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CONFORTO

AMBIENTAL

PROFESSORES
Esp. Adriano Pereira Cardoso
Esp. Alexandro Gasparini Larocca
Esp. Renata Catânio
CONFORTO AMBIENTAL

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


CARDOSO, Adriano Pereira ; LAROCCA, Alexandro Gasparini; CATÂNIO,
Renata.
Conforto Ambiental. Adriano Pereira Cardoso; Alexandro Gasparini
Larocca; Renata Catânio.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. Reimpressão 2021.
204 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Conforto. 2. Ambiental. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0993-4
CDD - 22ª Ed. 720
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas,
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Melina
B. Ramos, Designer Educacional Lilian Vespa, Revisão Textual Helen Braga do Prado, Ilustração Marcelo
Goto, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

William V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade A apropriação dessa nova forma de conhecer


do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Esp. Adriano Pereira Cardoso


Especialista em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá - Uni-

cesumar (2016) e em Finanças pelo Instituto Paranaense de Ensino (2011), com gradua-

ção em Design de Interiores pelo Centro Universitário de Maringá - Unicesumar (2015)

e Administração pela Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR (2009). Atualmente, é

docente no Centro Universitário de Maringá - Unicesumar, atuando nos cursos de Design

de Interiores e Design de Produto, na modalidade de Educação a Distância - EAD.

http://lattes.cnpq.br/2622482684854955

Esp. Renata Catânio


Especialista em Iluminação e Design de Interiores pelo Instituto de Pós-Graduação e Gra-

duação em Londrina (2012) e graduada em Design de Interiores pela Unicesumar (2009).

Atualmente, fornece palestra e cursos sobre iluminação, inovação e tecnologia. Trabalha

como Lighting Designer criando projetos luminotécnicos de acordo com a necessidade

de cada cliente.

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4492354E1

Esp. Alexandro Gasparini Larocca


Possui especialização em Arquitetura de Interiores - Projetos de Ambientes e Qualidade de

Vida (UNIFIL-2010), especialização em Projeto Arquitetônico - Composição e Tecnologia do

Ambiente Construído (2015) e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade

Filadélfia de Londrina (UNIFIL- 2007). Atualmente, é Docente no Instituto Paulista - UNIP,

na União de Universidades Integradas de Maringá - Unifamma, proprietário do Escritó-

rio Zuhause Arquitetura e membro da Câmara Técnica do CAU - Patrimônio Histórico,

Artístico e Cultural.

http://lattes.cnpq.br/6474551567967310
apresentação do material

CONFORTO AMBIENTAL
Adriano Pereira Cardoso, Alexandro Gasparini Larocca e Renata Catânio.

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao curso a distância de Design de Interiores


da Unicesumar! É com grande felicitação que iremos demonstrar a você mais um
material facilitador para esta jornada. Este livro é uma peça fundamental que o
curso fornece para sua evolução como aluno(a) de Design de Interiores para se
tornar um(a) grande profissional da área. Seja determinado(a) pela busca de conhe-
cimento, que nós iremos colaborar abrindo os caminhos para sua aprendizagem.
Este livro apresenta cinco unidades didáticas, que exemplificam bem o uso do
conforto ambiental e iluminação, temas hoje essenciais para obter bons projetos
de interiores. Será de fundamental importância para você, aluno(a), que deseja
projetar com responsabilidade e eficiência, saber das normas e regulamentações
que cercam esses conteúdos.
A Unidade I veio para expandir seus conhecimentos sobre todos os tipos de con-
forto ambiental existentes ao nosso redor, desde seus conceitos até suas utilizações;
expandir nossa visão de como vivemos em meio a muito desconforto sem imaginar
que nos afeta corpo e mente interferindo na nossa saúde e nosso bem-estar. A base
do estudo de conforto ambiental é o nosso habitat e os acontecimentos variáveis
desse ambiente, como temperatura do ar, ruídos, radiação solar e iluminação
natural e sua função será compreender esses acontecimentos e trazer soluções
viáveis para colaborar nas atividades humanas de cada indivíduo com base nas
soluções apresentadas no livro.
Após os conceitos essenciais de conforto, a Unidade II terá um estudo mais es-
pecífico do conforto térmico, o qual explica as exigências humanas de como se
sentir confortável termicamente em variados ambientes e as soluções para que esse
corpo sinta esse conforto em qualquer atividade do dia a dia. Poderá, também,
fazer análises climáticas que facilitarão o estudo de estratégias para um projeto
de interiores, que ficará agradável para todos os climas. Além de verificar como as
ondas de calor reagem as escolhas de alguns materiais, à aplicação da ventilação
natural e vegetação e, também, o trajeto do sol ao longo do dia e estações do ano,
que interferem positiva ou negativamente no layout pensado para os interiores,
de forma que favoreça no conforto térmico.
Na Unidade III, definimos o conforto acústico esclarecendo suas propriedades e
sua expansão. Você saberá o conceito de ruídos e como solucionar situações nas
quais o indivíduo deseja isolar esse som. Saber usar materiais corretos para cada
tipo de situação de ruídos, seus impactos e suas vibrações, trará escolhas coerentes
e funcionais para seu projeto.
A Unidade IV, por sua vez, complementa todos os conceitos anteriores, mas des-
tacando o estudo da luz e suas definições. Iremos entender como nossos olhos
reagem em contato com essa luz e a importância da cor com a luz. Logo após,
trataremos a fundo sobre iluminação artificial, estudo essencial para fazer futuros
cálculos luminotécnicos. Na sequência, iremos observar os tipos de iluminação
artificial fornecidas no mercado e como aplicá-las no seu projeto de iluminação.
Finalizamos com chave de ouro nossa Unidade V, aplicando na prática o estudo da
iluminação em seus projetos, aprendendo cálculos luminotécnicos e executando-os
em trabalhos residenciais e comerciais. Iremos apresentar profissionais renomados
na área e seus projetos para que você se inspire e se fortaleça para essa jornada.
O nosso objetivo neste livro é apresentar de forma eficiente e prática conteúdos
vistos como complexos no Design. Você verá que ao ler alcançará entendimento,
aplicando toda essa aprendizagem em seus projetos e buscando incentivo para
mais conhecimento e sempre se aprimorando, pois um designer em atividade
não para em momento algum de buscar melhorias que favoreçam seus clientes e
o meio em que vivem.

Saudações iluminadas!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
O QUE É CONFORTO AMBIENTAL? AFINAL, O QUE É A LUZ?
14 O Conforto Ambiental e a 134 A Luz, o olho humano e a Cor
Eficiência Energética
142 Princípios Básicos da
16 O Conforto Térmico Iluminação Artificial
19 O Conforto Acústico 145 Tipos de Iluminação Artificial
24 O Conforto Visual 148 Os Tipos de Luminárias
30 Luz Natural e Controles de 152 Sistemas de Iluminação
Ofuscamento
UNIDADE V
UNIDADE II ILUMINAÇÃO APLICADA NO DESIGN DE INTERIORES
CONFORTO TÉRMICO
168 Iniciando um Projeto
48 Definição e Importância do Luminotécnico
Conforto Térmico
177 Cálculo Luminotécnico
50 Variáveis de Conforto: Trocas Térmicas
180 Iluminação para Projetos Residenciais
e Exigências Humanas e Ambientais
184 Iluminação para Projetos
55 Os Diferentes Climas e seus Princípios
Comerciais e Escritórios
61 Propriedades Térmicas dos Materiais
188 Analisando Alguns Projetos de Iluminação
de Construção
70 Ventilação Natural e Uso de Vegetação
201 Conclusão geral
78 Geometria Solar

UNIDADE III
CONFORTO ACÚSTICO
96 O Som
101 O Ruído e o Ambiente Interno
106 Formas do Ambiente Interno
111 Materiais Acústicos e o
Tempo de Reverberação
O QUE É CONFORTO AMBIENTAL?

Professor Esp. Adriano Pereira Cardoso


Professora Esp. Renata Catânio
Professor Esp. Alexandro Gasparini

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O Conforto Ambiental e a Eficiência Energética
• O Conforto Térmico
• O Conforto Acústico
• O Conforto Visual
• Luz Natural e Controles de Ofuscamento

Objetivos de Aprendizagem
• Entender alguns conceitos de conforto ambiental e sua
influência na eficiência energética da edificação.
• Conhecer algumas variáveis de conforto térmico dos
ambientes.
• Verificar a importância do conforto acústico para a saúde
humana.
• Relacionar o conforto visual à estética dentro das
edificações.
• Entender a importância da luz natural e dos controles de
ofuscamento para um desejável conforto nos ambientes.
unidade

I
INTRODUÇÃO

P
rezado(a) aluno(a), você já ouviu falar de conforto ambiental?
Esse assunto é muito interessante e faz parte do nosso dia a dia
mais do que você pode imaginar. Pense em como você se sen-
te bem em um determinado ambiente e reflita: o que ele deve
ter? A temperatura deve ser agradável, assim como a iluminação, e não
podemos deixar de lado a acústica deste espaço. Então, conseguiu pen-
sar em um local como esse? Essa preocupação deve existir sempre que
projetamos um ambiente. Essa responsabilidade, se divide entre todos os
profissionais da área, os designers de interiores, os arquitetos e os enge-
nheiros civis.
Portanto, dividiremos os nossos estudos nestas três frentes: conforto
térmico, acústico e visual. Cada uma delas exige um tipo de preocupação
e isto muitas vezes nos faz dar prioridade a um ou outro aspecto. Pode-
mos citar como exemplo um auditório, no qual a maior preocupação é
com a acústica do ambiente e, portanto, acabamos deixando de lado o
conforto térmico e visual natural e trabalhamos com os artificiais.
Falando em estratégias naturais e artificiais, vamos sempre buscar o
conforto ambiental, gastando o mínimo de energia possível. Isso pode ser
feito utilizando elementos, como o sol, o vento, a umidade e a temperatu-
ra, pois são todos elementos naturais, com grande influência nos nossos
projetos e que devemos utilizar a nosso favor. Isto faz que nosso edifício
seja mais eficiente energeticamente, o que é uma constante preocupação
no momento que estamos vivendo. Este tema será abordado já no primei-
ro tópico da Unidade I do livro.
Assim, convidamos você nesta unidade a conhecer as diferentes fren-
tes de conforto. No tópico 1, veremos sobre conforto ambiental, ao passo
que no tópico 2, trataremos do conforto térmico, no 3 sobre conforto
acústico e nos tópicos 4 e 5 sobre conforto visual, para, nas próximas uni-
dades do livro, aprofundar seus conhecimentos sobre cada um dos temas.
CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto Ambiental
e a Eficiência Energética

Olá, aluno(a)! Neste tópico, vamos entender o con- por isso, devemos colaborar com o nosso usuário e
forto ambiental e a importância da eficiência ener- permitir que ele possa sentir-se confortável, fazendo
gética nesta área de atuação. Projetar um ambiente economia. O designer deve, em todas as etapas do
confortável gastando bastante energia é fácil, nosso seu projeto, preocupar-se com os conceitos que ve-
desafio é proporcionar este conforto para o nosso remos no decorrer deste livro.
usuário gastando o mínimo de energia possível. Por- O homem busca o conforto ambiental desde os
tanto, eficiência energética é obter um determinado primórdios da história. Podemos lembrar que na
serviço, gastando poucos recursos. pré-história, ele já procurava um local para se prote-
A eficiência energética é uma forma de compa- ger das intempéries, aquecia-se com o fogo, buscan-
rar duas edificações, sendo que será mais eficiente do sentir-se confortável em cada variação do clima.
aquela que proporcionar o mesmo nível de confor- Com o passar do tempo, estas estratégias foram evo-
to, com um menor gasto de energia. Há uma grande luindo; essa arquitetura, tão primordial, tão pura, é
preocupação com a economia de energia nos nossos o que chamamos de arquitetura vernacular e temos
dias. Temos visto campanhas de conscientização e, muito a aprender com ela.

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DESIGN

A arquitetura vernacular é aquela em que o homem Essa arquitetura não sustentou-se por muito
adaptava-se ao seu ambiente, e ela traz um primeiro tempo. Tivemos a crise do petróleo e ainda uma
ponto, que é tirar vantagem do clima, aproveitar aquilo grande preocupação com os recursos naturais, como
que é agradável, desejável e evitar o que é indesejável. a água, que, no caso do Brasil, é a principal gerado-
ra de energia. A partir desses problemas, a preocu-
pação com a arquitetura sustentável voltou à tona e
vem sendo, cada vez mais, explorada.
Hoje, temos as etiquetagens das edificações, que
são formas de incentivar a utilização de estratégias
naturais de conforto ambiental. Essas etiquetagens
são classificações para edificações que atingem al-
guns requisitos de sustentabilidade. Na maioria dos
casos, essa etiquetagem é utilizada como uma forma
de marketing pelas empresas.
No Brasil, temos a etiquetagem da PROCEL, que
classifica desde eletrodomésticos até as edificações.
Internacionalmente, a etiqueta mais importante é o
LEED. Dependendo da quantidade de requisitos que
a edificação atinge, ela recebe diferentes classificações
em cada tipo de etiquetagem. Esta ideia é muito im-
Figura 1 - Exemplo de Arquitetura Vernacular, Iglu portante para incentivar o uso de novas tecnologias e
novas descobertas com menor gasto de energia.
Devemos seguir essa ideia em nossos projetos. Na Além destas etiquetagens, desde 2013, temos,
antiga Roma, já existiam sistemas de aquecimento de em vigor no Brasil, a Norma de Desempenho para
água e também dos ambientes, porém estes sistemas Edificações Habitacionais, que é a NBR 15575. Essa
utilizavam o fogo e, consequentemente, a madeira. norma traz vários parâmetros que as edificações
Com o passar do tempo, isso tornou-se insustentável, devem atingir, com relação ao conforto térmico,
então precisaram ir em busca de novas alternativas. acústico, lumínico e até mesmo de saúde, higiene e
Isto aconteceu também nos nossos tempos: com qualidade do ar.
a revolução industrial, surgiram novos materiais, Portanto, você sempre deve aliar o seu projeto
como o aço e o vidro. A partir desse momento, co- às estratégias de conforto ambiental, que gastem o
meçou um período que chamamos de arquitetura mínimo de energia possível e satisfaça o seu usuá-
internacional: todos os edifícios, em diferentes lo- rio. Durante todo o livro, você estudará formas de
cais do mundo, passaram a ter as mesmas caracterís- proporcionar conforto térmico, acústico e lumínico,
ticas, sem preocupação com o clima, utilizando sis- entendendo estes elementos e o que influencia em
temas artificiais de ventilação, pois essas edificações cada um deles, pois eles não podem ser esquecidos
envidraçadas tornavam-se grandes estufas. em nenhum momento da sua vida profissional.

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CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto Térmico

Dentro do contexto de conforto ambiental, princi- O conforto térmico é o resultado de uma com-
palmente se tratando de interiores, o conforto tér- binação de variáveis, sendo estas o sol, a umidade, o
mico é um dos ramos no qual mais atuamos, em vento e a temperatura. Então, cada região do mundo
que as especificações e soluções são tratadas nos tem o seu clima característico, por isso as diferentes
ambientes aumentando, assim, a qualidade de vida arquiteturas, vestimentas e soluções térmicas.
dos usuários. E então, pronto para iniciar o assunto O posicionamento do sol tem uma influência
conforto térmico? enorme, não só na questão do aquecimento, mas
Quando pensamos em conforto térmico, logo consequentemente na luz natural. Para entender
nos vem à mente um lugar no qual estaremos bem melhor esta questão, vamos aprender a utilizar a car-
em relação à temperatura, sem passar calor ou frio. ta solar na próxima unidade, que é uma planificação
Podemos nos imaginar em alguns lugares que nos de como acontece a movimentação do Sol em rela-
garantem essa sensação, pode ser um local bem ção à Terra. Apesar de sabermos que é a Terra que
ventilado no verão ou uma lareira para aquecer no gira em torno do Sol, podemos pensar na edificação,
inverno. estática, e no Sol girando em torno desta edificação.

16
DESIGN

Iremos perceber que tanto ao longo do dia como mais o trabalho de manter um ambiente em confor-
ao longo dos meses (estações do ano), a posição e to térmico. Nas cidades, vemos ruas cada vez menos
a intensidade do Sol se altera, o que nos leva a uma arborizadas, sendo que as árvores conseguem ame-
melhor reflexão sobre os possíveis layouts de inte- nizar em grande parte a temperatura, por isso são
riores, a fim de otimizar a disposição de mobiliários tão importantes. O paisagismo aliado aos ambientes
e utilização de materiais, agregando assim qualidade é um ponto importante. Sabemos que, como desig-
de vida a qualquer espaço interno e aliando fatores ners de interiores, podemos explorar esse nicho e
externos, como em aberturas e fachadas. extrapolar as “barreiras dos interiores”, trabalhando
Em cada região do mundo, o Sol ficará posicio- em jardins, piscinas, áreas gourmets, fachadas, entre
nado em locais diferentes em relação ao observador, outras, agregando assim um estudo de viabilidade
o que influencia totalmente no clima desta região. visual e térmica aos locais de instalação.
Cada pessoa também reage de forma diferente aos Um outro problema que enfrentamos é a destrui-
estímulos do clima, alguns sentem mais calor, ou- ção da camada de ozônio. Ela tem como função fil-
tros mais frio, estando no mesmo ambiente. Outras trar os raios solares e, com a diminuição dessa cama-
influências do ser humano também interferem nes- da, recebemos cada vez mais radiação, influenciando,
sa percepção de calor ou frio, o que veremos mais diretamente, na temperatura de todo o planeta.
adiante, na próxima unidade. As consequências da ação do homem geram
Os materiais que utilizamos nas edificações tam- cada vez mais problemas para ele mesmo; catástro-
bém são muito importantes no aquecimento dos am- fes acontecem por conta deste comportamento. Por
bientes. Sempre que você projetar, fará especificações isso, temos a função de aprender como gastar a me-
de materiais, influenciando diretamente no conforto nor quantidade de energia, aproveitando as carac-
da edificação. Na ambientação de interiores como terísticas naturais de um determinado local. Sabia
um todo, realizamos as especificações de diferentes que, por exemplo, o vento vem com maior predo-
materiais, como mobiliários, revestimentos de piso e minância de uma determinada direção? E que para
parede, fora artefatos de decoração, agregando isso a ele circular dentro das edificações é necessário que
um layout funcional e esteticamente agradável, sen- ele tenha não só por onde entrar, mas também por
do que todos esses elementos em conjunto geram onde sair? Podemos realizar vários estudos e simu-
uma carga térmica para o ambiente, que aliado com lações com as trajetórias dos ventos na tentativa de
a entrada de luz e vento, podemos trabalhar no me- otimizar este conforto nos ambientes. Veremos na
lhor conforto do espaço. Outro fator importante que próxima unidade sobre a ventilação cruzada e o efei-
veremos mais adiante é com relação às aberturas, que to chaminé, duas técnicas importantes de serem ob-
também influenciam, diretamente, neste contexto. servadas e utilizadas dentro das edificações.
A vegetação é um elemento importantíssimo no O conforto das pessoas passou a ter uma impor-
conforto térmico de um local. Como sabemos, o ho- tância ainda maior com a criação das leis trabalhis-
mem vem destruindo a natureza e, como consequên- tas, pois, a partir delas, o trabalhador passou a ter
cia disso, temos o aumento da temperatura, estações direito a um local de trabalho salubre, onde pudesse
sem características marcantes e isto dificulta ainda desenvolver a sua atividade.

17
CONFORTO AMBIENTAL

A utilização do ar-condicionado tornou-se uma


das opções, porém gerou alguns problemas, sendo
um deles a falta de limpeza dos filtros destes equi-
pamentos, além da questão da umidade do ar, que
fica extremamente baixa e também a diferença de
temperaturas internas e externas. O mesmo ocorre
com o processo de aquecimento por meio da calefa-
ção, que soluciona o problema da temperatura, mas
diminui muito a umidade do ar.
Por isso, devemos nos ater às soluções naturais,
mesmo que, em momentos extremos, essas solu-
ções citadas acima precisem ser utilizadas. Segundo
Lamberts, Dutra e Pereira (1997), a importância do
conforto térmico é baseada em três fatores, sendo
eles: a satisfação do homem, ou seja, o seu bem-es-
tar; a performance humana, que pode ser afetada se
está muito calor ou muito frio; e a conservação de
energia.
Você vai buscar entender, na próxima unidade,
todas as variáveis de conforto, assim como o com-
portamento do ser humano e será capaz de entender
as estratégias naturais e como deve aplicá-las.

REFLITA

“Conforto térmico é o estado mental que ex-


pressa satisfação do homem com o ambiente
térmico que o circunda”.

(American Society of Heating, Refrigeration


and Air Conditioning Engineers)

18
DESIGN

O Conforto Acústico

O que você pensa quando lê a palavra acústica? ceber que o nosso objeto de estudo nesta frente
Logo vem na sua mente um teatro ou auditório, será o som.
não é mesmo? Pois saiba que a preocupação acústi- Para dar qualidade acústica a um espaço, deve-
ca deve acontecer em qualquer ambiente que você mos perceber qual será a interferência acústica que o
projetar. Ela é um subsídio do projeto e deve ser projeto fará no entorno e também o contrário. É ne-
considerada desde o levantamento de dados. cessário, ainda, compreender o fenômeno do som, o
Isso acontece, porque, em qualquer local, de- que veremos mais à frente, na Unidade III, que tra-
vemos evitar a entrada de ruídos externos na edi- tará especificamente de conforto acústico.
ficação e isto é uma preocupação com o conforto Um dos nossos grandes desafios neste projeto
acústico. O projeto acústico deve ser funcional, será a grande quantidade de ruídos externos que
cada elemento deve ser bem pensado e trabalha- existem hoje, os ruídos urbanos. Então, você deve
do para uma boa difusão do som, que deve ter sempre fazer uma observação sonora antes de ini-
uma função para existir, sempre priorizando a ciar o projeto; deve-se pensar em soluções, sem dei-
função daquele projeto. Então, já podemos per- xar que isso bloqueie a sua criatividade.

19
CONFORTO AMBIENTAL

REFLITA
Vamos voltar um pouco na história para que você
comece a ter um contato com termos da acústica.
Como designers criativos(as), devemos utilizar Na Antiguidade, os gregos e romanos já construíam
de vários elementos e materiais adequados
grandes teatros. Não se sabe ao certo se havia a in-
para resolver as questões de ruídos de um am-
biente quando se trata de conforto acústico. tenção acústica, porém havia um objetivo visual, o
que resultou em soluções utilizadas até hoje.
Os teatros dos gregos tinham um formato semicir-
cular, a função deste espaço para eles era de um cená-
rio religioso, então ali desenvolviam-se peças e cultos.
A plateia era escalonada, aproveitando a topografia do
terreno e distribuída em semicírculo, o que promove
uma aproximação das pessoas ao palco, para uma boa
visão e, consequentemente, uma boa audição, como
podemos observar na imagem a Figura 2.
Nos teatros romanos, porém, a topografia não
era aproveitada, por isso uma grande estrutura pre-
cisava ser construída, contudo, a configuração em
semicírculo era a mesma. O palco ficava mais próxi-
mo da plateia e, pela construção que era erguida, ha-
viam superfícies mais fechadas lateralmente e mais
altas, o que trouxe um reforço sonoro para os palcos.
Figura 2 - Teatro Grego Esta estrutura funcionava como uma concha acús-
tica, como podemos observar na imagem a seguir,
sendo aquela que era utilizada geralmente em palcos
ao ar livre, que serve para fazer a reflexão do som
para o público. Além disso, para este povo, o teatro
tinha a função de divertimento.
Após a antiguidade, veio a Idade Média e pas-
saram-se muitos anos sem que se desenvolvessem
novos teatros, por conta do cristianismo. O que po-
demos estudar neste momento são as igrejas. Você
já entrou em uma grande igreja que estava vazia?
Percebeu o grande reforço sonoro que acontece na
voz? As igrejas geralmente possuem um grande vo-
lume e superfícies muito reflexivas, o que leva a um
aumento da intensidade do som neste ambiente.
Figura 3 - Teatro Romano Geralmente, as igrejas eram construídas em pedra

20
DESIGN

e alvenaria, materiais muito reflexivos, que causam calização do som, o que torna-se um defeito acústi-
um grande reforço sonoro, sendo estas edificações co, que vamos estudar mais à frente.
importantes para o desenvolvimento da música. No período gótico, o arco ogival é desenvolvi-
As igrejas deste período possuem cúpulas, que do, o que deixa as igrejas ainda mais altas, provo-
são superfícies côncavas. Este tipo de superfície cando então, outro defeito acústico, que chama-
para o projeto acústico pode causar uma grande fo- mos de eco.

Figura 4 - Cúpula da Basílica de São Pedro, Vaticano

Figura 5 - Arco Ogival

21
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 6 - Teatro Olímpico, em Vicenza – Andrea Palladio, primeiro


teatro permanente com cenário fixo

Figura 7 - Ópera de Sydney

Seguido a esse período, vem o renascimento, um perfícies internas, como teto, paredes e piso. Por isso,
momento em que retoma-se a valorização da arte há um grande reforço sonoro, ainda mais por serem
e da literatura. Desta forma, os teatros voltam a ser grandes espaços. A grande reflexão é compensada
construídos, ainda com o mesmo formato dos da pelo grande público, já que as pessoas absorvem o
antiguidade, porém em espaços totalmente fecha- som. Neste momento, surge um novo desafio, que é
dos. Os espaços fechados fazem que o som tenha um a ligação entre o palco e o proscênio; temos dois am-
comportamento diferente dos espaços abertos. bientes acusticamente diferentes, ligados por uma
Nesses teatros, o som é refletido por todas as su- abertura, chamada “boca de cena”.

22
DESIGN

No barroco, temos o desenvolvimento da ópera e No contexto do designer de interiores o maior


é preciso de um local para alocar a orquestra. Como desafio é fazer um conjunto de especificações que
este é um período em que se desenvolveu uma ar- atendam num todo o conforto ambiental, sem es-
quitetura muito decorada, os palcos são cheios de quecer da acústica do ambiente, muitas vezes deixa-
adornos, os quais absorvem o som, mas o local da da de lado. Essa preocupação começa desde a envol-
orquestra é um local muito reflexivo. Aqui surge um tória, tipo de revestimento, aberturas e isolamento
outro desafio, que é equilibrar a absorção destes dois de aberturas, mobiliários, decoração e eletroeletrô-
espaços. nicos, ou seja, toda a composição do ambiente pode
No século XIX, continuam os teatros fechados, interferir em uma melhor qualidade sonora.
agora trazendo a orquestra para um local destaca- Aqui, conhecemos um pouco da história e da
do em relação ao palco. A audiência continua sendo importância do tratamento acústico nos diversos ti-
distribuída em leque, porém rodeada de nichos e pi- pos de ambientes, onde, para cada função, há uma
lares que ajudam na difusão do som. maior ou menor preocupação com este quesito.
Finalmente, no século XX, a acústica passa a ter Mais adiante iremos aprofundar sobre o tema, co-
um embasamento científico. Wallace Sabine desenvol- nhecendo alguns fenômenos provocados pelo som e
ve a fórmula do tempo de reverberação, relacionando como podemos usá-los a nosso favor para o sucesso
o volume do ambiente com os materiais de revesti- nos mais variados projetos.
mento internos. A partir daqui, a acústica se desen-
volve mais rápido, surgem os teatros de planta retan- SAIBA MAIS
gular, o que, junto com a fórmula de Sabine, resulta
em teatros com qualidade acústica. Porém, as paredes O aumento do ruído, especialmente nos cen-
paralelas podem gerar um defeito acústico, que vere- tros urbanos, é sem dúvida um dos graves
mos mais à frente, na unidade de conforto acústico. problemas do nosso tempo, consequência do
desenvolvimento tecnológico e industrial e do
No final do século XX, desenvolvem-se novas crescimento sem controle e sem planejamen-
formas, como a Ópera de Sydney, pois há o surgi- to das cidades. Em locais onde há constante
mento de novos materiais. Começa também aqui o aglomeração de pessoas e veículos nas vias
de circulação, percebe-se o descontentamen-
desafio dos espaços de múltiplo uso. to geral dos transeuntes e dos usuários dos
Atualmente, além das questões internas da acús- imóveis próximos, com sucessivas reclama-
tica, ainda temos que nos preocupar com a grande ções aos órgãos competentes e anseio por
uma solução definitiva. Os habitantes sentem
quantidade de ruídos urbanos existentes. Esses ru- seu espaço comum e privativo invadido pelo
ídos podem prejudicar qualquer tipo de projeto e ruído de tráfego, que dificulta a comunicação
isto é prejudicial ao homem. Então, o nosso desafio oral, mascara os sons cotidianos e destrói a
identidade sonora dos ambientes.
é manter a qualidade ambiental, controlando estes
ruídos e fazendo uma boa propagação do som den- Fonte: Scherer, Piageti e Vani (2008).

tro dos espaços.

23
CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto Visual

Pense que está acordando de uma boa noite de sono do seu trabalho, já à noite, você está estressado, can-
e ao abrir os olhos, a luz do dia e seus raios solares o sado, com fadiga sem saber ao certo a causa, chega
atingem pela abertura da janela, vindo a sensação de em sua casa e aciona algumas luzes de tonalidades
desconforto e a necessidade de levantar. Indo para o mais amareladas, pega seu livro para ler e liga uma
trabalho de carro, seus olhos recebem uma incidência fonte de iluminação direcionada a ele e o seu corpo
de luz solar que os afetam, causando uma saturação e já vai sentindo um alívio da tensão. Logo você sente
lhe fazendo colocar óculos escuros ou utilizar o para uma sensação de tranquilidade e relaxamento e, sem
sol do carro para continuar a dirigir com segurança. entender muito bem essa alteração de humor, suas
Chegando ao trabalho, se depara com grande expo- reações mudam drasticamente. Isso se dá pela falta
sição de luz na cor branca, que lhe faz sentir vontade de conforto visual no meio em que se vive.
de trabalhar e ficar ativo, mas ao utilizar a tela do Para que possamos melhorar nossa rotina trans-
seu computador, o reflexo dessas luzes brancas afe- formando transtornos em sensações mais agradá-
tam a tela causando incômodo em seu uso. Saindo veis, a dica é simples: aplicar o conforto visual em

24
DESIGN

nosso cotidiano, utilizando de estudos que projetam


a luz ao nosso favor evitando também ofuscamentos.
A luz altera sentimentos, sensações de frio ou calor,
saúde do corpo e mente, trazendo qualidade de vida.
Um bom sistema de iluminação é a escolha de
luminárias e lâmpadas corretas para iluminação ar-
tificial, utilizar ao máximo da iluminação natural,
e unindo toda essa luz com uso de complementos
como as cores e revestimentos que se alcançará um
bom conforto visual.
Lembrando também que nesse tópico, iremos
unir o conforto visual e a eficiência energética para
conquistar projetos que favoreçam economia de
energia.
Contudo, não foi sempre assim a preocupação
de unir conforto visual com eficiência energética.
Primeiramente, o homem buscava meios de sobrevi- Figura 8 - A moradia e a vida do homem na pré-história era determinada
pela luz natural, o dia e a noite, decisões de direções e tempo
vência; logo veio a tecnologia e o homem criava luz
artificial, desvalorizando a nossa luz natural e, com
as imagens que seguem, podemos ver a evolução do
homem desde sua origem até os dias atuais na busca
de um bom conforto e eficiência energética.
A cidade de Nova Iorque, nos anos 40, era uma
megalópole tomada por prédios, tornando-se mais
escura pela quantidade de arranha-céus construí-
dos. Nessa época, ocorria o uso maior de luz arti-
ficial sem se preocupar com o abuso dessa energia
e a falta de luz natural. Logo, o planeta respondeu
de forma negativa a esse excesso, criando, assim, a
eficiência energética que mudaria totalmente esse
conceito perante a iluminação.
No edifício City Hall, em Londres, do renomado
arquiteto Norman Foster, ocorreram vários estudos
de sua localidade, seu aspecto formal e funcional,
tornando uma obra preocupada com a diversidade
do clima e ruídos, garantindo bom desempenho na Figura 9 - Nova Iorque, nos anos 40, tomada por prédios
edificação e tornando uma arquitetura sustentável. sem se preocupar com meio ambiente

25
CONFORTO AMBIENTAL

O conjunto da iluminação natural com artificial,


sendo bem projetado, atinge economia de energia
aproveitando de dia a luz diurna e seus raios solares,
e a luz artificial utilizando controles de iluminação
no período noturno (lâmpadas com pouca watta-
gem, circuitos, dimmer, automação), ocasionando
qualidade de vida nos espaços de cada indivíduo.
O consumo energético está ligado totalmente à
preocupação de uma futura escassez de energia em
todo mundo. Segundo Vianna e Gonçalves (2001),
há uma busca, dentro da arquitetura, nos dias atu-
ais, em reduzir a poluição sonora, visual e acústica,
Figura 10 - Nos dias atuais, arquitetura City Hall em Londres, de Nor-
man Foster, visando a sustentabilidade retirando menos da natureza e procurando novas
tecnologias limpas e sustentáveis para beneficiar a
Quando se trata de atingir um bom conforto visual, todos, hoje e futuramente.
é preciso analisar principalmente o uso adequado
das cores, texturas e contrastes, assim como calcular COMO ATINGIR UM BOM CONSUMO
a quantidade de iluminação necessária para que de- ENERGÉTICO DENTRO DO DESIGN DE
terminada atividade do dia a dia possa ser cumprida INTERIORES?
com um bom desempenho. Interessante também se
preocupar com a iluminação natural aplicada em Primeiramente, devemos entender que o designer
cada ambiente, de acordo com Innes (2012, p. 37), de interiores, que irá projetar a iluminação de um
compreender isso pode nos permitir: determinado local, tem que estar desde o início das
etapas de projetos. Ele terá vantagens em relação
[...] a criação de ambientes iluminados que àquele que assumiu depois da construção ou refor-
sejam confortáveis, pareçam naturais e sejam ma pronta, já que caminhará com o engenheiro ou
física e mentalmente bom para nós. Também arquiteto trabalhando com a luz, definindo o am-
temos os meios necessários para criar delibe- biente no todo, analisando materiais, cores, objetos
rada ou acidentalmente ambientes desconfor- e toda composição da obra. A luz, hoje, é um fator
táveis e insalubres se insistirmos em trabalhar predominante em uma arquitetura, pois consegue
contra os padrões da luz natural. Nesse sentido, deixar os ambientes aconchegantes, confortáveis,
o projetista tem o enorme poder de influenciar valoriza elementos, como colunas antes nem imagi-
não somente a percepção visual, mas também nadas em revelar interagindo com o ambiente, des-
a experiência emocional e física do ambiente taca detalhes e incentiva o morador a viver melhor e
construído. Para que possamos fazer isso inten- mais tempo nesse local.
cionalmente, precisamos entender os padrões e Hoje, temos algumas normas que nos possi-
as propriedades da luz natural. bilitam compreender melhor como montar um

26
DESIGN

projeto de iluminação e seguir dentro da lei. Uma soas e, ao envolvermos o ser humano, lidamos
com a emoção, e em maior ou menor grau, esse
delas, e talvez a mais importante, é a ABNT - NBR
sentimento estará presente.
15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempe-
nho. Esta norma é dividida em seis partes e, em qua- Para obtermos um bom conforto visual, unido ao
tro delas, trata-se de conforto ambiental, nas quais bom consumo energético, devemos iniciar o projeto
se inclui a do desempenho lumínico. Para níveis de analisando alguns fatores como:
Iluminância do Design de Interiores, ABNT - NBR • Realizar um levantamento físico do local, cor
8995-1; nela se orienta qual nível de iluminação de piso, parede e teto, pois dependendo das co-
res e materiais que serão escolhidos, se forem
necessária para cada tipo de ambiente. Todas essas
mais escuros, menos reflexo terão, portanto,
normas você encontra no site da ABNT.
mais potência e aplicação de luz; sendo cores
Vimos que é interessante participar desde o início mais claras, mais reflexão, exigindo menos luz.
do projeto e entender de algumas normas para de- • Analisar quem irá morar no local, já que a
senvolver o luminotécnico, buscando obter um bom idade e estilo de vida também irão interferir
conforto visual. Uma vez sabendo calcular a ilumina- na maneira de projetar. Um exemplo seria
ção geral de um ambiente, estamos caminhando para um projeto para um casal de idosos, no qual
dar início a vários outros projetos que nos esperam. se exigirá mais iluminação e com variação de
Porém, existem situações e locais que não precisam tonalidades trabalhando com circuitos dife-
renciados de acordo com a necessidade que
de cálculo nenhum para ser projetado, mas de um
esse idoso terá dentro de sua residência. Ou-
conjunto de informações que seu cliente lhe expres- tra para uma casal jovem, podendo elaborar
sou, suas vontades e seus sentimentos, e utilizar a luz projetos de iluminação mais cênicas, preo-
para revelar sentimentos naquele cenário; assim, o cupando menos com a claridade e mais com
trabalho do designer será utilizar suas experiências e efeitos que a luz nos fornece.
inspirações para montar esse tão particular e sensiti- • Definir luminárias e seus complementos. A
vo projeto. preferência nos dias atuais é fazer uso de pe-
Quando falamos de conforto visual e uma boa ças e lâmpadas que utilizam o led, um sistema
com grande economia e durabilidade.
iluminação de um ambiente, nós temos sim que nos
• Calcular a quantidade de luminárias para
preocupar com cálculos e projetos concretos que
cada ambiente e situação, lembrando que esse
nos permitiram ter respostas exatas, mas, acima de
cálculo varia conforme o uso do local.
tudo, a luz causa sentimento e emoção, conforme
• Utilizar circuitos diferentes para cada tipo
Silva (1997, p. 83): de luminária ou lâmpada, exemplo; uma sala
com variados spots de embutir, pendente e
[...] existe a luz razão e a luz emoção. Mesmo plafons, aplicar um circuito para cada tipo,
quando utilizamos a luz razão é indispensável criando até cenas de luz para cada ocasião.
uma boa quantidade de emoção para que o todo
funcione adequadamente, pois não estamos fa-
• Calcular o consumo energético, antes mesmo
zendo a iluminação para que a obra se baste,ou de começar a execução do projeto, analisan-
seja, para as paredes, o concreto, as portas. Nós do se tudo que será aplicado em iluminação
estamos iluminando para o bem-estar das pes- terá capacidade de consumo; procurar com

27
CONFORTO AMBIENTAL

projeto utilizar menos gastos de energia e ver


Como Innes (2012, p. 98) descreve, não existe uma so-
a viabilidade da instalação com engenheiros
elétricos e eletricistas. lução simples e com garantia de solução do problemas:

Pinheiro e Crivelaro (2013) enfatizam que uma ilu- [...] os projetistas precisam estar cientes de to-
das as fontes potenciais de ofuscamento e re-
minação inadequada pode causar desconforto e fa-
flexão. Os problemas acarretados pelo ofusca-
diga visual, dor de cabeça, ofuscamento, redução da mento são complexos e não podem ser evitados
eficiência visual ou mesmo acidentes. Por isso, de- quando se projeta apenas com plantas baixas; o
vemos nos preocupar com o tipo de cliente que irá controle do ofuscamento exige que o projetis-
receber essa luz, qual sua rotina, que local da resi- ta pense constantemente em três dimensões e
visualize a cena que o usuário experimentará.
dência prefere e, com isso, transmitir sensações boas
com a iluminação. O ofuscamento de luz tanto natural quanto artificial
A iluminação é distinta para os ambientes: um é um fator predominante a se preocupar e solucio-
ambiente comercial necessita de iluminação que nar a questão. Para reduzirmos o ofuscamento, de-
forneça destaques aos produtos de venda; em uma vemos analisar:
indústria, a iluminação geral tem que predominar • Evitar luminárias cujo foco se direciona no
sendo mais clara, utilizando cores de luz brancas observador. Isso serve muito para luminá-
para obter mais produção; uma urbanização analisa rias de jardim, aplicando-se peças no chão e
toda comunicação visual que se expõe em seu en- direcionando para cima, nas quais a pessoa
observa a luz e logo ocasiona um clarão, e os
torno, utilizando luzes de cor neutra e mais potentes
olhos já se irritam com a quantidade de luz
para iluminar bem ruas e praças; já em residências, atingida; para isso, utilize direcionar as lu-
como já expomos anteriormente, deve-se analisar as minárias para as plantas e paredes, colocar
necessidades de cada morador e seu estilo de vida peças com vidros e proteção para reduzir o
para um bom projeto. ofuscamento e garantir durabilidade das pe-
ças aplicadas.
OFUSCAMENTO E SOLUÇÕES
Prefira luminárias que tenham alternativas de con-
O ofuscamento é um tipo de iluminação aplicada trole de luz, existem alguns métodos, como aletas
que, em seu processo de adaptação, pode causar parabólicas (desvia luz em ângulo de 45º), reduzin-
perda de visibilidade, perturbação e desconforto. do boa parte do ofuscamento e cuja utilização cola-
Quando uma luz incomoda em determinado local, bora em vários tipos de ambientes, principalmente
impedindo de enxergar algo, ou reflete além do que em escritórios que têm telas de computadores que
deveria, isso é chamado de contraste ou saturação. causam grande ofuscamento.
Há também aquela luz que está mal posicionada no • Utilizar luminárias que tenham difusores
ambiente, dando visibilidade ao local ou objeto, mas como vidros jateados e acrílicos, assim a luz
fazendo com que o indivíduo force muito a visão ou não fica direta aos olhos, evitando incômo-
dos para as pessoas, além de serem peças com
se incomode tentando se movimentar para ajustar a
boa estética, que permite um ambiente mais
luz, causando perturbação e nervosismo. bonito e agradável.

