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COSMÉTICOS E COSMÉTICOS E

Cosméticos e sanificantes
SANIFICANTES SANIFICANTES
ORGANIZADOR FÁBIO DE PÁDUA
ORGANIZADOR FÁBIO DE PÁDUA

Fundamental para o aprofundamento do estudo da Cosmetologia, esta


obra introduzirá essa ciência para, em seguida, focar nos principais aspec-
tos relacionados aos cosméticos e sanificantes. Estruturado em quatro
unidades, a obra vai abordar os seguintes temas: introdução à cosmetolo-
gia; insumos cosméticos; fotoproteção e preparações para a higiene
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pessoal; e. por fim, discutiremos as preparações para higiene capilar e sani-
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ficantes.
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Com linguagem clara e didaticamente preparado, este livro é essencial
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para que você tenha um importante embasamento teórico.
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CMY Bons estudos!


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GRUPO SER EDUCACIONAL

gente criando futuro


COSMÉTICOS E
SANIFICANTES
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.

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Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi

Pádua, Fábio de.

Cosméticos e Sanificantes / Fábio de Pádua. – São Paulo: Cengage, 2020.

Bibliografia.

ISBN 9786555581423

1. Farmácia. 2. Cosmetologia.

Grupo Ser Educacional

Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro

CEP: 50100-160, Recife - PE

PABX: (81) 3413-4611

E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL

“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com


isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,


tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.

Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar


as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”

Janguiê Diniz
Autoria
Fábio de Pádua Ferreira
Licenciado em Química pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atuou
no desenvolvimento de genossensor eletroquímico para quantificar bactérias e na purificação e
caracterização de proteínas envolvidas em amiloidoses.
SUMÁRIO

Prefácio..................................................................................................................................................8

UNIDADE 1 - Introdução à cosmetologia.........................................................................................11


Introdução.............................................................................................................................................12
1 Introdução à cosmetologia................................................................................................................. 13
2 Mercado de cosméticos...................................................................................................................... 15
3 Pele e seus anexos.............................................................................................................................. 17
4 Pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos........................................................................ 21
5 Toxicidade dos cosméticos.................................................................................................................. 23
PARA RESUMIR...............................................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................27

UNIDADE 2 - Insumos cosméticos....................................................................................................29


Introdução.............................................................................................................................................30
1 Produção e formulação de cosméticos............................................................................................... 31
2 Preparações para a higiene................................................................................................................. 35
3 Preparações para hidratação.............................................................................................................. 36
4 Preparações para tratamentos cutâneos............................................................................................ 38
5 Protocolos regulatórios da produção de cosméticos.......................................................................... 41
PARA RESUMIR...............................................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................45

UNIDADE 3 - Fotoproteção e preparações para a higiene pessoal...................................................47


Introdução.............................................................................................................................................48
1 Fotoproteção: fundamentos e tecnologias......................................................................................... 49
2 Envelhecimento cutâneo.................................................................................................................... 52
3 Preparações de higiene pessoal.......................................................................................................... 55
4 Higiene bucal...................................................................................................................................... 57
5 Preparações vinculadas a aromas....................................................................................................... 59
PARA RESUMIR...............................................................................................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................63
UNIDADE 4 - Preparações para higiene capilar e sanificantes.........................................................65
Introdução.............................................................................................................................................66
1 Preparações cosméticas capilares....................................................................................................... 67
2 Formulações para higiene capilar....................................................................................................... 70
3 Formulações para tratamentos capilares............................................................................................ 71
4 Cosméticos decorativos...................................................................................................................... 74
5 Noções gerais sobre sanificantes........................................................................................................ 76
PARA RESUMIR...............................................................................................................................79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................80
PREFÁCIO

A Cosmetologia, ciência que estuda todos os aspectos da área cosmética, vem


sendo cada vez mais estudada para garantir segurança na produção, na aplicação e por
que não, na comercialização dos cosméticos. Esta obra trará assuntos aprofundados
que abordam os cosméticos e sanificantes em quatro unidades escritas de maneira
didática e simples.

A primeira unidade fará uma introdução à cosmetologia, apresentando os


princípios e fundamentos da cosmetologia, incluindo as principais características,
classificação e aplicação de produtos cosméticos, o panorama global e local do
mercado dos cosméticos, avanços, tendências e aplicação de novas tecnologias na
produção desses produtos. Discutiremos aqui sobre a anatomia, histologia e fisiologia
da pele, diferentes materiais empregados na fabricação de cosméticos, utilização de
fontes limpas e tecnologias ecologicamente corretas. Serão ainda apresentados aqui os
testes de toxicidade geralmente empregados em produtos cosméticos.

Os insumos cosméticos são temas abordados na segunda unidade. Serão


detalhados os princípios que regem a produção e a formulação de cosméticos,
incluindo os principais ingredientes, matérias-primas, procedimentos e protocolos de
referência, com ênfase na formulação de produtos de higiene, preparações visando à
hidratação e cosméticos para pele em geral. Descreveremos também as características
e diferenças dos conservantes e antissépticos, diferentes formas de classificação de
produtos hidratantes e as mais recentes tecnologias utilizadas para a elaboração de
cosméticos para pele, abordando a região facial e as demais regiões do corpo. Além
disso, falaremos sobre um dos assuntos mais importantes a serem levados em conta
também na produção de cosméticos, que são os relacionados aos órgãos regulatórios.

Na terceira unidade serão abordados os principais aspectos sobre fotoproteção


e preparações para a higiene pessoal. As consequências da exposição à radiação
ultravioleta e propostas para minimizar seus impactos, incluindo barreiras físicas e
filtros solares, os mecanismos envolvidos no envelhecimento cutâneo e as estratégias
para reduzir e reverter seus efeitos serão assuntos também desta unidade. Discutiremos
também as principais formulações para a higiene pessoal utilizadas no corpo e para a
higiene bucal, incluindo as principais matérias-primas e mecanismos de ação desses
produtos. As preparações utilizadas em perfumes e aromatizantes, com ênfase em
produtos de origem natural e óleos essenciais também são temas desta unidade.
Preparações para higiene capilar e sanificantes são temas da quarta unidade,
apresentando as principais preparações cosméticas para a higiene capilar e formulações
utilizadas em tratamentos químicos dos cabelos, com ênfase nas estruturas e
características dos fios, e também informações sobre os principais cosméticos capilares
comercializados atualmente. Vamos abordar as preparações cosméticas decorativas,
incluindo materiais, tecnologias e tendências no desenvolvimento desses produtos.
Para finalizar a unidade, discutiremos os agentes sanificantes utilizados nas indústrias,
enfatizando diferentes substâncias e métodos de sanificação.

Bons estudos!
UNIDADE 1
Introdução à cosmetologia
Introdução
Olá,

Você está na unidade Introdução à Cosmetologia. Conheça aqui os princípios e


fundamentos da cosmetologia, incluindo as principais características, classificação e
aplicação de produtos cosméticos, o panorama global e local do mercado dos cosméticos,
avanços, tendências e aplicação de novas tecnologias na produção desses produtos.

Veja a anatomia, histologia e fisiologia da pele, diferentes materiais empregados na


fabricação de cosméticos, utilização de fontes limpas e tecnologias ecologicamente
corretas. Conheça também os testes de toxicidade geralmente empregados em produtos
cosméticos.

Bons estudos!
13

1 INTRODUÇÃO À COSMETOLOGIA
De acordo com Rito et al. (2012), produtos cosméticos podem ser definidos como preparações
compostas por substâncias sintéticas ou naturais de uso externo, aplicáveis a diversas partes do
corpo humano, incluindo pele, sistema capilar, lábios, unhas, órgãos genitais externos, dentes
e mucosas da cavidade oral. Podem ser utilizados para limpar, perfumar, proteger, promover
alterações na aparência, reduzir odores corporais excessivos, entre outras aplicações. Os
cosméticos são geralmente misturas complexas de produtos químicos, formulados a fim de
proporcionar benefícios e fornecer proteção contra desafios ambientais, como a radiação
ultravioleta proveniente do sol (SALVADOR; CHISVERT, 2018).

Segundo Ribeiro (2010), a cosmetologia pode ser definida como a área da ciência que
estuda os cosméticos, desde a concepção até a aplicação final em produtos elaborados.
Engloba pesquisas de novas matérias-primas, tecnologias empregadas, desenvolvimento de
formulações, produção em larga escala, comercialização, controle de qualidade, toxicologia,
eficácia e inspeção. A cosmetologia não tem como finalidade a terapêutica, sendo mais focada na
prevenção e melhorias, incluindo alterações inestéticas no cabelo e na pele. Trata-se de uma área
multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de química, biologia, física e farmacêutica.

1.1 Classificação dos cosméticos


No Brasil, os cosméticos são normalmente tratados dentro de uma classe ampla, denominada
produtos para a higiene e cuidado pessoal. Cosméticos são percebidos de diferentes maneiras em
diferentes países. A distinção precisa entre os diferentes cosméticos para diferentes aplicações é
difícil: alguns visam ao embelezamento temporário, como as maquiagens, outros são destinados
para o cuidado pessoal, enquanto alguns apresentam propriedades específicas, como redução na
formação de rugas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).

Clique abaixo e saiba mais sobre a classificação dos cosméticos.

De acordo com Rito et al. (2012), os cosméticos podem ser classificados de acordo com o
grau de risco que oferecem, sendo classificados em grau 1 os produtos de risco mínimo e grau 2
aqueles que apresentam risco potencial. Outros tipos de classificação podem incluir a finalidade
a que se destina o produto, locais e áreas do corpo abrangidas, modo de uso e referente aos
cuidados e medidas a serem tomadas durante sua utilização. Por apresentarem um amplo
espectro de funções, esses produtos têm sido utilizados diariamente por milhões de pessoas,
movimentando importantes setores econômicos do país, sendo fundamental efetuar a vigilância
da qualidade nas diferentes etapas de produção desses produtos.

Loretz et al. (2008) enfatizam que uma grande parcela dos produtos cosméticos comumente
comercializados é aplicada diretamentesobre a pele humana. Certos ingredientes podem penetrar
14

na pele e tornarem-se disponíveis sistemicamente. Existem diferentes formas de aplicação: na


forma de creme, loção, spray, sabonete e outras. Algumas delas podem apresentar riscos ao
usuário, como a aplicação de sprays, situação em que pode ocorrer exposição por inalação. Nesse
caso, é importante um conhecimento tanto do risco intrínseco dos ingredientes contidos no
produto quanto dos níveis de exposição.

Os cosméticos também podem ser subdivididos em segmentos premium e de produção em


massa, de acordo com o prestígio da marca, o preço e os canais de distribuição utilizados. Em
uma visão global, o segmento de massa representou 72% do total de vendas em 2010, enquanto
o segmento premium representou os 28% restantes. A maioria das vendas globais de cosméticos
premium concentra-se nos mercados desenvolvidos, principalmente nos Estados unidos, Japão e
França (LOPACIUK; LOBODA, 2013).

1.2 Cosméticos ecologicamente amigáveis


As atuais preocupações com as mudanças climáticas têm impactado um grande número
de campos da ciência e tecnologia. A investigação e aplicação dos princípios da química verde
levaram a um alto nível de mudança na fabricação e design de produtos químicos, com o
desenvolvimento de processos mais limpos e benignos, conforme a demanda de segurança
humana e ambiental. A indústria de cosméticos também foi influenciada por essas mudanças,
e a produção de cosméticos e dos produtos de cuidado pessoal precisaram tomar medidas para
melhorar as credenciais ecológicas de seus produtos (SALVADOR; CHISVERT, 2018).

Tem-se observado o desenvolvimento de tecnologias voltadas a meios mais eficientes,


visando minimizar ao máximo o impacto na integridade da fauna e da flora. O consumo
desse tipo de produto tem apresentado crescimento significativo. O consumidor de produtos
ecologicamente amigáveis apresenta conscientização ambiental, acreditando que suas ações
podem mudar o meio ambiente, sendo assim, esse perfil de consumidor procura por produtos
que não agridam a natureza, verificando-os desde a sua fabricação até a sua embalagem. Os
cosméticos ecologicamente amigáveis podem ser divididos em três categorias, de acordo com sua
composição, sendo eles os cosméticos orgânicos, cosméticos naturais e veganos. Esse termo não
é regulamentado pela legislação brasileira, mas os produtos que se enquadram nele passam por
diretrizes rigorosas realizadas por agências certificadoras antes da sua comercialização (PEREIRA,
LUBI, 2017).
15

FIQUE DE OLHO
A exposição solar excessiva e sem proteção tem representado um dos maiores riscos para
a ocorrência do câncer de pele, fotoenvelhecimento e alterações imunológicas. Nascimento
et al. (2009) sugerem a utilização de matérias-primas de origem natural, como agentes
fotoprotetores, descrevendo a aplicação de extrato de própolis com atividade antissolar,
aplicados para intensificação do fator de proteção solar.

De acordo com Salvador e Chisvert (2018), uma tendência atual no campo dos cosméticos
ecologicamente amigáveis busca realizar procedimentos sem solventes, utilizando radiação por
micro-ondas e outras metodologias, sendo consideradas tecnologias emergentes, de grande
utilidade e inovadoras. Algumas dessas metodologias têm sido aplicadas com sucesso em
reações orgânicas convencionais, como esterificação, condensação de Knoevenagel, alquilação e
cetalização para a síntese de novos potenciais ingredientes cosméticos.

2 MERCADO DE COSMÉTICOS
Segundo Galembeck e Csordas (2009), a indústria dos cosméticos tem desempenhado
um papel de grande importância econômica em grande parte dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, contribuindo para a geração de empregos, fortalecimento de economias
locais e na redução de desigualdades regionais, através da exploração sustentável de vários
produtos provenientes do bioma local. As novas tendências por tecnologias de produção limpas,
econômicas e ambientalmente corretas têm refletido na busca de ingredientes diferenciados,
naturais e competitivos e de processos de formulação inovadores.

Os processos de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de cosméticos


oferecem perspectivas promissoras de carreira para profissionais com formação variada, que
incluem químicos, engenheiros de várias modalidades, bioquímicos, farmacêuticos, gestores
de vários tipos, publicitários e comunicadores. Esse setor possibilita relações interdisciplinares
e trabalhos conjuntos com médicos, como cirurgiões e dermatologistas, pois além da sua
contribuição à higiene e à estética, alguns produtos também incluem propriedades terapêuticas
(GALEMBECK; CSORDAS, 2009).
16

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

Clique nas abas abaixo para conhecer o panorama dos cosméticos em contexto brasileiro e
global.

Panorama global

A indústria dos cosméticos é global e seus principais mercados são a União Europeia, Estados
Unidos da América, China, Brasil e Japão, com valores aproximados de 77, 64, 41, 24 e 22 bilhões
euros, respectivamente, de acordo com dados compilados pela Cosmetics Europe em 2016,
associação comercial europeia da indústria de cosméticos e cuidados pessoais. Para garantir
segurança e eficácia, os produtos cosméticos são regulados e controlados em todo o mundo. No
entanto, o alinhamento global das leis que tratam dos cosméticos está longe de ser alcançado, e
as estruturas regulatórias variam muito entre os países, tornando praticamente impossível para
uma indústria global vender o mesmo produto em todos os mercados e gerando dificuldades para
negociação (SALVADOR; CHISVERT, 2018).

