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DESIGN EFÊMERO

PROFESSORES
Esp. Bruno Augusto de Oliveira
Esp. Simone Reis Roque Gallette
DESIGN EFÊMERO

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


GALLETTE, Simone Reis Roque; OLIVEIRA, Bruno Augusto de.
Design Efêmero. Bruno Augusto de Oliveira; Simone Reis Roque Gallette.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpressão - 2020
174 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Design. 2. Projeto 3. Efêmero EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0827-2
CDD - 745.4
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine,
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki
Hey, Supervisora
Coordenador(a) dede Projetos Larissa
Conteúdo Especiais Yasminn
Camargo, Talyta Gráfico
Projeto Tavares José
Zagonel
Jhonny Coelho, Editoração Arthur
Cantarelli Silva, Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Qualidade Textual Hellyery Agda,
Revisão Textual Helen Braga do Prado, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Professor Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Arquiteto e Urbanista, graduado pela instituição Unicesumar (2012).
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas
e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
<http://lattes.cnpq.br/2008804729240268>

Professora Esp. Simone Reis Roque Gallette


Em andamento a especialização em Master Arquitetura e Light Design pela ins-
tituição IPOG. Especialista em Projeto de Interiores na instituição Unicesumar
(2016). Arquiteta e Urbanista, graduada pela instituição Unicesumar (2013).
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
<http://lattes.cnpq.br/7850255295846116>.
apresentação

DESIGN EFÊMERO

Caro(a) aluno(a), você iniciará, agora, o estudo sobre design efêmero, que será de grande
importância em seus conhecimentos profissionais e pessoais. Tal aprendizado abrirá
campos para o emprego do design, sendo, também, uma possibilidade a mais de atuação.
Esse material foi pensado para que você exerça sua criatividade e aprenda
os processos de execução dos projetos efêmeros. Tendo isso em vista, iniciare-
mos fazendo um gancho sobre o que é design efêmero e sobre como a história
influenciou na chegada ao conceito que conhecemos hoje. Conceituado o tema,
apresentaremos sua pluralidade, mostrando que o design efêmero é importante
em várias áreas, sejam elas de lazer ou trabalho, referenciando as possibilidades
de aplicação do conhecimento.
Conhecendo as áreas, explicaremos a você sobre a relação com o homem e,
para isso, falaremos sobre a motivação cognitiva em se fazer o design efêmero e
sobre os sentimentos que ele transmite. A seguir, apresentaremos a importância
da sustentabilidade e o design social, ferramentas que estão atreladas ao uso do
design.
Depois, demonstraremos como a efemeridade está presente no meio urba-
no, nas áreas corporativas, no âmbito artístico e, até mesmo, na publicidade. Por
fim, você analisará como o design efêmero é usado diante de grandes eventos ou
festivais. Fecharemos o estudo da unidade analisando a tecnologia, ajudando na
produção e desenvolvimentos dos projetos efêmeros.
Na última etapa, procuramos demonstrar exemplos, retomando os assuntos
estudados no decorrer deste material, por isso, faremos a mistura entre arte, en-
tretenimento, urbanismo e vitrinismo, trazendo, novamente, a pluralidade, fri-
sando que a área do design efêmero é muito abrangente.
Esperamos que você possa continuar com o trabalho que foi iniciado neste livro;
nosso intuito é que compreenda que um projeto de design efêmero deve levar em
conta vários aspectos em seu momento de criação, dentre eles os principais: sustenta-
bilidade, geração de emoções, design social e inovação. Tenha um bom estudo e que
seus projetos se realizem.
sum ário

______________
UNIDADE I 111 Referências
FUNDAMENTOS DO DESIGN EFÊMERO 113 Gabarito
14 Conceitos e Fundamentos do que é Efêmero _______________
UNIDADE IV
16 Breve Histórico da Relação do Design com o
Efêmero OUTRAS POSSIBILIDADES DO EMPREGO DO DESIGN
EFÊMERO
19 Design Efêmero na Contemporaneidade
120 Eventos Festivos e Eventos Culturais Étnicos
21 Pluralidade Efêmera nos Espaços
123 Shows e Festivais de Música
24 A Relação da Efemeridade com a Arquitetura
126 Tecnologias na Produção e Divulgação do Efêmero
38 Referências
129 Equipamentos Urbanos Efêmeros
40 Gabarito
132 Urbanização Efêmera
141 Referências
_______________
UNIDADE II 143 Gabarito
RESPOSTAS COGNITIVAS NO DESIGN EFÊMERO
46 A Relação do Homem com o Design Efêmero _______________
UNIDADE V
48 Estímulo Psicosensorial no Design Efêmero
CORRELATOS DO DESIGN EFÊMERO
51 Design Social
150 Obras de Christo e Jeanne Claude
54 Sustentabilidade
153 Arte Urbana, Os Gêmeos
58 Acessibilidade Atribuída no Design Efêmero
155 As Vitrines da Louis Vuitton
73 Referências
158 Feira Livre da Av. Mauá na Cidade de Maringá
76 Gabarito
160 Burning Man Festival
170 Referências
_______________
UNIDADE III 171 Gabarito
TIPOS DE DESIGN EFÊMERO
173 Conclusão Geral
82 Intervenção e Requalificação Urbana
85 Cenário e Arte
89 Instalação Expográfica
93 Vitrinismo
97 Stands Corporativos e Arquitetura Promocional
FUNDAMENTOS DO
DESIGN EFÊMERO

Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Esp. Simone Reis Roque Gallette

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conceitos e fundamentos do que é efêmero
• Breve histórico da relação do design com o efêmero
• Design efêmero na contemporaneidade
• Pluralidade efêmera nos espaços
• A relação da efemeridade com a arquitetura

Objetivos de Aprendizagem
• Discorrer sobre o que é Efêmero em seus aspectos gerais,
explicando a expressão e contextualizando em relação ao
design.
• Demonstrar acontecimentos históricos que reforçam a
importância entre design e efemeridade, até chegar à
definição do design efêmero.
• Contextualizar a época atual com os diferentes tipos de
design efêmero.
• Exemplificar aplicações de design efêmero relacionadas
aos espaços.
• Apresentar os modelos de arquitetura efêmera e sua
contribuição.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro da disciplina de


Design Efêmero. Mergulharemos nesse conceito, aprimorando seu conheci-
mento acerca deste tema tão atual. Primeiro, queremos lhe perguntar: você
sabe o que é efêmero e o que significa esta expressão? Fazendo um gancho no
campo do design, explicaremos os dois termos e esclareceremos sua junção.
Começaremos conceituando o design, referenciando estudiosos que
discorrem sobre o tema, em épocas diferentes. É importante lembrar que
a expressão design é tão atual quanto o seu conceito humano, sendo assim,
uma prática multidisciplinar. Logo depois, o significado do efêmero, com
seu caráter passageiro, tomará conta da sua atenção, e apresentaremos seu
significado literal, fazendo uma análise do conceito. Exemplificadas e com-
binadas, as palavras Design e Efêmero se unem para formar o objeto de
estudo deste livro.
A seguir, mostraremos a importância de contextualizar a história do
design, trazendo as transformações que levaram até o entendimento do
design efêmero. A maneira como vivemos hoje foi influenciada pelo pas-
sado, seja nos provocando a quebrar paradigmas ou dando base aos con-
ceitos atuais que poderão ser explicados a seguir, na reflexão do tema
junto à contemporaneidade.
Após, situaremos você na pluralidade dos espaços efêmeros, vale lem-
brar que passearemos por uma área que engloba o design gráfico, design de
produtos, arquitetura e urbanismo, comunicação visual, arte, moda, even-
tos, intervenção urbana, promoções sociais, publicidade, corporativismo
dentre outros, que, funcionando juntos ou separados, podem mudar a ma-
neira com que o espectador faz a leitura dos locais.
Por fim, falaremos, nesta unidade, sobre o contexto da arquitetura re-
lacionada à efemeridade. Várias formas de usar as estruturas temporárias a
fim de criar novos espaços ou mudar os espaços atuais. Daremos, também,
ênfase a aplicação da arquitetura emergencial, que possui ligação direta aos
conceitos da efemeridade. Pronto(a) para começar esse estudo? Boa leitura!
DESIGN EFÊMERO

Figura 1 - Expografia de arte urbana efê-


mera, na semana do Design em Milão

CONCEITOS E FUNDAMENTOS
DO QUE É EFÊMERO
Anteriormente, conhecemos as ocorrências efême- Ao contextualizar o que é design efêmero, preci-
ras como temporário e transitório, sendo assim, pre- samos expor o significado das expressões “design” e
sente em nossas relações desde sempre. Porém, hoje “efêmera”.
em dia, o termo “design efêmero” é mais utilizado, O design é, para Miller (1988), o processo de
devido ao fato da sociedade contemporânea produ- pensamento da criação de algo, seja um produto,
zir, de forma muito rápida, informações, produtos, uma fala, uma escrita, um desenho, uma mode-
consumo, ou seja, toda a vida é mais rápida na atua- lagem, uma construção e etc. Esse processo pode
lidade, exigindo, assim, uma valorização do conceito acontecer de diversas maneiras, por meio das nos-
do design efêmero. sas vivências, das experiências emocionais, visuais e

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DESIGN

efetivas. E são multifacetados, tendo, como ideia, a


solução de aspectos problemáticos. Então, é preciso
uma compreensão sobre o objeto, por meio de me-
todologias variadas.
Ozio (2011, p. 8) determina o design como sen-
do uma ideia ou um plano, que soluciona uma de-
terminada problemática. Para a concretização, são
necessários alguns elementos, como projetos, cro-
quis, amostras, modelos e outros, para tornar, visu-
almente, perceptível.
A utilização da palavra design é tão atual quanto
o seu conceito, abrangendo diversos conhecimentos
humanos, sendo assim, uma prática multidiscipli-
nar. Igualmente, a manifestação efêmera é, usual-
mente, da sociedade contemporânea, sendo tudo o
que é transitório e temporário. Anexando a maneira
como a sociedade vive e se organiza, um exemplo
disso são os produtos de tempo de vida programado.
Como você pôde observar, a palavra efêmera
é compreendida como um adjetivo, a qual origina
do latim ephemeron e deriva do grego, que possui
outros adjetivos, sendo o significado o novo, lança-
mento e moderno (OZIO, 2011).
Portanto, o design efêmero é expresso por meio
de manifestações transitórias apresentadas às pessoas
em forma de produto, de intervenção, de crenças, de
política e de cultura. São tantas as informações por
nós absorvidas com rapidez que podemos ver que a
efemeridade é mais comum em nossas vidas do que
imaginamos. Como profissionais, devemos ter esse
olhar para acompanhar o mercado e interagir o pro- Figura 2 - Intervenção de arte urbana efêmera,
cesso de criação com o meio. “Flying Umbrellas”, Grécia

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DESIGN EFÊMERO

Figura 3 - Releitura Cadeira


Eames, criada 1943

BREVE HISTÓRICO DA RELAÇÃO


DO DESIGN COM O EFÊMERO
Convido você a voltar um pouco no tempo e ter a Dando início aos dados históricos, apresenta-
oportunidade de observar que ocorreram mudanças remos o surgimento do design na Revolução In-
significativas em nossas vidas, como expectador e dustrial. Segundo Silva et al. (2012), ocorreram
criador. É importante falar sobre alguns momentos mudanças no meio de produção, substituindo o
que antecedem o surgimento do design e, conse- trabalho humano pelo trabalho mecânico. Com o
quentemente, da efemeridade. surgimento das novas fontes energéticas de com-

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DESIGN

bustíveis fósseis, ocorreram transformações impor-


tantes no rumo da humanidade, contribuindo para
o aparecimento do design.
Dessa maneira, houve um crescimento muito
rápido das indústrias, com aumento na produção e,
consequentemente, com a baixa qualidade dos pro-
dutos, pois o criador não tinha acesso a todas as fases
de produção. Pensando nisso, William Morris (1834-
1896) desenvolve um movimento chamado Artes e
ofícios, que defendia a qualidade artística dos produ-
tos, como retrata Malpas (2001 apud SILVA 2012, p.
14). O trabalho passa a ter um cuidado melhor com
a criação, tornando inviável o custo da manufatura.
Figura 5 - Releitura poltrona “The Swan”, realizado
por Arne Jacobsen, na escola Bauhaus

SAIBA MAIS

Assim foi fundada a Bauhaus. Seu escopo


científico era concretizar uma arquitetura mo-
derna que, como a natureza humana, abran-
gesse a vida em sua totalidade. Seu trabalho
se concentrava, principalmente, naquilo que,
hoje, tornou-se uma necessidade imperativa,
ou seja, impedir a escravização do homem
Figura 4 - Escola Bauhaus em Dessau, na Alemanha, pela máquina, preservando da anarquia me-
por Walter Gropius
cânica o produto de massa e o lar, insuflan-
do-lhes, novamente, sentido prático e vida.
Fundamentado nesse pressuposto, surgiu uma escola Isto significa o desenvolvimento de objetos e
construções projetados expressamente para
para desenvolver produtos com baixo custo e de qua-
a produção industrial. Nosso alvo era o de
lidade, chamada Bauhaus, em 12 de abril de 1919, na eliminar as desvantagens da máquina, sem
Alemanha. A Bauhaus foi uma escola cujo objetivo sacrificar nenhuma de suas vantagens reais.
era unir a funcionalidade com aspectos sociais, apli-
Acesse o QR Code
cando produções em massa e lançando a arte junto para ver uma minis-
com a técnica. Ainda, após o fim, esta escola influiu série documental
espalhando o design para o mundo e suas criações são sobre a Bauhaus:

importantes até hoje; para Heskett (2008 apud SILVA Fonte: adaptado de
2012, p. 17), os produtos criados existentes não são Gropius (2001).

substituídos pelos novos, mas, sim, transformados.

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DESIGN EFÊMERO

P
odemos observar que os dados históricos do passado implicam, até
hoje, na contemporaneidade, então, perguntaremos a você quando a
expressão do design se fundiu com o efêmero?
Foi após o fim da guerra, em que houve um crescimento das peque-
nas empresas, auxiliando na produção em grande escala e tornando estes produ-
tos acessíveis a toda a população, com isso, a publicidade surgiu para singularizar
os produtos e incentivar o consumo.
Desse modo, a vida das pessoas se tornou mais dinâmica, aumentando, por
consequência, o consumo. Como diz Zacarias e Takada (2015), vivemos uma era
de consumismo, no qual perdemos nossa identidade e buscamos mais o reflexo
da efemeridade.
No século XX, o crescimento da população, bens capitais e império tecnoló-
gico geraram uma mudança importante que reflete, até os dias atuais, o consumo
individualizado. O produto que, antes, era construído para obter durabilidade,
agora, passou a ser elaborado com rapidez e ter a vida programada, ou seja, são
renováveis e efêmeros. A partir daí, surgiu a junção do design com o efêmero e,
consequentemente, que reflete na identidade e na vida das pessoas.
O consumidor é atraído pelo o que é novo, belo e luxuoso, valorizando a
estética como uma necessidade que traz a felicidade e prazer. Isto não implica na
falta de personalidade, e, sim, em uma projeção de um modelo que você quer ser.
O presente se torna desinteressante, e o novo sendo algo desejável.

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DESIGN

Figura 6 - Videomapping no
festival das luzes, Bratislava

DESIGN EFÊMERO
NA CONTEMPORANEIDADE
Neste conteúdo, queremos dar sequência e relacio- No ocidente isto é bem implícito, por exemplo, nos
nartudo que vimos nos estudos anteriores com a Estados Unidos, os produtos têm influência sobre as
atualidade. Fazer você compreender que aconteci- grandes produções em massa, pois o objetivo é ter
mentos importantes resultam no modo em que vi- vida útil programada e renovação, fazendo com que
vemos e evoluímos, nos âmbitos da sociedade e de a necessidade seja “ter mais”, ser efêmero. Como diz
comportamento. Silva (2012), esta abordagem é chamada styling. Na Su-
Para melhor entendimento, é necessário a com- íça, o objetivo tem um apelo mais social, valorizando
preensão sobre a história do consumismo pós-guerra. o produto, sendo algo durável e com qualidade maior.

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DESIGN EFÊMERO

Atualmente, o consumo acelerado e efême-


ro causa grandes quantidades de lixo; desse modo,
o mesmo pensamento de consumo, também, deve
atrelar o pensamento de consciência e cuidados com
o meio externo, ou seja, a sustentabilidade. Criar
uma relação positiva para com o meio, preocupan-
do-nos com as futuras gerações, preservando o meio
ambiente em que vivemos.
Além da sustentabilidade, outro fato importante
para atualidade é a tecnologia. Hoje, com a globa-
lização, não há barreiras, quem domina são as cul-
turas com poder maior de representatividade e de
economia. Vemos que não há limites, e, sim, ade-
quações, como a máquina de lavar criada pela em-
presa Whirpool na Inglaterra, teve que ser adequada Figura 8 - Cafeteira Italiana Vintage

ao Brasil, acrescentando a função molho, segundo


Heskett (2008 apud SILVA, 2012, p. 27). Segundo Dormer (1995 apud SILVA, 2012, p. 26), a
geração atual nasce e cresce sujeita a restrições im-
postas pela geração mais velha. Isso gera uma asso-
ciação do existente ao conceito de restrição ou ao
antiquado e sua consequente rejeição. No entanto a
geração mais nova passa à condição de atual, e sur-
gem os seus descendentes, que passarão a rejeitar
seus status e redescobrir as qualidades de seus avós.
Este pensamento reforça a ideia de renovar e
modificar o meio, visto que a dinâmica da vida é
expressa no design, tornando-o efêmero, e pode ser
exemplificada nas manifestações em várias escalas
Figura 7 - Máquina de Lavar de nosso cotidiano e convívio, tal como as manifes-
tações artísticas urbanas, o grafite; até mesmo, na
Este intercâmbio globalizado faz com que se mistu- publicidade, na constante troca de propagandas nas
rem as culturas e diminuam as distâncias, melho- mídias sociais ou em uma determinada marca que
rando os âmbitos sociais e políticos. A tecnologia, reformula sua logo; também, uma releitura de um
além dessa universalização, também nos permite, produto, seja um mobiliário ou uma roupa.
como profissionais, expandir nossa maneira de re- Neste conceito, estamos em uma busca inces-
presentar e de se comunicar com as pessoas, tornan- sante de melhorar e aprimorar, contribuindo para o
do flexível, dinâmico e efêmero o trabalho. futuro e refletindo sobre o nosso presente.

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DESIGN

Figura 9 - Festival Mundial de Cine-


ma, ao ar livre, Amsterdã, Holanda

PLURALIDADE EFÊMERA
NOS ESPAÇOS
Segundo Carlos (2007), o lugar pode ser descrito Para isso, observe que o efêmero, nos espaços, é
como a base do desenvolvimento da vida com a lei- relacionado a elementos como: design gráfico, de-
tura da identidade criada na relação dos usos dos es- sign de produtos, arquitetura e urbanismo, comuni-
paços. No decorrer do dia, você passa ou permanece cação visual, arte, moda, eventos, intervenção urba-
em vários locais, pare e pense: quantos deles pos- na, promoções sociais, publicidade, corporativismo
suem composições temporárias? Queremos ampliar dentre outros. Esses conhecimentos podem funcio-
sua visão sobre o que é passageiro e explicar quanto nar juntos ou separados, interferindo na maneira
diversificado pode ser. em que lemos os lugares ou criando novos espaços.

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DESIGN EFÊMERO

Obras de arte temporárias e intervenções urbanas desmontada, os caminhos que se abrem diante des-
podem mudar a maneira como você enxerga o espaço ta condicionante de projeto são diversos” (SCÓZ,
em um determinado momento, durando pouco tempo 2009. p. 53).
ou permanecendo. Segundo Cartaxo (2009), as poéti- Uma rua, uma praça ou um vazio urbano, tam-
cas contemporâneas voltadas para as intervenções nos bém, pode ser modificado por meio do uso, criando
espaços públicos inscrevem a cidade na obra. espaços temporários. A Feira Livre, por exemplo,
Outro exemplo é a arquitetura para habitações formada pelas barracas, caminhões e pessoas intera-
emergenciais, que deve ser ágil, com produto final gindo, gera novas qualidades para o espaço ocupado
eficaz e transitório, que acomode populações afeta- por atividades diferentes das cotidianas.
das por catástrofes e razões diversas, que necessitam A maneira como compramos e consumimos é
de abrigo temporário. “Uma obra efêmera é aquela influenciada pelo uso do design efêmero. Você pode
que tem já em seu início a anuência que precisa ser ser surpreendido com elementos que chamem sua

Figura 11 - Food Trucks no Centro Cívico de


Figura 10 - Exposição de arte Denver, Estados Unidos da América

22
DESIGN

atenção em primeiro plano, para mais tarde dire- SAIBA MAIS


cionar a um produto. Grandes redes de lojas usam
o efêmero com a finalidade de fortalecer a marca e Temos, como exemplo, as instalações efême-
gerar interações com os públicos. Para consumir o ras, produzidas no Brasil, dos artistas Marcelo
objeto novo apresentado, seja ele uma tendência de Terça-Nada e Brígida Campbell. Eles formam
moda ou de comportamento, é necessário que o in- o grupo Poro, existente desde o ano de 2002,
divíduo localize o novo. e fazem o trabalho de produção da arte efê-
mera, em forma de adesivo, inserida no co-
Caro(a) aluno(a), concluímos que a pluralidade
tidiano urbano.
efêmera pode interagir em espaços estabelecidos,
modificando seu uso e transferindo um caráter visu- Complemente o seu aprendizado acessando:
al momentâneo, ou pode criar novos espaços, inde- https://poro.redezero.org/apresentacao/

pendentes do local que estará inserida.


Fonte: adaptado de Salles (ÉPOCA, 2015, on-line)1.

Figura 12 - Vitrine da marca de luxo Louis


Vuitton, em Londres, Inglaterra

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DESIGN EFÊMERO

Figura 13 - Concerto na
Marina Bay, Singapura

A RELAÇÃO DA EFEMERIDADE
COM A ARQUITETURA
É fato que a arquitetura efêmera tem data antiga e o profissional, um amplo campo de trabalho, exigindo
sempre esteve presente por meio do mundo, porém interação com outros profissionais, investigadores e, até
consolidada de forma independente, por meio de téc- mesmo, conhecimento de novas tecnologias. Assim, é
nicas primitivas herdadas. Os povos precisavam se lo- importante salientar que devemos traçar estratégias com
comover em busca de alimento e melhores condições; desempenho econômico e social, tendo em vista adequar
assim, surgiam, como exemplo de efemeridade às ha- a função e valorizar a vida comunitária em seus vários as-
bitações nômades, os iglus ou as tendas no deserto. pectos, citados por Duarte (2007, on-line)2, a Arquitetura
Hoje, as necessidades de arquiteturas que se desmon- de emergência, a de representação, a de acontecimentos
tam vão além de abrigar o homem, criando, assim, para sociais, a de espetáculo ou de festa, dentre outros.

24
DESIGN

Na arquitetura do espetáculo, temos um forte Outro fator, é a maneira de viver de alguns povos,
exemplo com a música. Os shows saíram das salas que querem distanciamento das cidades ou criar um
de concerto tomando as praças, as ruas, os estádios novo modelo de sociedade; a arquitetura efêmera
e os parques. Ao assimilar a escala da cidade e do vem de maneira espontânea, começando, mais tar-
território, os espetáculos tiveram a preocupação em de, a ser estudada e aprimorada. Exemplo disso são
demarcar espaços e criar identidade pessoal, usando os circos com suas tendas e moradias itinerantes. É
estruturas temporárias variadas. nítido um sistema estrutural pensado na resistência
perene e na facilidade de montagem e transporte, as
lonas tensionadas, agora, são mais aprimoradas por
meio da tecnologia.

Figura 14 - Festival do teatro de rua “Ana De- Figura 15 - Circo Du Soleil, em


setnica”, em Ljubljana, Eslovênia Montreal, Canadá

Os acontecimentos comemorativos, como casamen- Fora os conceitos físicos, outro fator importante é
tos e aniversários, carregam, por vezes, um imaginá- como organizam suas moradias, criando espécies de
rio lúdico que é montado pela arquitetura efêmera. pequenos vilarejos que devem conversar com o ter-
ritório local. Para Kuhlhoff (2012), a manutenção de
Ao tratar um evento como um espaço de entrete- um objeto arquitetônico nômade, como o circo, só é
nimento, onde é necessária a criação de atrações e
a capacidade de seduzir diversos públicos, se abre possível devido a um rígido sistema baseado nas rela-
espaço para exercer a criatividade, desta forma ções familiares, e, desta forma, existe um padrão que se
aqueles que criam e gerenciam eventos acabam repete e é aprimorado ao longo das gerações circenses.
por romper as barreiras já conhecidas e fazem
que os eventos conhecidos pelo público se tornem Além dos fatores citados anteriormente, trare-
mega eventos que proporcionam entretenimento, mos, agora, para você a relação do efêmero com ar-
lazer e diversão para os mais diversos públicos quitetura emergencial.
(NETO, 2012 apud SANT’ANA, 2016, p. 27).

25
DESIGN EFÊMERO

Anders (2007, p. 58) diz que o abrigo deve ser aces-


sível, ter uma fonte de água, sistema sanitário, siste-
ma de alimentação e médico. Todas as necessidades
são imediatas, mas devem ser lidas como provisó-
rias, apenas, até a reconstrução das casas afetadas.
Para resolver com agilidade, pode-se fazer o uso de
materiais locais para a construção de abrigos ou é
indicado modelos já existentes como: habitações
modulares que não exigem montagem no local e são
configuradas conforme as necessidades. O contê-
iner metálico é uma boa alternativa, recebendo tra-
tamento adequado, pode ser dividido e acomodar
mais famílias. Também, temos estruturas pré-fabri-
cadas que misturam materiais, como a lona plástica
e estruturas metálicas.
Figura 16 - Tendas para os desabrigados do terremoto
em Portoviejo, Equador, 2016

Ocorridos espontaneamente, os fenômenos naturais


transformam o cotidiano de muitas pessoas. O termo
“fenômeno natural” refere-se a qualquer manifesta-
ção proveniente da natureza que se relaciona com a
dinâmica da Terra: tempestades, tornados, enchentes,
secas ou, ainda, terremotos, tsunamis, erupções vul-
cânicas etc. Além desses fenômenos, populações que
convivem com conflitos constantes ou que sobrevive-
ram a guerras necessitam de apoio emergencial.

REFLITA

À medida que a moradia se torna um meio


de acumular riqueza em vez de cumprir sua
meta fundamental de abrigo, arquitetos bem-
-intencionados tentam resolver a crise dos
sem-teto por meio de ideias criativas e proje-
Figura 17 - Cidade temporária feita de contêiners para
tos inovadores. Mas a arquitetura é realmente refugiados, Alemanha
a solução?

Fonte: Abrigos...(2018). As estruturas tênsil são formadas por membranas


esticadas, de lona ou tecido impermeável que, ge-

26
DESIGN

ralmente, possuem estrutura rígida de alumínio em locais quentes, é indicado estruturas que ofere-
ou aço que servem de tirantes. Esses modelos são çam sombreamento e que possibilitem circulação
interessantes, pois permitem cobrir desde peque- de ar, prevenindo doenças; já, no frio, a retenção do
nas estruturas até grandes espaços, construindo calor é o principal elemento a ser observado. Outro
ambientes que possam ser divididos internamente, fator é que, por muitas vezes, as estruturas tempo-
gerando flexibilidade. rárias acabam permanecendo por tempo maior do
Outra possibilidade são as estruturas pneumá- que o planejado, arriscando a gerar assentamentos
ticas, de fácil transporte e com pouco peso. Elas ne- urbanos irregulares.
cessitam da força do ar pressionado entre as mem- Percebemos que a alternativa adequada de abri-
branas de lona para gerarem as habitações; suas gos temporários permeia o estudo do custo e facili-
desvantagens são a fragilidade do esvaziamento e a dade de transporte, da agilidade na construção, da
constante necessidade de energia elétrica. aceitabilidade cultural, da adequação ao clima, da
Para escolher a solução de abrigos temporários é observação do local a ser implantado e os efeitos fu-
importante fazer a análise do local referente ao clima turos da permanência estendida ou a sua transfor-
e ao modo de morar das pessoas. Vale lembrar que, mação em outras estruturas.

SAIBA MAIS

Os “Containers City” são as cidades e cons-


truções, por meio do uso dos containers.
Geralmente, são utilizados em necessidades
emergenciais de catástrofes ou conflitos. São
adequados conforme fatores importantes,
como o local, o uso, a temperatura, o tempo
de uso e outros.

Fonte: adaptado de Portal Metálica, ([2017], on-line)4.

