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TÊXTEIS
PROFESSORA
Dra. Paula Piva Linke
MATERIAIS TÊXTEIS
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head Produção de Conteúdo Rodolfo Pinelli, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Melina Belusse Ramos, Designer Educacional Yasminn
Talyta Tavares Zagonel, Agnaldo Ventura, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Felipe Veiga da
Fonseca Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora
UNIDADE I UNIDADE IV
A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR TÊXTIL MALHARIA E NÃO-TECIDO
FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS 114 Malharia
14 A Cadeia de Produção do Setor Têxtil 125 Tecidos Inteligentes
19 Fibras Naturais
29 Fibras Artificiais UNIDADE V
UNIDADE III
TECELAGEM
82 Tecelagem
88 Padronagens
95 Tecidos e Suas Características
A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR
TÊXTIL: FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A cadeia de produção do setor têxtil
• Fibras naturais
• Fibras artificiais
• Fibras sintéticas
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever todo o processo de produção da cadeia têxtil.
• Apresentar todas as fibras naturais e suas características.
• Mostrar todas as fibras artificiais e suas características.
• Apontar todas as fibras sintéticas e suas características.
unidade
I
INTRODUÇÃO
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DESIGN
A afirmativa da autora parece exagerada, mas ex- Observa-se, portanto, que os produtos têxteis são
pressa muito bem a complexidade do setor de pro- variados e abrangem uma grande quantidade dos
dução têxtil. Ao falar de arados e pesticidas, por bens que consumimos. Essa produção não apenas
exemplo, Berlim (2012) se refere ao plantio das fi- gera uma grande variedade de produtos, que em
bras naturais como o algodão, portanto, pensar o muitos casos têm um ciclo de vida curto, mas, face
setor têxtil requer conhecer um pouco sobre todos à diversidade dessa produção, também pode causar
esses processos que envolvem os tecidos. impactos consideráveis sobre o meio ambiente.
Para Berlim (2012, p. 27), “o setor têxtil pode ser
definido como aquele que transforma fibras em fios, A produção de têxteis foi uma das atividades
mais poluidoras do último século e foi tema de
fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade
várias pesquisas que recaíram em especial so-
de produtos”. Essa infinidade de produtos vai muito bre seus principais impactos: a contaminação
além da produção de vestuário, ela consegue abarcar da água e do ar. Além de demandar muita ener-
outros setores e produtos, tais como: gia na produção e transporte de seus produtos,
a indústria têxtil polui o ar com emissões de
gazes de efeito estufa, as águas com as quími-
[...] peças de vestuário, roupas de cama e mesa,
cas usadas nos beneficiamentos, tingimentos e
substratos têxteis para a indústria automobilísti-
irrigação de plantações; e o solo, com pesticidas
ca usar em cintos de segurança e air-bags, sacos
de alta toxidade. Além disso, os resíduos que
de estocagem para a agricultura, roupas espe-
permanecem nos produtos podem contaminar
ciais para bombeiros, tendas, paraquedas, velas
quem os usa (BERLIM, 2012, p. 33).
de barco, gazes para uso hospitalar, estofados de
uso doméstico, etc (BERLIM, 2012, p. 27).
REFLITA
SAIBA MAIS
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MATERIAIS TÊXTEIS
A afirmativa da autora sobre os impactos que essa lar, vestuário e tecidos para sacaria, automotivos
cadeia provoca devido à sua produção demonstra dentre outros. Por fim, temos as vendas: exportação,
que ela é bastante complexa e também extensa. varejo físico, vendas por catálogo, vendas eletrônicas,
Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos e a chegada ao consumidor final (PRADO, 2014).
– que podem ser naturais, artificiais ou sintéticas – , Na figura abaixo, podemos observar toda a es-
fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de teci- trutura do setor têxtil e como se dá a sequência lógi-
dos, aviamentos, confecção que se divide em linha ca de produção.
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DESIGN
Nesta imagem, além da produção do tecido, en- sem elasticidade, tais como brim, fustão, veludo, li-
contra-se a confecção, fase final da cadeia têxtil, nho, cetim, tricoline dentre tantos outros.
responsável pela fabricação das roupas. No entan- A malharia é outro processo de tecelagem que
to, o que deve ser destacado nessa figura é justa- produz tecidos com elasticidade, as chamadas ma-
mente a quantidade de setores que dão suporte ao lhas. “Tecidos de malha são aqueles formados por
setor têxtil, como a indústria química, maquinário, laços que se interceptam e se apoiam lateral e verti-
escolas para formação de profissionais (PIMEN- calmente, proveniente de um ou mais fios, como por
TEL, 2013). exemplo, o jérsei e o tricô” (CHATAIGNIER, 2006,
Para você, aluno(a), o que interessa aqui é o setor p. 44). Esses tecidos apresentam como característica
de produção do fio ao tecido acabado, ou seja, todos a elasticidade que os permite expandir e retornar ao
os materiais como fibras têxteis utilizadas nos pro- tamanho normal sem alteração das dimensões.
cessos de fiação e transformação do fio em tecido. Após a finalização do tecido, inicia-se o processo
A cadeia têxtil se inicia com a produção de fi- de beneficiamento e acabamento dele. O beneficia-
bras, que são divididas em fibras sintéticas (nylon, mento é um processo extenso e envolve uma série de
poliéster, lycra e polipropileno), artificiais (viscose, tratamentos que buscam melhorar as características
acetato) e naturais, que se dividem em vegetal (algo- do tecido, como a textura, e, em seguida, são feitos
dão, rami, linho, juta), animal (seda, lã) e minerais os acabamentos finais do tecido.
(basalto e amianto) (CHATAIGNIER, 2006).
Após a obtenção da fibra, inicia-se o processo de Acabamento propriamente dito: significa uma
série de processos e tratamentos variados sub-
fiação, que consiste em unir fibras e transformá-las
metidos a um tecido que dessa forma, torna-se
em filamentos longos, que são os fios. Em muitos apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria
casos, ocorre a junção de diferentes fibras em um e a estampagem. Como o nome indica, é um
único fio, que passam a ser chamados de fios mistos. processamento final com o objetivo de tornar o
Deve-se ressaltar também que cada fibra exige um tecido adequado ao seu uso específico, além de
eliminar possíveis defeitos (CHATAIGNIER,
processo de fiação que se adapte às suas característi-
2006, p. 53).
cas (CHATAIGNIER, 2006).
Com os fios já prontos, inicia-se o processo Com o tecido finalizado e pronto para comerciali-
de tecelagem que consiste na junção de fios para a zação, inicia-se o processo de confecção do vestuá-
construção do tecido; esse processo pode ser feito rio, que consiste no desenvolvimento e construção
de duas formas: por meio da tecelagem ou da ma- de uma peça do vestuário. Junto com esse processo,
lharia. “Os tecidos planos são aqueles obtidos pelo vêm ainda outros acabamentos para a peça pronta,
entrelaçamento de dois conjuntos de fios (urdume como a lavanderia utilizada em tecidos jeans para
e trama) formando um ângulo de 90º” (CHATAIG- dar efeitos diferenciados à peça e a estamparia, apli-
NIER, 2006, p. 43). cada antes da sua montagem. Após a finalização do
De acordo com a forma de entrelaçamento dos produto, inicia-se o processo de comercialização.
fios, é possível obter tecidos com diferentes caracte- A estrutura do setor de confecção pode ser ob-
rísticas. Esse processo de tecelagem produz tecidos servado na figura a seguir.
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MATERIAIS TÊXTEIS
Ao apresentar esse fluxograma, a intenção é de fa- É de suma importância que você aprenda e com-
zê-lo perceber que todo o processo de produção do preenda como se dá a fabricação de tecidos e suas
tecido serve para abastecer a indústria da moda, res- características, pois um bom estilista deve conhecer
ponsável pela confecção do vestuário. os tecidos, suas características e saber como usá-los.
