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MATERIAIS DE

REVESTIMENTO E
ACABAMENTO

PROFESSORA
Me. Carla Prado Vieira Verdan

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NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
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C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


VERDAN, Carla Prado Vieira.
Materiais de Revestimento e Acabamento. Carla Prado Vieira Verdan.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.
225 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Materiais. 2. Revestimento. 3. Acabamento 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1942-1 CDD - 22ª Ed. 671.73


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine,
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki
Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Lucas Pinna Silveira Lima e Sabrina Novaes, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Silvia
Caroline Gonçalves, Ilustração Marta Sayuri Kakitani, Bruno Cesar Pardinho Figueiredo, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, as portas para melhores oportunidades. Como já disse
que não reconhece mais fuso horário e atravessa Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
oceanos em segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal seja uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma, possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja
se educam juntos, na transformação do mundo”. nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e
Os materiais produzidos oferecem linguagem participe das discussões. Além disso, lembre-se
dialógica e se encontram integrados à proposta que existe uma equipe de professores e tutores que
pedagógica, contribuindo no processo educacional, se encontra disponível para sanar suas dúvidas e
complementando sua formação profissional, auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem,
desenvolvendo competências e habilidades, e possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, segurança sua trajetória acadêmica.
autores

Me. Carla Prado Vieira Verdan


Professora NEAD Unicesumar, Mestre em Análise do Discurso, na perspectiva foucaultia-

na, pelo programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá;

especializada em Gestão de Pessoas pelo Instituto Paranaense de Ensino, tecnóloga em

Design de Interiores pelo Centro de Ensino Superior de Maringá; graduada em Letras -

Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Maringá. Docente do Centro de Ensino

Superior de Maringá (Unicesumar) e orientadora do projeto Spot Boletim Acadêmico

de Design de Interiores. Pesquisadora integrante do Grupo de Estudos em Análise do

Discurso da UEM (GEDUEM-CNPq), liderado pela profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza

Tasso. Proprietária do Canto do Ingá espaço comercial de venda de produtos e serviços

de arte, artesanato e design.

http://lattes.cnpq.br/3571160271625730
apresentação do material

MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO


Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, seja bem-vindo(a)! Nas próxi-


mas páginas, você conhecerá e se aventurará pelos materiais e revestimentos
que, aliás, já são nossos conhecidos de longa data, pois é a partir deles que
reconhecemos o mundo à nossa volta. As cores, as texturas e os sons dos ele-
mentos do nosso dia a dia vêm dos diversos materiais e revestimentos, naturais
ou artificiais, que nos rodeiam em nossos ambientes. A maciez do algodão, a
rigidez dos vidros, as texturas das madeiras, as cores das tintas, a transparência
do acrílico, o ruído de uma bolinha quicando em um chão de cerâmica, enfim,
como você percebeu, todos esses exemplos conectam nossas sensações aos
materiais. Neste livro, conheceremos as características sensoriais dos materiais
para aplicá-las de maneira correta e aproveitar ao máximo esta relação física
que temos com eles a fim de melhorar a nossa qualidade de vida.
Os materiais e revestimentos são importantes na questão da segurança dos
nossos ambientes e, consequentemente, da nossa vida. Devemos compreender
que existem diversos tipos de produtos para se utilizar em um ambiente, po-
rém cada um deles deve ser aplicado no seu local adequado. Por quê? Vamos
imaginar que seja necessário selecionar um tipo de material para uma sala de
banho, banheiro, ou mesmo um lavabo. Sabemos que são ambientes molhá-
veis e molhados, e que, portanto, a escolha do piso deve ser segura para evitar
escorregões e acidentes. Neste sentido, estudaremos as características técnicas
dos materiais e revestimentos e, assim, estaremos, ao final desta jornada, aptos
para desenvolver projetos com responsabilidade em nossas especificações.
Além disso, é importante ressaltar que devemos também considerar todas
as questões econômicas e ambientais que nos cercam atualmente e, desta ma-
neira, evitamos utilizar materiais e revestimentos que possuam matéria-prima
em escassez, ou que contenham elementos tóxicos, ou, ainda, que demandem
gastos de energia e água em excesso. Esses conteúdos estão inseridos neste
livro para que você compreenda e reconheça que um ambiente pode ser es-
teticamente adequado, mas também funcional e de acordo com as discussões
contemporâneas sobre diversas questões ambientais.
Todos esses conteúdos apresentados têm por base bons e atuais referen-
ciais, selecionados do ponto de vista do profissional de design de interiores, ou
seja, adequado, especialmente, para que você desfrute desses conhecimentos
em sua formação como profissional da área. Estamos juntos nesta jornada?
Na primeira unidade, iniciamos nossos estudos com as pedras naturais,
materiais que são conhecidos pelo ser humano desde sua existência e, talvez,
por este motivo são reconhecidos por nos conectar às nossas origens, e as
pedras artificiais.
Em seguida, estudaremos a Cerâmica e o Vidro, materiais essenciais que
nos surpreendem com suas características de adaptação e transformação. Logo
após, as Madeiras e as Fibras, materiais que se mostraram versáteis servindo
para diversos fins em nossas ambientações contemporâneas. Neste tópico,
adicionam-se os papéis de parede, elementos decorativos populares na Europa
e, hoje, apresentam-se em grande quantidade e variedade.
Posteriormente, aprenderemos sobre os Polímeros, materiais descobertos
recentemente, em relação aos anteriores, e que fazem parte da revolução atual da
tecnologia; nós os conhecemos, popularmente, como os plásticos e as borrachas.
Também veremos os metais que foram o destaque do Movimento Moder-
nista, utilizados em diversos produtos desenvolvidos pela Bauhaus e, ainda
hoje, chamam atenção no nosso dia a dia.
Por último, apresentaremos as tintas, os esmaltes, os vernizes, as lacas e
as resinas, em suas diversidades de cores e tipos, materiais populares e que
possuem, como veremos, mais funções do que a da estética. Estudaremos, tam-
bém, alguns materiais que advêm dos animais e a sua relação com o mercado.
Em todas as unidades serão abordados os conteúdos sobre a história desses
materiais, suas definições, suas classificações e suas aplicabilidades.
Finalmente, caro(a) aluno(a), convido você para iniciar esta caminhada. Seja
bem-vindo(a)!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS METAIS E POLÍMEROS
14 Agregados, Aglomerantes e Misturas 137 Metais
24 Pedras Naturais 144 Polímeros
32 Pedras Artificiais 148 Acrílico (PMMA)
36 Sustentabilidade 152 Sustentabilidade
48 Referências 162 Referências
50 Gabarito 165 Gabarito

UNIDADE II UNIDADE V
VIDRO E CERÂMICA RESINAS E OUTROS MATERIAIS
56 Vidro 171 Tintas
66 Cerâmica 180 Produtos Animais
76 Sustentabilidade 182 Outros Materiais
85 Referências 186 Sustentabilidade
87 Gabarito 196 Referências
198 Gabarito
UNIDADE III 198 Conclusão Geral
MADEIRAS E FIBRAS
92 Madeira
107 Bambu
110 Fibras (Têxteis e Papéis)
118 Sustentabilidade
128 Referências
130 Gabarito
PEDRAS NATURAIS E
ARTIFICIAIS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Agregados, aglomerantes e misturas
• Pedras naturais
• Pedras artificiais
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o uso dos agregados e aglomerantes, entender o que estes elementos
compõem, onde estão aplicados e sua importância dentro do sistema da
construção.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras naturais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras artificiais.
• Apresentar como esses materiais se comportam em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade

I
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do nosso li-
vro! Nesta unidade, estudaremos as pedras e as diversas formas e
funções que esta matéria-prima apresenta na área da construção
civil e, portanto, no design de interiores. As pedras estão presentes
na ambientação desde sua parte estrutural, e não estamos falando apenas das
estruturas antigas, em que existiam as paredes de pedras. Falamos das edificações
modernas com os seus novos materiais e paredes leves (ou montantes leves). É
que todas essas tecnologias novas apresentam, em sua constituição, o uso dos
minerais que compõem as pedras naturais e também as artificiais.
Para compreender a importância desses elementos, iniciamos conhecendo
os aglomerantes, os aglomerados e as suas misturas. Esses materiais possuem
diversas funções, e entre as mais conhecidas está a de colar as estruturas, reves-
timentos ou acabamentos. Entretanto, a partir destas funcionalidades iniciais,
esses materiais adquirem novas possibilidades e, além de preparar as estruturas
para receber seus acabamentos, podem, às vezes, tornarem-se o próprio acaba-
mento, como é o caso do concreto aparente e do cimento queimado.
Veremos também, na segunda e terceira partes da unidade, as pedras natu-
rais e as pedras artificiais, o que são, como são aplicadas nos ambientes e quais
as relações entre elas. As pedras artificiais aparecem nas ambientações com
muito destaque e são assim denominadas pela similaridade do seu uso e tam-
bém da sua estética. Na quarta parte, estudaremos a sustentabilidade e como os
materiais vistos anteriormente são compreendidos quando relacionados a essa
questão. Ótimo estudo!


Agregados, Aglomerantes
e Misturas
Quando entramos em um ambiente que nos fascina pela sua nalidade produzir as argamassas e o concreto (que são
beleza, pelo seu conforto e sua funcionalidade, reparamos as misturas). Estas misturas, por sua vez, são utilizadas
em cada detalhe, desde as cores das tintas ou o desenho dos na estrutura da construção. Suas aplicações vão desde
papéis de parede até as cortinas e os estofados e, também, no revestimentos de piso, parede e teto, argamassas para as-
piso e nos materiais dos mobiliários. Contudo, dificilmente, sentar os azulejos e as placas cerâmicas, e podem até fazer
pensamos nos elementos que asseguram a existência de to- diferentes tipos de reparos. Sua aplicação estende-se até
dos esses acabamentos, aqueles que estão longe de nossa vi- as fundações e canalizações, e estas são apenas algumas,
são, mas que, mesmo assim, são fundamentais para a correta entre muitas outras, aplicações que esses elementos, pos-
ambientação de um espaço. Alguns desses elementos são os suem.Essas misturas, formadas por esses dois elementos,
que chamamos de agregados e aglomerantes. denominados agregados e aglomerantes, possuem origem
De acordo com Ambrozewicz (2012), esses materiais natural, e seus componentes são os minerais que existem
– os agregados e os aglomerantes – juntos, têm como fi- em nossos solos, como a argila e a areia.

14
DESIGN

SAIBA MAIS SAIBA MAIS

A partícula mineral do solo varia em tamanho, A argila expandida também é utilizada no pai-
desde a argila microscópica às rochas de mui- sagismo em pequenos vasos e bonsais. Serve
tos metros. Os fragmentos com mais de 75 como material que drena a água e absorve os
mm de diâmetro são denominados pedras. nutrientes bem como o cascalho.

Fonte: Troeh e Thompson (2007, p. 18). Fonte: adaptado de Cinexpan ([2019], on-line)1.

• A cal é utilizada para diversas aplicações, por


OS AGREGADOS exemplo, na produção de argamassas para assen-
tamento de revestimentos e produção de tijolos.
Materiais que podem ser de origem natural, como a areia • O Cimento Portland possui este nome porque
ou, ainda, como nos informa o estudioso Ambrozewicz foi inventado na Inglaterra, na mesma época em
(2012), o cascalho – conhecido também como pedre- que era modismo utilizar em construções pe-
gulho – e a brita são extraídos de jazidas e/ou minas e dras de cores acinzentadas vindas de uma ilha de
sofrem outros processos até sua aplicação na construção Portland, logo, pela característica de semelhança
de cores, o construtor/inventor nomeou o mate-
civil. No entanto os agregados podem ser materiais arti-
rial de Portland. Sua definição é “[...] um pó bem
ficiais, como a argila expandida ou o concreto reciclado
fino com propriedades aglomerantes, que endu-
de demolições. Ainda, em relação às suas classificações, rece sob a ação da água. Depois de endurecido,
podem ser leves, normais ou pesados e, sobre suas me- permanece estável, mesmo que submetido à ação
didas, o autor nos informa que podem ser classificados da água” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 76).
como miúdos ou graúdos. Explicando de forma simplis-
ta, a finalidade do agregado, quando parte da mistura do
concreto e da argamassa, é dar-lhes resistência.

OS AGLOMERANTES

Ambrozewicz (2012) informa-nos que os aglomerantes


são materiais que, misturados à água, formam pastas e,
portanto, fazem a integração com os agregados, sejam
miúdos ou graúdos, transformando-se, como dito ante-
riormente, em argamassas e concreto. Os exemplos que
o estudioso cita de aglomerantes são: cal, gesso, cimento
Portland e outros materiais chamados betuminosos. A
seguir, suas definições:

15


• Os aglomerantes betuminosos são aqueles


SAIBA MAIS
que possuem partes orgânicas em sua com-
posição. Podem se originar na natureza, ou
são desenvolvidos pela indústria. Nós reco- Também existe o Cimento Portland Branco não
nhecemos alguns deles: o asfalto (origina-se Estrutural, e seu uso é voltado apenas para
do petróleo) e o piche (obtido de asfalto). É assentamentos e desenvolvimentos de pro-
interessante saber que o ser humano usa, des- dutos como ladrilhos hidráulicos, entre outros.
de a antiguidade esses materiais. Conforme Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012).
afirma Ambrozewicz (2012), temos exemplos
na Mesopotâmia, no Egito (presentes na mu-
mificação), e têm-se referências desses mate-
riais até na Bíblia, quando se trata da Arca de SAIBA MAIS
Noé. Em épocas menos remotas, as aplicações
de betumes datam do século XVIII.
O piso de Cimento queimado consiste na
• O gesso é um dos aglomerantes que nós conhe- “aplicação de cimento seco na forma de pol-
cemos um pouco mais, pois o vemos, quase que vilhamento sobre a superfície [...] do concreto”
diariamente e, desde algum tempo, na casa de (RECENA, 2014, p. 85). Este é um procedimento
nossos avós ou familiares, se não em nossa pró- que pode ser feito na obra, o que acaba tornan-
do um produto econômico em sua instalação.
pria residência. Presente nos detalhes dos forros
(quando não é o próprio forro), aplicados como Fonte: adaptado de Recena (2014).
sancas e molduras diversas até os adornos mais
clássicos, como os florões. Atualmente, esse ma-
terial é um ótimo aliado dos designers de inte-
riores, utilizado com frequência em nossos pro- SAIBA MAIS
jetos. Os motivos que nos levam a gostar tanto
do gesso são as suas características principais,
conforme apresenta Ambrozewicz (2012): são Placas de gesso com conteúdo reciclado aju-
resistentes, são isolantes térmicos e acústicos, dam a diminuir os resíduos de gesso acarto-
nado nos aterros.
apresentam resistência ao fogo considerável,
são moldáveis e, como o gesso é leve, também Fonte: Moxon (2012, p. 103).
são leves as suas estruturas finais.

Figura 2 - Cimento Portland Cinza

16
DESIGN

Figura 3 - Ornamento de gesso, espátula, o perfil de estanho, drywall em um fundo branco

dem vir a sofrer com umidade, mas de forma li-


Por todos os dados anteriores, os profissionais selecionam
mitada em quantidade pequena.
o gesso para solucionar diversos problemas de acordo com
3. Resistentes ao fogo RF – para áreas secas com
as necessidades do projeto. Podemos citar como exemplo: necessidade de resistência ao fogo.
divisórias internas para ambientes, rebaixamento do pé
direito com o uso do forro de gesso, liberdade no desen- Estes três tipos de placas de gesso acartonado são indica-
volvimento de projetos de iluminação, criação de nichos, dos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas cuja
estantes e muito mais. Essas divisórias de gesso, hoje, são norma é denominada ABNT NBR 14715-1:2010.
denominadas cartonadas ou, ainda, pelo nome drywall,
“[...] possuem um núcleo de gesso coberto com papel ou SAIBA MAIS
outro material” (BINGGELI; CHING, 2013, p. 308).
Os novos estudos e a tecnologia ajudaram ainda Hoje, o gesso acartonado (painel rígido feito à
mais o avanço deste material em sistemas de placas, e base de gesso) é um material, extremamente,
podemos encontrar três tipos de placas de gesso carto- difundido para a construção de paredes inter-
nas leves e pode ser revestido de camadas
nado para a execução de paredes, forros e revestimentos finas de gesso (lisas ou texturizadas), papel de
que sejam internos e não estruturais. São elas: parede, painéis decorativos e tinta.
1. Standart ST – para áreas secas. Fonte: Farrelly e Brown (2014, p. 153).
2. Resistente à umidade RU – para áreas que po-

17


AS MISTURAS

Caro(a) aluno(a), no começo desta aula, entendemos que os agre-ga-


dos e aglomerantes, juntos, formam o que chamamos de misturas.
Estas misturas possuem diversas aplicações na construção civil e são
de extrema importância para nossa ambientação, pois são esses mate-
riais que preparam, fixam e asseguram a qualidade e a resistência dos
revestimentos de acabamento de nossas ambientações. Enfim, sua
correta aplicação resulta em materiais sem problemas de instalação
e de aparência satisfatória.
A argamassa é o material que liga, cola ou prende todos os ele-
mentos de uma construção. Quando bem realizada, é responsável por
evitar o desgaste de materiais de acabamentos, contribuindo para a
vida útil da peça de modo a cumprir com sua funções, inclusive, esté-
ticas. Deve ser levada em consideração no momento da especificação
dos produtos, uma vez que a escolha errada pode prejudicar o seu
projeto e, consequentemente, o usuário/cliente. De acordo com o es-
tudioso Azeredo (2000), podemos dividir as argamassas em diversos
tipos que se referem à função. A seguir, a classificação do autor:

Figura 4 - Argamassa

Scaneie o QRcode e saiba como preparar cimento e argamassa


18
DESIGN

Argamassa de junta Argamassa de aderência – chapisco

Argamassa de regularização Argamassa de acabamento

• Argamassa de junta: serve para unir os elementos construtivos, exemplo:


os blocos ou tijolos. Para a estrutura, atua como distribuidor das cargas que a
construção recebe.
• Argamassa de aderência – chapisco: serve para preparar uma superfície
mais lisa (que pode ser a parede, por exemplo) para receber outros materiais.
Essa argamassa é jogada, e seu formato adequado pode parecer bem inadequa-
do – quanto mais irregular, melhor. Deste jeito, podemos criar uma superfície
com aspereza necessária para que suporte os próximos materiais.
• Argamassa de regularização – emboço: serve como um impermeabilizan-
te da edificação, evita a água, a infiltração e a umidade. Seu aspecto aplica-
do já é mais regular e uniforme. Como afirma Azeredo (2000), atua como
alinhamento das paredes.
• Argamassa de acabamento – reboco: quando a superfície está pronta para
receber a pintura, o que vemos é o reboco, isto é, a aplicação de uma argamassa
de pequena espessura com teor de cal alto. Entretanto este reboco também
pode ser o próprio acabamento.

19


SAIBA MAIS

Argamassa de acabamento – Massa tipo travertino”


“[...] é também um reboco especial, seu acabamen-
to não requer o acabamento de pintura. Geral-
mente, essas massas são industrializadas [...] com
o reboco ainda bem molhado, comprime-se com
uma ‘boneca’ de estopa limpa ou mesmo de pano
seco, de maneira que deixe na superfície pequenos
sulcos típicos do mármore [...]”.

Fonte: Azeredo (2000, p. 76).

O concreto é a mistura de cimento (aglomerante), pedra,


areia (agregados) e água, além de, se necessário, possuir
outros componentes que chamamos de aditivos, os quais
melhoram suas características. Aliás, as características que
o concreto deve possuir são: resistência, durabilidade, boa
aparência e também deve ser um material econômico.
Esse material é fornecido em diversos tipos, como o con-
vencional, de alto desempenho, alta resistência, pesado,
leve, fluido etc. Ambrozewicz (2012) cita 17 tipos de con-
creto que, na maioria das suas aplicações, servem como
elemento estrutural. Entretanto existe, por exemplo, o
concreto colorido, usado para destacar fachadas, ou mes-
mo, na coloração das calçadas, “as vantagens são: elimina
a pintura e pode ser usado como marcador de áreas espe-
cíficas” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 125).

SAIBA MAIS

O concreto faz parte de um grupo de materiais


“[...] com alta capacidade térmica para gerar inércia
térmica. A inércia térmica armazena o calor ou o
frio e os transfere lentamente para o ambiente
mantendo sua temperatura interna, razoavel-
mente constante, reduzindo a necessidade de
aquecimento ou de resfriamento artificial”.

Fonte: Moxon (2012, p. 69).

20
DESIGN

VAMOS, AGORA, CONHECER ALGUMAS DAS APLICA-


ÇÕES DO CONCRETO EM DESIGN DE INTERIORES:

Como superfície de acabamento para o piso: de acordo com os autores Bing-


geli e Ching (2013), os acabamentos de concreto precisam estar bem nivelados e
lisos e podem receber coloração (corantes) para deixá-los mais atrativos, porém
devem possuir resistência a manchamentos. O concreto aceita, ainda, a adição de
outros agregados, como pedaços pequenos ou grandes de mármores, granitos e
outras rochas, técnica de revestimento reconhecidas como granitina e granilito,
afirma o estudioso Azeredo (2000). Sua vantagem é que pode ser encontrado
como peças ou, ainda, executado na própria obra e, o mais importante, evita a uti-
lização de outro material para o acabamento de piso. Ou seja, reduz a quantidade
de materiais na ambientação, sendo, assim, econômico.
Enfim, “[...] é um pavimento contínuo, apesar de ter juntas, o que não
significa que o pavimento não é contínuo. Chamamos de granilito ou rocha
artificial, devido à aparência que fica após sua execução - uma imitação do
granito” (AZEREDO, 2000, p. 108).

Bloco e placas de concreto para piso: de acordo com Abbud (2006), é muito
utilizado, em jardins e calçadas, o paver, definido pelo autor como “pequeno bloco
de concreto [...] dispensa contrapiso de concreto e seu assentamento é feito com
areia sobre terra compactada” (ABBUD, 2006, p. 140). O paver, em alguns projetos,
também aparece como bancos. Ainda para essas aplicações, existem placas de di-
versos tipos com acabamentos específicos a cada situação, alguns bem utilizados
Figura 5: Paver
em ambientes com piscina, como exemplo, alguns materiais da Castelatto.

Como revestimento de parede: atualmente, está se tornando comum usar as pare-


des de concreto, aparente, sem o revestimento final. Farrelly e Brown (2014) nos apre-
sentam também as placas de concreto para revestimento, a empresa Girli Concrete,
além de desenvolver esse material, apresenta, como inovação, a integração do concreto
com outros tipos de materiais, como o tecido. As autoras explicam, “[...] um de seus
produtos [...] integra as tecnologias têxteis à produção de materiais de construção
(como o concreto), para criar superfícies de edificação ‘macias’ e inovadoras” (FAR-
RELLY; BROWN, 2014, p. 46). E quanto mais a tecnologia evolui, mais produtos vão
surgindo, como o Litracon, concreto leve e translúcido. E, por fim, podemos encontrar
elementos vazados (paredes que possuem “buracos” em que se pode ver o outro lado)
coloridos ou não, mais conhecidos como Cobogós, desenvolvidos a partir do concreto.

21


SAIBA MAIS

De acordo com Abbud (2006), o concreto tam-


bém é a matéria-prima do ladrilho hidraúlico,
muito utilizado em nosso passado, normal-
mente, feito de forma artesanal a partir de um
molde de metal que é preenchido e estampado,
levado à prensa e, por fim, seco naturalmente
em local sombreado. Este tipo de material, hoje,
é amplamente difundido. Quando artesanais
possuem estampas diversas e coloridas, são
peças lindas e o centro de destaque de uma
ambientação pela sua estética.

Fonte: adaptado de Abbud (2006).

REFLITA

Aluno(a), uma das qualidades importantes do


concreto é que ele é moldável. Desta forma,
será possível, como designer de interiores,
desenvolver, dentro da necessidade do pro-
jeto, um mobiliário desse material?

22
DESIGN

23


Pedras Naturais

Quando os antigos obtiveram conhecimentos para o manuseio das pedras en-


contradas na natureza, eles iniciaram a sua aplicação em diversas áreas a partir
de suas necessidades vitais. Por isso, essas matérias-primas encontram-se no
grupo dos mais antigos elementos utilizados em nossos ambientes, seja como
parte estrutural das construções ou como revestimentos e peças decorativas.
As autoras Farrelly e Brown (2014) explicam-nos que todos os materiais
possuem propriedades sensoriais e subjetivas, as primeiras propriedades le-
vam em consideração os nossos sentidos, sendo os mais comuns o olfato, o
tato, o paladar, a visão e a audição. Esses sentidos reagem tanto ao nosso cor-
po físico quanto ao nosso estado emocional, e a relação que temos do mundo
e dos materiais está, diretamente, ligada à forma como vivenciamos as expe-
riências a partir de nossos sentidos.

24
DESIGN

O que isso significa quando falamos das pedras na- sas experiências de mundo, à nossa cultura, religião,
turais? Bom, o uso das pedras naturais como recursos tradição, comunidade, isto é, todos esses são elementos
estéticos na ambientação pode ser explicado, por exem- que influenciam como “compreendemos” os materiais.
plo, pela retomada do contato do homem com a nature- Para exemplificar, podemos dizer que o uso das pedras
za, estimulando-o pelo tato, audição e visão. Como isso naturais como revestimento de paredes internas e fa-
poderia acontecer? Observe o crescente uso das pedras chadas na sociedade brasileira possui um caráter luxu-
como revestimentos dentro de salas de banho. Tal conta- oso porque retoma o passado histórico brasileiro – a
to entre água e pedras pode nos relembrar as cachoeiras cidade de Ouro Preto, antiga Vila Velha, foi uma das
naturais, ou seja, uma questão sensorial do uso do mate- mais ricas cidades do Brasil, pela extração, obviamente,
rial na ambientação. de suas pedras naturais.
A sua utilização, entretanto, não é apenas relaciona-
da às questões dessas ordens. As qualidades funcionais
destes materiais são diversificadas e podem variar muito
de acordo com o tipo de pedra. Portanto, abordaremos,
agora, algumas informações técnicas.
Troeh e Thompson (2007) apresentam três tipos de
rochas (lembrando que as pedras são fragmentos de ro-
chas que possuem cerca de 75 mm de diâmetro), sendo
elas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas meta-
mórficas. As ígneas são formadas pelo esfriamento do
magma (massa pastosa que existe abaixo da superfície
da terra), sendo o granito uma rocha ígnea. Rochas se-
dimentares são formadas pelo endurecimento de diver-
sos materiais carregados pela água e vento. Um exemplo
desse tipo de rocha utilizado na ambientação é a pedra
São Tomé e o Travertino. Por fim, as rochas metamórfi-
cas são formadas pela transformação de outras rochas
quando estão sob muito calor e pressão, sendo o már-
more uma rocha que está nesta classificação. É impor-
tante retomar que essa classificação nos ajuda a entender
um pouco mais de suas qualidades, mas, ainda assim, os
diversos tipos de rochas possuem inúmeras característi-
cas, e ao desejar especificá-las em um projeto, é necessá-
rio e importante buscar suas características específicas.
Figura 6 - Ouro Preto
Vamos observar algumas características do grani-
Sobre as questões subjetivas, tal relação funciona quan- to, do mármore, do Travertino e da Pedra São Tomé, de
do conectamos a nossa percepção dos materiais às nos- acordo com as pesquisadoras Farrelly e Brown (2014):

25
 GRANITO

Granito: muito indicado para área molháveis, como cozinhas


e banheiros, para revestimento de piso e parede, também é utilizado
como bancadas por ser um material duro, resistente e muito sólido.
Mármore: material poroso, não indicado para áreas molha-
das. Por ser mais macio que o granito, não é apropriado para pa-
vimentações, no entanto sua especificação depende de um estudo
mais aprofundado, levando em consideração as necessidades do
ambiente e as propriedades da pedra para sua aplicação no pro-
MÁRMORE jeto. Já os autores Guerra et al. (2013) informam que são pedras
facilmente esculpidas e polidas.
Mármore Travertino: por possuir muitas reentrâncias, não é in-
dicado para ambientes como cozinha e ambientes que possuem um
nível alto de pó. Ultimamente, tanto o mármore quanto o Travertino
são materiais utilizados como painel decorativo aliado a jogos de luzes.
Pedra São Tomé: “corresponde a um quartzito encontrado nas
cores branca, amarela, rósea e verde, sendo utilizada em construções,
como piso, revestimento de paredes, alvenaria estrutural e até como
telha” (FERNANDES; GODOY; FERNANDES, 2003, p. 129).
TRAVERTINO As pedras naturais possuem muita qualidade, durabilidade
e beleza, existem em infinitas cores e texturas, e seu toque é, ge-
ralmente, de sensação fria. Além disso, algumas podem receber
tratamentos de acordo com as necessidades da aplicação, confor-
me nos apresenta a autora Ribeiro (2002). Temos o jateamento,
tratamento que consiste em deixar a peça fosca; há, também, o
apicoamento, este apresentando textura esburacada por martela-
mento; o flameamento, que torna as pedras antideslizantes e, por
final, o polimento, que consiste em deixá-las brilhantes.

PEDRA SÃO TOMÉ SAIBA MAIS

A pedra São Tomé recebeu este nome porque, no


Brasil, a sua principal extração fica na cidade de São
Tomé das Letras, estado de Minas Gerais.

Fonte: adaptado de Fernandes, Godoy e Fernandes (2003).

26
DESIGN

SAIBA MAIS

Uma pedra natural utilizada em grande escala no Brasil Colonial, especificamente em Ouro Pre-
to, antiga cidade de Vila Velha, no estado de Minas Gerais, é a conhecida pedra sabão. Sua apli-
cação decorativa em interiores se deu como acabamento ornamentado de paredes, colunas e
outros, transformando a ambientação com esculturas. Por ser uma pedra macia, pode ser escul-
pida e, assim, tornou-se o material de destaque das obras de Aleijadinho, artista que represen-
tou o estilo Barroco, no Brasil, e está presente em grande parte das igrejas da cidade e sua região.
É também de pedra sabão a maior obra a céu aberto do artista Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho,
em Congonhas, ainda no estado de Minas Gerais, onde estão em exposição os 12 profetas.

Fonte: adaptado de Congonhas (2011, on-line)2.

Figura 8 - Santuário do Bom Jesus do Matosinho, em Congonhas-MG

27


Figura 9 - Obra de Aleijadinho

gurança da obra, porque as pedras, dependendo da forma


PEDRAS NATURAIS PARA REVESTIMEN- escolhida para aplicação, podem resultar em peças muito
TO DE PAREDES pesadas. Portanto, todo cuidado na escolha da argamas-
sa é relevante para evitar as quedas de peças durante ou
Aplicadas nas paredes, possuem diversos modos, tais depois de sua instalação. Ainda em relação ao seu peso,
como irregular ou regular, em formatos grandes, médios é necessário verificar a questão estrutural da edificação
e pequenos, no tipo canjiquinha (filetada), ou ainda, tijo- com um profissional responsável (geralmente, os desen-
linho. Os mármores e granitos são, normalmente, aplica- volvedores do edifício ou da construção), porque o peso
dos como placas. Na instalação, deve-se limpar as pedras extra pode afetar a estrutura. Quando aplicadas em am-
poucas horas após seu assentamento para evitar os man- bientes internos, deve-se levar em consideração os espa-
chamentos pela argamassa. O uso de produtos químicos ços dos interruptores, das tomadas, do quadro de energia
fortes também machuca a pedra e deve ser evitado. É e outros mais para que não se apresentem problemas, tais
importante verificar o uso de argamassas especiais, que como interruptores profundos demais ou sem fixação
secam rápido e/ou para revestimentos pesados, pela se- devido à espessura da pedra.

28
DESIGN

Observe que existem muitos tipos de pedras. É im-


portante ressaltar a necessidade de buscar quais são
os tipos de rochas de determinados locais e regiões e
quais as pedras que possuem maior abundância para
especificar, em seu projeto, materiais da economia e
cultura local, tendo em vista a responsabilidade am-
biental. Aqui, deixo algumas opções bem utilizadas em
ambientações pelos designers de interiores: mármore,
granito, ardósia, travertino, pedra São Tomé, lagoa san-
Figura 10 - Pedra polida assentada em placas na lareira
ta, seixos, pedra madeira, Miracema, pedra goiás, pedra
de ferro ou vulcânica etc.

PEDRAS NATURAIS PARA PAVIMENTAÇÃO

“Desde a antiguidade, o homem percebeu que as ro-


chas eram materiais duráveis e atraentes para construir
e revestir pisos, caminhos, ruas e calçadas” (ABBUD,
2006, p. 130). Aplicadas nos pisos, também apresentam
diversidade de formatos e cores. Mármores e granitos
quase sempre estão cortados em placas. Azeredo (2000)
informa que, em se tratando de mármore, é necessário
observar incrustações, ou seja, outros materiais acopla-
dos em seu “corpo”, pois diminuem a qualidade desse
e podem originar trincas ou quebras. Outros tipos de
Figura 11 - Filetada
pedras possuem diversas formas e podem ser instala-
das como quebra-cabeças, possuindo, em seu resultado,
normalmente, uma estética rústica.
A instalação, conforme afirma Abbud (2006), evo-
luiu durante a história humana. É muito provável que
as pedras, inicialmente, fossem aplicadas soltas, então,
veio o conhecimento sobre as argamassas e, na atuali-
dade, existem bases plásticas ou de metais que fixam
as pedras sem a necessidade das argamassadas, sendo
apenas por encaixe.

29

Figura 12 - Seixos


SAIBA MAIS

Figura 13 - Petit pavé em pavimento - Calçada de Copacabana, Rio de Janeiro


Quando aplicado na parede em assenta-
mento irregular, o petit pavé pode receber
Existe, ainda, a pedra portuguesa, conhecida também uma iluminação direcionada e transformar
a ambientação com um efeito dramático e
como petit pavé, muito utilizada em calçamentos.
único de luzes e sombreamentos, servindo
Conforme explica Azeredo (2000), essas pedras são até como ponto de destaque do espaço. Esse
quebradas em tamanhos menores, de cinco centíme- efeito também pode ser aplicado em outros
tipos de pedras, e fica melhor quando elas
tros, às vezes, oito centímetros, podendo ser encon-
possuem reentrâncias para que existam as
tradas nas cores vermelha, branca, marrom, preta, sombras, isto é, em acabamentos rústicos.
creme, cinza e rosa. Com elas podem ser executados
desenhos diversos, como exemplo, temos as calçadas Fonte: a autora.

de Copacabana, no Rio de Janeiro.

30
DESIGN

SAIBA MAIS

A normativa da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) que trata das rochas para reves-
timentos de edificações é a NBR 15012. De acordo com a matéria do site oficial da Associação, esta
norma apresenta e define os termos geológicos das rochas, destaca alguns de seus tipos petográficos,
compreendidos como os principais, além de suas texturas e estruturação.

Fonte: adaptado de ABNT ( 2013, on-line)3.

REFLITA

Algumas pedras, como o mármore, possuem “veios” ou “estampas naturais”. Ao mesmo tempo em que
podem nos limitar na criação, podem servir para transformar certos elementos e diferenciar o projeto
de modos audaciosos.

31


Pedras Artificiais

Aluno(a), nas páginas anteriores, estudamos as ro- tecnológica, a sociedade conseguiu desenvolver, a
chas, aquelas que são utilizadas pela construção civil partir do manuseio dos elementos minerais encon-
e aplicadas como revestimentos de paredes, pisos e trados nas rochas naturais, materiais que nomeou de
como mobiliários. Elas podem ser rústicas (em estado pedras artificiais.
natural) ou tratadas para que, por exemplo, apresen- Assim como existe grande diversidade de tipos e
tem-se polidas, isto é, com o aspecto brilhante. Essas classificações de pedras naturais, também existe varie-
rochas e pedras são extraídas da natureza, portanto dade de pedras artificiais. Veremos, a seguir, algumas
são denominadas pedras naturais. Com a evolução dessas novas opções.

32
DESIGN

PÓ DE MÁRMORE E VIDRO RESINA ACRÍLICA E ALUMINA

O pesquisador Lima (2010), em sua dissertação de Também podemos encontrar, no mercado atual, um produto
mestrado, apresenta-nos o material denominado mar- de grande qualidade, beleza e resistência. Conforme dados da
moglass, desenvolvido industrialmente a partir do mi- empresa desenvolvedora, esse material é composto de resina
neral sílica. O resultado é de qualidade superior, com acrílica e minerais, sendo o mineral TriHidrato de Alumina
dureza única e resistência, principalmente à abrasão, (ATH) o principal em sua composição. Tal material é conhe-
maior que o granito. cido no mercado como Corian. De acordo com os dados co-
Desta forma, o marmoglass pode ser utilizado para merciais, ele não é poroso, é maciço e maleável porque é ter-
revestimento de paredes externas e internas, pavimen- momodável, isto é, torna-se modável quando exposto a altas
tação interna, bancadas, tampos de mesas, soleiras, ro- temperaturas, aceita reparações e pode até ser reaproveitado
dapés, entre outros. após seu descarte. Apesar de artificial, não é tóxico, e recebeu
o certificado Green Guard Indoor Air Quality.

SAIBA MAIS

“Produtos que não prejudicam a qualidade


do ar interno são certificados pelos selos da
GreenGuard” (MOXON, 2012, p. 101). Essa
organização faz parte de um grupo de ins-
tituições que tem como objetivo avaliar os
materiais, bem como produtos e ambientes
que não agridam o meio ambiente.

Fonte: adaptado de Moxon (2012).

SAIBA MAIS

A resistência à abrasão representa a resistên-


cia ao desgaste de superfície, causado pelo
movimento de pessoas e objetos. A sujeira
trazida nos sapatos acelera o desgaste nas
vias preferenciais de circulação.

Fonte: Ambrozewicz (2012, p. 341).

33


Em relação às suas propriedades e resistências, deve-se


ressaltar a resistência aos agentes químicos apontados
pelas informações comerciais: o material possui ótima
resistência a produtos como álcool, acetona, café, batom,
gasolina, óleo de cozinha, suco de limão e vinho. Portan-
to, é indicado para todos os ambientes internos residen-
ciais, comerciais e até hospitalares, e também é indicado
seu uso em fachadas.

SUPERFÍCIES COM MINERAL QUARTZO

Estes materiais são conhecidos no mercado por diversos


nomes, como silestone, caesarstone, dekton, entre ou-
Figura 15 - Silestone
tros. Possuem em sua composição, de acordo com os da- Fonte: Mundo das Pedras ([2018] on-line)4.
dos comerciais, cerca de 90% do mineral quartzo asso-
ciado a outros elementos diversos (que os diferenciam), SUPERFÍCIES CRISTALIZADAS DE VIDRO
materiais cerâmicos, vidros ou materiais existentes pelo COM NANOTECNOLOGIA
manuseio do petróleo.
Essas superfícies são oferecidas em diversas cores. Marghussian (2015) explica que a nanotecnologia con-
As cores de destaque em uso nas ambientações pos- siste em manusear os átomos e as moléculas dos mate-
suem brilho e são chamadas, por exemplo, de “branco riais. Essa tecnologia possibilitou o desenvolvimento de
diamante” ou “preto estrelar”. Possuem texturas que vão novos materiais, como o que conhecemos como nano-
do liso ao áspero. glass. Ou seja, a partir da manipulação nuclear do vidro
As características mais relevantes encontradas no e das cerâmicas, aliada a um procedimento controlado
meio comercial sobre esses materiais são referentes à em alta temperatura, é possível obter como resultado
proteção contra bactérias (evitando sua propagação). um material durável, que pode ser, ou não, transparen-
Possuem alto nível de resistência a impactos (não são te. As informações comerciais do material revelam sua
facilmente quebrados ou trincados) e boa resistência a aplicação em revestimento de parede e piso, desenvolvi-
líquidos, como vinho e café. A maioria destes materiais é mento de bancadas e lavatórios de banheiro, assim como
indicada pelas empresas desenvolvedoras para ambien- bancadas de cozinhas. Sobre suas propriedades técnicas,
tes externos e internos, molhados e molháveis, como re- as empresas desenvolvedoras apresentam que, na Escala
vestimentos de piso e parede e de mobiliários. Mohs, o nanoglass atinge o número cinco.

34
DESIGN

SAIBA MAIS

A “Escala de Mohs” foi criada por Friedrich Mohs (1773-1839). Ele organizou dez minerais por ordem de
dureza, sendo o número um utilizado para o mais mole, e dez, para o mais duro.

Fonte: Millidge (1998, p. 15).

Figura 16 - Nanoglass
Fonte: Alicante ([2019], on-line)5.