REFLITA

É importante lembrar que o design efêmero


não está, somente, ligado ao estético, mas
também à funcionalidade e que, por ser de
consumo rápido, não precisa perder o caráter
da qualidade.
Figura 18 - Acampamento dos refugiados de
Kabertoo, Iraque

27
considerações finais

Querido(a) aluno(a), encerramos a primeira unidade do livro sobre Design Efê-


mero — etapa importante para o crescimento do profissional da área do design —,
na qual levantamos pontos sobre curiosidades do modo de vida atual relacionada
com a efemeridade, ampliando o seu conhecimento, para a compreensão das
próximas unidades.
Primeiramente, você pode compreender que a efemeridade é uma expressão
muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Sua definição, junto
ao design, é representada nas manifestações transitórias, podendo ser de formas
culturais, políticas, artísticas e de intervenção.
Discorremos de dados históricos importantes para a contribuição de relacionar
o design com efêmero, e termos a percepção da maneira como o passado influencia
nos dias atuais. Concluímos a ideia de que o consumo não é a falta da identidade
das pessoas, e, sim, a projeção de algo que elas desejam ser.
Desse modo, percebemos que a efemeridade não está, somente, no consumo
e no cotidiano, mas também nos diversos espaços à nossa volta, possibilitando a
mudança do uso ou do visual destes ou criando novos espaços.
Falando em espaços, aprendemos que o efêmero se manifesta em diversas
estruturas, fechamos a ideia que devemos traçar estratégias econômicas e sociais,
adequando a função e valorizando a vida comunitária.

28
atividades de estudo

1. (Enade design 2015) A imagem a seguir representa um dos objetos que


consolidaram a reputação da escola Bauhaus como uma força de lideran-
ça do design industrial no século XX. A cadeira B3, De Marcel Breuer, mais
tarde conhecida como cadeira Wassily, produzida em 1925, foi um dos pri-
meiros desenhos a explorar o aço tubular cujos aspectos como aparência
rígida e elegante, força estrutural e leveza permitiram a criação de móveis
em novas e surpreendentes formas.

Fonte: DESIGN MUSEUM. Cinquenta cadeiras que mudaram o


mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

A cadeira ilustrada anteriormente representa um dos princípios adota-


dos pela escola Bauhaus, pois:
a. Evidencia os processos de produção artesanais que valorizam o produto
e o trabalhador.
b. Simboliza a personalidade do designer, contrapondo o funcionalismo à
ideia da boa forma.
c. Representa o gosto estético disseminado pela burguesia das primeiras dé-
cadas do século XX.
d. Explicita a ideia de simplificação da forma do móvel para uma produção
industrial de qualidade.
e. Sintetiza a ideia de customização, na qual o consumidor pode determinar
características estético-formais.

2. (Enade design 2015) Os objetos não morrem; sobrevivem, nem que seja
como lixo ou resíduos. É claro que os artefatos podem ser destruídos, no
sentido de serem desagregados a ponto de perderem as especificidades
formais que os caracterizam. Surpreende, porém, o quanto são resistentes
a isso. Nos últimos cinquenta anos, a humanidade produziu maior quan-
tidade de artefatos do que em toda a sua história pregressa. Como resul-
tado, estamos em processo de sermos soterrados pelo acúmulo de coisas
que descartamos. O que o design pode fazer nesse sentido? Os designers

29
atividades de estudo

não controlam políticas públicas, não comandam as redes de fabricação


nem são responsáveis pelo desenvolvimento de novos materiais e tecno-
logias (CARDOSO, 2012).

Considerando esse tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta


entre elas.
I. Em relação ao ciclo de vida de um produto, é necessário que os designers
se apropriem de uma visão linear do processo como um todo, não se limi-
tando a pensar o início (a concepção) e o final (o descarte), mas prevendo,
também, as instâncias de reciclagem, recuperação e de ressignificação.
II. O pensamento linear contribui para os desafios projetuais dos designers
no mundo atual e futuro, o que torna os objetos resistentes ao esvazia-
mento de sentido e, consequentemente, ao descarte.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justifi-
cativa correta da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

3. (Enade design 2015)

Disponível em: <http://www.subsolo.art/>. Acesso em: 22 jul. 2020.

30
atividades de estudo

Assim como o break, o grafite é uma forma de apropriação da cidade. Os


muros cinzentos e sujos das cidades são cobertos por uma explosão de co-
res, personagens, linhas, traços, texturas e mensagens diferentes. O sujo e
o monótono dão lugar ao colorido, à criatividade e ao protesto. No entanto
a arte de grafitar foi, por muito tempo, duramente, combatida, pois era
vista como ato de vandalismo e crime contra o patrimônio público ou pri-
vado, sofrendo, por causa disso, forte repressão policial. Hoje, essa situa-
ção encontra-se bastante amenizada, pois o grafite conseguiu legitimidade
como arte e, como tal, tem sido reconhecido tanto por governantes quanto
por proprietários de imóveis (SOUZA; RODRIGUES, 2004).

Considerando a figura apresentada e a temática abordada no texto, avalie


as afirmações a seguir.
I. O grafite pode ser considerado uma manifestação artística pautada pelo
engajamento social, porque promove a sensibilização da população por
meio não só de gravuras e grandes imagens, mas também de letras e men-
sagens de luta e resistência.
II. Durante muito tempo, o grafite foi marginalizado como arte, por ser uma
manifestação associada a grupos minoritários.
III. Cada vez mais, reconhecido como ação de mudança social nas cidades, o
grafite humaniza a paisagem urbana ao transformá-la.

É correto o que se afirma em:


a. II, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

4. (Enade artes visuais 2014) A intervenção urbana é uma forma de arte inte-
racional, criativa e poética, voltada para o espaço público, o cotidiano e as
pessoas.

Em 23 de abril de 2014, dia de São Jorge, o “Coletivo PI”, um coletivo de mu-


lheres, encerrou seu projeto intitulado “Entre Saltos”, em Salvador, Bahia,
depois de passar por São Paulo, Campinas, Porto Alegre. Mais de trinta
mulheres vestidas de vermelho ou rosa, calçadas com sapatos de salto
alto, saíram caminhando do Espaço Xisto, no bairro Barris, às quatro horas
da tarde. Seguiram pela Sete de Setembro até chegar ao Pelourinho. Elas

31
atividades de estudo

encerraram o projeto, uma hora e meia depois, seguidas por homens e


mulheres, no Dique do Tororó, Lago que possui estátuas dos orixás, inclu-
sive de Ogum, representação de São Jorge na crença matriz africana.
Fonte: Coletivo PI. Projeto Entre Saltos. Disponível em: <http//www.cpletivopi.com>.

Considerando as duas informações citadas anteriormente, avalie as afir-


mações a seguir.
I. Intervenção urbana é um processo comunicativo que reinventa, mesmo
que temporariamente, novos sentidos ao espaço.
II. A intervenção do “Coletivo PI” aborda a construção da feminilidade, bem
como a imagem do feminino em relação à esfera pública.
III. A intervenção do “Coletivo PI” questiona poderes e representações de gê-
nero instituídas.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.

5. Neste exato momento, ao redor do mundo, acontecem milhares de ca-


tástrofes. Elas são silenciosas para a maioria, mas impactantes para a so-
brevivência de muitos. Estas zonas de pós-catástrofes ou de degradação,
abandono, com perda de valores ambientais, culturais e patrimoniais, são
carentes de quase tudo. As condições são extremas, e os governos são len-
tos, mas as soluções precisam ser imediatas. Diante dessas emergências,
pergunta-se: qual o papel dos arquitetos e urbanistas ao lidar com as
construções efêmeras ?

32
LEITURA
COMPLEMENTAR

Como um sistema de montagem eficaz ajuda na situação de desastre?


A situação de emergência geralmente demanda uma quantidade de habitação, equipamento e
instrumento muito grande e em curto prazo, às vezes, o acesso também é dificultado devido a
obstruções nas vias. Portanto, o que se retirou da pesquisa inicial foi um dado essencial para todos
os projetos a serem procurados: o de fácil montagem. Tal solução pode ser rapidamente cons-
truída, não detém uma grande quantidade de pessoas e em pouco tempo é possível ter várias
habitações prontas para serem utilizadas.
Com esse conceito pôde-se localizar as soluções mais eficazes em situações de emergência, pre-
ferindo-as ao invés de soluções que fossem construídas no próprio lugar, com materiais como ci-
mento ou tijolos, que acabam sendo mais complicadas e exigindo um tempo de construção maior.
O grupo NOAH realizou seminários para o debate e a divulgação das pesquisas individuais, o que
posteriormente ajudaria na seleção dos projetos mais significantes e no melhor entendimento do
assunto dos desastres causados por enchentes.
Com conceitos básicos do que se necessita em uma situação de emergência e junto às pesquisas
iniciais foi possível levantar uma série de projetos significativos, que no futuro servirão de referên-
cia para construir uma solução eficaz para a cidade de Eldorado, SP.

Por que a produção modular é conveniente para situações de desastres?


Ian Davis, em seu livro Arquitectura de emergência , afirma: “As primeiras coisas que aqueles que
ficaram sem casa e abrigo precisam são: comida, medicamentos e primeiros auxílios, mas também
seguramente os arquitetos estão em importante posição de poder para aconselhar com autorida-
de e fazer pressão para que a ONU (Organização das Nações Unidas) ou [...] UNRRA (United Nations
Relief and Rehabilitation Administration) [...] proporcionem casas imediatas que cheguem o quan-
to antes às zonas de catástrofe.” (DAVIS, 1980, p.63, tradução livre) Uma vez conhecido o conceito
“produção modular”, é possível entender a razão de sua utilidade para desastres.
Nessas situações, geralmente um grande grupo de pessoas fica sem teto, sem alimento, sem os
seus pertences que facilitam as atividades cotidianas. Aquele que necessita de refúgio precisa de
soluções rápidas. Segundo Kronenburg, autor do livro Houses in motion, os edifícios móveis, por-
táteis, relocáveis ou desmontáveis mostram grandes vantagens no socorro às vítimas de desastres.
Podemos considerar as várias vertentes dos edifícios portáteis como resultados diretos ou indire-
tos do pensamento modular.
Produção modular é, a grosso modo, sinônimo de produção rápida, pois ela foi projetada com
o intuito de agilizar e convencionar todas, ou quase todas as etapas da construção do produto.

33
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ela é o oposto da produção in loco, que necessita de todos os esforços de construção no local.
Em situações de desastres, uma população desabrigada não consegue imediatamente reconstruir
tudo o que perdeu com seus próprios esforços, pois ela é frágil. E é por isso que uma resolução
“pré-pronta”, já solucionada e facilmente construída parece ser a mais adequada. A questão tem-
poral é bastante relevante.

Fonte: Mendes, Aibe e Barbosa (2012, p. 11 e 15).

34
O futuro do design no Brasil
Danilo Corrêa Silva et al.
Editora: Cultura Acadêmica
Ano: 2012
Sinopse: neste livro, os autores retratam o design
no Brasil e no mundo. Suas origens históricas nos
dias atuais e do que se espera da área para o fu-
turo. Eles analisam como o design foi sendo mol-
dado ao longo do tempo, suas aplicações e impli-
cações nos campos econômico, tecnológico, social
e ambiental, além do papel do designer enquanto
profissional criativo e científico.
Comentário: este é um livro sucinto, que fala a
respeito do contexto atual e o que se espera do
futuro sobre o design. É interessante pois os auto-
res abordam desde o início do surgimento do design e como se transformou no Brasil e no
mundo, nos âmbitos sociais e profissionais.

Seriado Black Mirror; 3 Temporada; 1 Episódio


“Perdedor”
Ano: 2016
Sinopse: o primeiro episódio, terceira temporada, do seria-
do americano “Black Mirror”, escrito por Renato Hermsdor-
ff e dirigido por Joe Wright, retrata a forma que nos compor-
tamos nas redes sociais e as projeções de identidade.
Comentário: é uma abordagem simples e sarcástica, que
reflete sobre a maneira como nós vivemos na atualidade,
como comportamento efêmero.
Bauhaus: The Face the 20th Century, Bauhaus: a
face do século XX.
Ano: 1994
Sinopse: o documentário analisa como surgiu a escola
Bauhaus, nos âmbitos históricos e artísticos, retratando os
ilustres profissionais como Walter Gropius, Josef Albers, Mies
Van Der Rohe e Lasló Moholy-Nagy.
Comentário: indicamos a você, aluno(a), este incrível docu-
mentário, que retrata a escola Bauhaus, a qual fundou o de-
sign e marcou a arquitetura moderna cujas influências e im-
portância se estendem aos dias atuais. O vídeo pode ser visto
no YouTube, site de compartilhamentos audiovisuais.

Poro: intervenções urbanas e ações efêmeras


Ano: 2010
Sinopse: o documentário "Poro: intervenções urbanas e
ações efêmeras" foi produzido pela Rede Jovem de Cidadania
em parceria pelo grupo Poro, que são integrados pela dupla
de artistas Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada. Eles abor-
dam as principais intervenções urbanas realizadas entre os
anos de 2002 e 2009. Convido você a ampliar o seu olhar para
as possibilidades poéticas urbanas e perceber a importância
da efemeridade nos dias atuais.
Comentário: é um ótimo documentário, pois retrata bem a
relação das manifestações efêmeras no cotidiano urbano e
como podemos observá-las.
Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos
Indicamos a você este livro online sobre as intervenções efêmeras na cidade. Com ações do
grupo Poro, que misturam arte e intervenções, nos espaços públicos.
Para saber mais acesse: http://poro.redezero.org/publicacoes/ebook/.
referências

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jetos inovadores. São Paulo São. 27 ago. 2018. Disponível em: https://saopau-
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ANDERS, Gustavo Caminati. Abrigos temporários de caráter emergencial.


2007. 119 f. Tese de Mestrado - Design e Arquitetura. Universidade de São Paulo,
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MILLER, Willian Richard. A Definição do Design. 1988. Disponível em: <http://


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unibh.br/index.php/ecom/article/view/616>. Acesso em: 30 maio. 2017.

SANT’ANA, Gisele Barbosa. Gestão de casamentos: as funções do processo ge-


rencial em empresas organizadoras de eventos. 74 f. Trabalho de Curso apresen-
tado à disciplina CAD 7305 como requisito parcial para a obtenção do grau de

38
referências

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Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
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ZACARIAS, Lórien C.; TAKADA, Thalles A. Identidade efêmera e o consumo


do novo na sociedade contemporânea. Mestrado Universidade Estadual de Lon-
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-simples-e-surpreendentes.html>. Acesso em: 31 maio. 2017.
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RDuarte.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.
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18694865>. Acesso em: 31 maio 2017.
4
Em: <http://wwwo.metalica.com.br/container-city-um-novo-conceito-em-ar-
quitetura-sustentavel>. Acesso em: 31 maio 2017.

39
gabarito

1. D) Explicita a ideia de simplificação da forma do móvel para uma produção industrial


de qualidade.
2. E) As asserções I e II são proposições falsas.
3. E) I, II e III.
4. E) I, II e III.
5. Resposta: o planejamento arquitetônico possui um papel fundamental na busca de
boas soluções para o atendimento imediato às famílias, ao restauro e à reconstrução
de suas comunidades devastadas. Deve-se projetar pensando na saúde, no bem-es-
tar, na recuperação emocional e no resgate da dignidade dessas pessoas, dando a
elas uma perspectiva de vida por meio de construções efêmeras seguras, confor-
táveis, acessíveis, sustentáveis, com design bem pensado, a fim de solucionar, com
urgência e qualidade, os problemas enfrentados.

40
UNIDADE
II
RESPOSTAS COGNITIVAS
NO DESIGN EFÊMERO

Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Esp. Simone Reis Roque Gallette

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A relação do homem com o design efêmero
• Estímulo psicosensorial no design efêmero
• Design Social
• Sustentabilidade
• Acessibilidade atribuída no design efêmero

Objetivos de Aprendizagem
• Explicar a percepção do homem e os efeitos emocionais gerados a
partir de exemplos do design efêmero.
• Mostrar as formas de interação do design efêmero com o sistema
sensorial do homem (olfato, paladar, visão, audição, tato).
• Identificar as mudanças positivas sociais com o uso do design efêmero.
• Analisar e apresentar a sustentabilidade no design efêmero.
• Mostrar a importância da acessibilidade no design efêmero.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, querido(a) aluno(a), é um prazer apresentar a você esta segunda unida-


de do livro da disciplina de Design Efêmero. Abordaremos sobre as respos-
tas cognitivas no design efêmero e os sentidos em vários aspectos. Temáticas
importantes para nós, profissionais e formadores de ideias, pois atribuímos
a você ações sociais, artísticas, culturais e educacionais.
Analisaremos, inicialmente, a relação do design efêmero com o homem
e as mudanças e sentimentos que podem trazer a cada indivíduo, por meio
das experiências. Consequentemente, isso pode gerar questionamentos,
provocações, mas também levar à reflexão do espaço e à relação do homem.
Dando sequência, apresentaremos de que maneira o efêmero se relacio-
nará ao homem, exemplificando situações que demonstrem essa junção. É
importante lembrar que a efemeridade é uma manifestação usual da con-
temporaneidade e, atrelada ao homem, pode relacionar vivências que pro-
movem diversos sentimentos. Estes sentimentos e sensações influenciam
nas atitudes de cada um. Diante disso, também, estudaremos o papel social
que o design, junto com a efemeridade, pode promover.
O reflexo da maneira que vivemos e consumimos nos faz pensar em ques-
tionamentos importantes, um deles é a sustentabilidade. O consumo efêmero,
os objetos não permanentes, a maneira acelerada que vivemos e produzimos
submetem-nos a considerar como amenizar os impactos para as gerações fu-
turas e a buscar soluções para diminuir os efeitos negativos e não sustentáveis
criados por estas ações efêmeras. Nesta aula, mostraremos a importância do
pensamento sustentável e quais alternativas que podemos realizar.
Logo após, situaremos você, além do pensamento sustentável, a ter a
consciência de ações para a inclusão social; da importância e de como im-
plantar a acessibilidade nos espaços, por meio de exemplos, mas, principal-
mente, de incumbir a você, designer, a responsabilidade de inclusão. Espe-
ramos contribuir com você não, somente, como profissional, mas também
como cidadão(ã) que vive no coletivo. Tenha uma ótima leitura!
DESIGN EFÊMERO

Figura 1 - Pintura da “Times


Square”, Nova York

A RELAÇÃO DO HOMEM COM


O DESIGN EFÊMERO
O mundo, diante dos nossos sentidos, a cada dia, Quando você vê uma paisagem temporária, ou
torna-se mais complexo, com relações que estão se quando assiste uma performance que comove, ou
intensificando e se diversificando. Estas relações vão quando olha a arte de um grafite, de certa forma, sen-
moldando a realidade e, dentro delas, nós nos posicio- te um tipo de emoção ou estranhamento, porém, em
namos. Estamos imersos neste sistema, por meio da primeiro momento, temos o automático de analisar
percepção e de outros contatos com o mundo a nos- os aspectos técnicos e visuais. Talvez, não paramos
sa volta e vamos tomando parte dele, compondo-o ao para refletir as sensações, só, mais tarde, experien-
mesmo tempo em que ele vai se tornando parte de nós. ciando-as. Para Merleau-Ponty (1974), a percepção

46
DESIGN

do espaço não é uma classe particular de “estados da ganhando significado de acordo com o contexto
consciência” ou de atos, suas modalidades exprimem urbano e as características locais, que, juntos, irão
sempre a vida total do sujeito, a energia com a qual determinar os usos.
ele tende para um futuro por meio de seu corpo e de Para Labaki (2012, et al.), a dimensão da vida
seu mundo. cotidiana pode ser avaliada mediante o uso de seus
espaços públicos. A rua, por exemplo, é projetada
para mobilidade, passagem e interação entre pesso-
as e representa a espacialidade das relações sociais,
porém é por meio de suas funções e o que acontece
ali, que gerará sua tipologia.
Para alguns, a rua é só um espaço de passagem,
de uso temporário, já para outros, ela pode signifi-
car mais que um caminhamento itinerário, poden-
do ser espaços de convívio e descanso. Porém, para
que isso aconteça, deve-se receber estruturas, equi-
pamentos, segurança, criando qualidade ambiental.
Como é o caso dos Parklets, que são áreas contíguas
às calçadas, onde são construídas estruturas a fim de
criar espaços de lazer e convívio, onde, anteriormen-
te, havia vagas de estacionamento de carros. Neste
Figura 2 - Street Art, grafite do artista Kobra, mural do
High Line, Nova York caso, as estruturas efêmeras vão trazer conforto,
tranquilidade, segurança e proporcionar ao homem
O design efêmero é um campo que revela mudanças viver momentos mais prazerosos no seu cotidiano.
temporárias, isso afeta os hábitos e estilo de vida do
homem, influenciando a produção cultural e social
de cada um. Portanto, mesmo sem intenção, o efê-
mero traz a valorização do sensível, da poética e da
diversidade presente nas relações do nosso tempo.
Muitas vezes, a efemeridade gera desestabilizações,
incômodos, questionamentos, provocações, mas
também leva à reflexão do espaço e da relação do
homem com ele.
Além dos aspectos visuais de percepção emo-
cional, temos, também, a efemeridade relacionada
às características ambientais nos espaços públi-
cos, sendo agente transformador. O efêmero pode
tornar os espaços mais atrativos à convivência, Figura 3 - Parklet no bairro da Liberdade, São Paulo

47
DESIGN EFÊMERO

ESTÍMULO
PSICOSENSORIAL
NO DESIGN
EFÊMERO

Figura 4 - Ilustração dos


sentidos sensoriais

48
DESIGN

Caro(a) aluno(a), neste momento do estudo, falare-


os sobre como o efêmero pode se relacionar ao ho-
mem, por meio dos diversos sentidos: visão, audi-
ção, olfato, paladar e tato, citando alguns exemplos
no decorrer desta unidade.
O encontro entre o efêmero e o público é uma
das características principais na contemporanei-
dade. Seja em qualquer linguagem, seu propósito
pode ser promover uma aproximação que produza
significados. Por outro lado, também, temos o con-
ceito que não, necessariamente, o efêmero necessita
Figura 5 - Obra da artista Marina Abramović
comunicar algo premeditado. Assim, ao se deparar, Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)1.

por exemplo, com uma obra de arte, cada um pode


se relacionar de uma maneira, gerando diferentes mesma, durante todos os dias, no decorrer da expo-
pontos de vista e simbologias. Para Farias (1994), sição, e é, nessa performance pessoal, que vemos ní-
precisamos garantir a existência daquilo que não tida a relação dos sentidos, aflorando os sentimentos.
entendemos. Nesse sentido, vemos que as interações Abramović permaneceu, durante toda a expo-
do espectador com o design efêmero podem ser pre- sição, estabelecendo contato visual com os espec-
meditadas por meio de estímulos sensoriais, visu- tadores, um por vez, com sua total dedicação. Ela
ais e perceptivos, porém o individualismo de como esteve sentada em uma sala aberta, onde, apenas,
cada um encara os padrões é muito importante, não uma mesa a separava do visitante. Com seu corpo
sendo, assim, um fator controlável. parado, ela dava total atenção, àquela que estivesse
Grandes exemplos desta interação, homem e sentada à sua frente.
arte, aconteceram na Exposição "Marina Abramović: Participaram milhares de homens, mulheres,
O artista está presente", no ano de 2010 em 14 de crianças, idosos, os quais apresentaram as mais di-
março a 31 de maio, no MOMA (Museu de Arte Mo- versas reações. Esse contato visual tornou-se uma
derna), em Nova York. A artista expôs cerca de cin- experiência sensorial para ambos. Para Oliveira et al.
quenta obras, abrangendo mais de quatro décadas de (2017), independente das diferenças dos espectadores,
suas intervenções e peças sonoras, vídeo-obras, ins- a transcendência espaço-temporal, atingida por meio
talações, fotografias e performances. Em um esforço da vivência e do diálogo silencioso de escuta sensível
para transmitir sua presença, trouxe suas primeiras ao outro, proposto pela performance, criou um espaço
performances recriadas por outras pessoas. Além para emissão de diferentes discursos e resultados reve-
disso, uma nova e original obra foi executada por ela lados em sorrisos, espantos e/ou lágrimas.

49
DESIGN EFÊMERO

Figura 7 - Instalação sonora Aros, Inhotim


Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)3.

Os artistas querem explorar as sensações e, para isso,


usam de artifícios, como música, projeção, brinca-
deiras numa sala de espumas ou de balões e des-
canso em redes. Diferentes galerias, onde vemos a
Figura 6 - “Marina Abramović: O artista está presente”
Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)2. possibilidade de uma infinidade de obras que, num
primeiro momento, são impensadas como formas
Falando em arte, pois é um dos temas contempo- artísticas, mas que criam um sentimento com quem
râneos que mais trabalham com os sentidos, o que interage.
interessa são as mudanças na relação entre espaço, O efêmero é importante ferramenta na criação
objeto e público, principalmente, no uso dos sen- de sentimentos no homem, sejam eles pensados ou
tidos gerando resultados finais. Tomaremos, como não. A percepção com que cada um tem, em relação
exemplo, o Instituto Inhotim. São mais de 500 ao passageiro, pode ser experimentada de formas di-
obras de arte contemporânea expostas a céu aberto versas, criando resultados finais pessoais e diversos.
e em galerias temporárias ou permanentes. A arte
de Inhotim mexe com todos os sentidos. As obras
que emitem sons criam visões, sensações, cheiros e
aguçam até o paladar, atraem visitantes do mundo
inteiro. Por exemplo, a obra de Janet Cardiff, “The
Forty Part Motet”, fica em uma sala com 40 caixas
de som, e cada uma delas emite a voz do integrante
de um coral; em cada canto da galeria, é possível ter
uma sensação diferente e, no meio da sala, a oportu-
nidade de perceber o conjunto das vozes e apreciar.
O expectar passeia pela obra, e seu sentido de visão
Figura 8 - O jardim de Narciso, de Yayoi Kusama,
é bagunçado e seu olfato aguçado. em Inhotim

50
DESIGN

DESIGN
SOCIAL

Figura 9 - “Hippo Roller’’, suporte para carregar água


Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)4.

O objeto produzido pelo design soma a seu cará-


Aluno(a), em relação à visão popular geral, o design ter funcional, que revela as necessidades de seus
está ligado à criação de produtos ou serviços de luxo usuários e da época em que é produzido, o resul-
e beleza, pois é relacionado à aparência dos produ- tado das concepções e dos valores sobre a cultura
e a sociedade de quem o produz -o designer (MI-
tos, unindo o belo e a arte. Erro comum, porém, in- RANDA, 2002, p. 199).
desejado, pois esconde a função primeira do estudo
do design, que é facilitar o trabalho e suprir as ne- Sendo uma atividade da ciência social, o design tem,
cessidades básicas do homem por meio da criação na sua formação, o caráter social e, portanto, direta-
de produtos, mensagens ou serviços. mente, ligado ao homem. Para Fornasier, Martins e
A necessidade da maior parte da população Merino (2012), Design Social é a materialização de
mundial é a básica, problemas com saúde, educação uma ideia por meio de análise, planejamento, exe-
e desenvolvimento. Você, como futuro(a) profissio- cução e avaliação, que resultam em um conceito e
nal, deve usar o design para fazer a diferença ao criar na difusão de um conhecimento para influenciar o
objetos ou serviços que atendam com eficácia e eco- comportamento voluntário do público-alvo (benefi-
nomia, trazendo a melhoria da qualidade de vida. ciários), promovendo mudanças sociais.

51
DESIGN EFÊMERO

Quando aplicado o design social, deve ser estu- responsável cuida das necessidades das pessoas de
dado o local, as necessidades reais da população que uma forma diferente do que o design comercial, vol-
o projeto atingirá e fazer uma imersão, nesse modo tado para o mercado. Enquanto este último tipo se
de viver, para, assim, conseguir um resultado final sa- preocupa, principalmente, com a venda e o lucro, o
tisfatório à população. Para Oliveira (2004), a função chamado Design Social cuida de outros problemas,
social do design está pautada na consciência coleti- como a falta de acesso à água, à desnutrição, à gera-
va, no comprometimento de descobrir alternativas ção de energia etc. São projetos que se preocupam,
que contemplem o ser humano, pois, fazendo isto, essencialmente, em contribuir para o aumento da
ter-se-á sucesso em mudar a motivação da invenção qualidade de vida de determinada comunidade.
humana, direcionando-a para a realidade dos con- Pensando nisso, lançamos mão, também, da efe-
ceitos, verdadeiramente, significativos da existência. meridade que, neste caso, não é analisada, apenas,
O modelo de desenvolvimento econômico, como algo passageiro. Porém é tida como uma solução
como se apresenta hoje, já nos provou que não é rápida, que, ligada ao design social, pode favorecer a
sustentável, não, apenas, pela questão ambiental, vida das pessoas. Um forte exemplo é uma iniciativa
que sempre nos preocupa, mas porque não poderá criada na Cidade do Cabo, que já está difundida pelo
ser mantido para sempre. O Design, socialmente, mundo, inclusive, no Brasil, as Street Store. Estas são

Figura 10 - Ação social em São Petersburgo, donativos


aos moradores de rua

52
DESIGN

lojas criadas na rua, com roupas e acessório arreca- tado e montado em outros terrenos ociosos.
dados, que são doados. O diferencial é que a pessoa A efemeridade é importante no Design Social,
pode escolher o que quer levar, devolvendo sua dig- porém projetos de design ligados a produtos e so-
nidade. De forma simples e intuitiva, desenvolveram luções perenes carregam grande relevância. Como
um material gráfico de comunicação, que pode ser exemplo, temos a criação do Eliodomestico, um
baixado e usado em todas estas lojas de ruas. Cabides forno capaz de transformar a água salgada em doce.
de papelão são pendurados em pontos estratégicos da Essa tecnologia foi desenvolvida pelo designer ita-
cidade, como grandes araras, assim, quem estiver pre- liano Gabrielle Diamanti, a intenção é dar suporte
cisando pode chegar e escolher sua peça, realmente, às comunidades que costumam sofrer pela falta de
como uma loja, porém, totalmente, gratuito. água. O designer alega que o equipamento é capaz
Outro exemplo de design efêmero social é uma de produzir até cinco litros de água potável por dia.
horta comunitária criada em um terreno abandona- Existem desafios, e estamos numa época da so-
do no bairro do Cosme Velho, no Rio de janeiro. O ciedade do espetáculo, do efêmero, da fluidez. A rea-
local que servia de esconderijo e depósito de entu- lidade é: quanto mais consumo, melhor. Logo, temos
lhos se transformou em uma horta comunitária, mó- que pensar em uma saída para mudar e incluir o so-
vel, graças à utilização de caixas em madeira criadas cial dentro dos modos de produção e pensamento.
pela arquiteta Bel Lobo. Este projeto contemplou to-
dos os elementos soltos, visto que pode ser desmon- SAIBA MAIS

Conheça mais a Street Store, um lugar onde


as doações de roupas viram uma loja, e quem
precisa pode escolher e levar gratuitamente.
Para conhecer esse espaço, visite o website:
<http://www.thestreetstore.org/>.