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DESIGN
Fibras Naturais
Primeiramente, antes de falarmos das fibras naturais, Essas fibras são classificados em três grandes grupos:
sua classificação e características, você precisa en- as fibras naturais, artificiais e sintéticas (CHATAIG-
tender que existe uma grande variedade de materiais NIER, 2006). Neste nosso tópico, preocuparemo-
que podem ser utilizados na fabricação de tecidos. -nos com as fibras naturais, que são aquelas fabrica-
das por meio de elementos encontrados na natureza.
Fibras têxteis são materiais filamentosos o que Para Sissons (2012), as fibras naturais são divi-
permite sua transformação em fios, e, portanto
didas em grupos, sendo as mais comuns as vegetais
em tecidos. São caracterizados por sua flexibi-
lidade e finura, possuindo um comprimento e animais. Para Chataignier (2006), existe ainda, no
muito maior que sua espessura, o que resulta grupo das fibras naturais, as minerais. Para a autora,
num produto que pode ser enrolado e desenro- as fibras se dividem em vegetal (algodão, rami, linho,
lado de forma organizada (CASSEL et al., 2002, juta), animal (seda, lã) e minerais (basalto e amian-
p. 01).
to). Observe na Tabela 1 a divisão dessas fibras.
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MATERIAIS TÊXTEIS
Cashemira
Coelho
Lã de Ovelha
Mohair
Seda Silvestre
Crocidolita
FIBRAS NATURAIS
Vegetais De Caules Cânhamo
Juta
Linho
Malva
Ramí
De Folhas Caroá
Sisal
Tucum
Côco
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É possível observar que existe uma grande variedade (UDALE, 2015). Vejamos a seguir as especificidades
de fibras naturais, e algumas delas receberão maior de cada uma delas.
atenção. Primeiramente apresentam-se as fibras na- O algodão é a fibra natural mais utilizada no
turais vegetais como o algodão, linho, rami, cânha- mercado da moda. “O algodão é usado como fibra
mo, juta e sisal. Posteriormente serão apresentadas têxtil há mais de 7.000 anos, podendo dizer-se que
as fibras animais, como a lã e a seda, e, por fim, as está ligado à origem mais remota do vestuário e à
minerais, como o amianto e o basalto. evolução da produção de artigos têxteis” (KUASNE,
As fibras de origem vegetal são aquelas prove- 2008, p. 21).
nientes de plantas. Elas podem se originar de se- Ela “é uma fibra macia, felpuda e cresce em volta
mentes e frutas como as fibras de algodão; de cau- da semente da planta” (UDALE, 2015, p. 47). Obser-
les como linho, rami e juta; e de folhas como o sisal ve na imagem a seguir a planta de algodão.
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MATERIAIS TÊXTEIS
A planta do algodão solta pequenas plumas brancas, devido a essa característica, ela permite que a pele
como pode ser observado na Figura 3, e são dessas respire, sendo muito adequada para climas quentes
plumas que são extraídas as fibras do algodão. (CASSEL et al; 2002; SISSONS, 2012).
Udale (2015) ressalta que a grande utilização Outra fibra que merece destaque é o linho. As-
dessa fibra no mercado da moda se deve à sua gran- sim como o algodão, o linho foi utilizado desde os
de versatilidade, pois permite a fabricação de uma tempos mais antigos, mais especificamente pelos
grande variedade de tecidos, como, por exemplo, o egípcios que fabricavam belas peças na cor branca
jeans. com o linho que crescia em abundância na região
A fibra do algodão pode ser longa e uniforme (LAVER, 2001).
ou curta; quanto mais longa a fibra, melhor a quali- O linho também é uma fibra de origem vegetal
dade do algodão e mais caro o produto. Essa fibra é que se origina do caule de uma planta, possuindo
altamente hidrófila, o que proporciona uma boa ab- características bem próximas às do algodão (UDA-
sorção de água, secando com facilidade. Além disso, LE, 2015). Observe a planta na figura abaixo.
Figura 4 - Linho
Fonte: Shutterstock.
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REFLITA
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Fibras Artificiais
Assim como as fibras naturais, existem também Assim como as naturais, existe uma grande va-
aquelas artificiais. Udale (2015, p. 53) descreve as riedade de fibras artificiais. São elas: Acetato, Algi-
fibras artificiais como: “fibras derivadas de celulose, nato, Borracha, Carbono, Caseína, Cupro, Metálica,
que por meio de processos de manufatura química Liocel, Modal, Triacetato, Vidro, Viscose, Raiom
são transformados em novas fibras”. (RIBEIRO, 1984). Nesta unidade você verá as ca-
O desenvolvimento e utilização dessas fibras se deu racterísticas e usos para cada uma delas.
somente no século XX, quando as tecnologias e pesquisa Uma grande quantidade dessas fibras (Acetato,
desenvolvidas possibilitaram o descobrimento de novas Cupro, Liocel, Modal, Triacetato, Viscose e Raiom)
tecnologias que foram aplicadas às diversas áreas do co- é produzida por meio da celulose, material prove-
nhecimento, inclusive ao setor têxtil (KUASNE, 2008). niente da madeira (PEZZOLO, 2013). Vejamos as
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MATERIAIS TÊXTEIS
características de cada uma delas e posteriormente Recentemente foi desenvolvida uma fibra ecolo-
veremos as fibras não celulósicas (Alginato, Borra- gicamente correta e biodegradável, o Tencel, nome
cha, Carbono, Caseína, Metálica e Vidro). Observe comercial da fibra de Liocel (UDALE, 2015).
na figura a seguir a estrutura da celulose: De acordo com Kuasne (2008, p. 53), o Liocel é
uma nova “fibra natural, a primeira fibra nova em
mais de 30 anos. Ela é fabricada inteiramente da ce-
lulose natural encontrada na polpa da madeira, que
se origina de árvores cultivadas em fazendas espe-
ciais para este objetivo”.
Os materiais têxteis são responsáveis por gran-
des impactos sobre o solos e as águas. Pensando em
produtos sustentáveis, foi desenvolvida essa fibra,
cujas características incluem:
• resistência;
• apresenta baixo encolhimento na água;
• boa estabilidade;
• toque macio e suave;
Figura 12 - Celulose
Fonte: Shutterstock. • caimento fluido e flutuante, leve;
• absorve corantes com facilidade.
O Acetato, também conhecido como acetato de ce-
lulose, foi desenvolvido durante a Primeira Guerra Todas essas características permitem à fibra grande
Mundial como revestimento para asas de aeronaves versatilidade nos tecidos fabricados, pois o conforto
e depois transformado em fibras. Pode ser feito por e resistência são uma marca registrada. Ela pode ser
meio da celulose da madeira ou por restos das plu- empregada na confecção de peças de vestuário, na
mas de algodão, possui a mesma aparência da seda, decoração e na linha lar em roupas de cama.
mas não seu toque (UDALE, 2015). De acordo com Kuasne (2008, p. 51), a fibra de
De acordo com Kuasne (2008, p. 62), pode ser Modal são “fibras de celulose regenerada normalmente
utilizado em: forro de roupa, tecidos para vestidos, fabricadas pelo processo Viscose, que possuem elevada
panos para guarda-chuva, gravatas, fios de enfeites, tenacidade e alto módulo de elasticidade a úmido”. O
roupas finas. processo de fabricação segue o mesmo da viscose.
A fibra de Cupro é obtida por meio de um pro- As principais características desse material se re-
cesso de regeneração da celulose. Essa fibra possui ferem a conforto, maciez e suavidade. Além disso,
o aspecto e o toque da seda, maciez e brilho, assim essa fibra absorve água com muita facilidade e seca
como absorve corantes com facilidade. É muito in- mais rápido que o algodão, o que proporciona fres-
dicada para a produção de tecidos para vestuário e cor às peças confeccionadas com tecidos produzidos
para a decoração (AGUIAR NETO, 1996). com essa fibra (PEZZOLO, 2013).
