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AMBIENTAL
PROFESSORES
Esp. Adriano Pereira Cardoso
Esp. Alexandro Gasparini Larocca
Esp. Renata Catânio
CONFORTO AMBIENTAL
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
cesumar (2016) e em Finanças pelo Instituto Paranaense de Ensino (2011), com gradua-
http://lattes.cnpq.br/2622482684854955
de cada cliente.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4492354E1
Artístico e Cultural.
http://lattes.cnpq.br/6474551567967310
apresentação do material
CONFORTO AMBIENTAL
Adriano Pereira Cardoso, Alexandro Gasparini Larocca e Renata Catânio.
Saudações iluminadas!
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
O QUE É CONFORTO AMBIENTAL? AFINAL, O QUE É A LUZ?
14 O Conforto Ambiental e a 134 A Luz, o olho humano e a Cor
Eficiência Energética
142 Princípios Básicos da
16 O Conforto Térmico Iluminação Artificial
19 O Conforto Acústico 145 Tipos de Iluminação Artificial
24 O Conforto Visual 148 Os Tipos de Luminárias
30 Luz Natural e Controles de 152 Sistemas de Iluminação
Ofuscamento
UNIDADE V
UNIDADE II ILUMINAÇÃO APLICADA NO DESIGN DE INTERIORES
CONFORTO TÉRMICO
168 Iniciando um Projeto
48 Definição e Importância do Luminotécnico
Conforto Térmico
177 Cálculo Luminotécnico
50 Variáveis de Conforto: Trocas Térmicas
180 Iluminação para Projetos Residenciais
e Exigências Humanas e Ambientais
184 Iluminação para Projetos
55 Os Diferentes Climas e seus Princípios
Comerciais e Escritórios
61 Propriedades Térmicas dos Materiais
188 Analisando Alguns Projetos de Iluminação
de Construção
70 Ventilação Natural e Uso de Vegetação
201 Conclusão geral
78 Geometria Solar
UNIDADE III
CONFORTO ACÚSTICO
96 O Som
101 O Ruído e o Ambiente Interno
106 Formas do Ambiente Interno
111 Materiais Acústicos e o
Tempo de Reverberação
O QUE É CONFORTO AMBIENTAL?
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O Conforto Ambiental e a Eficiência Energética
• O Conforto Térmico
• O Conforto Acústico
• O Conforto Visual
• Luz Natural e Controles de Ofuscamento
Objetivos de Aprendizagem
• Entender alguns conceitos de conforto ambiental e sua
influência na eficiência energética da edificação.
• Conhecer algumas variáveis de conforto térmico dos
ambientes.
• Verificar a importância do conforto acústico para a saúde
humana.
• Relacionar o conforto visual à estética dentro das
edificações.
• Entender a importância da luz natural e dos controles de
ofuscamento para um desejável conforto nos ambientes.
unidade
I
INTRODUÇÃO
P
rezado(a) aluno(a), você já ouviu falar de conforto ambiental?
Esse assunto é muito interessante e faz parte do nosso dia a dia
mais do que você pode imaginar. Pense em como você se sen-
te bem em um determinado ambiente e reflita: o que ele deve
ter? A temperatura deve ser agradável, assim como a iluminação, e não
podemos deixar de lado a acústica deste espaço. Então, conseguiu pen-
sar em um local como esse? Essa preocupação deve existir sempre que
projetamos um ambiente. Essa responsabilidade, se divide entre todos os
profissionais da área, os designers de interiores, os arquitetos e os enge-
nheiros civis.
Portanto, dividiremos os nossos estudos nestas três frentes: conforto
térmico, acústico e visual. Cada uma delas exige um tipo de preocupação
e isto muitas vezes nos faz dar prioridade a um ou outro aspecto. Pode-
mos citar como exemplo um auditório, no qual a maior preocupação é
com a acústica do ambiente e, portanto, acabamos deixando de lado o
conforto térmico e visual natural e trabalhamos com os artificiais.
Falando em estratégias naturais e artificiais, vamos sempre buscar o
conforto ambiental, gastando o mínimo de energia possível. Isso pode ser
feito utilizando elementos, como o sol, o vento, a umidade e a temperatu-
ra, pois são todos elementos naturais, com grande influência nos nossos
projetos e que devemos utilizar a nosso favor. Isto faz que nosso edifício
seja mais eficiente energeticamente, o que é uma constante preocupação
no momento que estamos vivendo. Este tema será abordado já no primei-
ro tópico da Unidade I do livro.
Assim, convidamos você nesta unidade a conhecer as diferentes fren-
tes de conforto. No tópico 1, veremos sobre conforto ambiental, ao passo
que no tópico 2, trataremos do conforto térmico, no 3 sobre conforto
acústico e nos tópicos 4 e 5 sobre conforto visual, para, nas próximas uni-
dades do livro, aprofundar seus conhecimentos sobre cada um dos temas.
CONFORTO AMBIENTAL
O Conforto Ambiental
e a Eficiência Energética
Olá, aluno(a)! Neste tópico, vamos entender o con- por isso, devemos colaborar com o nosso usuário e
forto ambiental e a importância da eficiência ener- permitir que ele possa sentir-se confortável, fazendo
gética nesta área de atuação. Projetar um ambiente economia. O designer deve, em todas as etapas do
confortável gastando bastante energia é fácil, nosso seu projeto, preocupar-se com os conceitos que ve-
desafio é proporcionar este conforto para o nosso remos no decorrer deste livro.
usuário gastando o mínimo de energia possível. Por- O homem busca o conforto ambiental desde os
tanto, eficiência energética é obter um determinado primórdios da história. Podemos lembrar que na
serviço, gastando poucos recursos. pré-história, ele já procurava um local para se prote-
A eficiência energética é uma forma de compa- ger das intempéries, aquecia-se com o fogo, buscan-
rar duas edificações, sendo que será mais eficiente do sentir-se confortável em cada variação do clima.
aquela que proporcionar o mesmo nível de confor- Com o passar do tempo, estas estratégias foram evo-
to, com um menor gasto de energia. Há uma grande luindo; essa arquitetura, tão primordial, tão pura, é
preocupação com a economia de energia nos nossos o que chamamos de arquitetura vernacular e temos
dias. Temos visto campanhas de conscientização e, muito a aprender com ela.
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DESIGN
A arquitetura vernacular é aquela em que o homem Essa arquitetura não sustentou-se por muito
adaptava-se ao seu ambiente, e ela traz um primeiro tempo. Tivemos a crise do petróleo e ainda uma
ponto, que é tirar vantagem do clima, aproveitar aquilo grande preocupação com os recursos naturais, como
que é agradável, desejável e evitar o que é indesejável. a água, que, no caso do Brasil, é a principal gerado-
ra de energia. A partir desses problemas, a preocu-
pação com a arquitetura sustentável voltou à tona e
vem sendo, cada vez mais, explorada.
Hoje, temos as etiquetagens das edificações, que
são formas de incentivar a utilização de estratégias
naturais de conforto ambiental. Essas etiquetagens
são classificações para edificações que atingem al-
guns requisitos de sustentabilidade. Na maioria dos
casos, essa etiquetagem é utilizada como uma forma
de marketing pelas empresas.
No Brasil, temos a etiquetagem da PROCEL, que
classifica desde eletrodomésticos até as edificações.
Internacionalmente, a etiqueta mais importante é o
LEED. Dependendo da quantidade de requisitos que
a edificação atinge, ela recebe diferentes classificações
em cada tipo de etiquetagem. Esta ideia é muito im-
Figura 1 - Exemplo de Arquitetura Vernacular, Iglu portante para incentivar o uso de novas tecnologias e
novas descobertas com menor gasto de energia.
Devemos seguir essa ideia em nossos projetos. Na Além destas etiquetagens, desde 2013, temos,
antiga Roma, já existiam sistemas de aquecimento de em vigor no Brasil, a Norma de Desempenho para
água e também dos ambientes, porém estes sistemas Edificações Habitacionais, que é a NBR 15575. Essa
utilizavam o fogo e, consequentemente, a madeira. norma traz vários parâmetros que as edificações
Com o passar do tempo, isso tornou-se insustentável, devem atingir, com relação ao conforto térmico,
então precisaram ir em busca de novas alternativas. acústico, lumínico e até mesmo de saúde, higiene e
Isto aconteceu também nos nossos tempos: com qualidade do ar.
a revolução industrial, surgiram novos materiais, Portanto, você sempre deve aliar o seu projeto
como o aço e o vidro. A partir desse momento, co- às estratégias de conforto ambiental, que gastem o
meçou um período que chamamos de arquitetura mínimo de energia possível e satisfaça o seu usuá-
internacional: todos os edifícios, em diferentes lo- rio. Durante todo o livro, você estudará formas de
cais do mundo, passaram a ter as mesmas caracterís- proporcionar conforto térmico, acústico e lumínico,
ticas, sem preocupação com o clima, utilizando sis- entendendo estes elementos e o que influencia em
temas artificiais de ventilação, pois essas edificações cada um deles, pois eles não podem ser esquecidos
envidraçadas tornavam-se grandes estufas. em nenhum momento da sua vida profissional.
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CONFORTO AMBIENTAL
O Conforto Térmico
Dentro do contexto de conforto ambiental, princi- O conforto térmico é o resultado de uma com-
palmente se tratando de interiores, o conforto tér- binação de variáveis, sendo estas o sol, a umidade, o
mico é um dos ramos no qual mais atuamos, em vento e a temperatura. Então, cada região do mundo
que as especificações e soluções são tratadas nos tem o seu clima característico, por isso as diferentes
ambientes aumentando, assim, a qualidade de vida arquiteturas, vestimentas e soluções térmicas.
dos usuários. E então, pronto para iniciar o assunto O posicionamento do sol tem uma influência
conforto térmico? enorme, não só na questão do aquecimento, mas
Quando pensamos em conforto térmico, logo consequentemente na luz natural. Para entender
nos vem à mente um lugar no qual estaremos bem melhor esta questão, vamos aprender a utilizar a car-
em relação à temperatura, sem passar calor ou frio. ta solar na próxima unidade, que é uma planificação
Podemos nos imaginar em alguns lugares que nos de como acontece a movimentação do Sol em rela-
garantem essa sensação, pode ser um local bem ção à Terra. Apesar de sabermos que é a Terra que
ventilado no verão ou uma lareira para aquecer no gira em torno do Sol, podemos pensar na edificação,
inverno. estática, e no Sol girando em torno desta edificação.
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DESIGN
Iremos perceber que tanto ao longo do dia como mais o trabalho de manter um ambiente em confor-
ao longo dos meses (estações do ano), a posição e to térmico. Nas cidades, vemos ruas cada vez menos
a intensidade do Sol se altera, o que nos leva a uma arborizadas, sendo que as árvores conseguem ame-
melhor reflexão sobre os possíveis layouts de inte- nizar em grande parte a temperatura, por isso são
riores, a fim de otimizar a disposição de mobiliários tão importantes. O paisagismo aliado aos ambientes
e utilização de materiais, agregando assim qualidade é um ponto importante. Sabemos que, como desig-
de vida a qualquer espaço interno e aliando fatores ners de interiores, podemos explorar esse nicho e
externos, como em aberturas e fachadas. extrapolar as “barreiras dos interiores”, trabalhando
Em cada região do mundo, o Sol ficará posicio- em jardins, piscinas, áreas gourmets, fachadas, entre
nado em locais diferentes em relação ao observador, outras, agregando assim um estudo de viabilidade
o que influencia totalmente no clima desta região. visual e térmica aos locais de instalação.
Cada pessoa também reage de forma diferente aos Um outro problema que enfrentamos é a destrui-
estímulos do clima, alguns sentem mais calor, ou- ção da camada de ozônio. Ela tem como função fil-
tros mais frio, estando no mesmo ambiente. Outras trar os raios solares e, com a diminuição dessa cama-
influências do ser humano também interferem nes- da, recebemos cada vez mais radiação, influenciando,
sa percepção de calor ou frio, o que veremos mais diretamente, na temperatura de todo o planeta.
adiante, na próxima unidade. As consequências da ação do homem geram
Os materiais que utilizamos nas edificações tam- cada vez mais problemas para ele mesmo; catástro-
bém são muito importantes no aquecimento dos am- fes acontecem por conta deste comportamento. Por
bientes. Sempre que você projetar, fará especificações isso, temos a função de aprender como gastar a me-
de materiais, influenciando diretamente no conforto nor quantidade de energia, aproveitando as carac-
da edificação. Na ambientação de interiores como terísticas naturais de um determinado local. Sabia
um todo, realizamos as especificações de diferentes que, por exemplo, o vento vem com maior predo-
materiais, como mobiliários, revestimentos de piso e minância de uma determinada direção? E que para
parede, fora artefatos de decoração, agregando isso a ele circular dentro das edificações é necessário que
um layout funcional e esteticamente agradável, sen- ele tenha não só por onde entrar, mas também por
do que todos esses elementos em conjunto geram onde sair? Podemos realizar vários estudos e simu-
uma carga térmica para o ambiente, que aliado com lações com as trajetórias dos ventos na tentativa de
a entrada de luz e vento, podemos trabalhar no me- otimizar este conforto nos ambientes. Veremos na
lhor conforto do espaço. Outro fator importante que próxima unidade sobre a ventilação cruzada e o efei-
veremos mais adiante é com relação às aberturas, que to chaminé, duas técnicas importantes de serem ob-
também influenciam, diretamente, neste contexto. servadas e utilizadas dentro das edificações.
A vegetação é um elemento importantíssimo no O conforto das pessoas passou a ter uma impor-
conforto térmico de um local. Como sabemos, o ho- tância ainda maior com a criação das leis trabalhis-
mem vem destruindo a natureza e, como consequên- tas, pois, a partir delas, o trabalhador passou a ter
cia disso, temos o aumento da temperatura, estações direito a um local de trabalho salubre, onde pudesse
sem características marcantes e isto dificulta ainda desenvolver a sua atividade.
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CONFORTO AMBIENTAL
REFLITA
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DESIGN
O Conforto Acústico
O que você pensa quando lê a palavra acústica? ceber que o nosso objeto de estudo nesta frente
Logo vem na sua mente um teatro ou auditório, será o som.
não é mesmo? Pois saiba que a preocupação acústi- Para dar qualidade acústica a um espaço, deve-
ca deve acontecer em qualquer ambiente que você mos perceber qual será a interferência acústica que o
projetar. Ela é um subsídio do projeto e deve ser projeto fará no entorno e também o contrário. É ne-
considerada desde o levantamento de dados. cessário, ainda, compreender o fenômeno do som, o
Isso acontece, porque, em qualquer local, de- que veremos mais à frente, na Unidade III, que tra-
vemos evitar a entrada de ruídos externos na edi- tará especificamente de conforto acústico.
ficação e isto é uma preocupação com o conforto Um dos nossos grandes desafios neste projeto
acústico. O projeto acústico deve ser funcional, será a grande quantidade de ruídos externos que
cada elemento deve ser bem pensado e trabalha- existem hoje, os ruídos urbanos. Então, você deve
do para uma boa difusão do som, que deve ter sempre fazer uma observação sonora antes de ini-
uma função para existir, sempre priorizando a ciar o projeto; deve-se pensar em soluções, sem dei-
função daquele projeto. Então, já podemos per- xar que isso bloqueie a sua criatividade.
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CONFORTO AMBIENTAL
REFLITA
Vamos voltar um pouco na história para que você
comece a ter um contato com termos da acústica.
Como designers criativos(as), devemos utilizar Na Antiguidade, os gregos e romanos já construíam
de vários elementos e materiais adequados
grandes teatros. Não se sabe ao certo se havia a in-
para resolver as questões de ruídos de um am-
biente quando se trata de conforto acústico. tenção acústica, porém havia um objetivo visual, o
que resultou em soluções utilizadas até hoje.
Os teatros dos gregos tinham um formato semicir-
cular, a função deste espaço para eles era de um cená-
rio religioso, então ali desenvolviam-se peças e cultos.
A plateia era escalonada, aproveitando a topografia do
terreno e distribuída em semicírculo, o que promove
uma aproximação das pessoas ao palco, para uma boa
visão e, consequentemente, uma boa audição, como
podemos observar na imagem a Figura 2.
Nos teatros romanos, porém, a topografia não
era aproveitada, por isso uma grande estrutura pre-
cisava ser construída, contudo, a configuração em
semicírculo era a mesma. O palco ficava mais próxi-
mo da plateia e, pela construção que era erguida, ha-
viam superfícies mais fechadas lateralmente e mais
altas, o que trouxe um reforço sonoro para os palcos.
Figura 2 - Teatro Grego Esta estrutura funcionava como uma concha acús-
tica, como podemos observar na imagem a seguir,
sendo aquela que era utilizada geralmente em palcos
ao ar livre, que serve para fazer a reflexão do som
para o público. Além disso, para este povo, o teatro
tinha a função de divertimento.
Após a antiguidade, veio a Idade Média e pas-
saram-se muitos anos sem que se desenvolvessem
novos teatros, por conta do cristianismo. O que po-
demos estudar neste momento são as igrejas. Você
já entrou em uma grande igreja que estava vazia?
Percebeu o grande reforço sonoro que acontece na
voz? As igrejas geralmente possuem um grande vo-
lume e superfícies muito reflexivas, o que leva a um
aumento da intensidade do som neste ambiente.
Figura 3 - Teatro Romano Geralmente, as igrejas eram construídas em pedra
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DESIGN
e alvenaria, materiais muito reflexivos, que causam calização do som, o que torna-se um defeito acústi-
um grande reforço sonoro, sendo estas edificações co, que vamos estudar mais à frente.
importantes para o desenvolvimento da música. No período gótico, o arco ogival é desenvolvi-
As igrejas deste período possuem cúpulas, que do, o que deixa as igrejas ainda mais altas, provo-
são superfícies côncavas. Este tipo de superfície cando então, outro defeito acústico, que chama-
para o projeto acústico pode causar uma grande fo- mos de eco.
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CONFORTO AMBIENTAL
Seguido a esse período, vem o renascimento, um perfícies internas, como teto, paredes e piso. Por isso,
momento em que retoma-se a valorização da arte há um grande reforço sonoro, ainda mais por serem
e da literatura. Desta forma, os teatros voltam a ser grandes espaços. A grande reflexão é compensada
construídos, ainda com o mesmo formato dos da pelo grande público, já que as pessoas absorvem o
antiguidade, porém em espaços totalmente fecha- som. Neste momento, surge um novo desafio, que é
dos. Os espaços fechados fazem que o som tenha um a ligação entre o palco e o proscênio; temos dois am-
comportamento diferente dos espaços abertos. bientes acusticamente diferentes, ligados por uma
Nesses teatros, o som é refletido por todas as su- abertura, chamada “boca de cena”.
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DESIGN
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CONFORTO AMBIENTAL
O Conforto Visual
Pense que está acordando de uma boa noite de sono do seu trabalho, já à noite, você está estressado, can-
e ao abrir os olhos, a luz do dia e seus raios solares o sado, com fadiga sem saber ao certo a causa, chega
atingem pela abertura da janela, vindo a sensação de em sua casa e aciona algumas luzes de tonalidades
desconforto e a necessidade de levantar. Indo para o mais amareladas, pega seu livro para ler e liga uma
trabalho de carro, seus olhos recebem uma incidência fonte de iluminação direcionada a ele e o seu corpo
de luz solar que os afetam, causando uma saturação e já vai sentindo um alívio da tensão. Logo você sente
lhe fazendo colocar óculos escuros ou utilizar o para uma sensação de tranquilidade e relaxamento e, sem
sol do carro para continuar a dirigir com segurança. entender muito bem essa alteração de humor, suas
Chegando ao trabalho, se depara com grande expo- reações mudam drasticamente. Isso se dá pela falta
sição de luz na cor branca, que lhe faz sentir vontade de conforto visual no meio em que se vive.
de trabalhar e ficar ativo, mas ao utilizar a tela do Para que possamos melhorar nossa rotina trans-
seu computador, o reflexo dessas luzes brancas afe- formando transtornos em sensações mais agradá-
tam a tela causando incômodo em seu uso. Saindo veis, a dica é simples: aplicar o conforto visual em
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DESIGN
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CONFORTO AMBIENTAL
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DESIGN
projeto de iluminação e seguir dentro da lei. Uma soas e, ao envolvermos o ser humano, lidamos
com a emoção, e em maior ou menor grau, esse
delas, e talvez a mais importante, é a ABNT - NBR
sentimento estará presente.
15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempe-
nho. Esta norma é dividida em seis partes e, em qua- Para obtermos um bom conforto visual, unido ao
tro delas, trata-se de conforto ambiental, nas quais bom consumo energético, devemos iniciar o projeto
se inclui a do desempenho lumínico. Para níveis de analisando alguns fatores como:
Iluminância do Design de Interiores, ABNT - NBR • Realizar um levantamento físico do local, cor
8995-1; nela se orienta qual nível de iluminação de piso, parede e teto, pois dependendo das co-
res e materiais que serão escolhidos, se forem
necessária para cada tipo de ambiente. Todas essas
mais escuros, menos reflexo terão, portanto,
normas você encontra no site da ABNT.
mais potência e aplicação de luz; sendo cores
Vimos que é interessante participar desde o início mais claras, mais reflexão, exigindo menos luz.
do projeto e entender de algumas normas para de- • Analisar quem irá morar no local, já que a
senvolver o luminotécnico, buscando obter um bom idade e estilo de vida também irão interferir
conforto visual. Uma vez sabendo calcular a ilumina- na maneira de projetar. Um exemplo seria
ção geral de um ambiente, estamos caminhando para um projeto para um casal de idosos, no qual
dar início a vários outros projetos que nos esperam. se exigirá mais iluminação e com variação de
Porém, existem situações e locais que não precisam tonalidades trabalhando com circuitos dife-
renciados de acordo com a necessidade que
de cálculo nenhum para ser projetado, mas de um
esse idoso terá dentro de sua residência. Ou-
conjunto de informações que seu cliente lhe expres- tra para uma casal jovem, podendo elaborar
sou, suas vontades e seus sentimentos, e utilizar a luz projetos de iluminação mais cênicas, preo-
para revelar sentimentos naquele cenário; assim, o cupando menos com a claridade e mais com
trabalho do designer será utilizar suas experiências e efeitos que a luz nos fornece.
inspirações para montar esse tão particular e sensiti- • Definir luminárias e seus complementos. A
vo projeto. preferência nos dias atuais é fazer uso de pe-
Quando falamos de conforto visual e uma boa ças e lâmpadas que utilizam o led, um sistema
com grande economia e durabilidade.
iluminação de um ambiente, nós temos sim que nos
• Calcular a quantidade de luminárias para
preocupar com cálculos e projetos concretos que
cada ambiente e situação, lembrando que esse
nos permitiram ter respostas exatas, mas, acima de
cálculo varia conforme o uso do local.
tudo, a luz causa sentimento e emoção, conforme
• Utilizar circuitos diferentes para cada tipo
Silva (1997, p. 83): de luminária ou lâmpada, exemplo; uma sala
com variados spots de embutir, pendente e
[...] existe a luz razão e a luz emoção. Mesmo plafons, aplicar um circuito para cada tipo,
quando utilizamos a luz razão é indispensável criando até cenas de luz para cada ocasião.
uma boa quantidade de emoção para que o todo
funcione adequadamente, pois não estamos fa-
• Calcular o consumo energético, antes mesmo
zendo a iluminação para que a obra se baste,ou de começar a execução do projeto, analisan-
seja, para as paredes, o concreto, as portas. Nós do se tudo que será aplicado em iluminação
estamos iluminando para o bem-estar das pes- terá capacidade de consumo; procurar com
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CONFORTO AMBIENTAL
Pinheiro e Crivelaro (2013) enfatizam que uma ilu- [...] os projetistas precisam estar cientes de to-
das as fontes potenciais de ofuscamento e re-
minação inadequada pode causar desconforto e fa-
flexão. Os problemas acarretados pelo ofusca-
diga visual, dor de cabeça, ofuscamento, redução da mento são complexos e não podem ser evitados
eficiência visual ou mesmo acidentes. Por isso, de- quando se projeta apenas com plantas baixas; o
vemos nos preocupar com o tipo de cliente que irá controle do ofuscamento exige que o projetis-
receber essa luz, qual sua rotina, que local da resi- ta pense constantemente em três dimensões e
visualize a cena que o usuário experimentará.
dência prefere e, com isso, transmitir sensações boas
com a iluminação. O ofuscamento de luz tanto natural quanto artificial
A iluminação é distinta para os ambientes: um é um fator predominante a se preocupar e solucio-
ambiente comercial necessita de iluminação que nar a questão. Para reduzirmos o ofuscamento, de-
forneça destaques aos produtos de venda; em uma vemos analisar:
indústria, a iluminação geral tem que predominar • Evitar luminárias cujo foco se direciona no
sendo mais clara, utilizando cores de luz brancas observador. Isso serve muito para luminá-
para obter mais produção; uma urbanização analisa rias de jardim, aplicando-se peças no chão e
toda comunicação visual que se expõe em seu en- direcionando para cima, nas quais a pessoa
observa a luz e logo ocasiona um clarão, e os
torno, utilizando luzes de cor neutra e mais potentes
olhos já se irritam com a quantidade de luz
para iluminar bem ruas e praças; já em residências, atingida; para isso, utilize direcionar as lu-
como já expomos anteriormente, deve-se analisar as minárias para as plantas e paredes, colocar
necessidades de cada morador e seu estilo de vida peças com vidros e proteção para reduzir o
para um bom projeto. ofuscamento e garantir durabilidade das pe-
ças aplicadas.