Segundo Lopaciuk e Loboda (2013), nos últimos 20 anos, o mercado global de beleza cresceu
em média 4,5% ao ano, com taxas de crescimento anuais variando entre 3% e 5,5%. Também
conhecido como cosméticos e artigos de higiene pessoal ou produtos para cuidados pessoais,
esse mercado provou sua capacidade de alcançar um crescimento estável e contínuo, bem como
sua capacidade de resiliência em condições econômicas desfavoráveis. Os crescimentos mais
notáveis ocorreram no Brasil e na China, os quais são atualmente considerados os mercados mais
promissores. O mercado brasileiro de beleza e cuidados pessoais alcançou um crescimento de
15% em 2010. O mercado brasileiro demonstrou consistentemente alta dinâmica no consumo de
beleza, durante e após a crise econômica global.
17

Panorama brasileiro

Em 2013, o Brasil ocupava a terceira posição de maior mercado consumidor de produtos


cosméticos, segundo dados da Euromonitor International, que é considerado o principal
fornecedor independente de pesquisa estratégica de mercado do mundo. Os dados divulgaram
o faturamento da área em 2011 em mais de R$ 43 bilhões, sendo o Brasil considerado o país que
mais cresceu dentre os dez principais do mercado. Os protetores solares foram os produtos que
tiveram a maior alta, representando 20,2% de aumento no faturamento (LUCA et al., 2013).

No Brasil, a ampla variedade de produtos com diferentes finalidades de uso, principalmente


produtos de higiene, tem atingido um grupo populacional cada vez maior (RITO et al., 2012).
Segundo a publicação anual da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria
e Cosméticos (ABIHPEC), em 2019, o Brasil ocupava a quarta posição de mercado consumidor
global, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Japão respectivamente, com um mercado
aproximado de R$ 116,4 bilhões em 2018. O número de empresas regularizadas na agência
nacional de vigilância sanitária (ANVISA) em 2018 foi de 2.794, as quais estavam concentradas
majoritariamente na região sudeste, que representou 60,27% das empresas.

3 PELE E SEUS ANEXOS


Segundo Câmara (2009), a pele é um órgão complexo formado por diversos tecidos, tipos
celulares e estruturas especializadas. É o maior órgão do corpo humano; representa cerca de 15%
do peso corpóreo e apresenta variações estruturais significativas ao longo de sua extensão. A pele,
mais que um simples invólucro que recobre o nosso corpo, constitui a interface do corpo humano
com o meio externo, exercendo funções essenciais, como por exemplo a termorregulação,
vigilância imunológica, sensibilidade, proteção aos raios ultravioleta e contra diferentes formas
de agressões exógenas, de natureza física, química e biológica, além de atuar contra a perda de
água e de proteínas para o exterior.

Segundo Wilkinson e Moore (1990), a pele controla a regulação de importantes fluidos


fisiológicos, evita a penetração de substâncias estranhas e nocivas, atuando também como
amortecedor contra choques mecânicos. Além disso, fornece sinais sexuais e sociais considerando
sua cor, textura e cheiro, que podem ser fisiologicamente aprimorados pela ciência cosmética.
Luca et al. (2013) enfatiza que a pele apresenta uma complexa estrutura que é permanentemente
renovada.

O conhecimento da estrutura e função da pele é essencial, pois fornece importantes


ferramentas para melhorar a pele farmacologicamente e prevenir lesões. Existem dois tipos
principais de pele, com pelos e sem pelos. Clique abaixo para saber detalhes.
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Com pelos

Na maior parte do corpo, a pele possui folículos capilares com as glândulas sebáceas
associadas; no entanto, a quantidade de pelo varia muito. O couro cabeludo, com seus grandes
folículos capilares, contrasta com o rosto feminino, que possui grandes glândulas sebáceas
associadas a folículos muito pequenos que produzem cabelos finos e curtos.

Sem pelos

A pele das palmas das mãos não possui folículos capilares e glândulas sebáceas, apresentando
em sua superfície sulcos contínuos e alternados que formam padrões de espirais, laços ou arcos
característicos de cada indivíduo. A pele sem pelos também é caracterizada por sua epiderme
espessa e pela existência de órgãos sensoriais encapsulados dentro da derme (WILKINSON;
MOORE,1990).

3.1 Anatomia e histologia da pele


De acordo com Câmara (2009), a pele é composta por três camadas interdependentes,
nomeadamente: a epiderme, que é a mais externa; a derme, que é intermediária; e a hipoderme,
sobre a qual repousam as camadas citadas anteriormente, permitindo que a pele se movimente
sobre as estruturas mais profundas do corpo. A figura 1 a seguir apresenta a anatomia da pele e
alguns de seus constituintes.

Figura 1 - Anatomia da pele


Fonte: MicroOne, Shuttershock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem é uma ilustração anatômica da estrutura da pele. Podem ser


observadas as principais camadas da pele e alguns dos seus componentes.

Clique nas abas abaixo e saiba detalhes sobre as camadas da pele.


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Epiderme

A epiderme é a camada mais superficiale também uma das mais importantes da pele. De
acordo com Cestari (2012), a epiderme é constituída por um epitélio pavimentoso estratificado
e queratinizado. Apresenta espessura irregular, variando conforme a região do corpo, sendo
mais fina nas pálpebras e mais espessa nas palmas. É constituída porcincocamadasdistintas,
nomeadamente a camada basal, a camada espinhosa, a camada granulosa, o estrato lúcido e
a camada córnea. As células dessas camadas, os queratinócitos, derivam da camada basal. As
células da camada basal multiplicam-se de maneira contínua; ao se aproximarem da superfície,
se diferenciam, tornando-se achatadase passando a fabricar e a acumular em seu interior
quantidades crescentes de queratina. Segundo Galembeck e Csordas (2009), a queratina é uma
proteína fibrosa secundária constituída por 15 aminoácidos. As macromoléculas de queratina
possuem uma estrutura tridimensional complexa que lhes conferem resistência e elasticidade.
A epiderme é recoberta por uma fina camada de gorduraque impermeabiliza a pele contra a
entrada de água e mantém seu pH entre 3.5 e 5.0, protegendo-a do ataque de microrganismos.

Junção dermo-epidérmica

A junção dermo-epidérmica é uma zona de junção entre a epiderme e a derme, a qual permite
que essas duas camadas estejam corretamente conectadas. De acordo com Câmara (2009),
a derme é uma camada situada logo abaixo da epiderme, sendo formada por denso estroma
fibroelástico de tecido conectivo em meio a uma substância fundamental, que serve de suporte
para extensas redes vasculares e nervosas, e anexos cutâneos que derivam da epiderme. Cestari
(2012) enfatiza que as fibras e a substância fundamental são produzidas pelos fibroblastos, as
principais células da derme.

Derme

A derme está localizada abaixo da epiderme e apresenta espessura variável de 0,3


a 3 milímetros, de acordo com a região do corpo. Seus principais componentes incluem
majoritariamente o colágeno, que confere a resistência, e em menores quantidades a elastina,
responsável pela elasticidade e os proteoglicanos, substância amorfa em torno das fibras
colágenas e elásticas. Além desses componentes, podem ser observadas fibras proteicas, vasos
sanguíneos e linfáticos, terminações nervosas, órgãos sensoriais, folículos pilosos e glândulas
sebáceas e sudoríparas (CESTARI, 2012).

Hipoderme

Segundo Câmara (2009), a hipoderme ou tecido celular subcutâneo é a camada mais


profundada pele e está organizada em lóbulos de gordura divididos por septos fibrosos
compostos de colágeno, por onde correm vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Cestari (2012)
20

descreve que a hipoderme é complexo constituído por adipócitos, as células especializadas


no armazenamento de gordura. Está dividida em duas camadas: a camada areolar, que é mais
superficial e caracterizada por adipócitos globulares, e a camada lamelar, que é mais profunda e
apresenta aumento da espessura com ganho de peso.

3.2 Fisiologia da pele


A fisiologia de um tecido envolve um grande número de funções e parâmetros, com cada
componente desempenhando uma função. Nos últimos anos, os oligoelementos têm sido
objeto de interesse especial de muitos pesquisadores, pois fica claro que em muitos casos
eles trabalham como mensageiros secundários ou substâncias reguladoras. No contexto da
diferenciação epidérmica, estudos envolvendo o elemento cálcio indicaram que esse íon é uma
substância sinalizadora de grande importância em uma grande variedade de sistemas celulares,
incluindo a pele. Os íons cálcio desempenham um papel importante na apoptose, morte celular
programada, que atualmente é um assunto de grande interesse, uma vez que a etapa final de
diferenciação entre o nível do estrato granulosum e o estrato córneo representa um aspecto
particular da morte celular programada. A importância do equilíbrio entre apoptose de cálcio e
zinco foi claramente demonstrada em vários sistemas celulares (FORSLIND et al., 1997).

De acordo com Câmara (2009), dentre as várias estruturas da pele que exercem funções
primordiais, podem ser citadas as abaixo.

O estrato córneo, que atua como barreira para a perda de água das camadas epidérmicas
internas, impedindo a entrada de agentes tóxicos e microrganismos.

Os melanócitos exercem proteção contra os efeitos indesejáveis da radiação solar por meio
da melanina, que absorve a radiação.

Os nervos dérmicos desempenham a função de percepção do meio.

As fibras colágenas e elásticas da derme conferem à pele propriedades viscoelásticas e de


resistência que a protegem contra as forças de cisalhamento.

A termorregulação ocorre através dá extensa rede vascular cutânea, pelo controle do fluxo
sanguíneo e pela ação de glândulas sudoríparas écrinas, cuja secreção proporciona o resfriamento
por evaporação a partir da superfície da pele.

A proteção imunológica do organismo se deve à célula de Langerhans, que participa de várias


reações imunológicas, que incluem interações entre linfócitos T e B.

A função endócrina é observada pela ação da radiação ultravioleta sobre o 7-deidrocolesterol


nos ceratinócitos, formando a vitamina D3, que estimula a absorção de cálcio e fosfato no intestino.
21

4 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS


COSMÉTICOS
As formulações de cosméticos são geralmente complexas e utilizam vários tipos de matérias-
primas. Cada cosmético deve apresentar propriedades simultaneamente ajustadas para as
aplicações desejadas. Os materiais empregados nas formulações de cosméticos apresentam
classificação, função e aplicação bem definidas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).

Uma formulação cosmética, incluindo os princípios ativos, é projetada para diferentes


finalidades, como por exemplo proteger a pele contra agentes nocivos exógenos ou endógenos
e equilibrar os lipídios da homeostase dérmica alterados pela dermatose e pelo envelhecimento.
A grande maioria dos cosméticos é caracterizada por uma composição lipídica próxima ao sebo
humano. Assim, o tratamento das camadas mais externas da epiderme com uma quantidade
relativamente alta de fosfolipídios consiste em uma fina camada monomolecular aplicada à
pele, permitindo a hidratação natural. A composição química dos fosfolipídios fornece proteção
antioxidante, bloqueio solar, moléculas anti-inflamatórias e antirradicais livres (ABURJAI;
NATSHEH, 2003).

De acordo com Miguel (2011), os avanços das pesquisas em biotecnologia e as mudanças


recentes no perfil de consumo propiciaram novas oportunidades para diferentes segmentos.
Uma das inovações mais representativas da atualidade está associada ao desenvolvimento de
produtos cosméticos derivados de ativos naturais. Sob essa perspectiva, algumas empresas
internacionais têm se destacado no mercado mundial, principalmente empresas francesas, que
se destacam pelo pioneirismo e liderança nessa categoria de negócio.

4.1 Aplicação de nanotecnologia aos cosméticos


Segundo Mu e Sprando (2010), de um modo geral, a nanotecnologia pode ser definida
como a aplicação dos princípios científicos e de engenharia para produzir e utilizar partículas
com dimensões muito pequenas. A pesquisa em nanotecnologia tem impactado uma grande
variedade de setores econômicos, tanto na comunidade científica quanto no mercado global.
A nanotecnologia tem sido aplicada com sucesso nos campos biomédicos, ópticos, eletrônicos,
mecânicos e químicos, bem como em bens de consumo, como alimentos e cosméticos. A
nanotecnologia está mesclando tecnologia da informação, biologia e ciências sociais, e espera-se
que revigore descobertas e inovações em muitas áreas da ciência.
22

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

Vários produtos cosméticos modernos contêm componentes na escala nano, como hidratantes,
produtos para o cabelo e maquiagem. Por exemplo, formulações tópicas antienvelhecimento
baseadas em lipossomos, como cremes, loções, géis e hidrogéis foram formuladas no mercado
de cosméticos desde 1986 por L´Oreal na forma de niossomas, e por Christian Dior na forma
de lipossomas. Os ossomas labiais são utilizados em aplicações cosméticas ou para entrega
transdérmica, com a expectativa de que seu uso resulte em aumento da concentração de agentes
ativos, como por exemplo as vitaminas A e E na epiderme sem toxicidade. Os fulerenos exibem
potentes capacidades de eliminação contra espécies radicais de oxigênio, sendo empregados nas
formulações cosméticas para rejuvenescimento da pele; porém, ainda há controvérsia em relação
à sua segurança. Os nanocristais podem ser formulados para uso dérmico (MU; SPRANDO, 2010).

4.2 Cosméticos à base de plantas


Têm sido obtidos ingredientes bioativos de diferentes fontes naturais, os quais incluem
vitaminas, minerais, antioxidantes, enzimas, hormônios e uma infinidade de produtos de origem
natural. O uso das plantas é tão antigo quanto a humanidade; segundo os especialistas, os
próximos anos devem ser marcados pela descoberta e obtenção de muitos produtos que contêm
óleos e princípios ativos de ervas naturais. As plantas já foram a principal fonte de produção de
muitos cosméticos, mesmo antes que métodos fossem descobertos para sintetizar substâncias
com propriedades semelhantes. A indústria farmacêutica tem utilizado uma grande variedade de
plantas para produzir medicamentos. O uso de extratos de plantas em formulações cosméticas
está aumentando, principalmente por causa da má imagem que os extratos de origem animal
adquiriram nos últimos anos. Moléculas naturais derivadas de extratos de plantas apresentam
um grande potencial para futuras pesquisas (ABURJAI; NATSHEH, 2003).

De acordo com Aburjai e Natsheh (2003), os ingredientes naturais estão ganhando


popularidade continuamente, e o uso de extratos de plantas em formulações cosméticas é
23

considerado promissor. Os produtos cosméticos que apresentam princípios ativos de origem


natural têm sido utilizados em inúmeras aplicações, como proteção, cuidados com os cabelos
e corantes. Os óleos essenciais conferem um aroma agradável, especialmente em perfumes, e
garantem mais brilho ou condicionamento a um produto capilar. Acredita-se que, graças às novas
técnicas de isolamento e purificação de compostos derivados de plantas, novos produtos serão
desenvolvidos e aplicados na indústria dos cosméticos.

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5 TOXICIDADE DOS COSMÉTICOS


De acordo com Chorilli et al. (2007), apesar de ser indesejável, a utilização de produtos
cosméticos pode ocasionar alguns efeitos adversos ao usuário. Esses efeitos podem ser
decorrentes de fatores individuais ou pelo uso inadequado. As reações adversas incluem reações
irritativas, imediatas ou acumulativas, reações alérgicas ou sensibilizantes, dermatites e reações
sistêmicas. Uma vez que o produto cosmético é de livre acesso ao consumidor, é importante
que seu uso seja seguro nas condições normais ou razoavelmente previsíveis. Historicamente, os
testes de avaliação de segurança eram realizados com animais, in vivo, no entanto, alguns centros
de pesquisa tem pesquisado extensivamente novas alternativas in vitro, que visam à substituição
dos testes com animais. De qualquer forma, é de grande importância a realização de ensaios
de toxicidade para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, visando à avaliação de
segurança desses produtos.

