Você está na página 1de 216

PSICOPEDAGOGIA E

INTERVENÇÕES
FAMILIARES E
INSTITUCIONAIS

PROFESSORES
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos
ACESSE AQUI
O SEU LIVRO
NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio-
nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val
Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane
Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de
Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina
da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel

FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Waléria Henrique dos Santos
Leonel C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Projeto Gráfico e Capa Núcleo de Educação a Distância. FIGUEROA, Amanda Gladyz
Blasquez; CAMPOS, Sonia Maria de.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães Psicopedagogia e Intervenções Familiares e Institucionais.
Amanda Gladyz Blasquez Figueroa; Sonia Maria de Campos.
Editoração
Ellen Jeane da Silva Reimpressão - 2020
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020.
Design Educacional
216 p.
Amanda Peçanha
“Graduação - EaD”.
Revisão Textual
1. Pedagogia 2. Família 3. Institucional. EaD. I. Título.
Nágela Neves da Costa
Ilustração
Welington Oliveira
CDD - 22 ed. 3.701.523
Fotos
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Shutterstock Impresso por:
ISBN 978-65-5615-103-8

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
BOAS-VINDAS

Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-


balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de Tudo isso para honrarmos a nossa mis-

qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-

versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-

Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- mento, formando profissionais cidadãos

sional, emocional e espiritual. que contribuam para o desenvolvimento


de uma sociedade justa e solidária.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje,
temos mais de 100 mil estudantes espalhados
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e
em mais de 500 polos de educação a distância
espalhados por todos os estados do Brasil e,
também, no exterior, com dezenas de cursos
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.

A rapidez do mundo moderno exige dos edu-


cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter, pelo menos,
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos,
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino
presencial e a distância.

Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Me. Amanda Gladyz Blásquez Figueroa


Mestre em Educação, na linha de pesquisa História e Historiografia da Educaçã,o
pela Universidade Estadual de Maringá (2019). Especialista em Neuropedagogia
(2017) pela Univale, em Docência no Ensino Superior (2016) e em Educação a dis-
tância e as tecnologias educacionais (2016), ambas pela UniCesumar. Graduada
em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá e Licenciatura em História
pela UniCesumar. Atualmente, é professora e orientadora de iniciação científica
no Núcleo de Educação a Distância - NEAD do Centro Universitário de Maringá
- UniCesumar e tutora a distância no Núcleo de Educação a Distância - NEAD da
Universidade Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência na área da Educação,
atuando, principalmente, nos seguintes temas: intelectuais, educação, revoluções
e as ditaduras na América Latina, sistemas educacionais e prática de ensino na
formação de professores, a medicalização na infância, a neuropedagogia e as
estratégias de aprendizagem em intervenções familiares.

http://lattes.cnpq.br/4708364597786505

Me. Sonia Maria de Campos


Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações. Especialista em Gestão
Escolar: Supervisão e Orientação e em Psicopedagogia abrangência Institucional e
Clínica. Graduada em Pedagogia. Desenvolve pesquisas e tem experiência na área
de Educação. Atuou na Educação básica por 4 anos, tendo neste período trabalha-
do com a Educação Infantil e Primeiros anos do Ensino Fundamental. Coordenou,
também, por 2 anos, a Educação Infantil e as Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
Atuou na Coordenação Pedagógica no Ensino Fundamental Séries Finais e Ensino
Médio por 2 anos. Atualmente, trabalha na Unicesumar como Professora em curso
de graduação. Orienta Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização, ministra
palestras, produção de material pedagógico escrito e audiovisual, participação em
banca de defesa de trabalho de conclusão de cursos. Docente em cursos de Gradua-
ção e Pós-graduação no Centro Universitário Metropolitano de Maringá Unifamma.

http://lattes.cnpq.br/7371131120808017
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

PSICOPEDAGOGIA E INTERVENÇÕES
FAMILIARES E INSTITUCIONAIS

Olá caro(a) alunos(a), espero que esteja animado para concluir este estudo. Pretendemos,
aqui, apresentar a você a relevância dos psicopedagogos no auxílio da formação do homem
atuante na sociedade. Nesse sentido, este material se justifica por vislumbrar os Fundamentos
da Psicopedagogia e as Intervenções Familiares e Institucional. Em um primeiro momento,
abordaremos as mudanças que ocorrem, socialmente, e que se manifestam também nos
modelos familiares para, assim, conhecer a história da família, uma precursora fundamental.
Levantaremos, desse modo, discussões em relação à família e ao desenvolvimento do indiví-
duo, em todos os seus aspectos.

Propomos analisar, na sequência, quando o vínculo é a doença, as formas de relacionamento


familiar e trataremos dos problemas e/ou dificuldades de aprendizagens e a sua relação com
a família. Verificaremos, no decorrer dos estudos, a resistência da família em aceitar que a
criança precisa de um atendimento especializado, diante de suas dificuldades acadêmicas,
uma vez que a influência da família no desempenho escolar é de grande relevância. Outro
ponto refere-se aos sistemas que trabalham com a aprendizagem, sem limitar o aluno à
escola, relacionando a instituição, os professores e as dificuldades de aprendizagem. Após
compreendermos os padrões evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem,
destacaremos as diferentes formas e caminhos para resolver o problema no âmbito escolar.

Apresentaremos, também, a importância do acolhimento institucional e, posteriormente, a


compreensão da relação existente entre a motivação, atenção e memorização como meca-
nismos da aprendizagem do ser humano. Pretendemos, com isso, entender como se dá o
processo de aprendizagem e seus motivadores.

Trataremos, ainda, da mediação psicopedagógica para auxiliar o desenvolvimento dos aspec-


tos de déficit de aprendizagem, definindo os campos de atuação do psicopedagogo, um pro-
fissional generalista, especialista em problemas de aprendizagens, e que atua, diretamente,
com a aprendizagem humana. Para finalizamos o material, destacaremos o papel do psicope-
dagogo frente às instituições social e familiar, que, ultimamente, apresentam muitas situações
de desigualdade e se ocupam dos problemas de aprendizagem e o processo de aprender.

Desejamos que você, caro(a) aluno(a), entenda que a aprendizagem não se faz somente no
decorrer deste estudo, mas durante todo o dia. Ficar atento às ocorrências do dia a dia per-
mite encontrar elementos para reforçar o aprendizado.

Bons estudos!
ÍCONES
pensando juntos

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e


transformar. Aproveite este momento!

explorando ideias

Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco


mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos.

quadro-resumo

No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida


para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos.

conceituando

Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.

conecte-se

Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes


online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor.

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO

PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
08 UNIDADE 02
44
A PSICOPEDAGOGIA A PARTICIPAÇÃO
E A FAMÍLIA E INFLUÊNCIA
DA FAMÍLIA

UNIDADE 03
80 UNIDADE 04
134
INTERVENÇÃO A INSTITUIÇÃO COMO
INSTITUCIONAL: CO-CONSTRUTORA
UMA VISÃO DA APRENDIZAGEM
PSICOPEDAGÓGICA

UNIDADE 05
162 FECHAMENTO
192
A PSICOPEDAGOGIA CONCLUSÃO
E AS INSTITUIÇÕES GERAL
SOCIAIS
1
A PSICOPEDAGOGIA
E A FAMÍLIA

PROFESSORAS
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: As transformações familiares •
A Família e o desenvolvimento do indivíduo • Quando o vínculo é a doença.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Analisar as implicações que decorrem da ausência da família, no processo de ensino e aprendizagem
dos filhos • Refletir sobre a importância de uma juventude mais comprometida com a vida em so-
ciedade • Observar a responsabilidade de educar, a importância de caminhar junto, de disponibilizar
tempo, paciência e, sobretudo, persistência da família para com os seus filhos.
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Preparamos este material com o in-


tuito de apresentar a você os princípios e conceitos básicos da integração da
família no pleno desenvolvimento do ser humano, presente em toda e qual-
quer manifestação de aprendizagem cognitiva, afetiva ou social cotidiana
da criança. As características da família podem ser a causa desencadeante
do problema de aprendizagem ou do sucesso. Por isso, o psicopedagogo
precisa conhecer e realizar um planejamento, junto aos familiares, de res-
gate dos valores, considerando as vivências, os conhecimentos e as infor-
mações que a criança carrega e a sua forma de ver e de viver no mundo.
No decorrer das atividades, direcionamos você para isso. Vamos encarar
juntos as construções desses conhecimentos?
Abordaremos, primeiramente, as mudanças que ocorrem, socialmente,
e que se manifestam também nos modelos familiares e, assim, conhecer a
história da família, uma precursora fundamental para compreender o nos-
so presente. Levantaremos discussões em relação à família e ao desenvolvi-
mento do indivíduo, em todos os seus aspectos, pois é no ambiente familiar
que se apresenta os primeiros conhecimentos do ser humano. Isso mostra
a necessidade do comprometimento da família com o desenvolvimento
da criança. É preciso, desse modo, que a família entenda a importância
no processo de aprender e as dificuldades que a criança enfrenta, uma vez
que, neste meio, o ser humano absorve valores, deveres, responsabilidades
e compromissos que auxiliam no fortalecimento e nas estruturas pessoais
da aprendizagem.
Propomos analisar, também, quando o vínculo é a doença. Nesse sen-
tido, observamos as formas de se relacionar das famílias e como o vínculo
familiar é importante para o desenvolvimento em todos os aspectos hu-
manos, pois a sua falta pode causar vários tipos de problemas. Desejamos
a você, aluno(a), um ótimo estudo, e que possamos, juntos, dialogar na
construção de novos conhecimentos.
1
AS TRANSFORMAÇÕES
UNIDADE 1

FAMILIARES

Caro(a) aluno(a), verificaremos, no decorrer deste estudo, que, nos últimos tem-
pos, a constituição familiar sofreu significativas mudanças, entre as quais pode-
mos destacar a configuração, a dimensão, a atribuição de papéis, entre outras, que
despertaram possibilidades e rupturas. A família tem, em sua função primária,
a transmissão dos valores, da tradição e dos costumes, dependendo da cultura
que corresponde à sociedade. Roudinesco (2003, p. 10) destaca que a família é
uma “célula de base da sociedade”. Nela, estabelece-se os papéis que o indivíduo
desempenhará bem como a formação dos vínculos. É nessa relação que a célula
base da sociedade, a família, distingue-se entre o ser humano e o animal.
Para Terkesen (1980), a família é definida, do ponto de vista psicológico,
como um pequeno grupo social em que pessoas se relacionam por meio do afe-
to existente entre ambos, em um mesmo espaço, e que se perdura por toda a
vida. A constituição familiar, ainda, pode ocorrer pela união entre duas pessoas,
nascimento ou adoção, ou seja, pode ter vários arranjos. Para Burgess (1970, p.
546-547), por sua vez:


Em todo caso, a unidade real da vida familiar tem sua existência
não em qualquer concepção legal, nem num contrato formal, mas
na interação de seus membros, porque a família não depende, para
sobreviver, de relações harmoniosas de seus membros, nem se

10
desintegra necessariamente em resultado de conflitos entre seus

UNICESUMAR
membros. A família vive enquanto a interação está se realizando e
só morre quando ela cessa.

Com essa afirmação, podemos perceber que a unidade familiar existe de várias
formas e, após se constituir independe de outros fatores, continuará como família.
O que podemos observar é que, nas últimas décadas, tem-se mostrado poliva-
lente, tanto em expressões como pelo aumento da complexidade das relações
familiares. Essas transformações que ocorrem de maneira rápida são resquícios
culturais engendrados, ao longo da história (PASSOS, 2015).

pensando juntos

A família, sem sombra de dúvida, foi a instituição que sofreu, ao longo do tempo, pro-
fundas adaptações e modificações. E você, conhece as histórias já vivenciadas por sua
família?

O ser humano, pois, ao receber o dom da vida, liga-se de alguma maneira ao


seio familiar. Para melhor refletirmos sobre isso, a seguir, discutiremos a família
tradicional, moderna, contemporânea e as transformações que ocorreram na
família, por meio dos acontecimentos sociais e culturais, e refletem até os dias de
hoje bem como a importância da família no desenvolvimento humano e social.

Família tradicional ou pré-moderna

O homem possui um grande vínculo natural que o une à família. Nesse sentido,
esclarece-se que não há outra instituição tão intimamente ligada a ele. Lévi-S-
trauss (1986) menciona que, de acordo com o contexto social, isto é, a sociedade
e a época histórica, a vida familiar passa a adquirir suas especificidades, pois a
família é socialmente constituída, conforme as normas culturais.
Ao analisar as histórias das famílias tradicionais, verifica-se que era repre-
sentada por uma célula estável, referente a um mundo imutável, e oriunda do
casamento. Este tinha por finalidade a procriação, a maioria das famílias era bem
numerosa, ou seja, composta por muitos membros familiares (PASSOS, 2015).

11
Os casamentos dos filhos eram com-
UNIDADE 1

binados pelos pais para a preservação


do patrimônio familiar. Desse modo, a
relação era por uma questão econômica
e não afetiva. Segundo Passos (2015), o
respeito pelo pai era primordial, pois
tinha uma visão de mundo que a ver-
dade absoluta era advinda do pai. As-
sim, prevalecia a submissão de todos os
membros da família a uma autoridade
patriarcal, como nos esclarece Barbosa
(2001, p. 67), “[...] ao homem compe-
tia a chefia da sociedade conjugal, ad-
ministrar o patrimônio familiar, nesse
compreendido os bens do casal, além de
reger a pessoa e bens dos filhos menores
na medida em que detinha, com exclu-
sividade, o poder familiar”.
A figura do pai, na constituição da
família tradicional, associava-se a uma
subordinação de todos os outros mem-
bros da família, fundada na lógica do
espírito religioso e dos antigos meios
de produção. Evidencia-se, em vista
disso, em uma família tradicional, a
obediência patriarcal, hierarquizada e
com lugares claramente estabelecidos.
Ao homem atribuía-se o papel de pro-
ver e manter a família. À mulher, além
de obedecer às ordens advindas do es-
poso, sem questionar, tinha a obrigação
de manter em perfeito funcionamento o
lar e os afazeres domésticos bem como
a educação dos filhos. A figura femini-
na ligava-se, também, à reprodução da
família (PASSOS, 2015).
12
Passo (2015) destaca, também, que os idosos eram tratados com muito res-

UNICESUMAR
peito; depositava-se a eles confiança; e eram vistos como figuras importantes
para a família, por deter a memória familiar e a genealogia. Podemos verificar
que os idosos ocupavam um lugar na transmissão viva dos valores familiares e,
com isso, eram muito respeitados e atendidos, prontamente, em suas colocações
no meio familiar.
A criança, por sua vez, como era vista no meio da família tradicional? Essa
tinha um período de infância curto. Segundo Ariès (1978, p. 17), “até por volta do
século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É
difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade.
É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”.
A indiferença à criança, no meio da família tradicional, justificava-se pela de-
mografia da época. A infância, neste momento, era vista como uma fase sem im-
portância, não tinha um controle de natalidade, as crianças nasciam e morriam,
precocemente, sem ter uma organização familiar. Ou seja, a criança mantinha-se
em um lugar anônimo e intercam-
biável. Outro ponto que podemos
observar refere-se aos trajes de uso
habitual, não tinha distinção das
crianças para os adultos (ZORNIG,
2008).
Para Ariès (1978), a infância
adquiriu um valor social apenas a
partir do discurso econômico e pe-
dagógico do final do século XVIII.
O discurso faz menção à importân-
cia da população para um país e seu
desenvolvimento. Diante disso, os
economistas atribuíram à criança
um valor mercantil, passou, então,
a ser potencialmente uma riqueza
econômica para o país, iniciando
uma preocupação maior em seu de-
senvolvimento.
Figura 1 - Imagem de uma criança de família
tradicional

13
UNIDADE 1

pensando juntos

No decorrer dos tempos, modificou-se a maneira da família se relacionar com a criança.


No século XVII, por exemplo, os retratos de crianças sozinhas se tornaram comuns. Foi
também, nesse século, que as fotos de família traziam as crianças em seu entorno e apre-
sentava ter afetividade entre as relações.
(Philippe Ariès)

Figura 2 - Foto de uma família tradicional

Em resumo, a família tradicional era:


■ Extensa.
■ Pai detinha o poder absoluto.
■ Mãe, uma figura reprodutora.
■ Criança, um adulto em miniatura.
■ Os mais velhos, guardiões da memória.

Como vimos, a família tradicional tem um modelo que quase não vemos nas
famílias atualmente, mas é importante conhecer estes aspectos para compreender
a história familiar e as mudanças que se apresentam socialmente. Desse modo,
entenderemos o ser humano em sua totalidade.
14
A Família Moderna

UNICESUMAR
Ao buscar os fatos históricos, caro(a) aluno(a), temos como intuito entender
que somos herdeiros do encontro das histórias familiares, ocorridas em outras
épocas, antecedentes a nós e importantes, pois de alguma forma nos marcaram.
Ao analisar os valores e as referências sociais que levamos para nossas vidas, ve-
rificamos que são constituídos em nosso passado e disseminados de geração em
geração, configurando-se para cada um dos seres humanos de maneira singular.
Diante disso, é preciso conhecer a história de nossas origens para garantir nossa
identidade psíquica e social (PASSOS, 2006).
A partir do século XVIII, iniciou-se uma organização diferente no meio fami-
liar, com laço mais estreito entre os membros familiares, desfazendo-se o modelo
anterior. A passagem da família tradicional para a moderna trouxe muitas mu-
danças, como a queda da tradição patriarcal, a emancipação da mulher e parti-
cipação na vida econômica, social e cívica, a paternidade por escolha e as formas
de moradias melhor instaladas. Laqueur (1992) descreve em seus estudos que,
após a Revolução Francesa, por meio das mudanças políticas e morais difundidos,
observou-se a necessidade de uma luta por igualdade de direito entre os cida-
dãos, quebrando o paradigma da diferença sexual. Ou seja, era preciso respeitar
a natureza do homem e da mulher, pois cada sexo teria funções sociais diferentes.
A mulher então, passa por uma nova fase, é um momento de valori-
zação no meio familiar. Além de genitora, detinha os cuidados maternos
com os seus.
15
A mãe se tornou um agente de investimento da família, fazendo a mediação
UNIDADE 1

entre os filhos, a escola e os cuidados médicos. Outro aspecto era a ajuda finan-
ceira e, com isso, não sendo mais o homem o único provedor do sustento familiar
(CARNEIRO, 2015).
A criança, também, inicia um novo momento. Agora, é vista como o futuro
da nação e torna-se objeto de investimento, por ser idealizada. A figura da mãe
estava ligada a esse processo da criança, sendo ela quem provia os cuidados e
condução da criança (FOUCAULT, 1988). Como podemos ver, o reconheci-
mento da criança veio ao encontro de uma preocupação moral e educacional,
objetivando o seu desenvolvimento em nome do ideal de um futuro adulto que
pudesse compreender e respeitar as normas sociais.
A composição familiar se diferenciava da tradicional, pois não se constituía
de um número grande de pessoas, condensando-se em torno dos pais e poucos
filhos, ou seja, preservou-se, fechou-se em seu núcleo. Esse modelo não tinha
mais a obrigação de reproduzir os padrões das gerações anteriores, então, iniciou
um novo processo de valorização dos sentimentos e da escolha individual, como
princípio de vida. Tem-se, também, um outro olhar para os valores. Isso, porém,
não ocorre de forma isolada da sociedade, que colocou no topo dos relaciona-
mentos o status.

explorando Ideias

Na sociedade moderna, a nova organização de classe baseia-se, principalmente, nas di-


ferenças econômicas e, por conseguinte, o progresso econômico parece a única medida
do valor individual. Nessa perspectiva, a família, ao sofrer mudanças abruptas, precisa se
reorganizar, o que exige o realinhamento das perspectivas de seus membros bem como
de suas condutas na dinâmica da vida moderna. Esse processo de adaptação é, muitas
vezes ,dramático, pois se a desorganização afeta as famílias que chegam à nova cidade,
não é com a sua fixação no lugar que a situação melhora, ao contrário, a desorganização
familiar se acentua na segunda geração, quando se agravam os problemas relacionados
à delinquência, ao alcoolismo, à vagabundagem e ao crime.
Fonte: Thomas e Znaniecki (1996, p. 52) e Coulon (1995, p. 38).

16
Nesse momento histórico, a valorização da qualificação de uma população passou

UNICESUMAR
a ser reconhecida como a riqueza de uma nação. Assim, a saúde e educação eram
critérios importantes para aparentar uma população qualificada. Resumindo, a
família moderna pode ser definida:
■ A hierarquia do homem sobre a mulher é questionada.
■ Não existe diferença sexual.
■ A mulher já não é mais fadada, somente, à maternidade.
■ A mulher tem a gestão dos lares.
■ O homem a gestão do espaço público.
■ A criança é reconhecida.

Dessa forma, pode se dizer que a família moderna, com base nos fatos históricos,
é reconhecida como propulsora da sociedade, incumbida de promover a reali-
zação social.

Famílias Contemporâneas

A pós-modernidade, ou contemporaneidade, é um período histórico formado


por uma divisão entre a visão moderna de mundo e de homem; uma resposta
cultural, pregada pelo capitalismo tardio ou pelas novas formas de poder, que fez
da própria cultura uma mercadoria de consumo (DINIZ NETO; FÉRES-CAR-
NEIRO, 2005).
17
O momento contemporâneo assume uma responsabilidade ideológica funda-
UNIDADE 1

mental: a de coordenar as práticas e hábitos sociais e mentais em novos meios


de organização e de produção econômica, que geram novas maneiras de subje-
tividade. Segundo Ferrari e Kaloustian (2002, p.14):


A família, da forma como vem se modificando e estruturando nos
últimos tempos, impossibilita identificá-la como um modelo úni-
co ou ideal. Pelo contrário, ela se manifesta como um conjunto de
trajetórias individuais que se expressam em arranjos diversificados
e em espaços e organizações domiciliares peculiares.

A família apresenta relações pessoais em função do desejo. As mulheres saem


do lugar exclusivo de mãe e passa a atuar em prol de seus objetivos, ou seja, a
mulher se lança com o homem e disputa o mesmo espaço social e de trabalho.
O casamento não é mais “para sempre”, a dissolução conjugal ocorre com mais
frequência, e uma nova família pode surgir por meio de múltiplas possibilidades
de vida conjugal e parental (MAGALHÃES et al., 2013). Desse modo, Dias (2008,
p. 66) acentua:


Alargou-se o conceito de família, que, além da relação matrimonia-
lizada, passou a albergar tanto a união estável entre um homem e
uma mulher como o vínculo de um dos pais com seus filhos. Para
configuração de uma entidade familiar, não mais é exigida, como
elemento constitutivo, a existência de um casal heterossexual, com
capacidade reprodutiva, pois dessas características não dispõe a fa-
mília monoparental.

Nesse sentido, a família contemporânea está mais diversificada e caracteriza-se


por formação pluralista, por apresentar diversos tipos e modelos de convivência.
Podemos ver novos modelos familiares, decorrentes dos fatores como: as sepa-
rações dos casais, diminuição da quantidade de filhos, outros tipos de uniões
além do casamento, levando a novos modelos de família. Atualmente, quando se
refere ao declínio da família, compara-se à configuração nuclear tradicional, em
detrimento do surgimento de formas alternativas. Desse modo, convido você a
analisar o quadro a seguir.

18
Família Nuclear Tradicional Novas Alternativas

UNICESUMAR
União legal Solteiros, união consensual

Com filhos Voluntariamente sem filhos

Pai ou mãe (nunca casados ou sepa-


Pai e mãe
rados)

Permanente Divórcio, reconstituição

Casamento igualitário (incluindo car-


Homem como provedor primário e
reira de ambos os cônjuges e casais
autoridade única
que residem em lugares diferentes)

Exclusividade sexual Relações extramaritais

Relações entre pessoas do mesmo


Heterossexualidade
sexo

Domicílio com dois adultos Domicílio com mais de dois adultos

Quadro 1 - Diferenças entre a tipologia nuclear tradicional e os novos tipos alternativos de


família na contemporaneidade / Fonte: Macklin (1980).

Como podemos observar no Quadro 1, o meio familiar descentralizou-se, tor-


nando as relações mais democráticas, a mulher autônoma, o homem auxilia nas
atividades do lar bem como na criação e educação dos filhos, a família mais
afetuosa e com liberdade de escolha, os avós são pessoas com destaque no meio
familiar e a solidariedade entre as gerações, no auxílio aos menos favorecidos so-
cioeconômicos (FÉRES-CARNEIRO; ZIVIANI; MAGALHÃES, 2007). Podemos
verificar que, no decorrer da história familiar, a honra da família foi superada
pela importância à vida de todos, a família torna-se mais íntima e afetiva, parece
não se importar com a continuidade de sua linhagem, mas prioriza a harmonia
familiar. Bock et al (2001, p. 248) postulam:


Vamos percebendo que a família, como a conhecemos hoje, não é
uma organização natural, nem uma determinação divina. A organi-
zação familiar transforma-se no decorrer da história do homem. A
família está inserida na base material da sociedade ou, dito de outro
modo, as condições históricas e as mudanças sociais determinam
a forma como a família irá se organizar para cumprir sua função
social.

19
E, assim, como em outras épocas, a família contemporânea traz algumas carac-
UNIDADE 1

terísticas que a marca, mas não desprezando o que a trouxe até essa época, pois
é nos segmentos anteriores que se forma o novo. O novo e o velho estão, sempre,
engendrados nas experiências de um sujeito ou de uma família, sem que neces-
sariamente essa situação seja visível.
Ao referir às transformações ocorridas na família no decorrer das épocas, é
possível observar a mudança de um modelo que vigorava até o século passado.
Nele, a criança continuava com sua família até sua entrada na pré-escola, entre os
dois e três anos. A família, até esse momento, era o único meio de socialização da
criança, era sua base o lugar de segurança e referência para o seu desenvolvimen-
to. Atualmente, é substituída, precocemente, por um espaço social em comum
com outras pessoas e suas respectivas regras e leis, que não lhe são familiares, em
uma transmissão de conhecimentos (BERNARDINO; KUPFER, 2008).
Em relação à criança na família contemporânea, podemos observar que na
década de 80, teve um movimento social no Brasil, reivindicando os direitos
das crianças. Conforme Almeida e Lara (2005, p.107), “a partir da elaboração do
Estatuto, se estabeleceu os princípios de proteção integral à criança a qual passou
a ser concebida como pessoa em fase peculiar de desenvolvimento e, portanto,
pressupõe que tenham prioridade absoluta”. Por muito tempo ou séculos a crian-
ça foi “calada”, não lhe era dado a voz, por não ser considerada importante, sem
lugar social. Bujes (2002) destaca que a criança que compreendemos, atualmente,
não é um dado atemporal, mas um acompanhamento da modernidade.
A criança contemporânea imerge em um momento de símbolos, aos quais
confere sentido, ao passar do tempo de sua vida, pelas interações com o meio;
dá novos significados a sua cultura e constrói novas possibilidades de leitura de
mundo. Caro(a) aluno(a), de acordo com Bauman (1998), o que pode ser obser-
vado na contemporaneidade é o real desejo pela liberdade, essa tende a seguir a
velocidade das transformações econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano
familiar. Independentemente, porém, da época ou do modelo social,


A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e
da proteção integral dos filhos e demais membros, independente-
mente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando.
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais
necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal.

20
É em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitá-

UNICESUMAR
rios, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também
em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são
observados os valores culturais (YAEGASHI, 2007, p. 79).

Diante disso, é preciso ter um olhar dinâmico em relação à constituição familiar,


por ser um sistema aberto que se transforma constantemente. Resumindo o que
vimos em relação à família contemporânea, podemos destacar que, em pleno
século XXI, o conceito de constituição familiar diferencia-se das concepções das
décadas passadas. Como vimos, anteriormente, na família tradicional, somente
eram respeitadas e valorizadas as famílias constituídas por pai e mãe casados que,
como resultado dessa união, tivessem filhos. Atualmente, elas podem ser forma-
das de vários modos, com apenas pai e filho(s), pais do mesmo sexo e filho(s),
pais solteiros, e, assim, por diante. Há uma quebra de menor hierarquia e maior
afetividade entre pais e filhos, outro ponto são as horas de trabalho e afastamento
dos filhos, isso ocorre tanto da parte do pai como da mãe. Com isso, a criança é
socializada em ambientes escolares cada vez mais cedo.
Independentemente da época, porém, a família se configura como o primeiro
meio de socializar o ser humano, e, portanto, é a referência que temos e levamos
por toda nossa vida de afetividade, amparo, educação, acolhimento, desenvolvi-
mento entre outros sentimentos.

21
2
A FAMÍLIA E O
UNIDADE 1

DESENVOLVIMENTO
do indivíduo

Como vemos, caro(a) aluno(a), a família, independentemente da época, con-


figura-se como um conjunto de pessoas, em um mesmo espaço, e expressa a
relação da vida social. No contexto atual, analisar a família não se refere, somen-
te, à diversidade dos arranjos familiares, requer entender a sua importância no
desenvolvimento da individualidade. Nos últimos tempos, observamos mudan-
ças, no plano sócio-político-econômico, ligadas ao processo de globalização da
economia capitalista, que interfere na dinâmica e estrutura familiar, levando às
mudanças em seu padrão original de organização (SIERRA, 2011).
Se é no meio familiar, em sua articulação entre o individual e o universal,
que se leva a pessoa a reconhecer seus direitos e se tornar cidadão atuante na
sociedade, é preciso, então, compreender a estrutura familiar e acompanhar o
desenvolvimento. Como afirma Osório (1996):


A família é uma unidade grupal onde se desenvolvem três tipos
de relações pessoais – aliança (casal), filiação (pais e filhos) e con-
sanguinidade (irmãos) – e que a partir dos objetivos genéricos de
preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe
condições para a aquisição de suas identidades pessoais desenvol-
veu através dos tempos funções diversificadas de transmissão de
valores éticos, estéticos, religiosos e culturais.

22
Para tanto, o primeiro espaço de convivência do ser humano é o meio familiar. Ela

UNICESUMAR
é a referência primordial para qualquer pessoa, pois é na família que aprendemos
a incorporar valores éticos e vivenciamos as primeiras experiências afetivas bem
como representações, juízos e expectativas. É possível, portanto, verificar a im-
portância da família no desenvolvimento do ser humano, é por meio dela que a
pessoa aprende a reproduzir os padrões culturais existentes, recebe conhecimen-
tos que o acompanhará no seu desenvolvimento pessoal por toda vida. Podemos
observar que a família constrói e se constrói pela sociedade:


Na sociedade, a competição acirra o individualismo, de modo que
no lugar da regulação da vida pela reprodução de padrões de rela-
cionamentos proximais típicas da comunidade, tem-se o aumento
da intervenção do Estado, que ocorre por meio da produção de
leis e da criação de instituições que se encarregam do exercício do
controle social. Por conseguinte, os indivíduos acabam se sentido
mais dependentes do Estado do que de suas famílias, passando a
cobrar dele ações para resguardar a sua proteção, seja na forma de
elaboração de novas leis, seja na criação de novas instituições (SIER-
RA, 2011, p. 11).

Nessa perspectiva, a família é a principal fonte de socialização. Ela é a instituição


de elo entre o indivíduo e a sociedade, a transição necessária que prepara o indi-
víduo para a vida social. Nesse sentido, a família é a organização social doméstica
que desenvolve e capacita a cultura existente aos seus, como o valor, proteção,
integridade física e moral, fortalecendo, assim, a união e a reciprocidade entre
família e constituição social.
Em síntese, a família proporciona os aportes afetivos e materiais relevantes
ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Desempenha, com isso,
um importante papel na educação formal e informal, pois é no meio familiar que
o indivíduo é colocado a experienciar os valores éticos e humanitários.

23
Família papéis e funções
UNIDADE 1

Figura 3 - Função da Família

A família tem a função de socialização e regularização do equilíbrio da perso-


nalidade dos indivíduos nela inseridos. A sociedade que desejamos, por sua vez,
interliga-se na sociedade que construímos, para isso, depende da família, pois é
dentro dela que inicia, ou seja, ela é a primeira célula da sociedade. Logo, só po-
demos contar com uma sociedade melhor, se as mudanças iniciarem na educação
e na condução da família e seus filhos.
A família, a princípio, deve se constituir em um grupo social comprometido
com a função de absorver toda a dependência da criança, em termos emocio-
nais, de modo que possa se sentir “completamente submersa nos laços familiares”
(PARSONS; BALES, 2002, p. 27). Esse sistema, no entanto, diferencia-se, à medi-
da que alcança estágios, progressivamente, mais complexos. Todo esse processo
ocorre em relação direta com o aumento progressivo da complexidade estrutural
da ordem, em uma série de sistemas de interação social.
É na família que consiste o papel de auxílio, ou seja, em subsidiar, por meio de
sua vocação, os indivíduos que nutrem, em seus ninhos familiares, a possibilidade
de serem livres e, na sociedade, relacionarem-se de maneira entendida de seus
direitos e deveres, voltados para o bem comum.

24
UNICESUMAR
pensando juntos

O papel fundamental da família na construção do ser humano está tanto no “privado”


como no “afetivo”, pois as pessoas que dirigem o Estado e as empresas, que trabalham e
militam nos sindicatos e nas organizações não governamentais, ou que vivem suas con-
turbadas relações nos meios urbanos, são as mesmas que nascem e crescem no seio de
uma família, sendo por ela e nela, efetivamente, moldadas em aspectos fundamentais.
(Ana Rojas Acosta e Maria Amália Vitale)

Não afirmamos que tudo é resolvido ou culpa das famílias, mas apresentamos a
sua relevância na constituição de uma sociedade sadia. Apesar dos avanços tec-
nológicos e as redes sociais ganharem espaços no desenvolvimento do indivíduo,
é, ainda, a família a grande geradora de afetividade. Esta, por sua vez, humaniza
o homem. Desse modo, a família é de suma importância para a sociedade, pois,
como composição integradora, ela move o desenvolvimento social.
Portanto, é preciso compreender as diversas funções atribuídas a ela na or-
ganização social, levando-se o que tão, costumeiramente, conhece-se como “base
do Estado”. Nesse sentido, pensar e repensar a família é uma necessidade para
compreender, sedimentar, fortalecer as suas competências na construção do ser
humano em todas as suas expectativas.

A família e a natureza biológica do ser humano

Falar de família, em pleno século XXI, implica em compreender as mudanças e


transformações, tornando, assim, mais complexos os contornos que a delimitam,
pois vivemos em um momento que a família sofre interferências externas e, com
isso, leva a abalos internos. Pois


[...] sustentar a ideologia que associa a família à ideia de natureza,
ao evidenciarem que os acontecimentos a ela ligados vão além de
respostas biológicas universais às necessidades humanas, mas confi-
guram diferentes respostas sociais e culturais, disponíveis a homens
e mulheres em contextos históricos específicos (SARTI, 1995, p. 31).

25
Ao analisar os fatos históricos, podemos verificar que a Revolução Indus-
UNIDADE 1

trial trouxe uma nova forma de organização da sociedade, afetando as funções


familiares, em especial o papel da mulher. Esta vai para o mercado de trabalho e
os filhos passam a ser responsabilidade das instituições de ensino, pelo período
de ausência da mãe. Mais recentemente, podemos verificar outras mudanças no
meio familiar, entre elas, as descobertas científicas e as intervenções tecnológi-
cas, que transformaram a maneira de reprodução humana (SCAVONE, 1993).
Em relação às descobertas científicas, podemos destacar, em 1960, o surgimento
da pílula anticoncepcional, com objetivo de libertar a mulher da maternidade,
interferindo, assim, significativamente, em sua atuação no meio familiar e social
(MORAES, 1994).

Figura 4 - Pílula anticoncepcional

As tecnologias, por sua vez, iniciaram as suas intervenções no meio familiar,


a partir de 1980, com as inseminações artificiais ou fertilização in vitro, isto é,
“conjunto de técnicas médicas voltadas para o tratamento de situações de in-
fertilidades” (BARBOSA, 2000, p. 212), fazendo com que a maternidade ficasse
dissociada da relação sexual entre homem e mulher.
A ruptura das tecnologias e o novo modo de concepção da família deram a
oportunidade de escolha da maternidade. Não houve, porém, intenção de tirar a
natureza biológica do ser humano, mas dar à mulher a livre escolha para decidir
o melhor momento de ser mãe (GIDDENS, 1993).

26
Destaca-se, também, neste contexto, o exame de DNA, que permite a iden-

UNICESUMAR
tificação da paternidade. Isso ocorreu em meados de 1990 e, até então, a dúvida
da paternidade prevalecia no meio familiar. Esse recurso, por sua vez, garantiu
a proteção à mulher, ao homem e à criança. A responsabilidade biológica, logo,
é cobrada tanto da mãe como do pai, estes devem dar a proteção à criança até a
sua maturidade (FONSECA, 2002).
Diante de tantos avanços que interferem na conjuntura familiar, podemos
observar que a família comporta uma enorme elasticidade. Com isso, mesmo a
família sendo a idealizações de muitas pessoas, as mudanças ocorridas desesta-
bilizaram o modelo desejado, e se torna, hoje, complexo sustentar a ideia de um
modelo adequado. Dessa forma, não existe um padrão adequado ou inadequado
em relação à família (SARTI, 2003).
Como vimos, caro(a) aluno(a), tivemos muitos avanços tecnológicos e cien-
tíficos que influenciaram o meio familiar, isso fez com que os arranjos familiares
tivessem algumas transformações, gerando mudanças nos relacionamentos inter-
nos e externos da família. Pode-se afirmar, no entanto, que, independentemente,
dos avanços tecnológicos e científicos, a família continua a ser a base do desen-
volvimento humano, em todos os seus aspectos.

27
3
QUANDO O VÍNCULO
UNIDADE 1

É A DOENÇA

Esse diálogo nos remete a uma reflexão das ações realizadas pela família, nas tro-
cas afetivas ou sociais, a fim de possibilitar a construção e a apropriação de sabe-
res, práticas e hábitos da criança. Por estar em constante formação, a criança vive
em um mundo que lhe é questionado em tudo, esse processo de apropriação e de
negociação entre o adulto e as dúvidas dos pequenos ocorrem nas interlocuções
com a criança, já que é na linguagem que mundo e sujeito se inter-relacionam e
se constituem como tal. A criança, desse modo, precisa do adulto para conduzi-la
em suas decisões, por não ter, ainda, constituído os seus saberes. Como um ser
humano em formação, a criança não se reconhece nem se difere de outros seres
vivos. Com isso, os familiares assumem a responsabilidade pela continuidade de
sua integridade no mundo, protegendo e conduzindo o seu desenvolvimento.
O sentido de proteger a criança tem como características a horizontalidade
de igualdade, valores, respeito e a escuta, reconhecimento de si e do outro, como
seres de igual valor. Trata-se de transmitir conhecimentos e levar a criança à inter-
pretação do mundo. Isso não significa que não haverá atritos, mas é na superação
desses que se constitui o vínculo entre a criança e a família.

28
UNICESUMAR
explorando Ideias

As mudanças socioculturais das últimas décadas evidenciam o surgimento de compor-


tamentos infantis disfuncionais. Um conjunto de atitudes e comportamentos que mais
preocupam os pais é possibilidade da criança se torna o mestre indiscutível da família,
submetendo os outros membros da família às suas necessidades e caprichos.
Fonte: as autoras.

Pensando nisso, Freire (1996) acredita que a família precisa saber diferenciar
liberdade e licenciosidade. Liberdade significa o direito que uma pessoa tem em
suas atitudes, ou seja, o seu livre arbítrio, desde que não ofereça dano algum a ou-
tra pessoa, é a sensação de independência entre outros significados que poderão
encontrar. A característica de licencioso, por sua vez, é de quem age, livremente,
com falta de disciplina e sem regras, não se preocupa com suas atitudes e a pos-
sibilidade de serem prejudiciais aos outros.
Diante disso, o vínculo com a criança, seja afetivo, seja educativo, precisa ocor-
rer de maneira a exercer a função de auxiliar a construção do exercício crítico e
das habilidades argumentativas de si e do mundo. Não desistir, assim, de conduzir
o pleno desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança, permitindo e
acompanhando a sua liberdade, para não desenvolver a licenciosidade.

pensando juntos

Como se têm, hoje, estabelecido os laços entre os filhos e a famílias?

Isso nos leva a inferir que a qualidade do suporte e dos laços afetivos familiar
oferecidos à criança poderão refletir nos seus aspectos comportamentais, afetivos
e sociais, pois é na família que encontramos a segurança. Desde o início da vida, o
ser humano deposita na família a sua principal fonte de existência e, no decorrer
de seu desenvolvimento, torna-se a mais relevante auxiliadora do processo de
aprendizagem e do suporte de interação social. Sendo assim, a base familiar é
essencial ao desenvolvimento sociocognitivo da criança.

29
O vínculo familiar e o desenvolvimento do
UNIDADE 1

ser humano

Para entender o vínculo familiar e o desenvolvimento do ser humano, buscare-


mos compreender o seu desenvolvimento sociocognitivo ou a teoria da mente,
empatia, influência do vínculo familiar, autoconceito, habilidades sociais e sua
inter-relação. É sabido que o ser humano experimenta, constantemente, por meio
de suas relações intra e interpessoais, várias vivências baseadas na percepção
social e na cognição social que contribuem na sua atribuição e interpretação de
desejos, crenças e emoções em si e no que prospecta em outras pessoas.
Essa capacidade de atribuir a si e ao outro uma mente e/ou estados mentais
intencionais é que caracteriza o desenvolvimento sociocognitivo ou a teoria da
mente. Na verdade, refere-se à capacidade do sujeito de atribuir uma mente e/ou
estados mentais intencionais a si e aos outros. Isso é fundamental no ajustamento
social das pessoas (SPERB; MALUF, 2008). Ao dizer que um indivíduo tem uma
teoria da mente, queremos dizer que o indivíduo atribui estados mentais a si
mesmo e aos outros.