OFUSCAMENTO E SOLUÇÕES
Prefira luminárias que tenham alternativas de con-
O ofuscamento é um tipo de iluminação aplicada trole de luz, existem alguns métodos, como aletas
que, em seu processo de adaptação, pode causar parabólicas (desvia luz em ângulo de 45º), reduzin-
perda de visibilidade, perturbação e desconforto. do boa parte do ofuscamento e cuja utilização cola-
Quando uma luz incomoda em determinado local, bora em vários tipos de ambientes, principalmente
impedindo de enxergar algo, ou reflete além do que em escritórios que têm telas de computadores que
deveria, isso é chamado de contraste ou saturação. causam grande ofuscamento.
Há também aquela luz que está mal posicionada no • Utilizar luminárias que tenham difusores
ambiente, dando visibilidade ao local ou objeto, mas como vidros jateados e acrílicos, assim a luz
fazendo com que o indivíduo force muito a visão ou não fica direta aos olhos, evitando incômo-
dos para as pessoas, além de serem peças com
se incomode tentando se movimentar para ajustar a
boa estética, que permite um ambiente mais
luz, causando perturbação e nervosismo. bonito e agradável.
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DESIGN
Figura 12 - Sala de estar com sanca de gesso e luz indireta e spots de embutir direcioná-
vel, deixando o ambiente agradável sem ofuscamento de luz
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CONFORTO AMBIENTAL
Caro(a) aluno(a), como já vimos, a luz, sendo ela Santiago Calatrava projetaram essa interação da luz
natural ou artificial, quando bem projetada, é de natural e arquitetura em suas obras.
suma importância para trazer sensações, evitar fa- A melhor utilização de eficiência energética na
digas e ajudar na nossa visão. A utilização da luz arquitetura é aquela na qual a luz artificial se usa so-
natural na arquitetura é um grande auxiliador em mente na parte noturna, e de dia a luz natural entra e
nossas vidas, pois nos permite ter privilégios de faz sua parte, trazendo iluminação para todos os am-
visualizar no nosso dia a dia as transformações da bientes, pensando em seu controle para não esquen-
luz do Sol, que do seu nascer ao restante do dia tar e ofuscar; sistemas elétricos como o ar-condicio-
nos faz sentir estimulados para trabalhar, estudar nado, por exemplo, mais eficientes, utilizando menos
e fazer nossa tarefas de rotina e, quando o Sol vai energia; água e aquecedores com sistemas solares de
se pondo, com sua cor avermelhada, vai trazen- aquecimento; aparelhos elétricos mais eficientes e o
do nostalgias e vontades de descansar e diminuir uso de materiais mais sustentáveis para projetar.
nosso ritmo. Com base nessas sensações que a luz Temos como exemplo o Hospital Sarah Kubits-
nos traz e a necessidade que temos por ela, alguns chek, do Rio de Janeiro, projetado pelo arquiteto João
renomados arquitetos, como Lelé, Norman Foster, Filgueiras de Lima, o Lelé, com mais de 52 mil m² de
30
DESIGN
área construída, o qual tem iluminação e ventilação É importante também calcular qual método de
naturais, jardins, espelho d’água, local para banho de iluminação zenital e ventilação natural irá se encai-
Sol para os pacientes, trazendo mais conforto para xar melhor no seu projeto. Saiba então quais são os
trabalhos mais humanizados. tipos de iluminação zenital:
Com todas essas necessidades sustentáveis, a ilu- • SHEDS: sua inclinação forma um tipo de
minação natural está assumindo sua devida impor- dente serrilhado que tem mais função se apli-
tância na arquitetura, principalmente em locais de cado na direção sul.
grandes tráfegos como hospitais, escolas, indústrias • LANTERNIM: tipo de iluminação com aber-
tura na parte superior do teto, que facilita a
e escritórios. Tanto pela sua forma estética quanto
ventilação dos ambientes e a melhor indica-
pela economia, visto que essa luz colabora para que
ção é direcioná-la no sentido norte-sul.
o usuário tenha conforto visual e térmico.
• CLARABOIA OU DOMUS: sua posição é
mais na horizontal, trazendo boa iluminação
SAIBA MAIS por proporcionar variados tipos de aplicação
e formatos.
• ÁTRIO: iluminação natural direcionada na
O prédio considerado o mais sustentável do
parte central da arquitetura com grande va-
mundo, o The Edge, é um prédio de escritórios
de 40 mil metros quadrados que se localiza riedade de formatos.
em Amsterdã na Holanda, inclusive já virou Existem outros métodos para controlar o ofuscamen-
atração turística.
to da luz natural, como cortinas e variados tipos de
Fonte: Salles (2016, on-line)2. persianas para aplicar nas janelas, vidros e seus aca-
bamentos com controle de luz, assim possibilitando
bastante a iluminação natural em qualquer ambiente
Para que o projeto arquitetônico e de iluminação e sabendo aplicar os controles de luz corretamente.
natural caminhe corretamente, o ponto inicial é o
posicionamento do Sol e suas transformações pe- REFLITA
rante o local projetado: isso faz que comece a ar-
quitetar os tamanhos e posicionamentos de aber- Acredito que a iluminação tem o poder de
turas e janelas, coloração de vidros que determina revelar a essência das coisas, ela transforma
a passagem dos raios solares. o imaterial em realidade com a alma.
31
CONFORTO AMBIENTAL
Figura 14 - Exemplo de Lanternim com grande ponto de luz natural Figura 16 - Iluminação central em um shopping trazendo ótima
tanto central quanto nas laterais iluminação natural para o local de alto tráfego
32
considerações finais
J
á deu para perceber que o conforto ambiental é muito importante para os am-
bientes que serão futuramente projetados por você. É um requisito de projeto
indispensável e que deve ser pensado desde o levantamento de dados.
Nas próximas unidades, você vai se aprofundar em cada um dos ramos que
são: conforto térmico, acústico e visual. Espero que já tenha começado a perceber,
nos ambientes em que você vive, a necessidade de ter estas preocupações. Somente o
conjunto de todos estes fatores vai proporcionar ao seu usuário o bem-estar.
Então, comece a perceber como acontece o “movimento” do Sol em relação a
você, como observador. Repare como a ventilação cruzada traz benefícios a uma
edificação ou como a umidade do ar influencia na sua saúde. Fique atento em como
o Sol aquece superfícies como os vidros e como os diferentes tipos de fechamento
podem deixar um ambiente mais quente ou mais frio.
Você também pode começar a observar como os ruídos influenciam no desen-
volvimento de uma atividade, não sendo possível ter concentração dessa forma. Se
você for a um teatro ou auditório, verifique como se dá a distribuição das cadeiras,
quais são os materiais que foram utilizados, se você está ouvindo e enxergando bem
do seu lugar.
Por último, mas não menos importante, observe a iluminação ao seu redor: ela
é suficiente? Está agradável para a atividade que você está desempenhando? Ou está
cansando a sua visão? Está entrando muita luz natural pelas aberturas ou essa luz é
tão pouca que é necessário acender as lâmpadas durante o dia?
Só a observação dos fatores que você está estudando neste livro te levará a aplicar
os conhecimentos que serão adquiridos, por isso não perca tempo, mude seu olhar
em relação a todos esses pontos que são tão importantes e traga essa qualidade de
vida para os usuários dos ambientes que você irá projetar.
33
atividades de estudo
1. Ora, se é verdade que a diversidade de regiões, que dependem do aspecto do céu, produzem efeitos
diferentes sobre as pessoas que aí nascem, que são de um tipo diferente, tanto no que concerne à
estrutura do corpo como na forma do espírito, está fora de dúvida que é uma escolha de grande im-
portância a adequação dos edifícios à natureza e ao clima de cada região, o que não é difícil, posto
que a natureza nos ensina a maneira que devemos seguir. (VITRUVIO, 1986). Sobre a Arquitetura
Vernacular, assinale a alternativa correta:
a. É a arquitetura atual, na qual o homem constrói a sua edificação conforme a sua vontade, excluindo as
necessidades locais.
b. Esta arquitetura deve servir de referência para nós, pois o homem utilizava-se dos materiais que tinha
nas proximidades, adaptando-se às condições climáticas.
c. Um exemplo de arquitetura vernacular seriam os edifícios internacionais, que utilizam materiais como
aço e vidro em suas construções.
d. É possível aprender com a arquitetura vernacular a utilização de materiais provenientes de lugares
distantes de onde o edifício está sendo construído.
e. A adaptação climática, na arquitetura vernacular, não faz parte do pensamento na hora de projetar um
edifício.
2. A importância do conforto térmico é baseada em três princípios básicos. Sobre esses princípios, ana-
lise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
I. A satisfação do homem é um desses princípios, já que ele deve sentir-se em bem-estar em qualquer
ambiente que esteja, seja sua residência, seu ambiente de trabalho ou de lazer.
II. A performance humana, quer dizer que, independente das condições de conforto, segundo as leis tra-
balhistas, o homem deve desempenhar sua tarefa com a melhor qualidade possível.
III. A conservação de energia é um dos princípios que nos faz pensar em alternativas naturais para o con-
forto térmico, com a mínima utilização de ar-condicionado ou calefação.
IV. Das principais variáveis climáticas do conforto térmico, não fazem parte a temperatura, umidade e
velocidade do ar.
V. As exigências humanas de conforto térmico não estão ligadas com o funcionamento do seu organismo.
34
atividades de estudo
3. O conforto acústico pode ser estudado em diferentes épocas da história. Com relação aos tipos de
edifício em cada época e assinale a alternativa que melhor corresponde com as afirmações:
I. Na Antiguidade, os teatros eram ao ar livre, configurando-se com plateias em formato de leque. Nesta
época, alguns povos utilizavam-se da topografia para escalonar a plateia, enquanto outros construíam
grandes estruturas, que trabalhavam como conchas acústicas.
II. Na Idade Média, não tínhamos os teatros como referências, mas sim as Igrejas, com seus materiais
muito reflexivos, suas cúpulas e seus arcos ogivais.
III. Renascimento: nesta época, surgiram os teatros fechados, de grande volume, nos quais a reflexão é
compensada pelo grande público.
IV. No Barroco, houve o surgimento da ópera e o desafio do equilíbrio do espaço desta, muito reflexivo, e
do palco cheio de adornos.
V. Século XIX: foi neste momento que surgiram as predições matemáticas, as quais, junto com os teatros
de planta retangular, trazem uma maior qualidade acústica aos espaços.
4. Segundo Vianna (2001), as variáveis projetuais da relação entre arquitetura e clima estão equaciona-
das em três níveis: o homem e suas exigências humanas, clima e suas variáveis e a arquitetura como
abrigo. Afirma que o conforto avalia as exigências humanas e funcionais baseado no princípio de que
quanto maior for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será a sensação de desconforto. E um
ambiente mal projetado pode causar as seguintes sensações humanas:
I. Vontade de descansar e diminuir o ritmo.
II. Controle da fadiga e ajuda na nossa visão.
III. Desconforto e fadiga visual, dores de cabeça, ofuscamento, redução da eficiência visual ou mesmo
acidentes.
IV. Visualiza detalhes e incentiva o morador a viver melhor e mais tempo nesse local.
35
atividades de estudo
5. A qualidade de iluminação em locais de trabalho não está totalmente ligada apenas ao nível de ilu-
minação emitido no ambiente. Tem que levar em consideração a direção de luz, a distribuição da
iluminação, a escolha das cores da luz, da sombra e do controle de ofuscamento, buscando uma
iluminação uniforme. Quais são os tipos de ofuscamentos que precisamos solucionar para obter
bom conforto visual?
a. Contraste e Saturação.
b. Nostalgia e Ritmo.
c. Direção e Dimensionamento.
d. Insolação e Ventilação.
e. Radiação e Temperatura.
36
LEITURA
COMPLEMENTAR
Pelos grandes desafios que têm ainda que ser enfrentados em nosso país em termos de infraestrutura, construção
habitacional etc., o desenvolvimento da construção civil é imprescindível. Porém, diante do tema sustentabilidade,
há que se adotar novos critérios para a concepção e o desenvolvimento dos projetos construtivos e também os de
reabilitação, os quais vêm ganhando espaço no Brasil, uma vez que os edifícios começam a atingir seus limites de
desempenho ao uso.
A Agenda 21 consolida a ideia de que o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem constituir um
binômio indissolúvel, que promova a ruptura do padrão tradicional de crescimento econômico, tornando compatíveis
duas grandes aspirações da atualidade: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países que permanecem em
patamares insatisfatórios de renda e de riqueza, e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras
gerações (Assembleia Geral das Nações Unidas, 1992).
Segundo o United States Green Building Council, um empreendimento com bom desempenho ambiental é caracteri-
zado por ter minimizados, e até mesmo eliminados, os seus impactos negativos no meio ambiente e em seus usuá-
rios. O conselho avalia o desempenho ambiental de edifícios sob cinco enfoques: planejamento sustentável da área
construída; economia de água e eficiência em sua utilização; eficiência energética e emprego de energia renovável;
conservação de materiais e fontes de recursos; e qualidade do ambiente (United States Green Building Council, 2002).
Interessante também a abordagem da empresa de arquitetura Doerr Architecture. Segundo ela, todo projeto de em-
preendimento requer mudanças nos sistemas naturais preexistentes e o consumo de energia e insumos, e por con-
seguinte, um projeto totalmente “verde” não seria possível. Entretanto, todo projeto apresenta-se como uma oportu-
nidade, e até mesmo responsabilidade, para o aperfeiçoamento do desempenho ambiental dos empreendimentos.
Segundo Doerr (2002), o desafio da sustentabilidade é complexo e inclui a forma com que são obtidos os recursos
utilizados, como é atingido o seu aproveitamento máximo e como é considerada a eliminação da ideia de desperdício.
Segundo o programa “Brown is Green”, da Brown University, um empreendimento ambientalmente responsável tem
reduzido os impactos dos processos construtivos e os ocorridos durante a sua vida útil. Os seus indicadores de bom
desempenho ambiental incluem a redução da carga energética empregada nos sistemas de aquecimento, refrigera-
ção e iluminação, e também a seleção dos materiais utilizados, dando preferência aos não tóxicos, renováveis, ou que
contenham reciclados.
37
LEITURA
COMPLEMENTAR
Apenas para fornecer uma noção de valores dos recursos naturais consumidos, John (2000) aponta como destinados
à construção civil de 14% a 50% da totalidade de recursos naturais extraídos, conforme o país. A título de exemplo,
segundo o autor, no Brasil as estimativas são escassas, porém considerando serem produzidos ao ano aproximada-
mente 35 milhões de toneladas de cimento Portland, e assumindo o traço médio de 1:6 em massa na sua mistura com
agregados, somente na produção de concretos e argamassas.
Os principais impactos ambientais decorrentes da extração de recursos naturais são a escassez e extinção de fontes
e jazidas, além de alterações na flora e fauna do entorno destes locais de exploração.
Além da ciência dos impactos ambientais dos empreendimentos ao longo de seu ciclo de vida, e que serão apontadas
neste artigo, existem alguns fatores externos que podem impulsionar o setor rumo à sustentabilidade. São eles al-
gumas exigências relacionadas a aprovações legais de empreendimentos e processos licitatórios, e também algumas
restritivas e financiamentos.
38
material complementar
Design Passivo
Miriam Gurgel
Editora: Senac
Sinopse: o conceito de ‘Design Passivo’, desenvolvido na Alemanha a partir dos
anos 1990, tem sido utilizado no mundo todo como base para uma arquitetura e
um design sustentáveis. Emprega conhecimentos relacionados ao clima local em
que a edificação será construída, os ventos incidentes, o layout do projeto, a desti-
nação dada aos ambientes, os materiais utilizados e quaisquer outros fatores que
visam sempre a um resultado energeticamente eficiente. Arquitetura ou design
“passivo”, porque se baseia no emprego dos meios naturais tanto para o aqueci-
mento da casa quanto para seu resfriamento, dependendo, consequentemente,
de pouca energia elétrica para garantir conforto ambiental aos seus moradores.
A Guerra do Fogo
Konstantin Grcic
Editora: Gutenberg Autentica
Sinopse: na pré-história, em torno da descoberta do fogo, a tribo Ulam é menos
desenvolvida; eles ainda acham que o fogo é algo sobrenatural e se comunicam
apenas com gestos e grunhidos. Quando a fonte de fogo deles apaga, três homens
vão em busca de outra chama e é quando encontram a tribo Ivaka, um grupo mais
desenvolvido de hábitos e comunicação mais complexa, além de dominar a pro-
dução do fogo. Os homens sequestram uma mulher da tribo Ivaka e descobrem
outra forma de viver.
Comentário: o filme gira em torno do fogo, sua conquista pelos meios naturais e
a maneira que iriam mantê-lo aceso. Contudo, o filme ultrapassa essa premissa
básica e entra fundo em outros conceitos. Pode-se então distinguir os diversos
grupos em estágios evolucionários distintos ocupando um mesmo mundo. Vere-
mos então como espaços onde vivem podem influenciar a evolução humana.
39
material complementar
No Site da Procel, você encontra artigos, publicações e manuais relacionados à eficiência energética, além de
proporcionar a lista de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que contém o selo de eficiência da Procel.
Acesse em: <http://www.procelinfo.com.br/main.asp>
40
referências
41
referências
REFERÊNCIAS ONLINE
¹ Em: <http://www.minutoengenharia.com.br/postagens/2015/02/09/o-edificio-
-mais-sustentavel-do-mundo/>. Acesso em: 07 nov. 2016.
2
Em: <http://gq.globo.com/Prazeres/Design/noticia/2016/02/conheca-edge-o-
-predio-de-escritorios-mais-sustentavel-do-mundo.html>. Acesso em: 18 out.
2017.
3
Em: <http://www.sarah.br/a-rede-SARAH/nossas-unidades/unidade-salva-
dor/>. Acesso em: 28 nov. 2016.
4
Em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/personal_files/francisco_cardoso/
Nutau%202002%20Degani%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017
gabarito
1. B
2. D
3. D
4. C
5. A
42
UNIDADE II
CONFORTO TÉRMICO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Definição e importância do conforto térmico
• Variáveis de conforto: trocas térmicas e exigências
humanas e ambientais
• Os diferentes climas e seus princípios
• Propriedades térmicas dos materiais de construção
• Ventilação natural e uso de vegetação
• Geometria Solar
Objetivos de Aprendizagem
• Definir e entender a problemática do conforto térmico.
• Entender como o ser humano reage diante das diferentes
condições climáticas e exigências humanas.
• Entender os diferentes climas e seus condicionantes.
• Compreender as propriedades térmicas dos materiais.
• Mensurar a importância da ventilação natural e a utilização
de vegetação na busca de melhores índices de conforto.
• Compreender a trajetória solar a fim de utilizá-la a favor da
edificação e conforto dos usuários.
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a)! Vamos iniciar nossos estudos sobre o conforto térmi-
co. Você pode perceber no seu dia a dia como sentir-se em bem-
-estar térmico é importante. Quando você passa muito calor, não
fica cansado(a), incomodado(a) e seu desempenho nas atividades
diminui? E passar frio também não é agradável, não é mesmo? Por isso, o
usuário do seu projeto precisa sentir-se bem no ambiente e você vai precisar
compreender como o corpo humano funciona em relação aos diferentes es-
tímulos climáticos, assim será mais fácil buscar soluções para os problemas.
Além de conhecer os usuários, você também vai precisar entender como fun-
cionam as condicionantes do clima, que são: temperatura, umidade, vento
e radiação solar. Cada uma delas vai influenciar de maneiras diferentes no
projeto e é preciso saber aproveitar o lado positivo destes fatores. São estas
características que vão determinar cada tipo de clima.
Entendendo como são os climas, você poderá buscar soluções que
amenizem as situações em que seu usuário pode sentir-se desconfor-
tável. Existem estudos que nos auxiliam no encontro destas soluções,
o que você verá adiante. Para aplicar algumas destas soluções, será ne-
cessário entender quais são os tipos de materiais que podemos utili-
zar, podendo ser opacos ou transparentes. Você vai verificar como se
comportam com relação à radiação solar e quais são as propriedades.
Após compreender o comportamento dos materiais, vamos nos ater a
duas variáveis muito importantes para o nosso país: o vento e a radia-
ção solar. Veremos que, para amenizar o calor, temos como principais
estratégias a ventilação e o sombreamento. Em um primeiro momen-
to, você vai aprender como promover a ventilação nos ambientes e após
isso, entenderá como acontece a trajetória do sol, para que você pos-
sa saber como e quando ele atingirá o ambiente que está sendo estudado.
O estudo desta unidade permitirá que você torne a vida do seu usuário me-
lhor, mais produtiva, pois o bem-estar depende de como se sente dentro dos
ambientes.
Definição e Importância
do Conforto Térmico
Caro(a) aluno(a), a capacidade do ser humano de do tipo de clima, usamos diferentes tecnologias, para
adaptar-se a diferentes climas é surpreendente, mas aquecer ou para resfriar. O nosso foco é o usuário, por-
a preocupação com o conforto térmico é constante tanto, vamos entender um pouco como nosso organis-
nos mais variados ambientes. Quem vive em regi- mo funciona com relação às condições climáticas.
ões de calor ou frio intenso sabe a importância em A sensação de desconforto térmico pode ser
administrar o tempo e o clima, e que isso é uma causada por calor ou frio quando este balanço não é
questão de necessidade e não de luxo. Determina- estável, gerando diferenças entre o calor produzido
dos detalhes no espaço construído, na ambientação pelo corpo e calor perdido para o meio.
de interiores e no planejamento de espaços são sufi- Vamos então definir a importância do estudo
cientes para amenizar o calor ou frio excessivos, po- com relação ao conforto térmico baseando-se em
tencializando o conforto nos ambientes. três principais fatores:
No mundo todo, temos climas muito diferentes, e 1. Devemos buscar o bem-estar do usuário aci-
o ser humano é capaz de adaptar-se a eles. Temos al- ma de tudo, proporcionando um ambiente
guns mecanismos que auxiliam nessa adaptação, como onde ele se sinta termicamente confortável. É
como se o usuário estivesse nesse ambiente
a vestimenta, as tecnologias e as edificações. Pense em
sem transpirar excessivamente ou sem sentir
diferentes países: o tipo de roupa muda de um local frio, ou ainda, sensações desagradáveis por
para outro, assim como a arquitetura e, dependendo falta ou excesso de ventilação ou umidade.
48
DESIGN
2. Temos sempre que nos preocupar com o temperatura e iluminação. Falando de conforto tér-
bom desempenho do indivíduo na realização mico, a NBR 15.575 exige, por exemplo, que a tem-
das mais variadas tarefas. Em um ambiente
peratura interna de salas e quartos sejam iguais ou
adequado termicamente, as condições de se
menores à temperatura no exterior do imóvel. Ou-
trabalhar de forma saudável e com melhores
desempenhos são melhores alcançadas. tras duas definições importantes falam sobre o valor
3. É essencial que busquemos a eficiência ener- mínimo do pé-direito (distância entre piso e forro/
gética ou a conservação de energia de manei- laje), que é de 2,5m, e a abertura mínima para ven-
ra mais eficaz. O aproveitamento de recursos tilação do ambiente, que deve ser de pelo menos 8%
naturais e/ou estratégias bioclimáticas ligadas da área de piso. Sendo assim, já temos, a partir daí,
a estes recursos evidenciam o conforto térmi- algumas exigências mínimas que favorecem o con-
co, diminuindo o uso exagerado de fontes de
forto e bem-estar do usuário, já desde a concepção
energia artificial, por exemplo aquecedores,
do projeto arquitetônico, onde nós designers entra-
ar-condicionado, ventiladores, luz artificial,
entre outros. mos para complementar e potencializar estruturas
já previstas na legislação brasileira e que devem ser
Quando falamos de neutralidade térmica, estamos atendidas.
nos referindo nas proporções entre o calor gerado Uma das principais funções de uma construção
pelo organismo e a troca de calor com o meio, onde é a de atenuar as condições negativas e aproveitar
não há acúmulo nem perda excessiva de calor, man- os aspectos positivos oferecidos pela localização e
tendo assim a temperatura corporal constante. pelo clima. Trata-se, portanto, de neutralizar as con-
Segundo Ashrae (apud LAMBERTS; DUTRA; dições climáticas desfavoráveis e potencializar as
PEREIRA, 1997), conforto térmico pode ser defi- favoráveis, tendo em vista o conforto dos usuários
nido como um estado de espírito que vai refletir a (HERTZ, 2003).
satisfação com o ambiente térmico em que a pessoa Alguns mecanismos são utilizados para obter-
está. Isso quer dizer que o balanço de trocas térmi- mos a proteção de calor e frio, que são instintivos
cas deve ser nulo, e a temperatura da pele e o suor e/ou culturais. Para nos protegermos do calor, por
devem manter-se dentro dos limites. exemplo, utilizamos a água (piscina, praia, banho),
Os estudos em conforto térmico são importan- sombras (árvores, coberturas) e ventilação natural
tes para que se atinjam níveis de satisfação dos usu- ou a tecnologia (ventiladores, ar-condicionado). Já
ários, bem como a melhora nas performances hu- para nos protegermos do frio, diminuímos a área
manas (atividades intelectuais e manuais) e claro, a exposta com o meio externo nos acomodando em
conservação de energia, evitando desperdícios com arquiteturas fechadas, utilizamos do atrito (entre
aquecimento ou refrigeração e levando aos ambien- partes do corpo e entre corpos) como esfregar as
tes melhor eficiência energética. mãos, por exemplo, aumentamos a utilização de
Uma norma recente, vigente desde julho de vestimentas mais espessas que favoreçam o acú-
2013, publicada pela Associação Brasileira de Nor- mulo de calor e a menor troca possível com o
mas Técnicas (ABNT), estabelece exigências de meio, além da tecnologia (aquecedores, ar-condi-
qualidade para imóveis em aspectos como acústica, cionado etc.).
