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REVESTIMENTO E
ACABAMENTO
PROFESSORA
Me. Carla Prado Vieira Verdan
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal seja uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma, possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja
se educam juntos, na transformação do mundo”. nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e
Os materiais produzidos oferecem linguagem participe das discussões. Além disso, lembre-se
dialógica e se encontram integrados à proposta que existe uma equipe de professores e tutores que
pedagógica, contribuindo no processo educacional, se encontra disponível para sanar suas dúvidas e
complementando sua formação profissional, auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem,
desenvolvendo competências e habilidades, e possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, segurança sua trajetória acadêmica.
autores
Discurso da UEM (GEDUEM-CNPq), liderado pela profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza
http://lattes.cnpq.br/3571160271625730
apresentação do material
UNIDADE I UNIDADE IV
PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS METAIS E POLÍMEROS
14 Agregados, Aglomerantes e Misturas 137 Metais
24 Pedras Naturais 144 Polímeros
32 Pedras Artificiais 148 Acrílico (PMMA)
36 Sustentabilidade 152 Sustentabilidade
48 Referências 162 Referências
50 Gabarito 165 Gabarito
UNIDADE II UNIDADE V
VIDRO E CERÂMICA RESINAS E OUTROS MATERIAIS
56 Vidro 171 Tintas
66 Cerâmica 180 Produtos Animais
76 Sustentabilidade 182 Outros Materiais
85 Referências 186 Sustentabilidade
87 Gabarito 196 Referências
198 Gabarito
UNIDADE III 198 Conclusão Geral
MADEIRAS E FIBRAS
92 Madeira
107 Bambu
110 Fibras (Têxteis e Papéis)
118 Sustentabilidade
128 Referências
130 Gabarito
PEDRAS NATURAIS E
ARTIFICIAIS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Agregados, aglomerantes e misturas
• Pedras naturais
• Pedras artificiais
• Sustentabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o uso dos agregados e aglomerantes, entender o que estes elementos
compõem, onde estão aplicados e sua importância dentro do sistema da
construção.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras naturais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras artificiais.
• Apresentar como esses materiais se comportam em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade
I
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do nosso li-
vro! Nesta unidade, estudaremos as pedras e as diversas formas e
funções que esta matéria-prima apresenta na área da construção
civil e, portanto, no design de interiores. As pedras estão presentes
na ambientação desde sua parte estrutural, e não estamos falando apenas das
estruturas antigas, em que existiam as paredes de pedras. Falamos das edificações
modernas com os seus novos materiais e paredes leves (ou montantes leves). É
que todas essas tecnologias novas apresentam, em sua constituição, o uso dos
minerais que compõem as pedras naturais e também as artificiais.
Para compreender a importância desses elementos, iniciamos conhecendo
os aglomerantes, os aglomerados e as suas misturas. Esses materiais possuem
diversas funções, e entre as mais conhecidas está a de colar as estruturas, reves-
timentos ou acabamentos. Entretanto, a partir destas funcionalidades iniciais,
esses materiais adquirem novas possibilidades e, além de preparar as estruturas
para receber seus acabamentos, podem, às vezes, tornarem-se o próprio acaba-
mento, como é o caso do concreto aparente e do cimento queimado.
Veremos também, na segunda e terceira partes da unidade, as pedras natu-
rais e as pedras artificiais, o que são, como são aplicadas nos ambientes e quais
as relações entre elas. As pedras artificiais aparecem nas ambientações com
muito destaque e são assim denominadas pela similaridade do seu uso e tam-
bém da sua estética. Na quarta parte, estudaremos a sustentabilidade e como os
materiais vistos anteriormente são compreendidos quando relacionados a essa
questão. Ótimo estudo!
Agregados, Aglomerantes
e Misturas
Quando entramos em um ambiente que nos fascina pela sua nalidade produzir as argamassas e o concreto (que são
beleza, pelo seu conforto e sua funcionalidade, reparamos as misturas). Estas misturas, por sua vez, são utilizadas
em cada detalhe, desde as cores das tintas ou o desenho dos na estrutura da construção. Suas aplicações vão desde
papéis de parede até as cortinas e os estofados e, também, no revestimentos de piso, parede e teto, argamassas para as-
piso e nos materiais dos mobiliários. Contudo, dificilmente, sentar os azulejos e as placas cerâmicas, e podem até fazer
pensamos nos elementos que asseguram a existência de to- diferentes tipos de reparos. Sua aplicação estende-se até
dos esses acabamentos, aqueles que estão longe de nossa vi- as fundações e canalizações, e estas são apenas algumas,
são, mas que, mesmo assim, são fundamentais para a correta entre muitas outras, aplicações que esses elementos, pos-
ambientação de um espaço. Alguns desses elementos são os suem.Essas misturas, formadas por esses dois elementos,
que chamamos de agregados e aglomerantes. denominados agregados e aglomerantes, possuem origem
De acordo com Ambrozewicz (2012), esses materiais natural, e seus componentes são os minerais que existem
– os agregados e os aglomerantes – juntos, têm como fi- em nossos solos, como a argila e a areia.
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DESIGN
A partícula mineral do solo varia em tamanho, A argila expandida também é utilizada no pai-
desde a argila microscópica às rochas de mui- sagismo em pequenos vasos e bonsais. Serve
tos metros. Os fragmentos com mais de 75 como material que drena a água e absorve os
mm de diâmetro são denominados pedras. nutrientes bem como o cascalho.
Fonte: Troeh e Thompson (2007, p. 18). Fonte: adaptado de Cinexpan ([2019], on-line)1.
OS AGLOMERANTES
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DESIGN
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AS MISTURAS
Figura 4 - Argamassa
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SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
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DESIGN
Bloco e placas de concreto para piso: de acordo com Abbud (2006), é muito
utilizado, em jardins e calçadas, o paver, definido pelo autor como “pequeno bloco
de concreto [...] dispensa contrapiso de concreto e seu assentamento é feito com
areia sobre terra compactada” (ABBUD, 2006, p. 140). O paver, em alguns projetos,
também aparece como bancos. Ainda para essas aplicações, existem placas de di-
versos tipos com acabamentos específicos a cada situação, alguns bem utilizados
Figura 5: Paver
em ambientes com piscina, como exemplo, alguns materiais da Castelatto.
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SAIBA MAIS
REFLITA
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Pedras Naturais
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O que isso significa quando falamos das pedras na- sas experiências de mundo, à nossa cultura, religião,
turais? Bom, o uso das pedras naturais como recursos tradição, comunidade, isto é, todos esses são elementos
estéticos na ambientação pode ser explicado, por exem- que influenciam como “compreendemos” os materiais.
plo, pela retomada do contato do homem com a nature- Para exemplificar, podemos dizer que o uso das pedras
za, estimulando-o pelo tato, audição e visão. Como isso naturais como revestimento de paredes internas e fa-
poderia acontecer? Observe o crescente uso das pedras chadas na sociedade brasileira possui um caráter luxu-
como revestimentos dentro de salas de banho. Tal conta- oso porque retoma o passado histórico brasileiro – a
to entre água e pedras pode nos relembrar as cachoeiras cidade de Ouro Preto, antiga Vila Velha, foi uma das
naturais, ou seja, uma questão sensorial do uso do mate- mais ricas cidades do Brasil, pela extração, obviamente,
rial na ambientação. de suas pedras naturais.
A sua utilização, entretanto, não é apenas relaciona-
da às questões dessas ordens. As qualidades funcionais
destes materiais são diversificadas e podem variar muito
de acordo com o tipo de pedra. Portanto, abordaremos,
agora, algumas informações técnicas.
Troeh e Thompson (2007) apresentam três tipos de
rochas (lembrando que as pedras são fragmentos de ro-
chas que possuem cerca de 75 mm de diâmetro), sendo
elas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas meta-
mórficas. As ígneas são formadas pelo esfriamento do
magma (massa pastosa que existe abaixo da superfície
da terra), sendo o granito uma rocha ígnea. Rochas se-
dimentares são formadas pelo endurecimento de diver-
sos materiais carregados pela água e vento. Um exemplo
desse tipo de rocha utilizado na ambientação é a pedra
São Tomé e o Travertino. Por fim, as rochas metamórfi-
cas são formadas pela transformação de outras rochas
quando estão sob muito calor e pressão, sendo o már-
more uma rocha que está nesta classificação. É impor-
tante retomar que essa classificação nos ajuda a entender
um pouco mais de suas qualidades, mas, ainda assim, os
diversos tipos de rochas possuem inúmeras característi-
cas, e ao desejar especificá-las em um projeto, é necessá-
rio e importante buscar suas características específicas.
Figura 6 - Ouro Preto
Vamos observar algumas características do grani-
Sobre as questões subjetivas, tal relação funciona quan- to, do mármore, do Travertino e da Pedra São Tomé, de
do conectamos a nossa percepção dos materiais às nos- acordo com as pesquisadoras Farrelly e Brown (2014):
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GRANITO
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SAIBA MAIS
Uma pedra natural utilizada em grande escala no Brasil Colonial, especificamente em Ouro Pre-
to, antiga cidade de Vila Velha, no estado de Minas Gerais, é a conhecida pedra sabão. Sua apli-
cação decorativa em interiores se deu como acabamento ornamentado de paredes, colunas e
outros, transformando a ambientação com esculturas. Por ser uma pedra macia, pode ser escul-
pida e, assim, tornou-se o material de destaque das obras de Aleijadinho, artista que represen-
tou o estilo Barroco, no Brasil, e está presente em grande parte das igrejas da cidade e sua região.
É também de pedra sabão a maior obra a céu aberto do artista Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho,
em Congonhas, ainda no estado de Minas Gerais, onde estão em exposição os 12 profetas.
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DESIGN
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Figura 12 - Seixos
SAIBA MAIS
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DESIGN
SAIBA MAIS
A normativa da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) que trata das rochas para reves-
timentos de edificações é a NBR 15012. De acordo com a matéria do site oficial da Associação, esta
norma apresenta e define os termos geológicos das rochas, destaca alguns de seus tipos petográficos,
compreendidos como os principais, além de suas texturas e estruturação.
REFLITA
Algumas pedras, como o mármore, possuem “veios” ou “estampas naturais”. Ao mesmo tempo em que
podem nos limitar na criação, podem servir para transformar certos elementos e diferenciar o projeto
de modos audaciosos.
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Pedras Artificiais
Aluno(a), nas páginas anteriores, estudamos as ro- tecnológica, a sociedade conseguiu desenvolver, a
chas, aquelas que são utilizadas pela construção civil partir do manuseio dos elementos minerais encon-
e aplicadas como revestimentos de paredes, pisos e trados nas rochas naturais, materiais que nomeou de
como mobiliários. Elas podem ser rústicas (em estado pedras artificiais.
natural) ou tratadas para que, por exemplo, apresen- Assim como existe grande diversidade de tipos e
tem-se polidas, isto é, com o aspecto brilhante. Essas classificações de pedras naturais, também existe varie-
rochas e pedras são extraídas da natureza, portanto dade de pedras artificiais. Veremos, a seguir, algumas
são denominadas pedras naturais. Com a evolução dessas novas opções.
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DESIGN
O pesquisador Lima (2010), em sua dissertação de Também podemos encontrar, no mercado atual, um produto
mestrado, apresenta-nos o material denominado mar- de grande qualidade, beleza e resistência. Conforme dados da
moglass, desenvolvido industrialmente a partir do mi- empresa desenvolvedora, esse material é composto de resina
neral sílica. O resultado é de qualidade superior, com acrílica e minerais, sendo o mineral TriHidrato de Alumina
dureza única e resistência, principalmente à abrasão, (ATH) o principal em sua composição. Tal material é conhe-
maior que o granito. cido no mercado como Corian. De acordo com os dados co-
Desta forma, o marmoglass pode ser utilizado para merciais, ele não é poroso, é maciço e maleável porque é ter-
revestimento de paredes externas e internas, pavimen- momodável, isto é, torna-se modável quando exposto a altas
tação interna, bancadas, tampos de mesas, soleiras, ro- temperaturas, aceita reparações e pode até ser reaproveitado
dapés, entre outros. após seu descarte. Apesar de artificial, não é tóxico, e recebeu
o certificado Green Guard Indoor Air Quality.
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
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DESIGN
SAIBA MAIS
A “Escala de Mohs” foi criada por Friedrich Mohs (1773-1839). Ele organizou dez minerais por ordem de
dureza, sendo o número um utilizado para o mais mole, e dez, para o mais duro.
Figura 16 - Nanoglass
Fonte: Alicante ([2019], on-line)5.
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Sustentabilidade
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DESIGN
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DESIGN
Figura 17 - O uso de concreto como revestimento diminui o consumo de mais materiais para a obra
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considerações finais considerações finais
Nesta unidade, aluno(a), você iniciou seus estudos acerca dos materiais e pôde observar
como este é um assunto rico, complexo e, ao mesmo tempo, instigante. Os estudos
acerca dos materiais no design de interiores sempre estarão relacionados à estética, à
técnica e às tecnologias. Da mesma forma, também possuirão relação com a sociedade
nos seus aspectos sociais, econômicos e subjetivos.
O estudo das rochas, das pedras e dos minerais já nos antecipou algo muito frequente
em todas as próximas unidades; agora, você sabe que os materiais possuem diversida-
de, variedade e que cada um deles possui sua própria beleza, mas também possuem
significado para sociedade. Você viu algumas propriedades físicas das pedras, porém
também pôde compreender como refletir acerca da aplicabilidade delas por meio de
nossos estudos de caso.
Você viu também que a tecnologia e a evolução do saber científico do ser humano
nos proporcionam materiais artificiais semelhantes às pedras naturais, na aparência
(em alguns casos), na qualidade e resistência. Por fim, assim como as pedras naturais,
estes materiais tecnológicos também possuem imensa variedade.
Na ordem da sustentabilidade, você pôde observar a “indústria” das rochas que são
utilizadas como ferramentas de estrutura, revestimento e acabamento, e qual o im-
pacto desse comércio no meio ambiente, analisando o processo desde sua extração,
seu transporte, seu processamento, sua instalação e seu descarte até a sua reciclagem.
E, ainda, sobre as ditas pedras sintéticas e/ou artificiais, qual é o verdadeiro sentido
delas em relação ao que se entende por sustentabilidade.
Enfim, você compreendeu os pontos positivos e negativos de toda a situação que en-
volve a questão do uso das rochas decorativas ou, caso prefira, das pedras naturais e
das pedras artificiais na prática do design de interiores, e poderá especificar de forma
consciente o material estudado.
40 40
atividades de estudo
b. Os aglomerantes são as pedras naturais que, IV. A tecnologia desenvolveu diversos tipos de pla-
em placas, servem de revestimento de parede cas de gesso cartonado, que são especificadas
ou piso e, a partir delas, os designers podem de acordo com suas funcionalidades: áreas se-
desenvolver até mobiliários. cas, resistentes à umidade e resistentes ao fogo.
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atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
A maioria das pessoas diz que rocha “pode” tudo e que é bonita em qualquer circuns-
tância. Isto é pretensioso e tem uma consequência fatal: o mundo do design de rochas
tem muitos objetos que não conseguem ser utilizados. São, na melhor definição, obje-
tos de arte, ou, na pior, bobagens. Tais artigos são cadeiras ou mesas, feitos inteiramen-
te de rochas. Banheiras maciças também fazem parte dessa categoria. Outra peculiari-
dade da rocha é a sua dureza. O revestimento tradicional das ruas tem explorado essa
característica durante milhares de anos. A calçada portuguesa, por exemplo, é uma
versão sofisticada do antigo paralelepípedo. Com tecnologia moderna, as inovações
são possíveis (Foto 4): muitas cidades trocam os antigos paralelepípedos por outros,
com superfície plana e uniforme. Isto preserva o aspecto antigo, porém faz com que os
passeios de pedestre fiquem mais confortáveis para os idosos ou pais com carrinhos de
bebê. Outras inovações podem ser verificadas, por exemplo, nos jogos infantis de rua
desenhados pela empresa italiana Animum Ludendo Coles. O da foto (Foto 5) pode ser
encontrado nas ruas laterais de Verona. Porém, o maior mercado para tais revestimen-
tos será provavelmente encontrado nos condomínios ou jardins particulares.
“Forma segue função” é a regra básica em design de produto com rochas: primeiro,
a funcionalidade do objeto e, em segundo lugar, a beleza (a forma). O desafio para
o designer é apurar o olhar e identificar outras características positivas da rocha que
aliadas ao fato de serem pesadas e duras, podem inspirar criações inovadoras, belas e
funcionais. A beleza das rochas é uma das suas propriedades e conta muito a seu favor.
Por isso, elas têm sido frequentemente utilizadas por designers: o italiano Manuel Bar-
bieri criou relógios de parede feitos em rocha para a empresa Scandola Marmi. Outros
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LEITURA
COMPLEMENTAR
tipos de relógios também foram criados pelos designers escandinavos Note e Norm (Foto 6). Um dos exemplos mais
marcantes nesta categoria vem do Brasil: para a Feira de Vitória, em 2014, Renata Malenza, do Grupo Corcovado
Brasigran, iniciou uma parceria com o designer Ronaldo Barbosa para descobrir maneiras de utilizar as chamadas
rochas exóticas (Foto 7). Produziram mesas que têm um design minimalista, mas destacam maravilhosamente a
beleza desses tipos de rochas, que somente são encontradas no Brasil. Essas mesas não tiveram produção em série,
são peças únicas, infelizmente. Isso nos leva a uma consequência do design de produtos: podem ser utilizados como
ferramentas promocionais.
Então, se o setor de rochas pudesse criar objetos funcionais para uso residencial, estas peças fariam a promoção
(gratuita) para o material. A Lundhs, empresa norueguesa produtora de blocos, já está indo nesta direção: ela convida
designers a utilizarem seus granitos e expõe os objetos em feiras para arquitetos e designers. Um exemplo é a esfera
de madeira e rocha de Kristine Bjaadal, exibida em Milão durante uma feira de móveis (Foto 8). A essa altura, fica claro
que objetos do cotidiano elaborados com rochas provavelmente não teriam sua demanda aumentada. O objeto de
design, mesmo produzido com rejeitos, certamente aumentará a lucratividade da mina ou da indústria de beneficia-
mento. Em resumo, pode-se dizer que o design de produto com rochas naturais permite:
• formar um mercado contínuo para mármores, granitos etc.;
• associar as rochas a uma imagem de criatividade;
• criar novos empregos;
• aumentar a demanda por tecnologia de ponta.
Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse: http://abirochas. com.br/wp-content/
themes/abirochas-theme/assets/files/Abirochas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf.
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material complementar
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material complementar
47
referências
ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Senac,
2006.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios
de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre
Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre
Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FERNANDES, T. M. G.; GODOY, A. M.; FERNANDES, N. H. Aspectos geológicos e tecnológicos
dos quartzitos do centro produtor de São Thomé das Letras (MG). Revista Geociências, São
Paulo, v. 22, n. 2, p. 129-141, 2003.
GUERRA, V. et al. Fundamentos da engenharia de edificações: Materiais e Métodos. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013.
LIMA, R. P. D. Uso e aplicação de materiais artificiais como rocha ornamental. 2010. 127 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mineral, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
MARGHUSSIAN, V. Nano-Glass Ceramics: processing, properties and applications. Amsterdã:
Elsevier Science, 2015.
MILLIDGE, J. Gemas: guia prático. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: Nobel,1998.
48
referências
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.cinexpan.com.br/argila-expandida-cinexpan.html. Acesso em: 6 maio 2019.
2
Em: http://www.congonhas.mg.gov.br/index.php/o-mestre-aleijadinho/. Acesso em: 7 maio
2019.
3
Em: http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/1478-abnt-lanca-nova-versao-da-nor-ma-
-sobre-rochas-para-revestimentos. Acesso em: 7 maio 2019.
4
Em: https://www.mundodaspedras.com.br/silestone-magenta-energy/. Acesso em: 7 maio
2019.