[...] um sistema de inferências desse tipo é apropriadamente visto
como uma teoria, primeiramente porque tais estados não são dire-
tamente observáveis e, em segundo lugar, porque o sistema pode ser
usado para fazer predições, especificamente sobre o comportamen-
to de outros organismos (PREMACK; WOODRUFF, 1978, p. 515).
30
Podemos observar essa habilidade do ser humano, por meio do processamen-

UNICESUMAR
to das informações recebidas (perceptiva e cognitiva) do comportamento e do
ambiente (contextos e/ou situações), levando à conclusão do estado mental do
outro (eu penso que você pensa e/ou eu penso que você pensa que eu penso)
(SPERB; MALUF, 2008).

explorando Ideias

Acerca do desenvolvimento da teoria da mente, não há uma época correta do surgimento


dessa habilidade no ser humano. Para Bussab, Pedrosa e Carvalho (2007, p. 116), por
volta dos 9 meses de idade, o bebê apresenta sinais de uma teoria da mente, quando
“apontar objeto protodeclarativo”. Domingues (2006) destaca que a teoria da mente é
uma habilidade encontrada em criança, a partir de 3 anos de idade.
Fonte: as autoras.

É relevante observar que existem diversas variáveis atreladas às questões da teoria


da mente, podemos destacar as habilidades sociais, comportamento afetivo, entre
outras. Tem, ainda, uma terceira variável: a empatia. Esta envolve “sentir o que o
outro sente, [...] uma resposta emocional que se origina do estado ou condição
emocional do outro e que é congruente com o estado ou situação emocional do
outro” (EISENBERG; STRAYER, 1987, p. 5). Os autores Ruffman, Perner e Par-
kin (2001) mencionam, em seus estudos, que as características familiares, como
o estilo e a qualidade da interação entre a criança, são associadas à aquisição de
uma teoria da mente.

pensando juntos

Podemos compreender que a Teoria da Mente ou o desenvolvimento sociocognitivo do


ser humano é a capacidade de inferir sobre o estado mental de si e do outro. A Empatia,
por sua vez, é uma resposta cognitivo-afetiva despertada após a observação da situação
de outras pessoas.

Desse modo, destacamos, aqui, o vínculo familiar. Este tem por característica
básica o conjunto de atribuições proativas que a família oferece nas suas relações,
levando ao desenvolvimento socioemocional do meio que se relaciona. Para Sou-
za e Baptista (2008), a família é a primeira fonte de interação social e deve prover
o apoio indispensável à integridade física e emocional do indivíduo.
31
É por meio da influência do ambiente familiar que iniciará a formação dos
UNIDADE 1

principais aspectos relacionados à personalidade e comportamentos na vida de


uma pessoa. Conforme o vínculo familiar, no entanto, os processos de formação
da personalidade e do repertório comportamental alcançam, ou não, o nível de
qualidade adequado à demanda social (GOMIDE, 2003).
Dessa forma, inferimos que um ambiente familiar, capaz de oferecer um su-
porte emocional e social, que atenda às expectativas essenciais à vida de uma
criança, é baseado no vínculo afetivo e preocupado com o desenvolvimento de
todos os aspectos, emocionais, cognitivos, físicos e sociais. Esse vínculo corrobora
para formação do autoconceito e de habilidades necessárias no desenvolvimento
do ser humano.
Tem, ainda, algumas teorias que defendem o vínculo como essencial ao de-
senvolvimento de uma pessoa segura de si e com desenvoltura social de destaque.
Desse modo, a Teoria Social Cognitiva valoriza o papel da família como modelo
social importante neste processo. Para Colaciti (2006, p. 7-8) a teoria social cog-
nitiva:


Considera que a criança adquire o autoconceito por meio de um
processo de “imitação”, através do qual incorpora em seus próprios
esquemas as condutas e as atitudes das pessoas que são importantes
para ela. A criança, ao identificar-se com elas, imita-as e faz suas as
características que lhes pertencem. Assim, vai formando um concei-
to de si mesma parecido com o das pessoas que a cercam.

No decorrer da vida, o ser humano passa por várias situações que o leva a es-
truturar, rever, reafirmar ou rejeitar atitudes e valores. Podemos observar essas
ocorrências, primeiramente, no meio familiar; depois, na sociedade e, após, nas
relações escolares. São meios que submete o indivíduo às diferentes pressões e
exigências, levando-o a construir ou modificar seu modo de ver e a postura em
relação ao mundo.
Nessa construção, a qualidade da relação entre pais e filhos, sociedade e su-
jeito, professor e aluno são fatores importantes para o desenvolvimento social da
pessoa. A forma, pois, como se expressa o afeto na família, professores e colegas
bem como a disciplina são fatores que contribuem para a estruturação de um
autoconceito positivo ou negativo.

32
Podemos compreender, ainda, que a qualidade do vínculo ofertado à criança

UNICESUMAR
é essencial à construção tanto do autoconceito quanto das habilidades sociais.
Por meio do convívio familiar, a criança adquire para si os modelos presentes,
podendo ser bons ou não. Para Brandão (2011, p. 27), “em todo caso, a interação
entre os membros do grupo familiar proporciona à criança a percepção do que
se espera dela”.
Nesse sentido, é preciso destacar a importância da interação familiar e as
habilidades sociais no desenvolvimento do indivíduo.
As habilidades sociais contribuem para a competência social. Haja vista que
a pessoa precisa desenvolver tal competência, pois é ela quem dá um sentido
avaliativo e está relacionada à capacidade do indivíduo de interagir, por meio
de seus pensamentos, sentimentos e ações em prol de objetivos pessoais e de
demandas da situação exigida, socialmente e culturalmente, trazendo conse-
quências positivas para o indivíduo e para a sua relação com as demais pessoas
(PRETTE; PRETTE, 2005).
É comum, portanto, buscar uma compreensão, ao analisar o indivíduo adulto,
interagindo socialmente em seu cotidiano. A questão das habilidades sociais está
presente desde o nascimento, na dinâmica familiar, e segue por toda a vida da
pessoa, embora, em cada momento diferente da vida, sejam solicitados alguns
ajustes (PRETTE; PRETTE, 2005; DIAS, 2013).
A família é o principal meio propulsor e modelador dos vínculos afetivos,
comportamentais e cognitivos. As características existentes no ambiente familiar
são determinantes na qualidade de vida da criança, em seu desenvolvimento pes-
soal, escolar e social. O vínculo com a família, portanto, é decisivo na construção
de um coerente e positivo desenvolvimento pessoal, além de proporcionar bases
sólidas e flexíveis no desempenho das interações do sujeito com a sociedade.
Assim, de acordo com o que foi abordado, a formação da teoria da mente, em-
patia, a influência do vínculo familiar, o autoconceito e as habilidades sociais estão
interligados, ou seja, na maneira que o indivíduo se enxerga, qual é a imagem que
faz de si mesmo e do julgamento que os outros fazem dele. Essa vivência ocorre,
sobretudo, influenciada pelas interações que ocorrem, no meio familiar, social
e escolar. Nessa construção, é importante ressaltar que a qualidade das relações
entre os familiares, na vida escolar do aluno e nas vivências sociais, é relevante
para o desenvolvimento do ser humano.

33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 1

Caro(a) aluno(a), verificamos, no decorrer da unidade, que as relações sociais


e familiares estão no epicentro da vida do indivíduo em desenvolvimento. A
família é palco de mudanças marcantes que refletem até a atualidade, por isso,
movida pelas mudanças sociais, surgem novos modelos. Vimos que existem três
tipos básicos de família: tradicional, moderna e contemporânea ou pós-moderna.
A família tradicional, composta por numerosos membros, era centrada na
autoridade patriarcal, mais comum até a primeira metade do século passado.
Constituía-se não só pelos pais e filhos, mas por todo o entorno familiar, como
os avós, tios, primos, e as relações eram determinados por meio dos conceitos
morais e autoritários, estabelecidos na época.
A família moderna surgiu na metade do século XX, e podemos perceber um
modelo diferente do que estava estabelecido na família tradicional. Composta
por poucos membros familiares, como pai, mãe e poucos filhos. As relações cons-
truíam-se com a interação familiar e não mais patriarcal.
A família contemporânea é a que temos atualmente, não tem uma regra
pré-estabelecida de parentesco. O modelo é diversificado, podemos encontrar
filhos morando com só um dos pais, por adoção ou pelo divórcio, casais optam
em não ter filhos, uniões homossexuais, entre outras formações. Atualmente,
podemos notar esses três modelos básicos de família coexistindo, com suas va-
riações, cada família a seu modo.
Outro ponto relevante a ser observado liga-se à importância da família no
desenvolvimento do ser humano, independentemente do modo de viver de uma
pessoa ou do tipo de família. O estabelecimento do vínculo é o propulsor na busca
do desenvolvimento humano, pois precisamos de afeto, cuidados, orientações e
proteção. Desse modo, não existe um modelo de família ideal, mas o modo como
a família lida com esses aspectos.

34
na prática

1. A família foi e, ainda, é considerada o núcleo da sociedade. Os seus papéis e padrões,


porém, evoluíram, ao longo dos anos, e nota-se que, a partir do século XX, sofreram
alterações muito significativas. Considerando a situação hipotética apresentada,
podemos afirmar que os modelos de famílias podem ser classificados como:

I - Família tradicional: uma autoridade paterna e papéis bem definidos.


II - Família moderna: uma estrutura mais independente e flexível.
III - Família moderna: a “mãe” saiu de casa para trabalhar.
IV - Família tradicional: o casamento não é mais “para sempre” a dissolução conjugal
ocorre com mais frequência, uma nova família pode surgir por meio de múltiplas
possibilidades de vida conjugal e parental.

Assinale a alternativa correta:

a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

2. À família é delegada uma função fundamental para o desenvolvimento humano:


prover cuidado. Esse aspecto é reconhecido independentemente das transforma-
ções, em diferentes arranjos de famílias, que coexistem em distintas sociedades ao
longo do tempo. Diante do exposto, analise as alternativas e assinale a que melhor
argumenta em relação à família e à sua função na formação do ser humano.

a) É por meio da família que a pessoa aprende a reproduzir os padrões culturais


existentes e recebe conhecimentos que o acompanhará no seu desenvolvimento
pessoal por toda vida.
b) A família, não obstante, vai além de um valor instrumental no processo de de-
senvolvimento humano, mas o ser humano não leva para suas ações sociais o
que foi desenvolvido no meio familiar.
c) Pode ser observado no desenvolvimento familiar de alguns lares um desajuste
nos laços familiares que leva o ser humano a construir uma sociedade equilibra-
da, por meio de suas ações.

35
na prática

d) Nos dias de hoje, a sociedade supre a falta do apoio familiar, auxiliando as pes-
soas em seu desenvolvimento.
e) O modo familiar tradicional é o único que se apresenta eficaz para educar e
estabelecer uma sociedade desenvolvida.

3. A família é um assunto amplamente discutido no senso comum, nos meios profis-


sionais, entre outros. É, ainda, assunto alvo de inúmeras teorizações e discutido,
exaustivamente, em múltiplos veículos de comunicação. Sendo assim, analise as
afirmativas e assinale V para verdadeiras e F para falsas, em relação à família e à
natureza biológica.

( ) A Revolução Industrial traz uma nova forma de organização social, afetando


o meio familiar, em suas funções, entre elas, a mulher vai para o mercado de
trabalho e os filhos passam a ser responsabilidades de instituições de ensino,
pelo período de ausência da mãe.
( ) Em 1960, surgiu a pílula anticoncepcional, com objetivo de libertar a mulher
da maternidade, interferindo, assim, na sua atuação no meio familiar e social.
( ) Em meados de 1990, surgiu o exame de DNA que permite à identificação da
paternidade, desmistificando a dúvida da paternidade que prevalecia no meio
familiar.
( ) Tiveram-se muitos avanços tecnológicos e científicos que influenciaram o meio
familiar. Isso fez com que os arranjos familiares se mantivessem de maneira
estática, sem ser transformados.

Assinale a alternativa correta:

a) V, V, F e V.
b) F, F, V e V.
c) V, F, V e F.
d) F, F, F e V.
e) V, V, V e F.

36
na prática

4. Não é tarefa fácil conceituar, definir e delimitar as potencialidades e as possibilidades


da vida em família, porém não se pode negar que a vivência no meio familiar afeta,
direta e profundamente, o modo como construímos a nossa identidade e a nossa
escala de valores. Diante disso, analise as alternativas em relação à função primária
da família.

I - A função primária da família está na transmissão dos valores, da tradição e dos


costumes, de acordo com a cultura que corresponde à sociedade.
II - A família é uma célula de base da sociedade. Nela, estabelecem-se os papéis
que o indivíduo desempenhará.
III - É na família que inicia a formação dos vínculos, é nessa relação que a célula base
da sociedade, a família, distingue-se entre o ser humano e o animal.
IV - Família é a única que auxilia no desenvolvimento do ser humano.

Assinale a alternativa correta:

a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

5. A família tradicional é formada por dois pais, pai e mãe, vivendo em comum, e as
funções são, estritamente, divididas entre eles. Sendo assim, como é a figura do pai
na família tradicional? Analise as afirmativas.

I - Associada a uma subordinação de todos os outros membros da família, fundada


na lógica do espírito religioso e dos antigos meios de produção.
II - Uma família tradicional, essencialmente obediente à autoridade patriarcal, hie-
rarquizada e com lugares claramente estabelecidos.
III - Ao pai atribui-se o papel de prover e manter a família.
IV - A mãe e o pai têm a mesma função no sustento familiar.

37
na prática

Assinale a alternativa correta:

a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

38
aprimore-se

O MICROSSISTEMA DA FAMÍLIA

A família em particular é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois consti-


tui a estrutura social que determina as possibilidades de desenvolvimento de uma
pessoa desde o começo da vida, o que a escola ou outras instituições não podem
fazer (NUSSBAUM, 2000).
À família atribuem-se funções importantes para o desenvolvimento infantil,
como a função biológica, psicológica e social. Na função biológica a família é respon-
sável pelos primeiros cuidados e necessidades do bebê e da criança, permitindo seu
desenvolvimento físico e cognitivo adequado. A função psicológica é central na famí-
lia por estabelecer interações afetivas ao longo da vida de um indivíduo, essenciais
como suporte para seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A função social está
associada à transmissão dos padrões culturais, educação de valores e princípios de
vida e de convivência (OSÓRIO, 1996).
A família normativamente constitui uma rede de cuidado e afeto; não obstante,
também pode se converter no lugar de maiores privações para as crianças (NUSS-
BAUM, 2000). Assim, é importante entender como a família atua para incentivar
o pleno desenvolvimento infantil e estabelecer fatores de proteção; e do mesmo
modo, identificar como na família se definem fatores de risco que levam a um déficit
no potencial de desenvolvimento das crianças.
O Quadro 1 apresenta um marco analítico de como atuam simultaneamente fa-
tores de proteção e fatores de risco que, por sua vez, são definidos por aspectos
internos e externos à família, influem sua dinâmica e têm implicações no desen-
volvimento de crianças, na formação de habilidades e qualidades físicas, sociais,
cognitivas e emocionais.
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento das crianças que podem ser
definidos por aspectos externos à família incluem-se alguns padrões demográficos
(mãe solteira, adolescente, separações e divórcios) e padrões socioeconômicos (po-
breza, urbanização, desigualdade, baixa escolaridade dos pais, condições precárias
de trabalho) que, por sua vez, influenciam os aspectos estruturais da família.

39
aprimore-se

Padrões demográficos e transformações nos arranjos familiares como aumento


da gravidez na adolescência e famílias monoparentais podem representar fatores
de risco para o bem-estar e desenvolvimento dos membros da família e das crianças.
O lar monoparental, por exemplo, que é geralmente constituído pela mulher, está
associado a maior vulnerabilidade na criação dos filhos. Estudos apontam que mães
solteiras experimentam maiores níveis de stress, trabalham mais horas, porém, têm
mais dificuldades financeiras (BROWN; MORAN, 1997), tendem a ser isoladas, com
elevada exposição à violência e contam com menor suporte social comparado com
mães casadas (ESTRADA; NILSSON, 2004). Estas circunstâncias estão correlaciona-
das com práticas parentais agressivas de menor proteção e comunicação negativa
com os filhos (ZHANG; ANDERSON, 2010). Isto pode significar maior vulnerabilidade
na educação dos filhos e seu desenvolvimento. A pesquisa de Sarsour et al. (2011)
mostra que crianças de baixo status socioeconômico e de mães solteiras têm menor
desempenho em funções executivas (que correspondem a habilidades cognitivas
e que ajudam na regulação emocional como trabalho de memória e flexibilidade
cognitiva) do que crianças do mesmo status, mas que moram com ambos os pais.
A gravidez na adolescência, por outra parte, está associada a riscos biológicos
para o bebê, aumentando a chance de baixo peso ao nascer e sendo um fator de-
sencadeador de deficiências neurológicas e doenças na infância (KLEIN, 2005). Além
desses aspectos, os riscos para o bem-estar do infante associam-se a características
socioeconômicas das mães adolescentes, já que muitas vivem em condições de po-
breza, com baixo grau de escolaridade, recebem menos cuidados pré-natais e pós-
-natais e estão menos preparadas para a maternidade, com insuficiente conheci-
mento sobre o desenvolvimento e os cuidados que requerem elas mesmas durante
a gravidez e o bebê após o nascimento (KLEIN, 2005). Estudos confirmam que mães
adolescentes são menos preparadas para assumir a maternidade e, como conse-
quência, são menos sensíveis às necessidades de seus filhos em idades precoces
(4 meses) (BRIGAS; PAQUETTE, 2007). Outros estudos revelam que a interação mãe
adolescente e seu bebê é deficiente, sendo menos estimuladora (brincam menos,
verbalizam e sorriem menos para seus bebês) e com menos expressões de afeto
(FIGUEIREDO, 2000).

40
aprimore-se

Por outro lado, o status socioeconômico que se define por variáveis de renda da
família, escolaridade e o status laboral dos pais está associado às competências pa-
rentais e ao desenvolvimento infantil (BRADLEY; CORWYN, 2002). Segundo Conger,
Conger e Martin (2010), os mecanismos dessa associação estão baseados em dois
tipos de modelos. O primeiro, denominado de modelo de estresse familiar (family
stress model – FSM) argumenta que as dificuldades financeiras podem afetar as re-
lações entre o casal e as interações entre pais e filhos e, consequentemente, podem
ter impactos no desenvolvimento das crianças. O segundo, chamado de modelo de
investimento (investment model – IM) aponta o status socioeconômico como van-
tagem (ou também desvantagem) para o desenvolvimento infantil ao influenciar os
investimentos dos pais, determinando a provisão de necessidades básicas como
alimentos, vestuário, cuidados de saúde, moradia, educação escolar, assim como
materiais e atividades de aprendizagem. Esses investimentos estão associados com
os resultados cognitivos e socioemocionais das crianças desde o nascimento até a
vida adulta (BRADLEY; CORWYN, 2002; YEUNG; LINVER; BROOKS-GUNN, 2002).
Outros fatores de risco definidos, no entanto, por aspectos da dinâmica interna
da família estão relacionados com estilos e práticas parentais negativas, como a
negligência ou a agressão física e verbal, o que pode levar a interações mal adapta-
das entre cônjuges ou entre pais e filhos e que prejudica o ambiente familiar. Estes
aspectos estão associados com deficiências de habilidades cognitivas e socioemo-
cionais das crianças (SHONKOFF; PHILLIPS, 2000). Dependendo do ambiente emo-
cional e das práticas usadas para criar os filhos, a família pode influenciar positiva-
mente ou negativamente a formação das habilidades nas crianças.
Fonte: Macana (2014, p. 30-34).

41
eu recomendo!

livro

Título: As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura


para a terapia familiar
Autor: Betty Carter e Monica McGoldrick
Editora: Artmed
Sinopse: esta obra apresenta uma visão abrangente, rica e
bem-conceitualizada da família, conforme ela se movimenta por
meio do ciclo de vida e dirige seu olhar em direção a questões
práticas e à variedade de estilos familiares e ciclos de vida, à diversidade cultural,
às mudanças nos papéis femininos e nas formas e às estruturas familiares.

filme

Coisas de Família
Ano: 2008
Sinopse: esta incrível produção retrata o decorrer de muitos
anos, na vida de três famílias que residem na mesma rua. Fatos
comuns no cotidiano de muitos de nós, como a insegurança para
educar uma criança, a falta de amor no casamento e casos extra-
conjugais, a perda de um parente querido e a homossexualidade
de um filho são abordados de maneira inteligente e sensível. Im-
possível não gostar!

conecte-se

Café filosófico com Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso. Palestra do módulo
“Reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real”. Uma conversa in-
teressante que traz o papel da mãe e do pai no meio familiar e os papéis que já
representaram e representam na contemporaneidade.
https://www.youtube.com/watch?v=J0xcCszAlqc

42
anotações



































2
PARTICIPAÇÃO
E INFLUÊNCIA
da família

PROFESSORAS
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Percepção do suporte familiar •
Problemas e/ou dificuldades de aprendizagens e sua relação com a família • Influência da família no
desempenho escolar.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender a percepção que a criança tem a respeito do suporte familiar que recebe • Analisar o
suporte familiar nas habilidades sociais e cognitivas dos filhos • Refletir sobre os aspectos positivos do
envolvimento da família com a escola.
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, continuamos nossos estudos em relação


às intervenções familiares na formação do ser humano. Propomos, neste
momento, diálogo e reflexão para compreendermos as funções e contribui-
ções da família no processo de aprendizagem do aluno. Destacamos, aqui, a
necessidade do suporte familiar, assunto tratado no primeiro momento da
unidade. Desse modo, refletiremos sobre o apoio familiar e suas práticas,
a importância da parceria entre família e escola no processo de ensino e
aprendizagem da criança. Abordar os aspectos familiares e escolares no
desenvolvimento do ser humano é, sempre, muito desafiador, é preciso
destacar que o desenvolvimento humano não depende só da família e da
escola, mas de uma relação entre ambas e a sociedade.
Também tratamos, aqui, dos problemas e/ou dificuldades de aprendiza-
gens e a sua relação com a família. É imprescindível valorizar e incentivar a
participação dos pais e, assim, discutir o acompanhamento da aprendiza-
gem ou não da criança. Para isso, é preciso entender como os pais podem
perceber e auxiliar os filhos em relação às dificuldades que apresentam e,
ainda, buscar os devidos encaminhamentos. Verificaremos, no decorrer
dos estudos, a resistência da família em aceitar que a criança precisa de
um atendimento especializado, de suas dificuldades acadêmicas, e, assim,
conduzi-la, corretamente, em seu desenvolvimento cognitivo, para que se
torne um adulto responsável, com futuro próspero.
Por fim, discutiremos a influência da família no desempenho escolar,
acreditando que a grande maioria dos pais não tem clara a relevância da
sua participação na vida escolar de seus filhos e, por conseguinte, como
auxiliar no desenvolvimento, no ensino e aprendizagem da criança. Por-
tanto, espera-se que este estudo possa servir como objeto de reflexão para
que você compreenda o verdadeiro valor da família nos aspectos afetivos,
nos cuidados físicos da criança e, não menos importante, nas questões
cognitivas, que iniciam desde muito cedo, na convivência familiar.
1
PERCEPÇÃO DO
UNIDADE 2

SUPORTE FAMILIAR

Caro(a) aluno(a), neste momento, compreenderemos a necessidade do suporte


familiar no desenvolvimento humano. Como vimos em nossos estudos anterio-
res, o ambiente familiar é a primeira socialização que proporciona a construção e
a formação da personalidade, da confiança, do afeto e das relações com os outros,
primordiais no desenvolvimento saudável de todos.
Vimos, também, que na família, encontramos refúgio, proteção, e com isso,
desenvolvemos recursos para lidar com as dificuldades, uma vez que a constru-
ção afetiva, recebida no meio familiar, e todos os conhecimentos ficam em nossa
memória. Desse modo, sempre que precisamos de autoafirmação, teremos con-
dições estabelecidas na mente. Para Nunes (1994, p. 7), “o conceito de reatividade
no desenvolvimento infantil: as sociedades estabelecem ambientes específicos
de comportamento que se espera que as crianças apresentem, e, no geral, elas
crescem da maneira esperada”. Assim, elas desenvolvem resistência a eventos que
apregoam ideias contrárias ao que lhes foi afirmado pela família, pois a memória,
ao ser reativada, dá sustentabilidade mental de que a informação não deve ser
levada em consideração, já que elas aprenderam com os familiares o que é correto.
Uma pesquisa realizada pela Unicef, em 2002, com parcela representativa da
população jovem de diferentes condições sociais e de todas as regiões do Brasil,
indica “que 95% percebem a família como a mais importante das instituições; 70%
declararam mesmo que a convivência familiar é motivo de alegria” (ACOSTA;
VITALE, 2015, p. 54).
46
Observa-se, assim, a importância do apoio familiar na construção mental do

UNICESUMAR
ser humano, pois este é o alicerce que auxilia o desempenho e o desenvolvimento.
Para Bronfenbrenner (1986, p. 5), o desenvolvimento humano é “uma mudança
duradoura na maneira como uma pessoa percebe e lida com o seu ambiente”, o
contrário, ou seja, a falta do suporte familiar, poderá levar a mal desenvolvimento,
a distúrbios e dificuldades em vários aspectos, como os de aprendizagens. Isto
porque as relações familiares estão intrínsecas ao desenvolvimento dos compor-
tamentos e ações, levando o ser humano a ter um senso de pertencimento ou não
ao meio em que vive, dinamizando, assim, possíveis relações sociais conflitantes.
Percebemos, até aqui, a relevância do suporte familiar no desenvolvimento
saudável da criança. Dessa forma, as práticas educativas adotadas pelos fami-
liares são determinadoras do futuro da criança, pois ela, ainda, é pequena e em
formação; está em um mundo totalmente estranho e mudanças frenéticas ocor-
rem neste ambiente, e como um ser humano em formação, a criança não vê dife-
rença entre ela e os outros seres vivos. É no meio familiar, porém, que receberá a
sua condução de vida e o reconhecimento do ser que é. Os pais devem, portanto,
assumir a responsabilidade pela sua proteção para, assim a criança compreender
o seu papel, neste mundo, e como deve se comportar no meio em que vive.

Figura 1 - Apoio no desenvolvimento da criança

47
Para tanto, a família precisa instaurar um modo de pensar crítico, com sen-
UNIDADE 2

sibilidade e abertura para entender a criança; dar-lhe afeto e confiança; dialogar;


incentivar suas capacidades; compreender suas limitações; auxiliá-la na constru-
ção de seus conhecimentos e respeitar os fundamentos éticos do educar.

pensando juntos

O que você acha do diálogo no meio familiar? Para algumas pessoas, o diálogo é entendi-
do como uma ameaça à autoridade familiar, por dar oportunidade a debates e divergên-
cias de opiniões. Para outros, seria um tempo dedicado para entender o que cada pessoa
pensa sobre determinado assunto.

Para Gomide (2014), a família precisa dialogar entre seus membros, pois mesmo
que a escola, os clubes, os amigos e a televisão influenciem a formação do ser hu-
mano, a promoção da educação, os valores morais e os padrões de conduta, ainda
precisam ser construídos por meio de exemplos e diálogos familiares. Dessen e
Polonia (2007, p. 22) pontuam que


Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família
constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social
e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e
culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem
humana, com significados e práticas culturais próprias que geram
modelos de relação interpessoal e de construção individual e co-
letiva.

Dessa forma, as relações que a família mantém com o seu meio influenciam,
significativamente, a vida da criança. Isto é possível relembrarmos ou, até mesmo,
analisarmos no meio em que vivemos. A maneira como nos comportamos é, em
grande parte, consolidada na educação que obtivemos junto à família. Com isso,
a criança é diretamente influenciada pelo suporte que recebe dela, em sua forma
de pensar e agir.
Outro fator relevante a ser destacado é o que Vigotsky (2007, p. 94) afirma: “o
aprendizado das crianças começa muito antes de elas frequentarem a escola”. Isto
evidencia a responsabilidade da família ao auxiliar a criança na aprendizagem
significativa, mediando este processo de seu desenvolvimento. Montadon (2005,
p. 492) reforça que,
48

De modo geral, os trabalhos que enfocam as influências dos pais

UNICESUMAR
afirmam que suas condutas afetam a personalidade e outras carac-
terísticas dos filhos. Alguns trabalhos, por exemplo, relacionaram
os estilos educativos e o desenvolvimento da criança no plano de
sua personalidade assim como no de suas relações com os outros.

Não estamos, aqui, tirando a responsabilidade que a escola tem em auxiliar o


desenvolvimento cognitivo da criança. Ela pode trabalhar as diferentes vivências
que as crianças possuem no âmbito familiar e, a partir de seus conhecimentos pré-
vios, levarem-nas a vivenciarem, fora do contexto familiar, os aspectos escolares e
sociais. De acordo com Brandão (1982, p. 12),“a educação existe sob tantas formas
e é praticada em situações tão diferentes, que algumas vezes parece ser invisível”.
A aprendizagem, assim, ocorre em vários ambientes, e a criança tem a sua
formação desenvolvida em meio a eles. Destes, podemos destacar a educação
familiar e a educação escolar, aos pais cabe a responsabilidade de ensinar aos
filhos valores morais, levá-los a ter comportamentos aceitáveis socialmente, e
à escola cabe a responsabilidade de desenvolver os aspectos relacionados aos
conhecimentos ditos científicos. Portanto,


Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do
indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria
tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre
filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às institui-
ções de ensino que frequentam (TIBA, 1996, p. 111).

Neste contexto, é possível observar a função da família que, ao deixar de cum-


prir o seu papel de transmitir os valores coerentes, transfere aos demais veículos
formativos esse papel. Para Rego (2003), no entanto, a família precisa de outros
espaços para auxiliar a educação dos filhos, e a escola interliga a família às funções
de socialização da criança. Podemos observar isso na influência que ambas têm
na formação do indivíduo. Os pais, por sua vez, não devem achar que a educação
só ocorrerá quando a criança for à escola e deixar para, neste momento, educá-la.
Segundo Gomide (2014), o estabelecimento de regras e limites à criança precisa
ocorrer no seio familiar, de maneira que ela tenha plena compreensão destes
comandos.

49
UNIDADE 2

pensando juntos

O mundo que nós vamos deixar para os nossos filhos depende muito dos filhos que nós
vamos deixar para esse mundo.
(Mário Sérgio Cortella)

Figura 2 - Interação familiar

Dese modo, é preciso levar em consideração que a criança, antes mesmo de fre-
quentar outros ambientes, seja escolar, seja social, toma para si a vivência que
adquire, como os padrões de comportamentos advindos de seus pais, entre eles,
podemos destacar as atitudes e os valores que a criança transmite ao imitá-los,
identificando-se com os familiares. Isto ocorre pelo exemplo dado às crianças,
que adquirem hábitos, sem ao menos terem frequentado os bancos escolares, e
os manifestam em suas relações sociais futuras.

50
2
PROBLEMAS E/OU DIFICULDADES

UNICESUMAR
DE APRENDIZAGENS
e a sua relação com a família

Aprender é um processo que já nascemos propensos a desenvolver, são atividades


cognitivas de processamento de informação. Isto significa que devemos oportu-
nizar a aprendizagem à criança desde muito cedo. O desenvolvimento desta se
inicia ao nascer, e a família é a primeira instituição a promover e a colaborar com
esta formação, segundo Prado (2001, p.13), “a família influencia positivamente
quando transmite afetividade, apoio e solidariedade”. Esta evolução do ensinar
por meio da família fica cada vez mais evidente no desenvolvimento da criança,
em todas as suas fases de vida, na formação de hábitos de leitura, na fala e na
escrita, que se estendem para a vida escolar (LIBÂNEO, 2000).
Procuramos fundamentar o que mencionamos, anteriormente, em nossos
estudos, para resgatar a compreensão da importância do envolvimento dos pais
na vida dos filhos, apontado como um fator de suma importância para o suces-
so no que se refere ao desenvolvimento pleno da criança. Libâneo (2000, p. 22)
salienta que “Educação é o conjunto de ações, processos, influências, estruturas
que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupo na relação
ativa com o ambiente natural e social, num determinado contexto de relações
entre grupos e classes sociais”.
A relação, desse modo, que o ser humano tem com outras pessoas e com o
meio em que vive determinará seu desenvolvimento cognitivo. Antes que a crian-
ça tenha acesso à escola, é no meio familiar que ela encontrará a mediação da
aprendizagem em todas as fases da vida. Mesmo após a inserção escolar, a família
51
é quem deve apoiar seu desenvolvimento, observar as dificuldades e buscar meios
UNIDADE 2

para levar a criança à compreensão ortográfica e à interpretação dos códigos e


leituras apreendidos no meio escolar.


[...] é necessário que haja motivação para estudar e aprender e, bom
relacionamento das crianças com os pais, professores e colegas. Uma
criança com problemas familiares ou que não se interessa em apren-
der a ler e a escrever, poderá vir a apresentar distúrbios de aprendi-
zagem (MORAES, 2004, p.137).

Diante disso, a criança que passa por experiências desmotivadoras em uma das
instituições, anteriormente, mencionadas por Moraes (2004), pode ter um blo-
queio no processo de ensino e aprendizagem escolar. O problema, no entanto,
pode não ser compreendido pelos familiares, levando, ainda, a um pré-julgamen-
to, rotulada como preguiçosa e sem vontade, entre outros termos, utilizados para
descrever as dificuldades da criança em aprender.

pensando juntos

Você sabe que é importante que as crianças tenham espaço para perguntar, tanto na es-
cola quanto em casa. Você não sabe a resposta? Não tem problema. Busque juntamente
com a criança, mostrando que não sabemos tudo.

A criança, tendo espaço para manifestar suas inquietações, conseguirá superar


as curiosidades no meio familiar, se tiver apoio para isso. O diálogo é imprescin-
dível para os pais compreenderem o que se passa com a criança, dentro e fora do
meio familiar, entender as mudanças de comportamento dos seus filhos e, assim,
buscar maneiras corretas no processo de interação e ter paciência para auxiliar
a aprendizagem.
É relevante, também, acompanhar as atividades escolares, brincar, desenhar
com a criança, observar se ela tem alguma dificuldade para desempenhar as ati-
vidades. Caso os pais observem algo que possa evidenciar as dificuldades de
aprendizagem, precisam atentar-se para os relatos do professor em relação ao
desenvolvimento de seu filho. Segundo Cagliari (2000), este profissional pode
auxiliar a família, pois ele, diariamente, acompanha a criança em seu desenvol-
vimento cognitivo, no âmbito escolar.
52
Qualquer que seja a demora da leitura e escrita da criança, tem-se a preocu-

UNICESUMAR
pação dos familiares. A grande ansiedade dos pais é pela escrita alfabética ou a
ortografia de seus filhos, quando isso retarda, devem atentar-se para como se dá
esse processo, pois ambas possuem, como ponto de partida para a representação
das palavras, a observação dos sons da fala. É preciso, porém, observar o desen-
volvimento individual de cada criança, é frequente que ela e, até mesmo, o adulto
se depararem com dúvidas relacionadas à escrita de uma palavra. O apoio dos
pais e professores em mediar as dúvidas de forma construtiva, além de incentivar
a saná-las e não as podar de forma desmotivadora, é importante no processo
de ensino e aprendizagem. Uma forma de auxiliar, portanto, é a utilização de
dicionários e o hábito da leitura os quais os pais podem adotar em seu convívio
familiar (REGO; BUARQUE, 1997).

As várias formas e os diferentes mecanismos para


aprender

A aprendizagem é considerada um processo mútuo por alguns teóricos. Estes de-


fendem que o indivíduo se utiliza de várias formas e diferentes mecanismos para
aprender. É possível observar que, no momento em que a pessoa aprende algo
novo, modifica seu comportamento, levando-o a uma nova maneira de enxergar a
realidade em seu meio, quando isto não ocorre, o indivíduo, independentemente
da idade, sente-se diminuído perante os demais.

53
É preciso ressaltar que, neste processo, as teorias estão ligadas aos estilos de
UNIDADE 2

aprender. Elas emergem da capacidade que as pessoas têm de assimilar e reter


qualquer tipo de informação para chegar ao conhecimento individual. O estilo
de aprendizagem é o meio de a pessoa utilizar sua mente para a aquisição do
conhecimento, e a maneira de se apropriar da aprendizagem é diferente em cada
indivíduo. O estilo de aprendizagem, dessa forma, é a maneira como a pessoa se
comporta no decorrer do aprendizado, e engana-se quem pensa que é aquilo que
o indivíduo aprende.
Nesse sentido, o estilo de aprendizagem do aluno permite a adequação e a pre-
paração para o desenvolvimento do conhecimento, por meio do acesso a diversos
materiais e recursos que podem ser utilizados no processo de ensino para efetivar
a aprendizagem. Segundo Alvarez e Zaidan (2000), os estilos de aprendizagem,
sendo três maneiras de percepção de informações, são:
■ Visual: utiliza-se da visão para obter e reter as informações.
■ Auditivo: utiliza-se da audição para absorver informações.
■ Cinestésico: usa-se os sentidos ligados ao movimento para guardar in-
formações.

Para cada pessoa, em regra, tem-se a predominância de um dos estilos de apren-


dizagem, pode ser observado, porém, que há a predominância e não a totalidade.
Sendo assim, é fundamental conhecê-los para saber qual o estilo predominante,
isso leva o melhor desempenho nos estudos e no auxílio da criança. Em seguida,
portanto, o Quadro 1 especifica os estilos de aprendizagem.

54
VISUAL AUDITIVO CINESTÉSICO

UNICESUMAR
Vendo, é capaz de Fazendo ou exe-
Ouvindo, é “capaz de
fazer uma imagem cutando, sendo
Como você montar” uma história
imediata do que capaz de se guiar
aprende com a informação
está recebendo pela experiência
que está recebendo.
como informação. motora.

Ruídos de fundo. Estímulos confli-


Estímulos visuais
Estímulos auditivos tantes visuais e/
em demasia ou
O que distrai dados rapidamente ou auditivos. Ser
conflitantes. Grande
sua atenção para serem “converti- impedido de se
números de infor-
dos” em informações mover ou de fazer
mações recebidas.
auditivas. algo.

Pessoas que
Os olhos tendem
tendem a olhar
Tende a devanear a ficar fixos quan-
Processa- para baixo quando
quando está pen- do está pensando.
mento de estão pensando.
sando. Pensa em Seus “pensamentos”
informação Seus pensamentos
ritmo rápido. ocorrem em uma ve-
ocorrem em um
locidade moderada.
ritmo mais lento.

Mais focalizado em
Ouve o que está sen-
si, bastante cons-
Como você Verifica sempre o do dito à sua volta e
ciente do clima que
interage com que está acontecen- não parece conscien-
o circunda, não
o ambiente do ao seu redor. te de modificações
parece consciente
no plano visual.
da atividade visual.

Organização
Organiza, dependem
gradual, criativa e
de informações deta-
A percepção é glo- divergente.Não há
lhadas e de instru-
bal, percebe o todo modelos definidos
Estilos de ções passo a passo.
e , se necessário, de- e estatísticos para
organização É orientado pela
compõe em partes a aprendizagem.
linguagem. Repetem
percepção inicial. Chega a conclu-
para si o que devem
sões diferentes da
memorizar.
maioria.

Quadro 1 - Estilos de aprendizagem / Fonte: adaptado de Alvarez e Zaidan (2000, p. 9).

55
O quadro destaca que a pessoa que aprende pelo visual busca, como referência
UNIDADE 2

e associação, as imagens que apresentam cor, tamanho, proporção, beleza e pro-


fundidade. Desse modo, é importante que os pais, ao observarem a dificuldade
da criança em aprender, utilizem de vários meios, como a interação com imagens
que representam o contexto que pretendem ensinar à criança.
Na aprendizagem por meio do auditivo, a criança tem mais facilidade em
prestar atenção ao discurso. Sendo assim, é relevante desenvolver atividades que
reforçam o assunto, com vários exemplos, em atividade prática ou texto de apoio,
utilizando o estilo oral para aplicá-los, já que a atenção da criança se volta para
volume, tonalidade, vocabulário, ruídos, discursos, conversas e discussões obser-
vadas por ela. Diante deste conhecimento, os pais conseguirão auxiliar seu filho
em suas formas de aprender.
O indivíduo cinestésico, por fim, relaciona o que se destaca na prática para
aprender. Ele precisa de atividades teóricas, mas que possa vivenciá-las na prática,
conceituar o conteúdo para assimilar. Esta ação é importante, a família precisa
conhecer seu filho e sua maneira de aprender para conseguir, por meio de ativida-
des que possam contextualizar, na prática, o conteúdo trabalhado na escola, para
chegar ao conhecimento efetivo. Como observamos, caro(a) aluno(a), é preciso
que a família tenha compreensão da maneira como seu filho aprende para auxi-
liá-lo nas atividades escolares.

explorando Ideias

Você sabia que é importante organizar um cantinho na casa, com vários objetos e mate-
riais à disposição das crianças? Isto porque, ao utilizar os objetos, a criança representa o
que está em sua imaginação. Este tempo de criação livre é um excelente combustível para
a curiosidade e um momento riquíssimo para a família interagir e observar o desenvolvi-
mento da criança e sua forma de aprendizagem.
Fonte: as autoras.

Para Fonseca (1995), a aprendizagem só se efetiva quando advém da inquietação


da pessoa em aprender, por meio de estímulo e atividades criativas que respeitam
todos os estilos de aprendizagem. Nesse sentido, podemos perceber a relevância
da família em compreender as maneiras de auxiliar seus filhos nas atividades de
aprendizagem, mediando o ensino e a aprendizagem para que, com o tempo, a
criança tenha autonomia de pensamento e formule seu aprendizado com con-
fiança. Fonseca (1995, p. 127), ainda, reforça:
56

[...] a aprendizagem compreende uma mudança de comportamento

UNICESUMAR
resultante da experiência. Trata-se de uma mudança de compor-
tamento ou de conduta que assume várias características. É uma
resposta modificada, estável e durável, interiorizada e consolidada
no próprio cérebro do indivíduo.