Fonte: os autores.

Figura 11 - Exemplo de horta comunitária, Nova York

53
DESIGN EFÊMERO

Figura 12 - Vaso Biodegradável

SUSTENTABILIDADE
Atualmente, a cultura de consumo traz reflexões que a população gera. Isto se deve à superpopula-
importantes, como a sustentabilidade. O con- ção e às diversidades de materiais, como o plástico,
sumo efêmero, os objetos não permanentes, a que é um grande vilão para o meio ambiente; sua
maneira acelerada que vivemos e produzimos, degradação pode demorar cerca de 200 a 500 anos;
submetem-nos a pensar em soluções que ameni- outro exemplo é uma fralda que demora 600 anos
zem os impactos gerados por estas ações. Podemos para decompor totalmente, como diz a pesquisa da
dizer que uma delas é a grande quantidade de lixo UNICAMP ([2017] on-line)5.

54
DESIGN

Primeiramente, é interessante definirmos o concei- SAIBA MAIS


to de sustentabilidade, que é, segundo a Comissão
Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Uma curiosidade para você refletir: há 40
preservar os recursos naturais e o meio ambiente, anos, a quantidade de lixo gerada era menor
atendendo às necessidades do presente, sem com- à atual, o lixo produzido, nas residências, era
prometer as possibilidades das gerações futuras a composto, basicamente, de matéria orgânica,
dessa forma, era fácil eliminá-los. Hoje, com
atenderem às suas próprias necessidades (PAULIS- o aumento da população e da globalização,
TA et al., 2008, p. 186). Ou seja, relacionar a socie- as inovações tecnológicas, no segmento dos
dade com a natureza, mantendo o cuidado com o meios de comunicação (rádio, televisão, inter-
meio em que vivemos, sem prejudicar o planeta, net, celular etc.), facilitaram o consumismo de
mercadorias em escala mundial. “Atualmente
sustentando o equilíbrio social, econômico e ecoló-
quando compramos algo no supermercado,
gico. É importante esse pensamento para a sobrevi- o lixo não é apenas gerado pelo produto em
vência humana de maneira ampla e globalizada. si, existe a etapa de produção e do consumo
final: a sacola e o cupom fiscal.”

Fonte: adaptado de Carvalho, Tânia de Goes


Vieira (2011).

do o consumo exagerado e valorizando o meio am-


biente. Outro termo bastante utilizado como solução
de comportamento efêmero é o “Zero Waste”, meto-
dologia que auxilia nas ações efêmeras de consumo
e tem como objetivo diminuir o lixo; consumindo
produtos funcionais e duráveis, evitando-se produzir
Figura 13 - Zero Waste, óculos de sol reciclado de skates
o que não pode ser reciclado com custos elevados, se-
Como profissional de design, você deve considerar gundo Anicet e Ruthschilling (2013, p. 5).
este termo com o ciclo de vida do objeto, o ACV Sabemos que a reciclagem é um caminho que
(Avaliação do Ciclo de Vida). Segundo Anicet e Ru- tem merecido destaque em nossa sociedade, com
thschilling (2013), o ACV mede o impacto causado retorno rápido e prático, mas que, ainda, sofre com
durante pré-produção, distribuição, uso e descarte falta de investimentos diretos de nossos governan-
do produto, levando em consideração critérios liga- tes e, até mesmo, descaso da população, como diz
dos à preservação dos recursos naturais, à qualidade Carvalho (2011). Esta é uma ferramenta importante
do meio ambiente e à saúde humana. para a diminuição dos impactos gerados pela cul-
Pensando nisso, temos, como exemplo, a expres- tura do consumo. As instalações de arte, por exem-
são “Slow Design”, que pode ser definida como um plo, podem ser uma maneira efêmera de expressar
projeto que promove bem-estar da sociedade e da na- este conceito. Artistas, como Kurt Schwitters (1887-
tureza, por meio de produtos artesanais, abandonan- 1948), Henrique Oliveira, Frans Krajcberg, Renata

55
DESIGN EFÊMERO

de Andrade, expressam, por meios de objetos des-


cartados, os problemas contemporâneos, de manei-
ras estéticas e simbólicas, para a sustentabilidade.

Figura 15 - Tapetes de materiais recicláveis, para


a celebração do Corpus Christi

A orientação e estímulos para buscar a sustentabili-


dade nos eventos. Os eventos Live Earth, Starts With
You (SWU), Olimpíadas, Árvore de Natal da Lagoa
Figura 14 - Frans Krajcberg, Expo. “Grito! Ano Rodrigo de Freitas e Rock in Rio são alguns exem-
Mundial da Árvore “- Palácio das Artes
Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)6. plos. Os eventos festivos, culturais e religiosos, como
Natal, Carnaval, Festas Juninas, tapete de Corpus
Também, com a ideia de reciclagem e reuso, temos Christi, podem utilizar a reciclagem como elemento
a arquitetura efêmera, que, em alguns casos, como importante nas decorações e fantasias.
a arquitetura emergencial, utiliza materiais de usos
distintos, sendo container, alumínio, plástico, tubos SAIBA MAIS
de papel, bambu, tecidos, lonas, madeira de reflo-
restamento, paletes, vinil reciclado, pvc e outros.
Existe um documento do Rio+20 que apre-
Para a concepção do projeto de arquitetura efêmera, senta diretrizes para as edificações efêmeras
deve-se considerar a sustentabilidade na criação, no serem projetadas, montadas ou construídas,
projeto, nas escolhas dos materiais, na construção e atribuindo a sustentabilidade. Promovendo
no destino dos objetos, diminuindo os impactos ne- mudanças nas tecnologias e de comporta-
mento, disseminando as boas práticas sus-
gativos sobre o meio ambiente em relação ao consu-
tentáveis, conforme prevê a Lei Nº 12.187,
mo de água, energia e produção de resíduos. de 29 de dezembro de 2009, a qual estabe-
lece a Política Nacional sobre Mudança do
REFLITA Clima (PNM), e a Lei Nº 5690, de 14 de abril de
2010 do Rio de Janeiro, que institui a Política
Estadual sobre Mudança Global do Clima e
A base de toda a sustentabilidade é o desen- Desenvolvimento Sustentável.
volvimento humano que deve contemplar
um melhor relacionamento do homem com Para saber mais sobre o assunto, acesse:
os semelhantes e a Natureza. <http://www.rio20.gov.br>.

(Nagib Anderáos Neto) Fonte: os autores.

56
DESIGN

do que, simplesmente, descartá-lo, como os cabos de


panela, botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias, es-
puma, embalagens a vácuo, fraldas descartáveis.
Portanto, nós, profissionais designers, temos
a responsabilidade de atribuir, em nosso trabalho,
este pensamento de preservação e cuidado. Buscar
alternativas que, realmente, façam diferença. Com
isso, os estímulos de proteção se expandirão e, con-
sequentemente, a promoção da educação ambiental
também. O maior desafio é aliar a sustentabilidade
com o social, o econômico e o ecológico, mas, como
vimos nos exemplos anteriores, é possível alcançar.

SAIBA MAIS
Figura 16 - luminárias de Bambu, criada pelo
designer David Trubridge
Uma curiosidade importante é que, atual-
mente, no Brasil, muitos materiais não são
Os mobiliários efêmeros, associados à questão am-
recicláveis, por não haver a tecnologia para
biental, utilizam materiais reutilizados, como ma- o tipo específico de material. Fique atento ao
deira de reflorestamento, paletes, insumos metálicos comprar uma embalagem que é reciclável. Os
de reaproveitamento e de fibras orgânicas. Cuida- materiais não recicláveis mais conhecidos são:
dos, como a utilização de tintas e adesivos a base de - Papéis não recicláveis: adesivos, etiquetas,
água, também, são importantes. fita crepe, papel carbono, fotografias, papel
Nós, como indivíduos e profissionais, temos a toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos
responsabilidade de ter esta consciência de preser- engordurados, papéis metalizados, parafina-
dos ou plastificados.
var e cuidar do meio em que vivemos. Buscar pensar
desde o consumo à criação e concepção dos objetos. - Metais não recicláveis: clipes, grampos, es-
ponjas de aço, latas de tintas, latas de com-
Sempre procurar alternativas que amenizarão os im-
bustível e pilhas.
pactos degradantes. Ao comprar um produto, analise
se a embalagem tem a possibilidade de reuso, para - Plásticos não recicláveis: cabos de panela,
tomadas, isopor, adesivos, espuma, teclados
não estimular o consumo de alguns determinados
de computador, acrílicos.
produtos que não são recicláveis; ao criar, pense nos
materiais, seu ciclo de vida e destino. A maior difi- - Vidros não recicláveis: espelhos, cristal, am-
polas de medicamentos, cerâmicas e louças,
culdade, hoje, além de ter estes atributos citados, é a
lâmpadas, vidros temperados planos.
relação do processo de reciclagem com o seu destino
final. Muitas vezes, para tornar um material reutili- Fonte: adaptado da USP (2016, on-line)7.

zável, há um processo muito mais nocivo ao planeta

57
DESIGN EFÊMERO

Figura 17 - Impressão 3D para deficientes visuais


Fonte: LWT (2015, on-line)8.

ACESSIBILIDADE ATRIBUÍDA
NO DESIGN EFÊMERO
Atualmente, as condições oferecidas pelas cidades A norma brasileira ABNT NBR 9050 visa le-
dificultam a mobilidade das pessoas realizarem suas gislar e estabelecer a acessibilidade nos ambientes,
atividades, influenciando a exclusão social. Porém tornando possível ações que ajudam a ter espaços
existem ações e práticas que permitem melhorar a acessíveis. Diante disso, é importante que você com-
acessibilidade nos espaços, sejam públicos ou priva- preenda a responsabilidade da acessibilidade físi-
dos. Assim, perguntaremos a você: o que é acessibi- ca, de comunicação e atitudinal, cujo significado é
lidade? Que ações e práticas são essas? fazer com que as pessoas entendam a necessidade
Acessibilidade, segundo Carvalho (2014, p. da implantação da acessibilidade, compreendendo
25; ABNT NBR 9050, 2004), é a possibilidade e e promovendo nos espaços onde atuam, vivem ou
condição de alcance, percepção e entendimento, frequentam; garantindo a inclusão, participação e o
para a utilização, com segurança e autonomia, de entendimento das pessoas com limitações.
edificações, espaços, mobiliários, equipamentos Anteriormente, os portadores de deficiência que
urbanos e elementos. eram nascidos em famílias com conhecimentos e con-

58
DESIGN

dição financeira melhor recebiam acesso ao desenvol- no presente momento, ainda, há preconceito e falta de
vimento pessoal. Os demais indivíduos eram escon- informação. Por isso, é importante nós, como pessoas e,
didos ou internados em sanatórios, segundo Sarraf principalmente, como profissionais criadores de ideais,
(2008). Os primeiros movimentos sociais em defesa procurarmos obter conhecimento e informação sobre os
dos direitos acessíveis foram iniciados no século XX, direitos da sociedade, para promover e defender a acessi-
com o término da Segunda Guerra Mundial. bilidade bem como assegurar os direitos de todos. Todos
Estas pessoas que, durante séculos, foram excluídas devem ter acesso à arte, à cultura, à educação e ao lazer,
representam, hoje, uma população, social e economica- tendo como possibilidade participar, interagir, entender,
mente, ativa. Conquistando, cada vez mais, segundo Sar- produzir e formar opinião, como diz Carvalho (2014).
raf (2008), os espaços na mídia, no ambiente acadêmico, Os espaços que respeitam estas diversidades, proporcio-
no poder público e nas manifestações culturais, contri- nando acolhimento, oferecendo informação e acessibi-
buindo para novas formas de concepção de produtos lidade, tornam-se mais atrativos para todos os seus fre-
e serviços que privilegiam a diferença, a ergonomia, a quentadores. Levando em consideração esses aspectos,
melhoria de qualidade de vida e a acessibilidade. Mes- apresentaremos exemplos de atribuições acessíveis em
mo com estas conquistas ao longo do tempo, vemos que, espaços efêmeros e ações que ajudam na inclusão social.

Figura 18 - Museu acessível

59
DESIGN EFÊMERO

SAIBA MAIS

“Ao longo da última década, o movimento de


inclusão das pessoas com deficiência ganhou
importância no Brasil, repercutindo em avan-
ços sociais para todos. [...] A participação efe-
tiva de pessoas com deficiência na definição
de políticas públicas denota um aumento na
maturidade brasileira em torno dessa temá-
tica. É singular constatar que ações, planos e
programas que vêm sendo desenhados pelo
governo federal têm se orientado pelo resul-
tado dessa participação”.

Fonte: Carvalho (2014, p. 27).

Os museus têm função educativa e de inclusão social


Figura 19 - Pavilhão do conhecimento e da ciên-
e devem ser acessíveis para todos, desde os indiví- cia, em Lisboa, Portugal

duos que possuem maior intelecto, até os que, por


razões sociais, culturais, econômicas e limitações fí- Uma questão importante que devemos observar que
sicas, não podem ou não querem visitar, mas o que a maioria das exposições são visuais e não palpáveis,
fazemos para atrair as pessoas nas exposições? Pri- para a conservação das obras. Contudo, na França,
meiramente para atrair as pessoas e torná-lo acessí- por exemplo, a política pública de inclusão cultural
vel, é preciso identificar o público-alvo, ter contato oferece uma licença às pessoas com deficiências vi-
direto por meio dos líderes e representantes, adaptar suais de permissão para tocar em todas as obras de
o ambiente físico dos museus, orientar os funcioná- arte e monumentos históricos tridimensionais insta-
rios, divulgar o espaço e avaliar, pois é por meio das lados em locais públicos, segundo Carvalho (2014).
avaliações que sabemos como está o ambiente. Além de demonstrações visuais, muitas expo-
sições utilizam outros meios de expressão de arte,
REFLITA como o som, por meio de músicas, audiovisuais, áu-
dios; o olfato em amostras de perfumes, comidas e
Um museu acessível é um museu de portas outros; o paladar pode ser experimentado em feiras
e mentes abertas, que conhece os seus pú- étnicas e culturais. A exploração destes sentidos é
blicos e encontra formas de captar, acolher de extrema importância para as pessoas que contêm
e fidelizar.
alguma limitação física, visual, auditiva ou mental,
(Mária Vlachou e Fátima Alves) porque proporciona oportunidades de sociabiliza-
ção entre as pessoas com ou sem limitações.

60
DESIGN

O caso do Pavilhão do Conhecimento de Lisboa


é um exemplo físico, que apresentaremos a você, de
boas práticas na criação de respostas inclusivas para
públicos-alvo diferenciados: pessoas com mobilida-
de condicionada, pessoas cegas e com baixa visão,
pessoas surdas e pessoas com deficiência mental.
Outros exemplos são os museus londrinos British
Museum, Victoria and Albert Museum, e principal-
mente, a Tate Modern. Este museu desenvolve pro-
gramas para os diferentes públicos, com o objetivo
de acolher a diversidade em seu espaço.
No Brasil, as legislações que auxiliam na inclusão Figura 20 - O museu Tate em Londres, com piso tátil

social e de adequação física acessível, ainda, são pre-


cárias. Além da ABNT NBR 9050, temos a Portaria culturais imóveis, acautelados em nível federal, e ou-
de Instrução Normativa nº. 1, de 25 de novembro tras categorias, conforme especificada e redigida pelo
de 2003, que dispõe sobre a acessibilidade aos bens IPHAN (Instituto Nacional do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional), segundo Sarraf (2008).
São poucas as instituições brasileiras que desen-
SAIBA MAIS
volvem programas inclusivos por conta própria. Te-
mos, como exemplo: a Pinacoteca de São Paulo, com
Apresentaremos a você as ações que modifi-
caram o museu Pavilhão do Conhecimento de SAIBA MAIS
Lisboa: a adaptação do ambiente físico, como
banheiros, rampas e outros; a comunicação,
como a leitura em braile, e a linguagem de Uma curiosidade é o museu londrino Tate Mo-
sinais; a inclusão de profissionais da educação dern, que desenvolve estratégias para pessoas
de pessoas ligadas à necessidade mental e com deficiências visuais, físicas e auditivas,
motora, para auxiliar no acompanhamento privilegiando a autonomia. Também, desen-
das exposições; o contato com escolas, asso- volve programas em que o público participa
ciações e grupos de pessoas com necessida- nas mudanças efetivas e na conduta da insti-
des diversas, para a proximidade das pessoas. tuição por meio da participação em fóruns de
discussão e debates sobre as políticas internas
Foi um árduo trabalho de dois anos e, mes- e da comunidade. Vale, também, lembrar que
mo com essas ações para inclusão, ainda há o site do museu é acessível e disponibiliza
muito para mudar. É importante que sejam acesso a publicações para diferentes públicos.
contempladas a inclusão social no partido do
projeto, nas atividades, na exposição ou em Complemente o seu conhecimento, acesse:
outras ações. https://www.tate.org.uk/visit/tate-modern

Fonte: adaptado de Sarraf (2008). Fonte: adaptado de Carvalho (2014).

61
DESIGN EFÊMERO

o programa chamado “Programa Educativo para Pú- Cássia Eller, patrocinado pela Petrobrás, na cidade
blicos Especiais”; o Museu de Zoologia da Universi- de Maringá, em que havia uma tradutora para a lín-
dade de São Paulo com o Projeto para Deficientes gua de libras. A peça “Um amigo diferente”, reali-
Visuais; o ECCO; Espaço Cultural Contemporâneo zada em Belo Horizonte, utilizou um intérprete de
de Brasília com o Programa Educativo Inclusivo; o libras e legenda para surdos e braille.
Museu de Ciências Morfológicas da Universidade Também, temos, como modo de auxílio, a Leitura
Federal de Minas Gerais com o Programa “A Célula Dramática, que é um recurso usado no meio teatral.
41 ao Alcance das Mãos”; e o Museu de Arte Moder- Segundo Santos (2015), é uma prática antiga e que
na de São Paulo com o programa “Igual Diferente”. nos remete a radionovelas, sendo realizado por meio
Outro exemplo é o Museu Histórico Nacional do da leitura de um texto dramático para apreciação do
Rio de Janeiro, que teve ajuda por meio de projetos público. Aqui, o sentido mais aguçado é a audição. É
patrocinados por iniciativa privada, foram implan- a partir da escuta que cada um dos espectadores cria
tadas adequações físicas, seguindo os conceitos de sua própria fantasia; é interessante para a acessibili-
acessibilidade da NBR 9050. dade a arte para as pessoas com deficiência visual.
Além dos museus, os espetáculos de teatros são
importantes para inclusão social e cultural. Podem
REFLITA
ser utilizados como ferramenta, além das atribui-
ções físicas à língua de sinais. Nós, autores deste li-
vro, tivemos a honra de presenciar um musical da Sobre o “Teatro dos Sentidos”, Wenke (1997,
p. 1) afirma que é teatro para NÃO ser visto,
ou ser visto de outra maneira. A imagem do
que ocorre é fruto da criação interna e pessoal
de cada espectador. O que é provocado é o
que chamamos de intravisão.

(Maria Helena da Silva Santos)

É muito importante nós, como cidadãos, vivenciarmos


e termos informações sobre as limitações já citadas,
para entender a dificuldade de cada um. Principalmen-
te, como profissionais de design, temos um papel im-
portante na sociedade, de criar elementos e situações
que possibilitem a inclusão e acesso a todos. Dizemos,
não, somente, relacionados a ter socialização e adapta-
ção física, mas também acesso à cultura, à arte e à edu-
cação; atribuindo um papel no mundo que rompemos
Figura 21 - Intérprete de linguagem de sinais
barreiras e unimos forças para a inclusão de todos.

62
considerações finais

Querido(a) aluno(a), finalizamos a segunda unidade do livro sobre Design Efê-


mero e, com este estudo, conseguimos aprimorar o conhecimento das relações
do homem com a efemeridade, seja no campo subjetivo ou nas relações físicas.
Em um primeiro momento, aprendemos que o design efêmero é um campo que
revela mudanças temporárias e afeta os hábitos e estilo de vida do homem, influen-
ciando a produção cultural e social de cada um. Portanto, mesmo sem intenção,
o efêmero traz a valorização do sensível, da poética e da diversidade presente nas
relações do nosso tempo.
Com isso, pudemos compreender como o design efêmero relaciona os cinco
sentidos: tato, visão, audição, paladar e olfato, estudando a sinestesia causada. As
interações do espectador com o design efêmero podem ser premeditadas, por meio
de estímulos sensoriais, visuais e perceptivos, porém o individualismo de como cada
um encara os padrões é muito importante, não sendo, assim, um fator controlável.
Na sequência, estudamos sobre o viés do design social, aprendendo como ele pode
ajudar uma população, resolvendo suas necessidades básicas, deixando de lado a
compreensão que um bom design é aquele ligado ao belo ou que gera a venda de
produtos. A efemeridade, ligada ao social, trouxe exemplos de ações comunitárias
que beneficiam e facilitam a vida das pessoas.
Por último, destacamos, em nossos estudos, a sustentabilidade e acessibilidade.
No primeiro tema, explicamos a relação da produção desenfreada e a impor-
tância de um pensamento produtivo inteligente, com materiais que possam ser,
facilmente, reaproveitados; assim, para evitarmos incentivar o consumo, citamos
exemplos e parâmetros legislativos que ajudam a preservar nosso ambiente. Em
relação ao segundo tema, discorremos sobre as leis que regem a acessibilidade e,
depois, mostramos que não é, somente, uma questão de locomoção, mas, sim, de
integralidade dar acesso físico e emocional, incluindo as diferenças, como é o caso,
por exemplo, das diferentes classes sociais que têm direito ao acesso de lugares
públicos, como os museus.

63
atividades de estudo

1. (ENADE DESIGN 2015) Em relação à sustentabilidade socioambiental, o pa-


pel do designer pode ser sintetizado como atividade que, ligando o, tec-
nicamente, possível com o, ecologicamente, necessário, faz nascer novas
propostas que sejam, social e culturalmente, apreciáveis. (MANZINI; VEZ-
ZOLI, 2002).
Considerando esse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação pro-
posta entre elas.
I. O designer pode contribuir para a sustentabilidade socioambiental de uma
organização por meio de sua participação nos projetos de implementação
da logística reversa.
II. O desenvolvimento de produtos que requeiram processos produtivos de
baixo impacto ambiental é de suma importância para as organizações que
desejam alinhar-se às melhores práticas da sustentabilidade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justifi-
cativa correta da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

2. (ENADE DESIGN 2015) Os Objetos não morrem; sobrevivem, nem que seja
como lixo ou resíduos. É claro que os artefatos podem ser destruídos, no
sentido de serem desagregados a ponto de perderem as especialidades
formais que os caracterizam. Surpreende, porém, o quanto são resistentes
a isso. Nos últimos cinquenta anos, a humanidade produziu maior quanti-
dade de artefatos do que em toda a sua história pregressa.
Como resultado, estamos em processo de sermos soterrados pelos acú-
mulos de coisas que descartamos. O que design pode fazer nesse sentido?
Os designers não contrapõem políticas públicas, não comandam as redes
de fabricação nem são responsáveis pelos desenvolvimento de novos ma-
teriais de tecnologias (CARDOSO, 2012).
Considerando esse tema, avalie as asserções a seguir e a relação proposta
entre elas.
I. Em relação ao ciclo de vida de um produto, é necessário que os designers
se apropriem de uma visão linear do processo como um todo, não se limi-
tando a pensar o início (a concepção) e o final (o descarte), mas prevendo,
também, as instâncias de reciclagem, recuperação e ressignificação.

64
atividades de estudo

II. O pensamento linear contribui para os desafios projetuais do designer no


mundo atual e futuro, o que torna os objetos resistentes ao esvaziamento
de sentido e, consequentemente, ao descarte.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa
correta da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

3. (ENADE ARTES VISUAIS 2011)

Arte para todos. Disponível em:


<http://www.arcomodular.com.br/portugues/news/36/15/Galeria-Tatil-da-Pinacoteca>. Acesso em: 01 jun. 2017.

"Arte para todos" é um programa que visa garantir a possibilidade de frui-


ção da arte para pessoas com deficiências — sensoriais, físicas ou inte-
lectuais — por meio de estímulos multissensoriais e lúdicos. A Pinacote-
ca, como museu dedicado às artes visuais, pode e deve ter obras de seu
acervo acessíveis a outros sentidos, tanto pela elaboração de percursos
sensoriais que permitam o contato direto com as obras originais, como
pela produção de recursos de apoio multissensoriais baseados nas obras
de arte originais. O projeto prevê a realização de visitas acompanhadas por
educadores especializados com base na seleção de obras do acervo, in-
cluindo esculturas, objetos e pinturas, acessíveis por meio de toque orien-
tado ou recursos multissensoriais e lúdicos, estabelecendo-se percursos
diferenciados para cada grupo.

65
atividades de estudo

Considerando as informações apresentadas, avalie as asserções que se


seguem:
• O acesso à arte, por meio de adaptações e projetos que valorizem e aten-
dam às necessidades da diversidade, vem ganhando espaço.
PORQUE
• A inclusão social é tema de discussões em todos os ambientes de educa-
ção formal e não formal.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
a. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justifi-
cativa correta da primeira.
b. As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
c. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda uma pro-
posição falsa.
d. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposi-
ção verdadeira.
e. Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.

4. Além dos aspectos visuais de percepção emocional, o efêmero relacionado


ao ambiente nos espaços públicos é agente transformador e pode tornar
os espaços mais atrativos à convivência, recebendo significados de acordo
com o contexto urbano e a regionalidade, que, juntos, determinarão os
usos. Para Labaki (2012), a dimensão da vida cotidiana pode ser avaliada
mediante o uso de seus espaços públicos. Podemos citar, como exemplo,
de ambientes estruturados, os Parklets que são áreas construídas equi-
padas, a fim de criar espaços de lazer e convívio, nas antigas vagas de es-
tacionamento de carros. A partir disso, responda: quais atributos estes
exemplos estruturados podem trazer?

5. Podemos observar que uma obra de arte pode se relacionar de diversas


maneiras, diferentes pontos de vistas e simbologias. Para Farias (1994),
precisamos garantir a existência daquilo que não entendemos. A partir
disto, vemos que a interação do público com o design efêmero é subje-
tivo. Grandes exemplos desta interação do homem com a arte efêmera
aconteceram na Exposição "Marina Abramović: O artista está presente",
no ano de 2010, em 14 de março a 31 de maio, no MOMA (Museu de arte
moderna), em Nova York.
Falando em arte e a relação do sentidos, assinale verdadeiro ou falso,
nas seguintes afirmativas:

66
atividades de estudo

( ) A performance de Abramović não criou um espaço para manifestações


que provoca sentimentos nas pessoas.
( ) Os artistas exploram sentidos e sensações por meio de ferramentas,
como a música, projeção, brincadeiras e outros, criando um sentimento
com o público.
( ) A arte contemporânea dos museus de Inhotim exploram os sentidos, por
meio das sensações, atraindo visitantes do mundo inteiro.
( ) A artista expôs cerca de cinquenta obras, transmitindo sua presença, em
performances, nas quais foi possível analisar a nítida relação dos senti-
dos, aflorando os sentimentos.
a. V, F, V, V.
b. F, V, V, V.
c. F, F, V, V.
d. V, V, V, V.

6. O design é uma atividade atrelada ao homem, o qual caracteriza o trato


social. Segundo Fornasier, Martins e Merino (2012), o Design Social é a ma-
terialização de uma ideia por meio de análise, planejamento, execução e
avaliação, que resultam em um conceito e na difusão de um conhecimen-
to, para influenciar o comportamento voluntário do público-alvo (benefi-
ciários), promovendo mudanças sociais. A partir disso, responda qual a
função do design social.