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DESIGN
Cabe destacar ainda que essa fibra pode ser As fibras e fios de viscose possuem “característi-
misturada a outras fibras com a finalidade de ob- cas bem próximas aos do algodão como: absorção de
ter tecidos com características diferenciadas. Como umidade, resistência, maciez ao toque e caimento”
exemplo, pode-se citar que a combinação do Modal (PEZZOLO, 2013, p. 129).
e do Algodão (50% de cada fibra do tecido) faz que o De acordo com Kuasne (2008), devido a essas
tecido de algodão ganhe brilho sedoso, maior viva- características, essa fibra é muito utilizada em uma
cidade nas cores e maciez (PEZZOLO, 2013). grande variedade de produtos, tais como:
Essa fibra também pode ser combinada com ou- • Tecidos para vestuário feminino, vestuário
tros materiais como: acrílico, strech, cotton, crepe, esportivo e forros.
linho e promodal. Cada uma dessas misturas garan- • Têxteis para o lar, como sejam toalhas de
te características diferenciadas ao tecido (PEZZO- mesa e tecidos de estofamento de mobiliário.
LO, 2013). Essa fibra pode ser empregada na fabri- • Aplicações técnicas e industriais, como, por
exemplo, telas para filtros, não tecidos e chu-
cação de materiais diversos, principalmente tecidos
maços.
finos e compostos.
Outra fibra relevante é o Triacetato, que também A autora prossegue afirmando os benefícios desse
é uma fibra de celulose. “Fibra artificial celulósica, material:
obtida da polpa de madeira ou dos linters de algo- • Maior conforto, especialmente em climas
dão, é um material termoplástico, podendo ser for- quentes. Em contato com o corpo, transmite
necido ao mercado na forma de fibra cortada, e/ou uma agradável sensação de suavidade e fres-
cor.
filamentos contínuos” (KUASNE, 2008, p. 63).
• Absorção de água elevada, importante em
Essa fibra apresenta características bastante
aplicações como toalhas de banho, artigos de
marcantes referentes ao brilho, calor e resistência. O
limpeza, absorventes higiênicos etc.
triacetato apresenta brilho elevado, que pode desa-
• Elevada transferência de calor, mais uma ca-
parecer se este for colocado em água muito quente. racterística que torna a viscose adequada ao
Quanto ao calor, cabe destacar que essa fibra é ideal clima quente.
para fazer drapeados, plissados e vincos permanen- • Em puro, apresenta um caimento fluido.
tes, pois o calor provoca modificações plásticas per- Quando utilizada em conjunto com outras fi-
manentes nessa fibra (KUASNE, 2008). bras, facilita a adequação do caimento à apli-
Outro ponto a ser destacado, ainda, é a resistên- cação.
cia às rugas, pois suas características se aproximam • Boa solidez das cores, por isso não desbota.
das fibras sintéticas, ou seja, o ferro de passar é pra- • Toque suave e macio, permitindo a fabrica-
ção de tecidos e malhas mais confortáveis.
ticamente dispensado (KUASNE, 2008).
Uma das fibras de celulose mais conhecidas é a Apesar de sua grande utilização e dos benefício
Viscose, cujo processo de fabricação foi descoberto anteriormente citados, há que se destacar algumas
em 1892, dando início à produção de fios somente questões. A viscose apresenta pouca resistência à
em 1905 (PEZZOLO, 2013). água e ao calor excessivo, assim deve-se evitar lavar
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MATERIAIS TÊXTEIS
REFLITA
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DESIGN
a fabricação de uma fibra altamente elástica. Nor- De acordo com Kuasne (2008), as fibras de vidro
malmente é utilizada com outras fibras para fazer são muito utilizadas em cortinas devido às suas pro-
tecidos. O tecido de Látex tem propriedades de alta priedades térmicas e elétricas, pois são resistentes ao
impermeabilização e limpeza a seco. É resistente ao fogo e à eletricidade. A autora aponta as seguintes
calor e a luz. Veja na Figura 13 como ele é extraído características para os tecidos que contém fibra de
das árvores, especialmente da seringueira. vidro:
O tecido mais comum obtido a partir da borracha
é o Látex, cuja aparência apresenta um brilho exagera-
do, quase como vernis. Veja um exemplo na Figura 14.
As fibras de carbono possuem alta resistência a
abrasão e suportam altas temperaturas, podem ser
empregadas em materiais têxteis para minimizar a
possibilidade de incêndios; no entanto, ainda são
pouco empregadas (CHATAIGNIER, 2006).
A Caseína é uma fibra composta por proteínas
do leite. Para a fabricação deste material, são neces-
sários 100 litros de leite para a produção de 3 qui-
los de fibras. Contudo, o material tem potencial,
pois não possui corante, permite maior respiração
da pele e é tão confortável e elegante quanto a seda
(AGUIAR NETO, 1996).
As fibras de metal eram utilizadas para a confec-
ção de fios que eram aplicados às roupas por meio
de bordados. Em 1950, Lurex fez de uma fibra de
alumínio um tecido metálico (AGUIAR NETO,
1996). Observe a Figura 15.
A mulher presente na Figura 15 está com um
vestido cujo decote possui pedras preciosas em seu
bordado, assim como um pequeno contorno borda-
do com fios de ouro.
Além das fibras de metal, há ainda as fibras de vidro.
Estas fibras obtém-se por extrusão de vidro fundido.
“As fibras de vidro possuem grande resistência
mecânica, química e térmica, são de grande dureza,
mas quebradiças. Para as poder fiar e tecer é neces-
sário tratá-las com metilsilicone, que as torna flexí- Figura 15 - Bordados com pedras preciosas e fios de Ouro - Idade Média
veis” (KUASNE, 2008, p. 65). Fonte: Shutterstock.
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MATERIAIS TÊXTEIS
• não inflamabilidade;
SAIBA MAIS
• não absorvência;
• impermeabilidade;
Os fios de metal parecem ser uma novidade • resistência.
recente, mas não são: desde a antiguidade
eram fabricados fios de ouro e prata com o
intuito de fazer bordados para adornar as Kuasne (2008, p. 65) destaca ainda que “o mais re-
roupas. Foram muito utilizados na Grécia e
em Roma, Bizâncio e até o século XVIII tanto
cente e importante desenvolvimento das fibras de
no vestuário feminino, quanto masculino. vidro para uso industrial é o cordão de pneu”.
Fonte: adaptado de Laver (2001).
Na imagem a seguir, você poderá observar um
tecido com fibra de vidro, que apresenta brilho ca-
racterístico.
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DESIGN
Fibras Sintéticas
As fibras sintéticas são originárias do petróleo e tam- Existe uma grande variedade de fibras sintéti-
bém do carvão mineral. Ao contrário das naturais que cas, dentre as mais conhecidas destacam-se 8, são
possuem séculos de história, essas fibras foram desen- elas: Acrílico, Elastano, Poliamida, Microfibra,
volvidas recentemente, mais especificamente no final Tactel, Supermicrofibra, Poliéster e Polipropileno
do século XIX, no entanto, seu uso só se voltou ao (UDALE, 2015).
setor têxtil ao longo do século XX (PEZZOLO, 2013). A fibra de Acrílico foi desenvolvida na Ale-
Ao contrário das fibras naturais que possuem ca- manha em 1948, sendo esse material derivado do
racterísticas específicas, as sintéticas podem ser trata- petróleo, carvão mineral e cálcio. A marca res-
das durante o processo de fiação, de forma a obter di- ponsável pelo seu desenvolvimento foi a DuPont
ferentes texturas e acabamentos para uma única fibra (UDALE, 2015).
(CHATAIGNIER, 2006).
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MATERIAIS TÊXTEIS
Esse material permite a confecção de tecidos O Elastano é uma das fibras mais conhecidas, pois
com boa estabilidade dimensional, solidez e vivaci- está associada à elasticidade, muito utilizada em
dade das cores. Pois suas características, possibilita a calças jeans para dar maior flexibilidade ao tecido
fabricação de tecidos variados, sendo considerado o (KUASNE, 2008). “É uma fibra química obtida do
substituto da lã, além de também poder ser utilizado etano, inventada e registrada pela DuPont com a
para a fabricação de peles falsas (PEZZOLO, 2013). marca Lycra (PEZZOLO, 2013, p. 135).