49
Caro(a) aluno(a), o ser humano é o que chamamos de um ser homeotérmico. Você sabe o que isso quer dizer?
A temperatura interna do nosso corpo tende a permanecer constante, aproximadamente 36,2ºC, indepen-
dente do clima em que estamos. O metabolismo é responsável por manter esta temperatura, ele queima as
calorias que existem nos alimentos e gera energia, isso mantém o calor interno do corpo.
Tabela 1 - Resposta Fisiológica e comportamental em função da diferença da temperatura do corpo e a temperatura Neutra
50
DESIGN
Em função da atividade desenvolvida é que se defi- menta. É por meio do metabolismo que o organismo
ne a quantidade de calor liberado pelo organismo. adquire energia que, consequentemente, depende
Nesse sentido, é que se dão as trocas térmicas entre da quantidade de atividade muscular exercida pelo
o corpo humano e o ambiente. indivíduo, em que quanto maior a atividade física,
Segundo Frota e Schiffer (2003), os índices de maior o metabolismo.
conforto térmico foram desenvolvidos com base em
diferentes aspectos do conforto e podem ser classifi-
cados como a seguir:
• Índices biofísicos: se baseiam nas trocas de
calor entre o corpo e o ambiente, correla-
cionando os elementos do conforto com as
trocas de calor que dão origem a esses ele-
mentos;
• Índices fisiológicos: se baseiam nas reações
fisiológicas originadas por condições conhe-
cidas de temperatura seca do ar, temperatura
radiante média, umidade do ar e velocidade
do ar;
• Índices subjetivos: se baseiam nas sensações
subjetivas de conforto experimentadas em
condições em que os elementos de conforto
térmico variam.
Figura 1 - Vestimenta de Frio
51
Na tabela a seguir podemos observar a taxa metabólica de um indivíduo para diferentes atividades, em que
mostra a energia produzida por unidade de área (W/m² - watt por metro quadrado).
A vestimenta tem a função da resistência térmica entre o corpo e o meio exposto, o que representa uma barreira
para as trocas de calor por convecção, impedindo o contato da pele com o ar e evita a troca de calor, tanto com
o ar como com outras superfícies. Por isso, quanto mais frio, mais roupas colocamos. A resistência da roupa vai
influenciar no conforto que sentimos.
52
DESIGN
Índice de Resistência
Vestimenta
Térmica (CLO)
Meias 0,02
Meia-calça 0,10
Meia-calça fina 0,03
Meia grossa 0,05
Calcinha/sutiã 0,03
Cueca 0,03
Cuecão longo 0,10
Camiseta de baixo 0,09
Camisa de baixo com mangas compridas 0,12
Camisa de manga curta 0,15
Camisa fina com mangas compridas 0,20
Camisa com manga comprida 0,25
Camisa flanela com manga comprida 0,30
Blusa com mangas compridas 0,15
Saia fina 0,15
Saia grossa 0,25
Vestido leve de manga curta 0,20
Vestido grosso de manga comprida 0,40
Suéter 0,28
Jaqueta 0,35
Bermuda 0,06
Calça fina 0,20
Calça média 0,25
Calça flanela 0,28
Botas 0,0
Sapatos 0,04
Fonte: Fonte: adaptado de LabEEE ([2018], on-line)1.
53
Ainda podemos dizer que o conforto térmico é Temperatura do ar: a diferença de temperatura
algo subjetivo. Você já sentiu frio em um lugar, entre a pele e o ar dá-se pela perda de calor do copo
enquanto outra pessoa estava confortável, ou o para o meio, gerando, assim, a sensação de conforto.
contrário? Então, a percepção do conforto muda Velocidade do ar: quanto maior for a velocidade
de uma pessoa para outra. Portanto, precisamos do ar, maior será a sensação de perda de calor por
entender como o corpo do ser humano funciona convecção e evaporação, retirando o ar quente e a
em relação às diferentes situações climáticas. Ele é água em contato com a pele com mais eficiência.
o nosso usuário e é quem devemos agradar com o Umidade relativa do ar: quanto maior a umida-
nosso projeto. de relativa, menor a evaporação na remoção do calor.
As variáveis ambientais que influenciam no con- Sendo assim, quando a temperatura do meio se eleva,
forto térmico são a temperatura, a velocidade e a dificulta-se as perdas por convecção e radiação e o
umidade relativa do ar. organismo aumenta sua eliminação por evaporação.
REFLITA
54
DESIGN
Os Diferentes
Climas e seus
Princípios
Caro(a) aluno(a), está pronto para conhecer a gran- da região. Já o tempo é a variação diária que temos,
de diversidade de climas que temos em nosso país? O como quando comentamos: “hoje está muito frio e
clima é muito importante nas tomadas de decisões de chuvoso”. Contudo, isso não quer dizer que esta seja
um projeto, pois este deve adequar-se a cada uma das uma característica predominante da nossa região.
situações. Além do projeto ter a obrigação de atender Para que possamos analisar o clima, temos que
àquilo que o cliente deseja, ele também deve ter uma observá-lo em diferentes escalas. Em uma escala
resposta com relação às variáveis climáticas e à eficiên- mais abrangente, que podemos chamar de macrocli-
cia energética. Então, vamos ver como isto acontece. ma, descrevemos as características gerais de uma de-
Primeiro, vamos diferenciar clima de tempo. Es- terminada região, como qual a temperatura média,
tes dois conceitos confundem-se muitas vezes. O cli- se é um local que chove bastante ou que está sempre
ma é uma condição média, medida de 30 em 30 anos, nublado, ou ainda se tem bastante vento, ou seja, são
que determina as características de uma determina- características gerais.
55
56
DESIGN
ar. Podemos notar que, mesmo em um dia nublado, Vamos tomar como exemplo locais que têm a
ainda temos luz, que é a parcela difusa. umidade muito baixa: as partículas de vapor d’água
Ainda temos a influência que, em alguns mo- absorvem a radiação, portanto, se não há umidade, a
mentos do dia, o sol está mais distante da Terra e radiação chega mais diretamente à superfície, o que
isto faz que a intensidade da radiação seja menor; é o provoca um grande aumento na temperatura duran-
que acontece nas horas mais próximas ao nascer e ao te o dia. À noite, nos climas úmidos, as partículas
pôr do sol. Como vimos acima, a vegetação também que absorvem calor durante todo o dia liberam o
pode mudar as características climáticas. Você tem calor no período da noite, quando a temperatura é
alguma ideia do porquê isto acontece? Lembre-se de mais amena. Nos climas secos, porém, nos quais não
como funciona o metabolismo de uma planta: ela há essas partículas de vapor d’água, a temperatura
faz a fotossíntese e, para isso, ela precisa de radiação acaba caindo drasticamente e provocando picos de
solar, a qual é absorvida pela planta e diminui entre temperatura alta durante o dia e baixa durante a noi-
60 e 90%. Além disso, as plantas sombreiam o solo, o te, isto não é confortável para o nosso usuário.
que também faz que a temperatura diminua. A velocidade do ar também é influenciada pe-
A radiação solar divide-se em dois tipos de on- las massas, conforme elas se deslocam dos locais de
das: as curtas e as longas. As que vêm diretamente maior pressão para os de menor, o ar vai se movi-
do sol, de forma direta ou difusa, ou as que são re- mentando. Além disso, os obstáculos também fazem
fletidas pelas superfícies, são as ondas curtas. Já as com que o vento mude de direção ou diminua a sua
ondas longas, são produzidas por corpos aquecidos, velocidade. Podemos observar em uma mesma cida-
as edificações, por exemplo, recebem a radiação de de diferentes velocidades do vento, na área central,
onda curta, aquecem-se e depois liberam as radia- na qual temos aglomerados de prédios e nas áreas
ções de onda longa. periféricas, onde temos bairros residenciais de me-
Agora, vamos ver a outra variável, a temperatura nor densidade. Na própria edificação, podem ser
do ar. Você já ouviu os noticiários dizerem que está utilizadas estratégias para barrar o vento ou trazê-lo
vindo uma massa de ar frio para o seu estado? En- para dentro da edificação.
tão, são essas massas de ar que influenciam na tem- A última variável climática é a umidade, resul-
peratura e também a forma como a radiação solar tante de dois fatores: a evaporação da água e a eva-
atinge cada um dos locais. Vamos pensar em dois potranspiração dos vegetais. Como vimos acima,
extremos, as regiões próximas à linha do Equador e esta variável influencia na temperatura do local.
as regiões polares: os dois locais recebem a radiação Além disso, também está associada à forma como
de forma bem distintas, portanto as temperaturas o usuário perde calor por evaporação, que vimos no
também são muito diferentes. tópico anterior, e em locais mais úmidos, há dificul-
Com relação à temperatura, devemos sempre dade em acontecer essa troca. Podemos modificar a
identificar quais são os períodos em que nosso usu- umidade próxima à edificação, utilizando de vegeta-
ário pode sentir-se desconfortável. Isto pode aconte- ção e elementos com água.
cer com relação a diferentes estações, como também
na variação de um único dia.
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DESIGN
Figura 7 - Ano climático de referência para Curitiba plotado sobre o diagrama bioclimático da edificação
Fonte: LabEE ([2018], on-line)1.
Para um melhor entendimento, vamos ver a seguir, de forma mais ilustrativa, a mesma carta de Givoni, apre-
sentando o zoneamento melhor destacado e entender como se dão essas estratégias.
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Podemos observar que o ser humano sente-se con- lor durante o dia, mantendo este calor no seu interior
fortável dentro de um limite dessas variáveis. A zona e liberando à noite, quando a temperatura cair.
de conforto limita-se entre as temperaturas de 18 a Em alguns casos extremos, nos quais a tempe-
29ºC e a umidade relativa entre 20 e 80%. ratura e a umidade do ar passam dos limites que
Com relação à zona de ventilação, podemos ob- tornam possível utilizar uma dessas estratégias,
servar que, se a temperatura passar dos 29ºC ou se é necessária a utilização de refrigeração, como o
a umidade do ar for maior que 80%, esta estratégia ar-condicionado.
irá melhorar a sensação térmica do usuário. Ainda Por outro lado, para os climas mais frios, pre-
podemos dizer que, acima dos 29ºC e com a umi- cisamos fazer o aquecimento. Temos dois tipos de
dade abaixo dos 60%, a ventilação noturna é mais estratégias passivas que utilizam o sol para fazer
indicada, pois, durante o dia, utilizar esta estratégia o aquecimento, sendo elas a inércia térmica para
só levaria o calor para a área interna. aquecimento, nas temperaturas entre 14 e 20ºC, que
Para as regiões com baixa umidade e tempe- armazena calor nas paredes, e a outra pelo próprio
ratura elevada, também é indicado o resfriamento aquecimento solar, pelo qual criamos espaços com
evaporativo, pois a evaporação da água pode tanto isolamento para que o calor não saia de dentro deles,
ajudar na redução da temperatura quanto aumentar utilizado nas temperaturas entre 10 e 14ºC.
a umidade do ar. Temos também casos extremos para as tempera-
A inércia térmica é outra estratégia muito utili- turas baixas, nos quais devemos utilizar um sistema
zada em locais de baixa umidade e temperatura ele- de aquecimento artificial. E ainda, quando a tempe-
vada. A falta de umidade faz com que, durante o dia, ratura for menor que 27ºC e a umidade relativa mui-
o calor seja muito grande, pois não há partículas de to baixa, deve-se utilizar a umidificação do ambiente
água para absorver a radiação e, no perído da noite, a para torná-lo mais confortável.
queda da temperatura seja muito grande, o que gera No Brasil, a estratégia mais importante ainda é
desconforto ao usuário. A inércia térmica consiste o sombreamento e a partir dos 20ºC; estratégia esta
em utilizar materiais nas paredes que absorvam o ca- que deve ser utilizada mesmo quando as condições
encontram-se dentro da zona de conforto. Nos lo-
cais onde mais de uma estratégia se sobrepõe na
REFLITA
carta de Givoni, devemos utilizar mais de uma delas
para manter nosso usuário em conforto.
O sol no verão está mais alto e conforme Portanto, podemos observar que as característi-
aproxima-se o inverno, fica mais baixo. Isso
acontece para nos aquecer, mas deve-se to- cas climáticas das diferentes regiões vai influenciar
mar cuidado na proteção de ambientes em nas estratégias utilizadas, por isso é preciso obser-
relação ao sol, principalmente no verão. var bem qual é o clima e como manter o usuário em
conforto térmico.
60
DESIGN
Propriedades Térmicas
dos Materiais de Construção
Agora, falaremos sobre os materiais de construção tanto do exterior quanto do interior, dependendo
que fazem o fechamento das edificações. Estes fe- do local que está mais quente. Vários fatores podem
chamentos podem ser tanto opacos quanto trans- influenciar em uma maior ou menor absorção do
parentes, e o ganho térmico que um ambiente tem calor, como a cor do material e a orientação solar.
acontece pela transmissão do calor por meio destes Quanto mais claro o material, menos calor ele ab-
elementos. Por isso, você deve entender como acon- sorve. Quanto mais exposto à radiação solar, mais
tece a transmissão do calor e como cada tipo de ma- calor será transmitido.
terial se comporta. Cada um dos materiais têm características dife-
Primeiramente, entenda que a transmissão de rentes; ao transmitirem o calor de um lado para o
calor só acontece quando há diferença de tempera- outro, retém uma parte no seu interior, quanto mais
tura, seguindo o sentido do mais quente para o mais calor retido maior a sua inércia térmica.
frio. Materiais que são bons isolantes térmicos são Já os fechamentos transparentes são os princi-
aqueles que têm uma baixa densidade, como a lã de pais causadores do aumento da temperatura den-
vidro, o isopor, o concreto celular, entre outros. tro das edificações. Esses materiais, assim como os
Os elementos que são opacos, absorvem calor opacos, transmitem calor por meio de condução e
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convecção, mas também pela radiação; neste caso, Temos vários tipos de fechamentos transparen-
uma parcela da radiação é diretamente transmitida tes disponíveis no mercado, veremos alguns deles e
para o interior. suas propriedades:
O ganho de calor por meio das aberturas pode • Vidro simples: estes vidros transmitem mui-
ser alterado de acordo com alguns fatores. Primei- to as ondas curtas, por isso há uma grande
ro, a orientação e o tamanho da abertura, pois isso entrada de luz e calor. São pouco reflexivos e
absorvem muito as ondas longas, provocan-
vai determinar a exposição ao sol, assim como o fato
do efeito estufa dentro dos ambientes.
desta abertura ser sombreada. Outro fator é o tipo
• Vidro verde: este tipo de vidro é pigmenta-
do vidro, que pode bloquear mais ou menos a radia- do para que haja menos passagem de calor,
ção solar; estes materiais têm uma alta transmitância porém, em consequência disso, há também
térmica, porém não há outra forma de controlar a menor entrada de luz. São materiais mais ab-
entrada de radiação nas edificações. sorventes.
Então, por meio dos materiais transparentes, a • Vidro ou película absorvente: são os chama-
radiação solar vai ter uma parte absorvida, outra re- dos vidros fumês, têm o mesmo objetivo do
fletida e uma última porção será transmitida. Esta vidro verde, porém diminui ainda mais a en-
trada das ondas curtas.
radiação solar possui ondas curtas e ondas longas, e
• Vidro ou película reflexivos: são vidros com
os materiais transparentes se comportam de manei-
aparência de espelho. Refletem tanto a onda
ras diferentes com relação a elas. As ondas curtas são curta, quanto a onda longa. Diminuindo
aquelas que vêm diretamente do sol ou são refletidas também a entrada de luz natural.
por alguma superfície, como o solo, e são compostas • Vidro serigrafado: vidros utilizados para evi-
tanto por luz quanto por calor. Já as ondas longas tar a visão de uma área para outra, causam
são aquelas produzidas por corpos aquecidos, for- maior sombreamento.
madas apenas por calor. Cada tipo de vidro transmi- • Policarbonato: é um material muito maleável,
te ou reflete uma determinada porção dessas ondas. mais resistente a choques e mais leve que o
vidro. Porém sua resistência térmica é maior,
aumentando a sensação de efeito estufa.
• Vidro espectralmente seletivo: estes vidros
têm uma alta performance, priorizando a en-
trada de luz natural e controlando o ganho
de calor.
• Vidro de baixa emissividade: reduzem os ga-
nhos e as perdas de calor que acontecem por
meio da onda longa.
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DESIGN
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Agora, vamos calcular a resistência térmica de uma A argamassa proporcional a um tijolo seria uma ca-
parede de alvenaria, composta por tijolos cerâmicos, mada lateral e uma camada inferior a ele, conside-
assentados com argamassa e revestida com reboco. rando que a camada tem 0,02m:
Neste exemplo, quando o calor passar pela parede, AARGAMASSA = (0,22 x 0,02) + (0,10 x 0,02) =
ora passará pela caminho reboco, tijolo e reboco, ora 0,0064m²
passará por reboco, argamassa e reboco. A quanti-
dade de argamassa é bem menor que a do tijolo. Por Somaremos agora, em paralelo, tijolo e argamassa:
conta disso, não podemos simplesmente somar a RTIJOLO+ARGAMASSA = 0,02 + 0,0064 = 0,0264 =
resistência dos três materiais, temos que fazer isso
de forma proporcional, então usaremos a soma em 0,0264 = 0,18 m²K/W
paralelo, feita por meio da fórmula a seguir: 0,02 + 0,0064
RT = Aa + Ab + … + An
Aa + Ab + … + An
Ra + Rb + … + Rn Agora, podemos fazer a soma em série e teremos a
resistência total da parede:
Nela, A é a área do elemento, transversal ao sentido R PAREDE =R REB O C O +R TIJOLO +A RGAMASSA +R REB O-
do calor e R é a resistência do material. CO
=0,017+0,18+0,017=0,21m²K/W
Neste exemplo, temos os seguintes dados, o re-
boco tem espessura de 0,02m e condutividade de Além da resistência do material, também temos a
1,15W/mK, o tijolo tem espessura de 0,14m e con- resistência térmica superficial, esta tem relação com
dutividade de 0,70W/mK, e a argamassa tem 0,14 as trocas de calor feitas por meio de convecção e ra-
de espessura, assim como o tijolo, e 1,15W/mK de diação. Uma superfície é aquecida por convecção e
condutividade. radiação e, para que o calor penetre nela, depende
Primeiro, vamos calcular a resistência dos três da resistência superficial do material. Após absor-
materiais: vido, este calor precisa sair e aquecer o ar do outro
RREBOCO = 0,02 / 1,15 = 0,017 m²K/W lado, por convecção e radiação e, novamente, para
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DESIGN
que ele saia, depende da resistência superficial. No caso da resistência superficial externa, o valor será sempre
0,04m²K/W, enquanto a resistência superficial interna pode variar, no sentido horizontal (paredes), indepen-
dente da direção do fluxo de calor, o valor será de 0,13m²K/W, no sentido vertical (cobertura), quando o fluxo
é ascendente, o valor é de 0,10m²K/W e descendente, 0,17m²K/W.
Por isso, quando calculamos a resistência térmica de um material, devemos somar a resistência superficial.
Vamos utilizar o exemplo 2 que fizemos acima para exemplificar:
RTOTAL= RSE + RPAREDE + RSI = 0,04 + 0,21 + 0,13 = 0,38m²K/W.
Agora, você vai ver como as paredes duplas podem ser mais resistentes do que as paredes simples. Primeiramen-
te, conforme mostrado na tabela a seguir, devemos conhecer a resistência de uma camada de ar.
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E se essa câmara de ar tivesse uma superfície refletora, como uma chapa de alumínio polido
no seu interior? Vamos ver como ficaria a resistência:
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO+ ARGAMASSA + RAR + RTIJOLO+ ARGAMASSA +
RREBOCO + RSI
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 0,34 + 0,18 + 0,017 + 0,13 = 0,90m²K/W.
Portanto, podemos observar que a maior resistência da parede acontece quando o material
isolante térmico é adicionado.
Cada material tem a sua resistência térmica e o inverso dela é o que chamamos de trans-
mitância térmica (U). Por meio deste valor podemos comparar dois materiais e saber qual
deles transmitirá maior quantidade de calor.
U = 1 / RT (W/m²K)
Vamos analisar a transmitância térmica dos elementos que calculamos a resistência nos
exemplos anteriores?
Câmara de Ar com
Parede Câmara de Ar Lã de Rocha
superfície refletora
Resistência (m²K/W) 0,38 0,73 0,90 1,90
Transmitância (W/ 2,63 1,37 1,11
0,52
m²K)
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).
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Caro(a) aluno(a), você pode observar que, quanto maior a resistência, menor a transmitân-
cia, ou seja, a parede mais resistente transmite menos calor. Com o valor da transmitância,
podemos calcular qual será o fluxo de calor transmitido através da superfície. Para isso,
primeiro temos que encontrar a densidade de fluxo de calor, de acordo com as fórmulas a
seguir:
Superfície sombreada:
q = U x Δt
Na qual:
q = densidade de fluxo de calor (W/m²)
U = transmitância térmica (W/m²K)
Δt = diferença entre as temperaturas interior e exterior (K)
tSOLAR = x I x RSE
Na qual:
= coeficiente de absorção
I = radiação solar (W/m²)
RSE = Resistência Superficial Externa (m²K/W)
q = U (tSOLAR + Δt)
Calculada esta densidade, encontra-se o fluxo de calor que é a quantidade de energia (watts)
transmitida por meio do fechamento.
Q = q x A, na qual
Q = fluxo de calor (W)
q = densidade de fluxo de calor (W/m²)
A = Área do fechamento (m²)
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Caro(a) aluno(a), vamos utilizar nossos exemplos anteriores para aprender a fazer estes cál-
culos? Vamos considerar que a parede tem 12,00m², está localizada na cidade de Maringá-PR,
orientada para Norte, considerando o horário de 12h, sua radiação solar é de 66W/m², a
temperatura interna é de 24ºC e a externa é de 32ºC. Primeiro vamos calcular para a parede
sombreada, ou seja, não é necessário utilizar a temperatura solar:
Tabela 7 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma soluções construtivas sombreadas
Agora, vamos utilizar os mesmos dados, porém, com a parede ensolarada, ou seja, vamos
acrescentar a temperatura solar. Ainda vamos ver o que acontece se a parede estiver pintada
de preto ( = 0,97) ou de branco ( = 0,2).
Tabela 8 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma soluções construtivas ensolaradas e pintadas de branco
Com todos esses dados, você pode observar a importância dos fechamentos serem sombre-
ados e, também, a influência que a cor externa tem no ganho de calor dentro da edificação,
quando o fechamento está ensolarado. E os fechamentos transparentes? Lembra-se de que,
além de transferir calor por radiação e convecção, também há a transmissão direta? Por
isso, para estas superfícies, precisamos conhecer o Fator Solar, vamos lá?
O fator solar (Fs) é a razão entre a quantidade de energia solar que penetra através da
superfície, pela energia incidente. Portanto, ele vai variar de material, para material. No
caso das superfícies transparentes, para calcular a densidade de fluxo de calor, utilizaremos
a fórmula a seguir:
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DESIGN
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Ventilação Natural e
Uso de Vegetação
Olá, aluno(a)! Agora você vai entender como acon- mas não menos importante, vem a ventilação.
tece a ventilação natural nas edificações. Já percebeu Vimos também que há diversas formas de per-
que alguns ambientes são muito bem ventilados, en- der calor para o meio. Uma delas é a convecção, que
quanto outros o ar nem se movimenta? É necessário acontece quando o ar passa em movimento pela
saber promover esta ventilação nos ambientes que nossa pele e retira o calor. Quando estamos com
são projetados. muito calor, ligar o ventilador pode ser um alívio,
Como vimos anteriormente, esta é uma das es- não é mesmo? Isto acontece porque ele coloca o ar
tratégias que encontramos na carta bioclimática de em movimento.
Givoni e que deve ser utilizada em situações nas O vento pode ser desejável no verão e indesejável
quais a umidade do ar é maior que 80% e, também, no inverno, porém ele nem sempre vem da mesma di-
em locais com umidade menor, porém com tempe- reção, por isso é possível planejar essa ventilação. Al-
ratura entre 27 e 32ºC. Não deve ser utilizada onde guns fatores também podem modificar a direção do
a temperatura for menor que 20ºC, nem maior que vento, como a topografia, a vegetação e as edificações.
32ºC. Vimos que o sombreamento é a estratégia Podemos encontrar as informações sobre o ven-
mais importante no nosso país e, em segundo lugar, to de uma determinada região na rosa-dos-ventos.