CIMENTO COM GRANITO OU MÁRMORE

A mistura de agregados e aglomerantes, descrita no iní-


cio da unidade, também pode ser considerada uma pedra
artificial, conforme descreve Azeredo (2000). O granilito
é a mistura de cimento branco e pedaços de granito ou
mármore (marmorite) e pode receber, também, a adição
de corantes e ser aplicado como revestimento de parede
e de piso. Ao final do processo de instalação, o material
deve receber um polimento para deixar seu acabamento
com aspecto brilhante. O material, normalmente, é de-
senvolvido na obra, mas já existem algumas empresas
desenvolvendo-o em placas.

35


Sustentabilidade

A sustentabilidade consiste no repensar todo o processo industrial de forma que esse


se torne menos nocivo para o meio ambiente e os seres vivos. De acordo com Moxon
(2012), esse repensar deve existir desde o momento inicial do processo industrial, por
exemplo, da extração ou captação da matéria-prima, até o final deste processo, que
é o descarte do material/produto produzido, passando por etapas como transporte,
armazenagem, aplicação, vida útil, manutenção etc.
A sustentabilidade também considera as questões de ordem econômica e social,
preocupa-se com as relações entre as comunidades e a indústria. Ou seja, essa em-
presa está respeitando o ser humano que a sustenta, está valorizando suas culturas e
tradições e seu meio ambiente?

36
DESIGN

Sustentabilidade é suprir as necessidades atuais sem


comprometer a capacidade das futuras gerações O autor ainda afirma que esses materiais, quando es-
suprirem as suas necessidades, segundo a omissão cassos, geram conflitos entre os homens, aumentando a
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento preocupação pela segurança mundial. Além disso, ao ex-
das Nações Unidas (MOXON, 2012, p. 14). traírem as rochas por escavações, os homens produzem
enorme alteração no meio ambiente local, uma “cicatriz”,
Qual é a importância do(a) designer de interiores que como o pesquisador nos informa, que afeta os animais e
trabalha no âmbito da construção civil, a qual, aliás, é até o homem da região.
uma das áreas que mais agridem o meio ambiente? De Também é preciso pensar na questão social, pois
acordo com o autor Siân Moxon (2012), somos profis- o trabalho com a extração de rochas é perigoso ao ser
sionais envolvidos completamente com a sustentabili- humano, sendo assim, é muito importante repensar sua
dade. Por quê? São os designers de interiores que, em aplicação ou seu descarte em um projeto de interiores.
seus projetos, definem o que será reutilizado e o que Moxon (2012) continua nos alertando sobre o uso
será descarte, que especificam os novos materiais para das pedras naturais, apresentando os seguintes dados:
os ambientes, tanto os novos quanto aqueles que serão as rochas, além de extraídas, devem ser carregadas à
reformados. São esses os profissionais que vão acom- fábrica, onde se transformarão em placas que, por sua
panhar a obra e observar se a separação e a destina- vez, serão novamente transportadas até a obra, onde
ção dos materiais de descarte são feitos corretamente ocorrerá sua instalação (pensando ainda em um proje-
e se não há desperdício de materiais. O(a) designer de to de uso simples, caso haja necessidade, ainda é possí-
interiores deve compreender e atuar com a postura de vel a peça passar por mais processos – por exemplo, o
responsabilidade socioambiental. manuseio da placa por um artesão antes da entrega na
O assunto desta primeira unidade de estudo se des- obra). Após a instalação, o material demandará manu-
tinou a tratar das pedras, sendo elas naturais e artificiais, tenção e limpeza. Finalmente, para seu descarte ou re-
com as funções de revestimento e acabamento, e tam- ciclagem, ainda será transportada. Isso significa que o
bém aquelas que servem como instrumento de assen- processo “gasta” muito combustível, contribuindo para
tamento, reboco e emboço e até falamos sobre aquelas os problemas de emissão de carbono na atmosfera –
que fazem parte da estrutura da edificação em si, como o mais um ponto negativo.
concreto. Pensando nisso, como esses materiais são ana-
lisados pela visão da sustentabilidade?
O primeiro fato que Moxon (2012) aponta em seus
estudos é que as pedras naturais são matérias-primas fi-
nitas, porque demoram muito para serem desenvolvidas
pela natureza – questão de milênios. Portanto, estamos
utilizando produtos que, no futuro, não existirão.

37


Existem, porém, pontos positivos. Se confrontarmos SAIBA MAIS


o processamento das pedras naturais e das artificiais,
observaremos que aquelas possuem menor energia [...] esse material (o gesso) tem baixa energia
incorporada, que é o uso em excesso de energia para incorporada e pode contribuir com o isola-
sua fabricação, alteração ou transformação. Entretan- -mento térmico, mas é responsável por um
desperdício significativo, tanto durante a ins-
to, este ponto funciona apenas se considerarmos o uso talação quando ao final de sua vida útil, e
de pedras que não precisem de importação, ou seja, a contém sulfatos poluentes. Placas de gesso
melhor opção é utilizar produtos regionais, evitando com conteúdo reciclado ajudam a diminuir
os resíduos de gesso acartonado nos aterros.
maior gasto de transporte.
Outro ponto positivo para as pedras naturais é que Fonte: Moxon (2012, p. 103).

elas são de alta qualidade. Quando aplicadas de forma


correta, são altamente duráveis e recicláveis. Enfim,
após todas estas explicações, Moxon (2012) afirma que REFLITA
as pedras naturais, quando locais, podem ser conside-
radas sustentáveis. Se é verdade que as ameaças ambientais mais
Ao tratar, especificamente, do concreto, o autor graves advêm do consumismo indiscriminado
anteriormente citado nos informa que é um material de matérias-primas e do acúmulo de materiais
não degradáveis descartados como lixo, então,
com inércia térmica. Ou seja, quando utilizado cor- aperfeiçoamento de sistemas de reciclagem
retamente, ajuda a manter a temperatura ambiente e de reaproveitamento deve se tornar uma
de um local interno sempre constante e evita a ne- prioridade para o design em nível industrial.

cessidade do uso de ar-condicionado ou de aquece- (Rafael Cardoso)


dores, constantemente, diminuindo, assim, o gasto de
energia da construção. Como piso, pode-se destacar,
como outra qualidade do concreto,o fato de ele evitar
o gasto com outro material de revestimento.
Moxon (2012) retoma que o concreto vem da ma-
téria-prima finita, e que a extração de seus componen-
tes pode causar muito impacto na natureza. Contudo
existem vários estudos desenvolvendo materiais que re-
ciclam produtos descartados, inclusive, para serem adi-
cionados à composição do concreto, como os plásticos.

38
DESIGN

Figura 17 - O uso de concreto como revestimento diminui o consumo de mais materiais para a obra

39
considerações finais considerações finais

Nesta unidade, aluno(a), você iniciou seus estudos acerca dos materiais e pôde observar
como este é um assunto rico, complexo e, ao mesmo tempo, instigante. Os estudos
acerca dos materiais no design de interiores sempre estarão relacionados à estética, à
técnica e às tecnologias. Da mesma forma, também possuirão relação com a sociedade
nos seus aspectos sociais, econômicos e subjetivos.
O estudo das rochas, das pedras e dos minerais já nos antecipou algo muito frequente
em todas as próximas unidades; agora, você sabe que os materiais possuem diversida-
de, variedade e que cada um deles possui sua própria beleza, mas também possuem
significado para sociedade. Você viu algumas propriedades físicas das pedras, porém
também pôde compreender como refletir acerca da aplicabilidade delas por meio de
nossos estudos de caso.
Você viu também que a tecnologia e a evolução do saber científico do ser humano
nos proporcionam materiais artificiais semelhantes às pedras naturais, na aparência
(em alguns casos), na qualidade e resistência. Por fim, assim como as pedras naturais,
estes materiais tecnológicos também possuem imensa variedade.
Na ordem da sustentabilidade, você pôde observar a “indústria” das rochas que são
utilizadas como ferramentas de estrutura, revestimento e acabamento, e qual o im-
pacto desse comércio no meio ambiente, analisando o processo desde sua extração,
seu transporte, seu processamento, sua instalação e seu descarte até a sua reciclagem.
E, ainda, sobre as ditas pedras sintéticas e/ou artificiais, qual é o verdadeiro sentido
delas em relação ao que se entende por sustentabilidade.
Enfim, você compreendeu os pontos positivos e negativos de toda a situação que en-
volve a questão do uso das rochas decorativas ou, caso prefira, das pedras naturais e
das pedras artificiais na prática do design de interiores, e poderá especificar de forma
consciente o material estudado.

40 40
atividades de estudo

1. Os agregados e aglomerantes, quando mistu- (roda-meio, molduras, roda-tetos). Sobre esse


rados, transformam-se em materiais, como o material, leia as afirmativas a seguir:
cimento e o concreto. Estes, por sua vez, pos- I. O gesso é um agregado que necessita ser mis-
suem diversas finalidades, dentre elas, servir turado com algum aglomerante para que pos-
como preparação de uma superfície para re- sa ser utilizado na construção civil.
ceber um acabamento e, ainda, para a fixação
II. O gesso é um aglomerante e possui como
desse, podendo ser, também, até o próprio
uma de suas maiores qualidades a leveza.
acabamento. Neste contexto, assinale a alter-
nativa correta. III. Quando o gesso é utilizado como montante
a. Os aglomerantes são os pedregulhos, e os agre- leve ou parede divisória, possui, em sua com-
gados são as argamassas, o cimento e o concreto. posição, papel ou outros materiais.

b. Os aglomerantes são as pedras naturais que, IV. A tecnologia desenvolveu diversos tipos de pla-
em placas, servem de revestimento de parede cas de gesso cartonado, que são especificadas
ou piso e, a partir delas, os designers podem de acordo com suas funcionalidades: áreas se-
desenvolver até mobiliários. cas, resistentes à umidade e resistentes ao fogo.

c. As misturas são pastas de concreto artificiais Assinale a alternativa correta:


desenvolvidas na obra e se transformam em a. Apenas I e II estão corretas.
cimento queimado.
b. Apenas II e III estão corretas.
d. Os agregados são as pedras naturais e in-
c. Apenas I está correta.
dustrializadas, como a argila expandida, que,
misturadas aos aglomerantes e à água, trans- d. Apenas II, III e IV estão corretas.
formam-se nas misturas, possuindo diversas
e. I, II, III e IV estão corretas.
funcionalidades na construção civil.
3. Em relação às pedras naturais, sabemos que
e. Os agregados são pedras que, no final do pro-
possuem diversas propriedades: as funcionais
jeto, fazem a diferença por conseguirem exibir
e técnicas, as econômicas e subjetivas. Sobre
uma estética muito atraente. Já os aglomeran-
tal assunto, leia as asserções a seguir:
tes são apenas produtos que se inserem nos
materiais de liga das paredes. a. Os mármores podem possuir um valor sub-
jetivo de riqueza e nobreza em determinadas
2. O gesso está presente em nossas ambienta- sociedades, e são as pedras naturais que po-
ções, seja como reboco de gesso, forro, pare- dem ser aplicadas como revestimentos de pa-
des de gesso (muitas vezes, denominadas mon- rede, piso e teto, principalmente, porque são
tante leve), ou seja, como decorativos diversos duras e impermeáveis.

41
atividades de estudo

ENTRETANTO ( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode


também formar um revestimento conhecido como
b. As pedras conhecidas como travertinos são
pedra artificial, ou ainda,marmorite ou granilite.
materiais ainda mais resistentes ao sofrerem
a ação do impacto dos pés ou de móveis cain- ( ) O material composto de resina acrílica e alumi-
do, sendo indicadas para ambientes molha- na possui certificação de qualidade do ar emitido
dos, mas possuem um aspecto rústico que pela instituição ABNT.
pouco agrada, esteticamente.
( ) Os materiais conhecidos como superfícies de
Assinale a alternativa correta. quartzo evitam a proliferação de fungos e micro-
plantas.
a. As asserções A e B são proposições verdadeiras,
mas a B não é uma justificativa correta da A. ( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode
também formar um revestimento conhecido
b. As asserções A e B são proposições verdadei-
como argila expandida, ou ainda, aglomerado ou
-ras, e a B é uma justificativa correta da A.
aglomerante.
c. A asserção A é uma proposição verdadeira, e
Assinale a alternativa correta.
a B é uma proposição falsa.
a. V, V, V, V, V, V.
d. A asserção A é uma proposição falsa, e a B é
uma proposição verdadeira b. F, F, F, F, F, F.
e. As asserções A e B são proposições falsas. c. F, V, F, F, F, V.

4. Acerca dos materiais estudados, assinale Ver- d. V, V, V, F, V, F.


dadeiro (V) ou Falso (F): e. V, V, V, F, F, F.
( ) O material composto de resina acrílica e alumi-
5. Após a leitura do tópico que trata da sustenta-
na possui certificação de qualidade do ar emitido
bilidade, reflita e defina como o(a) profissional
pela instituição Green Guard.
de design de interiores deve analisar a especi-
( ) Os materiais conhecidos como superfícies de ficação de pedras naturais e artificiais em seu
quartzo evitam a proliferação de bactérias. projeto.

42
LEITURA
COMPLEMENTAR

DESIGN DE PRODUTOS COM ROCHAS: PARADORES DE PORTA, CASTIÇAIS, BANDEJAS E


MUITO MAIS
O design de rochas teve início com empresas italianas nos anos 60. Desde então, no-
vas tecnologias, como o CNC e o jato d’água, abrem portas para uma produção em
escala mais barata. Nos últimos cinco anos, vários países realizaram investimentos sig-
nificativos para conquistar mercado, incentivar profissionais a atuar na área e ampliar
as vendas de materiais/tecnologias que favorecem o design de rochas. A Turquia, por
exemplo, investiu muito dinheiro para atrair os estudantes e os profissionais de design
a trabalharem com os mármores e os travertinos do país. Na China, a empresa UMGG
começou a organizar concursos de design. O WorldStone Congress, durante a Feira
Xiamen, tem a “Tarde do Design”.
O design de produtos com utilização de rochas naturais cria objetos de uso cotidiano
feitos de mármore, granito etc. O princípio básico de tais criações é demonstrado na
Foto 1: as nadadeiras de tubarão feitas em mármore Carrara não são meros objetos de
decoração – são aparadores de porta. O designer James Irvine criou as peças produzidas
pela empresa italiana Marsotto Edizioni. A inspiração para este design é fácil de entender:
aparadores de porta precisam ser pesados, portanto, rocha é o material apropriado para
tal utilização. Outro exemplo é o aparador de Raffaele Familar (Foto 2): o objeto tem até
uma alça que facilita o seu manuseio e a utilização do mármore e da madeira em sua
composição dão a ele um aspecto de valor e nobreza. Portanto, vemos que as rochas po-
dem ser utilizadas onde o peso é requerido. Neste caso, uma quantidade infinita de obje-
tos é possível: pés de abajures (Foto 3), suportes para laptops ou castiçais, entre outros.
Ao desenvolver um design de produto utilizando rochas, o designer deve se perguntar:
o que a rocha possibilita? E, com isso, ele, automaticamente, coloca a pergunta: o que
a rocha não possibilita?

43
LEITURA
COMPLEMENTAR

A maioria das pessoas diz que rocha “pode” tudo e que é bonita em qualquer circuns-
tância. Isto é pretensioso e tem uma consequência fatal: o mundo do design de rochas
tem muitos objetos que não conseguem ser utilizados. São, na melhor definição, obje-
tos de arte, ou, na pior, bobagens. Tais artigos são cadeiras ou mesas, feitos inteiramen-
te de rochas. Banheiras maciças também fazem parte dessa categoria. Outra peculiari-
dade da rocha é a sua dureza. O revestimento tradicional das ruas tem explorado essa
característica durante milhares de anos. A calçada portuguesa, por exemplo, é uma
versão sofisticada do antigo paralelepípedo. Com tecnologia moderna, as inovações
são possíveis (Foto 4): muitas cidades trocam os antigos paralelepípedos por outros,
com superfície plana e uniforme. Isto preserva o aspecto antigo, porém faz com que os
passeios de pedestre fiquem mais confortáveis para os idosos ou pais com carrinhos de
bebê. Outras inovações podem ser verificadas, por exemplo, nos jogos infantis de rua
desenhados pela empresa italiana Animum Ludendo Coles. O da foto (Foto 5) pode ser
encontrado nas ruas laterais de Verona. Porém, o maior mercado para tais revestimen-
tos será provavelmente encontrado nos condomínios ou jardins particulares.
“Forma segue função” é a regra básica em design de produto com rochas: primeiro,
a funcionalidade do objeto e, em segundo lugar, a beleza (a forma). O desafio para
o designer é apurar o olhar e identificar outras características positivas da rocha que
aliadas ao fato de serem pesadas e duras, podem inspirar criações inovadoras, belas e
funcionais. A beleza das rochas é uma das suas propriedades e conta muito a seu favor.
Por isso, elas têm sido frequentemente utilizadas por designers: o italiano Manuel Bar-
bieri criou relógios de parede feitos em rocha para a empresa Scandola Marmi. Outros

44
LEITURA
COMPLEMENTAR

tipos de relógios também foram criados pelos designers escandinavos Note e Norm (Foto 6). Um dos exemplos mais
marcantes nesta categoria vem do Brasil: para a Feira de Vitória, em 2014, Renata Malenza, do Grupo Corcovado
Brasigran, iniciou uma parceria com o designer Ronaldo Barbosa para descobrir maneiras de utilizar as chamadas
rochas exóticas (Foto 7). Produziram mesas que têm um design minimalista, mas destacam maravilhosamente a
beleza desses tipos de rochas, que somente são encontradas no Brasil. Essas mesas não tiveram produção em série,
são peças únicas, infelizmente. Isso nos leva a uma consequência do design de produtos: podem ser utilizados como
ferramentas promocionais.
Então, se o setor de rochas pudesse criar objetos funcionais para uso residencial, estas peças fariam a promoção
(gratuita) para o material. A Lundhs, empresa norueguesa produtora de blocos, já está indo nesta direção: ela convida
designers a utilizarem seus granitos e expõe os objetos em feiras para arquitetos e designers. Um exemplo é a esfera
de madeira e rocha de Kristine Bjaadal, exibida em Milão durante uma feira de móveis (Foto 8). A essa altura, fica claro
que objetos do cotidiano elaborados com rochas provavelmente não teriam sua demanda aumentada. O objeto de
design, mesmo produzido com rejeitos, certamente aumentará a lucratividade da mina ou da indústria de beneficia-
mento. Em resumo, pode-se dizer que o design de produto com rochas naturais permite:
• formar um mercado contínuo para mármores, granitos etc.;
• associar as rochas a uma imagem de criatividade;
• criar novos empregos;
• aumentar a demanda por tecnologia de ponta.
Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse: http://abirochas. com.br/wp-content/
themes/abirochas-theme/assets/files/Abirochas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf.

Fonte: Becker (2016; 2017, on-line)6.

45
material complementar

Indicação para Ler

Minerais e Pedras Preciosas do Brasil


Andrea Bartoreli e Carlos Cornejo
Editora: Solaris Edições Culturais
Sinopse: o livro ‘Minerais e Pedras Preciosas do Brasil’ apresenta um vasto pano-
rama histórico e iconográfico da produção nacional de minerais e pedras precio-
sas, com capítulos dedicados à arte lítica dos índios do Brasil, aos primórdios da
mineralogia no País, registrados por viajantes, naturalistas e mineralogistas euro-
peus, assim como aos gabinetes de curiosidades, museus mineralógicos, coleções
privadas e coleções da Corte e da Família Imperial, com destaque para o Museu
Nacional, o Museu de Ciências da Terra, o Museu de Ciência e Técnica da Escola
de Minas de Ouro Preto e o Museu de Geociências da Universidade de São Paulo.
Ainda no aspecto histórico, a obra aborda a descrição de novos minerais no Brasil,
e os ciclos do ouro e do diamante, com imagens produzidas por diversos viajan-
tes, até as cenas vistas durante a febre do ouro em Serra Pelada, em décadas
recentes, apresentando as maiores pepitas de ouro do mundo, pertencentes ao
acervo do Museu de Valores do Banco Central, em Brasília. O livro retrata algumas
amostras brasileiras de esmeralda, água-marinha, heliodoro, morganita, turmali-
na, granada, topázio, euclásio, ametista e diamante, que tornam o Brasil um dos
maiores produtores mundiais de gemas.

46
material complementar

Indicação para Acessar

Guia de aplicação de Rochas para Revestimento.


Neste guia, há possibilidade de conhecimento acerca das rochas indicadas como revestimento pela Abiro-
chas, a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais.
http://www.sindirochas.com/arquivos/guia-de-aplicacao-de-rochas-em-revestimentos.pdf

Indicação para Acessar

Vídeo sobre o ladrilho hidráulico, uma arte, um piso.


Nas mãos do ladrilheiro, o cimento se transforma em piso, em recordações, em arte. O documentário des-
venda sua fabricação e passeia pela magia da produção de um ladrilho.
https://vimeo.com/36099572

47
referências

ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Senac,
2006.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios
de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre
Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre
Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FERNANDES, T. M. G.; GODOY, A. M.; FERNANDES, N. H. Aspectos geológicos e tecnológicos
dos quartzitos do centro produtor de São Thomé das Letras (MG). Revista Geociências, São
Paulo, v. 22, n. 2, p. 129-141, 2003.
GUERRA, V. et al. Fundamentos da engenharia de edificações: Materiais e Métodos. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013.
LIMA, R. P. D. Uso e aplicação de materiais artificiais como rocha ornamental. 2010. 127 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mineral, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
MARGHUSSIAN, V. Nano-Glass Ceramics: processing, properties and applications. Amsterdã:
Elsevier Science, 2015.
MILLIDGE, J. Gemas: guia prático. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: Nobel,1998.

48
referências

MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pe-


reira. Espanha: Gustavo Gili, 2012.
RECENA, F. Retração do concreto. Porto Alegre: Edipucrs, 2014.
RIBEIRO, C. C. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
TROEH, R. F.; THOMPSON, L. M. Solos e fertilidade do solo. São Paulo: Andrei, 2007.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.cinexpan.com.br/argila-expandida-cinexpan.html. Acesso em: 6 maio 2019.
2
Em: http://www.congonhas.mg.gov.br/index.php/o-mestre-aleijadinho/. Acesso em: 7 maio
2019.
3
Em: http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/1478-abnt-lanca-nova-versao-da-nor-ma-
-sobre-rochas-para-revestimentos. Acesso em: 7 maio 2019.
4
Em: https://www.mundodaspedras.com.br/silestone-magenta-energy/. Acesso em: 7 maio
2019.
5
Em: http://www.alicante.com.br/galeria-de-fotos. Acesso em: 7 maio 2019.
6
Em: http://abirochas.com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abiro-chas-
-em-noticia-5_WEB-nova.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.

49
gabarito

1. D.
2. D.
3. C.
4. E.
5. Roteiro de resposta - O(a) aluno(a) deve citar e contextualizar, ao menos,
quatro dos seguintes assuntos: o gasto de energia no processamento das
pedras artificiais; a questão do transporte de pedras naturais como au-
mento da emissão de gás carbônico; a relação das pedras naturais ex-
traídas e o impacto que isso causa no meio ambiente; as pedras naturais
como fontes finitas devido ao tempo que a natureza leva para originá-las.
E a questão da possibilidade de utilizar materiais recicláveis na composi-
ção de agregados para as misturas na construção civil.

50
UNIDADE
II
VIDRO E CERÂMICA

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Vidro
• Cerâmica
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição e aplicabilidade do vidro.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade da cerâmica.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), estamos na segunda unidade de nosso livro. O as-
sunto, agora, envolverá materiais há muito tempo descobertos pela
humanidade, que fizeram grande diferença em nossa vida por serem
materiais em abundância no solo do planeta e de fácil acesso. Ao con-
seguir manuseá-los, a sociedade descobriu suas qualidades, inicialmente, para o
armazenamento de objetos, comida e água, depois, sua eficiência como material
construtivo. A cerâmica, além de servir como utensílio doméstico, também pôde
carregar as histórias das antigas culturas e, por elas, também sabemos como eram
nossos antepassados. O vidro, material transparente que encanta ainda hoje,
criou uma das profissões mais promissoras para os homens no passado europeu
e condicionou toda uma nação a voltar-se ao ofício de vidraceiro.
Para o design de interiores, os dois materiais são importantes, e sua apli-
cação tornou-se essencial ao ser humano. Entre vários motivos, os vidros e as
cerâmicas desenvolveram-se, melhorando em relação à questão econômica e
chegando às diversas classes sociais. São materiais populares, mas, ao mesmo
tempo, podem ser “elitizados” para a utilização pelas classes com maior poderio
financeiro, tornando-se, desta forma, produtos que se encaixam em projetos de
ambientações diversos.
Nesta unidade, conheceremos melhor os vidros, suas características, seus
tipos, suas aplicabilidades e algumas de suas normativas (que regem o seu uso e
a sua segurança). Em um segundo momento, descobriremos os materiais cerâ-
micos, sua definição, suas classificações, seus tipos, aplicabilidades, e também,
alguns pontos de sua extensa normativa, que envolvem todos os estudos acerca
dos materiais cerâmicos adequados a cada tipo de uso. Você também conhece-
rá as questões referentes à sustentabilidade desses materiais, como estão envol-
vidos e de qual forma podemos adequá-los a essa necessidade mundial.
Bom estudo!


Vidro

SAIBA MAIS
Caro(a) aluno(a), neste início de unidade, quero lhe per-
guntar: você já reparou como o vidro é um material atra-
ente? Muitas vezes, surpreendi-me, parada, observando Vitral é o conjunto formado por pedaços ir-
suas características, a curiosidade diante de como o seu regulares de vidro em diversos tamanhos e
cores, montados e rejuntados num mesmo
reflexo e sua transparência alteram a percepção dos es- plano, formando peças regulares para se-
paços, além de sempre me encantar com os vitrais colo- rem aplicados em caixilhos, com finalidade
ridos de algumas construções, fascino-me com os jogos ornamental.

de luzes que algumas composições de vidros criam, tão Fonte: Azeredo (2000, p. 132).
belos que parecem brincar com a luz do sol ou com as
luzes artificiais dos ambientes.

56
DESIGN

Figura 1 - Vitrais

O vidro possui propriedades subjetivas inúmeras. Por


exemplo, o fato de ser um material transparente pode
influenciar o seu uso em ambientes comerciais que de-
sejam aparentar honestidade aos seus clientes. A pre-
ferência da realeza e da nobreza, nos séculos passados,
pelos adornos de cristais, pode caracterizar a utilização
do vidro como elemento de poderio financeiro. Com
a chegada da industrialização e a descoberta de novas
formas de produção do vidro, temos o seu uso de for-
ma moderna, na arquitetura, como elemento estrutural,
e implicando mudança na relação dos espaços internos
com os externos. Hoje, o vidro é um elemento-chave na
procura da integração com a natureza, exercendo papel
unificador fundamental.

57


Figura 2 - Produção artesanal do vidro

ATENÇÃO Em relação à composição do vidro, Ambrozewicz


(2012) diz ser um material inorgânico, homogêneo,
Dialogar com o vidro é poder pendurar uma porém sem formas, composto por areia e outros mi-
gota de cor no vazio da transparência, é cap- nerais fundidos (transformados de sólidos a líquidos)
turar o entorno, é mudar com a luz do sol e o e, posteriormente, resfriado até voltar à rigidez. Após
brilho da lua, é sonhar na imagem sempre re-
novada e mutante desse material apaixonante. a sua fusão, o processo que fará seu resfriamento pode
possuir diversas tecnologias que produzirão vidros
Fonte: Pimentel (2012, p. 102).
diferenciados. O autor pontua como a maior qualida-
de do material, o fato de esse ser transparente e duro,
porém, é importante ressaltar que o vidro não é um
SAIBA MAIS
material absorvente. Atualmente, a produção do vidro
se desenvolveu e atingiu boa redução de seu custo, en-
É normal pensar que o vidro e o cristal são ma- tretanto é um material utilizado desde a idade antiga,
teriais bem diferenciados pela forma que a so-
com a produção artesanal.
ciedade expõe o cristal, enaltecendo o produto,
considerando-o de maior qualidade, transfor- Além de possuírem diversas formas de produção,
mando-o em um material que significa poder. É que os caracterizam de forma diferente, suas aplica-
claro que estes conceitos têm uma construção,
ções no mundo do design de interiores também são
que se relaciona com o modo de produção e o
resultado do produto, comparado ao vidro em amplas. Lembramo-nos com mais facilidade do seu
um passado não distante. Entretanto, é impor- uso nas janelas, mas também podemos citar os espe-
tante compreender que o cristal “é o vidro trans-
lhos e as divisórias de ambientes (o boxe do banhei-
parente cuja faces são absolutamente paralelas”.
ro), nos mobiliários, temos mesas de jantar com tam-
Fonte: adaptado de Azeredo (2000).
po de vidro, mesas de centro e de canto, prateleiras
de vidros, frentes de armários de cozinha, de quarto

58
DESIGN

ou de banheiro em vidro, e esses próprios armários SAIBA MAIS


podem ser desenvolvidos apenas com esse material.
Compreender alguns conceitos é muito im-
CLASSIFICAÇÃO portante para o(a) profissional de design de
interiores. Durante todo o estudo na relação
com os materiais, alguns deles serão repeti-
Diante de tanta funcionalidade e aplicação, devemos ter dos, constantemente, e fazem grande dife-
em mente quais são os tipos de vidros disponíveis ao rença para a especificação. Sob este ponto
uso. Tanto Azeredo (2000) quanto Ambrozewicz (2012) de vista, entenda que a resistência mecânica
é a medida da tensão exigida para romper
citam mais de dez tipos de vidros. Devido à variedade, o material.
já afirmada anteriormente e de acordo com os autores,
Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012).
temos as seguintes classificações:

a. Quanto ao tipo.
b. Quanto à forma. informações específicas, respectivamente, para os vidros
c. Quanto à transparência. temperados e laminados.
d. Quanto à superfície. Ainda, há os vidros que absorvem os raios UV (cer-
e. Quanto à Coloração. ca de 20% de absorção) e o vidro composto, quando
f. Quanto à Colocação. duas folhas de vidro são separadas por um espaço com
adição de gás desidratado cuja função é de isolamento
Da classificação quanto ao tipo, tem-se o vidro recozido, que térmico e acústico do ambiente, este, geralmente, apre-
é sem tratamento diferenciado; os de segurança, que evitam sentado como uma unidade pré-fabricada (janelas). O
as quebras grandes e também os estilhaços, sendo eles os autor Ambrozewicz (2012) acrescenta, também, o vidro
temperados (processo de tratamento térmico), os lamina- termorrefletor, quando ele reflete os raios solares.
dos (duas ou mais folhas de vidro que recebem uma pelí-
cula adesiva) e o aramado (desenvolvido sob uma tela de
SAIBA MAIS
arame que segura os pedaços dos vidros ao se romperem).
Afirma Ambrozewicz (2012) que o vidro de segu-
rança foi descrito pela ABNT NBR 7210 cujo título é A partir da ideia de utilizar duas chapas de
“Terminologia dos vidros de segurança”, e esses mate- vidro com algum material encapsulado entre
elas, bem como o laminado, apareceram, no
riais devem possuir resistência mecânica superior a dos mercado, diversos tipos de opções ornamen-
vidros comuns, sendo indicados para portas de vidro, tais de encapsulamento. Um belo exemplo é
boxe, janelas baixas e envidraçamentos em grande esca- o vidro com tecido encapsulado da coleção
floral Deko, da empresa Cast.
la, por serem mais suscetíveis a acidentes.
Nas normativas de número ABNT NBR 14698 Fonte: a autora.

(2001) e ABNT NBR 14697 (2001), é possível encontrar

59


Em relação à forma, existem os vidros planos, curvos,


perfilados e ondulados. Os planos utilizados na cons-
trução civil possuem a tecnologia float, que “consiste
basicamente na formação de lâmina sobre chumbo der-
retido, dando uma superfície sem imperfeições” (AM-
BROZEWICZ, 2012, p. 365). Ainda sobre essa tecnolo-
gia, é interessante dizer que:

[...] mesmo a mais simples vidraça é o resultado de


uma inovação tecnológica radical - quase todo o
vidro de janelas que temos hoje no mundo é fei-
to com o sistema de vidro float, de Pilkington, que
livrou a indústria do processo demorado de lixar e
polir até se conseguir uma superfície plana (TIDD;
BESSANT, 2015, p. 24).

Quanto à transparência, existe o transparente, de fato,


que deixa a luz atravessar e permite a plena visualiza-
ção por meio de seu corpo; também se desenvolveu o
translúcido, no qual a visão já não é nítida mesmo com
Figura 3 - Vidro Floral a transmissão da luz; e, por fim, os opacos, os quais não
Fonte: Artezanal (2016, on-line)1. permitem a passagem de luz e visualização.

60
DESIGN

Quando se trata do seu acabamento de superfí-


cie, o mais conhecido, atualmente, é o vidro polido,
aquele que não distorce as imagens. Ainda podemos
citar o liso, que também é transparente mas, ao con-
trário do anterior, permite a distorção das imagens.
Entretanto existem mais diversidades: impresso,
fosco (translúcido), espelhado, gravado, esmaltado e
o termorrefletor (colorido em um processo em alta
temperatura que possui a característica de reduzir o
calor transmitido).

SAIBA MAIS

Os vidros impressos podem ter sua aparência


alcançada pelo uso de ácidos ou pelo jate- O ESPELHO
amento de areia, são ótimos para manter a
iluminação enquanto oferecem privacidade.
Azeredo (2000) afirma que o vidro espelhado é consti-
Fonte: a autora. tuído de tratamentos químicos em sua superfície, nor-
malmente, com adição de algum tipo de metal (como
exemplo, a prata), que faz o material refletir a luz e, as-
A penúltima classificação apontada pelo autor Azere- sim, recriar as imagens.
do (2000) é relativa à coloração do material, na qual Pelo fato de repetir as imagens, o espelho é muito
os vidros podem ser incolores (os mais utilizados) aplicado em design de interiores para ampliar os es-
ou coloridos. O autor Ambrozewicz (2012) adiciona paços (dar a impressão de ser maior do que se é), além
a informação que “os vidros coloridos (termoabsor- de iluminar os ambientes internos por refletir a luz
ventes), além do aspecto estético, podem reduzir o recebida. Desta forma, é um elemento muito utiliza-
consumo energético de uma construção” (AMBRO- do em ambientes considerados pequenos, por evitar
ZEWICZ, 2012, p. 390). Tal fato torna-se interessante a sensação de enclausuramento, que pode ser angus-
quando o ambiente do projeto é muito quente. En- tiante para alguns indivíduos.
tretanto, quando o clima é frio, a indicação do pes- É claro que os profissionais devem considerar varia-
quisador é aproveitar a transparência para receber a das situações ao indicar este tipo de material, inclusive,
iluminação e o calor solar. porque, assim como qualquer outro, seu uso em excesso
O autor Azeredo (2000) explica a classificação quan- ou inadequado pode prejudicar ainda mais a ambien-
to à colocação do vidro, que pode ser em caixinhas (en- tação. Enfim, é importante considerar que os materiais
quadrado), autoportante (o vidro é sustentado por en- lisos, brilhosos e refletivos podem ser compreendidos
caixes de metal) ou misto. como impessoais.

61


Figura 4 - Mostra Casa Cor SP 2012 - Suíte Master


Fonte: Ver, viver e sonhar (2012, on-line)2.

Se antes da facilidade da industrialização os espe- tipos de acabamento de borda, de acordo com Azeredo
lhos faziam parte, na maioria das vezes, de peque- (2000): corte limpo, filetado, lapidado (garante a segu-
nos elementos decorativos, hoje, preenchem toda a rança, evitando os ferimentos, podendo este tratamento
parede, estão nas portas dos roupeiros e armários ser utilizado como mobiliários), redondo ou chanfrado
em geral, nos fundos dos nichos das estantes e em e bisotê (este último é muito utilizado nas ambientações,
todos os lugares. Nos últimos anos, são utilizados apresentando um acabamento diferenciado).
até no teto, caracterizando-se por ser, quando apli-
cada corretamente, uma ferramenta de ampliação SAIBA MAIS
do pé-direito de um recinto.
As cores dos espelhos não se restringem ao pra-
Pé-direito refere-se à distância vertical entre o
teado, como de costume. Os designers de interiores piso e a parte inferior do teto ou forro. Um pé-
contam com algumas tonalidades e cores para os es- direito baixo seria uma medida próxima a 2,40
pelhados, como champanhe, bronze, ou ainda, mar- m, e pé-direito considerado alto vai de 3 m até
alturas maiores de 6 m.
rom e chocolate.
O espelho pode ser aplicado na ambientação com a Fonte: a autora.

moldura como acabamento, ou ainda, com os seguintes

62
DESIGN

Figura 5 - Espelhos Figura 6 - Bloco de vidro


Fonte: Peres (2011, on-line)3.

BLOCOS DE VIDRO PASTILHAS DE VIDRO

Os blocos de vidro também fazem parte de recursos Para uso como revestimento de parede, também é pos-
que podem ser utilizados pelo(a) designer de inte- sível utilizar um produto denominado pastilha de vidro,
riores como divisórias de ambientes e outras funções que são pequenos pedaços de vidro atrelados em uma
diversas. É importante apontar que, se em dimensões tela que os mantêm unidos durante transporte e arma-
grandes, precisam de cálculo para a estrutura se man- zenamento. Suas características são as mesmas do vidro
ter, não devendo, portanto, ser especificados sem o e o material é indicado para diversos ambientes internos,
aval de um profissional especializado. De acordo com tais como cozinha, banheiro e outros, podendo também
Ambrozewicz (2012), esse produto faz isolamento serem aplicados em ambientes externos, visto que pos-
térmico e acústico. suem resistência ao calor.

