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FUNDAMENTOS
DO DESIGN
PROFESSORES
Me. Clauciane Pereira
Esp. Vanessa Barbosa dos Santos
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva,
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard,
Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini (Design de Moda), Larissa Camargo (Design de
Interiores) Projeto Gráfico e Editoração José Jhonny Coelho e Melina Belusse Ramos, Designer
Educacional Yasminn Zagonel, Revisão Textual Viviane Notari Ilustração Bruno Pardinho, Fotos
Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
Boa leitura!
Profª Me Clauciane Pereira
su mário
UNIDADE I
O QUE É, COMO SURGIU E COMO
O DESIGN SE MANIFESTA 78 - Materiais
82 - Tecnologia e Globalização
12 - Introdução 85 - Estilo
14 - Antes de mais nada, o que é Design? 90 - Componentes culturais
18 - Como o Design se manifesta e qual o 92 - Sustentabilidade e Ecologia
papel do Designer? 94 - Considerações finais
25 - Como, onde e quando: as dimensões
históricas do Design UNIDADE IV
PRINCÍPIOS DO DESIGN
27 - Considerações finais
UNIDADE II
106 - Introdução
ELEMENTOS DO DESIGN
108 - Equilíbrio
111 - Contraste e Harmonia
40 - Introdução
114 - Repetição e Ritmo
42 - Ponto, linha e plano
117 - Gradação
44 - Forma e espaço
118 - Radiação
45 - Direção
119 - Ênfase ou Focos visuais
46 - Movimento
119 - Unidade
47 - Volume e Dimensão
123 - Considerações finais
48 - Escala e Proporção
51 - Textura e Padronagem
UNIDADE V
53 - Luz e cor EXEMPLOS E APLICAÇÕES
60 - Silhueta
62 - Considerações finais 134 - Introdução
136 - No Design de ambientes
UNIDADE III 139 - Na moda
ELEMENTOS QUE INFLUENCIAM O DESIGN 142 - No Design de Produto
144 - No Design Gráfico
76 - Introdução
147 - Considerações finais
O QUE É, COMO SURGIU E
COMO O DESIGN SE MANIFESTA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Antes de mais nada, o que é design?
• Como o design se manifesta e qual o papel do designer?
• Como, onde e quando: as dimensões históricas do design
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o que é o design.
• Conhecer as áreas e aplicações do design, assim como o
papel e as habilidades do designer.
• Introduzir os contexto histórico da atividade.
unidade
I
INTRODUÇÃO
14
DESIGN
esteja comprando aquele liquidificador porque é área, como o Philippe Starck, por exemplo, sua ad-
mãe, pai, irmã(ão) ou tia(o) coruja!). Da mesma miração é pelo designer Philippe Starck e não pelo
maneira, quando você admira um profissional da design Philippe Starck.
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
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DESIGN
REFLITA
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
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DESIGN
Concordando com Gomes Filho (2006), Mozota quer conhecimento técnico atrelado à criatividade
(2011) admite que o design como profissão é, na e à habilidade de administrar todos os aspectos do
realidade, uma família de profissões desenvolvidas projeto de interiores.
ao redor da concepção de diferentes formas, mas de- O termo design de interiores, segundo Broke
fende a existência de quatro tipos de design que cor- et al (2014), é amplamente aplicado para descrever
respondem aos principais domínios de integração todo e qualquer tipo de projeto de interiores, desde a
da profissão na sociedade, dentre eles, a autora cita decoração até a reforma. Mas, a partir do momento
o design de interiores, o design gráfico e o design de em que a reutilização de estruturas se transformou
produto. numa prática conceituada, houve a necessidade da
Independentemente do seu campo de atuação, de definição mais precisa de algumas especificidades.
acordo com o International Council of Societies of Em um extremo, temos a arquitetura de interio-
Industrial Design (ICSID, 2015, online), os designers res que se preocupa com a renovação, reestrutura-
ção ou modificação das construções e espaços exis-
adquirem uma profunda compreensão das ne- tentes. Há, aqui, uma conexão da arquitetura com as
cessidades dos usuários através da empatia e
práticas do design de interiores. Em outro extremo,
aplicação de um processo pragmático de so-
lução de problemas centrados no usuário para temos a decoração de interiores considerada a arte
projetar produtos, sistemas, serviços e experi- de decorar espaços internos e que envolve pequenas
ências. Eles são parte estratégica do processo mudanças em relação aos padrões das superfícies,
de inovação e estão numa posição única para ornamentos, mobiliário, acessórios, iluminação e
conectar variadas disciplinas profissionais e in-
materiais.
teresses comerciais. Eles valorizam o impacto
econômico, social e ambiental do seu trabalho e De acordo com o Council for Interior Design
sua contribuição para a co-criação do aumento Qualification (CIDQ, 2015), é comum que os ter-
da qualidade de vida. mos decoração de interiores e design de interiores
sejam utilizados alternadamente, quando, na ver-
dade, essas profissões diferem em aspectos críti-
COMO O DESIGN DE INTERIORES cos. Enquanto a decoração de interiores é a orna-
SE MANIFESTA? mentação de um espaço com coisas bonitas ou da
Broke et al (2014) e Gibbs (2015) concordam que, moda, o design de interiores é a arte e a ciência de
para se adaptar às reivindicações da atualidade, a compreender o comportamento das pessoas para
prática do design de interiores mudou de modo criar espaços funcionais dentro de um edifício. Em
radical nos últimos cinquenta anos. Antes campo suma, os designers de interiores podem decorar,
de entusiastas e amadores talentosos e criativos, mas os decoradores não podem projetar.
hoje, uma profissão reconhecida, vista como uma Assim, entre a arquitetura de interiores e a deco-
disciplina que pode influenciar positivamente a ração de interiores está o design de interiores que, de
maneira como os espaços são ocupados e que re- acordo com Brooke et al (2014, p. 12), é uma
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
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DESIGN
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Esse último define todo o contexto de surgimento tões simbólicas, a moda e o design se manifestam
da moda. Palomino (2013) menciona que, no final como ações contemporâneas que traduzem e, ao
do século XV e início da Renascença, a aproximação mesmo tempo, influenciam a vida humana.
das pessoas na área urbana (consequência do desen- Moura (2012) acredita que, apesar de independen-
volvimento das cidades e do comércio, bem como a tes em seus campos de ação e de nem todo design ser
organização da vida nas cortes) fez surgir o desejo de moda e nem toda moda ser design, existe uma união
imitar. Os burgueses passaram a copiar as roupas dos entre ambos os campos que passou a ser denomina-
nobres que, por sua vez, inventavam novas vestimen- do design de moda. Especialidade do design, que, de
tas com o intuito de se diferenciar dos burgueses. Os acordo com Gomes Filho (2006), envolve a criação, o
burgueses copiavam, os nobres criavam algo novo. desenvolvimento e a confecção de produtos de moda e
Assim, conforme Palomino (2013, p. 14), a atinge diversos segmentos de utilização, relacionados
moda “é um sistema que acompanha o vestuário e o com o uso de objetos diretamente sobre o corpo.
tempo, que integra o simples uso das roupas no dia
a dia a um contexto maior, político, social e socioló- QUAL O PAPEL DO DESIGNER DE MODA?
gico”; ao seguir, reproduzir e/ou simbolizar as trans- Matharu (2011) acredita que, como designer (seja
formações ocorridas entre um determinado espaço de interiores, de moda, gráfico ou de produto), de
de tempo e o outro, a moda reflete as sociedades. maneira independente ou como integrante de uma
Em acordo com Palomino, Jones (2011, p. 42) equipe, você deve ter as habilidades, competências ou
afirma que, se analisarmos a história da moda, usos conhecimento necessários para propor novas ideias,
e costumes de diversos países, teremos uma única universos e temas, além de orientar os rumos cria-
conclusão: “todas as sociedades, das mais primitivas tivos e comerciais daquilo que criou, no design de
às mais sofisticadas, usam roupas e ornamentos para moda, especificamente, da coleção que desenvolveu.
transmitir informações sociais e pessoais”. Lendo Mas, ao contrário do que sugere o senso comum,
suas roupas e os sinais por elas emitidos, podemos o papel do designer de moda não é baseado apenas
supor quais as características de personalidade de na inovação e na criatividade, além dessas caracte-
um indivíduo. rísticas, conforme Matharu (2011, p. 88), ele deve ter
Para Moura (2012), assim como a moda, o de-
sign é uma área de produção de produtos, sistemas e entendimento técnico sobre 3D, técnicas de
fabricação, habilidades comunicativas, de
estilos de vida que constitui a tradução de símbolos
gerenciamento, compreensão dos métodos de
criando linguagem. Na atualidade, passam a compor produção e conhecimento geral do mercado –
campos do conhecimento, ao manipular uma série identificando os desejos do cliente, analisando
de informações e transformá-las em produtos e re- os sucessos e fracassos, e implementando
flexos do cotidiano e, portanto, da cultura. mudança para o próximo ciclo.
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DESIGN
• elabora e administra projetos para a indústria sabilidade que recai sobre os ombros do designer
de confecção de peças e acessórios do vestu- gráfico é a de garantir que a mensagem seja comuni-
ário, a partir dos aspectos estéticos, simbóli-
cada precisa e adequadamente.
cos, ergonômicos e produtivos;
O design gráfico (termo cunhado pelo tipógrafo
• analisa as tendências relativas ao comporta-
americano William Addison Dwiggins) se manifes-
mento, cores, estilos, formas, texturas e aca-
bamentos; ta, de acordo com a Associação dos Designers Grá-
• desenvolve produtos de moda aplicando vi- ficos do Brasil (ADGBrasil, 2000), como a atividade
são histórica, sociológica e prospectiva; de planejamento de projetos relativos à linguagem
• elabora portfólios e dossiês; visual, que articula texto e imagem aplicados aos
• representa graficamente suas criações; mais variados suportes e situações e, ainda, com-
• elabora protótipos e modelos, além de anali- preende as noções de projetos gráficos, identidade
sar a viabilidade técnica do projeto. visual corporativa, projetos de sinalização e design
editorial.
COMO O DESIGN GRÁFICO SE MANIFESTA Ideia corroborada por Gomes Filho (2006, p.
E QUAL O PAPEL DO DESIGNER GRÁFICO?1 28), que considera que o design gráfico seja a espe-
É bastante provável que no mundo desenvolvido cialidade ou o campo de atuação que “envolve a con-
muitas pessoas tiveram sua vida alterada pela tec- cepção, a elaboração, o desenvolvimento do projeto
nologia da informação e do design, por esse motivo, e a execução de sistemas visuais de configuração for-
digital, gráfico e design são palavras que tem grande mal [...] assentada predominantemente em substra-
influência em nosso vocabulário. to bidimensional [...] Cuida da geração, tratamento
Segundo Gordon e Gordon (2014, p. 8), “o for- e organização da informação”. Twemlow (2007, p.
mato digital criou um método comum de registro 6) acredita que o design gráfico faz parte de todos
e transmissão de dados, propiciando alto nível de os aspectos da vida social, desde a etiqueta com os
interatividade entre as mídias”, tornando possível a dados nutricionais de um alimento até os sinais que
atuação conjunta, em um único contexto, do som, mandam parar os condutores das viaturas nos cru-
da imagem e do texto, dentre outros. O que, por sua zamentos.
vez, mudou significativamente a maneira como os Para Helfand (2009), o design gráfico é
designers trabalham. a complexa combinação de palavras e imagens,
Vivemos uma época em que a qualidade do números e gráficos, fotografias e ilustrações
conteúdo visual exerce uma função gradativamen- que, para ter sucesso, demanda sua elaboração
te mais relevante na forma como nos comunicamos por parte de um particularmente cuidadoso in-
divíduo que pode orquestrar estes elementos de
com um público cada vez mais diversificado. Essa
forma a eles se juntarem para formar algo dis-
é justamente a essência do design gráfico, projetar tinto, ou útil, ou divertido, ou surpreendente,
algo para ser comunicado a alguém, assim, a respon- ou subversivo, ou memorável.
1
Parte deste subtópico foi extraída da dissertação “A sinalização viária da ilha de Santa Catarina - uma análise sob a ótica do turista” (p. 25-26), de-
fendida pela autora Clauciane Pereira no Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina.
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Na visão de Newark (2009, p. 6), o design gráfico instrumentos essenciais a sua sobrevivência. Apenas
está em toda parte, explicando, decorando, identi- a partir do século XVIII e da Revolução industrial
ficando – impondo significado ao mundo. Ele reali- é que os produtos começaram a ser fabricados em
za diversas funções: classifica e diferencia, informa, quantidades expressivas e substituindo a antiga roti-
“atua em nossas emoções e ajuda a dar forma aos na da produção artesanal.
nossos sentimentos em relação ao mundo que nos Dentre diversas especialidades, conforme Mo-
cerca”. zota (2011), o design de produtos é considerado o
Sob a ótica do Icograda (2008, tradução nossa), mais conhecido e envolve a concepção, elaboração
o design gráfico é “uma atividade interdisciplinar e e desenvolvimento do projeto, bem como a fabrica-
de solução de problemas que combina sensibilida- ção do produto (de configuração física predominan-
de visual com habilidade e conhecimento nas áreas temente tridimensional), que, ao contrário do que
da comunicação, tecnologia e negócios”. O mesmo muitos pensam, não se restringe a móveis, luminá-
Conselho considera ainda que a atividade seja uma rias e carros. De acordo com Gomes Filho (2006),
forma de tradução de variáveis, dentre elas: a com- os designers de produto intervêm em praticamente
preensão do produto ou serviço e metas do cliente, todos os setores:
seus competidores e público-alvo, em soluções visu- • Produtos de uso, como veículos, mobiliários,
almente criativas, por meio da manipulação, combi- utensílios domésticos, eletrodomésticos, ele-
nação e utilização de formas, cores, imagens, tipo- troeletrônicos, calçados, joias e embalagens.
grafia e espaço. • Máquinas e equipamentos em geral, instru-
mentos, dispositivos e acessórios.
Dessa forma, o designer gráfico seria um profis-
• Componentes de ambientes em geral, que en-
sional especializado na estruturação e organização
globam produtos que configuram postos de
da informação visual para o auxílio da comunica-
trabalho ou de atividades.
ção e orientação. Sua função então é apresentar uma
mensagem de forma clara, transmitindo as ideias Os designers de produtos lidam com a busca cons-
principais sem que as menos importantes deixem de tante do equilíbrio entre forma e função. Suas ati-
ser percebidas (o que requer bom senso e análise). vidades envolvem o projeto e a inovação de novos
produtos ou a readaptação (redesign) de produtos já
COMO O DESIGN DE PRODUTO SE MANI- existentes, de forma criativa, consciente dos aspec-
FESTA E QUAL O PAPEL DO DESIGNER DE tos estéticos e funcionais, ecológicos, econômicos,
PRODUTO? ergonômicos, produtivos, mercadológicos e sociais
Para Morris (2010) e Carpes Jr. (2014), o desenvol- que envolvem o produto. Mantém-se em constante
vimento de produtos tem sido uma prática comum diálogo com especialistas de outros campos profis-
entre os seres humanos há milhares de anos, quando sionais e projetuais voltados ao desenvolvimento de
produziam, principalmente, aparatos, ferramentas e produtos.
