Você está na página 1de 212

ATIVIDADES

DE ACADEMIA

PROFESSOR
Me. Adriano Ruy Matsuo
Me. Fábio Luiz Iba

Acesse o seu livro também disponível na versão digital.

Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo


Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online.
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Google Play App Store


NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz.
Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. Reimpressão 2021.
210 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título.

ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio R. Lazilha, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla
Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn
Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa,
Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Me. Adriano Ruy Matsuo


Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui Mestrado em Educação Física pelo
Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES
4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em
Atividade Física e Saúde (2018). Especialização em Fisiologia Humana: Fun-
cionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduação em Bacharelado em
Educação Física (2011), também pela UEM. Tem experiência na área de acade-
mia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes
modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de
Educação Física EAD da UniCesumar.
http://lattes.cnpq.br/2456149959756244

Me. Fábio Luiz Iba


Possui Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela

Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). MBA em

Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela

mesma Universidade e graduação em Administração também pela Universidade Estadual

de Maringá (2005). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós-graduação

EAD, na área de administração e gestão de projetos.

http://lattes.cnpq.br/6939160957684922
apresentação do material

ATIVIDADES DE ACADEMIA
Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba

Prezado(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia!
Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são ativida-
des como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que estas foram e são atividades
que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Contudo, é importante destacar que,
atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes.
Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca-
demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o
conteúdo relativo às ginásticas é devido à sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus
conhecimentos para as demais atividades físicas da academia.
Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte à sua
atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como em diversos outros espaços. Para isso, num
primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate
da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness,
tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades
ofertadas em uma academia de ginástica.
Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes à ginástica de academia. Começare-
mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até
o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em
termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas,
e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos
da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula.
Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia,
que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o
conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim
como a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência.
O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao
concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão
trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica!
Ótima leitura e bons estudos!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
14 História da Academia de Ginástica 144 Treinamento Esportivo e a ginástica de academia
20 Fitness e Wellness 150 Planejamento e Organização de uma aula de
ginástica de academia
24 Atividades ofertadas em uma Academia de
Ginástica 156 Elementos para um coaching de excelência
50 Gabarito 170 Gabarito

UNIDADE II UNIDADE V
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 176 Administração e seus principais conceitos
70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 180 Processo administrativo
84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 184 Estrutura organizacional
97 Gabarito 188 Empreendedorismo e plano de negócios
198 Gabarito
UNIDADE III
MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 199 REFERÊNCIAS
104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos
128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia
139 Gabarito
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• História da Academia de Ginástica
• Fitness e Wellness
• Atividades Ofertadas em uma Academia de Ginástica

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia
de ginástica.
• Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da
academia.
• Apresentar as atividades comumente praticadas e
oferecidas na academia.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de acade-
mia, nesta primeira unidade trataremos deste nosso ambiente
de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão
apresentadas as principais atividades que, atualmente, são de-
senvolvidas nela.
Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história
da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se
consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido,
veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina-
ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas.
Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto
das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está
ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse
contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão fí-
sica, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos também
que o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia,
meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física.
Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer-
tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas
vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica-
mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios
físicos e atividades complementares.
Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí-
cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como
a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza-
do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão
aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência
melhor ao aluno, como a avaliação física.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos! Tenha uma ótima leitura!


História da
Academia de Ginástica

Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades O termo “academia” tem origem na escola fun-
presentes na academia, realizando um sucinto res- dada por Platão, chamada de Academia, devido ao
gate histórico deste estabelecimento de atividades local onde estava instalada, o bosque de Academos
voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos (GAARDER, 1995). É relevante destacar que, junta-
componentes da aptidão física. Contudo, antes de mente com a educação do intelecto, o cuidado com o
entrarmos nesta discussão, é importante entender corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego
a origem da expressão “academia de ginástica”, da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmen-
utilizada, aqui no Brasil, para designar estabeleci- te, para designar um conjunto de exercícios físicos que
mentos deste tipo. têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento
físico (FONTANA; REPPOLD FILHO, 2014).

14
EDUCAÇÃO FÍSICA

O surgimento das academias de ginástica ocor-


reu no século XIX na Europa, mais precisamente
na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON,
2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989).
Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou
Turnkunst na Alemanha) e tinham como objetivo
educar e condicionar, fisicamente, homens e mu-
lheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos
específicos. A partir do século XX, houve aumento
e propagação das academias tanto na Europa quan-
to nos Estados Unidos, onde as práticas mais ofere-
cidas eram o halterofilismo e a ginástica. Figura 2 - Charles Atlas
Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2.
Apesar do grande destaque que a ginástica rece-
beu no século XIX, em decorrência do movimento
ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis- O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta-
tas, Eugen Sandow leceu, na década de 70, com as publicações da The
(1867-1925) e Char- International Federation of Bodybuilding and Fitness
les Atlas (1892- (IFBB), em português “Federação Internacional de
1972), que se iniciou Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de atores,
a globalização da aca- como Arnold Schwarzenegger e de franquias, como
demia e da cultura a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym.
fitness, no começo do
século XX (ANDRE-
ASSON; JOHANS-
SON, 2014). Essa
globalização ocorreu
por meio de palestras
internacionais, revis-
tas e materiais sobre
técnicas e treinamen-
to físico, promovidos
por ambos os atletas.

Figura 1 - Eugen Sandow


Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1.

Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym

15


SAIBA MAIS Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo,


ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge-
Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach, ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth
na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram
um local simples, com equipamentos caseiros, de estímulo para o desenvolvimento de uma forma
onde fisiculturistas podiam moldar seu físico. Seu
aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene- específica de ginástica, que envolvia a música com
gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi- movimentos coreografados, denominada de Aerobic
mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s Dancing (SORENSEN, [2020], on-line)5. Podemos
Gym passou a ser reconhecida, mundialmente,
a partir do ano de 1977, quando organizou o dizer que esta forma de ginástica deu origem às mo-
concurso Mister América e serviu de cenário para dalidades de ginástica de academia contemporâneas.
o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e Uma clássica academia de ginástica entre os
seus amigos mostraram seus treinamentos para
os concursos Mister Universe e Mister Olympia. anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di-
Atualmente, ela se tornou uma das maiores ferentes tipos de máquinas e equipamentos de
empresas do ramo do fitness, com mais de treinamento, um espaço com pesos livres (barras,
700 academias em todo o mundo.
Acompanhando a evolução das academias, a anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi-
Gold’s Gym, oferece além do espaço da musculação nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as
(que foi seu cerne), uma variedade de programas academias seguem este mesmo padrão, contudo, é
de treinamento, como o Gold’s Burn, o Gold’s Fit e o
Gold’s Cycle, visando abranger diferentes públicos. possível observar aquelas que oferecem, ainda, di-
ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras
Fonte: Gold’s Gym (2018, on-line)³ e Gold’s Gym
([2020], on-line)4
esportivas, entre outros.

Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 4 - Barra

17


Foi a partir dos anos 90 que houve a súbita expan- A partir da década de 90, há uma grande diversi-
são das franquias de academias e das modalidades ficação de modalidades e produtos oferecidos, sendo
de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As
para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- academias brasileiras procuram se atualizar ofere-
SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura cendo, além das tradicionais modalidades (muscu-
fitness pode ser observada pelo número de acade- lação e ginástica de academia), espaços para práticas
mias em todo mundo, que já somam mais de 201 que integram força, equilíbrio e flexibilidade, e que
mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- propiciam, além do condicionamento físico, tam-
calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). bém, a saúde e o equilíbrio mental. Disponibilizam,
também, equipamentos tecnológicos que fornecem
A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL informações detalhadas de performance, ou ainda,
que simulam situações encontradas em diferentes
O modelo de academia de ginástica, semelhante ao práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços,
atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. como avaliação física, acompanhamento nutricio-
Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e nal, fisioterápico bem como programas de treina-
halterofilismo, sendo encontradas principalmente mento específicos, seja para uma população em es-
nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- pecial, seja para determinada finalidade (para ganho
ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto ou redução de peso).
espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal-
terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns
atores de cinema, houve a expansão das academias
de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em
todo o mundo (FURTADO, 2009).
A ginástica de academia promoveu, nos anos 80,
o aumento de adeptos à prática de exercícios físicos
nesses locais, principalmente das mulheres, que bus-
cavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane
Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remo-
delação das salas de halterofilismo, que passaram a ter
máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utiliza-
ção, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de
treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofi-
lismo” foi substituído por “musculação”, objetivando
Figura 7 - Esteira ergométrica
incluir o público que não praticava a modalidade por
competição (FURTADO, 2009).

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 8 - Simulador de escada

Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi-


nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e
no mundo), existem aquelas que são especializa-
das em atender determinado público, ou oferecer,
exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido,
é comum encontrar academias restritas ao atendi-
mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas
especializadas em lutas, danças ou qualquer outra
prática. Focando em um único segmento, essas Figura 9 - Atividades com recurso
academias se capacitam para oferecer um trabalho de realidade virtual

de qualidade e garantem uma experiência próxima


a que seus alunos desejam.

19


Fitness e Wellness
Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia
academia de ginástica enquanto negócio, a visão de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou
que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos escutado esses termos em algum lugar. Contudo,
poucos, foram sendo agregadas outras concepções, você saberia conceituá-los?
buscando ampliar o público alvo e atingir o merca-

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

O FITNESS restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos


aspectos emocionais, intelectuais e sociais também
O termo fitness é empregado, comumente, para de- (DANTAS et al., 2009).
signar a aptidão ou condicionamento físico de um Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em
indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia, dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente
esse termo de origem da língua inglesa é composto e circunstâncias de vida, que contribuem para o es-
pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS-
o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem
condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta- ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e
do de se estar apto (ter aptidão) para responder às Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada
necessidades individuais. Portanto, não é um termo uma delas (DANTAS et al., 2009).

Social: reflete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto


(aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e
aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade,
cooperação e lealdade do grupo). O fitness social é indicado pelo
grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura,
os costumes e os hábitos do grupo a que pertence.

Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas


comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem
como a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação.
O fitness emocional reflete o equilíbrio emocional e a aceitação
do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina,
responsabilidade, determinação e autorrealização.

Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem,


na inteligência e na cultura. O fitness intelectual estimula o
indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução
DIMENSÕES de problemas, bem como a busca pelo conhecimento para
DO FITNESS satisfazer suas necessidades.

Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de


promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles
se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo
a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas
esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena.

A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada
mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- seria physical fitness, em português “aptidão física”.

21


aumentos no nível de aptidão cardiorrespira-


Aptidão física relacionada à saúde
tória estão associados à redução de morte por
todas as causas (ACSM, 2016).
Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro- • Força e resistência muscular: a força mus-
curam uma academia de ginástica para realizar a sua cular corresponde à quantidade de força
prática de atividade física são a manutenção ou me- externa que o músculo pode aplicar contra
lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL uma resistência (CASPERSEN; POWELL;
et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA; CHRISTENSEN, 1985). Já a resistência mus-
cular é a capacidade de um músculo ou um
SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade
grupo muscular executar repetidas contra-
física, juntamente com a aptidão física, tem sido as-
ções sem reduzir a eficiência do trabalho re-
sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos alizado. Ambas contribuem para a melhora
de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em ou manutenção da massa óssea (a redução
adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi- da massa óssea está diretamente associada à
dade se manifestam (NAHAS, 2013). mortalidade), da tolerância à glicose (impor-
A aptidão física relacionada à saúde inclui com- tante no estado pré-diabético e diabético), da
integridade musculotendínea, da capacidade
ponentes apontados como fundamentais para a lon-
de realizar atividades diárias, e da massa livre
gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos
de gordura (relacionada à massa corporal e à
de doenças ou condições crônico-degenerativas taxa metabólica de repouso) (ACSM, 2016).
ocasionadas por baixos níveis de atividade física • Composição corporal: basicamente, ela
habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com- pode ser expressa como a porcentagem re-
ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão lativa dos tecidos adiposos e magros (mús-
aeróbica), a força e resistência muscular, a composi- culos, ossos e água) que compõe a massa
ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor- corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com-
ponente crítico do perfil de saúde de um in-
tantes e podem ser definidos como:
divíduo uma vez que o acúmulo excessivo
• Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade
de gordura corporal é considerado um pro-
de o organismo resistir à fadiga em esfor-
blema de ordem pública e está associado a
ços de média e longa duração. Envolvendo
diversas doenças, como a diabetes mellitus
os sistemas cardiovascular e respiratório, ela
tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio-
depende, essencialmente, da captação e dis-
vasculares, certos tipos de câncer, dentre
tribuição do oxigênio para os músculos em
outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL;
exercício físico. Também são determinantes
MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD
desse componente a ineficiência dos múscu-
et al., 2003; OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
los em utilizar do oxigênio transportado e
No entanto, baixos níveis de gordura corpo-
a disponibilidade de substratos energéticos
ral também representam risco à saúde, pois
(glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão
o organismo depende de certa quantidade
cardiorrespiratória têm sido correlacionados
de gordura para manter as funções fisioló-
a um risco muito elevado de morte prema-
gicas normais (HEYWARD, 2004).
tura por qualquer causa, mas especialmente
por doenças cardiovasculares. Por outro lado,

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli-


REFLITA
tude nos movimentos de diversas partes do
corpo. É dependente das estruturas articula-
res e da elasticidade de músculos e tendões. A educação para a saúde, visando às modi-
Preservar a flexibilidade facilita os movimen- ficações do comportamento que conduzem
tos e mantém a independência funcional e o a um estilo de vida saudável, deve ser, a
desempenho de atividades da vida diária (e priori, em uma academia. Nesse sentido,
além da atividade física, quais pontos de-
esportivas também) (HEYWARD, 2004).
vem ser de conhecimento do profissional
Usualmente, então, os programas de exercícios físi- de Educação Física?

cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e


devem continuar sendo) direcionados à promoção
desses componentes relacionados à saúde. Contudo, Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo
isso não significa que os componentes relacionados wellness pode ser entendido como a integração de
à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas
são estimulados, muito pelo contrário, eles também dimensões), que desenvolve um potencial para vi-
fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa-
com menor ênfase. tivamente, para a sociedade (SABA, 2006). Assim,
se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico,
O WELLNESS agora, a busca é pela qualidade de vida.
É importante destacar que o conceito de wellness
O fato de as primeiras academias de ginástica terem não deixa de enfatizar o condicionamento físico,
surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio- no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e
namento físico dos indivíduos e de seus fundadores bem-estar (FURTADO, 2009).
terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol-
vidas em práticas corporais fortaleceu e propagou a
ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen-
volvimento das academias, a visão antes restrita à
aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi-
milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado
fortemente, a partir dos anos 70. É nesse contexto
que aparece o termo wellness.
De acordo com a etimologia, o termo wellness, de
origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig-
nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos
abstratos de condição, conforme dito anteriormente.
Portanto, wellness tem como significado o “estar bem”
ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009).

23


Atividades ofertadas
em uma Academia de Ginástica

Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro visam complementar o serviço prestado, bem como
pensamento que surge é em relação às práticas cor- satisfazer as necessidades de seus clientes.
porais inerentes a este ambiente, como a musculação Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em
e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- uma academia de ginástica podem ser categoriza-
paço adequado para a prática de exercícios físicos, das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades
uma academia oferece muitas outras atividades que de exercícios físicos e atividades complementares.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS O conceito da esteira surgiu com base em um me-


canismo, criado no século XIX, para punir presidiá-
Em sua essência uma academia de ginástica é edifi- rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme
cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas
que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas quais os presos realizavam o movimento em degraus,
as modalidades existentes uma vez que elas variam como uma escada. A máquina era grande e comprida,
de acordo com a época e região, assim como novas de maneira que vários prisioneiros eram colocados
formas de exercício físico são frequentemente elabo- nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015).
radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda-
lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se
tornando) práticas clássicas nas academias. São al-
gumas destas práticas que serão abordadas a seguir.

Exercícios aeróbicos em aparelhos

Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida,


normalmente, demandam um espaço amplo para a
sua realização, pois exigem que seus praticantes per-
corram certa distância, ou mantenham o exercício
por determinado tempo. É evidente que, por motivo
de espaço e segurança, exercícios com movimentos
cíclicos como estes não são passíveis de serem re-
alizados, de forma tradicional, no interior de uma
academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo
executadas com a ajuda de aparelhos específicos,
que permitem a simulação dos gestos motores de Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)6.
maneira estacionária.
Os aparelhos específicos para o desenvolvimen- O movimento era constante, e a energia gerada era
to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com- utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer
por o quadro de itens indispensáveis em uma aca- moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que
demia, a partir da década de 1970, quando a prática tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como
do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in- “usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe-
fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex- los presidiários era tão grande que o equipamento
to, pode-se dizer que as treadmills, em português passou a ser visto como uma maneira eficiente de
“esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015).
no ambiente da academia.

25


A esteira no formato que conhecemos hoje, uma


estrutura com rolamentos e uma lona, que permite
o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida
estacionária, surgiu na década de 50. Desde então,
ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan-
do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no
controle, no deleite e na qualidade do exercício físico.

Figura 12 - Elíptico

Musculação

A musculação é uma das principais modalidades


Figura 11 - Remo ergométrico
de exercício físico em uma academia (ao menos, na
maioria delas) e tem o treinamento resistido como
guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer-
Com o advento da esteira, outros equipamentos foram cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que
elaborados com a mesma premissa, a de promover a exigem que a musculatura corporal se movimente
aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação (ou tente se mover) contra uma força oposta (no
de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo caso a resistência), normalmente, exercida por al-
dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso
que simulam os movimentos do esporte Esqui. corporal (FLECK; KRAEMER, 2017).

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

Um programa de treinamento de musculação levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer-


bem elaborado, coerente e executado de maneira cícios da musculação envolvem a manipulação de
correta, pode produzir benefícios à aptidão física pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da
e à saúde, tais como: aumento da massa muscular forma como esses elementos são combinados, os re-
(hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora sultados produzidos são diferentes.
da força e do desempenho físico em atividades da Nesse sentido, existem vários programas de treina-
vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde mento, cada qual com a sua finalidade (por exemplo,
também são observados, como melhora na pressão emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) de seu
arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli- idealizador. Contudo, todos eles se alicerçam em seis
na (FLECK; KRAEMER, 2017). princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da
Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade,
musculação contribui para a preparação de atletas Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o
de diferentes modalidades, além de ser a base do Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser-
fisiculturismo e de algumas modalidades, como o ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios.

Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo


aumento da intensidade do treino, ajustado de
acordo com a adaptação do músculo ao estímulo
dado, por meio do aumento na carga levantada, no Princípio da individualidade: os
Princípio da especificidade: número de repetições ou séries realizadas, ou ainda, programas de treinamento devem ser
significa treinar de forma específica na diminuição do tempo de descanso elaborados respeitando e considerando
para produzir os efeitos específicos entre as séries. as necessidades específicas ou os
desejados. objetivos e habilidades dos indivíduos.

Princípio da variabilidade: a
adaptação do corpo, frente ao estímulo Princípio da reversibilidade: quando o
Princípio da manutenção: ao ser programa de treinamento resistido é
produzido pelos programas de treino, alcançado o objetivo do treinamento,
geralmente, cria um platô no processo interrompido ou não é mantida uma
esse pode ser mantido apenas com um frequência ou intensidade adequada, as
evolutivo, que é quebrado apenas por
novos estímulos. programa voltado para a preservação adaptações na força ou na hipertrofia,
das adaptações. respectivamente, retornam à condição
inicial ou deixam de progredir.

27


Da mesma maneira que há diversos programas de


treinamento, existem vários exercícios na muscula-
ção para todos os segmentos corporais. Esses exercí-
cios são executados utilizando-se de diferentes equi-
pamentos, como:

Barras: são cilindros de comprimento, diâme-


tro e peso variável, feitas de diferentes ligas
metálicas. Existem diferentes formatos de bar-
ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for-
ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal.

Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres

Halteres: numa definição simples, halteres


são pequenas barras, as quais possuem
uma empunhadura com espaço para ape-
nas uma mão. Possuem diversos formatos
e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis.

Figura 13 - Barra hexagonal

Anilhas: são pesos, normalmen-


te, em formato de discos e feitos
de ferro fundido. Apresentam
medidas variadas e um buraco
no centro para serem encaixa-
dos nas barras ou máquinas.

Figura 14 - Anilhas de levantamento


28 de peso olímpico
EDUCAÇÃO FÍSICA
Máquinas com ajuste de placas de peso:
são conhecidas assim por utilizarem placas
de metal, normalmente, retangulares, que
ficam empilhadas em um compartimento
e alinhadas por um trilho. Estas possuem
um elaborado sistema de cabos e roldanas
para o seu funcionamento.

Figura 16 - Máquina com ajuste


de placas de peso

Máquinas com ajuste de anilhas:


possuem um local específico para
acoplar as anilhas. Geralmente,
funcionam com um sistema sim-
ples de alavanca e/ou trilhos.

Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas

Máquinas monoarticulares:
são máquinas cujos exer-
cícios desenvolvidos envol-
vem apenas uma articula-
ção do corpo, isolando, ao
máximo, o músculo agonis-
ta do movimento.

Figura 18 - Máquina monoarticular


29


Máquinas multiarticulares: são má-


quinas em que os exercícios desen-
volvidos envolvem mais de uma arti-
culação do corpo, fazendo com que o
músculo agonista do movimento seja
auxiliado por outro grupo muscular.

Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati-


vidades físicas nas academias, a grande parte das
Figura 19 - Máquina multiarticular pessoas ainda adota a musculação como exercício
físico para atingir seus objetivos de saúde, estética
ou performance.

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento funcional A partir da premissa de que os exercícios usados


para recuperar um atleta lesionado também poderiam
Basicamente, treinamento funcional é treinar para ser os melhores exercícios para manter e melhorar a
uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte
esportiva, quando se observou que a eficiência dos do quadro de atividades das academias de ginástica.
exercícios utilizados na reabilitação de atletas pode- Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí-
ria ser transferida para os programas de preparação cios passam a condicionar para as atividades diárias.
física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a Um programa de treinamento funcional é es-
lidar com o seu peso corporal, em todos os planos truturado para trabalhar movimentos, não múscu-
de movimento, nas diferentes exigências do esporte los. Desta forma, os exercícios funcionais procu-
(BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun- ram envolver o máximo de movimento das várias
cional faz o uso de vários conceitos esportivos para articulações, bem como a integração entre os gru-
trabalhar elementos, como a velocidade, força, po- pos musculares de diferentes segmentos corporais.
tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor- Para tanto, são utilizados movimentos de puxar,
poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar,
reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018). correr e saltar (D’ELIA, 2016).

Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)7.

31


Um ponto essencial é o treinamento do Core, que


compreende a região central do corpo, abrangendo
as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân-
cia do Core reside no fato de que ele oferece movi-
mento e suporte para todas as regiões do corpo, além
disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Resu-
midamente, o Core assume as seguintes funções:
• Estabilização da cintura escapular, cintura
pélvica e coluna durante os movimentos.
• Produz a força para os movimentos do tronco. Figura 22 - Kettlebell
• Transfere a energia (força) entre o tronco e os
membros.
• Conexão entre membros superiores e inferiores.
• Prevenção de traumas, movimentos compen-
satórios e lesões de um modo geral.

A maioria dos exercícios funcionais é executa-


da com o peso do próprio corpo, mas também
podem ser realizados com acessórios e equipa-
mentos específicos, tais como as que seguem nas
figuras seguintes:

Figura 23 - Escada de agilidade

Figura 21 - Medicine ball Figura 24 - Bosu

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 25 - Resistance band

Figura 26 - Corda naval

33


Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o


corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e
extremidades) e preparado para as exigências mo-
2
toras da vida diária, por meio de exercícios que es-
timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência, 1
agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade. 3
1. Fita de ancoragem 4
Treinamento em suspensão
2. Ajuste intermediário do 5
mosquetão de ancoragem 6 2
O treinamento em suspensão consiste na execução
de movimentos com determinados
3. Mosquetãosegmentos cor-
de ancoragem 1
porais suspensos. A ideia central deste método é uti- 3 7
4. Laço de ancoragem
1. Fita
lizar o peso corporal e a gravidade de ancoragem
como
inferior
carga para 4
5. Mosquetão
os exercícios e, desta forma, 2.estimular principal
o aprimora-do
Ajuste intermediário 5
mento dos componentes da aptidão física.
6. Laço de equalização
mosquetão de ancoragem 6
Este método de treino foi desenvolvido pelos
soldados das Forças de 7. 3. Mosquetão
Trava
Operaçõesde segurançadeda
Especiais ancoragem
Ma-
7
rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
4. Laço
8. Marcas dede ancoragem
regular inferior
a altura (pode
com o intuito de manter e auxiliar na progressão do 8
condicionamento físicoser 5. Mosquetão
baixa,
durante principal
intermediária
as missões, ou alta)
princi-
13 9
palmente, quanto estavam embarcados
6. Laço em navios e
de equalização 2
9. Tiras de Ajuste
submarinos (TRX, 2011).
7.1Trava de segurança
10. Fivelas
3
1. Fita de ancoragem
11. Manoplas 4
8. Marcas de regular a altura (pode
8
2. Ajuste intermediário do ser baixa, intermediária ou alta) 5 13 9
12. Apoio para os pés
mosquetão de ancoragem 6
9. Tiras de Ajuste
13. Fita principal 10
3. Mosquetão de ancoragem 10. Fivelas
7
4. Laço de ancoragem inferior 11. Manoplas
5. Mosquetão principal 12. Apoio para os pés
6. Laço de equalização 13. Fita principal 10
7. Trava de segurança 11
8. Marcas de regular a altura (pode 12
8
ser baixa, intermediária ou alta) 13
Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão
9
Fonte: o autor.

9. Tiras de Ajuste
34
11
10. Fivelas
12
11. Manoplas
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços tematização dos exercícios em suspensão deram ori-
de borracha nasceu o primeiro equipamento e um gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance
conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em
2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX.

Figura 28 - Exercício de agachamento utili-


zando a fita de treinamento em suspensão

Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão

intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora-


Os programas de treinamento em suspensão abran- dos a partir das progressões de movimento em que
gem diversos métodos de treino, como as tradicio- as diferentes formas de posicionamento do corpo,
nais séries e repetições separadas por determinado num mesmo exercício, conferirão maior ou menor
tempo de descanso, os treinos intervalados de alta grau de dificuldade e intensidade.

35


Figura 30 - Posicionamento do corpo na


diagonal, com apoio das mãos

Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal,


com apoio dos pés.

Como a fita é ancorada (fixada) em determinada


altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em
qualquer outra estrutura, os exercícios exploram os
diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas
posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido,
existem movimentos em que são assumidas posi-
ções na vertical, diagonal e horizontal.

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento individualizado (Personal trainer) Por meio de programas de treinamentos pla-


nejados e orientados, individualmente, o Personal
De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu- trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto
bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física para a qualidade de vida quanto para fins estéticos
(CONFEF, 2016), uma das atribuições do profissional e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co-
de Educação Física é a prescrição do treinamento físico meçou a se destacar a partir do momento em que
individualizado. Este serviço, em que se atende de for- os meios de comunicação colocaram em evidência
ma individualizada, é conhecido, popularmente, como o exercício físico personalizado e o tornaram um es-
Personal trainer (em português “treinador pessoal”). pecialista em forma física (BOSSLE, 2008).

Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado

As academias de ginástica constituem um am-


O treinamento individualizado é ofertado em di- biente ótimo para a prestação do serviço Personal
ferentes locais, como os condomínios residenciais, trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma-
clubes, parques e, com maior destaque, as academias teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis-
de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a põem de salas de avaliação, que são fundamentais
musculação, o treinamento funcional, o treinamen- para a prescrição e acompanhamento do treino indi-
to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas vidualizado, assim como, conferem proteção diante
quais o profissional esteja qualificado. as intempéries do clima e do tempo.

37


Lutas, Danças e Natação Ginástica de academia

Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- A ginástica de academia é composta por um grande
ças e a natação são praticadas em academias conjunto de modalidades, em que o exercício físico
(ou escolas) específicas para elas, pois deman- é executado em forma de coreografias e cadenciado
dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer-
estruturas específicas. cício será abordado com mais profundidade e deta-
O ensino das lutas e artes marciais compete aos lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático.
profissionais da Educação Física, que possuem a ti-
tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- ATIVIDADES COMPLEMENTARES
dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente,
demandam um espaço especial, como o tatame ou Com o intuito de oferecer suporte e melhor experiên-
o ringue, assim como de materiais específicos, tais cia ao aluno, assim como para a fidelização e captação
como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- de novos clientes, as academias de ginástica disponi-
radores de chute. As lutas e as artes marciais mais bilizam muitas outras atividades que complementam
comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- seus serviços. Estas atividades podem, ou não, confe-
-jitsu, o Muay Thay e o Boxe. rir um custo adicional ao cliente, dependendo do tipo
A prática das diferentes danças também requer a de serviço e por quem ele é prestado.
presença do profissional graduado em Educação Físi-
ca, e este deve ter formação específica em um ou mais Avaliação física
estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe-
cífico para a sua prática, no entanto, danças, como o A realização da avaliação física é essencial para uma
Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- intervenção segura e de qualidade, pois é por meio
terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- dela que são analisados os componentes da aptidão
los de dança encontrados com mais frequências nas física, determinado o estado de saúde de um indiví-
academias de ginástica são as danças de salão, como o duo, bem como, o programa de exercícios físicos é
samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. prescrito e acompanhado.
O ensino da Natação é feito pelos profissionais Uma academia de ginástica deve possuir um pro-
da Educação Física que possuem certa experiên- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma
cia com a modalidade. Para oferecer uma prática anamnese, a medida dos parâmetros antropométri-
significativa e segura, as academias de ginástica cos e da composição corporal, e uma análise postural.
dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória,
das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam-
Além disso, vestiários apropriados e materiais es- bém podem compor os elementos analisados. Con-
pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, fira a seguir algumas informações a respeito dessas
palmares e nadadeiras. avaliações no contexto da academia de ginástica.

38
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Anamnese: o questionário aplicado deve ser es- • Medidas antropométricas e da composição


truturado para determinar o perfil do indivíduo. corporal: a medida das proporções do corpo
Por meio dele, deve-se investigar, principalmen- são parâmetros de referência para os padrões
te, os possíveis problemas de saúde (de todas de saúde, de beleza e para a performance espor-
as ordens), o uso de medicamentos, os riscos tiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos
de doenças hereditárias bem como os hábitos resultados, é importante que os protocolos de
diários de vida (atividade física, alimentação e avaliação sejam adequados ao avaliado e, cri-
sono). Além deste, é interessante que o Questio- teriosamente, seguidos. As medidas antropo-
nário de Prontidão para Atividade Física, conhe- métricas são, facilmente, obtidas por meio de
cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness balança, estadiômetro e fita antropométrica. Já
Questionnaire), também faça parte do protocolo os constituintes da massa corporal podem ser
de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de- avaliados com técnicas e protocolos simples,
tecção do risco cardiovascular e é considerado como as dobras cutâneas ou a bioimpedância
um padrão mínimo de avaliação pré-participa- (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013).
ção em exercícios físicos (ACSM, 2018).

39


• Avaliação postural: o encurtamento e/ou a determinado tempo, como os testes de repeti-


hipotonia muscular (baixo tônus muscular) ções de abdominal e de flexão de braços.
podem gerar desequilíbrios entre pares an- • Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos
tagônicos de músculos e, consequentemente, componentes de uma articulação, como os li-
em desvios posturais. Esses desvios podem gamentos, tendões e músculos, bem como, a
causar incômodos e dores aos seus portado- interação entre uma série de articulações. As-
res, bem como, limitar a execução de certos sim, a flexibilidade é específica para a articula-
movimentos do cotidiano e de alguns exercí- ção e, portanto, não existe um teste único que
cios físicos. A utilização de um simetrógrafo possa ser utilizado. No entanto um teste muito
para a avaliação da postura auxilia na seleção aplicado é o de sentar e alcançar, proposto por
e prescrição de movimentos adequados. É im- Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade
portante destacar que cabe ao profissional de da lombar, do quadril e de membros inferiores
Educação Física, apenas, prescrever exercícios (POLLOCK; WILMORE, 1993).
que não agravem, ou evitem possíveis desvios
posturais. E sempre que identificado um caso Tão importante quanto os dados das medidas e dos
grave, encaminhá-lo aos especialistas.
testes são as informações obtidas das análises, as
• Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade
quais permitem identificar deficiências, limitações e
cardiorrespiratória reflete o estado funcional
determinar as necessidades secundárias ao objetivo
dos sistemas respiratório, cardiovascular, mus-
cular e das suas relações fisiológicas e metabó- do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação
licas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana-
determinada pelo consumo máximo de oxigê- lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de
nio (VO2máx.), que é expresso, normalmen- exercício físico e as devidas considerações e orienta-
te, em termos relativos (ml/kg/min) e, justa- ções sejam feitas.
mente, reflete a capacidade do organismo em
captar, transportar e utilizar o oxigênio para
a produção de energia (PRADO et al., 2011).
Atendimento em primeiros socorros
O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado
por meio de testes indiretos como o teste de Pode parecer estranho, contudo o atendimento em
banco de McArdle et al. (1972). primeiros socorros também faz parte da rotina de
• Força e resistência muscular: a capacidade de uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são
produção de trabalho de um músculo ou um imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes-
conjunto deles se reflete na medida da força e soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As
resistência muscular. A força muscular pode
adversidades mais comuns relacionadas à prática de
ser medida, basicamente, de duas maneiras:
atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni-
estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es-
taticamente ou de modo isométrico, a força cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta-
pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina- cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in-
micamente, a força pode ser medida por meio farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais
do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos
resistência muscular é facilmente avaliada por ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio,
meio de um teste de repetições máximas em
tórax e coluna (CREF4, 2014).

40
EDUCAÇÃO FÍSICA

A demora que pode ocorrer no atendimento es- até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006).
pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- O objetivo deste é garantir a manutenção das fun-
tências inadequadas constituem algumas das preocu- ções vitais e evitar o agravamento das condições de
pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a saúde do assistido (BRASIL, 2003).
prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais É relevante destacar que deixar de prestar o so-
maneiras de evitar complicações são: ter profissionais corro a alguma pessoa configura crime, segundo
preparados, que sabem como agir quando adversida- o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL,
des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- 1940), com pena que varia de um a seis meses de
demia; e possuir protocolos, equipamentos e acessórios detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a
necessários para um primeiro atendimento eficiente. primeira assistência, a academia é responsável por
Os primeiros socorros compreendem ao trata- chamar o socorro público, como o resgate do Corpo
mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento
tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima.

SAMU (192) SIATE (193)


O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma
ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número
presta socorro a vítimas de casos clínicos, como: de telefone 193 e presta socorro a vítimas
emergenciais do tipo:
- Dores no peito (podem ser sintomas de problemas
cardíacos); - Acidentes de trânsito com feridos;
- Intoxicação por diversos produtos; - Ferimentos com arma branca e de fogo;
- Perda de consciência, desmaio e hemorragias; - Quedas com fraturas e ferimentos;
- Crises de convulsão. - Choque elétrico grave;
- Ataque de animais.
Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as
Unidades de Pronto Atendimento Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte,
(UPA´s) de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas
expostas. Esses casos são encaminhados para os
hospitais.

Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor.

41


Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam-
lação à prestação de primeiros socorros na aca- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos
demia, as leis podem variam em cada estado e eventos mais comuns acontecem por:
município, por este motivo, cabe ao gestor buscar • Comemorações de datas específicas: Dia das
informações a respeito do assunto para manter o Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia
estabelecimento em ordem. e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween,
Natal, entre outras).
De modo geral, a prevenção de fatores de risco
• Competições: fazem parte do quadro de
ambientais, como a manutenção e o bom estado das
competições os eventos de modalidades es-
instalações e dos equipamentos, também como uma portivas, como a natação, as lutas, o supino e
anamnese adequada com informações sobre o esta- as corridas rústicas.
do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- • Palestras: convidados especialistas apresen-
mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de tam e discutem temas relacionados aos exer-
situações emergenciais. cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá-
veis de vida e afins.
Promoção e participação em eventos
É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre
Um evento pode ser considerado um acontecimento outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so-
estratégico que ocorre a partir de determinado in- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta-
teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo belecimento de um cronograma de eventos baseados
(MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser em datas comemorativas, eventos esportivos, assim
um plano de ação de Marketing de relacionamento como, na necessidade de diferentes ações com os clien-
uma vez que este representa uma tentativa das em- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia.
presas em desenvolver relações de longa duração
com seus clientes. Serviços complementares
Existem dois fortes motivos para que uma aca-
demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos Algumas academias estão se tornando grandes cen-
são um meio de gerar a sensação de acolhimento e tros multidisciplinares, ao integrarem áreas afins à
comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos educação física para oferecerem serviços especiali-
alunos, à medida que os fazem sentir parte de um zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan-
grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola-
atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- boração de profissionais das seguintes áreas:
ção de eventos internos, com a participação de con- • Nutrição
vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos • Fisioterapia
externos, tornando a marca da academia mais visí- • Medicina do esporte
vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de • Estética
romper com a monotonia causada pela rotina das

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esse movimento de integração confere praticidade


ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi-
ços em outros locais. Em complemento, a integração
da Educação Física com uma ou mais dessas áreas,
num mesmo espaço, facilita a comunicação e a arti-
culação das ações entre os profissionais, enriquecen-
do o atendimento e podendo proporcionar melhores
resultados. No entanto, é relevante destacar que o
conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen-
te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes,
do público-alvo e da proposta de valor da academia
(SABA, 2012).