5.1 Vias de exposição


A principal via de exposição das substâncias químicas presentes em cosméticos ocorre por
contato direto na pele, mucosa e seus anexos. No entanto, outras vias de exposição são possíveis,
como a inalação e via oral. A intoxicação via cutânea ocorre quando as moléculas se movem
24

pelo estrato córneo por difusão passiva. Aquelas que possuem natureza polar se difundem pelas
superfícies externas de filamentos proteicos do estrato córneo hidratado, enquanto as apolares
se difundem na matriz lipídica. Dentre os principais fatores que influenciam na cinética dos
agentes tóxicos através da pele, estão os enumerados abaixo.

A integridade do estrato córneo e seu estado de hidratação.

Temperatura.

Número de folículos pilosos.

O pH da superfície.

Polaridade da substância.

O seu tamanho molecular.

Na via inalatória, os agentes tóxicos geralmente são os pós, gases, vapores de líquidos voláteis
e aerossóis (LACRIMANTE; NETO, 2014).

5.2 Testes de toxicidade de cosméticos


A determinação do potencial tóxico deve ser o primeiro procedimento na análise de
risco de um produto. Esse procedimento consiste em uma série de estudos de toxicidade,
incluindo os ensaios de toxicidade aguda dérmica, toxicidade oral e percutânea, irritação e
sensibilização cutânea, irritação ocular primária, inalação, toxicidade sub-aguda, potencial
mutagênico, carcinogênico, teratogênico, acneigênese e fotossensibilidade e fototoxicidade em
casos de cosméticos com fotoatividade. Em alguns casos, são necessários estudos que visem
à determinação da margem de segurança, já que os ingredientes devem ser incorporados na
fórmula do produto cosmético num nível de concentração que apresente margem de segurança
adequada. A margem de segurança pode ser definida como a relação entre a dose experimental
25

mais elevada, que não produz qualquer efeito sistêmico adverso depois de um mínimo de 28
dias de ingestão oral em espécie animal, e a dose diária absorvida, à qual o consumidor pode ser
exposto (CHORILLI et al., 2007).

De acordo com Chorilli et al. (2007), o documento de referência para avaliação de segurança
de produtos cosméticos orienta como estudos básicos úteis para cosméticos os listados abaixo.

• Teste de absorção cutânea.

• Estudo do potencial de efeito sistêmico.

• Toxicidade aguda e testes de mutagenicidade.

• Estudo do potencial de efeito alergênico.

• Teste de alergenicidade.

• Estudo do potencial de risco irritativo e outros.

Além disso, o documento orienta como estudos complementares úteis em situações


particulares: o estudo do risco sistêmico potencial, toxicidade subaguda, estudo do efeito na
reprodução, estudos sobre fotomutagenicidade, estudo do risco irritativo potencial, irritação por
efeito cumulativo e avaliação de riscos particulares, como teratogenicidade, carcinogenicidade e
genotoxicidade.

Tem-se observado um esforço enorme para reduzir ou até mesmo extinguir testes de produtos
cosméticos em animais. Um grande número de pesquisadores tem dedicado seu tempo e esforço
para desenvolver métodos alternativos in vitro visando à substituição total de testes em animais.
Espera-se que num futuro esse tipo de prática seja extinto (ADLER et al., 2011).
26

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer as principais características de produtos cosméticos, enfatizando sua


aplicação e classificação;

• aprender sobre novas tecnologias empregadas na elaboração de produtos cosméticos,


como as nanopartículas.

• identificar os principais componentes da pele, em termos de sua anatomia, histologia


e fisiologia;

• discutir os aspectos do mercado dos produtos cosméticos a nível global e nacional;

• conhecer as principais técnicas utilizadas para avaliar a toxicidade de cosméticos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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fumaria e Cosméticos. 2019. Disponível em: https://abihpec.org.br/publicacao/panora-
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169f. Tese (Doutorado em política científica e tecnológica) - Universidade Estadual de
Campinas. Campinas: UNICAMP, 2009.

WILKINSON, J. B.; MOORE, R. J. Cosmetología de Harry. 5 ed. Madrid: Ediciones Díaz de


Santos, 1990.
UNIDADE 2
Insumos cosméticos
Introdução
Olá,

Você está na unidade Insumos cosméticos. Conheça aqui os princípios que regem a
produção e formulação de cosméticos, incluindo os principais ingredientes, matérias-
primas, procedimentos e protocolos de referência, com ênfase na formulação de produtos
de higiene, preparações visando à hidratação e cosméticos para pele em geral.

Veja também os as características e diferenças dos conservantes e antissépticos, diferentes


formas de classificação de produtos hidratantes, e as mais recentes tecnologias utilizadas
para a elaboração de cosméticos para pele, abordando a região facial e as demais regiões
do corpo. Além disso, aprenda sobre os órgãos regulatórios de produção de cosméticos.

Bons estudos!
31

1 PRODUÇÃO E FORMULAÇÃO DE COSMÉTICOS


Nos últimos dez anos, milhares de novas matérias-primas e compostos químicos foram
desenvolvidos e utilizados no mercado dos cosméticos, possibilitando a criação de uma grande
variedade de produtos. A indústria dos produtos cosméticos engloba um mercado multibilionário
que desempenha importante papel na economia de muitos países. O desenvolvimento de novas
rotas de síntese e alta pureza da matéria-prima possibilitou projetar os componentes de um
cosmético para atender às necessidades específicas dos consumidores. Para realizar essa tarefa,
os formuladores identificam as matérias-primas com as funcionalidades desejadas e combinam
esses materiais nas proporções adequadas para produzir um produto final aceitável, que tenha o
desempenho planejado e permaneça estável (SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2008).

1.1 Ingredientes e matérias-primas


Os produtos geralmente empregados na produção de cosméticos podem incluir água, óleos,
silicones, surfactantes, polímeros, álcoois poli-hídricos, sacarídeos, solventes orgânicos, sais
ácidos e alcalinos, pós inorgânicos e orgânicos, cores de pigmentos, aminoácidos, proteínas,
extratos vegetais, vitaminas, absorvedores de ultravioleta, agentes quelantes, conservantes,
antioxidantes, agentes oxidantes e redutores e óleos essenciais aromáticos. É conveniente
classificar os constituintes dos cosméticos naqueles que dão forma ao produto, os que estabilizam
o produto e os princípios ativos. Os ingredientes dos cosméticos são combinados de modo a
alcançar as características combinadas e superiores, determinando previamente sua finalidade e
qual a parte do corpo onde o produto será aplicado (IWATA; SHIMADA, 2013).

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De acordo com Galembeck e Csordas (2009), muitos critérios devem ser levados em
consideração para seleção de uma matéria-prima. Clique abaixo e conheça-os.
32

A disponibilidade, logística de entrega e de distribuição.

• Estocagem.

• Vida útil.

• Embalagem.

• Condições do processamento industrial.

• Toxicidade.

• Riscos ambientais.

• Possibilidade da substituição por outra matéria-prima.

É perceptível que o mercado dos cosméticos se preocupa com a origem das matérias-primas,
que podem ser provenientes de fontes naturais ou sintéticas, em alguns casos renováveis,
mas sempre devem ser produzidas sob princípios sociais e ambientais de sustentabilidade. A
escolha das matérias-primas é uma etapa crucial da produção, pois podem representar mais que
65% do custo direto de produção de um cosmético. As matérias-primas usadas em cosméticos
normalmente são inócuas para a saúde, com algumas exceções, logo suas quantidades devem ser
estritamente controladas.

As matérias-primas podem ser classificadas como excipientes ou princípios ativos.

Um excipiente deve ser um ingrediente inerte adicionado a uma formulação conferindo


ao produto consistência adequada para que a formulação possa ser aplicada, manipulada e
embalada de forma apropriada. Os excipientes desempenham um papel de grande importância
na produção dos cosméticos, pois proporcionam diferentes veículos de aplicação, diferentes
texturas e características, sendo também responsáveis por reduzir o custo final do produto. Existe
uma grande quantidade de excipientes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) para uso em cosméticos, sendo adicionados todos os anos novos excipientes a essa lista.

Os princípios ativos são as substâncias que atuam de forma efetiva e promovem modificações
sobre o órgão em que o cosmético será aplicado, desempenhando uma vasta gama de aplicações
específicas, sendo de grande importância conhecer mecanismos de ação, toxicidade e outros
dados que justifiquem seu emprego no produto cosmético (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).

1.2 Concepção e formulação de cosméticos


As formulações de cosméticos são complexas e podem utilizar diferentes matérias-primas.
De acordo com Iwata e Shimada (2013), os ingredientes dos cosméticos devem ser pensados
em função da categoria do cosmético; as categorias clássicas incluem xampus, condicionadores,
33

cremes, toner facial, batons, bases e outros. Grande parcela dos cosméticos apresenta ingredientes
para estabilização e preservação do produto, garantindo sua integridade e prevenindo sua
deterioração. Esses componentes são essenciais, uma vez que os cosméticos geralmente
são usados ​​por um longo período de tempo após a abertura do pacote, o que representa um
potencial risco de deterioração. Esses ingredientes também devem ser pensados ao formular um
cosmético. Além dos principais ingredientes listados acima, a maioria dos cosméticos contém
agentes corantes e aromatizantes. Os corantes têm sido empregados com sucesso no mercado
dos corantes capilares.

Os fabricantes de cosméticos têm contratado químicos e farmacêuticos para a formulação


de seus produtos; os fornecedores de ingredientes também empregam esses profissionais para
trabalhar no desenvolvimento, avaliação e utilização de novas matérias-primas. Esses profissionais
utilizam reações químicas para converter componentes de origem natural e sintética em matérias-
primas funcionais e comerciais. Além de apresentar uma sólida formação em química orgânica,
os formuladores devem ser capazes de desenvolver criativamente novas vias de reação para
produzir novas matérias-primas. As reações de esterificação ou polimerização são amplamente
utilizadas na formulação de novas matérias-primas (SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2008).

O uso industrial de substâncias químicas está sujeito a normas de órgãos reguladores. No


Brasil, os cosméticos precisam ser registrados e aprovados pela ANVISA. Essas normas têm
sido desenvolvidas baseadas em uma ampla variedade de estudos acerca de cada substância,
fornecendo informações sobre sua toxicidade, tanto para o homem quanto para o meio ambiente,
a curto e longo prazo. Dessa forma, devem ser reconhecidas e determinadas as substâncias
inócuas, para que sejam definidos limites para seu emprego na produção de cosméticos
(GALEMBECK; CSORDAS, 2009).

A figura 1 apresenta um sistema automatizado de produção industrial de um creme cosmético.


34

Figura 1 - Anatomia da pele


Fonte: MicroOne, Shuttershock, 2020

#ParaCegoVer: Na figura, podemos observar equipamentos utilizados na produção industrial


de cosméticos. Após colocados os ingredientes nas proporções corretas, eles são misturados e
colocados em embalagens em quantidades exatas. Sistematicamente devem ser realizados testes
desses produtos para o controle de qualidade.

Segundo Schueller e Romanowski (2008), os desenvolvedores de formulações cosméticas


precisam ter um conhecimento sólido de química geral, particularmente sobre os surfactantes
e o processo de emulsificação. Eles também devem conhecer as funcionalidades específicas de
diferentes matérias-primas cosméticas disponíveis. Além disso, em alguns casos, é exigido um
conhecimento especializado de tipos específicos de produtos, como aerossóis ou categorias de
cosmecêuticos. Além da cosmetologia básica, os formuladores devem estar cientes de como as
decisões de marketing, restrições de custos, condições de fabricação e preocupações estéticas,
como aparência e odor, podem afetar o desenvolvimento do produto.

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35

2 PREPARAÇÕES PARA A HIGIENE


Os produtos comumente usados em formulações voltadas para a higiene pessoal ​​incluem
os sabonetes, xampus, demaquilantes, enxaguantes bucais, creme dental e muitos outros. Os
agentes antibacterianos são muitas vezes incluídos nessas preparações para amenizar efeitos
de halitose, odor corporal e infecções leves da pele, incluindo infecções secundárias associadas
à acne. Embora inevitavelmente seja observada alguma sobreposição desses produtos com
medicamentos, esses cosméticos devem ser diferenciados daqueles usados no tratamento de
doenças, que contêm antibióticos e outros agentes, que normalmente não são considerados
adequados para fins gerais de higiene (WILKINSON; MOORE, 1990). Clique abaixo e conheça a
distinção entre agentes conservantes e agentes antissépticos.

Agentes conservantes

As últimas décadas foram marcadas por uma crescente conscientização sobre os problemas de
deterioração microbiológica de produtos cosméticos e de higiene pessoal. Podem ser observados
muitos exemplos da literatura que demonstram a importância de considerar o possível risco à
saúde de um produto contaminado. Dessa forma, os conservantes são adicionados aos produtos
para evitar deterioração e para proteger o consumidor da possibilidade de infecção (WILKINSON;
MOORE, 1990).

Os profissionais que trabalham na área de cosméticos são frequentemente solicitados a


projetar sistemas de conservação que forneçam boa proteção aos produtos cosméticos contra
contaminação microbiana. É importante trabalhar dentro de uma faixa estreita de concentrações
de agentes conservantes, visando alcançar eficácia contra os microrganismos, evitando a toxicidade
para os consumidores. Durante a formulação, é necessário considerar não apenas a eficácia do
composto contra microrganismos, mas também a compatibilidade com os demais componentes
presentes nos cosméticos, seu antagonismo ou sinergismo com outros ingredientes, o processo
de fabricação do produto e os custos associados (ORUS; LERANOZ, 2005).

Segundo Baranowska (2014), cosméticos que contêm água exigem proteção contra o
crescimento de microrganismos, para garantir a segurança do produto e prolongar a vida útil. Os
conservantes presentes em cosméticos são moléculas relativamente tóxicas para o consumidor,
bem como fontes potenciais de alergias e doenças de pele. Praticamente todos os conservantes
usados nos cosméticos são eficazes contra células procarióticas e eucarióticas. Os conservantes
mais frequentemente utilizados incluem metilisotiazolinona, álcool benzílico, benzoato de sódio
e parabenos, particularmente metilparabeno.

Agentes antissépticos

Os termos antisséptico e germicida são predominantemente usados para descrever


36

preparações aplicadas aos tecidos vivos para prevenir infecções. O termo desinfetante é
mais corretamente empregado para descrever os preparativos para o tratamento de objetos
inanimados. O uso de antissépticos em preparações cosméticas deve ser diferenciado do uso de
conservantes, pois o os primeiros são destinados a tornar o produto ativo contra microrganismos
presentes na pele, couro cabeludo ou boca, enquanto a função de conservantes é manter o
produto em condições satisfatórias durante sua vida comercial e uso (WILKINSON; MOORE, 1990).

De acordo com Reis (2011), os agentes antissépticos têm função de eliminar ou minimizar
o crescimento de vírus, fungos e bactérias quando utilizados sobre a pele ou mucosas, sendo
importante ressaltar que esses agentes permanecem durante muito tempo sobre a pele. Wilkinson
e Moore (1990) enfatizam que os agentes antimicrobianos comumente usados em cosméticos
com propriedades antissépticas incluem fenóis, cresóis, bifenóis e surfactantes catiônicos. Os
surfactantes catiônicos são amplamente utilizados em enxaguantes bucais, desodorantes, produtos
de higiene feminina, produtos para bebês, condicionadores anticaspa ou de enxágue, fixadores,
tonificadores e loções adstringentes. É importante ressaltar que os surfactantes catiônicos são
incompatíveis com uma gama considerável de substâncias, especialmente compostos aniônicos.

3 PREPARAÇÕES PARA HIDRATAÇÃO


Paz et al. (2015) enfatizam que a hidratação cutânea vem sendo atualmente uma das medidas
mais utilizadas em clínicas estéticas e por dermatologistas. Nesse sentido, para a formulação de
cosméticos com tal finalidade, é importante conhecer os mecanismos fisiológicos da hidratação e
os mecanismos de ação dos principais princípios hidratantes.