67
LEITURA
COMPLEMENTAR

Um museu acessível
O que é um museu acessível? Para a maioria das pessoas, é um museu com rampas e, às vezes, com
uma casa de banho para os utilizadores de cadeiras de rodas. O termo “acessibilidade” está, habi-
tualmente, associado à deficiência em geral e à deficiência motora em particular. Contudo, para
aqueles profissionais que acreditam que os museus existem para prestar serviço público, o termo
adquire outras dimensões, mais amplas e inclusivas.
A função educativa é das mais importantes nos museus e procura não, apenas, “instruir”, mas tam-
bém inspirar, maravilhar, surpreender e entreter o público dos museus. Ao contrário do que se
pode pensar, esta não é uma filosofia nova. Foi desenvolvida e seguida por visionários que, na
segunda metade do século XIX, tomaram iniciativas para tornar os seus museus interessantes,
relevantes e educativos para o grande público, as “massas”.
No início do século XX, no entanto, houve uma reviravolta, com o aparecimento de uma nova gera-
ção de curadores, muito mais preocupados com as coleções e menos com o público. Esta continua
a ser a posição de muitos profissionais dos museus e tem deixado marcas profundas na relação
dos museus com o grande público, tornando-os pouco interessantes, irrelevantes, incompreensí-
veis e, às vezes, intimidadores, noutras palavras, inacessíveis, para a maioria.
Por outro lado, a democratização das sociedades tornou o público mais exigente e muitas das
pessoas que trabalham nos museus mais conscientes das suas responsabilidades, perante a so-
ciedade e perante os contribuintes. Para esses profissionais, não se trata, apenas, de continuar a
servir uma minoria intelectual, e aquelas pessoas que, apesar de não serem peritas na matéria,
estão habituadas a visitar museus, e sentem-se bem neles. Existe um potencial público muito
mais vasto: pessoas que, por razões sociais, culturais ou econômicas, ou, então, devido à uma
limitação física, não podem ou não os querem visitar. Estamos falando de crianças; pessoas com
baixo nível de escolaridade ou analfabetas; pessoas com dificuldades de aprendizagem; pesso-
as idosas; pessoas com deficiências; imigrantes; desempregados. Estamos, igualmente, falando
de pessoas com conhecimentos, interesses e disponibilidades diferentes. Um vasto leque de
pessoas que, não tendo, obviamente, obrigação de gostar dos museus, poderiam optar por visi-
tá-los, se estivessem mais conscientes da sua existência e oferta e se os achassem interessantes
e relevantes para as suas vidas.

68
LEITURA
COMPLEMENTAR

Assim, à luz desta afirmação, um museu acessível é um museu que se preocupa com o seu atual
e, sobretudo, potencial público; procura conhecê-lo melhor, a fim de poder adaptar a oferta às
suas necessidades, com o objetivo de o captar e de o fidelizar. Um museu acessível é um museu
de portas e mentes abertas. Para isto se tornar realidade, devemos considerar os seguintes passos:
• Identificação de públicos-alvo.
• Contacto com os públicos-alvo, direto ou por meio dos seus líderes e/ou representantes.
• Adaptação da nossa oferta às necessidades do público-alvo.
• Divulgação da oferta.
• Avaliação.

Identificação de públicos-alvo
A base de qualquer iniciativa deve ser o conhecimento profundo do público, tanto das pessoas
que visitam como das que não visitam. Os estudos do público permitem-nos obter informação
preciosa sobre o perfil dessas pessoas: idade, sexo, habilitações, capacidades, nível socioeconô-
mico, hábitos e opções de tempo livre. Permitem-nos, igualmente, fazer a avaliação dos nossos
serviços, emendar eventuais erros e tomar novas iniciativas, mais adequadas para a captação dos
nossos públicos-alvo.
Esses estudos podem ser realizados pelos próprios museus e/ou por outras entidades que dispo-
nibilizam esses dados, e vão dos simples registros demográficos à entrada, à observação dos visi-
tantes dentro do museu (com meios simples ou sofisticados), aos inquéritos (auto administrados
ou por entrevista), aos livros de visitas.

Fonte: Vlachou e Alves (2007).

69
Sustentabilidade em eventos acadêmicos : guia
prático para Instituições de Educação Superior
Patricia Cristina Silva Leme; Alan Frederico Mortean; Mai-
con Sergio Brandão
Editora: EESC-USP
Sinopse: este é um guia prático para eventos sustentáveis
em instituições de educação superior (IES). Foi desenvol-
vido para fomentar a discussão sobre a sustentabilidade
em eventos acadêmicos, contribuir com o aprendizado e
a formação de pessoas. Fornecer um conjunto de práti-
cas que possam ser adotadas em um evento e apresen-
tar uma ferramenta para aqueles que buscam avaliar as
ações de sustentabilidade em seus eventos.

Programa Lá Fora, no canal GNT


Ano: 2015
Sinopse: Bel Lobo, arquiteta, busca realizar intervenções
temporárias ou transformações mais duradouras que tra-
zem luz para onde existia sombra, criam condições para
que o coletivo celebre e conviva. A série "Lá Fora" com Bel
Lobo apresenta muitas técnicas e dicas úteis que poderão
ser aproveitadas pelo público, revelando sempre a prepa-
ração de um ambiente específico para um determinado
evento. Festas, reuniões e outras celebrações coletivas
mostraram que a vida pode ser mais agradável, lá fora.
Comentário: é um programa interessante e cheio de
idéias, que mostram, detalhadamente, a problemática e as
transformações ocorridas no ambiente. Seja desde uma in-
tervenção temporária, à criação de mobiliários efêmeros.
Documentário - Espaço Além, Marina Abramović
e o Brasil
Ano: 2016
Sinopse: a artista de performance, Marina Abramović, via-
ja por lugares místicos do Brasil. Ela entra em contato com
os rituais do Vale do Amanhecer, o xamanismo na Chapa-
da Diamantina, o candomblé na Bahia, as curas do médium
João de Deus e os cristais de Minas Gerais. Faz uma pesqui-
sa etnográfica enquanto observa os processos de apropria-
ção artística e humana de Marina.

Documentário - Marina Abramović, a artista


está presente
Ano: 2010
Sinopse: a artista Marina Abramović é um dos nomes mais
respeitados na arte da performance. Em 2010, o Museu de
Arte Moderna de Nova York (MoMA) organizou uma gran-
de retrospectiva da sua obra. A artista não só relembrou
obras passadas, como decidiu realizar uma nova perfor-
mance pela qual interagiu, intensamente, com o público,
durante três meses.
DESIGN EFÊMERO

A arena que será convertida em escolas


Caro(a) aluno(a), este texto fala sobre a reciclagem dos materiais utilizados nas Olimpíadas
do Rio de Janeiro, Brasil, no ano de 2016, e transformá-las em escolas. É uma leitura curiosa
e interessante, pois vemos um grande exemplo de arquitetura efêmera usando conceitos
sustentáveis. Para saber mais, acesse: https://arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/especial-
-rio-2016-arena-convertida-escolas.

Saiba o que vai ser feito dos ginásios e estruturas no Rio com o fim da Olim-
píada
Com o encerramento dos Jogos Olímpicos, os organizadores não querem repetir o que se viu
em outras sedes ou, depois, da Copa do Mundo: o surgimento de arenas, estádios e giná-
sios desprovidos de qualquer serventia. Para saber mais, acesse: http://zh.clicrbs.com.br/rs/
esportes/olimpiada/noticia/2016/08/saiba-o-que-vai-ser-feito-dos-ginasios-e-estruturas-no-
-rio-com-o-fim-da-olimpiada-7311099.html.

72
referências

ANICET, Anne; RÜTHSCHILLING, Evelise Anicet. Relações entre moda e sus-


tentabilidade. Colóquio de Moda, v. 9, 2013.

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CARDOSO, Juliana. Arte e sustentabilidade: uma reflexão sobre os problemas


ambientais e sociais por meio da arte. Revista Espaço Acadêmico, v. 10, n. 112,
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reito Social: Uma análise dos espaços culturais da ONG Solar Meninos de Luz e
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Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Pós-
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nível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/1850/Da%20
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acessibilidade ao teatro para pessoas com deficiência visual. 2014. 53 f. Traba-
lho de conclusão do curso de Licenciatura em Teatro, habilitação em docência
para aulas de teatro do Ensino Fundamental e Ensino Médio, do Departamento
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por meio da acessibilidade. 2008. 181 f. Dissertação (Mestrado em Cultura e in-
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referências

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riga; Susana Gomes da Silva. Serviços Educativos na Cultura. 2007. Disponível
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Acesso em: 06 jun. 2017.

75
gabarito

1. B.
2. E.
3. A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda
é uma justificativa correta da primeira.
4. As estruturas efêmeras podem atribuir conforto, tranquilidade,
segurança e proporcionam ao homem vivências e experiências
mais prazerosas no seu cotidiano urbano.
5. B) F, V, V, V.
A função social do design está relacionada ao coletivo, no com-
prometimento de alternativas atreladas ao desenvolvimento
econômico e sustentável, que se preocupa em contribuir para
o aumento da qualidade de vida.

76
UNIDADE
III
TIPOS DE DESIGN EFÊMERO

Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Esp. Simone Reis Roque Gallette

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Intervenção e requalificação urbana
• Cenário e Arte
• Instalação Expográfica
• Vitrinismo
• Stands corporativos e arquitetura promocional.

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar as influências e transformações efêmeras urbanas.
• Apontar o trabalho do design efêmero empregado na arte
contemporânea em geral.
• Discorrer sobre o que é, e a intenção do projeto
expográfico.
• Estudar as técnicas empregadas e os objetivos do
vitrinismo.
• Relacionar o efêmero aos stands corporativos, a
comunicação visual e as estruturas promocionais.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos o estudo da Unidade 3 explicando e exem-


plificando sobre alguns tipos de uso do design efêmero, para que, assim,
você consiga entender, na prática, como o efêmero pode ter uso variado.
Primeiramente, analisaremos como o design efêmero está ligado
ao urbano, explicando a relação entre intervenção e espaço de conví-
vio coletivo. Na sequência, estudaremos sobre o impacto que causa nas
pessoas. Mais tarde, também, citaremos as formas de intervenções, fa-
zendo um apanhado com exemplo de equipes renomadas na área.
No âmbito da arte, Voltar-nos-emos, agora, para o estudo do cená-
rio, tanto em espaços fechados ou abertos, como coletivos ou privados.
A efemeridade já está atrelada a ele, pelo fato de se tratar de um apoio a
eventos transitórios, como espetáculos de teatro, dança e canto. Porém
você entenderá a intenção de se criar esses espaços efêmeros para a arte.
Posteriormente, apresentaremos sobre como a expografia é influen-
ciada pelo efêmero, elucidando sobre o que é expografia e explicando
o seu processo de construção e a relação dos profissionais envolvidos,
para, assim, você entender a efemeridade no processo expográfico.
Por fim, faremos um apanhado de efemeridade ligada à comunica-
ção. Mostraremos como o design efêmero é importante para a apresen-
tação dos produtos, para isso, falaremos sobre o vitrinismo, expondo e
exemplificando os tipos de vitrines. Seguindo o caminho da propagan-
da, citaremos a importância de divulgar os produtos e a abrangência
do mercado, onde as feiras comerciais são exponenciais para a atração
e consolidação da marca, portando, o design efêmero será estudado no
contexto de estandes corporativos e arquitetura promocional.
Reunindo essas teorias e exemplos, esperamos que você, aluno(a),
sinta-se mais próximo(a) GESTÃO DE PATRULHAMENTOS E ES-
COLTASo emprego do design efêmero, vamos começar essa imersão
no estudo? Tenha uma boa leitura.
DESIGN EFÊMERO

Figura 1 - Van Alen institute


art instalação, Nova York

INTERVENÇÃO E
REQUALIFICAÇÃO URBANA
A arte como intervenção teve início como manifes- vros, o rádio, a televisão, a internet, os jornais e ou-
tos a partir da década de 60, com a nova geração de tros. Estas manifestações não estão ligadas à estética
artistas que buscava aproximar a arte e a realidade, e à forma, mas, sim, aos acontecimentos efêmeros
envolvendo questões políticas, culturais e sociais, atrelados aos cotidianos, nos quais o público fica in-
das quais surgem os espaços públicos e urbanos visível, e a cidade e seus acontecimentos atemporais
como cenário e os lugares não físicos, como os li- convertem-se em arte.

82
DESIGN

SAIBA MAIS ticulares nos espaços urbanos, buscando novas possi-


bilidades a partir das atividades cotidianas, sejam nos
Apresentaremos a você, como exemplo de espaços singulares, sejam em locais onde os eventos
intervenção, o artista norte-americano Richard especiais e efêmeros acontecem, como territórios
Serra, que, em 1987, instalou, na Federal Plaza, identificáveis e memoráveis, segundo Sansão (2012).
em Nova York, sua obra site-specific Tilted Arc.
A obra era uma grande placa de ferro curva
que tomava grande extensão daquele espaço,
interferindo no percurso habitual dos seus
frequentadores. Esta obra suscitou tamanha
polêmica que foi retirada daquele local, pois,
de um lado, os pedestres reclamavam que a
obra interferia no espaço, atrapalhando o seu
uso cotidiano; de outro, o artista afirmava que
a obra havia sido concebida, especificamente,
para aquele lugar e que sua transferência para
outro sítio equivaleria à sua destruição.
Figura 3 - Banda de música tocando
Complemente o seu aprendizado, acesse: ht- nas rua, Festival Fanfarras Ativista
tps://www.youtube.com/watch?v=N2257kBHggs

Fonte: adaptado de Cartaxo (2009). O Brasil tem, como precursor, o artista Flávio Car-
valho (1899-1973); este foi um dos primeiros artistas
a manifestar expressões nas ruas por meio da provo-
cação, psicologia e vestimentas. Estes manifestos ar-
tísticos sobre os espaços públicos, na década de 60,
foram significativos para uma sociedade reprimida e
sem liberdade de expressão, devido à ditadura mili-
tar. Segundo Sampaio (2011), em contato com o co-
tidiano, a arte potencializa as efemeridades da vida
“comum” — cria esferas públicas que dialogam com
os fluxos urbanos aproximando as pessoas.
Desse modo, você pode observar que as inter-
venções temporárias geram impactos significativos
Figura 2 - Intervenção urbana efêmera, em Old Town Square aos lugares, sendo capazes de criarem transforma-
ções duradouras. A intenção é interferir nos espaços
Afinal, o que é intervenção? E como ela insere na efe- da vida coletiva em diferentes contextos urbanos,
meridade, sendo algo temporário? Entende-se como não considerando os usos cotidianos do espaço, mas
intervenção a ação de expressar, de modo escrito ou advir de formas contemporâneas de pensar, agir e,
artístico, um ponto de vista, acrescentando argu- principalmente, da espontaneidade e da informali-
mentos ou ideias. Atrelado ao cotidiano efêmero, as dade nos ambientes inseridos. Também, podemos
intervenções temporárias são ações transitórias, par- analisar que as várias situações, desde as atividades

83
DESIGN EFÊMERO

de ação e de interação cultural até as atividades pro-


dutivas, envolvem usos dos espaços físicos ou de ob-
jetos construídos, como diz Sansão (2012).

Figura 5 - Intervenção Urbana, Interlux, Curitiba, Paraná


Fonte: acervo da autora, Simone Reis Roque Gallette.

O Interlux Arte Livre é de Curitiba, Paraná, e co-


meçou suas atividades no ano de 2002, inicialmen-
te, com a ideia de integrar artes visuais e música.
Figura 4 - “Projeto Favela Painting”,
Morro Santa Marta, Rio de Janeiro Suas ações envolvem performances, ocupações e
intervenções plásticas, buscando ressignificar os
Interdisciplinares, as intervenções temporárias uti- espaços urbanos, “consolidando uma identida-
lizam dos âmbitos da arte pública, como grafite, de heterogênea, de abordagem provocadora [...],
impressões, dentre outras, das instalações arqui- numa crítica do processo civilizatório e da crise de
tetônicas com o uso de vídeo mappings em edifi- percepção da sociedade do consumo espetacular”,
cações etc.; e das ações provocativas e psicológicas segundo Sampaio (2011).
com ações espontâneas, a música e outros, para se Como resultado dessas reflexões, é importante
manifestar. Portanto, apresentaremos dois grupos dizer, aluno(a), que as intervenções temporárias é
brasileiros criadores de intervenções urbanas tem- uma ruptura positiva do cotidiano, visando à ci-
porárias, chamados Poro e Interlux. dade como reunião de espaços coletivos; valori-
A dupla mineira Poro é formada pelos artistas zando a arte e os espaços nas constantes transfor-
Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada, estes tra- mações urbanas, promovendo oportunidades de
balham, desde 2002, com ações efêmeras e interven- vivenciar as multifacetadas experiências efêmeras,
ções urbanas, sendo que utilizam de séries impres- gerando sentimentos e questionamentos críticos
sas, como faixas, panfletos, cartazes e camisetas. para cada indivíduo.

84
DESIGN

Figura 06 - Grafite “o galo”, pelo artista


Aryz, festival de arte da rua, Polônia

CENÁRIO
E ARTE
Os questionamentos enfrentados pelas artes visuais, lidade com o público. Desse modo, a arte conquista
a partir de 1960, favorecem o rompimento de con- autonomia como obra e artista, tendo a possibilida-
dicionamentos históricos e inauguram uma nova de de se expressar no meio urbano, como estudamos
forma de valores e práticas estéticas como expressão no título anterior.
artística (CARTAXO, 2009). A arte contemporânea Convido você, neste momento, a falar sobre a
entra em discussão sobre o papel e sua localidade, arte e as multifacetadas maneiras de expressão artís-
ocasionando a saída dos espaços idealizados e das tica, urbana e cênica, buscando novas possibilidades
instituições, situando-se nos espaços públicos e con- a partir das atividades cotidianas, sejam nos espaços
vertendo-se em estratégias de aproximação e de rea- singulares ou onde a efemeridade acontece.

85
DESIGN EFÊMERO

Primeiramente, abordaremos a Arte Urbana (2000). Dessa maneira, deixam marcas permanentes
cuja manifestação acontece nos espaços públicos, nos lugares, resguardando espaços que, muitas vezes,
como gestos, intervenções, eventos, instalações, es- são desqualificados pela própria dinâmica da cidade
petáculos, arquitetura, grafite, impressões, música e contemporânea. Assim, criam conexões do indiví-
outros. Essa arte exerce construção social dos espa- duo com o espaço, melhorando o meio urbano.
ços públicos, produzindo, simbolicamente, a cidade,
expondo e intervindo suas conflitantes relações so- SAIBA MAIS

ciais, políticas e de cultura.


A Arte Urbana não é um produto, e sim, algo já Na década de 70, em Nova York, a arte do
inserido, fazendo parte da estrutura da cidade. A obra grafite e pichação se inserem como manifesta-
ções de arte contemporânea urbana efêmera.
de arte pública e o espaço urbano contemporâneo não O grafite tem referências estilísticas históri-
diferenciam o público do privado, individual e coleti- cas conciliadas à sociedade de consumo. A
vo, interno e externo, e, sim, revela a arte sendo o lugar pichação tem manifestação anônima, sem
formas técnicas. No entanto tem-se, em co-
sua própria reflexão. São vias de acesso ao modo de mum, o discurso transgressor e a vinculação
reapropriação temporária ou permanentemente. da cidade. No Brasil, na atualidade, temos,
Sua efetivação cria relações de força exercidas como exemplo, os artistas paulistanos Otávio
e Gustavo Pandolfo, “Os Gêmeos”, que rea-
entre grupos sociais, interpretações do cotidiano, lizam obras em que as questões da arte do
memória e história dos lugares urbanos. Potencial- grafite e as da arte pública somam-se, uma
vez que a cidade é, simultaneamente, tema
mente, as obras de caráter temporário urbano podem
e suporte.
configurar-se em impactos, como a negação, subver-
Fonte: adaptado de Cartaxo (2009).
são ou questionamento de valores, segundo Pallamin

Figura 7 - Arte Urbana, mural dos artistas “Os Figura 8 - Streetart do artista Eduardo Kobra, Rio
Gêmeos”, Coney Island, Nova York de Janeiro

86
DESIGN

Outra maneira de manifestação artística que anali- A primeira impressão que o público tem de uma
saremos é a Arte Cênica, que é feita em um palco ou apresentação cênica, seja em palcos convencionais
com a reunião de um público. Os cenários podem ou em espaços alternativos, é a composição do es-
ser espaços de caráter público e coletivo, como as paço cênico, como diz Almeida (2011). A percepção
praças e ruas, ou em espaços singulares, como tea- do trabalho e da identidade é revelada pela visão.
tros, museus, salas de concerto e outros. Este espaço cria signos verbais, cênicos, táteis e
O teatro é elaborado por atores que interpre- sonoros; por meio do espetáculo, constrói infinitos
tam uma história para um público, seu objetivo é significados, fazendo com que o espectador receba
provocar sentimentos aos espectadores. Já a dança informações do cenário, da iluminação, do figurino,
é uma expressão artística corporal, caracterizada das expressões corporais e verbais. Por meio do pro-
pelo uso do corpo, realizando movimentos ensaia- jeto cenográfico, podemos compor, nos ambientes,
dos ou improvisados, acompanhados por músicas. conceitos de plástica, contemplando o projeto na sua
Consequentemente, a ópera é a encenação de uma composição como um todo. Definindo os estilos, as
história dramática, contada por meio do canto, da intenções, a função e a resolução da necessidade de
música e de grupos musicais, utilizando elementos cada espetáculo.
teatrais, como vestuário, cenografia e atuação. O
circo é um grupo de artistas com habilidades dis- SAIBA MAIS
tintas de arte, como malabaristas, palhaços, acro-
batas, equilibristas etc., sendo organizado em um A função dos cenários da Cia. de Dança Debo-
picadeiro circular com apresentações debaixo de rah Colker, em suas composições, é elucidar
uma grande lona. e identificar, visualmente, a ação em um am-
biente que trará significado aos elementos
dramáticos do trabalho escolhido, enfatizan-
do, assim, o tema, o enredo, o conceito e o
ambiente emocional. Urssi (2006) comenta
que, como primeiro elemento da represen-
tação teatral, o homem cria o espaço cênico
e enriquece com o uso de signos, ora verbais,
ora cênicos, táteis e sonoros. Assim, o espe-
táculo constrói um ambiente, gênese de uma
cadeia infinita de significados, no qual o es-
pectador recebe, simultaneamente, diversos
tipos de informações vindas do cenário, da
iluminação, do figurino, dos gestos e da fala.

Fonte: adaptado de Almeida (2011).

O espaço é importante, pois determina a cenografia


não reduzindo a relevância do projeto e sua compo-
Figura 9 - Espetáculo “Quidam”
Cirque du Soleil, Grécia sição. Insere o espaço como premissa inicial para a

87
DESIGN EFÊMERO

elaboração de uma proposta cenográfica. Para Almeida (2011, p. 5), “espaço/mo-


mento faz nossa proposta parecer efêmera, pois, quando se modela um espaço,
modela-se para uso e desfrute de pessoas, e estas são criaturas extremamente di-
nâmicas; consequentemente, suas necessidades também o são”.
Portanto, podemos observar que a cenografia sobre o design de interiores
cria uma estética que traduz o espaço para as várias experiências e relação entre
os sentidos, por meio da liberdade e diversidade nas criações e composições.

Figura 10 - Espetáculo da Ópera


Giselle, em Praga

SAIBA MAIS

Rota foi um dos primeiros espetáculos criados pelo designer brasileiro


Gringo Cardia. Nele, o grupo de bailarinos gira em roda-gigante executada
em estrutura metálica, posicionada no centro do palco. Por meio da sim-
plicidade formal, a ênfase visual da cenografia recai sobre os movimentos
involuntários dos bailarinos. No cenário, veem linhas, círculos e mapas. Pos-
sibilidades de caminhos e descobrimentos. A exploração de vários planos
e níveis bem como uma intensa ocupação integral do espaço. A roda, vista
na figura, é o elemento cênico de maior estrutura. É inspirada nos parques
de diversões e na rotação da terra (COLKER). Todos os movimentos, dentro
e fora da roda, buscam a ideia da circularidade: fluxo contínuo e simples.

Fonte: adaptado de Almeida (2011).

88
DESIGN

Figura 11 - Obra, retrato do artista Pollock


de Jackson "número 31", MOMA

INSTALAÇÃO
EXPOGRÁFICA
Segundo Souza (2012), a efemeridade das exposi- A expografia se preocupa com a definição da lin-
ções e dos espaços para acolhê-las exige adaptações guagem e com o design de uma exposição museoló-
aos procedimentos usuais na projetação do espaço gica, aberta ou fechada, abrangendo a criação de cir-
construído transitório. Os mecanismos tradicionais cuitos, suportes expositivos, recursos multimeios e
de gestão do processo de projeto, frequentemente, o projeto gráfico. Além disso, também, deve resolver
não são adequados, tornando-se necessária a propo- os aspectos comunicacionais — programação visu-
sição de mecanismos específicos de comunicação e al, diagramação de textos, imagens, legendas dentre
colaboração. Falaremos a seguir, mas, primeiramen- outros —, conseguindo aproximação e entendimen-
te, convido você a questionar: o que é expografia? to de quem for vivenciar a exposição.

89
DESIGN EFÊMERO

Figura 12 - Instalação, “Invenção da


Cor”, Instituto Inhotim

• Seleção e articulação dos objetos: trabalho


No projeto expográfico, ocorre a busca nas relações
feito entre artista e curador e, mais tarde,
formais para, assim, expressar o conteúdo proposto. participativo no processo do projeto da ex-
Para um bom projeto, segundo Cury (2005), deve-se pografia, conseguindo manter a linha de pen-
estudar os elementos estruturadores da expografia samento proposta com as obras.
como linguagem representando a mediação entre a • Concepção espacial e da forma: podemos ter
pesquisa, o museu, o patrimônio cultural e o públi- criações variadas, sempre, necessitando da in-
co. Para isso, sugere-se: terdisciplinaridade no estudo do que se quer
• Interdisciplinaridade: deve ocorrer a troca de transmitir. Nessa etapa há preocupação em o
informações entre artista, curadoria e equipe projeto expográfico não interferir na aprecia-
de projeto expográfico. Entender o que quer ção da obra em si. Também, por muitas vezes,
transmitir com a exposição é o principal nes- a expografia deve direcionar ao elemento de
te momento. exposição. Como é o caso de compartimen-
tos escuros, criados para a exibição de vídeos,
• Conceitos museológicos: conhecer o espaço
por exemplo, na exposição “As aventuras de
arquitetônico que receberá a exposição, seja
Pierre Verger” que aconteceu no museu Afro
ele aberto ou fechado, analisar as caracterís-
Brasil, em São Paulo, no ano de 2015. Como
ticas físicas e, até mesmo, o conceito da ins-
havia material expositivo fotográfico e audio-
tituição.
visual, foi intenção do projeto expográfico,
• Tema e público-alvo: avaliando e definindo é o dividir o espectador para assistir fragmentos
que poderá tomar partido do modo a expor e do processo criativo do artista.
definir questões de layout e padrões estéticos.

90
DESIGN

Além desse processo de conhecimento das obras, de


compartilhamento das experiências e de aprendiza-
do do que a exposição quer transmitir, o trabalho
de organização de uma exposição deve ser muito
bem dimensionado para evitar desgastes entre os
profissionais ou má gestão de recursos envolvidos,
que podem comprometer os resultados dos projetos.
Assim, dividimos o projeto expográfico em três fases
distintas: pré-produção, produção e pós-produção,
e, dentro delas, para Cury (2005), o processo é pen-
Figura 13 - Museu Swarovski
Kristallwelten, Áustria sado em momentos.

Figura 14 - Fases do projeto expográfico


Fonte: os autores.

91
DESIGN EFÊMERO

Exibir, publicamente, um conteúdo artístico, bio- Não se trata do espaço expositivo em si, mas, sim,
gráfico ou histórico com coesão e comunicabilida- de um recurso aplicado a ele, possibilitando que ele
de requer um trabalho de integração eficaz entre o assuma diferentes funções. Não corresponde tam-
conteúdo a ser exibido, a forma com que esse conte- pouco ao layout de uma expo­sição, pois o layout
údo será apresentado e a materialização da ideia da não abrange o espaço construído à sua volta. Logo,
exposição em um evento cultural, onde os acervos toda exposição pensada, seja pelo artista, seja pelo
passam, cada vez mais, a interagir com o ambiente, curador, tem um layout, mas não, ne­cessariamente,
configurando uma narrativa que desafia os códigos uma expografia. A exposição independe de uma ex-
convencionais de percepção. pografia para existir, pois ela pode acontecer con-
Souza (2012, p. 66) diz que a expografia tem tando, exclusivamente, com o layout e os recursos
sua natureza pautada na materialidade do espaço. arquitetônicos preexistentes.

