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INSTALAÇÕES

PREDIAIS

PROFESSORES
Dra. Berna Valentina Bruit Valderrama
Esp. Marlisia Rocha Lima
INSTALAÇÕES PREDIAIS

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


VALDERRAMA, Berna Valentina Bruit; LIMA, Marlisia Rocha
Instalações Prediais. Berna Valentina Bruit Valderrama; Marlisia Rocha
Lima.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2018.
192 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Design 2. Instalações. 3. Prediais. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0595-0
CDD - 22ª Ed. 747.2
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo, Projeto Gráfico e
Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Amanda Peçanha dos Santos, Aguinaldo J.
L. Ventura Júnior, Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey,
Hellyery Agda, Revisão Textual Danielle Loddi e Cíntia Prezoto, Ilustração Bruno Pardinho e Marta
Kakitani, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autoras

Professora Berna Valentina Bruit Valderrama


Possui doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas pela Faculdade de Arqui-
tetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP/2002) e graduação
em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUC Campinas/1985). Atualmente, é professora e pesquisadora da graduação e
mestrado em Tecnologia Limpas do Centro Universitário de Maringá (UNICESU-
MAR). Coordenou o Curso de Arquitetura e Urbanismo e de Design de Interiores
do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR), pertenceu ao quadro de
docentes do curso de Design e Design de Interiores da Faculdade de Artes e
Administração de Limeira (FAAL) e também dos curso de Arquitetura e Urbanis-
mo e Decoração e Design do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio
em Salto, SP (CEUNSP). Coordenou o curso de Arquitetura e Urbanismo desta
instituição. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase
na elaboração e execução de projetos arquitetônicos e de interiores. Realiza
pesquisas nas áreas de fundamentos de arquitetura e urbanismo, estudos
urbanos, paisagem cultural e cidades inteligentes.
Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/2820263211069772>

Professora Marlisia Rocha Lima


Possui pós-graduação em Design de Interiores pelo Centro Universitário Positivo
(2006). Possui formação pedagógica pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM/2012) e graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM/ 1994).
apresentação

Instalações Prediais

Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a)! Preparamos este tecimento, bem como ao saneamento básico. Por fim, o
livro com o objetivo de apresentar a você os princípios último tema é dedicado à relação entre a sustentabilidade
básicos, os objetivos e as práticas que fazem parte das e as instalações prediais.
instalações prediais. Na Unidade II, você irá estudar as instalações prediais de
As instalações prediais são o conjunto de tubulações, água fria e água quente, bem como a interface dos com-
conexões, peças, acessórios, aparelhos e equipamentos ponentes dessas instalações com o projeto arquitetônico
destinados ao abastecimento de água e energia elétrica, e sistema construtivo.
coleta de esgoto e de águas pluviais, de combate a incên- Já na Unidade III, se desenvolverá o assunto sobre as
dio, entre outros, nas edificações. instalações prediais de esgoto sanitário, de águas pluviais,
Este material foi elaborado para auxiliar você no desen- de prevenção e combate a incêndio, além de informações
volvimento de projetos e execução de obras, visando a sobre os principais materiais que compõem as instalações.
solução de problemas na área das instalações prediais. Na Unidade IV, teremos contato com sistemas de pro-
Assim, convidamos você a aprofundar mais esta etapa dução e distribuição externos e de recebimentos pelas
em sua formação profissional, adquirindo conhecimentos unidades consumidoras. Outros tópicos, deste mesmo
na área das instalações para contribuir com sua forma- capítulo, abordarão os componentes de uma instalação
ção técnica. Tal formação é necessária para que você, predial elétrica em baixa tensão. Além disso, você irá
estudante, possa desempenhar seu papel de forma pro- conhecer a interface dos componentes das instalações
fissional e segura. prediais elétricas com o projeto arquitetônico e sistema
As instalações prediais são uma importante parte das construtivo.
edificações e estão envolvidas em grandes empreendi- Por fim, na Unidade V, você será estimulado a conhecer
mentos, como na construção de redes de abastecimento o conceito de edifício inteligente, seguido pelos sistemas
de água, de coleta de esgoto e de rede elétrica. Além disso, de automação predial e suas possibilidades de uso, bem
também podemos encontrá-las em pequenas atividades como o uso e as possibilidades de tecnologias disponíveis
cotidianas: enquanto cozinhamos, assistimos à televisão, para a utilização em hidráulica e elétrica.
tomamos banho e até mesmo quando regamos o jardim. Assim, o livro tem como objetivo fornecer a você, es-
Este livro é composto por cinco unidades que abordam, tudante do curso de Tecnólogo Superior em Design de
inicialmente, temáticas como a sustentabilidade, contex- Interiores, informações técnicas que contribuam para a
tualizando as instalações prediais no panorama atual do elaboração de projetos e execução de obras de ambientes,
mercado da construção civil, concluindo-se com uma relacionando-as com os principais conceitos e princípios
reflexão sobre os edifícios e casas inteligentes. legislativos.
Na Unidade I, você é convidado a conhecer três temas Visando o acréscimo de conhecimento, elaboramos para
que estão relacionados às Instalações Prediais. O primeiro você exercícios de fixação dos conteúdos abordados e
diz respeito à importância de contextualizar esse tipo de orientações de pesquisa para melhor firmar as instruções
instalação dentro dos processos de gestão de projetos e e informações contidas neste livro. Esperamos que faça
obras. O segundo tema se refere aos sistemas de abas- bom proveito do material. Um grande abraço!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO ÀS INSTALAÇÕES
INSTALAÇÕES PREDIAIS PREDIAIS ELÉTRICAS
14 Gestão de Projetos e Obras 126 Instalações Prediais Elétricas
18 Sistemas de Abastecimento 132 Componentes das Instalações Prediais
28 Instalações Prediais e Sustentabilidade 132 Elétricas em Baixa Tensão
138 A Interface dos Componentes das
UNIDADE II Instalações Elétricas com Projeto
INSTALAÇÕES PREDIAIS Arquitetônico
HIDROSSANITÁRIAS: PARTE I 142 A Interface dos Componentes das
46 Água Fria e Água Quente: Instalações Prediais Elétricas com os
Considerações Gerais Sistemas Construtivos
52 Conceitos e Cálculos Básicos 146 O Projeto das Instalações Prediais
de Consumo, Reservação e Elétricas e o Projeto Arquitetônico
Dimensionamento
58 Água Quente UNIDADE V
INSTALAÇÕES
64 Instalações Prediais de Água Fria
PREDIAIS DIVERSAS
e Quente, Projeto Arquitetônico e
Sistemas Construtivos 162 Considerações Gerais Sobre o Edifício
Inteligente
UNIDADE III 168 Automação Predial e Residencial
INSTALAÇÕES PREDIAIS 176 Dispositivos Inteligentes
HIDROSSANITÁRIAS: PARTE II
82 Instalações Prediais de Esgoto Sanitário
192 Conclusão Geral
92 Instalações Prediais de Águas Pluviais
96 Instalações Prediais de Prevenção e
Combate a Incêndios
108 Materiais em Instalações
Hidrossanitária
INTRODUÇÃO ÀS
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Professor Me.aMarcelo Cristian Vieira


Professora Dr . Berna Valentina Bruit Valderrama
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Gestão de Projetos e Obras
• Sistemas de Abastecimento
• Instalações Prediais e Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as instalações prediais e sua importância nos
processos e gestão de projetos e obras.
• Conhecer o conceito de sistema de abastecimento, tipos,
classificação e seu processo.
• Conhecer e contextualizar os sistemas de abastecimento
e de instalações prediais dentro do conceito e prática da
sustentabilidade e ecoeficiência.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta primeira unidade teremos contato com


três temas relacionados às Instalações Prediais. O primeiro diz respeito à
importância de contextualizar esse tipo de instalação dentro dos proces-
sos de gestão de projetos e obras. Já o segundo tema se refere aos sistemas
de abastecimento, bem como ao saneamento básico, finalizando a unida-
de com a relação entre a sustentabilidade e as instalações prediais, a qual
designa o terceiro tema.
É importante entender as instalações prediais dentro de seu contexto
maior, possibilitando, assim, uma melhor compreensão de seus princí-
pios, objetivos e práticas. Dentro do processo de projetos e execução de
obras, as instalações prediais representam uma etapa imprescindível que
deve ser implantada em todas as edificações.
Vale ressaltar que um projeto de instalações e uma execução de quali-
dade são sinônimos de economia e redução de desperdícios de materiais,
evitando, também, problemas futuros por causa de instalações mal pro-
jetadas e/ou mal executadas.
Conhecer as instalações prediais e seu funcionamento requer tam-
bém reconhecer que os sistemas de abastecimento e de saneamento bási-
co são importantes. Esses sistemas visam abastecer, fornecer bens e servi-
ços às comunidades humanas com vistas à melhoria da qualidade de vida
e do ambiente em geral.
O último tema desta unidade se refere à relação entre as instalações
prediais e a sustentabilidade. O modo de vida atual e as exigências de con-
forto da população resultam em considerável aumento do consumo ener-
gético, sendo as edificações responsáveis por uma parcela significativa
desse consumo. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, as insta-
lações prediais cumprem importante papel na promoção da sustentabili-
dade e na preservação dos recursos naturais. Diante disso, é importante e
necessário que designers de interiores, arquitetos e todos os profissionais
ligados à área da construção civil estejam capacitados para melhorar as
estratégias de sustentabilidade de projetos e obras. Ótima leitura!
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Gestão de
Projetos e Obras
Aluno(a), neste tópico trataremos de algumas con- logias da informação e de comunicação, bem como a
siderações gerais sobre as instalações prediais e sua exigência dos usuários, que estão cada vez mais aten-
importância nos processos e gestão de projetos e tos à qualidade dos produtos que adquirem.
obras. Desejamos, a partir do exposto, que você pos- Assim sendo, e para poder cumprir as exigên-
sa contextualizar e refletir sobre como posicionar as cias de mercado e profissionais, a gestão de projetos
instalações prediais dentro da atividade de projeto e e obras passa a ser uma atividade multidisciplinar
execução de obras. realizada em equipe. Isso significa que as respon-
O projeto e a obra predial, independente de seu sabilidades de projeto e obra são distribuídas entre
tamanho, necessitam de planejamento em todas as diversos especialistas, encarregados de parcelas cada
suas fases. A gestão do processo de projeto e da obra vez menores do projeto e dependentes de informa-
exige a criação de mecanismos de avaliação, verifi- ções de terceiros, cujas definições provocam interfe-
cação e controle de todo processo com o objetivo rências múltiplas no processo de projeto e execução.
de propor qualidade ao mesmo, melhor execução e, Somado à necessidade de promover serviços
consequentemente, satisfação do usuário. cada vez mais especializados e dependentes de diver-
Atualmente, a produção arquitetônica enfrenta sos profissionais e serviços – arquitetos, engenheiros
vários desafios, tais como a aceleração contínua da civis, designers de interiores, fornecedores, entre
industrialização da construção, a exigência de pa- outros –, o desenvolvimento de projetos e posterior
drões de qualidade de projetos e obras e de qualidade execução predial ainda estão submetidos ao cumpri-
ambiental. Somado a isso, há o uso de novas tecno- mento de prazos de entrega cada vez menores. As

14
DESIGN

instalações prediais, dentro do processo de projetos tais como elementos da forma e função, sistemas
e execução de obras, exercem uma função impor- construtivos e materiais, tamanhos e dimensões do
tante, pois representam uma etapa imprescindível objeto a ser projetado etc. Essas condições vão sen-
que deve ser implantada em todas as edificações. do detalhadas e correspondem às etapas de projeto
As instalações prediais correspondem ao con- que se iniciam com o Programa de Necessidades e
junto denominado “projetos complementares”, que terminam no que chamamos de Projeto Executivo.
tem a função de auxiliar e alimentar o projeto ar- Cada etapa deve trazer informações gráficas e esca-
quitetônico, além de possibilitar a execução da obra las que permitam sua fácil leitura e execução, mini-
completa e adequada. Todas as instalações prediais mizando erros de interpretação e comunicação que
– hidrossanitárias, elétricas, de gás, entre outras – influenciam em erros de obra.
devem ser projetadas e executadas conforme elabo- Visando à facilidade de classificação dessas etapas
ração dos projetistas habilitados e em atendimento de projeto, elaboramos, para você, um quadro que pode
aos princípios estabelecidos por normas. ser visualizado a seguir. Esse quadro permite imaginar,
Para localizar as instalações prediais dentro do de forma geral, as etapas que devem ser atendidas na
processo e gestão de projetos, vale se lembrar de suas elaboração de projetos arquitetônicos de edificações,
principais etapas. O desenvolvimento de projeto bem como de ambientes interiores. Ainda, o quadro
corresponde à transformação de ideias em soluções, pode ser utilizado para configurar as etapas de projeto
as quais dependem das expectativas do cliente e de de produtos, em especial aqueles que fazem parte de
outros elementos internos à elaboração projetual, projetos arquitetônicos e de ambientes interiores.

ETAPAS OBJETIVO/FUNÇÃO
Programa de
Conjunto de parâmetros e exigências a serem atendidos pelo projeto/edificação a ser concebido.
Necessidades
Concepção e representação gráfica preliminar, atendendo aos parâmetros e exigências do pro-
Estudo
grama de necessidades, permitindo avaliar o conceito e partido adotados no projeto e a configu-
Preliminar (EP)
ração física do ambiente/edificações/produtos, inclusive a implantação e layout.
Representação preliminar da solução adotada para o projeto em forma gráfica e de especifica-
ções técnicas, incluindo: definição de tecnologia construtiva, pré-dimensionamento estrutural e
Anteprojeto (AP)
de fundação, quando necessário, concepção de sistemas de instalações prediais, com informa-
ções que permitem avaliações da qualidade do projeto e do custo da obra.
Projeto Legal (PL) Informações técnicas suficientes e na forma padronizada para aprovação do projeto pelas auto-
(quando neces- ridades competentes com base nas exigências legais (municipais, estaduais, federais) e obtenção
sário) de alvarás e licenças, resultantes das informações do Anteprojeto.
Projeto Básico ou Solução intermediária para atender à necessidade de discussão das interfaces não anteriormen-
Pré-Executivo te resolvidas, na etapa de anteprojeto - não obrigatoriamente utilizado.
Representação final e completa do projeto/das edificações e seu entorno e de todos os detalha-
Projeto mentos em formato gráfico e de especificações técnicas e memoriais, suficientes para a perfeita
Executivo (PE) compreensão do projeto, elaboração do orçamento e contratação das atividades de construção
correspondentes.
Quadro 1 - Etapas de Projeto
Fonte: as autoras.

15
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Com referência às etapas de projeto, é possível banheiros que requerem a compatibilização de seu
identificar que o mesmo se inicia com o anteprojeto. layout com os de hidrossanitários, elétricos e, even-
O anteprojeto se inicia com a concepção de projetos tualmente, gás e aquecimento solar.
complementares, como os voltados a sistemas de ins- O banheiro pertence ao que chamamos de áreas
talações prediais. Esses sistemas estão interligados ao molhadas em uma edificação e requer, do projetis-
projeto arquitetônico, uma vez que interferem no de- ta ou do designer de interiores, uma compreensão
senvolvimento projetual e fazem parte da execução detalhada de seu funcionamento, das exigências
da obra. Segundo Ornstein e Roméro (1992), o pro- normativas e dos requisitos para sua execução. Por
jeto de instalação está intimamente ligado ao projeto exemplo, é importante saber a localização das tu-
de arquitetura, e um não evolui sem o outro. bulações, dos pontos de abastecimento de água, de
Outra consideração importante é que, dentro do esgoto e eletricidade, analisando sua conformidade
processo de gestão de projetos, há a necessidade de no planejamento de banheiros, visando à segurança,
compatibilizar os mesmos, em especial o arquitetô- ao conforto, à acessibilidade e à funcionalidade dos
nico com o estrutural e com os projetos de instala- sistemas e ambientação.
ções prediais, visando à correta execução da obra. Além dos cuidados com as instalações prediais
De acordo com o SEBRAE/SINDUSCON (1995, no planejamento e desenvolvimento de projetos, é
apud MIKALDO JUNIOR e SCHEER, 2008), com- importante estarmos atentos à execução de todas as
patibilização define-se como uma atividade de ge- etapas. Dentro da gestão de obras, a execução das
renciar e integrar projetos correlatos, visando ao instalações prediais ocorre na fase intermediária da
perfeito ajuste entre os mesmos e conduzindo-os obra e essa fase é caracterizada pelas atividades re-
para a obtenção dos padrões de controle de quali- lacionadas à elevação do edifício. Fazem parte dessa
dade total de determinada obra. Essa definição pode fase a elevação da estrutura, as vedações, a execução
ser aplicada a uma gama diversa de projetos, como dos pavimentos e cobertura e as instalações, como
por exemplo o desenvolvimento de projetos para mostram as imagens a seguir.

Figura 1 - Elevação
de estrutura e vedação

16
DESIGN

Figura 2 - Instalação de tubulações prediais

Para o designer de interiores, é importante conhecer


e entender o processo de execução das instalações,
com o objetivo de planejar e desenvolver projetos
com alta qualidade, evitando retrabalhos, custos des-
necessários e desconforto aos usuários. Um projeto
de alta qualidade deve aliar tanto os elementos esté-
ticos quanto os funcionais na criação de ambientes.

17
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Sistemas de
Abastecimento
Os sistemas de abastecimento podem ser definidos da natureza, adequação de sua qualidade, transporte
como aqueles sistemas que visam ao suprimento de e fornecimento às populações em quantidade com-
bens e serviços às comunidades humanas, objetivan- patível com suas necessidades.
do a melhoria da qualidade de vida e do ambiente Dessa maneira, a necessidade de água em qualida-
em geral. Neste tópico, vamos tratar do sistema de de e quantidade adequada e suficiente tem como ob-
abastecimento de água, de coleta e do tratamento de jetivo atender às necessidades básicas da vida, como
esgotos. Além disso, você conhecerá, também, o sis- saciar a sede e proteger a saúde, diminuindo a inci-
tema de abastecimento de energia elétrica, que leva dência de doenças relacionadas à água, por exemplo,
a eletricidade até as edificações. e promovendo o desenvolvimento econômico, indus-
trial e da agricultura por meio do abastecimento.
O SISTEMA DE ABASTECIMENTO
DE ÁGUA E ESGOTO SAIBA MAIS
A água constitui elemento vital e essencial à vida ani-
mal e vegetal, segundo o Manual de Saneamento da
Nos últimos 20 anos, a população mundial
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) (BRASIL,
teve um acréscimo de 1,8 bilhão de pessoas,
2004). Um sistema de abastecimento de água pode período que resultou na diminuição de um
ser projetado tanto para atender a pequenos aglo- terço das reservas de água doce.
merados humanos como a grandes centros urbanos. Fonte: Almanaque Brasil
No Manual de Saneamento, ainda se caracteriza o Socioambiental (2008, p. 297).

sistema de abastecimento de água pela sua retirada

18
DESIGN

Segundo a Secretaria de Estado do Meio Am- SAIBA MAIS


biente e Recursos Hídricos (SEMA/PARANÁ,
2010), os recursos hídricos são indispensáveis a di- É chamada de Unidade Adutora a tubulação
versas atividades humanas e destinados a diferentes que liga a captação de água até o tratamento,
práticas. Dentro dessas práticas, a obra destaca o ou deste até a rede de distribuição de água.
uso para as atividades industriais, o abastecimento Fonte: as autoras.
público, a irrigação agrícola, a produção de energia
elétrica e a preservação da flora e da fauna.
O sistema de abastecimento de água convencional
é dividido em unidades que o constituem. As unida- Em termos gerais, quanto à energia para movimen-
des do sistema são classificadas da seguinte maneira: tar a água, as adutoras podem utilizar a gravidade
• Mananciais. ou o emprego de equipamentos de recalque. As adu-
• Captação. toras de recalque são utilizadas quando, por exem-
• Adução/Estações Elevatórias e de Recalque. plo, o local de captação de água estiver em um nível
• Tratamento. inferior em relação ao local da ETA ou dos reser-
• Reservação (reservatórios). vatórios. Dessa maneira, são utilizadas Estações Ele-
• Rede de Distribuição. vatórias ou de Recalque para transportar a água até
pontos mais elevados, ou para aumentar a vazão de
Mananciais são todas as fontes de água, superficiais e linhas adutoras por meio do bombeamento da água.
subterrâneas, que podem ser utilizadas para o abas- As Estações de Tratamento de Água serão respon-
tecimento público. Isso inclui rios, lagos, represas e sáveis pela melhoria das características de qualidade
lençóis freáticos (águas subterrâneas). O sistema de da água. Nessas estações, a água será tratada do ponto
Captação corresponde ao conjunto de equipamentos de vista físico, químico e bacteriológico, a fim de que
e instalações utilizados para o aproveitamento de água se torne água potável própria para o consumo.
bruta do manancial. A escolha dos mananciais para a
captação de águas é realizada segundo alguns critérios
de localização, topografia do lugar, vazão do manan-
cial e a presença de possíveis focos de contaminação.
O transporte da água é efetuado por adução –
Unidades Adutoras – e é classificado segundo seu
transporte e quanto à energia utilizada para o mes-
mo. Com relação ao transporte, a água pode estar
sendo levada da Unidade de Captação para a Esta-
ção de Tratamento de Água (ETA), sendo chamada
de Adutora de Água Bruta. Quando conduzida da
ETA para os reservatórios de distribuição, a adutora
é denominada de Adutora de Água Tratada. Figura 3 - Estação de tratamento de água

19
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Após o tratamento necessário, a água é trans- crescimento do volume de esgoto ou de águas resi-
portada para reservatórios que têm a função de ar- duais não reaproveitáveis. Essas águas residuais, so-
mazená-la, com o objetivo de atender a propósitos, madas às águas de escoamento superficial e às águas
como variação de consumo de água e manutenção pluviais, são chamadas de esgoto. Essa situação re-
da pressão mínima na rede de distribuição. A Rede quer a organização de um sistema de esgoto que se
de Distribuição é responsável por conduzir a água compõe de um conjunto de obras e normas que vi-
até os edifícios ou pontos de consumo, por meio de sam à coleta, ao transporte e ao tratamento, além de
tubulações instaladas nas vias públicas. darem destino final adequado aos esgotos.
É fato que a coleta, o tratamento e a destinação
dos esgotos feitos de forma inadequada são prejudi-
ciais às pessoas e ao ambiente, causando a prolifera-
ção de diversas doenças e o desequilíbrio ecológico,
comprometendo, assim, a qualidade de vida e os re-
cursos naturais. Os esgotos, a fim de serem processa-
dos de maneira adequada, são classificados em três
grandes grupos:
• Esgoto sanitário ou doméstico.
• Esgoto industrial.
• Esgoto pluvial.

Segundo Fernandes (1997), denomina-se esgoto sani-


tário ou doméstico aquele proveniente das atividades
domésticas, tais como lavagem de piso e de roupas,
consumo em pias de cozinha e esgotamento de peças
Figura 4 - Ciclo Urbano da Água sanitárias - por exemplo lavatórios, bacias sanitárias e
Fonte: Plano de Educação Ambiental (SIMLIS, 2013, on-line)1.
ralos de chuveiro. Aqui também podem ser incluídos
os esgotos sanitários das atividades comerciais.
A partir desse ponto, a rede de distribuição passa a Na sequência, o esgoto industrial é aquele ori-
ser interna aos edifícios e de responsabilidade priva- ginado das atividades industriais, gerando um tipo
da. Assim como é necessário um Sistema de Abas- de esgoto com características próprias da atividade
tecimento de Água coletivo, em especial para os da indústria. Aliado a isso, a indústria também gera
centros urbanos que reúnem um número expressivo esgoto doméstico originado nas unidades sanitárias.
de população e atividades, é necessário um sistema Por último, o autor denomina de esgoto pluvial
coletivo de esgoto. aquele que se origina a partir da coleta de águas de
A expansão demográfica, ou seja, o aumento da escoamento superficial, em especial da chuva ou de
população, aliada ao avanço tecnológico, solicita au- outro tipo de precipitação atmosférica, como é o
mento no consumo de água e, consequentemente, caso da neve. Também, podem ser incluídos nesse

20
DESIGN

tipo de esgoto águas usadas em lavagem de ruas e os Esse sistema permite tratar a questão dos esgotos de
drenos subterrâneos (dispositivos, geralmente insta- maneira diferenciada e é mais adequado diante dos
lados abaixo da superfície de rodovias para capta- princípios e medidas de saneamento básico.
ção, condução e deságue de águas infiltradas). O Saneamento Básico é o conjunto de atividades
Dois sistemas de esgoto coletivo têm sido utili- e medidas relacionadas ao abastecimento de água
zados para o afastamento de águas residuais e plu- potável, à coleta e tratamento de esgotos e ao manejo
viais nas cidades, sendo eles o Sistema Unitário e o dos resíduos sólidos, bem como ao controle de pra-
Sistema Separador Absoluto. A diferença entre os gas e de agentes patogênicos, como bactérias, vírus,
dois está no fato de que o primeiro sistema coleta, protozoários e vermes, que são causadores de doen-
em uma mesma rede, as águas residuais de esgotos ças. O objetivo do Saneamento Básico é promover
domésticos, por exemplo, e águas pluviais ou de in- a saúde, higiene, segurança e o conforto da popula-
filtração. O segundo tipo divide a coleta em duas re- ção, aumentando sua produtividade e melhorando a
des, nas quais uma é somente para águas residuais e qualidade de vida e ambiental.
outra para águas pluviais e de infiltração. Além dis- Para o propósito da disciplina de Instalações
so, é importante escrever que o Sistema Separador Prediais, vamos nos concentrar no esgoto sanitário
Absoluto dá destinos diferentes para essas águas. ou doméstico. Todo o esgoto sanitário é recolhido
Diante disso, podemos dizer que não existe mui- por uma rede coletora e transportado por meio de
to espaço para a construção de Sistemas Unitários. tubulações, interceptores e emissários que têm a
No Brasil, por exemplo, é obrigatório o emprego do função de levar o esgoto coletado até a Estação de
Sistema Separador Absoluto para as áreas urbanas. Tratamento de Esgoto (ETE).

Figura 5 - Estação de Tratamento de Esgoto

21
INSTALAÇÕES PREDIAIS

O tratamento convencional é constituído de Dentro das estações, o esgoto passa por vários
duas fases: a fase líquida, que trata o esgoto desde tratamentos. Para melhor visualização das etapas de
sua coleta até a separação final do lodo, com devo- tratamento de esgoto, montamos o quadro a seguir,
lução da parte líquida à natureza (rios, lagos); e uma o qual faz referência a um sistema convencional de
segunda fase, chamada de sólida, que trata o lodo, tratamento de esgoto.
especificamente de sua destinação.

ETAPA FUNÇÃO OBSERVAÇÕES


FASE LÍQUIDA
Passagem do esgoto por grades que
têm a função de reter materiais gran-
Gradeamento
des, como panos, plásticos, latas, entre
outros.
É a retirada da areia do esgoto por meio Sedimentação - é o processo pelo qual um
da sedimentação. Nesta etapa, o esgoto sólido, em suspensão num líquido, precipita no
passa em velocidade baixa para permitir fundo do recipiente que contém a suspensão.
Desarenação
o processo. Nesse caso, a areia se deposita no fundo dos
tanques, separando-se da parte líquida do
esgoto.
É a etapa de multiplicação das bactérias
que se alimentam de matéria orgânica
Oxidação Os flocos biológicos são formados basicamente
do esgoto, formando flocos biológicos.
Biológica por bactérias formadoras de flocos.
Esse processo dá-se por adição de
oxigênio.
Os flocos biológicos sedimentam-se no
fundo de um tanque, formando o lodo, Processo de separação de líquido e sólido ou de
Decantação e se separa da parte líquida. Esse líquido líquidos que não se misturam. No caso do esgo-
pode ser lançado em um rio, por exem- to, é a separação dos flocos (sólido) do líquido.
plo, pois não prejudica o ambiente.

FASE SÓLIDA
Para que haja uma limpeza efetiva do es-
goto, faz-se a recirculação do lodo. Isso
Recirculação
é, por meio de bombeamento, o lodo
do lodo
passa quantas vezes for necessário pela
oxidação biológica e decantação.
Depois de seco e prensado, será depo- Na agricultura há necessidade de controle dos
sitado nos aterros, ou incinerado, ou contaminantes encontrados no lodo.
Destino final
utilizado na agricultura. A incineração também merece controle por
do lodo
ser uma prática muito cara e ambientalmente
indesejável.
Quadro 2 - Sistema Convencional de Tratamento de Esgoto
Fonte: as autoras.

22
DESIGN

O que é importante observar é que existe uma Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro
relação entre o uso da água e a produção de esgotos, de Geografia e Estatística (IBGE, 2008, on-line)2, o
pois são diversos os usos da água, como doméstico, número de municípios com serviço de abastecimen-
industrial, irrigação, dessedentação (matar a sede) to de água por rede geral de distribuição totalizou
de animais, lazer, navegação, geração de energia e 99,4%, ou seja, quase 100% dos municípios brasi-
preservação dos ecossistemas. Em especial, os qua- leiro contam com rede geral de água. No entanto,
tro primeiros usos envolvem a retirada significativa somente 78,6% dos domicílios brasileiros recebem
de água das fontes e dos mananciais, implicando em essa água. Isso significa que, aproximadamente, 12
atenção à proteção dos recursos hídricos, à raciona- milhões de residências no Brasil não têm acesso à
lização do uso da água, à distribuição justa desse re- rede de abastecimento geral de água.
curso e ao estabelecimento de padrões de qualidade Com relação ao esgoto, os dados do IBGE mos-
da água para consumo humano. tram que somente 55,2% dos municípios brasilei-
A utilização da água pela população, em suas ativi- ros possuem rede coletora, e o acesso domiciliar à
dades sociais e econômicas, produz resíduos e dejetos rede coletora de esgoto abrange 44% das residências
que, se não forem tratados, contaminam o ambiente nacionais.
e a própria água captada para uso. Assim, para que o
ciclo seja virtuoso, há a necessidade de tratar a água e
o esgoto na mesma medida, ou seja, melhorar cons-
tantemente e de maneira adequada os serviços de sa-
neamento básico, o que, de fato, nem sempre acontece.

SAIBA MAIS

A Cloaca Máxima (em latim, Cloaca Maxima)


é uma das mais antigas redes de esgotos do
mundo. Foi construída na antiga Roma no final
do século VI a.C. pelos últimos reis de Roma.
Para saber mais, acesse: <www.paulocanni-
zzaro.com.br>.

Fonte: as autoras.

A realidade brasileira mostra que o país tem, ainda,


um déficit tanto no abastecimento de água potável
quanto no atendimento da coleta do esgoto, mos-
trando que uma parcela significativa da população
Figura 6 - Esgoto sem
vive em condições precárias. tratamento com despejo em rio

23
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Além desses dados gerais, é interessante observar que o Esses dados mostram que ainda é necessário ex-
abastecimento de água e coleta de esgoto não se dá de pandir os serviços de abastecimento de água e coleta
maneira igual por regiões no Brasil. Enquanto no Sudes- de esgoto em rede no Brasil, mas é importante que
te a rede geral de abastecimento de água cobre 87,5% dos junto à expansão dessas redes, tanto a água quanto
domicílios; no Norte, menos da metade de domicílios é o esgoto sejam tratados com o objetivo de melhorar
abastecida, o que corresponde a 45,3% do total. Em or- as condições sanitárias da população e preservar os
dem crescente de abastecimento por rede geral de água, recursos hídricos.
temos o Nordeste com 68,3% de domicílios atendidos, Segundo o Plano Nacional de Saneamento Bá-
seguido pelo Centro-Oeste com 82% e Sul com 84,2%. sico (IBGE, 2008, on-line)2, 87,2% dos municípios
Com relação à rede de coleta de esgoto, as desigual- brasileiros distribuíram água tratada para a popula-
dades são similares ao abastecimento de água quando ção. No entanto, como mostram os dados do IBGE,
olhamos as regiões brasileiras. Na região Sudeste, 69,8% em 6,2% desses municípios, a água era apenas par-
dos domicílios têm acesso à rede de esgotamento sanitá- cialmente tratada e em 6,6% não havia nenhum tra-
rio. Já na região Norte, o acesso corresponde a 3,8% dos tamento. No caso do tratamento de esgoto, a situ-
domicílios. Em ordem crescente, temos o Nordeste com ação é mais crítica. Nos levantamentos de 2008, o
22,4%, o Sul com 30,2% e o Centro-Oeste com 33,7% IBGE constatou que apenas 28,5% dos municípios
de domicílios atendidos com coleta de esgoto sanitário. brasileiros fizeram tratamento de seu esgoto.

O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA
No Censo Demográfico de 2010, o IBGE mostrou A energia ofertada ou a matriz energética no Brasil vêm
que o serviço de energia elétrica foi aquele que apre- de duas fontes, que são as fontes renováveis (44,1%) e
sentou maior cobertura, atingindo 97,8% dos domi- não renováveis (55,9%). Dentro do conjunto de energias
cílios no Brasil. Nas áreas urbanas, essa cobertura renováveis ofertadas, a biomassa responde por 15,7% e
atingiu 99,1% de domicílios e nas áreas rurais 89,7%. a hidráulica e eletricidade por 14,7%. Lenha, carvão e
No ano de 2008, dados do Atlas de Energia Elé- outras energias renováveis respondem por 13,8% da
trica do Brasil (BRASIL, ANEEL, 2008) mostravam energia oferecida. Com relação às energias não renová-
que 95% da população brasileira tinha acesso à rede veis, o petróleo e seus derivados respondem por 38,6%
elétrica, contando com mais de 61,5 milhões de uni- da oferta, seguidos pelo gás natural com 10,1%, pelo
dades consumidoras em 99% dos municípios. Desse carvão mineral com 5,6% e, por último, pelo urânio
número de unidades, 85% eram residências. com 1,5% de contribuição (BRASIL, EPE, 2012).

24
DESIGN

Figura 7 - Fontes de energia para abastecimento

As energias com maior consumo no Brasil são a ele- A vasta hidrografia brasileira, aliada às condi-
tricidade, respondendo por 18,1% do consumo, e ções topográficas favoráveis, contribuiu para tornar
o óleo diesel, respondendo por 19,1%. A produção a energia hidráulica a principal fonte geradora de
industrial, o transporte de bens, serviços e pessoas eletricidade. Basicamente, uma usina hidrelétrica
respondem por 66% do consumo energético do país. compõe-se das seguintes partes: barragem, sistemas
No Brasil, a maior fonte geradora de energia elé- de captação e adução de água, casa de força e sistema
trica é a hidráulica, por meio da instalação de hi- de restituição de água ao leito natural do rio.
drelétricas. Uma usina hidrelétrica pode ser defini- O princípio básico de uma usina hidrelétrica é o
da como um conjunto de obras e equipamentos cuja uso da força de uma queda de água para gerar ener-
finalidade é a geração de energia elétrica, por meio gia elétrica. Isso é realizado por meio de turbinas
de aproveitamento do potencial hidráulico existente que giram pela força da água e acionam geradores
num rio (BRASIL, EPE, 2012). para a produção de energia elétrica.

25
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 8 - Vista de uma usina hidrelétrica

Depois de produzida, a energia elétrica vai para os


centros urbanos ou áreas rurais por meio das linhas
e torres de transmissão de alta tensão que percorrem
longas distâncias até alcançarem as áreas de consu-
mo de eletricidade. Figura 10 - Subestação de distribuição de energia elétrica

Ao chegar aos centros urbanos, a energia elétrica


deverá passar por transformadores nas chamadas
subestações, que têm por objetivo diminuir a vol-
tagem da eletricidade. A partir da subestação, a
eletricidade chega aos domicílios por uma rede de
distribuição aérea (postes e fiação) ou subterrânea
(condutores subterrâneos).
Ainda nas redes de distribuição, a eletricidade
passa por transformadores de distribuição, mui-
tas vezes instalados em postes, que também têm
o objetivo de diminuir a voltagem para 127 volts
ou 220 volts (voltagem da rede elétrica brasileira).
A partir desse ponto, a rede de distribuição passa
a ser interna aos edifícios e de responsabilidade
Figura 9 - Linhas e torres de transmissão de energia elétrica em alta tensão privada.

26
DESIGN

No livro Eficiência Energética na Arquitetura (2014),


os autores Lamberts, Dutra e Pereira enfatizam que
do total de consumo de energia elétrica no Brasil
em 2011, as edificações totalizaram 46,7%
de eletricidade consumida. O setor
residencial chegou a 23,3% do total
nacional, seguido do setor comer-
cial - que representou 15,4% do
total - e do setor público com
8%. Ou seja, esses tipos de
edificações são as
que consomem a
maior quantidade
de eletricidade.
Para o designer
de interiores, esses dados
são significativos, uma vez que sua
maior área de atuação está centrada nos pro-
jetos de ambientes residenciais e comerciais.
Em tais ambientes, o desafio do profis-
sional de interiores é a eficiência
energética dos ambientes
projetados.

