conjuntos vegetais, al- com traço fino, feito com compasso ou com gabarito
gumas representações de revestimentos e elementos de círculos. Essa linha guia ajudará no desenvolvi-
construídos e os efeitos de luz e sombra no desenho. mento das figuras que representarão a vegetação.

130
DESIGN

3. Ligue o ponto central com a linha de contor-


no criando linhas radiais duplas.
4. Conecte as linhas radiais duplas com peque-
nas letras W.
5. Reforce algumas das linhas duplas. Assim
criaremos a primeira representação.
6. Reforce o contorno das linhas guias com li-
nhas curvas, criando, assim, outra possibili-
dade de representação.

Figura 2 - Representação de árvores


Fonte: adaptada de REID (2002).

Neste esquema, conseguimos criar três represen-


Figura 1 - Compasso e Gabarito de círculos
Fonte: Shutterstock. tações arbóreas diferentes, usando basicamente o
mesmo processo.
Por meio dessa linha guia, definiremos o tamanho
da nossa figura e se esta será uma representação in- Textura das folhagens
dividual ou em conjunto.
Vamos iniciar ilustrando alguns processos de re- Para representações em que a textura da folhagem é
presentação de vegetação. essencial, vamos usar o mesmo processo base da re-
presentação anterior, usando novamente os círculos
Representação de árvores como base para nosso desenho.
1. O primeiro passo é fazer um círculo de refe- Após o desenho do círculo, é necessário definir
rência com uma linha de traço fino; marque a textura da folhagem: rugosa, lisa, arredondada, es-
o centro do círculo com um ponto, pois este petada.
será nossa referência de centro para elaborar
Nos desenhos que seguem, vemos exemplo da
as linhas de representação seguintes.
representação com um tipo de folhagem de textu-
2. À mão livre, refaça o contorno do círculo sobre-
posto à linha de base feita com o instrumento. ra mais rugosa e arredondada e uma segunda com

131
PAISAGISMO

textura mais espetada. O processo é o mesmo para a Árvores coníferas


representação das duas texturas.
Após a definição da textura, preenche-se o con- O processo é o mesmo das representações anteriores,
torno do círculo com o formato da textura deseja- sempre com a criação de um círculo de referência,
da. Em seguida, vamos definir o sentido da luz do com marcação do centro com um ponto, definindo
sol, pois isso determinará a forma da representação, em seguida a direção da fonte de luz. A partir de então
pois, onde a luz é mais intensa, temos a tendência 1. Crie linhas radiais ligando o ponto central à
de ver menos detalhes da folhagem, formando uma linha de contorno do círculo.
textura mais lisa, causada pelo reflexo da luz. Por ou- 2. Adicione mais linhas do centro para a borda
tro lado, onde há menos luz e mais sombra, as tex- no lado onde predomina a sombra. Pode-se
reforçar essas linhas para criar o efeito som-
turas são acentuadas e a folhagem mais escurecida.
breado.
A seta indicativa no desenho representa a direção da
luz incidente sobre a vegetação.
A partir de então, desenhe dois círculos internos
deslocados na direção da fonte de luz, como mostra
a Figura 3. Estes círculos serão guias para a inserção
das novas camadas de folhagem.
Adicione novas linhas de textura, deixando mais
preenchido no lado onde predomina a sombra e mais
vazio onde predomina a luz, como mostra a Figura 3.

Figura 4 - Representação de árvores coníferas


Fonte: adaptada de REID (2002).

Arbustos

Figura 3 - Representação de árvores com textura de folhagem Os arbustos podem ser representados como minia-
Fonte: adaptada de REID (2002). turas das representações das árvores. Neste caso, o
processo é o mesmo, com os círculos guias, porém
Faça o mesmo processo para os dois tipos de texturas. agora o tamanho dos círculos é o que vai determinar

132
DESIGN

que estes sejam arbustos e não árvores. Normalmen- Forrações


te são utilizados em conjuntos, formando maciços,
assim usaremos não apenas um círculo guia, mas As forrações, como vimos na Unidade I, caracteri-
vários, como mostra a figura. zam-se por plantas rasteiras que fazem a cobertura
do solo. Diferente das árvores e arbustos, nas forra-
ções não se identifica os exemplares vegetais indivi-
dualmente, mas em grupo. Assim, comece a repre-
sentação com um traço simples delineando a zona
de cobertura do solo.
Um pontilhado graduado é eficaz para repre-
sentar um relvado ou mesmo a cobertura em areia.
Outros padrões podem corresponder ao caráter fo-
Figura 5 - Representação de arbustos liar. Você pode adicionar tom ao desenho reforçado
Fonte: adaptada de REID (2002).
e aumentar o traçado de contorno, como mostra a
1. Faça círculos guias com linhas finas. Desenhe Figura 07.
os círculos se tocando ou ligeiramente sobre-
postos para enfatizar o efeito de proximidade
do maciço vegetal.
2. Em seguida faça a representação do tipo ve-
getal desejado, com linhas internas ou linhas
com texturas.

Figura 6 - Representação de arbustos em conjuntos


Fonte: adaptada de REID (2002).

Pode-se também misturar representações em um


mesmo conjunto; isso indica que foram utilizadas
Figura 7 - Representação de forrações
mais de uma espécie dentro do maciço arbustivo. Fonte: adaptada de REID (2002).

133
PAISAGISMO

Pavimentação Sombras

Para a representação de pavimentação por meio de Segundo Reid (2002), não é necessário adicionar
texturas dos materiais, Reid (2002) sugere que para sombras a todos os projetos, no entanto, as sombras
desenhos paisagísticos em escala de 1:250 não se faz escuras adicionam uma dimensão de profundidade
necessário texturizar toda a superfície do desenho. para o projeto, realçando os pontos de interesse da
A textura pode ser inserida apenas em manchas, nas concepção.
bordas e cantos das superfícies que se deseja cobrir No que diz respeito à direção, as sombras lan-
ou ainda pode-se diminuir ou fragmentar a textura çadas para a esquerda ou para a direita criam um
no meio da superfície, como ilustra a Figura 08. poderoso efeito tridimensional, proporcionando vo-
lume aos elementos do projeto.
Para a definição da direção da fonte de luz, é
importante ter conhecimento do caminho do sol
na região onde o projeto será implantado. No caso
dos países localizados no hemisfério Sul, o cami-
Figura 8 - Representação de pavimentação nho do sol é determinado por um arco no sentido
Fonte: adaptada de REID (2002).
norte. No hemisfério norte, ocorre o contrário. No
Para desenhos na escala de 1:100, a recomendação é que caso do Brasil, localizado no hemisfério sul, a luz
a textura fique mais grossa podendo ser deixadas algu- virá do norte, podendo estar mais à direita ou à es-
mas zonas sem textura, conforme mostra a Figura 09. querda, de acordo com o horário do dia.

Densidade da sombra

De acordo com Reid (2002), as sombras mais po-


derosas são em preto sólido, cinza escuro ou azul
Figura 9 - Representação de pavimentação escuro. No entanto, as sombras também podem
Fonte: adaptada de REID (2002).
ser feitas com uma hachura direcional ou com um
Para desenhos na escala 1:50, por sua vez, é neces- marcador de tom médio. Neste caso, elas perdem
sário mostrar todos os elementos de pavimentação, um pouco do seu impacto, mas têm a vantagem de
inclusive as junções entre as peças (Figura 10). permitir que alguns elementos situados no nível do
solo fiquem visíveis. Segundo o autor, não é indi-
cado misturar sombras negras sólidas e sombras
tonificadas no mesmo desenho.
Isso serve tanto para sombra das plantas como
para sombra de elementos construídos e edifica-
ções.
Figura 10 - Representação de pavimentação
Fonte: adaptada de REID (2002).

134
DESIGN

Sombras de plantas

Para inserir sombra nas representações de vegetação primeiramente estabeleça a


direção da luz. Supondo que a maioria das plantas tem uma forma arredondada,
use o mesmo modelo de círculo que corresponda ao tamanho da planta para de-
senhar o círculo guia da sombra. Para tanto, deslize o círculo na direção contrária
à fonte de luz e desenhe o círculo guia.
Preencha o espaço formado pelo círculo guia que se aparenta a uma meia lua.
Para as plantas que têm uma forma piramidal, como as coníferas, faça um esboço
com linhas guias finas em formato de cone. Neste caso, o preenchimento interno
parecerá melhor se o contorno for irregular.

SAIBA MAIS

A HUMANIZAÇÃO de projeto consiste na ilustração artística das peças


gráficas dos projetos paisagísticos, por meio da coloração e inserção de
elementos que aproximem o desenho da realidade imaginada pelo projetis-
ta, facilitando o entendimento da proposta paisagística pelo cliente ou por
outro leitor leigo no assunto. A humanização pode ser feita com diferentes
técnicas, pode ser manual ou digital, com a utilização de software como
o Corel Draw, AutoCAD, Landscape, Sketchup, Photoshop entre outros.

Quando feita à mão, os materiais mais utilizados são os lápis de colorir,


marcadores, canetas coloridas, giz pastel, aquarela entre outros. Costuma-se
dizer que a humanização dá vida ao desenho, tornando-o mais realista.
Na representação de figuras vegetais, a coloração pode dar indícios das
cores que formarão a composição do jardim.

A humanização dos desenhos também pode marcar ou reforçar os efeitos


de luz e sombra; espécimes vegetais em nível mais alto ou mais baixo, como
arbustos sob árvores; demarcar circulações e diferenciar os materiais e
cores utilizadas nos projeto.

Fonte: a autora.

135
PAISAGISMO

REPRESENTAÇÃO
TÉCNICA
A representação técnica de projetos paisagísticos se- senho (representação gráfica) que lembre a espécie em
gue as mesmas normas de desenho técnico utilizado seu máximo desenvolvimento (DEMATTÊ, 2006).
para edificações ou projeto de interiores. Quanto à Quanto à representação de espécie vegetais, ba-
representação da vegetação, não há normas rígidas sicamente são utilizados dois tipos: a representação
para a representação de espécies em projetos paisa- esquemática (Figura 11) e a representação figurativa
gísticos, no entanto, procura-se fazer uso de um de- (Figura 12).

136
DESIGN

Figura 11 - Exemplo de representacao esquemática


Fonte: acervo da autora - blocos software AutoCAD.

