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Dermatologia e

Disfunções da Pele
Professora Esp. Fernanda Vicente Magalhães
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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M188d Magalhães, Fernanda Vicente


Dermatologia e disfunções da pele / Fernanda Vicente
Magalhães. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
78 p.: il. Color.

1. Dermatologia. 2. Técnicas cosméticas. 3. Pele – Cuidado e

Higiene. 4. Pele - Doenças. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo


de Educação a Distância. II. Título.

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AUTOR

Professora Esp. Fernanda Ap. Vicente Magalhães

● Especialista em Docência no Ensino Superior (Unicesumar).


● Tecnóloga em Estética e Cosmética (Unicesumar).
● Professora de Pós graduação - UniCesumar.
● Docente do curso de Graduação Tecnologia em Estética e Cosmética nas disciplinas
de Estética Corporal, Técnicas de Massagem, Princípios de Administração e
Marketing e Técnicas de Spa (UniCesumar).
● Professora especialista de carreira nos cursos de Estética e Cosmética e Terapias
Integrativas (EAD - Unicesumar).
● Esteticista e Cosmetóloga com experiência clínica há 8 anos.
● Professora formadora em cursos livres da área de estética.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5105291228845712


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), neste momento iniciamos uma nova caminhada rumo ao
conhecimento para que você possa atuar dentro da área estética. É com imensa alegria
que convidamos você para trilharmos juntos esse caminho de muito aprendizado.
Na Unidade I deste material, começaremos com um profundo mergulho para que
você possa conhecer e se familiarizar com o estudo da Dermatologia e também todas as
camadas e estruturas que compõem a pele. Este conhecimento é fundamental para que
possamos mergulhar ainda mais fundo nas patologias e disfunções que iremos estudar.
Já na Unidade II, vamos ampliar nossos conhecimentos a Cosmetologia, entender
todas as etapas para formulação de um produto, os aspectos que interferem nesse preparo
e as exigências perante a ANVISA, para que este produto seja seguro para o consumidor.
Depois, nas Unidades III e IV, vamos abordar individualmente cada disfunção e
patologia que acometem a pele, e como o organismo responde quando exposto a cada
uma dessas agressões. Além de entender, como funciona o processo de cicatrização e
as suas alterações.
Dessa forma, esperamos que você possa adquirir todo o conhecimento necessário
para percorrer sua jornada, sobretudo esperamos contribuir de maneira muito especial para
o seu crescimento tanto pessoal como profissional, te capacitando a seguir um caminho
com ética, responsabilidade e segurança.

Muito obrigada e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele

UNIDADE II.................................................................................................... 25
Estudo da Cosmetologia

UNIDADE III................................................................................................... 42
Patologias da Pele

UNIDADE IV................................................................................................... 60
Processo de Cicatrização
UNIDADE I
Introdução ao Estudo da
Dermatologia e Disfunções da Pele
Professora Esp. Fernanda Vicente Magalhães

Plano de Estudo:
● Estudo da Dermatologia e Estrutura da Pele;
● Anexos cutâneos e Tecido Subcutâneo;
● Permeabilidade Cutânea;
● Biotipos e Fototipos de pele.
.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as estruturas que formam o sistema tegumentar;
● Identificar as funções de cada estrutura presente na pele;
● Entender e diferenciar as características das
camadas que compõem a pele e seus anexos;
● Entender o que é a permeabilidade cutânea
e os fatores que influenciam.

4
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a), seja bem-vindo (a) a disciplina de Dermatologia e Disfunções da


Pele. Nesta primeira unidade, vamos abordar o estudo da Dermatologia e Estrutura da
pele, para que você possa se familiarizar e conhecer mais a fundo sobre esse órgão que
é extremamente importante dentro da estética. Portanto, é essencial compreender suas
características e funções para que você esteja apto (a) a indicar sempre melhor tratamento
para o seu paciente, prezando sempre pela segurança e eficácia.
Também é importante que você entenda e identifique as estruturas e camadas
que compõem a pele, pois, existem diversas disfunções da pele e cada qual com suas
particularidades. Além disso, estamos constantemente associando a cosmetologia e
eletroterapia aos tratamentos. É essencial que você conheça cada estrutura na qual você
irá atuar, para que possa estar capacitado (a) a exercer essa profissão em qualquer área
que deseja atuar dentro da estética.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 5


1. ESTUDO DA DERMATOLOGIA E ESTRUTURA DA PELE

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, reveste quase toda a


superfície do corpo e tem um peso que varia entre 3 a 3,5kg, isso classifica a pele como
responsável por mais de 15% do peso corporal. Dessa forma, a pele possui inúmeras funções
importantes no organismo, dentre elas destacamos: Proteção contra agressões externas,
radiações e infecções, função sensorial, termo regulação, permeabilidade cutânea, entre
outras (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).
Para funcionar como uma barreira, a pele conta com um importante aliado, o manto
hidrolipídico. Este manto é formado na superfície da pele pela combinação das substâncias
sebo, suor e NMF (fator natural de hidratação da pele). O NMF ou FHN, por sua vez, é
formado por uma soma de substâncias com características higroscópicas que interagem
entre si (LYON e SILVA, 2015).
De acordo com Borges e Scorza (2016), a pele é dividida em duas camadas,
epiderme e derme. A epiderme é a camada mais superficial, e é formada por um tecido
epitelial estratificado, ou seja, possui mais de uma camada de células. Suas células são
achatadas e, na camada mais superficial, são queratinizadas. Além disso, a espessura
dessa camada é considerada variável entre 0,4 a 1,5mm. Essa variação se deve ao fato da
epiderme se subdividir em outras 4 ou 5 camadas, conforme a região do corpo.
Suas camadas, da mais interna até a mais superficial, são respectivamente: Camada
basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida, esta, somente presente na
palma das mãos e na planta dos pés, e a camada córnea. Cada camada possui suas
próprias características, que as difere umas das outras (BORGES e SCORZA, 2016).

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 6


FIGURA 1 - CAMADAS DA EPIDERME

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/structure-epidermis-cornified-stratum-corneum-
-clear-1361286407

A camada Basal possui células cilíndricas justapostas em uma única fileira, e é


a camada mais profunda da epiderme sendo responsável pelo processo chamado de
Mitose ou renovação celular. Neste processo, as suas células se multiplicam e empurram
as demais células das camadas acima em direção a superfície da epiderme. Dessa forma,
conforme mudam de camada, suas células mudam de características também. A camada
basal também faz a comunicação da epiderme com a derme, uma tarefa essencial já que a
epiderme não possui vascularização e depende totalmente da oxigenação e dos nutrientes
enviados pela derme através da junção dermoepidérmica (AZULAY, 2017).
A junção dermoepidérmica é uma estrutura essencial para o bom funcionamento da
epiderme. As cristas epidérmicas penetram na derme, e as papilas dérmicas são projetadas
na epiderme. Dessa forma, ocorrem as trocas metabólicas necessárias para todos os
processos na epiderme, principalmente a renovação celular. São essas papilas dérmicas
que quando projetadas para a epiderme, caracterizam as impressões digitais, encontradas
nas regiões palmar e plantar (BORGES e SCORZA, 2016).

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 7


FIGURA 2 - PAPILA DÉRMICA

Fonte: ABRAHAMSOHN, P; FREITAS, V. Pele - Corpúsculos de Meissner. MOL – Microscopia on line.


Disponível em: https://mol.icb.usp.br/index.php/15-15-pele/ acesso em: 10 jan.2022.

A camada basal possui dois tipos de células, os queratinócitos e os melanócitos. Os


queratinócitos estão presente em grande quantidade na epiderme, pois, são responsáveis
pela síntese de queratina, proteína que fornece elasticidade e proteção à pele. Os melanócitos
são responsáveis pela síntese de melanina, proteína que proporciona pigmento a pele, e
proteção contra os raios ultravioleta. A cor da pele é definida pela junção de melanina,
caroteno e hemoglobina (LACRIMANTI, 2008).
Na imagem a seguir, podemos observar onde encontram-se os queratinócitos e
os melanócitos:

FIGURA 3 - EPIDERME

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/epidermis-layers-epithelial-cells-structure-
humans-1418484515

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 8


Os melanócitos tem dentro do seu citoplasma organelas especializadas que
recebem o nome de melanossomas. A formação da melanina ocorre dentro dessa organela
e tem início quando o aminoácido tirosina, através da ação da enzima tirosinase, é
transformado em 3,4-Diihidroxifenilalanina (Dopa), e depois em Dopaquinona. Depois de
algumas combinações, se transforma em melanina (KEDE e SABATOVICH, 2004).
Além dos queratinócitos e dos melanócitos, existem outras células encontradas em toda
epiderme. Uma delas, são células ramificadas que derivam da medula óssea e que auxiliam no
sistema imunológico. As células de Langerhans são responsáveis por fazer o reconhecimento e
processamento de antígenos para sensibilizar os linfócitos (OLIVEIRA et al., 2014).
As células de Merkel são encontradas principalmente na camada basal. Sua
característica são os grânulos citoplasmáticos, e de acordo com Borges e Scorza (2016),
devido a estarem em contato com as terminações nervosas da pele, atuam como um
receptor tátil.
A camada espinhosa vem logo acima da camada basal. Suas células são poligonais
e devido aos inúmeros prolongamentos citoplasmáticos que apresenta, confere-lhe o
aspecto de espinhos (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).
A camada granulosa apresenta uma enorme quantidade de grânulos de querato-
hialina no seu citoplasma. Conforme ocorre o aumento desses grânulos, o núcleo dessas
células se desintegra, desencadeando a morte celular (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).
A camada lúcida está presente apenas na palma das mãos e planta dos pés. Suas
células anucleadas, planas e de aspecto homogêneo, produzem eleidina, uma substância
que lubrifica e hidrata as estruturas (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).
A camada córnea é a mais superficial da pele. Composta por células mortas,
achatadas, sem núcleo e ricas em queratina. Sua espessura é variável e suas células
encontram-se em constante descamação. Esta camada é a primeira barreira de proteção
do organismo, é nela onde encontramos o manto hidrolipídico. Uma espécie de filme bem
fino constituído por sebo, suor e NMF que faz a proteção e evita a perda de água da pele
(LYON e SILVA, 2015).
A derme fica logo abaixo da epiderme, é constituída por tecido conjuntivo, vasos
sanguíneos e linfáticos, estruturas sensoriais, glândulas, folículos pilossebáceos e matriz
extracelular. Todos os componentes da matriz extracelular são produzidos pela principal
célula dessa camada, os fibroblastos. Os seus componentes são: colágeno, elastina e a
substância fundamental amorfa, que proporciona característica gelatinosa para a região
(BORGES e SCORZA, 2016).

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A derme é dividida em duas camadas, a camada papilar que fica em contato
com a epiderme, e a camada reticular, mais profunda e que fica em contato com o tecido
subcutâneo (OLIVEIRA et al., 2014). A camada papilar possui as papilas dérmicas que são
responsáveis por nutrir a epiderme, dessa forma, apresentam vasos sanguíneos, nutrientes
e oxigênio para enviar a camada germinativa. Além disso, as fibras de colágeno e elastina
dessa camada estão mais dispersas e orientadas em direção a superfície. A camada reticular
ocupa a maior parte da derme. Suas fibras de colágeno são densas, e estão misturadas as
fibras longas e espessas de elastina (BORGES e SCORZA, 2016).
Os fibroblastos são as células responsáveis pela síntese das fibras de colágeno e
elastina, e também dos elementos não fibrilares, glicoproteínas, proteoglicana e ácido hialurônico.
Além disso, eles também atuam na reparação tecidual. Quando essas células se encontram em
repouso, recebem o nome de fibrócito (JUNQUEIRA; CARNEIRO e ABRAHAMSOHN, 2017).