Figura 11 - Esquema de dis-


tribuição de energia elétrica

27
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações Prediais
e Sustentabilidade
Várias discussões sobre a temática ambiental têm dade e está fundamentado em três pilares: o social, o
sido travadas, em especial desde a segunda meta- econômico e o ecológico. Isso significa que o grande
de do século XX, com vasta produção de pesquisas, desafio está em promover a equidade social, a racio-
estudos e, principalmente, de mecanismos regula- nalidade econômica e a preservação dos recursos
tórios e de governança sobre a gestão dos recursos naturais na construção de um ambiente harmonioso
naturais, desenvolvimento sustentável e formas de e equilibrado.
garantir a sustentabilidade. Outro encontro importante da Comissão Mun-
O termo sustentabilidade aparece oficialmente dial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento foi a
pela primeira vez na Comissão Mundial sobre o Meio Conferência Cúpula da Terra, que ocorreu na cidade
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organi- do Rio de Janeiro entre os dias 3 e 14 de junho de
zação das Nações Unidas (ONU), em 1987. Gro Har- 1992, sob o patrocínio da Organização das Nações
lem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega e Unidas (ONU). Também conhecida como Eco-92
então presidente da CMMAD, expõe o conceito de ou Rio-92, essa conferência foi significativa pelas
sustentabilidade como a capacidade de satisfazer as discussões tanto dos aspectos econômicos e sociais
necessidades do presente sem comprometer a capa- quanto dos ecológicos.
cidade das gerações futuras de satisfazerem suas pró- Os principais resultados dessa conferência foram
prias necessidades (BRUNDTLAND, 1987). os seguintes: Agenda 21, um programa de ação glo-
O conceito de desenvolvimento sustentável é um bal com 40 capítulos; Declaração do Rio sobre Meio
desdobramento do próprio conceito de sustentabili- Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também

28
DESIGN

como Carta da Terra, com 27 princípios; Conven- fornecimento de água pura, 25% de madeira de flo-
ção das Nações Unidas de Combate à Desertifica- resta e 40% do consumo de energia (LAMBERTS,
ção; Convenção sobre Diversidade Biológica; Con- DUTRA e PEREIRA, 2014). Fora isso, a construção
venção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança civil é uma das maiores fontes geradoras de resí-
Climática; e Declaração de Princípios sobre Uso de duos sólidos. Segundo a Secretaria do Meio Am-
Florestas (MOTA et al., 2008). biente do estado de São Paulo, a origem dos resí-
Nas décadas seguintes, três eventos avaliativos duos da construção está concentrada no pequeno
sobre a Agenda 21 foram realizados: o Rio +5 (1997), gerador, ou seja, cerca de 70% do resíduo gerado
Rio +10 (2002) e Rio +15 (2007), cujos objetivos fo- são provenientes de reformas, obras pequenas e de
ram identificar as principais dificuldades vinculadas demolição. Os 30% restantes são provenientes da
à implantação da Agenda 21, definir prioridades, es- construção formal.
tratégias e apoios às ações propostas. Como visto anteriormente, do total de consumo
Os desdobramentos sobre o desenvolvimento de energia elétrica no Brasil em 2011, as edificações
sustentável também levaram a outros encontros, totalizaram 46,7% de eletricidade consumida. Desse
cujo objetivo geral foi a análise ambiental a partir total, 23,3% são destinados ao uso em residências, ge-
das mudanças climáticas, com forte discussão so- rando um consumo maior de energia elétrica que se
bre o problema da emissão de gases do Efeito Es- deve às lâmpadas, chuveiros, geladeiras e ao ar-con-
tufa e sua redução e o aquecimento global. Essas dicionado.
discussões se iniciaram com o Protocolo de Kyoto Com relação ao consumo doméstico de água, o
(1997), passando pela formação do Grupo Intergo- chuveiro é responsável por 37% da água consumida,
vernamental de Especialistas sobre Mudanças Cli- a bacia sanitária por 22% seguida pela pia da cozi-
máticas e culminou na 13ª Conferência das Partes nha, com 18% do consumo. Os 23% restantes desse
(COP 13) da Convenção da Organização das Na- consumo doméstico correspondem à máquina de
ções Unidas sobre Mudanças Climáticas em Bali, lavar roupa, lavatório, tanque, jardim e lavagem de
Indonésia, em 2007. carro (HAFNER, 2007).
O modo de vida atual e as exigências de confor-
Máq. lavar
to da população resultam em aumento do consumo Lavatório roupa
Bacia Tanque
energético com grande expressividade nos países 7% 9%
sanitária 4%
mais desenvolvidos. Os edifícios representam uma 22%
Pia cozinha
das principais fontes de consumo de energia - inter- 18%
nacionalmente e no Brasil - e são parcialmente res- Jardim/
Chuveiro
ponsáveis pelo alto crescimento de consumo energé- Lav. Carro
37%
3%
tico e emissão de CO2, principal gás do efeito estufa
na atmosfera.
A construção e o uso dos edifícios são respon- Figura 12 - Consumo doméstico de água
sáveis mundialmente pelo consumo de 16,6% do Fonte: Hafner (2007, p. 33).

29
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Diante disso, é importante e necessário que desig-


ners de interiores, arquitetos e todos os profissionais
ligados à área da construção civil estejam capacita-
dos para melhorar as estratégias de sustentabilidade
de seus projetos. Isso significa reconhecer que você,
ao abraçar a profissão de designer de interiores, deve
estar atento(a) às questões que envolvem a preserva-
ção dos recursos naturais, bem como a racionaliza-
ção e redução do consumo energético.
Dessa maneira, por um lado, o projeto deve le-
var em consideração, além da forma e da função de
edificações e ambientes, as soluções do sistema cons-
trutivo e materiais, observando o ciclo de vida dos
produtos, além de sua procedência e os impactos no
ambiente que podem ser ocasionados pelas soluções
adotadas. O cuidado com a escolha de materiais, por
exemplo, pode significar uma menor demanda por
climatização e maior conforto ambiental. Por outro
lado, o projeto deve encontrar boas soluções de efi-
ciência energética e de conforto ambiental, uma vez
que essas soluções influenciam no desempenho tér-
mico, energético e visual das edificações e ambientes.
Assim, algumas dessas decisões podem con-
tribuir significativamente para a racionalização e
eficiência hídrica e energética de ambientes e edi-
ficações, além de favorecer a gestão de resíduos. É
importante, também atenção ao uso de soluções
alternativas de energia, como a energia solar tanto
para o aquecimento da água quanto para a geração
e armazenamento de energia elétrica (fotovoltaica). REFLITA
De igual importância, é conhecer os sistemas
de reuso das águas, em especial o de águas cinzas Faça as coisas em equipe. Não há um único
(águas residuais de chuveiros, lavatórios, lavadoras grande criador que tenha dado origem a um
de roupas e tanques) para a descarga da bacia sanitá- produto. Nunca é apenas uma pessoa; o su-
cesso vem do trabalho em equipe.
ria e o aproveitamento de água de chuva, que podem
ser reutilizáveis em vasos sanitários, lavagem de pi- (Steve Jobs)

sos, carros e irrigação de jardins.

30
DESIGN

P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade estudamos a relação entre as instalações pre-
diais e a gestão de projetos e obras, os sistemas de abastecimento e a sustentabili-
dade, contextualizando o assunto dentro de um conjunto mais amplo, no qual as
instalações fazem parte. Também tivemos contato com o assunto de instalações
prediais dentro dos processos de projeto e obra, podendo considerar que as exigências de
mercado e profissionais implicam no adequado planejamento do processo e na gestão co-
laborativa realizada em equipe.
Além disso, aprendemos que as instalações prediais fazem parte dos projetos comple-
mentares, iniciando-se na etapa de anteprojeto arquitetônico, compreendendo que na fase
intermediária da obra se executam as instalações prediais. Identificamos a necessidade de
compatibilizar o projeto arquitetônico e estrutural com os projetos de instalações prediais,
visando à correta execução da obra para se evitar retrabalhos, custos adicionais e desper-
dício.
Analisamos o sistema de abastecimento e o tratamento de água e esgoto, observando a
relação entre o consumo de água e produção de esgoto juntamente com seus impactos no
saneamento básico. Logo após, constatamos que a realidade brasileira mostra que há um
déficit tanto no abastecimento de água potável quanto no atendimento da coleta do esgoto,
revelando que uma parcela significativa da população vive em condições precárias.
Com relação ao sistema de abastecimento de energia elétrica, verificamos que a vasta
hidrografia brasileira, aliada às condições topográficas favoráveis, contribuiu para tornar a
energia hidráulica a principal fonte geradora de eletricidade no Brasil. Vimos, ainda, que as
edificações são as que consomem a maior quantidade de eletricidade no cenário nacional.
Finalmente, na ótica da sustentabilidade, há a necessidade de incrementar o número
de profissionais capacitados para melhorar as estratégias de sustentabilidade de projetos e
obras com foco na racionalização, eficiência e redução do consumo energético de ambien-
tes e edificações.

31
atividades de estudo

1. Leia os textos a seguir:

Muitas perdas apresentadas na fase de obras são causadas por problemas


relacionados ao projeto. Algumas dessas perdas ou problemas se destacam,
tais como: modificação no transcorrer do processo construtivo, falta de exame
atento ou cumprimento das informações constantes no projeto, falta ou insufi-
ciência de detalhamentos de projeto, bem como falta de compatibilização entre
os diversos projetos (TAVARES JUNIOR, 2001).

Com relação ao processo de projeto, ainda podemos destacar os dados a


seguir:
O projeto influencia em aproximadamente 70% dos custos gerais, embora o
custo do mesmo corresponda a 5% do total do produto. Cerca de 40% dos
problemas de qualidade podem ser associados a projetos deficientes e de
70% a 80% da produtividade no processo de construção pode ser determina-
da no estágio de projeto (ROMANO, 2003).

Considerando o contexto apresentado, avalie as afirmações a seguir:


I. É possível afirmar que o processo de gestão de projetos está intimamente
interligado ao processo e gestão de obras, implicando significativamente
na qualidade do produto final.
II. O projeto arquitetônico e de ambientes interiores devem levar em conta
seus aspectos estéticos, deixando os aspectos técnicos para um nível se-
cundário.
III. A responsabilidade do processo de projeto e obra deve ser compartilha-
da e trabalhada em equipe, devido, entre outras coisas, às complexidades
desses processos, ao cumprimento de prazos e à satisfação do cliente.
IV. O projetista deve estar atento a todo o processo de obra, visando à mini-
mização dos problemas de execução, à compatibilização dos diferentes
projetos e ao cumprimento das diretrizes projetuais.

É correto o que se afirma em:


a. I e II, apenas.
b. I, II e III, apenas.
c. II, III e IV, apenas.
d. I, III e IV, apenas.
e. I e IV, apenas.

32
atividades de estudo

2. Considerando as Instalações Prediais, leia as afirmações a seguir:


I. As Instalações Prediais correspondem aos chamados projetos comple-
mentares que visam ao auxílio do projeto arquitetônico na definição das
propostas e na execução da obra.
II. É na etapa inicial da obra que todas as Instalações Prediais são executadas.
III. Todas as instalações prediais – hidrossanitárias, elétricas, de gás, entre ou-
tras – devem ser projetadas e executadas conforme elaboração dos projetis-
tas habilitados e em atendimento aos princípios estabelecidos por normas.
IV. A concepção dos projetos de Instalações Prediais deve ser iniciada na eta-
pa de anteprojeto.

É correto o que se afirma em:


a. I e III, apenas.
b. II, III e IV, apenas.
c. I, III e IV, apenas.
d. III e IV, apenas.
e. I e II, apenas.

3. Em relação às afirmações a seguir, assinale (V) para verdadeiro ou (F)


para falso:
( ) O sistema de abastecimento de água convencional é dividido em unida-
des. Algumas dessas unidades são: mananciais, adução e tratamento.
( ) Mananciais são fontes de água superficiais que podem ser utilizadas para
o abastecimento público. Isso inclui rios, lagos e represas.
( ) Esgoto sanitário é aquele proveniente das atividades domésticas, tais
como lavagem de piso e de roupas, consumo em pias de cozinha e esgo-
tamento de peças sanitárias. São basicamente os esgotos domésticos e
industriais.
( ) O Saneamento Básico é o conjunto de atividades e medidas relacionadas
ao abastecimento de água potável, à coleta e tratamento de esgotos e
ao manejo dos resíduos sólidos, bem como ao controle de pragas e de
agentes patogênicos.
( ) A água potável chega às edificações por meio da rede de distribuição
pública, e a rede interna das edificações é, também, de responsabilidade
pública.
( ) O tratamento convencional de esgoto é constituído de duas fases - uma
chamada de fase líquida e a outra denominada fase sólida.

33
atividades de estudo

a. V - F - F - V - F - V.
b. F - F - F - V - F - F.
c. V - V - F - V - V - V.
d. F - F - V - V - V - V.
e. V - V - F - V - F - V.

4. Leia as afirmações a seguir:

Segundo o Atlas de energia elétrica do Brasil (BRASIL, 2008), uma das variáveis
para definir um país como desenvolvido é a facilidade de acesso da população
aos serviços de infraestrutura. Dentro desses serviços se destacam o sanea-
mento básico, os transportes, as telecomunicações e a energia. Como o próprio
Atlas aponta, o saneamento básico está diretamente relacionado à saúde pú-
blica. Os transportes e as telecomunicações têm a função primordial de facilitar
a integração nacional, e a energia cumpre importante papel para o desenvol-
vimento econômico e social ao fornecer apoio mecânico, térmico e elétrico às
ações humanas.
A obra ainda aponta o Nordeste, o Centro–Oeste e o Norte como as regiões
brasileiras com menos acesso à rede de energia elétrica quando comparadas
às outras regiões nacionais. Essa desigualdade se deve a fatores como: grande
número de habitantes com baixo poder aquisitivo - caso do Nordeste, princi-
palmente; baixa densidade demográfica - caso do Centro-Oeste; e, no caso do
Norte, aliada aos fatores das duas regiões citadas anteriormente, a presença de
características geográficas que dificultam a expansão da rede.

Considerando o contexto apresentado, avalie as asserções a seguir e a re-


lação proposta entre elas.
I. É possível associar o desenvolvimento econômico e social de um país ao
fornecimento de infraestrutura e ao acesso da população à mesma. Nesse
caso, o acesso à energia elétrica no Brasil mostra o desequilíbrio e a desi-
gualdade entre regiões e o acesso dos diferentes grupos sociais.
Porque:
II. A geração de energias alternativas originadas de fontes renováveis, como
as energias eólica e solar, pode contribuir para diminuir os desequilíbrios
entre as diversas regiões brasileiras e também para o desenvolvimento
econômico e social.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


a. As asserções I e II são proposições corretas e a II é uma justificativa correta da I.

34
atividades de estudo

b. As asserções I e II são proposições corretas, mas a II não é justificativa


correta da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a asserção II é uma propo-
sição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, mas a asserção II é uma proposição
verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

5. Qual a importância da relação entre a sustentabilidade e as Instalações


Prediais? Faça um pequeno texto sobre o assunto utilizando as seguintes
palavras-chave: desenvolvimento sustentável, consumo energético, pro-
dução de resíduos, desenvolvimento de projetos e papel do designer de
interiores.

35
LEITURA
COMPLEMENTAR

Construção e Sustentabilidade
A construção é o setor da economia encarregado de produzir o ambiente construí-
do (cidades, casas, hospitais, estradas, pontes, barragens, estações de tratamento de
água, portos etc.). Nesse ambiente construído passamos quase toda a nossa vida.
Em sociedades como a brasileira, a qualidade do ambiente construído é uma marca de
exclusão social. Ser pobre normalmente significa não ter acesso a um ambiente constru-
ído de qualidade. Os ricos habitam áreas com qualidade ambiental muito melhor que as
habitadas pelos pobres, as favelas. Portanto, a sustentabilidade da sociedade brasileira
exige uma ampliação considerável do ambiente construído. O desafio é realizar esta am-
pliação com um mínimo de impacto ambiental. Mas afinal, quais são estes impactos?
Em primeiro lugar, produzir o ambiente construído implica em destruir o ambiente
natural: floresta ou terreno agrícola devem ser destruídos para dar lugar a cidades,
estradas e barragens.
A atividade demanda enorme quantidade de recursos naturais, boa parte dos quais
não renováveis. Vamos dar alguns exemplos: a construção de um metro quadrado de
uma habitação típica do Brasil, em alvenaria e concreto, pesa cerca de 1.000kg. Um
apartamento de 50m² pesa, portanto, 50 toneladas. Outro número: a construção de
100 metros de rua típica requer 400 toneladas de material. Após a construção, mais
material é necessário para as atividades de manutenção.
Entre 40% e 75% dos recursos extraídos da natureza são utilizados na construção civil. A
escala de produção de materiais de construção é muito grande. O cimento é o material
artificial de maior consumo: 1,5 bilhões de toneladas ao ano, ou seja, cerca de 250kg/hab/
ano e esta produção está crescendo. Para cada quilo de cimento são utilizados aproxima-
damente 5kg de agregados naturais e cerca de 600 g de água. Assim, o consumo médio
per capita de produtos a base de cimento é de mais de 1.500kg anuais. Além do cimento,
a construção usa outros materiais, como cerâmicas, metais, plásticos e madeira.
A produção, transporte, montagem e descarte final desses materiais têm grande im-
pacto ambiental, social e econômico. A extração de grande quantidade de matérias-pri-
mas provoca a destruição de biomas. No caso da madeira, a situação é particularmente
grave, pois a maior parte da madeira utilizada no país para construção é extraída ile-
galmente na Amazônia, processada com alto desperdício e depois transportada até
o local de consumo. Neste caminho, além da emissão de gases do efeito estufa pelos

36
LEITURA
COMPLEMENTAR

caminhões, deixa um rastro de corrupção de agentes públicos.


Muitos destes materiais, inclusive a madeira e as pinturas, são impregnados de bioci-
das que, em contato com a água da chuva se dissolvem lentamente, contaminando o
lençol freático. Somente em 2007 o Brasil proibiu a utilização do pentaclorofenol, o pó
da China, um poderoso veneno na proteção de madeiras.
O processamento industrial dessas matérias-primas é importante fonte de todos os
tipos de poluição. Essa indústria é importante na emissão de gases do efeito estufa,
inclusive porque utiliza como matérias-primas a rocha calcária: uma tonelada de rocha
calcária pode liberar 460 kg de CO2! Como conseqüência, a indústria do cimento brasi-
leira, uma das mais eco-eficientes do mundo, é responsável por cerca de 12% do CO2
emitido -exceto o emitido pelas queimadas da Amazônia.
A produção desses materiais também gera uma impressionante quantidade de resí-
duos. Aos resíduos gerados nas indústrias (e minerações) devemos adicionar os resí-
duos das atividades de construção e demolição nas cidades. A massa desses resíduos
é maior que do lixo urbano, permanecendo tipicamente em torno de 500kg/hab/ano.
Um olhar mais atento na maioria das nossas cidades permite identificar rapidamente
estes resíduos: caçambas para coleta, caminhões de transporte e até montes de resídu-
os jogados em esquinas. O recolhimento destes resíduos depositados ilegalmente e a
operação de aterros legais tem elevado custo para os municípios. O mais grave é que a
quase totalidade desse material pode ser reciclado, especialmente na pavimentação de
ruas, como mostram experiências de sucesso em Belo Horizonte, trazendo benefícios
ambientais e econômicos para a sociedade.
No entanto, apesar dos benefícios ambientais evidentes e da obrigatoriedade de imple-
mentar um sistema de coleta para reciclagem introduzida pela resolução Conama 207,
de 2002, até o momento poucas prefeituras brasileiras decidiram enfrentar o problema.
A produção e transporte dos materiais de construção e o uso do ambiente construído
consomem grande quantidade de energia. Somente o uso de edifícios consome cerca de
50% da energia elétrica brasileira e cerca de 20% da energia total. E a participação dos
edifícios no consumo de energia vem crescendo na medida em que o ar-condicionado
se torna mais barato e se populariza. O uso dos edifícios consome cerca de 20% da água
utilizada no País e sabemos que esse consumo pode ser reduzido significativamente pela
combinação de equipamentos de baixo consumo e pela educação dos usuários.

37
LEITURA
COMPLEMENTAR

A destruição da vegetação aliada às características superficiais dos materiais de cons-


trução produz o fenômeno conhecido por “ilhas de calor”: a cidade é sempre mais
quente que o entorno, o que durante os períodos de calor provoca desconforto aos
usuários e aumenta a demanda por energia para refrigeração.
Responsável por uma tarefa tão grande, o setor da construção tem peso econômico
proporcional, representando cerca de 15% do PIB brasileiro. Gera também cerca de 15
milhões de empregos.
Um problema econômico do setor é a informalidade. Muitas atividades, da produção
de materiais como a cerâmica e a extração e processamento da madeira até a ocupa-
ção da terra são informais, ou seja, estão fora do controle do Estado. Isto significa que
não pagam impostos, não respeitam a legislação ambiental ou muitas vezes não pagam
os direitos sociais dos seus trabalhadores. Além disso, boa parte dos trabalhadores do
setor, particularmente os operários da obra, vive na pobreza. Certamente o Brasil não
será um país sustentável sem que estes problemas sejam resolvidos.
Sabemos que não é possível construir sem que ocorram impactos ambientais, sociais
e econômicos.
O desafio é desenvolver métodos e tecnologias que permitam a produção do ambiente
construído com uma redução substancial do impacto ambiental e maximizando os be-
nefícios sociais e econômicos. Não é um desafio fácil e vai exigir esforços de todos os
integrantes da cadeia produtiva da construção e dos seus consumidores. Muitas tecno-
logias mais eco-eficientes já estão disponíveis. Vamos a alguns exemplos:
• cimentos de baixo impacto ambiental, fabricados com até 70% de resíduos da
indústria siderúrgica (Cimento CP III e CP II E).
• aquecedores de água que utilizam energia solar e que podem substituir parcial-
mente chuveiros a gás ou elétricos.
• sistemas de coletas e reutilização de águas de chuva, que ajudam a controlar
enchentes urbanas.
• sistema PROCEL de etiquetagem de eficiência energética para edifícios de es-
critório.
• madeiras de reflorestamento e certificadas.
• equipamentos economizadores de água, como os aeradores das torneiras.

Fonte: John (2001) apud Almanaque Brasil Socioambiental (2008, p. 392-393).

38
Sustentabilidade no Design de Interiores
Siân Moxon
Editora: Gustavo Gilli (GG Brasil)
Ano: 2012
Sinopse: o livro trata dos fundamentos do projeto sustentável
e das diretrizes para a escolha de materiais, sistemas energé-
ticos e hidráulicos e métodos construtivos sustentáveis. É di-
vidido em quatro capítulos, iniciando-se com uma ampla con-
textualização sobre o tema e o papel do designer de interiores. Na continuação, o livro trata
da abordagem sustentável com ênfase no projeto e discorre sobre questões fundamentais,
como energia, água e materiais. No último capítulo são apresentados diversos estudos de
caso.

Sustentabilidade nas Construções


Acesse ao link para ler mais sobre conceitos que envolvem a sustentabilidade das constru-
ções, abordando o processo da produção da arquitetura.
Disponível em: <http://www.perspectivasonline.com.br/ojs/index.php/humanas_sociais_e_aplicadas/
article/viewFile/555/500>.

Energia e meio ambiente no Brasil


O artigo apresenta a produção de energia e o consumo construindo uma retrospectiva ener-
gética do Brasil, classificando e contextualizando os tipos de energia gerados e as perspecti-
vas de conservação. Confira!
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v21n59/a02v2159>.
referências

BRASIL. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2008.


______. Atlas de energia elétrica do Brasil. 3. ed. Brasília-DF: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANE-
EL), 2008.
______. Balanço Energético Nacional 2012 – Ano base 2011: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: Em-
presa de Pesquisa Energética (EPE), 2012.
______. Manual de saneamento: orientações técnicas. 3. ed. Brasília-DF: Fundação Nacional de Saúde (FU-
NASA), 2004.
BRUNDTLAN. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: o nosso futuro comum. Nova
Iorque: Universidade de Oxford, 1987.
FERNANDES, C. Esgotos Sanitários. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 1997.
HAFNER, A. V. Conservação e reuso de água em edificações – experiências nacionais e internacionais. 2007.
177 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação de Engenha-
ria, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2007.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, O. R. Eficiência energética na arquitetura. 3 ed. Rio de Janeiro:
Eletrobras/Procel, 2014.
MIKALDO JUNIOR J.; SCHEER, S. Compatibilização de Projetos ou Engenharia Simultânea: qual é a me-
lhor solução? Gestão e Tecnologia de Projetos, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 79-99, maio 2008.
MOTA, J. A.; et al. Trajetória da Governança Ambiental. In: Regional e Urbano, v. 1, Brasília-DF: IPEA, 2008,
p. 11-20.
ORNSTEIN, S. W.; ROMÉRO, M. de A. Dossiê da construção do edifício: uma visão do edifício elaborada
pelos alunos do 4º ano – 1985. 2. ed. São Paulo: LPG/FAUUSP, 1992.
PARANÁ. Bacias Hidrográficas do Paraná: Série Histórica. Curitiba: Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos (SEMA), 2010.
ROMANO, F. V. Modelo de referência para o gerenciamento do processo de projeto integrado de edifica-
ções. 2003. Florianópolis, 2003. 381 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Centro Tecnológico,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
TAVARES JUNIOR, W. Desenvolvimento de um modelo para compatibilização das interfaces entre espe-
cialidades do projeto de edificações em empresas construtoras de pequeno porte. 2001. Florianópolis, 2001.
145 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2001.

Referências On-line
1
Em: <http://simlisblog.blogspot.com.br/2013/10/o-ciclo-urbano-da-agua.html>. Acesso em: 14 nov. 2016.
2
Em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/defaulttabzip.shtm>.
Acesso em: 16 mar. 2016.

40
gabarito

1. D.
2. C.
3. A.
4. B.
5. Utilizar as palavras-chave para a construção do texto.
As palavras-chave estão dispostas seguindo uma or-
dem que vai do geral para o particular. Essa ordem
pode ser usada para construir o texto.

41
INSTALAÇÕES PREDIAIS
HIDROSSANITÁRIAS: PARTE I

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Drª. Berna Valentina Bruit Valderrama
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Água Fria e Água Quente: considerações gerais
• Conceitos e Cálculos básicos de consumo, reservação e dimensionamentos
• Água Quente
• Instalações prediais de água fria e quente, projeto arquitetônico e sistemas
construtivos

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e compreender os objetivos, as etapas de projeto, os sistemas de
distribuição e as partes constituintes do sistema de água fria predial.
• Aprender conceitos e cálculos básicos de consumo, capacidade de
reservatórios, dimensionamento de tubulações, vazão, leitura de tabelas e
normativas.
• Conhecer o sistema de instalação de água quente, sua classificação e tipologia
e sistemas alternativos de geração de energia e aquecimento.
• Conhecer e ler um projeto de hidráulica: planta, isométrica, detalhamento,
simbologia e elementos básicos de projeto, bem como sua relação com o
projeto arquitetônico e os sistemas construtivos.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, seja bem-vindo(a) à segunda unidade deste livro! Nesta unidade va-
mos estudar as instalações prediais de água fria e água quente, a disponi-
bilidade de água potável de qualidade e sua distribuição pública igualitá-
ria entre as mais diversas camadas sociais.
As instalações prediais de água fria e água quente constituem a última
etapa do processo de abastecimento e distribuição, passando a ser pri-
vadas quando executadas nas edificações e seus respectivos lotes. Assim,
as instalações prediais de água têm como objetivo principal distribuir a
água para os pontos de consumo com qualidade e conforto para o usuá-
rio. Logo, para o designer de interiores, o conhecimento sobre as instala-
ções prediais contribui para a elaboração de projetos de ambientes com
qualidade técnica somada à qualidade estética e bem-estar do cliente.
No primeiro tópico, trataremos das considerações gerais sobre as instala-
ções prediais de água fria e água quente. Vamos conhecer e compreender
os objetivos, etapas de projeto, sistemas de distribuição e as partes cons-
tituintes dos sistemas prediais de água fria e quente.
Já o segundo tópico objetiva apresentar conceitos e cálculos básicos im-
portantes para o dimensionamento de tubulações. Estudaremos, tam-
bém, o consumo de água, a capacidade de reservação, bem como a vazão,
pressão, velocidade e perda de carga, que são grandezas envolvidas nos
cálculos de dimensionamento das tubulações.
O tópico III, dedicado à instalação de água quente, objetiva que você
conheça as partes que constituem esse tipo de instalação e exemplos de
abastecimento, bem como formas de aquecimento.
Por fim, o último tópico trata da interface dos componentes das instala-
ções prediais de água fria e quente, com o projeto arquitetônico e sistema
construtivo. O objetivo deste tópico é fornecer subsídios para a leitura
e elaboração do projeto de instalações para os ambientes de interiores.
Ótimo estudo!
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Água Fria e Água Quente:


Considerações Gerais
Aluno(a), neste tópico trataremos das considerações e à saúde pública.
gerais sobre as instalações hidrossanitárias de água A distribuição de água tem como finalidade o
fria e água quente. Vamos conhecer e compreender atendimento às mais diversas camadas sociais, cum-
os objetivos, as etapas de projeto, os sistemas de dis- prindo, assim, seu papel público e atendendo a dois
tribuição e as partes constituintes dos sistemas pre- objetivos principais. O primeiro é a necessidade de
diais de água fria e quente. disponibilizar água potável com qualidade que aten-
Como vimos na Unidade I, a água é essencial à da às necessidades humanas e o segundo é que sua
vida animal e vegetal, constituindo-se de importante distribuição seja em quantidade suficiente, mas res-
recurso natural para a sobrevivência humana. Assim peitando o fato de que a mesma é um recurso natu-
sendo, os recursos hídricos são indispensáveis às ati- ral esgotável.
vidades humanas e seu uso é universal. Dessa maneira, uma questão importante é so-
A água é um importante agente de limpeza e hi- bre a interdependência entre os sistemas em rede
giene tanto das populações humanas quanto de seus de abastecimento de água, coleta de esgotos e águas
espaços de vida. Desse modo, o abastecimento, a pluviais. Tais redes de abastecimento e coletas são
distribuição e o tratamento da água são importantes executadas separadamente, mas, no espaço das ci-
fatores a serem analisados tanto nos aspectos de sa- dades, são localizadas nos subsolos dos traçados
neamento quanto nos aspectos econômicos, visando urbanos, em geral respeitando o leito das ruas e a
essencialmente à qualidade de vida, à produtividade topografia dos lugares.

46
DESIGN

Com relação à instalação predial de água fria, a nor- tais como:


mativa da Associação Brasileira de Normas Técni- • Garantir que o fornecimento de água aos
cas (ABNT) correspondente é a NBR 5626/1998, usuários seja contínuo e em quantidade sufi-
que tem como objetivo estabelecer as exigências e ciente, com pressões e velocidades adequadas
ao perfeito funcionamento das peças sanitá-
recomendações relativas ao projeto, execução e ma-
rias, de utilização e demais componentes.
nutenção da instalação predial de água fria. Além
• Preservar a potabilidade da água.
disso, a NBR 5626 (ABNT, 1998) propõe, a partir de
• Promover a economia de água e de energia.
seu objetivo maior, contribuir para um desempenho
• Possibilitar manutenção fácil e econômica.
eficaz e eficiente da instalação e, quando for o caso,
• Oferecer conforto aos usuários, prevendo
da manutenção da potabilidade da água.
peças de utilização adequadamente locali-
As instalações prediais de água correspondem, zadas, de fácil operação e com vazões satis-
também, às instalações de água quente, que são fatórias.
normatizadas pela NBR 7198 (ABNT, 1993), e as • Evitar ruídos inadequados à ocupação do
de combate a incêndio, que são legisladas pela NBR ambiente.
13714 (ABNT, 1996). Geralmente, em edificações
residenciais unifamiliares, são utilizadas as instala- Dessa forma, a elaboração do projeto de instalações
ções de água fria e água quente, não sendo neces- prediais de água fria deve seguir rigorosamente as
sário projetar e executar instalações para incêndio. normas e ser executada por um profissional habilita-
Mas em edifícios multifamiliares, comerciais, ins- do. O projetista das instalações prediais hidráulicas
titucionais, industriais, entre outros, as instalações deve atender a todos os requisitos técnicos quanto à
para incêndio são obrigatórias. higiene, segurança, economia e conforto dos usuá-
Podemos definir uma instalação predial de água rios, incluindo, também, as instalações prediais de
fria como o conjunto de tubulações, conexões, equi- água fria.
pamentos, reserva­tórios e dispositivos destinados ao Para o designer de interiores, o conhecimento
abastecimento dos aparelhos e pontos de utilização sobre as instalações prediais contribui para a ela-
de água da edificação, em quantidade suficiente, boração de projetos de ambientes com qualidade
mantendo a qualidade da água fornecida pelo sis- técnica somada à estética. Isso significa reconhecer
tema de abastecimento. Ainda, o sistema predial de que a atividade de projetar não pode prescindir das
água fria transporta água potável, devendo ser se- questões técnicas e econômicas que estão incluídas
parado de qualquer outro sistema de transporte de nos processos de projeto e obra. Assim, é impor-
água, como é o caso do sistema de reuso de água tante saber como funciona o sistema de água fria,
para abastecer bacias sanitárias. conhecendo suas partes constituintes e a função de
O sistema predial de água fria, tanto no projeto cada uma, bem como saber a localização das caixas
quanto na instalação e obra, deve cumprir uma sé- d’água, da rede de abastecimento do edifício, dos
rie de objetivos estabelecidos pela NBR 5626 (1998), pontos de consumo, entre outros.

47
INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO
E DISTRIBUIÇÃO cação é feita por uma tubulação denominada ramal
É mais usual a rede de distribuição predial ser alimen- predial, que é executado pela concessionária públi-
tada por um distribuidor público, responsável pelo ca. O ramal predial tem a função de interligar a rede
sistema de abastecimento de água e de esgoto, sen- pública de abastecimento e distribuição de água à
do que, em alguns casos, pode ocorrer a captação de instalação predial.
água por fonte particular, como em nascentes e po- O abastecimento público, normalmente, exi-
ços - desde que seja garantida a sua potabilidade por ge um medidor de consumo que avalia o gasto de
exame de laboratório. Ainda há casos de distribuição água consumida na edificação ou do consumidor.
mista, ou seja, feita por um distribuidor público e Esse medidor, chamado de hidrômetro, é apoiado
fonte particular ao mesmo tempo (CREDER, 2006). em uma canalização - o cavalete. O conjunto ainda
Quando a rede de distribuição predial é alimen- dispõe de um registro de gaveta, como será apresen-
tada pela rede pública, a entrada de água na edifi- tado na figura a seguir.

Registro
Muro Hidrômetro
Abrigo do cavalete
Caixa para
registro de
calçada
Rua

Cavalete
Rede pública Figura 1 - Entrada de água da
de água rede pública até o hidrômetro
Fonte: Doutores da Constru-
Ramal predial ção (s/d, p. 7).

Todo o projeto de instalações prediais de água fria escolha do tipo de sistema depende, em essência, de
tem como objetivo a distribuição de água para os dois fatores: as condições de pressão da água da rede
pontos de consumo. Esses pontos de consumo lo- pública e a continuidade, ou não, do abastecimento.
calizam-se, dentro das edificações, em ambientes Em virtude das deficiências no abastecimento
denominados áreas molhadas, como a cozinha, la- público de água em praticamente todo o país, Creder
vanderia e banheiros. Externamente à edificação, o (2006) recomenda que sejam adotados reservatórios
sistema pode, ainda, possuir torneiras para jardim, (caixas d’água) com capacidade suficiente para uns
lavagem e chuveiro externo. dois dias de consumo. A seguir, fizemos dois quadros
A distribuição da água a partir da entrada pelo ca- que sintetizam os principais sistemas de distribuição
valete pode ser realizada por quatro sistemas de distri- de água para as edificações, nos quais podem ser ob-
buição: direto, indireto, misto ou hidropneumático. A servadas as vantagens e desvantagens de cada sistema.

48
DESIGN

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DIRETO

VANTAGENS
• Água de melhor qualidade.
• Maior pressão disponível.
• Menor custo de instalação.
Cavalete
DESVANTAGENS
Rede pública • Falta de água no caso de interrupção.
Quando há pressão suficiente e continuidade de abas- • Grande variação de pressão ao longo do dia.
tecimento de água, é possível usar este sistema, no • Limitação de vazão.
qual não há necessidade de reservatório. • Maior consumo.

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIRETO

Caixa d’água

VANTAGENS
• Fornecimento de água contínuo.
• Pequena variação de pressão nos aparelhos.
• Golpe de aríete desprezível.
Cavalete
• Permite a instalação de válvula de descarga.
• Menor consumo de água.
Rede pública
DESVANTAGENS
Sistema de distribuição indireto sem bombeamento
Quando há pressão suficiente, mas sem continuidade • Possibilidade de contaminação da água reservada.
de abastecimento de água, é utilizado um reservató- • Menores pressões. Maior custo de instalação.
rio (caixa d’água). Sistema frequentemente usado em
residências de até dois pavimentos.

Caixa d’água

Cavalete

Bomba

Rede pública boia


cx. água inferior

Sistema de distribuição indireto com bombeamento


Quando não há nem pressão suficiente nem conti-
nuidade de abastecimento de água, é necessário ter
um reservatório inferior e outro superior, além de um
sistema de bombeamento. Sistema frequentemente
usado em edifícios verticais.

Quadro 1 - Sistema de distribuição de água direto e indireto


Fonte: adaptado de Creder (2006).

49
INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO


Caixa d’água

VANTAGENS
Cavalete • Água de melhor qualidade.
• Fornecimento contínuo de água.
Rede pública • Permite a instalação de válvula de descarga.
Quando há pressão suficiente, mas sem continuidade DESVANTAGENS
de abastecimento de água, é utilizado o sistema de • Maior custo de instalação.
distribuição indireto com reservatório (caixa d’água).
Conjuntamente, é possível utilizar o sistema de dis-
tribuição direto para abastecer torneiras de jardim e
torneira de tanques. Sistema frequentemente usado
em residências de até dois pavimentos.