A fibra de Acrílico pode ser empregada em vá- De acordo com Udale (2015), o Elastano foi lan-
rios setores do vestuário, como adulto e infantil, çado no mercado em 1959 e desde então tem sido
contudo, há que se destacar que essa fibra forma utilizado em conjunto com outras fibras, com o in-
pilling, bolinhas e ranhuras nas roupas. Cabe desta- tuito de aumentar o potencial de elasticidade do te-
car, ainda, que por ser uma fibra sintética, o Acrílico cido, visto que essa fibra pode se estender por até
evita que a pele respire, tornando-se um pouco des- quatro vezes o seu tamanho sem se romper.
confortável (UDALE, 2015). Pezzolo (2013) ressalta que sua alta resistência a
abrasão e a diversos produtos químicos faz que ela
possa ser empregada em diferentes tecidos para usos
variados, dentre eles: lingerie, roupas para praia e gi-
nástica, em composição com algodão e outras fibras,
o que possibilita maior conforto aos tecidos, que
podem ser utilizados na confecção de roupas que se
ajustam ao corpo sem a necessidade de costuras ou
recortes extras.
A Poliamida, também conhecida como Nylon,
inicia sua história nos anos de 1935. É uma fibra
composta por uma resina, a resina de poliamida.
Logo que foi lançada essa fibra foi utilizada na con-
fecção de roupas íntimas e meia calça. No entanto,
devido à sua resistência ela também foi empregada
em outros setores, como na fabricação de paraque-
das, cordas, redes de pesca, telas, dentre outros pro-
dutos (PEZZOLO, 2013).
Esse material possui características que lhe pos-
sibilitam diversas aplicações sejam elas no setor têx-
til ou fora dele. Essa aplicações se devem aos diversos
36
DESIGN
37
MATERIAIS TÊXTEIS
38
DESIGN
• toque agradável à pele; como uma fibra de alto impacto ambiental, se ela for
• permite a respiração da pele, mantendo o utilizada sozinha para a confecção de peças, elas po-
equilíbrio térmico. dem ser recicladas. Além disso, também é possível
obter essa fibra por meio da reciclagem de garrafas
Assim como as demais fibras sintéticas, ela pode ser PET.
usada em conjunto com outras fibras ou sozinha, o Observe na imagem a seguir a aparência de uma
que permite obter tecidos com diferentes texturas e fibra de Poliéster.
usos.
O Poliéster é a fibra mais barata encontrada no
mercado, que tende a expandir seu uso devido ao
REFLITA
preço e à capacidade de adquirir diferentes texturas
e usos dentro e fora da cadeia têxtil, tornando-se a
mais utilizada nesse setor (PEZZOLO, 2013). Utilizar tecidos reciclados como o PET é uma
boa oportunidade de pensar a produção têxtil
“Desenvolvida em 1941 a fibra de Poliéster é ob- e minimizar os impactos ambientais e utili-
tida do petróleo bruto ou do gás natural por meio zação de materiais, buscando promover a
de recursos não renováveis” (UDALE, 2015, p. 54). sustentabilidade.
39
MATERIAIS TÊXTEIS
Nesta imagem, observa-se que essa fibra tem a aparên- • Fibra Tergal-Algodão: fibra curta acrescida
cia de pequenas plumas, as principais características a tecidos 100% algodão, utilizada em todo o
desse material de acordo com Kuasne (2008, p. 69), são: setor de vestuário.
• As fibras de poliéster possuem alta elastici- • Fibra Tergal-Trech: fibra de poliéster utiliza-
dade e são excelentes pela ótima estabilidade da na fabricação de não tecidos, combinada
dimensional. a fibras naturais ou artificiais para a fabrica-
ção de cobertores, toalhas, tapetes, forrações
• São termoplásticas, resistentes à ruptura e ao
de carpetes, fronhas e lençóis hospitalares e
desgaste.
aventais.
• Sua solidez em estado úmido é igual à solidez
• Fibra Tergal-Lofty: desenvolvida para aplica-
em estado seco e apresentam alta resistência
ção em mantas de enchimento como: vestuá-
às influências da luz e condições climáticas,
rio, edredons, travesseiros e brinquedos.
bem como aos insetos nocivos e à formação
de bolor.
• Tem boa resistência aos agentes químicos Observa-se, portanto, que os usos do poliéster são
sintéticos e naturais. variados de acordo como é combinado a outras fi-
• Apresentam grande dificuldade ao tingimen- bras ou simplesmente modificado para ser utilizado
to e tem reduzido poder de absorver umida- para determinados fins.
de. A última das fibra sintéticas é o Polipropileno,
• As fibras para fio fiado têm tendência pode- obtido por meio do propeno. Essa fibra apresenta
rosa a formar “pilling”. Existem, todavia, ti-
pouca importância para o setor de vestuário. Sua
pos pobres em “pilling”.
maior utilização se dá na produção de sacarias, pois
Pezzolo (2013) afirma que devido a essas caracte- suas características proporcionam um bom armaze-
rísticas é possível desenvolver fibras para diferentes namento e acondicionamento de produtos (PEZZO-
usos. Veja a seguir quatro exemplos apresentados LO, 2013).
por Pezzolo (2013): Na próxima unidade, veremos a transforma-
• Poliéster/Meryl: microfibra de poliéster e po- ção de todas essas fibras em fios, classificando-os e
liamida - utilizado no vestuário em geral. apontando seus usos. Até a próxima.
40
considerações finais
41
atividades de estudo
42
atividades de estudo
6. Uma das fibras mais relevantes e utilizadas no setor têxtil, em se tratando das
artificiais, é a viscose. Descreva as características e usos dessa fibra.
43
LEITURA
COMPLEMENTAR
Desde a Pré-História que os Homens vêm confeccionando a sua própria roupa. Os seus
utensílios de costura eram principalmente sovelas e agulhas feitas em osso, espinhas, ma-
deira e mais tarde o bronze.
Com a racionalização do trabalho sentiu-se a necessidade de construir máquinas, máqui-
nas estas que foram se desenvolvendo ao longo dos séculos. Durante muitos anos as má-
quinas utilizadas eram a “Roca” e o “Fuso”, aparecendo mais tarde o “Rouet” (nos princípios
do séc. XVI).
No século XVIII, na Europa, antes do aparecimento do algodão, as fibras utilizadas eram
a lã, o linho e a seda. Mas já nos fins do mesmo século os Ingleses conseguiram fabricar
um tecido a que deram o nome de “JULINE”. Este tecido era composto de fios de algodão
e de linho, sendo o seu sucesso tal que a sua fabricação era insuficiente para consumo,
vendo-se as indústrias na necessidade de importar grande quantidade de fio produzido
em outros países.
Thomas Higgs foi o inventor da primeira fiandeira, a “Spinning-Jenny”, que tinha apenas
seis fusos. Tendo sido aperfeiçoada mais tarde por James Hargreaves, a nova máquina não
fabricava porém mais do que a trama (o urdume empregue nos tecidos era sempre um
fio de linho). Higgs vendo o seu sucesso, resolve aperfeiçoar o seu invento, conseguindo
inventar a “Fiandeira Contínua” para fiar o urdume, a qual deu o nome de “Throstte” ou
“Watter Frame”.
Em 1775, Samuel Compton, juntou as máquinas “Spinning Jenny” e “Throstte” e construiu a
“Mule-Jenny”. Mas só passados cerca de vinte anos depois da invenção, é que esta máquina
teve a sua verdadeira aplicação.
44
LEITURA
COMPLEMENTAR
Durante cerca de dois séculos os progressos não pararam na Inglaterra, França e E.U.A.
Com o decorrer dos tempos surgiu a necessidade de se produzirem fibras artificiais. Tal
fato surgiu, devido a produção de fibras naturais não acompanhar o ritmo do seu consumo.
Estas fibras apareceram nos fins do século XIX.
O iniciador de tal proeza foi o “Conde Hilaire de chardonet” quando em 1889 apresentou
em paris amostras de seda artificial. Por volta de 1941, em Inglaterra, “J.R. Winfield” desco-
briu a fibra de poliéster intitulada comercialmente de “Terylene” neste país e de “Dacron”
nos E.U.A. A produção em grande escala desta fibra só começou em 1955 nas fábricas da
I.C.I. Outra fibra sintética de grande importância é a conhecida pelo nome genérico de fibra
acrílica.