5
Em: http://www.alicante.com.br/galeria-de-fotos. Acesso em: 7 maio 2019.
6
Em: http://abirochas.com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abiro-chas-
-em-noticia-5_WEB-nova.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.
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gabarito
1. D.
2. D.
3. C.
4. E.
5. Roteiro de resposta - O(a) aluno(a) deve citar e contextualizar, ao menos,
quatro dos seguintes assuntos: o gasto de energia no processamento das
pedras artificiais; a questão do transporte de pedras naturais como au-
mento da emissão de gás carbônico; a relação das pedras naturais ex-
traídas e o impacto que isso causa no meio ambiente; as pedras naturais
como fontes finitas devido ao tempo que a natureza leva para originá-las.
E a questão da possibilidade de utilizar materiais recicláveis na composi-
ção de agregados para as misturas na construção civil.
50
UNIDADE
II
VIDRO E CERÂMICA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Vidro
• Cerâmica
• Sustentabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição e aplicabilidade do vidro.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade da cerâmica.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade
II
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), estamos na segunda unidade de nosso livro. O as-
sunto, agora, envolverá materiais há muito tempo descobertos pela
humanidade, que fizeram grande diferença em nossa vida por serem
materiais em abundância no solo do planeta e de fácil acesso. Ao con-
seguir manuseá-los, a sociedade descobriu suas qualidades, inicialmente, para o
armazenamento de objetos, comida e água, depois, sua eficiência como material
construtivo. A cerâmica, além de servir como utensílio doméstico, também pôde
carregar as histórias das antigas culturas e, por elas, também sabemos como eram
nossos antepassados. O vidro, material transparente que encanta ainda hoje,
criou uma das profissões mais promissoras para os homens no passado europeu
e condicionou toda uma nação a voltar-se ao ofício de vidraceiro.
Para o design de interiores, os dois materiais são importantes, e sua apli-
cação tornou-se essencial ao ser humano. Entre vários motivos, os vidros e as
cerâmicas desenvolveram-se, melhorando em relação à questão econômica e
chegando às diversas classes sociais. São materiais populares, mas, ao mesmo
tempo, podem ser “elitizados” para a utilização pelas classes com maior poderio
financeiro, tornando-se, desta forma, produtos que se encaixam em projetos de
ambientações diversos.
Nesta unidade, conheceremos melhor os vidros, suas características, seus
tipos, suas aplicabilidades e algumas de suas normativas (que regem o seu uso e
a sua segurança). Em um segundo momento, descobriremos os materiais cerâ-
micos, sua definição, suas classificações, seus tipos, aplicabilidades, e também,
alguns pontos de sua extensa normativa, que envolvem todos os estudos acerca
dos materiais cerâmicos adequados a cada tipo de uso. Você também conhece-
rá as questões referentes à sustentabilidade desses materiais, como estão envol-
vidos e de qual forma podemos adequá-los a essa necessidade mundial.
Bom estudo!
Vidro
SAIBA MAIS
Caro(a) aluno(a), neste início de unidade, quero lhe per-
guntar: você já reparou como o vidro é um material atra-
ente? Muitas vezes, surpreendi-me, parada, observando Vitral é o conjunto formado por pedaços ir-
suas características, a curiosidade diante de como o seu regulares de vidro em diversos tamanhos e
cores, montados e rejuntados num mesmo
reflexo e sua transparência alteram a percepção dos es- plano, formando peças regulares para se-
paços, além de sempre me encantar com os vitrais colo- rem aplicados em caixilhos, com finalidade
ridos de algumas construções, fascino-me com os jogos ornamental.
de luzes que algumas composições de vidros criam, tão Fonte: Azeredo (2000, p. 132).
belos que parecem brincar com a luz do sol ou com as
luzes artificiais dos ambientes.
56
DESIGN
Figura 1 - Vitrais
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58
DESIGN
a. Quanto ao tipo.
b. Quanto à forma. informações específicas, respectivamente, para os vidros
c. Quanto à transparência. temperados e laminados.
d. Quanto à superfície. Ainda, há os vidros que absorvem os raios UV (cer-
e. Quanto à Coloração. ca de 20% de absorção) e o vidro composto, quando
f. Quanto à Colocação. duas folhas de vidro são separadas por um espaço com
adição de gás desidratado cuja função é de isolamento
Da classificação quanto ao tipo, tem-se o vidro recozido, que térmico e acústico do ambiente, este, geralmente, apre-
é sem tratamento diferenciado; os de segurança, que evitam sentado como uma unidade pré-fabricada (janelas). O
as quebras grandes e também os estilhaços, sendo eles os autor Ambrozewicz (2012) acrescenta, também, o vidro
temperados (processo de tratamento térmico), os lamina- termorrefletor, quando ele reflete os raios solares.
dos (duas ou mais folhas de vidro que recebem uma pelí-
cula adesiva) e o aramado (desenvolvido sob uma tela de
SAIBA MAIS
arame que segura os pedaços dos vidros ao se romperem).
Afirma Ambrozewicz (2012) que o vidro de segu-
rança foi descrito pela ABNT NBR 7210 cujo título é A partir da ideia de utilizar duas chapas de
“Terminologia dos vidros de segurança”, e esses mate- vidro com algum material encapsulado entre
elas, bem como o laminado, apareceram, no
riais devem possuir resistência mecânica superior a dos mercado, diversos tipos de opções ornamen-
vidros comuns, sendo indicados para portas de vidro, tais de encapsulamento. Um belo exemplo é
boxe, janelas baixas e envidraçamentos em grande esca- o vidro com tecido encapsulado da coleção
floral Deko, da empresa Cast.
la, por serem mais suscetíveis a acidentes.
Nas normativas de número ABNT NBR 14698 Fonte: a autora.
59
60
DESIGN
SAIBA MAIS
61
Se antes da facilidade da industrialização os espe- tipos de acabamento de borda, de acordo com Azeredo
lhos faziam parte, na maioria das vezes, de peque- (2000): corte limpo, filetado, lapidado (garante a segu-
nos elementos decorativos, hoje, preenchem toda a rança, evitando os ferimentos, podendo este tratamento
parede, estão nas portas dos roupeiros e armários ser utilizado como mobiliários), redondo ou chanfrado
em geral, nos fundos dos nichos das estantes e em e bisotê (este último é muito utilizado nas ambientações,
todos os lugares. Nos últimos anos, são utilizados apresentando um acabamento diferenciado).
até no teto, caracterizando-se por ser, quando apli-
cada corretamente, uma ferramenta de ampliação SAIBA MAIS
do pé-direito de um recinto.
As cores dos espelhos não se restringem ao pra-
Pé-direito refere-se à distância vertical entre o
teado, como de costume. Os designers de interiores piso e a parte inferior do teto ou forro. Um pé-
contam com algumas tonalidades e cores para os es- direito baixo seria uma medida próxima a 2,40
pelhados, como champanhe, bronze, ou ainda, mar- m, e pé-direito considerado alto vai de 3 m até
alturas maiores de 6 m.
rom e chocolate.
O espelho pode ser aplicado na ambientação com a Fonte: a autora.
62
DESIGN
Os blocos de vidro também fazem parte de recursos Para uso como revestimento de parede, também é pos-
que podem ser utilizados pelo(a) designer de inte- sível utilizar um produto denominado pastilha de vidro,
riores como divisórias de ambientes e outras funções que são pequenos pedaços de vidro atrelados em uma
diversas. É importante apontar que, se em dimensões tela que os mantêm unidos durante transporte e arma-
grandes, precisam de cálculo para a estrutura se man- zenamento. Suas características são as mesmas do vidro
ter, não devendo, portanto, ser especificados sem o e o material é indicado para diversos ambientes internos,
aval de um profissional especializado. De acordo com tais como cozinha, banheiro e outros, podendo também
Ambrozewicz (2012), esse produto faz isolamento serem aplicados em ambientes externos, visto que pos-
térmico e acústico. suem resistência ao calor.
63
Alguns profissionais especificam detalhes em piso cutar a manutenção e qual o correto procedimento de
também feitos de pastilhas de vidro, e o resultado es- desinstalação. Esse manual está disponibilizado na pági-
tético pode ser muito agradável. De acordo com o site na oficial da Abravidro ([2019], on-line)5, gratuitamente.
Vitrum Cristal ([2019], on-line)4, é possível encontrar Ao se tratar da acessibilidade, para o correto apro-
pastilhas aplicadas no piso, como soleiras, ou para de- veitamento e higienização pessoal, os espelhos dos ba-
marcar os setores do ambiente. Sua aplicação no chão nheiros acessíveis possuem especificidades de instalação
deve levar em consideração a segurança, pois o vidro é regulamentadas pela NBR 9050:
um material liso. Na instalação desses materiais, é im-
portante considerar cola e rejuntes específicos de acordo Os espelhos podem ser instalados em paredes sem
pias. Podem ter dimensões maiores, sendo reco-
com o fabricante do material escolhido.
mendável que sejam instalados entre 0,50m até
1,80m em relação ao piso acabado (ABNT, 2015, p.
SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE 105). E, ainda: Quando o espelho for inclinado em
10º em relação ao plano vertical, a altura da borda
Quando pensamos em ambientar os espaços internos inferior deve ser de, no máximo, 1,10m, e a da bor-
da superior de, no mínimo, 1,80m do piso acabado
com vidros e espelhos, é importante considerar a segu-
(ABNT, 2008, p. 12).
rança de seus usuários. Os vidros, apesar de sua resistên-
cia, são materiais cortantes e devem ser aplicados com A NBR 9050 ainda apresenta diversos regulamentos
muita responsabilidade. Quando esses materiais estão para a segurança do uso dos vidros na acessibilidade, tais
em ambientes molhados, seu risco é ainda maior. Com como a maneira como devem ser aplicadas as faixas de
isto em vista, a Associação Brasileira de Normas Téc- segurança e as barras laterais dos boxes.
nicas desenvolveu a NBR 14207, que trata, especifica-
mente, dos boxes de banheiro fabricados com vidros de
segurança. E, concordando com a normativa, mas tam- SAIBA MAIS
bém pensando em seus clientes finais, a Abravidro (As-
sociação Brasileira de Distribuidores e Processadores de
Vidros Planos) desenvolveu uma cartilha denominada A NBR 9050 é disponibilizada, gratuitamente,
“Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes pelo site da Secretaria Nacional de Promoção
de banheiro”, a qual apresenta informações aos usuários dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na aba
Normas da ABNT, item de numeração 16.
de como utilizar e manter seus boxes, com dados im-
portantes de como fazer a avaliação da instalação para Fonte: a autora.
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DESIGN
65
Cerâmica
SAIBA MAIS
encontrada na natureza, sendo, geralmente, o primeiro
material encontrado nas escavações. Desta forma, a so-
De acordo com a Anfacer – Associação Nacional
ciedade primitiva, rapidamente, aderiu ao uso da cerâ-
dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimen-
tos, Louças Sanitárias e Congêneres – o termo mica como material estrutural com os tijolos e como
cerâmica vem da palavra grega kéramos, que, material para utensílios domésticos.
por sua vez, significa terra queimada.
A argila misturada em água torna-se moldável, atin-
Fonte: Anfacer ([2019], on-line)6. gindo, após secar, certa rigidez. Entretanto para se estabi-
lizar no formato desejado, ela deve ser queimada. Inicial-
mente, era apenas exposta ao sol, mas, com o passar do
A evolução tecnológica permitiu um desenvolvimen- tempo e com a aquisição de conhecimentos, os homens
to inimaginável da indústria de placas de cerâmicas perceberam que ela se tornava mais firme se levada ao
para uso na construção civil. Apesar de ser um mate- fogo. Aliás, é curioso o fato citado pelo autor Zabalbe-
rial amplamente utilizado na atualidade, a cerâmica, no ascoa (2014), de que as cerâmicas aparecem como uma
entanto, remonta ao passado distante da humanidade. das melhores fontes para a Antropologia sobre como se
Como nos informa Ambrozewicz (2012), ela é consti- vivia na Antiguidade, junto com as pinturas, textos e cons-
tuída de materiais argilosos, é fácil e, abundantemente, truções. Foi a partir de desenhos aplicados em utensílios
66
DESIGN
cerâmicos que a sociedade atual conheceu o mobiliário e parede e adornos diversos, que podem ser artesanais
grego, como a poltrona chamada Klismos cujo desenho ou industriais. Há, também, os utensílios domésticos,
foi recuperado, posteriormente, pelo império francês. como panelas, tigelas, travessas, potes, canecas, acessó-
Smith e Hashemi (2012) afirmam que os materiais rios de banho, entre outros.
cerâmicos são inorgânicos e que possuem caracterís- Existem, ainda, as louças sanitárias e os revestimentos
ticas gerais, como: rigidez, baixa resistência mecânica de piso e de parede. Por fim, também podemos incluir os
e ductilidade (flexibilidade), bons isolantes elétricos e elementos vazados, como os tijolos especiais, com a fun-
térmicos. Os autores ainda informam que a composi- ção de possibilitar ventilação e iluminação aos ambientes,
ção das cerâmicas tradicionais incluem minerais, como diversas vezes aplicados como divisórias de ambientes e
a argila, a sílica e o feldspato, e seus exemplos são as não apenas nos artifícios arquitetônicos.
telhas, os tijolos e os vidros. Caro(a) aluno(a), conheceremos, a partir de agora, as
Em design de interiores, os materiais cerâmicos cerâmicas e suas aplicações mais importantes no design
possuem diversas aplicações. No que tange à decora- de interiores, iniciando com as placas cerâmicas e finali-
ção, temos os vasos, os jarros, os decorativos de mesa zando com as louças sanitárias.
SAIBA MAIS
Os vidros são considerados materiais cerâmicos, pois sua composição também inclui materiais minerais,
como a sílica, além de, também, necessitarem de queima para a solidificação.
Fonte: a autora.
67
AZULEJO E/OU PLACAS CERÂMICAS Brasil pode ter relação com esta característica sensorial,
tendo em vista o clima tropical nacional.
A Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes de O pesquisador Ambrozewicz (2012, p. 340) define
Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e que os “azulejos são placas de louça, de pouca espessura,
Congêneres – afirma que o uso do azulejo foi desen- vidrados em uma das faces, onde levam corante”, e que
volvido e difundido pelos islâmicos, chegou à Espanha os pisos cerâmicos “são obtidos com massa quase vitri-
pelas navegações e se espalhou por toda a Europa. A ficada, [...] são feitos com argila de grês, com teor bem
Associação relata, ainda, que, inicialmente, esses mate- pequeno de ferro” .
riais eram utilizados apenas nas ambientações internas Ching e Binggele (2013) complementam que as ce-
e se restringiam ao uso como se fossem “tapetes” ou râmicas “de argila natural não são vítreas e apresentam
aplicações apenas “decorativas”, em pequenos espaços. suaves cores terra; as de porcelana podem ter cores vi-
Acredita-se que o motivo era o alto custo das peças, en- brantes e são vítreas, tornando-se densas e impermeá-
tretanto com o advento das manufaturas e, posterior- veis” (CHING; BINGGELE, 2013, p. 294).
mente, o desenvolvimento industrial, o uso dos azule- É importante destacar que a característica de vitrifi-
jos ampliou-se para o piso inteiro de um ambiente ou cação da argila, ou seja, sua capacidade de se transformar
espaço, e também ao seu uso externo. em vidro, é o que eleva a sua qualidade. Há, ainda, outras
Ching e Binggeli (2013) defendem que a cerâmica variedades de materiais cerâmicos, como os porcelanatos
apresenta uma sensação fria e, de fato, seu sucesso no e as cerâmicas especiais para fachadas e piscinas.
68
DESIGN
De fato, como enfatiza Ambrozewicz (2012), tem-se: sua qualidade). Tal método se difere do azulejo, material
a. O material de argila, ou a cerâmica vermelha argiloso que é levado ao fogo e possui a característica de
(Anfacer), constituída, quase ou unicamente, se vitrificar durante o processo de produção.
de argila. Possui cor avermelhada e suas carac-
terísticas incluem a grande absorção de água e SAIBA MAIS
a fraca resistência mecânica.
b. A cerâmica grês ou cerâmica branca (como
O que o mercado de consumo denomina por-
denomina a Anfacer), que possui uma alta
celanato, na realidade, é uma placa de revesti-
vitrificação, menor quantidade de ferro (por mento cerâmico produzido com matéria-prima
isso sua cor não é avermelhada) e uma quali- de maior pureza, com menor teor de óxido de
dade superior. ferro (ou seja, argila branca), com tecnologias
Aluno(a), é muito importante que fique bem clara a di- de produção diferenciadas, que fazem com que
o produto final possua uma qualidade dita su-
ferença entre azulejo e ladrilho hidráulico. Retomando o perior ou diferenciada. Pela ABNT NBR 13818
assunto estudado na unidade anterior, ladrilho hidráulico (1997), o porcelanato é classificado como ma-
é um material para revestimento de piso e de parede, que terial do grupo de absorção Bla, que apresenta
absorção de água igual ou menor que 0,5%.
também se apresenta em placas, entretanto sua composi-
ção é, basicamente, de cimento e, em sua produção, é leva- Fonte: a autora.
69
SAIBA MAIS
Algumas definições são importantes. Ao se tratar de placas Existem alguns termos que são utilizados no
cerâmicas, a ABNT NBR 13816 (1997) afirma que são mate- meio comercial, entre eles, o termo “porcelana-
riais de argila e outras matérias inorgânicas que podem ser to técnico”, que significa apenas a placa cerâmi-
ca que não recebeu a finalização em esmalte.
produzidas por diversos processos comuns ao material ce-
râmico, e então queimadas, podendo ser vitrificadas, ou não. Fonte: adaptado de Anfacer ([2019], on-line)7.
70
DESIGN
Tendo em vista toda a variedade existente, tanto rela- O PEI 5 é considerado o mais resistente ao teste de
cionada ao material que desenvolve a placa cerâmica, abrasão superficial, então, de acordo com as Normas
quando no seu processo de produção, quanto ao seu da ABNT, deve ser indicado para as áreas públicas. É
comum que este material também acabe com seu va-
acabamento, o(a) designer de interiores carrega, como lor comercial maior em relação aos outros produtos.
sua responsabilidade, a especificação adequada, baseada A importância de compreender a classificação é vá-
em questões tanto funcionais como de segurança e, cla- lida para especificar o material correto para cada
situação de projeto. Assim como os revestimentos
ro, da ordem estética. de grupo 0 (zero) só devem ser especificados para
Desta forma, é possível encontrar as informações parede, os revestimentos de PEI 5 (cinco) não preci-
necessárias nas Normas Técnicas que controlam esses sam ser aplicados em ambientes como banheiros
residenciais.
materiais. Veremos, agora, as informações que orientam
as especificações desses materiais. Fonte: a autora.
Resistência à Abrasão
Absorção de Água
O autor Ambrozewicz (2012) apresenta a classifica-
ção de Resistência à Abrasão, isto é, a resistência que A NBR 13817:1997 cujo título é “Placas Cerâmicas para
o material apresenta em relação ao desgaste de sua Revestimento - Classificação”, também nos apresenta a
superfície em contato com o movimento dos pés e o classificação referente à absorção de água, sendo a que
atrito constante e em grande quantidade, como já vis- define o porcelanato com absorção menor ou igual a
to na primeira unidade deste livro. Enfim, refere-se 0,5%. Esta característica da peça se relaciona com muitas
aos materiais esmaltados. outras questões que influenciam a escolha da placa. Pen-
De acordo com a NBR 13818 (1997), a classificação se que a absorção de água está, diretamente, ligada à sua
de resistência à abrasão é denominada PEI e apresenta porosidade. Sendo muito porosa, a placa também possui
seis grupos, que vão de zero até cinco, sendo o grupo menor resistência ao manchamento e, de acordo com o
zero desaconselhável à utilização em qualquer piso, e Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
o quinto grupo, PEI 5, o mais resistente e aconselhável e tecnologia (1998) – maior facilidade de quebra, ou seja,
para aplicação em pisos para áreas públicas e outros. menor resistência mecânica.