A representação esquemática apresenta a vegetação


de forma mais geral, sem detalhes da espécie, apenas
porte e forma de inserção. Por outro lado, a repre-
Figura 13 - Representação figurativa humanizada
sentação figurativa, humanizada ou não, busca apro- Fonte: Shutterstock.

ximar o desenho da espécie vegetal, com detalhes de


forma, volume e textura da folhagem. Além da representação gráfica da vegetação, existem
outros elementos que compõem e complementam o
desenho, permitindo que esse possa ser compreen-
dido. Dentre estes elementos, estão os textos, símbo-
los gráficos e textuais, legendas e cotas.
Para indicar as espécies vegetais e materiais de
acabamento, pode-se utilizar legendas que comple-
mentam a simbologia utilizada no desenho. As es-
pécies e acabamentos podem ser indicados nos de-
senhos por meio da própria representação gráfica,
como foi apresentado no Tópico I desta unidade, ou
por meio de símbolos, códigos ou números. Para es-
ses símbolos e códigos, são feitas legendas que indi-
cam o que cada um representa. As legendas podem
Figura 12 - Representação figurativa
Fonte: Shutterstock. possuir especificações técnicas, tornando-se quadros
de especificação de materiais ou tabelas botânicas,
A representação figurativa colorida ou humanizada é no caso da indicação das espécies vegetais do projeto.
usada principalmente para desenhos de apresentação, Benedito Abbud (2006) recomenda uma forma
plantas humanizadas, que permitem ao cliente uma me- de indicação de vegetação para projetos paisagísticos
lhor compreensão da proposta de concepção do projeto. muito utilizada entre os profissionais, como segue:

137
PAISAGISMO

Convenção de legenda:

21 = quantidade

PHBI = nome da espécie – PH (duas primeiras letras


correspondente ao gênero) BI (duas primeiras letras
correspondente à espécie) – Philodendron bipinnati-
fidum
60 = porte (cm)
70 = espaçamento de plantio (cm)
Figura 14 - Simbologia para indicar espécies vegetais
Fonte: Abbud (2006).

SAIBA MAIS

A representação gráfica ajuda o profissional paisagista a criar uma linguagem própria, sua forma de
apresentar seus projetos. Nessa tarefa, os softwares são grandes aliados. Além de permitirem a cria-
ção e edição de blocos dos elementos vegetais, eles nos permitem criar templates (arquivo padrão) de
modo que é posição usar configurações, hachuras e blocos idênticos em projetos diferentes, facilitando
o trabalho de representação e criando uma linguagem uniforme entre as representações gráficas de
cada projeto. Por exemplo, pode-se utilizar sempre uma mesma representação gráfica para identificar
uma espécie de palmeira, assim, toda a simbologia, representação e configurações podem ser utilizadas
de um projeto para o outro, tornando assim o trabalho mais ágil. Isso também facilita o trabalho em
equipe, pois se cria um padrão de representação gráfica.

Fonte: a autora.

138
DESIGN

PEÇAS GRÁFICAS DO
PROJETO PAISAGÍSTICO
A representação gráfica de um projeto paisagístico II. Definição e especificação de espécies e de-
deve proporcionar o claro entendimento das etapas mais materiais.
de desenvolvimento do projeto. A representação III. Implantação/execução.
apresenta características particulares do paisagismo.
O projeto paisagístico se divide em três grandes A representação dos projetos se divide em:
partes: I. Elementos gráficos: são eles as plantas, os
I. Concepção paisagística: forma de ocupação cortes, as elevações, perspectivas e detalhes
do espaço e características volumétricas das construtivos.
plantas. II. Especificações/elementos textuais: tabela bo-

139
PAISAGISMO

tânica, lista de materiais, legendas, especifica-


ções técnicas.
Corte

A finalidade é representar o tratamento paisagístico O corte é um desenho de perfil que representa em


do espaço e dar instruções para implantação e ma- elevação um detalhe do projeto em planta.
nutenção do mesmo (DEMATTÊ, 2006). O corte é muito utilizado para mostrar detalhes
construtivos, diferença de níveis dentro do espaço
DESENHOS - ELEMENTOS GRÁFICOS trabalhado, declividade do terreno, altura dos ele-
mentos vegetais e construídos.
Planta Planialtimétrica

É o desenho mais utilizado para representação no


paisagismo. Representa as espécies vegetais, demar-
cação dos caminhos, os elementos construídos, de-
talhes construtivos entre outros.
A indicação de norte é fundamental, pois revela
a variação de iluminação durante o dia, formando
áreas de luz e sombra. Também deve apresentar a
indicação dos ventos predominantes.
Compõem a planta planialtimétrica, ainda, le-
gendas com identificação das espécies vegetais e
materiais utilizados para composição do projeto. As
espécies vegetais devem ser representadas em sua
forma adulta (DEMATTÊ, 2006).

Figura 16 - Exemplo de Corte


Fonte: Shutterstock.

Elevações

As elevações são representações gráficas de planos


internos ou de elementos da edificação (ABNT,
1994). São representações frontais que ilustram ele-
mentos de interesse no projeto. No caso do paisagis-
mo, as elevações são importantes para ilustrar, além
da vegetação escolhida, os elementos construídos e
Figura 15 - Exemplo de planta paisagística
Fonte: Shutterstock. seus acabamentos.

140
DESIGN

As perspectivas ou imagens 3D, como também


são conhecidas, valorizam o projeto e comunicam
ao cliente a ideia do paisagista.
As perspectivas podem ser desenvolvidas por
vários meios, desde o desenho a mão livre até os
mais sofisticados softwares, que tornam o elemento
de representação o mais próximo da realidade. Cada
profissional escolhe e desenvolve o método que me-
lhor se adapta ao seu estilo, forma de trabalho ou
que seja mais viável na relação custo-benefício.

Figura 19 - Exemplo de perspectiva utilizando software


Fonte: Shutterstock.

Figura 17 e 18 - Exemplo de elevação paisagística


Fonte: Shutterstock.

Perspectiva

A perspectiva é um desenho que possibilita a visua-


lização do projeto tridimensionalmente, permitindo
conhecer os efeitos, formas e texturas da vegetação e
demais elementos de composição, dando ao cliente
uma percepção mais aprofundada de como o jardim
Figura 20 - Exemplo de perspectiva à mão livre
ficará depois de executado. Fonte: Shutterstock.

141
PAISAGISMO

SAIBA MAIS

Para quem gosta do desenho a mão, porém


não tem muita familiaridade com este ou tem-
po hábil para desenvolver muitos projetos uti-
lizando este método, existem outras opções.
Alguns softwares permitem criar efeitos de
desenho a mão livre, dando à representação
um caráter mais artístico. Ainda é possível, em
algumas situações, principalmente na fase de
estudos e aprovação pelo cliente, mesclar os
métodos de desenho, sendo parte criada no
computador e parte a mão livre. Por exemplo,
pode-se desenvolver o desenho em um sof-
tware e, para finalizar, fazer a humanização
(colorir) à mão livre.

Fonte: a autora.

Independente do método de representação, o proje-


to paisagístico deve indicar as espécies utilizadas, a
forma de inserção da vegetação, o espaçamento de
plantio, o porte das espécies, a quantidade de exem-
plares, o nome popular e científico das espécies.
Essas informações são fundamentais para a exe-
cução do projeto e devem estar inseridas na sua re-
presentação por meio do desenho, símbolos, legen-
das, códigos ou tabelas (DEMATTÊ, 2006).

MEMORIAL DESCRITIVO

É a parte escrita que trata do detalhamento de ins-


truções e especificações. No memorial, descreve-se
as espécies vegetais, materiais, elementos constru-
ídos e trabalhos a realizar. Ainda pode incluir cál-
culos, listas de plantas, dados climáticos, análise de
solo e água e o orçamento do projeto (DEMATTÊ,
2006).

142
DESIGN

ETAPAS DE PROJETO
Assim como todo projeto, o paisagístico também se to com o cliente, até finalmente a iniciação dos pro-
divide em etapas. São elas, segundo Abbud (2006): jeto enquanto elemento gráfico.
I. Estudo preliminar (Plano de massas).
II. Anteprojeto. INICIANDO O PROJETO
III. Projeto executivo dos elementos construídos
(layout). Ao iniciar o projeto, o conhecimento das condicio-
IV. Projeto executivo de plantio. nantes do espaço é o primeiro passo: orientação so-
lar, entornos e vistas, formas do relevo, solo, vegeta-
Contudo, ainda antes destas etapas de projeto, exis- ção existente, ventos. Esta etapa pode ser chamada
tem outros procedimentos, desde o primeiro conta- de levantamento.

143
PAISAGISMO

Logo após, define-se, junto ao cliente, o progra- Com as condicionantes conhecidas e o programa de
ma de necessidades: aspirações e necessidade do necessidades definido, inicia-se o processo de zone-
cliente. Variável de acordo com a tipologia da edi- amento espacial, ou seja, a distribuição geral dos ele-
ficação. mentos (vegetais e construídos).
O zoneamento prevê o caráter dos espaços, de-
Não basta anotar mecanicamente os itens de- monstra aproximadamente as dimensões dos equi-
sejados [...] mas também discutir o tipo e o
pamentos, maciços arbustivos, áreas de vegetação
caráter mais ou menos formal dos espaços. É
preciso saber do interesse por lugares acon- arbórea, caminhos etc., ou seja, como se dará a con-
chegantes, sombreados, jardins mais ou menos figuração do jardim (ABBUD, 2006).
densos. (ABBUD, 2006, p. 180).
A próxima etapa, considerada a primeira do
projeto gráfico, é o Estudo preliminar, que se trata
de uma depuração do zoneamento espacial.
O Estudo preliminar apresenta as primeiras
soluções de projetos, a partir do qual os elementos
vegetais e construídos ganham forma. Nessa etapa,
elabora-se o plano de massas vegetais, determinan-
do também as cores, floração, aromas, texturas, tipo
de caule etc. No entanto, nessa etapa ainda não se
define a especificação botânica (ABBUD, 2006).
O estudo preliminar deve apresentar a concep-
ção e as diretrizes a serem adotadas, indicando even-
tualmente as alternativas de partidos e sua viabilida-
de física e econômica (ABAP, 2010 apud HARDT,
2010, s/p).
Segundo Hardt (2010), durante a elaboração do
estudo preliminar, o paisagista faz opção por deter-
minada linguagem projetual. A representação do es-
tudo preliminar normalmente é baseada em peças
escritas (como memorial justificativo) e em peças
gráficas (como plantas – principalmente plano de
massas – e perspectivas), expressas sob a forma de
Figura 21 - Zoneamento espacial
Fonte: Abbud (2006, p. 186). desenho artístico, os croquis.

144
DESIGN

Segundo Hardt (2010), para a elaboração do ante-


projeto é necessária a aplicação de técnicas especí-
ficas como a composição e tratamento dos espaços,
modelagem do terreno, a representação da vegeta-
ção nas estações do ano, a composição da luz e grá-
ficos de sombra.
O anteprojeto apresenta soluções definitivas em
termos formais, estéticos e funcionais.
Nessa etapa, ocorre a seleção de espécies, ma-
teriais e elementos construídos e estimativas para a
execução do projeto.
No anteprojeto, a linguagem gráfica é de fácil
compreensão, dada por meio de desenhos colori-
dos, perspectivas e plantas humanizadas (ABUDD,
2006).
Figura 22 - Exemplo de desenho decorrente de estudo preliminar
Fonte: Shutterstock.