As fibras de náilon ou poliamida, as fibras de poliéster e as fibras acrílicas são atualmente
as de maior utilização têxtil. Depois da Segunda Grande Guerra são introduzidas grandes
melhorias nos sistemas de estiragem que permitem obter fios de melhor qualidade e com
menos etapas de torção.
45
MATERIAIS TÊXTEIS
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=t9D1fVAP65M>
46
referências
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BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das
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CASSEL, Gabriela Piageti; KINDLEIN JÚNIOR, Wilson; CHYTRY, Silvia; KUNZLER, Lizandra Ste-
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CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras,
2006.
GUIMARÃES, Bárbara; MARTINS, Suzana Barreto. Proposta de metodologia de prevenção
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KUASNE, Ângela. Fibras têxteis. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Média e
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LAVER, James; CARVALHO, Glória Maria de Mello. A roupa e a moda: uma história concisa.
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PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Pau-
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PIMENTEL, Fernando Valente. Seminário Internacional de inovação no setor têxtil: de-
safios e novos rumos para a indústria da moda. ABIT. 2013. Disponível em: <http://www.
sinditextilce.org.br/pdf/nic/estudo/SIIT_PALESTRA%203%20ABIT_Estrat%C3%A9gias%20
para%20o%20Fortalecimento%20da%20Cadeia%20Produtiva%20T%C3%AAxtil.pdf>. Aces-
so em: 31 mai. 2017.
PRADO, Marcelo Vilin. Relatório Setorial da Indústria têxtil Brasileira. Brasil Têxtil. IEMI:
2014.
RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1984.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre. Bookman, 2012.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design
de moda. 2. ed. Porto Alegre. Bookman, 2015.
47
gabarito
1. O setor têxtil pode ser definido como aquele que transforma fibras em fios,
fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade de produtos.
2. Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos, que podem ser naturais, ar-
tificiais ou sintéticas, fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de tecidos,
aviamentos, confecção que se divide em linha lar, vestuário e tecidos para sa-
caria, automotivos dentre outros. Por fim, as vendas: exportação, varejo físico,
vendas por catálogo, vendas eletrônicas e a chegada ao consumidor final.
3. A.
4. C.
5. D.
48
gabarito
7. E.
49
FIAÇÃO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conceituar o que é fio e sua preparação para a fiação.
• Descrever como se dá o processo de transformação da
fibra em fio.
• Descrever os principais fios e sua classificação.
Objetivos de Aprendizagem
• Fios
• Fiação Penteada, Anel e a Rotor
• Classificação de Fios
unidade
II
INTRODUÇÃO
Fios
Antes de começarmos a falar sobre o processo de dos pela origem, processo, regularidade, diâmetro
construção do fio, aluno(a), cabe aqui apresentar o e peso”.
que são os fios, o que se entende por um fio têxtil. A definição apresentada pela autora expressa
Em seguida, serão apresentados os processos de fia- não somente a ideia de que o fio é um elemento que
ção e como ocorrem. deriva de um processo produtivo, mas também de
De acordo com Cassel et al. (2002, p. 08), “os fios que ele está ligado às fibras, o que lhe garante as ca-
são materiais constituídos por fibras naturais, artifi- racterística da matéria utilizada ou da combinação
ciais ou sintéticas, e que são processados dentre as de mais de uma delas.
diversas operações de fiação. Esses são caracteriza-
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DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
O fio também pode ser multifilamento, ou seja, for- ordem e estrutura para se obter o fio. Basicamente
mado por um conjunto de dois ou mais filamentos, existem dois processos: a fiação anel e a fiação por
por exemplo, o fio de algodão, linho, juta, rami, den- rotor (open end) (RIBEIRO, 1984).
tre outras fibras curtas que precisam ser agrupadas Contudo, há ainda outros processos como a fia-
para formar o fio (PEZZOLO, 2013). ção penteada, como afirma Pereira (2009). No qua-
Existem diferentes processos para a fiação, uma dro abaixo, é possível visualizar os processos de fia-
sequência de atividades que deve obedecer a uma ção.
Batedores
Preparação à Fiação
Cardas
Passadores
Penteadeiras
Filatórios de Anéis
Bobinadeiras/Conicaleiras
Retorcedeiras
Vejamos na sequência, no próximo tópico, cada um Muitas fibras, principalmente as naturais, como
desses processos que aparecem no Quadro 1. Antes o algodão, por exemplo, após extraídas da planta são
de se iniciar o processo de fiação, há que se preparar armazenadas em fardos. Devido a esse processo de
a fibra para tal processo. O processo de preparação armazenamento, é preciso separar as fibras e abri-las
consiste em: abertura automática ou manual, bate- para a fiação. “A abertura é feita por um equipamen-
dores, carda e passadores (PEREIRA, 2009). to, automático ou manual, que coleta pequenas por-
56
DESIGN
ções de cada fardo e as submete a batimentos para São essas fitas que se transformarão em fio.
remoção de impurezas” (PEREIRA, 2009, p. 22). Esse processo deve ser realizado com todas
Ou seja, nesse processo o algodão entra na forma as fibras, pois é a partir dele que elas estão aptas à
de plumas e sai na forma de flocos, sem impurezas transformação em fio. As fibras sintéticas e artificiais
como sementes, pequenos galhos e folhas (RIBEI- apresentam algumas características diferenciadas;
RO, 1984). assim, são transformadas em fios por outros méto-
Em seguida, há a cardagem: “o principal objeti- dos, pois são filamentos contínuos. Vejamos a seguir
vo da cardagem consiste em separar as fibras umas como se dá a transformação da fibra em fio.
das outras, libertando-as das impurezas que ainda
possam estar na matéria-prima. A carda possibili-
ta ainda uma mistura mais íntima das fibras” (PE-
REIRA, 2009, p. 22), ou seja, as fibras curtas e mais SAIBA MAIS
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MATERIAIS TÊXTEIS
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DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
SAIBA MAIS
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DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
Classificação de Fios
Olá, aluno(a), veremos agora como são classificados O fio penteado é aquele que passa por um equi-
os fios e como podem ser utilizados. Cabe ressaltar pamento chamado de penteadeira no qual são eli-
que também é possível produzir fios mistos, com minadas as fibras mais curtas. Portanto, esse fio é
mais de um tipo de fibra. Veremos a seguir todas es- composto apenas por fibras longas, aquelas de me-
sas caracterizações. lhor qualidade, o que garante ao fio também melhor
Pezzolo (2013) ressalta que existem quatro gru- qualidade, regularidade e resistência o que diminui
pos principais para a classificar os fios, são eles: fio a formação de pilling na malha acabada (PEZZOLO,
penteado, fio cardado, fio fantasia e fio tinto. Cada 2013).
um desses fios possui suas características específicas Sissons (2012) destaca que os tecidos produ-
e usos. zidos com esse fio tem maior durabilidade, sendo
62
DESIGN
mais estáveis e de melhor qualidade, principalmente do. São exemplos de fio fantasia: bouclé, chenille,
em relação à resistência. botonê e flamê dentre outros (PEZZOLO, 2013). Ve-
O fio cardado é aquele composto por fibras cur- jamos a seguir as características desses fios fantasia.
tas e longas. Devido à presença de fibras curtas, o fio Fio Bouclé: fio fantasia com pequenos anéis ou
se torna mais irregular o que favorece a formação de alças a intervalos regulares, mais ou menos próxi-
pilling no tecido (PEZZOLO, 2013). mos (PEREIRA, 2009, p. 35);
Existe ainda o fio fantasia, esse tipo de fio ad- O tecido de lã confeccionado com esse fio adqui-
quire diferentes características por meio do benefi- re maior volume e maciez devido aos anéis e alças do
ciamento após sua fiação, com o intuito de produzir fio. Esse fio pode ser fabricado com diversas fibras, a
diferentes efeitos no tecido e valorizá-lo no merca- lã é apenas um exemplo.