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DESIGN
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Parte deste tópico foi extraída da dissertação “A sinalização viária da ilha de Santa Catarina - uma análise sob a ótica do turista” (p. 23 - 25), defendida
pela autora Clauciane Pereira no Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina.
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
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considerações finais
27
LEITURA
COMPLEMENTAR
DESIGN GRÁFICO AMBIENTAL: uma especialidade do design que conecta o design gráfico com o
design de interiores
Designers gráficos ambientais trabalham junto com arquitetos e designers de interiores para criar designs que defi-
nem visualmente o ambiente construído. Esses projetos podem incluir design de exposições para museus, galerias
e instalações de arte públicas; orientação espacial e sinalização arquitetônica; design de pictogramas; mapeamento
e sistemas completos de identidade; além de ambientes temáticos. Há uma grande demanda para seu trabalho, por
parte de setores de varejo, entretenimento, construtoras e planejadores urbanos, uma vez que é essencial a sinaliza-
ção ser clara e a circulação eficiente.
Designers gráficos ambientais estão entre os mais colaborativos dentre as disciplinas do design, e trabalham em
parcerias com especialistas de muitas áreas para pesquisar e disponibilizar um design funcional de modo informativo
e divertido. Eles combinam suas habilidades às dos especialistas em mídia digitais para comunicações interativas,
trabalham com designers de produto em invenções, colaboram com arquitetos e clientes em hospitais, escolas e em-
presas. Grandes empresas de arquitetura podem ter departamentos internos de design gráfico ambiental para criar
sinalização, orientação espacial, identidade e materiais impressos de apoio. Outras consultam empresas de design
gráfico que oferecem serviços de design ambiental para grandes projetos que exigem a visualização de informações
complexas.
Como funciona
Assim como em qualquer projeto de design gráfico, na primeira etapa de desenvolvimento o designer gráfico ambien-
tal determina os objetivos e pesquisa as possíveis necessidades da edificação/espaço, bem como de seus usuários
ou de seu público. Isso permitirá que cliente e designer determinem a quantidade e a localização das sinalizações e
de outros elementos, para fins de orçamento. Em seguida, o designer começa o processo de design conceitual, com
uma combinação de esboços e modelos 3D ou ilustrações digitais renderizadas em 2D ou 3D. Quando o design está
suficientemente refinado para o orçamento, o designer gráfico ambiental supervisiona o processo de licitação para
a fabricação dos elementos arquitetônicos, trabalha junto à equipe de design para selecionar os fabricantes e está,
frequentemente, no local para a instalação dos elementos, de fato.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
Habilidades exigidas
• Excelentes habilidades de design em composição, forma, cor, escala, textura;
• Boas habilidades de desenho;
• Capacidade de visualizar espaços tridimensionais;
• Familiaridade com os códigos e regulamentos de sinalização;
• Compreensão dos fatores humanos, incluindo demandas visuais e de luz, percepção da cor e psicologia com-
portamental;
• Compreensão do simbolismo e de necessidades multilíngues;
• Fortes habilidades interpessoais e de comunicação.
A parte legal...
• Seu trabalho de design torna-se uma instalação permanente;
• Você terá uma experiência de pesquisa bastante prática;
• Você consegue ver o efeito de seu trabalho em público;
• Você trabalha com arquitetos, engenheiros estruturais, designers e fabricantes;
• Você pode trabalhar com 3D.
29
LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
31
atividades de estudo
d. Apenas os itens II e III estão certos. I. Aos formatos tradicionais e mais lineares pro-
postos nos primórdios da metodologia proje-
e. Todos os itens estão certos. tual vêm sendo acrescidas novas abordagens.
II. A metodologia projetual em design contem-
2. (Enade Design 2006) O ensino formal de nível su-
pla, além de procedimentos genéricos, o em-
perior em Design iniciou-se no Brasil na década
prego de procedimentos de origem profissio-
de 60 do século passado, sob forte influência da
nal diferenciada e/ou correlata, o que reforça
Escola Superior de Forma (Hochschule für Ges-
a natureza multidisciplinar do Design.
taltung) de Ulm (1953-1968). A atuação dessa es-
cola alemã caracterizou-se, principalmente, por: III. Os novos estudos em metodologia projetual
I. Iniciar o movimento funcionalista em design, buscam estabelecer um método de design a
tendo criado o lema “a forma segue a função”. ser seguido que simplifique e torne o proces-
so mais dinâmico, de modo a proporcionar
II. Realizar estudos na área de estética, tendo in-
melhores resultados.
fluenciado o aparecimento do estilo aerodinâmi-
co (streamline) nos Estados Unidos da América.
É correto o que se afirma em
III. Desenvolver um pensamento sistemático a. I, apenas.
acerca de design, tendo fundamentado uma
metodologia de projeto. b. III, apenas.
32
atividades de estudo
b. I e II.
c. I e IV.
d. III e V.
e. III, IV e V.
33
material complementar
34
referências
35
referências
36
gabarito
1. D
2. A
3. C
4. D
5. D
37
ELEMENTOS DO DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Ponto, linha e plano
• Forma e espaço
• Direção
• Movimento
• Volume e dimensão
• Escala e proporção
• Textura e padronagem
• Luz e cor
• Silhueta
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os elementos do design.
• Aprender a utilizar os elementos do design.
• Entender a importância desses elementos para o design.
unidade
II
INTRODUÇÃO
Ponto, Linha
& Plano
O ponto é uma superfície material visível ao olho
humano, a menor unidade gráfica, um elemento vi-
sual que não tem comprimento ou largura, não ocu-
pa nenhuma área ou espaço. Ele corresponde a um
par de coordenadas x e y, portanto, indica uma posi-
ção no espaço. Assim, graficamente, um ponto toma
forma como um sinal, uma marca visível.
Para Dondis (1998, p. 53), “qualquer ponto tem
grande poder de atração visual sobre o olho, exista
ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo ho-
mem em resposta a um objetivo qualquer”.
Ele é um elemento visual simples e muito peque-
no que não pode ser decomposto em outras unida-
des, em contrapartida uma massa de pontos torna-
-se textura, forma ou plano. Em grande número e
justapostos, criam a ilusão de tom ou de cor, o que
caracteriza um dos fundamentos dos processos de
impressão, como offset e rotogravura.
Dois pontos são um instrumento de medição
do espaço no meio ambiente, são o início e o fim de
uma linha. O ponto está onde duas linhas se encon-
tram ou se cruzam, assim como uma série de pontos
forma uma linha.
Dondis (1998, p. 55) acredita que “a capacidade
única que uma série de pontos tem em conduzir o
olhar é intensificada pela maior proximidade dos
pontos”, sendo que quando os pontos estão suficien-
temente próximos uns dos outros e sua identifica-
ção individualizada se torna impossível, o conjunto
de pontos converte-se em outro elemento visual: a
linha.
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DESIGN
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
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DESIGN
Direção
Para Dondis (1998), as formas básicas representam bém é requerido em tudo aquilo que é construído e
três direções visuais fundamentais e significativas: desenhado.
o quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a A força direcional diagonal se opõe à estabilidade
diagonal; o círculo, a curva. Cada uma das direções das direções horizontal e vertical. Ela é a força di-
visuais tem um forte significado associativo e é um recional mais instável, provocadora e perturbadora
valioso instrumento para a composição. das formulações visuais. Por último, as forças dire-
As forças direcionais horizontal e vertical são a cionais curvas são associadas à abrangência, repeti-
referência primária do homem, sua significação tem ção e calor. Dondis (1998, p. 60) afirma que “todas
a ver essencialmente com a estabilidade em todas as as forças direcionais são de grande importância para
questões visuais. O equilíbrio não é uma necessidade a intenção compositiva voltada para um efeito e um
que diz respeito unicamente ao ser humano, ele tam- significado definidos”.
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Movimento
Os artistas sempre buscaram representar o movi- uma linha sinuosa ou uma forma pontuda e trian-
mento dos corpos e a passagem do tempo no es- gular e composições diagonais sugerem movimento,
paço estático e bidimensional. Numa composição em contrapartida, as configurações retilíneas pare-
visual, ele não é nada além de uma representação. cem estáticas.
O movimento de fato existe apenas no mundo real.
Para Lupton e Phillips (2008, p. 215), “o movimento REFLITA
é um tipo de mudança” e como tal pode ser suben-
tendido ou literal. “Todo desenho pode ser entendido como um
Qualquer imagem estática possui um movimen- estudo do movimento, já que é o caminho do
to implícito. O movimento numa composição só movimento registrado por meios gráficos”
existe por causa dos elementos compositivos empre- Fonte: Moholy-Nagy (apud LUPTON;
gados e pelo modo como foram aplicados. Cortar PHILLIPS, 2008, p. 85).
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DESIGN
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Escala
& Proporção
Lupton e Phillips (2008, p. 41) nos perguntam: próprio homem é um fator relevante e fundamental.
Nas questões de design, tudo o que se cria e se fabri-
O que os designers chamam de escala? A esca- ca está associado às proporções humanas.
la pode ser considerada tanto objetiva quanto
Um ótimo exemplo para o entendimento do
subjetivamente. Em termos objetivos, ela se re-
fere às dimensões exatas de um objeto ou à cor- conceito de escala são as esculturas do artista con-
relação exata entre uma representação e a coisa temporâneo australiano Ron Mueck. Sua exposição,
real que ela representa. denominada “Still Life” (Natureza morta), fez su-
cesso por todos os lugares por onde passou: Japão,
Todos os elementos visuais podem ser modificados Austrália, Nova Zelândia, México, França e Argen-
ou redefinidos, o processo de alteração constitui tina. No Brasil, tivemos a oportunidade de recebê-la
o que chamamos de escala. O grande não existe entre março de 2014 e fevereiro de 2015, primeiro
sem o pequeno, mas mesmo quando o grande se no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, em
estabelece por meio do pequeno, toda a escala pode seguida, em São Paulo, na Pinacoteca.
ser alterada pela existência de outra modificação. A arte de Mueck é conhecida pela meticulosi-
Em outras palavras, a escala depende do contexto. dade de detalhes das formas humanas. O que dife-
Dondis (1998, p. 75) acredita que “o controle da es- rencia os personagens de pessoas reais é o tamanho.
cala pode fazer uma sala grande parecer pequena e Mueck explora surpreendentes mudanças de escala,
aconchegante, e uma sala pequena, aberta e arejada. algumas obras são miniaturas enquanto outras fo-
Esse efeito se estende a toda manipulação do espaço, ram criadas em grandes proporções.
por mais ilusório que possa ser.” A maior das esculturas apresentada no Brasil é
A mesma autora também defende que a medida intitulada “Couple Under a Umbrella” (Casal sob um
é parte integrante da escala, porém mais importante guarda-sol) que encena um casal de idosos com rou-
do que a medida é a justaposição: o que é coloca- pa de banho um apoio ao outro sob um guarda-sol.
do ao lado do objeto e em que cenário ele se inse- A escultura possui 3 metros e foi produzida espe-
re? Para que a escala seja estabelecida, a medida do cialmente para as mostras na América Latina.
48
DESIGN
A utilização da escala e proporção nas esculturas de drado; para finalizar, o topo e a base do quadrado de-
Mueck fica evidente quando uma de suas obras é vista vem ser prolongados, de tal modo que ele se converta
ao lado de uma pessoa, justamente porque a escala num retângulo áureo.
representa o tamanho real de um objeto em relação
a um padrão reconhecido, enquanto a proporção é a
forma como relacionamos visualmente todas as par-
tes individuais de um todo. Podemos criar ilusões so-
bre a forma mudando as proporções entre as partes
de uma composição.
Existem fórmulas de proporção nas quais a escala
pode basear-se, a mais conhecida é a seção áurea, ela
foi utilizada pelos gregos para a concepção da maioria
das construções da civilização grega. Para obter uma
seção áurea, é preciso: desenhar um quadrado, divi-
di-lo ao meio (na vertical), traçar a diagonal de uma
de suas metades e utilizá-la como raio para desenhar
Figura 2: Retângulo áureo
uma circunferência a partir do ponto médio do qua- Fonte: adaptado de Dondis (1997, p. 74).
49
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
De acordo com Dondis (1998, p. 75), a unidade modu- Embora sejam ferramentas bastante úteis, a apli-
lar do sistema de Corbusier é o tamanho do homem, cação dessas fórmulas não é uma regra, antes de
e a partir dessa proporção ele estabelece uma altu-
qualquer coisa é fundamental que o designer seja
ra média de teto, uma porta média, uma abertura capaz de perceber que, mantida a razão entre escala
média de janela, etc. Tudo se transforma em uni- e proporção, as dimensões horizontal e vertical de
dade e é passível de repetição. Por mais estranho um objeto serão escalonadas de modo que a forma
que pareça, o sistema unificado da produção em
resultante não seja uma distorção do original.
série incorpora esses efeitos, e as soluções criati-
vas do design com frequência se veem limitadas
pelos elementos de que se dispõem para trabalhar.
50
DESIGN
Textura &
Padronagem
A natureza nos apresenta uma infinidade de textu- Lupton e Phillips (2008) afirmam que as texturas po-
ras: areia, couro, palha, madeira, cipó, juta, pedra, dem ser concretas ou virtuais; Dondis (1997) e Wong
folha, concha, dentre tantas outras. Cada um desses (1998) alegam que podem ser visuais ou táteis, ou seja,
materiais tem texturas diferentes, ou seja, tem su- as texturas incluem tanto as características físicas de
perfícies com propriedades específicas que podem uma superfície quanto a aparência ótica dessa super-
ser suaves ou ásperas, lisas ou decoradas, foscas ou fície. Para Lupton e Phillips (2008, p. 53), “texturas
polidas, macias ou duras. Além disso, o acabamento palpáveis afetam a maneira como uma peça é sentida
dado a alguns deles, como a madeira ou a pedra, por pelas mãos, mas também afetam sua aparência. Uma
exemplo, podem ainda resultar em efeitos diferen- superfície lisa ou brilhante, por exemplo, reflete a luz
ciados de texturas. de modo diferente de uma outra, porosa e fosca”.