71
[...] as placas cerâmicas classificadas como BIII, O Inmetro (1998), de acordo com as normativas da
com absorção de água acima de 10%, são recomen-
ABNT, ainda apresenta as classificações de resistên-
dadas para serem utilizadas como revestimento de
parede (azulejo), justamente por possuírem alta cias das placas cerâmicas aos agentes químicos e aos
absorção e, portanto, resistência mecânica reduzida manchamentos, sendo que o manchamento possui
(INMETRO, 1998, on-line)8. relação com a facilidade de limpeza do material, isto
é, facilidade em remover manchas. A classificação do
Observe que, aqui, há uma separação de termos, em que manchamento caracteriza-se pela classe A, classe B e
azulejo passa a ser considerado, então, como revestimento classe C, a classe A é de ótima resistência às manchas,
cerâmico de parede, e o “piso” é que caracteriza o revesti- e a C, com resistência baixa.
mento cerâmico para pavimentação. A resistência aos agentes químicos é aquela que clas-
A classificação da absorção de água apresenta sifica os revestimentos cerâmicos em relação a alguns
cinco grupos, que são: Ia, Ib, IIa, IIb e III, sendo produtos que, em contato com a placa, podem danificar
“Ia” o de absorção menor entre todos, e “III”, o de sua superfície, como álcool e ácidos. A classificação dos
maior absorção. agentes químicos vai do número 1 ao 5, sendo o número 1
72
DESIGN
73
por umidade.
juntas de dilatação em áreas superiores a vinte 20 m2, ou
f. Para uso em ambientes externos de regiões sujei-
quando um dos lados for maior que 5 m e em paredes com
tas ao frio extremo, neve e geadas, ou ainda, em
câmaras de frigoríficos, buscar a característica de área superior a 24 m2” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 344).
resistência ao congelamento.
g. Materiais que podem estar em contato com ma-
térias químicas industriais, a característica im-
portante a ser observada pelo profissional é a de
resistência química de alta concentração.
h. E, por fim, materiais que terão contato com ali-
mentos, é necessário saber a presença de chum-
bo e de cádmio solúveis.
Levantamentos de Obra
74
DESIGN
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Sustentabilidade
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DESIGN
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CERÂMICA
diosos chamam de “produção do berço ao berço”. Esta
Alguns pontos negativos que Moxon (2012) aponta ideia consiste, basicamente, em um processo de vida
acerca da cerâmica são: alta energia incorporada, isto circular dos materiais. Ou seja, eles são, inicialmente,
é, consumo abusivo de água e eletricidade em sua pro- extraídos da natureza, sofrem todo o processo de in-
dução; e na especificação, a prática comum de comprar dustrialização, considerando, inclusive, as etapas de
mais materiais do que o necessário para receber descon- transporte e armazenamento e, então, ao final ou quan-
to, ou a fim de evitar o risco de se esgotarem e não ser do for descartado, o material se transforma novamente
possível encontrar a mesma peça, ou ainda, pela demora em matéria-prima, sendo reutilizado pela mesma in-
entre a encomenda e a fabricação das peças (lembran- dústria e, futuramente, o objetivo é que essas indústrias
do da questão de tonalidade da peça que muda com o não precisem mais extrair a matéria-prima natural e
lote). Também é discutido entre os profissionais, e foi trabalhem apenas com a reciclada.
muito bem lembrado por Moxon (2012) em seu estudo O conceito do berço ao berço já é, na verdade, uma
a constante necessidade de os profissionais demolirem e prática realizada, inclusive, com certificação, e também
retirarem os produtos cerâmicos mesmo quando estão apresenta melhorias para as etapas de processos. Como
em perfeitas condições, apenas para uma adequação à exemplo, durante a etapa de produção, compreende-se
estética do novo ambiente projetado. a redução de emissão de pó (desperdício de materiais),
Esta atividade é comum não apenas com o material da emissão de carbono, do consumo de água e de ener-
em discussão, mas em diversos casos. Muitas vezes, é gia. Durante o transporte, a preocupação de trabalhar
normal observar a retirada de um material de extrema com produtos certificados, como os paletes de madeira
qualidade para outro com menor qualidade, mas que reutilizada, embalagens de papel reciclável e, como dito
está ligado à estética do projeto. Esta atitude deve ser anteriormente, a preocupação com a coleta dos resíduos
questionada, levando em consideração todas as questões e descartes das obras para reutilização em novas peças.
ambientais levantadas, atualmente, sendo de responsa- Apesar dos aspectos negativos, existem procedi-
bilidade do(a) designer de interiores trabalhar com mentos que as indústrias e os(as) designers de interiores
consciência ambiental. podem tomar para se enquadrar ao ideal de sustentabi-
Para Moxon (2012), uma solução possível para me- lidade, e como Moxon (2012, p. 87) ressalta, os materiais
lhorar a situação das indústrias cerâmicas na questão “[...] cerâmicos são duradouros, mantendo o seu desem-
da sustentabilidade é sua adaptação ao que os estu- penho e aparência por muitos séculos”.
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DESIGN
79
considerações finais
Caro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade de nosso livro. Este estudo se moveu
em torno de dois materiais: o vidro e a cerâmica – materiais, amplamente, utilizados
na construção civil e, popularmente, aceitos pela sociedade, pela sua estética, funcio-
nalidade, praticidade de uso e pelo acesso econômico.
Sobre o vidro, concluímos juntos que sua aparência é muito atrativa. Desde os
primórdios, sua transparência e seu reflexo encantam a sociedade. Um material
que deve ser especificado apenas após um amplo estudo do caso, da situação e das
tipologias de vidro existentes e adequadas ao projeto. O vidro possui normativas que
devem ser estudadas e levadas em consideração para o uso responsável com segurança
e funcionalidade.
A relação do vidro com as questões que permeiam o meio ambiente são positi-
vas, uma vez que é um material não tóxico, podendo, portanto, ser reciclado. Tal fato
acontece na realidade e evita o desperdício e a produção de resíduos. E a cerâmica,
que se apresenta, também, como uma mutante, auxiliada pela evolução da tecnologia
humana, multiplica-se em diversos usos e aplicações. A cerâmica nos comunicou com
o passado, sendo fonte de informação sobre as sociedades primitivas e, hoje, trans-
formada, cria o mundo em que vivemos. A partir desse uso tão popular, a cerâmica
precisou de normas e regras de produção e instalação.
Os profissionais sérios buscam nas instituições reguladoras as formas de melhor
especificar esses produtos, e é uma incansável busca pelo conhecimento, impulsionada
também pelas indústrias dos artigos de cerâmica. Mas esse material também preci-
sou se adaptar para atender à nova demanda da sustentabilidade, e com todas essas
informações, aliadas com a criatividade e a perspicácia do(a) designer de interiores,
a cerâmica vive e se inova cada vez mais.
80 80
atividades de estudo
1. O vidro e a cerâmica, respectivamente, são materiais IV. O espelho não é um vidro; é um produto derivado
compostos de: da areia que, produzido no calor, tem característi-
a. Alumina e detritos de concreto. cas de luminescência.
b. Detritos de concreto e sílica. V. O vidro conhecido como float é um produto que possui
aplicação de um tratamento de aplicação de prata.
c. Aglomerantes betuminosos e alumina.
De acordo com as alternativas apresentadas, assinale a
d. Areia e argila.
resposta correta:
e. Argila e gesso.
a. Apenas I e II estão corretas.
2. A partir dos estudos acerca das características do vidro b. Apenas II e III estão corretas.
e dos materiais cerâmicos, leia as afirmativas a seguir:
c. Apenas I está correta.
I. Resistência à abrasão é a resistência do material
em relação ao desgaste de sua superfície. d. Apenas II, III e IV estão corretas.
II. Resistência ao ataque químico é a resistência do e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
material à quebra.
4. Os ladrilhos hidráulicos e os azulejos são, normal-
III. Resistência ao impacto é a resistência do material mente, utilizados como revestimento de paredes
em relação ao desgaste de sua superfície. e, em alguns casos, de pisos. Sobre esses revesti-
mentos, qual é a afirmativa correta?
IV. Resistência à abrasão é a resistência do material
em relação ao ataque de produtos químicos em a. O azulejo é um material, extremamente, resistente
sua superfície. que pode ser utilizado como revestimento de piso.
81
LEITURA
COMPLEMENTAR
A 32ª edição da Casa Cor São Paulo, maior mostra de arquitetura, decoração e paisa-
gismo das Américas, teve duração do dia 22 de maio até 29 de julho. E, se em anos
anteriores o uso de vidros e espelhos foi mais pontual, em 2018, eles foram verdadeiros
protagonistas no evento, com grandes painéis em aplicações tão diversificadas quanto
chamativas. Isso fez todo o sentido, uma vez que o tema da mostra desta edição (Casa
viva) teve o objetivo de ressaltar a harmonia entre o homem e a natureza – afinal, qual
forma poderia ser melhor para isso do que produtos que permitem visibilidade plena
do lado de fora ou que a refletem para o lado de dentro?
A seguir, veja alguns dos destaques envidraçados da Casa Cor 2018. E, se chegar ao final
querendo mais, é só buscar o vídeo “O Vidroplano – Cobertura da Casa Cor 2018”, na
internet e conferir uma galeria cheia de fotos desses e outros ambientes!
Um ambiente de trabalho acolhedor pode contribuir muito para o rendimento dos fun-
cionários. E o Templo Coworking, de Camila Bevilacqua e Fernando Brandão, é o espaço
perfeito nesse sentido, graças ao uso de peças variadas da Cebrace. Brises de lami-
nados incolores 4+4 mm (foto) trazem o aproveitamento pleno da iluminação natural
para os dias de Sol (se chover, eles bloqueiam a água, devido às variações em seu es-
paçamento), enquanto espelhos prata 4 mm fazem o local parecer ainda mais extenso.
Nosso material também se faz presente nas divisórias de temperado 8 mm, nos dois
lados da grande mesa, levando aos cubículos e à sala do café.
Um dos ambientes mais grandiosos da mostra de 2018, sem dúvidas, foi A Cisterna de
Deca: projetada pelo escritório Tenório Studio, ocupava duas salas e uma área extensa
82
LEITURA
COMPLEMENTAR
entre elas. O uso do vidro foi tão grandioso quanto a área do local, incluindo uma pa-
rede com cascata artificial feita com um único painel incolor 10 mm (foto), com 3,7 m
de largura e 4,5 m de altura! A vidraçaria Starke Glas foi responsável por essas e todas
as outras aplicações do nosso material neste ambiente, incluindo o teto todo revestido
com espelhos fumê 6 mm nas grandes rampas entre uma ala e outra, refletindo o es-
pelho d’água com a logomarca da Deca logo abaixo.
Um só com a natureza
O Refúgio Urbano, de Marina Linhares, usou nosso material para uma integração plena
entre o ambiente e a vegetação ao seu redor. Quase todo o fechamento do espaço foi
feito com grandes painéis laminados 5+5 mm, da Cebrace, e houve ainda um piso com
temperados laminados 10+10+10 mm, da mesma fabricante, permitindo apreciar as
belas plantas abaixo do piso (foto). A instalação foi feita pela Vidro Laser.
A Sala de Jantar, de Naomi Abe, usa Espelho Guardian prata 5 mm, fornecidos pela Sil-
vestre Vidros, de forma bastante diferente. As paredes do ambiente são revestidas com
esse material (foto). Porém, na frente delas, existem outras paredes, feitas de cerâmica,
totalmente vazadas. Os buracos permitem ver os espelhos na parte de trás – com isso,
um jogo de reflexões ajuda a ampliar o espaço.
Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse a Revis-
ta da Abravidro, o Vidro Plano - on-line, 2018, entre as páginas 14 e 21.
83
material complementar
No site EcoEficientes, você poderá encontrar muitas informações a respeito de projetos diversos que levam
em consideração a questão da sustentabilidade.
http://www.ecoeficientes.com.br/.
A Revista da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano oferece reportagens e en-
trevistas com informações ricas acerca de seu material. É uma ótima fonte de conhecimento da área e de seu
mercado. Segue o link para o infográfico sobre a reciclagem no Brasil e as etapas para a reciclagem do vidro.
http://www.abividro.org.br/reciclagem-abividro/reciclagem-no-brasil.
84
referências
85
referências
Referências on-line
1
Em: http://artezanalnet.com.br/blog/Escadas-e-Acessorios-Florais. Acesso em: 8 maio 2019.
2
Em: http://verviveresonhar.blogspot.com/2012/06/cores_25.html. Acesso em: 9 maio 2019.
3
Em: http://veridianaperes.com.br/site/espelhos/. Acesso em: 9 maio 2019.
4
Em: http://vitrumcristal.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
5
Em: http://abravidro.org.br/fique-por-dentro/de-olho-no-boxe/. Acesso em: 9 maio 2019.
6
Em: http://www.anfacer.org.br/#!historia-ceramica/c207w. Acesso em: 9 maio 2019.
7
Em: https://www.porcelanatocertificado.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
8
Em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp. Acesso em: 9 maio 2019.
9
Em: https://archtrends.com/blog/como-limpar-porcelanato/. Acesso em: 10 maio 2019.
10
Em: http://construnormas.pini.com.br/engenharia-instalacoes/instalacoes-hidrossanitarias/imagens/
i490314.jpg. Acesso em: 10 maio 2019.
11
Em: http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-sobrepor?term=cuba+sobrepor;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-apoio?term=cuba+apoio;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-embutir?term=Cuba+de+Embutir. Acesso em: 14 maio 2019
86
gabarito
1. D.
2. C.
3. C.
4. C.
5. Atividade livre de criação, fixação e aprofundamento do conteúdo aplica-
do. O aluno deverá justificar a aplicação do material na ambientação de
forma racional, com a explicação sobre as características e/ou proprieda-
des do material escolhido para determinadas função e estética.
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MADEIRAS E FIBRAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Madeira
• Bambu
• Fibras (Têxteis e Papéis)
• Sustentabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de madeira.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de bambu.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais baseados em fibras.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade
III
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), já estamos na terceira unidade do livro que abor-
dará dois temas bem amplos: as madeiras e as fibras. Não saímos
completamente do campo dos minerais, porém, agora, aden-
tramos o campo dos vegetais e animais. Os materiais derivados
destes seres vivos possuem características, propriedades e funcionalidades
diferenciadas. Sua beleza estética é única, e suas aplicações diversas.
As madeiras são materiais realmente vivos, possuem durabilidade
e convivem, quando bem mantidas, com gerações e gerações humanas.
Trabalham de acordo com o clima, suas formas se adaptam de acordo
com o uso e seu cheiro pode fazer parte de uma lembrança de vida. A
madeira é parte da vivência, transforma um simples espaço em um lugar
de conteúdo emocional.
Com as fibras naturais vegetais e animais, a sociedade primitiva desen-
volveu diversos utensílios trançados. As folhas, caules e diversas partes
das árvores nos oferecem suas formas e força, transformam-se em móveis,
biombos, decorativos sobre o forro de madeira, proporcionando ao homem
o contato com a natureza. Das madeiras também é possível extrair fibras,
que se transformam em papel. Assim, é escrita a história da humanidade e
os nossos ambientes internos são protegidos e decorados.
Do papel nascem estruturas fortes. O papelão, por sua vez, consegue
oferecer mais resistência e se tornar um produto ou mobiliário de rápido
acesso que atende às necessidades básicas dos seres humanos em situações
temporárias. Os bambus, velhos conhecidos dos orientais, renascem visto
que possuem muitas qualidades e se apresentam à construção civil e aos
seus ramos afins como um produto capaz de surpreender os profissionais
mais céticos com muita beleza, qualidade e funcionalidade. E, para
finalizar a unidade, veremos como esses materiais se comportam frente à
sustentabilidade e frente à prática do design de interiores.
Madeira
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DESIGN
Assim como os materiais das unidades anteriores, a ma- As casas de palafitas são originárias das co-
deira faz parte deste grupo de materiais de construção munidades da Amazônia, feitas de madeiras
roliças. Toda a estrutura é levantada e não
utilizados pela humanidade desde os seus primórdios. toca o solo, evitando, assim, a umidade, já que
Extraída das árvores, espécies do reino vegetal, era um o clima é muito chuvoso e úmido, recebendo,
material em abundância no planeta e de fácil acesso e, então, muita ventilação. Sabe-se que algumas
podem ser erguidas até cinco metros do chão.
como informa Estuqui Filho (2006), a pedra era pesada
e muito dura, portanto, difícil de cortar. Logo, o uso da Fonte: adaptado de Estuqui Filho (2006).
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SAIBA MAIS
Fonte: o autor.
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Madeira Serrada chão, prancha, viga, vigote, caibro, tábua, sarrafo, ripa,
dormente, pontalete, bloco.
A tora de madeira que conhecemos, arredondada, é pro-
cessada, então, cortada em formato quadrado ou retan- Madeira Beneficiada
gular. Neste caso, ocorre o pré-tratamento, como Am-
brozewicz (2012) explica: É a madeira usinada e tratada para diversos usos, como
assoalho, forro, batentes, rodapés, tacos. Aplicada no que
[...] tem por objetivo proteger a madeira recém- Ambrozewicz (2012) chama de construção civil leve, de
serrada [...] é realizado, normalmente, por meio da
utilidade geral ou decorativa.
imersão das pranchas em um tanque com uma so-
lução contendo um produto preservativo de ação É muito comum escolhermos utilizar os revestimen-
fungicida e outro de ação inseticida (AMBRO- tos cerâmicos ou outros tipos de materiais para a espe-
ZEWICZ, 2012, p. 302). cificação de piso nas ambientações, porém, sabe-se que
há um crescimento da aplicação dos pisos de madeira.
Utilizada, na maioria das vezes, em funções estruturais, Chega a ser contraditório que alguns indivíduos esco-
como estrutura de telhados, em interiores, os profis- lham retirar seus antigos pisos de madeira enquanto ou-
sionais podem sugerir seu uso para fins decorativos e/ tros estão aplicando-os como primeira opção. Quando
ou funcionais. Pode ser pintada ou se pode aproveitar seu uso é legalizado, a qualidade e a durabilidade de um
as suas características naturais, sem que interfiram na piso desenvolvido em madeira, hoje, é superior e con-
estrutura, desenvolvendo, assim, elementos decorativos segue superar expectativas. Ao se tratar de portas, por
como detalhes de parede, teto, divisórias internas, pra- exemplo, a madeira ainda é o principal material aplicado.
teleiras e outros. Mesmo com as opções novas de uso de vidro, metal e até
É claro que existem outras categorias de madeiras plásticos, a madeira continua sendo a escolha segura dos
e, até mesmo, outros materiais para estes fins, o que usuários de interiores. Cabe, aqui, refletir em relação aos
não limita o uso da madeira serrada nessas ocasiões, motivos dessas escolhas. A madeira possui diversas qua-
principalmente quando se trata de reaproveitamento lidades, e cabe ao profissional conseguir aproveitá-las.
de material da obra, evitando descarte de produtos. Azeredo (2000) registra em seu livro como pavi-
O importante é analisar as situações de cada projeto e mentos de madeira beneficiada:
encontrar a maior quantidade de soluções. No quesi- 1. O soalho de tábua corrida, de peroba, com cerca de
to estética, a maioria dessas peças não deixa a desejar. 20 centímetros de largura. Para tal, é convencional
Enfatizo que a madeira, com suas cores, texturas e pa- aplicar utilizando tarugamento de caibros, o que
significa colocar, entre a argamassa, pedaços de
dronagens é, hoje, um material em destaque. Em paisa-
madeira em formato de trapézio, e a tábua é fixada
gismo, estruturas, como pergolados utilizam a madeira com pregos nestes “tarugos”, ou seja, pequenos pe-
serrada. As serrarias produzem diversos tipos de pro- daços de madeira fixados no contrapiso com arga-
dutos que se diferenciam pela espessura, pela largura massa. Informações comerciais ainda apresentam
e pelo comprimento. Seguem alguns exemplos: pran- instalação por colagem e por grampeamento.