Figura 15 - Museu da BMW, Munich,


Alemanha

92
DESIGN

VITRINISMO
Figura 16 - Vitrine fechada

No período pós-guerra, surge uma nova forma de a surgir. Com isso, as lojas passam a compor por
consumir, embasada no aumento das vendas dos âmbitos estéticos e convidativos, aliados às ofertas
produtos, no qual o consumidor conquista auto- e prestações de serviços.
nomia para comprar. Criando atendimento em A maneira como nos comportamos, hoje, em
autosserviço, padronização dos produtos e, conse- relação ao consumo efêmero, teve início em mea-
quentemente, gerando a crescente importância das dos de 1990, por meio da evolução do sistema de
marcas. Na década de 80, a individualidade de con- distribuição dos produtos e de ofertas. Em resposta
sumir cria força, e uma nova abordagem começa a essa nova dinâmica de consumo, as empresas re-

93
DESIGN EFÊMERO

orientaram seus produtos e marcas, dotando-os de perante a sociedade, criando a cultura do descarte.
significados, diferenciais e inovações, que transmi- A moda é um exemplo difundido neste comporta-
tiam autenticidade e engajamento com os assuntos mento efêmero, tornando-se, cada vez mais, autoral
emergentes, como valores socioculturais, consciên- e adaptando ao estilo pessoal do consumidor, que
cia ecológica, dentre outros, segundo Omine (2015). estimula, consequentemente, a obter necessidades
Portanto, perguntaremos a você: qual a importância diárias de consumo. A partir disso, vemos a impor-
das vitrines nas lojas? E por que elas são importantes tância das vitrines, pois os profissionais vitrinistas
para o consumo efêmero? necessitam da constante e rápida renovação projetu-
al, para ter respostas de consumo.
REFLITA
REFLITA

Foi evidentemente esse aumento do poder de


distribuição organizada e especializada nos
Com a moda começa o poder social dos signos
anos 1970 e 1980 que originou o desenvolvi-
ínfimos, o espantoso dispositivo de distinção
mento das técnicas de visual merchandising
social conferido ao porte das novidades sutis.
(...) e de sua aplicação maciça no setor do
vestuário. (Cristina Nunes de Aguiar)

(Heloise Omine)

Falando em renovação projetual, é importante ana-


Inicialmente diremos a você, aluno(a), que a vitri- lisarmos, de maneira geral, como é realizada a com-
ne é um artifício de merchandising para promover posição das vitrines, e pontuar as variadas formas.
vendas, gerar impactos e diferenciar produtos. É por Uma vitrine eficiente deve transmitir o conceito da
meio delas que o indivíduo tem o primeiro contato marca por meio de uma primeira boa impressão,
visual com a loja. Desse modo, ela é importante para estabelecendo o perfil do consumidor para aten-
atrair consumidores e criar relações diretas com a der às suas necessidades e atingir seu público- alvo
marca e, por conseguinte, a loja. bem como acompanhar as datas comemorativas e
Atrelado ao consumo efêmero, é possível obser- eventos; é um meio de aproximar o consumidor e
var que o ciclo de vida dos produtos está cada vez dizer que a marca se importa com seus interesses.
menor, a durabilidade, que era uma característica Os elementos decorativos devem ser coerentes com
importante nos produtos fabricados, foi trocada os produtos e coleções expostas, e, além da disposi-
pela obsolescência, segundo Zacarias (2015). Busca- ção, é importante se ter a preocupação com as cores
mos, hoje, pelo novo, independente do custo e valo- e iluminação para direcionar o olhar do consumidor
res éticos, por sua individualização de se representar e transmitir conceitos.

94
DESIGN

A vitrine é estruturada por piso, laterais, fundo, teto e o vidro da fachada; por meio da estrutura que se
permite elaborar o projeto e estabelecer o ponto focal e o caminho visual, há duas técnicas importantes que
devemos nos preocupar. O ponto focal é a técnica para atrair o olhar do cliente aos produtos, é necessário que
os produtos estejam na altura da visão do consumidor. Outra técnica é o caminho visual, que é o percurso
que o cliente faz para olhar a vitrine; usualmente, o olhar é da esquerda para a direita e de cima para baixo.

SAIBA MAIS

Caro(a) aluno(a), as cores, nas vitrines, são


muito importantes, pois as diferentes combi-
nações de cores influenciam os nossos senti-
dos, alteram as proporções de um determi-
nado objeto ou ambiente. Também, servem
para destacar produtos e atrair o consumidor.
Devem ser usadas conforme o local, o pro-
duto e a mensagem. Ativa a memória e se
estabelece como códigos visuais. Portanto, é
interessante trabalhar com duas a três cores
nas vitrines; usando combinações, contrastes
e as variações das cores. Intensifique a luz
para destacar as cores dos produtos, mas
evite trabalhar com luz fria para produtos
muito coloridos. Tenham cuidado em rela-
ção às sombras, procure eliminá-las com a
iluminação.

Fonte: adaptado de SEBRAE, São Paulo (2007,on-line)1.

Figura 17 - Vitrine da marca Dior, Hong Kong, China, 2015

95
DESIGN EFÊMERO

Também, é necessário pontuar os diversos tipos de As vitrines, como podemos observar, têm muito
vitrines, que são: mais especificidades que podemos imaginar. Dian-
te disso, é importante dizer que ela faz parte de um
As chamadas Vitrines Fechadas constituem de ambiente estimulante, aguçando os interesses dos
um fechamento da vitrine para com a loja, expon- consumidores, sendo suporte para os produtos. Sua
do, somente, para o meio externo, permitindo,
apenas, o contato visual do cliente. Esse tipo é, composição é efeito realizado, para que o conjunto
usualmente, para destacar produtos sobre um projetual mais os produtos atuem no imaginário do
plano de fundo, havendo acesso restrito para os indivíduo, tornando-o satisfeito.
consumidores;

As Vitrines Abertas (fundo) são as que interagem


com o interior das lojas, permitindo ao consumi-
dor o contato mais próximo e a visualização dos
produtos por meio interno e externo. É importante
frisar a necessidade do interior da loja estar
sempre atrativo e expor produtos com preços
amenos, devido ao contato direto do consumidor;

As Vitrines de Esquina são as que necessitam


direcionar o visual do consumidor para a entrada
da loja, permitindo a visualização dos produtos
por diferentes ângulos. É preciso se atentar à
posição das mercadorias, pois estas devem estar
voltadas, em linha reta, com o vidro, que deve estar
exposto e centralizado à esquina ou disposto
agrupadamente, ao longo do espaço, fazendo com
que o consumidor percorra toda sua extensão;

As Vitrines Shadow Boxes são as que possuem


mostradores mais altos, geralmente, utilizados por
lojas que comercializam produtos pequenos,
como joias. Os "recortes" ficam na altura dos olhos
ao longo da parte frontal da loja e servem para dar
destaque às peças e atrair atenção dos consumi-
dores para aquele ponto;

As Vitrines em Projeção, assim como as Vitrines


de Esquina, têm uma posição mais chamativa,
tornando-se ferramentas estratégicas na
apresentação dos produtos.

Figura 18 - Tipologias das vitrines Figura 19 - Vitrine decorativa Louis


Fonte: os autores. Vuitton, Munich, Alemanha

96
DESIGN

Figura 20 - EXPO 2015, vista dos


pavilhões, Milão, Itália

STANDS CORPORATIVOS E
ARQUITETURA PROMOCIONAL
Caro(a) aluno(a), o mercado globalizado trouxe a dinâmicas sociais. As empresas e seus produtos de-
vantagem das empresas interagirem com públicos vem tornar sua imagem visível e criar uma identi-
maiores; para isso, surgiram as necessidades de di- dade distinta em relação à forte concorrência, como
vulgação de produtos e de sua marca. Foi, então, que diz em Miotto e Pupo (2014, p. 464).
as exposições ganharam força em mercados nacio- O design dos produtos já é uma característica es-
nais e internacionais. É fato que somos uma socie- sencial para os diferentes setores da indústria, valo-
dade que consome e que, hoje, temos mais estabe- rizando a qualidade e colocando-se à frente da con-
lecimentos comerciais, assim, diferentes práticas de corrência. É, nesse caminho, que você deve assimilar
consumir coexistem para dar respostas a essas novas os espaços efêmeros para a divulgação dos mesmos.

97
DESIGN EFÊMERO

Esses devem possuir sensibilidade estética, trazendo do negócio e do público. Portanto, a flexibilização
ambientes prazerosos, por muitas vezes, chamativos do espaço a ser construído, deve ser pensada a fim
e convincentes, a fim de trazer nova clientela e fir- de serem adaptadas, usando elementos construtivos,
mar a existente. equipamentos, materiais que possam ser reutiliza-
Segundo Miotto e Pupo (2014), o desafio pro- dos ou rearranjados. A montagem e desmontagem
fissional de criar um espaço efêmero comercial é de são aspectos importantes, para isso o projeto deve
estabelecer uma convivência cultural e harmonia es- estar bem detalhado, para que não ocorra problemas
tética, além de uma interação com o espaço, como, durante a execução.
também, criar um universo onde o consumidor per-
ceba a identidade da empresa. Esses projetos efême-
ros podem, também, ser considerados projetos de
arquitetura promocionais, como técnica de promo-
ver a imagem e transmitir a mensagem do expositor
ao público, conseguindo boa comunicação e publi-
cidade da empresa expositora. Não é, apenas, pro-
mover um produto e uma marca, mas proporcionar
as ideias e conceitos de uma empresa. Para Miotto e
Pupo (2014, p. 464), o marketing, o design, a arqui-
tetura, a fotografia e a publicidade se conectam em
uma única composição que formará o estande ou al-
gum outro formato de arquitetura efêmera e comer-
cial como forma de expressão. Para os espaços efê-
meros de arquitetura comercial, você deve lembrar,
Figura 21 - Pavilhão do Brasil, na
principalmente, da comunicação visual. Dentro de EXPO 2015, Milão, Itália

uma feira, é interessante ser ponto de referência para


quem está visitando, tornando um marco estratégi- Fora essas pontuações técnicas, vale lembrar que o
co, gerando comunicação espontânea. objetivo final é atingir a um público-alvo, portanto,
Hoje em dia, muitas empresas procuram via- uma estratégia interessante é iniciar a criação dos
jar todo o Brasil, sendo que algumas vão, ainda, espaços, lembrando a relação do efêmero com os
mais longe, em feiras internacionais, por isso, ao nossos sentidos: audição, tato, visão, paladar, olfato.
se projetar um espaço efêmero promocional deve- É necessário atrair o visitante, gerar interação, criar
mos considerar a facilidade de transporte e adap- conforto e fazer com que ele se sinta parte daquele
tação em locais diferentes. Por exemplo, uma feira espaço, criando um marketing de imersão, fazendo
do setor agropecuário pode estar locada dentro de com que as pessoas retornem mais ao estande, po-
um grande complexo coberto, ou ser apenas a céu tencializando os negócios. Os espaços expositivos
aberto. Para isso, um bom projeto deve prever con- devem transmitir sensações aos visitantes, para atrair
dicionantes variadas, analisando local, clima, perfil a atenção e sua visão, motivando para que experi-

98
DESIGN

Figura 22 - Estande, feira Internacional do móvel em Milão, Itália

mentem ou conheçam determinados produtos. Para que isso aconteça, o estande


deve ser de fácil identificação. Então, devemos usar o design efêmero com sabe-
doria, a fim de criar ambientes corporativos expositores que vão além de, apenas,
uma boa aparência.
Um exemplo que reúne todas essas características é um estande criado pela
empresa Z500+20, de Osasco, São Paulo, para a indústria Peugeot. O intuito de
demonstrar os veículos trouxe a inspiração. Na análise da arquitetura, as linhas
de desenho do projeto são orgânicas e expressam movimento constante, que é
muito interessante na venda de veículos. Cores neutras e sólidas, branco e preto,
compõem o espaço e deixa o destaque à marca e aos carros. Com o layout bem
definido, criaram-se espaços para imersão do visitante. Uma sala com a história
do automobilismo foi montada, como uma espécie de museu, além disso, foram
expostas miniaturas de carros, criando uma linha do tempo, chamando atenção
e fazendo com que os visitantes permaneçam por mais tempo no espaço. Outro
diferencial é a tecnologia, os produtos são explicados por meio de telas que re-
metem a grandes celulares, são painéis com a descrição técnica e características.
Além disso, o estande conta com área para reuniões e eventos, café e espaço
gourmet, áreas de estar e espaço criança. Esses ambientes foram posicionados
para serem visto em segundo plano, com exceção do último.

99
considerações finais

Caro(a) aluno(a), finalizamos a Unidade 3, na qual abordamos a diversidade das


atividades que se podem inserir a efemeridade, seja por meio de ações, como de
comportamentos. Esse assunto é de extrema importância para nós, profissionais,
pois, desse modo, tivemos a oportunidade de enriquecer o conhecimento com as
diversidades dos tipos de design efêmero.
Inicialmente, como resultado deste estudo, podemos dizer que as intervenções
temporárias são o meio de se manifestar sobre as transformações do coletivo e do
meio urbano, vivenciando experiências, promovendo sentimentos e oportunidades
de expressar. Atrelado à arte urbana, o espaço urbano revela a arte sendo o lugar
sua própria reflexão, a cidade. Criando conexões do indivíduo com o espaço,
melhorando o meio urbano.
Assim como a arte urbana, a cenografia valoriza o espaço, podendo ser em
ambientes públicos ou em espaços privados singulares, servindo de suporte para
as ações de arte verbais e corporais. Atribuída ao design de interiores, traduzimos
uma estética plástica nas composições, levando ao espectador as distintas expe-
riências e sentimentos.
Um outro tipo de design efêmero analisado foram as formas de expografia,
que criam suporte para as manifestações artísticas museológicas, as exposições.
Sendo em espaços abertos ou fechados, resolvendo aspectos comunicacionais.
Também, estudamos sobre as vitrines, que são ferramentas de propaganda
para marcas e lojas, nutridas pela cultura do consumo efêmero. Diante disso, é
relevante dizer que essas vitrines devem proporcionar um ambiente que aguce
os interesses e sentidos dos consumidores, por meio de cores e iluminação, bem
como a maneira como dispor dos produtos, também, sobre os estandes corpora-
tivos e arquitetura promocional, destacando a importância do estudo do design
efêmero, a fim de criar estruturas de fácil montagem e desmontagem, que chamem
a atenção do público e faça com que este queira permanecer no espaço, por meio
da identificação pessoal, criando novos negócios.

100
atividades de estudo

1. (ENADE ARTES VISUAIS 2011) Na cidade de São Paulo, existem, aproxima-


damente, 440 obras distribuídas em diferentes locais. É um verdadeiro
museu a céu aberto! Repensar as dimensões estéticas da cidade — pen-
sá-la como espaço para as diferentes linguagens e manifestações —, tem
sido uma prática constante daqueles que desejam transpor o espaço ur-
bano dos muros das galerias e museus, transformando o espaço urbano
em um verdadeiro campo de experimentação desordenado, com pessoas
circulando por baixo e por cima de pontes e viadutos, por passagens sub-
terrâneas lotadas de pessoas apressadas, que mal se relacionam com o
espaço em que vivem, em função do estilo de vida e da profusão de estí-
mulos visuais (SAN’TANNA, 2009).
Suponha que o professor Pedro apresentou aos seus alunos a importância
dos museus para a nossa cultura e a existência de museus a céu aberto,
espalhados por diferentes cidades brasileiras. Em seu projeto pedagógico
de arte, organizou com os alunos um passeio pela cidade.
Uma proposta desse tipo objetiva oportunizar aos alunos a percepção,
visualização e compreensão:
a. Da edificação arquitetônica da cidade como um conjunto integrado de pa-
trimônios e construções dependentes de relações sociais.
b. Das intervenções do homem na cidade, dos processos de transformação
urbana e da importância de obras públicas nas cidades.
c. Da existência, ou não, de obras artísticas no espaço urbano, da dinâmica
das cidades e dos processos de ocupação humana.
d. Da quantidade de edificações existentes no espaço urbano, das relações
cidade/paisagem e dos processos de construção urbana.
e. Das dimensões estéticas urbanas, da cidade como suporte de criações
artísticas e espaço de diferentes linguagens e manifestações.

2. (ENADE ARTES VISUAIS 2014) A intervenção urbana é uma forma de arte


interacional, criativa e poética, voltada para o espaço público, o cotidiano
e as pessoas.
Em 23 de abril de 2014, dia de São Jorge, o “Coletivo P1”, um coletivo de
mulheres, encerrou seu projeto intitulado “Entre Saltos”, em Salvador,
Bahia, depois de passar por São Paulo, Campinas e Porto Alegre. Mais de
trintas mulheres vestidas de vermelho ou rosa, calçadas com sapatos de
salto, saíram caminhando no Espaço Xisto, no bairro Barris, às quatro ho-
ras da tarde. Seguiram pela Sete de Setembro até chegar ao Pelourinho.
Elas encerram o projeto uma hora e meia depois, seguidas por homens e
mulheres, no Dique Tororó, lago que possui estátuas de orixás, inclusive
Ogum, representação de São Jorge na crença de matriz africana.

101
atividades de estudo

Considerando as duas informações anteriores, avalie as asserções a seguir:


I. Intervenção urbana é um processo comunicativo que reinventa, mesmo
que temporariamente, novos sentidos ao espaço.
II. A intervenção do “Coletivo PI” aborda a construção da feminilidade, bem
como a imagem do feminino em relação à esfera pública.
III. A intervenção do “Coletivo PI” questiona poderes e representações de gê-
nero instituídas.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.

3. (ENADE ARTES VISUAIS 2011) Nas últimas décadas, crescem os questiona-


mentos acerca da cultura, principalmente, com temas que destacam as
inúmeras dimensões da visualidade, sua relevância na constituição de
identidades e subjetividades e, sobretudo, os novos modos de perceber
e pensar as imagens e as visualidades contemporâneas. Suponha que a
professora Rosa, com o objetivo de aproximar essa reflexão dos processos
de criação de poéticas, a partir de diferentes suportes e meios, apresentou
aos estudantes a obra da artista Jac Leiner. A artista fez uma instalação com
sacos plásticos de inúmeras procedências, reunindo sacolas de museus e
livrarias de arte, criando um patchwork, que ocupava toda uma parede.

Da série “Nomes”, sacolas plásticas, 1989. Jac Leiner. Disponível em:


<http://www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?page_id=101>.

102
atividades de estudo

Após a apresentação da imagem, seria correto a professora informar


aos seus estudantes que a visualidade contemporânea compreende:
a. Um texto híbrido que engloba arte, mídia, imagens do cotidiano e uma
forma de ver, culturalmente, construída.
b. A unidade que resulta de um núcleo interior profundo da montagem de
fragmentos.
c. A representação do cotidiano na arte, sem a incorporação de objetos
prontos.
d. O uso de novos meios tecnológicos para expressar novas ideias. E a expe-
rimentação das mídias.

4. Atualmente, o comportamento do consumo efêmero teve início no século


XX, e aconteceu devido às transformações em relação ao sistema de distri-
buição dos produtos, ofertas e a comunicação. Com o avanço tecnológico
atrelado à conexão e comunicação digitalizada, surge uma resposta a essa
nova dinâmica de consumo, as empresas reorientaram seus produtos e
marcas, dotando-os de significados, diferenciais e inovações, que trans-
mitiam autenticidade e engajamento com os assuntos emergentes, como
valores socioculturais, consciência ecológica, dentre outros, segundo Omi-
ne (2015). A moda é um exemplo disseminado neste comportamento efê-
mero, tornando-se, cada vez mais, autoral e adaptada ao gosto pessoal do
consumidor, onde são estimuladas as utilidades diárias de venda. A partir
disso, observamos o quanto é importante as vitrines usadas como ferra-
menta de propaganda e geração do consumo, da identidade e de fideliza-
ção da marca. Os profissionais vitrinistas necessitam da frequente e rápida
renovação projetual, para ter respostas de comercialização.
Relacionando o enunciado com a leitura do livro de design efêmero, res-
ponda verdadeiro ou falso, para as seguintes afirmações:
( ) Ao projetar uma vitrine, é preciso que ela conceitue uma marca, gerando
identidade e fidelização dela para com o cliente. Conectado aos aconteci-
mentos, revelando a importância para com os interesses do consumidor.
( ) O ponto focal é uma técnica que faz com que o consumidor realize um
percurso para com a vitrine, usualmente, o olhar é da direita para esquer-
da, e de cima para baixo.
( ) As Vitrines de Esquina são as que não necessitam direcionar o visual do
consumidor para a entrada da loja, pois permitem a visualização dos pro-
dutos por diferentes ângulos.
( ) As cores, nas vitrines, podem influenciar os sentidos e as proporções dos

103
atividades de estudo

objetos expostos. É interessante combinar contraste por meio de duas a


três cores.
a. F, F, F, V.
b. F, V, F, V.
c. V, F, V, V.
d. V, F, F, V.
e. V, V, F, V.

5. O design dos produtos é essencial para atribuir qualidade e diferencial


para os setores da indústria. Assimilando aos espaços efêmeros, observa-
mos o quanto é importante esta ferramenta para divulgar os mesmos. Os
projetos efêmeros devem ser considerados projetos de arquitetura pro-
mocionais, sendo técnica de promoção e divulgação da imagem da marca,
transmitir a mensagem do expositor ao público, gerando boa comunica-
ção e publicidade da empresa expositora. A partir disso, quais os requisi-
tos que devem ser levados em consideração para obter um bom projeto
promocional?

104
LEITURA
COMPLEMENTAR

Objetivos da Iluminação Comercial


Uma boa iluminação comercial deve atender às seguintes necessidades:
- Chamar a atenção dos clientes.
- Destacar a vitrine, a arquitetura da fachada, os produtos, os expositores, a decoração
dos espaços internos, enfim todos os detalhes que tornam uma loja atraente aos olhos
do público e diferente perante a concorrência.
- Gerar interesse.
- Dar à mercadoria uma aparência atraente e fácil de examinar.
- Criar uma atmosfera agradável, para que o cliente se sinta confortável e compre.
- Proporcionar uma iluminação confortável com o intuito de reduzir o ofuscamento
para os clientes e empregados.
- A iluminação deve ser projetada em cada área da loja de acordo com características
técnicas e necessidades específicas.
- A identidade de uma loja é o que a diferencia de sua concorrência e atrai o consumi-
dor com o perfil desejado. Tudo, na loja, deve refletir esta identidade, principalmente,
a iluminação.
- Ser flexível.

Iluminação, Marketing e Vendas


A iluminação adequada alimenta e repete as vendas espontâneas em vários segmentos
do varejo; faz uma declaração sobre a loja; impacta o que compradores veem e fazem;
captura a atenção destes, atraindo-os para dentro da loja e guia-os pelas mercadorias
e vitrines; ajuda-os a avaliar a mercadoria e motiva-os a comprar, além de destacar o
que o ponto de venda está vendendo. Uma boa iluminação é um bom negócio. Quando
uma loja melhora sua iluminação, sua lucratividade melhora também.
Para Moye e Kincade (2003 apud GONZÁLEZ, 2007; p. 12), é importante ressaltar que
a diversidade de grupos de consumidores existentes no mercado enfatiza diferentes
atributos componentes do ambiente de loja, e, para atender às suas necessidades, é
preciso estudar, a fundo, as preferências do público–alvo de cada varejo. Cada tipo de
loja requer uma iluminação, que leve em conta a mercadoria comercializada e o perfil
do público-alvo.
De acordo com Camargo (2006), a iluminação é capaz de obter aproximação de consu-

105
LEITURA
COMPLEMENTAR

midores. Para alguns consumidores, a luz pode ser o único fator ambiental responsável
pela atração a uma loja de serviços. Administrar sistemas de iluminação, de forma a
gerar aproximação de consumidores e/ou criar uma experiência de consumo satisfató-
ria, pode ser um uma alternativa rápida, pouco dispendiosa e eficiente para o aumento
das vendas da empresa.
Para Führ, as empresas precisam tornar-se ambientes mais dinâmicos, com equipes
capazes de surpreender o seu cliente, a cada instante, a cada visita à loja. Deve-se es-
timular o cliente a consumir por impulso. Enquanto Sá fala que, a eficiência de um co-
mércio começa pelo desenho das instalações. Ao contrário do que se pensa, a entrada
da loja não é o espaço mais chamativo para um produto, pois o cliente evita parar para
não ser surpreendido pelas costas, além de estar vindo de um ambiente externo cheio
de estímulos visuais e auditivos, necessitando de um tempo de transição até se sinto-
nizar com o ambiente da loja. Tudo que estiver dentro da zona de transição não será
percebido por ele — cartazes, display, produtos, cestas de compras. Isto vale, também,
na passagem entre um setor e outro da loja.
Finalmente, o volume de vendas está, diretamente, ligado ao tempo que o cliente pas-
sa dentro da loja, é preciso encontrar formas para neutralizar seu cansaço, avivar seu
interesse com informações e promoções, despertar sua curiosidade por seções novas,
proporcionar meios de experimentação dos produtos e a interação com funcionários
prestativos e eficientes, e isso se consegue investindo, também, em um projeto de ilu-
minação, que ajuda a dar dinamicidade ao ambiente comercial.

Os 3 A’S da Iluminação de Varejo


Segundo a GE (General Eletric), pode-se dizer que a iluminação é dividida em três par-
tes: atração, avaliação e atmosfera.
- Atração: é uma poderosa ferramenta para atrair um cliente potencial para uma loja.
Ela guia os clientes ao longo de caminhos e dispara o impulso ou as vendas sazonais.
A primeira impressão em uma loja acontece dentro dos primeiros 3 a 5 metros de en-
trada no espaço.
- Avaliação: Consiste na própria qualidade e quantidade de iluminação que permitem
ver a mercadoria dentro das melhores condições de iluminação. Revela características,
detalhes, cores e texturas bem como cria uma manifestação do conjunto. O aumento

106
LEITURA
COMPLEMENTAR

da iluminação amplia a capacidade do cliente para avaliar um produto e faz com que
ele fique mais confiante nas suas decisões de compra. Além disso, os clientes serão
motivados para comprar artigos de preço mais alto e em maiores quantidades. Eles,
também, serão menos propensos a devolver as mercadorias.
- Atmosfera: cria uma declaração de imagem que pode diferir, enormemente, em vários
tipos de lojas. Uma boutique de roupas terá uma imagem diferente de um supermer-
cado, pois, não levando em consideração o tipo de mercadoria vendido, todas as lojas
querem a mesma coisa para os seus clientes: um passeio longo e agradável com muitas
compras.

Fonte: Latreille (2010).

107
Visual Merchandising: Vitrines e Interiores
Comerciais
Tony Morgan
Editora: Gustavo Gili
Ano: 2011
Sinopse: este livro apresenta informações funda-
mentais para estudantes e profissionais do setor va-
rejista, recorrendo a exemplos de boas práticas de
visual merchandising de todo o mundo. O livro abor-
da todos os aspectos do visual merchandising, como
vitrines, design de lojas, distribuição dos produtos
no interior dos estabelecimentos e uso de mane-
quins. Ilustrado com desenhos e fotografias de nu-
merosos exemplos de destaque de todo o mundo, o
livro, também, apresenta dicas e conselhos práticos.

Vitrines e coleções: quando a moda


encontra o museu
Christine Ferreira Azzi
Editora: Memória Visual
Ano: 2010
Sinopse: este livro pretende investigar o encontro
entre estes dois espaços produtores de sentido: a
moda e o museu. A autora questiona, de forma pro-
vocativa, se a relação entre moda e museu é pos-
sível, já que a concepção tradicional de museu o
define como um guardião do passado enquanto a
moda é um sistema dinâmico, ligado ao presente e
Documentário - Cidade Cinza
Ano: 2013
Sinopse: alguns pensam que São Paulo tem excesso de cin-
za. Este documentário compila as vozes de reconhecidos
artistas urbanos que colorem a cidade com grafites e se
manifestam contra as autoridades que cobrem suas obras
com a cor do cimento.
Comentário: documentário interessante, pois retrata so-
bre a arte urbana como manifesto, o grafite, que mesmo
sendo considerado arte, há preconceito.

Programa do SescTv “Teatro e circunstância”


Ano: 2009.
Sinopse: o documentário faz parte da série "Teatro e Cir-
cunstância" realizada pelo SescTV e aborda o teatro con-
temporâneo por meio de diferentes aspectos, como a rela-
ção dessa arte com a cidade, as técnicas interpretativas, as
diferentes arquiteturas teatrais ou as exclusões delas e o
espaço para a celebração dramática.
Comentário: é uma série que aborda vários contextos in-
seridos na cenografia do teatro, aprofundando o conheci-
mento sobre cenografia.

A Linguagem Cenográfica
Caro(a) aluno(a), convido você a ler este trabalho de dissertação sobre arte e cenografia de
Nelson José Urssi. Esse texto é interessante, pois você se aprofundará mais sobre a temática
da linguagem cenográfica.
Para saber mais, acesse: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/C%EAnica/Pesquisa/a_lingua-
gem_cenografica.pdf.
Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos
Indicamos este livro online sobre as intervenções efêmeras na cidade, com ações do grupo
Poro, que misturam arte e intervenções, nos espaços públicos.
Para saber mais, acesse: http://poro.redezero.org/publicacoes/ebook/.

Website: IdeaFixa
O website IdeaFixa trabalha com curadoria de artes visuais, conteúdos criativos, eventos,
workshops, projetos especiais e editoriais, conectando os melhores profissionais às gran-
des ideias. É bem amplo com várias reportagens sobre manifestações artísticas, expografias
e instalações, sejam urbanas ou em ambientes fechados. Para saber mais, acesse: https://
www.ideafixa.com.

Interlux Arte Livre


Interlux é um grupo de pessoas de Curitiba que realiza intervenções efêmeras urbanas. É
bem interessante, aluno(a), pois retrata vários exemplos destas manifestações.
Para saber mais, acesse:
<https://interlux.wordpress.com/tag/intervencao-urbana/>

Intervenção Urbana
Este website apresenta vários grupos que realizam intervenção efêmera urbana, exemplos
dessas intervenções no Brasil e revista.
Para saber mais, acesse: <https://www.intervencaourbana.org/>.

