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DESENHO DA

FIGURA HUMANA

PROFESSORA
Esp. Sandra Calil de Oliveira
DESENHO DA FIGURA HUMANA

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


OLIVEIRA, Sandra Calil de.
Desenho da Figura Humana. Sandra Calil de Oliveira.
Reimpressão 2020.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017.
204 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Figura Humana. 2. Desenho. 3. Construção da Figura Humana EaD.
I. Título.
ISBN 978-85-459-0446-5
CDD - 22ª Ed. 743.4
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Supervisão de projetos especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Conteúdo
Sandra Franchini, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi,
Designer Educacional Deborha Rodrigues Arrias, Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Qualidade Textual
Hellyery Agda, Revisão Textual Gabriel Bruno Martins, Pedro Afonso Barth Ilustração Bruno Pardinho,
Marta Kakitani, Marcelo Goto, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
Professora Especialista
Sandra Calil de Oliveira

Especialista em Docência no Ensino Superior, pela Unicesumar - Centro Universitário de


Maringá (2005) e graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo Silva e Souza do Rio de Janeiro (1982), concluiu o curso de Estilismo em Confecção
Industrial no Senai-Cetiqt (1990). Participou de cursos, dentre os quais, “Produção de moda”
e “Pintura e desenvolvimento”, esse último realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro. Como estilista e pesquisadora, atuou durante dez anos no núcleo de pesquisa do
Senai-Cetiqt, no Rio de Janeiro, especianlizado-se em atendimento a confeccionistas de todo
o país. Atualmente, é docente na Unicesumar.
apresentação do material

DESENHO DA FIGURA HUMANA

Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Desenho da Figura Humana!


Este material foi preparado para apresentar a você as principais ferramentas ne-
cessárias ao desenvolvimento do desenho da figura de moda. Você vai aprender
desde as proporções da figura humana feminina, masculina e infantil até o desenho
de vestuário, no intuito de levar ao seu conhecimento alguns tipos e modelos de
roupas e seus detalhes. Também verá que é possível estilizar a figura de moda,
personificando-a com seu olhar particular e tornando-a sua assinatura de moda.
No mundo profissional, um designer não precisa ser um excelente desenhista,
mas, sem duvida, é preciso saber colocar no papel suas próprias criações, com
um nível de clareza que seja facilitador no processo de produção do vestuário. Ao
final de cada unidade, algumas atividades de estudo são um convite para testar
seus conhecimentos. Não deixe de respondê-las e avalie você mesmo como foi
seu aprendizado!
Este livro está dividido em cinco unidades:
Na unidade 1, “Cânones de proporção da figura humana”, você vai conhecer os
materiais básicos de desenho e saber como trabalhar com eles. Também conhe-
cerá um sistema de proporções, baseado em cálculos matemáticos, que analisa as
relações do corpo humano por meio de uma medida padrão: a altura da cabeça.
Com o conhecimento desse sistema, você vai aprender a desenhar a figura huma-
na estática, ou seja, ainda sem movimento, porém adequada dentro dos cânones
universais de proporção.
A unidade 2, “Cabeça e cabelos” mostrará a você as proporções dos rostos feminino,
masculino e infantil e também enfocará os diversos tipos de cabelos utilizados no
desenho de moda e na caracterização de tipos humanos.
Já na unidade 3, “A figura em movimento”, você verá como, a partir da figura estática
apreendida na unidade 1, iniciar-se no desenho da figura em movimento, por meio
do estudo dos eixos do corpo, aprimorando a percepção visual com a observação
das transformações ocorridas da figura estática para a figura em movimento. O
resultado desse conhecimento aliado ao treino do desenho vai gerar a preparação
das várias poses de base para o desenho de moda.
Na unidade 4, o enfoque é “A estilização no desenho de moda”. Nessa unidade, você
vai conhecer as especificidades de gêneros e aprimorar a percepção visual por meio
da análise do corpo humano e seus detalhes, para trabalhar a estilização da figura.
Com a estilização, você personifica seu desenho, tornando-o reconhecível como
meio de expressão de moda. Esse estudo finaliza-se apresentando o conceito de
desenho de moda e ilustração de moda, para que você possa escolher seu caminho
ou, quem sabe, “abraçar” os dois!
Com a unidade 5, “Introdução ao desenho de roupas”, você conhecerá algumas
questões técnicas para o desenho de roupas, passando pelo conhecimento de ma-
teriais, volumes e estruturação de peças de vestuário, aspectos básicos para que
você tenha mais recursos que possibilitem a criação de coleções para o mercado
de moda. Esse processo não se encerra, ao contrário, vai com você por toda a vida,
pois um bom designer está sempre pesquisando novos materiais, novas formas e
novas tecnologias. É o mundo da moda sempre em evolução.
Espero que este material seja muito útil para você e que, antes do final de sua lei-
tura, você já tenha treinado bastante, desenhando figuras de moda e suas criações.
Espero também que se apaixone por essa atividade tão incrível! Ótimo estudo!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
CÂNONES DE PROPORÇÃO DA FIGURA HUMANA A ESTILIZAÇÃO NO DESENHO DE MODA
14 Materiais Básicos de Desenho 128 Especificidades no
Desenho de Gêneros
19 A Figura Humana e Seus Cânones
138 Estilizando a Figura de Moda
22 A Figura Humana Feminina
145 O Desenho de Moda e a Ilustração de Moda
25 A Figura Humana Masculina
148 Considerações Finais
28 A Figura Humana Infantil
45 Considerações Finais

UNIDADE V
INTRODUÇÃO AO DESENHO DE ROUPAS
UNIDADE II
160 Aspectos Básicos para o Desenho de Roupas
CABEÇA E CABELOS
165 Tecidos de Peso Leve, Médio e Pesado
58 Proporções do Rosto Feminino
178 Volumes Justos e Largos
63 Proporções do Rosto Masculino
184 Alfaiataria
66 Proporções do Rosto Infantil
192 Considerações Finais
69 Tipos de Cabelos
79 Considerações Finais
203 Conclusão Geral

UNIDADE III
A FIGURA EM MOVIMENTO
92 Eixos da Figura em Movimento
99 Representação da
Figura em Movimento
108 Construção de Bases Para o Desenho de
Moda
116 Considerações Finais
CÂNONES DE PROPORÇÃO
DA FIGURA HUMANA

Professora Esp. Sandra Calil de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Materiais básicos de desenho
• A figura humana e seus cânones
• A figura humana feminina
• A figura humana masculina
• A figura humana infantil

Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver a construção da figura humana por meio dos cânones
de proporção.
• Apresentar os materiais necessários para o desenho da figura
humana.
• Conhecer os cânones de proporção da figura humana baseados na
altura da cabeça.
• Desenvolver a construção da figura humana feminina por meio dos
cânones de proporção.
• Desenvolver a construção da figura humana masculina por meio
dos cânones de proporção.
• Desenvolver a construção da figura humana infantil por meio dos
cânones de proporção.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa disciplina de desenho
da figura humana! Saiba que para desenhar a figura huma-
na são adotados cânones universais que definem as propor-
ções anatômicas. Um dos precursores no estudo da anatomia
humana e sua aplicação no desenho foi o arquiteto Vitrúvio, da Roma
Antiga do século I a.C., que, ao escrever 10 livros sobre arquitetura, dedi-
cou, em um deles, um capítulo ao estudo das proporções entre as partes
do corpo humano. Mais tarde, Leonardo da Vinci, a partir desse estudo
inicial de Vitrúvio, deu sequência ao tema ao aprimorar com base nos
apontamentos do arquiteto a relação entre as partes do corpo humano,
em um estudo intitulado “Homem Vitruviano”.
Os cânones de proporção são muito importantes para o desenho da fi-
gura de moda. Sem eles, a execução do desenho fica sem referências, com o
auxílio apenas da capacidade de visão espacial do desenhista, habilidade que
varia de pessoa para pessoa. O resultado final pode apresentar alguns erros,
como a cabeça ou ombros desproporcionais, braços muito longos ou pernas
curtas. A aplicação dos cânones também ajuda a dimensionar a altura da fi-
gura em relação ao papel, evitando que falte espaço para parte das pernas ou
pés ou, então, que a figura fique pequena. Após o domínio dos cânones, você
inicia o desenho da figura humana geometrizada, sintetizando suas partes,
para só depois iniciar o desenho da figura humana de carne, suavizando os
elementos geométricos e aproximando o desenho da figura humana real.
É muito importante que você aprenda a traçar a figura proporcionada
dentro dos cânones. Uma vez dominada a técnica, você poderá, mais à
frente, iniciar-se nos estudos da estilização da figura, no qual é permitida
a distorção de algumas partes do corpo e uma interpretação mais livre, na
intenção de personalizar o desenho de moda, tornando-o atrativo. Até lá,
após conhecer e dominar todo o processo, você vai notar que a execução
do desenho se torna bem mais simples.
Bons estudos!
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Materiais Básicos
de Desenho
Para iniciar, vamos falar um pouco sobre Para trabalhar com o lápis, é neces-
o material que você vai utilizar neste pri- sário o conhecimento de técnicas funda-
meiro contato com o desenho de moda. mentais para desenvolver a destreza no
Embora a atividade reserve a você uma desenho. Você pode usar o lápis de diver-
ampla variedade de possibilidades de téc- sas maneiras e, dependendo do formato
nicas, tais como lápis de cor seco, lápis que se dê à ponta, produzir diferentes ti-
aquarelado, pastel seco e oleoso, aquarela, pos de linha.
canetas hidrográficas e outras técnicas; Veja que existem diferentes grafites,
inicialmente você vai usar apenas o lápis, do mais mole (6B) ao mais duro (6H). O
papel e borracha para o aprendizado dos grafite HB produz uma linha de tom mé-
cânones de proporção da figura humana e dio. À medida que a dureza de um grafi-
para desenvolver a figura em movimento. te aumenta, mais clara e leve será a linha
Mesmo assim, existem algumas informa- que esse lápis vai produzir; e quanto mais
ções importantes para a escolha desses mole é o grafite de um lápis, mais escuro
materiais. e carregado será o traço resultante dele.

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DESIGN

Nesse primeiro momento você pode utilizar um trabalho a lápis pode ser executado usando apenas
lápis 2B, por ser intermediário em termos de dureza. linhas ou apenas tons, ou ainda misturando as duas
Por essa razão, atende bem suas necessidades. Mais à técnicas e outras mais. Abling (2011, p. XV) orienta
frente, para o desenho de croquis de moda, quando quanto ao cuidado com o manuseio dos lápis grafite:
você já estiver desenhando a figura com roupas, uti- “todas essas minas são delicadas. Se você derrubá-
lize o lápis HB ou B, mais duro, no traçado de deta- -las, o grafite dentro da madeira pode quebrar e você
lhes como pespontos, canelados ou qualquer detalhe terá dificuldade quando for apontar seu lápis, que
mais minucioso. Já os lápis mais moles, de 2B a 4B, sempre terá a ponta quebrada”.
são utilizados em desenhos com poucos detalhes, Ao apontar o lápis, não use apontador. O ideal
mais soltos e onde se queira produzir traços grossos é apontar o lápis com estilete e depois usar um pe-
que atuem como protagonistas dos croquis. O lápis daço de lixa fina para acertar a ponta conforme o
6B deve ser usado para sombreados ou para deta- desejado. Essa prática ajuda a tirar o melhor partido
lhes de cabelo e merece especial atenção no quesito do lápis, já que, usando um estilete, podemos obter
limpeza, pois por ser muito macio, costuma borrar inúmeras variedades de ponta. Pelo mesmo motivo,
o trabalho. Uma forma de minimizar esse efeito é não use lapiseira para desenhos artísticos, já que ela
trabalhar com uma folha de papel limpa sobre o tra- produz traços sempre iguais, sem variação de espes-
balho, sempre entre a lateral da mão que está dese- sura e nem variação tonal. A variação de espessura
nhando e o papel. Essa prática protege o desenho do de traços do lápis é justamente o que costuma resul-
esfregar da mão sobre ele, enquanto se desenha. O tar em desenhos espontâneos, vivos e interessantes.

Figura 1 - Tipos de pontas de lápis para o desenho

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DESENHO DA FIGURA HUMANA

Além da técnica do artista, a escolha do papel ade- Peso:


quado para cada material garante um resultado final O peso do papel é definido pela sua gramatura por m².
satisfatório ao trabalho. Existe no mercado uma in-
finidade de papéis, com ampla gama de finalidades e Estabilidade no tempo:
preços. A gramatura de um papel é o algarismo que O papel deve ser resistente à luz e às agressões natu-
exprime o peso, em gramas, da folha de um metro rais do meio ambiente. Sua resistência mecânica não
quadrado de um determinado papel. É um dado que deve degenerar-se e seu aspecto não deve alterar-se
serve como termo de comparação entre eles e de- com o passar do tempo. Um papel demasiadamen-
termina, em muitos casos, para qual técnica é mais te branco, isto é, tratado com alvejantes, terá uma
recomendado. Ao comprar o papel, também é im- brancura perecível e poderá amarelar rapidamente,
portante estabelecer o lado direito e o avesso, já que enquanto que um papel de pura celulose, não bran-
para algumas técnicas, isso afeta a aparência final do queado artificialmente, manterá sua brancura na-
trabalho. Um papel é classificado com relação à su- tural. A estabilidade das cores dos papéis coloridos
perfície, cor, peso, estabilidade no tempo e resistên- depende da qualidade dos pigmentos utilizados.
cia mecânica.
A seguir, vamos conhecer melhor essas caracterís- Resistência mecânica:
ticas dos papéis, conforme orientações de Bryant O grau de acidez residual determinará o envelheci-
(2012), Hayes (1980) e Fajardo et al. (2002). mento do papel assim como de suas características
físicas. Para melhor conservação, o papel não deve
Superfície: conter nenhum ácido ou derivado. Isso é essencial
• Papel com grana: esse papel tem uma super- para obras que devem permanecer inalteradas com
fície mais ou menos rugosa, dependendo do o passar dos anos.
tipo de grana fina ou “torchon”. Essa caracte- Quanto ao tamanho do papel, para trabalhar em
rística permite a boa aderência da ponta do
desenhos de moda, o mais usual é o tamanho A4.
lápis e dá uma certa vida à obra.
É importante que você tome conhecimento das nor-
• Papel Satinado: é ideal para o desenho téc-
nico a lápis. Sua superfície é lisa e avelu- mas relativas aos formatos e padrões de papel, que
dada. Esse papel dá um traço nítido e bem estão regulamentados nas normas internacionais
definido. ISO 5457:1980 e ISO 216:1975. Essas orientações são
• Papel Vergê: é um papel cuja filigrana se apre- chamadas de normas da Série A e seguindo-as, você
senta em forma de linhas regulares e paralelas garante que seus desenhos estejam em um tamanho
perceptíveis em superfície. Essa característica padronizado de apresentação. A partir do formato
dá certos efeitos particulares à obra.
A0, que tem 1 m² de área, sempre fazendo a divisão
Cor: ao meio, chegamos ao menor formato, o A4, que é o
A brancura do papel é natural. Porém pode ser re- tamanho da folha de sulfite. Se você for realizar um
forçada pelo uso de alvejantes ópticos. As cores são desenho maior, utilize sempre as medidas das nor-
incorporadas na massa ou fixadas em superfície. mas, para um trabalho profissionalmente melhor.

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DESIGN

Designação Dimensões (mm)


A4

A3 A0 841 X 1189

A4
A1 594 X 841

A1 A2 420 X 594

A3 297 X 420
A2

A4 210 X 297

Figura 2 - Dimensões e formatos de papeis, do A0 ao A4


Fonte: adaptado de Silva et al. (2000).

A borracha escolhida para desenhos deve ser macia A seguir, propomos alguns exercícios de coorde-
e flexível. As borrachas de poliéster são excelentes nação motora para que você, aluno(a), desenvolva e
para grafites mais duros. Passando a ponta de uma domine o gestual de motricidade fina. Os exercícios
borracha macia sobre uma área sombreada, obtemos devem ser praticados com frequência, se possível
o efeito de reflexos de luz e criamos linhas brancas todos os dias, por períodos curtos de duração, em
no desenho. Um lápis borracha também pode ser torno de quinze minutos. Se praticados diariamente,
usado para esses detalhes. A borracha deve ser limpa em pouco tempo você poderá observar uma evo-
com frequência, esfregando-a em um pedaço de pa- lução na segurança de seu traço e na habilidade do
pel ou em uma lixa bem fina, porque borracha suja desenho.
tende a manchar o desenho. O primeiro exercício é de relaxamento. Usan-
Ao manusear o lápis, você deve evitar segurar do um lápis HB, faça uma série de linhas, círculos e
o lápis muito próximo ao papel, mantendo uma ovais. Trabalhe rapidamente, sem perder tempo com
distância de uns quatro centímetros da ponta, sem detalhes e movendo, para isso, o braço inteiro. Na
pressioná-lo muito e firmando o pulso. O dedo mí- série de linhas, tente obter efeitos diferentes varian-
nimo deve permanecer apoiado no papel, conduzin- do a direção e a pressão do traço. Depois, execute
do o lápis e ajudando a controlar a pressão na ponta. novamente os exercícios com vários tipos de lápis,
O pulso deve se manter firme, articulando-se apenas sempre movimentando o braço e não apenas os de-
o cotovelo ou o ombro. dos, em movimentos rápidos e constantes.

17
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Com o segundo exercício, você realiza um trei- Vamos agora realizar o exercício de gradação
namento de traços fundamentais. Você deve repro- de valores, para que você trabalhe a variação de
duzir os tipos de traços a seguir usando lápis HB. pressão do traço sobre o papel. Com esse exercí-
A. traços verticais curtos. cio, você desenvolve a habilidade de cobrir áreas da
B. traços angulares curtos. mais clara a mais escura. Essa habilidade é muito
C. traços horizontais curtos. importante para a marcação de áreas de sombra e
D. linhas verticais irregulares longas. também para a cromatização de roupas, quando
E. linhas curtas curvas em várias direções. você estiver trabalhando com lápis de cor ou outros
F. traços verticais curtos em várias direções. materiais secos.
Para isso, desenvolva uma escala de valores, en-
Em uma segunda etapa, reproduza os mesmos tra- tre os tons extremos, composta de cinco tonalida-
ços, só que agora utilizando um lápis 2B. Repare des, indo da mais clara a mais escura, por meio de
como a diferença do tipo de grafite modifica a apa- maior ou menor pressão do lápis no papel. Use um
rência dos traços. lápis 2B para a tarefa.
O terceiro exercício é realizar o treinamento de O segundo exercício de gradação de valores con-
traços fundamentais com variação de pressão. Para siste em você repetir o processo, executando uma
isso, você deve repetir o mesmo exercício (exercício gradação progressiva, sem separar os valores dife-
2), porém variando a pressão do lápis no papel. Esses rentes em quadros individuais. Você deve fazer um
exercícios são muito importantes para o desenvolvi- retângulo degradê no qual não se devem perceber
mento da habilidade do desenho. E grandes aliados interrupções bruscas e sim uma graduação suave,
no processo de desenvolvimento dessa habilidade. que vai do claro ao escuro, uniformemente, sem se-
parações.
Valores Para finalizar, é importante ressaltar que a ha-
Segundo Bryant (2012), a cor ou tonalidade de um bilidade para o desenho, qualquer que seja o tipo
objeto e suas gradações é traduzida por valores – artístico ou técnico – é desenvolvida por meio do
que consistem, na verdade, em sua maior ou me- hábito. Pratique sempre e verá seu traço aprimora-
nor intensidade luminosa, levando-se em conta os do a cada dia, à medida que você adquirir confian-
dois tons extremos: branco e preto. Quanto mais ça nas suas possibilidades.
clara a tonalidade, maior o seu valor.

Figura 3 - Gradação de valores, do cinza bem claro ao preto

18
DESIGN

A Figura Humana
e Seus Cânones
Conforme dito na introdução desta unidade, foi desse conjunto, ele encontrou as relações perfei-
Leonardo da Vinci que conseguiu estabelecer as tas entre as diferentes partes do corpo. Em seu es-
relações matemáticas de proporção do corpo hu- tudo, tomou a cabeça como oitava parte da figura
mano ideal. Da Vinci, tomando como referência e outras relações de tamanho entre as partes tam-
o trabalho de seu antecessor Vitrúvio, estudou a bém foram determinadas. É a partir desse estudo,
figura humana exaustivamente, até que, posicio- o chamado cânone proporcional da figura huma-
nando-a dentro de um círculo e de um quadrado, na, que os ilustradores e designers trabalham no
sobrepostos e elegendo o umbigo como centro desenho da figura de moda.

Figura 4 - O homem de Vitrúvio


19
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Para o desenho de moda, você vai usar o formato A medida de altura normal média universal de um
A4 de papel, que tem as medidas de 210 x 297 mm. ser humano adulto corresponde a 7 cabeças e ½,
Esse formato contempla as necessidades dos traba- distribuídas dentro da medida de altura da figura.
lhos por ser o formato do papel sulfite e ser fácil de No entanto, para trabalhar com o desenho de moda,
manusear e armazenar, uma vez que, na fábrica, o essa proporção é alongada, a fim de tornar a figura
desenho da roupa circula entre os setores de cria- mais longilínea e elegante. Alguns estilistas e ilus-
ção, modelagem e pilotagem, dentre outros. Porém, tradores de moda adotam a medida de 8 e ½ cabe-
você pode desenhar a figura humana proporcionada ças, outros até mais do que 9 cabeças. Porém inicial-
dentro dos cânones em qualquer tamanho, bastando mente você deve adotar a medida de 9 cabeças para,
para isso aumentar ou diminuir a medida padrão, depois de algum treino e algum domínio sobre o
que é a medida de altura da cabeça. desenho da anatomia humana, fazer suas escolhas
A medida da cabeça serve de módulo para a pessoais, desenvolvendo a estilização da figura e sua
construção do desenho da figura humana. Além personificação.
de ser a medida que vai ser utilizada verticalmen-
te para estabelecer a altura da figura, ela também Para o formato A4 de papel, o ideal é trabalhar com a
é usada no sentido horizontal para determinar medida de cabeça de 3 centímetros. Para traçar o es-
a largura do corpo, conforme o gênero da figu- quema de linhas de proporção, trace uma linha cen-
ra, se feminino, masculino ou infantil e também tral vertical no meio da folha. Essa linha central que
conforme a idade da figura. Vários autores reco- vai passar pelo meio do corpo da figura é chamada de
nhecem a importância dos cânones no desenho linha de equilíbrio. A importância dessa linha, segun-
de moda. do Kliczkowski (2006 , p. 11), é que ela divide o corpo
em duas metades simétricas. Assim, o esquema de li-
O sistema de módulos permite também refe- nhas ajuda você, aluno(a), a desenhar observando essa
renciar outros pontos significativos que são de
simetria entre as duas metades do corpo. Em seguida,
grande ajuda para compreender a anatomia e
facilitar a representação da figura, assim como definida a medida de altura de cabeça, que é de 3 cen-
localizar referências de altura para comprovar tímetros, marque nessa linha central, sempre de 3 em 3
as demarcações mais importantes. (FERNÁN- centímetros, iniciando no alto da folha, as linhas hori-
DEZ; MARTÍN, 2007, p. 34) zontais que definem o tamanho total da figura.

REFLITA

O desenho de moda nos permite definir e redefinir a forma como vemos os outros e nós mesmos. A
prática do desenho é importante para que sejamos capazes de expressar ideias e testar limites com
confiança.

(Hopkins e Bandarra, 2010)

20
DESIGN

Essa ação vai gerar 9 espaços de 3 centímetros cada e 10


linhas horizontais, contando com a primeira, no alto da
cabeça, que terão a seguinte nomenclatura:
1. Linha Zero: Alto da Cabeça
2. Linha 1: Queixo
3. Linha 2: Metade do Peito
4. Linha 3: Cintura
5. Linha 4: Púbis
6. Linha 5: Metade Da Coxa
7. Linha 6: Acima Do Joelho
8. Linha 7: Panturrilha
9. Linha 8: Acima Do Tornozelo
10. Linha 9: Chão

Com relação às medidas de largura, que são mar-


cadas na horizontal, essas são relativas à largura de
OMBROS, CINTURA e QUADRIS.
A marcação de altura de cabeças é a mesma para
a figura feminina e a masculina. Evidentemente, se
o desenho inclui uma figura feminina e uma mascu-
lina, lado a lado, é interessante diminuir a medida
de altura de cabeça feminina para o conjunto ficar
mais harmônico, tendo a mulher um pouco menor
do que o homem. Para a figura infantil, o número
de alturas de cabeça varia com a idade da criança.
As medidas de largura são variáveis para as figuras
feminina, masculina e infantil, devido a especifici-
dades de gênero ou de idade. Vamos vê-las separa-
damente, adotando o sistema de medidas de Bryant
(2012). A autora estruturou esquemas de linhas que
servem de base para o desenho das várias figuras de
moda e seus gêneros, como veremos a seguir.

21
DESENHO DA FIGURA HUMANA

A Figura Humana
Feminina
Para o desenho dos cânones da figura feminina, o Segundo Bryant (2012), as medidas são as seguintes:
processo inicial para o traçado de linhas horizontais
com a medida da altura de cabeça é o que foi visto Tabela 1 - Medidas femininas de largura para figura de moda

anteriormente. Agora vamos observar na imagem, Parte do Referência em


Centímetros
as medidas de largura, representadas por linhas ver- corpo cabeças

melhas. OMBRO A 1 ½ ALTURA DE


4,5 cm
OMBRO CABEÇA
¾ DE ALTURA DE
CINTURA 2,25 cm
CABEÇA
1 ¼ DE ALTURA DE
Ombros 1 ½ cabeças de QUADRIL 3,75 cm
CABEÇA
largura @ 1 ½ cabeça
Fonte: adaptado de Bryant (2012).

Parte de baixo do tórax


Cintura ¾ de cabeça de Essas medidas podem ser marcadas de forma apro-
largura @ 3 cabeças
Parte de cima do quadril ximada. O ideal é que com o treino você não precise
Parte de baixo do quadril mais medir para desenhar, desenvolvendo a habili-
1 1/4 cabeça de largura dade de observação.
@ 4 cabeças
E onde elas são posicionadas em relação às altu-
ras de cabeça marcadas no esquema de linhas hori-
zontais?
• OMBROS: posicionados na metade da se-
Joelhos @ 6 ½ cabeças gunda cabeça
• CINTURA: posicionada entre a terceira e a
quarta cabeça
• QUADRIL: posicionado entre a quarta e a
quinta cabeça

Calcanhar @ 9 cabeças

Figura 5 - Esquema feminino de linhas horizontais


Fonte: adaptado de Bryant (2012, p. 38-39) .

22
DESIGN

LINHA DE EQUILÍBRIO

Figura 6 - Formas geométricas


Fonte: adaptado de Bryant (2012, p. 38-39) .

23
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Agora que você já traçou as linhas dos cânones, ini-


cie o desenho da figura humana geometrizada. Re-
pare nas formas geométricas que sintetizam cabeça,
tronco e membros da figura humana. São esferas,
ovais, cilindros, triângulos e trapézios que repre-
sentam o corpo humano de forma sintetizada. Per-
ceba também as rótulas representadas por esferas,
nos ombros, cotovelos, punhos, quadris, joelhos e
tornozelos. Você pode colocar uma folha de papel
manteiga ou vegetal sobre o esquema de linhas e tra-
çar a figura sobre o traçado, para mantê-lo intacto e
poder treinar várias vezes sobre ele. Inicie pelo de-
senho da cabeça, passando para o tronco, quadris e,
então, volte ao tronco para desenhar os braços. Não
desenhe os braços sem antes posicionar a largura do
tronco. Finalize com o desenho das pernas. Procure
trabalhar com traços leves, assim, se você errar, não
é difícil apagar as linhas em desacordo com o mo-
delo e corrigi-las. Com calma, observe as relações
entre as partes e o posicionamento delas em relação
às alturas de cabeça.
Quando estiver satisfeito com o resultado de
seus desenhos, passe para o desenho da figura de
carne usando para isso o mesmo processo de sobre-
por uma folha translúcida sobre o esquema de li-
nhas. Nesse primeiro momento, não há necessidade
de preocupar-se com elementos do rosto e cabelos
– que serão estudados detalhadamente mais tarde.
Não desanime se os primeiros desenhos não fi-
carem bons. A habilidade do desenho, quando não
é nata, deve ser conquistada dia a dia. E a disponibi-
lidade para treinar sem desânimo é o caminho para
esse progresso sucessivo.
Figura 7 - Figura feminina de carne
Fonte: Bryant (2012, p. 39).

24
DESIGN

A Figura Humana
Masculina
Para o desenho dos cânones da figura masculina, As medidas masculinas de largura da figura, segun-
você vai repetir o processo inicial para o traçado de do Bryant (2012), são as seguintes:
linhas horizontais, exatamente como fez com a figu-
ra feminina. Mas com relação às larguras, você pode Tabela 2 - Medidas masculinas de largura para figura de moda

observar na imagem que as medidas, representadas Parte do Referência em


Centímetros
corpo cabeças
por linhas azuis, são maiores.
OMBRO A 2 ALTURAS DE
6 cm
OMBRO CABEÇA
1 ¼ DE ALTURA DE
CINTURA 3,75 cm
CABEÇA
1 DE ALTURA DE
QUADRIL 4 cm
Ombros 2 cabeças de largura CABEÇA
@ 1 ½ cabeça
Fonte: adaptado de Bryant (2012).

Parte de baixo dos músculos E as posições em relação às alturas de cabeça


peitorais @ 2 1/3 cabeças
marcadas na linha de equilíbrio no esquema de li-
Parte de baixo do tórax @ 3 cabeças
Cintura 1 ¼ cabeça de largura @ 3 ¼ cabeças nhas horizontais são as seguintes:
Parte de cima do quadril @ 4 ½ cabeças • OMBROS: posicionados na metade da se-
gunda cabeça.
Parte de baixo do quadril 1 1/3 cabeça
de largura @ 4 ¼ cabeças • CINTURA: posicionada ¼ de cabeça abaixo
da divisa entre a terceira e a quarta cabeça.
• QUADRIL: posicionado ¼ de cabeça abaixo
da divisa entre a quarta e a quinta cabeça.

Da mesma forma que fez com a figura feminina,


Joelhos @ 6 ½ cabeças
você agora já pode iniciar o desenho da figura ge-
ometrizada, conforme a figura 9, treinando como
você fez com o desenho feminino, desenhando em
uma folha de papel manteiga ou vegetal sobre o es-
quema de linhas. O corpo masculino apresenta es-
Calcanhar @ 9 cabeças trutura óssea mais larga do que a estrutura feminina.
Figura 8 - Esquema masculino de linhas horizontais
Fonte: Bryant (2012, p. 81).

25
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Por isso, o croqui masculino é mais largo do que notável diferença de largura da cintura para os
o feminino, no tórax e na cintura. Porém sua quadris. Continue observando as relações entre
largura de quadril é praticamente igual à largu- as partes e o posicionamento delas em relação às
ra de cintura, diferente da mulher, que apresenta alturas de cabeça.

LINHA DE EQUILÍBRIO

Figura 9. Formas geométricas


Fonte: Bryant (2012, p. 80-82).

26
DESIGN

Após esse domínio, passe para o desenho da figura


de carne, como fez com a figura feminina. Lembre-
-se sempre de traçar as formas com traço leve, para
que possa apagar e corrigir as falhas.

Figura 10 - Figura masculina de carne


Fonte: Bryant (2012, p. 83).