As pessoas processam a aprendizagem de modo e em tempo diferentes. Os


pais, com efeito, não devem comparar um filho com outro em seus modos de
aprendizagem ou na dificuldade. Chabanne (2006, p.12-13) pontua que “‘dificul-
dade’ é um termo que caracteriza momentaneamente o procedimento de uma
pessoa em relação a um objeto. A dificuldade se manifesta quando, em sua tra-
jetória, a pessoa encontra obstáculos”. Esta compreensão é fundamental para a
família não rotular os filhos em um momento quando eles precisam do apoio e
auxílio nos estudos.

A dificuldade de aprendizagem e o âmbito


familiar

A dificuldade de aprendizagem pode ser caracterizada como uma condição


passageira, de ordem neurológica. Ou, ainda, entendida como um conjunto de
distúrbios sistêmicos e parciais da aprendizagem escolar, que surgem como con-
sequência de uma insuficiência funcional de um ou vários sistemas cerebrais
(SANTANA, 2001).
57

[...] o termo dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único
UNIDADE 2

distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar


qualquer área do desempenho acadêmico. Raramente, elas podem
ser atribuídas a uma única causa: muitos aspectos diferentes podem
prejudicar o funcionamento cerebral, e os problemas psicológicos
dessas crianças frequentemente são complicados, até certo pon-
to, por seus ambientes domésticos e escolares. As dificuldades de
aprendizagem podem ser divididas em tipos gerais, mas uma vez
que, com frequência, ocorrem em combinações – e também variam
imensamente em gravidade -, pode ser muito difícil perceber o que
os estudantes agrupados sob esse rótulo têm em comum (SMITH;
STRICK, 2001, p.15).

Todo ser humano possui uma tendência nata para o aprendizado, constituindo
o processo de construção do conhecimento como um processo natural e es-
pontâneo da espécie humana. Quanto isto não acontece, porém, é porque algo
errado ocorreu. A construção do conhecimento, apesar de natural, envolve vários
processos mentais, como emoção, memória, mediação, conhecimentos prévios e
percepção. Nesse sentido, se há algo errado, é preciso que o professor e os fami-
liares estejam atentos aos fatores que influenciam esses processos, como o fator
ambiental, a afetividade, o contexto familiar e social.

pensando juntos

Você acha que a criança internaliza os acontecimentos que ocorrem em casa e os exte-
rioriza na escola?

Com relação aos aspectos afetivos, Smith e Strick (2001) relatam que alguns fa-
tores afetivos e emocionais influencia nas dificuldades de aprendizagem, são eles:
a ansiedade, a instabilidade emocional, a tensão nervosa, a autoestima baixa e
a dependência. Os problemas sociais e ambientais também podem influenciar
nas dificuldades de aprendizagem, eles poderão determinar o grau em que a di-
ficuldade se manifestará. “As condições em casa e na escola, na verdade, podem
fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema verdadeiramente
incapacitante” (SMITH; STRICK, 2001, p. 30).

58
Veja a análise feita na pesquisa com alunos do 4º e 5º ano do Ensino Funda-

UNICESUMAR
mental, com desinteresse no âmbito escolar, e a atuação dos familiares nos seus
estudos (SILVA et al., 2015).

Q26 - Participação da família


19,83%
55,17% Participa
Não participa

25%
Parcialmente

Figura 3 - Gráfico do nível de participação e de apoio da família para a vida escolar dos alunos
Fonte: SILVA et al. (2015).

O resultado da pesquisa mostra que, na questão familiar, a maioria dos alunos


entrevistados afirmam que a família não tem participação no acompanhamento
de suas atividades escolares. Em um número um pouco menor de alunos en-
trevistados, obteve-se que a família acompanha, quando podem, as atividades
relacionadas à vida escolar. E a menor parte dos entrevistados, em torno de 23
alunos de 100, responderam que a família tem acompanhado, com frequência,
sua vida escolar (SILVA et al., 2015).
Como vemos, a família falha na participação da vida das crianças e, principal-
mente, no acompanhamento escolar de seus filhos. Sendo o ambiente familiar um
dos aspectos que possuem um importante papel no processo de aprendizagem
da criança, é o local onde ela encontra o aconchego e pode manifestar suas ver-
dadeiras fraquezas, com incentivo e estímulo, poderá superar as dificuldades en-
contradas, mesmo que tenha problemas de desenvolvimento ou saúde, o que não
acontecerá se o ambiente for desfavorável. Estimulada e acompanhada, porém, a
criança consegue amenizar as dificuldades de aprendizagem, evitar a repetência
e a evasão escolar e, por conseguinte, desviar-se da marginalização social.

59
3
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO
UNIDADE 2

DESEMPENHO
escolar

Iniciamos esta aula com a seguinte reflexão: você concorda que a criança tem
a sua formação desenvolvida em dois ambientes, como a educação familiar e
a educação escolar? Aqui, podemos dizer que aos pais cabe a responsabilidade
de ensinar aos filhos tudo que envolve o comportamento e os valores morais,
necessários em suas relações sociais, à escola, por sua vez, cabe ensinar os conhe-
cimentos científicos. Mas será que é assim mesmo que ocorre o desenvolvimento
da criança? Ou seja, a contemporaneidade traz junto o sucesso pessoal, em que
a felicidade é o marco onde todos querem chegar. Ter uma família e filhos é um
projeto de vida, mas como ocorre a continuidade deste projeto? É preciso que
tenhamos bem claro, em nossos conhecimentos, que este processo familiar é
importantíssimo em uma avaliação psicopedagógica, pois a construção e a con-
tinuidade familiar exercem uma carga tanto positiva como negativa no desen-
volvimento da criança. Isto reflete em seu aprendizado.
Entenderemos, primeiramente, o processo de desenvolvimento e a aprendi-
zagem da criança. Nosso embasamento será na teoria de Piaget, epistemólogo
suíço, um dos mais importantes pensadores do século XX, viveu no período entre
1896 e 1980. Ele é o criador da teoria evolutiva do conhecimento que, por meio
da elaboração e aplicação de testes de inteligência em crianças, observou como
ocorre o processo de estabelecimento das relações entre as partes com o todo.
Para Piaget (2007), a aquisição do aprendizado acontece no momento quando
há um desequilíbrio entre dois processos: o de assimilação e o de acomodação,
60
definindo a acomodação como qualquer modificação ocorrida dentro de uma

UNICESUMAR
estrutura.
Neste sentido, se algum sistema não corresponde às características de um
objeto, ou seja, se há um desequilíbrio, é preciso modificar todo o esquema, a
fim de que o equilíbrio seja restaurado. Neste contexto, Piaget (2007) organiza o
desenvolvimento como um processo de estágios sucessivos, são eles:
Período Faixa etária aproximada

Sensório =motor Do nascimento a 1 ½ e 2 anos.

Pré-operatório De 2 anos a 7 anos.

Operatório concreto De 7 anos a 11 anos.

Operatório formal 11 anos a 15 anos.

Tabela 1 - Fases do desenvolvimento da criança segundo Piaget / Fonte: a autora.

O período sensório motor é o estágio dos reflexos, refere-se aos primeiros dias
de vida até os 2 anos de idade e caracteriza-se pelo conhecimento da realidade,
por meio da exploração motora. Nesta fase, a criança utiliza os órgãos sensoriais
para explorar o mundo à sua volta, por isto, é comum nesta fase, morder jogar e
pegar objetos.


[...] todas as suas ações são construídas a partir de reflexos inatos que vão se
modificando e se diferenciando tornando-se mais complexos e maleáveis.
Dentre as principais aquisições do período sensório motor, destaca-se a
noção do “eu” através do qual a criança diferencia o mundo externo do seu
próprio corpo (PIAGET, 2007, p. 40).

Para Piaget e Inhelder (2003), o bebê, ainda, não apresenta pensamento, e a sua
afetividade não está ligada a representações. Nesse sentido, não sente necessidade
de chamar as pessoas ou pedir certos objetos na ausência destes. Em resumo:
■ Esta fase é caracterizada pelo comportamento motor.
■ A criança não pensa conceitualmente.
■ Há grandes mudanças no decorrer deste período, iniciando com compor-
tamentos que são reflexos e terminando com o desenvolvimento da fala.
■ Inicia o desenvolvimento da afetividade.

61
Um fato importante, neste período, refere-se ao fato de que a criança consegue
UNIDADE 2

compreender a existência de alguns objetos, mesmo que não os veja. Miranda


(2008, p. 27) destaca que


[...] a construção da realidade está subordinada à evolução da inte-
ligência, que nessa etapa é caracterizada pela prática e corresponde
desde os esquemas sensórios-motores mais elementares até o sur-
gimento de esquemas simbólicos ou funções semióticas.

O período pré-operatório, por sua vez, corresponde às atividades que a criança


desenvolve, entre os 2 e os 7 anos de idade, e caracteriza-se pelas representações.
Também chamado de inteligência verbal ou intuitiva, a criança nesta fase, se vê
em meio a um mundo de representações, ou seja, ela utiliza símbolos, imagens,
conceitos ou signos como um substituto da realidade que não está presente. Nesta,
fase, também, há o enriquecimento da linguagem e o início da construção do
raciocínio lógico, uma vez que a criança consegue ver o mundo somente a partir
da sua perspectiva (PIAGET; INHELDER, 2003).
Segundo Oliveira (1997, p. 93),“o início do período ocorre com o aparecimen-
to da função simbólica, que permite o uso das palavras de maneira simbólica, e
termina quando a criança é capaz de organizar seu pensamento mediante opera-
ções concretas”. Coll et al. (2004) apresentam algumas limitações do pensamento
que são comuns nesta fase, a saber:
Limitações do pensamento no estágio pré-operatório

A criança não realiza inferências, a


Aparência perceptiva/traços não
partir de propriedades não observá-
observáveis
veis diretamente.

O foco está em um só ponto de


Centração/descentração vista (o próprio), evitando outras
possíveis dimensões.

Não faz relação dos estados iniciais


Estados/transformações
e finais de um processo.

Não refaz, mentalmente, o processo


Irreversibilidade/reversibilidade
seguido até voltar ao estágio inicial.

62
Limitações do pensamento no estágio pré-operatório

UNICESUMAR
Faz associações imediatas entre as
Raciocínio transdutivo/pensa-
coisas, raciocinando do particular ao
mento lógico
particular.

Quadro 2 - O pensamento da criança no estágio pré-operatório / Fonte: Coll et al. (2004, p. 144).

O período operatório concreto refere-se às atividades que a criança desenvolve


dos 7 aos 11 anos de idade; é caracterizado pelo aparecimento do pensamento
lógico; é o início do pensamento lógico, somente com conteúdo mais simples.
No decorrer do processo, no entanto, a criança desenvolve processos que podem
ser aplicados a problemas reais, ou seja, concretos (PIAGET; INHELDER, 2003).
Neste período, a criança:
■ Consegue resolver problemas com conservação e apresenta argumentos
que justificam a resposta correta.
■ Tomam decisões lógicas.
■ Começa a sair do egocentrismo e apresenta a fala com a finalidade de
comunicação.
■ O raciocínio lógico é aplicado em situações concretas.

Por fim, o período lógico formal corresponde às atividades que a criança-ado-


lescente desenvolve dos 11 aos 15 anos de idade; é caracterizado pelo período
em que o pensamento lógico atinge a sua máxima expressão, ou seja, é aplicado
de forma sistemática e coerente. O jovem ou adulto é capaz de raciocinar sobre
todas as situações, procurando soluções possíveis em situações hipotéticas ou
reais (PIAGET; INHELDER, 2003). Do ponto de vista cognitivo, o jovem ou
adulto possui:
■ Capacidade de realizar raciocínio lógico com situações hipotéticas e não
somente reais.
■ Busca hipóteses para explicar fatos observados.
■ Pensa sobre os seus pensamentos e sentimentos como se fossem objetos.
■ Raciocina além das observações.

Essas etapas não são preestabelecidas; são, somente, uma média de idade, em
que predominam determinadas construções de pensamento, mas pode ocorrer
antes ou um pouco depois das idades descritas. Os pais podem observar cada
63
uma com características próprias, constituindo determinado tipo de equilíbrio.
UNIDADE 2

Cada etapa do desenvolvimento da criança é importante para compreender os


processos da aprendizagem. Dessa forma, cabe a todos os envolvidos em sua
formação e, entre eles os seus familiares, respeitar o processo de maturação de
cada fase da criança, estimulando e oferecendo atividades que possibilitam o
desenvolvimento cognitivo.

A criança e o meio familiar

Neste momento, traremos questões relacionadas à aprendizagem da criança,


desde o seu nascimento. A família, sem nem mesmo saber, pode tanto auxiliar e
desafiar este processo ou, ainda, retardar e não entender seu real papel no desen-
volvimento da criança. Para tanto, o(a) psicopedagogo(a) deve fazer uma relação
da sua atuação, compreendendo como ocorre/ocorreu o desenvolvimento cogni-
tivo da criança no meio familiar. Para Nogueira (2013, p. 17), o desenvolvimento
e/ou a aprendizagem do ser humano é um processo contínuo e que um depende
do outro:


A aprendizagem é um processo contínuo e dinâmico que ocorre
durante toda a vida do ser humano e é por meio dela que o indiví-
duo se apropria de algo novo, aprenda um novo conhecimento, de
modo que esse conhecimento passa a fazer parte dele. Esse processo
é resultado da interação entre o indivíduo e o meio sociocultural em
que ele vive, ou seja, para que o ser humano aprenda, é necessário
que ele interaja com os outros seres humanos. A partir dessas intera-
ções, ao longo do desenvolvimento da espécie humana, o homem foi
se apropriando de conhecimentos, habilidades, estratégias, valores,
crenças e aptidões.

Para compreender o processo de desenvolvimento da criança no meio familiar,


é preciso fazer um processo investigativo, que envolve não só o psicopedagogo
e a criança, mas vários integrantes desse processo, entre eles, os familiares. Neste
caso, tentamos compreender o desenvolvimento informal, que se dá no espaço
familiar, desde o início do desenvolvimento até o estágio em que se encontra.
Pois, no ventre da mãe, a criança já recebe estímulos importantes para o seu
desenvolvimento.
64
Ao nascer, a criança inicia a sua história de vida. Para isso, terá que vencer os

UNICESUMAR
sonhos e as pretensões que os pais projetam, antes mesmo de seu nascimento.
Alertemos, neste momento, para a atuação do psicopedagogo(a). É de extre-
ma importância a percepção do profissional em uma anamnese, no momento
do relato de vida da criança, observar se os pais não transferem a sua própria
história para a da criança. Andrade (1998, p. 73) pontua que “numa simbiose
normal, até mesmo porque ela aconteceu realmente, os pais podem dizer que a
criança tem algum comportamento por parecer-se com eles”. Caberá, porém, ao
profissional, que acompanha os relatos, apontar a necessidade de diferenciar os
fatos históricos, sempre, que for preciso.
Como podemos perceber, o processo de compreensão do sujeito em sua tota-
lidade exige um árduo trabalho e precisa de um vasto conhecimento teórico-prá-
tico para fundamentar o passo a passo do processo psicopedagógico. Analisar e
avaliar um sujeito são atos desafiadores e complexos, já que cada ser humano é
único. Desse modo, é necessário atentar-se para vários detalhes do processo de
desenvolvimento. No decorrer dos estudos, poderá verificar que existem várias
formas de o psicopedagogo(a) atuar para fazer uma avaliação, como “[...] por
meio de desenhos, da fala do sujeito, da fala dos pais, do relato dos professores,
pelas produções escolares do indivíduo, pela história de vida analisada por meio
de testes diversificados, por meio de atividades lúdicas etc.” (NOGUEIRA, 2013,
p. 53).
Voltamos, agora, para a questão inicial, relacionada à vida da criança no meio
familiar. É necessário compreendermos a amamentação do bebê, não interessa
saber, apenas, se a mãe amamentou seu filho e por quanto tempo, mas como foi
esta experiência. Para isso, é preciso entender como ocorreu o processo. Andrade
(1998, p. 73) traz algumas observações que devem ser feitas:


A mãe tinha leite materno o suficiente para amamentar? Até quanto
tempo amamentou? O que ela teve para dar ao seu bebê, não foi
suficientemente ou bom para ele? Ele se recusava a mamar no peito?
Foi prazeroso amamentar? Foi doloroso?

São alguns questionamentos relevantes para compreender como se deu os mo-


mentos de convivência durante a amamentação da criança, pois é um dos mo-
mentos de cuidados recebidos que a criança relacionará e entenderá o que é
afetividade e o que precisa fazer para receber o alimento e a atenção. Para isso, a
65
criança pode chorar, balbuciar ou emitir algum sinal para que os seus familiares
UNIDADE 2

interpretem e venham atender a sua necessidade imediata, demonstrando os


primeiros sinais de aprendizagem e desenvolvimento.

Figura 4 - Criança sendo alimentada

Outro aspecto diz respeito à alimentação sólida, inserida à criança. Andrade


(1998, p. 73) pontua que é preciso entender: “Como foi? Ele gostava de doce
ou salgado? Demorou a iniciar esse tipo de alimentação? Como e por quem foi
alimentado, pela mãe, pai, avós? Era guloso ou lento? Até quando foi alimentado
por alguém?”. Estes detalhes são relevantes compreender, pois os relatos, princi-
palmente, das mães, que em alguns casos, com a desculpa de que a criança “come
muito devagar ou não,“come nada”, alimentam seus filhos, dando comida na boca
até 7, 8 anos de idade ou mais” (ANDRADE, 1998, p. 73). Isso leva a um atraso
no desenvolvimento da criança que refletirá em seus aspectos cógnitos futuros.

pensando juntos

Você pode se perguntar: o que tem a ver a alimentação com a aprendizagem da criança?

A relação entre alimentação e aprendizagem é relevante na análise e interpretação.


Isso se torna um jogo de encaixe, em que os relatos feitos pelos pais auxiliam a
entender o processo de aprendizagem da criança bem como as hipóteses das
prováveis causas do sintoma apresentado pelo paciente. A partir dos relatos feitos
66
pelos pais e pela criança, o psicopedagogo conseguirá, pelos episódios da história,

UNICESUMAR
compreender como os pais assumiram os papéis de “ensinantes” e como o filho
se relacionou como “aprendente”.
Entre esses aspectos, tem-se como se deu o aprendizado do andar, um proces-
so de bastante euforia familiar, na expectativa para que a criança dê os primeiros
passos. Essa atitude é imprescindível para o fortalecimento muscular e contro-
le progressivo dos passos, da cabeça e de independência de ir e vir da criança,
necessário até que ocorra a independência do amparo familiar. É o momento
de observar como se deu o apoio à criança para esse desenvolvimento, como a
mãe permitiu a ela se afastar, oportunizando segurança e levando em direçãoà
autonomia e obediência.
Podemos analisar, portanto, que nos humanizamos por meio do convívio com
outros humanos, isto significa que o auxílio da família, nesse processo, precisa
ocorrer de maneira correta e segura. Outro aspecto, que precisamos compreender
no processo de desenvolvimento da criança, refere-se à ótica da epistemologia
genética que,


[...] tem como foco principal o sujeito epistêmico, ou seja, o sujeito
que constrói conhecimentos. Ao refletir sobre esse processo no de-
correr do desenvolvimento humano, Piaget parte da relação entre
o sujeito e o objeto (meio físico e social), postulando que estes es-
tabelecem contínuas relações entre si, em que um constitui o outro
mutuamente [...]. Na epistemologia genética, Piaget aborda o pro-
cesso de construção do conhecimento pelo sujeito, do nascimento
até a idade adulta (NOGUEIRA, 2013, p. 40).

Desse modo, compreende-se que a criança não entende tudo que ocorre à sua
volta e precisa ser conduzida desde comer até vestir e andar, “ pois ele possui o
aparato biológico para andar sobre os dois pés, mas caso não lhe seja ensinado
ele não o fará” (ANDRADE, 1998, p. 73).

pensando juntos

Você se lembra da famosa história das duas irmãs encontradas na selva, criadas por lo-
bos, que se moviam como os animais? Essa história descreve bem a importância da rela-
ção social na aprendizagem.

67
UNIDADE 2

Figura 5 - Criança sendo incentivada aos desafios

Parece insignificante analisar esse processo, mas o conhecimento construído pela


criança trará significados inconscientes e poderá apresentar inúmeras variações
na vida futura. Para o psicopedagogo, é o momento de compreender “como e
quando, que se deu a compreensão da relação entre ensinante/aprendente esta-
belecida no início da vida dessa criança e que possivelmente estará sendo trans-
ferida para outras situações de aprendizagem” (ANDRADE, 1998, p. 74).
Destacamos, também, a relação dos pais e da criança no controle dos esfínc-
teres. Observar, nos relatos, se foram traumáticos tanto para os pais como para a
criança, ou ocorreu de maneira tranquila e respeitosa. É importante esse proces-
so no desenvolvimento da criança, pois é uma construção de compreensão do
próprio corpo, os “sinais do seu corpo, antecipando sua necessidade o suficiente
para se utilizar adequadamente” (ANDRADE, 1998, p. 75). Controlá-los é mais
uma etapa no desenvolvimento. Esta etapa é seguida de outras mudanças, como
físicas, cognitivas e socioafetivas, e acompanhada de uma maturidade rotulada à
criança, ou seja, ela deixa de ser um bebê e tem condições de usar seus sentidos,
somados aos aprendizados adquiridos até o momento. Para os pais, é mais um
degrau na direção da independência dela.
Como podemos ver, a mãe, o pai ou quem assume o papel de auxiliar o desen-
volvimento dela se possibilitará por reconhecer os limites que tem, seja corporal,
social, seja emocional, entre outros. É preciso determinar regras e conseguir dei-

68
xar claros os motivos de ter que adiar o seu desejo por algo; lidar com a frustração,

UNICESUMAR
sendo um dos aspectos essenciais para qualquer aprendizagem normal.
Outra questão diz respeito à maneira de disseminar o conhecimento no meio
familiar, o valor que é dado e como a criança é inserida e se comporta na inserção
do conhecimento. Em algumas famílias, é possível observar que o conhecimento
não é de acesso a todos os membros, sendo determinado o papel de detentores
do conhecimento a um ou outro da famíli,a e para as crianças, cabe aguardar o
momento escolar para ter acesso. Mas se todos os pais soubessem que:


A inteligência aparece, com efeito, bem antes da linguagem, isto é,
bem antes do pensamento interior que supõe emprego de signos
verbais da linguagem interiorizada. Mas é a inteligência totalmente
prática, que se refere à manipulação dos objetos e que só utiliza, em
lugar de palavras e conceitos, percepções e movimentos, organiza-
dos em “esquemas de ação”. Pegar uma vareta, para puxar um objeto
distante, é assim um ato de inteligência [...] (PIAGET, 2004, p. 18).

Dessa forma, evidencia-se que o desenvolvimento da criança depende de vários


fatores, seja por meio das experiências vivenciadas, de modo particular com a
interação da família, seja do meio sociocultural que caracteriza a concepção do
desenvolvimento da aprendizagem. Quanto mais rica de informações forem essas
interações, melhor será o desenvolvimento da criança. Pois, como bem pontua
Leontiev (1978, p. 267):


Podemos dizer que cada homem aprende a ser um homem. O que
a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta para viver em socie-
dade. É-lhe preciso ainda entrar em relação com os fenômenos do
mundo circundante, através doutros homens, isto é, num processo
de comunicação com eles.

Em virtude desse conceito, podemos entender que a aprendizagem e/ou desen-


volvimento humano é um processo complexo, amplo e dinâmico. E o vínculo
familiar, sem dúvidas, é primordial para o desenvolvimento adequado do ser
humano.

69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 2

Caro(a) aluno(a), como foi possível observar, a importância da parceria com a


família é imprescindível na busca de alternativas que favoreçam a aprendizagem
da criança, no âmbito escolar e familiar. Verificou-se que as mudanças ocorridas
no meio familiar e que vivemos trazem uma reviravolta sem precedentes, favo-
recendo a culpa no trabalho, nas relações, na falta de tempo em atender às reais
necessidades das crianças em seu desenvolvimento.
Por meio dos estudos, verificamos que são vários os desafios no compromisso
de educar. Cada vez mais, é preciso compreender as situações que podem com-
prometer o aprendizado da criança, muitas vezes, o modo de relacionar da família
pode mudar a situação, sem precisar de intervenção de um especialista. Como
vimos, somos uma espécie dependente de outro ser humano, desde o nascer, nesse
contexto, precisamos de cuidados para sobreviver. No entanto os cuidados físicos
não bastam, precisamos, ainda, ser introduzidos em uma organização social;
nutridos pelas mais variadas necessidades e simbolismos, para, assim, sermos
aceitos em um convívio social.
Diante disso, podemos compreender que o primeiro desenvolvimento da
criança se inicia na socialização familiar, a partir dos cuidados e estímulos dados a
ela. Portanto, no próximo estudo, enfatizaremos a intervenção institucional: uma
visão psicopedagógica, sendo este um canal aberto de trocas de ideias, a fim de
favorecer o processo educativo do indivíduo.
Uma parte das famílias, porém, terceirizou o que deveria ser, originalmente,
de responsabilidade familiar, delegando à escola. Esta atitude levou a criança a
perder a sua referência familiar, sem o apoio e o acompanhamento em seu pro-
cesso de criação, dada à velocidade das mudanças sociais que refletem no âmbito
familiar. Por fim, diante do contexto estudado, podemos afirmar que mudar não
é apenas imprescindível, mas inevitável frente à responsabilidade que família,
escola e sociedade têm, e isso deve ser refletido, principalmente, quando se refere
à educação e ao desenvolvimento dos infantes.

70
na prática

1. Como vimos em nossos estudos, a família é o alicerce na vida do ser humano, é a


base da sociedade. Diante disso, precisamos refletir a respeito de como podemos
compreender a família no processo de desenvolvimento e formação da criança.
Analise as afirmativas e assinale a que corresponde à família e à formação da criança.

I - A família é o único meio de desenvolvimento humano.


II - O suporte familiar, na construção mental do ser humano, é o alicerce que auxi-
liará o desempenho e desenvolvimento pleno.
III - As práticas educativas, adotadas pelos familiares, são determinadoras do futuro
da criança.
IV - É no meio familiar que a criança receberá a sua condução de vida e o
reconhecimento do ser que ela é.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Sabemos que é no ambiente familiar que se iniciam o desenvolvimento e a habili-


dade da criança. Diante disso, é relevante que a criança seja estimulada, logo nos
primeiros passos, a fortalecer as funções cognitivas. Pensando nisso, para estimular
a aprendizagem da criança, é preciso compreender o estilo de aprendizagem. Sendo
assim, associe as duas colunas, relacionando os estilos de aprendizagens com suas
respectivas maneiras de percepções.

( ) Usa os seus sentidos ligados ao movimento para


(1) Visual
guardar informações.
( ) A pessoa utiliza a audição para absorver informa-
(2) Auditivo
ções.
( ) Utiliza da visão como forma que obter e reter as
(3) Cinestésico
informações.

71
na prática

A sequência correta desta classificação é:

a) 1, 3 e 2.
b) 1, 2 e 3.
c) 3, 2 e 1.
d) 2, 3 e 1.
e) 3, 1 e 2.

3. Para Gomide (2014), a ___________ precisa ___________ entre seus membros, pois,
mesmo que a escola, os clubes, os amigos e a televisão influenciam a ____________
do ser humano, a promoção da educação, estabelecendo os ____________ e os
_______________________, ainda, precisam ser construídos por meio de exemplos e diá-
logos familiares.

Diante do exposto, na sequência, assinale a alternativa que preencha as lacunas


corretamente.

a) Família, dialogar, formação, valores morais, padrões de conduta.


b) Formação, viagem, relação, direitos, conduta.
c) Vida, família, conduta, padrões, formação.
d) Família, status, formação, padrões, valores morais.
e) Conduta, formação, relação, valores, desenvolvimento.

4. É preciso compreender a importância da parceria entre a família e o processo edu-


cativo da criança, que pode resultar em melhor aproveitamento no desenvolvimento
do intelecto dela. Outro ponto relevante está no estilo de aprendizagem da criança.
Diante do exposto, analise a alternativa correta em relação ao conceito de estilo de
aprendizagem.

a) Estilo de aprendizagem não é o que o indivíduo aprende, mas a maneira como


ele se comporta durante o aprendizado.
b) O que o indivíduo aprende é o que conceitua o estilo de aprendizagem.
c) Estilo de aprendizagem está ligado ao método utilizado pelo professor e não ao
aluno.

72
na prática

d) O aluno pode apresentar dificuldades de aprendizagens e/ou problemas se o


professor e os familiares adotarem os estilos de aprendizagens como meio de
auxiliar no desenvolvimento do aluno.
e) No meio familiar, não há a necessidade de compreender os estilos de
aprendizagens, é um recurso que só o professor precisa entender.

5. Para Strick e Smith (2001), as dificuldades de aprendizagens referem-se não só a um


único problema, existem vários outros problemas que podem afetar qualquer área
de desempenho. Sendo assim, como pode mser caracterizadas as dificuldades de
aprendizagens? Analise as sentenças a seguir.

I - Como uma condição passageira, de ordem neurológica.


II - Como um conjunto de distúrbios sistêmicos e parciais da aprendizagem escolar,
que surgem como consequência de uma insuficiência funcional de um ou vários
sistemas cerebrais.
III - A dificuldade de aprendizagem está, intimamente, ligada à preguiça do aluno.
IV - Dificuldade de aprendizagem é o mesmo que distúrbios de aprendizagens.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

73
aprimore-se

FAMÍLIA

Nas relações familiares, através das experiências do cotidiano, aparecem emoções


diversas: amor, ódio, rivalidade, ciúmes, inclusão, exclusão etc. É através destas ex-
periências que nos constituímos e, ao mesmo tempo, constituímos a nossa família.
Cada um internaliza essa rede de relações de forma própria: real, imaginária e sim-
bólica. Ou seja, ainda que as famílias compartilhem um ponto de vista comum, cada
membro desta família terá sua forma própria de compreender e se relacionar com
ela.
[...].
Os pais têm como função oferecer acolhimento, e, à medida que o bebê vai
saindo do estado de dependência total, também caberá aos pais a função de colocar
limites. O bebê depende dos seus pais para constituir-se e tornar-se pessoa, assim
como os pais dependem do bebê e desta experiência, que os torna diferentes
daqueles que não são pais. Neste percurso, pais e filhos vão aprendendo uns com
os outros a tecer os vínculos desta nova família.
[...].
Cada etapa do desenvolvimento da criança é influenciada pela presença ou au-
sência de uma base segura e pelo vínculo de afetividade e contenção que se esta-
belece entre ela e seus pais. A mãe é quem vai progressivamente apresentando a
realidade ao bebê. Neste período, a criança passa a chupar, se agarrar a uma fraldi-
nha, um cobertor, um pedacinho de pano; se apega a esses objetos e recorre a eles
quando precisa de algum consolo na hora em que ocorre a separação entre ela e
sua mãe. Esses objetos parecem representar meio passo do apego entre a mãe e o
mundo externo. Algumas crianças são tímidas e retraídas, necessitando permane-
cer mais tempo perto de seus pais antes de se sentirem preparadas para enfrentar
o mundo de forma mais independente.
[...].
Outras têm um comportamento mais ativo e se sentem atraídas por todo tipo de
novidade. Esse período caracteriza-se pela aceleração do desenvolvimento afetivo,
intelectual e motor. É uma fase importante no estabelecimento da confiança e no

74
aprimore-se

senso de iniciativa. A criança, no processo de separação e individuação, cada vez


mais reconhece que os pais são pessoas distintas dela. A criança desenvolverá au-
tonomia se puder confiar em pais que a façam sentir-se segura e protegida. A partir
desse sentimento, ela poderá testar novas coisas e aprender como funciona o mun-
do que a rodeia. Ao responder às necessidades da criança que já aprendeu a falar e
caminhar, a função dos pais como protetores sofre uma transformação.
[...].
Eles ensinam seu filho, por meio do diálogo, a encontrar soluções, e isso possibi-
litará à criança começar a lidar com conflitos. Esse novo tipo de vínculo com os pais
constitui o melhor aliado da criança num momento de dor e frustração, porque a
protege do desespero e do colapso emocional. A criança aprende que pode viver
momentos de dificuldades e superá-los. Por meio, do vínculo afetivo com os pais é
possível internalizar a função de apoio, possibilitando que a criança leve isso dentro
de si mesma aonde quer que vá. Na relação entre pais e filhos, evidenciam-se dife-
renças, desacordos e conflitos de interesses, podendo aparecer atitudes desafiado-
ras, gritos e mau humor. A forma como os pais vão viver e lidar com as diferenças e
os conflitos servirá como modelo. A firmeza dos pais fornece à criança a crença em
adultos confiáveis que não a deixarão abandonada aos próprios impulsos.
[...].
A firmeza é também o meio através do qual os pais vão orientando seus filhos
a partir de regras e limites. Contudo, essas experiências são, muitas vezes, difíceis
para os pais, que sofrem ao ter que frustrar seus filhos. Sentem a frustração im-
posta aos filhos como falta de amor, mas, ao contrário, a vivência de frustração,
desde que não excessiva, é fator organizador para as crianças, orienta o mundo e as
relações, e é imprescindível na socialização destas. Pois, “Toda moral consiste num
sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito
que o indivíduo adquire por tais regras” (JM, p. 2).
[...].
E para isso, a criança vai em um primeiro momento aprender os seus diversos
deveres a ela colocados por meio de seus pais e/ou por adultos em geral, tendo
neles um modelo de identificação e muitas vezes de imitação. É com eles que vai

75
aprimore-se

aprendendo a estar no mundo. É fundamental, no entanto, que as famílias possam


progressivamente reconhecer seus membros como sujeitos distintos, favorecendo
sua discriminação, autonomia e independência, atuando no mundo com aquilo que
é próprio e singular de cada um. Para isso, é necessário tolerar as diferenças e acei-
tar o novo que se apresenta em cada nova fase da vida. O mundo vai se ampliando:
pais, irmãos, tios, primos e amigos. O pai e a mãe são importantes e admirados. A
menina brinca de ser como a mamãe, e o menino, de ser como o papai; às vezes, os
papéis se invertem.
Fonte: Nota 10 Primeira Infância ([2020], p.125-129).

76
eu recomendo!

livro

Família e Educação: quatro olhares


Autor: Júlio Groppa Aquino, Rosely Sayão, Sérgio Rizzo, Yves de
La Tailler
Editora: Papirus
Sinopse: desde os anos 60, as transformações da família, aliadas
a características sociais, tais como o individualismo, a primazia
do consumo, a busca da juventude permanente e da felicidade
imediata têm alterado, radicalmente, as relações entre pais e filhos e, consequen-
temente, os modos de educar os mais novos. Transmitir a história, as tradições e
os costumes familiares; construir paulatinamente as virtudes e os princípios caros
ao grupo familiar, entre tantos outros atributos dos pais, são atitudes que vêm,
cada vez mais, perdendo terreno. Estaríamos, assim, formando uma geração de
anônimos, de órfãos de famílias vivas, de pessoas sem lastro? Eis a questão cen-
tral deste livro, fruto de quatro palestras oferecidas no programa Café Filosófico,
sob responsabilidade da CPFL Cultura, destinadas ao tema da educação familiar
na atualidade.
Comentário: orientamos que faça uma leitura, principalmente da página 114 até
a 127. A leitura leva à uma reflexão em relação à educação familiar atual.

filme

O Começo da Vida
Ano: 2016
Sinopse: um dos maiores avanços da neurociência é ter desco-
berto que os bebês são muito mais do que uma carga genética.
O desenvolvimento de todos os seres humanos encontra-se na
combinação da genética com a qualidade das relações que de-
senvolvemos e do ambiente em que estamos inseridos. O Come-
ço da Vida convida todo mundo a ser um agente de mudança na
sociedade: estamos cuidando bem dos primeiros anos de vida, que definem tanto
o presente quanto o futuro da humanidade?
O documentário fala sobre o desenvolvimento infantil, enfatizando a importância
da primeira fase da infância (período composto pelo nascimento até os 6 anos),
como processo transformador da sociedade, além de pautar os avanços da neu-
rociência em relação ao aprendizado.

77
eu recomendo!

conecte-se

No vídeo, a psicopedagoga traz uma reflexão em relação ao papel dos pais na


educação da criança. Nele, é apresentado que a família não é uma extensão da
escola ou vice e versa, e que cada instituição tem especificidades únicas.
https://www.youtube.com/watch?v=pN77OPsXEdw1

78
anotações



































3
INTERVENÇÃO INSTITUCIONAL:
UMA VISÃO
psicopedagógica

PROFESSORAS
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Escola: sistemas que trabalham
com aprendizagem • Como a instituição e os professores lidam com possíveis dificuldades de aprendi-
zagem? • Padrões evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem • Diferentes formas
e caminhos para resolver o mesmo problema escolar.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Problematizar a responsabilidade da escola na formação do ser humano • Refletir como a instituição e
os professores trabalham com as dificuldades de aprendizagem dos alunos • Compreender os padrões
evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem • Compreender as diferentes formas
de resolver as dificuldades no meio escolar.
INTRODUÇÃO

Os grandes pensadores da educação definem o ato de aprender como um


processo que não se restringe à sala de aula. A partir desta ideia, abordare-
mos, no primeiro momento,“Escola: sistemas que trabalham com aprendi-
zagem”, mas não a entenderemos como a única instituição responsável pela
formação educacional. Dessa forma, compreendemos este espaço de ensino
e aprendizagem como “físico” e, para funcionar, necessita dos sujeitos esco-
lares, alunos e professores, que participam, ativamente, na construção da
escola, da cultura escolar e de si mesmos como sujeitos sociais.
No segundo momento, abordaremos como a instituição e os profes-
sores lidam com possíveis dificuldades de aprendizagem. Buscamos com-
preender diferentes formas da instituição e dos professores perceberem
as dificuldades no cotidiano escolar; quais são os fatores que determinam
as dificuldades e como se colocam frente a tal questão, junto aos alunos e
familiares.
Na sequência, compreenderemos os padrões evolutivos normais e pa-
tológicos do processo de aprendizagem, embasados nas teorias da aprendi-
zagem. A construção da aprendizagem deve acontecer de forma gradativa,
adequando-se a cada estágio do desenvolvimento da criança. Assim, as
pessoas envolvidas com o processo de aprendizagem podem oportunizar
situações em que o sujeito participe, ativamente, desse processo, mesmo
que o conhecimento ocorra no meio físico, social ou no seu interior.
Finalizaremos, portanto, discutindo as diferentes formas e caminhos
para resolver o mesmo problema escolar, a partir das teorias das inteligên-
cias múltiplas. Estas defendem que, para um mesmo problema, é preciso ter
várias maneiras de resolver, em se tratando das diversas formas de assimi-
lação do indivíduo. Sendo assim, buscaremos, por meio das inteligências
múltiplas, entender como a escola pode proporcionar e resolver um mesmo
problema, utilizando maneiras diferentes.
1
ESCOLA: SISTEMAS QUE
UNIDADE 3

TRABALHAM
com aprendizagem

Como bem sabemos, é no espaço escolar que obtemos a regularidade da educa-


ção formal. Este é um direito de todo cidadão brasileiro, que deve transcender a
alfabetização e proporcionar a autonomia dos sujeitos, pois, ao observar o que
rege a sociedade, percebemos que não se trata, unicamente, do domínio da grafia.
Ou seja, a condição central para efetiva participação neste mundo não está ligada,
apenas, ao domínio grafocêntrico ou da leitura, mas saber utilizar estes conheci-
mentos para o desenvolvimento social. Trazendo um conceito de educação em
seu sentido mais amplo, Pinto (1994, p. 29) a define como “o processo pelo qual
a sociedade forma seus membros, de acordo com sua imagem e em função de
seus interesses”.
Nesse sentido, a escola constitui-se um dos espaços de compartilhamento e fa-
vorece o vínculo do sujeito com seu direito a uma educação de qualidade, de modo
a levá-lo à aquisição das competências e à promoção da autonomia e cidadania.


A educação é substantiva, altera o ser do homem. A não ser assim
seria apenas adjetivo, mero ornamento da inteligência. O homem
que adquire o saber passa a ver o mundo e a si mesmo deste outro
ponto de vista. Por isso se torna um elemento transformador de seu
mundo (PINTO et al., 2000, p. 55).

82
Para tanto, quando o aluno ingressa pela primeira vez em uma escola, já inicia a

UNICESUMAR
construção de sua autonomia. Não podemos nos esquecer de que o início da vida
escolar é um momento complexo para qualquer idade e, quando nos referimos
à criança, é ainda, mais difícil. Para algumas, é a primeira experiência longe de
sua família e inserção social. Por isso, é preciso que o meio institucional entenda
que a relação com o aluno(a), no momento de adaptação, poderá transcender a
sua relação futura com o ambiente e, consequentemente, com a aprendizagem.
Percebe-se, portanto, que os processos simultâneos de separação da sua famí-
lia e adaptação do aluno à vida escolar levam a um sofrimento emocional. Isso
precisa ser trabalhado pela família e pelos membros da escola para que possam,
juntos, auxiliá-lo na compreensão dos motivos pelos quais precisa frequentar
uma escola.

pensando juntos

Você recorda o início de sua vida escolar? Temos certeza de que, para cada um de nós, a
forma do ingresso na escola foi diferente.

É necessária, portanto, uma visão de acolhimento e afetividade, tanto por parte


dos colaboradores da escola como por parte dos familiares, neste momento de
socialização da criança, pois se trata de uma situação que exige reorganização
mental, experiências de vida, de rotina e de estabelecimento de novos vínculos.
Diante disso, os pais e a escola precisam estabelecer um acordo, pois ir à escola é
uma obrigatoriedade que deve ser cumprida, mas precisam auxiliar na adaptação
do aluno para que isso ocorra com a compreensão de ambas as partes. Segundo
Castro (1996, p. 31), “a mensagem dos estudos piagetianos aponta para o papel da
vida social na elaboração e aperfeiçoamento das estruturas cognitivas, deixando
claro também que onde existem pessoas a afetividade está envolvida”.
No momento de adaptação, o aluno vivencia três aspectos inteiramente novos,
a saber: separar-se de seus familiares, adaptar-se ao novo ambiente escolar e ter
que seguir as exigências do processo educativo. Como podemos ver, não é uma
tarefa fácil, tanto para o aluno como para a escola, pois se trata de uma experiência
que pode gerar traumas. Por isso, as pessoas envolvidas, neste processo, precisam
saber lidar com a situação para amenizar a adaptação do aluno, a fim de que a

83
nova situação de aprendizagem seja influenciada e possa reverter a aversão à
UNIDADE 3

escola, levando-o a desenvolver os aspectos sociais, por meio da sua relação com
os colegas no espaço escolar, e a vencer esta etapa.
Como bem ressalta Alexandre (2010), a necessidade da aprendizagem escolar
é algo que toda pessoa precisa, e é no ambiente escolar que poderá ocorrer a ma-
nifestação da capacidade ou da falta dela no processo de aprendizagem. Diante
destes fatos, o aluno precisa ser motivado, tanto no contexto familiar como no
escolar, para que tenha desejo de frequentar a escola, ambiente propício para a
aprendizagem.
Desse modo, o ambiente escolar precisa se organizar para atender o aluno,
de forma que ele tenha acesso às relações e estabeleça as expectativas em decor-
rência dos conhecimentos e das experiências que terá nesse espaço; desenvolva
a autonomia, o exercício da cooperação, a promoção de experiências lúdicas que
favoreçam a aprendizagem e a construção de novos conhecimentos. Com o passar
do tempo, o aluno estabelece vínculo com a escola e percebe a importância para
a sua vida bem como o acesso à aprendizagem e o desenvolvimento obtido na
escola.

pensando juntos

Para Libâneo (1994), as pessoas estão sempre aprendendo, e de maneiras diferentes.


Será que é preciso diversificar os recursos didáticos, para atender à diversidade de apren-
dizagem existente no mesmo espaço?

Para Stoltz (2012), a escola deve partir do pressuposto de que o desenvolvimento


e a aprendizagem do aluno se consolidarão quando a criança se sentir acolhida,
em um ambiente natural, com clima de disciplina estrita, mas amorosa; que valo-
riza o que possui dentro de si; auxilia em seu desenvolvimento; adapta métodos
de ensino ao nível de desenvolvimento de cada aluno; compreende o que é mais
atrativo naquele momento para a aprendizagem, por meio de atividades com
música, arte, teatro, além de muitos outros recursos de contato com o mundo
que venham estabelecer o vínculo com a aprendizagem.
Ao adentrar na vida escolar, o aluno inicia um novo momento de múltipla
ordenação, primeiramente, relacionado aos espaços, que fazem parte da ordem
social e escolar, e às questões de tempo, sejam elas pessoais, institucionais, indivi-
duais, sejam coletivos, que precisam seguir uma ordem delimitada para controlar

84
o conjunto de pessoas que ocupam o mesmo espaço e necessitam compreender e

UNICESUMAR
respeitar o que ali é estabelecido. Neste sentido, Vigotski (2000, p. 33) concebe o
homem como “uma personalidade social, ou seja, o conjunto de relações sociais,
encarnado no indivíduo (funções psicológicas, construídas pela estrutura social)”.
Pensar no ambiente escolar implica não apenas entendê-lo como um espaço
físico, mas associá-lo às questões sociais, incluindo os alunos e professores, que
presidem a sua elaboração enquanto conhecimento escolarizado e desenvolvi-
mento humano para exercer suas funções sociais.

O espaço escolar

Diante do que vimos, caro(a) aluno(a), os momentos vividos no ambiente esco-


lar podem levar o aluno a ter aversão ao aprendizado, isso dependerá da forma
como ele foi inserido neste contexto. Portanto, um aspecto importante para este
acolhimento ocorrer de maneira eficaz é a organização dos espaços escolares e
dos materiais, estes instrumentos são fundamentais na prática educativa.
Isso implica que, para cada atividade realizada com os(as) alunos(as), é pre-
ciso organização e planejamento, atendendo às necessidades e especificidades do
nível que o aluno(a) se encontra. Para isso, as atividades devem ser adequadas,
organizadas, ter mobiliários adaptados para atender à demanda corretamente e
sala de aula com materiais específicos. Estes elementos são ativos no processo de
ensino e aprendizagem e se constituem como poderosas ferramentas no auxílio
do desenvolvimento humano.
Outro aspecto que pode ser utilizado no ensino e aprendizagem pelo profes-
sor são o jogo, o brinquedo e a brincadeira. Eles são indicadores importantes para
a definição de práticas educativas de qualidade, em vários momentos educacio-
nais, pois o espaço educacional e os recursos didáticos utilizados pelo professor
são instrumentos relevantes para propiciar condições ao desenvolvimento da
aprendizagem do aluno. Desse modo, ao se sentir acolhido pela escola, em ter
um espaço adequado para interagir e vivenciar experiências, o aluno se senteen-
gajado no processo educacional, uma vez que ele se sente parte desse espaço de
formação de conhecimentos.

85
Práticas escolares
UNIDADE 3

Como percebemos, é por meio do contato e da autonomia no ambiente escolar


que o aluno dá continuidade ao desenvolvimento da sua identidade e socializa-
ção. Esse espaço é um campo privilegiado que proporciona experiências educa-
tivas, por trabalhar além da alfabetização, tratando, também, de as relações éticas
e morais.

explorando Ideias

E em se tratando de crianças, entende-se, assim, que o constituir-se sujeito na realidade


social é um processo longo e gradativo, nele a dimensão afetiva das condutas se encon-
tram implícitas, pela mediação das relações de intersubjetividade que a criança estabele-
ce com as pessoas e o mundo, em cada estágio de seu desenvolvimento.
Fonte: Guhur (2009, p. 330).

Rorty (2007, p. 67) propõe o “sentido da identidade pessoal do ser humano”, a


partir de suas diferenças ou por meio de algo ímpar, mas que leva a desenvolver
algo novo e uma nova linguagem. A identidade é pessoal e, por isso, é diferente
uma das outras, pelo fato de que as contingências são particulares e fazem, de
cada um de nós, um eu. Diante disso, é preciso entender que é por meio da nossa
identidade que teremos habilidades em lidar com o mundo, sendo um meio
relevante para nos relacionarmos com a cultura e para alcançarmos os nossos
objetivos sociais. É preciso ressaltar, ainda, que as identidades:


[...] não têm a solidez de uma rocha, não são garantidas para toda
a vida, são bastante negociáveis e revogáveis, e de que as decisões
que o próprio indivíduo toma, os caminhos que percorre, a maneira
como age – e a determinação de se manter firme a tudo isso – são
fatores cruciais tanto para o pertencimento quanto para a identida-
de (BAUMAN, 2005, p.17).

No decorrer da vida escolar, o aluno compreende bem o que é a identidade, ela é


a marca que destacará e diferenciará uma pessoa da outra. Isso, como bem sabe-
mos, caro(a) aluno(a), inicia-se pelo nome de cada indivíduo e segue para outros
aspectos, como as características físicas, a maneira de agir, de pensar e a história
86
pessoal de cada um. É preciso, porém, destacar que a construção da identidade

UNICESUMAR
não ocorre de uma vez, é gradativa e se fortalece nas interações sociais estabele-
cidas no meio familiar, escolar e social.

explorando Ideias

Para a construção da identidade: as relações entre o ser e o meio enriquecem-se, ainda,


pelo fato de o meio não ser constante e porque uma modificação do meio pode levar quer
à supressão, quer à transformação das pessoas que nele manifestam a sua existência.
Fonte: Wallon (1975, p. 65).

O ingresso na escola alargará o universo de desenvolvimento nos aspectos da


identidade dos alunos, pois é um ambiente que possibilita a convivência com
outras pessoas de origens e hábitos culturais diversos, facilitando a formação de
novos conhecimentos pela convivência de diversas realidades que constroem sua
maneira de ser, por meio de comportamentos distintos, observados em outras
pessoas.
O modo como cada um vê a si próprio interliga-se ao modo como é notado
por outras pessoas. Diante disso, os alunos, ao frequentarem a escola, têm acesso a
várias relações com outros e, gradualmente, nota-se e percebe-se os outros como
seres diferentes, levando ao desenvolvimento da sua autonomia (BASTOS, 2003).
A autonomia é a capacidade do indivíduo de se conduzir e tomar decisões
diante do que acredita ser correto. Para isso, leva em consideração as regras e os
valores já construídos ou que estão em construção por meio da sua interação
com outras pessoas. Para que a escola desenvolva uma educação em direção à
autonomia, precisa considerar os alunos como seres que têm vontade própria,
capazes e competentes para arquitetar novos conhecimentos e interferir no meio
em que se relacionam.
Como percebemos, o processo de ensino e aprendizagem no contexto es-
colar passa por muitos aspectos e desencontros, que podem gerar conflitos e
dificuldades de aprendizagem. Isso se deve tanto por omissão da escola como da
família, em não observar todos esses processos que o aluno precisa passar em
seu desenvolvimento. Desse modo, ao se sentir excluído, tem-se o fracasso na
aprendizagem (SILVA, 2008).

87
No ambiente escolar, conforme aponta Sampaio (2010), existe uma diversi-
UNIDADE 3

dade de pessoas, e os modos de aprender se manifestam diferentes de uma para


outra, desenvolvendo, de maneira específica, a sua formação. Assim, é importante
observar e compreender se o aluno aprende com facilidade ou se precisa de inter-
venção no seu desenvolvimento, pois, como vimos no decorrer de nossos estudos,
a identidade é única para cada indivíduo e precisa ser respeitada e construída
adequadamente, pois dela depende a autonomia, que está além do conhecimento
científico. Para isso, a escola precisa aprimorar a sua postura teórico-metodológi-
ca, adequando-a para cada especificidade, de modo a atender toda esta demanda.
Diante disso, consideramos o ambiente escolar como um dos agentes for-
madores da sociedade e, por isso, precisa estar em constante transformação para
atender às necessidades e especificidades de cada sujeito que ingressa na vida
escolar, auxiliando-o em seu processo de aprendizagem.

2
COMO A INSTITUIÇÃO E OS
PROFESSORES
lidam com possíveis
dificuldades de aprendizagem

Como vimos anteriormente, a escola é um espaço que acolhe e auxilia a formação


da identidade dos alunos. Tem-se, então, a preocupação de entender os processos
que cada aluno, dentro de suas especificidades, aprende, e as dificuldades que

88
podem afetar a aprendizagem dele. Estas dificuldades fazem parte dos índices do

UNICESUMAR
fracasso escolar e se apresentam como uma resposta incoerente a uma exigência
ou demanda da instituição e/ou do professor (WEISS, 2000).
Ao fazer uma breve retomada histórica do sistema de ensino, segundo levan-
tamento de Nutti (1996), no Brasil, na década de 80, observa-se que, por volta
de 3 milhões de crianças deixaram de frequentar a escola e 6 milhões tiveram
reprovações em seus estudos, evidenciando o fracasso escolar, que se tornou um
problema social. E, neste mesmo período, por volta de 1988, outros sistemas de
ensino iniciaram mudanças, uma delas foi o ensino por ciclos, eliminando a re-
provação no primeiro ano do Ensino Fundamental, antiga primeira série. Essas
mudanças no sistema educacional brasileiro visavam à organização e melhoria
no ensino, para que, assim, se diminuísse e/ou combatesse a evasão e o fracasso
escolar.
As preocupações com a aprendizagem não param por aqui, atualmente, o
que chama a atenção no ambiente educacional, principalmente nos anos iniciais,
é o crescente encaminhamento de alunos para atendimento especializado, com
queixa de dificuldades de aprendizagem. Nesse crescente número de encaminha-
mentos, no entanto, não se encontra, em sua maioria, distúrbios de aprendizagens
possíveis de serem tratados (WEISS, 2000).

explorando Ideias

Tem-se o caso de três irmãos de 9, 8 e 6 anos que se matricularam juntos, pela primeira
vez, em uma classe de alfabetização de uma escola pública, no mês de março. No mês
seguinte, os três foram encaminhados para diagnóstico em uma clínica comunitária, por-
que não conseguiam prosseguir na alfabetização. A escola nada questionou em relação à
profunda “carência social” dessa família de migrantes que chegava ao Rio de Janeiro, fu-
gindo de outra miséria pior. De imediato, “culpou” os três alunos, alegando que deveriam
ter um problema físico familiar para não aprender. Por meio do diagnóstico, provou-se
a absoluta normalidade dessas crianças e a necessidade de a escola rever sua conduta.
Fonte: Weiss (2000, p.17).

O que podemos verificar, diante disso, é que, talvez, haja a impossibilidade de


a instituição e o professor lidarem com as dificuldades dos alunos no espaço
escolar. Por isso, são impelidos a encaminhar os alunos, pré-diagnosticados por
eles, em suas observações no decorrer das atividades em sala de aula, para um

89
atendimento especializado a alunos com dificuldades em aprender. Para Keiralla
UNIDADE 3

(1994), contudo, as dificuldades podem estar ligadas à didática pedagógica ado-


tada pela escola.
Diante do que estudamos, podemos destacar que os professores e as institui-
ções precisam de auxílio para compreenderem os problemas de aprendizagem
que afetam o desenvolvimento de muitos alunos, na fase escolar. Desse modo,
por meio dos estudos de Fernández (1991), descobrimos as causas de alguns
problemas, como o problema de aprendizagem reativa e o problema de apren-
dizagem sintoma. O primeiro refere-se às ações educativas que não satisfazem
ao processo educacional, com origem na instituição de ensino que não dispõe
da adaptação correta para atender o aluno, e o professor, por sua vez, utiliza-se
de metodologias de ensino que não auxiliam a formação e as especificidades de
todos os alunos. O segundo problema está ligado ao desenvolvimento afetivo e/
ou cognitivo, marcado pela história de vida do aluno, suas interações sociais no
meio familiar, entre outros.
Outro estudo importante sobre tema é o de Paín (1985). Este define as per-
turbações da aprendizagem e destaca duas formas de patologia. A primeira per-
turbação da aprendizagem, apontada pelo autor, é específica do aluno e liga-se a
uma disfunção intelectual que envolve uma alteração no sistema nervoso central.
A outra refere-se a um pequeno desvio na capacidade de aprendizagem, mas sem
ordem orgânica. Diante disso, podemos entender que as perturbações na apren-
dizagem são entendidas como anormalidades, sem escolher o nível cognitivo, e
os problemas de aprendizagem, por sua vez, não permitem o desenvolvimento
adequado do aluno, compreendidos como baixo nível intelectual.

pensando juntos

Será que quando o professor e a instituição de ensino acreditam na capacidade de seu


aluno, mesmo ele apresentando uma dificuldade de aprendizagem, poderão auxiliá-lo na
superação do problema?

Para Sisto (2000), o professor, inicialmente, precisa conhecer o(a) aluno(a), a


maneira pela qual ele(a) aprende, em que fase se encontra, sua personalidade,
os aspectos emocionais, cognitivos e sociais, para, posteriormente, saber qual a
melhor metodologia de ensino a ser aplicada. É preciso entender que cada ser

90
humano tem a sua identidade, história familiar e social, seus modos e costumes

UNICESUMAR
particulares. Nas palavras de Moscovici (1978, p. 26):


[...] a representação social é uma modalidade de conhecimento
particular que tem por função a elaboração de comportamentos
e a comunicação entre os indivíduos. Ela está vinculada a um sis-
tema de valores, de noção e prática que faz com que os indivíduos
se orientem com base nessas formas no meio social em que vivem.

Compreender todos estes fatores requer sensibilidade por parte do professor,


pois, sem considerar todas essas especificidades, tanto de ordem fisiológica, psi-
cológica e pedagógica quanto de outros fatores, o professor pode divergir do seu
papel de educador na formação do aluno. Como se sabe, esses fatores podem
levar o aluno a apresentar ou desenvolver, no ambiente escolar, dificuldades de
aprendizagem, uma vez que cada aluno sente e reage de modo diferente diante de
determinadas situações. Diante disso, é preciso atentar-se, constantemente, para
o papel da educação e a postura do professor frente às dificuldades dos alunos.

pensando juntos

Se você é o psicopedagogo, auxiliando a instituição de ensino e o professor, como os


orientará a perceber o problema de aprendizagem do aluno? E como se posicionar frente
a tal questão?

Piaget (1980) destaca que o aluno, convencido de sua dificuldade, em muitos


casos, não se desenvolve, permanece bloqueado, desacreditando de antemão
das possibilidades de vencer e dando-se por vencido interiormente. É por isso
que se destaca a relevante importância de conhecer as concepções de ensino dos
professores e como devem ser suas ações frente às dificuldades de aprendizagem.
Desse modo, para que a instituição de ensino e os professores atendam, ade-
quadamente, os alunos que apresentam problemas de aprendizagem, é necessário,
primeiramente, entender as interações que auxiliam a formação do conhecimen-
to e o que pode ser feito para facilitar a vida do aluno com problemas e/ou difi-
culdades de aprendizagem. Propiciar iguais condições de acesso ao conhecimento
é um dos meios que pode mudar o quadro de desistências, advindos de alunos

91
sem o real apoio em seus estudos. Sendo assim, o professor e o espaço escolar são
UNIDADE 3

elementos cruciais na intervenção do processo de aprendizagem e desenvolvi-


mento dos alunos. Pensando nisso, é importante analisar, constantemente, como
se dá o aprendizado de cada aluno e quais ações precisam ocorrer em relação aos
estudantes com dificuldades.
Podemos perceber, então, que é relevante a conscientização dos professores,
da escola e dos familiares quanto à forma de expressar o que pensam sobre o
desempenho escolar dos alunos. É preciso que se tenha melhor aprofundamento
nos conhecimentos frente aos problemas ou às dificuldades de aprendizagens,
antes de diagnosticar o aluno e tratá-lo como se não houvesse jeito de evoluir
ou que, para isso, precise da intervenção de especialistas na área, por exemplo, o
psicopedagogo.

3
PADRÕES EVOLUTIVOS NORMAIS
E PATOLÓGICOS
do processo de aprendizagem

Aprender é um fator essencial na vida do ser humano e está relacionado a muitos


aspectos. Seja no ambiente escolar, acadêmico, seja, profissional, a aprendizagem
ocorre como uma maneira de desenvolvimento. Não deve, porém, ser por um
momento da vida, mas acontecer de forma continuada, para que o indivíduo con-
siga acompanhar as mudanças e inovações que ocorrem. Nesse sentido, Libâneo

92
(2013, p. 81) afirma: “qualquer atividade humana praticada no ambiente em que

UNICESUMAR
vivemos pode levar a uma aprendizagem”.
Para alguns teóricos, a aprendizagem é um mecanismo que auxilia a sobrevi-
vência do ser humano, sendo fator de desenvolvimento ontogênico. Têm-se, ain-
da, a aprendizagem e a cultura, que objetivam resolver os problemas que ocorrem
pelas mudanças mais rápidas e menos permanentes. Pode ser entendida como
uma mudança relativamente inalterável no potencial de comportamento, que se
repete em um mesmo organismo. Na definição de Bower e Hilgard (1981, p. 11),


[...] a aprendizagem diz respeito a uma mudança no comportamento
ou no potencial de comportamento relacionada com uma situação
e provocada por repetidas experiências do sujeito nessa situação,
desde que a mudança de comportamento não possa ser explicada
por tendências inatas de resposta, maturação ou estados temporá-
rios do organismo (tais como fadiga, embriaguez, impulsos etc.).

Parece, então, que a motivação propicia a aprendizagem, sendo este o fator fun-
damental para o processo acontecer. Neste contexto, o aluno aprende mesmo
que não tenha professor, livros, metodologia ativa, imersivas, sem escola ou sem
recursos didáticos. Porém se o professor utilizar esses recursos em suas aulas e
não houver motivação, o processo de aprendizagem não acontecerá.
Em relação à motivação, Mouly (1973) explica que motivar é predispor o
indivíduo a um comportamento que ele deseja ter em determinado momento.
Ao trazermos isso para a realidade escolar, motivar pode partir do professor, mas
é o aluno que terá a resposta e o desejo em aprender determinado assunto, em
dar continuidade a esse processo de motivação. Mouly (1973, p. 258-259), assim,
determinou três funções dos motivos, a saber:


Os motivos ativam o organismo. Os motivos levam o indivíduo
a uma atividade, na tentativa de satisfazer suas necessidades. Qual-
quer necessidade gera tensão, desequilíbrio. Os motivos mantêm
o organismo ativo até que a necessidade seja satisfeita e a tensão
desapareça. Os motivos dirigem o comportamento para um ob-
jetivo. Diante de um problema, uma necessidade ou um desequilí-
brio, diversas ações podem apresentar-se como capazes de resolver
o problema, satisfazer a necessidade ou reduzir o desequilíbrio. São

93
os motivos que vão orientar a escolha da ação ou ações mais ade-
UNIDADE 3

quadas para atingir o objetivo. Não basta que o organismo esteja


ativo, é preciso que suas ações sejam orientadas para os objetivos
visados. Na sala de aula, por exemplo, não é suficiente que os alunos
participem de atividades, muitas vezes, dispersas e sem sentido, mas
é necessário que estas sejam eficientes em relação às metas a serem
alcançadas. Os motivos selecionam e acentuam a resposta cor-
reta. As respostas ou comportamentos que conduzem à satisfação
das necessidades serão aprendidos, mantidos e provavelmente re-
petidos quando uma situação semelhante se apresentar novamente.

Desta forma, é importante compreender os mecanismos motivacionais, para im-


plementar estratégias e potencializar o processo de aprendizagem do ser humano
e, como estabelecemos, é por meio da motivação que a aprendizagem ocorre. Para
compreender melhor esse processo de aprendizagem, revisitaremos as contribui-
ções de algumas teorias da área.

conceituando

O que é uma teoria?


Teorias são estudos e maneiras diferentes de ver uma mesma coisa, explicar, observar
e trazer soluções para os problemas. No caso das teorias da aprendizagem, utilizamos
estudiosos que interpretaram, sistematicamente, as maneiras de o indivíduo organizar os
conhecimentos e processar para aprender.
Fonte: as autoras.

Teoria do condicionamento ou comportamental

A teoria comportamental ou behaviorismo embasa-se na teoria evolucionista de


Charles Darwin. Dentre seus grandes estudiosos estão I. P. Pavlov (1849-1936),
John B. Watson (1878-1958) e B. F. Skinner (1904-1990). Nesta teoria, as respostas
ou os comportamentos distinguem-se em dois tipos: comportamento reflexo
ou respondente e comportamento operante.
O comportamento reflexo. entendemos do seguinte modo: é inato, ou seja,
ao nascermos, já sabemos manifestá-lo, e, para isso, não precisamos ter passado
por um processo de aprendizagem. No comportamento reflexo, o estímulo é
compreendido como toda e qualquer causa que possa dar uma resposta à pessoa.

94
Desse modo, o estímulo (S) deverá, sempre, implicar uma resposta (R) e será

UNICESUMAR
representado: S -> R.
O comportamento reflexo é algo natural no ser humano, biológico. Para con-
seguir se proteger e sobreviver, o nosso corpo emite alguns sinais de comporta-
mento que levam à compreensão de outras pessoas de que precisamos de ajuda.
Como exemplo, podemos observar o comportamento de uma criança recém-
-nascida, quando chega próximo ao seio materno (estímulo), sua ação imediata
é sugar (resposta). O comportamento “sugar” não foi ensinado, a criança já sabia.
Outro exemplo de comportamento reflexo é quando alguém bate palmas
próximo aos nossos olhos: nós os fechamos rapidamente, ou quando levamos um
choque na mão, temos a reação imediata de puxar o nosso braço. Essas reações
não foram aprendidas, são reações naturais do corpo para se defender de algo
que o ataca.
O comportamento operante, por sua vez, entendemos como: “compor-
tamento que produz alterações no ambiente e é afetado por essas alterações”
(MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 86). O indivíduo age e concebe uma mudança
no seu meio, esta o influenciará. Um comportamento emitido ou resposta (R)
leva a uma consequência (C), representado por: R -> C. Logo, dependendo do
comportamento, o sujeito terá uma consequência e, dessa maneira, controlará
suas ações para obter benefícios. Por exemplo, se você trabalhar com dedicação
(resposta), poderá ser promovido em seu setor (consequência).

pensando juntos

O que você acha desta teoria? Até que ponto você concorda que a aprendizagem formada
por condicionamento é duradoura no indivíduo?

Vale, neste momento, ressaltar que, ambos os comportamentos, reflexo e ope-


rante, têm aspectos de condicionamento, produzidos conforme o interesse de
quem os controla. Skinner (1972, p. 5) define que “o ensino consiste no arranjo
das contingências de reforço”, em que a aprendizagem acontece por associação
de algumas respostas a um reforço. Nesta visão teórica, para que o indivíduo seja
motivado a emitir certo comportamento, é necessário que esse comportamento
seja reforçado várias vezes até que a pessoa seja condicionada a ele.

95
A aprendizagem, nessa perspectiva, ocorrerá por meio de estímulos exter-
UNIDADE 3

nos que levam a pessoa a agir a partir dos seus comportamentos. Ou, ainda,
uma necessidade que leve a uma ação/resposta/comportamento que satisfaça o
indivíduo. O que satisfaz ou diminui a necessidade serve como um reforço da
resposta, deixando-a mais forte.
Se compararmos esse reforço com o aluno, em sala de aula, podemos notar
que se relaciona à motivação, pois a formação da aprendizagem depende da ma-
neira que os componentes curriculares foram ofertados e associados ao reforço
que preenche certas necessidades do aluno. As recompensas e os reforços são
essenciais no processo de ensino e aprendizagem. Isso se concretiza a partir de
ações mínimas do professor, colegas e outros indivíduos envolvidos na formação
do educando, pode ser um elogio, um gesto de carinho, uma boa nota obtida nas
avaliações e, assim por diante, motivando a dedicação aos estudos. Isso significa
que o aluno emite determinado comportamento devido ao interesse de alcançar
um reforço. Mas segundo Piletti e Rossato (2011, p. 154):


Centrar-se em aprender apenas para conseguir um prêmio pode re-
sultar numa aprendizagem que não irá permanecer, sendo ineficaz,
pois não responde à necessidade de realização pessoal. Quando se
estuda apenas para cumprir uma obrigação, para obter uma nota,
esquece-se muito mais rápido do que quando se estuda a matéria
porque se gosta.

A aprendizagem se torna mecânica e, essencialmente, dependente de uma ação


de estímulos e respostas. Assim, deverá seguir algumas etapas: reconhecer o pro-
blema, discutir o problema, analisar as possibilidades, escolher as possibilidades
e proposição. Depois, o cérebro utilizará a aprendizagem ao compreender pro-
blemas semelhantes a experiências passadas.

Teoria da Gestalt

A teoria da Gestalt, conhecida também como teoria da Forma, segundo Ginger


(1995, p.17),“desenvolve uma perspectiva unificadora do ser humano, integrando,
ao mesmo tempo, as dimensões sensoriais, afetivas, intelectuais, sociais e espiri-
tuais”. Seus principais estudiosos, conforme Ginger (1995), foram Köhler, Koffka,
96
Goldstein, Ehrenfels e Wertheimer. Esta teoria é uma transição entre o behavio-

UNICESUMAR
rismo clássico e o cognitivismo.
Gestalt é um termo alemão sem uma tradução para a língua portuguesa,
utilizado em sua língua original com o desígnio na ação “de dar forma, dar uma
estrutura significante” (GINGER, 1995, p.13). A percepção é o fator principal
desta teoria. A exemplo disso, analisemos a figura a seguir:

Figura 1 - Rapaz representa a teoria da Gestalt

Ao observar a figura, verificamo,s de imediato, o olho torto, e nos incomodamos


com a percepção do detalhe. Em se tratando da mente humana, é normal a busca
de informações que tragam algum significado, tenham sentido e deem a percep-
ção harmônica da totalidade, por isso, algumas vezes, conseguimos enxergar se-
melhanças em alguns objetos sem ser o objeto real, como identificar semelhanças
de imagens nos formatos das nuvens, no céu.
De acordo com a teoria da Gestalt, a totalidade é, sempre, maior que a soma
de suas partes. Ao relacionarmos essa teoria com o processo de aprendizagem,
podemos dizer que um conteúdo específico só pode ser entendido pelo aluno
quando tiver a organização da informação em relação a outras informações.
Se analisarmos nosso dia a dia, perceberemos que, a todo instante, em vários
momentos, nossa mente seleciona focos de atenção e despreza outros. Para isso,
na Gestalt, o que está em foco é entendido como figura, e o que compõe o entor-
97
no do foco é o fundo. A relação entre ambos não é estática, há um revezamento
UNIDADE 3

de posições entre eles, conforme o foco da pessoa. Cabe destacar, aqui, que estes
conceitos são importantes para esta teoria.
Para entender melhor, observe a imagem (Vaso de Rubin). O que você en-
xerga? Dois perfis ou um jarro? Se você enxergar os perfis, está vendo a figura e,
se for o jarro, o fundo.
No processo de aprendizagem, é preciso
considerar a relação entre a figura e o fundo,
sendo nessa transição constante de foco que
ocorre a construção de novas percepções,
descobertas e avanços mentais. Os aspec-
tos relevantes da teoria Gestalt, utilizados
na aprendizagem, são: a percepção, a tota-
lidade harmônica, o todo é sempre maior
que a soma das partes, a existência de uma
relação dinâmica e constante entre figura e
fundo, o aqui-e-agora. Definidas por Scher-
pp (1981, p. 107) como Figura 2 - Vaso de Rubin


[...] autoencontro, autorrealização/autossatisfação, recuperação das
partes perdidas e reprimidas da pessoa, crescimento pessoal, desen-
volvimento potencial humano como um todo, autorresponsabilida-
de, estímulo da consciência e concentração sobre o aqui-e-agora.

O insight, porém, está em evidência para esta teoria, sendo ele responsável pela
aprendizagem. Insight, para Scherpp (1981, p. 259), “é iluminação, ou tomada de
consciência súbita, a partir de uma experiência interna forte”. Isso pode ocorrer
quando buscamos respostas, ou ainda, quando estamos com a mente descansada
e não estamos concentrados na informação em questão, então, de repente, temos
uma ideia, solução para algo ou algum problema. Outro ponto relevante da teoria
é a visão holística e humanista da Gestalt,


[...] é uma forma de devolver ao homem toda sua dignidade, seu
direito ao respeito em todas as suas dimensões: direito de valorizar
seu corpo e suas sensações, satisfazer suas necessidades vitais funda-
mentais, expressar suas emoções, direito de construir sua unicidade,
98
respeitando a especificidade de cada um; direito de desenvolver-se e

UNICESUMAR
realizar-se, sem limitar-se ao ter e ao fazer, de criar seus próprios fins,
de elaborar seus próprios valores individuais, sociais e espirituais
(GINGER, 1995, p. 97).

Como podemos observar, a construção da aprendizagem, nesta perspectiva teó-


rica, leva à análise mais profunda das dimensões e dos objetivos que se almeja,
com o desenvolvimento humano.

Teoria de campo

Na teoria de campo, você observará uma relação com a Gestalt, formulada pelo
psicólogo Lewin (1892-1947), tendo, como base, os estudos sobre os processos
grupais.


Ele é o resultado de uma integração íntima e de certa forma fusão
de individualidades em um todo comum, de tal modo que a meta
e a finalidade do grupo são a vida em comum, objetivos comuns e
um sentimento de pertencimento, com um sentimento de simpatia
e identidade (RIBEIRO, 1994, p. 33).

A teoria de campo defende, em seus estudos, que trabalhar em grupo pode auxi-
liar a aprendizagem, pois a realidade, neste meio, está em constante movimento.
Nesse sentido, um indivíduo influencia o outro, ou seja, subsistemas (indivíduos
que fazem parte do grupo) que também se influenciam mutuamente. Além disso,
a teoria tem três aspectos interligados, definidas por Ribeiro (1994, p. 63), como:

99

[...] o aspecto geográfico é a realidade em si, o psicológico se refere
UNIDADE 3

à significação que determinada realidade tem para os sujeitos, e o


comportamental tem relação com os dois anteriores, o que equivale
dizer que os modos de ser e de estar das pessoas dependem da rea-
lidade onde estão inseridas e dos sentimentos e afetos envolvidos.

Diante disso, é preciso que, ao auxiliar o processo de aprendizagem, compreenda-


-se que o comportamento do aluno é relevante e não pode ser tratado como um
aspecto isolado, pois traz significações psicológicas subjetivas. É necessário, assim,
dispor de acolhimento para conseguir compreender seu comportamento, sem
perder de vista a relação entre comportamento individual e campo. Conforme
a teoria, estas inter-relações são responsáveis pela qualidade da aprendizagem.

explorando Ideias

Simone estava aflita e infeliz no primeiro dia de aula no Jardim de Infância. Ela havia ima-
ginado a escola como uma experiência agradável e excitante, mas, ao invés disso, estava
confusa, deprimida e ansiosa. Durante os primeiros dias, ficou grudada à professora, re-
cusou-se a participar dos jogos e atividades e ficou, a maior parte do tempo, chupando o
dedo, coisa que não fazia desde os três anos. No começo da segunda semana, entretanto,
ela começou a corresponder às sugestões da professora de que poderia gostar de brincar
de casinha com outras meninas, e, depois de alguns dias, estava gostando do Jardim de
Infância como qualquer outra criança.
Fonte: Lindgren (1971, p. 42).

Podemos verificar que o comportamento do ser humano é construído por meio


da percepção do mundo que o rodeia. Esclarece-se, portanto, a importância de se
atentar para a teoria de campo, pois é por meio da atenção que podemos aumen-
tar e, ao mesmo tempo, focalizar os elementos que influenciam a aprendizagem
dos alunos.

A teoria da aprendizagem ou teoria de ensino de


Bruner

A teoria comportamental trata a aprendizagem como dependente do reforço


externo, ou seja, ao receber uma recompensa, a pessoa dá a resposta esperada,
sendo considerado pelo condicionamento, o que leva à aprendizagem do indiví-
duo. Para a teoria Bruner, o que importa são os fatores intrínsecos, racionais do
100
indivíduo. Como ser humano racional, ele decidir o que deseja ou não aprender.

UNICESUMAR
Porém “sem os signos externos, principalmente a linguagem, não seriam possíveis
a internalização e a construção das funções superiores” (RUSSO, 2015, p. 72).
Elaborada, inicialmente, por Dewey (1959) e seguida por Bruner, a teoria
entende a aprendizagem como solução de problemas. Desse modo, concebe
que é por meio da solução dos problemas, no dia a dia, que os seres humanos
se ajustam ao seu ambiente. Assim também deve proceder no ambiente escolar
para ter o pleno desenvolvimento do aluno(a) e melhorar sua capacidade para
resolver problemas do cotidiano (DEWEY, 2011).


[...] que a aprendizagem seja instigada através de problemas ou si-
tuações que procuram de uma forma intencional gerar dúvidas,
desequilíbrios ou perturbações intelectuais. O método “dos proble-
mas” valoriza experiências concretas e problematizadoras, com forte
motivação prática e estímulo cognitivo para possibilitar escolhas e
soluções criativas (PEREIRA et al., 2009, p. 158).

Na teoria,“a aprendizagem deve estar baseada na resolução de problemas” (HENZ;


SANTOS; SIGNOR, 2018, p. 146). Destarte, o aluno, quando tem a convicção de
que precisa entender o componente de Matemática, devido às necessidades em
suas vivências sociais, sentirá prazer em aprender, considerando a sua utilidade.
Defendendo que o indivíduo precisa aprender por ter isso intrínseco, entende-se
que a recompensa será o seu exercício ou aprendizagem.

101

[...] O reforçamento externo pode, sem dúvida, conservar o desem-
UNIDADE 3

penho de uma determinada ação e pode mesmo levar à sua repeti-


ção. Mas ele não nutre o longo curso da aprendizagem pelo qual o
homem constrói lentamente, a seu próprio modo, um modelo útil
do que o mundo é e do que ele pode ser (KLAUSMEIER, 1977, p.
259-260).

Ao considerar mais o desenvolvimento cognitivo do que a personalidade, ou seja,


as ações do indivíduo no seu ambiente e o processo cognitivo de experiências
(TABILE; JACOMETO, 2017), entende-se que o indivíduo aprenderá algo novo
a partir dos conhecimentos prévios. Diante disso, no ambiente escolar, o profes-
sor precisa valorizar os saberes do aluno acerca do assunto que será ensinado,
não pode deixar, porém, de auxiliá-lo até que consiga sistematizar e organizar
os novos conhecimentos, fazendo associações com o seu conhecimento prévio.


Mais do que preparação para a vida, a educação deve ser vida: per-
mitir a cada sujeito, pela comunicação ética com os outros, adquirir
e mobilizar um conjunto de hábitos e atitudes que lhe permitam
viver condignamente (DEWEY, 1988, p. 57).

Para Dewey (1988), o conhecimento não se acaba, é uma habilidade que o ser
humano adquire; leva à integração social, ao crescimento intelectual e à moral dos
seres humanos, no espaço em que se relacionam, envolvendo as questões de modo
racional e emocional, e engloba a sociedade, a educação e o próprio indivíduo. “A
Educação é conseguida com as próprias experiências de vidas inteligentemente.
Simultaneamente vivemos, experimentamos e aprendemos.” (DEWEY,1964, p.
16). É por meio do conhecimento, portanto, que o indivíduo terá consequências,
experiências e crescimentos decorrentes de sua relação e troca com outras pes-
soas, o que lhe ajuda a construir o raciocínio, a experiência e o pensamento crítico.

102
UNICESUMAR
explorando Ideias

Quando a educação é concebida em termos de experiência, uma consideração se des-


taca em relação às demais. Tudo o que possa ser considerado como matéria de estudo,
seja aritmética, história, geografia, seja qualquer uma das ciências naturais, deve derivar
de materiais que, originalmente, pertençam ao escopo da experiência da vida cotidiana.
Nesse aspecto, as propostas educacionais mais atuais se diferenciam radicalmente dos
processos pedagógicos que se iniciam a partir de fatos e verdades que se encontram fora
do âmbito das experiências vivenciadas pelos alunos e que, por isso, enfrentam o proble-
ma de ter que descobrir meios de relacioná-los com tais experiências.
Fonte: Mendonça e Adaid (2018, p. 149).

A aprendizagem coincide com as maneiras que a pessoa resolve os problemas,


por isso, Dewey (1959) entende a necessidade de o sujeito ser capaz de provocar
um tipo de inquirição, esta é o pensamento reflexivo, que se caracteriza “por um
ativo, prolongado e cuidadoso exame de toda crença ou espécie hipotética de
conhecimento” (DEWEY, 1959, p.18). No processo de formação do pensamento,
a pessoa precisa passar por etapas de tratamento, são elas: dúvida, noção de pro-
blema, esclarecimento do problema, seleção da hipótese mais provável, verificar
a hipótese ou refletir, generalização, dar significado à resposta e crer.
A teoria entende, desse modo, que o papel da escola para esse desenvolvi-
mento de resoluções de problemas precisa ser compreendido e trabalhado, res-
peitando as fases de aprendizagens de cada aluno, pois “a tendência a aprender
com a própria vida e a tornar tais condições da vida que todos aprendam com o
processo de viver, é o mais belo produto da eficiência escolar” (DEWEY, 1959, p.
55). Esse processo é uma espécie de rede que ocorre sempre, e cada elemento é
relevante para o próximo passo, propiciando o crescimento e o desenvolvimento
do seu modo de “Aprender a Aprender” (DEWEY, 1959, p. 48).

103
UNIDADE 3

explorando Ideias

“Uma amiga, ao visitar uma escola, recebeu um convite para examinar os alunos de geo-
grafia. Depois de olhar um pouco o livro, perguntou:
- Suponha que você abra um buraco no chão e chegue a uma grande profundidade. Como
seria o fundo do buraco? Seria mais quente ou mais frio que a superfície?
Como ninguém na classe respondeu, a professora disse:
- Eu estou certa de que eles sabem, mas você não perguntou corretamente. Vou experi-
mentar.
Pegou então o livro e perguntou:
- Em que condição está o interior do globo?
Recebeu a imediata resposta de metade da classe:
- O interior do globo está numa condição de fusão ígnea”.
O exemplo mostra a dificuldade dos alunos em responder a primeira indagação, porque
memorizaram, somente, a resposta e não entenderem, realmente, a unidade temática do
componente de geografia.
Fonte: adaptado de Mouly (1973, p. 310).

A mediação entre aprendizagem e desenvolvimento acontece do plano social


para o individual. Os sujeitos mais experientes de uma cultura auxiliam os menos
experientes, o que torna possível a apropriação das significações culturais e a
construção de conhecimentos compartilhados, isso, de fato, é muito importante
para a educação (TABILE; JACOMETO, 2017).

A teoria do desenvolvimento cognitivo

A abordagem psicológica, elaborada por Piaget (1975), entende que o indiví-


duo aprende ao interagir com o meio em que vive, e o professor é o mediador
do processo de aprendizagem. Para Piaget (1975), o comportamento observado
em cada ser humano não é inato, tampouco resultado de condicionamentos. O
comportamento é formado por meio da interação entre o indivíduo e seu meio,
desenvolvendo, assim, a teoria do desenvolvimento da inteligência. Esta teoria
epistemológica se caracterizada como interacionista do desenvolvimento, ou seja,
quanto mais a interação do indivíduo for complexa, mais oportunidade de se
tornar “inteligente” ele terá.
104

[...] o desenvolvimento cognitivo infantil faz-se por estádios [está-

UNICESUMAR
gios] de desenvolvimento, ou seja, a natureza e a forma das apren-
dizagens mudam ao longo do tempo mostrando que cada nova
aprendizagem advém da maturação de uma estrutura anterior e
da “abertura” de uma nova estrutura (CAVACO et al., 2009, p. 3).

Em sua teoria, Piaget (1975) destaca o desenvolvimento da aprendizagem, que


ocorre pelos seguintes estágios: estágio sensório-motor ( entre 0 e 2 anos), mo-
mento quando se iniciam os reflexos neurológicos básicos e a construção prática
de objeto, espaço, causalidade e tempo; (2) pré-operatório (entre 2 e 7,8 anos),
aqui, a criança tem a capacidade de reconhecer objetos, representando-os de
forma simbólica, neste estágio, ela é egocêntrica, pois ainda não consegue ter a
percepção de se colocar no lugar do outro e tudo desperta a curiosidade e deve
ser explicado; (3) operatório-concreto (entre 8 e 11 anos), neste estágio, as noções
de tempo, espaço, velocidade, ordem e causalidade estão definidos pela criança,
conseguindo, assim, representar uma ação (reversibilidade) no sentido inverso,
e, por fim, o estágio (4) operatório-formal (entre 8 e 14 anos), aqui, o desenvol-
vimento cognitivo da criança é elevado, permitindo uma interação total com o
meio em que vive, sendo capaz de ir além da observação da realidade, pensar
logicamente, e na formulação de hipótese (TABILE; JACOMETO, 2017).
Diante disso, é importante compreender as etapas do desenvolvimento para
estudar os processos da aprendizagem. Cabe respeitar o processo de maturação
de cada fase da criança, estimulando e oferecendo atividades que possibilitam
o desenvolvimento cognitivo. Para Piaget (1969), existe um processo para o de-
senvolvimento da aprendizagem, pois quando o indivíduo tem acesso a um novo
conhecimento, ele passa por um momento de desequilíbrio que dá lugar à in-
quietação e leva à necessidade de voltar ao equilíbrio.

105
Esse é um processo que se inicia pela assimilação do elemento novo e, com
UNIDADE 3

a interação, há a incorporação e esquematização das estruturas. Dando início a


mudanças, no modo de ver o elemento, por meio do sujeito, ocorre o processo
de acomodação, que, aos poucos, desenvolve a organização interna, iniciando
a adaptação externa do sujeito e, assim, a internalização ocorre. Neste momen-
to, gera-se um novo desequilíbrio, relacionado por algum fator, como carência,
curiosidade, dúvida, entre outros. Estas são as ideias básicas de Piaget (1969, p.14)
“sobre o desenvolvimento mental e sobre o processo de construção do conheci-
mento, que são adaptação, assimilação e acomodação”.

Equilibração
Necessária para conciliar
os aportes da maturação,
da experiência dos objetos
e da experiência social.

Assimilação
Acomodação
Piaget Tentativa de integrar
Momento da dados da experiência a
ação do objeto esquemas ou estruturas
sobre o sujeito. previamente construídas.

Figura 3 - Piaget e os processos de equilibração, assimilação e acomodação


Fonte: Hennemann (2015, on-line)1.

O movimento é dialético (do movimento constante) e o domínio afetivo acompa-


nha, sempre, o cognitivo (habilidades intelectuais), um processo endógeno. Para
Piaget (1969, p. 38), “a inteligência é adaptação na sua forma mais elevada, isto
é, o desenvolvimento mental, em sua organização progressiva, é uma forma de
adaptação sempre mais precisa à realidade”. Outro aspecto defendido por Piaget
(1980) é de que o ser humano passa por fases de desenvolvimento moral, espe-
cificadas no quadro a seguir:

106
Fases Descrições Correspondência

UNICESUMAR
Ausência de normas. Nes-
ta fase, o indivíduo entende
Egocentrismo infantil,
que tudo que o cerca está em
entre os 2 e, apro-
sua função. Nesse sentido, as
Anomia ximadamente, os 5
normas não são necessárias,
anos de idade da
tendo em mente a ilusão que
criança.
tudo é construído para aten-
der às suas necessidades.

A norma é construída pelo


outro. Nesta fase, o indivíduo
Crianças se mantêm
aceita as regras; segue as con-
no estágio egocêntri-
dutas observadas no outro
co e é uma fase que
Heteronomia que respeita e tem admiração;
perdura até, mais ou
obedece, porém, às normas
menos, entre 9 e 10
por temer a punição. Na au-
anos de idade.
sência da autoridade, ocorre a
desordem, a indisciplina.

Fase que o indivíduo já cumpri


com seus deveres por meio de
sua consciência, necessidade
e significação. Tem construí-
dos os seus princípios éticos
e morais. Aqui, mesmo que
Autonomia haja ausência da autoridade, Consciência moral.
a pessoa continua responsá-
vel, autodisciplinada e justa. E,
também, entende que a res-
ponsabilidade dos seus atos é
proporcional à intenção e não
às consequências do ato.

Quadro 1 - As fases do desenvolvimento por Piaget (1980) / Fonte: as autoras.

Para auxiliar no desenvolvimento da criança com atividades de cooperação;


para que possa conduzir, gradativamente, no longo processo de descentração, e
conseguir passar da heteronomia para a autonomia moral, faz-se necessário

107
um ambiente que possibilite interações com respeito mútuo, afetividade, livre de
UNIDADE 3

egoísmo e orgulho. Mas se a criança conviver em um ambiente hostil, rodeada


por medo, autoritarismo, respeito unilateral, ela tende a se manter na fase
de heteronomia. Diante disso, em um desenvolvimento natural, a criança vai
do egocentrismo inicial, gradualmente, saindo de si mesma, alargando sua forma
de enxergar o mundo e passa a sentir-se parte do todo. Esta evolução humana
ocorre de maneira gradual e, assim, aprende-se a cooperar, a respeitar e a amar
o próximo.

A teoria da aprendizagem significativa

Aprendizagem significativa relaciona-se à teoria cognitiva, que visa descrever


como ocorre o processo da compreensão, transformação, armazenamento e
uso da informação na cognição. A aprendizagem é entendida como significati-
va quando um novo conhecimento leva o aprendente a obter significados, por
meio de ancoragem, em aspectos importantes, encontrados na estrutura cogni-
tiva preexistente do indivíduo, podendo ser conceito, ideia, proposições. Ausubel
(1918-2008) é quem compreendeu esta teoria, defendendo a ideia de que o fator
relevante que influencia o aprendizado é o conceito que o aluno já conhece.
Não-arbitrariedade e substantividade são as características da aprendizagem
significativa. Para Ausubel (1963, p. 58), “a aprendizagem significativa é o meca-
nismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de
ideias e informações representadas em qualquer campo de conhecimento”.


[...] Não-arbitrariedade: significa que o conhecimento significati-
vo se relaciona de maneira não-arbitrária com o conhecimento já
existente na estrutura cognitiva do aluno. E a Substantividade: sig-
nifica que o que é incorporado à estrutura cognitiva é a substância
do novo conhecimento, das novas ideias, não as palavras precisas
usadas para expressá-las. Assim, uma aprendizagem significativa
não pode depender do uso exclusivo de determinados signos em
particular (AUSUBEL, 1963, p. 41).

A partir destas ideias, podemos compreender que a essência da aprendizagem


significativa está no relacionamento não-arbitrário e substantivo de conhecimen-
108
tos relevantes da estrutura do sujeito, ou seja, a pessoa já possui algum conceito

UNICESUMAR
significativo em relação à nova informação para interagir com a mesma. Diante
disso, fica claro que, na perspectiva ausubeliana, o conhecimento existente é a
estrutura cognitiva do aprendiz; é o ponto crucial para a aprendizagem signi-
ficativa e se caracteriza pela interação que ocorre entre conhecimentos prévios
e novos, de maneira acessível e livre. Assim, os novos conhecimentos adquirem
significado para o indivíduo e os conhecimentos prévios se transformam em
novos significados ou em mais estabilidade cognitiva.

A teoria de educação de Novak e os mapas con-


ceituais

Trazemos esta teoria para atender à demanda do novo contexto educacional,


envolvido pela nova era da expansão tecnológica e da informação, em que as
palavras de ordem são aprendizagem significativa, mudança conceitual e a
construção do conhecimento. Neste cenário, os mapas conceituais são recursos
que se utilizam de representações gráficas parecidas com diagramas, que mos-
tram semelhanças entre um conceito e outro, dos mais abrangentes até os menos
inclusivos para o ensino e a aprendizagem; é um recurso didático atraente que
oferece estímulos ao aluno. Em alguns casos, o aluno utiliza como instrumento
facilitador do seu aprendizado, transformando o conteúdo sistematizado em
conteúdo significativo.


Ausubel sustenta o ponto de vista de que cada disciplina acadêmica
tem uma estrutura articulada e hierarquicamente organizada de
conceitos que constitui o sistema de informações dessa disciplina.
[...] Esses conceitos estruturais podem ser identificados e ensinados
ao estudante, constituindo para ele um sistema de processamento
de informações, um verdadeiro mapa intelectual que pode ser usa-
do para analisar o domínio particular da disciplina e nela resolver
problemas (MOREIRA; MASINI, 2006, p. 42).

É preciso destacar que o mapa conceitual possui três elementos importantes para
ser respeitado em seu desenvolvimento: os conceitos, estes referem-se a manter
a regularidade no assunto; as relações, estas são as proposições que possuem
109
dois ou mais conceitos que se ligam por um verbo; e a questão focal, questio-
UNIDADE 3

namento que deve ser respondido no decorrer do mapa conceitual (NOVAK;


GOWIN, 1996).

Mapa conceitual

é composto
de identifica

Conceitos
Relacionamentos
Frases
ligadas

ligam

Figura 4 - Mapa conceitual


Fonte: Silva, Claro e Mendes (2017, p. 227).

Os mapas conceituais não são autoexplicativos. Eles se constituem como uma


metodologia diferente, que sai dos longos textos e dá lugar a uma nova forma edu-
cativa. Eles requerem explicação de quem estiver conduzindo e quais objetivos
quer alcançar com esse recurso. Por meio dos mapas, então, é possível trabalhar
de modo a desenvolver uma aprendizagem significativa.

Conceito relaciona-se Conceito


1 ao 2

Conexão explicativa Proposições:


ou termo de ligação são unidades conceituais
ou unidades semânticas

Figura 5 - Proposições
Fonte: Silva, Claro e Mendes (2017, p. 227).

110
Para tanto, as condições para que desenvolva a aprendizagem é trabalhar com

UNICESUMAR
trocas de significados, sentimentos, pois, para essa teoria, a pessoa só estará mo-
tivada a aprender se estiver, intimamente, relacionada à experiência do evento
educativo. Novak e Gowin (1996) destacam que é preciso considerar o que as
pessoas pensam, sentem e agem, e as teorias de aprendizagem, no que lhe di-
zem respeito, precisam auxiliar a aplicabilidade no processo de aprendizagem;
respeitar as especificidades de cada pessoa e melhorar as formas pelas quais as
pessoas fazem isso.

A teoria interacionista

Tendo como precursor Vygotsky (1998a), a teoria interacionista defende que o


processo de aprendizagem ocorre a partir de níveis de desenvolvimentos reais
e potenciais; este intervalo de níveis foi denominado zona de desenvolvimento
proximal. Esta ideia aproxima-se das etapas do desenvolvimento, observadas por
Piaget (1982), na teoria construtivista.


[...] a aprendizagem não é em si mesma desenvolvimento, mas uma
correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desen-
volvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desen-
volvimento, e esta ativação não poderia produzir-se sem a apren-
dizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento intrinsecamente
necessário e universal para que se desenvolvam na criança essas
características humanas não naturais, mas formadas historicamente
(VYGOTSKY, 1998a, p. 47).

De acordo com Vygotsky (1998a), para gerar aprendizagem efetiva, podemos


contar com o próprio movimento de aprender e acessar conhecimento. Esta é
uma ação que deve ocorrer de fora para dentro, ou seja, do meio social para o
indivíduo. Segundo Vygotsky (1998a), o desenvolvimento precisa da linguagem
para ocorrer. Desse modo, o autor não refuta a ideia de Piaget, mas defende outra
concepção evolutiva do ser humano. Para Piaget (1982), a estruturação do orga-
nismo vem antes do desenvolvimento, na visão de Vygotsky (1998a), é o próprio
processo de aprendizagem que desenvolve as estruturas mentais superiores do

111
indivíduo. O teórico ainda defende o conceito de ZDP, a ideia de formação do
UNIDADE 3

conhecimento no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento poten-


cial, isto é, a ZDP é o espaço existente entre o que o indivíduo já conhece e aquilo
que ele tem potencialidade de aprender.
A teoria sociointeracionista, por sua vez, estuda o pensamento como produto
da história social ou o resultado das atividades do indivíduo e das condições
materiais, conhecidas como cultural e histórica. Vygotsky (1896) defende a apren-
dizagem como aspecto necessário e universal, ligado ao processo de desenvolvi-
mento das funções psicológicas humanas.

Teoria humanista

A teoria humanista compreende que, para analisar a aprendizagem, não é possível


separá-la da vida interior do ser humano. Desse modo, tendo como precursor
Carl Rogers (1986), ela visa à pessoa que aprende. Nesse sentido, a “sugestão ro-
geriana não tem a ver com metodologias, mas sim com as atitudes do professor”
(GOULART, 1999, p. 94).
Em sua essência, Rogers (1986) entendia que uma pessoa teria, dentro de si
mesma, as respostas que precisava ou as mais importantes. A função do professor,
por sua vez, seria de proporcionar maneiras para levar o aluno a encontrar essas
respostas, pois “não pode ocorrer verdadeira aprendizagem a não ser à medida
que o aluno trabalhe sobre problemas que são reais para ele; tal aprendizagem não
pode ser facilitada se quem ensina não for autêntico e sincero” (ROGERS, 1959,
p. 232). Diante disso, a teoria rogeriana defende a ideia de que os alunos apre-
sentarão sucesso na aprendizagem; serão mais assíduos, interessados, motivados
e participativos; apresentarão criatividade e capacidade em resolver problemas
quando os professores respeitarem e proporcionar em um clima humano, de
modo relacional e afetivo, em um espaço que transmita confiança, facilitando a
aprendizagem.


O professor que for capaz de acolher e de aceitar os alunos com ca-
lor, de testemunhar-lhes uma estima sem reserva, e de partilhar com
compreensão e sinceridade os sentimentos de temor, de expectativa
e de desânimo que eles experimentam quando de seu primeiro con-

112
tato com os novos materiais, este professor contribuirá amplamente

UNICESUMAR
para criar as condições de uma aprendizagem autêntica e verdadeira
(ROGERS, 1959, p. 233).

Assim, o professor é o fortalecedor das interações entre os alunos em um ambien-


te acolhedor. Para Rogers (1959), atribui-se ao professor o papel de facilitador da
aprendizagem, ou seja, ele não é o detentor do conhecimento, tampouco o único
a transmiti-lo, mas é quem dará o suporte aos alunos no acesso ao conhecimen-
to, a fim de que tenham condições para aprender como pessoas em processo de
transformação, crescimento e autorrealização. Podemos observar que a proposta
dessa teoria é de que os educandos, ao serem devidamente estimulados, busquem,
de forma ativa, o seu próprio conhecimento e, com isso, tenham consciências de
suas constantes transformações.
Rogers (1959) também propõe que o ensino objetive, desde o início da edu-
cação escolar até o fim da formação educacional do indivíduo, por meio do pro-
fessor como facilitador da aprendizagem, preparar o aluno com dinamicidade,
levando-o a inquietudes, para, assim, construir novos conhecimentos. Isso deve
ocorrer pelo desejo à mudança e à transformação, e não pela tradição, imposição
e rigidez. A facilitação da aprendizagem, para Rogers (1959, p. 105-106),


[...] não repousa em habilidades de ensino do líder, nem de seu saber
em um domínio particular, nem em seu planejamento curricular,
nem no uso que ele faz de recursos audiovisuais. Também não re-
pousa nos materiais programados que ele utiliza, nem em suas aulas,
nem na abundância de livros, apesar de que cada um desses recursos
possa em um certo momento ser importante. Não, uma verdadeira
aprendizagem é condicionada pela presença de certas atitudes po-
sitivas na relação pessoal que se instaura entre aquele que ‘facilita’ a
aprendizagem e aquele que aprende.

A visão de aprendizagem de Rogers (1959) parece atemporal, para ele, o homem


moderno está inserido em um ambiente que se modifica, constantemente, e um
assunto ensinado torna-se, rapidamente, obsoleto. A vida é um processo de mu-
dança, tudo o que vemos e o que somos é questionável e tudo se mistura. Desse
modo, faz-se necessário preparar pessoas capazes de se adaptar às mudanças que

113
ocorrem durante a sua vida, pois, como destaca em seus estudos, a aprendizagem
UNIDADE 3

é contínua. Isso nos leva a entender que não existe uma pessoa detentora de todo
conhecimento capaz de ensinar, unicamente, e outro aprender, mas todos sabem
alguma coisa e todos aprendem alguma coisa com alguém.

explorando Ideias

Veja o que Rogers define sobre a autenticidade:


“Entre as atitudes positivas essenciais, a mais importante é, sem dúvida, o caráter verda-
deiro, ou a autenticidade. O trabalho será tanto mais eficaz quando se tratar de uma pes-
soa sincera e autêntica, que se assume tal como ela é e que estabeleça com o aluno uma
relação verdadeira, sem buscar dissimular a si mesma por trás de uma fachada”
Fonte: adaptado de Rogers (1969, p. 104).

As teorias da aprendizagem são relevantes na compreensão do processo de apren-


dizagem do ser humano. Neste estudo, foi possível verificar que cada teoria enten-
de o processo de aprendizagem de modo diverso. Agora, você pode questionar:
será que todas as pessoas aprendem do mesmo modo, em quantidade e quali-
dade? A aprendizagem ocorre conforme a idade cronológica? A aprendizagem
ocorre de dentro para fora? E assim por diante.

114
4
DIFERENTES FORMAS

UNICESUMAR
E CAMINHOS
para resolver o mesmo
problema escolar

Em relação à aprendizagem e à maneira como uma pessoa utiliza a sua inteligên-


cia, verifica-se que não se trata de um processo simples, por isso, é importante
a compreensão de como ocorre no ser humano. Antunes (1998, p.11) conceitua
a inteligência como “a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na
compreensão das coisas escolhendo o melhor caminho”.
O espaço escolar é o mais visado e concorrido para demonstrar as capa-
cidades e inteligências de cada indivíduo. É na escola que se dá a maior parte
da construção dos conhecimentos, inter-relacionada com a aprendizagem que
ocorre no aluno. Isso não significa, porém, que conhecimento não aconteça em
outros espaços, como social e familiar. O que se observa é que, nas últimas dé-
cadas, a família delega para a escola a socialização primária e todo o cabedal de
conhecimento (prático e afetivo) da criança, na mais tenra idade.
Diante destas mudanças, a escola conta com uma demanda para entender
e, para isso, é preciso, de forma sistemática, assumir a tarefa de formação do
sujeito no aspecto científico, afetivo e social. A escola, dessa forma, não pode
se ater, somente, ao núcleo básico do desenvolvimento cognitivo, mas cuidar
da personalidade, afetividade, sociabilidade do sujeito, em toda a fase escolar, e,
ainda, cumprir com o currículo no decorrer do ano letivo.
Na atual conjuntura, a escola percebe a necessidade de se organizar para que
possa estar apta a corresponder a estas novas expectativas e, para isso, será preciso
adotar outro paradigma educacional. Esta forma de atuar no ambiente escolar
115
requer dos profissionais uma visão ampla o suficiente para atender o sujeito da
UNIDADE 3

aprendizagem, sua família e seus sistemas significativos, sendo, em alguns mo-


mentos, o mediador do processo inter-relacional. A escola não consegue funcio-
nar sozinha, é preciso contar com o auxílio de profissionais de diferentes áreas
que contribuam para uma abordagem multidisciplinar deste complexo desafio
que é educar.
Como vimos em nossos estudos, existem diferenças individuais, observadas
em cada aluno, em salas de aula. Elas influenciam o processo de ensino e apren-
dizagem e, além disso, a maneira que a aprendizagem acontece é diferente para
cada pessoa. É necessário, então, um conjunto de metodologias cognitivas que
visam atender o processo de aprendizagem que, muitas vezes, é singular, pois se
trata de diferentes perfis intelectuais, os quais, ao se relacionarem, constroem
novos conhecimentos.
O que precisamos entender é que a inteligência possui muitas faces e todas
as pessoas conseguem concebê-la de maneira integral (GARDNER, 1995). O
percurso, porém, na compreensão de um mesmo conteúdo, ocorre de forma di-
ferente, por atravessar caminhos distintos em cada indivíduo; como bem defende
Antunes (1998), existem múltiplas inteligências no ser humano.


A descoberta de que a criatura restrita, limitada, pequenina no des-
controle de suas emoções em que a visão da inteligência geral nos
fez crer sofre profundo abalo com os estudos neurológicos recen-
tes e, dessa bagagem científica, surge à descoberta de um novo ser,
estimulável em múltiplas inteligências e pronto para transformar
em suas as habilidades que, anos atrás, apenas apreciava em alguns
(GARDNER, 1995, p. 134).

Como vimos, cada pessoa possui suas especificidades e, por isso, tem estilos de
aprendizagem que são moldados pelos conhecimentos prévios, oriundos de si-
tuações ambientais diversas. Uma nova maneira de atuação no espaço escolar,
logo, faz-se necessária para a criação de um ambiente educacional propício à
aprendizagem de todos os alunos.

116

[...] A explicação do fracasso escolar em termos de distância cultural

UNICESUMAR
entre o aluno e a escola deve, em primeiro lugar, ser construída no
nível mais concreto: por um lado, o da distância entre a cultura que
uma criança particular deve à sua família e, por outro, o currículo
real e as normas de excelência com as quais é confrontada cotidiana-
mente em uma sala de aula particular (PERRENOUD, 2001, p. 131).

Aqui, defendemos que a aprendizagem não depende só dos alunos, mas de uma
ação contínua de análise e intervenções, advindas do professor no decorrer da
sua atuação em sala de aula. Ele pode intervir, por meio da realização das ati-
vidades, e observar o que precisa ser ajustado para atender aos diversos estilos
de aprendizagem em um mesmo espaço. De acordo com Perrenoud (2001, p.
51), “a diferenciação do ensino significa inevitavelmente romper com a forma
de equidade, interessar-se mais por alguns alunos, atendê-los mais, propor-lhes
atividades diferentes, julgá-los de acordo com exigências proporcionais às suas
possibilidades”. O professor, tendo esta preocupação no desenvolvimento das
potencialidades de cada aluno, ajusta a sua didática ao estilo de aprendizagem
dele. Este pode ser um caminho para vencer o fracasso escolar que tanto angustia
o aluno, a comunidade escolar e os familiares. Conforme Weiss (1999, p. 23):


A aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (apren-
dente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a apa-
recer ‘dissociações de campo’ e sabe-se que o sujeito não tem danos
orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na
aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir
sobre o mundo.

Podemos perceber, então, que a aprendizagem não ocorre dissociada da intera-


ção, sozinha, mas depende do meio em que o sujeito vive. Sendo assim, a ajuda
do professor em compreender o nível de aprendizagem que o aluno se encontra
e os conhecimentos prévios sobre determinados conteúdos, é importante para
dar continuidade ao processo de aprendizagem. Freira (1999, p. 35), nesse sen-
tido, destaca que “os alunos não se evadem da escola, a escola é que os expulsa”
por presumirem, algumas vezes, que ela não foi feita para eles. Como podemos
verificar, este momento de escolarização é de muita responsabilidade para todos
os envolvidos, mas é o professor quem poderá tornar o aluno capaz ou incapaz
de continuar em seus estudos.
117
Inteligência múltipla
UNIDADE 3

Gardner (1995) foi uns dos idealizadores do estudo das várias maneiras de in-
teligência existente. Ao analisar os testes de QI e outros testes do gênero que
avaliavam a inteligência do ser humano, ficou inconformado com os resultados
que analisavam, somente, as capacidades lógicas e linguísticas, refutando todas
as outras aptidões humanas. Desse modo, desenvolveu a teoria das inteligências
múltiplas; esta entende que “a mente é instrumento multifacetado, de múltiplos
componentes, que não pode, de qualquer maneira legítima, ser capturada num
simples instrumento estilo lápis e papel” (GARDNER, 1995, p. 65).
O estudioso verificou, também, que a aprendizagem ocorre em grau maior ou
menor no indivíduo e possui inúmeros tipos de inteligência. A teoria das inteli-
gências múltiplas desenvolvida por Gardner (1995) defende que todos os seres
humanos possuem oito tipos de inteligências (linguística, lógico-matemática,
espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista) e
estas inteligências podem se manifestar mais ou menos desenvolvidas, depen-
dendo dos estímulos que a pessoa receber.
A teoria das inteligências múltiplas visa compreender como os indivíduos
aprendem, defendendo a ideia de que uma pessoa pode apresentar mais facilidade
do que outras na resolução de um mesmo fato, no seu dia a dia escolar ou social.
Sendo assim, buscaremos, por meio das inteligências múltiplas, entender como
a escola pode proporcionar e resolver um mesmo problema, utilizando maneiras
diferentes, pois, como vimos, alguns alunos possuem aquisição de conteúdos
e aprende com facilidade; outros têm dificuldades nesse processo. Para tanto,
valemo-nos da definição de Gardner (1995, p. 21):


[...] a inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou
elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente
ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas per-
mite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser
atingido e localizar a solução adequada para esse objetivo.

Dessa maneira, toda pessoa dita normal possui habilidades que estão associadas
a tudo que as cerca, como: “a língua, a cultura, a ideologia, a religião, valores, dife-
rindo no nível da habilidade e na combinação” (GARDNER, 2000, p. 20). Gardner

118
(1994) considera, também, que competências todos os indivíduos as possuem,

UNICESUMAR
mas se manifestam de modos diferentes, pois estão ligadas aos estímulos que
esses indivíduos recebem no ambiente cultural em que se inserem. Essa teoria
foi criada, portanto, para comprovar que existe a pluralidade das capacidades
mentais em aprender.
Assim sendo, a teoria das inteligências múltiplas reúne dois componentes:
(1) os indivíduos, estes são a peça fundamental nesta observação bem como as
suas capacidades de usar várias competências e manifestar diversos domínios de
conhecimento; (2) a sociedade, por meio de oportunidades e valores obtidos neste
meio, estimula o desenvolvimento do indivíduo. Como refere Dantas (2005, p. 3),
“os indivíduos têm diferentes histórias de vida porque interagem com o meio de
maneira diferente, logo, conhecem e aprendem de distintas formas”. Deixamos
claro, então, que cada indivíduo tem potencial próprio e ritmos de aprendizagem
únicos que dependem das oportunidades e estímulos que terá no decorrer de
sua vida.
Podemos entender que a Inteligência Linguística ou Verbal está ligada à
competência e capacidade que a pessoa tem em lidar com a linguagem oral e
escrita, sendo essa uma das inteligências mais exigidas na fase escolar. Inteli-
gência Lógico-Matemática é considerada uma das de maior uso no dia a dia do
ser humano; está na habilidade de raciocínio que a pessoa possui para resolver
problemas matemáticos. Inteligência Espacial é a capacidade que o indivíduo
tem de perceber o mundo visual e espacial. Inteligência Musical é a habilidade
de leitura e composição musical, por meio de tom ou timbre. Inteligência Cines-
tésica/Corporal é a habilidade do uso da motricidade fina ou global, no controle
dos movimentos do corpo, ao manipular determinado objeto. Inteligência In-
terpessoal está na habilidade que a pessoa tem em entender os desejos de outra
pessoa e reagir de acordo com a sua percepção, tendo uma relação adequada
para responder aos diferentes estados de humor, às motivações e aos desejos
das outras pessoas. Inteligência Intrapessoal é a capacidade que cada um tem
em conhecer a si mesmo, compreendendo suas emoções, suas fraquezas e suas
forças. Inteligência Naturalista, por fim, consiste na capacidade de compreender
o ambiente natural, classificar as questões relacionadas à natureza, como plantas,
animais, meio ambiente e seus componentes.
Para que essas inteligências sejam estimuladas, Antunes (2005) apresenta
algumas estratégias, verifique-as no quadro a seguir.

119
UNIDADE 3

Dos 5 aos 8 anos de idade

- Estimule a criança a contar histórias e a


realizar leituras.
- Desenvolva questões com suposições,
por exemplo: o que faremos se chover
hoje?
Inteligência Linguística - Evite respostas monossilábicas, explique
o “porquê” das coisas, mesmo que a crian-
ça não pergunte.
- Estimule-a a escrever as palavras que
sabe. Desenvolva a brincadeira de escre-
ver bilhetes. Realize jogos linguísticos.

- Estimule brincadeiras de jogos matemá-


ticos.
- Faça a criança descobrir como se joga
dominó.
- Traga caixas para casa e coloque objetos,
Inteligência Lógico-Matemática depois pergunte à criança a quantidade
de objetos que cabem em cada caixa.
- Faça com que a criança perceba o que
são horas, pedindo que ela represente,
em dígitos, as horas vistas em um relógio
analógico.

120
- Ensine a criança a recortar revistas.

UNICESUMAR
- Peça à criança para separar cabeças de
corpo e figuras e fazer novas persona-
gens.
- Faça a criança distinguir objetos que
estão “em cima” ou “embaixo”.
- Deixe a criança brincar com jogos es-
Inteligência Espacial tratégicos (xadrez, quebra-cabeças, entre
outros).
- Faça-a contar o seu dia. Amplie a narra-
tiva, fazendo perguntas e estimulando a
comparação entre o dia anterior e o de
hoje.
- Trabalhe com a percepção da lateralida-
de e realize jogos espaciais.

Dos 5 aos 8 anos de idade

- Faça com que a criança participe de


jogos de identificação de sons.
- Faça passeios com a criança com a finali-
Inteligência Musical
dade de ouvir sons naturais.
- Apresente à criança vários tipos de músi-
ca e realize jogos musicais.

- Crie atividades que estimulem a coorde-


nação motora, tais como: correr, saltar,
subir escadas, entre outras.
Inteligência
- Ensinar a criança a utilizar a tesoura.
Cinestésica/Corporal
- Deixe a criança mexer em massa de
modelar.
- Faça a criança dar nós em cordas.

121
- Estimule a criança a nomear os seus
UNIDADE 3

sentimentos, fazendo-a descobrir o signi-


ficado de “alegria”, “tristeza”, “raiva”, entre
outros.
Inteligência Interpessoal e
- Elogie a criança com moderação, faça-a
Intrapessoal
descobrir as coisas nas quais ela é boa.
- Estimule a sua autoestima e ajude-a a
lidar com os seus sentimentos, dando
nome ao que está a sentir.

- Realize com a criança jogos pessoais.


- Organize visitas ao campo e faça com
Inteligência Naturalista
que a criança descubra as diferenças
entre animais e plantas.

Quadro 2 - Estratégias para estimular as Inteligências Múltiplas / Fonte: Antunes (2005, p. 112).

Em suma, quando as Inteligências Múltiplas (IM) são impulsionadas no ser hu-


mano, tanto no ambiente escolar quanto familiar, oportuniza-se o desenvolvi-
mento das habilidades e competências que poderão ser utilizadas, ao longo da sua
vida. Desse modo, é de suma importância analisar o papel da escola, da família
e da sociedade no desenvolvimento do ser humano, pois as IM são capacidades
independentes que possuímos e o desenvolvimento só ocorrerá por meio da
interação com espaços onde estamos inseridos.
Para Gardner (1995), não se pode classificar o desenvolvimento da criança,
achando que o seu desempenho ocorrerá em todas áreas de maneira uniforme.
Segundo o autor, as inteligências passam por escala de desenvolvimento em seus
estádios, como: habilidade de padrão cru ou “inteligência pura”, observado
no primeiro ano de vida. Neste estádio, os bebês iniciam a compreensão de mun-
do que os cercam, é uma etapa em que a criança tem capacidade de receber várias
informações, mas não está apta a manifestá-la. Estádio de sistemas simbólicos
ocorre entre os 2 e 5 anos de idade, em que as inteligências se manifestam por
meio de símbolos. Sistemas de segunda ordem, neste estádio é possível obser-
var, nas crianças, níveis mais organizados de destreza. Realização em campo
específico ocorre na adolescência e segue pela idade adulta, verificando-se as
inteligências pelas ocupações profissionais ou ocupacionais.
Ao analisarmos tudo que estudamos, até aqui, é possível verificar que as ações,
no meio educacional, familiar e social, no auxílio do desenvolvimento humano,
122
ultrapassam o suporte, mas é preciso entender as diferentes possibilidades de

UNICESUMAR
aprendizagem de cada pessoa. De acordo com a IM de Gardner (1994), a escola
precisa possibilitar um ambiente positivo que incentive os alunos a buscar solu-
ções, a explorar possibilidades, a levantar hipóteses, a justificar o seu raciocínio
e a validar as suas conclusões.
Neste sentido, a escola precisa entender todas as possibilidades de desenvol-
vimento do indivíduo e, acima de tudo, compreender que cada pessoa tem capa-
cidade e interesse divergentes. Desse modo, a escola necessita entender que um
mesmo problema deve ser tratado de maneiras diferentes, pois, como Gardner
(1995) supõe, cada pessoa possui interesses e habilidades diferentes, por isso, não
se aprende da mesma maneira.

123
na prática

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), no decorrer dos nossos estudos, buscamos compreender a for-


mação educacional do indivíduo, vinculada às experiências construídas no decor-
rer de sua vida, no ambiente familiar, escolar e social; são legados de informações
disseminados nesta interação, que se manifesta de forma diferente para cada pes-
soa.
Podemos concluir que a relação que a pessoa tem no meio familiar, escolar
e social é fundamental na qualidade das suas aprendizagens, para isso, é preciso
que estes ambientes sejam ricos de informações. O ambiente familiar precisa ser
harmônico e ter diálogos constantes para entender o que ocorre com as pessoas
que convivem neste espaço. A escola, por sua vez, deve vincular-se à família e for-
necer um espaço aberto, cheio de artifícios que atraiam os alunos, a fim de que se
sintam acolhidos e desejem ficar neste ambiente. Esses, portanto, são os espaços
de vivências que representam experiências decisivas na aprendizagem e formação
do indivíduo, por isso, precisam ser ricos de informação.
As pessoas envolvidas no processo de aprendizagem do indivíduo devem in-
teragir com o meio e considerar o plano de desenvolvimento de quem conduz o
ensino e a aprendizagem. Para tanto, os espaços escolar, familiar e social são um
construto oculto que pode auxiliar no processo de desenvolvimento e afetar a vida
dos sujeitos, gerando exclusões e desinteresses. Diante disso, é preciso um olhar
atento por parte dos envolvidos no desenvolvimento do ser humano e, também
conhecimento de como auxiliá-lo nesse processo, para que consiga se desenvolver
de maneira plena e vencer seus limites.

124
na prática

1. Para Weiss (2000), atualmente, o que chama a ______________no ambiente educacional,


principalmente nos anos iniciais, é o crescente ______________________de alunos para
atendimento especializado com queixa de____________ de _______________. O que mais
preocupa nesse crescente número de encaminhamentos é que, na grande maioria,
nas queixas de dificuldades de aprendizagens nos alunos, não são encontrados
___________de aprendizagens que possam ser tratados.

Diante do exposto, na sequência, assinale a alternativa que preencha as lacunas


corretamente.

a) Atenção, encaminhamento, dificuldades, aprendizagem, distúrbios.


b) Dificuldade, número, dislexia, disgrafia, distúrbios.
c) Afetividade, índice, hiperatividade, déficits de atenção, tratamento.
d) Atenção, número, déficits de atenção, dificuldades, distúrbios.
e) Dificuldades, índice, dificuldades, distúrbios, tratamento.

2. Os pais e/ou responsáveis fazem toda a diferença ao acompanhar a educação das


crianças, pois isto interfere, positivamente, na qualidade do ensino. Diante disso,
analise as assertivas que correspondem a algumas recomendações que podem
melhorar a relação ensino e aprendizagem e garantir o sucesso das crianças em
seu desenvolvimento escolar:

I - Acolhimento e afetividade.
II - Auxílio na adaptação.
III - Motivação.
IV - Valorização do que a criança já possui de conhecimentos.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas I e II estão corretas.


b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) I, II, III e IV
e) Nenhuma das alternativas está correta.

125
na prática

3. O comportamento observado em cada ser humano não é inato, tampouco resultado


de condicionamentos. O comportamento é formado por meio da interação entre
o indivíduo e o meio. Ou seja, quanto mais a interação do indivíduo for complexa,
mais oportunidades de se tornar “inteligente” ele terá. Considerando este texto e a
existência de uma relação direta do indivíduo com o meio para que a aprendizagem
ocorra, avalie as afirmações a seguir, em relação ao teórico que afirma isso.

a) Vygotsky (1998a).
b) Rogers (1986).
c) Ausubel (1918-2008).
d) Piaget (1975).
e) Dewey (1959).

4. É importante compreender os mecanismos motivacionais, para implementar

126
aprimore-se

estratégias e potencializar o processo de aprendizagem do ser humano. Conside-


rando as teorias de aprendizagens, associe as duas colunas, relacionando os tipos
de teorias com suas respectivas características.

( ) A aprendizagem ocorre por meio de es-


1. Teoria do condicionamento
tímulos externos que levam a pessoa agir
ou comportamental
por conta de seus comportamentos.

( ) O insight está em evidência para esta


2. Teoria da Gestalt teoria, sendo ele responsável para que a
aprendizagem ocorra.

3. Teoria do desenvolvimento ( ) O indivíduo aprende ao interagir com o


cognitivo meio em que vive.

( ) A pessoa só estará motivada a apren-


4. Teoria de educação de No-
der se estiver intimamente relacionada
vak e os mapas conceituais
com a experiência no evento educativo.

127
aprimore-se

A sequência correta desta classificação é:

a) 1, 3, 4 e 2.
b) 1, 4, 2 e 3.
c) 1, 2, 3 e 4.
d) 4, 2, 3 e 1.
e) 3, 1, 2 e 4.

5. A inteligência possui muitas faces e todas as pessoas conseguem concebê-la de


maneira integral. Os percursos, porém, na compreensão de um mesmo conteúdo é
que são diferentes por atravessar em caminhos distintos em cada indivíduo e, para
Gardner (1995), existem múltiplas inteligências no ser humano. A seguir, consideran-
do a perspectiva das Inteligências Múltiplas, descreva o que são essas inteligências.

128
aprimore-se

“De que modo uma pessoa aprende? Como facilitar aprendizagens de importância?
Quais os pressupostos teóricos envolvidos?” Rogers (1969) traz algumas sugestões
em relação a estas questões, Rogers (1969, p.157-163) e Rogers (1977, p. 159-164):
1. Os seres humanos têm uma potencialidade natural para aprender. As pessoas
são curiosas e têm uma tendência natural e um desejo para descobrir, ampliar o
conhecimento e a experiência. Estas características são facilmente observadas em
disciplinas de ciências que utilizam a aprendizagem através da experimentação
científica. Segundo Moreira (2011, op. cit.), este primeiro princípio “[...] reflete a ca-
racterística básica do enfoque rogeriano à educação: o aluno tem um desejo natural
de aprender, e esta é uma tendência na qual se pode confiar”.
2. A aprendizagem significante ocorre quando a matéria de ensino é percebida
pelo aluno como relevante para seus próprios objetivos. O aluno aprende de forma
mais rápida quando percebe que um determinado conteúdo é relevante para atingir
seus próprios objetivos pessoais (auto realização). Rogers cita neste caso o exemplo
de dois estudantes de um curso de estatística: um deles desenvolvendo um projeto
no qual necessita utilizar o conteúdo de determinada disciplina para esta finalidade,
e outro aluno apenas assistindo às aulas, para obtenção de créditos. Não há dúvida
quanto à diferença na aprendizagem neste exemplo dos dois alunos.
3. A aprendizagem que envolve uma modificação da organização pessoal – na
percepção de si mesmo – é ameaçadora e tende a suscitar resistência. Para a maio-

129
aprimore-se

ria das pessoas, parece que na medida que outros estão certos, elas estão erradas.
Neste caso, a aceitação de valores externos pode ser profundamente ameaçadora
aos valores que a pessoa já tem, nascendo uma resistência a esta aprendizagem.
4. As aprendizagens que ameaçam o eu (self) são mais facilmente percebidas e
assimiladas quando estas ameaças externas são minimizadas. Rogers ilustra este
princípio através do exemplo de um aluno com dificuldade em leitura, e que por
isso, sente-se ameaçado e desajustado perante seus colegas. Quando é forçado a
ler em voz alta na frente de toda turma, quando é ridicularizado, quando recebe
notas baixas, não progride nesta dificuldade. Ao contrário, se este aluno estiver em
um ambiente de apoio e compreensão, sem exposição ridicularizadora, sem avalia-
ção por notas e - ao contrário, fizer sua autoavaliação, estas ameaças externas se
reduzirão a um mínimo, fazendo-o progredir.
5. Quando é pequena a ameaça ao eu, pode-se perceber a experiência de manei-
ra diferenciada. Quando o aluno se sente seguro e não ameaçado, a diferenciação
crescente dos componentes da experiência e a assimilação dos seus significados
pode ser percebida, e a aprendizagem pode prosseguir.
6. Grande parte da aprendizagem ocorre através da ação. Um dos meios mais
eficazes de promover a aprendizagem consiste em colocar o aluno em confronto
experiencial direto com problemas práticos – de natureza social, ética, pessoal ou
filosófica - ou com problemas de pesquisa. Este princípio descrito por Rogers é o
fundamento da metodologia denominada atualmente de aprendizagem baseada na
resolução de problemas, ou simplesmente ABP.
7. A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do
processo de aprendizagem. Quando o aluno escolhe suas próprias direções, des-
cobre seus próprios recursos de aprendizagem, decide seu próprio curso de ação,
ele se torna sujeito ativo deste processo, permitindo inclusive dominar e controlar
de forma autônoma o progresso de seu conhecimento. Este princípio descrito por
Rogers é o fundamento das novas metodologias ativas de aprendizagem.
8. A aprendizagem espontânea que envolve a pessoa do aprendiz como um todo
– sentimentos e intelecto – é mais duradoura e abrangente. Este princípio Rogers
menciona como uma descoberta de sua experiência em psicoterapia, quando a

130
aprimore-se

aprendizagem é mais eficaz se a pessoa se deixa envolver, totalmente, por si mes-


ma. É uma aprendizagem completa, muito mais que cognitiva, mas também afetiva.
9. A independência, a criatividade e a autoconfiança são todas facilitadas quando
a autocrítica e a autoavaliação são privilegiadas, em relação à avaliação realizada
pelos outros. Se o objetivo é tornar o aluno criativo, independente e autoconfiante,
não se deve permitir que as críticas e avaliações negativas de outros ‘sufoquem’
estas metas.