FIGURA 4 - ESTRUTURA DO FIBROBLASTO

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/fibroblast-vector-illustration-microscopic-close-
extracellular-1125359381

O colágeno produzido pelo fibroblasto é a principal e mais numerosa glicoproteína


presente no tecido conjuntivo. Existem mais de vinte tipos de colágenos, porém na pele,
estão dispostos apenas os do tipo I, III, IV e VII, destacando-se em quantidade os tipos I e
III. A elastina, por sua vez, é uma proteína presente na pele que confere as características
de elasticidade e resistência ao desgaste cutâneo.

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Além da elastina, o sistema elástico da pele possui outros 4 componentes: a
fibrilina, que oferece resistência e suporte para deposição da elastina, as fibras de oxitalano,
classificadas como jovens, as fibras de elaunina classificadas como maduras, e as fibras
elásticas mais maduras, que são as mais espessas (BORGES e SCORZA, 2016).
Outro componente produzido pela célula fibroblasto é a substância fundamental
amorfa. Essa substância é formada por um complexo de macromoléculas que recebem os
nomes de glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas. A sua função é fornecer
firmeza e turgor a pele (BORGES e SCORZA, 2016).

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2. ANEXOS CUTÂNEOS E TECIDO SUBCUTÂNEO

Os anexos cutâneos são estruturas adjacentes às camadas da pele. Eles


compreendem as glândulas sudoríparas e sebáceas, folículo piloso e unhas. A seguir,
abordaremos as particularidades de cada um deles.
Os folículos pilosos têm origem aproximadamente na 9ª semana embrionária. Na 22ª
semana já estão completos. Os pelos que surgem nesses folículos entre a 17ª e 20ª semana
do período fetal, recebem o nome de lanugo. São mais macios, finos e de pouca pigmentação.
Já nos adultos, os pelos são classificados como velos ou terminais. Os velos são pelos
mais curtos, finos, pigmentados e estão presentes em toda a superfície corporal, exceto nas
regiões palmar, plantar e nos lábios. Na puberdade os pelos velos se transformam em pelos
terminais. Estes são grossos, longos e pigmentados, e podem ser encontrados nas regiões de
púbis, face, axilas, pálpebras, couro cabeludo, braços e pernas (BORGES e SCORZA, 2016).
O folículo piloso é uma estrutura que promove uma invaginação da epiderme na
derme para que ocorra a formação do pelo. O pelo tem função de proteger o organismo
contra atrito, agentes externos e raios ultravioleta. A sua estrutura é composta por cutícula,
córtex e medula, e o seu desenvolvimento acompanha um processo de três fases: anágena,
catágena e telógena (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).

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FIGURA 5: ESTRUTURA ANATÔMICA DO FOLÍCULO PILOSO

Fonte: BORGES; SCORZA (2016, p. 30)

Na fase anágena, o pelo encontra-se em crescimento contínuo. Os queratinócitos


estão se proliferando rapidamente. A sua duração varia conforme a região do corpo,
observe a figura a seguir:

FIGURA 6: TABELA DE CRESCIMENTO DOS PELOS

Fonte: BORGES e SCORZA (2016, p. 200).

Na fase catágena, os pelos regridem a um terço do seu tamanho, o processo de


melanogênese é interrompido e a proliferação celular diminui até cessar completamente.
Seu tempo de duração é de aproximadamente 3 semanas. Na fase telógena, ocorre o
desprendimento do pelo e o folículo entra em repouso. Nesta fase acontece a queda do
pelo, este processo dura de 3 a 4 meses (WICHROWSKI, 2007).
Além dos pelos, existem as glândulas que também fazem parte dos anexos cutâneos.
A glândula sebácea é uma estrutura que se encontra anexa ao folículo piloso, dessa forma
está presente em quase toda a pele, exceto região palmar e plantar. Essas glândulas são
responsáveis pela produção de sebo que faz a lubrificação do corpo e contribuindo com
a formação do manto hidrolipídico. A secreção sebácea contém em sua composição
triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e ésteres (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004).

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As glândulas sudoríparas têm a função de termorregulação através da eliminação
do suor. Como fazem a produção dessa secreção, contribuem também com a formação
do manto hidrolipídico. O suor é constituído por sais, água e ureia. Essas glândulas estão
localizadas logo abaixo da epiderme, e podem ser classificadas de duas formas: Apócrina
ou Écrina. A Glândula sudorípara apócrina faz a produção do suor com odor, está presente
nas axilas, púbis e região inguinal. A glândula sudorípara écrina produz suor sem odor, e
está presente nas outras regiões do corpo (OLIVEIRA et al., 2014).
As unhas são estruturas queratinizadas como lâminas, que fazem a proteção das
extremidades dos dedos dos pés e mãos e fazem parte dos anexos cutâneos. O nome
técnico dado a essas estruturas é ônix. As unhas são formadas por 4 partes: Raiz, lâmina,
borda livre e bordas laterais. Os seus componentes são: matriz, lúnula, eponíquio, lâmina
ungueal, leito ungueal e hiponíquio. A espessura varia de 0,5 a 0,75mm, e o crescimento é
cerca de 0,5 a 1,2mm por semana (AZULAY, 2017).
Agora que você já conhece os anexos cutâneos e suas funções, vamos conhecer
o tecido subcutâneo.
O tecido subcutâneo é formado a partir da mesoderme e composto por tecido
conjuntivo frouxo, fica logo abaixo da derme, e possui funções como proteção contra
impactos, isolante térmico, reserva de energia, e além disso, faz preenchimento e modelagem
corporal. Apresenta ainda em sua formação: adipócitos e pré-adipócitos, fibroblastos, células
imunes, fibras colágenas e reticulares, nódulos linfáticos e células do estroma vascular. É
um tecido vascularizado que apresenta terminações nervosas (OLIVEIRA et al., 2014).
De acordo com Borges e Scorza (2016), o tecido adiposo pode ser classificado
de duas maneiras: Tecido adiposo marrom e tecido adiposo branco. Os adipócitos são as
células chave deste tecido e são responsáveis pelo armazenamento de gordura.
● O tecido adiposo marrom é encontrado apenas em embriões e neonatos. Os
adipócitos deste tecido são multiloculares, ou seja, a gordura é armazenada em
várias gotículas de lipídeos esparramados pelo seu citoplasma.
● O tecido adiposo branco é formado por adipócitos uniloculares, ou seja, composto
apenas por uma gotícula de lipídeos, arredondada e grande. O aumento desse
tecido pode ocorrer por hiperplasia, aumento do número, ou hipertrofia, aumento
do tamanho das células adiposas. Além disso, outros fatores como sexo, idade,
alimentação, fatores hormonais, também influenciam no crescimento desse tecido
(OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 14


Os adipócitos são as células que fazem a síntese e o armazenamento de gordura.
Quando os carboidratos que ingerimos são absorvidos, eles são transformados em glicose
e entram na corrente sanguínea, dessa forma, quando há um excesso na ingestão de
carboidrato, o nível de glicose do sangue aumenta. Isso fará com que o fígado remova
esse excesso armazenando a glicose em seu interior sob forma de glicogênio. Porém, o
glicogênio em excesso no fígado também é quebrado e eliminado no sangue em forma
de ácidos graxos. A concentração de ácidos graxos no sangue também será aumentada,
então os adipócitos irão removê-los do sangue e armazená-los em seu interior em forma de
triglicerídeos. Esse processo recebe o nome de Lipogênese (OLIVEIRA et al., 2014).
O processo de lipólise, é o oposto da lipogênese, ou seja, com a falta de glicose
no sangue, o organismo entende essa deficiência e retira a glicose armazenada no fígado
para repor na corrente sanguínea. Como consequência, irá falta glicogênio no fígado, o
organismo então retira os ácidos graxos do sangue para repor no fígado em forma de
glicogênio. A falta de ácidos graxos na corrente sanguínea fará com que os triglicerídeos
armazenados nas células adiposas em forma de gordura sofram uma quebra resultando em
3 ácidos graxos e 1 glicerol (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 15


3. PERMEABILIDADE CUTÂNEA

Você sabe o que é permeabilidade cutânea?


É a capacidade que a pele tem de absorver seletivamente substâncias em função
de sua natureza química ou de determinados fatores. Vimos na apostila que a pele é res-
ponsável por fazer a proteção do organismo contra fatores externos, portanto, a penetração
de substâncias cosméticas na pele, nem sempre acontece como esperado, devido a essas
barreiras dificultarem essa permeação. Dessa forma, o desafio da indústria cosmética é
desenvolver produtos que tenham a capacidade de penetrar nessa barreira da pele, possi-
bilitando os efeitos dos ativos nas camadas abaixo (OLIVEIRA et al., 2014).
Alguns fatores podem interferir na permeabilidade cutânea, eles podem ser de caráter
biológico, fisiológico ou cosmetológico. A seguir, veremos cada um deles individualmente.

● Fatores Biológicos
• Espessura da Epiderme;
• Local de Aplicação: Mucosas, regiões com mais folículos e mais vascularizadas;
• Idade: o envelhecimento leva a um espessamento da camada córnea.

● Fatores Fisiológicos
• Fluxo Sanguíneo: Maior circulação = Maior permeação cutânea;
• Grau de Hidratação: Peles hidratadas = maior permeabilidade.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 16


● Fatores Cosmetológicos
• Massa Molecular: Menor peso = maior permeabilidade;
• Concentração: Maior concentração do ativo = maior permeabilidade;
• Solubilidade: Capacidade de dissolução da substância;
• Substâncias iônicas: Maior facilidade pois, entram através da influência da
corrente elétrica;
• Tempo de exposição ao ativo: Maior tempo = Melhor permeação;
• pH do cosmético: De acordo com seu objetivo, porém, pH alcalino possui maior
permeabilidade;
• Veículos vetoriais: São vesículas que proporcionam a encapsulação de
substâncias, interagem com as células presentes da pele, liberando substâncias
que carregam (OLIVEIRA et al., 2014).

Sabemos que a epiderme é impermeável a várias substâncias. Dessa forma existem


duas vias de penetração na pele (BORGES; SCORZA, 2016):
1. Via transepidérmica: Sua penetração pode ser intracelular ou intercelular. Nesta
via, a permeação acontece de maneira bem lenta, entretanto, é a mais importante
devido a extensão da pele.
2. Via Transanexial ou transfolicular: O cosmético irá entrar pelos folículos pilosos e
orifícios pilossebáceos. Onde houver mais pelos, a permeação será melhor.

SAIBA MAIS

Além desses diversos fatores que influenciam na permeabilidade cutânea, existe um


outro meio de barreira dentro do nosso organismo. A membrana plasmática é uma
estrutura celular composta por uma bicamada fosfolipídica, em que suas extremidades
hidrofílicas se encontram viradas para dentro e para fora das células, atuando como uma
barreira, e impedindo a entrada de íons e substâncias polares. Sua função é realizar o
transporte e controlar o que entra e o que sai das células. Esse processo pode ocorrer
de duas formas: transporte passivo e transporte ativo. O transporte passivo é o que
ocorre sem que haja gasto de energia, e o transporte ativo ocorre com gasto de energia
(JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017).

Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO e ABRAHAMSOHN, 2017.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 17


Quanto a penetração cutânea, também podemos classificar quanto aos graus de
absorção das substâncias pela pele, da seguinte forma (REIS; ULLMANN e STEIBEL, 2004):
● Contato
As substâncias aplicadas na pele não atravessam a camada córnea. A aplicação
de água ou lipídeos com agentes tensoativos por um período consecutivo com a
superfície da pele, permite que o produto atinja até um terço da camada córnea.
● Penetração
As substâncias aplicadas na pele penetram através das células mortas até atingir
as células vivas. Isso ocorre de duas formas: Superficial ou Epidérmica, onde o
ativo chega até a camada espinhosa ou basal. E Profunda ou Dérmica, onde o ativo
atravessa a membrana basal e chega até derme.
● Absorção
As substâncias penetram na circulação sanguínea e linfática. Propagam-se pelo
organismo podendo gerar reações extracutâneas (REIS; ULLMANN; STEIBEL, 2004).

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 18


4. BIOTIPOS E FOTOTIPOS DE PELE

Conforme vimos no tópico anterior, são vários os fatores que influenciam na


permeação cutânea, dentre eles, também podemos destacar os biótipos cutâneo e
os fotótipos de pele. Dessa forma, é importante conhecer as características de cada
classificação para que os resultados dos procedimentos estéticos associados aos
cosméticos, promovam um melhor resultado.
De acordo com Oliveira (2014), os biotipos podem ser classificados observando
alguns parâmetros, por exemplo, a textura, tônus, grau de oleosidade e hidratação da pele.
Seguindo esse raciocínio, podemos classificar a pele considerando suas principais carac-
terísticas, de quatro formas quanto ao seu biótipo:
● Pele Eudérmica ou Normal
O funcionamento das glândulas sebáceas e sudoríparas está normal, dessa
forma, suas secreções estão equilibradas. O aspecto dessa pele é aveludado,
brilho e elasticidade normais, saudável.
● Pele Alípica ou seca
Produção da glândula sebácea diminuída, pele tem pouca hidratação e
lubrificação. Sua textura encontra-se fina, a pele fica áspera, sem brilho e com
tendência a descamação.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 19


● Pele Lipídica ou oleosa
Produção exacerbada da glândula sebácea, os poros estão dilatados e visíveis,
principalmente nas regiões de testa, nariz e queixo (zona T). A espessura
é aumentada, apresenta aspecto brilhante. Essa pele possui tendência ao
aparecimento de lesões como acnes, comedões e miliuns.
● Pele Mista
Essa pele apresenta-se oleosa na zona T, e nas demais regiões é seca ou normal.

Na década de 70, o médico americano Thomas B. Fitzpatrick, da Escola de


Medicina de Harvard, desenvolveu uma classificação baseada na cor da pele e na
reação dessa pele quando exposta ao sol. Essa avaliação denominada classificação de
Fitzpatrick, determina o fototipo de pele:

FIGURA 7 - CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO FITZPATRICK

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/fitzpatrick-skin-type-phototypes-girls-color-1396827155

De acordo com Borges (2016):


● Fototipo I: Muito Branca, muito sensível ao sol;
Sempre queima e nunca bronzeia;
● Fototipo II: Branca, Sensível;
Frequentemente queima, bronzeia muito pouco;
● Fototipo III: Morena Clara, sensibilidade normal;
Queima e bronzeia de forma moderada;
● Fototipo IV: Morena moderada, sensibilidade normal;
Queima pouca e facilmente bronzeia;
● Fototipo V: Morena escura, pouco sensível;
Raramente queima, facilmente bronzeia;
● Fototipo VI: Negra, resistente ao sol;
Nunca queima, sempre bronzeia;

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 20


REFLITA

Além da classificação de Fitzpatrick, alguns autores classificam o indivíduo albino como


fototipo 0. O albinismo é caracterizado pela carência total ou parcial da tirosinase, en-
zima responsável pela produção de melanina, substância que confere pigmento a pele.
Você conhece alguém que apresenta essa condição genética? É importante destacar
que, o albinismo não tem cura e nem prevenção, e nessa condição, o indivíduo encon-
tra-se exposto e mais susceptível a complicações graves como por exemplo, o câncer
de pele. São muitos os cuidados que essas pessoas devem seguir para levar uma vida
razoavelmente normal, mas, isso é possível (BORGES, 2016).

Fonte: BORGES, 2016.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, apresentamos o estudo da dermatologia e de cada estrutura presente


na pele, suas classificações e divisões, seus anexos cutâneos, o tecido subcutâneo, e
proporcionamos essa familiarização com característica da pele como a permeabilidade
cutânea e os fatores que interferem nela.
Ao longo da disciplina, iremos mais a fundo, pra entendermos quais as principais
patologias que acometem a pele, e de que forma o sistema imunológico reage a elas.
Dessa forma, convido você a continuar na próxima unidade, onde abordaremos
um pouco mais sobre a cosmetologia e seus cuidados perante a saúde do consumidor. E
então, responder a seguinte questão: De que forma os cosméticos podem afetar a pele
de cada indivíduo?

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 22


LEITURA COMPLEMENTAR

Albinismo: aspectos sociais e necessidades de políticas públicas

O albinismo é um defeito genético de caráter recessivo, causador de vários


transtornos. O objetivo do estudo foi mostrar aspectos gerais da doença por meio de revisão
de literatura onde foram encontrados cinco pontos de discussão: o aquecimento global, o
albino em sociedade, a importância de políticas públicas específicas, a epidemiologia e
doenças associadas e o papel dos profissionais da enfermagem na contribuição para a
melhoria da qualidade de vida dos portadores.

Fonte: SOARES, R.C.P; GUIMARÃES, C.M. Albinismo: aspectos sociais e


necessidades de políticas públicas. Revista vinculada ao programa de pós graduação em
ciências ambientais e saúde, Goiás. Disponível em: http://revistas.pucgoias.edu.br/index.
php/estudos/article/view/3813. Acesso em: 18 set. 2021.

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 23


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Terapêutica em Estética. Conceitos e Técnicas
Autor: Fabio dos Santos Borges, Flávia Acedo Scorza.
Editora: Phorte.
Sinopse: O livro apresenta um trajeto cientifico que aborda
desde a introdução a dermatologia, cosmetologia, conceitos e
técnicas da prática clínica. A prudência ao determinar cada um
dos assuntos abordados é observada na apresentação apurada
de cada capítulo. Enfim, esta obra oferece um excelente trabalho
para ser incluído não só na sua formação, mas também em sua
prática como profissional de estética.


FILME/VÍDEO
Título: Transporte de Membrane
Ano: 2014.
Sinopse: O vídeo mostra os diferentes tipos de transportes que
ocorrem através da membrana plasmática, evidenciando as suas
principais características.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-CaPKp-B8jQ

UNIDADE I Introdução ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 24


UNIDADE II
Estudo da Cosmetologia
Professora Esp. Fernanda Vicente Magalhães

Plano de Estudo:
● História da Cosmetologia;
● Formulação Cosmética;
● Hidratação cutânea;
● Legislação e segurança dos produtos para o consumidor.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a história da cosmetologia;
● Compreender o conceito da cosmetologia básica;
● Conhecer os principais componentes
de uma formulação cosmética;
● Entender a legislação e os fatores que contribuem
para a eficácia e segurança dos cosméticos.

25
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a), você sabe de onde vem e como é fabricado o cosmético que você
usa na sua pele?
Diante dessa pergunta, apresentamos a segunda unidade da apostila da disciplina de
Dermatologia e Disfunções da pele, na qual abordaremos o estudo da cosmetologia, destacando
a sua história, como é formulado um produto cosmético desde a escolha do princípio ativo até a
chegada as mãos do consumidor. E quem avalia se esse cosmético é eficaz e seguro? Vamos
entender quais os fatores que implicam na eficácia e segurança desses produtos cosméticos e
como eles são classificados perante a agência nacional de vigilância sanitária.
É importante que você entenda que são vários os fatores que implicam na absorção
desses cosméticos na pele, por isso, levantaremos também algumas características que
podem contribuir ou atrapalhar a permeação desses produtos.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 26
1. HISTÓRIA DA COSMETOLOGIA

A palavra cosmetologia tem origem no grego, cosmeto = kosmein, que significa


embelezar, e logia que se refere ao estudo. Dessa forma, quando falamos de cosméticos
(kosmétikós), estamos nos referindo também habilidade de adornar.
Embora o seu significado seja bem simples, esse estudo está relacionado a algo
mais amplo e complexo, ou seja, abrange desde a preparação dos cosméticos, a forma
como são estocados e a aplicação propriamente dita, pelo consumidor (MATOS, 2014).
No século XVI foi criado o termo kosmétikós, porém, o conceito mais longevo associado
a cosmetologia, data em torno de 30.000 anos, em que na pré-história uma das formas de
preparação para costumes religiosos e guerras, eram as pinturas do corpo. Todavia, foi em
4500 a.C. que na China, descobriu-se o potencial das plantas (MATOS, 2014).
Um pouco mais a frente no século I a.C., a Rainha do Nilo Cleópatra se sobres-
saia com seus banhos com leite cabra e suas maquiagens, o que ocasionou o início aos
estudos cosméticos (MATOS, 2014).
Claudius Galeno, um médico grego, criou o primeiro cosmético para uso facial em
II a.C., um cold cream. Esse creme era formulado à base de cera de abelha, água e azeite
de oliva, esse produto recebeu o nome de Unguentum Refrigerans e foi o antecessor dos
mais modernos cremes para a pele (MATOS, 2014).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 27
FIGURA 1 - CLAUDIUS GALENO (MÉDICO GREGO QUE CRIOU O PRIMEIRO CREME FACIAL)

No século XIII, os batons já estavam sendo popularizados, porém, eram uma


mistura de tintura rosa ou açafrão. No século XV, mais precisamente no ano de 1508, foi
fundado o primeiro laboratório cosmético e medicinal em Florença, na Itália (MATOS, 2014).
Com a evolução industrial no século XIX, o desenvolvimento dos cosméticos deu um
salto, começando a apresentar características parecidas aos cosméticos que conhecemos
e consumimos hoje. Na Austrália, Helena Rubinstein começava a construir seu império na
cosmetologia. Helena usava potes de creme que sua mãe fabricava, e após observar o
interesse das pessoas querendo usufruir deste unguento caseiro, logo começou a preparar
suas próprias formulações na cozinha de sua casa. Foi em 1910, em Londres que Helena
abriu o primeiro salão de beleza do mundo, e em 1915, em Nova York, construindo a partir
daí um verdadeiro império na cosmetologia (FITOUSSI, 2013; OLIVEIRA et al., 2014).

FIGURA 2 - (ESQUERDA) HELENA RUBINSTEIN E (DIREITA) ANÚNCIO DA ABERTURA

DO SEU SALÃO EM NOVA YORK, 1915

Fonte: https://www.shutterstock.com

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 28
Na década de 1990, tiveram origem os cosméticos multifuncionais, ou seja,
cosméticos que teriam inúmeras funções em um mesmo produto. Mas foi no século XIX
que tivemos a inovação da indústria cosmética, com a criação dos cosmecêuticos, dos
neurocosméticos e dos fonocosméticos, além do uso de células-tronco de origem vegetal
como princípios ativos (MATOS, 2014).