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO HIDROPNEUMÁTICO

Manômetro Pressostato

Chave
Controlador Magnética Chave
VANTAGENS
Visor
de volume
de ar
Trifásica • Fornecimento de água contínuo.
de
vidro Tanque Rede
Elétrica
• Atende aos pontos da rede com necessidade de
pressão que não podem ser atendidos pelo sistema
Distribuição
Recalque
Vacuômetro indireto por gravidade.
Bomba
Dreno Sucção DESVANTAGENS
Reservatório
• Maior custo de instalação.
• Exige manutenção periódica.
O sistema hidropneumático de abastecimento é • Na falta de energia elétrica, o sistema fica inoperante.
utilizado em situações muito especiais. Esse sistema
dispensa o uso de reservatório superior.

Quadro 2 - Sistema de distribuição de água misto e hidropneumático


Fonte: adaptado de Creder (2006).

50
DESIGN

PARTES CONSTITUINTES DO
SISTEMA DE ÁGUA FRIA PREDIAL
E TERMINOLOGIAS
As partes constituintes do sistema de água fria são mas recomenda que o sistema de distribuição direta
conceituadas pela NBR 5626 (ABNT, 1998), e você, seja utilizado apenas em torneiras de jardins, cozinha
estudante, pode consultá-la para aprofundar os con- e tanques quando localizados no pavimento térreo.
ceitos. Você, aluno(a), deve estar se perguntando qual a
Para melhor compreensão das partes constituin- importância das informações anteriores sobre os sis-
tes da instalação predial de água fria, a seguir mos- temas de distribuição de água para o Design de In-
tramos uma perspectiva isométrica de um modelo teriores! Saber essa informação ajuda, por exemplo,
de instalação. na escolha de chuveiros ou duchas para banheiro.
Isso porque a pressão de água se modifica conforme
Reservatório
Superior o sistema.
Nos sistemas de distribuição direta, a pres-
Barrilete são d’água tende a ser maior que nos sistemas que
Coluna de
Distribuição utilizam caixas d’água e sistema de distribuição de
Tubo de Recalque
água descendente (a água desce para os pontos de
Ramal de Distribuição
consumo por gravidade), o que pode comprometer
Alimentador
Predial
Sub Ramal a pressão no ponto de consumo. Em residências, é
Motor/Bomba
pouco frequente encontrarmos o sistema de distri-
Tubo de Sucção
buição indireto por bombeamento. Esse sistema e o
Reservatório Inferior
Ramal
Predial Cavalete/Hidrômetro hidropneumático são mais frequentemente encon-
Rede Pública trados em edificações de maior porte, caso das edi-
Figura 2 - Partes constituintes da instalação predial de água fria
ficações verticais.
Fonte: as autoras. É importante estar atento(a) ao tipo de sistema
de distribuição e em quais condições ele se encontra
A NBR 5626 (ABNT, 1998) recomenda, para as con- quando fazemos projetos de reforma de ambientes,
dições médias do Brasil, o sistema de distribuição de tais como cozinha, lavanderia e banheiro. A escolha
água indireta por gravidade, ou seja, sem bombea- de metais, peças, válvulas de descarga e chuveiros é
mento, em especial para as edificações residenciais. dependente do tipo de sistema de distribuição e das
A Norma admite o sistema de distribuição misto, instalações executadas na obra.

51
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Conceitos e
Cálculos Básicos de
Consumo, Reservação
e Dimensionamento
Aluno(a), agora você terá contato com alguns con- A NBR 5626 (ABNT, 1998) especifica, para os
ceitos e cálculos básicos importantes para o dimen- reservatórios, os padrões que devem ser seguidos
sionamento de tubulações. Nossa intenção é que para preservar a potabilidade da água armazenada.
você possa compreender como é o funcionamento Nesse sentido, estabelece, por exemplo, que os re-
das instalações prediais de água fria, entendendo o servatórios devem ser fechados com o objetivo de se
consumo diário, a capacidade de reservação e alguns evitar o crescimento de micro-organismos na água,
conceitos básicos que compõem os cálculos para o bem como preservar a qualidade da água quanto a
dimensionamento das tubulações, como vazão, seu gosto e odor. Dessa maneira, é recomendável
pressão, velocidade e perda de carga. que os reservatórios sejam limpos a cada seis meses.
A NBR 5626 (ABNT, 1998) também estabelece
RESERVATÓRIOS parâmetros para a forma e as dimensões dos reser-
Os reservatórios são equipamentos importantes vatórios a partir do cálculo do volume da água re-
para o armazenamento de água e sua distribuição. A servada. Ainda são contemplados os padrões para
localização, altura, tipo e dimensionamento devem localização, instalação, estabilidade, materiais e tu-
ser preocupações já no projeto arquitetônico, garan- bulações necessárias dos reservatórios. As principais
tindo a harmonia e adequação entre os aspectos es- partes constituintes dos reservatórios estão descritas
téticos, formais, técnicos e legislativos. na figura a seguir.

52
DESIGN

Figura 3 - Partes constituintes dos reservatórios


Fonte: Manual Técnico Tigre (2013, p. 40 e 55).

SAIBA MAIS
Na maioria das residências, o reservatório superior
localiza-se sob o telhado, mas pode estar localizado
sobre ele. Nos edifícios com três ou mais pavimen- Os reservatórios podem ser de dois tipos:
tos, o reservatório superior normalmente é insta- construídos na obra ou industrializados.

lado sobre a caixa de escada, aproveitando, inclu- Fonte: as autoras, baseadas em Manual Técnico
sive, sua estrutura. Outro item importante e que Tigre (2013).

deve ser facilitado é o acesso ao reservatório para


manutenção e limpeza, seja por escada ou portas
independentes. Capacidade dos Reservatórios
É recomendável que os reservatórios com capa- A NBR 5626 (ABNT, 1998) estabelece que o volu-
cidade acima de 2.000 litros sejam divididos, com o me de água reservado para uso doméstico deve ser,
objetivo de facilitar a limpeza ou o reparo. Assim, no mínimo, o necessário para atender a 24 horas
quando um reservatório estiver inutilizado o outro de consumo normal do edifício, sem considerar o
garante a distribuição da água. volume de água para combate a incêndio. Segundo
Por último, é necessário que as caixas d’água, Creder (2006), devido às interrupções de água pela
quando industrializadas, sejam corretamente ins- rede pública, é recomendável o uso de reservatórios
taladas, contando com uma estrutura de suporte elevados com capacidade de retenção de água para
geralmente de madeira ou concreto (plana, rígida dois dias de consumo diário.
e nivelada) que transmita o peso (carga) do reser- Quando instalados reservatórios inferior e supe-
vatório para a estrutura da edificação. É importante rior, o volume mínimo de cada um será, respectiva-
não apoiar diretamente as caixas d’água sobre lajes e mente, de 60% e 40% do volume de consumo diário
forros, pois a concentração de cargas pode danificar total (VT) calculado. A distribuição normal de volu-
a estrutura. me de armazenamento recomendada é:

53
INSTALAÇÕES PREDIAIS

RS (reservatório superior) = 2/5 VT → 40% Para fins de cálculo do consumo residencial diário,
RI (reservatório inferior) = 3/5 VT → 60% o critério usado com frequência é o exposto a seguir.

É importante, também, prevêr para as edificações, Critério: 2 pessoas por dormitório social + 1 pes-
exceto para as residências, a reserva de incêndio, es- soa por dormitório de serviço. Esse critério pode
timada em 15% a 20% do consumo diário. ser usado para apartamentos residenciais.
Mas como calcular o volume de água necessá-
rio a ser utilizado em uma edificação? Para o cál- Para calcularmos o consumo diário de uma resi-
culo da capacidade de água de um reservatório, é dência, vamos tomar como referência o critério an-
necessário calcular o consumo diário (CD). Para se terior e adotado por Creder (2006), calculando uma
estimar o consumo diário de água, é indispensável reserva de água para dois dias de consumo diário.
conhecer a quantidade de pessoas que ocuparão a Para prédios públicos ou comerciais, vamos consi-
edificação. O consumo diário (CD) leva em consi- derar as taxas de ocupação da Tabela 1 e o consumo
deração duas grandezas: a população ocupante (P) específico em função do tipo de prédio mostrado
da edificação medida em números e o consumo per na Tabela 2.
capita (q) medido em litros por dia (l/d). A próxima tabela se refere ao consumo diário
CD = P X q em litros por dia associado ao tipo de edificação.

Local Taxa de ocupação

Bancos Uma pessoa por 5,00 m2 de área

Escritórios Uma pessoa por 6,00 m2 de área

Pavimentos térreos Uma pessoa por 2,50 m2 de área

Lojas (pavimentos superiores) Uma pessoa por 5,00 m2 de área

Museus e bibliotecas Uma pessoa por 5,50 m2 de área

Salas de hotéis Uma pessoa por 5,50 m2 de área

Restaurantes Uma pessoa por 1,40 m2 de área

Salas de operação (hospital) Oito pessoas

Teatros, cinemas e auditórios Uma cadeira para cada 0,70 m² de área

Tabela 1 - Taxa de ocupação e tipo de edificação


Fonte: adaptada de Creder (2006).

54
DESIGN

Prédio Consumo (litros/dia) Unidade

Alojamentos provisórios 80 Per capita

Casas populares ou rurais 120 Per capita

Residências 150 Per capita

Apartamentos 200 Per capita

Hotéis (sem cozinha e lavanderia) 120 Por hóspede

Hospitais 250 Por leito

Escolas - internatos 150 Per capita

Escolas - externatos 50 Per capita

Edifícios Públicos ou Comerciais 50 Per capita

Escritórios 50 Per capita

Cinemas, Teatros e Templos 2 Por lugar

Restaurantes e Similares 25 Por refeição

Garagens 50 Por automóvel

Lavanderias 30 Por quilo de roupa seca

Mercados 5 Por m² de área

Postos de serviço para automóveis 150 Por veículo


Tabela 2 - Consumo específico em função do tipo de prédio
Fonte: adaptada de Creder (2006).

Exemplo 1: estimar o consumo diário para uma Consumo diário total = nº de pessoas x 150 l/d
residência com 3 dormitórios sociais e 1 dormi- Consumo diário total = 7 x 150 l/d
tório de serviço. Calcular uma reserva de água Consumo diário total = 1050 l/d
no caso de falta d’água da rede pública. Reserva de Água = consumo diário total x 2 dias
Reserva de Água = 1050 l/d x 2 dias
Critério a ser usado: 2 pessoas por dormitório Reserva de Água = 2100 litros (l)
social + 1 pessoa por dormitório de serviço.
Portanto, Assim, em uma residência para 7 pessoas, a capaci-
3 dormitórios sociais x 2 pessoas = 6 pessoas. dade de armazenamento de água deverá ser de 2.100
1 dormitório de serviço x 1 pessoa = 1 pessoa. litros. Como o volume calculado passa os 2.000 li-
Total = 7 pessoas. tros, o reservatório deverá ser dividido em, pelo
De acordo com a Tabela 2, devemos considerar menos, dois compartimentos ou duas caixas de água
150 l/d per capita de consumo diário. Então teremos: industrializadas.

55
INSTALAÇÕES PREDIAIS

SAIBA MAIS Mas o que é vazão?


A vazão é a relação entre o volume do líquido escor-
rido por unidade de tempo. No caso das instalações
De acordo com o Sistema Internacional de
medidas (SI), o metro cúbico é a unidade pa- hidráulicas, é o volume de água que passa por uma
drão das medidas de volume. Assim, 1.000 determinada seção de tubulação (por exemplo tubo
litros correspondem a 1m³.
O valor médio do volume de água a ser uti-
e calha) em um determinado tempo.
lizado na edificação em 24 horas é utilizado A vazão é uma relação entre o volume e o tempo.
para dimensionar: As unidades de medida adotadas para a vazão são
• Ramal predial. geralmente o m³/s, m³/h, l/h ou o l/s.
• Hidrômetro.
• Ramal de alimentação.
• Conjunto moto-bomba para recalque e re- E como funciona a pressão?
servatórios, quando necessário. Nas tubulações dos sistemas de abastecimento e das
instalações hidráulicas, a água exerce uma força so-
bre suas paredes. Essa força é denominada pressão.
A pressão é a relação entre uma determinada
CONCEITOS FUNDAMENTAIS força e sua área de atuação. Em outras palavras, a
Para determinar o dimensionamento das tubu- pressão é a quantidade de força aplicada em uma de-
lações, alguns conceitos fundamentais devem terminada área.
ser estudados. Embora o cálculo do dimensiona- A pressão é a força dividida pela área:
mento detalhado de tubulações não seja o foco PRESSÃO = FORÇA/ÁREA
deste livro, é importante conhecer tais conceitos e
como eles se relacionam com o sistema de insta- Nas instalações prediais, são considerados três tipos
lações prediais. A vazão, a pressão, a velocidade e de pressão de água:
a perda de carga são conceitos básicos que possi- • A pressão estática – a pressão exercida nas tu-
bilitam compreender o funcionamento das insta- bulações quando a água está parada.
lações, bem como entender as características das • A pressão dinâmica – a pressão exercida nas
tubulações e possíveis problemas relacionados à tubulações quando a água está em movimento.
falta ou excesso de pressão de água nos pontos de • A pressão de serviço – que corresponde à
pressão máxima que pode ser aplicada, por
utilização.
exemplo, a uma tubulação, a uma conexão,
Quando o sistema de distribuição de água é di-
dispositivo ou válvula, para que o sistema
reto, por exemplo, a pressão da água é muito eleva- funcione normalmente.
da. Nessas condições, quando usamos os aparelhos e
torneiras de uma edificação, o consumo médio ten- Dessa maneira, é possível perceber que a pressão é
de a aumentar, pois aumenta a vazão da água. uma grandeza que exerce um papel importante no
Para garantir um abastecimento satisfatório de dimensionamento e funcionamento das tubulações
água, o projetista das instalações prediais determina e equipamentos que compõem os sistemas de abas-
a vazão em cada trecho da tubulação. tecimento e as instalações prediais de água e esgoto.

56
DESIGN

Na prática, o que ocorre em um edifício, por exem-


plo, é que a pressão irá variar conforme a localiza-
ção de um ponto qualquer da tubulação até o nível
Reservatório
do reservatório superior. Quanto maior for a altura
entre o ponto e o reservatório, maior será a pressão. Conexão: tê
Quando isso acontece, a solução mais utilizada pelos
projetistas das instalações hidráulicas é o uso de vál-
vulas redutoras de pressão, instaladas, normalmen-
te, no subsolo dos edifícios.
A NBR 5626 (ABNT, 1998) estabelece valores Registro
máximos e mínimos para os três tipos de pressão, Figura 4 - Perda de carga e conexões
com o objetivo de garantir a vazão de projeto para Fonte: Doutores da Construção (s/d, p. 6).

as diferentes peças e aparelhos sanitários, bem


como garantir estabilidade da pressão sem provo- Na perda de carga distribuída, o atrito da água ao
car desgastes e problemas nas tubulações, conexões longo das tubulações provoca a perda de carga. As-
e válvulas. sim, o comprimento, a rugosidade e o diâmetro das
tubulações devem ser considerados pelo projetista
das instalações prediais, a fim de se evitar excessos
SAIBA MAIS
de perda de carga com diminuição de pressão.

O golpe de aríete é uma variação brusca de


pressão causada por uma alteração da velo-
cidade da água com interrupção de seu fluxo. Velocidade Máxima
Isso causa um ruído semelhante a um martelo A velocidade pode ser definida como a rapidez com
batendo num metal e pode ocasionar rompi- que um corpo muda de posição em um determinado
mento na tubulação.
tempo. Dito de outro modo, a velocidade é a relação
Fonte: as autoras.
entre uma determinada distância percorrida por um
corpo, objeto ou fluído e o tempo gasto no percurso.
As unidades de medida usuais são metro por segun-
do (m/s) e quilômetro por hora (km/h).
Perda de Carga A NBR 5626 (ABNT, 1998) recomenda que as
A perda de carga pode ser definida como a perda de tubulações sejam dimen­sionadas de modo que a ve-
energia que a água sofre durante o escoamento em locidade da água, em qualquer trecho da tubulação,
uma tubulação, podendo ser localizada ou distribuí- não ultrapasse valores superiores a 3m/s. Acima des-
da. Na perda de carga localizada, quanto mais cone- se valor, ocorre um ruído desagradável na tubula-
xões são usadas em um trecho da tubulação, maior a ção, devido à vibração das paredes, ocasionado pela
perda de carga e menor a pressão. ação do escoamento da água.

57
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Água
Quente
Caro(a) aluno(a), neste tópico vamos estudar o siste- normatizadas pela NBR 7198 (ABNT, 1993), que é
ma de instalação de água quente, suas partes consti- aplicada nas instalações para uso humano até a tem-
tuintes, classificação e tipologia. Também serão abor- peratura máxima da água de 70°C. A Norma fixa as
dados sistemas alternativos de geração de energia e exigências técnicas mínimas quanto à higiene, segu-
aquecimento, bem como os tipos de aquecedores. rança, economia e ao conforto dos usuários, pelas
Para as instalações de água quente, devem pre- quais devem ser projetadas e executadas as instala-
valecer as condições básicas da instalação de água ções prediais de água quente.
fria. A água quente é utilizada em diversos tipos de Assim, como a NBR 5626, essa norma prevê o
edificações e para diferentes usos. Em alguns tipos uso de outras normas complementares, quando for
de edificação ela é imprescindível, como em hospi- necessário. No caso da água quente, por exemplo,
tais, hotéis, lavanderias e restaurantes, sendo tam- muitas vezes é necessário utilizar normas mais es-
bém usada em residências, em especial para banhos. pecíficas, como aquelas que fixam parâmetros para
O uso residencial ampliado ocorre frequentemente aquecimento a gás, sistemas de energia solar, entre
em residências de médio e alto padrão, com o obje- outros.
tivo de proporcionar maior conforto aos usuários. A temperatura da água depende do uso ao qual
Conforme descrito nas Considerações Gerais se destina. A Tabela 3, a seguir, define essas tempe-
desta unidade, as instalações de água quente são raturas:

58
DESIGN

Uso de água quente Temperaturas °C resfriamento se faz por meio de aparelhos mistura-
Uso pessoal em banhos dores de água fria. A NBR 7198 (ABNT, 1993) esta-
35 a 50°C
e para higiene belece que caso a temperatura da água ultrapasse os
Em cozinhas (dissolução 40°C para uso humano, é obrigatória a instalação de
60 a 70°C
de gordura) misturadores. A seguir, exemplo de um misturador.
Em lavanderias 75 a 85°C

Em finalidades médicas
100°C ou mais
(esterilização)

Tabela 3 - Uso e temperatura da água quente


Fonte: adaptada de Creder (2006).

Em regiões de clima muito frio, a água quente é


também utilizada para a calefação de ambientes por
meio de radiadores.
A necessidade de fornecimento de água em dife-
rentes temperaturas é comum em uma mesma ins-
talação e, muitas vezes, é necessário resfriar a água
para que seu consumo não cause desconforto. Esse Figura 5 - Misturador de água fria e quente

PARTES CONSTITUINTES
DA INSTALAÇÃO DE ÁGUA QUENTE
A terminologia e os conceitos utilizados nas insta- A NBR 7198 (ABNT, 1993) estabelece considera-
lações de água quente são definidos pela NBR 7198 ções gerais de projeto e execução com o objetivo de
(ABNT, 1993) que você, caro(a) aluno(a), pode con- manter a qualidade do sistema. Dentre essas consi-
sultar para aprofundar conhecimentos e tirar dúvidas. derações gerais, destacamos as seguintes:
A instalação de água quente é constituída pelos • O fornecimento de água deve ser contínuo,
seguintes componentes: em quantidade suficiente, seguro e com con-
• Tubulação (ramal de alimentação) de água fria trole de temperatura.
para a alimentação do sistema de água quente. • Deve ser preservada a potabilidade da água.
• Aquecedor instantâneo ou de acumulação. • Deve ser racionalizado o consumo de energia.
• As instalações de água quente devem prever
• Dispositivos de Segurança, como válvulas de
o isolamento térmico para evitar as perdas de
segurança de temperatura e de pressão.
calor.
• Tubulações, conexões, válvulas e dispositivos
para água quente. A instalação predial de água quente é feita separa-
• Estabelecimento de pontos de utilização e peças. damente da instalação de água fria, com exceção de

59
INSTALAÇÕES PREDIAIS

sua alimentação e seu abastecimento e pode ser de facilitar a manutenção e o abastecimento de


três tipos, segundo Creder (2006): combustível. O reservatório pode estar locali-
1. Sistema de aquecimento individual: nesse siste- zado junto ao gerador ou na parte superior da
ma, a água é aquecida no próprio ponto de uti- edificação.
lização. O chuveiro elétrico é um bom exemplo O sistema de aquecimento coletivo esquenta
de aquecimento individual. Normalmente, esse as diversas peças de várias unidades.
sistema é utilizado em cozinhas e banheiros re-
sidenciais. Os aquecedores são instantâneos (ou AQUECIMENTO E TIPOS
de passagem) e não há a necessidade de tubula- DE AQUECEDORES
ções específicas para água quente, uma vez que Nas edificações, o aquecimento da água se faz ba-
já possuem a função de aquecer a água fria. sicamente por meio de três fontes: a combustão em
Um aquecedor instantâneo de água pode ser especial de gases (gás natural ou GLP), a eletricidade
definido como um aparelho elétrico de aque- e a energia solar.
cimento instantâneo de água. Frequentemente, as fontes citadas anteriormen-
te podem ser combinadas, formando um sistema
2. Sistema de aquecimento central privado: nesse híbrido, sendo uma delas a fonte geradora princi-
sistema, há uma instalação central para abas- pal e a outra secundária. Essa prática visa ao su-
tecer todos os pontos de utilização residencial primento de qualquer deficiência do sistema de
(casas e apartamentos) e o aquecedor é de acu- fornecimento de água quente. Um exemplo disso é
mulação, do qual partem todas as tubulações de a utilização de eletricidade ou de GLP (Gás Lique-
água quente. Para esse sistema de aquecimento, feito de Petróleo, popularmente conhecido como
deve haver uma coluna (prumada) de água fria gás de cozinha) em substituição à energia solar em
exclusiva, com dispositivo que evite o retorno períodos nublados.
da água do interior do aquecedor em direção à
coluna de água e deve existir, quando necessá- Aquecimento elétrico
rio, um dispositivo para a exaustão de gases. O aquecimento da água em aquecedores instantâneos
O sistema de aquecimento central privado es- é feito a partir da passagem de corrente elétrica por
quenta apenas as diversas peças de uma mes- meio de resistências que podem ser metálicas ou líqui-
ma unidade. das. As resistências metálicas de imersão (imerso em
água) são as mais usuais e são compostas por uma liga
3. Sistema de aquecimento central coletivo: nes- de níquel e cromo em forma de espiral ou lâminas.
se sistema, existe uma instalação geral de água Chuveiros e torneiras elétricas são bons exemplos des-
quente que abastece várias unidades de uma se tipo de aquecedor com utilização de resistências.
edificação. Esse sistema é muito utilizado em
hotéis, motéis e hospitais, por exemplo. O apa- Aquecimento a gás
relho de aquecimento, normalmente, está si- O aquecimento da água a gás pode ser feito por
tuado no térreo ou subsolo da edificação para meio do gás natural (gás encanado da rua) ou GLP

60
DESIGN

N.
M
(gás de cozinha). A geração de calor por meio do gás .
é resultado de sua combustão com o ar atmosférico

+
10

N.
a partir de um queimador.

º
G.
Para residências, a instalação de aparelhos a gás
é legislada pela NBR 13103 (ABNT, 2013). O uso de
aquecimento a gás exige alguns cuidados, em espe-
cial quanto ao tipo de aquecedor, ao volume e ven-
tilação do local da instalação e à exaustão dos gases
produtos da combustão. Esses cuidados são essen-
ciais para se evitar problemas e acidentes originados
pelas instalações, manutenções e usos impróprios
dos aquecedores.

Aquecimento Solar Lat + 10º


Esse tipo de aquecimento é resultado da utilização
de energia solar para o aquecimento de água, con- Figura 6 - Posicionamento de placas solares
vertendo a radiação solar em energia térmica. Sua Fonte: adaptada de Creder (2006).

utilização torna-se interessante, pois aproveita uma


fonte energética inesgotável, limpa e renovável. O reservatório térmico tem a função de armazenar a
O custo inicial de instalação é maior que uma água aquecida. O formato do reservatório é cilíndri-
instalação de água quente tradicional, porém, a lon- co e pode ser de cobre, inox ou polipropileno isolado
go prazo, há uma redução significativa no valor da termicamente. O reservatório térmico é alimentado
conta de energia elétrica. pela caixa de água fria e preferencialmente instalado
As partes constituintes do sistema são as placas na parte interna da edificação (cobertura) e em um
coletoras e o reservatório térmico, também chama- nível superior ao dos coletores para permitir uma
do de boiler, que serão ligados à instalação de água pressão e vazão adequada da água.
quente. A circulação da água entre coletores e reserva-
As placas coletoras têm a função de absorver tório pode ser de dois tipos: forçada, com o uso de
a radiação solar, transferindo o calor do sol para a uma bomba de circulação, ou natural. A circulação
água que circula dentro de suas tubulações de cobre. natural da água, também conhecida como termos-
Para a obtenção de um maior rendimento, as sifão, se produz pela diferença de densidade entre a
placas coletoras devem ser colocadas de forma a água quente, menos densa, e a água fria, considerada
receber a maior incidência solar. No hemisfério mais densa. O que ocorre é que a água fria, sendo
sul, as placas são posicionadas para o norte geo- mais densa, empurra a água quente, promovendo
gráfico, que é o norte magnético, somado à decli- seu movimento no sistema.
nação aproximada de 10°, como mostra a figura a A figura a seguir mostra as partes constituintes
seguir. de todo o sistema e instalação de aquecimento solar.

61
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Alimentação da rede hidráulica Respiro


pública ou caixa subterrânea (suspiro)
20cm acima da Saída de consumo
lâmina d’água para instalação
em desnível
Saída de consumo para
Caixa d’água horizontal de nível
Boiler

Pé Resistência
elétrica Desnível de
Alimentação Cavalete Coletores solares 30cm a 5cm
de água fria
Válvula de retenção
com sede de borracha
Retorno de água
Dreno do boiler quente dos coletores
e da caixa solares

Alimentação dos
coletores Dreno dos
coletores

Dreno dos
coletores

Norte
Figura 7 - Sistema de Aquecimento Solar - partes constituintes
Fonte: adaptada de Creder (2006).

62
DESIGN

63
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações Prediais
de Água Fria e Quente,
Projeto Arquitetônico
e Sistemas Construtivos
Neste tópico, caro(a) aluno(a), vamos conhecer os para tubulações, conexões, entre outros.
elementos e etapas de um projeto de hidráulica: De forma geral, a concepção do projeto comple-
planta, isométrica, detalhamentos, simbologia e to de instalações hidráulicas abrange:
elementos básicos de projeto. Veremos, também, a
• Plantas, cortes, detalhes, esquemas hidráuli-
relação do projeto de instalações com o projeto ar- cos e desenhos isométricos contendo infor-
quitetônico e sistemas construtivos, objetivando es- mações detalhadas, dimensionamento e tra-
tabelecer alguns parâmetros que colaboram com a çado dos condutores.
elaboração dos projetos de ambientes. • Memoriais descritivos e justificativos, bem
Segundo Creder (2006), para elaborar o projeto como os cálculos.
de instalações hidráulicas, o projetista deve estudar • Especificação dos materiais e equipamentos
a interdependência das diversas partes do conjunto, utilizados, bem como especificação das nor-
com o intuito de abastecer os pontos de consumo mas para sua execução.
dentro da melhor técnica e economia. Isso implica, • Orçamento e quantificação de todo o mate-
por exemplo, na escolha dos materiais adequados rial usado.

64
DESIGN

As escalas mais usuais para os projetos de insta- Essas medidas mínimas garantem o posicionamento
lações prediais são 1:50 (escala do projeto executivo adequado das peças e o conforto do usuário.
arquitetônico) e as escalas 1:20 e 1:25 para os de- A seguir, layout genérico de um banheiro com
talhamentos. Para elaborar o projeto de instalações especificações - em desenhos ilustrativos, com me-
prediais de água fria, é necessário ter em mãos o didas em metro e sem escala.
projeto arquitetônico da edificação e dos ambientes, O box retângular é mais cômodo
do que o box quadrado
além de dispor do projeto estrutural.
Vale lembrar, caro(a) estudante, que na Unidade
I vimos que os projetos das instalações prediais são
complementares ao projeto arquitetônico e que de-
vem ser compatíveis com o projeto estrutural. Isso
é necessário e importante para evitar falhas no pro-
Medida mínima do eixo da bacia sanitária
cesso de projeto e de obras. Medida de eixo
mínima
em relação a um anteparo lateral )parede,
box, outra louça sanitária(: 35cm. Usar esta
recomendável medida para o bidê
Para um bom projeto de instalações é necessário 40cm
Medida mínima do eixo da cuba em
relação a um anteparo: 35cm
definir corretamente o posicionamento dos pontos de
água, peças e equipamentos que compõem as áreas mo-
Figura 8 - Medidas mínimas de eixo hidráulico - banheiro
lhadas, tais como banheiros, cozinhas e lavanderias. Fonte: as autoras.

SAIBA MAIS

0.35
Uma torneira mal fechada perde 300 litros/
mês com gotejamento lento e 960 litros/mês
0.70

com gotejamento rápido.

Fonte: as autoras, baseadas em Nogueira et al. (2014).


BANHEIRO SOCIAL
Eixo hidráulico

PISO CERÂMICO
1.00

COTA

Quando o designer de interiores especifica o layout


dos ambientes mencionados anteriormente, eles
0.85

devem vir acompanhados por cotas (medidas) que


compõem os eixos hidráulicos (longitudinais e
COTA

transversais) para a correta execução tanto das tu-


Cota de nível: símbolo
bulações quanto dos pontos de saída de água. COTA
0.45

3.35

utilizado em planta
1.50 (posição horizontal)
As medidas de eixo têm como objetivo localizar Eixo hidráulico
medidas horizontais
o eixo do ponto de saída de água e estabelecer as me-
Figura 9 - Planta genérica de banheiro com
didas mínimas horizontais entre as peças do banhei- medidas de eixo hidráulico horizontal
ro e os anteparos (paredes, porta de boxe) e a altura. Fonte: as autoras.

65
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Azulejos Bacia sanitária com cx

Sanca de gesso
(marca, medidas) acoplada (marca, referência)
Arandelas Espero bisotê
Altura do ponto
Iluminação embutida (marca, medidas) (medidas)
Peças / Aparelhos de utilização (h)
Medida em cm

Bacia sanitária c/ válvula 33

Bacia sanitária c/ caixa acoplada 20

Ducha higiênica 50

Bidê 20

Banheira de hidromassagem 30

Chuveiro ou ducha 200 a 220

Lavatório 60

Mictório 105
Box vidro temperado Tampo de granito Cuba
(marca, tipo, medidas)
Barra de azulejos
(tipo)
Cesto de
(marca, medidas)
Barra cromada
Máquina de lavar roupa 90
(marca, medidas) ratan (diâmetro

Máquina de lavar louça 60


Figura 10 - Vista genérica de banheiro com exemplos de especificações
Fonte: as autoras. Pia 110
Altura da saída de água
do chuveiro/ducha
Altura do registro
de gaveta (RG)
Tanque 115

Torneira de limpeza 60

Torneira de jardim 60

Registro de gaveta 180

Válvula de descarga 110


OBSERVAÇÃO: todas as alturas são em relação ao piso acabado.
2,00 a 2,20

Tabela 4 – Altura recomendada dos pontos de utilização


Fonte: as autoras.
1,80

Com relação à instalação dos registros, é importante


0,60

0,60

diferenciar o registro de gaveta do registro de pressão.


0,20

Altura da saída de água da bacia Altura da saída de O registro de gaveta é usado para bloquear a pas-
sanitária com caixa acoplada água das cubas

Figura 11 - Vista genérica de banheiro com as alturas padrão de saída de água


sagem de água, tendo a função de registro geral dos
Fonte: as autoras. ambientes. Normalmente, podemos usar registros
de gaveta em todas as áreas molhadas (banheiros,
As alturas dos pontos de utilização (saída de água) cozinhas e lavanderias). Esse tipo de registro per-
e dos registros podem ter pequenas variações de mite bloquear a passagem de água para ambientes
acordo com o tipo de peças e aparelhos e das marcas específicos. Assim, quando há a necessidade de con-
existentes no mercado. No entanto, elas seguem um sertos ou troca de peças, tais ações podem ser reali-
padrão que será exemplificado na tabela a seguir. zadas por ambientes.

66
DESIGN

A perspectiva isométrica tem uma função impor-


tante na representação gráfica dos projetos de ins-
talações, pois permite uma visualização clara do
funcionamento do sistema. Assim, os ambientes sa-
nitários são desenhados em perspectiva isométrica
em escala 1:20 ou 1:25 (escalas de detalhamento).

Colunas (prumadas)

AF2
AF1 - Água fria 1

AF1
AF2 - Água fria 2

ø25
chuveiro
diâmetro registro de

ø50
das colunas gaveta
e ramal

ø25
Figura 12 - Registro de gaveta

O registro de pressão é um controle de vazão da


água e é instalado na tubulação que alimenta um de- registro de

ø25
terminado ponto de utilização, como o chuveiro. A pressão
válvula de
altura desse tipo de registro dentro do boxe deve es- descarga joelho 90º

tar compreendida entre 100 e 110cm em relação ao TÊ 90º


piso acabado. Para o chuveiro, o registro de pressão
funciona como torneira. ducha ø25
higiênica
5
lavatório ø2
bacia
altura do pronto sanitária
de utilização
5
ø2

30º Perspectiva
isométrica
Sem escala
Figura 14 - Perspectiva isométrica de banheiro
Figura 13 - Registro de Pressão Fonte: adaptada de Carvalho Junior (2013).

67
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Na figura anterior, podemos ver com clareza o posi- Em paredes estruturais ou de vedação em blocos
cionamento das peças, o caminho da tubulação e as cerâmicos e de concreto, normalmente o fabricante
alturas dos pontos de utilização, bem como as cone- disponibiliza blocos específicos para a passagem das
xões e os diâmetros dos tubos. tubulações ou recomenda o uso de shaft. O shaft é
O projetista, além de representar em perspectiva um duto vertical utilizado para a passagem de diver-
isométrica as instalações, elabora as plantas com a sas tubulações.
passagem das tubulações, geralmente embutidas nas
SHAFT
vedações. duto para passagem
Quando as paredes são de alvenaria tradicional de tubulações
(tijolos maciços), nelas são feitos rasgos para a pas-
sagem das tubulações.

É necessário adotar
PLANTA
novos hábitos com o Sem escala
objetivo de poupar
Figura 16 - Shaft - planta sem escala
dinheiro e preservar Fonte: as autoras.
os recursos naturais.
No caso do uso de sistemas construtivos, como o dry
wall e o light steel framing, a passagem das tubula-
ções é feita pelo vão livre existente entre as vedações
externas, que funcionam como um shaft. Os pontos
de saída das tubulações, normalmente, são fixados
nos perfis metálicos da estrutura ou em travessas
horizontais (metálicas, de madeira). Essa estrutura
metálica pode, também, ser perfurada para a passa-
gem das tubulações, seguindo as instruções do fabri-
cante e da legislação vigente.
Nas plantas, há a necessidade de identificar as
tubulações de água quente e fria, os diâmetros dos
ramais e sub-ramais, bem como indicar as colu-
nas (prumada) de água fria e quente. Nas colunas,
devem ser identificados o diâmetro e a direção da
água. Os eixos hidráulicos que o projetista utiliza
são aqueles indicados no projeto arquitetônico ou
Figura 15 - Rasgos em parede de alvenaria tradicional em ambientes interiores.

68
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), nesta unidade estudamos instalações de água fria e
quente, tendo o conhecimento sobre as normas da Associação Brasilei-
ra de Normas Técnicas (ABNT), que regulamentam esse tipo de insta-
lação com relação às exigências de projeto e execução das instalações.
Estudamos, também, os sistemas de abastecimento e distribuição de água, ob-
servando que sua escolha depende basicamente de dois fatores: as condições de
pressão da água da rede pública e a continuidade, ou não, do abastecimento. Es-
sas condições permitem identificar as vantagens e desvantagens de cada sistema,
em especial em relação à qualidade da água, consumo, necessidade de reservató-
rio, custo da instalação e a escolha de metais e peças.
Aprendemos a calcular o consumo diário e a dimensionar o volume dos re-
servatórios, o que possibilita um levantamento e escolha adequada desses produ-
tos. Ainda, aprendemos conceitos básicos importantes para o dimensionamento
das tubulações, o que possibilita, ao designer de interiores, compreender o fun-
cionamento das instalações, identificando possíveis problemas do sistema.
Conhecemos as partes constituintes de uma instalação de água fria e quente e
a terminologia utilizada, bem como os elementos fundamentais da representação
gráfica que auxiliam na elaboração de projetos.
Finalmente, apontamos que o conhecimento dos conteúdos expostos nesta
unidade visa à aproximação entre você, futuro designer de interiores, e a ela-
boração de projetos com qualidade técnica. Assim, é possível considerar que a
qualidade de projetos contribui para a qualidade das edificações e dos ambientes.
Nessa perspectiva, devemos considerar que o papel do projetista é promover am-
bientes com salubridade, conforto e beleza, somando a esses aspectos o conheci-
mento técnico.