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Figura 6 - Compensado Figura 7 - Mobiliário desenvolvido por Charles e Ray Eames (1952)
Constitui-se de lâminas de madeira, de quantidade ím- As chapas de fibras são produtos que resultam de um
par, unidas por adesivo ou cola, organizadas, perpen- processo que separam as fibras da madeira, seus resídu-
dicularmente, para fortalecer e estabilizar o material. os fibrosos são utilizados como matéria-prima, forman-
Assim como apontado anteriormente, desenvolvem-se do as chapas. Seguem os tipos elencados por Ambro-
mobiliários diversos com esse material. zewicz (2012):
SAIBA MAIS
Charles e Ray Eames (1952), grandes ícones do Design, desenvolveram diversos mobiliários reconhecidos
até os dias atuais. Possuíam algumas posturas no desenvolvimento, hoje, consideradas como pontos
da sustentabilidade, o uso de produtos de maior qualidade para aumentar a vida útil. É o caso, por
exemplo, da sua “[...] família de cadeiras de madeira compensada moldada, ainda fabricada”.
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Bambu
restrito a apenas algumas construções antigas in-
O bambu, como explicado no início da unidade, é dígenas e, atualmente, a construções desenvolvidas
um vegetal classificado como endógeno e também por defensores da permacultura.
é aproveitado na construção civil. De acordo com O bambu, entretanto, possui diversas qualida-
Marçal (2008), o bambu é da família das gramíneas, des.Conforme aponta Marçal (2008), não é um ma-
ou seja, das gramas, e possui cerca de 1.250 espécies terial poluente, em seu processamento, não há gas-
conhecidas em todo o mundo. Dele se pode extrair tos de grandes quantidades de energia, é uma fonte
o lenho e a fibra. Logo, Shepherd (2014) cita o ma- renovável e de baixo custo. Seu crescimento é rápido
terial como matéria para diversas utilizações, tais (em cerca de quatro anos, já pode ser utilizado), e
como comida, forragem animal, revestimentos de sequer precisa ser replantado após o corte, uma vez
parede e pisos, mobiliários, instrumentos musicais, que possui raízes longas e resistentes, que são ca-
polpa de papel, entre outros. pazes de se recuperar sozinhas. É leve, portanto, de
Souza (2004) acrescenta que o bambu é um ma- fáceis transporte, armazenagem e manuseio do ma-
terial explorado há milênios pelas sociedades asiáti- terial, atualmente, conta com evoluídas técnicas de
cas e, como afirma o livro Dicionário de Símbolos, processamento que potencializam as suas qualida-
escrito por Lexicon (1998), o bambu, para os orien- des e resolvem alguns dos seus “pontos negativos”.
tais, possui o significado de boa sorte: nas religiões, Estes são: quando em ambientes secos demais, pode
como o Budismo e o Taoísmo, os nós, que separam pegar fogo, em ambientes úmidos demais, pode apo-
o bambu em partes, somados ao seu crescimento rá- drecer, está propenso ao ataque de insetos e pode
pido e vertical, simbolizam a evolução espiritual, a rachar, fissurar e se contrair, de acordo com o que
alma que possui um caminho, mas também possui Souza (2004) apresenta.
as suas etapas de evolução. Assim como a madeira, as resistências do
Conforme afirma Souza (2004), nas culturas bambu variam de acordo com alguns fatores,
ocidentais, os materiais mais utilizados foram as pe- como: “espécie, idade, tipo de solo, condições cli-
dras e as madeiras. Portanto, como o Brasil foi uma máticas, época da colheita, teor de umidade das
colônia de Portugal, não existe, em nossa sociedade, amostras” (MARÇAL, 2008, p. 14). Entretanto os
o conhecimento popular e a cultura do uso e signi- estudos apontam que o bambu possui proprie-
ficados do bambu, apesar de ser um material mui- dades mecânicas ótimas, tais como tração, com-
to utilizado pelos índios brasileiros, ficando, assim, pressão, flexão etc.
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(Richard Morris)
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De acordo com Pezzolo (2013), as fibras, antes somen- forma, como os agregados que conhecemos no início
te naturais, hoje, podem ser artificiais químicas e artificiais deste livro. De fato, esses estudos acabarão abrangendo
sintéticas, isto é, compostas por matéria-prima natural pro- o design de interiores, e isto pode ser uma vertente de
cessada, industrialmente, e compostas por materiais sinte- estudos para os(as) designers. O uso das fibras em outras
tizados de petróleo, carvão e outros. funções pode, sim, estar presente em nossa área, talvez
Ainda de acordo com Pezzolo (2013), as fibras na- como um elemento que agrega resistência ou economia
turais vegetais são: o linho, o algodão, a juta, o sisal e o em materiais superprocessados, como o MDF e o MDP.
coco. Em relação às fibras naturais animais, podemos Entretanto, no design de interiores, tem-se a maior rela-
citar a lã, a seda e o cashmere. É importante ressaltar ção desses elementos em seus produtos têxteis e, quando
que, por serem de origem viva, esses materiais possuem processados, como papéis (os papéis de parede). A partir
diversas variáveis, tais como a questão do clima e da ali- desta perspectiva, vamos, agora, caro(a) aluno(a), aden-
mentação, sendo, portanto, fatores externos que definem trar no mundo das fibras no design de interiores.
como será a qualidade e o aspecto estético do material.
Em alguns casos, como o da seda, o produto final pode FIBRAS TÊXTEIS
ser influenciado até pelas fases da lua, portanto, todo o
processo, desde o seu início, deve ser, meticulosamente, A extração da fibra pode acontecer de diversas manei-
planejado e cuidado, somente assim se chegará a um re- ras, dependendo de sua origem. Para se transformar,
sultado de qualidade. propriamente, nas fibras, as matérias-primas passam por
Outro ponto que deve ser exaltado é que as fibras alguns processos, podendo ser sovadas, desmembradas,
naturais são abundantes no planeta, possuindo, então, lavadas (algumas precisam ficar de molho por algum
um custo mais baixo. Em alguns casos, são materiais tempo), torcidas e secas. Para as fibras se transformarem
autossustentáveis, portanto, estão paralelas aos concei- em fios, acontece a torção. De acordo com Fajardo, Cola-
tos da sustentabilidade em ascensão na sociedade atual. ge e Joppert (2002), os fios, por sua vez, também podem
Além das aplicabilidades anteriormente citadas, a fibra se converter em cabos, como os barbantes, produzidos a
natural, hoje, está na construção civil, utilizada na mistu- partir da torção de vários fios.
ra com cimentos, ou ainda, atuando como reforço nesses Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem algu-
produtos, por sua sustentabilidade: mas informações sobre algumas fibras naturais vegetais:
• O cânhamo, que produz fibras rústicas que po-
As fibras naturais, como reforço de matrizes frágeis dem ser comparadas ao linho.
à base de materiais cimentícios, têm despertado • A juta cujo país de origem é a Malásia, usada para
grande interesse nos países em desenvolvimen- desenvolvimento de sacaria, cordas, tecidos de
to, por causa de seu baixo custo, disponibilidade, revestimento de parede e tapetes de baixo custo,
economia de energia e também no que se refere às
pois não possuem elasticidade e resistência.
questões ambientais (PEZZOLO, 2013, p. 1).
• O rami, de origem asiática, é uma fibra rústica
e forte, pode ser usada na tecelagem, entretan-
Essas novas aplicações das fibras fazem parte de es- to é melhor aplicada ao trançado, produzindo
tudos mais recentes, que trazem à tona as diversas qua- até mobiliários.
lidades desses materiais, acabando por atuar, de certa
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SAIBA MAIS
Conforme apresentam Fajardo, Colage e Joppert
(2002), seguem algumas informações sobre as lãs e a É interessante poder compreender todos os fatos,
seda, fibras naturais animais: as simbologias e as histórias sobre as coisas à nossa
• As lãs de carneiro, de cabra e de camelo possuem volta. O entendimento destes detalhes nos ajuda a
criar nosso repertório e perceber o universo criativo,
muita elasticidade, esticam-se em, praticamente,
que pode ser encontrado em qualquer situação. Veja
30% de comprimento sem estourar e fixam, fa- este exemplo: o nome da fibra artificial Nylon é a
cilmente, a coloração. É importante ressaltar que junção dos nomes das cidades de New York e London.
as lãs provindas de animais mortos possuem ca-
Fonte: adaptado de Fajardo, Colage e Joppert (2002).
racterísticas diferentes de quando são extraídas
de animais vivos. Normalmente, as de animais
mortos são mais rústicas e de menor qualidade,
portanto, com valor econômico mais acessível. Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem informa-
• A seda, o fio mais leve e de maior resistência ções sobre algumas fibras artificiais:
entre os fios naturais, possui elasticidade supe- • Viscose: extraída da celulose, semelhante ao al-
rior ao algodão, porém inferior à lã. Provém do godão na característica de absorção de água, re-
casulo do bicho da seda, uma lagarta que se ali- sistência à tração, tem caimento e maciez, entre-
menta da folha da amora. Animal muito frágil, tanto, queima com facilidade.
não suporta muito calor e muita umidade, e seu • Elastano: fibra química, obtida de etano, possui
desenvolvimento é muito sensível às variações muita elasticidade, por isso, é utilizada em rou-
climáticas e às fases da lua. pas para praia e esportes. Possui muita resistên-
cia à abrasão, não se deteriora facilmente, tam-
Pezollo (2013) afirma que o desenvolvimento da tecno- bém é resistente à ação de agentes químicos.
logia, quando somada à indústria têxtil, elevou o pata- • Microfibra: obtida do acrílico, poliamida ou poliés-
mar das confecções de baixo custo com extrema rapi- ter (materiais denominados polímeros, que veremos
dez. Portanto, as fibras químicas (matéria-prima vegetal, mais profundamente nas próximas unidades). Os
animal ou mineral como base) ascenderam ao mercado pontos positivos são secagem rápida, toque macio,
fácil manutenção, caimento bom, não amassa etc.
e chegaram ao apogeu quando nasceram as chamadas
fibras sintéticas (carvão e petróleo). São exemplos des- Fajardo, Colage e Joppert (2002), entretanto, ressaltam
ses materiais: o nylon, o raiom (a primeira fibra sintética que, em relação às fibras naturais, as sintéticas ainda
apresentada ao mundo), o raiom acetato (extraído da deixam a desejar, pois não deixam o corpo “respirar”, ou
celulose, a fibra da madeira), o poliéster, a poliamida, a seja, não permitem a passagem da transpiração como os
viscose, o elastano, a microfibra etc. tecidos obtidos das fibras naturais.
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REFLITA
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DESIGN
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SAIBA MAIS
mundo eram as que que reuniam muito vidro, tecidos
O sistema softwall + softblock, desenvolvi- e papéis de parede. Zabalbeascoa (2014) afirma que os
do pela Molo Design, é constituído de papel papéis de parede foram muito utilizados na Europa por
kraft e tecidos. Esse sistema é adequado aos serem a melhor opção contra o frio, visto que os teci-
ambientes efêmeros por possuir montagem
e desmontagem práticas, configurar o layout, dos absorvem mais os cheiros, as sujeiras e as gorduras
apresentar layouts dinâmicos e diferenciados, e, posteriormente, com o tempo, desenvolveu-se como
além de contribuir para a acústica e a ilumi- um elemento decorativo. Porém a história mais antiga
nação destes espaços.
sobre o uso dos papéis de parede retoma à China, com
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). papéis pintados à mão, que chegam ao mundo ocidental
e começam a se popularizar na época da Revolução In-
dustrial, que mecanizou o processo de desenvolvimen-
Papéis de Parede to desse material. “O século XXI tem testemunhado o
ressurgimento dos interiores profusamente decorados e
Os papéis de parede não eram muito populares na so- muito envolventes” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 73).
ciedade brasileira. A crescente demanda pelo seu uso Nos dias atuais, a aplicação de papéis de parede
aconteceu mais recentemente, após a indústria apre- está tão ampliada que é possível encontrar profissio-
sentar produtos, economicamente, mais acessíveis e de nais indicando sua aplicação em forros, mobiliários e
qualidade. Entretanto esses elementos eram as referên- em outros tipos de elementos decorativos. É impor-
cias do luxo e da ornamentação que conhecíamos dos tante ressaltar, também, que a indústria desses pro-
países europeus. As casas nobres e tradicionais do velho dutos evoluiu ainda mais, e podem ser encontrados
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DESIGN
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Sustentabilidade
A madeira é uma matéria-prima renovável. No entanto, Existem, porém, as políticas atuais, que desenvolve-
após milhares de anos de extração sem o compromisso ram leis normativas do uso da madeira e a exigência do
com reflorestamento, esse material beira à extinção. De uso de madeiras de reflorestamento. Entretanto, de acor-
fato, algumas árvores, hoje, já estão extintas, portanto, do com Moxon (2012), as perdas ainda são grandes, e
existem, no uso da madeira, grandes pontos negativos. existe uma imensa preocupação em minimizar os danos
Soma-se a isso o fato de que a exploração da madeira existentes. Mas as madeiras são materiais de muita du-
afeta, diretamente, o habitat do local, causando erosão rabilidade quando aplicadas, corretamente, e mantidas
do solo e diminuição da absorção do dióxido de car- de acordo com as suas características. Alguns teóricos
bono da atmosfera, o que, por sua vez, altera o clima, da sustentabilidade sugerem que, quando há necessi-
deixando em risco também os animais e vegetais. Em dade de especificar materiais de longa duração, é mais
alguns casos, são retiradas árvores até das matas cilia- correto utilizar os produtos naturais certificados do que
res (árvores que ficam nas beiras dos rios), o que causa alguns novos materiais que não possuem durabilidade
danos, como o acúmulo de detritos (sujeiras) nessas e precisam ser substituídos após alguns poucos anos de
fontes de água, ressecamento etc. uso. Outro ponto positivo importante, no entanto, é que:
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DESIGN
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enormes, afetando, diretamente, a vida animal e vegetal do desenvolvidas de reciclados estão presentes nas lojas com
local. Além disso, é uma plantação e precisa de grande de- ótimo desempenho” (PEZZOLO, 2013, p. 257).
manda de água. Moxon (2012) afirma que a produção do Sobre as novas adaptações das indústrias de carpete,
algodão apresenta 3% do consumo total de água mundial. Moxon (2012) apresenta como pode ser o passo a passo
Também não se pode esquecer o uso de diversos da vida útil do carpete em empresas que procuram se
produtos químicos para evitar as pragas nesses campos. adequar à sustentabilidade. O ciclo se inicia na obten-
Contudo existem diversas possibilidades se considerar- ção da matéria-prima, que pode ser originária de pro-
mos o uso de materiais têxteis reciclados. Farjado, Cola- dutores locais quando for necessário o uso de fios novos
ge e Joppert (2002) informam que existe, por exemplo, ou pode ser originária de fios reciclados. Durante todo
o fio de trapo, que consiste no uso de fios “desfiados” de o processamento do material, dentro da empresa, pode
roupas e de outras peças de tecido já usadas. existir um controle e uma preocupação com os resíduos
O maior desafio consiste na aceitação dos tecidos re- da produção e com o uso consciente de água e energia
ciclados por parte dos consumidores, que acreditam ser para os tratamentos do material. Em sua fase de insta-
peças com qualidade inferior. Pezzolo (2013) ressalta que lação, já no cliente final, a cola utilizada pelo instalador
36% dos consumidores, no Brasil, compreendem recicla- deve ser de baixa emissão de COV (compostos orgâni-
do como algo inferior, porém muito do que é vendido, cos voláteis), para promover a qualidade do ar. Estetica-
atualmente, no mercado, provém de fios reciclados e, mui- mente, algumas empresas defendem o uso de placas pa-
tas vezes, o consumidor acaba por adquirir esses produtos dronizadas de carpete, diminuindo, assim, o desperdício
sem saber que são reutilizados. Segue frase da autora so- do material no momento de adequação às dimensões
bre o assunto: “[...] mal sabem eles que, desde 1997, peças do ambiente e, de certa forma, proporciona ao designer
120
DESIGN
de interiores a possibilidade de criação de desenhos di- ciclado. Portanto, temos os seguintes benefícios: reduz
versos. Além disso, esse sistema permite a manutenção perdas de produtos diversos por estarem embalados
do carpete com a retirada apenas da placa que está des- pelo papelão ondulado, é saudável ao uso, pois é um ma-
gastada, ou que sofreu alguma alteração. Para finalizar terial de descarte instantâneo e, como é biodegradável,
o ciclo, quando esses materiais forem descartados, po- seu descarte não afeta o meio ambiente, podendo, além
dem ir novamente para a fábrica, tornando-se um novo disso, ser reciclado.
produto e diminuindo cada vez mais a necessidade de
extração de matéria-prima virgem. SAIBA MAIS
Ao se tratar de matérias-primas das fibras naturais
animais, deve-se relembrar que essas são de maior qua- Embora seja importante reconhecer o valor
lidade quando extraídas do animal vivo, evitando, assim, prático dos materiais e das construções tradi-
sua morte. Em alguns casos, a tosa destes pelos é benéfi- cionais, isso não precisa ditar a aparência de
um projeto ou limitar, o projeto sustentável
ca ao animal, sendo, esse tipo de material, denominado a um estilo particular. [...] materiais tradicio-
autossustentável. A lã de carneiro é um exemplo, bem nais e naturais podem ser utilizados de um
como a cortiça (origem vegetal). modo moderno, inovador ou combinados
com materiais mais novos para um conjunto
O papel tem origem na fibra da madeira – a ce- mais equilibrado.
lulose – e também possui um apelo muito grande em
Fonte: Moxon (2012, p. 26).
relação às políticas de uso do reflorestamento, é, por-
tanto, necessário estimular o uso de materiais recicla-
dos. Além disso, de acordo com Moxon (2012), os(as)
profissionais de design de interiores e áreas afins de-
vem conhecer os produtos que aplicarão junto ao pa-
pel de parede e outros materiais recicláveis para evitar
que a mistura com os materiais tóxicos ou poluentes
contaminem os recicláveis de modo que não possam
mais ser admitidos à recuperação.
No caso do papelão ondulado, material em destaque
hoje para os designers, a Associação Brasileira do Pape-
lão Ondulado ([2019], on-line)6 afirma que ele provém
de fontes renováveis, evitando o alto impacto ambiental
e, ainda, defende que isso se alastra para todo o ciclo de
vida do material, que possui uma estrutura fechada, ou
seja, cíclica – o papelão é reutilizado, após o uso, é re-
Figura 11 - Luminária de papelão ondulado reciclado
121
considerações finais
Nesta unidade, estudamos materiais que oferecem segurança, seja no aspecto espacial,
no que tange às ambientações e construções que asseguram a sobrevivência em um
mundo impetuoso, seja em um âmbito mais próximo, corporal, protegendo a pele e
o corpo desse mesmo mundo e seus climas, muitas vezes, cruéis.
Percebemos como a madeira é diversificada bem como as suas aplicações. Ob-
servamos como o homem conseguiu descobrir outras formas de usar essa mesma
matéria-prima, produtos que resultam de diferentes processos que ele desenvolveu ao
longo de sua existência para melhorar, em diversos aspectos possíveis, a aplicabilidade
desses materiais naturais em seu meio urbano.
Estudamos também o bambu, material que, igualmente, possui qualidades nume-
rosas, sendo utilizado na construção civil como elemento estrutural (vigas, cabos) e
no design de interiores, com sua aplicabilidade se movimentando em torno de muitas
possibilidades, que vão desde o revestimento de piso e parede, como material estrutural
ou acabamento de mobiliários, a elementos de iluminação e decorativos.
Das fibras, como a celulose, obtém-se o papel, que é um produto separador de
águas para a humanidade, pois, por meio dele a escrita pôde ser transportada e, depois,
multiplicada. O papel tem a sua função nos interiores, protegendo a alvenaria, ofere-
cendo uma sensação calorosa e, logo, um elemento de potencial decorativo presente
nas ambientações, com suas estampas. Do papel delicado passamos ao estudo do
papelão, produto mais rústico e resistente que, hoje, pode ser utilizado como material
para mobiliários. Das fibras naturais, conhecemos as que provêm dos animais, desde
os primórdios atuando na proteção contra as intempéries naturais e, então, aplicadas
como tapete, carpete e cortinas, revestimentos de móveis, iluminação e decorativos.