27
DESENHO DA FIGURA HUMANA

A Figura Humana
Infantil
MENINA ME

Para o desenho da figura infantil, apesar de utilizar-


-se o módulo de altura de cabeça como base, você
vai ver que o esquema varia muito, de acordo com Ombros 1 cabeça de 1 1
largura @ 1 ¼ cabeça
a idade da criança. Quanto mais jovem ela for, me-
nos alturas de cabeça seu pequeno corpo vai conter.
2 2
Isso porque o tamanho da cabeça de um ser humano
cresce proporcionalmente de maneira mais lenta do Parte de baixo do quadril
que o restante do corpo. A partir das orientações de ¾ cabeça de largura
@ 2 2/3 cabeças 3 3
Bryant (2012) temos que: Joelho @ 3 ¼ cabeças

BEBÊS Calcanhar @ 4 cabeças 4 4

LINHA DE EQUILÍBRIO Formas geométricas pa


Os bebês de colo têm a cabeça bem grande em rela- Guia de proporção para a figura do bebê
ção ao corpo. Assim, se você considerar a medida de o bebê de colo

altura de cabeça igual a 3 centímetros, como fez com MENINA MENINO


a figura adulta, tendo o bebê 4 alturas de cabeça, seu
desenho final ficará com 12 centímetros de altura.
Porém, se a roupa a ser desenhada tiver
Ombros muitos
1 cabeça de deta-
1 1
largura @ 1 ¼ cabeça
lhes, talvez seja melhor aumentar a medida de altura
da cabeça. Com isso, o desenho ficará maior e você
poderá detalhar melhor a peça de vestuário. 2 2

Comece, então, traçando o esquema de alturas


Parte de baixo do quadril
de cabeça, a partir do eixo vertical chamado
¾ cabeça de linha
de largura
@ 2 2/3 cabeças 3 3
de equilíbrio, marcando as linhas de queixo, cintura
Joelho @ 3 ¼ cabeças
e joelhos. Para um melhor entendimento do conteú-
do, será adotada a medida padrão de @3 4centímetros,
Calcanhar cabeças 4 4
para a altura de cabeça, sendo que, posteriormente,
LINHA DE EQUILÍBRIO Formas geométricas para
você pode mudar essa medida, como dito anterior-Guia de proporção para a figura do bebê
mente. O esquema, então, terá quatro espaços. o bebê de colo
Figura 11 - Esquema de linhas infantil
Fonte: Bryant (2012, p. 102).

28
DESIGN

E quanto às larguras de ombros, cintura e quadris?


Repare que na imagem elas estão na cor vermelha à
esquerda da linha de equilíbrio e azul à direita dessa,
respectivamente, à medida de largura para meninas
e para meninos. Nesse caso, são iguais, a saber:

Tabela 3 - Medidas de largura para bebês em figura de moda

Parte do
Referência em cabeças Centímetros
corpo
OMBRO A
1 ALTURA DE CABEÇA 3 cm
OMBRO
CINTURA ¾ DE ALTURA DE CABEÇA 2,25 cm
QUADRIL ¾ DE ALTURA DE CABEÇA 2,25 cm
Fonte: adaptado de Bryant (2012).

Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça


marcadas no esquema de linhas horizontais, o posi-
cionamento de altura é o seguinte:
• OMBROS: posicionados ¼ de cabeça abaixo
da divisa entre a primeira e a segunda cabeça.
• CINTURA: posicionada entre a segunda e a
terceira cabeça.
• QUADRIL: posicionado ⅔ de cabeça abaixo
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.

No desenho de moda, a diferenciação do gênero


dos bebês (se é feminino ou masculino) se dá apenas
por detalhes da roupa e acessórios, como enfeites de
cabelo ou bonés, já que a figura não tem diferenças
aparentes para os dois sexos. Na imagem a seguir,
que é a figura de um menino, perceba que se modifi-
cado o traje e incluídos alguns elementos femininos,
a criança muda de gênero. Treine sua figura bebê de Figura 12 - Vista frontal de bebê
carne observando essas imagens. Fonte: Bryant (2012, p. 103).

29
DESENHO DA FIGURA HUMANA

CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS

Após o domínio do desenho de bebês, trace o esque- Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça
ma para crianças pequenas. Adote 4 ½ alturas de ca- marcadas no esquema de linhas horizontais, estas
beça, a partir do eixo vertical de equilíbrio, marcan- serão:
do as linhas de queixo, cintura, púbis e tornozelos. • OMBROS – posicionados ¼ de cabeça abaixo
O esquema de desenho dessas crianças terá quatro da divisa entre a primeira e a segunda cabeça.
espaços e meio. • CINTURA: posicionada ⅛ de cabeça abaixo
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
• QUADRIL: posicionado ⅔ de cabeça abaixo
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.

Ombros 1 cabeça de largura


@ 1 ¼ cabeça

Cintura ¾ cabeça de largura


@ 2 ¹/8 cabeças
Parte de baixo do quadril 7/8 cabeça
de largura @ 2 2/3 cabeças

Joelhos @ 3 ½ cabeças

Calcanhar @ 4 ½ cabeças

LINHA DE EQUILÍBRIO
Figura 13 - Esquema de linhas infantil 1 a 3 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 106) .

Suas medidas de largura, ainda iguais para os dois


gêneros, ficam assim:
Tabela 4 - Medidas de largura para crianças de 1 a 3 anos na figura de moda

Parte do Referência em cabeças


Centímetros
corpo
OMBRO A 1 ALTURA DE CABEÇA
3 cm
OMBRO
CINTURA ¾ DE ALTURA DE CABEÇA 2,25 cm
QUADRIL ⅞ DE ALTURA DE CABEÇA 2,62 cm
Fonte: adaptado de Bryant (2012). Figura 14 - Figura preliminar e figura de menina 1 a 3 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 106-107).

30
DESIGN

Ombros 1 ¼ cabeça de largura


@ 1 1/3 cabeça

Cintura 2/3 cabeça de largura


@ 2 1/3 cabeças
Parte de baixo do quadril 7/8 cabeças
de largura @ 2 3/4 cabeças

Joelhos @ 3 3/4 cabeças

Calcanhar @ 5 cabeças
LINHA DE EQUILÍBRIO
Guia de proporção
para crianças pequenas
Figura 16 - Esquema de linhas infantil 4 a 6 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 110).
Figura 15 - Figura de menino 1 a 3 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 107). Suas medidas de largura, ainda iguais para meninos
e meninas, ficam assim:
Continue trabalhando sempre da mesma forma, re- Tabela 5 - Medidas de largura para meninos e meninas de 4 a 6 anos

alizando o traçado do esquema de linhas e em se- Parte do Referência em


Centímetros
corpo cabeças
guida desenhando sobre folha de papel manteiga ou
OMBRO A 1 ¼ DE ALTURA DE
vegetal, sobre a folha do esquema. Não se conten- 3,75 cm
OMBRO CABEÇA
te com o primeiro desenho, ao contrário, busque o
⅔ DE ALTURA DE
aprimoramento das linhas e formas por meio da ob- CINTURA 2 cm
CABEÇA
servação das imagens. ⅞ DE ALTURA DE CA-
QUADRIL 2,62 cm
BEÇA
CRIANÇAS PEQUENAS DE 4 A 6 ANOS Fonte: adaptado de Bryant (2012).

Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça


Crianças após os três anos já apresentam algumas di- marcadas no esquema de linhas horizontais, essas
ferenças em relação aos bebês, perdendo aos poucos serão:
a gordurinha corporal e iniciando lentamente o pro- • OMBROS: posicionados ⅓ de cabeça abaixo
cesso de diferenciação de gênero, com um aspecto da divisa entre a primeira e a segunda cabeça.
mais delicado para as meninas e ligeiramente mus- • CINTURA: posicionada ⅓ de cabeça abaixo
culoso para os meninos. Trace o esquema de alturas da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
de cabeça, a partir do eixo vertical de equilíbrio, com • QUADRIL: posicionado ¾ de cabeça abaixo
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
a altura de cinco cabeças para esta faixa etária.

31
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Observe as imagens e veja como as crianças ainda não apresentam grandes diferenças, podendo-se usar o
esquema de linhas tanto para meninos quanto para meninas. Cabelos, traços do rosto e o próprio vestuário é
que farão essa diferença.

Figura 17 - Figura preliminar e figura de menina 4 a 6 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 111).

Figura 18 - Figura preliminar de menino 4 a 6 anos Figura 19 - Vista frontal e dorsal de menino de 4 a 6 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 112). Fonte: Bryant (2012, p. 113).

32
DESIGN

CRIANÇAS GRANDES DE 6 A 11 ANOS

Nessa faixa etária o processo de diferenciação de gê-


nero se acentua e percebe-se uma leve definição da MENINA MENINO
cintura nas meninas e acentuação da musculatura
nos meninos. Mas o esquema de linhas ainda pode
ser o mesmo, para os dois sexos, com a altura de seis
e meia cabeças para essa idade.

Ombros 1 1/3 cabeça de


largura @ 1 ½ cabeça

Cintura 1cabeça de
largura @ 2 2/3 cabeças

Parte de baixo do quadril


1 1/8 cabeça de largura
@ 3 1/3 cabeças

Joelho @ 4 ¾ cabeças

Calcanhar @ 6 ½ cabeças

LINHA DE EQUILÍBRIO

Figura 20 - Esquema de linhas e figura geométrica de crianças de 6 a 11 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 114).

33
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Para Bryant (2012), suas medidas de largura ficam Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça
assim: marcadas na linha de equilíbrio, para o esquema de
Tabela 6 - Medidas de largura para crianças de 6 a 11 anos linhas horizontais, são:
Parte do Referência em cabeças • OMBROS: posicionados na metade da se-
Centímetros
corpo gunda cabeça.
OMBRO A 1 ⅓ DE ALTURA DE • CINTURA: posicionada ⅔ de cabeça abaixo
4 cm
OMBRO CABEÇA
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
1 DE ALTURA DE • QUADRIL: posicionado ⅓ de cabeça abaixo
CINTURA 3 cm
CABEÇA
da divisa entre a terceira e a quarta cabeça.
1 ⅛ DE ALTURA DE
QUADRIL 3,4 cm
CABEÇA
Fonte: adaptado de Bryant (2012).

Figura 21 - Figura preliminar, vista frontal e dorsal de menina de 6 a 11 anos


Fonte: Bryant (2012 , p. 115).

34
DESIGN

Figura 22 - Figura preliminar, vista frontal e dorsal de menino de 6 a 11 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 117).

35
DESENHO DA FIGURA HUMANA

PRÉ-ADOLESCENTES DE 11 A 14 ANOS

As figuras pré-adolescentes já demonstram uma boa


alongada, com leve sugestão de busto para as meni-
nas e mais massa corporal para os meninos. Você
pode traçar o esquema de linhas com sete alturas de
cabeça para ambos. Porém, as medidas de largura
mbros 1 ½ cabeça
apresentamdealgumas diferenças, gerando, assim, um
argura @ 1 ½esquema
cabeça para as meninas e outro para os meninos.
O esquema de proporções para a menina é:

Cintura 1cabeça de
argura @ 2 ¾ cabeças
rte de baixo do quadril
Ombros 1 ½ cabeça de
1/8 cabeça delargura
largura@ 1 ½ cabeça

@ 3 ½ cabeças
Cintura 1cabeça de
largura @ 2 ¾ cabeças
Parte de baixo do quadril
1 1/8 cabeça de largura
oelho @ 5 1/4 cabeças @ 3 ½ cabeças

Joelho @ 5 1/4 cabeças

alcanhar @ 7 Calcanhar
cabeças @ 7 cabeças

LINHA
LINHADE EQUILÍBRIO
DE EQUILÍBRIO

Figura 23 - Esquema de linhas e figura preliminar de menina de 11 a 14 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 120).

36
DESIGN

Para as meninas, as medidas de largura ficam assim: Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça
Tabela 7 - Medidas de largura para meninas de 11 a 14 anos marcadas no esquema de linhas horizontais, são:
Parte do • OMBROS: posicionados na metade da se-
Referência em cabeças Centímetros
corpo gunda cabeça.
OMBRO A 1 ½ DE ALTURA DE • CINTURA: posicionada ¾ de cabeça abaixo
4,5 cm
OMBRO CABEÇA da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
1 DE ALTURA DE CA- • QUADRIL: posicionado na metade da quarta
CINTURA 3 cm
BEÇA
cabeça.
1 ⅛ DE ALTURA DE
QUADRIL 3,4 cm
CABEÇA
Fonte: adaptado de Bryant, (2102).

Figura 24 - Vista frontal e dorsal de menina de 11 a 14 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 122).

37
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Já o esquema de proporções para os meninos fica assim:

Ombros 1 ½ cabeças de
largura @ 1 ½ cabeça

Cintura 1 cabeça de largura


os 1 ½ cabeças @de2 7/8 cabeças
ra @ 1 ½ cabeça
Parte de baixo do quadril
1 1/8 cabeça de largura
@ 3 2/3 cabeças
1 cabeça de largura
2 7/8 cabeçasJoelhos @ 5 1/4 cabeças

e baixo do quadril
Calcanhar @ 7 cabeças
cabeça de largura LINHA DE EQUILÍBRIO

3 2/3 cabeças
Figura 25 - Esquema de linhas e figura preliminar de menino de 11 a 14 anos
Fonte: Bryant (2012, p. 121).

E para os meninos, as medidas de largura são:


Tabela 8 - Medidas de largura para meninos de 11 a 14 anos
hos @ 5 1/4 cabeças
Parte do
Referência em cabeças Centímetros
corpo
OMBRO A 1 ½ DE ALTURA DE
4,5 cm
OMBRO CABEÇA
1 DE ALTURA DE CA-
CINTURA 3 cm
BEÇA
1 ⅛ DE ALTURA DE
QUADRIL 3,4 cm
CABEÇA
anhar @ 7 cabeças
Fonte: adaptado de Bryant (2102).

LINHA DE EQUILÍBRIO

38
DESIGN

As posições, em relação às alturas de cabeça marca- Continue treinando a cada novo conhecimento. As
das no esquema de linhas horizontais, são essas: crianças mudam muito rápido e é muito útil obser-
• OMBROS: posicionados na metade da se- var imagens delas nas mais variadas idades. Dese-
gunda cabeça. nhe sobre o esquema de linhas e aprimore as partes
• CINTURA: posicionada ⅞ de cabeça abaixo do corpo que ficaram a desejar.
da divisa entre a segunda e a terceira cabeça.
• QUADRIL: posicionada ⅔ de cabeça abaixo
da divisa entre a terceira e quarta cabeça.

Figura 26 - Vista frontal e dorsal de menino de 11 a 14 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 123).

39
DESENHO DA FIGURA HUMANA

ADOLESCENTES DE 14 A 18 ANOS

O corpo dos adolescentes, embora quase prontos em


sua formação, guardam algumas diferenças da figu-
ra adulta; e é importante que essas diferenças fiquem
patentes no desenho de moda. O corpo quase for-
mado das meninas tem um busto menor do que o de
uma mulher e os quadris um pouco mais estreitos. Já
os meninos, apesar de apresentar uma musculatura
mais delineada, ainda têm muito a desenvolver nes-
se sentido. No entender de Bryant (2012), o esque-
ma de linhas, tanto para as garotas quanto para os
garotos, deve ter oito cabeças de altura.
Vamos ver a imagem do esquema de linhas para
as meninas:

Ombros 1 ½ cabeças de
largura @ 1 ½ cabeça

Cintura 1 cabeça de largura


@ 3 cabeças

Parte de baixo do quadril


1 ¼ cabeça de largura
@ 3 2/3 cabeças

Joelhos @ 5 2/3 cabeças

Calcanhar @ 8 cabeças
Figura 27 - Esquema de linhas e desenho preliminar para menina de 14 a 18 anos
LINHA DE EQUILÍBRIO Fonte: Bryant (2012, p. 126-127).

40
DESIGN

E as são as medidas de largura para elas: Quanto às posições, em relação às alturas de cabeça
Tabela 9 - Medidas de largura para meninas de 11 a 14 anos marcadas no esquema de linhas horizontais, são:
Parte do Centíme- • OMBROS: posicionados na metade da se-
Referência em cabeças
corpo tros gunda cabeça.
OMBRO A 1 ½ DE ALTURA DE • CINTURA: posicionada na divisa entre a ter-
4,5 cm
OMBRO CABEÇA ceira e a quarta cabeça.
CINTURA 1 DE ALTURA DE CABEÇA 3 cm • QUADRIL: posicionado a ⅔ de cabeça abai-
1 ¼ DE ALTURA DE CA- xo da divisa entre a terceira e a quarta cabeça.
QUADRIL 3,75 cm
BEÇA
Fonte: adaptado de Bryant, (2012).

Figura 28 - Vista frontal e dorsal de menina adolescente de 14 a 18 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 127).

41
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Agora veja o esquema de proporções para os meninos:

Ombros 1 ¾ cabeças de
largura @ 1 ½ cabeça

Cintura 1 cabeça de largura


@ 3 1/8 cabeças

Parte de baixo do quadril


1 ¼ cabeça de largura
@ 4 cabeças

Joelhos @ 5 3/4 cabeças

Calcanhar @ 8 cabeças
LINHA DE EQUILÍBRIO

Figura 29. Esquema de linhas e desenho preliminar de menino 14 a 18 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 130-131).

E, para eles, as medidas de largura são:


Tabela 10 - Medidas de largura para adolescentes masculinos de 14 a
18 anos
Parte do Centíme-
Referência em cabeças
corpo tros
OMBRO A 1 ¾ DE ALTURA DE
5,25 cm
OMBRO CABEÇA
CINTURA 1 DE ALTURA DE CABEÇA 3 cm
QUADRIL 1 ¼ DE ALTURA DE CABEÇA 3,75 cm
Fonte: adaptado de Bryant, (2012).

42
DESIGN

As posições, em relação às alturas de cabeça marca- Desenhe com muita atenção cada uma dessas figu-
das no esquema de linhas horizontais, são estas: ras – femininas, masculinas e infantis, em suas vá-
• OMBROS: posicionados na metade da se- rias idades –. Quanto mais desenhar, mais firme e
gunda cabeça. seguro seu traço ficará, preparando-o(a) para os no-
• CINTURA: posicionada ⅛ de cabeça abaixo vos desafios que virão.
da divisa entre a terceira e a quarta cabeça.
• QUADRIL – posicionado na divisa entre a
quarta e a quinta cabeça.

Figura 30 - Vista frontal e dorsal de menino adolescente 14 a 18 anos


Fonte: Bryant (2012, p. 131).

43
DESENHO DA FIGURA HUMANA

SAIBA MAIS

Diversos autores ressaltam a importância do exercício de observar e desenhar pessoas em poses das
mais diversas – o chamado “modelo vivo” –. Para Jones (2011), essas aulas são um recurso importan-
te, pois fazem com que ossos e músculos trabalhem juntos e se equilibrem em diferentes movimen-
tos e posturas. Esse rico aprendizado promove a evolução do(a) aluno(a) na observação, análise e
desenho de formas, volumes e sombras, dando-lhe também a segurança no traço.

Quer experimentar? Peça para um amigo ficar em posição ereta, a uns cinco metros de distância de
você. Sentado, trabalhando com o papel sobre uma prancheta inclinada, experimente desenhar as
proporções de seu modelo. Use o lápis como referência: estenda o braço e posicione o lápis à altura
de seus olhos, usando-o como referência de marcação para alturas visuais, como a cabeça e as de-
mais medidas. Tente passar essas proporções para o papel, mas não busque a perfeição de detalhes.
O mais importante é conseguir reproduzir as proporções da figura.

Fonte: a autora.

44
DESIGN

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), ao finalizar a leitura desta Daqui para a frente, a conquista é sua e depende
unidade, você já tem em mãos o trunfo de conhe- da disponibilidade para treinar o quanto for neces-
cer os cânones de proporção da figura humana sário, para o domínio do desenho do corpo humano
feminina, masculina e infantil em suas variadas aplicado à figura de moda. Quanto mais você estiver
faixas etárias. A construção da figura de moda uti- disposto(a) a desenhar, sem medos, sem críticas e
lizando os cânones é a melhor forma de garantir permitindo-se errar, mais rápido aprenderá o pro-
um desenho projetado exatamente do tamanho cesso de absorção do desenho e menor será a distân-
que você quer e também a forma de aprender o cia que o(a) separa de ter a desenvoltura necessária
desenho do corpo humano proporcionado e bem para representar suas criações de forma segura e es-
próximo do real – que é a base do desenho da fi- pontânea – ainda que tenham as maiores dificulda-
gura de moda –. Essa técnica dá a você o conhe- des, em termos de caimento ou riqueza de detalhes.
cimento necessário para que mais à frente possa Após o domínio dos cânones, o próximo passo
repensar essas proporções de forma consciente e será passar para os detalhes do rosto e cabelos, para,
fazer suas escolhas de forma acertada. A estrada assim, completar a figura de moda. No entanto, ain-
profissional que se segue pode reservar muitas da será uma figura estática, sem movimento, sem a
oportunidades a você e nunca se sabe o quê será pose de moda, que tanta vida dá ao desenho e que
exigido. O mercado oferece vários segmentos: tanto enriquece a apresentação da criação. Então,
roupas masculinas, femininas, esportivas, linge- prepare-se para a próxima unidade, desenhando
rie, roupas para bebê, crianças e adolescentes. É bastante com as orientações até aqui apresentadas
bom estar preparado(a) para todos, isso vai lhe e, assim, você estará dando mais um passo para o
dar mais confiança e segurança. aprendizado do desenho de moda. Vamos em frente!

45
atividades de estudo

1. O corpo masculino apresenta estrutura óssea mais larga do que a estrutura feminina. Por
isso, ao desenhar a figura masculina, você deve ter em mente que as larguras do corpo mas-
culino são diferentes das larguras do corpo feminino. A partir do guia de proporções mascu-
lino, segundo Bryant (2012), assinale a única alternativa correta:
a. ( ) A diferença entre a largura de ombros, masculinos e femininos é de 1/3 de altura de ca-
beça a mais para os ombros masculinos.
b. ( ) A cintura masculina, além de ser mais larga que a feminina, proporcionalmente, está si-
tuada mais abaixo do que a feminina em relação às alturas de cabeça marcadas na linha de
equilíbrio.
c. ( ) Com relação à largura de pescoço, não se nota diferença entre a largura do pescoço fe-
minino e masculino.
d. ( ) A parte de baixo do quadril masculino está posicionada mais acima do que a parte de
baixo do quadril feminino, levando-se em consideração a altura vertical na linha de equilíbrio.
e. ( ) Em referência ao guia de proporções, podemos usar as mesmas medidas de largura para
meninos e meninas, modificando e aumentando as larguras do esquema masculino apenas
após os 18 anos.

2. Segundo Bryant (2012), no desenho de moda, a figura humana adulta pode ser representada
com o total de altura de 9 cabeças. Seguindo esse princípio, considerando o desenho de uma
figura feminina (com a altura de cabeça igual a 3 cm), leia e analise as afirmativas seguintes:
I. A figura terá 6 cm da linha do queixo à cintura.
II. A figura terá 7 cm do joelho ao chão.
III. A distância da linha dos olhos ao queixo é de 2 cm.
IV. Da linha dos ombros à cintura temos 4,0 cm.
V. A figura terá 3 ½ alturas de cabeça da cintura até os joelhos.

Estão CORRETAS somente:


a. As afirmativas I e II.
b. As afirmativas I, II e III.
c. As afirmativas II, III e IV.
d. As afirmativas I e V.
e. As afirmativas I, III e V.

46
atividades de estudo

3. Um aluno de Moda está elaborando um trabalho sobre figurino cênico e precisa realizar o de-
senho de uma figura feminina com um traje inspirado no período Rococó, cheio de detalhes.
Para isso, o desenho precisa ser grande o suficiente para que o traje possa ser bem detalha-
do e o aluno resolveu utilizar o formato A3, das Normas internacionais ISO 5457:1980 e ISO
216:1975. Para utilizar esse formato, fazendo um bom uso do papel e levando em conta a
medida de altura de cabeça mais adequada para o trabalho de construção da figura humana,
assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
1. ( ) A medida adequada para a altura de cabeça, nesse caso, é de 5,5 cm por altura de cabeça.
2. ( ) O desenho vai ficar mais bem detalhado e melhor distribuído no papel se o aluno utilizar
a altura de cabeça com 5 cm.
3. ( ) Tanto a medida de 3,5 cm quanto a de 4,0 cm atendem bem às exigências necessárias para
um bom resultado do desenho.

4. No desenho da figura infantil, os enfoques mudam ao longo do crescimento dessa figura,


seja do gênero feminino ou masculino. Neste estudo, você viu as proporções do desenho da
figura infantil, desde o desenho de bebês de colo até adolescentes de 18 anos. No período
que abrange a idade de bebê de colo até crianças de 11 anos, enumere quais são as principais
mudanças no período.

5. As cores ou tonalidades são classificadas em modulações chamadas de valores, mediante a


maior ou menor concentração de branco ou preto na composição da cor. Em relação a essa
classificação, leia e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
a. ( ) Cada tonalidade tem um valor, conforme a maior ou menor intensidade luminosa.
b. ( ) Quanto mais escura a tonalidade, maior o seu valor.
c. ( ) Entre a cor amarelo-canário e a cor ocre, a ocre tem maior valor.
d. ( ) Se uma tonalidade é acrescida de um pouco de tinta preta, sua intensidade luminosa
diminui.
e. ( ) A classificação de valores é aplicada a todas as cores, mesmo as neutras, que vão do bran-
co ao preto, passando pelos inúmeros tons de cinza.

47
LEITURA
COMPLEMENTAR

Representação gráfica no Design de moda

Segundo a definição de Ferreira (1995, p. 210), o desenho Para Riegelman (2006a), são dois os motivos pelos quais
é uma “representação de formas sobre uma superfície os desenhos de moda são realizados: Primeiro, para ilus-
através de linhas, pontos e manchas, com objetivo lúdi- trar de que maneiras as roupas que já existem podem
co, artístico ou técnico”, ou, ainda, como “delineamento, ser modificadas pela posição, luz, estilo de cabelo, tom
esboço, elaboração”. Já Riegelman (2006a), afirma que o de pele, acessórios e outras variáveis – neste propósito,
desenho é uma linguagem que possibilita a expressão e o desenho funcionaria no sentido de comunicar infor-
comunicação visual de ideias, afimação complementada mações subjetivas sobre o produto, por exemplo, a que
por Derdik (2007, p. 35), que o descreve como “represen- público se destina, em que ocasião pode ser usado, qual
tações gráficas que se mostram como um meio possível a sensação que o produto provoca, entre outros. Em se-
de o artista armazenar reflexões, dúvidas, problemas ou gundo lugar, para projetar novas vestimentas e acessó-
possíveis soluções”. rios - neste sentido, o desenho é visto como ferramenta
O desenho pode possuir formas diferentes de lingua- de concepção de produtos, com o objetivo de comunicar
gem: há o desenho artístico, que se caracteriza por uma formas, texturas, acabamentos, entre outros detalha-
maior liberdade de criação e subjetividade; e o desenho mentos, para algo que ainda não foi concretizado.
técnico, o qual, segundo Bachmann e Forberg (1970,
apud IZIDORO, 2009), tem possível origem ainda nos
tempos primitivos, quando se realizavam projetos de
Desenho de estilo
monumentos de grande porte. Tais desenhos objetivam
a comunicação de ideias para posterior materialização Assim como o esboço, o desenho de estilo está direta-
de um objeto, artefato ou construção. mente associado à representação de uma ideia a partir
A capacidade de “ver” e posteriormente “transmitir” aqui- do ato de desenhar. São também representações rápi-
lo que se vê é de fundamental importância para os profis- das, mais frequentemente realizadas com técnicas ma-
sionais do design. Isto porque, em projetos de produtos, nuais, cuja função é possibilitar a junção do fazer e do
o desenho não é, absolutamente, um fim em si mesmo, pensar o produto em termos projetuais. Por meio dele,
ou seja, não tem caráter artístico, mas deve ser utiliza- o designer registra ideias, estuda a coerência e a viabi-
do como um canal, pelo qual as ideias do profissional lidade do produto. Mas, diferentemente do esboço, é
tornam-se visíveis e podem ser discutidas, repensadas e por meio do desenho de estilo que o designer comuni-
materializadas. Deste modo, é importante destacar que ca sua intenção a terceiros, apresentando suas ideias às
o designer precisa tanto comunicar as ideias que ainda pessoas com poder de decisão sobre a fabricação dos
estão em sua mente, quanto representar aquilo que já produtos (GRAGNATO, 2008; MORRIS, 2006). Assim, este
foi projetado.

48
LEITURA
COMPLEMENTAR

tipo de representação é mais facilmente entendido como No tipo médio de corpo feminino, o tamanho da cabe-
um “refinamento” das representações que foram previa- ça corresponde aproximadamente à altura dividida por
mente realizadas por meio do esboço. sete e meio. No desenho de moda o divisor cresce para
No desenho de estilo a figura humana é quase sempre oito e meio a nove. O comprimento das pernas é exage-
representada, pois o caimento do produto sobre o corpo rado em relação ao do tronco. Como a ênfase é na roupa,
é informação indispensável. A representação de volu- a figura é um pouco alongada, não só como efeito de
mes, formas, cores, texturas e detalhamentos também elegância, mas também com o intuito de deixar espaço
devem acontecer da maneira mais fiel à realidade quan- para mostrar detalhes como bolsos e pespontos (JONES,
to for possível, pois ele orientará decisões importantes 2005, p. 90).
quanto à adequação da coleção (conceito, público-alvo),
custos (tecidos, aviamentos) e viabilidade técnico-produ- Segundo Morris (2006) e Riegelman (2006a), não há pro-
tiva (acabamentos, custos de produção). blemas em utilizar-se destas estilizações no desenho de
Quanto mais fiel à realidade o croqui, maior a probabi- croquis. No entanto, deve-se atentar para o fato de que
lidade das ideias do designer serem aprovadas (RIEGEL- estas distorções não devem ocorrer de forma que se
MAN, 2006a; GRAGNATO, 2007). Contudo, Jones (2005) modifique demais a figura, a ponto de se perderem as
afirma que o designer deve registrar de forma suficiente proporções básicas do corpo humano, e consequente-
detalhes e estruturas, sem complicar demais o trabalho. mente das peças sobre ele representadas. Elas devem
O realismo deve ser usado de maneira parcimoniosa, ser mantidas, de forma que o produto cubra-o obede-
pois o tempo é um importante limitador em empresas cendo aos seus volumes, formas e articulações de forma
de confecção. harmônica.
Assim como a representação de formas e estruturas, o
corpo humano deve também ser mostrado com as suas
Fonte: Hatadani e Menezes (2011, p. 69-74).
proporções reais, a fim de não “enganar” o leitor no
entendimento das peças. No entanto, é muito comum
encontrar croquis em que algumas proporções são dis-
torcidas e estilizadas, seja para evidenciar melhor os de-
talhamentos das peças, seja para tornar o corpo adapta-
do aos padrões de beleza vigente na época (BLACKMAN
(2007); MORRIS (2006); JONES (2005).

49
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Desenho de Moda: Volume I


Bina Abling
Editora: Edgar Blucher
Sinopse: Este livro de ilustração de moda procura in-
corporar estrutura vertical de design de moda e sequ-
ência de apresentação de tipos – desde os primeiros
esboços ao desenho de ilustração, de planos a specs
técnicos –. Contém os seguintes capítulos: Proporções
da Figura Humana em Desenho de Moda; Formas Bá-
sicas da Figura Humana; Desenhando o Modelo; Cabe-
ças em desenho de Moda; Desenhando Homens; Dese-
nhando Crianças; Trajes e Detalhes de Trajes.
Comentário: Bina Abling, nesse livro, apresenta o estu-
do da figura humana de forma bastante didática, abor-
dando diversos tipos humanos, além de adultos, crian-
ças e adolescentes, também a mulher mais cheia e a grávida. Muitos desenhos de partes do
corpo isoladas ajudam o aluno na tarefa de desenhar a figura de moda.

50
referências

ABLING, B. Desenho de moda. v. 1. São Paulo: Blücher, 2011.


BRYANT, M. W. Desenho de Moda: Técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo: Ed.
Senac, 2012
FAJARDO, E.; MATHIAS, C.; AUTRAN, M. Papéis e panos. Rio de Janeiro, Ed. Senac Na-
cional, 2002.
FERNÁNDEZ, Á.; MARTÍN, G. Dibujo para diseñadores de moda. Barcelona: Ed. Parra-
mont, 2007.
HATADANI, P. da S.; MENEZES, M. dos S. O Desenho como Ferramenta Projetual no
Design de Moda. Projética Revista Científica de Design, Londrina, v. 2 , n. 1, p. 69-74,
junho 2011. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/
view/8749/9244>. Acesso em: 18 mar. 2016.
HAYES, C. Guia completa de pintura y dibujo: tecnicas y materiales. Madrid, H. Blume
Ediciones, 1980.
HOPKINS, J.; BANDARRA, M. Desenho de moda. Porto Alegre: Bookman, 2010.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
KLICZKOWSKI, H. Ilustración de Moda. Barcelona: Ed. Maomao Publications, 2006.
SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. São Paulo: Grupo Gen-LTC, 2000.

