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TEORIA E

FUNDAMENTOS
DO DESIGN

PROFESSORES
Me. Clauciane Pereira
Esp. Vanessa Barbosa dos Santos
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


PEREIRA, Clauciane; SANTOS, Vanessa Barbosa dos.
Teoria e fundamentos do Design. Clauciane Pereira; Vanessa Barbosa
dos Santos.

Maringá - PR.:UniCesumar, 2018. Reimpresso 2021.


156p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Teoria. 2. Fundamentos. 3. Design EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0267-6
CDD - 22ª Ed. 745.4
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva,
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard,
Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini (Design de Moda), Larissa Camargo (Design de
Interiores) Projeto Gráfico e Editoração José Jhonny Coelho e Melina Belusse Ramos, Designer
Educacional Yasminn Zagonel, Revisão Textual Viviane Notari Ilustração Bruno Pardinho, Fotos
Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar de agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, tecnologia que temos e que está disponível.
mas de um conhecimento dinâmico, renovável Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
em minutos, atemporal, global, democratizado, modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Janes Fidélis Tomelin


Pró-Reitor de Ensino de EAD

Kátia Solange Coelho


Diretoria de Graduação
e Pós-graduação

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Me. Clauciane Pereira


Mestre em Design pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2009),
especialista em Gestão do Design pela Universidade Estadual de Londrina – UEL
(2004) e graduação em Desenho Industrial com habilitação em Programação
visual pela Universidade Norte do Paraná – Unopar (2001). Atualmente é profes-
sora dos cursos presenciais de Design de Interiores e Arquitetura e Urbanismo
da Unicesumar - Centro Universitário Cesumar, com experiência em design
gráfico e design da informação.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4717815A5

Esp. Vanessa Barbosa dos Santos


Especialista em Artes Visuais pelo SENAC (2013), graduada em Design de In-
teriores pelo Centro Universitário Cesumar (2007). Atualmente é professora
de Design de Interiores do Centro Universitário Cesumar, com experiência em
design efêmero e design gráfico.
http://lattes.cnpq.br/8197231489441201
apresentação do material

Teoria e fundamentos do Design


Me. Clauciane Pereira / Esp. Vanessa Barbosa dos Santos

Olá, aluno(a) do ensino a distância da Unicesumar! Seja bem-vindo(a), é um


grande prazer recebê-lo(a)! Parabéns por se demonstrar disposto a aprender co-
nosco, seja perseverante na sua escolha pelo conhecimento. Durante a consulta
desse material, bem como das outras ferramentas do curso, você verá que tudo
foi idealizado com o intuito de facilitar sua jornada como acadêmico do ensino a
distância da Unicesumar.
Nosso livro didático tem cinco unidades que versam a respeito da Teoria e funda-
mentos do design com a finalidade de lhe proporcionar o acesso a um panorama
acerca do design, a começar pela definição da atividade. O design é por vezes
incompreendido pela sociedade, embora seja parte do cotidiano de qualquer
indivíduo, do momento em que se levanta até o momento em que volta a dormir.
Muitos apenas imaginam do que se trata, mas não entendem o design de fato e
compreendem menos ainda suas inter-relações.
Como o design é uma atividade ampla que se fragmenta em diversas expertises
capazes de gerar uma infinidade de produtos de design, é absolutamente possível
afirmar que o ser humano não sobrevive sem que o design influencie seu dia-a-
-dia em diferentes níveis ou aspectos. O design exerce influência desde a forma
e função da sua escova de dentes, passando pelas características e estilo das suas
vestimentas, pela organização e conforto do seu ambiente de trabalho|estudo ou da
sua própria casa e chegando ao projeto gráfico da sua revista ou jornal preferidos
a concepção de cada um desses produtos de design, dentre outros – é claro –, é
responsabilidade do designer de produto, de moda, de interiores ou gráfico, como
veremos na primeira unidade do nosso livro didático.
Ainda na unidade de número um, faremos um apanhado geral e bastante breve
acerca das circunstâncias do surgimento do design, o que somado à conceituação
da atividade te ajudará a entender o que de fato é o design e quais as atribuições
do designer em suas diferentes expertises.
Depois de te apresentar sua futura profissão, vamos conhecer seus fundamentos,
assim, na segunda unidade, veremos um a um os elementos do design, já que
eles serão invariavelmente aplicados nos seus projetos, em sua totalidade ou em
apresentação do material

conjuntos específicos (que se adequem aos objetivos do projeto). Partiremos do


ponto, falaremos também sobre a linha e o plano; a forma e o espaço; a direção; o
movimento; o volume e a dimensão; a escala e a proporção; a textura e a padro-
nagem, a luz e a cor, até chegar a silhueta.
Na unidade três, vamos conhecer sobre os elementos externos que influenciam
o design e que são de extrema importância para que você, como profissional
exerça a profissão de forma excelente, não só obtendo conhecimentos teóricos e
práticos do Design em si, mas que compreenda que o Design não é uma profissão
mecânica, mas que age e reage de acordo com o que a sociedade e o mundo vive
ao nosso redor. Você vai aprender sobre as influências dos materiais na hora de
projetar, das tecnologias e dos efeitos da globalização, dos estilos refletidos a partir
dos momentos históricos, da cultura e sociedade e por último da sustentabilidade.
Na unidade quatro, veremos de que maneira os elementos do design podem ser
organizados no espaço a partir de um esforço consciente para que o resultado seja
um conjunto coerente com os objetivos de projeto, já que como designer você
deverá enfrentar diferentes desafios, além de atender às expectativas dos seus
clientes|consumidores.
Finalizando nosso livro, serão apresentados a você um conjunto de quatro estudos
de caso, um em cada uma das quatro especifidades do design de que tratamos no
decorrer das unidades desse livro: o design de interiores, de moda, de produto e
gráfico. Dessa forma, você será capaz de perceber por meio da análise de exemplos
bastante ricos e diversificados como a aplicação dos elementos e princípios do
design se materializam para a concepção de um produto de design.
Assim, desejamos que você alcance o sucesso na sua jornada em busca do conheci-
mento, que compreenda a real importância do design para a sociedade, que entenda
e saiba aplicar com maestria em seus projetos os elementos e princípios que são a
matéria-prima e o alicerce do design, que possa controlar com inteligência aqueles
elementos que influenciam seu trabalho como designer e, principalmente, que se
encontre de fato na profissão que escolheu pra si e dessa maneira possa ser mais
um agente de transformação a serviço da humanidade.

Boa leitura!
Profª Me Clauciane Pereira
su mário

UNIDADE I
O QUE É, COMO SURGIU E COMO
O DESIGN SE MANIFESTA 78 - Materiais
82 - Tecnologia e Globalização
12 - Introdução 85 - Estilo
14 - Antes de mais nada, o que é Design? 90 - Componentes culturais
18 - Como o Design se manifesta e qual o 92 - Sustentabilidade e Ecologia
papel do Designer? 94 - Considerações finais
25 - Como, onde e quando: as dimensões
históricas do Design UNIDADE IV
PRINCÍPIOS DO DESIGN
27 - Considerações finais

UNIDADE II
106 - Introdução
ELEMENTOS DO DESIGN
108 - Equilíbrio
111 - Contraste e Harmonia
40 - Introdução
114 - Repetição e Ritmo
42 - Ponto, linha e plano
117 - Gradação
44 - Forma e espaço
118 - Radiação
45 - Direção
119 - Ênfase ou Focos visuais
46 - Movimento
119 - Unidade
47 - Volume e Dimensão
123 - Considerações finais
48 - Escala e Proporção
51 - Textura e Padronagem
UNIDADE V
53 - Luz e cor EXEMPLOS E APLICAÇÕES
60 - Silhueta
62 - Considerações finais 134 - Introdução
136 - No Design de ambientes
UNIDADE III 139 - Na moda
ELEMENTOS QUE INFLUENCIAM O DESIGN 142 - No Design de Produto
144 - No Design Gráfico
76 - Introdução
147 - Considerações finais
O QUE É, COMO SURGIU E
COMO O DESIGN SE MANIFESTA

Professora Me. Clauciane Pereira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Antes de mais nada, o que é design?
• Como o design se manifesta e qual o papel do designer?
• Como, onde e quando: as dimensões históricas do design

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o que é o design.
• Conhecer as áreas e aplicações do design, assim como o
papel e as habilidades do designer.
• Introduzir os contexto histórico da atividade.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro da


disciplina de Teoria e fundamentos do design. Começo a introdução des-
ta unidade te fazendo uma pergunta: Você sabe o que é design?
Faço essa pergunta porque a definição ou conceituação do design é,
por vezes, motivo de confusão. O fato de não haver uma tradução do
termo para o português impulsiona muitos estudos e discussões a respei-
to da origem da palavra, principalmente, do ponto de vista etimológico.
Vamos abordar as duas principais origens do termo, para que possamos
extrair delas seu verdadeiro sentido, assim como iremos explorar as opi-
niões de diferentes autores e organizações que, além de definir, represen-
tam os interesses da atividade mundialmente.
Em seguida, vamos abordar as expertises do design. Embora o campo
seja abrangente e com cada vez mais especialidades, existem aquelas que se
sobressaem. Gomes Filho (2006), por exemplo, menciona sete especialida-
des reconhecidas no contexto nacional e, dentre elas, inclui o design de in-
teriores, o design de moda, o design gráfico e o design de produto. Vamos
então considerar as especificidades desses campos de atuação do designer.
Finalizo a unidade fazendo uma breve introdução a respeito do con-
texto de surgimento da atividade, que, na verdade, existe desde a pré-his-
tória, quando os primeiros seres humanos já produziam artefatos essen-
ciais à sua sobrevivência e úteis à sua ornamentação. Apenas a partir do
momento em que os artefatos deixaram de ser produzidos artesanalmen-
te é que a atividade ganha evidência.
Assim, o que te proponho agora é que você compreenda como o de-
sign se manifesta em suas expertises (principalmente, no design de in-
teriores e no design de moda) e que consiga entender qual o papel de-
sempenhado pelo designer de acordo com sua área de atuação. Vamos
também saber quais as circunstâncias do surgimento da atividade, mas
não sem que antes você compreenda, de fato, o que é o design. Pronto
para começar? Boa leitura!
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Antes de mais nada,


o que é Design?
Para Löbach (2001), nos últimos anos, tem-se falado O termo DESIGN é utilizado para nomear a profis-
e escrito muito sobre o design. A partir dessa expo- são, já a palavra DESIGNER refere-se ao profissio-
sição, o leigo se vê frente a frente com o conceito de nal da área ou à pessoa habilitada para a prática da
design e apenas imagina do que se trata, mas não profissão. Assim, quando você opta por um modelo
entende suas complexas inter-relações. Como não de liquidificador dentre tantas alternativas, você o
existe um interesse especial a respeito, sua percep- faz (dentre outras coisas) por causa das caracte-
ção acerca do design fica muito aquém da realidade rísticas do produto e não por causa do designer
da atividade. Exemplo disso é a dificuldade recor- do produto, provavelmente você sequer imagina
rente de muitos, a respeito da diferenciação entre a quem foi o designer que idealizou aquele produto
denominação da profissão e do profissional. (a não ser que seu filho seja um designer e você

14
DESIGN

esteja comprando aquele liquidificador porque é área, como o Philippe Starck, por exemplo, sua ad-
mãe, pai, irmã(ão) ou tia(o) coruja!). Da mesma miração é pelo designer Philippe Starck e não pelo
maneira, quando você admira um profissional da design Philippe Starck.

DESIGN é o termo que nomeia a profissão


DESIGNER é o nome dado ao profissional da àrea
SAIBA MAIS O autor defende que o maior número das definições
concorda que o design agrupa tanto a origem ingle-
sa quanto a latina, atribuindo, dessa maneira, forma
Philippe Starck é um famoso designer francês material a conceitos intelectuais, ou seja, conforme
que, aos 19 anos, projetou uma casa inflável
e com ela chamou a atenção de Paris. Nos Löbach (2001), o conceito de design compreende a
anos 90, projetou um espremedor de frutas concretização ou materialização de uma ideia, por
(o Juicy Salif) um tanto estranho que lembra meio da construção e configuração de projetos ou
uma aranha. Saiba mais visitando o website
do designer:
modelos.
http://www.starck.com

Fonte: Pereira (2015, online).

São muitos os estudos e as discussões acerca de uma


definição para o design, que, por vezes, é motivo de
confusão, porque nem sempre fica claro o que se
quer dizer com o termo. Do ponto de vista etimoló-
gico, ele possui duas origens fundamentais, a inglesa
e a latina. Segundo Cardoso (2004, p.14), “a origem
imediata da palavra está na língua inglesa, na qual o
substantivo design se refere tanto à ideia de plano,
desígnio, intenção, quanto à configuração, arranjo,
estrutura”. Em contrapartida, a origem mais remota
da palavra deriva do termo latino designare, verbo
que também abrange ambos os sentidos, o de desig-
nar e o de desenhar.

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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Mozota (2011, p.15) acredita que, dependendo do


SAIBA MAIS
contexto, a palavra design pode significar plano, pro-
jeto, intenção, processo ou esboço, modelo, motivo,
decoração, composição visual, estilo, sendo que, “no Do ponto de vista dos processos de concep-
sentido de intenção, design implica a realização de ção e projetual, conceito é a representação
de um objeto pelo pensamento, por meio
um plano por meio de um esboço, padrão ou com- de suas características gerais; ou qualida-
posição visual”. Assim, para ela, a justaposição das de, abstração, ideia, pensamento, opinião
duas origens se dá visto que ambos os significados e significação e, ainda, a ação de formular
uma ideia por meio de palavras, definição,
são, de fato, um só; no sentido figurado, intenção caracterização.
equivale a desenho.
A autora ainda cria, a partir da análise etimoló- Fonte: Gomes Filho (2006, p. 12).

gica da palavra, uma equação que evidencia a noção


de que o design sempre pressupõe uma intenção,
principalmente nas fases analítica e criativa, e um O Internacional Council of Societies of Industrial
desenho para dar forma a ideia, na fase de execução, Design – ICSID – (apud MOZOTA, 2011, p. 16)
assim: considera o design como uma:

Design = intenção + desenho atividade criativa cujo objetivo é estabelecer


as qualidades multifacetadas dos objetos, pro-
cessos, serviços e seus sistemas em todo seu
ciclo de vida. Consequentemente, o design é
Segundo a Industrial Designers Society of Ame- o principal fator da humanização inovadora
das tecnologias e o fator crucial da troca cul-
rica (IDSA, 2015), o design é uma atividade que
tural e econômica. O design busca descobrir e
envolve a criação e o desenvolvimento de concei- avaliar as relações estruturais, organizacionais,
tos e especificações que aprimoram a função, o funcionais, expressivas e econômicas, com a
valor e a aparência dos produtos e sistemas para tarefa de:
o benefício do usuário e do fabricante. Já Kopp • promover a sustentabilidade global e a prote-
(2004, p.41) considera que o design é uma ativi- ção ambiental;
dade que privilegia o planejamento e a organiza- • oferecer benefícios e liberdade à comunidade
humana;
ção de elementos estético-funcionais viabilizados
• apoiar a diversidade cultural apesar da glo-
pelas possibilidades técnicas disponíveis numa balização mundial;
determinada época e lugar, visando à efetivação • fornecer produtos, serviços e sistemas em
dos objetivos traçados para os produtos, que po- formas que sejam expressivas (semiótica) e
coerentes (estética) com sua complexidade
dem ser edificações, fachadas, embalagens, livros,
própria.
jornais, automóveis, cadeiras e eletrodomésticos,
dentre outros. Atualmente, no website da mesma organização

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DESIGN

(ICSID, 2015) lê-se uma definição mais atualizada


que considera o design como um

processo estratégico de resolução de proble-


mas que constrói o sucesso de uma empresa,
impulsiona a inovação e o aumento da qua-
lidade de vida por meio de produtos inova-
dores, sistemas, serviços e experiências. Ele
preenche a lacuna entre a realidade e o que
é possível. É uma profissão transdisciplinar
que atrela a criatividade à resolução de pro-
blemas para a criação de soluções com a in-
tenção de fazer um produto, sistema, serviço,
experiência ou negócio, melhores. O design
fornece uma maneira mais otimista de olhar
para o futuro reformulando os problemas
como oportunidades. Ele vincula inovação,
tecnologia, pesquisa, negócios e clientes para
oferecer novos valores e vantagens competi-
tivas através das esferas econômica, social e
ambiental.

Para Mozota (2011), o design pode ser visto tanto


como ciência quanto como arte, já que suas técnicas
agrupam a lógica da abordagem científica e a sensi-
bilidade do processo criativo. Dessa forma, o design
estabelece um diálogo entre arte e ciência como uma
atividade de resolução de problemas, um exercício
criativo, sistemático e coordenado, que implica pen-
sar e buscar a coerência de um sistema ou a inteli-
gência de um objeto.

REFLITA

“Design é o pensamento que se faz visível”.

Fonte: Sall Bass (apud DABNER, 2014, p. 186).

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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Como o Design se manifesta e


qual o papel do Designer?
De acordo com Gordon e Gordon (2014), na atuali- Essa diversidade gera uma certa confusão na medi-
dade, convivemos com projetos de design presentes da em que algumas expertises se dividem e se sobre-
em praticamente todas as formas de comunicação, põem, quando, na verdade, querem dizer a mesma
construção e produção de que fazemos uso – desde coisa, ou possuem significados muito semelhantes.
roupas, edifícios e seus ambientes externos e inter- Mas existem aquelas que se sobressaem, principal-
nos, bens de consumo, até materiais impressos, o que mente, no contexto nacional. Gomes Filho (2006),
justifica a abrangência da área e, consequentemente, por exemplo, salienta sete especialidades e, dentre
a demanda cada vez maior de especialidades do de- elas, inclui o design de interiores, o design de moda,
sign que são, inclusive, determinadas pelo mercado. o design gráfico e o design de produto.

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DESIGN

Concordando com Gomes Filho (2006), Mozota quer conhecimento técnico atrelado à criatividade
(2011) admite que o design como profissão é, na e à habilidade de administrar todos os aspectos do
realidade, uma família de profissões desenvolvidas projeto de interiores.
ao redor da concepção de diferentes formas, mas de- O termo design de interiores, segundo Broke
fende a existência de quatro tipos de design que cor- et al (2014), é amplamente aplicado para descrever
respondem aos principais domínios de integração todo e qualquer tipo de projeto de interiores, desde a
da profissão na sociedade, dentre eles, a autora cita decoração até a reforma. Mas, a partir do momento
o design de interiores, o design gráfico e o design de em que a reutilização de estruturas se transformou
produto. numa prática conceituada, houve a necessidade da
Independentemente do seu campo de atuação, de definição mais precisa de algumas especificidades.
acordo com o International Council of Societies of Em um extremo, temos a arquitetura de interio-
Industrial Design (ICSID, 2015, online), os designers res que se preocupa com a renovação, reestrutura-
ção ou modificação das construções e espaços exis-
adquirem uma profunda compreensão das ne- tentes. Há, aqui, uma conexão da arquitetura com as
cessidades dos usuários através da empatia e
práticas do design de interiores. Em outro extremo,
aplicação de um processo pragmático de so-
lução de problemas centrados no usuário para temos a decoração de interiores considerada a arte
projetar produtos, sistemas, serviços e experi- de decorar espaços internos e que envolve pequenas
ências. Eles são parte estratégica do processo mudanças em relação aos padrões das superfícies,
de inovação e estão numa posição única para ornamentos, mobiliário, acessórios, iluminação e
conectar variadas disciplinas profissionais e in-
materiais.
teresses comerciais. Eles valorizam o impacto
econômico, social e ambiental do seu trabalho e De acordo com o Council for Interior Design
sua contribuição para a co-criação do aumento Qualification (CIDQ, 2015), é comum que os ter-
da qualidade de vida. mos decoração de interiores e design de interiores
sejam utilizados alternadamente, quando, na ver-
dade, essas profissões diferem em aspectos críti-
COMO O DESIGN DE INTERIORES cos. Enquanto a decoração de interiores é a orna-
SE MANIFESTA? mentação de um espaço com coisas bonitas ou da
Broke et al (2014) e Gibbs (2015) concordam que, moda, o design de interiores é a arte e a ciência de
para se adaptar às reivindicações da atualidade, a compreender o comportamento das pessoas para
prática do design de interiores mudou de modo criar espaços funcionais dentro de um edifício. Em
radical nos últimos cinquenta anos. Antes campo suma, os designers de interiores podem decorar,
de entusiastas e amadores talentosos e criativos, mas os decoradores não podem projetar.
hoje, uma profissão reconhecida, vista como uma Assim, entre a arquitetura de interiores e a deco-
disciplina que pode influenciar positivamente a ração de interiores está o design de interiores que, de
maneira como os espaços são ocupados e que re- acordo com Brooke et al (2014, p. 12), é uma

19
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

atividade multidisciplinar que envolve a cria-


ção de ambientes internos que articulam o tes, além de veículos aéreos, marítimos e terres-
clima e a identidade por meio da manipula- tres: aviões, navios, trens, ônibus e automóveis, por
ção dos volumes espaciais, da colocação de exemplo.
elementos específicos e mobiliário, além do De modo mais amplo, o Council for Interior
tratamento das superfícies. Em geral, descre-
ve projetos que requerem poucas mudanças
Design Qualification (CIDQ, 2015, online) define o
estruturais – ou nenhuma – na construção design de interiores como uma
existente, embora haja muitas exceções. O
espaço é mantido em seu estado estrutural profissão multifacetada em que as soluções
original, e o novo interior é nele inserido. técnicas e criativas são aplicadas no interior de
Muitas vezes, tem um caráter efêmero e inclui uma estrutura construída. Estas soluções são
projetos de interiores para varejo, exposições funcionais e esteticamente atraentes e tem a fi-
e residências. nalidade de aumentar a qualidade de vida das
pessoas. Os projetos de interiores são criados
em conformidade com a estrutura e localização
da edificação e com o contexto social do proje-
to. Eles devem aderir aos códigos e requisitos de
regulamentação, além de incentivar a aplicação
dos princípios da sustentabilidade. O processo
de concepção de projetos de interiores segue
uma metodologia sistemática e coordenada, in-
cluindo a investigação, análise e integração de
conhecimentos referentes ao processo criativo,
por meio do qual as necessidades do cliente são
satisfeitas para a materialização de um espaço
que cumpre os objetivos do projeto.

Brooke et al (2014) consideram três aspectos citados


por Vitrúvio fundamentais à atividade: a comodi-
dade, a firmeza e o deleite. O primeiro substantivo
citado por Vitrúvio relaciona-se à funcionalidade do
objeto, o segundo descreve sua integridade estru-
tural, o terceiro e último está relacionado ao valor
estético. O autor acredita que, além da função, es-
trutura e qualidades estéticas, o design de interiores
precisa considerar também o lugar que aquele inte-
Na interpretação de Gomes Filho (2006), o design rior habita. Assim, o design de interiores é um pro-
de interiores envolve a concepção e o planejamento cesso complexo que combina as qualidades do es-
de espaços internos privados e públicos, o que in- paço existente ou proposto com as necessidades dos
clui espaços residenciais, comerciais, empresariais, usuários, além de garantir a coerência da proposta
industriais, culturais, de lazer e outros semelhan- de projeto.

20
DESIGN

• analisa as necessidades do cliente, seus obje-


QUAL O PAPEL DO DESIGNER tivos e as exigências de segurança e de seu
DE INTERIORES? estilo de vida;
Os designers de interiores são responsáveis pela ela- • associa suas conclusões ao seu conhecimento
boração, planejamento e organização dos espaços, como designer de interiores;
escolhendo e combinando os diversos elementos de • formula conceitos preliminares de design
um ambiente. Esse profissional estabelece relações adequados, funcionais e estéticos;
• desenvolve e expõe recomendações finais de
funcionais e estéticas em relação ao que se pretende
design através de mídias apropriadas para a
produzir, harmoniza em um certo espaço móveis, apresentação;
objetos e acessórios, procurando conciliar conforto, • elabora o projeto executivo e as especifica-
praticidade e beleza. Seleciona cores, materiais, aca- ções de elementos construtivos não estrutu-
bamentos e iluminação, utilizando tudo de acordo rais, materiais, acabamentos, layout, mobili-
com o ambiente e adequando o projeto às necessi- ário, instalações e equipamentos;
• colabora com os serviços de outros profissio-
dades, às preferências e à disponibilidade financei-
nais qualificados das áreas técnicas de mecâ-
ra do cliente. Além disso, administra o projeto de
nica, elétrica, e cálculo estrutural de acordo
interiores, estabelece cronogramas, fixa prazos, de- com as normas para aprovação do projeto
fine orçamentos, acompanha a execução do projeto nos órgãos competentes;
e coordena o trabalho de pedreiros, marceneiros, • organiza e administra orçamentos e contra-
gesseiros, pintores, eletricistas e outros profissionais. tos como representante do cliente;
Brooke et al (2014) acrescentam que “é essen- • revisa e avalia as soluções de design durante
sua implementação até sua finalização.
cial ao designer de interiores ter um grande conhe-
cimento das leis regulatórias e de planejamento da
construção civil, [...], familiaridade com técnicas COMO O DESIGN DE
construtivas” e um amplo conhecimento acerca dos MODA SE MANIFESTA?
materiais e revestimentos, bem como dos custos en- A palavra moda é originada do latim modus, que
volvidos na execução do projeto. A isso soma-se a significa modo ou maneira, mas é também um ter-
habilidade criativa para projetar interiores de exce- mo que vai bastante além dessas acepções, conforme
lência e a necessidade de atualização constante rela- o dicionário da língua portuguesa:
tiva às tendências.
Por meio de sua formação acadêmica, experi- 1. Uso, hábito ou estilo geralmente aceito, va-
riável no tempo, e resultante de determinado
ência e especialização, o designer de interiores se
gosto, ideia, capricho, e das interinfluências
qualifica para aprimorar a função e a qualidade dos do meio. 2. Uso passageiro que regula a forma
espaços interiores. Com o objetivo de melhorar a de vestir, calçar, pentear, etc. 3. Arte e técnica
qualidade de vida, aumentar a produtividade e pro- do vestuário. 4. Maneira, feição, modo. [...] 8.
teger a saúde, a segurança e o bem-estar público, o Fenômeno social ou cultural, de caráter mais
ou menos coercitivo, que consiste na mudança
designer de interiores, segundo Gibbs (2015, apud
periódica de estilo, e cuja vitalidade provém da
COUNCIL FOR INTERIOR DESIGN QUALIFI- necessidade de conquistar ou manter determi-
CATION, 2015): nada posição social.

21
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Esse último define todo o contexto de surgimento tões simbólicas, a moda e o design se manifestam
da moda. Palomino (2013) menciona que, no final como ações contemporâneas que traduzem e, ao
do século XV e início da Renascença, a aproximação mesmo tempo, influenciam a vida humana.
das pessoas na área urbana (consequência do desen- Moura (2012) acredita que, apesar de independen-
volvimento das cidades e do comércio, bem como a tes em seus campos de ação e de nem todo design ser
organização da vida nas cortes) fez surgir o desejo de moda e nem toda moda ser design, existe uma união
imitar. Os burgueses passaram a copiar as roupas dos entre ambos os campos que passou a ser denomina-
nobres que, por sua vez, inventavam novas vestimen- do design de moda. Especialidade do design, que, de
tas com o intuito de se diferenciar dos burgueses. Os acordo com Gomes Filho (2006), envolve a criação, o
burgueses copiavam, os nobres criavam algo novo. desenvolvimento e a confecção de produtos de moda e
Assim, conforme Palomino (2013, p. 14), a atinge diversos segmentos de utilização, relacionados
moda “é um sistema que acompanha o vestuário e o com o uso de objetos diretamente sobre o corpo.
tempo, que integra o simples uso das roupas no dia
a dia a um contexto maior, político, social e socioló- QUAL O PAPEL DO DESIGNER DE MODA?
gico”; ao seguir, reproduzir e/ou simbolizar as trans- Matharu (2011) acredita que, como designer (seja
formações ocorridas entre um determinado espaço de interiores, de moda, gráfico ou de produto), de
de tempo e o outro, a moda reflete as sociedades. maneira independente ou como integrante de uma
Em acordo com Palomino, Jones (2011, p. 42) equipe, você deve ter as habilidades, competências ou
afirma que, se analisarmos a história da moda, usos conhecimento necessários para propor novas ideias,
e costumes de diversos países, teremos uma única universos e temas, além de orientar os rumos cria-
conclusão: “todas as sociedades, das mais primitivas tivos e comerciais daquilo que criou, no design de
às mais sofisticadas, usam roupas e ornamentos para moda, especificamente, da coleção que desenvolveu.
transmitir informações sociais e pessoais”. Lendo Mas, ao contrário do que sugere o senso comum,
suas roupas e os sinais por elas emitidos, podemos o papel do designer de moda não é baseado apenas
supor quais as características de personalidade de na inovação e na criatividade, além dessas caracte-
um indivíduo. rísticas, conforme Matharu (2011, p. 88), ele deve ter
Para Moura (2012), assim como a moda, o de-
sign é uma área de produção de produtos, sistemas e entendimento técnico sobre 3D, técnicas de
fabricação, habilidades comunicativas, de
estilos de vida que constitui a tradução de símbolos
gerenciamento, compreensão dos métodos de
criando linguagem. Na atualidade, passam a compor produção e conhecimento geral do mercado –
campos do conhecimento, ao manipular uma série identificando os desejos do cliente, analisando
de informações e transformá-las em produtos e re- os sucessos e fracassos, e implementando
flexos do cotidiano e, portanto, da cultura. mudança para o próximo ciclo.

