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ATIVIDADES

DE ACADEMIA

PROFESSOR
Me. Adriano Ruy Matsuo
Me. Fábio Luiz Iba

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NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz.
Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. Reimpressão 2021.
210 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título.

ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio R. Lazilha, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla
Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn
Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa,
Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Me. Adriano Ruy Matsuo


Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui Mestrado em Educação Física pelo
Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES
4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em
Atividade Física e Saúde (2018). Especialização em Fisiologia Humana: Fun-
cionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduação em Bacharelado em
Educação Física (2011), também pela UEM. Tem experiência na área de acade-
mia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes
modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de
Educação Física EAD da UniCesumar.
http://lattes.cnpq.br/2456149959756244

Me. Fábio Luiz Iba


Possui Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela

Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). MBA em

Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela

mesma Universidade e graduação em Administração também pela Universidade Estadual

de Maringá (2005). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós-graduação

EAD, na área de administração e gestão de projetos.

http://lattes.cnpq.br/6939160957684922
apresentação do material

ATIVIDADES DE ACADEMIA
Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba

Prezado(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia!
Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são ativida-
des como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que estas foram e são atividades
que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Contudo, é importante destacar que,
atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes.
Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca-
demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o
conteúdo relativo às ginásticas é devido à sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus
conhecimentos para as demais atividades físicas da academia.
Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte à sua
atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como em diversos outros espaços. Para isso, num
primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate
da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness,
tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades
ofertadas em uma academia de ginástica.
Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes à ginástica de academia. Começare-
mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até
o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em
termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas,
e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos
da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula.
Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia,
que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o
conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim
como a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência.
O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao
concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão
trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica!
Ótima leitura e bons estudos!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
14 História da Academia de Ginástica 144 Treinamento Esportivo e a ginástica de academia
20 Fitness e Wellness 150 Planejamento e Organização de uma aula de
ginástica de academia
24 Atividades ofertadas em uma Academia de
Ginástica 156 Elementos para um coaching de excelência
50 Gabarito 170 Gabarito

UNIDADE II UNIDADE V
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 176 Administração e seus principais conceitos
70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 180 Processo administrativo
84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 184 Estrutura organizacional
97 Gabarito 188 Empreendedorismo e plano de negócios
198 Gabarito
UNIDADE III
MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 199 REFERÊNCIAS
104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos
128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia
139 Gabarito
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• História da Academia de Ginástica
• Fitness e Wellness
• Atividades Ofertadas em uma Academia de Ginástica

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia
de ginástica.
• Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da
academia.
• Apresentar as atividades comumente praticadas e
oferecidas na academia.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de acade-
mia, nesta primeira unidade trataremos deste nosso ambiente
de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão
apresentadas as principais atividades que, atualmente, são de-
senvolvidas nela.
Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história
da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se
consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido,
veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina-
ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas.
Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto
das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está
ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse
contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão fí-
sica, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos também
que o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia,
meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física.
Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer-
tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas
vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica-
mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios
físicos e atividades complementares.
Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí-
cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como
a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza-
do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão
aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência
melhor ao aluno, como a avaliação física.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos! Tenha uma ótima leitura!


História da
Academia de Ginástica

Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades O termo “academia” tem origem na escola fun-
presentes na academia, realizando um sucinto res- dada por Platão, chamada de Academia, devido ao
gate histórico deste estabelecimento de atividades local onde estava instalada, o bosque de Academos
voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos (GAARDER, 1995). É relevante destacar que, junta-
componentes da aptidão física. Contudo, antes de mente com a educação do intelecto, o cuidado com o
entrarmos nesta discussão, é importante entender corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego
a origem da expressão “academia de ginástica”, da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmen-
utilizada, aqui no Brasil, para designar estabeleci- te, para designar um conjunto de exercícios físicos que
mentos deste tipo. têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento
físico (FONTANA; REPPOLD FILHO, 2014).

14
EDUCAÇÃO FÍSICA

O surgimento das academias de ginástica ocor-


reu no século XIX na Europa, mais precisamente
na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON,
2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989).
Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou
Turnkunst na Alemanha) e tinham como objetivo
educar e condicionar, fisicamente, homens e mu-
lheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos
específicos. A partir do século XX, houve aumento
e propagação das academias tanto na Europa quan-
to nos Estados Unidos, onde as práticas mais ofere-
cidas eram o halterofilismo e a ginástica. Figura 2 - Charles Atlas
Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2.
Apesar do grande destaque que a ginástica rece-
beu no século XIX, em decorrência do movimento
ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis- O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta-
tas, Eugen Sandow leceu, na década de 70, com as publicações da The
(1867-1925) e Char- International Federation of Bodybuilding and Fitness
les Atlas (1892- (IFBB), em português “Federação Internacional de
1972), que se iniciou Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de atores,
a globalização da aca- como Arnold Schwarzenegger e de franquias, como
demia e da cultura a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym.
fitness, no começo do
século XX (ANDRE-
ASSON; JOHANS-
SON, 2014). Essa
globalização ocorreu
por meio de palestras
internacionais, revis-
tas e materiais sobre
técnicas e treinamen-
to físico, promovidos
por ambos os atletas.

Figura 1 - Eugen Sandow


Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1.

Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym

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SAIBA MAIS Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo,


ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge-
Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach, ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth
na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram
um local simples, com equipamentos caseiros, de estímulo para o desenvolvimento de uma forma
onde fisiculturistas podiam moldar seu físico. Seu
aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene- específica de ginástica, que envolvia a música com
gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi- movimentos coreografados, denominada de Aerobic
mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s Dancing (SORENSEN, [2020], on-line)5. Podemos
Gym passou a ser reconhecida, mundialmente,
a partir do ano de 1977, quando organizou o dizer que esta forma de ginástica deu origem às mo-
concurso Mister América e serviu de cenário para dalidades de ginástica de academia contemporâneas.
o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e Uma clássica academia de ginástica entre os
seus amigos mostraram seus treinamentos para
os concursos Mister Universe e Mister Olympia. anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di-
Atualmente, ela se tornou uma das maiores ferentes tipos de máquinas e equipamentos de
empresas do ramo do fitness, com mais de treinamento, um espaço com pesos livres (barras,
700 academias em todo o mundo.
Acompanhando a evolução das academias, a anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi-
Gold’s Gym, oferece além do espaço da musculação nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as
(que foi seu cerne), uma variedade de programas academias seguem este mesmo padrão, contudo, é
de treinamento, como o Gold’s Burn, o Gold’s Fit e o
Gold’s Cycle, visando abranger diferentes públicos. possível observar aquelas que oferecem, ainda, di-
ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras
Fonte: Gold’s Gym (2018, on-line)³ e Gold’s Gym
([2020], on-line)4
esportivas, entre outros.

Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 4 - Barra

17


Foi a partir dos anos 90 que houve a súbita expan- A partir da década de 90, há uma grande diversi-
são das franquias de academias e das modalidades ficação de modalidades e produtos oferecidos, sendo
de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As
para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- academias brasileiras procuram se atualizar ofere-
SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura cendo, além das tradicionais modalidades (muscu-
fitness pode ser observada pelo número de acade- lação e ginástica de academia), espaços para práticas
mias em todo mundo, que já somam mais de 201 que integram força, equilíbrio e flexibilidade, e que
mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- propiciam, além do condicionamento físico, tam-
calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). bém, a saúde e o equilíbrio mental. Disponibilizam,
também, equipamentos tecnológicos que fornecem
A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL informações detalhadas de performance, ou ainda,
que simulam situações encontradas em diferentes
O modelo de academia de ginástica, semelhante ao práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços,
atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. como avaliação física, acompanhamento nutricio-
Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e nal, fisioterápico bem como programas de treina-
halterofilismo, sendo encontradas principalmente mento específicos, seja para uma população em es-
nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- pecial, seja para determinada finalidade (para ganho
ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto ou redução de peso).
espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal-
terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns
atores de cinema, houve a expansão das academias
de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em
todo o mundo (FURTADO, 2009).
A ginástica de academia promoveu, nos anos 80,
o aumento de adeptos à prática de exercícios físicos
nesses locais, principalmente das mulheres, que bus-
cavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane
Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remo-
delação das salas de halterofilismo, que passaram a ter
máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utiliza-
ção, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de
treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofi-
lismo” foi substituído por “musculação”, objetivando
Figura 7 - Esteira ergométrica
incluir o público que não praticava a modalidade por
competição (FURTADO, 2009).

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 8 - Simulador de escada

Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi-


nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e
no mundo), existem aquelas que são especializa-
das em atender determinado público, ou oferecer,
exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido,
é comum encontrar academias restritas ao atendi-
mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas
especializadas em lutas, danças ou qualquer outra
prática. Focando em um único segmento, essas Figura 9 - Atividades com recurso
academias se capacitam para oferecer um trabalho de realidade virtual

de qualidade e garantem uma experiência próxima


a que seus alunos desejam.

19


Fitness e Wellness
Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia
academia de ginástica enquanto negócio, a visão de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou
que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos escutado esses termos em algum lugar. Contudo,
poucos, foram sendo agregadas outras concepções, você saberia conceituá-los?
buscando ampliar o público alvo e atingir o merca-

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

O FITNESS restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos


aspectos emocionais, intelectuais e sociais também
O termo fitness é empregado, comumente, para de- (DANTAS et al., 2009).
signar a aptidão ou condicionamento físico de um Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em
indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia, dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente
esse termo de origem da língua inglesa é composto e circunstâncias de vida, que contribuem para o es-
pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS-
o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem
condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta- ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e
do de se estar apto (ter aptidão) para responder às Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada
necessidades individuais. Portanto, não é um termo uma delas (DANTAS et al., 2009).

Social: reflete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto


(aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e
aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade,
cooperação e lealdade do grupo). O fitness social é indicado pelo
grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura,
os costumes e os hábitos do grupo a que pertence.

Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas


comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem
como a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação.
O fitness emocional reflete o equilíbrio emocional e a aceitação
do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina,
responsabilidade, determinação e autorrealização.

Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem,


na inteligência e na cultura. O fitness intelectual estimula o
indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução
DIMENSÕES de problemas, bem como a busca pelo conhecimento para
DO FITNESS satisfazer suas necessidades.

Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de


promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles
se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo
a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas
esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena.

A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada
mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- seria physical fitness, em português “aptidão física”.

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aumentos no nível de aptidão cardiorrespira-


Aptidão física relacionada à saúde
tória estão associados à redução de morte por
todas as causas (ACSM, 2016).
Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro- • Força e resistência muscular: a força mus-
curam uma academia de ginástica para realizar a sua cular corresponde à quantidade de força
prática de atividade física são a manutenção ou me- externa que o músculo pode aplicar contra
lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL uma resistência (CASPERSEN; POWELL;
et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA; CHRISTENSEN, 1985). Já a resistência mus-
cular é a capacidade de um músculo ou um
SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade
grupo muscular executar repetidas contra-
física, juntamente com a aptidão física, tem sido as-
ções sem reduzir a eficiência do trabalho re-
sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos alizado. Ambas contribuem para a melhora
de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em ou manutenção da massa óssea (a redução
adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi- da massa óssea está diretamente associada à
dade se manifestam (NAHAS, 2013). mortalidade), da tolerância à glicose (impor-
A aptidão física relacionada à saúde inclui com- tante no estado pré-diabético e diabético), da
integridade musculotendínea, da capacidade
ponentes apontados como fundamentais para a lon-
de realizar atividades diárias, e da massa livre
gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos
de gordura (relacionada à massa corporal e à
de doenças ou condições crônico-degenerativas taxa metabólica de repouso) (ACSM, 2016).
ocasionadas por baixos níveis de atividade física • Composição corporal: basicamente, ela
habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com- pode ser expressa como a porcentagem re-
ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão lativa dos tecidos adiposos e magros (mús-
aeróbica), a força e resistência muscular, a composi- culos, ossos e água) que compõe a massa
ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor- corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com-
ponente crítico do perfil de saúde de um in-
tantes e podem ser definidos como:
divíduo uma vez que o acúmulo excessivo
• Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade
de gordura corporal é considerado um pro-
de o organismo resistir à fadiga em esfor-
blema de ordem pública e está associado a
ços de média e longa duração. Envolvendo
diversas doenças, como a diabetes mellitus
os sistemas cardiovascular e respiratório, ela
tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio-
depende, essencialmente, da captação e dis-
vasculares, certos tipos de câncer, dentre
tribuição do oxigênio para os músculos em
outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL;
exercício físico. Também são determinantes
MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD
desse componente a ineficiência dos múscu-
et al., 2003; OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
los em utilizar do oxigênio transportado e
No entanto, baixos níveis de gordura corpo-
a disponibilidade de substratos energéticos
ral também representam risco à saúde, pois
(glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão
o organismo depende de certa quantidade
cardiorrespiratória têm sido correlacionados
de gordura para manter as funções fisioló-
a um risco muito elevado de morte prema-
gicas normais (HEYWARD, 2004).
tura por qualquer causa, mas especialmente
por doenças cardiovasculares. Por outro lado,

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli-


REFLITA
tude nos movimentos de diversas partes do
corpo. É dependente das estruturas articula-
res e da elasticidade de músculos e tendões. A educação para a saúde, visando às modi-
Preservar a flexibilidade facilita os movimen- ficações do comportamento que conduzem
tos e mantém a independência funcional e o a um estilo de vida saudável, deve ser, a
desempenho de atividades da vida diária (e priori, em uma academia. Nesse sentido,
além da atividade física, quais pontos de-
esportivas também) (HEYWARD, 2004).
vem ser de conhecimento do profissional
Usualmente, então, os programas de exercícios físi- de Educação Física?

cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e


devem continuar sendo) direcionados à promoção
desses componentes relacionados à saúde. Contudo, Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo
isso não significa que os componentes relacionados wellness pode ser entendido como a integração de
à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas
são estimulados, muito pelo contrário, eles também dimensões), que desenvolve um potencial para vi-
fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa-
com menor ênfase. tivamente, para a sociedade (SABA, 2006). Assim,
se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico,
O WELLNESS agora, a busca é pela qualidade de vida.
É importante destacar que o conceito de wellness
O fato de as primeiras academias de ginástica terem não deixa de enfatizar o condicionamento físico,
surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio- no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e
namento físico dos indivíduos e de seus fundadores bem-estar (FURTADO, 2009).
terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol-
vidas em práticas corporais fortaleceu e propagou a
ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen-
volvimento das academias, a visão antes restrita à
aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi-
milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado
fortemente, a partir dos anos 70. É nesse contexto
que aparece o termo wellness.
De acordo com a etimologia, o termo wellness, de
origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig-
nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos
abstratos de condição, conforme dito anteriormente.
Portanto, wellness tem como significado o “estar bem”
ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009).

23


Atividades ofertadas
em uma Academia de Ginástica

Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro visam complementar o serviço prestado, bem como
pensamento que surge é em relação às práticas cor- satisfazer as necessidades de seus clientes.
porais inerentes a este ambiente, como a musculação Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em
e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- uma academia de ginástica podem ser categoriza-
paço adequado para a prática de exercícios físicos, das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades
uma academia oferece muitas outras atividades que de exercícios físicos e atividades complementares.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS O conceito da esteira surgiu com base em um me-


canismo, criado no século XIX, para punir presidiá-
Em sua essência uma academia de ginástica é edifi- rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme
cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas
que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas quais os presos realizavam o movimento em degraus,
as modalidades existentes uma vez que elas variam como uma escada. A máquina era grande e comprida,
de acordo com a época e região, assim como novas de maneira que vários prisioneiros eram colocados
formas de exercício físico são frequentemente elabo- nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015).
radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda-
lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se
tornando) práticas clássicas nas academias. São al-
gumas destas práticas que serão abordadas a seguir.

Exercícios aeróbicos em aparelhos

Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida,


normalmente, demandam um espaço amplo para a
sua realização, pois exigem que seus praticantes per-
corram certa distância, ou mantenham o exercício
por determinado tempo. É evidente que, por motivo
de espaço e segurança, exercícios com movimentos
cíclicos como estes não são passíveis de serem re-
alizados, de forma tradicional, no interior de uma
academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo
executadas com a ajuda de aparelhos específicos,
que permitem a simulação dos gestos motores de Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)6.
maneira estacionária.
Os aparelhos específicos para o desenvolvimen- O movimento era constante, e a energia gerada era
to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com- utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer
por o quadro de itens indispensáveis em uma aca- moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que
demia, a partir da década de 1970, quando a prática tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como
do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in- “usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe-
fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex- los presidiários era tão grande que o equipamento
to, pode-se dizer que as treadmills, em português passou a ser visto como uma maneira eficiente de
“esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015).
no ambiente da academia.

25


A esteira no formato que conhecemos hoje, uma


estrutura com rolamentos e uma lona, que permite
o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida
estacionária, surgiu na década de 50. Desde então,
ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan-
do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no
controle, no deleite e na qualidade do exercício físico.

Figura 12 - Elíptico

Musculação

A musculação é uma das principais modalidades


Figura 11 - Remo ergométrico
de exercício físico em uma academia (ao menos, na
maioria delas) e tem o treinamento resistido como
guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer-
Com o advento da esteira, outros equipamentos foram cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que
elaborados com a mesma premissa, a de promover a exigem que a musculatura corporal se movimente
aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação (ou tente se mover) contra uma força oposta (no
de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo caso a resistência), normalmente, exercida por al-
dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso
que simulam os movimentos do esporte Esqui. corporal (FLECK; KRAEMER, 2017).

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

Um programa de treinamento de musculação levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer-


bem elaborado, coerente e executado de maneira cícios da musculação envolvem a manipulação de
correta, pode produzir benefícios à aptidão física pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da
e à saúde, tais como: aumento da massa muscular forma como esses elementos são combinados, os re-
(hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora sultados produzidos são diferentes.
da força e do desempenho físico em atividades da Nesse sentido, existem vários programas de treina-
vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde mento, cada qual com a sua finalidade (por exemplo,
também são observados, como melhora na pressão emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) de seu
arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli- idealizador. Contudo, todos eles se alicerçam em seis
na (FLECK; KRAEMER, 2017). princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da
Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade,
musculação contribui para a preparação de atletas Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o
de diferentes modalidades, além de ser a base do Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser-
fisiculturismo e de algumas modalidades, como o ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios.

Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo


aumento da intensidade do treino, ajustado de
acordo com a adaptação do músculo ao estímulo
dado, por meio do aumento na carga levantada, no Princípio da individualidade: os
Princípio da especificidade: número de repetições ou séries realizadas, ou ainda, programas de treinamento devem ser
significa treinar de forma específica na diminuição do tempo de descanso elaborados respeitando e considerando
para produzir os efeitos específicos entre as séries. as necessidades específicas ou os
desejados. objetivos e habilidades dos indivíduos.

Princípio da variabilidade: a
adaptação do corpo, frente ao estímulo Princípio da reversibilidade: quando o
Princípio da manutenção: ao ser programa de treinamento resistido é
produzido pelos programas de treino, alcançado o objetivo do treinamento,
geralmente, cria um platô no processo interrompido ou não é mantida uma
esse pode ser mantido apenas com um frequência ou intensidade adequada, as
evolutivo, que é quebrado apenas por
novos estímulos. programa voltado para a preservação adaptações na força ou na hipertrofia,
das adaptações. respectivamente, retornam à condição
inicial ou deixam de progredir.