51
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Podemos reconhecer uma textura através da vi- a ornamentação, atualmente, a padronagem desper-
são, do tato ou ainda por meio da combinação de ta discussões frequentes.
ambos. Onde há uma textura real, de acordo com Lupton e Phillips (2008) acreditam que o retor-
Dondis (1997), as qualidades óticas e táteis coexis- no do ornamento e, consequentemente, dos padrões
tem. Wong (1998) acredita que as texturas visuais de repetição, tem relação com a volta do artesanato
são estritamente bidimensionais, são texturas perce- na arquitetura, nos interiores e produtos. Assim, no
bidas pela visão, mas que fazem lembrar sensações século XIX, o modo como as padronagens são cria-
táteis. Em contrapartida, as texturas táteis, não ape- das passam a ser analisadas, o que gera uma con-
nas são visíveis como podem ser sentidas. clusão a respeito da maneira como quase todas elas
De modo geral, texturas táteis existem em todos nascem, a partir de elementos isolados ou pontos;
os tipos de superfícies, porque podem ser sentidas. de elementos lineares ou faixas; ou da interação de
Isso significa que mesmo os tecidos, por mais pla- ambos ou grids.
nos que sejam, assim como folhas de papel, por mais Independentemente de quais elementos foram
lisas que sejam, têm propriedades específicas de su- utilizados para a composição de uma padronagem e
perfície que podem ser percebidas pelo tato. Sinta a se houve a interação entre eles ou não, ela é sempre
diferença entre as texturas das folhas do seu livro. resultado de uma repetição capaz de nos acalmar,
Compare o toque do papel utilizado na capa e do agradar ou surpreender e, portanto, podem ajudar o
papel utilizado no miolo, perceba como a capa tem designer a expressar uma infinidade de ideias.
uma textura mais delicada e acetinada se comparada
as demais folhas. SAIBA MAIS
Para Lupton e Phillips (2008, p. 53),
Para Gomes Filho (2004, p. 36), “um objeto
a beleza da textura no design encontra-se, com com alta pregnância é um objeto que apresen-
frequência, na pregnância de sua justaposição ta um máximo de equilíbrio, clareza e unifica-
ou contraste: espinhosa|lisa, pegajosa|seca, ru- ção visual, e um mínimo de complicação visual
gosa|macia e etc. Colocando uma textura em na organização de seus elementos ou uni-
relação a outra, oposta ou complementar, o de- dades compositivas”. Assim, quanto melhor
signer pode amplificar as propriedades formais for a organização visual da forma do objeto,
únicas de cada uma delas. [...] texturas têm uma em termos de facilidade de compreensão e
capacidade genuína, visceral e absolutamente rapidez de leitura ou interpretação, mais alto
será seu nível de pregnância.
sedutora de nos atrair e nos capturar.
Fonte: a autora.
Além de emprestar as diferentes texturas encon-
tradas na natureza, os designers podem criar suas
próprias texturas que, nesse caso, são também cha- “O segredo do sucesso de todo ornamento é a
produção de um efeito amplo e generalizado,
madas padronagens, justamente porque são criadas
pela repetição de poucos elementos simples”.
a partir de um padrão de repetição. Embora tenha
Fonte: Owen (apud LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 186).
sido desdenhada pelos designers do século XX, que
eram absolutamente a favor da simplicidade e contra
52
DESIGN
53
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
canismo da visão e provoca a sensação visual da cor, de onda são absorvidos e outros refletidos, estes (os
que, por sua vez, está relacionada ao comprimento refletidos) determinam a cor que vemos.
de onda da radiação eletromagnética. Ondas lumi- Imagine-se tentando colorir seu retrato, é im-
nosas com comprimentos de onda diferentes provo- possível esticar o braço e alcançar na luz um pou-
cam sensações visuais de cores diferentes. co de verde para colorir seus olhos, ou um tanto de
No início do século XIX, o físico inglês Thomas azul-violeta para preencher a roupa que está vestin-
Young alegou que os olhos contêm três diferentes do. Nesse caso, você teria de usar tintas, lápis de cor,
tipos de receptores constituídos de partículas (que, canetinhas, em outras palavras, você teria de utilizar
hoje, sabemos que são os cones) que oscilam quan- pigmentos. Com certeza, em algum momento da sua
do estimulados por comprimentos de ondas espe- vida, você já misturou algumas tintas ansioso para
cíficos. Sua teoria, denominada teoria tricromática descobrir qual resultado alcançaria daquela mistura,
(posteriormente desenvolvida pelo cientista alemão e hoje sabe que se misturar azul com amarelo, por
Hermann von Helmholtz), identificou três compri- exemplo, o que você alcançará será o verde.
mentos de onda, ou três cores: o vermelho, o verde Assim como a mistura aditiva nos permite perce-
e o azul-violeta. Todas as cores que o olho humano ber a cor por meio da ação da luz e seus diferentes com-
é capaz de identificar seriam, então, criadas pelas primentos de onda, há uma segunda mistura, a subtra-
combinações dessas três cores básicas. tiva (ou modelo CMY), que associa a ação da luz a dos
Ainda segundo Fraser e Banks (2007), a com- pigmentos, o modo como esses pigmentos reagem à luz
binação das três cores primárias da luz (capaz de é que nos permite perceber um conjunto de diferentes
recriar todo o espectro), é chamada, hoje, de mis- cores. Da mesma maneira, como a mistura aditiva é
tura aditiva (ou modelo RGB). Misturadas as mes- composta por três cores primárias (vermelho, verde e
mas quantidades de cada uma das cores primárias , azul-violeta) e essas três cores quando misturadas com-
obtém-se a luz branca e, quando misturadas duas a põem novas cores, a mistura subtrativa também tem
duas, formam-se as cores secundárias da síntese adi- seu trio de primárias (ciano, magenta e amarelo) que,
tiva, assim: vermelho + verde = amarelo; vermelho + igualmente, quando somadas, criam novas cores.
azul-violeta = magenta; verde + azul-violeta = ciano. A partir de agora, preste atenção a todos os mate-
Você pode ver o resultado da mistura das cores adi- riais impressos a que você tem acesso: livros, jornais,
tivas nas telas da sua televisão, computador, tablet, revistas, folders, as páginas que você imprime na sua
smartphone ou no cinema, por exemplo. impressora etc., neles; você pode ver o resultado da mis-
Mas se, ao invés de apreciar um bom filme na tura das cores subtrativas. Somadas as mesmas quan-
tela do cinema, sua intenção for a de ler um bom tidades das três cores pigmento primárias, obtêm-se
livro, repleto de ilustrações e imagens coloridas, o preto e, quando somadas duas a duas, formam-se as
teremos de repensar o modo como as cores serão cores pigmento secundárias: ciano + magenta = azul-
percebidas. Nesse caso, não estaríamos olhando a -violeta; ciano + amarelo = verde; e magenta + amarelo
luz emitida por uma fonte luminosa, mas para a luz = vermelho. Se você estiver atento, já notou que existe
refletida por uma superfície e, quando a luz incide aqui uma espécie de coincidência fundamental para que
numa superfície pigmentada, alguns comprimentos possamos entender o processo de percepção das cores.
54
DESIGN
SAIBA MAIS
Caso não tenha notado, as primárias aditivas – verme- corpos são pretos a noite). No caso de a superfície ter
lho, verde e azul-violeta – quando somadas, resultam a propriedade de absorver parte dos comprimentos de
nas secundárias aditivas – ciano, magenta e amarelo. onda, essa superfície refletirá um único comprimento,
Já as primárias subtrativas – ciano, magenta e amare- ou a somatória dos que não foram retidos.
lo – quando somadas, resultam nas secundárias sub- Enquanto lê, imagino que esteja fazendo anota-
trativas – vermelho, verde e azul-violeta. Ou seja, as ções no seu caderno com uma caneta esferográfica
primárias aditivas correspondem às secundárias sub- azul. Olhe para a tampa da sua caneta e me responda
trativas (vermelho, verde e azul-violeta), enquanto as por que você a enxerga dessa cor? Como já vimos,
primárias subtrativas correspondem às secundárias por causa da ação da luz e da reação dos pigmen-
aditivas (ciano, magenta e amarelo). Mas como é que tos aplicados a tampa. Acompanhe meu raciocínio:
isso interfere na maneira como percebemos as cores? quando a luz branca (que é composta pelos compri-
De acordo com Baer (2004), se a superfície de um mentos de onda vermelho, verde e azul-violeta) in-
objeto reflete todas as radiações luminosas que a atin- cide sobre a tampa da sua caneta azul, ela absorve
ge, enxergamos o branco. Na hipótese dessa superfície os comprimentos de onda vermelha e verde e reflete
absorver todos os comprimentos de onda da luz bran- apenas o comprimento de onda azul-violeta que esti-
ca e, portanto, não refletir nenhuma, pode-se afirmar mula nossos receptores sensíveis a esse comprimento
que o objeto em questão é preto (por isso, todos os de onda e, assim, temos a sensação visual da cor azul.
55
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Talvez você esteja estudando sentado(a) numa ca- o estímulo conjunto aos nossos receptores sensíveis
deira amarela, se não for o caso, procure por algum aos comprimentos de onda vermelha e verde e, en-
objeto amarelo e reflita comigo: quando a luz branca tão, produzem a sensação visual do amarelo. Por
incide sobre o objeto amarelo, ele absorve o compri- esse motivo, aqueles indivíduos portadores do dal-
mento de onda azul-violeta e reflete os comprimen- tonismo não conseguem perceber as cores da mes-
tos de onda vermelho e verde, que, somados, resul- ma maneira que os indivíduos que não têm nenhu-
tam no comprimento de onda secundário amarelo, ma deficiência em seus receptores.
56
DESIGN
a cor existe, literalmente, no olho do observador, pois só podemos percebê-la quando a luz é
refletida por um objeto ou emitida por uma fonte. Nossa percepção da cor depende não apenas
da pigmentação das superfícies em si como também da intensidade e do tipo da luz do ambien-
te. Mais que isso: percebemos uma determinada cor em função das outras em torno dela. Por
exemplo, um tom claro parece mais claro contra um fundo escuro do que contra um pálido.
Em 1665, Isaac Newton organizou as cores em tor- tros matizes e a partir dos quais todas as outras cores
no de um disco para descrever a relação entre elas, são criadas. Já as cores secundárias, (laranja, viole-
tornando-o uma ferramenta padrão para o ensino ta e verde) são aquelas que provêm da mistura de
de arte e design e o ponto de partida para compor suas cores primárias; enquanto as terciárias (como o
com as cores. O círculo cromático nos apresenta as vermelho-alaranjado ou o verde-amarelado, dentre
cores primárias (vermelho, amarelo e azul) como os tantas outras) resultam da mistura de uma cor pri-
matizes puros, que não resultam da mistura de ou- mária com uma secundária.
De acordo com Gibbs (2015), em um dos lados do das em lados opostos do círculo cromático, como
círculo estão as cores quentes, que vão do vermelho vermelho e verde, azul e laranja e amarelo e violeta.
ao amarelo, incluindo o laranja, conhecidas como co- Essas duplas de cores constroem composições de
res progressivas, pois parecem aproximar-se do ob- temperaturas opostas e contrastantes, já que uma
servador. Enquanto do outro lado estão as cores frias, cor não tem nenhum elemento da outra.
que incluem os tons de verde, azul e violeta e que, ao Ao contrário das complementares que estão
contrário das cores quentes, são consideradas recessi- distantes no círculo cromático, as análogas são
vas, pois parecem afastar-se do observador. cores vizinhas, que se encontram lado a lado no
Por meio do círculo cromático também pode- círculo. Assim, um esquema análogo constrói
mos estabelecer relações denominadas esquemas composições de temperatura de cor equivalente,
cromáticos – a começar pelo esquema complemen- diferenças cromáticas mínimas e, portanto, har-
tar. As cores complementares são aquelas localiza- monia natural.
57
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
O esquema triádico é baseado em três cores equidis- Um esquema complementar duplo usa dois pares
tantes no círculo cromático, assim, podemos com- diferentes de complementares. Embora seja um es-
por um trio de primárias (de cores muito vivas e até quema flexível, que permite a utilização de duplas
“berrantes”), de secundárias ou, ainda, de terciárias. posicionadas em qualquer ângulo no círculo cromá-
Já a separação complementar, que também é um es- tico, o mais comum é que estejam próximas, já que
quema de três cores, é mais sofisticada, compreende ,quanto mais distantes, maior o desafio para compor
a seleção de uma cor e, a partir dela, mais duas cores combinações agradáveis.
que cercam seu complemento. Finalmente, o esquema monocromático é fun-
damentado na escolha de uma única cor com va-
riações criadas pelo ajuste do brilho (clareamento
ou escurecimento da cor pela adição de branco
ou preto) ou saturação (as cores saturadas como
as primárias são puras e, portanto, mais fortes ou
mais vívidas, enquanto as não saturadas são mais
acinzentadas, também como resultado da adição
de branco ou preto).
De acordo com Dabner, Stewart e Zempol
(2014), a percepção das cores pode ser influenciada
pela inteligência, memória, experiência, história e
cultura. A cor possui uma linguagem única e com-
plexa, assim como inúmeros significados e associa-
ções simbólicas que podem variar com o tempo e
em diferentes culturas. Por exemplo, no Ocidente, o
preto é a cor do luto e da morte, enquanto na China
e na Índia a cor do luto é o branco.
O mesmo autor também menciona que, embora
as associações de cores sejam subjetivas e apesar das
58
DESIGN
SAIBA MAIS
diferenças locais, as cores podem ter algumas carac-
terísticas universais. Vermelhos, laranjas e amarelos
estimulam os sentidos e tendem a ser percebidos Cores são diferenciadas de três maneiras prin-
cipais: matiz, tom e saturação. O matiz refere-
como cores quentes, capazes de provocar sensações
-se ao nome genérico da cor – por exemplo,
de alegria, saúde ou agressividade. No lado oposto vermelho, amarelo ou azul. Um único matiz
do círculo cromático, azuis e verdes são vistos como pode ter muitas variações, desde as mais cla-
cores frias, com conotação de calma, paz, segurança ras até as mais escuras. Isso é chamado de
tom ou valor. Um mesmo matiz varia também
e/ou depressão.
de acordo com sua saturação ou croma (tam-
bém chamada de intensidade). A saturação
varia de máxima a mínima, ou da cor pura
a cinza (branco, dependendo do modelo de
cor). A cor também pode ser descrita por sua
temperatura e movimento.
59
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Silhueta
A silhueta é um elemento de design bastante aplicado idealizada naquele momento. As silhuetas já foram:
no design de moda. Ela é percebida antes mesmo saliente, larga, armada, com a cintura bem-marcada
que os detalhes da peça possam ser distinguidos. e saia ampla, dentre outras.
Para que haja coerência e unidade, a silhueta deve se
manter sem muitas variações no conjunto de peças
que fazem parte de uma coleção.
SAIBA MAIS
A silhueta costuma dividir o corpo em duas par-
tes, uma superior e uma inferior, que precisam estar
visual e proporcionalmente equilibradas para que o Unidade, equilíbrio e harmonia são todos
princípios do design que discutiremos na
resultado da composição seja harmônico.
unidade IV.