SAIBA MAIS

No século XX, uma mulher negra chamada Sarah Breedlove, filha de escravos e que
vivia em condições muito precárias de higiene e saúde, teve a ideia de criar produtos
que pudessem ajudar tanto no crescimento dos fios quanto na proteção da raiz de
seus cabelos, e das demais mulheres negras, devido ao seu constante sofrimento com
infecções no couro cabeludo que levavam a queda dos seus cabelos. Com o grande
sucesso que começaram a fazer os seus produtos, Sarah mudou seu nome para Madam
Cj Walker, empreendeu na área da cosmetologia e enriqueceu colhendo os frutos do seu
trabalho (SOUZA; HOLANDA; SILVA, 2020).

Fonte: Souza; Holanda e Silva, 2020

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 29
2. FORMULAÇÃO COSMÉTICA

A cosmetologia é a ciência que estuda as formulações cosméticas, desde


o seu desenvolvimento até o momento em que ele chega ao consumidor (BORGES,
2010). Porém, para saber indicar de forma adequada um produto, você deve possuir um
conhecimento sobre os principais componentes de um cosmético, as suas formas de
apresentação, além disso, entender e compreender as particularidades de cada princípio
ativo utilizado nas formulações que você irá indicar.
De acordo com Borges e Scorza (2016), os dois principais componentes de uma
formulação cosmética são os princípios ativos e os excipientes.

2.1 Princípio Ativo


O princípio ativo atribui-se às substâncias que, quando adicionadas à uma
formulação, sendo ela cosmética ou medicamentosa, fornecem a característica final do
produto, ou seja, ao objetivo ao qual o produto se destina. Toda formulação pode conter
mais de uma substância ativa, cada uma com sua finalidade. Devido a isso, a quantidade
de cada ativo deve ser minuciosamente controlada, pois, doses em excesso podem causar
efeitos colaterais indesejados e até reações alérgicas (OLIVEIRA et al., 2014).

2.2 Excipientes
São substâncias que definem as propriedades físico-químicas da formulação.
Na ausência do princípio ativo, tudo que fica é excipiente. Existem várias classificações
para os excipientes, entre elas encontram-se os corretivos, os corantes e fragrâncias, os
conservantes, e os veículos.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 30
Os corretivos são usados com o objetivo de corrigir a fórmula do cosmético. São
classificados como:
● Corretor de pH: Deixa o pH do cosmético adequado ao uso de acordo com o
local da aplicação;
● Umectante: Possui a propriedade de absorver água do meio ambiente, deixando
a pele umedecida;
● Emoliente: É utilizado como finalizador da formulação cosmética, evita o
ressecamento da pele;
● Emulsionante: Faz a união da fase aquosa e oleosa;
● Espessante: Altera a viscosidade do produto, e impede a emulsão se rompa;
● Sequestrante: Retira íons desnecessários da formulação (BORGES e SCORZA, 2016).

Os corantes e fragrâncias são produtos responsáveis por conferir cor e odor à


formulação. Os conservantes proporcionam segurança ao produto, ou seja, fazem a sua
preservação, estabelecendo o prazo de validade ao cosmético (BORGES e SCORZA, 2016).
Os veículos são responsáveis por determinar a forma física do cosmético, ou seja,
ele define se o produto será gel, emulsão, óleo, sérum, pó, entre outros (OLIVEIRA et al.,
2014). Todos os veículos usados em produtos, sejam eles, medicamentos ou cosméticos,
precisam estar em harmonia com o princípio ativo, para que não anule a sua função. Para
exemplificar melhor para que você, aluno (a), possa entender, um cosmético para pele seca
não pode conter como veículo o álcool.
Além disso, o veículo de uma formulação pode ser classificado de quatro formas:
Emulsão, gel, pó e vetoriais.
● Emulsões: Para o preparo da emulsão é essencial a utilização de um tensoativo,
essa substância é responsável por reduzir a tensão de superfície para facilitar a
mistura de dois líquidos que geralmente são imiscíveis. Podem ser O/A (óleo e
água) ou A/O (água e óleo), na qual as duas fases misturadas, ficam dispersas uma
na outra. As emulsões A/O geralmente são usadas na preparação de cosméticos
para limpeza da pele, pois, são emolientes e dissolventes. Na Figura 9, podemos
observar a emulsão A/O, em que há uma maior quantidade de óleo e menor
quantidade de água (BORGES e SCORZA, 2016).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 31
FIGURA 3 - EMULSÃO O/A

Fonte: BORGES e SCORZA (2016, p. 96).

Na Figura 04, vemos o contrário, a emulsão é O/A, e ela apresenta maior


quantidade de água e menor de óleo.

FIGURA 4 - EMULSÃO A/O

Fonte: BORGES; SCORZA (2016, p. 96).

● Gel: São formulações viscosas, constituídas de duas fases: uma dispersora


líquida (água, álcool, propilenoglicol ou acetona) e uma dispersora sólida (agentes
gelificantes e carboximetilcelulose). A Sua permeabilidade não é muito boa na pele,
a permeação depende das suas características (BORGES e SCORZA, 2016);
● Pó: Tem função de absorver umidade, são preparados sem umidade alguma, pois
precisa estar conservado e seco (BORGES e SCORZA, 2016);
● Vetoriais: São conhecidos como carreadores, pois, eles podem levar a substância
ativa, seja ela, lipossolúvel ou hidrossolúvel, para dentro da pele. Os mais conhecidos
são os lipossomas, que tem a função de encapsular o ativo e separar dos outros
constituintes do produto e as nanocápsulas que são estruturas poliméricas, que tem
a capacidade de armazenar vários ativos em seu interior, e vai liberando conforme
a necessidade da pele (BORGES e SCORZA, 2016).

Os cosméticos são formulações que têm a função de promover diversos benefícios


a pele, de maneira geral. Dessa forma, podemos classificar os cosméticos em quatro tipos:
natural, orgânico, sustentável e multifuncional (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 32
Os cosméticos naturais devem ser compostos por ao menos 5% de matéria-prima
orgânica, ou seja, 100% naturais. Os cosméticos orgânicos são compostos por 95% de
matéria-prima orgânica. Nos cosméticos sustentáveis, a preocupação está voltada para
o meio ambiente, ou seja, não deve ser utilizado nada que cause malefícios ao ambiente,
desde a sua embalagem até a sua matéria-prima. E por fim, os cosméticos multifuncionais
que possuem mais de um objetivo, ou seja, um shampoo anticaspa (OLIVEIRA et al., 2014).
Mas as classificações dos cosméticos não param por aí. Com o avanço da ciência,
das descobertas na cosmetologia, e também da convergência interindustrial, outros termos
foram criados para descrever as subdivisões existentes. Alguns desses termos são os
nutracêuticos, os nutricosméticos e os cosmecêuticos (OLIVEIRA et al., 2014).
Os nutracêuticos são caracterizados por alimentos ou suplementos em cápsulas
que proporcionam benefícios médicos para a saúde incluindo a prevenção ou tratamento
de doenças. Esse termo surgiu da convergência das indústrias farmacêutica e de alimentos
(DEFELICE, 1995).
Da convergência das indústrias dos alimentos e cosméticos surgiram os
nutricosméticos, que são produtos para administração oral, formulados e comercializados
especificamente para propósitos de beleza, podendo se apresentar em cápsulas, alimentos,
líquidos ou comprimidos (MELLAGE, 2008).
Os cosmecêuticos por sua vez, resultado da junção das indústrias de cosméticos
e farmacêuticos, são produtos aplicados de maneira tópica que não são meramente
cosméticos de embelezamento, pois são capazes de alterar o status da pele, e que devem
ser comprovados cientificamente (KLIGMAN, 2005).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 33
3. HIDRATAÇÃO CUTÂNEA

Agora que você já aprendeu do que é composto um produto cosmético e também


quais os tipos de cosméticos que temos no mercado, é importante entender que apesar da
pele apresentar seus próprios mecanismos de hidratação natural, os cosméticos hidratantes
são essenciais para os cuidados com a pele, vale ressaltar que a desidratação gerada por
vários fatores, pode ser controlada através do uso adequado de cosméticos específicos
associados a outros cuidados. Essa desidratação pode levar a diversos prejuízos às funções
orgânicas da pele (BORGES e SCORZA, 2016).
Conforme dito acima, a pele possui sua própria maneira de se hidratar e se proteger,
o manto hidrolipídico formado pela secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas, pela
matriz intercelular e também pelo fator de hidratação natural (NMF), é responsável pela
umectação e proteção da pele. Essa hidratação da pele pode ser afetada pela ingestão
de água, por fatores externos, e pelo funcionamento inadequado do manto hidrolipídico,
ocasionando uma perda de água da camada córnea (BORGES e SCORZA, 2016).
Diante dessas informações, é relevante abordar que através dos cosméticos hidratantes,
existem três mecanismos de ação para manter ou promover uma boa hidratação à pele e
contribuir para a diminuição da perda de água causada por inúmeros fatores. Esses mecanismos
são denominados de oclusão, hidratação ativa e umectação (BORGES e SCORZA, 2016).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 34
A hidratação por oclusão ocorre devido à algumas substâncias impedirem a saída de
água da pele. Elas têm a capacidade de formar um filme oclusivo na superfície da pele. Isso
ocorre através da utilização de óleos, que prendem as moléculas de água que chegam no
estrato córneo (BORGES e SCORZA, 2016).Na hidratação ativa, as substâncias interagem
com a estrutura celular, pois possuem propriedades higroscópicas (OLIVEIRA et al., 2014).
A hidratação por umectação ocorre por meio de substâncias que atraem água da
derme e retém na camada córnea, ou quando a umidade atmosférica encontram-se acima
de 70%, essas substâncias atraem água do ambiente (COSTA, 2012).
Dessa forma, entende-se que a hidratação da pele é fundamental para todos os tipos
de pele, entretanto, é importante respeitar o biotipo cutâneo para que não haja danos futuros.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 35
4. LEGISLAÇÃO E SEGURANÇA DOS PRODUTOS PARA O CONSUMIDOR

Diante de todas essas informações sobre cosmetologia, é elementar que você tenha
se perguntado, quem irá definir se esse produto cosmético é seguro ou não para o consumi-
dor? A agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA) é o órgão responsável por fazer essa
fiscalização da eficácia e segurança dos produtos de maneira geral, incluindo os cosméticos.
A Anvisa também é responsável por avaliar as condições necessárias para evitar
riscos de contaminação e epidemiológicos, dentro de um estabelecimento estético, além
disso, o estabelecimento deve estar adequadamente planejado para cada atividade a ser
exercida no mesmo (BORGES e SCORZA, 2016).
Mesmo com todos os cuidados tomados durante a preparação das formulações
cosméticas, a ANVISA estabeleceu normas que devem ser rigorosamente seguidas, para
que um produto seja considerado seguro e liberado para o uso do consumidor (BORGES
e SCORZA, 2016).
Quando o profissional de estética deseja comprar um produto cosmético para uso
em consultório ou indicar ao seu paciente/cliente para uso domiciliar, este deve se atentar
as informações contidas no rótulo, que garante que este produto seja seguro e eficaz. De
acordo com Borges e Scorza (2016), existe uma rotulagem obrigatória a ser descrita no
produto, conforme mostra o quadro na figura 05 e a imagem na Figura 06:

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 36
FIGURA 5 - QUADRO DE ROTULAGEM OBRIGATÓRIA

Fonte: BORGES e SCORZA (2016, p. 877).