ANTEPROJETO

O anteprojeto é decorrência direta do estudo preli-


minar, sendo assim deve

permitir o fácil entendimento do projeto como


um todo, com explicitação do partido adotado,
distribuição espacial das atividades e indicação
do tratamento paisagístico e linguagem de de-
senho a ser imprimido a cada espaço, com de-
finição básica dos materiais a serem adotados,
modelagem preliminar do terreno, tipologia da
vegetação e indicação de elementos especiais
tais como estruturas, peças de água, obras de
arte etc. Esta fase deve conter informações que
possibilitem estimativa de custo da implan-
tação do projeto (ABAP, 2010 apud HARDT,
2010, s/p). Figura 23 - Exemplo de desenho decorrente de Anteprojeto
Fonte: Shutterstock.

145
PAISAGISMO

PROJETO EXECUTIVO

O projeto executivo corresponde ao desenvol-


vimento da proposta com base no anteprojeto
consolidado, sendo: composto no mínimo de
plantas (com indicação do modelado no terre-
no, cotas de nível, especificação dos materiais
e distribuição dos equipamentos, soluções de
drenagem, pontos de água e luz), cortes e deta-
lhes construtivos. [...] poderá ser acompanhado
de memorial descritivo e quantitativo (ABAP,
2010 apud HARDT, 2010 s/p).

Segundo Hardt (2010), o projeto executivo pode ser


representado em peças escritas: memorial técnico e ca-
derno de encargos; e peças gráficas: desenhos em esca-
Figura 24 - Exemplo de Projeto executivo (layout)
las adequadas para a compreensão do projeto, expressas Fonte: Reid (2002, p. 14).

sob a forma de desenho técnico e computação gráfica.

PROJETO EXECUTIVO DE ELEMENTOS


CONSTRUÍDOS (LAYOUT)

Este projeto tem como finalidade o detalhamento da


obra do paisagismo com definição dos revestimen-
tos finais de pisos, rampas, escadas, muretas, pérgo-
las, pórticos, solários, piscinas, áreas de estar, áreas
de recreação infantil etc.
Nessa etapa, o desenho apresenta cotas e níveis
finais acabados, indicação de materiais de revesti-
mentos, ponto de água e iluminação, assim como
detalhes das soluções para drenagem, impermeabili-
zação, forma de fixação dos revestimentos, cores etc
Figura 25 - Detalhes de drenagem
(ABBUD, 2006; REID, 2002). Fonte: Abbud (2006, p. 199).

146
DESIGN

PROJETO EXECUTIVO DE PLANTIO SAIBA MAIS

O projeto de plantio define a localização das espé-


O projeto executivo de elementos construídos
cies vegetais e informações sobre quantidade, porte ou layout e o projeto de plantio fazem parte
e espaçamento de plantio. da mesma etapa; no entanto, para facilitar a
leitura do projeto e separação das informa-
São elementos textuais deste projeto a tabela bo-
ções de natureza diversas, é mais indicado
tânica, o memorial descritivo e informações sobre a que estes projetos sejam apresentados em
manutenção do jardim (ABBUD, 2006; REID, 2002). peças gráficas separadas.

É importante saber que, quanto mais infor-


mações forem indicadas no projeto, seja por
meio de desenhos ou textos, menor será a
quantidade de dúvidas, promovendo eficácia
e rapidez na execução da obra.

Lembre-se: tudo que você não definir em


projeto, alguém poderá definir por você na
execução.

Fonte: a autora.

REFLITA

Sem o desenho, é praticamente impossível


transmitir a concepção do projeto para o pa-
pel, fazendo que esse possa ser executado
por terceiros sem perder a qualidade técnica
e mantendo todos os aspectos conforme foi
concebido pelo profissional paisagista.

Figura 26 - Exemplo de Projeto de plantio


Fonte: Reid (2002, p. 15).

147
148
Tabela de espécie vegetais - Pavimento térreo
Dist.
Qtde. Porte
PAISAGISMO

Cód. Nome cíentifico Nome popular Plantlo Especificaações Cor Caule Poda
Unid. cm
cm
ARRE Arachis repens Grama-amendoin 22m2 10 10

BINO Bismarckia nobilis Palmeira-de-Bismarck 3 300 total 300 Tutorar muda bem formada ver det.
CALE Caesalpinia leiostachya Pau-ferro 3 600 ver projeto Tutorar muda bem formada 5
HEBI Heliconia bihai Heliconia alta 17 200 80 Muda bem formada

LABO Latania borbonica Latania 8 50 100 Muda bem formada

MAYE Mascarena verschaffeltii Palmeira-prafuso 5 400estipe 400 Tutorar muda bem formada ver det.
MOIR Morrea iridioises Moréia baixa 3m2 30 20

MUPA Murraya paniculata Falsa-murta 19 200 60 Muda com folhas dede baixo com poda ver det.
MYSP Myrciaria sp Jabuticabeira 1 300 100 Muda bem formada

NEDE Neodypsis decaryi Neodysis 1 250estipe ver projeto Tutorar muda bem formada ver det.
NEDE Neodypsis decaryi Neodysis 1 300estipe ver projeto Tutorar muda bem formada ver det.
NEDE Neodypsis decaryi Neodysis 1 400estipe ver projeto Tutorar muda bem formada ver det.
PHBI Philodendron bipinnatifidium Guaimbé 21 60 70 Muda com 4 folhas
PHET Phyllostachys edulis Bambu grosso torto 7 350 150 Muda bem formada ver det
PHRO Phoenix roebelenii Tamareira-anã 4 100estipe 100 Muda bem formada ver det
PHRO Phoenix roebelenii Tamareira-anã 4 120estipe 100 Muda bem formada ver det
PUGR Punica granatum Romã 4 300 150 Tutorar muda bem formada ver det. 3
RHIN Rhododendron indicum Azáleia 33 80 40 Muda bem formada SU

WIZO Wild zoysia Grama-esmeralda 115m2 em placas

Figura 27 - Exemplo de tabela botânica


Fonte: Abbud (2006, p. 203).
considerações finais

Na Unidade IV, falamos sobre a representação gráfica de projetos paisagísticos,


abordando as formas de representação, elementos gráficos que compõem o pro-
jeto e as etapas de desenvolvimento dele.
O desenho é a linguagem do projetista e no paisagismo não é diferente. Por
meio da representação gráfica, o paisagista transmite ao papel suas ideias e con-
cepções, soluções para os mais diversos tipos de projetos.
Como vimos ao longo desta unidade, a representação pode ser feita à mão
livre ou por meio do uso de software. No entanto, em ambos os casos, algumas
normativas de desenho técnico devem ser levadas em consideração para que o
desenho possua linguagem e interpretação universal.
No desenho paisagístico, a representação gráfica ganha ainda mais importân-
cia por se tratar da representação de elementos vivos: as plantas. A humanização
pode ser explorada na representação de projetos de paisagismo, a fim de aproxi-
mar estes da realidade construída, possibilitando ao cliente visualizar com mais
facilidade como seu jardim ficará depois de pronto. Softwares computacionais
ajudam no processo de representação, principalmente na formulação de ambien-
tes em três dimensões.
Por meio da representação gráfica, o paisagista consegue também alcançar
uma personalidade de projeto e desenho, ou seja, a forma de representação gráfi-
ca, o traço no desenho ajuda a definir a individualidade de cada profissional e sua
linguagem de representação, que o diferencia dos demais profissionais, dando ao
seu trabalho personalidade própria.
Exercitar e estar aberto a novas formas de representação gráfica é fundamen-
tal para quem almeja ser um bom profissional paisagista, pois quanto mais fa-
cilidade de representação e mais diversidade de formas este dominar, com mais
facilidade e agilidade conseguirá desenvolver e dar seguimento aos seus trabalhos
profissionais.
Caro(a) aluno(a), encerramos a Unidade IV do livro de paisagismo; encon-
tramo-nos na Unidade V.

149
LEITURA
COMPLEMENTAR

O Plano de Massas
No desenvolvimento de um projeto paisagístico, são várias etapas até se chegar à cons-
trução e no uso da paisagem que se deseja. O plano de massas é um elemento de
representação gráfica presente na etapa de desenvolvimento de projeto inicial, corres-
pondente ao estudo preliminar. O estudo preliminar, como vimos nesta unidade, é a
etapa do projeto paisagístico na qual deve-se apresentar a concepção e as diretrizes a
serem adotadas, indicando eventualmente as alternativas de partidos e sua viabilidade
física e econômica (ABAP, 2010 apud HARDT, 2010, s/p.).
A representação do estudo preliminar é feita baseada em peças escritas, como o me-
morial justificativo, e gráficas, como plantas – principalmente o plano de massas – e
perspectivas, expressas especialmente sob a forma de desenho artístico, os chamados
croquis (HARDT, 2010).
O autor Macedo (1986) diz que “o plano de massas é o estudo preliminar da paisagem,
quando se define a estrutura básica dos espaços a serem produzidos, suas característi-
cas de uso, forma, cor, textura, os caminhos, etc.”
Na representação do projeto paisagístico, o plano de massas deve conter a proposta de
ocupação da área com a localização e dimensão estimada para os diferentes usos, as
interligações necessárias e a volumetria da vegetação em sua fase adulta.
Segundo Macedo (1986), o plano de massas serve de apoio ao projeto final, pois nele é
estudada a configuração da paisagem a ser desenvolvida.
Nesta etapa ainda não se define as espécies vegetais, mas determinam-se todos os
elementos formadores da paisagem, como as formas, as dimensões básicas, os pisos,
os planos e volumes de vegetação, os muros e volumes edificados.
A configuração do espaço depende da estrutura do elemento vegetal, sua forma, tex-
tura, quantidade, forma de assentamento, predominância, altura, cor e transparência
(MACEDO, 1986).
Com o plano de ocupação do jardim pronto e aprovado, finalmente você pode passar a
definir as plantas, convertendo as tipologias vegetais em plantas específicas.

FONTE: adaptado de Hardt, 2010 e Macedo, 1986.

150
atividades de estudo

1. Reproduza as representações gráficas abaixo utilizando as técnicas descri-


tas no tópico 1: círculo de referência; traçar as linhas, definir direção da luz,
reforçar linhas promovendo efeito de sombra.

2. Humanize o desenho abaixo, definindo cores para vegetação, materiais de


acabamento e demarcando a sombra da vegetação.

3. São peças gráficas e textuais constantes no projeto paisagístico o descrito


em:
a. Planta planialtimétrica, cortes, elevações, quadro de esquadrias.
b. Perspectivas, elevações, cortes e plantas e orçamento.
c. Tabela botânica, memorial descritivo, cortes e perspectivas.
d. Planta planialtimétrica, cortes, elevações e memorial descritivo.
e. Perspectivas, elevações, cortes, plantas e fachadas.