63


Alguns profissionais especificam detalhes em piso cutar a manutenção e qual o correto procedimento de
também feitos de pastilhas de vidro, e o resultado es- desinstalação. Esse manual está disponibilizado na pági-
tético pode ser muito agradável. De acordo com o site na oficial da Abravidro ([2019], on-line)5, gratuitamente.
Vitrum Cristal ([2019], on-line)4, é possível encontrar Ao se tratar da acessibilidade, para o correto apro-
pastilhas aplicadas no piso, como soleiras, ou para de- veitamento e higienização pessoal, os espelhos dos ba-
marcar os setores do ambiente. Sua aplicação no chão nheiros acessíveis possuem especificidades de instalação
deve levar em consideração a segurança, pois o vidro é regulamentadas pela NBR 9050:
um material liso. Na instalação desses materiais, é im-
portante considerar cola e rejuntes específicos de acordo Os espelhos podem ser instalados em paredes sem
pias. Podem ter dimensões maiores, sendo reco-
com o fabricante do material escolhido.
mendável que sejam instalados entre 0,50m até
1,80m em relação ao piso acabado (ABNT, 2015, p.
SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE 105). E, ainda: Quando o espelho for inclinado em
10º em relação ao plano vertical, a altura da borda
Quando pensamos em ambientar os espaços internos inferior deve ser de, no máximo, 1,10m, e a da bor-
da superior de, no mínimo, 1,80m do piso acabado
com vidros e espelhos, é importante considerar a segu-
(ABNT, 2008, p. 12).
rança de seus usuários. Os vidros, apesar de sua resistên-
cia, são materiais cortantes e devem ser aplicados com A NBR 9050 ainda apresenta diversos regulamentos
muita responsabilidade. Quando esses materiais estão para a segurança do uso dos vidros na acessibilidade, tais
em ambientes molhados, seu risco é ainda maior. Com como a maneira como devem ser aplicadas as faixas de
isto em vista, a Associação Brasileira de Normas Téc- segurança e as barras laterais dos boxes.
nicas desenvolveu a NBR 14207, que trata, especifica-
mente, dos boxes de banheiro fabricados com vidros de
segurança. E, concordando com a normativa, mas tam- SAIBA MAIS
bém pensando em seus clientes finais, a Abravidro (As-
sociação Brasileira de Distribuidores e Processadores de
Vidros Planos) desenvolveu uma cartilha denominada A NBR 9050 é disponibilizada, gratuitamente,
“Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes pelo site da Secretaria Nacional de Promoção
de banheiro”, a qual apresenta informações aos usuários dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na aba
Normas da ABNT, item de numeração 16.
de como utilizar e manter seus boxes, com dados im-
portantes de como fazer a avaliação da instalação para Fonte: a autora.

evitar a possibilidade de acidentes, além de como exe-

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DESIGN

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Cerâmica

SAIBA MAIS
encontrada na natureza, sendo, geralmente, o primeiro
material encontrado nas escavações. Desta forma, a so-
De acordo com a Anfacer – Associação Nacional
ciedade primitiva, rapidamente, aderiu ao uso da cerâ-
dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimen-
tos, Louças Sanitárias e Congêneres – o termo mica como material estrutural com os tijolos e como
cerâmica vem da palavra grega kéramos, que, material para utensílios domésticos.
por sua vez, significa terra queimada.
A argila misturada em água torna-se moldável, atin-
Fonte: Anfacer ([2019], on-line)6. gindo, após secar, certa rigidez. Entretanto para se estabi-
lizar no formato desejado, ela deve ser queimada. Inicial-
mente, era apenas exposta ao sol, mas, com o passar do
A evolução tecnológica permitiu um desenvolvimen- tempo e com a aquisição de conhecimentos, os homens
to inimaginável da indústria de placas de cerâmicas perceberam que ela se tornava mais firme se levada ao
para uso na construção civil. Apesar de ser um mate- fogo. Aliás, é curioso o fato citado pelo autor Zabalbe-
rial amplamente utilizado na atualidade, a cerâmica, no ascoa (2014), de que as cerâmicas aparecem como uma
entanto, remonta ao passado distante da humanidade. das melhores fontes para a Antropologia sobre como se
Como nos informa Ambrozewicz (2012), ela é consti- vivia na Antiguidade, junto com as pinturas, textos e cons-
tuída de materiais argilosos, é fácil e, abundantemente, truções. Foi a partir de desenhos aplicados em utensílios

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DESIGN

cerâmicos que a sociedade atual conheceu o mobiliário e parede e adornos diversos, que podem ser artesanais
grego, como a poltrona chamada Klismos cujo desenho ou industriais. Há, também, os utensílios domésticos,
foi recuperado, posteriormente, pelo império francês. como panelas, tigelas, travessas, potes, canecas, acessó-
Smith e Hashemi (2012) afirmam que os materiais rios de banho, entre outros.
cerâmicos são inorgânicos e que possuem caracterís- Existem, ainda, as louças sanitárias e os revestimentos
ticas gerais, como: rigidez, baixa resistência mecânica de piso e de parede. Por fim, também podemos incluir os
e ductilidade (flexibilidade), bons isolantes elétricos e elementos vazados, como os tijolos especiais, com a fun-
térmicos. Os autores ainda informam que a composi- ção de possibilitar ventilação e iluminação aos ambientes,
ção das cerâmicas tradicionais incluem minerais, como diversas vezes aplicados como divisórias de ambientes e
a argila, a sílica e o feldspato, e seus exemplos são as não apenas nos artifícios arquitetônicos.
telhas, os tijolos e os vidros. Caro(a) aluno(a), conheceremos, a partir de agora, as
Em design de interiores, os materiais cerâmicos cerâmicas e suas aplicações mais importantes no design
possuem diversas aplicações. No que tange à decora- de interiores, iniciando com as placas cerâmicas e finali-
ção, temos os vasos, os jarros, os decorativos de mesa zando com as louças sanitárias.

SAIBA MAIS

Os vidros são considerados materiais cerâmicos, pois sua composição também inclui materiais minerais,
como a sílica, além de, também, necessitarem de queima para a solidificação.

Fonte: a autora.

67


AZULEJO E/OU PLACAS CERÂMICAS Brasil pode ter relação com esta característica sensorial,
tendo em vista o clima tropical nacional.
A Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes de O pesquisador Ambrozewicz (2012, p. 340) define
Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e que os “azulejos são placas de louça, de pouca espessura,
Congêneres – afirma que o uso do azulejo foi desen- vidrados em uma das faces, onde levam corante”, e que
volvido e difundido pelos islâmicos, chegou à Espanha os pisos cerâmicos “são obtidos com massa quase vitri-
pelas navegações e se espalhou por toda a Europa. A ficada, [...] são feitos com argila de grês, com teor bem
Associação relata, ainda, que, inicialmente, esses mate- pequeno de ferro” .
riais eram utilizados apenas nas ambientações internas Ching e Binggele (2013) complementam que as ce-
e se restringiam ao uso como se fossem “tapetes” ou râmicas “de argila natural não são vítreas e apresentam
aplicações apenas “decorativas”, em pequenos espaços. suaves cores terra; as de porcelana podem ter cores vi-
Acredita-se que o motivo era o alto custo das peças, en- brantes e são vítreas, tornando-se densas e impermeá-
tretanto com o advento das manufaturas e, posterior- veis” (CHING; BINGGELE, 2013, p. 294).
mente, o desenvolvimento industrial, o uso dos azule- É importante destacar que a característica de vitrifi-
jos ampliou-se para o piso inteiro de um ambiente ou cação da argila, ou seja, sua capacidade de se transformar
espaço, e também ao seu uso externo. em vidro, é o que eleva a sua qualidade. Há, ainda, outras
Ching e Binggeli (2013) defendem que a cerâmica variedades de materiais cerâmicos, como os porcelanatos
apresenta uma sensação fria e, de fato, seu sucesso no e as cerâmicas especiais para fachadas e piscinas.

Scaneie o QRcode e veja os tipos de cerâmica e porcelanato sobre revestimentos

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DESIGN

Figura 7 - Cerâmica vermelha

De fato, como enfatiza Ambrozewicz (2012), tem-se: sua qualidade). Tal método se difere do azulejo, material
a. O material de argila, ou a cerâmica vermelha argiloso que é levado ao fogo e possui a característica de
(Anfacer), constituída, quase ou unicamente, se vitrificar durante o processo de produção.
de argila. Possui cor avermelhada e suas carac-
terísticas incluem a grande absorção de água e SAIBA MAIS
a fraca resistência mecânica.
b. A cerâmica grês ou cerâmica branca (como
O que o mercado de consumo denomina por-
denomina a Anfacer), que possui uma alta
celanato, na realidade, é uma placa de revesti-
vitrificação, menor quantidade de ferro (por mento cerâmico produzido com matéria-prima
isso sua cor não é avermelhada) e uma quali- de maior pureza, com menor teor de óxido de
dade superior. ferro (ou seja, argila branca), com tecnologias
Aluno(a), é muito importante que fique bem clara a di- de produção diferenciadas, que fazem com que
o produto final possua uma qualidade dita su-
ferença entre azulejo e ladrilho hidráulico. Retomando o perior ou diferenciada. Pela ABNT NBR 13818
assunto estudado na unidade anterior, ladrilho hidráulico (1997), o porcelanato é classificado como ma-
é um material para revestimento de piso e de parede, que terial do grupo de absorção Bla, que apresenta
absorção de água igual ou menor que 0,5%.
também se apresenta em placas, entretanto sua composi-
ção é, basicamente, de cimento e, em sua produção, é leva- Fonte: a autora.

do à prensa, ao descanso e imerso em água (que garante a

69


SAIBA MAIS

Algumas definições são importantes. Ao se tratar de placas Existem alguns termos que são utilizados no
cerâmicas, a ABNT NBR 13816 (1997) afirma que são mate- meio comercial, entre eles, o termo “porcelana-
riais de argila e outras matérias inorgânicas que podem ser to técnico”, que significa apenas a placa cerâmi-
ca que não recebeu a finalização em esmalte.
produzidas por diversos processos comuns ao material ce-
râmico, e então queimadas, podendo ser vitrificadas, ou não. Fonte: adaptado de Anfacer ([2019], on-line)7.

As partes da placa cerâmica são o esmalte e o en-


gobe de cobertura. O esmalte refere-se à superfície vi-
trificada (as placas podem ser esmaltadas, ou não), e o Além destas informações, é importante ressaltar que a
engobe de cobertura refere-se à “cobertura argilosa com placa cerâmica, como exposto anteriormente, pode, ou não,
um acabamento fosco, que pode ser permeável ou im- ser esmaltada (denominada “GL”, do inglês glazed). Quando
permeável, branca ou colorida” (ABNT, 1997, p. 2). Por não esmaltada (denominada “UGL”, do inglês unglazed), ela
fim, há o suporte ou biscoito, que é o corpo da peça. pode ser polida. A normativa explica que o polimento é um
Os processos de fabricação descritos pela norma dis- “acabamento mecânico aplicado sobre a superfície de um
tinguem-se em extrudados ou prensados. Quando extru- revestimento não-esmaltado, resultando em uma superfície
dada, a peça é colocada em espaço com apenas uma saída, lisa, com ou sem brilho, não constituído por esmalte” (ABNT,
e quando pressionado, o material sai do espaço moldan- 1997, p. 2). Por fim, é também importante compreender que
do-se no formato desta abertura. Quando prensada, a o revestimento cerâmico é um conjunto formado pelas pla-
peça passa por prensas para desenvolver o seu formato. cas cerâmicas, pelo rejunte e pela argamassa de assentamento.

70
DESIGN

Resistências SAIBA MAIS

Tendo em vista toda a variedade existente, tanto rela- O PEI 5 é considerado o mais resistente ao teste de
cionada ao material que desenvolve a placa cerâmica, abrasão superficial, então, de acordo com as Normas
quando no seu processo de produção, quanto ao seu da ABNT, deve ser indicado para as áreas públicas. É
comum que este material também acabe com seu va-
acabamento, o(a) designer de interiores carrega, como lor comercial maior em relação aos outros produtos.
sua responsabilidade, a especificação adequada, baseada A importância de compreender a classificação é vá-
em questões tanto funcionais como de segurança e, cla- lida para especificar o material correto para cada
situação de projeto. Assim como os revestimentos
ro, da ordem estética. de grupo 0 (zero) só devem ser especificados para
Desta forma, é possível encontrar as informações parede, os revestimentos de PEI 5 (cinco) não preci-
necessárias nas Normas Técnicas que controlam esses sam ser aplicados em ambientes como banheiros
residenciais.
materiais. Veremos, agora, as informações que orientam
as especificações desses materiais. Fonte: a autora.

Resistência à Abrasão
Absorção de Água
O autor Ambrozewicz (2012) apresenta a classifica-
ção de Resistência à Abrasão, isto é, a resistência que A NBR 13817:1997 cujo título é “Placas Cerâmicas para
o material apresenta em relação ao desgaste de sua Revestimento - Classificação”, também nos apresenta a
superfície em contato com o movimento dos pés e o classificação referente à absorção de água, sendo a que
atrito constante e em grande quantidade, como já vis- define o porcelanato com absorção menor ou igual a
to na primeira unidade deste livro. Enfim, refere-se 0,5%. Esta característica da peça se relaciona com muitas
aos materiais esmaltados. outras questões que influenciam a escolha da placa. Pen-
De acordo com a NBR 13818 (1997), a classificação se que a absorção de água está, diretamente, ligada à sua
de resistência à abrasão é denominada PEI e apresenta porosidade. Sendo muito porosa, a placa também possui
seis grupos, que vão de zero até cinco, sendo o grupo menor resistência ao manchamento e, de acordo com o
zero desaconselhável à utilização em qualquer piso, e Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
o quinto grupo, PEI 5, o mais resistente e aconselhável e tecnologia (1998) – maior facilidade de quebra, ou seja,
para aplicação em pisos para áreas públicas e outros. menor resistência mecânica.

71


O Instituto ainda defende que: Resistência a ataque químico e a manchamento

[...] as placas cerâmicas classificadas como BIII, O Inmetro (1998), de acordo com as normativas da
com absorção de água acima de 10%, são recomen-
ABNT, ainda apresenta as classificações de resistên-
dadas para serem utilizadas como revestimento de
parede (azulejo), justamente por possuírem alta cias das placas cerâmicas aos agentes químicos e aos
absorção e, portanto, resistência mecânica reduzida manchamentos, sendo que o manchamento possui
(INMETRO, 1998, on-line)8. relação com a facilidade de limpeza do material, isto
é, facilidade em remover manchas. A classificação do
Observe que, aqui, há uma separação de termos, em que manchamento caracteriza-se pela classe A, classe B e
azulejo passa a ser considerado, então, como revestimento classe C, a classe A é de ótima resistência às manchas,
cerâmico de parede, e o “piso” é que caracteriza o revesti- e a C, com resistência baixa.
mento cerâmico para pavimentação. A resistência aos agentes químicos é aquela que clas-
A classificação da absorção de água apresenta sifica os revestimentos cerâmicos em relação a alguns
cinco grupos, que são: Ia, Ib, IIa, IIb e III, sendo produtos que, em contato com a placa, podem danificar
“Ia” o de absorção menor entre todos, e “III”, o de sua superfície, como álcool e ácidos. A classificação dos
maior absorção. agentes químicos vai do número 1 ao 5, sendo o número 1

72
DESIGN

a. Expansão por umidade - aumento da dimensão


caracterizado como não remoção da mancha, e o 5, como
da placa de cerâmica em contato com água;
melhor facilidade de remoção da mancha química.
b. Resistência ao impacto - resposta da placa cerâ-
mica ao impacto de materiais diversos;
SAIBA MAIS
c. Dilatação térmica - aumento de dimensão com
exposição ao calor;
A urina é composta por um ácido denominado d. Choque térmico - a cerâmica é um isolante elé-
ureia. Em contato com um piso de porcelanato, trico, portanto, em algumas situações, pode ser
o líquido não mancha, instantaneamente, entre- necessário uso de materiais condutores ou an-
tanto, a limpeza não pode ser demorada, pois tiestáticos;
o material exposto durante muito tempo ao
ácido pode vir a causar danos no revestimento. e. Carga de ruptura e módulo de resistência à flexão;
f. Resistência ao congelamento - importante para uso
Fonte: adaptado de Archtrends Portobello ( [2019], on-line)9.
em ambientes com baixa temperatura;
g. Resistência ao gretamento (aparecimento de fis-
suras) para as placas cerâmicas esmaltadas;
Coeficiente de Atrito
h. Resistência à abrasão profunda para placas não
esmaltadas (o porcelanato deve ser menor ou
A ABNT, com a NBR 13181 (1997), define a questão igual a 175mm3);
relacionada ao deslizamento da placa de revestimento i. Determinação da presença de chumbo e cádmio
para piso e apresenta duas classificações: coeficiente de solúveis (caso exista contato com alimentos).
atrito menor que 0,4 – placas que são indicadas para am-
bientes “normais”, e coeficiente de atrito maior ou igual a É possível compreender essas questões em situações de-
0,4 – placas indicadas para ambientes que necessitam de terminadas, ou seja, o conhecimento destas normativas
maior resistência ao escorregamento. deve ser aplicado de forma responsável pelos profissio-
Na especificação de piso, independentemente de nais envolvidos na especificação dos materiais de acordo
sua matéria-prima, deve-se levar em consideração a com as necessidades do projeto em questão. Sobre esses
necessidade do projeto. Ambientes molhados e até usos específicos, de acordo com as Normativas Brasilei-
molháveis que possuem, principalmente, usuários ras, como a ABNT NBR 13818 (1997), temos:
idosos ou crianças, precisam de segurança e de reves-
timentos que evitem quedas. Existem pisos cerâmicos a. Para o uso em piscinas, fachadas e saunas, é ne-
cessário que o profissional saiba das característi-
de alta qualidade com o coeficiente de atrito indicado
cas da expansão por umidade da peça.
a estas situações. Deve-se lembrar, no entanto, que,
b. Uso para pisos industriais, pesquisar as caracte-
geralmente, possuem a superfície mais áspera, o que rísticas de resistência ao impacto.
pode dificultar sua limpeza. c. Antiderrapante, verificar o coeficiente de atrito.
d. Uso em lareiras, ou em ambientes propensos ao
Usos específicos e características de avaliação calor, estudar as características de dilatação tér-
mica e choque térmico da peça.
A NBR 13818 (1997) ainda apresenta as resoluções acer- e. Em pisos, situações comuns em ambientes mo-
ca de características como: lháveis, observar a carga de ruptura e a expansão

73


por umidade.
juntas de dilatação em áreas superiores a vinte 20 m2, ou
f. Para uso em ambientes externos de regiões sujei-
quando um dos lados for maior que 5 m e em paredes com
tas ao frio extremo, neve e geadas, ou ainda, em
câmaras de frigoríficos, buscar a característica de área superior a 24 m2” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 344).
resistência ao congelamento.
g. Materiais que podem estar em contato com ma-
térias químicas industriais, a característica im-
portante a ser observada pelo profissional é a de
resistência química de alta concentração.
h. E, por fim, materiais que terão contato com ali-
mentos, é necessário saber a presença de chum-
bo e de cádmio solúveis.

Levantamentos de Obra

O autor Ambrozewicz (2012) informa, em seu estudo,


alguns cuidados que os profissionais devem manter du-
rante a especificação, o recebimento e a armazenagem
dos produtos. Ao receber os materiais, é importante efe-
tuar a verificação, observar em suas descrições, se são
produtos do mesmo lote (o que pode influenciar a sua
tonalidade) e verificar a variedade de dimensão das pe-
ças (ou conferir a bitola), se também são compatíveis.
Durante o processo de fabricação, as peças podem
apresentar variação de medidas, por causa da queima
do material. Entretanto a variação é mínima. Algo seme-
lhante acontece com a tonalidade das peças – as peças de
lotes diferentes possuem tons diferentes.
Na atualidade, algumas empresas estão oferecendo a
impressão digital, que possui muita qualidade e sua apa-
rência consegue imitar outros materiais, como madeiras
e pedras. Entretanto esses produtos são, naturalmente,
diferentes em suas tonalidades e padrões de desenhos,
sendo, neste caso, comum este tipo de variação.
Na questão da quantidade, deve-se considerar, con-
forme aponta Ambrozewicz (2012), de 5% a 10% de so-
bras, que devem ser armazenadas para futuros reparos. É
importante informar também que “devem ser previstas Figura 10 - Louças sanitárias para sistemas prediais (bacias, lavatórios e tanques)
Fonte: Construnormas ([2019], on-line)10.

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DESIGN

LOUÇAS plada e saída embutida vertical, tanque, bidê e minilavató-


rio de fixação na parede.
As louças sanitárias fazem parte do trabalho de espe- Em relação às normativas vigentes sobre louça sani-
cificação do(a) designer de interiores, seja no projeto de tária com material cerâmico, tem-se a ABNT NBR 15097-
uma construção nova seja em caso de uma reforma. A 1 (2011) - Aparelhos sanitários de material cerâmico, Parte
seleção do tipo de louça sanitária, como bacia sanitária, 1: Requisitos e métodos de ensaios e ABNT NBR 15097-2
cubas e lavatórios, tanques e acessórios diversos está, di- (2011) - Aparelhos sanitários de material cerâmico, Parte
retamente, ligada à ambientação que se procura desen- 2: Procedimento para instalação.
volver, seja pela sua coloração, forma e, também, funcio-
nalidade. Define-se louças sanitárias de forma que: SAIBA MAIS

[...] os artigos de louça são feitos de pó de louça,


De acordo com informações comerciais, as
ou seja, uma pasta feita com o pó de argilas bran- cubas de sobrepor, que são aquelas embutidas
cas (caulim quase puro), dosadas com exatidão, que na bancada, porém com bordas aparentes aci-
darão produtos resistentes [...] com a superfície nor- ma do tampo, possuem menor profundidade.
malmente vidrada (AMBROZEWICZ, 2012, p. 338). Neste caso, a bancada deve ser maior que a
cuba. Em contrapartida, as cubas de embutir
As louças sanitárias também possuem diversificados ti- são aquelas que ficam completamente embu-
tidas na bancada, e suas medidas precisam ser
pos e formatos. No caso de lavatórios (ou cubas), existem compatíveis com a bancada e com o armário
os de embutir, os de sobrepor e os de apoio, ou, ainda, os inferior (se houver).
que se fixam à parede. No caso da bacia sanitária, pode-se Enfim, as cubas de apoio são as instaladas, com-
pletamente, acima da bancada.
citar a de entrada horizontal e saída exposta horizontal,
bacia sanitária com a caixa acoplada e saída exposta hori- Fonte: adaptado de Leroy Merlin ([2019], on-line)11.

zontal, de entrada horizontal e saída embutida, caixa aco-

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Sustentabilidade

A sustentabilidade considera as questões de ordem eco-


nômica e social, preocupa-se com as relações entre as
comunidades e a indústria.

76
DESIGN

VIDRO A maior preocupação em relação aos fechamentos


de vidro em tamanhos gigantes, principalmente em am-
O vidro é um material extraído da natureza e, portanto, bientes residenciais, estava na falta de privacidade. Con-
é muito comum pensar que, desde o princípio, sua extra- tudo existem diversas técnicas – antigas e provenientes
ção é compreendida, negativamente. Entretanto sua ma- da evolução tecnológica – que permitem ao vidro ofe-
téria-prima ainda é abundante no planeta. Em sua obra, recer, ao mesmo tempo, a iluminação e a privacidade.
Moxon (2012) afirma que o gasto energético é médio, e Como exemplo, temos os vidros estampados, jateados, e
que o material pode ser reciclado, pontos positivos uma até os tipos mais modernos.
vez que reduzem os resíduos e descartes. É, de fato, relevante perceber que muitas das solu-
Uma das contribuições do vidro em relação à sus- ções para se desenvolver uma construção eficiente (sus-
tentabilidade é a sua transparência e a consequente tentável) estão relacionadas ao projeto arquitetônico e,
capacidade de oferecer um fechamento que permite a assim, muitos(as) designers de interiores poderiam re-
entrada da luz natural na ambientação, evitando, as- tirar as suas responsabilidades sobre estas questões, o
sim, o gasto com luz artificial. Mas não é apenas essa que é errôneo e irresponsável, pois as atribuições desses
característica que torna o uso do vidro interessante profissionais afetam diretamente a ordem arquitetônica
em alguns casos para um projeto de cunho sustentá- da instalação ambientada, alterando os resultados finais
vel. Existem, ainda, outras qualidades desse material e podendo potencializar ou destruir as soluções susten-
que devem ser consideradas. táveis aplicadas pelos outros profissionais.
O pesquisador Moxon (2012), ao apresentar, em seu
livro, o projeto bioclimático (como o estudo arquitetôni- SAIBA MAIS
co pode aproveitar as qualidades do meio ambiente que
o cerca e diminuir a necessidade de processos artificiais
A luz solar possui diversos benefícios para o ser
que contribuem para o consumo exacerbado da própria humano. A medicina bem como outras ciências,
natureza), aponta alguns usos do vidro. Entre eles, o vi- comprova este fato – vitaminas, iluminação,
dro absorve o calor – assim sendo, em ambientes com o calor são características que agem no corpo e
na mente humana, resultando no bem-estar.
clima frio, pode ser eficiente para evitar o consumo de Portanto, “assim como reduz o consumo de
energia por meio do uso de aquecimento artificial. Desta energia, a luz do sol controlada pode gerar um
forma, o autor informa que “os designers de interiores efeito positivo sobre nosso estado de espírito”
(MOXON, 2012, p. 68).
devem assegurar que o layout interno abrigue atividades
apropriadas nos espaços ensolarados e não bloqueie o Fonte: a autora.

sol desnecessariamente” (MOXON, 2012, p. 68).

77


CERÂMICA
diosos chamam de “produção do berço ao berço”. Esta
Alguns pontos negativos que Moxon (2012) aponta ideia consiste, basicamente, em um processo de vida
acerca da cerâmica são: alta energia incorporada, isto circular dos materiais. Ou seja, eles são, inicialmente,
é, consumo abusivo de água e eletricidade em sua pro- extraídos da natureza, sofrem todo o processo de in-
dução; e na especificação, a prática comum de comprar dustrialização, considerando, inclusive, as etapas de
mais materiais do que o necessário para receber descon- transporte e armazenamento e, então, ao final ou quan-
to, ou a fim de evitar o risco de se esgotarem e não ser do for descartado, o material se transforma novamente
possível encontrar a mesma peça, ou ainda, pela demora em matéria-prima, sendo reutilizado pela mesma in-
entre a encomenda e a fabricação das peças (lembran- dústria e, futuramente, o objetivo é que essas indústrias
do da questão de tonalidade da peça que muda com o não precisem mais extrair a matéria-prima natural e
lote). Também é discutido entre os profissionais, e foi trabalhem apenas com a reciclada.
muito bem lembrado por Moxon (2012) em seu estudo O conceito do berço ao berço já é, na verdade, uma
a constante necessidade de os profissionais demolirem e prática realizada, inclusive, com certificação, e também
retirarem os produtos cerâmicos mesmo quando estão apresenta melhorias para as etapas de processos. Como
em perfeitas condições, apenas para uma adequação à exemplo, durante a etapa de produção, compreende-se
estética do novo ambiente projetado. a redução de emissão de pó (desperdício de materiais),
Esta atividade é comum não apenas com o material da emissão de carbono, do consumo de água e de ener-
em discussão, mas em diversos casos. Muitas vezes, é gia. Durante o transporte, a preocupação de trabalhar
normal observar a retirada de um material de extrema com produtos certificados, como os paletes de madeira
qualidade para outro com menor qualidade, mas que reutilizada, embalagens de papel reciclável e, como dito
está ligado à estética do projeto. Esta atitude deve ser anteriormente, a preocupação com a coleta dos resíduos
questionada, levando em consideração todas as questões e descartes das obras para reutilização em novas peças.
ambientais levantadas, atualmente, sendo de responsa- Apesar dos aspectos negativos, existem procedi-
bilidade do(a) designer de interiores trabalhar com mentos que as indústrias e os(as) designers de interiores
consciência ambiental. podem tomar para se enquadrar ao ideal de sustentabi-
Para Moxon (2012), uma solução possível para me- lidade, e como Moxon (2012, p. 87) ressalta, os materiais
lhorar a situação das indústrias cerâmicas na questão “[...] cerâmicos são duradouros, mantendo o seu desem-
da sustentabilidade é sua adaptação ao que os estu- penho e aparência por muitos séculos”.

78
DESIGN

79
considerações finais

Caro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade de nosso livro. Este estudo se moveu
em torno de dois materiais: o vidro e a cerâmica – materiais, amplamente, utilizados
na construção civil e, popularmente, aceitos pela sociedade, pela sua estética, funcio-
nalidade, praticidade de uso e pelo acesso econômico.
Sobre o vidro, concluímos juntos que sua aparência é muito atrativa. Desde os
primórdios, sua transparência e seu reflexo encantam a sociedade. Um material
que deve ser especificado apenas após um amplo estudo do caso, da situação e das
tipologias de vidro existentes e adequadas ao projeto. O vidro possui normativas que
devem ser estudadas e levadas em consideração para o uso responsável com segurança
e funcionalidade.
A relação do vidro com as questões que permeiam o meio ambiente são positi-
vas, uma vez que é um material não tóxico, podendo, portanto, ser reciclado. Tal fato
acontece na realidade e evita o desperdício e a produção de resíduos. E a cerâmica,
que se apresenta, também, como uma mutante, auxiliada pela evolução da tecnologia
humana, multiplica-se em diversos usos e aplicações. A cerâmica nos comunicou com
o passado, sendo fonte de informação sobre as sociedades primitivas e, hoje, trans-
formada, cria o mundo em que vivemos. A partir desse uso tão popular, a cerâmica
precisou de normas e regras de produção e instalação.
Os profissionais sérios buscam nas instituições reguladoras as formas de melhor
especificar esses produtos, e é uma incansável busca pelo conhecimento, impulsionada
também pelas indústrias dos artigos de cerâmica. Mas esse material também preci-
sou se adaptar para atender à nova demanda da sustentabilidade, e com todas essas
informações, aliadas com a criatividade e a perspicácia do(a) designer de interiores,
a cerâmica vive e se inova cada vez mais.

80 80
atividades de estudo

1. O vidro e a cerâmica, respectivamente, são materiais IV. O espelho não é um vidro; é um produto derivado
compostos de: da areia que, produzido no calor, tem característi-
a. Alumina e detritos de concreto. cas de luminescência.

b. Detritos de concreto e sílica. V. O vidro conhecido como float é um produto que possui
aplicação de um tratamento de aplicação de prata.
c. Aglomerantes betuminosos e alumina.
De acordo com as alternativas apresentadas, assinale a
d. Areia e argila.
resposta correta:
e. Argila e gesso.
a. Apenas I e II estão corretas.
2. A partir dos estudos acerca das características do vidro b. Apenas II e III estão corretas.
e dos materiais cerâmicos, leia as afirmativas a seguir:
c. Apenas I está correta.
I. Resistência à abrasão é a resistência do material
em relação ao desgaste de sua superfície. d. Apenas II, III e IV estão corretas.

II. Resistência ao ataque químico é a resistência do e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
material à quebra.
4. Os ladrilhos hidráulicos e os azulejos são, normal-
III. Resistência ao impacto é a resistência do material mente, utilizados como revestimento de paredes
em relação ao desgaste de sua superfície. e, em alguns casos, de pisos. Sobre esses revesti-
mentos, qual é a afirmativa correta?
IV. Resistência à abrasão é a resistência do material
em relação ao ataque de produtos químicos em a. O azulejo é um material, extremamente, resistente
sua superfície. que pode ser utilizado como revestimento de piso.

Assinale a alternativa correta. b. O ladrilho hidráulico é um material de muita


qualidade e resistência. Normalmente, em sua
a. Apenas, I e II estão corretas.
produção, é levado à queima, fazendo com que
b. Apenas, II e III estão corretas. adquira essas propriedades.
c. Apenas, I está correta. c. O ladrilho hidráulico é um material desenvolvido
a partir do cimento e também pode ser instalado
d. Apenas, II, III e IV estão corretas.
como revestimento para piso.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
d. O azulejo é um material composto de argila.
3. Em relação às tipologias dos vidros, leia, atentamen- Deve ser especificado apenas como revestimen-
te, as afirmativas a seguir: to de parede, porque, em sua produção, não vai
I. O vidro conhecido como float é o produto final de para a queima.
um processo que consegue produzir um vidro pla- e. Nenhuma das afirmativas anteriores está correta.
no sem imperfeições.
5. Escolha, entre os materiais apresentados nesta unida-
II. O espelho é um vidro que recebe um tipo de tra-
de, estude, pesquise sobre ele e desenvolva uma apli-
tamento em um de seus lados, geralmente, com
cação criativa desse material em um ambiente interno,
implantação de tecnologia LED.
uma sala de jantar que deve atender a um casal com
III. O vidro conhecido como float é um produto que um filho de dois anos de idade. Então, justifique como
possui aplicação de um tratamento à base de jate- esse produto pode ser utilizado para essa nova criação
amento de areia. a partir das suas características técnicas e estéticas.

81
LEITURA
COMPLEMENTAR

O retorno dos grandes painéis

A 32ª edição da Casa Cor São Paulo, maior mostra de arquitetura, decoração e paisa-
gismo das Américas, teve duração do dia 22 de maio até 29 de julho. E, se em anos
anteriores o uso de vidros e espelhos foi mais pontual, em 2018, eles foram verdadeiros
protagonistas no evento, com grandes painéis em aplicações tão diversificadas quanto
chamativas. Isso fez todo o sentido, uma vez que o tema da mostra desta edição (Casa
viva) teve o objetivo de ressaltar a harmonia entre o homem e a natureza – afinal, qual
forma poderia ser melhor para isso do que produtos que permitem visibilidade plena
do lado de fora ou que a refletem para o lado de dentro?
A seguir, veja alguns dos destaques envidraçados da Casa Cor 2018. E, se chegar ao final
querendo mais, é só buscar o vídeo “O Vidroplano – Cobertura da Casa Cor 2018”, na
internet e conferir uma galeria cheia de fotos desses e outros ambientes!

Inclusão de toda a equipe

Um ambiente de trabalho acolhedor pode contribuir muito para o rendimento dos fun-
cionários. E o Templo Coworking, de Camila Bevilacqua e Fernando Brandão, é o espaço
perfeito nesse sentido, graças ao uso de peças variadas da Cebrace. Brises de lami-
nados incolores 4+4 mm (foto) trazem o aproveitamento pleno da iluminação natural
para os dias de Sol (se chover, eles bloqueiam a água, devido às variações em seu es-
paçamento), enquanto espelhos prata 4 mm fazem o local parecer ainda mais extenso.
Nosso material também se faz presente nas divisórias de temperado 8 mm, nos dois
lados da grande mesa, levando aos cubículos e à sala do café.

Sim, vidro e água combinam

Um dos ambientes mais grandiosos da mostra de 2018, sem dúvidas, foi A Cisterna de
Deca: projetada pelo escritório Tenório Studio, ocupava duas salas e uma área extensa

82
LEITURA
COMPLEMENTAR

entre elas. O uso do vidro foi tão grandioso quanto a área do local, incluindo uma pa-
rede com cascata artificial feita com um único painel incolor 10 mm (foto), com 3,7 m
de largura e 4,5 m de altura! A vidraçaria Starke Glas foi responsável por essas e todas
as outras aplicações do nosso material neste ambiente, incluindo o teto todo revestido
com espelhos fumê 6 mm nas grandes rampas entre uma ala e outra, refletindo o es-
pelho d’água com a logomarca da Deca logo abaixo.

Um só com a natureza

O Refúgio Urbano, de Marina Linhares, usou nosso material para uma integração plena
entre o ambiente e a vegetação ao seu redor. Quase todo o fechamento do espaço foi
feito com grandes painéis laminados 5+5 mm, da Cebrace, e houve ainda um piso com
temperados laminados 10+10+10 mm, da mesma fabricante, permitindo apreciar as
belas plantas abaixo do piso (foto). A instalação foi feita pela Vidro Laser.

Jogo de imagens com espelhos

A Sala de Jantar, de Naomi Abe, usa Espelho Guardian prata 5 mm, fornecidos pela Sil-
vestre Vidros, de forma bastante diferente. As paredes do ambiente são revestidas com
esse material (foto). Porém, na frente delas, existem outras paredes, feitas de cerâmica,
totalmente vazadas. Os buracos permitem ver os espelhos na parte de trás – com isso,
um jogo de reflexões ajuda a ampliar o espaço.
Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse a Revis-
ta da Abravidro, o Vidro Plano - on-line, 2018, entre as páginas 14 e 21.

Fonte: O Vidroplano (2019).

83
material complementar

Indicação para Ler

Projeto e Execução de Revestimento Cerâmico


Luciana Leone Maciel Baia e Edmilson Freitas Compante
Editora: O Nome da Rosa
Sinopse: este livro aborda, de forma bastante prática, os principais aspectos en-
volvidos na elaboração do projeto e na execução de revestimento cerâmico, de
paredes internas e externas, incluindo as atividades de execução e controle do
revestimento, os detalhes construtivos e os equipamentos e ferramentas empre-
gados, além de analisar algumas patologias. Os temas abordados visam contribuir
para a adequada produção e os melhores resultados de desempenho do revesti-
mento e do edifício como um todo. Edição revisada e ampliada em 2017.

Indicação para Acessar

No site EcoEficientes, você poderá encontrar muitas informações a respeito de projetos diversos que levam
em consideração a questão da sustentabilidade.
http://www.ecoeficientes.com.br/.

Indicação para Acessar

A Revista da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano oferece reportagens e en-
trevistas com informações ricas acerca de seu material. É uma ótima fonte de conhecimento da área e de seu
mercado. Segue o link para o infográfico sobre a reciclagem no Brasil e as etapas para a reciclagem do vidro.
http://www.abividro.org.br/reciclagem-abividro/reciclagem-no-brasil.

84
referências

AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató-


rio. São Paulo: Pini, 2012.
ABNT. NRB 7210: Vidro na construção civil: Terminologia dos vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT,
1989.
ABNT. NRB 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro:
ABNT, 2008; 2015.
ABNT. NRB 13816: Placas cerâmicas para revestimento: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ABNT. NRB 13817: Placas cerâmicas para revestimento: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ABNT. NRB 13818: Placas cerâmicas para revestimento: especificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro:
ABNT, 1997.
ABNT. NRB 14207: Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
ABNT. NBR 14697: Vidro laminado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ABNT. NBR 14698: Vidro temperado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ABNT. NBR 15097-1: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NBR 15097-2: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 2. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Senac, 2007.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.
O VIDROPLANO. O retorno dos grandes painéis. Revista Abravidro, São Paulo, v. 61, n. 547, p. 14-21, jul.
2018. Disponível em: https://abravidro.org.br/revistapdf/?urlpdf=18910. Acesso em: 14 maio 2019.
PIMENTEL, T. et al. Aspectos do design. São Paulo: Senai, 2012. 2v.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012.
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação: integrando tecnologia, mercado e mudança organizacional. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2015.
ZABALBEASCOA, A. Tudo sobre a casa. São Paulo: GG Brasil, 2014.

85
referências

Referências on-line
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Em: http://artezanalnet.com.br/blog/Escadas-e-Acessorios-Florais. Acesso em: 8 maio 2019.
2
Em: http://verviveresonhar.blogspot.com/2012/06/cores_25.html. Acesso em: 9 maio 2019.
3
Em: http://veridianaperes.com.br/site/espelhos/. Acesso em: 9 maio 2019.
4
Em: http://vitrumcristal.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
5
Em: http://abravidro.org.br/fique-por-dentro/de-olho-no-boxe/. Acesso em: 9 maio 2019.
6
Em: http://www.anfacer.org.br/#!historia-ceramica/c207w. Acesso em: 9 maio 2019.
7
Em: https://www.porcelanatocertificado.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
8
Em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp. Acesso em: 9 maio 2019.
9
Em: https://archtrends.com/blog/como-limpar-porcelanato/. Acesso em: 10 maio 2019.
10
Em: http://construnormas.pini.com.br/engenharia-instalacoes/instalacoes-hidrossanitarias/imagens/
i490314.jpg. Acesso em: 10 maio 2019.
11
Em: http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-sobrepor?term=cuba+sobrepor;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-apoio?term=cuba+apoio;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-embutir?term=Cuba+de+Embutir. Acesso em: 14 maio 2019

86
gabarito

1. D.
2. C.
3. C.
4. C.
5. Atividade livre de criação, fixação e aprofundamento do conteúdo aplica-
do. O aluno deverá justificar a aplicação do material na ambientação de
forma racional, com a explicação sobre as características e/ou proprieda-
des do material escolhido para determinadas função e estética.

87
MADEIRAS E FIBRAS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Madeira
• Bambu
• Fibras (Têxteis e Papéis)
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de madeira.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de bambu.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais baseados em fibras.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), já estamos na terceira unidade do livro que abor-
dará dois temas bem amplos: as madeiras e as fibras. Não saímos
completamente do campo dos minerais, porém, agora, aden-
tramos o campo dos vegetais e animais. Os materiais derivados
destes seres vivos possuem características, propriedades e funcionalidades
diferenciadas. Sua beleza estética é única, e suas aplicações diversas.
As madeiras são materiais realmente vivos, possuem durabilidade
e convivem, quando bem mantidas, com gerações e gerações humanas.
Trabalham de acordo com o clima, suas formas se adaptam de acordo
com o uso e seu cheiro pode fazer parte de uma lembrança de vida. A
madeira é parte da vivência, transforma um simples espaço em um lugar
de conteúdo emocional.
Com as fibras naturais vegetais e animais, a sociedade primitiva desen-
volveu diversos utensílios trançados. As folhas, caules e diversas partes
das árvores nos oferecem suas formas e força, transformam-se em móveis,
biombos, decorativos sobre o forro de madeira, proporcionando ao homem
o contato com a natureza. Das madeiras também é possível extrair fibras,
que se transformam em papel. Assim, é escrita a história da humanidade e
os nossos ambientes internos são protegidos e decorados.
Do papel nascem estruturas fortes. O papelão, por sua vez, consegue
oferecer mais resistência e se tornar um produto ou mobiliário de rápido
acesso que atende às necessidades básicas dos seres humanos em situações
temporárias. Os bambus, velhos conhecidos dos orientais, renascem visto
que possuem muitas qualidades e se apresentam à construção civil e aos
seus ramos afins como um produto capaz de surpreender os profissionais
mais céticos com muita beleza, qualidade e funcionalidade. E, para
finalizar a unidade, veremos como esses materiais se comportam frente à
sustentabilidade e frente à prática do design de interiores.