No design de moda, volume e silhueta são variá-
veis que se relacionam na mesma proporção, assim, Fonte: a autora.
60
DESIGN
Expondo as características desse elemento do design, ficados específicos e distintos. Assim, independente
tão comuns no design de moda, finalizamos a unida- de seu tamanho, elas ocupam espaço e representam
de II. Esta unidade lhe apresentou, além da silhueta, direções visuais fundamentais e significativas.
outros quinze elementos do design. Conversamos Percebemos que o movimento é um tipo de mu-
sobre: ponto, linha e plano; forma e espaço; direção; dança e entendemos a relação entre escala e pro-
movimento; volume e dimensão; escala e proporção; porção. Também vimos que os designers podem
textura e padronagem e, por fim, luz e cor. emprestar as texturas encontradas na natureza, ou
Falamos sobre a simplicidade do ponto e como ainda criar suas próprias padronagens; tratamos da
sua trajetória é capaz de gerar a linha que, por sua vez, relação entre luz e cor, essa última considerada um
em movimento pode formar um plano, cuja mudança dos principais elementos de um projeto de design, e
de posição cria o volume que se expressa por proje- finalizamos a unidade falando sobre a silhueta.
ções nas três dimensões do espaço. Vimos também Espero que com o conteúdo proposto nesta uni-
que a linha articula a complexidade das formas e, em- dade você esteja preparado para aplicar os elemen-
bora sejam básicas, poucas têm propriedades e signi- tos do design com maestria.
61
considerações finais
62
LEITURA
COMPLEMENTAR
Você já se sentiu azul de fome, verde de inveja, roxo de raiva ou viu o mundo rosa por estar apaixonado? Já dissipou
uma nuvem negra quando finalmente teve uma oportunidade de ouro? As cores têm um papel tão importante nas
nossas vidas que nós as usamos para descrever nossos sentimentos e ações.
Em todo o mundo, a maneira com que as diferentes culturas veem e descrevem as cores varia de forma dramática.
Por exemplo, o povo Basa da Libéria possui apenas duas palavras para classificar as cores (ziza para vermelho/laranja/
amarelo e hui para verde/azul/roxo), enquanto os Inuítes são mencionados por terem 17 palavras diferentes só para
descrever a cor branca (que se modifica de acordo com o clima e as condições diferentes de neve). Veja aqui um olhar
um pouco mais aprofundado sobre o que as diferentes cores significam ao redor do mundo.
63
LEITURA
COMPLEMENTAR
64
LEITURA
COMPLEMENTAR
É vantajoso entender os significados das cores em diferentes culturas. Ao conhecer o simbolismo das cores ao redor do
mundo, você estará capacitado para falar com seu público de uma maneira tanto apropriada culturalmente quanto eficaz.
Fonte: adaptado de Wang (online).
65
atividades de estudo
1. No livro “Novos fundamentos do Design”, Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips (2008)
abordam diferentes aspectos do uso da cor. Sobre esses aspectos e a partir da aná-
lise das imagens a seguir, analise as afirmativas e assinale a opção que apresente as
informações verdadeiras:
imagem 01 imagem 02
Fonte: LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008 (adaptado).
I. A cor existe no olho do observador, pois ele só será capaz de percebê-la quando a
luz for refletida por um objeto ou emitida por uma fonte. Assim, a percepção da cor
depende não apenas da pigmentação das superfícies em si como também da inten-
sidade e do tipo da luz do ambiente.
II. Uma determinada cor é percebida em função das outras em torno dela. Na imagem
1, a adição de objetos pretos à composição vermelha cria um efeito geral mais escu-
ro, enquanto a adição de objetos brancos cria uma composição mais clara.
III. Na imagem 2, a sobreposição do retângulo verde sobre o quadrado azul acinzentado
faz o verde parecer mais luminoso, ao contrário, quando sobreposto ao quadrado
amarelo, o retângulo verde parece mais escuro.
66
atividades de estudo
Com base na composição e disposição das cores e nos elementos do design, avalie
as afirmações a seguir:
I. As cores primárias, que são o ciano, o magenta e o amarelo, quando misturadas, dão
origem às demais cores do círculo cromático.
II. Ao misturar cores, aumenta-se a nuance de uma cor pela adição de preto.
III. As cores análogas são obtidas a partir da combinação de uma cor com seus matizes
adjacentes.
IV. Os matizes opostos no círculo cromático são considerados complementares dentre
e, entre eles, verifica-se alto contraste.
67
atividades de estudo
Fonte: LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
68
atividades de estudo
c. III e V, apenas.
d. I, II, III e IV apenas.
e. I, II, III, IV e V.
PORQUE
II. O modulor otimiza os requisitos de estética e racionalidade, pois as equipes de tra-
balho atuarão dentro de uma mesma visão sistêmica de padronização, o que inde-
pende das características individuais dos usuários.
69
material complementar
• Inclui estudos de caso que mostram o trabalho de designers têxteis que atuam tanto no
setor de moda quanto no de design de interiores.
• Aborda técnicas manuais e tradicionais, além das últimas tecnologias digitais, apresen-
tando belas imagens que ilustram os processos.
• Analisa todos os aspectos do design têxtil, desde as questões de sustentabilidade até a
fabricação e a comercialização do produto final.
70
material complementar
Color in Motion
O website Color in Motion, de Claudia Cortes, é uma experiência animada e interativa a res-
peito da comunicação e simbolismo da cor. Navegue pelas portas: “As estrelas”, “As películas”
e “O laboratório” e conheça um pouco mais sobre as cores de maneira divertida.
<http://www.mariaclaudiacortes.com/#>.
Adobe Color CC
O website Adobe Color CC te permite criar diferentes esquemas cromáticos a partir do círculo
cromático ou a partir de imagens e, ainda, explorar infinitas paletas pré-definidas. É uma óti-
ma ferramenta para quem ainda não tem muita habilidade para a composição com as cores.
<https://color.adobe.com/pt/>.
71
referências
DABNER, D.; STEWART, S.; ZEMPOL, E. Curso de design gráfico: princípios e práticas.
São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.
FRASER, T.; BANKS, A. O guia completo da cor. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: Gustavo
Gilli, 2015.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escri-
turas Editora, 2004.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
NAGY, A. 18 sculptures so lifelike you’ll swear they’re real. Gizmodo, 6 mai. 2013. Disponível
em: <http://gizmodo.com/18-sculptures-so-lifelike-youll-swear-theyre-real-510326582>.
Acesso em: 16 nov. 2015.
72
gabarito
UNIDADE II
1. E
2. A
3. D
4. D
5. E
73
ELEMENTOS QUE
INFLUENCIAM O DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Materiais
• Tecnologia e globalização
• Estilo
• Componentes culturais
• Sustentabilidade e ecologia
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender como os diferentes tipos de materiais podem influenciar nos
projetos de Design, em diversas áreas.
• Assimilar como os processos de transformação originados pela globalização
e pelo desenvolvimento tecnológico nos influenciam e a sua inter-relação
com o Desing, assim como os seus benefícios e malefícios.
• Entender como os estilos estudados por meio dos movimentos artísticos e
históricos influenciam nos processos do Design.
• Compreender que o Design sofre influências baseadas na sociedade na
qual ele está inserido, os princípios culturais, valores e forma de vivência.
• Entender que um bom profissional de Design não só conhece a importância
de sustentabilidade e ecologia, mas também desenvolve seus projetos e
sua profissão de forma que esses elementos influenciem positivamente seu
ambiente de vivência.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Materiais
Como exemplo, no caso da madeira, os autores
Os materiais, desde os primórdios da humanidade, argumentam que é um material natural cujas
fazem com que o homem consiga materializar os ar- fibras proporcionam uma textura de superfí-
tefatos para sua sobrevivência. Eles são responsáveis cie própria deste material, ela é tátil, percebida
por concretizar a ideia do designer. como mais quente em comparação com outros
materiais, e aparentemente mais macia, possui
cheiros característicos e desperta associações
Com a Revolução Industrial, ocorreram pro- com o artesanato. Assim, a madeira é um ma-
fundas transformações em âmbito cultural, terial bem conhecido, possui características
social e econômico, o que tornou acelerada a que podem estar associadas a significados atri-
multiplicidade de materiais disponíveis para buídos pelos usuários. Neste sentido, os auto-
a produção de produtos. Nesta época, houve res observam que estas características não são
o impulso do design devido à necessidade de apenas estéticas, mas sim, traços que definem
criação de produtos e o planejamento da pro- uma personalidade, que pode ser revelada pelo
dução com base no desenvolvimento em série designer (CALEGARI; OLIVEIRA, 2014, p.4).
(CALEGARI; OLIVEIRA, 2014, p. 3).
Para Beylerian e Dent (apud CALEGARI; OLIVEI- Esses significados carregados pelos materiais vão
RA, 2014), os materiais podem transformar o de- transmitir fundamentos da cultura, dos valores, da so-
sign, tendo força para transformar nossas vidas. ciedade, do estilo e dos princípios relacionados ao De-
É por meio dos materiais que conseguimos de- sign desse projeto. Além disso, esses materiais exercem
senvolver novas ideias, buscar inovação e aprimorar influência sobre a forma como o produto é desenvolvi-
o nosso desempenho. Calegari e Oliveira (2014) do. Calegari e Oliveira (2014, p. 4) enfatizam que:
afirmam que os materiais com
os quais os produtos são pro- o bom design é aquele que leva em consideração
o uso mais eficiente dos materiais, ou seja, de
duzidos portam significados
suas propriedades e da maneira como podem
perceptíveis para os usuá- ser conformados. Neste ponto, o designer pode
rios, assim, podem explorar as propriedades favoráveis de determi-
influenciar as suas nado material e corrigir as suas deficiências.
escolhas e preferên-
cias. O projeto de Para a seleção desses materiais no projeto de design,
design cria persona- temos uma infinidade de opções, devido aos avan-
lidade por meio dos ços da ciência e da tecnologia. As possibilidades de
materiais utilizados. combinações e escolha são inúmeras e cabe ao de-
signer uma pesquisa para a melhor escolha relacio-
Cadeira de acrílico nada ao seu produto.
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DESIGN
Mercedes-Benz
Fashion Week Madrid
De acordo com Dias (2009 apud CALEGARI; OLI- As características desses materiais são relacionadas
VEIRA, 2013, p. 59), a seleção de materiais ocorre aos processos físicos, mecânicos e térmicos. E tam-
em distintas situações em uma empresa: bém às características estéticas e simbólicas percebi-
• Na criação de um produto, em que não há li- das por cada indivíduo ou sociedade, de acordo com
mitações sobre o material. o contexto histórico e social.
• Na criação de um novo produto para uma E relacionados a esses aspectos, Dias (2009 apud
empresa que já tenha um processo produtivo CALEGARI; OLIVEIRA, 2013) comenta que, se-
que pré-determina certos materiais.
gundo o perfil objetivo dos materiais, é necessário
• Modificações ou redesign de um produto vi-
analisar os aspectos gerais, como preço e densidade;
sando um melhor desempenho técnico.
técnicos e dos materiais; ambientais; sociais e eco-
• Alteração de materiais para a redução de
nômicos. E os perfis subjetivos, como estéticos que
custos.
são sentidos no projeto; práticos, relacionados ao
• Trabalhar sempre com materiais disponíveis
e com custos reduzidos, além de outras situa- uso; simbólicos, que são ligados a aspectos sociais,
ções. culturais e individuais; e outros, como os aspectos
pessoais do indivíduo, gênero, idade, experiência,
estilo de vida.
79
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
80
DESIGN
Cadeira de polipropileno.
81
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
82
DESIGN
Entre meados do século XIX e meados do sé- net, tornando muitas vezes as coisas insignificantes
culo XX, a maior parte das grandes cidades do
e passageiras.
mundo passou por uma transformação colossal
que constituiu na implantação ou reforma de
uma série de redes de utilidades – água, esgo- Ao mesmo tempo em que a popularização das
to, gás, eletricidade, telefonia – além de uma tecnologias digitais injetou, sem sombra de dú-
ampliação das redes de transportes urbanos e vida, uma grande dose de liberdade no exercício
interurbanos – rodovias, ferrovias, portos, ae- do design, pode-se argumentar que elas também
roportos (CARDOSO, 2011, p. 184). trouxeram no seu bojo novos limites para a ima-
ginação humana (CARDOSO, 2008, p. 242).
Foi um período de globalização e interação de muitas
regiões do mundo, afetando a economia, a indústria É claro que não é a tecnologia que tira a criatividade
e o comércio devido ao crescimento de população e e a capacidade de desenvolvimento do designer, po-
território. rém é necessário refletir sobre o limite da tecnologia
Esse processo de industrialização interliga todas es- em gerar soluções para os problemas e projetos, pois
sas redes e, segundo Cardoso (2011), as redes de co- esse despejar de informações sobre nós não pode li-
municação é que propiciaram essa ligação das redes mitar o que podemos fazer e nem nos deixar total-
e a aceleração desses processos. Podemos citar três mente dependentes do que ela pode proporcionar.
grandes redes da comunicação: a primeira, a rede
visual, que se tratava da sinalização de espaços; a se- O velho senso de mistério e de magia diante da
folha em branco, experiência fundadora nos rela-
gunda, a rede invisível, das telecomunicações, que
tos de tantos mestres do passado, definitivamente
surgiram a partir de 1820 com o telégrafo; por últi- não parece se traduzir com a mesma intensidade
mo, a mais antiga, que é a rede visual impressa, que para o espaço da tela apinhada de ícones e barras
abrange livros, revistas, jornais e cartazes. de ferramentas (CARDOSO, 2008, p. 242).
É muito fácil percebermos como nosso mundo
vive em um tempo no qual as transformações prati- REFLITA
camente correm à sua frente todos os dias. Podemos
citar vários exemplos, como aquele smartphone que “Talvez reste ao velho mundo material deixar
você comprou e mal acabou de pagar e já tem um de lado a sua incompatibilidade atávica e acom-
modelo mais avançado; ou o fato de você acessar no panhar essas transformações no mundo da
imaginação, o que não deve demorar, pois,
Google e digitar qualquer palavra e, em menos de dada a opção, um número impressionante de
1 segundo, encontrar milhares de informações rela- pessoas parece preferir os prazeres virtuais
cionadas a ela. da interatividade à imprevisibilidade das inte-
rações humanas”.
As informações, as imagens, os produtos e os ser-
viços chegam a nós, todos os dias, com velocidade Fonte: Cardoso (2008, p.238)
83
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
84
DESIGN
Estilo
Como um elemento de grande influência para um
projeto de design, temos o estilo. Com a grande va-
riedade que conhecemos hoje, devido aos fatores
históricos, tecnológicos e culturais, todo projeto de
design terá como embasamento um estilo predomi-
nante e, às vezes a mescla de mais de um deles.