151
atividades de estudo

4. Sobre as etapas de projeto é correto afirmar:


I. O plano de massas faz parte da fase de anteprojeto, definindo o volume e
porte da vegetação.
II. O projeto executivo de elementos construídos e o projeto de plantio fazem
parte da mesma etapa de projeto.
III. O zoneamento espacial é uma fase anterior à elaboração do estudo preli-
minar e define o caráter dos espaços.
IV. O programa de necessidades é definido pelo paisagista, independente das
aspirações dos clientes, tendo em vista que o paisagista tem o conheci-
mento técnico e o cliente na maioria das vezes é leigo.

Assinale a alternativa correta:


a. As alternativas I e II estão corretas.
b. As alternativas III e IV estão corretas.
c. As alternativas II e III estão corretas.
d. As alternativas III e IV estão incorretas.
e. Somente a alternativa IV está incorreta.

5. Elabore a legenda para as espécies vegetais descritas abaixo, consideran-


do a convenção de indicação em planta descrita no Tópico 2.
a. Espécie 1
Nome popular: Costela de Adão
Nome científico: Monstera Deliciosa
Quantidade: 13
Porte: 200
Espaçamento de plantio: 80

b. Espécie 2
Nome popular: Agapanto
Nome científico: Agapanthus africanus
Quantidade: 45
Porte: 60
Espaçamento de plantio: 50

152
DESIGN

Landscape Graphics
Grant W. Reid
Editora: Watson-Guptil Publications
Ano: 2002
Sinopse: Landscape Graphics apresenta uma progres-
são lógica e fácil de usar, de todas as técnicas gráficas
básicas usadas no desenho paisagístico e na arquitetu-
ra paisagística. O único livro dedicado exclusivamente à
representação gráfica da paisagem; sua ênfase está em
métodos de economia de tempo que incentivam o rápi-
do desenvolvimento de habilidades.

Tutorial de desenho: Vegetação


O vídeo apresenta um breve tutorial sobre desenhos de vegetação à mão livre, mais especifi-
camente a representação de espécies arbóreas de diferentes tipos, incentivando o desenvol-
vimento do traço livre e individual de cada profissional.
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=mITMf3rSGCM>

153
referências

ABNT. NBR 6492: Representação de projetos de arquitetura. Rio de janeiro,


1994. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-
-6492-representacao-de-projetos-de-arquitetura>. Acesso em: 06 jun. 2017.

ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em Arquitetura Paisagística.


São Paulo, SENAC, 2006.

DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de paisagismo. 3. ed. Jaboticabal: Funep, 2006.

HARDT, L. P. A. Elaboração de projetos paisagísticos. In: Anais do II Seminário


de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais. 2010.

MACEDO, S. S. Plano de massas: um instrumento para o desenho da paisagem.


In: Paisagem Ambiente. São Paulo: FAUUSP, 1986.

REID, G. W. Landscape Graphics. Edição revisada. New York: Watson-Guptil


Publications, 2002.

154
gabarito

1. desenho.
2. desenho.
3. D.
4. C.
5. a)

b)

155
UNIDADE
V
PROJETOS PAISAGÍSTICOS

Professora Me. Andréia Gonçalves

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Tipologias de projeto: Paisagismo residencial
• Tipologias de projeto: Paisagismo comercial
• O Micropaisagismo
• Demandas paisagísticas contemporâneas
• Paisagistas e projetos contemporâneos

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as características e especificidades dos projetos
paisagísticos residenciais.
• Conhecer as características e especificidades dos projetos
paisagísticos comerciais.
• Conhecer as características e especificidades dos projetos
de micropaisagismo aplicados ao projeto de interiores.
• Conhecer as demandas atuais dos programas paisagísticos.
• Conhecer paisagistas e projetos contemporâneos aplicados
à área de projeto de interiores.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade V do livro de Paisagismo. Nesta


última unidade, trataremos sobre as tipologias de projetos e as demandas
projetuais contemporâneas.
Os projetos paisagísticos são classificados por tipologias. Nesta unida-
de, discutiremos aspectos referentes aos projetos paisagísticos residenciais,
comerciais e projetos de micropaisagismo que têm sido alvo de demandas
contemporâneas como os jardins verticais, jardins de varandas e terraços,
jardins vintages entre outras tipologias.
O desenvolvimento de jardins residenciais tem como característica aten-
der as demandas de clientes específicos, por exemplo, vontades e desejos de
uma família, um casal ou um único cliente. Diferente dos jardins comerciais,
onde, na maioria dos casos, além dos pré-requisitos do cliente/proprietário é
preciso interpretar e responder aos anseios do público que utilizará o espaço.
O mesmo ocorre em projetos institucionais, corporativos ou de uso público e
coletivo: não há apenas um único cliente atuando junto ao paisagista na con-
cepção do projeto, mas sim uma centena deles que devem ser considerados
para que o sucesso do projeto possa ser alcançado.
O modo de viver contemporâneo trouxe consigo mudanças em todos os
aspectos, tanto na edificação, como no modo de se relacionar com as pessoas
e aproveitar as horas livres, cada vez mais escassas. A redução dos espaços
livres dentro do lote em conjunto com o modo de viver em apartamentos,
obrigou os profissionais a pensarem em novas formas de aproximar os es-
paços verdes do homem. Assim, têm surgido a cada dia novas formas de
inserção da vegetação em espaços restritos. São exemplos as paredes verdes
ou jardins verticais, que podem ser utilizados tanto em ambientes internos,
quanto externos, as varandas ajardinadas, os terraços jardins, coberturas
verdes, floreiras, jardins de inverno, pátios iluminados e ajardinados entre
outros. Ambos buscam criar espaços de contemplação e relaxamento dentro
das edificações, aproximando novamente o homem dos elementos naturais.
PAISAGISMO

TIPOLOGIAS DE PROJETO:
PAISAGISMO RESIDENCIAL
No projeto paisagístico residencial, o paisagista tra- cias para assim conceber um projeto de qualidade
balha as demandas de clientes específicos, atenden- que atenda às necessidades de seus usuários.
do as vontades e desejos de uma família, um casal Os projetos residenciais contemporâneos têm
ou até mesmo de uma única pessoa. Neste tipo de sido marcados pela integração do jardim com as áre-
projeto, o programa de necessidades é desenvolvido as de lazer da casa, como espaços de churrasqueira,
baseado nas demandas pessoais. É importante iden- piscinas, playground e espaços de descanso e rela-
tificar hábitos e rotinas dos usuários, suas preferên- xamento.

162
DESIGN

O jardim residencial tem uma longa história como


vimos na Unidade II. Eles proporcionam sombra e
arejam o espaço exterior da casa, servindo como es-
paço para recreação, refeições ao ar livre, momentos
de confraternização entre amigos e família, cultivo
de plantas e ervas aromáticas.

Figura 1 - Jardim residencial com áreas de convívio e piscina


Fonte: Shutterstock.

Caso entenda como necessário, pode-se aplicar


questionários para elaboração do programa de ne-
cessidades. Assim, na concepção dos projetos, é im-
portante criar espaços para todos: crianças, adoles-
centes, adultos, idosos.
O profissional paisagista alia as preferências e
Figura 3 - Jardim residencial
desejos às necessidades implícitas, criando um jar- Fonte: Shutterstock.

dim com qualidade estética, que promova conforto


e seja funcional ao mesmo tempo (ABBUD, 2006). Os jardins residenciais podem ser concebidos com
a mesma precisão que os espaços interiores da resi-
dência. Alguns materiais podem ser utilizados em
ambos os ambientes, promovendo continuidade en-
tre eles: pedra, madeira, vidro, ferro, tecidos, lonas
etc. Alguns elementos utilizados no interior, com
texturas mais macias como os carpetes, podem ter
no exterior um gramado como material equivalente.
A edificação e o jardim devem ser pensados de
forma conjunta, assim o interior e o exterior irão se
desenvolver como um todo uniforme. Nos casos em
que a edificação já exista, o jardim pode ser justa-
mente o elemento a fazer a ligação entre o interior
e o exterior, como mostram as Figuras 4 e 5 (BRA-
Figura 2 - Jardim residencial com áreas de convívio
Fonte: Shutterstock. DLEY-HOLE, 2006).

163
PAISAGISMO

Figura 4 - Integração do jardim com a edificação


Fonte: Shutterstock.

Figura 5 - Integração do jardim com a edificação


Fonte: Shutterstock.

A atuação do paisagista em ambientes residenciais pode ir desde pequenos espaços


internos de apartamentos até jardins e áreas de lazer de residências urbanas e rurais.

164
DESIGN

TIPOLOGIAS DE PROJETO:
PAISAGISMO COMERCIAL
O projeto de paisagismo comercial requer mais tato de de usuários e consumidores do espaço que vão
do paisagista, pois na maioria das situações não se interagir e relacionar-se ao jardim.
pretende atender apenas às demandas ou preferên- Assim, deve-se estar atento às necessidades cole-
cias de um usuário ou pequeno grupo (proprietá- tivas, tal como aos riscos de certas soluções adotadas
rios, mantenedores), mas também de uma infinida- como, por exemplo, a escolha de espécies vegetais

165
PAISAGISMO

não adequadas a espaços públicos, de fluxo intenso,


ou onde não haja restrições de acesso e contato com
a vegetação.

Figura 7 - Jardim em espaço social de hotel


Fonte: Shutterstock.

O ritmo de vida moderno, em conjunto com a ausên-


cia de espaços naturais e verdes nas cidades faz que
as pessoas se estressem com mais facilidade. Por isso,
nos dias atuais, muitas empresas têm investido em
Figura 6 - Jardim em edifício comercial
Fonte: Shutterstock. espaços de convívio tratados paisagisticamente, com
a inserção de elementos naturais e vegetação. Esses
No caso de projetos públicos ou de uso coletivo, de- espaços são destinados às horas livres dos funcioná-
ve-se considerar, apesar da preferência particular do rios, promovendo a estes maior bem estar e em con-
proprietário ou mesmo do projetista, as limitações sequência disto maior produtividade no trabalho.
do espaço e de uso, sempre primando pelo conforto No desenvolvimento de projetos de paisagismo
e segurança coletivo. para ambientes comerciais, é necessário estar atento
Para desenvolvimento do projeto, são funda- quanto ao melhor aproveitamento do espaço, assim
mentais as informações sobre o espaço a ser projeta- como a escolha das espécies que deve ser adequada
do, o tipo de uso e os condicionantes para o projeto. ao espaço, uso de cada ambiente e das condições cli-
No caso de projetos comerciais, é fundamental para máticas da área.
o bom desempenho da atividade comercial que o espa- Os jardins são benéficos aos ambientes de traba-
ço seja agradável e receptivo, assim os elementos paisa- lho, pois deixam o ambiente mais agradável e sau-
gísticos podem contribuir e muito para tornar o espaço dável, diminuindo assim a incidência de doenças e
mais confortável e agradável ao usuário e visitante. faltas dos trabalhadores.