Madeira

É comum, em nossa cultura, acreditar que três batidinhas


em qualquer artefato feito de madeira afasta pensamentos ra, a madeira de lei e tantos outros nomes que a denomi-
ruins. Ao lembrar deste costume, você pode achar engra- nam e a classificam. Entretanto existe, sim, um retorno
çado, mas nunca, sequer uma vez, sentiu vontade de dar de seu uso. A moda das madeiras de demolição vigoram
essas três batidinhas? Coisas dos nossos avós ou apenas já há algum tempo na área de design, tanto de produto
uma vaga lembrança de alguém que tinha esse costume quanto de interiores. Esse reuso é popular, cresceu entre
que, nos rodeia ainda hoje. a sociedade e está voltando às nossas residências e aos
Pensar sobre madeira leva-nos ao passado, não muito nossos ambientes diversos, como mobiliários, produ-
distante, das casas tradicionalistas, das fazendas, dos donos tos, painéis decorativos etc. Até a sua textura é copiada,
da terra e dos nossos parentes mais idosos. A madeira, em transformando-se na imagem de acabamento de outros
nossas memórias, é escura, com tonalidade preta ou verme- materiais da construção civil. Como exemplo, nos reves-
lha, tem um cheiro forte e parece ser bem robusta, pesada. timentos cerâmicos, nas lojas de revestimento, é muito
Atualmente, com esta diversidade de materiais in- fácil encontrar peças que exibem as cores e os veios tão
dustrializados, já não temos tanto contato com a madei- característicos da madeira.

92
DESIGN

Figura 2 - Casa de Palafita

Para conseguir aproveitar ao máximo as características


desse material, nossos antepassados eram criativos e
sofisticados em suas aplicações, e como o aprendizado
Figura 1 - Pastilha de cerâmica com imitação de madeira sobre o manuseio do material era transferido de gera-
ção para geração oralmente é importante reconhecer
a eficiência e sabedoria de suas técnicas e estruturas,
SAIBA MAIS principalmente das que resistiram até os nossos dias.
Estuqui Filho (2006) cita as edificações primitivas de
Nova Guiné, China e Brasil (as casas de palafitas), as
A expressão “Madeira de Lei” teve origem em
uma lei promulgada no tempo do Império. edificações de troncos da Romênia e Noruega, as edifi-
Não se tratava de uma definição técnica, pois cações características da Indonésia, as edificações colo-
se referia apenas às madeiras cujos cortes niais do Japão e muitas outras.
eram proibidos naquela época.

Fonte: Neto ([2019], on-line)1.


SAIBA MAIS

Assim como os materiais das unidades anteriores, a ma- As casas de palafitas são originárias das co-
deira faz parte deste grupo de materiais de construção munidades da Amazônia, feitas de madeiras
roliças. Toda a estrutura é levantada e não
utilizados pela humanidade desde os seus primórdios. toca o solo, evitando, assim, a umidade, já que
Extraída das árvores, espécies do reino vegetal, era um o clima é muito chuvoso e úmido, recebendo,
material em abundância no planeta e de fácil acesso e, então, muita ventilação. Sabe-se que algumas
podem ser erguidas até cinco metros do chão.
como informa Estuqui Filho (2006), a pedra era pesada
e muito dura, portanto, difícil de cortar. Logo, o uso da Fonte: adaptado de Estuqui Filho (2006).

madeira se tornou fundamental para a construção civil.

93


Na história do nosso país, a madeira possui destaque


principal, afinal, fez parte do primeiro ciclo econômico Em relação ao seu uso na ambientação, sempre foi
nacional e, conforme relata Estuqui Filho (2006, p. 14): considerada como um material maravilhoso e cheio de
“O próprio nome Brasil é originário de uma espécie de possibilidades, transformando-se em inúmeros tipos de
madeira, o pau brasil (caesalpina echinata)”. É certo que, mobiliários, que vão de camas, armários e mesas até ca-
de acordo com o autor anteriormente citado, nossos deiras – como exemplo, a cadeira de numeração 14 de
colonizadores também implantaram outras técnicas de Thonet, a qual é “uma das primeiras cadeiras produzidas
construção com pedras e alvenaria, e que o uso do bar- em série, feita de madeira vergada, e que vem sendo pro-
ro veio de nossas raízes africanas. E, mesmo com esse duzida desde 1859 (mil oitocentos e cinquenta e nove)”
enorme repertório, o uso da madeira como material de (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 25).
construção no país é relevante. Servindo como painel de parede, pode ser forro e
Bauer (1994) considera que a madeira possui certa piso, estando presente até em luminárias. É usada em
vulnerabilidade na questão de sua durabilidade, carac- áreas internas e externas e, recebendo o tratamento
terística que a deixou em segundo plano na engenharia adequado, pode ser aplicada em ambientes molhados,
e na arquitetura até a tecnologia conseguir desenvolver molháveis e secos. Também empregada no paisagismo,
técnicas e tratamentos para potencializar suas caracte- pode transformar-se em portões, pórticos, bancos, mu-
rísticas positivas e, também, minimizar suas fragilidades. retas, decks, brinquedos, balanços, pisadas, aproveitan-
Essas novas tecnologias e descobertas reposicionaram a do-se até suas lascas e cascas na decoração dos jardins,
madeira como material adequado à construção civil. em ambientes internos e externos.

94
DESIGN

A madeira também é a matéria-prima dos papéis. Em


ambientações, é comum utilizar os papéis de parede, sendo Veremos agora, caro(a) aluno(a), como podemos
sua composição da celulose, produto da fibra da madeira. compreender a madeira, elemento natural, e como apli-
Com tantas aplicações, é importante conhecer as carac- cá-la nas ambientações.
terísticas técnicas mais relevantes das madeiras:
QUESTÕES BOTÂNICAS E RELAÇÕES
Apresenta resistência mecânica tanto a esforços de COM A CONSTRUÇÃO CIVIL
compressão como aos esforços de tração na flexão:
foi o primeiro material de construção a ser utilizado
tanto em colunas como em vigas e vergas; tem resis- A classificação botânica das madeiras nos apresenta,
tência mecânica elevada, superior ao concreto, com como informa Bauer (1994), as árvores ou “vegetais su-
a vantagem do peso próprio reduzido; resiste excep- periores”, as endógenas (possuem germinação interna),
cionalmente a choques e esforços dinâmicos: sua re- como as palmeiras e bambus, que possuem aplicação
siliência permite absorver impactos que romperiam
menor na construção civil; e as exógenas (germinação
ou estilhaçariam outros materiais; apresenta boas
características de isolamento térmico e absorção externa) que são, popularmente, usadas na construção
acústica; seco é satisfatoriamente dielétrico; tem fa- civil e possuem uma subclassificação: as exógenas gim-
cilidade de afeiçoamento e simplicidade de ligações: nospermas (sem frutos) e as angiospermas, considera-
pode ser trabalhado com ferramentas simples; tem
das mais completas e, popularmente, conhecidas no
custo reduzido de produção, reservas que podem ser
renovadas e, quando convenientemente preservado, Brasil por “madeiras de Lei”.
perdura em vida útil prolongada à custa de insignifi- A classificação de Ambrozewicz (2012) resume ma-
cante manutenção; em seu estado natural, apresenta deiras duras (angiospermas) e moles (gimnospermas).
uma infinidade de padrões estéticos e decorativos
No caso das madeiras duras, o autor cita: ipê, jacarandá,
(BAUER, 1994, p. 437-438).
cedro, eucalipto; e das madeiras moles: o pinho do para-
ná, utilizado em construções temporárias, ou que devem
O autor Ambrozewicz (2012) pondera e apresenta as ser protegidas.
desvantagens do material. A madeira é proveniente de Ao se tratar de sua estrutura, o caule da árvore é a
uma estrutura viva e, neste ponto, possui algumas carac- parte utilizada na construção civil, e este é dividido em
terísticas semelhantes a todos os corpos vivos: é com- partes. A primeira que vemos é a casca ou cortiça, ele-
bustível, é heterogênea, tem sensibilidade às variações de mento que protege as outras partes dos excessos am-
temperatura e umidade, sendo possível até se degradar. bientais e dos agentes de destruição. A cortiça de algu-
É sensível aos agentes biológicos, podendo se deteriorar mas espécies possuem quantidades maiores que podem
e se deformar. No entanto se ressalta que essas caracte- ser retiradas como lâminas. Este material tem proprie-
rísticas podem, também, ser tratadas e transformadas a dades termoacústicas e pode ser aplicado em processo
partir de modernas técnicas de tratamento, desenvolvi- de isolamentos de paredes e forros, e também em con-
mento e acabamento do material. trapisos como “recheio”, afirma Bauer (1994).

95


SAIBA MAIS

A cortiça é reconhecida como um material


autossustentável porque pode ser retirada
sem a necessidade do corte da árvore. Além
disso, a árvore pode ser descortiçada (ou po-
dada) muitas vezes durante toda a vida, pois
se regenera naturalmente.

Fonte: o autor.

Após a casca (externa e interna), tem-se o câmbio, e é


nele que podemos ver os anéis anuais de crescimento
da árvore. No câmbio, temos o lenho, parte que susten-
ta a árvore e de onde é extraída a madeira da obra es-
trutural (subdividido em alburno e cerne interior). A
seguinte parte chama-se medula, ou ainda, miolo cen-
tral, não utilizada para a construção. E, por fim, os raios
medulares, vistos na transversal do tronco. Para Bauer
(1994, p. 444), algumas possuem um “bonito efeito es-
tético e decorativo”.

Figura 4 - Partes do tronco da árvore


Fonte: adaptada de Gonçalves (2011).

96
DESIGN

NA CONSTRUÇÃO CIVIL Na ambientação, é utilizada de muitas maneiras e,


agrupadas, podem se transformar em divisórias de am-
Ambrozewicz (2012) propõe categorias básicas de madei- bientes, decorativos, painéis de parede, mobiliários, es-
ras para a construção civil: madeira roliça; madeira ser- culturas e muito mais, dependendo apenas da criativi-
rada; madeira beneficiada; madeira em lâminas; madeira dade do designer de interiores.
compensada; chapas de fibra (subdividem-se em chapa
dura, chapa de densidade média); chapa de partículas SAIBA MAIS
(aglomerado); chapa de partículas orientadas (OSB).
Vejamos as categorias proposta pelo autor citado: Permacultura:
[...] é um sistema de ‘design’ para a cria-
Madeira Roliça ção de ambientes humanos sustentáveis
e produtivos em equilíbrio e harmonia
com a natureza. Foi desenvolvida no
Pouco processada, em muitos casos, apresenta até a cas- início dos anos 1970 (mil novecentos e
ca, podendo ser utilizada como escoras, geralmente, setenta) na Austrália por Bill Mollison.
(Marcos Ninguém, em entrevista para
com uso temporário, sendo, entretanto, em casas ru- o Spot Boletim Acadêmico de Design de
rais, muito aplicada como telhado. Interiores, 5. ed., 2015, p. 14).
Atualmente, este tipo de madeira está voltando às Ecodesign é um processo que considera re-
levante os aspectos ambientais, desta forma,
ambientações, principalmente nos ambientes inclinados
projetando produtos, ambientes e oferecendo
ao tema da sustentabilidade, ecodesign e permacultura, serviços que diminuem o impacto ambiental,
inclusive, com o reaproveitamento das madeiras roliças durante este processo, além de prezar pela
redução do uso dos recursos não renováveis.
dos antigos postes de iluminação, ponto positivo para
uma sociedade que está preocupada com o meio am- Fonte: adaptado de Ministério do Meio Ambiente
([2019], on-line)2.
biente e com os excessos nos descartes de materiais de
qualidade. Porém também marca sua presença em ou-
tros ambientes por possuir uma estética rústica carac-
terizada pelo retorno às raízes rurais, além de se adaptar
ao estilo de vida despojado, inovador e, muitas vezes,
contestador deste novo corpo social do terceiro milênio.

97


Madeira Serrada chão, prancha, viga, vigote, caibro, tábua, sarrafo, ripa,
dormente, pontalete, bloco.
A tora de madeira que conhecemos, arredondada, é pro-
cessada, então, cortada em formato quadrado ou retan- Madeira Beneficiada
gular. Neste caso, ocorre o pré-tratamento, como Am-
brozewicz (2012) explica: É a madeira usinada e tratada para diversos usos, como
assoalho, forro, batentes, rodapés, tacos. Aplicada no que
[...] tem por objetivo proteger a madeira recém- Ambrozewicz (2012) chama de construção civil leve, de
serrada [...] é realizado, normalmente, por meio da
utilidade geral ou decorativa.
imersão das pranchas em um tanque com uma so-
lução contendo um produto preservativo de ação É muito comum escolhermos utilizar os revestimen-
fungicida e outro de ação inseticida (AMBRO- tos cerâmicos ou outros tipos de materiais para a espe-
ZEWICZ, 2012, p. 302). cificação de piso nas ambientações, porém, sabe-se que
há um crescimento da aplicação dos pisos de madeira.
Utilizada, na maioria das vezes, em funções estruturais, Chega a ser contraditório que alguns indivíduos esco-
como estrutura de telhados, em interiores, os profis- lham retirar seus antigos pisos de madeira enquanto ou-
sionais podem sugerir seu uso para fins decorativos e/ tros estão aplicando-os como primeira opção. Quando
ou funcionais. Pode ser pintada ou se pode aproveitar seu uso é legalizado, a qualidade e a durabilidade de um
as suas características naturais, sem que interfiram na piso desenvolvido em madeira, hoje, é superior e con-
estrutura, desenvolvendo, assim, elementos decorativos segue superar expectativas. Ao se tratar de portas, por
como detalhes de parede, teto, divisórias internas, pra- exemplo, a madeira ainda é o principal material aplicado.
teleiras e outros. Mesmo com as opções novas de uso de vidro, metal e até
É claro que existem outras categorias de madeiras plásticos, a madeira continua sendo a escolha segura dos
e, até mesmo, outros materiais para estes fins, o que usuários de interiores. Cabe, aqui, refletir em relação aos
não limita o uso da madeira serrada nessas ocasiões, motivos dessas escolhas. A madeira possui diversas qua-
principalmente quando se trata de reaproveitamento lidades, e cabe ao profissional conseguir aproveitá-las.
de material da obra, evitando descarte de produtos. Azeredo (2000) registra em seu livro como pavi-
O importante é analisar as situações de cada projeto e mentos de madeira beneficiada:
encontrar a maior quantidade de soluções. No quesi- 1. O soalho de tábua corrida, de peroba, com cerca de
to estética, a maioria dessas peças não deixa a desejar. 20 centímetros de largura. Para tal, é convencional
Enfatizo que a madeira, com suas cores, texturas e pa- aplicar utilizando tarugamento de caibros, o que
significa colocar, entre a argamassa, pedaços de
dronagens é, hoje, um material em destaque. Em paisa-
madeira em formato de trapézio, e a tábua é fixada
gismo, estruturas, como pergolados utilizam a madeira com pregos nestes “tarugos”, ou seja, pequenos pe-
serrada. As serrarias produzem diversos tipos de pro- daços de madeira fixados no contrapiso com arga-
dutos que se diferenciam pela espessura, pela largura massa. Informações comerciais ainda apresentam
e pelo comprimento. Seguem alguns exemplos: pran- instalação por colagem e por grampeamento.

98
DESIGN

2. Os tacos de madeira, que podem ser instalados


maciça, é importante lembrar do peso e sua instalação
com pedrisco e argamassa ou cola.
– conforme sugere Azeredo (2000), deverá contar com
3. O parquete, placas de madeira com desenhos de-
corativos, que, geralmente, possuem dimensões, os caibros, assim como o piso. A fixação das tábuas de
como 50 x 50 cm ou 25 x 25 cm. Assim como os madeira, no entanto, leva aos encaixes macho e fêmea,
tacos, pode ser instalado com cola. É de muita im- assim como também é executada nos pisos. Para acaba-
portância ressaltar que, para toda aplicação de re- mento, pode ser necessário cera para brilho.
vestimento de piso, é necessário que o contrapiso
esteja finalizado, nivelado e sem umidade. Apenas
Madeira em Lâminas
assim pode ser feita a instalação de qualquer reves-
timento de forma satisfatória.
De acordo com Ambrozewicz (2012), quando a tora é
Sobre o forro de madeira, Azeredo (2000) indica que sua cozida e cortada em lâminas, a partir do torneamento ou
aplicação é a mesma que a do piso. Como recurso estéti- faqueamento, as lâminas são utilizadas para desenvolver
co, o autor sugere aplicar o forro em níveis diferentes, ou o que chamamos de compensado, e são aplicadas como
deixar a viga da estrutura do forro aparente, no entanto, revestimento de paredes, desenvolvimento de mobiliá-
só quando o ambiente possuir amplitude. rios, ou ainda, como elemento decorativo.
O revestimento de parede de madeira é reconhe-
cido pelo nome lambri. Quando o painel é de madeira

Figura 5 - Paginação de pisos


Fonte: adaptada de Azeredo (2000).

99


Figura 6 - Compensado Figura 7 - Mobiliário desenvolvido por Charles e Ray Eames (1952)

Compensado Chapas de fibra

Constitui-se de lâminas de madeira, de quantidade ím- As chapas de fibras são produtos que resultam de um
par, unidas por adesivo ou cola, organizadas, perpen- processo que separam as fibras da madeira, seus resídu-
dicularmente, para fortalecer e estabilizar o material. os fibrosos são utilizados como matéria-prima, forman-
Assim como apontado anteriormente, desenvolvem-se do as chapas. Seguem os tipos elencados por Ambro-
mobiliários diversos com esse material. zewicz (2012):

SAIBA MAIS

Charles e Ray Eames (1952), grandes ícones do Design, desenvolveram diversos mobiliários reconhecidos
até os dias atuais. Possuíam algumas posturas no desenvolvimento, hoje, consideradas como pontos
da sustentabilidade, o uso de produtos de maior qualidade para aumentar a vida útil. É o caso, por
exemplo, da sua “[...] família de cadeiras de madeira compensada moldada, ainda fabricada”.

Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014).

100
DESIGN

Chapa dura: também chamadas de hardboards, são processa-


das a partir da madeira de eucalipto. De acordo com Ambrozewicz
(2012), quando prensadas com a lignina (um tipo de aglutinante da
própria madeira), elas se transformam em chapas rígidas.
Chapa de densidade média: conhecidas pela sigla MDF (me-
dium density fiberboard) muito utilizadas no Brasil para desenvolvi-
mento de móveis planejados, geralmente, possuem valor econômico
alto. Ambrozewicz (2012) informa que são compostas de fibras de
madeira aglutinadas com uma resina sintética (funciona como aglu-
tinante) prensada a quente, transformando-se em um material de
muita qualidade. Ambrozewicz (2012) ainda afirma que o material
aceita diversos tipos de processo de instalação e acabamento, como
lixamento, torneamento, pintura, impressão, aplicação de outros re-
vestimentos para acabamento, uso de pregos e parafusos, além de cola.
Normalmente, no mercado, o MDF possui acabamento de um mate-
rial chamado laminado melanímico de baixa pressão (BP), ou com
uma película celulósica do tipo finish foil (FF), ou ainda, ao natural.
Sobre a matéria-prima específica para o MDF, o uso, geralmente, é o
da madeira pinus ou outra que possua as mesmas características.
Chapa de densidade alta: ou HDF (high density fiberboards).
Essas chapas transformam-se nos pisos laminados e são produzidas da
mesma forma que o MDF, o que as difere, realmente, é a densidade da
massa, isto é, a quantidade de massa do produto em determinado volu-
me, ou seja, no caso do HDF, a quantidade dessa massa é maior do que
a do MDP se considerar o mesmo volume para os dois. Ambrozewicz
(2012, p. 306) relata que essa densidade do HDF é “acima de 800kg/m3”.
A indústria atual apresenta enorme diversidade de texturas e ti-
pos de pisos laminados para diversos tipos de ambientes. As varian-
tes possuem relação com o tipo de acabamento aplicado ou tipo de
resina utilizado como aglutinador. Esses pisos podem ser aplicados
em ambientes de alto, médio ou baixo tráfego, especificando-os de
acordo com as suas características.
Em relação à instalação, os procedimentos evoluíram muito.
Utiliza-se instalação com colagem, ou apenas com o encaixe, cha-
mado click, isto é, sem cola, apenas com o uso do encaixe, macho e
fêmea travado, conforme é descrito pelas informações comerciais.

101


Scaneie o QRcode e saiba a diferença entre MDF e MDP e qual é o melhor

Chapas de partículas ou aglomerado

São, de certa forma, resíduos finos de madeira, às ve-


zes, pinus, ou talvez, eucalipto, agrupados com resi-
nas sob pressão e altas temperaturas. As chapas que se
formam são, geralmente, aplicadas com acabamento
em finish foil (FF), ou ainda, laminado melamínico de
alta pressão (BP), bem como os materiais anteriores.
Ambrozewicz (2012) ressalta que o aglomerado não
é resistente à umidade e à água, portanto, devem ser
aplicadas em ambientes internos e secos. Também é
um material muito utilizado para a fabricação de mo-
biliários diversos, normalmente, no setor de móveis
padronizados, com menor custo econômico, atenden-
do, na maioria dos casos, às classes sociais com menor
potencial de compra na sociedade.

Chapas de partículas orientadas (OSB)

Constitui-se de pedaços de fibras de madeira somados


à resina e prensados. São muito utilizadas nos Estados
Unidos da América para construção civil, pois possuem
resistência mecânica, trabalhabilidade e versatilidade.
Ultimamente, a sua estética ganhou destaque e passou
a ser desejada em alguns tipos de ambientações descon-
traídas, inovadoras, joviais e contestadoras. Além disso,
o material pode ser especificado para mobiliários em
geral, painéis decorativos de parede, forro, divisórias de muito bem empregada em ambientes temporários ou
ambientes e até como piso. Possui um custo mais baixo sazonais (montagem da ambientação ou produto sem-
do que todas as opções anteriores, portanto, também é pre na mesma época do ano).

102
DESIGN

Em relação aos acabamentos, é importante ressaltar, ca-


ro(a) aluno(a), a necessidade dos cuidados na aplicação PROPRIEDADES DA MADEIRA
de vernizes e tintas, pois alguns desses materiais pos-
suem substâncias tóxicas ao seres vivos e podem provo- Vejamos, agora, as propriedades físicas e mecânicas da
car diversas reações, como alergias, queimaduras, pro- madeira. No entanto cabe salientar que existem muitas
blemas respiratórios e até lesões pulmonares. De acordo variantes causadas pelas diversas espécies botânicas de
com Ambrozewicz (2012), alguns desses produtos, por madeira: sua massa (ou a concentração desse material), a
serem tóxicos, destroem a possibilidade de uma possí- localização da peça de madeira retirada do lenho, a pre-
vel reciclagem de alguns tipos de madeiras. Além disso, sença de nós, fendas, fibras torcidas, que são chamadas
quando o produto é mal aplicado, ou mal especificado, de defeitos e, por fim, a variação na presença ou não da
pode danificar a peça (AMBROZEWICZ, 2012). umidade na peça. De acordo com o autor Bauer (1994),
seguem algumas das propriedades físicas:
SAIBA MAIS Teor de umidade - a madeira possui presença de
água, condição de ser vivo, entretanto pode-se classificar
a madeira em verde (acima de 30%), semisseca (acima de
A Associação Nacional dos Produtores de Pi-
sos de Madeira Maciça (ANPM) informa que as 23% até 30%), comercialmente seca (entre 18% e 23%),
Normas para pisos de madeira já publicadas seca ao ar (13% até 18%), dessecada (0%-13%) e comple-
pela ABNT são, por exemplo: a de Termino- tamente seca (0%). Para o uso na área de construção civil
logia (NBR 15798:2010) e a de Padronização
e Classificação (NBR 15799:2010). e, portanto, no design de interiores, é muito importante a
secagem. Entre diversos aspectos, a secagem evita o seu
Fonte: adaptado de ANPM (on-line)3.
empenamento (um tipo de deformação), que nos leva à
próxima propriedade.
REFLITA A Retratilidade - casos de alterações de volume e
dimensões. Conhecemos esta característica pela frase
popular “a madeira trabalha”. Em relação a isso, temos: a
Há milhares de materiais que oferecem uma
incrível gama de características e desempe- madeira forte, a média e a fraca (esta última indicada para
nhos que um designer pode explorar logo marcenaria e pisos, por apresentar pequenas fendas).
no início do processo de design apenas para A Densidade - o cálculo do peso (unidade) pelo vo-
estimular as ideias.
lume (aparente). Neste caso, temos que, quanto maior a
(Richard Morris) densidade, maior a resistência da madeira. Cita-se a rela-
ção entre o MDF e o HDF.

103


Condutibilidade Elétrica - se a madeira estiver resistência à tração ou resistência à compressão ou ao


seca, é isolante. Quando úmida, é condutora. cisalhamento, mesmo quando se considera as variantes
Condutibilidade Térmica - de acordo com Bauer existentes por ser um material vivo.
(1994), compreende-se que a madeira não conduz, satis-
fatoriamente, bem o calor. SAIBA MAIS
Condutibilidade Sonora e Absorção Acústica - a
madeira não é uma boa condutora de som, sendo, por este
Resistência mecânica, de acordo com Am-
motivo, muito indicada para ambientes onde é necessária brozewicz (2012, p. 33), “é a propriedade que
a absorção de ruído, apresentando uma diminuição de até tem o material de não ser destruído sob a
5dB (cinco decibéis). Porém deve-se levar em considera- ação de cargas [...] as cargas, agindo sobre o
material, podem causar esforços de tração,
ção diversos fatores, como o acabamento dado para a ma- compressão, flexão e o cisalhamento”.
deira, que pode auxiliar, ou atrapalhar a absorção. Desta forma: 1. Atração é a carga que “estica”
Resistência ao Fogo - as madeiras são classificadas a peça; 2. A compressão é a carga que com-
prime a peça; 3. A flexão é a carga que, ao
em dois grupos: as que possuem espessura inferior a vin- mesmo tempo em que comprime uma parte
te milímetros (20 mm), que são propagadoras do fogo, e da peça, traciona a outra; 4. A torção é a carga
as de espessura superior a 25 mm que diminuem o risco que torce a peça e, por fim, 5. O cisalhamento
é a carga que corta a peça.
de propagação. Quanto maior a espessura, menor é a pro-
pagação do fogo. De acordo com Ambrozewicz (2012), Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012).

as madeiras são resistentes às questões mecânicas, como

104
DESIGN

Figura 8 - Cinco tipos de resistência mecânica


Fonte: adaptada de Resistência dos Materiais ([2019], on-line)4..

105


106
DESIGN

Bambu
restrito a apenas algumas construções antigas in-
O bambu, como explicado no início da unidade, é dígenas e, atualmente, a construções desenvolvidas
um vegetal classificado como endógeno e também por defensores da permacultura.
é aproveitado na construção civil. De acordo com O bambu, entretanto, possui diversas qualida-
Marçal (2008), o bambu é da família das gramíneas, des.Conforme aponta Marçal (2008), não é um ma-
ou seja, das gramas, e possui cerca de 1.250 espécies terial poluente, em seu processamento, não há gas-
conhecidas em todo o mundo. Dele se pode extrair tos de grandes quantidades de energia, é uma fonte
o lenho e a fibra. Logo, Shepherd (2014) cita o ma- renovável e de baixo custo. Seu crescimento é rápido
terial como matéria para diversas utilizações, tais (em cerca de quatro anos, já pode ser utilizado), e
como comida, forragem animal, revestimentos de sequer precisa ser replantado após o corte, uma vez
parede e pisos, mobiliários, instrumentos musicais, que possui raízes longas e resistentes, que são ca-
polpa de papel, entre outros. pazes de se recuperar sozinhas. É leve, portanto, de
Souza (2004) acrescenta que o bambu é um ma- fáceis transporte, armazenagem e manuseio do ma-
terial explorado há milênios pelas sociedades asiáti- terial, atualmente, conta com evoluídas técnicas de
cas e, como afirma o livro Dicionário de Símbolos, processamento que potencializam as suas qualida-
escrito por Lexicon (1998), o bambu, para os orien- des e resolvem alguns dos seus “pontos negativos”.
tais, possui o significado de boa sorte: nas religiões, Estes são: quando em ambientes secos demais, pode
como o Budismo e o Taoísmo, os nós, que separam pegar fogo, em ambientes úmidos demais, pode apo-
o bambu em partes, somados ao seu crescimento rá- drecer, está propenso ao ataque de insetos e pode
pido e vertical, simbolizam a evolução espiritual, a rachar, fissurar e se contrair, de acordo com o que
alma que possui um caminho, mas também possui Souza (2004) apresenta.
as suas etapas de evolução. Assim como a madeira, as resistências do
Conforme afirma Souza (2004), nas culturas bambu variam de acordo com alguns fatores,
ocidentais, os materiais mais utilizados foram as pe- como: “espécie, idade, tipo de solo, condições cli-
dras e as madeiras. Portanto, como o Brasil foi uma máticas, época da colheita, teor de umidade das
colônia de Portugal, não existe, em nossa sociedade, amostras” (MARÇAL, 2008, p. 14). Entretanto os
o conhecimento popular e a cultura do uso e signi- estudos apontam que o bambu possui proprie-
ficados do bambu, apesar de ser um material mui- dades mecânicas ótimas, tais como tração, com-
to utilizado pelos índios brasileiros, ficando, assim, pressão, flexão etc.

107


Marçal (2008) afirma que, em comparações efetuadas com


o aço, o bambu apresenta-se mais seguro em relação ao uso em
construções, podendo aguentar até abalos sísmicos. Quando não
tratado, em ambiente coberto, o bambu pode durar de dez a quin-
ze anos. Souza (2004) informa que o material é um bom isolante
acústico e térmico, podendo receber tratamentos como a imper-
meabilização. A autora ainda afirma que o material pode ser utili-
zado em, praticamente, quase toda a estrutura da construção.
No design de interiores, a aplicação dos produtos desen-
volvidos com bambu são inúmeras. Em relação à estética, ele
possui padronização, textura e coloração únicas e que agradam,
é utilizado como elemento de design de interiores de fato, em
pisos, revestimentos, divisórias, mobiliários diversos, utensílios
e decorativos e, inclusive, na iluminação.
No que tange às suas cores, pode ser encontrado nas cores
naturais, ou pode ser tonalizado, possui padronagens, depen-
dendo do tipo de bambu e de como foi processado. Seu uso
está em crescimento, não só pela sua beleza e qualidade, mas
também, pelo apelo ambiental que esse produto possui.
O bambu é um material que sempre foi muito explorado.
Durante muito tempo esquecido pela sociedade, voltou a ser
ponto de destaque no momento em que nasceu a preocupação
ambiental. Aos designers de interiores, basta ampliar o olhar
para as possibilidades do material, já que sua beleza estética é
única e suas qualidades são inquestionáveis.

REFLITA

Thomas Edison, um dos maiores inventores do mundo,


sugeriu que as ideias são fáceis em comparação a fazer
as coisas funcionarem. Ele é o autor da famosa declara-
ção que postula que o sucesso é 1% inspiração e 99%
transpiração.

(Richard Morris)

108
DESIGN

109


Fibras (Têxteis e Papéis)

Fibras são matérias-primas finas e alongadas que podem ser agru-


padas, formando fios, cordas e até mantas. São elas que produzem o
papel e o tecido; falamos, novamente, de um material milenar. A so-
ciedade conhece as fibras, mas, durante muito tempo, as usamos sem
fiar, sendo, em vez disso, prensada, porém a evolução permitiu que o
ser humano desenvolvesse novas “tecnologias” de processamento. Por
exemplo, a madeira é fonte da fibra de celulose, que desenvolve o papel
e o raiom, um tipo de tecido similar à seda.

110
DESIGN

De acordo com Pezzolo (2013), as fibras, antes somen- forma, como os agregados que conhecemos no início
te naturais, hoje, podem ser artificiais químicas e artificiais deste livro. De fato, esses estudos acabarão abrangendo
sintéticas, isto é, compostas por matéria-prima natural pro- o design de interiores, e isto pode ser uma vertente de
cessada, industrialmente, e compostas por materiais sinte- estudos para os(as) designers. O uso das fibras em outras
tizados de petróleo, carvão e outros. funções pode, sim, estar presente em nossa área, talvez
Ainda de acordo com Pezzolo (2013), as fibras na- como um elemento que agrega resistência ou economia
turais vegetais são: o linho, o algodão, a juta, o sisal e o em materiais superprocessados, como o MDF e o MDP.
coco. Em relação às fibras naturais animais, podemos Entretanto, no design de interiores, tem-se a maior rela-
citar a lã, a seda e o cashmere. É importante ressaltar ção desses elementos em seus produtos têxteis e, quando
que, por serem de origem viva, esses materiais possuem processados, como papéis (os papéis de parede). A partir
diversas variáveis, tais como a questão do clima e da ali- desta perspectiva, vamos, agora, caro(a) aluno(a), aden-
mentação, sendo, portanto, fatores externos que definem trar no mundo das fibras no design de interiores.
como será a qualidade e o aspecto estético do material.
Em alguns casos, como o da seda, o produto final pode FIBRAS TÊXTEIS
ser influenciado até pelas fases da lua, portanto, todo o
processo, desde o seu início, deve ser, meticulosamente, A extração da fibra pode acontecer de diversas manei-
planejado e cuidado, somente assim se chegará a um re- ras, dependendo de sua origem. Para se transformar,
sultado de qualidade. propriamente, nas fibras, as matérias-primas passam por
Outro ponto que deve ser exaltado é que as fibras alguns processos, podendo ser sovadas, desmembradas,
naturais são abundantes no planeta, possuindo, então, lavadas (algumas precisam ficar de molho por algum
um custo mais baixo. Em alguns casos, são materiais tempo), torcidas e secas. Para as fibras se transformarem
autossustentáveis, portanto, estão paralelas aos concei- em fios, acontece a torção. De acordo com Fajardo, Cola-
tos da sustentabilidade em ascensão na sociedade atual. ge e Joppert (2002), os fios, por sua vez, também podem
Além das aplicabilidades anteriormente citadas, a fibra se converter em cabos, como os barbantes, produzidos a
natural, hoje, está na construção civil, utilizada na mistu- partir da torção de vários fios.
ra com cimentos, ou ainda, atuando como reforço nesses Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem algu-
produtos, por sua sustentabilidade: mas informações sobre algumas fibras naturais vegetais:
• O cânhamo, que produz fibras rústicas que po-
As fibras naturais, como reforço de matrizes frágeis dem ser comparadas ao linho.
à base de materiais cimentícios, têm despertado • A juta cujo país de origem é a Malásia, usada para
grande interesse nos países em desenvolvimen- desenvolvimento de sacaria, cordas, tecidos de
to, por causa de seu baixo custo, disponibilidade, revestimento de parede e tapetes de baixo custo,
economia de energia e também no que se refere às
pois não possuem elasticidade e resistência.
questões ambientais (PEZZOLO, 2013, p. 1).
• O rami, de origem asiática, é uma fibra rústica
e forte, pode ser usada na tecelagem, entretan-
Essas novas aplicações das fibras fazem parte de es- to é melhor aplicada ao trançado, produzindo
tudos mais recentes, que trazem à tona as diversas qua- até mobiliários.
lidades desses materiais, acabando por atuar, de certa

111


• A ráfia, muito empregada em chapéu, bolsas e


Entre as duas fibras naturais (a vegetal e a animal), a
calçados, aparecendo também, às vezes, em to-
alhas de mesa. mais antiga a ser explorada pela humanidade foi a ani-
• O sisal, originário do México. Por ser fibra rígi- mal. O uso da lã e dos pelos de cabra e de camelo pos-
da, é utilizado para cordas, barbantes e na tece- suem registro em pedras de milhares de anos e, ainda
lagem de tapetes rústicos, isto é, não são fibras hoje, são reconhecidas como os materiais nobres, sendo
para tecelagem. Como relatam Fajardo, Colage e um exemplo claro disto, a valorização da seda.
Joppert (2002), são fibras para trançar e também
não possuem muita elasticidade.
• A fibra de bananeira, basho (Japão), suas fi-
bras mais externas ao caule são aplicadas no
desenvolvimento de tecidos para decoração e
revestimentos.
• O vime, fibra flexível, é muito comum como ma-
terial para biombos, cestas, baús e peças de aca-
bamento, além de possuir, de acordo com Fajar-
do, Colage e Joppert (2002), estética rústica.
• O algodão talvez seja uma das fibras mais popu-
lares. Conforme afirmam os autores citados, o
material apresenta boa resistência e flexibilidade
e pode ser tingido.
• As fibras das palmeiras, muito empregadas no
trançado artesanal brasileiro pela abundância
de variedades.

As fibras têxteis, ou seja, as utilizadas na produção de Figura 9 - Palha de seda tingida


Fonte: Borges ( 2012, on-line)5..
tecidos, precisam apresentar algumas características,
como: finura (quanto mais fina, mais agradável ao to-
SAIBA MAIS
que, relação com a espessura), elasticidade (se alon-
gadas pela ação da tração, possuem a capacidade de
voltar ao estado original), resistência (se amarrotadas, A palha de seda é um fio desenvolvido dos
casulos do bicho da seda, que a indústria não
possuem a capacidade de voltar ao estado original), to- aproveita, ou seja, desenvolvido a partir de
que (sensação de conforto); hidrofilidade (capacidade material de descarte das indústrias, esses
de absorção de água); hidrofobilidade (capacidade de casulos são descartados porque possuem
algumas irregularidades que não se ajustam
repelir a água, ou demorar a absorvê-la); resistência ao ao processo do maquinário industrial, po-
ataque químico (avaliação da reação da fibra em con- rém uma produção artesanal desenvolve fios
tato com componentes químicos) e desgaste (relação diferenciados que possuem a característica
rústica de beleza.
com a resistência mecânica). Além disso, de acordo
com Pezzolo (2013), as fibras podem sofrer tratamen- Fonte: a autora.

tos, como o tingimento e o envernizamento.

112
DESIGN

SAIBA MAIS
Conforme apresentam Fajardo, Colage e Joppert
(2002), seguem algumas informações sobre as lãs e a É interessante poder compreender todos os fatos,
seda, fibras naturais animais: as simbologias e as histórias sobre as coisas à nossa
• As lãs de carneiro, de cabra e de camelo possuem volta. O entendimento destes detalhes nos ajuda a
criar nosso repertório e perceber o universo criativo,
muita elasticidade, esticam-se em, praticamente,
que pode ser encontrado em qualquer situação. Veja
30% de comprimento sem estourar e fixam, fa- este exemplo: o nome da fibra artificial Nylon é a
cilmente, a coloração. É importante ressaltar que junção dos nomes das cidades de New York e London.
as lãs provindas de animais mortos possuem ca-
Fonte: adaptado de Fajardo, Colage e Joppert (2002).
racterísticas diferentes de quando são extraídas
de animais vivos. Normalmente, as de animais
mortos são mais rústicas e de menor qualidade,
portanto, com valor econômico mais acessível. Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem informa-
• A seda, o fio mais leve e de maior resistência ções sobre algumas fibras artificiais:
entre os fios naturais, possui elasticidade supe- • Viscose: extraída da celulose, semelhante ao al-
rior ao algodão, porém inferior à lã. Provém do godão na característica de absorção de água, re-
casulo do bicho da seda, uma lagarta que se ali- sistência à tração, tem caimento e maciez, entre-
menta da folha da amora. Animal muito frágil, tanto, queima com facilidade.
não suporta muito calor e muita umidade, e seu • Elastano: fibra química, obtida de etano, possui
desenvolvimento é muito sensível às variações muita elasticidade, por isso, é utilizada em rou-
climáticas e às fases da lua. pas para praia e esportes. Possui muita resistên-
cia à abrasão, não se deteriora facilmente, tam-
Pezollo (2013) afirma que o desenvolvimento da tecno- bém é resistente à ação de agentes químicos.
logia, quando somada à indústria têxtil, elevou o pata- • Microfibra: obtida do acrílico, poliamida ou poliés-
mar das confecções de baixo custo com extrema rapi- ter (materiais denominados polímeros, que veremos
dez. Portanto, as fibras químicas (matéria-prima vegetal, mais profundamente nas próximas unidades). Os
animal ou mineral como base) ascenderam ao mercado pontos positivos são secagem rápida, toque macio,
fácil manutenção, caimento bom, não amassa etc.
e chegaram ao apogeu quando nasceram as chamadas
fibras sintéticas (carvão e petróleo). São exemplos des- Fajardo, Colage e Joppert (2002), entretanto, ressaltam
ses materiais: o nylon, o raiom (a primeira fibra sintética que, em relação às fibras naturais, as sintéticas ainda
apresentada ao mundo), o raiom acetato (extraído da deixam a desejar, pois não deixam o corpo “respirar”, ou
celulose, a fibra da madeira), o poliéster, a poliamida, a seja, não permitem a passagem da transpiração como os
viscose, o elastano, a microfibra etc. tecidos obtidos das fibras naturais.

113


No design de interiores, também encon-


tramos os têxteis como materiais de tape-
tes, cortinas de tecidos, estofados e carpe-
tes. Estes são um revestimento para piso
têxtil que tomam todo o piso de uma am-
bientação, diferentemente do tapete, que
fica concentrado, normalmente, apenas
em alguns locais específicos.
Os carpetes já foram, amplamente,
utilizados pelos consumidores brasi-
leiros, mas sofreram um declínio nas
últimas décadas. A indústria atual vem
trabalhando com novos materiais para
reverter este fato.
Pezzolo (2013) apresenta a classifica-
ção de três tipos de carpete: aqueles feitos
à mão, os industrializados e os carpetes de
argola – mais recentes e constituídos de fi-
bras químicas, podendo ser lavados com
água e sabão.