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DESIGN
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Figura 13 - Mansarda
Para forçar a entrada de ar, podemos utilizar ainda do a temperatura está mais alta e a umidade do ar mais
os captores de ventos, que são parecidos com as tor- baixa. O ar frio deve entrar na edificação neste período
res de ventilação, porém devem estar voltados para para retirar o calor das estruturas, lembrando que, para
o vento predominante. Uma estratégia para forçar a ser eficiente, precisamos ter uma saída de ar quente.
ventilação, mesmo em dias chuvosos, é a utilização Portanto, a ventilação deve ser explorada sempre
de peitoris ventilados, assim a janela não precisa es- que você observar temperaturas mais altas, princi-
tar aberta para que haja a ventilação, mas para forçar palmente quando a umidade relativa do ar também
a entrada do vento por estas estruturas, precisamos estiver acima dos limites, pois é neste momento que
utilizar aberturas altas para saída de ar quente. o usuário tem maior dificuldade em perder calor por
Também podemos controlar ou direcionar o ar, evaporação e precisa da convecção para ajudá-lo.
utilizando elementos externos à edificação, antes mes- Um erro comum encontrado em imóveis, prin-
mo dele atingi-la. Uma forma de promover a entra- cipalmente no Brasil, é a falta de ventilação, que cau-
da do ar nas aberturas é a utilização de beirais, assim sa problemas, como: umidade, acúmulo de sujeiras,
como protetores solares e a própria vegetação. Esta proliferação de ácaros e o objeto dos nossos estudos,
última pode ser locada também de forma a bloque- a insuficiência térmica.
ar e filtrar o vento, quando este for indesejável, o que A falta de ventilação nas zonas urbanas, com
também pode ser promovido por elementos vazados. uma alta densidade de população, tem sido uma
Você viu anteriormente que, em alguns casos, de- causa fundamental na transmissão de doenças, além
vemos optar pela ventilação noturna; isto ocorre quan- de provocar desconforto e tensão. Sem uma boa cir-
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DESIGN
culação do ar dos edifícios, existe um aumento no mínimo duas aberturas para o lado de fora do edifí-
nível de umidade produzido, por exemplo, na co- cio, localizadas diagonalmente.
zinha, no banheiro e pela própria transpiração dos A seguir, podemos observar nas figuras, as trajetó-
corpos (HERTZ, 2003). rias do vento para dentro dos ambientes e como o posi-
O maior benefício que a boa e adequada ven- cionamento das aberturas e dos obstáculos nos interio-
tilação nos ambientes proporciona é a troca e re- res favorece ou não distribuição de ar de forma eficiente.
novação do ar que, com o movimento dos ventos, Vamos pensar num exemplo prático de ventila-
leva consigo vários micro-organismos prejudiciais à ção cruzada fora de uma edificação, para entender-
saúde humana, gases tóxicos e odores indesejados, mos a eficácia que esse mecanismo pode nos pro-
deixando e mantendo o ambiente fresco e arejado. porcionar: em um dia bem quente, pegue seu carro
De acordo com Frota e Schiffer (2003, p.124), para dar uma volta – você como motorista –, feche
“A ventilação natural é o deslocamento do ar através todos os vidros e sem ligar o ar-condicionado, após
do edifício, através de aberturas, umas funcionando um ou dois minutos, vai perceber o mal-estar com
como entrada e outras, como saída”. Dessa forma, a falta de ventilação e calor excessivo. Então, abra o
podemos observar a importância e a necessida- vidro do lado oposto ao seu (do passageiro), e logo
de que a dimensão e a posição das aberturas têm e irá perceber, instantaneamente, uma melhora nas
como elas são definidas, para que seja proporciona- condições de fadiga e calor, pois a entrada de ar pro-
do um fluxo de ar adequado aos ambientes. move essa renovação no ambiente interno do carro.
Já o fluxo de ar que entra ou sai da edificação de- Agora, quer perceber o efeito da ventilação cruzada?
pende de alguns fatores: da diferença de pressão do Abra a janela do passageiro atrás de você. Pronto! A
ar entre os ambientes internos e externos, da resis- melhora no conforto irá aumentar de forma acen-
tência ao fluxo de ar oferecida pelas aberturas e pelas tuada, visto que a renovação de ar no interior do
obstruções internas, além de implicações relaciona- veículo é bem maior quando promovida a ventila-
das à incidência do vento e à forma da edificação ção cruzada, ou seja, uma entrada e uma saída de ar,
(FROTA; SCHIFFER, 1999). opostas em diagonal. Esse é o mesmo efeito que po-
demos ter dentro de um ambiente quando dispomos
VENTILAÇÃO CRUZADA de aberturas para a promoção e renovação do ar.
Além de nos preocuparmos com a circulação
Uma das melhores formas de promover a ventilação de ar pelos cômodos como forma de resfriamento
natural para dentro do ambiente é por meio da ven- do ambiente, precisamos observar o movimento do
tilação cruzada, principalmente para regiões quen- ar ao redor do edifício e, assim, melhor adequar as
tes e úmidas. aberturas com os elementos de interiores, para que
Este tipo de ventilação ocorre quando temos o o fluxo e a renovação do ar aconteçam de manei-
escoamento de ar entre aberturas localizadas nas pa- ra satisfatória. Prédios altos nas proximidades, por
redes, onde a localização dessas aberturas permita exemplo, além de elementos naturais altos como ár-
o escoamento do ar por vários cômodos, ou ainda, vores e arbustos, podem desviar o ar e até mesmo
dentro de um mesmo cômodo, caso este tenha no alterar as trajetórias dos ventos e sua velocidade.
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1 2 3
4 5 6
1 2 3
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Figura 15 - Estudo do fluxo de ar em ambientes em fun ção da presença de divisórias e repartições internas
Fonte: adaptado de Watson e Labs (1983).
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DESIGN
Segundo Hertz (2003), a localização das saídas e entradas de ar, em relação à altura
sobre o nível do piso, contribui satisfatoriamente para a eficácia dos efeitos de movimento
do ar, e o que podemos notar é que:
• O tipo e a localização das entradas têm uma grande relação com o padrão do mo-
vimento do ar no interior. Em contraposição, as saídas têm menor relação com esse
padrão;
• Mais importante que o número de trocas de ar por hora num cômodo é a velocidade
do seu movimento. Por isso, o tamanho das saídas deve ser maior que o das entradas;
• As mudanças na direção do movimento do ar, ao cruzar os espaços interiores, redu-
zem significativamente sua velocidade e, por isso, devem ser evitadas;
• Edifícios na proximidade da construção, elementos topográficos e a paisagem po-
dem influir para melhorar ou piorar a ventilação natural.
Assim, podemos verificar que a ventilação traz inúmeros benefícios ao ambiente interno,
reduzindo a temperatura do ambiente ao trocar o ar quente de dentro pelo ar fresco de fora,
o que faz aumentar a transpiração dos usuários, proporcionando uma sensação de redução
da temperatura com o simples movimento do ar.
75
Como já estudamos anteriormente e sabemos, por da convecção, o ar mais quente sobe, proporcionan-
meio de aulas de física ao longo de nossa vida, por do a ventilação e renovação do ar no ambiente.
meio da convecção, quando temos a circulação do ar Quando as aberturas nas edificações são posicio-
que acontece dentro de um ambiente, o ar quente sobe nadas corretamente, criamos correntes de ar nos inte-
e o ar frio desce. É aí que entra o fenômeno conhecido riores, trazendo assim maior conforto térmico ao am-
por “efeito chaminé”, que é uma das formas utilizadas biente. Importante nos atentarmos às maneiras e aos
para gerar ventilação natural dentro dos ambientes. dimensionamentos corretos dessas aberturas, para
A explicação é simples: um ambiente é carregado que as correntes de ar ajudem ao invés de prejudica-
de cargas térmicas geradas pelas pessoas, equipamen- rem o conforto, o que também é comum e visto como
tos, mobiliários, revestimentos, luz artificial etc., que erro de projeto. Desta forma, importante observar
somadas tendem a ter a temperatura interna maior que o mais indicado seria que as aberturas de entrada
do que a externa. Assim, quando existem aberturas, de ar estejam posicionadas abaixo das aberturas de
o ar externo mais frio entra e naturalmente, por meio saída, proporcionando assim o efeito chaminé.
76
DESIGN
USO DE VEGETAÇÃO
Já vimos que diversos fatores influenciam e ajudam -las, bloqueando também a luz natural. Uma solução
para o bom comportamento térmico nas edificações, poderia ser o uso de árvores com folhas caducas que,
e não é diferente quando pensamos no paisagismo além de sombrear a abertura sem bloquear a luz na-
ou na vegetação utilizada na composição, tanto de tural, possibilitaria a incidência solar no período de
ambientes internos quanto de seus arredores. inverno com a queda das folhas (LAMBERTS; DU-
A forma como a edificação se integra com a ve- TRA; PEREIRA, 1997).
getação influencia muito no controle da ventilação. Para a ambientação de interiores, a utilização
Plantas próximas às aberturas podem diminuir a de áreas verdes é um fator predominante e muito
intensidade do vento, atuando como uma barreira. solicitado por clientes, que buscam integrar os am-
Elas ainda podem direcionar o vento para as abertu- bientes de forma a levar maior qualidade de vida aos
ras, quando esta for a necessidade. Tanto vegetação usuários. Quando falamos em vegetação, podemos
quanto edificações podem causar sombras de vento incluir neste meio as árvores, arbustos, forrações e
e quanto mais altas e mais largas forem maior a som- gramados, plantas trepadeiras, entre outros.
bra que causam. A vegetação pode ser utilizada isoladamente
A vegetação contribui para a melhora do am- (hortas, jardins), ou integrada ao edifício, à água e
biente físico. As árvores, por exemplo, podem redu- ao mobiliário urbano, como nos jardins de inverno,
zir os ruídos, atuar como um filtro de ar captando pergolados, paredes externas e coberturas. A vegeta-
a poeira, atuar como elementos de proteção solar e ção e a água geram um microclima de temperaturas
ainda como elementos de proteção visual (OLGYAY, amenas e umidificação do ar, favorecendo a renova-
1998). Na escolha das espécies é necessário conside- ção do ar e o convívio humano em agradáveis pon-
rar a forma e as suas características durante o ano, tos de encontro (ADAM, 2001).
tanto no período de verão quanto de inverno.
A falta de áreas verdes aliada aos materiais da en-
voltória da edificação e aos materiais de interiores têm
prejudicado muito o comportamento do clima urba-
no, devido às incidências diretas da radiação solar.
Também, sem as barreiras, as temperaturas tendem a
cair mais rapidamente no inverno, devido à facilidade
com que os materiais perdem calor para o meio.
A vegetação pode ser usada para complementar
o sombreamento de uma abertura, quando o uso de
proteção solar não for suficiente. Há casos em que
a incidência de sol se dá quase perpendicularmente
à fachada. Para a proteção solar de aberturas nestas
condições, possivelmente, seria necessário obstruí-
77
Geometria Solar
Caro(a) aluno(a), para finalizar o nosso conteúdo de Então, vamos lá! Primeiro, você precisa lembrar
conforto térmico, você vai compreender como acon- como acontecem os movimentos da Terra. Ela faz
tece a trajetória solar. Esse estudo se dá por meio da dois movimentos, o de rotação e o de translação. O
geometria solar. Neste tópico, você vai entender que movimento de rotação é o que a Terra faz em torno
é possível determinar a posição do sol para o local do seu próprio eixo, este movimento resulta nos dias
em que está trabalhando, de acordo com a hora do e nas noites. Enquanto o movimento de translação é
dia e a época do ano. o que a Terra faz em torno do Sol, que dura aproxi-
A geometria da insolação determina graficamen- madamente 356 dias e 6 horas.
te a posição do sol, de acordo com a latitude, a hora A Terra percorre esta trajetória com uma incli-
do dia e a época do ano. Você vai aprender a fazer a nação em seu eixo de 23º27’ em relação à linha do
leitura deste gráfico, o que será importante para que Equador. Isto vai definir os dois trópicos existen-
saiba os momentos em que o sol vai entrar pelas aber- tes, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio.
turas, em que horas do dia bate sol em determinada Por conta desta inclinação, os hemisférios recebem
área do piso ou da parede. Você determinará o layout quantidades diferentes de radiação em cada época
de uma forma melhor, pensando nestes pontos. do ano. É por isso que, enquanto para nós aqui no
78
DESIGN
Brasil é inverno, no hemisfério norte é verão, e vi- azimute (A) indica a projeção da trajetória do Sol
ce-versa. Isto quer dizer que vem deste movimento, em relação ao norte, varia de 0º a 360º. Já a altura
somado a esta inclinação, as características das esta- solar (H) indica o ângulo que o Sol forma com o
ções do ano. horizonte, este vai variar de 0º a 360º. Por conta
Temos alguns dias do ano que são muito impor- do movimento aparente do Sol, estes ângulos vão
tantes com relação às estações. São nestes dias que variar de acordo com três fatores: hora do dia, dia
elas iniciam-se; para o verão e o inverno, temos os do ano e latitude.
solstícios e, para a primavera e outono, temos os
equinócios. Vamos observar as características destes
dias. No equinócio, o Sol incide perpendicularmen-
DIA e NOITE
te à linha do Equador, dias e noites têm o mesmo
tempo de duração. Aliás, o nome equinócio vem
desta característica, significa “dias iguais às noites”.
No hemisfério sul, o equinócio de primavera ocorre
em torno de 23 de setembro, enquanto o de outono,
dia
em 21 de março.
Os solstícios têm características bem diferentes
dos equinócios. Em torno do dia 21 de junho, acon-
tece o início do inverno no hemisfério sul, temos a sol
noite mais longa do ano, é quando o Sol incide per-
pendicularmente ao Trópico de Câncer. Já próximo terra
do dia 23 de dezembro, temos o início do verão no
noite
hemisfério sul, este é o dia mais longo do ano, quan-
do o Sol incide perpendicularmente no Trópico de
Capricórnio. Figura 18 - Movimento de rotação resulta nos dias e nas noites
79
TRAJETÓRIA
SOLAR Na carta solar, você vai observar estes ângulos e será
HORÁRIO
DO DIA capaz de determinar a posição do Sol de acordo com
os fatores citados anteriormente. Ela será um diagra-
ma que representa as projeções das trajetórias do Sol
durante todo o ano. Nesta carta, consideramos a Ter-
ra fixa e o Sol fazendo o movimento em torno dela.
Em cada época do ano, o Sol muda a sua trajetória.
Podemos observar na carta solar que nas extremidades
estão os dias de solstícios de inverno e verão, e a linha
do centro representa o equinócio. As informações que
vamos encontrar nesta carta são: hora do dia, época do
AZIMUTE ALTITUDE ano, altura solar, azimute solar e trajetória do sol.
SOLAR SOLAR Por meio das informações deste diagrama, você
poderá determinar se o Sol vai entrar por uma deter-
Figura 20 - Carta Solar e seus elementos de composição
minada abertura, por qual período isso acontece e se
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (1997). há necessidade de protegê-la. Isto pode ser determi-
nante até mesmo para a determinação do layout do
Meio Dia
ambiente que você vai desenvolver o projeto.
Vamos utilizar a carta solar da cidade de Maringá-
-PR, localizada a uma latitude de 23º25’S para demons-
Poente Altura trar a utilização deste diagrama. Vamos iniciar, fazendo
Solar a leitura dos azimutes e alturas solares, nos dias de sols-
Norte tícios e equinócios, em três horários diferentes.
Oeste
O procedimento para retirar as informações da
Carta Solar é o seguinte: para encontrar o Azimute:
o azimute vai de 0º a 360º em relação ao Norte, dia
22 de dezembro às 9 horas da manhã: com uma ré-
Azimute gua e uma lapiseira, pegar o ponto central da carta,
esse ponto é o ponto do observador. Ligue o ponto
do observador até o ponto do horário, 09:00 até che-
Sul Sul Sul gar na linha externa do círculo (azimute). O valor
Figura 21 - Geometria Solar, Azimute e Altura Solar.
encontrado é o valor do Azimute, 100º.
Fonte: adaptada de Frota e Shiffer (2003).
80
DESIGN
10
180 β
γ γ S
81
considerações finais
P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos sobre o conforto ambiental térmico e
suas aplicações. Aprendemos que o homem é um animal homeotérmico e tam-
bém sobre as exigências do corpo humano em relação ao calor e ao frio, utilizan-
do os mecanismos de termorregulação para cada tipo de clima, sendo que, no
verão, quando estamos com calor, acionamos a vasodilatação e, no inverno é acionada a
vasoconstrição, isso nos garante, inclusive, a sobrevivência.
Aprendemos também que cada material tem uma resistência térmica diferente e sua
aplicação em ambientes pode afetar diretamente a qualidade térmica do espaço. Vimos,
ainda, a geometria solar e compreendemos que, por meio da carta solar, podemos iden-
tificar, para determinadas datas do ano e horário, em qual lugar o Sol estará, para assim
podermos trabalhar de forma adequada os ambientes.
Compreendemos a importância da ventilação natural e o uso de vegetação nas edifi-
cações, trazendo qualidade de vida aos usuários, minimizando riscos de doenças e dete-
rioração de patrimônios. Conhecemos alguns benefícios da ventilação cruzada e do efeito
chaminé na propagação e renovação do ar nos ambientes, garantindo assim melhor efici-
ência energética.
O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apresenta grande variação de
clima, como vimos no mapa. Por isso, temos que ter em mente que uma solução para o Sul
do país, em relação ao conforto térmico, não é a mesma que vai ser utilizada para o Norte
do país. É necessário entender e estudar o clima da região que estamos trabalhando para
desenvolver melhor as soluções projetuais dos ambientes que estamos projetando.
Caro(a) aluno(a), esperamos que após a leitura desta unidade o assunto esteja mais
claro, mas entendo que será durante as aulas que a aplicação de toda essa teoria fará mais
sentido. Bons estudos!
82
atividades de estudo
1. As variáveis climáticas definem as características dos climas. As principais variáveis que temos são:
Radiação Solar, Temperatura do Ar, Velocidade do Ar e Umidade. Sobre estas variáveis, analise as
afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Em climas secos, ocorrem grandes picos de temperatura durante o dia, por conta da falta de vapor
d’água na atmosfera. Uma estratégia para amenizar este desconforto do usuário é a utilização de pare-
des com baixa capacidade térmica, ou seja, que têm capacidade de reter o calor em seu interior.
II. Nos climas muito úmidos, o usuário não consegue perder calor por evaporação, por isso é necessário
utilizar estratégias como a ventilação para melhorar o conforto térmico.
III. As condições do vento local podem ser alteradas com a presença de vegetação, edificações e outros
anteparos naturais ou artificiais; permitindo tirar partido deles para canalizar os ventos desviando-os
ou trazendo-os para a edificação.
IV. A vegetação pode interceptar entre 60% e 90% da radiação solar, causando uma redução da tempe-
ratura do solo. Isto acontece porque o vegetal absorve parte da radiação solar para seu metabolismo.
a. Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
b. Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
c. Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d. Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.
83
atividades de estudo
3. Os materiais opacos têm características, como: resistência térmica, condutividade térmica e transmi-
tância térmica. Estas características têm relação com a densidade e a espessura das paredes. Fazendo
uma relação entre os elementos citados acima, assinale a alternativa correta:
I. Materiais de menor densidade, como o isopor, têm resistência maior que os de maior densidade.
II. Materiais muito densos, como o concreto, conduzem menos calor por unidade de tempo.
III. Se compararmos duas paredes de mesma condutividade e espessuras diferentes, a de maior espessu-
ra será a mais resistente.
IV. Se compararmos duas paredes de mesma espessura, será mais resistente a que tiver menor conduti-
vidade.
V. As paredes de maior resistência têm menor transmitância, ou seja, transmitem menos calor.
4. Na Carta Bioclimática de Givoni, encontramos estratégias de projeto para o conforto do usuário nas
edificações. Sobre estas estratégias, assinale a alternativa correta:
I. Nas condições delimitadas pela Zona de Conforto, há uma grande probabilidade de que as pessoas se
sintam em conforto térmico no ambiente interior.
II. Entre as zonas de ventilação, resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento acontecem
algumas interseções. Nestas áreas do gráfico, mais de uma estratégia deve ser adotada, inclusive si-
multaneamente.
III. O sombreamento é uma das estratégias mais importantes no Brasil. Esta estratégia deve ser utilizada
sempre que a temperatura do ar for superior a 20ºC, até mesmo na Zona de Conforto.
84
atividades de estudo
IV. Em algumas regiões, o clima pode ser muito severo, ultrapassando os limites de temperatura e umi-
dade relativa que tornam possível a aplicação de algum sistema passivo para resfriamento ou aqueci-
mento. Nesses casos, recomenda-se o uso de aparelhos de ar-condicionado, para refrigeração, e de
aquecimento artificial.
V. No clima quente e úmido, a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser adotada, fazendo com
que a temperatura interior acompanhe a variação da temperatura exterior. A ventilação é aplicável
independentemente da temperatura exterior.
5. Para a compreensão do comportamento térmico das edificações é necessária uma base conceitual de
fenômenos de trocas térmicas. Esse conhecimento permite também melhor entendimento acerca do
clima e do relacionamento do organismo humano com o meio ambiente térmico.
As trocas térmicas entre os corpos advêm de uma das duas condições básicas:
• existência de corpos que estejam a temperaturas diferentes;
• mudança de estado de agregação.
85
LEITURA
COMPLEMENTAR
Prezado(a) aluno(a), o texto para leitura é de um artigo que fez um estudo sobre o conforto térmico e ambientes na-
turalmente ventilados. Boa Leitura!
86
LEITURA
COMPLEMENTAR
Os parâmetros ambientais tradicionalmente analisados em estudos de conforto térmico em ambiente térmicos mo-
derados são realizados em dois tipos de espaços: estáticos e não estáticos. Os estáticos, ou seja, os que possuem
suas variáveis controladas artificialmente, geralmente são os estudos de laboratórios que iniciaram como estudo
de Fanger (1970) em câmaras climatizadas, que referenciam vários estudos e forneceram subsídio, dados que atual-
mente são usados em pesquisas realizados em situações reais com o intuito de minimizar discrepância e obter maior
precisão relacionada aos fatores ambientais, bem como entender como os indivíduos reagem em situações normais
de desconforto.
Estudos de conforto térmico podem ainda ser desenvolvidos em espaços não controlados, e nestes as variáveis am-
bientais podem alterar-se bastante em um mesmo espaços de estudo, tanto ao longo do dia quanto ao longo do ano
e das características geográficas de onde este estudo é realizado, um exemplo são os ambientes naturalmente venti-
lados. Candido e Dear (2012, p. 81) em seu estudo revisional apresenta a “mais recente revisão da ASHRAE 55 (2010),
que incorpora a dialética entre as abordagens estática e adaptativa de conforto térmico, propondo recomendações
diferentes para edificações com ar-condicionado e naturalmente ventilados”.
Uma das novas abordagens do conforto térmico em estudo é a que pesquisa os ambientes ventilados naturalmente,
apontados como uma boa alternativa para atender parâmetros ambientais no ambiente construído, principalmente
os relacionados à eficiência energética. Estas pesquisas buscam identificar e mensurar variáveis internas que sofrem
interferências nas condições ambientais externas, a influência do envelope sobre as condições térmicas, bem como
garantir que o homem mantenha-se em uma faixa de conforto.
Pereira et al. (2011, p. 3391) deixa claro que “existe uma influência do envelope sobre o desempenho térmico”, assim
como o artigo de Rodrigues e Souza (2012, p. 193), que aborda a ventilação natural como estratégia para o conforto
térmico e apresenta esta complexidade ao concluir que “um projeto adequado de ventilação natural deve ser avaliado
em detalhes, observando-se as condições climáticas e condições de vento locais, para se ter ótimos resultados. No
entanto, em função da complexidade das condições de contorno e da imprevisibilidade das forças naturais, é muito
difícil de se definirem, corretamente, as condições de velocidade e a direção do vento, pois se trata de forças variáveis,
que não se pode controlar, como na ventilação mecânica”.
87
material complementar
O ProjetEEE, desenvolvido pela UFSC, apresenta algumas estratégias de projeto para edifícios eficientes,
quanto à ventilação natural, ao aquecimento e ao sombreamento, em diferentes cidades do país.
Acesse em: <http://projeteee.ufsc.br/>.
Link 1: Reportagem feita pela EPTV sobre conforto térmico, mostrando a Fazenda Santa Gertrudes e o pré-
dio do Campus 2 da USP - São Carlos.
Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=OjlgD1fxuEI>.
Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=noJqdGL5HZ0>.
Parte 3: <https://www.youtube.com/watch?v=kLBqRw7bD8Q>.
88
referências
ABNT. NBR 16401-2. Instalações de ar-condicionado, sistemas centrais e unitários. Parte 2: parâmetros de
conforto térmico. 2. ed. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/EngMec_
NOTURNO/TM374/NBR_16401-2_2008.pdf>. Acesso em: 01 de jul. 2017.
ABNT. NBR 15.575. Edificações Habitacionais: Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. NBR 16401-2. Instalação de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários. Rio de Janeiro, 2008.
ADAM, R. S. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Aquaria-
na, 2001.
EVANS, M.; SCHILLER, S. Diseno Bioambiental y Arquitectura Solar. Beunos Aires: Serie Ediciones Pre-
vias, 1998.
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual do Conforto Térmico. 8. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003.