131
aprimore-se

10. A aprendizagem mais útil no mundo moderno é aquela do ‘aprender a apren-


der’, uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si mesmo,
dos processos de mudança. Esta aprendizagem é uma das mais importantes dentro
do contexto científico atual, de crescimento exponencial do conhecimento, onde o
aluno deve estar em um processo de educação permanente e continuada, que de
forma ideal deve estar presente também ao longo de toda a vida profissional desse
indivíduo.
Estes princípios descritos por Rogers se difundiram amplamente no campo edu-
cacional e foram assimilados através de diversas metodologias de ensino e apren-
dizagem, muitas em plena utilização nos dias atuais, incluindo a aprendizagem
centrada no aluno, a aprendizagem baseada em problemas (ABP), a aprendizagem
experiencial, a autoaprendizagem, a educação humanística, a aprendizagem reflexi-
va e as modalidades de aprendizagem ativa. Diversos modelos atuais de ensino por
tutoria também foram desenvolvidos a partir do contexto da aprendizagem centra-
da no aluno e na aprendizagem baseada em problemas, apesar de muitos autores
não mencionarem ou admitirem os pressupostos de Rogers como o referencial teó-
rico destas metodologias.
Fonte: Heim (2012, p. 290).

132
aprimore-se

133
aprimore-se

134
aprimore-se

135
eu recomendo!

livro

Teorias da Aprendizagem: um encontro entre os pensamen-


tos filosóficos, pedagógicos e psicológicos
Autores: Makeliny Oliveira Gomes Nogueira e Daniela Leal
Editora: InterSaberes
Sinopse: a reunião de perspectivas da pedagogia, da psicologia e
da filosofia contribui, enormemente, para o aprofundamento de
discussões científicas que investigam o desenvolvimento huma-
no e os diferentes mecanismos de aprendizagem. Assim, esta obra analisa como
os conhecimentos destas três áreas podem nos ajudar a solucionar os desafios
que encontramos, hoje, nos sistemas educacionais, revelando aspectos funda-
mentais dos processos de ensino-aprendizagem. Junte-se a nós neste estudo e dê
início à sua própria investigação sobre caminhos que possam levar a processos
educacionais mais eficazes e significativos.
Comentário: você pode encontrar o livro na biblioteca virtual da Unicesumar.

filme

Gênio Indomável
Ano: 1997
Sinopse: o jovem Will Hunting, servente de uma universidade, re-
vela-se um gênio em matemática. Com algumas passagens pela
polícia, ele é obrigado a fazer terapia. O tratamento só começa a
dar certo quando ele se identifica com o terapeuta Sean Maguire.
Comentário: neste filme, o protagonista, interpretado por Matt
Damon, é um rapaz com inteligência extraordinária, porém preci-
sa da ajuda de um mentor comprometido em orientá-lo a explorar o seu potencial
infinito.

136
eu recomendo!

conecte-se

Caro(a) aluno(a), sugerimos a leitura do artigo “Facilitar a aprendizagem: ajudar os


alunos a aprender e a pensar”. O texto auxiliará você na compreensão da impor-
tância do desenvolvimento da aprendizagem. É um artigo interessante que expõe
as responsabilidades da escola, da família e do próprio educando na sua maneira
de adquirir conhecimentos.
http://www.scielo.br/pdf/pee/v6n2/v6n2a06.pdf

137
anotações



































anotações



































4
A INSTITUIÇÃO COMO
CO-CONSTRUTORA
da aprendizagem

PROFESSORAS
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campo

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Acolhimento institucional • Moti-
vação, atenção e memorização: mecanismos da aprendizagem • Mediação psicopedagógica.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Analisar a importância do acolhimento • Compreender a relevância da motivação no processo de
aprendizagem • Ampliar os conhecimentos em relação à psicopedagogia e à mediação no processo
de aprendizagem.
INTRODUÇÃO

É com grande satisfação que apresentamos essa unidade do nosso material,


cuidadosamente, pensada e elaborada, para fornecer a você os subsídios
teóricos necessários para o debate das questões candentes da psicopeda-
gogia. No primeiro momento, abordaremos o acolhimento institucional,
pois é preciso compreender como ocorre, no ambiente escolar, o desen-
volvimento cognitivo e emocional do aluno; como se dá as relações entre
professor, alunos e equipe escolar, para, então, o psicopedagogo realizar o
acompanhamento e as orientações precisas para os envolvidos no desen-
volvimento do indivíduo.
Posteriormente, buscaremos a compreensão da relação existente entre
a motivação, atenção e memorização como mecanismos da aprendizagem
do ser humano. Pretendemos, com esta análise, entender como se dá o
processo de aprendizagem e seus motivadores, ou seja, como o indivíduo,
ao ser motivado, consegue ter a atenção e, consequentemente, a memori-
zação ou o armazenamento de informações para externalizar, em forma
de novos conhecimentos.
E, por fim, trataremos da importância da mediação psicopedagógica
para auxiliar o desenvolvimento dos aspectos de déficit de aprendizagem,
nos âmbitos escolar, familiar e social. Nesse contexto, o psicopedagogo é
um profissional importante para diagnosticar, intervir e auxiliar a comu-
nidade no processo de ensino e aprendizagem. Por meio de seus conheci-
mentos, ele disponibiliza as orientações cabíveis, em cada caso, e facilita a
identificação das dificuldades que podem ser amenizadas e até superadas
pelo indivíduo, levando ao desenvolvimento do aprendente e apoio à ins-
tituição e familiares.
Esperamos que, ao longo desse estudo, você possa explorar algumas
ideias, em relação ao desenvolvimento do ser humano e ao papel que a
psicopedagogia desempenha, permitindo empregar um novo olhar sobre
o processo de ensino e aprendizagem, no âmbito institucional.
1
ACOLHIMENTO
UNIDADE 4

INSTITUCIONAL

O que você entende por “acolher”? Vamos encontrar diversos significados, como:
agasalhar, refugiar, resguardar, proteger, apoiar, amparar, entre outros. Quando
atribuímos ao universo escolar, o acolhimento é percebido por meio de ações
pedagógicas, estas auxiliam a integração dos alunos a partir de ações do grêmio
estudantil, de professores, gestores, pais e funcionários.
É importante que as instituições entendam o papel que exercem na vida do
ser humano e em seu desenvolvimento. Elas devem criar espaços e condições para
que os alunos consigam manifestar, por meio do envolvimento de atividades, o
pleno respeito e o acolhimento. Esse é um momento relevante e imprescindível,
em qualquer lugar. Na escola não é diferente, pois ao se sentir acolhido por ela,
o aluno se permite sentir parte integrante desse espaço e grupo. Aqui, é oportuno
mencionar que o acolhimento deve ocorrer a todos e não somente aos alunos,
pois o professor e o funcionário, também precisam se sentir acolhidos para con-
seguir acolher os alunos. Como observamos, então, o acolhimento é importante
e deve partir da equipe gestora, em organizar um momento de interação a todos
os funcionários, professores e estudantes da instituição.
Em se tratando do ingresso da criança na vida escolar, como já vimos, não
é uma tarefa fácil, pois, tanto a criança como os pais e escola sofrem com esse
início. Diante disso, Ladwing, Goi e Souza (2013) destacam que é dever da escola
organizar, de forma saudável, o ingresso da criança na escola e a separação entre

142
os pais, ajudando-a a superar a sensação de insegurança e abandono. Aqui, cabe

UNICESUMAR
bem o acolhimento, sendo ele eficaz para auxiliar a criança a se sentir bem-vin-
da, por meio das relações de afeto que receber no ambiente escolar. Pois, como
bem sabemos e isso Vygotsky (1998b) também afirma, a criança desenvolve-se
socialmente, por meio de suas interações com outras pessoas, construindo o
seu processo de linguagem. Daí a importância do convívio em espaços sociais.
E a escola, por sua vez, é uma fonte importante para esse processo ocorrer. Por
isso, ela precisa ser acolhedora e fazer com que a criança sinta prazer em estar
presente nesse espaço.
Outro aspecto importante para que o acolhimento se efetive no ambiente
escolar está no planejamento, algo necessário, que deve contemplar o que a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) determina para o bom andamento do
currículo de uma escola. Nesse sentido, é importante “traçar um roteiro de como
acontecerá a chegada dos alunos nos primeiros dias, pensar em tempos, espaços,
materiais e atribuições de cada profissional da escola são aspectos fundamentais
para garantir a qualidade da adaptação” (LADWING; GOI; SOUZA, 2013, p. 9).
A escola pode, também, promover reunião com os pais dos alunos, para que
entendam o funcionamento da escola, o Projeto Político Pedagógico (PPP); como
ocorre toda a rotina da instituição; apresentar os espaços e esclarecer as dúvidas
que os pais ou alunos tiverem. De acordo com Brasil (1998), o planejamento
das atividades e da rotina escolar faz parte de um bom e eficaz desenvolvimento
escolar; leva às crianças, diante de seus desejos e necessidades, sentirem-se respei-
tadas e atendidas em suas expectativas e, assim, aprenderem e se desenvolverem.
A afetividade é outro aspecto que no acolhimento contribui para o processo
tanto de adaptação como de permanência da criança no ambiente escolar. Para
isso, os envolvidos precisam compreender a criança, sua emoção, criando um laço
de confiança entre eles. Sobre esse aspecto, Reda e Ujiie (2009) afirmam:


Criar um clima propício de aproximação não é tão simples. É pre-
ciso um olhar cuidadoso e atento para perceber o que aproxima as
crianças. Esse tipo de ação contribui para a consolidação de vínculos
afetivos e de vivência. Nesses casos, o que está em jogo é o exercí-
cio da convivência, são as pequenas ações que fazem prevalecer à
comunhão de uns com os outros, a socialização, enfim a efetivação
do processo de adaptação de sucesso (REDA; UJIIE, 2009, p.10087).

143
Diante disso, é preciso preparar a equipe escolar para suavizar a tensão dos pri-
UNIDADE 4

meiros dias de aula e do processo de adaptação e acomodação da criança, no


decorrer de sua vida escolar, pois a acolhida é algo que deve fazer parte do dia a
dia da instituição. Isso é o que diz Ortiz (2000):


O acolhimento traz em si a dimensão do cotidiano, acolhimento
todo dia na entrada, acolhimento após uma temporada sem vir à
escola, acolhimento quando algum imprevisto acontece e a criança
sai mais tarde, quando as outras já saíram, acolhimento após um
período de doença, acolhimento por que é bom ser bem recebida e
sentir-se importante para alguém (ORTIZ, 2000, p.4).

Como bem afirma a autora, o acolhimento precisa ocorrer todos os dias no am-
biente escolar, para que os alunos e a equipe escolar se sintam parte do processo
de desenvolvimento, seguras, cuidadas, queridas e protegidas, diante do que for e
em qualquer momento da fase escolar. Podemos destacar, ainda, a amorosidade,
sendo ela essencial em todas as relações humanas. Dessa forma, não é diferente
no processo de ensinar e aprender, de quem ensina e a quem se ensina. Sobre esse
tema, Fernandes (2010, p. 38) destaca que:


Freire trabalha com a concretude da produção do sentido e do sentir
amorosidade/amor como uma potencialidade e uma capacidade
humana que remete a uma condição de finalidade existencial ético-
-cultural no mundo e com o mundo. Uma amorosidade partilhada
que proporcione dignidade coletiva e utópicas esperanças em que
a vida é referência para viver com justiça neste mundo. A amorosi-
dade Freireana que percorre toda sua obra e sua vida se materializa
no afeto como compromisso com o outro, que se faz engravidado da
solidariedade e da humildade. Usando o prefixo com, ganha força
a ideia de compromisso que pode significar prometer-se consigo
e com o outro. Educar é amar, e a amorosidade contribui para a
transformação, para o reencantamento do sujeito.

Com isso, podemos notar que é por meio das relações humanizadoras que va-
mos disseminar, deixar marcas enriquecedoras na alma e no coração dos alunos.
Nesse sentido, Trevisol (2008, p. 195) afirma que “[...] o ser humano só mudará
de atitude quando for tocado no seu afeto e no seu mais profundo mistério in-
144
terior”. O ensinar ou aprender, portanto, pode ser uma prática afetiva e reflexiva,

UNICESUMAR
como afirma Morin (2002a, p. 20) “[...] no mundo humano, o desenvolvimento
da inteligência é inseparável do mundo da afetividade”. Marchesi e Martín (2003,
p. 111) complementam ao mencionarem que:


Os sentimentos de afeto entre o professor e seus alunos contribuem
para criar uma atitude positiva em relação à aprendizagem. Os bons
professores procuram comunicar entusiasmo e carinho para seus
alunos. A paciência, a perseverança, o apoio à autoestima dos alunos
e o senso de humor são outras das características apontadas nas
várias intervenções que estão presentes quando existe uma relação
de respeito e empatia com os estudantes.

Desse modo, podemos entender que é por meio das relações afetivas que conse-
guimos uma construção de conhecimento e práticas humanizadoras que deixam
marcas enriquecedoras, jamais esquecidas pelos alunos e pela equipe escolar.
Para tanto, as atividades precisam ocorrer do coletivo, em conjunto, em equipe
para que consiga ganhar amplitude no contexto escolar, na contemporaneidade,
tendo sempre como princípio basilar a humanização. Para Moraes (2004, p. 327),
é hora de:


Esperança em uma educação renovadora e inovadora, libertadora e
criativa, capaz de sinalizar a abertura de novos caminhos, emergên-
cia de novas possibilidades de construção e reconstrução do mundo
e da vida. É tempo de reencantar a educação! E, como humanidade,
é tempo de transcendência, tempo de emergência da civilização da
religação.

A escola é a grande propulsora do desenvolvimento humano, e suas ações refle-


tem, significativamente, na sociedade. Por isso, ela deve contribuir para o desen-
volvimento de sujeitos, cada vez mais, plenos de suas atitudes e responsabilidades.
Por meio da educação, o indivíduo pode atingir a inteireza do ser, desenvolver
todas as suas virtudes, sem potencializar as mazelas e, assim, ter uma vida plena
em uma sociedade contemporânea, que exige pessoas virtuosas em vários aspec-
tos, e um deles é o de saber acolher.

145
2
MOTIVAÇÃO, ATENÇÃO E
UNIDADE 4

MEMORIZAÇÃO:
mecanismo da aprendizagem

A aprendizagem é entendida como um processo dinâmico e interativo das capa-


cidades cognitivas do ser humano, dependente de outros artifícios, como o meio
em que se insere o indivíduo e as maneiras que se relaciona com ele. Em se tratan-
do de crianças, para garantir-lhes o desenvolvimento da aprendizagem, é preciso
valorizar a apropriação de conhecimentos e estratégias adaptativas, a partir de
suas vivências, iniciativas, interesses e estímulos, oriundos do seu meio social.
Para a efetiva aprendizagem, desse modo, precisa-se ter alguns aspectos or-
ganizados na estrutura humana, como a motivação, atenção e a memorização,
que se configuram como mecanismos para que ocorra a aprendizagem eficiente.
Aqui, não pretendemos depositar os aspectos da aprendizagem somente a esses
mecanismos, pois a educação nem sempre apresenta-se envolta por sucessos e
aprovações. Podemos observar que, no decorrer do ensino, deparamo-nos com
dificuldades e problemas que geram o baixo rendimento dos alunos. Parece que
estão paralisados diante do processo de aprendizagem, por esse motivo são rotu-
lados de desmotivados, sem atenção e não aprendem por preguiça, entre outros
julgamentos.
É nesse momento que a motivação faz uma enorme diferença, e é impor-
tante que todos os envolvidos no processo educativo consigam compreender o
que ocorre com o aluno para que consiga motivá-lo. “O efeito da motivação é

146
indireto: ela determinará tanto a quantidade de tempo quanto o grau de atenção

UNICESUMAR
dedicados ao material a ser aprendido, e isso, por sua vez, vai afetar a quantidade
do aprendizado” (BADDELEY, 2010, p. 90).
A aprendizagem é uma construção pessoal, um fenômeno complexo, que pre-
cisa dos aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais para
ocorrer. Nesse sentido, entendemos a motivação como um processo que suscita
ou incita um comportamento, que visa sustentar uma atividade progressiva, po-
dendo auxiliar e canalizar uma determinada atividade, fortalecendo a aprendiza-
gem no indivíduo desacreditado de suas potencialidades. Segundo Tapia (1997),
não é possível “ensinar a pensar adequadamente, se não se trabalhar a motivação
e vice-versa. Para ele, querer e saber pensar são condições pessoais que permitem
a aquisição e aplicação de conhecimentos quando necessário”.
Se pensarmos nos momentos de nossas vidas em que fomos motivados, va-
mos trazer lembranças de uma sensação que nos mobilizou, encorajou a uma
ação, levando à satisfação. A base da motivação é, portanto, um sentimento que
nos move a busca por uma necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse,
uma vontade ou uma predisposição para agir e conquistar o que se almeja. De
acordo com Bergamini (2006, p. 34),


Quando se fala em motivação humana, parece inapropriado que
uma simples regra geral seja considerada como recurso suficiente
do qual se lança mão quando o objetivo é a busca de uma explicação
ao mesmo tempo mais abrangente e mais precisa sobre as possíveis
razões que levam as pessoas a agir. Existem muitas razões que ex-
plicam uma simples ação.

Ao tratarmos de crianças, precisamos entender que a motivação se apresenta


em formação e, por isso, é necessário compreender os estímulos que as motivam
ao aprendizado. O pensamento é um forte aliado e gerador da motivação, pois
é por meio dos desejos e necessidades, interesses e emoções que o indivíduo se
impulsiona e se motiva para alcançar seus ideais. Diante disso, é extremamente
importante a motivação, em todas as fases da vida, especialmente no momento es-
colar. Desse modo, o professor deve envolver os alunos e impactá-los de maneira
positiva, fazendo-os entender o poder da aprendizagem. O ensino e aprendiza-

147
gem só fazem sentido quando implicam no desenvolvimento do ser humano, por
UNIDADE 4

isso, é necessário motivar o aluno aprender, a pensar, a sentir e a agir. Podemos,


então, constatar que não é possível ocorrer a aprendizagem sem motivação.

Atenção

Outro mecanismo de aprendizagem é a atenção, um dos aspectos desejados por


parte de quem ensina e de quem aprende, pois quando ensinamos alguma coisa a
alguém, o que pretendemos é que o indivíduo dê atenção e assimile a informação,
retendo-a para que possa utilizar, posteriormente. A aprendizagem está interli-
gada a um ato ou ação que conseguimos realizar, mesmo após muitos anos sem
a termos praticado, como andar de bicicleta, dirigir um carro, entre outras ações.
Para isso, precisamos da atenção, sendo ela quem exerce a função relevante, neste
processo de aprendizagem, pois a capacidade de retenção de informações rele-
vantes acontece por meio dela e associada aos processos de controle, guardamos
informações na memória de longa duração. Para Pantano e Zorzi (2009, p. 27-29):


[...] a atenção faz com que haja a percepção de alguns estímulos
e a negligência de outros dentro do processo cognitivo. Atenção
e memória formam, assim, uma via de mão dupla em que um é
dependente do outro para a seleção dos estímulos e para o seu ar-
mazenamento.

Desse modo, é pela atenção que selecionamos as informações. Exercemos essa


importante função, ao associar os processos de controle e armazenar na memória
de longa duração. Para tanto, a atenção liga-se aos estímulos que recebe do meio
externo e, ao chegar no sistema nervoso central, input e devolve por meio de ações
ou resposta output, ou seja, a aprendizagem se efetiva.
A aprendizagem depende da atenção como de várias ferramentas ou ins-
trumentos mentais, tais como: estímulo, motivação, percepção, processamento
(simultâneo e sucessivo), memória (curta e de longo prazo), entre outros que
decorrem a partir da transmissão cultural e da interação social entre os seres
humanos. Para entender melhor esse processo, destacamos o sistema de atenção
e memória de Ladewig (2000).

148
Estímulo

UNICESUMAR
externo Prática cognitiva
Depósito Atenção ou outros processos
seletiva Memória Memória
sensorial
de curta de longa
de curta
duração duração
duração
Processo de
procura e busca

Resposta

Figura 1 - Os sistemas da memória e sua relação com a resposta / Fonte: Ladewig (2000, p. 63).

A atenção seletiva se apresenta no indivíduo como uma habilidade de nortear o


foco de atenção para um ponto específico no meio; atua, também, no processo
de decodificação de tarefas e auxilia no controle dos processos, ao selecionar
informações relevantes que ficarão na memória de curto e longo prazo (LADE-
WIG, 2000).
Na figura anterior, apresentam-se as alterações que ocorrem nos processos de
atenção e como se dá a memorização do ser humano. Para chegar a aprendizagem,
anteriormente, fazem-se necessárias as estratégias de atenção seletiva, sendo o
indivíduo livre, em cada situação, para escolher e selecionar as informações que
entende como relevantes para si. Essa tarefa é uma consequência que facilita a
aprendizagem do indivíduo. E, com isso, podemos entender que a motivação é
importante e que resulta no aumento do potencial para reorganizar as informa-
ções e a utilização da atenção, levando a novas aprendizagens e ações futuras.

Memorização

Nesse momento, é preciso destacar, aqui, a relação entre a memorização e a apren-


dizagem. Para Bossa (2011, p. 117), “o conceito de aprendizagem com o qual tra-
balha a Psicopedagogia remete a uma visão de homem como sujeito ativo em um
processo de interação com o meio físico e social”. A memória, por sua vez, ocorre
por meio de uma rede de neurônios, localizada por todo o cérebro. Se uma das
redes de neurônios é danificada, pode levar a perda de parte das recordações, mas
não todas. Rocha (2001, s. p.) explica melhor esse conceito:

149
Os diversos neurônios, das diversas áreas cerebrais, se especializam em tarefas
UNIDADE 4

definidas. Assim, uns são especializados para o processamento de informação


visual, outros para processamento de estímulos verbais, outros coordenam a mo-
tricidade, outros definem apetites etc. Os processamentos cerebrais dependem
de como esses neurônios podem ser associados. Isto é, dependem da eficácia
da transmissão sináptica entre eles. O aprender, por exemplo, de uma resposta
motora a uma informação verbal, depende de aumentar a eficácia da transmis-
são sináptica entre neurônios encarregados da análise do som verbal e aqueles
encarregados de controlar a resposta motora. A memória e a aprendizagem de-
pendem, portanto, do relacionamento entre neurônios, relacionamento este que
é governado por molécula.
Kandel (2009) destaca que as ações ou as sinapses referem-se à maneira pela
qual se comunicam as células nervosas. Desse modo, para a aprendizagem ocorrer
e ser memorizada, é preciso milhões de sinapses advindos dos estímulos exter-
nos. A figura seguinte apresenta como a rede neural funciona na formação das
memórias:

Novo elo Novo elo


Estímulo produzido estabelecido
Neurônio
Sinapse
existente
Estímulo Estímulo
Atividade regular Sinapse
aumentada facilitada
Nova
Núcleo sinapse

1ESTÍMULO 2 FORMAÇÃO DE CIRCUITO 3 ATIVIDADE AUMENTADA


Um estímulo externo incita Um terceiro neurônio dispara. Os três neurônios estão ago-
dois neurônios a dispararem Um do par inicial é estimulado ra sensibilizados uns com os
simultaneamente. No futuro, a disparar ao mesmo tempo, outros, se um disparar, os
se um disparar, os outros deflagrando o segundo, de outros dois deverão fazê-lo
dois deverão fazer o mesmo. forma que os três se tornam igualmente.
ligados.

Figura 2 - Resumo da formação da rede neural na construção da memória


Fonte: Carter et al. (2009 p. 174).

Podemos observar, por meio da imagem, a consolidação da memória. Esta se


constitui das experiências selecionadas, a partir de memórias já existentes e re-
tomadas em um período apropriado. No entanto se a informação for mal classifi-
cada e interpretada, pode ocorrer falhas na consolidação da memória (CARTER
et al., 2009).
150
UNICESUMAR
pensando juntos

O que seria de nós seres humanos, se não tivéssemos a capacidade de memorizar e lem-
brar?

Temos, ainda, alguns tipos de memória, como a Memória Ultra Rápida ou Ime-
diata, que dura pouco tempo ou, melhor dizendo, em frações de segundos, a
pessoa já não se recorda mais; a Memória de Curta Duração, que dura minutos
ou pode durar por horas, levando o indivíduo a ter sentido de continuidade do
presente, e a Memória de Longa Duração, que dura por mais tempo, isto é, horas,
dias ou anos, e é por meio dela que decorre a garantia do registro do passado
autobiográfico e dos conhecimentos do indivíduo, que são registrados e não es-
quecidos. Rotta et al. (2016, p. 248) destaca que:


[...] a memória é um evento que pode ser dividido em três fases:
aquisição, consolidação e evocação das informações. E a outra for-
ma de se referir à fase de aquisição das memórias é denominá-la
simplesmente de aprendizado. Memória e aprendizagem são pro-
cessos indivisíveis, pois um evento está embutido no outro, uma
vez que a aprendizagem é a primeira fase do processo mnemônico.

Diante disso, podemos notar a relevância dos moduladores da memória, aciona-


dos conforme a maneira que o indivíduo tem acesso ao conhecimento e a forma
que lhes é apresentado o vocabulário, o seu nível de dificuldades e os incentivos
para alcançar o desenvolvimento cognitivo, respeitando as etapas de memoriza-
ção, para que se efetive a aprendizagem no sujeito. Outro ponto a ser destacado
em relação à memória é a repetição. Segundo Izquierdo (2009, p. 37), “a repetição
reforça as memórias, provavelmente recrutando cada vez mais circuitos nervo-
sos para reforçar o armazenamento”. Nesse sentido, a repetição, principalmente
em conteúdos escolares, deve ocorrer para que as memórias se fixem, levando a
outro desenvolvimento, que é a atenção disponibilizada pelo sujeito a um deter-
minado interesse, e o valor emocional depositado sobre o que ocorre, chegando
ao aprendizado.

151
UNIDADE 4

pensando juntos

As crianças com escores baixos de memória são geralmente descritas pelos professores
como “aéreas” ou desatentas; não desorganizadas, mas incapazes de seguir instruções
para fazer a coisa certa no momento certo.
(A. Baddeley)

Kandel (2009, p. 74) ressalta que “a memória humana está sempre se reinventando.
Toda vez que lembramos alguma coisa, essa lembrança se modifica um pouco”.
Sendo a memória o mecanismo que revela algo, ocorrido em algum momento
em nossas vidas, ela é única para cada indivíduo. Quando lembramos uma ex-
periência, não a traduzimos tal como aconteceu, com as mesmas sensações; não
nos lembramos, exatamente, como foi vivenciada e, normalmente, modificamos
alguns fatos.

pensando juntos

Você já parou para pensar: por que memorizarmos certas informações e outras não? Isso,
acreditamos, deve-se ao envolvimento emocional e ao ambiente social, que influenciam
as nossas lembranças.

Podemos concluir que os moduladores da aprendizagem são importantes para


o desenvolvimento do ser humano. Eles têm a sua relevância no processo de
aprendizagem, pois todos (a memória, a motivação e a atenção) são fatores in-
fluenciadores da aprendizagem (ROTTA et al., 2016). Mas se houver alguma
inadequação em um desses moduladores, em sua aplicabilidade e influência, ou
seja, se não tiver um equilíbrio entre a motivação, atenção e memorização, por
consequência, não ocorrerá a aprendizagem no indivíduo.

152
3
MEDIAÇÃO

UNICESUMAR
PSICOPEDAGÓGICA

A mediação psicopedagógica é, cada mais, requisitada na prevenção de problemas


de aprendizagem, tendo em vista que muitas crianças manifestam dificuldades
de aprendizagem, desde a mais tenra idade. Deposita-se, então, na psicopedago-
gia, por ser a ciência que auxilia na necessidade das pessoas com dificuldades
de aprendizagem, a expectativa de compreender as questões da aprendizagem
e as contribuições que pode fornecer para o processo de desenvolvimento do
indivíduo, de forma global e não isolada (BOSSA, 2011).
Martini (1999) destaca que a psicopedagogia, há algum tempo, é utilizada
com o objetivo de entender o que influenciam as dificuldades e/ou problemas
de aprendizagem, sobretudo, em alunos em fase escolar. Visca (1987, p. 33), em
relação à psicopedagogia afirma:


Nasceu como uma ocupação empírica pela necessidade de atender
as crianças com dificuldades na aprendizagem, cujas causas eram
estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o
que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas, per-
filou-se como um conhecimento independente e complementar,
possuidor de um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e
de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios.

153
Podemos notar que a psicopedagogia se embasa em outras vertentes de correntes
UNIDADE 4

do campo da psicologia, como o Humanismo e o Behaviorismo, que auxiliou o


psicopedagogo em suas análises nos aspectos de defasagem da aprendizagem do
indivíduo, conforme destaca Scoz e Mendes (2002):


[...] A psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia dos
problemas de aprendizagem, aprofundou conhecimentos que lhe
possibilitam uma contribuição efetiva não só relacionada aos pro-
blemas de aprendizagem, mas, também, na melhoria da qualidade
do ensino oferecido nas escolas. [...]. Dessa forma contribui para a
percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfató-
ria dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitan-
do, assim, uma ação transformadora (SCOZ; MENDES, 2002, p. 34).

Em se tratando da psicopedagogia, na atualidade, ela está embasada sob o di-


recionamento das seguintes correntes: a Psicanálise, que defende a associação
dos vínculos entre quem ensina e quem aprende e considera as interferências
externas para que o aprendizado ocorra de forma efetiva, e o Construtivismo,
que compreende a construção do conhecimento no ser humano, sujeito à forma
como esse interage nos meios sociais (MARTINI, 1999).

pensando juntos

Sendo você o psicopedagogo(a) que fez a mediação de uma queixa de dificuldades de


aprendizagem do aluno, feito por um professor, qual deve ser a sua postura?

O psicopedagogo, em um primeiro momento, deve agir como ouvinte e buscar


compreender os fatos relatados em relação ao paciente, pois esses podem auxiliar
na compreensão e no percurso que o profissional deve tomar para orientar o
aprendiz em relação às suas dificuldades. Outro aspecto relevante para enten-
dermos são as questões da psicopedagogia e os principais campos de atuação.
No âmbito clínico, o foco recai no tratamento terapêutico e na busca de meios
para auxiliar e até superar os déficits na aprendizagem do indivíduo (MORAES,
2010). No institucional, dá-se o atendimento psicopedagógico em instituições,
como empresas, hospitais e em escolas (OLIVEIRA, 2009). O Código de Ética do

154
psicopedagogo, criado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (2011, s. p.)

UNICESUMAR
traz, no Artigo 3°, os objetivos do profissional em psicopedagogia:


a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de
inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às
dificuldades de aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no
campo da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos
processos de aprendizagem.

Diante disso, pode-se inferir que, assim como em outras profissões, a de psico-
pedagogia tem o código de ética e é, extremamente, relevante que seja respeita-
do para que possa atender, corretamente, aos processos de desenvolvimento de
aprendizagem do sujeito. Desse modo, uma das funções da psicopedagogia, no
âmbito educacional, é promover a mediação dos alunos com dificuldades cog-
nitivas. Para isso, é necessário estabelecer parcerias junto à equipe pedagógica e
familiares, buscando promover o diálogo; estabelecer o desenvolvimento cogni-
tivo e a sequência nos estudos, de maneira plena e segura de si. Ainda, para que
a mediação do psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagem se efetive, são
necessárias as observações dos familiares e, principalmente, do professor, a fim
de identificar se o aluno apresenta déficits na aprendizagem. Cabe a esses, pais e
professores, encaminhar para uma avaliação com o psicopedagogo, este poderá
apresentar o diagnóstico completo. Segundo Bossa (2011):


É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o
momento da vida da criança em que se iniciam os problemas de
aprendizagem. Do ponto de vista da intervenção, faz muita dife-
rença constatarmos que as dificuldades de aprendizagem se iniciam
com o ingresso na escola, pois pode ser um forte indício de que
a problemática tinha como causa fatores intraescolares (BOSSA,
2011, p. 101).

Nesse sentido, pode-se observar que o trabalho do psicopedagogo ocorre por


meio de uma parceria e se efetiva após o diagnóstico, algo relevante e complexo.
Ele exige uma análise minuciosa para que o psicopedagogo consiga contribuir,
significativamente, para o processo de superação dos possíveis obstáculos pelos
quais a pessoa não consegue aprender (BOSSA, 2011).
155
UNIDADE 4

pensando juntos

A barreiras de aprendizagem podem ser temporárias ou permanentes em várias circuns-


tâncias da vida e fazem parte do dia a dia de sujeitos aprendizes.
(Angela Cristina Munhoz Maluf)

Após o diagnóstico, é preciso a mediação do psicopedagogo junto ao sujeito e


à escola, em um acompanhamento multiprofissional. Mesmo que se deposite
no psicopedagogo a confiança para auxiliar o processo de desenvolvimento na
aprendizagem do indivíduo, o trabalho deve ocorrer com cooperação de todos os
evolvidos, uma vez que as dificuldades e os problemas de aprendizagem deman-
dam uma mediação efetiva e envolvem questões das esferas cognitivas, afetivas
e sociais, de maneira individualizada. Desse modo, aqui, não podemos eximir o
apoio da família, sendo este fundamental na mediação do sujeito como um todo
(SOLÉ, 2001).
Podemos, portanto, compreender a relevância do papel do psicopedagogo em
mediar e orientar os envolvidos no atendimento da pessoa com dificuldades e/
ou problemas de aprendizagem. Suas ações são relevantes, pois, além de mediar
e trabalhar os desafios e as possibilidades de aprendizagens do indivíduo na mais
tenra idade, esse profissional dá o devido suporte ao seu processo de adaptação e
compreensão das atividades escolares. Isso ocorre quando, além de mediar o alu-
no, ele realiza um trabalho junto ao professor e a equipe escolar, em uma parceria
que visa construir para novas estratégias e recursos. Estes auxiliam o desempenho
do aluno e minimizam possíveis manifestações de déficit no aprendizado, levan-
do-os à aprendizagem crítica e efetiva (SANTOS, 2007).

156
CONSIDERAÇÕES FINAIS

UNICESUMAR
No decorrer dos nossos estudos, foi possível verificar, em relação ao acolhimento,
que ele é gerador das relações, manifestando-se na entrada da escola, na prepa-
ração das salas de aula e, principalmente, na efetivação das relações entre pro-
fessor e aluno. É preciso, no entanto, considerar as diferentes acepções do termo
“acolher”, ou seja, inteirar-se das verbalizações que dizem respeito à organização,
ornamentação, sinalização, manutenção e informação do ato de acolher e cuidar
de quem se preza, permeado pela educação.
Também tratamos de elementos importantes para o processo de aprendi-
zagem, isto é, motivação, atenção e memorização. Muitas pessoas sofrem na
aprendizagem por não apresentarem um nível de atenção e memória “normal”.
Como vimos, a pessoa que apresenta dificuldades na aprendizagem pode ter
falta de motivação, desencadeando a falta de atenção e, consequentemente, não
memorizar a informação recebida. Diante disso, podemos compreender que para
ocorrer a aprendizagem, precisa-se ter interesse, de forma a prender a atenção,
e, assim, evocar, recordar, lembrar levando a novos conhecimentos. Pois só se
lembra aquilo que foi aprendido.
E, por fim, discutimos a mediação do psicopedagogo. Observamos que, para
trabalhar com as questões da aprendizagem e a falta dela, é essencial a presença
do profissional em psicopedagogia. Nesse sentido, convém destacar que a rela-
ção do psicopedagogo com a instituição, com o indivíduo e os familiares se dá
por meio da interação, do diálogo, participação, colaboração, respeito mútuo e,
principalmente, afetividade. Por meio dessa interação, ele consegue articular e se
posicionar como um mediador na condução do processo de ensino e aprendiza-
gem do indivíduo, tendo a consciência de seu papel, psicopedagogo, e embasado
nos conhecimentos da área.

157
na prática

1. Ladwing, Goi e Souza (2013) destacam que é dever da escola organizar, de forma
saudável, o ingresso da criança na escola e a separação entre os pais, ajudando-a
superar a sensação de insegurança e abandono. Diante do exposto, neste momento,
cabe bem:

a) O acolhimento, sendo ele eficaz para auxiliar a criança a se sentir bem-vinda, por
meio das relações de afeto que recebe no ambiente escolar.
b) O brinquedo, por fazer parte da vida criança e auxiliar a gostar do ambiente
escolar. Este será o primordial recurso utilizado na mediação escolar em todo
os níveis.
c) Os colegas de turma, para que entenda que todos serão obrigados a ficar, por
um período, no mesmo espaço escolar e isso ocorrerá melhor se todos forem
amigos.
d) O professor, como peça chave na intermediação e organização dos alunos, é o
único que poderá manifestar acolhimento ao aluno.
e) Os pais, pois são eles os indicados a ficarem com os alunos, no primeiro dia de
aula, e a organizá-los em seus lugares.

2. A sociedade passa momentos complicados, ocasionando a algumas pessoas um


estresse emocional que pode se transformar em ações agressivas, diante de suas re-
lações sociais. Essa insatisfação, pode ser percebida, também, no ambiente escolar,
tanto o professor como os alunos acabam construindo um espaço emocional que
inviabiliza o ensino e aprendizagem. Diante disso, para que o ensinar e o aprender
se transformem em uma prática afetiva e reflexiva é preciso:

I - Que o ser humano seja tocado no seu afeto e no profundo mistério interior.
II - De relações afetivas, para construir conhecimentos e práticas humanizadoras.
III - Da amorosidade, pois contribui para a transformação e o encantamento do
sujeito.
IV - Do acolhimento, como meio de levar o ser humano a se sentir aceito em deter-
minado lugar.

158
na prática

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas I e II estão corretas.


b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) I, II, III e IV estão corretas.

3. Podemos destacar o trabalho psicopedagógico, na instituição escolar, como um meio


preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução
dos problemas, em decorrência do grande número de crianças que apresentam
dificuldades de aprendizagem. Diante disso, analise as afirmativas e marque V para
verdadeira e F para falsa, em relação à intervenção psicopedagógica no espaço das
instituições de ensino:

I - A psicopedagogia, já há algum tempo, é utilizada com o objetivo de entender no


que influenciam as dificuldades e/ou problemas de aprendizagem, sobretudo
nos alunos em fase escolar.
II - É depositado na psicopedagogia, por ser a ciência que auxilia a necessidade das
pessoas com dificuldades de aprendizagem, o papel de atenuar as dificuldades
de alunos no meio escolar e familiar.
III - A psicopedagogia traz a expectativa de compreender as questões da aprendi-
zagem e as contribuições que podem fornecer o processo de desenvolvimento
do indivíduo de forma global e não isolada.

As afirmações I, II e III são respectivamente:

a) V, F e V.
b) F, F e V.
c) V, V e V.
d) F, V e F.
e) F, F e F.

159
na prática

4. A aprendizagem é um processo contínuo, que acontece a partir da interação sujeito/


sujeito ou sujeito/objeto, ao longo da existência. E com isso, precisamos de alguns
aspectos organizados em nossa estrutura humana para que ocorra a aprendizagem
efetiva. Visando esse conceito, associe as duas colunas, relacionando com os seus
respectivos enfoques.

(1) Motivação ( ) um processo que suscita ou incita um comportamen-


to, que visa sustentar uma atividade progressiva; pode
auxiliar; canalizar uma determinada atividade e fortalecer
a aprendizagem no indivíduo que está desacreditado de
suas potencialidades.

(2) Memória ( ) ocorrem por meio de redes de neurônios, localizadas


por todo o cérebro, mas se uma das redes de neurônios é
danificada, pode levar a perda de parte das recordações,
mas não todas.

(3) Atenção ( ) é a capacidade de retenção de informações relevan-


tes. Por meio dela, associada aos processos de controle,
guardamos informações na memória de longa duração.

A sequência correta desta classificação é:

a) (1), (2) e (3).


b) (3), (2) e (1).
c) (3), (1) e (2).
d) (2), (3) e (1).
e) (1), (3) e (2).

5. A aprendizagem é entendida como um processo dinâmico e interativo das capacida-


des cognitivas do ser humano, mas depende de outros artifícios para ocorrer. Diante
disso, disserte sobre o que é a aprendizagem e quais os aspectos importantes para
que ela ocorra no ser humano de maneira efetiva.

160
aprimore-se

IDENTIFICAR SE A MOTIVAÇÃO É UM DOS FATORES QUE INTERFEREM


NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: ESTUDO DE CASO

A motivação pode ser entendida como um processo e, por isso, é aquilo que suscita
ou incita uma conduta, que sustenta uma atividade progressiva, que canaliza essa
atividade para um dado resultado. A motivação caracteriza-se por um processo que
mobiliza o organismo para a ação, a partir da necessidade de satisfação. Isso sig-
nifica que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma
necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predis-
posição para agir.
A criança apresenta um quadro de motivação em formação, sendo necessário
que os seus responsáveis compreendam os estímulos que a motivam ao aprendi-
zado. Para Vygotsky (1998), o pensamento propriamente dito é gerado pela motiva-
ção, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. É pre-
ciso incentivar a educação, mas não apenas uma educação fria, sem sentimentos.
Educar precisa envolver os alunos, envolver a ponto de marcar de maneira positiva.
Entende-se que a desmotivação interfere negativamente no processo de ensino
e aprendizagem. Entre as causas da falta de motivação, o planejamento e o desen-
volvimento das aulas realizadas pelo professor são fatores determinantes. O pro-
fessor deve fundamentar seu trabalho conforme as necessidades de seus alunos,
considerando sempre o momento emocional e as ansiedades que permeiam a vida
do aluno naquele momento.
Os professores foram questionados em relação à frequência que costumavam
agir como professores motivadores. A maioria dos professores da rede pública acre-
ditam que o são muito frequentemente (70%) e (30%), frequentemente. Os da rede
privada foram muito semelhantes nas respostas: (60%) que o são muito frequente-
mente e (40%), frequentemente.
Esse resultado demonstra que os professores acreditam estarem motivados por
boa parte do tempo, no entanto, veem algumas falhas no seu grau de motivação,
sendo necessário realizar contínuas estratégias para que eles não se desmotivem.

