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À FARMÁCIA
ISBN 9786555581690
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Bibliografia.
ISBN 9786555581690
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Janguiê Diniz
Autoria
Fábio de Pádua Ferreira
Licenciado em Química pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atuou
no desenvolvimento de genossensor eletroquímico para quantificar bactérias e na purificação e
caracterização de proteínas envolvidas em amiloidoses.
SUMÁRIO
Prefácio..................................................................................................................................................8
A leitura na íntegra deste livro faz que o leitor compreenda de forma simples os
principais fundamentos da farmacologia aplicada à farmácia.
Bons estudos!
11
Clique abaixo para conhecer os principais objetivos da farmacologia segundo De Lucia (2014).
como substâncias inativas administradas como se fossem drogas, mas que não têm outros efeitos
terapêuticos além de potencialmente agradáveis ao paciente, proporcionando uma sensação de
segurança e progresso. A farmacologia evoluiu com o princípio de estudar seu mecanismo de
ação específico e quantificar seus efeitos de maneira reproduzível, geralmente comparada com
placebo ou outra substância de controle. Grande parte do sucesso da medicina moderna se baseia
na ciência farmacológica e sua contribuição para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos
seguros e eficazes (WALLER; SAMPSON, 2018).
Segundo Gordon (2012), a caracterização molecular das drogas tem sido um fator importante
na definição da natureza da interação receptor-droga. Pensa-se que a forma tridimensional da
droga interaja com uma região de ligação estrutural complementar do receptor, tipicamente uma
proteína. A natureza específica da interação define se a droga age como um agonista que promove
uma alteração na função celular ou como um antagonista que bloqueia o receptor, geralmente
resultando em nenhum efeito biológico direto.
Farmacologia clínica
De acordo com Waller e Sampson (2018), a farmacologia descreve como ocorre a interação
físico-química das moléculas da droga com seus alvos macromoleculares, também chamados de
receptores, associados a processos bioquímicos, imunológicos e fisiológicos, com o intuito de
gerar as respostas nas células, tecidos e órgãos. Os medicamentos estão sendo projetados para
interagir com diferentes tipos de macromoléculas, incluindo aquelas produzidas por patógenos,
incluindo vírus e bactérias. Um receptor pode ser definido em termos bioquímicos como uma
molécula que recebe um sinal externo e produz algum tipo de resposta celular.
Ritter et al. (2008) enfatizam que as drogas são muitas vezes a terapia primária ou um
complemento de outra modalidade, como o uso de anestésicos em pacientes submetidos a
cirurgia. Milhares de drogas potentes já foram introduzidas e os farmacêuticos continuam
descobrindo novas e melhores matérias-primas para produzir drogas. Com os avanços na genética,
ciência celular e molecular, é provável que o progresso seja acelerado e enormes mudanças na
terapêutica sejam inevitáveis.
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Farmacocinética
Farmacodinâmica
2 ANTI-HIPERTENSIVOS
Segundo Lopes et al. (2003), a hipertensão arterial é uma síndrome de origem multifatorial,
reconhecida como um dos maiores desafios na área da saúde pública, trata-se de um grave
fator de risco para as doenças cardiovasculares. É conceituada como uma doença sistêmica que
envolve alterações nas estruturas das artérias e do miocárdio associadas à disfunção endotelial,
sendo caracterizada pela constrição e remodelamento da musculatura lisa vascular.
De acordo com Nobre (2010), a hipertensão arterial sistêmica apresenta alta prevalência
e baixas taxas de controle. Selvam et al. (2010) enfatizam que as estimativas mundiais de
prevalência de hipertensão podem chegar a 1 bilhão de indivíduos, e aproximadamente 7,1
milhões de mortes por ano podem ser atribuídas à hipertensão. A hipertensão é diretamente
14
responsável por 57% de todas as mortes por acidente vascular cerebral e 24% de todas as mortes
por doenças coronárias (SELVAM et al., 2010).
FIQUE DE OLHO
De acordo com Aronow (2017), as urgências hipertensivas são diagnosticadas se houver
uma pressão arterial sistólica superior a 180 mmHg ou uma pressão arterial diastólica
superior a 120 mmHg em uma pessoa estável, sem evidência clínica ou laboratorial de dano
agudo a órgãos-alvo.
de sódio. Com base nas evidências dessa série de casos, essa abordagem se tornou e permaneceu
o padrão de atendimento e atualmente é recomendada pela maioria dos comitês de diretrizes,
sendo considerada uma terapia eficaz.
Bloqueadores adrenérgicos
Martelli et al. (2008) descrevem que os bloqueadores adrenérgicos são drogas que intervêm
na transmissão simpática; os mecanismos de ação dessa classe de drogas anti-hipertensivas são
múltiplos e variados, incluindo a diminuiçãodo débito cardíaco, readaptação dos barorreceptores
e inibição simpática periférica. Podem ser citados como exemplos o atenolol, o doxazosina e
propranolol.
Diuréticos
resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares
lisas vasculares (KOHLMANN et al., 2010). Esses fármacos atuam como antagonistas do cálcio e
são caracterizados por três classes quimicamente distintas: as fenilalquilaminas, diidropiridinas
e benzotiazepinas. Os fármacos de cada uma dessas três classes ligam-se às subunidades α1 do
canal de cálcio cardíaco do tipo L, mas em locais distintos e que vão interagir alostericamente
entre si e com o maquinário de controle da passagem de cálcio, impedindo assim sua abertura
e reduzindo a entrada de cálcio. Na musculatura lisa, causam dilatação arteriolar generalizada e
diminuição de sua resistência, reduzindo dessa forma a pressão arterial. Os principais exemplos
incluem verapamil, diltiazem enifedipina (MARTELLI et al., 2008).
3 DIURÉTICOS
Flórez e Armijo (1997) descrevem que os diuréticos são caracterizados como medicamentos
que estimulam a excreção renal de água e eletrólitos, como consequência de sua ação perturbadora
no transporte iônico por todo o néfron. Essa interferência pode ocorrer em um ou mais locais ao
longo do caminho tubular, mas a ação em um local mais proximal pode ser compensada em um
nível mais distal ou desencadear mecanismos compensatórios que neutralizam a ação inicial.
Seu principal objetivo é alcançar um balanço hídrico negativo, mas os diuréticos não atuam
diretamente na água, sendo divididos em diuréticos natriuréticos ou diuréticos osmóticos. No
entanto, direta ou indiretamente, eles podem modificar outros íons e alterar outras funções,
sendo também utilizados em outras doenças, como pressão alta, hipercalcemia, diabetes
insipidus, glaucoma, envenenamentos e outros.