166
DESIGN

1 2

01 - Figura 8 - Jardim vertical em escritório / 02 - Figura 9 e 10 - Jardim em área de convivência de hotel


Fonte: Shutterstock.

Nos ambientes escolares, porém, as plantas po- gístico é realizado principalmente nas áreas de convi-
dem aumentar a capacidade de atenção dos estudan- vência dos hóspedes. As piscinas são locais de desta-
tes, alcançando assim notas melhores. que onde além da vegetação outros elementos fazem
Os jardins comerciais podem ser feitos em uma parte da composição, como mobiliário, iluminação e
infinidade de edificações como lojas, escritórios, elementos decorativos. Neste caso, o tratamento pai-
corporações, shopping centers, centros empresariais, sagístico tem a função de tornar o ambiente agradá-
hotéis entre outros. Nos hotéis, o tratamento paisa- vel e convidativo ao hóspede (Figuras 9 e 10).

167
PAISAGISMO

O MICROPAISAGISMO
Neste tópico, abordaremos projetos de jardins típi- monacais dos palácios espanhóis e mosteiros, os jar-
cos da tipologia de micropaisagismo. dins das casas romanas.
Os espaços introspectivos dos pátios proporcio-
JARDINS EM PÁTIOS nam uma sensação de proteção e refúgio do mundo
exterior, criando locais de tranquilidade. Esses pá-
Ao longo da história dos jardins, o pátio jardim foi tios tinham inspiração nos jardins de climas quen-
um elemento que se repetiu em diversas civilizações. tes e ofereciam sombra e água fresca em movimento
Como exemplos, têm os jardins persas, os jardins (BRADLEY-HOLE, 2006).

168
DESIGN

Figura 11 - Pátio jardim


Fonte: Shutterstock.

Nos jardins em pátios contemporâneos, a tranqui-


lidade é introduzida por meio da simplicidade e da
uniformização da paginação do piso e das paredes.
As paredes em tons claros e despidas de vegetação
promovem uma mínima distração e aumentam a
sensação de calma.
Em climas quentes, de acordo com a dimensão
do espaço, é possível incluir espécies arbóreas que
Figura 12 - Pátio jardim
proporcionem sombra. Por outro lado, nos climas Fonte: Shutterstock.

frios, é aconselhável deixar o espaço aberto, intro-


duzindo texturas diferenciadas nos materiais de pa- Pátios internos têm duas funções principais: pro-
vimentação, como pedrinhas ou grama (BRADLEY- porcionar plantas, arejamento e objetos naturais aos
-HOLE, 2006). espaços e ser um jardim diferente, pois fica protegi-

169
PAISAGISMO

do dos elementos do tempo e situado junto à parte TERRAÇO JARDIM


mais fresca da casa. O pátio pode ampliar a casa de
fora para dentro, ao invés de se limitar a fazer a li- Os jardins de terraço ou cobertura são boas oportu-
gação desta com a paisagem exterior. Os pátios são nidades para se explorar a criatividade, pois é possí-
elementos importantes para a entrada de luz na edi- vel criar jardins com aspecto menos térreos que os
ficação (BRADLEY-HOLE, 2006). jardins de solo. No entanto, os jardins de terraço ou
cobertura ficam sujeitos a restrições quanto à estru-
tura, exposição, acesso, circunstâncias quais o pai-
sagista deve estar preparado para propor soluções
inspiradas (BRADLEY-HOLE, 2006).

Figura 15 - Terraço jardim


Fonte: Shutterstock.

Para que plantas de grande porte ou mesmo árvores


cresçam nos terraços, é necessário que existam can-
teiros com grande profundidade, o que não é possí-
Figura 13 e 14 - Pátio jardim
Fonte: Shutterstock. vel em todos os casos.

170
DESIGN

Figura 16 - Terraço jardim com árvores Figura 17 - Terraço jardim


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

Como os jardins de cobertura ficam mais expostos conseguem se desenvolver mesmo sob as condições
ao sol e a ventos mais fortes, a proteção é fundamen- adversas da cobertura.
tal, seja por meio de elementos construídos ou pela Os terraços jardim têm sido uma opção para es-
própria vegetação e mobiliário, como cobertura em paços comerciais, escritórios e corporações, que têm
lona, pergolados entre outras possíveis soluções. visto nos jardins um espaço de liberdade e relaxa-
O jardim de terraço, assim como outro jardim, mento para os funcionários. Segundo Bradley-Hole
deve, por meio de sua composição de plantas e ma- (2006), o jardim é uma constatação de que os jardins
teriais, transmitir sentido de lugar e proteção psico- refrescam e retemperam a mente de quem neles se
lógica aos usuários. recolhem.
De acordo com Bradley-Hole (2006), um jardim
de terraço alcança seu objetivo quando as plantas JARDINS AQUÁTICOS E PISCINAS
ficam protegidas e é possível desfrutar a paisagem
exterior. Assim, segundo o autor, uma boa solução A água é o elemento de um jardim que está mais
para este tipo de jardim é criar duas zonas. Uma vinculado às emoções. A água pode criar música,
zona mais periférica deve ser constituída por um movimento, reflexão, frescor, tranquilidade, misté-
muro ou grade aberto que possa apoiar trepadeiras rio, agitação entre outras. A água atrai o olhar e tem
robustas. A segunda zona, mais interior, deve ser o poder de se tornar o elemento principal em um
constituída por plantas de uma única espécie. Uma jardim, por isso ela esteve presente e é exaltada por
opção seriam as plantas herbáceas ornamentais, que diversas culturas (BRADLEY-HOLE, 2006).

171
PAISAGISMO

O movimento das águas desperta emoções, os


sons, o brilho e a cintilação são características espe-
ciais e animam o jardim sem roubar o ambiente de
tranquilidade.
A água representa uma excelente contribuição
para o jardim, estando revestida de enorme valor
simbólico; no entanto, para que ela alcance seu ob-
jetivo nos projetos, estes devem ser pensados em de-
talhes quanto ao nível da água, sua capacidade de re-
flexão de objetos e da luz, movimento, entre outros
aspectos (BRADLEY-HOLE, 2006).

Figura 18 - Jardim com fonte d’água


Fonte: Shutterstock.

A água tem a capacidade de refletir as cenas do seu


entorno, podendo essa capacidade ser explorada no
projeto paisagístico. Para ter reflexos mais intensos,
o interior da piscina, espelho d’água ou fonte deve
ter cor escura.

Figura 20 e 21 - Jardim com piscina


Fonte: Shutterstock.

Figura 19 - Espelho d’água com vitórias régias


Fonte: Shutterstock.

A água pode ser usada ainda para delimitar espaços


no jardim: dividindo ambientes ela funciona como
uma barreira física, sem se tornar um obstáculo vi-
sual (BRADLEY-HOLE, 2006).

172
DESIGN

DEMANDAS PAISAGÍSTICAS
CONTEMPORÂNEAS
Enquanto atividade projetual, o paisagismo tem, ao JARDIM VERTICAL
longo do tempo, ampliado sua escala de abrangên-
cia, na medida da complexidade das demandas da Os jardins verticais são elementos que utilizam es-
sociedade (LIMA; SANDEVILLE, 1997). Neste tó- truturas verticais, como muros, paredes, painéis en-
pico, iremos abordar algumas demandas contempo- tre outros, para se estruturarem e se desenvolverem.
râneas relacionadas ao micropaisagismo, dentre elas Por possuírem esta característica, são ideais para
os jardins verticais, hortas e varandas ajardinadas. ambientes onde o espaço livre de solo é escasso. Com

173
PAISAGISMO

a utilização de jardins verticais ou paredes verdes, é Atualmente já existem no mercado alguns sistemas
possível aproveitar grandes empenas e muros, tor- pré-fabricados de jardim vertical formado por siste-
nando estes ambientes mais verdes e menos hostis. ma de módulos plásticos, cerâmicos ou de concreto,
tecido. Cada sistema tem sua particularidade, no en-
tanto, a maioria funciona de forma semelhante.
A irrigação pode ser manual ou automatizada,
sendo que, para grandes extensões de jardins, se re-
comenda a irrigação automatizada.
As plantas mais recomendadas para este tipo de
elemento de jardim são as herbáceas, devido ao seu
porte, sua característica mais flexível e sua variedade
de cores, flores e folhagem que promove uma boa
cobertura do plano vertical e do seu sistema de su-
porte.
O painel vertical ainda pode ser composto com
a inserção de materiais de revestimento como a ma-
Figura 22 - Jardim vertical em muro externo
Fonte: Shutterstock. deira, pedras, revestimentos cerâmicos etc., dando
mais charme e criatividade à peça (Figuras 24 e 25).
Os jardins verticais podem ser executados tanto no
espaço interno, como no externo; para isso, devem
ser observadas as espécies a se implantar, assim
como o sistema de instalação e irrigação delas.

Figura 23 - Jardim vertical em fachada Figura 24 - Jardim vertical


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

174
DESIGN

Nos apartamentos, as varandas tem ganhado a


função de jardim residencial, ou seja, é neste peque-
no espaço que acontece as atividades de ócio e lazer
dos moradores. Por isso, tem se buscado aproximar
estes pequenos espaços a jardins, trazendo para den-
tro deles vegetação, mobiliário e peças decorativas
características de áreas ajardinadas.

Figura 25 - Jardim vertical


Fonte: Shutterstock.

SAIBA MAIS

Dentre as espécies mais comuns nos jardins


verticais, estão os Aspargus, Columeia, Liri-
Figura 26 - Varanda ajardinada
ópolis, Russélia, Rhipsales, Antúrio, Polypo- Fonte: Shutterstock.
dium, Lambari e Lambari-roxo, Hera e Hera
verde, Lírio da paz, Singônio, Begônia, Clorofi-
to, Jibóia, Avenca, Peperomia e Samambaias. O projeto de varandas jardins pode incluir o uso de
Vale um destaque especial para as samam- vegetação em vasos e floreiras ou jardim vertical,
baias: estas, de diferentes espécies, são as
queridinhas de muitos jardins verticais, pois bancos e mesas para descanso e refeições rápidas
se adaptam muito bem a ambientes internos e elementos para relaxamento como futons e redes
e externos e sua folhagem farta e exuberante (Figuras 27 e 28).
promove um amplo recobrimento do painel e
de sua estrutura, criando um aspecto muito
natural ao jardim vertical.

Fonte: a autora.