FIQUE DE OLHO
A avaliação da hidratação cutânea e do comportamento das substâncias hidratantes na pele
pode ser estudada por espectroscopia. Segundo Silva (2009), uma variedade de técnicas
espectroscópicas vibracionais tem sido empregada recentemente no estudo da estrutura do
estrato córneo e das modificações causadas pela ação de substâncias aplicadas.

Os mecanismos envolvendo a manutenção da hidratação da pele são complexos. A


hidratação adequada da pele é fundamental para manter a pele saudável, e os hidratantes são
um componente importante dos cuidados básicos com a pele. A capacidade da pele de reter água
está relacionada principalmente ao estrato córneo, que desempenha o papel de barreira à perda
de água. O papel dos compostos higroscópicos nos corneócitos, coletivamente referido como
fator de hidratação natural, foi reportado por Blank na década de 1950. Posteriormente, outros
autores demostraram a importância dos lipídios intercelulares presentes no estrato córneo,
37

organizados de maneira ordenada para formar uma barreira à perda de água transepidérmica.
A hidratação da pele e a função de barreira epidérmica são áreas ativas de investigação pelos
pesquisadores e pela indústria dos cosméticos há muitos anos (VERDIER‐SÉVRAIN; BONTÉ, 2007).

3.1 Classificação dos hidratantes


A comprovação dos efeitos biológicos das chamadas formulações hidratantes tem despertado
o interesse de um número cada vez maior de cientistas e dermatologistas. A hidratação da pele
possibilita retardar o envelhecimento cutâneo, podendo prevenir algumas doenças de pele; além
disso, essa classe de produtos tem sido considerada dominante na área cosmética, representando
uma importante participação no mercado dos cosméticos (LEONARDI, 2005).

Os hidratantes podem ser classificados em função dos mecanismos de ação de seus


componentes. Os principais mecanismos incluem a oclusão e umectação.

Clique nas abas abaixo para conhecer detalhes sobre cada um.

Oclusão

Os hidratantes oclusivos são caracterizados por formar um filme hidrofóbico na epiderme,


impedindo a evaporação e a perda de água e consequentemente contribuindo para a manutenção
da hidratação da pele. As substâncias oclusivas usadas em produtos cosméticos são geralmente
de caráter oleoso, o que contribui também para uma maior maciez e suavidade da superfície
cutânea.

Umectação

As substâncias que agem por umectação apresentam propriedades higroscópicas, ou seja,


absorvem a umidade da atmosfera. Essas substâncias apresentam caráter hidrossolúvel e são
indicadas para peles oleosas e acnéicas (PAZ et al., 2015).

3.2 Ingredientes utilizados em hidratantes


Os ingredientes hidratantes atuam principalmente na retenção da umidade interna da pele,
sendo que alguns ativam essa capacidade, e outros a complementam. Segundo Paz et al. (2015),
os produtos hidratantes constituem uma das classes mais importantes de cosméticos, pois
apresentam uma ação preventiva, especialmente contra o envelhecimento precoce. Há diversos
meios para a hidratação cutânea que contam com a adição de substâncias ativas nas formulações.
Entre os principais hidratantes conhecidos, podem ser citados aminoácidos, ceramidas, ácido
hialurônico, uréia, glicerina, ácidos graxos e outros. Tais substâncias também fazem parte da
matriz lipídica intercelular, que preenche os espaços entre os corneócitos, proporcionando à pele
a função de barreira. A redução desses lipídeos na camada córnea geralmente é provocada por
38

exposição a solventes orgânicos e substâncias detergentes, envelhecimento, fatores genéticos,


entre outros.

O uso das ceramidas em cosméticos tem se popularizado nos últimos anos. A incorporação
desse ingrediente na formulação de cosméticos possibilita fortalecer a barreira cutânea e impedir
a perda de água, além de proporcionar maciez e elasticidade à pele (ANDRADE; HIGUCHI, 2014).
De acordo com Paz et al. (2015), os hidratantes geralmente apresentam consistência leve, de modo
que a pele não fique brilhosa e oleosa. O hidratante usado durante o dia geralmente contém filtro
solar em sua formulação; durante a noite, a hidratação da pele é de fundamental importância,
pois mantém a elasticidade da pele, previne a formação de rugas e marcas de expressão, além
de melhorar a nutrição celular e permitir uma ação mais eficiente de outras substâncias ativas.

4 PREPARAÇÕES PARA TRATAMENTOS CUTÂNEOS


O número e a variedade de matérias-primas disponíveis para a formulação de cremes e loções
para a pele é muito grande. Além disso, novas matérias-primas, emulsificantes, emolientes,
hidratantes e ingredientes ativos são continuamente disponibilizados pelo mercado. No contexto
de cosméticos, o termo creme significa uma emulsão sólida ou semissólida, embora também se
aplique a produtos não aquosos, como máscaras à base de solvente de cera, sombras e pomadas
líquidas. Se uma emulsão apresenta uma viscosidade baixa o suficiente para ser derramada, ou
seja, flui sob a única influência da gravidade, ela é chamada loção (WILKINSON; MOORE, 1990).

A microflora cutânea é um componente importante da pele humana. Uma grande variedade de


microrganismos pode ser encontrada na pele – eles são geralmente organizados em transitórios,
residentes temporários e permanentes. O equilíbrio ecológico microbiano desempenha um papel
de grande importância na atividade da pele, podendo ser alterado pela introdução de inibidores,
antimicrobianos, antibióticos ou nutrientes. A aplicação de produtos cosméticos pode afetar a
microflora. Os conservantes são conhecidos por promover alterações na microflora. Os cosméticos
para pele podem ser formulados para conter um agente antimicrobiano ou antibiótico como
ingrediente ativo, por exemplo, para o tratamento da acne. Nesse caso, a ecologia microbiana
mudará o uso do tratamento (HOLLAND; BOJAR, 2002).

Leonardi (2005) enfatiza que produtos para pele devem ser bem balanceados para não tirar
exacerbadamente sua oleosidade natural. A secreção do sebo para a superfície da pele é um
processo fisiológico do organismo. A presença do sebo na superfície da pele atua como proteção
às agressões ambientais. Se todo o sebo da superfície for retirado com uso de sabões muito
alcalinos, ou de produtos inadequados, as glândulas sebáceas naturalmente secretam novamente
seus conteúdos em quantidades maiores.
39

4.1 Produtos para a face


As lesões cutâneas, principalmente na região da face, como a acne, rosácea e melasma, são
conhecidas por transtornos emocionais e psicológicos. Estudos apontam que indivíduos com acne
acabam enfrentando depressão, ansiedade, e baixa autoestima (LEVY; EMER, 2012). Tem sido
desenvolvida nos últimos anos uma grande variedade de cosméticos para minimizar os efeitos e
como complemento ao tratamento dessas lesões. Além disso, produtos visando reduzir os efeitos
do envelhecimento são considerados promissores no mercado dos cosméticos.

FIQUE DE OLHO
A hidratação do rosto é um procedimento simples, mas que desempenha um papel
importante de prevenção. De acordo com Leonardi (2005), a hidratação é um procedimento
imprescindível para conservar o vigor, a textura, e evitar o ressecamento da pele. É
importante ressaltar que, além da aplicação tópica de hidratantes, o indivíduo precisa ingerir
bastante líquido para manter a pele hidratada.

Segundo Leonardi (2005), os cosméticos para peles acnéicas apresentam duas linhas
de atuação: a redução da atividade sebácea e controle da proliferação de microrganismos
patogênicos. Geralmente, observa-se que esses produtos também atuam na manutenção do pH
natural da pele, na hidratação cutânea e na proteção contra radiações solares, pois o excesso
de sol causa espessamento da camada córnea, que por sua vez facilita a obstrução do folículo
pilo-sebáceo, refletindo no surgimento da acne. Dentre os veículos cosméticos mais usados
na produção desses produtos, são mais indicados os géis hidrofílicos e os géis-cremes, sendo
que ambos devem ser formulados com matérias-primas não comedogênicas e de preferência
hipoalergênicas. Muitas das substâncias usadas no tratamento da acne não podem ser usadas
em produtos cosméticos, porém, algumas são permitidas em concentrações autorizadas pelos
órgãos de vigilância sanitária.

Os toners faciais são produtos que estão ganhando importância cada vez maior no mercado
dos cosméticos. Segundo Iwata (2012), os toners faciais têm sido projetados combinando
ingredientes ativos com a finalidade de hidratar, amaciar, suavizar, firmar e dar brilho à pele,
podendo conter derivados da vitamina C para clareamento. Extratos de fermentação estão sendo
incluídos em alguns cosméticos para o antienvelhecimento e a prevenção de rugas. Muitos desses
produtos apresentam em sua composição ceramidas, vitaminas, esteróis, extratos vegetais
e outros componentes eficazes. Os constituintes básicos incluem água, glicerina e agentes
hidratantes, colágeno hidrolisado e aminoácidos. As formas do produto podem ser líquido
transparente, líquido transparente e viscoso e loção leitosa.
40

4.2 Produtos para o corpo


Os cremes têm sido utilizados para cuidar da pele do rosto, mãos e outras partes do corpo. Os
produtos utilizados para o corpo podem incluir cremes, loções e géis. Os objetivos são diversos
e incluem:

• reparar a pele contra danos;

• hidratar a pele;

• clarear a pele e manchas;

• e proteger a pele dos raios ultravioletas.

Os componentes oleosos, que dão eficácia e determinam a sensação de uso, podem ser
carboidratos, ésteres e álcoois superiores. O surfactante não iônico e os ácidos graxos são
usados ​​principalmente para emulsificar os componentes oleosos. Polímeros são adicionados
para estabilizar a forma do produto. Os álcoois poli-hídricos são para hidratação e os álcalis são
combinados para neutralizar os ácidos graxos (IWATA, 2012). Clique nas fichas abaixo e veja a
classificação de cremes utilizados para a pele e suas principais características.

Cremes para limpeza são empregados na manutenção da superfície da pele saudável e com
boa aparência, remoção de poeira, sujeira, sebo e outras secreções, células mortas, depósitos e
maquiagem aplicada.

Cremes noturnos e cremes de massagem são projetados para permanecer na pele por várias
horas ou para permanecer imóvel na pele, mesmo após esfregar vigorosamente. São compostos
por uma fase substancialmente oleosa que se espalha facilmente sem ser absorvida.

Cremes evanescentes hidratantes são produtos projetados para serem facilmente espalhados
e produzem uma sensação de desaparecimento após aplicação. São capazes de dar elasticidade à
camada de células mortas e externas da epiderme, deixando a pele macia e suave.

Como as mãos são especialmente vulneráveis a rachaduras e rugosidade da pele, os cremes


para as mãos são usados como agentes hidratantes, eficazes no alívio e na cura de emolientes,
podendo incluir também antissépticos.

Cremes para os pés são utilizados para auxiliar na massagem dos pés, podendo conter agentes
antimicrobianos, antitranspirantes, agentes queratolíticos leves, vasodilatadores para estimular
a circulação, agentes de resfriamento e agentes que proporcionam propriedades emolientes e
suavizantes da pele.

Os últimos anos foram marcados pelo desenvolvimento de cosméticos voltados para o


41

tratamento de celulites e estrias, problemas que atingem um grande número de mulheres.


Segundo Leonardi (2005), a celulite é caracterizada por uma desordem do metabolismo lipídico
e no fluxo de líquidos do organismo; ela se forma quando há problemas na microcirculação
sanguínea e os resíduos adiposos acumulam-se na hipoderme. Produtos cosméticos podem
funcionar como coadjuvantes no tratamento da celulite, podendo atuar por três mecanismos
diferentes: metabolizando a lipólise, melhorando a drenagem através de ativadores da circulação
e reestruturando o tecido lesado por meio de renovadores de colágeno. As estrias são lesões
que ocorrem principalmente na puberdade, atingindo predominantemente o sexo feminino.
No mercado, está disponível uma grande diversidade de produtos voltados à prevenção e ao
tratamento das estrias. Os cosméticos são geralmente utilizados na prevenção, sendo observado
o uso de compostos com atividade hidratante como ácido hialurônico, ureia, lactato de amónio,
colágeno, elastina e óleos vegetais emolientes.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

5 PROTOCOLOS REGULATÓRIOS DA PRODUÇÃO


DE COSMÉTICOS
Os principais marcos regulatórios que regem a indústria de cosméticos remontam a 1938
nos Estados Unidos e, 40 anos depois, na Europa. Desde então, as legislações cosméticas dessas
regiões inspiraram a estrutura regulatória de vários países que trabalham para a harmonização da
legislação sobre cosméticos. Durante os anos, os requisitos para a eficácia de produtos cosméticos
foram implementados, no entanto, não existem diretrizes claras para testes de eficácia de
produtos cosméticos. As reivindicações de produtos cosméticos, explícitas ou implícitas, devem
ser apoiadas por evidências adequadas e verificáveis, independentemente dos tipos de suporte
probatório usados ​​para substanciá-las, incluindo, quando apropriado, avaliações de especialistas.
O suporte probatório às alegações cosméticas deve levar em conta as práticas atuais, os estudos
42

relevantes sobre o produto e o benefício reivindicado, devendo seguir metodologias bem


projetadas, bem conduzidas e respeitando a ética e os padrões de referência (NOBILE, 2016).

No Brasil, o órgão responsável por regulamentar a produção de produtos cosméticos é a


ANVISA. De acordo com Jaiminy (2013), os produtos cosméticos individuais devem ser notificados
ou registrados antes de sua entrada no mercado, atendendo exigências específicas. Durante o
processo de registro, os fabricantes devem declarar qual grau de risco se enquadra à sua atividade.
Clique abaixo e conheça detalhes sobre cada grau.

Grau 1

Os importadores e fabricantes de cosméticos são classificados como produtos de grau de


risco 1 quando produzirem produtos como xampus simples, cremes de barbear, loções corporais
e cremes e produtos de maquiagem, devendo notificar a ANVISA por meio do envio on-line de
um documento contendo informações gerais do produto, podendo proceder com o comércio
após registro.

Grau 2

Os produtos de grau de risco 2 incluem produtos de maior periculosidade, como por exemplo
os produtos anti-idade, protetor solar, agentes de coloração capilar e outros.

A resolução da diretoria colegiada (RDC) nº 48, de 25 de outubro de 2013 aprovou o


regulamento técnico de boas práticas de fabricação para produtos de higiene pessoal, cosméticos
e perfumes. Esse documento estabelece que os produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumes destinados à comercialização devem estar devidamente regularizados e fabricados
por indústrias habilitadas, regularmente inspecionadas pela autoridade sanitária competente.
Esse regulamento estabelece os procedimentos e as práticas que o fabricante deve aplicar para
assegurar que as instalações, métodos, processos, sistemas e controles usados para a fabricação
desses produtos sejam adequados, de modo a garantir qualidade desses produtos. No prazo de
1 ano, a empresa deve ter elaborado todos os protocolos e outros documentos necessários para
a validação de limpeza, metodologia analítica, sistemas informatizados e sistema de água de
processo que já se encontrem instalados.

Segundo o artigo 10 da resolução nº 7 de 10 de fevereiro de 2015 da ANVISA, o detentor do


produto deve possuir dados comprobatórios que atestem a qualidade, a segurança e a eficácia
de seus produtos e a idoneidade dos respectivos dizeres de rotulagem, bem como os requisitos
técnicos estabelecidos na mesma resolução, os quais deverão ser apresentados aos órgãos de
vigilância sanitária sempre que solicitados ou durante as inspeções. Deve-se ainda garantir que
o produto não constitui risco à saúde quando utilizado em conformidade com as instruções de
uso e demais medidas constantes da embalagem de venda do produto durante o seu período de
43

validade.