O principal uso dos diuréticos consiste em seu emprego no tratamento de pacientes com
edema. Entre esses medicamentos, os diuréticos de alça, como a furosemida, são talvez os mais
frequentemente prescritos, e sua farmacologia clínica é mais bem compreendida do que a de
outros diuréticos (BRATER, 1998).
De acordo com Flórez e Armijo (1997), a inibição do transporte dos ions Na+ na medula
reduzirá a hipertonia do espaço intersticial, consequentemente, em uma situação de hidropenia,
não haverá reabsorção de água no tubo de coleta e, portanto, sua capacidade de concentrar a
urina diminuirá.
4 ANTIARRÍTIMICOS
A contração cardíaca eficiente depende do ritmo sinusal e do atrioventricular, bem como
da sincronização inter e intraventricular, dada a integridade da via de condução cardíaca e o
acoplamento bem organizado de excitação e contração. O termo arritmia refere-se a qualquer
alteração na sequência normal e na forma dos impulsos elétricos durante o ciclo cardíaco.
Arritmias constituem uma grande preocupação de saúde pública, representando uma carga
econômica significativa e crescente para os sistemas de saúde. As formas mais comuns de arritmia
que levam a um alto risco de morbimortalidade cardíaca são fibrilação atrial, taquicardia e a
fibrilação ventricular. Outros distúrbios do ritmo resultam principalmente de mecanismos únicos,
como reentrada intranodal, vias acessórias ou automatismo focal anormal (THIREAU et al., 2011).
De acordo com Klotz (2007), arritmias cardíacas são uma importante fonte de
morbimortalidade. Historicamente, a terapia para arritmias cardíacas começou em 1918 com
uma preparação de alcaloides quinólicos.
Nos últimos 35 anos, várias drogas foram propostas para essa finalidade. No entanto, após o
ensaio de supressão da arritmia cardíaca, que relatou um resultado negativo para a encainida e a
flecainida, o uso clínico de antiarrítmicos diminuiu.
super excitabilidade, estratégias para interromper as arritmias levam à classificação dos agentes
antiarritmáticos desde os anos 1970. Os medicamentos antiarrítmicos podem ser eficazes de várias
maneiras em vários alvos e as abordagens utilizadas para o desenvolvimento de medicamentos
antiarrítmicos são variadas. Até agora, as drogas antiarrítmicas foram consideradas moduladoras
de canais iônicos e várias classificações baseadas na proteína-alvo foram desenvolvidas.
Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Fármacos bloqueadores de canal Ca2+ dependentes de voltagem do tipo L, com exceção das
di-hidropiridinas. Ao inibir os íons Ca2+, a velocidade de condução e o período refratário das
células cardíacas dos nodos sinoauricular e auriculoventricular, bem como das células cardíacas
anormalmente despolarizadas, diminuirão.
Embora essa classificação seja simples, clara e fácil de lembrar, ela apresenta algumas limitações. A
primeira é que ela mistura efeitos de bloqueio de canal e receptor com modificação de um parâmetro
eletrofisiológico. Além disso, ela não contempla a possibilidade de que o aumento de uma certa corrente
iônica possa exercer efeitos antiarrítmicos, nem que haja bloqueio ou estimulação de outros tipos
de receptores além dos receptores ß-adrenérgicos, motivo pelo qual vários fármacos com atividade
antiarrítmica, como os α-adrenérgicos, digoxina e atropina, são excluídos da classificação. Pressupõe
que o mecanismo de ação de drogas pertencentes ao mesmo grupo esteja relacionado apenas ao
descrito na classificação, no entanto, a maioria dos medicamentos antiarrítmicos compartilha mais
de um mecanismo de ação antiarrítmico. Isso explica porque, ao contrário do que essa classificação
parece indicar, os antiarrítmicos incluídos no mesmo grupo têm propriedades e aplicações clínicas
muito diferentes (TAMARGO; VALENZUELA, 2007).
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Thireau et al. (2011) enfatizam que novos conceitos sobre a origem das arritmias estão
levando a novas abordagens terapêuticas com base nos recentes avanços em nossa compreensão
dos mecanismos celulares subjacentes às arritmias e à normalização do ciclo do Ca2+, com
potencial clínico de insuficiência cardíaca, arritmias herdadas, taquicardia ventricular polimórfica
catecolaminérgica e fibrilação atrial. Ranolazina e bloqueadores ou estabilizadores do receptor
de rianodina estão emergindo, como fármacos ou protótipos novos visando à prevenção de
arritmias dependentes de Ca2+ e, eventualmente, remodelação estrutural.
Segundo Klotz (2007), em geral, a maioria dos medicamentos antiarrítmicos possui um índice
terapêutico estreito e parece haver uma relação direta entre seus efeitos farmacológicos clínicos e
as concentrações plasmáticas. Devido à estreita margem terapêutica, qualquer alteração induzida
por doença hepática nas concentrações plasmáticas de antiarrítmicos pode ter consequências
clínicas, sendo necessárias modificações posológicas apropriadas. Como vários fármacos
antiarrítmicos disponíveis são eliminados principalmente pelas vias hepáticas, a função hepática
se torna um determinante essencial da sua liberação do organismo.
5 FÁRMACOS VASOATIVOS
Segundo Muri et al. (2010), as doenças vasculares periféricas englobam um grupo de doenças
que afeta principalmente os sistemas arterial, linfático e venoso, sendo observado estreitamento
ou obstrução dos vasos que conduzem o sangue ou linfa para pernas e braços, prejudicando o fluxo
normal. A terapia para tais afecções inclui, além da adoção de um modo de vida saudável, com a
redução ou abolição dos fatores de risco, a utilização de drogas vasoativas. Fica evidente o papel das
alterações vasomotoras na terapia de afecções musculoesqueléticas agudas e crônicas, enfatizando
a necessidade crescente do uso de drogas vasodilatadoras e venolinfotônicas (MURI et al., 2010).
FIQUE DE OLHO
Montorsi et al. (2003) descrevem que a administração tópica de agentes vasoativos
representa uma opção potencialmente confiável que certamente seria atraente para
pacientes com disfunção erétil, considerando sua ação específica, simplicidade de uso e por
não apresentar influência sistêmica.
21
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
HOLMES, C. L. Vasoactive drugs in the intensive care unit. Current opinion in critical care,
v. 11, n. 5, p. 413-417, 2005.
NIGRO, D.; FORTES, Z. B. Efeitos farmacológicos dos diuréticos e dos bloqueadores dos
canais de cálcio. Rev Bras Hipertens, v. 12, n. 2, p. 103-107, 2005.
RITTER, J. et al. A textbook of clinical pharmacology and therapeutics. Boca Raton: CRC
Press, 2008.