VARANDAS

Com os espaços residenciais cada vez mais reduzi-


dos, as varandas têm ganhado destaque como espa-
ços de descanso, relaxamento e contato do homem
Figura 27 - Varanda ajardinada
com o ambiente natural e com o verde. Fonte: Shutterstock.

175
PAISAGISMO

Figura 28 - Varanda ajardinada Figura 29 - Bicicletas antigas transformadas em floreiras


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

No desenvolvimento de projetos de paisagismo para Proposta semelhante se vê com a reciclagem de botas


varandas, é preciso levar em consideração a dimen- da Figura 30, transformando-as em vasos para receber
são do espaço, a incidência ou não de radiação solar espécies floríferas. Este tipo de reciclagem é uma ideia
direta e ventos, pois estes condicionantes irão deter- paisagística contemporânea que tem se destacado.
minar o tipo de vegetação utilizada e como esta deve
ser disposta no ambiente.

JARDIM VINTAGE

O termo Vintage está relacionado a algo clássico, an-


tigo e de excelente qualidade. No caso do paisagis-
mo, o jardim vintage se caracteriza pelo resgate de
características de jardins antigos e também pela uti-
lização de materiais e elementos antigos, reciclados,
dando uma nova utilização a estes, como é o caso
das bicicletas ilustradas na Figura 29, transformadas
Figura 30 - Botas transformadas em floreiras
em uma floreiras. Fonte: Shutterstock.

176
DESIGN

Outras características comuns neste tipo de propos- As espécies mais utilizadas são as herbáceas e arbustos
ta paisagística é a utilização de peças de mobiliário floridos, com cores abundantes. As cores da floração
antigas, recicladas ou restauradas: juntamente com contrastam com a arquitetura e demais elementos de
a vegetação florida, as peças ajudam a compor um composição, criando um jardim com ares de tranqui-
ambiente bucólico e romântico. lidade e recolhimento, porém com muita vivacidade.

HORTAS

As hortas têm sido outra tendência contemporânea.


Não que elas não estivessem presentes em outros pe-
ríodos, pelo contrário, as hortas sempre estiveram
presentes nas residências e palácios, cumprindo sua
função utilitária de produzir verduras, temperos e
ervas. Em muitas sociedades, as hortas estavam se-
paradas dos jardins ornamentais e contemplativos;
nos dias atuais, no entanto, devido aos espaços cada
Figura 31 - Jardim vintage
Fonte: Shutterstock. vez mais reduzidos, as hortas têm ganhado lugar de
destaque, estando junto aos jardins ornamentais ou
diretamente junto aos espaços de consumo como
cozinhas e churrasqueiras.

Figura 32 - Contraste da janela com a vegetação florida Figura 33 - Hortas em canteiros


Fonte: Shutterstock. Fonte: Shutterstock.

177
PAISAGISMO

As hortas têm sido uma opção de vegetação dentro pequenos vasos ou floreiras, em espaços internos ou
de casa tanto para função ornamental, quanto uti- externos. Adaptam-se a pequenos espaços, podendo
litária. Elas podem ser feitas em canteiros direta- ficar em varandas ou sob a luz de uma janela.
mente no solo, em floreiras, como jardim vertical,

Figura 34 e 35 - Horta vertical


Fonte: Shutterstock.

178
DESIGN

PAISAGISTAS E PROJETOS
CONTEMPORÂNEOS
Neste tópico, iremos abordar alguns paisagistas e ESCRITÓRIO BURLE MARX
escritórios de paisagismo que tem se destacado nos
últimos anos no cenário brasileiro. O escritório de paisagismo Burle Marx foi criado em
Aqui destacaremos um pequeno número de 1955, por Roberto Burle Marx, com o objetivo de
profissionais, buscando exemplificar a diversida- dar continuidade ao trabalho que ele vinha desen-
de de trabalhos e áreas de atuação, assim como as volvendo desde 1932 na área de paisagismo.
particularidades entre as linguagens projetuais de A empresa foi dirigida pelo arquiteto paisagista
cada profissional. Haruyoshi Ono até 2017, quando este faleceu. Sob

179
PAISAGISMO

o comando de Haruyoshi, o escritório se estruturou do Flamengo, no Rio de Janeiro, os jardins dos Pa-
com uma equipe multidisciplinar que conta com ar- lácios de Brasília. Mais recentemente os jardins do
quitetos paisagistas, engenheiros agrônomos, admi- Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o Parque eco-
nistradores entre outros. lógico do Tietê, em São Paulo, e a Vila dos atletas, no
Roberto Burle Marx, ao longo de sua carreira, Rio de Janeiro.
estabeleceu uma relação de parceria muito forte
com Haruyoshi Ono. A partir da segunda metade ATERRO DO FLAMENGO
dos anos 60, este acabou se tornando um herdeiro
artístico natural e, desde então, se dedicou à tarefa No aterro do flamengo, estão alguns dos mais im-
de preservar a memória do mestre e de levar adiante portantes projetos paisagísticos de Burle Marx. São
projetos de envergadura e de inovação. Haruyoshi projetos realizados em períodos distintos, dentre
entrou para o escritório em 1965 na condição de es- eles a Praça Salgado Filho (1938), Jardins do Museu
tagiário e cresceu de tal forma dentro da empresa de Arte Moderna (década de 1960), Parque Briga-
que passou de aprendiz a sócio em 1968, quando se deiro Eduardo Gomes (1961). Esses projetos mos-
formou em Arquitetura na antiga Faculdade Nacio- tram a qualidade e a diversidade plástica do traba-
nal de Arquitetura da Universidade do Brasil. lho de Burle Marx ao longo de sua carreira como
Durante todo o período em que esteve junto paisagista.
com Burle Marx, sempre atuou na área de criação No ano de 1999, o aterro foi restaurado e revi-
dos projetos. Depois da morte do mestre, Haruyoshi talizado pelo escritório Burle Marx & Cia Ltda. (SI-
se tornou o titular do escritório e deu continuidade QUEIRA, 2004).
à criação e elaboração de projetos em espaços públi-
cos, comerciais e particulares, tanto no Brasil, como
no exterior. Assim como Burle Marx, ele também se
interessou pela arte do mosaico, sendo de sua au-
toria diversos painéis já executados em residências
e condomínios particulares, bem como em centros
empresariais.
Atualmente, o escritório conta com uma equi-
pe de arquitetos paisagistas altamente especializa-
da. Fátima Gomes atua como Consultora Geral e os
principais nomes da equipe de projeto são Isabela
Ono, Gustavo Leivas e Júlio Ono que participam
da criação e do desenvolvimento de projetos paisa-
gísticos sob a regência de Haruyoshi Ono (BURLE
MARX, [2017], on-line)1.
Dentre seus principais trabalhos paisagísticos
Figura 36 - Aterro do Flamengo, RJ
estão as calçadas da Praia de Copacabana, o Parque Fonte: Shutterstock.

180
DESIGN

CALÇADÃO DE COPACABANA

Burle Marx realizou projetos para áreas públicas da


cidade do Rio de Janeiro, dentre elas os calçadões
da avenida Atlântica, a orla da lagoa Rodrigo de
Freitas, os largos do Carioca e do Machado. Nestas
obras, o que se destaca é sua atuação como criador
de mosaicos de piso, utilizando as tradicionais pe-
dras portuguesas ou petit pavê (SIQUEIRA, 2004).
No calçadão da praia de Copacabana, criou desenho
remetendo as ondas do mar utilizando pedras nas
cores preto e branco.

Figura 37 - Calçadão de Copacabana, RJ


Fonte: Shutterstock.

RESIDÊNCIA JUSCELINO KUBISTCHEK

Na residência de Juscelino Kubistchek construída


na lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, vemos a
parceria de Burle Marx com Oscar Niemeyer. Além
da residência, Burle Marx é autor dos projetos paisa-
gísticos das demais obras projetadas por Niemeyer
Figura 38, 39 e 40 - Residência Juscelino Kubistchek,
como a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Pampulha, Belo Horizonte.
Baile e o Museu de Arte. Fonte: acervo da autora (2015).

181
PAISAGISMO

BENEDITO ABBUD amplos espaços verdes, onde famílias possam desfru-


tar com segurança de diversas opções de lazer. Com
Benedito Abbud é formado em arquitetura pela Fa- isso, abriu-se uma demanda para a criação de proje-
culdade de Arquitetura e Urbanismo da Universida- tos que contemplem áreas verdes com equipamentos
de de São Paulo (FAU-USP), na qual foi professor na para todas as faixas etárias e tipos de usuários.
disciplina de paisagismo de 1980 a 1985. Ministrou Segundo Abbud, o paisagismo é um
aulas também na Faculdade de Arquitetura da PU-
C-Campinas de 1977 a 1981. É pós-graduado e mes- espaço para as pessoas melhorarem sua qua-
lidade no tempo do ócio, hoje reconhecida-
tre pela FAU-USP (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO,
mente importante para recarregar as energias
[2017], on-line)2. da estressante vida diária e fundamental para
Fundado em 1981, o escritório Benedito Abbud induzir o processo criativo - ingrediente im-
Paisagismo Planejamento e Projetos tem como foco portantíssimo para a renovação da vida pessoal
de seu trabalho a criação de projetos e planos de ar- e profissional (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO,
[2017], on-line)2.
quitetura paisagística com identidade própria, de-
senvolvendo projetos de paisagismo no Brasil e no
exterior. Seus projetos têm sintonia entre o paisagismo e a
Seus projetos possuem diferentes escalas, des- linguagem arquitetônica, tanto em casas, quanto em
de cidades, bairros, parques, praças, condomínios empreendimentos imobiliários, o que se torna fun-
verticais e horizontais, residências unifamiliares até damental para o sucesso do conjunto. Seus projetos
empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis buscam integrar o máximo os ambientes internos e
e flats, loteamentos, habitações compactas, shoppin- externos, além de propor soluções paisagísticas que
gs centers e áreas especiais (ABBUD, [2017], on-li- harmonizam com o estilo arquitetônico adotado
ne)3. (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO, [2017], on-line)2.
Em 2006, Benedito lançou o livro “Criando Pai- De acordo com Lima e Sandeville (1997, on-line),
sagens: guia de trabalho em arquitetura paisagísti-
ca”. Este foi a primeira publicação brasileira sobre o O trabalho de Benedito Abbud mostra uma an-
tecipação necessária, organizando-se empresa-
tema direcionada a estudantes, profissionais e inte-
rialmente para suprir as demandas do mercado,
ressados na área. O livro, fruto de seu mestrado, traz sem perder sua fundamentação em um método
conceitos e ferramentas do paisagismo e mostra, de rigoroso e na investigação da linguagem ade-
forma prática e acessível, como trabalhar espaços, quada às exigências da produção do entorno do
escalas e perspectivas. espaço edificado hoje.