De acordo com Reis (2015), a ANVISA publicou em 2015 uma atualização das regras de
cosméticos que simplifica o tratamento desses produtos no país. Com essa nova medida, alguns
produtos passam a ser isentos de registro, mas sujeitos à comunicação prévia antes de sua
comercialização. A medida está na resolução nº 7 de 10 de fevereiro de 2015 da ANVISA. Produtos
das categorias bronzeadores, produtos de alisamento capilar, protetor solar, repelente de insetos,
gel antisséptico para as mãos e produtos infantis continuaram sendo analisados pela Agência,
tendo em vista o seu maior risco associado.

5.1 Protocolo 1: Validação de limpeza


Segundo a RDC nº 48, de 25 de outubro de 2013, a empresa deve conhecer seus processos
a fim de estabelecer critérios para identificar a necessidade ou não de validação dos mesmos.
Quando as validações forem aplicáveis, deve ser estabelecido um protocolo de validação que
especifique como o processo será conduzido. O protocolo deve ser aprovado pela garantia/
controle da qualidade. Para os produtos e processos que não serão validados, a empresa deve
estabelecer todos os controles operacionais necessários para garantir o cumprimento dos
requisitos preestabelecidos ou especificados. O protocolo de validação deve especificar os itens
enumerados abaixo. Clique para vê-los.
44

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer os principais produtos e ingredientes utilizados na formulação de cosméti-


cos, assim como as principais etapas desse processo;

• aprender sobre preparações voltadas para a higiene pessoal e agentes antissépticos


comumente comercializados;

• descobrir sobre a real importância dos hidratantes, suas matérias-primas, classifica-


ção e aplicações;

• discutir preparações utilizadas em tratamentos cutâneos, com ênfase aos produtos


voltados para a face e para as demais regiões da pele;

• conhecer os principais protocolos regulatórios da produção e comercialização de


cosméticos, além das exigências específicas para diferentes classes de cosméticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA – Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada -


RDC nº 48, de 25 de outubro de 2013. 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0048_25_10_2013.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020.

ANVISA – Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada -


RDC nº 07, de 10 de fevereiro de 2015. 2015. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/
documents/10181/2867685/RDC_07_2015_.pdf/. Acesso em: 10 mar. 2020.

ANDRADE, D. M. S.; HIGUCHI, C. T. Análise crítica e comparativa de uma marca cosmética


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BARANOWSKA, I. et al. Determination of preservatives in cosmetics, cleaning agents and


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GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. Cosméticos: a química da beleza. Coordenação


Central de Educação a Distância, 2009. Disponível em: http://fisiosale.com.br/
assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de-cosmetologia-2210.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020.

HOLLAND, K. T.; BOJAR, R. A. Cosmetics. American journal of clinical dermatology, v. 3,


n. 7, p. 445-449, 2002.

IWATA, H.; SHIMADA, K. Formulas, ingredients and production of cosmetics. Springer:


Tokio, 2013.

JAIMINY, P. Testes em cosméticos: exigências para produtos cosméticos no mercado


global. São Paulo: Grupo TÜV SÜD, 2013.

LEONARDI, G. R. Cosmetologia aplicada. 1 ed. São Paulo: Medfarma, 2005.

LEVY, L. L.; EMER, J. J. Emotional benefit of cosmetic camouflage in the treatment of facial
skin conditions: personal experience and review. Clinical, cosmetic and investigational
dermatology, v. 5, p. 173, 2012.

NOBILE, V. Guidelines on Cosmetic Efficacy Testing on Humans. Ethical, Technical, and


Regulatory Requirements in the Main Cosmetics Markets. J Cosmo Trichol, v. 2, p. 107-
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PAZ, T. S. et al. Ativos hidratantes e suas funções. XX Seminário Interinstitucional de


Ensino, Pesquisa e Extensão, Cruz alta, 2015.
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pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/legislacao-farmaceutica/1939-anvisa-
atualiza-normas-para-cosmeticos.html. Acesso em: 12 mar. 2020.

REIS, L. M. dos et al. Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e


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eficácia por métodos biofísicos. 2009. 182f. Tese (Doutorado em ciências farmacêuticas)
- Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2009.

VERDIER-SÉVRAIN, S.; BONTÉ, F. Skin hydration: a review on its molecular mechanisms.


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WILKINSON, J. B.; MOORE, R. J. Cosmetología de Harry. 5 ed. Madrid: Ediciones Díaz de


Santos, 1990.
UNIDADE 3
Fotoproteção e preparações para a
higiene pessoal
Introdução
Olá,

Você está na unidade Fotoproteção e Preparações para a Higiene Pessoal. Conheça aqui
as consequências da exposição à radiação ultravioleta e propostas para minimizar seus
impactos, incluindo barreiras físicas e filtros solares. Descubra os mecanismos envolvidos
no envelhecimento cutâneo e estratégias para reduzir e reverter seus efeitos.

Veja as principais formulações para a higiene pessoal, utilizadas no corpo e na higiene


bucal, incluindo as principais matérias-primas e mecanismos de ação desses produtos.
Conheça também as preparações utilizadas em perfumes e aromatizantes, com ênfase em
produtos de origem natural e óleos essenciais.

Bons estudos!
49

1 FOTOPROTEÇÃO: FUNDAMENTOS E
TECNOLOGIAS
O nível de radiação ultravioleta (UV) que atinge a superfície da Terra aumentou drasticamente
nos últimos anos. Esse fenômeno contribuiu para um aumento constante de doenças relacionadas
à pele, ocasionadas pelo aumento na exposição da pele à radiação. A radiação UV geralmente é
dividida em três categorias: radiações com comprimentos de onda curtos (UVC), que abrangem os
comprimentos de onda de 200 a 280nm; comprimentos de onda médios (UVB), com comprimentos
de 280 a 320 nm; e comprimentos de onda longos (UVA), que compreendem radiações com 320
a 400 nm. A radiação UVC é completamente absorvida pelas moléculas de oxigênio e ozônio na
atmosfera da Terra. Embora a radiação UVB constitua apenas 4 a 5% da radiação UV total, ela
é considerada o componente de luz solar mais ativo, com potência de queimadura de pele mil
vezes maior que a radiação UVA, penetrando a camada epidérmica da pele e induzindo efeitos
biológicos adversos diretos e indiretos. A radiação UVA normalmente representa mais que 90%
da radiação UV total; sabe-se que que esse tipo de radiação penetra profundamente a epiderme
e derme, produzindo espécies reativas de oxigênio. A exposição crônica à radiação UVA pode
danificar as estruturas subjacentes da derme e causar fotoenvelhecimento prematuro da pele,
como flacidez e rugas da pele (SAEWAN; JIMTAISONG, 2015).

A luz do sol faz bem para a pele, fornece vitaminas necessárias para o corpo e aumenta a
liberação de hormônios como a serotonina, que faz com que a pessoa se sinta mais concentrada
e calma. A exposição à luz solar também é usada como tratamento para a depressão. Mesmo com
essas vantagens, a exposição excessiva à luz UV pode causar muitos problemas de saúde, como
envelhecimento da pele, fotodermatoses e câncer de pele. A exposição à luz solar pode provocar
alterações no DNA e danificar os tecidos conjuntivos e o colágeno. Isso leva à hiperpigmentação
e perda de elasticidade da pele (JOSE; NETTO, 2019).

FIQUE DE OLHO
A vitamina D desempenha um papel fundamental na saúde esquelética e em muitos outros
processos biológicos. Segundo Kannan e Lim (2014), essa vitamina é obtida principalmente
através da luz solar, e vários fatores podem afetar sua síntese cutânea. Filtros solares
impedem a passagem de raios ultravioleta capazes de ativar a síntese da vitamina D.

Vários métodos e estratégias podem ser utilizados para fornecer proteção contra efeitos
nocivos da exposição aos raios UV. As principais estratégias incluem barreiras físicas, como
roupas e óculos de sol, que são maneiras eficazes de proteger dos raios UV a pele e os olhos,
50

respectivamente. A aplicação tópica de produtos da categoria protetor solar tem sido a principal
estratégia para proteger a pele da radiação UV, bloqueando a radiação UV exposta na epiderme.
Atualmente, existe uma tendência mundial de desenvolver protetores solares de alta proteção
UV usando baixas concentrações de compostos químicos. Compostos naturais têm ganhado
considerável atenção como agentes protetores devido a suas amplas atividades biológicas, como
absorção de UV, antioxidante e anti-inflamatório (SVOBODOVÁ, 2003).

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1.1 Protetores solares


Os protetores solares, também denominados filtros solares, são produtos amplamente
utilizados na proteção contra a radiação UV e seus efeitos negativos. Os protetores solares são
comprovados por terem efeitos positivos na diminuição dos sinais de envelhecimento e na
incidência de câncer de pele. Os filtros solares comerciais estão disponíveis desde 1928, quando
foi produzida a primeira formulação que combina salicilato de benzila e cinamato de benzila.
Durante as décadas de 1980 e 1990, o desenvolvimento de agentes de filtro solar concentrou-se
em formulações e filtros UV que poderiam aumentar ainda mais o fator de proteção solar (FPS).
Atualmente, os protetores solares são considerados componentes importantes de produtos de
cuidados pessoais, hidratantes, produtos antienvelhecimento, cosméticos e outros (PALMA;
O’DONOGHUE, 2007). A figura 1 apresenta a aplicação do protetor solar sobre a pele.
51

Figura 1 - Aplicação do protetor solar sobre a pele


Fonte: SNeG17, Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: Na figura, observa-se a aplicação de um protetor solar na forma de creme.

Segundo Flor et al. (2007), os filtros solares são separados em dois grandes grupos,
nomeadamente os filtros orgânicos e inorgânicos, que podem atenuar a radiação incidente
por meios de absorção e reflexão. Geralmente, os compostos orgânicos protegem a pele pela
absorção da radiação, e os inorgânicos, pela reflexão da radiação. Veja detalhes clicando abaixo.

Filtros solares inorgânicos

Os filtros solares inorgânicos são representados por dois óxidos: o óxido de zinco e óxido de
titânio. Esses filtros solares têm se destacado e atualmente representam a forma mais segura
e eficaz para proteger a pele, pois apresentam baixo potencial de irritação, sendo inclusive os
filtros solares recomendados no preparo de fotoprotetores para uso infantil e pessoas com peles
sensíveis.

Filtros solares orgânicos

Os filtros orgânicos são normalmente formados por moléculas orgânicas capazes de absorver
a radiação UV e transformá-la em radiações com menores energias, que são inofensivas ao ser
humano; essas moléculas incluem compostos aromáticos com grupos carboxílicos.
52

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1.2 Formulações de cosméticos fotoprotetores


As composições de fotoproteção têm sido aplamente estudadas e aplicadas na produção de
cosméticos, proporcionando grandes benefícios. Entre os compostos utilizados para fotoproteção,
muitas formulações e patentes descrevem a utilização de produtos naturais originados de
extração botânica. Os compostos utilizados na fotoproteção geralmente são encontrados na
forma de extratos aquosos ou hidroalcoólicos, incorporados nas formulações para aplicação
tópica ou oral. As composições tópicas podem ser processadas de maneira convencional, como
emulsão de óleo em água, emulsão de água em óleo, hidrogel, soro anidro, gel hidroalcoólico,
opcionalmente compreendendo um ou mais adjuvantes, como estabilizadores sintéticos, filtros
solares sintéticos orgânicos ou inorgânicos e uma combinação sinérgica eficaz de extratos. A
maioria das composições possui capacidades significativas para capturar e neutralizar os radicais
livres (SERAFINI et al., 2015).

A aplicação tópica de protetores solares pode proteger a pele dos efeitos nocivos da radiação
solar UV, absorvendo ou refletindo a radiação UV na superfície da pele. Segundo Saewan e
Jimtaisong (2015), os protetores solares orgânicos, por serem invisíveis na superfície da pele, têm
mais apelo cosmético. Exemplos de ingredientes fotoabsorventes comerciais são oxibenzona,
sulisobenzona e octilmetoxicinamato. No entanto, essas espécies têm uso limitado pois podem
ser ativadas pela radiação UV, produzindo moléculas fotossensibilizadoras que podem interagir
com moléculas cutâneas, causando reações cutâneas adversas. Dessa forma, esses compostos
têm concentração limitada na fórmula de um protetor solar.

2 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO
A pele humana, assim como todos os outros órgãos, sofre envelhecimento cronológico.
53

Além disso, diferentemente de outros órgãos, a pele está em contato direto com o meio
ambiente e, portanto, sofre com possíveis danos ambientais. O principal fator ambiental que
causa o envelhecimento da pele humana é a irradiação UV do sol. Quando o envelhecimento
é causado por exposição por radiação, pode ser utilizado o termo fotoenvelhecimento. O
fotoenvelhecimento e o envelhecimento cronológico são processos cumulativos. No entanto,
diferentemente do envelhecimento cronológico, que depende da passagem do tempo, o
fotoenvelhecimento depende principalmente do grau de exposição ao sol e do pigmento da pele.
Pesquisas recentes têm se dedicado ao desenvolvimento de novas terapias antienvelhecimento,
utilizando diferentes estratégias (FISHER et al., 2002). Clique abaixo e veja mais sobre diferentes
tipos de envelhecimento.

Segundo Teston et al. (2010) o envelhecimento cutâneo é definido como um processo lento,
progressivo e contínuo, resultante de alterações fisiológicas, bioquímicas e morfológicas, que
acometem a pele, que são geralmente divididos em envelhecimento intrínseco, ou cronológico,
e extrínseco.

De acordo Bagatin (2009), o envelhecimento natural, ou envelhecimento intrínseco, é


mediado por várias alterações fisiológicas em todo o corpo, como o avanço da idade, resultando
em um fenótipo de pele que inclui rugas finas e elasticidade reduzida.

Teston et al. (2010) enfatizam que o envelhecimento intrínseco é inevitável e está relacionado
à idade e à genética do indivíduo, promovendo mudanças na aparência e função normais da pele.

Já o envelhecimento extrínseco é decorrente de fatores ambientais, principalmente aradiação


solar, sendo mais danoso e agressivo à superfície da pele, degenerando as fibras elásticas e
colágenas, alterando a pigmentação e causando rugas mais profundas.

2.1 Fotoenvelhecimento
O processo fisiopatológico do fotoenvelhecimento deriva em grande parte da regulação
de diferentes mecanismos moleculares. Segundo Teson et al. (2010), existem diversas teorias
para explicar a natureza das alterações anatômicas do envelhecimento celular, que podem ser
classificadas em duas categorias: as de natureza genética e as de natureza estocástica:

• a primeira retrata as teorias como eventos sequenciais e coordenados que constituem o


desenvolvimento dos organismos envolvendo o controle genético;

• enquanto a segunda trabalha com teorias que relacionam o processo de envelhecimento


como o acúmulo de agressões extrínsecas, como a teoria da glicosilação e a teoria do
estresse oxidativo.

O fotoenvelhecimento é o resultado de um processo combinado de processos de


envelhecimento intrínseco e extrínseco. Os processos intrínsecos incluem alterações fisiológicas,
54

alterações na produção de hormônios, comprimento dos telômeros, acúmulo de danos


oxidativos no DNA e alterações epigenéticas. Consequentemente, por essas razões, reduções no
procolágeno, proteínas relacionadas às fibras elásticas intrinsecamente podem contribuir para os
fenótipos observados, como formação de rugas finas, perda de elasticidade, epiderme afinada,
pele com hidratação e cicatrização prejudicadas (FISCHER et al., 2002).