As características desses estilos vão determinar
os fatores dos quais já vimos na unidade anterior so-
bre os elementos do design e também sobre o assun-
to que veremos na próxima unidade: os princípios
do design. As cores, formas, linhas, texturas e mate-
riais serão determinados a partir do estilo escolhido
para se projetar.
Vamos conhecer os principais estilos atribuídos
ao design, que podem ser vistos nas áreas de interio-
res, moda, gráfico e produto.
CLÁSSICO
Um estilo marcado por linhas elegantes e ricas, sem-
pre bem rebuscadas, baseadas na época da História
grega e romana.
Tratando-se de materiais, utiliza-se muita ma-
deira escura e mármore. Os tecidos podem ser escu-
ros ou bem claros, dependendo da combinação com
o restante.
O mobiliário sempre cheio de detalhes, linhas
curvas, com materiais escuros.
As cores mais utilizadas são bordeaux, azul-ma-
rinho e verde-esmeralda, dourados, prateados, cor
de ferrugem, branco e cor-de-rosa-bebê.
As peças de design são os cristais, porcelanas,
prata, latão, candelabros, espelhos e molduras or-
namentadas, lustres grandes e dotados de muitos
detalhes com pedras especiais, arranjos florais, can-
85
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
deeiros de parede e com abajures em seda. Objetos, materiais e meios disponíveis, cores sem muita mistu-
traços e texturas muitas vezes são repetitivos para ra, na maioria das vezes primárias, preto ou branco.
causar um efeito de harmonia e unidade. Busca-se desenvolver projetos que utilizem de tec-
nologias de produção, funcionamento e acabamento,
CONTEMPORÂNEO 2 desde que haja também um objetivo para o tal uso.
86
DESIGN
2 3
87
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
88
DESIGN
89
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Componentes Culturais
Pensar local para agir global foi o que o pioneiro, ja- mento conjunto estabelece uma sociedade (um mes-
ponês, da internet Izumi Alzu disse. Isso quer dizer mo espaço) que age em conjunto. Surge, aí, a cultura.
que o design para funcionar de forma globalizada
tem que, antes, funcionar no pequeno ambiente com Culturas são sistemas (de padrões de compor-
tamento socialmente transmitidos) que servem
suas influências culturais.
para adaptar as comunidades humanas aos seus
Todos nós somos indivíduos com identidade embasamentos biológicos. Esse modo de vida
única e nossa identidade interage de forma social, das comunidades inclui tecnologias e modos de
cultural, política, geográfica, econômica e outras organização econômica, padrões de estabele-
formas que nos permitem ser quem somos. A partir cimento, de agrupamento social e organização
política, crenças e práticas religiosas, e assim
dessa interação, nos relacionamos com outros indi-
por diante (LARAIA, 2009, p. 59).
víduos e o fato de estarmos em um mesmo espaço
faz com que algumas características desenvolvidas A partir do conceito cultura, vemos, hoje, que a glo-
passem a ser comuns entre eles. Esse desenvolvi- balização nos permite uma expansão e um fluxo de
90
DESIGN
conhecimento, ideias, valores e costumes de forma símbolo, tenha como exemplo a criação de casacos de
mais abrangente e rápida entre as sociedades. Porém, frio daqueles mais sofisticados, qual seria sua função
não significa que essa globalização quer generalizar nas áreas tropicais do nosso país? Mesmo sendo um
esses conceitos pessoais de cada sociedade. O interes- fator climático, você consegue entender essa analo-
sante é utilizar o fator da globalização e transmitir a gia? A função de um projeto de design é fazer com
forma como cada sociedade se desenvolve, mostran- que ele seja útil na sociedade em que ele está inserido.
do sua identidade para o outro, enriquecendo hábitos
Para além das etapas comuns a qualquer mo-
e conhecimentos e valorizando cada uma delas. delo metodológico convencional, a ação do
E é nesse ambiente de contextualização cultural designer deve considerar a reunião e análise da
do design, segundo Gutierrez (2011), que a remissão informação existente sobre a capacidade pro-
de valores, métodos de produção, materiais, estágio dutiva na região. Deve também realizar uma
interpretação da sociedade e dos seus hábitos
tecnológico e patrimônio podem contribuir para a
culturais com o intuito de encontrar um per-
diferenciação dos projetos. fil de consumidores. Com esta informação, o
Um designer, quando desenvolve um projeto, seja designer deve questionar-se sobre quais são
de interiores, de moda, gráfico ou de produto, tem que as possibilidades de inovação, decompondo
o problema nos seguintes aspectos: inovação
analisar o contexto que esse projeto será inserido; assim
através da tecnologia (técnicas e materiais à dis-
como quais são os hábitos, os costumes e os valores desta posição), inovação através do programa (usos e
sociedade, a rotina das pessoas que ali estão inseridas, costumes) ou inovação através da forma (lin-
como funcionaM as construções, qual o clima, a econo- guagem simbólica) (GUTIERREZ, 2011, p. 31).
mia, a política, pois tudo isso trabalha em conjunto na
cultura de uma sociedade e é de extrema importância Assim, quando um designer trabalhar a relacão entre
que um projeto de design pense na relação de todos eles. tradição e inovação, Gutierrez (2011) diz que seu pro-
Como inserir todo esse contexto em um projeto? jeto pode ser inovador e realista, baseado nas memó-
Pense nos 3 tópicos importantes quando for projetar: rias, cultura, tradição e patrimônio locais. Deixando
função, estética e símbolo. Por mais que seja mais fá- de ser apenas a produção de algo e transformando-se
cil pensar em cultura e já direcionar para estética e em um processo de diálogo entre pessoas e culturas.
SAIBA MAIS
91
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Sustentabilidade
& Ecologia
Para falarmos sobre sustentabilidade é importante
O ambiente artificial em que vivemos é fru-
sabermos do que se trata o termo: to de uma construção cultural, que determina
um “modo” de projetar, produzir, distribuir e
O conceito de sustentabilidade ambiental refe- consumir. Juntando-se a isso a globalização,
re-se às condições sistêmicas segundo as quais, que fomenta esta economia em escala mundial,
em nível regional e planetário, as atividades temos um quadro ambiental insustentável. É
humanas não devem interferir nos ciclos natu- preciso integrar o conceito de responsabilidade
rais em que se baseia tudo o que a resiliência ambiental e cidadania em nossas relações com
do planeta permite e, ao mesmo tempo, não os artefatos e com o ambiente artificial (PRU-
devem empobrecer seu capital natural, que será DÊNCIO et al., 2011, p. 2).
transmitido às gerações futuras (MANZINI et
al., 2005, p. 27 apud PRUDÊNCIO at al., 2011,
p. 6). A evolução industrial e do homem, em se tratando
de sociedade, cresceu rapidamente. Modificou a vida
Esse é um tema discutido em tantas áreas hoje em dia das pessoas, transformou o consumo em algo mais
e, mais do que nunca, deve ser refletido em nós como do que necessário, só que se esqueceu que a fonte
profissionais do design, afinal, nossa matéria-prima material inicial para esses processos não evoluiu em
de criação vem do nosso meio ambiente,e sabemos conjunto, talvez porque o progresso moral e ético do
que a forma como nosso mundo tem se comportado homem não acompanhou essas drásticas mudanças,
em relação ao seu habitat natural não contribui para então, não se preocupou com as grandes perdas que
um futuro com boa qualidade de vida. o meio ambiente começou a sofrer.
92
DESIGN
93
considerações finais
94
LEITURA
COMPLEMENTAR
Os debates teóricos que abordam as relações entre de- ção pelos quais ele se materializa. Vários posicionamen-
sign e artesanato suscitam grandes controvérsias, envol- tos intermediários – Maldonado (1993), Dorfles (1991)
vendo também questionamentos referentes às articula- ou Dormer (1993), entre outros – propõem nuances em
ções com a arte e com a indústria. Esta discussão é de uma compreensão que procura absorver os reflexos de
grande relevância para o provimento de uma base sólida perspectivas surgidas em diferentes contextos. O design
na aplicação de políticas públicas visando ao desenvolvi- é central para a inovação, que tem sido colocada como a
mento sustentável, uma vez que diz respeito ao acesso base de um novo ciclo de desenvolvimento, estruturado
à qualidade de vida e à equidade. A polêmica que existe a partir da criatividade e do conhecimento. Desta forma,
em torno das relações entre design e artesanato parte dentro de setores cuja essência muitas vezes é tradicio-
da própria indefinição do que seja design, e do contexto nal, as relações entre a produção artesanal e design ad-
interdisciplinar em que as intervenções se inserem. Fla- quirem relevância, fazendo com que sua compreensão
mand (2006, p. 112) fala da tentativa de: “(...) identificar seja fundamental para a articulação de metodologias co-
os contornos de um domínio que é indisciplinado por erentes com os processos sociais e tecnológicos. Neste
natureza” e esta indefinição – ou abrangência – está li- artigo, analisamos alguns pontos dos debates teóricos
gada ao fato de que design não é unicamente forma, e existentes, buscando um direcionamento que possa ser
a forma não é unicamente um atributo físico: ela inclui construtivo para a estruturação de um design brasileiro
um conceito em que estão implícitos valores, tradições, compatível com tendências sociais emergentes. Desen-
ideias, condições materiais. Ela é depositária de histo- volvimento sustentável e políticas de design, o discurso
ricidade, de pensamento ou de imaginação humana e, da sustentabilidade nasceu das preocupações de gru-
enquanto está contida no espaço em que se reproduz, pos ambientalistas com o impacto da economia sobre
seu sentido evolui ao longo do tempo. Assim, os víncu- o meio ambiente.
los que o design estabelece com o artesanato, a arte, a [...]
indústria e o mercado podem ser explicitados através de As relações do design com a indústria e com a arte fa-
enfoques que se situam entre dois extremos opostos. zem parte do debate ampliado que está sendo instituí-
Alguns autores – tais como JollantKneebone (2003) – se do e as diferentes visões definem as possibilidades de
atêm ao campo industrial e não entendem o artesanato intervenção institucional no sentido de contribuir para
como resultado de processos de design; outros – Branzi mudanças materiais que permitam a reconstrução do
(2003), por exemplo – consideram o design como uma tema da sustentabilidade. O design está no âmago dos
forma de concepção, independente dos meios de produ- sistemas de inovação que promovem a competitividade
95
LEITURA
COMPLEMENTAR
e, no Brasil, tem sido colocado em pauta pelo governo para a elaboração e aplicação de políticas públicas e
como parte da agenda de desenvolvimento regional: metodologias. Assim, dentro de um contexto que admite
gradativamente ele tem passado a integrar o planeja- a relevância do artesanato tanto do ponto de vista
mento das empresas e a tornar-se objeto de esforços do mercado, quanto da cultura, o design abre novas
coordenados na nova geração de políticas públicas. En- perspectivas para países e regiões ainda não industria-
tre as ações institucionais neste sentido está a criação lizados. As políticas de design podem – e devem – estar
do Programa Brasileiro de Design, lançado em 1995, associadas a outros tipos de políticas para que haja uma
que se propõe a articular o conjunto de ações do gover- articulação efetiva e funcional de esforços; a percepção
no em apoio às iniciativas do setor privado, com vistas do potencial do design em situações nas quais prevalece
ao fortalecimento do design brasileiro (AMARAL, 2002). uma produção artesanal é fundamental para a aplicação
Outros direcionamentos, como os dados pelos planos de metodologias coerentes com o tecido social de cada
plurianuais do governo federal, integraram o planeja- região, proporcionando evoluções gradativas e evitando
mento regional e o federal, e propuseram uma nova rupturas bruscas tais como as resultantes de processos
cultura gerencial, ampliando a atuação de instituições de industrialização que promovem o crescimento em
tais como o SEBRAE e o SENAI. O design passou então a detrimento do desenvolvimento. A possibilidade de pro-
ser estimulado dentro de um contexto de apoio à base jetar pequenas séries diferenciadas para produção em
regional de desenvolvimento em conformidade com os ambientes tradicionais viabiliza, portanto, uma forma de
valores sócio-regionais, ligado a mecanismos tais como design que interpreta a cultura contemporânea e local,
o fortalecimento de aglomerações produtivas. É dentro partindo do contexto produtivo artesanal para dotá-lo
deste contexto que as relações entre design e artesana- de estratégia e método; o artesanato poderá, assim, tor-
to adquirem relevância. nar-se competitivo no âmbito do mercado e contribuir
[...] para a busca do desenvolvimento sustentável.
Os embates teóricos sobre as relações entre de-
sign e artesanato têm 95 implicações importantes Fonte: Castro (2009, p. 89)
96
atividades de estudo
2. Se tratando dos perfis subjetivos dos materiais, podemos afirmar que estão corretas
as assertivas:
I. Sociais: aspectos sociais decorrentes da extração de recursos e manufatura.
II. Técnicos: comportamento físico, mecânico, térmico, elétrico e processo de fabrica-
ção. Estéticos: esses atributos estão relacionados com a impressão estética que é
sentida sobre um objeto por meio dos sentidos, assim, forma, figura, sensações de
tato, textura dos materiais, peso, transparência, brilho e cheiro são atributos que são
traduzidos pela dimensão estética.
III. Econômicos: custos de ciclo de vida dos materiais aplicados ao produto. Práticos: são
os atributos que relacionam-se diretamente com uso, manuseio e experiência dos
usuários com os objetos, desse modo, os atributos como usabilidade, ergonomia,
conforto, segurança, limpeza e higiene, saúde, qualidade, desempenho, confiabilida-
de e resistência fazem parte da dimensão prática e de uso dos materiais.
IV. Simbólicos: esses atributos estão relacionados com aspectos psíquicos e sociais, que
são sujeitos à variações culturais e sociais, à experiência do indivíduo, às diferenças
individuais e dos valores de cada um e da coletividade, com isso, a dimensão simbóli-
ca dos materiais pode ser revelada em atributos como: identidade, memória, cultura,
natural e artificial, autêntico e imitações, artesanal e industrial, valores, estilos de
design e associações.
a. I e II.
b. II, III e IV.
c. II e III.
d. Somente IV.
e. Nenhuma das alternativas.
97
atividades de estudo
4. Dentre os estilos estudados, quais são aqueles considerados estilos mais atuais em
nosso mercado de atuação do design:
a. Contemporâneo e Retrô.
b. Minimalista e Provençal.
c. Moderno e Clássico.
d. Provençal e Rústico.
e. Moderno e Rústico.
7. Segundo Cardoso (2008), qual a afirmativa que melhor explica sobre fatores que
pensam no ciclo de vida do objeto projetado, para que a sustentabilidade seja valo-
rizada nesses projetos?
a. Potencial de reutilização e reciclagem antes do descarte.
b. Uso de materiais não poluentes e de baixo consumo de energia.
c. Eficiência de operação.
d. Manutenção regular do produto.