FIGURA 6 - EXEMPLO DE ITENS EM ROTULAGEM OBRIGATÓRIA

Fonte: BORGES e SCORZA (2016, p. 878).

É importante lembrar que alguns produtos necessitam de embalagem primária e


secundária, ou seja, além da embalagem que fica em contato direto com o produto, faz-se
necessário uma segunda embalagem que terá o objetivo de conter a primeira. Na ausência
da segunda embalagem, todas as informações sobre instruções e restrições de uso devem
obrigatoriamente estarem descritas na primeira, ou quando não houver espaço, o produto
deve ter anexo um folheto com as informações pertinentes (BORGES e SCORZA, 2016).
As normas e a fiscalização da ANVISA previnem que algum produto possa gerar
algum agravo à saúde da população. A CATEC, Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa
faz o controle dos cosméticos no Brasil. Os produtos são classificados em categorias e
divididos quanto ao seu grau de risco (BORGES e SCORZA, 2016).

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 37
Dessa forma, os produtos cosméticos recebem classificação de grau de risco 1 e 2.
No grau de Risco 1, os produtos de higiene pessoal, cosméticos de uso diário e perfumes,
como possuem propriedades básicas e risco mínimo a saúde do consumidor, não requerem
informações detalhadas sobre modo de uso e restrições de uso (BORGES e SCORZA, 2016).
No grau de risco 2, são produtos que oferecem risco a saúde do consumidor,
ou seja, possuem recomendações específicas, um objetivo para a sua utilização. Suas
características, segurança e eficácia precisam ser comprovadas, e esses produtos
requerem informações de restrições e modo de uso. Exemplo: Filtro solar, clareadores,
shampoo anticaspa, etc.
Portanto, faz-se muito relevante as normas e a fiscalização realizada pela vigilância
sanitária, pois, dessa forma, é garantido que produtos com a liberação da Anvisa, estejam
aptos a serem utilizados pelas pessoas, e aqueles que apresentam quaisquer riscos, serão
devidamente descritos, para que o consumidor ao adquirir o mesmo possa estar ciente dos
seus efeitos e reações adversas (BORGES e SCORZA, 2016).

REFLITA

Você sabia que existem diversos produtos no mercado brasileiro sendo vendidos ilegal-
mente que não possuem registro da Anvisa? A utilização desses produtos pode gerar
sérios danos à saúde do consumidor. Uma matéria publicada no site do governo do es-
tado do Rio Grande do Sul aponta que em 2008, de 60 indústrias inspecionadas, duas
foram interditadas por não cumprir com as normas de segurança da Anvisa, fabricando
produtos que poderiam levar a inúmeros problemas de saúde e em alguns casos até a
morte. Você consegue entender a importância e sobretudo, a obrigação de se utilizar
produtos que tenham a liberação da vigilância sanitária, tanto como profissional quanto
como consumidor? São incontáveis as denúncias que a Anvisa recebe sobre irregula-
ridades que existem dentro da cosmetologia. Vale buscar saber exatamente de onde
vem o produto que você irá utilizar nos seus clientes, ou indicar para uso domiciliar. A
segurança e saúde das pessoas é primordial.

Fonte: SAÚDE adverte para o perigo do uso de produtos de beleza sem registro da Anvisa. Estado RS
Novas Façanhas, 2008. Disponível em: https://estado.rs.gov.br/saude-adverte-para-o-perigo-do-uso-de-
produtos-de-beleza-sem-registro-da-anvisa Acesso em: 02 fev.2022.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos a história da cosmetologia de maneira geral para que


você pudesse compreender desde a origem dos cosméticos, até o que se tornou hoje,
com a evolução da ciência e tecnologia como aliadas. Além disso, foi possível entender
e conhecer como é formulado cada cosmético, o que tem em sua composição e a forma
como esse produto é tratado até chegar ao consumidor, passando por inspeções e seguindo
normas de um órgão fiscalizador que garante a eficácia e segurança de cada produto.
No decorrer da disciplina, abordaremos como funciona a imunidade do organismo
humano frente a ameaças e as patologias e disfunções que acometem a pele. Convido
você a continuar conosco, nessa jornada de conhecimento e aprendizado.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 39
LEITURA COMPLEMENTAR

Análise e comparação das principais restrições químicas na formulação de


cosméticos com base em legislações

O setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos vem apresentando um notório


crescimento nos últimos anos, a partir do desenvolvimento de novos produtos. A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é responsável pelo monitoramento do setor,
definindo os requisitos necessários para formulação de cosméticos. Com base no exposto,
este trabalho teve como princípio estudar as principais listas e legislações de substâncias
restritivas ativas, sendo elas, Comunidade Europeia, Comunidade Andina, Estados Unidos
da América, Mercosul, e Brasil.
Nesta avaliação, considerou-se a análise dos focos restritivos de cada uma das
legislações estudadas, quais as principais categorias de substâncias mais controladas por
cada legislação, onde foram encontradas diferenças entre as legislações na estruturação,
diferenças de restrições para uma mesma substância em diferentes mercados, e levantados
os possíveis impactos ao consumidor e empresas. Pelas informações levantadas, a
legislação brasileira difere das demais estudadas, na estrutura e nas restrições de algumas
substâncias cosméticas. Foram evidenciados impactos para o consumidor e empresas,
gerados pela ausência de uniformidade entre as restrições estudadas. As legislações
estudadas apresentaram diferenças para uma mesma substância.
Foi possível levantar algumas substâncias que tem sido alvo de grande discussão
em relação à segurança oferecida em formulações cosméticas, passando a ter mudanças
nas suas restrições ao longo dos anos. Baseado na avaliação realizada foi possível a criação
de propostas de melhoria visando à redução de impactos as empresas, consumidor e órgãos
legisladores em relação a gastos em adaptação de formulações e/ou investimento em equipe.

Fonte: SILVA, D.M; REGINATO, J.C.L. Análise e comparação das principais


restrições químicas na formulação de cosméticos com base em legislações. Repositório
institucional da UTFPR, Curitiba. Disponível em: http://riut.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/9136.
Acesso em: 06 out. 2021.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 40
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Cosmetologia Aplicada
Autor: Simone Pires Matos.
Editora: Érica.
Sinopse: O livro aborda temas atuais dentro da cosmetologia,
incluindo ações e cuidados com produtos cosméticos, além de
oferecer o conhecimento de química a fim de possibilitar um maior
entendimento na compreensão das formulações cosméticas. Além
disso, a obra aborda o esclarecimento da legislação e as principais
patologias cutâneas, sendo um excelente material para contribuir
com o aprendizado do profissional de Estética.

FILME/VÍDEO
Título: A vida e a história de Madam C.J. Walker
Ano: 2020.
Sinopse: A série disponível na plataforma de streaming Netflix, traz
a história da vida de uma mulher negra que se tornou milionária
nos EUA, após empreender no ramo da cosmetologia.

UNIDADE II
I Estudo
Introdução
da Cosmetologia
ao Estudo da Dermatologia e Disfunções da Pele 41
UNIDADE III
Patologias da Pele
Professora Esp. Fernanda Vicente Magalhães

Plano de Estudo:
● Sistema Imunológico;
● Câncer de Pele;
● Dermatites, micoses e fungos;
● Calosidades e verrugas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer as estruturas e componentes do sistema imunológico;
● Compreender o funcionamento do sistema imunológico;
● Aprender sobre o desenvolvimento e os
diferentes tipos de câncer de pele;
● Identificar e conhecer as diversas patologias
que acometem a pele.

42
INTRODUÇÃO

Chegamos à III unidade da apostila da disciplina de dermatologia e disfunções da pele.


Nesta unidade você poderá entender como o organismo humano reage frente
a diversas ameaças e como funciona a defesa realizada pelo sistema imunológico. Por
conseguinte, abordaremos uma das patologias que mais acometem o Brasil, o câncer.
Sabemos que o tipo de câncer que atua inicialmente no tecido tegumentar é o câncer de
pele. E de acordo com a sociedade brasileira de dermatologia, o INCA (Instituto Nacional do
Câncer), registra em torno de 185 mil novos casos dessa doença todo ano. Conhecer como
surge, como se apresenta e o seu desenvolvimento, é de extrema importância para que
você profissional, posso orientar o seu paciente/cliente da melhor forma possível, esclarecer
as principais dúvidas com propriedade, e em seguida indicar o médico responsável para
ajudar nesse tratamento.
Um pouco mais adiante, veremos também as outras diversas disfunções e
patologias que também acometem a pele. Convido você a continuar nessa imersão de
conhecimento e aprendizado. Vamos lá?

UNIDADE III Patologias da Pele 43


1. SISTEMA IMUNOLÓGICO

Sabemos que o corpo humano é formado por diversas estruturas e cada uma delas
age de maneira organizada para manter a homeostase do organismo. Dessa forma, quando
o organismo se depara com uma ameaça, é função do sistema imunológico trabalhar para
que ela seja identificada e devidamente eliminada, evitando danos as estruturas e por
consequência o aparecimento de patologias (ABBAS; LICHTMAN e PILLAI, 2017).
A palavra imunidade tem origem no grego immunitas, que significa isento. A
imunidade do organismo é definida como uma característica que o corpo tem de resistir a
agentes agressores, além de identificá-los e criar métodos para combatê-los. Diante disso,
é importante conhecer as estruturas compõem o sistema imunológico e a função de cada
uma delas. O sistema imune é composto pelos órgãos e tecidos linfóides, barreiras naturais,
pelas células de defesa e também pelo sistema complemento (OLIVEIRA et al., 2014).
Os órgãos linfóides são classificados como órgãos primários e secundários. Os órgãos
primários são compostos pelo timo e pela medula óssea. Os secundários compreendem o
baço, linfonodos, tecidos linfóides e mucosas (OLIVEIRA e KANASHIRO, 2010).
O timo é um dos órgãos que está diretamente associado ao sistema imune, ele é
responsável por fazer a maturação dos linfócitos T. É neste órgão que é feita uma espécie de
seleção dos linfócitos T, para que sejam liberados para a corrente sanguínea, as células que
não são escolhidas, sofrem o processo de apoptose, pois, as células que são selecionadas,
precisam ser capazes de reconhecer corretamente as estruturas do nosso organismo.

UNIDADE III Patologias da Pele 44


As doenças auto imunes acontecem devido a existência de clones dos linfócitos
T ou B, ou seja, as próprias células de defesa reagem contra o organismo (JUNQUEIRA;
CARNEIRO e ABRAHAMSOHN, 2018).

FIGURA 1- CÉLULAS DENDRÍTICA APRESENTANDO ANTÍGENO PARA CÉLULA T

A medula óssea é um tecido liquido-gelatinoso, responsável por produzir e preparar os


linfócitos, que são células de defesa e em seguida, migram para o timo. Além disso, a medula
óssea tem a função de fabricar todas as células do sangue (OLIVEIRA e KANASHIRO, 2010).