43
considerações finais

Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e


apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas.
Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran-
de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico
europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da
ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles
Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que
as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e
serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde.
Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in-
glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo
fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um
indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas
aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o
termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar.
Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas
em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares.
Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas
clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a
Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as
atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primeiros
socorros, a promoção e a participação em eventos, bem como, citamos alguns dos
serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo
oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia.
Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima!

44
atividades de estudo

1. A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí-


cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras
academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao
que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi-
nástica, assinale a alternativa correta.
a. Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho-
mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho.
b. As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram,
basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e
pesos livres.
c. A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por
influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX.
d. Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos
ou atletas, não são comuns.
e. O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo.

2. O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne-


cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas
à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale
“V” para verdadeira e “F” para Falsa:
( ) A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física.
( ) O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares.
( ) O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelec-
tual.
( ) A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a
qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico.
a. V, F, V e V.
b. F, F, V e V.
c. V, V, F e V.
d. F, V, V e F.

45
atividades de estudo

e. V, F, F e F.

3. O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando


se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a
partir dos anos 70. Nesse contexto, qual o significado desse termo?
4. Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi-
nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de
exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as
afirmativas seguintes:
I. O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so-
corro público.
II. Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen-
tos, não músculos, especificamente.
III. As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá-
rios na Alemanha.
IV. Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re-
petições e pausas.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados das Forças de


Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team),
com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as
missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen-
são e como funcionam as progressões do movimento.

46
LEITURA
COMPLEMENTAR

Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey


of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o
mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves-
tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas
tendências na área do condicionamento físico.
Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar
propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas
para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que
tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis-
tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores
podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não.
Normalmente a lista divulgada contempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos,
cinco delas têm se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval
training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei-
namento em grupo e o Personal trainer.
O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de
treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em
alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT
assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre
se mantém entre os dez primeiros. Apesar de alguns profissionais do fitness alegarem
potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido
popular em academias de todo o mundo.
Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores
de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi-
tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo

47
LEITURA
COMPLEMENTAR

sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias


vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde
assumiram a terceira colocação.
O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o
peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de treinamento utiliza o mí-
nimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico.
Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos
para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e
lideram aulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam
diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi-
pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e vêm se
destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do
Colégio Americano de Medicina do Esporte.
O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador
pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com
academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es-
tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl-
dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer
tem sido uma das 10 principais tendências.
Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física,
pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos
que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias-
tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção.

Fonte: Thompson (2019, p. 10-18).

48
material complementar

Indicação para Ler

Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição)


Markus Vinícius Nahas
Editora: Midiograf
Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a inten-
ção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercí-
cios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma lingua-
gem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser
incluídas no cotidiano da maioria das pessoas.

Indicação para Ler

Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros


esportivos (segunda edição)
Fabio Saba
Editora: Manole
Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lingua-
gem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do
gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de
relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o
autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti-
ver dirigida às reais necessidades do seu público.

49
gabarito

1. E
2. A
3. De acordo com a etimologia, o termo wellness,
de origem da língua inglesa, é composto pela
palavra Well que significa “bem”, e o sufixo
Ness formador de substantivos abstratos de
condição, conforme dito, anteriormente. Por-
tanto, wellness tem como significado o “estar
bem” ou “bem-estar”.
4. D
5. O treinamento em suspensão consiste na exe-
cução de movimentos com determinados seg-
mentos corporais suspensos. A ideia central
deste método é utilizar o peso corporal e a gra-
vidade como carga para os exercícios e, desta
forma, estimular o aprimoramento dos compo-
nentes da aptidão física. Já as progressões de
movimento, acontecem com as diferentes for-
mas de posicionamento do corpo, num mesmo
exercício, que conferem maior ou menor grau
de dificuldade e intensidade.

50
UNIDADE
II
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA
DE ACADEMIA

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Aspectos históricos da ginástica de academia
• Ginástica de academia e a fisiologia do exercício
• Elementos musicais na ginástica de academia

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica
de academia.
• Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no
âmbito da ginástica de academia.
• Analisar alguns dos elementos da música no contexto da
ginástica de academia.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no
universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con-
textualizar, histórica e filosoficamente, esta atividade que está
presente na maioria das academias e possui milhares de adep-
tos em todo o mundo.
Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica
para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo-
dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os
componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido,
veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam
papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática.
Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos
estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto,
veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vi-
gorosa), haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo for-
necimento de energia. Sendo assim, o sistema aeróbico é capaz de suprir,
praticamente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas
de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na
academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser
controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí-
veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos.
Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes
das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons-
titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar
motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da
música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade.
Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos!
Tenha uma ótima leitura!


Aspectos Históricos
da Ginástica de Academia

Neste primeiro momento, realizaremos um breve modalidade de exercício físico nas academias, como
resgate histórico da ginástica para que possamos en- um meio de aprimorar os componentes da aptidão
tender de que maneira ela se consolidou enquanto física por meio de aulas coletivas.

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

Partindo da concepção de ginástica como todo como objetivo a preparação militar. Assim, práticas
e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle-
manos, veremos que ela se manifesta de diferentes cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto
maneiras e adquire atributos de acordo com os ob- faziam parte do treinamento dos soldados. Em com-
jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava plemento, a nobreza participava de competições de
inserido. Nesse contexto, podemos observar que, esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en-
na antiguidade oriental, os exercícios físicos eram tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais,
expressos por meio de diferentes atividades. A luta como jogos simples e de caça e pesca, também eram
livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram praticados nesse período (RAMOS, 1982).
praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos No período do Renascimento, o exercício físico
realizavam práticas corporais funcionais (voltadas começou a ser pensado de outra forma, estabelecen-
para a melhora das atividades diárias) com foco na do novas concepções a respeito do corpo e seus cui-
força, agilidade e resistência. O exercício físico como dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970),
instrumento de preparação para a vida e de cunho as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten-
litúrgico era praticado na Pérsia, Índia, China e no dência para a educação física, ao considerá-la con-
Japão (RAMOS, 1982). teúdo da educação. Em seus programas estavam in-
No período Clássico da civilização ocidental, cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos,
na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá- esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram
ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím- praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos.
picos, sob grande influência da mitologia e do culto Os renascentistas foram influenciados pelos
ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li- ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti-
nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre
Atenas os exercícios físicos buscavam a formação considerado como valioso para o aprimoramento
do cidadão integral, provido de educação corporal, do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto
composta pela eficiência educacional, fisiológica, cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé-
moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as
ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do formas de exercício físico eram chamadas de Ginás-
corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982). tica que, de modo implícito, significava treinamento
Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte ou preparação para um esforço físico.
caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para Na Era Moderna, o exercício físico se consoli-
a preparação militar, objetivando a conquista e a de- da como elemento da educação, devido à evolução
fesa de territórios do império. Além disso, também do conhecimento na área da Educação Física, com
eram observadas práticas de atividades desportivas, a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi-
como a corrida de bigas e os combates de gladiado- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto,
res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997). foi a ginástica que introduziu o exercício físico como
Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas possibilidade de educação do corpo.
pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham

57


Figura 1 - Trajetória histórica da ginástica enquanto exercício físico / Fonte: o autor.

MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU: A A Escola Inglesa, também conhecida como mé-


SISTEMATIZAÇÃO DA GINÁSTICA todo inglês ou movimento esportivo inglês, devido
ao seu caráter competitivo, é um dos métodos mais
A ginástica passou a ganhar notoriedade, a partir do conhecidos e difundidos mundialmente (LANGLA-
século XIX, com o movimento ginástico europeu, DE; LANGLADE, 1970). Apesar desse método não
composto por quatro Escolas: a Inglesa, a Alemã, a ter exercido influência direta no campo da ginástica,
Francesa e a Sueca (ou Nórdica). Este movimento ti- ele contribuiu, sobretudo, para a universalização de
nha como ideal instituir a ordem e a disciplina, bem conceitos e para impulsionar a ginástica como es-
como contribuir para afirmar a ginástica como parte porte olímpico. É por intermédio das Escolas Ale-
da educação dos indivíduos, sendo esta, baseada na mã, Francesa e Sueca que melhor compreendemos
ciência, na técnica e nas condições políticas da Eu- a sistematização da ginástica (LANGLADE; LAN-
ropa na época (SOARES, 2002). GLADE, 1970; SOARES, 2002).

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Escola Alemã veu importantes mudanças na área da educação físi-


ca e contribuições no campo da ginástica. Guts Mu-
A Escola ginástica Alemã surgiu num contexto de ths idealizou o método de treinamento denominado
ideais políticos nacionalistas, onde se acreditava de “ginástica natural” ou “método natural” (BETTI,
que a união territorial e a defesa da pátria só seriam 1991). Seu conhecimento na área da filosofia, das ar-
garantidas a partir da criação de indivíduos, fortes, tes e ciências, além da sua habilidade com exercícios
saudáveis e vigorosos, de espírito nacionalista (SO- ginásticos e trabalhos manuais, fez com que ele per-
ARES, 2007). Sob a influência de Johann Christoph cebesse a importância e a necessidade de a educação
Friedrich Guts Muths (1759-1839), conhecido como física ser praticada seguindo os conhecimentos da
o “pai da ginástica pedagógica”, esta Escola promo- fisiologia e da anatomia (TESCHE, 2001).

Figura 2 - Uma das práticas do Turnkunst / Fonte: Wikipedia (2008, on-line)8.

Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so- impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além
bre os músculos e os nervos, movimentando todo o disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida-
corpo tanto de maneira global quanto segmentada, des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação

59


dos elementos da natureza para, assim, promover seu das em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos,
fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 2015).
Muths selecionou um conjunto de práticas agrupa- Confira algumas dessas práticas a seguir:

EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: TRABALHOS MANUAIS: JOGOS:


Saltar; Correr; Arremessar; Carpintaria; Tornearia; De movimento; sentados
Lutar; Escalar; Equilibrar; Jardinagem. ou de descanso.
Levantar e carregar; Nadar;
Exercícios de enrijecimento
e dos sentidos; Leitura
e declamação.

O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou, ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como
significativamente, com a Escola Alemã, promo- o propósito era reforçar o sentimento nacionalista,
vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti-
e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A
ginástica priorizava a preparação dos jovens para arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen-
guerra bem como a disseminação dos ideais higie- te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que
nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos considerava adequados para a ginástica (QUITZAU,
nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo- 2015). Verifique algumas dessas práticas a seguir:

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: JOGOS: EXERCÍCIOS


Saltar; Correr; Arremessar; Corrida das barras; Corrida COMPLEMENTARES:
Lutar; Escalar; Equilibrar; de assalto; Jogo de bola Esgrima; Nadar;
Levantar e carregar; Nadar; alemão. Equitação; Dança;
Exercícios de enrijecimento Patinação; Ficar de
e dos sentidos; Leitura cabeça para baixo;
e declamação. Saltos mortais.

Escola Sueca

O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí- nando os homens aptos para preservar a paz na Sué-
sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia, cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo
à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio
motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica. da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li-
O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling vres de vícios, necessários à formação da pátria
(1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de (LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982).
nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor-

61


Figura 3 - Apresentação de ginástica sueca / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)9.

Ling idealizou o método de treinamento chamado minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo-
“Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10)
ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi- Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131).
giênico. Estas denominações permitem identificar Podemos elencar alguns pontos como princípios
as concepções do método criado por Ling, que agru- fundamentais da proposta de Ling:
pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou • Os movimentos ginásticos devem ser basea-
mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se- dos nas necessidades e nas leis do organismo
guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3) humano, selecionando as formas mais efica-
zes, segundo certas regras, sem esquecer as
Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço;
exigências da beleza.
5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo-

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

• A ginástica deve desenvolver o corpo de ma-


neira harmônica, agindo sobre as suas dife-
rentes partes, dentro das possibilidades de
cada praticante.
• Todo movimento possui uma sequência ges-
tual, isto é, uma posição de partida, certo de-
senvolvimento e uma posição final.
• A ginástica deve desenvolver, gradualmente,
o corpo por meio de exercícios com intensi-
dade e dificuldade progressivas, consideran-
do a capacidade do praticante.
• A ginástica precisa sempre associar a teoria
com a prática.
• Todos os exercícios são executados com voz
de comando.

A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di- Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014,
vidida em quatro partes (MARINHO, 1978): a Gi- on-line)10.

nástica pedagógica, destinada à educação formal e


social; a Ginástica militar, com objetivo de prepara- A ginástica do método de Amorós era composta por
ção militar; a Ginástica médica, voltada às ativida- exercícios, como: marchar, trepar (incluindo o traba-
des terapêuticas; e a Ginástica estética, preocupada lho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e trans-
com a graciosidade do corpo. portar, correr, lançar, entre outros movimentos. Além
disso, incluía práticas como: nadar, patinar, esgrimar,
Escola Francesa dançar, atirar, jogar bola, boxear com os punhos e
com os pés. A maneira como essas atividades eram
A Escola Francesa foi baseada nas ideias de Guts desenvolvidas assemelhavam-se com o atual Circuit
Muths e Jahn (Escola Alemã), era preocupada, tam- training ou “Treino em circuito” (RAMOS, 1982).
bém, com o corpo anatomofisiológico e possuía um
caráter patriótico e moral. Seu idealizador foi o espa- A Calistenia
nhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848),
o qual acreditava que a ginástica produziria homens Baseada na Escola Sueca, a Calistenia procurou aten-
fortes, habilidosos, velozes, flexíveis, corajosos, inte- der a homens, mulheres e crianças, com exercícios
ligentes, sensíveis e adestrados. Características estas ritmados e livres de grandes aparelhos (como das
necessárias para enfrentar as dificuldades evidencia- tradicionais escolas de ginástica da época). Podemos
das pelo Estado e pela sociedade. dizer que sua origem data do ano de 1829, com a pu-

63


blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for A Calistenia era um método composto por exer-
beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados,
beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich executados ao som de música. Esses exercícios eram
Clias (CORREIA, 2008). realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa-
relhos leves, visando um trabalho global que
permitisse o desenvolvimento de todos os
GRUPO 1: Braços e pernas. grupos musculares bem como a simetria cor-
poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os
exercícios calistênicos eram, meticulosamen-
GRUPO 2: Região pôstero-superior do tronco. te, selecionados, de forma que a série executa-
da permitisse alcançar os princípios da higie-
ne, da educação, da recreação e da adaptação
GRUPO 3: Região pôstero-inferior do tronco. ao ambiente da época (CORRÊA, 2002).
Uma aula de Calistenia era estruturada
em oito grupos de exercícios, cada qual con-
GRUPO 4: Região lateral do tronco. templando segmentos corporais e capacida-
des físicas específicas. Confira a organização
desses grupos no quadro ao lado.
GRUPO 5: Exercícios de equilíbrio. Outro ponto a destacar é que, ao longo da
aula, havia um incremento gradual de esfor-
ço (intensidade), conforme eram desenvolvi-
GRUPO 6: Região abdominal. dos os grupos de exercícios. Essa relação en-
tre exercício e esforço pode ser observada na
Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um
GRUPO 7: Exercícios com saltos e corridas.
esforço muito leve, a cor verde um esforço
leve, a amarela um esforço moderado e as co-
res alaranjado e vermelho, esforços intenso e
GRUPO 8: Exercícios de ombro.
muito intenso, respectivamente.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Grupo 7

Grupo 6

Grupo 5

Grupo 4
Esforço

Grupo 3
Grupo 8
Grupo 2

Grupo 1

Desenvolvimento da aula
Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor.

Devido aos movimentos ritmados e à utilização da movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os
música para a execução dos exercícios, a Calistenia sentidos e a expressividade. Devido à sua relação
foi uma grande influência para as ginásticas presen- com os procedimentos técnicos e metodológicos da
tes nas academias. cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins-
pirou o surgimento da chamada ginástica moderna,
Movimentos do século XX e suas contribuições voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode
(1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três De maneira geral, as contribuições do Movimen-
grandes movimentos ginásticos, o Movimento do to do Norte ao campo prático foram direcionadas à
Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do técnica de construção e à execução dos movimen-
oeste. Todos eles foram importantes para a evolução tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do
e o surgimento das diferentes manifestações gímni- Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó-
cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
surgiram as subdivisões das modalidades e as pri- Estes três movimentos permaneceram até o
meiras regulamentações das ginásticas. ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer-
O Movimento do Centro teve grande influên- salização dos conceitos de ginástica que resultou
cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN-
de um método de educação musical por meio dos GLADE, 1986).

65


A GINÁSTICA NA ATUALIDADE podemos organizar a ginástica em cinco campos:


Ginásticas de condicionamento, Ginásticas de cons-
Como você observou, a ginástica passou por gran- cientização corporal, Ginásticas de competição, Gi-
des transformações a partir do século XIX e, nos násticas fisioterápicas e Ginástica de demonstração
dias de hoje, possui uma ampla abrangência, sendo (SOUZA, 1992).
direcionada para objetivos diversos. Atualmente, As áreas de atuação que cada campo contempla são:

GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS DE GINÁSTICAS GINÁSTICA DE


CONDICIONAMENTO CONSCIENTIZAÇÃO COMPETIÇÃO FISIOTERÁPICAS DEMONSTRAÇÃO
CORPORAL
Musculação, Localizada, Eutonia, Ginástica Artística, Reeducação Postura Ginástica para
Aeróbica, Treinamento Feldenkrais, Yoga, Ginástica Rítmica, Global (RPG), todos.
funcional, Step, Jump, Bioenergética, Ginástica Aeróbica, Cinesioterapia,
Ciclismo Indoor, Zumba, Antiginástica, Tai Chi Ginástica Acrobática, Isostretching, entre
entre outras. Chuan, entre outras. Trampolim, Roda outras.
Ginástica, Tumbling,
Rope Skipping,
entre outras.

Observando esses campos, em qual deles a Ginástica demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi-
de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi- mento das capacidades físicas, como a força, a resistência
násticas de condicionamento, que são caracterizadas, (aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997).
principalmente, pela busca da manutenção da condi-
ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005). A GINÁSTICA DE ACADEMIA
É importante destacar que as manifestações gímni-
cas pertencentes a este campo também estão relacio- Na década de 1970, surgiu um movimento influen-
nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken-
padrão estético colocado comercialmente. neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de
As Ginásticas de condicionamento são, popularmen- exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa
te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca- duração) como uma excelente ferramenta para me-

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

lhorar a aptidão cardiorrespiratória, a composição


corporal e reduzir o risco de doenças relacionadas
ao baixo nível de atividade física. As principais pu-
blicações, deste pesquisador, que influenciaram esse
movimento foram os livros Aerobics (1968) e The
Aerobics Way (1977), em português “Aeróbicos” e “O
jeito aeróbico”, respectivamente.
Nesse contexto, com o objetivo de melhorar a
resistência cardiovascular, Jaki Sorensen idealizou
um programa de exercícios denominado de Aerobic
Dancing (ou Dança aeróbica), que utilizava a mú-
sica combinada a passos de dança e exercícios ca-
listênicos. A música tornava os exercícios menos
monótonos, o que possibilitava aumentar o núme-
ro de praticantes, bem como, permitia desenvolver
um sentido rítmico e a coordenação dos indivíduos
(CERAGIOLI, 2008). É interessante dizer que, ini-
cialmente, o programa de Sorensen foi destinado às
esposas de militares americanos sediados em Porto
Rico e era apresentado em rede de televisão local.
A partir da década de 1980, esse programa de
exercícios aeróbicos ganhou maior destaque e com-
preensão social, quando a atriz Jane Fonda aderiu
a ele e o promoveu para todo o mundo por meio
da televisão (CERAGIOLI, 2008). Foi assim que a
Ginástica aeróbica se estabeleceu e começou sua tra-
jetória no Fitness. No começo, os instrutores foca- superada.
Figura 6 - Capa do VHS de uma aula de ginástica aeróbica / Fonte: Fan-
vam, particularmente, nos exercícios de alto impac-
dom ([2020], on-line)11.
to, o que acarretou muitos praticantes lesionados,
formando uma imagem ruim da Ginástica aeróbica Com a propagação do método combinado, surgiram
(CHARPIN, 1996). Contudo com a utilização de um várias academias e, consequentemente, o número de
método combinado, ou seja, com a alternância de instrutores de Ginástica aeróbica aumentou. Esse au-
exercícios de alto e baixo impacto, esta situação foi mento gerou mudanças e inovações no formato das

67


aulas, produzindo novas modalidades, como o Step, a compor o quadro da Ginástica de academia. É a
o Fitball, o Spinning (ou Ciclismo Indoor) e a Hidro- partir dessa década que surgem as grandes empresas
ginástica. Já a introdução de alguns passos específicos do Fitness, oferecendo seus programas de Ginástica
de dança e a utilização de diferentes gêneros musicais pré-coreografadas, provocando um impacto signifi-
deram origem a modalidades, como o aero-latino, ae- cativo no mercado e grande diversificação das mo-
ro-funk e afro-aeróbica (FREITAS, 2011). dalidades. Criadora de aulas pré-coreografadas con-
Seguindo a tendência da década anterior, nos sagradas, como o Body Pump, o Body Combat e o
anos 90, novos exercícios começaram a ser explora- Body Balance, a Les Mills é um exemplo de empresa
dos e modalidades que desenvolviam a força, a flexi- deste ramo. Ela foi pioneira em sistematizar as au-
bilidade e, até mesmo, o equilíbrio mental, passaram las de ginástica e, atualmente, seus programas são os

SAIBA MAIS

Como o próprio nome sugere, as aulas pré-coreografadas são aquelas que possuem uma sequência core-
ográfica, previamente, elaborada, com movimentos definidos e alinhados ao tempo musical e às diversas
sensações que a música produz. Normalmente, são produzidas por uma empresa especializada nesse ramo,
que conta com uma equipe multidisciplinar encarregada de elaborar e testar as aulas.
Essas aulas são comercializadas no formato de “licença de uso”, desta forma, apenas profissionais creden-
ciados a essas empresas podem ministrá-las. O credenciamento, geralmente, é feito por meio de cursos (ou
treinamentos) de capacitação e habilitação, com posterior avaliação e certificação.

Fonte: o autor.

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

mais conhecidos do mundo. guês “Associação Cristã de Moços”, instalada na cidade


Figura 7 - Desenvolvimento da força e resistência muscular com a gi-
de São Paulo (NOVAES, 1991). É importante destacar
nástica
Figura 8 - Desenvolvimento da flexibilidade e equilíbrio mental com a que esta instituição de origem inglesa, com caráter reli-
ginástica
gioso, tem (pois ainda é atuante) suas atividades volta-
Com as novas evidências científicas, a evolução da das, exclusivamente, para a prática de atividade física.
tecnologia e a exigência do mercado, a Ginástica de A respeito do surgimento e desenvolvimento das
academia, ano após ano, vêm apresentando novas modalidades de Ginástica de academia no Brasil, po-
formas de se exercitar, oferecendo modalidades e demos dizer que estas acompanharam o movimento
equipamentos inovadores, mas sempre conservando mundial que, como vimos anteriormente, teve início
a sua essência que é de ser uma aula coletiva condu- nos anos 70, movido pela promoção e manutenção
zida pela música. de uma vida saudável, por meio da prática regular de
exercícios físicos.
A Ginástica de academia no Brasil Atualmente, são muitas as modalidades de Gi-
nástica de academia presentes no mercado brasilei-
Na década de 1950, a ginástica realizada em academia ro, incluindo aquelas pré-coreografadas, com suas
começou a ser difundida pela extensão brasileira da propostas de modelo padrão de aula e uma identi-
Young Men Christian Association (YMCA), em portu- dade visual própria.

Figura 9 - Prédio da Young Men Christian Association em Brighton, no Reino Unido

69


Ginástica de Academia
e a Fisiologia do Exercício
Transitando pela história da Ginástica de academia, Discutir a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
você observou que, a partir da Era Moderna, por in- siologia, partindo do entendimento de como o corpo
termédio das Escolas europeias, a ginástica passou humano reage aos estímulos oferecidos pela prática de
a ser sistematizada e fundamentada pelos conhe- exercícios físicos, permite-nos determinar estratégias
cimentos de anatomia e fisiologia da época. Já na adequadas para se alcançar os objetivos das aulas. Nesse
pós-modernidade, com os estudos do Dr. Cooper, a contexto, os sistemas de transferência de energia, o mo-
ginástica ganhou novos embasamentos científicos e nitoramento da intensidade e o processo de recuperação
adquiriu o adjetivo de Aeróbica. são alguns dos pontos essenciais a serem compreendidos.

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

DEMANDA E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA A energia liberada durante a quebra (degra-


NO EXERCÍCIO FÍSICO dação) por hidrólise de uma molécula de ATP é
repassada, diretamente, a outras moléculas que
A energia se manifesta de muitas formas, como a ener- necessitam de energia (McARDLE; KATCH; KA-
gia elétrica, a mecânica e a química, sendo que todas TCH, 2019). Como as reservas intramusculares da
essas formas são intercambiáveis, ou seja, elas podem molécula de ATP são limitadas e suficientes, ape-
se converter umas nas outras. Podemos constatar este nas, para alguns segundos de esforço, sua ressíntese
fenômeno durante o exercício físico, quando as fibras ocorre, continuamente.
musculares (células musculares) convertem a energia Os carboidratos (glicogênio) e as gorduras (ácidos
química, obtida dos carboidratos, gorduras ou proteí- graxos) são os principais substratos energéticos respon-
nas, em energia mecânica, empregada na realização do sáveis pela manutenção da ressíntese contínua de ATP.
movimento (POWERS; HOWLEY, 2017). Esse processo No entanto uma parte de ATP ressintetizado provém,
bioenergético de transferência de energia, da forma quí- diretamente, da retirada anaeróbica de fosfato da PCR.
mica para a mecânica, exige uma série de reações bio- A velocidade com que esta molécula fosforila o ADP
químicas e pode acontecer por três sistemas: o Sistema (fornece fosfato para o ADP se tornar ATP) excede,
ATP-PCR, o Sistema glicolítico e o Sistema aeróbico. consideravelmente, a transferência energética anaeróbi-
Antes de tratarmos dos sistemas, é importante re- ca a partir do glicogênio e aeróbica dos ácidos graxos
cordar que a energia retirada dos alimentos é utilizada (McARDLE; KATCH; KATCH, 2019)
e armazenada nas células na forma de um composto, al- Por estas características, o Sistema ATP-PCR for-
tamente energético, denominado ATP ou Trifosfato de nece energia para atividades físicas que requerem
Adenosina, e que, a degradação das moléculas de carboi- energia imediata, como os exercícios físicos de alta
dratos, gorduras e proteínas, produzem diferentes quan- intensidade e curta duração (McARDLE KATCH;
tidades de moléculas de ATP, sendo a gordura o substra- KATCH, 2018).
to mais rentável (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).
Como dito anteriormente, existem três sistemas de Sistema glicolítico
transferência, o ATP-PCR, o glicolítico e o aeróbico,
cada qual atendendo de maneira específica às necessida- Apesar da PCR fornecer, de maneira muito rápida,
des energéticas dos exercícios físicos. a energia para a fosforilação de ATP, o maior mon-
tante de energia para esse processo provém da oxi-
Sistema ATP-PCR dação (queima biológica) de carboidratos, lipídios
e proteínas oriundos da alimentação (McARDLE
O Sistema ATP-PCR constitui uma das vias anaeró- KATCH; KATCH, 2019). A Figura 10 apresenta
bicas de transferência de energia, ou seja, não neces- as proporções de contribuição de cada macronu-
sita de oxigênio para realizar este processo, carac- triente para o fornecimento de energia. Observe
terizado pela degradação da molécula de ATP, bem que, de acordo com as características do exercício
como, a sua ressíntese pela PCR, também conhecida físico, há a predominância da utilização de deter-
como Fosfocreatina. minado macronutriente.

71


100 2-5 % 2-5 % 2-5 % 5-8 %

90

80
macronutrientes (%) 35% 40%
70
Contribuição dos

60
95% 70%
50

40
60%
30
55%
20

10
3% 15%
0

Repouso Exercício Exercício de Exercício de


leve/moderado alta intensidade alta intensidade
de velocidade de endurance
(explosão) (resistência)

Glicogênio/glicose Gorduras Proteínas


Figura 10 - Contribuição dos macronutrientes para o fornecimento de energia / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2019).

Entre os macronutrientes, o único cuja energia ar- É importante destacar que, no exercício intenso, quan-
mazenada é capaz de gerar ATP de forma anaeró- do as demandas energéticas excedem o suprimento de oxi-
bica é o carboidrato. Esta característica o capacita a gênio ou sua taxa de uso, o organismo, sabiamente, passa
fornecer energia rápida, acima dos níveis fornecidos a formar o ácido lático (e, consequentemente, o lactato)
pelas reações metabólicas aeróbicas (McARDLE na tentativa de manter a produção de energia via glicóli-
KATCH; KATCH, 2019). se anaeróbica. Contudo, à medida que os níveis de lactato
A metabolização anaeróbica do carboidrato é feita muscular e sanguíneo se elevam e a regeneração de ATP
pelo Sistema glicolítico, que se caracteriza pela degra- não acompanhar sua taxa de utilização, a fadiga, rapida-
dação da molécula de glicose provinda do glicogênio mente, se estabelece e o desempenho do exercício diminui.
muscular. A glicólise (quebra da molécula de glicose) Além disso, o aumento da acidez, ocasionada pelo acúmulo
anaeróbica para a ressíntese de ATP fornece energia de lactato, contribui com a fadiga por inativar algumas das
para atividades físicas que necessitam de energia rápida, enzimas envolvidas na transferência energética e por inibir
como os exercícios físicos intensos e de curta duração o funcionamento pleno da maquinaria contrátil muscular
(McARDLE KATCH; KATCH, 2019). (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).

72
EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema aeróbico

Conforme observado, os Sistemas Anaeróbicos pro-


duzem, relativamente, poucas moléculas de ATP. Por
consequência, o metabolismo aeróbico fornece, pratica-
mente, toda a energia necessária quando uma atividade
física avança por mais de alguns minutos (McARDLE
KATCH; KATCH, 2018).
O Sistema aeróbico refere-se às reações geradoras
de energia que contam com a participação do oxigênio.
Nesse contexto, é importante destacar que a degradação
completa da molécula de glicose acontece em duas etapas,
a glicólise anaeróbica e o ciclo do ácido cítrico. Como vi-
mos anteriormente, no Sistema glicolítico, há a formação
do ácido lático, que é produto do piruvato resultante da
glicólise anaeróbica. Já na presença (adequada) de oxi-
gênio, esse piruvato é convertido em acetilcoenzima A
(acetil-CoA) que, na mitocôndria, participará do ciclo do
ácido cítrico (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).
A produção aeróbica de ATP acontece no interior da
mitocôndria e envolve a interação de duas vias metabólicas
cooperativas: o ciclo do ácido cítrico e a cadeia transpor-
tadora de elétrons. A principal função da primeira é com-
pletar a oxidação (remoção de hidrogênio) de carboidratos,
gorduras ou proteínas utilizando as coenzimas NAD+ e
FAD como transportadores de hidrogênio. Os átomos de
hidrogênio fornecem a energia em potencial presente nos
alimentos. Neste cenário, a energia desses átomos é utili-
zada na cadeia transportadora de elétrons para associar
o ADP ao íon fosfato e, assim, formar o ATP (McARDLE
KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017).
O oxigênio atua como o coletor no fim da cadeia trans-
portadora de elétrons, ligando-se ao hidrogênio e formando
água. Este papel do oxigênio, no fim da cadeia, é determi-
nante para a capacidade e manutenção da geração de ener-
gia. O processo de produção aeróbica de ATP é denomina-
do fosforilação oxidativa (POWERS; HOWLEY, 2017).

73


SISTEMAS ANAERÓBICOS

Sistemas de SISTEMA SISTEMA SISTEMA


transferência ATP-PCR GLICOLÍTICO AERÓBICO
de energia

Substratos GLICOGÊNIO
ATP PCR CARBOIDRATOS GORDURAS PROTEÍNAS
energéticos GLICOSE

GLICÓLISE
ADP+Pi ANAERÓBICA - OXIDAÇÃO DESAMINAÇÃO

Vias CICLO DO
metabólicas ÁCIDO
CÍTRICO
FAVOR IDENTIFICAR O QUE É ESSA
FIGURA PARA QUE O ILUSTRADOR
POSSA ENCONTRA-LA NA WEB
PARA REDESENHAR.

CADEIA
TRANSPORTADORA DE
ELETRONS

ATP

Exercícios com predomínio Exercícios com predomínio


do Sistema Anaeróbico do Sistema Aeróbico

Figura 11 - Diagrama dos sistemas de transferência energética, substratos energéticos, vias metabólicas e exercícios físicos / Fonte: o autor.

74
EDUCAÇÃO FÍSICA

A metabolização da gordura é feita por um processo Sinergia dos sistemas de transferência de energia
denominado de β-oxidação, que está intimamente relacio-
nado ao aporte de oxigênio. A β-oxidação acontece até que Algumas atividades físicas são, predominantemen-
toda a molécula de ácido graxo (gordura) seja degradada em te, mantidas por um único sistema de transferência de
acetil-CoA, que é destinada ao ciclo do ácido cítrico (McAR- energia. No entanto a maioria delas é sustentada por
DLE KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017). mais de um sistema de transferência de energia, depen-
Como você já sabe, o hidrogênio liberado durante esse pro- dendo de suas intensidades e durações, como é o caso
cesso é oxidado pela cadeia transportadora de elétrons. das modalidades de Ginástica de academia.
Em situações anaeróbicas, o hidrogênio permanece Os Sistemas anaeróbicos proporcionam a maior
ligado ao NAD+ e FAD, interrompendo a metabolização parte da energia para os exercícios explosivos (muito
das gorduras. Portanto, podemos dizer que existe uma rápidos) ou para aqueles de intensidade elevada e sus-
taxa limite para o uso de ácidos graxos pelo músculo (em tentada. Por outro lado, o Sistema aeróbico disponibiliza
atividade), a qual é determinada pela intensidade do exer- grande parte da energia para os exercícios de intensida-
cício físico, uma vez que a potência gerada pela degrada- de leve, moderada ou, ligeiramente, elevada (POWERS;
ção das gorduras representa, aproximadamente, metade HOWLEY, 2017). A Figura 12 apresenta as proporções
da potência produzida pelos carboidratos (McARDLE de contribuição relativa (%) desses sistemas em função
KATCH; KATCH, 2019). Nesse contexto, a β-oxidação da duração da atividade física. Veja que eles atuam, con-
fornece energia para atividades físicas que necessitam de juntamente, contribuindo em diferentes proporções ao
energia a longo prazo, como os exercícios físicos leves, longo do tempo.
moderados ou ligeiramente intensos e de longa duração.
100

80
Contribuição dos sistemas
anaeróbico e aeróbico (%)

60

40

20

0
Segundos Minutos
10 30 60 2 4 10 30 60 120

Sistema anaeróbico (%) 90 80 70 50 50 15 5 2 1

Sistema aeróbico (%) 10 20 30 50 50 85 95 98 99


Figura 12 - Contribuição dos sistemas anaeróbicos e aeróbicos em função da duração de atividade física / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2019).