E, por último, obtivemos a compreensão de todos estes conteúdos, somados às
questões da ordem da sustentabilidade e da prática profissional, fechando mais uma
unidade de aprendizado.
123
atividades de estudo
1. Considerando todo o conteúdo que pudemos es- da e, como não há necessidade de transporte
tudar em relação às madeiras e a todos os seus de longa duração, não emite gás carbônico na
tipos de aplicações, analise as afirmativas a seguir: atmosfera.
I. A madeira roliça é pouco processada e possui IV. Descoberto, recentemente, pela sociedade, o
uma estética bem rústica. bambu ainda não possui muitas aplicações,
II. A madeira serrada é aquela utilizada nas es- sendo apenas material para desenvolvimento
truturas de pergolados. de utensílios e decorativos.
e. Nenhuma das afirmativas está correta. ( ) O papel de parede é um material muito frágil.
Não evoluiu desde sua descoberta pelos chineses
2. O bambu também é um vegetal, porém dife- e deve ser utilizado apenas em pequenas dimen-
rente das árvores. Na botânica, está no grupo sões, em ambientes internos, e nunca em ambien-
de vegetais denominado gramíneas. A respeito tes com umidade, mesmo que mínima.
desse material, leia as afirmativas a seguir:
( ) O papel de parede é um material muito forte e
I. O bambu é uma fonte alternativa de material
resistente. Não evoluiu desde sua descoberta pe-
que possui crescimento rápido, sendo assim,
los chineses, mas serve para ambientes internos,
um material renovável e de baixo custo.
sendo úmido, ou não.
II. Alguns dos problemas do bambu é que pode
( ) O papelão, por sua vez, é mais fraco, estrutural-
ser inflamável, mas em contato com a umida-
mente, que o papel de parede porque não possui
de, o material pode sofrer apodrecimento.
a adição de agregados em sua composição.
III. O bambu é completamente sustentável por-
Assinale a alternativa correta.
que não possui nenhuma energia incorpora-
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atividades de estudo
125
LEITURA
COMPLEMENTAR
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material complementar
As incríveis casas de bambu construídas por Elora Hardy e sua equipe de artesãos locais talentosos que con-
seguem tirar o máximo do material. Eles acreditam que o bambu tem um potencial incrível.
https://www.youtube.com/watch?v=kK_UjBmHqQw
Revista online e gratuita cujo assunto principal é a madeira. Apresenta as novidades e inovações do mercado
para esse material.
http://www.remade.com.br/revista-madeira
A seguir, o link para a matéria sobre o projeto do Álvaro Guillhermo, vencedor do iF Social Impact Prize.
https://www.portalsplishsplash.com/2018/03/alvaro-guillermo-gestor-e-criador-do-projeto-encontros-criati-
vos-vence-o-if-social-impact-prize.html
127
referências
ABNT. NRB 15798: Pisos de madeira: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
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129
gabarito
1. D.
2. A.
3. C.
4. As fibras, antes somente naturais, algumas de origem vegetal e outras de
origem animal, hoje podem ser artificiais químicas e artificiais sintéticas, isto
é, compostas por matéria-prima natural processada, industrialmente, e com-
postas por materiais sintetizados de petróleo. (O restante do exercício possui
cunho criativo, porém o desenvolvimento da ambientação deverá exigir os
conhecimentos acerca do material escolhido pelo(a) aluno(a)).
5. D.
130
UNIDADE
IV
METAIS E POLÍMEROS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Metais
• Polímeros
• Acrílico (PMMA)
• Sustentabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos metais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos polímeros.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade do acrílico.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a)! Chegamos à quarta unidade do nosso livro de
materiais e revestimentos. Nesta parte, você estudará dois
tipos de materiais: os metais e os polímeros, materiais que
possuem características muito diversas se comparados aos
anteriores, mas ambos possuem muita beleza e aplicações no design de
doença de wonvilebran interiores. A primeira aula trata dos metais, ma-
teriais que alguns estudiosos acreditam ter exigido de nossos ancestrais
mais raciocínio para seu uso e manuseio. Os metais são conhecidos e
utilizados desde as primeiras eras dos homens, mas são materiais tão di-
versificados que cada momento da evolução humana revelou um dife-
rente tipo de metal. E mesmo quando muitos desses se apresentaram à
sociedade humana, é possível perceber que, pelo nível de dificuldade de
manuseio, alguns foram aplicados de forma bem rudimentar, até que a
evolução científica despertou a capacidade e a qualidade de uso desses
materiais aos nossos antepassados.
A segunda aula, apresenta um material jovem, novo para os seres
humanos, diferentemente de todos seus antecessores, cujo uso só foi
possível por meio do desenvolvimento intelectual dos humanos e do de-
senvolvimento da tecnologia e das ciências. Chamados, popularmente,
de plásticos, os polímeros se subdividem em categorias, e estas, por sua
vez, apresentam ainda mais diversidade de tipos, classes e tratamentos
ou composições. Esta aula se arranja pela separação de materiais e um
desses, tido como nobre, destaca-se nesta unidade: o acrílico, um tipo de
polímero muito utilizado na construção civil e que vem surpreendendo a
todos pelas qualidades e aplicações.
Ao final, seguem as etapas de sustentabilidade relacionando-se aos es-
tudos dos materiais, às tendências atuais, à sua aplicabilidade, além de toda
a criatividade, da questão da preocupação com o meio socioambiental e
como os materiais se relacionam com essas questões, sugerindo uma refle-
xão a você sobre seu posicionamento perante as questões sociais.
136
DESIGN
Metais
SAIBA MAIS
137
Encontrados na natureza em meio aos minérios, desta forma, em tempos anteriores, poucos saberiam
concentrados em jazidas em meio às rochas, devem ser ou teriam acesso a eles, o que fez com que se tornas-
extraídos pela atividade de mineração. O autor Ambro- sem produtos de altas classes sociais, principalmente
zewicz (2012) ressalta que toda a exploração dos metais o ouro e a prata, bem como o aço.
é normatizada e legalizada pelo Governo, e que nenhu- O ferro é, entretanto, um metal assimilado de forma
ma extração pode estar ativa sem a fiscalização do Mi- mais popular, por seu fácil manuseio. Ao se tratar das
nistério de Minas e Energia. propriedades de cunho estético, existem variações. Suas
A extração dos metais pode ser externa ou interna cores prateadas, douradas e avermelhadas são percebidas
(no subterrâneo, isto é, na mina). Nesta etapa de mi- como muito belas. Alguns possuem muito brilho, outros
neração e extração, o metal ainda contém a concen- destacam-se por serem foscos. Contudo com a evolução
tração de outros materiais. Na etapa de mineração, é tecnológica e com a característica de serem moldáveis, os
necessário separar o que realmente é minério metal metais podem oferecer grande diversidade estética, como
de outros materiais (ganga é o nome dado aos mate- informam Farrelly e Brown (2014). Além de moldáveis,
riais desconsiderados pela indústria dos metais e mi- podem ser prensados, marcados, pintados, texturizados,
nérios). Esta é uma etapa de purificação feita, química cortados, gravados, envernizados, polidos, oxidados etc.
ou mecanicamente. De acordo com Bauer (1994), na Ao tratarmos das propriedades físicas e mecânicas,
metalurgia, os processos também são feitos para sele- temos: solidez, brilho, boa condutibilidade térmica e elé-
cionar, entre os minérios, a pureza do metal. Se pro- trica. A corrosão (ou oxidação) aparece como ponto ne-
curarmos compreender o uso dos metais no Design gativo. No caso da consistência, existem os metais de mui-
de Interiores, pela sua subjetividade, podemos encon- ta dureza e os que se apresentam, de certa forma, como
trar posicionamentos que se referem à nobreza, ao moles. Conforme afirma Ambrozewicz (2012), a classifi-
luxo e ao poder, visto que eram materiais cujo manu- cação de dureza para os metais vem do aparelho Brinell,
seio dependia de certo desenvolvimento intelectual e, em acordo com a ABNT.
138
DESIGN
Figura 1 - Ferrugem
139
duz, por meio de reações químicas, uma substância con- Fonte: adaptado de Anvisa ([2019], on-line)3.
siderada tóxica. Portanto, não é aconselhável o seu uso
que, no passado, era abundante em instalações hidráu-
licas, em coberturas e até em tintas. O estanho é o metal Dentre as suas diversas propriedades, o cobre possui
que substitui o chumbo nestas aplicações, sendo um ma- grande condutividade. Por isso, é, hoje, o metal mais
terial bem maleável e de coloração branco-acinzentada. aplicado em instalações elétricas, facilmente fundido
140
DESIGN
SAIBA MAIS
141
142
DESIGN
143
Polímeros
Os polímeros são mais conhecidos como plásticos; en- e são subdivididos em termofixos, termoplásticos e
tretanto, o termo “plástico” também é um substantivo elastômeros. De acordo com Farrelly e Brown (2014),
que significa a propriedade de plasticidade dos mate- esta subdivisão relaciona-se com a moldabilidade e o
riais. De acordo com Bauer (1994), isso significa a pos- aquecimento desses materiais.
sibilidade de um material mudar sua forma quando Quando termofixos, esses polímeros aquecidos
atingido por uma força de tensão sem se romper, como podem ser moldados, porém, assim que resfriados,
é o caso da argila, lembra-se? Portanto, Morris (2010) não poderão sofrer o tratamento novamente, diferen-
sugere que é “mais correto referir-se aos plásticos como te dos polímeros termoplásticos, que podem ser aque-
polímeros: o termo que descreve materiais que possuem cidos e moldados diversas vezes. Por fim, conforme
repetidas cadeias de moléculas” (MORRIS, 2010, p. 115). afirma Bauer (1994), os elastômeros são os polímeros
Os polímeros podem ter origem natural (por que possuem grande elasticidade, como as borrachas.
exemplo, a borracha) ou artificial (como o silicone) O autor apresenta como exemplos de termoplásticos,
144
DESIGN
termofixos e elastômeros, respectivamente, o polieti- Em relação à sua propriedade subjetiva, essa grande
leno, o poliéster e o polisiloxano (silicone), e afirma utilização dos polímeros nas décadas após a Segunda
que suas principais qualidades são a leveza, o isola- Guerra Mundial, de certa forma, acarretou, nas gera-
mento elétrico, a possibilidade de receber pintura, o ções posteriores, certa desconfiança e desvalorização
baixo custo, a facilidade de manuseio e a produção do material por diversos motivos, tais como as suas
adequada à produção em série, além do fato de não qualidades ainda inferiores aos tradicionais da época,
apresentarem corrosão. Em contrapartida, suas prin- a especificação errônea do produto e do seu uso e a
cipais desvantagens são a fraca resistência mecânica falta de conhecimento sobre sua manutenção. Estes
de alguns polímeros e sua fraca resistência às intem- foram motivos que promoveram a desvalorização dos
péries, ou seja, suas propriedades físico-químicas são conhecidos “plásticos”, que assumiram a posição de
inferiores às dos materiais naturais, além de serem materiais vulgares ou inferiores.
materiais que encontram dificuldades na reciclagem, Farrelly e Brown (2014, p. 25) acrescentam que os
não sendo decompostos facilmente na natureza. plásticos, nas décadas de 60 e 70,
Ambrozewicz (2012) ressalta que, atualmente,
existem diversos estudos, e muitos desses materiais [...] estavam disponíveis para todos e eram fáceis
de substituir (descartáveis), o que correspondia à
já evoluíram muito. A ciência e a tecnologia estão
estética pop e ao desejo dos consumidores pelo
perseverantes em continuar o melhoramento deles, novo – uma condição perniciosa que ainda preva-
inclusive no que tange à sua reciclagem. Engana-se, lece em muitas sociedades.
porém, aquele que imagina que os polímeros são
materiais muito jovens. Eles vêm sendo criados e Ainda hoje é possível perceber indivíduos que os
aperfeiçoados desde 1869, data da existência do ce- relacionem a essas questões. O importante é conhe-
luloide, descoberto em um concurso de pesquisa de cer e saber como utilizar o material em suas funções
materiais sintéticos. corretas para apresentar ao usuário o melhor para o
Conforme afirma Bauer (1994), para o emprego seu projeto.
em grande escala, como aconteceu nas décadas de 50 Ao tratar das características dos polímeros para, por
e 60, a evolução dos polímeros se deu por meio da Se- exemplo, os mobiliários, deve-se enfatizar que “os mó-
gunda Guerra Mundial. veis plásticos quase sempre consistem em uma peça úni-
ca sem juntas ou conexões” (BINGGELI; CHING, 2013,
SAIBA MAIS p. 322). Isto é possível porque o material é moldável,
dando aparência de unicidade ao produto e, ao mesmo
A primeira cadeira produzida em série com tempo, facilitando sua produção em série. Esta caracte-
material polímero foi a denominada Con- rística atraiu muitos designers e profissionais da área,
cha, projetada por Charles e Ray Eames, na pois o desafio era criar produtos ou móveis que seriam
década de 50.
desenvolvidos completamente por uma só peça.
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). Desta forma, Cardoso, Pozzi e Curtis (2014), apre-
sentam-nos a Cadeira Panton, que foi:
145
146
DESIGN
mento correto e sem umidade. Caso a aplicação seja piso Composto de esferas comprimidas em um molde, apre-
sobre piso, os não indicados são: cimento queimado (a me- senta-se em blocos, que podem ser cortados
nos que seja preparado para a recepção do novo piso), pi- Bauer (1994) afirma que o material é muito leve e,
sos de madeira e de pedra ou de cerâmica que apresentem por esse motivo, é indicado para pisos flutuantes, para o
juntas muito largas. A instalação, normalmente, é feita por “recheio” de divisórias, forros e ambientes que necessi-
adesivo. As informações comerciais também afirmam que tem de isolamento térmico e acústico (já para essas ca-
esse material pode ser encontrado em placas. Os maiores racterísticas, o material deve possuir, em espessura, mais
benefícios apontados sobre o piso vinílico são manutenção que 20 mm).
baixa, higienização e durabilidade altas.
Fiberglass (PRFV)
SAIBA MAIS
Fibras de vidro somadas a algum tipo de polímero, como
As normas da ABNT para estes materiais o poliéster, ou algum tipo de epóxi ou melamina, tão no-
são a NBR 14.917: Revestimentos resilientes bre quanto o aço inox, mas com resistência da chapa de
para pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) aço. Afirma Ambrozewicz (2012) que seu uso é grande
vinílica flexível homogênea ou heterogênea
em PVC, e a NBR 7374: Placa vinílica semifle- em painéis de vedação, paredes divisórias e alguns equi-
xível para revestimento de pisos e paredes. pamentos, mas que podem desenvolver diversos mobi-
Fonte: a autora.
liários, tampos de mesas, pias, bancos e até piscinas, que
são produzidas com o PRFV (plástico reforçado com
fibra de vidro), e muitos outros produtos.
Além das características apontadas, anteriormente,
POLIESTIRENO o autor Bauer (1994) ressalta que o material é muito leve
e de fácil moldagem. Existem previsões de que, futura-
Em relação à estética, oferece superfícies brilhantes e po- mente, esse material possa ser o mais utilizado no desen-
lidas, mas não é muito resistente ao calor e, como possui volvimento de edificações na construção civil.
pouca flexibilidade, torna-se quebradiço. Esse material
é aplicado em luminárias e elementos de iluminação
de menor custo. No entanto, conforme afirma Ambro-
zewicz (2012), já existe o poliestireno de alto impacto,
usado para algumas conexões sanitárias para desenvol-
vimento de alguns mobiliários, como bancos ou armá-
rios, ou ainda, assentos sanitários.
Poliestireno Expandido
147
Acrílico (PMMA)
O acrílico despontou como um dos materiais do futu- sua aplicação em diversos móveis assinados por profis-
ro que representa esta face da sociedade inovadora que sionais famosos, é o material em destaque no mundo
rompe com o passado. É interessante observar o discurso pop, como exemplo, a Cadeira Bolha de Aero Aarnio, a
acerca do material; Santos e Pedro (2010) expõem, em seu Cadeira Eames Eiffel, desenvolvida por Charmes e Ray
estudo, uma matéria da revista “Casa e Jardim”, do ano de Eames, e muitos outros.
1972, que apresentava a reportagem intitulada “Apresen- Os acrílicos também são apontados pelo estudioso
tamos a moda transparente: acrílico”. As autoras acres- Ambrozewicz (2012) como um tipo de polímero nobre,
centam que a revista “classifica este material como jovem, que possui semelhanças, na aparência, com o vidro, in-
descontraído e versátil” (SANTOS; PEDRO, 2010, p. 5). clusive, com algumas qualidades óticas. Podem ser de-
De fato, esta é a reação dos indivíduos ao material. O nominados acrílicos ou plexiglass, e seu nome científico
acrílico possui forte apelo ao novo, atual, jovem e, com é poli (metacrilato de metila).
148
DESIGN
O Indac – Instituto Nacional para o Desenvolvimen- minação para suas bordas, acendendo-as (dependendo
to do Acrílico ([2019], on-line)6 afirma que o material é das características tanto do produto acrílico quanto da
conhecido desde o ano de 1843, mas apenas em 1901 ini- iluminação), gerando um efeito muito bonito em suas
ciou a sua expansão no mercado de consumo. Em relação peças. Por isso, é muito utilizado em totens empresariais
às suas características, o Instituto ressalta que chega até a de mesa e outros, tanto que Segura (2010, p. 22), afirma
92% de transmissão da luz, sendo um material duro, rígi- que “muitos trabalhos vêm sendo realizados utilizando o
do e resistente (à radiação UV, às intempéries, a químicos PMMA como guia de luz”.
- limitado aos solventes). No entanto não é resistente ao
álcool, mas possui excelente moldabilidade.
Apresenta-se em muitas opções de cores: trans-
parentes, translúcidas ou opacas e, apesar de ser um
material inflamável, possui baixa emissão de fumaça,
além de ser atóxico. Ao se tratar de resistência à abra-
são, o acrílico é fraco, mas o material pode ser recupe-
rado, facilmente, por polimento.
Por fim, é seguro por não ser tão cortante como o
vidro e seu índice de absorção de água é baixo, cerca de
2%, com aumento dimensional de, no máximo, 0,35%.
SAIBA MAIS
149
Em relação à sua aplicação no design de interiores, há De acordo com Ferreira Neto e Bertoli (2002), as barrei-
muita diversidade. Pode ser utilizado como divisórias de ras de acrílico já são aplicadas em ambientes internos,
ambientes, mobiliários diversos, utensílios domésticos, como estúdios de gravação, e também nos ambientes
decorativos, forros, luminárias, além de ser utilizado como externos. As autoras afirmam que o acrílico é também
letreiros. São muitas as opções, e o uso pode ser amplo, uma ótima escolha estética, “[...] por ser transparente e,
dependendo da criatividade do(a) designer de interiores. portanto, permitir ao receptor visualizar a fonte sonora”
(FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138). Neste estu-
O ACRÍLICO E A ACÚSTICA do, elas ressaltaram a surpresa nos experimentos práti-
cos em barreiras sonoras com o acrílico, em comparação
O Indac informa que barreiras de acrílico chegam a re- com o concreto, ressaltando que o:
duzir até 60% de ruídos e que, por esse motivo, são apli-
cadas até em barreiras para rodovias com o intuito de [...] acrílico superou em 4,9 dB a barreira de concreto.