#30bienal (Registro) Arquitetura e Expografia


Neste vídeo, você poderá acompanhar as etapas do processo expográfico com a montagem
da 30ª Bienal de São Paulo.
Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=0-A9BIqMB98>

Cases Estandes
Visite o site da empresa responsável pelo projeto e faça um tour por este estande promocio-
nal. Acesse em: <http://www.z500.com.br/case-estandes.php>.
referências

ALMEIDA, Anderson Diego da S. O Design de Interiores e a Cenografia: relação


e análise plástica do espaço habitado. Alagoas: Artigo de Artes Cênicas, UFAL.
In: Semana Acadêmica Revista Científica. 2011. Disponível em: <https://sema-
naacademica.org.br/system/files/artigos/aplasticidadedoscenariosdacia.pdf>.
Acesso em: 05 jun. 2017.

CARTAXO, Zalinda. 1. Arte nos espaços públicos: a cidade como realidade. O


Percevejo Online, v. 1, n. 1, 2009. Disponível em: <http://www.seer.unirio.br/
index.php/opercevejoonline/article/view/431/381>. Acesso em: 05 jun. 2017.

CURY, Marília Xavier. Exposição: Concepção, Montagem e Avaliação. São Pau-


lo: Annablume, 2005.

LATREILLE, Ângela. A Importância do Projeto de Iluminação para Lojas de


Roupas Femininas. Especialize-Revista On-line, p. 1-18, 2010. Disponível em:
<https://docplayer.com.br/8731989-Iluminacao-de-lojas-a-importancia-do-
-projeto-de-iluminacao-para-o-varejo-de-roupas-femininas-a-r-t-i-g-o-por-an-
gela-latreille.html>. Acesso em: 27 jul. 2017.

MIOTTO, Juliano; PUPO, Regiane Trevisan. Fabricação Digital na Arquitetura


Efêmera: Aplicação em Feiras Comerciais. Blucher Design Proceedings, v. 1, n. 7,
p. 464-467, 2014. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3.amazonaws.com/
designproceedings/sigradi2013/0089.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2017.

OMINE, Heloise. Artigo: Narrativas Visuais: imagens, dispositivos e o visu-


al merchandising como narrativa comunicacional no ambiente de loja. ESPM,
2015. Disponível em: <http://anais-comunicon2015.espm.br/GTs/GT10/16_
GT10_Heloisa_Omine.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2017.

PALLAMIN, Vera Maria. Arte urbana: São Paulo, região central (1945-1998):
obras de caráter temporário e permanente. São Paulo: Annablume, 2000.

SAMPAIO, Anne Marie Moreira. Arte, cidade, esfera pública: ações efêmeras no
espaço urbano. Curitiba: EMBAP, 2011.

111
referências

SANSÃO FONTES, Adriana. Intervenções temporárias e marcas permanentes


na cidade contemporânea. Arquiteturarevista, v. 8, n. 1, p. 31-48, 2012.

SOUZA, Lucas Fabrizzio Laquimia de. A cenografia e as megaexposições do sé-


culo XXI. 2012. Dissertação (Mestrado em Teoria e Prática do Teatro) - Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

ZACARIAS, Lórien C.; TAKADA, Thalles A. Identidade Efêmera e o consumo


do novo na sociedade contemporânea. In: 11º Colóquio de Moda – 8ª Edição In-
ternacional 2º Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Design de Moda,
2015, Curitiba. Anais. 2015. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/
anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202015/COMUNICACAO-ORAL/CO-
-EIXO3-CULTURA/CO-3-IDENTIDADE-EFEMERA-E-O-CONSUMO-DO-
-NOVO.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2017.

Referência On-Line
1
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae>. Acesso em: 05 jun. 2017.

112
gabarito

1. E) das dimensões estéticas urbanas, da cidade como suporte de criações artísticas e


espaço de diferentes linguagens e manifestações.
2. E) I, II e III.
3. A) um texto híbrido que engloba arte, mídia, imagens do cotidiano e uma forma de
ver, culturalmente, construída.
4. D) V, F, F, V.
5. Para se ter um bom projeto promocional, é necessário uma ótima comunicação visu-
al, atentar-se ao ponto de referência para gerar comunicação instantânea e facilitar
a vinda dos visitantes. Pensar nas condicionantes variadas, como local, clima, perfil
do negócio e do público. Obter facilidade de transporte e adaptação, flexibilizando
o espaço. Também, utilizar elementos construtivos, equipamentos e materiais que
possam ser reutilizados, facilitando a montagem e desmontagem. Relacionar o efê-
mero com os sentidos. E o principal é lembrar que o produto final é atingir a um
público-alvo.

113
UNIDADE
IV
OUTRAS POSSIBILIDADES DO
EMPREGO DO DESIGN EFÊMERO

Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Esp. Simone Reis Roque Gallette

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Eventos festivos e eventos culturais étnicos
• Shows e festivais de música
• Tecnologias na produção e divulgação do efêmero
• Equipamentos urbanos efêmeros
• Urbanização efêmera

Objetivos de Aprendizagem
• Demonstrar o uso do design efêmero nos eventos festivos
e eventos culturais étnicos.
• Analisar as estruturas e experiências espaciais,
relacionando ao efêmero.
• Contextualizar sobre como a tecnologia pode ajudar
o processo criativo do design efêmero e relacionar a
exposição da efemeridade.
• Qualificar e analisar os equipamentos efêmeros inseridos
no ambiente.
• Apresentar e pesquisar a organização ou a espontaneidade
do urbanismo efêmero.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a), convido você, na Unidade 4, a estudar sobre outras


possibilidades no emprego de ações efêmeras, pontuando e analisando
os diversos tipos de manifestações.
A princípio, apresentaremos os eventos festivos e culturais étnicos,
abordando a temática de festas tradicionais, como a festa junina e o car-
naval, apresentando a efemeridade como estrutura física e perdurando
seu caráter cultural, conectando as pessoas com o espaço. Outra maneira
de interação são os shows e festivais de música, que utilizam elementos,
como as luzes, as cores, as formas, as linhas e volumes, para criar uma
ambientação de espetáculo, ou seja, promovendo sentidos visuais e so-
ciabilização.
Uma ferramenta importante para construir cenários e espetáculos é
a tecnologia, que pode ajudar nos processos criativos, execução e agi-
lidade. Em meio a tanta transformação rápida, é necessário que haja a
inovação junto com a fabricação digital, empregados no design efêmero.
Uma outra ferramenta utilizada para consolidar os espaços transitó-
rios é a dos equipamentos efêmeros, que, aplicados em vazios urbanos ou
estacionamentos, proporcionam lazer em meio ao caos e estresse. Para
melhor compreensão, citaremos alguns exemplos empregados.
Para finalizar, discorreremos sobre a urbanização efêmera e de que
maneira ela acontece, utilizando um exemplo que é considerado a maior
urbanização efêmera do mundo. Esperamos que goste da leitura, bons
estudos.
DESIGN EFÊMERO

Figura 1 - Decoração de Natal

EVENTOS FESTIVOS E EVENTOS


CULTURAIS ÉTNICOS
Como afirma Kevin Lynch (1997, p. 9), “a paisagem qual acontecem as relações pessoais. Nesta unidade,
urbana é, para além de outras coisas, algo para ser falaremos sobre como o homem interage com a ci-
apreciado, lembrado e contemplado”. Nessa percep- dade por meio dos eventos culturais de seu povo e
ção da paisagem, revela-se o visível, mas também o mostrar a efemeridade presente.
invisível. Descobrem-se sons, sabores, cheiros e o Para Fernandes (2011), pela sua centralidade, a
ritmo da cidade. Nesse caminho, convido você, alu- cidade é território heterogêneo, um espaço polifô-
no(a), a pensar na cidade no âmbito do coletivo, na nico de produção e consumo, mas também de ritu-

120
DESIGN

ais de contestação, celebração ou contemplação. Os cultura e seus derivados como nos dias de hoje. Este
homens comemoram, há muito tempo, seus ritos de destaque cultural é de relevância na atualidade, de-
passagem e relembram as datas festivas sagradas, vido à dimensão espacial dos eventos culturais que
profanas e de agradecimento. Esses costumes já es- criam dinâmicas e formas efêmeras de ocupar os es-
tão incorporados aos nossos calendários de tradição paços, criando as cidades espetáculo.
religiosa e festiva, tal como o carnaval. Um exemplo representativo são as festas juninas,
conhecidas como “arraiais” da região do nordeste.
Ao longo do tempo essas práticas fizeram parte Em específico, falaremos sobre a festa junina de Ma-
dos processos de transformações culturais e re-
ligiosas da sociedade e das suas relações simbó- racanaú, região metropolitana de Fortaleza. Hoje,
licas entre a realidade e a ficção, dando origem essas festas já não são, apenas, celebradas com a cul-
aos diversos protagonistas nos festejos populares tura popular da quadrilha e comidas típicas, ou seja,
(TRIGUEIRO, 2005, p. 1, on-line)1.
os eventos cresceram, tendo participação de milha-
res de pessoas, assim, a estrutura física foi aprimo-
Atualmente, tem-se dado grande valor nas manifes- rada. Para Gomes (2011), o espaço territorializado
tações culturais; os eventos festivos estão, cada vez pela festa possui dinâmicas e funcionalidades espe-
mais, mercantilizados e espetacularizados, não só cíficas, expressas em diferentes cenários, e o design
nos grandes centros urbanos, mas também nas pe- efêmero contribuiu para organizar o espaço e trazer
quenas e médias cidades. Nunca se falou tanto em identidade para quem o utiliza.

Figura 2 - Desfile de carnaval, no


Rio de Janeiro, em 2017

121
DESIGN EFÊMERO

Em Maracanaú ,a festa reúne espaços, como: cidade


cenográfica, réplicas de engenho, casa de farinha e
igreja matriz Juazeiro, estátua de Padre Cícero. Além
de espaços para apresentações regionais, espaço
para danças “quadrilhódromo” e uma grande estru-
tura para receber shows, também, há equipamentos
urbanos a fim de garantir a segurança e bem-estar
dos visitantes.
É interessante ressaltar que estes espaços ceno-
gráficos são criados para contar histórias e trazer
lembranças, causando sentimentos. Os visitantes
tendem a identificar-se com os espaços que remetem
ao passado, ao cotidiano e à cultura do interior nos
cenários do São João de Maracanaú. A arquitetura
Figura 3 - São João em Salvador,
Bahia efêmera tem, aqui, o intuito de construir espaços
que misturam tradição e espetacularização, fortale-
cendo o laço territorial e afetivo.
Conclui-se que o design efêmero, ligado às fes-
tividades culturais, está, diretamente, relacionado
com a organização espacial, na qual são criadas
estruturas para direcionar as pessoas. Porém, é de
mais destaque, como você pôde observar no exem-
plo de Maracanaú, que a linguagem destas estrutu-
ras são sempre pensadas para causar sentimentos e
bem estar de quem está participando. Mesmo em
um evento no sul, como a Oktoberfest, ou uma festa
no norte, como o boi de Parintins, percebemos que
cada manifestação cultural carrega suas tradições, e
elas devem ser expressas por meio das instalações e
Figura 4 - Boi Bumbá, maior festival folclórico
do Brasil, em Amazonas arquitetura efêmera.

122
DESIGN

Figura 5 - Ozora Festival

SHOWS E FESTIVAIS
DE MÚSICA
Não é dos tempos atuais as necessidades humanas Atualmente, espaços, como megaconstruções
de se encontrarem em grandes grupos. Na Roma dos (estádios e casas de espetáculos) ou ruas (que se con-
Césares, a política do pão e circo reunia milhares de vertem em palco/plateia no carnaval ou réveillon),
pessoas para celebrar sacrifícios espetaculares que testemunham pequenos, médios, grandes ou me-
aproximavam as massas às divindades, resultando gaeventos cuja efemeridade está ligada à dinâmica
numa coesão social forjada a partir dos sentimen- moderna da vida urbana. Um estádio de futebol, por
tos compartilhados pelos diversos grupos, porém, exemplo, foi construído com a prioridade de sediar
em arenas específicas para isso, como era usado o jogos, porém, com adaptações, usando estrutura e
Coliseu, as estruturas eram fixas, pensadas, apenas, arquitetura efêmera podem receber shows, festivais
como uso para algumas atividades. etc. O estádio do Maracanã, em 2016, foi palco para

123
DESIGN EFÊMERO

a cerimônia de abertura das olimpíadas do Brasil,


seu gramado foi raspado e retirado, sendo todo o es-
paço do campo recoberto por placas de compensa-
do de madeira, que, mais tarde, viria se tornar uma
grande tela de projeção. A arquibancada recebeu es-
truturas de palco e de apresentação. Todo o espaço
foi modificado por meio da efemeridade, criando a
cenografia necessária ao evento.

Figura 7 - Projeção de cores, abertura Olímpica


do Rio de Janeiro em 2016

mos esclarecer paravocê, aluno(a), a relação do uso


do design efêmero como ferramenta de impactar,
Figura 6 - Cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos, 2016, Rio de Janeiro trazer personalidade e criar sentimentos.
No caso de um show, a experiência de quem as-
Na relação de shows e eventos de grande porte, com siste é muito influenciada, além da música e dos in-
o design efêmero, a cenografia é uma carta na manga tegrantes da banda, pelos elementos que constituem
de qualquer projetista. Ela utiliza elementos, como o cenário do palco e tornam o concerto mágico.
luzes, cores, formas, linhas e volumes, para criar Para isso, o projetista e a equipe devem estar ligados
uma ambientação do espetáculo, ou seja, sua consti- ao tema e estudar a proposta dos idealizadores dos
tuição visual. Essa atividade surgiu no teatro, sendo, eventos ou, até mesmo, serem os idealizadores do
hoje, o profissional responsável por esse processo e processo. O arquiteto Mark Fisher era especialista
o cenógrafo. Além de sua origem teatral, passou a em criar os mais incríveis e admirados designs para
fazer parte, então, de diversos gêneros de espetácu- shows, com sua empresa Stufish. Entre seus clientes
lo ou apresentações, dos shows de rock, festivais de fiéis, destacam-se U2, Rolling Stones e Madonna,
músicas, eventos esportivos aos desfiles de moda, mas atendeu a muitos outros artistas, como AC/DC,
como os da marca Chanel. Nesse contexto, quere- Elton John e Metallica. Fisher era arquiteto especiali-

124
DESIGN

zado na “arquitetura do entretenimento”, tendo sido Portanto, além dos aspectos estético e funcional que a
responsável, também, por projetos com o Cirque du efemeridade, nos eventos, pode trazer, esta, também, faz
Soleil e pelas cerimônias de abertura e encerramento um gancho com a publicidade e comunicação, no seg-
dos jogos olímpicos de Pequim em 2008. mento de shows, de maneira mais discreta, pois o pró-
No Brasil, com o mercado de shows crescendo, prio evento já se torna uma grande ação comunicativa.
é hora de investir no segmento. Festivais de músi-
ca, como Rock in Rio, Lollapalooza e Planeta Terra, Acreditamos que a efervescência afetiva das
grandes tribos efêmeras que se formam duran-
são responsáveis por um grande número de shows e te os festivais de rock, por exemplo, demonstra-
geram renda para as cidades e empresas envolvidas. riam mais a celebração do desejo de estar juntos
Para Lins (2013), o Rock in Rio é um bom exem- do que uma reunião de consumidores motivada
pelo consumo deste ou daquele produto (LINS,
plo da indústria de entretenimento efêmera, que 2013, p. 237).
entende o evento como um eixo principal de uma
estratégia de marketing integrada. O evento é acom- A efemeridade, nos shows e grandes eventos, pode ter
panhado de produtos e serviços de todas as ordens ligação à organização do espaço, para trazer conforto
e correntes com o consumo contemporâneo. Assim, aos participantes, como também é usada na geração de
o prazer de estar junto faz parte do repertório mer- sentimentos e identificação com o local e, até mesmo,
cadológico do certame, contando com os recursos funciona como uma ação comunicativa. As possibi-
tecnológicos e midiáticos de última geração. lidades de montagem desses grandes espetáculos são
variadas e devem ser estudados os materiais e tecnolo-
gias a serem empregados. Evitando, assim, o descarte
de matérias-primas e se preocupando com a geração
mínima possível de lixo.

Figura 9 - Festival de rock, com efeitos


Figura 8 - Rock in Rio, 2015 especiais, Moscou

125
DESIGN EFÊMERO

Figura 10 - Video Mapping, show


dedicado a Andy Warhol

TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO E
DIVULGAÇÃO DO EFÊMERO
O design efêmero já tem, em seu aspecto, o passagei- superfície, mesmo a mais irregular, numa tela de ví-
ro, de consumo rápido. Para tanto, sua criação pode deo dinâmica, tais como fachadas de edifícios sem
ser facilitada por meio do avanço das tecnologias, qualquer distorção. Esta forma de projetar permite
sendo com maior rapidez e agilidade, combinando, criar maravilhosas ilusões de ótica e noções de mo-
assim, com a efemeridade. Até mesmo, o seu produto vimento em objetos estáticos. É como um jogo de
final pode ser tecnológico, como é o caso das insta- luzes que destaca qualquer forma, linha ou espaço,
lações usando o “vídeo mapping”, que é uma técnica alterando a percepção do espectador, reconstruindo
de projeção empregada para transformar qualquer a realidade por adição de espaço virtual.

126
DESIGN

Figura 11 - Decorações de Natal, nos


edifícios, em Piazza Duomo, Itália

Figura 12 - Festival da escultura de


A fabricação digital e o potencial para o design efê- gelo, em Khabarovsk, Rússia
mero usam as novas tecnologias, desde o processo
de estudo até a criação de protótipos. Como afir- mento, com isso, os novos processos de projeto e de
mam Miotto e Pupo (2013), a tecnologia permite produção surgem, agora, com a maior aproximação
a geração de formas mais complexas que podem, entre o projetista e a produção.
então, serem testadas, avaliadas e materializadas du- Nessa nova época, a aproximação do profissional
rante as diferentes fases do processo criativo. com o processo de manufatura é importante, pois é
A Era Digital, para Kolarevic (2005, apud a partir dessa fabricação digital que surge a possibi-
MIOTTO, PUPO, 2013, p. 466), tem reconfigurado, lidade de maior controle dos dados, customização,
radicalmente, a relação entre a concepção e a pro- adaptação e transformação do produto. O projetista
dução, pois, com a fabricação digital, os projetos vê o método digital de produção e pode ir aprimo-
nascem digitalmente e, também, são fabricados pelo rando em tempo real.
processo de Controle Numérico Computadorizado Esse processo apoiado na tecnologia, também, vem
(CNC). Ao utilizar esse controle, a fabricação digital de encontro à sustentabilidade, por permitir criação de
traz a relação direta entre o arquiteto/designer e o modelos, anteriormente, estudados, em desenhos 3D
produto. Personalizar um produto ficou muito mais (terceira dimensão) e, depois, recriados em maquetes
rápido, em que seu desenho digital tem uma infini- físicas menores. O processo elimina o desperdício de
dade de possibilidades de alterações e desenvolvi- matéria-prima, com produções que deram erro.

127
DESIGN EFÊMERO

posições e intervenções urbanas que trabalham com


a tecnologia em sua obra ou em sua divulgação.
Buscamos, por meio da arte, acompanhar os
avanços científicos e tecnológicos. Materiais, como
fotografia, vídeo, captação de áudio, possibilidade
de edição computadorizada e aprimoramento da
criação por meio de softwares, possibilitaram que a
arte ganhasse outros formatos. Para Couchot (2003
apud SEMELER, 2015, on-line)2, a tecnologia afetará
todo tipo de arte, seja ela numérica ou não, contem-
porânea ou de períodos históricos, como o registro
das artes efêmeras pelas tecnologias, que efetua sua
passagem de um mundo para o mundo das mídias.
O que podemos concluir é que, hoje, a arte pode ser
Figura 13 - Instalação urbana, nos jar-
dins de Dubai consumida por intermédio de meios digitais, você
abre seu celular, seu computador e pode pesquisar
A tecnologia, no design efêmero, está relacionada e ver exposições e intervenções que foram feitas no
com a criação e produção de produtos com maior agi- mundo todo, tornando-as globalizadas. Portanto, a
lidade, porém, agora, exemplificaremos que ela pode efemeridade das ruas torna-se, agora, tipos de expo-
ser parte do resultado final, como é o caso na arte; ex- sição nos meios digitais.

Figura 14 - Festival de iluminação


Vivid, Sydney

128
DESIGN

Figura 15 - Parklets, São Paulo


Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)3.

EQUIPAMENTOS URBANOS
EFÊMEROS
Os grandes desperdícios refletem nas cidades, lidas também, nas antigas áreas industriais, nas quais
mas, observados sob o conceito da continuidade e não se encontram, necessariamente, vazias em seu as-
da renovação, podem ser consequências da acele- pecto físico, sendo, por vezes, ocupadas por estruturas
ração das transformações urbanas, resultando nos em desuso, como as usinas, armazéns e outros.
vazios urbanos. Diante disso, é importante atuar sobre estes es-
Os vazios urbanos podem estar nas periferias, ter- paços, por meio das intervenções, seja permanen-
renos, ainda, não ocupados ou terrenos, anteriormen- tes ou temporárias, obtendo o uso destas áreas e
te, edificados por construções, as quais foram demo- evitando desperdícios.

129
DESIGN EFÊMERO

Considerando as conexões entre os processos e cia, na Dinamarca. Foi realizado em 2010, em um


as dinâmicas cotidianas das diferentes áreas interli- terreno ocupado, durante o século 20, por uma
gadas, é um modo de planejar, de forma consistente, intensa atividade industrial que havia se desloca-
as ações a serem executadas, como diz Maciel (2015). do, deixando a área abandonada e sem uso. Teve
Além do uso dos vazios urbanos, temos a cidade em como iniciativa pública das prefeituras junto com
si, que pode ter, como aplicação, a intervenção tem- o escritório SLA, que desenhou o projeto do par-
porária. A partir disso, discorreremos sobre as ma- que temporário como propostas de uso e deter-
neiras de intervir, temporariamente, nestes espaços, minação do espaço, fazendo com que os usuários
utilizando os equipamentos efêmeros, de forma sus- pudessem modificar o ambiente, durante o tempo
tentável e com significados. em que ele ficasse instalado.

SAIBA MAIS

Edificações são abandonadas, removidas


ou demolidas; áreas inteiras são delicadas
e reconstruídas. Materiais sofrem a ação do
clima e da passagem do tempo, quebram e
são reutilizados. Vandalismo e incêndios cri-
minosos tornam estruturas inúteis. Regiões
centrais da cidade podem tornar-se desertas
– a princípio lentamente, para, em seguida,
adquirir velocidade crescente. Terrenos tor-
nam-se vagos ou abandonados. Abominados,
usos indesejados são transferidos para áreas
marginais. Cidades inteiras podem entrar em
processo de declínio ou gradualmente serem Figura 16 - Parque Temporário
abandonadas. Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)4.

Fonte: Lynch (1990, p. 10–23 apud BORDE, 2006).


Os Parklets, também, denominados parques tem-
porários, substituem os estacionamentos automobi-
Inicialmente, uma das alternativas que apresentare- lísticos por equipamentos efêmeros, jardins verdes,
mos são os parques temporários, que permitem aos áreas de descansos. Apresentam como solução cria-
usuários interagirem com paisagens temporárias, tiva, cultural e, economicamente, viável, para os pro-
jardins verdes e o próprio espaço. Geralmente, exis- blemas da mobilidade urbana, aumentando as áreas
tem iniciativas de políticas públicas, comunidades, verdes, dando uso aos espaços, propondo novas for-
paisagistas e artistas, sendo utilizadas, como equipa- mas de relacionamento e interação com a cidade.
mentos, as vegetações e materiais reutilizáveis, como Outra solução, que utiliza de equipamentos
caçambas, caixas de feiras, papelão e outros. efêmeros para preencher e reaproveitar os vazios
Um exemplo que pode ser citado é a instalação urbanos, são as hortas urbanas. Estas promovem o
de um parque temporário, na cidade de Frederi- coletivismo, a responsabilidade social e alimentar.

130
DESIGN

Comumente, são instaladas, no mundo todo, como cebida para fornecer uma quantidade controlado de
forma de estimular a consciência mais saudável e água a cada tubo de plantador, alimentado por uma
sustentável. Temos, como exemplo, o Farm Urban, o cisterna que faz a captação de água da chuva.
qual originou-se do Programa de Jovens Arquitetos No Brasil, mais precisamente, em Porto Alegre,
(criado pelo Museu de Nova York de Arte Moderna) temos uma singela manifestação no Bairro Moinho
cuja função era projetar instalações temporárias, uti- de Vento, que utiliza equipamentos efêmeros para
lizando materiais recicláveis, biodegradáveis e tubos promover bem-estar às pessoas. Os arquitetos Da-
de papelão. Estes tubos são compostos por varieda- niela Corso e Joel Fagundes, dos Liquens, criaram o
des de ervas, frutas e legumes. Embaixo da horta e projeto Gentileza Urbana, por meio do uso de uma
dos tubos, criaram-se diversas experiências de inte- namoradeira equipada por tomadas para carregar
rações, como um espremedor movido à energia solar equipamento eletrônicos, em 2014.
para fazer sucos, um periscópio para fornecer uma Assim, finalizamos dizendo que, em meio a tan-
vista para os campos, um tubo com toalhas, e outro tas atividades e preocupações do dia a dia, esque-
com carregador de telefone movido à energia solar, cemo-nos de parar para observar e curtir a cidade.
espelho d’água e bancos. O sistema de energia solar Os parques temporários trazem, como ferramentas,
é constituído por um conjunto de módulos fotovol- os equipamentos efêmeros urbanos, surgindo como
taicos, que abastecem televisores, caixas de som, lu- propósito à interação do indivíduo com o urbano,
zes, carregadores de celular e bombas de irrigação. O de maneira coletiva, possibilitando usos dos espaços
sistema de irrigação é por gotejamento, sendo con- que estão em desuso.

Figura 17- “Farm Urban”, MOMA


Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)5.

131
DESIGN EFÊMERO

URBANIZAÇÃO
EFÊMERA

Figura 18 - Kumbh Mela, acampa-


mento dos peregrinos hindu, Índia

Os nômades encontram-se espalhados por todos os tanto nos vilarejos quanto nas metrópoles, com um
continentes, desde os nômades culturais, como os significativo aparato pelo movimento.
ciganos e tribos indígenas, os de caráter de trabalho, Desse modo, a arquitetura efêmera passa a aten-
como a população circense. Sendo características der necessidades distintas e flexíveis. São projetos
dos primeiros homens terrenos, o nomadismo foi que reconhecem o móvel para poder constituir es-
se reduzindo quando o homem passou a usar agri- paços estáveis, como diz Bogéa (2006). Correspon-
cultura como ferramenta de trabalho e consumo do dendo a isto, apresentaremos a você a urbanização
próprio alimento. Sabemos que esses grupos fazem efêmera na atualidade, por meio de um exemplo, ob-
da ocupação territorial um permanente movimento. jetivando sua função e forma. Assim, de que maneira
Na atualidade, não, apenas, os viajantes se des- a urbanização transitória acontece?
locam, o homem ganha outras dimensões sobre a Primeiramente, é válido dizer que a urbanização
mobilidade nômade. efêmera pode acontecer devido a três fatores, as de
Segundo Bogéa (2006), constitui cidades ocasio- características culturais, religiosas e de trabalho, que
nais em expedições, as viagens dentro das cidades, passam de gerações e grupos.
nos circos, nas feiras e mesmo no crescente comér- Também, temos os assentamentos temporários,
cio informal. Os eventos contemporâneos contam, motivados pelas catástrofes naturais, que causam

132
DESIGN

a necessidade de realojar os indivíduos, durante o de algodão e entre outros, abastecidos por eletricida-
período de reconstrução de suas casas, garantindo de. É importante retratar que, após a desmontagem
condições básicas de vida. O termo alojamento tem- da cidade, se reutilizam os materiais, para as futuras
porário é definido por Johnson (2002 apud MON- edições da celebração.
TEIRO, 2015, p. 8) como o conjunto de todos os
abrigos e habitações temporários.
Vemos que estes assentamentos efêmeros repre-
sentam e adaptam-se conforme as necessidades das
pessoas. Um exemplo de assentamento temporário
que podemos citar é “Kumbh Mela”, que é uma cele-
bração religiosa hindu, que ocorre, a cada doze anos,
na confluência dos rios Ganges e Yamuna, na cidade
de Allahabad, na Índia. Este assentamento temporá-
rio abriga cerca de cinco milhões de pessoas, reali-
zando sua peregrinação até os lugares considerados Figura 20 - Ponte efêmera, no rio de Ganges, festival Kumbh Mela

santos, durante cerca de cinquenta e cinco dias.


A maneira como são estruturadas é similar à do pla-
no urbano de Le Corbusier, de Chandigarh, sendo
subdivididos por áreas operativas menores que fun-
cionam como suporte, chamados setores. Os setores
e as comunidades formam uma unidade denomina-
da Campos, que funcionam como autogestores, in-
terligando umas às outras.
Os campos possuem autoridade sobre a forma
como vão dispor suas tendas e estruturas, havendo
Figura 19 - “Kumbh Mela”, urbanização efêmera
uma singularidade espacial e espontânea. Também,
A estrutura da cidade efêmera Kumbh Mela é ela- as chamadas grelhas dão suporte para a água, eletri-
borada de maneira organizada, desenvolvendo suas cidade, drenagem, ruas e pontes, que são feitas por
próprias ruas, pontes, tendas, residências, lugares chapas metálicas que se articulam como fluxos.
para reuniões espirituais e múltiplas tendas que Ainda que a palavra infraestrutura seja usada
funcionam como suporte social, que se distribuem para edificações rígidas, é necessário dizer que a
desde hospitais, teatros, clínicas de vacinação, etc. cidade efêmera de Kumbh Mela é realizada por es-
É uma festa religiosa que se torna a maior cidade tratégias inteligentes de infraestruturas flexíveis.
efêmera do mundo, sendo construída depois que o Exemplo de urbanização efêmera que exibe memó-
nível do rio Ganges baixa. ria e potencialidades alternativas para estruturas
Os materiais das estruturas efêmeras são o plás- permanentes, sendo, talvez, até mais resistentes que
ticos, chapas de madeiras, chapas metálicas, tecidos cidades edificáveis.