75


Analisando as informações dessa figura, qual se- MONITORAMENTO E MODULAÇÃO DA IN-


ria o percentual de contribuição de cada sistema TENSIDADE NO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO
em uma aula de Ginástica de academia? Se pen-
sarmos em uma aula com intensidade moderada A intensidade de um exercício físico aeróbico pode ser es-
à vigorosa e duração de uma hora, podemos dizer timada pela produção aeróbica de ATP, mensurada pelo
que o sistema anaeróbico contribui com, aproxi- consumo de oxigênio, comumente chamado de VO2. O
madamente, 2% enquanto o aeróbico com 98% da VO2 constitui uma medida referência por estar relacionado
energia. No início da aula, temos o predomínio diretamente com a intensidade do esforço (McARDLE; KA-
dos Sistemas anaeróbicos, devido à necessidade TCH; KATCH, 2018). Assim, conforme o esforço aumenta,
imediata de energia e, em poucos minutos, há uma o consumo de oxigênio se eleva, até que não seja mais possí-
inversão onde o Sistema aeróbico passa a contri- vel produzir ATP pelo Sistema aeróbico. Neste momento, é
buir cada vez mais. identificado o consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
Esta discussão sobre os sistemas de transferên- O fato de esse VO2máx e da frequência cardíaca máxima
cia de energia torna claro o enquadramento das (FCmáx) se correlacionarem positivamente, permite que a
modalidades de Ginástica de academia como “exer- frequência cardíaca também seja utilizada como ferramen-
cícios aeróbicos”, não é mesmo? Além disso, nossa ta de medida da intensidade do exercício físico aeróbico.
leitura, até este ponto, permite-nos dizer que a in- Esta correlação acontece independentemente de sexo, raça,
tensidade é determinante do Sistema a ser utilizado nível de aptidão física, idade ou, até mesmo, modalidade da
e, consequentemente, do substrato energético e da atividade (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
duração do esforço. Classificando a intensidade em: muito leve, leve,
moderada, vigorosa e próxima da máxima ou máxima, a
Figura 13 apresenta os valores de consumo de oxigênio
e frequência cardíaca, correspondentes a cada categoria.

Intensidade % do VO2máx % da FC máx

Muito leve Inferior a 37 Inferior a 57

Leve 37 a 45 57 a 63

Moderada 46 a 63 64 a 76

Vigorosa 64 a 90 77 a 95

Próxima da máxima Maior ou igual a 96


ou máxima Maior ou igual a 91
Figura 13 - Classificação da intensidade do exercício físico aeróbico de acordo com o percentual do consumo de oxigênio e a frequência cardíaca
Fonte: adaptada de Garber et al. (2011).

76
EDUCAÇÃO FÍSICA

Observe que os valores estão retratados como porcenta- Analisando estes fatores, vemos que a intensidade cor-
gem, pois são determinados tendo como base o valor do responde àquele que o professor pode exercer maior influên-
VO2máx e da FCmáx. Por exemplo, para um exercício ser cia, visto que a Frequência depende da assiduidade e do com-
classificado como moderado, durante a sua realização, prometimento do aluno; a Duração (em média 60 minutos),
ele deve provocar um consumo de oxigênio entre 46 e 63 geralmente, é determinada pela organização dos horários da
por cento (%) do valor do VO2máx de quem o está prati- academia; e o Tipo de exercício corresponde à própria moda-
cando; ou, então, exigir que o praticante mantenha uma lidade da aula (Step, Ciclismo indoor, entre outros).
frequência cardíaca entre 64 e 76 por cento (%) do valor Com estes apontamentos, você deve estar se pergun-
da FCmáx, na maior parte do tempo. tando: “Como posso controlar a intensidade?” e “Qual seria
Controlar a intensidade é primordial para que sejam o esforço ideal a ser exigido dos alunos?”. Antes de conver-
alcançados os objetivos de uma sessão de treino, em nosso sarmos sobre estes questionamentos, é fundamental ter em
caso, de uma aula de Ginástica de academia. A dose-respos- mente que o grau de intensidade é relativo, ou seja, para in-
ta do exercício físico depende de fatores, como a frequên- divíduos diferentes pode haver múltiplas percepções para
cia, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício (POWERS; um mesmo estímulo. Esta variedade pode acontecer devi-
HOWLEY, 2017) . Podemos caracterizá-los como: do a fatores como idade, sexo e nível de aptidão física.

Frequência:
corresponde ao número Tempo:
de vezes com que o refere-se, justamente,
exercício é realizado. à duração do exercício.
Normalmente ela é Normalmente, é
expressa em dias por enunciado em
semana. minutos.

Intensidade:
Tipo de exercício:
indica o quanto o exercício é
é o modo ou o tipo de
intenso. A intensidade pode ser
atividade realizada. Este,
descrita em termos de
simplesmente, indica se o
percentual do VO2máx ou da
exercício é do tipo de
FCmáx, de percepção subjetiva
resistência cardiovascular ou
do esforço e do limiar do lactato
força, e como é realizado (por
(devido ao foco de nossos
exemplo, ciclismo de rua
estudos, não abordamos).
ou ciclismo indoor)

77


Monitoramento da intensidade da aula REFLITA

Existem diferentes ferramentas para o monitoramento da A relação com as medidas de sobrecarga fisio-
intensidade do exercício físico, mas devido às suas pratici- lógica, a simplicidade e o baixo custo tornam
dade e acessibilidade, abordaremos duas delas: a escala de a escala de percepção de esforço uma ótima
ferramenta de monitoramento das aulas de
percepção de esforço e o monitor de frequência cardíaca. Ginástica de academia. Que tal disponibilizá-la
em suas aulas?
Escala de percepção de esforço

A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida ter grande precisão cujo esforço percebido coincide com
psicofisiológica, amplamente conhecida e muito utiliza- as medidas objetivas da sobrecarga fisiológica, como os
da no campo científico, clínico e esportivo (KENNEY; percentuais do VO2máx e da FCmáx (McARDLE; KATCH;
WILMORE; COSTILL, 2013; ESTON, 2012). Com esta KATCH, 2018; KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
ferramenta, os indivíduos relatam, em uma escala numé- Uma EPE muito utilizada é a de Gunnar Borg (1982),
rica, a sensação percebida em relação ao nível de esforço. mais conhecida como Escala de Borg. Esta escala possui
Quando a EPE é utilizada corretamente, ela demonstra uma pontuação que varia de 6 a 20, categorizada, dida-
ticamente, como: Extremamente
Escala de percepção Classificação da leve, Muito leve, Razoavelmente
% do VO % da FC
de esforço 2máx máx
intensidade leve, Um pouco difícil, Difícil, Mui-
to difícil e Extremamente difícil. A
6
Figura 14 ilustra a Escala de Borg
7 Extremamente leve
e as estimativas correspondentes
8
da intensidade. Veja que, quanto
9 maior o esforço percebido, maior
Muito leve
10 será o número relatado pelo indi-
Leve
11 Razoavelmente leve 31 a 50 52 a 66 víduo.
12 Essa é uma ferramenta simples
Moderada
13 Um pouco difícil 51 a 75 61 a 85 e de custo irrisório, que permite
14 ao professor monitorar e modu-
Vigorosa
15 Difícil 76 a 85 86 a 91 lar o esforço de muitas pessoas, ao
16 mesmo tempo. Além disso, gera no
17 Muito difícil 85 92 aluno um entendimento melhor
18 Próxima da (consciência) sobre a intensidade
máxima ou correta do exercício. A dificuldade
19 Extremamente dfícil máxima
que pode ser encontrada está nos
20
primeiros contatos do aluno com a
Figura 14 - Escala de Borg e as estimativas correspondentes da intensidade / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2018).
escala sobre como classificar o es-

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

forço que se está realizando.

Monitor de frequência cardíaca

A frequência cardíaca é a medida fisiológica mais usada


pelos pesquisadores, treinadores e atletas para o moni-
toramento da intensidade do exercício físico, por se cor-
relacionar positivamente, com o consumo de oxigênio e
permitir um controle rigoroso do treinamento (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013; FOSS; KETEYIAN 2000).
Ela pode ser medida por meio do monitor de frequên-
cia cardíaca, usualmente, chamado de “frequencímetro”.
A leitura dos batimentos cardíacos é feita por um sensor,
que pode estar numa cinta, colocado na altura do peito
ou acoplado no próprio monitor, que capta e traduz as in-
formações do sensor, pode ser um relógio de pulso (mais
comum) ou, até mesmo, um smartphone, smartwatch ou
tablet.

Figura 15 - Monitor de frequência cardíaca com sensor de cinta Figura 16 - Monitor de frequência cardíaca em smartwatch

Uma prescrição adequada da intensidade deve estabe- A reserva da frequência cardíaca corresponde à diferença
lecer uma zona de frequência cardíaca de treinamento, entre a frequência cardíaca de repouso (FCrepo) e a FCmáx,
com um limite inferior (mínimo) e superior (máximo) expressando a amplitude de trabalho cardíaco em esforço.
que precisam ser respeitados durante o exercício físico A FCrepo equivale à frequência normal do coração, medida
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). Para se deter- com o corpo estático e relaxado. Já a FCmáx corresponde ao
minar esses limites, podemos utilizar o Método da re- valor mais alto da frequência cardíaca que um indivíduo
serva da frequência cardíaca ou Método Karvonen, em pode atingir, num esforço máximo até o ponto de exaus-
homenagem ao fisiologista Martti J. Karvonen (FOSS; tão. Ela pode ser estimada, por meio da fórmula (inde-
KETEYIAN, 2000). pendentemente de raça e sexo):

79


FCmáx = 220 – Idade (anos) FCTinferior = FCrepo + % do limite inferior x (FCmáx


- FCrepo)
O cálculo dos limites inferior e superior da zona de fre- FCTinferior = 65 + 0,50 x (195 - 65)
quência cardíaca de treinamento (FCT) é feito por meio FCTinferior = 65 + 65
da seguinte fórmula: FCTinferior = 130 bpm

FCT = FCrepo + % do limite inferior ou superior x Calculando o limite superior:


(FCmáx - FCrepo)
FCTsuperior = FCrepo + % do limite superior x (FCmáx -
Para facilitar a visualização do uso dessas fórmulas, ve- FCrepo)
jamos um exemplo. Imagine que, em uma aula de Ci- FCTsuperior = 65 + 0,85 x (195 - 65)
clismo indoor, um aluno, que possui um monitor de FCTsuperior = 65 + 110,5
frequência cardíaca, pergunte: “Professor, qual deve ser a FCTsuperior = 176 bpm
minha frequência cardíaca durante a aula?” Para respon-
der, adequadamente, o professor seguiu algumas etapas. Concluindo seu raciocínio, o professor orientou seu
Primeiramente, ele verificou a FCrepo pelo monitor aluno para que, ao longo da aula, mantivesse uma fre-
de frequência cardíaca que, após alguns minutos de re- quência mínima de 130 bpm; que nos momentos mais
pouso do aluno, informou 65 batimentos por minuto fortes elevasse a frequência para próximo a 176 bpm; e
(bpm). Em seguida, sabendo que a idade de seu aluno que procurasse dosar o esforço para permanecer nesta
era 25 anos, ele estimou FCmáx da seguinte maneira: zona de treino.

FCmáx = 220 – Idade (anos) Modulação da intensidade da aula


FCmáx = 220 – 25
FCmáx = 195 bpm Sabemos que a Ginástica de academia consolidou-se no
ideal da promoção da saúde e no aprimoramento da apti-
Antes de determinar a zona de FCT, o professor estipulou dão física dos indivíduos. Atualmente, isso não é diferente.
os percentuais inferior e superior em 50% e 85%, respecti- Benefícios na composição corporal e na aptidão
vamente. Aqui, é importante destacar que esses percentuais cardiorrespiratória são observados em exercícios com
(50% e 85%) são, frequentemente, utilizados na prescrição intensidade entre 60% e 90% da frequência cardíaca
do exercício físico (FOSS; KETEYIAN, 2000), modulando máxima (FOSS; KETEYIAN, 2000), ou seja, com uma
a intensidade entre leve e vigorosa. Contudo estes valores intensidade variando entre moderada e vigorosa (GAR-
podem ser alterados, conforme a necessidade de cada indi- BER et al., 2011). Dessa forma, é importante que as
víduo. Com essas as informações em mãos, ele determinou modalidades de Ginástica de academia proporcionem
os limites inferior e superior de frequência cardíaca de trei- esforços nessa faixa, para que os alunos sejam contem-
namento, conforme os cálculos que se seguem. plados com os benefícios da sua prática.
Calculando o limite inferior:

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

A modulação da intensidade da aula acontece, es-


MENOR
sencialmente, por meio dos movimentos e da maneira INTENSIDADE
como são executados. Movimentos complexos, que exi-
gem a coordenação de diferentes segmentos corporais, Movimentos de
num mesmo momento, requerem um esforço maior. Ao menor complexidade

passo que, movimentos simples, demandam um vigor


menor. O modo como eles são executados também in- Menor complexidade

fluencia, pois movimentos realizados em velocidade ele-


vada ou com maior amplitude demandam mais energia. Menor amplitude

Além disso, métodos de influência verbal (GOMES,


2009), como o Comando, também podem exercer influ- Envolvimento de poucos
seguimentos corporais
ência sobre a intensidade do exercício. Vozes de coman-
do, como: “aumenta a força”, “acelera”, “respira fundo” e Velocidade moderada
“mantenha o ritmo”, ajustam o esforço do aluno.
Envolvimento de muitos
RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO seguimentos corporais

Qualquer exercício físico produz uma perturbação agu- Maior amplitude


da na homeostase do indivíduo em repouso. As exigên-
cias metabólicas e desequilíbrios fisiológicos gerados Maior velocidade

são reajustados por processos que acontecem durante a


recuperação (FOSS; KETEYIAN, 2000). Movimentos de maior
complexidade
No período da recuperação, o consumo de oxigê-
nio permanece elevado por um intervalo de tempo, que
MAIOR
pode variar de acordo com o esforço realizado. Esse
INTENSIDADE
consumo adicional de oxigênio, acima da quantidade
normal do repouso, é denominado consumo excessivo
Figura 17 - Modulação da intensidade da aula de Ginástica de academia.
de oxigênio, após o exercício ou EPOC (do inglês excess Fonte: o autor.
post-exercise oxygen consumption).
Basicamente, o EPOC consiste em um componente pela oxidação para gás carbônico e água. Assim, fornece
rápido e um componente lento. De acordo com a teo- a energia necessária para restaurar as reservas de glico-
ria clássica, o componente rápido representa o oxigênio gênio (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
necessário para a ressíntese do ATP e da fosfocreatina Conforme essa teoria, os componentes rápido e
utilizados no início do exercício. Já o componente len- lento são considerados reflexos da atividade anaeróbi-
to é o resultado da remoção do lactato acumulado dos ca que ocorre durante o exercício. Contudo, sabemos
tecidos tanto pela sua conversão em glicogênio como que o EPOC depende de muitos outros fatores, liga-

81


Exercício leve
dos à homeostase fisiológica, como: o reequilíbrio dos Componente rápido
íons, a restauração da frequência cardíaca e da tempe-

Consumo de oxigênio (VO2)


ratura corporal, o efeito de vários hormônios (cortisol, VO2 máx
insulina, norepinefrina), a ressíntese de hemoglobina e
VO2 Steady-state
mioglobina, e a atividade do sistema nervoso simpático Déficit
de O2
(FOUREAUX; PINTO; DAMASO, 2006).
A Figura 18 ilustra o efeito das diferentes intensidades EPOC
do exercício físico no EPOC. Essa figura apresenta dois ter- VO2 repouso

mos não mencionados anteriormente, o déficit de oxigênio Exercício Repouso


Tempo
e o Steady-state. Resumidamente, o déficit de oxigênio se
Exercício moderado a vigoroso
refere ao atraso no consumo de oxigênio no início do exer- Componente rápido
cício; e o Steady-state (em português, estado estável), reflete Componente lento

Consumo de oxigênio (VO2)


um equilíbrio entre a energia necessária para manter a ati- VO2 máx
VO2 Steady-state
vidade muscular e a produção de ATP pelo metabolismo Déficit
de O2
aeróbico (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
O exercício leve produz um pequeno déficit de oxi-
gênio, pois o esforço exigido permite, rapidamente, al- EPOC
cançar um consumo de oxigênio em Steady-state. Neste VO2 repouso
Exercício Repouso
caso, o EPOC aproxima-se, coincidentemente, com o Tempo
tamanho do déficit de oxigênio, do início do exercício. A Exercício exaustivo
Componente rápido
recuperação é rápida e se processa em poucos minutos.
Déficit Componente lento
Consumo de oxigênio (VO2)

O exercício moderado a vigoroso demanda um de O2


VO2 máx
tempo maior para que o consumo de oxigênio alcance
o Steady-state. Assim, cria um déficit de oxigênio maior
comparado ao do esforço menos intenso. Consequente-
mente, o tempo para o consumo de oxigênio da recu-
peração retornar ao nível anterior à atividade também EPOC
EPOC
VO2 repouso
será maior. Observe que a curva do EPOC declina, ra- Exercício Repouso
pidamente, no início, semelhante à recuperação após o Tempo
Figura 18 - Efeito das diferentes intensidades do exercício físico no EPOC
exercício leve, e, em seguida, o declínio é mais gradual, Fonte: o autor.
até alcançar os níveis basais de repouso.
No exercício físico exaustivo (próximo da intensi- necer. Nesse cenário, a transferência de energia por vias
dade máxima ou máxima), o consumo de oxigênio em anaeróbicas prevalece, o que ocasiona o acúmulo de lac-
Steady-state não é atingido, pois o esforço gerado requer tato no sangue e resulta em um significativo período de
mais energia do que o metabolismo aeróbico pode for- tempo para que a recuperação completa seja alcançada.

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Intervalo de recuperação entre sessões de exercício


rio para uma recuperação adequada após exercícios
Com base na discussão anterior, sobre o EPOC, é moderados a exaustivos.
preciso fazer algumas considerações a respeito dos A Figura 19 apresenta os tempos de recuperação
substratos energéticos e do tempo relativo necessá- após exercícios moderados a exaustivos.

Tempo de Descanso
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
mínimo máximo

Restauração das reservas musculares


2 minutos 6 minutos
de ATP e fosfocreatina

Exercício contínuo 10 horas 46 horas


Restauração do glicogênio muscular
Exercício intermitente 5 horas 24 horas

Restauração do glicogênio hepático 12-24 horas

Redução do ácido lático no sangue


e nos músculos 1 hora

Figura 19 - Tempos de recuperação após exercícios moderados a exaustivos / Fonte: adaptada de Foss e Keteyian (2000).

Durante os primeiros três a cinco minutos do período da nervoso, cardiorrespiratório, endócrino e estrutural dos
recuperação, parte das reservas de ATP e fosfocreatina músculos. Desta forma, negligenciar o tempo necessário
depletadas, durante o exercício, é restaurada. Já a restau- para o restabelecimento da condição física antes de um
ração do glicogênio muscular e hepático pode levar dias, novo estímulo é imprudente, pois reduz o desempenho
sendo que, durante esse período é necessária uma inges- e aumenta o risco de lesões (SILVA et al., 2013).
tão adequada de carboidratos. Um fator que influencia Um pensamento em comum aos alunos de acade-
a velocidade de restauração do glicogênio é o tipo de mia é “quanto mais, melhor”. Assim sendo, observamos
exercício físico. Para exercícios contínuos, com duração que muitos destes participam de duas ou mais aulas
de 60 minutos, a reparação é de 60% em 10 horas, sendo (intensas) de Ginástica de academia, uma seguida da
completada, plenamente, em 46 horas. Em exercícios in- outra, acreditando que seus objetivos serão alcançados
termitentes, de curta duração (poucos minutos), a repa- mais rapidamente. Contudo, será que isso é verdade?
ração é de 53% em 5 horas, sendo completada, totalmen- A partir de todo o conteúdo discutido, qual a sua opi-
te, em 24 horas (FOSS; KETEYIAN, 2000). nião? É importante destacar que, frequentemente, o
Além de restaurar os depósitos de substratos energé- professor ministra mais de uma modalidade e pode se
ticos, o organismo busca, após o exercício físico, eliminar sujeitar a essa mesma situação também.
os resíduos do metabolismo e restabelecer os sistemas

83


Elementos Musicais
na Ginástica de Academia
Um dos aspectos mais marcantes das modalidades de A música, por meio de suas informações temporais,
Ginástica de academia é a musicalidade. A música pas- constitui uma importante ferramenta para a condu-
sou a ser utilizada, mais enfaticamente, com a Ginásti- ção dos movimentos, incitar a motivação e modular a
ca aeróbica, nos anos 80, quando as coreografias eram intensidade da aula. Sendo assim, é fundamental ter o
estruturadas e elaboradas, de modo que houvesse um conhecimento dos seus elementos básicos para uma boa
entrosamento entre ela e os exercícios. harmonia entre a música e o exercício.

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA ESTRUTURA MUSICAL E A ATIVIDADE RÍTMICA

A música pode ser descrita como a sucessão de sons e si- A partir deste ponto, nossa discussão não será pau-
lêncio, cuidadosamente, arranjados durante um tempo tada na música especificamente, mas sim, em alguns
determinado. O ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre elementos pertencentes a ela, que são essenciais para o
constituem alguns dos seus elementos, capazes de sen- desenvolvimento das atividades rítmicas, como as mo-
sibilizar todo o organismo humano tanto de maneira dalidades de Ginástica de academia. Entre estes elemen-
psicológica quanto física, fazendo com que o receptor tos, serão abordados a métrica, o pulso, o andamento, o
da música responda de maneira afetiva e corporalmente compasso e a frase musical.
(FERREIRA, 2005).
Apesar de estar presente na música, o ritmo pode A Métrica
ser considerado um elemento pré-musical, pois pode
existir na ausência dela. Por exemplo, a circulação, A métrica é entendida como medida, pois, por meio
a respiração, a digestão, as operações mentais e os dela, é feita a contagem musical. Como ela divide o tem-
movimentos são marcados por um ritmo próprio e po musical em partes iguais, no contexto das atividades
natural. A melodia compreende a organização de di- rítmicas, é utilizada para medir o tempo entre a repeti-
ferentes notas musicais de modo a produzir uma se- ção de um movimento e outro. Essa medida do tempo é
quência agradável entre os sons e o silêncio. É ela que feita, por meio do pulso.
proporciona um sentido musical para quem está es-
cutando. A harmonia é responsável pela ligação entre O Pulso
a melodia e o ritmo, é a combinação de dois ou mais
sons (nota musicais), tocados, simultaneamente, que Basicamente, o pulso corresponde à marcação ou à ba-
resultam nos acordes. O timbre proporciona a distin- tida da música. Nas aulas de Ginástica de academia, os
ção dos sons. É ele que permite diferenciar o grave do movimentos são direcionados pela batida da música.
agudo e identificar a fonte emissora. É por meio do pulso que outros elementos da música,
Além desses, de igual importância, são os elementos como andamento e compasso, são identificados.
de duração e intensidade. A duração do som equivale ao
período em que ela se estende, que pode ser curto ou O Andamento
longo. A relação dela com o exercício físico é harmônica
quando o movimento e som tem a mesma duração. Já O andamento é a velocidade da música. Ele surge do es-
a intensidade relaciona-se com a energia desprendida paço de tempo entre os pulsos, e sua medida é feita em
na produção do som, que pode gerá-los com um caráter batimentos por minuto ou BPM. O aparelho destinado
forte ou fraco (JEANDOT, 1993). Reconhecer a inten- à medida do andamento é o metrônomo. Atualmente,
sidade dos sons é importante para a identificação dos além do modelo mecânico, existem metrônomos digi-
compassos uma vez que estes são detectados pelos tem- tais e no formato de aplicativos, que podem ser instala-
pos fortes e fracos da música. dos em computadores e celulares.

85


Batimento por
Classificação Características
minuto (BPM)

Muito lento
Lento 40 a 60
Pausado
Vagaroso
Brevemente pausado
De um modo calmo, 61 a 76
sem pressa

De um modo fluen-
te, como quem 77 a 108
caminha
Moderado
Moderado
108 a 120
Um pouco rápido

Rápido
121 a 168
Vivo
Rápido
Muito rápido
168 a 208
O mais rápido possível

Quadro 1 - Classificação do andamento / Fonte: adaptado de Artaxo e Mon-


teiro (2003).

Figura 20 - Metrônomo mecânico


Normalmente, as aulas de Ginástica de academia são
elaboradas com músicas que variam de 100 a 160 BPM.
Por meio do metrônomo, o andamento pode ser classi- Modalidades como a ginástica localizada tendem a ser
ficado como vagaroso, moderado e rápido (ARTAXO; estruturadas com músicas de BPM inferiores a de mo-
MONTEIRO, 2003). Observando o Quadro 1, verifi- dalidades, como o Step ou o Jump. O BPM das músicas
camos que um andamento vagaroso/lento é aquele que também pode variar na mesma aula. Por exemplo, a co-
apresenta os BPM entre 40 e 76; um andamento mode- reografia do aquecimento é feita com músicas de BPM
rado está entre 77 e 120 BPM; e um andamento rápido menor às da parte principal da aula, que, habitualmente,
apresenta entre 121 a 208 BPM. exige um BPM maior, para que se alcance uma intensi-
dade de treino elevada.

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Compasso é muito importante na Ginástica de academia, pois,


geralmente, a execução dos movimentos se inicia, si-
A batida da música, que se repete de modo regular, di- multaneamente, com o começo das frases, o que tam-
vidindo-a em partes iguais e sequências de 2, 3, 4 ou bém ocorre em relação ao seu término.
mais tempos é entendida como compasso (ARTAXO; As frases musicais são agrupadas em períodos, os
MONTEIRO, 2003). Quando a divisão é de 2 tempos, quais costumam ser formados por 8 compassos, conta-
denomina-se compasso binário; de 3 tempos, compasso bilizando 4 frases e 32 tempos, se o compasso for qua-
ternário; e de 4 tempos, de compasso quaternário. Essa ternário. Identificar as frases e os períodos musicais é
divisão, como dito anteriormente, é identificada pelas essencial para a elaboração da coreografia. Desse modo,
características forte e fraco do som. antes de montar uma sequência coreográfica, é indicado
Geralmente as músicas utilizadas nas aulas de Gi- o estudo da música para conhecer, por exemplo, a quan-
nástica de academia são construídas com compassos tidade de frases que compõem a introdução ou o refrão.
quaternários. A Figura 21 ilustra, didaticamente, uma
sequência de compassos quaternários. Veja que pode- Da teoria para a prática
mos contar as batidas no bumbo de quatro em quatro, a
partir do pulso forte. Como você observou, dominar os elementos estrutu-
rantes da música é essencial para o processo de elabo-
ração da aula de Ginástica de academia. Assim sendo,
que tal praticar um pouco essa sincronia entre música e
FORTE FRACO MODERADO FRACO FORTE FRACO MODERADO FRACO movimento?
Figura 21 - Compassos binários / Fonte: o autor. Primeiramente, acesse o Qr-code e baixe a música,
procurando identificar o pulso forte e o andamento.
De maneira proposital, essa figura foi elaborada com Essa é uma música em compasso quaternário. Repare
dois compassos quaternários, que resultam numa conta- que, a cada frase musical, há a adição de um instrumen-
gem de oito tempos (pulsos/batidas). Esses oito tempos, to musical ou efeito diferente (por exemplo as palmas).
frequentemente, indicam as frases musicais.
Acesse a música Yellow Rose of Berkeley
A frase musical

Não existe regra em relação ao tamanho da frase mu-


sical, mas, habitualmente, ela é construída em oito
tempos. O importante é saber que, assim como na fala
ou na escrita, ela é composta por início, meio e fim.
Sendo que, mudanças significativas, no instrumental,
vocal, refrão, entre outros, são identificadas no início
e fim da frase musical. Reconhecer as frases musicais

87


Agora que você está familiarizado(a) com a música, pratique os seguintes movimentos.

Figura 22 - Explicação do movimento Step touch / Fonte: o autor.

Step touch

O step touch é um movimento realizado lateralmente. Na sua preparação o peso corpo-


ral esta apoiado sobre uma das pernas. O movimento é iniciado com um passo lateral
da perna contrária a de apoio. Rapidamente, o peso corporal é transferido para a perna
que se deslocou. Em seguida, a outra perna é trazida junto da primeira. Este movimento
todo é repetido para retornar à posição inicial.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 - Explicação do movimento Elevação de pernas para trás / Fonte: o autor.

Elevação de pernas para trás

A elevação de pernas para trás é um movimento realizado lateralmente. Assim como no step
touch, na sua preparação o peso corporal está apoiado sobre a uma das perna. O movimento
é iniciado com um passo lateral da perna contrária à de apoio. Rapidamente, o peso corporal
é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, o joelho da outra perna é flexionado
elevando o pé para trás. Este movimento continua alternando a perna de apoio e a fletida.

Elevação de pernas para trás dupla

A elevação de pernas para trás dupla é uma variação, onde, a mesma perna flexiona e
estende o joelho duas vezes seguidas, antes da troca para o apoio.

89


Treinados os movimentos, vamos executá-los no compas- ro de batidas, aqui, simbolizadas como “2x8” que são 16
so da música. Para isso, utilizaremos a nota coreográfica tempos. Essa representação “2x8” é utilizada, pois facilita
apresentada no Quadro 2. Observe que esta é dividida em a identificação do número de frases musicais, assim sen-
duas grandes colunas, uma com as características da mú- do, neste caso são duas frases de oito tempos. Já a coluna
sica e outra com as do exercício físico. A coluna referente referente ao exercício físico é subdividida em: Movimen-
à música é subdividida em: Mapeamento, que identifica to, que identifica o exercício a ser realizado naquele mo-
as partes que compõe a música (introdução, verso, refrão mento da música; Tempo, que corresponde à duração do
e pausa); Instrumento/efeito, que apresenta, justamente, movimento, do seu início ao fim, em número de batidas;
o instrumento ou o efeito que marca o início da parte ou e Repetição, que apresenta o número de vezes que o res-
da frase musical; e Contagem, que corresponde ao núme- pectivo movimento será realizado.

Música Exercício Físico

Instrumento/
Mapeamento Contagem Movimento Tempo Repetição
efeito

Introdução Baixo e caixa 2x8 Preparação para o step touch 16t

Teclado 2x8 Step touch 4t 4x

Verso 1 Órgão 1 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x

Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x

Baixo e órgão 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Verso 2 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x


Órgão 2 3x8
Elevação de pernas para trás 4t 2x

Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x

Baixo e caixa 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x


Verso 3
Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x

Redução do
Encerramento 2x8 Step touch 4t 2x
volume

Quadro 2 - Notas coreográficas / Fonte: o autor.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

E então, como foi seu desempenho na prática? A sin- vio da atenção de sensações, como o cansaço. Essa in-
cronia fluída entre música e movimento é adquirida fluência pode acontecer, por meio de estímulos externos
ao longo do tempo, assim, não se preocupe caso tenha e internos (SOUZA; SILVA, 2010). O estímulo externo
tido dificuldade. O importante é perceber o ajuste en- é causado, principalmente, pelo ritmo musical gerado
tre os elementos musicais e os exercícios, bem como, a do andamento, que interliga os movimentos corporais
sinergia entre a melodia da música e a característica do às batidas da música. O estímulo interno é ocasionado
movimento. Nesse sentido, perceba que, nos momentos por sensações motivadoras, relacionadas a lembranças
de pausa da música, onde ela incita “tranquilidade”, foi ou imagens, evocadas pela música.
executado o step touch, que é um movimento que não As aulas de Ginástica de academia, estrategica-
exige um grande esforço. mente, são preparadas com músicas que possuem
compassos bem marcados e que fazem ou fizeram
MÚSICA E MOTIVAÇÃO sucesso em algum momento. Isso é feito, justamente,
com o intuito de provocar, simultaneamente, ambos
A música é capaz de dialogar com os sentimentos, desper- estímulos citados, anteriormente.
tar desejos, evocar lembranças e sensações e, ainda, estimu- Uma música com compassos bem marcados auxilia
lar ações. Estas atribuições a tornam um fator motivador sua sincronização com os movimentos e permite que os
poderoso, com o potencial de gerar melhora no desempe- alunos acompanhem, com mais facilidade, as coreogra-
nho dos praticantes de exercícios físicos, independente- fias da aula. Além disso, quando a música faz ou já fez
mente, do objetivo da prática (NAKAMURA; DEUTSCH; sucesso, em algum momento, pressupõe-se que ela seja
KOKUBUN, et al., 2008; MORI; DEUTSCH, 2005). conhecida dos alunos e tenha a capacidade de despertar
Nesse sentido, é fundamental que a seleção musical lembranças motivadoras neles.
contribua para a motivação no exercício bem como para
o prazer de estar no ambiente de sua prática (TEEL et
al.,1999). A influência musical propicia melhor resposta
do indivíduo ao exercício, à medida que favorece o des-

91


92
considerações finais

Prezado(a) aluno(a), concluímos, aqui, a sua imersão ao universo da Ginástica de


academia. Realizando um breve resgate dos conteúdos, iniciamos essa unidade contex-
tualizando, historicamente, a ginástica, o que nos possibilitou entender a sua inserção
nas academias, como exercício físico destinado ao aprimoramento dos componentes
da aptidão física.
Nesse contexto, vimos que os movimentos europeus, do século XIX, pautados nos
conhecimentos anatomofisiológicos, foram responsáveis pela sistematização e pro-
pagação da prática da ginástica. Uma das heranças desse período, os movimentos
calistênicos foram utilizados nas primeiras aulas de Ginástica de condicionamento,
coreografadas por Jackie Sorensen. Podemos dizer que ela foi uma pioneira do formato
atual da Ginástica de academia.
Em seguida, discutimos a fisiologia no contexto da Ginástica de academia, procurando
destacar as respostas do corpo humano diante dos estímulos oferecidos pela prática de
exercícios físicos. Nesse contexto, vimos que as vias energéticas anaeróbicas e aeróbica
contribuem em proporções diferentes de acordo com a intensidade do exercício. Além
disso, ressaltamos a importância do controle e modulação desta, para que os objetivos
propostos para a aula sejam atingidos. Para tanto, foram sugeridos o uso da escala de
percepção de esforço e o do monitor de frequência cardíaca. Realizamos, também,
alguns apontamos sobre o processo de recuperação após o exercício físico, como ele
acontece e a importância de respeitá-lo antes de uma nova sessão.
Para finalizar o conteúdo, falamos sobre a musicalidade nas modalidades de Gi-
nástica de academia. Vimos a importância dos elementos musicais, andamento e
compasso, para a condução dos movimentos e a modulação da intensidade. Além
disso, discutimos o efeito motivador da música e de que forma ela exerce esta in-
fluência sobre os indivíduos.
Com essas considerações, encerramos nossa segunda unidade. Até a próxima!

93
atividades de estudo

1. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico re-


alizado pelo ser humano, podemos dizer que a origem da Ginástica de aca-
demia é tão antiga quanto o homem. Com base nos estudos da história da
ginástica, assinale a alternativa correta.
a. As propostas de ginástica das escolas Alemã, Sueca e Francesa eram funda-
mentadas no conhecimento da anatomia e da fisiologia para promover seus
exercícios físicos.
b. Podemos dizer que a Ginástica de academia teve início nos anos 90, sendo o
Step, o Fitball, o Spinning e a Hidroginástica as primeiras modalidades.
c. Atualmente, a ginástica é organizada em quatro campos, e a Ginástica de aca-
demia se enquadra no campo da Ginástica de condicionamento.
d. O incremento gradual de esforço, observado na Calistenia, acontecia de acor-
do com o grupo de exercício, sendo o Grupo 8 de maior intensidade.
e. No Brasil, juntamente com o movimento mundial, a Ginástica de academia
surgiu nos anos 90.

2. O controle e a modulação da intensidade é primordial para que sejam alcan-


çados os objetivos de uma aula de Ginástica de academia. Nesse contexto,
analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para Verdadeira e “F” para Falsa:
 ( ) A modulação da intensidade numa aula de Ginástica de academia aconte-
ce, essencialmente, pela maneira como são executados os movimentos.
 ( ) A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida fisiológica ampla-
mente conhecida e pode ser utilizada nas aulas de Ginástica de academia.
 ( ) O consumo máximo de oxigênio constitui medida referência por estar re-
lacionado, diretamente, com a frequência cardíaca máxima.
 ( ) A intensidade pode ser descrita em termos de percentual do consumo
máximo de oxigênio ou da frequência cardíaca máxima.
a. V, V, V e F.
b. F, V, F e F.
c. V, F, F e V.
d. F, F, V e V.
e. V, F, V e F.

94
atividades de estudo

3. O sucesso no desempenho e a performance, nas mais variadas atividades físi-


cas aeróbicas, depende, principalmente, de uma prescrição adequada da inten-
sidade do exercício físico. Com base nesta afirmação, calcule os limites inferior e
superior, da zona de frequência cardíaca de treinamento (FCT), de um indivíduo
de 30 anos de idade, que apresenta uma frequência cardíaca de repouso de 60
batimentos por minuto. Considere os seguintes limites, 50% e 80%.
4. Alguns elementos pertencentes à música são essenciais para o desenvolvi-
mento das atividades rítmicas, como as modalidades de Ginástica de acade-
mia. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes:
I. Normalmente as músicas utilizadas nas aulas de Ginástica de academia são
construídas com compassos binários.
II. O andamento surge do espaço de tempo entre as batidas da música e é me-
dido em batimentos por minuto.
III. A métrica pode ser utilizada para medir o tempo entre a repetição de um mo-
vimento e outro.
IV. O pulso musical corresponde à marcação ou batida da música.