27


Da mesma maneira que há diversos programas de


treinamento, existem vários exercícios na muscula-
ção para todos os segmentos corporais. Esses exercí-
cios são executados utilizando-se de diferentes equi-
pamentos, como:

Barras: são cilindros de comprimento, diâme-


tro e peso variável, feitas de diferentes ligas
metálicas. Existem diferentes formatos de bar-
ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for-
ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal.

Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres

Halteres: numa definição simples, halteres


são pequenas barras, as quais possuem
uma empunhadura com espaço para ape-
nas uma mão. Possuem diversos formatos
e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis.

Figura 13 - Barra hexagonal

Anilhas: são pesos, normalmen-


te, em formato de discos e feitos
de ferro fundido. Apresentam
medidas variadas e um buraco
no centro para serem encaixa-
dos nas barras ou máquinas.

Figura 14 - Anilhas de levantamento


28 de peso olímpico
EDUCAÇÃO FÍSICA
Máquinas com ajuste de placas de peso:
são conhecidas assim por utilizarem placas
de metal, normalmente, retangulares, que
ficam empilhadas em um compartimento
e alinhadas por um trilho. Estas possuem
um elaborado sistema de cabos e roldanas
para o seu funcionamento.

Figura 16 - Máquina com ajuste


de placas de peso

Máquinas com ajuste de anilhas:


possuem um local específico para
acoplar as anilhas. Geralmente,
funcionam com um sistema sim-
ples de alavanca e/ou trilhos.

Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas

Máquinas monoarticulares:
são máquinas cujos exer-
cícios desenvolvidos envol-
vem apenas uma articula-
ção do corpo, isolando, ao
máximo, o músculo agonis-
ta do movimento.

Figura 18 - Máquina monoarticular


29


Máquinas multiarticulares: são má-


quinas em que os exercícios desen-
volvidos envolvem mais de uma arti-
culação do corpo, fazendo com que o
músculo agonista do movimento seja
auxiliado por outro grupo muscular.

Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati-


vidades físicas nas academias, a grande parte das
Figura 19 - Máquina multiarticular pessoas ainda adota a musculação como exercício
físico para atingir seus objetivos de saúde, estética
ou performance.

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento funcional A partir da premissa de que os exercícios usados


para recuperar um atleta lesionado também poderiam
Basicamente, treinamento funcional é treinar para ser os melhores exercícios para manter e melhorar a
uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte
esportiva, quando se observou que a eficiência dos do quadro de atividades das academias de ginástica.
exercícios utilizados na reabilitação de atletas pode- Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí-
ria ser transferida para os programas de preparação cios passam a condicionar para as atividades diárias.
física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a Um programa de treinamento funcional é es-
lidar com o seu peso corporal, em todos os planos truturado para trabalhar movimentos, não múscu-
de movimento, nas diferentes exigências do esporte los. Desta forma, os exercícios funcionais procu-
(BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun- ram envolver o máximo de movimento das várias
cional faz o uso de vários conceitos esportivos para articulações, bem como a integração entre os gru-
trabalhar elementos, como a velocidade, força, po- pos musculares de diferentes segmentos corporais.
tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor- Para tanto, são utilizados movimentos de puxar,
poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar,
reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018). correr e saltar (D’ELIA, 2016).

Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)7.

31


Um ponto essencial é o treinamento do Core, que


compreende a região central do corpo, abrangendo
as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân-
cia do Core reside no fato de que ele oferece movi-
mento e suporte para todas as regiões do corpo, além
disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Resu-
midamente, o Core assume as seguintes funções:
• Estabilização da cintura escapular, cintura
pélvica e coluna durante os movimentos.
• Produz a força para os movimentos do tronco. Figura 22 - Kettlebell
• Transfere a energia (força) entre o tronco e os
membros.
• Conexão entre membros superiores e inferiores.
• Prevenção de traumas, movimentos compen-
satórios e lesões de um modo geral.

A maioria dos exercícios funcionais é executa-


da com o peso do próprio corpo, mas também
podem ser realizados com acessórios e equipa-
mentos específicos, tais como as que seguem nas
figuras seguintes:

Figura 23 - Escada de agilidade

Figura 21 - Medicine ball Figura 24 - Bosu

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 25 - Resistance band

Figura 26 - Corda naval

33


Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o


corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e
extremidades) e preparado para as exigências mo-
2
toras da vida diária, por meio de exercícios que es-
timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência, 1
agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade. 3
1. Fita de ancoragem 4
Treinamento em suspensão
2. Ajuste intermediário do 5
mosquetão de ancoragem 6 2
O treinamento em suspensão consiste na execução
de movimentos com determinados
3. Mosquetãosegmentos cor-
de ancoragem 1
porais suspensos. A ideia central deste método é uti- 3 7
4. Laço de ancoragem
1. Fita
lizar o peso corporal e a gravidade de ancoragem
como
inferior
carga para 4
5. Mosquetão
os exercícios e, desta forma, 2.estimular principal
o aprimora-do
Ajuste intermediário 5
mento dos componentes da aptidão física.
6. Laço de equalização
mosquetão de ancoragem 6
Este método de treino foi desenvolvido pelos
soldados das Forças de 7. 3. Mosquetão
Trava
Operaçõesde segurançadeda
Especiais ancoragem
Ma-
7
rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
4. Laço
8. Marcas dede ancoragem
regular inferior
a altura (pode
com o intuito de manter e auxiliar na progressão do 8
condicionamento físicoser 5. Mosquetão
baixa,
durante principal
intermediária
as missões, ou alta)
princi-
13 9
palmente, quanto estavam embarcados
6. Laço em navios e
de equalização 2
9. Tiras de Ajuste
submarinos (TRX, 2011).
7.1Trava de segurança
10. Fivelas
3
1. Fita de ancoragem
11. Manoplas 4
8. Marcas de regular a altura (pode
8
2. Ajuste intermediário do ser baixa, intermediária ou alta) 5 13 9
12. Apoio para os pés
mosquetão de ancoragem 6
9. Tiras de Ajuste
13. Fita principal 10
3. Mosquetão de ancoragem 10. Fivelas
7
4. Laço de ancoragem inferior 11. Manoplas
5. Mosquetão principal 12. Apoio para os pés
6. Laço de equalização 13. Fita principal 10
7. Trava de segurança 11
8. Marcas de regular a altura (pode 12
8
ser baixa, intermediária ou alta) 13
Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão
9
Fonte: o autor.

9. Tiras de Ajuste
34
11
10. Fivelas
12
11. Manoplas
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços tematização dos exercícios em suspensão deram ori-
de borracha nasceu o primeiro equipamento e um gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance
conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em
2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX.

Figura 28 - Exercício de agachamento utili-


zando a fita de treinamento em suspensão

Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão

intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora-


Os programas de treinamento em suspensão abran- dos a partir das progressões de movimento em que
gem diversos métodos de treino, como as tradicio- as diferentes formas de posicionamento do corpo,
nais séries e repetições separadas por determinado num mesmo exercício, conferirão maior ou menor
tempo de descanso, os treinos intervalados de alta grau de dificuldade e intensidade.

35


Figura 30 - Posicionamento do corpo na


diagonal, com apoio das mãos

Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal,


com apoio dos pés.

Como a fita é ancorada (fixada) em determinada


altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em
qualquer outra estrutura, os exercícios exploram os
diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas
posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido,
existem movimentos em que são assumidas posi-
ções na vertical, diagonal e horizontal.

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento individualizado (Personal trainer) Por meio de programas de treinamentos pla-


nejados e orientados, individualmente, o Personal
De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu- trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto
bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física para a qualidade de vida quanto para fins estéticos
(CONFEF, 2016), uma das atribuições do profissional e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co-
de Educação Física é a prescrição do treinamento físico meçou a se destacar a partir do momento em que
individualizado. Este serviço, em que se atende de for- os meios de comunicação colocaram em evidência
ma individualizada, é conhecido, popularmente, como o exercício físico personalizado e o tornaram um es-
Personal trainer (em português “treinador pessoal”). pecialista em forma física (BOSSLE, 2008).

Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado

As academias de ginástica constituem um am-


O treinamento individualizado é ofertado em di- biente ótimo para a prestação do serviço Personal
ferentes locais, como os condomínios residenciais, trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma-
clubes, parques e, com maior destaque, as academias teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis-
de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a põem de salas de avaliação, que são fundamentais
musculação, o treinamento funcional, o treinamen- para a prescrição e acompanhamento do treino indi-
to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas vidualizado, assim como, conferem proteção diante
quais o profissional esteja qualificado. as intempéries do clima e do tempo.

37


Lutas, Danças e Natação Ginástica de academia

Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- A ginástica de academia é composta por um grande
ças e a natação são praticadas em academias conjunto de modalidades, em que o exercício físico
(ou escolas) específicas para elas, pois deman- é executado em forma de coreografias e cadenciado
dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer-
estruturas específicas. cício será abordado com mais profundidade e deta-
O ensino das lutas e artes marciais compete aos lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático.
profissionais da Educação Física, que possuem a ti-
tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- ATIVIDADES COMPLEMENTARES
dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente,
demandam um espaço especial, como o tatame ou Com o intuito de oferecer suporte e melhor experiên-
o ringue, assim como de materiais específicos, tais cia ao aluno, assim como para a fidelização e captação
como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- de novos clientes, as academias de ginástica disponi-
radores de chute. As lutas e as artes marciais mais bilizam muitas outras atividades que complementam
comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- seus serviços. Estas atividades podem, ou não, confe-
-jitsu, o Muay Thay e o Boxe. rir um custo adicional ao cliente, dependendo do tipo
A prática das diferentes danças também requer a de serviço e por quem ele é prestado.
presença do profissional graduado em Educação Físi-
ca, e este deve ter formação específica em um ou mais Avaliação física
estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe-
cífico para a sua prática, no entanto, danças, como o A realização da avaliação física é essencial para uma
Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- intervenção segura e de qualidade, pois é por meio
terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- dela que são analisados os componentes da aptidão
los de dança encontrados com mais frequências nas física, determinado o estado de saúde de um indiví-
academias de ginástica são as danças de salão, como o duo, bem como, o programa de exercícios físicos é
samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. prescrito e acompanhado.
O ensino da Natação é feito pelos profissionais Uma academia de ginástica deve possuir um pro-
da Educação Física que possuem certa experiên- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma
cia com a modalidade. Para oferecer uma prática anamnese, a medida dos parâmetros antropométri-
significativa e segura, as academias de ginástica cos e da composição corporal, e uma análise postural.
dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória,
das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam-
Além disso, vestiários apropriados e materiais es- bém podem compor os elementos analisados. Con-
pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, fira a seguir algumas informações a respeito dessas
palmares e nadadeiras. avaliações no contexto da academia de ginástica.

38
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Anamnese: o questionário aplicado deve ser es- • Medidas antropométricas e da composição


truturado para determinar o perfil do indivíduo. corporal: a medida das proporções do corpo
Por meio dele, deve-se investigar, principalmen- são parâmetros de referência para os padrões
te, os possíveis problemas de saúde (de todas de saúde, de beleza e para a performance espor-
as ordens), o uso de medicamentos, os riscos tiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos
de doenças hereditárias bem como os hábitos resultados, é importante que os protocolos de
diários de vida (atividade física, alimentação e avaliação sejam adequados ao avaliado e, cri-
sono). Além deste, é interessante que o Questio- teriosamente, seguidos. As medidas antropo-
nário de Prontidão para Atividade Física, conhe- métricas são, facilmente, obtidas por meio de
cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness balança, estadiômetro e fita antropométrica. Já
Questionnaire), também faça parte do protocolo os constituintes da massa corporal podem ser
de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de- avaliados com técnicas e protocolos simples,
tecção do risco cardiovascular e é considerado como as dobras cutâneas ou a bioimpedância
um padrão mínimo de avaliação pré-participa- (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013).
ção em exercícios físicos (ACSM, 2018).

39


• Avaliação postural: o encurtamento e/ou a determinado tempo, como os testes de repeti-


hipotonia muscular (baixo tônus muscular) ções de abdominal e de flexão de braços.
podem gerar desequilíbrios entre pares an- • Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos
tagônicos de músculos e, consequentemente, componentes de uma articulação, como os li-
em desvios posturais. Esses desvios podem gamentos, tendões e músculos, bem como, a
causar incômodos e dores aos seus portado- interação entre uma série de articulações. As-
res, bem como, limitar a execução de certos sim, a flexibilidade é específica para a articula-
movimentos do cotidiano e de alguns exercí- ção e, portanto, não existe um teste único que
cios físicos. A utilização de um simetrógrafo possa ser utilizado. No entanto um teste muito
para a avaliação da postura auxilia na seleção aplicado é o de sentar e alcançar, proposto por
e prescrição de movimentos adequados. É im- Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade
portante destacar que cabe ao profissional de da lombar, do quadril e de membros inferiores
Educação Física, apenas, prescrever exercícios (POLLOCK; WILMORE, 1993).
que não agravem, ou evitem possíveis desvios
posturais. E sempre que identificado um caso Tão importante quanto os dados das medidas e dos
grave, encaminhá-lo aos especialistas.
testes são as informações obtidas das análises, as
• Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade
quais permitem identificar deficiências, limitações e
cardiorrespiratória reflete o estado funcional
determinar as necessidades secundárias ao objetivo
dos sistemas respiratório, cardiovascular, mus-
cular e das suas relações fisiológicas e metabó- do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação
licas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana-
determinada pelo consumo máximo de oxigê- lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de
nio (VO2máx.), que é expresso, normalmen- exercício físico e as devidas considerações e orienta-
te, em termos relativos (ml/kg/min) e, justa- ções sejam feitas.
mente, reflete a capacidade do organismo em
captar, transportar e utilizar o oxigênio para
a produção de energia (PRADO et al., 2011).
Atendimento em primeiros socorros
O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado
por meio de testes indiretos como o teste de Pode parecer estranho, contudo o atendimento em
banco de McArdle et al. (1972). primeiros socorros também faz parte da rotina de
• Força e resistência muscular: a capacidade de uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são
produção de trabalho de um músculo ou um imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes-
conjunto deles se reflete na medida da força e soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As
resistência muscular. A força muscular pode
adversidades mais comuns relacionadas à prática de
ser medida, basicamente, de duas maneiras:
atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni-
estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es-
taticamente ou de modo isométrico, a força cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta-
pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina- cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in-
micamente, a força pode ser medida por meio farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais
do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos
resistência muscular é facilmente avaliada por ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio,
meio de um teste de repetições máximas em
tórax e coluna (CREF4, 2014).

40
EDUCAÇÃO FÍSICA

A demora que pode ocorrer no atendimento es- até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006).
pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- O objetivo deste é garantir a manutenção das fun-
tências inadequadas constituem algumas das preocu- ções vitais e evitar o agravamento das condições de
pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a saúde do assistido (BRASIL, 2003).
prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais É relevante destacar que deixar de prestar o so-
maneiras de evitar complicações são: ter profissionais corro a alguma pessoa configura crime, segundo
preparados, que sabem como agir quando adversida- o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL,
des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- 1940), com pena que varia de um a seis meses de
demia; e possuir protocolos, equipamentos e acessórios detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a
necessários para um primeiro atendimento eficiente. primeira assistência, a academia é responsável por
Os primeiros socorros compreendem ao trata- chamar o socorro público, como o resgate do Corpo
mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento
tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima.

SAMU (192) SIATE (193)


O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma
ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número
presta socorro a vítimas de casos clínicos, como: de telefone 193 e presta socorro a vítimas
emergenciais do tipo:
- Dores no peito (podem ser sintomas de problemas
cardíacos); - Acidentes de trânsito com feridos;
- Intoxicação por diversos produtos; - Ferimentos com arma branca e de fogo;
- Perda de consciência, desmaio e hemorragias; - Quedas com fraturas e ferimentos;
- Crises de convulsão. - Choque elétrico grave;
- Ataque de animais.
Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as
Unidades de Pronto Atendimento Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte,
(UPA´s) de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas
expostas. Esses casos são encaminhados para os
hospitais.

Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor.

41


Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam-
lação à prestação de primeiros socorros na aca- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos
demia, as leis podem variam em cada estado e eventos mais comuns acontecem por:
município, por este motivo, cabe ao gestor buscar • Comemorações de datas específicas: Dia das
informações a respeito do assunto para manter o Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia
estabelecimento em ordem. e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween,
Natal, entre outras).
De modo geral, a prevenção de fatores de risco
• Competições: fazem parte do quadro de
ambientais, como a manutenção e o bom estado das
competições os eventos de modalidades es-
instalações e dos equipamentos, também como uma portivas, como a natação, as lutas, o supino e
anamnese adequada com informações sobre o esta- as corridas rústicas.
do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- • Palestras: convidados especialistas apresen-
mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de tam e discutem temas relacionados aos exer-
situações emergenciais. cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá-
veis de vida e afins.
Promoção e participação em eventos
É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre
Um evento pode ser considerado um acontecimento outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so-
estratégico que ocorre a partir de determinado in- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta-
teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo belecimento de um cronograma de eventos baseados
(MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser em datas comemorativas, eventos esportivos, assim
um plano de ação de Marketing de relacionamento como, na necessidade de diferentes ações com os clien-
uma vez que este representa uma tentativa das em- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia.
presas em desenvolver relações de longa duração
com seus clientes. Serviços complementares
Existem dois fortes motivos para que uma aca-
demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos Algumas academias estão se tornando grandes cen-
são um meio de gerar a sensação de acolhimento e tros multidisciplinares, ao integrarem áreas afins à
comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos educação física para oferecerem serviços especiali-
alunos, à medida que os fazem sentir parte de um zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan-
grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola-
atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- boração de profissionais das seguintes áreas:
ção de eventos internos, com a participação de con- • Nutrição
vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos • Fisioterapia
externos, tornando a marca da academia mais visí- • Medicina do esporte
vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de • Estética
romper com a monotonia causada pela rotina das

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esse movimento de integração confere praticidade


ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi-
ços em outros locais. Em complemento, a integração
da Educação Física com uma ou mais dessas áreas,
num mesmo espaço, facilita a comunicação e a arti-
culação das ações entre os profissionais, enriquecen-
do o atendimento e podendo proporcionar melhores
resultados. No entanto, é relevante destacar que o
conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen-
te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes,
do público-alvo e da proposta de valor da academia
(SABA, 2012).

43
considerações finais

Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e


apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas.
Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran-
de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico
europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da
ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles
Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que
as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e
serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde.
Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in-
glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo
fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um
indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas
aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o
termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar.
Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas
em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares.
Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas
clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a
Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as
atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primeiros
socorros, a promoção e a participação em eventos, bem como, citamos alguns dos
serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo
oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia.
Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima!

44
atividades de estudo

1. A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí-


cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras
academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao
que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi-
nástica, assinale a alternativa correta.
a. Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho-
mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho.
b. As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram,
basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e
pesos livres.
c. A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por
influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX.
d. Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos
ou atletas, não são comuns.
e. O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo.

2. O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne-


cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas
à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale
“V” para verdadeira e “F” para Falsa:
( ) A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física.
( ) O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares.
( ) O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelec-
tual.
( ) A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a
qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico.
a. V, F, V e V.
b. F, F, V e V.
c. V, V, F e V.
d. F, V, V e F.

45
atividades de estudo

e. V, F, F e F.