161
aprimore-se

Cursos e atividades motivadoras com os professores podem ser uma das opções de
atividades contínuas para que eles não percam a motivação em ensinar e, conse-
quentemente, não parem de motivar os alunos.
Em relação ao fato de alunos estarem motivados, os professores da rede pública
julgaram os alunos menos motivados que os da rede privada, em uma escala que
varia de frequentemente a nunca motivados. Os alunos da rede pública estão com
maior prevalência de estarem raramente motivados na visão dos professores.
Essa realidade pode ser explicada por um dos fatores que influenciam a moti-
vação: o ambiente escolar. O ambiente escolar influencia muito na adaptação da
criança, no processo aprendizagem e na motivação, colaborando e estimulando po-
sitivamente caso haja um ambiente propício.
A partir disso, sabe-se que o estilo de ensino, tamanho da classe e a infraestrutu-
ra da escola contribuem para o bom desenvolvimento das crianças no ensino funda-
mental. Embora existam muitos outros fatores que possam afetar a motivação dos
alunos, inclusive a má remuneração dos professores, o fato de nas escolas públicas,
de forma geral, as salas serem lotadas, com um estilo fixo de ensino e com infraes-
trutura inferior às escolas privadas, pode-se explicar a diferença de percepção dos
professores na motivação dos alunos entre a rede pública e a privada.
Para Boruchovitch e Bzuneck (2001), a motivação tornou-se um problema em
educação, pela simples constatação de que sua ausência representa queda de inves-
timento pessoal e, consequentemente, na qualidade das tarefas de aprendizagem.
À medida que as crianças avançam nos anos escolares, observa-se que o interesse
cai e facilmente instalam-se dúvidas quanto à capacidade de aprender certas maté-
rias. O esforço, principal indicador de motivação, só é utilizado se o aluno acreditar
na capacidade de êxito (POZO, 2002).
O grande desafio da atualidade é averiguar as razões da ausência da motivação
do aluno para aprendizagem e buscar estratégias eficazes que ajudem a reverter
esse quadro. Para motivar os alunos, é imprescindível analisar as formas de pensar
e aprender para desenvolver estratégias de ensino que partam das suas condições
reais, devendo ir além do cognitivo e avaliar a afetividade (WERNECK, 2000).

162
aprimore-se

O ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, por isso é necessário


conhecer como o professor ensina e entender como o aluno aprende. Só assim o
processo educativo poderá acontecer e o aluno conseguirá aprender a pensar, a
sentir e a agir. Não há aprendizagem sem motivação, assim um aluno está motivado
quando sente necessidade de aprender e, por meio dessa necessidade, o aluno se
dedica às tarefas até se sentir satisfeito. Esta pesquisa observou ainda que todos os
professores entrevistados, tanto da rede pública como de privada, acreditam que as
dinâmicas em sala de aula e atividades criativas influenciam positivamente na mo-
tivação dos alunos e, consequentemente, na aprendizagem. Além disso, acreditam
que os professores devem realizá-las para motivar e estimular os alunos.
Sabe-se que as dinâmicas de grupo facilitam que os alunos tragam para o con-
creto aquilo que aprendem em sala de aula, usando a imaginação e o trabalho gru-
pal (FREIRE, 2007). Hernández (2010) também relata a importância das dinâmicas
inspirados e do trabalho e equipe; descreve que se necessita atualmente de profes-
sores que favoreçam o equilíbrio entre a iniciativa individual e o trabalho em equipe.
A partir dos resultados expostos conclui-se que a motivação dos alunos depende
em parte da motivação dos professores, do ambiente escolar, das dinâmicas em
sala de aula, e que isso influencia no seu grau de aprendizado, visto as atividades
motivadoras propostas por professores e as motivações do aluno, em relação à rea-
lização do dever de casa e ao entendimento da aula, resultam em maior qualidade
do ensino-aprendizagem.
Fonte: Tabile e Jacometo (2017).

163
eu recomendo!

livro

Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vigotski: a


relevância do social
Autor: Isilda Campaner Palanga
Editora: Summus
Sinopse: toda estrutura educacional organiza-se com a finalida-
de primeira de promover a aprendizagem e o desenvolvimento
do ser humano. Isso por si só justifica a constante preocupação,
não apenas de psicólogos e educadores como também de pesquisadores de ou-
tras áreas que se encontram comprometidos com a complexa natureza desses
processos. Este livro analisa com profundidade as propostas e as bases teóricas
e metodológicas de Piaget e Vigotski, quando articulam o desenvolvimento e a
aprendizagem por uma perspectiva interacionista. Isilda Campaner Palangana
analisa as bases teóricas e metodológicas que dão sustentação aos postulados
dos dois mestres, confrontando suas teorias e destacando os conceitos e prin-
cípios que os determinaram. Convergências e divergências podem ser captadas,
por meio das raízes epistemológicas das ideias de cada um. Quanto à prática pe-
dagógica, a autora destaca o valor e a função do ambiente social no desenvolvi-
mento e na aprendizagem dentro do interacionismo construtivista de Piaget e do
sociointeracionismo de Vygotsky.

filme

Além da Sala de Aula


Ano: 2011
Sinopse: uma professora de primeira viagem, com 24 anos de ida-
de, supera seus medos e preconceitos iniciais em lecionar para
crianças de rua, em uma sala de aula improvisada de um abrigo,
fazendo grande diferença na vida delas.

164
eu recomendo!

conecte-se

O artigo, intitulado “A utilização do teste de atenção concentrada (AC) para a po-


pulação infanto-juvenil: uma contribuição para a avaliação neuropsicológica”,
aborda a atenção como uma função cerebral importante para a integração men-
tal e é reconhecida como o pré-requisito mais relevante para a manifestação do
intelecto e da capacidade de reflexão. Vale a pena fazer a leitura!
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pi-
d=S0103-84862016000100005&lng=pt&nrm=iso

165
anotações



































anotações



































5
A PSICOPEDAGOGIA E AS
INSTITUIÇÕES SOCIAIS

PROFESSORAS
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Psicopedagogia e suas interven-
ções • O papel do psicopedagogo frente à instituição social familiar • O papel do psicopedagogo junto
à instituição social escolar.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer a Psicopedagogia e suas intervenções • Investigar o papel da Psicopedagogia e propor
intervenções • Analisar a importância do profissional psicopedagogo e a interdisciplinaridade.
INTRODUÇÃO

Olá caro(as) alunos(as), esperamos que estejam animados para o “tour” que
faremos pela Psicopedagogia e as Instituições Sociais. Esse conhecimento
garante aos futuros psicopedagogos o entendimento do processo de atua-
ção profissional frente às dificuldades de aprendizagens, em várias nuances
contemporâneas. Os psicopedagogos têm uma função muito importante
de moldar os aspectos de aprendizagem do homem que será atuante em
nossa sociedade, por isso, justifica-se o objetivo deste material em vislum-
brar a importância do profissional psicopedagogo e a interdisciplinaridade.
Baseando-se nesse e em outros objetivos, organizamos este estudo, a partir
de uma visão panorâmica dos processos psicopedagógicos. Nesse sentido,
você não deve se limitar, somente, a este material.
Em um primeiro momento, definiremos os campos de atuação do
psicopedagogo, que atua diretamente com a aprendizagem humana em
clínicas, por meio de um atendimento individualizado, em instituições
escolares, hospitais e empresas no auxílio da promoção de aprendizagens
e no terceiro setor. Outro aspecto é o papel do psicopedagogo frente à
instituição social familiar que, ultimamente, apresenta muitas situações de
desigualdade. Ou seja, as famílias lutam contra várias ocorrências diárias,
como: filhos de pais separados, órfãos que vivem em lares desprovidos de
afetividade, falta de recursos financeiros, pais ausentes ou, ainda, o excesso
de recompensas dadas pelos pais – essas são as ocorrências que podem in-
terferir na formação dos sujeitos. Para finalizarmos o material, destacamos
o papel do psicopedagogo junto à instituição social escolar, que se ocupa
com os problemas de aprendizagem, com o processo de aprender.
O objetivo é conhecer os caminhos da psicopedagogia, e essa obra é
feita para que possamos interagir e conversar sobre os rumos do processo
da aprendizagem efetiva, em vários ambientes, e como o psicopedagogo
pode atuar e intervir nesses espaços.
Bons estudos!
1
PSICOPEDAGOGIA E SUAS
UNIDADE 5

INTERVENÇÕES

Você encontrará, nesta aula, várias discussões em relação ao papel que o psicope-
dagogo deve exercer e cujo campo de atuação seria identificado pelo processo de
ensino e aprendizagem. Cabe salientar que o conhecimento adquirido pelo psico-
pedagogo, durante sua formação, traz ênfase às possibilidades de aprender do ser
humano bem como a sua disponibilidade afetiva de aprender, ser e fazer. Segundo
Bossa (2007), o psicopedagogo busca compreender as seguintes questões:

Como esta Como esta


aprendizagem aprendizagem
Como se aprende? varia está
evolutivamente? condicionada?

Como se Como reconhecer


Que fatores produzem as as alterações
condicionam a alterações na verificadas na
aprendizagem? aprendizagem? aprendizagem?

Figura 1 - As questões que o psicopedagogo visa compreender / Fonte: as autoras.

170
A partir desses conhecimentos, o psicopedagogo constrói os passos de inter-

UNICESUMAR
venção clínica ou preventiva de que a pessoa precisa, em relação às suas quei-
xas e dificuldades em aprender. O objetivo da intervenção psicopedagógica
concentra-se no ser que aprende, o ser cognoscente. Desse modo, o profissional
leva-o ao desenvolvimento e o auxilia a ser o construtor da sua história e de seus
conhecimentos, para inserir-se, adequadamente, em um contexto social.
Ao considerar a aprendizagem uma característica da espécie humana, que
garante a sua sobrevivência, mesmo em condições adversas, compreende-se a
aprendizagem como um ato de vida humana. Nesse sentido, volta-se para o cam-
po da psicopedagogia a preocupação de entendê-la como uma área interdisci-
plinar que pretende compartilhar reflexões, pesquisas e atuação dos aspectos
relacionados ao processo de ensino e aprendizagem do sujeito. Sendo assim,


O psicopedagogo não será, entretanto, aquele profissional que aco-
lhe recortes de diferentes teorias e constrói um novo Frankenstein.
Não será a Psicologia mais a Pedagogia numa relação aditiva que
dará origem a uma nova disciplina, a Psicopedagogia (RELVAS,
2011, p. 35).

Desse modo, resgata-se a psicopedagogia como, talvez, a primeira área inter-


disciplinar que se manifesta, visivelmente, em relação aos processos de ensino
e aprendizagem do ser humano, por isso, passível de críticas e reformulações.
Diante disso, é preciso que, ao estudar a psicopedagogia, o futuro profissional
entenda que atuar na área não é somente lidar com os aspectos cognitivos do ser
humano, mas as possíveis causas, pois, como um iceberg, o sintoma é apenas a
parte visível de um todo submerso, muito mais amplo e que não pode ser igno-
rado sob o risco de provocar um naufrágio.

pensando juntos

Como o psicopedagogo pode compreender o processo de aprender do indivíduo?

Este questionamento é feito há muitas décadas, aqui, relembramos para suscitar


alguns aspectos importantes, ocorridos neste contexto da aprendizagem humana.

171
Para iniciar, destacaremos os fatos históricos das funções do cérebro humano,
UNIDADE 5

pois queremos apresentar a você a importância do psicopedagogo, por meio


de seus estudos e atuações profissionais. Pretendemos, também, compreender
a aprendizagem humana, por meio do funcionamento do cérebro. Este é um
órgão complexo, vale destacar, responsável por coordenar muitas funções e in-
formações, vindas dos sentidos, sistema imunológico e emoções.
Na Antiguidade, o conhecimento do funcionamento cerebral e a maneira
como o ser humano aprendia não era uma preocupação estudada pelos cientistas,
pois para uma melhor compreensão, precisavam de equipamentos e técnicas.
Dessa forma, o entendimento que se tinha era mínimo pela falta de instrumentos
de pesquisa. E, assim, acreditava-se que o cérebro não tinha importância para o
homem, os povos egípcios, por exemplo, guardavam as vísceras para estudo e o
cérebro era jogado fora. Com a ciência moderna, tem-se a necessidade de buscar
mais conhecimentos em relação ao sistema nervoso, isso trouxe um novo olhar
para as diferentes áreas, como a medicina e a educação (RELVAS, 2010).
No século XVIII, ainda, não se tinha o conhecimento avançado do funcio-
namento do cérebro, baseava-se em hipóteses. E, por meio de experiências em
cadáveres de animais e seres humanos, analisavam-se várias estruturas diferentes,
anatomicamente, e, com isso, concluíram que a função poderia ser, também, dis-
tinta. Mas, ainda, não era possível conseguir fazer uma relação entre estrutura e
a sua função (RELVAS, 2010).
Oliveira (1981, p. 30) destaca que, no século XIX, encontrou-se um papiro,
por Edwin Smith, nele, observou-se que, por mais de dois mil anos, as concepções
médico-filosóficas giraram em torno do empirismo e do sobrenatural, em relação
às funções do cérebro. Na antiga Grécia, a medicina tinha como base os filósofos
cientistas e as discussões ficavam em torno do problema corpo-alma. E, somente,
em meados do século V a.C., estabeleceu-se a diferenciação entre medicina e
filosofia e, por conseguinte, a “etiologia”. Começa-se, então, a analisar as doenças,
a partir de um olhar científico. E, aqui, inicia-se uma reflexão, os pensadores e
cientistas gregos entendiam que a saúde exigia a harmonia do corpo e da alma e
a aprendizagem, também, seguia essa mesma sequência, no indivíduo.
Como podemos verificar, os estudos em torno do cérebro são antigos e o
ser humano demorou para ser entendido como parte de várias funções de um
sistema e como isso interfere em seu processo de desenvolvimento. Pois bem, o
cérebro é o elo entre todas as partes do nosso organismo e detentor do controle do

172
movimento, sono, fome, sede e quase todas as atividades vitais necessárias à sobre-

UNICESUMAR
vivência do ser humano bem como as emoções. Com efeito, é por meio dele que
recebemos as informações, interpretamo-las e levamos para nossas ações diárias.
Por não se compreender o cérebro como órgão com responsabilidades, tive-
mos um atraso no reconhecimento de atuações e mediações de possíveis neces-
sidades de intervenção psicopedagógico. Várias pessoas desistiram de estudar ou
seguir uma carreira profissional, por entenderem-se como incapazes, ao mani-
festarem dificuldades na aprendizagem.
Outro aspecto relevante que precisamos destacar é que qualquer lesão no
cérebro pode afetar os lobos e comprometer algumas atividades que precisamos
fazer, no dia a dia. Em algumas pessoas, os problemas se manifestam desde o
nascimento. Em outras, isso se dá por acidente, gerando uma sequela no cérebro.
Em ambos os casos, é preciso o acompanhamento do psicopedagogo e de outros
profissionais para se desenvolver em vários aspectos.
Diante disso, tanto o psicopedagogo quanto outros profissionais, ligados ao
desenvolvimento da aprendizagem, devem trabalhar juntos no atendimento de
uma pessoa que manifeste dificuldades de aprender, pois o psicólogo e os neu-
rologistas têm os conhecimentos necessários para auxiliar a atuação do psicope-
dagogo e contribuir para o processo de aprendizagem de um sujeito. Para isso, é
preciso, ainda, contar com as observações feitas pelos familiares ou professores
em relação ao comportamento de aprendizagem de uma criança. O diagnóstico,
porém, é somente de responsabilidade dos profissionais psicopedagogo, psicó-
logo, neurologista ou um médico, que nas suas atribuições tem capacidade para
analisar, a partir de vários testes e exames, e obter um diagnóstico das possíveis
patologias. Estas podem ser distúrbios, deficiência ou transtorno.
Após comprovar-se a dificuldade de aprendizagem escolar, o psicopedagogo
e o educador farão as intervenções necessárias para estimular o aluno. Por meio
de suas práticas pedagógicas, esses profissionais podem trazer diferentes possi-
bilidades de aprendizagem e levar o aluno ao pleno desenvolvimento cognitivo
(ALMEIDA, 2012).
Como podemos verificar, para se chegar ao diagnóstico e aos motivos da
dificuldade de aprendizagem de uma pessoa, é preciso vários conhecimentos e
profissionais envolvidos. Desse modo, como afirma Relvas (2012), as intervenções
psicopedagógicas renovadas, em apoio à escolarização, aliadas às atuações dos
profissionais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem escolar, podem

173
antecipar e amenizar os prejuízos, advindos das dificuldades de aprendizagem,
UNIDADE 5

que, muitas vezes, resultam na desistência e, consequentemente, na evasão escolar.


Machado e Nazari (2012) destacam que a educação tem o poder de modificar
o funcionamento cerebral, por meio das ações pedagógicas. Ao ser diagnosti-
cado com déficit, a criança apresenta, no seu modo de aprender, dificuldades e
debilidades nas funções mentais: memória, percepção e raciocínio. A falta dessas
funções dificulta a aprendizagem escolar, mesmo assim, ela pode aprender, ao ser
acompanhada pelo psicopedagogo; ter as intervenções corretas em sala de aula e
o acompanhamento adequado dos familiares. Para tanto, o psicopedagogo:


[...] tem como meta esclarecer a respeito das dificuldades específicas,
indicando a relação entre os aspectos da aprendizagem, seja ela:
ortográfica, linguagem escrita, biológica, emocional, cognitiva. Con-
ceituando aprendizagem para construção do diagnóstico o qual é
de caráter investigatório, interventivo e contínuo, é fundamental na
psicometria clássica testes-aprendizagem, teste, onde se aprendeu: a
calcular o potencial de aprendizagem do sujeito em razão das novas
aquisições que faz durante o processo (CRUVINEL, 2009, p. 11).

Diante disso, o psicopedagogo é o profissional que tem em seus estudos o conhe-


cimento para distinguir que tal saber é uma habilidade própria do ser humano
e pode ser estimulada, levando à construção de novos conhecimentos e, ainda,
contribuir para a aprendizagem, em um nível mais específico, e ampliar os ho-
rizontes do aluno, que incidirá na melhoria da qualidade de sua aprendizagem
(CASTRO, 1999).
A seguir, definiremos os campos de atuação do psicopedagogo. A princípio,
sabe-se que é um profissional generalista, especialista em problemas de aprendi-
zagens e atua, diretamente, com a aprendizagem humana. Para Fernández (2010),
os psicopedagogos podem atuar em clínicas e praticar um atendimento indi-
vidualizado como também em instituições escolares, hospitais e empresas, no
auxílio da promoção de aprendizagens e no terceiro setor.

174
UNICESUMAR
PSICOPEDAGOGIA

No campo da
Clínica Institucional investigação
científica

Figura 2 - Atuações dos psicopedagogos / Fonte: as autoras.

Independentemente dos segmentos, o psicopedagogo atuará, sempre, com o ob-


jetivo de entender as dificuldades que o aprendiz enfrenta para aprender e as
possíveis intervenções para auxiliá-lo nesse processo. Para entender essa atuação,
elencamos, a seguir, as possíveis áreas de atuação do profissional psicopedagogo
na contemporaneidade.

Psicopedagogia Clínica

A psicopedagogia clínica é realizada de maneira terapêutica. Nela, o psicopeda-


gogo centra-se em descobrir os motivos pelos quais o sujeito não aprende, para,
posteriormente, auxiliá-lo (BOSSA, 2000).


Com o desenvolvimento do trabalho o psicopedagogo colabora
na construção da autoestima, que se desfez na trajetória estudantil.
Dessa forma, o sujeito é conduzido a descobrir suas competências e
aptidões, construindo seu saber. O atendimento clínico é praticado
em centros de saúde e clínicas e normalmente os atendimentos são
feitos individualmente (VERCELLI, 2012, p. 73).

175
Para isso, o psicopedagogo clínico precisa manter-se sempre atualizado diante
UNIDADE 5

das interfaces que podem impedir o sujeito de aprender; conscientizar-se dos


problemas que podem servir de obstáculos ao desenvolvimento cognitivo do
ser humano e procurar as intervenções que melhor se encaixam à queixa do
indivíduo em tratamento.


Para que o trabalho em uma clínica de Psicopedagogia seja reali-
zado com sucesso, o envolvimento dos profissionais que ali atuam
é de extrema importância. O psicopedagogo precisa estar atento às
inúmeras possibilidades de intervenção, levando em conta as difi-
culdades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem
como a própria disponibilidade frente a novos aprendizados de-
monstrados por este (GAMBA; TRENTO, 2009, p. 2).

Nesse sentido, para uma intervenção psicopedagógica, é preciso que o profissio-


nal tenha ciência das possibilidades que o aluno tem em aprender; traçar os pas-
sos de intervenções, como a escolha do material de trabalho. Este varia de acordo
com as necessidades do sujeito, e a adaptação, por sua vez, é feita constantemente
(GAMBA; TRENTO, 2009).

176
Psicopedagogia Escolar

UNICESUMAR
O psicopedagogo, no campo escolar, ocupa-se com os problemas e os processos
de aprendizagem, ou seja, como o indivíduo aprende; como a aprendizagem varia
e como o aluno produz as alterações no modo de aprender. Para Bossa (2007), é
preciso reconhecer as possibilidades de tratamento e prevenção no processo de
aprendizagem humana. Isso envolve padrões evolutivos normais e patológicos,
além da influência do meio (família, escola, sociedade) no desenvolvimento do
sujeito como um todo. Segundo Fagali e Vale (2009, p. 35):


Pensar a escola à luz da Psicopedagogia implica nos debruçarmos
especialmente sobre a formação do professor. As propostas de for-
mação docente devem oferecer ao professor condições para esta-
belecer uma relação madura e saudável com os seus alunos, pais e
autoridades escolares. Investigar, analisar e realizar propostas para
uma formação docente que considere esses aspectos constitui uma
tarefa extremamente importante, da qual se ocupa a Psicopedagogia.

Como vemos, a atuação do psicopedagogo na instituição escolar refere-se ao


auxílio e à elaboração de um diagnóstico completo da escola, prevendo a atuação
do professor e sua didática em sala de aula. Esse profissional elabora, também,
procedimentos específicos referentes aos aspectos que precisam ser melhorados
e apresenta possibilidades de novas atuações no desenvolvimento do ensino e
aprendizagem. Em síntese, o psicopedagogo precisa trabalhar com diagnóstico e
intervenção. Para Bossa (2007), ele se destaca no meio escolar por sua intervenção
de caráter preventivo, atribuindo as seguintes tarefas:

177
UNIDADE 5

Orientar os pais.

Auxiliar os professores
e demais profissionais
nas questões pedagógicas.

Colaborar com a direção, para que


haja um bom entrosamento entre
todos os integrantes da instituição.

Socorrer o aluno que esteja sofrendo,


qualquer que seja a causa.

Figura 3 - As atribuições na atuação do Psicopedagogo / Fonte: as autoras.

Outro ponto importante a ser esclarecido é, no exercício das funções psicopeda-


gógicas, não se utiliza instrumentos padronizados, pois, para cada especificida-
de, faz-se necessário uma atuação e um novo recurso. Para isso, é bem-vindo o
uso de jogos, atividades de expressão artística, da linguagem escrita, de leituras,
dramatizações, entre outros, quando se tratar de atendimento de dificuldades de
aprendizagens de alunos. Ressalta Barbosa (2007, p. 37) que “na instituição esco-
lar, convive-se com o ensinar e com o aprender de uma forma muito dinâmica,
não sendo possível, na prática, haver uma intervenção que recaia somente sobre
o aprender”.
Dessa forma, podemos notar que o psicopedagogo tem um papel relevante
na contribuição da dinâmica escolar. E a sua atuação caracteriza-se pelo aspecto
interacional, ou seja, pode atuar como parte de uma equipe interdisciplinar nas
questões de discussão da problemática docente, discente e administrativa bem
como no atendimento aos pais, alunos e professores, sempre com o intuito de
atenuar as dificuldades de aprendizagem do discente.

178
Psicopedagogia Institucional

UNICESUMAR
A psicopedagogia institucional é desenvolvida no contexto hospitalar, empresa-
rial, em organizações assistencial e escolar, com o objetivo de realizar ações de
caráter preventivo, ou seja, de antecipar ações para combater os problemas de
aprendizagem no indivíduo, nestes meios. “Por isso, a psicopedagogia institucio-
nal se coloca atenta às variadas possibilidades de construção do conhecimento e
valoriza o imenso universo de informações [...]” (OLIVEIRA, 2009, p. 39). Sobre
esse assunto, Bossa (1994, p. 24), também, afirma:


Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender a patologia
da aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma
ação preventiva, acreditando que muitas dificuldades de aprendi-
zagem se devem à inadequada Pedagogia institucional e familiar. A
proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma
postura crítica.

Como mencionamos, além de preventivo, o psicopedagogo atua em duas áreas:


saúde e educação. Na educação, a sua intervenção será em prevenir ou, até mes-
mo, diminuir o fracasso de aprendizagem que ocorre no contexto escolar, hospi-
talar, empresarial ou organizacional, e isso pode se relacionar tanto à instituição
quanto ao indivíduo. Já, à questão da saúde, o psicopedagogo desenvolverá:


[...] diagnóstico na identificação dos múltiplos geradores desse
problema, e fundamentalmente, busca-se descobrir como o sujeito
aprende. Utilizando-se, no diagnóstico, testes para melhor conhecer
o paciente e a sua problemática, os quais são selecionados em função
de cada sujeito (BOSSA, 2000, p. 42).

O psicopedagogo, portanto, ameniza ou elimina as dificuldades de aprendizagem,


no ambiente institucional. Ele tem habilidades para analisar as esferas biológicas,
afetivas e intelectuais, no desenvolvimento da formação dos conhecimentos do
indivíduo. Agrega, com isso, ganhos tanto para as instituições como para o ser

179
humano, pois quando recebe conhecimentos, o indivíduo é incluído, de um jeito
UNIDADE 5

coordenado, nos ambientes em que se relaciona, e se integra, mais facilmente, na


coletividade. Em suma, o psicopedagogo ajuda na obtenção do conhecimento, faz
mediação dessa inclusão do sujeito e auxilia no processo de desenvolvimento, em
que todos saem ganhando, tanto o sujeito como as instituições (BOSSA, 2011).

2
O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO
frente à instituição social
familiar

O cenário familiar, também, precisa da ação da psicopedagogia como uma área de


conhecimento. Desse modo, o psicopedagogo pode facilitar o convívio da criança
no meio familiar, auxiliando os pais no trabalhar com a criança que apresenta
alguma dificuldade de aprendizagem escolar, levando os pais a uma tomada de
consciência, a fim de que possam observar o indivíduo como um todo, desta-
cando, ainda, que cada um aprende de maneira diferente e precisa ser respeitado
e incentivado da maneira correta. Nesse sentido, Rubinstein, Castanho e Noffs
(2004, p. 227) destacam que “o objeto de estudo da psicopedagogia contemporâ-
nea continua sendo a aprendizagem, entretanto passa-se a valorizar a amplitude
do fenômeno educacional”. Pois, como afirmamos, os modos de aprender são
específicos de cada indivíduo e precisam ser entendidos e respeitados.

180
Sendo assim, partimos do pressuposto do papel desempenhado pelo psico-

UNICESUMAR
pedagogo na atualidade, considerando a realidade social que vivemos. Com isso,
o objeto de estudo da psicopedagogia se amplia. Agora, entende-se que, dentre
outros, as influências do meio, em especial da família, da escola e da sociedade,
são extremamente relevantes para o processo de aprendizagem. Este compreende
os meios de intervenções, tanto para a pessoa que precisa desenvolver os proces-
sos de aprendizagens como para os familiares que precisão de auxílio para lidar
com essa fase.
Sendo assim, é preciso, na atuação com os familiares, dentre outras questões,
o desenvolvimento de uma postura de “escuta”, problematizar as questões levan-
tadas e refletir sobre as possíveis causas, a fim de melhor compreendê-las e, con-
sequentemente, investir em possíveis melhorias de convivência com o indivíduo
diagnosticado com algum problema ou distúrbio de aprendizagem.

explorando Ideias

Atualmente, o objeto de estudo da psicopedagogia não pode mais ignorar as relações


afetivas e intelectuais que interferem nas relações do indivíduo com o meio. Fica claro,
portanto, que as influências socioculturais são determinantes no processo de aprender
do ser humano. A família, por sua vez, é o suporte que todos precisam para conseguir
superar muitas fases de desenvolvimento, seja ele de aprendizagem, seja de outros âmbi-
tos, como os relacionados ao afetivo.
Fonte: adaptado de Scoz et al. (1992).

Aqui, podemos destacar os pais que são presentes nas atividades escolares de seus
filhos e que, mesmo assim, apresentam dificuldades escolares, as queixas dos pais
são sempre: “onde estamos errando?”, e o psicopedagogo, nesse momento, pode
ser o suporte que eles precisam para entenderem o que estão passando. Sendo
assim, o psicopedagogo se apresenta com um papel relevante, tanto no desenvol-
vimento da criança como na orientação das famílias.
É preciso destacar, também, a atuação do psicopedagogo em levar o conheci-
mento aos familiares sobre os processos de aprendizagem, para que saibam valo-
rizar as múltiplas formas de se aprender e evitar possíveis comparações entre um
filho e outro, ou a um parente e amigo da mesma idade, que se apresenta de modo
mais desenvolvido que o seu filho. Marturano (1999), nesse sentido, enfatiza:

181

[...] os pais que são afetuosos, controladores sem serem restritivos
UNIDADE 5

demais, que costumam utilizar explicações para justificar as regras


que governam a vida cotidiana da família e animam a criança a
ser independente contribuem para maior auto-regulação na escola,
melhor desempenho escolar e melhor ajustamento em sala de aula
(MARTURANO, 1999, p. 23).

Atitude simples poderá contribuir, significativamente, na vida da criança. O psi-


copedagogo, nesse sentido, visando melhorias na qualidade da relação entre pais e
filhos, pode elaborar orientações para resgatar atitudes simples, mas significativas
na vida cotidiana familiar. Dentre estas atitudes, destacamos as demonstrações de
carinho, de interesse pelas questões da criança, o compartilhamento de atividades
de leitura, de lazer, de jogos, de conversação, de diálogos de fins de tarde para
saber como foi o dia da criança, entre outras. Essas maneiras de agir têm efeitos
positivos e podem interferir nos relacionamentos e na aprendizagem da criança
de maneira positiva. Não podemos confundir, porém, a atuação do psicológico
nas intervenções, que somente esse profissional pode fazer, em relação ao papel
da família. Esta conta com os conhecimentos do psicopedagogo para saber lidar
com os processos de aprendizagem do seu filho.

A psicopedagogia familiar e a organização de es-


paços de estudos

Neste momento, atribuiremos responsabilidade aos pais, pois não se pode deixar
de analisar as realidades vivenciadas dentro de casa. Observa-se, atualmente, o
aumento da defasagem escolar, relacionado às questões emocionais e afetivas
ligadas ao meio familiar bem como a falta de espaço adequado aos estudos, den-
tro de casa.
Algumas famílias se esquecem do sentimento de afetividade entre seus mem-
bros. Muitos pais sonham e até incentivam seus filhos para o progresso físico e
intelectual e idealizam uma escola que tenha a obrigação de proporcionar bons
conteúdos de aprendizagem, acreditando que isso será o suficiente para que o
aluno tenha sucesso no futuro. Nesse caso, o psicopedagogo precisa esclarecer
aos pais que parte sucesso dependerá do relacionado da criança dentro de casa,
pois a educação das emoções não é menos importante que a do corpo e da mente.

182
É válido, também, dar a devida importância aos momentos de atividades

UNICESUMAR
escolares a serem resolvidas em casa, organizar um momento e local adequado
para isso.
A atuação, no meio familiar, é bem ampla, e, neste espaço, o psicopedagogo
visa, entre outras atividades, elaborar junto aos familiares condições de estudos
para que o aluno consiga reter os conhecimentos e ter a atenção e a concentração
necessária no decorrer das suas atividades, tendo a consciência de observar as
suas dificuldades de aprendizagem como um todo e, assim, analisar o que precisa
ser melhorado. Para tanto, o psicopedagogo pode, junto com os pais, criar um
espaço que reforce os aspecto sensório-motor, coordenação motora ampla, desen-
volvimento motor fino, traçado, desenho, lateral, viso-motora, percepção espacial,
espaço temporal, ritmo, raciocínio lógico-matemático, elaboração e organização
mental, leitura e escrita, entre outras atividades. Essas podem ser trabalhadas e
desenvolvidas de maneira agradável para criança e conforme as necessidades e
especificidade de cada uma.
Cabe, ainda, destacar que, quando o espaço não é organizado de maneira que
propicia a aprendizagem, ele pode desfavorecer e até prejudicar a construção dos
processos de conhecimentos da criança, levando à desatenção e ao decréscimo
nos estudos. Para ilustrar essa ideia, observe a imagem a seguir:

Figura 4 - Criança olha para o nada e traz em sua imaginação algo que não está ocorrendo
no momento vivenciado / Fonte: Pixabay ([2020], on-line)2.

183
A criança tem uma imaginação muito fértil, por isso, é preciso usar essa ima-
UNIDADE 5

ginação a favor do seu desenvolvimento, sempre que preciso. Nesse sentido, os


pais devem organizar e pensar o local de estudo em suas casas, não achando que
isso é somente uma tarefa da escola. Olha que importante colocação Tiba (1996,
p. 116) faz:


Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do
indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria
tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre
filhos, e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às insti-
tuições de ensino que frequentam. Foram tantas as mudanças de
mentalidade e comportamento nessas últimas décadas que tanto
os pais quanto as escolas precisam adaptar-se a um novo sistema
educativo em busca da saúde social.

Diante disso, é importante que os pais entendam a responsabilidade de acom-


panhar seus filhos em momentos de aprendizagens e possam, juntos, traçar o
melhor caminho na construção dos conhecimentos, para um resultado positivo.
Assim sendo, quanto mais integradora for a relação da família com os estudos
dos seus filhos, por exemplo, proporcionando-lhe segurança, maior será sua pos-
sibilidade de reconhecer suas capacidades.
Aqui, ressaltamos que as possibilidades do futuro promissor da criança estão
nas mãos das pessoas que convivem com ela, pois lhe servem de espelhos, pas-
sando-lhe confiança. Assim, poderá desenvolver, em si mesma, a capacidade de
tomar decisões, habilidade para solucionar problemas, a autonomia e motivação
para atingir objetivos. Isso dependerá, então, do quanto elas foram apoiadas.
Não temos, aqui, a pretensão de apresentar uma receita única de como as
famílias devem proceder no processo de aprendizagem de seus filhos, mas
fazê-los entender que cada criança é um ser humano único e importante. Por isso,
seus familiares precisam entender e respeitar suas individualidades; aceitar as
diferentes formas de sentir, pensar, agir e aprender. Esse é um ponto básico para
iniciar a condução da construção dos conhecimentos das crianças.
Como bem sabemos, aprender não é uma tarefa fácil, é um processo comple-
xo que apresenta bloqueio e inibições. Nesse momento, a intervenção psicopeda-
gógica tem relevância e pode alcançar o seu maior grau de desempenho, fazendo

184
com que os familiares entendam o processo de aprendizagem como único e que

UNICESUMAR
precisa ser respeitado e estimulado, antes de ser rotulado e desestimulado a ponto
de a criança desistir de si mesma.

3
O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO
junto à instituição social
escolar

Para falar da atuação do psicopedagogo nas escolas, é preciso, antes, mencionar


que vivemos um momento contemporâneo e que esse exerce influência em todos
os campos, entre eles o escolar. Desse modo, o que mudou no ambiente escolar,
na contemporaneidade, e na atuação do psicopedagogo é o que vamos entender
nesse momento.
O que mudou na escola, com o passar dos tempos? Inicialmente, podemos
destacar as novas tecnologias e as metodologias, pois estas são as mais novas
integrantes do cotidiano escolar. Isso, no entanto, exigiu dos professores planos
de aulas atualizados e paradigmas inovadores. Outro aspecto é que o aluno, tam-
bém, apresenta outra característica, ou seja, precisa de maiores estímulos para o
desenvolvimento da aprendizagem. O que não mudou, porém, é o mencionado
por Freire (1994, p.10):

185

É impossível ensinar sem essa coragem de querer bem, sem a valen-
UNIDADE 5

tia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. É impossível
ensinar sem a capacidade forjada, inventada, bem cuidada de amar.
[...] É preciso ousar, no sentido pleno desta palavra, para falar em
amor sem temer ser chamado de piegas, de meloso, de a-científico.

Ou seja, o papel do professor de ensinar, mediar, estar ao lado, estimular os co-


nhecimentos do aluno precisa ultrapassar gerações e se adequar às realidades
que acontecem. Desse modo, sendo a psicopedagogia a área de conhecimento,
que surgiu da necessidade de atender e orientar pessoas que apresentem dificul-
dades ligadas ao aprender, devido a questões cognitivas ou relacionadas ao seu
comportamento social, também, deve se adequar a essa nova realidade social e
educacional. Evidencia-se, pois, que, ao mudar os modos de ensinar e aprender,
surgem outras dificuldades na aprendizagem escolar.
A partir do cenário apresentado, é preciso compreender: qual é a atuação do
psicopedagogo em relação ao ambiente escolar? Em se tratando dos limites de
atuação da psicopedagogia e como se ocupa com os problemas de aprendizagem,
o psicopedagogo deve, inicialmente, compreender o processo de aprendizagem,
ou seja, analisar os meios pelo qual o sujeito aprende, como ele busca desenvolver
os métodos de aprendizagem e as variações vivenciadas pelo acesso ao aprender
para, posteriormente, traçar os meios de tratar as possíveis limitações de apren-
dizagem de uma pessoa, no ambiente escolar. De acordo com Bossa (2007), o tra-
balho da psicopedagogia na instituição escolar apresenta as seguintes naturezas:

Psicopedagogia

Voltada para os alunos que apresentam dificuldades na


escola. Seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à
situação de sala de aula, possibilitando o respeito às suas
necessidades e ritmos.

Assessoria aos pedagogos, orientadores e professores.


Trabalha questões pertinentes às relações entre
professor e aluno, à redefinição dos procedimentos
pedagógicos, à integração do elementos afetivo e
cognitivo às diferentes áreas do conhecimento, por
meio da aprendizagem dos conceitos.

Figura 5 - As naturezas que se apresentam na psicopedagogia instituição escolar


186 Fonte: as autoras.
O psicopedagogo, desse modo, tem a função de auxiliar o aluno e orientá-lo nos

UNICESUMAR
estudos. Também, prestar assessoria aos professores, contribuindo para as ações
pedagógicas, de modo a facilitar o uso das ferramentas didáticas e, assim, atender
às necessidades de desenvolvimento do aprendiz, em sala de aula.
Na instituição escolar, o psicopedagogo, portanto, pode trabalhar de maneira
preventiva, adotando postura crítica em relação ao fracasso escolar; propor al-
terações voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas; apresentar
novos planos de prevenção; contribuir com o professor para que ele possa ensi-
nar, buscando, sempre, novas maneiras de atuação, a fim de que o aluno aprenda
com prazer e seja beneficiado com essa estrutura escolar. Assim, ressalta Barbosa
(2007, p. 37): “na instituição escolar, convive-se com o ensinar e com o aprender
de uma forma muito dinâmica, não sendo possível, na prática, haver uma inter-
venção que recaia somente sobre o aprender”.
Ainda, quanto à atuação preventiva do psicopedagogo, para Pontes (2010),
esse profissional precisa:

Compreender a formação
dos professores.

Analisar o currículo que está


sendo trabalhado.

Observar se o currículo está sendo


adequado às necessidades dos alunos.

Ver com o professor se está ou não


preparado para atender o aluno.

Figura 6 - A atuação do psicopedagogo e a prevenção nas dificuldades de aprendizagem


Fonte: as autoras.

187
Após ter feito as observações e de posse das informações, se preciso for, o psico-
UNIDADE 5

pedagogo poderá intervir na atuação do professor e do pedagogo, apresentando


orientações e sugestões de ações importantes a serem implantadas para melhor
atender os alunos em seu processo de aprendizagem. Para Bossa (2007), no con-
texto escolar, o psicopedagogo pode priorizar em sua atuação:

Intervenção

Acompanhar
e interferir
na relação Diagnóstico
professor-
aluno
Psicopedagogo
no contexto
escolar
Orientar, Pesquisas
coordenar e e estudos
supervisionar científicos

Assessoria

Figura 7 - Atuação escolar do psicopedagogo / Fonte: as autoras.

Sendo assim, o psicopedagogo pode intervir e solucionar problemas relaciona-


dos à aprendizagem, tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição de ensino;
diagnosticar e intervir, utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da
psicopedagogia; desenvolver pesquisas e estudos científicos sobre o processo de
aprendizagem e seus problemas; prestar assessoria psicopedagógica aos trabalhos
realizados no meio institucional; orientar, coordenar e supervisionar as questões
de ensino e aprendizagem, relacionadas à estrutura curricular.
Bossa (2007) destaca, ainda, que o psicopedagogo escolar pode atuar como
mediador entre professor e aluno nos aspectos subjetivos; direcionar nas questões
vocacionais; assessorar o cumprimento do Projeto Pedagógico; analisar e verificar
a implementação e a implantação de novas propostas metodológicas; organizar
encontros socializadores entre corpo docente, discente, coordenadores, corpo
administrativo e de apoio e dirigentes; dar o suporte necessário aos alunos com

188
dificuldades de aprendizagem; apoiar e cooperar na correção de funções cogniti-

UNICESUMAR
vas deficientes bem como na aquisição de conceitos básicos; organizar momentos
de reflexão sobre a ação educativa; mediar a passagem de uma atitude passiva,
reprodutora de informação para a autogeradora.
É relevante esclarecer ainda que a atuação do psicopedagogo não pode se
confundir com qualquer prática que conceba uma única face do sujeito. Mesmo
que o objeto de estudo seja a problemática da aprendizagem, não pode deixar de
observar o que se sucede entre a inteligência e os desejos inconscientes bem como
o que está em torno do sujeito e suas relações com meio escolar. Desse modo, as
ações do psicopedagogo escolar são extremamente relevantes, pois ele tem acesso
a vários núcleos de relações do aluno e consegue observar o que interfere no seu
processo de aprendizagem.
Diante disso, esperamos que tenha ficado clara a relevância que se tem a atua-
ção do psicopedagogo, como profissional assessor e orientador na escola, princi-
palmente no que diz respeito aos aspectos do processo de ensino e aprendizagem
do aluno. Outro ponto relevante a ser destacado, em relação ao psicopedagogo
escolar, é que sua atuação é de cunho preventivo com a missão de ser “suporte”
ao processo de aprendizagem, mediar e sugerir a possíveis passos a serem dados
em relação a formação dos conhecimentos. Sua contribuição não se restringe ao
aluno, estende-se também ao professor e à equipe pedagógica, sem, contudo, im-
por, mas agregar conhecimentos e novas condições de atuações no meio escolar.