Por meio da concepção dos objetos, sistemas,


serviços, métodos e processos desenvolvidos e pro- Em uma visão um pouco mais abrangente e de acor-
duzidos em diversos tipos de suportes, materiais e do com o Ministério da Educação (2006), o designer
bens, que associam as questões utilitárias às ques- de moda:

22
DESIGN

• elabora e administra projetos para a indústria sabilidade que recai sobre os ombros do designer
de confecção de peças e acessórios do vestu- gráfico é a de garantir que a mensagem seja comuni-
ário, a partir dos aspectos estéticos, simbóli-
cada precisa e adequadamente.
cos, ergonômicos e produtivos;
O design gráfico (termo cunhado pelo tipógrafo
• analisa as tendências relativas ao comporta-
americano William Addison Dwiggins) se manifes-
mento, cores, estilos, formas, texturas e aca-
bamentos; ta, de acordo com a Associação dos Designers Grá-
• desenvolve produtos de moda aplicando vi- ficos do Brasil (ADGBrasil, 2000), como a atividade
são histórica, sociológica e prospectiva; de planejamento de projetos relativos à linguagem
• elabora portfólios e dossiês; visual, que articula texto e imagem aplicados aos
• representa graficamente suas criações; mais variados suportes e situações e, ainda, com-
• elabora protótipos e modelos, além de anali- preende as noções de projetos gráficos, identidade
sar a viabilidade técnica do projeto. visual corporativa, projetos de sinalização e design
editorial.
COMO O DESIGN GRÁFICO SE MANIFESTA Ideia corroborada por Gomes Filho (2006, p.
E QUAL O PAPEL DO DESIGNER GRÁFICO?1 28), que considera que o design gráfico seja a espe-
É bastante provável que no mundo desenvolvido cialidade ou o campo de atuação que “envolve a con-
muitas pessoas tiveram sua vida alterada pela tec- cepção, a elaboração, o desenvolvimento do projeto
nologia da informação e do design, por esse motivo, e a execução de sistemas visuais de configuração for-
digital, gráfico e design são palavras que tem grande mal [...] assentada predominantemente em substra-
influência em nosso vocabulário. to bidimensional [...] Cuida da geração, tratamento
Segundo Gordon e Gordon (2014, p. 8), “o for- e organização da informação”. Twemlow (2007, p.
mato digital criou um método comum de registro 6) acredita que o design gráfico faz parte de todos
e transmissão de dados, propiciando alto nível de os aspectos da vida social, desde a etiqueta com os
interatividade entre as mídias”, tornando possível a dados nutricionais de um alimento até os sinais que
atuação conjunta, em um único contexto, do som, mandam parar os condutores das viaturas nos cru-
da imagem e do texto, dentre outros. O que, por sua zamentos.
vez, mudou significativamente a maneira como os Para Helfand (2009), o design gráfico é
designers trabalham. a complexa combinação de palavras e imagens,
Vivemos uma época em que a qualidade do números e gráficos, fotografias e ilustrações
conteúdo visual exerce uma função gradativamen- que, para ter sucesso, demanda sua elaboração
te mais relevante na forma como nos comunicamos por parte de um particularmente cuidadoso in-
divíduo que pode orquestrar estes elementos de
com um público cada vez mais diversificado. Essa
forma a eles se juntarem para formar algo dis-
é justamente a essência do design gráfico, projetar tinto, ou útil, ou divertido, ou surpreendente,
algo para ser comunicado a alguém, assim, a respon- ou subversivo, ou memorável.

1
Parte deste subtópico foi extraída da dissertação “A sinalização viária da ilha de Santa Catarina - uma análise sob a ótica do turista” (p. 25-26), de-
fendida pela autora Clauciane Pereira no Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina.

23
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Na visão de Newark (2009, p. 6), o design gráfico instrumentos essenciais a sua sobrevivência. Apenas
está em toda parte, explicando, decorando, identi- a partir do século XVIII e da Revolução industrial
ficando – impondo significado ao mundo. Ele reali- é que os produtos começaram a ser fabricados em
za diversas funções: classifica e diferencia, informa, quantidades expressivas e substituindo a antiga roti-
“atua em nossas emoções e ajuda a dar forma aos na da produção artesanal.
nossos sentimentos em relação ao mundo que nos Dentre diversas especialidades, conforme Mo-
cerca”. zota (2011), o design de produtos é considerado o
Sob a ótica do Icograda (2008, tradução nossa), mais conhecido e envolve a concepção, elaboração
o design gráfico é “uma atividade interdisciplinar e e desenvolvimento do projeto, bem como a fabrica-
de solução de problemas que combina sensibilida- ção do produto (de configuração física predominan-
de visual com habilidade e conhecimento nas áreas temente tridimensional), que, ao contrário do que
da comunicação, tecnologia e negócios”. O mesmo muitos pensam, não se restringe a móveis, luminá-
Conselho considera ainda que a atividade seja uma rias e carros. De acordo com Gomes Filho (2006),
forma de tradução de variáveis, dentre elas: a com- os designers de produto intervêm em praticamente
preensão do produto ou serviço e metas do cliente, todos os setores:
seus competidores e público-alvo, em soluções visu- • Produtos de uso, como veículos, mobiliários,
almente criativas, por meio da manipulação, combi- utensílios domésticos, eletrodomésticos, ele-
nação e utilização de formas, cores, imagens, tipo- troeletrônicos, calçados, joias e embalagens.
grafia e espaço. • Máquinas e equipamentos em geral, instru-
mentos, dispositivos e acessórios.
Dessa forma, o designer gráfico seria um profis-
• Componentes de ambientes em geral, que en-
sional especializado na estruturação e organização
globam produtos que configuram postos de
da informação visual para o auxílio da comunica-
trabalho ou de atividades.
ção e orientação. Sua função então é apresentar uma
mensagem de forma clara, transmitindo as ideias Os designers de produtos lidam com a busca cons-
principais sem que as menos importantes deixem de tante do equilíbrio entre forma e função. Suas ati-
ser percebidas (o que requer bom senso e análise). vidades envolvem o projeto e a inovação de novos
produtos ou a readaptação (redesign) de produtos já
COMO O DESIGN DE PRODUTO SE MANI- existentes, de forma criativa, consciente dos aspec-
FESTA E QUAL O PAPEL DO DESIGNER DE tos estéticos e funcionais, ecológicos, econômicos,
PRODUTO? ergonômicos, produtivos, mercadológicos e sociais
Para Morris (2010) e Carpes Jr. (2014), o desenvol- que envolvem o produto. Mantém-se em constante
vimento de produtos tem sido uma prática comum diálogo com especialistas de outros campos profis-
entre os seres humanos há milhares de anos, quando sionais e projetuais voltados ao desenvolvimento de
produziam, principalmente, aparatos, ferramentas e produtos.

24
DESIGN

Como, onde e quando: as


dimensões históricas do Design2
Embora o design como método de fabricação de refletia a vontade de produzir artefatos que combi-
artefatos tenha sido evidenciado já na Pré-História, navam forma, função e o ornamento. Segundo Car-
o reconhecimento da prática da atividade ocorreu doso (2004, p. 83), o movimento buscava
apenas no início do século XX, num contexto de
renovação cultural, quando se observa a passagem promover uma maior integração entre projeto
e execução, uma relação mais igualitária e de-
da fabricação manual de artefatos para o projeto e
mocrática entre os trabalhadores envolvidos na
fabricação industrial. produção, e na manutenção de padrões eleva-
Segundo Nicchelle (2011), em razão do avanço dos em termos da qualidade de materiais e de
dos meios de produção e a partir do momento em acabamento [...] Embora não se opusesse ao
que a divisão do trabalho separou o projeto da pro- uso de máquinas, era uma visão que tendia a
restringir a escala e o ritmo de fabricação aos
dução, o que antes era responsabilidade dos artesãos,
limites máximos do que a máquina podia exe-
passou a ser responsabilidade dos designers e fabri- cutar com perfeição e não aos limites máximos
cantes. A produção de novos artefatos, anteriormen- em termos de quantidade ou velocidade.
te produzidos por artesãos em oficinas artesanais,
sofreu mudanças tecnológicas de grande projeção e O Deutscher Werkbund, ainda de acordo com Car-
impacto no processo produtivo, assim, os produtos doso (2004), foi o primeiro movimento voltado à
passaram a ter maior qualidade e diversidade. promoção do design como elemento da afirmação
Dessa forma, as bases do design começam a se da identidade nacional. Os líderes do movimento
formar a partir dos reflexos da Revolução Industrial alemão eram influenciados pelo movimento inglês,
e por meio do surgimento de movimentos como mas com diferenças significativas: enquanto o Arts
Arts and Crafts, na Inglaterra, na segunda metade and Crafts defendia o design e um retorno aos ofí-
do século XIX, e a Deutscher Werkbund, na Alema- cios manuais em oposição à produção em massa, a
nha, em 1907. Werkbund, conforme Meggs (2009), reconhecia o
Willian Morris, líder do movimento Arts and valor das máquinas e defendia o design como meio
Crafts, temia que a indústria abolisse o objeto fei- para atribuir forma e significado as coisas feitas pela
to pelo artesão e sua garantia de beleza e, portanto, máquina. Meggs (2009, p. 302) ainda coloca que

2
Parte deste tópico foi extraída da dissertação “A sinalização viária da ilha de Santa Catarina - uma análise sob a ótica do turista” (p. 23 - 25), defendida
pela autora Clauciane Pereira no Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina.

25
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

o grupo acreditava que a forma devia ser exclusi-


vamente determinada pela função e desejava eli- A Bauhaus conseguiu se transformar, em menos
minar todo o ornamento. [...] tanto a simplicida- de quinze anos de funcionamento, no principal para-
de como a exatidão eram demandas funcionais digma do ensino do design do século 20. Tanto que,
da fabricação mecânica e aspectos simbólicos da após o seu fechamento, em 1932, houve o que Velho
eficiência e poder industriais do século XX.
(2007, p. 19) considerou como “uma epidemia de
escolas que requeriam para si o título de sucessoras
Soma-se ao surgimento desses movimentos a cria- da Bauhaus”, principalmente como consequência do
ção, em 1919, na Alemanha, da Bauhaus, conforme desenvolvimento da economia americana, que pro-
Cardoso (2008, p. 135), a escola de design que con- moveu o amadurecimento do design e o surgimento
cretizou a ideia (propagada pela Werkbund) de que: de um novo fenômeno que influenciaria a atividade,
“a forma ideal de qualquer objeto deve ser determi- o styling, uma forma de agregar valor estético aos
nada pela sua função, atendo-se sempre a um voca- produtos como estímulo ao consumo.
bulário formal rigorosamente delimitado por uma Em 1951, surge em Ulm uma nova escola que se
série de convenções estéticas bastante rígidas”. opunha ao styling americano e que, portanto, dava
continuidade ao trabalho interrompido da Bauhaus
e, assim, pregava a padronização dos objetos e apos-
tava na racionalização e no racionalismo como fato-
res determinantes para as soluções de design. Como
sua antecessora, a escola da forma de Ulm teve vida
curta, sendo extinta em 1968.
Assim como a Bauhaus na Alemanha, a partir
da década de 70, a Escola Superior de Desenho In-
dustrial (ESDI) no Brasil tornou-se a matriz para a
maioria das escolas de design brasileiras.
Por muito tempo, a rigidez funcionalista defen-
dida pela Bauhaus não foi uma influência restrita às
suas sucessoras, mas um norte para o próprio design
e uma característica que, atualmente, continua sen-
do relacionada à atividade, embora de forma mais
flexível.
Abordando de forma bastante breve o contexto
de surgimento do design, terminamos esta unidade.
Como propus na introdução, apresentei a atividade,
suas especificidades e, também, o papel do designer
(seja ele designer de interiores, de moda, gráfico ou
de produto). Agora, você já sabe qual papel irá de-
sempenhar no futuro quando se tornar um designer!

26
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da primeira unidade do livro da disciplina


de Teoria e fundamentos do design. Capítulo importantíssimo na sua futura tra-
jetória como designer, já que, por meio dele, você conheceu a profissão que esco-
lheu pra si, bem como o papel que deve desempenhar quando tiver concluído sua
jornada no ensino a distância.
Vimos nesta unidade que o design de interiores envolve a concepção e a com-
posição de ambientes ou de layouts, por meio de planejamento, organização, de-
coração e especificação de produtos e que o design de moda engloba a criação, o
desenvolvimento e a confecção de produtos de moda, diretamente relacionados
com o uso de objetos sobre o corpo.
Já o design gráfico é a expertise do design, responsável pela concepção, ela-
boração, desenvolvimento e execução de projetos relativos à linguagem visual e,
portanto, predominantemente bidimensionais. Por último, mas não menos im-
portante, vimos que o design de produto também concebe, elabora, desenvolve
projetos e acompanha a fabricação de produtos, mas, nesse caso, em sua grande
maioria, tridimensionais, o que inclui veículos, mobiliário, utensílios domésticos,
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, dentre tantos outros.
Dessa forma, independentemente da sua especialidade, o design faz parte do
nosso dia a dia, dando forma material a conceitos intelectuais, concretizando ou
materializando ideias e concebendo diferentes produtos, sejam eles um ambiente,
roupas, revistas ou cadeiras e, justamente, por ser uma atividade que materializa
ideias, está atrelada à criatividade e à inovação.
Despeço-me parafraseando Nicchelle (2011), para quem o design dedica-se a
um campo de conhecimento bastante amplo, mas constituído por um pensamen-
to projetual orientado ao cenário futuro, a partir de uma intenção destinada a ser
real. Logo, ser designer significa trabalhar com o futuro, concebendo e planejan-
do aquilo que passará a existir, bem como anunciando caminhos e possibilidades.

27
LEITURA
COMPLEMENTAR

DESIGN GRÁFICO AMBIENTAL: uma especialidade do design que conecta o design gráfico com o
design de interiores
Designers gráficos ambientais trabalham junto com arquitetos e designers de interiores para criar designs que defi-
nem visualmente o ambiente construído. Esses projetos podem incluir design de exposições para museus, galerias
e instalações de arte públicas; orientação espacial e sinalização arquitetônica; design de pictogramas; mapeamento
e sistemas completos de identidade; além de ambientes temáticos. Há uma grande demanda para seu trabalho, por
parte de setores de varejo, entretenimento, construtoras e planejadores urbanos, uma vez que é essencial a sinaliza-
ção ser clara e a circulação eficiente.
Designers gráficos ambientais estão entre os mais colaborativos dentre as disciplinas do design, e trabalham em
parcerias com especialistas de muitas áreas para pesquisar e disponibilizar um design funcional de modo informativo
e divertido. Eles combinam suas habilidades às dos especialistas em mídia digitais para comunicações interativas,
trabalham com designers de produto em invenções, colaboram com arquitetos e clientes em hospitais, escolas e em-
presas. Grandes empresas de arquitetura podem ter departamentos internos de design gráfico ambiental para criar
sinalização, orientação espacial, identidade e materiais impressos de apoio. Outras consultam empresas de design
gráfico que oferecem serviços de design ambiental para grandes projetos que exigem a visualização de informações
complexas.

Como funciona
Assim como em qualquer projeto de design gráfico, na primeira etapa de desenvolvimento o designer gráfico ambien-
tal determina os objetivos e pesquisa as possíveis necessidades da edificação/espaço, bem como de seus usuários
ou de seu público. Isso permitirá que cliente e designer determinem a quantidade e a localização das sinalizações e
de outros elementos, para fins de orçamento. Em seguida, o designer começa o processo de design conceitual, com
uma combinação de esboços e modelos 3D ou ilustrações digitais renderizadas em 2D ou 3D. Quando o design está
suficientemente refinado para o orçamento, o designer gráfico ambiental supervisiona o processo de licitação para
a fabricação dos elementos arquitetônicos, trabalha junto à equipe de design para selecionar os fabricantes e está,
frequentemente, no local para a instalação dos elementos, de fato.

28
LEITURA
COMPLEMENTAR

Habilidades exigidas
• Excelentes habilidades de design em composição, forma, cor, escala, textura;
• Boas habilidades de desenho;
• Capacidade de visualizar espaços tridimensionais;
• Familiaridade com os códigos e regulamentos de sinalização;
• Compreensão dos fatores humanos, incluindo demandas visuais e de luz, percepção da cor e psicologia com-
portamental;
• Compreensão do simbolismo e de necessidades multilíngues;
• Fortes habilidades interpessoais e de comunicação.

A parte legal...
• Seu trabalho de design torna-se uma instalação permanente;
• Você terá uma experiência de pesquisa bastante prática;
• Você consegue ver o efeito de seu trabalho em público;
• Você trabalha com arquitetos, engenheiros estruturais, designers e fabricantes;
• Você pode trabalhar com 3D.

... E a parte não tão legal


• O processo é longo e complicado;
• Os erros podem sair caro e consumir bastante tempo;
• Seus prazos são afetados pela equipe inteira e podem dificultar o gerenciamento de cronogramas.

Fonte: Dabner; Stewart; Zempol (2014, p. 192).

29
LEITURA
COMPLEMENTAR

Qualidades e habilidades pessoais desejáveis no ramo da Moda

Ambição Firme vontade de alcançar seus objetivos práticos, conceituais e financeiros.


Charme Relacionar-se bem; ter boa comunicação; capacidade de cooperar.
Competitividade Usar suas aptidões para obter vantagens sem artifícios maliciosos.
Compromisso Trabalhar duro; estar aberto para aprender e ultrapassar limites.
Ter fé em suas ideias e aptidões e acreditar nos outros; equilíbrio entre egotismo e
Confiança
humildade.
Consciência Profundidade, diligência, ética; saber enfrentar dificuldades com serenidade.
Correr riscos Audácia, ousadia, atrevimento; ver adiante, ser empreendedor.
Criatividade Originalidade natural, talento para gerar novas ideias e prazer em criar.
Interesse na sociedade, nas pessoas, na criação, nas funções e formas etc.; estar
Curiosidade
sempre bem informado.
Rapidez para tomar decisões; saber assumir reponsabilidades ou comandar outras
Decisão
pessoas.
Planejamento do tempo e organização de informações e materiais; ser
Eficiência
parcimonioso.
Resistência e saúde física, dedicação ao trabalho, disposição para trabalhar por
Energia
longas horas.
Espírito de equipe Saber dividir, gostar de trabalhar em grupo, reconhecer sua função no quadro geral.
Firmeza Colocar seu ponto de vista claramente; defender suas convicções.
Capacidade de adaptar-se e encarar críticas alheias como algo útil; aceitar
Flexibilidade
mudanças.
Habilidades artísticas Capacidade de visualizar, desenhar, pintar e criar peças com o uso de diferentes
2D e 3D materiais.
Habilidade escrita Capacidade de escrever relatórios, resenhas e análises.
Habilidades de
Delegar, explicar, escutar e negociar; falar em público.
comunicação
Habilidades Planejamento, gerenciamento do tempo, coordenação; cumprir prazos e terminar
organizacionais tarefas.

30
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ambição Firme vontade de alcançar seus objetivos práticos, conceituais e financeiros.


Podem ser aprendidas, mas devem ser adequadas para a tarefa; ter amplo raio de
Habilidades práticas
ação.
Ver sempre o lado engraçado das coisas (sem maldade); criar um bom clima de
Humor
trabalho.
Humildade Capacidade de pedir ajuda; admitir fraquezas e conhecer suas próprias limitações.
Imaginação Pensamento abstrato e inspiração bem sintonizados com o que cada tarefa requer.
De pensamento, não de comportamento; capacidade de trabalhar sem supervisão
Independência
ou como freelancer.
Iniciativa Ir à luta; começar coisas e resolver problemas na prática – não só na teoria.
Instinto Fazer com que o difícil pareça fácil; arrumar-se bem, ter estilo.
Liderança Ter autoridade ou posição para dar conselhos ou representar os outros.
Ser articulado, tanto na linguagem escrita quanto na falada; ter boas maneiras ao
Linguagem
telefone.
Línguas Ter fluência em outras línguas e vontade de viajar.
Paixão pela moda Envolvimento; inspirar as pessoas com ideias e roupas.
Paciência Ver as coisas no todo, tolerar tarefas repetitivas, suportar gente enfadonha.
Percepção Estar sempre atento, ter habilidades intelectuais e gráficas, solucionar problemas.
Perspicácia para Saber calcular, identificar oportunidades, perceber o custo-benefício; pensamento
negócios lógico.
Pontualidade Ser pontual é algo valorizado.
Engenhosidade; pensar de maneiras diferentes, resolver problemas, fazer o melhor
Riqueza de recursos
possível.
Importante para desenvolver mostruários e linhas, estamparia, moda infantil e
Senso de cor
malharia.
Talento Habilidade acima do comum, especialmente para desenhar, criar estilos ou negociar.
Temperamento Amistoso, calmo, equilibrado.
Versatilidade Capacidade de realizar diferentes tarefas; não se perturbar com os desafios.

Fonte: Jones (2011, p. 9).

31
atividades de estudo

1. (Enade Design 2006) Comprometida com a ino- Assinale a opção correta:


vação, o Design é uma profissão que pode ser a. Apenas um item está certo.
compreendida como introdução, no mercado,
b. Apenas os itens I e II estão certos.
de novidades em produtos, processos ou sis-
temas. A inovação refere-se à aplicação comer- c. Apenas os itens I e III estão certos.
cial pioneira de invenções, conhecimentos, téc-
d. Apenas os itens II e III estão certos.
nicas e processos de produção. Os atributos e
as atitudes considerados imprescindíveis a um e. Todos os itens estão certos.
designer em busca da inovação incluem:
I. A inventividade, para procurar apresentar 3. (Adaptado de Enade Design 2012) Com a Revo-
sempre soluções inéditas de novos mecanis- lução Digital do final do século XX, o campo do
mos e sistemas em seus projetos. Design sofreu grandes transformações, expan-
dindo-se do ponto de vista tanto de suas áreas
II. O conhecimento e a análise das soluções já
de atuação quanto de seus métodos e procedi-
existentes em produtos semelhantes.
mentos projetuais. O fato de um novo produto,
III. A procura por oportunidades de mercado, a processo ou serviço acomodar os propósitos
fim de introduzir características inovadoras comerciais do mundo globalizado, com tecno-
em seus projetos. logias emergentes, bem como as implicações
sociais e ambientais dele decorrentes torna-
Assinale a opção correta: ram os problemas de design mais complexos
a. Apenas um item está certo. e desafiadores.

b. Apenas os itens I e II estão certos. Considerando o contexto apresentado, avalie


c. Apenas os itens I e III estão certos. as afirmações a seguir:

d. Apenas os itens II e III estão certos. I. Aos formatos tradicionais e mais lineares pro-
postos nos primórdios da metodologia proje-
e. Todos os itens estão certos. tual vêm sendo acrescidas novas abordagens.
II. A metodologia projetual em design contem-
2. (Enade Design 2006) O ensino formal de nível su-
pla, além de procedimentos genéricos, o em-
perior em Design iniciou-se no Brasil na década
prego de procedimentos de origem profissio-
de 60 do século passado, sob forte influência da
nal diferenciada e/ou correlata, o que reforça
Escola Superior de Forma (Hochschule für Ges-
a natureza multidisciplinar do Design.
taltung) de Ulm (1953-1968). A atuação dessa es-
cola alemã caracterizou-se, principalmente, por: III. Os novos estudos em metodologia projetual
I. Iniciar o movimento funcionalista em design, buscam estabelecer um método de design a
tendo criado o lema “a forma segue a função”. ser seguido que simplifique e torne o proces-
so mais dinâmico, de modo a proporcionar
II. Realizar estudos na área de estética, tendo in-
melhores resultados.
fluenciado o aparecimento do estilo aerodinâmi-
co (streamline) nos Estados Unidos da América.
É correto o que se afirma em
III. Desenvolver um pensamento sistemático a. I, apenas.
acerca de design, tendo fundamentado uma
metodologia de projeto. b. III, apenas.

32
atividades de estudo

c. I e II, apenas. 5. (Enade Tecnologia em Design gráfico 2015) É


possível identificar várias funções e responsabi-
d. II e III, apenas.
lidades atribuídas ao design. Uma de suas fun-
e. I, II e III. ções básicas é tornar os produtos comunicáveis
em relação às funções simbólicas e ao seu uso.
4. (Enade Design 2012) A aproximação entre desig- Para alguns autores, o design é a arte mais vi-
ners e artesãos é, sem dúvida, um fenômeno de vaz e mais popular do presente, um fenômeno
extrema importância pelo impacto social e eco- de cultura de massas e, por isso, participa de
nômico que gera e por seu significado cultural. modo decisivo na constituição de juízos de gos-
Ela está mudando a feição do objeto artesanal to generalizados, por ser capaz de despertar
brasileiro e ampliando o seu alcance. Nessa tro- nos consumidores, através de signos e símbo-
ca, ambos os lados têm a ganhar. O designer pas- los de sua cultura, emoções e sentimentos.
sa, no mínimo, a conhecer uma sabedoria empí-
rica, popular, à qual não teria acesso por outras A partir das informações do texto, avalie as afir-
vias, além de ampliar seu mercado de trabalho. mações a seguir:
O artesão, por sua vez, tem, ao menos, a possi- I. O design gráfico é uma atividade humana que
bilidade de interlocução sobre a sua prática e de sofre indiretamente influências da sociedade.
refletir sobre ela (BORGES, 2011, p. 137).
II. O design gráfico é, também, uma atividade
integrativa que, em sentido amplo, possui, si-
A partir do aprendizado oriundo da aproxima-
multaneamente, uma dimensão semântica e
ção entre designers e artesãos, conforme citado
uma dimensão técnica e operativa.
no texto, espera-se que os designers atuem na:
I. Alteração da forma e da cor dos objetos que III. O design gráfico desempenha um papel fun-
os artesãos desenvolvem. damental no marketing, porque a diferencia-
ção visual é percebida pelo consumidor final,
II. Industrialização dos processos de fabricação.
influenciando seu comportamento cognitivo e
III. Combinação de processos e materiais já utili- emocional.
zados.
É correto o que se afirma em:
IV. Intermediação entre as comunidades e o mer-
cado consumidor. a. I, apenas.

V. Adequação de matéria-prima e racionalização b. II, apenas.


de mão de obra. c. I e III, apenas.
d. II e III, apenas.
É correto apenas o que se afirma em:
a. II. e. I, II e III.

b. I e II.
c. I e IV.
d. III e V.
e. III, IV e V.

33
material complementar

O que é Design Gráfico?


Quentin Newark
Editora: Bookman
Sinopse: Dividido em três partes - Questões, Anatomia e Portfólios - este livro discute to-
dos os aspectos relevantes do design gráfico. A evolução do design ao longo dos séculos, o
dilema do artista versus o designer gráfico, os elementos que compõem a disciplina - como
tipografia, imagem e texto - são aspectos abordados nesta obra, ideal para iniciantes na área.
O Que é Design Gráfico? é totalmente colorido e ilustrado com exemplos de projetos contem-
porâneos de agências e profissionais conceituados.

O que é Design de Interiores?


Graeme Brooker; Sally Stone
Editora: Senac São Paulo
Sinopse: O design de interiores pode ser definido como a arte de planejar e arranjar ambien-
tes segundo padrões de funcionalidade e estética. Porém a pergunta que dá nome à obra, O
que é design de interiores?, é respondida ao longo deste manual completo sobre a profissão.
No primeiro momento, a história do design de interiores como campo profissional é aborda-
da com teorias intrínsecas à prática e às questões contemporâneas relativas ao ofício, como
restauração, conservação e sustentabilidade. O designer de interiores pode projetar resi-
dências, salas comerciais, lojas ou espaços em locais públicos, usando estratégias e táticas
próprias da profissão, e trabalha com itens relativos ao mobiliário, à iluminação, aos objetos,
às superfícies e aos revestimentos, assuntos amplamente explorados neste livro. E, para ilus-
trar toda a teoria, o livro traz ‘Portfólios’ contendo projetos dos designers mais aclamados
mundialmente e uma gama de trabalhos desenvolvida por empresas de design de interiores
de todos os tamanhos e áreas de atuação, acompanhada de belas fotografias.

O que é Design de Moda?


Gurmit Matharu
Editora: Bookman
Sinopse: Dividido em três partes, O que é Design de Moda? examina os aspectos fundamen-
tais da indústria da moda. Começando com um apanhado histórico, “Questões” discute a
transformação da moda em um dos maiores negócios do mundo e analisa sua relação com a
mídia e a cultura das celebridades. Também, aborda questões éticas, como o uso de peles e
o impacto ambiental e humano do movimento fast fashion. “Anatomia” examina os diferen-
tes setores da indústria e os eventos mais importantes do calendário da moda. Em seguida,
decompõe todo o processo de design, do esboço inicial ao lançamento da coleção, e dá dicas
práticas para quem busca uma carreira na moda. “Portfólios” apresenta o perfil de alguns
dos maiores designers de moda do mundo, demonstrando a diversidade dentro da indústria
por meio da análise de trabalhos e de belas fotografias de coleções.