3. O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando


se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a
partir dos anos 70. Nesse contexto, qual o significado desse termo?
4. Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi-
nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de
exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as
afirmativas seguintes:
I. O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so-
corro público.
II. Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen-
tos, não músculos, especificamente.
III. As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá-
rios na Alemanha.
IV. Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re-
petições e pausas.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados das Forças de


Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as
missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen-
são e como funcionam as progressões do movimento.

46
LEITURA
COMPLEMENTAR

Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey


of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o
mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves-
tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas
tendências na área do condicionamento físico.
Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar
propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas
para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que
tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis-
tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores
podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não.
Normalmente a lista divulgada contempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos,
cinco delas têm se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval
training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei-
namento em grupo e o Personal trainer.
O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de
treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em
alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT
assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre
se mantém entre os dez primeiros. Apesar de alguns profissionais do fitness alegarem
potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido
popular em academias de todo o mundo.
Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores
de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi-
tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo

47
LEITURA
COMPLEMENTAR

sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias


vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde
assumiram a terceira colocação.
O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o
peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de treinamento utiliza o mí-
nimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico.
Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos
para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e
lideram aulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam
diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi-
pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e vêm se
destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do
Colégio Americano de Medicina do Esporte.
O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador
pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com
academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es-
tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl-
dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer
tem sido uma das 10 principais tendências.
Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física,
pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos
que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias-
tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção.

Fonte: Thompson (2019, p. 10-18).

48
material complementar

Indicação para Ler

Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição)


Markus Vinícius Nahas
Editora: Midiograf
Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a inten-
ção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercí-
cios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma lingua-
gem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser
incluídas no cotidiano da maioria das pessoas.

Indicação para Ler

Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros


esportivos (segunda edição)
Fabio Saba
Editora: Manole
Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lingua-
gem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do
gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de
relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o
autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti-
ver dirigida às reais necessidades do seu público.

49
gabarito

1. E
2. A
3. De acordo com a etimologia, o termo wellness,
de origem da língua inglesa, é composto pela
palavra Well que significa “bem”, e o sufixo
Ness formador de substantivos abstratos de
condição, conforme dito, anteriormente. Por-
tanto, wellness tem como significado o “estar
bem” ou “bem-estar”.
4. D
5. O treinamento em suspensão consiste na exe-
cução de movimentos com determinados seg-
mentos corporais suspensos. A ideia central
deste método é utilizar o peso corporal e a gra-
vidade como carga para os exercícios e, desta
forma, estimular o aprimoramento dos compo-
nentes da aptidão física. Já as progressões de
movimento, acontecem com as diferentes for-
mas de posicionamento do corpo, num mesmo
exercício, que conferem maior ou menor grau
de dificuldade e intensidade.

50
UNIDADE
II
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA
DE ACADEMIA

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Aspectos históricos da ginástica de academia
• Ginástica de academia e a fisiologia do exercício
• Elementos musicais na ginástica de academia

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica
de academia.
• Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no
âmbito da ginástica de academia.
• Analisar alguns dos elementos da música no contexto da
ginástica de academia.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no
universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con-
textualizar, histórica e filosoficamente, esta atividade que está
presente na maioria das academias e possui milhares de adep-
tos em todo o mundo.
Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica
para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo-
dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os
componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido,
veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam
papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática.
Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos
estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto,
veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vi-
gorosa), haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo for-
necimento de energia. Sendo assim, o sistema aeróbico é capaz de suprir,
praticamente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas
de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na
academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser
controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí-
veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos.
Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes
das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons-
titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar
motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da
música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade.
Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos!
Tenha uma ótima leitura!


Aspectos Históricos
da Ginástica de Academia

Neste primeiro momento, realizaremos um breve modalidade de exercício físico nas academias, como
resgate histórico da ginástica para que possamos en- um meio de aprimorar os componentes da aptidão
tender de que maneira ela se consolidou enquanto física por meio de aulas coletivas.

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

Partindo da concepção de ginástica como todo como objetivo a preparação militar. Assim, práticas
e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle-
manos, veremos que ela se manifesta de diferentes cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto
maneiras e adquire atributos de acordo com os ob- faziam parte do treinamento dos soldados. Em com-
jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava plemento, a nobreza participava de competições de
inserido. Nesse contexto, podemos observar que, esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en-
na antiguidade oriental, os exercícios físicos eram tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais,
expressos por meio de diferentes atividades. A luta como jogos simples e de caça e pesca, também eram
livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram praticados nesse período (RAMOS, 1982).
praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos No período do Renascimento, o exercício físico
realizavam práticas corporais funcionais (voltadas começou a ser pensado de outra forma, estabelecen-
para a melhora das atividades diárias) com foco na do novas concepções a respeito do corpo e seus cui-
força, agilidade e resistência. O exercício físico como dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970),
instrumento de preparação para a vida e de cunho as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten-
litúrgico era praticado na Pérsia, Índia, China e no dência para a educação física, ao considerá-la con-
Japão (RAMOS, 1982). teúdo da educação. Em seus programas estavam in-
No período Clássico da civilização ocidental, cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos,
na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá- esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram
ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím- praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos.
picos, sob grande influência da mitologia e do culto Os renascentistas foram influenciados pelos
ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li- ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti-
nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre
Atenas os exercícios físicos buscavam a formação considerado como valioso para o aprimoramento
do cidadão integral, provido de educação corporal, do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto
composta pela eficiência educacional, fisiológica, cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé-
moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as
ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do formas de exercício físico eram chamadas de Ginás-
corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982). tica que, de modo implícito, significava treinamento
Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte ou preparação para um esforço físico.
caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para Na Era Moderna, o exercício físico se consoli-
a preparação militar, objetivando a conquista e a de- da como elemento da educação, devido à evolução
fesa de territórios do império. Além disso, também do conhecimento na área da Educação Física, com
eram observadas práticas de atividades desportivas, a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi-
como a corrida de bigas e os combates de gladiado- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto,
res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997). foi a ginástica que introduziu o exercício físico como
Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas possibilidade de educação do corpo.
pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham

57


Figura 1 - Trajetória histórica da ginástica enquanto exercício físico / Fonte: o autor.

MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU: A A Escola Inglesa, também conhecida como mé-


SISTEMATIZAÇÃO DA GINÁSTICA todo inglês ou movimento esportivo inglês, devido
ao seu caráter competitivo, é um dos métodos mais
A ginástica passou a ganhar notoriedade, a partir do conhecidos e difundidos mundialmente (LANGLA-
século XIX, com o movimento ginástico europeu, DE; LANGLADE, 1970). Apesar desse método não
composto por quatro Escolas: a Inglesa, a Alemã, a ter exercido influência direta no campo da ginástica,
Francesa e a Sueca (ou Nórdica). Este movimento ti- ele contribuiu, sobretudo, para a universalização de
nha como ideal instituir a ordem e a disciplina, bem conceitos e para impulsionar a ginástica como es-
como contribuir para afirmar a ginástica como parte porte olímpico. É por intermédio das Escolas Ale-
da educação dos indivíduos, sendo esta, baseada na mã, Francesa e Sueca que melhor compreendemos
ciência, na técnica e nas condições políticas da Eu- a sistematização da ginástica (LANGLADE; LAN-
ropa na época (SOARES, 2002). GLADE, 1970; SOARES, 2002).

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Escola Alemã veu importantes mudanças na área da educação físi-


ca e contribuições no campo da ginástica. Guts Mu-
A Escola ginástica Alemã surgiu num contexto de ths idealizou o método de treinamento denominado
ideais políticos nacionalistas, onde se acreditava de “ginástica natural” ou “método natural” (BETTI,
que a união territorial e a defesa da pátria só seriam 1991). Seu conhecimento na área da filosofia, das ar-
garantidas a partir da criação de indivíduos, fortes, tes e ciências, além da sua habilidade com exercícios
saudáveis e vigorosos, de espírito nacionalista (SO- ginásticos e trabalhos manuais, fez com que ele per-
ARES, 2007). Sob a influência de Johann Christoph cebesse a importância e a necessidade de a educação
Friedrich Guts Muths (1759-1839), conhecido como física ser praticada seguindo os conhecimentos da
o “pai da ginástica pedagógica”, esta Escola promo- fisiologia e da anatomia (TESCHE, 2001).

Figura 2 - Uma das práticas do Turnkunst / Fonte: Wikipedia (2008, on-line)8.

Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so- impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além
bre os músculos e os nervos, movimentando todo o disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida-
corpo tanto de maneira global quanto segmentada, des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação

59


dos elementos da natureza para, assim, promover seu das em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos,
fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 2015).
Muths selecionou um conjunto de práticas agrupa- Confira algumas dessas práticas a seguir:

EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: TRABALHOS MANUAIS: JOGOS:


Saltar; Correr; Arremessar; Carpintaria; Tornearia; De movimento; sentados
Lutar; Escalar; Equilibrar; Jardinagem. ou de descanso.
Levantar e carregar; Nadar;
Exercícios de enrijecimento
e dos sentidos; Leitura
e declamação.

O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou, ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como
significativamente, com a Escola Alemã, promo- o propósito era reforçar o sentimento nacionalista,
vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti-
e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A
ginástica priorizava a preparação dos jovens para arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen-
guerra bem como a disseminação dos ideais higie- te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que
nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos considerava adequados para a ginástica (QUITZAU,
nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo- 2015). Verifique algumas dessas práticas a seguir:

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: JOGOS: EXERCÍCIOS


Saltar; Correr; Arremessar; Corrida das barras; Corrida COMPLEMENTARES:
Lutar; Escalar; Equilibrar; de assalto; Jogo de bola Esgrima; Nadar;
Levantar e carregar; Nadar; alemão. Equitação; Dança;
Exercícios de enrijecimento Patinação; Ficar de
e dos sentidos; Leitura cabeça para baixo;
e declamação. Saltos mortais.

Escola Sueca

O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí- nando os homens aptos para preservar a paz na Sué-
sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia, cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo
à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio
motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica. da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li-
O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling vres de vícios, necessários à formação da pátria
(1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de (LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982).
nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor-

61


Figura 3 - Apresentação de ginástica sueca / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)9.

Ling idealizou o método de treinamento chamado minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo-
“Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10)
ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi- Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131).
giênico. Estas denominações permitem identificar Podemos elencar alguns pontos como princípios
as concepções do método criado por Ling, que agru- fundamentais da proposta de Ling:
pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou • Os movimentos ginásticos devem ser basea-
mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se- dos nas necessidades e nas leis do organismo
guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3) humano, selecionando as formas mais efica-
zes, segundo certas regras, sem esquecer as
Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço;
exigências da beleza.
5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo-

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

• A ginástica deve desenvolver o corpo de ma-


neira harmônica, agindo sobre as suas dife-
rentes partes, dentro das possibilidades de
cada praticante.
• Todo movimento possui uma sequência ges-
tual, isto é, uma posição de partida, certo de-
senvolvimento e uma posição final.
• A ginástica deve desenvolver, gradualmente,
o corpo por meio de exercícios com intensi-
dade e dificuldade progressivas, consideran-
do a capacidade do praticante.
• A ginástica precisa sempre associar a teoria
com a prática.
• Todos os exercícios são executados com voz
de comando.

A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di- Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014,
vidida em quatro partes (MARINHO, 1978): a Gi- on-line)10.

nástica pedagógica, destinada à educação formal e


social; a Ginástica militar, com objetivo de prepara- A ginástica do método de Amorós era composta por
ção militar; a Ginástica médica, voltada às ativida- exercícios, como: marchar, trepar (incluindo o traba-
des terapêuticas; e a Ginástica estética, preocupada lho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e trans-
com a graciosidade do corpo. portar, correr, lançar, entre outros movimentos. Além
disso, incluía práticas como: nadar, patinar, esgrimar,
Escola Francesa dançar, atirar, jogar bola, boxear com os punhos e
com os pés. A maneira como essas atividades eram
A Escola Francesa foi baseada nas ideias de Guts desenvolvidas assemelhavam-se com o atual Circuit
Muths e Jahn (Escola Alemã), era preocupada, tam- training ou “Treino em circuito” (RAMOS, 1982).
bém, com o corpo anatomofisiológico e possuía um
caráter patriótico e moral. Seu idealizador foi o espa- A Calistenia
nhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848),
o qual acreditava que a ginástica produziria homens Baseada na Escola Sueca, a Calistenia procurou aten-
fortes, habilidosos, velozes, flexíveis, corajosos, inte- der a homens, mulheres e crianças, com exercícios
ligentes, sensíveis e adestrados. Características estas ritmados e livres de grandes aparelhos (como das
necessárias para enfrentar as dificuldades evidencia- tradicionais escolas de ginástica da época). Podemos
das pelo Estado e pela sociedade. dizer que sua origem data do ano de 1829, com a pu-

63


blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for A Calistenia era um método composto por exer-
beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados,
beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich executados ao som de música. Esses exercícios eram
Clias (CORREIA, 2008). realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa-
relhos leves, visando um trabalho global que
permitisse o desenvolvimento de todos os
GRUPO 1: Braços e pernas. grupos musculares bem como a simetria cor-
poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os
exercícios calistênicos eram, meticulosamen-
GRUPO 2: Região pôstero-superior do tronco. te, selecionados, de forma que a série executa-
da permitisse alcançar os princípios da higie-
ne, da educação, da recreação e da adaptação
GRUPO 3: Região pôstero-inferior do tronco. ao ambiente da época (CORRÊA, 2002).
Uma aula de Calistenia era estruturada
em oito grupos de exercícios, cada qual con-
GRUPO 4: Região lateral do tronco. templando segmentos corporais e capacida-
des físicas específicas. Confira a organização
desses grupos no quadro ao lado.
GRUPO 5: Exercícios de equilíbrio. Outro ponto a destacar é que, ao longo da
aula, havia um incremento gradual de esfor-
ço (intensidade), conforme eram desenvolvi-
GRUPO 6: Região abdominal. dos os grupos de exercícios. Essa relação en-
tre exercício e esforço pode ser observada na
Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um
GRUPO 7: Exercícios com saltos e corridas.
esforço muito leve, a cor verde um esforço
leve, a amarela um esforço moderado e as co-
res alaranjado e vermelho, esforços intenso e
GRUPO 8: Exercícios de ombro.
muito intenso, respectivamente.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Grupo 7

Grupo 6

Grupo 5

Grupo 4
Esforço

Grupo 3
Grupo 8
Grupo 2

Grupo 1

Desenvolvimento da aula
Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor.

Devido aos movimentos ritmados e à utilização da movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os
música para a execução dos exercícios, a Calistenia sentidos e a expressividade. Devido à sua relação
foi uma grande influência para as ginásticas presen- com os procedimentos técnicos e metodológicos da
tes nas academias. cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins-
pirou o surgimento da chamada ginástica moderna,
Movimentos do século XX e suas contribuições voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode
(1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três De maneira geral, as contribuições do Movimen-
grandes movimentos ginásticos, o Movimento do to do Norte ao campo prático foram direcionadas à
Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do técnica de construção e à execução dos movimen-
oeste. Todos eles foram importantes para a evolução tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do
e o surgimento das diferentes manifestações gímni- Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó-
cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
surgiram as subdivisões das modalidades e as pri- Estes três movimentos permaneceram até o
meiras regulamentações das ginásticas. ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer-
O Movimento do Centro teve grande influên- salização dos conceitos de ginástica que resultou
cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN-
de um método de educação musical por meio dos GLADE, 1986).

65


A GINÁSTICA NA ATUALIDADE podemos organizar a ginástica em cinco campos:


Ginásticas de condicionamento, Ginásticas de cons-
Como você observou, a ginástica passou por gran- cientização corporal, Ginásticas de competição, Gi-
des transformações a partir do século XIX e, nos násticas fisioterápicas e Ginástica de demonstração
dias de hoje, possui uma ampla abrangência, sendo (SOUZA, 1992).
direcionada para objetivos diversos. Atualmente, As áreas de atuação que cada campo contempla são:

GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS GINÁSTICA DE


CONDICIONAMENTO CONSCIENTIZAÇÃO COMPETIÇÃO FISIOTERÁPICAS DEMONSTRAÇÃO
CORPORAL
Musculação, Localizada, Eutonia, Ginástica Artística, Reeducação Postura Ginástica para
Aeróbica, Treinamento Feldenkrais, Yoga, Ginástica Rítmica, Global (RPG), todos.
funcional, Step, Jump, Bioenergética, Ginástica Aeróbica, Cinesioterapia,
Ciclismo Indoor, Zumba, Antiginástica, Tai Chi Ginástica Acrobática, Isostretching, entre
entre outras. Chuan, entre outras. Trampolim, Roda outras.
Ginástica, Tumbling,
Rope Skipping,
entre outras.

Observando esses campos, em qual deles a Ginástica demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi-
de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi- mento das capacidades físicas, como a força, a resistência
násticas de condicionamento, que são caracterizadas, (aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997).
principalmente, pela busca da manutenção da condi-
ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005). A GINÁSTICA DE ACADEMIA
É importante destacar que as manifestações gímni-
cas pertencentes a este campo também estão relacio- Na década de 1970, surgiu um movimento influen-
nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken-
padrão estético colocado comercialmente. neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de
As Ginásticas de condicionamento são, popularmen- exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa
te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca- duração) como uma excelente ferramenta para me-

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

lhorar a aptidão cardiorrespiratória, a composição


corporal e reduzir o risco de doenças relacionadas
ao baixo nível de atividade física. As principais pu-
blicações, deste pesquisador, que influenciaram esse
movimento foram os livros Aerobics (1968) e The
Aerobics Way (1977), em português “Aeróbicos” e “O
jeito aeróbico”, respectivamente.
Nesse contexto, com o objetivo de melhorar a
resistência cardiovascular, Jaki Sorensen idealizou
um programa de exercícios denominado de Aerobic
Dancing (ou Dança aeróbica), que utilizava a mú-
sica combinada a passos de dança e exercícios ca-
listênicos. A música tornava os exercícios menos
monótonos, o que possibilitava aumentar o núme-
ro de praticantes, bem como, permitia desenvolver
um sentido rítmico e a coordenação dos indivíduos
(CERAGIOLI, 2008). É interessante dizer que, ini-
cialmente, o programa de Sorensen foi destinado às
esposas de militares americanos sediados em Porto
Rico e era apresentado em rede de televisão local.
A partir da década de 1980, esse programa de
exercícios aeróbicos ganhou maior destaque e com-
preensão social, quando a atriz Jane Fonda aderiu
a ele e o promoveu para todo o mundo por meio
da televisão (CERAGIOLI, 2008). Foi assim que a
Ginástica aeróbica se estabeleceu e começou sua tra-
jetória no Fitness. No começo, os instrutores foca- superada.
Figura 6 - Capa do VHS de uma aula de ginástica aeróbica / Fonte: Fan-
vam, particularmente, nos exercícios de alto impac-
dom ([2020], on-line)11.
to, o que acarretou muitos praticantes lesionados,
formando uma imagem ruim da Ginástica aeróbica Com a propagação do método combinado, surgiram
(CHARPIN, 1996). Contudo com a utilização de um várias academias e, consequentemente, o número de
método combinado, ou seja, com a alternância de instrutores de Ginástica aeróbica aumentou. Esse au-
exercícios de alto e baixo impacto, esta situação foi mento gerou mudanças e inovações no formato das

67


aulas, produzindo novas modalidades, como o Step, a compor o quadro da Ginástica de academia. É a
o Fitball, o Spinning (ou Ciclismo Indoor) e a Hidro- partir dessa década que surgem as grandes empresas
ginástica. Já a introdução de alguns passos específicos do Fitness, oferecendo seus programas de Ginástica
de dança e a utilização de diferentes gêneros musicais pré-coreografadas, provocando um impacto signifi-
deram origem a modalidades, como o aero-latino, ae- cativo no mercado e grande diversificação das mo-
ro-funk e afro-aeróbica (FREITAS, 2011). dalidades. Criadora de aulas pré-coreografadas con-
Seguindo a tendência da década anterior, nos sagradas, como o Body Pump, o Body Combat e o
anos 90, novos exercícios começaram a ser explora- Body Balance, a Les Mills é um exemplo de empresa
dos e modalidades que desenvolviam a força, a flexi- deste ramo. Ela foi pioneira em sistematizar as au-
bilidade e, até mesmo, o equilíbrio mental, passaram las de ginástica e, atualmente, seus programas são os

SAIBA MAIS

Como o próprio nome sugere, as aulas pré-coreografadas são aquelas que possuem uma sequência core-
ográfica, previamente, elaborada, com movimentos definidos e alinhados ao tempo musical e às diversas
sensações que a música produz. Normalmente, são produzidas por uma empresa especializada nesse ramo,
que conta com uma equipe multidisciplinar encarregada de elaborar e testar as aulas.
Essas aulas são comercializadas no formato de “licença de uso”, desta forma, apenas profissionais creden-
ciados a essas empresas podem ministrá-las. O credenciamento, geralmente, é feito por meio de cursos (ou
treinamentos) de capacitação e habilitação, com posterior avaliação e certificação.