REFLITA

Conforme Fajardo, Colage e


Joppert (2002), são inúmeras as
possibilidades de criar objetos
artesanais combinando o uso
de fibras e fios com outros ma-
teriais. Como designer, de qual
maneira você poderia trabalhar
esses materiais em interiores?

114
DESIGN

PAPÉIS Esta estrutura resulta em um produto com certa resis-


tência, ao mesmo tempo em que também apresenta a
O papel é desenvolvido a partir da fibra da madeira – a leveza. O produto pode ser obtido de celulose “virgem”,
celulose – e de outros materiais orgânicos. Conforme afir- ou, ainda, de material reciclado. Hoje, sua maior apli-
mam Farrelly e Brown (2014), o papel pode ser utilizado cação é no desenvolvimento de embalagens, mas já é
nas ambientações como papéis de parede, como divisórias possível encontrar profissionais trabalhando com esses
de ambientes (os biombos japoneses são um belo exem- materiais em mobiliários, brinquedos, luminárias e di-
plo dessa aplicação), podem ser utilizados como decorati- versos outros produtos.
vos diversos e, agora, com a redescoberta do papelão, está Carvalho (2012) afirma que os motivos que levam
se transformando em mobiliários diversos, estruturas que ao uso do papelão como material para mobiliário e ou-
se transformam até em forros e paredes leves. tros produtos são seu custo acessível, sua consciência
Em relação ao desenvolvimento e à especificação ambiental (quando originário de reciclagem), praticida-
de mobiliários, o papelão é um ótimo material para de na montagem e desmontagem e ocupação de pouco
ambientes em que não é necessária uma durabilidade espaço quando armazenado. Contudo o autor também
longa, de acordo com Moxon (2012). Segundo as infor- afirma que é necessário a compreensão de que o produ-
mações da ABPO - Associação Brasileira do Papelão to tem vida útil menor que outros materiais e, portanto,
Ondulado ([2019], on-line)6, esse produto constitui-se precisa de cuidados especiais, por exemplo, quando se
de miolo (papel ondulado) e capas (papel em chapas). trata de umidade.

Figura 10 - Poltrona de papelão


Fonte: Eco-Nautas (2010, on-line)7.

115


SAIBA MAIS
mundo eram as que que reuniam muito vidro, tecidos
O sistema softwall + softblock, desenvolvi- e papéis de parede. Zabalbeascoa (2014) afirma que os
do pela Molo Design, é constituído de papel papéis de parede foram muito utilizados na Europa por
kraft e tecidos. Esse sistema é adequado aos serem a melhor opção contra o frio, visto que os teci-
ambientes efêmeros por possuir montagem
e desmontagem práticas, configurar o layout, dos absorvem mais os cheiros, as sujeiras e as gorduras
apresentar layouts dinâmicos e diferenciados, e, posteriormente, com o tempo, desenvolveu-se como
além de contribuir para a acústica e a ilumi- um elemento decorativo. Porém a história mais antiga
nação destes espaços.
sobre o uso dos papéis de parede retoma à China, com
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). papéis pintados à mão, que chegam ao mundo ocidental
e começam a se popularizar na época da Revolução In-
dustrial, que mecanizou o processo de desenvolvimen-
Papéis de Parede to desse material. “O século XXI tem testemunhado o
ressurgimento dos interiores profusamente decorados e
Os papéis de parede não eram muito populares na so- muito envolventes” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 73).
ciedade brasileira. A crescente demanda pelo seu uso Nos dias atuais, a aplicação de papéis de parede
aconteceu mais recentemente, após a indústria apre- está tão ampliada que é possível encontrar profissio-
sentar produtos, economicamente, mais acessíveis e de nais indicando sua aplicação em forros, mobiliários e
qualidade. Entretanto esses elementos eram as referên- em outros tipos de elementos decorativos. É impor-
cias do luxo e da ornamentação que conhecíamos dos tante ressaltar, também, que a indústria desses pro-
países europeus. As casas nobres e tradicionais do velho dutos evoluiu ainda mais, e podem ser encontrados

116
DESIGN

ser aplicado em locais secos, úmidos e em pare-


papéis de parede para diversos tipos de aplicações.
des irregulares. É lavável com detergente neutro
Um salto em qualidade, pois, de acordo com Gubert e, em sua aplicação, utiliza-se cola aplicada sobre
(2011), um dos maiores pontos negativos desse mate- a parede. A retirada deve ser efetuada a seco.
rial era a sua não adequação aos ambientes molháveis 3. Papel vinílico: constituído de material vinílico
e, de acordo com dados comerciais, existe, hoje, um (PVC), possui maior resistência e é impermeá-
tipo de papel de parede impermeável. Suas composi- vel. Pode adotar aspecto brilhante, matificado,
ções podem apresentar materiais vinílicos, PVC e em- metálico e com relevo, sendo indicado para lo-
cais secos e úmidos. Pode ser aplicado em parede
borrachados e muitos outros, como vidro, materiais
irregular – inclusive, camufla algumas irregula-
metálicos, superfícies sensitivas e até eletrônicos.
ridades. É indicado para locais de intensa cir-
Sobre os papéis de parede comuns, as informa- culação, é lavável com detergente neutro e pode
ções comerciais apontam três tipos: os denominados sofrer esfregamento com moderação. Sua aplica-
TNT (tecido não tecido), vinílico e tradicional. A se- ção ocorre com cola sobre o papel, e sua retirada
guir, suas características: deve ser a seco ou por abrasão.
1. Papel tradicional: constituído de celulose, possui
um aspecto liso, indicado para locais secos e sem Esses materiais sofrem diversos tratamentos para me-
grande circulação. Deve ser instalado em parede lhorar suas características de resistências à iluminação, à
lisa e, em sua aplicação, utiliza-se a cola sobre o
umidade e aos ataques químicos, para admitir a lavagem
papel. Caso seja necessária a sua retirada, deve-se
umedecer o material. ou a manutenção. Ademais, “os revestimentos de parede
2. Papel tecido não tecido: constituído de fibras de vinílicos [...] são feitos para serem resistentes e duradou-
poliéster e celulose, resiste bem à umidade, pode ros e são testados quanto à resistência ao fogo” (BING-
GELI; CHING, 2013, p. 310).

117


Sustentabilidade

A madeira é uma matéria-prima renovável. No entanto, Existem, porém, as políticas atuais, que desenvolve-
após milhares de anos de extração sem o compromisso ram leis normativas do uso da madeira e a exigência do
com reflorestamento, esse material beira à extinção. De uso de madeiras de reflorestamento. Entretanto, de acor-
fato, algumas árvores, hoje, já estão extintas, portanto, do com Moxon (2012), as perdas ainda são grandes, e
existem, no uso da madeira, grandes pontos negativos. existe uma imensa preocupação em minimizar os danos
Soma-se a isso o fato de que a exploração da madeira existentes. Mas as madeiras são materiais de muita du-
afeta, diretamente, o habitat do local, causando erosão rabilidade quando aplicadas, corretamente, e mantidas
do solo e diminuição da absorção do dióxido de car- de acordo com as suas características. Alguns teóricos
bono da atmosfera, o que, por sua vez, altera o clima, da sustentabilidade sugerem que, quando há necessi-
deixando em risco também os animais e vegetais. Em dade de especificar materiais de longa duração, é mais
alguns casos, são retiradas árvores até das matas cilia- correto utilizar os produtos naturais certificados do que
res (árvores que ficam nas beiras dos rios), o que causa alguns novos materiais que não possuem durabilidade
danos, como o acúmulo de detritos (sujeiras) nessas e precisam ser substituídos após alguns poucos anos de
fontes de água, ressecamento etc. uso. Outro ponto positivo importante, no entanto, é que:

118
DESIGN

[...] ao final de sua vida útil, a madeira se decom-


põe naturalmente, ou pode ser queimada para ge- atitudes conscientes é a ajuda que o meio ambiente tan-
rar energia térmica. O dióxido de carbono emitido to necessita. Outra opção que pode ser tomada pelo(a)
é considerado igual ao dióxido de carbono absor- designer de interiores é a adequação desse material em
vido durante seu processo de crescimento, o que a outras partes da ambientação, como um piso de taqui-
torna um material com emissão de carbono neutro
(MORRIS, 2010, p. 115).
nhos de madeira que pode se transformar em um lindo
painel de parede.
Em relação ao MDF, MDP e OSB, é importante ressal- O usuário, muitas vezes, não compreende quais os
tar que esses produtos podem levar, em sua constituição, reais benefícios e as qualidades que os produtos na-
produtos tóxicos (resinas), com a finalidade de agirem turais possuem em relação aos produtos artificiais, e
como colas. Esses resíduos, se realmente tóxicos, proble- este desconhecimento pode ser sanado pelo(a) desig-
matizam o descarte desses materiais, já que não podem ner de interiores, evitando o desperdício de materiais
ser queimados por exalarem fumaça tóxica, isto é, não duráveis e o consumo desnecessário de produtos, o
podem ser reaproveitados como fonte de energia ou ca- que diminui o valor total da obra e contribui para um
lor em outras empresas. Sendo assim, o descarte do ma- mundo, ecologicamente, melhor.
terial e de seus resíduos de processamento torna-se algo Como afirma Moxon (2012, p. 36), “não há des-
preocupante. Conforme Morris (2010, p. 115), “a desvan- perdício no mundo natural, que opera em ciclos con-
tagem desses tipos de madeira é a natureza química das tínuos e equilibrados.” O bambu, como afirma Souza
colas e resinas geralmente utilizadas como aglutinantes”. (2004), é um vegetal de crescimento muito rápido e
Atualmente, com o apelo consumista do mercado, é fácil, pois aceita quase qualquer tipo de terreno e, em
comum verificar que os indivíduos escolhem a retirada três anos, está adequado para extração. É importante
de materiais naturais já preexistentes de uma constru- sempre utilizar os tipos de bambu da região para evi-
ção, no ato de uma reforma, para a colocação de outros tar o transporte desse material e o gasto de energia,
materiais mais novos ou “mais modernos”. É, de fato, além da emissão de gás carbônico.
responsabilidade do(a) designer de interiores verificar a Ao tratar dos materiais que produzem as fibras
possibilidade de reutilização desses materiais, como os têxteis naturais vegetais, devemos pensar em diversas
tacos e tábuas de madeiras, se podem ser revitalizados questões. Podemos citar o algodão como exemplo – sua
e, com a estética renovada, continuarem naquela ou em plantação gera impacto ambiental no meio em que se
outra ambientação. A popularização dessas pequenas encontra, as dimensões destes campos de produção são

119


enormes, afetando, diretamente, a vida animal e vegetal do desenvolvidas de reciclados estão presentes nas lojas com
local. Além disso, é uma plantação e precisa de grande de- ótimo desempenho” (PEZZOLO, 2013, p. 257).
manda de água. Moxon (2012) afirma que a produção do Sobre as novas adaptações das indústrias de carpete,
algodão apresenta 3% do consumo total de água mundial. Moxon (2012) apresenta como pode ser o passo a passo
Também não se pode esquecer o uso de diversos da vida útil do carpete em empresas que procuram se
produtos químicos para evitar as pragas nesses campos. adequar à sustentabilidade. O ciclo se inicia na obten-
Contudo existem diversas possibilidades se considerar- ção da matéria-prima, que pode ser originária de pro-
mos o uso de materiais têxteis reciclados. Farjado, Cola- dutores locais quando for necessário o uso de fios novos
ge e Joppert (2002) informam que existe, por exemplo, ou pode ser originária de fios reciclados. Durante todo
o fio de trapo, que consiste no uso de fios “desfiados” de o processamento do material, dentro da empresa, pode
roupas e de outras peças de tecido já usadas. existir um controle e uma preocupação com os resíduos
O maior desafio consiste na aceitação dos tecidos re- da produção e com o uso consciente de água e energia
ciclados por parte dos consumidores, que acreditam ser para os tratamentos do material. Em sua fase de insta-
peças com qualidade inferior. Pezzolo (2013) ressalta que lação, já no cliente final, a cola utilizada pelo instalador
36% dos consumidores, no Brasil, compreendem recicla- deve ser de baixa emissão de COV (compostos orgâni-
do como algo inferior, porém muito do que é vendido, cos voláteis), para promover a qualidade do ar. Estetica-
atualmente, no mercado, provém de fios reciclados e, mui- mente, algumas empresas defendem o uso de placas pa-
tas vezes, o consumidor acaba por adquirir esses produtos dronizadas de carpete, diminuindo, assim, o desperdício
sem saber que são reutilizados. Segue frase da autora so- do material no momento de adequação às dimensões
bre o assunto: “[...] mal sabem eles que, desde 1997, peças do ambiente e, de certa forma, proporciona ao designer

120
DESIGN

de interiores a possibilidade de criação de desenhos di- ciclado. Portanto, temos os seguintes benefícios: reduz
versos. Além disso, esse sistema permite a manutenção perdas de produtos diversos por estarem embalados
do carpete com a retirada apenas da placa que está des- pelo papelão ondulado, é saudável ao uso, pois é um ma-
gastada, ou que sofreu alguma alteração. Para finalizar terial de descarte instantâneo e, como é biodegradável,
o ciclo, quando esses materiais forem descartados, po- seu descarte não afeta o meio ambiente, podendo, além
dem ir novamente para a fábrica, tornando-se um novo disso, ser reciclado.
produto e diminuindo cada vez mais a necessidade de
extração de matéria-prima virgem. SAIBA MAIS
Ao se tratar de matérias-primas das fibras naturais
animais, deve-se relembrar que essas são de maior qua- Embora seja importante reconhecer o valor
lidade quando extraídas do animal vivo, evitando, assim, prático dos materiais e das construções tradi-
sua morte. Em alguns casos, a tosa destes pelos é benéfi- cionais, isso não precisa ditar a aparência de
um projeto ou limitar, o projeto sustentável
ca ao animal, sendo, esse tipo de material, denominado a um estilo particular. [...] materiais tradicio-
autossustentável. A lã de carneiro é um exemplo, bem nais e naturais podem ser utilizados de um
como a cortiça (origem vegetal). modo moderno, inovador ou combinados
com materiais mais novos para um conjunto
O papel tem origem na fibra da madeira – a ce- mais equilibrado.
lulose – e também possui um apelo muito grande em
Fonte: Moxon (2012, p. 26).
relação às políticas de uso do reflorestamento, é, por-
tanto, necessário estimular o uso de materiais recicla-
dos. Além disso, de acordo com Moxon (2012), os(as)
profissionais de design de interiores e áreas afins de-
vem conhecer os produtos que aplicarão junto ao pa-
pel de parede e outros materiais recicláveis para evitar
que a mistura com os materiais tóxicos ou poluentes
contaminem os recicláveis de modo que não possam
mais ser admitidos à recuperação.
No caso do papelão ondulado, material em destaque
hoje para os designers, a Associação Brasileira do Pape-
lão Ondulado ([2019], on-line)6 afirma que ele provém
de fontes renováveis, evitando o alto impacto ambiental
e, ainda, defende que isso se alastra para todo o ciclo de
vida do material, que possui uma estrutura fechada, ou
seja, cíclica – o papelão é reutilizado, após o uso, é re-
Figura 11 - Luminária de papelão ondulado reciclado

121
considerações finais

Nesta unidade, estudamos materiais que oferecem segurança, seja no aspecto espacial,
no que tange às ambientações e construções que asseguram a sobrevivência em um
mundo impetuoso, seja em um âmbito mais próximo, corporal, protegendo a pele e
o corpo desse mesmo mundo e seus climas, muitas vezes, cruéis.
Percebemos como a madeira é diversificada bem como as suas aplicações. Ob-
servamos como o homem conseguiu descobrir outras formas de usar essa mesma
matéria-prima, produtos que resultam de diferentes processos que ele desenvolveu ao
longo de sua existência para melhorar, em diversos aspectos possíveis, a aplicabilidade
desses materiais naturais em seu meio urbano.
Estudamos também o bambu, material que, igualmente, possui qualidades nume-
rosas, sendo utilizado na construção civil como elemento estrutural (vigas, cabos) e
no design de interiores, com sua aplicabilidade se movimentando em torno de muitas
possibilidades, que vão desde o revestimento de piso e parede, como material estrutural
ou acabamento de mobiliários, a elementos de iluminação e decorativos.
Das fibras, como a celulose, obtém-se o papel, que é um produto separador de
águas para a humanidade, pois, por meio dele a escrita pôde ser transportada e, depois,
multiplicada. O papel tem a sua função nos interiores, protegendo a alvenaria, ofere-
cendo uma sensação calorosa e, logo, um elemento de potencial decorativo presente
nas ambientações, com suas estampas. Do papel delicado passamos ao estudo do
papelão, produto mais rústico e resistente que, hoje, pode ser utilizado como material
para mobiliários. Das fibras naturais, conhecemos as que provêm dos animais, desde
os primórdios atuando na proteção contra as intempéries naturais e, então, aplicadas
como tapete, carpete e cortinas, revestimentos de móveis, iluminação e decorativos.
E, por último, obtivemos a compreensão de todos estes conteúdos, somados às
questões da ordem da sustentabilidade e da prática profissional, fechando mais uma
unidade de aprendizado.

123
atividades de estudo

1. Considerando todo o conteúdo que pudemos es- da e, como não há necessidade de transporte
tudar em relação às madeiras e a todos os seus de longa duração, não emite gás carbônico na
tipos de aplicações, analise as afirmativas a seguir: atmosfera.
I. A madeira roliça é pouco processada e possui IV. Descoberto, recentemente, pela sociedade, o
uma estética bem rústica. bambu ainda não possui muitas aplicações,
II. A madeira serrada é aquela utilizada nas es- sendo apenas material para desenvolvimento
truturas de pergolados. de utensílios e decorativos.

III. O compensado constitui-se de lâminas de ma- Assinale a alternativa correta.


deira, unidas por adesivo ou cola. a. Apenas I e II estão corretas.
IV. A chapa de densidade média constitui-se de b. Apenas II e III estão corretas.
pedaços de fibras de madeira somados à re-
c. Apenas I está correta.
sina e prensado.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
V. Os aglomerados são, de certa forma, resídu-
os finos de madeira, às vezes, pinus ou, talvez, e. Nenhuma das alternativas está correta.
eucalipto, agrupados com resinas sob pres-
3. De acordo com o conteúdo exposto sobre o
são e altas temperaturas.
papel, o papelão e o papel de parede, leia as
VI. Na madeira laminada, a tora é cozida e corta- afirmativas, reflita, retome o conteúdo se ne-
da em lâminas. cessário e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
Assinale a alternativa correta. ( ) O papel e o papelão possuem matéria-prima
diferentes entre si. O primeiro é desenvolvido com
a. Todas as afirmativas estão corretas.
celulose, e o outro, com poliéster.
b. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
( ) O papelão é mais firme, estruturalmente, por-
c. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. que possui a adição de agregados em sua compo-
d. Apenas a afirmativa IV está correta. sição para melhor suportar o peso.

e. Nenhuma das afirmativas está correta. ( ) O papel de parede é um material muito frágil.
Não evoluiu desde sua descoberta pelos chineses
2. O bambu também é um vegetal, porém dife- e deve ser utilizado apenas em pequenas dimen-
rente das árvores. Na botânica, está no grupo sões, em ambientes internos, e nunca em ambien-
de vegetais denominado gramíneas. A respeito tes com umidade, mesmo que mínima.
desse material, leia as afirmativas a seguir:
( ) O papel de parede é um material muito forte e
I. O bambu é uma fonte alternativa de material
resistente. Não evoluiu desde sua descoberta pe-
que possui crescimento rápido, sendo assim,
los chineses, mas serve para ambientes internos,
um material renovável e de baixo custo.
sendo úmido, ou não.
II. Alguns dos problemas do bambu é que pode
( ) O papelão, por sua vez, é mais fraco, estrutural-
ser inflamável, mas em contato com a umida-
mente, que o papel de parede porque não possui
de, o material pode sofrer apodrecimento.
a adição de agregados em sua composição.
III. O bambu é completamente sustentável por-
Assinale a alternativa correta.
que não possui nenhuma energia incorpora-

124
atividades de estudo

a. V, V, F, V e F. natureza e afetam, diretamente, o meio am-


biente que os cerca.
b. F, F, V, F e V.
PORTANTO
c. F, F, F, F e F.
II. Os cientistas e estudiosos da área indicam aos
d. V, V, V, V e V.
profissionais da construção civil, arquitetura e
e. V, F, V, V e F. design de interiores que especifiquem o mí-
nimo de materiais naturais em seus projetos,
4. Quais os tipos de fibras existentes? Desenvolva,
sugerindo sempre o uso dos sintéticos e arti-
em croqui, uma ambientação que utilize como
ficiais, evitando, assim, a poluição e a destrui-
ponto central algum elemento de fibra, papel ou
ção do planeta.
tecido, que possua tanto funcionalidade quanto
estética. Após o desenvolvimento dessa ambien- a. As asserções I e II são proposições verdadeiras,
tação com algum desses materiais, justifique o mas a B não é uma justificativa correta da A.
seu conceito, apoiando-se nos dados estéticos e
b. As asserções I e II são proposições verdadei-
funcionais do material envolvido.
ras, e a II é uma justificativa correta da A.
5. Em relação aos questionamentos sobre a sus-
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a
tentabilidade de alguns materiais, leia as argu-
II é uma proposição falsa.
mentações a seguir:
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
I. Os materiais naturais bem como as pedras, as
uma proposição verdadeira.
madeiras e as fibras naturais, possuem alguns
pontos negativos na questão da sustentabili- e. As asserções I e II são proposições falsas.
dade, porque, normalmente, são extraídos da

125
LEITURA
COMPLEMENTAR

Marcelo Rosenbaum, designer de interiores, desenvolve e orienta o projeto denominado “A


gente transforma”. O objetivo do projeto é trabalhar a questão da sustentabilidade de forma
bem clara nos seus âmbitos econômico e social, além de valorizar a cultura brasileira. No ano de
2013, o projeto foi apresentado na São Paulo Fashion Week, em que nesta edição foi realizada
em Várzea Grande do Piauí, por meio de uma exposição organizada por seus coordenadores.
O projeto se constitui de uma equipe de profissionais que chegam à comunidade, relacio-
nam-se com os moradores, descobrem e estudam sobre os seus costumes e, em reunião
com a população, tentam desenvolver uma forma de levantar ideias para novos meios de
subsistência da comunidade, baseados em um conceito de economia inclusiva e sustentável.
Na cidade de Várzea Grande, as matérias-primas escolhidas foram a palha de carnaúba e
a borracha, sendo dois núcleos de desenvolvismento artesanal aplicados na experiência. É
então que nasce o projeto Toca – Toca da Borracha e Toca da Palha. Para tanto, a equipe
levantou dois espaços para os artesãos trabalharem de acordo com os ensinamentos da
permacultura. Do trabalho dos artesãos surgiram peças de decoração e joias. Entretanto
o maior resultado do projeto foi o de desenvolvimento do local, de forma cultural e eco-
nômica, e o fortalecimento da comunidade, tendo em vista que as suas aptidões naturais
trouxeram a oportunidade de uma vida melhor.
Desta e de diversas outras formas o(a) profissional de design de interiores pode alterar e trans-
formar o mundo à sua volta, valorizando a cultura local, os artesanatos da comunidade, en-
xergando estes como ferramentas para criação não só de produtos e materiais, mas também
de ambientes conectados com o mundo, porém, igualmente, conectados com as tradições,
passado e meio ambiente regional, levando qualidade de vida não somente para seus clientes/
usuários mas também para todos os indivíduos que dependem desta cadeia econômica.

Fonte: adaptado de Rosenbaum (2013, on-line)8.

126
material complementar

Indicação para Acessar

As incríveis casas de bambu construídas por Elora Hardy e sua equipe de artesãos locais talentosos que con-
seguem tirar o máximo do material. Eles acreditam que o bambu tem um potencial incrível.
https://www.youtube.com/watch?v=kK_UjBmHqQw

Indicação para Acessar

Revista online e gratuita cujo assunto principal é a madeira. Apresenta as novidades e inovações do mercado
para esse material.
http://www.remade.com.br/revista-madeira

Indicação para Acessar

A seguir, o link para a matéria sobre o projeto do Álvaro Guillhermo, vencedor do iF Social Impact Prize.
https://www.portalsplishsplash.com/2018/03/alvaro-guillermo-gestor-e-criador-do-projeto-encontros-criati-
vos-vence-o-if-social-impact-prize.html

127
referências

ABNT. NRB 15798: Pisos de madeira: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ABNT. NRB 15799: Pisos de madeira: padronização e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. 2011. 114 f. Mo-
nografia - Curso Superior de Tecnologia em Artes Gráficas do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laboratório. São
Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013.
CARVALHO, L. de. Fênix: móveis emergenciais. 2012. 101 f. Monografia (Bacharel em Desenho Industrial – Ha-
bilitação em Projeto do Produto) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie,
São Paulo, 2012.
ESTUQUI FILHO, C. A. A durabilidade da madeira na arquitetura sob a ação dos fatores naturais: estudo de casos
em Brasília. 2006. 149 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Programa de Pós-graduação da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
FAJARDO, E.; COLAGE, E.; JOPPERT, G. Fios e fibras. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barcelona:
Editorial Gustavo Gilli, 2014.
GONÇALVES, B. Análise do uso de diferentes madeiras locais em vinho tinto. 2011. 50 f. Monografia (Curso
Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul, Bento Gonçalves-RS, 2011.
GUBERT, M. L. Design de interiores: a padronagem como elemento compositivo no ambiente contemporâneo.
2011. 161 f. Dissertação (Mestrado em Design) - Programa de Pós-graduação em Design, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
LEXICON, H. Dicionário de símbolos. São Paulo: Cultrix, 1998.
MARÇAL, V. H. S. Uso do bambu na construção civil. 2008. 60 f. Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil) -
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
MOIZÉS, F. A. Painéis de bambu, uso e aplicações: uma experiência didática nos cursos de Design em Bauru,
São Paulo. 2007. 116 f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) - Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007.

128
referências

MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman,
2010.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.
NINGUÉM, M. Permacultura. [Entrevista cedida a] Angela Gois. Spot - Boletim Acadêmico de Design de
Interiores Unicesumar. 5. ed. Maringá: Unicesumar, ago./set. 2015.
PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo: Senac, 2013.
SHEPHERD, J. R. Casas pequenas: um guia para iniciantes sobre como viver com pouco. Canadá: Balbecube,
2014.
SOUZA, A. P. C. C. Bambu na habitação de interesse social no Brasil. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo,
Belo Horizonte, v. 11, n. 12, p. 217-245, dez. 2004.
VALÉRIO, A. F. B. Materiais para uma construção sustentável: o caso da cortiça. 2014. 139 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Uni-
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REFERÊNCIAS ON-LINE

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2
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Em: http://anpm.org.br/conquistas/. Acesso em: 17 maio 2019.
4
Em: https://pt.scribd.com/doc/307241452/Apostila-Rm. Acesso em: 17 maio 2019.
5
Em: http://marcelaborges.blogspot.com/2012/06/o-casulo-feliz.html. Acesso em: 20 maio 2019.
6
Em: http://www.abpo.org.br/?page_id=1156. Acesso em: 20 maio 2019.
7
Em: http://eco-nautas.blogspot.com/2010/02/poltronas-e-sofa-de-papelao.html. Acesso em: 20 maio 2019.
8
Em: http://www.noticiasdobem.com.br/listaprod/noticias-do-bem/arquiteto-marcelo-rosenbaum-fala-so-
bre-a-importancia-da-valorizacao-cultural-na-arquitetura categoria,1,811.html. Acesso em: 20 maio 2019.

129
gabarito

1. D.
2. A.
3. C.
4. As fibras, antes somente naturais, algumas de origem vegetal e outras de
origem animal, hoje podem ser artificiais químicas e artificiais sintéticas, isto
é, compostas por matéria-prima natural processada, industrialmente, e com-
postas por materiais sintetizados de petróleo. (O restante do exercício possui
cunho criativo, porém o desenvolvimento da ambientação deverá exigir os
conhecimentos acerca do material escolhido pelo(a) aluno(a)).
5. D.

130
UNIDADE
IV
METAIS E POLÍMEROS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Metais
• Polímeros
• Acrílico (PMMA)
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos metais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos polímeros.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade do acrílico.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a)! Chegamos à quarta unidade do nosso livro de
materiais e revestimentos. Nesta parte, você estudará dois
tipos de materiais: os metais e os polímeros, materiais que
possuem características muito diversas se comparados aos
anteriores, mas ambos possuem muita beleza e aplicações no design de
doença de wonvilebran interiores. A primeira aula trata dos metais, ma-
teriais que alguns estudiosos acreditam ter exigido de nossos ancestrais
mais raciocínio para seu uso e manuseio. Os metais são conhecidos e
utilizados desde as primeiras eras dos homens, mas são materiais tão di-
versificados que cada momento da evolução humana revelou um dife-
rente tipo de metal. E mesmo quando muitos desses se apresentaram à
sociedade humana, é possível perceber que, pelo nível de dificuldade de
manuseio, alguns foram aplicados de forma bem rudimentar, até que a
evolução científica despertou a capacidade e a qualidade de uso desses
materiais aos nossos antepassados.
A segunda aula, apresenta um material jovem, novo para os seres
humanos, diferentemente de todos seus antecessores, cujo uso só foi
possível por meio do desenvolvimento intelectual dos humanos e do de-
senvolvimento da tecnologia e das ciências. Chamados, popularmente,
de plásticos, os polímeros se subdividem em categorias, e estas, por sua
vez, apresentam ainda mais diversidade de tipos, classes e tratamentos
ou composições. Esta aula se arranja pela separação de materiais e um
desses, tido como nobre, destaca-se nesta unidade: o acrílico, um tipo de
polímero muito utilizado na construção civil e que vem surpreendendo a
todos pelas qualidades e aplicações.
Ao final, seguem as etapas de sustentabilidade relacionando-se aos es-
tudos dos materiais, às tendências atuais, à sua aplicabilidade, além de toda
a criatividade, da questão da preocupação com o meio socioambiental e
como os materiais se relacionam com essas questões, sugerindo uma refle-
xão a você sobre seu posicionamento perante as questões sociais.


136
DESIGN

Metais
SAIBA MAIS

A relação estreita entre Homem e materiais se


configurou tão significativa e importante, como O desenvolvimento do aço, em seu início, foi
ainda se configura, que eras diferentes da hu- rápido, no Oriente. Acredita-se, ainda, que os
soldados orientais possuíam espadas de aço,
manidade receberam o nome do material mais
denominadas “Espadas de Damasco”. Por este
importante em cada uma delas desde a Idade da
motivo, durante as expedições ocidentais, cha-
Pedra à Era dos Metais (NAVARRO, 2006, p. 2).
madas Cruzadas, surgiu a expressão “Não há
cristão que aguente!”, pois as espadas ocidentais
eram feitas a partir do bronze, que sucumbiam
De acordo com a autora anteriormente citada, a Era diante das Espadas de Damasco.
dos Metais, a partir do entendimento da Arqueolo-
Fonte: adaptado de Navarro (2006).
gia, iniciou-se, aproximadamente, 4.500 anos antes
de Cristo. A evolução da humanidade possui relação
com o uso e a descoberta de novos materiais, porque,
com eles as comunidades ou tribos conseguiam me- Se considerarmos a definição química dos metais,
lhores ferramentas para caça e lutas. Possivelmente, compreenderemos que os metais são aqueles elemen-
os indivíduos começaram a desenvolver, com os me- tos que sempre ionizarão, positivamente, ou seja, são
tais, essas ferramentas pontiagudas e cortantes para eletropositivos. Para uma definição mais adequada à
caça e guerra e, somente depois, se tornaram mate- área de Design de Interiores, pode-se dizer, de acor-
riais para uso doméstico e decorativo. Acredita-se do com Bauer (1994), que os metais se caracterizam
que os primeiros metais manuseados pela sociedade por serem materiais sólidos (apesar da existência de
foram o cobre e o arsênio, no entanto é de suma im- exceções), duros, que apresentam coloração pratea-
portância ressaltar que, ao se tratar do uso de alguns da, dourada ou avermelhada, com certo brilho, são
metais, deve-se considerar a dificuldade de seu ma- opacos, manifestam certa condutibilidade térmica e
nuseio que “exige técnicas metalúrgicas complexas” elétrica e, alguns, quando aquecidos, podem ser mo-
(NAVARRO, 2006, p. 7), como o bronze. Entretanto delados. No entanto, muitas vezes, quando os profis-
o ferro possui manipulação mais rústica, podendo sionais citam materiais como metais, de fato, estão se
ser moldado a marteladas durante seu aquecimento. referindo às ligas metálicas, que são, conforme afir-
Portanto, a Era dos Metais possui suas subdivisões: mam Farrelly e Brown (2014), combinações de ele-
Idade do Ferro, do Bronze e do Aço, mas, em relação mentos metálicos e não metálicos realizadas a fim de
à cronologia dessas épocas, existem algumas contro- obter outros materiais, como o aço, que é uma liga
vérsias teóricas. metálica composta de ferro e carbono.

137


Encontrados na natureza em meio aos minérios, desta forma, em tempos anteriores, poucos saberiam
concentrados em jazidas em meio às rochas, devem ser ou teriam acesso a eles, o que fez com que se tornas-
extraídos pela atividade de mineração. O autor Ambro- sem produtos de altas classes sociais, principalmente
zewicz (2012) ressalta que toda a exploração dos metais o ouro e a prata, bem como o aço.
é normatizada e legalizada pelo Governo, e que nenhu- O ferro é, entretanto, um metal assimilado de forma
ma extração pode estar ativa sem a fiscalização do Mi- mais popular, por seu fácil manuseio. Ao se tratar das
nistério de Minas e Energia. propriedades de cunho estético, existem variações. Suas
A extração dos metais pode ser externa ou interna cores prateadas, douradas e avermelhadas são percebidas
(no subterrâneo, isto é, na mina). Nesta etapa de mi- como muito belas. Alguns possuem muito brilho, outros
neração e extração, o metal ainda contém a concen- destacam-se por serem foscos. Contudo com a evolução
tração de outros materiais. Na etapa de mineração, é tecnológica e com a característica de serem moldáveis, os
necessário separar o que realmente é minério metal metais podem oferecer grande diversidade estética, como
de outros materiais (ganga é o nome dado aos mate- informam Farrelly e Brown (2014). Além de moldáveis,
riais desconsiderados pela indústria dos metais e mi- podem ser prensados, marcados, pintados, texturizados,
nérios). Esta é uma etapa de purificação feita, química cortados, gravados, envernizados, polidos, oxidados etc.
ou mecanicamente. De acordo com Bauer (1994), na Ao tratarmos das propriedades físicas e mecânicas,
metalurgia, os processos também são feitos para sele- temos: solidez, brilho, boa condutibilidade térmica e elé-
cionar, entre os minérios, a pureza do metal. Se pro- trica. A corrosão (ou oxidação) aparece como ponto ne-
curarmos compreender o uso dos metais no Design gativo. No caso da consistência, existem os metais de mui-
de Interiores, pela sua subjetividade, podemos encon- ta dureza e os que se apresentam, de certa forma, como
trar posicionamentos que se referem à nobreza, ao moles. Conforme afirma Ambrozewicz (2012), a classifi-
luxo e ao poder, visto que eram materiais cujo manu- cação de dureza para os metais vem do aparelho Brinell,
seio dependia de certo desenvolvimento intelectual e, em acordo com a ABNT.

138
DESIGN

SAIBA MAIS Em relação às suas aplicações, cita-se o uso de metais


em revestimentos de parede, forro, piso, ferragens diver-
A ferrugem é o que conhecemos como a cor- sas, esquadrias, guarnições, mobiliários, acabamentos
rosão do ferro ou oxidação, um fenômeno que e acessórios para banheiro e cozinha. Apresentam-se
ocorre quando o material, em contato com os também na indústria da refrigeração, em utensílios do-
gases da atmosfera ambiente, transforma-se
com reações químicas, produzindo outro tipo de mésticos, decorativos e produtos diversos. Vejamos, ago-
matéria – neste caso, o que chamamos ferrugem ra, caro(a) aluno(a), alguns tipos de metais comumente
ou óxido férrico hidratado. utilizados nas ambientações.
Fonte: adaptado de Bauer (1994).
O ALUMÍNIO

Normalmente, é utilizado compondo diversas ligas, pois


é um metal, relativamente, macio, porém muito leve e
com boas propriedades mecânicas. Possui ótima condu-
tibilidade térmica e elétrica, é de fácil moldagem, mas de
difícil soldagem. É importante ressaltar que o alumínio
é resistente a altas e baixas temperaturas por possuir um
ponto de fusão elevado e não ser frágil sob resfriamento.
Sua coloração é prata claro, mas aceita diferentes tonali-
dades. No mercado, é utilizado em lâminas, extrudado
ou, ainda, em fios de alumínio ou em barras.

Figura 1 - Ferrugem

Ambrozewicz (2012) informa que o metal mais utiliza-


do na construção civil é o aço, que, combinado com o
concreto, é utilizado nas estruturas das edificações. En-
tretanto no que tange ao design de interiores, existe certa
diversidade em sua indicação de uso, pois se relaciona
com as tendências estéticas no mercado de consumo, ou
seja, os tipos de metais em destaque oscilam entre si du-
rante o tempo, sendo que, atualmente, tem-se o uso em
alta do cobre ou da aparência do cobre.

139


Combinado a outros metais, constitui uma variedade de O COBRE


ligas. As propriedades dessas possuem relação com os ma-
teriais que são adicionados ao alumínio. Sobre o seu aca- De acordo com a Associação Internacional do Cobre – a
bamento, pode ser polido, lustrado ou pintado. Também Procobre ([2019], on-line)1, o metal era chamado pelos
pode ser alterado, apresentando texturas, como o marte- romanos de Aes Cryprium ou metal da ilha de Chipre,
lado, o acetinado ou o mate (feito com jatos de areia). Para por ser o local de sua extração. Conforme afirma Bauer
limpeza, indica-se lavagem simples, pode ser tratado qui- (1994), no aspecto estético, sua coloração avermelhada
micamente para, por exemplo, aumentar a sua proteção. chama muito a atenção. No entanto a sua exposição à
Entre os seus pontos positivos, temos a questão da atmosfera ambiente, potencializada pela umidade, acar-
reciclagem, pois, de acordo com a Associação Brasileira reta o desenvolvimento do azinhavre, substância tóxica
do Alumínio, o material pode ser reciclado, infinitamen- que, se ingerida em excesso, causa transtornos à saúde.
te, sem perder as suas propriedades físico-químicas. Como o cobre é um dos materiais usados, desde sua des-
coberta, também como utensílio doméstico e está em conta-
SAIBA MAIS to com alimentos, a Anvisa, pela RDC 20, de 22 de março de
2007, o classificou como um contaminante alimentício, e as
O duralumínio é uma liga de alumínio que se suas impurezas não devem somar mais 1% nos materiais de
constitui de 3% de cobre, 1% de manganês e manuseio de alimentos (ANVISA, 2007, on-line)2.
0,5% de magnésio. Essa liga pode substituir o
aço em diversas situações.
SAIBA MAIS
Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012).

A Anvisa é a Agência Nacional de Vigilância Sani-


tária, instituição que regulariza todos os setores
O CHUMBO E O ESTANHO que podem, de alguma forma, afetar a saúde
da população. A partir de estudos, debates e
pesquisas, a Diretoria Colegiada desenvolve e
De acordo com Bauer (1994), o chumbo é um material apresenta Resoluções que definem normas e
cinza-azulado que, exposto à atmosfera ambiente, pro- regras sobre diversos assuntos.

duz, por meio de reações químicas, uma substância con- Fonte: adaptado de Anvisa ([2019], on-line)3.
siderada tóxica. Portanto, não é aconselhável o seu uso
que, no passado, era abundante em instalações hidráu-
licas, em coberturas e até em tintas. O estanho é o metal Dentre as suas diversas propriedades, o cobre possui
que substitui o chumbo nestas aplicações, sendo um ma- grande condutividade. Por isso, é, hoje, o metal mais
terial bem maleável e de coloração branco-acinzentada. aplicado em instalações elétricas, facilmente fundido

140
DESIGN

ou colado, apresentando ótima condutibilidade térmica, O FERRO


podendo, portanto, ser utilizado em aquecedor e ar-con-
dicionado. De acordo com Bauer (1994), é importante Muitos defendem a hipótese de que o homem des-
cobriu o ferro no Período Neolítico (Idade da Pe-
apontar que o cobre também pode ser combinado com
dra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Ele
outros materiais e metais para formar ligas diversas. teria surgido por acaso, quando pedras de minério
A Procobre ([2019], on-line)1 também informa que de ferro usadas para proteger uma fogueira, após
o cobre é um material, naturalmente, antibacteriano e, aquecidas, transformaram-se em bolinhas brilhan-
portanto, deve ser aplicado em utensílios e acessórios tes. O fenômeno, hoje, é facilmente explicável: o
calor da fogueira havia derretido e quebrado as pe-
em locais da área da saúde, como hospitais e clínicas.
dras (INSTITUTO AÇO BRASIL, [2019], on-line)4.