O fotoenvelhecimento é caracterizado por uma resposta polimórfica da pele envolvendo


tecido conjuntivo dérmico e sistema vascular. Estudos demonstraram que as alterações
intrínsecas do envelhecimento da pele se limitam principalmente à frouxidão dos tecidos e ao
aprofundamento das linhas de expressão, enquanto que a pele fotoenvelhecida pode apresentar
uma variedade de neoplasias, sulcos profundos, flacidez extensa e superfície nodular amarelada.
Esses aspectos visíveis e drásticos refletem alterações cutâneas estruturais profundas bastante
diferentes daquelas encontradas na pele protegida. Essa série de alterações superficiais induzidas
actinicamente inclui hipertrofia epidérmica, dilatação de estruturas vasculares e elastose.
Estudos mostram que a pele danificada por actinose pode diminuir a capacidade de replicação
de fibroblastos e queratinócitos em comparação com tecidos retirados de áreas não expostas.
As pessoas afetadas reclamam de alterações visíveis, incluindo rugas leves a graves, manchas de
pigmentação, alterações de textura, couro, atrofia e queratoses actínicas (ORENTREICH, 2001).

A radiação UV também desempenha um papel importante na aceleração do


fotoenvelhecimento. Histologicamente, o envelhecimento da pele se reflete na desorganização
dos feixes de colágeno, na perda de fibras de elastina, no achatamento da junção dérmico-
epidérmica e na dilatação dos vasos sanguíneos. Além disso, alterações morfológicas e
quantitativas são observadas nos queratinócitos, melanócitos e fibroblastos. Em nível molecular,
a radiação UV aumenta a produção de metaloproteinases da matriz, um grupo de enzimas
protease responsáveis ​​pela degradação das fibras de colágeno e elastina (WANG et al., 2010).

2.2 Propostas para prevenção do envelhecimento cutâneo


Para prevenir e tratar o envelhecimento cutâneo, muitas estratégias podem ser utilizadas.
Clique abaixo e conheça algumas estratérigas, segundo Bagatin (2009).

• Impedir a penetração das radiações ultravioleta por meio de vestimenta adequada.

• Manutenção da barreira cutânea com higiene e hidratação adequadas.

• Uso diário e contínuo dos filtros solares de amplo espectro.

• Mudança de comportamento em relação à exposição ao sol.

• Neutralizar radicais livres, com o uso de antioxidantes tópicos e sistêmicos.

• Aumentar a síntese do colágeno e elastina dérmicos pelo tratamento clínico tópico.


55

• Reduzir a glicação do colágeno pelo uso de produtos tópicos.

• Alimentação rica em antioxidantes.

• Estilo de vida saudável, com atividade física e hidratação adequada.

Muitos produtos cosméticos e cosmecêuticos têm sido utilizados para melhorar a aparência
da pele fotoenvelhecida. Um grande número de estudos clínicos tem demonstrando que a
aplicação tópica de ácido transretinóico melhora a aparência da pele fotoenvelhecida. O colágeno
tipo I é a proteína mais abundante na pele, e as fibrilas de colágeno tipo I e tipo III fornecem
força e resiliência à pele. A pele fotoenvelhecida contém uma abundância de fibrilas de colágeno
desorganizadas e degradadas, além de apresentar uma produção reduzida de pró-colágeno tipo
I e III. Foi demonstrado que o ácido transretinóico induz a expressão gênica do procolágeno tipo
I e III em peles fotoenvelhecidas. Como o procolágeno é o precursor do colágeno, é provável
que o aumento da produção de procolágeno resulte em deposição aumentada de fibrilas de
colágeno. Esse estabelecimento de fibrilas de colágeno recém-sintetizadas pode estar no cerne
da capacidade do ácido transretinóico em melhorar a aparência da pele fotoenvelhecida (FISHER
et al., 2002)

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3 PREPARAÇÕES DE HIGIENE PESSOAL


Por mais de um século, a higiene da pele, particularmente das mãos, foi aceita como um
mecanismo primário para reduzir o contato e a transmissão fecal-oral de agentes infecciosos.
Estudos sobre higiene pessoal e doméstica e sua relação com a diarreia nos países em
desenvolvimento demonstram a eficácia do descarte adequado de resíduos, condições sanitárias
gerais e lavagem das mãos. No entanto, é importante pontuar que lavagens mais frequentes
com detergentes, sabonetes e ingredientes antimicrobianos exigem uma reavaliação cuidadosa
56

à luz dos danos causados ​​à pele e o aumento do risco resultante de abrigar e transmitir agentes
infecciosos. O objetivo deve ser identificar práticas de higiene da pele que forneçam proteção
adequada contra a transmissão de agentes infectantes, minimizando o risco de alterar a ecologia
e a saúde da pele e aumentando a resistência na flora da pele (LARSON, 2001).

FIQUE DE OLHO
A avaliação de segurança de produtos de higiene pessoal e cosméticos representa uma
importante linha de pesquisa. Segundo Nohynek (2010), os produtos de higiene pessoal são
geralmente aplicados à pele humana e produzem exposição local, embora a penetração ou
uso na cavidade oral, na face, lábios, olhos e mucosa também possam produzir exposição
sistêmica humana.

De acordo com Paye et al. (2006), existem diferentes tipos de produtos de limpeza desenvolvidos
e comumente usados na pele; a grande maioria contém uma concentração relativamente alta de
surfactantes. A espuma é uma característica importante desses produtos, assim como a facilidade
de enxágue e o ressecamento são outros fatores que determinam a qualidade dos produtos
de limpeza da pele. Em termos de formulações para produtos, as barras de sabão têm sido os
produtos de limpeza de pele mais tradicionais, mas há produtos de limpeza do tipo líquido, em
pasta ou em aerossol que estão ficando mais populares no mercado. Solventes têm sido usados
principalmente para remover cosméticos oleosos aplicados à pele; essa categoria de produtos
inclui cremes, loções, líquidos ou géis de limpeza. O uso de produtos de maquiagem, como batons
à prova d’água ou sem manchas e de longa duração, muitas vezes requer o uso de produtos de
limpeza especiais para removê-los.

3.1 Antitranspirantes
A transpiração é um dos principais mecanismos que atuam na regulação da temperatura
corporal. De acordo com Alves et al. (2006), quando a temperatura aumenta, o cérebro envia
sinais para que as glândulas sudoríparas aumentem a produção de suor; com a evaporação
do suor, há perda de calor da pele, ocasionando a redução da temperatura. Apesar de ser um
fenômeno natural e indispensável, quando em excesso, pode provocar problemas – além do mau
cheiro e desconforto, pode acarretar em lesões cutâneas. Os produtos destinados para reduzir a
transpiração e o suor são denominados antitranspirantes.

Os antitranspirantes atuam limitando a quantidade de secreção que as glândulas sudoríparas


liberam na superfície da pele. Consequentemente, o mecanismo de ação pode envolver uma
diminuição na produção de suor no nível glandular, bloqueio ou obstrução no duto de suor e
57

a alteração da permeabilidade do duto de suor aos fluidos. Vários sais metálicos têm sido
empregados na produção de antitranspirantes, entre eles estão os sais de alumínio, zircônio,
zinco, ferro, cromo, chumbo, mercúrio e de outros metais raros. Várias tentativas foram feitas
para encontrar os antitranspirantes mais eficazes para os sais desses metais. No entanto, muitos
tiveram que ser descartados imediatamente por razões de toxicidade; com isso, o campo foi
reduzido principalmente a sais de alumínio e zircônio (WILKINSON; MOORE, 1990).

Segundo Paye et al. (2006), os antitranspirantes podem ser formulados em uma variedade de
sistemas de administração, como suspensões anidras, soluções à base de água ou hidroalcoólicas
e emulsões. As principais vias de aplicação para antitranspirantes são na forma de bastões, roll-
on, cremes, sprays, aerossóis, géis e pós. Em uma base global, as três formas mais importantes de
produtos são bastões, roll-ons e aerossóis.

3.2 Desodorantes
De acordo com Alves et al. (2006), os desodorantes são produtos utilizados para reduzir o
odor das axilas por meio de fragrâncias que mascaram o odor e por mecanismos antibacterianos.
Podem ser usados diariamente, sendo geralmente empregados produtos hipoalergênicos na sua
produção. Como o odor axilar é produzido principalmente pela ação de bactérias que consomem
nutrientes presentes na secreção apócrina, são geralmente utilizados compostos que inibam o
crescimento dos microrganismos pelos fabricantes de desodorantes (WILKINSON; MOORE, 1990).

O conhecimento atual da biologia da microflora nas axilas e a origem do odor nas axilas tem
sido a base para o desenvolvimento de estratégias contra a formação de odores. Numerosas
patentes e artigos da literatura divulgam a incorporação de compostos químicos por suas
propriedades desodorizantes (PAYE et al. 2006).

4 HIGIENE BUCAL
De acordo com Choo et al. (2001), há uma crescente conscientização do público sobre
o valor da higiene bucal. Isso refletiu na expansão do mercado de produtos de higiene bucal,
especialmente aqueles com atributos cosméticos e terapêuticos. A higiene bucal é caracterizada
pela manutenção da limpeza bucal com objetivo de preservar a saúde, removendo e impedindo
a formação de placa microbiana sob a superfície dos dentes e gengivas. A placa é o principal fator
etiológico da gengivite e das doenças periodontais, portanto, essas doenças podem ser evitadas​​
pelo controle da placa.

As doenças dentárias, incluindo cáries, tártaro, inflamações nas gengivas doloridas e


periodontite, são questões globais. Além de questões estéticas, o bem-estar de uma pessoa
também pode ser comprometido devido à dor dentária associada, incapacidade de mastigar
58

adequadamente e potencial da infecção se espalhar da boca para outras partes do corpo (PAYE
et al. 2006).

Segundo Choo et al., (2001), as medidas atuais de higiene bucal incluem a utilização de
auxiliares mecânicos, tais como os enumerados no recurso abaixo.

Escovas de dentes.

Fio dental.

Produtos de limpeza interdentais.

Gomas de mascar.

Agentes quimioterapêuticos, que englobam enxaguantes bucais e pastas dentárias

O benefício derivado da higiene bucal depende da destreza manual, estilo de vida, motivação
e condição oral do indivíduo. Os preparados para saúde oral são mais orientados para a prevenção
e controle de doenças orais, como cáries e distúrbios gengivais.

4.1 Creme dental


Nas últimas décadas, os cremes dentais estiveram na fase de transição entre produtos
cosméticos e profiláticos. Atualmente, a maioria das vendas de cremes dentais está na faixa
profilática. A principal função de um creme dental é remover a matéria aderida e suja de uma
superfície dura, com danos mínimos nessa superfície. Essa é uma situação comum de limpeza
doméstica que geralmente é resolvida com um pó abrasivo suave ao qual um surfactante pode
ser adicionado. A função do surfactante é auxiliar na penetração e remoção do filme aderido e
suspender o material de sujeira removido (WILKINSON; MOORE, 1990)

A formulação de um creme dental envolve variados componentes. De acordo com Wilkinson


e Moore (1990), a formulação básica de um creme dental seria um simples pó dental, no entanto,
as exigências estéticas e de embalagem determinaram que esse produto fosse fabricado em
59

pasta. Têm sido utilizados líquidos com propriedades umectantes para evitar a secagem da pasta
de dente na saída do tubo; a viscosidade pode ser aumentada utilizando um agente espessante;
e muitas vezes são adicionados aromas, conservantes, corantes e ingredientes ativos, sendo que
todos esses compostos não devem ser tóxicos ou irritantes nas condições de uso.

4.2 Enxaguante bucal


De acordo com Paye et al. (2006), os enxaguantes bucais atualmente disponíveis no mercado
apresentam formulações à base de água, nas quais os agentes ativos estão em concentrações
mais baixas do que no creme dental; outros componentes incluem surfactantes, aromatizantes,
agente ativo e água. Como a placa dentária é composta principalmente por microrganismos, é
lógico usar antibacterianos para reduzir ou impedir a formação de placas. Para que um agente
antiplaca seja eficaz, é necessária uma atividade de amplo espectro contra a microflora oral,
porque a composição microbiana da placa é complexa. Outras considerações importantes são
uma baixa toxicidade e um potencial mínimo para perturbar a ecologia microbiana oral normal.

Segundo Monte (2019), por apresentar diferentes princípios ativos, os enxaguantes bucais
são considerados importantes aliados para o tratamento odontológico, além de serem um efetivo
adjuvante para manter a saúde bucal. Pela ampla variedade de produtos disponíveis, o cirurgião
dentista pode montar um plano de tratamento associando um enxaguante bucal específico.

Nos enxaguantes bucais comercializados no Brasil, os principais princípios ativos, de acordo


com Monte (2019), incluem o peróxido de hidrogênio, pirofosfato de tetrapotássio, clorexidina
0,12% cloreto de cetilpiridínio, fluoreto de sódio 225 ppm, óleos essenciais, triclosan e nitrato de
potássio. Os princípios ativos podem ser agrupados em diferentes categorias; entre elas, estão
os antimicrobianos, branqueadores, antimanchas, anticáries, anti-inflamatórios, antiplaca e
dessensibilizantes.

5 PREPARAÇÕES VINCULADAS A AROMAS


Segundo Speziali (2012), o setor dos aromas e fragrâncias em suas diversas aplicações,
tais como perfumes de marca, fragrâncias de base usadas em domissanitários e cosméticos,
representa um mercado global multibilionário e uma fonte de desenvolvimento científico e
de inovação constante. As grandes empresas de fragrâncias se concentram principalmente na
Europa, mas estendem suas ramificações ao redor do mundo. O Brasil está ainda em um estágio
embrionário nas tecnologias de produtos beneficiados, como as fragrâncias e perfumes, porém, é
líder mundial na produção de matérias-primas. Os óleos essenciais são uma das matérias-primas
mais importantes na produção de fragrâncias e o Brasil responde, atualmente, por cerca de 50%
da produção mundial de óleo essencial de laranja, que é uma das matérias-primas fundamentais
para esse mercado. Clique abaixo e saiba mais sobre fragrâncias, perfumes e óleos essenciais.
60

Fragrâncias e perfumes

Paye et al. (2006) enfatizam que as fragrâncias são consideradas um componente importante
para a aceitação de uma grande variedade de produtos pelo consumidor. Embora o objetivo
principal da seleção de uma fragrância seja atingir um grupo específico de usuários, fragrâncias
têm sido usadas para mascarar o odor característico associados a bases e a ácidos graxos. As
fragrâncias englobam vários componentes, incluindo ácidos carboxílicos, ésteres, aldeídos,
cetonas e glicóis. A seleção dos componentes pode afetar adversamente a estabilidade e a
processabilidade do produto final. A capacidade do fabricante de matéria-prima de fornecer
produtos de elevada pureza e com um odor significativamente menor aumentou bastante nas
últimas duas décadas, permitindo que o fabricante use menos fragrâncias no produto final ou, em
alguns casos, forneça produtos sem fragrâncias.

Speziali (2012) enfatiza que para o desenvolvimento de uma fragrância ou perfume,


normalmente, a primeira etapa é estabelecer sua finalidade, em seguida verificar quais
matérias-primas serão utilizadas e a composição química da fragrância. A inspiração, aliada
a uma matéria-prima de qualidade, tem como objetivo produzir um aroma marcante. De
acordo com Scheinman (1996), as quatro principais classes de matérias-primas usadas pelos
formuladores de perfumes e fragrâncias modernos são óleos essenciais naturais obtidos com a
ajuda de métodos de separação física e química, produtos químicos semissintéticos, produtos
químicos sintéticos e misturas dos três.