69
atividades de estudo

1. Calcule:
a. O consumo diário de água em litros por dia (l/d) para uma residência com
4 dormitórios sociais e 1 dormitório de serviço.
b. A reserva de água no caso de falta d’água da rede pública.
c. O volume de água do reservatório (capacidade de armazenamento).

2. Calcule:
a. O consumo diário de água em litros por segundo (l/d) para um restaurante
self service que atende a 150 refeições por dia.
b. A reserva de água no caso de falta d’água da rede pública.
c. O volume de água do reservatório (capacidade de armazenamento).

3. Sobre as partes constituintes da instalação de água fria, procure na NBR


5626 (ABNT, 1998) as terminologias a seguir e defina seu conceito:
a. Alimentador Predial.
b. Barrilete.
c. Coluna de distribuição.
d. Ramal.
e. Sub-ramal.
f. Ponto de Utilização.

4. Considerando os conceitos utilizados no dimensionamento das instala-


ções de água, leia as afirmações a seguir:
I. A vazão é a relação entre o volume do líquido escorrido por unidade de
tempo.
II. Nas instalações hidráulicas, são contemplados três tipos de pressão: a es-
tática, a dinâmica e a de serviço.
III. A perda de carga nas tubulações está associada apenas à rugosidade in-
terna do material da tubulação.
IV. Nas instalações de água quente, a NBR 7198 (ABNT, 1993) estabelece a
temperatura máxima da água para uso humano até 70°C.

70
atividades de estudo

É correto o que se afirma em:


a. I e IV, somente.
b. I e III, somente.
c. I, II e III.
d. III e IV, somente.
e. I, II e IV.

5. Leia as afirmações a seguir com relação à função de peças sanitárias e


sistemas construtivos.
I. Os aparelhos misturadores têm a função de regular a temperatura da água
nos pontos de utilização quando há, na edificação, instalação de água fria
e quente.
II. O registro de gaveta controla a vazão da água e é instalado na tubulação
que alimenta um determinado ponto de utilização, como é o caso do chu-
veiro.
III. O shaft é um duto vertical utilizado para a passagem de diversas tubula-
ções, frequentemente usado em paredes estruturais.
IV. Em sistemas construtivos, como o dry wall e o light steel framing, a pas-
sagem das tubulações é feita pelo vão livre existente entre as vedações
externas.

É correto afirmar que:


a. Apenas as afirmações I e III são corretas.
b. Apenas as afirmações I e IV são corretas e II e III são afirmações incorretas.
c. Todas as afirmações são corretas.
d. As afirmações I, III e IV são corretas e a afirmação II incorreta.
e. As afirmações III e IV são incorretas e apenas a afirmação I é correta.

71
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o trecho a seguir retirado do estudo sobre aproveitamento da energia solar no Brasil, o qual aborda
as fontes renováveis vinculadas a essa fonte energética e as principais tecnologias de seu aproveitamento.

Tecnologias para emprego da energia solar


Em princípio, as fontes renováveis de energia são aquelas que têm origem na energia solar.
Assim, seriam renováveis a energia solar, a eólica (os ventos são provocados pelas diferenças
de temperatura nas camadas atmosféricas que, por sua vez, está associada à absorção de ca-
lor do sol pelo planeta), a energia hidrelétrica (decorrente da evaporação da água superficial
e sua precipitação em áreas elevadas dos continentes, originando a energia cinética dos rios,
que é aproveitada nas hidrelétricas), a energia das marés (que decorre do efeito dos ventos
no mar), a biomassa (que decorre da realização da fotossíntese pelos vegetais) e a geotérmi-
ca (associada ao calor armazenado no interior do planeta).
O aproveitamento direto da energia solar pode ser feito para iluminação, para aquecimento
de líquidos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica.
O aproveitamento da energia solar na iluminação e no aquecimento de ambientes decorre
da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as
necessidades de iluminação e aquecimento empregando energia elétrica, gás natural etc.
Geralmente, esse aproveitamento da radiação solar decorre de estudos de eficiência ener-
gética para edificações, e é realizado com o emprego de técnicas específicas de arquitetura e
materiais especiais na construção. O aproveitamento da energia solar para aquecimento de
fluidos é feito com o uso de coletores ou concentradores solares.
Os coletores solares são mais usados para o aquecimento de água (higiene pessoal e lava-
gem de utensílios e ambientes), tanto em aplicações residenciais, quanto comerciais (hotéis,
restaurantes, clubes, hospitais etc.). Os coletores solares aquecem a água, a temperaturas
relativamente baixas (inferiores a 100ºC) e, para o suprimento de água quente de uma resi-
dência típica (três ou quatro moradores), são necessários cerca de 4m2 de coletor. Os concen-
tradores solares são formados por grandes áreas espelhadas que concentram a luz solar em
um ponto específico, produzindo elevadas temperaturas.
Destinam-se a aplicações como a secagem de grãos e a produção de vapor. O vapor produzi-
do em concentradores solares pode ser empregado em processos industriais, tais como o de
produção de energia elétrica. Nesse caso, o processo é semelhante ao de uma termelétrica a
vapor convencional. O vapor produzido pelo concentrador solar é dirigido para uma turbina,
que está conectada pelo mesmo eixo a um gerador de energia elétrica.

72
LEITURA
COMPLEMENTAR

Assim, a energia cinética do vapor é transformada em energia elétrica pelo conjunto turbi-
na-gerador. Devido à grande variação da radiação solar nas 24 horas que compõem um dia,
a energia colhida em concentradores solares costuma ser complementada pela energia de
outras fontes primárias, especialmente para a produção de energia elétrica. Nesses casos é
empregada uma caldeira a óleo combustível, que, geralmente, funciona durante as 24 horas
do dia, sendo o vapor por ela produzido complementado pelo produzido no concentrador
solar. A primeira termelétrica solar do Brasil está instalada no Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e trata-se de uma unidade experimental de 10kW.
A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelo efeito fotovoltaico, que
foi primeiro observado por Edmond Becquerel, em 1839, quando descobriu que certos ma-
teriais produzem pequenas quantidades de corrente elétrica quando expostos à luz. As célu-
las fotovoltaicas são feitas de um material semicondutor, geralmente é empregado o silício.
Quando a luz solar atinge uma célula fotovoltaica, ela produz uma pequena corrente elétrica.
Essa corrente é recolhida por fios ligados à célula. Quanto mais células fotovoltaicas são liga-
das em série ou em paralelo, maior a corrente e tensão produzidas. Um conjunto de células
fotovoltaicas dispostas lado a lado formam um módulo ou painel fotovoltaico, vários módu-
los juntos formam um arranjo de painéis fotovoltaicos.
Os módulos vendidos comercialmente possuem potências que variam desde 5 até 300 watts,
e produzem corrente contínua (cc), que é uma corrente semelhante à corrente que é arma-
zenada na bateria de um automóvel.
Geralmente, o uso de sistemas fotovoltaicos está associado às aplicações onde não há possi-
bilidade de emprego de outra fonte de energia elétrica. Os sistemas fotovoltaicos são empre-
gados em regiões remotas para fornecer energia para equipamentos médicos, purificadores
de água, e refrigeradores, onde são armazenados medicamentos e vacinas etc; são utilizados
no fornecimento de eletricidade para calculadoras e relógios de pulso; em estradas, para
sinalizações e para equipamentos de comunicações; na iluminação de boias de navegação;
para o funcionamento de satélites etc.
As aplicações de painéis fotovoltaicos para iluminação pública, iluminação de jardins, ilumi-
nação de casas, abastecimento de eletrodomésticos, e outras, quando há possibilidade de
uso de outras fontes de energia elétrica, estão geralmente associadas a subsídios governa-
mentais.

Fonte: Bandeira (2012, p. 5-6).

73
Instalação Hidráulica Residencial - A Prática
do dia a dia
Julio Salgado
Editora: Érica
Ano: 2010
Sinopse: este livro trata de forma prática e didática das insta-
lações hidráulicas de uma residência, servindo como guia de
referência e fornecendo importantes parâmetros para projeto
e execução de obras nesse campo. Traz explicações sobre instalação de peças e sobre os ma-
teriais utilizados, bem como os diferentes tipos de conexões usadas nas instalações. Aborda,
também, questões relacionadas às novas tecnologias para as instalações hidráulicas, bem
como reflexões sobre o uso racional da água.

O volume da Revista eletrônica da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD) é


dedicado à água e ambientes de utilização, como cozinhas e banheiros, bem como sua história
e concepção. A revista ainda conta com artigos dedicados ao consumo e à qualidade de uso
da água, sob a perspectiva da sustentabilidade. Para saber mais, acesse o link disponível em:
<www.abd.org.br/novo/f01/img/revista/2015/13/abd-13.pdf>
referências

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5626: Instalação Predial


de Água Fria. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
______. NBR 7198: Projeto e execução de instalações prediais de água quente.
Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
______. NBR 13103: Instalação de aparelhos a gás para uso residencial. Rio Ja-
neiro: ABNT, 2013.
______. NBR 13714: Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a
incêndio. Rio Janeiro: ABNT, 1996.
BANDEIRA, F. de P. M. O aproveitamento da energia solar no Brasil: situação e
perspectiva. Brasília-DF: Biblioteca Digital da Câmara de Deputados, 2012.
CARVALHO JÚNIOR, R. de. Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura.
7. ed. São Paulo: Blucher, 2013.
CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
e Científicos, 2006.
DOUTORES DA CONSTRUÇÃO. Manual de Treinamento de hidráulica. São
Paulo: Canal Hidráulica, s/d.
NOGUEIRA, S.; et al. Manual de instruções para implantação, gestão e mu-
danças de hábitos, no programa de redução em consumo de água: manual do
controlador. São Paulo: Sabesp, 2014.
TIGRE. Manual Técnico Tigre: orientações técnicas sobre instalações hidráulicas
prediais. 5. ed. Joinville-SC: Tigre S.A., 2013.

75
gabarito

1. Critério a ser usado: 2 pessoas por dormitório social + 1 pessoa por dormitório de
serviço.
Portanto:
04 dormitórios sociais X 2 pessoas = 8 pessoas.
01 dormitório de serviço X 1 pessoa = 1 pessoas.
Total = 9 pessoas
De acordo com a Tabela 2, devemos considerar 150 l/d per capita de consumo diário,
então teremos:
Consumo diário total = nº de pessoas X 150 l/d.
Consumo diário total = 9 X 150 l/d.
Consumo diário total = 1350 l/d.
Reserva de Água = consumo diário total X 2 dias.
Reserva de Água = 1350 l/d X 2 dias.
Reserva de Água = 2700 litros (l).
Portanto, em uma residência para 9 pessoas, a capacidade de armazenamento de água
deverá ser de 2.700 litros.
2. Para este cálculo usar a Tabela 2, que diz que para restaurantes são utilizados 25
litros de água por refeição.
Portanto,
Consumo diário total = nº de refeições x 25 l/d,
Consumo diário total = 150 x 25 l/d,
Consumo diário total = 3.750 l/d,
Reserva de Água = consumo diário total x 2 dias,
Reserva de Água = 3.750 l/d x 2 dias,
Reserva de Água = 7.500 litros (l).
Portanto, em um restaurante que serve 150 refeições por dia a capacidade de água a
ser armazenada é de 7.500 litros, equivalentes a 7,5 m³.
3.
a. O alimentador predial é a tubulação compreendida entre o ramal predial e a primeira
derivação ou válvula de flutuador de reservatório.
b. O barrilete corresponde ao conjunto de tubulações que se origina no reservatório e
do qual se derivam as colunas de distribuição.
c. A coluna de distribuição é tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar
ramais.
d. O ramal é a tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os
sub-ramais.
e. O sub-ramal é a tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do apa-
relho sanitário.
f. O ponto de utilização é a extremidade de jusante do sub-ramal, ou seja, a extremida-
de em que encaixam as peças e aparelhos sanitários, como torneiras.
4. E.
5. D.

76
UNIDADE
III
INSTALAÇÕES PREDIAIS
HIDROSSANITÁRIAS: PARTE II

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Drª. Berna Valentina Bruit Valderrama
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Instalações Prediais de Esgoto Sanitário
• Instalações Prediais de Águas Pluviais
• Instalações Prediais de Prevenção e Combate a Incêndios
• Materiais em instalações hidrossanitárias

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e compreender os sistemas de esgoto sanitários
e a interface da instalação de esgoto doméstico com o
projeto de arquitetura e os sistemas construtivos.
• Conhecer e compreender a instalação de águas pluviais e
a interface da instalação de águas pluviais com o projeto
arquitetônico e os sistemas construtivos, bem como os
sistemas de reuso de água pluvial.
• Conhecer e compreender os conceitos de prevenção e
combate a incêndios, bem como as principais normativas e
sua relação com o projeto de arquitetura.
• Conhecer os diversos materiais e equipamentos utilizados
nas instalações hidrossanitárias.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa Unidade III. Esta unida-
de é dedicada às instalações prediais de esgoto, águas pluviais e preven-
ção e combate a incêndio. De maneira similar às outras unidades, nosso
propósito é fornecer a você, estudante de Design de Interiores, subsídios
técnicos para a elaboração e execução de projetos de interiores.
O conteúdo do primeiro tópico, instalações prediais de esgoto, tem
como objetivo possibilitar a você o conhecimento dos principais parâme-
tros conceituais e princípios utilizados para o dimensionamento e insta-
lação desse sistema.
No segundo tópico, abordamos sobre as instalações de águas pluviais,
compreendendo o sistema em três níveis: coleta, escoamento e drena-
gem. Além disso, o tópico trata sobre o reuso das águas pluviais dentro
do conceito de racionalização do uso da água.
As instalações de prevenção e combate a incêndio é o tema do ter-
ceiro tópico. Vamos dar ênfase à importância de se considerar essa ins-
talação no projeto e execução de edificações e ambientes, com o objeti-
vo primordial de salvaguardar vidas humanas e seus bens patrimoniais.
Assim sendo, vamos conhecer os sistemas e equipamentos de prevenção
e combate a incêndios e sua interface com o projeto arquitetônico e os
sistemas construtivos.
O último tópico é dedicado aos materiais que são utilizados nas ins-
talações prediais, conhecendo aqueles utilizados tradicionalmente, como
o PVC (policloreto de vinila) e os novos materiais empregados, como o
PEX (polietileno reticulado).
Os temas apresentados anteriormente abordam, também, os princí-
pios gerais da interface dos componentes das instalações com o projeto
de arquitetura e os sistemas construtivos nos tópicos, enfatizando a im-
portância de se conhecer as normas que regulamentam essas instalações.
Ótima leitura!
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações Prediais de
Esgoto Sanitário
Aluno(a), neste tópico trataremos das instalações Como estudado na Unidade I, a coleta, o tratamento
de esgoto sanitário. Vamos conhecer os princi- e a destinação dos esgotos realizados de forma ina-
pais elementos, conceitos e legislação que estru- dequada são prejudiciais às pessoas e ao ambiente,
turam esse tipo de instalação. Além disso, vamos causando a proliferação de diversas doenças e o de-
conhecer as principais partes constituintes de sequilíbrio ecológico, assim, comprometendo a qua-
uma instalação de esgoto doméstico e sua inter- lidade de vida e os recursos naturais.
face com o projeto de arquitetura e os sistemas Os esgotos podem ser classificados com relação
construtivos. ao tipo de água resultante. Segundo Macintyre (1990),
O sistema de esgoto sanitário corresponde ao as águas podem ser classificadas da seguinte forma:
conjunto de tubulações e demais acessórios e peças • Águas residuárias domésticas ou despejos
que tem como objetivo conduzir os efluentes de es- domésticos: correspondem aos despejos lí-
goto a um destino adequado. quidos das habitações, prédios, estabeleci-
mentos comerciais e de serviços, institucio-
A legislação básica que regulamenta esse tipo de
nais, industriais, entre outros.
instalação é a NBR 8160 (ABNT, 1999) que estabe-
• Águas de infiltração: representadas pela
lece os parâmetros e exigências com relação ao pro- parcela das águas do subsolo que penetra as
jeto, execução, ensaio e manutenção dos sistemas de canalizações de esgoto, frequentemente por
esgoto sanitário. meio de suas conexões e juntas.

82
DESIGN

Ainda para os despejos domésticos, as águas são SAIBA MAIS


classificadas em imundas ou servidas.
• Águas imundas ou negras: são águas que No mundo, em média 40% da população mun-
contêm dejetos (matéria fecal), elevada dial não tem acesso ao saneamento básico
quantidade de matéria orgânica instável, pu- (coleta e tratamento de esgoto e água potá-
trescível e grande quantidade de micro-orga- vel). Essa porcentagem significa que cerca de
nismos. 200 milhões de toneladas de esgoto são des-
pejadas sem tratamento no meio ambiente.
• Águas servidas: são águas resultantes dos
Para saber mais, acesse o link disponível em:
processos de lavagem e limpeza em cozinhas,
<http://www.sitedecuriosidades.com/curiosi-
lavanderias, banheiros (com exceção da bacia dade/qual-o-indice-de-saneamento-basico-do-
sanitária), jardins, entre outros. -mundo.html>.

Fonte: as autoras.
Para a indústria, além das águas residuais domésti-
cas, o esgoto é classificado em águas residuais orgâ-
nicas, tóxicas e inertes.
Finalmente, em termos de classificação, os es- As instalações de esgoto doméstico são classificadas
gotos podem ser divididos em sistema dinâmico e em instalação de esgoto primário, secundário e sis-
sistema estático. tema de ventilação.
Os sistemas em rede urbana são todos dinâmi- O esgoto primário é a parte da instalação a qual os
cos, pois o esgoto segue o caminho de sua coleta até gases, pequenos animais e insetos provenientes da rede
a destinação e tratamento. de esgoto pública têm acesso. É a parte da instalação
Um exemplo de sistema estático é a utilização de que recebe o esgoto da parte secundária e se localiza en-
fossa séptica, que é um tanque abaixo do solo que se- tre os desconectores e o coletor público ou fossa séptica.
para a parte sólida e líquida do esgoto. A parte sólida O esgoto secundário é a parte da instalação a
se deposita no fundo da fossa e sofre um processo de qual os gases, pequenos animais e insetos não têm
decomposição a partir da ação de bactérias anaeró- acesso. São as tubulações das peças sanitárias e da
bicas (sem oxigênio), diminuindo, assim, a quanti- canalização que terminam nos desconectores. Essa
dade de matéria orgânica do esgoto. Desse modo, parte da instalação está localizada dentro das áreas
a parte líquida sofre um processo de purificação, molhadas da edificação, como banheiros, cozinhas
podendo retornar ao meio ambiente. Esse tipo de e lavanderias. A seguir, esquema com o caminho do
sistema é muito utilizado na zona rural e em edifi- esgoto da edificação à rede pública ou fossa séptica.
cações isoladas, em que não há rede coletora pública
Esgoto Desconector Esgoto Coletor
de esgoto. secundário primário público
Nesta Unidade, trataremos especificamente dos ou fossa
séptica
esgotos domésticos e de sua instalação, objetivando
fornecer a você, estudante, parâmetros de projeto e Caminho do esgoto
execução que contribuam com a qualidade de proje- Figura 1 - Esquema do caminho do esgoto
to dos ambientes. Fonte: as autoras.

83
INSTALAÇÕES PREDIAIS

As partes constituintes e a terminologia da insta- Sifões


lação do esgoto sanitário primário e secundário são Todos os aparelhos sanitários devem, por legislação,
conceituadas pela NBR 8160 (ABNT, 1999). ser isolados das tubulações do esgoto primário por
meio de sifões, que são dispositivos hidráulicos de
DESCONECTORES bloqueio. Os tipos de sifão mais comuns são os des-
Os desconectores desempenham uma função fun- critos a seguir:
damental nas instalações de esgoto, pois se destinam
a vedar a passagem de gases, possíveis insetos e pe-
quenos animais do esgoto primário para o secun-
dário. Os principais desconectores são os sifões, os
ralos sifonados e as caixas sifonadas. Para tal função, h
essas peças são providas de fecho hídrico.
h
O fecho hídrico é uma camada líquida com altu-
ra mínima de cinco centímetros de nível constante,
Sifão tipo S Sifão tipo P Sifão
cuja função, em um desconector, é bloquear a pas-
(universal) (universal) Garrafa
sagem de gases produzidos pelo esgoto, além de in-
setos e animais.

Retorno Tubo de entrada


dos gases de água

h h
h
Fecho
5cm

hídrico

Sifão tipo S Sifão tipo P Sifão Caixa


(universal) (universal)
Água após o uso Garrafa Sifonada

Figura 2 - Sifão e fecho hídrico Figura 3 - Tipos de Sifão


Fonte: Doutores da Construção (s/d, p. 25). Fonte: as autoras.

Além disso, a norma estabelece que o desconector São utilizados sifões individuais para cubas de ba-
deve apresentar orifício de saída com diâmetro igual nheiros, pias de cozinha e tanques de lavar roupa,
ou maior ao ramal de descarga a ele conectado. como podemos visualizar nas figuras a seguir.

84
DESIGN

1 2 3

Figura 4 - Tipos de sifão encontrados no mercado (1. Sifão Tipo P (Universal), 2. Sifão Garrafa, 3. Sifão Tipo S).

As bacias sanitárias e os mictórios são peças que bacias sanitárias convencionais utilizam o processo
possuem fecho hídrico próprio. A figura a seguir de sifonagem. Nesse processo, o fluxo dos dejetos é
mostra o fecho hídrico de uma bacia sanitária com feito unicamente pela força da água de descarga e,
caixa acoplada. necessariamente, a tubulação de esgoto é posiciona-
da para baixo.
No caso das bacias sanitárias que utilizam o pro-
cesso de arraste, além do arrastamento dos despejos
pelas descargas de água, o sistema é reforçado por
uma aspiração ocasionada pela disposição de seus
canais internos (MACINTYRE, 1990).
No sistema de arraste, a saída de esgoto é hori-
Fecho Hídrico
(sifão)
zontal, o que permite, por exemplo, bacias suspen-
++
+ ++
sas. Além disso, bacias de arraste permitem que a
+
+ tubulação de esgoto seja instalada na parede em ní-
Esgoto primário + Gases
vel superior ao piso, mesmo que a bacia esteja nele
Figura 5 - Bacia sanitária com caixa acoplada e fecho hídrico
apoiada. Esse tipo de bacia permite fácil instalação
Fonte: as autoras. das tubulações de esgoto em paredes de dry wall e
light steel framing.
A limpeza dos dejetos sanitários pode ser feita de A figura a seguir mostra o sistema por sifonagem
duas maneiras: por sifonagem ou por arraste. As e o sistema de arraste em bacias sanitárias.

85
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Saída de
esgoto Ralo - tampa grelha
Diâmetro
Nominal

Saída de esgoto
Esgoto primário
Bacia sanitária Bacia sanitária h
por sifonagem por arraste Fecho Hídrico

Saída de
esgoto Septo
Entrada do ramal
de descarga
Perfil caixa sifonada
Saída de esgoto Figura 7 - Perfil caixa sifonada
Fonte: as autoras.
Bacia sanitária Bacia sanitária
por sifonagem por arraste
Figura 6 - Sistema de sifonagem e de arraste em bacias sanitárias
Fonte: as autoras. Caixas de gordura
As caixas de gordura são caixas retentoras e têm a
função de reter gorduras, graxas e óleos que podem
Caixas sifonadas e ralos sifonados obstruir as canalizações de esgoto. Devem ser insta-
As caixas e ralos sifonados são dispositivos que têm ladas em locais de fácil acesso e com boa ventilação.
a função de receber a água de lavagem de pisos e ou- Em residências, geralmente são instaladas na parte
tros, bem como de receber os afluentes da instalação externa, já em edificações verticais a instalação con-
de esgoto secundário dos aparelhos, com exceção do ta, ainda, com tubos de queda de gordura.
vaso sanitário ou mictórios. As caixas de gordura são necessárias para re-
Segundo Macintyre (1990), esses dispositivos ter os dejetos gordurosos de pias de cozinha, copa
possuem um septo que funciona como um fecho e churrasqueiras, bem como de máquinas de lavar
hídrico, separando o esgoto primário do secun- louça. Podem ser de PVC, de alvenaria de tijolos ou
dário. de concreto, permitindo a limpeza periódica para
Os ralos e as caixas sifonadas são utilizados em remoção da gordura.
cozinhas, banheiros ou em qualquer ambiente que A NBR 8160 (ABNT, 1999) regulamenta as cai-
possua uma ligação direta com a tubulação de es- xas de gordura quanto à sua capacidade volumétrica,
goto. Podem ser fabricados de diversos materiais, vedação e alturas dos tubos de entrada e de saída dos
como PVC (frequentemente usado), ferro fundi- efluentes, visando à retenção da gordura. As com-
do, cobre, concreto, entre outros. Esses dispositivos panhias responsáveis pela rede pública de água e de
possuem tampa tipo grelha, que pode ser metálica e esgoto normalmente disponibilizam manuais, dicas
removível para facilitar a limpeza e a desobstrução. e desenhos ilustrativos sobre as instalações prediais,
A figura a seguir mostra uma caixa sifonada ge- incluindo frequentemente desenhos padronizados
nérica e seu perfil. de caixas de gordura, de inspeção e outras.

86
DESIGN

A seguir, um modelo padrão de caixa de gordura, mínimo, 30 centímetros. A legislação recomenda a


mostrando o tubo de entrada (mais alto) e, normal- ultrapassagem desse tubo para evitar que as águas
mente, de diâmetro nominal de 50mm e o tubo de sa- pluviais provenientes do telhado ou de laje imper-
ída (mais baixo) com diâmetro nominal de 100mm. meabilizada escorram para dentro da instalação de
esgoto. Assim, a terminação do tubo de ventilação
Tampa removível
deve ser do tipo chaminé ou deve terminar com a
colocação de um “tê”.
Tubo de h
saída
A seguir, uma figura mostrando o prolongamen-
to do tubo de ventilação acima das coberturas.
Tubo de
entrada

l
Septo

Caixa de Gordura
Figura 8 - Caixa de gordura
Fonte: as autoras.

Sistema de ventilação
Junto com os desconectores, o sistema de ventilação
em uma instalação de esgoto é muito importante.
Na falta de uma dessas partes, ou na inadequação
de sua instalação, provavelmente haverá mau cheiro
nos ambientes.
A ventilação da instalação de esgoto compre-
ende o conjunto formado pelas colunas e ramais de
ventilação que tem a função de ventilar os desconec-
tores e os ramais de esgoto (esgoto primário). Figura 9 - Corte de instalação de tubo de ventilação.
O sistema de ventilação permite a troca de ar Fonte: adaptada da NBR 8160 (ABNT, 1999).

dentro da tubulação, liberando a entrada de ar at-


mosférico e a saída de gases de dentro da tubulação. TUBOS, CONEXÕES E
A circulação de ar dentro das tubulações garante o DISPOSITIVOS COMPLEMENTARES
bom funcionamento dos desconectores. Isso ocorre A NBR 8160 (ABNT, 1999) estabelece algumas nor-
porque o fecho hídrico sofre desgastes, podendo se mas para as tubulações horizontais, como os ramais
romper pela pressão atmosférica ou pela depressão de descarga e ramais de esgoto.
causada pelo arraste de água. Essas tubulações devem respeitar determinadas
Uma dica importante é que o tubo de ventilação condições com o objetivo de promover o bom esco-
deve ultrapassar a cobertura da edificação em, no amento dos efluentes de esgoto. A primeira delas se

87
INSTALAÇÕES PREDIAIS

refere ao fato de que esse escoamento seja realizado Com relação às tubulações verticais, em espe-
por gravidade, portanto deve apresentar uma decli- cial a instalação dos tubos de queda, um princípio
vidade constante. a ser seguido sempre que for possível é o de que os
Nesse sentido, a NBR 8160 (ABNT, 1999) re- mesmos estejam sempre alinhados, formando uma
comenda que para as tubulações horizontais com única vertical.
diâmetro nominal igual ou inferior a 75mm (3”), a Em edificações de dois ou mais andares, devem
declividade seja de 2%. Para aquelas tubulações com ser previstos tubos de quedas especiais (separados
diâmetro nominal igual ou superior a 100mm (4”), dos banheiros) para as pias de cozinha, máquinas
a declividade deve ser de 1%. de lavar louça com ventilação e caixas de gordura
coletivas.
A seguir, um corte genérico mostrando as tubu-
Tubo de ventilação
lações horizontais e verticais.
Caixa de inspeção
Esgoto Primário

Esgoto
Esgoto p
rimário Coletor Coletor Tudo de queda
predial público 1,5m
secundário Cx. sifonada Esgoto p (TQ)
rimário desconector
(ralo sifonado) Ramal de
Ramais de esgoto
15m
subcoletores ventilação (RV)
(da última caixa de
Ramais de inspeção ao coletor
descarga predial)

OBS: declividades Ramal de


Ramais de esgoto e de descarga - de 1% a 2% esgoto (RE) Coluna de
Subcoletores - até 5% ventilação (CV)
Coletor Predial - até 5%
Figura 10 - Corte instalação de esgoto Ramal de
Fonte: adaptada de Carvalho Junior (2013). descarga (RD)
OBS:
RD e RE com declividade de 2%
Esgoto Secundário
TQ e CV alinhados na vertical
Diferentemente das instalações de água fria e água Figura 11 - Corte genérico - tubulações horizontais e verticais
quente - que podem usar conexões de 90°-, na insta- Fonte: as autoras.

lação de esgoto isto deve ser evitado. As conexões re-


comendadas para a tubulação horizontal são aquelas
com grau igual ou inferior a 45° e isso se deve à per- ETAPAS DO PROJETO
da de carga. DE INSTALAÇÕES DE ESGOTO
Você se lembra do conceito de perda de carga Para a elaboração de um projeto de instalações de
que estudamos na Unidade II? Vamos relembrar! A esgoto são três as etapas: concepção, dimensiona-
perda de carga pode ser definida como a perda de mento e as formas escritas e gráficas do projeto.
energia que um fluido sofre durante o escoamento A concepção envolve as etapas de análise e critérios
em uma tubulação, tendo como resultado a dimi- adotados para o desenvolvimento do projeto de ins-
nuição da pressão. Por isso, em qualquer instalação talações de esgoto. Nessa etapa, é muito importante o
deve ser evitada a utilização de um número grande layout dos ambientes; como cozinha, lavanderia, chur-
de conexões. rasqueira e banheiros, além da definição dos pontos

88
DESIGN

de utilização para a passagem de água fria e quente. É o que implica na utilização de forros de gesso (mais
importante atenção com a passagem da canalização de comum) no ambiente do pavimento inferior.
esgoto e localização de seus acessórios, como os ralos. A canalização de esgoto horizontal influencia no
O calculista de instalações prediais de esgoto, de pé direito dos ambientes do pavimento inferior e no
igual forma que para as instalações prediais de água posicionamento e instalação da iluminação (em espe-
fria e quente, utiliza o projeto arquitetônico como cial de teto) dessas áreas. A figura a seguir mostra um
base de desenvolvimento dos cálculos e localização modelo da instalação de esgoto entre dois pavimentos.
de tubos, conexões e dispositivos complementares. É importante, na elaboração de projetos para as
Assim sendo, é importante que o designer de inte- áreas molhadas, o posicionamento dos ralos que vão
riores, ao elaborar um projeto de instalações de es- embutidos nos pisos. Devem ser posicionados os ra-
goto, considere os seguintes parâmetros: los secos e sifonados.
• Definir e identificar os pontos geradores de
coluna de ventilação
águas servidas, negras e aquelas que contêm
tubo de queda
gorduras.
• Definir e posicionar os desconectores (ralos
sifonados e caixas de gordura, por exemplo). ramal de ventilação
150mm
vaso auto
• Indicar a necessidade do sistema de ventilação. ralo sifonado
sifonado
laje
• Considerar o posicionamento de tubos de
queda. DN
ramal de altura do
descarga forro
• Indicar a necessidade de caixas de inspeção. forro de gesso

• Conhecer qual a destinação do esgoto: coletor


público ou sistema individual (fossa séptica).
Figura 12 - Corte genérico - instalação de esgoto entre dois pavimentos
Fonte: adaptada de Creder (2006).
Essas recomendações são válidas tanto para um projeto
novo quanto para uma reforma, pois conhecer o funcio-
namento do sistema contribui para a elaboração de pro- SAIBA MAIS
jetos com alta tecnicidade, evitando erros de execução.
Em um apartamento, por exemplo, é importante As doenças associadas à falta de saneamento
estar atento à execução da instalação predial de esgoto básico mataram no, Brasil, em 1998, mais
geral, verificando a passagem das tubulações verticais, pessoas do que a AIDS.

como tubos de queda e das tubulações de ventilação. Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008, p. 305).

Essas tubulações podem estar passando dentro das pa-


redes, em shafts, ou no interior de paredes de dry wall.
Outra questão importante é verificar o posicio- Ralos secos são aqueles que não possuem fecho hídri-
namento das tubulações horizontais (ramais de des- co e têm a função de receber as águas de lavagem de
carga, ramais de esgotos e ralos) que, em um apar- pisos, sacadas e boxe de banheiro, por exemplo.
tamento ou em uma residência de dois pavimentos, A seguir, mostramos um esquema das etapas de
geralmente são posicionadas abaixo da laje de piso, uma instalação de esgoto em um banheiro.

89
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 13 - Etapas da instalação de esgoto em banheiro


Fonte: as autoras.

NOÇÕES DE DIMENSIONAMENTO
Para dimensionar as tubulações de uma instalação O Diâmetro Nominal das tubulações correspon-
de esgoto predial, são utilizados o critério das Uni- de, aproximadamente, ao diâmetro interno das tu-
dades Hunter de Contribuição (UHC) e o Diâmetro bulações e também é especificado pela NBR 8160
Nominal (DN) das tubulações, os quais são determi- (ABNT, 1999).
nados pela NBR 8160 (ABNT, 1999). Nas instalações prediais de esgoto, são utili-
As Unidades Hunter de Contribuição corres- zadas diversas tabelas que objetivam facilitar os
pondem aos pesos atribuídos a cada aparelho sani- cálculos e dimensionamento das tubulações. De
tário. Esses pesos, ou sua somatória, determinam o posse do projeto arquitetônico ou dos ambientes
diâmetro de diversas tubulações e são especificados interiores, o projetista das instalações desenvolve
pela NBR 8160 (ABNT, 1999). o projeto.

90
DESIGN

91
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações Prediais
de Águas Pluviais
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao segundo tó- que separa a coleta em duas redes: uma somente
pico da Unidade III do nosso livro didático. Neste para águas residuais e outra para águas pluviais e de
tópico trataremos das instalações prediais de águas infiltração, dando-lhes destinação diferentes.
pluviais, vamos conhecer o conceito, os objetivos, a A legislação pertinente às águas pluviais é a NBR
terminologia e as principais diretrizes normativas 10844 (ABNT, 1989). Essa norma fixa, para a cober-
sobre as águas pluviais. Além disso, compreendere- tura e demais áreas da edificação (pátios, quintais,
mos os princípios gerais da interface dos componen- varandas, entre outros), as exigências e os critérios
tes e materiais da instalação de águas pluviais com necessários aos projetos das instalações de drena-
o projeto arquitetônico e os sistemas construtivos, gem de águas pluviais, com o objetivo de garantir
bem como os sistemas de reuso de água pluvial. níveis aceitáveis de funcionalidade, segurança, hi-
O sistema de águas pluviais compreende seu es- giene, conforto, durabilidade e economia.
coamento e drenagem, tanto nas edificações quanto
no espaço público, conduzindo a água para lugares PARTES CONSTITUINTES DA
adequados e permitidos. INSTALAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS
O sistema de esgotamento das águas pluviais Segundo Creder (2006), a maioria dos códigos de
deve ser completamente separado do sistema de es- obras municipais proíbe o caimento livre de água
goto. Desse modo, como estudado na Unidade I, o das coberturas das edificações com mais de um
sistema adotado no Brasil, em especial para os aglo- pavimento, bem como seu caimento para terrenos
merados urbanos, é o Sistema Separador Absoluto, vizinhos. Assim, é muito importante a instalação

92
DESIGN

adequada para recolhimento e escoamento das Platibanda


águas pluviais.
Platibanda
A instalação de águas pluviais depende essencial-
mente da localização, instalação e dimensionamento
adequados dos ralos, das calhas, dos condutores, das
caixas de areia e do ramal predial que conduz a água Calha de Platibanda
pluvial para a rede pública.
Calha de Platibanda
Calhas: tipos e formatos
As calhas recolhem a água de coberturas, terraços e
similares e a levam até os condutores. Podem ser de
três tipos: calha de beiral, calha de platibanda e calha
de água furtada. Quanto ao formato, geralmente os
perfis são em U, em V, quadradas, retangulares ou
semicirculares.
A escolha do tipo e formato das calhas é resulta-
Calha de Água Furtada
do do tipo de cobertura da edificação ou da cober-
tura projetada para áreas externas, por exemplo. Ge-
ralmente, as calhas e outras peças, como condutores,
rufos e suportes, são de aço galvanizado. Calha de Água Furtada

A ilustração a seguir mostra os diferentes tipos


de calhas e formatos. Figura 14 - Tipos de calhas e formatos
Fonte: as autoras.