SAIBA MAIS

“O bronze é uma liga de 85 a 95% de cobre e 15 a


5% de estanho. Tem grande dureza [...] é usado
na construção de ferragens e ornatos” (BAUER,
1994, p. 612). Este autor também apresenta o
latão: uma liga de cobre, porém com zinco, muito
usado na construção por ser muito resistente.

Fonte: adaptado de Bauer (1994, p. 612).

O ferro é o metal mais aplicado na construção civil.


Pode ser usado puro ou em ligas e possui muita resis-
tência. Foi um material conhecido por diversos po-
vos antigos, como os egípcios, assírios e babilônicos, e
também os povos americanos.
De acordo com Bauer (1994), o ferro pode ser apli-
cado em vigas, coberturas, painéis e esquadrias, poden-
do também ser usado em reforços, por exemplo, no con-
creto armado. Normalmente, possui cor cinza, mas pode
ser amarelado, preto ou pardo, dependendo de sua com-
posição mineral. É a partir do ferro que se obtém o aço
Figura 2 - Estátua de bronze de Mahatma Gandhi – quando o ferro está fundido, e o seu teor de carbono

141


for de 0,2%. Sobre as suas propriedades, de forma geral, é Aço Inoxidável


um material muito resistente, possui boa condutibilida-
de térmica e grande resistência mecânica. É pesado, pode O aço inox nada mais é que um aço com mais resistência
apresentar um certo brilho. Geralmente, possui grande à corrosão. Bauer (1994) informa que, para melhor quali-
resistência a impacto. Sobre a questão da corrosão, o fer- dade, deve-se manter a composição de liga de aço e cromo
ro e o aço são altamente corrosivos, porém, como pon- em 18%, em 9% de níquel, e menos de 0,15% de carbono.
to positivo, ambos possuem muita diversidade em suas A Abinox – Associação Brasileira de Aço Inoxidá-
composições e em desenvolvimento de ligas. vel ([2019], on-line)5 informa que, para a limpeza de
peças em inox, deve-se utilizar apenas sabão e deter-
SAIBA MAIS gentes neutros suaves, sempre com pano macio, e não
utilizar a palha de aço.
Folha de Flandres é a lata, uma chapa fina Sua aplicação em design de interiores e áreas afins é
de aço com as faces cobertas levemente grandiosa, desde revestimentos externos (fachadas) até
por estanho, que protege da corrosão, e a estruturas e acabamentos diversos, como corrimão, ban-
“chapa galvanizada é uma chapa fina de aço
revestida com zinco”. cos, aparadores e mobiliários, principalmente na área de
manuseio alimentício, pois o material possui baixa po-
Fonte: adaptado de Bauer (1994).
rosidade e tem facilidade de limpeza, evitando, assim, o
acúmulo de sujeiras e a proliferação de bactérias e fungos.

142
DESIGN

AÇO CORTEN De acordo com Ferraz (2003), na questão estética, o


material apresenta coloração avermelhada, pois, em con-
Este material se constitui com a adição de elemen- tato com a atmosfera, produz a pátina, que é justamente a
tos como o cobre e o fósforo. Faz parte da classifica- proteção contra a corrosão, e que apresenta essa colora-
ção dos aços de baixa liga, que, como informa Bauer ção, por muitos definida como marrom escuro.
(1994, p. 233), são “ligas contendo menos de 8% de Atualmente, no mercado de consumo, as caracterís-
elementos de liga”, isto é, esta mistura entre elementos ticas estéticas desse material sofrem elevada valorização,
metais e não metais. junto com os conceitos de reciclagem e reutilização como
Também denominado aço patinável, esse material pontos positivos ao meio ambiente. É comum, portanto,
possui como qualidade alta resistência mecânica, portan- encontrar diversos materiais que imitam o aspecto estéti-
to, é o material utilizado na fabricação de vagões de carga co do aço corten para variados tipos de aplicações, como
ou de container marítimos. Paula e Tibúrcio (2012) afir- revestimentos de paredes, painéis, tampos de mesas e ou-
mam que esse tipo de aço possui melhorias que evitam a tros. Entretanto o conceito inicial do uso desse material
corrosão e também é reciclável, podendo voltar à siderúr- era evitar o descarte desnecessário dos vagões de trem e, a
gica para ser reprocessado. partir da consciência ambiental, repaginar o seu uso.

143


Polímeros
Os polímeros são mais conhecidos como plásticos; en- e são subdivididos em termofixos, termoplásticos e
tretanto, o termo “plástico” também é um substantivo elastômeros. De acordo com Farrelly e Brown (2014),
que significa a propriedade de plasticidade dos mate- esta subdivisão relaciona-se com a moldabilidade e o
riais. De acordo com Bauer (1994), isso significa a pos- aquecimento desses materiais.
sibilidade de um material mudar sua forma quando Quando termofixos, esses polímeros aquecidos
atingido por uma força de tensão sem se romper, como podem ser moldados, porém, assim que resfriados,
é o caso da argila, lembra-se? Portanto, Morris (2010) não poderão sofrer o tratamento novamente, diferen-
sugere que é “mais correto referir-se aos plásticos como te dos polímeros termoplásticos, que podem ser aque-
polímeros: o termo que descreve materiais que possuem cidos e moldados diversas vezes. Por fim, conforme
repetidas cadeias de moléculas” (MORRIS, 2010, p. 115). afirma Bauer (1994), os elastômeros são os polímeros
Os polímeros podem ter origem natural (por que possuem grande elasticidade, como as borrachas.
exemplo, a borracha) ou artificial (como o silicone) O autor apresenta como exemplos de termoplásticos,

144
DESIGN

termofixos e elastômeros, respectivamente, o polieti- Em relação à sua propriedade subjetiva, essa grande
leno, o poliéster e o polisiloxano (silicone), e afirma utilização dos polímeros nas décadas após a Segunda
que suas principais qualidades são a leveza, o isola- Guerra Mundial, de certa forma, acarretou, nas gera-
mento elétrico, a possibilidade de receber pintura, o ções posteriores, certa desconfiança e desvalorização
baixo custo, a facilidade de manuseio e a produção do material por diversos motivos, tais como as suas
adequada à produção em série, além do fato de não qualidades ainda inferiores aos tradicionais da época,
apresentarem corrosão. Em contrapartida, suas prin- a especificação errônea do produto e do seu uso e a
cipais desvantagens são a fraca resistência mecânica falta de conhecimento sobre sua manutenção. Estes
de alguns polímeros e sua fraca resistência às intem- foram motivos que promoveram a desvalorização dos
péries, ou seja, suas propriedades físico-químicas são conhecidos “plásticos”, que assumiram a posição de
inferiores às dos materiais naturais, além de serem materiais vulgares ou inferiores.
materiais que encontram dificuldades na reciclagem, Farrelly e Brown (2014, p. 25) acrescentam que os
não sendo decompostos facilmente na natureza. plásticos, nas décadas de 60 e 70,
Ambrozewicz (2012) ressalta que, atualmente,
existem diversos estudos, e muitos desses materiais [...] estavam disponíveis para todos e eram fáceis
de substituir (descartáveis), o que correspondia à
já evoluíram muito. A ciência e a tecnologia estão
estética pop e ao desejo dos consumidores pelo
perseverantes em continuar o melhoramento deles, novo – uma condição perniciosa que ainda preva-
inclusive no que tange à sua reciclagem. Engana-se, lece em muitas sociedades.
porém, aquele que imagina que os polímeros são
materiais muito jovens. Eles vêm sendo criados e Ainda hoje é possível perceber indivíduos que os
aperfeiçoados desde 1869, data da existência do ce- relacionem a essas questões. O importante é conhe-
luloide, descoberto em um concurso de pesquisa de cer e saber como utilizar o material em suas funções
materiais sintéticos. corretas para apresentar ao usuário o melhor para o
Conforme afirma Bauer (1994), para o emprego seu projeto.
em grande escala, como aconteceu nas décadas de 50 Ao tratar das características dos polímeros para, por
e 60, a evolução dos polímeros se deu por meio da Se- exemplo, os mobiliários, deve-se enfatizar que “os mó-
gunda Guerra Mundial. veis plásticos quase sempre consistem em uma peça úni-
ca sem juntas ou conexões” (BINGGELI; CHING, 2013,
SAIBA MAIS p. 322). Isto é possível porque o material é moldável,
dando aparência de unicidade ao produto e, ao mesmo
A primeira cadeira produzida em série com tempo, facilitando sua produção em série. Esta caracte-
material polímero foi a denominada Con- rística atraiu muitos designers e profissionais da área,
cha, projetada por Charles e Ray Eames, na pois o desafio era criar produtos ou móveis que seriam
década de 50.
desenvolvidos completamente por uma só peça.
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). Desta forma, Cardoso, Pozzi e Curtis (2014), apre-
sentam-nos a Cadeira Panton, que foi:

145


[...] projetada pelo designer dinamarquês Verner


Panton entre 1960 e 1967. Trata-se de uma cadeira CLORETO DE POLIVINILA (PVC)
“empilhável” de plástico; a primeira a ser injetada
num único molde. Esta cadeira exótica, produzida Bauer (1994) ressalta que o PVC possui baixo custo, fa-
em várias cores vivas, tornou-se um ícone na déca- cilidade de manuseio, imunidade à ferrugem e que, por
da de 60 (CARDOSO; POZZI; CURTIS, 2014, p. 9).
isso, é mais indicado para o uso em tubulações de água,
esgoto e eletricidade, chuveiros, sifões e junções, sendo
Em meio aos pontos positivos e negativos do advento também aplicado como coberturas. As conhecidas te-
dos polímeros, o que devemos compreender é que o lhas de plástico (materiais que estão melhorando graças
avanço tecnológico é real e, com isso, há o nascimento às pesquisas em laboratórios) ativas são usadas como
de novas opções de materiais. Ao designer de interio- alternativa à telha de vidro, para oferecer luminosidade
res, cabe compreender ao máximo suas características e natural, podem apresentar colorações diversas, serem
como aplicá-las aos projetos de forma que acarrete, em translúcidas ou opacas.
suas possibilidades, um uso responsável, sendo, assim, Os revestimentos para pisos de PVC ou, como co-
ético para o usuário e, também, para o meio ambiente. nhecidos comercialmente, piso/mantas vinílicas, hoje,
Sobretudo, é certo ressaltar que existe uma grande estão em alta. São desenvolvidos com muita tecnologia
diversidade de polímeros no mercado de consumo, e e superior qualidade, podem ser aplicados em diversas
o(a) profissional deve estar atento(a) às suas caracte- áreas, como comerciais e até hospitalares.
rísticas, propriedades e aplicações. Vejamos, a seguir, Azeredo (2000) também informa que essas mantas ou
alguns dos polímeros mais utilizados na área da cons- laminados podem possuir, ou não, estampas. A base, isto
trução civil: é, o contrapiso, deve estar em boas condições, com nivela-

Figura 3 - Cadeira Panton

146
DESIGN

mento correto e sem umidade. Caso a aplicação seja piso Composto de esferas comprimidas em um molde, apre-
sobre piso, os não indicados são: cimento queimado (a me- senta-se em blocos, que podem ser cortados
nos que seja preparado para a recepção do novo piso), pi- Bauer (1994) afirma que o material é muito leve e,
sos de madeira e de pedra ou de cerâmica que apresentem por esse motivo, é indicado para pisos flutuantes, para o
juntas muito largas. A instalação, normalmente, é feita por “recheio” de divisórias, forros e ambientes que necessi-
adesivo. As informações comerciais também afirmam que tem de isolamento térmico e acústico (já para essas ca-
esse material pode ser encontrado em placas. Os maiores racterísticas, o material deve possuir, em espessura, mais
benefícios apontados sobre o piso vinílico são manutenção que 20 mm).
baixa, higienização e durabilidade altas.
Fiberglass (PRFV)
SAIBA MAIS
Fibras de vidro somadas a algum tipo de polímero, como
As normas da ABNT para estes materiais o poliéster, ou algum tipo de epóxi ou melamina, tão no-
são a NBR 14.917: Revestimentos resilientes bre quanto o aço inox, mas com resistência da chapa de
para pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) aço. Afirma Ambrozewicz (2012) que seu uso é grande
vinílica flexível homogênea ou heterogênea
em PVC, e a NBR 7374: Placa vinílica semifle- em painéis de vedação, paredes divisórias e alguns equi-
xível para revestimento de pisos e paredes. pamentos, mas que podem desenvolver diversos mobi-
Fonte: a autora.
liários, tampos de mesas, pias, bancos e até piscinas, que
são produzidas com o PRFV (plástico reforçado com
fibra de vidro), e muitos outros produtos.
Além das características apontadas, anteriormente,
POLIESTIRENO o autor Bauer (1994) ressalta que o material é muito leve
e de fácil moldagem. Existem previsões de que, futura-
Em relação à estética, oferece superfícies brilhantes e po- mente, esse material possa ser o mais utilizado no desen-
lidas, mas não é muito resistente ao calor e, como possui volvimento de edificações na construção civil.
pouca flexibilidade, torna-se quebradiço. Esse material
é aplicado em luminárias e elementos de iluminação
de menor custo. No entanto, conforme afirma Ambro-
zewicz (2012), já existe o poliestireno de alto impacto,
usado para algumas conexões sanitárias para desenvol-
vimento de alguns mobiliários, como bancos ou armá-
rios, ou ainda, assentos sanitários.

Poliestireno Expandido

Muito conhecido pelo nome de sua marca, o isopor (ou


poliestireno expandido) é um material muito versátil.

147


Acrílico (PMMA)

O acrílico despontou como um dos materiais do futu- sua aplicação em diversos móveis assinados por profis-
ro que representa esta face da sociedade inovadora que sionais famosos, é o material em destaque no mundo
rompe com o passado. É interessante observar o discurso pop, como exemplo, a Cadeira Bolha de Aero Aarnio, a
acerca do material; Santos e Pedro (2010) expõem, em seu Cadeira Eames Eiffel, desenvolvida por Charmes e Ray
estudo, uma matéria da revista “Casa e Jardim”, do ano de Eames, e muitos outros.
1972, que apresentava a reportagem intitulada “Apresen- Os acrílicos também são apontados pelo estudioso
tamos a moda transparente: acrílico”. As autoras acres- Ambrozewicz (2012) como um tipo de polímero nobre,
centam que a revista “classifica este material como jovem, que possui semelhanças, na aparência, com o vidro, in-
descontraído e versátil” (SANTOS; PEDRO, 2010, p. 5). clusive, com algumas qualidades óticas. Podem ser de-
De fato, esta é a reação dos indivíduos ao material. O nominados acrílicos ou plexiglass, e seu nome científico
acrílico possui forte apelo ao novo, atual, jovem e, com é poli (metacrilato de metila).

148
DESIGN

O Indac – Instituto Nacional para o Desenvolvimen- minação para suas bordas, acendendo-as (dependendo
to do Acrílico ([2019], on-line)6 afirma que o material é das características tanto do produto acrílico quanto da
conhecido desde o ano de 1843, mas apenas em 1901 ini- iluminação), gerando um efeito muito bonito em suas
ciou a sua expansão no mercado de consumo. Em relação peças. Por isso, é muito utilizado em totens empresariais
às suas características, o Instituto ressalta que chega até a de mesa e outros, tanto que Segura (2010, p. 22), afirma
92% de transmissão da luz, sendo um material duro, rígi- que “muitos trabalhos vêm sendo realizados utilizando o
do e resistente (à radiação UV, às intempéries, a químicos PMMA como guia de luz”.
- limitado aos solventes). No entanto não é resistente ao
álcool, mas possui excelente moldabilidade.
Apresenta-se em muitas opções de cores: trans-
parentes, translúcidas ou opacas e, apesar de ser um
material inflamável, possui baixa emissão de fumaça,
além de ser atóxico. Ao se tratar de resistência à abra-
são, o acrílico é fraco, mas o material pode ser recupe-
rado, facilmente, por polimento.
Por fim, é seguro por não ser tão cortante como o
vidro e seu índice de absorção de água é baixo, cerca de
2%, com aumento dimensional de, no máximo, 0,35%.

SAIBA MAIS

As normas da Associação Brasileira de Nor-


mas e Técnicas (ABNT) possuem as NBR ISO
7823-1 e 7823-2, informando os tipos, di-
mensões e características das chapas de
acrílico fundidas e extrudadas.

Fonte: adaptado de Indac ([2019], on-line)6.

Ainda de acordo com o Indac, o acrílico pode ser co-


mercializado em chapas, em grânulos ou em pó. Possui
garantia de dez anos, caso o material adquirido esteja de
acordo com as normas de qualidade. Pode ser tratado
durante o seu processamento, e esses materiais tratados
se diferenciam para aplicação específica.
Outra característica interessante apontada pelo Ins-
tituto é a iluminação. O acrílico consegue conduzir a ilu-

149


Em relação à sua aplicação no design de interiores, há De acordo com Ferreira Neto e Bertoli (2002), as barrei-
muita diversidade. Pode ser utilizado como divisórias de ras de acrílico já são aplicadas em ambientes internos,
ambientes, mobiliários diversos, utensílios domésticos, como estúdios de gravação, e também nos ambientes
decorativos, forros, luminárias, além de ser utilizado como externos. As autoras afirmam que o acrílico é também
letreiros. São muitas as opções, e o uso pode ser amplo, uma ótima escolha estética, “[...] por ser transparente e,
dependendo da criatividade do(a) designer de interiores. portanto, permitir ao receptor visualizar a fonte sonora”
(FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138). Neste estu-
O ACRÍLICO E A ACÚSTICA do, elas ressaltaram a surpresa nos experimentos práti-
cos em barreiras sonoras com o acrílico, em comparação
O Indac informa que barreiras de acrílico chegam a re- com o concreto, ressaltando que o:
duzir até 60% de ruídos e que, por esse motivo, são apli-
cadas até em barreiras para rodovias com o intuito de [...] acrílico superou em 4,9 dB a barreira de concreto.
Nas frequências mais baixas, isto é, inferiores a 250
melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que mo-
Hz, o desempenho da barreira de acrílico superou
ram em suas proximidades. No entanto, é importante, significativamente o desempenho da barreira de con-
para esse resultado, atentar-se às espessuras, que devem creto (FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138).
ser de 10 mm e 15 mm quinze milímetros, com alturas
de até 4 m. Elas podem ser constituídas de outros mate- As autoras, que compararam três materiais como barrei-
riais, como fixação e barra em metal. Além do uso como ras sonoras – o acrílico, a madeira e o concreto – conclu-
barreiras em rodovias, também é indicado seu uso em íram que a madeira possui um desempenho mais bai-
igrejas, escolas e até em estádios esportivos, isto é, locais xo que os outros dois materiais. O concreto acaba por
onde há muito ruído. apresentar a melhor eficiência, e o acrílico apresenta boa
atenuação dos ruídos, mas, por ser transparente (não
bloquear a visão) enquanto oferece a redução sonora, é,
muitas vezes, sendo a melhor opção.

O ACRÍLICO E A ILUMINAÇÃO

Como afirmado anteriormente, o acrílico possui al-


gumas características interessantes para seu uso em
iluminação. O Instituto Nacional para o Desenvolvi-
mento do Acrílico informa que o material apresenta
inúmeras vantagens, como resistência térmica, alta
estabilização contra raios ultravioleta e excelente
transparência, podendo também ser trabalhado com
níveis de transparência/opacidade. Outra possibili-
dade interessante são as superfícies texturizadas e os
desenhos que podem ser feitos no material.

150
DESIGN

Além disso, o(a) designer de interiores possui a li- transparência pode durar até dez anos, e os seus riscos
berdade de trabalhar com qualquer tipo de lâmpada, podem ser removidos.
apenas respeitando a distância entre ela e o material. Antes de concluir o estudo deste material, caro(a)
De acordo com o site do Indac (2015, on-line)7, as aluno(a), o Instituto Nacional para Desenvolvimento do
chapas acrílicas de qualidade resistem até 80 ºC. Ou- Acrílico informa que deve haver muito cuidado na hora
tras características que devem ser ressaltadas são a de sua especificação e, principalmente, o(a) profissional
leveza, a diversidade de cores e a maleabilidade do deve buscar informações acerca do seu fornecedor, pois
material, pontos positivos para o desenvolvimento muitos materiais possuem semelhanças e podem ser
criativo do(a) designer, não deixando de reafirmar confundidos com o acrílico, como o poliestireno, de
que o acrílico tem a capacidade de conduzir a luz, di- menor qualidade e também de menor custo.
minuindo, assim, o consumo elétrico.
Ainda de acordo com o Indac (2015, on-line)7, se- REFLITA

guem os benefícios que o acrílico oferece para a área de


iluminação: mais leve que o vidro, mais seguro, porque Não se trata de criar mais uma cadeira, mas
sua quebra não provoca estilhaços, e é mais resistente. sim, de pensar em quem vai usá-la, onde, qual
material idôneo para reduzir o impacto socio-
Nas chapas denominadas cristais, possuem transparên-
ambiental, logística, seus usos e seus fins, para
cia altíssima que independe da espessura do material. que, depois de ser cadeira, passe a ser outra
Se polidas, adequadamente, suas bordas se iluminam. coisa, útil para a pessoa, ou para outras pessoas.
Além disso possuem durabilidade, resistem às intempé- (Victor F. Megido)
ries e aos raios ultravioletas e, quando bem mantido, sua

151


Sustentabilidade

Quantas toneladas exportamos ração é posta em dúvida pelo poeta nas frases “Quantas lá-
De ferro? grimas disfarçamos/Sem berro?”. Esta questão encontra-se,
Quantas lágrimas disfarçamos no seio da sustentabilidade, como a caracterítica negativa
Sem berro? de uma atividade em seu meio socioambiental.
(“Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andrade) Como vimos já na primeira unidade deste livro, na
qual citamos o autor Moxon (2012), quando nos referi-
O excerto anterior é do famoso poeta brasileiro Car- mos ao uso das pedras como materiais para a constru-
los Drummond de Andrade, nascido na cidade de Ita- ção civil, a extração é, sim, uma atividade nociva ao meio.
bira, Minas Gerais, onde nasceu a Vale do Rio Doce, Ela descaracteriza o ambiente dos seres que ali vivem,
empresa brasileira de mineração. Cançado (2006) causando, entre outras consequências, diminuição do
afirma que o antigo pico do Cauê, de onde se iniciou a habitat, alterações na cadeia alimentar, alteração da pai-
extração do ferro na cidade, era visto pelo poeta como sagem local, retirada e até extinção dos animais e seres
símbolo de alucinação “de um mundo um pouco fora vivos daquele ambiente que sofre a agressão. Além dis-
dos gonzos” (CANÇADO, 2006, p. 36). so, a atividade mineradora em si é muito nociva à saúde
Isto nos leva a refletir como uma atividade de extração dos seres humanos que trabalham neste nicho, pois eles
pode ser maléfica para uma comunidade. Mesmo quando estão em contato direto com poeiras e gases que podem
existe expectativa de melhoria de vida, a atividade de mine- ser tóxicos, ou, em casos de jazidas em minas, correm o

152
DESIGN

risco real de desabamentos. O uso de explosivos é outro muita qualidade (superiores, às vezes, aos artificiais) e,
fator a ser considerado quando se trata da saúde dos mi- portanto, podem ter um ponto positivo: sua vida útil
neiros – neste caso, trabalhadores da mineração. longa que, de certa forma, evita o consumismo exage-
Outro ponto levantado pelo estudioso Moxon rado e torna desnecessário o desenvolvimento de ou-
(2012) é que os metais também provêm de matéria tros produtos para substituí-lo.
finita, pois se subentende que há um desenvolvimen- O autor também ressalta a questão da reciclagem,
to natural muito lento e, neste caso, não se compara a maioria das informações comerciais de empresas de
o seu desenvolvimento natural com a rapidez da sua venda desses materiais afirma que são recicláveis e que,
extração/de seu uso pela sociedade moderna, o que, portanto, estão de acordo com a questão da sustenta-
provavelmente, acarretará no esgotamento desses ma- bilidade. No entanto, não são todos os materiais que,
teriais. No mais, há de se considerar toda a energia e efetivamente, são recicláveis, e mesmo que sejam, nem
água incorporadas que são gastas no transporte e pro- todo material reciclado se enquadra na sustentabilidade,
cessamento desses materiais. Portanto, a extração dos tendo em vista que alguns necessitam de grande energia
metais, advinda dos minérios encontrados em jazidas, incorporada para o processo de reciclagem, como é o
é uma atividade que caminha contra os conceitos de caso do alumínio, gerando um gasto alto tanto de ener-
sustentabilidade. Entretanto, é interessante pensar que gia quanto de água, ou ainda, gerando muito resíduo,
esses materiais, uma vez usados corretamente, são de fazendo com que o material perca seu valor sustentável.

153


Em relação aos metais, Moxon (2012, p. 102) é direto: clagem separada, e essa é uma das dificuldades encon-
tradas em tal processo. Apesar disso, conforme afirma
O metal tem energia incorporada muito mais ele- Moxon (2012), já estão no mercado produtos de políme-
vada que o vidro – em especial no caso do alumínio
ros reciclados, como diversos tipos de mobiliários e, até
virgem – e depende de recursos não renováveis. Os
metais reciclados reduzem a energia incorporada e mesmo, tecidos de garrafas PET recicladas ou mesmo de
conservam materiais brutos. O processo de manu- náilon, poliéster e borracha reciclados.
fatura é extremamente poluente, mas o produto fi-
nal é durável e não tóxico. Tome cuidado com aca- I
bamentos cromados, pois sua manufatura explora
O Rio? É doce.
recursos naturais escassos e gera resíduos tóxicos.
A Vale? Amarga.
Ao se tratar dos polímeros, seus maiores pontos negativos Ai, antes fosse
relacionam-se aos resíduos, uma vez que esses materiais Mais leve a carga.
não se decompõem facilmente na natureza. Dessa forma,
nos aterros, é muito comum encontrar pilhas desses ma- II
teriais, além disso, ao se decomporem lentamente, os po- Entre estatais
límeros liberam, no meio ambiente, gases que podem ser E multinacionais,
nocivos aos seres vivos e à atmosfera. Este dado torna-se Quantos ais!
alarmante ao ser adicionado ao consumismo desenfre-
ado desta geração. No entanto, é possível diminuir esses III
pontos negativos especificando materiais polímeros não A dívida interna.
virgens, ou seja, materiais reciclados. A dívida externa
A dívida eterna.
Os plásticos usam petróleo não renovável, deman-
dam um processo de fabricação poluente, emitem
IV
substâncias químicas tóxicas e produzem resíduos
de longo prazo. O plástico reciclado envolve algu- Quantas toneladas exportamos
mas dessas questões (MOXON, 2012, p. 106). De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
É importante destacar que a reciclagem dos polímeros Sem berro?
também não é fácil. Existem muitos tipos de polímeros,
de propriedades diversas, o que faz necessário uma reci- (“Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andrade)

154
considerações finais

Caro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade, concluindo a penúltima unidade


deste livro. Nesta etapa, adquirimos diversas informações acerca dos metais e dos po-
límeros, além de compreendermos a questão da sustentabilidade para esses materiais,
ao visualizá-los tomando vida em projetos e produtos.
Os metais nos surpreenderam por participarem tão próximos de nossa evolução
intelectual, tão importantes que concedem seus “nomes” para a especificação ou
a classificação de algumas das nossas “eras” ou períodos ou momentos históricos.
São variados materiais, com diferentes aplicações, processamentos e formas de
extração que possuem uma beleza única em sua coloração e em seu brilho singu-
lares. Compreendemos que são materiais de extrema resistência e que possuem
ampla aplicação na construção civil.
Os polímeros, os jovens materiais, frutos da evolução da ciência e da tecnologia, são
materiais apaixonantes, graças às características que se assemelham ao vidro. Ao
mesmo tempo em que são leves, moldáveis e mais seguros, possibilitaram aos desig-
ners da época o desafio de criar produtos inteiriços – um salto para o design, para
a criatividade. Em contrapartida, carregam para si toda a simbologia de uma época
de capitalismo e consumismo crescentes, e sem consciência dos futuros problemas
ambientais que seriam acarretados por toda a Revolução.
Na questão da sustentabilidade, você visualizou os problemas existentes em relação
ao meio socioambiental desses dois materiais e como acarretam modificações e pro-
blemas para o meio que os cerca.

155
atividades de estudo

1. Em relação aos metais estudados nessa unidade, leia e assinale a afirmativa


correta.
a. O chumbo é um material muito utilizado em tubulações de água e esgoto. Foi
o substituto do estanho, material com muita resistência, porém tóxico.
b. O alumínio é um material muito atraente, que possui coloração cinza claro e,
polido, possui um brilho único. O seu ponto negativo é que não possui resis-
tência às altas e baixas temperaturas.
c. O duralumínio é um material desenvolvido com adição, em sua composição,
de outros materiais, como o cobre e o manganês, por isso, é denominado liga.
d. O cobre e o aço corten são o mesmo material. Possuem cor avermelhada cau-
sada por uma ferrugem chamada pátina, além de apresentarem ótima resis-
tência, sendo muito utilizados em projetos sustentáveis por serem recicláveis.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. De acordo com os dados da unidade, em relação aos materiais e à sustentabi-


lidade, analise as seguintes afirmativas:
I. Um dos maiores problemas dos metais em relação à sustentabilidade é que a
sua extração é nociva ao meio ambiente.
PORÉM
II. Será sempre melhor o(a) designer de interiores especificar os metais do que
especificar os polímeros, porque esses não são materiais recicláveis.
Assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta
da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

156
atividades de estudo

3. Como você, em atendimento, argumenta o uso dos metais e dos políme-


ros em seu projeto para um usuário que o(a) questiona sobre as questões
ambientais?
4. Sobre os polímeros, considere as afirmações a seguir:
I. São divididos em três categorias: termoplásticos, termofixos e elastômeros.
II. Os elastômeros podem ter origem vegetal ou sintética, respectivamente, a
borracha e o silicone.
III. A forma correta da denominação dos plásticos é polímeros, visto que plásticos
podem também se referir aos materiais que possuem alguma característica
da plasticidade.
IV. Os elastômeros podem ter origem mineral ou sintética, respectivamente, a
borracha e o silicone.
V. São divididos em quatro categorias: termoplásticos, termofixos, elastômeros
e plásticos.
De acordo com o exposto, assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Todas estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Explique o que é o acrílico e responda: em relação ao uso do acrílico e do


vidro, quais são as questões que podem ser levantadas no briefing que dire-
cionarão o uso de um ou outro material no projeto?

157
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), segue, nesta leitura complementar, o resumo de um artigo que estuda
as possibilidades do container na habitação. Esse produto, inicialmente, desenvolvido
para exercer outra função, virou uma alternativa para a Engenharia Civil e para Arqui-
tetura, como edificação de ambientes não só residenciais, mas também comerciais e
temporários. Para o(a) profissional do Design de Interiores, é interessante conhecer e se
aprofundar nesse novo objeto de trabalho, edificações que não são de alvenaria e que
constituem uma possibilidade real de trabalho em ambientação. Para continuar a leitura,
você poderá encontrar o endereço para acesso ao restante do material nas referências
bibliográficas.

CONTAINERS: A NOVA ERA DAS EDIFICAÇÕES


O setor da construção civil apresenta-se em constante evolução, principalmente no que
se refere à satisfação das necessidades da população e, atualmente, sem prejudicar o
meio ambiente. Desta forma, torna-se crucial que todas as atividades antrópicas sejam
repensadas e correlacionadas à sustentabilidade, diminuição na geração de resíduos,
preservação ambiental e às novas alternativas de construção que racionem o uso da
água e o consumo de energia, por exemplo. Neste contexto, existem diversas alternati-
vas possíveis de serem aplicadas na construção civil – uma delas é a edificação em con-
tainers. Os containers são reservatórios de metal, de grandes dimensões, normalmente
usados para o transporte de carga, por isso, muito resistentes. O descarte desses equi-
pamentos não biodegradáveis contribui para uma poluição ambiental, sendo assim,
sua reutilização torna-se importante. Assim, o objetivo do presente trabalho é apre-
sentar uma proposta de “casa-container”, a qual trata-se de um método alternativo de

158
LEITURA
COMPLEMENTAR

edificação para habitações, oferecendo abrigo de forma sustentável, ao passo em que


se reaproveitam containers que porventura seriam descartados. O uso de containers
em edificações permite a redução nos custos de obra, proporciona economia no tempo
de execução, além de um belo e moderno design. O preço geralmente apresenta-se
acessível, e além de ser resistente ao intemperismo, possui como principal vantagem a
baixa geração de resíduos sólidos da construção e demolição – RCDs durante a execu-
ção da obra, proporcionando, portanto, um baixo impacto ambiental. São evidentes os
inúmeros benefícios da transferência de casas convencionais para as de containers, po-
rém, existem cuidados a serem tomados. O consumidor deve estar ciente da origem do
equipamento, e se assegurar que o mesmo não foi usado para transporte de produtos
tóxicos, que possam prejudicar a saúde, sobretudo, é importante que eles sejam devi-
damente higienizados. As despesas para a operação custam por volta de R$1.500,00/
m2 de construção – inclusos cortes para adaptações nos containers, projeto hidráulico,
revestimento interno para conforto térmico, instalações elétricas e assentamento de
piso –, isto equivale a uma economia de 20% quando comparado à uma construção
convencional de alvenaria, um percentual bastante significativo. Por fim, conforme as
informações elencadas, pode-se concluir que este novo método de construção civil uti-
lizando containers apresenta uma solução possível para as edificações sustentáveis,
uma vez que utiliza como matéria-prima um elemento que outrora era considerado um
resíduo, retirando-o do meio ambiente e reduzindo os impactos ambientais oriundos
do processo construtivo.

Fonte: Trovo, Gois e Oliveira (2015, p. 1).

159
material complementar

Indicação para Ler

Cinquenta Cadeiras que Mudaram o Mundo


Design Museum
Editora: Autêntica
Sinopse: tudo à nossa volta tem um design, e essa palavra já é parte de nossa
vivência diária. Mas o quanto sabemos sobre o assunto? Cinquenta cadeiras que
mudaram o mundo contribui para esse conhecimento, listando as 50 principais
cadeiras a terem impacto substancial no mundo do design de hoje. Da cadeira
sem braços Thonet à Chair One, de Konstantin Grcic, em relação a cada cadeira,
há uma breve referência para que se explore tanto o que conferiu a ela seu status
icônico quanto os designers que lhe proporcionaram um lugar especial na história
do design.

Indicação para Assistir

Objectified (2009)
Konstantin Grcic
Sinopse: Objectified é um documentário de longa-metragem sobre o nosso rela-
cionamento complexo com objetos manufaturados e, por extensão, com as pes-
soas que os projetaram. É um olhar para a criatividade no trabalho por trás de
tudo, até escovas de dentes para aparelhos eletrônicos. É sobre os designers que
reexaminam, reavaliam e reinventam o nosso ambiente diariamente. É sobre ex-
pressão pessoal, identidade, consumismo e sustentabilidade. O filme documenta
os processos criativos de alguns dos designers de produtos mais influentes do
mundo e analisa a forma como as coisas que eles fazem impactam nossa vida. O
que podemos aprender sobre quem somos e quem queremos ser, a partir dos
objetos com os quais nos cercamos?

160
material complementar

Indicação para Acessar

Este material apresenta as qualidades do inox e como ele pode ser aplicado para uso dos idosos em diversas
situações.
http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-beneficios-
-para-pessoas-da-3a-idade.pdf

Indicação para Acessar

Material ecológico Rivesti. Aqui, você, caro(a) aluno(a), poderá conhecer melhor este material.
http://rivesti.com.br/

161
referências

ABNT. NRB 7374: Placa vinílica semiflexível para revestimento de pisos e paredes.
Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ABNT. NRB 14917: Revestimentos resilientes para pisos - Manta (rolo) ou placa (ré-
gua) vinílica flexível homogêna ou heterogênea em PVC. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NRB ISO 7823-1: Plásticos – Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos,
dimensões e características. Parte 1: Chapas fundidas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ABNT. NRB ISO 7823-2: Plásticos – Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos,
dimensões e características. Parte 2: Chapas extrudadas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplica-
ção e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São
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BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de
Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CANÇADO, J. M. Os sapatos de Orfeu: biografia de Carlos Drummond de Andrade.
São Paulo: Globo Livros, 2006.
CARDOSO, C. E.; POZZI, M.; CURTIS, M. do C. G. Contextualização histórica do
design e análise semiótica: instrumentos projetuais no desenvolvimento de produ-
tos. Blucher Design Proceedings, Gramado, v. 1, n. 4, p. 803-815, set./nov. 2014.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Ale-
xandre Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FERRAZ, H. O aço na construção civil. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos,
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referências

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Porto Alegre: Bookman, 2010.
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cântara Pereira. Espanha: Gustavo Gili, 2012.
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PAULA, K. A. de; TIBÚRCIO, T. M. de S. Estratégias inovadoras visando a sustenta-
bilidade: um estudo sobre o uso do container na arquitetura. In: ENCONTRO NA-
CIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 14., 2012, Juiz de
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SANTOS, M. R. dos; PEDRO, J. M. Cultura jovem e domesticidade pop nos anos
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IBEROAMERICANO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E GÊNERO, 8., 2010, Curiti-
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Araraquara, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, 2010.
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de Toledo, 2015.

163
referências

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2
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3
Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/. Acesso em: 27 maio 2019.
4
Em: http://www.acobrasil.org.br/site2015/siderurgia_mundo.asp. Acesso em: 27 maio 2019.
5
Em: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxida-
vel-beneficios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf. Acesso em: 28 maio 2019.
6
Em: http://www.indac.org.br/. Acesso em: 28 de maio.
7
Em: http://www.indac.org.br/o-acrilico-na-iluminacao/. Acesso em: 28 de maio 2020.

164
gabarito

1. C.
2. C.
3. Atividade de reflexão sobre a responsabilida-
de social do(a) designer de interiores. O aluno
deverá responder, de acordo com o conteúdo
dado, quais as qualidades destes materiais e a
visão positiva acerca do uso destes produtos.
4. D.
5. O(a) aluno(a) deverá explicar e apontar as ca-
racterísticas do material, de forma breve, e
citar, em suas argumentações, quais informa-
ções, como a presença de crianças e animais
no ambiente, farão a escolha do material mais
seguro, como o acrílico, ou ainda, a necessida-
de do uso para o bloqueio de som etc.

165
RESINAS E OUTROS MATERIAIS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:
• Tintas
• Produtos animais
• Outros materiais
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Classificações do Mobiliário
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das resinas.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos produtos animais.
• Apresentar, definir, classificar e abordar a aplicabilidade de outros materiais.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), chegamos à última unidade deste livro de ma-
teriais e revestimentos. Nesta etapa, estudaremos acerca das
tintas, material importante à sociedade humana, pois elas con-
tam, no decorrer dos séculos, a nossa história. Os humanos
primitivos já utilizavam o material para decorar suas cavernas, mas não
apenas isto, faziam ali o relato das suas vidas e, mesmo utilizando mate-
riais naturais, compreendidos como produtos não muito duráveis, os de-
senhos chegaram aos dias atuais, em muitos casos, expostos em cavernas,
portanto, protegidos das intempéries do meio externo. Esses desenhos
demonstram que é possível utilizarmos de matérias-primas naturais para
proteger e embelezar nossos ambientes.
Em um segundo momento, estudaremos os produtos animais, ou-
tros velhos conhecidos da humanidade. Veremos como se dá o uso de
peles, couro e marfim e por que as suas aplicações estão cada vez mais
acuadas pelos novos conceitos sociais de sustentabilidade e responsabi-
lidade socioambiental.
Na terceira aula da unidade, conheceremos outros materiais, alguns
novos, outros nem tanto, mas que possuem um objetivo e uma justificati-
va de existência baseados nas questões ambientais. Também refletiremos
sobre a questão da sustentabilidade no que tange ao uso desses materiais
anteriormente apontados, compreendendo as implicações de seus usos e
como será possível para o mercado desenvolver formas de lidar com uma
sociedade preocupada com o meio ambiente.
Ótima leitura!