REFLITA

Existem diversas doenças que afetam as células do sangue. Em casos de doenças gra-
ves, como a leucemia, é proposto um tratamento realizado com o transplante de medula
óssea. Este tratamento tem o objetivo de substituir as células doentes da medula por
células saudáveis.
Para a realização desse transplante é necessário que sejam realizados diversos testes
de compatibilidade, análises minuciosas com o objetivo de evitar que o organismo do
receptor rejeite a medula do doador. Conforme comprovado a compatibilidade, o doador
é submetido a um procedimento de punções com agulhas, onde a medula é aspirada.
Isso é realizado com o paciente anestesiado em um ambiente cirúrgico. Em 1993 foi
criado o REDOME (Registro Nacional De Doadores Voluntários De Medula Óssea) no
Brasil. Atualmente, o REDOME conta com mais de 5 milhões de doadores cadastrados.
Infelizmente, mesmo com essa quantidade de doadores, a compatibilidade entre um
doador e um receptor, para doação de medula óssea é bem difícil. Segundo dados do
REDOME, existem hoje uma média de 180 pessoas aguardando um doador compatível.
Para se tornar um doador, o primeiro passo é realizar o cadastro no site do REDOME.

Fonte: CONHEÇA o Redome. Redome – Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://redome.
inca.gov.br/o-redome/conheca-o-redome/#:~:text=O%20Registro%20Nacional%20de%20Doado-
res,)%2C%20no%20Rio%20de%20Janeiro. Acesso em: 10 fev.2022.

UNIDADE III Patologias da Pele 45


FIGURA 2 - OPERAÇÃO DE TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

Em se tratando dos órgãos secundários, o baço está localizado na região abdominal,


mais especificamente na parte superior esquerda. Ele recebe a função de controlar infecções
sistêmicas, dessa forma, pessoas que tiveram que ser submetidas a cirurgia da retirada do baço,
acabam sendo mais susceptíveis a infecções bacterianas (OLIVEIRA e KANASHIRO, 2010).
No sistema linfático, temos também os linfonodos, tecidos linfóides, células de
defesa, entre outras estruturas. É este sistema o responsável pelos processos relacionados
a defesa do organismo. Dessa forma, é importante relembrar como é o funcionamento do
sistema linfático.
O sistema linfático tem como objetivo, realizar a captação do líquido no meio
intersticial e movimentá-lo, conduzindo até os linfonodos no qual esse liquido, denominado
linfa, será filtrado e posteriormente, desembocará na corrente sanguínea. Porém, é um
processo muito mais complexo do que parece. Para que isso aconteça, diversos processos
são desencadeados e cada estrutura tem uma função específica que necessita ser
desempenhada com maestria (OLIVEIRA et al., 2014).
Os linfonodos ou gânglios linfáticos são pequenas dilatações nos vasos linfáticos,
que atuam como filtros impedindo que toxinas e agentes estranhos penetrem na corrente
sanguínea e nas estruturas do corpo. As células de defesa entram em ação quando elas
identificam algum agente patógeno durante a filtragem da linfa nos linfonodos. Neste
momento, elas vão identificar e combater o agente agressor (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE III Patologias da Pele 46


FIGURA 3 - LINFONODO

Esse sistema possui duas funções bem específicas: função imunológica e função de
drenagem. Na função de drenagem, este sistema irá auxiliar no transporte de macromoléculas
para dentro da corrente sanguínea. Diante disso, se levantarmos a hipótese em que o sistema
linfático perca tal função, as proteínas de grande peso molecular não conseguiriam ultrapassar
as paredes sanguíneas, dessa forma, estariam presas ao meio intersticial o que elevaria a
pressão oncótica fora dos vasos, comprimindo as estruturas, diminuindo o metabolismo e
consequentemente, acumulando metabólitos e toxinas. Essa situação poderia desencadear
diversas patologias ou até levar o paciente a óbito em poucos dias (BORGES, 2010).
Na função imunológica temos a captura de microrganismos invasores e substâncias
estranhas. De acordo com Elwing e Sanches, a imunidade do organismo pode ser classificada
de duas formas: imunidade inata e imunidade adquirida.
A primeira proteção contra as infecções acontece pela imunidade inata. Essa linha
de defesa é capaz de impedir a passagem de microrganismos e destruir os que conseguem
atingir os tecidos. Suas principais células são: fagócitos e células NK (natural killer). A
imunidade adquirida ou adaptativa é ativada uma vez que muitos patógenos evoluíram para
resistir a esses mecanismos (ABBAS; LICHTMAN; e PILLAI, 2017).
Na Imunidade adaptativa, temos o desenvolvimento lento e defesa tardia e mais eficaz
contra as infecções. É uma defesa formada por linfócitos e seus anticorpos que apresentam
receptores que reconhecem especificamente substâncias produzidas pelos microrganismos
ou antígenos. A resposta imune adquirida só será iniciada quando o agente agressor atravessar
as barreiras epiteliais, atingirem a circulação e conseguirem alcançar os órgãos linfoides nos
quais serão reconhecidos pelos linfócitos (ABBAS; LICHTMAN e PILLAI, 2017).

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A resposta imune adquirida apresenta algumas propriedades:
● Especificidade e diversidade: é específico por apenas um tipo de linfócito reconhece
determinado antígeno e é diverso porque existem milhões de tipos de linfócitos a fim
de combater todos os antígenos que já se entrou em contato apenas uma vez.
● Memória: Desenvolvimento de respostas mais acentuadas e mais eficazes a
exposições repetidas a determinado antígeno. Linfócitos virgens terão o primeiro
contato com o agente estranho e criará a resposta imunológica primária. Nas
próximas vezes que o indivíduo entrar em contato com esse antígeno, a resposta
imunológica será secundária, ou seja, mais rápida e mais eficaz na eliminação do
agressor uma vez que resulta da ativação dos linfócitos de memória.
● Expansão clonal: Eleva o número de linfócitos antígeno-específicos para
acompanhar o aumento dos microrganismos.
● Tolerância: Não reage contra o próprio indivíduo porque reconhece ser dele
mesmo (ABBAS; LICHTMAN e PILLAI, 2017).

FIGURA 4 - MEMÓRIA IMUNOLÓGICA MOSTRANDO O TEMPO MAIS CURTO

NECESSÁRIO PARA QUE A IMUNIDADE ADAPTATIVA SE MANIFESTE

Fonte: (OLIVEIRA; KANASHIRO, 2010, p. 41).

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2. CÂNCER DE PELE

Neoplasia é o termo utilizado para uma afecção de tamanho anormal que tende
a crescer e expandir independente se houver um estímulo constante ou não. Porém, a
definição mais assertiva comparada a todas as outras é de R. Willis, no qual ele define
como uma massa anormal de tecido que o seu crescimento excede e que não está regulada
de acordo com o tecido original, de forma que mesmo quando há mais o estímulo que a
causou, ela persiste (LACRIMANTI, 2008).
De acordo com Oliveira et al. (2014), são vários os fatores que podem modificar o genoma
da célula, transformando células normais em células cancerígenas, a esse processo dá-se o
nome de carcinogênese. Dentre esses fatores destacamos os biológicos, físicos e químicos.
Os fatores físicos são caracterizados pela radiação ultravioleta, radiação ionizante,
causada pelo raio x, altas temperaturas e traumatismos. Os fatores químicos incluem os
gases tóxicos, arsênico e o alcatrão (OLIVEIRA et al., 2014).
Quanto aos fatores biológicos, este está relacionado aos vírus, bactérias e fungos
e também os hormônios (OLIVEIRA et al., 2014).
A massa de tamanho anormal caracterizada como neoplasia, também pode ser
chamada de tumor, e este pode ter um desenvolvimento benigno ou maligno (OLIVEIRA
et al., 2014).
Os tumores benignos possuem características de desenvolvimento lento, e
apresentam uma boa adaptação com o hospedeiro. Isso significa que as células desse
tumor assumem a mesma função e são iguais as células de origem. Além disso, essa lesão
não tem característica de disseminação (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE III Patologias da Pele 49


Os tumores malignos por sua vez, apresentam um crescimento mais acelerado, suas
células são diferentes das de origem, possuem bordas irregulares, pode sofrer sangramentos
facilmente, além de possuir potencial de disseminação e invadir os tecidos vizinhos (LACRI-
MANTI, 2008). Esses tumores podem ser classificados como carcinomas e sarcomas.
Sabemos que existem diversos tipos de câncer, mas quando falamos dos tumores
que acometem o tecido epitelial, destacamos três tipos de câncer de pele, carcinoma
espinocelular, carcinoma basocelular e melanoma.

FIGURA 5 - TIPOS DE CÂNCER DE PELE

Fonte: https://www.centurymedicaldental.com/squamous-cell-carcinoma/

O carcinoma espinocelular é o segundo tipo de câncer mais frequente, e


geralmente acomete em sua maior parte, pessoas acima de 45 anos, porém, é sua
predominância é de indivíduos na faixa dos 70 anos. Suas características são presença
de pápula, é opaco, carnudo, coloração é a mesma da pele, e geralmente apresenta
escamação (REEVES e MAIBACH, 2000).
O carcinoma basocelular acomete o tecido epitelial, mais especificamente, nas
células da camada basal. Os idosos são os mais acometidos, pois, a exposição solar é
acumulativa com o passar dos anos. As lesões predominam nas áreas que ficam mais
expostas, por exemplo, face, orelhas, couro cabeludo, pescoço, etc. A faixa etária entre 55
e 75 anos, tem maior probabilidade de acometimento (FILHO, et. al., 2021).
O melanoma tem origem nos melanócitos, células responsável pela produção
de melanina, substância que confere pigmento a pele (LACRIMANTI, 2008). Este tipo
de câncer possui localização primária, porém, ele tem potencial de disseminação e pode
acometer diversas outras regiões, podendo levar o indivíduo a óbito (AZULAY R.; AZULAY
D. e AZULAY-ABULAFIA, 2011).

UNIDADE III Patologias da Pele 50


Como característica apresenta lesão pigmentada, geralmente em áreas expostas
ao sol. Pode acometer todas as raças, mas é mais comum em indivíduos com pele, cabelos
e olhos mais claros (AZULAY R.; AZULAY D.e AZULAY-ABULAFIA, 2011).
Uma regra usada internacionalmente para detecção precoce do melanoma é a do
ABCDE. A letra A refere-se à assimetria da lesão, ou seja, o seu formato irregular. A letra B
corresponde às bordas irregulares. A letra C detecta a variação de cores da lesão, enquanto a
letra D irá verificar o diâmetro, que deve apresentar um valor maior que 6mm. Por fim, a letra E,
definiria como a lesão está evoluindo, considerando as suas mudanças (LACRIMANTI, 2008).

SAIBA MAIS

O melanoma é um tipo de câncer maligno que tem origem nos melanócitos e possui um
potencial metastático, e possivelmente fatal. Pode apresentar-se inicialmente como um
tumor pequeno e pigmentado, e geralmente em áreas que sofreram uma exposição ao
sol durante um longo período.
Um estudo realizado pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) em 2020, estima que
suceda aproximadamente 8450 novos casos de melanoma no Brasil, divididos em todos
os 26 estados e Distrito Federal, com a maior incidência apontando para o estado de São
Paulo, com a estimativa de 3350 novos casos de melanoma em 2020. Desses números
estima-se ainda que em torno de 80 novos casos sobrevenha em Curitiba – PR.
O melanoma é um tipo de câncer que não tem sua etiologia claramente definida, entretanto,
a exposição à radiação ultravioleta possui grande importância no seu desenvolvimento

Fonte: Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-


-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf.