34
referências

ASSOCIAÇÃO de Designers Gráficos. ABC da ADG: glossário de termos e verbetes utili-


zados em Design Gráfico. São Paulo: ADG, 2000.
BORGES, A. Design + artesanato: o caminho brasileiro. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.
BROOKE, G.; STONE, S. O que é design de interiores? São Paulo: Senac, 2014.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.
CARPES JR., W. P. Introdução ao projeto de produtos. Porto Alegre: Bookman, 2014.
COELHO, L. A. L. (org.). Conceitos-chave em design. Rio de Janeiro: Editora Novas Idéias,
2008.
COUNCIL For Interior Design Qualification. Definition of Interior Design. Disponível em:
<http://www.ncidqexam.org/about-interior-design/definition-of-interior-design/>. Acesso
em: 01 dez. 2015.
DABNER, D.; STEWART, S.; ZEMPOL, E. Curso de design gráfico: princípios e práticas.
São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.
GIBBS, J. Design de interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: Gustavo
Gilli, 2015.
GOMES FILHO, J. Design do objeto – bases conceituais. São Paulo: Escrituras, 2006.
GORDON, B.; GORDON, M. O essencial do design gráfico. São Paulo: Senac, 2014.
HELFAND, J. What is graphic design? Disponível em: <http://www.aiga.org/content.cfm/
what-is-design>. Acesso em: 20 mar. 2009.
INDUSTRIAL Designers Society of America. What is Industrial Design? Disponível em:
<http://www.idsa.org/education/what-is-industrial-design#field--how-they-do-it-1>. Acesso
em: 28 de nov de 2015.
INTERNACIONAL Council of Graphic Design Associations. Defining the profession. Dispo-
nível em: <http://www.icograda.org/about/about/articles836.htm>. Acesso em: 16 out. 2008.
______. Definition of design. Disponível em: <http://www.icograda.org/about/about/arti-
cles836.htm>. Acesso em: 9 jul. 2008.
INTERNACIONAL Council of Societies Of Industrial Design. Definition of design. Dis-
ponível em: <http://www.icsid.org/about/about/articles31.htm>. Acesso em: 16 out. 2008.
______. Definition of design. Disponível em: <http://www.icsid.org/about/about/articles31.
htm>. Acesso em: 30 nov. 2015.
JONES, S. J. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

35
referências

KOPP, R. Design gráfico cambiante. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.


LÖBACH, B. Design Industrial. Bases para a configuração dos produtos industriais. São
Paulo: Blucher, 2001.
MATHARU, G. O que é design de moda? Porto Alegre: Bookman, 2011.
MEGGS, P. B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
MINISTÉRIO da Educação. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Bra-
sília, DF: Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, 2006. Disponível em: <http://
catalogo.mec.gov.br/anexos/catalogo_completo.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2008.
MODA. Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha/Aurélio. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1995.
MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Porto Alegre: Bookman, 2010.
MOURA, M. Relações entre a moda e o design. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
MODA E DESIGN, 1., 2012. Portugal. Anais... portugal, Proceedings COMIDE, 2012. p.
1896-1906.
MOZOTA, B. B. de. Gestão do design: usando o design para construir valor de marca e
inovação corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011.
NEWARK, Q. O que é design gráfico? Porto Alegre: Bookman, 2009.
NICCHELLE, K. M. Design de moda: A cultura de projeto na moda com base nos concei-
tos de design estratégico. 2011. Dissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em
Design, Universidade do Vale do Rio Sinos, Porto Alegre, 2011.
PALOMINO, E. A moda. São Paulo: Publifolha, 2013.
PEREIRA, C. A sinalização viária da ilha de Santa Catarina - uma análise sob a ótica do
turista. 2008. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão
Gráfica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopólis, 2008.
TWEMLOW, A. Para que serve o design gráfico? Barcelona: G Gili, 2007.
VELHO, A. L. de O. L. O Design de Sinalização no Brasil: a introdução de novos conceitos
de 1970 a 2000. 2007. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Artes e Design, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

36
gabarito

1. D

2. A

3. C

4. D

5. D

37
ELEMENTOS DO DESIGN

Professora Me. Clauciane Pereira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Ponto, linha e plano
• Forma e espaço
• Direção
• Movimento
• Volume e dimensão
• Escala e proporção
• Textura e padronagem
• Luz e cor
• Silhueta

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os elementos do design.
• Aprender a utilizar os elementos do design.
• Entender a importância desses elementos para o design.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso


material didático, na qual você conhecerá os elementos do design. Eles
constituem a matéria-prima de todo projeto, composição ou produto de
design. Sempre que esboçamos ou desenhamos e, principalmente, quan-
do projetamos alguma coisa, criamos a partir de uma relação básica de
elementos, reunimos um conjunto deles para formar o todo ou a essência
daquilo que vemos.
É como quando cozinhamos, selecionamos, dosamos e misturamos
alguns ingredientes. A partir do momento que pudermos estabelecer
qual produto deve surgir dessa mistura, temos em mente um objeti-
vo; para alcançá-lo, optamos por alguns ingredientes ao mesmo tempo
em que descartamos outros, ponderamos a respeito de quais sabores se
complementam ou sobre qual deles deve predominar, adicionamos esses
componentes seguindo uma lógica, de modo que possamos assegurar
que o resultado idealizado seja de fato alcançado.
Enquanto os ingredientes de um bolo, por exemplo, podem ser a fari-
nha, o leite, os ovos, o óleo, a baunilha, o chocolate em pó e o fermento, os
elementos de qualquer produto de design são o ponto, a linha e o plano; a
forma e o espaço; a direção; o movimento; o volume e a dimensão; a escala
e a proporção; a textura e a padronagem, a luz e a cor e, por fim, a silhueta.
Do mesmo modo como podemos transformar um conjunto de ingre-
dientes em um bolo, podemos também transformar um conjunto de ele-
mentos visuais e gráficos em um produto de design. Parafraseando Dondis
(1997), e para finalizar esta introdução, é imprescindível frisar que a esco-
lha dos elementos que serão enfatizados e o modo como serão manipula-
dos, tendo em vista o efeito pretendido, está nas mãos do designer. Suas
escolhas e decisões são a sua arte e ofício – e as opções incontáveis.
Para analisar e compreender a estrutura de uma composição, é essen-
cial que conheçamos os elementos de design e suas qualidades específi-
cas individualmente, é o que lhe proponho agora. Boa leitura!
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Ponto, Linha
& Plano
O ponto é uma superfície material visível ao olho
humano, a menor unidade gráfica, um elemento vi-
sual que não tem comprimento ou largura, não ocu-
pa nenhuma área ou espaço. Ele corresponde a um
par de coordenadas x e y, portanto, indica uma posi-
ção no espaço. Assim, graficamente, um ponto toma
forma como um sinal, uma marca visível.
Para Dondis (1998, p. 53), “qualquer ponto tem
grande poder de atração visual sobre o olho, exista
ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo ho-
mem em resposta a um objetivo qualquer”.
Ele é um elemento visual simples e muito peque-
no que não pode ser decomposto em outras unida-
des, em contrapartida uma massa de pontos torna-
-se textura, forma ou plano. Em grande número e
justapostos, criam a ilusão de tom ou de cor, o que
caracteriza um dos fundamentos dos processos de
impressão, como offset e rotogravura.
Dois pontos são um instrumento de medição
do espaço no meio ambiente, são o início e o fim de
uma linha. O ponto está onde duas linhas se encon-
tram ou se cruzam, assim como uma série de pontos
forma uma linha.
Dondis (1998, p. 55) acredita que “a capacidade
única que uma série de pontos tem em conduzir o
olhar é intensificada pela maior proximidade dos
pontos”, sendo que quando os pontos estão suficien-
temente próximos uns dos outros e sua identifica-
ção individualizada se torna impossível, o conjunto
de pontos converte-se em outro elemento visual: a
linha.

42
DESIGN

diagonais sugerem movimento e as linhas quebradas


(composta por diferentes tipos de retas) podem gerar
inquietação por conta da sua construção descontinua-
da.
Para Jones (2011, p. 169),

temos diferentes reações emocionais e psicoló-


gicas frente à variedade de linhas usadas numa
composição de design. Uma linha pode ser
dura ou suave, implicando rigidez ou flexibi-
lidade. Ela pode se mover em várias direções,
levando o observador a olhar para frente, para
cima, para baixo ou ao redor da peça; pode en-
fatizar ou disfarçar outros traços; pode criar a
A linha também pode ser definida como um ponto ilusão de amplidão ou estreiteza.
em movimento ou a trajetória de um ponto em mo-
vimento. Geometricamente, assim como o ponto, não Enquanto a trajetória de um ponto em movimento
tem largura, mas ao contrário do ponto, tem compri- se transforma em uma linha, a trajetória de uma li-
mento, assim como posição e direção. Ela “raramente nha em movimento se torna um plano. A linha tem
existe na natureza, mas aparece no meio ambiente: na comprimento e espessura, mas não tem largura, já o
rachadura de uma calçada, nos fios telefônicos contra plano é uma superfície lisa, que, por definição, tem
o céu, nos ramos secos de uma árvore no inverno, nos comprimento e largura, embora, no espaço, o plano
cabos de uma ponte” (DONDIS, 1998, p. 57). não possa ser representado sem espessura.
Para Lupton e Phillips (2008), graficamente, as Para Lupton e Phillips (2008, p. 18), “um plano
linhas existem em muitos pesos; espessura, textura e pode ser paralelo à superfície da imagem ou inclinar-
trajeto determinam sua presença visual. Ela pode ser -se e recuar no espaço. Tetos, paredes, pisos e janelas
reta ou curva, contínua ou tracejada; de qualquer for- são planos físicos”. Leborg (2015, p. 12) defende que
ma, é um elemento essencial ao desenho. Onde quer uma “superfície é definida por duas linhas que não
que a linha seja utilizada, é um meio indispensável coincidem ou por um mínimo de três pontos que não
para apresentar o que ainda não pode ser visto, por estão localizados em uma linha. Se as duas linhas têm
existir apenas no campo das ideias ou na imaginação. um ponto em comum, a superfície será um plano”.
As linhas curvas são associadas as formas do
SAIBA MAIS
corpo de uma mulher, por esse motivo, são suaves e
femininas, ao passo que a utilização predominante de
linhas retas proporciona um caráter masculino à com- “O ponto geométrico é algo invisível. Sendo
posição. Linhas retas e verticais geram a sensação de assim, precisa ser definido como algo incor-
pório. Em termo de substância, é igual a zero”.
amplitude vertical e formalidade, em contrapartida, as
linhas retas e horizontais geram ampliação da largu- Fonte: Kandinsky (apud LEBORG, 2015, p. 10).

ra ou comprimento e menos formalidade. Já as linhas

43
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Forma & Espaço


Forma (do lat. forma) 1. no uso comum, a parte
externa de alguma coisa; 2. concreto, um círcu- ocupam espaço. Ele pode, então, ser ocupado ou
lo, uma forma quadrada etc.; plástico, que possui deixado vazio, como pode ser positivo ou negativo,
volume; 4. falando de forma figurativa, a aparên- plano ou ilusório (sugerindo profundidade).
cia geral de uma obra de arte enquanto objeto A forma pode ser vista ocupando um espaço, for-
visível, desconsiderando seu conteúdo (BRODY-
-JOHANSEN, 2000 apud LEBORG, 2015, p. 27).
ma positiva; mas também como um vazio circundado
por espaço ocupado, forma negativa. Como podemos
Uma superfície pode ter diversas formas que são observar na ilustração do fundo, o círculo na metade
definidas por seus contornos retos ou curvos. Para superior (Yin) é um exemplo de forma positiva, a for-
Dondis (1998, p. 57), “na linguagem das artes visu- ma circular preta ocupa o espaço branco; já o círculo
ais, a linha articula a complexidade da forma”. na metade inferior (Yang) é uma forma negativa, a
O círculo, o quadrado e o triângulo equilátero forma circular branca é circundada pelo espaço preto.
são considerados as três formas básicas. Cada uma Para o design, o espaço pode se configurar de di-
delas tem propriedades e significados específicos, ferentes maneiras, mas invariavelmente é ele quem
a mesma autora define o círculo como uma forma vai receber os elementos compositivos, é, portanto,
sem interrupção e curva, cujo contorno é equidis- o ponto de partida da criação. A tela em branco do
tante de seu ponto central e associado à infinitude, pintor, para o designer, é o espaço que existe entre as
calor e proteção; o quadrado é uma figura de qua- paredes, o teto e o piso; o papel; o tecido; a tela de um
tro lados de mesmo comprimento e quatro ângulos computador, tablet ou smartphone, dentre outros.
retos iguais, relacionado à honestidade, retidão e
esmero; o triângulo equilátero tem três lados e ân- REFLITA
gulos idênticos, referido à ação, conflito e tensão.
Combinadas em diferentes variações, essas três
“A forma de um objeto não é mais importante
formas dão origem a todas as formas da natureza e da que a forma do espaço em torno dele. Todas as
imaginação humana. Assim como as três formas bá- coisas resultam da interação com outras coisas.
sicas, todas as formas são figuras planas e simples, fa- Em música, os intervalos entre as notas são
menos importantes que as próprias notas?”.
cilmente descritas e construídas, visual e verbalmente.
De acordo com Wong (1998), formas de qual- Fonte: Grear (apud LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 85).

quer tamanho, desde as pequenas até as grandes,

44
DESIGN

Direção
Para Dondis (1998), as formas básicas representam bém é requerido em tudo aquilo que é construído e
três direções visuais fundamentais e significativas: desenhado.
o quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a A força direcional diagonal se opõe à estabilidade
diagonal; o círculo, a curva. Cada uma das direções das direções horizontal e vertical. Ela é a força di-
visuais tem um forte significado associativo e é um recional mais instável, provocadora e perturbadora
valioso instrumento para a composição. das formulações visuais. Por último, as forças dire-
As forças direcionais horizontal e vertical são a cionais curvas são associadas à abrangência, repeti-
referência primária do homem, sua significação tem ção e calor. Dondis (1998, p. 60) afirma que “todas
a ver essencialmente com a estabilidade em todas as as forças direcionais são de grande importância para
questões visuais. O equilíbrio não é uma necessidade a intenção compositiva voltada para um efeito e um
que diz respeito unicamente ao ser humano, ele tam- significado definidos”.

45
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Movimento
Os artistas sempre buscaram representar o movi- uma linha sinuosa ou uma forma pontuda e trian-
mento dos corpos e a passagem do tempo no es- gular e composições diagonais sugerem movimento,
paço estático e bidimensional. Numa composição em contrapartida, as configurações retilíneas pare-
visual, ele não é nada além de uma representação. cem estáticas.
O movimento de fato existe apenas no mundo real.
Para Lupton e Phillips (2008, p. 215), “o movimento REFLITA
é um tipo de mudança” e como tal pode ser suben-
tendido ou literal. “Todo desenho pode ser entendido como um
Qualquer imagem estática possui um movimen- estudo do movimento, já que é o caminho do
to implícito. O movimento numa composição só movimento registrado por meios gráficos”

existe por causa dos elementos compositivos empre- Fonte: Moholy-Nagy (apud LUPTON;
gados e pelo modo como foram aplicados. Cortar PHILLIPS, 2008, p. 85).

uma forma pode propor movimento, assim como

46
DESIGN

Volume & Dimensão


Se o ponto em movimento forma uma linha e a li- maquetes virtuais e físicas) que permitem materia-
nha em movimento gera o plano, o caminho de um lizar o resultado final de uma determinada forma.
plano em movimento cria o volume. O volume pode Por último, os desenhos de produção são técnicos,
ser físico, ou seja, algo real e sólido como um edi- ricos em detalhes, precisão e fundamentais para a
fício, mas também pode ser criado sobre uma su- execução de uma solução.
perfície plana, como numa pintura ou desenho, por
meio da perspectiva linear ou pelo emprego da luz
e sombra.
De acordo com Leborg (2015, p. 13), “o volu-
me é um espaço vazio definido por pontos, linhas
e planos”, “que se expressa por projeções nas três di-
mensões do espaço”, conforme complementa Gomes
Filho (2004, p. 45).
Tudo o que nos rodeia, assim como nós, tem
altura, largura e profundidade, ou três dimensões.
Para Dondis (1998, p. 78),

a dimensão real é o elemento dominante no de-


sign, na escultura e na arquitetura, e em qual-
quer material visual em que se lida com o volu-
me total e real. Esse é um problema de enorme
complexidade, e requer capacidade de pré-vi- SAIBA MAIS
sualizar e planejar em tamanho natural.

Em seu livro “Planolândia”, Edwin Abbott


Esse planejamento exige um conjunto de etapas se- Abbott conta a história de um quadrado que
quenciado, ao longo do qual se possa refletir e en- vive em um mundo bidimensional junto com
sua família de figuras geométricas. Até que
contrar as soluções possíveis. O esboço, geralmente um dia aparece uma esfera tridimensional.
em perspectiva, flexível e descompromissado, é a Quando o quadrado conta ao padre que en-
etapa inicial seguida da elaboração de uma maque- controu alguém de outra dimensão, é preso
por blasfêmia.
te, protótipo ou peça piloto. Na atualidade, as ma-
quetes virtuais são utilizadas como uma ferramenta Fonte: Leborg (2015, p. 15).

de baixo custo (se comparados os valores entre as

47
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Escala
& Proporção
Lupton e Phillips (2008, p. 41) nos perguntam: próprio homem é um fator relevante e fundamental.
Nas questões de design, tudo o que se cria e se fabri-
O que os designers chamam de escala? A esca- ca está associado às proporções humanas.
la pode ser considerada tanto objetiva quanto
Um ótimo exemplo para o entendimento do
subjetivamente. Em termos objetivos, ela se re-
fere às dimensões exatas de um objeto ou à cor- conceito de escala são as esculturas do artista con-
relação exata entre uma representação e a coisa temporâneo australiano Ron Mueck. Sua exposição,
real que ela representa. denominada “Still Life” (Natureza morta), fez su-
cesso por todos os lugares por onde passou: Japão,
Todos os elementos visuais podem ser modificados Austrália, Nova Zelândia, México, França e Argen-
ou redefinidos, o processo de alteração constitui tina. No Brasil, tivemos a oportunidade de recebê-la
o que chamamos de escala. O grande não existe entre março de 2014 e fevereiro de 2015, primeiro
sem o pequeno, mas mesmo quando o grande se no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, em
estabelece por meio do pequeno, toda a escala pode seguida, em São Paulo, na Pinacoteca.
ser alterada pela existência de outra modificação. A arte de Mueck é conhecida pela meticulosi-
Em outras palavras, a escala depende do contexto. dade de detalhes das formas humanas. O que dife-
Dondis (1998, p. 75) acredita que “o controle da es- rencia os personagens de pessoas reais é o tamanho.
cala pode fazer uma sala grande parecer pequena e Mueck explora surpreendentes mudanças de escala,
aconchegante, e uma sala pequena, aberta e arejada. algumas obras são miniaturas enquanto outras fo-
Esse efeito se estende a toda manipulação do espaço, ram criadas em grandes proporções.
por mais ilusório que possa ser.” A maior das esculturas apresentada no Brasil é
A mesma autora também defende que a medida intitulada “Couple Under a Umbrella” (Casal sob um
é parte integrante da escala, porém mais importante guarda-sol) que encena um casal de idosos com rou-
do que a medida é a justaposição: o que é coloca- pa de banho um apoio ao outro sob um guarda-sol.
do ao lado do objeto e em que cenário ele se inse- A escultura possui 3 metros e foi produzida espe-
re? Para que a escala seja estabelecida, a medida do cialmente para as mostras na América Latina.

48
DESIGN

Figura 1: “Couple Under a Umbrella” (Casal sob um guarda-sol) de Ron Mueck


Fonte: Nagy (2013, online).

A utilização da escala e proporção nas esculturas de drado; para finalizar, o topo e a base do quadrado de-
Mueck fica evidente quando uma de suas obras é vista vem ser prolongados, de tal modo que ele se converta
ao lado de uma pessoa, justamente porque a escala num retângulo áureo.
representa o tamanho real de um objeto em relação
a um padrão reconhecido, enquanto a proporção é a
forma como relacionamos visualmente todas as par-
tes individuais de um todo. Podemos criar ilusões so-
bre a forma mudando as proporções entre as partes
de uma composição.
Existem fórmulas de proporção nas quais a escala
pode basear-se, a mais conhecida é a seção áurea, ela
foi utilizada pelos gregos para a concepção da maioria
das construções da civilização grega. Para obter uma
seção áurea, é preciso: desenhar um quadrado, divi-
di-lo ao meio (na vertical), traçar a diagonal de uma
de suas metades e utilizá-la como raio para desenhar
Figura 2: Retângulo áureo
uma circunferência a partir do ponto médio do qua- Fonte: adaptado de Dondis (1997, p. 74).

49
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

A sequência de Fibonacci, método desenvolvido


pelo filósofo italiano, professor e teórico da ma-
temática Leonardo Pisaro (mais conhecido como
Fibonacci), alcançava resultados semelhantes aos
da seção áurea. Além deles, existem muitos outros
sistemas de escala, a versão contemporânea mais
empregada é o Modulor, desenvolvido pelo arqui-
teto moderno Le Corbusier. O sistema baseia-se na
seção áurea e na sequência de Fibonacci, mas foi
adaptado ao corpo humano.

Figura 3: O modulor de Le Corbusier


Fonte: Le modulor (1945, online).

De acordo com Dondis (1998, p. 75), a unidade modu- Embora sejam ferramentas bastante úteis, a apli-
lar do sistema de Corbusier é o tamanho do homem, cação dessas fórmulas não é uma regra, antes de
e a partir dessa proporção ele estabelece uma altu-
qualquer coisa é fundamental que o designer seja
ra média de teto, uma porta média, uma abertura capaz de perceber que, mantida a razão entre escala
média de janela, etc. Tudo se transforma em uni- e proporção, as dimensões horizontal e vertical de
dade e é passível de repetição. Por mais estranho um objeto serão escalonadas de modo que a forma
que pareça, o sistema unificado da produção em
resultante não seja uma distorção do original.
série incorpora esses efeitos, e as soluções criati-
vas do design com frequência se veem limitadas
pelos elementos de que se dispõem para trabalhar.

50
DESIGN

Textura &
Padronagem
A natureza nos apresenta uma infinidade de textu- Lupton e Phillips (2008) afirmam que as texturas po-
ras: areia, couro, palha, madeira, cipó, juta, pedra, dem ser concretas ou virtuais; Dondis (1997) e Wong
folha, concha, dentre tantas outras. Cada um desses (1998) alegam que podem ser visuais ou táteis, ou seja,
materiais tem texturas diferentes, ou seja, tem su- as texturas incluem tanto as características físicas de
perfícies com propriedades específicas que podem uma superfície quanto a aparência ótica dessa super-
ser suaves ou ásperas, lisas ou decoradas, foscas ou fície. Para Lupton e Phillips (2008, p. 53), “texturas
polidas, macias ou duras. Além disso, o acabamento palpáveis afetam a maneira como uma peça é sentida
dado a alguns deles, como a madeira ou a pedra, por pelas mãos, mas também afetam sua aparência. Uma
exemplo, podem ainda resultar em efeitos diferen- superfície lisa ou brilhante, por exemplo, reflete a luz
ciados de texturas. de modo diferente de uma outra, porosa e fosca”.

51
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Podemos reconhecer uma textura através da vi- a ornamentação, atualmente, a padronagem desper-
são, do tato ou ainda por meio da combinação de ta discussões frequentes.
ambos. Onde há uma textura real, de acordo com Lupton e Phillips (2008) acreditam que o retor-
Dondis (1997), as qualidades óticas e táteis coexis- no do ornamento e, consequentemente, dos padrões
tem. Wong (1998) acredita que as texturas visuais de repetição, tem relação com a volta do artesanato
são estritamente bidimensionais, são texturas perce- na arquitetura, nos interiores e produtos. Assim, no
bidas pela visão, mas que fazem lembrar sensações século XIX, o modo como as padronagens são cria-
táteis. Em contrapartida, as texturas táteis, não ape- das passam a ser analisadas, o que gera uma con-
nas são visíveis como podem ser sentidas. clusão a respeito da maneira como quase todas elas
De modo geral, texturas táteis existem em todos nascem, a partir de elementos isolados ou pontos;
os tipos de superfícies, porque podem ser sentidas. de elementos lineares ou faixas; ou da interação de
Isso significa que mesmo os tecidos, por mais pla- ambos ou grids.
nos que sejam, assim como folhas de papel, por mais Independentemente de quais elementos foram
lisas que sejam, têm propriedades específicas de su- utilizados para a composição de uma padronagem e
perfície que podem ser percebidas pelo tato. Sinta a se houve a interação entre eles ou não, ela é sempre
diferença entre as texturas das folhas do seu livro. resultado de uma repetição capaz de nos acalmar,
Compare o toque do papel utilizado na capa e do agradar ou surpreender e, portanto, podem ajudar o
papel utilizado no miolo, perceba como a capa tem designer a expressar uma infinidade de ideias.
uma textura mais delicada e acetinada se comparada
as demais folhas. SAIBA MAIS
Para Lupton e Phillips (2008, p. 53),
Para Gomes Filho (2004, p. 36), “um objeto
a beleza da textura no design encontra-se, com com alta pregnância é um objeto que apresen-
frequência, na pregnância de sua justaposição ta um máximo de equilíbrio, clareza e unifica-
ou contraste: espinhosa|lisa, pegajosa|seca, ru- ção visual, e um mínimo de complicação visual
gosa|macia e etc. Colocando uma textura em na organização de seus elementos ou uni-
relação a outra, oposta ou complementar, o de- dades compositivas”. Assim, quanto melhor
signer pode amplificar as propriedades formais for a organização visual da forma do objeto,
únicas de cada uma delas. [...] texturas têm uma em termos de facilidade de compreensão e
capacidade genuína, visceral e absolutamente rapidez de leitura ou interpretação, mais alto
será seu nível de pregnância.
sedutora de nos atrair e nos capturar.
Fonte: a autora.
Além de emprestar as diferentes texturas encon-
tradas na natureza, os designers podem criar suas
próprias texturas que, nesse caso, são também cha- “O segredo do sucesso de todo ornamento é a
produção de um efeito amplo e generalizado,
madas padronagens, justamente porque são criadas
pela repetição de poucos elementos simples”.
a partir de um padrão de repetição. Embora tenha
Fonte: Owen (apud LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 186).
sido desdenhada pelos designers do século XX, que
eram absolutamente a favor da simplicidade e contra

52
DESIGN

Luz & Cor


Durante a noite, feche a janela, a cortina e a por- pela presença da luz; caso não haja luz; não seremos
ta do seu quarto e apague todas as luzes (mesmo os capazes de distinguir a forma, o espaço, a direção, o
leds do celular, do computador, da televisão ou do movimento, o volume, a escala, a textura ou a cor.
ar condicionado) e me responda: o que você é capaz Hoje, sabemos que existe a luz que vemos e as que
de enxergar? A escuridão, a ausência da luz ou, em não vemos. A luz que vemos chama-se, apropriada-
outras palavras, você não é capaz de enxergar ab- mente, luz visível. Há, além dessa, luzes invisíveis,
solutamente nada nessas condições, mas basta que como a luz gama, ultravioleta, infravermelha e a luz
o dia amanheça ou que um único interruptor seja de micro-ondas, dentre outras.
acionado e fez-se a luz! Então, podemos voltar a ver. Em 1864, de acordo com Fraser e Banks (2007),
Segundo Dondis (1997, p. 61), “as variações de o físico escocês James Clerk Maxwell sugeriu que
luz ou de tom são os meios pelos quais distinguimos a luz visível é de natureza eletromagnética e que se
oticamente a complexidade da informação visual do propaga em ondas, da fonte ao receptor. Já na retina
ambiente”. Ver é, então, uma prerrogativa assegurada do receptor, a ação da luz visível desencadeia o me-

53
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

canismo da visão e provoca a sensação visual da cor, de onda são absorvidos e outros refletidos, estes (os
que, por sua vez, está relacionada ao comprimento refletidos) determinam a cor que vemos.
de onda da radiação eletromagnética. Ondas lumi- Imagine-se tentando colorir seu retrato, é im-
nosas com comprimentos de onda diferentes provo- possível esticar o braço e alcançar na luz um pou-
cam sensações visuais de cores diferentes. co de verde para colorir seus olhos, ou um tanto de
No início do século XIX, o físico inglês Thomas azul-violeta para preencher a roupa que está vestin-
Young alegou que os olhos contêm três diferentes do. Nesse caso, você teria de usar tintas, lápis de cor,
tipos de receptores constituídos de partículas (que, canetinhas, em outras palavras, você teria de utilizar
hoje, sabemos que são os cones) que oscilam quan- pigmentos. Com certeza, em algum momento da sua
do estimulados por comprimentos de ondas espe- vida, você já misturou algumas tintas ansioso para
cíficos. Sua teoria, denominada teoria tricromática descobrir qual resultado alcançaria daquela mistura,
(posteriormente desenvolvida pelo cientista alemão e hoje sabe que se misturar azul com amarelo, por
Hermann von Helmholtz), identificou três compri- exemplo, o que você alcançará será o verde.
mentos de onda, ou três cores: o vermelho, o verde Assim como a mistura aditiva nos permite perce-
e o azul-violeta. Todas as cores que o olho humano ber a cor por meio da ação da luz e seus diferentes com-
é capaz de identificar seriam, então, criadas pelas primentos de onda, há uma segunda mistura, a subtra-
combinações dessas três cores básicas. tiva (ou modelo CMY), que associa a ação da luz a dos
Ainda segundo Fraser e Banks (2007), a com- pigmentos, o modo como esses pigmentos reagem à luz
binação das três cores primárias da luz (capaz de é que nos permite perceber um conjunto de diferentes
recriar todo o espectro), é chamada, hoje, de mis- cores. Da mesma maneira, como a mistura aditiva é
tura aditiva (ou modelo RGB). Misturadas as mes- composta por três cores primárias (vermelho, verde e
mas quantidades de cada uma das cores primárias , azul-violeta) e essas três cores quando misturadas com-
obtém-se a luz branca e, quando misturadas duas a põem novas cores, a mistura subtrativa também tem
duas, formam-se as cores secundárias da síntese adi- seu trio de primárias (ciano, magenta e amarelo) que,
tiva, assim: vermelho + verde = amarelo; vermelho + igualmente, quando somadas, criam novas cores.
azul-violeta = magenta; verde + azul-violeta = ciano. A partir de agora, preste atenção a todos os mate-
Você pode ver o resultado da mistura das cores adi- riais impressos a que você tem acesso: livros, jornais,
tivas nas telas da sua televisão, computador, tablet, revistas, folders, as páginas que você imprime na sua
smartphone ou no cinema, por exemplo. impressora etc., neles; você pode ver o resultado da mis-
Mas se, ao invés de apreciar um bom filme na tura das cores subtrativas. Somadas as mesmas quan-
tela do cinema, sua intenção for a de ler um bom tidades das três cores pigmento primárias, obtêm-se
livro, repleto de ilustrações e imagens coloridas, o preto e, quando somadas duas a duas, formam-se as
teremos de repensar o modo como as cores serão cores pigmento secundárias: ciano + magenta = azul-
percebidas. Nesse caso, não estaríamos olhando a -violeta; ciano + amarelo = verde; e magenta + amarelo
luz emitida por uma fonte luminosa, mas para a luz = vermelho. Se você estiver atento, já notou que existe
refletida por uma superfície e, quando a luz incide aqui uma espécie de coincidência fundamental para que
numa superfície pigmentada, alguns comprimentos possamos entender o processo de percepção das cores.