170
DESIGN

Tintas
Quando pensamos em mudar um ambiente, é muito
comum surgir, como primeira ideia, a aplicação de tin-
tas, ou seja, pintar uma ou mais paredes, readequando
suas cores e suas texturas às necessidades do momento.
A atividade parece ser simples pela praticidade e facili-
dade de aplicação das tintas em qualquer superfície e,
assim, também se torna comum a ideia de pintar um
antigo móvel (ou qualquer outro produto ou utensílio)
para torná-lo atraente novamente. Entretanto a função
das tintas, na construção civil vai além das questões
estéticas, normalmente, adotadas como destaque pelos
usuários e alguns profissionais. Conforme afirma Am-
brozewicz (2012), as tintas possuem a responsabilidade
de evitar que os materiais pereçam e, portanto, garantem
a sua proteção. E, de acordo com Mello e Suarez (2012),
também são usadas pela arte na criação de obras e na
expressão sentimental.

SAIBA MAIS

No Brasil, é possível encontrar arte rupestre


de norte a sul do país, e as pinturas rupestres
mais antigas encontradas estão no Parque
Nacional da Serra da Capivara, que foram
tombadas pela Unesco como patrimônio his-
tórico da humanidade, as quais são datadas
de 11 mil anos.

Fonte: Mello e Suarez (2012, p. 4).

171


Como afirmam os autores citados anteriormente, é pos- breviveu. Essa nova técnica consistia no uso de materiais,
sível que os indivíduos primitivos conheçam as tintas até como cal, areia e água, a esta mistura fresca adicionava-se
antes de 30 mil anos atrás. Seus primórdios são as pinturas os pigmentos para formar as cores e, então, eram aplicadas
rupestres cuja função pode ser decorativa e comunicativa, nas paredes. De acordo com Mello e Suarez (2012), foram
mas, em pouco tempo, os fenícios, por exemplo, reconhe- essas sociedades que desenvolveram o uso de corantes, in-
ceram outras das suas propriedades e começaram a uti- clusive, para o uso em tingimentos de têxteis.
lizar as tintas para a proteção de seus barcos de madeira: A evolução das tintas voltou a acontecer apenas com
o Renascimento, quando se descobriu a tinta a óleo – um
Com o passar do tempo, a tinta cada vez mais é exemplo de arte com este tipo de tinta é a obra “Monalisa”,
usada como proteção de superfícies, do que, pro-
de Leonardo Da Vinci. Entretanto apenas com o desenvol-
priamente, como forma de expressão artística.
Atualmente a indústria de tintas está praticamente vimento da indústria de tintas sintéticas, a partir do petróleo
voltada para a proteção e embelezamento de super- e do carvão natural, que, por volta do século XX, começam a
fícies, sendo marginal a fatia de mercado destinada surgir, no mercado, muita diversidade de cores e de tipos de
à arte (MELLO; SUAREZ, 2012, p. 4). tintas. Foi também neste período, conforme afirmam Mello
e Suarez (2012), que se descobriu como deixar de utilizar, na
E, desta forma, o conhecimento sobre as tintas evoluiu pigmentação, minerais tóxicos, como o vermelho de chum-
até chegar à atualidade com grandes qualidades e diver- bo, o amarelo de Nápoles e o branco de prata.
sidades de composições. Inicialmente, porém, os primei- É fato que diversos pintores vieram a falecer, devido
ros povos que trabalharam com as tintas utilizavam-na à exposição a essas tintas. No Brasil, Cândido Portina-
como elemento para decoração, bem como os egípcios e ri – pintor de diversas obras maravilhosas, bem como
o chineses. Essas pinturas, além de embelezarem os am- os gigantes painéis das Nações Unidas, denominados “A
bientes, também contavam histórias de caça, das rotinas Paz e a Guerra”, expostos nos Estados Unidos – foi uma
daquela população e de sexo. das vítimas desse material. Assim, temos as palavras de
Ainda de acordo com os autores Mello e Suarez Antonio Callado (2003):
(2012), não se pode afirmar quais eram as composições
primitivas desse material. Acreditam os estudiosos que Para evitar a contaminação do chumbo, Candinho
pintou durante anos com luvas amarelas, de borra-
eram desenvolvidas a partir de minerais triturados para
cha [...] Não é acaso que Portinari tenha morrido de
conseguir as cores, e de resinas naturais e/ou animais, moléstia proveniente de tintas de óleo. Um fim de
como a seiva de plantas e a clara de ovos. vida com mais que quinhão de desgastes terá torna-
Na sociedade greco-romana, as tintas sofreram a do seu organismo mais vulnerável ao veneno antigo.
evolução para o uso na arte e na decoração, a têmpera A verdade, porém, é que caiu depois de um longo
combate. Para ele, qualquer contato com certas tin-
e o afresco. Com a têmpera, os artistas desenvolveram a
tas constituía perigo. Mas sua resposta ao primeiro
técnica da perspectiva, mas como a tinta era orgânica, e envenenamento foi encomendar longos guantes de
o clima, úmido, os desenhos não sobreviveram até nos- borracha - para continuar pintando. [...] Mas doente
sos dias, deterioraram-se pela proliferação de microorga- ou são, desde seus quatorze anos, Portinari pintava e
só parou de pintar ao pisar outro dia o patamar da
nismos, ao contrário do afresco, que, por ser uma técnica
morte (CALLADO, 2003, p. 145-177).
que possuía tinta composta por materiais inorgânicos, so-

172
DESIGN

Desta forma, os antigos materiais tóxicos foram substitu-


ídos pelos novos produtos desenvolvidos, contendo me-
nor toxicidade. Foi também nesse século que novos tipos
de resinas foram descobertas, aumentando a qualidade e a
resistência contra água e até o álcool, reduzindo, também,
o tempo de secagem e, ainda, apresentando dureza supe-
rior. De acordo com Mello e Suarez (2012), a maioria des-
sas novas tintas são voltadas para revestimento de super-
fícies, ou seja, são muito empregadas na construção civil.
Nos dias de hoje, as tintas possuem, em sua composi-
ção, no mínimo, dois tipos de materiais: as partículas (ou
pigmentos) e o veículo. O pigmento deve cobrir e deco-
rar toda a superfície, e o veículo deve formar a película de
proteção. Nas tintas comuns, o veículo pode ser de óleos
ou resinas, e os pigmentos, de materiais insolúveis. Para o
futuro, os autores anteriormente citados apontam o uso
das tintas com constituintes derivados das biomassas, ou
seja, componentes orgânicos. Além disto, existe um apelo
crescente para o retorno do uso das tintas naturais, no que
tange aos conceitos da sustentabilidade, ideias que se tor-
Figura 1 - Painel Guerra e Paz, de Portinari
nam cada dia mais frequentes em nossa sociedade atual. Fonte: Saber Cultural ([2019], on-line)¹.

SAIBA MAIS

Alfredo Volpi, pintor-decorador, era um dos profissionais que utilizavam as tintas naturais para aplicação
em suas obras. O pintor desenvolvia as suas próprias tintas em seu ateliê e adotou a técnica da têmpera
(constituída com clara de ovo), deixando completamente de trabalhar com as tintas industrializadas.
Em suas próprias palavras, o pintor afirma sobre as tintas industriais: “elas criam mofo e perdem vida
com o passar do tempo”.

Fonte: adaptado de Rodrigues (2011).

Scaneie o QRcode para fazer um tour virtual no Museu da Casa de Portinari

173


d. Esmaltes: adicionando pigmentos aos vernizes,


AS TINTAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
tem-se o que se denomina esmalte. Sua maior
característica é o toque, extremamente, liso da
Para Azeredo (2000), as tintas podem ser classificadas superfície que recebeu esse material, além de ga-
quanto à sua função na construção civil e, neste caso, es- rantir brilho e resistência.
tão separadas em três grupos: para pintura arquitetônica
com função protetora e decorativa; para manutenção, Azeredo (2000, p. 150) acrescenta, no caso dos esmal-
unicamente, com a função de proteção; e aquelas para co- tes, que o material “tem um considerável poder de
municação cuja função é de identificação, delimitação de cobertura e retenção da cor e alguns esmaltes secam
áreas e prevenção de acidentes. Para Bauer (1994), as tin- dando um acabamento fosco aveludado, em vez de
tas possuem tantas variedades que a sua classificação foge um acabamento brilhante”. Ao se tratar das lacas, este
às limitações das classes e, portanto, toda a classificação autor informa que o termo, primeiramente, definia os
adotada é somente para melhor compreensão didática. produtos naturais utilizados pelos orientais, e passa a
Ambrozewicz (2012), por sua vez, inicia afirmando as carregar outro significado após o desenvolvimento de
diferenças entre tintas, vernizes, lacas e esmaltes: compostos obtidos do algodão.
a. Tintas: separação de pigmentos em resinas Em sua classificação, Azeredo (2000) apresenta
(também chamadas veículos) que na aplicação as tintas que se dissolvem em água: base de cal, base
formam um filme aderente, ou seja, é um ma- de cimento, colas animais, betumes, óleo-resinosas,
terial líquido e colorido que, quando aplicado,
polímeros-látex e tintas que se dissolvem em solven-
torna-se sólido cuja função é proteger e embe-
lezar as superfícies. tes: óleo, óleo resinoso, alquídicas, betuminosa e re-
b. Vernizes: gomas ou resinas dissolvidas em óle- sina em solução.
os ou solventes voláteis que se transformam em Caro(a) aluno(a), ao se tratar das resinas, é impor-
películas transparentes ou translúcidas, tam- tante apontar que muitas são aplicadas na construção
bém com a função de proteção e embelezamen- civil para revestimentos, assim como as tintas, porém
to de superfícies. são mais utilizadas no revestimento de piso, aplicada em
c. Lacas: compostas de veículos voláteis, resinas seu estado líquido, transformando-se em produto rígi-
sintéticas, plastificantes, cargas e corantes. As do na secagem, para conclusão de sua instalação. Outras
cargas são materiais que diminuem a viscosi-
aplicações também são muito comuns, como as resinas
dade da solução, os plastificantes servem como
um lubrificante, oferecendo flexibilidade à laca. de vedação, que servem como cola, ou as que atuam, de
Como oferecem uma cobertura muito resistente fato, na instalação de outros materiais, e não tanto como
e brilhante, foram muito bem aceitas na indús- material de acabamento. Para estes, existem amplas fun-
tria automotiva, e não demorou muito para se- ções. Deve o(a) designer de interiores estar atento(a) ao
rem aplicadas em móveis, produtos e outros. que cada material pode lhe oferecer.

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174
DESIGN

Vejamos, de acordo com a classificação de Azeredo SAIBA MAIS


(2000), as tintas e resinas:
• Tintas miscíveis em água – Base de cal: caiação De acordo com o Projeto Cores da Terra, da
(pintura de tinta à base de cal), recomenda-se aplicação Universidade Federal de Viçosa, é possível
em alvenaria e paredes argamassadas. É uma das mais desenvolver tintas econômicas e de baixo
impacto ambiental resgatando uma antiga
antigas técnicas, é econômica e prática, constitui-se de técnica chamada barreado. Para tanto, é ne-
cal fina e água, podem ser adicionados corantes e óleo cessário utilizar, para a pigmentação, a terra
de linhaça para potencializar sua aderência à superfície. encontrada em sua região, água, cola branca
à desse líquido ou grude (uma mistura de pol-
• Têmpera: base de cal que apresenta acabamento vilho azedo, soda cáustica e água). Para saber
texturizado, constituindo-se de corantes e gesso. mais sobre esse material, sua preparação e
• Tintas miscíveis em água – Base cimento: ci- estética, acesse:
mento Portland e corantes. As cores são limi- https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/
cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf.
tadas e, geralmente, utiliza-se apenas o branco.
Sua aparência é fosca e possui grande mobili- Fonte: adaptado de Cores da Terra (2009, on-line)2.
dade e resistência.
• Tintas miscíveis em água – De caseínas: pro-
teína do leite ou proteína de outro animal, dis-
solvidas em água. O acabamento possui pouco
brilho, com cores bem vivas. Não devem ser ex-
postas à água, portanto, não são indicadas para
superfícies externas. Atualmente, este tipo de
tinta quase não possui mais adesão no mercado,
sendo muito raro o seu uso. Entretanto profis-
sionais da área da permacultura e simpáticos aos
novos conceitos de responsabilidade ambiental
estão colocando-as em prática. Para a pigmenta-
ção, são utilizados materiais naturais, entre eles,
os barros ou terras.
• Tintas miscíveis em água – Emulsões de be-
tume: constituintes de materiais extraídos do
petróleo, possuem coloração quase sempre preta
e sua função principal é de proteção em situa-
ções cujo objetivo não será a aparência. As emul-
sões caracterizam-se por serem constituídas de
dois líquidos miscíveis; para tanto, é necessário
agentes emulsionantes, que podem ser gelatina,
sabões, goma arábica, entre outros.
• Tintas miscíveis em água – Emulsões de
polímeros: grande avanço da tecnologia da in-
dústria das tintas, estas são de resinas sintéticas

175


que se misturam à água. São laváveis e possuem sos esportivos em interiores. A borracha clorada
grande diversidade de cores e tons. A que pos- é aplicada em ambientes da saúde, nos quais, se
sui maior saída no mercado é a chamada tinta à necessita de segurança contra contaminação; em
base de PVA (acetato de polivinila), aplicada em ambientes relacionados com alimentos e onde se
ambientes externos e internos. Ainda possuem, necessita do uso de agentes químicos, indicadas
como vantagem, a secagem rápida, aderem em para ambientes internos. Podem ser utilizadas
superfícies um pouco úmidas, o cheiro é neutro para superfícies de piscinas.
e têm certa segurança quanto ao fogo. Possuem • Ureia e Melamina: inodoras, insípidas e não tó-
boas características, como: impermeabilidade, xicas, possuem resistências mecânicas. Normal-
resistência ao manchamento, flexibilidade, resis- mente usadas com acabamento em alta tempe-
tência aos agentes químicos (podem ser lavadas ratura, são aplicáveis para revestimento de pisos,
com sabão) e bom rendimento. também nas superfícies de madeira.
• Tinta a óleo: clássicas e tradicionais, com aca- • Epóxis: resistentes, quimicamente, e flexíveis,
bamento brilhante, possuem boa durabilidade, possuem alto isolamento elétrico, sendo durá-
resistência às intempéries e flexibilidade. Cons- veis e possuindo boa coloração. Tem-se a resina
tituem-se de solventes, secantes, pigmentos e epóxi líquida (excelente impermeabilizante se
cargas, os óleos podem ser de linhaça, soja ou misturada aos betumes); resina de epóxi sólidas
mamona. Necessitam de solvente para diminuir (aplicada em pisos e revestimentos marítimos); e
a sua viscosidade e facilitar a sua aplicação. Os resinas epóxi à base de éter. As resinas podem ser
mais conhecidos são o querosene, a benzina e misturadas a outras. Atualmente, esses pisos são
a gasolina. Os secantes, obviamente, ajudam no utilizados em ambientes comerciais (lojas) como
processo de secagem, constituídos de sabões, re- ponto de destaque e já aparecem em alguns am-
sinas e outros materiais. As cargas também são bientes residenciais. São apreciadas pelo brilho,
pigmentadoras e auxiliam na melhora e na da por aceitar desenhos diferenciados, por possuí-
cobertura da tinta. rem colorações diversas e por serem monolítico.
• Betumes com a adição de óleo: originam re- • Silicone: relaciona grande quantidade de resinas
vestimentos escuros e brilhantes, com resistência de polímeros. Possuem resistência às altas tem-
aos ácidos, álcalis e produtos químicos. peraturas, à água e oferecem grande variedade de
• Resinas em solução: resinas que contêm, em colorações. Um exemplar destes materiais são os
seus veículos, grande quantidade de óleo. Pos- pisos poliuretanos, também denominados porce-
suem diversas constituições. lanatos líquidos (entretanto este nome também
• As vinílicas: alta resistência aos produtos quí- pode denominar os pisos de resinas epóxi, o pro-
micos e solventes, durabilidade boa, odor neutro. fissional deve ficar atento às diferenças).
• As borrachas sintéticas: possuem grande elas- • Resinas de poliacrílico: utilizadas como base
ticidade, as de neoprene são indicadas para pi- de tintas acrílicas.

176
DESIGN

Figura 3 - Aplicação de revestimento epóxi

Em relação às resinas, anteriormente, apontadas por versas. Sobre o epóxi, o autor também afirma que são
Azeredo (2000), o autor Bauer (1994) esclarece que elas os plásticos novos e mais versáteis, e que, para obterem
são utilizadas pelas indústrias de vernizes e tintas. Ob- mais qualidade, devem ser combinados com outros ele-
serva-se que as tintas possuem, como já aprendemos mentos. São aplicados como revestimentos e como ade-
anteriormente, no mínimo, dois elementos, sendo eles o sivos para o concreto, e suas maiores finalidades são, de
pigmento e o veículo (o pigmento é a película colorida, acordo com Bauer (1994), como adesivos, selantes, re-
a adição de uma liga, a qual advém de diversas fontes, vestimentos (de parede) e pavimentação.
sendo o veículo o que espalha os pigmentos). Enfim,
encontra-se, no mercado, diversas tintas e vernizes que
SAIBA MAIS
possuem a adição de resinas e esses materiais possuem
grande durabilidade. Bauer (1994) afirma que esses ma-
teriais se transformam em revestimentos diversos, por A normativa brasileira que regulariza o uso
de pisos de epóxi é a NBR 14050 – Sistemas
exemplo, em revestimentos plásticos para pisos, reves- de revestimentos de alto desempenho, à base
timentos vinílicos para pisos (vulcapiso, paviflex, eter- de resinas epoxídicas e agregados minerais –
flex), e podem ser aplicados em acabamentos plásticos Projeto, execução e avaliação do desempenho
– Procedimento.
laminados (fórmica, formiplac), como revestimento de
chapas de MDF ou MDP (laminado melanímico de alta Fonte: adaptado de NBR 14050 (1998).

pressão), e como adesivos (contact) para aplicações di-

177


CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES FUNDA- bientação, melhorar a estética da ambientação a partir


MENTAIS DAS TINTAS das suas cores, texturas e brilho; para aplicação em ma-
deira, valorização estética, impermeabilização, evitar a
Apesar da enorme variedade de tipos de constituição deterioração do produto/mobiliário; no caso da aplica-
das tintas, Ambrozewicz (2012) defende a importância ção em metais ferrosos, evitar corrosão; e em metais não
de considerar suas características e funções fundamen- ferrosos, prolongar sua vida útil.
tais. Sobre as características, o autor elenca:
• Pintabilidade: praticidade na aplicação, espa- A PINTURA - DEFINIÇÃO
lhamento fácil.
• Nivelamento: as marcas dos rolos ou pincéis não A aplicação das tintas nas superfícies constitui-se de
devem aparecer após a aplicação, deve ser uniforme. diversas atividades que garantem a boa funcionalidade
• Secagem: nem tão rápida nem tão demorada. desse material. Logo, a pintura deve ser considerada um
• Poder de cobertura: cobrir, completamente, a conjunto de procedimentos, como aplicação dos fundos,
superfície em que foi aplicada com menor quan-
das massas e da tinta de acabamento. É importante con-
tidade de mãos.
siderar, também, a situação da superfície de aplicação, se
• Rendimento: quanto maior o poder de cobertu-
está úmida ou nivelada, se possui rachaduras e fissuras,
ra, melhor será o seu rendimento.
todas essas questões podem influenciar o resultado.
• Estabilidade: no armazenamento, não deve se-
dimentar-se demais, ou existir grande separação De acordo com Ambrozewicz (2012), os fundos têm
entre os elementos constituintes da tinta. como objetivo selar (fechar) a superfície para o melhor
• Resistência e durabilidade: resistir às intempé- rendimento da tinta, e a massa tem como objetivo tornar
ries do meio e possuir longa durabilidade no que a superfície homogênea e lisa; entretanto essas etapas
tange à coloração. podem ser dispensáveis.
• Lavabilidade: quanto maior a resistência à água Caso a pintura aconteça sobre o reboco, este deve
e aos agentes químicos, melhor a qualidade desse estar seco (ou curado), forte (ou seja, aquele que não
material.
esfarela por causa do uso de pouco cimento) e, se apre-
• Transferência: capacidade de adesão à superfí-
sentar mofo, deve ser retirado com escovação, aplican-
cie e diminuição dos respingos.
do-se água sanitária. Caso a pintura aconteça sobre a
• Cheiro/odor: quanto mais neutro e não tóxico,
madeira, após a superfície limpa e lixada, também é
melhor.
possível aplicar massa para nivelamento. Então, aplicar
Em relação às suas principais funções, Ambrozewicz o branco fosco e, depois, o acabamento em esmalte sin-
(2012) aponta: proteção, acabamento, decoração e dis- tético, mais o verniz.
tribuição de luz. Entretanto apresenta funções específi- Para a pintura sobre ferro, deve-se verificar a não
cas para as diversas superfícies de aplicação: alvenaria, existência de ferrugem (caso exista, remover com lixa e
evitar o esfarelamento do material, evitar absorção de aplicar cromado de zinco antes da pintura final), apli-
sujeira e umidade, impedir mofo, distribuir a luz na am- cando um fundo de óxido de ferro e depois, esmalte.

178
DESIGN

Ambrozewicz (2012, p. 357) ainda recomenda para pinturas satisfatórias:


• Paredes internas: sistemas com tinta látex, esmalte ou tinta a óleo.
• Paredes externas: sistemas com tintas látex acrílico.
• Tijolos aparentes: tinta à base de silicone, verniz acrílico.
• Madeira: verniz, esmalte ou tinta a óleo.
• Metais ferrosos: tinta a óleo ou esmalte sobre fundo anticorrosivo.
• Alumínio e metais galvanizados: tinta a óleo ou esmalte sobre fundo para pro-
mover a aderência.

Conforme afirmam Binggeli e Ching (2013), nas tintas para a alvenaria, em relação ao
seu brilho e às suas aplicações, existem as tintas foscas, indicadas para tetos e forros ou
qualquer parede de menor contato, sendo um acabamento que esconde as imperfei-
ções não muito laváveis; as tintas semibrilho, que são indicadas em paredes que pos-
suem maior contato com pessoas e produtos, laváveis e duradouras, e aceitam atritos
(esfregar com bucha suave); e, por fim, as tintas brilhantes que, apesar disso, destacam
as imperfeições são, extremamente, laváveis e indicadas para portas, esquadrias e ar-
mários (essas também aceitam lavagem com atrito – bucha suave).

179


Produtos Animais

Materiais que advêm dos animais, tais como ossos, con- e fineza, e por estes motivos, é muito aplicado para fun-
chas, marfim, couros e peles, são e foram muito consumi- ções decorativas. Os primeiros a utilizarem, efetivamen-
dos pela sociedade humana. No Design de Interiores, de te, o marfim em seus ambientes internos, nos templos,
acordo com Farrelly e Brown (2014), é comum encontrar foram os romanos, com suas placas contendo os nomes
o uso dos couros em estofados diversos, mas também dos seus magistrados. Na Idade Média, no século XV,
como revestimentos de produtos, paredes e até pisos, bem houve um aumento no preço de mercado dos marfins,
como o uso da madrepérola em revestimento de parede, devido à dificuldade de extração causada por guerras da
de pastilhas e outros. época. Foi então que começou, de acordo com França,
Alguns produtos animais são utilizados de acor- Barboza e Quites (2010), o uso de marfim de ossos bo-
do com a concepção de sustentabilidade, isto é, como vinos, material mais barato e de fácil acesso, entretanto
afirma a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente apresentava acabamento e texturas grosseiros e, assim,
e Desenvolvimento das Nações Unidas, simplificada- era considerado inferior.
mente, “suprir as necessidades atuais sem comprome- No final do século XVIII e durante todo o século
ter a capacidade das futuras gerações de suprirem suas XIX, esses materiais foram muito empregados na deco-
necessidades” (MOXON, 2012, p. 14). Como exemplo, a ração de mobiliários e armamentos:
pesquisa de Guimarães, Araújo e Santos (2015), que afir-
ma ser possível utilizar os resíduos do mercado da car- [...] marcado pela exploração em larga escala do
marfim nas regiões da África e Ásia. Inúmeros
ne de gado e os ossos como aditivos para a indústria de
objetos eram produzidos com marfim: bolas de
materiais cerâmicos, gerando diminuição de custos em bilhar, teclas de piano, broches, caixas, brincos,
relação à matéria-prima e melhoria das características coronhas de armas, entre outros. A caçada aos
funcionais e estéticas. elefantes para a retirada de seus caninos foi tão
Farrelly e Brown (2014), no entanto, esclarecem que grande que quase levou à extinção esses animais.
Os principais exploradores foram os comercian-
muitos desses materiais estão compreendidos como ile-
tes ingleses e os países mais explorados foram a
gais por serem extraídos de animais com possibilidade de Índia e a Etiópia. Os comerciantes distinguiam
extinção, como o caso do marfim. E acrescentam às suas duas categorias básicas de marfim: O macio ou
afirmativas que existem outras opções, ou seja, alternativas morto, que é branco, opaco e pouco quebradiço;
também chamado de marfim fóssil por ser obti-
artificiais a esses produtos.
do de animais mortos há muito tempo e o duro
O marfim é um material extraído dos dentes exter- ou vivo, ligeiramente translúcido, com uma cor
nos do elefante. França, Barboza e Quites (2010) afir- amarelo-esverdeada ou avermelhada e mais pesa-
mam que esse material é utilizado pelos seres humanos do que o macio. Este era obtido com a morte de
um elefante única e exclusivamente para este fim
desde a Pré-História, e a sociedade grega foi a primeira
(FRANÇA; BARBOZA; QUITES, 2010, p. 2642).
a registrar suas técnicas de uso. O material possui como
qualidades as características de brancura, durabilidade

180
DESIGN

É comum as peças ou qualquer produto cujo marfim é SAIBA MAIS


matéria-prima apresentarem, após algum tempo, ama-
relamento. Para tanto, França, Barboza e Quites (2010) Sérgio Rodrigues, arquiteto também consi-
não indicam o uso de nenhum tipo de substância que derado designer de produto e designer de
diz clarear novamente a peça, visto que o material é mui- interiores, foi um dos maiores nomes do de-
senho de mobiliário brasileiro. Na realidade,
to delicado e será apenas degradado, piorando a sua es- o profissional é considerado um dos pais dos
tética e apresentando, pouco tempo depois, o retorno da mobiliários que possuíam uma linguagem
coloração amarelada. Atualmente, é possível encontrar nacional. Ao adotar esta brasilidade em seus
produtos, Sérgio Rodrigues “buscou inspi-
algumas pastilhas feitas com marfim e, por apresenta- ração também na valorização dos materiais
rem beleza reconhecida, existem diversos materiais que brasileiros, sobretudo a madeira e o couro”.
recorrem à imitação de sua aparência. Fonte: adaptado de Zappa (2015).
Em relação à indústria de peles e couros, houve
grande crescimento entre os anos de 1970 a 2000. A pro-
dução deu-se, significativamente, nos países em desen-
volvimento, citando-se, na América Latina, Brasil e Mé-
xico. A área de aplicação deste material que mais cresce é
a de calçados e, em seguida, a automobilística.
Sobre a matéria-prima, a qualidade das peles está
relacionada com o tipo de animal e de extração do ma-
terial, a procedência regional do animal, o seu sexo, a sua
idade e as condições de preservação da pele do animal
durante a vida (peles de novilhos são consideradas me-
lhores que de vacas, por terem menores danos durante
a sua breve vida). Contudo, de acordo com Gutterres
(2005), podem aparecer defeitos também durante a sua
extração, o seu transporte, manuseio, preparação, con-
servação e armazenamento.
É importante ressaltar, caro(a) aluno(a), que a indús-
tria de peles e couros não se volta apenas para a bovina.
A caprina, a ovina, a pele de peixes e muitas outras são
consideradas pelo mercado, tanto de moda (vestimenta
e calçado) quanto de decoração e revestimento diversos.

181


Outros Materiais

A evolução da ciência e da tecnologia, aliada aos novos em seu uso, inclusive, no que tange à saúde humana e à
conceitos de sustentabilidade e responsabilidade am- preservação do meio ambiente, isto é:
biental, forma um campo muito fértil para o desenvol-
vimento de novos materiais, sejam eles materiais que [...] pode ser difícil manter-se em dia com a ra-
pidez dessas inovações, mas o designer deve ao
usam como matéria-prima os reciclados sejam aqueles
menos tentar [...] é importante pesar a adequa-
que usam a matéria-prima orgânica. ção desses materiais em relação ao custo e ao ris-
Alguns materiais não são novos e, ainda assim, fa- co envolvidos em usar tecnologias cujos efeitos
zem grande diferença para o meio ambiente, entretanto, em longo prazo ainda não foram comprovados
são quase desconhecidos pelos profissionais brasileiros (MORRIS, 2010, p. 116).

por diversos motivos. O que se deve sempre considerar,


para ser um(a) profissional antenado(a) com as exigên- Caro(a) aluno(a), vejamos apenas alguns materiais, en-
cias dos seus clientes/usuários, é sempre pesquisar e tre eles, inovações em reciclados e materiais naturais já
procurar materiais diferentes e alternativos aos que es- conhecidos pelo mercado, ambos relacionados com a
tão no mercado e que possuem muitos pontos negativos responsabilidade ambiental.

182
DESIGN

PLACA DE ECORESINA

Aluno(a), vimos, nas unidades anteriores, os acrílicos e acabamentos a fim de proporcionar um grande número
suas resinas, que são utilizadas como produtos para di- de opções de produto. A seguir, informações gerais, de
versos fins, como divisores de ambientes, placas decora- acordo com o autor:
tivas e em mobiliários variados. Como o acrílico, exis- Constituição: Polyethyene tereftalato glicol modifi-
tem as ecoresinas, materiais que podem ser aplicados cado (PETG), materiais orgânicos, têxtil.
com as mesmas funções, mas que provêm da reciclagem Certificações: Greenguard - Certificado de qualida-
de outros produtos. de do ar interior.
Brownell (2010) apresenta a ecoresina (exemplo: li- Limitações: uso de temperatura máxima de
nha Varia, da 3Form) como um material composto de 65,50 ºC, precisam de tratamento UV e vedação de
PETG (material que, por sua vez, é desenvolvido a par- ponta para uso exterior.
tir da reciclagem da PET). O sistema permite a seleção Aplicações: vertical ou horizontal, superfícies, tetos/
personalizada de cores, padrões, texturas, impressões e forros, mobiliário, iluminação, sinalização e acústica.

Figura 4 - Placas de ecoresina Figura 5 - Produção da placa de ecoresina e seu uso em ambientação
Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3.

183


Figura 6 - Ambientação com uso de divisória de Ecoresina


Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3.

Figura 7 - Placa de material sustentável


Fonte: Decor Window ([2019], on-line)4.

Figura 8 - Piso de linóleo acústico


Fonte: Forbo ([2019], on-line)5.

184
DESIGN

REVESTIMENTO DE RESINA NATURAL SAIBA MAIS

De acordo com Bastos (2016), esse material, conhecido O linóleo se encontra presente em vários
e patenteado em 1863 por Frederick Walton, é composto edifícios históricos por todo o mundo, tais
apenas por matérias-primas naturais, sendo elas: óleo de como: o Kremlin, em Moscovo; Casa Branca,
em Washington DC; o parlamento alemão; o
linhaça; resina de pinho; farinha de madeira (resíduos palácio de Buckingham, na Inglaterra; a casa
da indústria de madeira); farinha de cortiça; carbonato de Anne Frank, em Amesterdã; a Universidade
de cálcio encontrado na natureza em diversas formas, de Sorbonne, em Paris, e ainda, no Instituto
Madame Curie, em Paris.
inclusive, em casca de ovos e pigmentos naturais, e juta.
Além de ser um produto com pouco impacto am- Fonte: Bastos (2016, p. 7-8).

biental, possui vida útil de mais de 30 anos e, em seu des-


carte, o material pode ser transformado em combustível.
Bastos (2016) complementa que existem tipos diferentes
de linóleo para cada aplicação.

JEANS DE SEDA E PET

Seu uso pode ser aplicável tanto na moda quanto no De-


sign de Interiores. De acordo com Refosco (2012), a te-
celagem artesanal O Casulo Feliz procura trabalhar com
casulos que não passam nos maquinários das grandes
indústrias, e que seriam, assim, material descartado. De Figura 9 - Fios de seda e PET reciclado
Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6.
acordo com as informações comerciais, o jeans de seda
constitui-se de 50% de fios de seda, 25% de fios de garrafa
PET descartadas e 25% de fios de algodão, matéria-prima
do jeans. O projeto participou de um edital de inovação
nacional oferecido pelo Senai e, no ano de 2012, recebeu
o prêmio Idea, a maior premiação de Design do Brasil.
Na aplicação em interiores, o material se transformou em
uma cortina para a Casa Cor Paraná de 2012.
Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre este projeto,
veja o Material Complementar.

Figura 10 - Jeans de seda e PET para ambientação


Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6.

185


Sustentabilidade
Tintas, vernizes, lascas, bem como algumas resinas,
são constituídos de materiais que geram impactos am- Isso, porém, não é tudo. As tintas, como são mate-
bientais e emitem, durante sua fabricação e vida, muitas riais de acabamento de superfícies, podem acabar por
concentrações de compostos orgânicos voláteis – COVs contaminar o material da superfície que foi pintada, ou
– contribuindo para aumentar a toxicidade do ar. Ainda seja, transformar um material bom, do ponto de vista da
em sua fabricação, são “responsáveis por altas quanti- sustentabilidade e da saúde humana, em um material
dades de resíduos nocivos [...] e utilizam petróleo não composto por produtos nocivos, como algumas tintas
renovável” (MOXON, 2012, p. 104). Mas quais são os e vernizes. Em relação a esta afirmação, Moxon (2012)
problemas que esses COVs causam? Dores de cabeça, aponta, ainda, que os designers devem se afastar daqui-
irritação nos olhos e no sistema respiratório, além de lo que denomina “verde de mentira”, sendo rigorosos
fadiga e, acredita-se, também, que são materiais can- em suas avaliações acerca dos materiais, considerando
cerígenos. Portanto, de acordo com Moxon (2012), os os materiais, isoladamente, mas também os seus acaba-
pesquisadores da área da sustentabilidade e os designers mentos e o que eles podem promover. Para tanto, o in-
de interiores que atuam neste campo indicam evitar as dicado, talvez, seja valorizar os materiais que possuem
tintas sintéticas e substituí-las pelas tintas naturais, pre- acabamento próprio e que não precisem, principalmen-
zando por ambientes com mais qualidade do ar. te no que tange à estética, destas adições. Moxon (2012)

186
DESIGN

apresenta como exemplo os compensados, ou ainda, os extração, como marfim, peles e couros; em algumas situ-
tijolos aparentes. ações, há sofrimento, a grande maioria dos animais são
É possível utilizar tintas naturais, pois possuem me- mortos e, com isso, houve até casos de extinção. Portanto,
nor índice de toxicidade, além de contribuírem para um de acordo com Farrelly e Brown (2014), a recomendação
ambiente com uma qualidade maior do ar. Rodrigues é trabalhar com materiais sintéticos, que também podem
(2011) aponta que, ao utilizar esses materiais, os(as) pro- não ser completamente sustentáveis, mas que, neste sen-
fissionais também valorizam a cultura e as matérias-pri- tido, evitam a matança e a extinção de algumas espécies.
mas da região na qual se está desenvolvendo o projeto de Moxon (2012) enfatiza que existem materiais no ca-
reforma ou construção. Não se pode esquecer que essas minho inverso. Podemos encontrar, por exemplo, a lã de
tintas, utilizadas por nossos antepassados da Pré-História, carneiro e de alpaca, que são materiais autossustentáveis
ficaram conservadas até os dias atuais, por estarem, prova- e não necessitam da morte do animal, além de essa lã,
velmente, protegidas em ambientes internos (as cavernas). caso retirada do animal morto, possuir menor qualida-
Em relação aos produtos naturais animais, vimos, de. A retirada, no entanto, deve ser consciente para não
anteriormente, que o problema, em alguns casos, é a sua agredir o animal.

187


Figura 12 - Couro em curtimento no Marrocos

A autora Gutterres (2005) afirma que, no curtimento do consumo da água, também existem os altos consumos
couro, são utilizadas substâncias tóxicas aos seres huma- energético e térmico, somados como pontos negativos
nos e ao meio ambiente: para a questão do ecodesign.
Enfim, caro(a) aluno(a), finalizamos este último
No Memorando “Melhores Técnicas Disponíveis tópico sobre sustentabilidade. Diante de todas as infor-
para Curtimento de peles” da União Européia
mações apresentadas, é possível compreender a com-
(Hauber e Schröer, 2002) são apresentados os
procedimentos corretos necessários para mane- plexidade dos processos que abrangem os materiais e
jo e armazenamento de produtos químicos, de tal como esses alteram e impactam não só o meio ambiente,
forma a não ocorrerem riscos, mesmo em caso de mas a saúde humana. De fato, a responsabilidade do(a)
derramamentos e acidentes. O documento apre- designer de interiores é grande: compreender todas as
senta uma lista de substâncias prejudiciais ao meio
questões que envolvem os materiais para, então, dar a
ambiente, as quais são usadas como agentes e auxi-
liares em processos em curtumes, e que devem ser devida especificação satisfatória, não somente ao usuá-
substituídas por outras substâncias menos prejudi- rio/cliente do projeto, mas também a todos os que estão
ciais (GUTTERRES, 2005, p. 6). envolvidos, direta e indiretamente, com suas as escolhas.

Felizmente, existem pesquisas de tecnologias limpas, REFLITA


ligadas ao princípio da sustentabilidade, que objetivam
encontrar melhores formas de processar as peles e os Qualquer projeto realmente bom é sustentá-
couros. Tentando diminuir e/ou retirar a maior quan- vel, pois o enfrentamento das questões am-
tidade de substâncias tóxicas, mas também buscando a bientais é uma parte integral de uma solução
de projeto bem-sucedido.
diminuição no uso de água durante o procedimento, já
que há um gasto muito alto e que está presente na maio- (Siân Moxon)

ria das etapas. De acordo com Gutterres (2005), além do

188
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade. Vimos a diversidade de tintas,


vernizes, lacas, esmaltes e resinas que possuímos à nossa disposição, desde tintas
originárias de materiais naturais até as de materiais artificiais. Estudamos as suas
características e o seu desenvolvimento. Foi possível compreender que o profissional
especificador deste material se engana quando se preocupa apenas com as qualidades
estéticas das tintas e dos materiais afins, sendo que, além de decorativa, também tem
a função técnica de proteção das superfícies.
Vimos, também, alguns produtos animais, seus usos e aplicações. Aqui, é impor-
tante destacar as questões relacionadas às possibilidades de extinção de alguns destes
seres vivos, devido à extração de suas peles, chifres ou até dentes. Ainda nos materiais
animais, que são, de fato, orgânicos, devemos compreender que, em seu processamen-
to, recebem substâncias tóxicas. Tais materiais, portanto, levantam muitas discussões
entre os profissionais conscientes.
Além dos citados anteriormente, vimos outros materiais: as ecoresinas, materiais
com misturas de garrafas pet e resinas naturais que somam materiais naturais (encap-
sulados), produtos que apresentam muita beleza e são voltados às necessidades atuais
de uma sociedade preocupada com o futuro. Preocupados com o desmatamento, a
extinção e a deterioração do meio ambiente que nos oferece a vida, discutimos, por-
tanto, as questões de sustentabilidade destes materiais e, por fim, verificamos as suas
aplicações em Design de Interiores.
Lembre-se, o(a) designer de interiores deve projetar consciente de suas escolhas e
apresentar soluções que se adequem não somente ao seu cliente/usuário, mas a toda
sociedade humana e ao meio ambiente. Este é o objetivo de seu trabalho: oferecer
qualidade de vida no presente e no futuro.