A norma estabelece alguns parâmetros para a insta-


lação adequada de calhas. A inclinação das calhas de
beiral e de platibanda deve ser uniforme e ter 0,5% de
Calha de Beiral
inclinação. As calhas de água furtada devem seguir a
inclinação da cobertura. Em laje de cobertura imper-
Calha de Beiral meabilizada, sua declividade também deve ser de 0,5%,
permitindo o adequado escoamento das águas de chu-
Calha de Beiral va para os coletores, evitando infiltrações que podem
comprometer a estrutura e as vedações do edifício.
A NBR 10844 (ABNT, 1989) orienta que os con-
dutores verticais devem ser instalados, preferencial-
mente e quando possível, em uma só prumada, ou
seja, posicionados verticalmente sem desvios. Além

93
INSTALAÇÕES PREDIAIS

disso, os condutores podem ser externos ao edifí- considerar a inclinação da cobertura, a inclinação da
cio ou internos, instalados nas paredes de vedação, chuva e do vento. Somente de posse desses cálculos
shafts ou em estruturas pré-moldadas. é possível estimar a vazão de projeto (l/mm) e o di-
Assim, a escolha e formato de calhas, conduto- mensionamento das tubulações.
res, grelhas, entre outros acessórios das instalações
de águas pluviais, além de suas prerrogativas técni- REUSO DE ÁGUAS PLUVIAIS
cas, estão condicionados à linguagem e composição Nas construções, o aproveitamento das águas pluviais
arquitetônica dos edifícios ou áreas projetadas. para fins de uso que não requerem água potável é cada
Por outro lado, quando essas tubulações estão vez mais frequente. Normalmente, a utilização dessas
embutidas em elementos estruturais, devem ser águas está concentrada na irrigação de jardins e gra-
projetadas e alojadas em passagem calculadas pelo mados, lavagem de calçadas e automóveis, espelhos de
projetista estrutural, visando à preservação das con- água, usos industriais e descarga de vasos sanitários.
dições estruturais dos elementos, bem como a pre- Embora a reutilização das águas pluviais seja uma
servação das tubulações. boa alternativa de racionalização do uso de água, al-
guns requisitos devem ser levados em consideração.
O primeiro deles, e exposto anteriormente, é que
DIMENSIONAMENTO DAS INSTALAÇÕES esse tipo de água deve ser utilizado para atividades
DE ÁGUAS PLUVIAIS que não requerem altos índices de potabilidade.
Para o dimensionamento dos elementos das instala- Águas pluviais não devem ser usadas para be-
ções de águas pluviais, como calhas e condutores ver- ber ou preparar alimentos.
ticais, o projetista utiliza dados meteorológicos que Outra questão importante é que quando utili-
permitem calcular a altura e a intensidade pluviomé- zadas, as águas pluviais devem ser tratadas, pois o
trica. Isso significa que para a captação e drenagem contato com essas águas pode causar alergias ou in-
das águas pluviais, é necessário conhecer a intensida- fecções à pele humana.
de, duração e frequência dos períodos de chuva, bem A captação, armazenamento e utilização de
como a direção e intensidade de ventos que incidem águas de chuva trazem várias vantagens. Dentre elas,
sobre as edificações e áreas sujeitas a essas intempéries. destacamos as seguintes:
O vento deve ser considerado, pois sua direção • Redução do consumo e custo de fornecimen-
pode ocasionar uma maior quantidade de chuva em to de água da rede pública.
uma determinada área de cobertura ou superfície da • Redução da utilização de água potável para
edificação, o que altera o dimensionamento das tu- atividades nas quais ela possa ser dispensada.
bulações de águas pluviais.
Outro item importante para o dimensionamen- Ainda, a ABNT dispõe de legislação específica com
to é a área de contribuição, ou seja, a somatória relação à reutilização de águas de chuva por meio
das áreas das superfícies que recebem chuva e que da NBR 15527 (ABNT, 2007), a qual regulamenta o
a conduzem para as tubulações de águas pluviais. aproveitamento de água de chuva de coberturas em
Nos cálculos de área de contribuição, é necessário áreas urbanas para fins não potáveis.

94
DESIGN

Recomenda-se o descarte das águas pluviais de com a demanda de empregabilidade, podendo ser
escoamento inicial, tendo em vista a concentração utilizados para suprir o uso interno e externo sepa-
de componentes tóxicos e poluentes acumulados na radamente ou simultaneamente.
atmosfera, em especial nos centros urbanos. Com A figura a seguir mostra um esquema técnico de
tal objetivo, a norma indica o descarte de 2mm da reaproveitamento de águas de chuva.
precipitação inicial.
Com relação ao dimensionamento de reservató-
Desvio do condutor
rios, devem ser utilizados critérios técnicos, econômi- de descida para
Reservatório da
água da chuva
o sistema
cos e ambientais, levando em consideração a separação Peneira
Ladrão ant.
refluxo
total desses reservatórios com os de água potável, as Filtro e
seletor de
águas
condições climáticas de precipitação e intensidade de
Clorador
Registro
chuvas locais e sua manutenção e correta higienização.
CISTERNA
Descarte da
primeira água da
REFLITA chuva ou água Redutor de
turbulência
de chuva fraca
Obs.: só usar cloro de origem
orgânica (cloro para piscina)

Preservar a natureza é a única forma de na- Figura 15 - Esquema técnico de reaproveitamento de águas de chuva
turalmente preservar a vida. Fonte: Sempre Sustentável (APROVEITAMENTO…, [2016], on-line)1.

(Edison Urbano)
O sistema de aproveitamento de águas pluviais pode
ser instalado em edificações já construídas, reque-
rendo adaptações para a instalação. Assim, é impor-
Funcionamento de um Sistema de Reuso de tante conferir se a edificação possui instalação de
Águas Pluviais coleta de águas pluviais e espaço para instalação de
Para o reaproveitamento eficiente das águas pluviais, cisterna (subterrânea ou de superfície).
o sistema deve ser projetado levando em considera- No caso do projeto de aproveitamento das águas
ção as necessidades dos usuários, o tipo e as carac- pluviais para a descarga de bacias sanitárias, em edi-
terísticas construtivas da edificação, a localização e ficações construídas, a instalação deverá ser separada
o tipo de reservatório, bem como as características da instalação hidráulica de água fria, o que pode re-
da área de captação de água. A partir dessas consi- querer uma reforma para passagem das tubulações.
derações, é possível definir e escolher o modelo de Vale reforçar que o aproveitamento dessas águas e
sistema a ser utilizado e a empresa que fornecerá os a instalação do sistema devem ser realizados de forma
materiais e a instalação. responsável, em especial em relação ao seu uso. Des-
As soluções para reciclagem das águas de chu- sa maneira, é importante a atenção aos tipos de filtro
va podem variar, apresentando modelos de sistemas necessários e ao sistema de higienização. A instalação
mais completos com o uso de cisternas, filtros de também deve ser realizada de forma adequada, tanto
descida e caixas de água acima do nível do solo, por no cumprimento das legislações pertinentes quanto
exemplo. Além disso, os modelos variam de acordo no respeito aos princípios técnicos de construção.

95
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações
Prediais de Prevenção e
Combate a Incêndios
[...] compreendem as que objetivam detectar, in-
Vamos discorrer sobre os conceitos de prevenção e formar onde se iniciou o incêndio e debelá-lo com
combate a incêndios, bem como as principais nor- presteza tão logo irrompa, evitando que se pro-
mativas. Vamos conhecer a relação entre projeto de pague e, portanto, restringindo o montante dos
arquitetura e projeto de prevenção de incêndios e prejuízos e impedindo que as pessoas venham a
sofrer algum dano (MACINTYRE, 1990, p. 147).
também os sistemas e equipamentos de prevenção
e combate a incêndios e sua interface com o projeto A legislação contra incêndio, no Brasil, obedece a
arquitetônico e os sistemas construtivos. um conjunto de normas de diversas entidades. Des-
Nessa perspectiva, as instalações de prevenção e tacamos as três entidades principais a seguir:
combate a incêndio são muito importantes, uma vez • Normas estabelecidas pela Associação Brasi-
que têm como objetivo salvaguardar a vida humana leira de Normas Técnicas (ABNT), com es-
e seus bens. Assim, o projeto e a execução desse tipo pecial atenção à NBR 13714 (ABNT, 2000):
Sistema de hidrantes e de mangotinhos para
de instalação requerem conhecimento e responsabi-
combate a incêndio; NBR 13435 (ABNT,
lidade, já que as consequências de um incêndio são 1995): Sinalização de segurança contra in-
imediatas e com perdas irreparáveis. cêndio e pânico – Procedimento; e NBR
Segundo Macintyre (1990), as instalações contra 14276 (ABNT, 1999): Programa de brigada
incêndio: de incêndio.

96
DESIGN

• Norma regulamentadora NR 23 (1978), que


REFLITA
trata dos assuntos que tangem a proteção
contra incêndios, visando à proteção dos tra-
balhadores dentro da Consolidação das Leis Incêndio se apaga no projeto!
de Trabalho (CLT).
(Manoel Altivo da Luz Neto).
• Códigos de Segurança do Corpo de Bombei-
ros de cada estado.

É importante destacar o papel das instituições públi- Com tais objetivos, é necessário que os profissionais
cas, que detêm o poder de legislar sobre o assunto, bem que projetam e executam as edificações e os ambien-
como o papel das empresas de seguro. Na contratação tes internos considerem:
desses serviços contra incêndios, dentre outros riscos, • O dimensionamento dos ambientes, bem
as seguradoras realizam inspeções para determinarem como o tipo e a resistência ao fogo do mate-
as condições das edificações e os riscos. Essa postura rial utilizado em vedações.
contribui para a avaliação e correção de situações de • O dimensionamento, a proteção e a resistên-
insegurança para os usuários e bens patrimoniais. cia ao fogo da estrutura do edifício.
Segundo o Instituto Sprinkler Brasil (ESTATÍSTI- • O dimensionamento e o tipo de materiais de
CAS…, on-line)2, em 2015 foram contabilizadas 1.349 revestimento e sua resistência ao fogo.
ocorrências de incêndio no país. O ISB monitora a ocor- • A prevenção e o acesso adequados de rotas de
rência de incêndios estruturais, que consistem em sinis- fuga, da localização de saídas e da sinalização
para evacuação dos ambientes e edifícios.
tros em edifícios, como depósitos, hospitais, hotéis, esco-
• A prevenção de circulação vertical (escadas e
las e edifícios públicos. A maior ocorrência de incêndios
elevadores) devidamente projetada para pre-
aconteceu, segundo o Instituto, em edificações comer- venção, proteção e combate a incêndio. No
ciais, como lojas, shopping centers e supermercados. caso de edificações verticais altas, é necessá-
As maiores ocorrências de incêndios acontecem rio prever elevadores de emergência alimen-
nas edificações, tanto nas de pequeno porte quanto tados por circuito próprio.
nas de grande porte. Comumente, o início desses in- • A prevenção de todos os sistemas contra incên-
cêndios é causado por vazamento de gás de bujões dio adequados às necessidades de cada edifica-
com explosões, curto circuito em instalações elétricas ção, tais como: sistema de detecção e alarme de
incêndio, sistema de chuveiros automáticos de
por excesso de carga, manuseio de explosivos e ou-
extinção de incêndio (sprinklers) e equipamen-
tros produtos perigosos em locais não adequados, es-
tos manuais para combate a incêndio.
quecimento de ferro de passar roupa, fogões, eletro-
• A prevenção de iluminação de emergência.
domésticos ligados, entre outros (SEITO et al, 2008).
• O dimensionamento e o controle dos locais,
Esses dados possibilitam dimensionar a impor- equipamentos, materiais e instalações com
tância do reconhecimento de projetar e executar maiores riscos de incêndio, bem como con-
edificações preparadas para a prevenção e combate trole das fontes de ignição.
de incêndio, objetivando assegurar ao máximo a sal- • A prevenção de acesso livre ao Corpo de
vaguarda de pessoas e bens patrimoniais. Bombeiros.

97
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Na elaboração correta do projeto de prevenção Classe B: fogo em inflamáveis que queimam so-
e combate a incêndio, o profissional deve adotar a mente em sua superfície, não deixando resíduos,
lei municipal ou a lei estadual, que regulamenta o como óleos, graxas, vernizes, tintas, gasolina,
assunto no local onde a edificação será executada. querosene, solventes, borracha, óleos vegetais e
Todo projeto que requer esse tipo de instalação de- animais.
verá ser aprovado pelo órgão competente do Corpo
de Bombeiros. Classe C: fogo em equipamentos elétricos ener-
Para o dimensionamento e detalhamento do gizados (motores, geradores, transformadores,
projeto de instalações prediais de prevenção e com- reatores, aparelhos de ar-condicionado, televiso-
bate a incêndio, as normas da ABNT devem ser se- res, rádios, quadros de distribuição etc).
guidas.
Classe D: fogo em metais piróforos e suas ligas
Fogo e incêndio: fundamentos (magnésio, sódio, potássio, alumínio, zircônio,
Segundo a NBR 13860 (ABNT, 1997), o fogo é o titânio e outros). Inflamam-se em contato com o
processo de combustão caracterizado pela emissão ar ou produzem centelhas e até explosões quan-
de calor e luz. Para que isso ocorra, é necessário a do pulverizados e atritados.
coexistência de quatro componentes: o combustível,
o comburente (no caso, o oxigênio) o calor e a rea- MÉTODOS E EQUIPAMENTOS UTILIZA-
ção em cadeia. DOS NA EXTINÇÃO DE INCÊNDIO
A NBR 13860 (ABNT, 1997) define o incêndio Para a extinção de incêndio, o método mais utiliza-
como o fogo fora de controle. do é o resfriamento e o agente extintor mais empre-
A ocorrência de incêndio origina o calor, a fu- gado é a água. A água pode ser utilizada no combate
maça e a chama, que são produtos da combustão. Es- a incêndios em forma de jato ou pulverizada.
ses produtos originam o funcionamento dos meios Como os incêndios são de classes diferentes,
e sistemas de combate a incêndio que atuam pela outros agentes extintores são utilizados para seu
inibição de um ou mais dos componentes do fogo. aniquilamento, como a espuma, o CO2 (dióxido de
A classificação dos incêndios é realizada confor- carbono) e o pó químico.
me os materiais nele envolvidos e pelo modo como
eles se encontram e estão dispostos nos ambientes. Sistema de detecção e alarme de incêndio
Segundo Macintyre (1990), são quatro as classes de Esses sistemas constituem os meios de aviso e alerta de
incêndio, definidas a seguir. incêndio, correspondendo ao sistema manual de alarme
contra incêndio e ao de detecção automática de fogo e
Classe A: fogo em materiais comuns de fácil fumaça. São compostos por uma central de alarme que
combustão, com a propriedade de queimarem tem o objetivo de coletar as informações dos detectores
em sua superfície e profundidade, deixando resí- e acionar os sinalizadores (sonoros, visuais ou mistos).
duos. É o caso da madeira, tecidos, lixo comum, Os detectores têm a função de avaliar as condições do
papel, fibras, forragem etc. ambiente e detectar a presença de incêndio.

98
DESIGN

O objetivo principal desse sistema é promover


uma descarga automática de água capaz de conter
e controlar focos iniciais de incêndio, contribuindo
com o processo de evacuação do local e chegada do
corpo de bombeiros.
Para que o sistema funcione corretamente, o seu
dimensionamento deve compreender toda a área que
se quer proteger, bem como não exceder a área de
abrangência de cada sprinkler. O dimensionamento
das tubulações hidráulicas que abastecem o sistema
deve ser calculado conforme o risco avaliado.
Figura 16 - Detector de fumaça A NBR 6125 (ABNT, 1992) - Chuveiros au-
tomáticos para extinção de incêndio: métodos de
Os acionadores manuais do sistema permitem a ensaio - e a NBR 6135 (ABNT, 1992) - Chuveiros
uma pessoa indicar a ocorrência de incêndio ma- automáticos para extinção de incêndio: especifica-
nualmente, sendo que a partir do acionamento do ções - regulamentam os métodos para a execução
sistema é possível evacuar a edificação. dos ensaios previstos e necessários ao sistema, bem
como as condições técnicas mínimas que os chuvei-
ros automáticos devem satisfazer para a extinção de
incêndio. As empresas fornecedoras de sistemas de
chuveiro automático devem ser certificadas e estar
em conformidade com as normas da ABNT citadas.
A seguir, figura mostrando um sprinkler e a tu-
bulação correspondente.
Figura 18 - Sprinkler
e tubulação

Figura 17 - Alarme manual

O sistema de sprinklers
Sistema de chuveiros automáticos de extinção pode ser localizado junto
de incêndio (sprinklers) ao sistema de detectores de
O sistema de chuveiros automáticos é um dos mais fumaça, compondo um
adequados sistemas de combate a incêndio, desde sistema mais completo
que projetado de maneira apropriada, com avalia- de combate a incêndios,
ção exata dos riscos para a adoção dos equipamen- conforme mostrado na fi-
tos corretos (tipo de sprinkler). gura a seguir.

99
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 19 - Forro com sprinklers e detectores de fumaça

EQUIPAMENTOS MANUAIS
PARA COMBATE A INCÊNDIO
Nas áreas urbanas e por força de lei, as edificações,
com exceção das residências unifamiliares, devem
possuir equipamentos manuais para o combate e
extinção de focos iniciais de incêndio. A instalação
desses equipamentos deve seguir rigorosamente as
normas estabelecidas quanto à sua localização, utili-
zação e manutenção.

Extintores
Os extintores são equipamentos de uso manual
e imediato, confeccionados em metal. Podem
ser de dois tipos: portáteis e sobre rodas. Os
extintores sobre rodas, geralmente, possuem
maior volume de agente extintor, o que aumenta Figura 20 -
a sua capacidade de anulação de focos de incêndio. Extintor sobre rodas

100
DESIGN

Os extintores devem ser posicionados em locais vi-


síveis, protegidos das intempéries e devidamente si-
nalizados.
A alça de manuseio de extintores portáteis não
deve ultrapassar 1,60m do piso acabado. O local de
fixação desse tipo de extintor deve ser resistente a
três vezes a massa total do extintor.
A instalação de extintores é regulamentada pela
NBR 12693 (ABNT, 1993) - Sistemas de proteção
por extintores de incêndio.
Ambos extintores podem ser divididos em cin-
co tipos, de acordo com o agente extintor, sendo
utilizados para incêndios de diferentes naturezas.
Os tipos de extintores podem ser de água pressu-
rizada, de gás carbônico (dióxido de carbono), de
pó químico, de espuma mecânica e os chamados
extintores classe K. Figura 21 - Extintor portátil de CO2

Hidrantes e mangotinhos
Os hidrantes são terminais hidráulicos que com- O cálculo da distância a percorrer até os extintores e
põem o sistema ativo contra fogo. A utilização do hidrantes, bem como da área (m²) de capacidade ex-
sistema de hidrantes é necessária quando outros tintora desses equipamentos, depende da avaliação
meios de combate ao fogo, como o uso de extintores, do risco a incêndio dos locais e da sua classificação.
tornam-se ineficientes. Portanto, a localização e a quantidade de extintores
A rede de hidrantes é composta pelo reservatório e hidrantes no projeto e edificação deverão ser me-
de água (reserva de incêndio) e instalação hidráulica diadas pela consulta às respectivas normas da ABNT
independente da rede normal. Caso seja necessário, e normas do Corpo de Bombeiros.
à rede de hidrantes pode ser somado um sistema de Os hidrantes podem ser internos e externos à
pressurização para manutenção da pressão e vazão edificação. O hidrante de solo ou urbano e o hidran-
adequadas da água. Quando aparente, a canalização te de recalque são dispositivos externos usados so-
deve ser pintada de vermelho. mente pelo corpo de bombeiros.

101
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Os mangotinhos são mangueiras semirrígidas com


esguichos reguláveis, também acondicionadas em
uma caixa de proteção instalada na parede. O di-
mensionamento e a localização de mangotinhos são
realizados da mesma maneira que para os hidrantes.

Figura 22 - Hidrante de solo ou urbano/uso externo

Para uso interno nas edificações, são, normalmente,


usados os hidrantes de parede, constituídos, entre ou-
tros acessórios, de mangueira de incêndio, chave de
mangueira e esguicho regulável dentro de uma caixa
de proteção, como apresentado na figura a seguir.
Figura 24 - Mangotinho, extintor e sinalização de incêndio

Mangueiras de Incêndio
As mangueiras de incêndio são constituídas por
duto flexível, contendo dispositivos nas ex-
tremidades que permitem sua cone-
xão com outros equipamentos.
As mangueiras são
classificadas em cinco
tipos, de acordo com
a máxima pressão de
água permitida, a resis-
Figura 23 - tência à abrasão e a superfí-
Hidrante de
parede - uso
cies quentes, bem como ao tipo
Figura 25 - Mangueira
interno. de edificação e atividade. de incêndio

102
DESIGN

Figura 26 - Saída de
emergência, porta cor-
ta fogo e sinalização

Saídas de Emergência, rampas e escadas


As saídas de emergência são regulamentadas pela rida. Para tais cálculos se faz necessário o uso das
NBR 9077 (ABNT, 2001) que tem como objetivo fi- tabelas expostas na NBR 9077 (ABNT, 2001). Igual-
xar as condições exigidas para que a população de mente, deve ser consultada a legislação do Corpo de
uma edificação possa abandoná-la em situações de Bombeiros estadual que abriga a edificação.
risco, além de permitir o acesso fácil pelo corpo de Para nosso estudo, cabe ressaltar alguns parâme-
bombeiros. Portanto, além das saídas, a norma con- tros para as saídas de emergência.
sidera as rampas, as escadas e os acessos que serão 1. As larguras mínimas a serem adotadas para
usados como rotas de fuga. dimensionamento de saídas são: 1,10m para
A NBR 9077 (ABNT, 2001) considera para cál- as ocupações em geral e 2,20m para passa-
culo da quantidade e dimensionamento adequado gem de macas, camas e outros em ocupações
de serviços de saúde e institucionais.
de saídas todas as saídas comuns de uma edifica-
2. Todas as saídas de emergência devem abrir
ção, bem como aquelas projetadas com a função de
para fora no sentido do fluxo das pessoas e
emergência (quando exigidas). das rotas de saída, não podendo ser obstru-
Além disso, para o cálculo correto é importante ídas por nenhum elemento. Além disso, de-
dimensionar a população ocupante da edificação, a vem ser dotadas de barra que permita a aber-
largura das saídas e a distância máxima a ser percor- tura fácil e rápida.

103
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 27 - Porta
de emergência com
barra antipânico

Para as rampas e escadas, cabe ressaltar os parâme- 6. Os degraus de uma escada devem ter altura
tros a seguir. (h) entre 16cm e 18cm, com tolerância de
5cm, e ter largura (b) dimensionada pela fór-
1. As declividades máximas das rampas variam mula de Blondel: 63 < (2h +b) < 64 (medidas
entre 10% a 12,5% de acordo com o tipo de em cm).
edificação. 7. Os parâmetros de uso de patamares em esca-
2. As rampas não podem terminar em degraus das são iguais que para as rampas. Não po-
ou soleiras. Quando há necessidade de pata- dem existir lances de escada com menos de
mares entre os lances de rampa, eles devem três degraus.
ter no mínimo 1,10 de comprimento. 8. Igual para rampas, as escadas devem possuir
3. Os patamares de rampas são necessários corrimão, guarda-corpo, piso antiderrapante ou
quando há mudança de direção ou quando a elementos antiderrapantes e sinalização.
altura a ser vencida pelo lance de rampa for 9. As escadas podem ser enclausuradas ou não.
maior que 3,70 metros. Quando enclausuradas, devem ser comparti-
4. Não é permitido a colocação de portas em mentadas, construídas com materiais incom-
rampas. As portas somente poderão dar aces- bustíveis e possuir porta corta fogo. Quando
so às rampas em pisos em nível. não enclausuradas, devem ser construídas
5. Ainda, as rampas devem ter piso antiderra- com materiais incombustíveis, cuja resistên-
pante, ser dotadas de corrimão, guarda-cor- cia ao fogo, em termos de tempo, seja de, no
po e sinalização. mínimo, duas horas.

104
DESIGN

SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO
DE EMERGÊNCIA
A sinalização de emergência é regulamentada fun- Toda sinalização de emergência utiliza padrões de sím-
damentalmente pelas NBR 13434/1995 (Sinalização bolos gráficos, mensagens escritas e cores, produzindo
de segurança contra incêndio e pânico – Formas, di- uma linguagem clara e de fácil entendimento. Divide-se
mensões e cores – Padronização); NBR 13435/1995 em dois grupos: a sinalização básica e a complementar.
(Sinalização de segurança contra incêndio e pâni- A sinalização básica agrupa quatro categorias de
co – Procedimento); e NBR 13437/1995 (Símbolos mensagens, as quais se constituem na sinalização mí-
gráficos para sinalização contra incêndio e pânico nima de uma edificação. Ela é representada pela sina-
– Simbologia). lização de proibição, alerta, orientação e salvamento e
Os objetivos da sinalização e iluminação de emer- equipamentos. Cada categoria de sinalização corres-
gência são alertar e orientar na adoção de condutas ponde a uma formatação padrão de placa com rela-
e medidas apropriadas para os riscos existentes, bem ção à forma, ao tipo de fundo e ao pictograma.
como orientar os usuários com relação a localização e A seguir, apresentamos o Quadro 1, com exem-
manuseio de equipamentos e rotas de fuga. plos de sinalização básica.

Simbologia Significado Formatação padrão

Forma: circular
Fundo: branco
Sinalização Proibido utilizar elevador Pictograma: preto
de proibição em caso de incêndio. Faixa circular e barra diame-
tral: vermelha.

Forma: triangular
Sinalização Fundo: amarelo
Cuidado: risco de incêndio. Pictograma: preto
de Alerta
Faixa triangular: preta.

Forma: retangular
Saídas de emergência: indicação Fundo: verde
Sinalização de Orien- do sentido da saída e escada Pictograma: fotoluminescente
tação e Salvamento (pictogramas variados). (cor de contraste).

Sinalização de Forma: quadrada


Placas com diferentes pictogra-
Equipamentos de Fundo: vermelho
mas sinalizando equipamentos
Combate a Incêndio Pictograma: fotoluminescente
de combate a incêndio.
e Alarme (cor de contraste).

Quadro 1 - Simbologia para Sinalização Básica - exemplos


Fonte: adaptado de Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (INSTRUÇÃO…, 2011, on-line)3.

105
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Já a sinalização complementar é composta por talações de maquinários, entre outros) e identifi-


faixas coloridas e mensagens complementares cação do sistema hidráulico de incêndio quando
à sinalização básica. Essa sinalização é indicati- aparente.
va das rotas de saída, obstáculos, demarcação de A seguir, o Quadro 2 apresenta exemplos de
áreas (equipamentos de combate a incêndio, ins- símbolos para sinalização complementar.

Símbolo Significado Formatação Padrão

Mensagens Forma: quadrada ou retangular


PORTA CORTA-FOGO escritas
mantenha fechada
Fundo: verde
(desenho da autora) Mensagem informativa Mensagem escrita: fotoluminescente
(cor de contraste)

Forma: quadrada ou retangular


Indicação continuada de ro- Fundo: verde
Pictogramas tas de fuga (setas em todas Pictograma: fotoluminescente (cor
as direções) de contraste)

Sinalização indicativa Indicação de obstáculo Forma: retangular


de Obstáculos em ambiente interno ou Fundo: amarelo ou fotoluminescente
(desenho da autora) externo possui sistema de Listras pretas ou vermelhas.
iluminação de emergência.

Quadro 2 - Simbologia para Sinalização Complementar - exemplos


Fonte: adaptado de Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (INSTRUÇÃO…, 2011, on-line)3.

106
DESIGN

107
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Materiais
em Instalações
Hidrossanitária
Atualmente, no mercado existem diversos materiais tubos e conexões em policloreto de vinila (PVC),
para atender aos diferentes projetos de instalações sendo frequentemente usado em residências. O
hidráulicas. A escolha do tipo de material depende mercado dispõe de duas linhas de produtos em
da necessidade, das características do projeto, da PVC: o PVC soldável e o PVC roscável. O primeiro
disponibilidade de materiais do mercado, bem como tem um custo menor em relação ao segundo e é de
do custo e benefício do projeto em execução. fácil aplicação, mas a manutenção de instalações
A escolha dos materiais para as instalações pre- em PVC roscável é mais simples e rápida, fazendo
diais hidráulicas deve levar em consideração algu- com que seja mais utilizado em instalações provi-
mas propriedades, tais como resistência, estanquei- sórias.
dade, durabilidade e facilidade de instalação. Assim Além disso, o PVC pode ser flexível ou rígido,
sendo, para as instalações prediais há uma variedade o qual é o mais usual em instalações de água fria,
de matérias-primas disponíveis no mercado. esgoto e águas pluviais. O PVC flexível é fabricado à
base de polietileno e frequentemente é utilizado em
PVC instalações de emergência e irrigação (ver figura a
Para instalações de água fria é usual a utilização de seguir).

108
DESIGN

Figura 28 - Tubos e conexões em PVC e tubos plásticos flexíveis

Para o PVC rígido soldável, o mercado dispõe de tu- As conexões da instalação de água quente com CPVC
bulações com diâmetro entre 20mm e 100mm e para podem ser feitas por juntas soldadas a frio (com ade-
o PVC rígido roscável os diâmetros variam entre ½” sivo), uso mais frequente, ou por roscas metálicas
e 4”. (macho ou fêmea) disponíveis para as ligações com
Algumas das vantagens do PVC são: baixo custo os aquecedores, registros e torneiras da instalação.
e peso, baixa condutividade elétrica e térmica, boa Os tubos de CPVC são fabricados nos seguintes
resistência química (não enferruja, por exemplo), diâmetros: 15mm, 22mm, 28mm, 34mm, 43mm, e
facilidade de instalação e manutenção. O PVC não 52mm, ou seja, entre ½” e 2”.
deve ser usado para instalações de água quente, pois Uma das maiores vantagens do CPVC é sua bai-
tem baixa resistência a temperaturas altas (em espe- xa condutividade térmica, não exigindo aplicação de
cial acima de 60°C). isolantes térmicos em sua instalação. Além disso, o
material é resistente à corrosão e, por possuir um in-
CPVC terior liso, não acumula detritos e ameniza as perdas
O policloreto de vinila clorado (CPVC) é um PVC de carga na tubulação.
com maior adição de cloro em sua composição, sen-
do mais resistente a temperaturas elevadas, por isso PPR
é frequentemente utilizado em instalações de água O polipropileno copolímero random tipo 3 (PPR) é in-
quente, cuja temperatura não sobrepasse os 70°C. dicado para instalações de água quente até a temperatu-
Suas outras características são similares às do PVC, ra de 70°C, mas a tubulação suporta picos de até 95°C, o
podendo ser usado, também, para água fria. que contribui em caso de problemas com o aquecedor.

109
INSTALAÇÕES PREDIAIS

A diferença significativa desse material em rela-


ção ao PVC e ao CPVC é a forma de junção de tubos
e conexões, que são unidos por termofusão a uma
temperatura de 260°C. Esse procedimento permite
que as peças, quando instaladas, sejam fundidas,
formando tubulações contínuas e dispensando co-
las e roscas. A termofusão é feita em obra por meio
de um equipamento denominado termofusor, como
mostra a figura a seguir.

Figura 29 - Termofusor, conexões e fundição de tubulação em PPR

PEX
O sistema é composto por tubos de polietileno re- requer a construção de um shaft para a passagem
ticulado (PEX), cuja característica principal é a das tubulações e colocação do manifold. O PEX é
flexibilidade. Pode ser utilizado nas instalações hi- frequentemente usado para construções de paredes
dráulicas prediais de água fria e quente, suportando em dry wall.
temperaturas entre 90°C e 100°C. Assim, como em
instalações elétricas, o PEX é instalado
dentro de um condutor.
O sistema PEX requer um distri-
buidor, geralmente em cobre ou la-
tão, chamado manifold, que distribui
a água vinda de um ramal ou coluna
tradicionais para tubos de diâmetro
menor. A instalação de água em PEX

110
DESIGN

Figura 30 - Tubulação e conexões em PEX e manifold e instalação residencial

COBRE
As tubulações de cobre têm sido historicamente uti-
lizadas nas instalações de água quente. Em algumas
situações, como instalação de aquecedores de pas-
sagem e instalação de vapor em hospitais e lavan-
derias, o uso de tubulações de cobre para condução
da água quente é obrigatória. Tal obrigatoriedade
se deve ao fato de o cobre ter boa resistência a altas
temperaturas. O cobre também é utilizado nas insta-
lações prediais de gás.
As tubulações e conexões de cobre são comer-
cializadas em três classes: classe E, que é indicada
para instalações hidráulicas prediais; classe A, uti-
lizada nas instalações de gás; e por último classe I:
instalações de alta pressão (instalações industriais).
As vantagens do uso do cobre em tubos e cone-
xões são a longa vida útil do material, a resistência
a altas temperaturas (suporta temperaturas superio-
res a 100°C) e boa resistência mecânica a pressão.
No entanto, o cobre tem alto custo e exige mão de
Figura 31 -
obra especializada. Em algumas situações, exige iso-
Tubos e conexões
lamento térmico e atenção à corrosão. em cobre

111
INSTALAÇÕES PREDIAIS

AÇO GALVANIZADO (METAL RÍGIDO)


As tubulações de aço galvanizado são produzidas
em aço e revestidas de zinco com o objetivo de pro-
tegê-las contra a corrosão. A utilização desse mate-
rial é mais comum em tubulações de instalações hi-
dráulicas e sanitárias, como estações de tratamento
de água e esgoto e na indústria. É também um mate-
rial muito usado nas instalações de águas pluviais na
forma de chapas.
De maneira geral, as tubulações de aço galvani-
zado são destinadas à condução de água, gás, vapor,
entre outros fluídos não corrosivos. Esse material foi
muito usado em instalações prediais, residenciais e
outras até o final do século XIX, sendo primeira-
mente substituído pelo cobre e posteriormente pelas
tubulações de plástico.
Assim como o cobre, esse material tem alta du-
rabilidade e excelente resistência a altas temperatu-
ras. Devem ser evitadas a soldagem e a curvatura
desse material para que o mesmo escape de danos à
galvanização.

Figura 32 - Tubos e conexões e instalação industrial em aço galvanizado

112
DESIGN

113
considerações finais

Prezado(a) aluno(a), com relação à instalação predial de esgoto, é importante sa-


lientar a importância de realizar um projeto e uma execução adequados, visando
à separação dos sistemas de águas potáveis e pluviais.
Aprendemos que, nas edificações, o esgoto é dividido em primário e secun-
dário e a passagem entre os dois se dá por meio de desconectores. Destacamos,
também, o papel dos desconectores, uma vez que impedem a entrada de peque-
nos animais e o retorno de gases para o interior dos ambientes.
Com relação às águas pluviais, vale salientar a importância de sua adequada
coleta, condução e drenagem, visando à diminuição dos transtornos nas edifica-
ções e no espaço urbano. Quanto ao reuso das águas pluviais, cabe destacar que
esse tipo de água deve ser utilizado somente para atividades que não requerem
altos índices de potabilidade, devendo ser tratada para evitar o surgimento de
doenças nos usuários.
Para a instalação de prevenção e combate a incêndio, é possível concluir que,
devido à importância desse assunto, vale ser atencioso tanto com a legislação per-
tinente quanto com a instalação correta dos equipamentos, consultando o Corpo
de Bombeiros quando o projeto requerer.
Quanto aos materiais utilizados nas tubulações, conexões e peças das dife-
rentes instalações prediais, é importante ressaltarmos que seus usos devem ser
ajustado às características e aos objetivos de cada instalação predial.
Finalmente, ressaltamos a importância de conhecer as instalações prediais,
abordadas nesta unidade, com foco na manutenção da saúde, do conforto e da
salvaguarda dos usuários, compreendendo a responsabilidade profissional no
atendimento às necessidades humanas.

114
atividades de estudo

1. Com relação às partes constituintes de uma instalação predial de esgoto, leia as


afirmações a seguir:
I. As caixas de gordura são caixas retentoras e têm a função de reter gorduras, graxas
e óleos que podem obstruir as canalizações do esgoto.
II. Os desconectores têm a função de separar o esgoto secundário do esgoto primário.
Essa função é feita por meio do fecho hídrico.
III. A limpeza dos dejetos sanitários pode ser feita de duas maneiras: por sifonagem ou
por arraste. As bacias sanitárias que utilizam a sifonagem podem ser suspensas.
IV. Os ralos secos não possuem fecho hídrico e são utilizados em boxes de banheiros
e sacadas.

Podemos afirmar que:


a. Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b. Somente as afirmativas III e IV estão corretas e a afirmativa III está incorreta.
c. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
d. Somente as afirmativas I e II estão corretas e a afirmativa IV está incorreta.
e. Todas as afirmativas estão corretas.

2. Com relação à instalação predial de águas pluviais, assinale a alternativa correta.


a. A legislação pertinente às águas pluviais é a NBR 10844 (ABNT, 1990).
b. Intensidade pluviométrica pode ser definida como o intervalo de tempo de referên-
cia para a determinação de intensidades pluviométricas.
c. As calhas podem ser de três tipos: calha de beiral, calha de platibanda e calha de
água-furtada.
d. A inclinação das calhas de beiral e de platibanda deve ser uniforme e ter 5% de in-
clinação.
e. Os condutores somente podem ser internos ao edifício, instalados nas paredes de
vedação, shafts ou em estruturas pré-moldadas.