54
DESIGN

SAIBA MAIS

Enquanto um monitor emite luz, permitindo


a mistura aditiva de frequências de vermelho,
verde e azul-violeta, imprimir uma arte nos leva
de volta ao reino dos pigmentos e das misturas
subtrativas da luz refletida. Portanto, as cores
primárias são ciano, magenta e amarelo. [...] A
impressão colorida baseada em tintas destas
matizes é chamada de “processo” ou “CMYK”. A
quarta tinta é o preto (em inglês, black). [...] O
progresso na fabricação de pigmentos resultou
em tintas otimizadas para os melhores resul-
tados possíveis. Mesmo assim, pelo menos
um problema é inerente à mistura subtrativa,
como gerar o preto: sobrepor 100% de todas
as cores primárias nunca resulta em um preto
absolutamente puro e sólido, por esse motivo
o preto foi acrescentado como quarta cor nos
processos de impressão.

Fonte: Fraser e Banks (2007, p. 174).

Caso não tenha notado, as primárias aditivas – verme- corpos são pretos a noite). No caso de a superfície ter
lho, verde e azul-violeta – quando somadas, resultam a propriedade de absorver parte dos comprimentos de
nas secundárias aditivas – ciano, magenta e amarelo. onda, essa superfície refletirá um único comprimento,
Já as primárias subtrativas – ciano, magenta e amare- ou a somatória dos que não foram retidos.
lo – quando somadas, resultam nas secundárias sub- Enquanto lê, imagino que esteja fazendo anota-
trativas – vermelho, verde e azul-violeta. Ou seja, as ções no seu caderno com uma caneta esferográfica
primárias aditivas correspondem às secundárias sub- azul. Olhe para a tampa da sua caneta e me responda
trativas (vermelho, verde e azul-violeta), enquanto as por que você a enxerga dessa cor? Como já vimos,
primárias subtrativas correspondem às secundárias por causa da ação da luz e da reação dos pigmen-
aditivas (ciano, magenta e amarelo). Mas como é que tos aplicados a tampa. Acompanhe meu raciocínio:
isso interfere na maneira como percebemos as cores? quando a luz branca (que é composta pelos compri-
De acordo com Baer (2004), se a superfície de um mentos de onda vermelho, verde e azul-violeta) in-
objeto reflete todas as radiações luminosas que a atin- cide sobre a tampa da sua caneta azul, ela absorve
ge, enxergamos o branco. Na hipótese dessa superfície os comprimentos de onda vermelha e verde e reflete
absorver todos os comprimentos de onda da luz bran- apenas o comprimento de onda azul-violeta que esti-
ca e, portanto, não refletir nenhuma, pode-se afirmar mula nossos receptores sensíveis a esse comprimento
que o objeto em questão é preto (por isso, todos os de onda e, assim, temos a sensação visual da cor azul.

55
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Talvez você esteja estudando sentado(a) numa ca- o estímulo conjunto aos nossos receptores sensíveis
deira amarela, se não for o caso, procure por algum aos comprimentos de onda vermelha e verde e, en-
objeto amarelo e reflita comigo: quando a luz branca tão, produzem a sensação visual do amarelo. Por
incide sobre o objeto amarelo, ele absorve o compri- esse motivo, aqueles indivíduos portadores do dal-
mento de onda azul-violeta e reflete os comprimen- tonismo não conseguem perceber as cores da mes-
tos de onda vermelho e verde, que, somados, resul- ma maneira que os indivíduos que não têm nenhu-
tam no comprimento de onda secundário amarelo, ma deficiência em seus receptores.

56
DESIGN

De acordo com Lupton e Phillips (2008, p. 71),

a cor existe, literalmente, no olho do observador, pois só podemos percebê-la quando a luz é
refletida por um objeto ou emitida por uma fonte. Nossa percepção da cor depende não apenas
da pigmentação das superfícies em si como também da intensidade e do tipo da luz do ambien-
te. Mais que isso: percebemos uma determinada cor em função das outras em torno dela. Por
exemplo, um tom claro parece mais claro contra um fundo escuro do que contra um pálido.

Em 1665, Isaac Newton organizou as cores em tor- tros matizes e a partir dos quais todas as outras cores
no de um disco para descrever a relação entre elas, são criadas. Já as cores secundárias, (laranja, viole-
tornando-o uma ferramenta padrão para o ensino ta e verde) são aquelas que provêm da mistura de
de arte e design e o ponto de partida para compor suas cores primárias; enquanto as terciárias (como o
com as cores. O círculo cromático nos apresenta as vermelho-alaranjado ou o verde-amarelado, dentre
cores primárias (vermelho, amarelo e azul) como os tantas outras) resultam da mistura de uma cor pri-
matizes puros, que não resultam da mistura de ou- mária com uma secundária.

De acordo com Gibbs (2015), em um dos lados do das em lados opostos do círculo cromático, como
círculo estão as cores quentes, que vão do vermelho vermelho e verde, azul e laranja e amarelo e violeta.
ao amarelo, incluindo o laranja, conhecidas como co- Essas duplas de cores constroem composições de
res progressivas, pois parecem aproximar-se do ob- temperaturas opostas e contrastantes, já que uma
servador. Enquanto do outro lado estão as cores frias, cor não tem nenhum elemento da outra.
que incluem os tons de verde, azul e violeta e que, ao Ao contrário das complementares que estão
contrário das cores quentes, são consideradas recessi- distantes no círculo cromático, as análogas são
vas, pois parecem afastar-se do observador. cores vizinhas, que se encontram lado a lado no
Por meio do círculo cromático também pode- círculo. Assim, um esquema análogo constrói
mos estabelecer relações denominadas esquemas composições de temperatura de cor equivalente,
cromáticos – a começar pelo esquema complemen- diferenças cromáticas mínimas e, portanto, har-
tar. As cores complementares são aquelas localiza- monia natural.

57
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

O esquema triádico é baseado em três cores equidis- Um esquema complementar duplo usa dois pares
tantes no círculo cromático, assim, podemos com- diferentes de complementares. Embora seja um es-
por um trio de primárias (de cores muito vivas e até quema flexível, que permite a utilização de duplas
“berrantes”), de secundárias ou, ainda, de terciárias. posicionadas em qualquer ângulo no círculo cromá-
Já a separação complementar, que também é um es- tico, o mais comum é que estejam próximas, já que
quema de três cores, é mais sofisticada, compreende ,quanto mais distantes, maior o desafio para compor
a seleção de uma cor e, a partir dela, mais duas cores combinações agradáveis.
que cercam seu complemento. Finalmente, o esquema monocromático é fun-
damentado na escolha de uma única cor com va-
riações criadas pelo ajuste do brilho (clareamento
ou escurecimento da cor pela adição de branco
ou preto) ou saturação (as cores saturadas como
as primárias são puras e, portanto, mais fortes ou
mais vívidas, enquanto as não saturadas são mais
acinzentadas, também como resultado da adição
de branco ou preto).
De acordo com Dabner, Stewart e Zempol
(2014), a percepção das cores pode ser influenciada
pela inteligência, memória, experiência, história e
cultura. A cor possui uma linguagem única e com-
plexa, assim como inúmeros significados e associa-
ções simbólicas que podem variar com o tempo e
em diferentes culturas. Por exemplo, no Ocidente, o
preto é a cor do luto e da morte, enquanto na China
e na Índia a cor do luto é o branco.
O mesmo autor também menciona que, embora
as associações de cores sejam subjetivas e apesar das

58
DESIGN

SAIBA MAIS
diferenças locais, as cores podem ter algumas carac-
terísticas universais. Vermelhos, laranjas e amarelos
estimulam os sentidos e tendem a ser percebidos Cores são diferenciadas de três maneiras prin-
cipais: matiz, tom e saturação. O matiz refere-
como cores quentes, capazes de provocar sensações
-se ao nome genérico da cor – por exemplo,
de alegria, saúde ou agressividade. No lado oposto vermelho, amarelo ou azul. Um único matiz
do círculo cromático, azuis e verdes são vistos como pode ter muitas variações, desde as mais cla-
cores frias, com conotação de calma, paz, segurança ras até as mais escuras. Isso é chamado de
tom ou valor. Um mesmo matiz varia também
e/ou depressão.
de acordo com sua saturação ou croma (tam-
bém chamada de intensidade). A saturação
varia de máxima a mínima, ou da cor pura
a cinza (branco, dependendo do modelo de
cor). A cor também pode ser descrita por sua
temperatura e movimento.

Fonte: Dabner, Stewart e Zempol (2014, p.88).

59
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Silhueta
A silhueta é um elemento de design bastante aplicado idealizada naquele momento. As silhuetas já foram:
no design de moda. Ela é percebida antes mesmo saliente, larga, armada, com a cintura bem-marcada
que os detalhes da peça possam ser distinguidos. e saia ampla, dentre outras.
Para que haja coerência e unidade, a silhueta deve se
manter sem muitas variações no conjunto de peças
que fazem parte de uma coleção.
SAIBA MAIS
A silhueta costuma dividir o corpo em duas par-
tes, uma superior e uma inferior, que precisam estar
visual e proporcionalmente equilibradas para que o Unidade, equilíbrio e harmonia são todos
princípios do design que discutiremos na
resultado da composição seja harmônico.
unidade IV.
No design de moda, volume e silhueta são variá-
veis que se relacionam na mesma proporção, assim, Fonte: a autora.

ambas sofrem influência direta da forma feminina

60
DESIGN

Expondo as características desse elemento do design, ficados específicos e distintos. Assim, independente
tão comuns no design de moda, finalizamos a unida- de seu tamanho, elas ocupam espaço e representam
de II. Esta unidade lhe apresentou, além da silhueta, direções visuais fundamentais e significativas.
outros quinze elementos do design. Conversamos Percebemos que o movimento é um tipo de mu-
sobre: ponto, linha e plano; forma e espaço; direção; dança e entendemos a relação entre escala e pro-
movimento; volume e dimensão; escala e proporção; porção. Também vimos que os designers podem
textura e padronagem e, por fim, luz e cor. emprestar as texturas encontradas na natureza, ou
Falamos sobre a simplicidade do ponto e como ainda criar suas próprias padronagens; tratamos da
sua trajetória é capaz de gerar a linha que, por sua vez, relação entre luz e cor, essa última considerada um
em movimento pode formar um plano, cuja mudança dos principais elementos de um projeto de design, e
de posição cria o volume que se expressa por proje- finalizamos a unidade falando sobre a silhueta.
ções nas três dimensões do espaço. Vimos também Espero que com o conteúdo proposto nesta uni-
que a linha articula a complexidade das formas e, em- dade você esteja preparado para aplicar os elemen-
bora sejam básicas, poucas têm propriedades e signi- tos do design com maestria.

Figura 4: Tipos de silhueta


Fonte: adaptado de Jones (2014, p. 168).

61
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da segunda unidade do nosso livro didático.


Como já havia lhe dito na introdução desta unidade, conhecemos os elementos
básicos do design, a matéria-prima de todo produto de design. Eles assim são de-
nominados justamente porque sempre que materializamos uma ideia, partimos
desse conjunto essencial de elementos.
Falamos sobre características e qualidades inerentes a cada um deles, de modo
que, agora, além de saber quais são os elementos que fundamentam sua futura
profissão, você sabe que as especificidades desses elementos englobam também
seus significados simbólicos que, por sua vez, quando combinados e manipula-
dos vão “representar” ou “dizer” alguma coisa e, assim, desencadear no observa-
dor um conjunto de sensações e reações.
Embora sejam poucos, os elementos do design dão ao profissional da área
uma ampla gama de possibilidades em relação à concepção de um produto de
design. Conhecendo-os a fundo, invariavelmente, qualquer informação a res-
peito de um novo projeto (mesmo quando ainda não tivermos uma definição
precisa do objetivo que buscamos alcançar) vai fazer com que sua mente comece
a trabalhar, e você vai se ver imaginando, pensando, idealizando e explorando
combinações.
Você vai mentalmente percorrer um a um, buscando selecionar aqueles que
vão ao encontro daquilo que deseja representar; vai pensar minuciosamente qual
deles será a cereja do bolo e vai arranjá-los de maneira que o resultado idealizado
seja, de fato, alcançado e, consequentemente, atenda a todas as necessidades e
expectativas.
Na próxima unidade, você vai conhecer alguns elementos que influenciam o
design e, na unidade IV, falaremos sobre os princípios do design que vão ajuda-
-lo(a) a alcançar resultados cada vez mais interessantes, afinal, o design não se
resume às preferências pessoais, às tendências ou ao arranjo de elementos sem
qualquer embasamento, existe um conhecimento exato, racional e verificável que
se expressa por meio do ofício do designer.

62
LEITURA
COMPLEMENTAR

Você já se sentiu azul de fome, verde de inveja, roxo de raiva ou viu o mundo rosa por estar apaixonado? Já dissipou
uma nuvem negra quando finalmente teve uma oportunidade de ouro? As cores têm um papel tão importante nas
nossas vidas que nós as usamos para descrever nossos sentimentos e ações.
Em todo o mundo, a maneira com que as diferentes culturas veem e descrevem as cores varia de forma dramática.
Por exemplo, o povo Basa da Libéria possui apenas duas palavras para classificar as cores (ziza para vermelho/laranja/
amarelo e hui para verde/azul/roxo), enquanto os Inuítes são mencionados por terem 17 palavras diferentes só para
descrever a cor branca (que se modifica de acordo com o clima e as condições diferentes de neve). Veja aqui um olhar
um pouco mais aprofundado sobre o que as diferentes cores significam ao redor do mundo.

O azul é a cor da inteligência ou da sabedoria. Em geral, é considerado


como a escolha mais segura de cor em todo o mundo, já que ela pos-
sui muitas associações positivas. Na América do Norte e Europa, o azul
representa confiança, segurança e autoridade, e é considerada uma cor
que acalma e traz paz. Porém, ela também pode representar depressão,
introspecção, solidão e tristeza.
Em alguns países, o azul simboliza cura e o afastamento do mal. Amuletos
em formato de olhos azuis, que alguns acreditam afastar o olhar do mal,
são visões comuns na Turquia, Grécia, Irã, Afeganistão e Albânia. Nas cul-
turas orientais, o azul simboliza imortalidade, enquanto que na Ucrânia, o
mesmo denota boa saúde. No hinduísmo, o azul é associado fortemente
com Krishna, que encarna o amor e a alegria divinos.
Nas culturas ocidentais, o verde representa sorte, a natureza, frescor, pri-
mavera, consciência ecológica, riqueza, inexperiência e ciúme (o monstro de
olhos verdes). E claro, verde é a cor emblemática da Irlanda, que recebeu
seu apelido de “Ilha Esmeralda” por conta de suas lindas paisagens verdes.
Na Indonésia, o verde foi tradicionalmente proibido, enquanto no México
é a cor nacional que significa a independência. No Oriente Médio, o verde
representa fertilidade, sorte e riqueza e é considerada a cor tradicional do
Islã. Em culturas orientais, o verde simboliza juventude, fertilidade, renova-
ção, prosperidade e esperança, mas também pode significar infidelidade.
Na verdade, na China, chapéus verdes para homens são tabu, porque eles
significam que suas esposas cometeram adultério.

63
LEITURA
COMPLEMENTAR

O vermelho evoca qualquer tipo de sentimento forte, simboliza animação,


energia, paixão, ação, amor e perigo nas culturas ocidentais. É excitante e
pode provocar reações físicas reais, como o aumento da adrenalina, pres-
são sanguínea, a aceleração dos batimentos cardíacos, além de estimular
o metabolismo.
Ele é também associado com comunismo e revolução em países como a
Rússia. Nas culturas asiáticas, o vermelho é uma cor muito importante – ela
traz boa sorte, alegria, prosperidade, celebração, felicidade e vida longa. Lá,
como é uma cor tão cheia de superstições, as noivas muitas vezes se ves-
tem de vermelho no dia de seus casamentos e envelopes vermelhos com
dinheiro são oferecidos durante datas comemorativas e ocasiões especiais.
Na Índia, o vermelho é associado com pureza, sensualidade e espirituali-
dade. Por outro lado, em alguns países da África associa-se vermelho com
a morte e, na Nigéria, a cor representa agressão e vitalidade. O vermelho
é ainda considerado como um amuleto de sorte no Egito e simboliza boa
sorte e coragem no Irã.

Na cultura ocidental, o amarelo é associado com felicidade, jovialida-


de, otimismo, calor (sendo a cor da luz do sol), alegria, espontaneidade,
criatividade e originalidade, assim como com cuidado e covardia. Na Ale-
manha, o amarelo representa inveja, mas no Egito significa felicidade e
boa sorte.

O laranja é uma cor ativa e comunicativa, representa o outono, colheita,


calor e visibilidade nas culturas ocidentais. No hinduísmo, açafrão (um tom
de laranja claro) é considerado próspero e sagrado. Na Holanda, laranja
é a cor da família real, enquanto a mesma cor representa sexualidade e
fertilidade na Colômbia. Em culturas orientais, laranja simboliza amor, fe-
licidade, humildade e boa saúde. É comum que as roupas dos monges
budistas sejam de cor laranja.

64
LEITURA
COMPLEMENTAR

Roxo é muitas vezes associado à realeza, riqueza, espiritualidade e no-


breza em todo o mundo. Historicamente, no Japão, apenas os monges
budistas da mais alta hierarquia vestiam roupas roxas. O roxo é também
associado com piedade e fé, e no catolicismo, com penitência. Porém, no
Brasil e na Tailândia, o roxo é uma cor de luto. É também a cor da honra – o
Coração Roxo é a condecoração militar mais antiga ainda oferecida para
membros do exército americano.

O branco reflete a energia da cor e, embora possa conferir uma sensação


de aridez, aumenta a luminosidade e a amplitude espacial.
Na cultura ocidental, o branco simboliza pureza, elegância, paz e limpeza;
noivas tradicionalmente vestem branco em seus casamentos. Mas na Chi-
na, Coréia, e alguns outros países da Ásia, o branco representa a morte,
o luto e a má sorte, e é tradicionalmente usado em funerais. No Peru, o
branco é associado com anjos, boa saúde e tempo.

O preto, ao contrário, absorve a energia da cor e, portanto, não reflete


nenhuma cor, por esse motivo, atua como uma barreira energética. Em
muitas culturas, preto simboliza sofisticação e formalidade, mas também
representa morte, o mal, luto, mágica, ferocidade, doença, má sorte e
mistério. No Oriente Médio, preto representa tanto renascimento quanto
luto. Na África, ele simboliza idade, maturidade e masculinidade.

É vantajoso entender os significados das cores em diferentes culturas. Ao conhecer o simbolismo das cores ao redor do
mundo, você estará capacitado para falar com seu público de uma maneira tanto apropriada culturalmente quanto eficaz.
Fonte: adaptado de Wang (online).

65
atividades de estudo

1. No livro “Novos fundamentos do Design”, Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips (2008)
abordam diferentes aspectos do uso da cor. Sobre esses aspectos e a partir da aná-
lise das imagens a seguir, analise as afirmativas e assinale a opção que apresente as
informações verdadeiras:

imagem 01 imagem 02

Fonte: LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008 (adaptado).

I. A cor existe no olho do observador, pois ele só será capaz de percebê-la quando a
luz for refletida por um objeto ou emitida por uma fonte. Assim, a percepção da cor
depende não apenas da pigmentação das superfícies em si como também da inten-
sidade e do tipo da luz do ambiente.
II. Uma determinada cor é percebida em função das outras em torno dela. Na imagem
1, a adição de objetos pretos à composição vermelha cria um efeito geral mais escu-
ro, enquanto a adição de objetos brancos cria uma composição mais clara.
III. Na imagem 2, a sobreposição do retângulo verde sobre o quadrado azul acinzentado
faz o verde parecer mais luminoso, ao contrário, quando sobreposto ao quadrado
amarelo, o retângulo verde parece mais escuro.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.


a. As assertivas I e II estão corretas.
b. As assertivas II e III estão corretas.
c. As assertivas I e III estão corretas.
d. Apenas a assertiva I está correta.
e. Todas as assertivas estão corretas.

2. Em relação às cores, avalie as assertivas a seguir.


I. Embora a luz branca seja constituída por sete cores (vermelho, alaranjado, amarelo,
verde, azul-violeta, anil e violeta), não é necessário combinar todas elas para se obter
novamente a luz branca. Basta misturar as chamadas cores primárias da luz (verme-
lho, verde e azul-violeta).
II. As cores primárias da síntese aditiva são também as cores secundárias da síntese subtrativa.
III. Se um corpo não refletir nenhuma onda de luz, conclui-se que a cor do corpo em
questão é branca.

66
atividades de estudo

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


a. As assertivas I e II estão corretas.
b. As assertivas II e III estão corretas.
c. As assertivas I e III estão corretas.
d. Apenas a assertiva III está correta.
e. Todas as assertivas estão corretas.

3. (Enade Tecnologia em Design de moda 2015) A cor é um elemento compositivo utili-


zado em projetos de design de moda. O círculo cromático, representado na figura a
seguir, permite estudá-la conforme sua composição e disposição.

Fonte: SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e design. Porto Alegre: Bookman, 2009 (adaptado).

Com base na composição e disposição das cores e nos elementos do design, avalie
as afirmações a seguir:
I. As cores primárias, que são o ciano, o magenta e o amarelo, quando misturadas, dão
origem às demais cores do círculo cromático.
II. Ao misturar cores, aumenta-se a nuance de uma cor pela adição de preto.
III. As cores análogas são obtidas a partir da combinação de uma cor com seus matizes
adjacentes.
IV. Os matizes opostos no círculo cromático são considerados complementares dentre
e, entre eles, verifica-se alto contraste.

É correto apenas o que se afirma em:


a. IV.
b. I e II.
c. II e III.
d. I, III e IV.
e. I, II, III e IV.

67
atividades de estudo

4. (Enade Tecnologia em Design de interiores 2015) A figura a seguir apresenta oito


padrões em preto e branco, a partir dos quais padronagens e estudos cromáticos
foram realizados.

Fonte: LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

A cor é um dos componentes principais em projetos de design. A justaposição de


cores pode criar atmosferas e qualidades específicas, descrever uma realidade ou
codificar uma informação. Considerando a percepção de forma e cor das padrona-
gens dessa figura, avalie as afirmações a seguir:
I. A cor pode promover ordenação, clareza, distinção e agrupamento, gerando simila-
ridade e diversidade entre os elementos do espaço.
II. A cor altera a percepção de formas, ou seja, as relações figura-fundo estabelecidas,
o que afeta as partes e o todo.
III. A alteração de cores dos elementos do fundo e da frente nos estudos da coluna 2 foi
responsável por modificar as formas percebidas.
IV. Os contrastes cromáticos possibilitam a divisão funcional das cores, estabelecendo
relações entre as áreas cromáticas, e favorecem a distinção e a hierarquia entre
elementos.
V. Os contrastes entre cores complementares e entre cores análogas produzem efeitos
diferentes, o que se verifica nos dois estudos da coluna 7, em que as cores comple-
mentares vibram umas contra as outras, ao passo que as análogas assumem papel
mais passivo.

É correto o que se afirma em:


a. I e V, apenas.
b. II e IV, apenas.

68
atividades de estudo

c. III e V, apenas.
d. I, II, III e IV apenas.
e. I, II, III, IV e V.

5. (Enade Tecnologia em Design de interiores 2015) O sistema Modulor foi concebido


como um instrumento regulador de medidas da escala humana universalmente apli-
cável, desenvolvido por Le Corbusier na década de 1940.

Fonte: Le modulor (1945, online).

Relacionando a prática de design de interiores à imagem apresentada, avalie as as-


serções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Ao projetar interiores baseando-se em instrumento ideal de referência de medidas
antropométricas derivado da seção áurea, como o Modulor, no qual são relaciona-
das as medidas de um homem padrão com altura de 1,83 m, o designer de interiores
facilita a implementação das propostas.

PORQUE
II. O modulor otimiza os requisitos de estética e racionalidade, pois as equipes de tra-
balho atuarão dentro de uma mesma visão sistêmica de padronização, o que inde-
pende das características individuais dos usuários.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras e II é uma justificativa correta da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

69
material complementar

Design de Estamparia Têxtil


Amanda Briggs-Goode
Editora: Bookman
Sinopse: O Design de Estamparia Têxtil é uma área criativa, prática e dinâmica que abrange
moda, design de interiores e design gráfico, arte têxtil e artesanato. Este livro apresenta os
fundamentos do design de estamparia têxtil, desde o briefing até a coleção final, e introduz
os princípios básicos de cor, desenho, composição e padronagem por repetição. Repleto de
exemplos, estudos de caso e exercícios passo a passo, também ajuda a desmistificar o pro-
cesso de design, sendo um valioso guia de estudos e de prática do design têxtil.

• Inclui estudos de caso que mostram o trabalho de designers têxteis que atuam tanto no
setor de moda quanto no de design de interiores.
• Aborda técnicas manuais e tradicionais, além das últimas tecnologias digitais, apresen-
tando belas imagens que ilustram os processos.
• Analisa todos os aspectos do design têxtil, desde as questões de sustentabilidade até a
fabricação e a comercialização do produto final.

O guia completo da cor


Tom Fraser e Adam Banks
Editora: Senac São Paulo
Sinopse: Um livro de referência atual e abrangente para uma nova geração de usuários da
cor digital, “O guia completo da cor” reúne teoria da cor, prática e aplicações, tudo em um só
volume, compreendendo desde a abstrata teoria da cor até as implicações mais práticas do
uso de CMYK e RGB. Ideal para designers, fotógrafos, artistas – de fato, para qualquer pessoa
que trabalhe com a cor e quer aprender mais sobre esse assunto.

Truques da mente | Temporada 3 | Episódio 2 – Cores


Ano: 2011
Sinopse: Você acha que entende as cores que vê todos os dias? Você acha que uma maçã é
realmente vermelha e que uma folha é mesmo verde? Pense de novo. Este episódio coloca
o cérebro à prova com uma série de jogos interativos e experimentos fascinantes que reve-
larão uma verdade surpreendente: as cores são apenas uma ilusão criada por seu cérebro.

70
material complementar

Color in Motion
O website Color in Motion, de Claudia Cortes, é uma experiência animada e interativa a res-
peito da comunicação e simbolismo da cor. Navegue pelas portas: “As estrelas”, “As películas”
e “O laboratório” e conheça um pouco mais sobre as cores de maneira divertida.

<http://www.mariaclaudiacortes.com/#>.