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. 3. ed. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
HERTZ, J. B. Ecotécnicas em arquitetura: como projetar nos trópicos úmidos do Brasil. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7730. Ergonomics of the thermal
environment — Analytical determination and interpretation of thermal comfort using calculation of the
PMV and PPD indices and local thermal comfort criteria. Geneva, 2005. Disponível em: <http://www.buil-
dingreen.net/assets/cms/File/ISO_7730-2005.PDF>. Acesso em: 1 fev. 2018.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro:
Procel, 1997.
______. Eficiência Energética na Arquitetura. 3. ed. Reformulado. Procel: Rio de Janeiro, 2012.
OLGYAY, V. Arquitectura y Clima: Manual de Diseño bioclimático para arquitectos y urbanistas. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1998. Edição em espanhol.
WATSON, D.; LABS, K. Climatic design: energy-efficient building principles and practices. New York: Mc-
Graw-Hill, 1983.
REFERÊNCIAS ON-LINE
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2 Em: <http://7a12.ibge.gov.br/en/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-territorio/relevo-e-clima.html>. Acesso
em: 18 out. 2017.
3 Em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-138854/reflexo-do-walkie-talkie-faz-carros-derreterem>. Aces-
so em: 18 out. 2017.
4 Em: <http://projeteee.ufsc.br/>. Acesso em: 18 out. 2017.
5 Em: <http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar>. Acesso em: 18 out. 2017.
6 Em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_180_031_22778.pdf>. Acesso em: 18
out. 2017.
89
gabarito
1. B.
2. D.
3. A.
4. E.
5. A.
90
UNIDADE
III
CONFORTO ACÚSTICO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O som
• O ruído e o ambiente interno
• Formas do ambiente interno
• Materiais acústicos e o tempo de reverberação
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o fenômeno do som.
• Entender os tipos de ruídos e as soluções para cada um deles.
• Entender como os materiais e as formas influenciam no ambiente
interno.
• Calcular o tempo de reverberação, saber adequar o ambiente
acusticamente.
unidade
III
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Esta unidade tem como objetivo expor os assuntos relacio-
nados à acústica. A ideia é que você aprenda, primeiramente,
os conceitos da acústica, o que são e seus significados para que,
nas próximas unidades, com a abordagem de novos assuntos, você con-
siga compreender melhor o assunto, pois esses conceitos acabam se re-
petindo outras vezes.
Antes de iniciar o nosso conteúdo, iremos definir o que é acústica,
para que você, caro(a) aluno(a), já saiba sobre o que iremos estudar neste
capítulo do livro. Então, Acústica é a disciplina que estuda os fenômenos
do som e a sua interação com nossos sentidos. Com esse estudo, pode-
mos trabalhar de forma que consigamos minimizar as condições desfa-
voráveis, como os ruídos em ambientes.
É importante ressaltar que, nesta unidade, iremos trabalhar exclusi-
vamente com a Acústica e, para que tenham uma boa compreensão do
assunto, iremos na Unidade I abordar os conceitos. Logo em seguida,
iremos aprender o que é ruído e como esse ruído se propaga em um
ambiente interno. Importante também saber como que a forma de deter-
minado ambiente influencia na propagação do som, bem como entender
o que é reflexão, absorção e transmissão, para que possamos entender,
da melhor forma possível, o que acontece com o som quando incide em
uma parede, por exemplo.
Depois de entendermos os conceitos, o que é som, ruído, seus meios
de propagação e sua divisão, iremos aprender sobre os materiais acústi-
cos. Estes são divididos em materiais absorventes e materiais isolantes e,
com esse conhecimento, você poderá aplicar esse entendimento nos cál-
culos de absorção sonora em um ambiente, bem como saber se determi-
nado ambiente é adequado em relação ao seu tempo de reverberação ide-
al, pois, como iremos estudar, cada ambiente, dependendo de sua função,
tem um tempo de reverberação ideal que devemos atingir. Bons estudos!
O Som
Caro(a) aluno(a), para iniciarmos o nosso estudo som é captado pelo ouvido humano. Nos nossos es-
sobre Acústica, é necessário primeiro entender al- tudos, quando falamos de vibração, estamos falando
guns conceitos que aparecerão durante o curso. Es- apenas daquela que é percebida pelo ouvido huma-
ses conceitos são importantes para a boa compreen- no, pois nem toda vibração pode ser percebida.
são da acústica e suas características. Segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), a voz
Primeiro precisamos entender sobre a natureza ou qualquer outro som, para poder ser percebido pelo
do som. O som tem sua origem na vibração de um nosso ouvido precisa ter como meio de propagação o ar.
objeto, provocando a vibração de partículas do meio. Porém, se esse mesmo som pode ser percebido em dois
No nosso caso da construção, essas partículas são a ambientes, com uma parede fazendo a divisão do espaço,
do ar e os materiais de construção; depois disso, o isso quer dizer que essa superfície é um meio vibrante.
96
DESIGN
Entendida a natureza do som, precisamos tam- Na percepção do som pelo ouvido huma-
bém entender o que é o som. Conforme Bistafa no, é percebido as faixas de frequência de 20Hz a
(2011), som é a sensação produzida no sistema au- 20.000Hz, sendo que 20Hz é percebido um som
ditivo. Esta sensação é produzida pelo movimento mais grave, enquanto que, quanto mais se aproxi-
organizado das moléculas que compõem o ar e que ma dos 20.000Hz, percebe-se um som mais agudo.
se propaga até ser captada pelos nossos ouvidos. As faixas de frequência ainda podem ser classifica-
Outro item que precisa ser explorado é a Onda das abaixo de 20Hz como infra som, que não são
Sonora, que é caracterizada pela Frequência. Segun- perceptíveis pelo ouvido humano e somente alguns
do Silva (2005), é chamado de frequência o número animais emitem e são capazes de ouvir esse som,
de oscilações completas por segundo. Elas são medi- como os cachorros e elefantes; e de sons acima de
das em ciclos de segundo (c.p.s.) ou em Hertz (Hz) e 20.000Hz, sendo denominados de ultrassom, tam-
determina se o som é grave ou agudo. bém não perceptível pelo ouvido humano, e que são
Por exemplo: utilizados em exames clínicos e navios, além dos
250 ciclos por segundo = 250 Hertz animais, como morcegos e golfinhos, que podem
2.000 ciclos por segundo = 2.000 Hertz ouvir e emitir esse som.
97
SAIBA MAIS
damentais para o desempenho acústico em ambien-
A unidade de frequência é conhecida como tes: o comprimento de onda. Esse comprimento de
Hertz em homenagem ao físico alemão Hein- onda é representado pela letra .
rich Rudouf Hertz (1857 - 1894), que provou A relação entre a frequência e o comprimento
que a eletricidade podia ser transmitida por
meio de ondas eletromagnéticas. Com seus de onda é de entendimento, pois, conforme Souza,
estudos, foi possível a criação do telégrafo Almeida e Bragança (2012), elas são inversamente
sem fio e do rádio. proporcionais: quanto maior a frequência menor o
Fonte: adaptado de Bistafa (2011). comprimento de onda, e quanto menor a frequên-
cia maior é o comprimento de onda. A velocidade de
propagação do som no ar é de 344m/s, com tempera-
Segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), em re- tura ambiente a 20ºC (na água essa velocidade chega a
lação à onda sonora, se for considerada a distância 1.500m/s), sendo que as frequências perceptíveis, ou
entre duas vibrações seguidas a partir de uma única seja, aquelas entre 20Hz e 20.000Hz, possuem com-
fonte, ou seja, a distância que o som percorre a cada primentos de ondas de 17m para a faixa de 20Hz e
ciclo completo, tem-se uma das características fun- 17mm para faixa de 20.000Hz, conforme a Figura 2.
A maioria dos sons que podemos ouvir são sons complexos, pois um mesmo som possui várias frequências,
enquanto que um som puro, ou tom puro, tem somente uma faixa de frequência.
98
DESIGN
INTENSIDADE SONORA
Intensidade sonora é a qualidade que permite ao 1. 1dB é a menor diferença sonora que o ouvido
ouvido diferenciar os sons fortes, ou seja, a energia humano consegue perceber.
que o som chega até o receptor. A intensidade sono- 2. Variação para um valor maior produz valor
ra varia aproximadamente com o logaritmo de in- positivo de dB, enquanto que uma variação
menor produz um valor negativo de dB.
tensidade do som e é medida em W/m². O valor de
3. 0dB significa que não houve variação.
referência adotado internacionalmente é de 10-12 W/
4. Se a variação for para zero de potência, temos
m², pois esse valor é próximo da intensidade míni-
-∞dB.
ma audível a 1.000 Hz que corresponde ao valor de
0dB na escala dos decibéis (SOUZA, ALMEIDA E Para fazermos as medições em ambiente internos,
BRAGANÇA 2012). utilizamos o sonômetro, que nos dá o resultado em
O comportamento da onda sonora, consideran- decibel, dB(A), que é a escala audível.
do o som direto, ou seja, raio sonoro sem obstácu-
los ou interferências, tende a se propagar na forma
de uma esfera, sendo assim, a intensidade ou nível
sonoro diminui logaritmicamente à medida que se
afasta do som.
A ESCALA DECIBEL
99
SOMATÓRIA DE DECIBÉIS
É importante lembrar que, quando temos diversas cala logarítmica e, quando as fontes são sobrepostas,
fontes sonoras e precisamos saber qual é a somatória o valor máximo que será acrescentado é o de 3dB.
dessas fontes, elas não podem ser somadas de for- A somatória das fontes sonoras são expressas na se-
ma simples. Souza, Almeida e Bragança (2002) dizem guinte fórmula:
que essa adição simples não pode acontecer, porque, [1] Escrever a fórmula
como já foi dito anteriormente, o decibel é uma es-
100
DESIGN
101
102
DESIGN
Intensidade
Fonte do Ruído Sonora Característica orgânicas
db(A)
130 - 140 Acima do Limiar da Dor.
Avião a 5 metros
Surdez permanente
Discoteca 110 - 130
Martelo pneumático a 5 me- Atinge o limiar da dor e pode causar surdez
tros instantânea
Buzina de automóvel
Caminhão carregado a 5 90 - 110
metros
Excitante e provoca dependência
Motor
Motosserra a 5 metros
Despertador a 1 metro 70 - 90
Máquina de lavar roupa 1 Estressante
metro
Circulação no interior das 50 - 70
habitações Aceitável, porém pode iniciar o stress auditivo
Conversação a 5 metros
Ambiente calmo 30 - 50 Confortável
Vento suave 10 - 30
Silencioso
Cochilo
Fonte: adaptada de Barros (2001).
Os ruídos podem ser classificado como ruídos aére- O ruído de fundo dos ambientes, seja ele inter-
os, que são os ruídos propagados pelo ar, sendo que no – gerado dentro do ambiente: pessoas conver-
em qualquer fresta, por mínimo que seja, o ruído sando, aparelhos ligados etc. –, ou externo – ruídos
vai passar – exemplos: janelas, vão da porta, fissu- provenientes do meio urbano ou de vizinhos –, não
ras, paredes, piso, teto etc. E também os ruídos de são totalmente eliminados para ambientes de uso
vibração ou impacto, que são os ruídos causados por comum. Esses ruídos só são totalmente eliminados
algum tipo de impacto. em casos de ambientes que necessitem de baixa in-
De acordo com Souza, Almeida e Bragança (2012), tensidade sonora, que é o caso de estúdios e câma-
os ruídos de um ambiente podem ser resultado de ras acústicas.
atividades externas ou internas. Essas fontes de ruí- Porém, quando formos tratar os ambientes para
dos determinam em conjunto um nível sonoro mí- diminuir os ruídos, devemos saber que o tratamento
nimo nos ambientes denominado de ruído de fundo. varia conforme o tipo de ruído que temos em de-
Esse termo pode fazer referência aos ruídos gerados terminado ambiente. Aqui, iremos aprender mais
no próprio ambiente ou externo a ele. dois conceitos utilizados em acústica dos ambientes.
103
Como já vimos anteriormente, os ruídos podem ria conforme o tipo de material, veremos isso mais
ser classificados como ruídos aéreos e ruídos de adiante), uma outra parte é refletida, ou seja, volta
impacto, ou vibrações de sólidos. Para o tratamen- para o ambiente e uma terceira parte é transmitida
to de ruídos aéreos, utilizamos o termo de isola- para outro ambiente.
mento acústico, enquanto que para o tratamento Obstáculo
SAIBA MAIS
O ruído deve ser entendido e tratado depen- Figura 4 - Esquema de Divisão do Som em um Obstáculo
dendo do caso que precisa ser resolvido. Ruí- Fonte: adaptada de Fernandes (2002).
dos iguais em diferentes contextos requerem
soluções projetuais diferentes.
Compreendido o que acontece com uma onda sono-
Fonte: o autor. ra ao incidir sobre um obstáculo, apareceram mais
alguns termos em relação à acústica. Veremos a se-
guir quais seus significados e como funcionam.
PROPAGAÇÃO DO SOM Reflexão: uma onda sonora gerada por um som,
quando encontra uma superfície sólida como obstá-
Caro(a) aluno(a), entendido o que é ruído e mais al- culo à sua propagação, ela será refletida, segundo as
guns termos aplicados à acústica, precisamos com- leis de Reflexão Ótica. Segundo Fernandes (2002), a
preender como uma onda sonora se divide ao en- reflexão nesta superfície (obstáculo) é diretamente
contrar algum obstáculo, uma parede, por exemplo. proporcional à dureza do material e, conforme Val-
Na Figura 4, vemos como é essa divisão. O som, ao le (2006), a onda refletida tem o mesmo ângulo de
incidir sobre um obstáculo, se divide de forma que incidência. Por exemplo, materiais como concreto,
uma parte dessa onda será absorvida pelo obstáculo mármore, azulejos, vidros, entre outros refletem
(todo material possui um índice de absorção que va- quase 100% do som incidente.
104
DESIGN
Um exemplo de reflexão que acontece bastante rial, não existem materiais difusores, o que fazemos
é no banheiro. Quem nunca se sentiu um cantor de para difundir o som em um ambiente é trabalhar as
ópera no banheiro com a reflexão do som pelos azu- formas e técnicas de construção, usando materiais
lejos? Experimente cantar da mesma forma em um não absorvedores, para produzir a difusão.
ambiente sem material reflexivo para ver a diferença. Aprendemos, então, o que é ruído e vimos tam-
Absorção: como já observamos na Figura 1, uma bém que um mesmo ruído pode ter significados
parte do som é absorvida pelo obstáculo. Fernandes diferentes dentro de um projeto. Por isso, quando
(2002) diz que a absorção é a propriedade de alguns formos trabalhar a acústica, precisamos entender
materiais que impedem que o som incidente seja re- qual é o tipo de ruído que precisamos tratar, qual é
fletido para o ambiente. Souza, Almeida e Bragança a sua fonte e quais os métodos existentes. Aprende-
(2012) informa, também, que quanto mais poroso o mos também a diferença dos termos, isolamento e
material, maior é a absorção. Assim como os materiais, isolação, pois eles são aplicados em casos diferentes,
pessoas também são grandes absorvedores de som, da mesma forma que na próxima unidade iremos
por exemplo em auditórios, a maior parte da absorção aprender sobre os materiais de isolamento e absor-
sonora se deve pelo fato de ter pessoas na plateia. ção. Aprendemos também sobre os fenômenos acús-
Transmissão: esse efeito acontece quando o som, ou ticos: reflexão, absorção, transmissão e difusão, pois
uma parte dele, atravessa uma superfície, uma parede, quando formos tratar acusticamente um ambiente,
por exemplo, e surge do outro lado de forma mais ate- precisaremos entender como o som se divide den-
nuada. Segundo Fernandes (2002), esse fenômeno tem tro de um ambiente. Os termos aplicados de forma
as seguintes características: a onda sonora que incide correta e entendidos de formas correta facilitam o
sobre uma superfície faz que essa superfície vibre, trans- trabalho do Designer no momento da resolução de
formando em uma fonte sonora. Dessa forma, a superfí- determinado problema.
cie vibrante começa a gerar som para a outra face.
1 2
Importante lembrar que os materiais também
tem um índice de atenuação de transmissão de som,
ou seja, dependendo de sua massa (espessura), esse
índice de atenuação em dB será maior ou menor. Ve-
remos mais adiante o item materiais.
Difusão: para Vallen (2006), a superfície fun-
ciona para o som, da mesma forma que uma parede 3
105
Caro(a) aluno(a), vimos no tópico anterior as pro- Quando projetamos as formas das superfícies
priedades sonoras, em relação à propagação do som (parede, por exemplo) que irão compor o ambiente,
em ambientes. O som que é percebido pelo ouvinte estamos diretamente determinando a propagação
é resultante do raio sonoro direto e do refletido. Ao dos raios sonoros pela posição e pelas formas de teto,
encontrar uma superfície, vimos que o som pode ser piso, parede os objetos que compõem o ambiente.
absorvido, refletido ou transmitido, em quantidades Quando utilizamos formas côncavas, convexas,
que dependem da dimensão, forma e material da circulares e elípticas, devemos ter cuidados especiais
superfície em que o som está incidindo. A direção redobrados com elas, pois essas formas promovem a
dos raios refletidos é influenciada diretamente pela concentração, focalização dos raios sonoros e, con-
forma da superfície. Segundo Souza, Almeida e Bra- sequentemente, a distribuição não uniforme do som
gança (2012), “o ângulo de reflexão é igual ao ângulo como na Figura 6.
de incidência, Lei da Reflexão”.
106
DESIGN
Fonte sonora
Figura 6 - Distribuição do som não
uniforme por superfícies côncavas
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e
Bragança (2012).
Quando, de alguma forma, temos outras priorida- côncavas concentram a energia sonora, focalizando-a.
des de projeto e a utilização dessas formas são ine- A concentração de energia faz que as ondas sonoras se
vitáveis, é importante que sejam aplicadas sobre elas sobreponham umas às outras, resultando em alguns
superfícies difusoras para evitar a concentração ou a casos o reforço do som e em outros o enfraquecimen-
focalização do som. Veja na Figura 7. to ou a anulação do som. Tanto pontos nos quais exis-
ta o excesso do som quanto pontos onde tenha a falta
são prejudiciais à boa audição nos ambientes.
No caso das superfícies convexas, o resultado
é o oposto da superfície côncavas, os raios sonoros
são difundidos no ambiente. Silva (2005) informa
que, nesses casos, essa forma pode ser utilizada sem
maiores complicações em ambientes onde haja a
exigência de boa audibilidade.
SAIBA MAIS
107
Uma outra solução para as paredes em formas côn- O piso também é um dos detalhes importantes
cavas é utilizar algum tipo de material absorvente na do projeto. Quando projetamos o escalonamento
superfície. A aplicação desse material pode, de certa para os assentos da plateia, normalmente é para
forma, ajudar a diminuir o efeito no som causado pela cumprir um requisito visual, não ter pessoas atra-
superfície côncava. Em salas para músicas e também palhando o campo de visão. Altura entre fileiras
para a palavra falada (auditórios, por exemplo), salas mínima de 0,75m aplicada a esse escalonamento
nas quais o desempenho acústico deve ser prioridade já é suficiente para garantir o requisito visual e
no projeto, as superfícies côncavas devem ser cuida- também suficiente para garantir a recepção sono-
dosamente estudadas antes de serem aplicadas. ra do som.
Porém, não é somente com as formas côncavas,
convexas e circulares que temos que tomar os de-
vidos cuidados. Apesar de ser as formas que mais SAIBA MAIS
necessitam cuidados, a mesma atenção, conforme
Souza, Almeida e Bragança (2012), deve ser dada a Para resolver esse problema em auditórios ou
paredes paralelas, ou seja, ao paralelismo, de qual- teatros, podemos utilizar também elementos
quer parte de uma sala (palco ou plateia), pois elas difusores e diferenciar as paredes com peque-
nas inclinações. Essas alternativas ajudam a
podem gerar as ondas estacionárias. Segundo Fer- solucionar o problema, evitando a criação
nandes (2002), as ondas estacionárias ocorrem das ondas estacionárias e consequentemente
quando o trem de ondas volta sobre a direção de in- melhorando a acústica do ambiente.
cidência dos raios sonoros, acontecendo então uma Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bra-
sobreposição das ondas, sendo o sistema de ondas gança (2012).
108
DESIGN
109
Em relação às dimensões mais adequadas para salas biente, seja da plateia ou do palco, bem como o volume
como auditórios, temos algumas considerações. Con- de ar no ambiente, que está diretamente ligado ao tem-
forme Souza, Almeida e Bragança (2012), uma das ca- po de reverberação (que veremos na próxima unidade),
racterísticas da fonte sonora que precisa ser levada em controlando a proporção entre fonte e a audiência.
consideração ao definir as dimensões de um ambiente
é a direcionalidade da fonte. Algumas fontes sonoras SAIBA MAIS
apresentam melhor propagação para algumas direções.
Em função dessas características, salas mais alongadas Normalmente, plantas menores podem repre-
(retangulares) são melhores que plantas em formato sentar, no caso da música, excesso de reflexão
quadrado. Porém, com o afastamento da fonte sonora e e tempo de reverberação maior que o neces-
sário, da mesma forma que um grande espaço
da última fileira da sala, por causa da perda de intensi- para a palavra falada representa pequeno tem-
dade e a absorção das pessoas, essa distância é limitada. po de reverberação e baixa intensidade sonora!
Vejamos abaixo, na Tabela 4, exemplos de distâncias:
Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bra-
Tabela 4 - Relação entre o afastamento da fonte sonora e a inteligibilidade gança (2012).
Condição de Inteligibili-
dade e afastamento
Até 15 metros excelente Observamos então como que as formas do ambiente
15 a 20 metros bom interno e consequentemente como que o som (onda
20 a 25 metros Regular (satisfatória) sonora) se comporta em determinadas formas. A
Ruim (limite máximo
forma côncava é uma das formas que temos que es-
30 metros sem uso de amplificação tudar de maneira mais aprofundada antes de colo-
eletrônica). carmos em um projeto, pois ela vai focalizar o som,
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).
enquanto que formas como a convexa pode ser, de-
Essas dimensões podem ser seguidas para salas nas pendendo do caso, uma aliada na difusão do som.
quais a função principal seja a palavra falada, porém as Na questão de salas com paredes paralelas, estas
proporções do projeto devem ser observadas. No caso não podem existir em um ambiente, pois elas criam
de ambientes nos quais a música seja a função princi- as ondas estacionárias, devendo então aplicarmos ele-
pal do ambiente, como orquestras sinfônicas, os limites mentos difusores nestas paredes. Da mesma forma, não
de dimensões serão maiores e dependerão basicamen- é uma boa ideia utilizar arestas (cantos) que formam
te dos instrumentos fonte. Contudo, caso a fonte seja ângulos retos ou agudos, sendo que a melhor forma de
apenas um instrumento, a distância entre a fonte e o trabalhar é com ângulos obtusos, que irão nos ajudar
ouvinte é tão importante quanto para a palavra falada. também na difusão do som. A forma do ambiente está
Ainda, segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), diretamente ligada ao tipo de propagação do som que
locais de apresentação musical podem ter variação no queremos para determinado ambiente, por isso é de
tipo e no número de fontes, da mesma forma que so- extrema importância entender qual é o comportamen-
luções aplicadas a salas de múltiplo uso. Podem ser to da onda sonora nos ambientes e como que as formas
empregados elementos que alterem o tamanho do am- irão refletir nesse comportamento.
110
DESIGN
Materiais Acústicos e o
Tempo de Reverberação
Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos aprender Para diferenciar os ruídos que estão sendo
sobre os materiais que absorvem o som e materiais tratados no ambiente, temos dois termos que são
isolantes. Eles são necessários, pois, para cada tipo utilizados para cada tipo de tratamento acústico
de situação que iremos trabalhar, será necessária a que iremos trabalhar. O primeiro é o isolamen-
utilização deles, sendo às vezes somente isolante, às to, que é referente ao tratamento de ruídos aére-
vezes só os materiais que absorvem o som e em deter- os, tendo como exemplos: a música dos bares, o
minadas situações a composição dos dois materiais. ruído de trânsito (aviões, ônibus e caminhões), o
Iremos aprender também sobre o tempo de reverbe- barulho de máquinas e equipamentos de constru-
ração, os cálculos necessários para sabermos se deter- ção, a conversa dos vizinhos. O segundo é o ter-
minado ambiente tem o tempo ideal de reverberação. mo isolação, que refere-se ao tratamento de ruí-
A forma de tratamento do ambiente para redu- dos de vibração ou de impacto, tais como: centrais
ção dos ruídos varia conforme o tipo de ruído con- de ar-condicionado, grupos geradores, bombas
siderado no ambiente. Conforme já vimos anterior- d’água, máquinas de elevadores, impactos produ-
mente, temos os ruídos que podem ser propagados zidos pelo caminhar de pessoas no andar superior,
de forma aérea e os ruídos de vibração ou impactos crianças jogando bola etc.
(SOUZA, ALMEIDA E BRAGANÇA, 2012).