Fonte: o autor.

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

mais conhecidos do mundo. guês “Associação Cristã de Moços”, instalada na cidade


Figura 7 - Desenvolvimento da força e resistência muscular com a gi-
de São Paulo (NOVAES, 1991). É importante destacar
nástica
Figura 8 - Desenvolvimento da flexibilidade e equilíbrio mental com a que esta instituição de origem inglesa, com caráter reli-
ginástica
gioso, tem (pois ainda é atuante) suas atividades volta-
Com as novas evidências científicas, a evolução da das, exclusivamente, para a prática de atividade física.
tecnologia e a exigência do mercado, a Ginástica de A respeito do surgimento e desenvolvimento das
academia, ano após ano, vêm apresentando novas modalidades de Ginástica de academia no Brasil, po-
formas de se exercitar, oferecendo modalidades e demos dizer que estas acompanharam o movimento
equipamentos inovadores, mas sempre conservando mundial que, como vimos anteriormente, teve início
a sua essência que é de ser uma aula coletiva condu- nos anos 70, movido pela promoção e manutenção
zida pela música. de uma vida saudável, por meio da prática regular de
exercícios físicos.
A Ginástica de academia no Brasil Atualmente, são muitas as modalidades de Gi-
nástica de academia presentes no mercado brasilei-
Na década de 1950, a ginástica realizada em academia ro, incluindo aquelas pré-coreografadas, com suas
começou a ser difundida pela extensão brasileira da propostas de modelo padrão de aula e uma identi-
Young Men Christian Association (YMCA), em portu- dade visual própria.

Figura 9 - Prédio da Young Men Christian Association em Brighton, no Reino Unido

69


Ginástica de Academia
e a Fisiologia do Exercício
Transitando pela história da Ginástica de academia, Discutir a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
você observou que, a partir da Era Moderna, por in- siologia, partindo do entendimento de como o corpo
termédio das Escolas europeias, a ginástica passou humano reage aos estímulos oferecidos pela prática de
a ser sistematizada e fundamentada pelos conhe- exercícios físicos, permite-nos determinar estratégias
cimentos de anatomia e fisiologia da época. Já na adequadas para se alcançar os objetivos das aulas. Nesse
pós-modernidade, com os estudos do Dr. Cooper, a contexto, os sistemas de transferência de energia, o mo-
ginástica ganhou novos embasamentos científicos e nitoramento da intensidade e o processo de recuperação
adquiriu o adjetivo de Aeróbica. são alguns dos pontos essenciais a serem compreendidos.

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

DEMANDA E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA A energia liberada durante a quebra (degra-


NO EXERCÍCIO FÍSICO dação) por hidrólise de uma molécula de ATP é
repassada, diretamente, a outras moléculas que
A energia se manifesta de muitas formas, como a ener- necessitam de energia (McARDLE; KATCH; KA-
gia elétrica, a mecânica e a química, sendo que todas TCH, 2019). Como as reservas intramusculares da
essas formas são intercambiáveis, ou seja, elas podem molécula de ATP são limitadas e suficientes, ape-
se converter umas nas outras. Podemos constatar este nas, para alguns segundos de esforço, sua ressíntese
fenômeno durante o exercício físico, quando as fibras ocorre, continuamente.
musculares (células musculares) convertem a energia Os carboidratos (glicogênio) e as gorduras (ácidos
química, obtida dos carboidratos, gorduras ou proteí- graxos) são os principais substratos energéticos respon-
nas, em energia mecânica, empregada na realização do sáveis pela manutenção da ressíntese contínua de ATP.
movimento (POWERS; HOWLEY, 2017). Esse processo No entanto uma parte de ATP ressintetizado provém,
bioenergético de transferência de energia, da forma quí- diretamente, da retirada anaeróbica de fosfato da PCR.
mica para a mecânica, exige uma série de reações bio- A velocidade com que esta molécula fosforila o ADP
químicas e pode acontecer por três sistemas: o Sistema (fornece fosfato para o ADP se tornar ATP) excede,
ATP-PCR, o Sistema glicolítico e o Sistema aeróbico. consideravelmente, a transferência energética anaeróbi-
Antes de tratarmos dos sistemas, é importante re- ca a partir do glicogênio e aeróbica dos ácidos graxos
cordar que a energia retirada dos alimentos é utilizada (McARDLE; KATCH; KATCH, 2019)
e armazenada nas células na forma de um composto, al- Por estas características, o Sistema ATP-PCR for-
tamente energético, denominado ATP ou Trifosfato de nece energia para atividades físicas que requerem
Adenosina, e que, a degradação das moléculas de carboi- energia imediata, como os exercícios físicos de alta
dratos, gorduras e proteínas, produzem diferentes quan- intensidade e curta duração (McARDLE KATCH;
tidades de moléculas de ATP, sendo a gordura o substra- KATCH, 2018).
to mais rentável (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).
Como dito anteriormente, existem três sistemas de Sistema glicolítico
transferência, o ATP-PCR, o glicolítico e o aeróbico,
cada qual atendendo de maneira específica às necessida- Apesar da PCR fornecer, de maneira muito rápida,
des energéticas dos exercícios físicos. a energia para a fosforilação de ATP, o maior mon-
tante de energia para esse processo provém da oxi-
Sistema ATP-PCR dação (queima biológica) de carboidratos, lipídios
e proteínas oriundos da alimentação (McARDLE
O Sistema ATP-PCR constitui uma das vias anaeró- KATCH; KATCH, 2019). A Figura 10 apresenta
bicas de transferência de energia, ou seja, não neces- as proporções de contribuição de cada macronu-
sita de oxigênio para realizar este processo, carac- triente para o fornecimento de energia. Observe
terizado pela degradação da molécula de ATP, bem que, de acordo com as características do exercício
como, a sua ressíntese pela PCR, também conhecida físico, há a predominância da utilização de deter-
como Fosfocreatina. minado macronutriente.

71


100 2-5 % 2-5 % 2-5 % 5-8 %

90

80
macronutrientes (%) 35% 40%
70
Contribuição dos

60
95% 70%
50

40
60%
30
55%
20

10
3% 15%
0

Repouso Exercício Exercício de Exercício de


leve/moderado alta intensidade alta intensidade
de velocidade de endurance
(explosão) (resistência)

Glicogênio/glicose Gorduras Proteínas


Figura 10 - Contribuição dos macronutrientes para o fornecimento de energia / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2019).

Entre os macronutrientes, o único cuja energia ar- É importante destacar que, no exercício intenso, quan-
mazenada é capaz de gerar ATP de forma anaeró- do as demandas energéticas excedem o suprimento de oxi-
bica é o carboidrato. Esta característica o capacita a gênio ou sua taxa de uso, o organismo, sabiamente, passa
fornecer energia rápida, acima dos níveis fornecidos a formar o ácido lático (e, consequentemente, o lactato)
pelas reações metabólicas aeróbicas (McARDLE na tentativa de manter a produção de energia via glicóli-
KATCH; KATCH, 2019). se anaeróbica. Contudo, à medida que os níveis de lactato
A metabolização anaeróbica do carboidrato é feita muscular e sanguíneo se elevam e a regeneração de ATP
pelo Sistema glicolítico, que se caracteriza pela degra- não acompanhar sua taxa de utilização, a fadiga, rapida-
dação da molécula de glicose provinda do glicogênio mente, se estabelece e o desempenho do exercício diminui.
muscular. A glicólise (quebra da molécula de glicose) Além disso, o aumento da acidez, ocasionada pelo acúmulo
anaeróbica para a ressíntese de ATP fornece energia de lactato, contribui com a fadiga por inativar algumas das
para atividades físicas que necessitam de energia rápida, enzimas envolvidas na transferência energética e por inibir
como os exercícios físicos intensos e de curta duração o funcionamento pleno da maquinaria contrátil muscular
(McARDLE KATCH; KATCH, 2019). (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).

72
EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema aeróbico

Conforme observado, os Sistemas Anaeróbicos pro-


duzem, relativamente, poucas moléculas de ATP. Por
consequência, o metabolismo aeróbico fornece, pratica-
mente, toda a energia necessária quando uma atividade
física avança por mais de alguns minutos (McARDLE
KATCH; KATCH, 2018).
O Sistema aeróbico refere-se às reações geradoras
de energia que contam com a participação do oxigênio.
Nesse contexto, é importante destacar que a degradação
completa da molécula de glicose acontece em duas etapas,
a glicólise anaeróbica e o ciclo do ácido cítrico. Como vi-
mos anteriormente, no Sistema glicolítico, há a formação
do ácido lático, que é produto do piruvato resultante da
glicólise anaeróbica. Já na presença (adequada) de oxi-
gênio, esse piruvato é convertido em acetilcoenzima A
(acetil-CoA) que, na mitocôndria, participará do ciclo do
ácido cítrico (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).
A produção aeróbica de ATP acontece no interior da
mitocôndria e envolve a interação de duas vias metabólicas
cooperativas: o ciclo do ácido cítrico e a cadeia transpor-
tadora de elétrons. A principal função da primeira é com-
pletar a oxidação (remoção de hidrogênio) de carboidratos,
gorduras ou proteínas utilizando as coenzimas NAD+ e
FAD como transportadores de hidrogênio. Os átomos de
hidrogênio fornecem a energia em potencial presente nos
alimentos. Neste cenário, a energia desses átomos é utili-
zada na cadeia transportadora de elétrons para associar
o ADP ao íon fosfato e, assim, formar o ATP (McARDLE
KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017).
O oxigênio atua como o coletor no fim da cadeia trans-
portadora de elétrons, ligando-se ao hidrogênio e formando
água. Este papel do oxigênio, no fim da cadeia, é determi-
nante para a capacidade e manutenção da geração de ener-
gia. O processo de produção aeróbica de ATP é denomina-
do fosforilação oxidativa (POWERS; HOWLEY, 2017).

73


SISTEMAS ANAERÓBICOS

Sistemas de SISTEMA SISTEMA SISTEMA


transferência ATP-PCR GLICOLÍTICO AERÓBICO
de energia

Substratos GLICOGÊNIO
ATP PCR CARBOIDRATOS GORDURAS PROTEÍNAS
energéticos GLICOSE

GLICÓLISE
ADP+Pi ANAERÓBICA - OXIDAÇÃO DESAMINAÇÃO

Vias CICLO DO
metabólicas ÁCIDO
CÍTRICO
FAVOR IDENTIFICAR O QUE É ESSA
FIGURA PARA QUE O ILUSTRADOR
POSSA ENCONTRA-LA NA WEB
PARA REDESENHAR.

CADEIA
TRANSPORTADORA DE
ELETRONS

ATP

Exercícios com predomínio Exercícios com predomínio


do Sistema Anaeróbico do Sistema Aeróbico

Figura 11 - Diagrama dos sistemas de transferência energética, substratos energéticos, vias metabólicas e exercícios físicos / Fonte: o autor.

74
EDUCAÇÃO FÍSICA

A metabolização da gordura é feita por um processo Sinergia dos sistemas de transferência de energia
denominado de β-oxidação, que está intimamente relacio-
nado ao aporte de oxigênio. A β-oxidação acontece até que Algumas atividades físicas são, predominantemen-
toda a molécula de ácido graxo (gordura) seja degradada em te, mantidas por um único sistema de transferência de
acetil-CoA, que é destinada ao ciclo do ácido cítrico (McAR- energia. No entanto a maioria delas é sustentada por
DLE KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017). mais de um sistema de transferência de energia, depen-
Como você já sabe, o hidrogênio liberado durante esse pro- dendo de suas intensidades e durações, como é o caso
cesso é oxidado pela cadeia transportadora de elétrons. das modalidades de Ginástica de academia.
Em situações anaeróbicas, o hidrogênio permanece Os Sistemas anaeróbicos proporcionam a maior
ligado ao NAD+ e FAD, interrompendo a metabolização parte da energia para os exercícios explosivos (muito
das gorduras. Portanto, podemos dizer que existe uma rápidos) ou para aqueles de intensidade elevada e sus-
taxa limite para o uso de ácidos graxos pelo músculo (em tentada. Por outro lado, o Sistema aeróbico disponibiliza
atividade), a qual é determinada pela intensidade do exer- grande parte da energia para os exercícios de intensida-
cício físico, uma vez que a potência gerada pela degrada- de leve, moderada ou, ligeiramente, elevada (POWERS;
ção das gorduras representa, aproximadamente, metade HOWLEY, 2017). A Figura 12 apresenta as proporções
da potência produzida pelos carboidratos (McARDLE de contribuição relativa (%) desses sistemas em função
KATCH; KATCH, 2019). Nesse contexto, a β-oxidação da duração da atividade física. Veja que eles atuam, con-
fornece energia para atividades físicas que necessitam de juntamente, contribuindo em diferentes proporções ao
energia a longo prazo, como os exercícios físicos leves, longo do tempo.
moderados ou ligeiramente intensos e de longa duração.
100

80
Contribuição dos sistemas
anaeróbico e aeróbico (%)

60

40

20

0
Segundos Minutos
10 30 60 2 4 10 30 60 120

Sistema anaeróbico (%) 90 80 70 50 50 15 5 2 1

Sistema aeróbico (%) 10 20 30 50 50 85 95 98 99


Figura 12 - Contribuição dos sistemas anaeróbicos e aeróbicos em função da duração de atividade física / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2019).

75


Analisando as informações dessa figura, qual se- MONITORAMENTO E MODULAÇÃO DA IN-


ria o percentual de contribuição de cada sistema TENSIDADE NO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO
em uma aula de Ginástica de academia? Se pen-
sarmos em uma aula com intensidade moderada A intensidade de um exercício físico aeróbico pode ser es-
à vigorosa e duração de uma hora, podemos dizer timada pela produção aeróbica de ATP, mensurada pelo
que o sistema anaeróbico contribui com, aproxi- consumo de oxigênio, comumente chamado de VO2. O
madamente, 2% enquanto o aeróbico com 98% da VO2 constitui uma medida referência por estar relacionado
energia. No início da aula, temos o predomínio diretamente com a intensidade do esforço (McARDLE; KA-
dos Sistemas anaeróbicos, devido à necessidade TCH; KATCH, 2018). Assim, conforme o esforço aumenta,
imediata de energia e, em poucos minutos, há uma o consumo de oxigênio se eleva, até que não seja mais possí-
inversão onde o Sistema aeróbico passa a contri- vel produzir ATP pelo Sistema aeróbico. Neste momento, é
buir cada vez mais. identificado o consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
Esta discussão sobre os sistemas de transferên- O fato de esse VO2máx e da frequência cardíaca máxima
cia de energia torna claro o enquadramento das (FCmáx) se correlacionarem positivamente, permite que a
modalidades de Ginástica de academia como “exer- frequência cardíaca também seja utilizada como ferramen-
cícios aeróbicos”, não é mesmo? Além disso, nossa ta de medida da intensidade do exercício físico aeróbico.
leitura, até este ponto, permite-nos dizer que a in- Esta correlação acontece independentemente de sexo, raça,
tensidade é determinante do Sistema a ser utilizado nível de aptidão física, idade ou, até mesmo, modalidade da
e, consequentemente, do substrato energético e da atividade (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
duração do esforço. Classificando a intensidade em: muito leve, leve,
moderada, vigorosa e próxima da máxima ou máxima, a
Figura 13 apresenta os valores de consumo de oxigênio
e frequência cardíaca, correspondentes a cada categoria.

Intensidade % do VO2máx % da FC máx

Muito leve Inferior a 37 Inferior a 57

Leve 37 a 45 57 a 63

Moderada 46 a 63 64 a 76

Vigorosa 64 a 90 77 a 95

Próxima da máxima Maior ou igual a 96


ou máxima Maior ou igual a 91
Figura 13 - Classificação da intensidade do exercício físico aeróbico de acordo com o percentual do consumo de oxigênio e a frequência cardíaca
Fonte: adaptada de Garber et al. (2011).

76
EDUCAÇÃO FÍSICA

Observe que os valores estão retratados como porcenta- Analisando estes fatores, vemos que a intensidade cor-
gem, pois são determinados tendo como base o valor do responde àquele que o professor pode exercer maior influên-
VO2máx e da FCmáx. Por exemplo, para um exercício ser cia, visto que a Frequência depende da assiduidade e do com-
classificado como moderado, durante a sua realização, prometimento do aluno; a Duração (em média 60 minutos),
ele deve provocar um consumo de oxigênio entre 46 e 63 geralmente, é determinada pela organização dos horários da
por cento (%) do valor do VO2máx de quem o está prati- academia; e o Tipo de exercício corresponde à própria moda-
cando; ou, então, exigir que o praticante mantenha uma lidade da aula (Step, Ciclismo indoor, entre outros).
frequência cardíaca entre 64 e 76 por cento (%) do valor Com estes apontamentos, você deve estar se pergun-
da FCmáx, na maior parte do tempo. tando: “Como posso controlar a intensidade?” e “Qual seria
Controlar a intensidade é primordial para que sejam o esforço ideal a ser exigido dos alunos?”. Antes de conver-
alcançados os objetivos de uma sessão de treino, em nosso sarmos sobre estes questionamentos, é fundamental ter em
caso, de uma aula de Ginástica de academia. A dose-respos- mente que o grau de intensidade é relativo, ou seja, para in-
ta do exercício físico depende de fatores, como a frequên- divíduos diferentes pode haver múltiplas percepções para
cia, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício (POWERS; um mesmo estímulo. Esta variedade pode acontecer devi-
HOWLEY, 2017) . Podemos caracterizá-los como: do a fatores como idade, sexo e nível de aptidão física.

Frequência:
corresponde ao número Tempo:
de vezes com que o refere-se, justamente,
exercício é realizado. à duração do exercício.
Normalmente ela é Normalmente, é
expressa em dias por enunciado em
semana. minutos.