3. Devido à importância de projetar e executar instalações de prevenção e combate a


incêndio nas edificações, considere as afirmações a seguir.
I. É importante a prevenção de rotas de fuga, da localização de saídas e da sinalização
para evacuação dos ambientes e edifícios.
II. É importante considerar os diferentes tipos de materiais de revestimento e sua re-
sistência ao fogo, bem como a quantidade utilizada nos ambientes para controle dos
riscos de incêndio.

115
atividades de estudo

III. Todo projeto que requer esse tipo de instalação deverá ser aprovado pelo órgão
competente do Corpo de Bombeiros.
IV. Os incêndios podem ser classificados em classe A, B, C e D. Essa classificação consi-
dera somente os materiais neles envolvidos.

Podemos afirmar que:


a. Todas as afirmativas estão corretas.
b. As afirmativas I e II estão corretas e as afirmativas III e IV estão incorretas.
c. As afirmativas I, II e IV estão corretas e a afirmativa III está incorreta.
d. As afirmativas I, II e III estão corretas e a afirmativa IV está incorreta.
e. Somente as afirmativas I e III estão corretas.

4. Considerando os equipamentos utilizados na extinção de incêndio, assinale a alter-


nativa correta.
a. Os sistemas de detecção e alarme de incêndio constituem os meios de aviso e alerta
de incêndio.
b. Hidrantes e mangotinhos são considerados equipamentos do sistema de proteção
passiva contra incêndio.
c. O sistema de chuveiros automáticos (sprinklers) não é utilizado no Brasil.
d. Os tipos de extintores existentes são de água pressurizada e de gás carbônico.
e. As larguras mínimas a serem adotadas para dimensionamento de saídas de emer-
gência são as de 1,10m para as ocupações em geral e 1,50m para passagem de ma-
cas, camas e outros em ocupações de serviços de saúde e institucionais.

5. Os materiais utilizados nas tubulações e conexões das instalações prediais são varia-
dos e usados conforme as características de cada instalação. Dentre esses materiais,
o PEX é um material flexível com utilização variada (água fria e quente e instalações
elétricas).

Faça uma pesquisa sobre a utilização do PEX nos sistemas para aquecimento de am-
bientes residenciais e do PEX nos sistemas de água fria e água quente em banheiros
residenciais, abordando características e propriedades do material e sua instalação.

116
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o excerto do artigo a seguir, que aborda o conceito de águas residuárias e os benefícios
de sua reciclagem e reuso.

A reciclagem e o reúso da água


As águas chamadas residuárias são aquelas resultantes do descarte em esgoto, efluen-
tes líquidos das edificações e indústrias, apresentando enorme possibilidade de recicla-
gem e reutilização em vários processos.
A reutilização de água ou o uso de águas residuárias não é um conceito novo e tem
sido praticado em todo o mundo há muitos anos. Existem relatos de sua prática na
Grécia Antiga, com a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, a
demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um tema atual e
de grande importância (CETESB, 2010 apud CUNHA, 2011). Para CUNHA (p. 1234, 2011),
fazer reuso de água trata-se da implantação de uma pequena estação de tratamento
de água de uso ‘nobre’ (banho e pias) para reutilização em fins ‘menos nobres’, como
descargas, lavagens de piso e outros.
No entanto, segundo a Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, do Conselho Na-
cional de Recursos Hídricos (CNRH), o reuso de água constitui-se em prática de racio-
nalização e de conservação de recursos hídricos, conforme princípios estabelecidos na
Agenda 21. Tal prática reduz a descarga de poluentes em corpos receptores, conser-
vando os recursos hídricos para o abastecimento público e outros usos mais exigentes
quanto à qualidade; reduz os custos associados à poluição e contribui para a proteção
do meio ambiente e da saúde pública (CUNHA, 2011).
Para Cunha (p. 1228, 2011), um dos principais marcos de que a água deve ser geren-
ciada é a criação da Lei Federal 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recur-
sos Hídricos. Segundo o artigo 1º, a água é um bem de domínio público; a água é um
recurso natural limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso
prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;
a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; a
bacia hidrográfica e a unidade territorial para implantação da Política Nacional de Re-
cursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades.

117
LEITURA
COMPLEMENTAR

Benefícios da reutilização de águas residuárias


Para Cunha (2011 apud HESPANHOL 1999), o planejamento, a implantação e a ope-
ração corretos de reúso trazem uma série de melhorias: minimização da descarga de
esgoto nos corpos hídricos; recursos subterrâneos; aumento da resistência à erosão;
aumento da produção de alimentos (irrigação agrícola), elevando os níveis de saúde,
qualidade de vida e de condições sociais.
Com a reciclagem e o reuso das águas residuárias, tem-se vários benefícios, dentre eles
pode-se destacar os benefícios ambientais, sociais e econômicos, conforme detalhado
a seguir.
Como benefícios ambientais tem-se a redução do lançamento de efluentes nos rios e
mares, o que permite obter-se água de melhor qualidade. Há acréscimo da disponi-
bilidade de água para uso em setores mais necessitados (hospitais e abastecimento
público, por exemplo).
Os benefícios sociais englobam o aumento na oportunidade de negócios na cadeia pro-
dutiva, incluindo maior número de empregos diretos e indiretos disponíveis, além da
melhor imagem repassada para o restante da sociedade, no que tange a aplicação do
desenvolvimento sustentável.
A concordância com legislação ambiental (proteção ao meio ambiente), modificação
dos padrões de consumo e produção (inclusive diminuição dos custos de produção)
são alguns dos benefícios econômicos.

Fonte: Silva e Santana (2014, p. 1-3).

118
DESIGN

Manual do Arquiteto Descalço


Johan Van Lengen
Editora: Empório do Livro
Ano: 2014
Sinopse: nesse livro o autor discorre sobre conceitos e práticas
que podem ser aplicados às habitações a partir da exposição
de variadas técnicas e exemplos construtivos. Assim, o autor,
ao longo do livro, expõe alternativas aos desafios construtivos,
a partir de conceitos da bioarquitetura, ecoeficiência e da sustentabilidade. Vale destacar os
capítulos dedicados à energia, à água e ao saneamento, que, além dos conceitos expostos,
trazem técnicas para captação de energia solar, reuso de águas, drenagem e biodigestores.

O Volume 6 é uma edição especial sobre Sistemas Prediais da Revista Ambiente Construído,
revista on-line da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC) que
apresenta uma série de artigos relevantes sobre a conservação de água em edifícios e sua uti-
lização, bem como sobre esgoto sanitário.
Outros volumes dessa revista também trazem artigos importantes sobre o tema e as tecnolo-
gias empregadas. Exemplo disso é o Volume 13, com o artigo “Viabilidade técnica de implan-
tação de sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis em Universidade”.
Para saber mais, acesse o link disponivel em:
<http://seer.ufrgs.br/index.php/ambienteconstruido/issue/view/286>

119
referências

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6125: Chuveiros auto-


máticos para extinção de incêndio – métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT,
1992.
______. NBR 6135: Chuveiros automáticos para extinção de incêndio – especifi-
cações. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
______. NBR: 8160 (Código secundário: ABNT/NB 19): Sistemas prediais de
esgoto sanitário – projeto e execução. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.
______. NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro: ABNT,
2001.
______. NBR 10844: Instalações prediais de águas pluviais. Rio de Janeiro:
ABNT, 1989.
______. NBR 12693: Sistemas de proteção por extintores de incêndio. Rio de
Janeiro: ABNT, 1993.
______. NBR 13434: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – For-
mas, dimensões e cores – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
______. NBR 13435: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Proce-
dimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
______. NBR 13437: Símbolos gráficos para sinalização contra incêndio e pânico
– Simbologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
______. NBR 13714: Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a
incêndio. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
______. NBR 13860: Glossário de termos relacionados com a segurança contra
incêndio. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
______. NBR 14276: Programa de brigada de incêndio. Rio de Janeiro: ABNT,
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______. NBR 15527: Água de chuva- aproveitamento de coberturas em áreas
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CARVALHO JÚNIOR, R. de. Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura.
7. ed. São Paulo: Blucher, 2013.
CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos
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Paulo: Canal Hidráulica, s/d.
MACINTYRE, A. J. Manual de Instalações Hidráulicas e Sanitárias. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan S.A., 1990.

120
referências

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nistério do Trabalho, 1978.
SEITO, A. I.; et al. A Segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto
Editora, 2008.
SILVA, M. A. da; SANTANA, C. G. de. Reuso de Água: possibilidades de redu-
ção do desperdício nas atividades domésticas. Revista do CEDS - Periódico do
Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB. São Luís, n. 1,
ago./dez. 2014.

Referências On-line
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-chuva.htm>. Acesso em: 05 set. 2016.
2
Em: <http://www.sprinklerbrasil.org.br/instituto-sprinkler-brasil/estatisticas/
estatisticas-2015-anual-2/>. Acesso em: 15 set. 2016.
3
Em: <http://www.cbm.pi.gov.br/download/201404/CBM16_e8d5685c70.pdf>.
Acesso em: 15 set. 2016.

GABARITO
UNIDADE III
1. C.
2. C.
3. D.
4. A.
5. O(a) aluno(a) deve primeiro conceituar o material, buscando mostrar suas caracte-
rísticas, sua função e formas de utilização. É necessário discorrer sobre o uso dos
sistemas para água fria e quente em banheiros, buscando exemplos que mostrem
como se faz a instalação. O mesmo deve ser feito para o sistema de aquecimento
residencial.

121
INSTALAÇÕES
PREDIAIS ELÉTRICAS

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Esp. Marlisia Rocha Lima
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Instalações Prediais Elétricas
• Componentes das instalações prediais elétricas em baixa tensão
• A interface dos componentes das instalações elétricas com o projeto
arquitetônico
• A interface dos componentes das instalações prediais elétricas com os
sistemas construtivos
• O projeto das instalações prediais elétricas e o projeto arquitetônico

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as instalações prediais elétricas.
• Apresentar os componentes de uma instalação predial elétrica em baixa
tensão, abordando a função de cada um.
• Conhecer as exigências normativas quanto à previsão do número mínimo
de pontos de utilização elétricos e de iluminação.
• Identificar os diversos tipos de materiais utilizados nas instalações prediais
elétricas.
• Compreender o projeto de instalações prediais elétricas.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a)!


Nesta unidade você aprenderá alguns conceitos relacionados ao pro-
jeto e execução das instalações elétricas em baixa tensão, sempre relacio-
nados ao que observa a norma NBR 5410/2004 (Instalações Elétricas de
Baixa Tensão), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Dessa forma, a unidade será dividida em: instalações prediais elétricas;
componentes das instalações prediais elétricas em baixa tensão; a inter-
face dos componentes das instalações elétricas com o projeto arquitetô-
nico; interface dos componentes das instalações prediais elétricas com
os sistemas construtivos e o projeto das instalações prediais elétricas e
arquitetônico.
Primeiramente, estudaremos algumas grandezas fundamentais da
elétrica, que são fenômenos elétricos específicos e os mais importantes
para que possamos compreender a natureza da eletricidade ao relem-
brarmos alguns conceitos de física. Veremos, também, tipos e formas de
distribuição de energia e como ela é gerada e distribuída até chegar às
residências.
Em seguida, quantificaremos a energia que chega até nós, observan-
do o que estabelece as concessionárias locais, levando em conta a deman-
da da unidade consumidora de acordo com o levantamento prévio do
consumo de equipamentos.
A partir disso, passaremos a nomear alguns componentes das instalações elé-
tricas e a quantificá-los, sempre atendendo às regras normativas, às simbologias
próprias que farão parte do projeto elétrico e aos materiais. Com a representação
gráfica pronta, passaremos a representar nela os circuitos e os componentes já
dimensionados. Para facilitar o aprendizado, faremos exemplos utilizando essas
regras e símbolos.
Estudaremos, também, alguns métodos construtivos e conheceremos suas
particularidades com as instalações elétricas prediais, além de possíveis vanta-
gens e desvantagens desse método.
Ao final desta unidade, você, então, saberá responder as questões relaciona-
das ao projeto e execução das instalações elétricas, tais como: o que é um padrão
de entrada? Qual a quantidade mínima de pontos de iluminação e de tomadas
em um cômodo? O que são tomadas de uso geral? O que são tomadas de uso
específico? O que é um projeto elétrico?
Ótimo estudo!
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Instalações
Prediais Elétricas
É inquestionável a importância da energia elétrica GRANDEZAS ELÉTRICAS
em nossas vidas. Graças a ela, aproveitamos melhor Apesar de essencial e parte do nosso dia a dia, esta-
as horas do dia - inclusive com turnos e atividades mos tão acostumados com a eletricidade que nem a
durante a noite -, os alimentos são conservados por percebemos conscientemente. Já que se trata de algo
mais tempo - evitando, também, contaminações -, a não visível, nós a sentimos, mas não a vemos. Para
vida em locais com climas mais extremos - quente que ela exista, é necessário uma rede complexa de
ou frio -, tornou-se mais agradável e menos difícil elementos que, juntos, formam a rede elétrica.
a seus moradores, considerando a possibilidade de Para que esses elementos cumpram essa função,
aquecimento ou refrigeração, entre tantas outras. é necessário um projeto elétrico adequado, e para
Enfim, a energia elétrica é responsável por muitas que ele alcance esse objetivo é fundamental a rea-
soluções que nos oferecem qualidade de vida. lização de cálculos e dimensionamentos. Tais pro-
Porém, a instalação elétrica também pode ofere- cedimentos são embasados em conceitos básicos da
cer riscos, como os choques elétricos ou curtos cir- física, como tensão, corrente e potência elétrica, sen-
cuitos, que podem causar incêndios. Dessa maneira, do que a tensão é a força que impulsiona os elétrons
as instalações elétricas prediais precisam ser bem livres nos condutores, a corrente é o movimento or-
projetadas, calculadas e executadas, a fim de oferece- denado dos elétrons livres nos condutores e a potên-
rem apenas seus benefícios aos usuários dos espaços. cia é a intensidade de luz e calor gerada pela energia.

126
DESIGN

Entenderemos melhor todo esse sistema nos tópicos Para se tornar energia, é preciso que esses elétrons
a seguir. se movimentem de forma ordenada. Assim, faz-se
necessária uma força que os empurre e a essa força
Energia Elétrica é dado o nome de tensão elétrica, representada pela
Inicialmente, temos que saber o quanto iremos letra U, sua unidade de medida é o volt (V). A partir
consumir, ou seja, fazer o planejamento do consu- do momento em que colocamos ordem nesse mo-
mo de energia elétrica para o bom funcionamento vimento desordenado, temos a corrente elétrica, re-
do sistema. Somaremos, então, todas as potências presentada pela letra I, a sua unidade de medida é o
dos equipamentos elétricos que usamos em nossas ampère (A). Isso é, a corrente elétrica é o movimento
residências para garantir o funcionamento seguro ordenado dos elétrons no interior de um condutor
desses aparelhos, evitando o desperdício de energia elétrico.
elétrica. Mas o que é energia elétrica?
A energia pode ser definida como sendo tudo aqui-
lo que proporciona a possibilidade de se realizar uma
ação ou produzir trabalho, ou seja, qualquer item que
esteja trabalhando, movendo outro objeto ou aquecen-
do-o, por exemplo, está gastando (transferindo) energia. Tensão Elétrica

O próprio universo, com todas as suas movimentações, Figura 2 - Representação da tensão elétrica, organizando-se os elétrons e
gera forças de diferentes formas que nos darão várias transformando-os em corrente elétrica dentro de condutor elétrico

formas de energia: energia mecânica, energia elétrica,


energia térmica, energia química e energia atômica. Com a corrente elétrica formada, a partir da condu-
Vimos anteriormente que a energia é produzi- ção dos elétrons dentro do condutor elétrico, graças
da a partir da movimentação de elétrons, sendo que à propulsão da tensão elétrica, é alcançado o resul-
estes circulam por dentro dos condutores elétricos tado final, chamado de potência elétrica (P), respon-
(fios ou cabos) e, inicialmente, se movimentam de sável pelo funcionamento de todos os equipamentos
forma aleatória e desordenada. elétricos, ou seja, é o que sentimos e percebemos da
energia, por meio da luz ou do calor.
A potência elétrica é uma grandeza utilizada na
especificação dos equipamentos elétricos em geral.
Todos os aparelhos são projetados para desenvolve-
rem certa potência, portanto, quanto maior a potên-
cia, maior será o trabalho realizado por esse equipa-
mento. Mas o que isso significa?
Vimos que a tensão T organizou o movimento
dos elétrons, gerando, assim, a corrente elétrica.
Logo, quando um determinado elemento (lâmpa-
Figura 1 - Representação dos elétrons dentro de condutor elétrico da, motor, chuveiro, aquecedor etc) estiver ligado

127
INSTALAÇÕES PREDIAIS

por meio de um condutor elétrico a uma fonte Onde:


de tensão elétrica, teremos corrente elétrica e a P= potência elétrica.
lâmpada se acenderá, o motor girará, o chuveiro U= tensão elétrica.
irá aquecer a água etc. Assim, podemos concluir I= corrente elétrica.
que, para haver potência elétrica, é preciso ten- A essa potência damos o nome de potência aparente,
são elétrica, potência elétrica e também corrente que é formada por duas outras potências: a ativa e a
elétrica. reativa. A potência ativa é aquela que transforma in-
Conforme Cavalin e Servelin (1998, p. 14), ma- tensidade de luz em potência luminosa, calor em po-
tematicamente temos: tência térmica e movimento de motores em energia
mecânica. É representada pela letra P e sua unidade
P = U x I (VA) de medida é o watt (W).

Potência Ativa

Potência mecânica

Potência térmica

Potência luminosa

Quadro 1 - Potência ativa e suas potências resultantes


Fonte: as autoras.

128
DESIGN

A potência reativa é aquela que irá manter os efei- 500 VA x 1 (fator de potência para iluminação) =
tos do campo magnético necessários para o funcio- 500 VA
namento de reatores, motores e transformadores,
sendo que sua unidade de medida é o volt-ampère Isso ocorre sempre que o fator de potência for 1,
reativo (Var). o que significa que toda a potência aparente foi
No caso do dimensionamento das instalações transformada em potência ativa, sendo que essa
elétricas prediais, a potência utilizada é a aparente situação ocorre nos equipamentos que só pos-
ativa. Assim, é esta que entenderemos melhor, na suem resistência, tais como chuveiro elétrico,
sequência. torneira elétrica, lâmpadas incandescentes, fogão
elétrico etc.
Fator de Potência No caso de uma potência de tomadas de uso
A potência ativa é uma parte da potência aparente geral (TUG), com total de 5.500 VA, se queremos
que é transformada em potência luminosa, térmica e saber o valor de sua potência ativa em W é preciso
mecânica. A diferença entre as potências é chamada fazer o seguinte cálculo:
de fator de potência. Para efeito de cálculo em pro- 5.500 VA x 0,8 (fator de potência para TUG) =
jetos elétricos residenciais, utilizamos os seguintes 4.400 W[U3]
valores de conversão:
Assim, entendemos que a potência ativa trata-se de
Potência aparente = uma parcela da potência aparente, o que faz com que
Potência ativa + Potência reativa ela represente uma porcentagem da potência apa-
Potência ativa (mecânica/luminosa/térmica) = rente transformada em potência mecânica, térmica
Fator de potência x Potência aparente
ou luminosa.
Quadro 2 - Potência aparente
Fonte: Cavalin e Servelin (1998, p. 196).
Fornecimento de energia elétrica
O projeto elétrico é a representação gráfica de como
Fator de potência a energia é distribuída em nossas casas. Nas cidades,
a energia é fornecida pela concessionária local, por
Para iluminação = 1,0
um sistema público, sendo que a entrada em cada
Para tomadas de uso geral (TUG) = 0,8
moradia dá-se pelo poste individual com medidor.
Tabela 1 - Fator de potência
Mas antes de chegar até nossas residências, a energia
Fonte: Cavalin e Servelin (1998, p. 196).
percorre um longo caminho, desde a sua produção
Vamos entender melhor a partir de exemplos. Te- nas usinas geradoras de energia até a sua distribui-
mos uma potência de iluminação total de 500 VA e ção final. Dessa maneira, a energia passa por dife-
queremos saber o valor da potência ativa da mesma rentes fases até a utilização: geração (produção); dis-
em W. Fazemos: tribuição; transmissão e, por fim, utilização.

129
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 3 - Diferentes usinas geradoras de energia

Para baratear o custo do processo, a energia é


transmitida pela fiação em alta tensão, sendo que,
quando chega nas cidades, é preciso que
toda a energia passe pelas subestações
transformadoras, que têm, justamente, a
função de baixar a tensão do nível
de transmissão (muito alta) para
o nível de distribuição adequado.
Quando chega na rede pública
de distribuição, a energia elétrica encontra-
se em um nível de tensão mais adequado
para o fornecimento, mas, ainda assim, precisa passar pelos
transformadores instalados nos postes da cidade, pois estes rebaixam
ainda mais a tensão, tornando-a adequada para a distribuição para as
residências, para comércios e outros locais de consumo adequado à utilização Figura 4 - Esquema de rede
(ELECTROATIVIDADE, 2013, on-line)1. de distribuição

130
DESIGN

A construção, manutenção e operação de todo esse


sistema de distribuição é de responsabilidade das
companhias distribuidoras de eletricidade. Tal sis-
tema é protegido por um outro sistema automático
nas subestações, para casos em que seja necessário o
desligamento da rede pública.

Padrão de fornecimento de tensão


O fornecimento de energia elétrica residencial é so-
licitado à concessionária local, que estabelecerá um
limite conforme a demanda de consumo (potência
de demanda) da sua residência.
A potência de demanda ou de uso é a soma das
potências nominais de todos os aparelhos elétricos
que funcionam simultaneamente em nossas resi-
dências. Com esse cálculo, teremos o tipo de for-
necimento com que a concessionária irá atender ao
nosso projeto elétrico, sendo que a ligação pode ser
monofásica, bifásica ou trifásica.
De acordo com Carvalho Júnior (2009, p. 05-
06), cada uma dessas fases apresenta as seguintes
características de instalação e fornecimento:
a. Ligação Monofásica:
• Feita em dois fios: uma fase e um neutro.
• Tensão: 127 V. SAIBA MAIS
• Até 12000 W.
b. Ligação Bifásica:
Para calcularmos o consumo médio de ener-
• Feita em três fios: um neutro e duas fases.
gia (kWh) de um equipamento, procure a po-
• Tensão: 127 V e 220 V. tência do aparelho no manual do fabricante.
• De 12000 W até 25000 W. Em seguida, faça o cálculo da seguinte forma:
c. Ligação Trifásica: Potência do equipamento (W) x Nº de horas uti-
lizadas x Nº de dias de uso ao mês x 1.000
• Feita em quatro fios: um neutro e três fases.
• Tensão: 127 V e 220 V. Para achar o custo mensal em reais, multi-
plique o consumo médio em kWh pelo valor
• De 25000 W até 75000.
da tarifa cobrada pela concessionária local.

Esses valores são estabelecidos de acordo com a con- Fonte: as autoras.

cessionária local.

131
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Componentes
das Instalações Prediais
Elétricas em Baixa
Tensão
Para que a instalação predial seja realizada, será esses itens são de responsabilidade dos consumido-
preciso um conjunto de componentes que, juntos, res e preparados de forma a permitirem a ligação das
compõem o projeto elétrico. É importante ressaltar unidades consumidoras à rede pública, atendendo às
que esses componentes devem ser de boa qualida- especificações de norma técnica e da concessionária.
de e apresentar o selo do Inmetro, considerando o Uma vez definido o tipo de fornecimento, assim
risco que uma instalação elétrica inadequada pode como o padrão de entrada, de acordo com a norma
oferecer. A seguir, entenderemos melhor a respeito técnica, compete à concessionária fazer a sua ins-
de cada componente e sua função. peção. Estando tudo de acordo, a concessionária
Após a determinação do tipo de fornecimento, instala e liga o medidor e o ramal de serviço. Ago-
pode-se definir o padrão de entrada. Mas o que é o ra a energia estará pronta para ser usada em nossas
padrão de entrada? É o conjunto que compreende casas. Saindo do medidor e por meio do circuito de
desde o ramal de entrada, o poste com isolador de distribuição, a energia é levada até o quadro de dis-
roldana, a caixa de medição, os dispositivos de pro- tribuição (QGD) e, consequentemente, aos vários
teção até a haste de aterramento (Figura 5). Todos circuitos.

132
DESIGN

te junto à porta de entrada, para permitir acesso rá-


pido caso seja necessário desligar a energia elétrica
e o mais próximo possível do medidor. É também
conhecido como quadro de luz (QL).
No quadro de distribuição são encontrados os
disjuntores, que são dispositivos de proteção que se
desligarão caso a energia solicitada seja superior à
capacidade do circuito dimensionado. Nas instala-
ções elétricas, em geral, devemos utilizar disjuntores
termomagnéticos (DTM) e disjuntores diferenciais
residuais (DR).

Figura 5 - Padrão de entrada e distribuição de energia


Fonte: Automóveis Elétricos (2012, on-line)2.

Os cabos de energia que vêm de rua, quando che-


gam às construções, são ligados ao ponto de entrega,
que é o primeiro ponto de fixação dos condutores
do ramal de ligação em nossas casas. É o ponto até
o qual a concessionária se obriga a fornecer ener-
gia elétrica, responsabilizando-se por sua execução,
operação e manutenção. Entre a ligação elétrica da
rede pública e o quadro de medição de consumo (re-
lógio medidor), damos o nome de ramal de ligação,
sendo que a ligação desse ramal é realizada pelos Figura 6 - Quadro geral de distribuição e disjuntores
técnicos da concessionária responsável pela distri-
buição de energia. Cada disjuntor opera uma rede de energia da resi-
Após passar pelo quadro de medição, a energia é dência. Normalmente, cada cômodo é ligado a um
conduzida até as residências pelo ramal de entrada, disjuntor, mas quem determina como será essa li-
ou circuito de distribuição, sendo que a partir daqui gação é o profissional responsável pelo projeto elé-
a instalação já é de responsabilidade do proprietário trico. O conjunto de equipamentos e condutores li-
da construção. O ramal de distribuição é ligado nas gados entre o quadro medidor e o QGD é chamado
construções no quadro geral de distribuição (QGD), de circuito de distribuição, enquanto o conjunto de
que é o centro de distribuição de toda a parte elétri- equipamentos e condutores que saem do QGD e ali-
ca. Dele parte todos os circuitos que irão alimentar mentam diretamente as lâmpadas, tomadas de uso
as lâmpadas, tomadas e demais aparelhos elétricos. geral (TUG) e tomadas de uso especifico (TUE) é
Deve ficar em local de fácil acesso, preferencialmen- denominado circuito terminal.

133
INSTALAÇÕES PREDIAIS

A NBR 5410 (ABNT, 2004) define alguns parâme- PVC, ou mesmo outro material isolante. O diâme-
tros para os circuitos elétricos como forma de ga- tro do fio, chamado também de bitola, determina
rantir maior segurança nessas instalação. Assim, são a capacidade de condução, e para determinar qual
determinados os seguintes critérios: é adequada para cada instalação, é preciso saber a
• Circuitos de iluminação separados dos cir- tensão da rede, a quantidade e os tipos de equipa-
cuitos de tomadas de uso geral. mentos instalados.
• Para cada equipamento com corrente nomi- O fio é feito de um único filamento, por isso são
nal superior a 10A, um circuito independente. rígidos. Enquanto os cabos são formados por vários
• Prever circuitos exclusivos para tomadas de filamentos finos, o que lhes dá maleabilidade e faci-
uso específico, como em chuveiros, apare-
lita sua colocação dentro do eletroduto.
lhos de ar-condicionado, forno de micro-on-
das etc. Para facilitar a instalação e manutenção das re-
des elétricas, a norma NBR 5410 (ABNT, 2004) re-
Para que a energia chegue de um ponto a outro, é comenda que cada fio/condutor tenha uma cor es-
preciso que seja conduzida e essa é a função dos pecífica e, assim, seja reconhecido mais facilmente
condutores elétricos, compostos por fios e cabos. quando necessário. De acordo com a norma, cada
Usualmente, são produzidos em cobre e envoltos em um dos fios tem as seguintes funções e cores:

134
DESIGN

Condutor / Fio Terra


É um condutor ligado às hastes cravadas na terra quando realizado o padrão de
entrada. Esse condutor acompanha todos os circuitos com a função de proteger
Verde ou
os equipamentos contra sobrecargas elétricas e os usuários contra possíveis
verde-amarelo.
choques elétricos.

Condutor / Fio Neutro


Não possui tensão (0V). Não está carregado.
Azul claro

Condutor / Fio Fase


Vermelho
Onde há uma Tensão (127V ou 220V) ou DDP (diferença de potencial). Na lingua-
(ou qualquer outra cor, com
gem de obra, é o condutor que possui “carga”.
exceção de azul, verde ou verde-
-amarelo)

Condutor / Fio Retorno


Nas instalações de iluminação, é o condutor que liga o ponto de luz à tomada. Ao
acionar a tomada, fecha-se o circuito e a lâmpada acende. Preto.

Quadro 3 - Cores padrão para condutores


Fonte: adaptada de NBR 5410 (2004).

Para conduzir os fios e cabos até os pontos de toma- continuar até outras caixas, ou mesmo encerrar a li-
das, interruptores ou de iluminação, são utilizados nha de rede. As caixas de passagem são embutidas
tubos (mangueiras), sendo que estes podem ser rígi- na paredes ou lajes e nelas são acomodados inter-
dos ou flexíveis e possuem a função de proteger os ruptores, tomadas e pontos de luz. Sua instalação
condutores contra as ações mecânicas, corrosão e até pode ser embutida na parede ou, ainda, sobreposta,
mesmo incêndio - no caso de superaquecimento dos quando não é possível criar rasgos na alvenaria.
condutores. Os eletrodutos flexíveis podem ser em-
butidos na alvenaria, lajes e pisos, enquanto que os
rígidos são instalados nas lajes e pisos e podem, ou
não, ser aparentes.
Esses eletrodutos são comercializados por seu diâ-
metro nominal externo padronizado por norma, sen-
do que sua dimensão interna deve ser capaz de abrigar
e retirar, quando necessário, os condutores ou cabos.
Logo, esses cabos não podem ocupar mais do que 60%
de sua seção para não restringirem a ventilação ou
provocarem esforços no isolamento dos condutores.
Os eletrodutos levam os fios e cabos até as caixas
de passagens, onde os fios podem ser emendados, Figura 7 - Caixa de passagem externa

135
INSTALAÇÕES PREDIAIS

O espelho é a placa fixada na frente da caixa de luz,


que dá o acabamento. É nele que ficam as tomadas e
interruptores. Existem diversas variedades no mer-
cado, podendo, inclusive, ser escolhido para compor
o projeto de interiores.
As tomadas são peças que permitem a captação
da tensão alimentadora de um circuito. A maior parte
dos equipamentos de utilização é alimentada por to-
madas de corrente como, por exemplo, os aparelhos
eletrodomésticos. Essas tomadas de corrente deve-
rão atender às especificações da NBR 14136 (ABNT,
2002), sendo 2P + T, em toda a instalação elétrica.
Nas instalações elétricas, podemos considerar
dois tipos de tomadas: as de uso geral (TUG) e as
tomadas de uso específico (TUE).
As tomadas de uso geral, também conhecidas pela
sigla TUG, são aquelas que não são destinadas a equi-
pamentos específicos, ou seja, alimentam de energia
aparelhos comuns, móveis ou portáteis, como eletro-
domésticos e eletroeletrônicos. Existe uma quanti-
dade mínima dessas tomadas a serem instaladas em
uma residência, dependendo da área dos cômodos,
sendo que em ambientes como cozinha, copa, área de
serviço e banheiro existem regras específicas.

136
DESIGN

137
INSTALAÇÕES PREDIAIS

A Interface dos
Componentes das Instalações
Elétricas com Projeto
Arquitetônico
O projeto elétrico de uma construção deve ser perso- A NBR 5410 (ABNT, 2004) estabelece as condições
nalizado e estar diretamente relacionado ao projeto mínimas necessárias a serem adotadas com relação
arquitetônico, afinal, ele é um projeto complementar. à quantidade e à localização dos pontos de ilumi-
Existem orientações a serem seguidas quanto às nação e tomadas. A norma estabelece a quantidade
definições das instalações elétricas nos ambientes e mínima de tomadas e pontos de iluminação por
nas estruturas arquitetônicas. Assim, a NBR 5410 cômodo.
(ABNT, 2004) apresenta informações de componen- Conforme citado anteriormente, veremos deta-
tes das instalações elétricas e as condições mínimas lhes a seguir.
exigidas para o seu adequado dimensionamento e
a. Tomadas de Uso Geral: a quantidade míni-
funcionamento. Em seguida, faremos um compilado
ma de tomadas para uso geral será distribuí-
dessas informações. da levando em consideração o perímetro do
cômodo em que serão instaladas e de acordo
TOMADAS E ILUMINAÇÃO - PREVISÃO DE com o quadro a seguir:
CARGAS CONFORME A NBR 5410 (ABNT, 2004)

138
DESIGN

Cômodos ou depen-
Pelo menos
dências com área
uma tomada.
igual ou inferior 6m²

Pelo menos uma tomada


a cada 5m ou fração de
Cômodos ou
perímetro, instaladas em
dependências com
local adequado e espaçadas
área superior a 6m²
tão uniformemente quanto
possível.

Cozinhas, copas, Pelo menos uma tomada a


copas- cozinha, cada 3,5m ou fração de perí-
áreas de serviço, metro, sendo que acima de
lavanderias e cada pia deve ser prevista
similares. pelo menos uma tomada.

Subsolos, halls,
corredores, garagens Pelo menos uma tomada.
ou sótãos.

Pelo menos uma tomada,


junto ao lavatório, com uma
Banheiros
distância de 60cm do limite
do boxe.

Quando não instalada


diretamente no local, a sua
Varandas
instalação deve ser próxima
ao acesso desse cômodo.
Quadro 4 - Quantidade mínima de tomadas de uso geral
Fonte: adaptado de NBR 5410 (ABNT, 2004).

b. Tomadas de Uso Específico: são destinadas


ao uso de equipamentos fixos e estacionários,
como é o caso de chuveiros, torneiras elétri-
cas, secadoras, ar-condicionado etc. São ins-
taladas de acordo com a necessidade desses
aparelhos no respectivo cômodo.

Essas tomadas, como se destinam a um equipamen-


to em específico, devem ser instaladas, no máximo,
a 1,5m do local previsto para o funcionamento do
aparelho a ser alimentado. Para a sua representação
no projeto elétrico, além da simbologia própria, de-
vemos, também, especificar a sua potência nominal.

139
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Potência média Dias Estimados Média Utilização/ Consumo Médio


Aparelhos elétricos
(Watts) Uso/Mês Dia Mensal (kWh)
Ar-condicionado tipo janela 760 30 8h
182,40
de 9.001 a 14.000 BTU
Ar-condicionado tipo split 800 30 8h
192,00
de 10.001 a 15.000 BTU
Chuveiro elétrico 5000W 5000 30 40 min 100,00
Exaustor fogão 170 30 4h 20,40
Fogão comum 60 30 5 min 0,15
Forno elétrico grande 1500 30 1h 45,00
Forno elétrico pequeno 800 20 1h 16,00
Forno micro-ondas 1200 30 20 min 12,00
Freezer vertical/horizontal 130 - - 50,00
Geladeira 1 porta - frost free 80 - - 30,00
Lavadora de louças 1500 30 40 min 30,00
Lavadora de roupas 500 12 1h 6,00
Tabela 2 - Potência média (Watts) para aparelhos elétricos
Fonte: adaptada de Indústria Hoje (2015, on-line)3.

SAIBA MAIS Prever ao menos 1 ponto


Qualquer de luz no teto (100VA),
ambiente comandado por um
As normas brasileiras, em especial a NBR interruptor de parede.
14136 de novembro de 2002, estabeleceram
um novo padrão de configuração de tomadas
Locar arandelas a uma
e plugues destinados a instalações elétricas
Banheiro distância mínima de 60cm
de 10A e 20A. Esse padrão destina-se a maior
do boxe.
segurança dos usuários, o que evita contato
acidental com as partes energizadas.
Área igual ou No mínimo 1 ponto
Fonte: adaptado de NBR 14136 (2002). inferior a 6m² de luz de 100VA.

Prever uma carga mínima


de 100VA para os primeiros
Área superior
c. Pontos de Iluminação: a quantidade mínima 6m² inteiros, acrescidos
a 6m²
dos pontos de iluminação deve ser realizada 60VA para cada aumento
de 4m² inteiros.
levando-se em conta a área do cômodo ou
dependência, além de atender às condições Quadro 5 - Quantidade mínima para pontos de iluminação
do quadro a seguir: Fonte: adaptado de NBR 5410 (ABNT, 2004).

140
DESIGN

Figura 8 - Padrão brasileiro


para tomadas

A NBR 5410 (ABNT, 2004) não estabelece critérios quantidade e à localização dos pontos de iluminação
para iluminação em áreas externas residenciais, fi- e tomadas. As alturas mais comuns para a colocação
cando essa decisão a critério do projetista e cliente. das tomadas são:
Além da quantidade, a norma estabelece as al- • Tomada baixa: de 20 a 30cm do piso acabado.
turas para as tomadas, tendo como base o tipo de • Tomada média: de 100 a 130cm do piso aca-
equipamentos e a forma adequada de sua instalação bado.
e uso. Dessa maneira, a seguir conheceremos esses • Tomada alta: de 180 a 220cm do piso acabado.
critérios.
Para alturas diferentes, há a necessidade de sua cota
ALTURAS PARA TOMADAS indicativa no projeto, sendo aconselhável um resu-
A NBR 5410 (ABNT, 2004) estabelece as condições mo das alturas de tomadas junto à legenda na folha
mínimas necessárias a serem adotadas com relação à de desenho.