111
112
DESIGN
que inviabiliza pelo custo e o consumo de espaço. Forro Armstrong 0,31 0,51
2 0,74
Minaboard
Segundo Silva (2005), cada material tem um co-
Bloco de Con- 0,36 0,31
eficiente de absorção, sendo que o valor desse índi- 3 0,39
creto Rústico
ce não é constante, pois ele varia com a frequência Cadeira estofa- 0,13 0,15
do som incidente. Dessa forma, se considerarmos 4 da com couro 0,07
os diversos materiais construtivos e quisermos sa- sintético
ber quais seus índices de absorção para as diversas Carpete simples 0,10 0,25
5 0,40
de 6mm forrado
faixas de frequência, podemos fazer pesquisas em
Cortina grossa, 0,25 0,40
sites de empresas especializadas em produtos deste 6 0,60
drapeada
tipo (exemplo: Knauff, Armstrong, Isover) e pode- Cortina simples, 0,07 0,49
mos, também, consultar a bibliografia especializada 7 leve, algodão, 0,66
0,25Kg/m²
que já possui os índices de algum material, porém,
Gesso acartona- 0,29 0,05
quando o material que quisermos utilizar não existir 8 do “Gypsium” s/ 0,07
em bibliografias, podemos, por meio de laboratórios sarrafo
apropriados, determinar seus índices. 9 Gesso Simples 0,035 0,03 0,028
Os índices são representados pela [1] letra 10 Lã de Rocha 0,40 0,70 0,76
(alfa) e a unidade de área de absorção é de 1m², co- Lã de vidro de 0,28 0,57
0,70
nhecido como sabine métrico (sm). Esse nome foi 11 25mm protegido
por tecido
dado em homenagem ao Professor Wallace C. Sa-
12 Mármore Polido 0,01 0,01 0,15
bine, da Universidade de Harvard, nos EUA, um
Placa Sonex 0,23 0,72
dos estudiosos pioneiros da Acústica Arquitetônica
13 Nova Fórmula 0,90
(SILVA, 2005). 50/75 Illbruck
Os índices de absorção acústica são utilizados Poltrona esto- 0,18 0,28
14 0,28
para demonstrar qual é a porcentagem que deter- fada
minado material absorve de energia. Assim, quando Porta de madei- 0,14 0,06
15 0,10
ra fechada
dizemos que, de um tapete de boucle macio, o coefi-
Público por 0,28 0,40
ciente de absorção [2] é =0,52 para uma frequência 16 0,44
pessoa
de 2048Hz, quer dizer que 52% da energia sonora Tapete de 5mm 0,04 0,15
17 0,52
incidente no tapete é absorvida. de espessura
Tapete de lã de 0,20 0,35
18
15mm, forrado
0,50
Fonte: adaptado de Silva (2005).
113
114
DESIGN
de reverberação do espaço. Se esse espaço for, por da reverberação que ocorre em um ambiente é in-
exemplo, o vão entre paredes duplas que formam fluenciada por vários fatores:
uma parede, é necessário que a reverberação entre • o volume espaço;
as duas paredes seja reduzida. • as dimensões do espaço;
Uma solução para esse tipo de problema é, ao • o tipo, a forma e o número de superfícies com
construir uma parede dupla, aplicar um material ab- que o som se encontra.
sorvente entre as paredes. Esse material pode ser a
lã de vidro ou lã de rocha, pois são materiais que Souza, Almeida e Bragança (2012) dizem que, em
não se deterioram com o tempo e têm baixo custo. ambientes fechados, ocorrem várias reflexões sono-
A instalação desse material é fácil, ela não deve ser ras e, com isso, acontece a reverberação. Quando a
comprimida entre as paredes, pode ocupar todo o fonte sonora é cessada, o som ainda pode ser perce-
espaço vazio, pode ser aplicada entre paredes de ti- bido por um pequeno intervalo de tempo, fazendo
jolo e também às paredes de gesso acartonado, que é com que a extinção total do som no ambiente não
o mais encontrado. ocorra imediatamente, mas sim depois de um de-
terminado período de tempo, que é medido em se-
gundos, chamado de tempo de reverberação. Cada
ambiente tem seu tempo de reverberação ideal, que
será em função do volume do ambiente e a compo-
sição dos materiais.
SAIBA MAIS
115
O tempo de reverberação é o maior responsável pela boa ou má acústica dos ambientes. Ambientes com
tempo alto de reverberação são considerados prejudiciais para a inteligibilidade do som, pois, como ocorre a
sobreposição dos sons, acontece do receptor não conseguir identificar o som que está recebendo.
Sobre a relação entre o volume do recinto e o tempo de reverberação, Silva (2005) diz que, ao observar
diversos ambientes fechados, é possível notar que alguns ambientes são bons para conferências, porém não
são bons para música; o contrário também é válido, podem ser ótimos para concertos e ruins para a palavra
falada. Esse fato acontece, porque, para a palavra falada como para a música, seja ela um concerto ou para
música litúrgica, existe o tempo ideal de reverberação, o TR.
O Tempo Ideal de Reverberação muda conforme a função do ambiente que estamos trabalhando e o vo-
lume do ambiente. Via de regra, quanto maior o ambiente, maior será o tempo de reverberação.
Não existe uma tabela na qual apareçam todos os tempos de reverberação para todos os ambientes, o que existe
é um consenso entre os especialistas do tempo ideal para alguns ambientes, conforme a Tabela 7.
Para descobrirmos qual o tempo ideal de Reverberação, temos o gráfico do Tempo Ideal de Reverberação
da NBR 12179. No Gráfico, é informado com base do volume e da função do ambiente. Para descobrirmos
qual o tempo ideal de reverberação, é relativamente simples. Primeiro precisamos descobrir qual é o volu-
me do ambiente, cruzar uma linha com a função do ambiente, por exemplo: uma sala de conferência com
volume de 1.200 m³, temos o tempo de Reverberação de 0,8 segundos.
116
DESIGN
Depois de encontrado o valor do Tempo de Reverberação Ideal do ambiente, podemos, por meio da Fórmula
de Sabine, encontrar o tempo de reverberação da sala.
Como já visto no cálculo da absorção do ambiente, precisamos do valor de absorção total do ambiente
para realizarmos o cálculo do tempo de reverberação dele.
TR = 0,1618 x Volume
Absorção total
Conforme Souza, Almeida e Bragança (2012), essa fórmula é aplicada de forma direta, sem nenhuma
complexidade. As informações necessárias para o cálculo, como já visto, é o volume do ambiente em m³ e
a absorção total dos materiais, incluindo pessoas e poltronas. Geralmente, o tempo de reverberação de uma
sala deve ser estimado nas faixas de frequência de 128Hz, 512Hz e 2048Hz. Como a plateia é um elemento de
grande absorção e a quantidade de público faz com que se altere o tempo de reverberação, é aconselhado que
se calcule o tempo de reverberação com 100% da plateia e com uma lotação de 60% a 70%.
117
De forma geral, temos alguns passos para seguir dos salões da Biblioteca Pública de Los Angeles -
para os cálculos do Tempo de Reverberação: EUA, onde o tempo de reverberação pode atingir
• Calcular a absorção total do ambiente; 25 segundos.
• Identificar o tempo de reverberação ideal no Caro(a) aluno(a), nesta unidade aprendemos
gráfico da NBR; sobre os materiais acústicos e o índice de absorção.
• Determinar o tempo de reverberação real; É importante lembrar que o coeficiente de absorção
• Comparar entre o tempo de reverberação varia conforme o material e a espessura, quanto mais
ótimo e real, ou a absorção necessária para poroso melhor é a absorção sonora do material. As
alcançar o tempo ótimo de absorção;
faixas de frequência também influenciam na absor-
• Acrescentar, diminuir ou trocar materiais
ção, pois para cada faixa, do grave ao agudo, existe
absorventes em comparação para que seja
um índice de absorção.
alcançado o valor de tempo de reverberação
ideal. Aprendemos, também, como calcular a absorção
sonora de uma sala. Utilizamos para isso a fórmula
de Sabine e a unidade sabines métricos. O cálculo,
SAIBA MAIS de forma resumida, é a multiplicação do coeficien-
te do material aplicado na superfície pela sua área.
Segundo Lawrence (apud Souza, 2012), ape- Lembrando sempre de calcular todos os materiais
sar de existir outras fórmulas, a de Sabine existentes em uma sala.
é satisfatória para a acústica de salas, com Para calcularmos o tempo de reverberação de
exceção de casos especiais como estúdios
de gravação e salas similares. A fórmula de determinado ambiente, precisamos como primeira
Sabine perde a eficácia à medida que o coefi- informação saber a absorção total da sala, que nada
ciente de absorção médio é maior, resultando mais é do que a somatória da absorção de todos
em maiores tempos de absorção. No caso de
estúdios, a absorção é muito grande, com os materiais. Depois disso, precisamos conhecer o
isso pode ocorrer grandes distorções com a volume do ambiente em questão, lembrando que
fórmula. Nesse caso, a fórmula mais indicada quanto maior o volume, maior é o tempo de rever-
é a de Eyring.
beração. Calculado o TR da sala, utilizamos o gráfi-
Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bragança co do Tempo de Reverberação Ideal para sabermos
(2012).
qual é o tempo ideal de reverberação (em segundos),
do ambiente que estamos trabalhando.
Depois de descoberto o tempo ideal e o tempo
Há exemplos de várias igrejas nas quais o tempo de reverberação real, temos que fazer as compara-
de reverberação é excessivo. Podemos destacar a ções. Caso o tempo real esteja muito maior que o
Basílica de São Pedro, em Roma, onde o tempo de ideal, precisamos trabalhar os materiais de forma
reverberação chega a 10 segundos. Outro exem- que o tempo de reverberação seja reduzido para
plo de tempo excessivo de reverberação é um chegar próximo do ideal.
118
considerações finais
P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade, abordamos conceitos relacionados à acústica
de ambientes. A acústica faz parte da disciplina de Conforto Ambiental, pois com
ela conseguimos fazer que o usuário se sinta confortável em relação à sonoriza-
ção de um ambiente.
Entendemos o que são as faixas de frequências e quais as faixas de frequência que o
ser humano tem capacidade de ouvir, que são as faixas 20Hz a 20.000Hz. Aprendemos
também o que é a escala decibel (dB), como podemos fazer a medição das fontes sonoras
e, quando necessário aplicar a soma, como fazemos a somatória de várias fontes sonoras.
Aprendemos também a definição de som, que é a sensação produzida no sistema audi-
tivo, podendo gerar sensações agradáveis ou som desagradável, mais conhecido como ruí-
do; vimos que a exposição prolongada aos ruídos podem gerar danos à nossa saúde, desde
irritação até a perda total da audição. No decorrer desta unidade, vimos o funcionamento
da propagação do som em um ambiente interno e como que as formas – convexa, côncava
e paredes paralelas – interferem na propagação do som.
Além de entender o funcionamento da propagação do som, aprendemos a diferença
de aplicação dos materiais isolantes e dos materiais absorventes. Eles são necessários, pois
para cada tipo de situação que iremos trabalhar, será necessário a utilização desses mate-
riais. Dependendo da situação, iremos utilizar somente os isolantes, às vezes só os materiais
absorventes e em determinadas situações a composição dos dois materiais. Aprendemos
também sobre o tempo de reverberação e sua aplicação. O tempo de reverberação que
temos em determinado ambiente é ligado diretamente ao tipo de material que estamos
trabalhando: se trabalharmos com materiais que absorvem mais, teremos tempo de rever-
beração menor, caso os materiais sejam mais refletores, teremos tempo de reverberação
maior. Porém, para termos ambientes acusticamente adequados, temos que ter as duas
situações balanceadas nos ambientes.
119
atividades de estudo
2. Para resolvermos um problema acústico, utilizamos materiais que absorvem o som, nos ajudam a
controlar a inteligibilidade do mesmo, além de materiais isolantes, que não deixam o som passar
para outros ambientes. No caso de uma sala de audiência, o controle acústico dos ambientes internos
requer que estas salas tenham tratamento que favoreça (I) a boa qualidade de recepção de som am-
plificado eletronicamente na plateia e (II) completo isolamento acústico entre as salas de audiência e
entre estas e as áreas de circulação. Tais efeitos serão obtidos mediante o emprego de materiais:
a. isolantes acústicos em I e II.
b. isolantes acústicos em I e de massa específica elevada em II.
c. de massa específica elevada em I e isolantes acústicos em II.
d. absorventes acústicos em I e isolantes acústicos em II.
e. absorventes acústicos em I e II.
3. Quando vamos trabalhar com acústica de ambiente, devemos entender como que o som se propaga,
como que se divide quando atinge um obstáculo para podermos encontrar a solução adequada para
os ambientes. Em relação a isso, analise a Figura I e assinale a opção correta em relação ao que
acontece com um som incidente em uma parede.
120
atividades de estudo
a. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre (A) absorção pelo ambiente, (B)
sofre difração pela parede e (C) é refletida para o ambiente anexo.
b. A Figura I nos apresenta somente a reflexão do som.
c. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre reflexão no próprio ambiente
(A), sofre absorção pela parede (B) e é transmitida para o ambiente contíguo (C).
d. A Figura I ilustra a (A) absorção, (B) a transmissão e (C) a reverberação para o ambiente contíguo.
e. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre transmissão no próprio am-
biente (A), sofre absorção pela parede (B) e é refletida para o ambiente contíguo (C).
4. Nenhuma parede de uma edificação reflete perfeitamente as ondas sonoras e, desse modo, parte da
energia sonora incidente é absorvida pelo material que constitui a parede. Assim, dependendo do tipo
de revestimento de uma parede, as ondas sonoras podem ser mais ou menos absorvidas. Dentre os
materiais apresentados a seguir, aquele que apresenta o maior índice de absorção sonora em
uma faixa de 500Hz é:
a. reboco liso α = 0,02.
b. revestimento de pedras sintéticas α = 0,05.
c. bloco de concreto rústico α = 0,31.
d. feltro de fibra natural com espessura de 5mm α = 0,18.
e. chapas de mármore α = 0,01.
121
atividades de estudo
5. Projetos de auditórios ou salas de concertos necessitam de tratamento acústico adequado para evitar
tempos de reverberação acima do necessário. Para isso, pode afirmar que os requisitos necessários
para uma sala são:
I. boa inteligibilidade do som;
II. ausência de interferência de ruídos externos;
III. distribuição sonora uniforme;
IV. difusão sonora e tempo de reverberação adequado.
6. As pesquisas de W. A. Sabine levaram a uma relação empírica para o tempo de reverberação TR (em
seg), proporcional ao volume V da sala (m3) e inversamente proporcional à absorção da superfície (em
m² ou sabins):
TR: 0,16 x V
A
Considere uma sala de aula de 11m de comprimento, 11m de largura e 3.8m de altura.
A sala tem 4 janelas de 1.10m x 2.00m.
A sala possui 15m² de cortina revestindo a parede.
A sala tem 1 porta de 1.10m x 2.10m.
As paredes são rebocadas (coeficiente de absorção α1 = 0.03 a 500 Hz), o teto é de fibra sintética (α2 =
0.2), o piso é de pedra (α3 = 0.01), as janelas são de vidro (α = 0.03) e as cortinas são de algodão (α4 =
0.8). A sala tem n = 62 cadeiras estofadas (α5 = 0.3). A porta tem (α6 = 0.3).
a. Verifique a absorção total.
b. Calcule o tempo de reverberação TR da sala usando a relação de Sabine.
c. Verifique, no gráfico I, qual o tempo de reverberação recomendado para uma sala de concerto.
d. Para diminuir o tempo de reverberação, a sala foi reformada, recobrindo o piso com um carpete (α =
0.32). Calcule o novo tempo de reverberação TR da sala.
122
atividades de estudo
7. Qual a soma dos níveis de duas fontes sonoras com os seguintes valores de níveis de pressão
sonora?
a. 80 dB e 82 dB.
b. 60 dB e 80 dB.
c. 72 dB e 75 dB.
d. 76 dB e 81 dB.
e. 70 dB e 70 dB.
8. Com um medidor de pressão sonora, foram medidos separadamente os níveis de pressão sonora
de dez fontes sonoras, conforme indicado abaixo. Calcule o nível de pressão sonora resultante se
todas as fontes estiverem funcionando simultaneamente:
NP1 90 dB NP6 76 dB
NP2 94 dB NP7 80 dB
NP3 100 dB NP8 92 dB
NP4 85 dB NP9 100 dB
NP5 80 dB NP10 82 dB
123
LEITURA
COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a), o texto abaixo é de uma dissertação sobre a relação da arquitetura com o espaço adaptado para
escola de música. Boa leitura!
124
LEITURA
COMPLEMENTAR
A atenção e o cuidado no projeto, o que inclui aspectos acústicos, é o que determina o sucesso de uma escola de mú-
sica (LAMBERTY, 1980). As questões acústicas são relevantes tanto nos projetos de renovação e reforma dos espaços
quanto nos de novas edificações (POMPOLI; PRODI; FARNETANI, 2010).
Lopes (2010) afirma que as definições Ryherd (2008) explica que o êxito num projeto que demanda elevado desem-
penho acústico é resultado de um processo que envolve uma equipe interdisciplinar, com profissionais que dominam
o tema e possuem profundo conhecimento da propagação sonora. Lopes (2010) cita que, em alguns casos, as defi-
nições de aspectos acústicos caracterizam um projeto à parte. Defende ainda que a aplicação de uma metodologia
projetual facilita a integração dos diferentes agentes envolvidos no processo e a coerência e correta interface dos
subprojetos que gerarão o edifício com adequado desempenho. Ueno e Tashibana (2005) afirmam que é possível
manipular o espaço para controlar o ambiente sonoro da mesma forma e com a mesma importância que o músico
manipula o instrumento para produzir o som das soluções às questões acústicas, e desde o princípio do processo de
projeto é o que garante o melhor desempenho possível com o menor custo possível.
Na prática, a preocupação com o projeto acústico existe somente nos grandes empreendimentos ou construções com
destaque social. Koskinen, Toppila e Olkinuora (2010) lembram que, na prática, as pequenas salas são normalmente
negligenciadas quanto à solução de questões acústicas e implantação dos elementos de acústica como forma de re-
duzir ou cortar gastos ou mesmo por não possuírem recursos financeiros disponíveis. Wenger (2010) mostra que um
dos sinais dessa negligência são salas com volume inferior ao necessário, tetos muito baixos, desconsideração ergo-
nômica do instrumento no dimensionamento de ambientes e organização em planta que não condiz com a atividade.
125
material complementar
Link 1: documentário - Júlio Prestes São Paulo, realizado em 1998, sobre a readequação do prédio da antiga
Estação Júlio Prestes, em São Paulo, próximo à estação da Luz, que foi transformada na Sala São Paulo,
uma das melhores salas de concertos do mundo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uH5NAzbU-LM>.
Comentário: a sala São Paulo é a casa da OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. No Brasil, é a
melhor sala de concertos, sendo assim, é um exemplo grandioso para quem estuda acústica. Tudo na sala
foi pensando em relação à acústica, um dos destaques é o teto móvel, que pode ser adequado conforme a
necessidade do espetáculo.
Link 2: o link a seguir é sobre as frequências estudadas no início da Unidade I. Nele você poderá ouvir um
som que passa por todas as faixas de frequências, que vai de 20Hz até 20.000 Hz.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HkzVxwghiik>.
Link 3: assim como ouvir um som em todas as faixas de frequências nos ajuda a entender o som, o link
abaixo é sobre um tom puro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MQpfW4KvrZM>.
Link 4: para entender melhor a reverberação, o link disponível contém gravações do tempo de reverbera-
ção que vai de 0,5 segundos até 5,0 segundos, tanto para palavra falada quanto para a música.
Disponível em: <http://www.armstrong-brasil.com.br/reverb/main.jsp?lang=pt&measure=m&domain=pt>.
126
referências
ABNT. NBR 12179. Tratamento acústico em recintos fechados. Rio de Janeiro: 1992. Dis-
ponível em: <https://www.target.com.br/produtos/normas-tecnicas/39384/nbr12179-tra-
tamento-acustico-em-recintos-fechados-procedimento>. Acesso em: 5 fev. 2018.
BISTAFA, S. R. Acústica Aplicada ao controle de Ruído. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 15: atividades e operações insalubres. 1978. Disponí-
vel em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_15.asp>. Acesso
em: 29 dez. 2009.
FERNANDES, J. C. Acústica e Ruídos. Bauru: Unesp, 2002.
SILVA, P. Acústica Arquitetônica & Condicionamento de Ar. 5. ed. Belo Horizonte: Edtal
E. T. Ltda, 2005.
SOUZA, L. C. L., ALMEIDA, M. G., BRAGANÇA, L. Bê-à-bá da Acústica Arquitetônica.
Ouvindo a Arquitetura. São Carlos: EdUFSCar, 2012.
TALIN, L. C. A. Inter-relações entre aspectos arquitetônico-construtivos e a acústica em
espaços adaptados para a prática musical. 2013. 118 f. Dissertação (mestrado) – Univer-
sidade Federal de Viçosa. Minas Gerais. 2003.
VALLE, S. Manual Prático da Acústica. 3. ed. Rio de Janeiro: Música e Tecnologia, 2009.
127
gabarito
128
UNIDADE
IV
AFINAL, O QUE É A LUZ?
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A luz, o olho humano e a cor
• Princípios básicos da iluminação artificial
• Tipos de iluminação artificial
• Os tipos de luminárias
• Sistemas de iluminação
Objetivos de Aprendizagem
• Entender a relação de cor e luz.
• Analisar os conceitos da iluminação artificial.
• Conhecer as possibilidades de lâmpadas e luminárias disponíveis no
mercado.
• Conhecer os sistemas de iluminação e utilizar de maneira adequada
nos ambientes.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno (a), seja muito bem-vindo à Unidade IV, na qual iniciaremos
um estudo profundo sobre luz, cor e variedades de lâmpadas e luminárias que o
mercado fornece. Este estudo tem como intuito compreender como a luz afeta a
vida de cada indivíduo e como as cores reagem ao serem impactadas com a luz.
No cotidiano, essa luz consegue alterar o humor, sensações, como de frio ou ca-
lor, confortáveis ou desconfortáveis, cansados ou alertas, estimulados ou tristes,
sonolentos ou acordados, enfim, entre muitas outras sensações que o nosso corpo
fornece.
Na arquitetura, a iluminação nos revela cores, formas, texturas, movimentos,
sombras e volumes, transformando um projeto em algo funcional e estético e,
com isso, não sendo apenas um complemento, mas um dos principais projetos
para o usuário se sentir satisfeito com o seu trabalho de interiores.
O uso correto da luz vai trazer, durante o tempo, habilidades instintivas a você,
Designer de Interiores, pois com cada facho de luz e cada iluminação adequada
no ambiente, virá uma emoção diferente ao indivíduo, e da boa aplicação dessa
iluminação, vêm sensações que trarão prazer e o seu projeto não terá apenas
estudos técnicos, mas o emocional estará presente em cada situação dependendo
de cada perfil do cliente.
Perante toda essa importância que a luz faz em um projeto de interiores, surgiu a
necessidade de destacar que é a luz, e assim entender seus conceitos e como nos-
sos olhos reagem ao ser impactado com a luz. Também abordaremos as defini-
ções das cores, sendo este um fator bastante importante para compor projetos de
iluminação. Conheceremos também os tipos de lâmpadas assim como seus usos,
as luminárias e seus sistemas, para que seja possível que todas a ideias saiam do
papel, que aconteça a mágica da transformação do local por meio da luz.
Esta unidade tem como fundamento orientar os passos iniciais de um projeto de
iluminação, abordando com detalhes e ilustrações para que você, futuro desig-
ner, possa colocar em prática todas as informações obtidas e ter sucesso em seu
papel como especificador de iluminação. Então, vamos lá, rumo a uma leitura no
mundo fascinante da luz!
O QUE É A LUZ?
É por meio dos nossos olhos que recebemos os es- Primeiramente devemos entender o que é luz? E va-
tímulos visuais e luminosos, conforme entendemos mos afirmar que é uma fonte de energia que sen-
melhor na Unidade I do livro, no tópico sobre con- sibiliza nossos olhos. Segundo Einstein, a luz se
forto visual. Entrando em contato com os olhos, a comporta em alguns momentos como onda e em
luz estimula diferentes sentidos e sensações e, por outros como partícula, ou seja, a luz tem proprieda-
isso, o projeto de iluminação é tão importante em des ondulatórias e corpusculares. Ela tem ondas de
um ambiente. É por meio da luz, também, que rece- rádio, televisão, micro-ondas, infravermelha, luz vi-
bemos as informações sobre cores, que percebemos sível, raios ultravioleta e raio-X, entre outros. Como
as cores no meio em que vivemos. afirma Innes (2012), todas as formas de radiação
Desta maneira, nos subtópicos a seguir, discor- eletromagnética diferem com seu comprimento de
reremos mais sobre esses temas: a luz, o olho huma- onda, podendo dizer que a luz é simplesmente uma
no e a cor. energia visível!
134
DESIGN
Podemos simplificar dizendo que, quando essa [...] são inúmeras as evidências da energia incor-
energia de onda eletromagnética amplia e atinge porada na luz. As células fotoelétricas transfor-
mam a energia da luz visível em energia elétrica;
nossos olhos, sensibilizando-o, conseguimos enxer-
as células industriais a laser são utilizadas para
gar a luz, ao ponto que a radiação infravermelha, fazer cortes complexos em todos os tipos de
sendo ela também uma radiação eletromagnética, materiais, desde delicadas folhas de papel até as
tem seu comprimento de onda diferente e somente mais espessas e duras chapas de aço. Mas a trans-
formação mais onipresente da energia luminosa
nos traz a sensação de calor, e não sua visibilidade.