Os projetos que Abbud desenvolve visam propor-


cionar lazer, convívio social, esporte, cultura, contem- Abbud participou de vários projetos importantes na
plação e educação ambiental. Segundo o profissional, escala do macro paisagismo, tais como: Parauapebas
o paisagismo virou sinônimo de qualidade de vida. (PA), Pedra Branca (SC), Parque do Jaraguá (SP),
Em razão disso, os prefeitos, governantes e incorpo- Parque Jefferson Péres (AM) e Praça Victor Civita
radoras estão cada vez mais empenhados em oferecer (SP). Recentemente, desenvolveu também projetos

182
DESIGN

para empreendimentos de grande sucesso do mer- Dentre seus principais trabalhos paisagísticos,
cado imobiliário, como: Cidade Jardim e O2 (RJ), estão residenciais urbanas e de campo no estado de
Menara, Raízes do Juquehy, Villa Lobos O�ce Park Minas Gerais e São Paulo e o trabalho no Instituto
(SP), além do Le Parc (BA) e Living Super Qua- Inhotim em Brumadinho, MG.
dra Park Sul (DF) (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO,
[2017], on-line)2. INHOTIM

LUIZ CARLOS ORSINI O Inhotim é um Instituto de Arte Contemporânea e


Jardim Botânico, localizado na cidade de Brumadi-
O paisagista Luiz Carlos Orsini se formou em paisa- nho a aproximadamente 60Km de Belo Horizonte.
gismo em Madrid, na Espanha, em 1984 (jardineiro O espaço é um grande jardim que concentra grandes
proyectista), na Escuela de Jardinería y Paisajismo obras arquitetônicas e obras de arte expostas ora nas
“Castillo de Batres”. Desde 1979, quando atua como galerias, ora nos belíssimos jardins.
paisagista, já executou centenas de projetos nos esta- Em Inhotim, Luiz Carlos Orsini é autor de projetos
dos de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espí- de 260.000m² do paisagismo, desde o início em junho
rito Santo, Goiás, Distrito Federal e Bahia. de 2000 até a inauguração oficial em setembro de 2006.
Hoje, Luiz Carlos Orsini tem escritórios de pai-
sagismo em Belo Horizonte e em São Paulo, em so-
ciedade com a paisagista Leda Franco de Sá.
O paisagista é vencedor de diversos prêmios na
área de paisagismo. Em 2008, lançou o livro “Luiz
Carlos Orsini – 30 anos de Paisagismo. No livro, são
destacados seus principais projetos por meio de fotos.
Especialista em transplantes de plantas adultas
já plantou milhares de espécies entre palmeiras e
árvores, utilizando mão de obra especializada e tec-
Figura 41 - Jardins do Inhotim, MG.
nologia de ponta. Atua em projetos residenciais e Fonte: acervo da autora (2015).

comerciais, além de exposições em mostras e feiras


(ORSINI, [2017], on-line)4.
Seu trabalho como paisagista se destaca pela
riqueza na composição, o uso de diversas espécies
e adequação destas ao ambiente de inserção. O re-
sultado são paisagens exuberantes que se adequam
ao ambiente preexistente. A vegetação é a grande
protagonista de seus jardins, no entanto, podemos
perceber a utilização recorrente de outros materiais
Figura 42 - Jardins do Inhotim, MG.
como a pedra natural. Fonte: acervo da autora (2015).

183
PAISAGISMO

GILBERTO ELKIS uma série de imagens dos jardins elaborados por


Gilberto Elkis.
Há mais de vinte anos o escritório de Gilberto Elkis Seus trabalhos também são expostos em mostras
tem desenvolvido projetos de arquitetura paisagís- como a artefacto e a casa cor.
tica. Com uma equipe consolidada, está atualmente
envolvido numa série de projetos pelo Brasil e pelo ALEX HANAZAKI
mundo que exigem cada vez mais o comprometi-
mento com a qualidade e com o intercâmbio multi- Alex Hanazaki é considerado um dos grandes no-
cultural decorrente da globalização. mes do paisagismo contemporâneo brasileiro. O
Em seus projetos, o paisagista busca combinar profissional comanda um escritório em São Paulo
os conhecimentos técnicos, botânicos e inspirações composto por arquitetos, arquitetos paisagistas e
das diversas expressões de arte para proporcionar agrônomos que trabalham no projeto desde o seu
beleza, inovação e qualidade de vida em seus jardins. início.
Sua relação com o paisagismo surgiu ainda na Há 17 anos no mercado, o Hanazaki Paisagismo
infância, com seu contato com a Mata Atlântica. é considerado um dos mais criativos escritórios de
Neste espaço, ele percebeu as diferentes formas, arquitetura externa do Brasil. Os trabalhos são de-
texturas, cores e volumes daquela exuberante mas- senvolvidos em parceria com grandes escritórios de
sa vegetal, voluptuosa, selvagem e que fez nascer o arquitetura na execução de projetos residenciais e
paisagista. Até hoje, é um incansável pesquisador, comerciais e incorporadoras na criação do conceito
rastreador de novas tecnologias, materiais e formas externo de projetos arquitetônicos.
de expressões de arte, antenado com as tendências O escritório ganhou o prêmio Professional
de sua profissão. Awards da ASLA (American Society of Landscape
Sua experiência em inúmeros projetos residenciais, Architects) em 2014 (HANAZAKI, [2017], on-line)6.
rurais, comerciais, condomínios horizontais e verticais Seus projetos têm caráter minimalista, porém
buscam soluções para os mais diversos tipos de neces- são ricos em composição e pensados nos detalhes.
sidades de seus clientes e obrigatoriamente resultaram Os projetos abusam das tonalidades verdes da vege-
em seu estilo que ele autodenomina “eclético”. tação, explorando as formas e materiais utilizados
Para Gilberto, “um jardim é um espaço vivo em em conjunto com a vegetação.
constante renovação como a água” e é nesta reno- As formas, texturas e cores proporcionadas pela
vação constante de plantas, ideias e arte que ele faz vegetação são exploradas pelo paisagista, criando ce-
de seu trabalho um ato ecológico e social, devendo nários de grande beleza, aconchego e tranquilidade.
o jardim melhorar a vida de tantas pessoas quanto Dentre seus principais trabalhos paisagísticos,
possível (ELKIS, [2017], on-line)5. está a Japan House, a Central Vila Olímpia, as Mos-
Em 2012, lançou o livro “Degustação de paisa- tras Casa Cor e Mostra Black, além de uma infinida-
gens”, que conta a história dos jardins e apresenta de de projetos residenciais.

184
DESIGN

OUTROS PROJETOS

Centro Educativo Burle Marx, Inhotim, MG

Projeto dos arquitetos Alexandre Brasil e Paula Zasnicoff, o Centro Educativo


tem como objetivo potencializar o caráter formador e a vocação educacional das
atividades desenvolvidas em seus espaços. A ampla praça elevada com espelho
d’água ajardinado sobre a cobertura do edifício foi destinada ao encontro e à
contemplação, promovendo forte integração entre arquitetura e paisagismo do
instituto (ARQUITETOS ASSOCIADOS, [2017], on-line)7.
O desenho abstrato e irregular do passeio promove dinâmica ao jardim,
assim como as esferas implantadas dentro do espelho d’água que se deslocam
com o movimento dos vento e a movimentação da água, fazendo que o jardim
nunca esteja da mesma forma.
No espelho d’água, foram utilizadas espécies aquáticas como a taboa e o agua-
pé, que além de proporcionar a inclusão de vegetação ao jardim, fazem a conexão
deste com a paisagem do entorno e funcionam como filtros naturais para a água.

Figura 43 - Centro Educativo Burle Marx, MG


Fonte: acervo da autora (2015).

185
PAISAGISMO

SAIBA MAIS

Poderíamos citar ainda outros grandes no-


mes do paisagismo, dentre eles, o paisagista
Fernando Chacel, defensor do paisagismo
ecológico e dos conceitos de ecogênese, que
em seus projetos buscava embutir um sentido
pedagógico, levando o usuário a perceber as
possibilidades plásticas e a enorme diversi-
dade da vegetação nativa brasileira (LIMA;
SANDEVILLE, 1997).

Atualmente, a paisagista Maria Isabel Duprat


também tem sido nome de destaque no pai-
sagismo residencial, criando verdadeiros
cenários naturais dentro do espaço urbano.
Figura 44 - Jardins do Inhotim, MG.
Vale destacar que todos esses profissionais
Fonte: acervo da autora (2015).
destacam sua influência vindo do trabalho do
paisagista Roberto Burle Marx, nossa principal
referência em nível nacional e internacional.

Fonte: a autora.

REFLITA

Um bom projeto de paisagismo resulta pri-


meiro de uma boa leitura por parte do paisa-
gista de quem é seu público-alvo, quais suas
preferências e aspirações.

(BRONN; VRIONI, 2000, p. 3).

Figura 45 - Jardins do Inhotim, MG.


Fonte: acervo da autora (2015).

186
considerações finais

A Unidade V teve como objetivo abordar as tipologias de projeto paisagís-


tico que se aproximam da atuação do profissional do design de interiores,
assim como discutir demandas recorrentes na atividade paisagística devido
ao modo de vida urbano e contemporâneo da sociedade.
Ao paisagista, é dado o desafio de tentar melhorar a qualidade de vida
das pessoas por meio da criação de espaços com qualidade ambiental e
conforto, atendendo às necessidades e as ambições dos usuários tanto em
ambientes residenciais, quanto em ambientes comerciais, corporativos ou
prestação de serviços. Isso se deve ao fato de o paisagismo ser a arte de criar
paisagens, recriá-las ou modificá-las, recuperando espaços e assim criando
áreas de lazer, contemplação, estudo, proporcionando diversos benefícios
para a sociedade.
No entanto, para que os projetos de paisagismo alcancem seus objetivos
é necessário que o paisagista identifique muito bem seus usuários e o local
de intervenção, as condicionantes espaciais, clima, iluminação, ventilação
que irão determinar as escolhas paisagísticas futuras e embasarão a concep-
ção projetual.
As demandas contemporâneas têm exigido dos paisagistas criatividade
e o poder de se reinventarem sempre, trabalhando em espaços pequenos
e com grandes desafios. Aproximar o homem da vegetação, proporcionar
espaços de lazer e contemplação nas residências e apartamentos ou espaços
de trabalho têm sido os grandes desafios.
Os espaços comerciais também têm se aberto à prática do paisagismo.
Comprovado que a vegetação traz diversos benefícios à psique humana, di-
versas empresas e corporações têm investido na produção de espaços trata-
dos paisagisticamente para garantir maior bem-estar aos seus colaborado-
res, buscando assim maior e melhor rendimento nas atividades de trabalho.
Diante desse cenário, é fundamental que o profissional paisagista se
mantenha antenado e atualizado das demandas do mercado e de seus clien-
tes em potencial.