51
gabarito

1. B
2. D
3. 1. F
2. F
3. V
4. A principal mudança é que a altura da figura infantil vai aumentando com a idade, a partir
de 4 cabeças para bebês. Isso acontece porque o corpo da figura humana cresce proporcio-
nalmente muito mais do que a cabeça, desde o seu nascimento. Esse processo é relativamente
lento até os seis anos, passando de 4 para 5 alturas de cabeça de comprimento total. A partir
dos 6 anos, a criança cresce mais rapidamente. Outra mudança significativa é com relação
ao porte corporal. Quando pequeninos, os meninos e meninas, para serem diferenciados,
precisam ser vestidos conforme o gênero. Já a partir dos 3 anos, o corpo vai perdendo aquela
gordurinha típica dos bebês e vai havendo uma sutil diferenciação conforme o sexo, com o
corpo dos meninos um pouco mais musculoso do que o das meninas.
5. a) V
b) F
c) F
d) V
e) V

52
CABEÇA E CABELOS

Professora Esp. Sandra Calil de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Proporções do rosto feminino
• Proporções do rosto masculino
• Proporções do rosto infantil
• Tipos de cabelos

Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver a personalização da figura por meio do rosto
para o gênero feminino.
• Desenvolver a personalização da figura por meio do rosto
para o gênero masculino.
• Desenvolver a personalização da figura por meio do rosto
para o gênero infantil feminino e infantil masculino.
• Desenvolver a personalização da figura por meio dos
diferentes tipos de penteados, de acordo com o gênero da
figura e o segmento de moda.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Na unidade 1 você aprendeu como desenhar a figura hu-


mana feminina, masculina e infantil, dentro dos cânones de proporção.
Agora, na unidade 2, vamos detalhar a cabeça e os cabelos. Eles são mui-
to importantes no desenho de moda porque ajudam no processo de con-
ceituação de uma marca, coleção ou produto. Basta observar a produção
dos desfiles de passarela, que utilizam do recurso de maquiagem, cabelos
e acessórios para imprimir a atmosfera desejável a determinado contexto.
E as ilustrações de moda também reproduzem essa atmosfera. Quando
a ilustração é interessante, com traços de feição e acessórios próprios do
público-alvo específico, ela contribui para identificação do conceito de
design da marca e consequente venda do produto.
Vamos iniciar nosso estudo com o desenho da cabeça proporcionada
dentro dos cânones para, depois, expor o conteúdo relativo a cabelos.
Isso porque a cabeça é a base que sustenta a cabeleira. Lembre-se de que,
como você já viu nos cânones, a cabeça mede três centímetros de altura.
O esquema de proporção de cabeças adotado será o sugerido por Bryant
(2012).
Um hábito importante e que contribui muito para o desenvolvimento
da capacidade de olhar é reunir referências fotográficas que sirvam de
base para a composição de personagens. Podem ser recortes de revis-
ta ou imagens reunidas em um arquivo digital. Analise os traços dessas
referências de maneira fragmentada: que tipos de olhos você está ven-
do nessas imagens? Grandes? Pequenos? Amendoados? e que tipos de
bocas? Pequenas? Grandes? Finas? Carnudas? analise também os tipos
de nariz, se pequenos, grandes ou médios; e os cabelos? Curtos, longos,
cacheados, lisos, afros? Quanta variedade de estrutura de fios, cores e
penteados! Uma festa para os ilustradores! E uma atividade criativa e di-
vertida! Tenha em mente que essa personificação é mais forte na cabeça e
nos cabelos porque são informações que mais imediatamente irão passar
a identidade de uma figura humana. Vamos lá?
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Proporções do
Rosto Feminino
Começamos com o desenho do rosto em vista fron- se fosse um ovo de cabeça para baixo (imagem 1 da
tal, na figura 1, por ser mais fácil para o entendimen- figura1). Segundo Bryant (2012), para o desenho da
to dos cânones. Assim, você vai aprender a distri- cabeça por meio da análise do crânio, é bom ter em
buir os traços do rosto, para, em seguida, aprender o mente que sua única parte mais maleável é o maxilar
rosto em ½ perfil e em perfil. Para tal, utilizaremos (imagem 2). Em seguida, divida a cabeça com uma
imagens do passo a passo em cada figura exposta. linha vertical. Essa linha ajuda a trabalhar a simetria
A proporção de largura do rosto em vista frontal, do rosto no desenho (imagem 3). Agora reserve uma
em relação à altura de cabeça de 3 centímetros é de ⅔ pequena parte no alto da cabeça para a linha do ca-
da altura, ou seja, de 2 centímetros. Então, construa belo; e divida o restante em três partes iguais. Você
um retângulo de 3 cm x 2 cm e desenhe nele um oval terá a distribuição dos olhos, nariz e boca (imagem
com a parte de cima ligeiramente mais larga, como 4). Vamos ver mais detalhadamente?

58
DESIGN

Figura 1 - Guia para a vista frontal do rosto feminino


Fonte: Bryant (2012, p. 140).

Acompanhe a explicação das proporções do rosto, os olhos, deixe a largura de um olho de espaçamen-
conforme exposto na figura 2. to e para a largura do nariz, use como referência a
Os olhos ficam posicionados na metade da dis- medida do canal lacrimal (imagem 3). As orelhas
tância entre o alto da cabeça e o queixo. Aí estão estão posicionadas na altura dos olhos e descem
eles. Em seguida, você vai dividir a cabeça em três até a base do nariz, como se vê em todas as figu-
partes iguais, a partir da linha do cabelo. Na pri- ras. Para traçar o pescoço, use como referência os
meira linha ficam as sobrancelhas e na segunda, o pontos mais externos dos olhos. Mas tome cuidado,
nariz. Por último, posicione a boca. Para isso, divi- se você desenhou olhos muito pequenos, isso pode
da o último espaço, que vai do nariz ao queixo, em fazer o pescoço ficar fino. Ao contrário, se traçou
três partes. Use a primeira linha para centralizar a olhos muito grandes, o pescoço ficará grosso (ima-
boca (imagem 1). Para a largura da boca, você pode gem 4). Procure seguir essas orientações e base-
usar como referência a medida de afastamento das ar-se nas figuras a seguir para desenhar um rosto
pupilas (imagem 2). Já com relação à largura entre harmonioso.

59
DESENHO DA FIGURA HUMANA

SAIBA MAIS

O rosto é uma parte do corpo que contém


detalhes minuciosos e embora sua figura
de moda possa ser estilizada, é importante
aprender a desenhar os traços do rosto
em seu aspecto real para que mais à frente
você encontre facilidade ao estilizá-los.
Porém, se você achar difícil iniciar o treino
desenhando uma cabeça tão pequena, com
altura de 3 centímetros, e se achar mais
fácil desenhá-la maior, comece treinando
o desenho da cabeça em uma escala de
2:1 ou 3:1, multiplicando as medidas por 2
ou por 3, respectivamente. Com isso, seu
desenho vai ter a altura de 6 ou 9 centíme-
tros, conforme a escala adotada. Quando
conseguir dominar o desenho dos traços
do rosto, vá diminuindo o tamanho do
desenho até chegar à altura de cabeça de 3
centímetros. A aplicação da escala também
é interessante para o desenho de produtos
como chapéus, lenços de cabeça, brincos
ou colares, porque nesses casos você pode
precisar desenhar somente a cabeça da
Figura 2 - Proporções para traços faciais femininos figura, em tamanho maior.
Fonte: Bryant (2012, p. 139).
Fonte: a autora.

O rosto do esquema de proporções apresentado re- Agora, veja na figura 3, como fica o esquema de
trata um tipo físico caucasiano, porém, para o en- proporções para um rosto desenhado em meio
riquecimento de seu aprendizado, você pode dese- perfil. Esse tipo de enfoque do rosto pode ser uti-
nhar outros rostos, com variação de traços, tal como lizado tanto em poses em que a figura esteja em
rosto afro – de nariz mais largo e boca mais carnuda meio perfil quanto em poses em que a figura hu-
– ou ainda rostos orientais – com olhos mais oblí- mana permaneça de frente. Um rosto desenhado
quos e puxados e, de um modo geral, lábios finos em meio perfil pode ser muito interessante, por-
–. Pode também experimentar outras etnias, con- que como a cabeça vira um pouco, vê-se parte do
sultando suas observações pessoais em revistas ou crânio e, com isso, você pode desenhar parte do
arquivos digitais, conforme sugerido na introdução cabelo, dando uma melhor visão do penteado es-
desta unidade. colhido.

60
DESIGN

Para construir o retângulo inicial das propor- agora como fica a linha central da face, que posicio-
ções, use a altura de 3 centímetros – e com relação à na o meio do rosto, o nariz e a boca. Essa linha está
largura, use uma medida ligeiramente maior do que curvada e mais voltada para o lado direito do dese-
a medida de 2 centímetros usada para a vista frontal nho (imagem. 3). No entanto, a altura das linhas de
do rosto –. Agora, ao desenhar o formato oval da cabelo, olhos, nariz e boca não se alteram. Obser-
cabeça, incline-o, de forma que a ponta do queixo vando a imagem 4, você já pode treinar o desenho
fique mais para o lado direito (imagem 1). Eviden- dos traços do rosto. Repare na reentrância que se
temente, se você quiser desenhar a cabeça voltada nota no contorno da face, no lado direito, à altura
para o lado contrário, a ponta do queixo deve estar dos olhos. Essa linha se molda à concavidade da os-
mais voltada para o lado esquerdo. A imagem do satura do crânio e põe em destaque o osso saliente
crânio (imagem 2) dá a exata noção de como fica da face. Os elementos do rosto do lado esquerdo es-
a visão dos traços do rosto. Ou seja, uma parte do tão em evidência, enquanto que os do lado direito
rosto estará mais em evidência do que a outra. Veja ficam em segundo plano.

Figura 3 - Esquema de proporções para rosto feminino em meio perfil


Fonte: Bryant (2012, p. 148).

61
DESENHO DA FIGURA HUMANA

O rosto em perfil é menos usado no desenho de do pescoço, inclinado para frente, devido à flexibili-
moda, mas é interessante de se aprender, porque dade da coluna. Para posicionar a altura dos olhos e
pode ser muito útil no caso de representação de o final do maxilar, divida o quadrado ao meio, nos
acessórios, como chapéus, lenços ou brincos. Na ca- dois sentidos (imagem 3). Agora, observe o desenho
beça em perfil, em vez de iniciar as proporções com dos traços do rosto, conforme a figura 4, sempre
um retângulo, você vai usar um quadrado de 3 por utilizando as mesmas alturas de olhos, nariz e boca
3 centímetros, uma vez que a largura da cabeça vai vistas desde a cabeça em vista frontal. Nessa visão,
se apresentar com a mesma medida da altura. Para os elementos do rosto estão totalmente de lado. Ob-
o esboço da cabeça, continue a desenhar um oval, serve também o alinhamento de testa, nariz e boca.
porém a ponta do queixo vai estar totalmente volta- Procure reproduzir em seus esboços um alinhamen-
da para o lado do canto inferior do quadrado onde to similar, com o nariz mais à frente e o lábio supe-
você quer que a cabeça esteja voltada – ou para a rior um pouco mais proeminente do que o inferior.
esquerda, como na imagem 1, ou para a direita –. Também nessa vista, você tem a visão total da orelha
Na imagem 2, você vê como fica o posicionamento da figura.

Figura 4 - Guia para a vista de perfil do rosto feminino


Fonte: Bryant (2012, p. 150).

62
DESIGN

Proporções do
Rosto Masculino
Para o desenho do rosto masculino, a proporção é olhos. Os demais traços do rosto, como nariz e boca
a mesma usada para o desenho do rosto feminino, seguem a mesma divisão da figura feminina. Porém,
ou seja, você inicia desenhando um retângulo de 2 algumas diferenças são notáveis, como a acentuação
por 3 centímetros. A diferença é que ao desenhar a dos ossos da face e, além do maxilar mais quadrado,
forma oval da cabeça, esta será um pouco mais larga o desenho da boca, menos delineada do que a femi-
do que o oval da cabeça feminina. Também o queixo nina. Os olhos masculinos são menores do que os
será mais largo, já que o maxilar masculino é mais femininos, até porque não são desenhados maquia-
largo (imagem 1). Da mesma forma como fez com o dos como os femininos, recurso que os faz maiores.
desenho da cabeça feminina, divida o rosto em duas Procure desenhar o nariz para que pareça um pouco
partes com uma linha vertical (imagem 2). As demais maior do que o feminino (imagem 3). Perceba, ainda
proporções são iguais também, com a reserva de uma na imagem 3, que a largura do pescoço masculino é
parte ao alto da cabeça para os cabelos, e a divisão da maior do que a do pescoço feminino, sendo esse qua-
altura de cabeça ao meio, para definir a posição dos se da largura do maxilar – pouca coisa menor.

63
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 5 - Guia para a vista frontal do rosto masculino


Fonte: Bryant (2012, p. 153).

Você vai ver agora como fica o esquema de propor- imagem 3, você vai perceber que essa vista favorece
ções para um rosto masculino desenhado em meio a caracterização dos elementos masculinos, já que
perfil. Comece construindo o retângulo inicial das coloca em destaque queixo e nariz, dois elementos
proporções, usando a altura de 3 centímetros – e, bem marcantes da fisionomia masculina.
com relação à largura, uma medida ligeiramen-
te maior do que a medida de 2 centímetros usada Com relação ao rosto masculino de perfil, você pode
para a vista frontal do rosto –. Agora, ao desenhar observar nas imagens a seguir, que o esquema é o
o formato oval da cabeça, lembre-se das orientações mesmo do feminino, porém com a forma oval mais
vistas no desenho da figura feminina em meio perfil: avantajada. Alguns elementos reforçam a masculi-
incline-o, de forma que a ponta do queixo fique mais nidade do rosto, tais como as sobrancelhas, o nariz,
para o lado direito (imagem 1) ou esquerdo, confor- o maxilar proeminente, orelhas maiores que as fe-
me a sua preferência ou adequação a uma necessi- mininas e a marcação do pomo de Adão, no pesco-
dade do desenho. Trace a linha central da face, que ço. Esses detalhes, na caracterização do desenho de
posiciona o meio do rosto, o nariz e a boca e que está moda, são de grande importância na tarefa de dife-
curvada e mais voltada para o lado direito do dese- renciar os gêneros das figuras. Mais uma vez, obser-
nho (imagem 2). Ao rotacionar o rosto para essa vis- ve com bastante atenção o perfil da figura. De um
ta, a posição vertical dos traços do rosto permanece modo geral, a testa masculina, à altura dos olhos, é
a mesma da figura feminina. Agora, observando a mais projetada para frente do que a feminina.

64
DESIGN

Figura 6 - Esquema de proporções para rosto masculino em meio perfil


Fonte: Bryant (2012, p. 154).

Figura 7 - Guia para a vista de perfil do rosto masculino


Fonte: Bryant (2012, p. 155).

65
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Proporções do
Rosto Infantil
Conforme você já viu durante o aprendizado das O contorno da face e os traços do rosto precisam
proporções da figura infantil, na unidade 1, quando ter um aspecto compatível com a idade. Como a
falamos em crianças, podemos estar nos referindo a cabeça dos bebês e crianças bem pequenas é bem
um bebê, uma criança bem pequena, de 1 a 3 anos, redonda, para elas você pode usar praticamente um
crianças pequenas, de 4 a 6 anos, ou as maiores, dos quadrado para esboçar a cabeça. À medida que a
6 aos 11 anos. E, evidentemente, o desenho da ca- criança cresce, o formato da cabeça (e também as
beça acompanha essa diferenciação de faixa etária, feições) mudam rapidamente. Você, então, pode
com mudanças muito rápidas dentro do processo partir da forma retangular para o esboço da cabe-
de crescimento. No desenho de moda, essa diferen- ça, já a partir dos 4 anos, aumentando a altura do
ciação precisa ser bem explorada, para que a figu- retângulo até chegar à proporção de cabeça adulta,
ra não pareça uma criança com aspecto de adulto. usada para os adolescentes.

66
DESIGN

Os rostos infantis não apenas ficam mais largos,


mas também mais compridos com o tempo. O
alto do nariz, que mal é visível no bebê, fica
mais definido na criança mais velha. As dife-
renças de gênero são cada vez mais definidas no
rosto. A cabeça dos meninos ganha uma apa-
rência mais retangular à medida que o maxilar
fica mais quadrado. (BRYANT, 2012, p. 156).

Na prática, para o desenho de corpo inteiro, não há


a necessidade de se marcar larguras diferentes de ca-
beça; apenas no momento de esboçar a cabeça, trace
o contorno do rosto um pouco mais largo para as
crianças menores e vá afinando o rosto no desenho
das maiores. Com o treino, você vai desenvolvendo
a visão espacial e mensurando essas proporções de
forma automática. Outro elemento muito importan-
te para que o rosto infantil pareça realmente o de
uma criança é que os traços estão mais concentrados
na parte inferior da face. Isso se dá porque o maxilar
das crianças ainda tem muito a desenvolver e, en-
quanto isso, elas apresentam a testa muito grande,
as bochechas salientes e o queixo bem pequenino.
Veja nas figuras a seguir a relação entre crianças pe-
quenas e maiores, a comparação do rosto de uma
criança com um rosto adulto e também, nas imagens
de perfil, o processo de crescimento do maxilar, do
bebê para a criança maior. Figura 8 - Proporções do rosto para diferentes faixas etárias
Os olhos infantis são mais arredondados que os Fonte: adaptado de Bryant (2012, p. 156).

de um adulto e as sobrancelhas são bem mais ralas.


Procure não carregar muito nos traços do rosto, que
devem parecer sutis. O pescoço também é um ele-
mento marcante no desenho de crianças. Os bebês
apresentam um pescoço quase imperceptível. Ele vai
crescendo à medida que a criança se desenvolve.

67
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 9 - Rostos infantis


Fonte: Bryant (2012, p. 158).

Com relação aos traços do rosto para adolescentes, REFLITA


apresentam pouca diferença em comparação a rostos
adultos. Os rostos femininos não devem parecer tão
A variação de traços confere textura e movi-
carregados de maquiagem; já os rostos masculinos
mento: linhas de contorno definem os ros-
podem ser diferenciados dos adultos com um nariz tos, linhas minuciosas enfatizam os olhos,
sutilmente menor e cabelos de acordo com a idade enquanto linhas fluidas de vários pesos se
sobrepõem e fluem nos cabelos.
dos adolescentes. Nessa faixa etária, os elementos
mais marcantes para a caracterização são mesmo (Donovan, 2010)
as roupas, os penteados e a atitude, com poses mais
descontraídas e um ar irreverente.

68
DESIGN

Tipos de Cabelos
Cabelos e maquiagem são elementos muito impor- ta, como se fosse uma segunda pele que ela porta
tantes no desenho de moda. É por meios da repre- com naturalidade. E essa interpretação, totalmente
sentação deles que o designer consegue reforçar a direcionada, possui, ao mesmo tempo, liberdade e
personificação dos mais diferenciados públicos-al- subjetividade apaixonantes!
vo. Assim como ao realizar uma coleção de moda Bryant (2012, p. 143) orienta: “pense em como
é preciso que exista uma coerência entre as peças, a sua visão pessoal de beleza contemporânea se re-
também a ilustração ou o desenho de moda deve es- laciona com um tipo específico de design de rou-
tar submerso na essência da coleção. É como se um pas”. A partir desse questionamento, analise alguns
se visse no outro, ou seja: assim como uma pessoa pontos importantes a respeito da coleção a ser re-
se depara com uma roupa diante de uma vitrine e se presentada, seja de sua autoria ou de um cliente,
vê na roupa exposta, por isso entra e compra, assim exatamente como se faz ao produzir um editorial
também deve ser a relação entre a figura de moda e de moda para uma revista ou catálogo. Qual o per-
a roupa, como se ela se identificasse com a vestimen- fil do público-alvo? E qual a temática da coleção? A

69
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 10: Várias possibilidades ousadas e criati-


vas para desenhar cabelos na produção de moda

70
DESIGN

essência é moderna, romântica, vintage? Quais as bemos para onde o estamos levando com o pente,
características mais significativas das peças? As tex- ou seja, sabemos a direção que o pente toma ao levar
turas? As formas? Os detalhes e aviamentos? Quais os fios, sob o nosso comando. Então, com base nessa
elementos têm mais peso, dentro de tal contexto? certeza, imagine se uma pessoa tomar nas mãos o
A maquiagem? O cabelo? O aspecto deve ser mais pente e passá-lo sobre o cabelo em várias direções,
próximo do natural ou mais rebuscado? Agora olhe sem um planejamento? O resultado dessa ação vai
para esse conjunto e pense em como transmitir essa levar os cabelos a lugar nenhum. Da mesma forma,
mensagem por meio do desenho, com criatividade ao trabalhar com o lápis sobre o desenho, você deve
e inovação. agir como se penteasse o cabelo da figura de moda.
Procure também trabalhar sempre essa análise A direção dos traços é aquela que você pretende
partindo do geral para o específico. Por exemplo: para o penteado escolhido, conforme a explicação:
você determina se o cabelo será volumoso ou não. “A textura do cabelo se representa a partir de tramas
Então, a partir dessa escolha, você opta pelo pentea- de traços mais ou menos justapostos, que seguem a
do mais adequado para cada tipo de roupa. A partir caída natural do penteado” (FERNÁNDEZ; MAR-
da definição do contorno geral de cabelo que você TIN, 2007, p. 64).
quer para sua figura, você parte para o detalhe espe- O desenho dos cabelos deve ser executado cal-
cífico do tipo de cabelo que escolheu. Pode ser liso, cando mais o lápis no início do traçado do fio, em
ondulado, cacheado, frisado ou afro. um movimento contínuo e natural, que deve partir
Em muitos trabalhos, o cabelo parece adquirir do couro cabeludo e seguir nas direções de acordo
vida própria, tornando-se um dos elementos mais com o estilo do penteado. É interessante trabalhar
importantes da figura. Você não precisa se prender a afrouxando a pressão do lápis no papel perto do fi-
cabelos formalmente arrumados, ao contrário, tem nal de cada linha. Assim, você tem um fio de cabe-
livre liberdade para aventurar-se em penteados di- lo mais grosso perto da raiz, cujo traço vai ficando
ferentes e soluções ousadas, conforme a proposta da mais leve na direção das pontas. Com essa técnica,
coleção ou da peça a ser desenhada. Experimente você evita traços muito grossos nas pontas do cabelo
várias possibilidades, já que conforme o conceito da – que podem dar um aspecto pesado ao conjunto.
coleção, você terá que adequar os cabelos. Para dar ao cabelo a impressão de brilho, escu-
Para Kliczkowski (2006), é fundamental decidir reça somente as áreas que não estão expostas à inci-
qual vai ser o penteado antes de desenhar o cabelo. dência da luz, tais como a parte de dentro, próxima
Em seguida, você deve marcar as linhas de volume ao pescoço da figura, e também algumas mechas de
do cabelo para depois terminar o desenho com tra- cabelos que aparentam estar sobre as mechas mais
ços largos, como o caminho que um pente faz na ao alto da cabeça. Trabalhe intercalando mechas cla-
cabeleira. De fato, quando penteamos o cabelo, sa- ras e escuras.

71
DESENHO DA FIGURA HUMANA

CABELOS COM O RECURSO DE SOMBRAS

Figura 11 - Cabelos com recurso de sombras

72
DESIGN

Existem dois enfoques que se pode dar ao desenho trabalhando com uma trama de traços em cada pla-
de cabelos na figura de moda: ou você trabalha com no, na intenção de representar a direção dos fios de
poucos traços, sintetizando a forma do penteado ou cabelo e a caída que eles apresentam, de acordo com
desenha os cabelos com um aspecto mais realístico, o penteado.

Figura 12 - Abordagem para cabelos curtos e longos com poucos traços

73
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 13 - Abordagem para cabelos com muitos traços

Figura 14 - Bloco de cor em efeito claro escuro

74
DESIGN

Você ainda pode representar blocos de cor, em efeito


claro escuro, o que também é uma forma de sinteti-
zar a aparência do cabelo.
Qualquer que seja a opção escolhida, busque
uma expressão autêntica, que lhe dê satisfação ao
desenhar e que brote o mais espontaneamente pos-
sível de sua mão. E, na dúvida, siga o ditado que diz
“menos é mais”. É preferível um cabelo com poucas
linhas e economia de traços do que um desenho em
que o cabelo tem um aspecto sujo e pesado, devido
à quantidade de linhas sem direção nem coerência
dentro do contexto do penteado.
Kliczkowski (2006) elenca alguns tipos de pen-
teados: curto na nuca, porém comprido na parte
dianteira, coques muito altos, com franja, volumo-
sos, com bucles para fora, com tranças, em estilo
afro, curtos com topete, glamourosos. Quer ver
mais algumas possibilidades? Presos para trás, des-
penteados, modernos, curtos ou longos, lisos ou
ondulados, cacheados, espetados, escovinha, tipo
Chanel. Ufa! São muitas as opções. Observe-os nas
figuras a seguir.

75
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Tipos de penteados

femininos

Figura 15 - Tipos de penteados femininos

76
DESIGN

Tipos de penteados

masculinos

Figura 16 - Tipos de penteados masculinos

77
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Tipos de penteados

infantil e adolescente

Figura 17 - Tipos de penteados infantil e adolescente

78
DESIGN

duro. Convém praticar o desenho de diferentes


É interessante realizar vários esboços, sem muito penteados para compreender esta circunstân-
comprometimento nem expectativa. Apenas dese- cia.(FERNÁNDEZ; MARTIN, 2007, p. 65)
nhe rostos, cabelos em diversos penteados, expres-
sões faciais, sem a pretensão de acertar. Esses quase E, por último, dentre as inúmeras possibilidades,
rabiscos, feitos de maneira displicente, podem nor- não importa o penteado, procure encontrar uma
tear o seu trabalho posterior, justamente por terem forma particular de desenhar os cabelos, que reforce
sido feitos de forma tão descompromissada. Analise o seu estilo pessoal de ilustração. Não se preocupe
os resultados e escolha as melhores propostas. se a princípio essa tarefa lhe parecer difícil. Esse é
um processo que pode perdurar por muito tempo,
Os penteados, segundo sua forma, colocação e uma questão de amadurecimento do traço, de refi-
aprumo, podem dar à cabeça um ar moderno
namento do olhar, até chegar ao resultado perfeito
ou antigo, selvagem ou recatado, jovem ou ma-
para você.

Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade você viu como Continue com perseverança, porém não seja
proporcionar a cabeça feminina, masculina e muito crítico. A espontaneidade do desenho depende
infantil e pôde conhecer o posicionamento dos muito da sua disposição em se lançar ao papel, sem
traços do rosto, nas vistas frontal, meio perfil e medo. Provavelmente ao desenhar, você notará algu-
perfil. Também viu como é amplo o horizonte mas dificuldades e falhas. Não desanime: elas serão
dos desenhos de cabelos, com opções para todos superadas com o tempo e o treino constante. Procure
os públicos e inspirações. De posse dessas orien- desenhar figuras de todos os gêneros e idades apre-
tações, desenhe rostos nas figuras de moda que sentadas até aqui. Essa disponibilidade é necessária,
você esboçou na unidade 1. Desenhe também os para prepará-lo(a) para o próximo aprendizado. O
cabelos, iniciando pelas opções mais fáceis e par- desafio que se segue, na unidade 3, é substancial, pois
tindo, mais tarde, para os cabelos mais elabora- você, após aprender a desenhar as figuras humanas
dos; ou treine novos croquis, agora com a figura estáticas, vai travar contato com os ensinamentos
completa. Você não deve esquecer que quanto para o desenho da figura em movimento, ou seja, em
mais se treina, melhor fica o desenho, já que a pose de moda – e, com isso, as possibilidades de cres-
motricidade fina, que é o tipo de movimento que cimento são fascinantes! –. Seu desenho, enfim, vai
você trabalha enquanto desenha, se beneficia da “mover-se” em poses criativas, que você pode dese-
quantidade de produção. Grandes ilustradores nhar de acordo com a proposta das roupas ou com o
relatam que carregam consigo um bloco de dese- perfil do público retratado. Siga preparando-se para
nhos para estarem sempre “em ação”, desenhando essa nova etapa: desenhe com disposição e perseve-
tudo o que veem. rança para começar a colher doces frutos!

79
LEITURA
COMPLEMENTAR

Desenvolvimento de coleção, conceitos e metodologias Sobre o processo criativo, Treptow (2007) comenta várias
de moda técnicas de criação, entre elas, esboços em brainstor-
Para Fiorini (2008), a coleção é um sistema particular, ming, bonecas de papel, drapeamento de fotografia. A
tanto pela lógica de montagem, que apresenta princípios autora diz que o croqui e o desenho de moda nem sem-
de complementação entre diferentes produtos que se- pre são usados na indústria de confecção. Contudo, o
rão usados sobre o corpo, quanto pela sua característica croqui apresenta uma grande vantagem, que é visualizar
temporal e efêmera. Na coleção, o estilista é visto como as combinações entre as peças da coleção.
mensageiro e transmissor de ideias, que são criadas por Para Sorger e Udale (2009), o estilista deve ter muito
meio de materiais, formas e usos específicos. claro a quem serão dirigidas as suas peças ao criar uma
coleção. Pois todo designer de moda pode trabalhar em
Cada coleção apresenta alternativas formais e op-
diferentes níveis dentro da indústria da moda, a escolha
ções funcionais para o usuário, utilizando sua capa-
depende dos estudos realizados, das suas habilidades,
cidade associativa e combinatória: desde o produto
mais básico ao mais experimental, todos comparti- interesses pessoais e também do valor que se quer co-

lham um discurso comum, emitem a mesma men- brar pelos produtos. Os detalhes na roupa são fatores
sagem (FIORINI, 2008, p.110). decisivos quando se trata de persuadir alguém a fazer
Conforme a metodologia de Treptow (2007), uma cole- uma compra, além disso, o uso destes detalhes pode dar
ção deve ser coerente e contemplar os seguintes aspec- uma identidade à coleção, uma espécie de assinatura.
tos: identidade da marca, perfil do consumidor, tema de Como já vimos anteriormente, no caso do projeto de
coleção, propostas de cores e materiais, para assim criar moda, há menos autores que se dedicam ao estudo de
produtos que possam ser absorvidos pelo público alvo. projeto de moda se comparáramos com a quantidade
Deve-se ter uma preocupação também com a funciona- de autores dedicados ao estudo do projeto de design de
lidade e os benefícios que estes produtos vão oferecer produto. Como autores de metodologias de moda, po-
aos usuários, mesmos que estes atributos possam ser demos citar: Jones (2011), Treptow (2007), Sorger e Udale
intangíveis. (2009).

80
LEITURA
COMPLEMENTAR

Jones (2011) propõe um método em seis grandes eta- Na quinta fase são pesquisa das tendências, monta-se o
pas: briefing, desenvolvimento, custeio, gerenciamento briefing da coleção e define-se o tema, cartela de cores,
do tempo, inspiração e apresentação. Os objetivos do tecidos e aviamentos são decididos na sexta fase. E fi-
projeto são tratados logo na primeira etapa, público e nalmente, na sétima fase esboços, desenhos técnicos e
mercado alvo, análise de alternativa do problema e as modelagens, peças pilotos, reunião de aprovação, mos-
análises de valor para peças estão inseridas na segunda truário e lançamento e divulgação.
etapa. A terceira etapa trabalha com os prazos de entre- Sorger e Udale (2009) separam seu método em três ma-
ga, a quarta etapa inclui inspiração e criação das peças, cros etapas: pesquisa, desenvolvimento e lançamento.
e por fim a última etapa finaliza o projeto com croquis, A pesquisa de tendências, que está inserida na primeira
storyboards e as peças prontas. macro etapa. A segunda macro etapa engloba: desenhos
A metodologia de Treptow (2007) é formada por sete fa- e esboços, tecidos, cartela de cores, aviamentos, mode-
ses: planejamento, cronograma da coleção, parâmetro lagem e peças piloto. E por fim a mostra da coleção e a
de coleção, dimensão da coleção, pesquisa de tendên- venda, fazem parte da macro etapa de lançamento da
cias, desenvolvimento e fase de realização. Na primeira coleção.
etapa são discutidos número de peças da coleção, mix Fonte: Horn, Meyer e Ribeiro (2013, p. 161-163).
de produto, o cronograma de tempo de execução da
coleção, tempo de comercialização, capital de giro e o
potencial de faturamento da coleção. Na etapa dois, são
definidas as datas e as tarefas. O mix de produtos e o
mix de moda são definidos na terceira etapa, onde é ela-
borada uma tabela de parâmetro da coleção. O tamanho
da coleção e o estoque são abordados na quarta etapa.