98
material complementar
Sinopse: Organizada em 25 livros, a Coleção Folha Moda de A a Z apresenta uma seleção dos
principais estilistas e grifes, partindo dos patriarcas da moda, como Charles Worth e Paul Poi-
ret, aos ídolos de diversas décadas. De Coco Chanel (musa dos anos 1920 e 1930, cujo legado
permanece vivo ainda hoje) e Yves Saint Laurent (teve seu auge nos anos 1970, mas produziu
uma obra de estilo grandioso e atemporal), a Alexander McQueen (gênio da geração 1990
que morreu prematuramente) e Miuccia Prada (um dos nomes mais criativos e importantes
da criação de moda atualmente).
A coleção também traz informações sobre estilistas brasileiros. Apesar de muito mais recente
do que o mercado europeu, o mundo do design de moda local vem criando seus expoentes
desde a década de 1960, de Dener a Alexandre Herchcovitch, de Lenny Niemeyer a Francisco
Costa, atual diretor de criação da Calvin Klein, dentre outros.
99
material complementar
A coleção inclui ainda definições dos principais movimentos de estilo da história, da moda
dos punks e moda aos hipsters e um glossário de tecidos, com especificações técnicas e des-
crições. Toda a edição é ilustrada com uma seleção de imagens das principais criações dos
designers apresentados. A edição conta com curadoria e textos da jornalista e analista de
moda Vivian Whiteman em parceria com um time de redatores e editores italianos.
Sinopse: Neste livro, Rafael Cardoso busca atualizar a discussão em torno do papel do de-
sign na sociedade, revendo noções básicas como forma, função e significado, demonstrando
como a relação com as coisas pode ser definida pela mutabilidade. Ao enfrentar os dilemas
colocados pela contemporaneidade, este livro tem por objetivo ser uma ferramenta teórica,
elaborada de maneira clara tanto ao leigo quanto ao estudioso.
Sinopse: Este livro de Gui Bonsiepe apresenta uma inquietante análise sobre a evolução do
design ao longo do século XX, registrando seus principais sucessos e descaminhos. De um
lado, relata o desenvolvimento do design, delineado pelas várias políticas econômicas e so-
ciais. De outro, mostra a vacilante trajetória diante do despreparo, acomodação e oportunis-
mo dos seus principais protagonistas. Mas não se limita a analisar e criticar, pois apresenta
sugestões sobre os caminhos possíveis no futuro.
O autor tornou-se referência mundial na análise das diferenças políticas e econômicas entre
o Centro e a Periferia, com seus inevitáveis reflexos na área de design.
100
referências
APARO, E.; SOARES, L. O design como veiculador da cultura de um lugar. Educação grá-
fica, Bauru, SP, v. 17, n. 2, p. 26-33, 2013. Disponível em: <http://www.educacaografica.inf.
br/artigos/o-design-como-veiculador-da-cultura-de-um-lugar>. Acesso em: 5 fev. 2016.
CADEIRA polipropileno coral. RS designe: móveis para escritório, Santo André, São Pau-
lo. Disponível em: <http://www.rsdesign.com.br/cadeiras-para-escritorio/cadeira-polipro-
pileno/cadeira-polipropileno-coral/>. Acesso em: 24 jan. 2016.
CARDOSO, R. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
______. Uma introdução à história do design. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edgard Blü-
cher, 2010.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais no design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.
101
referências
GUTIERREZ, M. J. R. Design e herança cultural: “pensar local” para “agir global”. 2011.
93 f. Dissertação (Mestrado em Design de Produto)–Faculdade de Arquitectura, Universi-
dade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2011. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/han-
dle/10400.5/3303>. Acesso em: 3 fev. 2016.
LUMINÁRIA pendente fun metal pendent. Arkpad, São Paulo. Disponível em: <http://
www.arkpad.com.br/luminaria-pendente-fun-metal-pendent>. Acesso em: 27 jan. 2016.
VITOR. Ideias para criar uma decoração rústica. I-decoração, 4 jan. 2015. Disponível em:
<http://www.i-decoracao.com/decoracao-rustica/ideias-para-criar-uma-decoracao-rusti-
ca>. Acesso em: 27 jan. 2016.
102
gabarito
UNIDADE III
1. Resposta:
• Gerais: preço e densidade.
• Técnicos: comportamento físico, mecânico, térmico, elétrico e processo de fabri-
cação.
• Ambientais: legalidade, disponibilidade, uso de recursos naturais, impactos da ex-
tração de recursos, conteúdo energético, conteúdo de material reaproveitado, uso
de materiais locais, uso de materiais renováveis, resíduos e emissões, potencial de
reaproveitamento e qualidade do ambiente de uso dos materiais.
• Sociais: aspectos sociais decorrentes da extração de recursos e manufatura.
• Econômicos: custos de ciclo de vida dos materiais aplicados ao produto.
2. D.
4. A.
5. O estilo retrô utiliza características antigas, porém produzidas hoje em dia, com ma-
teriais e tecnologias dispostas a nós para produzir réplicas de peças e projetos anti-
gos. Já o estilo vintage é se apropriar de algo realmente antigo para agregar ao seu
projeto atual.
6. Culturas são sistemas que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus
embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades inclui tecnologias
e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento
social e organização política, crenças e práticas religiosas e assim por diante.
7. B.
103
MOVIMENTOS
PRINCÍPIOS DO DESIGN
IMPORTANTES DO DESIGN
Prof.ª Vanessa
Professora Me.Barbosa
Clauciane
dos
Pereira
Santos
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Equilíbrio
• Contraste e harmonia
• Repetição e ritmo
• Gradação
• Radiação
• Ênfase ou focos visuais
• Unidade
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os princípios do design.
• Compreender a aplicação dos princípios do design.
• Entender a importância da aplicação desses princípios (individualmente ou em
conjunto) para a construção de composições visuais e espaciais.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Equilíbrio
Lembro-me de que, quando criança, uma das O mesmo se aplica ao design, nele, o equilíbrio
brincadeiras que fazia com minhas amigas era me tem o objetivo de dispor, de forma equivalente ou
equilibrar sobre os muros das quadras do colégio proporcional, as partes que compõem o todo no
onde estudava. Normalmente, abria os braços com espaço, assim, o equilíbrio acontece quando o peso
a intenção de distribuir o peso do meu corpo e, visual de um objeto neutraliza o de outro objeto. O
assim, conseguia alternar continuamente meu peso equilíbrio pode ser criado tanto entre objetos seme-
enquanto caminhava sobre aquela superfície tão lhantes ou iguais, mas em posições diferentes, quan-
estreita. to entre objetos diferentes.
108
DESIGN
109
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Roda gigante em que os assentos são fixados de forma equidistante Mandala formada por vários e diferentes anéis
Existe, ainda, a possibilidade de aplicação do que Para Gomes Filho (2004), uma composição desequi-
chamamos equilíbrio radial, sua principal caracte- librada parece acidental, transitória e instável. Essa
rística é o movimento circular ao redor do ponto instabilidade pode ser aplicada como uma técnica
central da composição (em direção ao centro ou a compositiva para provocar, inquietar, surpreender
partir dele), como numa mandala formada por vá- ou chamar a atenção do observador.
rios e diferentes anéis ou numa roda gigante em que
os assentos são fixados de forma equidistante e na SAIBA MAIS
extremidade da circunferência.
De maneira geral, a simetria resulta numa com- O que é composição?
posição
“Composição refere-se à estrutura visual e
organização dos elementos dentro de um
mais calma e tranquila, enquanto algo mais design. Isso diz respeito ao processo de com-
dinâmico pode ser alcançado se os elementos binar diferentes partes ou elementos para
forem organizados assimetricamente. A sime- formar um todo. A composição envolve ver
tria tende ao equilíbrio e à falta de movimento, o todo como mais do que a soma de suas
enquanto a assimetria dá movimento e tensão partes e é tão importante para o resultado
espacial ao design (DABNER et al., 2014, p. 38). final quanto os elementos individuais que
compõem um design”.
Quando não se estabelece o equilíbrio, seja ele simé- Fonte: Dabner et al (2014, p. 32).
110
DESIGN
Contraste e Harmonia
Você já ouviu a música “Certas Coisas”? Ela foi com- incertezas e quebra a monotonia. Para Jones (2011),
posta por Nelson Motta e Lulu Santos que também é um dos princípios mais úteis e faz com que o olhar
interpreta a canção, que diz o seguinte: “Não existi- reavalie a importância de uma área focal em relação
ria som se não houvesse o silêncio. Não haveria luz a outra. O contraste é um tipo de comparação na
se não fosse a escuridão. A vida é mesmo assim, dia qual as diferenças se tornam claras, conforme des-
e noite, não e sim”. As diferenças são parte do nosso creve Wong (1998, p. 105):
dia a dia: o calor e o frio, o doce e o amargo, o pobre
e o rico, o alto e o baixo. Duas formas podem ser consideradas simila-
res em determinados aspectos e diferentes em
A oposição ou diferença perceptível ao nosso redor
outros. Suas diferenças se tornam enfatizadas
desequilibra, choca, estimula e atrai nossa atenção, quando ocorre contraste. Uma forma pode
esse é o objetivo da aplicação do contraste entre os não parecer grande quando é vista isolada, mas
elementos de uma composição, ele permite ressaltar pode parecer imensa comparada com formas
o peso visual de um ou mais elementos, elimina as minúsculas próximas a ela.
111
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
A ausência ou não da luz citadas na música de Lulu O designer deve administrar suas
Santos é a chave da força visual e da importância do intenções de modo que não
significado do contraste, já que somos todos cegos vacile na escolha entre a
em circunstâncias onde a escuridão predomina. harmonia e o contraste para
Ainda que haja luz, o funcionamento da visão é mais conduzir o processo de
eficiente quando os padrões que observamos se tor- concepção de uma com-
nam visualmente mais claros por meio do contraste. posição, de maneira que
O contraste pode ser aplicado a todos os elemen- o efeito produzido não
tos básicos de uma composição, como linha, forma, seja ambíguo e, portan-
direção, tamanho, textura, cor, proporção e escala. O to, insatisfatório e decep-
contraste ocorre todo o tempo. cionante para o público.
Por sua natureza desleixada e
Há contraste quando uma forma é circundada inferior, a ambiguidade é con-
por espaço vazio. Há contraste quando uma
siderada um efeito compositivo
linha reta encontra uma curva. Há contraste
quando uma forma é muito maior que outra. indesejável. Dondis (1997, p.
Há contraste quando as direções verticais e ho- 117) frisa que “a monoto-
rizontais coexistem (WONG, 1998, p. 105). nia representa para o de-
sign uma ameaça tão grande
quanto em qualquer outra esfe-
ra da arte e da comunicação”.
O contraste busca uma organização que tem
como meta a criação de um efeito intenso, não ape-
nas por meio da justaposição de elementos diferen-
tes, mas também pela exclusão daquilo que é desne-
cessário e, por esse motivo, acentua e realça o que é
essencial. Para Dondis (1997, p. 108), no processo
de estruturação de uma composição, “o contraste é
uma força vital para a criação de um todo coerente.
Em todas as artes, o contraste é um poderoso instru-
mento de expressão”.
Enquanto o contraste tem intenções menos ób-
vias e mais intensas, a harmonia é ordenada, simé-
trica e simples. O organismo humano parece buscar
a harmonia, a organização de toda a espécie de es-
Figura 2: Contraste tímulos em totalidades racionais, reduzir a tensão,
Fonte: Oliveira (online). explicar, resolver conflitos.
112
DESIGN
De acordo com Dondis (1997, p. 117), niosos. O estilo grego é associado à harmonia e ao
equilíbrio completos e à estabilidade total.
a harmonia é um método útil e quase infalível
para a solução de problemas compositivos [...]. SAIBA MAIS
As regras a serem observadas são extremamen-
te simples e claras, e, se forem seguidas com
rigor, sem dúvida os resultados obtidos serão Regularidade x irregularidade
atraentes. Simplesmente não há como equivo-
“A regularidade no design constitui o favore-
car-se.
cimento da uniformidade dos elementos, e
o desenvolvimento de uma ordem baseada
em algum princípio ou método constante e
A harmonia diz respeito à disposição formal bastan-
invariável. Seu oposto é a irregularidade, que,
te organizada do todo ou entre as partes de um todo, enquanto estratégia de design, enfatiza o ines-
nela, predominam os fatores de equilíbrio simétrico, perado e o insólito, sem ajustar-se a nenhum
plano decifrável”.
de ordem, alinhamento e de regularidade visual. As
construções gregas, como o Partenon, são um exem- Fonte: Dondis (1997, p. 143).
113
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Repetição e Ritmo
Como um bom estudante de design, é provável que drian no design contemporâneo assumiu muitas
você conheça as obras de Mondrian e, portanto, sai- formas”, dentre elas, o princípio da repetição, como
ba que muitas de suas pinturas são compostas por artifício capaz de garantir coerência, unidade e rit-
linhas ortogonais que definem espaços retangulares mo a uma composição.
ou quadrados de diferentes tamanhos que podem ou Para Leborg (2015, p. 40), a repetição acontece
não ser preenchidos com as cores primárias: azul, “quando diversos objetos com uma mesma caracterís-
vermelho e amarelo. tica são dispostos em uma composição”, mesmo que
Empregando a repetição das formas e das cores, outras características desse objeto sejam diferentes.
Mondrian promove um estilo bastante particular Dessa maneira, a forma pode ser a mesma, mas as co-
que faz com que suas obras sejam facilmente re- res e os tamanhos não precisam ser iguais. Em outros
conhecidas pela criação de estruturas geométricas. casos, a direção pode se repetir, enquanto a textura
Para Hurlburt (2002, p. 60), “a influência de Mon- dos elementos que fazem parte da composição muda.
114
DESIGN
115
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
SAIBA MAIS
Design de superfície
Design de superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação
e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas
especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao
contexto sócio-cultural e às diferentes necessidades e processos produtivos.
Figura 4: Ritmo
Fonte: Oliveira (online).
116
DESIGN
Gradação
Como diria, ou melhor, como cantaria, Fernando saturação de um tom, de uma textura ou do tamanho
Anitelli – líder do grupo O teatro mágico, na música de um objeto. Wong (1998) acredita que a gradação
“O sonho de uma flauta” –, “a gente parece formi- pode ser aplicada, individualmente ou em conjunto,
ga lá de cima do avião”. Ou seja, as coisas que estão à maioria dos elementos. Isso significa que as unida-
próximas nos parecem maiores e aquelas que estão des da forma podem ter gradação de formato, tama-
distantes nos parecem menores. nho, cor, textura, direção, posição, dentre outros.