UNIDADE III Patologias da Pele 51


3. DERMATITES, MICOSES E FUNGOS

Além do câncer de pele, existem algumas doenças inflamatórias que podem


acometer a camada superior a pele. Essas doenças apresentam características variadas,
porém, pode apresentar desde uma vermelhidão até em quadros mais graves, a formação
de bolhas. As dermatites são causadas por vírus, bactérias, fungos e até protozoários, e
pode ser disseminada para outras regiões do corpo (OLIVEIRA et al., 2014).
De acordo com Oliveira et al. (2014) é possível classificar essas doenças de cinco
formas: dermatite de contato, dermatite seborreica, dermatite atópica, dermatite numular e
dermatite de estase.
Na dermatite de contato ou eczema de contato, temos uma reação inflamatória na
pele que é causada pela exposição a uma substância que desencadeia sintomas como
inchaço, dor e prurido. Entre os agentes causadores mais comuns das dermatites alérgicas
de pele estão os cosméticos, produtos químicos e luvas de borracha (HABIF, 2012).
A dermatite atópica acomete pessoas com disfunções alérgicas. Sabe-se que o
estresse, ansiedade, alterações de temperatura, umidade e infecções podem agravar o
quadro. Suas lesões são hiperêmicas e secretantes, além de formarem crostas em face, na
região perineal e no couro cabeludo (OLIVEIRA et al., 2014).
A dermatite seborreica ocorre em regiões com excesso de oleosidade e diante da
presença do fungo Malassezia furfur, mas geralmente, acomete pessoas que possuam
predisposição. Suas lesões são vermelhas e apresentam descamação com coceira e pode
aparecer em regiões como couro cabeludo, barba, nariz, orelhas, próximo aos cílios e no
tronco (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE III Patologias da Pele 52


A dermatite numular é uma lesão que apresenta prurido e manchas em forma circular.
Acomete pessoas com pele seca, sendo mais comum no inverno (OLIVEIRA et al., 2014).
E, por fim, a dermatite de estase é classificada como crônica, apresenta desca-
mação, aumento da temperatura local e inchaço. A sua causa está relacionada ao mal
funcionamento das válvulas do mecanismo de impulsionamento de sangue dentro das
veias. Quando as válvulas responsáveis por não permitir que o sangue retorne as extre-
midades, não funciona corretamente, há um refluxo, acumulando esse sangue dentro das
veias (OLIVEIRA et al., 2014).

FIGURA 6 - ÍCONES DOS CAUSADORES DE DERMATITES

Micoses ou dermatomicoses são lesões desencadeadas pelo aparecimento de


fungos que podem acometer a pele, unhas e cabelos. Como a pele possui barreiras de
proteção que impedem a entrada desses patógenos, o desenvolvimento desses fungos
precisam superar essas barreiras, por isso a predominância em ambientes quentes e
úmidos (TORTORA e FUNKE; CASE, 2017).
São várias as formas de apresentação das micoses e os locais que acometem, a
seguir veremos as mais comuns.
Onicomicose ou micose de unhas é a doença que acomete as unhas das mãos ou
pés, podendo ocasionar depressões, inflamação e um aspecto opaco, além disso, essa
condição tende a aumentar a espessura da unha, processo chamado de hiperqueratose
(NETO; CUCÉ e REIS, 2013).

UNIDADE III Patologias da Pele 53


FIGURA 7 - ONICOMICOSE

Micose do couro cabeludo ou tinea capitis é uma infecção que pode desencadear a
formação de placas em formato circular no couro cabeludo, sua predominância é frequen-
temente maior, em crianças (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).

FIGURA 8 - TINEA CAPITIS

Micose do corpo ou Tinea Corporis apresentam lesões que formam placas


alciformes, podendo ser única ou múltiplas. Sua aparência é de círculos e com característica
descamativa (TORTORA; FUNKE e CASE, 2017).

FIGURA 9 - TINEA CORPORIS

UNIDADE III Patologias da Pele 54


4. CALOSIDADES E VERRUGAS

O aparecimento de calos de maneira geral, se dá pelo atrito ou compressão de


determinado local de forma repetitiva. Geralmente, não apresenta sintomas, apenas um
espessamento da camada córnea. Quando não cuidado, pode levar a fissuras que possibilitam
a entrada de micro-organismos (AZULAY R.; AZULAY D. e AZULAY-ABULAFIA, 2013).
As verrugas, no entanto, são causadas por um vírus que faz parte da família
papilomavírus humano. Suas características variam de acordo com o local que acometem,
o tipo de vírus e a resposta imunológica do hospedeiro (OLIVEIRA et al., 2014).
De acordo com Oliveira et al (2014), algumas lesões podem regredir espontaneamente
ou por outro lado, evoluir e acabar tornando-se um câncer. A seguir, vamos conhecer os
tipos mais comuns de verrugas.
As verrugas vulgares são as mais comuns, o vírus envolvido é o HPV -1, -2 e -4.
Apresenta características como coloração variável entre amarelo e cor da pele, pequenos
pontos escuros na sua superfície, e sua prevalência é maior em locais submetidos a traumas
(OLIVEIRA et al., 2014).
As verrugas filiformes acometem regiões de face e pescoço, na maioria das vezes
em pessoas de mais idade (AZULAY R.; AZULAY D. e AZULAY-ABULAFIA, 2013).
As verrugas plantares aparecem na planta dos pés, são achatadas e muitas vezes
podem ser confundidas com calos. Geralmente apresentam-se em pequena quantidade e
pode gerar dor ou desconforto devido a região acometida (OLIVEIRA et al., 2014).

UNIDADE III Patologias da Pele 55


As verrugas planas possuem características de espessura lisa e achatada, podem
acometer na maioria das vezes, regiões onde há predominância de pelos. Está associada
aos vírus HPV -3 até o HPV -10 (RODRIGUES, 2012).
E por fim, as verrugas genitais que também podem ser chamadas de condilomas.
Acometem a região genital e perigenital, sua superfície é irregular e úmida, e podem
aparecer isoladas ou agrupadas (RODRIGUES, 2012).

FIGURA 10 - INFECÇÃO POR PAPILOMAVÍRUS

UNIDADE III Patologias da Pele 56


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos patologias e infecções que o seu acometimento, vem se


tornando cada vez mais comum entre a população. De uma perspectiva ampla, podemos
identificar que todas elas atacam o sistema imunológico e nesta unidade, você aprendeu como
funciona a resposta imune do organismo diante de um agente agressor. Dessa forma, é muito
importante que você saiba identificar cada uma das afecções e patologias detalhadas nessa
unidade, para que dessa forma você como profissional, possa encaminhar o seu paciente ao
profissional responsável por realizar o tratamento adequado para cada caso clínico.
Na próxima unidade, abordaremos como funciona o processo de cicatrização do
nosso organismo, quais os tipos de cicatrizes existentes e de que forma algumas doenças
podem influenciar no processo de cicatrização saudável. Vamos continuar?

UNIDADE III Patologias da Pele 57


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo científico: Câncer de pele: uso de medidas preventivas e perfil


demográfico de um grupo de risco na cidade de Botucatu.

Fonte. POPIM, Regina Célia; CORRENTE, José Eduardo; MARINO, Jaqueline Ap.
Geromel; SOUZA, Carolina Arantes. Câncer de pele: uso de medidas preventivas e perfil
demográfico de um grupo de risco na cidade de Botucatu. Scielo Brasil. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/csc/a/NsK4sGrVWcZFwzdSZ5w8w7B/?lang=pt. Acesso em: 19 out. 2021.

UNIDADE III Patologias da Pele 58


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Dermatologia Estética
Autor: Maria Paulina Villarejo e Oleg Sabatovich.
Editora: Atheneu.
Sinopse: O livro agora, em sua 3ª edição, realiza um estudo
teórico-prático da dermatologia estética de modo amplo e atual,
trazendo temas relevantes que constituem a base do conhecimento
do profissional de estética.

FILME/VÍDEO
Título: Ciclo do HPV
Ano: 2015.
Sinopse: O vídeo explica como ocorre a contaminação e o ciclo do
HPV (papilomavírus).
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8J8ohREO34o

UNIDADE III Patologias da Pele 59


UNIDADE IV
Processo de Cicatrização
Professora Esp. Fernanda Vicente Magalhães

Plano de Estudo:
● Conceitos e Fases do Processo de Cicatrização;
● Tipos de cicatrizes;
● Queimaduras;
● Diabetes e Cicatrização.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os conceitos que englobam
o processo de cicatrização;
● Aprender quais são as fases deste processo;
● Compreender os diversos tipos de cicatrizes
existentes e a sua evolução;
● Entender de que forma a diabetes pode
influenciar no processo de cicatrização.

60
INTRODUÇÃO

Bem vindos a última unidade da apostila da disciplina de dermatologia e


disfunções da pele.
Chegamos a um tema muito importante dentro da área da estética, a cicatrização.
Nesta unidade, abordaremos os conceitos e fases desse processo fundamental em diversos
tratamentos e protocolos realizados dentro da área da estética. É essencial que você
conheça cada detalhe e entenda a importância de se compreender os tipos de cicatrizes e
de que forma a abordagem terapêutica poderá influenciar no desenvolvimento delas.
Além disso, sabemos que a diabetes é uma doença que acomete boa parte da
população. De acordo com um levantamento epidemiológico realizado pela Sociedade
Brasileira de Diabetes em 2019, o Brasil ficou entre os cinco países com maior número
de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos com diabetes mellitus tipo 1, apresentando
um número de 51.500 pessoas. Além disso, num ranking de 2017 correspondente a
levantamento realizado entre 2007 e 2017 sobre as maiores causas de mortes precoces
por doenças no Brasil, a diabetes ficou em 7º lugar.
Contudo, convido você a prosseguir nesta trilha de aprendizagem e compreensão
de temas tão relevantes para profissionais da área da saúde, como você.

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 61


1. CONCEITOS E FASES DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

Após ler a Unidade III da apostila, você aprendeu que o sistema imunológico é
responsável por desencadear diversos processos diante de uma agressão, e estes vão
dar início ao reparo tecidual. Diante disso, faz-se necessário conhecer e entender como
funciona todo o processo de cicatrização.
De acordo com Borges e Scorza (2016), as agressões causadas a pele podem ser
classificadas em três lesões distintas. Lesão superficial, profunda e aberta. Observe nas
figuras a seguir.

FIGURA 1 - LESÃO SUPERFICIAL

Fonte: BORGES e SCORZA (p. 46, 2016)

Na Figura 1, é possível identificar que na lesão superficial ocorre um acometimento


somente do tecido epitelial.

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 62


FIGURA 2 - LESÃO PROFUNDA

Fonte: BORGES e SCORZA (p. 47, 2016)

Na lesão profunda, o acometimento atinge epiderme e derme, é uma lesão aberta,


contudo, não apresenta infecção, conforme mostra a Figura 2.