189
atividades de estudo

1. Escolha um material estudado na unidade e IV. As tintas também podem ser tóxicas, princi-
responda, com suas próprias palavras: Por que palmente as que contêm chumbo, além de
o uso deste material é positivo a partir do con- outros minerais.
ceito de sustentabilidade?. Argumente e apre-
Assinale a alternativa correta.
sente o seu ponto de vista.
a. Apenas I e II estão corretas.
2. Em relação às tintas, aos esmaltes, às lacas e
aos vernizes, assinale a afirmativa correta. b. Apenas II e III estão corretas.
a. Os vernizes são materiais compostos somen- c. Apenas II, III e IV estão corretas.
te com água e pigmento e, portanto, são dis-
d. Nenhuma das afirmativas está correta.
solvidos também em água.
e. Todas as afirmativas estão corretas.
b. A diferença entre esmalte e laca é que a laca
constitui-se de verniz, com adição de pigmen- 4. De acordo com as questões de sustentabilidade
to. apresentadas na unidade, analise as afirmativas
a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
c. A laca recebe, em sua constituição, diversos
materiais, como resinas, plastificantes, coran- ( ) O único problema do uso do couro é a extin-
tes e cargas. São as cargas que melhoram a ção dos animais, neste caso, os bovinos.
viscosidade do material. ( ) O problema do uso de produtos que advêm
d. As tintas possuem, como função, apenas em- dos animais é que a retirada dos materiais implica
belezar as superfícies, são os esmaltes que morte desses animais.
oferecem proteção. ( ) O problema do uso de algumas peles e de al-
e. Nenhuma das afirmativas anteriores está cor- guns couros é que algumas substâncias utilizadas
reta. em seus processos podem ser tóxicas.
Assinale a alternativa correta:
3. De acordo com os estudos sobre as tintas, leia
as afirmativas a seguir: a. V, F e F.
I. As tintas são materiais constituídos de dois b. V, V e F.
elementos, o que se chama veículo e o pig-
c. V, F e V.
mento.
d. V, V e V.
II. As tintas podem ser naturais ou artificiais. Al-
gumas delas, em sua composição, apresen- e. F, F e V.
tam outros elementos além das resinas e co-
rantes. 5. Escolha um dos materiais da unidade e desen-
volva um croqui conceitual e um croqui técnico,
III. As resinas fazem parte das tintas, mas são explicando seu conceito para o projeto de uma
materiais que também podem ser utilizados ambientação comercial (uma loja de joias, por
para outros fins, misturados a outras resinas. exemplo). É importante que o design criado des-
taque as principais características do material.

190
LEITURA
COMPLEMENTAR

Pintura em drywall: o que é preciso saber

Drywall - breve descrição

Os sistemas construtivos de paredes, forros e revestimentos em chapas de gesso para drywall


são utilizados sempre na parte interna das construções e são constituídos basicamente de cha-
pas de gesso fixadas sobre estruturas de aço galvanizado com parafusos próprios para drywall.
As chapas de gesso para drywall são constituídas de um miolo de gesso revestido nos dois
lados por cartão duplex próprio para drywall. Portanto, a superfície dos elementos cons-
trutivos – paredes, forros e revestimentos – que receberão o esquema de pintura não é
constituída de gesso, e sim de cartão.
Nesses sistemas, as juntas entre as chapas recebem um tratamento com massa e fita pró-
prias para drywall, tornando a superfície plana, lisa e monolítica. As cabeças dos parafusos
que fixam as chapas nos perfis são recobertas com a mesma massa. Após a secagem da
massa, a superfície está pronta para receber o esquema de pintura.
Verificação da superfície a ser pintada
Inicialmente, deve ser feita uma avaliação da superfície, verificando a presença de falhas
no tratamento das juntas e saliências ou rebaixamento nos pontos das cabeças dos parafu-
sos, seguindo as recomendações das normas ABNT NBR 15.758-1:2009, ABNT NBR 15.758-
2:2009 e ABNT NBR 15.758-3:2009 - Seção recebimento dos serviços. Caso seja observada
alguma dessas falhas, deve-se corrigi-las antes de qualquer intervenção.

Preparação da superfície a ser pintada

A correta preparação da superfície é de fundamental importância para se obter uma pin-


tura durável e de qualidade. A superfície dos sistemas de drywall é nivelada e lisa, porém
apresenta diferenciação de cor, textura e absorção entre as superfícies do cartão e da mas-
sa nas regiões das juntas entre as chapas e das cabeças dos parafusos. Uma forma práti-
ca de verificação da secagem total da massa é pressionar a superfície desta com a ponta
da unha. Se isso provocar um vinco ou uma ranhura, a massa não está totalmente seca.
Imperfeições rasas podem ser corrigidas com massa corrida látex para interiores. Após a
secagem, as áreas tratadas nas juntas entre as chapas e nas cabeças dos parafusos devem
ser lixadas para eliminação de eventuais rebarbas de massa e pequenas irregularidades,
zerando-as em relação à superfície do cartão. Recomenda-se utilizar lixa grana 150 ou 180

191
LEITURA
COMPLEMENTAR

aplicada com uma base (um taco de piso, por exemplo), de forma a manter plana a
superfície tratada.
A superfície geral do cartão não deve ser lixada. Para acabamentos mais sofisticados,
pode ser aplicada mais de uma demão de fundo ou massa sobre toda a superfície do
sistema. Após a secagem total de cada demão, de acordo com a recomendação do
fabricante, toda a superfície deve ser lixada com lixa grana 220/280, também aplicada
com uma base, para manter a lixa plana. Ao final de cada procedimento, é necessário
eliminar o pó de toda a superfície.

Preparação das tintas e complementos

As tintas e seus complementos devem ser submetidos aos seguintes passos fundamen-
tais para facilitar sua aplicação e garantir que o resultado final seja o esperado: Homo-
geneização - Agitar todos os produtos antes de serem utilizados. Esta homogeneização
precisa ser feita de forma a garantir que todo o conteúdo da embalagem esteja perfei-
tamente uniforme. Diluição - Observar as especificações dos produtos nas embalagens
e seguir as informações indicadas para diluição.

Qualidade de Acabamento

São definidos três níveis de qualidade para pintura (mínimo, intermediário e superior)
e um nível para textura, todos explicados com detalhes a seguir.

Nível M - Mínimo

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou


artificial, deve apresentar bom acabamento, porém são aceitáveis pequenas imperfei-
ções localizadas. Exemplos de utilização: ambientes residenciais populares, comerciais,
depósitos e locais onde se deseje um bom acabamento com baixo custo.
• Aplicar tinta econômica diluída a 50% como fundo e deixar secar, conforme recomen-
dação do fabricante.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta econômica diluída, conforme recomendação do
fabricante.

192
LEITURA
COMPLEMENTAR

• A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da


aplicação da demão seguinte.

Nível I - Intermediário

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou artifi-


cial, deve apresentar bom acabamento sem imperfeições. Quando submetida à incidência
de luz intensa e rasante, é aceitável que apresente eventuais pontos de imperfeição. Exem-
plos de utilização: Ambientes residenciais e comerciais de médio padrão.
• Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta Standard diluída, conforme recomendação do fabricante.
• A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da
aplicação da demão seguinte.

Nível S - Superior

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz natural e/ou artificial, nor-
mal ou intensa rasante, deve apresentar excelente acabamento, não sendo aceita nenhuma
imperfeição. Exemplos de utilização: ambientes residenciais e comerciais de alto padrão.
• Aplicar fundo pigmentado diluído, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de massa niveladora para alvenaria (massa corrida) em toda
a superfície a ser pintada e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Lixar toda a superfície com lixa grana 220/280 aplicada numa base (como a mostrada na
foto acima), para manter a lixa plana. Eliminar o pó em toda a superfície.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta Premium diluída e deixar cada demão secar, confor-
me recomendação do fabricante.
• Textura - Nível Único
• Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de textura. No caso de duas demãos, deixar secar, de acordo
com a recomendação do fabricante, antes de aplicar a segunda.

Fonte: Luca (2013, p. 5-13).

193
material complementar

Indicação para Ler

A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão


Eva Heller
Editora: Gustavo Gilli
Sinopse: este livro aborda a relação entre as cores e nossos sentimentos e de-
monstra que não se combinam por acaso, já que as associações entre ambas
não são apenas questões de gosto, mas sim, experiências universais que estão
profundamente enraizadas em nossa linguagem e em nosso pensamento. Orga-
nizada em 13 capítulos, correspondentes a 13 cores diferentes, a obra propor-
ciona grande quantidade e variedade de informações sobre as cores: de ditados
e saberes populares até sua utilização no design de produtos, os diversos testes
baseados em cores, o processo de cura por meio delas, a manipulação de pesso-
as, os nomes e sobrenomes relacionados às cores etc.
Comentário: o conhecimento em relação aos materiais é de extrema importância
ao designer de interiores. Entretanto aliado a este conhecimento, é necessário ao
profissional compreender os efeitos dos elementos, que também são parte de
toda a experiência humana, relacionados aos seus sentidos. Neste caso, como as
tintas são os revestimentos mais práticos e, por isto, podem sofrer transforma-
ções em breves períodos, compreender as aplicação das cores torna-se essencial.

Indicação para Acessar

A História das Coisas já foi visto por mais de 7 milhões de pessoas, em 200 países. O projeto é resultado de mais de
10 anos de pesquisa sobre sistemas de produção de bens de consumo feita pela ativista ambiental Annie Leonard.
Ela viajou por cerca de 40 países para entender a nossa lógica de consumo, que vai desde a extração de maté-
rias-primas até o descarte. Annie se disse motivada a entender “um sistema baseado na destruição dos recursos
naturais e na geração de lixo” e, no vídeo, passa as informações de forma bastante didática.
https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k

194
material complementar

Indicação para Acessar

A Revista Abrafati é uma publicação trimestral, que se propõe a ser uma voz em defesa da cadeia de tintas, mos-
trando a sua importância e divulgando suas realizações, propostas, políticas e estratégias. Circula sob o formato
revista desde 2003, mas tem sua origem no boletim Abrafati Informa, iniciado em 1988. A Revista on-line da Abra-
fati, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, é um ótimo endereço para o designer de interiores se manter
informado das novidades sobre o mercado das tintas no Brasil.
http://www.abrafati.com.br/category/publicacoes/revista-abrafati/

Indicação para Acessar

Profissionais da Paradox arquitetura e design também desenvolveram uma ambientação que exprime o conheci-
mento do uso das tintas e das cores.
http://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/

Profissionais da Jump Studios desenvolveram uma ambientação para a grande empresa de internet Google.
http://www.dezeen.com/2012/05/01/google-campus-by-jump-studios/

Jeans de Seda com PET é um material desenvolvido para uso em moda, mas também pode ser aplicado na ambien-
tação. Veja mais sobre este material na Casa Cor Paraná de 2012.
http://textileindustry.ning.com/m/discussion?id=2370240%3ATopic%3A373712

195
referências

ABNT. NBR 14050: Sistemas de revestimentos de alto desempenho, a base de resinas epoxidicas e agrega-
dos minerais - projeto, execução e avaliação do desempenho - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de labo-
ratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BASTOS, R. F. Linóleo como revestimento de piso: processos construtivos, execução e patologia. 2016.
143 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Área Departamental de Engenharia Civil, Instituto
Superior de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2016.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
BROWNELL, B. Transmaterial 3: a catalog of materials that redefine our physical environment. New York:
Princeton Architectural Press, 2010.
CALLADO, A. O retrato de Portinari. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra.
Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FRANÇA, C. L. de; BARBOZA, K. de M.; QUITES, M. R. E. Estudo da tecnologia construtiva das escul-
turas em marfim. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES
PLÁSTICAS “ENTRE TERRITÓRIOS”, 19., 2010, Cachoeira. Anais [...]. Cachoeira: Universidade Federal
do Recôncavo, 2010. p. 2639-2653.
GUIMARÃES, K. de L. M.; ARAÚJO, R. de P. D.; SANTOS, D. M. Caracterização Tecnológica de Cerâ-
mica Branca com Adição de Ossos Bovinos. Design & Tecnologia, Porto Alegre, v. 5, n. 9, p. 42-49, 2015.
GUTTERRES, M. Tendências emergentes na indústria do couro. Departamento de Engenharia Química,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
LUCA, C. R. de. Pintura em drywall: o que é preciso saber. 2. ed. São Paulo: Associação Brasileira do
Dryall, 2013.

196
referências

MELLO, V. M.; SUAREZ, P. A. Z. As formulações de tintas expressivas através da história. Revista Virtual
de Química, Niterói, v. 4, n. 1, p. 2-12, mar. 2012.
MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre:
Bookman, 2010.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.
REFOSCO, E. Estudo do ciclo de vida dos produtos têxteis: um contributo para a sustentabilidade
na moda. 2012. 136 f. Tese (Doutorado em Design de Marketing) - Escola de Engenharia, Universi-
dade do Minho, Braga, Portugal, 2012.
RODRIGUES, V. M. S. Utilização de tintas naturais em sala de aula a partir de pigmentos e agluti-
nantes regionais. 2011. 37 f. Monografia (Curso de Artes Visuais) - Departamento de Artes Visuais,
Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
ZAPPA, R. O Brasil na ponta do lápis. Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio de Ja-
neiro. Rio de Janeiro: Instituto Sérgio Rodrigues, 2015.

REFERÊNCIAS ON-LINE
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-Paz-1.html. Acesso em: 3 jun. 2019.
2
Em: https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf.
Acesso em: 3 jun. 2019.
3
Em: http://camarinastudio.blogspot.com/2013/11/conhece-os-paineis-3form.html. Acesso em: 4
jul. 2019.
4
Em: http://www.decorwindow.com.br/news/placas-3form. Acesso em: 4 jul. 2019.
5
Em: https://www.forbo.com/flooring/pt-br/produtos/linoleo/linoleo-acustico/bq4wps. Acesso em:
4 jul. 2019.
6
Em: http://www.ocasulofeliz.com.br/siteModa/jeansdeseda. Acesso em: 4 jul. 2019.

197
gabarito

1. O(a) aluno(a) deverá conseguir apontar os pontos positivos e negativos do


material que escolheu e concluir, sob o seu próprio ponto de vista, por que
o material é positivo dentro dos conceitos da sustentabilidade. Foi escolhido
o material courino por apresentar duas características benéficas ao projeto,
por exemplo, o couro sintético possui durabilidade para diversos usos e não
é um produto advindo da morte de um animal. Este último argumento já va-
lida a escolha do produto.
2. C.
3. E (I; II; III e IV).
4. E (F; F e V).
5. Foi escolhido o material por apresentar três características benéficas ao pro-
jeto, por exemplo, uma Tinta Látex Fosco, a Clássica Maxx Premium Palha
Suvinil, com fórmula base água e acabamento fosco de alto desempenho. In-
dicada para uso externos e internos, apresenta alta resistência e rendimento,
além de possuir ultracobertura, possibilitando que a pintura seja concluída
em menos tempo. A sua fórmula proporciona menos respingos e mais prati-
cidade. Por estes motivos, compreendo ser indicada para o uso em uma loja
comercial de ambiente interno. Em contraponto, não é lavável, entretanto,
como pensamos em uma loja de joias, onde normalmente paredes não são
expostas a muita sujeira, esse não seria um problema.

198
conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro,
entretanto não será aqui o final das suas pesquisas e de seus estudos acerca dos
materiais. Tendo em vista que a evolução tecnológica avança cada dia mais, e que
com ela surgem diversos materiais, será necessária uma postura profissional de
busca contínua sobre os novos materiais e os novos procedimentos.
Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhe-
cidos da sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana,
que fizeram parte de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos his-
tóricos da sociedade. A relação dos indivíduos e da sociedade com os materiais possui
causas de ordem física e sensorial, mas também de ordem social e cultural, e todas
estas propriedades devem ser levadas em consideração pelo(a) profissional de design
de interiores durante a aplicação no conceito do projeto da ambientação.
A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros
e as cerâmicas, as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas
e os produtos animais, você poderá refletir, conscientemente, sobre as melhores
alternativas possíveis no uso dos materiais.
Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada mate-
rial pode oferecer. Seja consciente e um(a) incentivador(a) em busca da melhoria
das condições ambientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e
o apoio que a sociedade precisa para construir um futuro melhor.
Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de proje-
tos, com resultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira
seja de muito sucesso, e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais
conteúdos relacionados aos materiais, seus usos, suas aplicações e seus impactos.
Parabéns por mais esta conquista!
ESTUDOS DE CASO

Professora Esp. Carla Prado Vieira Verdan

• PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS


• VIDRO E CERÂMICA
• MADEIRAS E FIBRAS
• METAIS E POLÍMEROS
• RESINAS E OUTROS MATERIAIS
• REFERÊNCIAS
unidade

VI
INTRODUÇÃO

O
lá, futuro(a) designer de interiores. Preparamos, aqui, para
você um material complementar sobre o conteúdo de mate-
riais de revestimento e acabamento, com o objetivo de prepa-
rá-lo(a) melhor para o mercado de trabalho.
Nesta unidade extra, você encontrará um apanhado de estudos de
caso sobre cada uma das unidades do livro, ou seja, exemplos de apli-
cações e situações relacionadas aos materiais apresentados no conteúdo
da disciplina. Desejamos, assim, que você assimile, ainda mais, as infor-
mações sobre pedras naturais e artificiais, vidros e cerâmicas, madeiras e
fibras, metais e polímeros e, por fim, resinas e outros materiais.
Dessa maneira, esse é um conteúdo adicional, que acrescentará con-
hecimentos à sua aprendizagem.
Boa leitura e muito sucesso!


Pedras Naturais e Artificiais

204
DESIGN

Aqui, refletiremos sobre alguns usos de pedras na- atrás de mobiliários e que não atuam, por exemplo,
turais em projetos de design de interiores, pensando na circulação do ambiente. Nesse sentido, acredita-
na melhor forma de utilizar suas características sem- se que a pedra tem poucas chances de causar algum
pre aliadas às necessidades dos destinatários desses tipo de dano ao indivíduo ali presente, mesmo se es-
ambientes. tivessem assentadas irregularmente.
Que tipo de dano uma parede de petit pavês
pode causar no usuário do espaço? Bom, o elemen-
to decorativo com assentamento irregular, ou seja,
que apresenta pontas que podem ser cortantes, está
aplicado em um espaço direto de circulação, uma
escadaria, se houver uma queda, ou mesmo a per-
da do equilíbrio pelo indivíduo que, ali, circula. Este
usuário poderá atingir com força o elemento e sofrer
escoriações, cortes ou outro tipos de danos físicos.

Figura 1 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas


como elemento de acabamento de parede interna residencial.
Fonte: Giacomelli (2011, on-line)1.

A beleza das pedras naturais inspira diversos desig-


ners de interiores, o seu uso, como recurso estético
para causar impacto nos ambientes, é muito fre-
quente. Mas, de fato, esses materiais são adequados
a todos projetos de interiores? Pois bem: sabemos
que cada projeto é único e um dos fatores que alte-
ram a decisão do uso desses materiais é o perfil dos
usuários que utilizarão o espaço. Portanto, o profis-
sional precisa compreender como aquele ambiente
será utilizado pela(s) pessoa(s) que ali estarão.
Na Figura 1, podemos observar que as pedras fo-
ram utilizadas como material de acabamento de pa-
rede, com assentamento regularizado ou irregular. Figura 2 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas (as-
sentamento irregular) como elemento de acabamento de parede interna
– o que importa observar que as pedras estão aplica- Fonte: Acervo pessoal.
das em paredes de fundo, isto é, paredes que ficam

205


Em ambientes, como mostras de decoração e/ou vi- no são compreensíveis, e banheiros com bancadas e
trinas, cenografias etc., é possível ousar com esses pisos de granito são comuns. Entretanto não é uma
materiais? Tudo dependerá do objetivo do projeto, regra, o importante é compreender o cuidado da es-
aliado às necessidades do ambiente que se desenvolve pecificação desses materiais.
– o importante é, sempre, atentar-se a essas questões. Atualmente, outras pedras começaram a ser
destaque em banheiros e lavabos. Com o apelo às
questões sensoriais, os seixos (Figura 3) entram no
SAIBA MAIS radar dos profissionais de interiores e com criati-
vidade revelam ambientes lindos. O fator estético
A “Casa Cor” é um exemplo de mostra de atua novamente nessa “febre” dos seixos, mas deve-
decoração, design de interiores, arquitetu- mos, como profissionais, pensar em seu funciona-
ra e paisagismo, que se iniciou em território mento no ambiente e nas necessidades do espaço
nacional, mas, atualmente, oferece serviço a
outros países da América Latina. para seu uso. Os seixos também possuem superfí-
Para o(a) profissional de design de interiores, cie lisa, mesmo que assentados com cimento e pos-
é importante que visite esses eventos, pois sam produzir a sensação de reentrância, o material,
será o lugar para se inspirar e conhecer as
possibilidades de uso dos materiais. ainda, é considerado liso para uso, por exemplo, no
piso interno ao box do banheiro.
Fonte: adaptado de Casa Cor (2016, on-line)2.

No que tange aos usos dos mármores, granitos e tra-


vertinos em ambientes molháveis e molhados, re-
forçamos, novamente, a importância da atenção e
reflexão. Inicialmente, deve-se pensar no perfil dos
usuários do espaço, considerando, sempre, que es-
ses ambientes são mais propícios para as quedas pela
existência da água em materiais lisos, pois a super-
fície fica escorregadia. Com materiais porosos, pode
existir a proliferação de fungos e bactérias e as pe-
quenas poças de água também causam escorregões.
Os mármores não são indicados para ambientes de
muita circulação de pessoas, como vimos anterior-
mente, é mais poroso e pode manchar se não limpos,
constantemente; o travertino também é mais rochoso
e possui menor resistência, tanto à abrasão quanto ao
Figura 3 - Pedras decorativas, os seixos como elemento de acabamento
impacto. O granito é forte, porém duro e liso. Neste de parede interna em ambiente
sentido, lavabos revestidos de mármore e traverti- Fonte: 4 Style Interiores (2018, on-line)3.

206
DESIGN

207


Vidro e Cerâmica
O VIDRO E OS MOBILIÁRIOS

Olá, aluno(a)! Agora, apresentaremos alguns casos Muitos designers de interiores limitam-se ao uso do vi-
de projetos desenvolvidos por profissionais atuantes, dro em interiores, pensam nos seus usos mais comuns
com o objetivo de experimentar de forma mais prá- e menos complicados. Quando vislumbram usá-los em
tica como o(a) designer de interiores poderá aplicar mobiliários, a normalidade vem à tona e tampos de me-
esses materiais. sas e uma ou outra mesa de centro são especificadas em

208
DESIGN

projetos 100% feitos em vidro. No entanto vários pro- nal. Este, por sua vez, para chegar ao seu objetivo, deve
fissionais de design vão na contramão do uso básico do compreender os materiais, as suas qualidades e carac-
vidro e inovam, conseguindo vislumbrar possibilidades terísticas a ponto de extrair deles a mais bela estética, o
diferenciais em peças simples, tornando-as únicas. conceito e a funcionalidade.
Para exemplificar, é possível olhar com encantamen- Uma das mentes de design mais brilhantes da
to a mesa shimmer de Patricia Urquiola e a sua explosão atualidade pertence ao designer de produto Phili-
de cores. ppe Starck, formado na escola Nissim de Camondo
de Paris, França. De acordo com o seu site oficial, o
designer vê sua profissão como uma forma de ser-
vir a sociedade, buscando melhorar a sua vida e as
condições do meio ambiente. Os seus trabalhos apre-
sentam um olhar diferenciado, mostram a relevância
de conhecer os materiais, suas propriedades diversas,
suas funcionalidades e também a importância de
exercitar a mente criativa.
Um exemplo de sua ousadia é a linha de mobiliários
de vidro chamada de Boxinbox. Nessa, observa-se que o
designer se vale das cores, e que suas linhas mantêm-se
retas e simples, caixas dentro de caixas, leves, coloridas,
contemporâneas e versáteis.
Na continuidade dos profissionais que se desta-
caram com o uso do vidro, temos também os Irmãos
Campana e sua linha Aquário, os profissionais misturam
materiais e criam mobiliários divertidos.
Figura 4 - Mesa Shimmer / Fonte: Grupo Cinex (2014, on-line)4.

O REVESTIMENTO CERÂMICO E A ARTE


O VIDRO, A ÁGUA E O DESIGNER
Muitas vezes, o profissional de interiores precisa do seu
Ainda, considerando a capacidade do(a) designer de conhecimento sobre Artes, desse modo, interiores e ar-
ser inovador(a), devemos pensar que a criatividade tistas plásticos, músicos, dançarinos estão interligados,
tem que ser exercitada pelo(a) profissional, indepen- e os ambientes só podem enriquecer a vida dos seus
dentemente, de qual área do design ele(a) se encontre. usuários. Muitas empresas se orgulham por apresentar,
Os produtos ou ambientes desenvolvidos devem expor em seus produtos, referências reais e leais aos diversos
ao máximo a riqueza da mente criativa do(a) profissio- artistas do mundo.

209


Figura 5 - Mobiliários em vidro pelo Designer Philippe Starck / Fonte: Habitus Brasil (2014, on-line)5.

REFLITA

Une façon pour mériter d’exister est de servir. Isto é: Uma maneira de merecer existir é servir.

(Philippe Starck)

Um exemplo de produto que se relaciona com as pes- Além disso, é relevante observar que a valorização
soas é a linha Bailarinas da empresa de revestimentos da arte vai na mesma direção da valorização das culturas
Portinari, que valoriza obras do artista brasileiro Cân- regionais, específicas de cada sociedade. Nesse sentido,
dido Portinari cujo sobrenome é o próprio nome da cabe ao designer de interiores valorizar seus ambientes
empresa de pisos e revestimentos. com produtos que “dialoguem”, que “toquem” seus usu-
ários, por aquilo que acreditam ser parte de si mesmos.

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DESIGN

Figura 6 - Bailarinas da Empresa Portinari / Fonte: Homedecore (2018, on-line)6.

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 DESIGN

Madeiras e Fibras
Aluno(a), agora, que sabemos informações sobre as ma- alguns estudos de caso que demonstram a criatividade
deiras e as fibras, torna-se necessário a aproximação prá- nos usos dos materiais serão apresentados neste item.
tica do conteúdo com o design de ambientes. Para tanto,

212 212
DESIGN

CASA COR: CASA VIVA E A MADEIRA RECI- MOBILIÁRIOS DE PAPELÃO NA MORAR


CLADA MAIS POR MENOS

A Casa Cor de 2018 mantém-se no caminho das ten- Na mostra “Morar mais por Menos”, podemos encontrar
dências contemporâneas, relacionadas à sustentabilida- diversos ambientes que se utilizam de diversos materiais
de, e apresenta como tema de seu evento “a Casa Viva”. É cuja proximidade com a ideia da sustentabilidade é rele-
nessa diretriz que os diversos profissionais expositores vante. Em 2017, na cidade de Belo Horizonte, podemos
projetaram os seus ambientes, a relevância de pensar as encontrar o papelão em destaque no ambiente da marca
questões do reuso e da adequação dos espaços e mate- Oca Criativa como mesa e poltrona. Em espaços de am-
riais estão presentes no uso das madeiras de demolição, bientes com finalidades específicas e cuja personalidade
na casa sustentável da Leroy Merlin, e, no Lounge Sensa- varia de acordo com as novas tendências do mercado de
ções, do profissional Gustavo Paschoalim, o material de consumo e as preocupações ambientais, saber adequar
demolição foi o bambu. estes materiais é uma forma de conquistar usuários di-
versos.

SAIBA MAIS

Veja mais sobre essa mostra e suas exposi-


ções, acessando o link a seguir:
https://www.revistacircuito.com/arquivos/36611

COLEÇÃO DE MOBILIÁRIOS UTILIZANDO


MATERIAL RECICLÁVEL RECOLHIDO DO
“LIXO”

Alvaro Guillhermo, designer, arquiteto, mestre em ar-


tes, especialista e pesquisador em consumo do Design,
é, também, o idealizador e gestor do projeto “Encontros
Criativos da EcoFábrica criativa de Santos” que venceu
o prêmio iF Social Impact Prize. O projeto busca capa-
citar jovens por meio da ideia da marcenaria ecológica,
desenvolve diversos produtos de materiais provenientes
do serviço de limpeza, isto é, reutiliza - materiais do lixo Figura 7 - Loja Oca Criativa, de Gabriela Brasil e Míriam Gatti
para desenvolver novos produtos. Fonte: Gustavo Xavier (2017, on-line)7.

213


SAIBA MAIS

Morar mais por menos é uma exposição que


apresenta soluções inovadoras, sustentáveis e
com uma preocupação social. Essas soluções
são apresentadas e desenvolvidas por profis-
sionais capacitados, designers de interiores
e profissionais da área.
Saiba mais em: http://www.morarmais.com.
br/morarmais/

Fonte: a autora.

Aluno(a), vimos como é possível trabalhar diferentes e


alternativos materiais para os projetos de interiores, por
isso devemos nos atentar para a grande quantidade de
produtos. Precisamos, como profissionais, buscar as ino-
vações e negar trabalhar, apenas, com um grupo mais
convencional de produtos.

214
DESIGN

215


Metais e Polímeros
Olá, aluno(a)! Vamos, agora, dar vida aos conhecimen- nantes e impactantes. Gosta muito do trabalho com
tos absorvidos nesta unidade, apresentando dois des- os novos materiais, como os polímeros e acrílicos,
tes produtos desenvolvidos e aplicados com conceito e mas também se aventura com os materiais, como os
identidade que resume a capacidade de inovar diante de metais. Para tanto, convidado por uma empresa de
antigos e novos materiais. produtoss de acabamento e objetos para construção
civil denominada Alloy, Rashid desenvolveu revesti-
KARIM RASHID mentos parecidos com pastilhas de vidro, mas de me-
tal. São oito peças que possuem qualidade para longa
Considerado um dos grandes designers da atualida- duração, oferecidas em diversos metais, como aço
de, seus produtos e ambientes são orgânicos, apaixo- inoxidável, cobre, latão, titânio e aço cru.

216
DESIGN

Seguem as palavras de Karim Rashid acerca de sua Na hora de especificar os metais de acabamentos
criação: para os banheiros e cozinhas, acima de tudo, o profis-
sional deve ter em mente qualidade e utilidade. Existem
Eu sempre fui obcecado com padrões. A Alloy muitas opções de produtos no mercado, mas elas têm
me deu uma grande oportunidade de trabalhar
suas aplicações hidráulicas – vale conferir se estão de
com a ideia do padrão, da grade e da repetição.
Os padrões oferecem riqueza e profundidade acordo com a instalação hidráulica da obra. Além disso,
à nossa paisagem. Quanto mais diversidade de é necessário, sempre, reforçar ao usuário as formas de
linha, formas e composição, mais interessante é limpeza e manutenção das peças, visto que podem ser
uma única peça. As formas ondulantes, curvilí- frágeis dependendo do uso de produtos fortes.
neas dão para a superfície bidimensional uma
sensação tridimensional. Estes elementos repeti-
dos de forma previsível são projetados para con-
tradizer o azulejo quadrado. Esta coleção para a
Alloy é orgânica em sua forma, porque eu acre-
dito que o mundo precisa de uma desaceleração
e de um espírito humano mais leve (ALLOY, on-
-line, tradução nossa)8.

OS METAIS NA AMBIENTAÇÃO

O uso mais convencional dos metais em um espaço é


como acabamentos de móveis diversos e acabamentos
hidráulicos na cozinha e banheiro. As empresas desta
área desenvolvem, cada dia mais, produtos com senso
estético apurado, as cores em alta, nos lavabos e banhei- Figura 9 - Cozinha
Fonte: Casinha Bonita ([2019], on-line)10.
ros, são as pretas, douradas e acobreadas.

217


Em relação aos metais inseridos nos móveis, as fer- PASTILHAS DE GARRAFA PET
ragens dos mobiliários, o que se tem é uma imensa
diversidade de formas, cores e aplicações. O profis- Muitos profissionais e empresários questionam os pre-
sional deve se atentar para a qualidade, mas também ceitos da sustentabilidade por acreditarem mais em suas
buscar o conhecimento do que o mercado tem para dificuldades tanto de aceitação pela sociedade consu-
lhe oferecer, já que esta área, na atualidade, está muito mista que existe dentro do sistema capitalista quanto em
bem amparada, tecnologicamente. seus obstáculos de processos diferenciados e incomuns.
Em uma grande empresa da área, é possível sentir Entretanto alguns profissionais agarram a sustentabili-
quantos produtos temos ao dispor de nossos clientes: sis- dade como uma oportunidade de negóciose e fazem di-
temas de portas de elevação; sistemas de dobradiças; sis- ferença nessa discussão.
temas box; sistemas de corrediças; sistemas de divisões A ideia de transformar garrafas PET usadas em ma-
internas. Na relação com o movimento (abrir e fechar teriais diversos para uso, em vez de levá-las ao descarte,
portas e gavetas sem puxadores): blumotion (amorteci- é comum e até popular, mas se torna especial quando o
mento do fechamento); servo-drive (sistema elétrico de projeto investe em pesquisas e experimentos. A seguir,
toque); tip-on (sistema de abertura mecânico). um exemplo brasileiro de como é possível.

De acordo com os da-


dos comerciais da em-
presa desenvolvedora,
Rivesti, com 85% de
PET reciclado, um me-
tro quadrado (1m2) de
pastilhas evita a emissão
de 3 três quilogramas (3
kg) de gás carbônico na
atmosfera, bem como a
reciclagem de sessenta
e seis pets. O produto de
revestimento possui cer-
tificação LEED e Green
Building Council.

Figura 10 - pastilhas de garrafa PET / Fonte: Rifiniture ([2019], on-line)11.

218
DESIGN

219


Resinas e Outros Materiais

Caro(a) aluno(a), adentramos aos Estudos de Caso, etapa importante


durante os estudos para a devida compreensão dos conteúdos teóricos
e técnicos, pois somente com o entendimento da prática destas informa-
ções é possível analisar como estes materiais se comportam e o que po-
dem oferecer nas ambientações. Para tanto, foram selecionados algumas
aplicações importantes.

220
DESIGN

TINTAS
borboleta, lacadas em vários tons de turquesa. As
O uso das tintas, por ser um material prático, pode ser cadeiras em torno da mesa são vintage Paul McCo-
facilmente removível se comparado a azulejos. As tintas bb, lacadas, também na coloração azul-turquesa. A
estabelecem um clima de desafios aos designers de inte- parede da estante é pintada em padrão geométri-
riores que se deixam levar pela imaginação, baseada nos co com quatro tons de vermelho. A cor brilhante é
equilibrada por uma coleção de objetos de madeira
conceitos que cercam o uso das cores na ambientação. da terra, cerâmica e vidro (HELGERSON, on-line,
A designer de interiores Jessica Helgerson, de Portland/ tradução nossa)12.
Oregon, desenvolveu um projeto residencial e demons-
tra ótima desenvoltura nestes conhecimentos, anterior- É possível observar a destreza da designer de interiores
mente, descritos. Em seu site oficial, a designer aponta: em aplicar cores contrastantes e complementares em
diversas tonalidades, o que, provavelmente, movimenta
Nossos clientes foram um jovem casal com uma o olhar, evitando, assim, a irritação causada pela tensão
propensão para a arte pop, cores brilhantes e de-
entre as próprias cores. O fato do uso ser pontual, e o
sign atual e fresco. Foi solicitado ousadia nas co-
res e um projeto divertido, e nós nos divertimos restante do ambiente estar equilibrado pelas colorações
fazendo exatamente isso. Na sala de jantar proje- neutras, como o branco e os tons amadeirados, somam
tamos uma mesa onde os dois longos pedaços de e evitam que o estímulo visual torne a experiência na
madeira são unidos por uma série de articulações ambientação desconfortável.

Figura 11 - Projeto Residencial, designer de interiores Jessica Helgerson,


de Portland/Oregon / Fonte: Helgerson ([2019], on-line)12.

221


longínqua com móveis de estilo e certa brincadeira


Profissionais da Paradox Arquitetura e Design também que já era a minha paixão pelos vikings. Daí aquele
desenvolveram uma ambientação que exprime o conhe- chifre daquele jeito – um encosto de cabeça com
cimento do uso das tintas e das cores para destacar as sen- aquele formato acentuado. Fiz essa minha cadei-
sações desejadas em um espaço. De acordo com o site De- ra que o pessoal achou muito estranho. Eu estava
achando muito gozado. Mas, na época, os puros
zzen Magazine (2011, on-line)13, os profissionais afirmam acharam aquela coisa um pouco estranha. Uma fal-
que as “formas amarelas pintadas nas paredes laterais são ta de gosto. Eu não tenho nada que ver com isso,
destinadas a criar uma ilusão de profundidade”. né?! Se eles gostassem ou não, não era problema
Caro(a) aluno(a), para visualizar as imagens do am- meu” (ZAPPA, 2015, p. 43).
biente e saber mais sobre este projeto, vá aos Materiais
Complementares e encontrará o link para leitura. O interessante em observar a cadeira chifruda de Sér-
gio Rodrigues é que, culturalmente, remonta ao passado
PRODUTOS ANIMAIS (COURO) E SÉRGIO histórico do país, ao se tratar de estruturas de madeira,
RODRIGUES à atividade pecuária e ao mercado de agronegócios, os
quais, sempre, participaram do desenvolvimento eco-
A cadeira Chifruda nasceu da vontade de demons- nômico nacional. É possível visualizar, então, elementos
trar a qualidade da costura dos elementos de couro.
fortes de nossa história, economia e cultura, diretamen-
“Imaginei que a cadeira teria certos detalhes lú-
dicos ou então detalhes que tinham uma relação te, ao olhar este mobiliário conceito.

Figura 12 - Poltrona Chifruda - Criada pelo Mestre Sérgio Rodrigues, em 1962, é considerada uma das obras primas do design brasileiro / Fonte: Anual Design
(2011, on-line)14.

222
referências

Referências on-line
1
Em: http://blog.giacomelli.com.br/2011/01/20/de-cara-nova-as-paredes/. Acesso em:
5 jun. 2019.
Em:https://casacor.abril.com.br/historia/. Acesso em: 5 jun. 2019.
2

3
Em: https://4styleinteriores.wordpress.com/2018/08/29/seixos-design-e-sofistica-
cao-na-medida-exata/. Acesso em: 5 jun. 2019.
Em: http://www.grupocinex.com.br/blog/mesa-shimmer/. Acesso em: 5 jun. 2019.
4

5
Em: https://habitusbrasil.com/wp-content/uploads/2016/04/Vidro-Philippe-Starck-
-Boxinbox.jpg. Acesso em: 6 jun. 2019.
6
Em: http://www.homedecore.com.br/ceramica-portinari-apresenta-porcelanato-
-inspirado-nas-obras-de-candido-portinari/. Acesso em: 6 jun. 2019.
7
Em: http://gustavoxavier.com.br/morar_mais_por_menos_bh_2017/. Acesso em: 6
jun. 2019.
Em: https://alloydesign.com.au/shop/category/5079. Acesso em: 6 jun. 2019.
8

9
Em: http://www.contemporist.com/metal-tiles-by-karim-rashid-for-alloy-2/. Aces-
so em: 6 jun. 2019.
Em: https://blog.sincenet.com.br/wp-content/uploads/2018/02/IMG_1695-1.jpg.
10

Acesso em: 6 jun. 2019.


11
Em: https://hggirlonfire.com/pastilhas-de-garrafa-pet.html. Acesso em: 6 jun. 2019.
Em: http://www.jhinteriordesign.com/brooklyn-brownstone. Acesso em: 6 jun.
12

2019.
Em: https://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/. Acesso
13

em: 6 jun.2019.
14
Em: https://www.anualdesign.com.br/blog/1003/poltrona-chifruda/?param=b-
log/1003/poltrona-chifruda/. Acesso em: 6 jun. 2019.

223
conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro,
entretanto não será aqui o final das suas pesquisas e de seus estudos acerca dos
materiais. Tendo em vista que a evolução tecnológica avança cada dia mais, e que
com ela surgem diversos materiais, será necessária uma postura profissional de
busca contínua sobre os novos materiais e os novos procedimentos.
Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhe-
cidos da sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana,
que fizeram parte de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos his-
tóricos da sociedade. A relação dos indivíduos e da sociedade com os materiais possui
causas de ordem física e sensorial, mas também de ordem social e cultural, e todas
estas propriedades devem ser levadas em consideração pelo(a) profissional de design
de interiores durante a aplicação no conceito do projeto da ambientação.
A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros
e as cerâmicas, as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas
e os produtos animais, você poderá refletir, conscientemente, sobre as melhores
alternativas possíveis no uso dos materiais.
Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada mate-
rial pode oferecer. Seja consciente e um(a) incentivador(a) em busca da melhoria
das condições ambientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e
o apoio que a sociedade precisa para construir um futuro melhor.
Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de proje-
tos, com resultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira
seja de muito sucesso, e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais
conteúdos relacionados aos materiais, seus usos, suas aplicações e seus impactos.
Parabéns por mais esta conquista!

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