Imagine-se observando (de baixo para cima) um A maneira pela qual a mudança ocorre é deter-
prédio em que as janelas tenham padrões regulares, minada pela trajetória da gradação. Para transfor-
note como as janelas mais próximas de você pare- mar um quadrado em círculo, o quadrado pode ter
cem grandes, perceba como o afastamento das ja- seus cantos cada vez mais arredondados (raios se-
nelas no topo do prédio faz com que pareçam cada quencialmente maiores), a fim de se tornar cada vez
vez menores, a mudança gradativa no tamanho das mais um círculo. Wong (1998) ainda ressalta que,
janelas sugere o efeito causado pela gradação. se um elemento se transforma em poucos passos, a
Para Leborg (2015), a gradação é considerada sensação de gradação pode não ocorrer, em contra-
uma mudança progressiva e em ritmo uniforme, partida, a gradação muito lenta pode ser confundida
usada em referência ao aumento ou a diminuição da com o efeito da repetição.
117
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Radiação
O efeito da radiação pode ser observado na nature- cuja estrutura acontece em camadas. O efeito de gra-
za, na disposição das pétalas de uma flor ou nas on- dação é criado pela sobreposição de camadas de di-
dulações geradas pelas gotas de chuva na superfície ferentes comprimentos, a primeira camada é longa,
de um rio. Para Wong (1998, p. 87), “um padrão de enquanto as demais ficam curtas à medida em que se
radiação imediatamente prende a atenção. É muito aproximam da cintura do vestido, aproximação que
útil quando se necessita de um elemento de grande gera o efeito de radiação.
força e visibilidade”. O padrão de radiação tem características, descri-
Ainda de acordo com Wong (1998), a radiação tas por Wong (1998), que facilitam a distinção entre
pode ser descrita como um caso especial de repe- um padrão de repetição ou de gradação:
tição, já que elementos regularmente repetidos em a. É, normalmente, multissimétrico, ou seja, a
torno de um centro comum produzem um padrão simetria se configura tanto no eixo vertical
de radiação. Por outro lado, para que os elementos como no horizontal e no diagonal.
sejam repetidos em torno de um centro, a repetição b. Tem um ponto focal normalmente localizado
no centro da composição, além de ser bastan-
tem de passar por uma gradação de direções. Por-
te forte.
tanto, a radiação pode também ser considerada um
c. Pode gerar energia ótica e movimento a par-
caso particular de gradação.
tir do centro ou em sua direção.
A aplicação conjunta dos efeitos de gradação e
radiação pode ser vista, por exemplo, em vestidos
Exemplos de radiação em pétalas de flor e ondulações na água. Exemplos de radiação em padrão de repetição e de gradação.
118
DESIGN
Figura 5: Ênfase
Fonte: Oliveira (online).
Unidade
Se você procurar pela palavra unidade no dicioná- c. coordenação ou harmonia das partes de uma
rio, vai ver que existem vários significados, os que obra literária, artística, científica etc.;
nos interessam dizem o seguinte, de acordo com o d. aquilo que, num conjunto, forma um todo
Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Fo- completo.
lha/Aurélio: Esses significados bastam para que possamos entender
a. qualidade do que é um ou único ou uniforme; o que é unidade, não há muito o que ser dito, unida-
b. homogeneidade, igualdade, identidade, uni- de significa a harmonia de uma composição como um
formidade; todo e é comum que seja criada por meio da repetição.
119
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
120
DESIGN
121
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
REFLITA
122
considerações finais
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade, pudemos perceber que, de
acordo com as peculiaridades de cada projeto, o designer deve escolher um caminho
a seguir. Clientes diferentes terão diferentes preferências e, independentemente dessas
especificidades, o designer deve estar preparado para atender a todas as expectativas
colocadas naquele projeto. Se souber quais são todos os princípios do design, os efei-
tos que criam e dominar a sua forma de aplicação, o designer com certeza será capaz
de compor muitas e criativas soluções de projeto e, consequentemente, agradar ao
mercado ou a um cliente em especial.
Quero que seja capaz de perceber como esses princípios que acabei de lhe apresentar
têm relação entre si. Veja como uma composição equilibrada pode ser alcançada tanto
por meio da aplicação do contraste quanto da harmonia. Veja como o contraste pode
ser utilizado tanto em uma composição simétrica, quanto em uma assimétrica, como
o contraste leva à ênfase, como a repetição, gradação e radiação vão ao encontro do
ritmo, perceba que a repetição induz à unidade.
Como vimos na introdução desta unidade, uma composição refere-se à estrutura e
à organização dos elementos de um projeto de design. Organizar significa combinar,
associar, contrastar, arranjar, mas não de qualquer forma, por meio da exploração,
dentre outras ferramentas, dos princípios do design.
Para finalizar, se me perguntasse se concordo com a afirmação de Papanek (de que “o
design é o esforço consciente de impor uma ordem significativa”), eu diria que sim.
Na minha opinião, o design é um esforço consciente, porque nada é feito sem que
antes todas as informações e todas as possibilidades a respeito daquele projeto sejam
analisadas e ponderadas com cautela, e é significativo justamente porque é sensível
ao contexto do projeto, logo, estabelece um sentido.
123
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o excerto do artigo abaixo, que aborda a utilização ções, objetos bidimensionais, tridimensionais, virtuais e
do princípio da unidade por meio da aplicação da identi- ambientes, de modo industrial ou artesanal (COELHO,
dade visual nos projetos comerciais. 2008).
Imersos na ótica da globalização atual, nota-se a valori- Partindo dessas definições, entende-se o design como
zação de campos do conhecimento que são capazes de algo abrangente, que desdobra-se em produtos e ser-
serem interlocutores das mais diversas demandas con- viços voltados para moda, ambientes, questões gráficas
temporâneas - conciliando produtos e serviços a fim de e de produção. O presente artigo enfoca o design de
estreitar a relação das empresas com o seu consumidor. ambientes, que contempla as diversas necessidades de
Dentre estas áreas, inclui-se o design que, apesar de sua cada tipo de serviço, possibilitando o desenvolvimento
recente inserção em meio à sociedade, vem adquirindo de ambientes, valorizando a estética e a funcionalidade,
proporções relevantes, “as corporações e as instituições de maneira que atendam aos objetivos particulares de
no mundo todo reconheceram o valor estratégico do cada cliente. Ambientes estes que, por meio de concei-
design, e o cultivam e aperfeiçoam em grande medida. tos, diretrizes para a concepção de projetos de design,
Pode-se dizer que o Design está presente em todas as configura a comunicação e cria identidades. É, pois, uma
bocas” (BURDEK, 2010, p. 07). atividade consciente a fim de gerar uma ordem sensata,
Não obstante a relevância de todas as profissões, temos compondo o cotidiano (SCHNEIDER, 2009).
o designer como articulador, mediador e ferramenta Tais definições ultrapassam a função básica do design,
em diversos setores, engenheiros podem desenvolver utilizado como ferramenta para o fortalecimento e a
produtos e tecnologias; analistas de sistemas podem valorização das empresas, pois diante de um mercado
desenvolver programas; profissionais de marketing po- altamente competitivo, é fundamental que haja dife-
dem vendê-los; mas só os designers podem combinar renciação do espaço de venda dos produtos e serviços,
todas essas coisas e conceber algo que seja viável, útil, como meio de distinção dos mesmos. Souza justifica
desejável e que adicione valor à vida das pessoas (FAS- esta atuação, do pressuposto de que “[...] o design não
CIONI, 2003, p. 11). lidará somente com fatores objetivos e mensuráveis,
pois essas são apenas características necessárias a um
Para Burdek, “design é uma atividade, que é agregada projeto ou a um processo” (SOUZA, 2008, p. 24).
a conceitos de criatividade, fantasia cerebral, senso de Para que o design de ambientes seja rentável às empre-
invenção e de inovação técnica e que por isso gera uma sas, é necessário abordar a sua identidade corporativa
expectativa de o processo de design ser uma espécie de ou “o conjunto de atributos que torna uma empresa
ato cerebral” (BURDEK, 2010, p. 225). A execução dessa única, diferente das outras” (FASCIONI, 2006, p.1), como
atividade compreende organizar, classificar, planejar, manifestação tangível da personalidade de uma empre-
conceber, projetar e configurar sistemas de informa- sa, a identidade projeta a real personalidade de uma
124
LEITURA
COMPLEMENTAR
125
atividades de estudo
126
atividades de estudo
b. O vestido 2, com linhas bem definidas, utiliza b. As linhas diagonais criam efeito de movimento
o princípio do contraste, sendo indicado para e, conforme sua inclinação, resultam em dinâ-
qualquer biótipo, pois é um vestido harmôni- mica semelhante à do efeito de tecido esvoa-
co, leve e capaz de equilibar qualquer propor- çante.
ção corpórea. c. As linhas retas remetem à visual menos for-
c. O vestido 3 favorece o efeito de redução do mal e não compõem estampas com padrona-
quadril em função da utilização do elemento gens clássicas e conservadoras.
linha, sendo indicado para mulheres de bióti- d. As linhas horizontais conduzem os olhos de
po oval, triângulo invertido e retângulo. um lado para outro, o que resulta na ilusão de
d. O vestido 4, que apresenta o elemento linha, comprimento e de altura.
utiliza o princípio da radiação, visto que todas e. As linhas curvas, circulares ou onduladas re-
as linhas partem de um ponto, sendo adequa- sultam em visual estático e formal.
do para mulheres de biótipo retângulo.
e. O vestido 5 alonga a silhueta, em razão do de- 5. Analise as imagens dos Ambientes 1 e 2 quanto
cote em V e das linhas de corte, sendo mais à utilização dos elementos e princípios do de-
apropriado para biótipos longilíneos. sign e, em seguida, julgue as assertivas abaixo:
127
atividades de estudo
Ambiente 1
I. O ambiente 1 explora a repetição de linhas
horizontais, criando um ritmo que diminui a
força visual das colunas verticais das janelas,
apesar da mobília baixa que permite total vi-
sualização do exterior.
II. As cores que predominam no ambiente 1 são
harmoniosas e criam uma atmosfera de tran-
quilidade favorecida pelas linhas horizontais.
III. No ambiente 1, o equilíbrio é assimétrico e
seu centro de interesse é o sofá baixo com al-
mofadas em verde.
IV. As texturas e estampas do ambiente 2 são
elementos que garantem variedade, ritmo,
harmonia, unidade e contraste à composição.
V. Apesar da predominância de cores “sérias”,
Ambiente 2 a variedade de estampas e materiais cria um
tom informal ao ambiente 2, cujo centro de
interesse é o pendente, única peça que possui
tons vivos e alegres.
128
gabarito
129
material complementar
Design de superfície
Evelise Anicet Rüthschilling
Editora: UFRGS Editora
Sinopse: A obra circunscreve o campo com reflexões
sobre conceitos, fundamentos da linguagem e seus an-
tecedentes históricos, pensando o perfil e as competên-
cias do designer de superfície e lançando olhares sobre
o futuro dessa especialidade do design. Constitui-se em
uma importante fonte de estudo para designers, artis-
tas visuais, pesquisadores, professores e estudantes das
áreas de conhecimento que exploram as superfícies.
130
referências
BAHIA, I. P.; RIZOLA, J. B.; MOL, A. C. Relações entre o Design de Ambientes e a mani-
festação da Identidade Corporativa: O caso Google. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 10., 2012. Anais... São Luiz - MA,
2012, p. 8671 - 8678.
BROADWAY Boogie Woogie. Trivium Art Hitory. Disponível em: <http://arthistorypro-
ject.com/artists/piet-mondrian/broadway-boogie-woogie/>. Acesso em: 25 jan. 2016.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Porto Alegre:
Bookman, 2013.
DABNER, D.; STEWART, S.; ZEMPOL, E. Curso de design gráfico: princípios e práticas.
São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.
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GIBBS, J. Design de interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. São Paulo: Gus-
tavo Gilli, 2015.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escri-
turas Editora, 2004.
HURLBURT, A. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002.
LEBORG, C. Gramática visual. São Paulo: Gustavo Gilli, 2015.
LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify,
2008.
OLIVEIRA, F. C. de. Os 10 princípios do Design em uma série de posteres em 'paper art'.
Ideia Quente. Disponível em: <http://www.ideiaquente.com/2014/09/10-principles-of-de-
sign-principios-poster-paper-art.html>. Acesso em: 25 jan. 2016.
PINA, L. M. G. A cor e a moda: a função da cor como suporte para o design de moda e
personalidade dentro de um público jovem. Portugal: Universidade da Beira Interior, 2009.
PRINCÍPIOS do design. Simples decoração. Disponível em: <http://www.simplesdecora-
cao.com.br/classicos-do-design/principios-do-design-de-interiores/>. Acesso em: 25 jan.
2016.
RÜTHSCHILLING, E. A. Design de superfície. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2008.
WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
UNIDADE. Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha/Aurélio. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 1995.
131
ÁREAS DO DESIGN
EXEMPLOS E APLICAÇÕES
Prof.ª Vanessa
Professora Esp.Barbosa
Vanessados
Barbosa
Santosdos Santos
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• No design de ambientes
• Na moda
• No design de produto
• No design gráfico
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas em projeto de interiores.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas em design de moda.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas no design gráfico.
• Compreender, por meio de exemplos práticos, os elementos e princípios do design e
as influências externas no design de produto.
unidade
V
INTRODUÇÃO
No Design de Ambientes
No projeto de interiores, foi escolhido aquele de Decoração Casa Cor 2015 de Florianópolis,
da designer e decoradora de interiores Laura em Santa Catarina, contando com uma área de
Gransotto de Chapecó, com novo escritório em 50m², tendo como maior fonte de inspiração o
Florianópolis. Esse projeto foi feito na Mostra BRANCO.
A proposta ao visitante foi que ele tivesse uma percepção mais sensitiva ao entrar na Sala Íntima em
sua visita a mostra da Casa Cor, onde os demais ambientes eram cheios de cor, seguindo as tendên-
cias temporais. O BRANCO do meu ambiente foi uma escolha para um Décor leve, elegante, clássi-
co e atemporal. Ele é um ícone máximo do luxo, da pureza, da sofisticação e do requinte. Resiste ao
tempo e aos modismos. O BRANCO sempre foi um dos maiores coringas na decoração. Unânime
nas escolhas para os projetos de interiores dos profissionais. É de uma versatilidade incrível! Na Sala
Íntima ele foi o protagonista da cena toda ( LAURA GRANSOTTO, 2015).
136
DESIGN
137
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
REFLITA
Fonte: a autora.
138
DESIGN
Na Moda
Yves Saint Laurent nasceu em 1 de agosto de 1936 e, assumir a Dior com a morte de Christian Dior e, de-
desde muito jovem, se apaixonou pela área da moda. pois de fechar a Maison por conflitos políticos, abriu
Aos 19 anos, já começou a trabalhar na Maison Dior, a sua própria Maison.
após já ter ganho alguns prêmios no ramo. Chegou a
A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas
para aquelas que não tiveram a chance de encontrar essa felicidade, eu estou lá ( LAU-
RENT, online).