Assinale a alternativa correta.


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Reconhecer as frases musicais é muito importante na Ginástica de academia,


porque a execução dos movimentos é alinhada às frases. Nesse sentido, ex-
plique como é composto um período musical, em um compasso quaternário.

95
LEITURA
COMPLEMENTAR

O consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) também pode ser lido como
consumo excessivo de energia após o exercício (EPEE do inglês excess post-exercise energy
expenditure), devido ao fato da análise do consumo de oxigênio possibilitar a estimativa
do gasto energético, pelas trocas gasosas.
Nesse contexto, o estudo de Matsuo e colaboradores procurou comparar o EPEE, induzi-
dos por três protocolos diferentes de exercício realizados em cicloergômetro.
O primeiro protocolo foi de treinamento intervalado de velocidade (sprint interval training
- SIT), composto por 7 séries de 30 segundos de ciclismo, numa intensidade de 120% do
VO2máx e um descanso de 15 segundos entre cada série. O segundo foi de treinamento
aeróbico intervalado de alta intensidade (high intensity aerobic training - HIAT), composto
por 3 séries de 3 minutos de ciclismo, com intensidade entre 80% e 90% do VO2máx e um
descanso ativo (pedalando) de 2 minutos a 50% do VO2máx. E o terceiro foi o treinamento
aeróbico contínuo (continuous aerobic training - CAT), que consistiu em 40 minutos de
ciclismo, numa intensidade entre 60% e 65% do VO2máx.
Foi realizada uma sessão de exercício para cada protocolo, com um intervalo de aproxi-
madamente uma semana entre as sessões. Em cada uma destas foram medidas, a taxa
metabólica de repouso, o gasto energético do exercício e feito um acompanhamento do
gasto energético durante 180 minutos após término exercício.
Participaram da pesquisa 10 homens saudáveis, com idades entre 20 e 31 anos. Os resul-
tados obtidos mostraram que, a média do EPEE para o SIT foi de 32±19 kcal, para o HIAT
de 21±16 kcal e para o CAT de 13±13 kcal. Já a média do gasto energético do exercício
somado ao gasto energético após o seu término, foi de 109±20 kcal para o SIT, de 182±17
kcal para o HIAT, e de 363±45 kcal para o CAT.
A partir desses resultados, os pesquisadores verificaram que o EPEE do CAT foi estatisti-
camente menor, comparado ao do SIT. Contudo, o exercício aeróbico contínuo apresen-
tou um gasto energético total (exercício somado ao repouso) significativamente maior
que os exercícios intervalados.
Para além dos dados apresentados, é importante refletir sobre a forma como esses exer-
cícios foram aplicados. Observe que, apesar da diferença no gasto energético, as dura-
ções dos protocolos foram diferentes. Será que os resultados seriam os mesmos, caso
a duração fosse nivelada? Se pensarmos em termos de aprimoramento da capacidade
aeróbica, será que, nesse caso, o exercício aeróbico seria melhor que o contínuo?
Fonte: Matsuo et al. (2012, p. 783-789).

96
material complementar

Indicação para Ler

Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano


William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o livro Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano traz in-
formações acerca da nutrição para a atividade física e medidas do gasto energético
humano. Explica os sistemas aeróbicos e anaeróbicos de fornecimento e utilização
de energia, o treinamento para a potência aeróbica e anaeróbica e os recursos es-
peciais para o treinamento físico e o desempenho. Também aborda o desempenho
no exercício e estresse ambiental, como grandes altitudes, temperaturas extremas
e o mergulho. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos da composição cor-
poral, equilíbrio energético e controle de peso bem como o exercício no contexto do
envelhecimento bem-sucedido e da prevenção de doenças.

Indicação para Ler

Nutrição para o esporte e o exercício


William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o livro Nutrição para o esporte e o exercício traz informações acerca de di-
gestão, absorção e assimilação dos nutrientes. Explica o papel da nutrição no meta-
bolismo energético, como os nutrientes são metabolizados e como o treinamento
com exercícios afeta esse metabolismo. Também aborda a mensuração e a quanti-
ficação do conteúdo energético dos alimentos bem como as demandas de energia
das diversas atividades físicas. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos
da nutrição que permitem otimizar o desempenho nos exercícios e a resposta ao
treinamento. Além disso, explica a avaliação da composição corporal, as diretrizes
esporte-específicas acerca da composição corporal e de sua avaliação, o equilíbrio
energético e o controle do peso.

97
gabarito

1. A
2. C
3. Limite inferior (50%) é de 125 BPM e o limite
superior (80%) é de 164 BPM.
4. D
5. Um período musical em compasso quaternário
é formado por 8 compassos, contabilizando 4
frases e 32 tempos.

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

99
MODALIDADES DE GINÁSTICA
DE ACADEMIA

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
• Modalidades que fazem o uso de equipamentos
• Modalidades aquáticas de ginástica de academia

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar algumas das modalidades de Ginástica de
academia que não fazem uso de equipamentos.
• Expor algumas das modalidades de Ginástica de academia
que, necessariamente, fazem uso de equipamentos.
• Apresentar a Hidroginástica como modalidade de Ginástica
de academia.
unidade

III


Olá, aluno(a),
Precisamos da sua atenção nesse
momento, então, respira e vem com
a gente!
Para ampliarmos a sua experiência
com o material, organizamos uma
Unidade Digital com um glossário ACESSE AQUI
prático dos Exercícios da Ginástica.
Lá, disponibilizamos imagens e víde-
os de movimentos, passos, golpes,
poses e posições que são apresenta-
das ao longo dessa unidade.
É importante que você siga o material
com o Glossário prontinho do lado.
Para acessar, basta ler o QR Code ao
lado com o seu celular. Desfrute ao
máximo e bons estudos!

Ou acesse o link
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2739

102
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a)! Dando continuidade ao estudo da Ginástica e
academia, nesta terceira unidade serão apresentadas algumas
das muitas modalidades existentes na atualidade. Essas mo-
dalidades conferem uma alternativa de atividade física para
aquelas pessoas que consideram a musculação tediosa, mas que procu-
ram a academia como local para a sua prática diária de exercícios físicos.
Os exercícios com música e em grupo podem fazer com que as pessoas se
sintam animadas e tenham prazer pela prática de atividades que desen-
volvem suas capacidades físicas.
Entre as modalidades de ginástica oferecidas na academia, algumas
delas não fazem uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios.
Normalmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas cor-
porais, como a dança, as lutas e as práticas alternativas para elaborar a
coreografia de suas aulas. Por outro lado, uma parte considerável das mo-
dalidades de Ginástica de academia faz uso de equipamentos específicos.
Algumas delas foram inspiradas e elaboradas a partir de outras práticas
corporais, como o Ciclismo indoor, enquanto outras nasceram no âmbito
da academia, como o Step.
Além da tradicional sala de ginástica, algumas modalidades são realiza-
das em outros ambientes, como aquelas praticadas na piscina. A hidroginás-
tica é um exemplo clássico desse tipo de aula. Apesar de o ambiente aquático
estar presente em poucas academias, com o desenvolvimento de novos equi-
pamentos, atualmente, existem muitas modalidades de aula na água.
Nesse contexto, para fins didáticos, as modalidades apresentadas nes-
sa unidade estão divididas em três grupos: Modalidades que não fazem o
uso de equipamentos, Modalidades que fazem o uso de equipamentos e
Modalidades aquáticas de Ginástica de academia.
A partir dessas considerações estamos preparados para continuar
nossos estudos!
Tenha uma ótima leitura!


Modalidades que não fazem


o uso de equipamentos

Dentro das modalidades que não fazem o uso de passos, sem grandes dificuldades. Normalmente, as co-
equipamentos para desenvolver seus exercícios, reografias apresentam opções mais simples e mais com-
serão apresentadas algumas possibilidades de mo- plexas para um mesmo passo, contemplando, assim, as
vimento daquelas que se apropriam da dança, das necessidades do praticante iniciante e do avançado.
lutas e das práticas alternativas. É importante des- Outro aspecto interessante é o fato de a mesma
tacar que, além dos apresentados aqui, existem uma aula envolver diferentes estilos musicais, sendo o Hip
infinidade de exercícios que podem ser realizados Hop, o Funk, o latino (incluindo aqui o Brasil), todos os
nas aulas com estas características. estilos de Dance e música eletrônica, os mais utilizados
nos dias de hoje. Justamente devido a essa mistura, as
GINÁSTICA AERÓBICA E DANÇA aulas com essa característica são, comumente, chama-
das, nas academias brasileiras, de aula de ritmos.
A relação entre a dança e a ginástica aeróbica data da
década de 70, quando Jaki Sorensen desenvolveu seu Técnica dos movimentos
programa intitulado Aerobic Dancing, que combinava
música, dança e calistenia (MONTEIRO, 1996). Desde Os diferentes estilos de dança, que fazem parte das co-
então, a dança, enquanto exercício físico, faz parte das reografias de uma aula, exigem que o professor conhe-
grades de aula de ginástica, nas academias e clubes. ça, minimamente, a técnica dos movimentos para que
Uma característica meritória dessas aulas, na atu- consiga caracterizar cada dança. Nesse sentido, existem
alidade, é o fato de serem elaboradas de forma que alguns pontos chaves que podem auxiliar a evidenciar
qualquer pessoa possa acompanhar os movimentos, ou os estilos por meio dos movimentos, sendo eles:

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

1 Estilo 2 Posição 3 Execução


O primeiro ponto diz Este ponto corresponde à O terceiro ponto se
respeito às características postura correta para cada refere à qualidade
de cada estilo musical. dança. De modo geral, a do movimento.
Contudo não, postura pode ser Isso implica
especificamente, ao entendida como o arranjo execução dos
conteúdo técnico, mas em relativo dos segmentos passos de forma
relação ao sentimento, à corporais para uma clara, apresentando,
imagem e à atitude do atividade específica. Sendo corretamente, a
movimento, aflorados pelo assim, reproduzir, posição dos
ritmo e pela melodia da corretamente, as formas de segmentos
música. Assim, a movimentar e posicionar o corporais bem
interpretação e a expressão corpo em cada estilo de como a textura do
musical, por meio do dança é essencial para a movimento (se ele é
corpo, são primordiais para caracterização dele. suave ou marcado).
definir um estilo.

4 Amplitude 5 Ritmo
de movimento O quinto ponto corresponde à
Este ponto se refere ao “tamanho” sincronização dos movimentos ao
dos movimentos, que podem ser tempo da música. Para além da
de grande ou de pequena execução alinhada, as batidas
amplitude e que dependem não musicais, também faz parte do ritmo
só do estilo da dança, mas da o tempo certo da instrução dos
música utilizada na coreografia. passos, durante determinada música.

107


• Movimento do peito
Aqui, foram apresentados cinco pontos gerais de
Com o corpo em posição ortostática, a cabeça
atenção em relação à técnica dos movimentos que,
alinhada ao eixo longitudinal, os pés afasta-
quando seguidos e aplicados a todos os estilos de dos na linha dos ombros, os joelhos desencai-
dança, podem garantir a inspiração e a motivação xados e braços relaxados ao lado do tronco, o
na sala de ginástica das academias. peitoral realiza os seguintes movimentos:
1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
Exercícios de facilitação jeção para trás, volta ao centro.
2. Projeção para frente, movimento circular
Existem alguns exercícios que podem auxiliar na de todo o tórax em sentido da esquerda
para a direita (duas vezes).
conscientização e no controle corporal e, por conse-
3. Projeção para trás, movimento circular de
quência, melhorar a execução dos movimentos nas
todo o tórax em sentido da direita para a
danças. Neste contexto, os exercícios demonstrados
esquerda (duas vezes).
a seguir procuram trabalhar, de maneira isolada, as
partes do corpo, justamente, para que seja estimula- • Movimento do quadril
do o domínio delas. Mantendo o corpo em posição ortostática, a
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés
• Movimento da cabeça afastados um pouco além na linha dos om-
Com o corpo em posição ortostática, os pés bros, os joelhos desencaixados e braços re-
afastados na linha dos ombros, os joelhos laxados ao lado do tronco, o quadril faz os
desencaixados e braços relaxados ao lado do seguintes movimentos:
tronco, a cabeça realiza as seguintes sequên- 1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
cias de movimentos: jeção para trás, volta ao centro.
1. O rosto vira para a direita, volta ao centro, 2. Projeção para direita, volta ao centro, pro-
vira para a esquerda, volta ao centro. jeção para esquerda, volta ao centro.
2. A cabeça inclina para trás, volta ao centro, 3. Projeção para frente, para direita, para
inclina à frente, volta ao centro. trás, para esquerda, para frente, movi-
mento circular em sentido da direita para
• Movimento dos ombros a esquerda (duas vezes).
Mantendo o corpo em posição ortostática, a 4. Projeção para frente, para esquerda, para
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés trás, para direita, para frente, movimento
afastados na linha dos ombros, os joelhos circular em sentido da esquerda para a di-
desencaixados e braços relaxados ao lado do reita (duas vezes).
tronco, os ombros fazem os seguintes movi-
Esses exercícios podem ser incluídos na co-
mentos:
reografia, principalmente, nos momentos de
1. Projeção para frente, mais à frente, movi- aquecimento e alongamento, visando refinar
mento circular para trás (duas vezes), pro- as habilidades dos alunos.
jeção para trás, mais a trás, movimento
circular para frente (duas vezes).

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os passos para que os golpes possam ser simulados. Nesse sen-


tido, entre as inúmeras possibilidades, a seguir, são
Os passos que compõem os movimentos de uma co- apresentados alguns dos movimentos que podem
reografia são aqueles passíveis de execução no con- ser utilizados neste tipo de aula.
texto da Ginástica de Academia, ou seja, possuem
um grau de complexidade mediano e oferecem se- Postura de lutador
gurança ao aluno. Além disso, são adaptados para
que possam atingir um dos objetivos dessa modali- A postura pode ser entendida como o posiciona-
dade de ginástica, que é o aperfeiçoamento do con- mento do corpo, o qual serve de base para a execu-
dicionamento físico, em especial, o aeróbico. ção de movimentos de ataque ou defesa, nos dife-
rentes tipos de lutas. A maioria destas bases assume
GINÁSTICA AERÓBICA E AS LUTAS colocação semelhante dos segmentos corporais,
principalmente, em relação aos pés e pernas. Nesse
Na trajetória da Ginástica de academia, uma das pri- contexto, serão apresentadas duas bases comumente
meiras modalidades a se destacar com elementos pro- observadas, que, para nosso estudo, denominare-
venientes das lutas foi o Tae Bo, na década de 90. Idea- mos de Base de combate e Base frontal.
lizado por Billy Blanks, o Tae Bo combina movimentos Em complemento, é importante destacar que es-
do Taekwondo, Boxe, Muay Thai e Karatê (TAE BO Na- sas posturas envolvem uma pose de guarda realizada
tion, [2020], on-line)12. Outra modalidade de destaque pelos braços, que varia de acordo com a luta. Devi-
é o Body Combat, pertencente a Les Mills, que, além do aos golpes com os braços, que serão apresentados
das lutas citadas, traz elementos do Tai Chi Chuan e da adiante, será demonstrada a guarda do Boxe.
Capoeira (LES MILLS, [2020], on-line)13.
• Base de combate
A coreografia deste tipo de aula é elaborada, si-
Na base de combate, um dos pés está posicio-
mulando um combate ou um treinamento. Desta
nado à frente e o outro atrás, moderadamen-
forma, além dos golpes característicos das lutas, são te, para a lateral, de maneira a formar a letra
utilizados deslocamentos, corrida estacionária e, até “L” com ambos.
mesmo, a imitação de movimentos, como o de pular
corda e de speed ball do Boxe. As músicas utilizadas
possuem um BPM que oscila do andamento mode-
rado ao rápido (entre 120 e 150) e abrangem, princi-
palmente, os gêneros Rock in Roll e Eletrônico.

Movimentos básicos

Observe que, todas as lutas mencionadas são de Pé esquerdo Pé direito


combate em pé, isto porque são modalidades de à frente à frente
mais dinamismo e não necessitam de um adversário Figura 1 - Posicionamento dos pés na base de combate / Fonte: o autor.

109


Devido ao posicionamento dos pés, o tronco O jab, a partir da base frontal, pode ser re-
fica, levemente, voltado para o mesmo lado alizado com ambos os braços. Quando re-
da perna de trás. As pernas se mantêm, li- alizado em base de combate, é desferido
geiramente, flexionadas. A cabeça permane- apenas com o braço que está mais à frente,
ce um pouco inclinada para baixo, e o olhar pois o soco feito com o braço de trás recebe
voltado para frente. Os braços se posicionam o nome de Direto.
em guarda do Boxe, com as mãos cerradas ao
lado da mandíbula, e os cotovelos apontando • Direto
para baixo, próximos às costelas. Conforme dito anteriormente, o direto é um
soco realizado com o braço de trás, a partir
• Base frontal da base de combate, e é usado para atacar a
Na base frontal, os pés se posicionam parale- região do nariz e do queixo. A partir da guar-
los e a uma distância um pouco maior que a da de boxe, a mão cerrada, do braço de trás, é
largura dos ombros. As pernas se mantêm, li- direcionada ao alvo, realizando breve rotação
geiramente, flexionadas, a cabeça e os braços medial, de modo que fique em pronação no
mantêm o posicionamento igual ao da base fim do trajeto. O braço não se estende total-
de combate. mente. Esse movimento é impulsionado pela
rotação do quadril, que deixa todo o tronco
voltado para frente. No fim desse movimen-
Golpes com os braços to, a perna de trás fica apoiada apenas na par-
te anterior da planta do pé, sobre os dedos.
Entre os vários golpes desferidos com os braços, se- Logo que atinge o fim do trajeto, rapidamen-
rão apresentados o Jab e o Direto. Estes são golpes te, o braço, tronco e perna retornam à posi-
ção inicial, e o outro braço mantém, todo o
simples e muito conhecidos em lutas, como o Boxe
tempo, a guarda.
e o Muay Thai.

• Jab
Golpes com as pernas
O jab é um soco rápido utilizado para atacar
a região do nariz.
Os golpes realizados com as pernas são os chutes
A partir da guarda de boxe, a mão cerrada
e as joelhadas. Nesse sentido serão apresentados o
é direcionada ao alvo, realizando uma breve
rotação medial, de modo que fique em pro- Chute frontal, o Chute circular e a Joelhada frontal,
nação no fim do trajeto. Para manter a inte- que constituem os golpes de lutas, como o Taekwon-
gridade muscular e articular, o braço não se do, o Kickboxing e o Muay Thai.
estende totalmente. Esse movimento é im-
pulsionado por uma, simultânea e discreta, • Chute frontal
rotação do tronco. Logo que atinge o fim do Um chute frontal é utilizado para atacar ou
trajeto, rapidamente, o braço retorna à po- criar um espaço para desferir outras técnicas.
sição inicial. O outro braço mantém, todo o As áreas alvo são o joelho, a virilha e o estôma-
tempo, a guarda. go, respectivamente, alvo baixo, médio e alto.

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir da transferência do peso corporal A perna que realiza o golpe é suspensa com
para uma das pernas, o tronco se inclina, bre- o joelho flexionado, de forma que o pé (em
vemente, para trás. O joelho da outra perna flexão plantar) fique próximo ao glúteo. O
se eleva à frente para que ela possa ser esten- chute efetiva-se com a extensão dessa perna.
dida. Esse é um movimento controlado para Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente,
que seja mantida a integridade muscular e ar- a perna e, em seguida, todo o corpo retornam
ticular. No fim da extensão o pé se encontra, à base de combate.
moderadamente, em flexão plantar. Assim
que atinge o fim do trajeto, agilmente, a per- • Joelhada frontal
na retorna à posição inicial. A joelhada frontal pode ser utilizada para
No momento do chute, o antebraço perten- golpear um alvo muito próximo à frente. As
cente ao mesmo lado da perna de apoio se po- áreas alvo, usualmente, são a coxa, a virilha
siciona na frente do tronco, com a mão na li- e o estômago, respectivamente, alvo baixo,
nha do osso esterno. O outro braço se estende, médio e alto. O movimento da joelhada fron-
paralelamente, ao tronco. O chute frontal, a tal segue a mesma dinâmica do chute frontal
partir da base frontal, pode ser realizado com para ambas as bases. Contudo, aqui, o ataque
ambas as pernas de maneira igual. Quando é feito apenas com o joelho, desta forma, a
realizado em base de combate, também pode perna não é estendida. Outra diferença são os
ser feito com ambas as pernas, no entanto o braços, que permanecem em guarda de Boxe
chute feito com a perna de trás exige uma leve durante todo o movimento.
projeção do quadril para frente para que seja
mantido o equilíbrio no movimento. Recomendações de segurança

• Chute circular
Por envolver movimentos explosivos, o controle
Um chute circular tem como áreas alvo a
corporal é essencial para que sejam evitadas lesões
parte interna da coxa, as costelas e a cabeça;
ocasionadas pelo alongamento excessivo dos mús-
respectivamente, alvo baixo, médio e alto. O
chute circular é realizado apenas em base de culos e tendões, bem como, a tensão excessiva sobre
combate e possui uma fase preparatória obri- as articulações. Em complemento, indivíduos porta-
gatória, que consiste em posicionar o pé de dores de patologia articular, como a osteoartrite ou
trás mais próximo ao do pé da frente, deixan- apresentem instabilidade do quadril, devem evitar
do-o com o calcanhar voltado para frente e a atividades como esta.
ponta dos dedos para trás, e voltando o tron-
Em salas de ginástica pequenas ou turmas gran-
co, totalmente, para a lateral.
des, é indispensável certificar que há espaço sufi-
A partir da fase preparatória, o peso corporal
ciente para os golpes e deslocamentos. Atingir outro
se transfere para a perna de trás, o antebraço,
do lado da perna de apoio, posiciona-se na participante ou um objeto da sala pode resultar em
cintura, e o outro braço se estende em dire- uma séria lesão. Portanto, o número de alunos deve
ção ao alvo (baixo, médio e alto). O tronco ser limitado para que estes possam executar os mo-
é inclinado de acordo com a altura do chute. vimentos sem muitos riscos.

111


112
EDUCAÇÃO FÍSICA

GINÁSTICA DE ACADEMIA PARA ALÉM dos movimentos são auxiliadas pelas músicas de
DO ALONGAMENTO BPM mais baixos (entre 100 e 110), calmas, com ou
sem vocal, de qualquer gênero musical.
Sabemos que níveis adequados de flexibilidade são im- A seguir são sugeridos alguns movimentos que
portantes para o desempenho atlético, a manutenção podem compor os exercícios desse tipo de aula.
da independência funcional, bem como, para a execu-
ção das atividades da vida diária (HEYWARD, 2004). Movimentos harmônicos
Nesse sentido, é comum que as academias ofereçam,
além das modalidades agitadas de Ginástica de acade- Dentro das possibilidades de movimentos harmôni-
mia, também aulas de alongamento aos alunos. cos, aqueles realizados na prática do Tai Chi Chuan
Normalmente, são aulas monótonas e de curta são uma ótima opção. Os movimentos desta arte são
duração, pela própria natureza dos exercícios e, tam- executados de modo tão fluído e cadenciado que é,
bém, pela baixa adesão. Para quebrar essa tradição praticamente, impossível distinguir o início e o tér-
e conferir um sentido maior a esse tipo de aula, a mino de cada um. A respiração é, também, ritmada
sugestão, aqui, é que ela adquira um caráter holís- e entra em consonância com a fluência do exercício.
tico, no sentido de noção de totalidade (CHAER, Estes movimentos podem ser utilizados tanto no
2006), de integração harmoniosa “parte-todo-parte” início, como forma de aquecimento, quanto no final,
(BRANDÃO; CREMA, 1991). Ou seja, uma aula ca- como volta à calma.
paz de promover o treinamento do físico e do men- Uma das posições básicas do Tai Chi Chuan é
tal enquanto unidade, apropriando-se de elementos a Wu Chi. Na posição Wu Chi, o corpo permanece
das ginásticas de conscientização corporal. em posição ortostática, com os membros superiores
estendidos ao lado do tronco, as palmas das mãos
REFLITA voltadas para trás e os pés afastados na linha dos
ombros. A cabeça e os pés também estão apontados
A Educação Física contempla múltiplos conhe- para frente e o olhar para o horizonte.
cimentos a respeito do corpo e do movimento A partir dessa posição, entre as opções de movi-
produzidos pela sociedade, sendo assim, por mentação de braços, será apresentado o grande círculo.
que não inserir práticas corporais alternativas
nas salas de ginástica de academia?
Posição Wu Chi com grande círculo

No grande círculo, por meio do movimento de ab-


Desta forma, é interessante que essas aulas estimu- dução, os braços (estendidos) são conduzidos para
lem a flexibilidade, o equilíbrio, a harmonia e o re- o alto. Ao longo deste trajeto as mãos assumem di-
laxamento, por meio de movimentos suaves, leves e ferentes posicionamentos. Do começo até atingirem
introspectivos, em que não há estímulos competiti- a altura dos ombros, a palma das mãos está voltada
vos, mas sim, expressões do corpo e da mente, for- para frente. Nesse ponto, suavemente, são voltadas
mando um contexto único. A cadência e a fluidez para cima, até se juntarem no final acima da cabeça.

113


A inspiração do ar (pelo nariz) é feita durante todo Na pose da árvore, o peso corporal é transferido
esse movimento. A expiração do ar é sincronizada para uma das pernas. Toda a planta do pé da perna que
ao movimento de volta dos braços para a posição sustenta o corpo permanece em contato com o chão.
inicial. Esse movimento é marcado pela descida das O joelho da outra perna é flexionado, e o pé, com os
mãos (com os dedos apontando para cima), próxi- dedos apontando para baixo, colocado na parte medial
mas ao corpo, até a linha do processo xifoide do osso da coxa da perna de apoio. Os braços podem estar es-
esterno. Nesse ponto, as mãos se separam, natural- tendidos, com as mãos posicionadas acima da cabeça,
mente, para voltar à posição inicial. Acompanhando dedos apontando para cima e palma unidas, ou podem
os braços, há a extensão e flexão das pernas. estar flexionados de modo a posicionar as mãos para-
Na preparação para o grande círculo, os joelhos fle- lelas ao osso esterno. Aqui, também, os dedos apontam
xionam-se de maneira a posicionar o quadril um pouco para cima e palmas unidas. Independentemente da po-
para baixo. A extensão das pernas acontece em sincro- sição dos braços, há o alinhamento entre cabeça, tron-
nia com a inspiração e elevação dos braços. Quando co, mãos e pé de apoio. Após um período de equilíbrio,
estes iniciam a volta, as pernas também retornam à po- a perna de apoio é trocada.
sição flexionada. Todo esse movimento é suave e lento.
Pose do sábio vashista
Movimentos com equilíbrio
A pose do sábio vashista inicia-se na posição de
Na Ginástica de academia, os exercícios para o equi- prancha em que as mãos são alinhadas, vertical-
líbrio devem ser combinados a movimentos suaves e mente, aos cotovelos e ombros, os pés afastados à
controlados para evitar a monotonia na aula. Nesse largura do quadril. Da prancha, o peso corporal é
sentido, a utilização dos movimentos e poses do Ioga transferido para um dos lados, para que o corpo
são uma opção. Os Ásanas, como são nomeadas estas se posicione em decúbito lateral, apoiado pelo bra-
poses, compõem a prática corporal do Ioga e são to- ço e pela perna que o sustenta. Quando o peito, o
mados de técnicas e simbolismo espiritual. Entre os quadril e a ponta dos pés estão totalmente voltados
vários Ásanas que exercitam, principalmente, o equi- para o lado, a perna de cima é posicionada sobre a
líbrio, serão abordados dois, o Vrksasana, ou pose da perna de apoio, e o braço que está livre é estendi-
árvore, e o Vashistasana, ou pose do sábio vashista. do para o alto, de forma a ficar alinhado ao braço
de apoio. A cabeça gira, e o rosto fica voltado para
Pose da árvore cima. O mesmo procedimento é realizado para o
outro lado, após um tempo em equilíbrio.
A pose da árvore é feita a partir da postura da
montanha (tadasana). Basicamente, nessa pos- Movimentos de flexibilidade
tura, o corpo permanece em posição ortostática,
com os pés paralelos e alinhados aos ombros. Há a Os exercícios para a flexibilidade, assim como para
retroversão pélvica. Os ombros, o braço e as mãos o equilíbrio, devem ser realizados com movimentos
permanecem relaxados. calmos e fluídos para dar dinamismo à aula. A uti-

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

lização dos Ásanas do Ioga é uma opção aqui tam- voz de comando é serena e pausada, com instru-
bém. Entre os muitos existentes que treinam, sobre- ções que direcionam o aluno à autopercepção e
tudo, a flexibilidade, será abordado o Adho mukha relaxamento dos segmentos corporais e da mente.
shvanasana, ou pose do cachorro baixo. É interessante que haja uma transição serena
entre a última coreografia da aula e a meditação.
Pose do cachorro baixo Nesse contexto, observe abaixo uma sugestão de
sequência de comandos.
A pose do cachorro baixo é uma das Ásanas que Repare que esses comandos direcionam o in-
compõe a Surya Namaskar ou Saudação ao Sol. Ela divíduo para se deitar no chão. A posição deitada
pode ser iniciada na posição de prancha. Dessa po- favorece a concentração e o relaxamento, por esse
sição, o quadril é direcionado para cima e para trás, motivo, são propostas duas poses para meditação: a
formando um “V” invertido com o corpo. A cabe- pose em decúbito dorsal e a posição fetal.
ça, o tronco e os braços (es-
tendidos) são alinhados, as
pernas permanecem esten-
1 Sente-se no chão com as pernas
didas, e os calcanhares po- flexionadas e as mãos no chão,
dem, ou não, tocar o solo, descansando ao lado do corpo.
dependendo do nível de fle-
xibilidade da cadeia muscu- 2 Estenda as pernas e deite, vagarosamente,
lar posterior das pernas. com as costas no chão, apoiando a parte
posterior da cabeça, gentilmente, no chão.
Meditação e relaxamento
3 Relaxe o queixo
No contexto da Ginástica e mantenha a
de academia, a meditação cabeça parada, 4 Estenda os braços
é realizada com o objetivo sem girar, para abertos com a 5 Deixe os pés
de promover a conscienti-
a direita ou palma das mãos virarem para
esquerda. para cima. fora, joelhos
zação corporal e o relaxa-
soltos e
mento, devendo ser a parte panturrilhas
final da aula. A exploração relaxadas.
das sensações e percepções
é feita de maneira guiada,
ou seja, conduzida pela
instrução do professor. A 7 A respiração 6 Deixe o corpo
é suave e leve, bem confortável
inspirando e e feche os olhos,
expirando pelo nariz. lentamente.

115


Poses para meditação

ILUSTRAÇÃO POSE EM DECÚBITO DORSAL E FETAL

Figura 2a - Pose em decúbito dorsal / Fonte: Acervo Unicesumar

Na pose em decúbito dorsal, os segmen-


tos corporais estão em contato com o
solo e o rosto está voltado para cima. Os
braços estendidos se acomodam afasta-
dos do tronco, com a palma das mãos
para cima. As pernas, também, coloca-
das afastadas, e os pés em abdução.

Figura 2b - Pose em decúbito dorsal / Fonte: Acervo Unicesumar.


116
EDUCAÇÃO FÍSICA

A posição fetal é uma opção para aqueles in-


divíduos que possuem algum problema arti-
cular, que os impede de manter a pose em de-
cúbito dorsal sem dor. Essa posição também
é indicada para as gestantes. Na posição fe-
tal, o corpo se acomoda em decúbito lateral,
mantendo o alinhamento da coluna. Braços
e pernas são sobrepostos e flexionados em
frente ao corpo, sendo que as mãos podem,
ou não, servir de apoio para a cabeça.

Comandos para meditação

Logo que os alunos assumem uma das poses


para meditação, as instruções devem come-
çar. É importante que o roteiro com os co-
mandos, conforme dito, conduza o indivíduo
à sua conscientização corporal e relaxamento.
A meditação dura, em média, oito minu-
tos e acontece à melodia de uma música, es-
sencialmente, instrumental.
Figura 3 - Posição fetal / Fonte: Acervo Unicesumar.

117


Modalidades que fazem


o uso de equipamentos

No âmbito das modalidades que fazem o uso de STEP


equipamentos para desenvolver seus exercícios, se-
rão descritas algumas possibilidades de movimento O step consiste em movimentos de subir e descer, gi-
das aulas mais tradicionais, que são: o Step, o Jump, a rar e saltar, com ou sem movimentos de braços simul-
Ginástica localizada e o Ciclismo indoor. É relevante tâneos, sobre uma plataforma. Essa plataforma tem
esclarecer que, além dos apresentados aqui, existem em média 100 centímetros de comprimento, por 40
muitos movimentos que podem ser feitos nessas au- centímetros de largura, e altura entre 10 e 30 centíme-
las, bem como existem muitos outros tipos de aula. tros (JUCÁ, 2004). Existem, ainda, plataformas que

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

permitem o ajuste da altura, o que confere uma estra-


tégia para o aumento da intensidade da aula.
Ao longo de uma aula, o step, como é popular-
mente conhecida essa plataforma, pode ser posicio-
nado de duas maneiras, na horizontal e na vertical.
Tendo como referência o step à frente do praticante,
a posição horizontal é aquela em que o comprimen-
to está paralelo ao plano frontal. Já na posição verti-
cal, é a largura quem está alinhada a esse plano.

Figura 5 - Posição vertical do step

As coreografias do step são elaboradas com músi-


cas que possuem um BPM que varia do andamento
moderado ao rápido (entre 120 e 140) e envolvem,
principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico.

Movimentos básicos

Uma das peculiaridades do step é a alternância da


perna líder, ou seja, da perna que inicia (marca) o
movimento sincronizada com a batida forte no co-
meço do compasso da música. Sendo assim, obser-
Figura 4 - Posição horizontal do step
vamos movimentos com liderança simples, onde
não há troca da perna líder durante a execução,

119


• Caminhada
mantendo um padrão unilateral, e movimentos com
A caminhada pode ser feita de duas manei-
liderança alternada, onde há a troca da perna líder,
ras: estacionária e em descolamento. Na ca-
diversas vezes durante sua execução, caracterizando minhada estacionária, há uma sutil transfe-
um padrão bilateral. rência do peso corporal de uma perna para
Adiante serão apresentadas algumas opções de mo- a outra. Com os pés próximos (em média 10
vimentos que podem ser utilizados nessa modalidade. centímetros), enquanto uma perna realiza o
apoio, a outra mantém o joelho semiflexio-
nado e o pé em flexão plantar, com a ponta
Passo básico
dos dedos próxima ao solo. A caminhada em
deslocamento é o ato de andar, propriamente
O passo básico consiste em subir e descer da plata- dito. Geralmente, ela é utilizada para passar
forma, onde o pé que inicia a subida, também, é o de um lado para o outro do step pelo solo.
primeiro a descer. Por exemplo, partindo do solo, o
pé esquerdo é colocado sobre o step e, em seguida, o • Corrida
direito, logo depois, o pé esquerdo retorna ao chão A transferência do peso corporal, de uma
perna para a outra, acontece de maneira
e, posteriormente, o direito também. O corpo se
ágil na corrida. Quando uma perna realiza
mantém alinhado ao eixo longitudinal, e os braços,
o apoio, a outra mantém o joelho semifle-
normalmente, realizam o movimento de balanço xionado e com a coxa elevada, de modo a
natural, permanecendo com os cotovelos flexiona- formar um ângulo, aproximado, de 90 graus
dos, formando um ângulo aproximado de 90 graus. entre ela e o tronco.
Esta dinâmica do passo básico (de subir e des-
cer) é utilizada na maioria dos movimentos que Movimentos de elevação das pernas
compõem a coreografia de uma aula de step, poden-
do sofrer algumas adaptações. Os movimentos de elevação das pernas, no step,
podem ser feitos tanto pela ação da flexão do qua-
Movimentos de marcha dril quanto pela flexão do joelho. Existem diferen-
tes formas de fazê-los, cada qual com suas carac-
Os movimentos de marcha são semelhantes à mar- terísticas, porém, para as variações apresentadas a
cha estacionária e, além de serem executados no seguir, um ponto em comum é o alinhamento do
chão, também podem ser feitos sobre o step. Nesses corpo ao eixo longitudinal.
movimentos, como no passo básico, o corpo man-
• Superman
tém um alinhamento com o eixo longitudinal, e os
O movimento superman inicia-se com o
braços realizam o balanço natural e fluido, perma-
apoio da perna líder sobre o step. Simultane-
necendo com os cotovelos flexionados, em um ân- amente à subida, a perna suspensa é elevada
gulo de, aproximadamente, 90 graus. de modo que o joelho alcance a linha do qua-
dril ou pouco acima dela. Esse joelho perma-
nece flexionado e o pé em flexão plantar.