SELVAM, R. P.; SINGH, A. K.; SIVAKUMAR, T. Transdermal drug delivery systems for an-
tihypertensive drugs-A review. Int J Pharm Biomed Res, v. 1, n. 1, p. 1-8, 2010.
THIREAU, J. et al. New drugs vs. old concepts: a fresh look at antiarrhythmics. Pharmaco-
logy & therapeutics, v. 132, n. 2, p. 125-145, 2011.
Bons estudos!
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De acordo com Garcia (2014), estudos sobre a via de administração pulmonar têm atraído a
atenção de muitos pesquisadores ultimamente, não somente devido ao seu papel no tratamento
local de doenças das vias respiratórias, mas também como uma via de administração sistêmica
de medicamentos, especialmente no caso de fármacos lipofílicos, que apresentam uma baixa
biodisponibilidade quando administrados pela via oral. Medicamentos inalantes são convenientes
e extremamente eficazes no tratamento das vias aéreas, permitindo uma terapia com alto grau
de especificidade e retenção de altas concentrações do fármaco no tecido-alvo, promovendo
uma baixa exposição sistêmica à droga e consequentemente a redução dos efeitos colaterais
sistêmicos.
Garcia (2014) enfatiza que a administração pela via oral representa um importante diferencial
no tratamento de doenças como asma, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e a fibrose
cística. A grande área de superfície pulmonar e a fina camada epitelial que recobre as vias aéreas,
somadas à ampla vascularização, permitem uma absorção rápida de fármacos administrados
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pela via pulmonar. Em complemento, a natureza não invasiva da via pulmonar aumenta a adesão
do paciente ao tratamento, e a relativamente baixa atividade enzimática ajuda a manter a alta
biodisponibilidade dos fármacos nessa via.
Segundo Murphy (1994), o sistema respiratório pode ser dividido funcionalmente em dois
mecanismos: a troca de gases e um aparelho de bombeamento.
• A unidade de troca gasosa é o pulmão e inclui vias aéreas, alvéolos e uma área intersticial
do parênquima que contém vasos sanguíneos e uma rede fibrosa elástica.
Existe uma grande variedade de drogas utilizadas para diferentes afecções no sistema
respiratório, classificadas de acordo com seu mecanismo de ação. De acordo com Boothe
(2000), as drogas mais usadas para tratar o trato respiratório incluem broncodilatadores e
anti-inflamatórios, mucolíticos, expectorantes, drogas antitussígenas e descongestionantes. A
aerossolização é um importante adjuvante para a terapia respiratória, desde que sejam tomadas
precauções. As doenças infecciosas estão entre as doenças respiratórias mais comumente
encontradas.
2 LAXANTES E ANTIDIARREICOS
Segundo Roerig et al. (2010), por muitos anos, o uso de laxantes tem sido um elemento
importante na terapia médica. No entanto, atualmente os laxantes estão sendo cada vez mais
utilizados como método de controle de peso. A maioria dos pacientes com transtorno alimentar
utiliza laxantes para induzir diarreia para se sentir mais magro, na tentativa de se livrar de
calorias indesejadas e perder peso. Xing e Soffer (2001) enfatizam que os laxantes estão entre
os medicamentos mais usados na atualidade; a maioria é suficientemente segura quando usada
criteriosamente.
Alguns medicamentos são bastante específicos em seus efeitos. Por exemplo, pacientes com
síndrome de Zollinger-Ellison apresentam diarreia devido à hipersecreção de ácido gástrico; os
inibidores da bomba de prótonstratam efetivamente a diarreia nessas circunstâncias, mas não
têm efeitos antidiarreicos em outras situações.
2.1 Classificação
De acordo com Xing e Soffer (2001), as principais classes de laxantes comercialmente
disponíveis incluem os agentes de volume ou hidrofílicos, agentes osmóticos, lubrificantes
e os estimulantes. Dentro dos laxantes estimulantes existem duas classes farmacológicas
características: os derivados do difenilmetano, como o bisacodi; e as antraquinonas, que incluem
senna e cascara (ROERIG et al., 2010).
Segundo Schiller (2017), a classificação dos medicamentos antidiarreicos tem como base
seus prováveis mecanismos de ação, podendo ser citados os inibidores do trânsito intestinal,
que incluem os opiáceos, como loperamida, eluxadolina e ópio; inibidores de encefalinase, que
incluem somatostatina e análogos; bloqueadores de canais de cálcio, agentes pró-absorventes,
fármacos antissecretores, agentes intraluminais e outros. Alguns desses agentes têm múltiplos
mecanismos de ação; enquanto uns retardam o trânsito intestinal, outros trabalham para
aumentar as taxas de absorção estimulando os mecanismos mucosos que mediam a absorção.
Novos medicamentos estão sendo desenvolvidos para bloquear a secreção intestinal de líquidos
e eletrólitos, interferindo nos mecanismos mucossais que mediam a secreção de cloreto. Uma
categoria final de agentes usados para o tratamento inespecífico da diarreia são absorventes,
minerais e modificadores da textura das fezes que funcionam intraluminalmente para modificar
o conteúdo entérico. Esses reagentes podem não reduzir o peso das fezes, mas podem afetar a
consistência das fezes e facilitar o manuseio da diarreia.
FIQUE DE OLHO
Segundo Lima (2007), o tratamento da constipação intestinal se divide em duas
metodologias: a parte não-medicamentosa consiste em regularizar a dieta e praticar
exercícios físicos, enquanto a terapia medicamentosa se baseia no uso de medicamentos
laxantes ou purgantes.
De acordo com Xing e Soffer (2001), os laxantes osmóticos incluem sais de cátions pouco
absorvíveis, como o magnésio, ânions fosfato e sulfato, moléculas que não são absorvidas
no intestino delgado, mas metabolizadas no cólon, como lactulose e sorbitol, e compostos
metabolicamente inertes, tais como polietileno glicol. A parafina líquida, também conhecida como
óleo mineral, é o principal laxante lubrificante. Laxativos estimulantes estimulam a motilidade
intestinal e afetam o transporte epitelial de água e eletrólitos.
3.1 Classificação
Os fármacos modificadores da secreção gástrica são amplamente comercializados,
representando um importante produto de interesse comercial. Segundo Garcia (2015), os
fármacos antiulcerosos podem ser divididos em quatro grandes grupos. Clique abaixo para
conhecê-los.
atingem taxas de controle da êmese ao redor de 80%, mesmo em protocolos com agentes
quimioterápicos altamente emetogênicos (PULIDO; ALEIXO, 2004).
Pulido e Aleixo (2004) descrevem que os antagonistas do receptor 5-HT3 são os antieméticos
mais potentes na profilaxia da êmese aguda; são exemplos a ondansetrona, a granisetrona, a
tropisetrona e a dolasetrona. Os esteroides são drogas com atividade antiemética conhecida, seu
efeito antiemético é amplificado quando administrados em combinação com outro antiemético.
Os antagonistas dos receptores dopaminérgicos como agentes únicos têm eficácia baixa, porém,
foram a base da terapia antiemética da década de 1950 até início da década de 1980, podendo
ser divididos em fenotiazinas, butirofenonas e benzaminas.
Antiácidos
Sucralfato
4 FARMACOLOGIA DO DIABETES
Diabetes mellitus configura-se atualmente como uma das mais importantes causas de
morbilidade e mortalidade na população mundial. Lopes et al. (2012) enfatizam que a diabetes
mellitus é uma enfermidade heterogênea, que compreende diversas alterações metabólicas
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associadas à hiperglicemia. A diabetes mellitus tipo 2 está associada a cerca de 90% dos casos,
e seu tratamento requer uma abordagem ampla e multifatorial, que vai desde a educação e
mudanças no estilo de vida até intervenções farmacológicas.
FIQUE DE OLHO
Segundo Lopes et al. (2012), no Brasil, a população diabética em 2000 foi de 4,6 milhões
de pessoas, sendo projetado para 2030 um número de 11,3 milhões de pessoas, o que
corresponde à sexta posição na classificação dos países com maior prevalência dessa doença.
A metformina continua sendo a farmacoterapia de primeira linha para pacientes com diabetes
mellitus tipo 2, enquanto o uso de outros agentes bem estabelecidos, como sulfonilureias,
meglitinidas, pioglitazona e inibidores da α-glucosidase, varia em diferentes regiões. Agentes que
aumentam a atividade da incretina, suplementam o GLP-1 endógeno ou aumentam a eliminação
da glicose na urina têm baixo risco de hipoglicemia e podem ajudar no controle do peso.
O tratamento com dois ou três agentes com diferentes modos de ação pode ser necessário
à medida que a diabetes mellitus tipo 2 avança, e a insulinoterapia é necessária se outros
agentes não conseguirem manter o controle glicêmico adequado. Os alvos glicêmicos e a
escolha de agentes redutores de glicose devem ser personalizados para atender às necessidades
e circunstâncias de cada paciente, o que pode ser facilitado por desenvolvimentos futuros em
farmacogenômica. Embora o equilíbrio de benefícios e riscos para diferentes agentes varie entre
pacientes, o controle glicêmico precoce, eficaz e sustentado, atrasa o início e reduz a gravidade
das complicações relacionadas à hiperglicemia (TAHRANI et al., 2016).
Tabela 1 - Lista dos medicamentos antidiabéticos comercializados no Brasil e seu mecanismo de ação
Fonte: LOPES et al., 2012
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela de duas colunas e seis linhas na qual são
apresentados os principais medicamentos antidiabéticos e seus respectivos mecanismos de ação.
Tahrani et al. (2016) descrevem que muitas terapias diferentes para baixar a glicose estão
disponíveis na atualidade. Esses tratamentos variam em eficácia, conveniência, perfil de efeitos
adversos e custo. O potencial valor de uma terapia envolve mais do que uma análise de custo-
benefício e baseia-se em um conjunto de atributos que leva em consideração segurança a
longo prazo, tolerabilidade, risco de hipoglicemia e ganho de peso e adequação na presença
de comorbidades e outros medicamentos. A terapia individualizada deve ser adaptada às
necessidades e preferências dos pacientes, considerando suas circunstâncias, entendimento e
comprometimento.
para o tratamento da hiperglicemia, além dos fármacos já existentes. Com base nesses objetivos,
pesquisadores de todo o mundo vêm projetando, sintetizando e avaliando uma variedade de
novas moléculas para a atividade anti-hiperglicêmica (KOKIL et al., 2010).
5 FARMACOLOGIA DA TIREOIDE
A tireoide é uma importante glândula que regula a função de órgãos importantes como o
coração, o cérebro, rins e o fígado. Segundo Fonseca e Melek (2014), a tireoide apresenta como
função a síntese dos hormônios tireoidianos, triiodotironina e tiroxina. Diversos mecanismos
estão envolvidos na síntese de tais hormônios; ela envolve a atuação de enzimas, proteínas
transportadoras, além de influência do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. A figura 1 apresenta
uma representação esquemática da glândula tireoide, sua localização e seu formato.
De acordo com Barbesino (2010), ao longo dos anos, vários medicamentos utilizados no
tratamento de doenças não tireoidianas demonstraram afetar a função tireoidiana. À medida
que novas drogas foram introduzidas, novas interações foram descritas. As últimas décadas
foram marcadas pelos avanços na elucidação de mecanismos e do funcionamento da glândula
tireoidiana. Estudos auxiliares, como medição da captação de radioiodo e ultrassonografia do
pescoço, forneceram informações significativas sobre as alterações anatômicas e fisiológicas
subjacentes à disfunção tireoidiana. Como consequência, um grande corpo de conhecimento
clínico acumulou influências farmacológicas na função tireoidiana. Os medicamentos cujo
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objetivo principal é afetar a função tireoidiana incluem tionamidas, hormônio tireoidiano e seus
derivados, e o iodo.
De acordo com Surks e Sievert (1995), os fármacos que influenciam a função da tireoide se
dividem nos enumerados abaixo. Clique para conhecê-los.
• Citocinas.
Surks e Sievert (1995) enfatizam que, além do metimazol e propiltiouracil, que são
administrados deliberadamente para diminuir a produção hormonal da tireoide em pacientes
com hipertireoidismo, vários outros medicamentos comumente usados podem diminuir a
secreção do hormônio tireoidiano.
Barbesino (2010) descreve que os efeitos do lítio na fisiologia da tireoide foram estudados
extensivamente, mas seus mecanismos moleculares subjacentes ainda não foram elucidados. O
lítio parece estar ativamente concentrado na célula folicular da tireoide.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
FONSECA, C. W.; MELEK, F. E. Fármacos de amplo uso na prática clínica que interagem
com os hormônios tireoidianos. O papel da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes
tipo 2, v. 12, n. 4, p. 307-13, 2014.
HARRIGAN, R. A.; NATHAN, Michelle S.; BEATTIE, P. Oral agents for the treatment of
type 2 diabetes mellitus: pharmacology, toxicity, and treatment. Annals of emergency
medicine, v. 38, n. 1, p. 68-78, 2001.
XING, J. H.; SOFFER, E. E. Adverse effects of laxatives. Diseases of the colon & rectum, v.
44, n. 8, p. 1201-1209, 2001.
Bons estudos!
47
1 FÁRMACOS HORMONAIS
Os fármacos hormonais são produtos farmacêuticos amplamente produzidos pela indústria e
consumidos pela população em geral. De acordo com Sanderson et al. (2004), muitas vezes esses
fármacos tem como finalidade causar algum efeito biológico e, com isso, levam a possíveis reações
adversas. Alguns compostos apresentam aspectos xenobióticos nocivos e são relativamente
persistentes, considerando que durante sua formulação buscou-se evitar que o fármaco fosse
inativado antes de ter seu efeito terapêutico. Estudos indicando os riscos de efeitos adversos
em humanos têm sido extensivamente reportados, no entanto, os efeitos ambientais potenciais
ainda são amplamente desconhecidos. As principais classes de fármacos monitoradas e de
grande preocupação presentes em efluentes domísticas incluem os antibióticos, antineoplásicos,
cardiovasculares e hormônios sexuais.
De acordo com Singh et al. (1994), o uso terapêutico de hormônios e seus derivados sintéticos
é extenso e, em certas circunstâncias, sua administração é considerada inevitável e salva vidas.
Apesar disso, ainda há uma escassez de informações sobre o potencial genotóxico de alguns
dos medicamentos esteroides amplamente utilizados. Investigações têm sido extensivamente
realizadas para avaliar vários desses medicamentos através de uma bateria de sistema de ensaio
in vitro e in vivo.
Mcleod (2003) enfatiza que os agentes hormonais têm sido utilizados como alternativa à
orquiectomia, terapia com estrogênio na forma de dietilestilbestrol que era frequentemente
usada para manipulação hormonal do câncer de próstata. Seu papel na privação de androgênio
a longo prazo está sendo novamente considerado, porque o dietilestilbestrol oferece a opção
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de suprimir a produção de testosterona sem causar perda óssea, o que potencialmente leva à
osteoporose.
2 TERAPIA HORMONAL
Terapias hormonais primárias desempenham um papel de grande importância terapêutica
para importantes doenças. Os corticosteroides têm sido amplamente utilizados por seu benefício
paliativo, potente atividade anti-inflamatória e comprovada atividade antitumoral. Atualmente,
temos um amplo arsenal terapêutico para pacientes com carcinoma metastático da próstata, e
a medicação concomitante com corticosteroides pode minimizar os efeitos adversos associados
às principais terapias validadas. No entanto, a exposição a longo prazo ao tratamento com
corticosteroides exigida por pacientes com câncer de próstata avançado pode ter implicações
negativas (BAAMONDE; FERNÁNDEZ, 2018).
FIQUE DE OLHO
De acordo com Damiani et al. (1984), os corticosteroides constituem-se em um grupo de
drogas muito usadas em medicina clínica em virtude de seu amplo espectro de atividade e
por serem os mais potentes anti-inflamatórios existentes; encontram uso praticamente em
todas as especialidades.
O tratamento hormonal fornece uma pequena proporção de respostas objetivas nos pacientes
tratados, porém, muitas vezes essas respostas são incompletas e de curta duração. Clique nas
abas abaixo e saiba mais.
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Agente progestacional
Quimioterapia
Quimioterapia combinada
A quimioterapia combinada pode fornecer uma taxa de resposta um pouco mais alta, de
acordo com os resultados relatados em várias pequenas séries, mas há um aumento considerável
na toxicidade (HARRIS, 1983).
Terapia antiandrogênica
Para Pardini (2007), embora a reposição estrogênica esteja disponível há mais de seis décadas,
as mulheres e até mesmo os profissionais da saúde estão confusos pelas opiniões divergentes
em relação aos riscos e benefícios da terapia hormonal na menopausa, estrogênica ou estro-
progestagênica. O balanço risco-benefício em cada mulher sob uso continuado de terapia
hormonal exige avaliação permanente.
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Mais estudos são necessários para explorar os papéis de novos agentes, novas combinações
de medicamentos e interações de modalidades como quimioterapia, terapia hormonal e
imunoterapia (HARRIS, 1983).
3 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Manoukian et al. (2017) descrevem que os contraceptivos hormonais têm sido utilizados para
prevenir ou retardar a gravidez por mais de quatro décadas. Os métodos contraceptivos mais
comuns permanecem o contraceptivo oral combinado e a pílula para progestogênio, que contêm
estrogênio e progestogênio combinados e hormônio progestágeno. Embora ambos tenham alta
eficácia com o uso correto e consistente, eles requerem ingestão oral diária no mesmo horário
todos os dias.
A interação farmacológica dos contraceptivos orais e outras drogas, como álcool, pode ter
dois caminhos metabólicos. Clique abaixo e conheça-os.
De acordo com Christin-Maitre (2013), uma das primeiras pílulas hormonais, chamada
Enovid®, foi aprovada pela agência regulamentadora norte-americana em maio de 1960. Continha
mestranol e noretisterona. Ao longo dos anos, os contraceptivos orais evoluíram através da
redução gradual do conteúdo de etinilestradiol, introdução de 17β-estradiol e muitas progestinas
diferentes. Nos primeiros estudos clínicos sobre a eficácia contraceptiva do Enovid, os resultados
foram excelentes, atingindo 100%, mas essa droga induziu muitos efeitos colaterais. Em estudos
realizados em Porto Rico, as mulheres apresentaram náusea, tontura, dor de cabeça, dor de
estômago e vômito. Em 1961, foi relatada a morte de uma mulher por trombose que estava
tomando a pílula. Em menos de um ano, relatos de mortes e casos não fatais de tromboembolismo
foram associados ao uso da droga. Ao longo dos anos, os contraceptivos orais evoluíram através
da redução gradual do conteúdo de estrogênio e introdução de novas progestinas.
4 REPOSIÇÃO HORMONAL
Segundo Lente e Velasque (2015), com o objetivo de aliviar os sintomas e diminuir o
aparecimento de doenças cardiovasculares e a osteoporose, surgiu a terapia de reposição
hormonal. Seu efeito benéfico é indiscutível, no entanto, segundo estudos observacionais, a
administração por longo tempo de tratamento vem expondo diversas mulheres a maior risco
de desenvolvimento de cânceres, doenças cardiovasculares e aumento de tromboembolismo
venoso. Mesmo disponível há mais de seis décadas, mulheres e profissionais da saúde ainda
estão confusos devido a opiniões controversas em relação ao tratamento.
55
A escolha sobre aderir ou não a terapia de reposição hormonal durante a menopausa deve
ser tomada após um estudo específico, decidida entre médico e paciente individualmente,
ressaltando as consequências da redução estrogênica climatérica, os efeitos colaterais e
contraindicações desse tratamento, a fim de estabelecer seu risco-benefício. Além disso, é
imprescindível um acompanhamento médico rígido durante todo o tratamento. A principal
indicação para terapêutica hormonal na menopausa é o alívio dos sintomas causados durante
essa fase, tais como sintomas vasomotores e alterações gênito-urinárias, e a prevenção de
osteoporose nas pacientes de risco. Em casos especiais, utilizam-se terapias alternativas, como
andrógenos e fitoestrógenos (LENTE; VELASQUE, 2015).
Estrógenos naturais
Estrógenos conjugados
Estrógenos sintéticos
• Sintomas urogenitais, como infecção recorrente do trato urinário, bexiga hiperativa, in-
continência urinária, e atrofia vaginal.
• Osteoporose pós-menopausa.
5 ANTINEOPLÁSICOS
Os fármacos antineoplásicos são caracterizados como um grupo heterogêneo de substâncias
químicas capazes de inibir o crescimento e os processos vitais das células tumorais, com uma
toxicidade tolerável sobre as células normais. Constituem uma categoria de fármacos cujo emprego
tem aumentado nas últimas décadas, como causa do crescente número de casos diagnosticados
de neoplasias e da exigência de dispor de formulações sempre atualizadas, visando oferecer aos
pacientes uma vida qualitativamente melhor (MARTINS; ROSA, 2004).
FIQUE DE OLHO
Segundo Almeida (2005), o termo neoplasia é conhecido como a atual definição de câncer,
em especial tumores malignos. É uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado
de células transformadas. Existem mais que 200 tipos diferentes.
Os tumores sólidos são refratários a agentes citotóxicos. Fármacos antineoplásicos têm sido
amplamente utilizados na terapia anticâncer principalmente devido à sua atividade citotóxica.
No entanto, eles não são apenas seletivos para células cancerígenas, podendo também afetar o
crescimento e a reprodução de células saudáveis. Algumas drogas antineoplásicas são, portanto,
classificadas como potencialmente cancerígenas, mutagênicas ou teratogênicas para seres
humanos (SCHIERL et al., 2009).
Técnica cirúrgica
De acordo com Almeida et al. (2005), a técnica cirúrgica pode levar à remoção de tumores
com eficácia, quando não ocorre metástase.
Radioterapia
Quimioterapia
O uso clínico desses fármacos exige que os benefícios sejam confrontados com a toxicidade,
na procura de um índice terapêutico favorável (ALMEIDA et al., 2005).
vegetais, hormônios e análogos e outros. A via percutânea tem sido a principal via de absorção.
Os fármacos antineoplásicos são extensivamente empregados como quimioterápicos para
destruir as células tumorais, podendo agir direta ou indiretamente. O tratamento moderno do
câncer compreende cada vez mais a quimioterapia em associação com outros fármacos para um
tratamento mais abrangente (MARTINS; ROSA, 2004).
• Imediato
• Prematuro
• Atrasado
• Tardio
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
CHRISTIN-MAITRE, S. History of oral contraceptive drugs and their use worldwide. Best
practice & research clinical endocrinology & metabolism, v. 27, n. 1, p. 3-12, 2013.
GLASIER, A. New developments in contraceptive drugs for use by women. Expert opinion
on investigational drugs, v. 11, n. 9, p. 1239-1251, 2002.
HELLERSTEDT, B. A.; PIENTA, K. J. The current state of hormonal therapy for prostate
cancer. CA: a cancer journal for clinicians, v. 52, n. 3, p. 154-179, 2002.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHIERL, R.; BÖHLANDT, A.; NOWAK, D. Guidance values for surface monitoring of
antineoplastic drugs in German pharmacies. Annals of occupational hygiene, v. 53, n.
7, p. 703-711, 2009.
SINGH, H. et al. In vitro and in vivo genetoxicity evaluation of hormonal drugs. II.
Dexamethasone. Mutation Research/Fundamental and Molecular Mechanisms of
Mutagenesis, v. 308, n. 1, p. 89-97, 1994.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VAN GORP, T.; NEVEN, P. Endometrial safety of hormone replacement therapy: review of
literature. Maturitas, v. 42, n. 2, p. 93-104, 2002.
UNIDADE 4
Farmacologia dos antibióticos
Introdução
Você está na unidade Farmacologia dos antibióticos. Conheça aqui os principais agentes
antibióticos, seu mecanismo de ação, alvos, importância, toxicidade, resistência
e preocupações referentes a diferentes patógenos, com ênfase na produção de
agentes terapêuticos para eliminar ou minimizar impactos provenientes de diferentes
microrganismos, como bactérias, vírus e fungos.
Bons estudos!
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De acordo com Norrby et al. (2005), desde o desenvolvimento das sulfonamidas na década de
1930 e da penicilina na década de 1940, novas classes de compostos de ação antimicrobiana foram
desenvolvidas. Drogas ativas contra fungos, parasitas e vírus também foram introduzidas. Dentro
do campo dos antibióticos, a emergência da resistência foi logo percebida para representar um
problema clínico considerável. No entanto, até o final do século XX, as empresas farmacêuticas
eram consistentemente capazes de desenvolver novos antibióticos com atividade contra as cepas
bacterianas mais resistentes.
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Coates et al. (2002) enfatizam que não foram produzidas novas classes expressivas de
antibióticos nos anos entre a introdução do ácido nalidíxico em 1962 e a linezolida em 2000;
os agentes antibacterianos que entraram no mercado durante esse período foram modificações
das moléculas existentes. As bactérias exploraram essa janela de oportunidade desenvolvendo
progressivamente a resistência a todos os antibióticos comumente usados, e a cada ano a
necessidade de novos antibióticos se torna mais premente.
Da mesma forma, quando a penicilina foi introduzida no uso clínico, praticamente todas
as cepas de Staphylococcus aureus eram suscetíveis. No entanto, em menos de uma década,
sérios problemas foram vistos em muitos dos principais centros médicos. Esses problemas
ocorreram porque S. aureus adquiriu genes blactanaese, tornando o organismo resistente à
penicilina(MOELLERING, 1998).
69
Moellering (1998) enfatiza que as últimas décadas foram marcadas pela adaptação de bacilos
gram-negativos, que são resistentes a agentes antimicrobianos de amplo espectro, incluindo
tetraciclinas, cloranfenicol e aminoglicosídeos. Para combater esse problema, os pesquisadores
têm desenvolvido penicilinas e cefalosporinas de amplo espectro, novos e mais potentes
aminoglicosídeos, como gentamicina e amicacina e fluoroquinolonas. Esses novos antimicrobianos
conseguiram superar, em parte, mas não inteiramente, o problema da resistência.
FIQUE DE OLHO
Segundo Ferreira (2017), plataformas eletroquímicas, conhecidas como genossensores,
estão sendo utilizadas para quantificar material genético microbiano. Algumas plataformas já
demonstraram sensibilidade para quantificar DNA genômico e oligonucleotídeos específicos
de bactérias como a Streptococcus pneumoniae.
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Schentag (1993) enfatiza que, uma vez identificados e isolados, esses microrganismos podem
mostrar sensibilidade a antimicrobianos menos dispendiosos do que os inicialmente escolhidos.
Os antimicrobianos são alvos constantes de protocolos de otimização, considerando que a
resposta a esses agentes é previsível com base em parâmetros farmacodinâmicos, definida como
a relação entre seus níveis sanguíneos e as concentrações inibitórias mínimas determinadas a
partir de testes de referência.
Embora alguns possam argumentar que as concentrações inibitórias mínimas podem ser
usadas para prever doses, todos concordam que a maioria dos pacientes responde a doses
padrão de agentes antimicrobianos quando os organismos detectados anteriormente são
relatados como suscetíveis. Os poucos pacientes que têm um organismo suscetível, mas que não
respondem, geralmente podem ser explicados pelo fracasso do medicamento em penetrar no
local da infecção, como a meningite, onde um medicamento naturalmente pode não atravessar
a barreira hematoencefálica do sistema nervoso central. Muitos dos pacientes restantes que
não respondem podem ser explicados por fatores farmacocinéticos, casos em que a dosagem
foi muito alta ou muito baixa, com base em princípios farmacocinéticos bem aceitos, como a
depuração renal (SCHENTAG et al., 1993).
2.1 Classificação
Tradicionalmente, os agentes antimicrobianos são classificados com base em seu mecanismo
de ação, estrutura química ou espectro de atividade.
Para infecções que não podem ser erradicadas por mecanismos do hospedeiro ou para
pacientes imunocomprometidos, um medicamento bactericida é frequentemente necessário
(SCHWALBE et al., 2007).
Clique nas abas abaixo e saiba mais sobre mecanismos de ação, mercado e suas tendências
em torno dos agentes microbianos.
Mecanismos de ação
Segundo Croates et al. (2002), os agentes antimicrobianos têm como alvo componentes
essenciais do metabolismo bacteriano, desabilitando a bactéria. Por exemplo, os β-lactâmicos,
como penicilina ou cefalosporina, inibem a síntese da parede celular. Outros inibidores da síntese
da parede celular, que incluem bacitracina, cicloserina e vaoncomicina, também inibem processos
bioquímicos exclusivos das células bacterianas, mas, quando administrados sistemicamente,
esses antimicrobianos agem sobre as células do hospedeiro de outras maneiras, o que os torna
bastante tóxicos (SCHOLAR; PRATT, 2000).
De acordo com Croates et al. (2002), outros alvos dos agentes antimicrobianos incluem as
enzimas DNA girase, RNA polimerase dirigida ao DNA, e a síntese de outras enzimas. Antibióticos,
como a penicilina, são ativados contra apenas um espectro estreito de bactérias, enquanto outros,
como a ampicilina, inibem uma ampla gama de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Os
efeitos sobre as bactérias também podem diferir. Alguns agentes, como a tetraciclina, inibem o
crescimento bacteriano, ou seja, são bacteriostáticos, enquanto que outros como penicilina são
bactericidas. O uso de uma combinação de agentes antimicrobianos pode levar ao aumento da
atividade em comparação com a atividade de cada agente antimicrobiano sozinho, apresentando
ação sinérgica. No entanto, deve-se tomar cuidado para usar combinações que não sejam
antagônicas.
Scholar e Pratt (2000) enfatizam que o conceito central da ação antimicrobiana envolve
a toxicidade seletiva, ou seja, ou o crescimento do organismo responsável pela infecção
é seletivamente inibido, ou o organismo é morto, sem danos às células do hospedeiro. O
antimicrobiano ideal não teria efeito deletério no paciente, mas seria letal para o agente
etiológico. Para obter maior seletividade em ação, os medicamentos antimicrobianos exploram
diferenças entre a bioquímica do agente infeccioso e a do hospedeiro.
Mercado e tendências
O mercado dos agentes antimicrobianos é superior a 25 bilhões de dólares por ano. No entanto,
a emergência global de resistência aos agentes antimicrobianos está cada vez mais limitando a
eficácia dos medicamentos atuais. Estão disponíveis diferentes abordagens para o desenvolvimento
de novos agentes antimicrobianos sistêmicos, que incluem a triagem clássica, mudanças estruturais
em agentes existentes, investigação genômica e outros (COATES et al., 2002).
73
Segundo Guimaraes et al. (2010), diversas razões justificam a necessidade urgente por novos
agentes antibióticos, considerando que as doenças infecciosas são a segunda maior causa de
mortalidade do mundo, além das altas taxas de resistência microbiana, especialmente em ambientes
hospitalares. Tem sido observado um decréscimo constante no número total de novos agentes
antimicrobianos aprovados pelo órgão regulador americano; com isso, observa-se a necessidade de
propor agentes que atuem por mecanismos de ação diferentes aos fármacos em uso.
3 ANTIVIRAIS
Os vírus podem provocar reações adversas a praticamente todas as formas celulares de vida,
desde células eucarióticas até as procarióticas, chegando mesmo a perturbar o ciclo viral de outros
vírus. Os vírus são descritos como agentes submicroscópicos, que podem ser visualizados através
de microscopia eletrônica. O surgimento do primeiro microscópico eletrônico ocorreu próximo
aos anos 1930, sendo considerado um importante marco na história da virologia. Posteriormente
foram estudadas e elaboradas diretrizes para compreender o mecanismo dos vírus e, quando
possível, identificar quais as formas de prevenção de determinada doença causada por vírus e
desenvolver fármacos capazes de controlar a infecção ou reduzir quaisquer danos causados por
vírus (PEREIRA, 2012).
Segundo Clercq (2004), nos últimos anos, a demanda por novas estratégias antivirais
aumentou acentuadamente. Existem muitos fatores que contribuem para esse aumento da
demanda, incluindo a prevalência cada vez maior de infecções virais crônicas, como HIV e hepatite
B e C, e o surgimento de novos vírus, como o coronavírus SARS. As infecções causadas por vírus
são problemática cada vez mais frequente, e a terapia antiviral representa uma importante linha
de pesquisa.
Atualmente, o mundo vive um surto devido a um novo coronavírus, conhecido por provocar
quadros de infecção respiratória grave. Os dados epidemiológicos atuais indicam que a
transmissão de pessoa a pessoa está ocorrendo. Em 30 de janeiro de 2020, um total de 9976
casos foram relatados em pelo menos 21 países. Estão em andamento investigações em todo
o mundo para entender melhor a dinâmica de transmissão e o espectro de doenças clínicas
(HOLSHUE et al., 2020).
Dessa forma, tem sido de grande importância estudar a natureza do vírus, os mecanismos
associados a eles e o seu papel em doenças infecciosas. A partir desse conhecimento, podem
ser desenvolvidos métodos eficazes de prevenção, diagnóstico, tratamento e medicamentos
antivirais (PEREIRA, 2012)
• Inibidores de descapsidação.
• Inibidores da integrase.
• Inibidores de protease.
• Inibidores da neuramidase.
Enzimas virais essenciais frequentemente provaram ser bons alvos para medicamentos
75
FIQUE DE OLHO
De acordo com Harrison et al. (2004), drogas que têm como alvos topoisomerases e causam
danos ao DNA estão entre as terapêuticas de maior sucesso desenvolvidas para doenças
infecciosas, como as quinolonas, e para o câncer, como os fármacos etoposídeo, adriamicina
e camptotecinas.
Segundo Ison (2011), a influenza, também conhecida como gripe, causa epidemias anuais
de infecções virais respiratórias associadas a morbidade e mortalidade significativas. Mostrou-
se que as vacinas contra gripe reduzem o risco de infecção e mitigam contra algumas das
sequelas do vírus. Da mesma forma, duas classes de antivirais, os adamantanos e os inibidores da
neuraminidase, são atualmente aprovados para a prevenção e tratamento da influenza. Muitas
outras classes de antivirais e moduladores imunológicos também estão sob investigação. Um dos
maiores desafios do nosso arsenal de antivirais é o surgimento de mutantes resistentes. Na figura
1, pode ser observada uma representação esquemática da estrutura de um vírus influenza.
4 ANTIFÚNGICOS
De acordo com Prasad et al. (2016), as infecções fúngicas geralmente superficiais também
podem se transformar em infecções sistêmicas à medida que a incidência da doença se prolonga.
Entre as diferentes infecções micóticas causadas por esses fungos oportunistas, a candidíase,
uma infecção causada pelo fungo Candida, é considerada uma das mais ameaçadoras, reflexo da
gravidade da doença e sua ocorrência a nível mundial. Outras doenças fúngicas, como meningite
criptocócica e aspergilose invasiva, também ameaçam a vida. Segundo Georgopapadakou (1998),
infecções fúngicas graves, causadas principalmente por espécies oportunistas, são cada vez mais
comuns em pacientes imunocomprometidos e em outros pacientes vulneráveis. O uso de drogas
antifúngicas, principalmente azóis e polienos, aumentou nos últimos anos.
Clique abaixo para conhecer as diferentes categorias de antifúngicos e quais são empregadas
clincamente.
Diferentes categorias
Emprego clínico
e parede celular. Avanços recentes na genômicade fungos, química combinatória e triagem de alto
rendimento podem acelerar o processo de descoberta de antifúngicos (GEORGOPAPADAKOU, 1998).
Prasad et al. (2016) enfatizam que tem sido observado um aumento da incidência de
infecções fúngicas em todo o mundo e o surgimento de resistência a medicamentos antifúngicos.
Isso reforça a ampliação da busca pelo desenvolvimento de novos antifúngicos direcionados a
caminhos novos.
4.2 Classificação
De acordo com Campoy e Adrio (2017), atualmente, quatro classes de agentes antifúngicos
são usados por via oral, tópica ou intravenosa para o tratamento de infecções por fungos,
nomeadamente, poliênicos, imidazólicos, triazólicos e tiazólicos. Também existe uma quinta
classe, as alilaminas, embora os compostos dessa classe sejam utilizados apenas para o tratamento
de infecções dermatofíticas superficiais. No entanto, esses antifúngicos têm várias desvantagens
em termos de toxicidade, espectro de atividade, segurança e propriedades farmacocinéticas. O
surgimento de cepas resistentes aos agentes antifúngicos atuais tem levado a grandes esforços no
desenvolvimento de novos fármacos com diferentes mecanismos de ação que visam à biossíntese
de proteínas, lipídios e parede celular.
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De acordo com Campoy e Adrio (2017), os antifúngicos podem ser classificados com base em
seus alvos para terapia antifúngica. Entre eles, podem ser citados os enumerados abaixo. Clique
e veja.
• Biossíntese de esfingolipídeos.
Segundo Prasad et al. (2016), a sinergia entre diferentes medicamentos também está sendo
projetada como estratégia promissora para o desenvolvimento de antifúngicos. A disponibilidade
limitada e o surgimento de resistência a medicamentos clínicos exigem a busca de novos
compostos e novos alvos.
5 ANTIPROTOZOÁRIOS
De acordo com Kouznetsov e Meléndez (2009), as doenças parasitárias são um perigo para a
saúde mundial. Estima-se que três bilhões de seres humanos, além de um número maior de animais
79
A malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos e causada por protozoários
do gênero Plasmodium. Segundo Katzung e Trevor (2018), algumas classes de medicamentos
antimaláricos estão disponíveis. Os medicamentos que eliminam formas hepáticas em
desenvolvimento ou adormecidas em tecidos são chamados esquizonticidas; aqueles que atuam
nos parasitas eritrocíticos são esquizonticidas sanguíneos. Entre os principais antimaláricos em
estudos, podem ser citados cloroquina, amodiaquina, piperaquina e quinina.
80
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
COATES, A. et al. The future challenges facing the development of new antimicrobial
drugs. Nature reviews drug discovery, v. 1, n. 11, p. 895-910, 2002.
HOLSHUE, M. L. et al. First case of 2019 novel coronavirus in the United States. New
England Journal of Medicine, 2020.
KRALIK, P.; RICCHI, M. A basic guide to real time PCR in microbial diagnostics: definitions,
parameters, and everything. Frontiers in microbiology, v. 8, p. 108, 2017.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. (Eds.). Basic & clinical pharmacology. 14 ed. New York:
McGraw-Hill Education, 2018.
KHAW, M.; PANOSIAN, C. B. Human antiprotozoal therapy: past, present, and future.
Clinical Microbiology Reviews, v. 8, n. 3, p. 427-439, 1995.
MITSUYA, H.; BRODER, S. Strategies for antiviral therapy in AIDS. Nature, v. 325, n. 6107,
p. 773-778, 1987.
PRASAD, R.; SHAH, A. H.; RAWAL, M. K. Antifungals: mechanism of action and drug
resistance. In: RAMOS, J.; SYCHROVÁ, H.; KSCHISCHO, M. Yeast Membrane Transport.
Cham: Springer, 2016.
SCHOLAR, E. M.; PRATT, W. B. The antimicrobial drugs. Oxônia: Oxford University Press,
2000.
Bons estudos!