63
MATERIAIS TÊXTEIS
REFLITA
64
DESIGN
Na Figura 8, observa-se uma grande quantidade de centual de impurezas, menor será a qualidade
cones com fios, esses fios já coloridos podem ser uti- do fio.
lizados para acabamentos ou confecção de tecidos. • Resistência: é a capacidade que o fio tem de
As cores são variadas e podem ser utilizadas com resistir aos esforços aos quais venha a sofrer
várias finalidades. nos processos posteriores para sua transfor-
mação em tecidos.
Cabe destacar que os fios apresentam algumas
• Flexibilidade: é a capacidade do fio de ser
características que influenciam na comercialização,
submetido a flexões e torções sem alterar suas
como afirma Pereira (2009), tais como: pureza, re- características.
sistência, flexibilidade, torção e título. Veja a seguir • Torção: tem grande influência na resistência
como Pereira (2009, p. 28) descreve cada uma delas. do fio. A regularidade, a uniformidade do fio
• Pureza: tanto o algodão como a lã contêm têxtil é uma das mais importantes proprieda-
uma elevada quantidade de impurezas que des de qualidade, pois ela determinará a qua-
são em grande parte removidas por processos lidade do tecido (barramentos) e do processo
de limpeza. Quanto mais elevado for o per- (paradas de máquinas).
65
MATERIAIS TÊXTEIS
• Título: o título do fio é uma expressão nu- tos como pureza, resistência, flexibilidade, torção e título.
mérica que define a sua espessura. Devido às Os fios podem ser fabricados com uma única fi-
variadas formas de seção dos fios e suas ir-
bra ou misturando mais de uma fibra, vejamos agora
regularidades, o diâmetro do fio não é o pa-
alguns exemplos.
râmetro mais indicado para exprimir a sua
espessura exata. Logo, como alternativa foi O algodão pode ser misturado a uma série de
criado um sistema que faz uma relação. outras fibras, mas a mistura mais comum é o poliés-
ter. De acordo com Pereira (2009, p. 29), as misturas
Essas variáveis apresentadas anteriormente são de mais comuns são:
extrema importância, pois são elas que garantem a • 67% poliéster/33% algodão;
qualidade do fio. Se um fio apresentar defeito em • 50% poliéster/50% algodão;
qualquer uma delas, pode comprometer a fabrica- • 50% poliéster/35% algodão/15% linho.
ção do tecido, ou mesmo não suportar o processo
de tecelagem se, por exemplo, o fio tiver pouca re- Observe que além do poliéster também é possível
sistência. colocar uma terceira fibra. Os tecidos de algodão
Portanto, é de suma importância que os fios sejam mais utilizados são: Popeline; Tricoline; Voile; Or-
desenvolvidos de forma equilibrada a atender os requisi- gandi; Cambraia; Brim.
Figura 9 - Voile
66
DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
68
considerações finais
Caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura referente aos fios, seu proces-
so de fiação e sua classificação. Como dito na introdução, o objetivo desta unidade
foi fazê-lo compreender o que são os fios, quais são os processo de fiação mais co-
muns e como eles são classificados.
A partir desse entendimento alguns pontos precisam ser ressaltados. O primei-
ro deles é que os fios podem ser feitos com qualquer tipo de fibra, assim como por
meio da mistura dessas fibras em um único fio. Isso proporciona maior variedade
de materiais e possibilidades no momento da confecção do tecidos, principalmente
melhorando características como toque, maciez e conforto.
Os fios podem ser multifilamento, quando são compostos por várias fibras, sejam
elas curtas ou longas. Os fios são, em sua maioria, compostos por vários filamentos
de fibras, mas existem também os fios monofilamento. Estes são compostos por uma
única fibra extremamente longa, como a seda, que possui até 1.000 m de compri-
mento.
As fibras que dão origem aos fios fazem com que eles adquiram suas caracterís-
ticas, já que são a base do fio. Ao misturar duas ou mais fibras, pode-se fazer um fio
com características destes materiais, como maciez e resistência.
Como dito no texto, os processos de fiação têm por objetivo transformar a fibra
em fio e basicamente são três: fiação penteada, anel e a rotor. Os fios que saem desses
processos têm diferentes usos e características. Cada um deles serve a um determina-
do objetivo, podendo ser empregado na confecção de diferentes tecidos para vários
usos, seja no setor de vestuário, mobiliário ou decoração, por exemplo.
É de extrema importância, aluno(a), que você conheça bem as fibras, pois elas
influenciam os fios e suas características, lembre-se sempre disso. Até a próxima!
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atividades de estudo
70
atividades de estudo
71
LEITURA
COMPLEMENTAR
Para fabricar suas vestimentas, as fiandeiras entrelaçavam fibras de origem animal ou ve-
getal entre os dedos e depois enrolavam o fio obtido em um bastão. Daí teve origem o
trabalho com o fuso manual. O processo é retratado em ilustrações do antigo Egito, que
datam de 1.900 antes de Cristo.
Algumas dessas imagens integram o acervo da Fundação Bunge – Centro de Memória Bun-
ge, que forneceu as informações sobre a história da indústria têxtil no mundo para o Jor-
nal do Engenheiro. A entidade foi criada em 1955 em comemoração aos 50 anos da S.A.
Moinho Santista Indústrias Gerais. A companhia, que iniciou as atividades no setor têxtil
em 1924, com fiação e tecelagem, integra a memória do segmento no Brasil. Neste País, o
registro das primeiras fábricas data, segundo o professor do curso de engenharia têxtil da
FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), Paulo Alfieri, do começo do século XX, quando já
eram utilizados teares mecânicos.
Antes disso, um longo caminho foi percorrido. A fiação intermitente (em que o ato de fiar
e enrolar era feito sucessivamente) foi mecanizada na Índia entre os anos 500 a.C. e 750
d.C, acionada através da roca. Somente muito tempo depois, por volta de 1300, esses equi-
pamentos chegaram à Europa, popularizando-se rapidamente. Todavia, o processo só ga-
nhou um pouco mais de agilidade em 1530, com a invenção da roca a pedal. Na época, a
criação representou progresso notável, pois permitia a fiação contínua, como nas máqui-
nas modernas.
72
LEITURA
COMPLEMENTAR
A primeira carda mecânica (máquina que desembaraça, destrinça e limpa fibras) foi criada
em 1750 por Paul Lewis. Mas foi um tecedor de algodão, James Hargreaves, que abriu o
caminho decisivo à ascensão que se seguiria. Acredita-se que a idéia surgiu com uma roca
que tombou acidentalmente, cuja roda continuou a girar. Isso inspirou-o a construir uma
máquina de fiar e ele fez a Spinning Jenny, de madeira, no ano de 1763. O acionamento
era manual, mas, mesmo assim, a produção se multiplicou sensivelmente. As pioneiras,
contudo, foram destruídas por trabalhadores que temiam ser substituídos pela novidade.
Algum tempo se passou ainda até surgir uma máquina capaz de ser utilizada na indústria:
a Waterframe, primeira fiadeira a trabalhar de forma contínua. Acionada com água, foi
patenteada em 1769 por um de seus criadores, Richard Arkwright. Dois anos depois, ele
montou a primeira fiação mecânica de algodão.
A tecnologia se difundiu para o restante da Europa e novos progressos técnicos beneficia-
ram a indústria. A invenção do tear mecânico por Cartwright, em 1784, foi uma contribuição
importante à produção de massa. No século XIX, houve outras, mas o ritmo das máquinas
ainda se manteve lento pelo menos até cerca de 1940. A partir de então, novos equipa-
mentos foram lançados, visando maior eficiência e rapidez. Hoje o processo é totalmente
automatizado.
No Brasil, levou mais tempo à modernização. Segundo a tecelã aposentada Hermine De-
mer, os teares utilizados nos anos 50 e 60 eram bem primitivos. E mesmo depois, quando
houve um desenvolvimento considerável, o professor Alfieri afirma que, no geral, a indús-
tria nacional continuou bastante atrasada em relação às de outros países até a década de
80. “E quando tivemos a abertura do mercado no Governo Collor, as indústrias têxteis se
viram numa situação muito ruim, muitas por estarem obsoletas. Inúmeras empresas desa-
pareceram, houve fusões e as que sobreviveram ou grande parte delas se modernizaram.
Atualmente, são competitivas em nível mundial.”