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

Juntamente ao movimento da perna suspen-


sico (executado lateralmente) e suas variações, como
sa, os braços também são dirigidos para a
posição final. O braço, ao lado da perna de por exemplo, subir com o passo básico, executar a
apoio, é estendido para cima, e a mão man- corrida e descer no passo básico.
tida cerrada. A outra mão, também cerrada,
é posicionada sobre a crista do osso ílio, fa- Recomendações de segurança
zendo com que o cotovelo fique flexionado e
direcionado para a lateral.
Em todos os movimentos realizados no step é im-
• Calcanhar para trás prescindível subir e descer apoiando o pé todo sobre
Assim como o superman, o movimento calca- ele e amortecer a descida, evitando contatos brus-
nhar para trás se inicia com o apoio da perna cos com o solo. Um outro ponto importante é não
líder sobre o step. Contudo o joelho da perna se distanciar da plataforma ao descer, procurando
suspensa é flexionado, formando um ângulo manter uma distância de um pé, aproximadamente.
de aproximadamente 90 graus, fazendo com Isso facilita a subida, o controle do corpo, e a manu-
que o pé seja elevado para trás.
tenção do ritmo.
Simultaneamente ao movimento da perna
Movimentos de descer de frente e de subir de
suspensa, os braços também são dirigidos
costas não devem fazer parte das coreografias, pois
para a posição final. Nessa posição, os ante-
braços são colocados, paralelos, em frente ao comprometem a segurança e a integridade física dos
tórax, os cotovelos estão flexionados e apon- participantes. Além disso, quando são adicionados
tando para baixo. As mãos podem ser cerra- saltos às aulas, esses são executados apenas de bai-
das ou, ainda, finalizar com uma palma. xo para cima ou, apenas, em cima do step, nunca de
cima para baixo.
Movimentos de cruzar por cima
JUMP
Há muitas maneiras de cruzar o step por cima, e estas
são feitas, também, tanto com a plataforma na hori- O jump é uma modalidade na qual são realizados
zontal quanto na vertical. Quando posicionado na movimentos sobre um mini trampolim, que confere
horizontal, os movimentos consistem em atravessar mais segurança articular, devido à sua capacidade de
o step ao longo do seu comprimento. Esta travessia, reduzir, em até 80%, o impacto (GROSSL et al., 2008).
geralmente, é realizada em forma de caminhada la- O mini trampolim utilizado na Ginástica de acade-
teral, que seria a caminhada descrita anteriormente, mia tem o formato circular e é composto, basicamente,
deslocando-se, lateralmente, porém existem outras por molas e uma lona que constitui a superfície elástica
maneiras, como a corrida e o movimento de pêndulo. (Figura 6). Os movimentos sobre a superfície elástica
Quando o step é posicionado na vertical, os mo- são realizados entre o centro e a costura da borda da
vimentos consistem em atravessá-lo em sua largura. lona. Sendo o centro a região que oferece maior impul-
Essa travessia, normalmente, é feita com o passo bá- são e, próximo à borda, o local mais rígido.

121


Embora exista esta diferenciação, em


ambas as classes o ataque é feito com
toda a planta do pé. Além disso, a for-
ça aplicada é sempre direcionada para
baixo, apenas. Adiante, serão apresen-
tadas algumas opções de movimentos
que podem ser utilizados no jump.
Molas
Movimentos de marcha
Superfície
elástica (lona)
Os movimentos de marcha sobre o
Costura da
borda da lona mini trampolim são semelhantes à
marcha estacionária no solo (mencio-
nada anteriormente). Aqui, necessa-
Região de maior impulsão
riamente, quando uma perna realiza o
Região de menor impulsão apoio, ela permanece firme, mas com o
joelho desencaixado e toda a planta do
pé em contato com a superfície elástica.
Figura 6 - Mini trampolim da modalidade jump / Fonte: o autor.
A caminhada, a corrida e o sprint são
os principais movimentos da marcha. É essencial que
As aulas de jump são coreografadas com músicas esses se mantenham no centro da superfície elástica.
que possuem um BPM que oscila do andamento Durante a caminhada, a ponta do pé da perna elevada
moderado ao rápido (entre 120 e 140) e abrangem, mantém contato com a superfície elástica. Na corri-
principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico. da de sprint, o movimento das pernas é acelerado e,
diferente dos demais movimentos, aqui, o tronco se
Movimentos básicos posiciona, levemente, inclinado para frente.

No jump, os movimentos podem ser categorizados Movimentos de Step touch


em Classe 1 e Classe 2. A classe 1 é caracterizada pelo
ataque alternado dos pés à superfície elástica (sem Os movimentos de step touch sobre o mini tram-
a perda do contato com ela) e pela coluna alinhada polim, assim como os executados no solo são
ao eixo longitudinal. Pertencem a essa classe os mo- realizados deslocando o corpo lateralmente, se-
vimentos de marcha, de step touch e de elevação das guindo o plano frontal. Desse modo, todos os mo-
pernas. Já a classe 2 é identificada pelo ataque simul- vimentos partem de uma posição inicial, onde o
tâneo dos pés à lona (com uma breve fase aérea) e corpo está localizado próximo à borda da superfí-
pela leve inclinação para frente do tronco. Fazem par- cie elástica. Nas variações apresentadas a seguir, o
te desta classe os movimentos de saltos. corpo permanece alinhado ao eixo longitudinal. É

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

do” e a planta do pé em total contato com a


importante que a amplitude do deslocamento não
superfície elástica. A outra perna está com o
exceda a costura da lona. joelho semiflexionado e com a coxa elevada,
• Step touch de modo a formar um ângulo, aproximado,
de 90 graus entre ela e o tronco. Além disso,
O movimento do step touch é iniciado com
essa mesma perna mantém uma leve abdução
um passo lateral em direção ao lado oposto
e rotação lateral da coxa, de maneira que a
do mini trampolim. Rapidamente, o peso
perna fique inclinada e a ponta do pé direcio-
corporal é transferido para a perna que se
nada para o centro. O movimento consiste na
deslocou. Em seguida, a outra perna é trazi-
alternância da perna de apoio.
da junto da primeira. Este movimento todo
é repetido para retornar à posição inicial. Os Durante o cowboy alto os braços permane-
braços, durante o step touch, normalmente, cem estáticos, com os cotovelos flexionados e
permanecem estáticos, com os cotovelos fle- as mãos cerradas apoiadas, lateralmente, so-
xionados e as mãos cerradas apoiadas, late- bre o osso ílio.
ralmente, sobre o osso ílio. • Hip Hop
• Chá-chá No movimento Hip Hop o tronco se posicio-
O movimento do chá-chá é iniciado com na levemente inclinado para frente. A perna
um saltito lateral em direção ao lado oposto de apoio se encontra com o joelho “desencai-
do mini trampolim. Assim que a perna des- xado” e a planta do pé em total contato com
locada primeiro toca a superfície elástica, o a superfície elástica. A outra perna está com
peso corporal é transferido, e a outra perna é o joelho flexionado, formando um ângulo,
trazida, rapidamente, junto da primeira. Este aproximado, de 90 graus, de maneira a ele-
movimento todo é repetido para retornar à var o pé para trás. O movimento de Hip Hop
posição inicial. Os braços, durante o chá-chá, compreende a alternância da perna de apoio.
realizam o balanço fluido e natural como nos Os braços aqui realizam um movimento de
movimentos de marcha. pêndulo, para baixo, executado pela flexão e
extensão dos cotovelos. Nessa dinâmica, o
Movimentos de elevação das pernas braço do mesmo lado da perna de apoio, per-
manece estendido, enquanto o outro está, le-
Assim como os movimentos de step touch, os movi- vemente, flexionado. A palma das mãos é vol-
mentos de elevação das pernas são realizados des- tada para trás e os dedos permanecem unidos.
locando o corpo, lateralmente. Essa elevação das
pernas pode ser resultante tanto da ação da flexão Movimentos de salto
do quadril quanto da flexão do joelho. Em parte das
variações apresentadas a seguir, o corpo permanece Os movimentos de salto são caracterizados pelo ata-
alinhado ao eixo longitudinal. que, simultâneo, dos pés à superfície elástica. Em to-
das as variações de salto, o tronco permanece leve-
• Cowboy alto
mente inclinado à frente porque esse posicionamento
Na posição inicial do cowboy alto, a perna de
apoio se encontra com o joelho “desencaixa- favorece o equilíbrio e a execução do gesto motor.

123


esse é um movimento melhor visualizado no


A dinâmica dos movimentos de salto é consti-
plano frontal. Os braços, durante o jumping ja-
tuída por duas fases distintas: a Fase ativa e a Fase cks, normalmente, permanecem estáticos, com
passiva. A primeira corresponde ao momento onde os cotovelos flexionados e as mãos cerradas
a ação muscular imprime força, fazendo com que apoiadas, lateralmente, sobre o osso ílio.
os pés empurrem a superfície elástica para baixo. A
• Salto tesoura
segunda consiste na projeção do corpo para cima,
O salto tesoura é caracterizado pelo movi-
ocasionada pela ação do mini trampolim, através
mento alternado das pernas. Enquanto um
da energia potencial acumulada pelas molas e pela
pé toca a superfície elástica à frente do corpo,
lona, durante a fase ativa. o outro toca atrás. Seguindo a dinâmica dos
Uma vez que a força imprimida sempre é dire- saltos, esse é um movimento melhor visuali-
cionada para baixo, os saltos exigem uma precisa co- zado no plano sagital. Os braços, durante o
ordenação entre tronco e membros inferiores, para salto tesoura, fazem o mesmo balanço reali-
evitar que o todo o corpo seja lançado descontrola- zado nos movimentos de marcha, mantendo
os cotovelos flexionados, formando um ân-
damente para o alto. A referência desse controle é a
gulo, aproximado, de 90 graus.
cabeça. Quando o tronco assume a inclinação para
frente, a cabeça se posiciona a uma distância em rela-
ção ao solo. Essa distância deve ser mantida durante Recomendações de segurança
a execução dos saltos, sendo que, quando ela é ultra-
passada, significa uma falta de domínio da técnica. Em movimentos de classe 2 não são recomendados
O movimento bem coordenado é aquele onde saltos superiores a 10 centímetros, pois colocam a
as articulações do quadril, joelho e tornozelo tra- segurança dos indivíduos em risco. O perigo de cair
balham harmonicamente, principalmente, na Fase do mini trampolim é baixo, semelhante a tropeçar
passiva. Logo após o ataque à superfície elástica, os ao caminhar. Um ponto importante diz respeito à
músculos das coxas e glúteos relaxam, fazendo com forma de descer do equipamento, que deve ser feita
que as pernas sejam lançadas para cima e o ângulo sempre de costas, com um passo para trás.
entre as coxas e o tronco diminua. A prática de exercícios sobre uma superfície ins-
Normalmente, os movimentos de salto partem de tável, como no mini trampolim, pode não ser indi-
uma posição inicial, onde o corpo está localizado no cada para indivíduos com problemas de instabilida-
centro da superfície elástica. É importante que os pés, de nas articulações do quadril, joelho e tornozelo.
durante o ataque, não excedam a costura da lona. Pessoas com problema de labirintite também devem
evitar este tipo de aula. Ainda há contraindicação
• Jumping jacks
para gestantes, pois os movimentos podem gerar
O jumping jacks, ou chinelo, consiste, basica-
desconfortos na região abdominal e no assoalho pél-
mente, na abdução e adução das pernas, simul-
taneamente. Seguindo a dinâmica dos saltos, vico, além de colocar em risco a proteção do bebê.

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

GINÁSTICA LOCALIZADA

A ginástica localizada é entendida como um método de exercícios resistidos (PRESTES et al., 2016). Como são
condicionamento físico, que visa desenvolver, principal- exercícios resistidos, os principais materiais utilizados,
mente, a resistência muscular de um músculo específico nessa aula, são as barras, as anilhas, os halteres e as cane-
ou de um grupo muscular. Para isso, são utilizadas séries leiras. Contudo outros equipamentos, como o kettlebell
múltiplas, numerosas repetições e intervalos curtos, de e as resistance band, podem ser igualmente utilizados.

Figura 7 - Exercícios com barra e anilhas Figura 8 - Exercícios com halteres

Figura 9 - Exercícios com kettlebell Figura 10 - Exercícios com resistance band

125


Nas aulas de ginástica localizada, as músicas pos- CICLISMO INDOOR


suem um BPM moderado (entre 110 e 120), pois a
velocidade dos movimentos é moderada e cadencia- O ciclismo indoor é uma aula realizada em bicicleta estáti-
da. São utilizados diferentes gêneros musicais, desde ca e, como o próprio nome diz, em local fechado (indoor).
que atendam às necessidades da aula. Essa modalidade foi idealizada por Jonathan Goldberg e
passou a ser comercializada com o nome de Spinning a
Movimentos básicos partir do ano de 1995 (SPINNING, [2020], on-line)14.
Como o objetivo da modalidade é reproduzir o ciclismo
Os movimentos que compõem uma aula de ginás- de rua, a bicicleta utilizada é desenvolvida, especialmen-
tica localizada, normalmente, são aqueles encon- te, para este fim. Ela possui características semelhantes às
trados em uma sala de musculação, e a sua seleção bicicletas de corrida, que permitem variar as posições de
depende do objetivo da aula. Habitualmente, esta pedalar e, assim, simular, ao longo da aula, as diferentes
modalidade de ginástica exercita grupos musculares situações encontradas na rua (HENRIQUE, 2004).
específicos a cada sessão, como
o tradicional GAP (ou glúteos, Suporte Guidão
abdômen e pernas). No entanto, de garrafa
é importante que a aula contem-
ple todos os segmentos corporais Selim
(tronco, membros superiores e
inferiores), podendo ser dada
ênfase a determinado grupo Manípulo
muscular. Regulagem de carga Regulagem
do guidão de distância
Recomendações de segurança do selim

Assim como qualquer outra mo-


Sistema
de freio
dalidade, o exercício na ginástica
Regulagem de
localizada deve ser praticado, pre-
altura do selim
conizando a mecânica correta do
movimento e os diversos níveis de Roda de inércia
condicionamento físico. Por segu-
Pé de vela
rança, indivíduos iniciantes, inter-
mediários e avançados, realizam
os movimentos com diferentes
amplitudes e cargas.
Firma pé
Pedal
Figura 11 - Bicicleta de ciclismo indoor

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

Regulagem do equipamento Ajuste da distância entre o selim e o guidão

Ajustar corretamente a bicicleta é muito importante De maneira simples, a distância entre o selim e o
para pedalar com eficiência e segurança. A bicicleta guidão deve permitir o aluno alcançar o guidão de
de ciclismo indoor permite quatro ajustes básicos: do uma forma fácil e confortável, sem ter de se esticar
selim, do guidão, da distância entre o selim e o guidão muito para isso.
e do pedal. Além desse pontos de regulagem, desta-
ca-se, também, o ajuste da carga imprimida ao pedal, Ajuste do pedal
que (também) confere a intensidade do exercício.
Os pés se posicionam tendo como referência os me-
Ajuste do selim tatarsos apoiados sobre o pedal. Para mais seguran-
ça e eficiência da pedalada, os pés devem ser presos.
O selim deve ser posicionado em altura que permita, As bicicletas de ciclismo indoor apresentam um dis-
ao sentar e pedalar, semiflexão do joelho, quando o pé positivo chamado “firma pé” no pedal, e é ele quem
estiver no nível mais baixo. Esse ajuste precisa ser fei- exerce essa função.
to em dois passos. O primeiro é realizado fora da bi-
cicleta. O selim deve ser colocado à altura do quadril, Ajuste da carga
para isso, posiciona-se em pé, ao lado da bicicleta.
O segundo passo é feito sobre a bicicleta. Senta- No ciclismo indoor, uma das maneiras de imprimir
do no selim, com os pés nos pedais, o pé de vela é co- intensidade ao exercício é pelo ajuste da carga, feito
locado na vertical. Nessa posição, caso o pé perca o pelo manípulo de carga, que, ao ser girado, confere
apoio no pedal mais abaixo, o banco está muito para mais ou menos resistência ao pedal. As cargas pe-
cima. Se o pé mantém o apoio, mas o joelho está, sadas são utilizadas em simulações de subida, en-
demasiadamente, flexionado (entre 45 e 90 graus), o quanto as intermediárias são para terrenos planos,
banco está muito para baixo. com velocidade moderada ou Sprint. Já um pedal,
Geralmente, os alunos deixam o banco, demasiada- relativamente, leve é utilizado nas recuperações e
mente, baixo. Isto pode provocar uma tensão extra nos transições entre uma música e outra.
joelhos e reduzir a capacidade de carga durante a aula.
Posições e técnicas de pedalar
Ajuste do guidão
A bicicleta de ciclismo indoor permite diferentes po-
O guidão pode ser colocado em duas posições. Para sicionamentos das mãos e do corpo para as pedala-
os alunos avançados, o guidão deve permanecer na das. Estas variações possibilitam a simulação de mo-
mesma altura do selim, para os alunos iniciantes ou vimentos próprios do ciclismo de rua ou montanha,
aqueles que apresentam problemas na coluna, o gui- com planos, descidas, subidas e sprints.
dão deve ser posicionado em altura superior ao selim.

127


• Técnica sentado em terreno plano


Posições das mãos no guidão
Essa é a técnica básica do ciclismo indoor e
pode ser usada tanto para momentos de velo-
As variações da posição das mãos são feitas de acor- cidade quanto de recuperação. Nela, o corpo
do com o tipo de terreno e movimento que está sen- permanece sentado e se utiliza das posições
do simulado. afastadas das mãos, dependendo do objetivo
e cadência da música.
• Posição estreita
Na posição estreita, as mãos ficam no meio • Técnica Sprint sentado em terreno plano
do guidão. Essa posição é realizada em sprints O Sprint sentado em terreno plano simula
em terreno plano. o ato de acelerar em uma grande reta. Essa
é uma técnica avançada, pois, em situações
• Posições afastadas reais, ela requer um grande esforço aliado
A posição com as mãos afastadas é usada em ao posicionamento aerodinâmico do corpo.
terrenos planos, descidas íngremes, estando Nesse sentido, as mãos permanecem no gui-
sentado ou em pé na bicicleta. Essa posição é dão em posição estreita, e quadril e tronco
utilizada para otimizar a segurança e o equi- são levemente flexionados para que o corpo
líbrio. A maioria das bicicletas possibilitam se aproxime da bicicleta. Recomenda-se que
uma acomodação alternativa das mãos afas- essa técnica não seja prolongada por mais de
tadas (em posição neutra), que consiste em 20 segundos, devido à alta velocidade e posi-
segurar no prolongamento do guidão, pró- cionamento do corpo.
ximo ao ponto onde ele inclina para cima
(ponta). Essa posição é exclusiva de terrenos • Técnica sentado na subida
planos, sentado e em velocidade alta ou de Simular uma subida sentado requer o
subidas em posição sentada também. posicionamento afastado alternativo das
mãos e o aumento considerável na resis-
• Posição nas pontas tência do pedal, acarretando diminuição
As mão seguram nas pontas do guidão sem- da cadência.
pre em simulações de subida e posição em pé.
O posicionamento destas deve estar no final • Técnica em pé na subida
do guidão, com os polegares sobre a ponta. A técnica em pé na subida é uma posição
usada para simular subidas de montanhas
ou terrenos muito inclinados. Nessa técni-
Posicionamento do corpo
ca, o apoio acontece apenas pelos pés, sen-
do que, no ato de pedalar, o peso corpo-
A combinação das diferentes posições que o corpo as- ral é transferido de um lado para o outro,
sume, com as posições das mãos no guidão, permitem sempre para a perna que está em extensão.
a simulação dos variados terrenos, por meio da explo- Mesmo estando em pé, o tronco se mantém
ração das técnicas de pedalar. Basicamente, essas téc- levemente inclinado à frente, e o quadril
nicas são dependentes do tipo de terreno que se está alinhado com a bicicleta.
pedalando. A seguir, são apresentadas algumas delas.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

Considerações a respeito da cadência dências mais baixas. Para tanto, é feito um ajuste entre
as proporções, por exemplo, músicas que apresentam
Uma variável importante no ciclismo indoor é a ca- um BPM entre 120 e 140 podem ser utilizadas em
dência, conhecida, também, como rotações por mi- técnicas que simulam subidas, pois o RPM se ajusta
nuto (RPM). Juntamente com o ajuste da carga, a entre 60 e 70 RPM, em uma proporção de 2 para 1.
cadência determinará a intensidade do exercício ao
longo da aula. De maneira geral, ela pode variar en- Recomendações de segurança
tre 60 e 110 RPM, sendo indispensável pedalar com
uma carga mínima, mesmo nas cadências mais altas, Uma característica da bicicleta de ciclismo indoor,
evitando perder o contato do corpo com o selim. não vista nas bicicletas de rua, é que o pé de vela
Normalmente, observa-se que, na técnica sentado em continua a girar mesmo sem imprimir força com as
terreno plano, a cadência varia entre 60 e 100 RPM. pernas. Assim sendo, por segurança, em caso de mal
No Sprint sentado, nesse mesmo terreno, há variação súbito ou antes de descer da bicicleta, deve-se utili-
entre 90 e 110 RPM. Já nas técnicas que simulam su- zar o freio de emergência para parar os pedais.
bidas, é mantida uma cadência entre 60 e 80 RPM. Estresses nas articulações e tecidos conjuntivos do
Sabendo que o RPM refere-se ao número de ve- quadril, joelhos e tornozelos, bem como, dores na re-
zes que o pedal completa uma volta, uma maneira gião das costas podem ser evitados, realizando o ajuste
prática de mensurá-lo é posicionar a mão, paralela correto dos componentes da bicicleta (selim, guidão e
ao chão, em uma altura que ela toque a coxa, toda pedal). Além disso, uma configuração incorreta difi-
vez que esta estiver na horizontal. Ao contar quan- culta o aluno a atingir seu potencial máximo na aula.
tas vezes a perna toca a mão durante 6 segundos, o
resultado é multiplicando por 10, resultando na ca-
dência em 1 minuto. Por exemplo, se em 6 segundos
a perna tocar a mão 9 vezes, podemos dizer que a
cadência é de 90 RPM.

Cadência e música

Conforme dito anteriormente, para cada técnica de


pedalar existe uma cadência ideal a ser mantida. Des-
ta forma, a maioria das músicas que compõem a aula
de ciclismo indoor tem o BPM semelhante ao RPM,
ou seja, o número de batidas da música coincide com
o número de voltas do pedal em um minuto. Con-
tudo isto não é uma regra, pois músicas com BPM
moderado ou rápido também são utilizadas com ca-

129


Modalidades Aquáticas
de ginástica de academia
Além da tradicional sala de ginástica, algumas recolher alimento e caça ou, ainda, de fugir de al-
modalidades são realizadas em outros ambientes, gum perigo em terra (CATTEU, 1990). Já na An-
como aquelas praticadas na piscina. As atividades tiga Grécia e Roma, o ambiente aquático recebeu
físicas em ambiente aquático fazem parte da his- um novo significado, quando passou a ser ampla-
tória humana, onde o homem primitivo nadava mente utilizado com fins recreativos e medicinais
pela sua sobrevivência, como pela necessidade de (SKINNER; THOMPSON, 1985).

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os exercícios realizados na água permitem que


sejam atingidos os mais diversos objetivos, sendo
assim, constituem uma opção de treinamento físico
(PAULA; PAULA, 1998). No contexto da Ginástica
de academia, a Hidroginástica é a modalidade mais
conhecida de exercício realizado na água. Contudo,
com o desenvolvimento de novos equipamentos,
atualmente, existem diferentes tipos de aulas, como
a Hidrobike e o Hidrojump.

Figura 13 - Ilustração de uma aula de hidrojump / Fonte: adaptada de


Seu Corpo Perfeito ([2020], on-line)16.

A hidrobike é uma atividade feita em uma bicicleta


adaptada e totalmente submersa na água. A intensi-
dade do exercício é oferecida pela própria resistência
da água em conjunto com a velocidade imprimida
no pedal. O hidrojump corresponde à adaptação da
modalidade convencional do jump para o ambiente
aquático, e o diferencial é a resistência oferecida pela
água em oposição ao movimento.
Figura 12 - Ilustração de uma aula de hidrobike / Fonte: adaptada de Blogger Joana
Angélica Hidroginástica ([2020], on-line)15.

131


HIDROGINÁSTICA

A hidroginástica começou a ser sistematizada no Esta modalidade de Ginástica de academia é uma


início do século XIX, na Inglaterra, e foi levada para forma de condicionamento físico baseada em
os Estados Unidos, na década de 1960 pela Associa- exercícios aquáticos específicos, que se utilizam
ção Cristã de Moços. Atualmente, ela está presente da resistência da água como sobrecarga (KRUEL,
em vários países e é uma modalidade muito pratica- 1994). Além dos exercícios a mãos livres, alguns
da no Brasil (PAULA; PAULA, 1998). são realizados com o auxílio de acessórios flutu-
antes, como o espaguete, o halter e a prancha, bem
SAIBA MAIS como, a própria estrutura da piscina, como, por
exemplo, as paredes, as barras e os degraus.
Entre as leis da física aplicadas na água, te-
mos o Princípio de Arquimedes, que explica
a flutuação e afirma que: “Quando um corpo
está completo ou parcialmente imerso em
um líquido, ele sofre um empuxo para cima
igual ao peso do líquido deslocado”.
A ação do empuxo age em sentido oposto
à força da gravidade e resulta no fenômeno
conhecido como flutuação. No contexto dos
exercícios físicos, a flutuação facilita a execu-
ção dos movimentos, reduz a tensão sobre as
articulações e reduz o risco de lesões.

Fonte: Bonachela (1994).

Figura 14 - Espaguete utilizado como


acessório na hidroginástica

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 16 - Prancha utilizado como acessório na hidroginástica

Figura 15 - Halter utilizado como acessório na hidroginástica

133


pé se encontra em flexão plantar. Assim que


Na hidroginástica, a coreografia é elaborada con-
atinge o fim do trajeto, agilmente, as pernas e
siderando a resistência oferecida pela água, assim, o tronco retornam à posição inicial.
ao ministrar a aula, os movimentos realizados pelo Simultâneo ao chute, mantendo a extensão,
professor (fora da piscina) deve simular o ambiente os braços realizam um movimento para baixo
aquático. As músicas utilizadas possuem um BPM e para trás, em diagonal para cada lado. Eles
próximo a 120 e abrangem todos os gêneros, espe- retornam à posição inicial juntamente com as
cialmente, aqueles que consigam guiar a duração pernas e o tronco, pelo mesmo trajeto.
dos movimentos.
• Polichinelo
O movimento de polichinelo na água é seme-
Movimentos básicos lhante ao tradicional. Sincronizados ao mo-
vimento das pernas, os braços também rea-
Os exercícios que compõem a aula envolvem movi- lizam a dinâmica de abdução e adução. Eles
mentos combinados dos membros inferiores e su- são elevados, lateralmente, até próximo à su-
periores, deslocamentos e saltitos. Basicamente, eles perfície da água e, logo em seguida, retornam
à posição inicial.
podem ser divididos em dois grupos: movimentos
com apoio dos pés e em suspensão. A seguir, serão Movimentos em suspensão
apresentadas algumas das possibilidades de exercí-
cios que compõem uma aula de hidroginástica. As propriedades físicas da água permitem a execu-
ção de exercícios em suspensão, ou seja, a realização
Movimentos com apoio dos pés de movimentos sem o apoio dos pés no fundo da
piscina. Essa suspensão pode ser livre ou com o au-
O apoio de um ou os dois pés permite que sejam xílio de acessórios flutuantes, como os mencionados
reproduzidos grande parte dos movimentos realiza- anteriormente.
dos em ambiente terrestre. Assim, a caminhada, a
• Pedalada com palmateio
corrida, as elevações de perna, os chutes, os giros e
Na pedalada com palmateio, o corpo assume
os polichinelos são exercícios comuns nas coreogra-
posição parecida com o “sentar em uma ca-
fias de hidroginástica. deira”. O palmateio é executado com os bra-
ços submersos e estendidos ao lado do tronco.
• Chute frontal com as duas pernas
Ele consiste no movimento repetitivo, curto e
A posição inicial consiste em estar em pé,
rápido, de afastar e aproximar, lateralmente,
com as pernas unidas, braços estendidos à
a palma das mãos do corpo. Esse movimento
frente, submersos e paralelos ao fundo da
é realizado com o intuito de gerar propulsão
piscina e mãos em pronação. A partir dessa
para sustentar o corpo na água. Enquanto os
posição, há um pequeno salto, e o tronco se
braços realizam o palmateio, as pernas simu-
inclina, levemente, para trás. Nesse momen-
lam o movimento de pedalar e, juntamente
to, o quadril é flexionado, fazendo com que os
com os braços, também geram propulsão
joelhos se elevem à frente para que as pernas
para manter o corpo suspenso.
possam ser estendidas. No fim da extensão, o

134
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Abdução e adução dos braços com o espaguete


Considerações a respeito da aula
Uma das maneiras de realizar a abdução e
adução dos braços com o espaguete é com
o corpo em posição parecida com o “sentar A prática de atividades físicas no meio aquático ne-
no chão com as pernas cruzadas”. Mantendo cessita de vestimenta adequada, sendo elas, sungas,
essa posição, os braços fazem o movimento maiôs e toucas. A aula de hidroginástica não requer o
de afastar e aproximar os espaguetes do cor- uso de acessórios, como óculos, sapatilhas ou outros.
po. Os espaguetes são segurados pelas mãos A temperatura da água deve ser adequada para que o
em sua porção média.
corpo realize a atividade de maneira plena. Enquanto
Realizado este movimento de braços,
a água fria dificulta a respiração, a água quente provo-
com o corpo nessa posição, possibilita o
ca a fadiga precoce. Assim, recomenda-se que a tem-
recrutamento do músculo grande dorsal.
Ao mudar o posicionamento do corpo, peratura esteja sempre entre 28 e 31 graus.
por exemplo, estendido e inclinado para O professor pode fazer uso de um banco ou qual-
frente, recruta-se com mais intensidade o quer outro acessório para poder demonstrar, com clare-
músculo peitoral maior. za, os movimentos que compõem a coreografia da aula.

135
considerações finais

Estimado(a) aluno(a), encerramos, aqui, nosso estudo e nossa apresentação de algumas


das muitas modalidades existentes de Ginástica de academia. Ao relembrar esta terceira
unidade, verificamos que, para fins didáticos, essas modalidades podem ser divididas
em três grupos: Modalidades que não fazem o uso de equipamentos, Modalidades
que fazem o uso de equipamentos e Modalidades aquáticas de Ginástica de academia.
A respeito das modalidades que não fazem uso de equipamentos, observamos que, ge-
ralmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas corporais para elaborar
a coreografia de suas aulas. Neste sentido, foram apresentados alguns movimentos da
dança, das lutas e das práticas corporais alternativas, que fazem parte do repertório
dessas modalidades de ginástica.
Em relação às modalidades que fazem o uso de equipamentos, verificamos que algumas
delas tiveram sua origem em outras práticas corporais, enquanto outras surgiram no
âmbito da academia. Nesse cenário, estudamos alguns dos movimentos básicos que
compõem as aulas de step, jump, ginástica localizada e de ciclismo indoor.
Por fim, vimos que, além da tradicional sala de ginástica, existem algumas modali-
dades que são realizadas em outros ambientes, como as aulas realizadas em piscina.
Nesse contexto, foram abordados conteúdos sobre a hidroginástica, que é um exemplo
clássico desse tipo de aula. Vimos, também, que, além dessa aula, atualmente, existem
diferentes modalidades que se desenvolvem em ambiente aquático.
Conforme destacado ao longo dessa unidade, os movimentos aqui apresentados são
apenas alguns dos muitos que compõem essas aulas, sendo necessário estudo com-
plementar para aprofundar seu conhecimento. Além disso, é relevante destacar que
existem outras modalidades que não foram abordadas aqui e que também conferem
um objeto de estudo extra.
Com essas palavras encerramos nossa terceira unidade. Até a próxima!

136
atividades de estudo

1. A coreografia das aulas de Ginástica de academia com elementos provenien-


tes das lutas é caracterizada pela simulação de combates ou da preparação
física para essas modalidades. Nesse contexto, assinale a alternativa correta.
a. Os movimentos básicos utilizados nessas aulas são provenientes de modali-
dades em que o combate é realizado em pé, como o Boxe e o Tai Chi Chuan.
b. Base de combate e base lateral são exemplos de posicionamentos do corpo,
os quais servem de base para a execução dos movimentos.
c. O chute circular pode ser realizado na base de combate lateral, desde que
respeitada sua fase preparatória.
d. A quantidade de participantes na sala não influencia na segurança da aula.
e. O golpe direto é um soco rápido utilizado para atacar a região do nariz.

2. Na modalidade jump, os movimentos sobre a superfície elástica são realiza-


dos entre o centro e a costura da borda da lona. Nesse cenário, analise as
afirmativas a seguir e assinale V para Verdadeira e F para Falsa:
( ) O centro corresponde à região do mini trampolim que oferece mais impulsão.
( ) As aulas são coreografadas com músicas que possuem um BPM que varia
entre 120 e 140 BPM.
( ) Os movimentos de classe 1 são caracterizados pelo ataque alternado dos
pés à superfície elástica, com breve perda do contato com a lona.
( ) Movimento de salto bem coordenado é aquele em que as articulações do qua-
dril, joelho e tornozelo trabalham, harmonicamente, em especial, na Fase ativa.
Assinale a alternativa correta:
a. V, V, F e F.
b. V, F, F e V.
c. F, V, V e F.
d. F, F, V e V.
e. F, F, F e V.

137
atividades de estudo

3. O agachamento é um dos exercícios mais executados, podendo ser incorpora-


do à coreografia de qualquer modalidade de Ginástica de academia. Conside-
rando sua importância, descreva como é feito esse movimento.
4. O ajuste correto da bicicleta de ciclismo indoor é muito importante para o
desempenho e a segurança da prática. Nesse contexto, analise as afirmativas
a seguir:
I. A bicicleta de ciclismo indoor permite três ajustes básicos: guidão, selim e carga.
II. O guidão está, indevidamente, posicionado quando ele permanece na mesma
altura do selim.
III. Para mais segurança e eficiência da pedalada, os pés devem ser presos pelo
firma pé ou sapatilhas específicas.
IV. O selim deve ser posicionado em altura em que aconteça a extensão total do
joelho, quando o pé estiver no nível mais baixo.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas III está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. A meditação permite a exploração das sensações e percepções do aluno em


relação ao seu próprio corpo. No contexto da Ginástica de academia, qual o
principal objetivo da meditação?

138
LEITURA
COMPLEMENTAR

Conforme você pôde observar, algumas das modalidades de Ginástica de academia são
realizadas tanto no solo quanto na água, como é o caso do jump, que se iniciou como ati-
vidade terrestre e foi adaptado para a água. Tal adaptação desperta a curiosidade em sa-
ber se as diferentes condições ambientais também proporcionam diferentes resultados.
Nesse sentido, a pesquisa de Moraes et al. (2012) investigou as respostas fisiológicas
geradas em uma aula de jump fit (aula pré-coreografada) e de hidro jump. Algumas
das variáveis investigadas foram a frequência cardíaca (FC) e a percepção de esforço
(EPE), por meio da Escala de Borg. O protocolo de exercício utilizado foi o mesmo
para ambas as aulas, sendo que, do minuto 1 ao 5 foi realizado aquecimento e alon-
gamento das articulações e músculos; a parte principal, com movimentos de corrida,
salto tesoura entre outros, conduzidos por músicas de 140 BPM, com duração de 30
minutos; e do minuto 35 ao 40 foi realizado o retorno à calma, com o alongamento
final. Assim, cada aula teve duração de 40 minutos.
Essas aulas aconteceram em intervalo de 48 horas e, em cada uma delas, a FC e a EPE
foram aferidas a cada dois minutos. De acordo com os resultados obtidos das oito par-
ticipantes, com idade média de 43,5 ± 5,2 anos, não houve diferença estatística nas vari-
áveis investigadas. Ou seja, os resultados demonstraram que parece não haver diferen-
ças relevantes entre a FC e a EPE, durante a aula de jump no meio terrestre e aquático.
Sendo assim, os autores concluíram que esta atividade, realizada dentro ou fora
da água, pode ser indicada para aqueles indivíduos que visam obter melhorias do
condicionamento físico geral.
Para além dos dados apresentados, é relevante pensar sobre a quantidade de pessoas
que participaram, bem como nas variáveis analisadas. Observe que a amostra foi muito
pequena, apenas oito participantes do sexo feminino. Será que os resultados seriam os
mesmos, caso fosse feita a análise com mais participantes? Será que indivíduos do sexo
masculino se comportam da mesma maneira? Além disso, o estudo investigou apenas os
parâmetros fisiológicos? Se pensarmos em termos de aprimoramento estrutural, ou seja,
quantidade de massa magra, massa gorda e massa óssea, será que o exercício realizado
em solo produziria os mesmos resultados que o feito na água?