28
DESIGN

• Luminárias que fazem efeito re-


batedor, utilizando lâmpadas que
ficam escondidas e rebatem para
cima refletindo ao teto e iluminan-
do para baixo, iluminando, assim,
todo o ambiente. Existem outros
meios como sistema “wall washer”,
luminárias que fazem um banho
de luz em uma parede, dando um
destaque para onde se atingiu a luz
e sancas de gesso com luz indireta,
onde a lâmpada se encontra dentro
do gesso e rebate para o ambiente
iluminando de uma forma homo-
gênea e aconchegante.
• Na iluminação de destaque em pa-
redes ou quadros, optar por lumi-
nárias que direcionem a luz, valori-
zando assim o que deseja destacar,
sem ofuscar e trazer incômodos às Figura 11 - Escritório com boa iluminação de trabalho e controle de
pessoas que estão no ambiente. ofuscamento pela luz natural quando necessário

Vale lembrar que esses tipos de luminá-


rias causam um efeito maravilhoso nos
ambientes, mas em questão de ilumina-
ção pode ser pouca, dependendo da situ-
ação, portanto deve-se sempre analisar o
ambiente para aplicar as peças.

Figura 12 - Sala de estar com sanca de gesso e luz indireta e spots de embutir direcioná-
vel, deixando o ambiente agradável sem ofuscamento de luz

29
CONFORTO AMBIENTAL

Luz Natural e Controles


de Ofuscamento

Caro(a) aluno(a), como já vimos, a luz, sendo ela Santiago Calatrava projetaram essa interação da luz
natural ou artificial, quando bem projetada, é de natural e arquitetura em suas obras.
suma importância para trazer sensações, evitar fa- A melhor utilização de eficiência energética na
digas e ajudar na nossa visão. A utilização da luz arquitetura é aquela na qual a luz artificial se usa so-
natural na arquitetura é um grande auxiliador em mente na parte noturna, e de dia a luz natural entra e
nossas vidas, pois nos permite ter privilégios de faz sua parte, trazendo iluminação para todos os am-
visualizar no nosso dia a dia as transformações da bientes, pensando em seu controle para não esquen-
luz do Sol, que do seu nascer ao restante do dia tar e ofuscar; sistemas elétricos como o ar-condicio-
nos faz sentir estimulados para trabalhar, estudar nado, por exemplo, mais eficientes, utilizando menos
e fazer nossa tarefas de rotina e, quando o Sol vai energia; água e aquecedores com sistemas solares de
se pondo, com sua cor avermelhada, vai trazen- aquecimento; aparelhos elétricos mais eficientes e o
do nostalgias e vontades de descansar e diminuir uso de materiais mais sustentáveis para projetar.
nosso ritmo. Com base nessas sensações que a luz Temos como exemplo o Hospital Sarah Kubits-
nos traz e a necessidade que temos por ela, alguns chek, do Rio de Janeiro, projetado pelo arquiteto João
renomados arquitetos, como Lelé, Norman Foster, Filgueiras de Lima, o Lelé, com mais de 52 mil m² de

30
DESIGN

área construída, o qual tem iluminação e ventilação É importante também calcular qual método de
naturais, jardins, espelho d’água, local para banho de iluminação zenital e ventilação natural irá se encai-
Sol para os pacientes, trazendo mais conforto para xar melhor no seu projeto. Saiba então quais são os
trabalhos mais humanizados. tipos de iluminação zenital:
Com todas essas necessidades sustentáveis, a ilu- • SHEDS: sua inclinação forma um tipo de
minação natural está assumindo sua devida impor- dente serrilhado que tem mais função se apli-
tância na arquitetura, principalmente em locais de cado na direção sul.
grandes tráfegos como hospitais, escolas, indústrias • LANTERNIM: tipo de iluminação com aber-
tura na parte superior do teto, que facilita a
e escritórios. Tanto pela sua forma estética quanto
ventilação dos ambientes e a melhor indica-
pela economia, visto que essa luz colabora para que
ção é direcioná-la no sentido norte-sul.
o usuário tenha conforto visual e térmico.
• CLARABOIA OU DOMUS: sua posição é
mais na horizontal, trazendo boa iluminação
SAIBA MAIS por proporcionar variados tipos de aplicação
e formatos.
• ÁTRIO: iluminação natural direcionada na
O prédio considerado o mais sustentável do
parte central da arquitetura com grande va-
mundo, o The Edge, é um prédio de escritórios
de 40 mil metros quadrados que se localiza riedade de formatos.
em Amsterdã na Holanda, inclusive já virou Existem outros métodos para controlar o ofuscamen-
atração turística.
to da luz natural, como cortinas e variados tipos de
Fonte: Salles (2016, on-line)2. persianas para aplicar nas janelas, vidros e seus aca-
bamentos com controle de luz, assim possibilitando
bastante a iluminação natural em qualquer ambiente
Para que o projeto arquitetônico e de iluminação e sabendo aplicar os controles de luz corretamente.
natural caminhe corretamente, o ponto inicial é o
posicionamento do Sol e suas transformações pe- REFLITA
rante o local projetado: isso faz que comece a ar-
quitetar os tamanhos e posicionamentos de aber- Acredito que a iluminação tem o poder de
turas e janelas, coloração de vidros que determina revelar a essência das coisas, ela transforma
a passagem dos raios solares. o imaterial em realidade com a alma.

Nessa nova maneira de projetar, primeiramente (Mônica Luz Lobo)


é ncessário analisar a luz natural para depois vir a
artificial. A fachada e as coberturas se incorporam
com a iluminação sempre se preocupando com a É de nossa total responsabilidade, como designers
quantidade de insolação que irá se adentrar nos de interiores, criar uma nova maneira de pensar em
ambientes, de forma que consiga ter controle dessa consumo, fazer com que a luz natural seja encarada
claridade e do calor nos ambientes. como uma fonte de energia para ser fartamente usada

31
CONFORTO AMBIENTAL

e disponível para qualquer projeto, seja ele arquitetô-


nico ou de interiores; pensar que aplicar a luz natural
é economicamente viável, termicamente compatível
com nosso clima e que apresenta diversas vantagens
para nossa vida e do nossas futuras gerações.
Nas Unidades 4 e 5, apresentaremos a tabela de
níveis de iluminância para interiores e o cálculo lu-
minotécnico para determinado tipo de ambiente e
utilização, assim facilitará para seu futuro projeto.

Figura 15 - Sala de estar com uma claraboia central

Figura 13 - Exemplo da utilização de Shed Hospital Sarah Kubitschek


em Salvador Arquiteto Lelé
Fonte: Rede Sarah (2016, on-line )3.

Figura 14 - Exemplo de Lanternim com grande ponto de luz natural Figura 16 - Iluminação central em um shopping trazendo ótima
tanto central quanto nas laterais iluminação natural para o local de alto tráfego

32
considerações finais

J
á deu para perceber que o conforto ambiental é muito importante para os am-
bientes que serão futuramente projetados por você. É um requisito de projeto
indispensável e que deve ser pensado desde o levantamento de dados.
Nas próximas unidades, você vai se aprofundar em cada um dos ramos que
são: conforto térmico, acústico e visual. Espero que já tenha começado a perceber,
nos ambientes em que você vive, a necessidade de ter estas preocupações. Somente o
conjunto de todos estes fatores vai proporcionar ao seu usuário o bem-estar.
Então, comece a perceber como acontece o “movimento” do Sol em relação a
você, como observador. Repare como a ventilação cruzada traz benefícios a uma
edificação ou como a umidade do ar influencia na sua saúde. Fique atento em como
o Sol aquece superfícies como os vidros e como os diferentes tipos de fechamento
podem deixar um ambiente mais quente ou mais frio.
Você também pode começar a observar como os ruídos influenciam no desen-
volvimento de uma atividade, não sendo possível ter concentração dessa forma. Se
você for a um teatro ou auditório, verifique como se dá a distribuição das cadeiras,
quais são os materiais que foram utilizados, se você está ouvindo e enxergando bem
do seu lugar.
Por último, mas não menos importante, observe a iluminação ao seu redor: ela
é suficiente? Está agradável para a atividade que você está desempenhando? Ou está
cansando a sua visão? Está entrando muita luz natural pelas aberturas ou essa luz é
tão pouca que é necessário acender as lâmpadas durante o dia?
Só a observação dos fatores que você está estudando neste livro te levará a aplicar
os conhecimentos que serão adquiridos, por isso não perca tempo, mude seu olhar
em relação a todos esses pontos que são tão importantes e traga essa qualidade de
vida para os usuários dos ambientes que você irá projetar.

33
atividades de estudo

1. Ora, se é verdade que a diversidade de regiões, que dependem do aspecto do céu, produzem efeitos
diferentes sobre as pessoas que aí nascem, que são de um tipo diferente, tanto no que concerne à
estrutura do corpo como na forma do espírito, está fora de dúvida que é uma escolha de grande im-
portância a adequação dos edifícios à natureza e ao clima de cada região, o que não é difícil, posto
que a natureza nos ensina a maneira que devemos seguir. (VITRUVIO, 1986). Sobre a Arquitetura
Vernacular, assinale a alternativa correta:
a. É a arquitetura atual, na qual o homem constrói a sua edificação conforme a sua vontade, excluindo as
necessidades locais.
b. Esta arquitetura deve servir de referência para nós, pois o homem utilizava-se dos materiais que tinha
nas proximidades, adaptando-se às condições climáticas.
c. Um exemplo de arquitetura vernacular seriam os edifícios internacionais, que utilizam materiais como
aço e vidro em suas construções.
d. É possível aprender com a arquitetura vernacular a utilização de materiais provenientes de lugares
distantes de onde o edifício está sendo construído.
e. A adaptação climática, na arquitetura vernacular, não faz parte do pensamento na hora de projetar um
edifício.

2. A importância do conforto térmico é baseada em três princípios básicos. Sobre esses princípios, ana-
lise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
I. A satisfação do homem é um desses princípios, já que ele deve sentir-se em bem-estar em qualquer
ambiente que esteja, seja sua residência, seu ambiente de trabalho ou de lazer.
II. A performance humana, quer dizer que, independente das condições de conforto, segundo as leis tra-
balhistas, o homem deve desempenhar sua tarefa com a melhor qualidade possível.
III. A conservação de energia é um dos princípios que nos faz pensar em alternativas naturais para o con-
forto térmico, com a mínima utilização de ar-condicionado ou calefação.
IV. Das principais variáveis climáticas do conforto térmico, não fazem parte a temperatura, umidade e
velocidade do ar.
V. As exigências humanas de conforto térmico não estão ligadas com o funcionamento do seu organismo.

a. Apenas as afirmações, I, II, III e V.


b. Apenas as afirmações II e III estão corretas.
c. Apenas as afirmações I e IV estão corretas.
d. Apenas as afirmações I e III estão corretas.
e. Apenas as afirmações III, IV e V estão corretas.

34
atividades de estudo

3. O conforto acústico pode ser estudado em diferentes épocas da história. Com relação aos tipos de
edifício em cada época e assinale a alternativa que melhor corresponde com as afirmações:
I. Na Antiguidade, os teatros eram ao ar livre, configurando-se com plateias em formato de leque. Nesta
época, alguns povos utilizavam-se da topografia para escalonar a plateia, enquanto outros construíam
grandes estruturas, que trabalhavam como conchas acústicas.
II. Na Idade Média, não tínhamos os teatros como referências, mas sim as Igrejas, com seus materiais
muito reflexivos, suas cúpulas e seus arcos ogivais.
III. Renascimento: nesta época, surgiram os teatros fechados, de grande volume, nos quais a reflexão é
compensada pelo grande público.
IV. No Barroco, houve o surgimento da ópera e o desafio do equilíbrio do espaço desta, muito reflexivo, e
do palco cheio de adornos.
V. Século XIX: foi neste momento que surgiram as predições matemáticas, as quais, junto com os teatros
de planta retangular, trazem uma maior qualidade acústica aos espaços.

a. apenas as alternativas I, II e III estão corretas.


b. apenas as alternativas II, III e V estão corretas.
c. apenas as alternativas II, IV e V estão corretas.
d. apenas as alternativas I, II, III e IV estão corretas.
e. apenas as alternativas I, II, III estão incorretas.

4. Segundo Vianna (2001), as variáveis projetuais da relação entre arquitetura e clima estão equaciona-
das em três níveis: o homem e suas exigências humanas, clima e suas variáveis e a arquitetura como
abrigo. Afirma que o conforto avalia as exigências humanas e funcionais baseado no princípio de que
quanto maior for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será a sensação de desconforto. E um
ambiente mal projetado pode causar as seguintes sensações humanas:
I. Vontade de descansar e diminuir o ritmo.
II. Controle da fadiga e ajuda na nossa visão.
III. Desconforto e fadiga visual, dores de cabeça, ofuscamento, redução da eficiência visual ou mesmo
acidentes.
IV. Visualiza detalhes e incentiva o morador a viver melhor e mais tempo nesse local.

35
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I está correta.
b. Apenas II está correta.
c. Apenas III está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma alternativa é correta.

5. A qualidade de iluminação em locais de trabalho não está totalmente ligada apenas ao nível de ilu-
minação emitido no ambiente. Tem que levar em consideração a direção de luz, a distribuição da
iluminação, a escolha das cores da luz, da sombra e do controle de ofuscamento, buscando uma
iluminação uniforme. Quais são os tipos de ofuscamentos que precisamos solucionar para obter
bom conforto visual?
a. Contraste e Saturação.
b. Nostalgia e Ritmo.
c. Direção e Dimensionamento.
d. Insolação e Ventilação.
e. Radiação e Temperatura.

36
LEITURA
COMPLEMENTAR

A SUSTENTABILIDADE AO LONGO DO CICLO DE VIDA DE EDIFÍCIOS: A IMPORTÂNCIA DA ETAPA DE


PROJETO ARQUITETÔNICO
Sustentabilidade e Desempenho Ambiental de Edifícios

Pelos grandes desafios que têm ainda que ser enfrentados em nosso país em termos de infraestrutura, construção
habitacional etc., o desenvolvimento da construção civil é imprescindível. Porém, diante do tema sustentabilidade,
há que se adotar novos critérios para a concepção e o desenvolvimento dos projetos construtivos e também os de
reabilitação, os quais vêm ganhando espaço no Brasil, uma vez que os edifícios começam a atingir seus limites de
desempenho ao uso.
A Agenda 21 consolida a ideia de que o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem constituir um
binômio indissolúvel, que promova a ruptura do padrão tradicional de crescimento econômico, tornando compatíveis
duas grandes aspirações da atualidade: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países que permanecem em
patamares insatisfatórios de renda e de riqueza, e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras
gerações (Assembleia Geral das Nações Unidas, 1992).
Segundo o United States Green Building Council, um empreendimento com bom desempenho ambiental é caracteri-
zado por ter minimizados, e até mesmo eliminados, os seus impactos negativos no meio ambiente e em seus usuá-
rios. O conselho avalia o desempenho ambiental de edifícios sob cinco enfoques: planejamento sustentável da área
construída; economia de água e eficiência em sua utilização; eficiência energética e emprego de energia renovável;
conservação de materiais e fontes de recursos; e qualidade do ambiente (United States Green Building Council, 2002).
Interessante também a abordagem da empresa de arquitetura Doerr Architecture. Segundo ela, todo projeto de em-
preendimento requer mudanças nos sistemas naturais preexistentes e o consumo de energia e insumos, e por con-
seguinte, um projeto totalmente “verde” não seria possível. Entretanto, todo projeto apresenta-se como uma oportu-
nidade, e até mesmo responsabilidade, para o aperfeiçoamento do desempenho ambiental dos empreendimentos.
Segundo Doerr (2002), o desafio da sustentabilidade é complexo e inclui a forma com que são obtidos os recursos
utilizados, como é atingido o seu aproveitamento máximo e como é considerada a eliminação da ideia de desperdício.
Segundo o programa “Brown is Green”, da Brown University, um empreendimento ambientalmente responsável tem
reduzido os impactos dos processos construtivos e os ocorridos durante a sua vida útil. Os seus indicadores de bom
desempenho ambiental incluem a redução da carga energética empregada nos sistemas de aquecimento, refrigera-
ção e iluminação, e também a seleção dos materiais utilizados, dando preferência aos não tóxicos, renováveis, ou que
contenham reciclados.

37
LEITURA
COMPLEMENTAR

Apenas para fornecer uma noção de valores dos recursos naturais consumidos, John (2000) aponta como destinados
à construção civil de 14% a 50% da totalidade de recursos naturais extraídos, conforme o país. A título de exemplo,
segundo o autor, no Brasil as estimativas são escassas, porém considerando serem produzidos ao ano aproximada-
mente 35 milhões de toneladas de cimento Portland, e assumindo o traço médio de 1:6 em massa na sua mistura com
agregados, somente na produção de concretos e argamassas.
Os principais impactos ambientais decorrentes da extração de recursos naturais são a escassez e extinção de fontes
e jazidas, além de alterações na flora e fauna do entorno destes locais de exploração.
Além da ciência dos impactos ambientais dos empreendimentos ao longo de seu ciclo de vida, e que serão apontadas
neste artigo, existem alguns fatores externos que podem impulsionar o setor rumo à sustentabilidade. São eles al-
gumas exigências relacionadas a aprovações legais de empreendimentos e processos licitatórios, e também algumas
restritivas e financiamentos.

Fonte: Cardoso; Degani (2016, on-line)4.

38
material complementar

Indicação para Ler

Design Passivo
Miriam Gurgel
Editora: Senac
Sinopse: o conceito de ‘Design Passivo’, desenvolvido na Alemanha a partir dos
anos 1990, tem sido utilizado no mundo todo como base para uma arquitetura e
um design sustentáveis. Emprega conhecimentos relacionados ao clima local em
que a edificação será construída, os ventos incidentes, o layout do projeto, a desti-
nação dada aos ambientes, os materiais utilizados e quaisquer outros fatores que
visam sempre a um resultado energeticamente eficiente. Arquitetura ou design
“passivo”, porque se baseia no emprego dos meios naturais tanto para o aqueci-
mento da casa quanto para seu resfriamento, dependendo, consequentemente,
de pouca energia elétrica para garantir conforto ambiental aos seus moradores.

Indicação para Assistir

A Guerra do Fogo
Konstantin Grcic
Editora: Gutenberg Autentica
Sinopse: na pré-história, em torno da descoberta do fogo, a tribo Ulam é menos
desenvolvida; eles ainda acham que o fogo é algo sobrenatural e se comunicam
apenas com gestos e grunhidos. Quando a fonte de fogo deles apaga, três homens
vão em busca de outra chama e é quando encontram a tribo Ivaka, um grupo mais
desenvolvido de hábitos e comunicação mais complexa, além de dominar a pro-
dução do fogo. Os homens sequestram uma mulher da tribo Ivaka e descobrem
outra forma de viver.
Comentário: o filme gira em torno do fogo, sua conquista pelos meios naturais e
a maneira que iriam mantê-lo aceso. Contudo, o filme ultrapassa essa premissa
básica e entra fundo em outros conceitos. Pode-se então distinguir os diversos
grupos em estágios evolucionários distintos ocupando um mesmo mundo. Vere-
mos então como espaços onde vivem podem influenciar a evolução humana.

39
material complementar

Indicação para Acessar

No Site da Procel, você encontra artigos, publicações e manuais relacionados à eficiência energética, além de
proporcionar a lista de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que contém o selo de eficiência da Procel.
Acesse em: <http://www.procelinfo.com.br/main.asp>

40
referências

ABNT. NBR 15577-5. Edificações habitacionais — Desempenho. Rio de Ja-


neiro. 2013. Disponível em: <http://360arquitetura.arq.br/wp-content/uplo-
ads/2016/01/NBR_15575-5_2013_Final-Sistemas-de-Cobertura.pdf>. Acesso
em: 23 jan. 2018.
ABNT. NBR 8995-1. Iluminação de ambientes de trabalho. Rio de Janeiro. 2013.
Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:W-
-aoyHE7IgYJ:paginapessoal.utfpr.edu.br/vilmair/instalacoes-prediais-1/nor-
mas-e-tabelas-de-dimensionamento/NBRISO_CIE8995-1.pdf/at_download/
file+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 23 jan. 2018.
CARDOSO, F. F.; DEGANI, M. C. A sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de
edifícios: a importância da etapa de projeto arquitetônico. In: Nutau 2002 - Sus-
tentabilidade, Arquitetura e Desenho Urbano. Núcleo de Pesquisa em Tecnolo-
gia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 7 a 11
outubro 2002. Disponível em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/personal_files/
francisco_cardoso/Nutau%202002%20Degani%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 30
nov. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. Edição em português. São Pau-
lo: G. Gili, 2012.
LAMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA, F. Eficiência Energética na Arquitetura.
São Paulo: PW Editores. 1997.
PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Conforto Ambiental: Iluminação,
Cores, Ergonomia, Paisagismo e Critérios para Projetos. 1. ed. São Paulo: Érica,
2013.
SCHERER, M. J.; PIAGETI, G.; VANI, L. O Ruído Urbano e a Desvalorização
Imobiliária. XXII Encontro da Sociedade Brasileira de Acústica - Sobrac. Belo
Horizonte, MG, 26 a 29 de novembro de 2008.
SILVA, P. Acústica arquitetônica e condicionamento de ar. 3. ed. São Paulo: Ter-
moacústica LTDA., 1997.
VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. C. S. Iluminação e Arquitetura. São Paulo:
Virtus, 2001.
VITRÚVIO. Les dix livres d’architecture. Livre VI. Tradução de Claude Perrault.
Paris: Errance, 1986.

41
referências

REFERÊNCIAS ONLINE
¹ Em: <http://www.minutoengenharia.com.br/postagens/2015/02/09/o-edificio-
-mais-sustentavel-do-mundo/>. Acesso em: 07 nov. 2016.
2
Em: <http://gq.globo.com/Prazeres/Design/noticia/2016/02/conheca-edge-o-
-predio-de-escritorios-mais-sustentavel-do-mundo.html>. Acesso em: 18 out.
2017.
3
Em: <http://www.sarah.br/a-rede-SARAH/nossas-unidades/unidade-salva-
dor/>. Acesso em: 28 nov. 2016.
4
Em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/personal_files/francisco_cardoso/
Nutau%202002%20Degani%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017

gabarito

1. B
2. D
3. D
4. C
5. A

42
UNIDADE II
CONFORTO TÉRMICO

Professor Esp. Adriano Pereira Cardoso


Professor Esp. Alexandro Gasparini

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Definição e importância do conforto térmico
• Variáveis de conforto: trocas térmicas e exigências
humanas e ambientais
• Os diferentes climas e seus princípios
• Propriedades térmicas dos materiais de construção
• Ventilação natural e uso de vegetação
• Geometria Solar

Objetivos de Aprendizagem
• Definir e entender a problemática do conforto térmico.
• Entender como o ser humano reage diante das diferentes
condições climáticas e exigências humanas.
• Entender os diferentes climas e seus condicionantes.
• Compreender as propriedades térmicas dos materiais.
• Mensurar a importância da ventilação natural e a utilização
de vegetação na busca de melhores índices de conforto.
• Compreender a trajetória solar a fim de utilizá-la a favor da
edificação e conforto dos usuários.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a)! Vamos iniciar nossos estudos sobre o conforto térmi-
co. Você pode perceber no seu dia a dia como sentir-se em bem-
-estar térmico é importante. Quando você passa muito calor, não
fica cansado(a), incomodado(a) e seu desempenho nas atividades
diminui? E passar frio também não é agradável, não é mesmo? Por isso, o
usuário do seu projeto precisa sentir-se bem no ambiente e você vai precisar
compreender como o corpo humano funciona em relação aos diferentes es-
tímulos climáticos, assim será mais fácil buscar soluções para os problemas.
Além de conhecer os usuários, você também vai precisar entender como fun-
cionam as condicionantes do clima, que são: temperatura, umidade, vento
e radiação solar. Cada uma delas vai influenciar de maneiras diferentes no
projeto e é preciso saber aproveitar o lado positivo destes fatores. São estas
características que vão determinar cada tipo de clima.
Entendendo como são os climas, você poderá buscar soluções que
amenizem as situações em que seu usuário pode sentir-se desconfor-
tável. Existem estudos que nos auxiliam no encontro destas soluções,
o que você verá adiante. Para aplicar algumas destas soluções, será ne-
cessário entender quais são os tipos de materiais que podemos utili-
zar, podendo ser opacos ou transparentes. Você vai verificar como se
comportam com relação à radiação solar e quais são as propriedades.
Após compreender o comportamento dos materiais, vamos nos ater a
duas variáveis muito importantes para o nosso país: o vento e a radia-
ção solar. Veremos que, para amenizar o calor, temos como principais
estratégias a ventilação e o sombreamento. Em um primeiro momen-
to, você vai aprender como promover a ventilação nos ambientes e após
isso, entenderá como acontece a trajetória do sol, para que você pos-
sa saber como e quando ele atingirá o ambiente que está sendo estudado.
O estudo desta unidade permitirá que você torne a vida do seu usuário me-
lhor, mais produtiva, pois o bem-estar depende de como se sente dentro dos
ambientes.


Definição e Importância
do Conforto Térmico

Caro(a) aluno(a), a capacidade do ser humano de do tipo de clima, usamos diferentes tecnologias, para
adaptar-se a diferentes climas é surpreendente, mas aquecer ou para resfriar. O nosso foco é o usuário, por-
a preocupação com o conforto térmico é constante tanto, vamos entender um pouco como nosso organis-
nos mais variados ambientes. Quem vive em regi- mo funciona com relação às condições climáticas.
ões de calor ou frio intenso sabe a importância em A sensação de desconforto térmico pode ser
administrar o tempo e o clima, e que isso é uma causada por calor ou frio quando este balanço não é
questão de necessidade e não de luxo. Determina- estável, gerando diferenças entre o calor produzido
dos detalhes no espaço construído, na ambientação pelo corpo e calor perdido para o meio.
de interiores e no planejamento de espaços são sufi- Vamos então definir a importância do estudo
cientes para amenizar o calor ou frio excessivos, po- com relação ao conforto térmico baseando-se em
tencializando o conforto nos ambientes. três principais fatores:
No mundo todo, temos climas muito diferentes, e 1. Devemos buscar o bem-estar do usuário aci-
o ser humano é capaz de adaptar-se a eles. Temos al- ma de tudo, proporcionando um ambiente
guns mecanismos que auxiliam nessa adaptação, como onde ele se sinta termicamente confortável. É
como se o usuário estivesse nesse ambiente
a vestimenta, as tecnologias e as edificações. Pense em
sem transpirar excessivamente ou sem sentir
diferentes países: o tipo de roupa muda de um local frio, ou ainda, sensações desagradáveis por
para outro, assim como a arquitetura e, dependendo falta ou excesso de ventilação ou umidade.

48
DESIGN

2. Temos sempre que nos preocupar com o temperatura e iluminação. Falando de conforto tér-
bom desempenho do indivíduo na realização mico, a NBR 15.575 exige, por exemplo, que a tem-
das mais variadas tarefas. Em um ambiente
peratura interna de salas e quartos sejam iguais ou
adequado termicamente, as condições de se
menores à temperatura no exterior do imóvel. Ou-
trabalhar de forma saudável e com melhores
desempenhos são melhores alcançadas. tras duas definições importantes falam sobre o valor
3. É essencial que busquemos a eficiência ener- mínimo do pé-direito (distância entre piso e forro/
gética ou a conservação de energia de manei- laje), que é de 2,5m, e a abertura mínima para ven-
ra mais eficaz. O aproveitamento de recursos tilação do ambiente, que deve ser de pelo menos 8%
naturais e/ou estratégias bioclimáticas ligadas da área de piso. Sendo assim, já temos, a partir daí,
a estes recursos evidenciam o conforto térmi- algumas exigências mínimas que favorecem o con-
co, diminuindo o uso exagerado de fontes de
forto e bem-estar do usuário, já desde a concepção
energia artificial, por exemplo aquecedores,
do projeto arquitetônico, onde nós designers entra-
ar-condicionado, ventiladores, luz artificial,
entre outros. mos para complementar e potencializar estruturas
já previstas na legislação brasileira e que devem ser
Quando falamos de neutralidade térmica, estamos atendidas.
nos referindo nas proporções entre o calor gerado Uma das principais funções de uma construção
pelo organismo e a troca de calor com o meio, onde é a de atenuar as condições negativas e aproveitar
não há acúmulo nem perda excessiva de calor, man- os aspectos positivos oferecidos pela localização e
tendo assim a temperatura corporal constante. pelo clima. Trata-se, portanto, de neutralizar as con-
Segundo Ashrae (apud LAMBERTS; DUTRA; dições climáticas desfavoráveis e potencializar as
PEREIRA, 1997), conforto térmico pode ser defi- favoráveis, tendo em vista o conforto dos usuários
nido como um estado de espírito que vai refletir a (HERTZ, 2003).
satisfação com o ambiente térmico em que a pessoa Alguns mecanismos são utilizados para obter-
está. Isso quer dizer que o balanço de trocas térmi- mos a proteção de calor e frio, que são instintivos
cas deve ser nulo, e a temperatura da pele e o suor e/ou culturais. Para nos protegermos do calor, por
devem manter-se dentro dos limites. exemplo, utilizamos a água (piscina, praia, banho),
Os estudos em conforto térmico são importan- sombras (árvores, coberturas) e ventilação natural
tes para que se atinjam níveis de satisfação dos usu- ou a tecnologia (ventiladores, ar-condicionado). Já
ários, bem como a melhora nas performances hu- para nos protegermos do frio, diminuímos a área
manas (atividades intelectuais e manuais) e claro, a exposta com o meio externo nos acomodando em
conservação de energia, evitando desperdícios com arquiteturas fechadas, utilizamos do atrito (entre
aquecimento ou refrigeração e levando aos ambien- partes do corpo e entre corpos) como esfregar as
tes melhor eficiência energética. mãos, por exemplo, aumentamos a utilização de
Uma norma recente, vigente desde julho de vestimentas mais espessas que favoreçam o acú-
2013, publicada pela Associação Brasileira de Nor- mulo de calor e a menor troca possível com o
mas Técnicas (ABNT), estabelece exigências de meio, além da tecnologia (aquecedores, ar-condi-
qualidade para imóveis em aspectos como acústica, cionado etc.).

49


Variáveis de Conforto: Trocas Térmicas


e Exigências Humanas e Ambientais

Caro(a) aluno(a), o ser humano é o que chamamos de um ser homeotérmico. Você sabe o que isso quer dizer?
A temperatura interna do nosso corpo tende a permanecer constante, aproximadamente 36,2ºC, indepen-
dente do clima em que estamos. O metabolismo é responsável por manter esta temperatura, ele queima as
calorias que existem nos alimentos e gera energia, isso mantém o calor interno do corpo.
Tabela 1 - Resposta Fisiológica e comportamental em função da diferença da temperatura do corpo e a temperatura Neutra

Temperaturas Resposta Fisiológica


Tcorpo < Tneutra Ocorre a vasoconstrição
Tcorpo < 35ºC Ocorre a perda da habilidade
Tcorpo < 31ºC Esta situação é letal, também chamada de hipotermia
Tcorpo > Tneutra Ocorre a vasodilatação
Tcorpo > 37ºC Começa o suor
Tcorpo > 39ºC Ocorre a perda de habilidade
Tcorpo > 43ºC Esta situação é letal, também chamada de hipertermia
Fonte: adaptada de Lamberts (2012).

50
DESIGN

Em função da atividade desenvolvida é que se defi- menta. É por meio do metabolismo que o organismo
ne a quantidade de calor liberado pelo organismo. adquire energia que, consequentemente, depende
Nesse sentido, é que se dão as trocas térmicas entre da quantidade de atividade muscular exercida pelo
o corpo humano e o ambiente. indivíduo, em que quanto maior a atividade física,
Segundo Frota e Schiffer (2003), os índices de maior o metabolismo.
conforto térmico foram desenvolvidos com base em
diferentes aspectos do conforto e podem ser classifi-
cados como a seguir:
• Índices biofísicos: se baseiam nas trocas de
calor entre o corpo e o ambiente, correla-
cionando os elementos do conforto com as
trocas de calor que dão origem a esses ele-
mentos;
• Índices fisiológicos: se baseiam nas reações
fisiológicas originadas por condições conhe-
cidas de temperatura seca do ar, temperatura
radiante média, umidade do ar e velocidade
do ar;
• Índices subjetivos: se baseiam nas sensações
subjetivas de conforto experimentadas em
condições em que os elementos de conforto
térmico variam.
Figura 1 - Vestimenta de Frio

Durante essas trocas térmicas acontecem alguns


processos pelos quais podemos dividir em trocas se-
cas (convecção, condução e radiação) e troca úmida
(evaporação).
Os seres humanos têm mecanismos que chama-
mos termorreguladores. Você tem alguma ideia do
que seriam? Quando estamos com frio ou com calor,
o nosso corpo reage e isto acontece por meio destes
mecanismos, eles devem manter a temperatura in-
terna do nosso corpo constante. Para que as pessoas
sintam-se em conforto térmico, elas não devem es-
tar utilizando nenhum destes mecanismos.
Quando tratamos de variáveis de conforto, po-
demos separá-las em variáveis humanas, variáveis
ambientais e demais variáveis. As variáveis humanas
são classificadas quanto ao metabolismo e à vesti- Figura 2 - Desconforto no Verão

51


Na tabela a seguir podemos observar a taxa metabólica de um indivíduo para diferentes atividades, em que
mostra a energia produzida por unidade de área (W/m² - watt por metro quadrado).

Tabela 2 - Taxa metabólica para diferentes atividades segundo ISO 7730

Atividade Metabolismo (W/m²)


Deitado, reclinado 46
Sentado, relaxado 58
Atividade sedentária (escritório, escola etc.) 70
Atividade leve em pé (fazer compras, atividades laboratoriais etc.) 93
Atividades média em pé (trabalho domésticos, balconista etc.) 116
Caminhando em local plano a 2 km/h 110
Caminhando em local plano a 3 km/h 140
Caminhando em local plano a 4 km/h 165
Caminhando em local plano a 5 km/h 200
Fonte: adaptado de LabEEE ([2018], on-line)1.

A vestimenta tem a função da resistência térmica entre o corpo e o meio exposto, o que representa uma barreira
para as trocas de calor por convecção, impedindo o contato da pele com o ar e evita a troca de calor, tanto com
o ar como com outras superfícies. Por isso, quanto mais frio, mais roupas colocamos. A resistência da roupa vai
influenciar no conforto que sentimos.

0,05 clo 0,05 clo 1,00 clo 4,00 clo


Figura 3 - Resistência térmica de algumas vestimentas
Fonte: adaptado de Lamberts (1997).

52
DESIGN

A resistência térmica da roupa é medida em CLO (1 clo = 0.155m²°C/W). Na tabela a seguir,


podemos observar algumas vestimentas mais comuns do dia a dia e a resistência térmica que
elas oferecem.

T abela 3 - Índice de Resistência Térmica -Icl (CLO)

Índice de Resistência
Vestimenta
Térmica (CLO)
Meias 0,02
Meia-calça 0,10
Meia-calça fina 0,03
Meia grossa 0,05
Calcinha/sutiã 0,03
Cueca 0,03
Cuecão longo 0,10
Camiseta de baixo 0,09
Camisa de baixo com mangas compridas 0,12
Camisa de manga curta 0,15
Camisa fina com mangas compridas 0,20
Camisa com manga comprida 0,25
Camisa flanela com manga comprida 0,30
Blusa com mangas compridas 0,15
Saia fina 0,15
Saia grossa 0,25
Vestido leve de manga curta 0,20
Vestido grosso de manga comprida 0,40
Suéter 0,28
Jaqueta 0,35
Bermuda 0,06
Calça fina 0,20
Calça média 0,25
Calça flanela 0,28
Botas 0,0
Sapatos 0,04
Fonte: Fonte: adaptado de LabEEE ([2018], on-line)1.

53


Ainda podemos dizer que o conforto térmico é Temperatura do ar: a diferença de temperatura
algo subjetivo. Você já sentiu frio em um lugar, entre a pele e o ar dá-se pela perda de calor do copo
enquanto outra pessoa estava confortável, ou o para o meio, gerando, assim, a sensação de conforto.
contrário? Então, a percepção do conforto muda Velocidade do ar: quanto maior for a velocidade
de uma pessoa para outra. Portanto, precisamos do ar, maior será a sensação de perda de calor por
entender como o corpo do ser humano funciona convecção e evaporação, retirando o ar quente e a
em relação às diferentes situações climáticas. Ele é água em contato com a pele com mais eficiência.
o nosso usuário e é quem devemos agradar com o Umidade relativa do ar: quanto maior a umida-
nosso projeto. de relativa, menor a evaporação na remoção do calor.
As variáveis ambientais que influenciam no con- Sendo assim, quando a temperatura do meio se eleva,
forto térmico são a temperatura, a velocidade e a dificulta-se as perdas por convecção e radiação e o
umidade relativa do ar. organismo aumenta sua eliminação por evaporação.

REFLITA

Devido às grandes variações individuais, fisio-


lógicas e psicológicas, não é possível deter-
minar condições que possam proporcionar
conforto para 100 % das pessoas.

Fonte: NBR 16401-2 (ABNT, 2008).

Já outras variáveis ficam por conta da idade, da raça, da


altura, do sexo, dos hábitos alimentares, entre outros
que influenciam no estado de conforto do indivíduo.
O conforto térmico para determinado ambiente
interno pode ser definido, então, como a sensação de
bem-estar experimentada por um indivíduo, com-
binando neste ambiente a temperatura, velocidade
e umidade relativa do ar com a atividade lá desen-
volvida e com a vestimenta utilizada pelas pessoas.
Lembrando que as sensações de conforto térmico
são subjetivas, em que um certo ambiente que está
confortável termicamente para um indivíduo pode
ser quente ou frio para outro. Logo, as condições
ambientais de conforto são aquelas que propiciam
bem-estar ao maior número possível de indivíduos.

54
DESIGN

Os Diferentes
Climas e seus
Princípios

Caro(a) aluno(a), está pronto para conhecer a gran- da região. Já o tempo é a variação diária que temos,
de diversidade de climas que temos em nosso país? O como quando comentamos: “hoje está muito frio e
clima é muito importante nas tomadas de decisões de chuvoso”. Contudo, isso não quer dizer que esta seja
um projeto, pois este deve adequar-se a cada uma das uma característica predominante da nossa região.
situações. Além do projeto ter a obrigação de atender Para que possamos analisar o clima, temos que
àquilo que o cliente deseja, ele também deve ter uma observá-lo em diferentes escalas. Em uma escala
resposta com relação às variáveis climáticas e à eficiên- mais abrangente, que podemos chamar de macrocli-
cia energética. Então, vamos ver como isto acontece. ma, descrevemos as características gerais de uma de-
Primeiro, vamos diferenciar clima de tempo. Es- terminada região, como qual a temperatura média,
tes dois conceitos confundem-se muitas vezes. O cli- se é um local que chove bastante ou que está sempre
ma é uma condição média, medida de 30 em 30 anos, nublado, ou ainda se tem bastante vento, ou seja, são
que determina as características de uma determina- características gerais.

55


Em uma segunda escala, vamos para o mesoclima,


no qual temos influências de condições locais como
a topografia, a vegetação, o tipo do solo e a presen-
ça de obstáculos. Podemos perceber esse mesoclima
quando chegamos perto de um bosque dentro de
uma cidade, o clima torna-se mais ameno.
Em uma terceira escala temos o microclima,
onde chegamos mais próximos da edificação que
estamos trabalhando; é nessa escala que podemos
fazer as alterações. Aqui temos características parti-
culares de cada local, como um prédio vizinho que
sombreia ou a forma como o sol atinge a edificação.
Essas características não são percebidas nas outras
escalas, porém as três são importantes para que pos-
samos entender o local que estamos trabalhando.
Portanto, cada local tem as suas variações, e as
variáveis climáticas, como já vimos em definições
anteriores, que são as seguintes: radiação solar, tem-
peratura do ar, vento e umidade do ar. Todas vão in-
fluenciar nas suas decisões de projeto, por isso você
deve entender cada uma delas.
A radiação solar é a principal fonte de energia
do planeta. É a partir do sol que temos o calor e tam-
bém a luz, não é possível separá-los, por isso sem-
pre que pensamos em conforto visual por meio das
aberturas, temos que lembrar do conforto térmico
e vice-versa. Caro(a) aluno(a), no Tópico 5, vamos
estudar a geometria solar e entraremos mais a fun-
do neste assunto. Entretanto, já podemos começar
a pensar no quanto os movimentos de translação e
rotação da Terra influenciam na forma como a ra-
diação solar chega até nós, o que influencia nas es-
tações do ano.
Podemos dividir a radiação em direta e difusa:
alguns raios solares vêm diretamente do sol até a su-
perfície, mas uma parcela sofre influência da atmos-
Figura 4 - Radiação Solar fera, sendo absorvida e refletida pelas partículas do

56
DESIGN

ar. Podemos notar que, mesmo em um dia nublado, Vamos tomar como exemplo locais que têm a
ainda temos luz, que é a parcela difusa. umidade muito baixa: as partículas de vapor d’água
Ainda temos a influência que, em alguns mo- absorvem a radiação, portanto, se não há umidade, a
mentos do dia, o sol está mais distante da Terra e radiação chega mais diretamente à superfície, o que
isto faz que a intensidade da radiação seja menor; é o provoca um grande aumento na temperatura duran-
que acontece nas horas mais próximas ao nascer e ao te o dia. À noite, nos climas úmidos, as partículas
pôr do sol. Como vimos acima, a vegetação também que absorvem calor durante todo o dia liberam o
pode mudar as características climáticas. Você tem calor no período da noite, quando a temperatura é
alguma ideia do porquê isto acontece? Lembre-se de mais amena. Nos climas secos, porém, nos quais não
como funciona o metabolismo de uma planta: ela há essas partículas de vapor d’água, a temperatura
faz a fotossíntese e, para isso, ela precisa de radiação acaba caindo drasticamente e provocando picos de
solar, a qual é absorvida pela planta e diminui entre temperatura alta durante o dia e baixa durante a noi-
60 e 90%. Além disso, as plantas sombreiam o solo, o te, isto não é confortável para o nosso usuário.
que também faz que a temperatura diminua. A velocidade do ar também é influenciada pe-
A radiação solar divide-se em dois tipos de on- las massas, conforme elas se deslocam dos locais de
das: as curtas e as longas. As que vêm diretamente maior pressão para os de menor, o ar vai se movi-
do sol, de forma direta ou difusa, ou as que são re- mentando. Além disso, os obstáculos também fazem
fletidas pelas superfícies, são as ondas curtas. Já as com que o vento mude de direção ou diminua a sua
ondas longas, são produzidas por corpos aquecidos, velocidade. Podemos observar em uma mesma cida-
as edificações, por exemplo, recebem a radiação de de diferentes velocidades do vento, na área central,
onda curta, aquecem-se e depois liberam as radia- na qual temos aglomerados de prédios e nas áreas
ções de onda longa. periféricas, onde temos bairros residenciais de me-
Agora, vamos ver a outra variável, a temperatura nor densidade. Na própria edificação, podem ser
do ar. Você já ouviu os noticiários dizerem que está utilizadas estratégias para barrar o vento ou trazê-lo
vindo uma massa de ar frio para o seu estado? En- para dentro da edificação.
tão, são essas massas de ar que influenciam na tem- A última variável climática é a umidade, resul-
peratura e também a forma como a radiação solar tante de dois fatores: a evaporação da água e a eva-
atinge cada um dos locais. Vamos pensar em dois potranspiração dos vegetais. Como vimos acima,
extremos, as regiões próximas à linha do Equador e esta variável influencia na temperatura do local.
as regiões polares: os dois locais recebem a radiação Além disso, também está associada à forma como
de forma bem distintas, portanto as temperaturas o usuário perde calor por evaporação, que vimos no
também são muito diferentes. tópico anterior, e em locais mais úmidos, há dificul-
Com relação à temperatura, devemos sempre dade em acontecer essa troca. Podemos modificar a
identificar quais são os períodos em que nosso usu- umidade próxima à edificação, utilizando de vegeta-
ário pode sentir-se desconfortável. Isto pode aconte- ção e elementos com água.
cer com relação a diferentes estações, como também
na variação de um único dia.