189
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 5

Caro(a) aluno(a), esperamos ter esclarecido, no decorrer de nossos estudos, as


questões que aqui abordamos, relacionados à psicopedagogia. O primeiro ponto
é relembrar os motivos pelos quais surgiu a psicopedagogia, isto é, cuidar do in-
divíduo com dificuldades cognitivas, atuando na medicação e auxílio físico, na
organização e elaboração de dados e informações, utilizando-os em sua vida, na
análise de bloqueios, dificuldades e problemas da aprendizagem.
A área de psicopedagogia é ampla e permite ao profissional vários campos de
atuação, como: escola, instituições, hospitais, empresas, Ongs e pesquisas cientí-
ficas. Em todos, o psicopedagogo contribui com o processo de aprendizagem do
sujeito que apresenta dificuldades e auxilia as equipes pedagógicas a lidar com
essas dificuldades.
Enfatizamos, aqui, também, a importância da atuação dos psicopedagogos,
ao auxiliar os aspectos de aprendizagem do homem que viverá em sociedade.
Trouxemos, então, uma visão panorâmica dos processos psicopedagógicos e não
nos limitamos a conhecer a psicopedagogia nos espaços escolares, mas em várias
áreas que atua, diretamente, com a aprendizagem humana, como clínicas, que
praticam um atendimento individualizado; hospitais e empresas, que também
promovem a aprendizagem, bem como no terceiro setor.
Por fim, buscamos refletir o papel do psicopedagogo na instituição social
familiar que, com o tempo, modifica-se, enfatizando o contexto atual. Com efei-
to, os estudos aqui apresentados devem ser cada vez mais aprofundados, pois
as mudanças ocorrem constantemente, e o psicopedagogo precisa atualizar-se
sempre, para melhor atender aos processos de aprendizagem, nos mais diversos
ambientes de atuação.

190
na prática

1. Analise as asserções a seguir:

I - Para Bossa (2000, p. 19), “psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem


e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do
conhecimento, integrando-os e sintetizando-o”.

PORQUE

II - Partindo destes conhecimentos que o psicopedagogo terá condições de saber


qual é a melhor intervenção de que a pessoa precisa em relação às suas queixas
e dificuldades em aprender.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta


da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

2. O psicopedagogo é o profissional que possui, em seus estudos, conhecimentos que


podem distinguir o saber e a habilidade própria do ser humano e, assim, auxiliar, por
meio de estímulos, a construção de novos conhecimentos. Para tanto, consideran-
do o mencionado anteriormente, analise as afirmativas em relação às metas que o
psicopedagogo precisa ter em sua atuação.

I - Esclarecer a respeito das dificuldades específicas, indicando a relação entre os


aspectos da aprendizagem, sejam elas ortográfica, linguagem escrita, biológica,
emocional, cognitiva.
II - Conceituando a aprendizagem para construção do diagnóstico, distinguindo
qual é de caráter investigatório, interventivo e contínuo.
III - Diagnosticar e encaminhar, apenas, para um acompanhamento pedagógico.
IV - Analisar o meio social e dar indicações de comportamentos para melhor se
relacionar quando assim precisar.

191
na prática

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

3. Diante do que vimos, no decorrer dos nossos estudos, podemos definir os campos
de atuação do psicopedagogo, sendo um profissional generalista especialista em
problemas de aprendizagens e que atua direto com a aprendizagem humana. Para
tanto, analise as afirmativas em relação a atuação do psicopedagogo.

I - O psicopedagogo pode atuar em clínicas, que praticam um atendimento indi-


vidualizado.
II - Pode atuar em instituições escolares, hospitais e empresas no auxílio da pro-
moção de aprendizagens e, também, no terceiro setor.
III - No campo da investigação científica.
IV - Na atuação em sala de aula.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

192
na prática

4. Pontes (2010) destaca que na atuação do psicopedagogo, no contexto escolar, frente


à prevenção das dificuldades de aprendizagem do aluno, é preciso que tenha alguns
propósitos. Diante disso, analise as afirmativas em relação aos propósitos que o
psicopedagogo deve ter em sua atuação no ambiente escolar.

I - Compreender a formação dos professores.


II - Analisar se o currículo é trabalhado.
III - Observar se o currículo é adequado às necessidades dos alunos.
IV - Ver se o professor é ou não preparado para atender ao aluno.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

5. A atuação do psicopedagogo na instituição escolar também visa ao auxílio e a ela-


boração de um diagnóstico completo da escola, que pode ser também da atuação
do professor. Bossa (2007) afirma que o psicopedagogo se destaca no meio escolar
pela sua intervenção em um caráter preventivo, que em sua atuação atribui algumas
tarefas. Diante do exposto, elenque as tarefas que o psicopedagogo possui frente
a sua atuação escolar.

193
aprimore-se

PSICOPEDAGOGIA, EDUCAÇÃO E NEUROCIÊNCIAS

Quantas vezes, após ouvirmos o relato de uma mãe sobre o que a criança está pas-
sando, sobre sua rotina, seu dia a dia, nós pegamos entendendo as atitudes desta
criança na sala de aula. Identificar cada aluno e compreender seu desenvolvimento
é essencial, muito mais essencial que o método utilizado pela escola X e Y. Esta com-
preensão de cada aluno faz com que possamos utilizar estratégias diferenciadas
para chegar ao nosso objetivo. Hoje, em sala de aula temos vários “diagnósticos”.
O que fazemos com estes diagnósticos na prática educativa? Vejo uma dezena de
professores e psicopedagogos que não sabem traduzi-los para a sala de aula e para
o aprender.
A escola tem a função de ajudar a criança a progredir do aprender por meio da
observação, o que faz o tempo todo, desde seu nascimento, para chegar ao apren-
der por meio do ensino formal. A mudança mental provocada pela frequência da
criança à escola é muito (GARDNER, 2005). A Neurociência, a multidisciplinaridade-
não vem como “receitas de bolo”, mas ensinam a olhar e adaptar estratégias dife-
renciadas para conclusão de nossos objetivos. Em qualquer classe devemos usar
múltiplas estratégias, estímulos visuais, auditivos, táteis, senso de humor, afetivida-
de e quanto mais diversidade de estratégias, mais certeza de que nossa mensagem,
nosso conteúdo, chegará a todos. Afinal, o que o cérebro faz melhor é aprender, o
cérebro se auto-renova a cada estímulo, experiência ou comportamento (JENSEN,
2002), sua função é otimizar comportamentos, usando informações recebidas com
eficiência, para isso ensinamos e para isso a escola existe. Para outras espécies, o
processo de aprendizagem é lento e leva gerações para reestruturar o padrão de co-
nexões geneticamente codificado, mas o homem tem um processo ativo de reescul-
tura neural e as mudanças e os processamentos de memória podem ocorrer quase
que instantaneamente (MCCRONE, 2002). O objetivo desta diferença nos homens e
nos animais é o mesmo: a sobrevivência da espécie.
Existem muitos estudos e pesquisas sendo realizadas com o objetivo de com-
preender os processos neurológicos que envolvem a aprendizagem. “Na realida-
de, quanto melhor entendermos o cérebro, melhor o poderemos educar” (WOLFE,

194
aprimore-se

2006, p. 6). Atualmente, sabe-se que existem períodos mais receptivos, quando o
cérebro acolhe melhor certos estímulos e mostra-se mais apto a assimilar conheci-
mento. Sabemos também que existem múltiplas inteligências. A neurociência será
um poderoso auxiliar na compreensão do que é comum a todos os cérebros e po-
derá nos próximos anos dar respostas confiáveis a importantes questões sobre a
aprendizagem humana (OECD, 2003). Para tanto, buscamos na multidisciplinarida-
de a parceria necessária. A prática docente sempre se valeu de contribuições de
psicólogos, biólogos, filósofos e médicos, dos quais podemos citar, entre outros:
Ferreiro, Dewey, Piaget, Dècroly, Montessori, Froebel, Rousseau e Wallon. Produzir
uma ponte entre questões pedagógicas com a contribuição de profissionais de ou-
tras áreas deve ser a intenção de quem quer conhecer seu aluno.
A Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OECD), no li-
vro “Compreendendo o cérebro”, sugere a promoção de relações transdisciplinares
e o investimento em pesquisas transdisciplinares e reconhece a emergência de criar
uma nova ciência de aprendizagem, além da necessidade de desenvolver “institui-
ções de ciência de aprendizagem” (OECD, 2003, p. 1147-59.).
A influência da Neurociência na nossa prática educacional irá fortalecer estraté-
gias já utilizadas em sala de aula, além de sugerir novas formas de ensinar. O conhe-
cimento sobre o neurodesenvolvimento e as funções executivas pode nós auxiliar
com subsídios práticos e teóricos não só para as inclusões presentes na escola, mas
no ensino e aprendizagem de todos os alunos. Acredito que tudo isto vai auxiliar a
Psicopedagogia nas relações de professores, pais e alunos com o aprendizado. “Os
alunos de hoje merecem uma educação exemplar baseada na atual investigação so-
bre o cérebro. Isto não pretende sugerir que tudo o que os professores e as escolas
fizeram até aqui estava errado, mas sim, que temos uma nova informação, baseada
na própria biologia da aprendizagem do cérebro, que pode melhorar a educação”8.
Como o cérebro processa a informação que recebe, como ocorre o registro sensó-
rio, como funciona a memória, como os ritmos biológicos afetam o aprender e o en-
sinar (SOUSA, 2002), são algumas das perguntas que nós fazemos e que já começam
a ter delineadas suas respostas pelas Neurociências. Quem compreende o processo
de aprender como uma atividade deve pensar nas condições essenciais para que

195
aprimore-se

esta atividade seja otimizada. Precisamos iniciar uma discussão entre professores e
psicopedagogos sobre a necessidade de uma visão neurocientífica em nossa ação.
A principal lição que esta troca de saberes nos oferece é a cooperação, que
aprendemos a ter ao longo da vida, vivendo em sociedade, é esta cooperação que
ensinamos aos nossos filhos e alunos. Uma comunidade é estável quando está or-
ganizada e quando cada ser isolado quer para si o que também serve a sociedade,
que o mantém e cuida dele (SPITZER, 2007). Para a sobrevivência deste ser humano
que se preocupa com outros seres humanos e sabe cooperar com eles, a aprendi-
zagem sobre como ele aprende, como o cérebro funciona, quais são suas neces-
sidades, sua visão de mundo, o que pode facilitar seu aprendizado e inclusão na
sociedade é essencial. O psicopedagogo deve beneficiar-se das pesquisas recentes
para enriquecer sua prática clínica ou institucional, visando sempre à qualidade de
seu trabalho e sua eficiência na compreensão de cada indivíduo.
Fonte: Chedid (2007).

196
eu recomendo!

livro

Atuação em Psicopedagogia Institucional


Autor: Leny Magalhães Mrech
Editora: Wak
Sinopse: articulando teoria e prática, as autoras discutem, nesta
obra, propostas que enfatizam o lugar do lúdico e do singular
nas aprendizagens que ocorrem ao longo da vida, em suas dife-
rentes fases e em diversos contextos - educacional, empresarial
e em instituições para permanência de idosos. Com base em teorias do desen-
volvimento e da aprendizagem que valorizam a atividade do sujeito que aprende
em sua interação com desafios e problemas, com seus pares e com as próprias
memórias de vida, no caso dos idosos, são discutidos projetos atentos às novas
realidades e às necessidades educacionais do início do século XXI.

conecte-se

O artigo trata da atuação do psicopedagogo. Este deve se adequar às novas ne-


cessidades da educação e a sua repercussão no modelo de ensino e aprendiza-
gem, visando ao desenvolvimento de capacidades e competências mínimas para
a participação produtiva, no século XXI.
http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/427/a-prevencao-dos-pro-
blemas-de-aprendizagem-e-as-capacidades-e-competencias-minimas-para-a-
-participacao-produtiva-no-seculo-xxi

197
conclusão geral

conclusão geral

Caro(a) aluno(a), neste momento, esperamos que você tenha compreendido a rela-
ção e as intervenções familiares nos aspectos da psicopedagogia, na formação do
ser humano. No decorrer de nossos estudos, abordamos a relevância do suporte fa-
miliar, sendo este o assunto tratado com o intuito de refletir em relação ao suporte
familiar e suas práticas bem como a importância da parceria entre família e escola
no processo ensino e aprendizagem do ser humano.
Este estudo foi elaborado tendo como aporte compreender a ideia de que os
processos de aprendizagem movimentam os processos de desenvolvimento do ser
humano. Diante disso, a família é compreendida como agente socialmente respon-
sável em auxiliar o processo de aprendizado dos seres humanos, por apresentar
um relevante papel na promoção do desenvolvimento psicológico dos indivíduos.
É preciso destacar, também, que para ocorrer os processos de aprendizagem e o
desenvolvimento da mediação de outro ser humano, são necessárias as relações e
atividades, que, se bem estruturadas no ambiente escolar, familiar e social, exerce-
rão significativa influência no desenvolvimento da criança.
Para finalizar nossos estudos, partimos do entendimento de que o psicopeda-
gogo exerce uma grande influência no desenvolvimento educacional, por meio de
suas práticas, seja no ambiente familiar, seja institucional. Ele deve, nesse sentido,
ter como finalidade a formação ou a humanização dos seres humanos, entendendo
essa humanização como necessária para o desenvolvimento social. Ter o compro-
misso de orientar, no sentido de transformar qualquer situação objetiva, partindo
da prática pautada em ações que auxiliem o indivíduo a refletir e transformar seus
conhecimentos em novos conhecimentos, levando-o a agir, consciente e criticamen-
te, no meio social.

198
referências

ACOSTA, A. R.; VITALE, M. A. F. Família: redes, laços e políticas públicas. 6. ed. São Paulo: Cor-
tez: PUC-SP, 2015.

ALEXANDRE, S. F. Aprendizagem e suas implicações no processo educativo. Ícone - Revista de


Letras, [online], v. 6, n. 1, p. 51-60. 2010.

ALMEIDA, G. P. As bases neurocientíficas da aprendizagem. In: RELVAS, M. P. (org.). Que cére-


bro é esse que chegou a escola? Rio de Janeiro: Wak, 2012. p.41-52.

ALMEIDA, S. V. de; LARA, Â. M. de. A educação infantil na década de 1990: algumas reflexões
em tempos de ajustes neoliberais. Revista Histedbr, Campinas, n. 17, p. 106-117, mar. 2005.

ALVAREZ, A. M. M. A.; ZAIDAN, E. Processamento auditivo central e dislexia: novas abordagens


em habilitação. In: ABD (org.). Dislexia: cérebro, cognição e aprendizagem. São Paulo: Frôntis,
2000. p. 5-9.

ANDRADE, M. S. de. Psicopedagogia clínica manual de aplicação prática para diagnóstico


de distúrbios do aprendizado. 1. ed. São Paulo: Póluss, 1998.

ANTUNES, C. A teoria das inteligências libertadoras. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

ANTUNES, C. As Inteligências Múltiplas e os seus estímulos. Porto: Asa Editores, 2005.

ANTUNES, C. As inteligências múltiplas e seus estímulos. 11. ed. Campinas: Papirus, 1998.

ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução de D. Flaksman. Rio de Janeiro:


LCT, 1978.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Psicopedagogia avanços teóricos e práti-


cos: escola, família, aprendizagem. São Paulo: Vetor, 2011.

AUSUBEL, D. P. The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune and Stra-
tton, 1963.

BADDELEY, A.; EYSENCK, M. W., ANDERSON, M. C. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2011.

BARBOSA, H. H. A família em face do vigente Direito Civil brasileiro. In: SOARES, J. C.; EWALD, A.
P.; DAMAS, C. (org.). Anais das terças transdisciplinares: experimentando a fronteira entre
a Psicologia e outras práticas teóricas. Rio de Janeiro: UERJ, 2001.

BARBOSA, L. M. S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. 4. ed. Curitiba: Ex-


poente, 2007.

BARBOSA, R. M. Relações de gênero, infertilidade e novas tecnologias reprodutivas. Estudos


Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 1. p. 212-228, 2000.

BASTOS, A. B. B. I. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em La-


can. Petrópolis: Vozes, 2003.

199
referências

BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

BERGAMINI, C. W. Motivação nas Organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BERNARDINO, L. M. F.; KUPFER, M. C. M. A criança como mestre do gozo da família atual: des-
dobramentos da “pesquisa de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil”.
Revista Mal-estar e Subjetividade, Fortaleza, v. 8, n. 3, p. 661-680, 2008.

BIEHLER, R. F. Psychology Applied to Teaching. 2. ed. Boston: Houghton Mifflin, 1974.

BOCK, A. M. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva,
2001.

BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

BOSSA, N. Dificuldades de aprendizagem: o que são? como tratá-las? São Paulo: Artmed,
2000.

BOSSA, N. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2007.

BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4. ed. Rio de Janeiro:


Wak, 2011.

BOWER, G. H.; HILGARD, E. R. Teorias da aprendizagem. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1981.

BRANDÃO, C. R. Lutar com a palavra: escritos sobre o trabalho do educador. Rio de Janeiro:
Graal, 1982.

BRANDÃO, E. M. Percepção do suporte familiar e autoconceito em crianças e adolescen-


tes acolhidos institucionalmente e em família. 2011. 98f. Dissertação (Mestrado em Psico-
logia) – Universidade São Francisco, São Francisco, 2011.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Refe-


rencial curricular nacional para a educação infantil (RCNEI). v. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a


Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

BRONFERNBRENNER, U. Ecology of the Famíly as a Context for Human Development: Resear-


ch Perspectives. Developmental Psychology, Washington, v. 22, n. 6, p. 723-742, 1996.

BUJES, M. I. E. Infância e maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

BURGESS, E.; LOCKE, M. J.; THOMAS, M. The family from institution to companionship.
Nova York: American Book, 1970.

200
referências

BUSSAB, V. S. R.; PEDROSA, M. I.; CARVALHO, A. M. A. Encontros com o outro: Empatia e inter-
subjetividade no primeiro ano de vida. Psicologia, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 99-133, 2007.

CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2000.

CARNEIRO, H. S. El origen de la família de la propriedade e del Estado, de Friedrih Engels. Mar-


xismo, [online], n. 15, 2015.

CARTER, R. et al. O livro do cérebro: funções e anatomia. Tradução de Peter Frances. v. 1. São
Paulo: Duetto, 2009.

CASTRO, A. D. Educação e espistemologia genética. In: SISTO, F.F. et al. Atuação Psicopedagó-
gica e Aprendizagem Escolar. Petrópolis: Vozes,1996.

CASTRO, M. C. Psicopedagogia institucional. São Paulo: Psicopedagogia on-line, 1999.

CAVACO, N. et al. Aprendizagem. Psicologi.com.pt, [online], jan. 2009. Disponível em: http://
www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0125.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.

CHABANNE, J.-L. Dificuldades de aprendizagem. Um enfoque inovador do ensino escolar.


São Paulo: Ática, 2006.

CHEDID, K. A. K. Psicopedagogia, educação e neurociências. Revista da Associação Brasileira


de Psicopedagogia, São Paulo, v. 24, n. 75, 2007.

COLACITI, A. K. A construção do autoconceito na infância: sua importância no processo de


desenvolvimento da criança. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, Garça, a. 4, n. 7,
nov. 2006.

COLL, C. et al. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e


necessidades educativas especiais. v. 3, 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

COULON, A. Etnometodologia. Petrópolis: Vozes, 1995.

CRUVINEL, L. C. de O. A Prática Psicopedagógica como alicerce para a superação das difi-


culdades de aprendizagem. Pinheiros: Instituto Educacional Pinheiros, 2009.

DESSEN, M. A.; POLONIA, A. da C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento


humano. Pandéia, Ribeirão Preto, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007.

DEWEY, J. Creative democracy: the task before us. In: DEWEY, J. (org.). The later works: 1939-
1941. v. 14. ed. Jo Ann Boydson, Carbondale, Edwardsville: Southern Illinois University Press,
1988.

DEWEY, J. Democracia e Educação. Tradução de Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São


Paulo: Companhia Editora Nacional,1959.

DEWEY, J. Experiência e educação. Petrópolis: Vozes, 2011.

201
referências

DEWEY, J.; ARCHAMBAULT, R.D. John Dewey on Education: Se-lected Writings. New York: Mo-
dern Library, 1964.

DIAS, M. B. Álbum de Família. Jornal Estado de Direito, Porto Alegre, v. 2, n. 13, fev./mar.
2008.

DANTAS, G. G. C. Inteligências Múltiplas em Ambientes Multiculturais Buscando a Autonomia


Freireana. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL PAULO FREIRE, 5., 2005, Recife. Anais [...]. Recife:
UFPE, 2005.

DIAS, S. da C. As contribuições de Norbert Elias para a compreensão da emergência do debate


sociológico da infância. Criar Educação, [online], v. 2, n. 2, p. 1-21, 2013.

DINIZ NETO, O.; FÉRES-CARNEIRO, T. Psicoterapia de casal na pós-modernidade: Rupturas e


possibilidades. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 22, n. 2, p. 133-141, 2005.

DOMINGUES, S. F. da S. Teoria da mente: um procedimento de intervenção aplicado em


crianças de 3 a 4 anos. 2006. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, São Paulo, 2006.

EISENBERG, N.; MURPHY, B. C.; SHEPARD, S. The development of empathic accuracy. In: ICKES,
W. J. (ed.). Empathic accuracy. New York: Guilford Press, 1987. p. 73-116.

FAGALI, E. Q.; VALE, Z. D. R. do. Psicopedagogia institucional aplicada: a aprendizagem esco-


lar dinâmica e construção na sala de aula. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

FÉRES-CARNEIRO, T.; ZIVIANI, C.; MAGALHÃES, A. S. Questionário sobre a conjugalidade dos


pais como instrumento de avaliação. In: FÉRES-CARNEIRO, T. (org.). Família e casal: Saúde,
trabalho e modos de vinculação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. p. 251-268.

FERNANDES, C. M. B. Amorosidade. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (org.). Dicionário
Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

FERNÁNDEZ, A. Los idiomas del aprendiente. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 2010.

FERRARI, M.; KALOUSTIAN, S. M. A importância da família. In: KALOUSTIAN, S. M. (org.). Família


brasileira: a base de tudo. 5.ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNICEF, 2002.

FONSECA, C. A vingança de Capitu: DNA, escolha e destino na família brasileira contemporâ-


nea. In: SEMINÁRIO ESTUDOS DE GÊNERO FACE AOS DILEMAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA,
1991, Itu. Anais [...]. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Editora 34, 2002.

FONSECA, V. da. Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1995.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

FREIRE, P. Cartas à Cristina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

202
referências

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, P. A educação na cidade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GAMBA, A B; TRENTO, V. A. O Projeto de trabalho como mediador de aprendizagem no espaço


clínico. In: EDUCERE - CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO; 9., 2009, Curitiba. Anais [...].
Curitiba: PUC-PR, 2009.

GARDNER, H. Estruturas da Mente: a Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1994.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades


modernas. São Paulo: Unesp, 1993.

GINGER, S.; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo: Summus, 1995.

GOMIDE, P. I. C. Estilos Parentais e comportamento anti-social. In: PRETTE, A. D.; PRETTE, Z. A.


P. D. (org.). Habilidades sociais desenvolvimento e aprendizagem. Campinas: Alínea, 2003.
p. 21-60.

GOMIDE, P. I. C. Pais presentes, pai ausentes: regras e limites. 13. ed. Petrópolis: Vozes,
2014.

GOULART, I. Psicologia da Educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

GUHUR, M. de L. P. A constituição da criança como sujeito na realidade social: as relações de


interação e de intersubjetividade. Caderno de Educação, Pelotas, v. 33, p. 325 - 347, maio/
ago. 2009.

HEIM, C. Tutorial facilitation in the humanities based on the tenets of Carl Rogers. Higher Edu-
cation, [online], v. 63, n. 3, p. 238-298, mar. 2012.

HENZ, C. I.; SANTOS, C. A. dos; SIGNOR, P. Experiência e movimento: pensando a educação em


Dewey. Espaço Pedagógico, [online], v. 25, n. 1, p. 140-152, jan./abr. 2018.

IZQUIERDO, I. Questões sobre memória. São Leopoldo: Unissinos, 2009.

KANDEL, E. R. Em busca da memória: o nascimento de uma nova ciência da mente. Tradução


de Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

KEIRALLA, D. M. B. Dificuldades de aprendizagem: um pré-diagnóstico a ser confirmado. In:


INTERNACIONAL SCHOOL PSYCHOLOGY COLLOQUIUM, 17., 1994, Campinas. Anais [...]. Cam-
pinas: [s. n.],1994.

KLAUSMEIER, H. J. Manual de psicologia educacional. São Paulo: Harbra, 1977.

203
referências

LADEWIG, I. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades motoras. Rev. paul.


Educ. Fís., São Paulo, v. 14, supl. 3, p. 62-71, 2000.

LADWING, V. K.; GOI, R. E. P.; SOUZA, J. L. G. de. Adaptação e acolhimento na Educação Infantil.
In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO NO MERCOSUL, 15., 2013, Cruz Alta. Anais [...].
Cruz Alta: Unicruz, 2013.

LAQUEUR, T. Making Sex: body and gender from the greeks to Freud. Cambridge: Harvard
University Press, 1992.

LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1978.

LÉVI-STRAUSS, C. O Olhar Distanciado. Lisboa: Edições 70,1986.

LIBÂNEO, J. C. O processo de ensino na escola. São Paulo: Cortez, 1994.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2000.

LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013.

LINDGREN, H. C. Psicologia na sala de aula: o professor e o processo de ensino-aprendiza-


gem. Tradução de Hilda de Almeida Guedes. v. 2. [S. I.: s. n.], 1971.

MACANA, E. C. O papel da família no desenvolvimento humano: cuidado na primeira in-


fância e a formação das habilidades cognitivas e socioeconômicas. 2014. 191 f. Tese (Doutora-
do em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

MACHADO, F. S.; NAZARI, J. Aspectos históricos das pessoas com deficiência no contexto edu-
cacional: rumo a uma perspectiva inclusiva. Revista Lentes Pedagógicas, Uberlândia, v. 2, n.
1, 2012.

MACKLIN E. D. Nontradicional family forms: A decade of research. Journal of Marriage and


the Family, [online], v. 4, p. 902-922, 1980.

MAGALHÃES, A. S. et al. O lugar do padrasto na clínica com famílias recasadas. In: FÉRES-CAR-
NEIRO, T. (org.). Casal e família: transmissão, conflito e violência. São Paulo: Casa do Psicólo-
go, 2013. p.113-128.

MALUF, A. C. M. Alternativas pedagógicas: propostas para ensinar e intervir em espaços de


aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2016.

MARCHESI, Á.; MARTÍN, E. Qualidade de ensino em tempos de mudança. Porto Alegre: Art-
med, 2003.

MARTINI, M.L. Psicopedagogia: considerações teóricas e práticas. Revista de Ciências Huma-


nas, Taubaté, v. 5, n. 1, p. 55-64, 1999.

204
referências

MARTURANO, E. M. Ambiente familiar e aprendizagem escolar. Revista Psicopedagogia, São


Paulo, v. 18, n. 47, p. 21-26, maio 1999.

MENDONÇA, S. l; ADAID, F. A. P. Experiência e educação no pensamento educacional de John


Dewey: teoria e prática em análise. Prometeus, [online], v. 11, n. 25, p 135-150, jan./mai.,
2018.

MIRANDA, M. I. Epistemologia genética: alfabetização e letramento. Educação e Filosofia,


[online], v. 22, v. 44, p. 141-158, 2008.

MONTANDON, C. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças. Educação


Social, Campinas, v. 26, n. 91, maio/ago. 2005.

MORAES, D. N. M. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. Revista de Educação do Ideau,


Getúlio Vargas, v. 5, n. 10, jan./jun. 2010.

MORAES, J.; KOLINSKY, R.; GRIMM-CABRAL, L. Aprendizagem da leitura segundo a psicolinguís-


tica cognitiva. In: RODRIGUES, C.; TOMITCH e COLS, L. M. B. Linguagem e cérebro humano:
contribuições multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004. p.53-69.

MORAES, M. C. O paradigma educacional emergente. 10. ed. Campinas: Papirus, 2004.

MORAES, M. L. Q. Infância e cidadania. Caderno de Pesquisa, [online], n. 91, p. 23-30, nov.


1994.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. A. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. 2.


ed. São Paulo: Centauro, 2006.

MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios básicos de análise do comportamento.


Porto Alegre: Artmed, 2007.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília:
UNESCO, 2002.

MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

MOULY, G. J. Psicologia educacional. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1973.

NOGUEIRA, M. O. G. Psicopedagogia clínica: caminhos teóricos e práticos. Curitiba: InterSa-


beres, 2013.

NOTA 10 Primeira Infância. 142f. Rio de Janeiro: fundação Roberto Marinho; Fundação Ma-
ria Cecília Souto Vidigal, [2020]. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/
publi/fmcsv/programa_nota10__primeira_infancia__0_a_3_anos.pdf. Acesso em: 5 jun. 2020.

NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1996.

NUNES, T. Ambiente da criança. Cadernos de Pesquisa, [online], n. 89, p. 5-23, 1994.

205
referências

NUTTI, J. Z. Concepções sobre as possibilidades de integração entre saúde e educação:


um estudo de caso.1996. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 1996.

OLIVEIRA, A. B. de. A evolução da medicina: até o início do século XX. São Paulo: Pioneira;
Secretaria de Estado da Cultura, 1981.

OLIVEIRA, G. de C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico.


Petrópolis: Vozes,1997.

OLIVEIRA, M. Â. C. Psicopedagogia: a instituição educacional em foco. Curitiba: IBPEX, 2009.

ORTIZ, G. Adaptação e acolhimento: um cuidado inerente ao projeto educativo da instituição


e um indicador de qualidade do serviço prestado pela instituição. [S. I.: s. n.], 2000.

OSÓRIO, L. C. A Família Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1985.

PANTANO, T.; ZORZI, J. L. Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos:
Pulso, 2009.

PARSONS, T.; BALES, R. F. Family, socialization and interaction process. London: Routledge,
2002.

PASSOS, M. C. Vicissitudes do tempo na formação dos laços familiares. In: Féres-Carneiro, T.


(org.) Família e casal: parentalidade e filiação em diferentes contextos. Rio de Janeiro: PUC-
-Rio. 2015.

PASSOS, M. Configurações familiares: os pilares do sujeito. Revista Mente & Cérebro, São
Paulo, ed. esp., n. 4, 2006.

PEREIRA, E. A. et al. A contribuição de John Dewey para a educação. Revista Eletrônica de


Educação, São Carlos, v. 3, n. 1, p. 154-161, maio 2009.

PERRENOUD, P. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do


fracasso. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PIAGET, J. A explicação em Psicologia e o paralelismo psico-fisiológico. In: FRAISSE, P.; PIAGET,


J. (org.). Tratado de Psicologia Experimental. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 1969. p.121-152.

PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

PIAGET, J, O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

206
referências

PIAGET, J. Epistemologia Genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2007.

PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. Tradução de Octavio Mendes Cajado. 18 ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

PILETTI, N.; ROSSATO, S. M. Psicologia da aprendizagem: da teoria do condicionamento ao


construtivismo. São Paulo: Contexto, 2011.

PINTO, Á. V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Córtex, 1994.

PINTO, J. M. R. et al. Um olhar sobre os indicadores de analfabetismo no Brasil. Revista Brasi-


leira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 81, n.199, p.511-524, set./dez. 2000.

PONTES, I. A. M. Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contri-


buição, sim. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 27, n. 84, p. 417-27, 2010.

PRADO, D. O que é família. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.

PREMACK, D.; WOODRUFF, G. O chimpanzé tem uma teoria da mente? Behavioral and Brain
Sciences, [online], v. 1, n. 4, p. 515-526, dez. 1978.

PRETTE, A. Del; PRETTE, Z. A. P. Del. Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e
prática. Petrópolis: Vozes, 2005.

REDA, M. G.; UJIIE, N. T. a educação infantil e o processo de adaptação: as concepções de edu-


cadoras da infância. In: EDUCERE - CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO; 9., 2009, Curitiba.
Anais [...]. Curitiba: PUC-PR, 2009.

REGO, L. L. B.; BUARQUE, L. l. Consciência sintática, consciência fonológica e aquisição de re-


gras. Psicologia Reflexão e Crítica, [online], v.10, n. 2, p. 199-217, 1997.

REGO, T. C. Memórias da escola: cultura escolar e constituição de singularidades. Petrópolis:


Vozes, 2003.

RELVAS, M. P. Neurociência e educação: potencialidades dos gêneros humanos na sala de


aula. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2010.

RELVAS, M. P. Neurociência e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para


uma Educação Inclusiva. 5. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011.

RELVAS, M. P. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak, 2012.

RIBEIRO, J. P. Gestalt terapia - o processo grupal: uma abordagem fenomenológica da teoria


de campo e holística. São Paulo: Summus, 1994.

ROCHA, A. F. Neurobiologia e cognição. Revista Interface: Comunicação Saúde e Educação,


Botucatu, v. 5, n. 8, 2001.

207
referências

ROGERS, C. Significant learning: in therapy and in education. Educational leadership, [S. I.],
v. 16, n. 4, p. 232- 242, 1959.

ROGERS, C. Freedom to Learn: A View of What Education Might Become. Ohio: Charles Merill,
1969.

ROGERS, C. Liberdade de aprender em nossa década. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
1986.

RORTY, R. Contingência, ironia e solidariedade. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ROTTA, N. T. et al. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidiscipli-


nar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

ROUDINESCO, E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

RUBINSTEIN, E.; CASTANHO, M. I.; NOFFS, N. A. Rumos da psicopedagogia brasileira. Rev.


Assoc. Bras. Psicopedagogia, São Paulo, v. 21, n. 66, p. 225-238, 2004.

RUFFMAN, T., PERNER, J.; PARKIN, L. How parenting style affects false-belief understanding.
Social Development, [online], v. 8, p. 395-411, dez. 2001.

RUSSO, R. M. T. Neuropsicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos, Teoria e Prática. Curi-


tiba: Juruá, 2015.

SAMPAIO, S. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujeito, família e


escola. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2010.

SANTANA, R. La Rehabilitación Neuropsicológica de los transtornos específicos del aprendiza-


je: um modelo teórico global. In: SOLOVIEVA, Y.; ROJAS, L.Q. (orgs). Métodos de Intervención
en la Neuropsicología Infantil. México: Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, 2001.

SANTOS, R. A. O Psicopedagogo na instituição escolar: Intervenções psicopedagógicos no


processo de ensino-aprendizagem. [S. I.: s. n.], 2007.

SARTI, C. A. A família como espelho: um estudo sobre a moral dos pobres. 2. ed. rev. São
Paulo: Cortez, 2003.

SARTI, C. A. Família e individualidade: um problema moderno. In: Carvalho, M. C. B. de (org.). A


Família contemporânea em debate. São Paulo: Educ, 1995. p. 39-49.

SCAVONE, L. Impactos das tecnologias médicas na família. Saúde em debate, Goiânia, v. 40,
p. 48-53, set. 1993.

SCHERPP, K.; BUROW, O. A. Gestaltpedagogia: um caminho para a escola e a educação. Tra-


dução de Luiz Alfredo Lilienthal. São Paulo: Summus, 1981.

SCOZ, B. et al. Psicopedagogia: contextualização, formação e atuação profissional. Porto Ale-


gre: Artes Médicas, 1992.

208
referências

SCOZ, B. J. C.; MENDES, M. H. A. Psicopedagogia no Brasil: Evolução Histórica. Boletim da As-


sociação Brasileira de Psicopedagogia, São Paulo, v. 6, n. 13, jun. 2002.

SIERRA, V. M. Família: teorias e debates. São Paulo: Saraiva, 2011.

SILVA, E. M. da et al. Análise do desinteresse dos estudantes pela aquisição da aprendizagem


escolar. EFDeportes.com, Buenos Aires, v. 20, n. 210, nov. 2015.

SILVA, M.C. Dificuldades de aprendizagem: do histórico ao diagnóstico. O Portal dos Psicólo-


gos, p. 1-13, mar. 2008. Disponível em: http://appdae.net/documentos/informativos/Dificul-
dades_de_aprendizagem.pdf. Acesso em: 10 jun. 2020.

SILVA, W. da; CLARO, G. R.; MENDES, A. P. Aprendizagem significativa e mapas conceituais. In:
EDUCERE - CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 13., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba:
PUC-PR, 2017

SISTO, F.F. et al. Leituras de psicologia para a formação de professores. Petrópolis: Vozes;
Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2000.

SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. Tradução de R. Azzi. São Paulo: Herder,1972.

SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e


educadores. 1. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

SOLÉ, I. Orientação Educacional e Intervenção Psicopedagógica. Tradução de Beatriz Afon-


so Neves. Porto Alegre: Artmed, 2011.

SOUZA, M. S.; BAPTISTA, M. N. Associações entre suporte familiar e saúde mental. Psicologia
Argumento, Curitiba, v. 26, n. 54, p. 207-215, 2008.

SPERB, T. M.; MALUF, M. R. (orgs.). Desenvolvimento sociocognitivo: Estudos brasileiros so-


bre a “teoria da mente”. São Paulo: Vetor, 2008.

STOLTZ, T. As perspectivas construtivista e histórico-cultural na educação escolar. Edito-


ra: InterSaberes, 2012.

TABILE, A. F.; JACOMETO, M. C. D. Fatores influenciadores no processo de aprendizagem: um


estudo de caso. Revista Psicopedagogia, [online], v. 34, n. 103, p. 75-86, 2017.

TAPIA, A. Motivar para a aprendizagem: Teoria y estrategias. Barcelona: Edebé, 1997.

TERKELSEN, K. Toward theory of the family life cycle. In: CARTER, E. A.; MecGOLDRICK, M. (ed.).
The family therapy. New York: Gardner, 1980. p. 21-52.

THOMAS, W.; ZNANIECKI, F. O camponês polonês na Europa e na América: um trabalho


clássico na história da imigração. Urbana: Universidade de Illinois Press, 1996.

TIBA, I. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.

209
referências

TREVISOL, J. Educação transpessoal: um jeito de educar a partir da interioridade. São Paulo:


Paulinas, 2008.

VERCELLI, L.C. A. O trabalho do psicopedagogo institucional. Revista Espaço Acadêmico, Ma-


ringá, v. 12, n. 139, dez. 2012.

VISCA, J. Clínica Psicopedagógica: Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes médicas,


1987.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed., São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1998a.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998b.

VYGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,


2000.

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

WALLON, H. Objectivos e métodos da psicologia Tradução de F. de Sousa. Lisboa: Editorial


Estampa, 1975.

WEISS, M. L. Reflexões sobre o diagnóstico psicopedagógico. In: BOSSA, N. A. (org.). Psicope-


dagogia no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2000.

YAEGASHI, S. F. R. Família desenvolvimento e aprendizagem: um olhar Psicopedagógico. In:


RODRIGUES, E; ROSIN, S. M. Infância e práticas Educativas. Maringá: Eduem, 2007. p. 69-80.

ZORNIG, S. M. A. J. As teorias sexuais infantis na atualidade: algumas reflexões. Psicologia em


Estudo, Maringá, v. 13, n. 1, p. 73-77, jan./mar. 2008.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2015/11/livro-neuropsicope-
dagogia-clinica.html. Acesso em: 12 jun. 2020.

2 Em: https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7a-escola-menina-crian%C3%A7as-830988/.
Acesso em: 17 jun. 2020.

210
gabarito

UNIDADE 1 UNIDADE 4

1. B. 1. A.

2. A. 2. E.

3. E. 3. C.

4. B. 4. A.

5. B. 5. A aprendizagem é uma construção


pessoal, um fenômeno complexo
que precisa dos aspectos cognitivos,
UNIDADE 2
emocionais, orgânicos, psicossociais e
culturais para ocorrer. Sendo assim, o
1. D.
meio que nos cerca; a maneira como
2. C. nos relacionamos com ele; as vivên-
cias, iniciativas, interesses e os estímu-
3. A.
los que recebemos são relevantes no
4. A. processo de aprendizagem.
5. B.

UNIDADE 5

UNIDADE 3
1. A.

1. A. 2. B.

2. D. 3. C.

3. C. 4. E.

4. D. 5. Orientar os pais; auxiliar os professores


e demais profissionais nas questões
5. Todos os seres humanos possuem
pedagógicas; colaborar com a direção
oito tipos de inteligências (linguística,
para que haja um bom entrosamen-
lógico matemática, espacial, musical,
to entre todos os integrantes da ins-
corporal cinestésica, interpessoal, in-
tituição; socorrer o aluno que esteja
trapessoal e naturalista), e a inteligên-
sofrendo, qualquer que seja a causa.
cia pode se manifestar mais ou me-
nos desenvolvidas, dependendo dos
estímulos que a pessoa receber.

211
anotações



































anotações



































anotações



































anotações



































anotações




































Você também pode gostar