81
atividades de estudo

1. Para o desenho da cabeça feminina e masculina, baseando-se no guia de proporções (BRYANT,


2012), temos algumas diferenças com relação ao desenho da cabeça em vista frontal e em
meio perfil. A partir da observação dessas diferenças, assinale a única alternativa correta:
a. ( ) A largura da cabeça vista em meio perfil é menor do que a largura da cabeça em visão
frontal, em uma proporção de ¼ .
b. ( ) Para o desenho de uma cabeça feminina em meio perfil, com a altura de cabeça de 6
centímetros, deve-se usar a largura um pouquinho maior do que a medida de 4 cm.
c. ( ) No caso da cabeça masculina em perfil, o retângulo de base para o desenho tem as me-
didas de 3 centímetros de altura por 2,5 centímetros de largura.
d. ( ) Uma cabeça em meio perfil, seja feminina, masculina ou infantil, só pode ser usada em
poses em que o corpo da figura esteja em meio perfil.
e. ( ) Em referência ao guia de proporções para a cabeça em vista frontal, para o desenho dos
traços do rosto, é preciso dividir a altura da cabeça em três partes iguais, a partir do alto do
crânio.

2. Você viu na unidade 1 que o desenho de crianças é proporcionado com o número de alturas
de cabeça adequadas à faixa etária. Porém para reforçar a idade da criança, o desenho do
rosto deve estar compatível com a idade. A criança pequena tem uma face bem característi-
ca. Pensando no que é necessário para um bom desenho de crianças pequenas, leia e analise
as afirmativas seguintes:
I. Os traços do rosto, na criança pequena, devem ser desenhados bem leves, para que o dese-
nho não fique pesado.
II. Em comparação com o rosto adulto, a criança pequena tem mais altura de testa.
III. O pescoço infantil é bem esguio e visível na figura do bebê de colo.
IV. Para posicionar os olhos da criança de 1 a 3 anos, desenhe-o na metade da altura de cabeça,
exatamente como na figura feminina.
V. As mudanças no rosto infantil vão acontecendo à medida que o maxilar se desenvolve.

Em função das afirmativas anteriores estão CORRETAS somente:


a. As alternativas I e III.
b. As alternativas I, II e III.
c. As alternativas II, III e IV.
d. As alternativas I e IV.
e. As alternativas I, II e V.

82
atividades de estudo

3. Para o desenho de cabelos, existe uma infinidade enorme de tipos e penteados, que devem
estar em acordo com a proposta do trabalho. Até mesmo no desenho da figura masculina,
a variedade é grande, indo do corte escovinha ao coque, adotado pelo segmento masculino
em muitos editoriais de moda. Porém, com relação à forma de apresentação do desenho do
cabelo, leia as afirmações a seguir e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
1. ( ) Cabelos cacheados só devem ser desenhados de forma detalhada e realística.
2. ( ) Não importa se o cabelo é elaborado e desenhado com um aspecto realístico ou se é
construído com poucos traços: o importante é a espontaneidade do resultado.
3. ( ) Para conseguir um efeito de sombras no desenho dos cabelos, eleja escurecer as partes
de baixo da cabeleira, próximas ao pescoço ou as mechas que estão sobre as outras que re-
cebem mais iluminação.

4. Ao desenhar os croquis de uma coleção para um portfólio ou apresentação dentro de uma


empresa, é preciso realizar uma pesquisa para adequar o espírito do desenho ao que se quer
comunicar com ele. Cite quatro fatores importantes e cruciais para o direcionamento do tra-
balho.

5. O cabelo e a maquiagem da figura de moda devem estar de acordo com o segmento da rou-
pa: casual, festa, trabalho; no desenho de moda essas características colaboram para que a
imagem passe o conceito de uma coleção. A partir das imagens apresentadas, correlacione-as
com a ocasião, conforme o estilo de cabelo.

a. ( ) Cabelos que podem ser usados com roupas casuais ou mais elaboradas. Porém não de-
vem ser usados quando a roupa tiver detalhes próximos ao pescoço, como golas ou detalhes
no alto de uma manga.
b. ( ) Este tipo de cabelo é perfeito para roupas de festa, quando o destaque é o colo ou as
costas. É perfeito para a exposição de um belo colar ou brincos.
c. ( ) Cabelo usado no dia a dia, não escondendo muito detalhes na parte de cima da roupa e,
por ser um penteado bem básico, combina com qualquer roupa.

83
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Styling de Moda
Jacqueline McAssey e Clare Buckley
Editora: Bookman
Sinopse: guia abrangente da área, começa com uma in-
trodução sobre o que é o styling de moda. O livro explica
as diversas áreas de atuação em styling e discute as habi-
lidades necessárias para seguir essa carreira. Ricamente
ilustrado com inúmeras imagens de styling criadas por
profissionais e estudantes de moda, este livro mostra
que, com muita criatividade, é possível desenvolver be-
los e relevantes trabalhos, mesmo com os orçamentos
mais limitados.
Comentário: ao entender o universo do styling, o(a) alu-
no(a) abre os horizontes para a personalização do desenho
de moda. As imagens de styling contidas no livro são uma fonte de inspiração nesse sentido.

Hayden Williams
Hayden Williams é um jovem ilustrador e designer britânico que ficou conhecido na mídia por
ilustrar celebridades em desenhos conceituais, cheios de sofisticação e glamour. Em seu site,
você pode observar a ampla galeria de tipos físicos que ele retrata com técnica de desenho e
cromatização perfeitas! Acesse o link “Archive” e se delicie!
Em: <http://haydenwilliamsillustrations.tumblr.com>

Inslee Haynes é uma ilustradora americana que desenha figuras femininas e detalhistas. Seu
trabalho tem forte inspiração romântica. Repare na forma como ela delineia os cabelos.
Em: <https://br.pinterest.com/ellenst4/inslee-love/>

84
referências

BRYANT, M. W. Desenho de Moda: Técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo:


Ed. Senac, 2012.
DONOVAN, B. Desenho de moda avançado: ilustração de estilo. São Paulo: Senac,
2010.
FERNÁNDEZ, Á.; MARTÍN, G. Dibujo para diseñadores de moda. Barcelona: Ed.
Parramont, 2007.
HORN, B. S.; MEYER, G. C.; RIBEIRO, V. G. Reflexões sobre o uso de metodologias
de projeto de produto no desenvolvimento de coleção de moda. ModaPalavra, ano
6, n. 11, jul.-dez. 2013, p. 157-177. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/
index.php/modapalavra/article/view/3482>. Acesso em: 28 mar. 2016.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
KLICZKOWSKI, H. Ilustración de Moda. Barcelona: Ed. Maomao Publications,
2006.

85
gabarito

1. B.
2. E
3. 1. F
2.V
3. V
4. Os dois fatores mais importantes – e que são o ponto de partida da pesquisa – são o co-
nhecimento de qual o perfil do público-alvo e também qual o tema que inspirou a coleção.
Outros dois fatores relevantes são os materiais e aviamentos escolhidos para a coleção e a
escolha do cabelo e maquiagem adequados às figuras de moda.
5. a. 3
b. 1
c. 2

86
A FIGURA EM MOVIMENTO

Professora Esp. Sandra Calil de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Eixos da figura em movimento
• Representação da figura em movimento
• Construção de bases para o desenho de moda

Objetivos de Aprendizagem
• Levar ao conhecimento do(a) aluno(a) os eixos
responsáveis por um bom desenho de moda e alguns
conceitos teóricos relativos.
• Introduzir o(a) aluno(a) à representação gráfica manual da
figura em movimento.
• Apresentar o processo de adequação de bases utilizadas
no desenho de moda.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Ao chegar à unidade 3 você já aprendeu os cânones de pro-


porção e também o desenho de cabeças, traços do rosto e cabelos. Com
esse conhecimento você já treinou o desenho de figuras estáticas, o que
lhe preparou para o próximo desafio.
Agora, nesta unidade, o foco é a transição da figura humana estática
para uma figura humana em movimento, a qual deve estar de acordo com
o público-alvo da peça ou coleção e também se adequar à necessidade
da roupa a ser representada. Você vai ver, nesta unidade, que mediante
o conhecimento de algumas informações teóricas e muita observação, o
desenho da figura em movimento torna-se uma tarefa mais fácil. Neste
momento, é de muita valia preparar um arquivo de imagens de revista
ou imagens virtuais, com variadas poses interessantes, sejam masculinas,
femininas ou infantis, de diversas faixas etárias.
No tópico “Eixos da figura em movimento”, você vai conhecer alguns
eixos e linhas importantes para o entendimento da pose de moda – e
que constituem a primeira informação a ser estudada quando se ana-
lisa uma pose. Já no tópico “Representação da figura em movimento”,
você vai visualizar a aplicação da técnica dos eixos de movimento aliada
à análise das linhas horizontais e verticais que perpassam o corpo da fi-
gura estática, para a compreensão do desequilíbrio que atinge todas essas
linhas quando a figura se movimenta. E no tópico “Construção de bases
para o desenho de moda”, você vai entender como adequar as poses a
um determinado público-alvo e, também, aprenderá como aplicar essas
poses para determinados tipos específicos de roupas, valorizar e melhor
visualizar seus elementos e detalhes.
Com o conhecimento desta unidade e sua dedicação e disponibili-
dade para desenhar, você poderá realizar desenhos de figuras com poses
diversas e também preparar o desenho de suas poses prediletas que fun-
cionarão como gabaritos a serem utilizados no dia a dia de uma empresa,
agilizando o trabalho no setor de criação e produção de moda.
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Eixos da Figura
em Movimento
Para iniciar, gostaria que você pensasse sobre observa e forma uma ideia em relação a ela. Essa
o ato de desenhar. O desenho tem a função de ideia engloba informações que não deixam dú-
comunicar ideias, ele é uma vitrine daquilo que vidas, como a cor, a textura do tecido e os avia-
vemos ou que idealizamos, sintetizando em uma mentos que ornam a peça. Mas, também, há in-
imagem o que está dentro de nossa cabeça. En- formações que você precisa confirmar ao vestir,
tão, a partir dessa verdade, analise: quando você como o comprimento da roupa, a vestibilidade e
vê uma roupa pendurada em um cabide, você a o caimento no corpo.

92
DESIGN

Porém, se você vê essa mesma roupa vestida em EIXO DE EQUILÍBRIO E EIXO CENTRAL
um modelo, desfilando em uma passarela, o enten-
dimento e a comunicação dessa se dão de forma Você vai agora entender como planejar o desenho de
muito mais abrangente. Isso porque a peça envol- uma figura de moda em movimento. Ao esboçar o
ve o corpo em suas três dimensões, que são altu- movimento da figura, é muito importante se ater ao
ra, comprimento e profundidade. Nesse momento, seu equilíbrio. Como todas as coisas sobre o nosso
você consegue captar a forma e o comportamento planeta, o corpo humano também obedece às leis da
da roupa enquanto o modelo anda: comprimento de gravidade. Quando apoiamos nosso peso na terra, o
barras, mangas, largura da peça em relação ao corpo fazemos distribuindo a carga pelos membros infe-
e peso do tecido, se é fluido ou mais pesado. Você riores, porém com a participação de todo o corpo,
também consegue avaliar melhor sua vestibilidade, em um movimento traduzido como pose ou postu-
ou seja, se tem um bom caimento, enfim, a compre- ra. Se o peso do corpo está igualmente distribuído
ensão acerca dos elementos da roupa é muito maior. entre as duas pernas, é fácil representar a figura com
Da mesma forma, com o conhecimento que você equilíbrio. Porém, se a figura apresentar uma “que-
teve até esta unidade, consegue desenhar uma figura bra” de quadril, para a direita ou esquerda, o peso do
humana estática, de frente ou de costas. Se essa figu- corpo vai recair sobre uma das pernas, aquela que
ra estiver vestida, é possível comunicar ideias sobre a apresenta o quadril mais alto. Nesse caso, o desenho
forma, a cor e os principais detalhes da roupa. Porém, pode até estar bem feito, correto na representação
para um melhor entendimento, para atrair a atenção e dos detalhes, porém se a figura parece desequilibra-
para fornecer todas as informações necessárias a um da, prestes a cair, o resultado não é agradável.
bom andamento do processo de produção, você preci- Para não cometer esse erro, ao analisar uma fi-
sa apresentar os desenhos com a figura em movimento, gura humana em pose, deve-se observar qual per-
porque com esse recurso você consegue passar melhor na está suportando a maior parte ou a totalidade do
a ideia das características do material com o qual ela foi peso do corpo. Experimente você mesmo(a) repetir
confeccionada, seu peso, textura, caimento e compor- com seu corpo a pose analisada e avalie o quê acon-
tamento ao redor da figura. Um bom desenho de moda tece com o seu peso em relação à distribuição dele
tem a capacidade de vender ideias, ainda no papel. entre as pernas, enquanto posa. Com esse procedi-
mento, você entenderá como é o processo de distri-
REFLITA buição do peso e ficará mais fácil avaliar a figura.
Após sua análise, inicie o desenho traçando uma
linha vertical no centro da folha, que servirá de base
O traço próprio e o uso de materiais artísticos
variados são muito mais importantes na ilus- para posicionar o desenho. Esta linha é chamada de
tração de moda do que o modelo. O melhor eixo de equilíbrio e é de suma importância no pla-
traço próprio é aquele que é seguro, fluido e nejamento da pose, pois serve para tornar a pose
cheio de movimento.
convincente e equilibrada. Vamos ver como reco-
(Sorger e Udale, 2009) nhecer este eixo? Na figura a seguir, vemos o eixo
de equilíbrio representado por uma linha vermelha.

93
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Essa linha é sempre vertical, como se representasse a


lei da gravidade e sempre inicia na base do pescoço,
indo até o chão, onde indica a incidência do peso do
corpo. Quando a linha aponta para o centro do pé,
o peso está todo naquela perna, sendo que o outro
pé somente toca o chão ou a figura está realmente
apoiada em um só pé. No caso da figura em ques-
tão, o peso do corpo está incidindo sobre o pé do
lado em que o quadril está mais alto, porém fora da
planta do pé. Isso significa que o peso do corpo está
quase todo nessa perna, mas com alguma porcenta-
gem na outra perna.
Repare, agora, na mesma imagem, que também
está representada uma linha tracejada azul, que
marca o meio da figura, saindo da base do pescoço
e indo até a púbis, como se fosse passar por entre
as pernas da figura. Essa linha é chamada de eixo
central. Esse eixo marca o meio da figura, não im-
portando a pose, seja de frente, em meio perfil ou
até de costas. Ele serve de orientação para o desenho
de detalhes e elementos da roupa, tais como deco-
tes, pences, recortes, distância entre bolsos e outros.
Por exemplo, se você vai desenhar uma peça com
botões na frente ou uma fivela de cinto, tendo como
referência a marcação do eixo central, tem como po-
sicioná-los no centro da figura, não importa a pose.
Ainda, ela serve para mostrar a posição certa da cos-
tura de gancho da calça ou qualquer detalhe a ser
posicionado, mesmo que não seja centralizado.

FORMAS GEOMÉTRICAS NA FIGURA


DE QUADRIL ALTO
Figura 1 - Formas geométricas da figura feminina
Fonte: Bryant (2012, p. 45).

94
DESIGN

Apesar de ambos os eixos partirem do mesmo


ponto, suas funções são diferentes no desenho, em-
bora de suma importância.
Sempre que for analisar uma pose, comece tra-
çando o eixo de equilíbrio na figura, sempre sain-
do da base do pescoço e sempre vertical até o chão,
para ver como está a distribuição do peso do cor-
po naquela pose. Observe como está a posição dos
pés em relação a esta linha imaginária: perto dela?
Afastados? Um perto e o outro afastado? Se o pé está
perto dela, em qual lado em relação a ela? Direito ou
esquerdo?

Não se pode duvidar que a linha mediana fron-


tal é a linha auxiliar mais importante da figura
e, por outro lado, ajuda a facilitar a orientação
do traçado, em cada desenho. A linha perpen-
dicular, traçada no início, desempenha uma
função importante no processo de desenvol-
vimento de uma figura de moda completa. De
fato, serve como critério para comprovar se a
figura mantém uma posição vertical e estável
(FEYERABEND, 2007, p. 6)

Pode-se até desenhá-la no papel para servir de


guia e orientar o posicionamento do corpo. Em
uma boa pose, eixo de equilíbrio e eixo central
trabalham juntos para uma resolução de movi-
mento com veracidade, equilíbrio e atração vi-
sual.

Figura 2 - Exemplo de pose com movimento


mantendo o eixo de equilíbrio

95
DESENHO DA FIGURA HUMANA

LINHAS AUXILIARES

Agora que você já tem conhecimento sobre dois ei-


xos importantes para o planejamento do desenho
de uma pose de moda, vamos conhecer as linhas
auxiliares, que definem a movimentação do corpo
e direcionam o esboço da figura. Conforme Abling
(2011) e Kliczkowski (2006), essas linhas são: linha
dos ombros, linha dos seios, linha da cintura e linha
dos quadris. São traçadas de forma paralela, em dois
grupos. A linha de ombros, sempre trabalha em pa-
ralelo com a linha dos seios; e a linha da cintura sem-
pre está paralela com a linha dos quadris. A linha dos
olhos não está atrelada às outras, já que a cabeça da
figura tem bastante autonomia, durante a pose.
Quando a figura está estática, sem pose, total-
mente ereta – essas linhas estão perfeitamente hori-
zontais e perpendiculares em relação ao eixo central
da figura, como vimos nas imagens da unidade 1 –.
Porém, quando a figura sai da posição ereta, o eixo
central se curva, desenvolvendo um movimento
sinuoso, que desloca a púbis para o lado em que o
quadril se ergue. Como as linhas auxiliares são per-
pendiculares ao eixo, elas também se movimentam,
buscando o equilíbrio da postura, ainda que conti-
nuem perpendiculares ao eixo central. Nesse senti-
do, é útil associar essa ideia ao movimento da coluna
e à sua flexibilidade para produzir várias poses di-
ferentes. Observe a figura 3 (a, b), o eixo de equilí-
brio está representado em vermelho; o eixo central,
representado em tracejado azul; as linhas auxiliares
representadas em linhas contínuas azuis.

Figura 3a - Estudo da figura feminina em movimento


Fonte: Bryant (2012, p. 46).

96
DESIGN

Nessa pose, a figura apresenta uma quebra de qua-


dril para o lado esquerdo do desenho. Devido ao
movimento, os ombros relaxam no lado esquerdo,
provocando uma linha auxiliar de ombros, inclina-
da e mais alta para o lado oposto, ou seja, para o
lado direito. A linha dos seios acompanha o movi-
mento, paralela à linha dos ombros. Por outro lado,
o quadril, elevado para o lado esquerdo, relaxa no
lado direito, provocando uma linha auxiliar de qua-
dris, inclinada e mais baixa para esse lado. A linha
auxiliar da cintura acompanha paralela à linha dos
quadris. Repare em um dado importante para o
entendimento de qualquer pose: mesmo inclina-
das, as linhas auxiliares continuam perpendiculares
ao eixo central (representado pela linha tracejada
azul). Repare, também, como a linha que suporta
o peso do corpo fica inclinada para dentro em rela-
ção à parte mais extrema do quadril esquerdo, para
compensar o deslocamento do quadril e dar equilí-
brio à figura. Jones (2011, p. 104) orienta: “a cabeça
e o pé que sustenta o peso do corpo devem estar no
mesmo eixo vertical para que o modelo fique bem
equilibrado”.
Em uma pose de moda, sempre alterne as li-
nhas auxiliares, como na figura analisada. Os gru-
pos ombros/seios e cintura/quadris não podem
pender todos para um mesmo lado, porque isso
tornaria a pose desequilibrada. Veja nas imagens
da próxima página (Figura 4) a sequência do estu-
do desse movimento.

Figura 3b - Estudo da figura feminina em movimento


Fonte: Bryant (2012, p. 46).

97
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 4 - Finalização da figura feminina em movimento


Fonte: Bryant (2012, p. 47).

Diversos autores orientam acerca do esboço da fi- quatro fatores muito importantes:
gura em movimento, porém todos concordam que proporção + equilíbrio + volume + forma
o esboço inicial deve levar em conta o estudo dos • Proporção: é a relação entre as partes do corpo
eixos e das linhas auxiliares. e, para isso, são aplicados os cânones de altura
e largura, como você aprendeu na unidade 1.
Equilíbrio significa estabilidade, neste senti- • Equilíbrio: você consegue verificando a
do o desenho de uma figura humana está em veracidade da distribuição do peso do
equilíbrio quando seu peso está igualmente ba- corpo com a aplicação da linha de eixo de
lanceado. Para desenhar corretamente a figura equilíbrio, após esboçar a cabeça e o pes-
em diversas posições, você pode graficamente coço e antes mesmo de iniciar o traçado
simplificar a estrutura de apoio, ou seja, o es- do corpo.
queleto. (BORDI; CASTIGLIONI, 2002, p. 41)
• Volume: é a definição sintetizada das partes
do corpo.
Ainda segundo Bordi e Castiglioni (2002), um bom • Forma: é o delineamento das partes do corpo,
desenho de moda deve ser elaborado a partir de para a finalização do desenho.

98
DESIGN

Representação da
Figura em Movimento
Agora você já pode pôr em prática os ensinamentos nessa atividade, não seja tão crítico consigo mesmo,
aprendidos até aqui. De posse de uma folha em bran- porém reserve um tempo para desenhar quantas po-
co, o que você deve fazer? Em primeiro lugar, cons- ses forem necessárias até adquirir desenvoltura. A
cientize-se de que você deve desenvolver a confiança menos que o talento seja nato, isso só vem com o tem-
no seu traço. Isso se consegue desenhando e pratican- po e treino. Afinal, o papel em branco está aí olhando
do com disposição. Portanto, se você está estreando para você! Vamos começar?

99
DESENHO DA FIGURA HUMANA

FIGURA DE MODA FEMININA EM


MOVIMENTO

A sugestão é que você comece justamente com a librada. É útil posicionar as rótulas de joelhos antes
pose que ilustrou o tópico anterior, “Eixos da figura de traçar as pernas, porque ao fazê-lo você determi-
em movimento”. Volte às figuras 3 e 4 e observe a na a direção que elas devem seguir. Para Feyerabend
sequência de imagens que foram usadas nelas para (2006), é interessante marcar as articulações antes
a explicação dos eixos e linhas auxiliares. Você deve de traçar braços e pernas, para tomá-las como ponto
reproduzir o desenho dessa pose, contando para isso de partida de mudanças de direção no esboço desses
com o passo a passo que se segue. membros.
Para começar, lembre-se de respeitar o conteú- Defina a largura de ombros, peito, cintura e qua-
do aprendido na unidade 1, que rege os cânones de dris, como mostrado na figura 3 e depois, inicie a
proporção e o posicionamento das partes do corpo, finalização do desenho, como se vê durante os esbo-
em relação às alturas de cabeça. Marque ligeiramen- ços da figura 4. Preste bastante atenção à ondulação
te as 9 cabeças no papel, para orientar-se. Ao iniciar de linha nos braços e pernas e trabalhe delineando
o desenho da pose, comece traçando o desenho da suas formas.
cabeça e esboce as linhas de ombros e seios, pen- Ao finalizar, avalie se o resultado foi satisfató-
dendo-as para o lado esquerdo do desenho. Em se- rio. Não hesite em desenhar de novo, se a figura não
guida, trace o eixo central, com a inclinação voltada ficou equilibrada ou se você não ficou satisfeito(a)
para o lado oposto ao ombro mais alto. Enquanto com o resultado do desenho.
traça, tenha em mente que você não precisa dese- Agora escolha outras imagens como orientação
nhar uma reprodução perfeita, podendo dar mar- visual para sua prática. Experimente desenhar uma
gem à sua interpretação da figura – que é muito figura de costas. O processo de eixos e linhas auxi-
pessoal. liares é o mesmo que o utilizado na figura de frente.
Agora esboce as linhas de cintura e quadris, pen- Acompanhe as figuras a seguir e faça o seu próprio
dendo para o lado oposto ao lado de relaxamento de estudo dessa pose. Na figura 5 estão representados
ombros, ou seja, pendendo para o lado direito. Trace o eixo de equilíbrio, em vermelho, e o eixo central,
o eixo de equilíbrio saindo da base do pescoço até em tracejado azul. Estão marcadas também as linhas
o chão; posicione as rótulas de joelhos; e, só então, auxiliares de ombros, peito, cintura e quadris, todas
desenhe as pernas, para que a modelo pareça equi- em azul. Desenhe até esse estágio.

100
DESIGN

Em seguida, complete o desenho definindo o tron-


co e esboçando braços e pernas. Siga as orientações
da figura 6, que dá sequência ao desenho. Repare na
curva sinuosa que o movimento do corpo provoca,
desde a cabeça até o pé.

Figura 5 - Estudo da figura feminina em movimento de costas Figura 6 - Finalização da figura feminina em movimento de costas
Fonte: Bryant (2012, p. 50). Fonte: Bryant (2012, p. 51).

101
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Vamos, agora, estudar uma pose em que a figura está


em meio perfil, ou seja, virada de lado. Observe a
foto a seguir. A modelo realiza uma acentuada que-
bra de quadril para a direita da foto, tendo o corpo
em meio perfil. Esse tipo de pose permite que se re-
presente a roupa com riqueza de informações, já que
a pose confere balanço ao tecido – é uma pose es-
pecialmente interessante para representar sapatos de
salto alto e, além disso, um braço está reto e o outro
está na cintura, facilitando a observação de mangas,
se houver. Observe que a marcação de eixos, linhas,
rótulas de joelhos e pés foi feita sobre a foto.
Observe na próxima figura o estudo dessa pose
e tente reproduzi-la. Conforme a figura 8, inicie o
desenho de acordo com o demonstrado na primeira
imagem, marcando as alturas de cabeça e esboçando
a cabeça, a linha do eixo de equilíbrio (em vermelho)
e a linha tracejada do eixo central. Repare como ela
se curva, devido à figura estar quebrando o quadril
para o lado direito do desenho. Agora, marque as
linhas auxiliares de ombros e seios, pendendo para
o lado alto do quadril; em seguida, marque cintura
e quadris, pendendo para o lado oposto ao do qua-
dril alto. Marque as rótulas dos joelhos na posição
correta e defina a posição dos pé. De acordo com as
duas últimas imagens da figura 8, estruture o corpo
e finalize o desenho da pose.

Figura 7 - Figura feminina em meio perfil


Fonte: Bryant(2012, p. 56).

102
DESIGN

Figura 8 - Finalização da figura feminina em meio perfil


Fonte: Bryant (2012, p. 57).

Como já foi dito, comece observando alguma ima- de cima ou de baixo, porque isso promove distor-
gem; não tente desenhar de memória enquanto ções na figura. Escolha para inspiração, poses em
ainda não dominar o entendimento do processo que a figura foi fotografada de frente, como se o
do desenho em movimento. Inicialmente, a não foco visual estivesse à linha da púbis, ou seja, apro-
ser que você já tenha muita prática no desenho de ximadamente no meio da altura da figura, sem en-
moda, não desenhe sem uma referência visual. Se- foque superior ou inferior, e com movimentos que
lecione recortes de revista ou mesmo imagens de deixem a roupa bem visível, evitando braços cru-
ilustrações de moda, evitando aquelas em que a zados à frente e figuras sentadas ou apoiadas em
figura está muito vestida, para que você possa ver alguma coisa. Inicie com as poses mais simples e
com clareza o movimento do corpo. Evite também passe para as mais difíceis à medida que se sentir
imagens em que a figura humana foi fotografada mais seguro(a).

103
DESENHO DA FIGURA HUMANA

FIGURA DE MODA MASCULINA EM


MOVIMENTO

Vamos passar para o desenho de uma figura mascu- Inicie, portanto, o desenho da figura masculi-
lina? Ao longo de minha experiência como docente, na em movimento. Vamos usar como referência as
observei que muitos alunos têm preferência pelo de- imagens da figura masculina de frente e de costas,
senho feminino e encontram dificuldade para dese- com quebra de quadril para a esquerda do desenho.
nhar figuras masculinas. Tudo é questão de treino. Observe a marcação do eixo de equilíbrio (em ver-
Se o(a) aluno(a) desenvolve bem a figura feminina, melho) e do eixo central (em tracejado azul).
muitas vezes encontra resistência em conseguir ve-
racidade de formas e atitude na figura masculina.
Porém já me deparei com muitos(as) alunos(as) que
demonstravam mais facilidade com a figura mascu-
lina, principalmente os(as) que ainda não tinham o
hábito do desenho de moda feminino. Então, qual é
a fórmula para o sucesso?
Bem, a fórmula para o sucesso passa primeira-
mente pela disponibilidade em desenhar o quan-
to for necessário e não se contentar com qualquer
resultado. A realização vem com a persistência e a
humildade em querer aprender e desafiar-se sempre.
Mas algumas afirmativas podem ajudar e esclarecer
bastante! Veremos mais detalhadamente esse aspecto
na unidade 4, durante a leitura do tópico “Especifici-
dades no desenho de gêneros”. Porém, para o seu en-
tendimento, durante o conteúdo desta unidade, sim-
plificadamente, você deve levar em conta o seguinte:
as poses masculinas devem ser mais simples, sem ou
com pouca quebra de quadril, já que essa particula-
ridade, em uma postura, se exagerada, torna a pose
afeminada. O volume do corpo masculino é mais ge-
ometrizado e toda a postura deve ter uma aparência
mais dura do que a postura feminina. Também leve
em conta que os pés masculinos devem ser sempre
representados “plantados” no chão, já que os calça- Figura 9 - Figura masculina em movimento frente e costas
dos masculinos não possuem saltos altos. Fonte: Bryant (2012, p. 88).

104
DESIGN

Perceba que, apesar do deslocamento do quadril, três etapas de desenvolvimento. Na primeira etapa,
o tronco se mantém mais rígido do que o tronco você realiza a marcação das alturas de cabeça, o de-
feminino, quando nessa mesma pose. Esse aspecto senho da cabeça, a marcação do eixo de equilíbrio,
de rigidez do corpo é o que acentua a masculinida- do eixo central e a marcação de rótulas dos joelhos,
de da figura. Outros aspectos, como ombros largos além do posicionamento dos pés. Em seguida, esbo-
e ligeiramente curvados para a frente e mãos bem ça o tronco e membros, e, por último, define a forma
relaxadas, complementam as características prin- do corpo, acrescentando a marcação dos músculos.
cipais de um desenho de figura masculina. Agora que você já conhece as regras básicas para
Siga trabalhando em outros esboços de movi- o desenho masculino em movimento, pesquise ima-
mento da figura masculina, como você já fez com a gens com outras poses e tente reproduzi-las para
figura feminina. A seguir, você vê mais uma pose nas treinar ainda mais o seu traço.

Figura 10 - Estudo de figura masculina em movimento de caminhada


Fonte: Bryant (2012, p. 93).

105
DESENHO DA FIGURA HUMANA

FIGURA DE MODA INFANTIL EM


MOVIMENTO

No desenho da figura infantil, o processo é exatamente A única diferença é com relação às alturas de cabeça
o mesmo apresentado até aqui, por meio do estudo do devido a especificidades de idade e gênero, conforme
equilíbrio do corpo, com a aplicação do eixo de equi- você viu na unidade 1. Observe algumas imagens de
líbrio e do eixo central para marcar o centro da figura. figuras infantis e adolescentes em movimento.

Figura 11- Figura infantil feminina em movimento


Fonte: Bryant (2012, p. 116).

106
DESIGN

Procure treinar bastante, não se preocupe em vestir ridade por enquanto. A base do desenho é o corpo
a figura ou se quiser desenhar figuras com roupas, da figura humana e ele tem que estar bem resolvido
escolha modelos simples, para que você possa con- para que possa portar a roupa de forma que ela seja
centrar seus esforços em definir a pose. Essa é a prio- o elemento principal do desenho.

Figura 12 - Figuras adolescentes em movimento


Fonte: Bryant (2012, p. 132).