187
LEITURA
COMPLEMENTAR

PAREDES VERDES
A utilização de vegetação das fachadas dos edifícios tem sido uma opção para tornar
estas mais humanas e amenizar o impacto visual e ambiental acrescentando mais ve-
getação aos centros urbanos.
Estas estruturas podem ser chamadas de jardins verticais, fachadas verdes, paredes
verdes ou peles verdes e têm se tornado uma maneira de garantir o percentual mínimo
de vegetação em cada lote urbano (GAZETA DO POVO, 2017, on-line).
A vegetação traz à paisagem urbana, além da melhoria da qualidade visual, uma infinida-
de de benefícios, dentre eles a redução da radiação solar incidente nos planos verticais
das edificações, promovido pelo sombreamento gerado pelas plantas, e a redução da
poluição do ar, pois as plantas por meio da fotossíntese ajudam a filtrar o ar. A vegeta-
ção promove ainda sensação agradável e aproxima as pessoas dos elementos naturais.
Dentre as vantagens que se geram a partir de um jardim vertical pode-se citar:
O isolamento térmico, pois a vegetação protege o edifício contra as altas temperaturas
no verão e ajuda a manter a temperatura interna no inverno, assim se reduz os gastos
energéticos, diminuindo a necessidade de refrigeração. Auxiliam também no combate
aos efeitos das ilhas de calor, muito comum em centros intensamente urbanizados.
A vegetação contribui para a redução de ruídos externos, absorvendo e isolando o edi-
fício. Aumenta a vida útil da fachada, na medida em que faz o recobrimento desta e a
protege contra a chuva, o vento e os danos da radiação UV.
Outra vantagem é que as paredes verdes, de modo geral, exigem pouca manutenção,
uma vez que as regas das plantas podem ser automatizadas.
Os jardins verticais são ainda um recurso para a redução da poluição do ar, absorvendo
as substâncias tóxicas e liberando oxigênio na atmosfera. A vegetação ajuda na reten-
ção da água das chuvas e na sua filtragem, o que reduz a necessidade de escoamento
de água e de sistemas de esgoto.
As paredes verdes ainda conseguem promover o embelezamento e a valorização das
edificações e da paisagem urbana, contribuindo para o aumento da biodiversidade nas
cidades, uma vez que as plantas atraem pássaros, borboletas, abelhas entre outros
(SUSTENTARQUI, 2014, on-line)8.

188
LEITURA
COMPLEMENTAR

Nos dias atuais, já existem vários métodos para a aplicação das paredes verdes, poden-
do ser por meio de blocos cerâmicos, em concreto, elementos metálicos ou módulos
plásticos.
O uso das paredes verdes têm se popularizado no mundo todo. Dentre os precursores
dos sistemas, está o designer e botânico francês Patrick Blanc, autor de jardins verticais
em edifícios importantes mundo a fora (GAZETA DO POVO, 2017, on-line).
No desenvolvimento de um jardim vertical, é preciso que o profissional se atente às
condições ambientais para a sobrevivência das plantas tais como a luminosidade, ven-
tilação, incidência do sol, umidade, o substrato para plantio e principalmente quais es-
pécies são mais adequadas ao seu projeto (SUSTENTARQUI, 2014, on-line)8.

Fonte: a autora.

189
atividades de estudo

1. Assinale verdadeiro ou falso:


(( ) Em projetos comerciais, não se tem apenas um usuário, mas uma infini-
dade deles, de acordo com o tipo de uso.
(( ) Em projetos residenciais, o programa de necessidades deve ser baseado
nas necessidades únicas dos pais.
(( ) No desenvolvimento de projetos comerciais e corporativos, é importante
levantar as condicionantes do espaço e tipo de uso para então definir as
espécies a serem implantadas.
(( ) Os jardins são boas estratégias para espaços de descanso e relaxamento
apenas em ambientes residenciais e comerciais coletivos, não sendo re-
comendados em ambientes escolares.

2. O jardim vertical tem ganhado espaço no paisagismo por permitir o tra-


tamento paisagístico onde não se tem muito espaço no nível do solo e
aproximar o homem da natureza.
I. Os jardins verticais são indicados somente para ambientes residenciais,
pois o custo para sua manutenção é geralmente alto.
II. Para se construir um jardim vertical, é necessário conhecimento das ca-
racterísticas das espécies vegetais e só especificar espécies de sombra ou
meia sombra.
III. As espécies mais utilizadas em jardins verticais são as herbáceas, devido
ao porte, característica de crescimento e à profundidade das raízes, que
normalmente são pouco profundas.
IV. Os jardins verticais podem ser executados tanto em ambientes ao ar livre,
em exposição ao sol, quanto em ambientes internos.
V. Os jardins verticais não são indicados para ambientes internos, pois as
plantas precisam de sol e água para se desenvolverem de forma adequada.

Assinale a alternativa CORRETA:


a. As alternativas I e III estão corretas.
b. As alternativas I e II estão corretas.
c. As alternativas III e IV estão corretas.
d. As alternativas IV e V estão corretas.
e. As alternativas II e V estão corretas

190
atividades de estudo

O paisagista responsável pela criação do desenho das ondas no calçadão


de Copacabana, no Rio de Janeiro é:
a. Benedito Abbud
b. Gilberto Elkis
c. Rosa Kliass
d. Roberto Burle Marx
e. Luiz Carlos Orsini

3. Sobre as hortas é correto afirmar:


a. São uma demanda contemporânea, não existiam em outros períodos.
b. Ainda hoje encontram-se separadas dos jardins ornamentais e contem-
plativos.
c. Devem ser executadas diretamente no solo, facilitando seu manejo e irri-
gação.
d. Podem ser implantadas em pequenos ambientes, dentro de pequenos va-
sos, floreiras ou em jardim vertical.
e. As hortas só existem em edificações de uso residencial.

4. Sobre os pátios ajardinados, assinale Verdadeiro ou Falso.


(( ) Os pátios são elementos importantes para a entrada de luz na edificação.
(( ) Pátios internos proporcionam plantas, arejamento e objetos naturais aos
espaços.
(( ) Os pátios ficam protegidos dos elementos do tempo e situados junto à
parte mais fresca da casa.
(( ) O pátio pode reduzir o espaço da casa, pois são eliminados ambientes
cobertos para se criar os pátios abertos.

191
Luiz Carlos Orsini: 30 anos de paisagismo
Luiz Carlos Orsini
Editora: Decor
Ano: 2008
Sinopse: ‘Luiz Carlos Orsini - 30 anos de Paisagismo’, o maior
livro individual de paisagismo já publicado no Brasil, é uma
homenagem a todos aqueles que têm o dom e a especial
capacidade de saber ouvir e conversar com a natureza.

Alex Hanazaki - Jardim Mostra Black 2012


O vídeo apresenta de forma rápida e objetivo o processo de execução de um projeto paisa-
gístico elaborado pelo paisagista Alex Hanazaki para a Mostra Black de 2012.
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=GOfIhA5MuAk>
referências

ABBUD B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em Arquitetura Paisagística.


São Paulo: SENAC, 2006.

BRADLEY-HOLE, C. O jardim Minimalista. Barcelona: Gustavo Gili, 2006.

GAZETA DO POVO. Paredes e telhados verdes começam a fazer parte da pai-


sagem urbana. Disponível em:

http://www.gazetadopovo.com.br/haus/paisagismo-jardinagem/paredes-e-te-
lhados-verdes-comecam-a-fazer-parte-da-paisagem-urbana/ Acesso 29 mai.
2017.

LIMA, C. C.; SANDEVILLE, E. Desafios do paisagismo contemporâneo brasilei-


ro. Revista AU – 75. ed., dez. 1997. Disponível em: <http://www.au.pini.com.br/
arquitetura-urbanismo/75/artigo24083-1.aspx>. Acesso em: 29 mai. 2017.

SIQUEIRA, V. B. Burle Marx. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Referências On-Line
1
Em: <http://burlemarx.com.br/perfil/a-empresa/>. Acesso em: 29 mai. 2017.
2
Em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=1&Cod=681>.
Acesso em: 29 mai. 2017.
3
Em: <http://www.beneditoabbud.com.br/index2.asp>. Acesso em: 29 mai. 2017.
4
Em: <http://lcorsini.com.br/index.php/lcorsini/>. Acesso em: 06 jun. 2017.
5
Em: <http://elkispaisagismo.com.br/>. Acesso em: 29 mai. 2017.
6
Em: <http://www.hanazaki.com.br/sobre-nos-about-us-1/>. Acesso em: 29 mai.
2017.
7
Em: <http://www.arquitetosassociados.arq.br/?projeto=centro-educativo-burle-
-marx-%E2%80%93-inhotim>. Acesso em: 29 mai. 2017.
8
Em: <http://sustentarqui.com.br/dicas/jardins-verticais-vantagens-e-aplicaco-
es/>. Acesso em: 29 mai. 2017.

193
gabarito

1. V, F, V, F.
2. C.
3. D.
4. D.
5. V, V, V, F.

194
CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) aluno(a), neste livro tivemos a oportunidade de refletir sobre o universo
do projeto paisagístico e conhecer melhor o universo de atuação do profissional
paisagista.
Por se tratar de uma atividade que busca promover beleza, conforto e qua-
lidade de vida aos usuários, o paisagismo tem evoluído com o passar do tempo,
ganhando novas funções, elementos de atributos, respondendo imediatamente às
demandas da sociedade contemporânea.
O profissional paisagista deve estar sempre atento às demandas, sempre bus-
cando respondê-las com qualidade técnica, estética e sustentável, fazendo uso da
maneira mais racional dos recursos disponíveis, respeitando os elementos natu-
rais, seus principais elementos de projeto.
Nesse sentido, este livro buscou discorrer sobre as principais temáticas do
paisagismo: o reconhecimento dos grupos e espécies vegetais, fundamental para
o paisagista, buscando exemplificar as características das plantas, suas peculiari-
dades e formas de uso no projeto paisagístico. De fundamental importância, foi
a abordagem da história do paisagismo e estilos de jardim, permitindo ao aluno
conhecer e reconhecer os estilos, suas características e a evolução do paisagismo,
suas formas, atributos e funções ao longo da história da sociedade.
Assim como conhecer a história, importante também é o conhecimento dos
princípios de composição aplicados ao paisagismo, como estes interferem e são
utilizados na produção de projetos e construção de jardins.
Percorremos também pela abordagem das temáticas de projeto paisagístico e
sua forma de elaboração e representação, desde as fases de concepção até o pro-
jeto executivo e de plantio, parte final do projeto de paisagismo, possibilitando a
execução dos jardins.
E assim nos despedimos; espero que nossa caminhada tenha sido pro-
dutiva, proporcionando a você, aluno(a), a descoberta de um mundo “col-
orido” e encantador, o universo do paisagismo.

Você também pode gostar