é encontrada nas plantas, que utilizam o poder
Observe pela imagem abaixo que enxergamos da luz visível para conter o dióxido de carbono e
apenas as radiações de onda de 380 a 750 nm, e que a água em alimento (um processo chamado fo-
a infravermelha é sentido apenas pelo calor. Por- tossíntese). O sistema visual humano converte a
tanto, a luz visível é uma pequena parte das ondas energia luminosa que entra em nossos olhos na
energia química que é utilizada para levar ao cé-
eletromagnéticas. Entre 380 nanômetro a 750 nanô-
rebro as informações recebidas pelos olhos.
metro visualizamos a luz e, com o aumento da dis-
tância entre as ondas, temos a infravermelha que Quando a luz incide em uma superfície, podem
identificamos pelo calor. ocorrer alguns fenômenos como:
• Reflexão: ocorre quando a luz incide em uma
superfície e essa retorna ao seu meio de ori-
gem. Existem vários exemplos de reflexão no
nosso cotidiano.
135
O OLHO HUMANO
136
DESIGN
137
COR E A LUZ
Figura 6 - Experimento realizado por Isaac Newton, no qual a luz do sol
atravessa um prisma de vidro Entre em um ambiente, acione o interruptor e ob-
Luz Branca
serve a luz artificial ao seu redor; possivelmente verá
Luz Branca luz branca e se perguntará: onde estão as cores nela?
Refletida
E te responderei com base na experiência que Isaac
Superfície branca
Newton aplicou. A luz branca na verdade é a mistura
de todas as cores juntas, ou seja, quando a luz bran-
Luz Branca
138
DESIGN
SAIBA MAIS
Agora te pergunto: como você enxerga as cores dos
objetos? Por que enxerga aquela sua blusa na cor
azul? As folhas das árvores verdes? A resposta é que Como sua fisiologia é diferente, os animais
você enxerga a cor de um objeto do jeito que ele nos não veem as cores da mesma forma que
nós. Muitas vezes se afirma que os cães en-
reflete, ou seja, se incidir uma luz branca policro- xergam em preto e branco, mas isso não é
mática em uma base azul, ela irá devolver aos seus rigorosamente verdadeiro. Enquanto a visão
olhos somente a cor azul, e todas as outras cores se- humana é tricromática, os cães e a maior
parte dos mamíferos tem visão dicromática.
rão absorvidas nessa base. Isso significa que não podem distinguir algu-
Imagine que agora colocou uma blusa de cor mas cores, como as pessoas com daltonismo
verde e vem em sua direção uma luz de cor azul, a severo. Os roedores, por outro lado, são
acromatópticos, completamente daltônicos.
luz verde da sua blusa será absorvida e não irá refle- Os cães são compensados por terem uma
tir cor alguma deixando sua blusa de cor escura, no visão noturna superior: para os predadores
caso o preto. Lembrando que isso serve para todas noturnos, isso é mais importante do que
uma boa visão das cores.
as cores. E se aplicar uma incidência de luz vermelha
na base branca? Essa base ficará na cor vermelha, re- Fonte: Fraser e Banks (2007, p. 28).
139
140
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141
Princípios Básicos
da Iluminação Artificial
Você convive com a luz diariamente; no caso da luz Agora, pegue uma lâmpada com embalagem
artificial, onde entra ela está presente, casas, bares, nas mãos e observe atrás da embalagem. Você en-
lojas, comércio, escolas e entre muitos outros. De- contrará várias informações técnicas a serem lidas,
ve-se perguntar: qual lampada comprar? É eficiente? ainda antes da instalação no ambiente. Serão esses,
Vai funcionar? E a economia? Não se imagina que além de mais outros conceitos, que serão explorados
uma única lâmpada traz, dentro dela, tanta informa- neste livro. Dessa maneira, apresentaremos a seguir
ção e que devemos aprender os princípios básicos as principais informações disponibilizadas sobre as
para montar um bom projeto de iluminação. Serão lâmpadas, de acordo com Silva (2009):
especificadas as principais definições de medições • Fluxo Luminoso: é a quantidade de luz emi-
da luz, elas podem parecer complexas, mas confor- tida por uma fonte luminosa. Sua unidade de
me a leitura prosseguir, esclarecerá eventuais ques- medida do fluxo luminoso é o Lumén (lm).
Uma lâmpada de LED de 9 watts emite cerca
tionamentos.
de 830lm de fluxo luminoso.
142
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143
Como apresentado anteriormente sobre iluminân- Informaremos neste livro algumas regras para
cia, existe uma Norma Brasileira que especifica ambientes comerciais. No caso do interesse em mais
quantidade de lux para cada ambiente. Para alcançar normas, é possível encontrá-las no site da ABNT.
a qualidade em um projeto, atendendo às normas, Segue abaixo alguns dados que ABNT NBRISO_
deve-se olhar a tabela, ver quantos lux seu ambiente CIE8995-1, que nos fornece:
precisa e fazer o cálculo luminotécnico para obter
essa quantidade de lux.
Tabela 01 - Normas da ABNT ISO NBR 8995-1.
22. Escritórios
144
DESIGN
A quantidade de lâmpadas para aplicação nos pro- do luz em calor. Neste ano, foi proibida a venda de
jetos é bastante extensa, de formatos e maneiras de algumas wattagem da lâmpada, por não atenderem
utilização diferentes. Por conta disso, iremos de- os níveis mínimo de eficiência energética e sabemos
monstrar os possíveis tipos de lâmpadas que pode- que, em um curto período de tempo, todas as lâmpa-
rão ser utilizados nos projetos. das incandescentes serão proibidas. Por conta de sua
A lâmpada incandescente é a nossa primeira his- saída do mercado, mas com o contínuo interesse do
tória de luz elétrica. Tiveram vários inventores en- mercado por sua forma, talvez pelos fatos históricos
volvidos na criação desse incrível objeto, mas quem e tradições, as indústrias de lâmpadas estão “imitan-
obteve mais sucesso em comercializar foi Thomas do” seu formato e utilizando componentes internos
Edison, em 1879. Essa lâmpada é composta de um que economizam energia, como o caso do LED ou
filamento de tungstênio alojado no interior de um vi- filamento de carbono, que são lâmpadas decorativas.
dro da lâmpada preenchida com gás. Quando se liga Quando a lâmpada incandescente foi perdendo
na eletricidade, os filamentos se chocam com os áto- força no mercado por sua alta wattagem, pouca dura-
mos de tungstênio, liberando energia, transforman- bilidade e falta de opção para novos formatos, foram
145
146
DESIGN
Ao fazer a escolha por essas lâmpadas de LED, Com todas as opções de lâmpadas apresentadas,
estará optando por inúmeras vantagens, que são: já é possível fazer escolhas das quais deseja aplicar
economia de energia, economia de consumo, sem em seus projeto de interiores, sendo necessário sem-
radiação, pouco aquecimento, variados formatos, pre ter cautela ao projetar iluminação, analisando os
IRC de 80 a 100%, vida útil longa, tensão bivolt em efeitos e sensações que deseja trazer para o cliente,
sua maioria, variadas temperaturas de cor conse- especificando lâmpadas que sejam agradáveis para
guindo até cores diversas, fornece dimerização em esse usuário.
alguns modelos, lâmpada sustentável, uso de LED
com outras tecnologias para atingir eficiência ener-
gética e, por fim, consegue transmitir efeitos visuais
magníficos.
O LED é o presente e futuro da iluminação, tra-
zendo benefícios para os projetos e o ser humano.
Seus formatos atingem todas as lâmpadas explora-
das nesse tópico e mais outros criados pela facilida-
de de manusear o LED.
Outro tipo de iluminação é fornecido pela fibra
ótica. Poucos conhecem, mas os efeitos que trazem
para os olhos são incríveis. O sistema de fibra ótica
se diferencia do LED sobre ser um condutor de luz,
ou seja, ele não tem energia elétrica passando por
ele, somente uma lâmpada em sua fonte que traz ilu-
minação para essas fibras. A fibra ótica, portanto, é
uma condutora de luz que recebe luz de uma única
fonte, levando luz para todas as fibras, tendo pou- Figura 11 - Alguns formatos de lâmpadas e fitas de LED fornecidas para
quíssimo gasto de energia e também pouca manu- venda
linear e homogêneo.
147
Os Tipos de Luminárias
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As luminárias de piso ou colunas de piso têm quase Figura 16 - Nesta imagem temos uma luminária de mesa e uma de piso,
a mesma função das de mesa, mas não necessitam de diferenciando-se pela sua altura
151
Sistemas de Iluminação
152
DESIGN
Conhecendo os tipos de lâmpadas e as luminárias, mesa que irão focalizar na área de estudo ou leitura.
você estará no meio do caminho para complemen- Em uma sala com uma poltrona, onde ali o indiví-
tar seu projeto luminotécnico, mas é preciso agora duo faz sua leitura diária, coloque uma luminária de
entender o que fazer com essas informações, como piso direcionado para essa leitura, assim irá obter a
aplicar dentro do seu trabalho, qual usar, como usar, luz de tarefa.
e unir elementos complementares como gesso e ma- Ao optar por pendentes ou luminárias que não
deira, trazendo harmonia nos ambientes. Não se têm difusores e por lâmpadas que refletem direta-
imagina o que pode se criar com esses sistemas, pro- mente na pessoa, a isso chamamos de iluminação
tegendo, refletindo, refratando, dimerizando, filtran- direta, bem utilizada em lugares que necessitam de
do ou simplesmente dando destaque para lâmpada. boa claridade, porém cuidado com o ofuscamento
A luz geral tem uma intensidade que permite por saturação. Pendentes são bons exemplos de luz
maior visibilidade do local em que foi instalada. A direta e podem ser usados em diferentes ambientes.
iluminação uniformiza o ambiente com a luz e as lu-
minárias que têm difusores acrílicos e aletas são as
mais usadas para esse tipo de iluminação. Essa ilu-
minação traz mais flexibilidade aos layouts no am-
biente e a desvantagem de poder não atender locais
que exigem maior nível de iluminância e, dependen-
do da luminária escolhida, pode causar ofuscamento
se a lâmpada for aparente. Seu uso pode ser aplicado
em locais comerciais, escritórios, indústrias, super-
mercados, salas de aula, em residência nas cozinhas,
lavanderias e despensas.
A Iluminação de destaque enfatiza um determi- Figura 17 - Iluminação Geral aplicada no escritório trazendo uma luz
nado produto ou objeto que queira dar valorização homogênea e com facilidade de mudança do layout
153
Se projetarmos um teto com aplicação de ges- o contexto histórico deste monumento. Só depois
so e nele abrimos uma cava onde serão instaladas poderá começar a projetar os sistemas de ilumina-
lâmpadas dentro, a luz ficará bem confortável e se ção escolhendo luminárias tipo up light e down light,
chamará luz indireta; ela é bem utilizada pela sensa- uso de refletores e até uso de troca de cores para
ção de conforto que causa. Os arquitetos e designers enfatizar mais este monumento. O Cristo Redentor
especificam bastante esse tipo de iluminação. Ela localizado no Rio de Janeiro é um exemplo de luz
pode ocorrer também por pendentes que fazem o com troca de cores.
rebatimento e plafons de luz indireta. Uso maior em Ainda sobre os sistemas de iluminação, devemos
lugares que necessitam menos de luz clara e potente, saber tecnicamente como utilizar o sistema correto,
no caso de salas, quartos, recepções e bares. mas acima desses cálculos e luminárias diferenciadas,
A iluminação de fachadas e monumentos é tam- temos que seguir o que Silva (2009) nos afirma, que
bém um fator importante para destacar: primeira- na realidade e na prática, iluminar um ambiente de
mente analise se tem alguma legislação do municí- forma adequada é muito mais que números e fórmu-
pio que poderá afetar seu projeto e leia muito sobre las, pois luz, na maioria dos casos, pressupõe emoção.
154
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), estamos no final de mais uma unidade cheia de informações, que
serão complementadas pela próxima leitura. Primeiramente, foram esclarecidos
os conceitos da luz para prosseguirmos e vermos como essa luz atinge nossos
olhos, suas reações e características físicas e, assim, entender como ela é impor-
tante para melhorarmos nossas capacidades físicas e emocionais.
Nas cores, foi apresentado um estudo para compreender a reflexão e absorção da luz na
cor, também as cores primárias e seus complementos; o círculo cromático veio para enten-
der seu uso no Design e as emoções e sensações positivas que a luz e a cor correta nos traz.
As alterações das lâmpadas desde sua origem até os dias atuais são causadas pela mu-
dança de pensamento e economia; depois analisa-se a durabilidade e estética, tanto que es-
tão trazendo novamente o desenho da lâmpada incandescente, mas com filamento de LED
interno. Por conta desses pensamentos inovadores e sustentáveis, devemos analisar o que
está fora do conceito eficiente e melhorar a maneira de aplicar lâmpadas.
Com as escolhas corretas das lâmpadas, ficará mais fácil optar por luminárias funcio-
nais, vendo que a iluminação nos traz sensações diversas dentro dos ambientes. Ela também
oferece beleza, efeitos decorativos, estilo e cenas que farão a pessoa se interessar em ficar
mais tempo no local em que foi instalado.
Como projetar corretamente o uso das lâmpadas e luminárias sem saber utilizar os sis-
temas que as compõem? Temos que entender que, ao instalar uma lâmpada dentro de um
difusor acrílico, formamos uma iluminação geral, e uma lâmpada dicroica de LED em um
spot de embutir forma outro sistema chamado de destaque. Saiba que a escolha certa fará
um ambiente com harmonia e, unindo junto com a escolha de cores, alcançará resultados
positivos para cada projeto.
Espero que tenha alcançado as expectativas de fazer compreender o mundo da luz, co-
res, iluminação e seus sistemas, e que pratique essas teorias em seus trabalhos profissionais.
155
atividades de estudo
1. Innes (2012) afirma que a luz é uma forma de energia, em um momento age como ondas eletromag-
nética e em outro como partículas corpusculares. Todas essas formas de radiação eletromagnética
se diferem por seu comprimento de onda, e a luz tem uma onda cuja amplitude torna a luz visível.
Por outro lado, a radiação infravermelha não nos provoca a sensação de visão, mas sim em forma de
calor. Existem outras ondas eletromagnéticas abaixo da infravermelha que também não são visíveis,
que podemos afirmar que são:
I. Raios-X, Raios Gama e Raios Ultravioleta.
II. Ondas de rádio longas, ondas de rádio AM e ondas de rádio VHF.
III. Micro-ondas, ondas de televisão e ondas de rádio FM.
IV. Infravermelha, Raios-X e Raios Gama.
V. Raios-X, Micro-ondas, ondas de rádio longas.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. I e II.
c. II e III.
d. I, IV e V.
e. I, II, III, IV e V.
Vimos no estudo das cores como enxergar as cores dos objetos; que ao bater luz branca em um objeto
colorido, esta irá absorver as outras cores e me devolver a reflexão da cor do objeto, sendo assim, a luz
branca nos faz enxergar esses balões vermelho, amarelo e azul com faixas brancas. Mas se projetasse
uma luz de cor azul nesses balões, que cor eu veria neles agora?
156
atividades de estudo
a. O primeiro balão de cor magenta com a sua faixa azul, o segundo balão de cor verde e faixa azul e o
último balão ficará todo azul.
b. Todos os balões e suas faixas ficam azuis.
c. Os dois primeiros balões ficam pretos e suas faixas azul, e o último balão todo azul.
d. O primeiro e o último balão na cor roxo, o segundo balão magenta e todas as faixas azul.
e. Todos os balões ficam pretos e as faixas azuis.
3. Eficiência luminosa indica com que a energia elétrica consumida é convertida em luz e sua unidade de
medida é lumens por watt (lm/W). Portanto, qual é a eficiência luminosa de uma lâmpada LED de
alto fluxo de 20W com1800lm?
a. 96lm/W
b. 98lm/W
c. 100 lm/W
d. 90lm/W
e. 87lm/W
4. Esclareça as diferenças de uma lâmpada de LED para uma lâmpada eletrônica. Qual delas tem mais
vantagens dentro da eficiência energética?
5. Descreva quais luminárias escolheria para montar um projeto luminotécnico de um aparta-
mento pequeno para um casal de jovens recém-casados.
6. Quando existe um projeto no qual terá que unir a iluminação direta com a luz indireta, qual melhor
método utilizado abaixo para que esse sistema funcione corretamente?
a. Escolher por pendentes sem difusor para luz direta e plafons com aletas metálicas para criar uma luz
indireta.
b. Montar um sistema de sanca que irá aplicar a luz dentro, fazendo a luz indireta, além de utilizar pen-
dentes sem difusor para luz direta.
c. Usar plafons de acrílico para luz indireta e spots de embutir direcionados para luz direta.
d. Colocar spots de embutidos direcionados na parede para luz indireta e plafons de vidros jateados para
luz direta.
e. Utilizar pendentes com difusor para luz direta e plafons de acrílico para luz indireta.
157
LEITURA
COMPLEMENTAR
CROMOTERAPIA
A cromoterapia é uma forma de terapia alternativa que entende que cada cor possui uma vibração e capacidade de
cura específica. Desde Isaac Newton, no século XVII, até hoje, cientistas pesquisam o poder da propriedade dos tons
no organismo. Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde desde 1976, a terapia tem sido muito usada para
melhorar a saúde de pacientes sem a prescrição de medicamentos.
O Westwing sabe que as energias da casa são importantes para o bem-estar de seus moradores. Saiba tudo sobre
cromoterapia e veja como melhorar o astral de seu espaço e da sua vida com mudanças na decoração. Veja um guia
com o significado das cores e o poder que elas podem exercer na saúde. Aprenda ainda como usar tons na sua casa
para favorecer sensações boas. Comece agora a levar o equilíbrio para a sua casa!
158
LEITURA
COMPLEMENTAR
Cromoterapia na Decoração
As cores costumam ser usadas na decoração para dar estilo ou amplitude para um espaço. Porém, a cromoterapia
pode ser usada também no tratamento de casa, como uma prática complementar de Feng Shui. Saiba sobre como
aplicar as cores e seus efeitos no seu lar:
Branco: um ambiente todo branco pode trazer prazer e calma. Passa a sensação de limpeza. Segundo a cromoterapia,
potencializa as demais cores.
Verde: no chão, nos lembra natureza. Não incide muita luz, acalma o ambiente e seus moradores.
Azul: de cor clara, traz serenidade. Em tons escuros, transmite autoridade e pode ser usado em ambientes sérios,
como escritórios. É conhecido por refrescar o ambiente.
Violeta: tem efeito purificador, transformando todas as energias em positivas. Para usar em todo o ambiente, reco-
menda-se tons de lilás.
Laranja: traz conforto para o espaço. Abre e estimula o apetite, sendo muito usado em cozinhas e salas de jantar.
Vermelho: energético e vibrante, o tom é indicado para casas de pessoas tímidas. A cor ainda dá a sensação de es-
quentar o ambiente.
Amarelo: indicado para trazer luz para espaços escuros, a cor é animadora e inspiradora. Em pisos, pode provocar a
sensação de avanço.
A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir de suas necessidades,
escolha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar!
A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir de suas necessidades, es-
colha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar! Com as dicas, ideias e informações preparadas por nós do Westwing
para você, esperamos que possa aplicar a cromoterapia no seu lar da melhor maneira possível! Por isso, verifique os
significados das cores, separe as que melhor representam o seu estilo e aplique no seu ambiente para levar harmonia,
personalidade e estilo a sua casa! Invista nessa ideia!
159
material complementar
As Aventura de PI
Sinopse: Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um zoológico localizado em
Pondicherry, na Índia. Após anos cuidando do negócio, a família decide vender
o empreendimento devido à retirada do incentivo dado pela prefeitura local. A
ideia é se mudar para o Canadá, onde poderiam vender os animais para reiniciar a
vida. Entretanto, o cargueiro onde todos viajam acaba naufragando devido a uma
terrível tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa
dividir o pouco espaço disponível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e
um tigre de bengala chamado Richard Parker.
Comentário: As Aventuras de Pi é um belo filme da carreira de Ang Lee. Nele se
apresenta uma fotografia deslumbrante, uso de muitas cores, dentre elas cores
quentes e vibrantes. O longa impressiona pela qualidade dos efeitos especiais e a
história do menino lutando para sobreviver ao mar é fascinante.
160
material complementar
Neste site, irá encontrar os principais tipos de lâmpadas de LED fornecidas no mercado e suas especifica-
ções, e observar algumas peças decorativas disponíveis para compor com essas lâmpadas.
Acesse: <http://www.stella.com.br/>.
161
referências
ABNT. NBR 8998-1. Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: interior. Rio de Janeiro, 2013. Disponível
em: <http://www.abee-mg.com.br/abee/Pagina.do?idSecao=44>. Acesso em: 5 fev. 2018.
FRASER, T.; BANKS, A. O Guia Completo da Cor. São Paulo: Senac SP. 2007.
GUERRINI, P. D. Iluminação: Teoria e Projeto. São Paulo: Érica, 2014.
HELLER, E. A Psicologia das Cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: GG Brasil, 2012.
INMETRO Instituto Nacional de metrologia, qualidade e tecnologia. Inmetro. Disponível em: <http://www.
inmetro.gov.br/>. Acesso em: 10 out. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: GG BRASIL, 2012.
PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Conforto Ambiental: Iluminação, Cores, Ergonomia, Paisagismo e
Critérios para Projetos. São Paulo: Érica, 2014.
SILVA, M. L. ILuminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: UniABC, 2001.
REFERÊNCIA ON-LINE
¹Em: <https://www.westwing.com.br/cromoterapia/>. Acesso em: 22 nov. 2016.
gabarito
1. A.
2. C.
3. D.
4. A lâmpada eletrônica em comparação à quantidade de watts é maior em vista de uma lâmpada de
LED da mesma equivalência. O LED também está procurando se inovar e melhorar seu IRC, e a ele-
trônica não está procurando mais se aperfeiçoar. A lâmpada de LED tem mais vantagens dentro da
eficiência por ter pouca wattagem e mais vida útil, fazendo que economize energia e compre menos.
5. Neste caso, poderia utilizar uma boa quantidade de spots direcionáveis por causarem um efeito visu-
al, escolher pendentes e plafons que tenham estilos mais modernos e ousado, e pouca utilização de
luz geral e mais uso de luz indireta.
6. B.
162
UNIDADE
V
ILUMINAÇÃO APLICADA NO
DESIGN DE INTERIORES
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Iniciando um projeto luminotécnico
• Cálculo luminotécnico
• Iluminação para projetos residenciais
• Iluminação para projetos comerciais e escritórios
• Analisando alguns projetos de iluminação
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender com exemplos práticos como se inicia um
projeto luminotécnico.
• Aprender como montar um cálculo luminotécnico de
acordo com as necessidades dos clientes e aprendendo as
normas.
• Entender como se planeja um projeto residencial.
• Entender como montar projetos luminotécnicos comerciais
e industriais.
• Analisar alguns projetos de iluminação.
unidade
V
INTRODUÇÃO
168
DESIGN
ELEMENTOS DE VARIAÇÃO
E CONTROLES DE LUZ ARTIFICIAL Figura 1 - Iluminação Natural predominando com apoio da iluminação
artificial e também persianas verticais, que evitam o ofuscamento
Os controles de iluminação vão muito além do que
sensores de movimento: eles ajudam a economizar
energia e deixam um controlador gerenciar o quan-
to e quando necessita de luz, transmitindo diversas
atmosferas para o ambiente e proporcionando con-
forto a todos os tipos de ocasiões.
Sensores de iluminação são usados em ausência
de luz natural, que aciona a luz artificial e acende
apenas com alguém no local em movimento. No
mercado, existem inúmeros modelos e com mais
opções de acionamento do que ditas aqui. Vale lem-
brar, ainda, que é um sistema que colabora com a
economia de energia.
Sistemas de automação são componentes ul-
tramodernos que controlam muitas coisas, desde
a iluminação até aberturas de persianas e autoliga-
ção de aparelhos eletrônicos. Em poucas saídas, ele
consegue montar múltiplos canais e sequências de
luz, criando cenas para cada ambiente. Essas auto-
mações podem ser instaladas com ou sem sistema
de cabeamento, controlando residências, lojas, está-
dios, salas de estudo, tudo em poucos toques. Eles
podem ser gerenciados até fora do local pelo uso de
um celular, por exemplo. Figura 2 - Modelo de sensor de luz
169
170
DESIGN
gará, colocando interruptores para cada um (se Os catálogos de lâmpada, luminárias e equipa-
não houver sistemas de automação). Se ocorrer mentos vão fornecer indicações de uso, tipos de teto
automação e dimmer, aplicar no sistema da mes- ou paredes, cores, texturas, curvas de distribuição
ma forma qual acende, qual apaga e qual dimerize luminosa, IRC, fluxo luminoso e mais uma infinida-
conforme a cena desejada; pronto: seus circuitos de de informações necessárias para que a peça que
estão feitos! Por outro lado, os interruptores, além comprou funcione conforme projetou.
da função de ligar e desligar, oferecem a opção de
acionar uma luz de um local, desligar e acionar PROCESSO DE PROJETO
novamente de outro.