107
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Construção de Bases
Para o Desenho de Moda

108
DESIGN

Neste tópico vamos conversar sobre o desenvolvimen- bases funcionam como seu elenco de modelos, sem-
to e adequação das bases para seus futuros trabalhos, pre à disposição para “vestir” suas criações. Trabalhe
seja durante o curso ou em sua vida profissional. Ao seus novos desenhos com papel sobre elas e, se for di-
longo de seu aprendizado pessoal, você vai desenvol- fícil visualizar seu contorno, use uma canetinha preta
ver alguns desenhos de figuras de moda, alguns não ou de cor escura (ponta fina) para reforçar as linhas
tão bons, outros apresentando progressos no seu dese- de contorno da figura. Preserve as bases dessa forma,
nho, de forma que fiquem cada vez mais ao seu agra- como gabaritos para o desenho de figuras com roupas.
do. Não despreze nenhum, encare cada etapa como
necessária à melhoria contínua de seu traço e desen- TÉCNICA DE MULTIPLICAÇÃO DE POSES
volvimento da habilidade de visão espacial. Diversos
autores sabem da necessidade desse aprendizado para Vou começar apresentando a você a possibilidade de
poder apresentar suas ideias, já que juntamente com os multiplicar uma pose em outras, aproveitando o dese-
ensinamentos de desenho, outras disciplinas exigem nho inicial que você desenvolveu. Até agora, você tem
que essa habilidade se desenvolva com certa rapidez. desenhado assim: uma pose de cada vez. A prática de
copiar poses não é, de forma alguma, estimulada por
Na faculdade, você deverá apresentar ilustra- docentes, o ideal é que se pratique muito, como for-
ções na forma de esboços, desenvolvimento do
ma de aprimorar o desenho. Porém, se o desenho de
design (detalhamento do desenho e compo-
sição) e arte-final (croquis). Os desenhos não base é seu, se não é um desenho de outra pessoa, você
precisam ser muito elaborados: o objetivo é co- pode aproveitar o contorno do corpo e fazer algumas
municar um traço, um perfil, um clima especí- alterações, para que se transforme em outra pose. Esse
fico com rapidez e estilo (JONES, 2011, p. 91). método pode ser usado quando o tempo é escasso e o
trabalho é muito, agilizando a produção dos desenhos
Por isso, mais uma vez é bom lembrar: se estiver dese- e deixando você mais livre para o foco no detalhamen-
nhando tendo como referência uma imagem fotográ- to do desenho de roupas. Você também pode utilizar a
fica, evite deter-se em representar a figura detalhada- cópia da pose para rebater o papel e usar o risco para
mente como ela é e procure, em vez disso, capturar a fazer a mesma pose de costas, assim ela vai ficar espe-
essência do movimento, de forma mais sintética. São lhada. Lembre-se de fazer as alterações, modificando
muitas as possibilidades de pose tanto na apresenta- o corpo e adequando a pose à vista de costas.
ção de trabalhos acadêmicos quanto na aplicação do Imagine que, dentre alguns estudos, você gostou
processo criativo, dentro de um setor de produção. muito de uma pose feminina em que há a quebra de
Um quadril erguido, uma cabeça inclinada, um braço quadril, pernas mais afastadas uma da outra e braços
flexionado com graça ou a simulação de um salto no caídos ao longo do corpo. Trabalhe com um papel
desenho infantil podem fazer toda a diferença. manteiga ou de seda, com transparência, sobre o seu
É interessante desenvolver esses desenhos de fi- desenho, copiando o contorno da cabeça, ombros e
guras humanas sem roupas para funcionarem como tronco. Veja na figura a seguir como você pode criar
bases prontas, as quais você lança mão sempre que novas posições de braços e pernas, transformando a
precisar desenhar ou criar modelos de roupas. Essas pose em outras variantes.

109
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Vamos ver as opções?


Pose inicial: braços ao longo do corpo e pernas
afastadas, tendo o peso do corpo apoiado na perna
do quadril alto, à esquerda.
1ª variante: braço do lado do quadril alto com
mão nos quadris e o outro braço caído ao
longo do corpo, pernas afastadas, sem modi-
ficação.
2ª variante: braço do lado do quadril alto com
mão nos quadris e o outro braço caído ao
longo do corpo, a perna do quadril alto per-
manece igual e a outra se dobra, trazendo o
pé para a extrema esquerda do desenho.
3ª variante: braço do lado oposto ao quadril alto
com mão nos quadris e o braço do quadril
alto caído ao longo do corpo, a perna do qua-
dril alto permanece igual e a outra se dobra,
trazendo o pé para a extrema esquerda do de-
senho.
4ª variante: braço do lado oposto ao quadril alto
com mão nos quadris e o braço do quadril
alto caído ao longo do corpo, a perna do qua-
dril alto permanece igual e a outra volta a fi-
car afastada, à extrema direita do desenho.

Você viu, então, que a mesma posição de cabeça e


tronco pode gerar cinco opções diferentes para bra-
ços e pernas. Portanto, são cinco poses diferentes,
que podem ser usadas individualmente ou em uma
apresentação de grupo. Feyerabend (2006) comenta
sobre essa técnica: “às vezes, o resultado obtido ao
modificar a posição de braços e pernas é uma figura
completamente nova aos olhos do observador”.

Figura 13 - Pose inicial e variantes para movimento feminino


Fonte: Bryant (2012, p. 49).

110
DESIGN

Figura 14 - Exemplos de variação de poses

Aliás, os braços, juntamente com a cabeça, são a par- fundamentada na observação de imagens e na análi-
te mais livre do planejamento, podendo estarem sol- se dos eixos de equilíbrio e linhas auxiliares, há mui-
tos ao longo do corpo, com uma das mãos na cintura ta liberdade de possibilidades para cabeça e braços
ou quadril ou ainda em outras posições, sem pre- e alguma liberdade no posicionamento das pernas.
judicar a naturalidade da pose. Você também tem Por medida de precaução, quando for utilizar essa
alguma liberdade no posicionamento da perna que técnica para multiplicação de poses, defina primeiro
não sustenta o peso do corpo, podendo ela estar fle- a posição das pernas, para finalmente definir a posi-
xionada ou reta, próxima da outra ou mais afastada. ção dos braços, já que eles têm mais liberdade. Ao fi-
Isso quer dizer que, definida a posição do tronco, nal, avalie se a pose está natural e agradável ao olhar.

111
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 15 - Exemplo de Técnica de multiplicação de poses

A mesma técnica pode ser aplicada a figuras mas-


culinas, infantis e adolescentes. Não esqueça que
as poses masculinas devem ser mais rígidas. Porém
isso não impede a variação de poses sobre uma base
inicial. Veja a figura 16.
A figura apresenta-se em meio perfil, sem que-
bra de quadril, com pernas ligeiramente afastadas e
braços caídos ao longo do corpo. Experimente dese-
nhá-la novamente, com um dos braços no bolso la-
teral de uma calça imaginária; ou então com as duas
mãos tendo o polegar inserido dentro dos passantes
frontais da calça; ou ainda com as duas mãos enfia-
das nos bolsos traseiros do jeans, em uma pose mais
descontraída e informal. E se você afastar um pouco
mais as pernas, uma da outra? Nessa pose você só
não pode flexionar uma das pernas, porque como
não há quebra de quadril, as pernas estão ambas re-
tas. Mesmo assim, quantas possibilidades!
Experimente voltar às figuras apresentadas no iní-
cio desta unidade e esboce a multiplicação de poses por
meio delas. Em cada uma, estude se a proporção entre
Figura 16 - Figura masculina em meio perfil
as partes foi respeitada e se o resultado foi satisfatório. Fonte: Bryant (2012, p. 94).

112
DESIGN

A ESCOLHA DA MELHOR POSE

Agora vamos falar sobre a adequação da pose ao tipo SAIBA MAIS


de roupa e ao público-alvo da coleção. Ao escolher
as poses que vai utilizar, você deve observar certas Na unidade 1 foi sugerido que você convi-
premissas para que o tipo de pose se adeque à fina- dasse um amigo a posar para você. Que tal
lidade do desenho ou ao tipo de roupa. Seu desenho repetir o exercício depois do aprendizado
desta unidade? A diferença é que você já
não vai só representar um modelo de roupa, como vai poder treinar o desenho de modelos
também informar, mediante seus traços, o caimento em poses! Veja o que nos aconselha Morris
do tecido e se está cortado no fio ou em viés (com o (2007, p. 30), com o que ele chama de “de-
senho cego”:
molde posicionado em um ângulo de 45 graus em
relação ao fio do tecido, que é vertical). Outras in- Focalize a atenção na figura à sua frente e
desenhe exatamente o que vê. Não exami-
formações também serão passadas no seu desenho, ne o desenho após ter começado – apenas
como o peso do tecido, os volumes de mangas, saias, olhe a figura e recrie suas formas no papel.
pernas de calça e outras. Essas particularidades cau- Tente não usar seu senso crítico. Concen-
tre-se nos contornos da figura e nas formas
sam efeitos diversos e específicos no desenho e você que eles incluem. Esse tipo de desenho aju-
deve estar atento(a) a cada uma delas. da você a esquecer o que pensa que sabe e
Outro ponto importante é a valorização do de- acreditar no que vê. Quando você olha uma
figura, o seu cérebro interpreta o que você
sign da peça. Você deve levar em conta quais ele- vê. O resultado é que você pode desenhar a
mentos são os que mais valorizam a roupa e esco- figura da forma que acredita que ela seja e
lher uma pose que os enfatize. Por exemplo: se um não daquela que realmente é. Se você ficar
constantemente conferindo o desenho,
vestido tem como elemento importante um decote será tentado a corrigir o que imagina serem
nas costas, seu desenho deve ser calcado em cima da erros. Confie em seus olhos e você produzi-
vista posterior da figura e não da frontal. Isso por- rá um desenho convincente.

que você vai desenhar o decote, as costas em evidên- Fonte: adaptado de Morris (2007).
cia e o cabelo, preso em um belo penteado, para que
o feitio do vestido apareça bem. E no caso de uma
saia justa? A pose escolhida deve ter quebra de qua-
dril, para que o desenho sinuoso da lateral do corpo
confira graça ao movimento, e pernas próximas uma
da outra para um resultado elegante. Vestidos com
volume pedem poses que pareçam com o movimen-
to de caminhada ou rodopios, para que você possa
representar melhor a largura da roda de uma saia.

113
DESENHO DA FIGURA HUMANA

E roupas casuais infantis também pedem movimen-


to, para que fique claro que a criança, ao vestir aque-
la roupa, não perde sua liberdade de ação na hora
de brincar. Escolha também com cuidado as poses
masculinas, que precisam ser mais formais para uma
roupa social, como trajes de gala, terno completo ou
mesmo blazer. Já no caso das roupas mais casuais,
como jeans, agasalhos e a roupa do dia a dia infor-
mal, as poses podem ser mais descontraídas.
Para Bordi e Castiglioni (2002), a avaliação na es-
colha de uma pose, deve basear-se em dois questiona-
mentos:
• Qual o objetivo do desenho?
• Qual o estilo da coleção?

Segundo as autoras, o objetivo do desenho é repre-


sentar com clareza de ideias um item de vestuário.
Portanto, a posição do corpo deve permitir a visuali-
zação de todo elemento da roupa que seja relevante.
Se o modelo de roupa tem um detalhe interessante
na lateral, escolha uma pose em meio perfil, para
que uma das laterais fique em evidência.
Muitos ilustradores também trabalham o fundo
dos desenhos, adequando-o ao perfil de público e ao
conceito da coleção. O tratamento do fundo segue
a mesma orientação adotada para a pose, podendo
ser mais sóbrio ou mais dinâmico, dependendo da
ideia geral. Em suma, o tipo de croqui, sua postu-
ra e atitude estão diretamente relacionados com o
perfil de público-alvo a ser atingido e devem estar
em sintonia com o DNA da marca. A seguir, alguns
exemplos de desenhos com tratamento de fundo, de
acordo com perfil de público e tipo de roupas.

Figura 17 - A pose da figura de moda apoia a sensação de


volume que o vestido pede

114
DESIGN

Figura 18 - Os fundos das imagens colaboram com a identificação do público-alvo em relação à marca

115
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade você aprendeu a desenhar é uma tarefa relativamente tranquila, o
desenvolver desenhos com movimento da figura, foco pode ser deslocado para a pesquisa de mate-
utilizando a aplicação dos eixos de movimento e a riais, para as inspirações, para o processo criativo
análise das linhas auxiliares. Viu como é importante e de confecção das peças ou para os problemas de
avaliar a distribuição do peso do corpo, para que a última hora.
pose pareça equilibrada e real e, embora a figura hu- Por último, você também viu como multiplicar
mana seja apenas um suporte para a representação poses a partir de uma base bem construída e sólida,
do produto de moda, você aprendeu que ela precisa preparando um arquivo de desenhos que funcionam
ser convincente e atraente para o observador. como bases ou gabaritos a serem “vestidos” toda vez
Esta unidade trouxe alguns exemplos de poses que você precisar, com otimização de tempo. Obser-
analisadas que você pode usar para compreender o vamos também como adequar as poses aos diversos
conteúdo e também para praticar o desenho. Faça tipos de roupas, de acordo com as características
um arquivo de imagens, retiradas da internet ou técnicas, reforçando a importância de adequar o
de páginas de revistas, que lhe sirva de inspiração tipo de figura de acordo com o público-alvo.
para o desenho de poses as mais diversas. Procure O próximo passo é aprender como diferenciar
desenhar muitas, até adquirir desenvoltura. Lem- seus desenhos femininos, masculinos e infantis por
bre-se que, no dia a dia de uma empresa, os prazos meio da especificidade de gêneros. Você aprenderá
do processo de confecção pedem rapidez e capa- como é possível estilizar a figura de moda de forma
cidade de resolução de problemas, os mais diver- planejada e também conhecerá a diferença entre de-
sos, que invariavelmente surgem. Nessas horas, a senho de moda e ilustração de moda.
destreza no desenho é muito importante, pois se Vamos lá!

116
atividades de estudo

1. Para um bom desenho de moda, é importante aplicar a teoria dos eixos e linhas auxiliares,
que direcionam o caminho para o traço. Com base no que você aprendeu, analise as afirma-
tivas a seguir:
I. Para que as linhas de cintura e quadris estejam perfeitamente horizontais, é preciso que a
figura esteja com os pés bem juntos.
II. A inclinação da linha dos ombros é acompanhada pela inclinação da linha do peito, já a incli-
nação da linha da cintura acompanha a da linha dos quadris.
III. O eixo central é que indica onde está apoiado o peso do corpo.
IV. O eixo de equilíbrio nem sempre está centralizado em relação à figura.
V. Para que a pose pareça real e bem estabilizada, o eixo central deve estar bem equilibrado e
mostrando onde está o peso do corpo.
VI. A púbis da figura sempre se desloca para o lado oposto ao lado do quadril mais alto.

Em função das afirmativas anteriores, estão CORRETAS somente:


a. As afirmativas I e IV.
b. As afirmativas I, II e III.
c. As afirmativas II e IV.
d. As afirmativas III e V.
e. As afirmativas I, III e V.

2. Com relação aos eixos utilizados para o desenho de moda adotados por vários ilustradores,
tais como Jones (2011), Kliczkowski (2006) e Bryant (2012), e considerando a altura de cabeça
igual a 3 cm, leia e analise as afirmativas seguintes:
I. O eixo central é que indica onde está apoiado o peso do corpo.
II. A figura terá 9 cm do joelho ao chão.
III. A figura terá 5 alturas de cabeça da cintura ao chão.
IV. Para que as linhas de ombro, cintura e quadril estejam inclinadas, é preciso que a figura esteja
com os pés bem afastados um do outro.
V. O estudo do eixo de equilíbrio e sua aplicação no desenho são responsáveis pela aparência
natural e verdadeira da pose.

117
atividades de estudo

Em função das afirmativas anteriores estão CORRETAS somente:


a. As afirmativas I e IV.
b. As afirmativas I, II e III.
c. As afirmativas II, III e IV.
d. As afirmativas II e V.
e. As afirmativas I, III e V.

3. A partir da figura a seguir, avalie a pose e a relação de vestibilidade para as opções de roupas
elencadas nas afirmativas 1, 2 e 3. Considerando o resultado para a melhor exposição da rou-
pa, assinale verdadeiro (V) ou falso (F):

1. ( ) Pose adequada para vestidos com roda, calças pantalona, saias com volume e vestidos
longos evasê.
2. ( ) Pose adequada para peças justas, como saias tipo lápis, vestidos sereia e conjuntos de
blazer com saia tipo secretária.
3. ( ) Pose adequada para peças de moda praia, fitness, roupas para festas, voltadas para o
público jovem feminino.

118
atividades de estudo

4. Analise as poses a seguir, nelas podemos ver uma diversidade de situações. O eixo de equilí-
brio não foi representado, mas olhando para as figuras, trace mentalmente uma linha vertical
saindo da base do pescoço de cada uma e repita com seu corpo as poses apresentadas. Des-
creva o que acontece com o peso do corpo e a situação de movimento de cada pose.

Fonte: adaptado de Bryant (2012).

5. O movimento e a atitude de uma pose de moda devem estar em sintonia com o tipo de
roupa a ser apresentado no desenho. Roupas esportivas, casuais, formais ou a rigor, cada
segmento precisa de um tipo específico de pose, que reflita a atitude de quem a usa. A partir
das imagens apresentadas, com sugestão de pose, correlacione-as com a ocasião, conforme
a adequação da postura.

a. ( ) Traje terno completo, camisa social, gravata, sapatos sociais . A ocasião é um jantar de
formatura.
b. ( ) Uma roupa para uma ida informal ao cinema, com bermuda, camiseta e, nos pés, um
mocassim.
c. ( ) A roupa é uma camiseta, bermuda ciclista e tênis, para praticar esportes.

119
LEITURA
COMPLEMENTAR

Neste texto, o autor descreve o esforço de traçar uma tituída de linhas curvas muito simples (como se fossem
figura de moda a partir dos eixos e linhas auxiliares e fios). Devem-se visualizar, esquematicamente, as estru-
sugere que se trabalhe de forma sintética, simplificando turas principais como a linha dos ombros e dos quadris,
o olhar. Leia e utilize os ensinamentos para aventurar-se os segmentos que indicam a posição e comprimento
no papel em branco! das extremidades, assinalando as articulações com pe-
quenos círculos. Desta maneira, se obtém uma figura
Esquematização e síntese da figura geométrica similar a um robô, que contém a estrutura
A esquematização consiste em extremar a estrutura do essencial do corpo.
corpo reduzindo-o a uns poucos traços essenciais. Se Agora vamos abordar o perfil exterior, que termina defi-
não temos experiência para desenhar a figura ao natu- nindo a anatomia, o contorno da figura de moda.
ral, esta maneira de trabalhar facilita o trabalho, permite O perfil da figura: o desenho de contorno é um dos exer-
que as figuras tornem-se mais fáceis de desenhar e que cícios mais interessantes que se pode praticar, já que
pareçam corretas. obriga a centrar sua atenção no limite da forma, esque-
Trabalhe do geral ao específico: o segredo da síntese cendo qualquer detalhe ou efeito de sombreado. Uma
consiste em prevenir os detalhes anatômicos e fixar a maneira acertada de começar é desenhando o perfil do
forma geral do conjunto. Em outras palavras, aprender corpo de cima para baixo. Parte-se do colo e se traça a
a trabalhar do mais geral para o mais específico. Deve-se suave curva dos ombros. A partir daí, vamos descendo
ver a figura como um conjunto articulado, fixar as formas pelo corpo, para traçar as formas onduladas que descre-
básicas do tronco, da cabeça e dos membros e a relação vem a massa muscular. Traçamos uma linha geométrica
de proporções que se estabelece entre elas. e protuberante se o modelo é masculino, e rebaixada e
A armação do corpo: para construir uma figura se come- sinuosa se é um corpo feminino.
ça projetando o esqueleto interno, de maneira muito sin-
tética. Para isso, se reduz o corpo a uma armação cons- Fonte: Fernandez e Martin (2007, p. 36).

120
DESIGN

Enciclopédia das técnicas de ilustração de moda


Carol A. Nunnelly
Editora: GG moda
Sinopse: A “Enciclopédia das técnicas de ilustração de
moda” é um guia visual do desenho e da ilustração de
moda. Nele, são apresentados ferramentas, estilos e téc-
nicas de desenho, ensinados nas escolas e amplamente
usados na indústria da moda. Entre outros temas, são
abordados os materiais de desenho mais comuns e as téc-
nicas mais empregadas para desenhar roupas e tecidos de
maneira realista, o uso da cor como um importante aspec-
to do material gráfico e, ainda, as proporções de moda em
relação à anatomia da figura representada. Em resumo,
reúne os pontos principais para desenvolver uma ilustra-
ção com destreza e conquistar um estilo de desenho pessoal,
característica essencial a qualquer ilustrador de moda.
Comentário: Nesta publicação, o capítulo destinado ao desenho anatômico da figura de
moda é bem detalhado e completo.

121
referências

ABLING, B. Desenho de moda. v.1. São Paulo: Blücher, 2011.


BORDI, S.; CASTIGLIONI, E. Corso di disegno per operatori della moda. Milão,
Ed. Tecniche Nuove, 2002.
BRYANT, M. W. Desenho de Moda: Técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo:
Ed. Senac, 2012.
FERNANDEZ, A.; MARTIN, G. Dibujo para disenadores de moda. Barcelona: Ed.
Parramon, 2007.
FEYERABEND, F. V. Figurines de moda: patrones para ilustracion de moda. Barce-
lona: Ed. Maomao Publications, 2006.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
KLICZKOWSKI, H. Ilustración de Moda. Barcelona: Ed. Maomao Publications,
2006.
MORRIS, B. Fashion Illustrator: manual do ilustrador de moda. São Paulo: Cosac
Naify, 2007.
SORGER, R; UDALE, J. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre: Bookman,
2009.

122
gabarito

1. C
2. D
3. 1. V
2. F
3. V
4. Pose A – apresenta quebra de quadril para a direita do desenho. A linha da
cintura acompanha o movimento. Em contrapartida, o ombro relaxa desse
mesmo lado, erguendo-se para o lado oposto, ou seja, o lado esquerdo. O
peso do corpo está concentrado na perna do quadril mais alto, que se cruza
à frente da outra.
Pose B - apresenta quebra de quadril para a esquerda do desenho. A linha
da cintura acompanha o movimento. Assim, o ombro relaxa desse mesmo
lado, erguendo-se no lado oposto. A linha de seios acompanha a de ombros.
O peso do corpo está concentrado na perna do quadril mais alto e a outra
perna apresenta leve flexão de joelho.
Pose C – apresenta leve quebra de quadril para a direita do desenho. Porém,
nesta pose, o ombro tem um acentuado relaxamento para o lado direito, se
comparado com a pouca quebra do quadril. O peso do corpo está apoiado
na perna do quadril mais alto, porém parte dele também incide sobre a outra
perna.
Pose D – apresenta quebra de quadril para a esquerda do desenho. A linha
da cintura acompanha. O ombro relaxa, erguendo-se para o lado oposto, ou
seja, o lado esquerdo. O peso do corpo está praticamente todo na perna do
quadril mais alto, estando a outra perna estendida para o lado.
5. a. 3
b. 2
c. 1

123
A ESTILIZAÇÃO NO
DESENHO DE MODA

Professora Esp. Sandra Calil de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Especificidades no desenho de gêneros
• Estilizando a figura de moda
• O desenho de moda e a ilustração de moda

Objetivos de Aprendizagem
• Aprimorar a percepção visual do aluno por meio
da observação do corpo humano, seus detalhes e
especificidades.
• Apresentar a técnica de estilização da figura de moda
por meio da distorção de proporções e enfatização de
características.
• Levar ao conhecimento do aluno o conceito e a
aplicabilidade do desenho de moda e da ilustração de
moda.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Tem desenhado bastante? Imagino que sim! Com o con-
teúdo aprendido até aqui e sua disponibilidade em praticar, você está
apto(a) a desenvolver várias poses de figuras de moda femininas, mas-
culinas e infantis, em movimento. Continue desenhando, suas poses e
seu traço tendem a melhorar com o treino. Agora que você já sabe como
desenhar a figura em movimento e até já aprendeu a multiplicar poses a
partir de uma base, você já pode aprimorar algumas peculiaridades nos
seus croquis de moda.
Nesta unidade, você vai ver que, reforçando a especificidade nas suas
figuras de moda, seus desenhos ficarão mais focados no público e na fai-
xa etária específica com a qual você esteja trabalhando. No desenho de
moda, certo exagero é interessante quando se deseja afirmar o sexo da
figura ou reforçar algum conceito específico. Outra possibilidade muito
interessante é variar os tipos físicos de suas figuras, você vai encontrar,
ainda no tópico “Especificidades no desenho de gêneros”, uma ampla
gama de imagens para usar como sugestões e inspirações para diversifi-
car também o aspecto racial de seus desenhos.
Um tópico muito importante que também consta nesta unidade é o
“Estilizando a figura de moda”, que vai iniciar você no conhecimento do
processo de estilização de uma figura humana de forma planejada, para
sintetizar as formas de seus croquis, se assim desejar. De qualquer forma,
mesmo que você prefira os desenhos de aspecto mais próximos à figura
real, é sempre bom aprender e testar todas as possibilidades, para depois
ter certeza de sua escolha.
Ainda neste estudo, você vai conhecer a diferença entre o desenho de
moda e a ilustração de moda, duas possibilidades distintas que por vezes
caminham juntas, mas que tem, cada uma, sua aplicabilidade no cenário
da moda.
Agora é com você: desenhe bastante, faça suas escolhas, refine seu
trabalho!
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Especificidades no
Desenho de Gêneros
Caro(a) aluno(a), vou lhe fazer uma proposta: que ta: como você vê seus desenhos? Eles estão realmen-
tal distribuir sobre uma mesa ou bancada todos te aparentando o que são? Vou explicar melhor: os
os desenhos que você já fez até agora? Coloque-os desenhos masculinos estão realmente com uma “pe-
agrupados por gênero, os femininos de um lado, os gada” masculina? E os infantis, parecem realmente
masculinos do outro e também os infantis, femini- crianças, sem o aspecto de miniadultos? Se a respos-
nos e masculinos. Agora vou lhe fazer uma pergun- ta for negativa, não se preocupe. Isso é normal.

128
DESIGN

A maioria dos desenhistas tem mais facilidade ao Vamos estudar mais a fundo esse tema?
desenhar a figura feminina, porque ela permite que Quando escolhemos uma pose feminina, po-
se use o recurso de maneirismos, ou seja, quebra de demos tanto retratar a figura reta, sem quebra de
quadril, braços flexionados, mãos na cintura e per- quadril, quanto a figura com acentuada quebra de
sonificação de cabelos e maquiagem exagerada. Isso quadril e maneirismos de braços, o que gera uma
ajuda a passar a ideia de que se trata de uma figura fe- postura por vezes exagerada, característica das mu-
minina. Além do que, quando alguém inicia no dese- lheres, sempre carregando tantos apetrechos, como
nho de moda, normalmente começa pelo desenho da bolsas, celulares ou então passando a mão nos ca-
figura feminina, portanto é a que se aprende e desen- belos, ajeitando colares, enfim, uma série de movi-
volve primeiramente. Já o desenho masculino corre mentos tipicamente femininos. Por essa razão, o de-
o risco de ficar com um ar feminino, a menos que se senho de uma figura feminina não costuma parecer
atente para alguns detalhes importantes e o desenho masculino.
infantil, da mesma forma, precisa de atenção especial Analise o grupo a seguir: as mulheres retrata-
e diferenciada. Essa adequação ao sexo da figura é o das na imagem passam o conceito de serem falantes,
que chamamos de especificidade de gêneros. agitadas, charmosas etc.

Figura 1 - Exemplo de imagem com movimentos tipicamente femininos

129
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Porém, quando se trata de um desenho de moda Com relação ao corpo, apesar dos cânones de pro-
masculino, a dificuldade frequentemente aparece: porção serem praticamente iguais para o desenho de
como desenhar uma figura masculina sem afeta- figuras femininas ou masculinas, algumas diferen-
ção? Como desenhar os movimentos corporais e os ças são importantes para a construção de um croqui,
traços do rosto que ilustrem a postura e a figura de para que o gênero seja expresso na figura.
um homem? A forma feminina é diferente da masculina no
Com relação aos detalhes do rosto, a figura mas- que diz respeito aos ombros, não tão largos como
culina tem a face mais angular, os ossos do maxilar os ombros masculinos; à cintura, que é mais estreita
são mais acentuados e as sobrancelhas mais gros- que a masculina; aos quadris, mais largos em relação
sas e mais próximas dos olhos, ou seja, mais baixas. à cintura, proporção essa que nos homens apresen-
Também no desenho da boca existem diferenças ta-se com uma diferença menor entre a largura da
bem definidas: enquanto a boca feminina é desenha- cintura e a dos quadris.
da bem delineada e curva, simulando o contorno de Segundo Hopkins e Bandarra (2010), as propor-
um batom, a boca do homem deve ser desenhada ções de um desenho de figura feminina estão mais
mais reta e sem formas tão definidas, deixando-se concentradas em aumentar a altura por meio das
parte da linha de contorno da boca sem fechamento. pernas e do pescoço, em desenhos sinuosos e le-
Outro detalhe fundamental na concepção do rosto vemente curvilíneos. Já para o croqui masculino, a
é o pescoço masculino, que é mais largo do que o abordagem é mais angulosa e geometrizada.
feminino. Ao desenhar a figura masculina, portanto, dê
ênfase ao tronco, ombros rígidos, mantendo os qua-
dris estreitos e com pouca ou nenhuma quebra de
quadril, aparentando uma postura sólida. Pernas e
braços devem ser desenhados com músculos de-
finidos, cotovelos um pouco afastados do corpo,
pés afastados um do outro. As mãos, mais pesadas
e mais angulosas do que as mãos femininas, devem
apresentar pouca flexibilidade de movimentos no
punho e dedos. Se for desenhar braços com as mãos
apoiadas no tronco, evite as desenhar apoiadas na
cintura, como se vê frequentemente em desenhos
femininos. Em vez disso, apoie-as no quadril, sem
flexão de punho ou coloque a mão como se estivesse
enfiada no bolso da calça ou bermuda. Outro deta-
lhe importante é que o comprimento do segmento
de perna – que vai do joelho ao tornozelo – deve ser
mais curto em relação à perna feminina.
Figura 2 - Traços masculinos
no desenho de moda

130
DESIGN

Hopkins e Bandarra (2010) ainda definem que a ma altura ou um pouco mais alta do que a feminina.
diferença mais marcante é o foco no tônus muscular, Para poses femininas, basicamente você pode
que é maior na figura masculina; e orienta que se for desenhar tudo ao contrário do que usou para as po-
desenhar uma figura masculina e uma figura feminina ses masculinas. Vamos ver a comparação entre os
na mesma página, a figura masculina deve ser da mes- dois gêneros, nas figuras e no quadro a seguir.

POSES FEMININAS
• Rosto mais delicado.
• Pescoço fino e longo.
• Ombros relaxados.
• Mãos na cintura.
• Punhos flexíveis.
• Quebra de quadril acentuada.
• Flexão lateral de tornozelos permitida.
• Atitude pode ser afetada.

POSES MASCULINAS
• Rosto anguloso.
• Pescoço mais grosso.
• Ombros e tronco rígidos.
• Mãos nos quadris, não na cintura.
• Punhos rígidos, sem flexão.
• Quebra de quadril leve ou nenhuma.
• Sem flexão lateral de tornozelos.
• Atitude rígida, sólida.

Quadro 1 – Comparação de poses em figura de moda para os gêneros feminino e masculino


Fonte: a autora.