Fonte: adaptado de Moraes et al. (2012).

139
material complementar

Indicação para Ler

Exercícios de Hidroginástica: Exercícios e rotinas para tonificação,


condicionamento físico e saúde
MaryBeth Pappas Baun
Editora: Manole
Sinopse: o livro “Exercícios de Hidroginástica: exercícios e rotinas para tonificação,
condicionamento físico e saúde” oferece instruções de movimentos, juntamente
com fotografias na água e fora dela, que tornam o entendimento bastante sim-
ples. Além disso, ele inclui diversos estilos, equipamentos e exercícios aquáticos
atuais, com dicas sobre as melhores formas de execução para o desenvolvimento
das aptidões físicas voltadas para a saúde.

Indicação para Ler

Anatomia da Yoga
Leslie Kaminoff e Amy Matthews
Editora: Manole
Sinopse: o livro “Anatomia da yoga” traz informações e ilustrações anatômicas em
detalhes que proporcionam compreensão mais aprofundada das estruturas e dos
princípios que envolvem os movimentos do Yoga. Além disso, apresenta como
cada músculo é solicitado em determinado Ásana e como a coluna, a respiração e
a posição do corpo estão, essencialmente, interligados. São abordados, também,
os sistemas esquelético, articular e muscular bem como uma discussão sobre o
equilíbrio intrínseco e os Bandhas, que são técnicas de contrações de áreas espe-
cíficas do corpo, relacionadas aos centros de energia vital e canalizadores de fluxo
energético ou Chakras.

140
gabarito

1. A
2. A
3. O agachamento é feito a partir da posição or-
tostática, com os pés afastados, de maneira
que fiquem alinhados aos ombros e, ligeira-
mente, abduzidos. O movimento inicia-se com
a descida do corpo, por meio da flexão dos
quadris, joelhos e tornozelos. Essa descida é
conduzida pelo quadril, que faz uma trajetória
em diagonal para trás. A subida é atingida pela
extensão dos quadris, joelhos e tornozelos, até
que o aluno retorne à posição inicial. A amplitu-
de do movimento é determinada pelo nível de
mobilidade do indivíduo.
4. C
5. A meditação é realizada com o objetivo de pro-
mover a conscientização corporal e o relaxa-
mento, devendo ser a parte final da aula.

141
PLANEJAMENTO DA AULA
DE GINÁSTICA DE ACADEMIA

Me. Adriano Ruy Matsuo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Treinamento esportivo e a ginástica de academia
• Planejamento e organização de uma aula de ginástica de
academia
• Elementos para um Coaching de excelência

Objetivos de Aprendizagem
• Discutir os conceitos básicos do treinamento esportivo no
âmbito da ginástica de academia.
• Identificar os principais pontos do processo de
planejamento e estruturação de uma aula de ginástica de
academia.
• Apresentar elementos que devem compor o coaching de
uma aula de ginástica de academia.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a), para encerrarmos o estudo da ginástica de aca-
demia, nesta quarta unidade, trataremos dos principais ele-
mentos do planejamento e organização das aulas de ginástica.
Desta forma, primeiramente, discutiremos a ciência do
treinamento esportivo aplicada à ginástica de academia, visto a sua im-
portância para se entender como alguns elementos influenciam os resul-
tados de um treino. Nesse sentido, veremos os princípios do treinamento
esportivo, assim como os principais métodos de treinamento, que cuidam
da organização dos componentes da carga, como a intensidade e volume.
Na sequência, falaremos sobre o planejamento das aulas de ginástica
de academia. Veremos que a estruturação das fases do treinamento tem
como objetivo promover, de maneira ótima, o condicionamento geral e es-
pecífico dos componentes da aptidão física. Nesse contexto, trataremos dos
ciclos do treinamento esportivo, bem como, do modelo de planejamento
aplicado frequentemente às modalidades de ginástica de academia. Nessa
perspectiva, serão apresentadas também as quatro partes que compõem
uma aula, sendo elas: introdução, aquecimento, parte principal e volta à
calma. Discutiremos a forma de organizá-las em termos de sequência es-
trutural, duração e objetivos definidos para o treino.
Para encerrar a unidade, abordaremos os elementos para um coaching
de excelência, a partir partir do entendimento de que, para proporcionar
um treino de qualidade, além de executar corretamente os movimentos,
o professor deve se atentar a outras qualidades que envolvem aspectos da
comunicação e do relacionamento com pessoas.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos!
Tenha uma ótima leitura!


Treinamento Esportivo
e a ginástica de academia

O treinamento esportivo corresponde à ciência dos co- Nesse contexto, a ciência do treinamento espor-
nhecimentos voltados para o desempenho e a perfor- tivo, aplicada à ginástica de academia, tem como
mance física. Por meio do treinamento físico, é possível objetivo desenvolver nos indivíduos os componen-
aprimorar diferentes capacidades físicas, as quais pos- tes da aptidão física relacionados à saúde. Tratamos
sibilitam que os indivíduos se desenvolvam enquanto sobre eles na Unidade 1, você se lembra quais eram?
esportista, ou adquiram melhores condições de saúde.

146
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO Princípio da sobrecarga

O processo de treinamento físico pode ser planejado Um dos princípios mais importantes do treinamen-
e estruturado com base em alguns elementos conhe- to é o da sobrecarga. Isto porque é por meio dele
cidos como Princípios do treinamento esportivo. que os estímulos gerados pelos exercícios físicos são
De maneira geral, o profissional de Educação Física controlados. Esses estímulos, quando oferecidos
deve compreender e dominar esses princípios antes corretamente, causam uma sobrecarga no organis-
de elaborar os programas de treino para um longo mo e o forçam a se adaptar às novas exigências.
ou curto período. Em meio aos diversos princípios As principais variáveis manipuladas para criar
existentes, serão abordados, aqui, aqueles que, de essa sobrecarga são a Frequência, a Intensidade, o
certo modo, necessitam de maior atenção durante o Tempo, o Tipo, o Volume e a Progressão (ACSM,
planejamento de uma aula de ginástica de academia. 2018). Comentamos, anteriormente, sobre as quatro
primeiras variáveis, na Unidade 2, ao discutirmos
Princípio da especificidade o monitoramento e a modulação da intensidade
no exercício físico aeróbico. Sendo assim, podemos
O princípio da especificidade é aquele que diz que o avançar e caracterizar o volume e a progressão.
treinamento deve ser planejado sobre os requisitos O volume é um dos fatores essenciais a serem ma-
específicos da performance esportiva em termos de nipulados na elaboração de um programa de treino.
aptidão física exigida, sistema energético dominan- Ele é composto pelos seguintes elementos, os quais
te, segmento corporal e coordenações psicomotoras podem ou não estar numa mesma sessão de treino:
utilizadas (DANTAS, 1995). • Duração do treino.
De acordo com esse princípio, então, uma aula • Distância percorrida.
de ginástica de academia deve ser estruturada, prin- • Peso levantado por unidade de tempo.
cipalmente, sobre os sistemas do organismo que pre- • Número de repetições de determinado movi-
dominam na modalidade realizada. Por exemplo, as mento ou exercício.
aulas de Jump, que são qualificadas como exercício Nesse contexto, podemos entender o volume como a
aeróbico, devem ser elaboradas considerando as ca- quantidade de atividades realizadas em uma sessão (ou
racterísticas do sistema aeróbico de transferência de fase) de treino, ou, ainda, como o trabalho realizado.
energia e os movimentos específicos da modalidade A progressão pode ser definida como as mudan-
para o aprimoramento da aptidão cardiorrespirató- ças entre as sessões de treino, por meio da manipula-
ria e seus benefícios decorrentes. Já as aulas de Gi- ção das variáveis citadas anteriormente, com o objeti-
nástica localizada, que são reconhecidas como exer- vo de manter uma sobrecarga progressiva ao longo do
cício resistido, devem ser planejadas considerando processo de treinamento. A progressão da sobrecarga
as características do sistema anaeróbico de transfe- está associada ao aumento da carga de trabalho de
rência de energia e do treinamento resistido para o acordo com as adaptações do indivíduo. Desse modo,
desenvolvimento da força e resistência muscular e conforme ele apresenta melhoras na performance, a
seus subsequentes benefícios. carga de treino é elevada de forma progressiva.

147


TREINO

Manutenção do
treinamento

Destreinamento
(reversibilidade)
Condicionamento
físico inicial
TEMPO

Sobrecarga Recuperação Supercompensação


do treino (Compensação)
Figura 1 - Relação entre sobrecarga do treino, recuperação e supercompensação / Fonte: o autor.

Embora seja necessário elevar a carga de treino, esse SAIBA MAIS


aumento não deve ser linear sempre, pois é preciso
oferecer um tempo hábil para que o organismo do A resposta do organismo à sobrecarga
indivíduo se adapte às demandas de esforço. Após (ou estresse) ocorre, por meio de ações
uma sobrecarga, o organismo entra num processo coordenadas entre os sistemas nervoso,
endócrino, imunológico, tecidos e órgãos,
de recuperação, onde busca restabelecer o equi- que permitem o fornecimento adequado
líbrio homeostático. Portanto, uma relação ideal de oxigênio e de energia. Além disso, ela
entre a carga aplicada e o tempo de recuperação é pode envolver, também, aumentos de for-
ça e resistência muscular, de resistência
fundamental para garantir o restabelecimento desse à dor, de perspicácia mental, bem como,
equilíbrio e promover adaptações biológicas funda- uma proteção temporária contra infecções.
mentais para o desempenho (DANTAS, 1995). Esse Essas respostas, e consequente adaptação,
representam a preservação de um meca-
processo é conhecido como supercompensação. nismo evolutivo, pelo qual as células se
Na aplicação do princípio da sobrecarga, o volu- defendem contra mudanças repentinas e
me e a intensidade constituem os principais fatores a adversas do meio ambiente, adaptando-se,
assertivamente, a elas.
serem ajustados ao longo do treinamento, e isso é feito
por meio da utilização dos vários métodos existentes Fonte: Welch (1993).

como o contínuo e o intervalado (TUBINO, 1984).

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

Princípio da reversibilidade víduos diferentes respondam de maneiras diferentes


ao mesmo tipo de treino.
O princípio da reversibilidade assegura que as mo- Não existe, então, uma fórmula de treinamen-
dificações corporais adquiridas com o treinamento to ideal que produza resultados ótimos para todos.
físico sejam de natureza transitória (BARBANTI, Logo, é importante respeitar os diferentes tempos
2010). Desta forma, as alterações fisiológicas, mor- de aprendizagem, bem como compreender a veloci-
fológicas e de desempenho das capacidades físicas dade (lenta ou rápida) de evolução do desempenho
obtidas com o treino, retornam aos níveis iniciais, que o aluno apresenta. Entre os fatores determinan-
após a sua interrupção. tes desse princípio estão a genética, a idade biológi-
Nesse sentido, a fim de se evitar a reversão ca, a aptidão física e o repertório motor.
dos ganhos, ou, ainda, a estagnação do processo
de desenvolvimento, é fundamental considerar o MÉTODOS DE TREINAMENTO
princípio da sobrecarga. Isso porque a ausência
de variações nas cargas de treino pode deixar de Para alcançar os objetivos de um treino, não basta
produzir adaptações importantes para o desenvol- escolher um exercício e estabelecer, aleatoriamen-
vimento do indivíduo. te, a sua intensidade e duração. Após a escolha do
exercício, é necessário estruturar os componentes da
Princípio da individualidade biológica carga para garantir a coerência entre a intensidade,
a duração e os períodos de recuperação da atividade
A individualidade biológica é entendida como o fe- (SAMULSKI; MENZEL; PRADO, 2013).
nômeno que explica a variabilidade entre elementos Nesse sentido, os métodos de treinamento cui-
da mesma espécie e que faz com que não existam dam da organização dos componentes da carga com
indivíduos iguais (TUBINO, 1984). Isso significa base nos objetivos do treino, considerando as vias
que cada indivíduo é único e, por isso, cada um é metabólicas que se pretende priorizar. São estes mé-
portador das suas próprias aptidões, capacidades e todos que determinam a intensidade e o volume do
respostas aos estímulos enfrentados. Sendo assim, treino, variáveis estas que apresentam uma relação
no contexto da educação física, é normal que indi- de interdependência.

149


Métodos de
treinamento

Método Método
contínuo fracionado

Contínuo Contínuo Fracionado Fracionados


estável variável repetitivo intervalados

Intervalado Intervalado
Modalidades
extensivo intensivo
de ginástica
como o Step,
o Jump e o
Ciclismo indoor
Modalidades
de ginástica
como a
ginástica
localizada

Figura 2 - Métodos de treinamento e possibilidade de enquadramento das modalidades de ginástica de academia / Fonte: o autor.

Na classificação geral dos métodos de treinamento Método Contínuo Estável


físico, dois recebem grande destaque: o método con-
tínuo e o método fracionado (ou intervalado). Caracterizado pela constância da intensidade, o mé-
todo contínuo estável é utilizado em treinos aeróbios
Método Contínuo onde há estabilidade em parâmetros, como a frequência
cardíaca. Sendo assim, a intensidade é mantida em um
O método contínuo é descrito pela execução con- nível correspondente ou abaixo do limiar anaeróbico.
tínua de um trabalho, sem intervalos de recupe-
ração. Esse método é aplicado, essencialmente, a Método Contínuo Variável
partir de exercícios cíclicos. As intensidades utili-
zadas são, relativamente, baixas e podem ser apli- No método contínuo variável, como o próprio nome
cadas de forma estável ou variável (SAMULSKI; sugere, o exercício é realizado com variações na in-
MENZEL; PRADO, 2013). tensidade, porém sem intervalos de recuperação.
Esse método pode ser utilizado para a melhora da

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

capacidade aeróbica, bem como de ambas aeróbica e de recuperação são, relativamente, extensos. Esses in-
anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Portanto, pode tervalos devem possibilitar um descanso que viabilize
ser aplicado com intensidades que oscilam de uma a realização de várias séries sem perdas significativas
zona inferior ao limiar anaeróbico (no máximo até o no rendimento. Os treinamentos realizados a partir
limiar) até uma zona superior. desse método repetitivo, com recuperação suficien-
É comum que livros antigos tragam esse méto- te para um novo estímulo, são utilizados em treinos
do, que alterna ritmos variados dentro de um mes- anaeróbicos abaixo ou próximos do limiar de produ-
mo treino, com o nome de Fartlek, desenvolvido pelo ção de ácido lático (anaeróbica alática).
treinador sueco Gösta Holmér, no ano de 1930. O ter-
mo utilizado, Fartlek, quer dizer jogo de velocidade. Métodos Fracionados Intervalados
As modalidades de ginástica de academia que vi-
sam, principalmente, o aprimoramento da capacidade Os métodos fracionados intervalados caracterizam-
cardiorrespiratória utilizam, frequentemente, o método -se por momentos de esforço alternados com inter-
contínuo variável para estruturar suas aulas. Isso, justa- valos incompletos de recuperação e podem ser subdi-
mente, pela ausência de intervalos, bem como pela pos- vididos em método intervalado extensivo e intensivo.
sibilidade de variar a intensidade durante o exercício. No método intervalado extensivo, a intensidade
é moderada, os esforços são extensos, e há períodos
Método Fracionado incompletos de recuperação, em que a duração é,
relativamente, mais curta em comparação ao tempo
O método fracionado é caracterizado por apresentar do esforço. O método extensivo é utilizado, frequen-
intervalos para recuperação. Esse tipo de método é temente, em treinos aeróbicos ou para o aprimora-
utilizado para reproduzir condições de esforço seme- mento de alguns tipos de resistência, como a resis-
lhantes às existentes em algumas modalidades espor- tência de força e resistência anaeróbica lática (acima
tivas, para diversificar o tipo de estímulo (alternativa do limiar de produção de ácido lático).
ao método contínuo) e para se treinar em intensidades Já no método intervalado intensivo, a intensidade é
muito elevadas. De acordo com os objetivos do treina- elevada, a duração do esforço é curta e, apesar de apre-
mento, a intensidade e a duração dos estímulos e dos sentar períodos incompletos de recuperação, esses são,
intervalos podem mudar. Nesse contexto, o método relativamente, longos. Devido às altas intensidades,
fracionado pode ser subdividido em método repetitivo esse método é utilizado em treinos, com predominân-
e intervalado (SAMULSKI; MENZEL; PRADO, 2013). cia da via anaeróbia lática de transferência de energia.
Normalmente, as modalidades de ginástica de
Método Fracionado Repetitivo academia que objetivam, principalmente, o aprimo-
ramento da resistência muscular, utilizam o méto-
No método fracionado repetitivo, os exercícios físicos do intervalado extensivo para estruturar suas aulas.
são realizados com intensidade máxima ou próxima Isso porque a intensidade é moderada, e os esforços
da máxima. Devido à intensidade ser muito elevada, são longos, com períodos incompletos (demasiada-
a duração do estímulo é muito curto, e os intervalos mente curtos) de recuperação.

151


Planejamento e Organização
de uma aula de ginástica de academia
É muito importante que os princípios e métodos do sessões de treino. Isto porque o planejamento, co-
treinamento esportivo sejam considerados e respei- nhecido como periodização do treinamento esporti-
tados para que os objetivos do treino sejam alcança- vo, permite uma visualização completa da organiza-
dos. No entanto, também se faz necessário planejar ção e garante o desenvolvimento lógico das sessões.
todo o processo do treinamento e sistematizar as

152
EDUCAÇÃO FÍSICA

PERIODIZAÇÃO DAS AULAS DE GINÁSTI- truturação das fases do treinamento, que tem como
CA DE ACADEMIA finalidade promover o condicionamento geral e es-
pecífico dos componentes da aptidão física, de ma-
O termo periodização deriva da palavra período e neira ótima (BOMPA, 2002).
corresponde a uma divisão do tempo em pequenos A estruturação das fases do treinamento é or-
segmentos a fim de se ter um controle melhor da ganizada em etapas denominadas ciclos de treina-
sobrecarga e recuperação do treinamento. A perio- mento, que podem ser programados em macrociclo,
dização pode ser entendida como o processo de es- mesociclos e microciclos.

Macrociclo

Mesociclo Mesociclo Mesociclo Mesociclo

Mesociclo
Microciclo Microciclo Microciclo Microciclo

Microciclo
Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula)
1 2 3 4 5

Figura 3 - Ciclos de treinamento / Fonte: o autor.

De modo geral, um macrociclo pode durar entre seis A organização dos ciclos de treinamento na gi-
meses e quatro anos, dependendo da modalidade de nástica de academia deve considerar, principalmen-
exercício, do nível de aptidão física dos indivíduos te, o nível de aptidão física dos praticantes. Nesse
e do planejamento. Um mesociclo tem duração en- sentido, a periodização é particular a cada professor
tre quatro e seis semanas. Um microciclo refere-se a que deve estudar e determinar as melhores estraté-
uma semana de treinamento, embora, dependendo gias para atender às especificidades do seu público
do formato do programa de exercício, pode durar que, no geral, é heterogêneo.
até quatro semanas. Em resumo, um microciclo re- Entre os diferentes modelos de periodização, a
presenta uma fase do treinamento; os mesociclos re- ondulatória flexível talvez seja a que melhor atenda
presentam várias fases; e o macrociclo retrata a co- às modalidades de ginástica de academia, por apre-
letânea dessas fases, numa estrutura final (PRESTES sentar maior variação da carga. No modelo de pe-
et al., 2016). riodização ondulatório flexível, a variação dos com-

153


ponentes do treinamento é mais frequente, podendo todo surgiu da necessidade de adequar o estado mo-
ser efetuada a cada microciclo e/ou sessão de treino, mentâneo do praticante à carga de treinamento, com
isto é, a cada semana e/ou aula. Além disso, por ser o objetivo de garantir que ele treine sempre com a
flexível, a carga pode ser adaptada de acordo com o carga apropriada (PRESTES et al., 2016).
estado fisiológico ou psicológico do aluno. Esse mé-

Ondulatório
por semana

Ondulatório
por aula

Variáveis da
carga de treino

S1 S2 S3 S4 S5 S1 S2 S3 S4 S5

Microciclo 1 Microciclo 2

Figura 4 - Modelo de periodização ondulatória entre os microciclos e sessões / Fonte: o autor.

ELABORAÇÃO DE UMA AULA DE GINÁS-


TICA DE ACADEMIA

Por estas características, a periodização ondulató- Conforme você observou, a menor estrutura de um
ria flexível está sendo sugerida, aqui, como mode- plano de treinamento é a sessão de treino. No caso
lo de organização das sessões, diante dos grandes das ginásticas de academia, as sessões de treino são
desafios da periodização das modalidades de gi- chamadas de aulas e podem ser estruturadas a partir
nástica de academia, que são a heterogeneidade dos objetivos da sessão, dos exercícios da modali-
de perfis, a irregularidade nas aulas (frequência) e dade, da relação volume e intensidade dos esforços,
a rotatividade de alunos. bem como dos períodos de recuperação. Uma aula
é dividida, basicamente, em quatro partes: Introdu-
ção, Aquecimento, Parte principal e Volta à calma.

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

Introdução Parte principal

Na introdução à aula, além da apresentação e das Imediatamente ao aquecimento, é dado início à par-
boas-vindas do professor, ele deve explicar aos alu- te principal da aula. Esta etapa é planejada conside-
nos os principais pontos de atenção e segurança, o rando uma série de fatores, como o perfil dos alu-
funcionamento dos equipamentos (quando hou- nos (por exemplo: idade, aptidões e capacidades) e a
ver), fornecer dicas para iniciantes, intermediários modalidade da ginástica de academia.
e avançados e elevar a motivação dos participantes. É nesse momento que os métodos de treina-
mento, contínuo variável ou o fracionado interva-
Aquecimento lado extensivo, são aplicados para que os objetivos
da aula sejam alcançados. Portanto, neste momento,
O aquecimento tem como finalidade preparar o cor- a intensidade pode oscilar de moderada à vigorosa.
po, do ponto de vista fisiológico, metabólico e psi- A parte principal corresponde, ainda, ao momento
cológico, para os movimentos que serão executados em que a aprendizagem motora é estimulada. Sendo
na aula. De maneira geral, ele proporciona a redistri- assim, a execução dos movimentos é feita seguindo
buição do fluxo sanguíneo para os músculos ativos, uma progressão do simples ao complexo (ou do fácil
aumentando o fornecimento de oxigênio e nutrientes ao difícil), de modo a promover a aprendizagem e o
para os tecidos. Gera, também, um aumento na velo- aperfeiçoamento dos gestos motores.
cidade de ressíntese de ATP, fazendo com que o orga- Por estes motivos, os objetivos da aula devem es-
nismo passe a funcionar de maneira mais próxima ao tar alinhados aos objetivos dos ciclos do treinamen-
que será exigido no decorrer do exercício físico. to para que, dessa forma, exista uma coerência entre
O aquecimento igualmente eleva a atividade do o que estará sendo executado e que foi planejado.
sistema nervoso central e periférico, reduzindo o
tempo de reação e melhorando o desempenho motor. Volta à calma
Estimula ainda a lubrificação das articulações sino-
viais e o aumento momentâneo da amplitude articu- Após o término da parte principal, é importante que
lar, a qual pode facilitar a execução dos movimentos. os alunos reduzam, gradativamente, a intensidade
Desta forma, o aquecimento corresponde à tran- dos esforços com o intuito de restabelecer os siste-
sição do organismo, das condições de repouso para mas fisiológicos que foram solicitados durante aula.
as exigidas na atividade física. Essa transição é feita Desta forma, os minutos finais da sessão devem ser
em intensidade leve à moderada, com movimentos destinados à redução da frequência cardíaca, da fre-
simples e que envolvam todos os segmentos corpo- quência respiratória e da temperatura corporal.
rais, em especial aqueles que serão mais exigidos.

155


Normalmente, essa volta à calma é feita com alon- Organização e duração das partes de uma aula
gamento da musculatura solicitada para que os múscu-
los relaxem e retornem ao seu estado relaxado. Contu- Geralmente, as aulas das diferentes modalidades de
do, em algumas modalidades de ginástica de academia, ginástica de academia possuem a duração de 60 mi-
os exercícios de resistência muscular (frequentemente nutos. Nesse tempo, estão inclusos todos os elemen-
os abdominais) também podem ser incluídos na fase tos descritos anteriormente. O Quadro 1 apresenta
de volta à calma, antes do alongamento. um modelo geral de organização destas partes, em
função do tempo despendido em cada uma delas.

Duração (60 minutos) 5 minutos 5 minutos 35 minutos 15 minutos


Etapa Introdução Aquecimento Parte principal Volta a calma
Quadro 1 - Modelo geral de organização das aulas de ginásticas de academia em função do tempo / Fonte: o autor.

No Quadro 2, é apresentado um modelo de organi- principal planejada de acordo com método contí-
zação, considerando a etapa, a música, a duração e o nuo variável de treinamento.
objetivo da música. Essa estrutura descreve a Parte

Etapa Música Duração Objetivo da música

Introdução 5 minutos
Aquecimento 1 5 minutos Aquecimento
2 5 minutos Treino moderado 1
3 5 minutos Treino moderado 2
4 5 minutos Treino intenso 1
Parte Principal 5 5 minutos Recuperação
6 5 minutos Treino moderado 3
7 5 minutos Treino intenso 2
8 5 minutos Treino intenso 3
9 10 minutos Treino de core
Volta à calma
10 5 minutos Alongamento
Quadro 2 - Modelo de organização das aulas de ginásticas de academia com o método contínuo variável de treinamento / Fonte: o autor.

Estas são apenas algumas das formas de planejar com os objetivos, os exercícios e as variáveis da
uma aula, podendo sofrer alterações de acordo carga de treino da sessão.

156
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nota de coreografia demia. Uma ferramenta que auxilia o processo de


estruturação da coreografia é a Nota de coreografia.
Na ginástica de academia, cada música representa No início desta obra, especificamente na Unida-
uma parte da aula e possui o seu próprio objetivo. de 2, você fez o uso de uma nota coreográfica para
O planejamento de uma música se concretiza na treinar sua habilidade auditiva e sua coordenação
coreografia. Basicamente, a coreografia é a junção motora. Como você se saiu? O Quadro 3 apresenta
harmoniosa entre a música e os movimentos carac- um exemplo de nota coreográfica.
terísticos de cada modalidade de ginástica de aca-

Música Exercício Físico Anotações


Instrumento/
Mapeamento Contagem Movimento Tempo Repetição
efeito
Não esquecer
Preparação para o das recomen-
Introdução Baixo e caixa 2x8 16 t
step touch dações de
segurança.
“Galera! Abre
Teclado 2x8 Step touch 4t 4x e fecha a
perna!”
Verso 1 Elevação de pernas
Órgão 1 2x8 4t 4x
para trás
Elevação de pernas
Órgão 2 2x8 4t 2x
para trás dupla
Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x
Elevação de pernas
Baixo e órgão 2x8 4t 4x
para trás
Elevação de pernas
Verso 2 4t 2x
para trás dupla
Órgão 2 3x8
Elevação de pernas
4t 2x
para trás
Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x
Elevação de pernas
Baixo e caixa 2x8 4t 2x
para trás dupla
Verso 3
Elevação de pernas
Órgão 2 2x8 4t 4x
para trás
Redução do
Encerramento 2x8 Step touch 4t 2x
volume
Quadro 3 - Modelo de nota de coreografia / Fonte: o autor.

Observe que, nesse exemplo de nota coreográ- de observações específicas daquele momento da
fica, foi incorporada a coluna Anotações. Este música, até dicas de vozes de comando.
campo pode ser utilizado para variados fins, des-

157


Elementos para um
coaching de excelência

A palavra inglesa coach, no contexto esportivo, faz A EXECUÇÃO FÍSICA


referência ao treinador, logo, coaching pode ser en-
tendido como o processo de conduzir um treina- O professor é a referência da execução correta dos
mento físico. Para proporcionar um treino de qua- movimentos para os alunos. Enquanto modelo, é im-
lidade na Ginástica de academia, além de executar portante que ele conheça a técnica e a execute de ma-
corretamente os movimentos, o professor deve se neira competente, seguindo todos os aspectos de se-
atentar a outras qualidades, como o comando efi- gurança. Assim sendo, manter uma boa postura, bem
ciente, a dramatização, a organização e a hospitali- como o controle dos movimentos é fundamental.
dade (BODY SYSTEMS, 2004).

158
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Redução do uso de palavras técnicas


O COMANDO
Reduzir o número de palavras técnicas
nos comandos auxilia a compreensão do
Além da ótima execução dos movimentos, é funda- que deve ser feito. Além disso, pode tor-
mental saber instruí-los com eficiência. A instrução nar a aula uma experiência mais emocio-
básica inclui mais do que simplesmente demonstrar nal que racional. Quando for necessário o
e explicar a técnica. Ela também envolve o coman- uso de termos técnicos, devem ser sempre
do, eficientemente, nas mudanças de movimento, explicados no início da coreografia onde
ele será usado.
um amplo repertório de instruções verbais e visuais,
bem como a correção da técnica do aluno.
• Uso de figuras associativas

Instrução Muitos comandos podem ser feitos pela as-


sociação do movimento em questão com
De maneira geral, os comandos de execução devem ser alguma imagem (mental) ou palavra que o
simples com ênfase na postura, no controle e amplitude descreva. Por exemplo, o comando: “Pessoal,
do movimento e no ritmo. Contudo, um dos grandes agora, step touch”! pode ser substituído por:
desafios do professor é fazer com que os alunos pres- “Pessoal, agora, abre e fecha perna”. Este cui-
tem atenção nas explicações e recomendações forne- dado da utilização de uma figura associativa
cidas. Para um controle eficiente da sala, é necessário facilitou o entendimento, não foi?
ter uma ótima capacidade de instrução verbal e visual,
bem como ter a admiração e o respeito dos alunos. Isso • Evocar sensações
tudo se alcança com a prática e o tempo. A entonação da voz e a utilização de palavras
ou frases que provocam sensações faz com
Instrução verbal que o exercício físico seja uma experiência,
também, emocional. Um exemplo disso se-
A instrução verbal é o processo de transmissão das ria dizer: “Sinta o seu calcanhar afundar no
informações por meio da fala. Ela é, basicamente, o trampolim”, ou, ainda: “Mostre-me a sua
principal instrumento de comunicação entre o pro- melhor corrida”. A entonação da voz é mui-
fessor e os alunos. É por meio da fala que se entra em to utilizada para caracterizar a intensidade
contato e se transmite uma mensagem de maneira rá- com que deve ser feito o exercício. Em mo-
pida e direta. Para uma instrução verbal eficaz, alguns mentos que exigem um grande esforço, a co-
pontos de atenção devem ser considerados, como o municação é feita em entonação alta da voz
tipo de vocabulário utilizado, a seleção dos coman- e, nos momentos de recuperação, com uma
dos, a qualidade da voz e a correção da técnica. entonação mais baixa.

159


Identificação da técnica de má qualidade Correção individual

Quando são notados movimentos incorretos, é im- Como regra geral, os comandos de correção indi-
prescindível que estes sejam melhorados. Mesmo vidual são feitos, inicialmente, com um contato vi-
sendo um caso isolado na sala, os comandos de cor- sual e corporal direto, seguido de orientações com
reção devem ser dirigidos, inicialmente, para todo um tom de voz de cuidado. É muito importante não
o grupo e, depois, individualmente. Um método ofender o aluno com palavras inapropriadas e seu
eficiente de correção, além das orientações verbais, constrangimento direcionando a atenção do grupo
é demonstrar o movimento incorreto, seguido da para ele. Uma intervenção para a correção deve con-
técnica correta. ter três itens:

ORIENTAÇÃO ELOGIO
CONTATO orientações e o feedback positivo,
recomendações de através de palavras de
estabelecimento do mudança para elogio, apoio e
incentivo, deve ser feito
contato com o grupo corrigir a técnica do com o intuito de
ou o aluno, por meio movimento, através enaltecer o movimento
da fala e correto, bem como,
verbal ou visual. demonstração. parabenizar o esforço
pela mudança.

É importante destacar que a correção da técnica do ramenta de interlocução. Ela é a forma de comuni-
movimento envolve a aceitação, a conscientização cação não-verbal, na qual transmitimos a mensagem
corporal e o tempo para a sua assimilação. Desta por meio de gestos, de expressões faciais, dos movi-
forma, a mudança pode não ser instantânea e le- mento dos olhos, da postura, entre outros.
var várias sessões para acontecer, contudo o esforço
deve ser sempre elogiado e apoiado. REFLITA

Instrução visual A execução correta dos movimentos é tão


importante para o desempenho quanto para
Considerando que, numa interação entre indivídu- a integridade da saúde dos alunos, assim, a
técnica correta poderia ser reforçada no início
os, apenas 35% do processo de comunicação é feito da aula e nas transições de uma coreografia
por meio de palavras (BIRDWHISTELL, 1985), a para a outra, não é mesmo?
linguagem corporal consiste numa importante fer-

160
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesse contexto, a linguagem corporal pode potencia- a instrução visual auxilia o professor a manter a sua
lizar a transmissão da mensagem e facilitar o entendi- execução física em momentos de grande exigência e
mento do comando por parte do aluno. Além disso, fadiga em que a comunicação verbal é dificultada.

Cabeça
Pode indicar uma direção

Rosto
Expressa emoção e motivação

Mãos
Pode indicar uma
direção, número de
Braços repetições e qualidade
Podem indicar uma direção
e expressar intensidade,
ritmo e dimensão

Corpo todo
Demonstra a técnica do
movimento e expressa a
intensidade e ritmo

Figura 5 - Possibilidades de gestos e movimentos corporais / Fonte: o autor.

Perna líder

Entre os diferentes comandos visuais, a antecipação O conceito de perna líder está relacionado com o
do movimento, sem dúvida, é o de maior relevância, lado do corpo onde o movimento se inicia. Ele rece-
porque por meio dele o aluno consegue observar o be esse nome devido ao fato de, geralmente, os mo-
próximo movimento e mudar no tempo certo. Ge- vimentos começarem por uma das pernas. Como o
ralmente, essa demonstração (antecipação) do pró- professor deve estar de frente para o grupo, na maior
ximo movimento acontece entre os 8 ou 4 tempos parte da aula, a sua perna líder (ou lado), normal-
finais da frase musical, antes da troca. mente, é a esquerda para que os alunos iniciem os
movimentos com sua perna direita.

161


Posicionamento na sala ao lado dos alunos, enquanto conduz o grupo. Isso


atrai a atenção, aumenta a interação e cria um clima
Além da clareza na instrução verbal e da precisão na de descontração.
instrução visual, é fundamental que o professor se
posicione de maneira que todos os alunos possam A DRAMATIZAÇÃO
vê-lo e acompanhar seus movimentos. Como regra,
ele nunca deve ficar de costas para o grupo mais que A dramatização se refere à utilização da voz e da
10% do tempo total da aula. Estar de frente permite linguagem corporal para interpretar e projetar no
observar melhor todos os alunos, intervir rapidamen- aluno o sentimento da música. Quanto melhor for
te quando necessário e maximiza o comando visual. a conexão entre o movimento e a emoção da músi-
É possível adotar também, por um breve mo- ca, maior é a experiência de divertimento e o prazer
mento, posições em perfil ou em diagonal para que os alunos sentem. Nesse contexto, as principais
demonstrar detalhes do movimento, que, muitas sensações da música, bem como da intencionalidade
vezes, não são percebidas pelo aluno. Com turmas da coreografia (se é um momento mais ou menos in-
experientes, o professor pode, ainda, “participar da tenso), que devem ser expressos são: o ritmo, a força,
aula” se posicionando em diferentes lugares da sala, a energia, o prazer e a paixão.

FORÇA: ENERGIA: PRAZER: RITMO: PAIXÃO:


refere-se à habilidade diz respeito à corresponde à corresponde à representa a
de interpretar e capacidade de habilidade de habilidade de expressar capacidade de
expressar a força e o interpretar e expressar
interpretar e expressar a o pulso da música, seu demonstrar o afeto e
vigor da música. a intensidade e o
dinamismo da música.
felicidade, o deleite e a andamento e vibração. admiração pela
satisfação da música. modalidade que está
ministrando.

Uma ótima dramatização necessita de estudo e co- Quando ela é executada com maestria, além de
nhecimento de cada detalhe da música para que proporcionar diversão e prazer, ela auxilia o aluno
se possa alinhar e harmonizar os movimentos e a entender e visualizar o contraste dos movimentos
a interpretação com a melodia e frases musicais. (fortes e fracos, por exemplo).

162
EDUCAÇÃO FÍSICA

A interpretação pode ser complementada pela ma- cionais, ou seja, se estão apropriados e seguros
neira como o professor se apresenta. Portanto, a para as exigências da aula. Verificar a distribuição
vestimenta e o uso de acessórios adequados podem dos alunos, se todos têm espaço suficiente para a
conferir um diferencial ao criar um cenário mais prática também é fundamental para a segurança e
próximo do que se está a ensinar, como utilizar rou- a fluidez da aula.
pas características do Hip Hop, em aulas de ritmos
com esse estilo musical, ou, ainda, fazer uso de ban- A HOSPITALIDADE
dagem nas aulas que possuem golpes das lutas.
Um coaching de excelência vai além dos pontos téc-
A ORGANIZAÇÃO DA AULA nicos mencionados anteriormente, ele deve abran-
ger, também, o aspecto social promovido pelo rela-
A organização da sala de ginástica prepara o cenário cionamento positivo entre o professor e seus alunos.
para uma aula sem contratempos. Como protoco- Criar relacionamentos por meio da atenção, do zelo
lo padrão, é importante que sejam checados: todo e do respeito gera uma experiência mais profunda e
o sistema de som, a iluminação, os possíveis pontos com maior significado a todos.
molhados no chão e, principalmente, as faixas das Sabemos que, por motivos diversos, mas, prin-
músicas que comporão as coreografias da aula. Pro- cipalmente pela escassez de tempo, a interação entre
blemas gerados por estes itens são comuns e podem professor e aluno fica limitada apenas à duração da
ser evitados, chegando 10 minutos antes do início aula, dificultando, assim, o estabelecimento de rela-
da aula para verificar que tudo está em ordem. Caso cionamentos em maior profundidade. Contudo, se
haja algum problema, ainda haverá tempo hábil para houver um planejamento, é possível criar oportuni-
solucioná-lo ou encontrar uma alternativa. dades para isso dentro da organização da aula. Ob-
Além de constatar que a sala está pronta, é im- serve o modelo a seguir:
portante verificar se os equipamentos estão fun-

163

INTRODUÇÃO À AULA:
é o momento de dar as boas-vindas,
realizar uma breve descrição do
conteúdo da aula e fornecer dicas
aos alunos. É possível também
compartilhar algum acontecimento
pessoal, utilizando do humor, para
descontrair e relaxar o grupo.

2
1
CONTATO PRÉ-AULA:
os minutos preliminares à aula são a
oportunidade de desenvolver uma boa
comunicação com os alunos. É o momento
de interagir com os veteranos, através de
conversas sobre assuntos diversos, assim
como apresentar-se para os novatos,
conhecê-los e integrá-los ao grupo.

164
EDUCAÇÃO FÍSICA

TRANSIÇÃO ENTRE AS MÚSICAS:


durante as coreografias é desafiador
falar além dos comandos técnicos e
motivacionais necessários, assim, o
momento entre as músicas
proporciona a oportunidade de É importante destacar que a boa
oferecer maior atenção ao grupo, acolhida pode, ainda, auxiliar na
dirigindo palavras de incentivo, bem conquista da confiança e da fidelida-
como de preocupação com seu estado de, proporcionando um alto engaja-
de fadiga. mento do grupo na aula.

4 CONTATO PÓS-AULA:
assim como os minutos que
antecedem, o tempo após a aula é
outra oportunidade de interagir
com os alunos. É o momento de
verificar a percepção dos alunos
em relação à aula, de esclarecer
possíveis dúvidas, assim como
conversar sobre assuntos diversos.
165
considerações finais

Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a ginástica de academia,


assim como a apresentação dos conteúdos que concernem, apenas, à educação física
sobre as atividades de academia.
Ao recordar os conteúdos desta quarta unidade, observamos que os princípios do
treinamento esportivo, aplicados à ginástica de academia, tem como finalidade de-
senvolver nos alunos os componentes da aptidão física relacionados à saúde. Dentre
os princípios abordados, o princípio da sobrecarga recebe grande destaque, pois é por
meio dele que os estímulos gerados pelos exercícios físicos são controlados.
Falamos, ainda, sobre os métodos de treinamento, responsáveis pela organização
dos componentes da carga, como a intensidade e o volume, com base nos objetivos
do treino, bem como nas vias metabólicas que se pretende priorizar. Nesse sentido,
vimos que o método contínuo variável e o método intervalado extensivo servem de
referência para a elaboração das aulas de ginástica de academia.
Discutimos, ainda, a respeito da importância da periodização e da elaboração de aulas
para que se possa visualizar toda a organização e, assim, garantir o desenvolvimento
lógico das sessões. Nesse contexto, a periodização ondulatória flexível foi sugerida,
como modelo de organização das sessões, diante dos muitos desafios da periodização
das modalidades de ginástica de academia.
Por fim, abordamos os elementos para um coaching de excelência. Você se lembra de
quais eram? Para proporcionar um treino de qualidade, é necessário que o professor
esteja atento a cinco pontos chaves: a execução física, o comando, a dramatização, a
organização da aula e a hospitalidade. O cumprimento desses pontos é um grande
passo para o sucesso, não apenas das aulas de ginástica, mas de todas as demais ati-
vidades físicas, apresentadas aqui nesta obra.
Com estas palavras, encerramos nossa quarta unidade. Até a próxima!

166
atividades de estudo

1. O processo do treinamento esportivo é orientado por princípios, os quais di-


recionam o profissional da Educação Física para as melhores opções a serem
tomadas para que sejam alcançados os objetivos estabelecidos. Com base nos
estudos dos princípios do treinamento esportivo, assinale a alternativa correta.
a. Os fatores determinantes do princípio da especificidade são a genética, a ida-
de biológica, a aptidão física e o repertório motor.
b. As alterações morfológicas (estruturais), fisiológicas e de desempenho físico
obtidas com o treino são mantidas mesmo após a interrupção deste.
c. O treinamento deve ser planejado, apenas, em termos de aptidão física exi-
gida, sistema energético dominante e coordenações psicomotoras utilizadas.
d. A intensidade é um dos fatores essenciais de um programa de treino e é for-
mada pelo peso levantado por unidade de tempo e o número de repetições
de determinado exercício.
e. A relação ideal entre a carga aplicada e o tempo de recuperação é essencial
para garantir o restabelecimento da homeostase e promover adaptações para
o desempenho.

2. Os métodos de treinamento organizam os componentes da carga, isto é, de-


terminam a intensidade e o volume do treino, a partir dos objetivos do treino
e vias metabólicas a serem priorizadas. Nesse contexto, analise as afirmativas
seguintes e assinale V para Verdadeira e F para Falsa:
 ( ) No método contínuo estável, são utilizadas altas intensidades de treino.
 ( ) Os métodos de treinamento podem ser classificados em método contínuo
e método fracionado.
 ( ) O método contínuo variável é caracterizado por variações na intensidade
com intervalos de recuperação.
 ( ) O método fracionado é caracterizado por estímulos de intensidade elevada,
seguidos de intervalos de recuperação.

167
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. F, F, V e V.
b. V, V, V e F.
c. F, V, F e V.
d. V, V, F e F.
e. V, F, F e F.

3. Antigamente, método contínuo variável era conhecido como Fartlek, que sig-
nifica jogo de velocidade. Nesse contexto, explique, sucintamente, o método
contínuo variável.
4. Para proporcionar uma aula de qualidade na Ginástica de academia, além de
executar, corretamente, os movimentos, o professor deve estar atento a ou-
tros elementos, como o comando eficiente, a dramatização, a organização e a
hospitalidade. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes:
I. A introdução da aula é o momento de realizar, apenas, uma breve descrição
do conteúdo da aula e fornecer dicas de segurança aos alunos.
II. Uma instrução verbal eficaz depende do tipo de vocabulário e comando utili-
zados, da qualidade da voz e da correção da técnica.
III. Além das orientações verbais, um método eficiente de correção é demonstrar
o movimento incorreto, seguido da técnica correta.
IV. O termo “perna líder” pode ser utilizado para fazer menção ao lado do corpo
onde o movimento se inicia.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. As aulas de ginástica de academia podem ser planejadas a partir dos objetivos


da sessão, dos exercícios da modalidade e do princípio da sobrecarga. Nesse
contexto, cite as quatro partes que compõem a estrutura de uma aula de gi-
nástica de academia.

168
LEITURA
COMPLEMENTAR

Nesta unidade, vimos que a periodização corresponde ao planejamento e ao detalha-


mento do treinamento, com a finalidade de aprimorar o condicionamento geral e especí-
fico dos componentes da aptidão física. Ela é organizada a partir dos objetivos estabele-
cidos, bem como dos princípios científicos do treinamento esportivo.
Esta ideia de periodizar o treinamento é antiga, e seus fundamentos datam da Grécia
Antiga, quando eram aplicados na preparação militar. Na atualidade, existem variados
modelos de periodização do treinamento esportivo, de diferentes estudiosos da área. A
partir desta constatação, Dantas et al. (2011) desenvolveram uma pesquisa com o objeti-
vo de verificar o grau de adequabilidade dos distintos modelos de periodização.
Os autores avaliaram a adequabilidade, por meio de dois indicadores: a estrutura
da periodização e a organização da variação das cargas. A estrutura da periodização
foi analisada a partir das fases (períodos) do treinamento observadas. A organiza-
ção da variação das cargas foi avaliada a partir da modulação das cargas, conside-
rando, principalmente, a variação de predominância, a predominância de volume e
a predominância de intensidade.
Esse estudo utilizou procedimentos estatísticos de metanálise dos dados coletados.
Após um processo sistematizado, foram selecionados e incluídos cento e três referências
nas análises. Para atender o objetivo da pesquisa, os autores calcularam, por meio de
médias aritméticas com alcance diferenciado, o Índice de Adequabilidade dos modelos
de periodização. Os modelos investigados foram os de Verkhoshansky, de Bompa, de
Matveev, o Modelo ATR, e o de Forteza.

169
LEITURA
COMPLEMENTAR

Das cento e três referências analisadas, o modelo de Matveev, conhecido também como
Clássico ou Tradicional de Matveev, foi o que apresentou uma adequabilidade superior.
De acordo com os autores, isso foi atribuído, em grande parte, à maneira com que este
modelo trabalha com a intensidade, considerando-a como importante componente da
carga. A variável intensidade é um fator determinante do sucesso esportivo, sendo am-
plamente reconhecida como tal.
Os modelos de Verkhoshansky e de Bompa apresentaram relevância intermediária na
amostra estudada. Já os modelos ATR e de Forteza demonstraram os piores resultados,
porém os pesquisadores colocam que isso poderia ter sido atribuído ao fato de que havia
escassez de citações sobre estes últimos modelos. Ao fim do trabalho, os autores desta-
cam a necessidade de novos estudos que, sistematicamente, incluam as novas fontes
bibliográficas disponíveis e a busca de possibilidades de experimentação prática dos re-
sultados encontrados.

Fonte: adaptado de Dantas et al. (2011).

170
material complementar

Indicação para Ler

Prescrição e Periodização do Treinamento de Força em Academias


Jonato Prestes, Denis Foschini, Paulo Marchetti, Mario Charro e Ramires Tibana
Editora: Manole
Sinopse: o livro Prescrição e periodização do treinamento de força em academias
reúne as evidências mais atuais sobre prescrição e periodização do treinamento
de força. A obra aborda conceitos básicos da prescrição do treinamento de força,
da biologia molecular, assim como discute questões de suplementação para pra-
ticantes de treinamento de força. São apresentados, também, diversos exemplos
de periodização que podem servir de referência para elaboração de programas
periodizados em academias.

Indicação para Ler

Treinamento esportivo
Dietmar Samulski, Hans-Joachim Menzel e Luciano Sales
Editora: Manole
Sinopse: o livro Treinamento esportivo apresenta os principais conceitos e aspec-
tos que permeiam o treinamento esportivo, bem como aborda características da
preparação psicológica para eventos competitivos e do treinamento técnico e tá-
tico e da atividade física. A obra inclui, também, as peculiaridades do treinamento
esportivo com crianças e jovens.

171
gabarito

1. E
2. C
3. No método contínuo variável, o exercício é re-
alizado com variações na intensidade, porém
sem intervalos de recuperação. Esse método
pode ser utilizado para a melhora da capacida-
de aeróbica, bem como de ambas, aeróbica e
anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Ele pode
ser aplicado com intensidades que oscilam de
uma zona inferior ao limiar anaeróbico (no má-
ximo até o limiar) até uma zona superior.
4. D
5. Introdução, Aquecimento, Parte principal e Vol-
ta à calma.

172
UNIDADE
V
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO

Me. Fabio Luiz Iba

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Administração e principais conceitos
• Processos administrativos
• Estrutura organizacional
• Empreendedorismo e plano de negócios

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os conceitos principais de Administração.
• Compreender os processos que envolvem as ações de um
administrador.
• Analisar os modelos de estruturas organizacionais.
• Entender o processo de desenvolvimento de um plano de
negócios.
unidade

V
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a), chegamos à última unidade com este capí-
tulo que será destinado à compreensão de alguns elementos fun-
damentais do contexto organizacional e de gestão empresarial.
Temos como principal objetivo a discussão de alguns conceitos e
ferramentas que possibilitará a você mais entendimento sobre componentes
importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
No primeiro tópico, discutiremos o conceito de organização e os seus
principais componentes, sendo eles: recursos, objetivos e o processo de
transformação. O processo de transformação é o cerne da produção or-
ganizacional e é realizado a partir de um conjunto de atividades interliga-
das, executadas por meio da utilização de diferentes recursos, tais como:
humanos, financeiros, tecnológicos, materiais e administrativos.
No segundo tópico, voltaremos nossa atenção ao processo adminis-
trativo, que, sem dúvida, é o conceito norteador para a compreensão das
atividades de um administrador ou de um gestor. O processo administra-
tivo apresentado por Henry Fayol contém cinco etapas: prever, organizar,
comandar, coordenar e controlar, sendo que cada uma destas etapas é
fundamental para o processo como um todo.
Complementando a compreensão do processo administrativo, no ter-
ceiro tópico, discutiremos sobre os modelos de estrutura organizacional.
Veremos que, apesar da existência de diversos modelos, alguns são, fre-
quentemente, mais utilizados pelas empresas por apresentarem vantagens
compatíveis com as necessidades da organização e com seu modo de gestão.
Por fim, no último tópico, serão analisadas as principais características
de empreendedorismo e a principal ferramenta que pode auxiliar um em-
preendedor no processo de planejamento do negócio, o plano de negócios.
Portanto, caro(a) aluno(a), nesta unidade, dedicaremo-nos à
compreensão de elementos fundamentais do processo administrativo
e do empreendedorismo.
Bons estudos!


Administração e seus
principais conceitos
Caro(a) aluno(a), atualmente, as organizações fazem transporte utilizado (público ou não), as atividades
parte do nosso dia a dia, e seria bastante difícil pen- profissionais do dia, entre várias outras ações. Todos
sarmos em alguma prática de nossa rotina diária que estes são pequenos exemplos que demonstram o quan-
não esteja, direta ou indiretamente, relacionada a al- to nós somos dependentes das empresas, e que seria
guma atividade empresarial, como o café da manhã praticamente impossível não nos relacionarmos, direta
que tomamos antes de irmos ao trabalho, o meio de ou indiretamente, com seus produtos e serviços.

178
EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste sentido, torna-se importante que volte- domésticas, afinal, está desenvolvendo atividades
mos nossa atenção para alguns conceitos relevantes relativas à administração.
do contexto organizacional que, sem dúvida, poderá Antes de iniciarmos, é importante que façamos
contribuir para a compreensão do processo de fun- uma breve análise do que, de fato, é uma organiza-
cionamento de uma empresa e também das variáveis ção. As organizações, de acordo com Maximiano
envolvidas, pois, mesmo que você, caro(a) aluno(a), (2011a p. 3) podem ser compreendidas como “um
não esteja, diretamente, desenvolvendo atividades sistema de recursos que procura realizar algum
profissionais relativas à administração, esta prática tipo de objetivo [...]. Além de objetivos e recursos,
está no seu dia a dia. Exemplo disso é quando você as organizações têm outros dois componentes im-
planeja as atividades físicas de um cliente, quando portantes: processos de transformação e divisão do
você executa um projeto, ou controla as despesas trabalho” (Figura 1).

RECURSOS

OBJETIVOS

• HUMANOS
• MATERIAIS • PROCESSOS DE
• FINANCEIROS TRANSFORMAÇÃO • PRODUTOS
• INFORMAÇÃO • DIVISÃO DO • SERVIÇOS
• ESPAÇO TRABALHO
• TEMPO

Figura 1- Principais componentes das organizações / Fonte: Maximiano (2011a, p. 4).

SAIBA MAIS
Toda organização é criada com o objetivo de aten-
der às necessidades e expectativas de seus con- De acordo com Oliveira (2013, p. 50), a mis-
sumidores e, com isso, também atender aos seus são organizacional pode ser compreendida
próprios objetivos estratégicos. O objetivo princi- como “a determinação do motivo central da
existência da empresa, ou seja, a determi-
pal de uma empresa, também conhecido como sua nação e quem atende com seus produtos e
missão, pode ser atingido por meio dos seus pro- serviços. Corresponde a um horizonte den-
dutos e serviços, como a razão de existir de uma tro do qual a empresa atua ou poderá atuar.
Portanto, a missão representa a razão de ser
academia de ginástica, que é tornar seus clientes da empresa”.
mais saudáveis, e este objetivo pode ser atendido
Fonte: o autor.
pelos serviços de qualidades.

179


Analisando a Figura 1, os recursos são os insumos teriais, nós podemos considerar, também, os recursos
que podem ser utilizados pela organização, durante o humanos e financeiros, por exemplo. A Figura 1 a se-
processo de desenvolvimento de seus produtos e ser- guir apresenta diversos recursos organizacionais.
viços. Os recursos não estão restritos apenas aos ma-

RECURSOS RECURSOS
INFORMACIONAIS TECNOLÓGICOS
Considerando os Em que são
equipamentos considerados os
conhecimentos
computacionais e os adquiridos, os processos
RECURSOS sistemas de apoio e de RECURSOS
operacionalizados,
FINANCEIROS aplicação operacional. os produtos e serviços MATERIAIS
desenvolvidos. Compreendendo os
São considerados os valores equipamentos, bem como
disponíveis, os a serem os materiais a serem
recebidos, bem como os transformados em
compromissos assumidos produtos e serviços, os
pela organização. quais são oferecidos aos
mercados.

RECURSOS HUMANOS RECURSOS


Podem ser considerados o ADMINISTRATIVOS
conjunto de profissionais
que trabalham na Considerando
organização, com sua metodologias e técnicas
administrativas.
capacitação, motivação e
habilidade profissional.

Figura 1 - Recursos organizacionais / Fonte: Oliveira (2012, p. 21).

Os dois últimos elementos importantes que com- des, e alguns destes processos são comuns a, prati-
põem as atividades organizacionais são: (1) processos camente, todos os tipos de organizações – indepen-
de transformação e (2) divisão do trabalho. Por meio dentemente do porte, da estrutura e do segmento –,
do processo de transformação, a organização conse- como o processo produtivo (em que ocorre a trans-
gue com seus recursos (Figura 1) criar os produtos e formação da matéria-prima) e processos relaciona-
serviços que serão oferecidos aos consumidores. dos à administração de recursos humanos (contrata-
As organizações apresentam um conjunto de ção, capacitação e desligamento)(OLIVEIRA, 2012).
processos para o desenvolvimento de suas ativida-

180
EDUCAÇÃO FÍSICA

Funções Descrição
SAIBA MAIS O objetivo básico da função de pro-
dução é transformar insumos para
fornecer o produto ou serviço da
Um processo é um conjunto ou sequência de Produção organização aos clientes usuários ou
atividades interligadas, com começo, meio e público-alvo. Há três tipos principais
fim, que utiliza recursos, como trabalho hu- de processos produtivos: em massa,
mano e equipamentos para fornecer produ- contínuo e unitário.
tos e serviços. Um processo é a estrutura de
O objetivo básico da função de
ação de um sistema.
marketing é estabelecer e manter a
Fonte: Oliveira (2012, p. 5). ligação entre a organização e seus
Marketing clientes, consumidores, usuários ou
público-alvo. Tanto as organizações
lucrativas quanto as não lucrativas
realizam atividades de marketing.
O objetivo básico da função de
Já a divisão do trabalho, de acordo com Maxi- pesquisa e desenvolvimento (P&D)
miano (2011b, p. 6) “é o processo que permite é transformar as informações de
superar as limitações individuais por meio da Pesquisa e marketing, as ideias originais e os
desenvolvi- avanços da ciência em produtos
especialização. Quando se juntam as tarefas es- mento e serviços. A função de P&D tem,
pecializadas, realizam-se produtos e serviços que também, outras tarefas, como a
ninguém conseguiria fazer sozinho”. Com esta identificação e a introdução de novas
tecnologias.
definição, é possível percebermos que a divisão
A função financeira cuida do dinheiro
do trabalho permite que produtos e serviços da organização e tem por objetivo
maiores e mais complexos sejam desenvolvidos a proteção e a utilização eficaz dos
Finanças
pelo agrupamento de atividades realizadas por recursos financeiros, o que inclui a
maximização do retorno dos acionis-
grupos ou pessoas distintas. tas, no caso das empresas.
A função de recursos humanos, ou
FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS de gestão de pessoas, tem como
objetivos encontrar, atrair e manter
Recursos as pessoas de que a organização ne-
As funções organizacionais, de acordo com humanos cessita. Isso envolve atividades que
Maximiano (2011b), tratam-se das atividades começam antes de uma pessoa ser
empregada da organização e vão até
especializadas que são executadas pelos cola-
depois de a pessoa se desligar.
boradores da empresa. A maioria das empresas
Quadro 1 - Funções organizacionais / Fonte: adaptado de Maximiano
apresentam as mesmas funções organizacionais, (2011b).
sendo que as mais importantes são: produção
(ou operações), marketing, pesquisa e desenvol- Em maior ou menor medida, todas as organizações pos-
vimento, finanças e recursos humanos. O Qua- suem departamentos específicos para cada uma destas
dro 1 apresenta, de maneira breve, as caracterís- funções (Quadro 1), pois por meio deles é que os produ-
ticas de cada uma destas funções. tos e serviços são desenvolvidos e comercializados.

181


Processo administrativo
Como vimos no tópico anterior, as empresas pos- empresa para outra, segundo Chiavenato (2014,
suem diversas funções (normalmente, represen- p. 14), e, para Fayol, que é considerado um dos
tadas por departamentos) cujas atividades são principais pensadores da área administrativa, as
desenvolvidas em busca do objetivo maior da organizações possuem seis funções básicas:
organização. Estas funções podem variar de uma

182
EDUCAÇÃO FÍSICA

· Funções técnicas: relacionadas com a produ- demais funções (não administrativas) da em-
ção de bens ou de serviços da empresa. presa, pairando sobre elas.
· Funções comerciais: relacionadas com a com-
pra, venda e permutação. Fayol também foi considerado o responsável pela
criação do processo administrativo, que representa
· Funções financeiras: relacionadas com a pro-
cura e gerência de capitais. as atividades desempenhadas pelos administrado-
res. De acordo com Sobral e Peci (2012), o proces-
· Funções contábeis: relacionadas com os inven-
tários, registros, balanços, custos e estatísticas. so administrativo de Fayol apresenta cinco etapas,
sendo elas: prever, organizar, comandar, coordenar
· Funções de segurança: relacionadas com a
proteção e preservação dos bens e das pessoas. e controlar. Este modelo é ainda adotado até os dias
· Funções administrativas: relacionadas com a
atuais, apresentando, algumas vezes, pequenas va-
integração de cúpula das outras cinco funções riações entre os autores (Quadro 2).
administrativas, coordenam e sincronizam as

KOONTZ E
FAYOL URWICK GULIK NEWMAN DALE
O´DONNELL
Investigação
Prever Previsão Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento
Planejamento
Organizar Organização Organização Organização Organização Organização
Administração de pessoal
Comandar Comando Designação de Pessoal
Direção Liderança Direção
Coordenar Coordenação Direção
Coordenação
Informação
Controlar Controle Controle Controle Controle
Orçamento
Quadro 2 - O processo administrativo segundo clássicos e neoclássicos / Fonte: Chiavenato (2004, p.137).

O processo administrativo
pode sofrer variações concei-
PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO CONTROLE
tuais de acordo com a evolução
das teorias administrativas, no
- Dividir o trabalho
entanto, de maneira geral, o - Definir missão - Designar as
- Designar as pessoas
- Definir padrões
- Coordenar os
processo administrativo pode - Formular objetivos atividades - Monitorar o
esforços
- Definir os planos - Agrupar as atividades desempenho
- Comunicar
ser sintetizado em quatro prin- para alcançá-los em órgãos e cargos
- Motivar
- Avaliar o
- Programar as - Alocar recursos desempenho
cipais elementos: planejamen- atividades - Definir autoridade
- Liderar
- Ação corretiva
- Orientar
e responsabilidade
to, organização, direção e con-
trole, conforme Figura 2.
Figura 2 - Processo administrativo / Fonte: Chiavenato (2004, p. 138).

183


A seguir, analisaremos cada um destes proces- mais processos administrativos serão realizados,
sos e identificaremos as principais característi- assim, se o planejamento for realizado de maneira
cas do processo administrativo e, consequente- equivocada, a probabilidade de as atividades se-
mente, do administrador. quenciais não atenderem às expectativas é maior.
De acordo com Maximiano (2011c), o processo de
PLANEJAR planejamento envolve três etapas (imagem abaixo).
Este processo, como dito anteriormente, é fundamen-
O processo de planejamento é considerado um dos tal para o processo administrativo como um todo, por-
mais importantes, pois é a partir dele que os de- tanto, é crucial que seja desenvolvido de forma detalhada.

DADOS DE ENTRADA: PROCESSO DE


são as informações pertinentes PLANEJAMENTO:
para o desenvolvimento do esta é uma atividade bastante ELABORAÇÃO DE
planejamento, estas importante, porque é PLANOS:
informações podem ter responsável pela transformação é o resultado do
origem, tanto do passado, dos dados de entrada em processo de planejar.
quanto do presente da informações para tomada
organização. de decisão.

ORGANIZAR

Após a realização da primeira etapa, torna-se


necessário que os recursos a serem utilizados DIVISÃO DO DEFINIÇÃO DEFINIÇÃO DESENHO DA
TRABALHO DAS DOS NÍVEIS DE ESTRUTURA
pela empresa sejam disponibilizados de tal RESPONSABILIDADES AUTORIDADE ORGANIZACIONAL
forma, que facilite a realização das ações que
foram planejadas. Para Maximiano (2011c),
a fase de organização pode ser realizada em
quatro principais etapas:
De maneira complementar, Chiavenato
(2004) afirma que o processo de organização
pode ser realizado por três atividades, sendo
elas: (1) especialização, (2) departamentaliza-
ção, (3) cargos e tarefas.

184
EDUCAÇÃO FÍSICA

DIRIGIR

Após a realização do planejamento e da organiza-


ção das atividades e dos recursos, torna-se necessá- Estabelecimento
rio que as ações dos colaboradores sejam dirigidas de padrões
conforme o planejamento, e, normalmente, cabe
aos cargos de liderança conduzir os colaboradores
para o atingimento dos objetivos da organização. De
acordo com Chiavenato (2004, p. 144) o processo de
direção pode ser compreendido como: Observação
Ação corretiva de
desempenho
a função administrativa que se refere às rela-
ções interpessoais dos administradores e seus
subordinados. Para que o planejamento e a
organização sejam eficazes, eles precisam ser
dinamizados pela orientação a ser dada às pes- Comparação do
soas por meio de uma adequada comunicação e desempenho com
habilidade de liderança e motivação. o padrão

Ainda de acordo com Chiavenato (2004), a direção Figura 3 - As quatro fases do controle / Fonte: Chiavenato (2004, p. 146).

pode ser realizada por três níveis de liderança, sendo


eles: (1) nível global: nível estratégico (diretoria); (2) O início do ciclo se dá na fase de estabelecimen-
nível departamental: nível tático (gerentes); e nível to de padrões em que se busca determinar quais
operacional: nível de operações (supervisores e co- serão os padrões ou critérios que as atividades
ordenadores). deverão seguir. Na observação do desempenho,
deve-se mensurar o desempenho das atividades
CONTROLAR realizadas e, posteriormente, compará-las com o
desempenho padronizado, por fim, na última eta-
A etapa de controle é a última atividade a ser reali- pa, busca-se implementar ações corretivas para
zada no conjunto de processos administrativos. Este fazer com que as atividades que estejam fora do
processo tem como objetivo principal fazer com que padrão sejam reestruturadas.
as atividades sejam realizadas de acordo com o que
foi planejado e organizado nas fases anteriores. Para
Chiavenato (2004), o processo de controle é um ci-
clo de quatro etapas, conforme Figura 3.

185


Estrutura organizacional

De acordo com Neis e Pereira (2015, p. 181) “uma papel determinante no desempenho das empresas”.
estrutura organizacional consistente se torna um Diante destas duas definições iniciais, nós forma-
pré-requisito para o bom desempenho da organiza- mos a base para compreendermos a importância da
ção”, já para Blenko, Mankins e Rogers (2010 apud estrutura organizacional para todo tipo de empreen-
NEIS; PEREIRA, 2015, p. 181), “muitos executivos dimento, independentemente do seu porte e do seu
acreditam que a estrutura organizacional, princi- segmento de atuação.
palmente aquelas descritas nos organogramas, têm

186
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Matricial.
A estrutura organizacional orientará sobre a for-
• Mista.
ma com que os elementos e recursos organizacio-
nais são utilizados, porque, pela ordem hierárquica, Cada uma destas estruturas apresenta características,
é possível desenvolver as estratégias e os planos para vantagens e desvantagens específicas e deve ser adota-
desenvolvimento da empresa. Oliveira (2014) apre- da de acordo com o perfil da organização. A seguir, ve-
senta diversos tipos de estruturas organizacionais: rificaremos as características das principais estruturas.
• Funcional.
• Por quantidade. ESTRUTURA FUNCIONAL
• Por turno.
• Localização geográfica. Este é o tipo de estrutura mais comum entre as or-
• Por clientes. ganizações, principalmente as de pequeno porte. As
• Por produtos ou serviços. atividades da organização são agrupadas de acordo
• Por projetos. com as funções possui (Figura 4).

Diretoria-
Geral

Gerência de Gerência Gerência de Gerência de


Recursos
Produção Financeira Marketing Humanos

Figura 4 - Departamentalização funcional / Fonte: Oliveira (2014, p. 129).

Segundo Oliveira (2014), entre as principais van- Ainda de acordo com o autor, este tipo de estru-
tagens da departamentalização funcional estão: tura apresenta como desvantagem: a comunicação na
especialização do trabalho, mais estabilidade para organização é deficiente, não é adequada para empre-
o funcionário, mais segurança, é possível mais eco- sas que trabalham voltadas a cumprimento de prazos
nomia por meio da produção em massa, ideal para e mais dificuldade para desenvolver um ambiente de
empresas com poucas mudanças e, por fim, é indi- inovação. De maneira resumida, Oliveira (2014, p.
cada para organizações com uma linha de produtos 132) afirma que este tipo de estrutura é indicada para
e serviços pequena, sem muita variação. empresas com atividades que sejam “bastante repe-
titivas, altamente especializadas; e pouco integradas”.

187


ESTRUTURA POR PRODU- Diretoria-


Geral
TOS OU SERVIÇOS

Segundo Oliveira (2014), a estru-


tura por produtos ou serviços é Gerência de Gerência de Gerência de
formatada baseada nos produtos Produtos Produtos Produtos
Têxteis Farmacêuticos Químicos
e serviços que a empresa apresen-
ta em seu portfólio (Figura 5).
Figura 5 - Departamentalização por produtos ou serviços / Fonte: Oliveira (2014, p. 138).

De acordo com Oliveira (2014), entre as principais poder que os gerentes responsáveis pelos produtos
vantagens que este tipo de estrutura apresenta para ou serviços possuem, neste tipo de estrutura.
a organização estão: é possível a alocação de recur-
Diretoria-
sos específicos para cada produto ou serviço; mais Geral DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETOS
coordenação entre os departamentos; o enfoque da
empresa está nos produtos e serviços e favorece um De acordo com Oliveira (2014, p. 140), neste tipo de
ambiente de inovação. estrutura ou de departamentalização, “o gerente de
Gerência Gerência de Gerência de
Ainda de acordo com o autor, entre as principais
Financeira projetos
Marketingé responsável pela realização de todo o pro-
Recursos
Humanos
desvantagens estão: atividades duplicadas entre as jeto ou de uma parte dele; terminada a tarefa, o pes-
várias linhas de produtos e a estrutura organizacio- soal que, temporariamente, havia sido destinado a ela
nal que pode ficar desestabilizada, devido ao grande é designado para outros departamentos” (Figura 6).

Diretoria

Administração Comercial Projetos


e Finanças

Projeto Projeto Projeto


A B C

Figura 6 - Departamentalização por projetos / Fonte: Oliveira (2014, p. 140).

188
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Um projeto pode ser compreendido como


“um esforço temporário empreendido para
criar um produto, serviço ou resultado ex-
clusivo”.

Fonte: Guia PMBOK (2013, p. 3).

Entre as principais vantagens deste tipo de estrutu-


ra, de acordo com Oliveira (2014), são: alta respon-
sabilidade da equipe do projeto; os colaboradores
possuem grande conhecimento das atividades do
projeto; equipes multidisciplinares; elevado nível
de cumprimento dos prazos e dos orçamentos do
projeto e melhor atendimento das necessidades do
cliente. No entanto, mesmo diante inúmeras vanta-
gens da estrutura por projetos, ainda assim, é possí-
vel identificar algumas desvantagens, como aponta
Oliveira (2014): caso o coordenador do projeto não
esteja prestando atenção na parte administrativa,
podem surgir recursos ociosos e, consequentemen-
te, gerar gastos excessivos, falhas no sistema de co-
municação e equipes muito grandes podem afetar a
eficiência do projeto.
Portanto, independentemente do tipo de estru-
tura que a organização adote, é importante que esta
estrutura esteja alinhada com as suas estratégias,
com seu porte e com a sua cultura. Por exemplo,
como nós vimos anteriormente, uma empresa que
tem como filosofia a inovação, uma estrutura fun-
cional não é a mais indicada, pois esta estrutura é
rígida e não proporciona um ambiente adequado
para inovação.

189


Empreendedorismo e
plano de negócios

Ao pensarmos em empreendedorismo ou em indi- Caro(a) aluno(a), no início deste tópico, asso-


víduos empreendedores, não é incomum associar- ciei a figura do empreendedor ao indivíduo de sorte,
mos a pessoas que se tornaram muito bem sucedi- mas será que esta associação está correta? Pare por
das em suas atividades e que tiveram sorte em seus um instante e reflita. Bom, acredito que, assim como
negócios. Nos últimos anos, principalmente após a eu, você deve ter chegado à conclusão de que a sorte
abertura de mercado brasileiro para investimentos pode sim estar relacionada ao sucesso de um em-
internacionais, na década de 1990, passamos a ter preendimento, no entanto, não se deve considerar
mais contato com atividades empreendedoras e es- um fator determinante, mas apenas um aspecto que
tratégias para desenvolver novos negócios. A partir pode contribuir para o empreendimento, pois, como
de então têm surgido, além de ferramentas, institui- veremos aqui, existem diversas ferramentas que po-
ções voltadas ao auxílio ao pequeno empreendedor, dem auxiliar o empreendedor em sua jornada, prin-
como o SEBRAE e o Instituto Endeavor. cipalmente no início das atividades.