139
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
140
DESIGN
SAIBA MAIS
141
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
No Design
de Produto
No projeto de produto, vamos analisar as embala- fa, que permanece com o formato de assinatura da
gens da garrafa da Coca-Cola. Hoje, a Coca-Cola Coca-Cola até hoje, foi escolhida por sua aparência
Company está presente em mais de 200 países e res- atraente, design original e o fato de, mesmo no es-
ponde por mais de 400 marcas de bebidas não alco- curo, propiciar a identificação do produto original.
ólicas. É muito interessante percebermos que, mesmo
há praticamente 100 anos, o projeto da garrafa da
Como muitas pessoas que mudaram a história, Coca-Cola teve como principal essência do produto
John Pemberton, um farmacêutico de Atlanta,
a experiência sensorial que o consumidor teria ao
foi inspirado pela simples curiosidade. Em uma
tarde, ele agitou um líquido cheiroso com cor tocar essa embalagem, e essa experiência faria com
de caramelo e, quando parou, levou a mistura que ele associasse a forma da garrafa à marca.
até a vizinha Jacob’s Pharmacy. Lá, a mistura foi As linhas curvas, os relevos, o contato com o
combinada com água com gás e provada pelos vidro e, talvez, uma garrafa gelada estabelecia re-
clientes, que foram unânimes: essa nova bebida
lação entre os sentidos do tato e paladar, ou visão
era, de alguma forma, especial (COCA COLA
BRASIL, 2015, online). e paladar, uma vez que, ao ver ou
sentir, automaticamente,
O empresário de Atlanta Asa Griggs Candler com- aguçaria o paladar pelo
prou os direitos da Coca-Cola por apenas US$ gosto da Coca-Cola.
2.300,00, em 1888, e transformou a invenção em Analisando as co-
empresa e marca. E, em 1894, um empresário de res, temos uma garrafa
Mississipi chamado Joseph Biedenharn foi o primei- transparente, de vidro,
ro a engarrafar a Coca-Cola. apenas com a marca
A marca, então, decidiu criar um formato de em vermelho e bran-
garrafa diferente para garantir às pessoas que elas co. Aqui, a cor faz as-
estavam tomando a verdadeira Coca-Cola. A Root sociação à marca tam-
Glass Company de Terre Haute, Indiana, ganhou bém, porém o objetivo
um concurso para criar uma garrafa que pudesse principal dessa embalagem
ser reconhecida no escuro. Em 1916, ela começou a era fazer com que a forma da garrafa
fabricar a famosa garrafa com contorno. Essa garra- criasse autenticidade e reconhecimento do produto.
142
DESIGN
A essência transmite ritmo e harmonia por meio de E é devido a esses fatores, em que a marca da
suas curvas feitas sob o vidro. Coca-Cola cresceu não só vendendo um xarope
Foi uma inovação tecnológica na época desenvol- que as pessoas gostavam de tomar, mas uma expe-
ver essas garrafas de vidro, e, por incrível que pareça, riência, um relacionamento, uma comunhão entre
apesar do vidro ser considerado um material de difícil pessoas que compartilham da bebida e se divertem
reciclagem, a Coca-Cola conseguiu estabelecer um ci- ao mesmo tempo que cuidam da sociedade e do
clo para diminuir o descarte dessas garrafas de vidro, meioambiente, que essa empresa chegou onde está
trazendo conexão e relacionamento com o seu cliente, hoje, como uma das marcas mais conhecidas e va-
oferecendo uma troca para o consumidor que sempre liosas do mundo. Além de que, hoje, existem muitos
levar a garrafa de vidro para comprar outra. Assim, a colecionadores das garrafas e latinhas da Coca-Cola
marca se impõe como uma empresa que se preocupa já quelas estão espalhadas pelo mundo de diversos
com o meio ambiente, além de vender seus produtos. formatos e tamanhos.
SAIBA MAIS
143
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
No Design Gráfico
O Brand Studio Design se situa em Maringá-PR e O nome DAÁSU Sushi Bar, fazendo alusão tam-
trabalha com projetos de Design gráfico na área de bém à experiência da diversidade de sabores, afirma
Branding, isto é, especializado em identidade de “partindo do naming, criamos um nome formado
marcas. pela união dos sabores: Doce, Amargo, Ácido, Sal-
Segundo um dos donos, eles foram procurados gado e Umami”.
para criar a identidade visual de um novo restauran-
te de alta gastronomia oriental, mas que fosse dife- A identidade da marca foi inspirada na deusa ja-
ponesa do arroz, Inari, representada pela raposa,
rente de tudo o que há no segmento, acompanhando
composta com grafismos e uma linguagem visu-
a proposta dos pratos, destoando do que há de co- al harmônica e sensorial, que transmite grafica-
mum e fugindo dos conceitos pré-estabelecidos dos mente as sensações de quem degusta os pratos
restaurantes japoneses. no restaurante (BRAND STUDIO, 2015, online).
144
DESIGN
Figura 10: Palavras que descrevem a marca Daásu Figura 13: Inspiração do símbolo da marca.
Fonte: Daásu Sushi Bar (online). Fonte: Daásu Sushi Bar (online)
Figura 12: Projeto de criação do símbolo da marca Figura 15: Aplicação da marca
Fonte: Daásu Sushi Bar (online). Fonte: Daásu Sushi Bar (online).
145
TEORIA E FUNDAMENTOS DO DESIGN
Podemos perceber que se trata de uma identidade apresentam unidade, porém com ênfase na raposa
visual cheia de significados e embasamento históri- em laranja, já que difere das cores neutras do restan-
co. E, aqui, começamos vendo que, em relação às te do projeto.
influências no design, como os componentes cultu- A ideia desse projeto foi transmitir experências
rais, a presença da cultura oriental é extremamente sensoriais com a gastronomia oriental, resgata par-
importante, visto que embasou a criação do símbolo tes dessa cultura, sem se tornar clichê como a maio-
da marca, a deusa do arroz, Inari, resultado final da ria dos restaurantes orientais.
criação da marca.
Já o que se refere ao estilo da identidade, ape-
sar de voltada para uma cultura oriental e clássica,
o resultado final da identidade e marca contou com
um ar mais moderno, criado para atingir o público
que valoriza uma cultura milenar e aprecia sua gas-
tronomia, mas não dispensa a cultura moderna do
século XXI.
Quando analisamos os princípios do design,
observamos que a marca Daásu foi feita a partir de
linhas mais curvas, lembrando do rebuscamento da
cultura oriental e das formas orgânicas de sua gas-
tronomia. Suas texturas e materiais lembram o in-
Figura 16: Aplicação da marca
grediente principal da gastronomia oriental: o peixe, Fonte: Daásu Sushi Bar (online).
nesse caso, mais precisamente, o salmão. Lembran-
do também a madeira e o bambu.
As cores escolhidas na identidade são quentes e
escuras, fazendo alusão à cor do salmão e às cores
escuras que remetem a modernidade e ao chique,
haja vista que cores quentes aumentam o apetite e
trazem uma experiência sensorial no local com o
público.
A marca em si é simétrica, uma vez que tanto o
símbolo quanto as fontes estão com mesmo equilí-
brio. Nos materiais, a repetição está muito presente,
criando um ritmo para a visualização da marca.
Figura 17: Marca no projeto do bar
O contraste fica relacionado às cores preto e la- Fonte: Daásu Sushi Bar (online).
ranja que são quase complementares. Os elementos
146
considerações finais
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e, também, desta apostila.
Aqui, aprendemos no olhar prático como os designers desenvolvem os projetos
de Design por meio dos princípios estudados ao longo desta apostila. Como as
influências históricas, a sociedade e o crescimento pessoal estão intrínsecos nesses
projetos, às vezes, de forma clara, outras, em pequenos detalhes, por exemplo, no
projeto da Designer de Interiores Laura Gansotto, que fez questão de valorizar
o artesanato da renda em seu projeto, que faz parte do seu histórico de família.
Nossa profissão vive em constante relação com as teorias, princípios mas tam-
bém com a forma que vivemos, as histórias que participamos e construímos, as
transformações da sociedade, a evolução das tecnologias, o meio ambiente. Não
há como se desvencilhar disso, uma vez que ser designer não é sentar e, apenas,
desenhar ou projetar um objeto, ambiente, modelo de roupa ou cartaz, é transmitir
mensagens que carreguem informações das mais diversas áreas de contato do ser
humano. E essa é a graça e peculiaridade da nossa profissão.
Não deixe, aluno(a), de estar atento a essas transformações, busque conhecer a
história das marcas, dos produtos, de outros designers, não necessariamente famo-
sos, visto que todos sempre teremos experiências e conhecimentos para transmitir
de alguma forma. Compartilhar conhecimento, adquirir experiências e dicas de
outros projetos é sempre importante para o crescimento profissional e para tornar
a nossa profissão ainda mais importante em nossa sociedade.
Espero que tenha gostado e aprendido de forma proveitosa nesta unidade, como
pensar e desenvolver um estudo e análise de um projeto de Design que você, como
profissional, irá desenvolver.
147
LEITURA
COMPLEMENTAR
O pensamento integrativo do design, baseado na in- as restrições práticas dos negócios” e esse é o ponto de
tuição e inspiração, bem como no universo analítico, partida do Design Thinking que tornou possível “integrar
propõe um novo caminho, o Design Thinking, que seria o desejável do ponto de vista humano ao tecnológica e
“uma abstração do modelo mental utilizado há anos pe- economicamente viável” (BROWN, 2010, p.3).
los designers para dar vida a ideias” (PINHEIRO12 apud O termo Design Thinking foi concebido por Tim Brown,
BROWN, 2010, apresentação à edição brasileira). Esse CEO da IDEO. A partir de observações e conversas diárias
modelo e seus conceitos podem ser aprendidos por com seu amigo David Kelly13, Brown percebeu que ele
qualquer pessoa e aplicados em qualquer cenário, seja sempre incluía a palavra “thinking”, quando era questio-
empresarial ou social. nado sobre design. Então, Brown passou a utilizar como
Vianna (2012, p.14) afirma que os “seres humanos são uma “forma de descrever um conjunto de princípios que
Design Thinkers por natureza”, uma vez que: podem ser aplicados por diversas pessoas a uma ampla
Observar o mundo e gerar novas soluções abdutivamen- variedade de problemas” (BROWN, 2010, p. 6).
te é uma habilidade coletiva humana que apenas recen- Segundo Brown (2010), esse modelo já existia bem an-
temente passou a ser vista como algo que necessita de tes de ser conceituado, mas foi no Fórum Econômico
algum talento excepcional” e os designers aprendem a Mundial em Davos/Suíça (2006) que o Design Thinking
usar o pensamento abdutivo para construir e descons- começa a ser mensurado. Nesse momento, as empresas
truir pressupostos, transformando-os em oportunida- sentiram necessidade de adotar um modelo de gestão
des de inovação, mantendo-se “fora da caixa” (VIANNA, centrado no design. “O fórum se concentrou na necessi-
2012, p.14). dade de buscar soluções criativas para os grandes desa-
O Design Thinker, está constantemente desafiando seus fios que a economia mundial enfrentará em 2006” (Folha
padrões de pensamento, comportamento e de senti- de SP, 2006 – Efe).
mento, “produzindo soluções que geram novos signifi- Para identificar os verdadeiros problemas e solucioná-
cados e que estimulam os diversos aspectos (cognitivo, -los de maneira mais eficaz, Vianna (2012, p.13) afirma
emocional e sensorial) envolvidos na experiência huma- que “é preciso abordá-los a partir de diversas perspec-
na” (VIANNA et al., 2012, p.14) tivas e ângulos. Assim, prioriza o trabalho colaborativo
Por várias décadas, os designers têm aprendido a “es- entre equipes multidisciplinares” que, segundo Brown
tabelecer correspondências entre as necessidades hu- (2010, p. 6), “está em posição de solucionar problemas
manas com recursos técnicos disponíveis, considerando mais complexos”, uma vez que se apresentam olhares
148
LEITURA
COMPLEMENTAR
149
atividades de estudo
d. Entrevista inicial.
e. Processo criativo.
e. De Stijl.
150
gabarito
1. Resposta: B
2. Resposta: B
3. Resposta: D
4. Resposta: B
5. Resposta: A
151
material complementar
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referências
GAMEIRO, L. et al. Design Thinking: uma forma de pensar. Disponível em: <http://www.
portalintercom.org.br/anais/nordeste2013/resumos/R37-0817-1.pdf>. Acesso em: 2 fev.
2016.
SOUZA, S. M. P. P. O viajante imóvel. Estudo sobre a vida e a obra de Yves Saint Laurent.
Porto, 2010.
153
Conclusão geral
Caro(a) aluno(a) do ensino a distância da Unicesumar, queremos dar os parabéns por ter conclu-
ído o estudo desta apostila para os cursos de Design de Moda e Design de Interiores. Esperamos
que tenha sido um tempo produtivo, e que tenha feito você ter a certeza que fez a melhor escolha
para seu conhecimento e desenvolvimento profissional.
Esperamos, ainda, que você lembre dos primeiros passos do Design como profissão e conceito
em nosso mundo, gravando das definições do seu ramo profissional, seja ele de moda ou de inte-
riores, ou até de outros ramos que você se identifique e queira desenvolver melhor após este curso.
Dentre os conhecimentos adquiridos, projete sem esquecer que o Design sempre será frag-
mentado em elementos específicos que unificados formam o conceito e produção final do que
você criou. Desde a linha, forma, luz, cor até chegar ao seu resultado final.
Depois, carregue consigo o quão importante são os elementos externos que permeiam a nossa
profissão, e como excelentes profissionais trabalham em constante relação com esses elementos no
dia a dia em seu trabalho, principalmente, se tratando de assuntos que trarão mudanças em nossa
vida como ser humano, como é o exemplo da globalização e da sustentabilidade.
Lembre-se de que nosso trabalho como designer é projetar produtos, espaços e serviços de
forma consciente e com objetivo daquilo que foi proposto inicialmente, seja quem for o seu cliente
ou consumidor. Este é o principal desafio do Design: mais que transmitir uma mensagem, inde-
pendente de como ela será transmitida, que seja de acordo com aquilo que foi planejado e para
quem foi panejado.
Desejamos que todo esse conteúdo, as teorias, os conceitos e os exemplos apresentados não
fiquem só em sua memória, mas que te ajudem a colocá-los em prática em qualquer projeto que
você for desenvolver, seja pessoal ou profissional.
Almejamos, ainda, que você busque exercer o Design de forma excelente, que as teorias, os
processos, os elementos internos e externos dessa profissão sejam manifestos em seus projetos,
que atinjam não só a perfeição como produção e execução, mas que de alguma forma, deem
pequenos passos de transformação em nossa sociedade, que estabeleçam boas relações entre as
pessoas e que te traga realização pessoal.
Parabéns!