Adobe Color CC
O website Adobe Color CC te permite criar diferentes esquemas cromáticos a partir do círculo
cromático ou a partir de imagens e, ainda, explorar infinitas paletas pré-definidas. É uma óti-
ma ferramenta para quem ainda não tem muita habilidade para a composição com as cores.

<https://color.adobe.com/pt/>.

71
referências

ABBOTT, E. A. Planolândia. São Paulo: Conrad, 2002.

BAER, L. Produção gráfica. São Paulo: Senac São Paulo, 2004.

BRODY-JOHANSEN, R. Forma. In: LEBORG, C. Gramática visual. São Paulo: Gustavo


Gilli, 2015.

DABNER, D.; STEWART, S.; ZEMPOL, E. Curso de design gráfico: princípios e práticas.
São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.

DONDIS, A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

FERNANDES, A. Fundamentos de produção gráfica para quem não é produtor gráfico.


Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2003.

FRASER, T.; BANKS, A. O guia completo da cor. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.

GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: Gustavo
Gilli, 2015.

GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escri-
turas Editora, 2004.

JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

KANDINSKY, W. Ponto, linha plano. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

LE MODULOR. Fondation Le Corbusier, 1945. Disponível em: <http://www.fonda-


tionlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId=13&IrisObjectId=6803&sysLangua-
ge=en-en&itemPos=161&itemCount=300&sysParentId=15&sysParentName=>. Acesso
em: 27 nov. 2015.

LEBORG, C. Gramática visual. São Paulo: Gustavo Gilli, 2015.

LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

NAGY, A. 18 sculptures so lifelike you’ll swear they’re real. Gizmodo, 6 mai. 2013. Disponível
em: <http://gizmodo.com/18-sculptures-so-lifelike-youll-swear-theyre-real-510326582>.
Acesso em: 16 nov. 2015.

WANG, C. O espectro do simbolismo: o significado das cores ao redor do mundo. Shut-


terstock. Disponível em: <http://www.shutterstock.com/pt/blog/o-espectro-do-simbolis-
mo-o-significado-das-cores-ao-redor-do-mundo>. Acesso em: 26 nov. 2015.

WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

72
gabarito

UNIDADE II
1. E
2. A
3. D
4. D
5. E

73
ELEMENTOS QUE
INFLUENCIAM O DESIGN

Prof. Esp. Vanessa Barbosa dos Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Materiais
• Tecnologia e globalização
• Estilo
• Componentes culturais
• Sustentabilidade e ecologia

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender como os diferentes tipos de materiais podem influenciar nos
projetos de Design, em diversas áreas.
• Assimilar como os processos de transformação originados pela globalização
e pelo desenvolvimento tecnológico nos influenciam e a sua inter-relação
com o Desing, assim como os seus benefícios e malefícios.
• Entender como os estilos estudados por meio dos movimentos artísticos e
históricos influenciam nos processos do Design.
• Compreender que o Design sofre influências baseadas na sociedade na
qual ele está inserido, os princípios culturais, valores e forma de vivência.
• Entender que um bom profissional de Design não só conhece a importância
de sustentabilidade e ecologia, mas também desenvolve seus projetos e
sua profissão de forma que esses elementos influenciem positivamente seu
ambiente de vivência.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a). Seja bem-vindo(a) à terceira unidade des-


te livro sobre teorias e fundamentos do design. Já estudamos
uma introdução sobre o design, as aplicações e habilidades de
um designer. Também vimos sobre os elementos básicos do de-
sign, como linha, ponto, forma, cor etc. E agora vamos conhecer
quais são os elementos externos que influenciam o design.
Vamos compreender como os materiais são importantes na
concepção dos projetos de design, o que os diferentes tipos de
materiais podem transmitir de mensagem e como pensar e es-
colher entre a infinidade de materiais dispostos hoje em dia.
Também, vamos refletir sobre as transformações da tecno-
logia em nosso mundo, que a cada dia traz inovações e novas
propostas para criar e projetar, como podemos utilizar dos be-
nefícios da tecnologia e como cuidar para que haja os menores
malefícios possíveis. A globalização será pauta de discussão sobre
essas influências, por sabermos que é impossível separar qual-
quer processo do nosso dia a dia dela, e o design não fica fora
dessa relação, assim como suas relações com a sociedade e a cul-
tura. Mesmo com princípios universais, o design sempre se com-
portará diferente de acordo com a sociedade que está inserido.
Saberemos que os estilos estudados ao longo dos movimen-
tos históricos também vão influenciar nos processos do design,
como ele tem que ser pensado, a relação de materiais, cores, ti-
pos de produtos, forma da imagem e comunicação.
Por último, veremos o quanto nosso mundo, hoje, pensa e
desenvolve design relacionado à sustentabilidade e à ecologia, e
como nós, como profissionais, necesitamos cada dia mais de de-
senvolver o hábito e a reflexão, de não só tirar do mundo o que
precisamos, mas devolvermos de forma consciente, para que o
lugar em que habitamos não deixe de existir. Boa leitura!
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Materiais
Como exemplo, no caso da madeira, os autores
Os materiais, desde os primórdios da humanidade, argumentam que é um material natural cujas
fazem com que o homem consiga materializar os ar- fibras proporcionam uma textura de superfí-
tefatos para sua sobrevivência. Eles são responsáveis cie própria deste material, ela é tátil, percebida
por concretizar a ideia do designer. como mais quente em comparação com outros
materiais, e aparentemente mais macia, possui
cheiros característicos e desperta associações
Com a Revolução Industrial, ocorreram pro- com o artesanato. Assim, a madeira é um ma-
fundas transformações em âmbito cultural, terial bem conhecido, possui características
social e econômico, o que tornou acelerada a que podem estar associadas a significados atri-
multiplicidade de materiais disponíveis para buídos pelos usuários. Neste sentido, os auto-
a produção de produtos. Nesta época, houve res observam que estas características não são
o impulso do design devido à necessidade de apenas estéticas, mas sim, traços que definem
criação de produtos e o planejamento da pro- uma personalidade, que pode ser revelada pelo
dução com base no desenvolvimento em série designer (CALEGARI; OLIVEIRA, 2014, p.4).
(CALEGARI; OLIVEIRA, 2014, p. 3).

Para Beylerian e Dent (apud CALEGARI; OLIVEI- Esses significados carregados pelos materiais vão
RA, 2014), os materiais podem transformar o de- transmitir fundamentos da cultura, dos valores, da so-
sign, tendo força para transformar nossas vidas. ciedade, do estilo e dos princípios relacionados ao De-
É por meio dos materiais que conseguimos de- sign desse projeto. Além disso, esses materiais exercem
senvolver novas ideias, buscar inovação e aprimorar influência sobre a forma como o produto é desenvolvi-
o nosso desempenho. Calegari e Oliveira (2014) do. Calegari e Oliveira (2014, p. 4) enfatizam que:
afirmam que os materiais com
os quais os produtos são pro- o bom design é aquele que leva em consideração
o uso mais eficiente dos materiais, ou seja, de
duzidos portam significados
suas propriedades e da maneira como podem
perceptíveis para os usuá- ser conformados. Neste ponto, o designer pode
rios, assim, podem explorar as propriedades favoráveis de determi-
influenciar as suas nado material e corrigir as suas deficiências.
escolhas e preferên-
cias. O projeto de Para a seleção desses materiais no projeto de design,
design cria persona- temos uma infinidade de opções, devido aos avan-
lidade por meio dos ços da ciência e da tecnologia. As possibilidades de
materiais utilizados. combinações e escolha são inúmeras e cabe ao de-
signer uma pesquisa para a melhor escolha relacio-
Cadeira de acrílico nada ao seu produto.

78
DESIGN

Mercedes-Benz
Fashion Week Madrid

De acordo com Dias (2009 apud CALEGARI; OLI- As características desses materiais são relacionadas
VEIRA, 2013, p. 59), a seleção de materiais ocorre aos processos físicos, mecânicos e térmicos. E tam-
em distintas situações em uma empresa: bém às características estéticas e simbólicas percebi-
• Na criação de um produto, em que não há li- das por cada indivíduo ou sociedade, de acordo com
mitações sobre o material. o contexto histórico e social.
• Na criação de um novo produto para uma E relacionados a esses aspectos, Dias (2009 apud
empresa que já tenha um processo produtivo CALEGARI; OLIVEIRA, 2013) comenta que, se-
que pré-determina certos materiais.
gundo o perfil objetivo dos materiais, é necessário
• Modificações ou redesign de um produto vi-
analisar os aspectos gerais, como preço e densidade;
sando um melhor desempenho técnico.
técnicos e dos materiais; ambientais; sociais e eco-
• Alteração de materiais para a redução de
nômicos. E os perfis subjetivos, como estéticos que
custos.
são sentidos no projeto; práticos, relacionados ao
• Trabalhar sempre com materiais disponíveis
e com custos reduzidos, além de outras situa- uso; simbólicos, que são ligados a aspectos sociais,
ções. culturais e individuais; e outros, como os aspectos
pessoais do indivíduo, gênero, idade, experiência,
estilo de vida.

79
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Alguns tipos de materiais mais conhecidos e utiliza-


dos são classificados, segundo Farrelly (2014), como:
• Polímeros: materiais de ocorrência natural,
como a borracha, a goma-laca e a celulose,
além de materiais sintéticos ou semissintéti-
cos – como polipropileno, náillon e silicone.
• Metais: os metais representam 75% dos ele-
mentos da tabela periódica; por exemplo:
estanho, chumbo, alumínio, zinco, titânio,
mercúrio, ferro, cobre e cobalto.
Os elementos metálicos podem ser combina-
dos com materiais metálicos ou não metálicos,
como o carbono, a fim de criar ligas, tal como: o Pendente de metal. Fonte: Luminária… (online).

ferro quando é combinado com o carbono para


criar o aço, que é mais duro e tem resistência à
tração superior a do ferro puro.
• Madeira e outras fibras orgânicas: a madeira
e outros produtos naturais, como bambu, cor-
tiça, algodão, lã, seda, são materiais orgânicos,
fibrosos e compostos. Apresentam diversas
qualidades, inclusive resistência e rigidez, e
podem ser reciclados e renovados se suas fontes
forem corretamente geridas; além disso, têm
características que podem ser atraentes aos
nossos sentidos, como texturas e cores naturais.
• Cerâmica e vidro: a cerâmica é um material
não metálico que pode ser extrudado, trança-
do, moldado ou formado e queimado a altas
temperarutas. É resistentes à umidade e al-
tas temperaturas. O vidro tem sido utilizado
há milênios em objetos, joias, decorações e
vidraças. Mas recentemente os métodos de
sopramento e processamento do vidro têm
produzido uma variedade maior de produtos
e usos: vidro estrutural, vidro com isolante
térmico, concreto reforçado com fibra de vidro
e plástico reforçado com fibra de vidro.

Assim, conhecemos sobre as características princi-


pais dos materiais e sobre scomo devem ser estuda-
dos e aplicados nos projetos de design.

80
DESIGN

Cadeira de polipropileno.

81
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Tecnologia & Globalização


Desde a Revolução Industrial, a tecnologia começou Por isso, hoje, vivemos em um mundo conhecido
a ser desenvolvida e descoberta para trazer melho- como detentor de uma rede de alcance mundial, em
rias no dia a dia do homem. Desde máquinas para que por meio da internet podemos descobrir, co-
acelerar a produção nas fábricas, os meios de trans- nhecer e nos relacionar com todas as outras redes. E
porte, meios de comunicacão, eletrodomésticos, ele- mesmo a conectividade proporcionada pela internet
troeletrônicos, vestuário, alimentação, produtos de existindo há pouco tempo, nosso mundo não conse-
uso pessoal, decoração etc. Um processo digamos gue mais se imaginar sem ela.
que acelerado, que explodiu o design na vida do ho- Segundo Cardoso (2011), boa parte da história
mem dali em diante. do design passa pela configuração de redes.

82
DESIGN

Entre meados do século XIX e meados do sé- net, tornando muitas vezes as coisas insignificantes
culo XX, a maior parte das grandes cidades do
e passageiras.
mundo passou por uma transformação colossal
que constituiu na implantação ou reforma de
uma série de redes de utilidades – água, esgo- Ao mesmo tempo em que a popularização das
to, gás, eletricidade, telefonia – além de uma tecnologias digitais injetou, sem sombra de dú-
ampliação das redes de transportes urbanos e vida, uma grande dose de liberdade no exercício
interurbanos – rodovias, ferrovias, portos, ae- do design, pode-se argumentar que elas também
roportos (CARDOSO, 2011, p. 184). trouxeram no seu bojo novos limites para a ima-
ginação humana (CARDOSO, 2008, p. 242).
Foi um período de globalização e interação de muitas
regiões do mundo, afetando a economia, a indústria É claro que não é a tecnologia que tira a criatividade
e o comércio devido ao crescimento de população e e a capacidade de desenvolvimento do designer, po-
território. rém é necessário refletir sobre o limite da tecnologia
Esse processo de industrialização interliga todas es- em gerar soluções para os problemas e projetos, pois
sas redes e, segundo Cardoso (2011), as redes de co- esse despejar de informações sobre nós não pode li-
municação é que propiciaram essa ligação das redes mitar o que podemos fazer e nem nos deixar total-
e a aceleração desses processos. Podemos citar três mente dependentes do que ela pode proporcionar.
grandes redes da comunicação: a primeira, a rede
visual, que se tratava da sinalização de espaços; a se- O velho senso de mistério e de magia diante da
folha em branco, experiência fundadora nos rela-
gunda, a rede invisível, das telecomunicações, que
tos de tantos mestres do passado, definitivamente
surgiram a partir de 1820 com o telégrafo; por últi- não parece se traduzir com a mesma intensidade
mo, a mais antiga, que é a rede visual impressa, que para o espaço da tela apinhada de ícones e barras
abrange livros, revistas, jornais e cartazes. de ferramentas (CARDOSO, 2008, p. 242).
É muito fácil percebermos como nosso mundo
vive em um tempo no qual as transformações prati- REFLITA
camente correm à sua frente todos os dias. Podemos
citar vários exemplos, como aquele smartphone que “Talvez reste ao velho mundo material deixar
você comprou e mal acabou de pagar e já tem um de lado a sua incompatibilidade atávica e acom-
modelo mais avançado; ou o fato de você acessar no panhar essas transformações no mundo da
imaginação, o que não deve demorar, pois,
Google e digitar qualquer palavra e, em menos de dada a opção, um número impressionante de
1 segundo, encontrar milhares de informações rela- pessoas parece preferir os prazeres virtuais
cionadas a ela. da interatividade à imprevisibilidade das inte-
rações humanas”.
As informações, as imagens, os produtos e os ser-
viços chegam a nós, todos os dias, com velocidade Fonte: Cardoso (2008, p.238)

e em superabundância, principalmente pela inter-

83
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Costumamos subsumir na única palavra “globa-


E quando falamos do design participar da evolução lização” um imenso e emaranhado processo de
da tecnologia, devemos considerar que ele também unificação e consolidação de sistemas – comercial,
é parte da globalização. E essa globalização, para financeiro, jurídico; de normas técnicas, trans-
Bonsiepe (2011), possui diversas facetas, como a portes, comunicações; de costumes, aparências e
ideias –, o que é o fenômeno mais impactante do
tecnológica – que já vimos aqui –, a econômica – mundo moderno (CARDOSO, 2011, p. 24).
relacionada ao comércio e fluxos internacionais –,
a cultural – difundindo pelo mundo os valores e os Portanto, é um desafio a nossa profissão utilizar a
modelos de consumo – e a política – que recoloniza tecnologia como ferramenta sem que ela torne su-
“a periferia”, ou também conhecido como Terceiro perficial o processo criativo do designer, sua capa-
Mundo. cidade de solucionar problemas e se aprofundar nos
E essa globalização não é algo que aconteceu há pensamentos e ideias. É importante encontrar solu-
apenas 20 ou 30 anos. Cardoso (2011) diz que é uma ções que superem essa multiplicação de informações
transformação que vem se processando de modo a todo tempo e os efeitos da globalização, trazendo
gradativo há séculos, mas que só ficou aparente em como experiência enriquecedora e não anuladora do
tempos recentes, quando os dados começaram a ser conhecimento pessoal e do que o design é capaz de
cruzados. realizar com ou sem as ferramentas da tecnologia.

84
DESIGN

Estilo
Como um elemento de grande influência para um
projeto de design, temos o estilo. Com a grande va-
riedade que conhecemos hoje, devido aos fatores
históricos, tecnológicos e culturais, todo projeto de
design terá como embasamento um estilo predomi-
nante e, às vezes a mescla de mais de um deles.
As características desses estilos vão determinar
os fatores dos quais já vimos na unidade anterior so-
bre os elementos do design e também sobre o assun-
to que veremos na próxima unidade: os princípios
do design. As cores, formas, linhas, texturas e mate-
riais serão determinados a partir do estilo escolhido
para se projetar.
Vamos conhecer os principais estilos atribuídos
ao design, que podem ser vistos nas áreas de interio-
res, moda, gráfico e produto.

CLÁSSICO
Um estilo marcado por linhas elegantes e ricas, sem-
pre bem rebuscadas, baseadas na época da História
grega e romana.
Tratando-se de materiais, utiliza-se muita ma-
deira escura e mármore. Os tecidos podem ser escu-
ros ou bem claros, dependendo da combinação com
o restante.
O mobiliário sempre cheio de detalhes, linhas
curvas, com materiais escuros.
As cores mais utilizadas são bordeaux, azul-ma-
rinho e verde-esmeralda, dourados, prateados, cor
de ferrugem, branco e cor-de-rosa-bebê.
As peças de design são os cristais, porcelanas,
prata, latão, candelabros, espelhos e molduras or-
namentadas, lustres grandes e dotados de muitos
detalhes com pedras especiais, arranjos florais, can-

85
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

deeiros de parede e com abajures em seda. Objetos, materiais e meios disponíveis, cores sem muita mistu-
traços e texturas muitas vezes são repetitivos para ra, na maioria das vezes primárias, preto ou branco.
causar um efeito de harmonia e unidade. Busca-se desenvolver projetos que utilizem de tec-
nologias de produção, funcionamento e acabamento,
CONTEMPORÂNEO 2 desde que haja também um objetivo para o tal uso.

O design contemporâneo pode ser considerado MINIMALISTA 4

um reflexo da quantidade de informações com


Podemos dizer que a frase que define o minimalis-
que, através do auxílio da era digital, somos
bombardeados cada vez em maior número e mo é “less is more” (menos é mais). A simplicidade
diversidade. Acesso a informações de diferentes é tudo para transmitir a mensagem em um projeto.
culturas, do presente e do passado, processam- Sua principal influência é oriental, com perfil práti-
-se tanto nas mentes dos designers responsáveis co e atual. É um estilo de design baseado na tranqui-
por produtos advindos do design contemporâ-
lidade, uma fuga do caos de informações dos estilos
neo, quanto da massa consumista adepta a estes
mesmos produtos. (CÂNDIDO, 2008, p. 3) como clássico, rústico e retrô.
Com luz natural, linhas simples, branco, preto,
O estilo contemporâneo também vai trazer a impor- cinzento e alguns tons neutros, castanho, azul e ver-
tância da funcionalidade do design, qualidade além de. Formas geométricas e assimetrias. E materiais
da quantidade. Porém, com uma variedade de ideias como madeira, vidro, inox, cromado, espelho, pele,
para desenvolver o projeto, com liberdade de ex- mármore e granito.
pressão, pluralismo e simultaneidade nos materiais,
texturas e características do projeto. RETRÔ E VINTAGE 1

Podemos usar materiais e texturas artesanais,


ou antigas, como podemos utilizar o que há de mais Enquanto inúmeros produtos evoluem acom-
panhando estes fatores citados, alguns outros
novo em tecnologia – desde que exista um objetivo
acabam se perdendo no tempo, principalmente
e uma razão de usar aquele determinado material. por muitas vezes terem uso exclusivo por deter-
É feito de traços simples, angulares, superfícies minados tipos de usuários, cultura ou região. É
lisas, formas geométricas. Possui revestimentos nesta ocasião que se volta a intervenção do de-
como vidro, pedra, cimento, metal, aço, mármore, signer, em resgatar a usabilidade destes objetos,
incorporando inovação, criatividade e qualida-
madeira clara e escura e têxteis, como o cabedal, al-
de ao produto, relacionando assim o fator clássi-
cântara, vinil, corda, bouclé, flanela, lã, algodão, li- co ao moderno (ROHENKOHL, 2011, p. 147).
nho, seda, caxemira e juta.
O estilo retrô utiliza de características antigas, po-
MODERNO 3 rém, produzidas hoje em dia com materiais e tecno-
Funcionalismo é o sobrenome do estilo Moderno. logias dispostas a nós para confeccionar réplicas de
Todo projeto é pensado em sua utilidade, segurança peças e projetos antigos. Já o estilo vintage é a apro-
e durabilidade. As formas e linhas são sempre as mais priação de algo realmente antigo para agregar ob-
simples possíveis, sejam retas ou curvas. Utilização de jetos, texturas e materiais ao seu projeto moderno.

86
DESIGN

2 3

87
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Como exemplo, posso citar os famosos frigobars re- RÚSTICO


trô que temos hoje, com o design antigo, mas com O estilo rústico tem como principais características
tecnologia nova. Já o vintage seria você agregar a referência ao campo, à natureza, ao rural. Geral-
aquele terninho antigo da sua mãe à sua nova com- mente dando aquele ar de acabamento imperfeito,
posição de look. mas não mal-feito.
Enquanto o estilo vintage possui tons mais pas- Um estilo que transmite histórias de geração
téis, linhas e formas mais curvas e rebuscadas, pa- pra geração, memórias feitas em objetos, decoração,
péis de parede, lustres e arabescos o retrô possui co- roupas, um apelo emocional.
res mais vivas, texturas diferentes, colagens, adesivos Materiais como madeira, pedra, tecidos lisos e
e materiais mais escuros. claros, objetos antigos, luz amarela, branco sujo e to-
nalidades pastéis. Texturas florais, listradas, patchwork,
PROVENÇAL apresentando o algodão e a chita. Objetos em cobre, po-
O estilo conhecido pelos filmes românticos anti- tpourri, colheres de pau, velas, utilidades antigas, cerâ-
gos, vindos da França, em que as famílias tradicio- mica, livros, latas decorativas e ainda peças feitas à mão.
nais moravam em vilarejos próximos a campos e Esses são os principais estilos que podemos utilizar
montanhas. em nossos projetos de design, sejam eles de interiores,
A característica principal é a busca pela nobreza, moda, produto ou gráfico. O importante é realizar uma
por isso a grande quantidade de rebuscamento, linhas pesquisa e um estudo específico baseado no projeto
curvas, cores claras, madeira, papéis de parede, muito que será desenvolvido, no público ou cliente final e
tecido e objetos que remetem ao luxo tido como sen- qual o objetivo principal desse projeto, relacionando-o
do sustentado por um alto padrão de vida social. a todos os outros elementos que influenciam o design.

88
DESIGN

89
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Componentes Culturais
Pensar local para agir global foi o que o pioneiro, ja- mento conjunto estabelece uma sociedade (um mes-
ponês, da internet Izumi Alzu disse. Isso quer dizer mo espaço) que age em conjunto. Surge, aí, a cultura.
que o design para funcionar de forma globalizada
tem que, antes, funcionar no pequeno ambiente com Culturas são sistemas (de padrões de compor-
tamento socialmente transmitidos) que servem
suas influências culturais.
para adaptar as comunidades humanas aos seus
Todos nós somos indivíduos com identidade embasamentos biológicos. Esse modo de vida
única e nossa identidade interage de forma social, das comunidades inclui tecnologias e modos de
cultural, política, geográfica, econômica e outras organização econômica, padrões de estabele-
formas que nos permitem ser quem somos. A partir cimento, de agrupamento social e organização
política, crenças e práticas religiosas, e assim
dessa interação, nos relacionamos com outros indi-
por diante (LARAIA, 2009, p. 59).
víduos e o fato de estarmos em um mesmo espaço
faz com que algumas características desenvolvidas A partir do conceito cultura, vemos, hoje, que a glo-
passem a ser comuns entre eles. Esse desenvolvi- balização nos permite uma expansão e um fluxo de

90
DESIGN

conhecimento, ideias, valores e costumes de forma símbolo, tenha como exemplo a criação de casacos de
mais abrangente e rápida entre as sociedades. Porém, frio daqueles mais sofisticados, qual seria sua função
não significa que essa globalização quer generalizar nas áreas tropicais do nosso país? Mesmo sendo um
esses conceitos pessoais de cada sociedade. O interes- fator climático, você consegue entender essa analo-
sante é utilizar o fator da globalização e transmitir a gia? A função de um projeto de design é fazer com
forma como cada sociedade se desenvolve, mostran- que ele seja útil na sociedade em que ele está inserido.
do sua identidade para o outro, enriquecendo hábitos
Para além das etapas comuns a qualquer mo-
e conhecimentos e valorizando cada uma delas. delo metodológico convencional, a ação do
E é nesse ambiente de contextualização cultural designer deve considerar a reunião e análise da
do design, segundo Gutierrez (2011), que a remissão informação existente sobre a capacidade pro-
de valores, métodos de produção, materiais, estágio dutiva na região. Deve também realizar uma
interpretação da sociedade e dos seus hábitos
tecnológico e patrimônio podem contribuir para a
culturais com o intuito de encontrar um per-
diferenciação dos projetos. fil de consumidores. Com esta informação, o
Um designer, quando desenvolve um projeto, seja designer deve questionar-se sobre quais são
de interiores, de moda, gráfico ou de produto, tem que as possibilidades de inovação, decompondo
o problema nos seguintes aspectos: inovação
analisar o contexto que esse projeto será inserido; assim
através da tecnologia (técnicas e materiais à dis-
como quais são os hábitos, os costumes e os valores desta posição), inovação através do programa (usos e
sociedade, a rotina das pessoas que ali estão inseridas, costumes) ou inovação através da forma (lin-
como funcionaM as construções, qual o clima, a econo- guagem simbólica) (GUTIERREZ, 2011, p. 31).
mia, a política, pois tudo isso trabalha em conjunto na
cultura de uma sociedade e é de extrema importância Assim, quando um designer trabalhar a relacão entre
que um projeto de design pense na relação de todos eles. tradição e inovação, Gutierrez (2011) diz que seu pro-
Como inserir todo esse contexto em um projeto? jeto pode ser inovador e realista, baseado nas memó-
Pense nos 3 tópicos importantes quando for projetar: rias, cultura, tradição e patrimônio locais. Deixando
função, estética e símbolo. Por mais que seja mais fá- de ser apenas a produção de algo e transformando-se
cil pensar em cultura e já direcionar para estética e em um processo de diálogo entre pessoas e culturas.

SAIBA MAIS

Destacar a importância do método do projeto em design na criação de produtos capazes de expressar


a cultura dos lugares a que estão associados. O forte relacionamento que, às vezes, existe entre o ato
do projeto em design e a cultura do lugar pode ser entendido como uma oportunidade fundamental
no desenvolvimento de produtos, beneficiando quer o produto quer o contexto cultural de referência.
Leia o artigo “O Design como veiculador da cultura de um lugar”, de Ermanno Aparo e Liliana Soares,
no site: <http://www.educacaografica.inf.br/artigos/o-design-como-veiculador-da-cultura-de-um-lugar>
e saiba mais sobre a influência da cultura no Design.
Fonte: Aparo; Soares (2013, online).

91
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Sustentabilidade
& Ecologia
Para falarmos sobre sustentabilidade é importante
O ambiente artificial em que vivemos é fru-
sabermos do que se trata o termo: to de uma construção cultural, que determina
um “modo” de projetar, produzir, distribuir e
O conceito de sustentabilidade ambiental refe- consumir. Juntando-se a isso a globalização,
re-se às condições sistêmicas segundo as quais, que fomenta esta economia em escala mundial,
em nível regional e planetário, as atividades temos um quadro ambiental insustentável. É
humanas não devem interferir nos ciclos natu- preciso integrar o conceito de responsabilidade
rais em que se baseia tudo o que a resiliência ambiental e cidadania em nossas relações com
do planeta permite e, ao mesmo tempo, não os artefatos e com o ambiente artificial (PRU-
devem empobrecer seu capital natural, que será DÊNCIO et al., 2011, p. 2).
transmitido às gerações futuras (MANZINI et
al., 2005, p. 27 apud PRUDÊNCIO at al., 2011,
p. 6). A evolução industrial e do homem, em se tratando
de sociedade, cresceu rapidamente. Modificou a vida
Esse é um tema discutido em tantas áreas hoje em dia das pessoas, transformou o consumo em algo mais
e, mais do que nunca, deve ser refletido em nós como do que necessário, só que se esqueceu que a fonte
profissionais do design, afinal, nossa matéria-prima material inicial para esses processos não evoluiu em
de criação vem do nosso meio ambiente,e sabemos conjunto, talvez porque o progresso moral e ético do
que a forma como nosso mundo tem se comportado homem não acompanhou essas drásticas mudanças,
em relação ao seu habitat natural não contribui para então, não se preocupou com as grandes perdas que
um futuro com boa qualidade de vida. o meio ambiente começou a sofrer.