Óleos essenciais

Segundo Barata et al. (2018), os produtos naturais podem ser isolados na forma de óleos
essenciais, por vezes também designados essências, ou como oleorresinas, concretos, resinoides
e tinturas. Os óleos essenciais são formados por uma ampla variedade de espécies orgânicas,
incluindo terpenos, aromáticos, alifáticos, alicíclicos e heterocíclicos (SCHEINMAN, 1996).

De acordo com Scheinman (1996), até meados do século XIX, extratos naturais de flores,
plantas e secreções de animais eram a única fonte de matéria-prima usada na criação de
fragrâncias. Hoje, os formuladores têm disponíveis aproximadamente 300 a 400 óleos essenciais
e mais que 3.000 produtos sintéticos para escolher. Os óleos essenciais são provenientes de um
grande número de plantas diferentes, porém, podem ser sintetizados a partir de combustíveis
fósseis como os hidrocarbonetos derivados do petróleo. Os seres humanos percebem esses
óleos essenciais como fragrâncias e aromas. Os óleos essenciais podem se tornar gasosos à
temperatura ambiente, pois se volatilizam com facilidade, também são conhecidos como óleos
voláteis. Os métodos clássicos de extração de óleos essenciais de plantas e flores incluem
maceração, destilação e extração em fase, enquanto que os métodos modernos incluem técnicas
cromatográficas.
61

Os óleos essenciais são caracterizados por uma mistura complexa de compostos químicos.

A tabela 1 apresenta os principais grupos funcionais de alguns componentes presentes em


óleos essenciais, exemplos de plantas de onde podem ser isolados e suas propriedades bioativas.

Tabela 1 - Componentes de óleos essenciais, plantas utilizadas na produção, propriedades


bioativas e o principal grupo funcional de seus componentes
Fonte: BARAKA et al., 2018

#ParaCegoVer: A tabela apresenta cinco exemplos de plantas das quais se extrai óleos
essenciais. Traz informações como: nome comum, nome científico, propriedades bioativas
e grupo funcional. As composições químicas de cada óleo essencial devem influenciar suas
propriedades farmacológicas.

Quanto à origem, os óleos essenciais podem ser classificados em naturais, artificiais e


sintéticos. Os óleos naturais são obtidos diretamente da planta, sem modificações físicas ou
químicas posteriores. Os óleos artificiais resultam de processos de enriquecimento do óleo
essencial, e os óleos sintéticos são produzidos por reações de síntese química (BARAKA et al.,
2018).
62

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer os fundamentos da fotoproteção e tecnologias empregadas na formulação


de produtos para essa finalidade;

• aprender sobre o processo de envelhecimento cutâneo, seus mecanismos, fatores


que influenciam e propostas para minimizar seus efeitos;

• identificar os principais produtos de higiene pessoal, seus benefícios, componentes


e destaques comerciais;

• discutir os principais aspectos da saúde bucal, produtos utilizados e mecanismos de


ação;

• conhecer os avanços no campo das fragrâncias e aromatizantes, com ênfase nos


óleos essenciais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, A. L. T. et al. Fisiologia da sudorese e ação de desodorantes e antitranspirantes.


Cosmetics e toiletries, v. 18, p.42-45, 2006.

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BARATA, A. M. Plantas Aromáticas. 3 ed. Oeiras: Europress, 2018.

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Photodermatology, photoimmunology & photomedicine, v. 27, n. 2, p. 58-67, 2011.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WILKINSON, J. B.; MOORE, R. J. Cosmetología de Harry. 5 ed. Madrid: Ediciones Díaz de


Santos, 1990.
UNIDADE 4
Preparações para higiene capilar e
sanificantes
Introdução
Olá,

Você está na unidade Preparações para higiene capilar e sanificantes. Conheça aqui as
principais preparações cosméticas para a higiene capilar e formulações utilizadas em
tratamentos químicos dos cabelos, com ênfase nas estruturas e características dos fios e
informações sobre os principais cosméticos capilares comercializados atualmente.

Conheça as preparações cosméticas decorativas, incluindo materiais, tecnologias e


tendências no desenvolvimento desses produtos. Além disso, veja também agentes
sanificantes utilizados nas indústrias, enfatizando diferentes substâncias e métodos de
sanificação.

Bons estudos!
67

1 PREPARAÇÕES COSMÉTICAS CAPILARES


Ao longo dos anos, o que antes era um privilégio de poucos, tornou-se uma atividade realizada
por muitos. O crescimento explosivo do mercado de cuidados com os cabelos desde meados
do século XX é resultado de profundas mudanças socioeconômicas, combinadas com um foco
crescente na estética pessoal, auxiliado pela acessibilidade dos produtos. A tentativa de satisfazer
as necessidades do consumidor e a busca por vantagens competitivas levaram à produção de
uma variedade de produtos, em especial produtos formulados para o cabelo e sua higiene, como
xampus para limpar os cabelos, condicionadores para torná-los macios, corantes para mudar o
visual e sprays de cabelo para manter o cabelo no estilo desejado. Os produtos para cabelo estão
na categoria cosmética e, como tal, estão sujeitos a todas as leis e regulamentos que controlam a
composição e certificam a segurança desses produtos (PAYE et al., 2006).

Segundo Gummer (2002), uma grande variedade de produtos para os cabelos tem sido
desenvolvida ultimamente. Esses produtos são utilizados por grande parte da população mundial
e possibilitam promover diferentes benefícios. Essa categoria de produtos pode ser dividida em
dois grupos principais. Clique nas abas abaixo para conhecê-los.

O primeiro inclui produtos que resultam em alterações temporárias no cabelo, como os


xampus, condicionadores, sprays de cabelo, corantes temporários e outros.

O segundo engloba produtos que promovem mudanças permanentes nos fios, por exemplo
permanentes, alvejantes e corantes permanentes.

1.1 Estrutura e propriedades do cabelo


O cabelo é um sistema integrado de vários componentes morfológicos que atuam como
uma unidade. De acordo com Mulinari-Brenner e Hepp (2012), os pelos podem ser de dois
tipos, velos ou terminais. Os pelos velos são finos, sem medula e despigmentados, apresentam
diâmetro inferior a 0,03 cm e até 2 cm de comprimento. Já os pelos terminais são longos,
grossos, pigmentados, presentes no couro cabeludo, sobrancelhas e cílios. As hastes capilares
dos mamíferos são compostas por uma cutícula de células imbricadas, pelo córtex e a medula.

Segundo Dias (2015), a cutícula é a camada mais externa dos fios, uma região quimicamente
resistente que consiste em escamas sobrepostas de queratinócitos. A forma e a orientação das
células da cutícula são responsáveis ​​pelo efeito de atrito diferencial no cabelo. O córtex constitui a
maior parte da massa das fibras capilares humanas e é formado por células fusiformes alongadas
68

conectadas por uma matriz composta por proteínas e melanina. As células do córtex apresentam
em seu interior estruturas fibrosas chamadas macrofibrilas, cada uma composta por microfibrilas
que são matrizes fibrilares altamente organizadas. A matriz é formada por proteínas cristalinas com
alto teor de cistina. As macrofibrilas são dispostas em uma formação em espiral. A medula está
presente nas camadas mais internas de alguns pelos específicos, como cabelos grisalhos, cabelos
grossos e barba, e está ausente nos cabelos finos das crianças. Sua principal função é direcionar
os novos fios e auxiliar na termorregulação. A figura 1 apresenta a anatomia de um fio de cabelo.

Figura 1 - Representação esquemática da estrutura da haste capilar


Fonte: ClwebART, Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: Na figura, pode-se observar a anatomia de duas hastes capilares: a menor


apresenta seus componentes básicos – cutícula, córtex e a medula – enquanto que a maior
apresenta um fio sem medula, onde podem ser vistas as subestruturas do fio. Observa-se que o
córtex é formado por uma matriz proteica e células corticais, as quais contêm macrofibrilas que
por sua vez são formadas por um conjunto de microfibrilas.

De acordo com Wagner (2006), o cabelo é composto majoritariamente por queratina, uma
proteína caracterizada pelo seu alto conteúdo de enxofre derivado do aminoácido cistina. Essa
proteína forma uma rede de ligações cruzadas através de pontes dissulfídicas, o que confere ao
cabelo certa resistência mecânica e química. Dessa forma, muitas das estruturas morfológicas do
cabelo variam suas características físicas e químicas por causa do número de pontes de enxofre.
69

Cerca de 80% da massa do cabelo consiste em queratina, e os outros 20% são componentes
minoritários denominados não queratinosos.

1.2 Cosméticos capilares


De acordo com Madnani e Khan (2013), a indústria capilar tem fornecido vários produtos para
usar antes ou depois de um procedimento físico de modelagem de cabelo. Esses produtos ajudam
a alterar a textura do cabelo ou a reter o cabelo em um estilo específico para uso prolongado. A
maioria deles pode ser lavada com um xampu ou mesmo com água. Os produtos populares são
sprays para o cabelo, géis, ceras, pomadas e mousses.

Oliveira et al. (2014) enfatiza que os produtos para o cabelo têm sido utilizados por milhões de
pessoas, independentemente do sexo, raça, nacionalidade e idade. Para atender a esse mercado
bilionário, há uma vertiginosa oferta de produtos, que aumenta a cada dia, graças aos avanços
no entendimento da estrutura química e molecular dos cabelos, propriedades físico-químicas e
amplo entendimento dos mecanismos de ação desses diferentes produtos. A busca e utilização
de novas tecnologias visa não só melhorar a eficácia dos produtos, mas tornar os processos mais
simples, rápidos e efetivos, além de minimizar danos ao cabelo e à saúde do ser humano.

Segundo dados do caderno de tendências 2019-2020 da Associação Brasileira da Indústria de


Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC, 2018), produtos que atendam aos problemas
capilares, como textura dos fios grisalhos e perda de cabelo, são considerados promissores no
mercado. Além disso, observa-se um crescimento no mercado de produtos para barba e corantes
de cabelos. Atualmente, as mulheres não se sentem mais obrigadas a transformar seus fios
para se sentirem bonitas. Há uma celebração ao cabelo natural, seja ele crespo, cacheado, liso
ou ondulado. Com isso, estima-se que os produtos para cabelos cacheados e crespos devem
apresentar crescimento nos próximos anos.

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70

2 FORMULAÇÕES PARA HIGIENE CAPILAR


A higiene dos cabelos é fundamental para mantê-los saudáveis. Segundo Draelos (2008), os
cosméticos para higiene capilar têm sido projetados para manter a higiene do couro cabeludo e
dos cabelos. De acordo com Wilkinson e Moore (1990), xampus são um dos principais produtos
utilizados na higiene pessoal por todos os níveis da população, possibilitando limpar o couro
cabeludo para evitar infecções.

Segundo Faria et al. (2013), produtos cosméticos para a higiene capilar são usados para
promover a remoção de gordura, poeira, suor, células mortas, microrganismos e resíduos de
outros cosméticos do couro cabeludo e do cabelo. Como todo produto cosmético, a formulação
deve apresentar aspecto agradável e fácil aplicação; além disso, é importante ter uma viscosidade
adequada, produzir espuma suficiente e não ser irritante para pele, olhos e outras regiões. Para
o desenvolvimento de novas formulações empregadas para a higiene dos cabelos e do couro
cabeludo, é de grande importância avaliar alguns parâmetros físico-químicos, como o volume e
estabilidade da espuma produzida, o valor de pH e a viscosidade, a fim de garantir a estabilidade
do produto.

Clique nas abas abaixo e conheça mais sobre xampus e condicionares.

Xampus

O xampu é um produto projetado para remover sebo, suor écrino, suor apócrino, elementos
fúngicos, corneócitos descamados, produtos de modelagem e sujeira ambiental do couro
cabeludo e dos cabelos. Os xampus para cabelos são compostos por detergentes e outros
aditivos. Existem quatro categorias básicas de detergentes usados na formulação de xampus,
nomeadamente os detergentes aniônicos, catiônicos, anfotéricos e não-iônicos. Cada um desses
grupos possui diferentes qualidades de limpeza e condicionamento, que podem ser combinadas
para proporcionar as características finais do xampu (DRAELOS, 2008).

Os xampus não são apenas produtos de limpeza do couro cabeludo, mas atuam impedindo
os danos ao eixo do cabelo. Muitos problemas nos cabelos e no couro cabeludo podem
ser tratados com ingredientes ativos que são adicionados às formulações do xampu. Os
ingredientes típicos dos xampus incluem agentes de limpeza, aditivos de estabilidade, agentes
condicionantes e ingredientes especiais para tratar problemas específicos, como caspa e
cabelos oleosos (DIAS, 2013).

Segundo Draelos (2008), os xampus funcionam empregando detergentes, também conhecidos


como surfactantes, que são espécies anfifílicas; isso significa que a molécula de detergente possui
locais lipofílicos – que atraem o óleo –, e hidrofílicos – que atraem água. O local lipofílico se liga ao
sebo e à sujeira solúvel em óleo, enquanto o local hidrofílico se liga à água, permitindo a remoção
71

do sebo pela lavagem com água. Os detergentes aniônicos são os surfactantes mais populares
usados ​​em xampus de limpeza básicos no mercado atual. Esses detergentes são derivados de
álcoois graxos e são excepcionalmente hábeis em remover o sebo. Existem vários detergentes
comuns categorizados dentro do grupo aniônico, entre eles estão o lauril sulfato de amônio, lauril
sarcosina e oleamina sulfossuccinato dissódico.

Condicionadores

Os condicionadores são produtos usados ​​para diminuir o atrito, desembaraçar o cabelo,


minimizar o frizz e melhorar a penteabilidade. Além disso, os condicionadores possibilitam
mimetizar a camada externa lipídica natural do cabelo, restaurando sua hidrofobicidade,
melhorando o brilho, a capacidade de gerenciamento e promovendo maior suavidade. Os
condicionadores agem neutralizando a carga elétrica negativa da fibra capilar, adicionando cargas
positivas e lubrificando a cutícula que reduz a hidrofilicidade da fibra. Eles contêm substâncias
antiestáticas e lubrificantes que podem ser divididas em 5 grupos principais: os polímeros, óleos,
ceras, aminoácidos hidrolisados ​​e moléculas catiônicas. O agente condicionador mais ativo e
usado é o silicone. Existem diferentes tipos de silicones com diferentes deposições, aderências
e capacidade de lavagem, que devem propiciar diferentes desempenhos ao condicionador
(MADNANI; KHAN, 2013).

De acordo com Madnani e Khan (2013), o condicionador ideal deve ser capaz de restaurar a
hidrofobicidade da fibra e neutralizar a eletricidade estática sem causar danos. Dependendo da
capacidade de entrar na fibra, o condicionador pode atingir a superfície da cutícula ou a parte
interna do córtex. Moléculas menores podem atingir o córtex, enquanto que as maiores agem
apenas na cutícula. Ingredientes catiônicos, como polímeros catiônicos, são muito populares
(MADNANI; KHAN, 2013).

3 FORMULAÇÕES PARA TRATAMENTOS CAPILARES


Um cabelo saudável tem sido descrito como cabelo com brilho, sedoso, com bom volume e
sem evidência de calvície. Para conseguir atingir esse perfil, a indústria dos cosméticos e cuidados
com os cabelos tem desenvolvido e fornecido uma infinidade de produtos para embelezar,
aprimorar, fortalecer e nutrir os cabelos. A maioria dos produtos funciona no nível da cutícula do
fio exposto, porém, alguns procedimentos capilares, como coloração, permanente, alisamento e
similares, podem resultar em danos estruturais. Produtos elaborados para o tratamento capilar
podem ser usados para reparar e restaurar a integridade natural do cabelo, podendo também ser
utilizados para modificações ao cabelo visando maior praticidade ou para fins estéticos, como a
alteração da cor, textura e saúde do cabelo; cabelos crespos podem ser alisados e cabelos lisos
podem ser enrolados (MADNANI; KHAN, 2013).
72

Cuidados com os cabelos, cores e estilos desempenham um papel importante na


aparência física e na autopercepção das pessoas. De acordo com Trueb (2001), a diversidade
nas funcionalidades propostas por xampus tem superado a principal função da limpeza. As
formulações atuais são adaptadas às variações associadas à qualidade do cabelo, ao hábito de
cuidar do cabelo e a problemas específicos. A utilização de cosmecêuticos tem se destacado
nesse sentido, sendo considerada uma área promissora.