Intensidade:
Tipo de exercício:
indica o quanto o exercício é
é o modo ou o tipo de
intenso. A intensidade pode ser
atividade realizada. Este,
descrita em termos de
simplesmente, indica se o
percentual do VO2máx ou da
exercício é do tipo de
FCmáx, de percepção subjetiva
resistência cardiovascular ou
do esforço e do limiar do lactato
força, e como é realizado (por
(devido ao foco de nossos
exemplo, ciclismo de rua
estudos, não abordamos).
ou ciclismo indoor)

77


Monitoramento da intensidade da aula REFLITA

Existem diferentes ferramentas para o monitoramento da A relação com as medidas de sobrecarga fisio-
intensidade do exercício físico, mas devido às suas pratici- lógica, a simplicidade e o baixo custo tornam
dade e acessibilidade, abordaremos duas delas: a escala de a escala de percepção de esforço uma ótima
ferramenta de monitoramento das aulas de
percepção de esforço e o monitor de frequência cardíaca. Ginástica de academia. Que tal disponibilizá-la
em suas aulas?
Escala de percepção de esforço

A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida ter grande precisão cujo esforço percebido coincide com
psicofisiológica, amplamente conhecida e muito utiliza- as medidas objetivas da sobrecarga fisiológica, como os
da no campo científico, clínico e esportivo (KENNEY; percentuais do VO2máx e da FCmáx (McARDLE; KATCH;
WILMORE; COSTILL, 2013; ESTON, 2012). Com esta KATCH, 2018; KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
ferramenta, os indivíduos relatam, em uma escala numé- Uma EPE muito utilizada é a de Gunnar Borg (1982),
rica, a sensação percebida em relação ao nível de esforço. mais conhecida como Escala de Borg. Esta escala possui
Quando a EPE é utilizada corretamente, ela demonstra uma pontuação que varia de 6 a 20, categorizada, dida-
ticamente, como: Extremamente
Escala de percepção Classificação da leve, Muito leve, Razoavelmente
% do VO % da FC
de esforço 2máx máx
intensidade leve, Um pouco difícil, Difícil, Mui-
to difícil e Extremamente difícil. A
6
Figura 14 ilustra a Escala de Borg
7 Extremamente leve
e as estimativas correspondentes
8
da intensidade. Veja que, quanto
9 maior o esforço percebido, maior
Muito leve
10 será o número relatado pelo indi-
Leve
11 Razoavelmente leve 31 a 50 52 a 66 víduo.
12 Essa é uma ferramenta simples
Moderada
13 Um pouco difícil 51 a 75 61 a 85 e de custo irrisório, que permite
14 ao professor monitorar e modu-
Vigorosa
15 Difícil 76 a 85 86 a 91 lar o esforço de muitas pessoas, ao
16 mesmo tempo. Além disso, gera no
17 Muito difícil 85 92 aluno um entendimento melhor
18 Próxima da (consciência) sobre a intensidade
máxima ou correta do exercício. A dificuldade
19 Extremamente dfícil máxima
que pode ser encontrada está nos
20
primeiros contatos do aluno com a
Figura 14 - Escala de Borg e as estimativas correspondentes da intensidade / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2018).
escala sobre como classificar o es-

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

forço que se está realizando.

Monitor de frequência cardíaca

A frequência cardíaca é a medida fisiológica mais usada


pelos pesquisadores, treinadores e atletas para o moni-
toramento da intensidade do exercício físico, por se cor-
relacionar positivamente, com o consumo de oxigênio e
permitir um controle rigoroso do treinamento (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013; FOSS; KETEYIAN 2000).
Ela pode ser medida por meio do monitor de frequên-
cia cardíaca, usualmente, chamado de “frequencímetro”.
A leitura dos batimentos cardíacos é feita por um sensor,
que pode estar numa cinta, colocado na altura do peito
ou acoplado no próprio monitor, que capta e traduz as in-
formações do sensor, pode ser um relógio de pulso (mais
comum) ou, até mesmo, um smartphone, smartwatch ou
tablet.

Figura 15 - Monitor de frequência cardíaca com sensor de cinta Figura 16 - Monitor de frequência cardíaca em smartwatch

Uma prescrição adequada da intensidade deve estabe- A reserva da frequência cardíaca corresponde à diferença
lecer uma zona de frequência cardíaca de treinamento, entre a frequência cardíaca de repouso (FCrepo) e a FCmáx,
com um limite inferior (mínimo) e superior (máximo) expressando a amplitude de trabalho cardíaco em esforço.
que precisam ser respeitados durante o exercício físico A FCrepo equivale à frequência normal do coração, medida
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). Para se deter- com o corpo estático e relaxado. Já a FCmáx corresponde ao
minar esses limites, podemos utilizar o Método da re- valor mais alto da frequência cardíaca que um indivíduo
serva da frequência cardíaca ou Método Karvonen, em pode atingir, num esforço máximo até o ponto de exaus-
homenagem ao fisiologista Martti J. Karvonen (FOSS; tão. Ela pode ser estimada, por meio da fórmula (inde-
KETEYIAN, 2000). pendentemente de raça e sexo):

79


FCmáx = 220 – Idade (anos) FCTinferior = FCrepo + % do limite inferior x (FCmáx


- FCrepo)
O cálculo dos limites inferior e superior da zona de fre- FCTinferior = 65 + 0,50 x (195 - 65)
quência cardíaca de treinamento (FCT) é feito por meio FCTinferior = 65 + 65
da seguinte fórmula: FCTinferior = 130 bpm

FCT = FCrepo + % do limite inferior ou superior x Calculando o limite superior:


(FCmáx - FCrepo)
FCTsuperior = FCrepo + % do limite superior x (FCmáx -
Para facilitar a visualização do uso dessas fórmulas, ve- FCrepo)
jamos um exemplo. Imagine que, em uma aula de Ci- FCTsuperior = 65 + 0,85 x (195 - 65)
clismo indoor, um aluno, que possui um monitor de FCTsuperior = 65 + 110,5
frequência cardíaca, pergunte: “Professor, qual deve ser a FCTsuperior = 176 bpm
minha frequência cardíaca durante a aula?” Para respon-
der, adequadamente, o professor seguiu algumas etapas. Concluindo seu raciocínio, o professor orientou seu
Primeiramente, ele verificou a FCrepo pelo monitor aluno para que, ao longo da aula, mantivesse uma fre-
de frequência cardíaca que, após alguns minutos de re- quência mínima de 130 bpm; que nos momentos mais
pouso do aluno, informou 65 batimentos por minuto fortes elevasse a frequência para próximo a 176 bpm; e
(bpm). Em seguida, sabendo que a idade de seu aluno que procurasse dosar o esforço para permanecer nesta
era 25 anos, ele estimou FCmáx da seguinte maneira: zona de treino.

FCmáx = 220 – Idade (anos) Modulação da intensidade da aula


FCmáx = 220 – 25
FCmáx = 195 bpm Sabemos que a Ginástica de academia consolidou-se no
ideal da promoção da saúde e no aprimoramento da apti-
Antes de determinar a zona de FCT, o professor estipulou dão física dos indivíduos. Atualmente, isso não é diferente.
os percentuais inferior e superior em 50% e 85%, respecti- Benefícios na composição corporal e na aptidão
vamente. Aqui, é importante destacar que esses percentuais cardiorrespiratória são observados em exercícios com
(50% e 85%) são, frequentemente, utilizados na prescrição intensidade entre 60% e 90% da frequência cardíaca
do exercício físico (FOSS; KETEYIAN, 2000), modulando máxima (FOSS; KETEYIAN, 2000), ou seja, com uma
a intensidade entre leve e vigorosa. Contudo estes valores intensidade variando entre moderada e vigorosa (GAR-
podem ser alterados, conforme a necessidade de cada indi- BER et al., 2011). Dessa forma, é importante que as
víduo. Com essas as informações em mãos, ele determinou modalidades de Ginástica de academia proporcionem
os limites inferior e superior de frequência cardíaca de trei- esforços nessa faixa, para que os alunos sejam contem-
namento, conforme os cálculos que se seguem. plados com os benefícios da sua prática.
Calculando o limite inferior:

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

A modulação da intensidade da aula acontece, es-


MENOR
sencialmente, por meio dos movimentos e da maneira INTENSIDADE
como são executados. Movimentos complexos, que exi-
gem a coordenação de diferentes segmentos corporais, Movimentos de
num mesmo momento, requerem um esforço maior. Ao menor complexidade

passo que, movimentos simples, demandam um vigor


menor. O modo como eles são executados também in- Menor complexidade

fluencia, pois movimentos realizados em velocidade ele-


vada ou com maior amplitude demandam mais energia. Menor amplitude

Além disso, métodos de influência verbal (GOMES,


2009), como o Comando, também podem exercer influ- Envolvimento de poucos
seguimentos corporais
ência sobre a intensidade do exercício. Vozes de coman-
do, como: “aumenta a força”, “acelera”, “respira fundo” e Velocidade moderada
“mantenha o ritmo”, ajustam o esforço do aluno.
Envolvimento de muitos
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO seguimentos corporais

Qualquer exercício físico produz uma perturbação agu- Maior amplitude


da na homeostase do indivíduo em repouso. As exigên-
cias metabólicas e desequilíbrios fisiológicos gerados Maior velocidade

são reajustados por processos que acontecem durante a


recuperação (FOSS; KETEYIAN, 2000). Movimentos de maior
complexidade
No período da recuperação, o consumo de oxigê-
nio permanece elevado por um intervalo de tempo, que
MAIOR
pode variar de acordo com o esforço realizado. Esse
INTENSIDADE
consumo adicional de oxigênio, acima da quantidade
normal do repouso, é denominado consumo excessivo
Figura 17 - Modulação da intensidade da aula de Ginástica de academia.
de oxigênio, após o exercício ou EPOC (do inglês excess Fonte: o autor.
post-exercise oxygen consumption).
Basicamente, o EPOC consiste em um componente pela oxidação para gás carbônico e água. Assim, fornece
rápido e um componente lento. De acordo com a teo- a energia necessária para restaurar as reservas de glico-
ria clássica, o componente rápido representa o oxigênio gênio (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
necessário para a ressíntese do ATP e da fosfocreatina Conforme essa teoria, os componentes rápido e
utilizados no início do exercício. Já o componente len- lento são considerados reflexos da atividade anaeróbi-
to é o resultado da remoção do lactato acumulado dos ca que ocorre durante o exercício. Contudo, sabemos
tecidos tanto pela sua conversão em glicogênio como que o EPOC depende de muitos outros fatores, liga-

81


Exercício leve
dos à homeostase fisiológica, como: o reequilíbrio dos Componente rápido
íons, a restauração da frequência cardíaca e da tempe-

Consumo de oxigênio (VO2)


ratura corporal, o efeito de vários hormônios (cortisol, VO2 máx
insulina, norepinefrina), a ressíntese de hemoglobina e
VO2 Steady-state
mioglobina, e a atividade do sistema nervoso simpático Déficit
de O2
(FOUREAUX; PINTO; DAMASO, 2006).
A Figura 18 ilustra o efeito das diferentes intensidades EPOC
do exercício físico no EPOC. Essa figura apresenta dois ter- VO2 repouso

mos não mencionados anteriormente, o déficit de oxigênio Exercício Repouso


Tempo
e o Steady-state. Resumidamente, o déficit de oxigênio se
Exercício moderado a vigoroso
refere ao atraso no consumo de oxigênio no início do exer- Componente rápido
cício; e o Steady-state (em português, estado estável), reflete Componente lento

Consumo de oxigênio (VO2)


um equilíbrio entre a energia necessária para manter a ati- VO2 máx
VO2 Steady-state
vidade muscular e a produção de ATP pelo metabolismo Déficit
de O2
aeróbico (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
O exercício leve produz um pequeno déficit de oxi-
gênio, pois o esforço exigido permite, rapidamente, al- EPOC
cançar um consumo de oxigênio em Steady-state. Neste VO2 repouso
Exercício Repouso
caso, o EPOC aproxima-se, coincidentemente, com o Tempo
tamanho do déficit de oxigênio, do início do exercício. A Exercício exaustivo
Componente rápido
recuperação é rápida e se processa em poucos minutos.
Déficit Componente lento
Consumo de oxigênio (VO2)

O exercício moderado a vigoroso demanda um de O2


VO2 máx
tempo maior para que o consumo de oxigênio alcance
o Steady-state. Assim, cria um déficit de oxigênio maior
comparado ao do esforço menos intenso. Consequente-
mente, o tempo para o consumo de oxigênio da recu-
peração retornar ao nível anterior à atividade também EPOC
EPOC
VO2 repouso
será maior. Observe que a curva do EPOC declina, ra- Exercício Repouso
pidamente, no início, semelhante à recuperação após o Tempo
Figura 18 - Efeito das diferentes intensidades do exercício físico no EPOC
exercício leve, e, em seguida, o declínio é mais gradual, Fonte: o autor.
até alcançar os níveis basais de repouso.
No exercício físico exaustivo (próximo da intensi- necer. Nesse cenário, a transferência de energia por vias
dade máxima ou máxima), o consumo de oxigênio em anaeróbicas prevalece, o que ocasiona o acúmulo de lac-
Steady-state não é atingido, pois o esforço gerado requer tato no sangue e resulta em um significativo período de
mais energia do que o metabolismo aeróbico pode for- tempo para que a recuperação completa seja alcançada.

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Intervalo de recuperação entre sessões de exercício


rio para uma recuperação adequada após exercícios
Com base na discussão anterior, sobre o EPOC, é moderados a exaustivos.
preciso fazer algumas considerações a respeito dos A Figura 19 apresenta os tempos de recuperação
substratos energéticos e do tempo relativo necessá- após exercícios moderados a exaustivos.

Tempo de Descanso
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
mínimo máximo

Restauração das reservas musculares


2 minutos 6 minutos
de ATP e fosfocreatina

Exercício contínuo 10 horas 46 horas


Restauração do glicogênio muscular
Exercício intermitente 5 horas 24 horas

Restauração do glicogênio hepático 12-24 horas

Redução do ácido lático no sangue


e nos músculos 1 hora

Figura 19 - Tempos de recuperação após exercícios moderados a exaustivos / Fonte: adaptada de Foss e Keteyian (2000).

Durante os primeiros três a cinco minutos do período da nervoso, cardiorrespiratório, endócrino e estrutural dos
recuperação, parte das reservas de ATP e fosfocreatina músculos. Desta forma, negligenciar o tempo necessário
depletadas, durante o exercício, é restaurada. Já a restau- para o restabelecimento da condição física antes de um
ração do glicogênio muscular e hepático pode levar dias, novo estímulo é imprudente, pois reduz o desempenho
sendo que, durante esse período é necessária uma inges- e aumenta o risco de lesões (SILVA et al., 2013).
tão adequada de carboidratos. Um fator que influencia Um pensamento em comum aos alunos de acade-
a velocidade de restauração do glicogênio é o tipo de mia é “quanto mais, melhor”. Assim sendo, observamos
exercício físico. Para exercícios contínuos, com duração que muitos destes participam de duas ou mais aulas
de 60 minutos, a reparação é de 60% em 10 horas, sendo (intensas) de Ginástica de academia, uma seguida da
completada, plenamente, em 46 horas. Em exercícios in- outra, acreditando que seus objetivos serão alcançados
termitentes, de curta duração (poucos minutos), a repa- mais rapidamente. Contudo, será que isso é verdade?
ração é de 53% em 5 horas, sendo completada, totalmen- A partir de todo o conteúdo discutido, qual a sua opi-
te, em 24 horas (FOSS; KETEYIAN, 2000). nião? É importante destacar que, frequentemente, o
Além de restaurar os depósitos de substratos energé- professor ministra mais de uma modalidade e pode se
ticos, o organismo busca, após o exercício físico, eliminar sujeitar a essa mesma situação também.
os resíduos do metabolismo e restabelecer os sistemas

83


Elementos Musicais
na Ginástica de Academia
Um dos aspectos mais marcantes das modalidades de A música, por meio de suas informações temporais,
Ginástica de academia é a musicalidade. A música pas- constitui uma importante ferramenta para a condu-
sou a ser utilizada, mais enfaticamente, com a Ginásti- ção dos movimentos, incitar a motivação e modular a
ca aeróbica, nos anos 80, quando as coreografias eram intensidade da aula. Sendo assim, é fundamental ter o
estruturadas e elaboradas, de modo que houvesse um conhecimento dos seus elementos básicos para uma boa
entrosamento entre ela e os exercícios. harmonia entre a música e o exercício.

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA ESTRUTURA MUSICAL E A ATIVIDADE RÍTMICA

A música pode ser descrita como a sucessão de sons e si- A partir deste ponto, nossa discussão não será pau-
lêncio, cuidadosamente, arranjados durante um tempo tada na música especificamente, mas sim, em alguns
determinado. O ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre elementos pertencentes a ela, que são essenciais para o
constituem alguns dos seus elementos, capazes de sen- desenvolvimento das atividades rítmicas, como as mo-
sibilizar todo o organismo humano tanto de maneira dalidades de Ginástica de academia. Entre estes elemen-
psicológica quanto física, fazendo com que o receptor tos, serão abordados a métrica, o pulso, o andamento, o
da música responda de maneira afetiva e corporalmente compasso e a frase musical.
(FERREIRA, 2005).
Apesar de estar presente na música, o ritmo pode A Métrica
ser considerado um elemento pré-musical, pois pode
existir na ausência dela. Por exemplo, a circulação, A métrica é entendida como medida, pois, por meio
a respiração, a digestão, as operações mentais e os dela, é feita a contagem musical. Como ela divide o tem-
movimentos são marcados por um ritmo próprio e po musical em partes iguais, no contexto das atividades
natural. A melodia compreende a organização de di- rítmicas, é utilizada para medir o tempo entre a repeti-
ferentes notas musicais de modo a produzir uma se- ção de um movimento e outro. Essa medida do tempo é
quência agradável entre os sons e o silêncio. É ela que feita, por meio do pulso.
proporciona um sentido musical para quem está es-
cutando. A harmonia é responsável pela ligação entre O Pulso
a melodia e o ritmo, é a combinação de dois ou mais
sons (nota musicais), tocados, simultaneamente, que Basicamente, o pulso corresponde à marcação ou à ba-
resultam nos acordes. O timbre proporciona a distin- tida da música. Nas aulas de Ginástica de academia, os
ção dos sons. É ele que permite diferenciar o grave do movimentos são direcionados pela batida da música.
agudo e identificar a fonte emissora. É por meio do pulso que outros elementos da música,
Além desses, de igual importância, são os elementos como andamento e compasso, são identificados.
de duração e intensidade. A duração do som equivale ao
período em que ela se estende, que pode ser curto ou O Andamento
longo. A relação dela com o exercício físico é harmônica
quando o movimento e som tem a mesma duração. Já O andamento é a velocidade da música. Ele surge do es-
a intensidade relaciona-se com a energia desprendida paço de tempo entre os pulsos, e sua medida é feita em
na produção do som, que pode gerá-los com um caráter batimentos por minuto ou BPM. O aparelho destinado
forte ou fraco (JEANDOT, 1993). Reconhecer a inten- à medida do andamento é o metrônomo. Atualmente,
sidade dos sons é importante para a identificação dos além do modelo mecânico, existem metrônomos digi-
compassos uma vez que estes são detectados pelos tem- tais e no formato de aplicativos, que podem ser instala-
pos fortes e fracos da música. dos em computadores e celulares.