92
DESIGN

A relação da sociedade com natureza vem


se alterando aos poucos, infelizmente não desse projeto, já desenvolve maneiras para que esse
porque foi criada uma consciência ambien- produto funcione de forma sustentável. Por últi-
tal, mas sim porque constatou-se que se não mo, pensa em que forma esse produto, ao não ter
houver uma mudança de consumo os recur- mais sua função inicial, ainda tenha potencial para
sos naturais se esgotariam, e isso seria inviá-
vel para a existência humana, causando assim
de alguma maneira ser reutilizado e reaproveita-
implicações econômicas mundiais catastrófi- do, trazendo o mínimo de malefícios possíveis ao
cas (BOBBIO, 2000, apud PRUDÊNCIO et al., meio ambiente.
2011, p. 5). Desse modo, o design atua de maneira participa-
tiva em sua concepção de projeto e de trasmissão de
A questão ambiental hoje carrega problemas como valores sustentáveis para a sociedade. Desde a utili-
mudanças climáticas, diminuição de recursos da zação dos materiais, do processo de desenvolvimen-
biodiversidade, escassez de água, crescimento po- to e execução, do funcionamento, da manutenção e
pulacional e urbano, aquecimento global e descarte do descarte ou reaproveitamento.
errado do lixo. E será que precisaremos ficar sem o
essencial para darmos valor?
É claro que nós designers não conseguimos gerar
mudanças sozinhos, pois existe toda uma sociedade
relacionada a lideranças, políticas e economias que
devem refletir e agir sobre o mesmo assunto.
Mas nossa profissão também tem um papel de
extrema importância ao realizar processos e solu-
ções de projeto que transmitam valores e resoluções
sutentáveis, para, de certa forma, influenciar o con-
sumo e a maneira como as pessoas se comportarão
na sociedade.

Cabe ao designer pensar cada vez mais em ter-


mos do ciclo de vida do objeto projetado, ge-
rando soluções que otimizem três fatores: 1)
uso de materiais não poluentes e de baixo con-
sumo de energia; 2) eficiência de operação e fa-
cilidade de manutenção do produto; 3) poten-
cial de reutilização e reciclagem após o descarte
(CARDOSO, 2008, p.248).

Isto é, o designer, no primeiro fator, projeta com


materiais baseados na sustentabilidade. E a partir

93
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade. Nesta, conversamos


e conhecemos mais sobre elementos que influenciam os processos do design.
Vimos que, além dos elementos básicos e dos princípios teóricos, existem ele-
mentos externos que fazem parte dos processos que a nossa profissão desenvolve
e que, como profissionais, devemos estar atentos e nos preocupando com esses
elementos.
Os materiais são aqueles que darão forma e concretizarão nossas ideias, então
,devemos conhecer como eles reagem e são produzidos, de onde eles vêm e como
devem ser pensados em nossos projetos.
Os efeitos da tecnologia e da globalização não podem ser deixados de lado,
pois suas influências são de grande importância para o design. Precisamos estar
atentos às mudanças desses elementos, conhecer o que surge de novo, refletindo
sobre o que de bom pode ser absorvido e sobre o que precisamos tomar cuidado
para que esses efeitos não prejudiquem os projetos em nosso universo profissio-
nal.
Os estilos e os componentes culturais sempre farão parte do nosso modo de
pensar design, afinal, temos que lembrar que nossos projetos não são só criações
materiais, são ideias que estabelecem conexão e relação humana – então, a histó-
ria não pode ser deixada de lado quando vamos criar.
Por último, a sustentabilidade, que é pensar, em uma perspectiva macro, no
ambiente em que vivemos e na importância de darmos valor a tudo que temos
para não perdermos qualidade de vida e matéria-prima, não só para criar design,
mas para sobrevivermos.
Espero que tenha gostado e que você, como profissional, se dedique e valorize
esses elementos em sua profissão.

94
LEITURA
COMPLEMENTAR

Entre arte e indústria: o artesanato em suas articulações com o design


Design, artesanato e sustentabilidade

Os debates teóricos que abordam as relações entre de- ção pelos quais ele se materializa. Vários posicionamen-
sign e artesanato suscitam grandes controvérsias, envol- tos intermediários – Maldonado (1993), Dorfles (1991)
vendo também questionamentos referentes às articula- ou Dormer (1993), entre outros – propõem nuances em
ções com a arte e com a indústria. Esta discussão é de uma compreensão que procura absorver os reflexos de
grande relevância para o provimento de uma base sólida perspectivas surgidas em diferentes contextos. O design
na aplicação de políticas públicas visando ao desenvolvi- é central para a inovação, que tem sido colocada como a
mento sustentável, uma vez que diz respeito ao acesso base de um novo ciclo de desenvolvimento, estruturado
à qualidade de vida e à equidade. A polêmica que existe a partir da criatividade e do conhecimento. Desta forma,
em torno das relações entre design e artesanato parte dentro de setores cuja essência muitas vezes é tradicio-
da própria indefinição do que seja design, e do contexto nal, as relações entre a produção artesanal e design ad-
interdisciplinar em que as intervenções se inserem. Fla- quirem relevância, fazendo com que sua compreensão
mand (2006, p. 112) fala da tentativa de: “(...) identificar seja fundamental para a articulação de metodologias co-
os contornos de um domínio que é indisciplinado por erentes com os processos sociais e tecnológicos. Neste
natureza” e esta indefinição – ou abrangência – está li- artigo, analisamos alguns pontos dos debates teóricos
gada ao fato de que design não é unicamente forma, e existentes, buscando um direcionamento que possa ser
a forma não é unicamente um atributo físico: ela inclui construtivo para a estruturação de um design brasileiro
um conceito em que estão implícitos valores, tradições, compatível com tendências sociais emergentes. Desen-
ideias, condições materiais. Ela é depositária de histo- volvimento sustentável e políticas de design, o discurso
ricidade, de pensamento ou de imaginação humana e, da sustentabilidade nasceu das preocupações de gru-
enquanto está contida no espaço em que se reproduz, pos ambientalistas com o impacto da economia sobre
seu sentido evolui ao longo do tempo. Assim, os víncu- o meio ambiente.
los que o design estabelece com o artesanato, a arte, a [...]
indústria e o mercado podem ser explicitados através de As relações do design com a indústria e com a arte fa-
enfoques que se situam entre dois extremos opostos. zem parte do debate ampliado que está sendo instituí-
Alguns autores – tais como JollantKneebone (2003) – se do e as diferentes visões definem as possibilidades de
atêm ao campo industrial e não entendem o artesanato intervenção institucional no sentido de contribuir para
como resultado de processos de design; outros – Branzi mudanças materiais que permitam a reconstrução do
(2003), por exemplo – consideram o design como uma tema da sustentabilidade. O design está no âmago dos
forma de concepção, independente dos meios de produ- sistemas de inovação que promovem a competitividade

95
LEITURA
COMPLEMENTAR

e, no Brasil, tem sido colocado em pauta pelo governo para a elaboração e aplicação de políticas públicas e
como parte da agenda de desenvolvimento regional: metodologias. Assim, dentro de um contexto que admite
gradativamente ele tem passado a integrar o planeja- a relevância do artesanato tanto do ponto de vista
mento das empresas e a tornar-se objeto de esforços do mercado, quanto da cultura, o design abre novas
coordenados na nova geração de políticas públicas. En- perspectivas para países e regiões ainda não industria-
tre as ações institucionais neste sentido está a criação lizados. As políticas de design podem – e devem – estar
do Programa Brasileiro de Design, lançado em 1995, associadas a outros tipos de políticas para que haja uma
que se propõe a articular o conjunto de ações do gover- articulação efetiva e funcional de esforços; a percepção
no em apoio às iniciativas do setor privado, com vistas do potencial do design em situações nas quais prevalece
ao fortalecimento do design brasileiro (AMARAL, 2002). uma produção artesanal é fundamental para a aplicação
Outros direcionamentos, como os dados pelos planos de metodologias coerentes com o tecido social de cada
plurianuais do governo federal, integraram o planeja- região, proporcionando evoluções gradativas e evitando
mento regional e o federal, e propuseram uma nova rupturas bruscas tais como as resultantes de processos
cultura gerencial, ampliando a atuação de instituições de industrialização que promovem o crescimento em
tais como o SEBRAE e o SENAI. O design passou então a detrimento do desenvolvimento. A possibilidade de pro-
ser estimulado dentro de um contexto de apoio à base jetar pequenas séries diferenciadas para produção em
regional de desenvolvimento em conformidade com os ambientes tradicionais viabiliza, portanto, uma forma de
valores sócio-regionais, ligado a mecanismos tais como design que interpreta a cultura contemporânea e local,
o fortalecimento de aglomerações produtivas. É dentro partindo do contexto produtivo artesanal para dotá-lo
deste contexto que as relações entre design e artesana- de estratégia e método; o artesanato poderá, assim, tor-
to adquirem relevância. nar-se competitivo no âmbito do mercado e contribuir
[...] para a busca do desenvolvimento sustentável.
Os embates teóricos sobre as relações entre de-
sign e artesanato têm 95 implicações importantes Fonte: Castro (2009, p. 89)

96
atividades de estudo

1. Com a Revolução Industrial, ocorreram profundas transformações em âmbito


cultural, social e econômico, o que tornou acelerada a multiplicidade de materiais
disponíveis para a produção de produtos. Nessa época, houve o impulso do design
devido à necessidade de criação de produtos e o planejamento da produção com
base no desenvolvimento em série (CALEGARI, 2014, p. 3).
Ao se tratar de design cria personalidade através dos materiais utilizados.
Descreva o perfil objetivo dos materiais para escolhê-los em um projeto.

2. Se tratando dos perfis subjetivos dos materiais, podemos afirmar que estão corretas
as assertivas:
I. Sociais: aspectos sociais decorrentes da extração de recursos e manufatura.
II. Técnicos: comportamento físico, mecânico, térmico, elétrico e processo de fabrica-
ção. Estéticos: esses atributos estão relacionados com a impressão estética que é
sentida sobre um objeto por meio dos sentidos, assim, forma, figura, sensações de
tato, textura dos materiais, peso, transparência, brilho e cheiro são atributos que são
traduzidos pela dimensão estética.
III. Econômicos: custos de ciclo de vida dos materiais aplicados ao produto. Práticos: são
os atributos que relacionam-se diretamente com uso, manuseio e experiência dos
usuários com os objetos, desse modo, os atributos como usabilidade, ergonomia,
conforto, segurança, limpeza e higiene, saúde, qualidade, desempenho, confiabilida-
de e resistência fazem parte da dimensão prática e de uso dos materiais.
IV. Simbólicos: esses atributos estão relacionados com aspectos psíquicos e sociais, que
são sujeitos à variações culturais e sociais, à experiência do indivíduo, às diferenças
individuais e dos valores de cada um e da coletividade, com isso, a dimensão simbóli-
ca dos materiais pode ser revelada em atributos como: identidade, memória, cultura,
natural e artificial, autêntico e imitações, artesanal e industrial, valores, estilos de
design e associações.
a. I e II.
b. II, III e IV.
c. II e III.
d. Somente IV.
e. Nenhuma das alternativas.

3. As informações, as imagens, os produtos e os serviços chegam a nós todos os dias


com velocidade e em superabundância, principalmente pela internet, tornando mui-
tas vezes as coisas insignificantes e passageiras. Descreva, com suas palavras, como
a internet pode influenciar na profissão do designer.

97
atividades de estudo

4. Dentre os estilos estudados, quais são aqueles considerados estilos mais atuais em
nosso mercado de atuação do design:
a. Contemporâneo e Retrô.
b. Minimalista e Provençal.
c. Moderno e Clássico.
d. Provençal e Rústico.
e. Moderno e Rústico.

5. Diferencie a principal característica que especifica a diferença entre os estilos Retrô


e Vintage.

6. A influência da cultura é muito forte em qualquer projeto de design, porque se inter-


-relaciona com a sociedade em que o design se insere. Descreva, com suas palavras,
o que é cultura.

7. Segundo Cardoso (2008), qual a afirmativa que melhor explica sobre fatores que
pensam no ciclo de vida do objeto projetado, para que a sustentabilidade seja valo-
rizada nesses projetos?
a. Potencial de reutilização e reciclagem antes do descarte.
b. Uso de materiais não poluentes e de baixo consumo de energia.
c. Eficiência de operação.
d. Manutenção regular do produto.

98
material complementar

Coleção Folha Design de Interiores


Editora Folha
Editora: Folha

Sinopse: Em 20 volumes, a Coleção Folha Design de Interiores traz o melhor da decoração


internacional, organizada por diferentes estilos – do clássico ao moderno, do ecológico ao
high tech, do minimalista ao rústico, do pop ao vintage...
A coleção apresenta uma exclusiva seleção com curadoria dos maiores experts do setor, in-
cluindo arquitetos e designers brasileiros.
Uma irresistível fonte de inspiração para o leitor soltar a criatividade, por meio de belíssimas
fotografias que detalham projetos e as tendências de decoração em diferentes ambientes.
Quais são os livros?

• Moderno • Ecológico • Surrealista


• Clássico • Minimalista • Colonial
• Contemporâneo • Urbano • Étnico
• Toscano • Provençal • Rústico
• Pop • Oriental • Asiático
• Vintage • Campestre • Nórdico
• Mediterrâneo • High-Tech

Coleção Folha Moda


Editora Folha
Editora: Folha

Sinopse: Organizada em 25 livros, a Coleção Folha Moda de A a Z apresenta uma seleção dos
principais estilistas e grifes, partindo dos patriarcas da moda, como Charles Worth e Paul Poi-
ret, aos ídolos de diversas décadas. De Coco Chanel (musa dos anos 1920 e 1930, cujo legado
permanece vivo ainda hoje) e Yves Saint Laurent (teve seu auge nos anos 1970, mas produziu
uma obra de estilo grandioso e atemporal), a Alexander McQueen (gênio da geração 1990
que morreu prematuramente) e Miuccia Prada (um dos nomes mais criativos e importantes
da criação de moda atualmente).

A coleção também traz informações sobre estilistas brasileiros. Apesar de muito mais recente
do que o mercado europeu, o mundo do design de moda local vem criando seus expoentes
desde a década de 1960, de Dener a Alexandre Herchcovitch, de Lenny Niemeyer a Francisco
Costa, atual diretor de criação da Calvin Klein, dentre outros.

99
material complementar

Os livros também contemplam, tanto no âmbito brasileiro quanto no internacional, marcas


que foram fenômeno importante em determinado momento e outras que mantiveram seu
status de grandes clássicos da moda mesmo passando pelas mãos de diversos designers.

A coleção inclui ainda definições dos principais movimentos de estilo da história, da moda
dos punks e moda aos hipsters e um glossário de tecidos, com especificações técnicas e des-
crições. Toda a edição é ilustrada com uma seleção de imagens das principais criações dos
designers apresentados. A edição conta com curadoria e textos da jornalista e analista de
moda Vivian Whiteman em parceria com um time de redatores e editores italianos.

Disponível em: <http://colecaomoda.folha.com.br/>.

Design para um mundo complexo.


Rafael Cardoso
Editora: Cosac Naify

Sinopse: Neste livro, Rafael Cardoso busca atualizar a discussão em torno do papel do de-
sign na sociedade, revendo noções básicas como forma, função e significado, demonstrando
como a relação com as coisas pode ser definida pela mutabilidade. Ao enfrentar os dilemas
colocados pela contemporaneidade, este livro tem por objetivo ser uma ferramenta teórica,
elaborada de maneira clara tanto ao leigo quanto ao estudioso.

Design, Cultura e Sociedade


Gui Bonsiepe
Editora: Blucher

Sinopse: Este livro de Gui Bonsiepe apresenta uma inquietante análise sobre a evolução do
design ao longo do século XX, registrando seus principais sucessos e descaminhos. De um
lado, relata o desenvolvimento do design, delineado pelas várias políticas econômicas e so-
ciais. De outro, mostra a vacilante trajetória diante do despreparo, acomodação e oportunis-
mo dos seus principais protagonistas. Mas não se limita a analisar e criticar, pois apresenta
sugestões sobre os caminhos possíveis no futuro.

O autor tornou-se referência mundial na análise das diferenças políticas e econômicas entre
o Centro e a Periferia, com seus inevitáveis reflexos na área de design.

100
referências

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fica, Bauru, SP, v. 17, n. 2, p. 26-33, 2013. Disponível em: <http://www.educacaografica.inf.
br/artigos/o-design-como-veiculador-da-cultura-de-um-lugar>. Acesso em: 5 fev. 2016.

BONSIEPE, G. Design, Cultura e Sociedade. São Paulo: Blusher, 2011.

CADEIRA polipropileno coral. RS designe: móveis para escritório, Santo André, São Pau-
lo. Disponível em: <http://www.rsdesign.com.br/cadeiras-para-escritorio/cadeira-polipro-
pileno/cadeira-polipropileno-coral/>. Acesso em: 24 jan. 2016.

CÂNDIDO, M. O Design contemporâneo presente nas estampas de camisetas da Galeria


do Rock. Design, arte e tecnologia. São Paulo: Rosari, Universidade Anhembi Morumbi,
PUC-Rio, Unesp-Bauru, p. 1- 16, 2008. Disponível em: <http://portal.anhembi.br/sbds/
pdf/11.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2016.

CALEGARI, E. P.; OLIVEIRA, B. F. de. Aspectos que influenciam a seleção de materiais no


processo de design. Arcos Design, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 1-19, jun. 2014. Disponível
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Acesso em: 3 fev. 2016.

______. Um estudo focado na relação entre design e materiais. Projetica, Londrina, v. 4,


n. 1, p. 49-64, 2013. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/
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CARDOSO, R. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

______. Uma introdução à história do design. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edgard Blü-
cher, 2010.

CASTRO, M. L. A. C. Entre arte e indústria: o artesanato em suas articulações com o design.


Revista espaço acadêmico, ano IX, n. 102, p. 89-96, nov. 2009. Disponível em: <http://ojs.uem.
br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/7356/4809>. Acesso em: 27 jan. 2016.

DORMER, P. Os significados do design moderno, a caminho do século XXI. Portugal:


Centro Português de Design, 1995.

FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais no design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.

FEIJÓ, L. C. de L. Reflexões sobre Identidade, Design e Arquitetura de Interiores na Pós-


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101
referências

GUTIERREZ, M. J. R. Design e herança cultural: “pensar local” para “agir global”. 2011.
93 f. Dissertação (Mestrado em Design de Produto)–Faculdade de Arquitectura, Universi-
dade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2011. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/han-
dle/10400.5/3303>. Acesso em: 3 fev. 2016.

LARAIA, R. Cultura, Um conceito Antropológico. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2009.

LUMINÁRIA pendente fun metal pendent. Arkpad, São Paulo. Disponível em: <http://
www.arkpad.com.br/luminaria-pendente-fun-metal-pendent>. Acesso em: 27 jan. 2016.

PRUDÊNCIO, A. V.; MAZZARINO, J. M.; LAROQUE, L. F. da S. A temática ambiental


no ensino do Design. In: CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN, 1. 2011, Bento Gonçal-
ves, RS. Anais eletrônicos… Bento Gonçalves: [s.n.], 2011. Disponível em: <http://www.
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ROHENKOHL, R. A. S. Design retrô: um desafio da contemporaneidade em reconhe-


cimento ao passado. Unoesc & Ciência: ACSA, Joaçaba, v. 2, n. 2, p. 147-153, jul./dez.
2011. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/view/1085/
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VITOR. Ideias para criar uma decoração rústica. I-decoração, 4 jan. 2015. Disponível em:
<http://www.i-decoracao.com/decoracao-rustica/ideias-para-criar-uma-decoracao-rusti-
ca>. Acesso em: 27 jan. 2016.

102
gabarito

UNIDADE III
1. Resposta:
• Gerais: preço e densidade.
• Técnicos: comportamento físico, mecânico, térmico, elétrico e processo de fabri-
cação.
• Ambientais: legalidade, disponibilidade, uso de recursos naturais, impactos da ex-
tração de recursos, conteúdo energético, conteúdo de material reaproveitado, uso
de materiais locais, uso de materiais renováveis, resíduos e emissões, potencial de
reaproveitamento e qualidade do ambiente de uso dos materiais.
• Sociais: aspectos sociais decorrentes da extração de recursos e manufatura.
• Econômicos: custos de ciclo de vida dos materiais aplicados ao produto.

2. D.

3. Importante comentar sobre pesquisas, tecnologias, compartilhar e adquirir informa-


ções.

4. A.

5. O estilo retrô utiliza características antigas, porém produzidas hoje em dia, com ma-
teriais e tecnologias dispostas a nós para produzir réplicas de peças e projetos anti-
gos. Já o estilo vintage é se apropriar de algo realmente antigo para agregar ao seu
projeto atual.

6. Culturas são sistemas que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus
embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades inclui tecnologias
e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento
social e organização política, crenças e práticas religiosas e assim por diante.

7. B.

103
MOVIMENTOS
PRINCÍPIOS DO DESIGN
IMPORTANTES DO DESIGN

Prof.ª Vanessa
Professora Me.Barbosa
Clauciane
dos
Pereira
Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Equilíbrio
• Contraste e harmonia
• Repetição e ritmo
• Gradação
• Radiação
• Ênfase ou focos visuais
• Unidade

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os princípios do design.
• Compreender a aplicação dos princípios do design.
• Entender a importância da aplicação desses princípios (individualmente ou em
conjunto) para a construção de composições visuais e espaciais.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à quarta unidade do nosso ma-


terial didático. Nesta, você conhecerá os princípios do design, que cons-
tituem o alicerce para a composição de seus projetos. A composição diz
respeito à estrutura visual e à organização dos elementos no espaço para
formar um todo coerente e harmonioso.
Uma boa composição é um fator essencial em todas as formas de arte.
Ao longo da história das artes visuais, foram propostas diversas teorias
a respeito. A maioria das teorias contemporâneas aceitam os seguintes
princípios como sendo importantes para a composição: equilíbrio, repe-
tição e ritmo, contraste e harmonia, unidade e ênfase. São esses, acresci-
dos da gradação e da radiação, os princípios que veremos um a um em
seguida.
Nesta unidade, vou lhe apresentar o princípio do equilíbrio, funda-
mental para a distribuição dos elementos de uma composição. Também,
abordaremos o contraste e a harmonia, o primeiro menos óbvio e de-
safiador, o segundo mais estável e simples. Vamos perceber a conexão
existente entre os princípios da repetição e do ritmo. Veremos, também,
o quanto os princípios da gradação e da radiação estão intrinsecamente
relacionados à repetição. Já nos encaminhando para o desfecho da unida-
de, descobriremos como a ênfase é necessária a todas as composições e,
por último, que a unidade é criada quando nos preocupamos em pensar
as partes com o objetivo de construir um todo coerente.
Por vezes, enquanto criamos uma composição, encontraremos pro-
blemas em relação à distribuição dos elementos. O designer é responsável
pela definição de soluções e esses resultados determinam o objetivo e o
significado do que é percebido pelo observador. Para obter um resultado
compositivo satisfatório, é preciso conhecer cada um desses princípios,
para adequá-los à situação de projeto e às expectativas das pessoas.
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Equilíbrio
Lembro-me de que, quando criança, uma das O mesmo se aplica ao design, nele, o equilíbrio
brincadeiras que fazia com minhas amigas era me tem o objetivo de dispor, de forma equivalente ou
equilibrar sobre os muros das quadras do colégio proporcional, as partes que compõem o todo no
onde estudava. Normalmente, abria os braços com espaço, assim, o equilíbrio acontece quando o peso
a intenção de distribuir o peso do meu corpo e, visual de um objeto neutraliza o de outro objeto. O
assim, conseguia alternar continuamente meu peso equilíbrio pode ser criado tanto entre objetos seme-
enquanto caminhava sobre aquela superfície tão lhantes ou iguais, mas em posições diferentes, quan-
estreita. to entre objetos diferentes.

108
DESIGN

Quando os elementos de uma composição são dis-


postos de forma idêntica em ambos os lados de um
eixo ou ponto central, temos uma composição simé-
trica e, consequentemente, uma composição equili-
brada ou, ainda, um equilíbrio simétrico. Em con-
trapartida, elementos diferentes dispostos de forma
desigual geram uma composição assimétrica, mas
não necessariamente desequilibrada.
O equilíbrio assimétrico pode ser alcançado por
meio da utilização de elementos contrastantes. Por
exemplo, um objeto pequeno em oposição a outro
grande (contraste de tamanho), uma textura neutra
e simples contrapondo uma mais elaborada e rica Vestidos Assimétricos

em elementos (contraste de texturas), uma cor vi-


brante associada a um tom neutro ou uma dupla de
cores complementares como amarelo e azul viole-
ta (contraste de cores), linhas sinuosas e femininas
combinadas a linhas retas e masculinas (contraste de
forma), dentre outros.
Para Lupton et al (2008, p.29), “é como arranjar
os móveis numa sala: movemos os componentes até
que o equilíbrio da forma e do espaço pareça corre-
to. Os objetos grandes são um contraponto aos pe-
quenos; objetos escuros aos claros”.

Simetria no projeto de interiores Figura 1: Equilíbrio


Fonte: Oliveira (online).

109
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Roda gigante em que os assentos são fixados de forma equidistante Mandala formada por vários e diferentes anéis

Existe, ainda, a possibilidade de aplicação do que Para Gomes Filho (2004), uma composição desequi-
chamamos equilíbrio radial, sua principal caracte- librada parece acidental, transitória e instável. Essa
rística é o movimento circular ao redor do ponto instabilidade pode ser aplicada como uma técnica
central da composição (em direção ao centro ou a compositiva para provocar, inquietar, surpreender
partir dele), como numa mandala formada por vá- ou chamar a atenção do observador.
rios e diferentes anéis ou numa roda gigante em que
os assentos são fixados de forma equidistante e na SAIBA MAIS
extremidade da circunferência.
De maneira geral, a simetria resulta numa com- O que é composição?
posição
“Composição refere-se à estrutura visual e
organização dos elementos dentro de um
mais calma e tranquila, enquanto algo mais design. Isso diz respeito ao processo de com-
dinâmico pode ser alcançado se os elementos binar diferentes partes ou elementos para
forem organizados assimetricamente. A sime- formar um todo. A composição envolve ver
tria tende ao equilíbrio e à falta de movimento, o todo como mais do que a soma de suas
enquanto a assimetria dá movimento e tensão partes e é tão importante para o resultado
espacial ao design (DABNER et al., 2014, p. 38). final quanto os elementos individuais que
compõem um design”.

Quando não se estabelece o equilíbrio, seja ele simé- Fonte: Dabner et al (2014, p. 32).

trico ou assimétrico, o resultado é o desequilíbrio.

110
DESIGN

Contraste e Harmonia
Você já ouviu a música “Certas Coisas”? Ela foi com- incertezas e quebra a monotonia. Para Jones (2011),
posta por Nelson Motta e Lulu Santos que também é um dos princípios mais úteis e faz com que o olhar
interpreta a canção, que diz o seguinte: “Não existi- reavalie a importância de uma área focal em relação
ria som se não houvesse o silêncio. Não haveria luz a outra. O contraste é um tipo de comparação na
se não fosse a escuridão. A vida é mesmo assim, dia qual as diferenças se tornam claras, conforme des-
e noite, não e sim”. As diferenças são parte do nosso creve Wong (1998, p. 105):
dia a dia: o calor e o frio, o doce e o amargo, o pobre
e o rico, o alto e o baixo. Duas formas podem ser consideradas simila-
res em determinados aspectos e diferentes em
A oposição ou diferença perceptível ao nosso redor
outros. Suas diferenças se tornam enfatizadas
desequilibra, choca, estimula e atrai nossa atenção, quando ocorre contraste. Uma forma pode
esse é o objetivo da aplicação do contraste entre os não parecer grande quando é vista isolada, mas
elementos de uma composição, ele permite ressaltar pode parecer imensa comparada com formas
o peso visual de um ou mais elementos, elimina as minúsculas próximas a ela.

111
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

A ausência ou não da luz citadas na música de Lulu O designer deve administrar suas
Santos é a chave da força visual e da importância do intenções de modo que não
significado do contraste, já que somos todos cegos vacile na escolha entre a
em circunstâncias onde a escuridão predomina. harmonia e o contraste para
Ainda que haja luz, o funcionamento da visão é mais conduzir o processo de
eficiente quando os padrões que observamos se tor- concepção de uma com-
nam visualmente mais claros por meio do contraste. posição, de maneira que
O contraste pode ser aplicado a todos os elemen- o efeito produzido não
tos básicos de uma composição, como linha, forma, seja ambíguo e, portan-
direção, tamanho, textura, cor, proporção e escala. O to, insatisfatório e decep-
contraste ocorre todo o tempo. cionante para o público.
Por sua natureza desleixada e
Há contraste quando uma forma é circundada inferior, a ambiguidade é con-
por espaço vazio. Há contraste quando uma
siderada um efeito compositivo
linha reta encontra uma curva. Há contraste
quando uma forma é muito maior que outra. indesejável. Dondis (1997, p.
Há contraste quando as direções verticais e ho- 117) frisa que “a monoto-
rizontais coexistem (WONG, 1998, p. 105). nia representa para o de-
sign uma ameaça tão grande
quanto em qualquer outra esfe-
ra da arte e da comunicação”.
O contraste busca uma organização que tem
como meta a criação de um efeito intenso, não ape-
nas por meio da justaposição de elementos diferen-
tes, mas também pela exclusão daquilo que é desne-
cessário e, por esse motivo, acentua e realça o que é
essencial. Para Dondis (1997, p. 108), no processo
de estruturação de uma composição, “o contraste é
uma força vital para a criação de um todo coerente.
Em todas as artes, o contraste é um poderoso instru-
mento de expressão”.
Enquanto o contraste tem intenções menos ób-
vias e mais intensas, a harmonia é ordenada, simé-
trica e simples. O organismo humano parece buscar
a harmonia, a organização de toda a espécie de es-
Figura 2: Contraste tímulos em totalidades racionais, reduzir a tensão,
Fonte: Oliveira (online). explicar, resolver conflitos.