73
LEITURA
COMPLEMENTAR
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DESIGN
Fiação do Algodão
O vídeo apresenta todo o processo de fiação do algodão, incluindo o maquinário e os proces-
sos necessário para transformar a fibra em fio.
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=NjWyiQJsX7M>
75
referências
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.ehow.com.br/sobre-tecido-organza-sobre_57240/>. Acesso em: 2 jun.
2017.
2
Em: <http://www.seesp.org.br/imprensa/je213memoria.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017.
76
gabarito
1. “Os fios são materiais constituídos por fibras naturais, artificiais ou sintéticas,
e que são processados dentre as diversas operações de fiação. Esses são ca-
racterizados pela origem, processo, regularidade, diâmetro e peso”.
2. B.
3. A.
5. D.
6. C.
77
TECELAGEM
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Descrever como se dá o processo de tecelagem.
• Apresentar as principais padronagens do processo de
tecelagem.
• Apresentar os principais tecidos e sua utilização no mundo
da moda.
Objetivos de Aprendizagem
• Tecelagem
• Padronagens
• Tecidos e suas características
unidade
III
INTRODUÇÃO
Tecelagem
Olá, caro(a) aluno(a), vamos iniciar essa jornada fa- [...] o tecido é um material à base de fios de fi-
lando sobre os tecidos planos e como se dá a trans- bra natural, artificial ou sintética, que compos-
tos de diversas formas tornam-se coberturas de
formação do fio em tecido, ou seja, o processo de
diversos tipos formando roupas e outras vesti-
tecelagem. mentas e coberturas de diversos usos, como co-
Antes de começar o processo de tecelagem, pre- bertura para o frio, cobertura de mesa, limpeza,
cisamos entender o que é um tecido. De acordo com uso medicinal (como faixas e curativos), entre
outros.
Pereira (2008, p. 42):
82
DESIGN
A definição apresentada por Pereira (2008) aponta Os tecido podem ser classificados de acordo
para a diversidade de tecidos existentes, visto que a com o seu processo de fabricação. Cabe apresentar
autora destaca que eles dependem dos fios utiliza- aqui essa classificação, que se refere a tecido plano,
dos em sua fabricação. Assim, é possível obter uma tecido de malha e não tecido (SISSONS, 2012).
grande variedade de tecidos com texturas, cores e Observe na Figura 1 a estrutura deles:
estampas diversas.
Nessa disciplina, veremos cada um deles. Esta uni- os fios de urdume, eles percorrem todo o compri-
dade em específico é focada nos tecidos planos, en- mento e formam o tecido. (UDALE, 2015).
quanto que na Unidade V serão apresentados a você Por sua vez, a ourela é uma pequena faixa entre
os tecidos de malha e os não tecidos. 0,5 e 1 cm localizada nas bordas do tecido ao longo
Portanto, vamos agora entender o que é um teci- de todo o seu comprimento, que tem a função de dar
do plano. O tecido plano é aquele no qual há o entre- estabilidade ao tecido, evitando que este se desmanche.
laçamento dos fios de urdume e trama formando um Ela é composta por uma maior densidade de fios de
ângulo de 90º, cuja a estrutura do tecido é composta urdume, tornando a trama mais fechada e dando aca-
por três elementos: fios de trama, fios de urdume e bamento às bordas do tecido (CHATAIGNIER, 2006).
ourela (RIBEIRO, 1984). A análise do fio de trama e urdume pode ser feita
Os fios de urdume são aqueles fios posiciona- com o tecido em duas posições: plano, estendido sob a
dos no sentido do comprimento do tecido (UDALE, mesa ou no rolo, pendurado no expositor/ em pé. En-
2015). tenda que sempre de ourela a ourela você terá o fio de
Os fios de trama são aqueles posicionados no trama e paralelo a ourela temos o fio de urdume, con-
sentido da largura do tecido, e ao se entrelaçar com forme pode ser observado na Figura 2.
83
MATERIAIS TÊXTEIS
Essa é a estrutura básica que dará formação ao te- Esses fios costumam sofrer muita tensão e abra-
cido plano. Vejamos então como se dá a tecelagem. são devido aos movimentos do tear e, se não pre-
Cabe destacar que os fios, quando saem do processo parados corretamente, podem se romper diminuin-
de fiação, ainda não estão prontos para a tecelagem, do a produção e qualidade do tecido. Levando em
é necessário fazer uma preparação para o processo consideração esses aspectos, Pereira (2008) salienta
que se segue (UDALE, 2015). que é fundamental preparar esses fios por meio da
A preparação da tecelagem consiste em urdi- engomagem.
mento e das fiações em cones ou outros tipos de A autora ressalta ainda que o processo de engo-
suporte para um rolo de urdidura que irá alimentar magem consiste em aplicar uma camada de goma
o tear (PEREIRA, 2008). sobre o fio para que este se torne mais resistente à
No entanto, não basta apenas passar os fios de tensão e à abrasão, evitando rompimento, descama-
urdume para a urdideira, é preciso prepará-los para ção do fio e outros problemas que possam vir a ocor-
a Tecelagem. Esses fios são a base do tecido, entran- rer (PEREIRA, 2008).
do em contato com as diferentes partes do tear o Assim sendo, antes da tecelagem os fios devem ser
tempo todo, já que eles alimentam o tecido no sen- engomados e colocados na urdideira para que o pro-
tido do comprimento, enquanto a trama é apenas cesso de tecelagem se inicie. O equipamento para tal
inserida esses fios (UDALE, 2015). processo é o tear, que pode ser observado na Figura 3.
84
DESIGN
SAIBA MAIS
Figura 3 - Tear
Como observa-se na Figura 3, o tear é um equipa- quadros responsáveis pela formação da cala
mento que permite a construção do tecido. Ele é (abertura formada por duas camadas de fios
composto por: rolo de urdume, quadro de liço, pen- de urdume).
te e rolo de tecido. • Pente: depois dos quadros de liços, os fios
Veja a descrição de cada um deles de acordo com passam por um pente que determina a largu-
ra e a densidade do urdume e é responsável
Pereira (2008, p. 37).
pelo remate da trama. Nos teares de lançadei-
• Rolo de Urdume: que contém os fios de urdi-
ra, o pente serve como guia para ela.
mento são rolos de fios paralelos.
• Rolo de Tecido: para enrolar o tecido pronto.
• Quadros de Liços: o urdimento passa pelo
olhal dos liços, que se acham dispostos em Veja esses elementos na figura a seguir:
85
MATERIAIS TÊXTEIS
São esses quatro elementos trabalhando juntos que alinhando e formando o tecido conforme os outros
possibilitam a transformação do fio em tecido e isso fios de trama vão sendo inseridos. É todo esse pro-
ocorre por meio de três processos, são eles: a forma- cesso que permite a formação do tecido.
ção da cala, a inserção da trama e o batimento do Para a realização do tecimento, existe uma gran-
pente (PEZZOLO, 2013). Veja a descrição deles de de variedade de teares tais como: teares de lançadei-
acordo com Pereira (2008, p. 63). ra, teares de lançadeira de pinça, teares de projétil,
• A formação da cala, que consiste na separa- teares de pinça unilateral, teares de pinça bilateral
ção dos fios da teia em duas folhas, formando com transferência, teares jato de ar e os teares bifási-
um túnel conhecido por cala. cos (PEREIRA, 2008).
• A inserção de trama, que consiste na passa- Todos esses teares apresentam algumas diferen-
gem do fio de trama no interior da cala, ao
ças em sua construção, principalmente na forma de
longo da largura do tecido.
inserção da trama, contudo realizam o processo de
• O batimento do pente, que consiste em em-
purrar a passagem inserida contra o tecido já fabricação do tecido conforme os três movimentos
formado, até um ponto designado por “frente básicos: abertura da cala, inserção da trama e batida
do tecido”. do pente.
86
DESIGN
Contudo, existe ainda um outro tear que produz • Leitura: operação que consiste em furar os
tecidos específicos, o Jaquard que tece tecidos com cartões ou o papel a partir do desenho pin-
desenhos formados pelo entrelaçamento dos fios de tado.
trama e urdume (PEZZOLO, 2013). • Tecimento: trabalho realizado pela máquina
que obedece à perfuração dos cartões.
O tear de Jaquard foi construído em 1800 pelo
francês Joseph Marie Jaquard. Este tear é muito uti- Todo esse processo permite a criação de diversas
lizado na produção de tecidos para estofados, por estampas direto na fabricação do tecido. Veja um
exemplo, ou seja, tecidos estampados durante tece- exemplo na Figura 5.
lagem (PEZZOLO, 2013). Cabe destacar que, além de estampas geométri-
Pezzolo (2013) destaca que este tear se orienta cas, também é possível produzir uma infinidade de
por cartões com perfurações que contém os dese- variedades, com várias cores e temas como florais,
nhos a serem tecidos. Veja como se dá o processo de geométricos, abstratos dentre outros.
acordo com Pezzolo (2013, p. 152). Agora que você já entendeu um pouco sobre o
• Esboço: representação gráfica e colorida, so- processo de confecção dos tecidos, é necessário en-
bre papel, do futuro desenho Jaquard. tender sua classificação. Veja no tópico seguinte es-
• Pintura: reprodução do esboço sobre papel ses elementos. Até breve!
quadriculado que representa o cruzamento
dos fios de urdume e da trama.
87
MATERIAIS TÊXTEIS
Padronagens
Olá, aluno(a), vamos dar continuidade ao nosso obter tecidos com texturas e caimentos diferenciados.
aprendizado sobre os tecidos. Agora que você já en- Outra possibilidade é utilizar mais de uma fibra
tendeu como se dá o processo de tecelagem, veremos em um tecido, ou seja, as possibilidades são imensas.
quais os tipos de tecido que podem ser produzidos. Vejamos então quais são os ligamentos base.
A tecelagem consiste no entrelaçamento dos fios Os ligamentos base são três: tela ou tafetá, sarja
de trama e urdume formando um ângulo de 90º; as- e cetim. Cada um deles usa o processo de entrela-
sim sendo, é possível fazer uma grande variedade de çamento de forma diferente o que garante ao tecido
entrelaçamentos e cada um deles dará origem a um características específicas, como o brilho no caso do
tipo específico de tecido (SISSONS, 2012). cetim (PEZZOLO, 2013).
Devido a essa grande variedade de ligamentos e A ligação tela ou tafetá é a mais simples de to-
de tecidos existentes hoje em dia, cabe aqui apresen- das elas e representa mais de 70% de todos os têxteis
tar os ligamentos básicos e quais são os tecidos mais produzidos atualmente. Essa ligação se refere a uma
comuns que se formam a partir deles. estrutura na qual o fio de trama passa uma vez por
O que você deve ter em mente é que qualquer fi- cima e na sequência por baixo de um fio de urdume,
bra pode ser utilizada para fazer o tecido e com uma formando uma tela, por isso o nome tela (PEZZO-
mesma ligação, mas com fibras diferentes pode-se LO, 2013). Veja o exemplo a seguir:
88
DESIGN
Você sempre deve ler as linhas do diagrama: os qua- • Cambraia: tecido bastante fino, sempre leve
drados escuros representam os fios de urdume e os (inferior a 135 g/m2), normalmente em algo-
claros os de trama. Observe em detalhes a Figura 6, dão puro, sendo também bastante apreciada
a cambraia de linho. Possui uso, principal-
na imagem da esquerda vemos a representação gráfi-
mente, em camisas masculinas e blusas femi-
ca do cruzamento, que lembra o tabuleiro de xadrez, ninas.
pois o entrelaçamento marca um fio por cima e ou- • Organdi: tecido bastante fino, sempre leve
tro por baixo, ficando visível em uma mesma linha, (inferior a 135 g/m2), normalmente em al-
que marca o sentido da largura, um fio de urdume e godão puro, sendo também utilizada a po-
outro de trama, ou seja, um de urdume por cima, ou- liamida, a viscose e o acetato, sendo bastante
tro por baixo e assim sucessivamente, até completar apreciado o organdi de seda, que recebe o
a linha e o fio retornar para continuar a amarração. nome especial de organza. Possui uso, prin-
cipalmente, em roupas femininas.
Na imagem da direita, conseguimos ver com cla-
• Voile: tecido bastante fino, sempre leve (in-
reza como se dá o cruzamento dos fios no tecido.
ferior a 135 g/m2), normalmente em algodão
Observe que os fios de trama, aqueles na horizontal puro, sendo também utilizadas misturas de
estão por baixo e por cima de um fio de urdume su- algodão com poliéster para artigos mais bara-
cessivamente, formando o tecido. tos. Possui uso, principalmente, em camisas
De acordo com Pereira (2008), esse entrelaça- masculinas e blusas femininas.
mento permite a confecção de tecidos com trama • Gaze Cirúrgica: tecido bastante fino, sempre
fechada, mais resistentes a abrasão, contudo apre- leve (inferior a 135 g/m2), sempre em algo-
sentam pouca elasticidade. dão puro, tratado para dar-lhe características
hidrófilas.
Os tecidos mais comum feitos com esse ligamento
• Tricoline: tecido fino, sempre leve (inferior
são: cambraia, organdi, voile, gaze cirúrgica, tricoline,
a 135 g/m2), em algodão puro. Possui uso,
popeline e flanela. Vejamos a seguir as características de principalmente, em camisas masculinas, blu-
cada um deles de acordo com Pereira (2008, p. 67-68). sas femininas, vestidos e saias.
89
MATERIAIS TÊXTEIS
• Popeline: são tecidos leves ou médios quanto Como dito pela autora, a flanela é muito utilizada
à densidade superficial (inferior a 135 g/m2, em camisas masculinas de inverno, em sua maioria
até 270 g/m2), sempre com estrutura fecha- as estampas são em xadrez e o tecido lembra um
da, em algodão puro, ou em misturas dessa
pouco a maciez da lã. Veja um exemplo de alguns
fibra com poliéster. Os fios são normalmente
padrões de xadrez que podem aparecer nesse tecido.
cardados, sendo utilizados os penteados para
artigos de melhor qualidade. Usado princi-
palmente para vestuário.
• Flanela: tecido leve (inferior a 135 g/m2),
SAIBA MAIS
em algodão puro. Utiliza-se uma trama que
possui um título aproximadamente o dobro
do respectivo urdume. O uso da trama mais Tecidos hidrófilos: são aqueles que têm muita
grossa justifica-se pelo acabamento que lhe facilidade em absorver água. O termo hidró-
será dado, no qual os pêlos serão levantados. filo é que carrega esse significado.
Feito com fio tinto, são utilizados em vestuá-
Fibra hidrófila: fibra que absorve água com
rio, como camisas masculinas para inverno, facilidade, exemplo: algodão.
por exemplo. Tinto em peça e produzido com
fios de baixa qualidade é utilizado para panos Fonte: Kuasne (2008).
de limpeza e polimento.
90
DESIGN
Além do ligamento tela ou tafetá, temos também o liga- Observe que na tela a padronagem forma um qua-
mento sarja, que “é reconhecido por suas linhas diagonais driculado, mas na sarja vemos a formação de linhas na
que formam um ângulo de 45º. A amarração sarja resulta diagonal, que é uma das características desse tecido.
em um tecido com direito e avesso diferentes. Ritmo de Essa ligação constrói tecidos mais firmes e resis-
tecelagem: um sim, dois não” (PEZZOLO, 2013, p. 154). tentes e é muito utilizada no vestuário, como exem-
Nesse tecido, o urdume passa por cima de dois plo temos o jeans. É possível fazer algumas variações
fios de trama e em seguida por baixo de um único fio da sarja que resultam em tecidos como: brim, sarja
de trama, por isso há formação de linhas com ângu- 1/2, sarja 3/1 e o denim (PEREIRA, 2008). Vejamos
lo de 45º. Veja o exemplo na figura abaixo. as características de cada um desses tecidos segundo
Pereira (2008, p. 68 e 69).
• Brim: tecido bastante popular, de densidade
superficial média, (entre 136 e 270 g/m2),
normalmente em algodão puro ou misturas
desta fibra, ou de viscose com poliéster. