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DE ACADEMIA
PROFESSOR
Me. Adriano Ruy Matsuo
Me. Fábio Luiz Iba
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
http://lattes.cnpq.br/6939160957684922
apresentação do material
ATIVIDADES DE ACADEMIA
Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba
Prezado(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia!
Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são ativida-
des como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que estas foram e são atividades
que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Contudo, é importante destacar que,
atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes.
Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca-
demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o
conteúdo relativo às ginásticas é devido à sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus
conhecimentos para as demais atividades físicas da academia.
Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte à sua
atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como em diversos outros espaços. Para isso, num
primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate
da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness,
tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades
ofertadas em uma academia de ginástica.
Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes à ginástica de academia. Começare-
mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até
o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em
termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas,
e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos
da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula.
Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia,
que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o
conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim
como a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência.
O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao
concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão
trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica!
Ótima leitura e bons estudos!
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
14 História da Academia de Ginástica 144 Treinamento Esportivo e a ginástica de academia
20 Fitness e Wellness 150 Planejamento e Organização de uma aula de
ginástica de academia
24 Atividades ofertadas em uma Academia de
Ginástica 156 Elementos para um coaching de excelência
50 Gabarito 170 Gabarito
UNIDADE II UNIDADE V
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA DE ACADEMIA GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 176 Administração e seus principais conceitos
70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 180 Processo administrativo
84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 184 Estrutura organizacional
97 Gabarito 188 Empreendedorismo e plano de negócios
198 Gabarito
UNIDADE III
MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 199 REFERÊNCIAS
104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos
128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia
139 Gabarito
A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• História da Academia de Ginástica
• Fitness e Wellness
• Atividades Ofertadas em uma Academia de Ginástica
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia
de ginástica.
• Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da
academia.
• Apresentar as atividades comumente praticadas e
oferecidas na academia.
unidade
I
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de acade-
mia, nesta primeira unidade trataremos deste nosso ambiente
de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão
apresentadas as principais atividades que, atualmente, são de-
senvolvidas nela.
Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história
da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se
consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido,
veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina-
ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas.
Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto
das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está
ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse
contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão fí-
sica, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos também
que o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia,
meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física.
Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer-
tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas
vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica-
mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios
físicos e atividades complementares.
Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí-
cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como
a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza-
do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão
aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência
melhor ao aluno, como a avaliação física.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos! Tenha uma ótima leitura!
História da
Academia de Ginástica
Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades O termo “academia” tem origem na escola fun-
presentes na academia, realizando um sucinto res- dada por Platão, chamada de Academia, devido ao
gate histórico deste estabelecimento de atividades local onde estava instalada, o bosque de Academos
voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos (GAARDER, 1995). É relevante destacar que, junta-
componentes da aptidão física. Contudo, antes de mente com a educação do intelecto, o cuidado com o
entrarmos nesta discussão, é importante entender corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego
a origem da expressão “academia de ginástica”, da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmen-
utilizada, aqui no Brasil, para designar estabeleci- te, para designar um conjunto de exercícios físicos que
mentos deste tipo. têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento
físico (FONTANA; REPPOLD FILHO, 2014).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 4 - Barra
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Foi a partir dos anos 90 que houve a súbita expan- A partir da década de 90, há uma grande diversi-
são das franquias de academias e das modalidades ficação de modalidades e produtos oferecidos, sendo
de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As
para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- academias brasileiras procuram se atualizar ofere-
SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura cendo, além das tradicionais modalidades (muscu-
fitness pode ser observada pelo número de acade- lação e ginástica de academia), espaços para práticas
mias em todo mundo, que já somam mais de 201 que integram força, equilíbrio e flexibilidade, e que
mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- propiciam, além do condicionamento físico, tam-
calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). bém, a saúde e o equilíbrio mental. Disponibilizam,
também, equipamentos tecnológicos que fornecem
A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL informações detalhadas de performance, ou ainda,
que simulam situações encontradas em diferentes
O modelo de academia de ginástica, semelhante ao práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços,
atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. como avaliação física, acompanhamento nutricio-
Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e nal, fisioterápico bem como programas de treina-
halterofilismo, sendo encontradas principalmente mento específicos, seja para uma população em es-
nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- pecial, seja para determinada finalidade (para ganho
ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto ou redução de peso).
espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal-
terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns
atores de cinema, houve a expansão das academias
de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em
todo o mundo (FURTADO, 2009).
A ginástica de academia promoveu, nos anos 80,
o aumento de adeptos à prática de exercícios físicos
nesses locais, principalmente das mulheres, que bus-
cavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane
Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remo-
delação das salas de halterofilismo, que passaram a ter
máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utiliza-
ção, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de
treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofi-
lismo” foi substituído por “musculação”, objetivando
Figura 7 - Esteira ergométrica
incluir o público que não praticava a modalidade por
competição (FURTADO, 2009).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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Fitness e Wellness
Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia
academia de ginástica enquanto negócio, a visão de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou
que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos escutado esses termos em algum lugar. Contudo,
poucos, foram sendo agregadas outras concepções, você saberia conceituá-los?
buscando ampliar o público alvo e atingir o merca-
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EDUCAÇÃO FÍSICA
A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada
mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- seria physical fitness, em português “aptidão física”.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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Atividades ofertadas
em uma Academia de Ginástica
Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro visam complementar o serviço prestado, bem como
pensamento que surge é em relação às práticas cor- satisfazer as necessidades de seus clientes.
porais inerentes a este ambiente, como a musculação Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em
e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- uma academia de ginástica podem ser categoriza-
paço adequado para a prática de exercícios físicos, das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades
uma academia oferece muitas outras atividades que de exercícios físicos e atividades complementares.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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Figura 12 - Elíptico
Musculação
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Princípio da variabilidade: a
adaptação do corpo, frente ao estímulo Princípio da reversibilidade: quando o
Princípio da manutenção: ao ser programa de treinamento resistido é
produzido pelos programas de treino, alcançado o objetivo do treinamento,
geralmente, cria um platô no processo interrompido ou não é mantida uma
esse pode ser mantido apenas com um frequência ou intensidade adequada, as
evolutivo, que é quebrado apenas por
novos estímulos. programa voltado para a preservação adaptações na força ou na hipertrofia,
das adaptações. respectivamente, retornam à condição
inicial ou deixam de progredir.
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Máquinas monoarticulares:
são máquinas cujos exer-
cícios desenvolvidos envol-
vem apenas uma articula-
ção do corpo, isolando, ao
máximo, o músculo agonis-
ta do movimento.
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9. Tiras de Ajuste
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10. Fivelas
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11. Manoplas
EDUCAÇÃO FÍSICA
A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços tematização dos exercícios em suspensão deram ori-
de borracha nasceu o primeiro equipamento e um gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance
conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em
2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- A ginástica de academia é composta por um grande
ças e a natação são praticadas em academias conjunto de modalidades, em que o exercício físico
(ou escolas) específicas para elas, pois deman- é executado em forma de coreografias e cadenciado
dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer-
estruturas específicas. cício será abordado com mais profundidade e deta-
O ensino das lutas e artes marciais compete aos lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático.
profissionais da Educação Física, que possuem a ti-
tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- ATIVIDADES COMPLEMENTARES
dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente,
demandam um espaço especial, como o tatame ou Com o intuito de oferecer suporte e melhor experiên-
o ringue, assim como de materiais específicos, tais cia ao aluno, assim como para a fidelização e captação
como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- de novos clientes, as academias de ginástica disponi-
radores de chute. As lutas e as artes marciais mais bilizam muitas outras atividades que complementam
comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- seus serviços. Estas atividades podem, ou não, confe-
-jitsu, o Muay Thay e o Boxe. rir um custo adicional ao cliente, dependendo do tipo
A prática das diferentes danças também requer a de serviço e por quem ele é prestado.
presença do profissional graduado em Educação Físi-
ca, e este deve ter formação específica em um ou mais Avaliação física
estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe-
cífico para a sua prática, no entanto, danças, como o A realização da avaliação física é essencial para uma
Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- intervenção segura e de qualidade, pois é por meio
terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- dela que são analisados os componentes da aptidão
los de dança encontrados com mais frequências nas física, determinado o estado de saúde de um indiví-
academias de ginástica são as danças de salão, como o duo, bem como, o programa de exercícios físicos é
samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. prescrito e acompanhado.
O ensino da Natação é feito pelos profissionais Uma academia de ginástica deve possuir um pro-
da Educação Física que possuem certa experiên- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma
cia com a modalidade. Para oferecer uma prática anamnese, a medida dos parâmetros antropométri-
significativa e segura, as academias de ginástica cos e da composição corporal, e uma análise postural.
dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória,
das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam-
Além disso, vestiários apropriados e materiais es- bém podem compor os elementos analisados. Con-
pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, fira a seguir algumas informações a respeito dessas
palmares e nadadeiras. avaliações no contexto da academia de ginástica.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
A demora que pode ocorrer no atendimento es- até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006).
pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- O objetivo deste é garantir a manutenção das fun-
tências inadequadas constituem algumas das preocu- ções vitais e evitar o agravamento das condições de
pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a saúde do assistido (BRASIL, 2003).
prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais É relevante destacar que deixar de prestar o so-
maneiras de evitar complicações são: ter profissionais corro a alguma pessoa configura crime, segundo
preparados, que sabem como agir quando adversida- o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL,
des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- 1940), com pena que varia de um a seis meses de
demia; e possuir protocolos, equipamentos e acessórios detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a
necessários para um primeiro atendimento eficiente. primeira assistência, a academia é responsável por
Os primeiros socorros compreendem ao trata- chamar o socorro público, como o resgate do Corpo
mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento
tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima.
Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor.
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Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam-
lação à prestação de primeiros socorros na aca- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos
demia, as leis podem variam em cada estado e eventos mais comuns acontecem por:
município, por este motivo, cabe ao gestor buscar • Comemorações de datas específicas: Dia das
informações a respeito do assunto para manter o Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia
estabelecimento em ordem. e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween,
Natal, entre outras).
De modo geral, a prevenção de fatores de risco
• Competições: fazem parte do quadro de
ambientais, como a manutenção e o bom estado das
competições os eventos de modalidades es-
instalações e dos equipamentos, também como uma portivas, como a natação, as lutas, o supino e
anamnese adequada com informações sobre o esta- as corridas rústicas.
do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- • Palestras: convidados especialistas apresen-
mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de tam e discutem temas relacionados aos exer-
situações emergenciais. cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá-
veis de vida e afins.
Promoção e participação em eventos
É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre
Um evento pode ser considerado um acontecimento outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so-
estratégico que ocorre a partir de determinado in- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta-
teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo belecimento de um cronograma de eventos baseados
(MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser em datas comemorativas, eventos esportivos, assim
um plano de ação de Marketing de relacionamento como, na necessidade de diferentes ações com os clien-
uma vez que este representa uma tentativa das em- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia.
presas em desenvolver relações de longa duração
com seus clientes. Serviços complementares
Existem dois fortes motivos para que uma aca-
demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos Algumas academias estão se tornando grandes cen-
são um meio de gerar a sensação de acolhimento e tros multidisciplinares, ao integrarem áreas afins à
comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos educação física para oferecerem serviços especiali-
alunos, à medida que os fazem sentir parte de um zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan-
grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola-
atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- boração de profissionais das seguintes áreas:
ção de eventos internos, com a participação de con- • Nutrição
vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos • Fisioterapia
externos, tornando a marca da academia mais visí- • Medicina do esporte
vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de • Estética
romper com a monotonia causada pela rotina das
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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considerações finais
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atividades de estudo
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atividades de estudo
e. V, F, F e F.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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material complementar
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gabarito
1. E
2. A
3. De acordo com a etimologia, o termo wellness,
de origem da língua inglesa, é composto pela
palavra Well que significa “bem”, e o sufixo
Ness formador de substantivos abstratos de
condição, conforme dito, anteriormente. Por-
tanto, wellness tem como significado o “estar
bem” ou “bem-estar”.
4. D
5. O treinamento em suspensão consiste na exe-
cução de movimentos com determinados seg-
mentos corporais suspensos. A ideia central
deste método é utilizar o peso corporal e a gra-
vidade como carga para os exercícios e, desta
forma, estimular o aprimoramento dos compo-
nentes da aptidão física. Já as progressões de
movimento, acontecem com as diferentes for-
mas de posicionamento do corpo, num mesmo
exercício, que conferem maior ou menor grau
de dificuldade e intensidade.
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UNIDADE
II
INTRODUÇÃO À GINÁSTICA
DE ACADEMIA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Aspectos históricos da ginástica de academia
• Ginástica de academia e a fisiologia do exercício
• Elementos musicais na ginástica de academia
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica
de academia.
• Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no
âmbito da ginástica de academia.
• Analisar alguns dos elementos da música no contexto da
ginástica de academia.
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no
universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con-
textualizar, histórica e filosoficamente, esta atividade que está
presente na maioria das academias e possui milhares de adep-
tos em todo o mundo.
Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica
para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo-
dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os
componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido,
veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam
papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática.
Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos
estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto,
veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vi-
gorosa), haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo for-
necimento de energia. Sendo assim, o sistema aeróbico é capaz de suprir,
praticamente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas
de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na
academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser
controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí-
veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos.
Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes
das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons-
titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar
motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da
música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade.
Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos!
Tenha uma ótima leitura!
Aspectos Históricos
da Ginástica de Academia
Neste primeiro momento, realizaremos um breve modalidade de exercício físico nas academias, como
resgate histórico da ginástica para que possamos en- um meio de aprimorar os componentes da aptidão
tender de que maneira ela se consolidou enquanto física por meio de aulas coletivas.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Partindo da concepção de ginástica como todo como objetivo a preparação militar. Assim, práticas
e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle-
manos, veremos que ela se manifesta de diferentes cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto
maneiras e adquire atributos de acordo com os ob- faziam parte do treinamento dos soldados. Em com-
jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava plemento, a nobreza participava de competições de
inserido. Nesse contexto, podemos observar que, esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en-
na antiguidade oriental, os exercícios físicos eram tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais,
expressos por meio de diferentes atividades. A luta como jogos simples e de caça e pesca, também eram
livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram praticados nesse período (RAMOS, 1982).
praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos No período do Renascimento, o exercício físico
realizavam práticas corporais funcionais (voltadas começou a ser pensado de outra forma, estabelecen-
para a melhora das atividades diárias) com foco na do novas concepções a respeito do corpo e seus cui-
força, agilidade e resistência. O exercício físico como dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970),
instrumento de preparação para a vida e de cunho as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten-
litúrgico era praticado na Pérsia, Índia, China e no dência para a educação física, ao considerá-la con-
Japão (RAMOS, 1982). teúdo da educação. Em seus programas estavam in-
No período Clássico da civilização ocidental, cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos,
na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá- esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram
ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím- praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos.
picos, sob grande influência da mitologia e do culto Os renascentistas foram influenciados pelos
ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li- ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti-
nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre
Atenas os exercícios físicos buscavam a formação considerado como valioso para o aprimoramento
do cidadão integral, provido de educação corporal, do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto
composta pela eficiência educacional, fisiológica, cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé-
moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as
ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do formas de exercício físico eram chamadas de Ginás-
corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982). tica que, de modo implícito, significava treinamento
Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte ou preparação para um esforço físico.
caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para Na Era Moderna, o exercício físico se consoli-
a preparação militar, objetivando a conquista e a de- da como elemento da educação, devido à evolução
fesa de territórios do império. Além disso, também do conhecimento na área da Educação Física, com
eram observadas práticas de atividades desportivas, a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi-
como a corrida de bigas e os combates de gladiado- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto,
res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997). foi a ginástica que introduziu o exercício físico como
Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas possibilidade de educação do corpo.
pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham
57
58
EDUCAÇÃO FÍSICA
Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so- impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além
bre os músculos e os nervos, movimentando todo o disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida-
corpo tanto de maneira global quanto segmentada, des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação
59
dos elementos da natureza para, assim, promover seu das em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos,
fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 2015).
Muths selecionou um conjunto de práticas agrupa- Confira algumas dessas práticas a seguir:
O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou, ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como
significativamente, com a Escola Alemã, promo- o propósito era reforçar o sentimento nacionalista,
vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti-
e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A
ginástica priorizava a preparação dos jovens para arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen-
guerra bem como a disseminação dos ideais higie- te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que
nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos considerava adequados para a ginástica (QUITZAU,
nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo- 2015). Verifique algumas dessas práticas a seguir:
60
EDUCAÇÃO FÍSICA
Escola Sueca
O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí- nando os homens aptos para preservar a paz na Sué-
sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia, cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo
à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio
motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica. da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li-
O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling vres de vícios, necessários à formação da pátria
(1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de (LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982).
nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor-
61
Ling idealizou o método de treinamento chamado minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo-
“Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10)
ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi- Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131).
giênico. Estas denominações permitem identificar Podemos elencar alguns pontos como princípios
as concepções do método criado por Ling, que agru- fundamentais da proposta de Ling:
pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou • Os movimentos ginásticos devem ser basea-
mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se- dos nas necessidades e nas leis do organismo
guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3) humano, selecionando as formas mais efica-
zes, segundo certas regras, sem esquecer as
Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço;
exigências da beleza.
5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo-
62
EDUCAÇÃO FÍSICA
A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di- Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014,
vidida em quatro partes (MARINHO, 1978): a Gi- on-line)10.
63
blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for A Calistenia era um método composto por exer-
beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados,
beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich executados ao som de música. Esses exercícios eram
Clias (CORREIA, 2008). realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa-
relhos leves, visando um trabalho global que
permitisse o desenvolvimento de todos os
GRUPO 1: Braços e pernas. grupos musculares bem como a simetria cor-
poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os
exercícios calistênicos eram, meticulosamen-
GRUPO 2: Região pôstero-superior do tronco. te, selecionados, de forma que a série executa-
da permitisse alcançar os princípios da higie-
ne, da educação, da recreação e da adaptação
GRUPO 3: Região pôstero-inferior do tronco. ao ambiente da época (CORRÊA, 2002).
Uma aula de Calistenia era estruturada
em oito grupos de exercícios, cada qual con-
GRUPO 4: Região lateral do tronco. templando segmentos corporais e capacida-
des físicas específicas. Confira a organização
desses grupos no quadro ao lado.
GRUPO 5: Exercícios de equilíbrio. Outro ponto a destacar é que, ao longo da
aula, havia um incremento gradual de esfor-
ço (intensidade), conforme eram desenvolvi-
GRUPO 6: Região abdominal. dos os grupos de exercícios. Essa relação en-
tre exercício e esforço pode ser observada na
Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um
GRUPO 7: Exercícios com saltos e corridas.
esforço muito leve, a cor verde um esforço
leve, a amarela um esforço moderado e as co-
res alaranjado e vermelho, esforços intenso e
GRUPO 8: Exercícios de ombro.
muito intenso, respectivamente.
64
EDUCAÇÃO FÍSICA
Grupo 7
Grupo 6
Grupo 5
Grupo 4
Esforço
Grupo 3
Grupo 8
Grupo 2
Grupo 1
Desenvolvimento da aula
Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor.
Devido aos movimentos ritmados e à utilização da movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os
música para a execução dos exercícios, a Calistenia sentidos e a expressividade. Devido à sua relação
foi uma grande influência para as ginásticas presen- com os procedimentos técnicos e metodológicos da
tes nas academias. cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins-
pirou o surgimento da chamada ginástica moderna,
Movimentos do século XX e suas contribuições voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode
(1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três De maneira geral, as contribuições do Movimen-
grandes movimentos ginásticos, o Movimento do to do Norte ao campo prático foram direcionadas à
Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do técnica de construção e à execução dos movimen-
oeste. Todos eles foram importantes para a evolução tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do
e o surgimento das diferentes manifestações gímni- Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó-
cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970).
surgiram as subdivisões das modalidades e as pri- Estes três movimentos permaneceram até o
meiras regulamentações das ginásticas. ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer-
O Movimento do Centro teve grande influên- salização dos conceitos de ginástica que resultou
cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN-
de um método de educação musical por meio dos GLADE, 1986).
65
Observando esses campos, em qual deles a Ginástica demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi-
de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi- mento das capacidades físicas, como a força, a resistência
násticas de condicionamento, que são caracterizadas, (aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997).
principalmente, pela busca da manutenção da condi-
ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005). A GINÁSTICA DE ACADEMIA
É importante destacar que as manifestações gímni-
cas pertencentes a este campo também estão relacio- Na década de 1970, surgiu um movimento influen-
nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken-
padrão estético colocado comercialmente. neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de
As Ginásticas de condicionamento são, popularmen- exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa
te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca- duração) como uma excelente ferramenta para me-
66
EDUCAÇÃO FÍSICA
67
aulas, produzindo novas modalidades, como o Step, a compor o quadro da Ginástica de academia. É a
o Fitball, o Spinning (ou Ciclismo Indoor) e a Hidro- partir dessa década que surgem as grandes empresas
ginástica. Já a introdução de alguns passos específicos do Fitness, oferecendo seus programas de Ginástica
de dança e a utilização de diferentes gêneros musicais pré-coreografadas, provocando um impacto signifi-
deram origem a modalidades, como o aero-latino, ae- cativo no mercado e grande diversificação das mo-
ro-funk e afro-aeróbica (FREITAS, 2011). dalidades. Criadora de aulas pré-coreografadas con-
Seguindo a tendência da década anterior, nos sagradas, como o Body Pump, o Body Combat e o
anos 90, novos exercícios começaram a ser explora- Body Balance, a Les Mills é um exemplo de empresa
dos e modalidades que desenvolviam a força, a flexi- deste ramo. Ela foi pioneira em sistematizar as au-
bilidade e, até mesmo, o equilíbrio mental, passaram las de ginástica e, atualmente, seus programas são os
SAIBA MAIS
Como o próprio nome sugere, as aulas pré-coreografadas são aquelas que possuem uma sequência core-
ográfica, previamente, elaborada, com movimentos definidos e alinhados ao tempo musical e às diversas
sensações que a música produz. Normalmente, são produzidas por uma empresa especializada nesse ramo,
que conta com uma equipe multidisciplinar encarregada de elaborar e testar as aulas.
Essas aulas são comercializadas no formato de “licença de uso”, desta forma, apenas profissionais creden-
ciados a essas empresas podem ministrá-las. O credenciamento, geralmente, é feito por meio de cursos (ou
treinamentos) de capacitação e habilitação, com posterior avaliação e certificação.
Fonte: o autor.
68
EDUCAÇÃO FÍSICA
69
Ginástica de Academia
e a Fisiologia do Exercício
Transitando pela história da Ginástica de academia, Discutir a Ginástica de academia sob a ótica da fi-
você observou que, a partir da Era Moderna, por in- siologia, partindo do entendimento de como o corpo
termédio das Escolas europeias, a ginástica passou humano reage aos estímulos oferecidos pela prática de
a ser sistematizada e fundamentada pelos conhe- exercícios físicos, permite-nos determinar estratégias
cimentos de anatomia e fisiologia da época. Já na adequadas para se alcançar os objetivos das aulas. Nesse
pós-modernidade, com os estudos do Dr. Cooper, a contexto, os sistemas de transferência de energia, o mo-
ginástica ganhou novos embasamentos científicos e nitoramento da intensidade e o processo de recuperação
adquiriu o adjetivo de Aeróbica. são alguns dos pontos essenciais a serem compreendidos.
70
EDUCAÇÃO FÍSICA
71
90
80
macronutrientes (%) 35% 40%
70
Contribuição dos
60
95% 70%
50
40
60%
30
55%
20
10
3% 15%
0
Entre os macronutrientes, o único cuja energia ar- É importante destacar que, no exercício intenso, quan-
mazenada é capaz de gerar ATP de forma anaeró- do as demandas energéticas excedem o suprimento de oxi-
bica é o carboidrato. Esta característica o capacita a gênio ou sua taxa de uso, o organismo, sabiamente, passa
fornecer energia rápida, acima dos níveis fornecidos a formar o ácido lático (e, consequentemente, o lactato)
pelas reações metabólicas aeróbicas (McARDLE na tentativa de manter a produção de energia via glicóli-
KATCH; KATCH, 2019). se anaeróbica. Contudo, à medida que os níveis de lactato
A metabolização anaeróbica do carboidrato é feita muscular e sanguíneo se elevam e a regeneração de ATP
pelo Sistema glicolítico, que se caracteriza pela degra- não acompanhar sua taxa de utilização, a fadiga, rapida-
dação da molécula de glicose provinda do glicogênio mente, se estabelece e o desempenho do exercício diminui.
muscular. A glicólise (quebra da molécula de glicose) Além disso, o aumento da acidez, ocasionada pelo acúmulo
anaeróbica para a ressíntese de ATP fornece energia de lactato, contribui com a fadiga por inativar algumas das
para atividades físicas que necessitam de energia rápida, enzimas envolvidas na transferência energética e por inibir
como os exercícios físicos intensos e de curta duração o funcionamento pleno da maquinaria contrátil muscular
(McARDLE KATCH; KATCH, 2019). (McARDLE KATCH; KATCH, 2019).
72
EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema aeróbico
73
SISTEMAS ANAERÓBICOS
Substratos GLICOGÊNIO
ATP PCR CARBOIDRATOS GORDURAS PROTEÍNAS
energéticos GLICOSE
GLICÓLISE
ADP+Pi ANAERÓBICA - OXIDAÇÃO DESAMINAÇÃO
Vias CICLO DO
metabólicas ÁCIDO
CÍTRICO
FAVOR IDENTIFICAR O QUE É ESSA
FIGURA PARA QUE O ILUSTRADOR
POSSA ENCONTRA-LA NA WEB
PARA REDESENHAR.
CADEIA
TRANSPORTADORA DE
ELETRONS
ATP
Figura 11 - Diagrama dos sistemas de transferência energética, substratos energéticos, vias metabólicas e exercícios físicos / Fonte: o autor.
74
EDUCAÇÃO FÍSICA
A metabolização da gordura é feita por um processo Sinergia dos sistemas de transferência de energia
denominado de β-oxidação, que está intimamente relacio-
nado ao aporte de oxigênio. A β-oxidação acontece até que Algumas atividades físicas são, predominantemen-
toda a molécula de ácido graxo (gordura) seja degradada em te, mantidas por um único sistema de transferência de
acetil-CoA, que é destinada ao ciclo do ácido cítrico (McAR- energia. No entanto a maioria delas é sustentada por
DLE KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017). mais de um sistema de transferência de energia, depen-
Como você já sabe, o hidrogênio liberado durante esse pro- dendo de suas intensidades e durações, como é o caso
cesso é oxidado pela cadeia transportadora de elétrons. das modalidades de Ginástica de academia.
Em situações anaeróbicas, o hidrogênio permanece Os Sistemas anaeróbicos proporcionam a maior
ligado ao NAD+ e FAD, interrompendo a metabolização parte da energia para os exercícios explosivos (muito
das gorduras. Portanto, podemos dizer que existe uma rápidos) ou para aqueles de intensidade elevada e sus-
taxa limite para o uso de ácidos graxos pelo músculo (em tentada. Por outro lado, o Sistema aeróbico disponibiliza
atividade), a qual é determinada pela intensidade do exer- grande parte da energia para os exercícios de intensida-
cício físico, uma vez que a potência gerada pela degrada- de leve, moderada ou, ligeiramente, elevada (POWERS;
ção das gorduras representa, aproximadamente, metade HOWLEY, 2017). A Figura 12 apresenta as proporções
da potência produzida pelos carboidratos (McARDLE de contribuição relativa (%) desses sistemas em função
KATCH; KATCH, 2019). Nesse contexto, a β-oxidação da duração da atividade física. Veja que eles atuam, con-
fornece energia para atividades físicas que necessitam de juntamente, contribuindo em diferentes proporções ao
energia a longo prazo, como os exercícios físicos leves, longo do tempo.
moderados ou ligeiramente intensos e de longa duração.
100
80
Contribuição dos sistemas
anaeróbico e aeróbico (%)
60
40
20
0
Segundos Minutos
10 30 60 2 4 10 30 60 120
75
Leve 37 a 45 57 a 63
Moderada 46 a 63 64 a 76
Vigorosa 64 a 90 77 a 95
76
EDUCAÇÃO FÍSICA
Observe que os valores estão retratados como porcenta- Analisando estes fatores, vemos que a intensidade cor-
gem, pois são determinados tendo como base o valor do responde àquele que o professor pode exercer maior influên-
VO2máx e da FCmáx. Por exemplo, para um exercício ser cia, visto que a Frequência depende da assiduidade e do com-
classificado como moderado, durante a sua realização, prometimento do aluno; a Duração (em média 60 minutos),
ele deve provocar um consumo de oxigênio entre 46 e 63 geralmente, é determinada pela organização dos horários da
por cento (%) do valor do VO2máx de quem o está prati- academia; e o Tipo de exercício corresponde à própria moda-
cando; ou, então, exigir que o praticante mantenha uma lidade da aula (Step, Ciclismo indoor, entre outros).
frequência cardíaca entre 64 e 76 por cento (%) do valor Com estes apontamentos, você deve estar se pergun-
da FCmáx, na maior parte do tempo. tando: “Como posso controlar a intensidade?” e “Qual seria
Controlar a intensidade é primordial para que sejam o esforço ideal a ser exigido dos alunos?”. Antes de conver-
alcançados os objetivos de uma sessão de treino, em nosso sarmos sobre estes questionamentos, é fundamental ter em
caso, de uma aula de Ginástica de academia. A dose-respos- mente que o grau de intensidade é relativo, ou seja, para in-
ta do exercício físico depende de fatores, como a frequên- divíduos diferentes pode haver múltiplas percepções para
cia, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício (POWERS; um mesmo estímulo. Esta variedade pode acontecer devi-
HOWLEY, 2017) . Podemos caracterizá-los como: do a fatores como idade, sexo e nível de aptidão física.
Frequência:
corresponde ao número Tempo:
de vezes com que o refere-se, justamente,
exercício é realizado. à duração do exercício.
Normalmente ela é Normalmente, é
expressa em dias por enunciado em
semana. minutos.
Intensidade:
Tipo de exercício:
indica o quanto o exercício é
é o modo ou o tipo de
intenso. A intensidade pode ser
atividade realizada. Este,
descrita em termos de
simplesmente, indica se o
percentual do VO2máx ou da
exercício é do tipo de
FCmáx, de percepção subjetiva
resistência cardiovascular ou
do esforço e do limiar do lactato
força, e como é realizado (por
(devido ao foco de nossos
exemplo, ciclismo de rua
estudos, não abordamos).
ou ciclismo indoor)
77
Existem diferentes ferramentas para o monitoramento da A relação com as medidas de sobrecarga fisio-
intensidade do exercício físico, mas devido às suas pratici- lógica, a simplicidade e o baixo custo tornam
dade e acessibilidade, abordaremos duas delas: a escala de a escala de percepção de esforço uma ótima
ferramenta de monitoramento das aulas de
percepção de esforço e o monitor de frequência cardíaca. Ginástica de academia. Que tal disponibilizá-la
em suas aulas?
Escala de percepção de esforço
A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida ter grande precisão cujo esforço percebido coincide com
psicofisiológica, amplamente conhecida e muito utiliza- as medidas objetivas da sobrecarga fisiológica, como os
da no campo científico, clínico e esportivo (KENNEY; percentuais do VO2máx e da FCmáx (McARDLE; KATCH;
WILMORE; COSTILL, 2013; ESTON, 2012). Com esta KATCH, 2018; KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
ferramenta, os indivíduos relatam, em uma escala numé- Uma EPE muito utilizada é a de Gunnar Borg (1982),
rica, a sensação percebida em relação ao nível de esforço. mais conhecida como Escala de Borg. Esta escala possui
Quando a EPE é utilizada corretamente, ela demonstra uma pontuação que varia de 6 a 20, categorizada, dida-
ticamente, como: Extremamente
Escala de percepção Classificação da leve, Muito leve, Razoavelmente
% do VO % da FC
de esforço 2máx máx
intensidade leve, Um pouco difícil, Difícil, Mui-
to difícil e Extremamente difícil. A
6
Figura 14 ilustra a Escala de Borg
7 Extremamente leve
e as estimativas correspondentes
8
da intensidade. Veja que, quanto
9 maior o esforço percebido, maior
Muito leve
10 será o número relatado pelo indi-
Leve
11 Razoavelmente leve 31 a 50 52 a 66 víduo.
12 Essa é uma ferramenta simples
Moderada
13 Um pouco difícil 51 a 75 61 a 85 e de custo irrisório, que permite
14 ao professor monitorar e modu-
Vigorosa
15 Difícil 76 a 85 86 a 91 lar o esforço de muitas pessoas, ao
16 mesmo tempo. Além disso, gera no
17 Muito difícil 85 92 aluno um entendimento melhor
18 Próxima da (consciência) sobre a intensidade
máxima ou correta do exercício. A dificuldade
19 Extremamente dfícil máxima
que pode ser encontrada está nos
20
primeiros contatos do aluno com a
Figura 14 - Escala de Borg e as estimativas correspondentes da intensidade / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2018).
escala sobre como classificar o es-
78
EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 15 - Monitor de frequência cardíaca com sensor de cinta Figura 16 - Monitor de frequência cardíaca em smartwatch
Uma prescrição adequada da intensidade deve estabe- A reserva da frequência cardíaca corresponde à diferença
lecer uma zona de frequência cardíaca de treinamento, entre a frequência cardíaca de repouso (FCrepo) e a FCmáx,
com um limite inferior (mínimo) e superior (máximo) expressando a amplitude de trabalho cardíaco em esforço.
que precisam ser respeitados durante o exercício físico A FCrepo equivale à frequência normal do coração, medida
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). Para se deter- com o corpo estático e relaxado. Já a FCmáx corresponde ao
minar esses limites, podemos utilizar o Método da re- valor mais alto da frequência cardíaca que um indivíduo
serva da frequência cardíaca ou Método Karvonen, em pode atingir, num esforço máximo até o ponto de exaus-
homenagem ao fisiologista Martti J. Karvonen (FOSS; tão. Ela pode ser estimada, por meio da fórmula (inde-
KETEYIAN, 2000). pendentemente de raça e sexo):
79
80
EDUCAÇÃO FÍSICA
81
Exercício leve
dos à homeostase fisiológica, como: o reequilíbrio dos Componente rápido
íons, a restauração da frequência cardíaca e da tempe-
82
EDUCAÇÃO FÍSICA
Tempo de Descanso
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
mínimo máximo
Figura 19 - Tempos de recuperação após exercícios moderados a exaustivos / Fonte: adaptada de Foss e Keteyian (2000).
Durante os primeiros três a cinco minutos do período da nervoso, cardiorrespiratório, endócrino e estrutural dos
recuperação, parte das reservas de ATP e fosfocreatina músculos. Desta forma, negligenciar o tempo necessário
depletadas, durante o exercício, é restaurada. Já a restau- para o restabelecimento da condição física antes de um
ração do glicogênio muscular e hepático pode levar dias, novo estímulo é imprudente, pois reduz o desempenho
sendo que, durante esse período é necessária uma inges- e aumenta o risco de lesões (SILVA et al., 2013).
tão adequada de carboidratos. Um fator que influencia Um pensamento em comum aos alunos de acade-
a velocidade de restauração do glicogênio é o tipo de mia é “quanto mais, melhor”. Assim sendo, observamos
exercício físico. Para exercícios contínuos, com duração que muitos destes participam de duas ou mais aulas
de 60 minutos, a reparação é de 60% em 10 horas, sendo (intensas) de Ginástica de academia, uma seguida da
completada, plenamente, em 46 horas. Em exercícios in- outra, acreditando que seus objetivos serão alcançados
termitentes, de curta duração (poucos minutos), a repa- mais rapidamente. Contudo, será que isso é verdade?
ração é de 53% em 5 horas, sendo completada, totalmen- A partir de todo o conteúdo discutido, qual a sua opi-
te, em 24 horas (FOSS; KETEYIAN, 2000). nião? É importante destacar que, frequentemente, o
Além de restaurar os depósitos de substratos energé- professor ministra mais de uma modalidade e pode se
ticos, o organismo busca, após o exercício físico, eliminar sujeitar a essa mesma situação também.
os resíduos do metabolismo e restabelecer os sistemas
83
Elementos Musicais
na Ginástica de Academia
Um dos aspectos mais marcantes das modalidades de A música, por meio de suas informações temporais,
Ginástica de academia é a musicalidade. A música pas- constitui uma importante ferramenta para a condu-
sou a ser utilizada, mais enfaticamente, com a Ginásti- ção dos movimentos, incitar a motivação e modular a
ca aeróbica, nos anos 80, quando as coreografias eram intensidade da aula. Sendo assim, é fundamental ter o
estruturadas e elaboradas, de modo que houvesse um conhecimento dos seus elementos básicos para uma boa
entrosamento entre ela e os exercícios. harmonia entre a música e o exercício.
84
EDUCAÇÃO FÍSICA
A música pode ser descrita como a sucessão de sons e si- A partir deste ponto, nossa discussão não será pau-
lêncio, cuidadosamente, arranjados durante um tempo tada na música especificamente, mas sim, em alguns
determinado. O ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre elementos pertencentes a ela, que são essenciais para o
constituem alguns dos seus elementos, capazes de sen- desenvolvimento das atividades rítmicas, como as mo-
sibilizar todo o organismo humano tanto de maneira dalidades de Ginástica de academia. Entre estes elemen-
psicológica quanto física, fazendo com que o receptor tos, serão abordados a métrica, o pulso, o andamento, o
da música responda de maneira afetiva e corporalmente compasso e a frase musical.
(FERREIRA, 2005).
Apesar de estar presente na música, o ritmo pode A Métrica
ser considerado um elemento pré-musical, pois pode
existir na ausência dela. Por exemplo, a circulação, A métrica é entendida como medida, pois, por meio
a respiração, a digestão, as operações mentais e os dela, é feita a contagem musical. Como ela divide o tem-
movimentos são marcados por um ritmo próprio e po musical em partes iguais, no contexto das atividades
natural. A melodia compreende a organização de di- rítmicas, é utilizada para medir o tempo entre a repeti-
ferentes notas musicais de modo a produzir uma se- ção de um movimento e outro. Essa medida do tempo é
quência agradável entre os sons e o silêncio. É ela que feita, por meio do pulso.
proporciona um sentido musical para quem está es-
cutando. A harmonia é responsável pela ligação entre O Pulso
a melodia e o ritmo, é a combinação de dois ou mais
sons (nota musicais), tocados, simultaneamente, que Basicamente, o pulso corresponde à marcação ou à ba-
resultam nos acordes. O timbre proporciona a distin- tida da música. Nas aulas de Ginástica de academia, os
ção dos sons. É ele que permite diferenciar o grave do movimentos são direcionados pela batida da música.
agudo e identificar a fonte emissora. É por meio do pulso que outros elementos da música,
Além desses, de igual importância, são os elementos como andamento e compasso, são identificados.
de duração e intensidade. A duração do som equivale ao
período em que ela se estende, que pode ser curto ou O Andamento
longo. A relação dela com o exercício físico é harmônica
quando o movimento e som tem a mesma duração. Já O andamento é a velocidade da música. Ele surge do es-
a intensidade relaciona-se com a energia desprendida paço de tempo entre os pulsos, e sua medida é feita em
na produção do som, que pode gerá-los com um caráter batimentos por minuto ou BPM. O aparelho destinado
forte ou fraco (JEANDOT, 1993). Reconhecer a inten- à medida do andamento é o metrônomo. Atualmente,
sidade dos sons é importante para a identificação dos além do modelo mecânico, existem metrônomos digi-
compassos uma vez que estes são detectados pelos tem- tais e no formato de aplicativos, que podem ser instala-
pos fortes e fracos da música. dos em computadores e celulares.
85
Batimento por
Classificação Características
minuto (BPM)
Muito lento
Lento 40 a 60
Pausado
Vagaroso
Brevemente pausado
De um modo calmo, 61 a 76
sem pressa
De um modo fluen-
te, como quem 77 a 108
caminha
Moderado
Moderado
108 a 120
Um pouco rápido
Rápido
121 a 168
Vivo
Rápido
Muito rápido
168 a 208
O mais rápido possível
86
EDUCAÇÃO FÍSICA
87
Agora que você está familiarizado(a) com a música, pratique os seguintes movimentos.
Step touch
88
EDUCAÇÃO FÍSICA
A elevação de pernas para trás é um movimento realizado lateralmente. Assim como no step
touch, na sua preparação o peso corporal está apoiado sobre a uma das perna. O movimento
é iniciado com um passo lateral da perna contrária à de apoio. Rapidamente, o peso corporal
é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, o joelho da outra perna é flexionado
elevando o pé para trás. Este movimento continua alternando a perna de apoio e a fletida.
A elevação de pernas para trás dupla é uma variação, onde, a mesma perna flexiona e
estende o joelho duas vezes seguidas, antes da troca para o apoio.
89
Treinados os movimentos, vamos executá-los no compas- ro de batidas, aqui, simbolizadas como “2x8” que são 16
so da música. Para isso, utilizaremos a nota coreográfica tempos. Essa representação “2x8” é utilizada, pois facilita
apresentada no Quadro 2. Observe que esta é dividida em a identificação do número de frases musicais, assim sen-
duas grandes colunas, uma com as características da mú- do, neste caso são duas frases de oito tempos. Já a coluna
sica e outra com as do exercício físico. A coluna referente referente ao exercício físico é subdividida em: Movimen-
à música é subdividida em: Mapeamento, que identifica to, que identifica o exercício a ser realizado naquele mo-
as partes que compõe a música (introdução, verso, refrão mento da música; Tempo, que corresponde à duração do
e pausa); Instrumento/efeito, que apresenta, justamente, movimento, do seu início ao fim, em número de batidas;
o instrumento ou o efeito que marca o início da parte ou e Repetição, que apresenta o número de vezes que o res-
da frase musical; e Contagem, que corresponde ao núme- pectivo movimento será realizado.
Instrumento/
Mapeamento Contagem Movimento Tempo Repetição
efeito
Redução do
Encerramento 2x8 Step touch 4t 2x
volume
90
EDUCAÇÃO FÍSICA
E então, como foi seu desempenho na prática? A sin- vio da atenção de sensações, como o cansaço. Essa in-
cronia fluída entre música e movimento é adquirida fluência pode acontecer, por meio de estímulos externos
ao longo do tempo, assim, não se preocupe caso tenha e internos (SOUZA; SILVA, 2010). O estímulo externo
tido dificuldade. O importante é perceber o ajuste en- é causado, principalmente, pelo ritmo musical gerado
tre os elementos musicais e os exercícios, bem como, a do andamento, que interliga os movimentos corporais
sinergia entre a melodia da música e a característica do às batidas da música. O estímulo interno é ocasionado
movimento. Nesse sentido, perceba que, nos momentos por sensações motivadoras, relacionadas a lembranças
de pausa da música, onde ela incita “tranquilidade”, foi ou imagens, evocadas pela música.
executado o step touch, que é um movimento que não As aulas de Ginástica de academia, estrategica-
exige um grande esforço. mente, são preparadas com músicas que possuem
compassos bem marcados e que fazem ou fizeram
MÚSICA E MOTIVAÇÃO sucesso em algum momento. Isso é feito, justamente,
com o intuito de provocar, simultaneamente, ambos
A música é capaz de dialogar com os sentimentos, desper- estímulos citados, anteriormente.
tar desejos, evocar lembranças e sensações e, ainda, estimu- Uma música com compassos bem marcados auxilia
lar ações. Estas atribuições a tornam um fator motivador sua sincronização com os movimentos e permite que os
poderoso, com o potencial de gerar melhora no desempe- alunos acompanhem, com mais facilidade, as coreogra-
nho dos praticantes de exercícios físicos, independente- fias da aula. Além disso, quando a música faz ou já fez
mente, do objetivo da prática (NAKAMURA; DEUTSCH; sucesso, em algum momento, pressupõe-se que ela seja
KOKUBUN, et al., 2008; MORI; DEUTSCH, 2005). conhecida dos alunos e tenha a capacidade de despertar
Nesse sentido, é fundamental que a seleção musical lembranças motivadoras neles.
contribua para a motivação no exercício bem como para
o prazer de estar no ambiente de sua prática (TEEL et
al.,1999). A influência musical propicia melhor resposta
do indivíduo ao exercício, à medida que favorece o des-
91
92
considerações finais
93
atividades de estudo
94
atividades de estudo
95
LEITURA
COMPLEMENTAR
O consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) também pode ser lido como
consumo excessivo de energia após o exercício (EPEE do inglês excess post-exercise energy
expenditure), devido ao fato da análise do consumo de oxigênio possibilitar a estimativa
do gasto energético, pelas trocas gasosas.
Nesse contexto, o estudo de Matsuo e colaboradores procurou comparar o EPEE, induzi-
dos por três protocolos diferentes de exercício realizados em cicloergômetro.
O primeiro protocolo foi de treinamento intervalado de velocidade (sprint interval training
- SIT), composto por 7 séries de 30 segundos de ciclismo, numa intensidade de 120% do
VO2máx e um descanso de 15 segundos entre cada série. O segundo foi de treinamento
aeróbico intervalado de alta intensidade (high intensity aerobic training - HIAT), composto
por 3 séries de 3 minutos de ciclismo, com intensidade entre 80% e 90% do VO2máx e um
descanso ativo (pedalando) de 2 minutos a 50% do VO2máx. E o terceiro foi o treinamento
aeróbico contínuo (continuous aerobic training - CAT), que consistiu em 40 minutos de
ciclismo, numa intensidade entre 60% e 65% do VO2máx.
Foi realizada uma sessão de exercício para cada protocolo, com um intervalo de aproxi-
madamente uma semana entre as sessões. Em cada uma destas foram medidas, a taxa
metabólica de repouso, o gasto energético do exercício e feito um acompanhamento do
gasto energético durante 180 minutos após término exercício.
Participaram da pesquisa 10 homens saudáveis, com idades entre 20 e 31 anos. Os resul-
tados obtidos mostraram que, a média do EPEE para o SIT foi de 32±19 kcal, para o HIAT
de 21±16 kcal e para o CAT de 13±13 kcal. Já a média do gasto energético do exercício
somado ao gasto energético após o seu término, foi de 109±20 kcal para o SIT, de 182±17
kcal para o HIAT, e de 363±45 kcal para o CAT.
A partir desses resultados, os pesquisadores verificaram que o EPEE do CAT foi estatisti-
camente menor, comparado ao do SIT. Contudo, o exercício aeróbico contínuo apresen-
tou um gasto energético total (exercício somado ao repouso) significativamente maior
que os exercícios intervalados.
Para além dos dados apresentados, é importante refletir sobre a forma como esses exer-
cícios foram aplicados. Observe que, apesar da diferença no gasto energético, as dura-
ções dos protocolos foram diferentes. Será que os resultados seriam os mesmos, caso
a duração fosse nivelada? Se pensarmos em termos de aprimoramento da capacidade
aeróbica, será que, nesse caso, o exercício aeróbico seria melhor que o contínuo?
Fonte: Matsuo et al. (2012, p. 783-789).
96
material complementar
97
gabarito
1. A
2. C
3. Limite inferior (50%) é de 125 BPM e o limite
superior (80%) é de 164 BPM.
4. D
5. Um período musical em compasso quaternário
é formado por 8 compassos, contabilizando 4
frases e 32 tempos.
98
EDUCAÇÃO FÍSICA
99
MODALIDADES DE GINÁSTICA
DE ACADEMIA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Modalidades que não fazem o uso de equipamentos
• Modalidades que fazem o uso de equipamentos
• Modalidades aquáticas de ginástica de academia
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar algumas das modalidades de Ginástica de
academia que não fazem uso de equipamentos.
• Expor algumas das modalidades de Ginástica de academia
que, necessariamente, fazem uso de equipamentos.
• Apresentar a Hidroginástica como modalidade de Ginástica
de academia.
unidade
III
Olá, aluno(a),
Precisamos da sua atenção nesse
momento, então, respira e vem com
a gente!
Para ampliarmos a sua experiência
com o material, organizamos uma
Unidade Digital com um glossário ACESSE AQUI
prático dos Exercícios da Ginástica.
Lá, disponibilizamos imagens e víde-
os de movimentos, passos, golpes,
poses e posições que são apresenta-
das ao longo dessa unidade.
É importante que você siga o material
com o Glossário prontinho do lado.
Para acessar, basta ler o QR Code ao
lado com o seu celular. Desfrute ao
máximo e bons estudos!
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102
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a)! Dando continuidade ao estudo da Ginástica e
academia, nesta terceira unidade serão apresentadas algumas
das muitas modalidades existentes na atualidade. Essas mo-
dalidades conferem uma alternativa de atividade física para
aquelas pessoas que consideram a musculação tediosa, mas que procu-
ram a academia como local para a sua prática diária de exercícios físicos.
Os exercícios com música e em grupo podem fazer com que as pessoas se
sintam animadas e tenham prazer pela prática de atividades que desen-
volvem suas capacidades físicas.
Entre as modalidades de ginástica oferecidas na academia, algumas
delas não fazem uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios.
Normalmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas cor-
porais, como a dança, as lutas e as práticas alternativas para elaborar a
coreografia de suas aulas. Por outro lado, uma parte considerável das mo-
dalidades de Ginástica de academia faz uso de equipamentos específicos.
Algumas delas foram inspiradas e elaboradas a partir de outras práticas
corporais, como o Ciclismo indoor, enquanto outras nasceram no âmbito
da academia, como o Step.
Além da tradicional sala de ginástica, algumas modalidades são realiza-
das em outros ambientes, como aquelas praticadas na piscina. A hidroginás-
tica é um exemplo clássico desse tipo de aula. Apesar de o ambiente aquático
estar presente em poucas academias, com o desenvolvimento de novos equi-
pamentos, atualmente, existem muitas modalidades de aula na água.
Nesse contexto, para fins didáticos, as modalidades apresentadas nes-
sa unidade estão divididas em três grupos: Modalidades que não fazem o
uso de equipamentos, Modalidades que fazem o uso de equipamentos e
Modalidades aquáticas de Ginástica de academia.
A partir dessas considerações estamos preparados para continuar
nossos estudos!
Tenha uma ótima leitura!
Dentro das modalidades que não fazem o uso de passos, sem grandes dificuldades. Normalmente, as co-
equipamentos para desenvolver seus exercícios, reografias apresentam opções mais simples e mais com-
serão apresentadas algumas possibilidades de mo- plexas para um mesmo passo, contemplando, assim, as
vimento daquelas que se apropriam da dança, das necessidades do praticante iniciante e do avançado.
lutas e das práticas alternativas. É importante des- Outro aspecto interessante é o fato de a mesma
tacar que, além dos apresentados aqui, existem uma aula envolver diferentes estilos musicais, sendo o Hip
infinidade de exercícios que podem ser realizados Hop, o Funk, o latino (incluindo aqui o Brasil), todos os
nas aulas com estas características. estilos de Dance e música eletrônica, os mais utilizados
nos dias de hoje. Justamente devido a essa mistura, as
GINÁSTICA AERÓBICA E DANÇA aulas com essa característica são, comumente, chama-
das, nas academias brasileiras, de aula de ritmos.
A relação entre a dança e a ginástica aeróbica data da
década de 70, quando Jaki Sorensen desenvolveu seu Técnica dos movimentos
programa intitulado Aerobic Dancing, que combinava
música, dança e calistenia (MONTEIRO, 1996). Desde Os diferentes estilos de dança, que fazem parte das co-
então, a dança, enquanto exercício físico, faz parte das reografias de uma aula, exigem que o professor conhe-
grades de aula de ginástica, nas academias e clubes. ça, minimamente, a técnica dos movimentos para que
Uma característica meritória dessas aulas, na atu- consiga caracterizar cada dança. Nesse sentido, existem
alidade, é o fato de serem elaboradas de forma que alguns pontos chaves que podem auxiliar a evidenciar
qualquer pessoa possa acompanhar os movimentos, ou os estilos por meio dos movimentos, sendo eles:
106
EDUCAÇÃO FÍSICA
4 Amplitude 5 Ritmo
de movimento O quinto ponto corresponde à
Este ponto se refere ao “tamanho” sincronização dos movimentos ao
dos movimentos, que podem ser tempo da música. Para além da
de grande ou de pequena execução alinhada, as batidas
amplitude e que dependem não musicais, também faz parte do ritmo
só do estilo da dança, mas da o tempo certo da instrução dos
música utilizada na coreografia. passos, durante determinada música.
107
• Movimento do peito
Aqui, foram apresentados cinco pontos gerais de
Com o corpo em posição ortostática, a cabeça
atenção em relação à técnica dos movimentos que,
alinhada ao eixo longitudinal, os pés afasta-
quando seguidos e aplicados a todos os estilos de dos na linha dos ombros, os joelhos desencai-
dança, podem garantir a inspiração e a motivação xados e braços relaxados ao lado do tronco, o
na sala de ginástica das academias. peitoral realiza os seguintes movimentos:
1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
Exercícios de facilitação jeção para trás, volta ao centro.
2. Projeção para frente, movimento circular
Existem alguns exercícios que podem auxiliar na de todo o tórax em sentido da esquerda
para a direita (duas vezes).
conscientização e no controle corporal e, por conse-
3. Projeção para trás, movimento circular de
quência, melhorar a execução dos movimentos nas
todo o tórax em sentido da direita para a
danças. Neste contexto, os exercícios demonstrados
esquerda (duas vezes).
a seguir procuram trabalhar, de maneira isolada, as
partes do corpo, justamente, para que seja estimula- • Movimento do quadril
do o domínio delas. Mantendo o corpo em posição ortostática, a
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés
• Movimento da cabeça afastados um pouco além na linha dos om-
Com o corpo em posição ortostática, os pés bros, os joelhos desencaixados e braços re-
afastados na linha dos ombros, os joelhos laxados ao lado do tronco, o quadril faz os
desencaixados e braços relaxados ao lado do seguintes movimentos:
tronco, a cabeça realiza as seguintes sequên- 1. Projeção para frente, volta ao centro, pro-
cias de movimentos: jeção para trás, volta ao centro.
1. O rosto vira para a direita, volta ao centro, 2. Projeção para direita, volta ao centro, pro-
vira para a esquerda, volta ao centro. jeção para esquerda, volta ao centro.
2. A cabeça inclina para trás, volta ao centro, 3. Projeção para frente, para direita, para
inclina à frente, volta ao centro. trás, para esquerda, para frente, movi-
mento circular em sentido da direita para
• Movimento dos ombros a esquerda (duas vezes).
Mantendo o corpo em posição ortostática, a 4. Projeção para frente, para esquerda, para
cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés trás, para direita, para frente, movimento
afastados na linha dos ombros, os joelhos circular em sentido da esquerda para a di-
desencaixados e braços relaxados ao lado do reita (duas vezes).
tronco, os ombros fazem os seguintes movi-
Esses exercícios podem ser incluídos na co-
mentos:
reografia, principalmente, nos momentos de
1. Projeção para frente, mais à frente, movi- aquecimento e alongamento, visando refinar
mento circular para trás (duas vezes), pro- as habilidades dos alunos.
jeção para trás, mais a trás, movimento
circular para frente (duas vezes).
108
EDUCAÇÃO FÍSICA
Movimentos básicos
109
Devido ao posicionamento dos pés, o tronco O jab, a partir da base frontal, pode ser re-
fica, levemente, voltado para o mesmo lado alizado com ambos os braços. Quando re-
da perna de trás. As pernas se mantêm, li- alizado em base de combate, é desferido
geiramente, flexionadas. A cabeça permane- apenas com o braço que está mais à frente,
ce um pouco inclinada para baixo, e o olhar pois o soco feito com o braço de trás recebe
voltado para frente. Os braços se posicionam o nome de Direto.
em guarda do Boxe, com as mãos cerradas ao
lado da mandíbula, e os cotovelos apontando • Direto
para baixo, próximos às costelas. Conforme dito anteriormente, o direto é um
soco realizado com o braço de trás, a partir
• Base frontal da base de combate, e é usado para atacar a
Na base frontal, os pés se posicionam parale- região do nariz e do queixo. A partir da guar-
los e a uma distância um pouco maior que a da de boxe, a mão cerrada, do braço de trás, é
largura dos ombros. As pernas se mantêm, li- direcionada ao alvo, realizando breve rotação
geiramente, flexionadas, a cabeça e os braços medial, de modo que fique em pronação no
mantêm o posicionamento igual ao da base fim do trajeto. O braço não se estende total-
de combate. mente. Esse movimento é impulsionado pela
rotação do quadril, que deixa todo o tronco
voltado para frente. No fim desse movimen-
Golpes com os braços to, a perna de trás fica apoiada apenas na par-
te anterior da planta do pé, sobre os dedos.
Entre os vários golpes desferidos com os braços, se- Logo que atinge o fim do trajeto, rapidamen-
rão apresentados o Jab e o Direto. Estes são golpes te, o braço, tronco e perna retornam à posi-
ção inicial, e o outro braço mantém, todo o
simples e muito conhecidos em lutas, como o Boxe
tempo, a guarda.
e o Muay Thai.
• Jab
Golpes com as pernas
O jab é um soco rápido utilizado para atacar
a região do nariz.
Os golpes realizados com as pernas são os chutes
A partir da guarda de boxe, a mão cerrada
e as joelhadas. Nesse sentido serão apresentados o
é direcionada ao alvo, realizando uma breve
rotação medial, de modo que fique em pro- Chute frontal, o Chute circular e a Joelhada frontal,
nação no fim do trajeto. Para manter a inte- que constituem os golpes de lutas, como o Taekwon-
gridade muscular e articular, o braço não se do, o Kickboxing e o Muay Thai.
estende totalmente. Esse movimento é im-
pulsionado por uma, simultânea e discreta, • Chute frontal
rotação do tronco. Logo que atinge o fim do Um chute frontal é utilizado para atacar ou
trajeto, rapidamente, o braço retorna à po- criar um espaço para desferir outras técnicas.
sição inicial. O outro braço mantém, todo o As áreas alvo são o joelho, a virilha e o estôma-
tempo, a guarda. go, respectivamente, alvo baixo, médio e alto.
110
EDUCAÇÃO FÍSICA
A partir da transferência do peso corporal A perna que realiza o golpe é suspensa com
para uma das pernas, o tronco se inclina, bre- o joelho flexionado, de forma que o pé (em
vemente, para trás. O joelho da outra perna flexão plantar) fique próximo ao glúteo. O
se eleva à frente para que ela possa ser esten- chute efetiva-se com a extensão dessa perna.
dida. Esse é um movimento controlado para Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente,
que seja mantida a integridade muscular e ar- a perna e, em seguida, todo o corpo retornam
ticular. No fim da extensão o pé se encontra, à base de combate.
moderadamente, em flexão plantar. Assim
que atinge o fim do trajeto, agilmente, a per- • Joelhada frontal
na retorna à posição inicial. A joelhada frontal pode ser utilizada para
No momento do chute, o antebraço perten- golpear um alvo muito próximo à frente. As
cente ao mesmo lado da perna de apoio se po- áreas alvo, usualmente, são a coxa, a virilha
siciona na frente do tronco, com a mão na li- e o estômago, respectivamente, alvo baixo,
nha do osso esterno. O outro braço se estende, médio e alto. O movimento da joelhada fron-
paralelamente, ao tronco. O chute frontal, a tal segue a mesma dinâmica do chute frontal
partir da base frontal, pode ser realizado com para ambas as bases. Contudo, aqui, o ataque
ambas as pernas de maneira igual. Quando é feito apenas com o joelho, desta forma, a
realizado em base de combate, também pode perna não é estendida. Outra diferença são os
ser feito com ambas as pernas, no entanto o braços, que permanecem em guarda de Boxe
chute feito com a perna de trás exige uma leve durante todo o movimento.
projeção do quadril para frente para que seja
mantido o equilíbrio no movimento. Recomendações de segurança
• Chute circular
Por envolver movimentos explosivos, o controle
Um chute circular tem como áreas alvo a
corporal é essencial para que sejam evitadas lesões
parte interna da coxa, as costelas e a cabeça;
ocasionadas pelo alongamento excessivo dos mús-
respectivamente, alvo baixo, médio e alto. O
chute circular é realizado apenas em base de culos e tendões, bem como, a tensão excessiva sobre
combate e possui uma fase preparatória obri- as articulações. Em complemento, indivíduos porta-
gatória, que consiste em posicionar o pé de dores de patologia articular, como a osteoartrite ou
trás mais próximo ao do pé da frente, deixan- apresentem instabilidade do quadril, devem evitar
do-o com o calcanhar voltado para frente e a atividades como esta.
ponta dos dedos para trás, e voltando o tron-
Em salas de ginástica pequenas ou turmas gran-
co, totalmente, para a lateral.
des, é indispensável certificar que há espaço sufi-
A partir da fase preparatória, o peso corporal
ciente para os golpes e deslocamentos. Atingir outro
se transfere para a perna de trás, o antebraço,
do lado da perna de apoio, posiciona-se na participante ou um objeto da sala pode resultar em
cintura, e o outro braço se estende em dire- uma séria lesão. Portanto, o número de alunos deve
ção ao alvo (baixo, médio e alto). O tronco ser limitado para que estes possam executar os mo-
é inclinado de acordo com a altura do chute. vimentos sem muitos riscos.
111
112
EDUCAÇÃO FÍSICA
GINÁSTICA DE ACADEMIA PARA ALÉM dos movimentos são auxiliadas pelas músicas de
DO ALONGAMENTO BPM mais baixos (entre 100 e 110), calmas, com ou
sem vocal, de qualquer gênero musical.
Sabemos que níveis adequados de flexibilidade são im- A seguir são sugeridos alguns movimentos que
portantes para o desempenho atlético, a manutenção podem compor os exercícios desse tipo de aula.
da independência funcional, bem como, para a execu-
ção das atividades da vida diária (HEYWARD, 2004). Movimentos harmônicos
Nesse sentido, é comum que as academias ofereçam,
além das modalidades agitadas de Ginástica de acade- Dentro das possibilidades de movimentos harmôni-
mia, também aulas de alongamento aos alunos. cos, aqueles realizados na prática do Tai Chi Chuan
Normalmente, são aulas monótonas e de curta são uma ótima opção. Os movimentos desta arte são
duração, pela própria natureza dos exercícios e, tam- executados de modo tão fluído e cadenciado que é,
bém, pela baixa adesão. Para quebrar essa tradição praticamente, impossível distinguir o início e o tér-
e conferir um sentido maior a esse tipo de aula, a mino de cada um. A respiração é, também, ritmada
sugestão, aqui, é que ela adquira um caráter holís- e entra em consonância com a fluência do exercício.
tico, no sentido de noção de totalidade (CHAER, Estes movimentos podem ser utilizados tanto no
2006), de integração harmoniosa “parte-todo-parte” início, como forma de aquecimento, quanto no final,
(BRANDÃO; CREMA, 1991). Ou seja, uma aula ca- como volta à calma.
paz de promover o treinamento do físico e do men- Uma das posições básicas do Tai Chi Chuan é
tal enquanto unidade, apropriando-se de elementos a Wu Chi. Na posição Wu Chi, o corpo permanece
das ginásticas de conscientização corporal. em posição ortostática, com os membros superiores
estendidos ao lado do tronco, as palmas das mãos
REFLITA voltadas para trás e os pés afastados na linha dos
ombros. A cabeça e os pés também estão apontados
A Educação Física contempla múltiplos conhe- para frente e o olhar para o horizonte.
cimentos a respeito do corpo e do movimento A partir dessa posição, entre as opções de movi-
produzidos pela sociedade, sendo assim, por mentação de braços, será apresentado o grande círculo.
que não inserir práticas corporais alternativas
nas salas de ginástica de academia?
Posição Wu Chi com grande círculo
113
A inspiração do ar (pelo nariz) é feita durante todo Na pose da árvore, o peso corporal é transferido
esse movimento. A expiração do ar é sincronizada para uma das pernas. Toda a planta do pé da perna que
ao movimento de volta dos braços para a posição sustenta o corpo permanece em contato com o chão.
inicial. Esse movimento é marcado pela descida das O joelho da outra perna é flexionado, e o pé, com os
mãos (com os dedos apontando para cima), próxi- dedos apontando para baixo, colocado na parte medial
mas ao corpo, até a linha do processo xifoide do osso da coxa da perna de apoio. Os braços podem estar es-
esterno. Nesse ponto, as mãos se separam, natural- tendidos, com as mãos posicionadas acima da cabeça,
mente, para voltar à posição inicial. Acompanhando dedos apontando para cima e palma unidas, ou podem
os braços, há a extensão e flexão das pernas. estar flexionados de modo a posicionar as mãos para-
Na preparação para o grande círculo, os joelhos fle- lelas ao osso esterno. Aqui, também, os dedos apontam
xionam-se de maneira a posicionar o quadril um pouco para cima e palmas unidas. Independentemente da po-
para baixo. A extensão das pernas acontece em sincro- sição dos braços, há o alinhamento entre cabeça, tron-
nia com a inspiração e elevação dos braços. Quando co, mãos e pé de apoio. Após um período de equilíbrio,
estes iniciam a volta, as pernas também retornam à po- a perna de apoio é trocada.
sição flexionada. Todo esse movimento é suave e lento.
Pose do sábio vashista
Movimentos com equilíbrio
A pose do sábio vashista inicia-se na posição de
Na Ginástica de academia, os exercícios para o equi- prancha em que as mãos são alinhadas, vertical-
líbrio devem ser combinados a movimentos suaves e mente, aos cotovelos e ombros, os pés afastados à
controlados para evitar a monotonia na aula. Nesse largura do quadril. Da prancha, o peso corporal é
sentido, a utilização dos movimentos e poses do Ioga transferido para um dos lados, para que o corpo
são uma opção. Os Ásanas, como são nomeadas estas se posicione em decúbito lateral, apoiado pelo bra-
poses, compõem a prática corporal do Ioga e são to- ço e pela perna que o sustenta. Quando o peito, o
mados de técnicas e simbolismo espiritual. Entre os quadril e a ponta dos pés estão totalmente voltados
vários Ásanas que exercitam, principalmente, o equi- para o lado, a perna de cima é posicionada sobre a
líbrio, serão abordados dois, o Vrksasana, ou pose da perna de apoio, e o braço que está livre é estendi-
árvore, e o Vashistasana, ou pose do sábio vashista. do para o alto, de forma a ficar alinhado ao braço
de apoio. A cabeça gira, e o rosto fica voltado para
Pose da árvore cima. O mesmo procedimento é realizado para o
outro lado, após um tempo em equilíbrio.
A pose da árvore é feita a partir da postura da
montanha (tadasana). Basicamente, nessa pos- Movimentos de flexibilidade
tura, o corpo permanece em posição ortostática,
com os pés paralelos e alinhados aos ombros. Há a Os exercícios para a flexibilidade, assim como para
retroversão pélvica. Os ombros, o braço e as mãos o equilíbrio, devem ser realizados com movimentos
permanecem relaxados. calmos e fluídos para dar dinamismo à aula. A uti-
114
EDUCAÇÃO FÍSICA
lização dos Ásanas do Ioga é uma opção aqui tam- voz de comando é serena e pausada, com instru-
bém. Entre os muitos existentes que treinam, sobre- ções que direcionam o aluno à autopercepção e
tudo, a flexibilidade, será abordado o Adho mukha relaxamento dos segmentos corporais e da mente.
shvanasana, ou pose do cachorro baixo. É interessante que haja uma transição serena
entre a última coreografia da aula e a meditação.
Pose do cachorro baixo Nesse contexto, observe abaixo uma sugestão de
sequência de comandos.
A pose do cachorro baixo é uma das Ásanas que Repare que esses comandos direcionam o in-
compõe a Surya Namaskar ou Saudação ao Sol. Ela divíduo para se deitar no chão. A posição deitada
pode ser iniciada na posição de prancha. Dessa po- favorece a concentração e o relaxamento, por esse
sição, o quadril é direcionado para cima e para trás, motivo, são propostas duas poses para meditação: a
formando um “V” invertido com o corpo. A cabe- pose em decúbito dorsal e a posição fetal.
ça, o tronco e os braços (es-
tendidos) são alinhados, as
pernas permanecem esten-
1 Sente-se no chão com as pernas
didas, e os calcanhares po- flexionadas e as mãos no chão,
dem, ou não, tocar o solo, descansando ao lado do corpo.
dependendo do nível de fle-
xibilidade da cadeia muscu- 2 Estenda as pernas e deite, vagarosamente,
lar posterior das pernas. com as costas no chão, apoiando a parte
posterior da cabeça, gentilmente, no chão.
Meditação e relaxamento
3 Relaxe o queixo
No contexto da Ginástica e mantenha a
de academia, a meditação cabeça parada, 4 Estenda os braços
é realizada com o objetivo sem girar, para abertos com a 5 Deixe os pés
de promover a conscienti-
a direita ou palma das mãos virarem para
esquerda. para cima. fora, joelhos
zação corporal e o relaxa-
soltos e
mento, devendo ser a parte panturrilhas
final da aula. A exploração relaxadas.
das sensações e percepções
é feita de maneira guiada,
ou seja, conduzida pela
instrução do professor. A 7 A respiração 6 Deixe o corpo
é suave e leve, bem confortável
inspirando e e feche os olhos,
expirando pelo nariz. lentamente.
115
117
118
EDUCAÇÃO FÍSICA
Movimentos básicos
119
• Caminhada
mantendo um padrão unilateral, e movimentos com
A caminhada pode ser feita de duas manei-
liderança alternada, onde há a troca da perna líder,
ras: estacionária e em descolamento. Na ca-
diversas vezes durante sua execução, caracterizando minhada estacionária, há uma sutil transfe-
um padrão bilateral. rência do peso corporal de uma perna para
Adiante serão apresentadas algumas opções de mo- a outra. Com os pés próximos (em média 10
vimentos que podem ser utilizados nessa modalidade. centímetros), enquanto uma perna realiza o
apoio, a outra mantém o joelho semiflexio-
nado e o pé em flexão plantar, com a ponta
Passo básico
dos dedos próxima ao solo. A caminhada em
deslocamento é o ato de andar, propriamente
O passo básico consiste em subir e descer da plata- dito. Geralmente, ela é utilizada para passar
forma, onde o pé que inicia a subida, também, é o de um lado para o outro do step pelo solo.
primeiro a descer. Por exemplo, partindo do solo, o
pé esquerdo é colocado sobre o step e, em seguida, o • Corrida
direito, logo depois, o pé esquerdo retorna ao chão A transferência do peso corporal, de uma
perna para a outra, acontece de maneira
e, posteriormente, o direito também. O corpo se
ágil na corrida. Quando uma perna realiza
mantém alinhado ao eixo longitudinal, e os braços,
o apoio, a outra mantém o joelho semifle-
normalmente, realizam o movimento de balanço xionado e com a coxa elevada, de modo a
natural, permanecendo com os cotovelos flexiona- formar um ângulo, aproximado, de 90 graus
dos, formando um ângulo aproximado de 90 graus. entre ela e o tronco.
Esta dinâmica do passo básico (de subir e des-
cer) é utilizada na maioria dos movimentos que Movimentos de elevação das pernas
compõem a coreografia de uma aula de step, poden-
do sofrer algumas adaptações. Os movimentos de elevação das pernas, no step,
podem ser feitos tanto pela ação da flexão do qua-
Movimentos de marcha dril quanto pela flexão do joelho. Existem diferen-
tes formas de fazê-los, cada qual com suas carac-
Os movimentos de marcha são semelhantes à mar- terísticas, porém, para as variações apresentadas a
cha estacionária e, além de serem executados no seguir, um ponto em comum é o alinhamento do
chão, também podem ser feitos sobre o step. Nesses corpo ao eixo longitudinal.
movimentos, como no passo básico, o corpo man-
• Superman
tém um alinhamento com o eixo longitudinal, e os
O movimento superman inicia-se com o
braços realizam o balanço natural e fluido, perma-
apoio da perna líder sobre o step. Simultane-
necendo com os cotovelos flexionados, em um ân- amente à subida, a perna suspensa é elevada
gulo de, aproximadamente, 90 graus. de modo que o joelho alcance a linha do qua-
dril ou pouco acima dela. Esse joelho perma-
nece flexionado e o pé em flexão plantar.
120
EDUCAÇÃO FÍSICA
121
122
EDUCAÇÃO FÍSICA
123
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
GINÁSTICA LOCALIZADA
A ginástica localizada é entendida como um método de exercícios resistidos (PRESTES et al., 2016). Como são
condicionamento físico, que visa desenvolver, principal- exercícios resistidos, os principais materiais utilizados,
mente, a resistência muscular de um músculo específico nessa aula, são as barras, as anilhas, os halteres e as cane-
ou de um grupo muscular. Para isso, são utilizadas séries leiras. Contudo outros equipamentos, como o kettlebell
múltiplas, numerosas repetições e intervalos curtos, de e as resistance band, podem ser igualmente utilizados.
125
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
Ajustar corretamente a bicicleta é muito importante De maneira simples, a distância entre o selim e o
para pedalar com eficiência e segurança. A bicicleta guidão deve permitir o aluno alcançar o guidão de
de ciclismo indoor permite quatro ajustes básicos: do uma forma fácil e confortável, sem ter de se esticar
selim, do guidão, da distância entre o selim e o guidão muito para isso.
e do pedal. Além desse pontos de regulagem, desta-
ca-se, também, o ajuste da carga imprimida ao pedal, Ajuste do pedal
que (também) confere a intensidade do exercício.
Os pés se posicionam tendo como referência os me-
Ajuste do selim tatarsos apoiados sobre o pedal. Para mais seguran-
ça e eficiência da pedalada, os pés devem ser presos.
O selim deve ser posicionado em altura que permita, As bicicletas de ciclismo indoor apresentam um dis-
ao sentar e pedalar, semiflexão do joelho, quando o pé positivo chamado “firma pé” no pedal, e é ele quem
estiver no nível mais baixo. Esse ajuste precisa ser fei- exerce essa função.
to em dois passos. O primeiro é realizado fora da bi-
cicleta. O selim deve ser colocado à altura do quadril, Ajuste da carga
para isso, posiciona-se em pé, ao lado da bicicleta.
O segundo passo é feito sobre a bicicleta. Senta- No ciclismo indoor, uma das maneiras de imprimir
do no selim, com os pés nos pedais, o pé de vela é co- intensidade ao exercício é pelo ajuste da carga, feito
locado na vertical. Nessa posição, caso o pé perca o pelo manípulo de carga, que, ao ser girado, confere
apoio no pedal mais abaixo, o banco está muito para mais ou menos resistência ao pedal. As cargas pe-
cima. Se o pé mantém o apoio, mas o joelho está, sadas são utilizadas em simulações de subida, en-
demasiadamente, flexionado (entre 45 e 90 graus), o quanto as intermediárias são para terrenos planos,
banco está muito para baixo. com velocidade moderada ou Sprint. Já um pedal,
Geralmente, os alunos deixam o banco, demasiada- relativamente, leve é utilizado nas recuperações e
mente, baixo. Isto pode provocar uma tensão extra nos transições entre uma música e outra.
joelhos e reduzir a capacidade de carga durante a aula.
Posições e técnicas de pedalar
Ajuste do guidão
A bicicleta de ciclismo indoor permite diferentes po-
O guidão pode ser colocado em duas posições. Para sicionamentos das mãos e do corpo para as pedala-
os alunos avançados, o guidão deve permanecer na das. Estas variações possibilitam a simulação de mo-
mesma altura do selim, para os alunos iniciantes ou vimentos próprios do ciclismo de rua ou montanha,
aqueles que apresentam problemas na coluna, o gui- com planos, descidas, subidas e sprints.
dão deve ser posicionado em altura superior ao selim.
127
128
EDUCAÇÃO FÍSICA
Considerações a respeito da cadência dências mais baixas. Para tanto, é feito um ajuste entre
as proporções, por exemplo, músicas que apresentam
Uma variável importante no ciclismo indoor é a ca- um BPM entre 120 e 140 podem ser utilizadas em
dência, conhecida, também, como rotações por mi- técnicas que simulam subidas, pois o RPM se ajusta
nuto (RPM). Juntamente com o ajuste da carga, a entre 60 e 70 RPM, em uma proporção de 2 para 1.
cadência determinará a intensidade do exercício ao
longo da aula. De maneira geral, ela pode variar en- Recomendações de segurança
tre 60 e 110 RPM, sendo indispensável pedalar com
uma carga mínima, mesmo nas cadências mais altas, Uma característica da bicicleta de ciclismo indoor,
evitando perder o contato do corpo com o selim. não vista nas bicicletas de rua, é que o pé de vela
Normalmente, observa-se que, na técnica sentado em continua a girar mesmo sem imprimir força com as
terreno plano, a cadência varia entre 60 e 100 RPM. pernas. Assim sendo, por segurança, em caso de mal
No Sprint sentado, nesse mesmo terreno, há variação súbito ou antes de descer da bicicleta, deve-se utili-
entre 90 e 110 RPM. Já nas técnicas que simulam su- zar o freio de emergência para parar os pedais.
bidas, é mantida uma cadência entre 60 e 80 RPM. Estresses nas articulações e tecidos conjuntivos do
Sabendo que o RPM refere-se ao número de ve- quadril, joelhos e tornozelos, bem como, dores na re-
zes que o pedal completa uma volta, uma maneira gião das costas podem ser evitados, realizando o ajuste
prática de mensurá-lo é posicionar a mão, paralela correto dos componentes da bicicleta (selim, guidão e
ao chão, em uma altura que ela toque a coxa, toda pedal). Além disso, uma configuração incorreta difi-
vez que esta estiver na horizontal. Ao contar quan- culta o aluno a atingir seu potencial máximo na aula.
tas vezes a perna toca a mão durante 6 segundos, o
resultado é multiplicando por 10, resultando na ca-
dência em 1 minuto. Por exemplo, se em 6 segundos
a perna tocar a mão 9 vezes, podemos dizer que a
cadência é de 90 RPM.
Cadência e música
129
Modalidades Aquáticas
de ginástica de academia
Além da tradicional sala de ginástica, algumas recolher alimento e caça ou, ainda, de fugir de al-
modalidades são realizadas em outros ambientes, gum perigo em terra (CATTEU, 1990). Já na An-
como aquelas praticadas na piscina. As atividades tiga Grécia e Roma, o ambiente aquático recebeu
físicas em ambiente aquático fazem parte da his- um novo significado, quando passou a ser ampla-
tória humana, onde o homem primitivo nadava mente utilizado com fins recreativos e medicinais
pela sua sobrevivência, como pela necessidade de (SKINNER; THOMPSON, 1985).
130
EDUCAÇÃO FÍSICA
131
HIDROGINÁSTICA
132
EDUCAÇÃO FÍSICA
133
134
EDUCAÇÃO FÍSICA
135
considerações finais
136
atividades de estudo
137
atividades de estudo
138
LEITURA
COMPLEMENTAR
Conforme você pôde observar, algumas das modalidades de Ginástica de academia são
realizadas tanto no solo quanto na água, como é o caso do jump, que se iniciou como ati-
vidade terrestre e foi adaptado para a água. Tal adaptação desperta a curiosidade em sa-
ber se as diferentes condições ambientais também proporcionam diferentes resultados.
Nesse sentido, a pesquisa de Moraes et al. (2012) investigou as respostas fisiológicas
geradas em uma aula de jump fit (aula pré-coreografada) e de hidro jump. Algumas
das variáveis investigadas foram a frequência cardíaca (FC) e a percepção de esforço
(EPE), por meio da Escala de Borg. O protocolo de exercício utilizado foi o mesmo
para ambas as aulas, sendo que, do minuto 1 ao 5 foi realizado aquecimento e alon-
gamento das articulações e músculos; a parte principal, com movimentos de corrida,
salto tesoura entre outros, conduzidos por músicas de 140 BPM, com duração de 30
minutos; e do minuto 35 ao 40 foi realizado o retorno à calma, com o alongamento
final. Assim, cada aula teve duração de 40 minutos.
Essas aulas aconteceram em intervalo de 48 horas e, em cada uma delas, a FC e a EPE
foram aferidas a cada dois minutos. De acordo com os resultados obtidos das oito par-
ticipantes, com idade média de 43,5 ± 5,2 anos, não houve diferença estatística nas vari-
áveis investigadas. Ou seja, os resultados demonstraram que parece não haver diferen-
ças relevantes entre a FC e a EPE, durante a aula de jump no meio terrestre e aquático.
Sendo assim, os autores concluíram que esta atividade, realizada dentro ou fora
da água, pode ser indicada para aqueles indivíduos que visam obter melhorias do
condicionamento físico geral.
Para além dos dados apresentados, é relevante pensar sobre a quantidade de pessoas
que participaram, bem como nas variáveis analisadas. Observe que a amostra foi muito
pequena, apenas oito participantes do sexo feminino. Será que os resultados seriam os
mesmos, caso fosse feita a análise com mais participantes? Será que indivíduos do sexo
masculino se comportam da mesma maneira? Além disso, o estudo investigou apenas os
parâmetros fisiológicos? Se pensarmos em termos de aprimoramento estrutural, ou seja,
quantidade de massa magra, massa gorda e massa óssea, será que o exercício realizado
em solo produziria os mesmos resultados que o feito na água?
139
material complementar
Anatomia da Yoga
Leslie Kaminoff e Amy Matthews
Editora: Manole
Sinopse: o livro “Anatomia da yoga” traz informações e ilustrações anatômicas em
detalhes que proporcionam compreensão mais aprofundada das estruturas e dos
princípios que envolvem os movimentos do Yoga. Além disso, apresenta como
cada músculo é solicitado em determinado Ásana e como a coluna, a respiração e
a posição do corpo estão, essencialmente, interligados. São abordados, também,
os sistemas esquelético, articular e muscular bem como uma discussão sobre o
equilíbrio intrínseco e os Bandhas, que são técnicas de contrações de áreas espe-
cíficas do corpo, relacionadas aos centros de energia vital e canalizadores de fluxo
energético ou Chakras.
140
gabarito
1. A
2. A
3. O agachamento é feito a partir da posição or-
tostática, com os pés afastados, de maneira
que fiquem alinhados aos ombros e, ligeira-
mente, abduzidos. O movimento inicia-se com
a descida do corpo, por meio da flexão dos
quadris, joelhos e tornozelos. Essa descida é
conduzida pelo quadril, que faz uma trajetória
em diagonal para trás. A subida é atingida pela
extensão dos quadris, joelhos e tornozelos, até
que o aluno retorne à posição inicial. A amplitu-
de do movimento é determinada pelo nível de
mobilidade do indivíduo.
4. C
5. A meditação é realizada com o objetivo de pro-
mover a conscientização corporal e o relaxa-
mento, devendo ser a parte final da aula.
141
PLANEJAMENTO DA AULA
DE GINÁSTICA DE ACADEMIA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Treinamento esportivo e a ginástica de academia
• Planejamento e organização de uma aula de ginástica de
academia
• Elementos para um Coaching de excelência
Objetivos de Aprendizagem
• Discutir os conceitos básicos do treinamento esportivo no
âmbito da ginástica de academia.
• Identificar os principais pontos do processo de
planejamento e estruturação de uma aula de ginástica de
academia.
• Apresentar elementos que devem compor o coaching de
uma aula de ginástica de academia.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), para encerrarmos o estudo da ginástica de aca-
demia, nesta quarta unidade, trataremos dos principais ele-
mentos do planejamento e organização das aulas de ginástica.
Desta forma, primeiramente, discutiremos a ciência do
treinamento esportivo aplicada à ginástica de academia, visto a sua im-
portância para se entender como alguns elementos influenciam os resul-
tados de um treino. Nesse sentido, veremos os princípios do treinamento
esportivo, assim como os principais métodos de treinamento, que cuidam
da organização dos componentes da carga, como a intensidade e volume.
Na sequência, falaremos sobre o planejamento das aulas de ginástica
de academia. Veremos que a estruturação das fases do treinamento tem
como objetivo promover, de maneira ótima, o condicionamento geral e es-
pecífico dos componentes da aptidão física. Nesse contexto, trataremos dos
ciclos do treinamento esportivo, bem como, do modelo de planejamento
aplicado frequentemente às modalidades de ginástica de academia. Nessa
perspectiva, serão apresentadas também as quatro partes que compõem
uma aula, sendo elas: introdução, aquecimento, parte principal e volta à
calma. Discutiremos a forma de organizá-las em termos de sequência es-
trutural, duração e objetivos definidos para o treino.
Para encerrar a unidade, abordaremos os elementos para um coaching
de excelência, a partir partir do entendimento de que, para proporcionar
um treino de qualidade, além de executar corretamente os movimentos,
o professor deve se atentar a outras qualidades que envolvem aspectos da
comunicação e do relacionamento com pessoas.
Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar
os estudos!
Tenha uma ótima leitura!
Treinamento Esportivo
e a ginástica de academia
O treinamento esportivo corresponde à ciência dos co- Nesse contexto, a ciência do treinamento espor-
nhecimentos voltados para o desempenho e a perfor- tivo, aplicada à ginástica de academia, tem como
mance física. Por meio do treinamento físico, é possível objetivo desenvolver nos indivíduos os componen-
aprimorar diferentes capacidades físicas, as quais pos- tes da aptidão física relacionados à saúde. Tratamos
sibilitam que os indivíduos se desenvolvam enquanto sobre eles na Unidade 1, você se lembra quais eram?
esportista, ou adquiram melhores condições de saúde.
146
EDUCAÇÃO FÍSICA
O processo de treinamento físico pode ser planejado Um dos princípios mais importantes do treinamen-
e estruturado com base em alguns elementos conhe- to é o da sobrecarga. Isto porque é por meio dele
cidos como Princípios do treinamento esportivo. que os estímulos gerados pelos exercícios físicos são
De maneira geral, o profissional de Educação Física controlados. Esses estímulos, quando oferecidos
deve compreender e dominar esses princípios antes corretamente, causam uma sobrecarga no organis-
de elaborar os programas de treino para um longo mo e o forçam a se adaptar às novas exigências.
ou curto período. Em meio aos diversos princípios As principais variáveis manipuladas para criar
existentes, serão abordados, aqui, aqueles que, de essa sobrecarga são a Frequência, a Intensidade, o
certo modo, necessitam de maior atenção durante o Tempo, o Tipo, o Volume e a Progressão (ACSM,
planejamento de uma aula de ginástica de academia. 2018). Comentamos, anteriormente, sobre as quatro
primeiras variáveis, na Unidade 2, ao discutirmos
Princípio da especificidade o monitoramento e a modulação da intensidade
no exercício físico aeróbico. Sendo assim, podemos
O princípio da especificidade é aquele que diz que o avançar e caracterizar o volume e a progressão.
treinamento deve ser planejado sobre os requisitos O volume é um dos fatores essenciais a serem ma-
específicos da performance esportiva em termos de nipulados na elaboração de um programa de treino.
aptidão física exigida, sistema energético dominan- Ele é composto pelos seguintes elementos, os quais
te, segmento corporal e coordenações psicomotoras podem ou não estar numa mesma sessão de treino:
utilizadas (DANTAS, 1995). • Duração do treino.
De acordo com esse princípio, então, uma aula • Distância percorrida.
de ginástica de academia deve ser estruturada, prin- • Peso levantado por unidade de tempo.
cipalmente, sobre os sistemas do organismo que pre- • Número de repetições de determinado movi-
dominam na modalidade realizada. Por exemplo, as mento ou exercício.
aulas de Jump, que são qualificadas como exercício Nesse contexto, podemos entender o volume como a
aeróbico, devem ser elaboradas considerando as ca- quantidade de atividades realizadas em uma sessão (ou
racterísticas do sistema aeróbico de transferência de fase) de treino, ou, ainda, como o trabalho realizado.
energia e os movimentos específicos da modalidade A progressão pode ser definida como as mudan-
para o aprimoramento da aptidão cardiorrespirató- ças entre as sessões de treino, por meio da manipula-
ria e seus benefícios decorrentes. Já as aulas de Gi- ção das variáveis citadas anteriormente, com o objeti-
nástica localizada, que são reconhecidas como exer- vo de manter uma sobrecarga progressiva ao longo do
cício resistido, devem ser planejadas considerando processo de treinamento. A progressão da sobrecarga
as características do sistema anaeróbico de transfe- está associada ao aumento da carga de trabalho de
rência de energia e do treinamento resistido para o acordo com as adaptações do indivíduo. Desse modo,
desenvolvimento da força e resistência muscular e conforme ele apresenta melhoras na performance, a
seus subsequentes benefícios. carga de treino é elevada de forma progressiva.
147
TREINO
Manutenção do
treinamento
Destreinamento
(reversibilidade)
Condicionamento
físico inicial
TEMPO
148
EDUCAÇÃO FÍSICA
149
Métodos de
treinamento
Método Método
contínuo fracionado
Intervalado Intervalado
Modalidades
extensivo intensivo
de ginástica
como o Step,
o Jump e o
Ciclismo indoor
Modalidades
de ginástica
como a
ginástica
localizada
Figura 2 - Métodos de treinamento e possibilidade de enquadramento das modalidades de ginástica de academia / Fonte: o autor.
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
capacidade aeróbica, bem como de ambas aeróbica e de recuperação são, relativamente, extensos. Esses in-
anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Portanto, pode tervalos devem possibilitar um descanso que viabilize
ser aplicado com intensidades que oscilam de uma a realização de várias séries sem perdas significativas
zona inferior ao limiar anaeróbico (no máximo até o no rendimento. Os treinamentos realizados a partir
limiar) até uma zona superior. desse método repetitivo, com recuperação suficien-
É comum que livros antigos tragam esse méto- te para um novo estímulo, são utilizados em treinos
do, que alterna ritmos variados dentro de um mes- anaeróbicos abaixo ou próximos do limiar de produ-
mo treino, com o nome de Fartlek, desenvolvido pelo ção de ácido lático (anaeróbica alática).
treinador sueco Gösta Holmér, no ano de 1930. O ter-
mo utilizado, Fartlek, quer dizer jogo de velocidade. Métodos Fracionados Intervalados
As modalidades de ginástica de academia que vi-
sam, principalmente, o aprimoramento da capacidade Os métodos fracionados intervalados caracterizam-
cardiorrespiratória utilizam, frequentemente, o método -se por momentos de esforço alternados com inter-
contínuo variável para estruturar suas aulas. Isso, justa- valos incompletos de recuperação e podem ser subdi-
mente, pela ausência de intervalos, bem como pela pos- vididos em método intervalado extensivo e intensivo.
sibilidade de variar a intensidade durante o exercício. No método intervalado extensivo, a intensidade
é moderada, os esforços são extensos, e há períodos
Método Fracionado incompletos de recuperação, em que a duração é,
relativamente, mais curta em comparação ao tempo
O método fracionado é caracterizado por apresentar do esforço. O método extensivo é utilizado, frequen-
intervalos para recuperação. Esse tipo de método é temente, em treinos aeróbicos ou para o aprimora-
utilizado para reproduzir condições de esforço seme- mento de alguns tipos de resistência, como a resis-
lhantes às existentes em algumas modalidades espor- tência de força e resistência anaeróbica lática (acima
tivas, para diversificar o tipo de estímulo (alternativa do limiar de produção de ácido lático).
ao método contínuo) e para se treinar em intensidades Já no método intervalado intensivo, a intensidade é
muito elevadas. De acordo com os objetivos do treina- elevada, a duração do esforço é curta e, apesar de apre-
mento, a intensidade e a duração dos estímulos e dos sentar períodos incompletos de recuperação, esses são,
intervalos podem mudar. Nesse contexto, o método relativamente, longos. Devido às altas intensidades,
fracionado pode ser subdividido em método repetitivo esse método é utilizado em treinos, com predominân-
e intervalado (SAMULSKI; MENZEL; PRADO, 2013). cia da via anaeróbia lática de transferência de energia.
Normalmente, as modalidades de ginástica de
Método Fracionado Repetitivo academia que objetivam, principalmente, o aprimo-
ramento da resistência muscular, utilizam o méto-
No método fracionado repetitivo, os exercícios físicos do intervalado extensivo para estruturar suas aulas.
são realizados com intensidade máxima ou próxima Isso porque a intensidade é moderada, e os esforços
da máxima. Devido à intensidade ser muito elevada, são longos, com períodos incompletos (demasiada-
a duração do estímulo é muito curto, e os intervalos mente curtos) de recuperação.
151
Planejamento e Organização
de uma aula de ginástica de academia
É muito importante que os princípios e métodos do sessões de treino. Isto porque o planejamento, co-
treinamento esportivo sejam considerados e respei- nhecido como periodização do treinamento esporti-
tados para que os objetivos do treino sejam alcança- vo, permite uma visualização completa da organiza-
dos. No entanto, também se faz necessário planejar ção e garante o desenvolvimento lógico das sessões.
todo o processo do treinamento e sistematizar as
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
PERIODIZAÇÃO DAS AULAS DE GINÁSTI- truturação das fases do treinamento, que tem como
CA DE ACADEMIA finalidade promover o condicionamento geral e es-
pecífico dos componentes da aptidão física, de ma-
O termo periodização deriva da palavra período e neira ótima (BOMPA, 2002).
corresponde a uma divisão do tempo em pequenos A estruturação das fases do treinamento é or-
segmentos a fim de se ter um controle melhor da ganizada em etapas denominadas ciclos de treina-
sobrecarga e recuperação do treinamento. A perio- mento, que podem ser programados em macrociclo,
dização pode ser entendida como o processo de es- mesociclos e microciclos.
Macrociclo
Mesociclo
Microciclo Microciclo Microciclo Microciclo
Microciclo
Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira
Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula) Sessão (aula)
1 2 3 4 5
De modo geral, um macrociclo pode durar entre seis A organização dos ciclos de treinamento na gi-
meses e quatro anos, dependendo da modalidade de nástica de academia deve considerar, principalmen-
exercício, do nível de aptidão física dos indivíduos te, o nível de aptidão física dos praticantes. Nesse
e do planejamento. Um mesociclo tem duração en- sentido, a periodização é particular a cada professor
tre quatro e seis semanas. Um microciclo refere-se a que deve estudar e determinar as melhores estraté-
uma semana de treinamento, embora, dependendo gias para atender às especificidades do seu público
do formato do programa de exercício, pode durar que, no geral, é heterogêneo.
até quatro semanas. Em resumo, um microciclo re- Entre os diferentes modelos de periodização, a
presenta uma fase do treinamento; os mesociclos re- ondulatória flexível talvez seja a que melhor atenda
presentam várias fases; e o macrociclo retrata a co- às modalidades de ginástica de academia, por apre-
letânea dessas fases, numa estrutura final (PRESTES sentar maior variação da carga. No modelo de pe-
et al., 2016). riodização ondulatório flexível, a variação dos com-
153
ponentes do treinamento é mais frequente, podendo todo surgiu da necessidade de adequar o estado mo-
ser efetuada a cada microciclo e/ou sessão de treino, mentâneo do praticante à carga de treinamento, com
isto é, a cada semana e/ou aula. Além disso, por ser o objetivo de garantir que ele treine sempre com a
flexível, a carga pode ser adaptada de acordo com o carga apropriada (PRESTES et al., 2016).
estado fisiológico ou psicológico do aluno. Esse mé-
Ondulatório
por semana
Ondulatório
por aula
Variáveis da
carga de treino
S1 S2 S3 S4 S5 S1 S2 S3 S4 S5
Microciclo 1 Microciclo 2
Por estas características, a periodização ondulató- Conforme você observou, a menor estrutura de um
ria flexível está sendo sugerida, aqui, como mode- plano de treinamento é a sessão de treino. No caso
lo de organização das sessões, diante dos grandes das ginásticas de academia, as sessões de treino são
desafios da periodização das modalidades de gi- chamadas de aulas e podem ser estruturadas a partir
nástica de academia, que são a heterogeneidade dos objetivos da sessão, dos exercícios da modali-
de perfis, a irregularidade nas aulas (frequência) e dade, da relação volume e intensidade dos esforços,
a rotatividade de alunos. bem como dos períodos de recuperação. Uma aula
é dividida, basicamente, em quatro partes: Introdu-
ção, Aquecimento, Parte principal e Volta à calma.
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
Na introdução à aula, além da apresentação e das Imediatamente ao aquecimento, é dado início à par-
boas-vindas do professor, ele deve explicar aos alu- te principal da aula. Esta etapa é planejada conside-
nos os principais pontos de atenção e segurança, o rando uma série de fatores, como o perfil dos alu-
funcionamento dos equipamentos (quando hou- nos (por exemplo: idade, aptidões e capacidades) e a
ver), fornecer dicas para iniciantes, intermediários modalidade da ginástica de academia.
e avançados e elevar a motivação dos participantes. É nesse momento que os métodos de treina-
mento, contínuo variável ou o fracionado interva-
Aquecimento lado extensivo, são aplicados para que os objetivos
da aula sejam alcançados. Portanto, neste momento,
O aquecimento tem como finalidade preparar o cor- a intensidade pode oscilar de moderada à vigorosa.
po, do ponto de vista fisiológico, metabólico e psi- A parte principal corresponde, ainda, ao momento
cológico, para os movimentos que serão executados em que a aprendizagem motora é estimulada. Sendo
na aula. De maneira geral, ele proporciona a redistri- assim, a execução dos movimentos é feita seguindo
buição do fluxo sanguíneo para os músculos ativos, uma progressão do simples ao complexo (ou do fácil
aumentando o fornecimento de oxigênio e nutrientes ao difícil), de modo a promover a aprendizagem e o
para os tecidos. Gera, também, um aumento na velo- aperfeiçoamento dos gestos motores.
cidade de ressíntese de ATP, fazendo com que o orga- Por estes motivos, os objetivos da aula devem es-
nismo passe a funcionar de maneira mais próxima ao tar alinhados aos objetivos dos ciclos do treinamen-
que será exigido no decorrer do exercício físico. to para que, dessa forma, exista uma coerência entre
O aquecimento igualmente eleva a atividade do o que estará sendo executado e que foi planejado.
sistema nervoso central e periférico, reduzindo o
tempo de reação e melhorando o desempenho motor. Volta à calma
Estimula ainda a lubrificação das articulações sino-
viais e o aumento momentâneo da amplitude articu- Após o término da parte principal, é importante que
lar, a qual pode facilitar a execução dos movimentos. os alunos reduzam, gradativamente, a intensidade
Desta forma, o aquecimento corresponde à tran- dos esforços com o intuito de restabelecer os siste-
sição do organismo, das condições de repouso para mas fisiológicos que foram solicitados durante aula.
as exigidas na atividade física. Essa transição é feita Desta forma, os minutos finais da sessão devem ser
em intensidade leve à moderada, com movimentos destinados à redução da frequência cardíaca, da fre-
simples e que envolvam todos os segmentos corpo- quência respiratória e da temperatura corporal.
rais, em especial aqueles que serão mais exigidos.
155
Normalmente, essa volta à calma é feita com alon- Organização e duração das partes de uma aula
gamento da musculatura solicitada para que os múscu-
los relaxem e retornem ao seu estado relaxado. Contu- Geralmente, as aulas das diferentes modalidades de
do, em algumas modalidades de ginástica de academia, ginástica de academia possuem a duração de 60 mi-
os exercícios de resistência muscular (frequentemente nutos. Nesse tempo, estão inclusos todos os elemen-
os abdominais) também podem ser incluídos na fase tos descritos anteriormente. O Quadro 1 apresenta
de volta à calma, antes do alongamento. um modelo geral de organização destas partes, em
função do tempo despendido em cada uma delas.
No Quadro 2, é apresentado um modelo de organi- principal planejada de acordo com método contí-
zação, considerando a etapa, a música, a duração e o nuo variável de treinamento.
objetivo da música. Essa estrutura descreve a Parte
Introdução 5 minutos
Aquecimento 1 5 minutos Aquecimento
2 5 minutos Treino moderado 1
3 5 minutos Treino moderado 2
4 5 minutos Treino intenso 1
Parte Principal 5 5 minutos Recuperação
6 5 minutos Treino moderado 3
7 5 minutos Treino intenso 2
8 5 minutos Treino intenso 3
9 10 minutos Treino de core
Volta à calma
10 5 minutos Alongamento
Quadro 2 - Modelo de organização das aulas de ginásticas de academia com o método contínuo variável de treinamento / Fonte: o autor.
Estas são apenas algumas das formas de planejar com os objetivos, os exercícios e as variáveis da
uma aula, podendo sofrer alterações de acordo carga de treino da sessão.
156
EDUCAÇÃO FÍSICA
Observe que, nesse exemplo de nota coreográ- de observações específicas daquele momento da
fica, foi incorporada a coluna Anotações. Este música, até dicas de vozes de comando.
campo pode ser utilizado para variados fins, des-
157
Elementos para um
coaching de excelência
158
EDUCAÇÃO FÍSICA
159
Quando são notados movimentos incorretos, é im- Como regra geral, os comandos de correção indi-
prescindível que estes sejam melhorados. Mesmo vidual são feitos, inicialmente, com um contato vi-
sendo um caso isolado na sala, os comandos de cor- sual e corporal direto, seguido de orientações com
reção devem ser dirigidos, inicialmente, para todo um tom de voz de cuidado. É muito importante não
o grupo e, depois, individualmente. Um método ofender o aluno com palavras inapropriadas e seu
eficiente de correção, além das orientações verbais, constrangimento direcionando a atenção do grupo
é demonstrar o movimento incorreto, seguido da para ele. Uma intervenção para a correção deve con-
técnica correta. ter três itens:
ORIENTAÇÃO ELOGIO
CONTATO orientações e o feedback positivo,
recomendações de através de palavras de
estabelecimento do mudança para elogio, apoio e
incentivo, deve ser feito
contato com o grupo corrigir a técnica do com o intuito de
ou o aluno, por meio movimento, através enaltecer o movimento
da fala e correto, bem como,
verbal ou visual. demonstração. parabenizar o esforço
pela mudança.
É importante destacar que a correção da técnica do ramenta de interlocução. Ela é a forma de comuni-
movimento envolve a aceitação, a conscientização cação não-verbal, na qual transmitimos a mensagem
corporal e o tempo para a sua assimilação. Desta por meio de gestos, de expressões faciais, dos movi-
forma, a mudança pode não ser instantânea e le- mento dos olhos, da postura, entre outros.
var várias sessões para acontecer, contudo o esforço
deve ser sempre elogiado e apoiado. REFLITA
160
EDUCAÇÃO FÍSICA
Nesse contexto, a linguagem corporal pode potencia- a instrução visual auxilia o professor a manter a sua
lizar a transmissão da mensagem e facilitar o entendi- execução física em momentos de grande exigência e
mento do comando por parte do aluno. Além disso, fadiga em que a comunicação verbal é dificultada.
Cabeça
Pode indicar uma direção
Rosto
Expressa emoção e motivação
Mãos
Pode indicar uma
direção, número de
Braços repetições e qualidade
Podem indicar uma direção
e expressar intensidade,
ritmo e dimensão
Corpo todo
Demonstra a técnica do
movimento e expressa a
intensidade e ritmo
Perna líder
Entre os diferentes comandos visuais, a antecipação O conceito de perna líder está relacionado com o
do movimento, sem dúvida, é o de maior relevância, lado do corpo onde o movimento se inicia. Ele rece-
porque por meio dele o aluno consegue observar o be esse nome devido ao fato de, geralmente, os mo-
próximo movimento e mudar no tempo certo. Ge- vimentos começarem por uma das pernas. Como o
ralmente, essa demonstração (antecipação) do pró- professor deve estar de frente para o grupo, na maior
ximo movimento acontece entre os 8 ou 4 tempos parte da aula, a sua perna líder (ou lado), normal-
finais da frase musical, antes da troca. mente, é a esquerda para que os alunos iniciem os
movimentos com sua perna direita.
161
Uma ótima dramatização necessita de estudo e co- Quando ela é executada com maestria, além de
nhecimento de cada detalhe da música para que proporcionar diversão e prazer, ela auxilia o aluno
se possa alinhar e harmonizar os movimentos e a entender e visualizar o contraste dos movimentos
a interpretação com a melodia e frases musicais. (fortes e fracos, por exemplo).
162
EDUCAÇÃO FÍSICA
A interpretação pode ser complementada pela ma- cionais, ou seja, se estão apropriados e seguros
neira como o professor se apresenta. Portanto, a para as exigências da aula. Verificar a distribuição
vestimenta e o uso de acessórios adequados podem dos alunos, se todos têm espaço suficiente para a
conferir um diferencial ao criar um cenário mais prática também é fundamental para a segurança e
próximo do que se está a ensinar, como utilizar rou- a fluidez da aula.
pas características do Hip Hop, em aulas de ritmos
com esse estilo musical, ou, ainda, fazer uso de ban- A HOSPITALIDADE
dagem nas aulas que possuem golpes das lutas.
Um coaching de excelência vai além dos pontos téc-
A ORGANIZAÇÃO DA AULA nicos mencionados anteriormente, ele deve abran-
ger, também, o aspecto social promovido pelo rela-
A organização da sala de ginástica prepara o cenário cionamento positivo entre o professor e seus alunos.
para uma aula sem contratempos. Como protoco- Criar relacionamentos por meio da atenção, do zelo
lo padrão, é importante que sejam checados: todo e do respeito gera uma experiência mais profunda e
o sistema de som, a iluminação, os possíveis pontos com maior significado a todos.
molhados no chão e, principalmente, as faixas das Sabemos que, por motivos diversos, mas, prin-
músicas que comporão as coreografias da aula. Pro- cipalmente pela escassez de tempo, a interação entre
blemas gerados por estes itens são comuns e podem professor e aluno fica limitada apenas à duração da
ser evitados, chegando 10 minutos antes do início aula, dificultando, assim, o estabelecimento de rela-
da aula para verificar que tudo está em ordem. Caso cionamentos em maior profundidade. Contudo, se
haja algum problema, ainda haverá tempo hábil para houver um planejamento, é possível criar oportuni-
solucioná-lo ou encontrar uma alternativa. dades para isso dentro da organização da aula. Ob-
Além de constatar que a sala está pronta, é im- serve o modelo a seguir:
portante verificar se os equipamentos estão fun-
163
INTRODUÇÃO À AULA:
é o momento de dar as boas-vindas,
realizar uma breve descrição do
conteúdo da aula e fornecer dicas
aos alunos. É possível também
compartilhar algum acontecimento
pessoal, utilizando do humor, para
descontrair e relaxar o grupo.
2
1
CONTATO PRÉ-AULA:
os minutos preliminares à aula são a
oportunidade de desenvolver uma boa
comunicação com os alunos. É o momento
de interagir com os veteranos, através de
conversas sobre assuntos diversos, assim
como apresentar-se para os novatos,
conhecê-los e integrá-los ao grupo.
164
EDUCAÇÃO FÍSICA
4 CONTATO PÓS-AULA:
assim como os minutos que
antecedem, o tempo após a aula é
outra oportunidade de interagir
com os alunos. É o momento de
verificar a percepção dos alunos
em relação à aula, de esclarecer
possíveis dúvidas, assim como
conversar sobre assuntos diversos.
165
considerações finais
166
atividades de estudo
167
atividades de estudo
3. Antigamente, método contínuo variável era conhecido como Fartlek, que sig-
nifica jogo de velocidade. Nesse contexto, explique, sucintamente, o método
contínuo variável.
4. Para proporcionar uma aula de qualidade na Ginástica de academia, além de
executar, corretamente, os movimentos, o professor deve estar atento a ou-
tros elementos, como o comando eficiente, a dramatização, a organização e a
hospitalidade. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes:
I. A introdução da aula é o momento de realizar, apenas, uma breve descrição
do conteúdo da aula e fornecer dicas de segurança aos alunos.
II. Uma instrução verbal eficaz depende do tipo de vocabulário e comando utili-
zados, da qualidade da voz e da correção da técnica.
III. Além das orientações verbais, um método eficiente de correção é demonstrar
o movimento incorreto, seguido da técnica correta.
IV. O termo “perna líder” pode ser utilizado para fazer menção ao lado do corpo
onde o movimento se inicia.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
168
LEITURA
COMPLEMENTAR
169
LEITURA
COMPLEMENTAR
Das cento e três referências analisadas, o modelo de Matveev, conhecido também como
Clássico ou Tradicional de Matveev, foi o que apresentou uma adequabilidade superior.
De acordo com os autores, isso foi atribuído, em grande parte, à maneira com que este
modelo trabalha com a intensidade, considerando-a como importante componente da
carga. A variável intensidade é um fator determinante do sucesso esportivo, sendo am-
plamente reconhecida como tal.
Os modelos de Verkhoshansky e de Bompa apresentaram relevância intermediária na
amostra estudada. Já os modelos ATR e de Forteza demonstraram os piores resultados,
porém os pesquisadores colocam que isso poderia ter sido atribuído ao fato de que havia
escassez de citações sobre estes últimos modelos. Ao fim do trabalho, os autores desta-
cam a necessidade de novos estudos que, sistematicamente, incluam as novas fontes
bibliográficas disponíveis e a busca de possibilidades de experimentação prática dos re-
sultados encontrados.
170
material complementar
Treinamento esportivo
Dietmar Samulski, Hans-Joachim Menzel e Luciano Sales
Editora: Manole
Sinopse: o livro Treinamento esportivo apresenta os principais conceitos e aspec-
tos que permeiam o treinamento esportivo, bem como aborda características da
preparação psicológica para eventos competitivos e do treinamento técnico e tá-
tico e da atividade física. A obra inclui, também, as peculiaridades do treinamento
esportivo com crianças e jovens.
171
gabarito
1. E
2. C
3. No método contínuo variável, o exercício é re-
alizado com variações na intensidade, porém
sem intervalos de recuperação. Esse método
pode ser utilizado para a melhora da capacida-
de aeróbica, bem como de ambas, aeróbica e
anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Ele pode
ser aplicado com intensidades que oscilam de
uma zona inferior ao limiar anaeróbico (no má-
ximo até o limiar) até uma zona superior.
4. D
5. Introdução, Aquecimento, Parte principal e Vol-
ta à calma.
172
UNIDADE
V
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Administração e principais conceitos
• Processos administrativos
• Estrutura organizacional
• Empreendedorismo e plano de negócios
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os conceitos principais de Administração.
• Compreender os processos que envolvem as ações de um
administrador.
• Analisar os modelos de estruturas organizacionais.
• Entender o processo de desenvolvimento de um plano de
negócios.
unidade
V
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a), chegamos à última unidade com este capí-
tulo que será destinado à compreensão de alguns elementos fun-
damentais do contexto organizacional e de gestão empresarial.
Temos como principal objetivo a discussão de alguns conceitos e
ferramentas que possibilitará a você mais entendimento sobre componentes
importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo.
No primeiro tópico, discutiremos o conceito de organização e os seus
principais componentes, sendo eles: recursos, objetivos e o processo de
transformação. O processo de transformação é o cerne da produção or-
ganizacional e é realizado a partir de um conjunto de atividades interliga-
das, executadas por meio da utilização de diferentes recursos, tais como:
humanos, financeiros, tecnológicos, materiais e administrativos.
No segundo tópico, voltaremos nossa atenção ao processo adminis-
trativo, que, sem dúvida, é o conceito norteador para a compreensão das
atividades de um administrador ou de um gestor. O processo administra-
tivo apresentado por Henry Fayol contém cinco etapas: prever, organizar,
comandar, coordenar e controlar, sendo que cada uma destas etapas é
fundamental para o processo como um todo.
Complementando a compreensão do processo administrativo, no ter-
ceiro tópico, discutiremos sobre os modelos de estrutura organizacional.
Veremos que, apesar da existência de diversos modelos, alguns são, fre-
quentemente, mais utilizados pelas empresas por apresentarem vantagens
compatíveis com as necessidades da organização e com seu modo de gestão.
Por fim, no último tópico, serão analisadas as principais características
de empreendedorismo e a principal ferramenta que pode auxiliar um em-
preendedor no processo de planejamento do negócio, o plano de negócios.
Portanto, caro(a) aluno(a), nesta unidade, dedicaremo-nos à
compreensão de elementos fundamentais do processo administrativo
e do empreendedorismo.
Bons estudos!
Administração e seus
principais conceitos
Caro(a) aluno(a), atualmente, as organizações fazem transporte utilizado (público ou não), as atividades
parte do nosso dia a dia, e seria bastante difícil pen- profissionais do dia, entre várias outras ações. Todos
sarmos em alguma prática de nossa rotina diária que estes são pequenos exemplos que demonstram o quan-
não esteja, direta ou indiretamente, relacionada a al- to nós somos dependentes das empresas, e que seria
guma atividade empresarial, como o café da manhã praticamente impossível não nos relacionarmos, direta
que tomamos antes de irmos ao trabalho, o meio de ou indiretamente, com seus produtos e serviços.
178
EDUCAÇÃO FÍSICA
Neste sentido, torna-se importante que volte- domésticas, afinal, está desenvolvendo atividades
mos nossa atenção para alguns conceitos relevantes relativas à administração.
do contexto organizacional que, sem dúvida, poderá Antes de iniciarmos, é importante que façamos
contribuir para a compreensão do processo de fun- uma breve análise do que, de fato, é uma organiza-
cionamento de uma empresa e também das variáveis ção. As organizações, de acordo com Maximiano
envolvidas, pois, mesmo que você, caro(a) aluno(a), (2011a p. 3) podem ser compreendidas como “um
não esteja, diretamente, desenvolvendo atividades sistema de recursos que procura realizar algum
profissionais relativas à administração, esta prática tipo de objetivo [...]. Além de objetivos e recursos,
está no seu dia a dia. Exemplo disso é quando você as organizações têm outros dois componentes im-
planeja as atividades físicas de um cliente, quando portantes: processos de transformação e divisão do
você executa um projeto, ou controla as despesas trabalho” (Figura 1).
RECURSOS
OBJETIVOS
• HUMANOS
• MATERIAIS • PROCESSOS DE
• FINANCEIROS TRANSFORMAÇÃO • PRODUTOS
• INFORMAÇÃO • DIVISÃO DO • SERVIÇOS
• ESPAÇO TRABALHO
• TEMPO
SAIBA MAIS
Toda organização é criada com o objetivo de aten-
der às necessidades e expectativas de seus con- De acordo com Oliveira (2013, p. 50), a mis-
sumidores e, com isso, também atender aos seus são organizacional pode ser compreendida
próprios objetivos estratégicos. O objetivo princi- como “a determinação do motivo central da
existência da empresa, ou seja, a determi-
pal de uma empresa, também conhecido como sua nação e quem atende com seus produtos e
missão, pode ser atingido por meio dos seus pro- serviços. Corresponde a um horizonte den-
dutos e serviços, como a razão de existir de uma tro do qual a empresa atua ou poderá atuar.
Portanto, a missão representa a razão de ser
academia de ginástica, que é tornar seus clientes da empresa”.
mais saudáveis, e este objetivo pode ser atendido
Fonte: o autor.
pelos serviços de qualidades.
179
Analisando a Figura 1, os recursos são os insumos teriais, nós podemos considerar, também, os recursos
que podem ser utilizados pela organização, durante o humanos e financeiros, por exemplo. A Figura 1 a se-
processo de desenvolvimento de seus produtos e ser- guir apresenta diversos recursos organizacionais.
viços. Os recursos não estão restritos apenas aos ma-
RECURSOS RECURSOS
INFORMACIONAIS TECNOLÓGICOS
Considerando os Em que são
equipamentos considerados os
conhecimentos
computacionais e os adquiridos, os processos
RECURSOS sistemas de apoio e de RECURSOS
operacionalizados,
FINANCEIROS aplicação operacional. os produtos e serviços MATERIAIS
desenvolvidos. Compreendendo os
São considerados os valores equipamentos, bem como
disponíveis, os a serem os materiais a serem
recebidos, bem como os transformados em
compromissos assumidos produtos e serviços, os
pela organização. quais são oferecidos aos
mercados.
Os dois últimos elementos importantes que com- des, e alguns destes processos são comuns a, prati-
põem as atividades organizacionais são: (1) processos camente, todos os tipos de organizações – indepen-
de transformação e (2) divisão do trabalho. Por meio dentemente do porte, da estrutura e do segmento –,
do processo de transformação, a organização conse- como o processo produtivo (em que ocorre a trans-
gue com seus recursos (Figura 1) criar os produtos e formação da matéria-prima) e processos relaciona-
serviços que serão oferecidos aos consumidores. dos à administração de recursos humanos (contrata-
As organizações apresentam um conjunto de ção, capacitação e desligamento)(OLIVEIRA, 2012).
processos para o desenvolvimento de suas ativida-
180
EDUCAÇÃO FÍSICA
Funções Descrição
SAIBA MAIS O objetivo básico da função de pro-
dução é transformar insumos para
fornecer o produto ou serviço da
Um processo é um conjunto ou sequência de Produção organização aos clientes usuários ou
atividades interligadas, com começo, meio e público-alvo. Há três tipos principais
fim, que utiliza recursos, como trabalho hu- de processos produtivos: em massa,
mano e equipamentos para fornecer produ- contínuo e unitário.
tos e serviços. Um processo é a estrutura de
O objetivo básico da função de
ação de um sistema.
marketing é estabelecer e manter a
Fonte: Oliveira (2012, p. 5). ligação entre a organização e seus
Marketing clientes, consumidores, usuários ou
público-alvo. Tanto as organizações
lucrativas quanto as não lucrativas
realizam atividades de marketing.
O objetivo básico da função de
Já a divisão do trabalho, de acordo com Maxi- pesquisa e desenvolvimento (P&D)
miano (2011b, p. 6) “é o processo que permite é transformar as informações de
superar as limitações individuais por meio da Pesquisa e marketing, as ideias originais e os
desenvolvi- avanços da ciência em produtos
especialização. Quando se juntam as tarefas es- mento e serviços. A função de P&D tem,
pecializadas, realizam-se produtos e serviços que também, outras tarefas, como a
ninguém conseguiria fazer sozinho”. Com esta identificação e a introdução de novas
tecnologias.
definição, é possível percebermos que a divisão
A função financeira cuida do dinheiro
do trabalho permite que produtos e serviços da organização e tem por objetivo
maiores e mais complexos sejam desenvolvidos a proteção e a utilização eficaz dos
Finanças
pelo agrupamento de atividades realizadas por recursos financeiros, o que inclui a
maximização do retorno dos acionis-
grupos ou pessoas distintas. tas, no caso das empresas.
A função de recursos humanos, ou
FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS de gestão de pessoas, tem como
objetivos encontrar, atrair e manter
Recursos as pessoas de que a organização ne-
As funções organizacionais, de acordo com humanos cessita. Isso envolve atividades que
Maximiano (2011b), tratam-se das atividades começam antes de uma pessoa ser
empregada da organização e vão até
especializadas que são executadas pelos cola-
depois de a pessoa se desligar.
boradores da empresa. A maioria das empresas
Quadro 1 - Funções organizacionais / Fonte: adaptado de Maximiano
apresentam as mesmas funções organizacionais, (2011b).
sendo que as mais importantes são: produção
(ou operações), marketing, pesquisa e desenvol- Em maior ou menor medida, todas as organizações pos-
vimento, finanças e recursos humanos. O Qua- suem departamentos específicos para cada uma destas
dro 1 apresenta, de maneira breve, as caracterís- funções (Quadro 1), pois por meio deles é que os produ-
ticas de cada uma destas funções. tos e serviços são desenvolvidos e comercializados.
181
Processo administrativo
Como vimos no tópico anterior, as empresas pos- empresa para outra, segundo Chiavenato (2014,
suem diversas funções (normalmente, represen- p. 14), e, para Fayol, que é considerado um dos
tadas por departamentos) cujas atividades são principais pensadores da área administrativa, as
desenvolvidas em busca do objetivo maior da organizações possuem seis funções básicas:
organização. Estas funções podem variar de uma
182
EDUCAÇÃO FÍSICA
· Funções técnicas: relacionadas com a produ- demais funções (não administrativas) da em-
ção de bens ou de serviços da empresa. presa, pairando sobre elas.
· Funções comerciais: relacionadas com a com-
pra, venda e permutação. Fayol também foi considerado o responsável pela
criação do processo administrativo, que representa
· Funções financeiras: relacionadas com a pro-
cura e gerência de capitais. as atividades desempenhadas pelos administrado-
res. De acordo com Sobral e Peci (2012), o proces-
· Funções contábeis: relacionadas com os inven-
tários, registros, balanços, custos e estatísticas. so administrativo de Fayol apresenta cinco etapas,
sendo elas: prever, organizar, comandar, coordenar
· Funções de segurança: relacionadas com a
proteção e preservação dos bens e das pessoas. e controlar. Este modelo é ainda adotado até os dias
· Funções administrativas: relacionadas com a
atuais, apresentando, algumas vezes, pequenas va-
integração de cúpula das outras cinco funções riações entre os autores (Quadro 2).
administrativas, coordenam e sincronizam as
KOONTZ E
FAYOL URWICK GULIK NEWMAN DALE
O´DONNELL
Investigação
Prever Previsão Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento
Planejamento
Organizar Organização Organização Organização Organização Organização
Administração de pessoal
Comandar Comando Designação de Pessoal
Direção Liderança Direção
Coordenar Coordenação Direção
Coordenação
Informação
Controlar Controle Controle Controle Controle
Orçamento
Quadro 2 - O processo administrativo segundo clássicos e neoclássicos / Fonte: Chiavenato (2004, p.137).
O processo administrativo
pode sofrer variações concei-
PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO CONTROLE
tuais de acordo com a evolução
das teorias administrativas, no
- Dividir o trabalho
entanto, de maneira geral, o - Definir missão - Designar as
- Designar as pessoas
- Definir padrões
- Coordenar os
processo administrativo pode - Formular objetivos atividades - Monitorar o
esforços
- Definir os planos - Agrupar as atividades desempenho
- Comunicar
ser sintetizado em quatro prin- para alcançá-los em órgãos e cargos
- Motivar
- Avaliar o
- Programar as - Alocar recursos desempenho
cipais elementos: planejamen- atividades - Definir autoridade
- Liderar
- Ação corretiva
- Orientar
e responsabilidade
to, organização, direção e con-
trole, conforme Figura 2.
Figura 2 - Processo administrativo / Fonte: Chiavenato (2004, p. 138).
183
A seguir, analisaremos cada um destes proces- mais processos administrativos serão realizados,
sos e identificaremos as principais característi- assim, se o planejamento for realizado de maneira
cas do processo administrativo e, consequente- equivocada, a probabilidade de as atividades se-
mente, do administrador. quenciais não atenderem às expectativas é maior.
De acordo com Maximiano (2011c), o processo de
PLANEJAR planejamento envolve três etapas (imagem abaixo).
Este processo, como dito anteriormente, é fundamen-
O processo de planejamento é considerado um dos tal para o processo administrativo como um todo, por-
mais importantes, pois é a partir dele que os de- tanto, é crucial que seja desenvolvido de forma detalhada.
ORGANIZAR
184
EDUCAÇÃO FÍSICA
DIRIGIR
Ainda de acordo com Chiavenato (2004), a direção Figura 3 - As quatro fases do controle / Fonte: Chiavenato (2004, p. 146).
185
Estrutura organizacional
De acordo com Neis e Pereira (2015, p. 181) “uma papel determinante no desempenho das empresas”.
estrutura organizacional consistente se torna um Diante destas duas definições iniciais, nós forma-
pré-requisito para o bom desempenho da organiza- mos a base para compreendermos a importância da
ção”, já para Blenko, Mankins e Rogers (2010 apud estrutura organizacional para todo tipo de empreen-
NEIS; PEREIRA, 2015, p. 181), “muitos executivos dimento, independentemente do seu porte e do seu
acreditam que a estrutura organizacional, princi- segmento de atuação.
palmente aquelas descritas nos organogramas, têm
186
EDUCAÇÃO FÍSICA
• Matricial.
A estrutura organizacional orientará sobre a for-
• Mista.
ma com que os elementos e recursos organizacio-
nais são utilizados, porque, pela ordem hierárquica, Cada uma destas estruturas apresenta características,
é possível desenvolver as estratégias e os planos para vantagens e desvantagens específicas e deve ser adota-
desenvolvimento da empresa. Oliveira (2014) apre- da de acordo com o perfil da organização. A seguir, ve-
senta diversos tipos de estruturas organizacionais: rificaremos as características das principais estruturas.
• Funcional.
• Por quantidade. ESTRUTURA FUNCIONAL
• Por turno.
• Localização geográfica. Este é o tipo de estrutura mais comum entre as or-
• Por clientes. ganizações, principalmente as de pequeno porte. As
• Por produtos ou serviços. atividades da organização são agrupadas de acordo
• Por projetos. com as funções possui (Figura 4).
Diretoria-
Geral
Segundo Oliveira (2014), entre as principais van- Ainda de acordo com o autor, este tipo de estru-
tagens da departamentalização funcional estão: tura apresenta como desvantagem: a comunicação na
especialização do trabalho, mais estabilidade para organização é deficiente, não é adequada para empre-
o funcionário, mais segurança, é possível mais eco- sas que trabalham voltadas a cumprimento de prazos
nomia por meio da produção em massa, ideal para e mais dificuldade para desenvolver um ambiente de
empresas com poucas mudanças e, por fim, é indi- inovação. De maneira resumida, Oliveira (2014, p.
cada para organizações com uma linha de produtos 132) afirma que este tipo de estrutura é indicada para
e serviços pequena, sem muita variação. empresas com atividades que sejam “bastante repe-
titivas, altamente especializadas; e pouco integradas”.
187
De acordo com Oliveira (2014), entre as principais poder que os gerentes responsáveis pelos produtos
vantagens que este tipo de estrutura apresenta para ou serviços possuem, neste tipo de estrutura.
a organização estão: é possível a alocação de recur-
Diretoria-
sos específicos para cada produto ou serviço; mais Geral DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETOS
coordenação entre os departamentos; o enfoque da
empresa está nos produtos e serviços e favorece um De acordo com Oliveira (2014, p. 140), neste tipo de
ambiente de inovação. estrutura ou de departamentalização, “o gerente de
Gerência Gerência de Gerência de
Ainda de acordo com o autor, entre as principais
Financeira projetos
Marketingé responsável pela realização de todo o pro-
Recursos
Humanos
desvantagens estão: atividades duplicadas entre as jeto ou de uma parte dele; terminada a tarefa, o pes-
várias linhas de produtos e a estrutura organizacio- soal que, temporariamente, havia sido destinado a ela
nal que pode ficar desestabilizada, devido ao grande é designado para outros departamentos” (Figura 6).
Diretoria
188
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
189
Empreendedorismo e
plano de negócios
190
EDUCAÇÃO FÍSICA
191
Componente Descrição
Estrutura de um plano de negócios
São definidos os rumos da empre-
sa, sua visão e missão, situação
De acordo com Dornelas (2018), um plano de negó- 4. Análise
atual, as potencialidades e ameaças
estratégica
cios não segue estrutura rígida, pois não existe um externas, forças e fraquezas, objeti-
vos e metas de negócio.
modelo único que deve ser aplicado a todo tipo de
Deve-se descrever a empresa, seu
negócios. A flexibilidade é possível e necessária, pois
histórico, crescimento, faturamen-
um plano de negócios voltado a uma empresa pres- to dos últimos anos, razão social,
5. Descrição
tadora de serviços de saúde necessita de informações impostos, estrutura organizacional
da empresa
e jurídica, localização, parcerias,
diferentes de uma empresa produtora de alimentos,
certificações de qualidade, serviços
por exemplo. Portanto, baseando-se nesta premissa, terceirizados etc.
analisaremos um modelo voltado a empresas presta- Esta seção do plano de negócios é
doras de serviços. destinada aos produtos e serviços
6. Produtos e
da empresa: como são produzidos,
Este modelo é indicado para pequenas empresas serviços
quais os recursos utilizados, o ciclo
manufatureiras, no entanto, vale a ressalva de que de vida etc.
este modelo não é padrão e, caso você julgue neces- Aqui devem ser apresentados os
7. Recursos
sário, as adaptações são permitidas e, muitas vezes, planos de desenvolvimento e trei-
humanos
namento de pessoal da empresa.
necessárias. Então, vamos analisar, brevemente, este
O autor do plano de negócios deve
modelo (Quadro 3). 8. Análise de mostrar que os executivos da empre-
mercado sa conhecem muito bem o mercado
Componente Descrição consumidor de seu produto/serviço.
A capa, apesar de não parecer, é Deve-se mostrar como a empresa
uma das partes mais importantes do 9. Marketing pretende vender seu produto/servi-
1. Capa ço e conquistar clientes.
plano de negócios, pois é a primeira
parte visualizada por quem o lê. Deve apresentar em números todas
Deve conter o título de cada seção 10. Plano as ações planejadas para a empresa
do plano de negócios e a página financeiro e as comprovações, por meio de
2. Sumário respectiva na qual se encontra, bem projeções futuras.
como os principais assuntos relacio- Esta seção deve conter informa-
nados em cada seção. ções adicionais, julgadas relevantes
11. Anexos
É a principal seção do plano de para o melhor entendimento do
negócios, pois fará o leitor decidir se plano de negócios.
3. Sumário
continuará ou não a ler o documen- Quadro 3 - Modelo de plano de negócios / Fonte: adaptado de Dornelas
Executivo
to. Portanto, deve conter uma síntese (2018, p. 97-100).
das principais informações do plano.
192
EDUCAÇÃO FÍSICA
193
considerações finais
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa unidade, que teve como principal
objetivo trazer conceitos iniciais sobre administração, gestão e empreendedorismo,
possibilitando, por meio de um panorama geral, a compreensão das principais ati-
vidades inerentes ao exercício da gestão e também dos ferramentais indispensáveis
para a realização das atividades de um empreendedor.
No primeiro tópico, foram discutidas as características principais de uma organiza-
ção e vimos, também, quais são seus três elementos fundamentais que compõem as
atividades de uma organização. A transformação é a etapa mais importante de todo o
processo organizacional, pois é nesta fase que há a união dos recursos organizacionais
(pessoas, informações, matéria-prima) com as ferramentas e técnicas de produção
para a criação do produto da empresa.
No segundo tópico, nós analisamos o processo administrativo, que foi desenvolvido
por Henry Fayol para determinar as atividades inerentes ao administrador. As fases
de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, como vimos, tornaram-se
fundamentais para o exercício das atividades de gestão em uma organização.
No terceiro tópico, verificamos quais são os principais tipos de estruturas organiza-
cionais e as características mais relevantes de cada um deles. Vimos também que cada
modelo apresenta vantagens e desvantagens, cabendo ao gestor definir qual estrutura
é a mais adequada para a organização.
No quarto e último tópico, nós abordamos o conceito de empreendedorismo, suas
principais características e demos foco no desenvolvimento do plano de negócios, que
pode ser considerado uma das ferramentas mais importantes para o empreendedor
no processo de planejamento do empreendimento.
Portanto, esperamos que esta unidade tenha contribuído para a sua compreensão dos
principais aspectos da administração e do empreendedorismo e o quanto são processos
importantes para a realização das atividades profissionais.
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atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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Lá no começo, claro, nós tínhamos Missão, Visão e Valores, mas nem eu me lembrava
direito de quais eram. E isso era indicativo: se eu não me lembrava, como os funcioná-
rios se lembrariam? Pior, como se engajariam?
É aqui que entra aquela simplicidade de que falei - quanto mais simples o propósito,
mais poderoso, mais fácil de gerar envolvimento. Naquele momento, precisávamos
achar aquilo que realmente queríamos fazer, de modo que os colaboradores quises-
sem fazer parte disso, dessa visão.
Chegamos, então, a uma formulação que resume o nosso trabalho: mudar a vida das
pessoas, democratizando o fitness de alto padrão. Isso é sincero e tem potencial para
conectar, gerar compromisso, mas não foi fácil elaborar este propósito: demorou anos
até encontrarmos a frase ideal.
Precisa fazer sentido
Este é outro ponto fundamental. A imensa maioria dos nossos colaboradores é jovem,
da chamada geração millenium. Para esta turma, o trabalho precisa fazer sentido, é
fundamental que gere o sentimento de “dono”, o pessoal precisa querer fazer parte.
Em nosso caso, criamos formas de mostrar que os funcionários - tanto os que entram
como os que já estão aqui - exercem papel fundamental naquele propósito que men-
cionei antes. Desde vídeos inspiradores, com depoimentos de pessoas que, em outros
tempos, não poderiam acessar o fitness de alto padrão, até em processos de desenvol-
vimento de líderes, em que priorizamos o lado humano: tudo é feito de forma a trans-
mitir esta cultura. Passá-la adiante é obrigação de todo mundo.
Valorização sem bônus monetário
Dentro deste processo, o reconhecimento dos profissionais é fator-chave de sucesso.
Realizamos a medição do desempenho por meio de NPS (Net Promotion Score, metodolo-
gia criada para medir o grau de satisfação e a fidelidade dos consumidores de qualquer
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LEITURA
COMPLEMENTAR
tipo de empresa) para cada unidade. Isso significa que não tem dinheiro no meio: os
profissionais são reconhecidos por fazerem o melhor atendimento ao cliente. A nosso
ver, e na nossa estrutura, o critério monetário é mais complicado de ser utilizado como
reconhecimento. Afinal, os valores podem mudar rapidamente, de um dia para o outro.
É evidente que a pessoa deve ter um bom salário, mas o reconhecimento do cliente acentua
aquela questão do “fazer parte”, do “fazer sentido”. E o cuidado com o ser humano também
compõe esse processo: o líder da unidade precisa saber da vida do funcionário, de sua his-
tória. É aquela história de “walk the talk”: de nada adianta querer mudar a vida das pessoas,
se isso não vale para a própria estrutura da empresa. Temos que praticar o que pregamos.
Importância da diversidade
Um último ponto que quero abordar nesse processo de preparação da equipe é a diver-
sidade. É indispensável atentar para isso, porque a homogeneidade pode trazer proble-
mas. Vem daí a importância de haver esse approach humano, de buscar as histórias das
pessoas, e entender de que forma uma pessoa pode contribuir para o negócio, para o
propósito, é fundamental. Os tímidos, por exemplo, muitas vezes, numa estrutura mais
homogênea, acabam sendo solapados, o que pode ser um desperdício, porque eles
podem agregar muito ao negócio. Por isso, deve-se estimular a conversa, a aproxima-
ção entre as pessoas para que elas acabem se soltando. Às vezes, o colaborador não
é tímido, ele está tímido porque não tem a oportunidade de ser ele mesmo e, ao não
estimular esta abertura, podemos perder um profissional de grande potencial.
Claro que esses aprendizados que compartilho com você surgiram na base da tentativa
e do erro. Nós erramos muito, antes de começar a acertar, e ter esta consciência faz
parte do processo. O que não faz parte é insistir no que não dá certo. E este é um último
aprendizado que gostaria de compartilhar: o líder deve perguntar muito mais do que
falar. Deve entender que todo mundo precisa participar, e o fato de realmente ouvir o
que a equipe tem a dizer é que realmente gerará engajamento.
Fonte: Endeavor (2017 apud STARTUPI, 2018, on-line)17.
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material complementar
Jobs
Ano: 2013
Sinopse: de hippie sem foco nos estudos a líder de uma das maiores empresas
de tecnologia do mundo. Este é Steve Jobs (Ashton Kutcher), um sujeito de perso-
nalidade forte e dedicado, que não se incomoda de passar por cima dos outros
para atingir suas metas, o que faz com que tenha dificuldades em manter relações
amorosas e de amizade.
Edgar Corona sempre foi um atleta de primeira linha, mas acabou seguindo carreira como engenheiro
químico. Nesta palestra inspiradora, conta como, após um acidente de ski, resolveu reviver seu hobby na
forma de um novo empreendimento. Contudo, como ele mesmo diz: “Se você tem um hobby, cuidado ao
transformá-lo em um negócio: você pode ficar com raiva do hobby”.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=vuA4fJ8_SQQ&t=291s>.
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gabarito
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referências
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referências
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Falk,_Benjamin_J._(1853-1925)_-_
Eugen_Sandow_(1867-1925)_-_1894_-_5.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
2
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Charles_Atlas_in_an_advertising_
for_Free_Karate_-_Wrestling_Annual_-_june_1975.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
3
Em: https://franchising.goldsgym.com/2018/04/26/earning-our-place-in-the-his-
tory-of-fitness/. Acesso em: 23 abr. 2020.
4
Em: https://franchising.goldsgym.com/brand-strength/our-evolution/. Acesso em:
23 abr. 2020.
5
Em: https://www.jackis.com/about/team-sorenson-bios. Acesso em: 23 abr. 2020.
6
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:A_long_line_of_men_are_workin-
g_a_treadmill._Photomechanical_Wellcome_V0041221.jpg. Acesso em: 23 abr.
2020.
7
Em: http://iceskatingresources.org/CoreBodyControl.html. Acesso em: 23 abr.
2020.
8
Em: https://de.wikipedia.org/wiki/Datei:Turner_1895.jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
9
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bonne-Esperance_Gym_suedoise.
jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
10
Em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Btv1b8433332t-p026_(cropped)3.
jpg. Acesso em: 23 abr. 2020.
Em: https://http2.mlstatic.com/vhs-jane-fonda-workout-aerobica-de-baixo-im-
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conclusão geral
Querido(a) aluno(a),
Chegamos ao final desta obra e esperamos que o conteúdo tenha contribuído, de
maneira substancial, para a sua formação profissional. Apesar de sintetizarmos os con-
teúdos, devido à extensão deles, tenha a certeza de que aqueles de maior relevância
foram abordados aqui. Além disso, procuramos tratar dos temas de modo que estes se
conectassem entre si e entre outros conhecimentos do escopo da Educação Física.
É interessante destacar que o conteúdo das atividades de academia foi abor-
dado numa perspectiva ampla, desde as atividades físicas em si até as técnicas de
administração mais relevantes para o profissional empreendedor. Isso foi neces-
sário para demonstrar a grandiosidade do tema e dar um passo adiante em nosso
entendimento, muitas vezes, fragmentado.
Assim sendo, tratamos no início do conteúdo geral das atividades de academia, fa-
zendo um resgate histórico deste local de exercícios físicos e apresentando as principais
atividades ofertadas, sendo elas atividades físicas, ou não, em uma academia de ginás-
tica. Trazer as atividades não físicas presentes nas academias é uma forma de quebrar o
paradigma de que a academia é um local onde só se pratica exercícios físicos.
Num segundo momento do livro, nossa atenção foi voltada, apenas, para os
conhecimentos que permeiam as ginásticas de academia. Foi uma ótima oportuni-
dade de discutir com você conhecimentos relacionados à própria história da Edu-
cação Física, à fisiologia humana, ao treinamento esportivo e à rítmica e dança.
No final desta obra, para completar o nosso raciocínio de totalidade do con-
teúdo, foram apresentados os conceitos iniciais sobre administração, gestão e em-
preendedorismo. Isso com a finalidade de lhe apresentar as principais atividades
inerentes ao exercício da gestão, bem como das ferramentas indispensáveis para
a realização das atividades de um empreendedor.
Acreditamos que são muitas informações, mas fique tranquilo(a), o conheci-
mento se consolida à medida que você o estuda várias vezes e o põe à prova.
Desejamos a você sucesso na sua formação e qualificação profissional!