57


No Brasil, a diversidade de climas é mui-


to grande. Podemos dividir o país em
seis grandes regiões: tropical, equatorial,
semi-árido, tropical atlântico, tropical
de altitude e subtropical. Cada um dos
climas têm suas características de tem-
peraturas médias, chuva e amplitude
térmica entre inverno e verão.
Para estudar como o ser humano se
relaciona com o clima, temos a ciência
chamada bioclimatologia. Um projeto
bioclimático é aquele que se adequa ao
clima e visa atingir um bom desempe-
Figura 5 - Pátio de los Arrayanes in La Alhambra, Granada, Espanha nho térmico. Givoni (1969 apud LAM-
BERTS; DUTRA; PEREIRA, 2012) de-
senvolveu uma carta bioclimática para
edifícios, elaborada a fim de estudar a
combinação das variáveis climáticas que
podem manter o organismo humano em
conforto e quais as estratégias que de-
vem ser utilizadas para trazer conforto
em cada situação.
A seguir, podemos observar um
exemplo da carta bioclimática de Gi-
voni, em seu formato completo para a
cidade de Curitiba, no Paraná, separa-
do por zonas, que vão de 1 a 12, iden-
tificando, assim, diferentes estratégias a
serem adotadas segundo os resultados
encontrados nas variáveis de temperatu-
ra e umidade relativa do ar.

Figura 6 - O clima brasileiro.


Fonte: IBGE (2016, on-line)2.

58
DESIGN

Figura 7 - Ano climático de referência para Curitiba plotado sobre o diagrama bioclimático da edificação
Fonte: LabEE ([2018], on-line)1.

Para um melhor entendimento, vamos ver a seguir, de forma mais ilustrativa, a mesma carta de Givoni, apre-
sentando o zoneamento melhor destacado e entender como se dão essas estratégias.

Figura 8 - Carta bioclimática de Givoni

59


Podemos observar que o ser humano sente-se con- lor durante o dia, mantendo este calor no seu interior
fortável dentro de um limite dessas variáveis. A zona e liberando à noite, quando a temperatura cair.
de conforto limita-se entre as temperaturas de 18 a Em alguns casos extremos, nos quais a tempe-
29ºC e a umidade relativa entre 20 e 80%. ratura e a umidade do ar passam dos limites que
Com relação à zona de ventilação, podemos ob- tornam possível utilizar uma dessas estratégias,
servar que, se a temperatura passar dos 29ºC ou se é necessária a utilização de refrigeração, como o
a umidade do ar for maior que 80%, esta estratégia ar-condicionado.
irá melhorar a sensação térmica do usuário. Ainda Por outro lado, para os climas mais frios, pre-
podemos dizer que, acima dos 29ºC e com a umi- cisamos fazer o aquecimento. Temos dois tipos de
dade abaixo dos 60%, a ventilação noturna é mais estratégias passivas que utilizam o sol para fazer
indicada, pois, durante o dia, utilizar esta estratégia o aquecimento, sendo elas a inércia térmica para
só levaria o calor para a área interna. aquecimento, nas temperaturas entre 14 e 20ºC, que
Para as regiões com baixa umidade e tempe- armazena calor nas paredes, e a outra pelo próprio
ratura elevada, também é indicado o resfriamento aquecimento solar, pelo qual criamos espaços com
evaporativo, pois a evaporação da água pode tanto isolamento para que o calor não saia de dentro deles,
ajudar na redução da temperatura quanto aumentar utilizado nas temperaturas entre 10 e 14ºC.
a umidade do ar. Temos também casos extremos para as tempera-
A inércia térmica é outra estratégia muito utili- turas baixas, nos quais devemos utilizar um sistema
zada em locais de baixa umidade e temperatura ele- de aquecimento artificial. E ainda, quando a tempe-
vada. A falta de umidade faz com que, durante o dia, ratura for menor que 27ºC e a umidade relativa mui-
o calor seja muito grande, pois não há partículas de to baixa, deve-se utilizar a umidificação do ambiente
água para absorver a radiação e, no perído da noite, a para torná-lo mais confortável.
queda da temperatura seja muito grande, o que gera No Brasil, a estratégia mais importante ainda é
desconforto ao usuário. A inércia térmica consiste o sombreamento e a partir dos 20ºC; estratégia esta
em utilizar materiais nas paredes que absorvam o ca- que deve ser utilizada mesmo quando as condições
encontram-se dentro da zona de conforto. Nos lo-
cais onde mais de uma estratégia se sobrepõe na
REFLITA
carta de Givoni, devemos utilizar mais de uma delas
para manter nosso usuário em conforto.
O sol no verão está mais alto e conforme Portanto, podemos observar que as característi-
aproxima-se o inverno, fica mais baixo. Isso
acontece para nos aquecer, mas deve-se to- cas climáticas das diferentes regiões vai influenciar
mar cuidado na proteção de ambientes em nas estratégias utilizadas, por isso é preciso obser-
relação ao sol, principalmente no verão. var bem qual é o clima e como manter o usuário em
conforto térmico.

60
DESIGN

Propriedades Térmicas
dos Materiais de Construção

Agora, falaremos sobre os materiais de construção tanto do exterior quanto do interior, dependendo
que fazem o fechamento das edificações. Estes fe- do local que está mais quente. Vários fatores podem
chamentos podem ser tanto opacos quanto trans- influenciar em uma maior ou menor absorção do
parentes, e o ganho térmico que um ambiente tem calor, como a cor do material e a orientação solar.
acontece pela transmissão do calor por meio destes Quanto mais claro o material, menos calor ele ab-
elementos. Por isso, você deve entender como acon- sorve. Quanto mais exposto à radiação solar, mais
tece a transmissão do calor e como cada tipo de ma- calor será transmitido.
terial se comporta. Cada um dos materiais têm características dife-
Primeiramente, entenda que a transmissão de rentes; ao transmitirem o calor de um lado para o
calor só acontece quando há diferença de tempera- outro, retém uma parte no seu interior, quanto mais
tura, seguindo o sentido do mais quente para o mais calor retido maior a sua inércia térmica.
frio. Materiais que são bons isolantes térmicos são Já os fechamentos transparentes são os princi-
aqueles que têm uma baixa densidade, como a lã de pais causadores do aumento da temperatura den-
vidro, o isopor, o concreto celular, entre outros. tro das edificações. Esses materiais, assim como os
Os elementos que são opacos, absorvem calor opacos, transmitem calor por meio de condução e

61


convecção, mas também pela radiação; neste caso, Temos vários tipos de fechamentos transparen-
uma parcela da radiação é diretamente transmitida tes disponíveis no mercado, veremos alguns deles e
para o interior. suas propriedades:
O ganho de calor por meio das aberturas pode • Vidro simples: estes vidros transmitem mui-
ser alterado de acordo com alguns fatores. Primei- to as ondas curtas, por isso há uma grande
ro, a orientação e o tamanho da abertura, pois isso entrada de luz e calor. São pouco reflexivos e
absorvem muito as ondas longas, provocan-
vai determinar a exposição ao sol, assim como o fato
do efeito estufa dentro dos ambientes.
desta abertura ser sombreada. Outro fator é o tipo
• Vidro verde: este tipo de vidro é pigmenta-
do vidro, que pode bloquear mais ou menos a radia- do para que haja menos passagem de calor,
ção solar; estes materiais têm uma alta transmitância porém, em consequência disso, há também
térmica, porém não há outra forma de controlar a menor entrada de luz. São materiais mais ab-
entrada de radiação nas edificações. sorventes.
Então, por meio dos materiais transparentes, a • Vidro ou película absorvente: são os chama-
radiação solar vai ter uma parte absorvida, outra re- dos vidros fumês, têm o mesmo objetivo do
fletida e uma última porção será transmitida. Esta vidro verde, porém diminui ainda mais a en-
trada das ondas curtas.
radiação solar possui ondas curtas e ondas longas, e
• Vidro ou película reflexivos: são vidros com
os materiais transparentes se comportam de manei-
aparência de espelho. Refletem tanto a onda
ras diferentes com relação a elas. As ondas curtas são curta, quanto a onda longa. Diminuindo
aquelas que vêm diretamente do sol ou são refletidas também a entrada de luz natural.
por alguma superfície, como o solo, e são compostas • Vidro serigrafado: vidros utilizados para evi-
tanto por luz quanto por calor. Já as ondas longas tar a visão de uma área para outra, causam
são aquelas produzidas por corpos aquecidos, for- maior sombreamento.
madas apenas por calor. Cada tipo de vidro transmi- • Policarbonato: é um material muito maleável,
te ou reflete uma determinada porção dessas ondas. mais resistente a choques e mais leve que o
vidro. Porém sua resistência térmica é maior,
aumentando a sensação de efeito estufa.
• Vidro espectralmente seletivo: estes vidros
têm uma alta performance, priorizando a en-
trada de luz natural e controlando o ganho
de calor.
• Vidro de baixa emissividade: reduzem os ga-
nhos e as perdas de calor que acontecem por
meio da onda longa.

Figura 9 - Material Transparente

62
DESIGN

SAIBA MAIS quanto mais denso o material maior a sua conduti-


vidade ( ).
Como consequência da condutividade, temos
Quando falamos de vidros reflexivos, temos
que tomar cuidado sobre as formas e posi- a resistência térmica (R), que é a capacidade do
ções destes. O Edifício 20 Fenchurch Street, material de resistir à passagem do calor. Os mate-
em Londres, mais conhecido como “Walkie
riais mais espessos (L) têm uma resistência térmica
Talkie”, causou grandes transtornos na ci-
dade. maior. Com relação à condutividade, podemos di-
Este edifício tem um formato côncavo, o que zer que quanto maior ela for, maior a capacidade do
causa a concentração dos raios solares. Devi-
material em transmitir calor e consequentemente,
do à sua implantação, em alguns momentos
do dia, ele causa um reflexo muito intenso. menor é a sua resistência. Isto pode ser observado
Isto fez que o edifício causasse sérios proble- na fórmula da resistência térmica, a seguir:
mas com relação ao seu entorno, gerando a
revolta da população, que chegou a fritar um
ovo no local onde o feixe de luz gera um calor R=L/ (m²K/W)
muito grande.
Fonte: adaptado de Joe Weisenthal, (2013, Portanto, se um material tem uma espessura de
online)3. 0,15m e a sua condutividade é de 0,90W/mK, a sua
resistência térmica será 0,17 m²K/W, segundo a fór-
mula acima.
O uso de protetores solares nas aberturas diminui Quando a superfície é composta de mais de um
consideravelmente o ganho de calor. Estas proteções material, a resistência térmica pode ser calculada de
podem ser feitas de várias formas: prateleira de luz, duas formas, em série ou em paralelo. A soma em
brises, varandas, beirais, marquises, volumes salien- série é mais simples e deve ser utilizada quando o
tes e vegetação. calor passa pela mesma área de todos os materiais. Já
De um modo geral, os materiais têm a proprie- a resistência em paralelo deve ser calculada quando
dade de absortividade, refletividade e transmissivi- o calor passa por áreas diferentes dos materiais. Veja
dade, a soma das três propriedades deve dar 100%. A então quando você deve utilizar cada um deles por
absortividade do material depende da cor superficial meio dos exemplos a seguir.
deste. Quanto mais próximo do branco menor a sua
capacidade de absorção. Materiais metálicos absor- EXEMPLO 1 - SOMA EM SÉRIE:
vem pouca radiação e são menos emissivos, o que
significa que têm uma baixa emissão do calor para o Vamos calcular a resistência térmica de uma laje de
ambiente interno. concreto maciço, contrapiso de argamassa e revesti-
Uma outra propriedade que o material tem é a mento de granito. A laje de concreto tem espessura
condutividade térmica: representa quanto calor o de 0,15m e sua condutividade térmica é de 1,75W/
material é capaz de conduzir em uma unidade de mK. O contrapiso tem espessura de 0,05m e a con-
tempo e esta depende da densidade do material, pois dutividade de 1,15W/mK, e o granito tem espessu-

63


ra de 0,02m e condutividade de 3,00W/mK. Neste RTIJOLO = 0,14 / 0,70 = 0,20 m²K/W


caso, o calor passará igualmente pelos três materiais, RARGAMASSA = 0,14 / 1,15 = 0,12 m²K/W
por isso devemos encontrar a resistência dos três e
realizar uma soma simples. Neste caso, tijolo e argamassa estão na mesma cama-
RLAJE = 0,15 / 1,75 = 0,09 m²K/W da, por isso serão os materiais que devem ser soma-
RCONTRAPISO = 0,05 / 1,15 = 0,04 m²K/W dos em paralelo. Agora, vamos calcular a área destes
RGRANITO = 0,02 / 3,00 = 0,01 m²K/W elementos, no sentido transversal ao calor.
RTOTAL = 0,09 + 0,04 + 0,01 = 0,14 m²K/W Considerando que o tijolo tem 0,10m de altura e
0,20m de comprimento:
EXEMPLO 2 - SOMA EM PARALELO: ATIJOLO = 0,10 x 0,20 = 0,02m²

Agora, vamos calcular a resistência térmica de uma A argamassa proporcional a um tijolo seria uma ca-
parede de alvenaria, composta por tijolos cerâmicos, mada lateral e uma camada inferior a ele, conside-
assentados com argamassa e revestida com reboco. rando que a camada tem 0,02m:
Neste exemplo, quando o calor passar pela parede, AARGAMASSA = (0,22 x 0,02) + (0,10 x 0,02) =
ora passará pela caminho reboco, tijolo e reboco, ora 0,0064m²
passará por reboco, argamassa e reboco. A quanti-
dade de argamassa é bem menor que a do tijolo. Por Somaremos agora, em paralelo, tijolo e argamassa:
conta disso, não podemos simplesmente somar a RTIJOLO+ARGAMASSA = 0,02 + 0,0064 = 0,0264 =
resistência dos três materiais, temos que fazer isso
de forma proporcional, então usaremos a soma em 0,0264 = 0,18 m²K/W
paralelo, feita por meio da fórmula a seguir: 0,02 + 0,0064
RT = Aa + Ab + … + An
Aa + Ab + … + An
Ra + Rb + … + Rn Agora, podemos fazer a soma em série e teremos a
resistência total da parede:
Nela, A é a área do elemento, transversal ao sentido R PAREDE =R REB O C O +R TIJOLO +A RGAMASSA +R REB O-
do calor e R é a resistência do material. CO
=0,017+0,18+0,017=0,21m²K/W
Neste exemplo, temos os seguintes dados, o re-
boco tem espessura de 0,02m e condutividade de Além da resistência do material, também temos a
1,15W/mK, o tijolo tem espessura de 0,14m e con- resistência térmica superficial, esta tem relação com
dutividade de 0,70W/mK, e a argamassa tem 0,14 as trocas de calor feitas por meio de convecção e ra-
de espessura, assim como o tijolo, e 1,15W/mK de diação. Uma superfície é aquecida por convecção e
condutividade. radiação e, para que o calor penetre nela, depende
Primeiro, vamos calcular a resistência dos três da resistência superficial do material. Após absor-
materiais: vido, este calor precisa sair e aquecer o ar do outro
RREBOCO = 0,02 / 1,15 = 0,017 m²K/W lado, por convecção e radiação e, novamente, para

64
DESIGN

que ele saia, depende da resistência superficial. No caso da resistência superficial externa, o valor será sempre
0,04m²K/W, enquanto a resistência superficial interna pode variar, no sentido horizontal (paredes), indepen-
dente da direção do fluxo de calor, o valor será de 0,13m²K/W, no sentido vertical (cobertura), quando o fluxo
é ascendente, o valor é de 0,10m²K/W e descendente, 0,17m²K/W.

Tabela 4 - Resistência Térmica Superficial

RSI (m2K/W) RSE (m2K/W)


Direção do
fluxo de calor

0,13 0,10 0,17 0,04 0,04 0,04


Fonte: adaptada de Lamberts (1997).

Por isso, quando calculamos a resistência térmica de um material, devemos somar a resistência superficial.
Vamos utilizar o exemplo 2 que fizemos acima para exemplificar:
RTOTAL= RSE + RPAREDE + RSI = 0,04 + 0,21 + 0,13 = 0,38m²K/W.

Agora, você vai ver como as paredes duplas podem ser mais resistentes do que as paredes simples. Primeiramen-
te, conforme mostrado na tabela a seguir, devemos conhecer a resistência de uma camada de ar.

Tabela 5 - Resistência Térmica Superficial

Natureza das superfícies Espessura da camada Resitência Térmica


da camada de ar de ar (mm) do Ar RAR (m2k/W)
Direção do Fluxo de
Calor

Superfície não refletora 10 - 20 0,14 0,13 0,15


20 - 50 0,160, 0,14 0,18
> 50 0,17 0,14 0,21
Superfície Refletora 10 - 20 0,29 0,23 0,29
20 - 50 0,37 0,25 0,43
> 50 0,34 0,27 0,61
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).

65


Utilizando o exemplo anterior, adicionando uma câmara de ar de 0,06m, teríamos a resis-


tência total da parede da seguinte forma:
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO + ARGAMASSA + RAR + RTIJOLO+ARGAMASSA + RREBOCO
+ RSI
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 0,17 + 0,18 + 0,017 + 0,13 = 0,73m²K/W.

E se essa câmara de ar tivesse uma superfície refletora, como uma chapa de alumínio polido
no seu interior? Vamos ver como ficaria a resistência:
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO+ ARGAMASSA + RAR + RTIJOLO+ ARGAMASSA +
RREBOCO + RSI
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 0,34 + 0,18 + 0,017 + 0,13 = 0,90m²K/W.

E se, ao invés da câmara de ar, adicionarmos um material isolante térmico, como a lã de


rocha, cuja condutividade é de 0,045W/mK? Veja abaixo a resistência da parede:
RLÃ = 0,06 / 0,045 = 1,33m²K/W
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO + ARGAMASSA + RLÃ + RTIJOLO + ARGAMASSA +
RREBOCO + RSI
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 1,33 + 0,18 + 0,017 + 0,13 = 1,90m²K/W.

Portanto, podemos observar que a maior resistência da parede acontece quando o material
isolante térmico é adicionado.
Cada material tem a sua resistência térmica e o inverso dela é o que chamamos de trans-
mitância térmica (U). Por meio deste valor podemos comparar dois materiais e saber qual
deles transmitirá maior quantidade de calor.

U = 1 / RT (W/m²K)

Vamos analisar a transmitância térmica dos elementos que calculamos a resistência nos
exemplos anteriores?

Tabela 6 - Resistência e Transmitância de alguma soluções construtivas

Câmara de Ar com
Parede Câmara de Ar Lã de Rocha
superfície refletora
Resistência (m²K/W) 0,38 0,73 0,90 1,90
Transmitância (W/ 2,63 1,37 1,11
0,52
m²K)
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).

66
DESIGN

Caro(a) aluno(a), você pode observar que, quanto maior a resistência, menor a transmitân-
cia, ou seja, a parede mais resistente transmite menos calor. Com o valor da transmitância,
podemos calcular qual será o fluxo de calor transmitido através da superfície. Para isso,
primeiro temos que encontrar a densidade de fluxo de calor, de acordo com as fórmulas a
seguir:
Superfície sombreada:

q = U x Δt

Na qual:
q = densidade de fluxo de calor (W/m²)
U = transmitância térmica (W/m²K)
Δt = diferença entre as temperaturas interior e exterior (K)

Na superfície ensolarada, acrescenta-se o valor da temperatura solar à equação de densida-


de de fluxo de calor:

tSOLAR = x I x RSE

Na qual:
= coeficiente de absorção
I = radiação solar (W/m²)
RSE = Resistência Superficial Externa (m²K/W)

A fórmula da densidade de fluxo de calor neste caso é a seguinte:

q = U (tSOLAR + Δt)

Calculada esta densidade, encontra-se o fluxo de calor que é a quantidade de energia (watts)
transmitida por meio do fechamento.
Q = q x A, na qual
Q = fluxo de calor (W)
q = densidade de fluxo de calor (W/m²)
A = Área do fechamento (m²)

67


Caro(a) aluno(a), vamos utilizar nossos exemplos anteriores para aprender a fazer estes cál-
culos? Vamos considerar que a parede tem 12,00m², está localizada na cidade de Maringá-PR,
orientada para Norte, considerando o horário de 12h, sua radiação solar é de 66W/m², a
temperatura interna é de 24ºC e a externa é de 32ºC. Primeiro vamos calcular para a parede
sombreada, ou seja, não é necessário utilizar a temperatura solar:
Tabela 7 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma soluções construtivas sombreadas

Parede Câmara de ar Câmara de ar


com superfície Lã de rocha
refletora
q (W/m²) 21,64 10,96 8,88 4,16
Q (W) 259,68 131,52 106,56 49,92
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).

Agora, vamos utilizar os mesmos dados, porém, com a parede ensolarada, ou seja, vamos
acrescentar a temperatura solar. Ainda vamos ver o que acontece se a parede estiver pintada
de preto ( = 0,97) ou de branco ( = 0,2).
Tabela 8 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma soluções construtivas ensolaradas e pintadas de branco

Branco Parede Câmara de Ar Câmara de Ar com superfície refletora Lã de Rocha


q (W/m²) 22,42 11,68 9,47 4,43
Q (W) 269,04 140,16 113,64 53,21
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).
Tabela 9 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma soluções construtivas ensolaradas e pintadas de preto

Preto Parede Câmara de Ar Câmara de Ar com superfície refletora Lã de Rocha


q (W/m²) 27,77 14,47 11,72 5,49
Q (W) 333,30 173,62 140,67 65,90
Fonte: adaptada de Lamberts (1997).

Com todos esses dados, você pode observar a importância dos fechamentos serem sombre-
ados e, também, a influência que a cor externa tem no ganho de calor dentro da edificação,
quando o fechamento está ensolarado. E os fechamentos transparentes? Lembra-se de que,
além de transferir calor por radiação e convecção, também há a transmissão direta? Por
isso, para estas superfícies, precisamos conhecer o Fator Solar, vamos lá?
O fator solar (Fs) é a razão entre a quantidade de energia solar que penetra através da
superfície, pela energia incidente. Portanto, ele vai variar de material, para material. No
caso das superfícies transparentes, para calcular a densidade de fluxo de calor, utilizaremos
a fórmula a seguir:

68
DESIGN

q = (U x Δt) + (Fs x I) o da parede preta do exemplo anterior. Portanto, é


por meio destes fechamentos que temos a maior en-
Na qual: trada de calor nas edificações.
q = densidade de fluxo de calor (W/m²) É preciso, então, observar os materiais, sua
U = transmitância térmica (W/m²K) orientação e a proteção que este recebe, para que a
Δt = diferença entre as temperaturas interior e edificação tenha um desempenho térmico adequado
exterior (K) e permita que o usuário sinta-se em bem-estar.
Fs = Fator Solar
I = radiação solar (W/m²)

Na parte da fórmula em que você multiplicar U x Δt,


estará encontrando o valor de densidade de fluxo de
calor que atravessa a abertura por condução e, na ou-
tra parte, Fs x I, encontramos o valor do ganho solar
por transmissão. Então, vamos calcular a densidade
de fluxo de calor para uma janela de 6m², compos-
ta por vidro simples de 3mm, cuja transmitância é
de 5,79W/m²K e o Fator Solar é de 0,87. A situa-
ção é a mesma anterior: está localizada na cidade de
Maringá-PR, orientada para Norte, considerando o
horário de 12h, sua radiação solar é de 66W/m², a
temperatura interna é de 24ºC e a externa é de 32ºC.
q = 5,79 x 8 + 0,87 x 66 = 103,74W/m²
Portanto, seu fluxo de calor será:
Q = 103,74 x 6 = 622,44W

Se esta superfície não fosse ensolarada, ou seja, não


existisse a radiação incidente (I), teríamos as seguin-
tes densidades de fluxo de calor e fluxo de calor:
q = 5,79 x 8 = 46,32W/m²
Q = 46,32 x 6 = 277,92W

Mais uma vez, podemos observar a importância


do sombreamento, principalmente das superfícies
transparentes. Seu ganho de calor é muito maior que

69


Ventilação Natural e
Uso de Vegetação

Olá, aluno(a)! Agora você vai entender como acon- mas não menos importante, vem a ventilação.
tece a ventilação natural nas edificações. Já percebeu Vimos também que há diversas formas de per-
que alguns ambientes são muito bem ventilados, en- der calor para o meio. Uma delas é a convecção, que
quanto outros o ar nem se movimenta? É necessário acontece quando o ar passa em movimento pela
saber promover esta ventilação nos ambientes que nossa pele e retira o calor. Quando estamos com
são projetados. muito calor, ligar o ventilador pode ser um alívio,
Como vimos anteriormente, esta é uma das es- não é mesmo? Isto acontece porque ele coloca o ar
tratégias que encontramos na carta bioclimática de em movimento.
Givoni e que deve ser utilizada em situações nas O vento pode ser desejável no verão e indesejável
quais a umidade do ar é maior que 80% e, também, no inverno, porém ele nem sempre vem da mesma di-
em locais com umidade menor, porém com tempe- reção, por isso é possível planejar essa ventilação. Al-
ratura entre 27 e 32ºC. Não deve ser utilizada onde guns fatores também podem modificar a direção do
a temperatura for menor que 20ºC, nem maior que vento, como a topografia, a vegetação e as edificações.
32ºC. Vimos que o sombreamento é a estratégia Podemos encontrar as informações sobre o ven-
mais importante no nosso país e, em segundo lugar, to de uma determinada região na rosa-dos-ventos.

70
DESIGN

Ela reúne algumas informações, como a direção, a


velocidade e a frequência deste elemento, nas dife-
rentes estações do ano. Devemos analisar estas in-
formações para saber como orientar as aberturas.
Uma outra variável que deve ser considerada é
a área útil de ventilação: as janelas quando abertas
têm uma área onde acontece a ventilação efetiva e
isto muda para cada tipo de janela.
A implantação da edificação tem uma grande
influência na ventilação. Como já foi dito anterior-
mente, o vento pode vir de uma direção no verão e
Figura 10 - Utilização do ventilador
de outra no inverno, por isso a forma como as aber-
turas localizam-se influencia no conforto térmico.
A técnica mais eficaz para promover a ventilação
é a cruzada, na qual o vento precisa ter por onde en-
trar e por onde sair da edificação. Devemos observar
as divisórias e repartições destas edificações, além
de verificar se não estão interrompendo a ventilação.
Há formas de captar o vento, fazendo que ele en-
tre nas edificações. Isto se dá por meio da ventilação
vertical, ou mais conhecido como efeito chaminé.
O ar, quando esquenta, sobe, por isso ele precisa ter
por onde sair; quando temos aberturas altas, o ar
quente sai por estas e o ar fresco é forçado a entrar
Figura 11 - Vento indesejável no inverno
pelas aberturas mais baixas. Veremos mais detalhes
adiante sobre o efeito chaminé e a ventilação cruza-
da. Agora, vamos conhecer algumas formas de pro-
mover esses tipos de ventilação.
Os lanternins são elementos muito utilizados
para saída de ar quente. Este mecanismo consiste em
duas aberturas zenitais na cobertura, o que favorece
a ventilação cruzada. Outro elemento que pode ser
utilizado na saída de ar quente é a mansarda, que
ventila a região do telhado, chamada ático. As torres
de ventilação têm a mesma função e, para que fun-
cionem, devem estar voltadas contrárias ao vento
predominante. Figura 12 - Diversos tipos de janela

71


Figura 13 - Mansarda

Para forçar a entrada de ar, podemos utilizar ainda do a temperatura está mais alta e a umidade do ar mais
os captores de ventos, que são parecidos com as tor- baixa. O ar frio deve entrar na edificação neste período
res de ventilação, porém devem estar voltados para para retirar o calor das estruturas, lembrando que, para
o vento predominante. Uma estratégia para forçar a ser eficiente, precisamos ter uma saída de ar quente.
ventilação, mesmo em dias chuvosos, é a utilização Portanto, a ventilação deve ser explorada sempre
de peitoris ventilados, assim a janela não precisa es- que você observar temperaturas mais altas, princi-
tar aberta para que haja a ventilação, mas para forçar palmente quando a umidade relativa do ar também
a entrada do vento por estas estruturas, precisamos estiver acima dos limites, pois é neste momento que
utilizar aberturas altas para saída de ar quente. o usuário tem maior dificuldade em perder calor por
Também podemos controlar ou direcionar o ar, evaporação e precisa da convecção para ajudá-lo.
utilizando elementos externos à edificação, antes mes- Um erro comum encontrado em imóveis, prin-
mo dele atingi-la. Uma forma de promover a entra- cipalmente no Brasil, é a falta de ventilação, que cau-
da do ar nas aberturas é a utilização de beirais, assim sa problemas, como: umidade, acúmulo de sujeiras,
como protetores solares e a própria vegetação. Esta proliferação de ácaros e o objeto dos nossos estudos,
última pode ser locada também de forma a bloque- a insuficiência térmica.
ar e filtrar o vento, quando este for indesejável, o que A falta de ventilação nas zonas urbanas, com
também pode ser promovido por elementos vazados. uma alta densidade de população, tem sido uma
Você viu anteriormente que, em alguns casos, de- causa fundamental na transmissão de doenças, além
vemos optar pela ventilação noturna; isto ocorre quan- de provocar desconforto e tensão. Sem uma boa cir-

72
DESIGN

culação do ar dos edifícios, existe um aumento no mínimo duas aberturas para o lado de fora do edifí-
nível de umidade produzido, por exemplo, na co- cio, localizadas diagonalmente.
zinha, no banheiro e pela própria transpiração dos A seguir, podemos observar nas figuras, as trajetó-
corpos (HERTZ, 2003). rias do vento para dentro dos ambientes e como o posi-
O maior benefício que a boa e adequada ven- cionamento das aberturas e dos obstáculos nos interio-
tilação nos ambientes proporciona é a troca e re- res favorece ou não distribuição de ar de forma eficiente.
novação do ar que, com o movimento dos ventos, Vamos pensar num exemplo prático de ventila-
leva consigo vários micro-organismos prejudiciais à ção cruzada fora de uma edificação, para entender-
saúde humana, gases tóxicos e odores indesejados, mos a eficácia que esse mecanismo pode nos pro-
deixando e mantendo o ambiente fresco e arejado. porcionar: em um dia bem quente, pegue seu carro
De acordo com Frota e Schiffer (2003, p.124), para dar uma volta – você como motorista –, feche
“A ventilação natural é o deslocamento do ar através todos os vidros e sem ligar o ar-condicionado, após
do edifício, através de aberturas, umas funcionando um ou dois minutos, vai perceber o mal-estar com
como entrada e outras, como saída”. Dessa forma, a falta de ventilação e calor excessivo. Então, abra o
podemos observar a importância e a necessida- vidro do lado oposto ao seu (do passageiro), e logo
de que a dimensão e a posição das aberturas têm e irá perceber, instantaneamente, uma melhora nas
como elas são definidas, para que seja proporciona- condições de fadiga e calor, pois a entrada de ar pro-
do um fluxo de ar adequado aos ambientes. move essa renovação no ambiente interno do carro.
Já o fluxo de ar que entra ou sai da edificação de- Agora, quer perceber o efeito da ventilação cruzada?
pende de alguns fatores: da diferença de pressão do Abra a janela do passageiro atrás de você. Pronto! A
ar entre os ambientes internos e externos, da resis- melhora no conforto irá aumentar de forma acen-
tência ao fluxo de ar oferecida pelas aberturas e pelas tuada, visto que a renovação de ar no interior do
obstruções internas, além de implicações relaciona- veículo é bem maior quando promovida a ventila-
das à incidência do vento e à forma da edificação ção cruzada, ou seja, uma entrada e uma saída de ar,
(FROTA; SCHIFFER, 1999). opostas em diagonal. Esse é o mesmo efeito que po-
demos ter dentro de um ambiente quando dispomos
VENTILAÇÃO CRUZADA de aberturas para a promoção e renovação do ar.
Além de nos preocuparmos com a circulação
Uma das melhores formas de promover a ventilação de ar pelos cômodos como forma de resfriamento
natural para dentro do ambiente é por meio da ven- do ambiente, precisamos observar o movimento do
tilação cruzada, principalmente para regiões quen- ar ao redor do edifício e, assim, melhor adequar as
tes e úmidas. aberturas com os elementos de interiores, para que
Este tipo de ventilação ocorre quando temos o o fluxo e a renovação do ar aconteçam de manei-
escoamento de ar entre aberturas localizadas nas pa- ra satisfatória. Prédios altos nas proximidades, por
redes, onde a localização dessas aberturas permita exemplo, além de elementos naturais altos como ár-
o escoamento do ar por vários cômodos, ou ainda, vores e arbustos, podem desviar o ar e até mesmo
dentro de um mesmo cômodo, caso este tenha no alterar as trajetórias dos ventos e sua velocidade.

73


1 2 3

4 5 6

Figura 14 - Padrão da ventilação determinado pelo posicionamento de esquadrias

1 2 3

4 5 6

Figura 15 - Estudo do fluxo de ar em ambientes em fun ção da presença de divisórias e repartições internas
Fonte: adaptado de Watson e Labs (1983).

74
DESIGN

Figura 16 - Ventilação cruzada


Fonte: Projeteee ([2018], on-line)4.

Segundo Hertz (2003), a localização das saídas e entradas de ar, em relação à altura
sobre o nível do piso, contribui satisfatoriamente para a eficácia dos efeitos de movimento
do ar, e o que podemos notar é que:
• O tipo e a localização das entradas têm uma grande relação com o padrão do mo-
vimento do ar no interior. Em contraposição, as saídas têm menor relação com esse
padrão;
• Mais importante que o número de trocas de ar por hora num cômodo é a velocidade
do seu movimento. Por isso, o tamanho das saídas deve ser maior que o das entradas;
• As mudanças na direção do movimento do ar, ao cruzar os espaços interiores, redu-
zem significativamente sua velocidade e, por isso, devem ser evitadas;
• Edifícios na proximidade da construção, elementos topográficos e a paisagem po-
dem influir para melhorar ou piorar a ventilação natural.

Assim, podemos verificar que a ventilação traz inúmeros benefícios ao ambiente interno,
reduzindo a temperatura do ambiente ao trocar o ar quente de dentro pelo ar fresco de fora,
o que faz aumentar a transpiração dos usuários, proporcionando uma sensação de redução
da temperatura com o simples movimento do ar.

75


VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ

Como já estudamos anteriormente e sabemos, por da convecção, o ar mais quente sobe, proporcionan-
meio de aulas de física ao longo de nossa vida, por do a ventilação e renovação do ar no ambiente.
meio da convecção, quando temos a circulação do ar Quando as aberturas nas edificações são posicio-
que acontece dentro de um ambiente, o ar quente sobe nadas corretamente, criamos correntes de ar nos inte-
e o ar frio desce. É aí que entra o fenômeno conhecido riores, trazendo assim maior conforto térmico ao am-
por “efeito chaminé”, que é uma das formas utilizadas biente. Importante nos atentarmos às maneiras e aos
para gerar ventilação natural dentro dos ambientes. dimensionamentos corretos dessas aberturas, para
A explicação é simples: um ambiente é carregado que as correntes de ar ajudem ao invés de prejudica-
de cargas térmicas geradas pelas pessoas, equipamen- rem o conforto, o que também é comum e visto como
tos, mobiliários, revestimentos, luz artificial etc., que erro de projeto. Desta forma, importante observar
somadas tendem a ter a temperatura interna maior que o mais indicado seria que as aberturas de entrada
do que a externa. Assim, quando existem aberturas, de ar estejam posicionadas abaixo das aberturas de
o ar externo mais frio entra e naturalmente, por meio saída, proporcionando assim o efeito chaminé.

Figura 17 - Efeito chaminé


Fonte : Projeteee ([2018], on-line)4.

76
DESIGN

USO DE VEGETAÇÃO

Já vimos que diversos fatores influenciam e ajudam -las, bloqueando também a luz natural. Uma solução
para o bom comportamento térmico nas edificações, poderia ser o uso de árvores com folhas caducas que,
e não é diferente quando pensamos no paisagismo além de sombrear a abertura sem bloquear a luz na-
ou na vegetação utilizada na composição, tanto de tural, possibilitaria a incidência solar no período de
ambientes internos quanto de seus arredores. inverno com a queda das folhas (LAMBERTS; DU-
A forma como a edificação se integra com a ve- TRA; PEREIRA, 1997).
getação influencia muito no controle da ventilação. Para a ambientação de interiores, a utilização
Plantas próximas às aberturas podem diminuir a de áreas verdes é um fator predominante e muito
intensidade do vento, atuando como uma barreira. solicitado por clientes, que buscam integrar os am-
Elas ainda podem direcionar o vento para as abertu- bientes de forma a levar maior qualidade de vida aos
ras, quando esta for a necessidade. Tanto vegetação usuários. Quando falamos em vegetação, podemos
quanto edificações podem causar sombras de vento incluir neste meio as árvores, arbustos, forrações e
e quanto mais altas e mais largas forem maior a som- gramados, plantas trepadeiras, entre outros.
bra que causam. A vegetação pode ser utilizada isoladamente
A vegetação contribui para a melhora do am- (hortas, jardins), ou integrada ao edifício, à água e
biente físico. As árvores, por exemplo, podem redu- ao mobiliário urbano, como nos jardins de inverno,
zir os ruídos, atuar como um filtro de ar captando pergolados, paredes externas e coberturas. A vegeta-
a poeira, atuar como elementos de proteção solar e ção e a água geram um microclima de temperaturas
ainda como elementos de proteção visual (OLGYAY, amenas e umidificação do ar, favorecendo a renova-
1998). Na escolha das espécies é necessário conside- ção do ar e o convívio humano em agradáveis pon-
rar a forma e as suas características durante o ano, tos de encontro (ADAM, 2001).
tanto no período de verão quanto de inverno.
A falta de áreas verdes aliada aos materiais da en-
voltória da edificação e aos materiais de interiores têm
prejudicado muito o comportamento do clima urba-
no, devido às incidências diretas da radiação solar.
Também, sem as barreiras, as temperaturas tendem a
cair mais rapidamente no inverno, devido à facilidade
com que os materiais perdem calor para o meio.
A vegetação pode ser usada para complementar
o sombreamento de uma abertura, quando o uso de
proteção solar não for suficiente. Há casos em que
a incidência de sol se dá quase perpendicularmente
à fachada. Para a proteção solar de aberturas nestas
condições, possivelmente, seria necessário obstruí-

77


Geometria Solar

Caro(a) aluno(a), para finalizar o nosso conteúdo de Então, vamos lá! Primeiro, você precisa lembrar
conforto térmico, você vai compreender como acon- como acontecem os movimentos da Terra. Ela faz
tece a trajetória solar. Esse estudo se dá por meio da dois movimentos, o de rotação e o de translação. O
geometria solar. Neste tópico, você vai entender que movimento de rotação é o que a Terra faz em torno
é possível determinar a posição do sol para o local do seu próprio eixo, este movimento resulta nos dias
em que está trabalhando, de acordo com a hora do e nas noites. Enquanto o movimento de translação é
dia e a época do ano. o que a Terra faz em torno do Sol, que dura aproxi-
A geometria da insolação determina graficamen- madamente 356 dias e 6 horas.
te a posição do sol, de acordo com a latitude, a hora A Terra percorre esta trajetória com uma incli-
do dia e a época do ano. Você vai aprender a fazer a nação em seu eixo de 23º27’ em relação à linha do
leitura deste gráfico, o que será importante para que Equador. Isto vai definir os dois trópicos existen-
saiba os momentos em que o sol vai entrar pelas aber- tes, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio.
turas, em que horas do dia bate sol em determinada Por conta desta inclinação, os hemisférios recebem
área do piso ou da parede. Você determinará o layout quantidades diferentes de radiação em cada época
de uma forma melhor, pensando nestes pontos. do ano. É por isso que, enquanto para nós aqui no

78
DESIGN

Brasil é inverno, no hemisfério norte é verão, e vi- azimute (A) indica a projeção da trajetória do Sol
ce-versa. Isto quer dizer que vem deste movimento, em relação ao norte, varia de 0º a 360º. Já a altura
somado a esta inclinação, as características das esta- solar (H) indica o ângulo que o Sol forma com o
ções do ano. horizonte, este vai variar de 0º a 360º. Por conta
Temos alguns dias do ano que são muito impor- do movimento aparente do Sol, estes ângulos vão
tantes com relação às estações. São nestes dias que variar de acordo com três fatores: hora do dia, dia
elas iniciam-se; para o verão e o inverno, temos os do ano e latitude.
solstícios e, para a primavera e outono, temos os
equinócios. Vamos observar as características destes
dias. No equinócio, o Sol incide perpendicularmen-
DIA e NOITE
te à linha do Equador, dias e noites têm o mesmo
tempo de duração. Aliás, o nome equinócio vem
desta característica, significa “dias iguais às noites”.
No hemisfério sul, o equinócio de primavera ocorre
em torno de 23 de setembro, enquanto o de outono,
dia
em 21 de março.
Os solstícios têm características bem diferentes
dos equinócios. Em torno do dia 21 de junho, acon-
tece o início do inverno no hemisfério sul, temos a sol
noite mais longa do ano, é quando o Sol incide per-
pendicularmente ao Trópico de Câncer. Já próximo terra
do dia 23 de dezembro, temos o início do verão no
noite
hemisfério sul, este é o dia mais longo do ano, quan-
do o Sol incide perpendicularmente no Trópico de
Capricórnio. Figura 18 - Movimento de rotação resulta nos dias e nas noites

A sensação que as pessoas que estão na Terra


têm é de que o Sol que se movimenta ao seu redor e,
por muito tempo, acreditou-se nisto. Observe o céu:
você vai perceber que este movimento é percebido
como uma circunferência na esfera celeste. Se con-
siderarmos um determinado dia e horário, pessoas
que estão em latitudes diferentes observarão o Sol
em diferentes posições. Isto é o que chamamos de
trajetória aparente do Sol.
A posição que o Sol se encontra na abóba-
da celeste será identificada por você por meio de
dois ângulos, chamados azimute e altura solar. O Figura 19 - Movimento de translação, caracterizando as estações do ano

79


TRAJETÓRIA
SOLAR Na carta solar, você vai observar estes ângulos e será
HORÁRIO
DO DIA capaz de determinar a posição do Sol de acordo com
os fatores citados anteriormente. Ela será um diagra-
ma que representa as projeções das trajetórias do Sol
durante todo o ano. Nesta carta, consideramos a Ter-
ra fixa e o Sol fazendo o movimento em torno dela.
Em cada época do ano, o Sol muda a sua trajetória.
Podemos observar na carta solar que nas extremidades
estão os dias de solstícios de inverno e verão, e a linha
do centro representa o equinócio. As informações que
vamos encontrar nesta carta são: hora do dia, época do
AZIMUTE ALTITUDE ano, altura solar, azimute solar e trajetória do sol.
SOLAR SOLAR Por meio das informações deste diagrama, você
poderá determinar se o Sol vai entrar por uma deter-
Figura 20 - Carta Solar e seus elementos de composição
minada abertura, por qual período isso acontece e se
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (1997). há necessidade de protegê-la. Isto pode ser determi-
nante até mesmo para a determinação do layout do
Meio Dia
ambiente que você vai desenvolver o projeto.
Vamos utilizar a carta solar da cidade de Maringá-
-PR, localizada a uma latitude de 23º25’S para demons-
Poente Altura trar a utilização deste diagrama. Vamos iniciar, fazendo
Solar a leitura dos azimutes e alturas solares, nos dias de sols-
Norte tícios e equinócios, em três horários diferentes.
Oeste
O procedimento para retirar as informações da
Carta Solar é o seguinte: para encontrar o Azimute:
o azimute vai de 0º a 360º em relação ao Norte, dia
22 de dezembro às 9 horas da manhã: com uma ré-
Azimute gua e uma lapiseira, pegar o ponto central da carta,
esse ponto é o ponto do observador. Ligue o ponto
do observador até o ponto do horário, 09:00 até che-
Sul Sul Sul gar na linha externa do círculo (azimute). O valor
Figura 21 - Geometria Solar, Azimute e Altura Solar.
encontrado é o valor do Azimute, 100º.
Fonte: adaptada de Frota e Shiffer (2003).

80
DESIGN

Tabela 10 - Análise de altura e azimute solar na carta solar de Maringá


Para encontrar a altura solar, que vai de 0º a 90º
Dia Hora
em relação à altura do Sol, pegue um compasso, co-
9h 12h 15h
loque a ponta seca no ponto do observador e a pon-
22/Dez H= 50º H= 90º H= 50º
ta com grafite no horário, depois trace um arco no
sentido horário até chegar na linha da altura solar, o A= 100º A= 0º A= 260º

valor encontrado será a altura do Sol, em relação a 21/Mar


H= 40º H= 80º H= 40º
23/Set
90º da Terra, nesse caso 50º.
A= 70º A= 0º A= 290º
Latitude: -23.25 N 22/Jun H= 25º H= 42º H= 25º
0
α
A= 45º A= 0º A= 315º
Fonte: Labeee ([2018], on-line) .
5

Por meio dos dados encontrados, podemos consta-


22 Jun 22 Jun tar que os azimutes ao meio-dia são sempre 0º, con-
24 Jul 21 Mai
siderando-se o horário solar. As alturas solares, para
28 Ago 16 Abr
um mesmo dia, às 9h e às 15h, serão sempre as mes-
23 Set 21 Mar
O270 90 L mas, e os azimutes serão complementares, ou seja,
14 13 12 11 10
15 9 ambos com a mesma distância angular do norte.
20 Out
16 70 8 23 Fev
17 7
Isso acontece porque estes horários são simétricos
22 Nov 18 50 6 21 Jan
22 Dez 22 Dez em relação ao meio-dia.
30

10

180 β
γ γ S

Figura 22 - Carta Solar de Maringá (Latitude 23º25’)


gerada por meio do programa Sol-Ar
Fonte: Labeee ([2018], on-line)5.

Após gerados os dados para a carta solar de Marin-


gá, podemos observar a tabela a seguir quanto à aná-
lise de altura e azimute solar.

81
considerações finais

P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos sobre o conforto ambiental térmico e
suas aplicações. Aprendemos que o homem é um animal homeotérmico e tam-
bém sobre as exigências do corpo humano em relação ao calor e ao frio, utilizan-
do os mecanismos de termorregulação para cada tipo de clima, sendo que, no
verão, quando estamos com calor, acionamos a vasodilatação e, no inverno é acionada a
vasoconstrição, isso nos garante, inclusive, a sobrevivência.
Aprendemos também que cada material tem uma resistência térmica diferente e sua
aplicação em ambientes pode afetar diretamente a qualidade térmica do espaço. Vimos,
ainda, a geometria solar e compreendemos que, por meio da carta solar, podemos iden-
tificar, para determinadas datas do ano e horário, em qual lugar o Sol estará, para assim
podermos trabalhar de forma adequada os ambientes.
Compreendemos a importância da ventilação natural e o uso de vegetação nas edifi-
cações, trazendo qualidade de vida aos usuários, minimizando riscos de doenças e dete-
rioração de patrimônios. Conhecemos alguns benefícios da ventilação cruzada e do efeito
chaminé na propagação e renovação do ar nos ambientes, garantindo assim melhor efici-
ência energética.
O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apresenta grande variação de
clima, como vimos no mapa. Por isso, temos que ter em mente que uma solução para o Sul
do país, em relação ao conforto térmico, não é a mesma que vai ser utilizada para o Norte
do país. É necessário entender e estudar o clima da região que estamos trabalhando para
desenvolver melhor as soluções projetuais dos ambientes que estamos projetando.
Caro(a) aluno(a), esperamos que após a leitura desta unidade o assunto esteja mais
claro, mas entendo que será durante as aulas que a aplicação de toda essa teoria fará mais
sentido. Bons estudos!

82
atividades de estudo

1. As variáveis climáticas definem as características dos climas. As principais variáveis que temos são:
Radiação Solar, Temperatura do Ar, Velocidade do Ar e Umidade. Sobre estas variáveis, analise as
afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Em climas secos, ocorrem grandes picos de temperatura durante o dia, por conta da falta de vapor
d’água na atmosfera. Uma estratégia para amenizar este desconforto do usuário é a utilização de pare-
des com baixa capacidade térmica, ou seja, que têm capacidade de reter o calor em seu interior.
II. Nos climas muito úmidos, o usuário não consegue perder calor por evaporação, por isso é necessário
utilizar estratégias como a ventilação para melhorar o conforto térmico.
III. As condições do vento local podem ser alteradas com a presença de vegetação, edificações e outros
anteparos naturais ou artificiais; permitindo tirar partido deles para canalizar os ventos desviando-os
ou trazendo-os para a edificação.
IV. A vegetação pode interceptar entre 60% e 90% da radiação solar, causando uma redução da tempe-
ratura do solo. Isto acontece porque o vegetal absorve parte da radiação solar para seu metabolismo.
a. Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
b. Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
c. Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d. Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

2. O profissional precisa entender os conceitos de transmissão de calor e comportamento térmico dos


fechamentos para dimensionar e especificar corretamente as aberturas e materiais a serem empre-
gados na obra. Estes fechamentos podem ser opacos ou transparentes, sobre este assunto, as-
sinale a alternativa correta:
I. Os fechamentos transparentes diferenciam-se dos opacos por uma determinada característica chama-
da transmissividade térmica, que é a capacidade de transmitir diretamente a radiação solar.
II. Nos fechamentos opacos, a absorção de calor é decorrente da cor superficial do material. Em relação
à absorção, quanto mais clara for a superfície menos calor ela absorve.
III. Os fechamentos transparentes mais comuns, quando evitam a entrada de calor, diminuem também a
entrada de luz natural, isto ocorre, pois as ondas curtas dividem-se em ondas visíveis e infravermelhas.
IV. A transmissão de calor pelos fechamentos ocorre pela diferença das temperaturas externa e interna,
o sentido do fluxo é do local mais frio para o local mais quente. Sendo que nas paredes isto ocorre de
forma horizontal e nas lajes de forma vertical.
V. Podemos utilizar algumas variáveis para amenizar o ganho de calor pelos fechamentos transparentes,
são elas: proteções internas e externas, tipo de vidro, dimensões e orientação da abertura.

83
atividades de estudo

As alternativas corretas que melhor correspondem ao enunciado do exercício são:


a. Apenas as assertivas I e II.
b. Apenas as assertivas II, III e IV.
c. Apenas as assertivas II e V.
d. Apenas as assertivas I, II, III e V.
e. Apenas as assertivas II, III, V e IV.

3. Os materiais opacos têm características, como: resistência térmica, condutividade térmica e transmi-
tância térmica. Estas características têm relação com a densidade e a espessura das paredes. Fazendo
uma relação entre os elementos citados acima, assinale a alternativa correta:
I. Materiais de menor densidade, como o isopor, têm resistência maior que os de maior densidade.
II. Materiais muito densos, como o concreto, conduzem menos calor por unidade de tempo.
III. Se compararmos duas paredes de mesma condutividade e espessuras diferentes, a de maior espessu-
ra será a mais resistente.
IV. Se compararmos duas paredes de mesma espessura, será mais resistente a que tiver menor conduti-
vidade.
V. As paredes de maior resistência têm menor transmitância, ou seja, transmitem menos calor.

As alternativas corretas são:


a. Apenas as assertivas I, III, IV e V.
b. Apenas as assertivas II, III, IV e V.
c. Apenas as assertivas I, III, V.
d. Apenas as assertivas I, II, III e V.
e. Apenas as assertivas I, II e III.

4. Na Carta Bioclimática de Givoni, encontramos estratégias de projeto para o conforto do usuário nas
edificações. Sobre estas estratégias, assinale a alternativa correta:
I. Nas condições delimitadas pela Zona de Conforto, há uma grande probabilidade de que as pessoas se
sintam em conforto térmico no ambiente interior.
II. Entre as zonas de ventilação, resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento acontecem
algumas interseções. Nestas áreas do gráfico, mais de uma estratégia deve ser adotada, inclusive si-
multaneamente.
III. O sombreamento é uma das estratégias mais importantes no Brasil. Esta estratégia deve ser utilizada
sempre que a temperatura do ar for superior a 20ºC, até mesmo na Zona de Conforto.

84
atividades de estudo

IV. Em algumas regiões, o clima pode ser muito severo, ultrapassando os limites de temperatura e umi-
dade relativa que tornam possível a aplicação de algum sistema passivo para resfriamento ou aqueci-
mento. Nesses casos, recomenda-se o uso de aparelhos de ar-condicionado, para refrigeração, e de
aquecimento artificial.
V. No clima quente e úmido, a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser adotada, fazendo com
que a temperatura interior acompanhe a variação da temperatura exterior. A ventilação é aplicável
independentemente da temperatura exterior.

As afirmações corretas que correspondem à Carta Bioclimática de Givoni são:


a. Apenas as assertivas II, IV e V.
b. Apenas as assertivas III, IV e V.
c. Apenas as assertivas I, II, III e V.
d. Apenas as assertivas II, III, V.
e. Apenas as assertivas I, II, III e IV.

5. Para a compreensão do comportamento térmico das edificações é necessária uma base conceitual de
fenômenos de trocas térmicas. Esse conhecimento permite também melhor entendimento acerca do
clima e do relacionamento do organismo humano com o meio ambiente térmico.
As trocas térmicas entre os corpos advêm de uma das duas condições básicas:
• existência de corpos que estejam a temperaturas diferentes;
• mudança de estado de agregação.

Os mecanismos de trocas de térmicas secas são:


a. convecção, radiação e condução.
b. convecção, precipitação e evaporação.
c. vaporização, radiação e condução.
d. convecção, radiação e evaporação.
e. condensação, radiação e evaporação.

85
LEITURA
COMPLEMENTAR

Prezado(a) aluno(a), o texto para leitura é de um artigo que fez um estudo sobre o conforto térmico e ambientes na-
turalmente ventilados. Boa Leitura!

Conforto térmico e ambientes naturalmente ventilados.


Avaliação de conforto térmico
A proposta de avaliação de conforto térmico apresentada pela norma americana STANDARD 55 (2010, p. 5) é iden-
tificar condições térmicas aceitáveis para a maioria dos ocupantes de espaços internos, já que “é difícil satisfazer a
todos os ocupantes em um espaço, visto que existe grande variação fisiológica e psicológica entre os ocupantes de um
espaço”. Ao considerar os aspectos psicológicos, a norma considera que “dimensão psicológica de adaptação pode
ser particularmente importante em contextos onde as interações das pessoas com o meio ambiente (ou seja, controle
pessoal térmico), ou diversas experiências termais, podem alterar as suas expectativas e, assim, a sua sensação térmi-
ca e satisfação” (CANDIDO e DEAR, 2012, p. 85).
Para esta norma existem fatores principais e secundários a serem considerados ao se fazer uma análise de conforto
térmico. O “seis fatores principais que devem ser abordados quanto a definição das condições de conforto térmico
são: taxa metabólica, isolamento roupas, temperatura do ar, temperatura radiante, velocidade do ar, umidade”, STAN-
DARD 55 (2010, p. 5), e deixa claro que os outros fatores podem afetar a percepção de conforto, embora não possam
ser determinados ou mensurados cientificamente.
A norma internacional ISO 7730 (2005) diz que “sensação térmica de um ser humano é principalmente relacionado ao
equilíbrio térmico do seu corpo como um todo. Esse equilíbrio é influenciado pela actividade física e vestuário, bem
como os parâmetros ambientais: ar temperatura, temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade do ar”.
Assim sendo, a norma diz: “o conforto térmico é uma condição da mente que expressa satisfação com o ambiente tér-
mico”. Tal conceito corrobora com o apresentado pela norma americana em muitos aspectos, porém não considera
aspectos psicológicos ao relacionar a percepção com o condições térmicas do ambiente.
Um estudo sobre a “influência do conforto térmico na atenção e memória em estudantes universitários”, BATIZ, E. C,
GOEDERT, J, (2006), avalia uma proposta de análise subjetiva de conforto térmico que aborda a natureza física, fisioló-
gica e psicológica frente aos métodos abordados nas normas supracitadas. No resultado da pesquisa há uma coinci-
dência entre a sensação térmica percebida pelos estudantes quando da aplicação do questionário subjetivo e os valo-
res de PMV usado pela ISO. Porém não foi achado, até o momento, na engenharia de produção mais nenhuma outra
pesquisa que usa este método, dando a entender que pode ser mais usado em avaliações com forte carga psicológica.
Tipos de Ambientes na análise de conforto térmico

86
LEITURA
COMPLEMENTAR

Os parâmetros ambientais tradicionalmente analisados em estudos de conforto térmico em ambiente térmicos mo-
derados são realizados em dois tipos de espaços: estáticos e não estáticos. Os estáticos, ou seja, os que possuem
suas variáveis controladas artificialmente, geralmente são os estudos de laboratórios que iniciaram como estudo
de Fanger (1970) em câmaras climatizadas, que referenciam vários estudos e forneceram subsídio, dados que atual-
mente são usados em pesquisas realizados em situações reais com o intuito de minimizar discrepância e obter maior
precisão relacionada aos fatores ambientais, bem como entender como os indivíduos reagem em situações normais
de desconforto.
Estudos de conforto térmico podem ainda ser desenvolvidos em espaços não controlados, e nestes as variáveis am-
bientais podem alterar-se bastante em um mesmo espaços de estudo, tanto ao longo do dia quanto ao longo do ano
e das características geográficas de onde este estudo é realizado, um exemplo são os ambientes naturalmente venti-
lados. Candido e Dear (2012, p. 81) em seu estudo revisional apresenta a “mais recente revisão da ASHRAE 55 (2010),
que incorpora a dialética entre as abordagens estática e adaptativa de conforto térmico, propondo recomendações
diferentes para edificações com ar-condicionado e naturalmente ventilados”.
Uma das novas abordagens do conforto térmico em estudo é a que pesquisa os ambientes ventilados naturalmente,
apontados como uma boa alternativa para atender parâmetros ambientais no ambiente construído, principalmente
os relacionados à eficiência energética. Estas pesquisas buscam identificar e mensurar variáveis internas que sofrem
interferências nas condições ambientais externas, a influência do envelope sobre as condições térmicas, bem como
garantir que o homem mantenha-se em uma faixa de conforto.
Pereira et al. (2011, p. 3391) deixa claro que “existe uma influência do envelope sobre o desempenho térmico”, assim
como o artigo de Rodrigues e Souza (2012, p. 193), que aborda a ventilação natural como estratégia para o conforto
térmico e apresenta esta complexidade ao concluir que “um projeto adequado de ventilação natural deve ser avaliado
em detalhes, observando-se as condições climáticas e condições de vento locais, para se ter ótimos resultados. No
entanto, em função da complexidade das condições de contorno e da imprevisibilidade das forças naturais, é muito
difícil de se definirem, corretamente, as condições de velocidade e a direção do vento, pois se trata de forças variáveis,
que não se pode controlar, como na ventilação mecânica”.

Fonte: Onegep (2013, online)6.

87
material complementar

Indicação para Ler

Manual do Conforto Térmico


Anésia Barros Frota, Sueli Ramos Schiffer
Editora: Studio Nobel
Sinopse: esta obra é um instrumento de trabalho fundamental para estudantes
e profissionais ligados à área de construções, arquitetura e urbanismo. O autor
procurou revelar aspectos tecnológicos do conforto térmico a um nível compatí-
vel com a prática de projetar.

Indicação para Acessar

O ProjetEEE, desenvolvido pela UFSC, apresenta algumas estratégias de projeto para edifícios eficientes,
quanto à ventilação natural, ao aquecimento e ao sombreamento, em diferentes cidades do país.
Acesse em: <http://projeteee.ufsc.br/>.

Link 1: Reportagem feita pela EPTV sobre conforto térmico, mostrando a Fazenda Santa Gertrudes e o pré-
dio do Campus 2 da USP - São Carlos.
Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=OjlgD1fxuEI>.
Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=noJqdGL5HZ0>.
Parte 3: <https://www.youtube.com/watch?v=kLBqRw7bD8Q>.

88
referências

ABNT. NBR 16401-2. Instalações de ar-condicionado, sistemas centrais e unitários. Parte 2: parâmetros de
conforto térmico. 2. ed. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/EngMec_
NOTURNO/TM374/NBR_16401-2_2008.pdf>. Acesso em: 01 de jul. 2017.
ABNT. NBR 15.575. Edificações Habitacionais: Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. NBR 16401-2. Instalação de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários. Rio de Janeiro, 2008.
ADAM, R. S. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Aquaria-
na, 2001.
EVANS, M.; SCHILLER, S. Diseno Bioambiental y Arquitectura Solar. Beunos Aires: Serie Ediciones Pre-
vias, 1998.
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual do Conforto Térmico. 8. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003.
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. 3. ed. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
HERTZ, J. B. Ecotécnicas em arquitetura: como projetar nos trópicos úmidos do Brasil. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7730. Ergonomics of the thermal
environment — Analytical determination and interpretation of thermal comfort using calculation of the
PMV and PPD indices and local thermal comfort criteria. Geneva, 2005. Disponível em: <http://www.buil-
dingreen.net/assets/cms/File/ISO_7730-2005.PDF>. Acesso em: 1 fev. 2018.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro:
Procel, 1997.
______. Eficiência Energética na Arquitetura. 3. ed. Reformulado. Procel: Rio de Janeiro, 2012.
OLGYAY, V. Arquitectura y Clima: Manual de Diseño bioclimático para arquitectos y urbanistas. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 1998. Edição em espanhol.
WATSON, D.; LABS, K. Climatic design: energy-efficient building principles and practices. New York: Mc-
Graw-Hill, 1983.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em:<http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis>. Acesso em: 18 out. 2017.
2 Em: <http://7a12.ibge.gov.br/en/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-territorio/relevo-e-clima.html>. Acesso
em: 18 out. 2017.
3 Em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-138854/reflexo-do-walkie-talkie-faz-carros-derreterem>. Aces-
so em: 18 out. 2017.
4 Em: <http://projeteee.ufsc.br/>. Acesso em: 18 out. 2017.
5 Em: <http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar>. Acesso em: 18 out. 2017.
6 Em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_180_031_22778.pdf>. Acesso em: 18
out. 2017.

89
gabarito

1. B.
2. D.
3. A.
4. E.
5. A.

90
UNIDADE
III
CONFORTO ACÚSTICO

Professor Esp. Alexandro Gasparini Larocca

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O som
• O ruído e o ambiente interno
• Formas do ambiente interno
• Materiais acústicos e o tempo de reverberação

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o fenômeno do som.
• Entender os tipos de ruídos e as soluções para cada um deles.
• Entender como os materiais e as formas influenciam no ambiente
interno.
• Calcular o tempo de reverberação, saber adequar o ambiente
acusticamente.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Esta unidade tem como objetivo expor os assuntos relacio-
nados à acústica. A ideia é que você aprenda, primeiramente,
os conceitos da acústica, o que são e seus significados para que,
nas próximas unidades, com a abordagem de novos assuntos, você con-
siga compreender melhor o assunto, pois esses conceitos acabam se re-
petindo outras vezes.
Antes de iniciar o nosso conteúdo, iremos definir o que é acústica,
para que você, caro(a) aluno(a), já saiba sobre o que iremos estudar neste
capítulo do livro. Então, Acústica é a disciplina que estuda os fenômenos
do som e a sua interação com nossos sentidos. Com esse estudo, pode-
mos trabalhar de forma que consigamos minimizar as condições desfa-
voráveis, como os ruídos em ambientes.
É importante ressaltar que, nesta unidade, iremos trabalhar exclusi-
vamente com a Acústica e, para que tenham uma boa compreensão do
assunto, iremos na Unidade I abordar os conceitos. Logo em seguida,
iremos aprender o que é ruído e como esse ruído se propaga em um
ambiente interno. Importante também saber como que a forma de deter-
minado ambiente influencia na propagação do som, bem como entender
o que é reflexão, absorção e transmissão, para que possamos entender,
da melhor forma possível, o que acontece com o som quando incide em
uma parede, por exemplo.
Depois de entendermos os conceitos, o que é som, ruído, seus meios
de propagação e sua divisão, iremos aprender sobre os materiais acústi-
cos. Estes são divididos em materiais absorventes e materiais isolantes e,
com esse conhecimento, você poderá aplicar esse entendimento nos cál-
culos de absorção sonora em um ambiente, bem como saber se determi-
nado ambiente é adequado em relação ao seu tempo de reverberação ide-
al, pois, como iremos estudar, cada ambiente, dependendo de sua função,
tem um tempo de reverberação ideal que devemos atingir. Bons estudos!


O Som

Caro(a) aluno(a), para iniciarmos o nosso estudo som é captado pelo ouvido humano. Nos nossos es-
sobre Acústica, é necessário primeiro entender al- tudos, quando falamos de vibração, estamos falando
guns conceitos que aparecerão durante o curso. Es- apenas daquela que é percebida pelo ouvido huma-
ses conceitos são importantes para a boa compreen- no, pois nem toda vibração pode ser percebida.
são da acústica e suas características. Segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), a voz
Primeiro precisamos entender sobre a natureza ou qualquer outro som, para poder ser percebido pelo
do som. O som tem sua origem na vibração de um nosso ouvido precisa ter como meio de propagação o ar.
objeto, provocando a vibração de partículas do meio. Porém, se esse mesmo som pode ser percebido em dois
No nosso caso da construção, essas partículas são a ambientes, com uma parede fazendo a divisão do espaço,
do ar e os materiais de construção; depois disso, o isso quer dizer que essa superfície é um meio vibrante.

96
DESIGN

Entendida a natureza do som, precisamos tam- Na percepção do som pelo ouvido huma-
bém entender o que é o som. Conforme Bistafa no, é percebido as faixas de frequência de 20Hz a
(2011), som é a sensação produzida no sistema au- 20.000Hz, sendo que 20Hz é percebido um som
ditivo. Esta sensação é produzida pelo movimento mais grave, enquanto que, quanto mais se aproxi-
organizado das moléculas que compõem o ar e que ma dos 20.000Hz, percebe-se um som mais agudo.
se propaga até ser captada pelos nossos ouvidos. As faixas de frequência ainda podem ser classifica-
Outro item que precisa ser explorado é a Onda das abaixo de 20Hz como infra som, que não são
Sonora, que é caracterizada pela Frequência. Segun- perceptíveis pelo ouvido humano e somente alguns
do Silva (2005), é chamado de frequência o número animais emitem e são capazes de ouvir esse som,
de oscilações completas por segundo. Elas são medi- como os cachorros e elefantes; e de sons acima de
das em ciclos de segundo (c.p.s.) ou em Hertz (Hz) e 20.000Hz, sendo denominados de ultrassom, tam-
determina se o som é grave ou agudo. bém não perceptível pelo ouvido humano, e que são
Por exemplo: utilizados em exames clínicos e navios, além dos
250 ciclos por segundo = 250 Hertz animais, como morcegos e golfinhos, que podem
2.000 ciclos por segundo = 2.000 Hertz ouvir e emitir esse som.

Figura 1 - Frequência sonora


[1] Segue tradução:
Infra Sound - Infra som
Audible Frequencies - Frequências Audíveis
Ultra sound- Ultrassom

97


SAIBA MAIS
damentais para o desempenho acústico em ambien-
A unidade de frequência é conhecida como tes: o comprimento de onda. Esse comprimento de
Hertz em homenagem ao físico alemão Hein- onda é representado pela letra .
rich Rudouf Hertz (1857 - 1894), que provou A relação entre a frequência e o comprimento
que a eletricidade podia ser transmitida por
meio de ondas eletromagnéticas. Com seus de onda é de entendimento, pois, conforme Souza,
estudos, foi possível a criação do telégrafo Almeida e Bragança (2012), elas são inversamente
sem fio e do rádio. proporcionais: quanto maior a frequência menor o
Fonte: adaptado de Bistafa (2011). comprimento de onda, e quanto menor a frequên-
cia maior é o comprimento de onda. A velocidade de
propagação do som no ar é de 344m/s, com tempera-
Segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), em re- tura ambiente a 20ºC (na água essa velocidade chega a
lação à onda sonora, se for considerada a distância 1.500m/s), sendo que as frequências perceptíveis, ou
entre duas vibrações seguidas a partir de uma única seja, aquelas entre 20Hz e 20.000Hz, possuem com-
fonte, ou seja, a distância que o som percorre a cada primentos de ondas de 17m para a faixa de 20Hz e
ciclo completo, tem-se uma das características fun- 17mm para faixa de 20.000Hz, conforme a Figura 2.

Figura 2 - Comprimento de Onda


Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).

A maioria dos sons que podemos ouvir são sons complexos, pois um mesmo som possui várias frequências,
enquanto que um som puro, ou tom puro, tem somente uma faixa de frequência.

98
DESIGN

INTENSIDADE SONORA

Intensidade sonora é a qualidade que permite ao 1. 1dB é a menor diferença sonora que o ouvido
ouvido diferenciar os sons fortes, ou seja, a energia humano consegue perceber.
que o som chega até o receptor. A intensidade sono- 2. Variação para um valor maior produz valor
ra varia aproximadamente com o logaritmo de in- positivo de dB, enquanto que uma variação
menor produz um valor negativo de dB.
tensidade do som e é medida em W/m². O valor de
3. 0dB significa que não houve variação.
referência adotado internacionalmente é de 10-12 W/
4. Se a variação for para zero de potência, temos
m², pois esse valor é próximo da intensidade míni-
-∞dB.
ma audível a 1.000 Hz que corresponde ao valor de
0dB na escala dos decibéis (SOUZA, ALMEIDA E Para fazermos as medições em ambiente internos,
BRAGANÇA 2012). utilizamos o sonômetro, que nos dá o resultado em
O comportamento da onda sonora, consideran- decibel, dB(A), que é a escala audível.
do o som direto, ou seja, raio sonoro sem obstácu-
los ou interferências, tende a se propagar na forma
de uma esfera, sendo assim, a intensidade ou nível
sonoro diminui logaritmicamente à medida que se
afasta do som.

A ESCALA DECIBEL

A escala decibel (dB) é uma escala logarítmica, não


é unidade de medida, sendo utilizada para facilitar
os estudos acústicos. Foi nomeada em homenagem
ao inventor Alexander Graham Bell e se aproxima
da percepção do ouvido às flutuações da pressão e
da intensidade sonora. Para utilizar a escala loga-
rítmica, é necessário utilizar o valor de referência já
citado de 10-12W/m².
Segundo Valle (2009), são vários os fatos que
explicam a conveniência de utilizar o decibel para
medir as variações de um som:
Figura 3 - Aparelho Sonômetro, utilizado para medição de dB

99


SOMATÓRIA DE DECIBÉIS

É importante lembrar que, quando temos diversas cala logarítmica e, quando as fontes são sobrepostas,
fontes sonoras e precisamos saber qual é a somatória o valor máximo que será acrescentado é o de 3dB.
dessas fontes, elas não podem ser somadas de for- A somatória das fontes sonoras são expressas na se-
ma simples. Souza, Almeida e Bragança (2002) dizem guinte fórmula:
que essa adição simples não pode acontecer, porque, [1] Escrever a fórmula
como já foi dito anteriormente, o decibel é uma es-

Na qual: Quando tivermos uma diferença de 10dB


Lptotal é o valor que queremos encontrar. ou mais entre a fonte menor e a fonte sonora
Lp1, Lp2, Lp3 é o valor das fontes sonoras. maior, o valor da somatória será aproximado ao
Por exemplo, temos duas fontes sonoras de da fonte sonora de maior valor.
70dB cada. Quando aplicamos na fórmula, tere-
mos um acréscimo de 3dB, ou seja, a somatória REFLITA
de duas fontes de mesmo valor é 73dB.
Exemplo de cálculo: ao menos 4 fontes so- Toda a música que não pinta nada é apenas
noras foram identificadas em um escritório: um ruído.
na circulação das salas 69dB; na sala de reuni- (Jean Alembert)
ões 60dB; no equipamento de ventilação 68dB
e 70dB a conversação de escritórios vizinhos.
Devemos então calcular a intensidade total do Vimos, assim, alguns conceitos relacionados à acús-
escritório: tica, de forma geral. Esses conceitos se fazem neces-
Lptotal= 10log (( 10 (69/10) + (10 (60/10) + sários, pois com o decorrer do curso serão vistos nas
10( 68/10) + 10(70/10) = 74dB aplicações da acústica e, para um entendimento me-
lhor das leituras, você já conhece seus significados.

100
DESIGN

O Ruído e o Ambiente Interno

Vimos no tópico anterior a definição de som, que é a O RUÍDO


sensação produzida no sistema auditivo, porém esta
sensação pode ser agradável (som agradável) ou um Conforme apresenta Fernandes (2002), o ruído, em
som indesejável, o ruído, em geral, pode gerar sensa- sua definição subjetiva, é toda sensação auditiva de-
ções desagradáveis ou até mesmo irritantes. sagradável ou insalubre, enquanto que, por defini-
Além disso, seja o som agradável ou um ruído, ção da física diz que é todo fenômeno acústico sem
para que seja sentido, ouvido, é preciso que ele se componentes harmônicos definidos.
propague, se espalhe no ambiente e isso é base fun- A questão dos ruídos é complexa e subjetiva
damental para a ciência de conforto acústico. Des- para podermos distinguir se determinado som é
ta maneira, precisamos compreender melhor esses ou não um ruído. Apesar de alguns sons pode-
dois conceitos, ruído e propagação do som, para as rem ser classificados como ruídos, devemos pres-
tomadas de decisões quanto a projetos de ambientes. tar atenção ao contexto em que ele está inserido,

101


Tabela 1 - Relação entre Ruídos e o Bem-Estar


pois pode ter diferente conotação em diferentes
casos. Por exemplo, o sobrevoo de um helicóp- Relação entre Ruídos e
Bem-estar
tero, se for durante o período noturno, quando
as pessoas estão dormindo, pode ser classificado Repousante 0 - 50 dB

como um ruído, mas no caso de uma pessoa que Incomodativo 50 - 80 dB

necessite de socorro pelo helicóptero, já não é Fatigante 80 - 100 dB


um ruído (BISTAFA, 2011). Perigoso 100 - 120 dB
Souza, Almeida e Bragança (2012), ainda dizem Doloroso 120 - 140 dB
que até mesmo uma música pode ser considerada Fonte: Brasil, Ministério do Trabalho, NR 15 (on-line).

um ruído, a partir do momento em que ela atrapa-


lha o andamento de uma atividade; nos objetivos do psicológicos, perda de concentração e de reflexos,
espaço, prejudicando a função de determinado am- sensação de insegurança e a irritação permanente.
biente, o som é considerado um ruído. Então, caro(a) aluno(a), devemos tratar a questão
Por isso, chamamos atenção dos(das) alu- de ruídos em ambientes de forma responsável, pois,
nos(as) nesse quesito de o que é ou não ruído, como visto no parágrafo anterior, ele não é apenas
pois, quando iremos resolver um problema de uma causa simples de incômodo, podendo levar a
acústica em um ambiente, devemos desenvolver doenças e problemas de saúde gravíssimos.
nossa habilidade acústica, ou seja, ter sensibilida-
de para entender os problemas de ruídos e quais
os ruídos devem ser tratados no ambiente, para SAIBA MAIS
que possamos tomar decisões projetuais da forma
mais assertiva nos projetos.
Em relação ao som, podemos citar como
Bistafa (2011) diz ainda que, na maioria das ve- exemplo as cordas de um violino: elas não
zes, os ruídos geram sensações indesejáveis ou até produzem sons quando seguramos uma de
mesmo problemas de saúde, como: em níveis eleva- suas extremidades e movemos de baixo para
cima. As cordas precisam ser instaladas de
dos e se exposto ao ruído por longo período, este forma adequada no violino e, quando as faze-
pode causar a perda da audição (efeito fisiológico), mos vibrar com o arco, geram som. Se quem
incômodos, como perturbação do sono, stress, que- estiver tocando o violino não for um músico,
surge sons, porém sem harmonia, diferente
da de desempenho (efeito psicológico). de quando um músico toca o instrumento,
Nesse sentido, Souza, Almeida e Bragança (2012) gerando sons harmônicos. Então é possível
ainda complementam que, nos casos de efeitos físicos, concluir que ruído também pode ser definido
como um som sem harmonia.
o ruído pode causar dores de cabeça, fadiga, distúr-
bios cardiovasculares, distúrbios hormonais, gastrite, Fonte: Adaptado de Bistafa (2011).

disfunções digestivas, alergias e, no caso dos efeitos

102
DESIGN

Tabela 2 - Intensidade sonora de ruídos e suas características

Intensidade
Fonte do Ruído Sonora Característica orgânicas
db(A)
130 - 140 Acima do Limiar da Dor.
Avião a 5 metros
Surdez permanente
Discoteca 110 - 130
Martelo pneumático a 5 me- Atinge o limiar da dor e pode causar surdez
tros instantânea
Buzina de automóvel
Caminhão carregado a 5 90 - 110
metros
Excitante e provoca dependência
Motor
Motosserra a 5 metros
Despertador a 1 metro 70 - 90
Máquina de lavar roupa 1 Estressante
metro
Circulação no interior das 50 - 70
habitações Aceitável, porém pode iniciar o stress auditivo
Conversação a 5 metros
Ambiente calmo 30 - 50 Confortável
Vento suave 10 - 30
Silencioso
Cochilo
Fonte: adaptada de Barros (2001).

Os ruídos podem ser classificado como ruídos aére- O ruído de fundo dos ambientes, seja ele inter-
os, que são os ruídos propagados pelo ar, sendo que no – gerado dentro do ambiente: pessoas conver-
em qualquer fresta, por mínimo que seja, o ruído sando, aparelhos ligados etc. –, ou externo – ruídos
vai passar – exemplos: janelas, vão da porta, fissu- provenientes do meio urbano ou de vizinhos –, não
ras, paredes, piso, teto etc. E também os ruídos de são totalmente eliminados para ambientes de uso
vibração ou impacto, que são os ruídos causados por comum. Esses ruídos só são totalmente eliminados
algum tipo de impacto. em casos de ambientes que necessitem de baixa in-
De acordo com Souza, Almeida e Bragança (2012), tensidade sonora, que é o caso de estúdios e câma-
os ruídos de um ambiente podem ser resultado de ras acústicas.
atividades externas ou internas. Essas fontes de ruí- Porém, quando formos tratar os ambientes para
dos determinam em conjunto um nível sonoro mí- diminuir os ruídos, devemos saber que o tratamento
nimo nos ambientes denominado de ruído de fundo. varia conforme o tipo de ruído que temos em de-
Esse termo pode fazer referência aos ruídos gerados terminado ambiente. Aqui, iremos aprender mais
no próprio ambiente ou externo a ele. dois conceitos utilizados em acústica dos ambientes.

103


Como já vimos anteriormente, os ruídos podem ria conforme o tipo de material, veremos isso mais
ser classificados como ruídos aéreos e ruídos de adiante), uma outra parte é refletida, ou seja, volta
impacto, ou vibrações de sólidos. Para o tratamen- para o ambiente e uma terceira parte é transmitida
to de ruídos aéreos, utilizamos o termo de isola- para outro ambiente.
mento acústico, enquanto que para o tratamento Obstáculo

de ruídos de impactos ou vibração utilizamos o


termo isolação.
Som Incidente
Tabela 3 - Níveis Sonoros Admissíveis

Níveis Sonoros Admissíveis


Bibliotecas/ Sala de Desenho 35 - 45 dB(A)
Salas de Aula 40 - 50 dB(A)
Som Transmitido
Dormitórios 30 - 40 dB(A)
Som Refletido
Teatros 30 - 40 dB(A)
Cinemas 35 - 45 dB(A)
Som Absorvido
Salas de Reunião 30 - 40 dB(A)
Fonte: ABNT 10.152 / 1987.

SAIBA MAIS

O ruído deve ser entendido e tratado depen- Figura 4 - Esquema de Divisão do Som em um Obstáculo
dendo do caso que precisa ser resolvido. Ruí- Fonte: adaptada de Fernandes (2002).
dos iguais em diferentes contextos requerem
soluções projetuais diferentes.
Compreendido o que acontece com uma onda sono-
Fonte: o autor. ra ao incidir sobre um obstáculo, apareceram mais
alguns termos em relação à acústica. Veremos a se-
guir quais seus significados e como funcionam.
PROPAGAÇÃO DO SOM Reflexão: uma onda sonora gerada por um som,
quando encontra uma superfície sólida como obstá-
Caro(a) aluno(a), entendido o que é ruído e mais al- culo à sua propagação, ela será refletida, segundo as
guns termos aplicados à acústica, precisamos com- leis de Reflexão Ótica. Segundo Fernandes (2002), a
preender como uma onda sonora se divide ao en- reflexão nesta superfície (obstáculo) é diretamente
contrar algum obstáculo, uma parede, por exemplo. proporcional à dureza do material e, conforme Val-
Na Figura 4, vemos como é essa divisão. O som, ao le (2006), a onda refletida tem o mesmo ângulo de
incidir sobre um obstáculo, se divide de forma que incidência. Por exemplo, materiais como concreto,
uma parte dessa onda será absorvida pelo obstáculo mármore, azulejos, vidros, entre outros refletem
(todo material possui um índice de absorção que va- quase 100% do som incidente.

104
DESIGN

Um exemplo de reflexão que acontece bastante rial, não existem materiais difusores, o que fazemos
é no banheiro. Quem nunca se sentiu um cantor de para difundir o som em um ambiente é trabalhar as
ópera no banheiro com a reflexão do som pelos azu- formas e técnicas de construção, usando materiais
lejos? Experimente cantar da mesma forma em um não absorvedores, para produzir a difusão.
ambiente sem material reflexivo para ver a diferença. Aprendemos, então, o que é ruído e vimos tam-
Absorção: como já observamos na Figura 1, uma bém que um mesmo ruído pode ter significados
parte do som é absorvida pelo obstáculo. Fernandes diferentes dentro de um projeto. Por isso, quando
(2002) diz que a absorção é a propriedade de alguns formos trabalhar a acústica, precisamos entender
materiais que impedem que o som incidente seja re- qual é o tipo de ruído que precisamos tratar, qual é
fletido para o ambiente. Souza, Almeida e Bragança a sua fonte e quais os métodos existentes. Aprende-
(2012) informa, também, que quanto mais poroso o mos também a diferença dos termos, isolamento e
material, maior é a absorção. Assim como os materiais, isolação, pois eles são aplicados em casos diferentes,
pessoas também são grandes absorvedores de som, da mesma forma que na próxima unidade iremos
por exemplo em auditórios, a maior parte da absorção aprender sobre os materiais de isolamento e absor-
sonora se deve pelo fato de ter pessoas na plateia. ção. Aprendemos também sobre os fenômenos acús-
Transmissão: esse efeito acontece quando o som, ou ticos: reflexão, absorção, transmissão e difusão, pois
uma parte dele, atravessa uma superfície, uma parede, quando formos tratar acusticamente um ambiente,
por exemplo, e surge do outro lado de forma mais ate- precisaremos entender como o som se divide den-
nuada. Segundo Fernandes (2002), esse fenômeno tem tro de um ambiente. Os termos aplicados de forma
as seguintes características: a onda sonora que incide correta e entendidos de formas correta facilitam o
sobre uma superfície faz que essa superfície vibre, trans- trabalho do Designer no momento da resolução de
formando em uma fonte sonora. Dessa forma, a superfí- determinado problema.
cie vibrante começa a gerar som para a outra face.
1 2
Importante lembrar que os materiais também
tem um índice de atenuação de transmissão de som,
ou seja, dependendo de sua massa (espessura), esse
índice de atenuação em dB será maior ou menor. Ve-
remos mais adiante o item materiais.
Difusão: para Vallen (2006), a superfície fun-
ciona para o som, da mesma forma que uma parede 3

branca age para a luz: as ondas não são absorvidas


por essa superfície, mas sim espalhadas para todas
as direções. A difusão consiste em propagar a onda
que incide sobre a superfície para todas as direções
em um ambiente com a mesma intensidade total.
Isso quer dizer que, para cada direção, irá uma pe-
Figura 5 - Esquema de como a onda sonora reage a um obstáculo: 1)
quena parcela da energia total. Em relação ao mate- absorção; 2) Reflexão e 3) Transmissão.

105


Formas do Ambiente Interno

Caro(a) aluno(a), vimos no tópico anterior as pro- Quando projetamos as formas das superfícies
priedades sonoras, em relação à propagação do som (parede, por exemplo) que irão compor o ambiente,
em ambientes. O som que é percebido pelo ouvinte estamos diretamente determinando a propagação
é resultante do raio sonoro direto e do refletido. Ao dos raios sonoros pela posição e pelas formas de teto,
encontrar uma superfície, vimos que o som pode ser piso, parede os objetos que compõem o ambiente.
absorvido, refletido ou transmitido, em quantidades Quando utilizamos formas côncavas, convexas,
que dependem da dimensão, forma e material da circulares e elípticas, devemos ter cuidados especiais
superfície em que o som está incidindo. A direção redobrados com elas, pois essas formas promovem a
dos raios refletidos é influenciada diretamente pela concentração, focalização dos raios sonoros e, con-
forma da superfície. Segundo Souza, Almeida e Bra- sequentemente, a distribuição não uniforme do som
gança (2012), “o ângulo de reflexão é igual ao ângulo como na Figura 6.
de incidência, Lei da Reflexão”.

106
DESIGN

Fonte sonora
Figura 6 - Distribuição do som não
uniforme por superfícies côncavas
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e
Bragança (2012).

Quando, de alguma forma, temos outras priorida- côncavas concentram a energia sonora, focalizando-a.
des de projeto e a utilização dessas formas são ine- A concentração de energia faz que as ondas sonoras se
vitáveis, é importante que sejam aplicadas sobre elas sobreponham umas às outras, resultando em alguns
superfícies difusoras para evitar a concentração ou a casos o reforço do som e em outros o enfraquecimen-
focalização do som. Veja na Figura 7. to ou a anulação do som. Tanto pontos nos quais exis-
ta o excesso do som quanto pontos onde tenha a falta
são prejudiciais à boa audição nos ambientes.
No caso das superfícies convexas, o resultado
é o oposto da superfície côncavas, os raios sonoros
são difundidos no ambiente. Silva (2005) informa
que, nesses casos, essa forma pode ser utilizada sem
maiores complicações em ambientes onde haja a
exigência de boa audibilidade.

SAIBA MAIS

A escolha dos materiais que irão compor o


Figura 7 - Elementos difusores aplicados sobre a superfície ambiente é importante para aliar a estética
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012). do ambiente com a acústica, por isso espe-
cifique adequadamente os materiais de aca-
bamentos que irão compor esse ambiente:
Iremos entender como que o som trabalha em algu- poltrona, aplicação do forro de gesso, paredes
mas formas de ambientes. de alvenaria coberta com gesso ou madeira,
Superfícies Côncavas e Convexas: caso seja ne- piso de carpete ou vinílico ou madeira e piso
do palco em madeira.
cessário trabalharmos com superfícies côncavas (Fi-
gura 8), a reflexão de raios nessa superfície resulta na Fonte: o autor.

concentração deles. Segundo Silva (2005), superfícies

107


Figura 8 - Superfície Côncava e


Convexa
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e
Bragança (2012).

Uma outra solução para as paredes em formas côn- O piso também é um dos detalhes importantes
cavas é utilizar algum tipo de material absorvente na do projeto. Quando projetamos o escalonamento
superfície. A aplicação desse material pode, de certa para os assentos da plateia, normalmente é para
forma, ajudar a diminuir o efeito no som causado pela cumprir um requisito visual, não ter pessoas atra-
superfície côncava. Em salas para músicas e também palhando o campo de visão. Altura entre fileiras
para a palavra falada (auditórios, por exemplo), salas mínima de 0,75m aplicada a esse escalonamento
nas quais o desempenho acústico deve ser prioridade já é suficiente para garantir o requisito visual e
no projeto, as superfícies côncavas devem ser cuida- também suficiente para garantir a recepção sono-
dosamente estudadas antes de serem aplicadas. ra do som.
Porém, não é somente com as formas côncavas,
convexas e circulares que temos que tomar os de-
vidos cuidados. Apesar de ser as formas que mais SAIBA MAIS
necessitam cuidados, a mesma atenção, conforme
Souza, Almeida e Bragança (2012), deve ser dada a Para resolver esse problema em auditórios ou
paredes paralelas, ou seja, ao paralelismo, de qual- teatros, podemos utilizar também elementos
quer parte de uma sala (palco ou plateia), pois elas difusores e diferenciar as paredes com peque-
nas inclinações. Essas alternativas ajudam a
podem gerar as ondas estacionárias. Segundo Fer- solucionar o problema, evitando a criação
nandes (2002), as ondas estacionárias ocorrem das ondas estacionárias e consequentemente
quando o trem de ondas volta sobre a direção de in- melhorando a acústica do ambiente.

cidência dos raios sonoros, acontecendo então uma Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bra-
sobreposição das ondas, sendo o sistema de ondas gança (2012).

resultantes conhecido como ondas estacionárias.

108
DESIGN

Figura 9 - Aplicação de difusores em paredes paralelas


Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).

No caso de cantos que formam ângulos retos e agu- Fonte


dos (Figura 10), apresentam, assim como as paredes Sonora
paralelas, superposição de onda sonora, alguns ca-
sos podem fazer que o som seja refletido em excesso,
voltando para a própria fonte sonora.
A solução para esse problema é relativamente
simples: ao invés de deixarmos as paredes com ân-
gulos retos (90º graus) ou ângulos agudos, podemos
abrir essas arestas, criando então ângulos obtusos
Figura 10 - Comportamento da onda em arestas com ângulos agudos
(Figura 11), que são ângulos mais abertos. Assim, e retos
evita-se a reflexão em excesso, podendo até colabo- Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).

rar, no caso de salas com audiência, para o reforço


sonoro de lugares mais distantes da fonte sonora,
pois, com isso, o som é distribuído de uma forma
melhor no ambiente.

Figura 11 - Comportamento do som com ângulos obtusos


Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).

109


Em relação às dimensões mais adequadas para salas biente, seja da plateia ou do palco, bem como o volume
como auditórios, temos algumas considerações. Con- de ar no ambiente, que está diretamente ligado ao tem-
forme Souza, Almeida e Bragança (2012), uma das ca- po de reverberação (que veremos na próxima unidade),
racterísticas da fonte sonora que precisa ser levada em controlando a proporção entre fonte e a audiência.
consideração ao definir as dimensões de um ambiente
é a direcionalidade da fonte. Algumas fontes sonoras SAIBA MAIS
apresentam melhor propagação para algumas direções.
Em função dessas características, salas mais alongadas Normalmente, plantas menores podem repre-
(retangulares) são melhores que plantas em formato sentar, no caso da música, excesso de reflexão
quadrado. Porém, com o afastamento da fonte sonora e e tempo de reverberação maior que o neces-
sário, da mesma forma que um grande espaço
da última fileira da sala, por causa da perda de intensi- para a palavra falada representa pequeno tem-
dade e a absorção das pessoas, essa distância é limitada. po de reverberação e baixa intensidade sonora!
Vejamos abaixo, na Tabela 4, exemplos de distâncias:
Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bra-
Tabela 4 - Relação entre o afastamento da fonte sonora e a inteligibilidade gança (2012).
Condição de Inteligibili-
dade e afastamento
Até 15 metros excelente Observamos então como que as formas do ambiente
15 a 20 metros bom interno e consequentemente como que o som (onda
20 a 25 metros Regular (satisfatória) sonora) se comporta em determinadas formas. A
Ruim (limite máximo
forma côncava é uma das formas que temos que es-
30 metros sem uso de amplificação tudar de maneira mais aprofundada antes de colo-
eletrônica). carmos em um projeto, pois ela vai focalizar o som,
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).
enquanto que formas como a convexa pode ser, de-
Essas dimensões podem ser seguidas para salas nas pendendo do caso, uma aliada na difusão do som.
quais a função principal seja a palavra falada, porém as Na questão de salas com paredes paralelas, estas
proporções do projeto devem ser observadas. No caso não podem existir em um ambiente, pois elas criam
de ambientes nos quais a música seja a função princi- as ondas estacionárias, devendo então aplicarmos ele-
pal do ambiente, como orquestras sinfônicas, os limites mentos difusores nestas paredes. Da mesma forma, não
de dimensões serão maiores e dependerão basicamen- é uma boa ideia utilizar arestas (cantos) que formam
te dos instrumentos fonte. Contudo, caso a fonte seja ângulos retos ou agudos, sendo que a melhor forma de
apenas um instrumento, a distância entre a fonte e o trabalhar é com ângulos obtusos, que irão nos ajudar
ouvinte é tão importante quanto para a palavra falada. também na difusão do som. A forma do ambiente está
Ainda, segundo Souza, Almeida e Bragança (2012), diretamente ligada ao tipo de propagação do som que
locais de apresentação musical podem ter variação no queremos para determinado ambiente, por isso é de
tipo e no número de fontes, da mesma forma que so- extrema importância entender qual é o comportamen-
luções aplicadas a salas de múltiplo uso. Podem ser to da onda sonora nos ambientes e como que as formas
empregados elementos que alterem o tamanho do am- irão refletir nesse comportamento.

110
DESIGN

Materiais Acústicos e o
Tempo de Reverberação

Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos aprender Para diferenciar os ruídos que estão sendo
sobre os materiais que absorvem o som e materiais tratados no ambiente, temos dois termos que são
isolantes. Eles são necessários, pois, para cada tipo utilizados para cada tipo de tratamento acústico
de situação que iremos trabalhar, será necessária a que iremos trabalhar. O primeiro é o isolamen-
utilização deles, sendo às vezes somente isolante, às to, que é referente ao tratamento de ruídos aére-
vezes só os materiais que absorvem o som e em deter- os, tendo como exemplos: a música dos bares, o
minadas situações a composição dos dois materiais. ruído de trânsito (aviões, ônibus e caminhões), o
Iremos aprender também sobre o tempo de reverbe- barulho de máquinas e equipamentos de constru-
ração, os cálculos necessários para sabermos se deter- ção, a conversa dos vizinhos. O segundo é o ter-
minado ambiente tem o tempo ideal de reverberação. mo isolação, que refere-se ao tratamento de ruí-
A forma de tratamento do ambiente para redu- dos de vibração ou de impacto, tais como: centrais
ção dos ruídos varia conforme o tipo de ruído con- de ar-condicionado, grupos geradores, bombas
siderado no ambiente. Conforme já vimos anterior- d’água, máquinas de elevadores, impactos produ-
mente, temos os ruídos que podem ser propagados zidos pelo caminhar de pessoas no andar superior,
de forma aérea e os ruídos de vibração ou impactos crianças jogando bola etc.
(SOUZA, ALMEIDA E BRAGANÇA, 2012).

111


Conforme Souza, Almeida e Bragança (2012), a fun-


ção isolar e absorver são complementares, porém elas
demandam características diferentes dos materiais,
sendo que nem sempre um bom material absorvente
é um bom material isolante; o contrário também vale.
Em relação aos materiais que absorvem o som,
Silva (2005) diz que a quantidade de energia sonora
que é absorvida em um ambiente é um dos fatores
mais importantes na redução do nível de ruído ou
do controle das reflexões. Em geral, todos os mate-
riais de construção possuem um grau maior ou me-
nor de absorvidade sonora e um determinado grau
de reflexividade. Porém, são chamados de materiais
acústicos os materiais que possuem uma alta capa-
Figura 12 - Material Acústico aplicado no Teto cidade de absorção de energia sonora e uma baixa
reflexividade.
Segundo Fernandes (2002), os materiais absor-
ventes acústicos (Figura 13) são de grande impor-
tância no tratamento de ambientes. A NBR 10.151
especifica os procedimentos para o tratamento acús-
tico de ambientes fechados. A dissipação da energia
sonora por materiais absorventes depende funda-
mentalmente da frequência do som: normalmente
é grande para altas frequências, caindo para valores
muito pequenos para baixas frequências.
Valle (2009) classifica os materiais absorvedores
em dois grandes grupos, sendo os materiais mais
utilizados os porosos. No grupo desses materiais,
temos como exemplo a lã de vidro, lã de rocha, es-
pumas e feltros. Eles funcionam da seguinte forma:
Figura 13 - Amostra de material acústico quando uma onda sonora incide sobre esse tipo de
material, as ondas penetram na textura do material;
Para cada tratamento acústico que iremos trabalhar, é uma vez lá dentro, ela é refletida inúmeras vezes,
necessário também entender as características de cada até o momento em que são canceladas e perdem a
material, pois eles possuem características e objetivos energia. Se a espessura do material e a porosidade
diferentes. Para isso, precisamos entender a diferen- for suficientemente grande, a absorção pode chegar
ça de materiais isolantes e os materiais absorvedores. e até ultrapassar os 100%. Esses materiais podem ser

112
DESIGN

Tabela 5 - Exemplos de Materiais e seus coeficientes de absorção


utilizados para faixa de frequência médio e agudos,
Frequência
já nas frequências graves, a utilização deles acaba
Item Material 128 512 2048
sendo inviável, pois a espessura necessária para ab-
sorver essa faixa de frequência precisa ser grande, o 1 Azulejo cerâmico 0,010 0,012 0,000

que inviabiliza pelo custo e o consumo de espaço. Forro Armstrong 0,31 0,51
2 0,74
Minaboard
Segundo Silva (2005), cada material tem um co-
Bloco de Con- 0,36 0,31
eficiente de absorção, sendo que o valor desse índi- 3 0,39
creto Rústico
ce não é constante, pois ele varia com a frequência Cadeira estofa- 0,13 0,15
do som incidente. Dessa forma, se considerarmos 4 da com couro 0,07
os diversos materiais construtivos e quisermos sa- sintético

ber quais seus índices de absorção para as diversas Carpete simples 0,10 0,25
5 0,40
de 6mm forrado
faixas de frequência, podemos fazer pesquisas em
Cortina grossa, 0,25 0,40
sites de empresas especializadas em produtos deste 6 0,60
drapeada
tipo (exemplo: Knauff, Armstrong, Isover) e pode- Cortina simples, 0,07 0,49
mos, também, consultar a bibliografia especializada 7 leve, algodão, 0,66
0,25Kg/m²
que já possui os índices de algum material, porém,
Gesso acartona- 0,29 0,05
quando o material que quisermos utilizar não existir 8 do “Gypsium” s/ 0,07
em bibliografias, podemos, por meio de laboratórios sarrafo
apropriados, determinar seus índices. 9 Gesso Simples 0,035 0,03 0,028
Os índices são representados pela [1] letra 10 Lã de Rocha 0,40 0,70 0,76
(alfa) e a unidade de área de absorção é de 1m², co- Lã de vidro de 0,28 0,57
0,70
nhecido como sabine métrico (sm). Esse nome foi 11 25mm protegido
por tecido
dado em homenagem ao Professor Wallace C. Sa-
12 Mármore Polido 0,01 0,01 0,15
bine, da Universidade de Harvard, nos EUA, um
Placa Sonex 0,23 0,72
dos estudiosos pioneiros da Acústica Arquitetônica
13 Nova Fórmula 0,90
(SILVA, 2005). 50/75 Illbruck
Os índices de absorção acústica são utilizados Poltrona esto- 0,18 0,28
14 0,28
para demonstrar qual é a porcentagem que deter- fada
minado material absorve de energia. Assim, quando Porta de madei- 0,14 0,06
15 0,10
ra fechada
dizemos que, de um tapete de boucle macio, o coefi-
Público por 0,28 0,40
ciente de absorção [2] é =0,52 para uma frequência 16 0,44
pessoa
de 2048Hz, quer dizer que 52% da energia sonora Tapete de 5mm 0,04 0,15
17 0,52
incidente no tapete é absorvida. de espessura
Tapete de lã de 0,20 0,35
18
15mm, forrado
0,50
Fonte: adaptado de Silva (2005).

113


CALCULANDO A (2012), todo material tem como uma de suas carac-


ABSORÇÃO DO AMBIENTE terísticas reduzir a intensidade sonora quando apli-
cado entre a fonte e o receptor, sendo que essa capa-
Como já visto, todo material tem um determinado cidade que o material tem de reduzir a intensidade
índice de absorção da onda sonora. Esse índice varia sonora varia de acordo com a frequência do som.
conforme a faixa de frequência e a espessura do ma- Essa capacidade é expressa em decibéis e é chamada
terial que é aplicado no ambiente. Conhecido o valor de índice de atenuação.
do coeficiente de absorção do material, o valor da ab-
Tabela 6 - Divisórias e índice de atenuação
sorção é com base na área da superfície onde o mate-
Espessura
rial é aplicado e, como já visto, a unidade é o Sabines Tipos de Divisórias Atenuação
Total
Métricos [3] (sm).
Porta comum, oca, s/ 3cm
As = x S 15 dB
vedação no batente
onde: As é a área da superfície total Porta acústica, madeira 5 a 15cm
35 a 55 dB
= é o valor do coeficiente de absorção do ou metal
material Vidro 4mm 4mm 26 dB
S = área da superfície onde o material está Vidro 6 mm 6mm 30dB
aplicado. Vidro 12 mm 12 mm 36 dB
Se um material cobre uma área de 50m² e nesta su- Vidros 2x 6mm, espaça- 22mm
38 dB
perfície é aplicado um tapete de 5mm de espessura dos 10mm
com coeficiente de absorção de =015 na faixa de Vidros 2x 6mm, espaça- 21,2cm
46 dB
512Hz, ele promove uma absorção de 7,5sm. dos 20mm
Esse cálculo deve ser realizado com todos os Parede comum de tijolo 10cm
45 dB
em pé, rebocada
materiais do ambiente, sempre em relação ao coe-
ficiente e à área do material, depois deve ser feita a Parede comum de tijolo 22cm
50 dB
deitado, rebocada
somatória de todas as absorções para encontrar a ab-
Parede dupla de tijolo 30cm
sorção total do ambiente. 60 dB
em pé, intervalo 10cm
A existência de mobiliário e pessoas também
Parede dupla de tijolo 60cm
devem ser calculados na absorção. Para esses casos, 70 dB
deitado, intervalo 20cm
geralmente os valores de absorção são por unidade Laje simples de 10cm 10cm 40 dB
e não por metragem quadrada. Se em uma sala in- Laje simples de 20cm, 21cm
48 dB
serirmos 50 pessoas com índice de absorção de 0,40, rebocada por baixo
a absorção de todas as pessoas passa a ser 20sm. Ou Paredes duplas de ges- 7 a 30cm
40 a 66 dB
seja o valor da absorção das poltronas é multiplicado so acartonado
pela quantidade de poltronas e o valor encontrado Fonte: adaptada de Valle (2009).

deve ser somado aos outros valores encontrados.


Quanto aos materiais utilizados para isolar um Valle (2009) ainda diz que o vazamento de som
ambiente, conforme Souza, Almeida e Bragança de um ambiente está diretamente ligado ao tempo

114
DESIGN

de reverberação do espaço. Se esse espaço for, por da reverberação que ocorre em um ambiente é in-
exemplo, o vão entre paredes duplas que formam fluenciada por vários fatores:
uma parede, é necessário que a reverberação entre • o volume espaço;
as duas paredes seja reduzida. • as dimensões do espaço;
Uma solução para esse tipo de problema é, ao • o tipo, a forma e o número de superfícies com
construir uma parede dupla, aplicar um material ab- que o som se encontra.
sorvente entre as paredes. Esse material pode ser a
lã de vidro ou lã de rocha, pois são materiais que Souza, Almeida e Bragança (2012) dizem que, em
não se deterioram com o tempo e têm baixo custo. ambientes fechados, ocorrem várias reflexões sono-
A instalação desse material é fácil, ela não deve ser ras e, com isso, acontece a reverberação. Quando a
comprimida entre as paredes, pode ocupar todo o fonte sonora é cessada, o som ainda pode ser perce-
espaço vazio, pode ser aplicada entre paredes de ti- bido por um pequeno intervalo de tempo, fazendo
jolo e também às paredes de gesso acartonado, que é com que a extinção total do som no ambiente não
o mais encontrado. ocorra imediatamente, mas sim depois de um de-
terminado período de tempo, que é medido em se-
gundos, chamado de tempo de reverberação. Cada
ambiente tem seu tempo de reverberação ideal, que
será em função do volume do ambiente e a compo-
sição dos materiais.

SAIBA MAIS

Há locais onde o tratamento acústico é de


extrema importância, tais como: teatros, au-
ditórios, anfiteatros, igrejas, ginásios, restau-
rantes, casas de show, salas de aula ou de
reunião, estúdio de gravação e as salas de
controle, seja para rádio ou tv.
Figura 14 - Parede Simples, Parede Grossa e Parede Dupla
Fonte: adaptada de Valle (2009) e Souza, Almeida e Bragança (2012). Não existe um determinado material que re-
solva todos os problemas acústicos, por isso
TEMPO DE REVERBERAÇÃO cada projeto deve ser elaborado em função de
suas peculiaridades, que podem ser aquelas
relacionadas com as características do som,
A reverberação é produzida pelas reflexões de sons como também aquelas que melhor cumpram
em superfícies, que dispersam o som, enriquecen- as exigências decorativas, estéticas e funcio-
nais da obra arquitetônica.
do-o por sobreposição de suas reflexões. Alguns ma-
teriais, como azulejo, mármore e concreto podem Fonte: Silva (2005)

refletir até 100% do som. A quantidade e qualidade

115


O tempo de reverberação é o maior responsável pela boa ou má acústica dos ambientes. Ambientes com
tempo alto de reverberação são considerados prejudiciais para a inteligibilidade do som, pois, como ocorre a
sobreposição dos sons, acontece do receptor não conseguir identificar o som que está recebendo.
Sobre a relação entre o volume do recinto e o tempo de reverberação, Silva (2005) diz que, ao observar
diversos ambientes fechados, é possível notar que alguns ambientes são bons para conferências, porém não
são bons para música; o contrário também é válido, podem ser ótimos para concertos e ruins para a palavra
falada. Esse fato acontece, porque, para a palavra falada como para a música, seja ela um concerto ou para
música litúrgica, existe o tempo ideal de reverberação, o TR.
O Tempo Ideal de Reverberação muda conforme a função do ambiente que estamos trabalhando e o vo-
lume do ambiente. Via de regra, quanto maior o ambiente, maior será o tempo de reverberação.
Não existe uma tabela na qual apareçam todos os tempos de reverberação para todos os ambientes, o que existe
é um consenso entre os especialistas do tempo ideal para alguns ambientes, conforme a Tabela 7.

Tabela 7 - Ambientes e Tempo de Reverberação

Edifício Tipo do Ambiente TR


Residencial Área de Estar menor que 1,0s
Dormitórios menor que 1,0s
Serviços menor que 1,0s
Zonas Comuns menor que 1,5s
Serviços Administrativos Escritórios menor que 1,0s
Lojas menor que 1,0s
Centro de Saúde Dormitórios menor que 1,0s
Zona Comuns menor que 1,5s
Educacional Sala de aula entre 0,8 e 1,5s
Sala de Leitura entre 0,8 e 1,5s
Fonte: adaptada de Souza, Almeida e Bragança (2012).

Para descobrirmos qual o tempo ideal de Reverberação, temos o gráfico do Tempo Ideal de Reverberação
da NBR 12179. No Gráfico, é informado com base do volume e da função do ambiente. Para descobrirmos
qual o tempo ideal de reverberação, é relativamente simples. Primeiro precisamos descobrir qual é o volu-
me do ambiente, cruzar uma linha com a função do ambiente, por exemplo: uma sala de conferência com
volume de 1.200 m³, temos o tempo de Reverberação de 0,8 segundos.

116
DESIGN

Gráfico 1 - Tempo ótimo de reverberação

Fonte: adaptado de ABNT 12179 (1992).

Depois de encontrado o valor do Tempo de Reverberação Ideal do ambiente, podemos, por meio da Fórmula
de Sabine, encontrar o tempo de reverberação da sala.
Como já visto no cálculo da absorção do ambiente, precisamos do valor de absorção total do ambiente
para realizarmos o cálculo do tempo de reverberação dele.
TR = 0,1618 x Volume
Absorção total
Conforme Souza, Almeida e Bragança (2012), essa fórmula é aplicada de forma direta, sem nenhuma
complexidade. As informações necessárias para o cálculo, como já visto, é o volume do ambiente em m³ e
a absorção total dos materiais, incluindo pessoas e poltronas. Geralmente, o tempo de reverberação de uma
sala deve ser estimado nas faixas de frequência de 128Hz, 512Hz e 2048Hz. Como a plateia é um elemento de
grande absorção e a quantidade de público faz com que se altere o tempo de reverberação, é aconselhado que
se calcule o tempo de reverberação com 100% da plateia e com uma lotação de 60% a 70%.

117


De forma geral, temos alguns passos para seguir dos salões da Biblioteca Pública de Los Angeles -
para os cálculos do Tempo de Reverberação: EUA, onde o tempo de reverberação pode atingir
• Calcular a absorção total do ambiente; 25 segundos.
• Identificar o tempo de reverberação ideal no Caro(a) aluno(a), nesta unidade aprendemos
gráfico da NBR; sobre os materiais acústicos e o índice de absorção.
• Determinar o tempo de reverberação real; É importante lembrar que o coeficiente de absorção
• Comparar entre o tempo de reverberação varia conforme o material e a espessura, quanto mais
ótimo e real, ou a absorção necessária para poroso melhor é a absorção sonora do material. As
alcançar o tempo ótimo de absorção;
faixas de frequência também influenciam na absor-
• Acrescentar, diminuir ou trocar materiais
ção, pois para cada faixa, do grave ao agudo, existe
absorventes em comparação para que seja
um índice de absorção.
alcançado o valor de tempo de reverberação
ideal. Aprendemos, também, como calcular a absorção
sonora de uma sala. Utilizamos para isso a fórmula
de Sabine e a unidade sabines métricos. O cálculo,
SAIBA MAIS de forma resumida, é a multiplicação do coeficien-
te do material aplicado na superfície pela sua área.
Segundo Lawrence (apud Souza, 2012), ape- Lembrando sempre de calcular todos os materiais
sar de existir outras fórmulas, a de Sabine existentes em uma sala.
é satisfatória para a acústica de salas, com Para calcularmos o tempo de reverberação de
exceção de casos especiais como estúdios
de gravação e salas similares. A fórmula de determinado ambiente, precisamos como primeira
Sabine perde a eficácia à medida que o coefi- informação saber a absorção total da sala, que nada
ciente de absorção médio é maior, resultando mais é do que a somatória da absorção de todos
em maiores tempos de absorção. No caso de
estúdios, a absorção é muito grande, com os materiais. Depois disso, precisamos conhecer o
isso pode ocorrer grandes distorções com a volume do ambiente em questão, lembrando que
fórmula. Nesse caso, a fórmula mais indicada quanto maior o volume, maior é o tempo de rever-
é a de Eyring.
beração. Calculado o TR da sala, utilizamos o gráfi-
Fonte: adaptado de Souza, Almeida e Bragança co do Tempo de Reverberação Ideal para sabermos
(2012).
qual é o tempo ideal de reverberação (em segundos),
do ambiente que estamos trabalhando.
Depois de descoberto o tempo ideal e o tempo
Há exemplos de várias igrejas nas quais o tempo de reverberação real, temos que fazer as compara-
de reverberação é excessivo. Podemos destacar a ções. Caso o tempo real esteja muito maior que o
Basílica de São Pedro, em Roma, onde o tempo de ideal, precisamos trabalhar os materiais de forma
reverberação chega a 10 segundos. Outro exem- que o tempo de reverberação seja reduzido para
plo de tempo excessivo de reverberação é um chegar próximo do ideal.

118
considerações finais

P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade, abordamos conceitos relacionados à acústica
de ambientes. A acústica faz parte da disciplina de Conforto Ambiental, pois com
ela conseguimos fazer que o usuário se sinta confortável em relação à sonoriza-
ção de um ambiente.
Entendemos o que são as faixas de frequências e quais as faixas de frequência que o
ser humano tem capacidade de ouvir, que são as faixas 20Hz a 20.000Hz. Aprendemos
também o que é a escala decibel (dB), como podemos fazer a medição das fontes sonoras
e, quando necessário aplicar a soma, como fazemos a somatória de várias fontes sonoras.
Aprendemos também a definição de som, que é a sensação produzida no sistema audi-
tivo, podendo gerar sensações agradáveis ou som desagradável, mais conhecido como ruí-
do; vimos que a exposição prolongada aos ruídos podem gerar danos à nossa saúde, desde
irritação até a perda total da audição. No decorrer desta unidade, vimos o funcionamento
da propagação do som em um ambiente interno e como que as formas – convexa, côncava
e paredes paralelas – interferem na propagação do som.
Além de entender o funcionamento da propagação do som, aprendemos a diferença
de aplicação dos materiais isolantes e dos materiais absorventes. Eles são necessários, pois
para cada tipo de situação que iremos trabalhar, será necessário a utilização desses mate-
riais. Dependendo da situação, iremos utilizar somente os isolantes, às vezes só os materiais
absorventes e em determinadas situações a composição dos dois materiais. Aprendemos
também sobre o tempo de reverberação e sua aplicação. O tempo de reverberação que
temos em determinado ambiente é ligado diretamente ao tipo de material que estamos
trabalhando: se trabalharmos com materiais que absorvem mais, teremos tempo de rever-
beração menor, caso os materiais sejam mais refletores, teremos tempo de reverberação
maior. Porém, para termos ambientes acusticamente adequados, temos que ter as duas
situações balanceadas nos ambientes.

119
atividades de estudo

1. No que se refere ao conforto acústico em arquitetura, assinale a opção correta.


a. Nas fachadas dos prédios, o vidro das janelas e das portas funciona como isolante acústico, o que dis-
pensa o tratamento de outros componentes, como caixilhos, venezianas e montantes.
b. Em prédios multi-pavimentados, quanto mais baixo se estiver menos intenso será o ruído gerado exter-
namente, em decorrência das altas velocidades dos ventos nos pavimentos superiores.
c. A intercalação de um vão entre um escritório e uma fachada externa amplamente envidraçada e volta-
da para um ambiente ruidoso é uma medida ineficiente para o conforto acústico.
d. As decisões decorrentes do projeto acústico sobre o isolamento sonoro de um recinto visam protegê-
-lo das ações sonoras externas ou transformá-lo em um compartimento capaz de confinar fontes de
ruídos.
e. Se os aspectos de acústica não forem resolvidos no ato de projeto do edifício, a correção dos proble-
mas acústicos poderá ser feita posteriormente, na execução da obra, o que não elevará os gastos finais.

2. Para resolvermos um problema acústico, utilizamos materiais que absorvem o som, nos ajudam a
controlar a inteligibilidade do mesmo, além de materiais isolantes, que não deixam o som passar
para outros ambientes. No caso de uma sala de audiência, o controle acústico dos ambientes internos
requer que estas salas tenham tratamento que favoreça (I) a boa qualidade de recepção de som am-
plificado eletronicamente na plateia e (II) completo isolamento acústico entre as salas de audiência e
entre estas e as áreas de circulação. Tais efeitos serão obtidos mediante o emprego de materiais:
a. isolantes acústicos em I e II.
b. isolantes acústicos em I e de massa específica elevada em II.
c. de massa específica elevada em I e isolantes acústicos em II.
d. absorventes acústicos em I e isolantes acústicos em II.
e. absorventes acústicos em I e II.

3. Quando vamos trabalhar com acústica de ambiente, devemos entender como que o som se propaga,
como que se divide quando atinge um obstáculo para podermos encontrar a solução adequada para
os ambientes. Em relação a isso, analise a Figura I e assinale a opção correta em relação ao que
acontece com um som incidente em uma parede.

120
atividades de estudo

a. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre (A) absorção pelo ambiente, (B)
sofre difração pela parede e (C) é refletida para o ambiente anexo.
b. A Figura I nos apresenta somente a reflexão do som.
c. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre reflexão no próprio ambiente
(A), sofre absorção pela parede (B) e é transmitida para o ambiente contíguo (C).
d. A Figura I ilustra a (A) absorção, (B) a transmissão e (C) a reverberação para o ambiente contíguo.
e. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre transmissão no próprio am-
biente (A), sofre absorção pela parede (B) e é refletida para o ambiente contíguo (C).

4. Nenhuma parede de uma edificação reflete perfeitamente as ondas sonoras e, desse modo, parte da
energia sonora incidente é absorvida pelo material que constitui a parede. Assim, dependendo do tipo
de revestimento de uma parede, as ondas sonoras podem ser mais ou menos absorvidas. Dentre os
materiais apresentados a seguir, aquele que apresenta o maior índice de absorção sonora em
uma faixa de 500Hz é:
a. reboco liso α = 0,02.
b. revestimento de pedras sintéticas α = 0,05.
c. bloco de concreto rústico α = 0,31.
d. feltro de fibra natural com espessura de 5mm α = 0,18.
e. chapas de mármore α = 0,01.

121
atividades de estudo

5. Projetos de auditórios ou salas de concertos necessitam de tratamento acústico adequado para evitar
tempos de reverberação acima do necessário. Para isso, pode afirmar que os requisitos necessários
para uma sala são:
I. boa inteligibilidade do som;
II. ausência de interferência de ruídos externos;
III. distribuição sonora uniforme;
IV. difusão sonora e tempo de reverberação adequado.

Com relação às afirmações citadas, qual alternativa está correta:


a. somente a II e III.
b. as alternativas I, II e III estão corretas, sendo que a IV também é de extrema importância, pois todos os
ambientes têm um tempo de reverberação ideal.
c. as alternativas I, II e IV melhor descrevem os requisitos.
d. somente as afirmações III e IV podem ser consideradas requisitos.
e. as afirmações II, III e IV estão corretas e a alternativa I é inválida.

6. As pesquisas de W. A. Sabine levaram a uma relação empírica para o tempo de reverberação TR (em
seg), proporcional ao volume V da sala (m3) e inversamente proporcional à absorção da superfície (em
m² ou sabins):
TR: 0,16 x V
A
Considere uma sala de aula de 11m de comprimento, 11m de largura e 3.8m de altura.
A sala tem 4 janelas de 1.10m x 2.00m.
A sala possui 15m² de cortina revestindo a parede.
A sala tem 1 porta de 1.10m x 2.10m.
As paredes são rebocadas (coeficiente de absorção α1 = 0.03 a 500 Hz), o teto é de fibra sintética (α2 =
0.2), o piso é de pedra (α3 = 0.01), as janelas são de vidro (α = 0.03) e as cortinas são de algodão (α4 =
0.8). A sala tem n = 62 cadeiras estofadas (α5 = 0.3). A porta tem (α6 = 0.3).
a. Verifique a absorção total.
b. Calcule o tempo de reverberação TR da sala usando a relação de Sabine.
c. Verifique, no gráfico I, qual o tempo de reverberação recomendado para uma sala de concerto.
d. Para diminuir o tempo de reverberação, a sala foi reformada, recobrindo o piso com um carpete (α =
0.32). Calcule o novo tempo de reverberação TR da sala.

122
atividades de estudo

7. Qual a soma dos níveis de duas fontes sonoras com os seguintes valores de níveis de pressão
sonora?
a. 80 dB e 82 dB.
b. 60 dB e 80 dB.
c. 72 dB e 75 dB.
d. 76 dB e 81 dB.
e. 70 dB e 70 dB.

8. Com um medidor de pressão sonora, foram medidos separadamente os níveis de pressão sonora
de dez fontes sonoras, conforme indicado abaixo. Calcule o nível de pressão sonora resultante se
todas as fontes estiverem funcionando simultaneamente:
NP1 90 dB NP6 76 dB
NP2 94 dB NP7 80 dB
NP3 100 dB NP8 92 dB
NP4 85 dB NP9 100 dB
NP5 80 dB NP10 82 dB

123
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), o texto abaixo é de uma dissertação sobre a relação da arquitetura com o espaço adaptado para
escola de música. Boa leitura!

Desempenho Acústico e Projeto de Salas para Escolas de Música


A acústica dos espaços construídos faz parte de um conjunto de requisitos, para conforto e bem-estar do usuário, que
podem ser considerados guias do projeto arquitetônico, ao invés de limitações. As soluções propostas para solucionar
os requisitos acústicos não devem contradizer às demais exigências projetuais (função, dimensões, ventilação), e sim
estarem integradas a elas (LOPES, 2010).
Riduan (2010) relata que a tarefa de solucionar problemas acústicos tem sido complicada, em partes, devido à lacuna
existente na comunicação entre professores de música e os agentes envolvidos nos processos da edificação. Para
Ueno e Tachibana (2005) e Riduan (2010), os músicos não conseguem expressar claramente com palavras a acústica
das salas da mesma maneira que conseguem ouvi-la e percebê-la. O ambiente da sala é percebido pelos músicos tão
melhor quanto maior for sua experiência na música. Essa percepção mais apurada é o que permite que eles façam
ajustes enquanto tocam (altura, afinação etc.), de modo a melhorar a apresentação. Os músicos não estão conscien-
tes da acústica arquitetônica da sala, mas sim de como a sala soa. Esse aspecto dificulta a comunicação entre o usuá-
rio e o projetista, tornando-se obstáculo para o projeto das qualidades acústicas de um espaço.
Bispo et al. (2005) expõem que a compreensão e a incorporação dos fatores envolvidos com o desempenho acústico
durante o projeto dos espaços é o que garante que sejam alcançados resultados satisfatórios. As qualidades acústicas
devem ser concebidas desde o início do projeto. O autor justifica que a intervenção acústica depois da realização da
construção não permite que as soluções sejam tão eficazes como aquelas previstas em um projeto. Com isso, além
dos prejuízos relacionados ao desempenho acústico, tem-se que a obra fica onerada no aspecto financeiro.
Portanto, estratégias concebidas durante o processo projetual potencializam a existência de uma edificação com
melhor desempenho e menor custo para a implantação dessas estratégias. Azevedo (1994) afirma que não existem
fórmulas ou receitas prontas para o projeto acústico, mas sim fenômenos físicos que precisam ser entendidos e estu-
dados, caso a caso, para balizar a escolha dos materiais e sua aplicação no ambiente.
As questões relacionadas aos requisitos necessitam ser consideradas desde o início das atividades de projeto, e nor-
malmente incluem definições de partido arquitetônico e implantação. Lopes (2010) afirma que a setorização do pro-
grama no terreno é umas das decisões iniciais de maior relevância. Tal setorização é relevante também nos projetos
de reforma e adequação, já que a decisão da localização dos ambientes pode ser feita com agrupamento dos ambien-
tes com fontes de ruído elevadas e daqueles que necessitam de silêncio. Além disso, há de se considerar os ruídos
provenientes do entorno e verificar qual a melhor implantação conforme demanda do ambiente.

124
LEITURA
COMPLEMENTAR

A atenção e o cuidado no projeto, o que inclui aspectos acústicos, é o que determina o sucesso de uma escola de mú-
sica (LAMBERTY, 1980). As questões acústicas são relevantes tanto nos projetos de renovação e reforma dos espaços
quanto nos de novas edificações (POMPOLI; PRODI; FARNETANI, 2010).
Lopes (2010) afirma que as definições Ryherd (2008) explica que o êxito num projeto que demanda elevado desem-
penho acústico é resultado de um processo que envolve uma equipe interdisciplinar, com profissionais que dominam
o tema e possuem profundo conhecimento da propagação sonora. Lopes (2010) cita que, em alguns casos, as defi-
nições de aspectos acústicos caracterizam um projeto à parte. Defende ainda que a aplicação de uma metodologia
projetual facilita a integração dos diferentes agentes envolvidos no processo e a coerência e correta interface dos
subprojetos que gerarão o edifício com adequado desempenho. Ueno e Tashibana (2005) afirmam que é possível
manipular o espaço para controlar o ambiente sonoro da mesma forma e com a mesma importância que o músico
manipula o instrumento para produzir o som das soluções às questões acústicas, e desde o princípio do processo de
projeto é o que garante o melhor desempenho possível com o menor custo possível.
Na prática, a preocupação com o projeto acústico existe somente nos grandes empreendimentos ou construções com
destaque social. Koskinen, Toppila e Olkinuora (2010) lembram que, na prática, as pequenas salas são normalmente
negligenciadas quanto à solução de questões acústicas e implantação dos elementos de acústica como forma de re-
duzir ou cortar gastos ou mesmo por não possuírem recursos financeiros disponíveis. Wenger (2010) mostra que um
dos sinais dessa negligência são salas com volume inferior ao necessário, tetos muito baixos, desconsideração ergo-
nômica do instrumento no dimensionamento de ambientes e organização em planta que não condiz com a atividade.

Para leitura na íntegra, acesse o link disponível em: <http://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/6342/texto%20completo.


pdf?sequence=1>.
Fonte: Talin (2013, on-line).

125
material complementar

Indicação para Ler

Bê-á-bá da Acústica Arquitetônica - Ouvindo a Arquitetura


Lea Cristina Lucas de Souza, Manuela Guedes de Almeida e Luís Bragança
Editora: EdUFSCar
Sinopse: destinado aos iniciantes em arquitetura, este livro visa esclarecer e
exemplificar possibilidades de atuação no ambiente acústico, pela integração
desse parâmetro com o projeto arquitetônico. Fazendo um paralelo entre as eta-
pas de projeto e o estudo acústico dos ambientes, são definidos alguns conceitos
básicos e as propriedades do som, indispensáveis à aplicação da acústica em pro-
jeto. Sobre o tema, aborda-se, aqui, desde a sua importância no contexto urbano,
como ambiente externo, até o controle de ruídos e o tratamento dos ambientes
internos às edificações.
Comentário: este é um excelente livro de fácil entendimento. É um material de
apoio excelente.

Indicação para Acessar

Link 1: documentário - Júlio Prestes São Paulo, realizado em 1998, sobre a readequação do prédio da antiga
Estação Júlio Prestes, em São Paulo, próximo à estação da Luz, que foi transformada na Sala São Paulo,
uma das melhores salas de concertos do mundo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uH5NAzbU-LM>.
Comentário: a sala São Paulo é a casa da OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. No Brasil, é a
melhor sala de concertos, sendo assim, é um exemplo grandioso para quem estuda acústica. Tudo na sala
foi pensando em relação à acústica, um dos destaques é o teto móvel, que pode ser adequado conforme a
necessidade do espetáculo.
Link 2: o link a seguir é sobre as frequências estudadas no início da Unidade I. Nele você poderá ouvir um
som que passa por todas as faixas de frequências, que vai de 20Hz até 20.000 Hz.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HkzVxwghiik>.
Link 3: assim como ouvir um som em todas as faixas de frequências nos ajuda a entender o som, o link
abaixo é sobre um tom puro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MQpfW4KvrZM>.
Link 4: para entender melhor a reverberação, o link disponível contém gravações do tempo de reverbera-
ção que vai de 0,5 segundos até 5,0 segundos, tanto para palavra falada quanto para a música.
Disponível em: <http://www.armstrong-brasil.com.br/reverb/main.jsp?lang=pt&measure=m&domain=pt>.

126
referências

ABNT. NBR 12179. Tratamento acústico em recintos fechados. Rio de Janeiro: 1992. Dis-
ponível em: <https://www.target.com.br/produtos/normas-tecnicas/39384/nbr12179-tra-
tamento-acustico-em-recintos-fechados-procedimento>. Acesso em: 5 fev. 2018.
BISTAFA, S. R. Acústica Aplicada ao controle de Ruído. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 15: atividades e operações insalubres. 1978. Disponí-
vel em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_15.asp>. Acesso
em: 29 dez. 2009.
FERNANDES, J. C. Acústica e Ruídos. Bauru: Unesp, 2002.
SILVA, P. Acústica Arquitetônica & Condicionamento de Ar. 5. ed. Belo Horizonte: Edtal
E. T. Ltda, 2005.
SOUZA, L. C. L., ALMEIDA, M. G., BRAGANÇA, L. Bê-à-bá da Acústica Arquitetônica.
Ouvindo a Arquitetura. São Carlos: EdUFSCar, 2012.
TALIN, L. C. A. Inter-relações entre aspectos arquitetônico-construtivos e a acústica em
espaços adaptados para a prática musical. 2013. 118 f. Dissertação (mestrado) – Univer-
sidade Federal de Viçosa. Minas Gerais. 2003.
VALLE, S. Manual Prático da Acústica. 3. ed. Rio de Janeiro: Música e Tecnologia, 2009.

127
gabarito

1. D) As decisões decorrentes do projeto acústi- b) TR = 0,16 x 459,80 m³


co sobre o isolamento sonoro de um recinto 61,19
visam protegê-lo das ações sonoras externas TR = 1,20 s
ou transformá-lo em um compartimento ca- c) TR = 0,16 x 459,80
paz de confinar fontes de ruídos.
98,70
2. (D) absorventes acústicos em I e isolantes
TR = 0,74s
acústicos em II.
3. C) A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao 7.
encontrar uma parede, sofre reflexão no pró- a) 80 dB e 82 dB = 10 x log ((10^(80/10)) +
prio ambiente (A), sofre absorção pela parede ((10^(82/10)) = 84 dB
(B) e é transmitida para o ambiente contíguo b) 60 dB e 80 dB = 10 x log ((10^(60/10)) +
(C). ((10^(80/10)) = 80 dB
4. C) bloco de concreto rústico α = 0,31 c) 72 dB e 75 dB = 10 x log ((10^(72/10)) +
5. B) as alternativas I, II e III estão corretas, sendo ((10^(75/10)) = 72 dB
que a IV também é de extrema importância, d) 76 dB e 81 dB = 10 x log ((10^(76/10)) +
pois todos os ambientes tem um tempo de re- ((10^(81/10)) = 82 dB
verberação ideal. e) 70 dB e 70 dB = 10 x log ((10^(70/10)) +
6. ((10^(70/10)) = 73 dB
a) Porta:1,10 x 2,10 = 2,31 m² Explicando o resultado: quando é somado duas
Piso: 11,00 x 11,00 = 121,00m² fontes de valor igual, o acréscimo será de 3dB,
Teto: 11,00 x 11,00 = 121,00m² vide resultado da letra E.
Janela (1,10 x 2,00) x 4 = 8,80m²
8. O valor da somatória de todas as fontes sono-
No cálculo da parede, deve-se calcular a metra- ras é 104 dB.
gem quadrada de todas as paredes e subtrair Caso tenha dificuldades em calcular, é necessá-
as metragens que tem material diferente rio uma calculadora científica. Você deverá digi-
Parede: 11 x 3,80 = 41,80m² x 4 (são quatro pa- tar a sentença conforme a fórmula apresenta-
redes) = 167,20m² da no início desta unidade:
167,20 - 8,80(janela) - 2,31(porta) - 15,00(corti- Lptotal = 10 x log (((10^(90/10)) + ((10^(94/10))
na, o material que é considerado é sempre o + ((10^100/10)) + ((10^(85/10)) + ((10^80/10)) +
que está sobreposto) = 141,09m² ((10^(76/10)) + ((10^(80/10)) + ((10^(92/10)) +
((10^100/10))+ ((10^(82/10)) = 104 dB
Multiplica pelo coeficiente de cada material:
Explicando o resultado: quando temos uma di-
Parede: 141,09 x 0,03 = 4,23
ferença de 10dB ou mais entre a menor fonte
Teto: 121,00 x 0,2 = 24,20 sonora e a maior fonte, o valor será aproxima-
Piso: 121 x 0,01 = 1,21 do ao da fonte de maior valor.
Janelas: 8,80 x 0,03 = 0,26
Cortina: 15,00 x 0,8 = 12
Porta: 2,31 x 0,3 = 0,69
Cadeiras: 62 x 0,3 = 18,60
Somatória = 61,19 sm (sabines métricos)

128
UNIDADE
IV
AFINAL, O QUE É A LUZ?

Professora Esp. Renata Catânio

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A luz, o olho humano e a cor
• Princípios básicos da iluminação artificial
• Tipos de iluminação artificial
• Os tipos de luminárias
• Sistemas de iluminação

Objetivos de Aprendizagem
• Entender a relação de cor e luz.
• Analisar os conceitos da iluminação artificial.
• Conhecer as possibilidades de lâmpadas e luminárias disponíveis no
mercado.
• Conhecer os sistemas de iluminação e utilizar de maneira adequada
nos ambientes.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno (a), seja muito bem-vindo à Unidade IV, na qual iniciaremos
um estudo profundo sobre luz, cor e variedades de lâmpadas e luminárias que o
mercado fornece. Este estudo tem como intuito compreender como a luz afeta a
vida de cada indivíduo e como as cores reagem ao serem impactadas com a luz.
No cotidiano, essa luz consegue alterar o humor, sensações, como de frio ou ca-
lor, confortáveis ou desconfortáveis, cansados ou alertas, estimulados ou tristes,
sonolentos ou acordados, enfim, entre muitas outras sensações que o nosso corpo
fornece.
Na arquitetura, a iluminação nos revela cores, formas, texturas, movimentos,
sombras e volumes, transformando um projeto em algo funcional e estético e,
com isso, não sendo apenas um complemento, mas um dos principais projetos
para o usuário se sentir satisfeito com o seu trabalho de interiores.
O uso correto da luz vai trazer, durante o tempo, habilidades instintivas a você,
Designer de Interiores, pois com cada facho de luz e cada iluminação adequada
no ambiente, virá uma emoção diferente ao indivíduo, e da boa aplicação dessa
iluminação, vêm sensações que trarão prazer e o seu projeto não terá apenas
estudos técnicos, mas o emocional estará presente em cada situação dependendo
de cada perfil do cliente.
Perante toda essa importância que a luz faz em um projeto de interiores, surgiu a
necessidade de destacar que é a luz, e assim entender seus conceitos e como nos-
sos olhos reagem ao ser impactado com a luz. Também abordaremos as defini-
ções das cores, sendo este um fator bastante importante para compor projetos de
iluminação. Conheceremos também os tipos de lâmpadas assim como seus usos,
as luminárias e seus sistemas, para que seja possível que todas a ideias saiam do
papel, que aconteça a mágica da transformação do local por meio da luz.
Esta unidade tem como fundamento orientar os passos iniciais de um projeto de
iluminação, abordando com detalhes e ilustrações para que você, futuro desig-
ner, possa colocar em prática todas as informações obtidas e ter sucesso em seu
papel como especificador de iluminação. Então, vamos lá, rumo a uma leitura no
mundo fascinante da luz!


A Luz, o Olho Humano


e a Cor

O QUE É A LUZ?

É por meio dos nossos olhos que recebemos os es- Primeiramente devemos entender o que é luz? E va-
tímulos visuais e luminosos, conforme entendemos mos afirmar que é uma fonte de energia que sen-
melhor na Unidade I do livro, no tópico sobre con- sibiliza nossos olhos. Segundo Einstein, a luz se
forto visual. Entrando em contato com os olhos, a comporta em alguns momentos como onda e em
luz estimula diferentes sentidos e sensações e, por outros como partícula, ou seja, a luz tem proprieda-
isso, o projeto de iluminação é tão importante em des ondulatórias e corpusculares. Ela tem ondas de
um ambiente. É por meio da luz, também, que rece- rádio, televisão, micro-ondas, infravermelha, luz vi-
bemos as informações sobre cores, que percebemos sível, raios ultravioleta e raio-X, entre outros. Como
as cores no meio em que vivemos. afirma Innes (2012), todas as formas de radiação
Desta maneira, nos subtópicos a seguir, discor- eletromagnética diferem com seu comprimento de
reremos mais sobre esses temas: a luz, o olho huma- onda, podendo dizer que a luz é simplesmente uma
no e a cor. energia visível!

134
DESIGN

Podemos simplificar dizendo que, quando essa [...] são inúmeras as evidências da energia incor-
energia de onda eletromagnética amplia e atinge porada na luz. As células fotoelétricas transfor-
mam a energia da luz visível em energia elétrica;
nossos olhos, sensibilizando-o, conseguimos enxer-
as células industriais a laser são utilizadas para
gar a luz, ao ponto que a radiação infravermelha, fazer cortes complexos em todos os tipos de
sendo ela também uma radiação eletromagnética, materiais, desde delicadas folhas de papel até as
tem seu comprimento de onda diferente e somente mais espessas e duras chapas de aço. Mas a trans-
formação mais onipresente da energia luminosa
nos traz a sensação de calor, e não sua visibilidade.
é encontrada nas plantas, que utilizam o poder
Observe pela imagem abaixo que enxergamos da luz visível para conter o dióxido de carbono e
apenas as radiações de onda de 380 a 750 nm, e que a água em alimento (um processo chamado fo-
a infravermelha é sentido apenas pelo calor. Por- tossíntese). O sistema visual humano converte a
tanto, a luz visível é uma pequena parte das ondas energia luminosa que entra em nossos olhos na
energia química que é utilizada para levar ao cé-
eletromagnéticas. Entre 380 nanômetro a 750 nanô-
rebro as informações recebidas pelos olhos.
metro visualizamos a luz e, com o aumento da dis-
tância entre as ondas, temos a infravermelha que Quando a luz incide em uma superfície, podem
identificamos pelo calor. ocorrer alguns fenômenos como:
• Reflexão: ocorre quando a luz incide em uma
superfície e essa retorna ao seu meio de ori-
gem. Existem vários exemplos de reflexão no
nosso cotidiano.

Para um profissional que trabalha diretamente com


projetos luminotécnicos, é necessário estudar muito
sobre esses conceitos, analisando a luz correta para a
superfície escolhida. Um exemplo é uma luz direcio-
nada a uma superfície lisa de cor clara, ela irá pro-
duzir uma reflexão igual em todos os lados, o que
chamamos de reflexão difusa, e quando aplicamos a
luz numa superfície que contém cor, sendo ela bri-
lhante ou não, a luz tomará um pouco dessa cor e irá
refletir realçando levemente a tonalidade da peça.
No reflexo em superfícies polidas, como metais
e espelhos, veremos um reflexo mais nítido, porém
Figura 1 - Na imagem mostra a pequena parte de luz visível
não conseguimos enxergar em outros ângulos; pense
A luz, portanto, pode ser transformada de energia que está se vendo em uma beira de uma lago sua re-
química para energia produzida pelo calor, como flexão está aparente, mas não consegue se ver se virar
Innes (2012, p. 11) diz: de lado e assim chamamos de reflexão regulada.

135


O OLHO HUMANO

Vimos, então, que a luz é uma energia radiante que


consegue sensibilizar nossos olhos, portanto o olho
é nosso mecanismo de visão que recebe essa ener-
gia, mas a curiosidade é: como nossos olhos reagem
quando essa energia o atinge?
O olho impressiona com seus elementos e toda
sua habilidade de visão, mas iremos destacar seus
principais pontos:
• Cristalino: que também chamamos de lente,
Figura 2 - Luz refletida difusa em uma superfície lisa de cor branca ele é usado para focalizar o que se quer ver no
momento, mas eles são tão habilidosos que
nem sentimos esse foco acontecer.
• Retina: fica mais ao fundo do olho e é ela que
recebe a luz que passa pelo cristalino, que
transmite ao nosso cérebro a informação, for-
mando as imagens que nós vemos.
• Íris: controla a luz que entra pelo cristalino,
captando mais luminosidade quando neces-
sário.
• Fóvea: responsável pela frequência de cor e
pequenos detalhes em parte do campo visual.
• Ponto cego: é um ponto no qual não se tem
sensações luminosas pela falta de cones e bas-
tonetes.
Figura 3 - Luz refletida difusa em uma superfície de relevo e com cor
vermelha, assim a luz empresta uma pouco da cor da parede e a reflete
Segundo Guerrini (2014), podemos obter uma re-
dução visual por conta da fadiga ocular provocada
• Refração: ocorre quando a luz se direciona
por fatores da iluminação. Esse esforço visual pro-
em linha reta, mas ao se encontrar com um
objeto transparente de diferentes densidades, longado produz uma dilatação na pupila, que só é
sua trajetória faz desvio alterando sua forma. recuperado no sono diário, mostrando com isso que
• Absorção: ocorre quando a luz atinge uma uma iluminação tem que ser adequada ao nossos
superfície opaca interrompendo sua propa- olhos, trazendo um conforto visual e evitando do-
gação de luz. Um exemplo seria uma base de enças como insônia, fadiga e perturbações. Guerrini
cor preta sendo atingida pela luz: esta será (2014) também nos alerta quanto à importância de
absorvida e não propaga luz.

136
DESIGN

analisar os níveis de iluminação, assim como o tem-


po e contraste, e não apenas ser visto a quantidade
de luz, pois a qualidade é um fator predominante
para evitar transtornos como o ofuscamento, por
exemplo.
Outro fator importante é que nossos olhos, ao
passar do tempo, vão diminuindo suas habilidades,
velocidade de percepção, e o tempo de adaptação au-
menta entre passar de um ambiente claro para escuro.
A iluminação tem que ser adequada para cada tipo e
idade do indivíduo. Um projeto para um casal com
idade de 30 anos difere de um com idade de 60 anos,
por isso devemos sempre nos atentar antes do projeto.
Precisamos de alguns requisitos para obtermos
uma boa visão e não prejudicar nossos olhos, de ní-
veis de iluminância e sua distribuição, luminância e
contrastes, tamanho da tarefa visual e tempo de sua
realização (VIANNA; GONÇALVES, 2001).
Quanto à iluminância, deve-se analisar quanto Figura 4 - Exemplo clássico de Refração: quando os objetos submersos
de luz necessitamos no local em que iremos utilizar e na água sofrem distorção

como podemos distribuir essa iluminação evitando


desconfortos e ofuscamentos. Por fim, como iremos
conquistar toda essa iluminação adequada fazendo
que o ambiente fique agradável? Esses questiona-
mento iremos aprender durante a leitura do livro.
Os olhos passam por vários “choques” de luz, em
momentos com muita intensidade de luz branca e
intensa no local de trabalho e, ao sair e entrar num
restaurante, a luz já está amarelada e com baixa in-
tensidade; e tem a luz solar, que pode, em situações
variadas, ser boa ou ruim, causando ofuscamento.
Com todas essas variações de luz, sem perceber ad-
quirimos fadiga, cansaço e sensibilidade nos olhos, Figura 5 - A absorção de luz no carro de cor preto é maior do que a do
por isso Vianna e Gonçalves (2001, p. 100) afirmam: branco, e a reflexão se torna mais abrangente no branco

137


Por mais que o restante do nosso corpo deseje fa-


zer esforço, o nosso olho quando quer descansar
fica observando o local, rodeando os olhares e au-
tomaticamente descansando, relaxando e causando
conforto para logo após continuar seu esforço e se
concentrar novamente.
Enfim, nosso olho é um fenômeno incrível. Po-
demos algumas vezes vê-lo ainda como limitado,
mas logo ele trabalha para compensar essa limitação,
trazendo-nos novos estímulos e formas de enxergar.

COR E A LUZ
Figura 6 - Experimento realizado por Isaac Newton, no qual a luz do sol
atravessa um prisma de vidro Entre em um ambiente, acione o interruptor e ob-
Luz Branca
serve a luz artificial ao seu redor; possivelmente verá
Luz Branca luz branca e se perguntará: onde estão as cores nela?
Refletida
E te responderei com base na experiência que Isaac
Superfície branca
Newton aplicou. A luz branca na verdade é a mistura
de todas as cores juntas, ou seja, quando a luz bran-
Luz Branca

Nenhuma ca bate no seu olho, vem junto as cores vermelho,


luz refletida
laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, e o nosso
cérebro processa a cor branca.
Superfície preta
Ao atravessar as cores separadamente pelo pris-
Luz Branca
ma, percebe-se que essa cor não se divide, como
Luz vermelha
refletida
acontece com a luz branca, por isso o nome dado de
cores puras. E ao direcionar uma luz branca em uma
Superfície vermelha
superfície escura causará uma ausência de luz que se
chama preto.
Figura 7 - Nesta imagem, percebe-se como a reflexão atinge as superfí-
cies claras, escuras e coloridas De acordo com Fraser e Banks (2007), para pro-
duzir a luz branca não é necessário as setes cores,
[...] uma boa parte da fadiga física que sentimos basta seguir as seguintes indicações:
todos os dias deve-se ao esforço realizado para
Vermelho - laranjado - amarelo fazem parte da
se ver. Abusamos de nossas faculdades visuais e
pagamos direta ou indiretamente com pertur- família do vermelho.
bações fisiológicas diversas. A luz está sendo Verde representa ele mesmo.
mal utilizada. É preciso criarmos, ou melhor, Azul - anil - violeta fazem parte da família do azul.
recuperarmos no homem moderno uma ‘cons- Sendo assim, criamos então o sistema chamado
ciência da visão’.
RGB (red, green, blue).

138
DESIGN

Ainda de acordo com Fraser e Banks (2007), ao unir as


cores primárias, o vermelho, o verde e o azul, produz-se
a luz branca, mas também cria-se as cores secundárias:
• Verde + vermelho = amarelo
• Vermelho + azul = magenta
• Verde + azul = Ciano

Ao unir todas as cores, vemos que ao meio aparece


o preto.
Criamos com essa união o sistema CMY (cian,
magenta, yellow) e o K (Black).
Pinheiro e Crivelaro (2014) afirmam que as cores
sempre influenciaram a humanidade e que seus sen-
tidos mudam conforme crenças, raças, nacionalidade
e seus aspectos culturais. Esse simbolismo de cores
muda ao redor do mundo, por exemplo, a cor bran- Figura 8 - Sistemas de cores RGB e CMYK

ca que nos representa paz e pureza, em alguns países


asiáticos e orientais representa morte, luto e má sorte.

COR DOS OBJETOS

SAIBA MAIS
Agora te pergunto: como você enxerga as cores dos
objetos? Por que enxerga aquela sua blusa na cor
azul? As folhas das árvores verdes? A resposta é que Como sua fisiologia é diferente, os animais
você enxerga a cor de um objeto do jeito que ele nos não veem as cores da mesma forma que
nós. Muitas vezes se afirma que os cães en-
reflete, ou seja, se incidir uma luz branca policro- xergam em preto e branco, mas isso não é
mática em uma base azul, ela irá devolver aos seus rigorosamente verdadeiro. Enquanto a visão
olhos somente a cor azul, e todas as outras cores se- humana é tricromática, os cães e a maior
parte dos mamíferos tem visão dicromática.
rão absorvidas nessa base. Isso significa que não podem distinguir algu-
Imagine que agora colocou uma blusa de cor mas cores, como as pessoas com daltonismo
verde e vem em sua direção uma luz de cor azul, a severo. Os roedores, por outro lado, são
acromatópticos, completamente daltônicos.
luz verde da sua blusa será absorvida e não irá refle- Os cães são compensados por terem uma
tir cor alguma deixando sua blusa de cor escura, no visão noturna superior: para os predadores
caso o preto. Lembrando que isso serve para todas noturnos, isso é mais importante do que
uma boa visão das cores.
as cores. E se aplicar uma incidência de luz vermelha
na base branca? Essa base ficará na cor vermelha, re- Fonte: Fraser e Banks (2007, p. 28).

fletindo aos olhos somente o vermelho.

139


dores, artistas plásticos, enfim tudo relacionado ao


trabalho com cores e suas combinações.
O círculo cromático nos apresenta, na parte cen-
tral, as cores primárias (vermelho, amarelo e azul),
cores essas que não se consegue encontrar por meio
de misturas com outras cores, pois elas são puras.
Logo em volta das cores primárias temos as cores
secundárias, causadas pela mistura das cores primá-
rias (violeta, verde, laranja). Na parte maior do cír-
culo, temos as cores terciárias, que são as misturas
das cores primárias com as secundárias. Agora, com
esse círculo completo, consegue-se criar harmonias
das cores encontrada na composição de duas ou
mais cores, possibilitando combinações agradáveis.
Figura 9 - Círculo Cromático Vejamos as principais combinações para utilizar
diariamente no design, de acordo com informações
As cores interferem totalmente em nossas vidas, tan- apresentadas por Heller (2012) e Fraser e Banks (2007):
to pelo aspecto psicológico quanto físico, e sabendo • Composição análoga: dá-se a escolha de cores
utilizar de forma correta, irá influenciar positiva- vizinhas vistas uma do lado da outra dentro
mente ao receptor. Como designer, terá que sempre do círculo cromático; escolha pela cor base
neutra como o branco e aplique duas cores ou
fazer análises das cores antes de iniciar seus projetos
até mesmo a mesma cor com tons diferentes.
para que obtenha sucesso. Heller (2012, p. 21) nos
• Composição Complementar: usada para es-
afirma que: colher cores opostas dentro do círculo cro-
mático; essa opção é usada quando se deseja
[...] cada cor pode produzir muitos efeitos, trazer grandes contrastes para o seu trabalho,
frequentemente contraditórios. Cada cor atua por isso opte por uma cor predominante e
de modo diferente, dependendo da ocasião.
outra que dará destaque em alguns lugares
O mesmo vermelho pode ter efeito erótico ou
no projeto.
brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode
atuar de modo salutar ou venenoso, ou ainda • Composição Triádica: quando montamos
calmante. O amarelo pode ter um efeito calo- um triângulo dentro do círculo cromático
roso ou irritante. Em que consiste o efeito espe- com a mesma distância em todos os lados,
cial? Nenhuma cor está ali sozinha, está sempre essa combinação vai trazer equilíbrio e balan-
cercada de outras cores. A cada efeito intervêm ço dentro da decoração, por exemplo.
várias cores – um acorde cromático. • Composição complementar dividida: neste
caso, opta por uma cor e escolhe duas vizi-
A autora citou a palavra cromático, pelo motivo de nhas das complementares, isso irá obter um
basear um de seus estudos no círculo cromático contraste mais leve do que as cores comple-
muito usado por nós designer, estilistas, maquia- mentares.

140
DESIGN

• Composição Tetraédica: é a escolha de duas


composições complementares formando um
X no círculo cromático e obtendo quatro co-
res, combinação mais complexa de uso no
Design pela quantidade de cores utilizado em
um único ambiente.
• Composição Monocromática: quando se
escolhe uma das cores e muda a tonalidade
dela, facilita na composição de um ambiente
deixando-o mais linear.

As cores influenciam sentimentos, sensações e até


vontades, como, por exemplo, aplicar cores alaran-
jadas em ambientes de alimentação, estimulam a
sensação de fome, e a cor verde poderá trazer tran-
quilidade e leveza, o que é interessante para um am-
biente como um spa. Assim veio a conotação das
cores quentes e frias, relacionadas tanto ao aspecto
de experiências emocionais quanto pelo aspecto de
reflexão e absorção das cores.

Figura 10 - Das cores quentes às cores frias

Temos cores que interferem na cultura, nas religiões,


nas regiões e seus costumes, mas, em sua maioria,
cada pessoa irá sentir diferentes sensações ao ver
uma cor. Muitas pessoas têm preferência por uma
única cor ou tons que ela fornece, então, antes de
qualquer decisão, analise cada pessoa individual-
mente, que significado essa cor representa, prazer,
satisfação, fome, humor, tristeza, enfim, em que fa-
tor à sensibiliza para fazer a escolha correta em seus
projetos.

141


Princípios Básicos
da Iluminação Artificial

Você convive com a luz diariamente; no caso da luz Agora, pegue uma lâmpada com embalagem
artificial, onde entra ela está presente, casas, bares, nas mãos e observe atrás da embalagem. Você en-
lojas, comércio, escolas e entre muitos outros. De- contrará várias informações técnicas a serem lidas,
ve-se perguntar: qual lampada comprar? É eficiente? ainda antes da instalação no ambiente. Serão esses,
Vai funcionar? E a economia? Não se imagina que além de mais outros conceitos, que serão explorados
uma única lâmpada traz, dentro dela, tanta informa- neste livro. Dessa maneira, apresentaremos a seguir
ção e que devemos aprender os princípios básicos as principais informações disponibilizadas sobre as
para montar um bom projeto de iluminação. Serão lâmpadas, de acordo com Silva (2009):
especificadas as principais definições de medições • Fluxo Luminoso: é a quantidade de luz emi-
da luz, elas podem parecer complexas, mas confor- tida por uma fonte luminosa. Sua unidade de
me a leitura prosseguir, esclarecerá eventuais ques- medida do fluxo luminoso é o Lumén (lm).
Uma lâmpada de LED de 9 watts emite cerca
tionamentos.
de 830lm de fluxo luminoso.

142
DESIGN

• Intensidade Luminosa: é a quantidade de luz • Temperatura de Cor: é o termo usado para


emitida em uma direção específica. Sua uni- explicar as diferenças de tonalidades de uma
dade de medida é a candela (cd). Uma lâmpa- fonte de luz, sua unidade é o Kelvin (K).
da no formato de dicroica com LED acoplado Como suas cores podem ir de cor quente
tem uma lente que forma um ângulo e este para fria, sua analogia foi definida pelo calor
direciona para um objeto; uma lâmpada nes- em graus Celsius para Kelvin. Tendo uma luz
se formato pode obter até 900cd e alcançar de cor mais amarelada, define como 2700K e
mais de 5 metros. indo para luz mais fria 6500K. Visto em tópi-
• Iluminância: é a densidade de fluxo lumino- cos anteriores, essa unidade colabora a esco-
so presente em uma superfície e a área desta, lher a tonalidade correta conforme a necessi-
seu símbolo é o E e sua unidade de medida é dade do indivíduo.
o lux. Um lux é igual a um lúmen por metro • Índice de Reprodução de Cor: uma fonte lu-
quadrado. Conseguimos fazer a leitura desses minosa artificial tem uma cor real que é refle-
lux por meio de um aparelho que os profis- tida em todo lugar e sua unidade de medida
sionais Lighting Designer utilizam, o luxí- é o IRC. Tem que obter lâmpadas de quali-
metro. Temos também as normas da ABNT dade que tragam IRC acima de 85 até 100.
8995-1, que determinam quantos lux devem Para chegar nesses números, foi comparada
ter para cada área. a luz do sol com a luz artificial, então quanto
• Luminância: é a quantidade de luz que refle- maior o IRC, mais próximo essa cor tem da
te em uma superfície e devolve essa reflexão luz solar e, assim, melhor fidelidade das co-
ao observador, é uma luz visível ao contrário res. Imagine que precise comprar uma blusa
da iluminância; como sua medição está rela- vermelha: vai até a loja e a iluminação desta
cionada com o ângulo de visão dos olhos que está um pouco falha, mesmo assim compra a
estão observando essa superfície, sua unida- blusa e ao sair da loja percebe que ela mudou
de é candela por metro quadrado (Cd/m2). a tonalidade, isso se dá pela falta de qualidade
Quando você está estudando e na sua mesa de IRC das lâmpadas desta loja.
se localiza um luminária que direciona luz
no seu livro, essa mesma luz refletirá no seus SAIBA MAIS
olhos e fará com isso a luminância.
• Eficiência Luminosa: apresenta a eficiência
O uso da luz na Arquitetura tem a dupla fun-
da energia elétrica consumida se converten- ção de trazer poesia e boa funcionalidade
do em luz e sua unidade de medida é o lu- aos edifícios, tendo esta última se tornado
mén por watt (lm/W). Uma lâmpada bulbo importante com crescimento das funções im-
de LED de 7W com 610lm tem 87lm/W. Esse postas pela sociedade moderna do século XX
cálculo consegue se fazer se tem a informa- – edifícios complexos, de grandes dimensões
e múltiplas funções.
ção da quantidade de watt e do lúmen, assim
faz uma equação simples: Fonte: Vianna e Gonçalves (2001, p. 41).
7watts ÷ 610lm = 87lm/W.

143


NORMAS PARA NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA

Como apresentado anteriormente sobre iluminân- Informaremos neste livro algumas regras para
cia, existe uma Norma Brasileira que especifica ambientes comerciais. No caso do interesse em mais
quantidade de lux para cada ambiente. Para alcançar normas, é possível encontrá-las no site da ABNT.
a qualidade em um projeto, atendendo às normas, Segue abaixo alguns dados que ABNT NBRISO_
deve-se olhar a tabela, ver quantos lux seu ambiente CIE8995-1, que nos fornece:
precisa e fazer o cálculo luminotécnico para obter
essa quantidade de lux.
Tabela 01 - Normas da ABNT ISO NBR 8995-1.

Tipo de ambiente, tarefa ou ativi-


Em
dade UGRL Ra Observações
lux

22. Escritórios

Arquivamento, cópia, circulação etc. 300 19 80


Escrever, teclar, ler, processar dados 500 19 80 Para trabalho com VDT, ver 4.10.
Desenho Técnico 750 16 80
Estações de projeto assistido por 500 19 80
Para trabalho com VDT, ver 4.10.
computador
500 19 80 Recomenda-se que a iluminação
Salas de reunião e conferência
seja controlável.
Recepção 300 22 80
Arquivos 200 25 80
23. Varejo
Área de vendas pequena 300 22 80
Área de vendas grande 500 22 80
Área da caixa registradora 500 19 80
Mesa do empacotador 500 19 80
Fonte: adaptado de ABNT (2013).

144
DESIGN

Tipos de Iluminação Artificial

A quantidade de lâmpadas para aplicação nos pro- do luz em calor. Neste ano, foi proibida a venda de
jetos é bastante extensa, de formatos e maneiras de algumas wattagem da lâmpada, por não atenderem
utilização diferentes. Por conta disso, iremos de- os níveis mínimo de eficiência energética e sabemos
monstrar os possíveis tipos de lâmpadas que pode- que, em um curto período de tempo, todas as lâmpa-
rão ser utilizados nos projetos. das incandescentes serão proibidas. Por conta de sua
A lâmpada incandescente é a nossa primeira his- saída do mercado, mas com o contínuo interesse do
tória de luz elétrica. Tiveram vários inventores en- mercado por sua forma, talvez pelos fatos históricos
volvidos na criação desse incrível objeto, mas quem e tradições, as indústrias de lâmpadas estão “imitan-
obteve mais sucesso em comercializar foi Thomas do” seu formato e utilizando componentes internos
Edison, em 1879. Essa lâmpada é composta de um que economizam energia, como o caso do LED ou
filamento de tungstênio alojado no interior de um vi- filamento de carbono, que são lâmpadas decorativas.
dro da lâmpada preenchida com gás. Quando se liga Quando a lâmpada incandescente foi perdendo
na eletricidade, os filamentos se chocam com os áto- força no mercado por sua alta wattagem, pouca dura-
mos de tungstênio, liberando energia, transforman- bilidade e falta de opção para novos formatos, foram

145


criados outros tipos de lâmpadas e uma delas usamos • AR70 e AR111;


muito nos dias atuais: a Lâmpada Fluorescente, uma • Dicroica e Minidicroicas.
lâmpada de vapor de mercúrio em um tubo de vidro
e dois eletrodos em cada ponta e mais uma mistu- Apesar das lâmpadas halógenas serem bem eficien-
ra de gases internos; ao acionar na eletricidade, os tes, ainda teve a procura de uma fonte de luz mais
eletrodos geram uma corrente elétrica que mistura potentes para iluminação pública e estádios, por
esses gases e também emite radiação ultravioleta. exemplo; e surgiram as lâmpadas de descarga de alta
Essa lâmpada foi conquistando espaço por variar pressão. Elas conseguem ser muito potentes mesmo
formatos, tonalidades além de seu baixo consumo tendo formatos pequenos, seu sistema é durável e
de energia. Segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), tem baixa carga térmica. A luz que exala é de grande
essas lâmpadas possuem rendimento luminoso cin- brilho e eficiência; os gases que possuem são os de
co vezes superior ao das lâmpadas incandescentes e sódio, mercúrio ou xenon, mas esse tipo de lâmpada
vida média dez vezes superior. Seu custo é bom pela demora alguns minutos para acender. Quando você
durabilidade e economia e, hoje, ela perde em venda está em um ambiente com esse tipo de lâmpada e
apenas pelas lâmpadas de LED. Existem nos forma- a energia cai, por exemplo, demora alguns minutos
tos de tubulares, compacta reta e espiral, compacta para restabelecer a luz. O uso desta é indicado para
não integrada e a circular. vitrines, estádios, fachadas, iluminação pública e fá-
Todas as lâmpadas que se aperfeiçoaram foram bricas. Ela possui os modelos de lâmpada de descar-
baseadas na incandescente, visto que as fluorescen- ga multivapores metálicos, vapor de sódio, vapor de
tes obtiveram sucesso em suas vendas, mas ainda mercúrio e mistas.
precisavam atender a um público que começava a Todas as lâmpadas anteriormente apresentadas
ver a luz como algo que poderia causar efeitos nos podem ser substituídas por um único sistema que
ambientes, por isso precisavam de mais formatos e está conseguindo atingir grandes resultados por
grandes eficiências, e também devolver a cor mais suas inúmeras vantagens: o LED. O LED veio para
amarela que a incandescente oferecia: assim surgi- revolucionar o mercado de lâmpadas e luminárias.
ram as Lâmpadas Halógenas. Elas possuem um fila- Mas o que é o LED?
mento, mais seu gás muda para o Halógeno, permi- São diodos emissores de luz, considerados hoje
tindo seus variados formatos. Elas podem ter baixo uma das maiores inovações tecnológicas. Sem ao
consumo em vista das incandescentes, seu custo é de menos perceber, ele sempre esteve presente em nos-
baixo para médio, sendo que podem ser usadas em sas vidas, pois foi descoberto já há um tempo e foi
variados ambientes, como residências e comércios, bastante utilizado nos anos 1970 dentro de eletrô-
em spots, plafons, arandelas, lustres e pendentes. O nicos, relógio digitais, vídeo games e na indústria
efeito visual no uso correto dessas lâmpadas pode automobilística, que adotou o LED inserido nos pai-
ser admirável. néis dos carros. Nos anos 1990, começou a evoluir
Seus formatos são inúmeros: com a criação do LED azul, que é a base para criar
• PAR16, PAR20, PAR30 e PAR38; os LEDs de cor branco ou branco amarelado, hoje
• Palito, halopin e bipino; muito usados pelos arquitetos e designers.

146
DESIGN

Ao fazer a escolha por essas lâmpadas de LED, Com todas as opções de lâmpadas apresentadas,
estará optando por inúmeras vantagens, que são: já é possível fazer escolhas das quais deseja aplicar
economia de energia, economia de consumo, sem em seus projeto de interiores, sendo necessário sem-
radiação, pouco aquecimento, variados formatos, pre ter cautela ao projetar iluminação, analisando os
IRC de 80 a 100%, vida útil longa, tensão bivolt em efeitos e sensações que deseja trazer para o cliente,
sua maioria, variadas temperaturas de cor conse- especificando lâmpadas que sejam agradáveis para
guindo até cores diversas, fornece dimerização em esse usuário.
alguns modelos, lâmpada sustentável, uso de LED
com outras tecnologias para atingir eficiência ener-
gética e, por fim, consegue transmitir efeitos visuais
magníficos.
O LED é o presente e futuro da iluminação, tra-
zendo benefícios para os projetos e o ser humano.
Seus formatos atingem todas as lâmpadas explora-
das nesse tópico e mais outros criados pela facilida-
de de manusear o LED.
Outro tipo de iluminação é fornecido pela fibra
ótica. Poucos conhecem, mas os efeitos que trazem
para os olhos são incríveis. O sistema de fibra ótica
se diferencia do LED sobre ser um condutor de luz,
ou seja, ele não tem energia elétrica passando por
ele, somente uma lâmpada em sua fonte que traz ilu-
minação para essas fibras. A fibra ótica, portanto, é
uma condutora de luz que recebe luz de uma única
fonte, levando luz para todas as fibras, tendo pou- Figura 11 - Alguns formatos de lâmpadas e fitas de LED fornecidas para
quíssimo gasto de energia e também pouca manu- venda

tenção, não gera calor e nem energia, seu efeito é tão


impactante que podemos utilizar em vários lugares
REFLITA
e um deles seria dentro de piscinas por não receber
energia, em quartos, banheiros, salas, comerciais,
em tudo que queira chamar atenção para luz. Quando pensamos em iluminar algum am-
biente, temos de primeiramente idealizar o
Essa tecnologia é fornecida em duas opções: sis- que se quer e, em seguida, planejar como
tema pontual, no qual a luz é levada de uma ponta poderemos realizar o idealizado, ou seja, é
a outra, causando efeitos de vários pontos de luz na necessário projetar o que queremos para
poder chegar ao nosso objetivo.
pontas das fibras, e o sistema de luz lateral, no qual a
luz se espalha por toda fibra, dando um efeito mais (Mauri Luiz Silva)

linear e homogêneo.

147


Os Tipos de Luminárias

Ao pensarmos em montar um bom projeto lumino-


técnico, devemos entender sobre o uso das lâmpadas
e seus efeitos, custo, energia consumida e, também,
definir o tipo de luminária para cada ambiente, sen-
do que essa escolha não pode estar pautada apenas
em fatores estéticos.
A função das luminárias, além de trazer estéti-
ca, é a de distribuir melhor a luz das lâmpadas. Elas
possuem difusores e aletas que evitam o ofuscamen-
to e encaixam nas lâmpadas, trazendo modernidade
e movimento; algumas delas colaboram com vidros
e lentes para que essa lâmpadas tenha mais alcance
e definição de fachos. A luminária bem especificada
é a “cereja do bolo” em seu projeto de iluminação.

148
DESIGN

Se possível, é interessante ter uma loja de ilumi-


nação parceira, que te esclareça dúvidas frequentes
sobre o uso das luminárias. Não é possível conhecer
tudo o que está disponível no mercado e entender
suas especificações, mas podemos analisar algumas
questões como, por exemplo, saber se o acabamento
da peça escolhida pode ir ou não num banheiro com
grande incidência de vapor, ou até mesmo em uma
casa à beira mar, onde é possível a oxidação das lu-
minárias, dependendo de seu material; neste caso, o
ideal são peças em alumínio, plástico, vidro ou ma-
deira, evitando as de aço ou ferro e impedindo que a
ferrugem e a oxidação da luminária aconteça.
Busque por catálogos de luminárias: existem
inúmeros que irão facilitar o projeto e eles sempre
têm todas especificações como que tipo de lâmpada
utilizar, seu material, dimensões e cores, facilitando
Figura 12 - Aplicação de um plafon com cristal no centro da sala
ao máximo sua preferência.
Saiba quais são as opções mais procuradas e es-
pecificadas por profissionais da área:
• Plafons: eles podem ser de embutir ou so-
brepor, sua instalação fica “colada” ao teto,
servindo para todos os tipos de iluminação,
tanto direta, indireta e foco. Não tem regra de
aplicação, podendo ir em todos os ambien-
tes. Hoje, nós temos no mercado as placas
de LED servindo como um plafon tanto de
embutir no gesso quanto de sobrepor. Nela
há uma vantagem de não ir lâmpadas, seus
LEDs são acoplados nas peças tendo apenas
um driver sem uso. Em soquetes assim, a ilu-
minação fica mais ampla e sem sombras.
• Spots de embutir e sobrepor: são luminárias
de menor tamanho que podem ser ou não
direcionadas, redondas ou quadradas, cores
diversas, fácil instalação, podendo instalar
em vários tipos de teto como de madeira ou
gesso, deixando os ambientes muito mais so-
Figura 13 - Aplicação de spots de embutir no teto próximos das paredes
fisticados e com muitas opções para projetar. dando destaques aos revestimentos de parede instalados

149


Dentro da linha dos spots, temos também os trilhos


eletrificados com encaixe de spots, que se movimen-
tam e direcionam para onde desejar. Eles ajudam
pessoas que não tem opção de aplicar teto de gesso
a instalar esses trilhos a um único ponto da laje e,
como uma única fonte elétrica, consegue usar vários
spots e aumentar a iluminação artificial.
• Pendente: são peças que ficam penduradas
por fios, tendo como função trazer um efeito
decorativo para os ambientes. Pode ser colo-
cada em várias situações como bancadas de
cozinha, bancadas de espaços gourmet, meio
de sala de estar e jantar, laterais de cama e
muitos outros lugares tanto no comercial
quanto residencial. O uso de material para
criação de pendentes são incontáveis, basta
Figura 14 - Pendentes instalados acima da bancada dando uma moder-
nidade para o ambiente escolher a peça que se encaixa mais em seu
projeto. Seja cauteloso em aplicar pendentes
em salas de tv, para que não atrapalhe a visão
desse aparelho.
• Lustre: as pessoas costumam confundir pen-
dentes com lustres, mas na verdade o lustre é
a peça de maior destaque, trazendo com ele
seus cristais e sua imponência; tem formatos
diferentes com braços de candelabros, outros
em modelos imperiais, sendo comum a ten-
dência clássica. Muitos desistiram de com-
prar lustres, porque viam muitas lâmpadas
em uma só peça, o que significaria um maior
gasto de energia, mas hoje, com as lâmpadas
de led, poucos watts são utilizados para um
grande lustre, tornando-o novamente uma
peça atrativa e possível de ser utilizada em
diferentes projetos.
• Arandelas: vieram para dar um uso maior
para as paredes e uma iluminação mais fron-
tal, tirando um pouco das luzes de teto. Elas
têm vários formatos e efeitos sem regras em
sua utilização. As arandelas se encaixam bem
Figura 15 - Arandela de facho fechado e aberto dando destaque para para quem gosta de se maquiar; sua luz fron-
parede

150
DESIGN

tal reflete com perfeição no rosto, tirando


sombras, aumentando a reflexão de luz no
rosto e eliminando as sombras desagradáveis
na hora de se maquiar.
• Luminárias e abajur: as luminárias de mesa
servem para iluminar qualquer bancada em
que ela seja colocada, pode ser para estudo
ou um suporte de luz para determinado am-
biente. Os abajures têm funções bem seme-
lhantes com as luminárias de mesa, mas seus
formatos na maioria robustos e imponentes
trazem para os ambiente uma sofisticação na
decoração além de trazer sensações aconche-
gantes.

As luminárias de piso ou colunas de piso têm quase Figura 16 - Nesta imagem temos uma luminária de mesa e uma de piso,
a mesma função das de mesa, mas não necessitam de diferenciando-se pela sua altura

mesa para serem apoiadas por conta da sua altura,


Os balizadores, por outro lado, têm formato
podendo variar muito seu formato, desde a coluna
pequeno, na sua maioria são de LED e de fácil
reta até com curvatura para deixar mais próxima instalação, servem para marcar pisadas, cal-
essa luz do receptor. çadas, decks, fachadas pequenas, fornecendo
• Luminárias jardim: para jardins e áreas exter- uma agradável visão de suas marcações.
nas, é comum a utilização dos embutidos de • Projetores de alta eficiência: são para locais
solo, que são luminárias que resistem ao tem- grandes que necessitam de bastante clarida-
po, sendo instaladas no solo, dando um efeito de. Um estádio de futebol e uma quadra po-
up light. Indicado utilizar em ponta de árvo- liesportiva são exemplos que precisam desse
res grandes com palmeiras, colunas que de- tipo de iluminação. Eles têm poucos forma-
seja destaque, fachadas externas e paisagismo tos, mudando conforme sua potência e não
diversos. Tem grande variedade de formatos. é uma peça esteticamente bonita, tem função
Se não for possível utilizar o embutido de solo única de iluminar bem. Hoje, os projetores de
ou querer mesclar a utilização, pode-se insta- LED são mais vendidos do que os de lâmpa-
lar os espetos de iluminação, que são luminá- das de descarga, eles gastam menos energia
rias que não ficam embutidas, mas espetadas e acendem de imediato, ao contrário das de
no solo, possibilitando direcionar e controlar vapor, que demoram para acender. Seu custo
o facho. Uso mais comum em paisagismo, en- muda muito conforme sua potência.
tradas de locais para marcar passagem. Existem uma infinidade de luminárias para es-
O poste alto e o postinho também são lumi- pecificar, por isso, apresentamos aqui os modelos
nárias que ajudam a iluminar áreas externas. principais de base; use catálogos manuais e virtu-
Com postes altos, é possível iluminar ambien- ais para interagir com mais tipos de luminárias
tes amplos, e o postinho lugares menores. e suas funções, começando a escolher as que se
encaixam na função e estética dos seus projetos.

151


Sistemas de Iluminação

152
DESIGN

Conhecendo os tipos de lâmpadas e as luminárias, mesa que irão focalizar na área de estudo ou leitura.
você estará no meio do caminho para complemen- Em uma sala com uma poltrona, onde ali o indiví-
tar seu projeto luminotécnico, mas é preciso agora duo faz sua leitura diária, coloque uma luminária de
entender o que fazer com essas informações, como piso direcionado para essa leitura, assim irá obter a
aplicar dentro do seu trabalho, qual usar, como usar, luz de tarefa.
e unir elementos complementares como gesso e ma- Ao optar por pendentes ou luminárias que não
deira, trazendo harmonia nos ambientes. Não se têm difusores e por lâmpadas que refletem direta-
imagina o que pode se criar com esses sistemas, pro- mente na pessoa, a isso chamamos de iluminação
tegendo, refletindo, refratando, dimerizando, filtran- direta, bem utilizada em lugares que necessitam de
do ou simplesmente dando destaque para lâmpada. boa claridade, porém cuidado com o ofuscamento
A luz geral tem uma intensidade que permite por saturação. Pendentes são bons exemplos de luz
maior visibilidade do local em que foi instalada. A direta e podem ser usados em diferentes ambientes.
iluminação uniformiza o ambiente com a luz e as lu-
minárias que têm difusores acrílicos e aletas são as
mais usadas para esse tipo de iluminação. Essa ilu-
minação traz mais flexibilidade aos layouts no am-
biente e a desvantagem de poder não atender locais
que exigem maior nível de iluminância e, dependen-
do da luminária escolhida, pode causar ofuscamento
se a lâmpada for aparente. Seu uso pode ser aplicado
em locais comerciais, escritórios, indústrias, super-
mercados, salas de aula, em residência nas cozinhas,
lavanderias e despensas.
A Iluminação de destaque enfatiza um determi- Figura 17 - Iluminação Geral aplicada no escritório trazendo uma luz
nado produto ou objeto que queira dar valorização homogênea e com facilidade de mudança do layout

no ambiente; lembre-se de que esse é o tipo de luz


que a pessoa entra no ambiente e observa primeiro.
Para alcançar essa iluminação, procure pelo uso de
spots e trilhos que irão enfatizar sua parede ou seus
objetos que queira destacar.
A luz com efeito é quando utilizamos a luz para
ela mesmo se destacar no ambiente, é como se colo-
casse uma iluminação que emite cores como o siste-
ma de RGB das fitas de LED, ficando bem destacada
essa luz.
Com a luz de tarefa, pode se colocar luminá-
rias de movimento como as colunas e luminárias de Figura 18 - Luz de destaque nas paredes das salas

153


Se projetarmos um teto com aplicação de ges- o contexto histórico deste monumento. Só depois
so e nele abrimos uma cava onde serão instaladas poderá começar a projetar os sistemas de ilumina-
lâmpadas dentro, a luz ficará bem confortável e se ção escolhendo luminárias tipo up light e down light,
chamará luz indireta; ela é bem utilizada pela sensa- uso de refletores e até uso de troca de cores para
ção de conforto que causa. Os arquitetos e designers enfatizar mais este monumento. O Cristo Redentor
especificam bastante esse tipo de iluminação. Ela localizado no Rio de Janeiro é um exemplo de luz
pode ocorrer também por pendentes que fazem o com troca de cores.
rebatimento e plafons de luz indireta. Uso maior em Ainda sobre os sistemas de iluminação, devemos
lugares que necessitam menos de luz clara e potente, saber tecnicamente como utilizar o sistema correto,
no caso de salas, quartos, recepções e bares. mas acima desses cálculos e luminárias diferenciadas,
A iluminação de fachadas e monumentos é tam- temos que seguir o que Silva (2009) nos afirma, que
bém um fator importante para destacar: primeira- na realidade e na prática, iluminar um ambiente de
mente analise se tem alguma legislação do municí- forma adequada é muito mais que números e fórmu-
pio que poderá afetar seu projeto e leia muito sobre las, pois luz, na maioria dos casos, pressupõe emoção.

Figura 19 - Cristo Redentor do Rio de Janeiro, vista noturna

154
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), estamos no final de mais uma unidade cheia de informações, que
serão complementadas pela próxima leitura. Primeiramente, foram esclarecidos
os conceitos da luz para prosseguirmos e vermos como essa luz atinge nossos
olhos, suas reações e características físicas e, assim, entender como ela é impor-
tante para melhorarmos nossas capacidades físicas e emocionais.
Nas cores, foi apresentado um estudo para compreender a reflexão e absorção da luz na
cor, também as cores primárias e seus complementos; o círculo cromático veio para enten-
der seu uso no Design e as emoções e sensações positivas que a luz e a cor correta nos traz.
As alterações das lâmpadas desde sua origem até os dias atuais são causadas pela mu-
dança de pensamento e economia; depois analisa-se a durabilidade e estética, tanto que es-
tão trazendo novamente o desenho da lâmpada incandescente, mas com filamento de LED
interno. Por conta desses pensamentos inovadores e sustentáveis, devemos analisar o que
está fora do conceito eficiente e melhorar a maneira de aplicar lâmpadas.
Com as escolhas corretas das lâmpadas, ficará mais fácil optar por luminárias funcio-
nais, vendo que a iluminação nos traz sensações diversas dentro dos ambientes. Ela também
oferece beleza, efeitos decorativos, estilo e cenas que farão a pessoa se interessar em ficar
mais tempo no local em que foi instalado.
Como projetar corretamente o uso das lâmpadas e luminárias sem saber utilizar os sis-
temas que as compõem? Temos que entender que, ao instalar uma lâmpada dentro de um
difusor acrílico, formamos uma iluminação geral, e uma lâmpada dicroica de LED em um
spot de embutir forma outro sistema chamado de destaque. Saiba que a escolha certa fará
um ambiente com harmonia e, unindo junto com a escolha de cores, alcançará resultados
positivos para cada projeto.
Espero que tenha alcançado as expectativas de fazer compreender o mundo da luz, co-
res, iluminação e seus sistemas, e que pratique essas teorias em seus trabalhos profissionais.

155
atividades de estudo

1. Innes (2012) afirma que a luz é uma forma de energia, em um momento age como ondas eletromag-
nética e em outro como partículas corpusculares. Todas essas formas de radiação eletromagnética
se diferem por seu comprimento de onda, e a luz tem uma onda cuja amplitude torna a luz visível.
Por outro lado, a radiação infravermelha não nos provoca a sensação de visão, mas sim em forma de
calor. Existem outras ondas eletromagnéticas abaixo da infravermelha que também não são visíveis,
que podemos afirmar que são:
I. Raios-X, Raios Gama e Raios Ultravioleta.
II. Ondas de rádio longas, ondas de rádio AM e ondas de rádio VHF.
III. Micro-ondas, ondas de televisão e ondas de rádio FM.
IV. Infravermelha, Raios-X e Raios Gama.
V. Raios-X, Micro-ondas, ondas de rádio longas.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. I e II.
c. II e III.
d. I, IV e V.
e. I, II, III, IV e V.

2. Observe esta imagem:

Vimos no estudo das cores como enxergar as cores dos objetos; que ao bater luz branca em um objeto
colorido, esta irá absorver as outras cores e me devolver a reflexão da cor do objeto, sendo assim, a luz
branca nos faz enxergar esses balões vermelho, amarelo e azul com faixas brancas. Mas se projetasse
uma luz de cor azul nesses balões, que cor eu veria neles agora?

156
atividades de estudo

a. O primeiro balão de cor magenta com a sua faixa azul, o segundo balão de cor verde e faixa azul e o
último balão ficará todo azul.
b. Todos os balões e suas faixas ficam azuis.
c. Os dois primeiros balões ficam pretos e suas faixas azul, e o último balão todo azul.
d. O primeiro e o último balão na cor roxo, o segundo balão magenta e todas as faixas azul.
e. Todos os balões ficam pretos e as faixas azuis.

3. Eficiência luminosa indica com que a energia elétrica consumida é convertida em luz e sua unidade de
medida é lumens por watt (lm/W). Portanto, qual é a eficiência luminosa de uma lâmpada LED de
alto fluxo de 20W com1800lm?
a. 96lm/W
b. 98lm/W
c. 100 lm/W
d. 90lm/W
e. 87lm/W

4. Esclareça as diferenças de uma lâmpada de LED para uma lâmpada eletrônica. Qual delas tem mais
vantagens dentro da eficiência energética?
5. Descreva quais luminárias escolheria para montar um projeto luminotécnico de um aparta-
mento pequeno para um casal de jovens recém-casados.
6. Quando existe um projeto no qual terá que unir a iluminação direta com a luz indireta, qual melhor
método utilizado abaixo para que esse sistema funcione corretamente?
a. Escolher por pendentes sem difusor para luz direta e plafons com aletas metálicas para criar uma luz
indireta.
b. Montar um sistema de sanca que irá aplicar a luz dentro, fazendo a luz indireta, além de utilizar pen-
dentes sem difusor para luz direta.
c. Usar plafons de acrílico para luz indireta e spots de embutir direcionados para luz direta.
d. Colocar spots de embutidos direcionados na parede para luz indireta e plafons de vidros jateados para
luz direta.
e. Utilizar pendentes com difusor para luz direta e plafons de acrílico para luz indireta.

157
LEITURA
COMPLEMENTAR

CROMOTERAPIA
A cromoterapia é uma forma de terapia alternativa que entende que cada cor possui uma vibração e capacidade de
cura específica. Desde Isaac Newton, no século XVII, até hoje, cientistas pesquisam o poder da propriedade dos tons
no organismo. Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde desde 1976, a terapia tem sido muito usada para
melhorar a saúde de pacientes sem a prescrição de medicamentos.
O Westwing sabe que as energias da casa são importantes para o bem-estar de seus moradores. Saiba tudo sobre
cromoterapia e veja como melhorar o astral de seu espaço e da sua vida com mudanças na decoração. Veja um guia
com o significado das cores e o poder que elas podem exercer na saúde. Aprenda ainda como usar tons na sua casa
para favorecer sensações boas. Comece agora a levar o equilíbrio para a sua casa!

Cromoterapia: Significado das Cores


A cromoterapia acredita que as cores não somente influenciam no equilíbrio da casa como também podem ajudar no
tratamento de saúde. Veja como alguns tons são usados em terapias:
Vermelho: estimula a circulação sanguínea e permite a liberação de adrenalina. Costuma ser usado pela cromotera-
pia para trazer conforto, alegria, energia e excitação.
Laranja: estimula o sistema respiratório e a fixação de cálcio. Está relacionado ao otimismo, ao relaxamento da mente
e à calmaria.
Amarelo: favorece o raciocínio e a memória. A cromoterapia acredita que o amarelo traz energia, estimula o fígado, o
intestino, vitaliza o coração e favorece o sistema imunológico. Ajuda no raciocínio lógico, no equilíbrio e no otimismo.
Verde: a cor da natureza, do equilíbrio, da paz e da harmonia. É conhecido por acalmar e descongestionar. O verde dá
sensação de renovação e vida nova, ajudando em tratamentos do sistema digestivo.
Azul: o tom é suavizante e calmante, atuando no sistema nervoso central. Possui propriedades antissépticas, refres-
cantes e adstringentes. Proporciona paz e relaxamento.
Violeta: na cromoterapia, é conhecido por aumentar o magnetismo pessoal. A cor tranquilizante exerce efeito cal-
mante e estimula o metabolismo do cálcio. É muito usado na concentração e meditação.
Rosa: cor essencialmente feminina, enaltece a beleza e vibra o amor. Segundo a cromoterapia, o rosa energiza o sis-
tema nervoso e purifica o sangue.
Branco: a união de todas as cores, é a combinação das frequências de todos os tons. Recomenda-se o uso para ener-
gizar todo o corpo.

158
LEITURA
COMPLEMENTAR

Cromoterapia na Decoração
As cores costumam ser usadas na decoração para dar estilo ou amplitude para um espaço. Porém, a cromoterapia
pode ser usada também no tratamento de casa, como uma prática complementar de Feng Shui. Saiba sobre como
aplicar as cores e seus efeitos no seu lar:
Branco: um ambiente todo branco pode trazer prazer e calma. Passa a sensação de limpeza. Segundo a cromoterapia,
potencializa as demais cores.
Verde: no chão, nos lembra natureza. Não incide muita luz, acalma o ambiente e seus moradores.
Azul: de cor clara, traz serenidade. Em tons escuros, transmite autoridade e pode ser usado em ambientes sérios,
como escritórios. É conhecido por refrescar o ambiente.
Violeta: tem efeito purificador, transformando todas as energias em positivas. Para usar em todo o ambiente, reco-
menda-se tons de lilás.
Laranja: traz conforto para o espaço. Abre e estimula o apetite, sendo muito usado em cozinhas e salas de jantar.
Vermelho: energético e vibrante, o tom é indicado para casas de pessoas tímidas. A cor ainda dá a sensação de es-
quentar o ambiente.
Amarelo: indicado para trazer luz para espaços escuros, a cor é animadora e inspiradora. Em pisos, pode provocar a
sensação de avanço.
A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir de suas necessidades,
escolha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar!
A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir de suas necessidades, es-
colha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar! Com as dicas, ideias e informações preparadas por nós do Westwing
para você, esperamos que possa aplicar a cromoterapia no seu lar da melhor maneira possível! Por isso, verifique os
significados das cores, separe as que melhor representam o seu estilo e aplique no seu ambiente para levar harmonia,
personalidade e estilo a sua casa! Invista nessa ideia!

Fonte: Westwing (2016, on-line)¹.

159
material complementar

Indicação para Ler

A cor no processo criativo


Lilian Ried Miller Barros
Editora: Senac SP
Sinopse: neste livro, a autora Lilian Ried mostra, a partir do legado deixado pela
escola de arte Bauhaus, como a cor pode ser inserida no processo criativo e quais
suas implicâncias na transmissão de sentimentos, sensações e mensagens. Para
isso, ela avalia a metodologia didática de quatro de seus mestres, além da influên-
cia da obra de Goethe sobre a escola.

Indicação para Assistir

As Aventura de PI
Sinopse: Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um zoológico localizado em
Pondicherry, na Índia. Após anos cuidando do negócio, a família decide vender
o empreendimento devido à retirada do incentivo dado pela prefeitura local. A
ideia é se mudar para o Canadá, onde poderiam vender os animais para reiniciar a
vida. Entretanto, o cargueiro onde todos viajam acaba naufragando devido a uma
terrível tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa
dividir o pouco espaço disponível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e
um tigre de bengala chamado Richard Parker.
Comentário: As Aventuras de Pi é um belo filme da carreira de Ang Lee. Nele se
apresenta uma fotografia deslumbrante, uso de muitas cores, dentre elas cores
quentes e vibrantes. O longa impressiona pela qualidade dos efeitos especiais e a
história do menino lutando para sobreviver ao mar é fascinante.

160
material complementar

Indicação para Acessar

Neste site, irá encontrar os principais tipos de lâmpadas de LED fornecidas no mercado e suas especifica-
ções, e observar algumas peças decorativas disponíveis para compor com essas lâmpadas.
Acesse: <http://www.stella.com.br/>.

161
referências

ABNT. NBR 8998-1. Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: interior. Rio de Janeiro, 2013. Disponível
em: <http://www.abee-mg.com.br/abee/Pagina.do?idSecao=44>. Acesso em: 5 fev. 2018.
FRASER, T.; BANKS, A. O Guia Completo da Cor. São Paulo: Senac SP. 2007.
GUERRINI, P. D. Iluminação: Teoria e Projeto. São Paulo: Érica, 2014.
HELLER, E. A Psicologia das Cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: GG Brasil, 2012.
INMETRO Instituto Nacional de metrologia, qualidade e tecnologia. Inmetro. Disponível em: <http://www.
inmetro.gov.br/>. Acesso em: 10 out. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: GG BRASIL, 2012.
PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Conforto Ambiental: Iluminação, Cores, Ergonomia, Paisagismo e
Critérios para Projetos. São Paulo: Érica, 2014.
SILVA, M. L. ILuminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: UniABC, 2001.

REFERÊNCIA ON-LINE
¹Em: <https://www.westwing.com.br/cromoterapia/>. Acesso em: 22 nov. 2016.

gabarito

1. A.
2. C.
3. D.
4. A lâmpada eletrônica em comparação à quantidade de watts é maior em vista de uma lâmpada de
LED da mesma equivalência. O LED também está procurando se inovar e melhorar seu IRC, e a ele-
trônica não está procurando mais se aperfeiçoar. A lâmpada de LED tem mais vantagens dentro da
eficiência por ter pouca wattagem e mais vida útil, fazendo que economize energia e compre menos.
5. Neste caso, poderia utilizar uma boa quantidade de spots direcionáveis por causarem um efeito visu-
al, escolher pendentes e plafons que tenham estilos mais modernos e ousado, e pouca utilização de
luz geral e mais uso de luz indireta.
6. B.

162
UNIDADE
V
ILUMINAÇÃO APLICADA NO
DESIGN DE INTERIORES

Professora Esp. Renata Catânio

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Iniciando um projeto luminotécnico
• Cálculo luminotécnico
• Iluminação para projetos residenciais
• Iluminação para projetos comerciais e escritórios
• Analisando alguns projetos de iluminação

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender com exemplos práticos como se inicia um
projeto luminotécnico.
• Aprender como montar um cálculo luminotécnico de
acordo com as necessidades dos clientes e aprendendo as
normas.
• Entender como se planeja um projeto residencial.
• Entender como montar projetos luminotécnicos comerciais
e industriais.
• Analisar alguns projetos de iluminação.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Bem-vindo(a) à Unidade V do nosso livro! Estamos na


reta final deste livro, que desejo que seja um grande comandante nesse
mar gigante de informações que é o conforto ambiental e a iluminação.
Analisamos no início os princípios do conforto ambiental e todas suas
ramificações, vendo como é importante discutirmos sobre o tema e utili-
zarmos diariamente em nossos processos de Design, sendo que as nossas
escolhas irão influenciar totalmente na vida de cada indivíduo nos aspec-
tos de bem-estar e saúde.
Além do conforto, a iluminação e seus conceitos foram abordados de
forma prática e sucinta para que facilite o entendimento sobre cor, luz e
tipos de iluminação. Conseguimos, então, com mais precisão prosseguir o
início do estudo dos projetos luminotécnicos em interiores, compreenden-
do com explicações práticas esse processo de montagem.
Nesta unidade, como fechamento do conteúdo, iremos apresentar a
você os processos efetivos do projeto de iluminação, que vão além de en-
tender a montagem e escolha de lâmpadas e luminárias, já que essas es-
colhas, como já falamos anteriormente, não devem ser embasadas apenas
em questões estéticas. Por isso, é preciso entender especificidades de alguns
ambientes, tanto residenciais, como comerciais, afinal de contas a ilumina-
ção de um quarto não deve ser a mesma que a de uma cozinha, e a de um
escritório deve se diferenciar da iluminação de uma loja.
Para dimensionar a quantidade de luminárias/lâmpadas, é necessário
a realização de cálculos de iluminação geral, para que o seu projeto seja
realmente adequado. Atualmente, são utilizados programas computacio-
nais para a realização desses cálculos, facilitando, e muito, esse trabalho. O
mais comum deles é o DIALUX, que apresentaremos nesta unidade. De-
fendemos, em diferentes momentos no livro, a importância do projeto de
iluminação para um ambiente, por isso desejamos que tenha muito sucesso
unindo todos os conteúdos aprendidos!


Iniciando um Projeto Luminotécnico


Estudos comprovam que o uso correto da luz nos como projetado, causando danos aos seus projetos.
ambientes afeta de forma positiva a todos que uti- É preciso haver uma equipe estruturada e com co-
lizam esses espaços. Nos locais de trabalho, rende nhecimentos, cronogramas de execução bem esta-
produtividade e satisfação; em residências, o nível belecidos e manuais de instalação dentro da obra,
de estresse diminui e a sensação de relaxamento e para evitar ao máximo que algo dê errado. Um bom
aconchego predominam; e em restaurantes e bares, Lighting Designer – designer especialista em projetos
colabora com a socialização e comunicação. de iluminação – pensa em projetos funcionais, ana-
A arquitetura e luz se entrelaçam dando vida aos lisa custos de energia, viabiliza futuras manutenções
revestimentos – formas e volumes, não é apenas um e, acima de tudo, procura o melhor custo benefício
complemento da arquitetura, mas parte essencial para aquele que o contratou.
desse todo. Na iluminação, tem que ocorrer fun- Durante o dia, existe uma fonte de luz que deve
cionalidade e muita habilidade na instalação. Sem ser evidenciada: a luz solar. Por isso, analisar janelas,
profissionais especializados, a luz não irá funcionar aberturas de portas e iluminação zenital é essencial

168
DESIGN

para um maior uso do natural do que do artificial,


sempre visando suas direções para, assim, valorizar
o que se deseja destacar. No caso lugares menos atra-
entes, deve-se usar pouca incidência de luz, forman-
do até cenas dentro dos ambientes, lembrando que
com esses estudos evita os ofuscamentos com siste-
mas de controles de iluminação. Em dias nublados
ou de menos raios solares, a luz artificial vem para
evidenciar, dando suporte a esse acontecimento.

ELEMENTOS DE VARIAÇÃO
E CONTROLES DE LUZ ARTIFICIAL Figura 1 - Iluminação Natural predominando com apoio da iluminação
artificial e também persianas verticais, que evitam o ofuscamento
Os controles de iluminação vão muito além do que
sensores de movimento: eles ajudam a economizar
energia e deixam um controlador gerenciar o quan-
to e quando necessita de luz, transmitindo diversas
atmosferas para o ambiente e proporcionando con-
forto a todos os tipos de ocasiões.
Sensores de iluminação são usados em ausência
de luz natural, que aciona a luz artificial e acende
apenas com alguém no local em movimento. No
mercado, existem inúmeros modelos e com mais
opções de acionamento do que ditas aqui. Vale lem-
brar, ainda, que é um sistema que colabora com a
economia de energia.
Sistemas de automação são componentes ul-
tramodernos que controlam muitas coisas, desde
a iluminação até aberturas de persianas e autoliga-
ção de aparelhos eletrônicos. Em poucas saídas, ele
consegue montar múltiplos canais e sequências de
luz, criando cenas para cada ambiente. Essas auto-
mações podem ser instaladas com ou sem sistema
de cabeamento, controlando residências, lojas, está-
dios, salas de estudo, tudo em poucos toques. Eles
podem ser gerenciados até fora do local pelo uso de
um celular, por exemplo. Figura 2 - Modelo de sensor de luz

169


PROJETOS QUE COMPLEMENTAM


O LUMINOTÉCNICO

O projeto de gesso é um desses projetos que com-


plementam o luminotécnico, utilizado para fazer
uma iluminação indireta, aplicar spots e luminárias
de embutir, detalhes no teto como rebaixamento, al-
turas diferentes de teto, tudo isso é feito com o ges-
so. Servem também se quiser trabalhar com outros
acabamentos que não sejam o gesso, como com a
madeira, por exemplo, criar vigas, pergolados e va-
Figura 3 - Modelo de temporizador manual, que também pode ser digital lorizar com a luz.
Outro projeto que pode complementar o tradi-
Os Dimmers servem para controlar a intensidade cional luminotécnico é o de iluminação nas pare-
da luz. Se colocarmos um dimmer num quarto, por des. É necessário verificar na obra ou projeto se é
exemplo, conseguimos acionar o sistema num inter- viável aplicar luminárias nelas, ver se não tem vigas
ruptor com ele e deixar o ambiente do mais claro ao estruturais passando bem no local de aplicação da
mínimo de iluminação. luminária e se não terão problemas em embutir lu-
O sistema Dali, segundo Silva (2009), é um con- minárias na parede de concreto. Logo que termina
trole de gerenciamento de luz por meio dos ende- seu luminotécnico, já deve ter pensando como es-
reços dos equipamentos, reatores digitais do tipo sas luzes acenderão e como irão fazer um projeto de
DALI. Como Dali é um protocolo internacional, circuitos e interruptores para ligar conforme a cena
todos os sistemas com a sigla podem se comunicar que desejar.
independente da marca. Ele irá comandar todos os
reatores dimerizáveis e o funcionamento das lâmpa- CIRCUITOS E INTERRUPTORES
das, câmeras, persianas e outros sistemas conectados
a ele. As possibilidades de cenas e programações são Depois de apresentado todos os sistemas de auto-
imensas e, além de também ser um fator econômico mação, por mais que pareça mais prático, temos
de energia, poderá fornecer sensações ao indivíduo que passar os circuitos para um profissional ins-
com apenas um toque. talar de maneira correta. Ele serve para dar esses
Os temporizadores ou timers, como são mais movimentos e cenas de luzes, que tanto falamos
comumente chamados, são um modo mais sim- e entram no nosso estudo de projetos, pois cami-
ples de controlar os horários de ligar e desligar a nham junto com luminotécnico. Primeiramente,
luz em horas programadas no aparelho por um é preciso definir os pontos de iluminação e, logo
indivíduo. em seguida, escolher qual acenderá e qual apa-

170
DESIGN

gará, colocando interruptores para cada um (se Os catálogos de lâmpada, luminárias e equipa-
não houver sistemas de automação). Se ocorrer mentos vão fornecer indicações de uso, tipos de teto
automação e dimmer, aplicar no sistema da mes- ou paredes, cores, texturas, curvas de distribuição
ma forma qual acende, qual apaga e qual dimerize luminosa, IRC, fluxo luminoso e mais uma infinida-
conforme a cena desejada; pronto: seus circuitos de de informações necessárias para que a peça que
estão feitos! Por outro lado, os interruptores, além comprou funcione conforme projetou.
da função de ligar e desligar, oferecem a opção de
acionar uma luz de um local, desligar e acionar PROCESSO DE PROJETO
novamente de outro.
Um exemplo é no caso de estar subindo uma es- Antes de iniciar o processo, vale lembrar que irá sim
cadaria e, antes de subir, acender a luz e, ao chegar fazer cálculos, analisar os aspectos técnicos de cada
no andar de cima, conseguir apagar as luzes com luminária utilizando-se de todas as ferramentas ne-
outro interruptor; isso se chama interruptor para- cessárias, mas será no diálogo com o cliente que serão
lelo: temos os simples, que só acendem num local; retratadas as informações mais importantes e essen-
os intermediários, que aumentam mais um aciona- ciais para realização deste, pois aí se entende a perso-
mento dos paralelos; e os bipolares, que se ligam à nalidade e a essência de tudo. Pode ser desde um res-
luz na tensão 220v. taurante japonês, que usa iluminação mais cênica com
troca de cores e movimento, até os clientes mais bá-
CATÁLOGOS DE LÂMPADAS sicos, que preferem iluminação que traga aconchego
E ILUMINAÇÃO para sua residência. As opções para se projetar luz são
imensas e aqui será apresentado o início dessa viagem.
Quando projetamos iluminação, o uso e as pes- Para um melhor entendimento sobre os proces-
quisas de catálogos, sejam virtuais ou manuais, são sos que envolvem o projeto luminotécnico, elabora-
indispensáveis. Ao se deparar com esses catálogos, mos uma tabela explicativa, na Figura 4.
perceberá a imensidão de opções de lâmpadas e lu- Trata-se de um esquema que inicia com uma en-
minárias disponíveis no mercado e, assim, terá que trevista com o cliente, para que seja realizada uma
fazer as escolhas que se encaixam no seu projeto e, análise do que ele busca com o seu projeto de ilu-
ainda, ter eles sempre perto para eventuais dúvidas minação: os itens que já estão definidos, como mó-
da instalação. veis e revestimentos, qual local necessita de maior
Todas as luminárias têm detalhes únicos, cada incidência de luz e outra menor, e qual a função irá
uma delas irá exigir algo do instalador. Um embu- trazer esse projeto para determinado cliente.
tido tem medidas específicas para recorte de gesso, Logo após o estudo do programa de necessidade,
madeira ou até outro material, assim como um em- vem a definição dos conceitos de iluminação. Qual
butido de solo tem toda uma preparação do solo an- estilo, quais peça de iluminação se encaixariam no
tes de sua instalação. seu projeto? Lustres? Pendentes? Spots de embutir?

171


Sobrepor? É nessa etapa


que começam as pesquisas
de catálogos e definições
de efeito que a luz irá tra-
zer para esse projeto.
A fase do anteprojeto é
uma das mais importantes,
por ser aqui o começo do
luminotécnico, que monta
o projeto e elabora posi-
cionamento das luminárias
e lâmpadas, e usa de toda
criatividade para o proces-
so de criação, deixando-
-o impressionante para o
cliente visualizar e aprovar.
Com a aprovação do
cliente e possíveis ajustes
no anteprojeto, inicia-se o
desenvolvimento do proje-
to luminotécnico executivo.
Como nessa etapa já não se
faz mais alterações, come-
çam os detalhes de execução.
O projeto executivo é
o conjunto de vários pro-
jetos, como luminotécnico,
gesso ou outros materiais,
circuitos e interruptores.
Esses projetos irão para
obra como um manual, au-
Figura 4 - Como iniciar um projeto luminotécnico xiliando os prestadores de
Fonte: a autora.

172
DESIGN

serviço a executar o que projetou, e neles terão co- ao designer, caberá a ele a função de analisar or-
tas, cortes, especificações e legendas. Para o cliente, çamentos e negociar as melhores condições para o
também irão projetos e memoriais descritivos, que cliente nas lojas.
auxiliarão para orçamentos e compras dos materiais. Com o projeto executado, o designer fará visitas
Os orçamentos dos materiais e mão de obra po- no local procurando a satisfação do cliente e, em al-
dem ser buscados pelo cliente ou por você, designer, guns casos, ele poderá pedir algum ajuste de ilumi-
mas essa informação, de quem caberá essa função, nação e verá as possibilidades de melhora de luz para
deverá estar descrito em contrato. Se for atribuído esse ambiente de acordo com o pedido do cliente.

Figura 5 - Modelo de Projeto Luminotécnico - Aplicação de luminárias


Fonte: a autora.

173


Figura 6 - Modelo básico de legenda de um projeto luminotécnico


Fonte: a autora.

174
DESIGN

Figura 7 - Modelo básico de planta de gesso


Fonte: a autora.

OBSERVAÇÕES
• FAVOR COMPATIBILIZAR O PROJETO LUMI-
NOTÉCNICO COM FORRO DE GESSO.
• TODAS AS MEDIDAS DEVERÃO SER CONSUL-
TADAS NO LOCAL.
• NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS PELA QUAN-
TIDADE DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS.

OBSERVAÇÕES DO PROJETO
• AS SUPERFÍCIES PARA INSTALAÇÃO DE FITAS
EM LED (SANCAS DE ILUMINAÇÃO) DEVEM
ESTAR PREVIAMENTE PREPARADA SEM
RUGOSIDADE E RESÍDUOS.
• FINALIZAÇÃO DO GESSO TODO COM JUNTA
DE DILATAÇÃO

Figura 8 - Modelo básico de legenda de gesso


Fonte: a autora.

175


Figura 9 - Modelo básico de projeto de circuitos


Fonte: a autora.

LEGENDA - INTERRUPTORES

SÍMBOLOS DESCRIÇÃO
INTERRUPTORES
Ss INTERRUPTOR SIMPLES
Sp INTERRUPTOR PARALELO

Figura 10 - Modelo básico de planta de interruptores


Fonte: a autora.

176
DESIGN

Cálculo Luminotécnico

Os cálculos de iluminação geral foram evoluindo e


simplificando conforme o tempo. Hoje, temos sites
SAIBA MAIS
de luminárias que já fornecem o cálculo somente
aplicando as luminárias do catálogo. Outros sites for-
necem os dados necessários para auxiliar no cálculo O Dialux pode ser baixado gratuitamente por
meio do link: <https://www.dial.de/en/dialux/
manual, mas, de todos, o mais comum entre os ligh- download/>.
ting designers é o programa DIALUX, talvez por sua
A empresa de luminárias Lumicenter disponi-
eficiência e facilidade de uso. Nele consegue-se vin- biliza tutoriais e manuais para o uso do Dialux
cular seus projetos no CAD ao programa, e escolher por meio do link: http://www.lumicenterilumi-
a luminária para o projeto, de forma que o DIALUX nacao.com.br/pt/tecnologia/dialux.html

calcula a quantidade necessária de luminárias.

177


B
CÁLCULO BÁSICO MANUAL
A

Mesmo com os meios computacionais de realização


dos cálculos, é preciso que você, designer, conheça
o cálculo manual, para compreender esse proces-
C
so. Para facilitar, vamos simular o cálculo de ilumi-
nação para um escritório. Existem tabelas e infor-
mações que servem como base para esse processo Luminária a LED com refletores e aletas em alumínio alto
e entendê-los permite que você confira simulações brilho, combinados com difusores em acrílico leitoso. Ideal
para ambientes com maior controle de ofuscamento,
computacionais. Abaixo, apresentaremos os dados como escritórios, bancos e outros ambientes corpora-
necessários para o cálculo e, na sequência, todo o tivos. Completa, com placa de LED e driver multitensão
(100-250V) integrados à luminária. Opcional dimerizável
cálculo e definições necessárias: 0 a 10V ou DALI, sob consulta.
• Local: Escritório de administração. 500 lux
exigido de acordo com norma NBR 8995-1 INSTALAÇÃO: Embutir
níveis de iluminância. CORPO: Em chapa de aço fosfatizada pintada na cor
branca microtextura.
• Medidas: 6,00 largura x 8,00 comprimento x REFLETORES: Parabólicos em alumínio alto brilho.
2,70 pé direito. ALETAS: Parabólicas em alumínio alto brilho.
DIFUSORES: Em acrílico leitoso
• Altura do plano de trabalho: 0,75 altura. DRIVER INCLUSO: 100 – 250V
• Índice de Refletância: IRC: 80
IP: 20
• Teto Branco: 70%
CÓDIGO L1 L2 A B C NICHO
• Parede clara: 50%
LAA02- 37W LED*/ 3000K /
292 41 1243 230x1176
• Piso escuro: 20% E3500830 3400lm** 50.000h(L70)
• Com base nestas informações, deve fazer LAA02- 37W LED*/ 4000K /
292 41 1243 230x1176
o primeiro cálculo de índice de ambiente - E3500840 3400lm** 50.000h(L70)

RCR. EAA02- 37W LED*/ 3000K /


292 41 1243 230x1176
E3500830 3400lm** 30.000h(L70)
EAA02- 37W LED*/ 4000K /
[2] 292 41 1243 230x1176
E3500840 3400lm** 30.000h(L70)
RCR = [ 5 X h x ( L + C) ] / L x C = ? EAA02- 37W LED*/ 5000K /
292 41 1243 230x1176
RCR = [ 5 X 2,70 x ( 6 + 8 )] / 6 x 8 = 3,93 arre- E3500850 3400lm** 30.000h(L70)
* Consumo total, incluindo driver.
donda para 4.
** Já consideradas as perdas óticas
h = pé direito - altura do plano de trabalho.
Figura 11 - Luminária embutir LED Lumicenter
L = largura do ambiente. Fonte: Lumicenter ([2018], on-line)¹.

C = comprimento do ambiente.
Normalmente, o fabricante informa o fator de utili-
Próximo passo: escolha a luminária que, no nosso zação (Fu) que irá variar de acordo com os índices
caso, será essa a seguir: de reflexão e o RCR do ambiente. Assim que esco-
lher a luminária, verifique o Fu na tabela, de acordo
LAA02-E3500840: com 3400lm. com os dados já resolvidos anteriormente.

178
DESIGN

Teto (%) 70 50 30 0 • N = [ (L x C) x E] / lm x Fu x Fd = ?
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0 • N = [ (6 X 8) X 500 / 3400 x 79 X 0,85 = 0,105
Chão (%) 20 20 20 0 arredonda para 11 luminárias.
RCR Fator de Utilização (%)
0 117 117 117 112 112 112 107 107 107 100 • E = Iluminância desejada para o ambiente.
1 106 103 101 102 100 98 98 96 95 90 • Fd = fator de depreciação. Normalmente nos
2 96 91 87 93 89 85 90 86 83 80 sites de luminárias, por sua maioria, passa o
3 87 81 76 84 79 75 82 77 74 70 valor de 0,85 de perda.
4 79 72 67 77 71 66 74 69 65 63
5 72 65 60 70 64 59 68 63 58 56
6 66 59 53 64 58 53 63 57 53 50 Com a quantidade de luminárias calculada, falta
7 61 53 48 59 53 48 58 52 48 45 apenas verificar como irá distribuí-las no teto.
8 56 49 44 55 48 43 53 48 43 41
Comparando o cálculo manual com o programa
9 52 45 40 51 44 40 50 44 40 38
10 48 41 37 47 41 37 46 41 36 35 Dialux:
Figura 12 - Tabela Fator de Utilização No caso do Dialux, ele aumenta a quantidade
Fonte: Lumicenter ([2018], on-line).2
de lux de 500 para 600 por entender que, em ter-
De acordo com a tabela, o Fu = 79 mo de distribuição de luminárias, 12 unidades fi-
Com todas as informações decorrentes, segue cam melhor distribuída que 10 unidades; a quan-
a fórmula para calcular a quantidade de luminária tidade de lux é maior, mas não interfere no local
para o ambiente. de trabalho.

Figura 13 - Cálculo pelo programa Dialux


Fonte: a autora.

179


Iluminação para
Projetos Residenciais

Ao longo dessa jornada, teve um aprendizado espe- de um ambiente para outro com iluminação sufi-
cífico de iluminação contendo conforto visual, que ciente, analisar idade de quem irá morar na residên-
definia como nosso corpo reage à luz e os benefícios cia, trazer iluminação para lugares de trabalho com
de utilizar corretamente a iluminação. A iluminação cozinha e lavanderias e sempre se preocupar com a
de ambientes é a prática de sensibilizar e compreen- eficiência energética.
der a necessidade de cada indivíduo em seu espaço. Para dar início a um projeto residencial, é importan-
Depois do designer passar para o processo do te que obtenha algumas informações do cliente e local:
programa de necessidades com o cliente, começa o • Medidas de todos os ambientes a serem pro-
processo de elaboração das soluções, sendo que di- jetados, inclusive todas as medidas dos mó-
versos critérios devem ser lembrados, como o passar veis e suas localidades;

180
DESIGN

• Observar todos os revestimentos desde cores • Salas de Estar: é um espaço de área comum
até suas texturas; da casa onde muitos ficam para receber seus
• Definir um conceito para iluminação seguin- convidados; em sua maioria, ela é a parte
do funcionalidade e estética; principal em questão de estética, pela qual é
• Função de cada ambiente; apresentado o estilo da casa. Neste ambiente,
poderá utilizar lustres, pendentes, arandelas
• Em qual local da casa que o cliente predomi-
que valorizam muito esse ambiente, sua ilu-
nará;
minância também não precisa ser tão alta, se
• Se tem obras de arte a serem destacadas;
acaso o cliente gostar de ler na sala, use lu-
• Idade dos usuários; minárias de piso direcionadas e spots no teto
• Perfil de todos os moradores; para valorizar algum revestimento, se hou-
• Conferir com profissional níveis de carga e ver. Para sua tonalidade, de preferência usar
instalação das peças; 2700K e seu IRC sempre acima de 80.
• Quanto incide de luz natural; • Escadarias: é um espaço que hoje o cliente
• Orçamento. usa como destaque da casa e, assim, a apli-
cação de balizadores pequenos marcando as
pisadas da escada estão sendo destacados;
TIPO DE ILUMINAÇÃO POR AMBIENTE também poderá projetar arandelas altas ilu-
minando na parede e refletindo na escada e a
Todos os lighting designer e projetista da área dizem sua tonalidade pode variar de 3000K a 4000K
de acordo com as necessidades do cliente.
defender a premissa de que não existe um único cri-
• Circulações: a escolha de balizadores instalados
tério para as definições de um projeto de ilumina-
próximo do rodapé do piso está valorizando as
ção, e podemos usar a típica frase de uso popular: circulações das residências. Spots também são
“não existe receita de bolo quando se fala de ilumi- bem empregados nesses ambientes, deixando-
nação”. Contudo, podemos utilizar alguns exemplos -os mais intimistas e com pouca incidência de
de iluminação que deram certo e até hoje funciona luz. Escolha por 2700K a 3000K de tonalidade.
e, assim, baseados nessas experiências anteriores, e • Cozinhas: esse também é um ambiente de
relatos de outros profissionais, apresentaremos algu- grande tráfego e uso. Procure por luz geral
mas sugestões de iluminação por ambiente. mais homogênea e abundante, pouco uso de
spots apenas para destaque de algum móvel
• Hall de entrada: é a recepção da casa, por isso
ou sendo usado nas bancadas de pia para não
tem que ser intimista e bem receptiva; para
fazer sombras nas cubas. Suas tonalidades
que consiga trazer essas sensações, o ideal
variam de 6000K a 4000K, sendo ambientes
é projetar uma luz mais amarelada usando
bem claros dando sensação de limpeza.
2700K, com bons IRC e spots que tragam
efeitos de fachos nas paredes ou até mesmo • Salas de TV: se esse ambiente tem a função de
pendentes com uma apresentação, que dará ser uma sala de TV apenas, o uso de pouca
continuidade a toda a casa. Não necessita de luz é o ideal, nela podemos aplicar sancas de
iluminância alta, portanto use da criatividade luz indireta e spots direcionáveis como cenas
de peças que convidam a pessoa a adentrar para diferenciar, de acordo com necessidade.
nessa residência. Uso de luz 2700K e dimerizável é importante
para esse ambiente.

181


trazendo sensação de conforto e reservado ao


uso. Pendentes e spots de 2700K prevalecem
na valorização desse lavabo.
• Lavanderia: usada mais para trabalho e lim-
peza, com a tonalidade 6000K a 4000K, essa
lavanderia será um ambiente bem claro. O
IRC tem que ser acima de 80 por lidar com
roupas de variadas cores.
• Dormitórios: spots que trazem destaque para
algo, uso de sancas com luz indireta, luminá-
ria de mesa e pendentes decorativos. A tona-
lidade pode variar de 2700K, 3000K a 4000K
e seu IRC acima de 80. Utilizar vários circui-
tos e uso de dimmers é bom para o controle
Figura 14 - Cozinha com boa iluminação composta por luz geral e pen- de luz, de acordo com a necessidade. Estes
dentes na bancada
quartos podem variar muito em sua ilumi-
nação e estilo de luminárias, dependendo da
idade e preferência de cada indivíduo.
• Suíte Master: local de descanso e tranquili-
dade, portanto os spots, pendentes, abaju-
res, luminárias efeito rebatedor, luz indireta
e lustres são bem-vindos. Tonalidade 2700K
a 3000K prevalecem nesse ambiente, a apli-
cação de dimmer e divisão de circuitos serão
bem utilizados.
• Closets: a luz deve ser mais geral, difusa e ho-
mogênea para visualizar bem todas as roupas
e acessórios. Luz linear com uso de fitas de
LED dentro do armário é uma boa sugestão
para evitar sombras. Tonalidades mistas de
4000K e 3000K é bem adequado para esse
Figura 15 - Sala de jantar com pendente e spots ambiente, e o IRC bem alto para não destoar
• Sala de jantar: neste ambiente, as pessoas se cor das roupas.
reúnem para refeições; tratando-se dessa im- • Banheiros: hoje ele é um dos ambientes den-
portância, tem que se dar destaque à mesa. tro de residências mais valorizados, por mui-
Sobre ela poderá ter lustres, pendentes ou tos fazerem desse local um lugar para relaxar
luminárias que destacam esse local. Uso de e descansar com uso de banheiras de spa.
2700K a 3000K é essencial para que fica des- Sendo assim, os spots prevalecem e pouca luz
tacado e valorizado. geral, bastante incidência de luz na bancada
• Lavabo: lugar de área comum para seus visi- com uso de arandelas e embutidos no teto,
tantes, tem que ser receptivo e aconchegante, que colaboram para uso do espelho, além de

182
DESIGN

luminárias dentro da área do banho e próxi-


mo ao sanitário. Tonalidade varia de 3000K
a 4000K e com IRC por usarem muito o ba-
nheiro para fazer maquiagem.
• Fachadas: é a primeira impressão da casa e
a luz tem o papel principal de trazer vida na
parte da noite para essa fachada. Os embuti-
dos de solo formando efeitos de facho de bai-
xo para cima e espetos de jardim compõem
essa frente. Se quiser, pode projetar um refle-
tor para acender quando necessitar de uma
luz de segurança. Tons de 2700K e 3000K são
os mais indicados.
• Muros e piscinas: hoje temos no mercado luz
interna para piscina de LED, com efeito visu-
al deslumbrante e, para os fundos nos muros,
as arandelas ou os embutidos de solo podem
ser usados causando efeitos de destaque nas
paredes com seus fachos. A tonalidade para
piscinas poderá ser RGB e para muros e jar-
dins, o 2700K é bem relevante.
• Garagem: a iluminação com apenas dois cir-
cuitos ajuda a resolver esse ambiente, poden- Figura 16 - Banheiros com iluminação dentro da área do chuveiro para
evitar sombras
do usar mais se quiser. Nos casos de mais luz, a
iluminação geral e, para destaque, spots, aran-
delas e balizadores ficam harmoniosos em
uma garagem. A tonalidade 4000K para luz
geral e 3000K para destaque é a mais indicada,
e os sensores são ideais para esse ambiente.
• Jardins: de acordo com o paisagismo que a
iluminação segue, os materiais mais especí-
ficos são os espetos para plantas menores e
luz de menor alcance, e os embutidos de solo
para plantas maiores que necessitam de mais
luz e efeito up light. Tonalidade de 2700K ou
3000K é o mais indicado.

Todas essas informações unidas com as necessida-


des e exigências do cliente que alcançarão respostas
emocionais positivas para aquele que habita no am- Figura 17 - Fachada com iluminação valorizando a arquitetura
biente bem iluminado que projetou.

183


Iluminação para Projetos


Comerciais e Escritórios

Na iluminação comercial e escritórios, há a necessi- e com grandes aberturas como um supermercado,


dade maior de cálculos luminotécnicos, sendo que o estudo e cálculo é feito para ver o alcance da luz
os conceitos gerais de tipos de luminárias são seme- nos produtos e nos corredores, se o projetista traba-
lhantes do tópico anterior, mudando alguns tipos de lha com luminárias fixas no teto ou desce pendentes
lâmpadas mais específicas para cada comércio, de- para melhor distribuição de luz.
pendendo do ramo de venda e a exigência do cliente Saber iluminar corretamente um escritório é o
perante essa iluminação. fator predominante para que o cliente use esse am-
O que irá definir tipos de luminárias em projetos biente com sensações mais confortáveis e de menor
comerciais é o projeto arquitetônico; a iluminação níveis de estresse. Compreender o espaço e analisar
unida ao conceito arquitetônico cria uma leitura e as bem o posicionamento do mobiliário é um grande
escolhas da luminárias reforçam a ideia e valoriza o começo para seu projeto. Para o profissional dar iní-
ambiente. A escolha do tipo de acabamento do teto cio aos projetos luminotécnicos comerciais, é preciso
também é um fator a ser analisado, sua cor, formato entender o que o cliente quer com essa iluminação,
e materiais interferem na luz. Em pé direitos altos o que o observador vai sentir ao entrar no local, me-

184
DESIGN

lhorar o espaço com a luz, analisar as hierarquias, a


arquitetura do ambiente, pois, conseguindo um bom
trabalho, esse ambiente terá uma atmosfera emocio-
nal positiva ao observador, estimulando comprar
mais e com qualidade em uma loja de roupas, por
exemplo.

SAIBA MAIS

A combinação de iluminação natural e artifi-


cial de boa qualidade e biologicamente eficaz
contribui para que os usuários de escritórios
criem um vínculo emocional com o local de
trabalho, sejam mais eficazes, alertas, produ-
tivos e saudáveis. Estes efeitos são sentidos
tanto no ambiente de trabalho como se pro-
longam para fora dele em dias posteriores.

Fonte: adaptado de Cimadon (2016).

ILUMINAÇÃO EM
AMBIENTES COMERCIAIS

Na iluminação em supermercados e lojas de depar-


tamentos, locais onde a luz tem que trazer mais uni- Figura 18 - Iluminação geral em um supermercado

formidade, a luz geral vai predominar dando melhor


visibilidade dos produtos. Normalmente, essas lojas Iluminação de lojas sofisticadas
são grandes e há muitos produtos, sendo a ilumina-
ção com mais quantidade de lumens homogênea a O conceito é diferente das lojas de departamentos: a
escolha ideal. A luz de destaque é menos utilizada, quantidade de iluminação diminui, podendo ser luz
devendo estar direcionada somente para produtos indireta, e o sistema de iluminação pontual de des-
que se queira valorizar, podendo ser uma oferta ou taque predomina, valorizando as peças individual-
um produto de lançamento. As tonalidades podem mente, dando mais valor e brilho para esse produto,
variar de 4000K a 6000K, e o uso do LED é essencial seja ele roupa, joias, bolsa ou acessórios. A tonali-
para esse tipo de segmento pela quantidade de lumi- dade pode mudar para 2700K a 3000K, e o uso de
nárias e pelo tempo que fica aceso, obtendo melhor LED, além de economia, pode levar à sofisticação e
economia de energia. à funcionalidade.

185


Vitrines e Provadores Restaurantes e bares

A iluminação de vitrine é a mais importante, ela ajuda Normalmente, o cliente quer esse ambiente bem
na função de atrair clientes para o interior da loja. A aconchegante, tranquilo, para estimular a perma-
vitrine deve ter a iluminação de destaque, sendo mais nência, o que aumenta o consumo. Para que tudo
adequada montando um jogo de luz e sombra, dando isso seja realizado, o ambiente pode ter circuitos
mais movimento e sensação mais atraente para o que para uso de iluminação geral, quando necessário,
está exposto; por sua maioria, a tonalidade 3000K é e luz de efeito pontual em outros momentos, cau-
mais indicada, e seu IRC tem que ser ótimo. sando cenários diferentes dependendo do seu uso.
Os provadores já exigem uma iluminação mais A tonalidade 2700K a 3000K ou até mesmo RGB
frontal, as arandelas ou a luz atrás do espelho ficam sempre se encaixa bem nesses tipos de ambientes,
excelentes para esse ambiente, levando claridade ne- trazendo um espaço acolhedor para cada indivíduo
cessária ao usuário; nada de luz no teto em cima da que entrar.
cabeça do clientes, pois faz sombra e causa o efei-
to achatamento na pessoa. A tonalidade 3000K fica
muito boa em provadores.

Figura 20 - Vitrine com bom índice de IRC e fluxo luminoso mostrando Figura 21 - Interior de um restaurante europeu com luz pontual e in-
a cor correta das roupas direta

186
DESIGN

Iluminação em Escritórios

Em um ambiente de trabalho, o objetivo é promover tes uma das outras, podendo afetar na qualidade de
boa iluminação e evitar os ofuscamentos. A quan- seus projetos. Analise as alturas dos tetos, pois cada
tidade de luz tem que ser maior, atingindo em sua altura exige tipos de lâmpadas com alcances distin-
maioria 500 lux, mudando esse valor conforme o tos. Assim, conseguirá iluminação com funcionali-
uso do local. A luz geral bem calculada e a ilumi- dade, estética, eficiência energética, levando satisfa-
nação direcionada evita fadigas e aumenta a pro- ção àqueles que a utilizam.
dutividade. Podem ser escolhidos variados tipos de
luminárias, como pendentes de luz direta e indireta,
plafons com luz difusa e luminárias de mesa; a luz
de destaque serve apenas para valorizar mobiliário e
quadros se acaso houver no ambiente. Salas de reu-
nião podem ter circuitos e dimmer para uso da luz
geral e luz direcionada para diversos casos.
A iluminação junto com o mobiliário consegue
diferenciar setores do escritório desde a presidência
à secretaria, com iluminação diferenciando os lo-
cais. Os corredores das salas não têm muitas regras,
podendo ser luminárias pontuais e luz indireta, tra-
zendo mais sofisticação nas circulações.
Figura 22 - Sala de reuniões com pendentes, luz indireta, luz pontual e
Indústrias luz natural

Nesses locais, a busca pela produtividade com quali-


dade faz a procura de mudança de iluminação para
essas melhorias. O uso da luz geral com grande po-
tência, expansão de luz, preferência por luminárias
de LED com baixo consumo e manutenção, e as to-
nalidades variam entre 4000K para 6000K, isso tudo
dependendo muito do tipo de indústria. O cálculo
luminotécnico é imprescindível, pois esses locais
exigem as normas de níveis de iluminância.
Lembre-se dos cuidados ao projetar ilumina-
ção: escolha as lâmpadas e luminárias adequadas,
não aplique marcas diferentes nas lâmpadas, pois
elas têm cores, ângulos e fluxos luminosos diferen- Figura 23 - Indústria com boa distribuição de luz

187


Analisando Alguns
Projetos de Iluminação

Após todas as teorias expostas na unidade, realizare- um determinado espaço. Esse profissional estuda as
mos uma reflexão acerca de projetos de iluminação exigências humanas e utiliza a luz para melhora do
executados por outros profissionais, considerando bem-estar de cada indivíduo, seja a luz natural ou
todos os aspectos estudados. A proposta é de que, artificial para levar qualidade de vida. Um lighting
agora, você esteja mais preparado para uma análise designer também procura o uso da sustentabilidade,
mais crítica sobre o assunto. buscando tipos de lâmpadas que colaboram com a
Se decidir optar por especializar-se em ilumina- eficiência energética.
ção, fará um estudo aprofundado sobre o assunto e Não é possível ser um lighting designer sem um
se tornará um Lighting Designer, que é um profissio- profundo conhecimento da luz e do ser humano,
nal que usa de estudos técnicos e estéticos unidos levando em consideração diferentes culturas, indi-
à arquitetura para dar soluções de iluminação para vidualidades e arquiteturas singulares. Lembrando,

188
DESIGN

também, que poderá trabalhar com tudo que se


refere à luz, como iluminação cênica de shows, te-
atro, decoração de eventos, iluminação temáticas do
tipo Natal, Páscoa, entre outros temas, iluminação
comercial, como lojas, shoppings e restaurantes, ilu-
minação residencial, paisagismo, iluminação públi-
ca, fachadas e, por fim, na criação de objetos com
iluminação que traga benefício para sociedade.
O parque Nabama no Sato, em Nagashima, no
Japão, vem sendo iluminado por milhões de lâmpa-
das de LED, formando corredores que mais parecem
portais te levando para outra atmosfera. Chamado
de Winter Light, acontecem todo ano para come-
morar o Natal todo esses efeitos, causando variados
Figura 24 - Festival de luzes em Nagashima, no Japão
tipos de emoções fornecidas pelo trabalho dos pro-
fissionais de iluminação como engenheiros elétricos,
por exemplo.
Exemplo de iluminação comercial
A iluminação comercial exige um estudo de
briefing aprofundado com o cliente sobre as necessi-
dades desse ambiente e sobre quais serão os pontos
de destaque do local. Com essa imagem, já deverá
compreender que são spots que são usados nos pon-
tos de destaque, focando as mesas de atendimento
e os produtos, e também as luzes geral, iluminando
toda a circulação da lojas, e mais os detalhes deco-
rativos de luz nas paredes, trazendo modernidade
para o ambiente de produtos tecnológicos.
Veja um exemplo de Iluminação de Shopping
na Figura 26: Figura 25 - Iluminação Comercial

189


Para esse grande comércio de várias lojas que são


shoppings center, a luz natural tem que predominar
e, nos corredores, o uso do LED com sistema de ilu-
minação geral ou pontual, dependendo do projeto
que irá escolher, sempre se preocupando com a fun-
cionalidade e economia de energia.
A seguir, veja um exemplo de Iluminação Resi-
dencial:
Testificando que a iluminação residencial será
de acordo com as necessidades de cada indivíduo e
com seu conceito de projeto de interiores, pode-se
utilizar pendentes, spots, plafons, arandelas e entre
outros tipos de sistemas de iluminação, não existe
regras para iluminação residencial, mas sim a pro-
cura de melhores maneiras de satisfazer o cliente
com um bom projeto luminotécnico.
Além de Projetos de interiores, o Designer pode
criar produtos que favoreçam as pessoas e o mun-
do em que vivemos, procurando sustentabilidade
e eficiência energética, que é o caso da imagem da
Árvore Solar, do Designer Ross Lovegrove², criada
com muita tecnologia e eficiência, na qual ela capta
luz solar e à noite se transforma em luz. Além disso,
Figura 26 - Iluminação de Shoppings serve como banco para as pessoas sentarem e uma
peça de decoração para ruas de Londres.
Compre revistas, leia livros, blogs e sites de ilu-
minação, vá em palestras e cursos, observe trabalhos
de lightings designer por todo mundo para cada vez
obter mais informações sobre o mundo da luz, assim
alcançará grandes conquistas e sucesso na profissão
de Designer de Interiores.

Figura 27 - Iluminação Residencial

190
DESIGN

REFLITA

Nada é mais precioso do que a luz; mas o


excesso ofusca.

(Textos Judaicos.)

Figura 28 -: Árvore Solar de Ross Lovegrove

191
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade e ao final do livro. Con-
seguimos ver como nosso corpo reage às variações da temperatura, som e luz.
Destacamos a importância do conforto ambiental para atividades humanas e per-
cebemos que o conforto está em tudo que olhamos e sentimos e, para nós como
designers, é dever em um projeto procurar melhorias no bem-estar de cada cliente que
atender. De forma bem exemplificada, foram apresentados todos os conceitos do conforto
e como podemos solucionar os problemas da falta dele. Hoje, sendo a iluminação uma das
partes principais do Design, houve a necessidade de aplicar unidades que só exploram esse
tema. Todos os ambientes que for projetar terá que examinar qual a melhor iluminação e
como aplicar, desde residências a indústrias, estudando melhores maneiras de causar bons
confortos visuais e entender o que cada cliente procura de iluminação para ambiente. Com
várias ilustrações, pode verificar os efeitos que cada luz traz e com cálculos para ambientes
que necessitam. A intenção foi preparar esse livro de modo que o designer use de pesquisa
para seus futuros projetos, sendo um bom companheiro da jornada de trabalho.
Use muito essas informações, leia quantas vezes for necessário, busque sempre infor-
mações que beneficiem seus projetos e principalmente seus futuros clientes. A iluminação
em específico evolui muito rapidamente, tem que sempre se atualizar, buscar novos catá-
logos, tipos de lâmpadas e LEDs que colaboram com a eficiência energética. Nós designers
temos esse papel importante de projetar com responsabilidade e preocupação de melhorar
o meio em que vivemos com sustentabilidade.
Compartilhamos aqui conhecimentos e abrimos um leque abrangente na profissão de
design de interiores, sendo um deles ser especialista em iluminação. Que o objetivo dessa
unidade de aprender e buscar por mais conhecimento seja atingido e que seus projetos
evoluam cada vez mais com esse livros didáticos.

192
atividades de estudo

1. Se tratando de controle de luz, um cliente pede para aumentar e diminuir a intensidade da luz de um
quarto. Visando custo-benefício, qual dos sistemas de controle irá indicar para esse cliente?
a. Sensor de luz.
b. Sistema de automação.
c. Dimmer.
d. Temporizador.
e. Sistema Dali.

2. Num projeto residencial de uma cozinha, com teto de gesso e recebendo pouca incidência de luz na-
tural, necessitando de mais luz artificial, o cliente pede alguns detalhes de iluminação decorativa em
cima da bancada de refeições. Podemos afirmar que com essas informações, a escolha correta da
iluminação para toda essa cozinha será:
I. Embutidos plafons de luz geral com difusores na tonalidade 4000K ou 6000K, levando boa claridade e
uso de pendentes decorativos na bancada da mesa de refeições.
II. Embutidos de spots direcionáveis na tonalidade 3000K, trazendo uma luz mais aconchegante e pen-
dentes para a bancada da mesa de refeições.
III. Embutidos plafons de luz geral na tonalidade 3000K e spots direcionáveis em cima da bancada da mesa
de refeições.

Estão corretos apenas:


a. I e II apenas.
b. I apenas.
c. III apenas.
d. II e III apenas.
e. I, II e III apenas.

193
atividades de estudo

3. Atualmente, a compra pela internet vem aumentando e as lojas físicas estão cada vez mais procu-
rando melhorias no atendimento e estética do local, e a luz com sua distribuição correta, tem o papel
fundamental de melhorar o ambiente da loja levando funcionalidade, conforto e beleza. Temos dois
tipos de lojas com diferentes identidades para compra e tipos de iluminação, quais são e seus
tipos de luz:
a. Loja de departamentos com luz de destaque e loja sofisticada com luz geral branca em todo seu espaço.
b. Loja de departamentos com mais luz geral e loja sofisticada com mais luz de destaque nos produtos.
c. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz de destaque em todo seus espaços.
d. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz geral em todo seus espaços.

4. Local: uma loja de vendas de roupas de porte médio, que dentro das normas exige 300 lux. Essa loja
mede 8 metros de largura por 10 metros de comprimento sua altura é de 3 metros. Altura do plano
de trabalho é 0,80.
Índice de refletância:
Teto branco: 70%
Parede clara: 50%
Piso cinza escuro: 20%
Com base nos dados, calcule o RCR.

194
atividades de estudo

5. Agora, depois de encontrar o valor do RCR (na questão anterior), calcule a quantidade de luminárias
para atingir os 300 lux necessários. Seu fator de depreciação é 0,85. Segue abaixo a luminária e a ta-
bela de fator de utilização:

Luminária a LED com refletores em alumínio alto brilho, combina-


B
dos com difusores em acrílico leitoso. Ideal para ambientes que não
A C exijam controle de ofucamento como auditórios, consultórios, corre-
dores e hospitais. Completa, com placa de LED e driver multitensão
(100-250V) integrados à luminária. Opcional dimerizável 0 a 10V ou
DALI, sob consulta.

INSTALAÇÃO: Embutir
CORPO: Em chapa de aço fosfatizada pintada na cor branca microtex-
tura.
REFLETORES: Parabólicos em alumínio alto brilho.
DIFUSORES: Em acrílico leitoso
DRIVER INCLUSO: 100 – 250V
IRC: 80
IP: 20
Teto (%) 70 50 30 0 CÓDIGO L1 L2 A B C NICHO
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0 LAN03- 37W LED* 3000K /
Chão (%) 20 20 20 0 617 41 617 576x556
E3500830 / 3600lm** 50.000h(L70)
RCR Fator de Utilização (%)
0 117 117 117 111 111 111 107 107 107 100 LAN03- 37W LED* 4000K /
1 104 101 98 100 98 95 96 94 92 87
617 41 617 576x556
E3500840 / 3600lm** 50.000h(L70)
2 93 87 82 89 85 81 86 82 79 75
3 82 76 70 80 74 69 77 72 68 65 EAN03- 37W LED* 3000K /
617 41 617 576x556
4 74 66 60 71 65 60 69 63 59 56 E3500830 / 3600lm** 30.000h(L70)
5 66 59 53 64 57 52 62 56 52 49
EAN03- 37W LED* 4000K /
6 60 52 46 58 51 46 57 50 46 43 617 41 617 576x556
7 55 47 41 53 46 41 52 45 41 38 E3500840 / 3600lm** 30.000h(L70)
8 50 42 37 49 42 37 48 41 37 35 EAN03- 37W LED* 5000K /
9 46 39 33 45 38 33 44 38 33 31 292 41 1243 230x1176
E3500850 / 3600lm** 30.000h(L70)
10 43 35 30 42 35 30 41 35 30 28
* Consumo total, incluindo driver.
** Já consideradas as perdas óticas

Fonte: Lumicenter (2016).

195
LEITURA
COMPLEMENTAR

A ILUMINAÇÃO DA ARQUITETURA E SEU IMPACTO SOBRE A CIDADE

City Beautification x L’Urbanisme Lumière


A luz artificial é um fenômeno fascinante. Ao contrário da luz geral vinda do sol, cujas características são determinadas
pela natureza, a luz elétrica é específica, particular. Podemos modificar a fonte luminosa, sua posição, intensidade,
cor, obter efeitos múltiplos, criando e recriando diferentes climas em um mesmo espaço. Com ela é possível revestir
sem estuque, pintar sem tinta. Provocar um efeito pode ser tão rápido quanto atenuá-lo, ou até retirá-lo. A luz é um
agente muito poderoso e é importante ter controle sobre ela.
A luz nas cidades desempenha um papel estrutural para o olhar do cidadão: orienta, destaca, esconde, transforma,
integra ou isola. Seu complemento, a sombra, trabalha em sintonia, para melhor sublinhar ou ocultar, para melhor
descobrir ou dissimular. Pelas luzes e pelas sombras, as paisagens da natureza e as obras criadas pelo gênio humano
podem ter suas visões noturnas alteradas, modificadas em seus aspectos originais. Nestes espaços iluminados pode-
rão ser criadas novas ambiências e diferentes condições de convívio.
O interesse em iluminar as fachadas as quais se atribui importância, seja afetiva ou cultural, reflete também a autoes-
tima dos cidadãos por sua cidade, por suas construções, por seus monumentos e por suas paisagens – seus pontos de
referência. A luz destaca. E só se destaca o que se aprecia, ou o que se quer fazer apreciar. A atividade criativa do lighting
designer, ao projetar a iluminação dos volumes urbanos mais significativos, estará permanentemente balizada pela cons-
ciência de que, em várias oportunidades ele estará trabalhando sobre a obra de terceiros, seja ele a própria natureza ou
um outro artista. Portanto, iluminar os espaços, as construções e as obras de arte das cidades exige um sentimento de
profundo respeito pelo trabalho daqueles que as conceberam e construíram. Impõe responsabilidade em preservar a
identidade dos monumentos e edifícios. A iluminação não é mais importante que a obra iluminada. Deve, sim, expressar
a releitura noturna desta obra através da sensibilidade criativa e da consideração profissional de quem ilumina.

As potencialidades da luz
Por muito tempo relegada a um papel estritamente utilitário, a iluminação nas cidades ainda tem como objetivo maior
garantir uma boa visibilidade. Esta responsabilidade apenas funcional, de permitir a visão noturna, encobriu por mui-
to tempo todas as outras potencialidades da luz:
• a fantástica capacidade de criação de cenografias urbanas;
• a sutil possibilidade de definição de ambiências psicológicas e simbólicas;
• a importante participação na sinalética. Vamos analisar estas importantes funções da iluminação urbana
para permitir uma noção integrada do tema. Enfatizando o desenho de luz da arquitetura, objeto desta edi-
ção, vamos então comentar os principais programas de iluminação de monumentos e fachadas que aconte-
cem nas grandes cidades.

196
LEITURA
COMPLEMENTAR

Garantir segurança à visão noturna: uniformidade e contraste


A possibilidade de distinguir as coisas é necessária à apropriação visual dos espaços da cidade e à convivência entre os
cidadãos. A luz proporciona uma sensação de segurança, ordenando a visão noturna nas vias e edificações da cidade.
Na iluminação viária, quando os espaços iluminados estão justapostos, é importante conservar uniformidade nos ní-
veis de iluminamento para evitar a formação de “buracos negros” com contrastes muito grandes para os motoristas.
Já na iluminação de monumentos e fachadas, os grandes contrastes devem ser considerados. A variação adequada
entre as superfícies iluminadas e aquelas sombreadas é que, na maioria das vezes, vai oferecer uma boa leitura no-
turna da edificação e conferir qualidade ao projeto de luz. Uma edificação percebida como adequadamente iluminada
pode se tornar sombria quando vista inserida em um ambiente mais intensamente iluminado. Paralelamente, uma
fachada fracamente iluminada poderá parecer destacada quando inserida em um entorno obscuro. A pesquisa de
um nível de iluminamento pontual ou médio e as noções de luminância das superfícies iluminadas em relação aos
tipos de revestimento constituem valores luminotécnicos importantes, embora sejam insuficientes, para qualificar o
projeto de iluminação de monumentos e fachadas.

O potencial cenográfico da luz


É a mais importante potencialidade, no que diz respeito à iluminação de monumentos e fachadas: o uso competente
de todas as múltiplas possibilidades de manipulação das fontes de luz. O conhecimento técnico, a sensibilidade e a
criatividade do lighting designer são fundamentais para selecionar o partido adequado entre tantas possibilidades que
a iluminação artificial oferece. (Ver artigo O Potencial Cenográfico da Iluminação de Monumentos e Fachadas).

A definição de uma ambiência psicológica e simbólica


Os componentes sensoriais, psicológicos e simbólicos da luz são os elementos subjetivos para o projeto do lighting de-
signer, pois em todos os casos determinarão a atmosfera, o clima do local. A luz gera impressões psicológicas, imprime
de maneira duradoura e diferenciada a nossa percepção do espaço ou a imagem de um local. Ela provoca sensações
e nos associa a símbolos que permitem qualificar a ambiência do espaço que percorremos. Por exemplo, a simples
escolha de lâmpadas com uma determinada tonalidade e cor pode facilmente gerar associação às noções de calor e
de frio pela maioria das pessoas. A luz tem sido sempre relacionada com a obscuridade ou com as sombras sempre
que se quer simbolizar uma evolução ou uma dualidade. Ela tem sido muitas vezes identificada com o divino. A luz
organiza o caos e, para nossos antepassados, se opunha às “forças maléficas” escondidas nas sombras da noite, nas
vielas das cidades antigas. A falta de luz é também considerada como um fator de insegurança. O medo do cidadão
se confunde então com o medo da noite, e o clarão da luz simboliza o refúgio. A luz pode também ser metafórica: ela
restitui a ideia de fausto, de cerimônia, de festa. Pode ser lúdica, alegre, surpreendente, como nos múltiplos símbolos
e cartazes dos quarteirões da Broadway ou nos cassinos e hotéis de Las Vegas. Ela participa da instituição ou da redes-

197
LEITURA
COMPLEMENTAR

coberta de ritos: guirlandas de Natal, procissões de velas, cortejos de lamparinas etc. Estas características simbólicas
da luz começam a ser exploradas na iluminação da arquitetura e dos espaços urbanos. Sendo portadora de símbolos
fortes, a luz pode agregar um suplemento de sentimento à visão noturna da obra arquitetônica ou do monumento.

A participação no grafismo dos sinais urbanos


A luz é também um dos elementos da sinalética – ciência dos sinais e da comunicação. Ela sublinha um eixo, indica
uma direção, afirma uma intenção. Com a iluminação pode-se marcar uma perspectiva, redesenhar uma trajetória
e guiar o cidadão na cidade. A cidade noturna é invadida por um feixe de sinais e de informações que muitas vezes
perturbam a leitura dos espaços. Mas estes signos luminosos, abstratos ou significativos, podem explicitar um espaço,
como marcos luminosos ao longo do contorno de uma praça, exprimir trajetórias gráficas, perspectivas importantes,
percursos reais, imaginários ou poéticos, e permitir visualizar algumas das tramas que tecem a malha urbana, como
as vias subterrâneas, os canais, as linhas de ônibus ou de trem etc.
A luz da mídia também se constitui hoje em importantíssimo componente da iluminação urbana. Incorpora com ra-
pidez as mais recentes tecnologias e necessita ser convenientemente monitorada, pois provoca grande impacto na
ambientação da cidade.

Fonte: Miguez (2016, p. 4-6, on-line)3.

198
material complementar

Indicação para Ler

Iluminação: Simplificando o Projeto


Mauri Luiz da Silva.
Editora: Ciência Moderna.
Sinopse: O Projeto de Iluminação, explicado de forma didática, sempre foi algo
muito procurado pelos que trabalham com a luz. Dicas, macetes, orientações e
muitas informações de como fazer um bom projeto de iluminação. Como no seu
livro anterior, Luz, Lâmpadas & Iluminação, best-seller e precursor sobre o assun-
to, Mauri Luiz da Silva consegue nos colocar no caminho da luz, e novamente com
a característica principal de sua obra, a linguagem acessível, na qual a leitura flui
de forma natural e motivadora. De estudantes aos mais renomados projetistas,
todos encontrarão informações importantes neste livro, quanto mais se aprender
sobre a iluminação, melhor, pois sendo matéria ainda relativamente nova no Bra-
sil, tudo soma positivamente, sejam cursos, palestras, revistas ou livros. Este livro
passa a ser fonte de consulta indispensável nessa busca incessante de informa-
ções sobre a luz e seus efeitos.

Indicação para Assistir

O Regresso
Editora: 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano dis-
posto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é
abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda
rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue
sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

Indicação para Acessar

Esse site apresenta um dos melhores escritório de Lighting designer do Brasil e até do mundo, por apre-
sentar projetos conhecidos mundialmente. O museu do amanhã é dos seus trabalhos mais atuais e apre-
sentado para todo o mundo. Mônica Luz Lobo lidera a equipe.
Link: <http://www.ldstudio.com.br/>

199
referências

ABNT. NBR 8995-1. Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: Interior. Rio de Janeiro, 2013. Disponí-
vel em: <https://www.target.com.br/produtos/normas-tecnicas/43005/nbriso-cie8995-1-iluminacao-de-am-
bientes-de-trabalho-parte-1-interior>. Acesso em: 6 fev. 2018.
CIMADON, A. C. Estudo de Caso: A iluminação em ambientes de trabalho. Revista Setor Elétrico. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: G.G Brasil, 2012.
SILVA, L. M. Iluminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: UniABC, 2001.

REFERÊNCIAS ON-LINE
¹ Em: <http://www.lumicenteriluminacao.com.br/pt/catalogo/produto/850.html>. Acesso em: 20 out. 2016.
² Em: <http://www.rosslovegrove.com/>. Acesso em: 20 out. 2016.
³ Em: <http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/artigos/02%20-%20pro_fachadas_Vis%E3o_Ge-
ral.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2018.

gabarito

1. C.
2. B.
3. B.
4. RCR = 5 x h x (C + L) / C x L
RCR = 5 x 2,20 x (10 + 8) / 10 x 8 = 2,47 arredonda para 2.
5. Fu = 93
N = (C x L) x E / lm x Fu x Fd = (10 x 8) x 300 / 3600 x 93 x
0,85 = 0,84 portanto 8 unidades de luminárias.

200
DESIGN

conclusão geral

Caro(a) aluno(a), é com grande contentamento que em sua volta passam pelo design, seja ele de produto,
finalizamos mais um livro do curso a distância de moda ou interiores, e que existem mais profissionais
Design de Interiores, da Unicesumar. Desejamos à procura de desenvolver materiais e estudos que
que esse estudo tenha fomentado a busca em apren- tragam mudanças ao ser humano e para o mundo
der cada vez mais sobre o profissional de design de em que vivemos, preocupados principalmente com a
interiores e reforçado o quanto são abrangentes as eficiência energética e sustentabilidade.
opções no mercado de trabalho. A forma consciente de projetar é o objetivo prin-
Esse livro fortaleceu a importância do design para cipal hoje do designer, ainda mais quando falamos
o bem-estar de cada indivíduo, mostrando que o con- de iluminação unida e eficiência, pensando que de-
forto ambiental e suas áreas interferem de maneira vemos economizar energia e trazer funcionalidade
positiva ou negativa no meio em qual vivemos, pro- na escolha de cada produto.
movendo um maior bem-estar e saúde aos usuários, e Que este curso venha trazer um grande sucesso
para isso devemos nos atentar a detalhes de projetos e profissional, que possamos ser em nosso trabalho
mecanismos que auxiliem neste processo de resolução um agente transformador no meio em que vivemos
de problemas unido à estética e à saúde humana. com ideias e inovações, melhorando cada espaço
O curso está te trazendo habilidades de montar projetado. E a cada passo dado venhamos a mudar
projetos com elementos e conceitos únicos para cada nossas vidas e nossa sociedade, respeitando e aper-
criação, chegando em resultados finais notáveis na feiçoando a relação homem e o mundo.
sua profissão. Pense sempre que todos os elementos Parabéns, futuro(a) designer de interiores!

201
anotações
anotações

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