112
DESIGN

De acordo com Dondis (1997, p. 117), niosos. O estilo grego é associado à harmonia e ao
equilíbrio completos e à estabilidade total.
a harmonia é um método útil e quase infalível
para a solução de problemas compositivos [...]. SAIBA MAIS
As regras a serem observadas são extremamen-
te simples e claras, e, se forem seguidas com
rigor, sem dúvida os resultados obtidos serão Regularidade x irregularidade
atraentes. Simplesmente não há como equivo-
“A regularidade no design constitui o favore-
car-se.
cimento da uniformidade dos elementos, e
o desenvolvimento de uma ordem baseada
em algum princípio ou método constante e
A harmonia diz respeito à disposição formal bastan-
invariável. Seu oposto é a irregularidade, que,
te organizada do todo ou entre as partes de um todo, enquanto estratégia de design, enfatiza o ines-
nela, predominam os fatores de equilíbrio simétrico, perado e o insólito, sem ajustar-se a nenhum
plano decifrável”.
de ordem, alinhamento e de regularidade visual. As
construções gregas, como o Partenon, são um exem- Fonte: Dondis (1997, p. 143).

plo da busca absoluta e lógica de resultados harmo-

113
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Padrão de tecidos, como exemplo de repetição

Repetição e Ritmo
Como um bom estudante de design, é provável que drian no design contemporâneo assumiu muitas
você conheça as obras de Mondrian e, portanto, sai- formas”, dentre elas, o princípio da repetição, como
ba que muitas de suas pinturas são compostas por artifício capaz de garantir coerência, unidade e rit-
linhas ortogonais que definem espaços retangulares mo a uma composição.
ou quadrados de diferentes tamanhos que podem ou Para Leborg (2015, p. 40), a repetição acontece
não ser preenchidos com as cores primárias: azul, “quando diversos objetos com uma mesma caracterís-
vermelho e amarelo. tica são dispostos em uma composição”, mesmo que
Empregando a repetição das formas e das cores, outras características desse objeto sejam diferentes.
Mondrian promove um estilo bastante particular Dessa maneira, a forma pode ser a mesma, mas as co-
que faz com que suas obras sejam facilmente re- res e os tamanhos não precisam ser iguais. Em outros
conhecidas pela criação de estruturas geométricas. casos, a direção pode se repetir, enquanto a textura
Para Hurlburt (2002, p. 60), “a influência de Mon- dos elementos que fazem parte da composição muda.

114
DESIGN

Figura 3: Broadway Boogie Woogie de Mondrian Colunas e janelas na Arquitetura


Fonte: Broadway... (online).

Pés em uma peça de mobiliário Ladrilhos no piso

115
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

SAIBA MAIS

Design de superfície

Design de superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação
e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas
especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao
contexto sócio-cultural e às diferentes necessidades e processos produtivos.

Fonte: Rüthschilling (2008, p. 23).

Assim, forma, tamanho, cor, direção e textura, indi-


vidualmente ou em conjunto, podem ser repetidos
em um projeto de design, provocando, também,
um movimento organizado e contínuo, que pode
produzir ritmo na composição. O ritmo se refere a
qualquer movimento gerado por uma repetição e é
bastante empregado para a organização das formas
e dos espaços.
Para Ching et al. (2013), embora seja reconhe-
cido mais facilmente quando a repetição forma um
padrão linear, o ritmo também pode ser criado pela
repetição de séries não lineares de elementos.

Figura 4: Ritmo
Fonte: Oliveira (online).

116
DESIGN

Gradação
Como diria, ou melhor, como cantaria, Fernando saturação de um tom, de uma textura ou do tamanho
Anitelli – líder do grupo O teatro mágico, na música de um objeto. Wong (1998) acredita que a gradação
“O sonho de uma flauta” –, “a gente parece formi- pode ser aplicada, individualmente ou em conjunto,
ga lá de cima do avião”. Ou seja, as coisas que estão à maioria dos elementos. Isso significa que as unida-
próximas nos parecem maiores e aquelas que estão des da forma podem ter gradação de formato, tama-
distantes nos parecem menores. nho, cor, textura, direção, posição, dentre outros.
Imagine-se observando (de baixo para cima) um A maneira pela qual a mudança ocorre é deter-
prédio em que as janelas tenham padrões regulares, minada pela trajetória da gradação. Para transfor-
note como as janelas mais próximas de você pare- mar um quadrado em círculo, o quadrado pode ter
cem grandes, perceba como o afastamento das ja- seus cantos cada vez mais arredondados (raios se-
nelas no topo do prédio faz com que pareçam cada quencialmente maiores), a fim de se tornar cada vez
vez menores, a mudança gradativa no tamanho das mais um círculo. Wong (1998) ainda ressalta que,
janelas sugere o efeito causado pela gradação. se um elemento se transforma em poucos passos, a
Para Leborg (2015), a gradação é considerada sensação de gradação pode não ocorrer, em contra-
uma mudança progressiva e em ritmo uniforme, partida, a gradação muito lenta pode ser confundida
usada em referência ao aumento ou a diminuição da com o efeito da repetição.

117
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Radiação
O efeito da radiação pode ser observado na nature- cuja estrutura acontece em camadas. O efeito de gra-
za, na disposição das pétalas de uma flor ou nas on- dação é criado pela sobreposição de camadas de di-
dulações geradas pelas gotas de chuva na superfície ferentes comprimentos, a primeira camada é longa,
de um rio. Para Wong (1998, p. 87), “um padrão de enquanto as demais ficam curtas à medida em que se
radiação imediatamente prende a atenção. É muito aproximam da cintura do vestido, aproximação que
útil quando se necessita de um elemento de grande gera o efeito de radiação.
força e visibilidade”. O padrão de radiação tem características, descri-
Ainda de acordo com Wong (1998), a radiação tas por Wong (1998), que facilitam a distinção entre
pode ser descrita como um caso especial de repe- um padrão de repetição ou de gradação:
tição, já que elementos regularmente repetidos em a. É, normalmente, multissimétrico, ou seja, a
torno de um centro comum produzem um padrão simetria se configura tanto no eixo vertical
de radiação. Por outro lado, para que os elementos como no horizontal e no diagonal.
sejam repetidos em torno de um centro, a repetição b. Tem um ponto focal normalmente localizado
no centro da composição, além de ser bastan-
tem de passar por uma gradação de direções. Por-
te forte.
tanto, a radiação pode também ser considerada um
c. Pode gerar energia ótica e movimento a par-
caso particular de gradação.
tir do centro ou em sua direção.
A aplicação conjunta dos efeitos de gradação e
radiação pode ser vista, por exemplo, em vestidos

Exemplos de radiação em pétalas de flor e ondulações na água. Exemplos de radiação em padrão de repetição e de gradação.

118
DESIGN

Ênfase ou Focos Visuais


Para Gibbs (2015), de forma involuntária, as pesso-
as se interessam por um ponto definido no espaço
compositivo. De alguma maneira, todas as compo-
sições precisam ter algum tipo de ênfase. Qualquer
elemento pode ser utilizado para atrair a atenção do
observadA e, portanto, como foco visual, desde que
seja óbvio, chamativo ou que quebre a estabilidade
de uma composição simétrica pela sua disposição
no espaço.
A ênfase é regularmente alcançada quando há
aplicação do contraste em uma composição, como
vimos anteriormente, o contraste é um tipo de com-
paração na qual as diferenças se tornam claras.

Figura 5: Ênfase
Fonte: Oliveira (online).

Unidade
Se você procurar pela palavra unidade no dicioná- c. coordenação ou harmonia das partes de uma
rio, vai ver que existem vários significados, os que obra literária, artística, científica etc.;
nos interessam dizem o seguinte, de acordo com o d. aquilo que, num conjunto, forma um todo
Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Fo- completo.
lha/Aurélio: Esses significados bastam para que possamos entender
a. qualidade do que é um ou único ou uniforme; o que é unidade, não há muito o que ser dito, unida-
b. homogeneidade, igualdade, identidade, uni- de significa a harmonia de uma composição como um
formidade; todo e é comum que seja criada por meio da repetição.

119
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

No mundo do design, poucas coisas são criadas


para funcionar como peças isoladas. [...]. Pen-
se no conteúdo de qualquer revista ou jornal,
as informações mudam, mas o visual da publi-
cação é consistente a cada novo número. Basta
um olhar rápido para que você seja capaz de
identificar suas publicações favoritas na prate-
leira (DABNER et al., 2014, p. 52).

Você provavelmente já experimentou e gosta daque-


le famoso líquido preto engarrafado e borbulhante
conhecido e apreciado em todos os cantos do mun-
do. Tenho certeza de que, mesmo sem ter mencio-
nado o nome desse produto, você já sabe que estou
me referindo a Coca-Cola, a marca é um ótimo e
completo exemplo da aplicação da unidade.
Entre nos sites: www.coca-cola.com.br (nos me-
ses que antecedem o Natal, em especial, o espírito da
marca é ainda mais explorado), www.cocacolabrasil. Figura 6: Unidade
Fonte: Oliveira (online).
com.br e, se ainda estiver disponível, www.fabrica-
dafelicidade.com.br, navegue por todos eles, com-
pare-os e veja como o logotipo, os próprios sites, as Com o princípio da unidade, finalizamos a unida-
embalagens, as propagandas na televisão, a frota, a de IV, que teve como objetivo apresentar a você os
sede da empresa, enfim, tudo converge para a iden- princípios do design. Começamos pelo equilíbrio,
tidade da marca. essencial para a distribuição dos elementos de uma
A partir dessa análise, você será capaz de identi- composição, pudemos diferenciá-lo do equilíbrio si-
ficar os elementos de design que estabelecem a con- métrico, assimétrico e radial.
tinuidade e a unidade na linguagem adotada pela Em seguida, falamos sobre o contraste e a har-
marca e como ela se comunica com seu público-al- monia e vimos o quanto as diferenças são importan-
vo. Como designer você, provavelmente, aplicará o tes no design. Também, aprendemos que, enquanto
princípio da unidade em alguns ou em todos esses o contraste tem intenções menos óbvias, a harmo-
elementos para comunicar a marca de seus clientes e nia, ao contrário, é bastante clara em busca da orga-
a sua própria marca também. nização entre as partes de um todo ou do todo.

120
DESIGN

121
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Falamos sobre a repetição e o ritmo e, assim, perce-


bemos a conexão que existe entre os dois princípios,
já que, habitualmente, se há repetição na composi-
ção, há também o ritmo.
Assim como o ritmo, os princípios da gradação
e da radiação estão intrinsecamente relacionados à
repetição, já que a gradação é resultado de uma mu-
dança progressiva e a radiação é criada quando um
determinado elemento é regularmente repetido em
torno de um centro comum.
Já nos encaminhando para o desfecho da unida-
de, descobrimos que, de algum modo, todas as com-
posições precisam ter algum tipo de ênfase e que a
unidade é criada quando nos preocupamos em pen-
sar as partes com o objetivo de construir um todo
coerente.
Espero que, com o conteúdo proposto nesta uni-
dade, você seja capaz de criar ótimas composições.

REFLITA

“O design é o esforço consciente de impor


uma ordem significativa”.

Fonte: Victor Papanek (apud LUPTON et al., 2008, p.


115).

122
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade, pudemos perceber que, de
acordo com as peculiaridades de cada projeto, o designer deve escolher um caminho
a seguir. Clientes diferentes terão diferentes preferências e, independentemente dessas
especificidades, o designer deve estar preparado para atender a todas as expectativas
colocadas naquele projeto. Se souber quais são todos os princípios do design, os efei-
tos que criam e dominar a sua forma de aplicação, o designer com certeza será capaz
de compor muitas e criativas soluções de projeto e, consequentemente, agradar ao
mercado ou a um cliente em especial.
Quero que seja capaz de perceber como esses princípios que acabei de lhe apresentar
têm relação entre si. Veja como uma composição equilibrada pode ser alcançada tanto
por meio da aplicação do contraste quanto da harmonia. Veja como o contraste pode
ser utilizado tanto em uma composição simétrica, quanto em uma assimétrica, como
o contraste leva à ênfase, como a repetição, gradação e radiação vão ao encontro do
ritmo, perceba que a repetição induz à unidade.
Como vimos na introdução desta unidade, uma composição refere-se à estrutura e
à organização dos elementos de um projeto de design. Organizar significa combinar,
associar, contrastar, arranjar, mas não de qualquer forma, por meio da exploração,
dentre outras ferramentas, dos princípios do design.
Para finalizar, se me perguntasse se concordo com a afirmação de Papanek (de que “o
design é o esforço consciente de impor uma ordem significativa”), eu diria que sim.
Na minha opinião, o design é um esforço consciente, porque nada é feito sem que
antes todas as informações e todas as possibilidades a respeito daquele projeto sejam
analisadas e ponderadas com cautela, e é significativo justamente porque é sensível
ao contexto do projeto, logo, estabelece um sentido.

123
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o excerto do artigo abaixo, que aborda a utilização ções, objetos bidimensionais, tridimensionais, virtuais e
do princípio da unidade por meio da aplicação da identi- ambientes, de modo industrial ou artesanal (COELHO,
dade visual nos projetos comerciais. 2008).
Imersos na ótica da globalização atual, nota-se a valori- Partindo dessas definições, entende-se o design como
zação de campos do conhecimento que são capazes de algo abrangente, que desdobra-se em produtos e ser-
serem interlocutores das mais diversas demandas con- viços voltados para moda, ambientes, questões gráficas
temporâneas - conciliando produtos e serviços a fim de e de produção. O presente artigo enfoca o design de
estreitar a relação das empresas com o seu consumidor. ambientes, que contempla as diversas necessidades de
Dentre estas áreas, inclui-se o design que, apesar de sua cada tipo de serviço, possibilitando o desenvolvimento
recente inserção em meio à sociedade, vem adquirindo de ambientes, valorizando a estética e a funcionalidade,
proporções relevantes, “as corporações e as instituições de maneira que atendam aos objetivos particulares de
no mundo todo reconheceram o valor estratégico do cada cliente. Ambientes estes que, por meio de concei-
design, e o cultivam e aperfeiçoam em grande medida. tos, diretrizes para a concepção de projetos de design,
Pode-se dizer que o Design está presente em todas as configura a comunicação e cria identidades. É, pois, uma
bocas” (BURDEK, 2010, p. 07). atividade consciente a fim de gerar uma ordem sensata,
Não obstante a relevância de todas as profissões, temos compondo o cotidiano (SCHNEIDER, 2009).
o designer como articulador, mediador e ferramenta Tais definições ultrapassam a função básica do design,
em diversos setores, engenheiros podem desenvolver utilizado como ferramenta para o fortalecimento e a
produtos e tecnologias; analistas de sistemas podem valorização das empresas, pois diante de um mercado
desenvolver programas; profissionais de marketing po- altamente competitivo, é fundamental que haja dife-
dem vendê-los; mas só os designers podem combinar renciação do espaço de venda dos produtos e serviços,
todas essas coisas e conceber algo que seja viável, útil, como meio de distinção dos mesmos. Souza justifica
desejável e que adicione valor à vida das pessoas (FAS- esta atuação, do pressuposto de que “[...] o design não
CIONI, 2003, p. 11). lidará somente com fatores objetivos e mensuráveis,
pois essas são apenas características necessárias a um
Para Burdek, “design é uma atividade, que é agregada projeto ou a um processo” (SOUZA, 2008, p. 24).
a conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de Para que o design de ambientes seja rentável às empre-
invenção e de inovação técnica e que por isso gera uma sas, é necessário abordar a sua identidade corporativa
expectativa de o processo de design ser uma espécie de ou “o conjunto de atributos que torna uma empresa
ato cerebral” (BURDEK, 2010, p. 225). A execução dessa única, diferente das outras” (FASCIONI, 2006, p.1), como
atividade compreende organizar, classificar, planejar, manifestação tangível da personalidade de uma empre-
conceber, projetar e configurar sistemas de informa- sa, a identidade projeta a real personalidade de uma

124
LEITURA
COMPLEMENTAR

empresa (FASCIONI, 2006). terísticas de seus profissionais, em seu material impres-


Sabendo que cada empresa possui particularidades, e so (folder, cartões de visita e publicações em revista),
que estas são fundamentais tratando-se de administra- nas edificações, no seu nome (naming) e em seu portfó-
ção, o design de ambientes deve ser utilizado para evi- lio de produtos e serviços. Ou seja, cabe aos designers a
denciar e articular tais aspectos; função de transparecer a identidade corporativa, e, pois,
(...) o principal objetivo de uma empresa administrar a agregar valor percebido aos produtos e/ou serviços. Tra-
identidade corporativa é assegurar uma vantagem com- tando-se dos cenários corporativos, a responsabilidade
petitiva por suas características individuais. A linha de recai aos designers de ambientes.
raciocínio é simples: a administração eficiente da iden- Assim, segundo Churchill (2005), o projeto de ambientes
tidade resulta na aquisição de uma imagem favorável e, deve levar em consideração a arquitetura, expressar a
após certo tempo, uma reputação desejável. Esse fator identidade da empresa através de layout, iluminação,
incentiva o relacionamento da empresa com seus acio- cores, formas, temperatura, acesso, acústica, eventos
nistas, colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes especiais e uma série de outros elementos que pos-
e funcionários de uma maneira consistente e confiável, suem aspectos objetivos e subjetivos para proporcionar
plena de credibilidade (LIGIA FASCIOLI, TESE). a qualquer indivíduo o que é oferecido pela empresa.
Pois esses e outros elementos, quando empregados de
Para otimizar o entendimento da identidade corporativa forma adequada à demanda, determinarão uma atmos-
dentro de um espaço, também é importante a comuni- fera exclusiva ao estabelecimento, ilustrando a sua iden-
cação visual dela. Coelho (2008, p.52) aponta alguns ele- tidade corporativa.
mentos necessários para tal comunicação:
A boa IDENTIDADE visual pressupõe alta pregnância, Fonte: Bahia et al. (2012, p. 672- 674).
fácil divulgação e unidade. É na busca de uma marca
de SIGNIFICADO claro (ou o mais preciso possível) que
estariam compreendidos os princípios do estudo que
constitui a programação ou COMUNICAÇÃO VISUAL (ou
gráfica), normalmente denominações adotadas como
habilitações específicas dos cursos de design (...).

Logo, a identidade corporativa se traduz e se manifesta


de várias formas: na marca gráfica da empresa, nas suas
comunicações, sejam elas internas e/ou externas, em
seus ambientes de produção e atendimento, nas carac-

125
atividades de estudo

1. (Enade Design 2006) Um sistema de identidade


de um produto ou de uma empresa deve man-
ter unidade formal entre os seus elementos.
Tal unidade é obtida quando esses elemen-
tos apresentam um padrão característico, que
unifique os diferentes elementos do conjunto.
Considerando-se essa definição e os pictogra-
mas ilustrados a seguir, assinale a opção cor-
reta:

a. A composição apresentada na figura I possui


um ritmo visual maior que o da figura II, de-
vido à repetição dos elementos triangulares.
b. A repetição dos círculos ao longo de uma es-
trutura inclinada confere dinamismo à com-
a. As figuras I e IV pertencem ao mesmo conjun- posição mostrada na figura II.
to de pictogramas.
c. Ambas as composições apresentam uma es-
b. As figuras II e III pertencem ao mesmo conjun- trutura rígida, cuja principal consequência é a
to de pictogramas. ausência de ritmo visual.
c. Três das figuras pertencem ao mesmo con- d. A relação de proporção entre os elementos
junto de pictogramas. em cada uma das composições é semelhante.
d. Todas as figuras pertencem ao mesmo con- e. A composição apresentada na figura I obede-
junto de pictogramas. ce a uma estrutura assimétrica.
e. Cada uma das figuras pertence a um conjunto
de pictogramas diferente.
3. (Enade Tecnologia em Design de moda, 2015)
Os elementos de design — linha, cor, textura,
2. (Enade Design, 2006) Considerando as compo- padronagem, silhueta e forma — são usados
sições gráficas apresentadas nas figuras a se- em combinação, de acordo com as escolhas do
guir e suas estruturas de composição, assinale designer e os princípios do design. Os modelos
a opção correta: apresentados na imagem a seguir representam
a utilização desses elementos.

126
atividades de estudo

4. (Enade Tecnologia em Design de moda, 2015)


Para criar um modelo de roupa, o designer de
moda utiliza elementos de criação e se baseia
nos princípios do design: a silhueta, que consis-
te na forma que determinada peça vai ter; a li-
nha, que confere à peça a sensação de fluidez e
leveza; e a textura, que depende dos materiais
utilizados para realizar uma peça de vestuário
(PINA, 2009).

Considerando os elementos e os princípios do Considerando as linhas da silhueta e os efeitos


design, bem como os biotipos físicos e a ergo- visuais que elas podem causar, assinale a op-
nomia, assinale a opção correta em relação a ção correta:
esses modelos: a. As linhas verticais conduzem os olhos tanto
a. O vestido 1, por ser estruturado, é recomen- para cima quanto para baixo, assegurando um
dado para mulheres de biótipo triângulo, caimento acinturado e aumentando o compri-
dado o efeito de redução do quadril. mento da peça, o que resulta em elegância.

b. O vestido 2, com linhas bem definidas, utiliza b. As linhas diagonais criam efeito de movimento
o princípio do contraste, sendo indicado para e, conforme sua inclinação, resultam em dinâ-
qualquer biótipo, pois é um vestido harmôni- mica semelhante à do efeito de tecido esvoa-
co, leve e capaz de equilibar qualquer propor- çante.
ção corpórea. c. As linhas retas remetem à visual menos for-
c. O vestido 3 favorece o efeito de redução do mal e não compõem estampas com padrona-
quadril em função da utilização do elemento gens clássicas e conservadoras.
linha, sendo indicado para mulheres de bióti- d. As linhas horizontais conduzem os olhos de
po oval, triângulo invertido e retângulo. um lado para outro, o que resulta na ilusão de
d. O vestido 4, que apresenta o elemento linha, comprimento e de altura.
utiliza o princípio da radiação, visto que todas e. As linhas curvas, circulares ou onduladas re-
as linhas partem de um ponto, sendo adequa- sultam em visual estático e formal.
do para mulheres de biótipo retângulo.
e. O vestido 5 alonga a silhueta, em razão do de- 5. Analise as imagens dos Ambientes 1 e 2 quanto
cote em V e das linhas de corte, sendo mais à utilização dos elementos e princípios do de-
apropriado para biótipos longilíneos. sign e, em seguida, julgue as assertivas abaixo:

127
atividades de estudo

Ambiente 1
I. O ambiente 1 explora a repetição de linhas
horizontais, criando um ritmo que diminui a
força visual das colunas verticais das janelas,
apesar da mobília baixa que permite total vi-
sualização do exterior.
II. As cores que predominam no ambiente 1 são
harmoniosas e criam uma atmosfera de tran-
quilidade favorecida pelas linhas horizontais.
III. No ambiente 1, o equilíbrio é assimétrico e
seu centro de interesse é o sofá baixo com al-
mofadas em verde.
IV. As texturas e estampas do ambiente 2 são
elementos que garantem variedade, ritmo,
harmonia, unidade e contraste à composição.
V. Apesar da predominância de cores “sérias”,
Ambiente 2 a variedade de estampas e materiais cria um
tom informal ao ambiente 2, cujo centro de
interesse é o pendente, única peça que possui
tons vivos e alegres.

A respeito dessas asserções, assinale a opção


correta:
a. As assertivas I, II e III estão corretas.
b. As assertivas II, IV e V estão corretas.
c. As assertivas I, II, III, IV e V estão corretas.
d. As assertivas III, IV e V estão corretas.
e. As assertivas III e V estão corretas.

Fonte: Princípios… (online).

128
gabarito

1. A opção correta é a “e”.


2. A opção correta é a “b”.
3. A opção correta é a “d”.
4. A opção correta é a “b”.
5. A opção correta é a “c”.

129
material complementar

Design de superfície
Evelise Anicet Rüthschilling
Editora: UFRGS Editora
Sinopse: A obra circunscreve o campo com reflexões
sobre conceitos, fundamentos da linguagem e seus an-
tecedentes históricos, pensando o perfil e as competên-
cias do designer de superfície e lançando olhares sobre
o futuro dessa especialidade do design. Constitui-se em
uma importante fonte de estudo para designers, artis-
tas visuais, pesquisadores, professores e estudantes das
áreas de conhecimento que exploram as superfícies.

Princípios de forma e desenho


Wucuis Wong
Editora: Martins Fontes
Sinopse: Neste livro, Wong funde três de seus clássicos,
compondo um manual sobre os princípios e fundamentos
práticos do desenho.
Dividido em três partes principais, este livro:
1- Proporciona um conhecimento básico sobre os funda-
mentos do desenho, com ênfase nas formas planas e abs-
tratas.
2- Demonstra a criação de formas, focalizando aspectos representacionais que ampliam o
vocabulário visual do desenhista.
3- Avalia o uso de materiais planares e lineares para construir objetos autônomos.

130
referências

BAHIA, I. P.; RIZOLA, J. B.; MOL, A. C. Relações entre o Design de Ambientes e a mani-
festação da Identidade Corporativa: O caso Google. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 10., 2012. Anais... São Luiz - MA,
2012, p. 8671 - 8678.
BROADWAY Boogie Woogie. Trivium Art Hitory. Disponível em: <http://arthistorypro-
ject.com/artists/piet-mondrian/broadway-boogie-woogie/>. Acesso em: 25 jan. 2016.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Porto Alegre:
Bookman, 2013.
DABNER, D.; STEWART, S.; ZEMPOL, E. Curso de design gráfico: princípios e práticas.
São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
GIBBS, J. Design de interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: Gus-
tavo Gilli, 2015.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escri-
turas Editora, 2004.
HURLBURT, A. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002.
LEBORG, C. Gramática visual. São Paulo: Gustavo Gilli, 2015.
LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify,
2008.
OLIVEIRA, F. C. de. Os 10 princípios do Design em uma série de posteres em 'paper art'.
Ideia Quente. Disponível em: <http://www.ideiaquente.com/2014/09/10-principles-of-de-
sign-principios-poster-paper-art.html>. Acesso em: 25 jan. 2016.
PINA, L. M. G. A cor e a moda: a função da cor como suporte para o design de moda e
personalidade dentro de um público jovem. Portugal: Universidade da Beira Interior, 2009.
PRINCÍPIOS do design. Simples decoração. Disponível em: <http://www.simplesdecora-
cao.com.br/classicos-do-design/principios-do-design-de-interiores/>. Acesso em: 25 jan.
2016.
RÜTHSCHILLING, E. A. Design de superfície. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2008.
WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
UNIDADE. Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha/Aurélio. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1995.

131
ÁREAS DO DESIGN
EXEMPLOS E APLICAÇÕES

Prof.ª Vanessa
Professora Esp.Barbosa
Vanessados
Barbosa
Santosdos Santos

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• No design de ambientes
• Na moda
• No design de produto
• No design gráfico

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas em projeto de interiores.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas em design de moda.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas no design gráfico.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas no design de produto.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Estamos chegando ao fim desta apostila e, após


discutirmos e aprendermos sobre o que é o Design e como ele surgiu, co-
nhecemos sobre seus elementos básicos e os elementos que influenciam
o desenvolvimento e os processos do Design, além de seus princípios.
Todos esses elementos e princípios são vistos de forma prática em
qualquer projeto executado no Design. Por isso, para dar mais clareza e
direção, para quando você for desenvolver o seu projeto baseá-lo neste
conteúdo da apostila, vamos trazer a você exemplos de projetos práticos
e apontar sobre esses elementos e princípios para ajudá-lo a identificar de
maneira mais objetiva.
Estudaremos projetos de Design em quatro áreas: Gráfico, Produto,
Moda e Interiores. Sendo que, no Design Gráfico, vamos analisar a cria-
ção da marca Daásu, criada pelo escritório de Design Brand Studio, seu
processo de criação, os conceitos utilizados e a aplicação da marca como
resultado final. No Design de Produto, as embalagens da Coca-Cola, sua
história, o motivo dela ter sido criada, qual o conceito e significado e qual
mensagem ela transmite baseada nos conceitos e princípios do Design.
Em Design de Moda e criação de Yves Saint Lauren, baseada na obra de
arte de Mondrian, qual sua história e seu conceito envolvido por trás da
escolha de uma representação artística em sua coleção, como os princí-
pios foram aplicados no vestido considerado um dos ícones da moda até
os dias de hoje . E, por último, no Design de Interiores, o projeto da Sala
Íntima “dos 50 tons de branco”.
Esteja atento(a) às dicas e descrições que vão te auxiliar quando ana-
lisar ou criar um projeto de Design, independente de qual área for, para
que o desenvolvimento de sua profissão seja feito cada vez com mais ex-
celência.
Boa leitura!
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

No Design de Ambientes
No projeto de interiores, foi escolhido aquele de Decoração Casa Cor 2015 de Florianópolis,
da designer e decoradora de interiores Laura em Santa Catarina, contando com uma área de
Gransotto de Chapecó, com novo escritório em 50m², tendo como maior fonte de inspiração o
Florianópolis. Esse projeto foi feito na Mostra BRANCO.