FIGURA 3 - LESÃO ABERTA

Fonte: BORGES; SCORZA (p. 48, 2016)

O organismo conta com três linhas de defesa frente a uma ameaça ou agressão.
A pele, as mucosas e também a membrana, representam a primeira linha de defesa. A
resposta inflamatória com toda a sua cascata de eventos, é a segunda linha, e a terceira é
caracterizada pela resposta imune do organismo (BRAUN e ANDERSON, 2009).
A partir do momento da agressão, várias alterações começam a acontecer no orga-
nismo. Diante disso, esse processo é dividido em três fases distintas: Fase Inflamatória, Fase
Proliferativa e Fase de Remodelamento (AZULAY R.; AZULAY D.; AZULAY-ABULAFIA, 2008).
A Fase inflamatória inicia imediatamente após a lesão, podendo durar até 48 horas.
Nesta fase, os tecidos que sofreram a agressão liberam mediadores químicos da inflamação
que vão desencadear um processo inflamatório. As células de defesa estão empenhadas
em destruir os patógenos ou agentes agressores. Esse processo irá apresentar alguns
sinais característicos dessa fase: Rubor, calor, edema e dor (FARIA, 2015).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 63


A Fase Proliferativa é a segunda fase do processo de cicatrização, em que ocorre
a proliferação dos fibroblastos com o objetivo de promover um crescimento de um novo
tecido. Nesta fase a produção de colágena é intensa (MONTENEGRO e FRANCO, 2006).
Com o desenvolvimento da cicatrização, tem-se início a fase de remodelamento (HILL,
2016). Nesta fase ocorre a remodelação do colágeno que foi depositada na fase anterior, a
partir daqui a cicatriz começa a se tornar fibrótica, perdendo sua coloração avermelhada
devido a regressão dos vasos e adquirindo coloração esbranquiçada (LACRIMANTI, 2008).
Em alguns casos, a Fase de Remodelamento pode durar até 2 anos, podendo sofrer
alterações, levando a formação de cicatrizes hipertróficas e até queloides (HILL, 2016).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 64


2. TIPOS DE CICATRIZES

Quando têm início um processo de reparo tecidual, o objetivo é substituir um tecido


que foi agredido por um novo tecido. Contudo, ao fim desse reparo, é possível identificar a
presença de uma cicatriz (BORGES e SCORZA, 2016).
Esse reparo acontece por meio da deposição do tecido conjuntivo, uma resposta
inflamatória e posteriormente, a formação de novos vasos, proliferação dos fibroblastos
e maturação de organização do tecido fibrótico. Todo esse processo tem a finalidade de
formar uma cicatriz estável (KUMAR; ABBAS e ASTER, 2013).
Entretanto, quando temos uma alteração no processo de cicatrização, ocorre um
acometimento da homeostase deste reparo e regeneração dos tecidos. Diante disso, podem
surgir cicatrizes com aspectos divergentes do comum, esteticamente insatisfatórios. As
cicatrizes queloides e hipertróficas são alterações fibróticas causadas por esse desequilíbrio
no processo cicatricial (AZULAY R.; AZULAY D.; AZULAY-ABULAFIA, 2017).
A queloide apresenta como principal característica um aumento da sua espessura e
elevação da pele. A sua cor pode ir do avermelhado até uma hipercromia atingindo a derme.
Essa cicatriz não regride espontaneamente e as regiões mais acometidas são os ombros,
região pré-esternal, rosto e lóbulos da orelha (PRADO; RAMOS e VALLE, 2018).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 65


FIGURA 4 - CICATRIZ QUELOIDE

A cicatriz hipertrófica por sua vez, é uma lesão pruriginosa e apresenta


coloração rosada ou avermelhada. São menores quando comparadas aos queloides, e
não ultrapassam os limites da cicatriz. Além disso, essa lesão possui característica de
regressão espontânea (ANDERSON, 2014).

FIGURA 5 - CICATRIZ HIPERTRÓFICA

A cicatriz atrófica, é uma lesão que fica abaixo do relevo da pele, são pálidas e deprimidas,
e apresentam coloração clara. Acometem mais indivíduos com pele fina, com problemas de
cicatrização e regiões com alterações neurológicas (BORGES e SCORZA, 2016).

FIGURA 6 - CICATRIZ ATRÓFICA

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 66


3. QUEIMADURAS

As queimaduras são cicatrizes resultantes da ação do calor intenso sobre o


organismo humano, podendo ser de forma direta ou indireta. Agentes térmicos, elétricos ou
químicos podem desencadear a necrose das células (RAMOS-E-SILVA e CASTRO, 2008).
Esse tipo de lesão pode ser classificado de três formas: queimadura de 1°, 2° ou 3° grau.

FIGURA 7 - TIPOS DE QUEIMADURAS

De acordo com o local em que a queimadura ocorre, várias complicações podem


ocorrer sendo elas neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias. O prognóstico varia de
acordo com o grau e o local acometido (WASSERMANN, 2002).
A queimadura compromete o equilíbrio do organismo, pois afeta a integridade
funcional da pele, alterando o controle da temperatura e a lubrificação da superfície do corpo
(SHERIDAN, 2003). Além disso, quando a queimadura acomete regiões acima de 40% do
corpo do paciente, o sistema imune fica inapto a determinar a infecção, comprometendo a
capacidade de sobrevivência do indivíduo (MACIEIRA, 2006).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 67


As queimaduras podem ser tratadas com hidratação, analgesia e controle de
infecção. Quando a região acometida for muito extensa e não houver condições de enxertar
tecido do próprio corpo do paciente, é necessário o enxerto de pele com membrana
amniótica, curativo biológico ou pele sintética (SINDER, 2006).

REFLITA

Você saberia lidar com uma situação de queimadura?


De acordo com a secretaria de atenção à saúde, do Ministério da Saúde do Brasil, no
país existe um agravo significativo nos casos de queimaduras, e a maioria ocorre nas
próprias residências das vítimas, em sua maior parte, envolvendo crianças. Os líquidos
quentes como água fervente, são os mais comuns neste tipo de acidente.
Em se tratando do sexo masculino, os acidentes ocorrem em sua maior parte no trabalho,
e em mulheres, os casos mais frequentes estão relacionados a situações domésticas,
principalmente na cozinha.
Diante de tantos casos, o ministério da saúde desenvolveu uma cartilha que apresenta
os principais procedimentos de assistência para o tratamento de emergência das
queimaduras.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2012. p. 20: il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_emergencia_queimaduras.pdf. Acesso em: 02 nov. 2021.

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 68


4. DIABETES E CICATRIZAÇÃO

A Diabetes Mellitus é uma patologia que exprime grande incidência no mundo. Isso
deve-se principalmente ao estilo de vida da população, dieta inadequada, sedentarismo,
envelhecimento e hereditariedade (WHO, 2002).
Durante a cicatrização vários processos são desencadeados, porém, no indivíduo
que possui diabetes, a cicatrização se encontra mais comprometida e dificultada. As lesões
mais simples em pacientes comuns, podem ser extremamente complexas em pessoas
diabéticas (BARBUÍ e COCO, 2002; CAILLIET, 1975).
Devido a vascularização estar comprometida nesse paciente, e também termos um
excesso de glicose no organismo, o sistema imunológico fica comprometido e as células de
defesa ficam menos eficazes, resultando em uma situação onde uma simples ferida pode
evoluir rapidamente e se tornar uma úlcera (KUHN, 2006).
A cicatrização no paciente diabético é muito mais lenta que o normal, devido a isso,
é importante estar atento para orientar o paciente diabético a realizar atividades físicas
para melhorar a sua circulação local, usar calçados apropriados, quando possível elevar
as pernas para melhorar a circulação além de, enfatizar ao paciente a importância de
um acompanhamento constante com seu médico para controle desta patologia (BREM e
TOMIC-CANIN, 2007; KOLLURU; BIR e KEVIL, 2012).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 69


SAIBA MAIS

Você conhece a Ozonioterapia?


A Ozonioterapia é uma técnica que mistura os gases oxigênio e ozônio, e juntos
possuem propriedades analgésicas, antimicrobianas, estimula a Angiogênese, melhora
a circulação sanguínea e acelera o processo de cicatrização. É uma técnica muito
utilizada nos tratamentos de feridas e úlceras e vem sendo cada vez mais associada a
procedimentos cirúrgicos e também em pacientes diabéticos.

Fonte: Adaptado de: Rodrigues, Cardoso e Caputo (2004), Macedo e Carvalho (2002).

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos temas muito importantes para o profissional da área


da saúde. Você aprendeu como funciona o processo de cicatrização desde o momento
que ocorre uma injúria até que a cicatriz se estabeleça. Os conceitos que envolvem esse
processo são de extrema relevância pois, é essencial se habituar aos termos utilizados e
cada característica que se refere a este processo.
Além disso, o levantamento de informações quanto aos tipos de cicatrizes e
queimaduras, possibilitou a você ter o conhecimento para lidar com este tipo de caso
clínico em sua vida profissional, dessa forma poderá tratar ou orientar o paciente em qual
profissional deverá procurar para o receber devido tratamento.
E por fim, finalizamos com um assunto bastante pertinente, a diabetes. Doença
que acomete boa parte da população brasileira conforme apresentado na unidade, e que
representa importante influência no processo de cicatrização.

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 71


LEITURA COMPLEMENTAR

Prevalência do diabetes mellitus no Brasil: Dados Epidemiológicos

O estudo apresenta dados que apontam a prevalência da diabetes mellitus no


Brasil, baseado em exames e pesquisa de campo. Além disso, e estudo indica que as taxas
de mortalidade da diabetes apresentam aumento relevante de 1992 a 2010.

Fonte: PITITTO, B.A; BAHIA, L; MELO, K. Dados Epidemiológicos do diabetes


mellitus no Brasil. Sociedade Brasileira de Diabetes. 2018 – 2019. Disponível em:
https://diabetes.org.br/wp-content/uploads/2021/06/SBD-_Dados_Epidemiologicos_do_
Diabetes_-_High_Fidelity.pdf. Acesso em: 28 out. 2021.

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 72


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Dermatologia de Fitzpatrick
Autor: Klaus Wolff, Richard A. Johnson e Arturo P. Saavedra.
Editora: AMGH EDITORA LTDA – GRUPO A.
Sinopse: A 7ª edição do livro, abrange conteúdos muito
interessantes como os problemas dermatológicos e apresenta
imagens das principais lesões da pele. De forma resumida, aborda
os distúrbios que apontam as doenças sistêmicas.

FILME/VÍDEO
Título: 30 days wound healing time lapse
Ano: 2020.
Sinopse: O vídeo mostra a evolução de um quadro de cicatrização
de uma ferida em 30 dias.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=m_DIS6X2f1o

UNIDADE IV Processo de Cicatrização 73


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78
CONCLUSÃO GERAL

Caro (a) Aluno (a), inicialmente, parabéns por sua trajetória até aqui. Expectamos
que o seu processo de aprendizado tenha sido frutuoso! Entretanto, não se pode limitar o
conhecimento, portanto, continue buscando aprender e conhecer diferentes assuntos para
que você possa escrever seu futuro de maneira brilhante.
Os temas abordados nesta apostila são essenciais para que você profissional da área
de saúde, possa atuar com segurança e confiança em todas as áreas que abrangem a profissão.
Conforme você pode aprender, a pele não é simplesmente para cobrir o corpo,
suas estruturas, anexos e funções são amplas e complexas, além de serem repletas de
informações importantes e que fazem parte de todo um sistema que atua em conjunto para
manter a homeostase do organismo. Lembrando que a pele é a primeira barreira de defesa
do corpo, sendo um órgão importante do sistema imune.
As doenças e disfunções que identificamos, estão todas relacionadas a esse órgão,
direta ou indiretamente. Por fim, falamos como ocorre o processo de cicatrização, os fatores
que contribuem para melhora ou piora deste, e o que acontece quando esse processo sofre
uma alteração, levando ao aparecimento de cicatrizes inestéticas.
Podemos salientar que o objetivo dessa apostila foi atingido. Pois, proporcionamos
a você um objeto de aprendizagem repleto de informações relevantes e temas reais. A partir
daqui, esperamos que você seja o principal condutor dessa caminhada, atuando como o
responsável pelo seu conhecimento e futuro.

Estimamos a você muito sucesso em sua vida profissional e pessoal!

79
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