Um exemplo é no caso de estar subindo uma es- Antes de iniciar o processo, vale lembrar que irá sim
cadaria e, antes de subir, acender a luz e, ao chegar fazer cálculos, analisar os aspectos técnicos de cada
no andar de cima, conseguir apagar as luzes com luminária utilizando-se de todas as ferramentas ne-
outro interruptor; isso se chama interruptor para- cessárias, mas será no diálogo com o cliente que serão
lelo: temos os simples, que só acendem num local; retratadas as informações mais importantes e essen-
os intermediários, que aumentam mais um aciona- ciais para realização deste, pois aí se entende a perso-
mento dos paralelos; e os bipolares, que se ligam à nalidade e a essência de tudo. Pode ser desde um res-
luz na tensão 220v. taurante japonês, que usa iluminação mais cênica com
troca de cores e movimento, até os clientes mais bá-
CATÁLOGOS DE LÂMPADAS sicos, que preferem iluminação que traga aconchego
E ILUMINAÇÃO para sua residência. As opções para se projetar luz são
imensas e aqui será apresentado o início dessa viagem.
Quando projetamos iluminação, o uso e as pes- Para um melhor entendimento sobre os proces-
quisas de catálogos, sejam virtuais ou manuais, são sos que envolvem o projeto luminotécnico, elabora-
indispensáveis. Ao se deparar com esses catálogos, mos uma tabela explicativa, na Figura 4.
perceberá a imensidão de opções de lâmpadas e lu- Trata-se de um esquema que inicia com uma en-
minárias disponíveis no mercado e, assim, terá que trevista com o cliente, para que seja realizada uma
fazer as escolhas que se encaixam no seu projeto e, análise do que ele busca com o seu projeto de ilu-
ainda, ter eles sempre perto para eventuais dúvidas minação: os itens que já estão definidos, como mó-
da instalação. veis e revestimentos, qual local necessita de maior
Todas as luminárias têm detalhes únicos, cada incidência de luz e outra menor, e qual a função irá
uma delas irá exigir algo do instalador. Um embu- trazer esse projeto para determinado cliente.
tido tem medidas específicas para recorte de gesso, Logo após o estudo do programa de necessidade,
madeira ou até outro material, assim como um em- vem a definição dos conceitos de iluminação. Qual
butido de solo tem toda uma preparação do solo an- estilo, quais peça de iluminação se encaixariam no
tes de sua instalação. seu projeto? Lustres? Pendentes? Spots de embutir?
171
172
DESIGN
serviço a executar o que projetou, e neles terão co- ao designer, caberá a ele a função de analisar or-
tas, cortes, especificações e legendas. Para o cliente, çamentos e negociar as melhores condições para o
também irão projetos e memoriais descritivos, que cliente nas lojas.
auxiliarão para orçamentos e compras dos materiais. Com o projeto executado, o designer fará visitas
Os orçamentos dos materiais e mão de obra po- no local procurando a satisfação do cliente e, em al-
dem ser buscados pelo cliente ou por você, designer, guns casos, ele poderá pedir algum ajuste de ilumi-
mas essa informação, de quem caberá essa função, nação e verá as possibilidades de melhora de luz para
deverá estar descrito em contrato. Se for atribuído esse ambiente de acordo com o pedido do cliente.
173
174
DESIGN
OBSERVAÇÕES
• FAVOR COMPATIBILIZAR O PROJETO LUMI-
NOTÉCNICO COM FORRO DE GESSO.
• TODAS AS MEDIDAS DEVERÃO SER CONSUL-
TADAS NO LOCAL.
• NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS PELA QUAN-
TIDADE DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS.
OBSERVAÇÕES DO PROJETO
• AS SUPERFÍCIES PARA INSTALAÇÃO DE FITAS
EM LED (SANCAS DE ILUMINAÇÃO) DEVEM
ESTAR PREVIAMENTE PREPARADA SEM
RUGOSIDADE E RESÍDUOS.
• FINALIZAÇÃO DO GESSO TODO COM JUNTA
DE DILATAÇÃO
175
LEGENDA - INTERRUPTORES
SÍMBOLOS DESCRIÇÃO
INTERRUPTORES
Ss INTERRUPTOR SIMPLES
Sp INTERRUPTOR PARALELO
176
DESIGN
Cálculo Luminotécnico
177
B
CÁLCULO BÁSICO MANUAL
A
C = comprimento do ambiente.
Normalmente, o fabricante informa o fator de utili-
Próximo passo: escolha a luminária que, no nosso zação (Fu) que irá variar de acordo com os índices
caso, será essa a seguir: de reflexão e o RCR do ambiente. Assim que esco-
lher a luminária, verifique o Fu na tabela, de acordo
LAA02-E3500840: com 3400lm. com os dados já resolvidos anteriormente.
178
DESIGN
Teto (%) 70 50 30 0 • N = [ (L x C) x E] / lm x Fu x Fd = ?
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0 • N = [ (6 X 8) X 500 / 3400 x 79 X 0,85 = 0,105
Chão (%) 20 20 20 0 arredonda para 11 luminárias.
RCR Fator de Utilização (%)
0 117 117 117 112 112 112 107 107 107 100 • E = Iluminância desejada para o ambiente.
1 106 103 101 102 100 98 98 96 95 90 • Fd = fator de depreciação. Normalmente nos
2 96 91 87 93 89 85 90 86 83 80 sites de luminárias, por sua maioria, passa o
3 87 81 76 84 79 75 82 77 74 70 valor de 0,85 de perda.
4 79 72 67 77 71 66 74 69 65 63
5 72 65 60 70 64 59 68 63 58 56
6 66 59 53 64 58 53 63 57 53 50 Com a quantidade de luminárias calculada, falta
7 61 53 48 59 53 48 58 52 48 45 apenas verificar como irá distribuí-las no teto.
8 56 49 44 55 48 43 53 48 43 41
Comparando o cálculo manual com o programa
9 52 45 40 51 44 40 50 44 40 38
10 48 41 37 47 41 37 46 41 36 35 Dialux:
Figura 12 - Tabela Fator de Utilização No caso do Dialux, ele aumenta a quantidade
Fonte: Lumicenter ([2018], on-line).2
de lux de 500 para 600 por entender que, em ter-
De acordo com a tabela, o Fu = 79 mo de distribuição de luminárias, 12 unidades fi-
Com todas as informações decorrentes, segue cam melhor distribuída que 10 unidades; a quan-
a fórmula para calcular a quantidade de luminária tidade de lux é maior, mas não interfere no local
para o ambiente. de trabalho.
179
Iluminação para
Projetos Residenciais
Ao longo dessa jornada, teve um aprendizado espe- de um ambiente para outro com iluminação sufi-
cífico de iluminação contendo conforto visual, que ciente, analisar idade de quem irá morar na residên-
definia como nosso corpo reage à luz e os benefícios cia, trazer iluminação para lugares de trabalho com
de utilizar corretamente a iluminação. A iluminação cozinha e lavanderias e sempre se preocupar com a
de ambientes é a prática de sensibilizar e compreen- eficiência energética.
der a necessidade de cada indivíduo em seu espaço. Para dar início a um projeto residencial, é importan-
Depois do designer passar para o processo do te que obtenha algumas informações do cliente e local:
programa de necessidades com o cliente, começa o • Medidas de todos os ambientes a serem pro-
processo de elaboração das soluções, sendo que di- jetados, inclusive todas as medidas dos mó-
versos critérios devem ser lembrados, como o passar veis e suas localidades;
180
DESIGN
• Observar todos os revestimentos desde cores • Salas de Estar: é um espaço de área comum
até suas texturas; da casa onde muitos ficam para receber seus
• Definir um conceito para iluminação seguin- convidados; em sua maioria, ela é a parte
do funcionalidade e estética; principal em questão de estética, pela qual é
• Função de cada ambiente; apresentado o estilo da casa. Neste ambiente,
poderá utilizar lustres, pendentes, arandelas
• Em qual local da casa que o cliente predomi-
que valorizam muito esse ambiente, sua ilu-
nará;
minância também não precisa ser tão alta, se
• Se tem obras de arte a serem destacadas;
acaso o cliente gostar de ler na sala, use lu-
• Idade dos usuários; minárias de piso direcionadas e spots no teto
• Perfil de todos os moradores; para valorizar algum revestimento, se hou-
• Conferir com profissional níveis de carga e ver. Para sua tonalidade, de preferência usar
instalação das peças; 2700K e seu IRC sempre acima de 80.
• Quanto incide de luz natural; • Escadarias: é um espaço que hoje o cliente
• Orçamento. usa como destaque da casa e, assim, a apli-
cação de balizadores pequenos marcando as
pisadas da escada estão sendo destacados;
TIPO DE ILUMINAÇÃO POR AMBIENTE também poderá projetar arandelas altas ilu-
minando na parede e refletindo na escada e a
Todos os lighting designer e projetista da área dizem sua tonalidade pode variar de 3000K a 4000K
de acordo com as necessidades do cliente.
defender a premissa de que não existe um único cri-
• Circulações: a escolha de balizadores instalados
tério para as definições de um projeto de ilumina-
próximo do rodapé do piso está valorizando as
ção, e podemos usar a típica frase de uso popular: circulações das residências. Spots também são
“não existe receita de bolo quando se fala de ilumi- bem empregados nesses ambientes, deixando-
nação”. Contudo, podemos utilizar alguns exemplos -os mais intimistas e com pouca incidência de
de iluminação que deram certo e até hoje funciona luz. Escolha por 2700K a 3000K de tonalidade.
e, assim, baseados nessas experiências anteriores, e • Cozinhas: esse também é um ambiente de
relatos de outros profissionais, apresentaremos algu- grande tráfego e uso. Procure por luz geral
mas sugestões de iluminação por ambiente. mais homogênea e abundante, pouco uso de
spots apenas para destaque de algum móvel
• Hall de entrada: é a recepção da casa, por isso
ou sendo usado nas bancadas de pia para não
tem que ser intimista e bem receptiva; para
fazer sombras nas cubas. Suas tonalidades
que consiga trazer essas sensações, o ideal
variam de 6000K a 4000K, sendo ambientes
é projetar uma luz mais amarelada usando
bem claros dando sensação de limpeza.
2700K, com bons IRC e spots que tragam
efeitos de fachos nas paredes ou até mesmo • Salas de TV: se esse ambiente tem a função de
pendentes com uma apresentação, que dará ser uma sala de TV apenas, o uso de pouca
continuidade a toda a casa. Não necessita de luz é o ideal, nela podemos aplicar sancas de
iluminância alta, portanto use da criatividade luz indireta e spots direcionáveis como cenas
de peças que convidam a pessoa a adentrar para diferenciar, de acordo com necessidade.
nessa residência. Uso de luz 2700K e dimerizável é importante
para esse ambiente.
181
182
DESIGN
183
184
DESIGN
SAIBA MAIS
ILUMINAÇÃO EM
AMBIENTES COMERCIAIS
185
A iluminação de vitrine é a mais importante, ela ajuda Normalmente, o cliente quer esse ambiente bem
na função de atrair clientes para o interior da loja. A aconchegante, tranquilo, para estimular a perma-
vitrine deve ter a iluminação de destaque, sendo mais nência, o que aumenta o consumo. Para que tudo
adequada montando um jogo de luz e sombra, dando isso seja realizado, o ambiente pode ter circuitos
mais movimento e sensação mais atraente para o que para uso de iluminação geral, quando necessário,
está exposto; por sua maioria, a tonalidade 3000K é e luz de efeito pontual em outros momentos, cau-
mais indicada, e seu IRC tem que ser ótimo. sando cenários diferentes dependendo do seu uso.
Os provadores já exigem uma iluminação mais A tonalidade 2700K a 3000K ou até mesmo RGB
frontal, as arandelas ou a luz atrás do espelho ficam sempre se encaixa bem nesses tipos de ambientes,
excelentes para esse ambiente, levando claridade ne- trazendo um espaço acolhedor para cada indivíduo
cessária ao usuário; nada de luz no teto em cima da que entrar.
cabeça do clientes, pois faz sombra e causa o efei-
to achatamento na pessoa. A tonalidade 3000K fica
muito boa em provadores.
Figura 20 - Vitrine com bom índice de IRC e fluxo luminoso mostrando Figura 21 - Interior de um restaurante europeu com luz pontual e in-
a cor correta das roupas direta
186
DESIGN
Iluminação em Escritórios
Em um ambiente de trabalho, o objetivo é promover tes uma das outras, podendo afetar na qualidade de
boa iluminação e evitar os ofuscamentos. A quan- seus projetos. Analise as alturas dos tetos, pois cada
tidade de luz tem que ser maior, atingindo em sua altura exige tipos de lâmpadas com alcances distin-
maioria 500 lux, mudando esse valor conforme o tos. Assim, conseguirá iluminação com funcionali-
uso do local. A luz geral bem calculada e a ilumi- dade, estética, eficiência energética, levando satisfa-
nação direcionada evita fadigas e aumenta a pro- ção àqueles que a utilizam.
dutividade. Podem ser escolhidos variados tipos de
luminárias, como pendentes de luz direta e indireta,
plafons com luz difusa e luminárias de mesa; a luz
de destaque serve apenas para valorizar mobiliário e
quadros se acaso houver no ambiente. Salas de reu-
nião podem ter circuitos e dimmer para uso da luz
geral e luz direcionada para diversos casos.
A iluminação junto com o mobiliário consegue
diferenciar setores do escritório desde a presidência
à secretaria, com iluminação diferenciando os lo-
cais. Os corredores das salas não têm muitas regras,
podendo ser luminárias pontuais e luz indireta, tra-
zendo mais sofisticação nas circulações.
Figura 22 - Sala de reuniões com pendentes, luz indireta, luz pontual e
Indústrias luz natural
187
Analisando Alguns
Projetos de Iluminação
Após todas as teorias expostas na unidade, realizare- um determinado espaço. Esse profissional estuda as
mos uma reflexão acerca de projetos de iluminação exigências humanas e utiliza a luz para melhora do
executados por outros profissionais, considerando bem-estar de cada indivíduo, seja a luz natural ou
todos os aspectos estudados. A proposta é de que, artificial para levar qualidade de vida. Um lighting
agora, você esteja mais preparado para uma análise designer também procura o uso da sustentabilidade,
mais crítica sobre o assunto. buscando tipos de lâmpadas que colaboram com a
Se decidir optar por especializar-se em ilumina- eficiência energética.
ção, fará um estudo aprofundado sobre o assunto e Não é possível ser um lighting designer sem um
se tornará um Lighting Designer, que é um profissio- profundo conhecimento da luz e do ser humano,
nal que usa de estudos técnicos e estéticos unidos levando em consideração diferentes culturas, indi-
à arquitetura para dar soluções de iluminação para vidualidades e arquiteturas singulares. Lembrando,
188
DESIGN
189
190
DESIGN
REFLITA
(Textos Judaicos.)
191
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade e ao final do livro. Con-
seguimos ver como nosso corpo reage às variações da temperatura, som e luz.
Destacamos a importância do conforto ambiental para atividades humanas e per-
cebemos que o conforto está em tudo que olhamos e sentimos e, para nós como
designers, é dever em um projeto procurar melhorias no bem-estar de cada cliente que
atender. De forma bem exemplificada, foram apresentados todos os conceitos do conforto
e como podemos solucionar os problemas da falta dele. Hoje, sendo a iluminação uma das
partes principais do Design, houve a necessidade de aplicar unidades que só exploram esse
tema. Todos os ambientes que for projetar terá que examinar qual a melhor iluminação e
como aplicar, desde residências a indústrias, estudando melhores maneiras de causar bons
confortos visuais e entender o que cada cliente procura de iluminação para ambiente. Com
várias ilustrações, pode verificar os efeitos que cada luz traz e com cálculos para ambientes
que necessitam. A intenção foi preparar esse livro de modo que o designer use de pesquisa
para seus futuros projetos, sendo um bom companheiro da jornada de trabalho.
Use muito essas informações, leia quantas vezes for necessário, busque sempre infor-
mações que beneficiem seus projetos e principalmente seus futuros clientes. A iluminação
em específico evolui muito rapidamente, tem que sempre se atualizar, buscar novos catá-
logos, tipos de lâmpadas e LEDs que colaboram com a eficiência energética. Nós designers
temos esse papel importante de projetar com responsabilidade e preocupação de melhorar
o meio em que vivemos com sustentabilidade.
Compartilhamos aqui conhecimentos e abrimos um leque abrangente na profissão de
design de interiores, sendo um deles ser especialista em iluminação. Que o objetivo dessa
unidade de aprender e buscar por mais conhecimento seja atingido e que seus projetos
evoluam cada vez mais com esse livros didáticos.
192
atividades de estudo
1. Se tratando de controle de luz, um cliente pede para aumentar e diminuir a intensidade da luz de um
quarto. Visando custo-benefício, qual dos sistemas de controle irá indicar para esse cliente?
a. Sensor de luz.
b. Sistema de automação.
c. Dimmer.
d. Temporizador.
e. Sistema Dali.
2. Num projeto residencial de uma cozinha, com teto de gesso e recebendo pouca incidência de luz na-
tural, necessitando de mais luz artificial, o cliente pede alguns detalhes de iluminação decorativa em
cima da bancada de refeições. Podemos afirmar que com essas informações, a escolha correta da
iluminação para toda essa cozinha será:
I. Embutidos plafons de luz geral com difusores na tonalidade 4000K ou 6000K, levando boa claridade e
uso de pendentes decorativos na bancada da mesa de refeições.
II. Embutidos de spots direcionáveis na tonalidade 3000K, trazendo uma luz mais aconchegante e pen-
dentes para a bancada da mesa de refeições.
III. Embutidos plafons de luz geral na tonalidade 3000K e spots direcionáveis em cima da bancada da mesa
de refeições.
193
atividades de estudo
3. Atualmente, a compra pela internet vem aumentando e as lojas físicas estão cada vez mais procu-
rando melhorias no atendimento e estética do local, e a luz com sua distribuição correta, tem o papel
fundamental de melhorar o ambiente da loja levando funcionalidade, conforto e beleza. Temos dois
tipos de lojas com diferentes identidades para compra e tipos de iluminação, quais são e seus
tipos de luz:
a. Loja de departamentos com luz de destaque e loja sofisticada com luz geral branca em todo seu espaço.
b. Loja de departamentos com mais luz geral e loja sofisticada com mais luz de destaque nos produtos.
c. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz de destaque em todo seus espaços.
d. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz geral em todo seus espaços.
4. Local: uma loja de vendas de roupas de porte médio, que dentro das normas exige 300 lux. Essa loja
mede 8 metros de largura por 10 metros de comprimento sua altura é de 3 metros. Altura do plano
de trabalho é 0,80.
Índice de refletância:
Teto branco: 70%
Parede clara: 50%
Piso cinza escuro: 20%
Com base nos dados, calcule o RCR.
194
atividades de estudo
5. Agora, depois de encontrar o valor do RCR (na questão anterior), calcule a quantidade de luminárias
para atingir os 300 lux necessários. Seu fator de depreciação é 0,85. Segue abaixo a luminária e a ta-
bela de fator de utilização:
INSTALAÇÃO: Embutir
CORPO: Em chapa de aço fosfatizada pintada na cor branca microtex-
tura.
REFLETORES: Parabólicos em alumínio alto brilho.
DIFUSORES: Em acrílico leitoso
DRIVER INCLUSO: 100 – 250V
IRC: 80
IP: 20
Teto (%) 70 50 30 0 CÓDIGO L1 L2 A B C NICHO
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0 LAN03- 37W LED* 3000K /
Chão (%) 20 20 20 0 617 41 617 576x556
E3500830 / 3600lm** 50.000h(L70)
RCR Fator de Utilização (%)
0 117 117 117 111 111 111 107 107 107 100 LAN03- 37W LED* 4000K /
1 104 101 98 100 98 95 96 94 92 87
617 41 617 576x556
E3500840 / 3600lm** 50.000h(L70)
2 93 87 82 89 85 81 86 82 79 75
3 82 76 70 80 74 69 77 72 68 65 EAN03- 37W LED* 3000K /
617 41 617 576x556
4 74 66 60 71 65 60 69 63 59 56 E3500830 / 3600lm** 30.000h(L70)
5 66 59 53 64 57 52 62 56 52 49
EAN03- 37W LED* 4000K /
6 60 52 46 58 51 46 57 50 46 43 617 41 617 576x556
7 55 47 41 53 46 41 52 45 41 38 E3500840 / 3600lm** 30.000h(L70)
8 50 42 37 49 42 37 48 41 37 35 EAN03- 37W LED* 5000K /
9 46 39 33 45 38 33 44 38 33 31 292 41 1243 230x1176
E3500850 / 3600lm** 30.000h(L70)
10 43 35 30 42 35 30 41 35 30 28
* Consumo total, incluindo driver.
** Já consideradas as perdas óticas
195
LEITURA
COMPLEMENTAR
As potencialidades da luz
Por muito tempo relegada a um papel estritamente utilitário, a iluminação nas cidades ainda tem como objetivo maior
garantir uma boa visibilidade. Esta responsabilidade apenas funcional, de permitir a visão noturna, encobriu por mui-
to tempo todas as outras potencialidades da luz:
• a fantástica capacidade de criação de cenografias urbanas;
• a sutil possibilidade de definição de ambiências psicológicas e simbólicas;
• a importante participação na sinalética. Vamos analisar estas importantes funções da iluminação urbana
para permitir uma noção integrada do tema. Enfatizando o desenho de luz da arquitetura, objeto desta edi-
ção, vamos então comentar os principais programas de iluminação de monumentos e fachadas que aconte-
cem nas grandes cidades.
196
LEITURA
COMPLEMENTAR
197
LEITURA
COMPLEMENTAR
coberta de ritos: guirlandas de Natal, procissões de velas, cortejos de lamparinas etc. Estas características simbólicas
da luz começam a ser exploradas na iluminação da arquitetura e dos espaços urbanos. Sendo portadora de símbolos
fortes, a luz pode agregar um suplemento de sentimento à visão noturna da obra arquitetônica ou do monumento.
198
material complementar
O Regresso
Editora: 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano dis-
posto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é
abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda
rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue
sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.
Esse site apresenta um dos melhores escritório de Lighting designer do Brasil e até do mundo, por apre-
sentar projetos conhecidos mundialmente. O museu do amanhã é dos seus trabalhos mais atuais e apre-
sentado para todo o mundo. Mônica Luz Lobo lidera a equipe.
Link: <http://www.ldstudio.com.br/>
199
referências
ABNT. NBR 8995-1. Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: Interior. Rio de Janeiro, 2013. Disponí-
vel em: <https://www.target.com.br/produtos/normas-tecnicas/43005/nbriso-cie8995-1-iluminacao-de-am-
bientes-de-trabalho-parte-1-interior>. Acesso em: 6 fev. 2018.
CIMADON, A. C. Estudo de Caso: A iluminação em ambientes de trabalho. Revista Setor Elétrico. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: G.G Brasil, 2012.
SILVA, L. M. Iluminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: UniABC, 2001.
REFERÊNCIAS ON-LINE
¹ Em: <http://www.lumicenteriluminacao.com.br/pt/catalogo/produto/850.html>. Acesso em: 20 out. 2016.
² Em: <http://www.rosslovegrove.com/>. Acesso em: 20 out. 2016.
³ Em: <http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/artigos/02%20-%20pro_fachadas_Vis%E3o_Ge-
ral.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2018.
gabarito
1. C.
2. B.
3. B.
4. RCR = 5 x h x (C + L) / C x L
RCR = 5 x 2,20 x (10 + 8) / 10 x 8 = 2,47 arredonda para 2.
5. Fu = 93
N = (C x L) x E / lm x Fu x Fd = (10 x 8) x 300 / 3600 x 93 x
0,85 = 0,84 portanto 8 unidades de luminárias.
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DESIGN
conclusão geral
Caro(a) aluno(a), é com grande contentamento que em sua volta passam pelo design, seja ele de produto,
finalizamos mais um livro do curso a distância de moda ou interiores, e que existem mais profissionais
Design de Interiores, da Unicesumar. Desejamos à procura de desenvolver materiais e estudos que
que esse estudo tenha fomentado a busca em apren- tragam mudanças ao ser humano e para o mundo
der cada vez mais sobre o profissional de design de em que vivemos, preocupados principalmente com a
interiores e reforçado o quanto são abrangentes as eficiência energética e sustentabilidade.
opções no mercado de trabalho. A forma consciente de projetar é o objetivo prin-
Esse livro fortaleceu a importância do design para cipal hoje do designer, ainda mais quando falamos
o bem-estar de cada indivíduo, mostrando que o con- de iluminação unida e eficiência, pensando que de-
forto ambiental e suas áreas interferem de maneira vemos economizar energia e trazer funcionalidade
positiva ou negativa no meio em qual vivemos, pro- na escolha de cada produto.
movendo um maior bem-estar e saúde aos usuários, e Que este curso venha trazer um grande sucesso
para isso devemos nos atentar a detalhes de projetos e profissional, que possamos ser em nosso trabalho
mecanismos que auxiliem neste processo de resolução um agente transformador no meio em que vivemos
de problemas unido à estética e à saúde humana. com ideias e inovações, melhorando cada espaço
O curso está te trazendo habilidades de montar projetado. E a cada passo dado venhamos a mudar
projetos com elementos e conceitos únicos para cada nossas vidas e nossa sociedade, respeitando e aper-
criação, chegando em resultados finais notáveis na feiçoando a relação homem e o mundo.
sua profissão. Pense sempre que todos os elementos Parabéns, futuro(a) designer de interiores!
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anotações
anotações