A proposta ao visitante foi que ele tivesse uma percepção mais sensitiva ao entrar na Sala Íntima em
sua visita a mostra da Casa Cor, onde os demais ambientes eram cheios de cor, seguindo as tendên-
cias temporais. O BRANCO do meu ambiente foi uma escolha para um Décor leve, elegante, clássi-
co e atemporal. Ele é um ícone máximo do luxo, da pureza, da sofisticação e do requinte. Resiste ao
tempo e aos modismos. O BRANCO sempre foi um dos maiores coringas na decoração. Unânime
nas escolhas para os projetos de interiores dos profissionais. É de uma versatilidade incrível! Na Sala
Íntima ele foi o protagonista da cena toda ( LAURA GRANSOTTO, 2015).

136
DESIGN

O tema: Sala Íntima “dos 50 tons de branco” foi ins-


pirado no filme “50 tons de cinza”, best-seller inter-
nacional, e, nesse projeto, o clima de prazer e intimi-
dade do casal estava inserido sutilmente.
O briefing para o projeto era para um casal moder-
no e maduro, em que ele tinha o hobby de escrever poe-
mas e contos e ela, uma estilista que também gostava de
desenhar suas roupas com detalhes em renda, um tra-
balho artesanal tradicional da ilha de Florianópolis, res-
gatando, assim, as habilidades da sua família. Aqui, en-
tram os componentes culturais aplicados nos detalhes
Figura1: Projeto em 3D da Sala Íntima
do projeto, valorizando, resgatando e resignificando a
Fonte:Diblioteca (online). renda de bilro, com muita sensibilidade e delicadeza.

Figura 2: Planta em layout da Sala Íntima


Fonte: Diblioteca (online).

137
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

E, é claro que para evitar a possível monoto-


nia do predomínio do BRANCO, tirei partido
dele, com ousadia e explorei a cor totalmen-
te, desde o teto ao piso e paredes, nos móveis e
nos elementos da decoração, em 50 diferentes
tonalidades, texturas, nuances, brilhos e luz,
provocados pelos efeitos diferenciados nas suas
superfícies e volumes (Diblioteca, online).

O branco dá, ao espaço, a sensação de uma maior


amplitude e cria um efeito ótico acentuado, e, por
Figura 3: Execução final da Sala Íntima
meio da iluminação projetada com automação, a
Fonte: Diblioteca (online).
sala íntima ficou mais valorizada e com atmosfera
aconchegante.
No design do mobiliário desenhado sob medida,
há o predomínio de linhas retas, pontuado por ou-
tros, de linhas suaves e clássicas de móveis que com-
plementam a decoração.
A designer se preocupou com a sustentabilida-
de, utilizando lâmpadas Led, que geram economia
e são ecologicamente corretas. E, com relação à
tecnologia, um projeto de light design desenvolvi-
do especialmente para o ambiente com iluminação
específica, persianas e equipamentos eletrônicos au-
Figura 4: Sala íntima e seu espaço de descanso.
Fonte: Diblioteca (online). tomatizados.

REFLITA

Quanto mais o seu projeto for estudado e


pesquisado mais completo ele será. Procure
pensar em Design não só como projeto de
criação, mas como relação entre sociedade,
cultura, materiais, estilos, sustentabilidade e
tecnologias.

Fonte: a autora.

Figura 5: Aparador e textura da parede


Fonte: Diblioteca (online).

138
DESIGN

Na Moda
Yves Saint Laurent nasceu em 1 de agosto de 1936 e, assumir a Dior com a morte de Christian Dior e, de-
desde muito jovem, se apaixonou pela área da moda. pois de fechar a Maison por conflitos políticos, abriu
Aos 19 anos, já começou a trabalhar na Maison Dior, a sua própria Maison.
após já ter ganho alguns prêmios no ramo. Chegou a

A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas
para aquelas que não tiveram a chance de encontrar essa felicidade, eu estou lá ( LAU-
RENT, online).

139
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

A sua colecção Out/Inv de 1965, dedicada a Mon-


Saint Laurent considera Mondrian o último dos
drian e Poliakof, constitui a primeira homenagem,
grandes pintores e aquele que conduziu a pin-
assumida, às artes plásticas e aos seus criadores tura aos seus elementos essenciais. Pierre Bergé
(SOUZA, 2010, p. 41). e Saint Laurent tinham, na sua colecção parti-
Yves transformou a bidimensionalidade da es- cular, a tela Composition in Blue, Red, Yellow
and Black, de 1922 (SOUZA, 2010, p. 42).
truturas geométricas de Mondrian em movimento
no corpo feminino.
Nessa coleção, o nº 81 vai se sobresair. Um vestido
de cocktail, em malha de lã de base branca com as
grelhas de Mondrian com as cores primárias.

O corte destes modelos introduz uma simpli-


cidade que tende a planificar as formas e que
rompe com os volumes tradicionais, da mesma
maneira que o neoplasticismo tende a ignorar a
terceira dimensão. (...) Anulando o volume do
peito, símbolo principal da feminilidade, cria
uma forma plana que parece antecipar a an-
droginia que vem a definir a moda dos anos 80
(SOUZA, 2010, p. 43).

Podemos notar o neoplasticismo explícito nas


Figura 6: Yves Saint Laurent obras de Mondrian e na coleção de Yves, com as
Fonte: Pleasure Photo (online).
linhas retas e cores primárias, que queriam se des-
fazer de qualquer ornamento, exagero ou informa-
ções desnecessárias. Tratava-se de um movimento
cultural que queria tornar o Design prático e obje-
tivo. Como já foi citado anteriormente, o material
utilizado foi a malha de lã, utilizando cortes retos
e planos.
Trata-se de uma criação simétrica, mesmo quan-
do observamos o vermelho com mais ênfase, porém
isso não faz com que a obra tenha desequilíbrio. As
linhas e cores primárias compõem ritmo e repetição
e essas cores transmitem contraste por estarem equi-
distantes no disco cromático.
Figura 7: Vestido de cocktail
Fonte: Xico Gonçalves (online).

140
DESIGN

É interessante saber que não foi só Yves que uti-


lizou dessas características de Mondrian e do Neo-
plasticismo para desenvolver projetos de Design, até
hoje, muitos produtos são criados baseados na teo-
ria de linhas retas e cores primárias que Mondrian
utilizou com maestria.

SAIBA MAIS

O Neoplasticimo é um termo que foi criado


por Piet Mondrian, artista holandês, para uma
arte abstrata e geométrica. Ele restringiu os
elementos de composição pictórica a linhas
Figura 8: Quadro de Mondrian
retas, ao retângulo e às cores, primárias: azul,
amarelo e vermelho, tambem aos tons de
cinza, preto e branco. A fim de gerar na arte
uma desnaturalização e uma liberdade quan-
to a toda referência figurativa ou de detalhes
específicos de objetos naturais.

De 1917 a 1928 foi publicada a revista De Stijil


(criada por Mondrian e Theo Van Doesburg),
onde foram publicados inúmeros textos sobre
o neoplasticismo, dentre eles o famoso ‘Re-
alidade Natural e Realidade Abstrata’, o qual
se tratava de um ensaio fundamental para a
representação do abstracionismo da 2ªfase.

FONTE: MAC, USP (2015)

Figura 9: Casa inspirada no Neoplasticismo

141
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

No Design
de Produto
No projeto de produto, vamos analisar as embala- fa, que permanece com o formato de assinatura da
gens da garrafa da Coca-Cola. Hoje, a Coca-Cola Coca-Cola até hoje, foi escolhida por sua aparência
Company está presente em mais de 200 países e res- atraente, design original e o fato de, mesmo no es-
ponde por mais de 400 marcas de bebidas não alco- curo, propiciar a identificação do produto original.
ólicas. É muito interessante percebermos que, mesmo
há praticamente 100 anos, o projeto da garrafa da
Como muitas pessoas que mudaram a história, Coca-Cola teve como principal essência do produto
John Pemberton, um farmacêutico de Atlanta,
a experiência sensorial que o consumidor teria ao
foi inspirado pela simples curiosidade. Em uma
tarde, ele agitou um líquido cheiroso com cor tocar essa embalagem, e essa experiência faria com
de caramelo e, quando parou, levou a mistura que ele associasse a forma da garrafa à marca.
até a vizinha Jacob’s Pharmacy. Lá, a mistura foi As linhas curvas, os relevos, o contato com o
combinada com água com gás e provada pelos vidro e, talvez, uma garrafa gelada estabelecia re-
clientes, que foram unânimes: essa nova bebida
lação entre os sentidos do tato e paladar, ou visão
era, de alguma forma, especial (COCA COLA
BRASIL, 2015, online). e paladar, uma vez que, ao ver ou
sentir, automaticamente,
O empresário de Atlanta Asa Griggs Candler com- aguçaria o paladar pelo
prou os direitos da Coca-Cola por apenas US$ gosto da Coca-Cola.
2.300,00, em 1888, e transformou a invenção em Analisando as co-
empresa e marca. E, em 1894, um empresário de res, temos uma garrafa
Mississipi chamado Joseph Biedenharn foi o primei- transparente, de vidro,
ro a engarrafar a Coca-Cola. apenas com a marca
A marca, então, decidiu criar um formato de em vermelho e bran-
garrafa diferente para garantir às pessoas que elas co. Aqui, a cor faz as-
estavam tomando a verdadeira Coca-Cola. A Root sociação à marca tam-
Glass Company de Terre Haute, Indiana, ganhou bém, porém o objetivo
um concurso para criar uma garrafa que pudesse principal dessa embalagem
ser reconhecida no escuro. Em 1916, ela começou a era fazer com que a forma da garrafa
fabricar a famosa garrafa com contorno. Essa garra- criasse autenticidade e reconhecimento do produto.

142
DESIGN

A essência transmite ritmo e harmonia por meio de E é devido a esses fatores, em que a marca da
suas curvas feitas sob o vidro. Coca-Cola cresceu não só vendendo um xarope
Foi uma inovação tecnológica na época desenvol- que as pessoas gostavam de tomar, mas uma expe-
ver essas garrafas de vidro, e, por incrível que pareça, riência, um relacionamento, uma comunhão entre
apesar do vidro ser considerado um material de difícil pessoas que compartilham da bebida e se divertem
reciclagem, a Coca-Cola conseguiu estabelecer um ci- ao mesmo tempo que cuidam da sociedade e do
clo para diminuir o descarte dessas garrafas de vidro, meioambiente, que essa empresa chegou onde está
trazendo conexão e relacionamento com o seu cliente, hoje, como uma das marcas mais conhecidas e va-
oferecendo uma troca para o consumidor que sempre liosas do mundo. Além de que, hoje, existem muitos
levar a garrafa de vidro para comprar outra. Assim, a colecionadores das garrafas e latinhas da Coca-Cola
marca se impõe como uma empresa que se preocupa já quelas estão espalhadas pelo mundo de diversos
com o meio ambiente, além de vender seus produtos. formatos e tamanhos.

SAIBA MAIS

Em 1941, os Estados Unidos entraram oficial-


mente na Segunda Guerra Mundial, envian-
do milhares de homens e mulheres para as
frentes de combate. A marca acompanhou
esses combatentes, pois Woodruff determi-
nou que o produto fosse vendido a US$ 0.05
para todo soldado não importando onde quer
que estivesse, em qualquer parte do mundo,
independente de quanto isso custaria à em-
presa. Durante o período, 64 instalações de
engarrafamento foram criadas para abaste-
cer as tropas que estavam fora do território
americano. E foi também durante a guerra
que milhares de europeus experimentaram a
bebida pela primeira vez. Quando a paz voltou
a reinar, a COCA-COLA já tinha muitos negó-
cios pelo mundo e milhões de apreciadores.

Fonte: Coca-Cola Brasil (online).

143
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

No Design Gráfico
O Brand Studio Design se situa em Maringá-PR e O nome DAÁSU Sushi Bar, fazendo alusão tam-
trabalha com projetos de Design gráfico na área de bém à experiência da diversidade de sabores, afirma
Branding, isto é, especializado em identidade de “partindo do naming, criamos um nome formado
marcas. pela união dos sabores: Doce, Amargo, Ácido, Sal-
Segundo um dos donos, eles foram procurados gado e Umami”.
para criar a identidade visual de um novo restauran-
te de alta gastronomia oriental, mas que fosse dife- A identidade da marca foi inspirada na deusa ja-
ponesa do arroz, Inari, representada pela raposa,
rente de tudo o que há no segmento, acompanhando
composta com grafismos e uma linguagem visu-
a proposta dos pratos, destoando do que há de co- al harmônica e sensorial, que transmite grafica-
mum e fugindo dos conceitos pré-estabelecidos dos mente as sensações de quem degusta os pratos
restaurantes japoneses. no restaurante (BRAND STUDIO, 2015, online).

144
DESIGN

Figura 10: Palavras que descrevem a marca Daásu Figura 13: Inspiração do símbolo da marca.
Fonte: Daásu Sushi Bar (online). Fonte: Daásu Sushi Bar (online)

Figura 11: Componente cultural da marca Figura 14: Marca final


Fonte: Daásu Sushi Bar (online). Fonte: Daásu Sushi Bar (online).

Figura 12: Projeto de criação do símbolo da marca Figura 15: Aplicação da marca
Fonte: Daásu Sushi Bar (online). Fonte: Daásu Sushi Bar (online).

145
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN

Podemos perceber que se trata de uma identidade apresentam unidade, porém com ênfase na raposa
visual cheia de significados e embasamento históri- em laranja, já que difere das cores neutras do restan-
co. E, aqui, começamos vendo que, em relação às te do projeto.
influências no design, como os componentes cultu- A ideia desse projeto foi transmitir experências
rais, a presença da cultura oriental é extremamente sensoriais com a gastronomia oriental, resgata par-
importante, visto que embasou a criação do símbolo tes dessa cultura, sem se tornar clichê como a maio-
da marca, a deusa do arroz, Inari, resultado final da ria dos restaurantes orientais.
criação da marca.
Já o que se refere ao estilo da identidade, ape-
sar de voltada para uma cultura oriental e clássica,
o resultado final da identidade e marca contou com
um ar mais moderno, criado para atingir o público
que valoriza uma cultura milenar e aprecia sua gas-
tronomia, mas não dispensa a cultura moderna do
século XXI.
Quando analisamos os princípios do design,
observamos que a marca Daásu foi feita a partir de
linhas mais curvas, lembrando do rebuscamento da
cultura oriental e das formas orgânicas de sua gas-
tronomia. Suas texturas e materiais lembram o in-
Figura 16: Aplicação da marca
grediente principal da gastronomia oriental: o peixe, Fonte: Daásu Sushi Bar (online).
nesse caso, mais precisamente, o salmão. Lembran-
do também a madeira e o bambu.
As cores escolhidas na identidade são quentes e
escuras, fazendo alusão à cor do salmão e às cores
escuras que remetem a modernidade e ao chique,
haja vista que cores quentes aumentam o apetite e
trazem uma experiência sensorial no local com o
público.
A marca em si é simétrica, uma vez que tanto o
símbolo quanto as fontes estão com mesmo equilí-
brio. Nos materiais, a repetição está muito presente,
criando um ritmo para a visualização da marca.
Figura 17: Marca no projeto do bar
O contraste fica relacionado às cores preto e la- Fonte: Daásu Sushi Bar (online).
ranja que são quase complementares. Os elementos

146
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e, também, desta apostila.
Aqui, aprendemos no olhar prático como os designers desenvolvem os projetos
de Design por meio dos princípios estudados ao longo desta apostila. Como as
influências históricas, a sociedade e o crescimento pessoal estão intrínsecos nesses
projetos, às vezes, de forma clara, outras, em pequenos detalhes, por exemplo, no
projeto da Designer de Interiores Laura Gansotto, que fez questão de valorizar
o artesanato da renda em seu projeto, que faz parte do seu histórico de família.
Nossa profissão vive em constante relação com as teorias, princípios mas tam-
bém com a forma que vivemos, as histórias que participamos e construímos, as
transformações da sociedade, a evolução das tecnologias, o meio ambiente. Não
há como se desvencilhar disso, uma vez que ser designer não é sentar e, apenas,
desenhar ou projetar um objeto, ambiente, modelo de roupa ou cartaz, é transmitir
mensagens que carreguem informações das mais diversas áreas de contato do ser
humano. E essa é a graça e peculiaridade da nossa profissão.
Não deixe, aluno(a), de estar atento a essas transformações, busque conhecer a
história das marcas, dos produtos, de outros designers, não necessariamente famo-
sos, visto que todos sempre teremos experiências e conhecimentos para transmitir
de alguma forma. Compartilhar conhecimento, adquirir experiências e dicas de
outros projetos é sempre importante para o crescimento profissional e para tornar
a nossa profissão ainda mais importante em nossa sociedade.
Espero que tenha gostado e aprendido de forma proveitosa nesta unidade, como
pensar e desenvolver um estudo e análise de um projeto de Design que você, como
profissional, irá desenvolver.

147
LEITURA
COMPLEMENTAR

Trecho do artigo: Design Thinking: uma forma de pensar

Conceito de Design Thinking

O pensamento integrativo do design, baseado na in- as restrições práticas dos negócios” e esse é o ponto de
tuição e inspiração, bem como no universo analítico, partida do Design Thinking que tornou possível “integrar
propõe um novo caminho, o Design Thinking, que seria o desejável do ponto de vista humano ao tecnológica e
“uma abstração do modelo mental utilizado há anos pe- economicamente viável” (BROWN, 2010, p.3).
los designers para dar vida a ideias” (PINHEIRO12 apud O termo Design Thinking foi concebido por Tim Brown,
BROWN, 2010, apresentação à edição brasileira). Esse CEO da IDEO. A partir de observações e conversas diárias
modelo e seus conceitos podem ser aprendidos por com seu amigo David Kelly13, Brown percebeu que ele
qualquer pessoa e aplicados em qualquer cenário, seja sempre incluía a palavra “thinking”, quando era questio-
empresarial ou social. nado sobre design. Então, Brown passou a utilizar como
Vianna (2012, p.14) afirma que os “seres humanos são uma “forma de descrever um conjunto de princípios que
Design Thinkers por natureza”, uma vez que: podem ser aplicados por diversas pessoas a uma ampla
Observar o mundo e gerar novas soluções abdutivamen- variedade de problemas” (BROWN, 2010, p. 6).
te é uma habilidade coletiva humana que apenas recen- Segundo Brown (2010), esse modelo já existia bem an-
temente passou a ser vista como algo que necessita de tes de ser conceituado, mas foi no Fórum Econômico
algum talento excepcional” e os designers aprendem a Mundial em Davos/Suíça (2006) que o Design Thinking
usar o pensamento abdutivo para construir e descons- começa a ser mensurado. Nesse momento, as empresas
truir pressupostos, transformando-os em oportunida- sentiram necessidade de adotar um modelo de gestão
des de inovação, mantendo-se “fora da caixa” (VIANNA, centrado no design. “O fórum se concentrou na necessi-
2012, p.14). dade de buscar soluções criativas para os grandes desa-
O Design Thinker, está constantemente desafiando seus fios que a economia mundial enfrentará em 2006” (Folha
padrões de pensamento, comportamento e de senti- de SP, 2006 – Efe).
mento, “produzindo soluções que geram novos signifi- Para identificar os verdadeiros problemas e solucioná-
cados e que estimulam os diversos aspectos (cognitivo, -los de maneira mais eficaz, Vianna (2012, p.13) afirma
emocional e sensorial) envolvidos na experiência huma- que “é preciso abordá-los a partir de diversas perspec-
na” (VIANNA et al., 2012, p.14) tivas e ângulos. Assim, prioriza o trabalho colaborativo
Por várias décadas, os designers têm aprendido a “es- entre equipes multidisciplinares” que, segundo Brown
tabelecer correspondências entre as necessidades hu- (2010, p. 6), “está em posição de solucionar problemas
manas com recursos técnicos disponíveis, considerando mais complexos”, uma vez que se apresentam olhares

148
LEITURA
COMPLEMENTAR

diferenciados e interpretações variadas sobre o proble-


ma, chegando a uma solução inovadora.
De acordo com Brown (2010, p.8), “a essência do Design
Thinking é explorar diferentes possibilidades” e o mapa
mental – que é um tipo de diagrama, voltado para a ges-
tão de informações, conhecimento e capital intelectual,
utilizado, muitas vezes, facilitar a compreensão e solu-
ção de problemas – seria a melhor ferramenta para se
entender as conexões estabelecidas entre os conteúdos
referentes a este tema. Entretanto, para tornar essa ex-
plicação um pouco mais aprofundada, discorrer-se-á so-
bre os estágios do modelo de Design Thinking de uma
forma mais linear.
O Design Thinking não depende apenas do pensamento
criativo para chegar ao sucesso, é preciso que as ideias
sejam implementadas e que elas “mantenham sua es-
sência durante todo o processo” (VIANNA, 2012, p.158),
que vai até sua implementação no mercado.
Fonte: adaptado de Gameiro et al. (2013).

149
atividades de estudo

1. Ao se desenvolver um projeto de Design, exis- 4. A aplicação dos elementos do Design, vistos na


tem influências externas que vão além dos unidade II é essencial ao desenvolver um proje-
princípios e elementos do Design, os quais es- to. Relembrando esses elementos, qual a alter-
tudamos na unidade 3, e que foram aplicados nativa correta sobre eles?
nos estudos desta unidade. Quais são essas in- a. Ponto, linha e plano, forma e espaço e equi-
fluências? líbrio.
a. Materiais e história do design.
b. Direção; movimento; volume e dimensão; cor.
b. Estilo e componentes culturais.
c. Escala e proporção; repetição e ritmo
c. Sustentabilidade e cores.
d. Textura; silhueta e unidade
d. Tecnologia, equilíbrio e unidade.
e. Ênfase; forma e espaço; luz e cor.
e. Nenhuma das alternativas.
5. Analisando o vestido de Yves Saint Laurent,
2. Ao se desenvolver um projeto de interiores de quais são os princípios do Design mais utiliza-
design, é importante, antes de iniciá-lo, fazer dos no projeto?
uma pesquisa e um estudo baseado no seu a. Contraste, harmonia, repetição e ritmo.
cliente final. Qual o nome desse processo ini-
b. Repetição e ritmo, gradação.
cial?
a. Brainstorm. c. Equilíbrio, radiação e unidade.

b. Briefing. d. Ênfase, contraste e harmonia.

c. Pesquisa de Design. e. Contraste, ênfase e equilíbrio.

d. Entrevista inicial.
e. Processo criativo.

3. Um projeto de Design sempre sofre influências


históricas, que podem ser de movimentos atu-
ais ou não. A criação de Yves Saint Laurent foi
baseada em um importante movimento para a
história do Design. Esse movimento foi:
a. Bauhaus.
b. Modernismo.
c. Pós-modernismo.
d. Neoplasticismo.

e. De Stijl.

150
gabarito

1. Resposta: B
2. Resposta: B
3. Resposta: D
4. Resposta: B
5. Resposta: A

151
material complementar

Fundamentos de Design de Moda


Richard Sorger; Jenny Udale
Editora: Bookman
Sinopse: Do conceito à criação tridimensional: os princi-
pais elementos do design de uma coleção são revelados
em Fundamentos de Design de Moda. Saiba tudo sobre
como uma coleção é formada, para quem é desenhada
e como é lançada. Conheça os diferentes tipos de tecido,
maquinários e métodos de fabricação. Entenda o mercado
da moda e os diferentes cargos que fazem parte dessa in-
dústria. Com este guia, você estará pronto para se inserir
no mundo fashion!

Design de Interiores. Guia útil para estudantes


e profissionais
Jenny Gibbs
Editora: Gustavo Gili
Sinopse: O design de interiores se converteu em uma
profissão reconhecida, embora a indústria que gere seja
complexa e ainda pouco conhecida. Esta nova edição de
Design de interiores proporciona uma base sólida sobre
os princípios do design, descreve as aptidões necessárias
ao designer de interiores, analisa as diferentes opções
de desenvolvimento da carreira profissional e apresenta
uma análise equilibrada do setor.
Esse livro reúne história, teoria e prática do design de interiores e aborda temas como a
elaboração do programa de necessidades junto ao cliente, as apresentações dos desenhos
e amostras, a escolha dos materiais e o planejamento e gerenciamento de projetos. Embora
esteja dirigido a estudantes, esse livro também pode servir como referência para a prática
profissional e para todas as pessoas interessadas em design de interiores.

152
referências

BRAND Design. Daásu, identidade visual. <www.brandstudio.com.br>. Acessado em


15/12/2015.

COCA-COLA Brasil. Disponível em: <https://www.cocacolabrasil.com.br/coca-cola-bra-


sil/historia-da-marca/>. Acesso em: 26 jan. 2016.

DAÁSU Sushi Bar. Disponível em: <http://brandstudio.com.br/portfolio/daasu-sushi-


-bar/>. Acesso em 26 jan. 2016.

DIBLIOTECA. Sala íntima 50 tons de branco. Disponível em: <http://diblioteca.com/por-


tfolio/sala-intima-laura-gransotto/>. Acesso em: 15 dez. 2015.

GAMEIRO, L. et al. Design Thinking: uma forma de pensar. Disponível em: <http://www.
portalintercom.org.br/anais/nordeste2013/resumos/R37-0817-1.pdf>. Acesso em: 2 fev.
2016.

HISTÓRIA da Coca-Cola. Disponível em: <https://www.cocacolabrasil.com.br/coca-cola-


-brasil/historia-da-marca/>. Acesso em: 15 dez. 2015.

LAURENT, Y. S. Estilistas Famosos. Disponível em: <http://estilistasf.blogspot.com.


br/2011_07_01_archive.html>. Acesso em: 2 fev. 2016.

NEOPLASTICISMO. Disponível em: <http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/


seculoxx/modulo1/construtivismo/neoplasticismo/index.html>. Acesso em: 15 dez. 2015.

PLEASURE Photo. Disponível em: <https://pleasurephoto.files.wordpress.com/2012/04/


js0586.jpg>. Acesso em: 26 jan. 2016.

SOUZA, S. M. P. P. O viajante imóvel. Estudo sobre a vida e a obra de Yves Saint Laurent.
Porto, 2010.

XICO Gonçalves. Disponível em: <http://xicogoncalves.com.br/wp-content/uplo-


ads/2015/08/ysl-mondrian.jpg>. Acesso em: 26 jan. 2016

153
Conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do ensino a distância da Unicesumar, queremos dar os parabéns por ter conclu-
ído o estudo desta apostila para os cursos de Design de Moda e Design de Interiores. Esperamos
que tenha sido um tempo produtivo, e que tenha feito você ter a certeza que fez a melhor escolha
para seu conhecimento e desenvolvimento profissional.
Esperamos, ainda, que você lembre dos primeiros passos do Design como profissão e conceito
em nosso mundo, gravando das definições do seu ramo profissional, seja ele de moda ou de inte-
riores, ou até de outros ramos que você se identifique e queira desenvolver melhor após este curso.
Dentre os conhecimentos adquiridos, projete sem esquecer que o Design sempre será frag-
mentado em elementos específicos que unificados formam o conceito e produção final do que
você criou. Desde a linha, forma, luz, cor até chegar ao seu resultado final.
Depois, carregue consigo o quão importante são os elementos externos que permeiam a nossa
profissão, e como excelentes profissionais trabalham em constante relação com esses elementos no
dia a dia em seu trabalho, principalmente, se tratando de assuntos que trarão mudanças em nossa
vida como ser humano, como é o exemplo da globalização e da sustentabilidade.
Lembre-se de que nosso trabalho como designer é projetar produtos, espaços e serviços de
forma consciente e com objetivo daquilo que foi proposto inicialmente, seja quem for o seu cliente
ou consumidor. Este é o principal desafio do Design: mais que transmitir uma mensagem, inde-
pendente de como ela será transmitida, que seja de acordo com aquilo que foi planejado e para
quem foi panejado.
Desejamos que todo esse conteúdo, as teorias, os conceitos e os exemplos apresentados não
fiquem só em sua memória, mas que te ajudem a colocá-los em prática em qualquer projeto que
você for desenvolver, seja pessoal ou profissional.
Almejamos, ainda, que você busque exercer o Design de forma excelente, que as teorias, os
processos, os elementos internos e externos dessa profissão sejam manifestos em seus projetos,
que atinjam não só a perfeição como produção e execução, mas que de alguma forma, deem
pequenos passos de transformação em nossa sociedade, que estabeleçam boas relações entre as
pessoas e que te traga realização pessoal.

Parabéns!

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