190
EDUCAÇÃO FÍSICA

O plano de negócios é um documento que visa


Antes de verificarmos algumas das ferramen- estruturar as principais ideias e opções que o
tas, compreenderemos o termo empreendedorismo. empreendedor deve avaliar para decidir quanto
Este conceito, apesar de ter se tornado evidente e re- a viabilidade da empresa a ser criada. Um bom
levante nas discussões atuais sobre negócios, é um plano de negócios é uma ferramenta importan-
te para quem for empreender um negócio, pois
tema, relativamente, incipiente no Brasil, sua defini- ajuda a prever uma série de fatores. Prever as
ção não é unânime, e alguns autores divergem sobre dificuldades auxilia a visão daquilo que ainda
sua origem e compreensão. Para Shumpeter (1949 não vislumbra muito bem, daquilo de que ain-
apud DORNELAS, 2018, p. 29), o empreendedor da não se tem perspectiva.
pode ser compreendido como “aquele que destrói a
ordem econômica existente pela introdução de no- Portanto, por meio deste documento, o empreen-
vos produtos e serviços, pela criação de novas for- dedor tem informações importantes sobre o negó-
mas de organização ou pela exploração de novos cio que pretende criar, como também do mercado
recursos materiais”. Para Biagio (2012, p. 3), empre- em que atuará. Por exemplo, um empreendedor, ao
endedorismo significa “executar, pôr em prática ou identificar uma oportunidade na área da saúde, de-
levar adiante uma ideia, com a intenção de atingir cide criar uma empresa para atender a esta demanda
objetivos e resultados”. Portanto, com estas duas e, para isso, desenvolve um plano de negócios. Este
conceituações, nós conseguimos compreender que plano, se bem elaborado, fornecerá informações
empreendedor é aquele indivíduo que transforma a relevantes para o empreendedor, como os concor-
realidade em que está inserido através da prática de rentes, perfil dos consumidores, principais fornece-
alguma atividade. dores, retorno financeiro e total de investimentos.
Para auxiliar o empreendedor no processo de Portanto, este plano é um aliado importantíssimo
desenvolvimento de seu negócio, algumas ferramen- para empreendedor, principalmente na fase inicial
tas e técnicas são importantes para que o empreen- de planejamento e levantamento das informações.
dimento obtenha sucesso e que todo o planejamen-
to seja executado da forma mais eficiente. Uma das
mais importantes é o plano de negócios, conforme REFLITA
veremos a seguir.
Um negócio bem planejado terá mais
PLANO DE NEGÓCIOS chances de sucesso do que aquele sem
planejamento, na mesma igualdade de
condições.
Agora que entendemos que o empreendedor é aque-
le que busca transformar a realidade em que está in- (José Dornelas)

serido, é importante que analisemos as ferramentas


que o empreendedor tem a sua disposição. Sem dú-
vida, uma das mais utilizadas é o plano de negócios,
que de acordo com Sertek (2012, p. 215):

191


Componente Descrição
Estrutura de um plano de negócios
São definidos os rumos da empre-
sa, sua visão e missão, situação
De acordo com Dornelas (2018), um plano de negó- 4. Análise
atual, as potencialidades e ameaças
estratégica
cios não segue estrutura rígida, pois não existe um externas, forças e fraquezas, objeti-
vos e metas de negócio.
modelo único que deve ser aplicado a todo tipo de
Deve-se descrever a empresa, seu
negócios. A flexibilidade é possível e necessária, pois
histórico, crescimento, faturamen-
um plano de negócios voltado a uma empresa pres- to dos últimos anos, razão social,
5. Descrição
tadora de serviços de saúde necessita de informações impostos, estrutura organizacional
da empresa
e jurídica, localização, parcerias,
diferentes de uma empresa produtora de alimentos,
certificações de qualidade, serviços
por exemplo. Portanto, baseando-se nesta premissa, terceirizados etc.
analisaremos um modelo voltado a empresas presta- Esta seção do plano de negócios é
doras de serviços. destinada aos produtos e serviços
6. Produtos e
da empresa: como são produzidos,
Este modelo é indicado para pequenas empresas serviços
quais os recursos utilizados, o ciclo
manufatureiras, no entanto, vale a ressalva de que de vida etc.
este modelo não é padrão e, caso você julgue neces- Aqui devem ser apresentados os
7. Recursos
sário, as adaptações são permitidas e, muitas vezes, planos de desenvolvimento e trei-
humanos
namento de pessoal da empresa.
necessárias. Então, vamos analisar, brevemente, este
O autor do plano de negócios deve
modelo (Quadro 3). 8. Análise de mostrar que os executivos da empre-
mercado sa conhecem muito bem o mercado
Componente Descrição consumidor de seu produto/serviço.
A capa, apesar de não parecer, é Deve-se mostrar como a empresa
uma das partes mais importantes do 9. Marketing pretende vender seu produto/servi-
1. Capa ço e conquistar clientes.
plano de negócios, pois é a primeira
parte visualizada por quem o lê. Deve apresentar em números todas
Deve conter o título de cada seção 10. Plano as ações planejadas para a empresa
do plano de negócios e a página financeiro e as comprovações, por meio de
2. Sumário respectiva na qual se encontra, bem projeções futuras.
como os principais assuntos relacio- Esta seção deve conter informa-
nados em cada seção. ções adicionais, julgadas relevantes
11. Anexos
É a principal seção do plano de para o melhor entendimento do
negócios, pois fará o leitor decidir se plano de negócios.
3. Sumário
continuará ou não a ler o documen- Quadro 3 - Modelo de plano de negócios / Fonte: adaptado de Dornelas
Executivo
to. Portanto, deve conter uma síntese (2018, p. 97-100).
das principais informações do plano.

192
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quer uma ajuda para preencher o seu pla-


no de negócios? Em um vídeo breve, eu te
oriento com um passo a passo. Vamos lá?

O modelo do plano do negócio dependerá do ob-


jetivo do empreendedor com sua elaboração, assim
como o tamanho do plano. De acordo com Degen
(2009), para determinar o tamanho do plano de ne-
gócios, é importante levar em consideração dois as-
pectos. Primeiro deve-se identificar qual o público
que o lerá, segundo, o plano deve ser o mais objeti-
vo possível. Complementarmente, Dornelas (2018)
sugere três tamanhos de planos: plano de negócios
completo (de 15 a 40 páginas); plano de negócios
resumido (de 10 a 15 páginas); e plano de negócios
operacional (é o mais curto e dependerá das neces-
sidades da organização).

193
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa unidade, que teve como principal
objetivo trazer conceitos iniciais sobre administração, gestão e empreendedorismo,
possibilitando, por meio de um panorama geral, a compreensão das principais ati-
vidades inerentes ao exercício da gestão e também dos ferramentais indispensáveis
para a realização das atividades de um empreendedor.
No primeiro tópico, foram discutidas as características principais de uma organiza-
ção e vimos, também, quais são seus três elementos fundamentais que compõem as
atividades de uma organização. A transformação é a etapa mais importante de todo o
processo organizacional, pois é nesta fase que há a união dos recursos organizacionais
(pessoas, informações, matéria-prima) com as ferramentas e técnicas de produção
para a criação do produto da empresa.
No segundo tópico, nós analisamos o processo administrativo, que foi desenvolvido
por Henry Fayol para determinar as atividades inerentes ao administrador. As fases
de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, como vimos, tornaram-se
fundamentais para o exercício das atividades de gestão em uma organização.
No terceiro tópico, verificamos quais são os principais tipos de estruturas organiza-
cionais e as características mais relevantes de cada um deles. Vimos também que cada
modelo apresenta vantagens e desvantagens, cabendo ao gestor definir qual estrutura
é a mais adequada para a organização.
No quarto e último tópico, nós abordamos o conceito de empreendedorismo, suas
principais características e demos foco no desenvolvimento do plano de negócios, que
pode ser considerado uma das ferramentas mais importantes para o empreendedor
no processo de planejamento do empreendimento.
Portanto, esperamos que esta unidade tenha contribuído para a sua compreensão dos
principais aspectos da administração e do empreendedorismo e o quanto são processos
importantes para a realização das atividades profissionais.

194
atividades de estudo

1. De acordo com Maximiano (2011a p. 3) as organizações podem ser compre-


endidas como “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de
objetivo [...] além de recursos, as organizações têm outros dois componentes
importantes: processos de transformação e divisão do trabalho”. Neste senti-
do, quais são os tipos de recursos organizacionais?
2. As empresas possuem diversas funções (normalmente, representadas por
departamentos), onde as atividades são desenvolvidas em busca do objeti-
vo maior da organização. Estas funções podem variar de uma empresa para
outra. Neste contexto, descreva as seis funções básicas de uma organização
segundo Fayol.
3. De acordo com Biagio (2012, p. 3), empreendedorismo significa “executar, pôr
em prática ou levar adiante uma ideia, com a intenção de atingir objetivos e
resultados”, no entanto, o empreendedor, antes de executar seu empreendi-
mento, precisa planejar o negócio, e uma das principais ferramentas para esta
atividade é o plano de negócios. Neste sentido, explique o que é um plano de
negócios?
4. A administração pode ser compreendida a partir da definição do processo
administrativo, que é um conjunto de processos aplicados no exercício da fun-
ção do administrador. Assim, descreva os elementos do processo administra-
tivo apresentado por Fayol.
5. De acordo com Neis e Pereira (2015, p. 181) “uma estrutura organizacional
consiste se torna um pré-requisito para o bom desempenho da organização”,
neste sentido indique e descreva qual estrutura organizacional é a menos
apropriada para organizações que buscam inovação.

195
LEITURA
COMPLEMENTAR

COMO A SMARTFIT MANTÉM O SENTIMENTO DE “DONO” CONTRATANDO


2.200 PESSOAS POR ANO
A cada ano, contratamos mais de 2.000 pessoas. E o nosso segredo para manter a
excelência no nível de atendimento ao cliente pode ser resumido em duas palavras:
propósito e missão.
Recentemente, dei uma mentoria coletiva para a turma de empreendedores do Algar
Ventures Open, um programa de aceleração da Algar Ventures em parceria com a Endeavor.
Foi uma conversa bastante enriquecedora, na qual pude compartilhar algumas lições que
aprendi ao longo desses anos à frente da rede de academias SmartFit e da Bio Ritmo. E
um dos aprendizados mais significativos — que suscitou dúvidas não só na mentoria,
mas em vários outros eventos de que participo — diz respeito à preparação de uma equi-
pe que cresce num ritmo vertiginoso.
Como orientar novos colaboradores, que chegam em grande número, para manter o
nível de qualidade do atendimento? Acredite, este é um desafio que na Smart Fit conhece-
mos muito bem. Temos 263 unidades só aqui no Brasil, e 100 em sete países diferentes.
Contratamos cerca de 2.200 pessoas por ano e, para reuni-las em torno dos mesmos
objetivos, da mesma cultura, precisamos de algo extremamente simples, poderoso, que
alinhe toda a equipe no mesmo caminho. É sobre isso que quero falar agora.
Engajamento rumo ao propósito e à visão
Tudo, como você deve saber, começa com um propósito. Mas um propósito verdadeiro,
de realmente transformar a sociedade — se você pensar só em dinheiro, é bem prová-
vel que não chegue a lugar nenhum. Por outro lado, se encontra um propósito sincero
e legítimo, você terá uma visão clara. E são ambos, propósito e visão, que poderão en-
gajar o time rumo aos objetivos da empresa, situando os colaboradores de seus papéis
para que a missão seja cumprida.

196
LEITURA
COMPLEMENTAR

Lá no começo, claro, nós tínhamos Missão, Visão e Valores, mas nem eu me lembrava
direito de quais eram. E isso era indicativo: se eu não me lembrava, como os funcioná-
rios se lembrariam? Pior, como se engajariam?
É aqui que entra aquela simplicidade de que falei - quanto mais simples o propósito,
mais poderoso, mais fácil de gerar envolvimento. Naquele momento, precisávamos
achar aquilo que realmente queríamos fazer, de modo que os colaboradores quises-
sem fazer parte disso, dessa visão.
Chegamos, então, a uma formulação que resume o nosso trabalho: mudar a vida das
pessoas, democratizando o fitness de alto padrão. Isso é sincero e tem potencial para
conectar, gerar compromisso, mas não foi fácil elaborar este propósito: demorou anos
até encontrarmos a frase ideal.
Precisa fazer sentido
Este é outro ponto fundamental. A imensa maioria dos nossos colaboradores é jovem,
da chamada geração millenium. Para esta turma, o trabalho precisa fazer sentido, é
fundamental que gere o sentimento de “dono”, o pessoal precisa querer fazer parte.
Em nosso caso, criamos formas de mostrar que os funcionários - tanto os que entram
como os que já estão aqui - exercem papel fundamental naquele propósito que men-
cionei antes. Desde vídeos inspiradores, com depoimentos de pessoas que, em outros
tempos, não poderiam acessar o fitness de alto padrão, até em processos de desenvol-
vimento de líderes, em que priorizamos o lado humano: tudo é feito de forma a trans-
mitir esta cultura. Passá-la adiante é obrigação de todo mundo.
Valorização sem bônus monetário
Dentro deste processo, o reconhecimento dos profissionais é fator-chave de sucesso.
Realizamos a medição do desempenho por meio de NPS (Net Promotion Score, metodolo-
gia criada para medir o grau de satisfação e a fidelidade dos consumidores de qualquer

197
LEITURA
COMPLEMENTAR

tipo de empresa) para cada unidade. Isso significa que não tem dinheiro no meio: os
profissionais são reconhecidos por fazerem o melhor atendimento ao cliente. A nosso
ver, e na nossa estrutura, o critério monetário é mais complicado de ser utilizado como
reconhecimento. Afinal, os valores podem mudar rapidamente, de um dia para o outro.
É evidente que a pessoa deve ter um bom salário, mas o reconhecimento do cliente acentua
aquela questão do “fazer parte”, do “fazer sentido”. E o cuidado com o ser humano também
compõe esse processo: o líder da unidade precisa saber da vida do funcionário, de sua his-
tória. É aquela história de “walk the talk”: de nada adianta querer mudar a vida das pessoas,
se isso não vale para a própria estrutura da empresa. Temos que praticar o que pregamos.
Importância da diversidade
Um último ponto que quero abordar nesse processo de preparação da equipe é a diver-
sidade. É indispensável atentar para isso, porque a homogeneidade pode trazer proble-
mas. Vem daí a importância de haver esse approach humano, de buscar as histórias das
pessoas, e entender de que forma uma pessoa pode contribuir para o negócio, para o
propósito, é fundamental. Os tímidos, por exemplo, muitas vezes, numa estrutura mais
homogênea, acabam sendo solapados, o que pode ser um desperdício, porque eles
podem agregar muito ao negócio. Por isso, deve-se estimular a conversa, a aproxima-
ção entre as pessoas para que elas acabem se soltando. Às vezes, o colaborador não
é tímido, ele está tímido porque não tem a oportunidade de ser ele mesmo e, ao não
estimular esta abertura, podemos perder um profissional de grande potencial.
Claro que esses aprendizados que compartilho com você surgiram na base da tentativa
e do erro. Nós erramos muito, antes de começar a acertar, e ter esta consciência faz
parte do processo. O que não faz parte é insistir no que não dá certo. E este é um último
aprendizado que gostaria de compartilhar: o líder deve perguntar muito mais do que
falar. Deve entender que todo mundo precisa participar, e o fato de realmente ouvir o
que a equipe tem a dizer é que realmente gerará engajamento.
Fonte: Endeavor (2017 apud STARTUPI, 2018, on-line)17.

198
material complementar

Indicação para Ler

Administrando Micro e Pequenas Empresas


Beatriz Jackiu Pisa e Antonio Barbosa Lemes Júnior
Editora: Campus
Sinopse: Administrando Micro e Pequenas Empresas é um livro que pretende levar
o leitor a refletir sobre o papel dos pequenos negócios, seus desafios e suas con-
quistas. Seu conteúdo traz exemplos reais, amparados por informações técnicas
e embasamento científico, que ensinam como enfrentar o dia a dia das micro e
pequenas empresas.

Indicação para Assistir

Jobs
Ano: 2013
Sinopse: de hippie sem foco nos estudos a líder de uma das maiores empresas
de tecnologia do mundo. Este é Steve Jobs (Ashton Kutcher), um sujeito de perso-
nalidade forte e dedicado, que não se incomoda de passar por cima dos outros
para atingir suas metas, o que faz com que tenha dificuldades em manter relações
amorosas e de amizade.

Indicação para Acessar

Edgar Corona sempre foi um atleta de primeira linha, mas acabou seguindo carreira como engenheiro
químico. Nesta palestra inspiradora, conta como, após um acidente de ski, resolveu reviver seu hobby na
forma de um novo empreendimento. Contudo, como ele mesmo diz: “Se você tem um hobby, cuidado ao
transformá-lo em um negócio: você pode ficar com raiva do hobby”.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=vuA4fJ8_SQQ&t=291s>.

199
gabarito

1. Recursos humanos, recursos financeiros, re-


cursos informacionais, recursos tecnológicos,
recursos materiais, recursos administrativos.
2. Funções técnicas, funções comerciais, funções
financeiras, funções contábeis, funções de se-
gurança, funções administrativas.
3. O plano de negócios é um documento que visa
estruturar as principais ideias e opções que o
empreendedor deve avaliar para decidir quan-
to à viabilidade da empresa a ser criada.
4. Os cinco processos apresentados por Fayol
são: prever, organizar, comandar, coordenar e
controlar. Este modelo é ainda adotado até os
dias atuais apresentando, algumas vezes, pe-
quenas variações entre os autores.
5. A estrutura funcional é a menos indicada para
empresas que buscam a inovação, pois esta es-
trutura é indicada para empresas com ativida-
des que sejam bastante repetitivas, altamente
especializadas e pouco integradas.

200
referências

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). ACSM’s health/Fitness


facility standards and guidelines. 15. ed. Illinois: Human Kinetics, 2018.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Diretrizes do ACSM
para os testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2016.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Diretrizes do ACSM
para os Testes de Esforço e sua Prescrição. 10. ed. São Paulo: Guanabara Koogan,
2018.
ANDREASSON, J; JOHANSSON, T. The fitness revolution: historical transforma-
tions in the global gym and fitness culture. Sport Science Review, v. 23, p. 91-112,
2014.
ARMBRUSTER, B.; GLADWIN, L. A. More than fitness for older adults: a “wholeis-
tic” approach to wellness. ACMS’S Health & Fitness Journal, v. 5, n. 2, p. 6-12, 2001.
ARTAXO, I.; MONTEIRO G. A. Ritmo e Movimento: Teoria e Prática. São Paulo:
Phorte, 2003.
BARBANTI, V. J. Revisão científica do livro treinamento de força com bola: estabi-
lidade total e exercícios com medicine ball. 2. ed. Barueri: Manole, 2010.
BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.
BIAGIO, L. A. Empreendedorismo: construindo seu projeto de vida. Barueri: Ma-
nole, 2012.
BIRDWHISTELL, R. L. Kinesics and context: essays on body motion communica-
tion. 4. ed. Philadelphia: UPP (University of Pensylvania Press), 1985.
BODY SYSTEMS. Power jump: instructor manual. Manual do professor power
jump, 2004.
BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo:
Phorte, 2002.
BONACHELA, V. Manual básico de hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.
BORG, G. A. Psychological basis of physical exertion. Med Sci Sports Exerc, v. 14,
n. 5, p. 377-381, 1982.

201
referências

BOSSLE, C. B. O personal trainer e o cuidado de si: uma perspectiva de mediação


profissional. Revista Movimento, v. 14, n. 1, jan./abr. 2008.
BOYLE, M. O novo modelo de treinamento funcional de Michael Boyle. 2. ed. Por-
to Alegre: Artmed, 2018.
BRANDÃO, D.; CREMA, R. Visão Holística em Psicologia e Educação. Brasília:
Summus, 1991.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de
Janeiro: Diário Oficial da União, 1940.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança.
NUBio. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz,
2003.
CAPINUSSU, J. M.; COSTA, L. P. Administração e marketing das academias de
ginástica. São Paulo: Ibrasa, 1989.
CASPERSEN C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSEN, G. M. Physical activity, exerci-
se, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Pu-
blic Health Reports, v. 100, p. 126-131, 1985.
CATTEU, R. O ensino da natação. São Paulo, Manole, 1990.
CERAGIOLI, L. Ginástica Aeróbica. Cascais: Arte Plural Edições, 2008.
CHAER, L. Uma pesquisa sobre holismo e educação holística. Fragmentos de cultu-
ra, v. 16, n. 4, p. 555-566, abr. 2006.
CHARPIN, A. As Novas Ginásticas. Lisboa: Pergaminho, 1996.
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3. ed. Rio de Janei-
ro: Elsevier, 2004.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. Barueri: Manole,
2014.
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA (CONFEF). Resolução n° 327,
10 de outubro de 2016. Brasília: Diário Oficial da União, 2016.
CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 4ª REGIÃO (CREF4). Pri-
meiros Socorros e a Educação Física. Revista CREF, n. 42, p. 4-6, jun./ago. 2014.

202
referências

CORONA, E. Mercado mundial do fitness: principais players e mudanças no top tem.


Revista Acad Brasil, Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Academias, n. 82, ago.
2018. Disponível em: https://www.acadbrasil.com.br/wp-content/uploads/2019/03/
edicao-82.pdf. Acesso em: 24 abr. 2020.
CORRÊA, L. M. A. Da beleza e vigor corpo: breve história da calistenia. 2002. 63 f.
Monografia (Licenciatura em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Uni-
versidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
CORREIA, J. C. A. O lugar da ACM na história da Educação Física brasileira: re-
fletindo sobre o esporte e a calistenia. 2008. 57 f. Monografia (Licenciatura em Edu-
cação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2008.
D’ELIA, L. Guia Completo de Treinamento Funcional. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2016.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 3. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1995.
DANTAS, E. H. M. et al. Adequabilidade dos principais modelos de periodização do
treinamento esportivo. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 483-
494, 2011.
DANTAS, E. H. M. et al. Fitness Saúde e Qualidade de Vida. In: VIANNA, J.; NO-
VAES, J. Personal training e condicionamento físico em academia. 3. ed. Rio de
Janeiro: Shape, 2009.
DEGEN, R. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2009.
DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 7. ed. São
Paulo: Empreende/Atlas, 2018.
ESTON, R. Use of ratings of perceived exertion in sports. Int J Sports Physiol Per-
form, v. 7, n. 2, p. 175-182, 2012.
FERREIRA, T. T. Música para se ver. 2005, 105 fl. Mimeo. Projeto Experimental do
Curso de Comunicação Social. Juiz de Fora: UFJF; FACOM, 2005.
FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 4.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

203
referências

FONTANA, P. S.; REPPOLD FILHO, A. R. Ginástica: recordes temporais. In: GAYA,


A. Educação Física: ordem, caos e utopia. Belo Horizonte: Casa da Educação Física,
2014.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
FOUREAUX, G.; PINTO, K. M. C.; DAMASO, A. Efeito do consumo excessivo de
oxigênio após exercício e da taxa metabólica de repouso no gasto energético. Rev
Bras Med Esporte, v. 12, n. 6, p. 393-398, dez. 2006.
FREITAS, S. M. G. Análise das potencialidades da ginástica aeróbica e das percep-
ções e motivações para a sua prática. 2011. 109 f. Dissertação (Mestrado em Activi-
dade Física e Desporto) - Universidade da Madeira, Funchal, 2011.
FURTADO, R. P. Do fitness ao wellnes: os três estágios de desenvolvimento das aca-
demias de ginástica. Pensar a prática, v. 12, n. 1, p.1-11, 2009.
GAARDER, J. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Cia.
das Letras, 1995.
GARBER, C. E. et al. Quantity and Quality of Exercise for Developing and Main-
taining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently
Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. Medicine & Science in Sports &
Exercise, v. 43, p. 1334-1359, 2011.
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
GROSSL, T. et al. Determinação da intensidade da aula de Power Jump por meio da
frequência cardíaca. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum., v. 10, n. 2, p.
129-136, 2008.
GUIA PMBOK. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. 5. ed.
Pensilvânia, EUA: PMI, 2013.
GUTS MUTHS, J. C. F. Gymnastik für die Jugend. Dresden: Wilhelm-Limpert; 1928.
HEFFERNAN, C. The treadmill’s dark and twisted past. TED Education, 22 de set.
de 2015. Disponível em: https://ed.ted.com/lessons/the-treadmill-s-dark-and-twis-
ted-past-conor-heffernan. Acesso em: 28 set. 2019.

204
referências

HENRIQUE, F. P. Metodologia do treinamento em ciclismo indoor. 2004. 45 f. Mo-


nografia (Bacharelado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Univer-
sidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
HEYWARD, V. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 4. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
JEANDOT, N. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Scipione, 1993.
JUCÁ, M. Step: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. K.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exer-
cício. 5. ed. Barueri: Manole, 2013.
KRUEL, L. F. M. Peso hidrostático e frequência cardíaca em pessoas submetidas a
diferentes profundidades de água. 1994. 131 f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia
do Exercício) - Universidade Federal de Santa Maria, Porto Alegre, 1994.
LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R de. Teoria general de la gimnasia. Buenos Ai-
res: Stadium, 1970.
LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R de. Teoria general de la gimnasia. Buenos Ai-
res: Stadium, 1986.
MARINHO, I. P. Sistemas e Métodos de Educação Física. 5. ed. São Paulo: Cia Brasil
Editora, 1978.
MATIAS, M. Organização de eventos: procedimentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Ma-
nole, 2013.
MATSUO, T. et al. An exercise protocol designed to control energy expenditure for
long-term space missions. Aviat Space Environ Med, v. 83, n. 8, p. 783-789, 2012.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011b.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. Ed. Compacta. 2. ed. São Pau-
lo: Atlas, 2011a.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à re-
volução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011c.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: nutrição,
energia e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

205
referências

McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Nutrição para o Esporte e o Exercí-


cio. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
McARDLE, W. et al. Reability and interrelationships between maximal oxygen up-
take, physical work capacity and step test scores in college womem. Medicine and
Science in Sports, v. 4, p. 182-186, 1972.
MOKDAD, A. H.; FORD, E. S.; BOWMAN, B. A. et al. Prevalence of obesity, diabe-
tes, and obesity-related health risk factors. J Am Med Assoc., n. 289, p. 76-79, 2003.
MONTEIRO, A. G. Ginástica aeróbica: estrutura e metodologia. Londrina: CID,
1996.
MORAES, H. B. et al. Frequência cardíaca, percepção subjetiva de esforço e lactato
sanguíneo nas aulas de jump fit e hidro jump. Motricidade, v. 8, n. 2, p. 52-61, 2012.
MORENO, A. A propósito de Ling, da ginástica sueca e da circulação de impressos
em língua portuguesa. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, v. 37, n. 2, p. 128-135, 2015.
MORI, P.; DEUTSCH, S. Alterando estados de ânimo nas aulas de ginástica rítmica
com e sem a utilização de música. Motriz, v. 11, n. 3, p. 161-166, dez. 2005.
NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 6. ed. Londrina: Midio-
graf, 2013.
NAKAMURA, P.M.; DEUTSCH, S.; KOKUBUN, E. Influência da música preferida
e não preferida no estado de ânimo e no desempenho de exercícios realizados na
intensidade vigorosa. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp., v. 22, n. 4, p. 247-255, dez. 2008.
NEIS, D.; PEREIRA, M. F. Planejamento estratégico: a contribuição da estrutura or-
ganizacional para o processo de implementação da estratégia. São Paulo: Atlas, 2015.
NIEMAN, D. V. Exercício e Saúde: teste e prescrição de exercícios. Barueri: Manole,
2011.
NOVAES, G. S. Guia de socorros de urgências: atendimento pré-hospitalar. Rio de
Janeiro: SHAPE, 2006.
NOVAES, J. S. Ginástica em academia no Rio de Janeiro: uma pesquisa histórico-
-descritiva. Rio de Janeiro: Sprint, 1991.

206
referências

OLIVEIRA, C. L.; FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência: uma verda-


deira epidemia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 47, n. 2,
p. 107-108, 2003.
OLIVEIRA, D. P. R. Teoria geral da administração: uma abordagem prática. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 31.
ed. São Paulo: Atlas, 2013.
OLIVEIRA, D. P. R. Estrutura Organizacional: uma abordagem para resultados e
competitividade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
PAULA, K. C.; PAULA, D. C. Hidroginástica na terceira idade. Rev Bras Med Espor-
te, v. 4, n. 1, p. 24-27, jan./fev., 1998.
PERGHER, R. N. et al. Liga de Obesidade Infantil. Is a diagnosis of metabolic syn-
drome applicable to children? J. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 86, n. 2, p. 101-8, 2010.
POLLOCK, M.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e pres-
crição para prevenção e reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
PORTUGAL, V. B. F.; ZANETTI, H. R.; ABRAHÃO, C. A. F.; LEITE, M. A. F. J. Perfil
de praticantes de exercícios em academias de Uberaba, Minas Gerais. Arq Cien Esp,
v. 5, n. 2, p. 40-43, 2017.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condi-
cionamento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017.
PRADO, D. M. L.; BAPTISTA, F. R. S.; PINTO, A. L. S. Avaliação do condiciona-
mento aeróbio. In: PINTO, A. L. S.; GUALANO, B.; LIMA, F. R.; ROSCHEL, H.
Exercício físico nas doenças reumatológicas: efeitos terapêuticos. São Paulo: Sarvier,
2011. p. 59-71.
PRESTES, J. et al. Prescrição e Periodização do Treinamento de Força em Acade-
mias. 2. ed. Barueri: Manole, 2016.
QUITZAU, E. A. Da ‘ginástica para a juventude’ a ‘a ginástica alemã’: observações
acerca dos primeiros manuais alemães de ginástica. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, v. 37,
n. 2, p. 111-118, 2015.

207
referências

RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA, 1982.


RINALDI, I. P. B. A ginástica como área de conhecimento na formação profissional
em Educação Física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. 2005. 219
f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universida-
de Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
ROCHA, A. C.; GUEDES JUNIOR, D. P. Avaliação física para treinamento perso-
nalizado, academias e esporte: uma abordagem didática, prática e atual. São Paulo:
Phorte, 2013.
SABA, F. Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros esporti-
vos. 2. ed. Barueri: Manole, 2012.
SABA, F. Liderança e gestão: para academia e clubes esportivos. São Paulo: Phorte,
2006.
SAMULSKI, D.; MENZEL, H.; PRADO, L. S. Treinamento esportivo. Barueri: Ma-
nole, 2013.
SERTEK, P. Empreendedorismo. Curitiba: Intersaberes, 2012.
SILVA, D. A.; DIEFENTHAELER, F. Prescrição de exercícios para indivíduos sau-
dáveis. In: OLIVEIRA, A. M.; TAVARES, A. M. V.; DAL BOSCO, S. M. Nutrição e
atividade física: do adulto saudável às doenças crônicas. São Paulo: Atheneu, 2015.
p. 161-171.
SILVA, L. P. O.; OLIVEIRA, M. F. M.; CAPUTO, F. Métodos de recuperação pós-
-exercício. Rev. Educ. Fis. UEM, v. 24, n. 3, p. 489-508, set. 2013.
SKINNER, A.T.; THOMPSON, A. M. Exercícios na água. São Paulo: Manole, 1985.
SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. Campinas: Unicamp, 2007.
SOARES, C. L. Imagens da Educação no corpo. 2. ed. Campinas: Autores Associa-
dos, 2002.
SOBRAL, F.; PECI, A. Fundamentos de administração. São Paulo: Pearson Educa-
tion do Brasil, 2012.
SOUZA, E. P. M de. A Busca do autoconhecimento através da consciência corporal:
uma nova tendência. 1992. 88 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Facul-
dade de Educação Física, Unicamp, Campinas, 1992.

208
referências

SOUZA, E. P. M de. Ginástica Geral: uma área do conhecimento da Educação Física.


1997. 163 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física,
Unicamp, Campinas, 1997.
SOUZA, Y. R.; SILVA, E. R. Efeitos psicofísicos da música no exercício: uma revisão.
Rev. Bras. Psicol. Esporte, v. 3, n. 2, p. 33-45, dez. 2010.
STOPPANI, J. Enciclopédia de musculação e força de Stoppani: 381 exercícios e 116
programas e treinamento de força vencedores. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
TAHARA, A. K.; SCHWARTZ, G. M.; SILVA, K. A. Aderência e manutenção da prá-
tica de exercícios em academias. R. bras. Ci. e Mov., v. 11, n. 4, p. 7-12, 2003.
TEEL, C. et al. Developing a movement program with music for older adults. Journal
of Aging and Physical Activity, v. 7, p. 400-413, 1999.
TESCHE, L. O Turnen, a Educação e a Educação Física nas escolas Teuto-Brasilei-
ras no Rio Grande do Sul: 1852-1940. Ijuí: Unijui, 2001.
THOMPSON, W. R. Worldwide survey of fitness trends for 2020. ACSM’s Health
Fitness J., v. 23, p. 10-18, 2019.
TRX. Suspension training: guia do usuário. [S. l.: s. n.], 2011.
TUBINO, M. J. G. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3. ed. São
Paulo: Ibrasa, 1984.
VAN GAAL, L. F.; MERTENS, I. L.; DE BLOCK, C. E. Mechanisms linking obesity
with cardiovascular disease. Nature, v. 444, p. 875-80, 2006.
VILELA, G. F.; ROMBALDI, A. J. Perfil dos frequentadores das academias de ginás-
tica de um município do Rio Grande do Sul. Rev Bras Promoç Saúde, v. 28, n. 2, p.
206-215, 2015.
WELCH, W. J. How cells respond to stress. Scientific American, v. 268, n. 5, p. 34-41,
1993.

209
referências

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Falk,_Benjamin_J._(1853-1925)_-_
Eugen_Sandow_(1867-1925)_-_1894_-_5.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
2
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Charles_Atlas_in_an_advertising_
for_Free_Karate_-_Wrestling_Annual_-_june_1975.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
3
Em: https://franchising.goldsgym.com/2018/04/26/earning-our-place-in-the-his-
tory-of-fitness/. Acesso em: 23 abr. 2020.
4
Em: https://franchising.goldsgym.com/brand-strength/our-evolution/. Acesso em:
23 abr. 2020.
5
Em: https://www.jackis.com/about/team-sorenson-bios. Acesso em: 23 abr. 2020.
6
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:A_long_line_of_men_are_workin-
g_a_treadmill._Photomechanical_Wellcome_V0041221.jpg. Acesso em: 23 abr.
2020.
7
Em: http://iceskatingresources.org/CoreBodyControl.html. Acesso em: 23 abr.
2020.
8
Em: https://de.wikipedia.org/wiki/Datei:Turner_1895.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
9
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bonne-Esperance_Gym_suedoise.
jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
10
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Btv1b8433332t-p026_(cropped)3.
jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
Em: https://http2.mlstatic.com/vhs-jane-fonda-workout-aerobica-de-baixo-im-
11

pacto-D_NQ_NP_661215MLB25145545626_112016-F.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.


12
Em: https://www.taebonation.com/. Acesso em: 6 maio 2020.
13
Em: https://www.lesmills.com/. Acesso em: 6 maio 2020.
14
Em: https://spinning.com/spinning-history/. Acesso em: 6 maio 2020.
Em: http://joanaangelicahidroginastica.blogspot.com/2014/01/hidrobike-saiba-
15

-mais.html. Acesso em: 6 maio 2020.


16
Em: https://seucorpoperfeito.com.br/hidro-jump-para-queimar-calorias-como-
-funciona-e-beneficios. Acesso em: 6 maio 2020.
17
Em: https://startupi.com.br/2018/07/como-a-smartfit-mantem-o-sentimento-de-
dono-contratando-2-200-pessoas-por-ano/. Acesso em: 6 ago. 2020.

210
conclusão geral
Querido(a) aluno(a),
Chegamos ao final desta obra e esperamos que o conteúdo tenha contribuído, de
maneira substancial, para a sua formação profissional. Apesar de sintetizarmos os con-
teúdos, devido à extensão deles, tenha a certeza de que aqueles de maior relevância
foram abordados aqui. Além disso, procuramos tratar dos temas de modo que estes se
conectassem entre si e entre outros conhecimentos do escopo da Educação Física.
É interessante destacar que o conteúdo das atividades de academia foi abor-
dado numa perspectiva ampla, desde as atividades físicas em si até as técnicas de
administração mais relevantes para o profissional empreendedor. Isso foi neces-
sário para demonstrar a grandiosidade do tema e dar um passo adiante em nosso
entendimento, muitas vezes, fragmentado.
Assim sendo, tratamos no início do conteúdo geral das atividades de academia, fa-
zendo um resgate histórico deste local de exercícios físicos e apresentando as principais
atividades ofertadas, sendo elas atividades físicas, ou não, em uma academia de ginás-
tica. Trazer as atividades não físicas presentes nas academias é uma forma de quebrar o
paradigma de que a academia é um local onde só se pratica exercícios físicos.
Num segundo momento do livro, nossa atenção foi voltada, apenas, para os
conhecimentos que permeiam as ginásticas de academia. Foi uma ótima oportuni-
dade de discutir com você conhecimentos relacionados à própria história da Edu-
cação Física, à fisiologia humana, ao treinamento esportivo e à rítmica e dança.
No final desta obra, para completar o nosso raciocínio de totalidade do con-
teúdo, foram apresentados os conceitos iniciais sobre administração, gestão e em-
preendedorismo. Isso com a finalidade de lhe apresentar as principais atividades
inerentes ao exercício da gestão, bem como das ferramentas indispensáveis para
a realização das atividades de um empreendedor.
Acreditamos que são muitas informações, mas fique tranquilo(a), o conheci-
mento se consolida à medida que você o estuda várias vezes e o põe à prova.
Desejamos a você sucesso na sua formação e qualificação profissional!

Você também pode gostar