Nas frequências mais baixas, isto é, inferiores a 250
melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que mo-
Hz, o desempenho da barreira de acrílico superou
ram em suas proximidades. No entanto, é importante, significativamente o desempenho da barreira de con-
para esse resultado, atentar-se às espessuras, que devem creto (FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138).
ser de 10 mm e 15 mm quinze milímetros, com alturas
de até 4 m. Elas podem ser constituídas de outros mate- As autoras, que compararam três materiais como barrei-
riais, como fixação e barra em metal. Além do uso como ras sonoras – o acrílico, a madeira e o concreto – conclu-
barreiras em rodovias, também é indicado seu uso em íram que a madeira possui um desempenho mais bai-
igrejas, escolas e até em estádios esportivos, isto é, locais xo que os outros dois materiais. O concreto acaba por
onde há muito ruído. apresentar a melhor eficiência, e o acrílico apresenta boa
atenuação dos ruídos, mas, por ser transparente (não
bloquear a visão) enquanto oferece a redução sonora, é,
muitas vezes, sendo a melhor opção.
O ACRÍLICO E A ILUMINAÇÃO
150
DESIGN
Além disso, o(a) designer de interiores possui a li- transparência pode durar até dez anos, e os seus riscos
berdade de trabalhar com qualquer tipo de lâmpada, podem ser removidos.
apenas respeitando a distância entre ela e o material. Antes de concluir o estudo deste material, caro(a)
De acordo com o site do Indac (2015, on-line)7, as aluno(a), o Instituto Nacional para Desenvolvimento do
chapas acrílicas de qualidade resistem até 80 ºC. Ou- Acrílico informa que deve haver muito cuidado na hora
tras características que devem ser ressaltadas são a de sua especificação e, principalmente, o(a) profissional
leveza, a diversidade de cores e a maleabilidade do deve buscar informações acerca do seu fornecedor, pois
material, pontos positivos para o desenvolvimento muitos materiais possuem semelhanças e podem ser
criativo do(a) designer, não deixando de reafirmar confundidos com o acrílico, como o poliestireno, de
que o acrílico tem a capacidade de conduzir a luz, di- menor qualidade e também de menor custo.
minuindo, assim, o consumo elétrico.
Ainda de acordo com o Indac (2015, on-line)7, se- REFLITA
151
Sustentabilidade
Quantas toneladas exportamos ração é posta em dúvida pelo poeta nas frases “Quantas lá-
De ferro? grimas disfarçamos/Sem berro?”. Esta questão encontra-se,
Quantas lágrimas disfarçamos no seio da sustentabilidade, como a caracterítica negativa
Sem berro? de uma atividade em seu meio socioambiental.
(“Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andrade) Como vimos já na primeira unidade deste livro, na
qual citamos o autor Moxon (2012), quando nos referi-
O excerto anterior é do famoso poeta brasileiro Car- mos ao uso das pedras como materiais para a constru-
los Drummond de Andrade, nascido na cidade de Ita- ção civil, a extração é, sim, uma atividade nociva ao meio.
bira, Minas Gerais, onde nasceu a Vale do Rio Doce, Ela descaracteriza o ambiente dos seres que ali vivem,
empresa brasileira de mineração. Cançado (2006) causando, entre outras consequências, diminuição do
afirma que o antigo pico do Cauê, de onde se iniciou a habitat, alterações na cadeia alimentar, alteração da pai-
extração do ferro na cidade, era visto pelo poeta como sagem local, retirada e até extinção dos animais e seres
símbolo de alucinação “de um mundo um pouco fora vivos daquele ambiente que sofre a agressão. Além dis-
dos gonzos” (CANÇADO, 2006, p. 36). so, a atividade mineradora em si é muito nociva à saúde
Isto nos leva a refletir como uma atividade de extração dos seres humanos que trabalham neste nicho, pois eles
pode ser maléfica para uma comunidade. Mesmo quando estão em contato direto com poeiras e gases que podem
existe expectativa de melhoria de vida, a atividade de mine- ser tóxicos, ou, em casos de jazidas em minas, correm o
152
DESIGN
risco real de desabamentos. O uso de explosivos é outro muita qualidade (superiores, às vezes, aos artificiais) e,
fator a ser considerado quando se trata da saúde dos mi- portanto, podem ter um ponto positivo: sua vida útil
neiros – neste caso, trabalhadores da mineração. longa que, de certa forma, evita o consumismo exage-
Outro ponto levantado pelo estudioso Moxon rado e torna desnecessário o desenvolvimento de ou-
(2012) é que os metais também provêm de matéria tros produtos para substituí-lo.
finita, pois se subentende que há um desenvolvimen- O autor também ressalta a questão da reciclagem,
to natural muito lento e, neste caso, não se compara a maioria das informações comerciais de empresas de
o seu desenvolvimento natural com a rapidez da sua venda desses materiais afirma que são recicláveis e que,
extração/de seu uso pela sociedade moderna, o que, portanto, estão de acordo com a questão da sustenta-
provavelmente, acarretará no esgotamento desses ma- bilidade. No entanto, não são todos os materiais que,
teriais. No mais, há de se considerar toda a energia e efetivamente, são recicláveis, e mesmo que sejam, nem
água incorporadas que são gastas no transporte e pro- todo material reciclado se enquadra na sustentabilidade,
cessamento desses materiais. Portanto, a extração dos tendo em vista que alguns necessitam de grande energia
metais, advinda dos minérios encontrados em jazidas, incorporada para o processo de reciclagem, como é o
é uma atividade que caminha contra os conceitos de caso do alumínio, gerando um gasto alto tanto de ener-
sustentabilidade. Entretanto, é interessante pensar que gia quanto de água, ou ainda, gerando muito resíduo,
esses materiais, uma vez usados corretamente, são de fazendo com que o material perca seu valor sustentável.
153
Em relação aos metais, Moxon (2012, p. 102) é direto: clagem separada, e essa é uma das dificuldades encon-
tradas em tal processo. Apesar disso, conforme afirma
O metal tem energia incorporada muito mais ele- Moxon (2012), já estão no mercado produtos de políme-
vada que o vidro – em especial no caso do alumínio
ros reciclados, como diversos tipos de mobiliários e, até
virgem – e depende de recursos não renováveis. Os
metais reciclados reduzem a energia incorporada e mesmo, tecidos de garrafas PET recicladas ou mesmo de
conservam materiais brutos. O processo de manu- náilon, poliéster e borracha reciclados.
fatura é extremamente poluente, mas o produto fi-
nal é durável e não tóxico. Tome cuidado com aca- I
bamentos cromados, pois sua manufatura explora
O Rio? É doce.
recursos naturais escassos e gera resíduos tóxicos.
A Vale? Amarga.
Ao se tratar dos polímeros, seus maiores pontos negativos Ai, antes fosse
relacionam-se aos resíduos, uma vez que esses materiais Mais leve a carga.
não se decompõem facilmente na natureza. Dessa forma,
nos aterros, é muito comum encontrar pilhas desses ma- II
teriais, além disso, ao se decomporem lentamente, os po- Entre estatais
límeros liberam, no meio ambiente, gases que podem ser E multinacionais,
nocivos aos seres vivos e à atmosfera. Este dado torna-se Quantos ais!
alarmante ao ser adicionado ao consumismo desenfre-
ado desta geração. No entanto, é possível diminuir esses III
pontos negativos especificando materiais polímeros não A dívida interna.
virgens, ou seja, materiais reciclados. A dívida externa
A dívida eterna.
Os plásticos usam petróleo não renovável, deman-
dam um processo de fabricação poluente, emitem
IV
substâncias químicas tóxicas e produzem resíduos
de longo prazo. O plástico reciclado envolve algu- Quantas toneladas exportamos
mas dessas questões (MOXON, 2012, p. 106). De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
É importante destacar que a reciclagem dos polímeros Sem berro?
também não é fácil. Existem muitos tipos de polímeros,
de propriedades diversas, o que faz necessário uma reci- (“Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andrade)
154
considerações finais
155
atividades de estudo
156
atividades de estudo
157
LEITURA
COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a), segue, nesta leitura complementar, o resumo de um artigo que estuda
as possibilidades do container na habitação. Esse produto, inicialmente, desenvolvido
para exercer outra função, virou uma alternativa para a Engenharia Civil e para Arqui-
tetura, como edificação de ambientes não só residenciais, mas também comerciais e
temporários. Para o(a) profissional do Design de Interiores, é interessante conhecer e se
aprofundar nesse novo objeto de trabalho, edificações que não são de alvenaria e que
constituem uma possibilidade real de trabalho em ambientação. Para continuar a leitura,
você poderá encontrar o endereço para acesso ao restante do material nas referências
bibliográficas.
158
LEITURA
COMPLEMENTAR
159
material complementar
Objectified (2009)
Konstantin Grcic
Sinopse: Objectified é um documentário de longa-metragem sobre o nosso rela-
cionamento complexo com objetos manufaturados e, por extensão, com as pes-
soas que os projetaram. É um olhar para a criatividade no trabalho por trás de
tudo, até escovas de dentes para aparelhos eletrônicos. É sobre os designers que
reexaminam, reavaliam e reinventam o nosso ambiente diariamente. É sobre ex-
pressão pessoal, identidade, consumismo e sustentabilidade. O filme documenta
os processos criativos de alguns dos designers de produtos mais influentes do
mundo e analisa a forma como as coisas que eles fazem impactam nossa vida. O
que podemos aprender sobre quem somos e quem queremos ser, a partir dos
objetos com os quais nos cercamos?
160
material complementar
Este material apresenta as qualidades do inox e como ele pode ser aplicado para uso dos idosos em diversas
situações.
http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-beneficios-
-para-pessoas-da-3a-idade.pdf
Material ecológico Rivesti. Aqui, você, caro(a) aluno(a), poderá conhecer melhor este material.
http://rivesti.com.br/
161
referências
ABNT. NRB 7374: Placa vinílica semiflexível para revestimento de pisos e paredes.
Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ABNT. NRB 14917: Revestimentos resilientes para pisos - Manta (rolo) ou placa (ré-
gua) vinílica flexível homogêna ou heterogênea em PVC. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NRB ISO 7823-1: Plásticos – Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos,
dimensões e características. Parte 1: Chapas fundidas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ABNT. NRB ISO 7823-2: Plásticos – Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos,
dimensões e características. Parte 2: Chapas extrudadas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplica-
ção e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São
Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de
Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CANÇADO, J. M. Os sapatos de Orfeu: biografia de Carlos Drummond de Andrade.
São Paulo: Globo Livros, 2006.
CARDOSO, C. E.; POZZI, M.; CURTIS, M. do C. G. Contextualização histórica do
design e análise semiótica: instrumentos projetuais no desenvolvimento de produ-
tos. Blucher Design Proceedings, Gramado, v. 1, n. 4, p. 803-815, set./nov. 2014.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Ale-
xandre Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FERRAZ, H. O aço na construção civil. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos,
n. 22, p. 1-16, out./dez. 2003.
FERREIRA NETO, M. de F.; BERTOLI, S. R. Desempenho de barreiras acústicas ao
ar livre: comparação entre aspectos objetivos e subjetivos. In: ENCONTRO NACIO-
NAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 9., 2002, Foz do Iguaçu.
Anais [...]. Foz do Iguaçu: Mabu Thermas & Resort, 2002. p. 135-142.
162
referências
163
referências
Referências on-line
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2
Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/27936. Acesso em: 27 maio 2019.
3
Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/. Acesso em: 27 maio 2019.
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Em: http://www.acobrasil.org.br/site2015/siderurgia_mundo.asp. Acesso em: 27 maio 2019.
5
Em: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxida-
vel-beneficios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf. Acesso em: 28 maio 2019.
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Em: http://www.indac.org.br/. Acesso em: 28 de maio.
7
Em: http://www.indac.org.br/o-acrilico-na-iluminacao/. Acesso em: 28 de maio 2020.
164
gabarito
1. C.
2. C.
3. Atividade de reflexão sobre a responsabilida-
de social do(a) designer de interiores. O aluno
deverá responder, de acordo com o conteúdo
dado, quais as qualidades destes materiais e a
visão positiva acerca do uso destes produtos.
4. D.
5. O(a) aluno(a) deverá explicar e apontar as ca-
racterísticas do material, de forma breve, e
citar, em suas argumentações, quais informa-
ções, como a presença de crianças e animais
no ambiente, farão a escolha do material mais
seguro, como o acrílico, ou ainda, a necessida-
de do uso para o bloqueio de som etc.
165
RESINAS E OUTROS MATERIAIS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Tintas
• Produtos animais
• Outros materiais
• Sustentabilidade
Objetivos de Aprendizagem
• Classificações do Mobiliário
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das resinas.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos produtos animais.
• Apresentar, definir, classificar e abordar a aplicabilidade de outros materiais.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade
V
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), chegamos à última unidade deste livro de ma-
teriais e revestimentos. Nesta etapa, estudaremos acerca das
tintas, material importante à sociedade humana, pois elas con-
tam, no decorrer dos séculos, a nossa história. Os humanos
primitivos já utilizavam o material para decorar suas cavernas, mas não
apenas isto, faziam ali o relato das suas vidas e, mesmo utilizando mate-
riais naturais, compreendidos como produtos não muito duráveis, os de-
senhos chegaram aos dias atuais, em muitos casos, expostos em cavernas,
portanto, protegidos das intempéries do meio externo. Esses desenhos
demonstram que é possível utilizarmos de matérias-primas naturais para
proteger e embelezar nossos ambientes.
Em um segundo momento, estudaremos os produtos animais, ou-
tros velhos conhecidos da humanidade. Veremos como se dá o uso de
peles, couro e marfim e por que as suas aplicações estão cada vez mais
acuadas pelos novos conceitos sociais de sustentabilidade e responsabi-
lidade socioambiental.
Na terceira aula da unidade, conheceremos outros materiais, alguns
novos, outros nem tanto, mas que possuem um objetivo e uma justificati-
va de existência baseados nas questões ambientais. Também refletiremos
sobre a questão da sustentabilidade no que tange ao uso desses materiais
anteriormente apontados, compreendendo as implicações de seus usos e
como será possível para o mercado desenvolver formas de lidar com uma
sociedade preocupada com o meio ambiente.
Ótima leitura!
170
DESIGN
Tintas
Quando pensamos em mudar um ambiente, é muito
comum surgir, como primeira ideia, a aplicação de tin-
tas, ou seja, pintar uma ou mais paredes, readequando
suas cores e suas texturas às necessidades do momento.
A atividade parece ser simples pela praticidade e facili-
dade de aplicação das tintas em qualquer superfície e,
assim, também se torna comum a ideia de pintar um
antigo móvel (ou qualquer outro produto ou utensílio)
para torná-lo atraente novamente. Entretanto a função
das tintas, na construção civil vai além das questões
estéticas, normalmente, adotadas como destaque pelos
usuários e alguns profissionais. Conforme afirma Am-
brozewicz (2012), as tintas possuem a responsabilidade
de evitar que os materiais pereçam e, portanto, garantem
a sua proteção. E, de acordo com Mello e Suarez (2012),
também são usadas pela arte na criação de obras e na
expressão sentimental.
SAIBA MAIS
171
Como afirmam os autores citados anteriormente, é pos- breviveu. Essa nova técnica consistia no uso de materiais,
sível que os indivíduos primitivos conheçam as tintas até como cal, areia e água, a esta mistura fresca adicionava-se
antes de 30 mil anos atrás. Seus primórdios são as pinturas os pigmentos para formar as cores e, então, eram aplicadas
rupestres cuja função pode ser decorativa e comunicativa, nas paredes. De acordo com Mello e Suarez (2012), foram
mas, em pouco tempo, os fenícios, por exemplo, reconhe- essas sociedades que desenvolveram o uso de corantes, in-
ceram outras das suas propriedades e começaram a uti- clusive, para o uso em tingimentos de têxteis.
lizar as tintas para a proteção de seus barcos de madeira: A evolução das tintas voltou a acontecer apenas com
o Renascimento, quando se descobriu a tinta a óleo – um
Com o passar do tempo, a tinta cada vez mais é exemplo de arte com este tipo de tinta é a obra “Monalisa”,
usada como proteção de superfícies, do que, pro-
de Leonardo Da Vinci. Entretanto apenas com o desenvol-
priamente, como forma de expressão artística.
Atualmente a indústria de tintas está praticamente vimento da indústria de tintas sintéticas, a partir do petróleo
voltada para a proteção e embelezamento de super- e do carvão natural, que, por volta do século XX, começam a
fícies, sendo marginal a fatia de mercado destinada surgir, no mercado, muita diversidade de cores e de tipos de
à arte (MELLO; SUAREZ, 2012, p. 4). tintas. Foi também neste período, conforme afirmam Mello
e Suarez (2012), que se descobriu como deixar de utilizar, na
E, desta forma, o conhecimento sobre as tintas evoluiu pigmentação, minerais tóxicos, como o vermelho de chum-
até chegar à atualidade com grandes qualidades e diver- bo, o amarelo de Nápoles e o branco de prata.
sidades de composições. Inicialmente, porém, os primei- É fato que diversos pintores vieram a falecer, devido
ros povos que trabalharam com as tintas utilizavam-na à exposição a essas tintas. No Brasil, Cândido Portina-
como elemento para decoração, bem como os egípcios e ri – pintor de diversas obras maravilhosas, bem como
o chineses. Essas pinturas, além de embelezarem os am- os gigantes painéis das Nações Unidas, denominados “A
bientes, também contavam histórias de caça, das rotinas Paz e a Guerra”, expostos nos Estados Unidos – foi uma
daquela população e de sexo. das vítimas desse material. Assim, temos as palavras de
Ainda de acordo com os autores Mello e Suarez Antonio Callado (2003):
(2012), não se pode afirmar quais eram as composições
primitivas desse material. Acreditam os estudiosos que Para evitar a contaminação do chumbo, Candinho
pintou durante anos com luvas amarelas, de borra-
eram desenvolvidas a partir de minerais triturados para
cha [...] Não é acaso que Portinari tenha morrido de
conseguir as cores, e de resinas naturais e/ou animais, moléstia proveniente de tintas de óleo. Um fim de
como a seiva de plantas e a clara de ovos. vida com mais que quinhão de desgastes terá torna-
Na sociedade greco-romana, as tintas sofreram a do seu organismo mais vulnerável ao veneno antigo.
evolução para o uso na arte e na decoração, a têmpera A verdade, porém, é que caiu depois de um longo
combate. Para ele, qualquer contato com certas tin-
e o afresco. Com a têmpera, os artistas desenvolveram a
tas constituía perigo. Mas sua resposta ao primeiro
técnica da perspectiva, mas como a tinta era orgânica, e envenenamento foi encomendar longos guantes de
o clima, úmido, os desenhos não sobreviveram até nos- borracha - para continuar pintando. [...] Mas doente
sos dias, deterioraram-se pela proliferação de microorga- ou são, desde seus quatorze anos, Portinari pintava e
só parou de pintar ao pisar outro dia o patamar da
nismos, ao contrário do afresco, que, por ser uma técnica
morte (CALLADO, 2003, p. 145-177).
que possuía tinta composta por materiais inorgânicos, so-
172
DESIGN
SAIBA MAIS
Alfredo Volpi, pintor-decorador, era um dos profissionais que utilizavam as tintas naturais para aplicação
em suas obras. O pintor desenvolvia as suas próprias tintas em seu ateliê e adotou a técnica da têmpera
(constituída com clara de ovo), deixando completamente de trabalhar com as tintas industrializadas.
Em suas próprias palavras, o pintor afirma sobre as tintas industriais: “elas criam mofo e perdem vida
com o passar do tempo”.
173
Scaneie o QRcode e saiba como escolher o melhor tipo de tinta para reforma
174
DESIGN
175
que se misturam à água. São laváveis e possuem sos esportivos em interiores. A borracha clorada
grande diversidade de cores e tons. A que pos- é aplicada em ambientes da saúde, nos quais, se
sui maior saída no mercado é a chamada tinta à necessita de segurança contra contaminação; em
base de PVA (acetato de polivinila), aplicada em ambientes relacionados com alimentos e onde se
ambientes externos e internos. Ainda possuem, necessita do uso de agentes químicos, indicadas
como vantagem, a secagem rápida, aderem em para ambientes internos. Podem ser utilizadas
superfícies um pouco úmidas, o cheiro é neutro para superfícies de piscinas.
e têm certa segurança quanto ao fogo. Possuem • Ureia e Melamina: inodoras, insípidas e não tó-
boas características, como: impermeabilidade, xicas, possuem resistências mecânicas. Normal-
resistência ao manchamento, flexibilidade, resis- mente usadas com acabamento em alta tempe-
tência aos agentes químicos (podem ser lavadas ratura, são aplicáveis para revestimento de pisos,
com sabão) e bom rendimento. também nas superfícies de madeira.