141
INSTALAÇÕES PREDIAIS

A Interface dos
Componentes das
Instalações Prediais
Elétricas com os
Sistemas Construtivos
O projeto de instalação elétrica deverá ser executa- para o embutimento dos eletrodutos e caixas de pas-
do de acordo com as orientações contidas na planta sagem. Nessa etapa, é de grande importância seguir
baixa por um profissional capacitado, evitando, com o que foi definido no projeto elétrico (por exemplo,
isso, que depois da obra ou reforma terminada, se- aparelho que será alimentado e o local de sua ins-
jam feitos arranjos que danifiquem equipamentos talação) para se evitar retrabalho do profissional e
ou sobrecarreguem o sistema, provocando curto cir- desperdício de material.
cuito. Um bom projeto e a sua correta execução tam- As caixas de passagens, como já visto, são em-
bém trarão economia para o usuário, que terá uma butidas nas paredes ou lajes e acomodam tomadas,
lista exata de materiais a comprar, evitando sobras e interruptores ou pontos de luz, facilitando, assim,
desperdícios. a instalação e o reparo desses fios quando necessá-
Para as alvenarias executadas com blocos ou rio, sendo que os fios chegam à caixa por meio dos
tijolos cerâmicos, serão feitos “rasgos” nas paredes eletrodutos.

142
DESIGN

Figura 9 - Alvenaria com blocos cerâmicos e a instalação de eletrodutos e caixa de passagem


Fonte: Saber Elétrica (2016, on-line)4.

ALVENARIA ESTRUTURAL
A alvenaria estrutural é um processo construtivo
em que as paredes atuam como estrutura. Um dos
princípios fundamentais desse sistema construtivo
é a interligação entre os projetos complementares -
elétrica, hidráulica, iluminação - para que um seja
estabelecido de acordo com o outro e não exista in-
terferência entre eles. Essa medida evita, inclusive,
prejuizos financeiros.
O bloco de concreto apresenta uma boa resistên-
cia em relação ao bloco furado, o que gera um menor
índice de quebras durante a fase de execução das pa-
redes. Outra vantagem se deve ao fato de não haver a
necessidade do rasgamento das paredes para a passa-
gem de tubulação elétrica e hidráulica, pois esses blo-
cos serão posicionados com os seus “furos” na verti-
cal, podendo as instalações serem colocadas nos seus
vazados, o que contribui para um menor índice de
geração de entulhos e maior aproveitamento da mão
de obra, já que as caixas elétricas devem ser fixadas
Figura 10 - Alvenaria com blocos de concreto com eletrodutos
aos blocos e os eletrodutos devem passar pelos furos. Fonte: Lagoeiro (2014, on-line)5.

143
INSTALAÇÕES PREDIAIS

PAREDES LEVES elétrica nos blocos cerâmicos, as caixas de passagem


A evolução da construção civil caminha em dire- para a ligação e os eletrodutos são instalados com
ção à racionalidade, procurando, cada vez mais, maior facilidade e menor geração de resíduos do
utilizar sistemas construtivos que reduzam o seu que na alvenaria tradicional.
custo financeiro, tempo utilizado na execução de Outro sistema que alia rapidez na execução às
um determinado serviço e a geração de entulho. O vantagens das paredes secas é o wood frame. Nesse
sistema construtivo de paredes secas vem substituir caso, os perfis de aço darão lugar a perfis leves de
as tradicionais alvenarias de vedação com rapidez, madeira reflorestada, por exemplo o pinus.
facilidade na manutenção e limpeza nas etapas de
construção. SAIBA MAIS
Esse sistema é estruturado por perfis metálicos
de aço galvanizado, os montantes (na vertical) e as Muito comum na construção civil, a madeira
guias (na horizontal), e o seu fechamento é feito com de pinus é também conhecida como pinheiro
a placa de gesso acartonado (o gesso é comprimido e pinheiro americano, sendo que seu nome
científico é Pinus Elliottii. Os principais motivos
por laminação entre duas folhas de papel cartão). pela escolha da espécie estão em seu rápido
Nesse sistema construtivo de paredes leves que crescimento e baixa necessidade de um solo
utiliza perfis metálicos e placas de gesso acartonado, rico em nutrientes.

a execução e manutenção das instalações elétricas é Fonte: adaptado de Global Wood (2016, on-line)6.

muito simples. A vantagem é que nesse sistema as


paredes funcionam como shafts visíveis, facilitando
a execução e manutenção das instalações.
PAREDES DE CONCRETO ARMADO
SAIBA MAIS No sistema construtivo de painéis estruturais pré-mol-
dados com vedação em concreto armado, a fabricação
Os shafts são espaços (dutos) destinados a dos painéis é feita em unidade de produção montada
tubulações hidrossanitárias, elétricas ou de te- no próprio canteiro de obras ou em usina própria. A
lefonia. Com a adoção dessas áreas, consegui- moldagem dos painéis é feita na posição vertical, com
mos uma boa organização e grande facilidade
na hora da manutenção das instalações. Eles o uso de formas metálicas, e essas formas são consti-
podem ser executados em alvenaria de blocos tuídas por chapas e perfis de aço, parafusos e ganchos
ou tijolos, assim como em gesso acartonado. para travamento e içamento das peças.
Fonte: as autoras. A instalação das caixas de passagem e eletrodutos
deve ser feita durante a fabricação das placas, ainda
nas formas, com o concreto ainda molhado. Assim,
quando a peça secar, as caixas de passagens e eletro-
Os eletrodutos acompanharão os montantes que já dutos estarão fixadas. Após a secagem, desforma e
possuem aberturas prévias, o que facilita a passagem posicionamento do painel na edificação, serão feitos
da mangueira. Assim como no sistema de instalação as passagens dos fios e os acabamentos necessários.

144
DESIGN

145
INSTALAÇÕES PREDIAIS

O Projeto das
Instalações Prediais
Elétricas e o Projeto
Arquitetônico
A instalação elétrica é uma etapa muito importan- iluminação, das tomadas e interruptores, das caixas
te durante a execução de uma construção. Precisa- de distribuição e do quadro geral de distribuição
mos, portanto, entender a simbologia própria ado- (QDG) e pela potência em Watts de cada lâmpada
tada por engenheiros, eletricistas e projetistas para e demais equipamentos, tais como chuveiro elétrico,
o bom desempenho dessa instalação. Para a implan- ar-condicionado, micro-ondas, freezer etc.
tação adequada da instalação elétrica, é necessário Esse projeto, além de todas as informações ne-
a elaboração do projeto elétrico, contendo todas as cessárias à sua execução e ao bom funcionamento
informações necessárias e baseado em todos os pa- do sistema, irá garantir a segurança dos usuários.
râmetros das normas existentes. Para todos esses itens estarem representados de
O projeto elétrico é composto pela planta baixa forma adequada no projeto arquitetônico, é ne-
- onde está especificada a distribuição elétrica geral, cessário o uso de símbolos gráficos apropriados
indicando a colocação dos conduítes (mangueiras) que devem atender ao que especifica a NBR 5444
e condutores (fios) com a designação de suas bitolas (ABNT, 1989).
ou diâmetros -, pelo posicionamento dos pontos de A seguir, alguns exemplos dessa simbologia:

146
DESIGN

Simbologia das instalações elétricas Simbologia das instalações elétricas


Designação Usual ABNT Designação Usual ABNT

no teto a
Motor
M
M
Ponto de luz {
incandescente a
na parede
Tomada para rádio e TV
não embutido P
Ponde de luz { Caixa de passagem
fluorescente embutido
Quadro parcial de luz ou força
Circuito que sobe Quadro geral de luz ou força não
embutido
Circuito que desce
Quadro geral de luz ou força
Circuito que passa embutido

Caixa de telefone
Tomada de baixa
luz na parede
{ meio alta Eletroduto no teto ou na parede Ø25
alta
Eletroduto no piso Ø25
Tomada no piso
de luz { Tubulação para telefone externo Teto
no teto
Tubulação para telefone interno Piso
na parede
Tomada Condutores de fase, neutro,
de Força
{ no piso
no teto retorno e terra em eletroduto

Botão de minuteria M
a
Interruptor de 1 seção S
Minuteria M
b a
Interruptor de 2 seções S2 Ligação a terra

b a Fusível
Interruptor de 3 seções S3
c Disjuntor a seco
S3w a
Interruptor paralelo ou "three-way" Chave com fusíveis p/ alta tensão
Chave com fusíveis p/ baixa tensão
Interruptor intermediário S4w a
ou "four-way" Disjuntor a óleo
Botão de campainha Chave blindada

Cigarra Transformador de corrente

Campainha Transformador

Saída para externo no


Relógio elétrico no teto
telefone
{ piso

interno Relógio elétrico na parede


Tabela 3 - Simbologia elétrica para o projeto.
Fonte: adaptada de NBR 5444 (1989).
147
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Dessa maneira, após o levantamento da potência de


iluminação, do número de tomadas de uso geral, de to-
madas de uso específico e definição do número de cir-
cuitos, é preciso traçar os circuitos saindo do quadro
geral de distribuição até os pontos em que se deseja as
tomadas e pontos de iluminação, tudo isso na planta
baixa, sendo que, para marcar esses pontos definidos,
usa-se a simbologia apresentada anteriormente.
Lembrando que o quadro de distribuição deve
estar em um local de fácil acesso e mais próximo
possível do quadro de medição de energia.

REFLITA

A demanda de energia nos horários de pico


reflete o hábito de consumo que é determi-
nado por condições, muitas vezes, além do
controle do consumidor. E você, aluno(a), tem
controle de seus consumos diários nesses
horários?
Figura 11 - Exemplo de projeto elétrico com pontos de iluminação
Fonte: Suzuki (AULA 9, (2016), on-line)7.

148
considerações finais

Caro(a) aluno(a), nesta unidade aprendemos sobre o projeto elétrico e, diante


dos conceitos apresentados, você deve estar mais preparado para entender algu-
mas questões relacionadas às instalações prediais elétricas.
Iniciamos o nosso aprendizado relembrando conceitos de física, como tensão
elétrica, potência elétrica e corrente elétrica. Conhecemos as instalações prediais
elétricas, seus sistemas de produção e distribuição externos, sistemas de recebi-
mentos pelas unidades consumidoras e tensões disponíveis para, assim, solicitar-
mos à concessionária o tipo de fornecimento adequado ao nosso projeto elétrico.
Entendemos que, para dimensionarmos essa instalação, é preciso conhecer
as exigências normativas quanto à previsão do número mínimo de pontos de
utilização elétricos e de iluminação por ambiente de uso. Aprendemos, também,
o correto posicionamento do quadro geral de distribuição, sendo este o centro
de distribuição de toda a parte elétrica da construção, de onde partem todos os
circuitos que irão alimentar as lâmpadas, tomadas e demais aparelhos elétricos,
devendo, por isso, ser instalado em local de fácil acesso.
Vimos que a construção civil caminha em direção à racionalidade, procuran-
do, cada vez mais, utilizar sistemas construtivos que reduzam o seu custo finan-
ceiro, o tempo utilizado na execução de um determinado serviço e a geração de
entulho, buscando materiais alternativos como, por exemplo, as paredes secas.
Estudamos o projeto de instalações prediais elétricas e aprendemos que esse
projeto contém todas as informações necessárias à execução e ao bom funciona-
mento do sistema elétrico, que irá garantir a segurança dos usuários.
Com todos esses conhecimentos, certamente você será um(a) designer me-
lhor capacitado(a), podendo atuar com diferentes profissionais e em diferentes
etapas de um projeto, inclusive nas definições de pontos elétricos e de iluminação,
considerando que estas contribuem para um melhor resultado final do ambiente.

149
atividades de estudo

1. Com relação à nomenclatura usual adotada nas instalações elétricas, a ligação


de energia elétrica entre a rede pública de energia e o quadro de medição de
consumo (relógio medidor) denomina-se:
a. Circuito elétrico de distribuição.
b. Ramal de ligação.
c. Disjuntor diferencial.
d. Ramal de entrada.
e. Potência instalada.

2. Observe os símbolos representados a seguir e escolha a alternativa que apre-


senta o significado de cada um deles:

a. Tomada alta, tomada baixa, ramal de entrada e arandela.


b. Tomada alta, tomada baixa, quadro de distribuição e interfone.
c. Tomada baixa, tomada alta, quadro de distribuição e arandela.
d. Luminária embutida, luminária sobreposta, quadro de distribuição e interfone.
e. Luminária embutida, luminária sobreposta, ramal de entrada e arandela.

3. O dispositivo eletromecânico, que funciona como um interruptor automático


contra possíveis danos causados por curto circuitos e sobrecargas elétricas,
nas instalações é denominado de:
a. Reator.
b. Transformador.
c. Disjuntor.
d. Estabilizador.
e. Interruptor.

4. Suponha que a instalação elétrica de um apartamento tenha as seguintes car-


gas instaladas: 2.800VA de iluminação, 3.700VA de tomadas de uso geral e
14.200W de tomadas de uso específico.
A potência de demanda da instalação elétrica do referido apartamento é:
a. 20.700W.
b. 19.400W.
c. 15.000W.
d. 19.960W.
e. 6.500VA.

150
atividades de estudo

5. As tomadas são peças que permitem a captação da tensão alimentadora de


um circuito. A maior parte dos equipamentos de utilização é alimentada por
tomadas de corrente, como, por exemplo, os aparelhos eletrodomésticos.
Nas instalações prediais, podemos considerar dois tipos de tomadas: as tomadas
de uso geral (TUG’s) e as tomadas de uso específico (TUE’s). Um equipamento ou
dispositivo que pode ser corretamente utilizado em uma tomada de uso geral
(TUG) de uma instalação elétrica em baixa tensão é o(a):
a. Chuveiro elétrico.
b. Torneira elétrica.
c. Lavadora de louças.
d. Carregador de bateria para telefone celular.
e. Ar-condicionado.

6. Segundo a padronização de cores adotada no Brasil, FASE é o fio de cor:


a. Vermelha.
b. Azul.
c. Verde.
d. Preta.
e. Verde e amarela.

151
LEITURA
COMPLEMENTAR

Aplicação de Redes Inteligentes nas Instalações Elétricas Residenciais


Atualmente a busca pelo melhor desempenho econômico das redes elétricas tem in-
centivado a evolução das chamadas redes inteligentes.
Como toda rede elétrica, as redes inteligentes agregam funções e automação com vá-
rios níveis de complexidade e constituem um sistema muito amplo que une a geração
ao consumo. A diferença perceptível pelo consumidor residencial está no fato deste ser
incluído na operação dessa rede praticamente em tempo real, ou seja, se espera sua
participação mais efetiva no sistema elétrico.
Dessa maneira, através de um dispositivo legal tarifário se espera incentivar o consumi-
dor a agir em consonância com a disponibilidade do sistema e com isso se deduz que
haverá uma mudança na forma de aquisição da energia elétrica.
O efeito principal esperado é o deslocamento da demanda para fora dos horários de
pico, o que é evidenciado pela chamada tarifa branca. Assim, para que ocorra o efeito
pretendido é fundamental a participação do consumidor.
Essa modalidade tarifária, que depende da substituição dos medidores, prevê redução
na tarifa em relação à convencional, desde que o consumidor evite os horários de ponta.
[...]
O que se pretende é incentivar o consumidor a mudar seu padrão de consumo, não
exatamente seus hábitos.
Para que possa haver uma defasagem entre o padrão de consumo e a utilização da
energia é necessário que esta seja armazenada nos períodos mais favoráveis para ser
utilizada nos momentos de maior necessidade.
Neste caso é fundamental haver dispositivos automáticos que executem as operações
técnicas que permitem o armazenamento de energia e seu gerenciamento seguro.
Esses dispositivos de automação podem ser similares aos utilizados na automação de
processos industriais.
Por outro lado, devido ao custo dos equipamentos destinados à automação, o item
conforto muitas vezes se sobrepõe à utilidade básica de modo que a difusão de aplica-
ções domésticas pode ser restrita.
Nesse sentido os fabricantes de equipamentos voltados à automação doméstica desen-
volvem seus produtos, para um público mais sofisticado e por isso a complexidade dos
sistemas pode limitar a sua penetração entre os consumidores mais conservadores.

152
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ainda hoje os dispositivos para automação residencial não são difundidos na diversida-
de das suas possibilidades. Tipicamente se encontram os sensores de luz, os relés de
tempo, boias automáticas, as minuterias, relés de proximidade, etc que fazem parte de
um rol de aplicações clássicas.
Os dispositivos que têm possibilidade de operar numa rede informatizada de controle,
e que têm possibilidades maiores do que o clássico, não são tão difundidos.
[...]
Associados à automação, existem os meios para armazenar energia, que em um sen-
tido mais amplo se pode considerar todos os serviços prestados pela eletricidade no
gerenciamento dos sistemas energéticos.
O exemplo da operação de reservatórios de água ilustra um meio de se deslocar a
demanda envolvendo a automação do processo, pois se pode armazenar água mais
intensivamente nos horários mais favoráveis ao consumo de energia. Nos horários de
pico de demanda da energia elétrica, se pode evitar o uso das bombas. Além disso, esse
cenário pode tornar atraente o emprego de fontes alternativas de energia, por exem-
plo, painéis solares poderiam ser utilizados para bombear água nos edifícios durante
o dia.
Existem equipamentos que dependem diretamente da eletricidade para exercer sua
função, tais como as lâmpadas elétricas, computadores e aparelhos eletrônicos de
modo geral.
Para esses equipamentos é necessário armazenar a energia em acumuladores, cuja
operação seria complexa para o ambiente residencial, além dos custos associados.
Neste caso os veículos elétricos podem ser uma solução para prover os meios necessá-
rios para o gerenciamento de energia.
Devido às muitas variáveis que podem ser consideradas no projeto das instalações
elétricas residenciais automatizadas, uma proposta de aplicação pode sistematizar o
trabalho.
Essa tecnologia beneficiada pelos avanços da eletrônica, em particular dos microcon-
troladores e sistemas de aquisição de dados, depende da aplicação irrepreensível da
teoria associada à medição de potência e energia, posto que eles operam na base de
algoritmos de computador.
[...]

153
LEITURA
COMPLEMENTAR

A partir da premissa de que os valores obtidos das medições são confiáveis ainda há
que se definir mais precisamente o seu uso prático nos sistemas automáticos tanto do
lado da concessionária quanto pelo lado do consumidor. Para isso devem ser desen-
volvidos aplicativos amigáveis para servir ao consumidor residencial que permitam que
este gerencie corretamente sua instalação elétrica.
[...]
Com a utilização de equipamentos eletrônicos em maior escala nas residências, tais
como rádios, televisores e mais recentemente computadores e outros, há uma maior
demanda em corrente contínua.
Essas fontes evoluíram em conjunto com os equipamentos que elas suprem e atualmen-
te tem bom rendimento, boa estabilidade e podem operar de modo bastante flexível.
Um exemplo de tal flexibilidade é a tensão de operação que em alguns casos abrange
faixas de 100 a 240V, por exemplo.
No conceito de rede inteligente se propõe que o consumidor forneça energia para a
concessionária, mas isso deve ser feito sob a coordenação desta última que é respon-
sável pelas intervenções físicas no sistema.
[...]
Dessa forma uma instalação residencial que opera com tensão contínua e com várias
fontes pode operar coordenada com a rede da concessionária e no caso de falta de for-
necimento pode operar com seus próprios recursos com risco mínimo para o pessoal
de manutenção da concessionária.
[...]
A conclusão é que existe um interesse manifesto no deslocamento da demanda resi-
dencial por energia elétrica com a finalidade de ceifar os picos. Para isso é importante
armazenar energia, pois o hábito de consumo nem sempre pode ser modificado. A
automação é fundamental, pois os usuários são leigos.
[...]
Tudo isso é inútil se não houver um incentivo que compense o investimento e coordena-
ção do sistema para que seja eficaz. Não existem procedimentos normalizados, mas mui-
tos experimentos realizados. A solução adotada para cada instalação deve ser feita sob
medida e os procedimentos normalizados devem orientar, mas não restringir os projetos.

Fonte: Caires (2012, p. 173-178).

154
Mãos à Obra Pro: o guia do profissional
da construção - vol. 3
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Editora: Alaúde
Ano: 2013
Sinopse: os 4 volumes da série Mãos à Obra pro se propõem
a tornar realidade o sonho dos brasileiros de morar bem. De-
senvolvido por especialistas, o conteúdo aborda todas as eta-
pas de construção de uma casa, trazendo conceitos básicos, dicas práticas para a utilização
de materiais e orientações sobre planejamento e execução, entre outras informações es-
senciais para ajudar as famílias a construir, ampliar e reformar sua moradia com resultados
excelentes e duradouros.
referências

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5410: Instalações Elétri-


cas em Baixa Tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
______. NBR 5444: Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais. Rio de
Janeiro: ABNT, 1989.
______. NBR 14136: Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até
20A/250V em corrente alternada - Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
CAIRES, L. E. Aplicação de redes inteligentes nas instalações elétricas residen-
ciais. 2012. 184 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Programa de Pós-gradu-
ação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
CARVALHO JÚNIOR, R. Instalações elétricas e o projeto de arquitetura. São
Paulo: Blucher, 2009.
CAVALIN, G.; CERVELIN, S. Instalações elétricas prediais. São Paulo: Érica,
1998.

Referências On-line
1
Em: <http://electroatividade.blogspot.com.br/2013/02/tipos-e-formas-de-dis-
tribuicao-de.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
2
Em: <http://automoveiseletricos.blogspot.com.br/2012/07/protecao-por-ater-
ramento-e-por.html>. Acesso em: 19 nov. 2016.
3
Em: <http://www.industriahoje.com.br/wp-content/uploads/downlo-
ads/2015/01/Tabela-Consumo-Equipamentos-Procel-Eletrobras.pdf>. Acesso
em: 19 nov. 2016.
4
Em: <http://www.sabereletrica.com.br/rede-eletrica-separada-da-rede-de-tele-
fonia>. Acesso em: 19 nov. 2016.
5
Em: <https://blogdopetcivil.com/2014/09/29/>. Acesso em: 16 nov. 2016.
6
Em: <http://globalwood.com.br/ficha-tecnica-madeira-de-pinus/>. Acesso em:
16 nov. 2016.
7
Em: <http://www.suzuki.arq.br/unidadeweb/sistemas2/aula9/aula9.htm>.
Acesso em: 16 nov. 2016.

156
gabarito

UNIDADE IV
1. B.
2. B.
3. C.
4. D.
5. D.
6. A.

157
INSTALAÇÕES
PREDIAIS DIVERSAS

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Drª. Berna Valentina Bruit Valderrama
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Considerações gerais sobre o edifício inteligente
• Automação predial e residencial
• Dispositivos Inteligentes

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o conceito de edifício inteligente e seus sistemas.
• Conhecer as tecnologias disponíveis para automação
predial e seu uso como ferramenta para o controle das
instalações de uma edificação.
• Conhecer algumas das tecnologias disponíveis utilizadas
em hidráulica e elétrica por meio da introdução do
conceito de sistema inteligente.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à Unidade V. Nesta última unidade


vamos conhecer o conceito de edifício inteligente, as tecnologias dispo-
níveis no campo da automação predial e residencial e os conceitos que
permeiam os sistemas inteligentes e os dispositivos economizadores nas
instalações hidráulicas e elétricas.
Para o desenvolvimento de projetos e execução de ambientes con-
temporâneos, o conceito de edifício inteligente é fundamental. Assim,
discorremos sobre ele no Tópico 1 desta unidade, visando ao conheci-
mento das tecnologias que englobam o conceito de edifício inteligente,
apontando para a racionalização dos sistemas construtivos e de automa-
ção em prol da qualidade de vida dos usuários. Neste tópico também
são abordados o conceito de tecnologia e, em especial, os avanços das
tecnologias da informação e comunicação, que são incorporadas pelos
sistemas de automação e integradas à concepção de edifícios e ambientes.
No Tópico 2, vamos desenvolver os conceitos de automação predial
e residencial, mostrando as diferenças e similitudes entre ambos. Vamos
conhecer a aplicabilidade dos sistemas de automação nas diferentes ti-
pologias de edifícios, bem como entender a relação entre o projeto de
automação e sua interface com o projeto arquitetônico e de ambientes.
Ainda serão expostos os sistemas de automação ofertados no mercado,
tanto para a automação predial quanto para a residencial.
As redes e dispositivos inteligentes e economizadores no campo das
instalações elétrica e hidráulica são tratados no Tópico 3 desta unidade.
Nosso intuito é permitir a você, estudante, conhecer algumas das tecno-
logias aplicadas e disponíveis no mercado, cujo desenvolvimento objetiva
a racionalização dos recursos naturais, a eficiência energética e a mini-
mização de custos de consumo de água e energia elétrica. Ótimo estudo!
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Considerações Gerais
Sobre o Edifício
Inteligente
Aluno(a), neste tópico vamos discorrer sobre o con- considerações de conforto ambiental (térmico, acús-
ceito de edifícios inteligentes, visando ao conheci- tico, visual e ergonômico) até as estratégias susten-
mento das tecnologias que permitem melhorar a táveis de elaboração e gestão de projeto e obra, bem
qualidade de vida dos usuários. como a integração de sistemas de automação.
O edifício inteligente pode ser conceituado como Segundo o Instituto de Edifícios Inteligentes (In-
aquele que racionaliza todos os sistemas construtivos telligent Buildings Institute - IBI/EUA, em NEVES,
e de automação a partir da aplicação de conceitos in- 2002), os edifícios inteligentes são aqueles que ofere-
teligentes, por meio da minimização de impactos de cem um ambiente produtivo e econômico por meio
custos construtivos e ambientais, racionalização do da otimização de quatro elementos básicos: Estrutu-
consumo energético e conforto a seus usuários. ra, Sistemas, Serviços e Gerenciamento; bem como
Dessa maneira, esse conceito aborda desde as das inter-relações entre eles, como mostra a seguir:

162
DESIGN

Figura 1 - Elementos Básicos


Fonte: adaptada de Messias (2007).

Dentro desse escopo, a tecnologia, de modo ge-


ral, cumpre um importante papel na melhoria das
condições de vida humana a partir do uso do co-
nhecimento e de técnicas, métodos e processos na
resolução de problemas. Visto de outra maneira,
a tecnologia pode ser entendida como a aplicação
prática do conhecimento científico.
O avanço tecnológico tem permitido ao homem
produzir objetos, sistemas, processos simples e comple-
xos e, inclusive, modificar o ambiente natural no aten-
dimento de suas necessidades. Nessa perspectiva, é pos- Figura 2 - Pedra lascada para confecção de machado (Idade da Pedra)

sível considerar como frutos do saber e fazer humanos


as conquistas do conhecimento, desde o uso da pedra
lascada até as grandes inovações, resultados da produ-
ção de tecnologias de ponta, como a energia nuclear, a
nanotecnologia, a biotecnologia e os sistemas digitais.
Os sistemas digitais, na atualidade, estão envol-
vidos em boa parte dos produtos e processos tecno-
lógicos, bem como nas tecnologias da comunicação.
As tecnologias da informação e comunicação, a
partir do século XX, têm sido as protagonistas dos
avanços nas telecomunicações, do uso de computa- Figura 3 - Conceitos de nanotecnologia aplicada à medicina (grupo de
dores, inclusive domésticos, e da difusão da internet. nanorobôs microscópicos)

163
INSTALAÇÕES PREDIAIS

REFLITA
Como resultado, os processos de gestão de pro-
jetos e obras passam por uma requalificação com o
O verdadeiro progresso é aquele que coloca objetivo de criar sistemas técnicos capazes de con-
a tecnologia ao alcance de todos.
trolar as interfaces construtivas, processos, equipa-
(Henry Ford) mentos e pessoas durante a construção, bem como
em sua vida útil.
Essa realidade expõe a necessidade de controlar
Outros olhares sobre os avanços tecnológicos são e, quando possível, integrar os diferentes sistemas
aqueles voltados às atividades do trabalho e produção, de uma edificação, como o sistema de iluminação,
aperfeiçoando e melhorando os processos, os instru- os sistemas de prevenção e combate a incêndio, os
mentos e a relação custo/benefício e tempo; aqueles sistemas de segurança de pessoas e equipamentos,
voltados à saúde, por meio do avanço das técnicas entre outros.
médicas e do uso de instrumentos e máquinas de alta A evolução arquitetônica e construtiva dos
tecnologia; e, por último, aqueles voltados às ativida- edifícios é acompanhada por um avanço impor-
des domésticas, visando à minimização do trabalho tante das soluções técnicas das diferentes instala-
doméstico, à segurança e ao conforto dos usuários. ções prediais. Já na década de 60, os sistemas de
Bolzani (2004, p. 2), ao discorrer sobre as resi- climatização para as edificações exigiam um con-
dências inteligentes, sublinha que: trole central que permitiria avaliar seu funciona-
mento.
Nesse contexto, podemos utilizar as residências O desenvolvimento e difusão dos microproces-
inteligentes para realizarem os deveres repeti-
sadores, a partir dos anos 1970 e 1980, aliados às
tivos e mecânicos, possibilitando um uso mais
apropriado do nosso escasso tempo. Monitorar transformações e demandas econômicas, sociais e
os filhos enquanto trabalhamos, executar o tra- culturais, promovem mudanças nos padrões das te-
balho doméstico diário de forma mais prazero- lecomunicações e nos sistemas de processamento e
sa e em menos tempo, proteger a residência e comunicação da informação.
utilizar fontes de energia de modo mais inteli-
gente e racional [...].
SAIBA MAIS
No âmbito geral das edificações, vale destacar alguns
fatores de sua evolução. Na década de 80 do século
XX, em associação aos altos custos da construção O hardware é a parte física do computador,
composta pelos seus elementos eletrônicos,
civil e às complexidades das diferentes tipologias placas, entre outros.
edificadas (indústrias, hospitais, escolas, edifícios
O software é composto por programas ou
residenciais verticais etc.), surge o conceito de edi-
sistemas operacionais do computador, como,
fício inteligente. Esse conceito amadurece, visando por exemplo, o sistema windows.
atender às demandas e complexidades das ativida-
Fonte: as autoras.
des, dos usuários, bem como em resposta à necessi-
dade de redução de custos da construção.

164
DESIGN

No caso específico da automação, essas transfor-


mações produziram grandes avanços nos sistemas
de gestão, programação e controle das instalações
complementares aos edifícios, no desenvolvimen-
to de sistemas de voz, áudio e vídeo interligados às
questões de segurança, bem como na transmissão e
arquivamento de dados.
Nesse sentido, o edifício inteligente, em síntese,
é aquele que, por meio da introdução de sistemas
técnicos e tecnologia, visa:

• À eficiência no controle do consumo energético.


• À segurança de usuários e patrimônios.
• À integração dos sistemas de telecomunicação.
• À automatização dos ambientes para o exer-
cício das atividades de trabalho e domésticas.
• Ao conforto dos usuários.

Com relação à eficiência energética, podemos des-


tacar o sistema de controle de iluminação artificial
com programação para acender e desligar - raciona-
lizando o consumo -, o controle programado de uso
de máquinas, equipamentos, instalações prediais e
utensílios eletroeletrônicos.
Como exemplo de utilização de sistema automa-
tizado em instalações prediais, está o edifício de escri-
tórios Taipei Financial Center, localizado na capital de
Taiwan. Esse edifício dispõe de um sistema de contro-
le automatizado para ar-condicionado que se desliga
sempre que for detectada a ausência de pessoas em
um ambiente. Segundo a revista Exame.com (ESTÚ-
DIO ABC, 2015, on-line)1, estima-se que a economia
de energia com a utilização desse sistema, se compa-
rada a de um edifício convencional do mesmo porte,
seja próxima a 700.000 dólares anuais.

Figura 4 - Paisagem de Taipei com vista do Monte Elefante


e do Edifício Taipei Financial Center à direita

165
INSTALAÇÕES PREDIAIS

No setor de segurança, podemos ressaltar os sistemas


sonoros e visuais de detecção e alarme de incêndio
e o sistema de chuveiros automáticos (sprinklers), os
sistemas de controle de vazamento de gases e os cir-
cuitos fechados de TV.
As instalações de acesso à internet, rede de cabos
e de transmissão de dados são exemplos da incorpo-
ração dos avanços dos sistemas de telecomunicações
nas edificações. Na automatização de ambientes, em
especial nos ambientes de trabalho, os sistemas em
rede de impressoras, copiadoras, scanners, entre ou-
tros, são concretizados a partir de centrais de pro-
cessamento de dados.
Logicamente, todos esses serviços objetivam sa-
tisfazer as necessidades dos usuários, inclusive as de
conforto. Contudo, é importante ressaltar que, na
automação residencial, são muitos os avanços na
área de automação, possibilitando a inserção de sis-
temas inteligentes, não somente de segurança e de
controle de consumo energético, mas também de
facilitação das atividades domésticas, mostrando a
propagação e a sociabilização de sistemas automati-
zados nas atividades cotidianas.

Figura 5 - Painel de controle de va-


zamento de gás e painel de controle
de vapor

166
DESIGN

Figura 6 - Cabos de fibra ótica


conectados às portas óticas

167
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Automação
Predial e Residencial
O objetivo principal da automação predial e da auto-
mação residencial é identificar tecnologias de contro-
le e serviços de automação de atividades e operações
processadas nos ambientes prediais e residenciais.
A telemática é a convergência das tecnologias de
telecomunicação, informática e mídias que dará su-
porte às funções de automação do edifício (NEVES,
2002). Assim, conforme forem as atividades e fun-
ções de uma edificação, a telemática será utilizada.
Quando essas tecnologias de automação são em-
pregadas no ambiente de escritórios e empresas, são
denominadas de birótica (automação predial). Des-
sa forma, a birótica é formada pelo conjunto de téc-
nicas, condutas e instrumentos da telemática aplica-
dos às atividades de trabalho, objetivando contribuir
para a melhoria do desempenho e produtividade
dentro dos ambientes. Figura 7 - Edifícios inteligentes (gerenciamento/internet)

168
DESIGN

Segundo Souza (2011), a automação de escritó-


rios amparada em uma infraestrutura de redes de
comunicação corporativa integra:

• Soluções para o processamento de documentos.


• Bancos de dados corporativos e externos ao
local de trabalho.
• Recursos de correio eletrônico e agenda cor-
porativa.
• Formulários eletrônicos.
• Correio de voz.
• Fax compartilhado.

Além disso, também integra à rede de comunica- Figura 8 - Vídeo Conferência

ção o processamento de textos e os instrumentos de


apresentação, como o powerpoint.
Na atualidade, e a partir da internet, é possível
integrar dados e compartilhar imagens, arquivos e
vídeos à distância, abrindo novos campos para as
redes de telecomunicações e informática, como a
transmissão de vídeo conferências em tempo real,
por exemplo.
Quando a tecnologia de automação é aplicada
à residência, é denominada de Domótica. Essa in-
tegração significa o planejamento de utilização de
equipamentos que interagem entre si seguindo os
comandos programados pelo usuário.
A capacidade tecnológica de automação aplica-
da às residências objetiva aumentar a segurança, re-
duzir os custos energéticos e o trabalho doméstico,
bem como contribuir para o bem-estar e conforto
dos residentes.
A casa inteligente ou smart home incorpora con-
ceitos da telemática na busca de soluções integradas
de automação, que permitem ao usuário desfrutar
de uma vasta gama de aplicações e serviços que ra-
cionalizam as atividades domésticas. Figura 9 - Casa Inteligente

169
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Nessa perspectiva, Bolzani (2004), ao se referir Sistemas


Controles
de automação
às casas inteligentes, sublinha a importância dos dis-
Controle de elevadores (quando
positivos inteligentes fundamentais à sua dinâmica. Controle
existentes na residência), aspira-
predial
ção central (limpeza).
Os dispositivos inteligentes (DIs) são a par-
Aquecimento e pressurização da
te fundamental de uma residência inteligente. água, irrigação, controle de pisci-
São equipamentos eletroeletrônicos que, além Hidráulica
nas e saunas, controle e distribui-
de exercerem as funções para as quais foram e Gás
ção de gás, controle de vazamen-
concebidos, agregam hardware e so�ware adi- tos de gás e água.
cionais que lhes provêm recursos extras, permi-
Home theather, áudio e vídeo
tindo o controle e gerenciamento remoto e sua distribuídos nos ambientes, TV a
interconexão em rede (BOLZANI, 2004, p. 8). Entretenimento
cabo ou satelital, multimídia, jogos
eletrônicos.
Ar-condicionado, abertura e
Esses dispositivos são, por exemplo, smarthphones, fechamento de portas, janelas e
tablets, computadores portáteis e de mesa com ca- Climatização
cortinas, controle da ventilação e
pacidade de comunicação, que podem ser utilizados temperatura.
como controles remotos e que podem ser operados Quadro 1 - Sistemas de automação residencial
Fonte: adaptado de Bolzani (2004).
a partir de uma rede de dados (rede doméstica). As-
sim sendo, o sistema de automação residencial pode
controlar diversas atividades, conforme exposto no O PROJETO DE AUTOMAÇÃO E
quadro a seguir. SUA INTERFACE COM O PROJETO
ARQUITETÔNICO E DE AMBIENTES
Sistemas A introdução de novas tecnologias, da própria evolu-
Controles
de automação
ção do design de produtos, bem como das mudanças
Sistema telefônico e intercomu-
nos padrões sociais e culturais na dinâmica cotidiana
Telefonia nicadores integrados, porteiros
eletrônicos. das atividades, se reflete em novas formas de projetar
Rede doméstica, compartilhamen- o espaço. Aliado a isso, o desenvolvimento da infor-
Informática
to do acesso, internet. mática e da telemática tem introduzido novos méto-
Controle de cargas, sistema de dos de trabalho tanto no campo do projeto como no
Rede distribuição, sistema de gerencia- campo de execução de edifícios e ambientes.
Elétrica mento de emergência, monitora-
mento da rede. Ainda, a produção de programas gráficos (sof-
twares) para as áreas de design de interiores, arqui-
Circuito fechado de TV, alarmes,
controle de acesso de pessoas e tetura e urbanismo e engenharias permite o uso do
Segurança veículos, simulador de presença, desenho digital na busca de soluções para os proble-
iluminação de segurança, detec-
mas projetuais com maior facilidade e rapidez. Nes-
ção de gases, fumaça e calor.
sa perspectiva, a utilização dos programas gráficos
Acionamento e controle de ilumi-
Iluminação digitais auxilia o projeto, permitindo diversidade de
nação interna e externa.
enfoques e compreensão técnica mais detalhada.