85


Batimento por
Classificação Características
minuto (BPM)

Muito lento
Lento 40 a 60
Pausado
Vagaroso
Brevemente pausado
De um modo calmo, 61 a 76
sem pressa

De um modo fluen-
te, como quem 77 a 108
caminha
Moderado
Moderado
108 a 120
Um pouco rápido

Rápido
121 a 168
Vivo
Rápido
Muito rápido
168 a 208
O mais rápido possível

Quadro 1 - Classificação do andamento / Fonte: adaptado de Artaxo e Mon-


teiro (2003).

Figura 20 - Metrônomo mecânico


Normalmente, as aulas de Ginástica de academia são
elaboradas com músicas que variam de 100 a 160 BPM.
Por meio do metrônomo, o andamento pode ser classi- Modalidades como a ginástica localizada tendem a ser
ficado como vagaroso, moderado e rápido (ARTAXO; estruturadas com músicas de BPM inferiores a de mo-
MONTEIRO, 2003). Observando o Quadro 1, verifi- dalidades, como o Step ou o Jump. O BPM das músicas
camos que um andamento vagaroso/lento é aquele que também pode variar na mesma aula. Por exemplo, a co-
apresenta os BPM entre 40 e 76; um andamento mode- reografia do aquecimento é feita com músicas de BPM
rado está entre 77 e 120 BPM; e um andamento rápido menor às da parte principal da aula, que, habitualmente,
apresenta entre 121 a 208 BPM. exige um BPM maior, para que se alcance uma intensi-
dade de treino elevada.

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Compasso é muito importante na Ginástica de academia, pois,


geralmente, a execução dos movimentos se inicia, si-
A batida da música, que se repete de modo regular, di- multaneamente, com o começo das frases, o que tam-
vidindo-a em partes iguais e sequências de 2, 3, 4 ou bém ocorre em relação ao seu término.
mais tempos é entendida como compasso (ARTAXO; As frases musicais são agrupadas em períodos, os
MONTEIRO, 2003). Quando a divisão é de 2 tempos, quais costumam ser formados por 8 compassos, conta-
denomina-se compasso binário; de 3 tempos, compasso bilizando 4 frases e 32 tempos, se o compasso for qua-
ternário; e de 4 tempos, de compasso quaternário. Essa ternário. Identificar as frases e os períodos musicais é
divisão, como dito anteriormente, é identificada pelas essencial para a elaboração da coreografia. Desse modo,
características forte e fraco do som. antes de montar uma sequência coreográfica, é indicado
Geralmente as músicas utilizadas nas aulas de Gi- o estudo da música para conhecer, por exemplo, a quan-
nástica de academia são construídas com compassos tidade de frases que compõem a introdução ou o refrão.
quaternários. A Figura 21 ilustra, didaticamente, uma
sequência de compassos quaternários. Veja que pode- Da teoria para a prática
mos contar as batidas no bumbo de quatro em quatro, a
partir do pulso forte. Como você observou, dominar os elementos estrutu-
rantes da música é essencial para o processo de elabo-
ração da aula de Ginástica de academia. Assim sendo,
que tal praticar um pouco essa sincronia entre música e
FORTE FRACO MODERADO FRACO FORTE FRACO MODERADO FRACO movimento?
Figura 21 - Compassos binários / Fonte: o autor. Primeiramente, acesse o Qr-code e baixe a música,
procurando identificar o pulso forte e o andamento.
De maneira proposital, essa figura foi elaborada com Essa é uma música em compasso quaternário. Repare
dois compassos quaternários, que resultam numa conta- que, a cada frase musical, há a adição de um instrumen-
gem de oito tempos (pulsos/batidas). Esses oito tempos, to musical ou efeito diferente (por exemplo as palmas).
frequentemente, indicam as frases musicais.
Acesse a música Yellow Rose of Berkeley
A frase musical

Não existe regra em relação ao tamanho da frase mu-


sical, mas, habitualmente, ela é construída em oito
tempos. O importante é saber que, assim como na fala
ou na escrita, ela é composta por início, meio e fim.
Sendo que, mudanças significativas, no instrumental,
vocal, refrão, entre outros, são identificadas no início
e fim da frase musical. Reconhecer as frases musicais

87


Agora que você está familiarizado(a) com a música, pratique os seguintes movimentos.

Figura 22 - Explicação do movimento Step touch / Fonte: o autor.

Step touch

O step touch é um movimento realizado lateralmente. Na sua preparação o peso corpo-


ral esta apoiado sobre uma das pernas. O movimento é iniciado com um passo lateral
da perna contrária a de apoio. Rapidamente, o peso corporal é transferido para a perna
que se deslocou. Em seguida, a outra perna é trazida junto da primeira. Este movimento
todo é repetido para retornar à posição inicial.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 - Explicação do movimento Elevação de pernas para trás / Fonte: o autor.

Elevação de pernas para trás

A elevação de pernas para trás é um movimento realizado lateralmente. Assim como no step
touch, na sua preparação o peso corporal está apoiado sobre a uma das perna. O movimento
é iniciado com um passo lateral da perna contrária à de apoio. Rapidamente, o peso corporal
é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, o joelho da outra perna é flexionado
elevando o pé para trás. Este movimento continua alternando a perna de apoio e a fletida.

Elevação de pernas para trás dupla

A elevação de pernas para trás dupla é uma variação, onde, a mesma perna flexiona e
estende o joelho duas vezes seguidas, antes da troca para o apoio.

89


Treinados os movimentos, vamos executá-los no compas- ro de batidas, aqui, simbolizadas como “2x8” que são 16
so da música. Para isso, utilizaremos a nota coreográfica tempos. Essa representação “2x8” é utilizada, pois facilita
apresentada no Quadro 2. Observe que esta é dividida em a identificação do número de frases musicais, assim sen-
duas grandes colunas, uma com as características da mú- do, neste caso são duas frases de oito tempos. Já a coluna
sica e outra com as do exercício físico. A coluna referente referente ao exercício físico é subdividida em: Movimen-
à música é subdividida em: Mapeamento, que identifica to, que identifica o exercício a ser realizado naquele mo-
as partes que compõe a música (introdução, verso, refrão mento da música; Tempo, que corresponde à duração do
e pausa); Instrumento/efeito, que apresenta, justamente, movimento, do seu início ao fim, em número de batidas;
o instrumento ou o efeito que marca o início da parte ou e Repetição, que apresenta o número de vezes que o res-
da frase musical; e Contagem, que corresponde ao núme- pectivo movimento será realizado.

Música Exercício Físico

Instrumento/
Mapeamento Contagem Movimento Tempo Repetição
efeito

Introdução Baixo e caixa 2x8 Preparação para o step touch 16t

Teclado 2x8 Step touch 4t 4x

Verso 1 Órgão 1 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x

Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x

Baixo e órgão 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Verso 2 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x


Órgão 2 3x8
Elevação de pernas para trás 4t 2x

Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x

Baixo e caixa 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x


Verso 3
Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Redução do
Encerramento 2x8 Step touch 4t 2x
volume

Quadro 2 - Notas coreográficas / Fonte: o autor.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

E então, como foi seu desempenho na prática? A sin- vio da atenção de sensações, como o cansaço. Essa in-
cronia fluída entre música e movimento é adquirida fluência pode acontecer, por meio de estímulos externos
ao longo do tempo, assim, não se preocupe caso tenha e internos (SOUZA; SILVA, 2010). O estímulo externo
tido dificuldade. O importante é perceber o ajuste en- é causado, principalmente, pelo ritmo musical gerado
tre os elementos musicais e os exercícios, bem como, a do andamento, que interliga os movimentos corporais
sinergia entre a melodia da música e a característica do às batidas da música. O estímulo interno é ocasionado
movimento. Nesse sentido, perceba que, nos momentos por sensações motivadoras, relacionadas a lembranças
de pausa da música, onde ela incita “tranquilidade”, foi ou imagens, evocadas pela música.
executado o step touch, que é um movimento que não As aulas de Ginástica de academia, estrategica-
exige um grande esforço. mente, são preparadas com músicas que possuem
compassos bem marcados e que fazem ou fizeram
MÚSICA E MOTIVAÇÃO sucesso em algum momento. Isso é feito, justamente,
com o intuito de provocar, simultaneamente, ambos
A música é capaz de dialogar com os sentimentos, desper- estímulos citados, anteriormente.
tar desejos, evocar lembranças e sensações e, ainda, estimu- Uma música com compassos bem marcados auxilia
lar ações. Estas atribuições a tornam um fator motivador sua sincronização com os movimentos e permite que os
poderoso, com o potencial de gerar melhora no desempe- alunos acompanhem, com mais facilidade, as coreogra-
nho dos praticantes de exercícios físicos, independente- fias da aula. Além disso, quando a música faz ou já fez
mente, do objetivo da prática (NAKAMURA; DEUTSCH; sucesso, em algum momento, pressupõe-se que ela seja
KOKUBUN, et al., 2008; MORI; DEUTSCH, 2005). conhecida dos alunos e tenha a capacidade de despertar
Nesse sentido, é fundamental que a seleção musical lembranças motivadoras neles.
contribua para a motivação no exercício bem como para
o prazer de estar no ambiente de sua prática (TEEL et
al.,1999). A influência musical propicia melhor resposta
do indivíduo ao exercício, à medida que favorece o des-

91


92
considerações finais

Prezado(a) aluno(a), concluímos, aqui, a sua imersão ao universo da Ginástica de


academia. Realizando um breve resgate dos conteúdos, iniciamos essa unidade contex-
tualizando, historicamente, a ginástica, o que nos possibilitou entender a sua inserção
nas academias, como exercício físico destinado ao aprimoramento dos componentes
da aptidão física.
Nesse contexto, vimos que os movimentos europeus, do século XIX, pautados nos
conhecimentos anatomofisiológicos, foram responsáveis pela sistematização e pro-
pagação da prática da ginástica. Uma das heranças desse período, os movimentos
calistênicos foram utilizados nas primeiras aulas de Ginástica de condicionamento,
coreografadas por Jackie Sorensen. Podemos dizer que ela foi uma pioneira do formato
atual da Ginástica de academia.
Em seguida, discutimos a fisiologia no contexto da Ginástica de academia, procurando
destacar as respostas do corpo humano diante dos estímulos oferecidos pela prática de
exercícios físicos. Nesse contexto, vimos que as vias energéticas anaeróbicas e aeróbica
contribuem em proporções diferentes de acordo com a intensidade do exercício. Além
disso, ressaltamos a importância do controle e modulação desta, para que os objetivos
propostos para a aula sejam atingidos. Para tanto, foram sugeridos o uso da escala de
percepção de esforço e o do monitor de frequência cardíaca. Realizamos, também,
alguns apontamos sobre o processo de recuperação após o exercício físico, como ele
acontece e a importância de respeitá-lo antes de uma nova sessão.
Para finalizar o conteúdo, falamos sobre a musicalidade nas modalidades de Gi-
nástica de academia. Vimos a importância dos elementos musicais, andamento e
compasso, para a condução dos movimentos e a modulação da intensidade. Além
disso, discutimos o efeito motivador da música e de que forma ela exerce esta in-
fluência sobre os indivíduos.
Com essas considerações, encerramos nossa segunda unidade. Até a próxima!

93
atividades de estudo

1. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico re-


alizado pelo ser humano, podemos dizer que a origem da Ginástica de aca-
demia é tão antiga quanto o homem. Com base nos estudos da história da
ginástica, assinale a alternativa correta.
a. As propostas de ginástica das escolas Alemã, Sueca e Francesa eram funda-
mentadas no conhecimento da anatomia e da fisiologia para promover seus
exercícios físicos.
b. Podemos dizer que a Ginástica de academia teve início nos anos 90, sendo o
Step, o Fitball, o Spinning e a Hidroginástica as primeiras modalidades.
c. Atualmente, a ginástica é organizada em quatro campos, e a Ginástica de aca-
demia se enquadra no campo da Ginástica de condicionamento.
d. O incremento gradual de esforço, observado na Calistenia, acontecia de acor-
do com o grupo de exercício, sendo o Grupo 8 de maior intensidade.
e. No Brasil, juntamente com o movimento mundial, a Ginástica de academia
surgiu nos anos 90.

2. O controle e a modulação da intensidade é primordial para que sejam alcan-


çados os objetivos de uma aula de Ginástica de academia. Nesse contexto,
analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para Verdadeira e “F” para Falsa:
 ( ) A modulação da intensidade numa aula de Ginástica de academia aconte-
ce, essencialmente, pela maneira como são executados os movimentos.
 ( ) A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida fisiológica ampla-
mente conhecida e pode ser utilizada nas aulas de Ginástica de academia.
 ( ) O consumo máximo de oxigênio constitui medida referência por estar re-
lacionado, diretamente, com a frequência cardíaca máxima.
 ( ) A intensidade pode ser descrita em termos de percentual do consumo
máximo de oxigênio ou da frequência cardíaca máxima.
a. V, V, V e F.
b. F, V, F e F.
c. V, F, F e V.
d. F, F, V e V.
e. V, F, V e F.

94
atividades de estudo

3. O sucesso no desempenho e a performance, nas mais variadas atividades físi-


cas aeróbicas, depende, principalmente, de uma prescrição adequada da inten-
sidade do exercício físico. Com base nesta afirmação, calcule os limites inferior e
superior, da zona de frequência cardíaca de treinamento (FCT), de um indivíduo
de 30 anos de idade, que apresenta uma frequência cardíaca de repouso de 60
batimentos por minuto. Considere os seguintes limites, 50% e 80%.
4. Alguns elementos pertencentes à música são essenciais para o desenvolvi-
mento das atividades rítmicas, como as modalidades de Ginástica de acade-
mia. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes:
I. Normalmente as músicas utilizadas nas aulas de Ginástica de academia são
construídas com compassos binários.
II. O andamento surge do espaço de tempo entre as batidas da música e é me-
dido em batimentos por minuto.
III. A métrica pode ser utilizada para medir o tempo entre a repetição de um mo-
vimento e outro.
IV. O pulso musical corresponde à marcação ou batida da música.

Assinale a alternativa correta.


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Reconhecer as frases musicais é muito importante na Ginástica de academia,


porque a execução dos movimentos é alinhada às frases. Nesse sentido, ex-
plique como é composto um período musical, em um compasso quaternário.

95
LEITURA
COMPLEMENTAR

O consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) também pode ser lido como
consumo excessivo de energia após o exercício (EPEE do inglês excess post-exercise energy
expenditure), devido ao fato da análise do consumo de oxigênio possibilitar a estimativa
do gasto energético, pelas trocas gasosas.
Nesse contexto, o estudo de Matsuo e colaboradores procurou comparar o EPEE, induzi-
dos por três protocolos diferentes de exercício realizados em cicloergômetro.
O primeiro protocolo foi de treinamento intervalado de velocidade (sprint interval training
- SIT), composto por 7 séries de 30 segundos de ciclismo, numa intensidade de 120% do
VO2máx e um descanso de 15 segundos entre cada série. O segundo foi de treinamento
aeróbico intervalado de alta intensidade (high intensity aerobic training - HIAT), composto
por 3 séries de 3 minutos de ciclismo, com intensidade entre 80% e 90% do VO2máx e um
descanso ativo (pedalando) de 2 minutos a 50% do VO2máx. E o terceiro foi o treinamento
aeróbico contínuo (continuous aerobic training - CAT), que consistiu em 40 minutos de
ciclismo, numa intensidade entre 60% e 65% do VO2máx.
Foi realizada uma sessão de exercício para cada protocolo, com um intervalo de aproxi-
madamente uma semana entre as sessões. Em cada uma destas foram medidas, a taxa
metabólica de repouso, o gasto energético do exercício e feito um acompanhamento do
gasto energético durante 180 minutos após término exercício.
Participaram da pesquisa 10 homens saudáveis, com idades entre 20 e 31 anos. Os resul-
tados obtidos mostraram que, a média do EPEE para o SIT foi de 32±19 kcal, para o HIAT
de 21±16 kcal e para o CAT de 13±13 kcal. Já a média do gasto energético do exercício
somado ao gasto energético após o seu término, foi de 109±20 kcal para o SIT, de 182±17
kcal para o HIAT, e de 363±45 kcal para o CAT.
A partir desses resultados, os pesquisadores verificaram que o EPEE do CAT foi estatisti-
camente menor, comparado ao do SIT. Contudo, o exercício aeróbico contínuo apresen-
tou um gasto energético total (exercício somado ao repouso) significativamente maior
que os exercícios intervalados.
Para além dos dados apresentados, é importante refletir sobre a forma como esses exer-
cícios foram aplicados. Observe que, apesar da diferença no gasto energético, as dura-
ções dos protocolos foram diferentes. Será que os resultados seriam os mesmos, caso
a duração fosse nivelada? Se pensarmos em termos de aprimoramento da capacidade
aeróbica, será que, nesse caso, o exercício aeróbico seria melhor que o contínuo?
Fonte: Matsuo et al. (2012, p. 783-789).

96
material complementar

Indicação para Ler

Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano


William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o livro Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano traz in-
formações acerca da nutrição para a atividade física e medidas do gasto energético
humano. Explica os sistemas aeróbicos e anaeróbicos de fornecimento e utilização
de energia, o treinamento para a potência aeróbica e anaeróbica e os recursos es-
peciais para o treinamento físico e o desempenho. Também aborda o desempenho
no exercício e estresse ambiental, como grandes altitudes, temperaturas extremas
e o mergulho. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos da composição cor-
poral, equilíbrio energético e controle de peso bem como o exercício no contexto do
envelhecimento bem-sucedido e da prevenção de doenças.

Indicação para Ler

Nutrição para o esporte e o exercício


William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o livro Nutrição para o esporte e o exercício traz informações acerca de di-
gestão, absorção e assimilação dos nutrientes. Explica o papel da nutrição no meta-
bolismo energético, como os nutrientes são metabolizados e como o treinamento
com exercícios afeta esse metabolismo. Também aborda a mensuração e a quanti-
ficação do conteúdo energético dos alimentos bem como as demandas de energia
das diversas atividades físicas. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos
da nutrição que permitem otimizar o desempenho nos exercícios e a resposta ao
treinamento. Além disso, explica a avaliação da composição corporal, as diretrizes
esporte-específicas acerca da composição corporal e de sua avaliação, o equilíbrio
energético e o controle do peso.

97
gabarito

1. A
2. C
3. Limite inferior (50%) é de 125 BPM e o limite
superior (80%) é de 164 BPM.
4. D
5. Um período musical em compasso quaternário
é formado por 8 compassos, contabilizando 4
frases e 32 tempos.

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

99
MODALIDADES DE GINÁSTICA
DE ACADEMIA

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
• Modalidades que fazem o uso de equipamentos
• Modalidades aquáticas de ginástica de academia

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar algumas das modalidades de Ginástica de
academia que não fazem uso de equipamentos.
• Expor algumas das modalidades de Ginástica de academia
que, necessariamente, fazem uso de equipamentos.
• Apresentar a Hidroginástica como modalidade de Ginástica
de academia.
unidade

III


Olá, aluno(a),
Precisamos da sua atenção nesse
momento, então, respira e vem com
a gente!
Para ampliarmos a sua experiência
com o material, organizamos uma
Unidade Digital com um glossário ACESSE AQUI
prático dos Exercícios da Ginástica.
Lá, disponibilizamos imagens e víde-
os de movimentos, passos, golpes,
poses e posições que são apresenta-
das ao longo dessa unidade.
É importante que você siga o material
com o Glossário prontinho do lado.
Para acessar, basta ler o QR Code ao
lado com o seu celular. Desfrute ao
máximo e bons estudos!

Ou acesse o link
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2739

102
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a)! Dando continuidade ao estudo da Ginástica e
academia, nesta terceira unidade serão apresentadas algumas
das muitas modalidades existentes na atualidade. Essas mo-
dalidades conferem uma alternativa de atividade física para
aquelas pessoas que consideram a musculação tediosa, mas que procu-
ram a academia como local para a sua prática diária de exercícios físicos.
Os exercícios com música e em grupo podem fazer com que as pessoas se
sintam animadas e tenham prazer pela prática de atividades que desen-
volvem suas capacidades físicas.
Entre as modalidades de ginástica oferecidas na academia, algumas
delas não fazem uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios.
Normalmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas cor-
porais, como a dança, as lutas e as práticas alternativas para elaborar a
coreografia de suas aulas. Por outro lado, uma parte considerável das mo-
dalidades de Ginástica de academia faz uso de equipamentos específicos.
Algumas delas foram inspiradas e elaboradas a partir de outras práticas
corporais, como o Ciclismo indoor, enquanto outras nasceram no âmbito
da academia, como o Step.
Além da tradicional sala de ginástica, algumas modalidades são realiza-
das em outros ambientes, como aquelas praticadas na piscina. A hidroginás-
tica é um exemplo clássico desse tipo de aula. Apesar de o ambiente aquático
estar presente em poucas academias, com o desenvolvimento de novos equi-
pamentos, atualmente, existem muitas modalidades de aula na água.
Nesse contexto, para fins didáticos, as modalidades apresentadas nes-
sa unidade estão divididas em três grupos: Modalidades que não fazem o
uso de equipamentos, Modalidades que fazem o uso de equipamentos e
Modalidades aquáticas de Ginástica de academia.
A partir dessas considerações estamos preparados para continuar
nossos estudos!
Tenha uma ótima leitura!


Modalidades que não fazem


o uso de equipamentos

Dentro das modalidades que não fazem o uso de passos, sem grandes dificuldades. Normalmente, as co-
equipamentos para desenvolver seus exercícios, reografias apresentam opções mais simples e mais com-
serão apresentadas algumas possibilidades de mo- plexas para um mesmo passo, contemplando, assim, as
vimento daquelas que se apropriam da dança, das necessidades do praticante iniciante e do avançado.
lutas e das práticas alternativas. É importante des- Outro aspecto interessante é o fato de a mesma
tacar que, além dos apresentados aqui, existem uma aula envolver diferentes estilos musicais, sendo o Hip
infinidade de exercícios que podem ser realizados Hop, o Funk, o latino (incluindo aqui o Brasil), todos os
nas aulas com estas características. estilos de Dance e música eletrônica, os mais utilizados
nos dias de hoje. Justamente devido a essa mistura, as
GINÁSTICA AERÓBICA E DANÇA aulas com essa característica são, comumente, chama-
das, nas academias brasileiras, de aula de ritmos.
A relação entre a dança e a ginástica aeróbica data da
década de 70, quando Jaki Sorensen desenvolveu seu Técnica dos movimentos
programa intitulado Aerobic Dancing, que combinava
música, dança e calistenia (MONTEIRO, 1996). Desde Os diferentes estilos de dança, que fazem parte das co-
então, a dança, enquanto exercício físico, faz parte das reografias de uma aula, exigem que o professor conhe-
grades de aula de ginástica, nas academias e clubes. ça, minimamente, a técnica dos movimentos para que
Uma característica meritória dessas aulas, na atu- consiga caracterizar cada dança. Nesse sentido, existem
alidade, é o fato de serem elaboradas de forma que alguns pontos chaves que podem auxiliar a evidenciar
qualquer pessoa possa acompanhar os movimentos, ou os estilos por meio dos movimentos, sendo eles:

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

1 Estilo 2 Posição 3 Execução


O primeiro ponto diz Este ponto corresponde à O terceiro ponto se
respeito às características postura correta para cada refere à qualidade
de cada estilo musical. dança. De modo geral, a do movimento.
Contudo não, postura pode ser Isso implica
especificamente, ao entendida como o arranjo execução dos
conteúdo técnico, mas em relativo dos segmentos passos de forma
relação ao sentimento, à corporais para uma clara, apresentando,
imagem e à atitude do atividade específica. Sendo corretamente, a
movimento, aflorados pelo assim, reproduzir, posição dos
ritmo e pela melodia da corretamente, as formas de segmentos
música. Assim, a movimentar e posicionar o corporais bem
interpretação e a expressão corpo em cada estilo de como a textura do
musical, por meio do dança é essencial para a movimento (se ele é
corpo, são primordiais para caracterização dele. suave ou marcado).
definir um estilo.

4 Amplitude 5 Ritmo
de movimento O quinto ponto corresponde à
Este ponto se refere ao “tamanho” sincronização dos movimentos ao
dos movimentos, que podem ser tempo da música. Para além da
de grande ou de pequena execução alinhada, as batidas
amplitude e que dependem não musicais, também faz parte do ritmo
só do estilo da dança, mas da o tempo certo da instrução dos
música utilizada na coreografia. passos, durante determinada música.

107


• Movimento do peito
Aqui, foram apresentados cinco pontos gerais de
Com o corpo em posição ortostática, a cabeça
atenção em relação à técnica dos movimentos que,
alinhada ao eixo longitudinal, os pés afasta-
quando seguidos e aplicados a todos os estilos de dos na linha dos ombros, os joelhos desencai-
dança, podem garantir a inspiração e a motivação xados e braços relaxados ao lado do tronco, o
na sala de ginástica das academias. peitoral realiza os seguintes movimentos:
1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
Exercícios de facilitação jeção para trás, volta ao centro.
2. Projeção para frente, movimento circular
Existem alguns exercícios que podem auxiliar na de todo o tórax em sentido da esquerda
para a direita (duas vezes).
conscientização e no controle corporal e, por conse-
3. Projeção para trás, movimento circular de
quência, melhorar a execução dos movimentos nas
todo o tórax em sentido da direita para a
danças. Neste contexto, os exercícios demonstrados
esquerda (duas vezes).
a seguir procuram trabalhar, de maneira isolada, as
partes do corpo, justamente, para que seja estimula- • Movimento do quadril
do o domínio delas. Mantendo o corpo em posição ortostática, a
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés
• Movimento da cabeça afastados um pouco além na linha dos om-
Com o corpo em posição ortostática, os pés bros, os joelhos desencaixados e braços re-
afastados na linha dos ombros, os joelhos laxados ao lado do tronco, o quadril faz os
desencaixados e braços relaxados ao lado do seguintes movimentos:
tronco, a cabeça realiza as seguintes sequên- 1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
cias de movimentos: jeção para trás, volta ao centro.
1. O rosto vira para a direita, volta ao centro, 2. Projeção para direita, volta ao centro, pro-
vira para a esquerda, volta ao centro. jeção para esquerda, volta ao centro.
2. A cabeça inclina para trás, volta ao centro, 3. Projeção para frente, para direita, para
inclina à frente, volta ao centro. trás, para esquerda, para frente, movi-
mento circular em sentido da direita para
• Movimento dos ombros a esquerda (duas vezes).
Mantendo o corpo em posição ortostática, a 4. Projeção para frente, para esquerda, para
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés trás, para direita, para frente, movimento
afastados na linha dos ombros, os joelhos circular em sentido da esquerda para a di-
desencaixados e braços relaxados ao lado do reita (duas vezes).
tronco, os ombros fazem os seguintes movi-
Esses exercícios podem ser incluídos na co-
mentos:
reografia, principalmente, nos momentos de
1. Projeção para frente, mais à frente, movi- aquecimento e alongamento, visando refinar
mento circular para trás (duas vezes), pro- as habilidades dos alunos.
jeção para trás, mais a trás, movimento
circular para frente (duas vezes).

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os passos para que os golpes possam ser simulados. Nesse sen-


tido, entre as inúmeras possibilidades, a seguir, são
Os passos que compõem os movimentos de uma co- apresentados alguns dos movimentos que podem
reografia são aqueles passíveis de execução no con- ser utilizados neste tipo de aula.
texto da Ginástica de Academia, ou seja, possuem
um grau de complexidade mediano e oferecem se- Postura de lutador
gurança ao aluno. Além disso, são adaptados para
que possam atingir um dos objetivos dessa modali- A postura pode ser entendida como o posiciona-
dade de ginástica, que é o aperfeiçoamento do con- mento do corpo, o qual serve de base para a execu-
dicionamento físico, em especial, o aeróbico. ção de movimentos de ataque ou defesa, nos dife-
rentes tipos de lutas. A maioria destas bases assume
GINÁSTICA AERÓBICA E AS LUTAS colocação semelhante dos segmentos corporais,
principalmente, em relação aos pés e pernas. Nesse
Na trajetória da Ginástica de academia, uma das pri- contexto, serão apresentadas duas bases comumente
meiras modalidades a se destacar com elementos pro- observadas, que, para nosso estudo, denominare-
venientes das lutas foi o Tae Bo, na década de 90. Idea- mos de Base de combate e Base frontal.
lizado por Billy Blanks, o Tae Bo combina movimentos Em complemento, é importante destacar que es-
do Taekwondo, Boxe, Muay Thai e Karatê (TAE BO Na- sas posturas envolvem uma pose de guarda realizada
tion, [2020], on-line)12. Outra modalidade de destaque pelos braços, que varia de acordo com a luta. Devi-
é o Body Combat, pertencente a Les Mills, que, além do aos golpes com os braços, que serão apresentados
das lutas citadas, traz elementos do Tai Chi Chuan e da adiante, será demonstrada a guarda do Boxe.
Capoeira (LES MILLS, [2020], on-line)13.
• Base de combate
A coreografia deste tipo de aula é elaborada, si-
Na base de combate, um dos pés está posicio-
mulando um combate ou um treinamento. Desta
nado à frente e o outro atrás, moderadamen-
forma, além dos golpes característicos das lutas, são te, para a lateral, de maneira a formar a letra
utilizados deslocamentos, corrida estacionária e, até “L” com ambos.
mesmo, a imitação de movimentos, como o de pular
corda e de speed ball do Boxe. As músicas utilizadas
possuem um BPM que oscila do andamento mode-
rado ao rápido (entre 120 e 150) e abrangem, princi-
palmente, os gêneros Rock in Roll e Eletrônico.

Movimentos básicos

Observe que, todas as lutas mencionadas são de Pé esquerdo Pé direito


combate em pé, isto porque são modalidades de à frente à frente
mais dinamismo e não necessitam de um adversário Figura 1 - Posicionamento dos pés na base de combate / Fonte: o autor.

109


Devido ao posicionamento dos pés, o tronco O jab, a partir da base frontal, pode ser re-
fica, levemente, voltado para o mesmo lado alizado com ambos os braços. Quando re-
da perna de trás. As pernas se mantêm, li- alizado em base de combate, é desferido
geiramente, flexionadas. A cabeça permane- apenas com o braço que está mais à frente,
ce um pouco inclinada para baixo, e o olhar pois o soco feito com o braço de trás recebe
voltado para frente. Os braços se posicionam o nome de Direto.
em guarda do Boxe, com as mãos cerradas ao
lado da mandíbula, e os cotovelos apontando • Direto
para baixo, próximos às costelas. Conforme dito anteriormente, o direto é um
soco realizado com o braço de trás, a partir
• Base frontal da base de combate, e é usado para atacar a
Na base frontal, os pés se posicionam parale- região do nariz e do queixo. A partir da guar-
los e a uma distância um pouco maior que a da de boxe, a mão cerrada, do braço de trás, é
largura dos ombros. As pernas se mantêm, li- direcionada ao alvo, realizando breve rotação
geiramente, flexionadas, a cabeça e os braços medial, de modo que fique em pronação no
mantêm o posicionamento igual ao da base fim do trajeto. O braço não se estende total-
de combate. mente. Esse movimento é impulsionado pela
rotação do quadril, que deixa todo o tronco
voltado para frente. No fim desse movimen-
Golpes com os braços to, a perna de trás fica apoiada apenas na par-
te anterior da planta do pé, sobre os dedos.
Entre os vários golpes desferidos com os braços, se- Logo que atinge o fim do trajeto, rapidamen-
rão apresentados o Jab e o Direto. Estes são golpes te, o braço, tronco e perna retornam à posi-
ção inicial, e o outro braço mantém, todo o
simples e muito conhecidos em lutas, como o Boxe
tempo, a guarda.
e o Muay Thai.

• Jab
Golpes com as pernas
O jab é um soco rápido utilizado para atacar
a região do nariz.
Os golpes realizados com as pernas são os chutes
A partir da guarda de boxe, a mão cerrada
e as joelhadas. Nesse sentido serão apresentados o
é direcionada ao alvo, realizando uma breve
rotação medial, de modo que fique em pro- Chute frontal, o Chute circular e a Joelhada frontal,
nação no fim do trajeto. Para manter a inte- que constituem os golpes de lutas, como o Taekwon-
gridade muscular e articular, o braço não se do, o Kickboxing e o Muay Thai.
estende totalmente. Esse movimento é im-
pulsionado por uma, simultânea e discreta, • Chute frontal
rotação do tronco. Logo que atinge o fim do Um chute frontal é utilizado para atacar ou
trajeto, rapidamente, o braço retorna à po- criar um espaço para desferir outras técnicas.
sição inicial. O outro braço mantém, todo o As áreas alvo são o joelho, a virilha e o estôma-
tempo, a guarda. go, respectivamente, alvo baixo, médio e alto.

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir da transferência do peso corporal A perna que realiza o golpe é suspensa com
para uma das pernas, o tronco se inclina, bre- o joelho flexionado, de forma que o pé (em
vemente, para trás. O joelho da outra perna flexão plantar) fique próximo ao glúteo. O
se eleva à frente para que ela possa ser esten- chute efetiva-se com a extensão dessa perna.
dida. Esse é um movimento controlado para Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente,
que seja mantida a integridade muscular e ar- a perna e, em seguida, todo o corpo retornam
ticular. No fim da extensão o pé se encontra, à base de combate.
moderadamente, em flexão plantar. Assim
que atinge o fim do trajeto, agilmente, a per- • Joelhada frontal
na retorna à posição inicial. A joelhada frontal pode ser utilizada para
No momento do chute, o antebraço perten- golpear um alvo muito próximo à frente. As
cente ao mesmo lado da perna de apoio se po- áreas alvo, usualmente, são a coxa, a virilha
siciona na frente do tronco, com a mão na li- e o estômago, respectivamente, alvo baixo,
nha do osso esterno. O outro braço se estende, médio e alto. O movimento da joelhada fron-
paralelamente, ao tronco. O chute frontal, a tal segue a mesma dinâmica do chute frontal
partir da base frontal, pode ser realizado com para ambas as bases. Contudo, aqui, o ataque
ambas as pernas de maneira igual. Quando é feito apenas com o joelho, desta forma, a
realizado em base de combate, também pode perna não é estendida. Outra diferença são os
ser feito com ambas as pernas, no entanto o braços, que permanecem em guarda de Boxe
chute feito com a perna de trás exige uma leve durante todo o movimento.
projeção do quadril para frente para que seja
mantido o equilíbrio no movimento. Recomendações de segurança

• Chute circular
Por envolver movimentos explosivos, o controle
Um chute circular tem como áreas alvo a
corporal é essencial para que sejam evitadas lesões
parte interna da coxa, as costelas e a cabeça;
ocasionadas pelo alongamento excessivo dos mús-
respectivamente, alvo baixo, médio e alto. O
chute circular é realizado apenas em base de culos e tendões, bem como, a tensão excessiva sobre
combate e possui uma fase preparatória obri- as articulações. Em complemento, indivíduos porta-
gatória, que consiste em posicionar o pé de dores de patologia articular, como a osteoartrite ou
trás mais próximo ao do pé da frente, deixan- apresentem instabilidade do quadril, devem evitar
do-o com o calcanhar voltado para frente e a atividades como esta.
ponta dos dedos para trás, e voltando o tron-
Em salas de ginástica pequenas ou turmas gran-
co, totalmente, para a lateral.
des, é indispensável certificar que há espaço sufi-
A partir da fase preparatória, o peso corporal
ciente para os golpes e deslocamentos. Atingir outro
se transfere para a perna de trás, o antebraço,
do lado da perna de apoio, posiciona-se na participante ou um objeto da sala pode resultar em
cintura, e o outro braço se estende em dire- uma séria lesão. Portanto, o número de alunos deve
ção ao alvo (baixo, médio e alto). O tronco ser limitado para que estes possam executar os mo-
é inclinado de acordo com a altura do chute. vimentos sem muitos riscos.

111


112
EDUCAÇÃO FÍSICA

GINÁSTICA DE ACADEMIA PARA ALÉM dos movimentos são auxiliadas pelas músicas de
DO ALONGAMENTO BPM mais baixos (entre 100 e 110), calmas, com ou
sem vocal, de qualquer gênero musical.
Sabemos que níveis adequados de flexibilidade são im- A seguir são sugeridos alguns movimentos que
portantes para o desempenho atlético, a manutenção podem compor os exercícios desse tipo de aula.
da independência funcional, bem como, para a execu-
ção das atividades da vida diária (HEYWARD, 2004). Movimentos harmônicos
Nesse sentido, é comum que as academias ofereçam,
além das modalidades agitadas de Ginástica de acade- Dentro das possibilidades de movimentos harmôni-
mia, também aulas de alongamento aos alunos. cos, aqueles realizados na prática do Tai Chi Chuan
Normalmente, são aulas monótonas e de curta são uma ótima opção. Os movimentos desta arte são
duração, pela própria natureza dos exercícios e, tam- executados de modo tão fluído e cadenciado que é,
bém, pela baixa adesão. Para quebrar essa tradição praticamente, impossível distinguir o início e o tér-
e conferir um sentido maior a esse tipo de aula, a mino de cada um. A respiração é, também, ritmada
sugestão, aqui, é que ela adquira um caráter holís- e entra em consonância com a fluência do exercício.
tico, no sentido de noção de totalidade (CHAER, Estes movimentos podem ser utilizados tanto no
2006), de integração harmoniosa “parte-todo-parte” início, como forma de aquecimento, quanto no final,
(BRANDÃO; CREMA, 1991). Ou seja, uma aula ca- como volta à calma.
paz de promover o treinamento do físico e do men- Uma das posições básicas do Tai Chi Chuan é
tal enquanto unidade, apropriando-se de elementos a Wu Chi. Na posição Wu Chi, o corpo permanece
das ginásticas de conscientização corporal. em posição ortostática, com os membros superiores
estendidos ao lado do tronco, as palmas das mãos
REFLITA voltadas para trás e os pés afastados na linha dos
ombros. A cabeça e os pés também estão apontados
A Educação Física contempla múltiplos conhe- para frente e o olhar para o horizonte.
cimentos a respeito do corpo e do movimento A partir dessa posição, entre as opções de movi-
produzidos pela sociedade, sendo assim, por mentação de braços, será apresentado o grande círculo.
que não inserir práticas corporais alternativas
nas salas de ginástica de academia?
Posição Wu Chi com grande círculo

No grande círculo, por meio do movimento de ab-


Desta forma, é interessante que essas aulas estimu- dução, os braços (estendidos) são conduzidos para
lem a flexibilidade, o equilíbrio, a harmonia e o re- o alto. Ao longo deste trajeto as mãos assumem di-
laxamento, por meio de movimentos suaves, leves e ferentes posicionamentos. Do começo até atingirem
introspectivos, em que não há estímulos competiti- a altura dos ombros, a palma das mãos está voltada
vos, mas sim, expressões do corpo e da mente, for- para frente. Nesse ponto, suavemente, são voltadas
mando um contexto único. A cadência e a fluidez para cima, até se juntarem no final acima da cabeça.