131
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Os desenhos de figuras infantis também têm suas a gordura corporal e ainda não desenvolveram os
peculiaridades a se observar, para que não fiquem músculos. Capriche no movimento das figuras, para
parecendo figuras adultas de pernas curtas, e con- assemelhar-se às crianças nessa idade, sempre cor-
tam com alguns recursos adicionais para reforçar a rendo, sempre em movimento. Também podem ser
ambiência infantil. desenhados segurando nas mãos objetos como bi-
Bebês de colo sempre devem ser desenhados chos de pelúcia, regadores de praia e outros brinque-
sentados, já que não ficam de pé, e sempre de fren- dinhos relativos a essa faixa etária. Conforme a idade
te. Se você tiver que desenhar as costas da roupinha, da figura vai aumentando, as poses vão ficando mais
não se preocupe, deixe para o desenho técnico, que dinâmicas, refletindo a atividade das crianças, que
é o desenho da peça planificada. Os bebês maiores (a correm, saltam, brincam. Você pode incluir acessó-
partir de 2 anos) já podem ser desenhados de frente rios como bolas, patins ou até mesmo animaizinhos,
e de costas, e de pé. A pose de bebê não tem muita reforçando a ideia de movimento e liberdade de ação.
variação, podendo ser uma pose com os bracinhos As crianças maiores, de 6 a 11 anos, já apresen-
afastados do corpo, para mostrar bem o modelo da tam membros mais alongados e a gordura também
roupa. Mas não esqueça de que as formas do bebê já se dispersou devido ao crescimento dos ossos e a
ainda são arredondadas. Se a bebê é muito novinha, algum desenvolvimento da musculatura, ainda que
não desenhe cabelos longos, que envelhecem a figu- discreto. Para reforçar a movimentação e agitação
ra. Pense que a criança ainda não tem idade para ca- infantil, desenhe apetrechos como brinquedos ou
belos tão compridos, porque ainda não teve tempo então objetos ligados à vida escolar, como mochilas,
de vida para que eles crescessem tanto. O rosto dos pastas e cadernos.
bebês novinhos tem traços ainda muito sutis, so- Os mais velhos, pré-adolescentes e adolescentes,
brancelhas bem ralinhas e testa bem grande, ficando já têm uma aparência corporal esguia, quase adulta,
os traços do rosto concentrados na parte inferior, em suas proporções. Os ossos, que crescem rápido
como já vimos na unidade 2. nessa fase, parecem estar em evidência. Eles podem
Crianças de 4 a 6 anos ainda devem ser desenha- ser desenhados em poses que transmitam atitudes
das com formas arredondadas, barriguinha e mãos normais entre o grupo, um ar desleixado para os
gordinhas. Isso acontece porque como ainda não meninos ou afetado e arrogante para as meninas,
se desenvolveram, têm a ossatura escondida sobre que almejam parecer mais velhas.

132
DESIGN

Figura 3 – Adereços ligados ao universo infantil conferem mobilidade


Fonte: a autora.

133
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 4 – Exemplo de expressão facial e corporal para figura de moda adolescente

134
DESIGN

Há também as meninas de aspecto mais espor- ra e cabelos volumosos; o oriental, com seus olhos
tivo e os meninos que tendem a imitar seus ídolos oblíquos e pele amarela; Tipos diferentes também
ou a adotar uma “fachada de macho”, também que- são muito interessantes, como indianos, árabes, in-
rendo parecer mais velhos do que realmente o são. dígenas, ruivos da Irlanda, havaianos bronzeados,
Os maneirismos são exagerados, reforçando a femi- pois formam uma infinidade de tipos que, devido às
nilidade ou masculinidade e o desenho de grupos é suas peculiaridades físicas, ao portarem uma roupa,
um aliado no intuito de fixar o conceito que se quer ajudam a “contar uma história”.
passar com a ilustração. Objetos como bolas, skates, Procure ousar na escolha de seus tipos físicos.
mochilas e eletrônicos, como celulares e afins, incor- Desenhando, você pode criar sua própria seleção de
poram às figuras o seu mundo particular e auxiliam modelos, imprimindo em seus desenhos a persona-
na construção das posturas adequadas. lidade idealizada de suas figuras de moda, sejam elas
Voltando aos seus desenhos expostos sobre a mulheres, homens, crianças ou adolescentes. Você
mesa: vamos aproveitar também, para avaliar como pode inclusive dar-lhes nomes. “Batizando-os”, você
estão suas figuras de moda com relação à diversida- reforça a ideia de exclusividade e ajuda a mentalizar
de de raças. Assim, você pode neste tópico aprimo- um perfil de personalidade para cada um deles, re-
rar o traço de seus croquis com relação ao gênero e forçando a criação de um personagem. Observe as
também diferenciá-los com relação aos tipos físicos, imagens da página a seguir, são imagens de tipos fí-
ou seja, à especificidade de raças. sicos ao lado de versões em desenho digital, em sua
Você já percebeu como o mundo da moda valo- maioria, mas foram incluídas neste tópico para que
riza bastante os tipos físicos exóticos e marcantes? você possa usá-las como inspiração na criação de
Basta dar uma olhada em um desfile de passarela tipos físicos variados, observando traços do rosto,
ou em editoriais das melhores publicações de moda tons de pele e tipos de cabelos.
para perceber que não há apenas um tipo físico que É divertido variar tons de pele, traços de rosto,
seja valorizado beleza não é o requisito mais valo- penteados e cortes de cabelo, dando vida a tantas
rizado, atitude e personalidade também têm peso possibilidades de figuras de moda! Pesquise tipos
nesse universo. Tipos humanos os mais diversos físicos de várias nacionalidades, como se vê nos
trilham um caminho de sucesso nas passarelas: o desfiles internacionais e você verá quantas possi-
caucasiano, de origem europeia, com traços finos e bilidades interessantes para ilustrar suas criações
pele clara; o negro, de traços marcantes, pele escu- de moda.

135
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 5 - Tipo físico caucasiano

Figura 6 - Tipo físico afro

Figura 7 - Tipo físico oriental


136
DESIGN

Figura 8 - Tipo físico indiano

Figura 9 - Tipo físico árabe

Figura 10 - Tipo físico havaiano


137
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Estilizando a
Figura de Moda
Após o domínio do desenho da figura de moda em mo- para o desenho da figura “ideal”, para croquis de moda.
vimento e da aplicação da especificidade no desenho de E isso se dá por meio do processo de estilização.
gêneros, você já desenvolveu a habilidade de desenhar A estilização é um recurso que pode ser usado por
figuras femininas, masculinas e infantis em diversas qualquer designer e que favorece especialmente aos
poses, guardando as devidas diferenças anatômicas, de que têm mais dificuldade com o desenho da anatomia
idade e de sexo, baseadas nos cânones de proporção. humana. Muitos designers utilizam-se da estilização
São figuras alongadas, porém ainda muito próximas à por possibilitar a personalização do desenho, impri-
pessoa “real”. Agora você já pode passar para uma nova mindo uma singularidade ao traço da figura de moda.
etapa de seu desenvolvimento dentro do desenho de Também é muito apreciada por todos aqueles que têm
moda: você pode passar do desenho da figura “real” preferência por desenhos mais sintetizados, ou ainda

138
DESIGN

por quem não tem muito tempo disponível para de- faciais as mais diversas, tudo na tentativa de encon-
senhos mais demorados. Hopkins e Bandarra (2010) trar seu próprio estilo de desenho de moda e assim
defendem que as proporções, no desenho de moda, marcar presença. Essa tomada de decisão por ve-
podem ser alteradas de acordo com a interpretação de zes pode ser direcionada pelo estudo do público ao
quem desenha. Portanto, a partir das proporções ide- qual se destina a coleção ou mesmo pelo conjunto
ais, o designer pode inserir seu toque pessoal, o que é da alma da marca aliado ao perfil de público. Um
bastante valorizado em um desenho de moda. croqui tem que dialogar com a essência do produto,
Kliczkowski (2006, p. 13) nos mostra sua inter- o que chamamos de DNA da marca. Na esteira dessa
pretação pessoal sobre o processo de estilização: premissa, o designer pode escolher entre dar ao de-
senho um enfoque mais realista ou mais sintetizado,
Para conseguir uma figura mais estilizada do mais suave ou mais geométrico, mais rebuscado ou
que a habitual, deve-se modificar a medida pa-
mais essencial.
drão, embora mantendo a inter-relação entre
as partes do corpo: em primeiro lugar, a cabeça
deve ser ligeiramente menor e o colo, mais es-
treito; as proporções do restante do corpo não
se alteram, à exceção das coxas, que devem ser SAIBA MAIS
ligeiramente mais compridas.

A estilização no desenho de moda é um re-


curso utilizado para dar personalidade ao
A estilização é um processo gradual, já que é re-
desenho ou para tornar o traçado da figura
sultado de uma evolução do estilo. Cada desenhis- mais sintetizado e ágil.
ta desenvolve seu estilo pessoal, que é um modo
Na figura estilizada, não existe uma maneira
de desenhar que torna seu desenho característico certa ou errada de desenhar as partes. Seu
nas formas, nas proporções, no material escolhi- objetivo é criar uma narrativa verossímil,
que transmita sua percepção pessoal de
do e na técnica como realiza a cromatização, nas
beleza e da pessoa que você imagina usando
suas particularidades. Você pode escolher, por suas criações (ou as do seu cliente). Capturar
exemplo, que uma determinada parte do corpo a essência da sua “garota” não se limita a
desenhar a cabeça. Junto com as expressões
fique em evidência no desenho, em detrimento
faciais, os gestos das mãos e dos pés não
de outras. Certo exagero, inclusive, é permitido e apenas fornecem informações sobre a pes-
apreciado, com o intuito de personalizar o croqui soa, mas também sugerem uma narrativa.
(BRYANT, 2012, p. 135)
de moda, torná-lo único, marcante e por vezes até
instigante. Evidentemente, isso se aplica a qualquer gê-
Pesquisando, você vai encontrar desproporcio- nero desenhado, seja uma garota, um rapaz,
uma senhora ou uma criança.
nalidade traduzida em olhos gigantes, bocas “à la
Jolie”, corpos magérrimos ou em formato de garrafa, Fonte: a autora.

cabeças enormes, cabeleiras exageradas, expressões

139
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 11 - Ilustração de moda sintetizada

Geralmente a estilização tende a alongar a figura mais uma cabeça, se você quiser as pernas bem
feminina para um aspecto mais elegante, porém alongadas. O hábito de desenhar as figuras femi-
não é regra. Com o conhecimento da figura pro- ninas com sapatos de salto bem alto também aju-
jetada dentro dos cânones de nove cabeças, você da a dar às pernas uma aparência bem longilínea.
pode, partindo das proporções dessa figura base, Na figura feminina, normalmente a estilização es-
alterá-la segundo sua própria preferência, modi- treita a cintura e alarga o busto. Os quadris, com o
ficando as proporções, alongando ou encurtando estreitamento da cintura, já ficam com aparência
algumas partes do corpo, alargando ou estreitan- de quadris cheios, ainda que sejam mantidos com
do outras. Usualmente, as partes alongadas costu- as proporções normais da figura base. Apesar dis-
mam ser o pescoço e as pernas, especialmente a so, como já dito, essa fórmula não é obrigatória.
parte dos joelhos até os tornozelos. Nesse caso, a Alguns croquis tendem a diminuir o comprimen-
proporção de cabeças do joelho ao tornozelo vai to das pernas e isso dá à figura um aspecto mais
ser aumentada em mais meia cabeça ou até em juvenil, como na figura 12.

140
DESIGN

Figura 12 – A diminuição do comprimento das pernas Figura 13 – Figura de moda masculina


dá à figura de moda aspecto mais juvenil

É muito saudável para o aprendizado que você faça pés em cima de saltos, recurso geralmente usado nos
vários estudos a partir da figura base, com o objetivo desenhos de figuras femininas.
de descobrir quais efeitos de estilização vão ser mais Com relação aos desenhos de figuras infantis e
do seu agrado. A experimentação é parte importante infanto-juvenis, a estilização deve resultar em figu-
do processo de estilização. ras que nos provoquem uma impressão de doçura,
Já no caso do croqui masculino as estilizações graça, brejeirice ou atitude, de acordo com a idade.
mais usuais tornam a figura mais viril, alargando Para os menores, expressões de rosto que os façam
ombros e redesenhando músculos de peito e braços, parecer curiosos e sapecas e uma postura que de-
ressaltando o aspecto robusto e atlético desejável monstre certa instabilidade do corpo sobre os pés,
dentro do universo masculino. As pernas não cos- motivada também pelo fato de que estão sempre em
tumam ser muito alongadas e o destaque vai para as movimento. Figuras infantis costumam ser as mais
panturrilhas com musculatura acentuada. É muito estilizadas. Pesquisando, você vai ver que ilustrado-
importante manter os pés bem “plantados” no chão res realizam distorções exageradas, tal como cabeças
por meio da pouca altura no espaço que vai dos tor- desproporcionais, membros muito finos ou olhos
nozelos ao piso. Isso evita que os pés masculinos pa- muito grandes. Realmente, é o segmento com mais
reçam altos demais, o que poderia dar o aspecto de liberdade de estilização.

141
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 14 – Figuras de moda infantis

Conforme a idade vai aumentando, a proporção ca- e lhe agradou em cada estudo a partir da sua figura
beça/corpo vai ficando menos discrepante, porém, base, distorcendo as partes do corpo, modificando
certos desenhistas adotam o exagero como foco do traços do rosto, tipos de cabelos, até encontrar a sua
desenho. expressão própria de desenho. Ela pode se transfor-
Busque referências visuais em livros ou pesquise mar na sua assinatura e é muito gratificante para um
desenhos de moda dos mais variados ilustradores. designer que ele tenha sua figura de moda reconhe-
Você verá que o universo de estilos e enfoques é bem cida e aliada ao seu nome. Porém, se o seu trabalho
grande e provavelmente você se identificará com al- não for voltado apenas à ilustração de moda e se o seu
guns designers e seu estilo. Procure não copiar. Ob- objetivo é atuar em empresas de confecção, você pre-
serve que alguns têm características tão marcantes cisará estar atento ao fato de que é muito interessante
que os tornam muito pessoais. Porém, nem sempre trabalhar para dar ao seu desenho de moda um traço
esses trabalhos são os mais bonitos esteticamente. O único, com personalidade, que o faça ser identificado
croqui de moda não precisa ser exatamente bonito, como “seu”, lembrando que a sua figura de moda exis-
muitas vezes o elemento “singularidade” é o que o te para portar peças de roupa da maneira mais clara
torna atrativo. possível. É a partir do seu desenho que o responsável
Não recuse nenhuma possibilidade, realize esbo- pela modelagem de uma empresa vai realizar a análise
ços de forma livre, evitando censuras e julgamentos do modelo, de suas especificidades e, com essas infor-
prévios. Tente descobrir o que lhe chamou a atenção mações, desenvolver a modelagem da peça.

142
DESIGN

Figura 15 – Figuras de moda adolescentes

Sobre a importância de um bom croqui de moda: detalhe que seja relevante tanto na execução do mol-
de quanto no processo de montagem da peça.
O objetivo de um croqui deve ser registrar e Um cuidado especial deve ser tomado com rela-
organizar uma ideia. Em grande parte, isso é
ção à representação dos comprimentos das roupas.
obtido por meio de um ou mais destes compo-
nentes: estabelecer a silhueta geral de uma peça Uma figura pode ter pernas muito alongadas, mas
ou look; comunicar as linhas de estilo de uma posicione corretamente o comprimento de saias,
roupa, como um recorte princesa ou o posicio- bermudas, túnicas, em relação ao seu corpo, levando
namento de um pence; e representar detalhes em consideração a ideia de sua criação. Esse cuidado
da roupa, como o formato de um bolso, pes-
deve ser redobrado em todas aquelas peças que tive-
ponto ou detalhe” (HOPKINS; BANDARRA,
2010, p. 26). rem seu comprimento em outro ponto que não seja
a cintura – ou ainda o ponto exatamente acima ou
Portanto, mesmo com distorções resultantes da es- abaixo dos joelhos, que, por esse motivo, são fáceis
tilização, ainda que sua figura de moda não tenha de identificar.
rosto, cabelos ou ainda que ela tenha um aspecto ge- Outro ponto a ser lembrado, como vimos na
ometrizado ou sintetizado, o desenho da roupa pre- unidade 3, é que o desenho da figura de moda deve
cisa ser claro e conter todas as informações necessá- estar alinhado com a linguagem da roupa. Se você
rias ao desenvolvimento do molde, tais como linhas estiver trabalhando em desenhos de trajes de festa,
de costura, de recortes, pregas, franzidos e qualquer é necessário adequar a figura a esse segmento, com

143
DESENHO DA FIGURA HUMANA

uma atmosfera mais sofisticada do que, por exem- mes em afirmar que sem um prévio conhecimento
plo, se o desenho é de peças de roupa para uma co- de anatomia e capacidade de treinar o olhar para o
leção casual. saber do corpo humano, não há como conseguir re-
A estilização pode ser uma solução de grande sultados positivos na prática do desenho da figura
efeito gráfico para aqueles que têm mais dificuldade de moda.
com o desenho da anatomia humana realística por- A estilização no desenho de moda é um tipo
que permite que se simplifique o desenho, persona- de enfoque que pode render frutos muito interes-
lizando o traço. Isso, no entanto, não exime o desig- santes e direcionar o esforço do designer para a
ner de desenvolver uma apurada capacidade visual criação de croquis que podem ser divertidos, abs-
para a interpretação anatômica, já que é para o cor- tratos, dinâmicos ou ainda bem econômicos no
po humano que ele está criando e desenhando. Você traçado, podem ser formais, agressivos, delicados,
pode realizar desenhos estilizados, mas tem que sa- mas nunca protagonistas. O bom croqui entende
ber exatamente como quer que a roupa se comporte que mesmo sendo de vital importância no con-
vestida em um corpo real. texto do desenho de moda, deve sempre servir
Diversos autores, apesar de seus enfoques dife- basicamente de cabide, de pano de fundo, colo-
renciados no que tange ao tipo de ilustração e forma cando em primeiro plano a estrela do desenho: a
de desenvolver o processo de estilização, são unâni- roupa.

144
DESIGN

O Desenho de Moda e
a Ilustração de Moda
Agora vamos compreender melhor o conceito de dois Porém, se você pesquisar entre os trabalhos dos
tipos diferenciados de desenho da figura humana e seu designers mais conhecidos e referenciados do meio
vestuário. Conforme o enfoque dado no tópico ante- da moda, vai observar que alguns deles têm um es-
rior, estilizar e personalizar uma figura de moda é um tilo bem abstrato e que os desenhos não colocam
recurso utilizado para transformar o desenho real em a roupa em evidência. De fato, observando alguns
uma figura ideal, atraindo a atenção e reforçando o deles, um profissional de modelagem teria muita di-
conceito de uma coleção ou de uma marca. No entan- ficuldade em entender a forma e as proporções da
to, esse processo de idealização da figura não pode ser peça a ser modelada, isso sem falar nos detalhes e
mais importante do que a clareza do desenho em rela- aviamentos, que muitas vezes, não são perceptíveis
ção ao modelo da roupa, seus detalhes e aviamentos. com exatidão.

Figura 16 - Exemplos de imagens em que não é possível entender detalhes do produto de moda

145
DESENHO DA FIGURA HUMANA

A ilustração de moda não se refere tanto ao


Esses desenhos são chamados de ilustrações de modelo, mas a capturar o espírito da roupa.
moda e caracterizam-se por ter uma abordagem A ilustração pode ser utilizada para expressar
mais livre, que não demonstra comprometimento um estado de espírito ou contextualizar as rou-
com o processo produtivo. pas, definindo uma cena de onde elas podem
ser utilizadas ou representando o tipo da pes-
É importante, portanto, que você entenda a di- soa que pode usá-las por meio de styling, ma-
ferença entre o desenho de moda e a ilustração de quiagem, cabelo e atitude. (SORGER; UDALE,
moda. Um croqui de moda existe para comunicar 2009, p. 49)
ideias. Uma ideia nasce na mente do designer e ele
precisa esboçá-la antes que ela “fuja” de sua mente. Apesar disso, alguns ilustradores têm uma abor-
Isso acontece porque, ao trabalhar na área de criação, dagem mais detalhada e trabalham para retratar a
o designer recebe muitas informações e é comum roupa de forma balanceada, devido à atenção que
que fuja do foco de interesse, por isso é útil desenhar dão à figura humana. Essa característica estilística é
as ideias em croquis rápidos. Sua ideia inicial, pos- pessoal e depende diretamente da aplicação que o
teriormente, pode ser alterada ou desmembrar-se designer vai fazer de seu desenho.
em mais, talvez duas ou três variantes da primeira Além dos croquis para produção de roupas,
ideia, podendo ser aprimoradas depois, modificadas existem os croquis usados para ilustrar os “books”
ou até mesmo descartadas. De toda forma, o croqui de tendência, que refletem as informações de moda
de moda com função comercial, ou seja, dentro de para um determinado período e esses tendem a ser
um processo produtivo, precisa ser informativo no bastante didáticos, já que se destinam a orientar
que diz respeito à silhueta, se justa ou mais afastada criadores e confeccionistas.
do corpo; às proporções de altura; recortes; detalhes; Outros ilustradores especializam-se em expres-
pespontos; aviamentos que compõem essa roupa. sar a textura do tecido ou a forma da roupa e fazem
Já a ilustração de moda, não estando necessaria- isso dentro de uma linguagem abstrata e emocional.
mente atrelada ao processo produtivo, permite ao de- A qualidade de uma ilustração de moda está na ca-
signer uma grande liberdade de expressão, já que ela pacidade de dar vida própria a um desenho, trans-
não tem como finalidade principal mostrar propor- mitindo por meio de traços seguros e cheios de per-
cionalmente e detalhadamente uma peça de vestuário. sonalidade, a alma de um personagem, o clima de
A ilustração de moda vai além, buscando junto do ob- um evento ou de uma coleção.
servador uma identificação no campo conceitual.

REFLITA

A ilustração de moda não serve apenas para interpretar a forma humana real. Alguns croquis são tão
estilizados que, comparados com uma imagem real, resultam em trabalhos semelhantes a cartoons

(Sorger e Udale, 2009)

146
DESIGN

O direcionamento que norteia esse tipo de desenho está Ao longo da história das ilustrações de moda, os
muito mais apontado para os desejos e hábitos de con- desenhos retrataram tendências e transformações,
sumo de uma fatia do mercado ou ainda para a essência tenham sido elas causadas por revoluções, guerras
de uma marca, concebida para atender a essa fatia es- ou avanços tecnológicos, que ocasionaram mudan-
pecífica, refletindo seus gostos peculiares, os ambientes ças de costumes. Estão em constante mutação e sua
que frequenta ou sua atitude perante a sociedade. principal finalidade é arrebatar, emocionar, provo-
car desejos e inspirar personagens, retratando uma
A propaganda e as campanhas promocionais época e instigando o imaginário das pessoas.
são voltadas para públicos bem específicos; o
papel do ilustrador que trabalha nesse merca-
do é criar uma ilustração que não apenas reflita
um estilo particular, mas que também seja atra-
ente para o público. (DONOVAN, 2010, p. 9)

A aplicação da ilustração de moda, quando feita com


competência, pode agregar sofisticação ou persona-
lidade também ao material de papelaria da empresa,
ilustrando out doors, cartões, folders e até a capa de
um catálogo. O mercado apresenta inúmeros casos
de sucesso dessa parceria, com grandes ganhos na
área de merchandising e de construção de identidade
de uma marca.
Na figura 17 podemos perceber a aura de sofisti-
cação que irradia das silhuetas.

A habilidade de expressar ideias visualmente e


com originalidade é muito enfatizada. Em suas
várias formas, a ilustração de moda é um ins-
trumento de alto valor para transmitir informa-
ções técnicas e estéticas. Desenho e pintura de
moda têm suas convenções próprias, que devem
ser aprendidas e praticadas até que um grau de
destreza se torne natural (JONES, 2011, p. 82).

Figura 17 - Exemplo de parceria entre ilustração e marketing

147
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Considerações Finais
Aluno(a), nesta unidade você viu como diferenciar exagerar, balanceando esse detalhe facial ou cor-
seus desenhos femininos, masculinos e infantis por poral com outras partes do corpo, menos em evi-
meio da especificidade de gêneros, reforçando as dência. Assim, você chegará a sua figura de moda,
diferenças de sexo, idade e compleição física. Viu desenvolvendo por meio desses esboços um traço
também como a variedade racial é estimulante na próprio, um enfoque particular de interpretação; e
criação de figuras de moda exóticas e atrativas. quanto à estilização, se não tiver muito tempo para
Também aprendeu que a estilização da figura de croquis mais elaborados, faça dela uma aliada e de-
moda pode ser feita de forma planejada, avaliando senvolva croquis sintetizados, não esquecendo de
possibilidades para fazer a melhor escolha. Esse pro- adequá-los ao público com o qual trabalhará. An-
cesso não se encerra após os primeiros desenhos e tes mesmo que você perceba, lá estará sua figura de
esboços. Ao contrário, é um processo gradual, que moda!
pode estender-se por toda uma vida. Além disso, Na próxima unidade você vai ver como os te-
você também viu a diferença entre um desenho de cidos se comportam sobre a figura, de acordo com
moda e uma ilustração de moda, suas finalidades e seus diferentes pesos, e aprender como desenhar
apelos. roupas justas ou largas. Também vai ver que rou-
A partir dos conhecimentos adquiridos, obser- pas de alfaiataria requerem que se desenhe as peças
ve pessoas e rabisque o contorno de suas silhuetas, de forma mais estruturada sobre a figura de moda.
suas expressões faciais e detalhes mais relevantes. Com esse conhecimento, você pode realizar todo o
Com o tempo e o treino você vai adquirir a capaci- processo de desenho de moda, projetando, estilizan-
dade de eleger um ponto importante da figura para do e vestindo a figura.

148
atividades de estudo

1. Após a leitura do tópico “Especificidades no desenho de gêneros”, você aprendeu algumas


diferenças importantes com relação aos desenhos femininos e masculinos, para que eles
atendam às necessidades específicas de cada sexo. Com base no que você aprendeu, ana-
lise as afirmativas abaixo assinale a única alternativa correta:
I. Desenhos masculinos devem sempre ter ênfase no tronco, porém podem ter quebra de qua-
dril e flexão nos braços, com punhos flexionados e mãos na cintura.
II. Na figura feminina, pode haver um exagero de maneirismos, tais como flexão de punhos e
tornozelos, cabeça jogada para trás e braços erguidos na direção da cabeça.
III. A postura rígida é proibida para os desenhos de figuras femininas.
IV. A postura relaxada é proibida para os desenhos de figura masculina.
V. Não existe uma verdade absoluta para as poses femininas e masculinas, no que diz respeito a
poses rígidas ou relaxadas. É preciso observar outros fatores em questão na pose, tais como
as flexões de punhos, tornozelos e quadris.

Em função das afirmativas anteriores, estão CORRETAS somente:


a. As alternativas I e IV.
b. As alternativas I, II e III.
c. As alternativas II e IV.
d. As alternativas II e V.
e. As alternativas I, III e V.

2. Desenhos de moda têm uma certa liberdade com relação ao tipo de representação da figura
humana. O designer pode optar por um desenho mais realista ou por um desenho mais es-
tilizado, conforme seu gosto pessoal e a finalidade do desenho. Com base nessa ideia, leia e
analise as afirmativas seguintes:
I. O perfil de público e a essência da marca são algumas das diretrizes para essa escolha.
II. A estilização, quando exagerada, corre o risco de não atender a uma necessidade de produ-
ção.
III. Croquis infantis costumam ser os menos estilizados, em relação aos adultos.
IV. O desenho de moda não tem comprometimento com as proporções da peça, o mais impor-
tante é passar o conceito da marca.
V. Basta que o croqui fale a mesma linguagem do público retratado, a veracidade das propor-
ções não têm importância dentro do processo produtivo.

149
atividades de estudo

Em função das afirmativas anteriores estão CORRETAS somente:


a. As alternativas I e IV.
b. As alternativas I e II.
c. As alternativas II e IV.
d. As alternativas II e V.
e. As alternativas I, III e V.

3. Desenhos de moda costumam variar de designers para designers, isso porque como existe
liberdade podemos encontrar vários tipos de croquis. Porém é certo que cada temporada
tenha suas preferências, por exemplo, atualmente existem similaridades entre os desenhos
de moda que circulam no meio da moda. Faça uma pesquisa na internet e em livros sobre o
assunto e responda quais as preferências atuais para desenho de croquis de moda.

4. Para que o processo produtivo de um produto transcorra da melhor forma, é necessário que
todas as informações técnicas sejam fornecidas pelo setor de criação, para a elaboração do
protótipo, ou seja, da peça referencial para a produção da roupa. A partir dessa afirmação,
faça a correlação das imagens com as frases a seguir.

a. ( ) A figura apresenta, de forma clara, o detalhamento da parte superior da roupa, porém a


parte inferior não está clara e poderá resultar em dificuldade para o entendimento da mode-
lagem e costura.
b. ( ) Esta figura é uma ilustração de moda, por isso, tem-se a ideia do movimento do tecido
e do volume da peça, porém a falta de detalhamento não permite o entendimento da peça.
c. ( ) A figura apresenta de forma clara todas as especificidades da roupa, desde o caimento do
tecido até informações como o tipo de silhueta, comprimentos e detalhes.

5. Nesta última questão, vou propor uma avaliação de seus próprios croquis. Como você tem
desenhado até agora? Está satisfeito(a) com o resultado até aqui alcançado? Como você clas-
sifica sua figura de moda? Faça uma análise conforme os parâmetros apresentados na uni-
dade 4 e avalie o seu trabalho.

150
LEITURA
COMPLEMENTAR

O texto a seguir oferece a você um panorama da impor- Seu principal objetivo é evitar o esquecimento de sua
tância do desenho de moda dentro do processo artístico presença, sublinhando os aspectos mais atrativos e sur-
e de produção de roupas, acessórios e figurinos cênicos. preendentes de sua aparência.
Quanto melhor se desenhe, maior será sua capacidade Para reforçar uma imagem, não basta criar um clichê ou
de comunicação e melhor será visualizar e perceber suas padrão e repeti-lo até a exaustão, pelo contrário, é ne-
próprias ideias. cessário mudar o modelo, constantemente, para renovar
Uma disposição aberta à linguagem do desenho de moda nossa capacidade de surpresa. Esta renovação constan-
e ao conhecimento e uso dos materiais artísticos permite te provoca que o vestuário, como condição ou aparência
averiguar que formas, que resolução prática e em que externa, se converta em um suporte ou instrumento de
formato pode-se expressar, de maneira mais adequada. expressividade, liberdade e criatividade artística.
A utilidade do desenho de moda engloba desde a inspi- Como em muitas disciplinas artísticas, os designers de
ração para o designer até a expressão de um estilo carac- moda utilizam o desenho como parte essencial do pro-
terístico, visualizado nos “books” de moda, nas revistas e cesso criativo, como obra primeira, que ajuda a clarificar
na publicidade em geral. O desenho, além de projetar a as primeiras sensações e ocorrências formais. Ainda que
criatividade do artista, deve conter em seus traços, técni- muitos trabalhem diretamente sobre o manequim, é di-
cas que ofereçam informações práticas e que convertam fícil encontrar algum designer que prescinda do desenho
a imagem em um ponto de partida para o processo in- como ponto de partida, pois os traços e as manchas que
dustrial da confecção. fluem sobre o papel são os primeiros aliados da imagi-
Ainda que a criatividade seja inerente ao artista, o conhe- nação.
cimento que as técnicas de desenho de moda trazem faz O desenho, além de suporte essencial de qualquer prá-
parte de um processo de aprendizagem dirigido. tica artística, é o único fundamento sólido sobre o qual
A moda é a arte de apresentar ao público a própria apa- pode-se desenvolver a obra criativa de um designer de
rência pessoal, o cultivo da imagem, apesar de que nela moda.
também influenciam desde efeitos psicológicos e cultu- Fonte: Fernandez e Martin (2007, p. 6-7).
rais até políticos e filosóficos. O cuidado premeditado do
vestuário permite atrair a atenção sobre um determina-
do indivíduo, potencializar o olhar, amplificá-lo, diversifi-
cá-lo, organizá-lo, modulá-lo e matizá-lo.

151
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Desenho de moda avançado: ilustração de estilo


Bill Donovan
Editora: Senac
Sinopse: esse livro é voltado para pessoas interessadas em tra-
balhar profissionalmente com ilustrações de moda, mas também
pode ser de valia para estudantes de desenho e design gráfico, que
podem se inspirar e aprender técnicas avançadas. Trata-se de um
texto bastante prático que ensina não apenas como desenhar a
figura humana, mas também como ilustrá-la de acordo com o mer-
cado de moda e os estilos de vida. Bil Donovan demonstra como
criar uma ilustração com estilo próprio levando em conta conceitos
de moda, em vez de apenas se concentrar na técnica do desenho.
Comentário: a partir de alguns dos princípios de composição, o(a) leitor(a) aprenderá a criar
ilustrações que venham de encontro às necessidades de mercado. O livro também apresenta
materiais diversos para a cromatização dos desenhos e a apresentação de metodologias e
ferramentas valiosas para o trabalho de ilustração, tanto manual quanto digital.

152
DESIGN

Divirta-se e inspire-se com o trabalho de alguns designers e ilustradores, dos mais diferentes
tipos e que usam as mais diversas técnicas. A primeira indicação de acesso é um apanhado
feito pelo site Harpers Bazaar com indicação de 12 ilustradores para acompanhar no insta-
gram. O segundo link é um perfil do Pinterest bem completo com ilustrações e desenhos de
moda.

Harpers Bazaar:
Em: <http://www.harpersbazaar.com/culture/art-books-music/g4099/fashion-illustrators-
-instagram/?slide=10>

Pinterest:
Em: <https://br.pinterest.com/pin/188658671865773895/>

153
referências

BRYANT, M. W. Desenho de Moda: Técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo: Ed.
Senac, 2012.
DONOVAN, B. Desenho de moda avançado: ilustração de estilo. São Paulo: Senac, 2010.
FERNANDEZ, A.; MARTIN, G. Dibujo para diseñadores de moda. Ed. Parramont: Bar-
celona, 2007.
HOPKINS, J.; BANDARRA, M. Desenho de moda. Porto Alegre: Bookman, 2010.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
KLICZKOWSKI, H. Ilustración de Moda. Barcelona: Ed. Maomao Publications, 2006.
SORGER, R.; UDALE, J. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2009.

154
gabarito

1. D
2. B
3. Atualmente, a preferência é por croquis com alongamento de pernas e estreitamento de tron-
co, para mulheres e meninas. Para os croquis infantis e adolescentes, do gênero feminino,
um ar ingênuo ou então esnobe tem sido observado, em figuras com carinha de bonecas. Os
croquis masculinos parecem não ter alcançado tanta liberdade de criação com os infantis e
femininos. Ainda são mais tradicionais, dando ênfase no tronco, mas sem grandes inovações.
Os meninos acompanham esse padrão, à exceção dos meninos muito pequenos, que podem
ser vistos em croquis ingênuos, como os das meninas, ambos quase como personagens de
desenhos infantis.
4. a. 2
b. 3
c. 1
5. Para avaliar seus desenhos de moda, comece se perguntando como tem desenvolvido suas
figuras de moda. Estão mais próximas do real ou mais estilizadas? Se estão estilizadas, qual
parte da figura você elegeu para distorcer? Essa distorção é um alongamento ou encurtamen-
to? Você distorce mais de uma parte da figura? Por exemplo: você escolheu alongar pernas e
braços e ampliar o tamanho da cabeça? Anote em uma folha todas as partes da figura que você
distorce e de que forma a faz. E quanto aos tipos físicos? Como você tem desenhado? Está va-
riando os tipos físicos? Tem encontrado dificuldade no desenho de gêneros específicos, como
figuras masculinas ou infantis? O que você pode melhorar com relação a isso? Seja sincero(a)
consigo mesmo(a), faça sua análise e anote os pontos a melhorar nos seus desenhos.

155
INTRODUÇÃO AO DESENHO DE ROUPAS

Professora Esp. Sandra Calil de Oliveira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Aspectos básicos para o desenho de roupas
• Tecidos de peso leve, médio e pesado
• Volumes justos e largos
• Alfaiataria

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar algumas questões técnicas primordiais para
a concepção de uma ideia e sua projeção no papel, como
desenho de moda.
• Apresentar diversos modelos de roupas justas e largas e
como se comportam de forma diferente representadas
sobre a figura de moda.
• Levar ao conhecimento do(a) aluno(a) as especificidades
no desenho de tecidos devido à suas diferenças de peso e
superfície.
• Apresentar questões técnicas e estruturais para o desenho
de peças de alfaiataria.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Chegamos à unidade 5! Aqui, você verá como iniciar o de-
senho de roupas sobre a figura de moda, ou seja: como desenhar croquis
vestidos. Lendo e praticando os conteúdos das unidades anteriores, você
adquiriu conhecimento para desenhar suas figuras femininas, masculinas,
infantis e adolescentes; agora, está na hora de colocar em prática o uso de
suas bases de poses, para representar os mais variados tipos de roupas.
Neste estudo, vamos priorizar o conteúdo básico da habilidade de
desenhar roupas, levando ao seu conhecimento informações muito im-
portantes e que pretendem formar um alicerce sólido para a disciplina
de “Desenho de Moda”, que você vai ver após terminar a disciplina de
“Desenho da Figura de Moda”.
Você vai ver também que para seu desenho passar veracidade de in-
formações, é preciso desenhar cada material, seja tecido, malha, couro ou
outras opções, de forma convincente, sendo para isso necessário analisar
o peso e a textura de cada um. E ao ser apresentado(a) à ideia inicial de
uma roupa, verá que também é preciso saber representar o volume des-
sa peça junto do corpo, se ela se apresenta mais larga ou mais ajustada,
aliando, dessa forma, as habilidades de representação dos tipos de tecido
com a habilidade de saber desenhar o caimento desses materiais, tanto
em peças justas como em peças mais folgadas no corpo.
Por fim, sequencialmente a esse conceito, você aprenderá que as rou-
pas chamadas de peças de alfaiataria devem ser desenhadas de forma
mais estruturada sobre o corpo, porque sua concepção, modelagem, pro-
cesso de construção e de costura são realizados para que seja dessa forma
que elas se apresentem ao vestir uma figura humana.
Leia com atenção o conteúdo desta unidade, monte arquivos de for-
mas e de tipos de tecidos e prepare-se ao máximo para ampliar seu leque
de conhecimento sobre materiais e modelos de roupas. Isso certamente
vai fazer com que o processo criativo e de representação gráfica seja mui-
to mais fácil e prazeroso.
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Aspectos Básicos para o


Desenho de Roupas
Se você ainda não iniciou o desenho de roupas, ima- atuando como desenhista de moda, ilustrando as
gino que possa encarar como um desafio o ato de se criações de outro profissional, você deverá retratar
deparar com uma folha de papel em branco e um em sua figura de moda exatamente a criação como
lápis na mão: “E agora? Por onde começo?” Real- foi concebida por outra pessoa. Precisa-se da técni-
mente, como designer de moda, você vai se depa- ca do desenho para manter-se fiel a uma ideia que
rar com muitos desafios, alguns mais fáceis e outros não está na sua cabeça e tem a responsabilidade de
mais complexos. Se você já trabalha na área, sabe do traduzi-la para o papel. Porém, se sua função é criar
que estou falando. Porém, se ainda não, imagine-se e retratar suas próprias criações, vamos levar em
trabalhando como designer em uma empresa de consideração tudo aquilo o qual você deve analisar
moda. Existem algumas possibilidades, mas vamos desde a primeira ideia de modelo de roupa que lhe
analisar apenas as duas mais usuais. Se você estiver vêm à cabeça e o quê pode lhe auxiliar nessa função.

160
DESIGN

Todo processo criativo é, por si só, um processo corpo humano é um objeto tridimensional. Portan-
complexo. E o que dizer do processo criativo de pro- to, ao pensar em roupas que o vestem, você percebe
dutos de moda, que obedece a critérios muito espe- que elas o vestem envolvendo-o. Essa informação
cíficos e a inspirações sazonais? O momento da cria- está diretamente ligada a alguns fatores muito im-
ção é tão complexo e ao mesmo tempo tão sensitivo portantes que geram definições durante o processo
que não pode ficar atrelado à falta de conhecimento de criação da roupa. São eles a continuidade, a estru-
de aspectos importantes do processo. Por isso, você turação, a vestibilidade e a forma de abotoamento,
deve conhecer e internalizar esses aspectos, para se houver.
que se sinta livre para se lançar com tranquilidade
no mais importante: a criatividade e a capacidade A roupa deve ser entendida como um objeto
que repousa sobre o volume do corpo, obede-
de identificar as preferências do público alvo a ser
cendo às suas formas e articulações. No de-
trabalhado. senvolvimento de seu trabalho, o profissional
Jones (2011, p. 91) descreve com propriedade esse precisará lembrar que suas orientações servirão
processo ao mesmo tempo focado e lúdico, quando de base para a confecção da roupa e que esta,
diz: “Frequentemente os esboços desenhados com fora do corpo, é uma superfície plana, mas que
ganha volume quando vestida, tornando-se tri-
uma abordagem descontraída resultam em linhas
dimensional (LEITE; VELLOSO, 2011, p. 8).
fluidas, que inspiram a forma da silhueta, o uso de
tecido e a proporção da roupa a ser desenhada.” Isso O designer de moda precisa desenvolver a visão es-
quer dizer que qualquer esboço, mesmo os feitos em pacial para interpretar como essa peça de roupa se
um momento de pausa do trabalho ou enquanto se comporta tridimensionalmente, ou seja, envolvendo
relaxa e se toma um cafezinho, deve ser levado em o corpo. Isso quer dizer que você não pode pensar
consideração, pois pode gerar uma boa ideia. em uma solução de criação de forma isolada, focan-
Vamos agora tomar ciência de alguns pontos do apenas na frente da roupa ou nas costas da roupa.
técnicos essenciais ao desenho de roupas. A primei- Adquira o hábito de pensar tridimensionalmente ao
ra informação da qual você precisa lembrar é que o mentalizar uma peça de roupa.

161
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Uma ideia pode, sim, nascer de um detalhe isolado,


que pode ser frontal – como um decote, um cinto,
ou recortes –, nas laterais ou na parte posterior da
roupa – como faixas de material diferenciado, ao
longo da lateral de um vestido ou calça comprida,
alças cruzando as costas ou decotes profundos –. As
possibilidades de criação são infinitas! Porém você
deve pensar na continuidade da peça, envolvendo o
corpo, e também na estrutura necessária para que a
roupa se sustente vestida, no caso de peças que não
se apoiem nos ombros. Vou explicar melhor!
No caso da continuidade da peça, entenda que ao
girar o corpo, você deve visualizar o design da roupa
de forma contínua, com coerência de continuidade.
Ou seja, o que “acontece” na frente da roupa tem que
ser compatível com o design que ela apresenta nas
laterais e costas. Vamos ver esse conceito de forma
exemplificada? Um recorte que atravesse a roupa
horizontalmente a 360 graus deve apresentar conti-
nuidade nas laterais, estando na mesma altura.
Vou ilustrar essa constatação com mais um
exemplo: um vestido sem alças, no estilo “tomara
que caia”, deve prever a continuidade da altura do
decote, indo da frente para as costas, passando pelas
laterais. Não é que precise manter a mesma altura,
nesse caso, mas não se pode descer bruscamente a
altura do decote na direção das costas sem que haja
uma solução estrutural que sustente a peça no cor-
po. E aí já se entra na questão da estruturação.
Uma peça de vestuário que é apoiada nos om-
bros, seja da forma mais tradicional, como uma ca-
miseta ou um casaco, seja como uma frente única,
que se sustenta por meio de tiras amarradas atrás
do pescoço, não apresenta problemas para se es-
truturar. Porém, algumas criações necessitam de
artifícios para se sustentar sobre o corpo, tal como
Figura 1 - Peça com vista tridimensional barbatanas de sustentação, bojos e ferragens. Atu-

162
DESIGN

almente existe o recurso do tule cor da pele, que


veio a resolver muitos problemas de estruturação,
já que faz a ligação entre as partes de forma quase
invisível.
Essa, na verdade, é uma informação que, em al-
guns casos, passa pelo conhecimento de modelagem,
porém você deve pensar nessa solução já nos esbo-
ços de criação. Evidentemente, quanto mais você
conhecer de modelagem, mais vai poder avançar e
soltar a imaginação na hora dos esboços iniciais.
Outro detalhe muito importante diz respeito ao
abotoamento da peça. Enquanto desenvolve seus
croquis de criação, você já deve pensar em como vai
resolver o abotoamento. A abertura será frontal, la-
teral ou posterior? A roupa será confeccionada com
material que tenha elasticidade e não precisará de
abertura para vestir? É possível trabalhar com o uso
de elástico? Você deseja que o elemento de fecha- Figura 2 - Tule cor da pele rebordado

mento, seja ele elástico, zíper, botões ou outros, seja


visível e também um elemento decorativo? Ou deve
apenas cumprir sua função de abotoamento, apare-
cendo o mínimo possível? Lembre-se de que a for-
ma de abotoamento não pode prejudicar o design
do modelo. Muitas vezes ele é parte do design, como
no caso de botões decorativos, laços, fivelas, cadar-
ços ou tantas outras possibilidades de aviamentos.
Porém, em outras criações, deve estar embutido ou
dissimulado, como é o caso de abotoamentos camu-
flados ou zíper invisível.
Pesquise a respeito de aviamentos, pois existe
uma gama imensa deles para utilização no vestuá-
rio. Como vimos, alguns cumprem apenas a função
de fechamento da roupa enquanto que outros cum-
prem a dupla função de fechamento e de efeito de-
corativo. Outros aviamentos são usados nas roupas
com função de guarnecer bordas, como no caso dos
debruns que contornam partes da peça e outros ain- Figura 3 - Barbatanas de sustentação e bojo

163
DESENHO DA FIGURA HUMANA

da são utilizados apenas para enfeitar a roupa. Pro-


cure conhecê-los em sites de empresas ou mesmo
em pesquisa por imagens de moda.
Para finalizar este tópico, vou falar um pouco so-
bre a vestibilidade e o seu significado. Vestibilidade
é o grau de liberdade e de comodidade de um artigo
de vestuário. Esse conceito é muito valorizado atual-
mente, uma vez que a oferta de artigos de vestuário
aumentou. Esse fato fez com que o consumidor ficas-
se mais exigente em relação ao conforto, modelagem
e facilidade ao vestir uma roupa. A vestibilidade é o
espaço entre o corpo e a roupa, de forma que essa se
encaixe satisfatoriamente no corpo, adequando-se a
ele, sem causar nenhuma sensação desagradável de
aperto ou desconforto e sem tolher os movimentos.
O tecido escolhido é coadjuvante nesse processo, de-
vendo estar adequado ao tipo de modelo, sua função
e ao tipo de corpo a ser vestido. Evidentemente, uma Figura 4 - Abotoamentos com função dupla: de fechamento e decorativa

roupa com a função de ser usada para atividades fí-


sicas precisa de mais liberdade de movimentos do
que uma roupa para um evento formal, no qual a
pessoa não vai precisar se movimentar muito.
Durante o processo de criação das roupas, a pre-
ocupação e o cuidado com todos os fatores vistos em
“Aspectos básicos para o desenho de roupas”, como
a continuidade, a estruturação e a consequente ves-
tibilidade das peças garantem um produto de qua-
lidade. Porém, a intenção deste tópico foi fornecer
informações importantes para o desenho de peças
de roupa, principalmente para os leigos no assunto,
por terem sido esses os problemas de interpretação
mais frequentes em alunos presenciais, no intervalo
que se dava entre suas ideias florescendo na cabeça
e o que eles colocavam no papel, ainda sem as in-
formações contidas neste tópico. Espero que tenha
ajudado!
Figura 5 - Abotoamentos invisíveis

164
DESIGN

Tecidos de Peso Leve,


Médio e Pesado
Pensar em materiais para o desenvolvimento de passar em termos de conforto térmico? É uma peça
roupas: essa é uma das primeiras escolhas que um para se usar no verão, em altas temperaturas, ou
designer deve fazer ao mentalizar sua coleção. Nas uma peça de inverno, que deve ter a função de
palavras de Jones (2011, p. 103), “um estilista precisa aquecer o corpo? Provavelmente, esse é o primei-
ter experiência sobre o comportamento dos tecidos”. ro direcionamento para a escolha de materiais: a
E quais os pensamentos imediatos que pas- coleção é verão, inverno, meia estação ou alto ve-
sam pela cabeça do designer no momento inicial rão? Outros aspectos de igual importância dizem
da concepção de sua coleção? Aqui vão algumas respeito ao caimento que se deseja para as peças, a
questões iniciais que normalmente são levantadas cor ou cores desejadas e a adequação do preço ao
no início do processo criativo: o que essa peça deve público-alvo.

165
DESENHO DA FIGURA HUMANA

REFLITA

É imperativo ter consciência de que o


mercado da moda não existe para corpos
perfeitos. Estilistas precisam do parâmetro
da realidade, conhecendo o corpo humano
e sua interação com tecidos e roupas.

(Jones, 2011)

São essas as questões básicas determinantes para a


escolha dos tecidos de uma coleção. Suas caracterís-
ticas de peso, caimento, textura e cor devem estar
muito bem representadas no desenho de moda, para
que ele transmita o maior número de informações
possíveis de forma correta.
A escolha do tecido é tão importante que se con-
feccionarmos a mesma modelagem, porém com te-
cidos de pesos diferentes, as roupas podem apresen-
tar um aspecto bem diferenciado uma da outra. Por
exemplo: no caso de uma saia evasê, se for confec-
cionada em lã, terá um caimento mais rígido, mais
encorpado.
Porém, ao ser confeccionada em seda ou outro
tecido leve, mesmo utilizando a mesma modelagem,
terá um caimento mais fluido. Essa diferenciação de
peso dos materiais tem que estar representada no
desenho de moda.

Figura 6 - Saias evasê de tecidos rígido e fluido

166
DESIGN

O designer, portanto, deve estar atento à representa-


ção dos tecidos para que possa imprimir o espírito
da criação em seus desenhos e também porque cada
tipo de tecido se relaciona com o corpo de forma
diferente.

Qualquer que seja o modelo ideal do momento,


os estilistas precisam fazer o “teste de realidade”
para saber como o corpo humano interage com
os tecidos. Observação cuidadosa, estudo de fo-
tografias de moda (e filmes) e a arte de desenhar
ajudam a perceber e compreender como o corpo
se movimenta e se comunica não verbalmente e
como nuances de corte, caimento e tecidos cau-
sam efeitos importantes na silhueta, nas linhas e
no volume do corpo (JONES, 2011, p. 110).

Mais do que saber quais são os tecidos e materiais


disponíveis no mercado, é preciso conhecer o ma-
Figura 7 - Peças com caimento mais rígido terial com o qual será feita a roupa que você quer
desenhar. Se a indicação do material vem de uma
equipe de criação e você recebe a função de executar
o desenho, procure saber sua composição e também
procure ter acesso a uma amostra do mesmo. Mas
se você é o(a) criador(a) da peça e se a escolha do
material é sua, procure avaliar se esse, com suas ca-
racterísticas, está adequado ao modelo da roupa e às
suas expectativas, em termos de vestibilidade e cai-
mento, já que cada tecido, malha ou materiais como
couro, lã e outros (devido a sua composição e peso)
comportam-se de maneira diferente sobre o corpo
humano.

Figura 8 - Peças com caimento mais fluido

167
DESENHO DA FIGURA HUMANA

SAIBA MAIS é feito de veludo cotelê, já que um jeans grosso, uma


lã ou o couro também apresentam o mesmo caimen-
A escolha do tecido está ligada a muitos to armado, sem fluidez e ondulações.
aspectos, como a temática da coleção, a es- Esse refinamento na representação de materiais
tação do ano ou a escolha dos aviamentos, deve ir até o ponto de se dominar o desenho de pe-
que vão atuar como coadjuvantes na cole-
ção. Mas um aspecto muito importante é ças feitas com materiais como tricôs, crochês, plu-
como o material escolhido vai atuar sobre o mas, peles e outros tantos materiais com texturas
corpo e, consequentemente, nesse sentido, diferenciadas, pois essa habilidade aumenta o efeito
a idade do público-alvo é fator determinan-
te para essa escolha. realista do desenho.
Há uma infinidade de inovações no campo da
Como estilista, você precisa tomar
decisões sobre o tipo de corpo para
indústria têxtil e é interessante iniciar uma pes-
o qual está criando: quais aspectos quisa de materiais, coletando digitalmente ou ma-
enfatizar, quais diminuir, o quanto de nualmente imagens de revistas de moda para que
pele mostrar. Uma noção de como os
tecidos drapejam e esticam ao redor do você possa ampliar seu conhecimento e observação
manequim pode ser obtida pelo estudo acerca de materiais utilizados no mercado. Sempre
de obras de arte e da história da moda. que possível e que essa informação esteja disponí-
Mas são melhores ainda a observação
pessoal do manequim e as tentativas e vel e seja confiável, anote o nome do material e sua
erros de esboçar, pintar e interpretar composição. Existem também sites de empresas
os tecidos em um modelo vivo. (JONES, que apresentam um glossário têxtil disponível para
2011, p. 82)
consulta.
Fonte: a autora.
CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS

É importante que o desenho de moda contemple Agora vou falar um pouco sobre a principal clas-
tanto o caimento do tecido quanto a textura, se hou- sificação dos tecidos, que se dividem basicamente
ver. São aspectos diferentes, pois de nada adianta re- em três categorias: tecidos leves, médios e pesados.
presentar corretamente o volume de um material se Como você já leu, no início de nossa discussão, a
sua textura estiver mal representada. escolha dos tecidos está diretamente ligada à estação
Vamos entender melhor? Por exemplo: você pre- do ano para a qual a roupa está sendo direcionada.
cisa desenhar um vestido de veludo cotelê grosso, O peso de um tecido é o valor de sua gramatura e
que tem como característica um peso que lhe confe- é de suma importância durante o processo criativo,
re uma aparência compacta e uma textura de super- para que se escolha o tecido certo para cada peça,
fície canelada. O correto é desenhar de forma que se resultando no caimento desejado. Isso também é
perceba que o material não desenvolve muitas on- importante durante a produção das peças, pois di-
dulações no corpo, ou seja, é um material armado. reciona a escolha adequada do tipo de aviamentos,
Porém se você não desenhar os canelados no sentido tais como zíper, entretela (se for necessária) e até a
vertical, não vai ser possível identificar que o vestido escolha da linha a ser utilizada.

168
DESIGN

• Tecidos de peso médio: gabardine, chambray,


Segundo Audaces (2013, on-line)¹, “a gramatu-
tricoline, microfibra, tafetá e moletinho.
ra é expressa em gramas/m² e indica a relação entre
• Tecidos de peso pesado: jeans, lã compacta,
peso e metro quadrado, em outras palavras, é quan- tweed, feltro, brim, malhas encorpadas tipo
to um tecido pesa por metro quadrado”. moletom e soft.
Já as malhas são avaliadas pelo rendimento, que
é a medida de valor linear para cada quilo de malha. O tipo de material utilizado determina o efeito que
Quanto mais leve é a malha, mais metros ela preci- a roupa apresenta vestida no corpo, traduzido em
sa acumular para pesar 1 quilo. Por consequência, dobras e pregueamento nas articulações e onde o
1 quilo de malha leve produz mais peças enquanto corpo apresenta volumes. Esse efeito recebe o nome
que 1 quilo de malha pesada produz poucas peças, de panejamento.
daí o nome rendimento. Malhas de verão costumam Leite e Velloso (2011, p. 79), conceituam paneja-
ter um rendimento maior do que malhas de inverno. mento como “o resultado do caimento do tecido obti-
Por isso produtos de inverno tendem a ser mais ca- do por meio das formas de corte, arrumação e costu-
ros. Ao avaliar materiais, fique atento(a) à gramatura ra”. Entende-se por “formas de corte”, a que as autoras
ou rendimento, que costumam vir indicados nas es- se referem, à maneira como o molde é posicionado
pecificações do produto. sobre o tecido. Sua composição apresenta fios em duas
Veja alguns exemplos de materiais, conforme direções: a direção horizontal, em que os fios são cha-
seu peso: mados de trama; e a direção vertical, paralela às mar-
• Tecidos de peso leve: seda, chiffon, organza, gens laterais de acabamento do tecido, chamadas de
musseline, voil, algodões e malhas leves. ourelas, em que os fios são chamados de urdume.

Ourela
Urdume
Trama

és
Vi

Ourela
Figura 9 - Esquema de trama de tecido
Fonte: Caimento… ([2016], on-line)².

169
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Mesmo uma peça de roupa sem maiores detalhes


pode apresentar uma diferenciação no caimento se
os moldes, ao invés de serem posicionados na dire-
ção do fio do tecido, forem posicionados atravessa-
dos em um ângulo de 45 graus em relação ao fio do
tecido.
A estilista francesa Madeleine Vionnet usou com
maestria recursos como o corte em viés e também
efeitos de dobras sequenciais, o que se chama de
drapeado. Observe nas imagens os efeitos de drape-
ado na frente do vestido tipo combinação e o efeito
de caimento lânguido e fluido em tecidos cortados
em viés.
Leite e Velloso (2011) também citam as “formas
de arrumação e costura”, referindo-se a efeitos como
franzidos ou pregas planejadas, que são recursos
aplicados para acrescentar detalhes específicos às
roupas. A seguir, dois exemplos de pregas aplicadas
em diferentes tecidos (Figura 11).
É muito importante que os desenhos de moda
demonstrem todos os tipos de efeitos como corte
enviesado, franzidos, pregas e plissados, como você
pode ver no exemplo.
Para o desenho de moda, é importante analisar
alguns fatores que determinam o tipo de paneja-
mento:
• Posição da figura: as pregas formadas pelo te-
cido seguem o movimento do corpo.
• Tipo de material: um tecido grosso forma
poucas dobras, enquanto que um tecido fino
forma mais dobras.
• Tipo de dobras: um tecido rígido forma do-
bras geométricas enquanto que um tecido
suave forma dobras arredondadas.
• Tipo de modelagem: uma peça ampla forma
mais pregas enquanto que uma peça estreita
forma menos pregas, por conter menos teci- Figura 10 - Vionnet Spring Summer 2016
do. (BORDI; CASTIGLIONI, 2002, p. 100)

170
DESIGN

Figura 11 - Vionnet Spring Summer


2016 e Tory Burch Spring 2014

Figura 12 - Desenho de franzidos, pregas e plissados

171
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 13 - Desenho de roupa com tecidos leves

Figura 14 - Desenho de roupa com tecido pesado

172
DESIGN

TREINO DE PANEJAMENTO EM Comece o desenho fazendo um esboço de contorno.


DESENHO DE MODA Marque as principais dobras e áreas tonais, usando
linhas mais fortes para as dobras e mais finas e leves
Você pode realizar alguns esboços de tecidos em para as áreas de luz. Em seguida, você deve trabalhar
movimento, antes de trabalhar diretamente o dese- os tons claros e escuros.
nho no corpo da figura humana. Sabe de que forma? Terminado seu primeiro esboço, faça uma nova
Um bom exercício para treinar o desenho de roupas composição, desta vez com mais dobras, procuran-
e tecidos, com todos os seus movimentos e suges- do dificultar o desenho de forma gradual. Você tam-
tão de volumes é realizar o desenho a partir de um bém pode arrumar o tecido sobre uma mesa e, se ti-
tecido. Coloque-o sobre uma cadeira ou pendure-o ver um manequim de prova, passe o tecido sobre os
em algum lugar, de modo a criar dobras e áreas de ombros e prenda à cintura com um cinto, simulando
claros e escuros. Procure não criar dobras demais, o movimento de um vestido. Se você não tiver um
de início, para não dificultar os primeiros esboços. tecido disponível para esses exercícios, pode reali-
Promova arranjos interessantes, porém simples. zá-los usando um lenço de cabeça. Observe em suas
Fotografe-os para depois comparar a imagem bidi- composições que a forma como o tecido ou lenço foi
mensional com sua interpretação visual, registrada arranjada determina o caimento do tecido.
em seus trabalhos. Após o treino desses exercícios, comece o dese-
nho da figura vestida, usando como base seus dese-
nhos de figura humana da seguinte forma: coloque
sobre seu desenho de base uma folha de papel sulfite
em branco. Você deve poder visualizar a sombra do
desenho de corpo, sobre a folha de cima. Se não esti-
ver visualizando com facilidade, reforce o traçado de
contorno de sua figura com lápis ou até com caneta
preta e volte a sobrepor a folha em branco sobre ele.
Comece o esboço de uma roupa, usando a sombra
do corpo como base para seu desenho e elegendo
um tipo de material para a roupa. Se sentir dificul-
dade, inicie com um modelo simples, sem muitos
detalhes, usando traços leves para que se possa apa-
gar alguma linha, se necessário.
Não se esqueça da importância do eixo central.
Você aprendeu sobre ele na unidade 3, quando co-
meçamos a conversar sobre a figura em movimen-
to. Vamos recapitular? O eixo central é uma linha
Figura 15 - Desenho de tecido com dobras que marca o meio da figura, não importando qual
Fonte: Bryant (2012, p. 245). a pose. Ele é independente do eixo de equilíbrio e

173
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Além da cor e da forma de um tecido, suas ca-


sua função é marcar a metade do tronco, no senti- racterísticas, superfície e textura são cruciais
do vertical, para auxiliar no posicionamento correto para o desenho de uma roupa, já que o efeito
dos elementos e detalhes do vestuário. Nas poses de de um design ganha vida por meio do tecido. A
costas, ele segue a linha da coluna. Faça a marca- funcionalidade é importante para a escolha de
um tecido. Muitos estilistas encontram a inspi-
ção desse eixo com uma linha bem clara ou trace-
ração para suas criações no material escolhido.
jada, para que você possa centralizar elementos que Assim, o tecido se torna, por vários caminhos,
ficam no meio da figura e também para que você o ponto de partida para o desenvolvimento do
possa distribuir corretamente elementos simétricos, design. (FEYERABEND et al., 2009, p. 11)
como bolsos ou recortes, levando em consideração a
orientação do eixo central. Para o desenho de crochê ou tricô, você deve repro-
Depois de terminado o desenho da roupa, comple- duzir o desenho das tramas. A lã engloba várias pos-
te a figura com as partes do corpo que ficam aparentes, sibilidades, como a lã mohair, as flanelas, o tweed,
tal como cabeça, pescoço, partes do braço e pernas. Vá, a lã espinha-de-peixe e a lã feltrada. Cada uma tem
aos poucos, assumindo novos desafios, tomando como sua textura característica, seja felpada ou desenhada.
referência fotografias de revista ou até mesmo roupas Procure trabalhar com lápis macio, para o tom de
de seu acervo pessoal. É importante que você realize base, bem leve, e em seguida desenhe a textura com
vários estudos com materiais diferenciados. lápis mais apontado, fazendo hachuras sobre a base,
Sua primeira preocupação deve estar voltada em uma combinação de linhas e tons, alternando
para o desenho de roupas com tecidos diferentes, pressão e direção dos traços.
para que internalize como representar cada um de- No caso de uma roupa em tecido transparente,
les. Após esses exercícios, comece a pesquisar as tex- a impressão que se deve ter é de que o tecido deixa
turas que alguns materiais apresentam. A textura de passar a luz através dele. Como na verdade o ma-
um material significa o efeito de superfície que ele terial não é de fato transparente, e sim semitrans-
expõe e que pode ser o elemento de destaque em um parente, os contornos do corpo aparecem de forma
desenho de moda. “As texturas remetem ao sentido velada. Para desenhar esse efeito satisfatoriamente,
do tato e acrescentam complexidade às ilustrações. comece colorindo primeiramente o tom de pele.
Todos os detalhes de uma textura ficam mais evi- Em seguida faça a cromatização do tecido, toman-
dentes na parte da figura onde luz e sombra se en- do o cuidado de não pintar escuro demais, pois a
contram.” (NUNNELLY; LONGARÇO, 2012, p. 29) pele deve estar visível sobre o tecido. E por último,
Texturas podem ser produzidas por desenhos sombreie algumas dobras suaves que representam o
tramados, como no caso dos crochês e tricôs; podem movimento do tecido sobre o corpo.
ser resultado de processos têxteis, como no caso de Para o desenho de rendas transparentes, inicie
tecidos maquinetados; também podem ser resultado o desenho também pela pele e depois desenhe os
da própria trama do tecido, como no caso das lãs, motivos rendados. Você não precisa reproduzir com
jacquards e malhas. Existem ainda as peles sintéticas exatidão todos os motivos. Desenhe uma sugestão
e também os efeitos aplicados sobre tecidos, como do desenho da renda, deixando parte da roupa como
paetês, bordados, rendas e estampas com relevo. se estivesse recebendo claridade.

174
DESIGN

E para o desenho de peles, procure não “carre- Observe a seguir alguns desenhos de roupas
gar” nos traços, apenas insinue o contorno da pele, com textura.
trabalhando com traços mais leves.

Figura 16 - Textura de tricô


Fonte: a autora. Figura 17 - Textura de renda

175
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 18 - Textura de plissado Figura 19 - Textura de lã

176
DESIGN

Uma alternativa muito interessante para o desenho


de texturas consiste na técnica de frotagem. Essa téc-
nica é realizada por meio da alocação de uma su-
perfície rígida texturizada sob o desenho. Ao pres-
sionar o lápis sobre o papel, a textura da base rígida
aparece no desenho. Você pode trabalhar tanto com
o lápis grafite quanto com o lápis de cor. Colecione
pequenos pedaços de material texturizado para uti-
lizá-los, quando necessário, em seus desenhos. Você
encontra essas superfícies texturizadas em lacres de
embalagens, superfícies plásticas com relevo, mate-
riais de revestimento e até cascas de árvores e folhas
nervuradas. Visite uma loja de materiais plásticos e
descubra diferentes possibilidades. Procure também
fazer um mostruário de texturas, para compará-las a
Figura 20 - Textura em pele superfícies de tecidos.
Fonte: a autora.

177
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Volumes Justos
e Largos
As roupas, dentro de sua função de vestir o corpo, roupas, embora sejam bidimensionais, ou seja, te-
podem ser mais soltas, gerando pregas e dobras que nham apenas comprimento e largura quando fora
por vezes indicam volumes, ou mais justas chegando do corpo, adquirem tridimensionalidade ao serem
até à aparência de uma segunda pele. Essa variação vestidas. Por esse motivo é que acompanham os mo-
de volume é o que em moda se chama silhueta de vimentos.
uma roupa. No entanto, não importa o tipo de si- A retratação desses no desenho e sua conse-
lhueta que se apresente, a roupa sempre acompanha quência no comportamento do material são de suma
os movimentos da figura. importância para que se entenda o volume da peça.
Já vimos no tópico “Aspectos básicos do desenho Esse fator não está desatrelado do peso do material
de roupas” que corpos são tridimensionais e que as com que a peça vai ser executada, já que ao mover-

178
DESIGN

-se, a figura provoca dobras em suas articulações e o Ao trabalhar em desenhos de moda, você deve ter
tecido vai responder conforme seu peso, adquirindo em mente que cada peça ao ser vestida acrescenta
uma aparência mais fluida ou mais compacta. Você volume ao corpo. Portanto, se você for desenhar
deve observar como a roupa se comporta envolven- um casaco sobre um suéter de lã, por exemplo, é
do o corpo e a diferença entre o comportamento de preciso representar o casaco com uma certa fol-
uma roupa larga, que repousa sobre o corpo e o de ga em relação ao corpo da figura, para que passe
uma roupa justa, que se molda a ele. a sensação de veracidade da pose e de sua vesti-
Para Bordi e Castiglioni (2002, p. 100), os arti- menta, ou seja, um casaco vestido sobre um sué-
gos de vestuário se classificam em quatro grupos, ter. Da mesma forma, a roupa precisa apresentar
segundo a ordem em que eles são usados: dobras e ondulações, mesmo que mínimas, pois
• Aderentes ao corpo: roupa de praia, bodies, nenhuma roupa tem aparência tão esticada sobre
roupas íntimas, tops em tecido stretch, bus- o corpo, a não ser que seja uma malha colante,
tiers. e, mesmo assim, apresentará algumas dobras nas
• Peças de vestuário que são usadas sobre a articulações.
roupa íntima: saias, calças, tops, vestidos, ca-
Observe a figura 21 e veja como os tecidos se
misas, blusas.
dobram junto das articulações de cotovelos, coxas
• Peças de vestuário que você pode usar sobre-
e joelhos. Observe, também, como desenhar man-
postas às anteriores: jaquetas, coletes, jardi-
neiras, aventais, blazers. gas arregaçadas à altura dos cotovelos. Veja que, por
• Peças de vestuário que podem ser usadas so- mais que as calças sejam bem justas, são desenhadas
bre todas as outras: casacos, capas, sobretu- um pouco mais largas do que a linha de contorno
dos. dos quadris e pernas.

Figura 21 - Desenho de peças com folga sobre o corpo

179
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 22 - Desenho de peças com folga confortável sobre o corpo

Figura 23 - Desenho de peças com bastante folga sobre o corpo

180
DESIGN

Agora observe a figura 22 e veja como a camisa rosa Os principais fatores que definem a silhueta são
não se encontra agarrada no corpo, sendo o contor- o material e a modelagem escolhidos. Porém, alguns
no lateral desenhado com folga sobre o tronco da autores atribuem mais um fator como contribuinte
figura. O mesmo acontece com as blusas verdes. Per- para o aspecto final da silhueta, sendo ele o acaba-
ceba também que a calça verde tem uma modelagem mento ornamental. Conforme Fernandez e Martin
mais larguinha, passando uma ideia de conforto. (2007), acabamentos ornamentais que projetam o
Já esta outra ilustração, figura 23, apresenta al- tecido para fora, como babados, pregas, dobras ou
gumas peças mais largas, com volume maior. Esse golas volumosas, podem alterar a silhueta do mode-
efeito fica claro porque as roupas foram desenhadas lo e o perfil final da figura.
bem afastadas do corpo, mostrando com isso que há Ao desenhar um traje, avalie se ele se enqua-
sobreposição de peças. dra em alguma das linhas expostas na figura 24
É interessante que você conheça as principais (próxima página), não importando que seja com-
linhas do vestuário para que possa representá-las posto de uma, duas ou três peças. O importante
corretamente. Denomina-se linha a silhueta geral para essa avaliação é o aspecto final da peça ou do
que uma roupa apresenta, determinando larguras de conjunto de peças. Procure passar graficamente a
cintura, ombros, comprimentos e amplitudes gerais. proporção de volume e comprimento em relação
É a análise de sua construção em relação à forma. ao corpo da figura. Se você estiver desenhando
Para Sorger e Udale (2009), a silhueta é a primeira uma roupa a partir de uma imagem e tiver dúvi-
percepção que temos da roupa ao primeiro olhar, das quanto à sua linha de silhueta, afaste-se um
antes que se possa perceber detalhes como o cai- pouco da imagem e semicerre os olhos. Assim
mento e textura do tecido, aviamentos ou outros ele- você conseguirá capturar melhor a forma sinteti-
mentos do modelo. zada da roupa.

181
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 24 - Principais linhas de silhuetas


Fonte: a autora.

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DESIGN

183
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Alfaiataria
O conceito de alfaiataria, inicialmente aplicado à saliente. Com essas interferências de enchimento, a
moda masculina, transita atualmente por todos os roupa parece estruturada e mais formal.
gêneros, uma vez que até a moda infantil tem seus Segundo Hopkins (2013), a origem do terno
momentos de alfaiataria. Sorger e Udale (2009, p. masculino moderno, que é a combinação de calça,
96) referem-se à alfaiataria como uma forma de con- colete e paletó, remonta a meados do século XVII,
fecção parcialmente manual de roupas. Uma peça de quando um traje chamado de “sotaina” ou “casaque”,
alfaiataria exige que se costure e alinhave o tecido à usado por embaixadores da Pérsia e do Oriente Mé-
mão, utilizando enchimentos entre o tecido e o for- dio, é introduzido nas cortes europeias. Esse traje
ro, no intuito de moldar a forma desejada, alterando consistia em uma casaca longa usada em conjun-
o efeito final que o tecido daria à peça e transfor- to com um colete. Desde o início de suas versões
mando a roupa em um produto estruturado e mol- ocidentais, a sotaina, que é, portanto, a origem do
dado ao corpo. Dessa forma, além de aumentar os paletó, contava com uma técnica apurada para dar
ombros para dar uma importância maior à figura, suporte e elegância ao conjunto. Telas de crina de
pode-se aumentar um peitoral masculino, o que cavalo faziam às vezes de entretelas e, com o passar
também tem a função de disfarçar uma barriga mais dos anos, os colarinhos de camisa tornaram-se mais

184
DESIGN

rígidos. No entanto, conforme Waugh (1985), algu- faiataria sob medida, feita para modelar e estruturar
mas publicações impressas anteriores a esse período a roupa sobre o corpo do cliente. Bryant (2012, p.
já davam conta de processos de alfaiataria, ainda que 271), em suas palavras, delimita esse universo: “o
sem uma metodologia abrangente. termo alfaiataria refere-se originalmente aos paletós
A alfaiataria artesanal continua viva, porém é típicos do vestuário masculino e às camisas, coletes
impossível para as indústrias que atendem grandes e calças que se usam com eles”. Atualmente, a moda
demandas permanecerem fiéis à tradição do proces- permite que se usem essas peças combinadas entre
so artesanal, tanto pelo fator tempo quanto pelo fator si, como também em combinação com outras peças,
preço. O que se vê hoje, em termos de roupa pronta muitas vezes inusitadas, com a intenção de quebrar
para vestir (que chamamos de alfaiataria), são peças a formalidade das peças de alfaiataria.
que remetem ao estilo, por terem na modelagem ca- Você pode conferir na imagem a seguir as prin-
racterísticas de formas da modelagem de alfaiataria. cipais características de um blazer masculino e sua
Mas o processo artesanal restringe-se somente à al- nomenclatura.

Pé de gola
Linha de quebra
gola Costura das costas
Linha de estilo
Lapela
Queda

Corte frontal
Figura 25 - Blazer: detalhes e nomenclaturas

185
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Essa aparência estruturada é um dos diferenciais da


moda de alfaiataria. Ao desenhar peças desse estilo,
portanto, você deve reforçar essa característica com
traços angulosos nos ombros e peito, que reforcem a
sensação de que a roupa está bem cortada, estrutu-
rada e moldada sobre o corpo – com o rigor de uma
peça sob medida.

[...] geralmente, as proporções masculinas fa-


vorecem a ênfase ao peito e aos ombros. Essa
é uma característica recorrente na história da
indumentária masculina, que ainda impulsiona
os designers de moda masculina dos dias atu-
ais. (HOPKINS; BANDARRA, 2010, p. 168)

Ao ser incorporado à moda feminina e infantil, as ca-


racterísticas marcantes desse estilo presentes em uma
roupa levam-na ao status de alfaiataria. Mas preste
atenção: uma roupa moldada sobre o corpo não sig-
nifica necessariamente justa e sim modelada de forma
a valorizar a silhueta, com elegância e formalidade.
De fato, o termo “alfaiataria” permanece associa-
do à elegância e à qualidade no processo de confecção.

O paletó é uma roupa de construção muito ela-


borada. É desenhado sobre o tronco, variando em
comprimento, da região da cintura até os quadris.
Recursos de recortes e de pences são utilizados
para acompanhar o desenho do corpo, tanto na
frente como nas costas. Os modelos variam entre
bem ajustado ao corpo, solto, reto e mais alarga-
do. O resultado depende da silhueta enfatizada no
momento. (LEITE; VELLOSO, 2011, p. 79)

As referidas autoras continuam a descrição da peça,


ressaltando a importância de um aviamento que foi
a estrela maior na moda dos anos 1980, quando che-
gou ao seu auge: as ombreiras, que continuam sendo
utilizadas, porém em menores proporções e têm a
importante função de estruturar a silhueta do paletó.

186
DESIGN

Nos ombros, em geral, recebe uma ombreira


– que varia de tamanho em função do modelo PRINCÍPIOS PARA O DESENHO DE PEÇAS
– para possibilitar a entrada de uma roupa por DE ALFAITARIA
baixo. As mangas são modeladas de maneira a
possibilitar o movimento de dobra do cotovelo. Ao desenhar uma peça de alfaiataria em sua base
São utilizados recortes que acentuam a curva-
tura do braço, propiciando caimento. (LEITE;
croqui de moda, tome alguns cuidados: trace inicial-
VELLOSO, 2011, p. 79) mente a parte superior da gola e a linha dos ombros;
marque o eixo central com uma linha pontilhada e
Para Sorger e Udale (2009, p. 101), “uma ombreira determine a posição do botão, que depende da pro-
dá maior definição e forma a uma roupa e cria um fundidade desejada, no eixo central; agora você deve
aspecto mais fluido ao ombro e à clavícula”. As om- desenhar a lapela. Para isso, trace as linhas de cru-
breiras atuais não são exageradas, como foram du- zamento, que partem do pé de gola e chegam até a
rante os anos 1980, mas são usadas para atenuar a lateral do botão, conforme o transpasse, se femini-
forma dos ombros, da base do pescoço até o braço. no ou masculino; desenhe a gola e a lapela, de for-
O estilista Alexander McQueen estendeu o uso das ma simétrica. Nas golas com abotoamento duplo,
ombreiras após os anos 1980, e entrou nos anos 1990 os botões ficam equidistantes com relação ao eixo
ainda fazendo uso delas, levando-as ao universo fe- central. Tome o cuidado de que a cava não pareça
minino para imprimir a ideia de poder às mulheres, excessivamente ajustada ao ombro, já que esse tipo
com ombreiras exageradas e geométricas. de peça deve ser desenhada com folga para abrigar
Sendo a alfaiataria um estilo que, inicialmente, mais uma peça por baixo.
nasceu para atender à moda masculina, ao migrar Uma técnica interessante que pode auxiliar no
para a moda feminina levou consigo a necessidade processo de desenho de roupas, seja quais forem, é a
de dar destaque às proporções da moda masculina, técnica do traçado de linhas auxiliares. Feyerabend
para manter o estilo. et al. (2009, p. 13) destacam que “os desenhistas de
moda têm como objetivo plasmar a silhueta, o pa-
Do mesmo modo que as linhas curvas são drão e os detalhes de suas ideias com a perspectiva
consideradas femininas e geralmente associa-
exata no figurino. Para isso são muito importantes
das à moda feminina, as linhas angulares são
mais usadas na moda masculina para acentuar as linhas auxiliares”. Essas linhas ajudam a estruturar
a aparência da forma do homem. Esse detalhe as roupas, em suas várias possibilidades, orientando
normalmente se expressa por costuras mais re- a colocação dos detalhes na posição desejada, prin-
tas e superfícies e texturas irregulares. A altura cipalmente para as poses em movimento.
é frequentemente evidenciada por designers de
moda masculina para dar vazão à verticalidade.
Isso pode ser alcançado por meio de uma série
de processos e técnicas, como a criação de li-
nhas verticais pelo uso de tecidos listrados ou
a introdução de costuras e pregas. (HOPKINS;
BANDARRA, 2010, p. 169)

187
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Sempre é importante definir o modo de ajus-


te da silhueta do desenho à altura dos ombros, Procure desenhar usando como base as linhas auxilia-
ao contorno da cintura e ao comprimento...Do res, até que esteja acostumado(a) a segui-las, sem pre-
mesmo modo são fundamentais os detalhes cisar traçá-las levemente sobre o papel, antes de iniciar
como as linhas de corte, os pespontos, os bolsos o desenho de roupas. Não esqueça que a característica
e os fechamentos. Especial atenção merecem as
linhas de bainha, que sempre devem adaptar-se
do tecido é que direciona a forma da roupa e sua ade-
às curvas do corpo. Quando uma peça de rou- quação ao corpo. Se seu desenho tiver sobreposições
pa se coloca sobre o corpo, as linhas de bainha de peças, você deve prever que o volume da peça so-
nunca devem ser retas e fixas, e sim adaptáveis, breposta pareça conter o volume da peça usada sob ela.
se se pretende fazer um bom desenho (FEYE-
Dê um destaque especial ao desenho da gola, se houver,
RABEND et al., 2009, p. 13).
pois normalmente, ela é o elemento mais importante
Veja o passo a passo do desenho de um blazer femi- nas peças de alfaiataria. Você pode desenhar blazers,
nino, com as linhas auxiliares marcadas em traceja- casacos e sobretudos fechados – ou abertos, se quiser
do azul (figura 26). mostrar a composição do traje completo.

Figura 26 - Representação das linhas auxiliares na figura feminina


Fonte: Feyerabend et al. (2009, p. 17).

188
DESIGN

Figura 27 - Desenho de blazer feminino


Fonte: Abling (2012, p. 129).

189
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Figura 28 - Desenho de peças com sobreposição


Fonte: Abling (2012, p. 133).

Uma calça de alfaiataria deve ser desenhada com calça, você tem a possibilidade de mostrar a peça
uma linha reta do quadril em direção aos pés, já que que ele está usando sob o paletó e também a frente
calças de alfaiataria não são muito justas. Procure da calça, que pode ter pregas ou não. Além disso,
também escolher poses adequadas à composição das trabalhe as dobras do tecido para que fique evidente
roupas que irá representar. Se você pretende dese- que esse tem um certo peso, sem ser rígido demais.
nhar um homem de terno, escolha uma pose mais Observe fotografias de moda que retratem
formal e não tão relaxada (como se ele estivesse com roupas de alfaiataria, suas dobras, detalhes e efei-
uma roupa bem mais à vontade, no estilo casual ou tos. O melhor trunfo de um(a) designer é o seu
esportivo). Desenhando a mão dentro do bolso da olhar apurado!

190
DESIGN

Figura 29 - Exemplos de poses masculinas com alfaiataria

191
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Considerações Finais
Aluno(a), nesta unidade você conheceu algumas in- E como reconhecer o volume de uma roupa e a
formações básicas para compreender o desenho de diferença entre uma peça estruturada ou uma mais
roupas e também algumas características dos mate- solta? Cada ocasião pede um estilo de roupa dife-
riais usados nos diversos segmentos de moda. Ha- rente e o(a) designer deve saber transitar por todos
bitue-se a pensar constantemente na continuidade, eles, desde o mais casual e esportivo até os mais
estruturação, vestibilidade e necessidade ou não de formais, que exijam peças de alfaiataria ou mesmo
aberturas na peça. São pontos que devem ser ques- luxuosas. Comece também a pesquisar sobre os
tionados ainda no momento da criação. Com o tem- inúmeros tipos de aviamentos disponíveis no mer-
po, você vai ver que essas questões internalizam-se cado. A gama de possibilidades é imensa e abrange
em você, passando a fazer parte do raciocínio sem os variados segmentos da moda. Fique atento(a) às
que você se dê conta disso. linhas de silhueta e pesquise outras mais, você deve
A unidade também apresentou as diferenças de aprender a reconhecê-las, pois o bom equilíbrio en-
peso dos tecidos e o quanto os diversos materiais, tre a forma, a textura e os aviamentos de uma roupa
devido ao seu desempenho sobre o corpo, podem ajudam a formar um produto final que deve encan-
resultar em volumes de efeitos distintos; também as tar o cliente.
texturas são importantes e muitas vezes tornam-se Agora, com certeza, você está bem mais segu-
o foco de interesse, o diferencial em uma coleção. ro(a) para voltar às suas bases femininas, masculi-
O conhecimento dos materiais traz consigo a capa- nas e infantis e exercitar sua criatividade na tarefa de
cidade de avaliar o que esperar de cada um deles e vesti-las com suas criações. O leque de inspirações
como trabalhar para que se explore ao máximo as é vasto e é delicioso desenvolvê-lo em seus próprios
potencialidades de cada um. croquis de moda!

192
atividades de estudo

1. Durante o processo criativo de uma coleção, o(a) designer deve ter sempre em mente que o
corpo humano é tridimensional. É muito importante que o(a) profissional desenvolva a visão
espacial para que possa imaginar a roupa e seu comportamento em torno do corpo. Essa
visualização mental é importante devido a alguns fatores técnicos essenciais para um bom
design de vestuário. Acerca disso, leia as afirmativas a seguir.
I. A forma de abotoamento de uma peça de roupa depende primordialmente do tipo de material
com o qual vai ser confeccionada. Alguns materiais dispensam aberturas, por serem elásticos.
II. Ao analisar a continuidade da roupa em torno do corpo, é correto afirmar que uma saia não
pode ter um comprimento na frente e outro atrás.
III. O mais importante na análise com relação à necessidade de abertura e forma de abotoamen-
to de uma peça de roupa é o efeito estético desejado.
IV. O tule cor da pele veio para revolucionar o segmento de roupas de festa, porque permite
designs que antes não seriam possíveis – já que faz a ligação entre partes de forma suave e
quase imperceptível.
V. A vestibilidade não é uma qualidade importante na roupa. O que importa mesmo é o design.

Em função das afirmativas anteriores estão CORRETAS somente:


a. As alternativas I e IV.
b. As alternativas I e II.
c. As alternativas II e IV.
d. As alternativas II e V.
e. As alternativas I, III e V.

2. Aviamentos são muito utilizados na confecção de roupas. Esses grandes aliados tanto podem
ter uma função específica como podem ter a função de enfeitar a roupa, apenas. Cite três
aviamentos que além de ter a função de enfeitar a roupa possuam também uma outra fun-
ção, que não seja a decorativa.

193
atividades de estudo

3. Com relação ao seu peso em gramas, basicamente os tecidos são classificados em três ca-
tegorias: leves, médios e pesados. Observe as imagens a seguir e analise, pelo caimento da
peças, em qual classificação cada uma se enquadra. Depois, correlacione cada imagem à
gramatura mais adequada para o material.

Figura 01 Figura 02 Figura 03

a. ( ) Tecido de gramatura 200 g/m².


b. ( ) Tecido de gramatura 125 g/m².
c. ( ) Tecido de gramatura 60 g/m².

194
atividades de estudo

4. Avaliando uma peça de roupa, encontramos vários fatores importantes em referência à qua-
lidade e classificação. Observe a imagem a seguir.

Depois de observar com atenção a imagem do vestido, leia, avalie as afirmações e assinale verda-
deiro (V) ou falso (F) em cada uma delas:
a. ( ) Apesar de parecer ser confeccionado em um tecido bem maleável, o efeito pode ser ar-
mado, o que se vê bem nos babados do detalhe lateral.
b. ( ) A linha de silhueta do vestido é a linha saco.
c. ( ) O vestido tem um recorte frontal a 45 graus, à altura das coxas, sendo que esse recorte
obrigatoriamente tem que ter continuidade nas costas.
d. ( ) Este modelo provavelmente dispensa aberturas, podendo ser vestido pela cabeça.
e. ( ) O aviamento de fechamento mais adequado para ele é o zíper invisível, já que o modelo,
com seus recortes e babados, dispensa outros elementos.

195
atividades de estudo

5. O volume e a forma que uma roupa se apresenta são fatores determinantes para a clas-
sificação dela, a qual chama-se, na moda, linha de silhueta. Alguns elementos decorativos,
como babados, golas, armações ou anáguas volumosas podem alterar a estrutura de base
da roupa. Observando a imagem a seguir, em que três tipos de linhas de silhuetas podem
ser vistas, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a opção correta para suas
nomenclaturas.

a. ( ) Vestido azul: linha A; vestido verde: linha flecha; vestido amarelo limão: linha evasê .
b. ( ) Vestido azul: linha evasê; vestido verde: linha sereia; vestido amarelo limão: linha 8.
c. ( ) Vestido azul: linha X; vestido verde: linha tubinho; vestido amarelo limão: linha princesa.

196
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ainda que a roupa cubra grande parte do corpo do figuri- Devemos ter cuidado com os desenhos de roupas justas,
no, escondendo possíveis problemas do desenho anatô- pois não só apresentam dobras e descrevem perfeitamen-
mico, na figura vestida, os problemas que surgem tem a te a anatomia por meio do perfil como também fazem
ver com a valoração e as dobras dos tecidos das roupas, adivinhar a massa muscular por trás das peças. As roupas
que devem favorecer a compreensão da pose, a atitude ajustadas não dissimulam os defeitos do desenho anatô-
que o corpo adota em determinadas situações. mico: um quadril fora do lugar, braços desproporcionais
O desenho de peças em tecido plano consiste em uma ou pés mal resolvidos são logo percebidos. Isto significa
representação gráfica de base geométrica, que mostra a que quando desenhamos um figurino com roupa ajustada,
roupa como se estivesse apoiada em uma superfície pla- nosso grau de exigência deve ser maior, com a finalidade
na ou pendurada em um cabide. Quando esta roupa se de apresentar coerentemente a anatomia da figura.
adapta ao corpo da figura, as pregas e o volume adqui- As pregas que envolvem as figuras podem parecer gros-
rem protagonismo, os perfis geométricos desaparecem sas e rígidas ou sutis e vaporosas, deixando-se entrever
por completo e mostram um perfil irregular determina- as formas do corpo que cobrem. As formas que um teci-
do pela anatomia do modelo. do estabelece ao preguear-se dependem da natureza do
Pregas e contornos das peças são um bom indicador fio que o compõe. Devemos aprender a resolver as do-
para descobrir a anatomia da figura. Em função da roupa bras segundo o tecido com que se confecciona a roupa;
ou do tecido que recobre o corpo, a postura e o movi- se aprendemos a representar corretamente este efeito,
mento da figura se tornam mais ou menos perceptíveis. podemos transmitir em nossos desenhos não só a caí-
Ao desenhar a forma da roupa, deve-se ter em conta que da e direção das dobras de uma roupa, como também
as pregas ou dobras devem coincidir com as partes onde acrescentar informações sobre a qualidade do tecido.
os membros se flexionam (axilas, joelhos, virilha) e que Em outras palavras, as dobras geométricas, acartonadas
algumas partes proeminentes do corpo, como os seios, e com arestas agudas nos falam de um tecido rígido e
cotovelos e joelhos, se insinuam graças ao volume e ten- engomado, enquanto que as dobras curvadas e viscosas
são do tecido. são mais próprias de tecidos leves e fluidos.

197
LEITURA
COMPLEMENTAR

A textura é a aparência tátil do tecido. O tipo de tecido 1. Consiste em desenhar de maneira meticulosa e
ou aparência tátil dos materiais com os quais é fabri- quase científica a textura do tecido, as pregas,
cada uma roupa podem potencializar ou arruinar uma dobras e relevo.
ideia que pareça excelente em nossa ilustração. Por isto, 2. A mais recomendada, fundamenta-se na observa-
é conveniente aprender a representar as texturas de ção para poder captar e representar uma deter-
maneira convincente e conhecer os efeitos pictóricos minada textura de forma sintética e clarificadora.
capazes de agregar uma sensação tátil aos tecidos de- Isto significa distribuir somente alguns efeitos de
relevo sobre a roupa, seguindo o contraste que a
senhados.
luz proporciona, ou seja, insinuar a textura com
Existem três maneiras básicas de representar a textura
pequenos detalhes, sem chegar à representação
de uma roupa:
idêntica. O restante, a imaginação do espectador
completa.
3. Consiste em usar o “collage”, usando em vez de
papéis, retalhos de tecido, técnica que recria no
papel, as texturas, de forma rápida.
Fonte: Fernandez e Martin (2007, p. 68-76).

198
DESIGN

Tecidos e moda
Jenny Udale
Editora: Bookman
Sinopse: a obra apresenta os principais tecidos utilizados na fa-
bricação de peças de vestuário e suas características com expli-
cações concisas e exemplos de projetos contemporâneos. Dos
tipos de fio aos processos de acabamento, do bordado à orna-
mentação, do design à produção têxtil, o leitor aprenderá tudo
o que precisa para escolher o tecido certo para suas criações.
Além disso, a obra apresenta criações de talentosos designers
e outros profissionais da indústria da moda, utilizadas como
exemplo para ilustrar o texto como fonte de inspiração.
Comentário: o livro expõe um panorama completo dos tipos de
materiais disponíveis no mercado, apresentando também informações valiosas sobre es-
tamparia e efeitos de superfície.

Desenho técnico de roupa feminina


Adriana Sampaio Leite e Marta Delgado Velloso
Editora: Senac
Sinopse: essa publicação focaliza o método de desenho de-
senvolvido pelas autoras para facilitar a produção de peças
do vestuário feminino dentro dos padrões, estilos e estética
demandados pelo mercado. O livro consta, basicamente, do
passo a passo do desenho, com detalhamento, especificações
técnicas e orientações necessárias à sua execução. Uma série
de fotos serve à comparação entre as proporções do desenho
e do modelo real.
Comentário: apesar do livro tratar de desenho técnico e não
do desenho da roupa como se apresenta vestida na figura de
moda, o livro auxilia o(a) aluno(a) na medida em que elenca alguns dos principais modelos
de roupas, detalhes e aviamentos, utilizados na indústria do vestuário e sua denominação.
A leitura estimula o(a) aluno(a) à pesquisa de outros modelos de peças de vestuário e novos
aviamentos lançados pelo mercado, além de treinar o olhar para as proporções de silhuetas
e comprimentos das roupas.

199
DESENHO DA FIGURA HUMANA

Esta página traz um glossário têxtil interessante para orientá-lo(la) em sua pesquisa sobre
materiais têxteis. Boa pesquisa!

Portal Lua
Em: <http://www.luagrupo.com/index.php/luapedia/textil/150-glossario-textil-e-curiosida-
des>

Esta página traz um glossário completo e detalhado de 150 tecidos e malhas, com a imagem
do material, sua descrição, composição, uso, fabricantes e fornecedores, além de instruções
de lavagem. A forma de apresentação dos materiais você escolhe, clicando nos links da barra
superior: clássica, revista, mosaico etc. Muito didática! Aproveite!

Glossário de tecidos
Em: <http://glossario.estilopiti.com/2012/03>

200
referências

ABLING, B. Fashion sketchbook. New York, EUA: Fairchild books, 2012.


BORDI, S.; CASTIGLIONI, E. Corso di disegno per operatori della moda. Milão: Ed. Tecniche
Nuove, 2002.
BRYANT, M. W. Desenho de Moda: Técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo: Ed. Senac, 2012.
FERNANDEZ, A.; MARTIN, G. Dibujo para disenadores de moda. Barcelona: Parramon, 2007.
FEYERABEND, F. V. et al. Ilustración de moda: plantillas = Ilustração de Moda. Barcelona: Gustavo
Gili, 2009
HOPKINS, J.; BANDARRA, M. Desenho de moda. Porto Alegre: Bookman, 2010.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011
KLICZKOWSKI, H. Ilustración de Moda. Barcelona: Ed. Maomao Publications, 2006.
LEITE, A. S.; VELLOSO, M. D. Desenho técnico de roupa feminina. Rio de Janeiro: Ed. Senac Na-
cional, 2011.
NUNNELLY, C. A.; LONGARÇO, M. Enciclopédia das técnicas de ilustração de moda. São Paulo:
Gustavo Gili, 2012.
SORGER, R.; UDALE, J. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2009.

Referências On-Line
¹Em: <http://www.audaces.com/br/producao/falando-de-producao/2013/07/01/como-calcular-o-
-peso-de-tecidos-na-moda>. Acesso em: 23 maio 2016.
²Em: <http://cortandoecosturando.com/dica_caimentoperfeito.html>. Acesso em: 17 jul. 2016.

201
gabarito

1. A
2. Fivelas e botões são aviamentos que, além de serem decorativos, têm a função de fechamento
da peça; e debruns também têm dupla função, sendo decorativos e fazendo a guarnição de
partes da peça.
3. a 3
b1
c2
4. a. V
b. F
c. F
d. F
e. V
5. B

202
DESIGN

Conclusão Geral

Caro(a) aluno(a), este livro teve como objetivo orientá-lo(la) no desenho da figura humana,
para que aproveite melhor os conhecimentos de disciplinas que ainda estão por vir. E que ve-
nham outros saberes, para que você se torne um(a) excelente profissional! O(A) bom(boa) de-
signer desafia-se constantemente e, nesta tarefa, sua maior aliada é a capacidade de observação.
Sempre que possível, rascunhe tudo o que lhe chame a atenção. Com a prática, você também
perceberá que a habilidade do desenho não vem sozinha, ao desenvolver o desenho da figura
humana, você também desenvolve a habilidade para o desenho de roupas, acessórios e o que
mais quiser! Essa disponibilidade para treinar o olhar e traduzir suas impressões em desenhos
desenvolve o senso de expressão plástica e a habilidade de mensurar proporções, captar e re-
produzir graficamente texturas e estabelecer focos de interesse, ou seja, a capacidade de olhar
de forma diferenciada para o objeto de estudo.
Não perca de vista para qual finalidade será utilizado o seu desenho. Analise-o e questione-se:
ele é suficientemente claro para que sirva de base para o estudo de uma modelagem e desenvol-
vimento de um produto de moda? Invista sempre na eficácia do seu trabalho gráfico.
O sucesso de uma ilustração de moda depende de uma figura proporcional; uma pose inte-
ressante; uma graciosa cabeça, incluindo traços faciais, cabelo e pescoço; o estilo da roupa e o
equilíbrio de seu movimento, interagindo com o corpo da figura.
Espero que você tenha apreciado este material de estudo e que tenha aproveitado bem o con-
teúdo de cada unidade aqui apresentada. Obrigada por sua disposição para aprender; e, se ao
final do curso, a vida lhe levar ao posto de ilustrador(a) de moda, comemore! A liberdade de
escolher materiais para cromatização e a possibilidade de retratar estilos diferentes de pessoas
e seu vestuário são estimulantes! Seu traço e estilo já foram reconhecidos e você desfruta de sua
assinatura pessoal no mundo da moda. Sucesso!

203

Você também pode gostar