• Tinta a óleo: clássicas e tradicionais, com aca- • Epóxis: resistentes, quimicamente, e flexíveis,
bamento brilhante, possuem boa durabilidade, possuem alto isolamento elétrico, sendo durá-
resistência às intempéries e flexibilidade. Cons- veis e possuindo boa coloração. Tem-se a resina
tituem-se de solventes, secantes, pigmentos e epóxi líquida (excelente impermeabilizante se
cargas, os óleos podem ser de linhaça, soja ou misturada aos betumes); resina de epóxi sólidas
mamona. Necessitam de solvente para diminuir (aplicada em pisos e revestimentos marítimos); e
a sua viscosidade e facilitar a sua aplicação. Os resinas epóxi à base de éter. As resinas podem ser
mais conhecidos são o querosene, a benzina e misturadas a outras. Atualmente, esses pisos são
a gasolina. Os secantes, obviamente, ajudam no utilizados em ambientes comerciais (lojas) como
processo de secagem, constituídos de sabões, re- ponto de destaque e já aparecem em alguns am-
sinas e outros materiais. As cargas também são bientes residenciais. São apreciadas pelo brilho,
pigmentadoras e auxiliam na melhora e na da por aceitar desenhos diferenciados, por possuí-
cobertura da tinta. rem colorações diversas e por serem monolítico.
• Betumes com a adição de óleo: originam re- • Silicone: relaciona grande quantidade de resinas
vestimentos escuros e brilhantes, com resistência de polímeros. Possuem resistência às altas tem-
aos ácidos, álcalis e produtos químicos. peraturas, à água e oferecem grande variedade de
• Resinas em solução: resinas que contêm, em colorações. Um exemplar destes materiais são os
seus veículos, grande quantidade de óleo. Pos- pisos poliuretanos, também denominados porce-
suem diversas constituições. lanatos líquidos (entretanto este nome também
• As vinílicas: alta resistência aos produtos quí- pode denominar os pisos de resinas epóxi, o pro-
micos e solventes, durabilidade boa, odor neutro. fissional deve ficar atento às diferenças).
• As borrachas sintéticas: possuem grande elas- • Resinas de poliacrílico: utilizadas como base
ticidade, as de neoprene são indicadas para pi- de tintas acrílicas.
176
DESIGN
Em relação às resinas, anteriormente, apontadas por versas. Sobre o epóxi, o autor também afirma que são
Azeredo (2000), o autor Bauer (1994) esclarece que elas os plásticos novos e mais versáteis, e que, para obterem
são utilizadas pelas indústrias de vernizes e tintas. Ob- mais qualidade, devem ser combinados com outros ele-
serva-se que as tintas possuem, como já aprendemos mentos. São aplicados como revestimentos e como ade-
anteriormente, no mínimo, dois elementos, sendo eles o sivos para o concreto, e suas maiores finalidades são, de
pigmento e o veículo (o pigmento é a película colorida, acordo com Bauer (1994), como adesivos, selantes, re-
a adição de uma liga, a qual advém de diversas fontes, vestimentos (de parede) e pavimentação.
sendo o veículo o que espalha os pigmentos). Enfim,
encontra-se, no mercado, diversas tintas e vernizes que
SAIBA MAIS
possuem a adição de resinas e esses materiais possuem
grande durabilidade. Bauer (1994) afirma que esses ma-
teriais se transformam em revestimentos diversos, por A normativa brasileira que regulariza o uso
de pisos de epóxi é a NBR 14050 – Sistemas
exemplo, em revestimentos plásticos para pisos, reves- de revestimentos de alto desempenho, à base
timentos vinílicos para pisos (vulcapiso, paviflex, eter- de resinas epoxídicas e agregados minerais –
flex), e podem ser aplicados em acabamentos plásticos Projeto, execução e avaliação do desempenho
– Procedimento.
laminados (fórmica, formiplac), como revestimento de
chapas de MDF ou MDP (laminado melanímico de alta Fonte: adaptado de NBR 14050 (1998).
177
178
DESIGN
Conforme afirmam Binggeli e Ching (2013), nas tintas para a alvenaria, em relação ao
seu brilho e às suas aplicações, existem as tintas foscas, indicadas para tetos e forros ou
qualquer parede de menor contato, sendo um acabamento que esconde as imperfei-
ções não muito laváveis; as tintas semibrilho, que são indicadas em paredes que pos-
suem maior contato com pessoas e produtos, laváveis e duradouras, e aceitam atritos
(esfregar com bucha suave); e, por fim, as tintas brilhantes que, apesar disso, destacam
as imperfeições são, extremamente, laváveis e indicadas para portas, esquadrias e ar-
mários (essas também aceitam lavagem com atrito – bucha suave).
179
Produtos Animais
Materiais que advêm dos animais, tais como ossos, con- e fineza, e por estes motivos, é muito aplicado para fun-
chas, marfim, couros e peles, são e foram muito consumi- ções decorativas. Os primeiros a utilizarem, efetivamen-
dos pela sociedade humana. No Design de Interiores, de te, o marfim em seus ambientes internos, nos templos,
acordo com Farrelly e Brown (2014), é comum encontrar foram os romanos, com suas placas contendo os nomes
o uso dos couros em estofados diversos, mas também dos seus magistrados. Na Idade Média, no século XV,
como revestimentos de produtos, paredes e até pisos, bem houve um aumento no preço de mercado dos marfins,
como o uso da madrepérola em revestimento de parede, devido à dificuldade de extração causada por guerras da
de pastilhas e outros. época. Foi então que começou, de acordo com França,
Alguns produtos animais são utilizados de acor- Barboza e Quites (2010), o uso de marfim de ossos bo-
do com a concepção de sustentabilidade, isto é, como vinos, material mais barato e de fácil acesso, entretanto
afirma a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente apresentava acabamento e texturas grosseiros e, assim,
e Desenvolvimento das Nações Unidas, simplificada- era considerado inferior.
mente, “suprir as necessidades atuais sem comprome- No final do século XVIII e durante todo o século
ter a capacidade das futuras gerações de suprirem suas XIX, esses materiais foram muito empregados na deco-
necessidades” (MOXON, 2012, p. 14). Como exemplo, a ração de mobiliários e armamentos:
pesquisa de Guimarães, Araújo e Santos (2015), que afir-
ma ser possível utilizar os resíduos do mercado da car- [...] marcado pela exploração em larga escala do
marfim nas regiões da África e Ásia. Inúmeros
ne de gado e os ossos como aditivos para a indústria de
objetos eram produzidos com marfim: bolas de
materiais cerâmicos, gerando diminuição de custos em bilhar, teclas de piano, broches, caixas, brincos,
relação à matéria-prima e melhoria das características coronhas de armas, entre outros. A caçada aos
funcionais e estéticas. elefantes para a retirada de seus caninos foi tão
Farrelly e Brown (2014), no entanto, esclarecem que grande que quase levou à extinção esses animais.
Os principais exploradores foram os comercian-
muitos desses materiais estão compreendidos como ile-
tes ingleses e os países mais explorados foram a
gais por serem extraídos de animais com possibilidade de Índia e a Etiópia. Os comerciantes distinguiam
extinção, como o caso do marfim. E acrescentam às suas duas categorias básicas de marfim: O macio ou
afirmativas que existem outras opções, ou seja, alternativas morto, que é branco, opaco e pouco quebradiço;
também chamado de marfim fóssil por ser obti-
artificiais a esses produtos.
do de animais mortos há muito tempo e o duro
O marfim é um material extraído dos dentes exter- ou vivo, ligeiramente translúcido, com uma cor
nos do elefante. França, Barboza e Quites (2010) afir- amarelo-esverdeada ou avermelhada e mais pesa-
mam que esse material é utilizado pelos seres humanos do que o macio. Este era obtido com a morte de
um elefante única e exclusivamente para este fim
desde a Pré-História, e a sociedade grega foi a primeira
(FRANÇA; BARBOZA; QUITES, 2010, p. 2642).
a registrar suas técnicas de uso. O material possui como
qualidades as características de brancura, durabilidade
180
DESIGN
181
Outros Materiais
A evolução da ciência e da tecnologia, aliada aos novos em seu uso, inclusive, no que tange à saúde humana e à
conceitos de sustentabilidade e responsabilidade am- preservação do meio ambiente, isto é:
biental, forma um campo muito fértil para o desenvol-
vimento de novos materiais, sejam eles materiais que [...] pode ser difícil manter-se em dia com a ra-
pidez dessas inovações, mas o designer deve ao
usam como matéria-prima os reciclados sejam aqueles
menos tentar [...] é importante pesar a adequa-
que usam a matéria-prima orgânica. ção desses materiais em relação ao custo e ao ris-
Alguns materiais não são novos e, ainda assim, fa- co envolvidos em usar tecnologias cujos efeitos
zem grande diferença para o meio ambiente, entretanto, em longo prazo ainda não foram comprovados
são quase desconhecidos pelos profissionais brasileiros (MORRIS, 2010, p. 116).
182
DESIGN
PLACA DE ECORESINA
Aluno(a), vimos, nas unidades anteriores, os acrílicos e acabamentos a fim de proporcionar um grande número
suas resinas, que são utilizadas como produtos para di- de opções de produto. A seguir, informações gerais, de
versos fins, como divisores de ambientes, placas decora- acordo com o autor:
tivas e em mobiliários variados. Como o acrílico, exis- Constituição: Polyethyene tereftalato glicol modifi-
tem as ecoresinas, materiais que podem ser aplicados cado (PETG), materiais orgânicos, têxtil.
com as mesmas funções, mas que provêm da reciclagem Certificações: Greenguard - Certificado de qualida-
de outros produtos. de do ar interior.
Brownell (2010) apresenta a ecoresina (exemplo: li- Limitações: uso de temperatura máxima de
nha Varia, da 3Form) como um material composto de 65,50 ºC, precisam de tratamento UV e vedação de
PETG (material que, por sua vez, é desenvolvido a par- ponta para uso exterior.
tir da reciclagem da PET). O sistema permite a seleção Aplicações: vertical ou horizontal, superfícies, tetos/
personalizada de cores, padrões, texturas, impressões e forros, mobiliário, iluminação, sinalização e acústica.
Figura 4 - Placas de ecoresina Figura 5 - Produção da placa de ecoresina e seu uso em ambientação
Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3.
183
184
DESIGN
De acordo com Bastos (2016), esse material, conhecido O linóleo se encontra presente em vários
e patenteado em 1863 por Frederick Walton, é composto edifícios históricos por todo o mundo, tais
apenas por matérias-primas naturais, sendo elas: óleo de como: o Kremlin, em Moscovo; Casa Branca,
em Washington DC; o parlamento alemão; o
linhaça; resina de pinho; farinha de madeira (resíduos palácio de Buckingham, na Inglaterra; a casa
da indústria de madeira); farinha de cortiça; carbonato de Anne Frank, em Amesterdã; a Universidade
de cálcio encontrado na natureza em diversas formas, de Sorbonne, em Paris, e ainda, no Instituto
Madame Curie, em Paris.
inclusive, em casca de ovos e pigmentos naturais, e juta.
Além de ser um produto com pouco impacto am- Fonte: Bastos (2016, p. 7-8).
185
Sustentabilidade
Tintas, vernizes, lascas, bem como algumas resinas,
são constituídos de materiais que geram impactos am- Isso, porém, não é tudo. As tintas, como são mate-
bientais e emitem, durante sua fabricação e vida, muitas riais de acabamento de superfícies, podem acabar por
concentrações de compostos orgânicos voláteis – COVs contaminar o material da superfície que foi pintada, ou
– contribuindo para aumentar a toxicidade do ar. Ainda seja, transformar um material bom, do ponto de vista da
em sua fabricação, são “responsáveis por altas quanti- sustentabilidade e da saúde humana, em um material
dades de resíduos nocivos [...] e utilizam petróleo não composto por produtos nocivos, como algumas tintas
renovável” (MOXON, 2012, p. 104). Mas quais são os e vernizes. Em relação a esta afirmação, Moxon (2012)
problemas que esses COVs causam? Dores de cabeça, aponta, ainda, que os designers devem se afastar daqui-
irritação nos olhos e no sistema respiratório, além de lo que denomina “verde de mentira”, sendo rigorosos
fadiga e, acredita-se, também, que são materiais can- em suas avaliações acerca dos materiais, considerando
cerígenos. Portanto, de acordo com Moxon (2012), os os materiais, isoladamente, mas também os seus acaba-
pesquisadores da área da sustentabilidade e os designers mentos e o que eles podem promover. Para tanto, o in-
de interiores que atuam neste campo indicam evitar as dicado, talvez, seja valorizar os materiais que possuem
tintas sintéticas e substituí-las pelas tintas naturais, pre- acabamento próprio e que não precisem, principalmen-
zando por ambientes com mais qualidade do ar. te no que tange à estética, destas adições. Moxon (2012)
186
DESIGN
apresenta como exemplo os compensados, ou ainda, os extração, como marfim, peles e couros; em algumas situ-
tijolos aparentes. ações, há sofrimento, a grande maioria dos animais são
É possível utilizar tintas naturais, pois possuem me- mortos e, com isso, houve até casos de extinção. Portanto,
nor índice de toxicidade, além de contribuírem para um de acordo com Farrelly e Brown (2014), a recomendação
ambiente com uma qualidade maior do ar. Rodrigues é trabalhar com materiais sintéticos, que também podem
(2011) aponta que, ao utilizar esses materiais, os(as) pro- não ser completamente sustentáveis, mas que, neste sen-
fissionais também valorizam a cultura e as matérias-pri- tido, evitam a matança e a extinção de algumas espécies.
mas da região na qual se está desenvolvendo o projeto de Moxon (2012) enfatiza que existem materiais no ca-
reforma ou construção. Não se pode esquecer que essas minho inverso. Podemos encontrar, por exemplo, a lã de
tintas, utilizadas por nossos antepassados da Pré-História, carneiro e de alpaca, que são materiais autossustentáveis
ficaram conservadas até os dias atuais, por estarem, prova- e não necessitam da morte do animal, além de essa lã,
velmente, protegidas em ambientes internos (as cavernas). caso retirada do animal morto, possuir menor qualida-
Em relação aos produtos naturais animais, vimos, de. A retirada, no entanto, deve ser consciente para não
anteriormente, que o problema, em alguns casos, é a sua agredir o animal.
187
A autora Gutterres (2005) afirma que, no curtimento do consumo da água, também existem os altos consumos
couro, são utilizadas substâncias tóxicas aos seres huma- energético e térmico, somados como pontos negativos
nos e ao meio ambiente: para a questão do ecodesign.
Enfim, caro(a) aluno(a), finalizamos este último
No Memorando “Melhores Técnicas Disponíveis tópico sobre sustentabilidade. Diante de todas as infor-
para Curtimento de peles” da União Européia
mações apresentadas, é possível compreender a com-
(Hauber e Schröer, 2002) são apresentados os
procedimentos corretos necessários para mane- plexidade dos processos que abrangem os materiais e
jo e armazenamento de produtos químicos, de tal como esses alteram e impactam não só o meio ambiente,
forma a não ocorrerem riscos, mesmo em caso de mas a saúde humana. De fato, a responsabilidade do(a)
derramamentos e acidentes. O documento apre- designer de interiores é grande: compreender todas as
senta uma lista de substâncias prejudiciais ao meio
questões que envolvem os materiais para, então, dar a
ambiente, as quais são usadas como agentes e auxi-
liares em processos em curtumes, e que devem ser devida especificação satisfatória, não somente ao usuá-
substituídas por outras substâncias menos prejudi- rio/cliente do projeto, mas também a todos os que estão
ciais (GUTTERRES, 2005, p. 6). envolvidos, direta e indiretamente, com suas as escolhas.
188
considerações finais
189
atividades de estudo
1. Escolha um material estudado na unidade e IV. As tintas também podem ser tóxicas, princi-
responda, com suas próprias palavras: Por que palmente as que contêm chumbo, além de
o uso deste material é positivo a partir do con- outros minerais.
ceito de sustentabilidade?. Argumente e apre-
Assinale a alternativa correta.
sente o seu ponto de vista.
a. Apenas I e II estão corretas.
2. Em relação às tintas, aos esmaltes, às lacas e
aos vernizes, assinale a afirmativa correta. b. Apenas II e III estão corretas.
a. Os vernizes são materiais compostos somen- c. Apenas II, III e IV estão corretas.
te com água e pigmento e, portanto, são dis-
d. Nenhuma das afirmativas está correta.
solvidos também em água.
e. Todas as afirmativas estão corretas.
b. A diferença entre esmalte e laca é que a laca
constitui-se de verniz, com adição de pigmen- 4. De acordo com as questões de sustentabilidade
to. apresentadas na unidade, analise as afirmativas
a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
c. A laca recebe, em sua constituição, diversos
materiais, como resinas, plastificantes, coran- ( ) O único problema do uso do couro é a extin-
tes e cargas. São as cargas que melhoram a ção dos animais, neste caso, os bovinos.
viscosidade do material. ( ) O problema do uso de produtos que advêm
d. As tintas possuem, como função, apenas em- dos animais é que a retirada dos materiais implica
belezar as superfícies, são os esmaltes que morte desses animais.
oferecem proteção. ( ) O problema do uso de algumas peles e de al-
e. Nenhuma das afirmativas anteriores está cor- guns couros é que algumas substâncias utilizadas
reta. em seus processos podem ser tóxicas.
Assinale a alternativa correta:
3. De acordo com os estudos sobre as tintas, leia
as afirmativas a seguir: a. V, F e F.
I. As tintas são materiais constituídos de dois b. V, V e F.
elementos, o que se chama veículo e o pig-
c. V, F e V.
mento.
d. V, V e V.
II. As tintas podem ser naturais ou artificiais. Al-
gumas delas, em sua composição, apresen- e. F, F e V.
tam outros elementos além das resinas e co-
rantes. 5. Escolha um dos materiais da unidade e desen-
volva um croqui conceitual e um croqui técnico,
III. As resinas fazem parte das tintas, mas são explicando seu conceito para o projeto de uma
materiais que também podem ser utilizados ambientação comercial (uma loja de joias, por
para outros fins, misturados a outras resinas. exemplo). É importante que o design criado des-
taque as principais características do material.
190
LEITURA
COMPLEMENTAR
191
LEITURA
COMPLEMENTAR
aplicada com uma base (um taco de piso, por exemplo), de forma a manter plana a
superfície tratada.
A superfície geral do cartão não deve ser lixada. Para acabamentos mais sofisticados,
pode ser aplicada mais de uma demão de fundo ou massa sobre toda a superfície do
sistema. Após a secagem total de cada demão, de acordo com a recomendação do
fabricante, toda a superfície deve ser lixada com lixa grana 220/280, também aplicada
com uma base, para manter a lixa plana. Ao final de cada procedimento, é necessário
eliminar o pó de toda a superfície.
As tintas e seus complementos devem ser submetidos aos seguintes passos fundamen-
tais para facilitar sua aplicação e garantir que o resultado final seja o esperado: Homo-
geneização - Agitar todos os produtos antes de serem utilizados. Esta homogeneização
precisa ser feita de forma a garantir que todo o conteúdo da embalagem esteja perfei-
tamente uniforme. Diluição - Observar as especificações dos produtos nas embalagens
e seguir as informações indicadas para diluição.
Qualidade de Acabamento
São definidos três níveis de qualidade para pintura (mínimo, intermediário e superior)
e um nível para textura, todos explicados com detalhes a seguir.