113


A inspiração do ar (pelo nariz) é feita durante todo Na pose da árvore, o peso corporal é transferido
esse movimento. A expiração do ar é sincronizada para uma das pernas. Toda a planta do pé da perna que
ao movimento de volta dos braços para a posição sustenta o corpo permanece em contato com o chão.
inicial. Esse movimento é marcado pela descida das O joelho da outra perna é flexionado, e o pé, com os
mãos (com os dedos apontando para cima), próxi- dedos apontando para baixo, colocado na parte medial
mas ao corpo, até a linha do processo xifoide do osso da coxa da perna de apoio. Os braços podem estar es-
esterno. Nesse ponto, as mãos se separam, natural- tendidos, com as mãos posicionadas acima da cabeça,
mente, para voltar à posição inicial. Acompanhando dedos apontando para cima e palma unidas, ou podem
os braços, há a extensão e flexão das pernas. estar flexionados de modo a posicionar as mãos para-
Na preparação para o grande círculo, os joelhos fle- lelas ao osso esterno. Aqui, também, os dedos apontam
xionam-se de maneira a posicionar o quadril um pouco para cima e palmas unidas. Independentemente da po-
para baixo. A extensão das pernas acontece em sincro- sição dos braços, há o alinhamento entre cabeça, tron-
nia com a inspiração e elevação dos braços. Quando co, mãos e pé de apoio. Após um período de equilíbrio,
estes iniciam a volta, as pernas também retornam à po- a perna de apoio é trocada.
sição flexionada. Todo esse movimento é suave e lento.
Pose do sábio vashista
Movimentos com equilíbrio
A pose do sábio vashista inicia-se na posição de
Na Ginástica de academia, os exercícios para o equi- prancha em que as mãos são alinhadas, vertical-
líbrio devem ser combinados a movimentos suaves e mente, aos cotovelos e ombros, os pés afastados à
controlados para evitar a monotonia na aula. Nesse largura do quadril. Da prancha, o peso corporal é
sentido, a utilização dos movimentos e poses do Ioga transferido para um dos lados, para que o corpo
são uma opção. Os Ásanas, como são nomeadas estas se posicione em decúbito lateral, apoiado pelo bra-
poses, compõem a prática corporal do Ioga e são to- ço e pela perna que o sustenta. Quando o peito, o
mados de técnicas e simbolismo espiritual. Entre os quadril e a ponta dos pés estão totalmente voltados
vários Ásanas que exercitam, principalmente, o equi- para o lado, a perna de cima é posicionada sobre a
líbrio, serão abordados dois, o Vrksasana, ou pose da perna de apoio, e o braço que está livre é estendi-
árvore, e o Vashistasana, ou pose do sábio vashista. do para o alto, de forma a ficar alinhado ao braço
de apoio. A cabeça gira, e o rosto fica voltado para
Pose da árvore cima. O mesmo procedimento é realizado para o
outro lado, após um tempo em equilíbrio.
A pose da árvore é feita a partir da postura da
montanha (tadasana). Basicamente, nessa pos- Movimentos de flexibilidade
tura, o corpo permanece em posição ortostática,
com os pés paralelos e alinhados aos ombros. Há a Os exercícios para a flexibilidade, assim como para
retroversão pélvica. Os ombros, o braço e as mãos o equilíbrio, devem ser realizados com movimentos
permanecem relaxados. calmos e fluídos para dar dinamismo à aula. A uti-

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

lização dos Ásanas do Ioga é uma opção aqui tam- voz de comando é serena e pausada, com instru-
bém. Entre os muitos existentes que treinam, sobre- ções que direcionam o aluno à autopercepção e
tudo, a flexibilidade, será abordado o Adho mukha relaxamento dos segmentos corporais e da mente.
shvanasana, ou pose do cachorro baixo. É interessante que haja uma transição serena
entre a última coreografia da aula e a meditação.
Pose do cachorro baixo Nesse contexto, observe abaixo uma sugestão de
sequência de comandos.
A pose do cachorro baixo é uma das Ásanas que Repare que esses comandos direcionam o in-
compõe a Surya Namaskar ou Saudação ao Sol. Ela divíduo para se deitar no chão. A posição deitada
pode ser iniciada na posição de prancha. Dessa po- favorece a concentração e o relaxamento, por esse
sição, o quadril é direcionado para cima e para trás, motivo, são propostas duas poses para meditação: a
formando um “V” invertido com o corpo. A cabe- pose em decúbito dorsal e a posição fetal.
ça, o tronco e os braços (es-
tendidos) são alinhados, as
pernas permanecem esten-
1 Sente-se no chão com as pernas
didas, e os calcanhares po- flexionadas e as mãos no chão,
dem, ou não, tocar o solo, descansando ao lado do corpo.
dependendo do nível de fle-
xibilidade da cadeia muscu- 2 Estenda as pernas e deite, vagarosamente,
lar posterior das pernas. com as costas no chão, apoiando a parte
posterior da cabeça, gentilmente, no chão.
Meditação e relaxamento
3 Relaxe o queixo
No contexto da Ginástica e mantenha a
de academia, a meditação cabeça parada, 4 Estenda os braços
é realizada com o objetivo sem girar, para abertos com a 5 Deixe os pés
de promover a conscienti-
a direita ou palma das mãos virarem para
esquerda. para cima. fora, joelhos
zação corporal e o relaxa-
soltos e
mento, devendo ser a parte panturrilhas
final da aula. A exploração relaxadas.
das sensações e percepções
é feita de maneira guiada,
ou seja, conduzida pela
instrução do professor. A 7 A respiração 6 Deixe o corpo
é suave e leve, bem confortável
inspirando e e feche os olhos,
expirando pelo nariz. lentamente.

115


Poses para meditação

ILUSTRAÇÃO POSE EM DECÚBITO DORSAL E FETAL

Figura 2a - Pose em decúbito dorsal / Fonte: Acervo Unicesumar

Na pose em decúbito dorsal, os segmen-


tos corporais estão em contato com o
solo e o rosto está voltado para cima. Os
braços estendidos se acomodam afasta-
dos do tronco, com a palma das mãos
para cima. As pernas, também, coloca-
das afastadas, e os pés em abdução.

Figura 2b - Pose em decúbito dorsal / Fonte: Acervo Unicesumar.


116
EDUCAÇÃO FÍSICA

A posição fetal é uma opção para aqueles in-


divíduos que possuem algum problema arti-
cular, que os impede de manter a pose em de-
cúbito dorsal sem dor. Essa posição também
é indicada para as gestantes. Na posição fe-
tal, o corpo se acomoda em decúbito lateral,
mantendo o alinhamento da coluna. Braços
e pernas são sobrepostos e flexionados em
frente ao corpo, sendo que as mãos podem,
ou não, servir de apoio para a cabeça.

Comandos para meditação

Logo que os alunos assumem uma das poses


para meditação, as instruções devem come-
çar. É importante que o roteiro com os co-
mandos, conforme dito, conduza o indivíduo
à sua conscientização corporal e relaxamento.
A meditação dura, em média, oito minu-
tos e acontece à melodia de uma música, es-
sencialmente, instrumental.
Figura 3 - Posição fetal / Fonte: Acervo Unicesumar.

117


Modalidades que fazem


o uso de equipamentos

No âmbito das modalidades que fazem o uso de STEP


equipamentos para desenvolver seus exercícios, se-
rão descritas algumas possibilidades de movimento O step consiste em movimentos de subir e descer, gi-
das aulas mais tradicionais, que são: o Step, o Jump, a rar e saltar, com ou sem movimentos de braços simul-
Ginástica localizada e o Ciclismo indoor. É relevante tâneos, sobre uma plataforma. Essa plataforma tem
esclarecer que, além dos apresentados aqui, existem em média 100 centímetros de comprimento, por 40
muitos movimentos que podem ser feitos nessas au- centímetros de largura, e altura entre 10 e 30 centíme-
las, bem como existem muitos outros tipos de aula. tros (JUCÁ, 2004). Existem, ainda, plataformas que

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

permitem o ajuste da altura, o que confere uma estra-


tégia para o aumento da intensidade da aula.
Ao longo de uma aula, o step, como é popular-
mente conhecida essa plataforma, pode ser posicio-
nado de duas maneiras, na horizontal e na vertical.
Tendo como referência o step à frente do praticante,
a posição horizontal é aquela em que o comprimen-
to está paralelo ao plano frontal. Já na posição verti-
cal, é a largura quem está alinhada a esse plano.

Figura 5 - Posição vertical do step

As coreografias do step são elaboradas com músi-


cas que possuem um BPM que varia do andamento
moderado ao rápido (entre 120 e 140) e envolvem,
principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico.

Movimentos básicos

Uma das peculiaridades do step é a alternância da


perna líder, ou seja, da perna que inicia (marca) o
movimento sincronizada com a batida forte no co-
meço do compasso da música. Sendo assim, obser-
Figura 4 - Posição horizontal do step
vamos movimentos com liderança simples, onde
não há troca da perna líder durante a execução,

119


• Caminhada
mantendo um padrão unilateral, e movimentos com
A caminhada pode ser feita de duas manei-
liderança alternada, onde há a troca da perna líder,
ras: estacionária e em descolamento. Na ca-
diversas vezes durante sua execução, caracterizando minhada estacionária, há uma sutil transfe-
um padrão bilateral. rência do peso corporal de uma perna para
Adiante serão apresentadas algumas opções de mo- a outra. Com os pés próximos (em média 10
vimentos que podem ser utilizados nessa modalidade. centímetros), enquanto uma perna realiza o
apoio, a outra mantém o joelho semiflexio-
nado e o pé em flexão plantar, com a ponta
Passo básico
dos dedos próxima ao solo. A caminhada em
deslocamento é o ato de andar, propriamente
O passo básico consiste em subir e descer da plata- dito. Geralmente, ela é utilizada para passar
forma, onde o pé que inicia a subida, também, é o de um lado para o outro do step pelo solo.
primeiro a descer. Por exemplo, partindo do solo, o
pé esquerdo é colocado sobre o step e, em seguida, o • Corrida
direito, logo depois, o pé esquerdo retorna ao chão A transferência do peso corporal, de uma
perna para a outra, acontece de maneira
e, posteriormente, o direito também. O corpo se
ágil na corrida. Quando uma perna realiza
mantém alinhado ao eixo longitudinal, e os braços,
o apoio, a outra mantém o joelho semifle-
normalmente, realizam o movimento de balanço xionado e com a coxa elevada, de modo a
natural, permanecendo com os cotovelos flexiona- formar um ângulo, aproximado, de 90 graus
dos, formando um ângulo aproximado de 90 graus. entre ela e o tronco.
Esta dinâmica do passo básico (de subir e des-
cer) é utilizada na maioria dos movimentos que Movimentos de elevação das pernas
compõem a coreografia de uma aula de step, poden-
do sofrer algumas adaptações. Os movimentos de elevação das pernas, no step,
podem ser feitos tanto pela ação da flexão do qua-
Movimentos de marcha dril quanto pela flexão do joelho. Existem diferen-
tes formas de fazê-los, cada qual com suas carac-
Os movimentos de marcha são semelhantes à mar- terísticas, porém, para as variações apresentadas a
cha estacionária e, além de serem executados no seguir, um ponto em comum é o alinhamento do
chão, também podem ser feitos sobre o step. Nesses corpo ao eixo longitudinal.
movimentos, como no passo básico, o corpo man-
• Superman
tém um alinhamento com o eixo longitudinal, e os
O movimento superman inicia-se com o
braços realizam o balanço natural e fluido, perma-
apoio da perna líder sobre o step. Simultane-
necendo com os cotovelos flexionados, em um ân- amente à subida, a perna suspensa é elevada
gulo de, aproximadamente, 90 graus. de modo que o joelho alcance a linha do qua-
dril ou pouco acima dela. Esse joelho perma-
nece flexionado e o pé em flexão plantar.

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

Juntamente ao movimento da perna suspen-


sico (executado lateralmente) e suas variações, como
sa, os braços também são dirigidos para a
posição final. O braço, ao lado da perna de por exemplo, subir com o passo básico, executar a
apoio, é estendido para cima, e a mão man- corrida e descer no passo básico.
tida cerrada. A outra mão, também cerrada,
é posicionada sobre a crista do osso ílio, fa- Recomendações de segurança
zendo com que o cotovelo fique flexionado e
direcionado para a lateral.
Em todos os movimentos realizados no step é im-
• Calcanhar para trás prescindível subir e descer apoiando o pé todo sobre
Assim como o superman, o movimento calca- ele e amortecer a descida, evitando contatos brus-
nhar para trás se inicia com o apoio da perna cos com o solo. Um outro ponto importante é não
líder sobre o step. Contudo o joelho da perna se distanciar da plataforma ao descer, procurando
suspensa é flexionado, formando um ângulo manter uma distância de um pé, aproximadamente.
de aproximadamente 90 graus, fazendo com Isso facilita a subida, o controle do corpo, e a manu-
que o pé seja elevado para trás.
tenção do ritmo.
Simultaneamente ao movimento da perna
Movimentos de descer de frente e de subir de
suspensa, os braços também são dirigidos
costas não devem fazer parte das coreografias, pois
para a posição final. Nessa posição, os ante-
braços são colocados, paralelos, em frente ao comprometem a segurança e a integridade física dos
tórax, os cotovelos estão flexionados e apon- participantes. Além disso, quando são adicionados
tando para baixo. As mãos podem ser cerra- saltos às aulas, esses são executados apenas de bai-
das ou, ainda, finalizar com uma palma. xo para cima ou, apenas, em cima do step, nunca de
cima para baixo.
Movimentos de cruzar por cima
JUMP
Há muitas maneiras de cruzar o step por cima, e estas
são feitas, também, tanto com a plataforma na hori- O jump é uma modalidade na qual são realizados
zontal quanto na vertical. Quando posicionado na movimentos sobre um mini trampolim, que confere
horizontal, os movimentos consistem em atravessar mais segurança articular, devido à sua capacidade de
o step ao longo do seu comprimento. Esta travessia, reduzir, em até 80%, o impacto (GROSSL et al., 2008).
geralmente, é realizada em forma de caminhada la- O mini trampolim utilizado na Ginástica de acade-
teral, que seria a caminhada descrita anteriormente, mia tem o formato circular e é composto, basicamente,
deslocando-se, lateralmente, porém existem outras por molas e uma lona que constitui a superfície elástica
maneiras, como a corrida e o movimento de pêndulo. (Figura 6). Os movimentos sobre a superfície elástica
Quando o step é posicionado na vertical, os mo- são realizados entre o centro e a costura da borda da
vimentos consistem em atravessá-lo em sua largura. lona. Sendo o centro a região que oferece maior impul-
Essa travessia, normalmente, é feita com o passo bá- são e, próximo à borda, o local mais rígido.

121


Embora exista esta diferenciação, em


ambas as classes o ataque é feito com
toda a planta do pé. Além disso, a for-
ça aplicada é sempre direcionada para
baixo, apenas. Adiante, serão apresen-
tadas algumas opções de movimentos
que podem ser utilizados no jump.
Molas
Movimentos de marcha
Superfície
elástica (lona)
Os movimentos de marcha sobre o
Costura da
borda da lona mini trampolim são semelhantes à
marcha estacionária no solo (mencio-
nada anteriormente). Aqui, necessa-
Região de maior impulsão
riamente, quando uma perna realiza o
Região de menor impulsão apoio, ela permanece firme, mas com o
joelho desencaixado e toda a planta do
pé em contato com a superfície elástica.
Figura 6 - Mini trampolim da modalidade jump / Fonte: o autor.
A caminhada, a corrida e o sprint são
os principais movimentos da marcha. É essencial que
As aulas de jump são coreografadas com músicas esses se mantenham no centro da superfície elástica.
que possuem um BPM que oscila do andamento Durante a caminhada, a ponta do pé da perna elevada
moderado ao rápido (entre 120 e 140) e abrangem, mantém contato com a superfície elástica. Na corri-
principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico. da de sprint, o movimento das pernas é acelerado e,
diferente dos demais movimentos, aqui, o tronco se
Movimentos básicos posiciona, levemente, inclinado para frente.

No jump, os movimentos podem ser categorizados Movimentos de Step touch


em Classe 1 e Classe 2. A classe 1 é caracterizada pelo
ataque alternado dos pés à superfície elástica (sem Os movimentos de step touch sobre o mini tram-
a perda do contato com ela) e pela coluna alinhada polim, assim como os executados no solo são
ao eixo longitudinal. Pertencem a essa classe os mo- realizados deslocando o corpo lateralmente, se-
vimentos de marcha, de step touch e de elevação das guindo o plano frontal. Desse modo, todos os mo-
pernas. Já a classe 2 é identificada pelo ataque simul- vimentos partem de uma posição inicial, onde o
tâneo dos pés à lona (com uma breve fase aérea) e corpo está localizado próximo à borda da superfí-
pela leve inclinação para frente do tronco. Fazem par- cie elástica. Nas variações apresentadas a seguir, o
te desta classe os movimentos de saltos. corpo permanece alinhado ao eixo longitudinal. É

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

do” e a planta do pé em total contato com a


importante que a amplitude do deslocamento não
superfície elástica. A outra perna está com o
exceda a costura da lona. joelho semiflexionado e com a coxa elevada,
• Step touch de modo a formar um ângulo, aproximado,
de 90 graus entre ela e o tronco. Além disso,
O movimento do step touch é iniciado com
essa mesma perna mantém uma leve abdução
um passo lateral em direção ao lado oposto
e rotação lateral da coxa, de maneira que a
do mini trampolim. Rapidamente, o peso
perna fique inclinada e a ponta do pé direcio-
corporal é transferido para a perna que se
nada para o centro. O movimento consiste na
deslocou. Em seguida, a outra perna é trazi-
alternância da perna de apoio.
da junto da primeira. Este movimento todo
é repetido para retornar à posição inicial. Os Durante o cowboy alto os braços permane-
braços, durante o step touch, normalmente, cem estáticos, com os cotovelos flexionados e
permanecem estáticos, com os cotovelos fle- as mãos cerradas apoiadas, lateralmente, so-
xionados e as mãos cerradas apoiadas, late- bre o osso ílio.
ralmente, sobre o osso ílio. • Hip Hop
• Chá-chá No movimento Hip Hop o tronco se posicio-
O movimento do chá-chá é iniciado com na levemente inclinado para frente. A perna
um saltito lateral em direção ao lado oposto de apoio se encontra com o joelho “desencai-
do mini trampolim. Assim que a perna des- xado” e a planta do pé em total contato com
locada primeiro toca a superfície elástica, o a superfície elástica. A outra perna está com
peso corporal é transferido, e a outra perna é o joelho flexionado, formando um ângulo,
trazida, rapidamente, junto da primeira. Este aproximado, de 90 graus, de maneira a ele-
movimento todo é repetido para retornar à var o pé para trás. O movimento de Hip Hop
posição inicial. Os braços, durante o chá-chá, compreende a alternância da perna de apoio.
realizam o balanço fluido e natural como nos