133
considerações finais

Querido(a) aluno(a), é muito bom ver que você chegou até aqui, aprimorando seus
estudos. Nesta unidade, tivemos a oportunidade de desenvolver conhecimento no
design efêmero por meio de outras possibilidades do seu uso.
Você pôde ver como a cultura popular e eventos culturais étnicos têm a impor-
tante ferramenta de transformação dos espaços, criando linguagem emocional, por
meio do uso do efêmero, contando a história dos povos com o passar do tempo.
Ainda, ligados à organização, você pôde aprender sobre os grandes eventos e shows,
onde a efemeridade organiza o espaço, para trazer conforto aos participantes,
como também é usada na geração de sentimentos e identificação com o local e,
até mesmo, funciona como uma ação comunicativa publicitária.
Mais tarde, foi importante relacionar a tecnologia como peça fundamental no
processo do desenvolvimento do design efêmero. Ela influencia desde a concepção
dos projetos, produção e divulgação para o produto final. Também, percebemos
que a produção efêmera, por meio de tecnologias e mídias sociais, muitas vezes,
torna-se duradoura.
Por fim, estudamos a ligação do efêmero ao urbano. Em primeiro momento,
fizemos o estudo de mobiliários e estruturas temporárias, como forma de intervir,
temporariamente, nos espaços públicos, utilizando os equipamentos efêmeros de
maneira sustentável, concluindo que deve ser importante gerar significados e trazer
ao homem uma forma de apreciar a cidade, criando espaços para a interação. Mais
tarde, aprendemos sobre o urbanismo transitório e efêmero, que pode acontecer,
devido a três fatores, as de características culturais, religiosas e de trabalho, que
passam de gerações e grupos, ou por fatos históricos e trágicos. Concluimos que a
urbanização efêmera tem potencialidades alternativas para estruturas permanentes
e, talvez, até mais resistentes que cidades edificáveis.

134
atividades de estudo

1. Atualmente, tem-se dado grande valor nas manifestações culturais, os


eventos festivos estão, cada vez mais, mercantilizados e espetacularizados,
não só nos grandes centros urbanos, mas também nas pequenas e médias
cidades. Como o design efêmero pode ajudar e qual a sua contribuição?

2. Analise as informações a seguir e assinale (V) para verdadeiro e (F) para


falso. Os shows e grandes espetáculos têm o design efêmero como ferra-
menta de trabalho.
( ) A efemeridade, nos shows e grandes eventos, pode ter ligação à organi-
zação do espaço e trazer conforto aos participantes.
( ) O design efêmero está envolvido, apenas, para proporcionar beleza aos
espetáculos.
( ) A publicidade de marcas e produto pode estar envolvida nos eventos,
usando do design efêmero como ferramenta de divulgação, funcionando
como ação comunicativa publicitária.
( ) As possibilidades do efêmero, nos grandes eventos, são ferramentas de
trabalho para fluir o espaço, gerar sentimentos e impactar o público.

Assinale a alternativa correta:


a. V, F, F, V.
b. V, V, V, F.
c. V, F, V, V.
d. F, V, V, V.
e. V, F, V, F.

3. (Enade design 2012) Com a Revolução Digital do final do século XX, o cam-
po do Design sofreu grandes transformações, expandindo-se do ponto de
vista tanto de suas áreas de atuação quanto de seus métodos e procedi-
mentos projetuais. O fato de um novo produto, processo ou serviço aco-
modar os propósitos comerciais do mundo globalizado, com tecnologias
emergentes, bem como as implicações sociais e ambientais dele decor-
rentes, tornaram os problemas de design mais complexos e desafiadores.
Considerando o contexto apresentado, avalie as afirmações a seguir.
I. Aos formatos tradicionais e mais lineares propostos nos primórdios da
metodologia projetual vêm sendo acrescidas novas abordagens, tais como
o Mind Mapping e as técnicas de Concepção de Cenários.
II. A metodologia projetual em design contempla, além de procedimentos ge-
néricos, o emprego de procedimentos de origem profissional diferenciada
e/ou correlata, o que reforça a natureza multidisciplinar do Design.

135
atividades de estudo

III. Os novos estudos em metodologia projetual buscam estabelecer um mé-


todo de design a ser seguido que simplifique e torne o processo mais di-
nâmico, de modo a proporcionar melhores resultados.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.

4. Os equipamentos urbanos efêmeros são usados para a organização de


espaços ociosos nas cidades, áreas abandonadas que podem ser transfor-
madas, modificando seu uso temporariamente, requalificando. Em rela-
ção ao design efêmero nos equipamentos, assinale a alternativa correta:
a. O mobiliário efêmero usa materiais que sejam descartados com o tempo,
criando, assim, estruturas que sirvam, somente, para aquele local e para
a função que exerce no momento, não conseguindo ser desmontado e
montado em outro lugar.
b. Os vazios urbanos, muitas vezes, são locais com ocorrência de violência,
este fato impossibilita o profissional do design efêmero intervir nessa área.
c. Os projetos de equipamentos urbanos efêmeros devem intervir, tempo-
rariamente, nos espaços públicos, de maneira sustentável, gerando novos
significados ao lugar, criando novas áreas de interação.
d. Um bom projeto de design de equipamentos efêmeros urbanos pensa
apenas nas acomodações dos usuários, tais como bancos e áreas de lazer.
Ele deixa o restante como está, não é viável fazer intervenções que trans-
formem a paisagem.
e. O uso dos equipamentos efêmeros urbanos está ligado a áreas comerciais
ou de eventos, sendo que, somente, assim, necessitamos transformar,
para acomodar a população em geral.

5. Não se trata, apenas, do abrigo temporário, a urbanização efêmera é usada,


em alguns momentos, devido a fatores culturais, religiosos, trabalho, catás-
trofes naturais ou acontecimentos históricos. Com base nessa afirmação,
discorra como podem ocorrer os assentamentos urbanos efêmeros e al-
gumas características relevantes, no caso de ser feito projeto para tal.

136
LEITURA
COMPLEMENTAR

Problemas nos alojamentos temporários

As soluções de alojamentos temporários têm registado vários problemas e resulta-


dos inadequados (Félix, et al., 2014b). A indisponibilidade dos materiais necessários
e o transporte demorado, assim como os sistemas construtivos complexos, são fa-
tores que inevitavelmente atrasam a provisão e o estabelecimento das unidades de
alojamento. Todos estes fatores influenciam também os custos dos alojamentos que,
em alguns casos, ficam tão dispendiosos como uma habitação permanente (Johnson,
2007). Para além dos problemas com as unidades, é também muito comum surgirem
problemas nas áreas onde os alojamentos temporários são colocados, quer a nível
de localização, implantação das unidades, proximidade de serviços ou até do ciclo de
vida do local dos 11 alojamentos (Fig. 7). Em meios urbanos, particularmente, a den-
sidade populacional provoca escassez de terrenos livres (Killing, 2011), originando
por consequência dificuldades em garantir locais para os alojamentos temporários
(IASC, 2010). Por último, várias soluções têm-se mostrado inadaptadas ao local, à cul-
tura e ao clima da região, fato que ocorreu na região montanhosa do Friuli, na Itália,
após o sismo de 1976. Neste caso, várias soluções pré-fabricadas não se adequam
ao clima frio da região, resultando na rejeição dos alojamentos temporários pela po-
pulação, ou posteriormente em investimentos para melhoria das mesmas (Johnson,
2007). Na região de Kalamata, na Grécia, após o sismo de 1986, vários erros foram
cometidos durante a fase de habitação temporária devido à pressão de resposta e
à falta de experiência dos intervenientes. Solucionar estes erros implicou elevadas
despesas financeiras (Johnson, 2007)
Os referidos problemas originam várias consequências para os desalojados, como o
prolongamento da precariedade e exposição ao clima associados aos atrasos na provi-
são de alojamentos temporários, assim como a utilização de recursos financeiros que
são cruciais para a reconstrução. Nas zonas onde os alojamentos são colocados, podem
surgir problemas sociais ou até graves consequências ambientais para o local a longo
prazo. Por último, alojamentos inadequados podem levar à rejeição ou abandono dos

137
LEITURA
COMPLEMENTAR

mesmos, não só invalidando o investimento feito, como podendo resultar no aumento


de mortalidade, as doenças e os traumas psicológicos dos afetados (Ashmore, et al.,
2003) Em última análise, muitos alojamentos temporários falham os objetivos (Félix, et
al., 2013a; Barakat, 2003). Vários autores atribuem estes problemas à falta de planeja-
mento e decisões tomadas sobre pressão no auge da situação caótica pós-catástrofe,
sugerindo como solução, a política de planeamento pré-catástrofe (Félix, et al., 2013a;
Johnson, 2007).

Fonte: Monteiro (2015, p. 11-13).

138
Novas mídias na Arte Contemporânea
Michael Rush
Editora: Martins Fontes
Ano: 2006
Sinopse: ao refletir e definir novos desenvolvimentos
tecnológicos, científicos e intelectuais, ampliaram-se, ra-
dicalmente, as mídias convencionais da escultura e da
pintura. Seguindo ideias inovadoras sobre representação
e o uso livre de materiais no Cubismo, Futurismo e Sur-
realismo — particularmente, na obra de Duchamp —, ar-
tistas abandonaram a adesão estrita às hierarquias tradi-
cionais das mídias e adotaram qualquer meio, inclusive o
tecnológico, que melhor atendesse aos seus propósitos.

Rock in Rio 30 anos


Ano: 2015
Sinopse: o festival que estreou em 1985 completou 30
anos, e o Multishow celebrou a data com um documentá-
rio especial. Com direção de Daniel Ferro, o documentário
“Rock in Rio 30 anos” resgata imagens históricas, trechos de
shows, reportagens e entrevistas da época, além de curio-
sidades e casos inéditos. Depoimentos, como os de Rober-
to Medina, Frejat, Erasmo Carlos, Nelson Motta, Baby do
Brasil, dentre outros, ajudaram a mostrar como, a partir de
sua primeira edição, o festival se tornou um dos maiores
do mundo.
My job . My world
Nessa entrevista de áudio, Ana Cássia Hennrich entrevista Daniela Corso, sócia-diretora da
Liquens, escritório que trabalha com design efêmero; ela fala sobre a arquitetura urbana
efêmera, explicando o conceito e andamento das obras.
Para saber mais, acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=7xW7zlI_zeE&list=PLePpmFgYP8xtX-5D2_vmNZqlyNr-
1sH3yL>.

Receitas Urbanas
Este site é interessante, pois identifica um exemplo de equipamento urbano temporário, é
um parque infantil em um vazio urbano. Para saber mais, acesse:
<http://piseagrama.org/receitas-urbanas/>.
referências

BOGÉA, Marta Vieira. Cidade Errante: Arquitetura em movimento. 2006. 253 f.


Tese (Doutorado em espaço e cultura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
USP, São Paulo, 2006.

BORDE, Andréa de Lacerda. Vazios Urbanos: Perspectivas contemporâneas.


2006. 242 f. Tese (Doutorado em Urbanismo) - Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://pct.capes.gov.br/te-
ses/2006/926737_6.PDF>. Acesso em: 06 jun. 2017.

FERNANDES, João Luís J. A paisagem urbana simbólica enquanto território efé-


mero de celebração e marketing territorial – o caso particular das Christmas-
capes. In: VIII CONGRESSO DA GEOGRAFIA PORTUGUESA – Repensar a
Geografia para Novos Desafios, APG. 2011, Lisboa, Lisboa. Anais. Lisboa, 2011.
p. 1-7. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/17435/1/
Paisagem%20urbana%20simb%C3%B3lica%20-%20o%20caso%20das%20christ-
mascapes.pdf>. Acesos em: 06 jun. 2017.

GOMES, Maryvone Moura. Um olhar sobre as festas juninas e seus novos cená-
rios: o caso do São João de Maracanaú-Região Metropolitana de Fortaleza (RMF,
Ceará). GeoTextos 7.2, Universidade Federal do Ceará, (2011).

LINS, Flávio. Artigo: Rock in Rio: a marca do coração do Brasil. In: 11ª CONFE-
RÊNCIA MUNDIAL DE ECONOMIA E GESTÃO DE MÍDIA. Rio de Janeiro:
UERJ, 2013. Anais. 2013. Disponível em: <http://revistacmc.espm.br/index.php/
revistacmc/article/view/482/pdf_23>. Acesso em: 06 jun. 2017.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: M. Fontes, 1997.

MACIEL, Ana Paula Araújo. Gestão da qualidade dos serviços em eventos: uma
análise comparativa do festival folclórico de Parintins/AM e do desfile das escolas
de samba do Rio de Janeiro/RJ através da técnica momento da verdade. 2015.
200f. Dissertação (Mestrado em Turismo) - Centro de Ciências Sociais Aplica-
das, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

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referências

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tamentos temporários em meios urbanos. 2015. 221 f. Dissertação (Mestrado)
- Universidade Lusíada, Portugal, 2015.

MIOTTO, Juliano; PUPO, Regiane Trevisan. Fabricação Digital na Arquitetura


Efêmera: Aplicação em Feiras Comerciais. Blucher Design Proceedings, v. 1, n. 7,
p. 464-467, 2014. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3.amazonaws.com/
designproceedings/sigradi2013/0089.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2017.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/trigueiro-osvaldo-espetacularizacao-cultu-
ras-populares.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2017.
2
Em: <https://art.medialab.ufg.br/up/779/o/art13_AlbertoSemeler.pdf>. Acesso
em: 06 jun. 2017.
3
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 06 jun. 2017.
4
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 06 jun. 2017.
5
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 06 jun. 2017.

142
gabarito

1. Resposta: o design efêmero, relacionado aos eventos culturais e étnicos, é uma gran-
de ferramenta de transformação dos espaços, criando linguagem emocional, conse-
guindo contribuir para retratar a história dos povos, ajudando a manter vivas as tradi-
ções. O design efêmero cria a identidade e organiza, direcionando os visitantes, para
que estes possam aproveitar, ao máximo, as manifestações culturais e artísticas.
2. c) V, F, V, V.
3. c) I e II, apenas.
4. c) Os projetos de equipamentos urbanos efêmeros devem intervir, temporariamen-
te, nos espaços públicos, de maneira sustentável, gerando novos significados ao lu-
gar, criando novas áreas de interação.
5. Os assentamentos urbanos efêmeros podem ocorrer espontaneamente, muitas ve-
zes, por não conseguir tempo hábil para sua organização, devido à urgência que
acontecimentos naturais exigem. Além disso, eles podem ser temporários, de mon-
tagem e desmontagem rápida, como são os casos de circos e ciganos. Também, po-
dem ocorrer os assentamento planejados, quando já é possível realocar famílias em
condições de abrigos precárias, que se encontram em assentamentos espontâneos,
geralmente, tendo um tempo de existência um pouco maior, assim, o projeto deve
analisar as seguintes características:
- Escolha do local, em relação à topografia e geo-localização.
- Atentar ao clima da região, tais como calor, ventilação predominante, incidência de
chuvas.
- Prever equipamentos básicos coletivos para a população, tais como espaços para
unidades de saúde, refeitório, banheiros, áreas de cozinha e áreas de lavanderia.
- Promover o bem-estar da população, criando espaços de convívio e áreas comuns.
- Criar identidade e comunicabilidade do espaço, sempre, pensando no tempo pas-
sageiro, devemos informar, porém não deixar um forte apelo emocional, pois é um
assentamento transitório.

143
UNIDADE
V
CORRELATOS DO
DESIGN EFÊMERO

Esp. Bruno Augusto de Oliveira


Esp. Simone Reis Roque Gallette

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Obras de Christo e Jeanne Claude
• Arte urbana, Os Gêmeos
• As vitrines da Louis Vuitton
• Feira livre da Av. Mauá, na cidade de Maringá
• Burning Man Festival

Objetivos de Aprendizagem
• Expor a temática das obras de alguns artistas.
• Articular sobre o trabalho dos Gêmeos.
• Identificar a temporalidade das vitrines da Louis Vuitton.
• Demonstrar a cultura efêmera das feiras livres.
• Analisar as estruturas efêmeras do festival.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, querido(a) aluno(a), chegamos ao final do livro Design Efêmero, no


qual estudamos sobre as interfaces da efemeridade cotidiana, e esperamos
ter contribuído com conhecimentos importantes para sua vida. Desse modo,
finalizaremos nossos estudos com correlatos diversificados e interessantes,
exemplificando as distintas maneiras do design efêmero se manifestar.
Inicialmente, abordaremos um casal de artistas contemporâneos cha-
mados Christo e Jeanne Claude cujas obras expressam por meios de gran-
des intervenções artísticas, explorando a arquitetura e o planejamento
urbano. Por intermédio do efêmero, deixam marcas permanentes e movi-
mentos na paisagem, que interagem com o meio urbano.
Outro correlato que mostraremos são os artistas urbanos “Os Gê-
meos”, que utilizam da técnica grafite para expor vivências da própria
cidade, passando mensagens de caráter realista, expostas sobre o próprio
meio urbano, entre muros e concreto, conectando o espaço cidade com
as pessoas. Também, apresentaremos as vitrines da Louis Vuitton como
exemplo, analisando sua composição e pontuando suas intenções para
com os consumidores. Vemos que esta é uma ferramenta de merchan-
dising importante para consolidar uma marca, produzindo imagens e
experiências, por meio da cenografia e do design efêmero de interiores.
Sabemos que um meio de interagir os espaços urbanos com a cidade
são as intervenções decorrendo das obras artísticas, como já citado, mas
também há os que utilizam os equipamentos efêmeros com a intenção de
socializar, como as feiras livres. A partir disso, discorreremos um pouco
sobre a feira livre da Av. Mauá, na cidade de Maringá, Paraná, mostrando
seu valor regional e intenções.
Por último, apresentaremos o festival Burning Man cuja caracteri-
zação é a urbanização efêmera, utilizando tipologias arqueológicas tra-
dicionais, em meio ao deserto, abordando etnografias e rituais. Assim,
desejamos que você tenha um ótimo estudo das vivências efêmeras.
DESIGN EFÊMERO

Figura 1 - Intervenção Urbana,


Christo e Jeanne Claude, Itália

OBRAS DE CHRISTO E
JEANNE-CLAUDE
Christo Javacheff nasceu em Gabrovo, na Bulgária, e a escala de suas obras. Criando o nome Christo e
em 13 de junho de 1935. Filho de industriais búlga- Jeanne-Claude, dividindo a autoria de sua arte.
ros, estudou na Academia de Belas Artes de Sofia, fez Para Ferreira (2013), os artistas trabalham com
estágios em Praga, em Viena e Jeanne-Claude nasceu a interface entre arte e espaço, criando discussões e
em 13 de junho de 1935, como Jeanne-Claude Denat questionamentos tão contemporâneos quanto a pró-
de Guillebon, em Casablanca, no Marrocos. Ela des- pria forma da arte que elabora. Interferindo tanto
cendia de uma família de oficiais franceses. Os dois, em áreas rurais como urbanas, eles discutem o uso e
nascidos no mesmo dia, casaram-se e formaram um a apropriação delas. O trabalho visa chamar a aten-
casal de artistas caracterizado pela proposta artística ção para o fato de que vivemos em espaços regula-

150
DESIGN

mentados, que condicionam nossa percepção e nos- ção num espaço mais complexo. Redefinir o lugar da
so movimento, os projetos são feitos para criar uma obra de arte contemporânea a partir de sua integra-
antítese no espaço e criam uma perturbação sutil. ção com outras linguagens e outros suportes.
Christo e Jeanne-Claude foram artistas contem- Os artistas apresentam a arte que se mescla com
porâneos que exploraram a arquitetura e o planeja- o urbanismo e a arquitetura, suas obras são resul-
mento urbano. Expõem a visão que tudo é efêmero, tados de referências como a pintura, escultura, ar-
até mesmo espaços urbanos considerados eternos. quitetura e urbanismo. Fortemente marcada pela
Em suas obras, podemos ver os movimentos na pai- referência pictórica, seus empacotamentos e suas in-
sagem, prioritariamente a urbana. Peixoto, (1998 tervenções em espaços urbanos que nos lembram de
apud FERREIRA, 2013) diz que a noção de especi- telas e esculturas. Porém a relação de efêmero com
ficidade do sítio, própria aos trabalhos escultóricos, os registros é muito importante nas suas obras, pois
ganha, aqui, conotação mais ampla. Trata-se de tirar elas só se completam após sua destruição, eternizan-
as obras das instituições culturais, dos circuitos de do-se com arquivos fotográficos, que testemunham
exibição estabelecidos, dos padrões convencionais sua evolução e fim. Apesar das obras terem sido
de classificação e levá-las a um diálogo mais amplo. feitas para serem destruídas, afastando qualquer
Não tomar as obras isoladamente, como interven- possibilidade de duração física, a dupla tem, como

Figura 2 - Intervenção Urbana, “Os flutuadores Piers”,


em Lake Iseo, Itália

151
DESIGN EFÊMERO

resultado final, os registros materiais fotográficos e bano, densamente, povoado, a baía de Miami. A
videográficos e, assim, conseguem uma experiência obra Surrounded Islands, onde onze ilhas na baía de
única, vivida, também, nos espaços de galerias por Biscayne, na cidade de Miami, foram cercadas com
meio de fotografias, mapas, documentos escritos, 603.850 metros quadrados de polipropileno cor-de-
desenhos, maquetes, livros e catálogos. A arte efê- rosa, cobrindo a superfície da água, pode ser vista e
mera torna-se duradoura. apreciada pelo público, pela terra, pela água e pelo
São três os aspectos que mais chamam a atenção ar. O cor-de-rosa luminoso do tecido combinou
nas obras do casal de artistas. O primeiro é o estilo com a vegetação, com a luz do céu e com as cores
de arte de envolver ou revestir, desde uma árvore até das águas da baía.
um prédio, de tecido ou membranas que são amar-
radas por cordas. O segundo é o uso da cor e textura SAIBA MAIS
delas, geralmente, coloridas e com muitas pregas. O
último é a escala das obras, geralmente, grandes as-
Neste vídeo, você conseguirá ter uma no-
sumem a condição de território. ção sobre o espaço ocupado pela obra dos
artistas, sendo possível ver a relação com a
urbanização e com o meio ambiente, acesse
em: <https://www.youtube.com/watch?v=n-
fDGK_WSFro>.

Fonte: os autores.

Outra obra foi a Le Reichstag Empaqueté, executada


em 1995, em Berlim, Alemanha. A intervenção foi
revestir o parlamento alemão de tecido e corda, sen-
do considerada uma enorme escultura e uma arqui-
tetura monumental. Cobriu-se de tecido drapeado
a edificação que foi recoberta sem danos. O prédio
tem um caráter simbólico como nenhum outro na
Alemanha e, como todo símbolo, coube a Christo
e Jeanne-Claude lhe conferir novos significados. A
arte efêmera destes artistas são exemplos de que a
cultura pode e deve ser acessível a todos, sendo en-
tendida e interpretada, sem necessidade de prévia
Figura 3 - Cores e texturas, características dos artistas
Christo e Jeanne Claude iniciação. A arte e sua inserção, no ambiente urbano,
propiciam uma discussão sobre os dilemas, especifi-
Agora, vamos dar exemplo de duas obras marcan- cidades e simbologias da cidade contemporânea, de-
tes na carreira da dupla. A primeira foi em Miami, vendo ser entendida como um dos elementos para
num espaço sem ocupação humana, perto do ur- se pensar a cidade em constante mutação.

152
DESIGN

ARTE URBANA,
OS GÊMEOS

Figura 4 - “Os Gêmeos”, revitaliza-


ção dos silos de concreto, Canadá

Nascidos em 1974, os irmãos, Otavio e Gustavo Pa- arte urbana, nas quais criam relações entre cidade e in-
dolfo, cresceram no Bairro do Cambuci, na Capital do divíduo, exercendo construção social dos espaços pú-
estado de São Paulo. Por meio de suas raízes, obtive- blicos, produzindo, simbolicamente, a cidade, expondo
ram, na regionalidade, influências significativas, como e intervindo suas conflitantes relações sociais, políticas
o contato dos grupos da cultura hip-hop, break, a ci- e de cultura, como estudamos na Unidade 3.
dade de São Paulo e o próprio grafitar. Suas obras tive- Desse modo, é necessário ter cuidado ao anali-
ram repercussão em meados de 1980, onde apontam sarmos as obras destes artistas, pois como Gombri-
propostas estéticas vinculadas sobre uma identidade ch (1999) afirma, é necessário ter a atenção para o
sociocultural, por meio dos estudos de seus traços figu- seguinte fato: do seu ponto de vista, não existiriam
rativos e de suas escolhas temáticas, segundo Pelegrini obras, mas, sim, artistas; o que, em outras palavras,
(2011, on-line)1. Observando as obras, podemos perce- significa que nos cabe observar as técnicas e os su-
ber que utilizam, como embasamentos, críticas sociais portes utilizados pelos pintores, não basta rotulá-los
expostas sobre os muros das cidades, característica da ou vinculá-los a um ou outro movimento.

153
DESIGN EFÊMERO

O desenvolvimento da representatividade de
“Os Gêmeos” contém ideias questionadoras da tensa
vida urbana paulistana. Constituindo, em suas obras,
percepções do mundo em que viviam, construíram
imagens apresentando o cotidiano das grandes ci-
dades; não necessariamente contendo desenhos de
forma realistas, mas por meio da liberdade de re-
presentar os elementos, ou seja, de criação. Sendo
apreendidas de maneira mais direta ou passada aos
seus observadores, mensagens subliminares, segun-
do Pelegrini (2011, on-line)2.
Figura 5 - Arte urbana, “Os Gêmeos”

É importante lembrar que o grafite e a pichação são


técnicas artísticas que se iniciaram na década de 70,
mais precisamente, em Nova York, inseridas como
arte contemporânea urbana efêmera. O grafite con-
tém referências estilísticas históricas conciliadas à
sociedade de consumo, diferente da pichação que,
geralmente, são manifestadas por artistas anônimos,
sem formação técnica. Ambas de caráter transgres-
sor vinculadas ao meio urbano.

SAIBA MAIS

Figura 6 - Arte Urbana, artistas “Blu e Os Gêmeos”, Projeto Crono, Lisboa

As palavras de “Os Gêmeos”, a seguir trans-


critas, oferecem-nos uma ideia do seu com- A arte de “Os Gêmeos” se utiliza de linguagens múl-
prometimento com a arte: tiplas, definindo sua originalidade e irreverência de
“Acho que estilo e traço, você nasce com ele, suas obras. Expostas nas ruas ou nas galerias, adqui-
você pode aperfeiçoá-lo ou matar toda aquela rem visibilidade e apropriação nos distintos espaços
coisa inocente no seu traço, em busca de um
concebidos, criando sua própria marca estilística.
estilo perfeito, nosso estilo hoje é uma mistu-
ra de tudo que a gente gosta, desde pequeno A partir destas reflexões, é interessante retratar que
levamos a sério desenhar, aprender, e é en- o grafite é uma forma de arte urbana efêmera flexível,
graçado que chegamos até aqui para ver que
capaz de produzir surpresas. Trazendo significados e
estilo é uma coisa que você nasce com ele”.
vivências à realidade social, envolvendo identidades
Fonte: Pelegrini (2011, on-line)1.
culturais, que interagem, criando conexões e formas
do homem se manifestar, comunicar e compreender.

154
DESIGN

Figura 7 - Vitrine Louis Vuitton,


loja da Avenida Champs-Elysees

AS VITRINES DA
LOUIS VUITTON
Atualmente, observamos que a imagem é que deter- interiores e das vitrines para encantar e estimular o
mina valor e prestígio do produto, experienciando a consumidor, tornando a visita à loja um lugar de la-
vender por meio de ações de comunicação, marke- zer e prazeres, como estudamos na Unidade 4.
ting, merchandising, determinando seu público-al- Descrevemos, também, que as vitrines determi-
vo e o tipo do segmento que irá atuar. Desse modo, nam conceitos e mensagens, por meio de decorações
as marcas passaram a construir identidade, determi- cênicas, sendo irreverentes e distintas. A partir dis-
nando não, somente, imagens, mas também expe- so, apresentaremos as vitrines da Louis Vuitton, ana-
riências e emoções transmitidas pela criatividade, lisando duas obras da marca.
inovação e prazer. Segundo Costa (2013, on-line)3, Inicialmente, é importante dizer que as lojas da
o Visual Merchandising passou a construir espaços Louis Vuitton são espalhadas no mundo, com a mes-
mais agradáveis e adequados às exigências do seu ma decoração na vitrine principal, segundo Costa
consumidor, utilizando da ambiência, do design de (2013, on-line)3. Iniciou com o próprio Louis Vuitton,

155
DESIGN EFÊMERO

artesão de origem humilde, nascido em 1821, nos Al- SAIBA MAIS


pes Franceses, que, aos 13 anos, foi para Paris em bus-
ca de melhores oportunidades. As decorações são mo- Os valores estão, agora, associados à notorie-
dificadas, pontualmente, a cada mês e exploram todo dade, imagem, confiança e a reputação. Desta
o espaço em sua dimensão; por meio de conceitos e forma, a marca passou a prevalecer sobre os
produtos, ou seja: o produto está relacionado
comunicação, criam cenografias, experiências senso- ao que a empresa fabrica, e a marca, ao que
riais, gerando emoções e desejos aos espectadores. o cliente compra.