Nível M - Mínimo
192
LEITURA
COMPLEMENTAR
Nível I - Intermediário
Nível S - Superior
Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz natural e/ou artificial, nor-
mal ou intensa rasante, deve apresentar excelente acabamento, não sendo aceita nenhuma
imperfeição. Exemplos de utilização: ambientes residenciais e comerciais de alto padrão.
• Aplicar fundo pigmentado diluído, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de massa niveladora para alvenaria (massa corrida) em toda
a superfície a ser pintada e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Lixar toda a superfície com lixa grana 220/280 aplicada numa base (como a mostrada na
foto acima), para manter a lixa plana. Eliminar o pó em toda a superfície.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta Premium diluída e deixar cada demão secar, confor-
me recomendação do fabricante.
• Textura - Nível Único
• Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de textura. No caso de duas demãos, deixar secar, de acordo
com a recomendação do fabricante, antes de aplicar a segunda.
193
material complementar
A História das Coisas já foi visto por mais de 7 milhões de pessoas, em 200 países. O projeto é resultado de mais de
10 anos de pesquisa sobre sistemas de produção de bens de consumo feita pela ativista ambiental Annie Leonard.
Ela viajou por cerca de 40 países para entender a nossa lógica de consumo, que vai desde a extração de maté-
rias-primas até o descarte. Annie se disse motivada a entender “um sistema baseado na destruição dos recursos
naturais e na geração de lixo” e, no vídeo, passa as informações de forma bastante didática.
https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
194
material complementar
A Revista Abrafati é uma publicação trimestral, que se propõe a ser uma voz em defesa da cadeia de tintas, mos-
trando a sua importância e divulgando suas realizações, propostas, políticas e estratégias. Circula sob o formato
revista desde 2003, mas tem sua origem no boletim Abrafati Informa, iniciado em 1988. A Revista on-line da Abra-
fati, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, é um ótimo endereço para o designer de interiores se manter
informado das novidades sobre o mercado das tintas no Brasil.
http://www.abrafati.com.br/category/publicacoes/revista-abrafati/
Profissionais da Paradox arquitetura e design também desenvolveram uma ambientação que exprime o conheci-
mento do uso das tintas e das cores.
http://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/
Profissionais da Jump Studios desenvolveram uma ambientação para a grande empresa de internet Google.
http://www.dezeen.com/2012/05/01/google-campus-by-jump-studios/
Jeans de Seda com PET é um material desenvolvido para uso em moda, mas também pode ser aplicado na ambien-
tação. Veja mais sobre este material na Casa Cor Paraná de 2012.
http://textileindustry.ning.com/m/discussion?id=2370240%3ATopic%3A373712
195
referências
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BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
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BROWNELL, B. Transmaterial 3: a catalog of materials that redefine our physical environment. New York:
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Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
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turas em marfim. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES
PLÁSTICAS “ENTRE TERRITÓRIOS”, 19., 2010, Cachoeira. Anais [...]. Cachoeira: Universidade Federal
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
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Em: http://www.ocasulofeliz.com.br/siteModa/jeansdeseda. Acesso em: 4 jul. 2019.
197
gabarito
198
conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro,
entretanto não será aqui o final das suas pesquisas e de seus estudos acerca dos
materiais. Tendo em vista que a evolução tecnológica avança cada dia mais, e que
com ela surgem diversos materiais, será necessária uma postura profissional de
busca contínua sobre os novos materiais e os novos procedimentos.
Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhe-
cidos da sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana,
que fizeram parte de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos his-
tóricos da sociedade. A relação dos indivíduos e da sociedade com os materiais possui
causas de ordem física e sensorial, mas também de ordem social e cultural, e todas
estas propriedades devem ser levadas em consideração pelo(a) profissional de design
de interiores durante a aplicação no conceito do projeto da ambientação.
A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros
e as cerâmicas, as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas
e os produtos animais, você poderá refletir, conscientemente, sobre as melhores
alternativas possíveis no uso dos materiais.
Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada mate-
rial pode oferecer. Seja consciente e um(a) incentivador(a) em busca da melhoria
das condições ambientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e
o apoio que a sociedade precisa para construir um futuro melhor.
Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de proje-
tos, com resultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira
seja de muito sucesso, e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais
conteúdos relacionados aos materiais, seus usos, suas aplicações e seus impactos.
Parabéns por mais esta conquista!
ESTUDOS DE CASO
VI
INTRODUÇÃO
O
lá, futuro(a) designer de interiores. Preparamos, aqui, para
você um material complementar sobre o conteúdo de mate-
riais de revestimento e acabamento, com o objetivo de prepa-
rá-lo(a) melhor para o mercado de trabalho.
Nesta unidade extra, você encontrará um apanhado de estudos de
caso sobre cada uma das unidades do livro, ou seja, exemplos de apli-
cações e situações relacionadas aos materiais apresentados no conteúdo
da disciplina. Desejamos, assim, que você assimile, ainda mais, as infor-
mações sobre pedras naturais e artificiais, vidros e cerâmicas, madeiras e
fibras, metais e polímeros e, por fim, resinas e outros materiais.
Dessa maneira, esse é um conteúdo adicional, que acrescentará con-
hecimentos à sua aprendizagem.
Boa leitura e muito sucesso!
204
DESIGN
Aqui, refletiremos sobre alguns usos de pedras na- atrás de mobiliários e que não atuam, por exemplo,
turais em projetos de design de interiores, pensando na circulação do ambiente. Nesse sentido, acredita-
na melhor forma de utilizar suas características sem- se que a pedra tem poucas chances de causar algum
pre aliadas às necessidades dos destinatários desses tipo de dano ao indivíduo ali presente, mesmo se es-
ambientes. tivessem assentadas irregularmente.
Que tipo de dano uma parede de petit pavês
pode causar no usuário do espaço? Bom, o elemen-
to decorativo com assentamento irregular, ou seja,
que apresenta pontas que podem ser cortantes, está
aplicado em um espaço direto de circulação, uma
escadaria, se houver uma queda, ou mesmo a per-
da do equilíbrio pelo indivíduo que, ali, circula. Este
usuário poderá atingir com força o elemento e sofrer
escoriações, cortes ou outro tipos de danos físicos.
205
Em ambientes, como mostras de decoração e/ou vi- no são compreensíveis, e banheiros com bancadas e
trinas, cenografias etc., é possível ousar com esses pisos de granito são comuns. Entretanto não é uma
materiais? Tudo dependerá do objetivo do projeto, regra, o importante é compreender o cuidado da es-
aliado às necessidades do ambiente que se desenvolve pecificação desses materiais.
– o importante é, sempre, atentar-se a essas questões. Atualmente, outras pedras começaram a ser
destaque em banheiros e lavabos. Com o apelo às
questões sensoriais, os seixos (Figura 3) entram no
SAIBA MAIS radar dos profissionais de interiores e com criati-
vidade revelam ambientes lindos. O fator estético
A “Casa Cor” é um exemplo de mostra de atua novamente nessa “febre” dos seixos, mas deve-
decoração, design de interiores, arquitetu- mos, como profissionais, pensar em seu funciona-
ra e paisagismo, que se iniciou em território mento no ambiente e nas necessidades do espaço
nacional, mas, atualmente, oferece serviço a
outros países da América Latina. para seu uso. Os seixos também possuem superfí-
Para o(a) profissional de design de interiores, cie lisa, mesmo que assentados com cimento e pos-
é importante que visite esses eventos, pois sam produzir a sensação de reentrância, o material,
será o lugar para se inspirar e conhecer as
possibilidades de uso dos materiais. ainda, é considerado liso para uso, por exemplo, no
piso interno ao box do banheiro.
Fonte: adaptado de Casa Cor (2016, on-line)2.
206
DESIGN
207
Vidro e Cerâmica
O VIDRO E OS MOBILIÁRIOS
Olá, aluno(a)! Agora, apresentaremos alguns casos Muitos designers de interiores limitam-se ao uso do vi-
de projetos desenvolvidos por profissionais atuantes, dro em interiores, pensam nos seus usos mais comuns
com o objetivo de experimentar de forma mais prá- e menos complicados. Quando vislumbram usá-los em
tica como o(a) designer de interiores poderá aplicar mobiliários, a normalidade vem à tona e tampos de me-
esses materiais. sas e uma ou outra mesa de centro são especificadas em
208
DESIGN
projetos 100% feitos em vidro. No entanto vários pro- nal. Este, por sua vez, para chegar ao seu objetivo, deve
fissionais de design vão na contramão do uso básico do compreender os materiais, as suas qualidades e carac-
vidro e inovam, conseguindo vislumbrar possibilidades terísticas a ponto de extrair deles a mais bela estética, o
diferenciais em peças simples, tornando-as únicas. conceito e a funcionalidade.
Para exemplificar, é possível olhar com encantamen- Uma das mentes de design mais brilhantes da
to a mesa shimmer de Patricia Urquiola e a sua explosão atualidade pertence ao designer de produto Phili-
de cores. ppe Starck, formado na escola Nissim de Camondo
de Paris, França. De acordo com o seu site oficial, o
designer vê sua profissão como uma forma de ser-
vir a sociedade, buscando melhorar a sua vida e as
condições do meio ambiente. Os seus trabalhos apre-
sentam um olhar diferenciado, mostram a relevância
de conhecer os materiais, suas propriedades diversas,
suas funcionalidades e também a importância de
exercitar a mente criativa.
Um exemplo de sua ousadia é a linha de mobiliários
de vidro chamada de Boxinbox. Nessa, observa-se que o
designer se vale das cores, e que suas linhas mantêm-se
retas e simples, caixas dentro de caixas, leves, coloridas,
contemporâneas e versáteis.
Na continuidade dos profissionais que se desta-
caram com o uso do vidro, temos também os Irmãos
Campana e sua linha Aquário, os profissionais misturam
materiais e criam mobiliários divertidos.
Figura 4 - Mesa Shimmer / Fonte: Grupo Cinex (2014, on-line)4.
209
Figura 5 - Mobiliários em vidro pelo Designer Philippe Starck / Fonte: Habitus Brasil (2014, on-line)5.
REFLITA
Une façon pour mériter d’exister est de servir. Isto é: Uma maneira de merecer existir é servir.
(Philippe Starck)
Um exemplo de produto que se relaciona com as pes- Além disso, é relevante observar que a valorização
soas é a linha Bailarinas da empresa de revestimentos da arte vai na mesma direção da valorização das culturas
Portinari, que valoriza obras do artista brasileiro Cân- regionais, específicas de cada sociedade. Nesse sentido,
dido Portinari cujo sobrenome é o próprio nome da cabe ao designer de interiores valorizar seus ambientes
empresa de pisos e revestimentos. com produtos que “dialoguem”, que “toquem” seus usu-
ários, por aquilo que acreditam ser parte de si mesmos.
210
DESIGN
211
DESIGN
Madeiras e Fibras
Aluno(a), agora, que sabemos informações sobre as ma- alguns estudos de caso que demonstram a criatividade
deiras e as fibras, torna-se necessário a aproximação prá- nos usos dos materiais serão apresentados neste item.
tica do conteúdo com o design de ambientes. Para tanto,
212 212
DESIGN
A Casa Cor de 2018 mantém-se no caminho das ten- Na mostra “Morar mais por Menos”, podemos encontrar
dências contemporâneas, relacionadas à sustentabilida- diversos ambientes que se utilizam de diversos materiais
de, e apresenta como tema de seu evento “a Casa Viva”. É cuja proximidade com a ideia da sustentabilidade é rele-
nessa diretriz que os diversos profissionais expositores vante. Em 2017, na cidade de Belo Horizonte, podemos
projetaram os seus ambientes, a relevância de pensar as encontrar o papelão em destaque no ambiente da marca
questões do reuso e da adequação dos espaços e mate- Oca Criativa como mesa e poltrona. Em espaços de am-
riais estão presentes no uso das madeiras de demolição, bientes com finalidades específicas e cuja personalidade
na casa sustentável da Leroy Merlin, e, no Lounge Sensa- varia de acordo com as novas tendências do mercado de
ções, do profissional Gustavo Paschoalim, o material de consumo e as preocupações ambientais, saber adequar
demolição foi o bambu. estes materiais é uma forma de conquistar usuários di-
versos.
SAIBA MAIS
213
SAIBA MAIS
Fonte: a autora.
214
DESIGN
215
Metais e Polímeros
Olá, aluno(a)! Vamos, agora, dar vida aos conhecimen- nantes e impactantes. Gosta muito do trabalho com
tos absorvidos nesta unidade, apresentando dois des- os novos materiais, como os polímeros e acrílicos,
tes produtos desenvolvidos e aplicados com conceito e mas também se aventura com os materiais, como os
identidade que resume a capacidade de inovar diante de metais. Para tanto, convidado por uma empresa de
antigos e novos materiais. produtoss de acabamento e objetos para construção
civil denominada Alloy, Rashid desenvolveu revesti-
KARIM RASHID mentos parecidos com pastilhas de vidro, mas de me-
tal. São oito peças que possuem qualidade para longa
Considerado um dos grandes designers da atualida- duração, oferecidas em diversos metais, como aço
de, seus produtos e ambientes são orgânicos, apaixo- inoxidável, cobre, latão, titânio e aço cru.
216
DESIGN
Seguem as palavras de Karim Rashid acerca de sua Na hora de especificar os metais de acabamentos
criação: para os banheiros e cozinhas, acima de tudo, o profis-
sional deve ter em mente qualidade e utilidade. Existem
Eu sempre fui obcecado com padrões. A Alloy muitas opções de produtos no mercado, mas elas têm
me deu uma grande oportunidade de trabalhar
suas aplicações hidráulicas – vale conferir se estão de
com a ideia do padrão, da grade e da repetição.
Os padrões oferecem riqueza e profundidade acordo com a instalação hidráulica da obra. Além disso,
à nossa paisagem. Quanto mais diversidade de é necessário, sempre, reforçar ao usuário as formas de
linha, formas e composição, mais interessante é limpeza e manutenção das peças, visto que podem ser
uma única peça. As formas ondulantes, curvilí- frágeis dependendo do uso de produtos fortes.
neas dão para a superfície bidimensional uma
sensação tridimensional. Estes elementos repeti-
dos de forma previsível são projetados para con-
tradizer o azulejo quadrado. Esta coleção para a
Alloy é orgânica em sua forma, porque eu acre-
dito que o mundo precisa de uma desaceleração
e de um espírito humano mais leve (ALLOY, on-
-line, tradução nossa)8.
OS METAIS NA AMBIENTAÇÃO
217
Em relação aos metais inseridos nos móveis, as fer- PASTILHAS DE GARRAFA PET
ragens dos mobiliários, o que se tem é uma imensa
diversidade de formas, cores e aplicações. O profis- Muitos profissionais e empresários questionam os pre-
sional deve se atentar para a qualidade, mas também ceitos da sustentabilidade por acreditarem mais em suas
buscar o conhecimento do que o mercado tem para dificuldades tanto de aceitação pela sociedade consu-
lhe oferecer, já que esta área, na atualidade, está muito mista que existe dentro do sistema capitalista quanto em
bem amparada, tecnologicamente. seus obstáculos de processos diferenciados e incomuns.
Em uma grande empresa da área, é possível sentir Entretanto alguns profissionais agarram a sustentabili-
quantos produtos temos ao dispor de nossos clientes: sis- dade como uma oportunidade de negóciose e fazem di-
temas de portas de elevação; sistemas de dobradiças; sis- ferença nessa discussão.
temas box; sistemas de corrediças; sistemas de divisões A ideia de transformar garrafas PET usadas em ma-
internas. Na relação com o movimento (abrir e fechar teriais diversos para uso, em vez de levá-las ao descarte,
portas e gavetas sem puxadores): blumotion (amorteci- é comum e até popular, mas se torna especial quando o
mento do fechamento); servo-drive (sistema elétrico de projeto investe em pesquisas e experimentos. A seguir,
toque); tip-on (sistema de abertura mecânico). um exemplo brasileiro de como é possível.
218
DESIGN
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220
DESIGN
TINTAS
borboleta, lacadas em vários tons de turquesa. As
O uso das tintas, por ser um material prático, pode ser cadeiras em torno da mesa são vintage Paul McCo-
facilmente removível se comparado a azulejos. As tintas bb, lacadas, também na coloração azul-turquesa. A
estabelecem um clima de desafios aos designers de inte- parede da estante é pintada em padrão geométri-
riores que se deixam levar pela imaginação, baseada nos co com quatro tons de vermelho. A cor brilhante é
equilibrada por uma coleção de objetos de madeira
conceitos que cercam o uso das cores na ambientação. da terra, cerâmica e vidro (HELGERSON, on-line,
A designer de interiores Jessica Helgerson, de Portland/ tradução nossa)12.
Oregon, desenvolveu um projeto residencial e demons-
tra ótima desenvoltura nestes conhecimentos, anterior- É possível observar a destreza da designer de interiores
mente, descritos. Em seu site oficial, a designer aponta: em aplicar cores contrastantes e complementares em
diversas tonalidades, o que, provavelmente, movimenta
Nossos clientes foram um jovem casal com uma o olhar, evitando, assim, a irritação causada pela tensão
propensão para a arte pop, cores brilhantes e de-
entre as próprias cores. O fato do uso ser pontual, e o
sign atual e fresco. Foi solicitado ousadia nas co-
res e um projeto divertido, e nós nos divertimos restante do ambiente estar equilibrado pelas colorações
fazendo exatamente isso. Na sala de jantar proje- neutras, como o branco e os tons amadeirados, somam
tamos uma mesa onde os dois longos pedaços de e evitam que o estímulo visual torne a experiência na
madeira são unidos por uma série de articulações ambientação desconfortável.
221
Figura 12 - Poltrona Chifruda - Criada pelo Mestre Sérgio Rodrigues, em 1962, é considerada uma das obras primas do design brasileiro / Fonte: Anual Design
(2011, on-line)14.
222
referências
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Em: http://www.homedecore.com.br/ceramica-portinari-apresenta-porcelanato-
-inspirado-nas-obras-de-candido-portinari/. Acesso em: 6 jun. 2019.
7
Em: http://gustavoxavier.com.br/morar_mais_por_menos_bh_2017/. Acesso em: 6
jun. 2019.
Em: https://alloydesign.com.au/shop/category/5079. Acesso em: 6 jun. 2019.
8
9
Em: http://www.contemporist.com/metal-tiles-by-karim-rashid-for-alloy-2/. Aces-
so em: 6 jun. 2019.
Em: https://blog.sincenet.com.br/wp-content/uploads/2018/02/IMG_1695-1.jpg.
10
2019.
Em: https://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/. Acesso
13
em: 6 jun.2019.
14
Em: https://www.anualdesign.com.br/blog/1003/poltrona-chifruda/?param=b-
log/1003/poltrona-chifruda/. Acesso em: 6 jun. 2019.
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conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro,
entretanto não será aqui o final das suas pesquisas e de seus estudos acerca dos
materiais. Tendo em vista que a evolução tecnológica avança cada dia mais, e que
com ela surgem diversos materiais, será necessária uma postura profissional de
busca contínua sobre os novos materiais e os novos procedimentos.
Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhe-
cidos da sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana,
que fizeram parte de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos his-
tóricos da sociedade. A relação dos indivíduos e da sociedade com os materiais possui
causas de ordem física e sensorial, mas também de ordem social e cultural, e todas
estas propriedades devem ser levadas em consideração pelo(a) profissional de design
de interiores durante a aplicação no conceito do projeto da ambientação.
A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros
e as cerâmicas, as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas
e os produtos animais, você poderá refletir, conscientemente, sobre as melhores
alternativas possíveis no uso dos materiais.
Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada mate-
rial pode oferecer. Seja consciente e um(a) incentivador(a) em busca da melhoria
das condições ambientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e
o apoio que a sociedade precisa para construir um futuro melhor.
Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de proje-
tos, com resultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira
seja de muito sucesso, e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais
conteúdos relacionados aos materiais, seus usos, suas aplicações e seus impactos.
Parabéns por mais esta conquista!