170
DESIGN

sar também nas questões associadas à saúde, ao


Por outro lado, a concepção de edifícios e am- conforto e a certas necessidades especiais ine-
bientes contemporâneos incorpora conceitos, como rentes a cada cliente. Um projeto de interiores
flexibilidade, otimização, racionalização de custos, deve considerar a estrutura do edifício, a locali-
ciclo de vida de produtos, modulação, automação, zação, o respeito ao meio ambiente, o contexto
social e legal do uso do espaço. A concepção
entre outros. exige uma metodologia sistemática e coordena-
Com relação ao cliente e usuários, o projeto se da que inclui pesquisa e levantamento das ne-
desenvolve levando em consideração os padrões de cessidades do cliente e sua adequação às solu-
exigência de conforto na prática das atividades cor- ções estruturais, de sistemas e produtos (ABD,
[2016], on-line)2.
porativas, empresariais e domésticas que promovam
a otimização do uso dos espaços, garantindo satisfa-
ção e qualidade. Por essas razões, você, aluno(a), deve estar atento(a)
Com esses enfoques, é importante ressaltar que à organização dos ambientes projetados, conhecen-
o designer de interiores, ao projetar ambientes con- do todas as prerrogativas construtivas e tecnológi-
temporâneos, é responsável por viabilizar as neces- cas das edificações. Sob essa ótica, a organização do
sidades dos usuários em termos técnicos, estéticos layout incorporando os sistemas de automação do
e funcionais. Os sistemas de automação devem ser ambiente é fundamental. Torna-se necessário con-
contemplados, também, na projetação de ambientes, templar as necessidades dos clientes quanto à im-
uma vez que proporcionam novas possibilidades de plantação de sistemas de automação e verificar seu
uso e de conforto. nível de integração possível.
É, também, primordial fazer uma pesquisa de
mercado com as empresas de automação predial e re-
REFLITA
sidencial para verificar os sistemas oferecidos, a logís-
tica de instalação e os custos e benefícios ofertados.
Um bom projeto é a única forma segura de Quando se trata de projetar ambientes comer-
garantir economia.
ciais e corporativos, é importante conhecer a organi-
(Juan Luis Mascaró) zação das atividades e do trabalho, compreendendo
os procedimentos administrativos, as necessidades
tecnológicas associadas à empresa e seus diferentes
A Associação de Designers de Interiores (ABD), ao setores. Nesse sentido, o projeto de ambientes de in-
se referir ao papel do profissional da área, ressalta teriores comerciais e corporativos deve considerar
a importância do olhar global necessário à prática o contexto socioeconômico e cultural da empresa e
profissional, considerando as diversas influências na sua estrutura de trabalho somada à sua imagem em-
busca de soluções compatíveis com os desejos e ne- presarial (GURGEL, 2005).
cessidades dos usuários. Ainda, Gurgel (2005) acrescenta ser indispen-
Existem ainda fatores práticos essenciais, como
sável o entendimento dos processos envolvidos na
acessibilidade, iluminação, conforto térmico e organização de ambientes de escritórios atrelados às
acústico, ventilação, entre outros. Há de se pen- necessidades de comunicação entre as diversas áreas.

171
INSTALAÇÕES PREDIAIS

[...] é indispensável o levantamento de todas as


atividades envolvidas, dos equipamentos rela- Uma vez que os sistemas de automação integram os
cionados a cada uma delas, das necessidades sistemas prediais, os equipamentos e softwares de-
básicas e principalmente do organograma da vem ser previstos desde o início do projeto.
empresa, que fornecerá informações quanto à O engenheiro José Roberto Muratori, em repor-
necessidade de intercomunicação e de proximi-
dade entre os ambientes reservados a determi-
tagem à Revista Techné, salienta que:
nadas funções (GURGEL, 2005, p. 22).
Para que tudo funcione harmoniosamente,
esse conceito deve nascer junto com o projeto
Assim sendo, aliadas às diretrizes básicas de orga-
de arquitetura do prédio, com os espaços de-
nização dos ambientes e tratando-se de automação, vidamente previstos para receber esses siste-
ressaltamos as diretrizes complementares para am- mas”, explica Muratori. Um empreendimento
bientes comerciais e corporativos a seguir. desse tipo deve contar com cabeamento es-
• Levantamento da tipologia espacial com truturado, essencial para uma boa rede de
compreensão das atividades ali exercidas. comunicação. O sistema deve ser implantado
por um integrador credenciado pelos fabri-
• Levantamento das necessidades do cliente
cantes, que fará a adequada compatibilização
em termos de sistemas de automação. dos projetos de automação com todas as ou-
• Verificação da legislação em termos das obri- tras disciplinas (REVISTA TECHNÉ, 2016,
gatoriedades associadas à tipologia edificada on-line)3.
e às atividades e usos do local.
• Verificação do sistema estrutural, tipo de ve-
dações e instalações prediais da edificação. Para os ambientes residências, valem os requisitos
• Verificação das diretrizes de conforto ambien- básicos de projeto utilizados nos ambientes comer-
tal dos espaços, visando à qualidade de produ- ciais e corporativos, que objetivam incorporar os
tividade e desempenho das atividades laborais. novos usos e atividades na projeção de ambientes.

SAIBA MAIS

O cabeamento estruturado é um sistema que


reúne cabos, conexões e terminais que ali-
mentam diversos pontos da edificação por
meio de uma central de controle e comando.
Trata-se de uma rede que permite a integra-
ção de sistemas de voz, áudio, vídeo, sinali-
zação, controle e comando.

Fonte: as autoras.

Figura 10 - Sala de controle central de automação predial

172
DESIGN

Figura 11 - Home Office

Nas residências, o projeto de automação deve levar


em consideração a funcionalidade tecnológica, a qua-
lidade e o preço relacionados à funcionalidade dos
ambientes e ao incremento de novos usos e equipa-
mentos. Exemplo disso são os espaços dedicados às Figura 12 - Home theater em sala residencial com tratamento acústico

atividades de entretenimento, como o home theater e


• Organização dos sistemas de informática.
à atividade de trabalho representada pelo home office.
• Organização dos sistemas de gerenciamento
Esses espaços, na maioria das vezes, requerem
da residência.
instalações e equipamentos tecnológicos que utili-
• Configuração das redes interna e externa de
zam redes de informática e de comunicação que po- comunicações.
dem ser automatizadas e integradas, possibilitando • Integração dos novos serviços de valor agregado.
o acesso, por exemplo, a banco de dados em diferen- • Adaptação da rede aos vários moradores.
tes pontos e o acesso remoto. • Conexão aos serviços públicos de telecomu-
Bolzani (2004) salienta que a aplicabilidade de nicações.
um ambiente inteligente residencial pressupõe o • Máxima flexibilidade nas mudanças.
planejamento de certas atividades, visando à eficiên- • Organização dos espaços internos e externos
cia do sistema e seu uso correto. Essas atividades de com a introdução de novos equipamentos e
planejamento são as descritas a seguir. novos dispositivos (BOLZANI, 2004, p. 54).

173
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 13 - Painel computadorizado para


controle de luz e outros sistemas

Na automação residencial, e prevendo um sistema um espaço para a instalação do painel de comando


integrado e central, é importante determinar quais e controle dos sistemas de automação, que normal-
serão as atividades a serem comandadas, pois assim mente é instalado em uma parede.
é possível definir o tipo de equipamento a ser uti- Caso o sistema de automação escolhido utilize um
lizado, prevendo o número de portas de entrada e equipamento central de controle e comando, é funda-
saída e o tipo de software a ser usado. mental planejar a instalação do cabeamento a partir de
O tipo de sistema escolhido define o espaço e a uma caixa de distribuição que levará os conduítes até os
infraestrutura necessária para o comando, controle pontos em cada ambiente (cabeamento estruturado).
e transmissão de dados. Assim, para comandos via Com relação aos sistemas construtivos, vale des-
Wi-Fi é importante escolher o melhor ponto para tacar que a introdução de sistemas do tipo dry wall,
a transmissão de dados, com o auxílio da empresa light steel frame e similares para a construção de ve-
prestadora do serviço de automação. Além disso, é dações facilita o cabeamento dos ambientes pela uti-
importante que o designer de interiores considere lização de suas paredes como shafts.

174
DESIGN

Figura 14 - Piso elevado para cabeamento

Outro material interessante a ser ressaltado é a uti-


lização de piso elevado, que possibilita a passagem
do cabeamento da rede de automação pelo piso
até os ambientes e estações de trabalho. Esse piso é
composto de placas modulares que são encaixadas
em pedestais, criando um vão entre o contrapiso e
o piso acabado. Além disso, as placas para piso ele-
vado podem ser reaproveitadas para uso em outros
ambientes, quando isso for necessário.

Figura 15 - Piso elevado com equipamento de sucção


para abertura e cabeamento em Data Center

175
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Dispositivos
Inteligentes
O desenvolvimento da tecnologia, na criação de dis- Com relação às redes inteligentes no setor elétrico,
positivos e redes inteligentes na área da hidráulica as chamadas smart grids, ainda em estágio inicial de
e elétrica, está atrelado às questões que envolvem a aplicação, são pensadas como uma nova rede de dis-
racionalização dos recursos naturais e à eficiência tribuição de energia elétrica com maior integração
energética. dos usuários. Aliadas a isso, as redes elétricas inteli-
De modo geral, a proposição de redes e dispositi- gentes visam à otimização da produção, da distribui-
vos inteligentes objetiva diminuir a perda de energia ção e do consumo de energia, viabilizando a entrada
dos sistemas de transmissão, distribuição e consumo de novos fornecedores e consumidores na rede, com
- no caso das redes elétricas -, e diminuir a perda de melhorias significativas em monitoramento, ges-
água por meio do controle de vazamentos e de apare- tão, automação e qualidade da energia ofertada, por
lhos economizadores - no caso das redes hidráulicas. meio de uma rede elétrica caracterizada pelo uso in-
Cabe, no entanto, ressaltar que o desenvolvi- tensivo das tecnologias de informação e comunica-
mento e o esforço tecnológico na busca da raciona- ção (RIVERA, ESPOSITO e TEIXEIRA, 2013).
lização e eficiência dos sistemas devem ocorrer con- Assim sendo, a introdução de conceitos inte-
juntamente com mudanças nos padrões de consumo ligentes na produção, distribuição e consumo da
dos recursos naturais e energéticos por parte da so- energia elétrica objetiva configurar um sistema mais
ciedade, ou seja, dos usuários finais. eficiente do ponto de vista econômico e energético,

176
DESIGN

bem como mais confiável por meio de controle in- de leitura mais detalhada, como informações sobre
formatizado e sustentável. o consumo de energia por horário, indicação da
Segundo Rivera, Esposito e Teixeira (2013), a qualidade de energia fornecida, entre outros.
implantação dessas redes compreende três etapas E, por último, o que Rivera, Esposito e Teixeira
principais, descritas a seguir. (2013) denominam de uso da inteligência nos cen-
A primeira se refere à implantação de sistemas tros consumidores, que se caracteriza, por exemplo,
digitais de informação no sistema de fornecimen- pela utilização residencial de eletrodomésticos inte-
to de energia elétrica em seus três braços: geração, ligentes conectados ao medidor, possibilitando uma
transmissão e distribuição, promovendo maior agi- melhor gestão do consumo energético. Além disso,
lidade e segurança do processo. esse uso inteligente permite a comunicação bidire-
A segunda etapa está atrelada à substituição dos cional de energia, por meio da geração distribuída
medidores eletromecânicos (medidores atuais) por com fonte solar, eólica ou biomassa e armazenamen-
medidores eletrônicos inteligentes com capacidade to de energia com o uso dos carros elétricos.

Usina Industrial

Energia Solar

Usina termelétrica

Usina Eólica

Usina Nuclear

Centro de Controle

Hospital

Veículo Elétrico

Cidades e Escritórios
Casas Inteligentes

Figura 16 - Conceito de Rede Inteligente (Smart Grid)

177
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Dentro desse contexto, os sistemas de automação água sem faturamento pela empresa distribuidora.
predial e residencial cumprem um importante pa- Para o propósito deste tópico, vamos discorrer
pel, por meio da implantação, organização, conexão sobre as perdas reais, que são aquelas que podem ser
e integração de sistemas de gerenciamento e contro- monitoradas por meio da automação. Essas perdas
le digital, no uso racional do espaço e equipamentos impactam diretamente na utilização dos recursos
sob a ótica das instalações elétricas. hídricos e no custo do tratamento da água, resultan-
Os sistemas de automação voltados ao controle do em maior despesa para o consumidor.
racional da rede elétrica, iluminação e climatização Segundo a Associação Brasileira de Engenharia
com processos digitais de acionamento de coman- Sanitária e Ambiental (ABES), o valor médio de perda
dos de monitoramento da rede elétrica, de aciona- de água na rede de abastecimento é de 40%, transfor-
mento ou desligamento de equipamentos e lâmpa- mando-se em um grande desafio para os operadores
das permitem uma racionalização de energia em nacionais públicos e privados (ABES, 2016, on-line)4.
tempo real, com impacto positivo nos custos e na O tratamento do problema passa por ações que
melhoria da eficiência energética. compreendem o controle da pressão da rede, me-
Atualmente, os produtos que consomem energia lhoria dos materiais empregados na construção das
elétrica são avaliados pelo Selo Procel/INMETRO. redes de abastecimento, melhor qualificação da mão
Esse selo foi instituído no Brasil por decreto em de obra empregada, controle e detecção mais efi-
1993, objetivando informar, ao consumidor e usu- ciente de vazamentos.
ário, o grau de eficiência energética dos produtos A tecnologia digital, com a criação de softwares
ofertados pelo mercado. No selo, a eficiência ener- e sensores capazes de detectar vazamentos na rede,
gética do produto é classificada por letras. A letra tem sido um mecanismo eficiente para seu controle.
A significa maior eficiência do produto e a letra G Outro método utilizado é a detecção de vazamentos
menor eficiência. Ainda, o selo informa a estimativa por sinais acústicos que têm a função de gravar sons
de consumo de energia do produto por mês. de vazamento e transmiti-los a um banco de dados
Com relação à rede de abastecimento de água, de sinais que podem ser monitorados.
as perdas podem estar localizadas entre a captação A detecção de vazamentos nas instalações pre-
e estação de tratamento e/ou na rede de distribui- diais de água, frequentemente, é realizada por sis-
ção, ou seja, da estação até a unidade consumidora. temas automatizados de monitoramento e cabos
A perda de água pode ser classificada em dois tipos: sensores e sondas, que localizam e identificam os
perdas reais e perdas aparentes. vazamentos. O sistema combina dois níveis para a
As perdas reais são resultado de vazamentos na detecção de vazamento: o nível analógico (detecção)
tubulação e conexões da rede ou ocasionadas nos re- e o digital, que traduz os valores analógicos para o
servatórios por extravasamento da água. As perdas acionamento de alarmes. O sistema possui alarmes
aparentes são ocasionadas por problemas de medi- locais, remotos ou interligados em rede, conectados
ção no hidrômetro, falhas de cadastramento de con- a uma central por meio de cabeamento. Os cabos
sumidores e por fraudes e ligações clandestinas. Nes- sensores podem ser colocados dentro ou no entorno
se caso, o que geralmente acontece é o consumo de das fontes de água, tubulações e em pisos elevados.

178
DESIGN

Em termos de uso da água nos ambientes comer-


ciais, corporativos e domésticos, a racionalização de FIGURA 17
seu uso depende, em geral, de três variáveis: Torneira com caudal
normal de água
• Tipo de instalação predial e tecnologia dos (sem dispositivo
materiais (tubulações e conexões), peças e economizador)

equipamentos.
• Relação clima e frequência de uso (calor/frio).
• Cultura humana de consumo e racionalização.

A adoção de peças e aparelhos economizadores


FIGURA 18
visa à economia com água e redução paralela de Torneira com
custos de energia elétrica. No âmbito comercial caudal arejado

e corporativo, é frequente o uso desses aparelhos


economizadores que, além dos benefícios em re-
lação à diminuição de custos, estão relacionados à
imagem empresarial com relação aos princípios de
sustentabilidade.
O mercado oferece uma série de materiais hi- FIGURA 19
Torneira com
dráulicos, peças e metais chamados de economiza-
caudal laminado
dores ou inteligentes, cuja tecnologia visa à redução
do consumo ou o consumo consciente da água.
Atualmente, a maioria das torneiras conta com
arejadores. O arejador localizado na extremidade
de saída da torneira tem a função de aliviar a va-
zão do jato de água, mas mantendo a sensação de FIGURA 20
volume. Pode produzir dois tipos de caudal (jato de Torneira com sensor
de presença instalado
água): laminado ou arejado. Segundo a Companhia na parede
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SA-
BESP), uma torneira de pia, por exemplo, com vazão
de 13,8l/min, com a utilização de arejador, reduz o
consumo para 6 l/min, significando uma economia
de 57% (SABESP, 2014, on-line)5.
Outro dispositivo inteligente acoplado a vários FIGURA 21
Torneira com sensor
modelos de torneiras é o sensor de presença, que de presença instalado
liga ou desliga conforme a aproximação das mãos. no corpo da torneira
Esse dispositivo pode gerar uma economia de mais
de 70% de água.

179
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Na Unidade III, vimos dois tipos de bacias: a si-


fonada e a de arraste. A bacia sifonada é mais co-
mum no Brasil, porém utiliza mais água para a des-
carga do que a de arraste.
As bacias com volume de descarga reduzido
(arraste) são mais comuns na Europa e muito uti-
lizadas na instalação em parede de dry wall. Essas
bacias utilizam 6 litros de água por descarga, volume
de água comparável às bacias sanitárias com caixa
acoplada. De fato, o design contemporâneo projeta
as bacias sanitárias com utilização de volume de des-
carga de 6 litros.

Figura 22 - Banheiro de hotel (bacia sanitária de arraste, válvula de des-


carga dual de parede e torneira com sensor de presença).
Figura 23 - Bacia sanitária com caixa acoplada.
Figura 24 - Caixa acoplada (interior).

180
DESIGN

Figura 27 - Chuveiro com caudal laminado

Com relação aos chuveiros, os modelos tradicionais


Figura 25 - Válvula de descarga dual para bacia sanitária com caixa acoplada.
gastam em média 20l/min. Segundo dados do Pro-
Figura 26 - Válvula de descarga dual de parede. grama Brasileiro de Etiquetagem (PBE), a duração
razoável de um banho é de 8 minutos. Nessas con-
Aliado às bacias sanitárias, o mercado disponibiliza dições, um banho consome em média 160 litros de
válvulas de descarga inteligentes do tipo dual. Essa água por banho. Os chuveiros com dispositivos de
válvula é projetada para oferecer ao usuário dois vo- redução (arejadores) ou reguladores de vazão tra-
lumes de descarga: um maior ou igual ao volume da balham com uma média de 12l/min, o que significa
bacia sanitária ou caixa acoplada; ou a possibilidade uma economia de água de aproximadamente 40%
de redução para a metade do volume. (PBE, [2016], on-line)6.
O uso de cada uma das válvulas vai depender do Existem, no mercado, modelos de chuveiro pro-
volume de dejetos líquidos e sólidos a serem descar- jetados para um consumo de 6l/min, o que pode sig-
tados. As válvulas de descarga duais podem vir em nificar uma economia de água de aproximadamente
conjunto com a caixa acoplada ou isoladas, instala- 70%. Os dispositivos inteligentes de chuveiro têm
das na parede. funcionamento similarmente às torneiras.

181
INSTALAÇÕES PREDIAIS

Figura 28 - Mictório com sensor de descarga desligado.


Figura 29 - Mictório com sensor de descarga ativado.

Além de redutores de vazão de água, há chuveiros com dispositivos de


limitação do tempo de banho, que pode ser ajustado pelo usuário. A
variação frequente de tempo é de 4 a 16 minutos de banho. Ainda, esse
controle de tempo pode vir acompanhado de um alarme sonoro que
avisa o tempo restante de banho.
Para mictórios, que são peças sanitárias de uso exclusivo em banhei-
ros públicos, há dispositivos de acionamento de descarga automáticos
após o uso (válvulas de descarga com sensor). Esses dispositivos traba-
lham em média com 600ml de água para a higienização total da peça.

182
DESIGN

Por último, é importante a preocupação com as máquinas de lavar roupa


e máquinas de lavar pratos. Com relação às máquinas de lavar roupa, é
significativo considerar, no momento de comprar ou de orientar o cliente,
que o designer de interiores saiba que o posicionamento do tambor de
lavagem pode resultar em maior ou menor economia de água.
As máquinas de lavar roupa com tambor de abertura superior con-
somem mais água para a lavagem, embora o seu custo de compra seja
menor que as máquinas com tambor de abertura frontal. Estas últimas
economizam água, pois o tambor horizontal permite uma lavagem de
roupas mais eficiente, com economia de água e tempo.
As máquinas de lavar louça visam à economia de água. Existem
modelos que utilizam em média de 14 a 17 litros de água em um ciclo
completo.
Nos anos de 1960 a 1970, uma máquina de lavar louça consumia
cerca de 60 litros de água por ciclo. Uma lavagem manual pode gastar
mais de 100 litros por lavagem quando a torneira não dispõe de redu-
tores de vazão.
Tanto para as máquinas de lavar roupa quanto para as de lavar louça
a economia de água está associada à economia de energia elétrica, tor-
nando esses equipamentos mais eficientes.
Chegamos ao final desta unidade e esperamos que você, caro(a)
aluno(a), tenha apreciado. Nosso esforço é para que você aprofunde seus
conhecimentos e adquira instrumentos que possam contribuir com a
qualidade de seu trabalho acadêmico e, posteriormente, com sua vida
profissional.
Um abraço!

Figura 30 - Máquina de lavar roupa com tam-


bor frontal e sistema digital de funcionamento

183
considerações finais

P
rezado(a) aluno(a), o objetivo geral da Unidade V foi fornecer a você
um panorama sobre o avanço tecnológico promovido, em especial, pelo
desenvolvimento dos sistemas digitais. Desse modo, podemos concluir
que é fundamental incorporar, na análise e desenvolvimento da produ-
ção arquitetônica e de ambientes, os legados tecnológicos.
Nesse sentido, vale ressaltar que as complexidades das diferentes tipologias
edificadas e os altos custos da construção civil promoveram transformações im-
portantes na produção arquitetônica e execução de obras a partir dos contextos
dos anos de 1960 do século XX.
A necessidade de atender às demandas sociais, econômicas e aos avanços tec-
nológicos no campo das telecomunicações e informática provocou o amadure-
cimento do conceito de edifício inteligente. Assim, aprendemos que o edifício
inteligente deve contemplar desde as considerações de conforto ambiental (tér-
mico, acústico, visual e ergonômico) até a integração e aplicação de sistemas de
automação.
Podemos concluir, também, que a evolução dos sistemas de automação obje-
tivam atender às necessidades e às demandas da sociedade contemporânea, tanto
em seus aspectos socioculturais quanto tecnológicos.
Assim, podemos dizer que se por um lado a automação predial evolui com a
intenção de atender às atividades de trabalho, contribuindo para o desempenho
e produtividade dentro dos ambientes, por outro a domótica objetiva atender às
demandas domésticas em um cenário em que o tempo é escasso e há a necessida-
de de racionalizar as tarefas.
Sob essa ótica, é possível afirmar que o designer de interiores deve incorporar
na concepção projetual de ambientes conceitos, como flexibilidade, otimização,
racionalização de custos, ciclo de vida de produtos, modulação, automação, entre
outros.
Por último, o conhecimento sobre os avanços do mercado na criação de pro-
dutos e dispositivos inteligentes coloca a necessidade de atualização constante
acadêmica e profissional, visando à qualidade dos ambientes projetados.

184
atividades de estudo

1. Leia as afirmações a seguir:


I. Os edifícios inteligentes são aqueles que oferecem um ambiente produtivo e
econômico por meio da otimização de quatro elementos básicos: estrutura,
sistemas, serviços e gerenciamento.
II. As tecnologias da informação e comunicação, a partir do século XX, têm sido
as protagonistas dos avanços nas telecomunicações, do uso de computado-
res, inclusive domésticos, e da difusão da internet.
III. A evolução tecnológica dos sistemas de automação produziu grandes avan-
ços nos sistemas de gestão, programação e controle das instalações comple-
mentares aos edifícios, no desenvolvimento de sistemas de voz, áudio e vídeo
interligados às questões de segurança, bem como na transmissão e arquiva-
mento de dados.
IV. O edifício inteligente visa, dentre outros objetivos, à eficiência no consumo
energético e à automatização dos ambientes para o exercício das atividades
de trabalho e domésticas.

Assinale a alternativa correta:


a. As afirmações I e II estão corretas e a afirmativa II é a única justificativa de I.
b. As afirmações I e II se referem à evolução do conceito de automação.
c. A afirmação II é uma justificativa da afirmação IV.
d. As afirmativas I e III são afirmativas incorretas e II e IV são afirmativas corretas.
e. Somente a afirmativa IV é correta.

2. Assinale a alternativa correta:


a. Os chamados edifícios inteligentes consideram somente a eficiência energéti-
ca resultado da análise e adequação ergonômica dos ambientes projetados.
b. As formas de concepção dos espaços não sofreram transformações significa-
tivas a partir das considerações da tecnologia de automação.
c. A domótica se refere à automação integrada dos edifícios e espaços corporativos.
d. A automação de escritórios, amparada em uma infraestrutura de redes de
comunicação corporativa, integra à rede de comunicação somente soluções
para processamento de dados e textos.
e. A capacidade tecnológica de automação aplicada às residências objetiva au-
mentar a segurança, reduzir os custos energéticos e o trabalho doméstico.

185
atividades de estudo

3. Leia as afirmações a seguir sobre birótica e domótica e assinale a correta.


a. A telemática é a convergência das tecnologias de telecomunicação, informática
e mídias que dará suporte às funções de automação do edifício.
b. A birótica e a domótica utilizam a telemática para solucionar problemas de
estrutura dos edifícios.
c. Os sistemas de automação residencial contemplam unicamente a segurança,
a telefonia e a climatização do habitat doméstico.
d. A birótica é a automação aplicada à escala da casa.
e. A internet, atualmente, é pouco explorada nos sistemas de automação predial
e residencial.

4. Com relação ao desenvolvimento e produção de projetos de ambientes, leia


as afirmações a seguir.
I. Os sistemas de automação devem ser contemplados pelo designer de inte-
riores na projetação de ambientes, uma vez que proporcionam ao ambiente
novas possibilidades de uso e de conforto.
II. Nos ambientes de trabalho, é importante considerar o contexto socioeconô-
mico e cultural da empresa e sua estrutura de trabalho somada à imagem
empresarial.
III. Tratando-se da automação de ambientes, é significativo o levantamento da
tipologia espacial para compreender as atividades ali exercidas e as necessi-
dades de automação.
IV. A automação predial e residencial deve ser prevista no início do processo de
projeto.

Assinale a alternativa correta:


a. Todas as afirmações estão incorretas.
b. Somente as afirmações I, III e IV estão corretas.
c. As afirmações I e III estão corretas e II e IV estão incorretas.
d. Todas as afirmações estão corretas.
e. Somente I e II estão corretas.

5. Com relação aos dispositivos inteligentes associados às instalações elétricas e


hidráulicas, amplie seu conhecimento pesquisando sobre os custos de pe-
ças sanitárias inteligentes, além de contemplar suas vantagens e desvanta-
gens no âmbito do investimento financeiro e no custo do consumo.

186
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o excerto do artigo a seguir, que aborda a diferenciação entre o edifício de alta tecnolo-
gia e os edifícios inteligentes.

Edificações Inteligentes
Historicamente, a vontade do Homem de utilizar processos e técnicas que permitissem a
substituição do trabalho humano em atividades físicas (como mais tarde também nas inte-
lectuais) é bem antiga, sendo um exemplo clássico a roda, que facilita o deslocamento de
pessoas e objetos, e que foi desenvolvida, posteriormente, para outras aplicações, como
polias, roldanas, multiplicando os esforços manuais e depois mecânicos.
A evolução e miniaturização dos componentes eletrônicos possibilitou a criação dos cha-
mados microcomputadores, sendo que Arquitetura e a Engenharia utilizam os recursos
proporcionados pelo uso dos computadores de várias formas, e aqui serão abordadas as
tecnologias da automação e tecnologias de informação (TI), aplicadas ao ambiente cons-
truído, procurando posicionar os seus conceitos, na avaliação de suas reais aplicações e
interferências nos bens edificados.
A automação, no sentido amplo, pode ser a possibilidade da substituição de atos e decisões
humanas, por atos e decisões processados por computadores, devidamente alimentados
de informações, no comando de determinados dispositivos, geralmente em processos re-
petitivos, ou que exijam esforços físicos, reduzindo a possibilidade de erros nas decisões
sujeitas a emoção, cansaço, dúvida, tempo e inexperiência, entre outras razões.
Atualmente, algumas das aplicações da automação no ambiente construído são:
• Edifícios de Alta Tecnologia.
• Edifícios Inteligentes.
• Birótica (automação dos serviços do escritório).
• Domótica (automação dos serviços da residência).

Os edifícios de alta tecnologia e os edifícios inteligentes nascem com a grande crise mundial
de energia, decorrente da primeira crise do petróleo. A geração de energia torna-se mais
cara, obrigando um uso mais racional e a necessidade da conservação e maior eficiência do
consumo de energia elétrica. Suas primeiras aplicações surgem no controle dos sistemas
de calefação e condicionamento de ar (HVAC) destas edificações. Hoje, tem como objetivos
principais a comodidade, segurança, controle de energia e eficácia, distribuídos no prédio
como: controle da iluminação, elevadores, administração do consumo e distribuição de

187
LEITURA
COMPLEMENTAR

água e gás, segurança ativa, controle de acesso e circulação de pessoas, sistemas de pre-
venção de incêndio e pânico, circuitos fechados de TV, sonorização e os meios de transmis-
são de dados e voz.
Modernamente, observa-se uma diferenciação entre o que se denomina edifício de alta
tecnologia e edifício inteligente. O primeiro pode ser compreendido por suportar em seu
interior dispositivos capazes de atuar no comando e efetivação de tarefas automatizadas,
porém sem uma obrigatória comunicação entre estes serviços, podendo exigir a presença
de um operador para a avaliação e tomada de decisões, que resultarão em intervenções ou
captação de dados para utilização na gestão predial.
Já o edifício inteligente, para receber esta classificação, precisa absorver esses conceitos des-
de a sua concepção, incorporando ainda no projeto todas as premissas necessárias, pois
precisa ser o que é um edifício de alta tecnologia, mas com a incorporação da comunicação
entre os dispositivos de controle e a possibilidade da gestão das informações recebidas sem
que haja a obrigatória presença de um operador em todas as suas etapas, além de utilizar em
sua construção materiais que facilitem a maior eficiência e conservação de todos os sistemas
instalados, contando com o conceito de flexibilização do projeto e da construção, permitindo
sua evolução e adaptação às novas tecnologias e necessidades dos usuários.

Fonte: Barbosa e Qualharini (2004, p. 2-3).

188
Automação Residencial: conceitos e aplicações
José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó
Editora: Educere
Ano: 2013
Sinopse: o livro é dividido em 12 capítulos ilustrados, abor-
dando o tema da automação residencial (domótica) e discor-
rendo sobre os conceitos que envolvem o tema, bem como
sua aplicação. Dessa maneira, apresenta temas relacionados
ao cabeamento residencial, às instalações elétricas tradicionais e automatizadas, à automa-
ção em edifícios residências, entre outros. O livro também discorre sobre as tendências futu-
ras do mercado de domótica.
referências

BARBOSA, L. A. G.; QUALHARINI, E. L. Edificações Inteligentes: Pressupostos para o seu


Projeto de Arquitetura. In: WBGPPCE 2004 - WORKSHOP BRASILEIRO DE GESTÃO
DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS, 4., 2004, Rio de Ja-
neiro. Anais..., Rio de Janeiro: FAU – UFRJ, 2004.
BOLZANI, C. A. M. Desenvolvimento de simulador de controle de dispositivos residen-
ciais inteligentes: uma introdução aos sistemas domóticos. 2004. 115 f. Dissertação (Mes-
trado em Engenharia) – Departamento de Engenharia Elétrica, Escola Politécnica da Uni-
versidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
______. Residências Inteligentes: domótica, redes domésticas, automação residencial. 1
ed. São Paulo: Livraria da Física, 2004.
GURGEL, M. Projetando Espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas comerciais.
São Paulo: SENAC, 2005.
MESSIAS, A. Edifícios “Inteligentes”: a Domótica Aplicada à Realidade Brasileira. 2007.
57 f. Monografia (Título de Engenheiro de Controle e Automação) – Curso de Engenharia
de Controle e Automação, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto-MG,
2007.
NEVES, R. P. A. A. Espaços Arquitetônicos de Alta Tecnologia: os Edifícios Inteligentes.
2002. 167 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos-SP, 2002.
RIVERA, R.; ESPOSITO, A. S.; TEIXEIRA, I. Redes elétricas inteligentes (smart grid):
oportunidade para adensamento produtivo e tecnológico local. Revista do BNDES, Rio de
Janeiro, n. 40, p. 43-84, dez. 2013.
SOUZA, E. A. de A. Automação predial: dispositivos contra incêndio. 2011. 62 f. Mono-
grafia (Título de Engenheiro Elétrico) – Curso de Engenharia Elétrica, Universidade São
Francisco, Campinas-SP, 2011.

Referências On-Line
1
Em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/conheca-4-edificios-inteligentes-ao-redor-
-do-mundo/>. Acesso em: 26 set. 2016.
2
Em: <http://www.abd.org.br/novo/designers-de-interiores.asp>. Acesso em: 27 set. 2016.
3
Em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/230/artigo370844-1.aspx>. Acesso em:
27 set. 2016.
4
Em: <http://abes-dn.org.br/pdf/CriseHidrica_indices.pdf>. Acesso em: 02 out. 2016.
5
Em: <http://site.sabesp.com.br/site/imprensa/noticias-detalhe.aspx?secaoI-
d=66&id=6391>. Acesso em: 02 out. 2016.
6
Em: <http://www2.inmetro.gov.br/pbe/conheca_o_programa.php>. Acesso em: 02 out. 2016.

190
gabarito

1. C.
2. E.
3. A.
4. D.
5. O(a) aluno(a) deverá fazer uma pesquisa sobre dispositivos inteligentes (instalações
prediais de hidráulica e elétrica) em sites da internet (empresas do mercado) e visi-
tando lojas especializadas em produtos hidráulicos e elétricos, obtendo informações
de custo e benefício sobre os produtos pesquisados.
6. A.

191
INSTALAÇÕES PREDIAIS

conclusão geral

Prezado(a) aluno(a), neste livro estudamos as diversas instalações prediais e sua relação
com os processos de projeto e execução de obras. Contextualizamos as instalações sob a
perspectiva da sustentabilidade social e ambiental e sua importância nos sistemas de gera-
ção, abastecimento e distribuição dos recursos necessários às atividades humanas.
Na perspectiva da sustentabilidade, apontamos a necessidade de capacitação de desig-
ners de interiores, arquitetos e todos os profissionais ligados à área da construção civil para
melhorar as estratégias de sustentabilidade de seus projetos e obras.
Conhecemos as principais normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), que regulam as instalações, podendo concluir a importância da aplicabilidade
dessas normas visando a um projeto adequado e uma execução apropriada a cada situação.
Ainda aprendemos conceitos básicos importantes para o dimensionamento das tubu-
lações, as partes constituintes das instalações, os materiais e os processos de execução que
possibilitam ao designer de interiores compreender o funcionamento das instalações com
o objetivo de identificar possíveis problemas do sistema.
Abordamos, também, e estudamos o conceito de edifício inteligente e sua relação com
os processos de automação. Assim, concluindo que o edifício inteligente deve contemplar
considerações em relação ao conforto ambiental (térmico, acústico, visual e ergonômico)
até a integração e aplicação de sistemas de automação e equipamentos.
Apontamos que o conhecimento sobre os avanços do mercado na criação de produtos
e dispositivos inteligentes coloca a necessidade de atualização constante, refletindo isso não
apenas no meio profissional, mas também acadêmico.
Sob essa ótica, é possível afirmar que o designer de interiores deve incorporar, na con-
cepção projetual de ambientes e sua execução, requisitos estéticos e técnicos, adotando
processos de gerenciamento que visem à qualidade dos espaços e ao conforto dos usuários.

192

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