Fonte: Costa (2013, on-line)3.

O cenário é construído no interior de uma caixa


vazada em madeira escura com detalhes de botões
dourados nas extremidades, aparentando baús, se-
gundo Costa (2013, on-line)3. No interior, constitui
de tecido rosa estofado em capitonê, com o chão
em madeira, levemente, afastado do piso da vitrine,
criando um segundo plano. Sua concepção se defi-
ne pelo animal avestruz cuja escultura foi elaborada
pela Chameleon Visual. A ideia é criar um espaço
contrastando entre a realidade e o imaginário, de
maneira humorística.

Figura 8 - Vitrine “Avestruz”, Louis Vuitton


Fontes: Visualhunt ([2017], on-line)4.

A primeira vitrine que analisaremos será a Avestruz. A


empresa de design Paris Creative Team foi responsável
pela criação desta, e a proposta apresentada, no outono/
Figura 9 - Suporte para os acessórios
inverno europeu de 2010, foi inspirada nos produtos de Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)5.

couro de avestruz, pertencente à coleção Speedy, linha


de bolsas rosadas, resultado conquistado por meio da Os ovos de avestruz quebrados assemelhando o nas-
parceria da marca com o artista Richard Prince. cimento da ave com os acessórios. A cor rosa remete

156
DESIGN

ao feminino, delicado e jovem, contrastando com o es- europeia primavera/verão, em 2012. A concepção é
tilo retrô e sofisticado do estofamento, que lembra os por uma temática sequencial, por meio da repetição
móveis tradicionais franceses. A iluminação de efeito de elementos em movimento, e o cenário é compos-
brilhante, remete-se ao sonho alegre, divertido e doce. to por flechas coloridas posicionadas ao redor do
Podemos observar que há uma autorreferência produto, formando um degradê de cores fortes. A
dos produtos e a marca, evidenciando a inovação e iluminação provoca tridimensionalidade da instala-
tradição. Segundo Costa (2013, on-line)3, a sintonia ção, a ideia é construir um objeto de desejo intocável
com a contemporaneidade é revelada por meio da e soberano, onde o objetivo das flechas é atingir o
construção de um mundo paralelo que proporcio- alvo, mas ele é inatingível. A repetição dos elemen-
na momento irreal, encantador, forte, emocionante tos cria uma experiência visual intensa.
e divertido, criando o desejo e elevando o valor da Para Costa (2013, on-line)3, a vitrine elabora o
marca no inconsciente do consumidor. culto pelo belo e pela perfeição, por meio da brin-
A segunda vitrine que analisaremos será a vitri- cadeira, da criatividade e do inusitado da grife, que
ne Flecha da Louis Vuitton — simples com efeito vi- chama a atenção do observador, transmitindo a men-
sual e conceitual —, que foi apresentada na estação sagem que eleva o conceito do produto e da marca.
Decorrendo dessas análises, é possível perceber
que a marca Louis Vuitton, por meio das decorações,
procura obter recursos utilizados na construção do
cenário e na transmissão da mensagem, favorecen-
do a apreciação do produto, evidenciando a Louis
Vuitton, como afirma Costa (2013, on-line)3. Faz
com que esse espaço seja contemplado não, somen-
te, pela visibilidade dos produtos, mas também pela
construção do cenário que transmite mensagens e
favorece a valorização da marca.

Figura 11 - Vitrine Louis Vuitton, temática


Figura 10 - Loja Louis Vuitton, temática “Flecha”, Japão “Flecha”, Florença, Itália

157
DESIGN EFÊMERO

Figura 12 - Feira livre, Avenida Mauá, Maringá


Fonte: acervo da autora, Simone Reis Roque Gallette.

FEIRA LIVRE DA AV. MAUÁ,


NA CIDADE DE MARINGÁ
A feira livre, historicamente, tem raiz ibérica e mou- todos como “belo”, nas quais maior parte são estru-
ra, posteriormente, advinda de práticas africanas, turadas de perfis metálicos ou madeira, sobre lonas
estando presente na maioria das cidades brasileiras, coloridas. Porém, se analisarmos a junção das cores
(MASCARENHAS, 2008). Elas se apresentam em e dos materiais, vemos a identidade desse espaço,
forma de mercado varejista ao ar livre — com pe- mantida por gerações, não, apenas, por economia,
riodicidade semanal, organizadas e instituídas por mas para preservar a fidelidade do consumidor com
políticas públicas municipais e por meio dos produ- o espaço, além disso, a praticidade de montagem e
tores rurais —, onde são comercializados produtos desmontagem, cria cenários temporários para o con-
de gêneros alimentícios e produtos locais. vívio.
Representam experiências de sociabilidade, tor- Ao caminhar pela feira, observe a maneira de ex-
nando-se territorialidades efêmeras urbanas. Vemos por os produtos, de organizar as bancas, de chamar a
que o design das tendas não é algo compreendido por atenção de quem está passando por ali. Tudo foi pen-

158
DESIGN

sentido público, sendo acessíveis, democráticos e


que se constituam enquanto um lugar da cidade,
com valores culturais representativos para aqueles
que os usam. Como um exemplo próximo, temos
feira da Av. Mauá que está situada em um dos bairros
mais antigos da cidade de Maringá, a Vila Operária,
ou melhor, Zona 3. Os primeiros imigrantes deste
bairro foram os nordestinos e portugueses, e hoje, o
Figura 13 - Feira livre, Avenida Mauá, na cidade de Maringá, Paraná
Fonte: acervo da autora, Simone Reis Roque Gallette. bairro abriga pessoas de todas as classes sociais.
A Av. Mauá possui dois quilômetros de extensão,
sado para vender melhor. Sem perceber, vemos que o e a feira ocupa, aproximadamente, 600 metros. Acon-
design está presente, desde a altura das bancas exposi- tece aos domingos de manhã, seus frequentadores
toras, até a organização de cores dos produtos; na lin- são de todas as faixas etárias e culturas. Lá, você tem
guagem dos cartazes promocionais, até a praticidade a possibilidade de tomar um café e ouvir uma boa
das placas indicando os itens à venda. De forma sim- música. Interagindo, animadamente, com as pessoas,
ples, observamos que, muitas vezes, o design efêmero aguçando os sentidos por meio dos aspectos visuais,
não é algo, apenas, planejado, mas ele pode assumir formas, cores, cheiros. Possibilitando uma percepção
caráter espontâneo; para Rocha (2011, on-line)6, no emocional relacionada ao ambiente no cotidiano ur-
design, o improviso é um processo espontâneo de con- bano público. Aqui, o design efêmero é agente trans-
figuração. Trata-se, muitas vezes, de soluções temporá- formador nos espaços, ganhando significados, que,
rias, com materiais disponíveis, sem um planejamento juntos, promovem a convivência e sociabilidade.
concreto, sendo, inclusive, visto como um anti-design.

Figura 14 - A feira livre da Mauá, diversidade de produtos


Fonte: acervo da autora, Simone Reis Roque Gallette.

Não falamos, somente, do design efêmero nos espa-


ços livres, mas, sim, daqueles apropriados ou apro-
Figura 15 - Músico Regional, feira livre da Mauá
priáveis pelas pessoas. Espaços que manifestem o Fonte: acervo da autora, Simone Reis Roque Gallette.

159
DESIGN EFÊMERO

Figura 16 - Festival Burning Man, 2016


Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)7.

BURNING MAN
FESTIVAL
Em todo o mundo, os festivais estão crescendo em é construída em agosto de cada ano, totalmente,
número, tamanho e em significado, muitos deles ocupada por uma semana e, em seguida, removida,
servem como espaços onde acontecem encontros completamente, ao longo do mês seguinte. Segun-
estéticos, celebrações religiosas e políticas, tornan- do White (2013), utilizando métodos arqueológicos
do-se em eventos cenográficos teatrais. tradicionais, juntamente, com abordagens etnográ-
No noroeste de Nevada, EUA, os organizadores ficas e observação participante, os organizadores se
do festival Burning Man e os participantes constro- preocupam com a construção e habitação desta ci-
em e, em seguida, removem todos os traços de uma dade, antes, durante e depois de sua utilização.
cidade que detém mais de até 50.000 participantes Todos moram e desconstroem a Black Rock
por edição, acontecendo desde o ano de 1986, sen- City, como é conhecida, tornando-se, assim, além de
do aprimorado com o passar do tempo. A cidade um festival temporário, também, uma urbanização

160
DESIGN

efêmera. Sobre o deserto de Nevada, é erguida uma emocional é a instalação chamada “o templo”, na qual
verdadeira cidade, uma grande urbanização tempo- os participantes relembram de seus entes queridos
rária em formato de lua crescente, com ruas e pra- que já não estão entre eles, escrevendo seu nome nas
ças, onde as ruas são organizadas em formato radial. paredes, é a arquitetura efêmera dando significado e
Essa cidade é formada por assentamentos efê- causando emoções. O costume do festival é que todas
meros com o uso de vários tipos de arquiteturas efê- as estruturas fixas que foram montadas para o even-
meras, muitas delas produzidas no próprio deserto, to sejam queimadas, como um ritual de purificação e
onde o festival acontece. São contêineres, tendas, passagem. O ponto alto é a incineração desta escultu-
abrigos móveis, barracas, estruturas tensionadas ra citada em primeiro momento, é, ali, que acontece o
entre outras que compõem o lugar onde as pesso- início do fogo, que é uma marca do festival.
as convivem em comunidade. As comunidades se
misturam e se dispõem sobre as condições, quase,
inóspitas do deserto, tendo que ter proteção para as
tempestades de areia que são frequentes.

Figura 18 - Workshop Da Vinci, Burning Man


Fonte: Flickr ([2017], on-line)9.

Tudo que é construído, dentro da ou na cidade, é


Figura 17 - Black Rock City é o nome da cidade
efêmera do festival Burning Man oferecido pelo próprio público, os espectadores são,
Fonte: Visualhunt ([2017], on-line)8. também, geradores de conteúdo. Apenas, algumas
das mais de 300 obras de arte são financiadas pela
Além do urbanismo efêmero, outra característica, tal- organização do evento, o dinheiro vem dos ingres-
vez, a mais importante do festival, é o design e a arte sos que custam cerca de quatrocentos dólares. Fora
efêmera. Artistas do mundo inteiro criam instalações as estruturas construídas para o festival que são fi-
temporárias que são obras primas sob o sol do deser- xas, os participantes têm a possibilidade de interagir
to. Muitas delas com aspecto de interatividade com os com suas próprias instalações. Muitos deles criam
visitantes, outras com simbologias espirituais, e mui- esculturas móveis.
tas para chamar a atenção. O festival conta com uma As 70 mil pessoas que vão para o deserto são
galeria conhecida como “a praia”, onde estão espalha- cidadãs de uma cidade efêmera, elas convivem em
das diversas obras fixas efêmeras e a principal delas comunidade, rodeadas de arte por todos os lados e
é a escultura de um grande boneco de madeira, o respeitando o meio ambiente, pelo menos, enquanto
Burning Man. Outra obra, agora, com grande apelo durar a Black Rock City.

161
considerações finais

Querido(a) aluno(a), chegamos ao final da última unidade do livro Design Efême-


ro, neste momento, separamos alguns exemplos variados de aplicação do design
efêmero, misturando o design com a arte urbana, instalação, vitrines, arquitetura
e urbanismo efêmeros bem como estruturas de eventos.
Falamos sobre os ícones da instalação e arte urbana do casal de artistas Christo
e Jeanne-Claude; você pôde perceber que a intenção da arte deles está inserida no
meio urbano, sem propostas promocionais, perdurando no imaginário das pes-
soas. Também, demonstramos o trabalho da equipe de irmão, “Os Gêmeos”. As
vivências da cidade inspiram a dupla no grafite. Expostas nas ruas ou nas galerias,
adquirem visibilidade e apropriação nos distintos espaços concebidos, criando sua
própria marca estilística.
Mudando de referência, você pôde entender a intenção do uso do design
efêmero nas vitrines, com o exemplo da Louis Vuitton. O conceito é criar identi-
ficação do cliente com a loja, passando uma mensagem e destacando o produto,
mas também para transmitir emoções e favorecer a valorização da marca. Mais
tarde, você pôde aprender como a arquitetura efêmera pode mudar o contexto
de um local com outro uso, como é o caso da feira da Av. Mauá, em Maringá. A
avenida, antes tomada por veículos, dá espaço para o convívio das pessoas, uma
urbanização efêmera. A linguagem visual da feira, também, afeta no bairro e na
cidade ao se entender sua periodicidade, as pessoas passam a enxergar como um
patrimônio cultural e emocional.
Por fim, trouxemos, o exemplo do festival Burning Man, que reúne todos os
exemplos citados anteriormente num grande contexto social proporcionado pela
efemeridade do evento. Começa pelo assentamento temporário, depois, com os tipos
de abrigos, mostrando a relação do desenvolvimento da arquitetura e urbanismo efê-
meros, e a decoração efêmera com o design e a arte como manifestação, e, por último,
as estruturas efêmeras que funcionam como marcos para a interação das pessoas.

162
atividades de estudo

1. As obras de Christo e Jeanne-Claude são efêmeras, então, como essas


obras, de tão curta exposição, podem, realmente, transformar e impactar
como uma obra de arte? O que seria, então, mais representativo em suas
obras, se não a possibilidade de interação, mesmo que breve, do público
com algo único, instigando o pensamento do que a arte pode fazer e como
ela é representada?

2. Duas cabeças pensantes formam a dupla de grafiteiros: “Os gêmeos”. Os


irmãos cresceram pintando muros do bairro de Cambuci, em São Paulo,
e, agora, tem suas obras em galerias do mundo todo, inclusive em Nova
Iorque, provando que o grafite que é feito no Brasil é apreciado por outras
culturas. Muitos espaços ociosos tornam-se mais agradáveis por meio da
arte urbana. Atualmente, instituições públicas, privadas e organizações,
recorrem ao grafite como forma de expressão, trazendo reconhecimento
maior para esse campo da cultura.
Assinale a alternativa correta no que se considera no processo social de
reconhecimento de valores culturais:
a. Grafite suja a cidade, sendo diferente de obras expostas em galerias.
b. A população das grandes metrópoles depara-se com muitos problemas
sociais, similares ao grafite e pichação.
c. Atualmente, a arte não é usada para inclusão social, ao contrário do grafite.
d. Os grafiteiros podem conseguir projeção internacional, demonstrando
que a arte do grafite não tem fronteiras culturais.
e. Lugares abandonados tornam-se mais desagradáveis com o uso do grafite.

3. Todos os dias somos levados por muitos elementos comunicativos, atraí-


dos a consumir ou, até mesmo, identificando-se com determinada marca
ou produto. Afirmando isso, discorra qual a importância do design efê-
mero no caso das vitrines da loja Louis Vuitton.

4. As feiras representam o mercado varejista ao ar livre e, com periodicidade


semanal, são organizadas e instituídas por políticas públicas municipais e
por meio dos produtores rurais. São comercializados produtos de gêneros
alimentícios locais. Além dos aspectos técnicos, essa representatividade
passa para o cotidiano das pessoas e transformam o local em que estão
inseridas. Com base nas citações a seguir, escolha a alternativa correta:

163
atividades de estudo

I. Produtores rurais e locais não fazem investimentos financeiros na montagem


dos seus estandes, por isso, não são considerados como design efêmero.
II. O cotidiano das pessoas que visitam a feira é transformado, ela se torna
muito além do que um espaço de negócios, mas tem um apelo emocional.
III. O bairro em que a feira está posicionada, no caso de ser locada em uma
rua, gera desconforto na locomoção e não tem nenhuma vantagem ao
bairro.
IV. Ocupando as ruas, por muitas vezes, as feiras modificam a região, trazen-
do novos consumidores de outros bairros e incentivando, até mesmo, o
comércio local, como exemplo das lojas que abrem simultâneas as feiras.
V. É nítido que a efemeridade está, apenas, relacionada com a montagem e
desmontagem dos estandes, não vemos a preocupação em se ter design,
portanto, não o avaliamos como tal.
a. Apenas, I e II são corretas.
b. Apenas, I está correta.
c. II, III e V são informações incorretas.
d. Apenas, III está correta.
e. Todas as alternativas estão incorretas.

5. No festival Burning Man, o design efêmero está em muitas características.


Com base nos estudos da Unidade 5, assinale as citações a seguir com (F)
para falso e (V) para verdadeiro:
( ) O festival tem o intuito de divulgar artistas, para fins comerciais, sendo
uma vitrine de quem pode participar, por isso que o design é tão utilizado.
( ) O assentamento é uma forma de urbanismo efêmero organizado por seu
formato radial.
( ) As estruturas efêmeras têm design pessoal e inusitado, muitos artistas
desconhecidos expõem seu trabalho sem ter envolvimentos financeiros.
O design é um elemento de comunicação de personalidade e geração de
emoções.

164
atividades de estudo

( ) O local, quase inóspito, escolhido pelo festival, não interfere em nada do


estilo de design efêmero que usam nas habitações individuais, nos locais
de eventos coletivos ou nas expressões por meio das roupas.
( ) As estruturas efêmeras fixas dos eventos funcionam como pontos de
encontro, sendo assimiladas como marcos do festival, proporcionando
identificação do mesmo.
a. V, V, V, F, V.
b. F, V, V, V, V.
c. F, V, V, F, V.
d. F, F, V, F, V.
e. V, F, V, F, V.

165
LEITURA
COMPLEMENTAR

As singularidades do grafite
O grafite está, cada vez mais, presente no meio urbano e, desde a segunda metade da dé-
cada de 1980, mas parece se consolidar como arte a partir da década de 1990 – momento
no qual olhares atentos passam a perceber a sua complexidade, seu significado e sentido
social e estético.Entre os grafiteiros que tiveram participação e obtiveram destaque nes-
se período, podemos citar os irmãos gêmeos e idênticos Otávio e Gustavo Padolfo.
As palavras desses grafiteiros, abaixo transcritas, nos oferecem uma idéia do seu com-
prometimento com a arte:
Acho que estilo e traço, você nasce com ele, você pode aperfeiçoá-lo ou matar toda
aquela coisa inocente no seu traço, em busca de um estilo perfeito, nosso estilo hoje
é uma mistura de tudo que a gente gosta, desde pequeno levamos a serio desenhar,
aprender, e é engraçado que chegamos até aqui para ver que estilo é uma coisa que
você nasce com ela (apud FRANCO; PALLAMIN, 2009, p.52).
A procura desses pintores por esta forma de expressão desde cedo, com ideais de
questionadores, fez com que participassem efetivamente da efervescência da tensa
vida urbana paulista. Ao apresentarem em suas obras uma percepção do mundo em
que viviam, construíram imagens representativas do cotidiano das grandes metrópoles.
O desenvolvimento do conceito de arte, como o do grafite, envolve uma visão de mun-
do local e, simultaneamente, global, na qual o olhar é direcionado pela escolha de ele-
mentos a serem utilizados ou somente apresentados, não tendo necessariamente um
comprometimento com a representação direta da realidade, tampouco de suprimi-la,
como é possível notar abaixo:
É essa percepção que possibilita abertura à fruição, estabelece a principal característica
para pensarmos o grafite como arte, como forma de expressão que pode ser apreendi-
da de maneira mais direta ou passar aos seus observadores mensagens subliminares.
Contudo, salientamos que o grafite reafirma sua importância enquanto percepção re-
flexiva pautada pela liberdade de criação.
Seria singela a caracterização de arte pela questão de gosto, juízo estético ou escala de
significância, pois as especificidades pictóricas de cada estilo de produção artística com-
partilham licenças poéticas ou as renegam. Para podermos compreender as mudanças
da aparência de elementos nas obras de Os Gêmeos, devemos nos permitir a tentativa
de superação de convenções culturais e sociais arraigadas, não raro, capazes de nos

166
LEITURA
COMPLEMENTAR

impor limitações para a apreensão do sentido das obras e da sensibilidade do artista.


Este tipo de produção embora não se comprometa com a representação da verdade,
está inserida sempre em um contexto histórico, no qual é possível vasculharmos as
suas interfaces políticas, existenciais ou sociais. Porém, é necessário admitirmos que
seu engajamento social não implica sua circunscrição em determinados padrões pré-
-estabelecidos.
A arte de Os Gêmeos se utiliza de linguagens múltiplas, não precisando ser direta e/ou
claramente direcionada ao desvendamento de realidades presenciadas pelos artistas.
A sua consistência crítica advém de um projeto mais amplo de liberdade de expressão
e de propostas de reflexão que podem incomodar o observador, acostumado a passar
pelas ruas sem se dar conta dos demais transeuntes, das condições de vida daqueles
que vivem pelas calçadas e praças.
Um dos elementos mais interessantes do grafite é a liberdade estilística como ideal
básico, pois é fundamental que o grafiteiro crie sua própria marca estética e seja re-
conhecido por ela. Como bem o disse Roger Chartier “não se cria nada do nada”, os
indivíduos ou grupos sempre estão historicamente contextualizados nas questões do
seu tempo e são influenciados por elas.
Se os grafites estão, porém sendo engolidos sem discernimento, para a multiplicida-
de de sabores e sentidos que carregam, da mesma forma que ocorreu com outras
vanguardas em relação ao mercado das galerias, cabe discutir as diferenças dos des-
dobramentos destas produções, pois o grafite continua na rua, apesar deste aspecto
comercial a que serve, e parte desses artistas respeita seu nomos engendrador. (FRAN-
CO; PALLAMIN, 2009, p.52).
A perspectiva engendradora que talvez possa definir a originalidade e a irreverência do
grafite exposto nas ruas ou nas galerias é a sua forma de adaptação e apropriação de
distintos espaços onde possa adquirir visibilidade.

Fonte: Pelegrini e Gorgatti (2011, on-line)1.

167
Louis Vuitton Windows
Vanessa Friedman
Editora: Assouline
Ano: 2003
Sinopse: um livro dedicado às vitrines da maison Louis Vuitton,
com 168 páginas, o livro documenta e conserva as vitrines com
todos os detalhes. Cativantes, espetaculares, intimidantes, ad-
jetivos não faltam para definir as vitrines das várias boutiques
Louis Vuitton no mundo.

Christo & Jeanne Claude Embrulham OX Reichstag


Ano: 1996
Sinopse: o "embrulho" do Reichstag, o Parlamento alemão, pelos ar-
tistas Christo e Jeanne-Claude, em junho de 1995, foi um dos eventos
artísticos do século. O projeto começou a ser acalentado já desde o
início dos anos 1970, quando o historiador Michael Cullen, primeiro,
sugeriu a ideia. Desde então, Christo e Jeanne-Claude começaram a
batalha para obter a permissão dos líderes políticos. Um dos encora-
jadores foi o chanceler Willy Brandt. Contudo, os dois tiveram que fa-
zer repetidas visitas à Berlim, ainda, dividida pelo Muro. A queda do
Muro, em 1989, pareceu deflagrar o movimento para o sucesso da
empreitada. Os artistas visitaram, pessoalmente, centenas de depu-
tados para obter a autorização legal, que saiu em fevereiro de 1994.
Aí, começou a trabalhosa parte material. Durante um ano, centenas
de pessoas trabalharam em guindastes gigantescos, gastando mais
de 100.000 metros quadrados de tecido prateado e 15.600 metros
de corda azul. Este documentário acompanha todas as etapas desse
empreendimento único, que permaneceu por, apenas, 14 dias, com
imagens raras.
Profissão Repórter
A equipe do profissão repórter fez uma imersão no festival Burning Man, contando um pou-
co de sua origem. Chegaram ao festival no momento da montagem e acompanharam todo
o evento, entrevistando os participantes. Para saber mais, acesse: http://g1.globo.com/pro-
fissao-reporter/noticia/2015/10/burning-man-leva-70-mil-pessoas-para-festival-de-arte-no-
-deserto-dos-eua.html.
referências

FERREIRA, Luana Maia. Arte e intervenção urbana: análise da obra de Christo


Javacheff. Anais: Encontros Nacionais da ANPUR, v. 11, 2013.

GOMBRICH, Ernst Hans; TORROELLA, Rafael Santos; SETÓ, Javier. Historia


del arte. Garriga, 1999.

MASCARENHAS, Gilmar; DOLZANI, Miriam CS. Feira livre: Territorialidade


popular e cultura na metrópole contemporânea. Ateliê Geográfico Revista Ele-
trônica. v. 2, n.2, p. 1-16. 2008. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/ate-
lie/article/viewFile/4710/3971?journal=atelie>. Acesso em: 07 jun. 2017.

WHITE, Carolyn L. The Burning Man festival and the archaeology of ephe-
meral and temporary gatherings. Oxford Handbook of the Archaeology of the
Contemporary World, Oxford University Press, Oxford, UK, p. 591-605, 2013.

Referências On-Line
1
Em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:weWBv-
Co4ZjEJ:www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/310.doc+&cd=1&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 01 ago. 2017.
2
Em: <http://www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/176.pdf>. Acesso em: 07
jun. 2017.
3
Em: <http://www.coloquiomoda.com.br/coloquio2017/anais/anais/edicoes/
9-Coloquio-de-Moda_2013/COMUNICACAO-ORAL/EIXO-4-COMUNICA-
CAO_COMUNICACAO-ORAL/Vitrina-emocao.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.
4
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 07 jun. 2017.
5
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 07 jun. 2017.
6
Em: <http://territorios.org/blog>. Acesso em: 07 jun. 2017.
7
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 07 jun. 2017.
8
Em: <https://visualhunt.com>. Acesso em: 07 jun. 2017.
9
Em: <https://www.flickr.com/photos/thelastminute/33253780121/>. Acesso
em: 07 jun. 2017.

170
gabarito

1. As obras do casal podem ser consideradas como arte, na medida em que são leitu-
ras de um tempo histórico por meio de experimentos artísticos, anteriores, podem
ser observados. Apesar de breves em exposição, são obras calculadas e elaboradas
durante anos e que tentam dar outros significados aos espaços, dando uma nova
visão de realidade e possibilitando diversas interpretações de um mesmo local. Além
disso, o trabalho do casal pode ser acessado em mídias digitais ou em exposições,
pois os artistas se preocupavam em documentar e registrar as obras, conseguindo,
então, um impacto contínuo, com obras efêmeras.
2. d) Os grafiteiros podem conseguir projeção internacional, demonstrando que a arte
do grafite não tem fronteiras culturais.
3. Com a riqueza de detalhes, conseguida por meio do uso do design efêmero, a marca
traz o conceito de criar identificação do cliente com a loja, passando uma mensagem
e destacando o seu produto. Fazendo com que os espaços sejam contemplados não,
somente, pela visibilidade dos produtos, mas também pela construção dos cenários
que transmitem emoções e favorecem a valorização da marca, as vitrines usam o
belo e a perfeição, por meio da brincadeira, da criatividade e do inusitado da grife,
que chama a atenção do observador, revelando um cenário.
4. c) II, III e V são informações incorretas.
5. c) F, V, V, F, V.

171
DESIGN

CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do estudo deste material de design
efêmero, importante etapa no seu processo de aprendizado. Este estudo,
sobre como o efêmero tem influência no design, não deve ser como o con-
ceito que aprendemos sobre efemeridade, ou seja, que é passageiro, ele
deve, sim, permanecer em seu conhecimento e, com estudos futuros, ser
aprimorado.
Passamos pelo aprendizado do que é design efêmero, sem esquecer que
a História influenciou a sua criação e entendimento, na qual os modelos
de consumo, estilo de vida e as revoluções urbanas foram processos con-
tínuos e influenciaram diretamente, acarretando o entendimento que o de-
sign efêmero é plural, visto em várias áreas, tais como a arte, design gráfico,
design de produtos, arquitetura e urbanismo, comunicação visual, moda,
eventos, intervenção urbana, promoções sociais, publicidade, corporativis-
mo, dentre outros.
Os sentimentos e as emoções foram citados por diversas vezes como
resultado do trabalho do design efêmero, até mesmo você pôde perceber
a intenção de gerá-los. Além disso, o design social e a sustentabilidade
são ferramentas primordiais a quem quer iniciar os processos de criação e
desenvolvimentos de projetos efêmeros.
Mais tarde, estudamos as aplicações, conseguindo absorver e relacio-
nar o design efêmero a esferas diferentes, por exemplo, no urbano ou em
estandes corporativos; nas intervenções artísticas ou nas festas populares.
A multiplicidade do efêmero retrata várias áreas do campo de atuação
para um profissional da área.
Com este estudo, desejamos que você possa se engajar em trabalhos
efêmeros, que sejam de amor duradouro, nos quais consiga colocar em
prática todo o conhecimento adquirido. Que você seja um profissional de
sucesso. Parabéns por mais essa realização!

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