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3.1 Corantes
Os corantes capilares são classificados como cosméticos decorativos e são utilizados para
alterar a cor do cabelo. Segundo Guerra e Gonçalez (2014), eles exigem aplicação regular para
mascarar o novo crescimento do cabelo. Os corantes capilares são classificados de acordo com
a origem da substância responsável pela cor, em corantes vegetais, minerais e sintéticos. Clique
abaixo e conheça detalhes sobre cada um deles.

Os corantes vegetais são à base de plantas; incluem a hena, camomila e cinchona, não são
tóxicos e duram apenas um curto período de tempo.

Os corantes capilares minerais ou metálicos utilizam compostos como nitrato de prata ou sais
de chumbo e exigem o uso diário, pois escurecem ou clarificam os cabelos gradualmente. Eles são
potencialmente tóxicos e podem durar semanas ou meses.

Por fim, os corantes sintéticos envolvem diferentes espécies moleculares.

De acordo com Oliveira et al. (2014), nos corantes temporários, a cor permanece no local por
alguns dias; esses corantes são moléculas com um elevado peso molecular e permanecem na
superfície da cutícula.
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Nos corantes semipermanentes, a cor persiste por semanas; esses corantes têm baixo peso
molecular e atingem penetração superficial do córtex.

Já nos corantes permanentes, a cor persiste indefinidamente, pois eles têm um peso molecular
muito baixo e penetram profundamente no córtex.

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3.2 Ondulação e alisamento


A ondulação e o alisamento são procedimentos que alteram a aparência física do cabelo. Ao
quebrar as ligações dissulfeto entre os filamentos de queratina, esses dois processos alteram
a integridade estrutural e afetam o conteúdo de cistina no cabelo. As ligações dissulfeto são
reorganizadas para dar o formato desejado dos cabelos. O processo deve ser repetido após três
a quatro meses. A importante camada hidrofóbica superficial é perdida permanentemente e é
insubstituível. Esses cabelos tornam-se porosos à água, incham facilmente e perdem sua força
tênsil (MADNANI; KHAN, 2013).

De acordo com Mello (2010), a integridade conformacional da fibra do cabelo é mantida


por várias interações entre as proteínas localizadas no córtex, que compreendem interações
polares e apolares entre aminoácidos, ligações de hidrogênio, forças intermoleculares fracas e
ligação covalente dissulfeto entre cistinas. A principal função da ondulação é dar maior volume
e textura aos cabelos, sendo recomendada para cabelos finos e sem volume. As soluções usadas
para ondulação permanente, em grande maioria, são baseadas em duas classes de agentes
redutores, os tioglicolatos e bissulfitos. Os procedimentos de ondulação permanente foram
sendo aprimorados ao longo dos anos, visando aumentar a duração e minimizar os danos.
74

FIQUE DE OLHO
Quase todas as substâncias químicas utilizadas para alisamento capilar são irritantes
cutâneos. De acordo com Bárbara e Miyamaru (2008), é extremamente importante tomar
cuidados ao aplicar o produto no couro cabeludo e pele circundante, sendo sugerido um
profissional especializado, em um local certificado e com produtos credenciados.
De acordo com Bárbara e Miyamaru (2008), os alisantes são produtos cosméticos que alisam,
relaxam, amaciam ou reduzem o volume dos cabelos, podendo apresentar denominações
variadas, como relaxantes e defrisantes. São formados por três componentes principais: um
agente alcalino, uma fase oleosa e uma fase aquosa. Os agentes alcalinos mais utilizados são
hidróxido de sódio, lítio, potássio ou hidróxido de guanidina. Também existem os alisantes não-
alcalinos, como os de tioglicolatos de amônia, que são formulados como cremes espessos ao
invés de loções, para adicionar peso e ajudar a fixar o cabelo liso.

4 COSMÉTICOS DECORATIVOS
De acordo com Lopes (2010), os cosméticos decorativos consistem em um conjunto de
produtos que podem ser aplicados em diferentes regiões do corpo, especialmente na face, com o
objetivo de acentuar temporariamente a beleza, além de mascarar e corrigir diversas imperfeições.
Essa categoria de produtos tem a capacidade de provocar um efeito de rejuvenescimento
cutâneo, o que faz com que se torne cada vez mais utilizada na sociedade atual. Eles contribuem
significativamente para o bem-estar e promovem uma estimulação psicológica para melhorar a
autoestima, aperfeiçoamento e boa aparência.

Durante a formulação dos cosméticos decorativos, é importante ter uma compreensão


completa da importância da cor, um componente primordial de todo cosmético decorativo.
Os pigmentos convencionais criam cor pela absorção de certos comprimentos de onda da luz
incidente. A cor percebida corresponde à dos comprimentos de onda refletidos. Antes de formular
qualquer produto cosmético colorido, é preciso verificar os regulamentos atuais no país onde o
produto proposto será vendido para garantir que todas as cores estejam em conformidade com
esses regulamentos. Os produtos decorativos atuais apresentam características multifuncionais,
contendo em sua formulação filtros solares, ervas, vitaminas e hidratantes para combater os
efeitos do envelhecimento e adicionar umidade à pele (PAYE et al., 2006).

De acordo com Lopes (2010), os cosméticos decorativos incluem bases maquiadoras, pó


facial, blush, sombra para os olhos, delineadores, lápis de maquiagem, rímel, corretivos, batom
e gloss.
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4.1 Bases maquiadoras


As bases maquiadoras têm o papel de mascarar irregularidades da pele facial, que podem ser
oriundas de feridas, espinhas, manchas de sol, cicatrizes, verrugas, pintas, queimaduras, velhice e
outros. Segundo Lopes (2010), as bases podem ser definidas como um produto colorido à base de
pigmentos insolúveis, destinado a realçar o rosto, de forma a unificar e modificar o tom de pele,
esconder imperfeições cutâneas e acentuar ou atenuar as saliências do rosto. As bases devem ser
de fácil aplicação e espalhar-se facilmente, apresentar um bom poder de cobertura e dar à pele
um aspecto opaco e duradouro, sendo indicada a escolha da cor da base próxima ao tom natural
da pele do indivíduo.

FIQUE DE OLHO
Segundo Giomo et al. (2017), antes de utilizar as bases maquiadoras em dias ensolarados,
deve-se usar protetor solar para obter uma proteção maior na pele. Em peles mistas e
oleosas, a textura indicada seria o protetor em gel. Para peles normais e secas, pode ser
cremoso, pois além de proteger deixam uma sensação confortável na pele.

As bases são comercializadas em diferentes formas; entre elas, estão as líquidas, cremosas
e gel. São misturas de colorantes e partículas incolores que espalham a luz. Formulações que
apresentam umidade, como em emulsões, requerem naturalmente o uso de aditivos conservantes
e antioxidantes. A grande maioria contém perfumes, certamente um ingrediente que não atribui
vantagens para a pele e sua aparência, mas que agrada ao cliente. Os ingredientes primários em
maquiagens são os pigmentos brancos de TiO2, ZnO e CaCO3. A caolina, um mineral igualmente
branco, serve como pigmento e massa de nivelamento ao mesmo tempo. Todos esses pós têm
a propriedade de fortemente espalhar a luz visível e, dessa maneira, promover alterações na
coloração natural da pele. Também usados nessa função: o talco, a mica finamente moída e a
sericita, ambos são sedimentos minerais (ISENMANN, 2015).

4.2 Batons
Os batons são essencialmente dispersões da substância corante em uma base composta
por uma mistura adequada de óleos, gorduras e ceras. São geralmente usados ​​para conferir cor
atraente aos lábios, acentuando suas boas características e mascarando manchas e imperfeições.
Além disso, como no caso de muitos outros cosméticos decorativos, exercem um efeito psicológico
e induzem uma sensação de bem-estar (WILKINSON; MOORE, 1990).

Cerca de 70% do batom é constituído de uma base gordurosa, que pode incluir triglicerídeos,
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óleo vegetal ou sebo, e 25% são ceras, podendo ser citadas o monoéster de ácido e álcool graxos.
Os ingredientes gordurosos do batom podem ser discriminados entre solidificadores e diluentes.
Clique nas abas para saber detalhes sobre as bases do batom.

• Como ceras solidificadoras, são utilizadas cera de abelha e cera de carnaúba.

• Como, diluentes podem ser citados os óleos de mamona, amendoim ou jojoba, os quais
têm também o papel de dispersar uniformemente os corantes ou pigmentos dentro da
massa.

A maioria das bases gordurosas de batom pode ser parcialmente hidrogenada para aumentar
seu ponto de fusão e abaixar a degradabilidade das gorduras frente ao oxigênio, um processo
conhecido como rancificação (ISENMANN, 2015).

De acordo com Lopes (2010), os pigmentos são responsáveis pela cor e podem ser de natureza
orgânica ou inorgânica, estando presentes numa concentração que varia entre 2 a 10%. Os mais
usados incluem os pigmentos insolúveis minerais, como os óxidos de ferro e o dióxido de titânio,
para proporcionar cobertura e opacidade. Isenmann (2015) enfatiza que os pigmentos minerais
ou hidrossolúveis são depositados sobre suportes inertes e microcristalinos, tais como caolina,
hidróxido de alumínio e dióxido de titânio. Os pigmentos mais adequados atualmente incluem
compostos orgânicos heterocíclicos e óxidos de ferro, podendo também ser utilizados produtos
idênticos aos naturais, como o -caroteno, porém a desvantagem desse constituinte é sua baixa
estabilidade frente à oxidação. A regulamentação dos cosméticos impõe exigências bastante altas
ao batom sob o critério da toxicidade dos ingredientes, já que partes dele podem chegar na área
bucal e no estômago.

5 NOÇÕES GERAIS SOBRE SANIFICANTES


Segundo o regulamento técnico de boas práticas de fabricação para produtos de higiene
pessoal, cosméticos e perfumes, na forma da RDC nº 48 de 25 de outubro de 2013, as atividades de
sanitização e higiene devem abranger pessoal, instalações, equipamentos e aparelhos, materiais
de produção e recipientes, produtos para limpeza e desinfecção e qualquer outro aspecto que
possa constituir fonte de contaminação para o produto. As fontes potenciais de contaminação
devem ser eliminadas através de um adequado programa de sanitização e higiene. Além disso,
os materiais sanitizantes devem ser utilizados de maneira a não contaminar as matérias-primas,
materiais de embalagem, materiais em processo e os produtos terminados.

De acordo com Nascimento et al. (2010), muita atenção tem sido dada para a limpeza dos
equipamentos utilizados em indústrias, evitando a proliferação de microrganismos, contaminação
por produtos estranhos ao processo ou resíduos de processos anteriores. Os programas de
higienização devem ser abrangentes, sendo de fundamental importância sua implementação
77

e fiscalização dentro das indústrias. Para uma limpeza eficiente, é imprescindível conhecer o
mecanismo, saber a concentração, temperatura e tempo de exposição.

5.1 Agentes sanitizantes


Os agentes sanitizantes visam à eliminação de microrganismos patogênicos ou sua redução
até níveis seguros. A escolha do sanificante deve levar em consideração o seu espectro de
atuação, a capacidade de eliminação de microrganismos, estabilidade, toxicidade, corrosividade,
vantagens e desvantagens e os efeitos ambientais.

De acordo com Nascimento et al. (2010), um bom sanitizante tem que preencher alguns
quesitos, entre eles:

• não ser corrosivo aos materiais encontrados nas indústrias;

• não ser tóxico e irritante para os manipuladores;

• ser de fácil enxágue;

• ser econômico;

• ter uma ação rápida;

• e ser suficientemente estável para o armazenamento.

Como não existem sanitizantes que apresentam todas essas características ou que atendam
a todas as necessidades em um único produto, faz-se necessária uma avaliação rigorosa das
propriedades dos mesmos, suas vantagens e desvantagens de utilização antes da escolha final.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os produtos saneantes podem


ser classificados quanto à sua finalidade. Entre elas estão as listadas abaixo.

Limpeza geral e afins.

Desinfecção, esterilização, sanitização, desodorização, além de desinfecção de água para o


consumo humano, hortifrutícolas e piscinas.

Desinfestação.
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Tira manchas.

Entre os agentes sanitizantes mais utilizados e comercializados atualmente, podem ser


citados o ácido peracético, compostos clorados, iodoforos, compostos quaternários de amônio,
peróxido de hidrogênio e outros (NASCIMENTO et al., 2010).

5.2 Métodos de sanitização


Segundo Silva et al. (2010), a escolha do melhor método de sanitização depende das
características dos equipamentos, superfície, tipo de sujidade, determinação dos sanitizantes e
outras condições do estabelecimento industrial. Os três tipos principais de sanitização são por
calor, radiação e por ação química. Clique nas abas abaixo e conheça detalhes sobre eles.

Calor

O método de sanitização pelo calor é conhecido como um método eficaz, porém, é


relativamente caro; não é corrosivo às superfícies, porém é limitado, pois alguns materiais
podem apresentar fragilidade ao calor. Nesse método, que utiliza vapor de água ou água quente,
o processo de destruição de microrganismos torna-se mais rápido quando é utilizada água em
uma temperatura de 80°C por 5 minutos.

Radiação

A desinfecção por radiação é muito eficaz na eliminação de microrganismos, não tem efeito
residual e não impregna o material com odores indesejáveis, no entanto, apresenta custo
elevado. Geralmente é utilizada na desinfecção de equipamentos que apresentam risco de alta
contaminação. Seu mecanismo consiste na absorção de radiação pelo microrganismo, alterando
sua estrutura molecular, impossibilitando a reprodução celular e atividade nociva.

Ação química

A desinfecção através de substâncias químicas é o método mais comum. Existe uma grande
variedade de produtos desenvolvidos para essa finalidade com elevada eficiência; tais produtos
tornam o processo prático, o qual portanto é considerado um dos melhores métodos de
sanitização em relação custo-benefício (SILVA et al., 2010).
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer a anatomia do cabelo e as principais preparações cosméticas capilares;

• aprender sobre formulações utilizadas na higiene capilar, incluindo o mecanismo de


ação e principais compostos;

• identificar compostos utilizados em corantes, ondulação e alisamento de cabelos,


assim como os riscos associados à utilização desses produtos;

• discutir as principais formulações cosméticas decorativas, em especial as bases


maquiadoras e os batons;

• aprender sobre os agentes sanificantes utilizados na higienização, aprender seu


mecanismo de ação e métodos sanificantes.
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Campinas. Campinas: UNICAMP, 2006.

WILKINSON, J. B.; MOORE, R. J. Cosmetología de Harry. 5 ed. Madrid: Ediciones Díaz de


Santos, 1990.
Fundamental para o aprofundamento do estudo da
Cosmetologia, esta obra introduzirá essa ciência para, em seguida,
focar nos principais aspectos relacionados aos cosméticos e
sanificantes. Estruturado em quatro unidades, a obra vai abordar os
seguintes temas: introdução à cosmetologia; insumos cosméticos;
fotoproteção e preparações para a higiene pessoal; e. por fim,
discutiremos as preparações para higiene capilar e sanificantes.

Com linguagem clara e didaticamente preparado, este livro é


essencial para que você tenha um importante embasamento teórico.
Bons estudos!

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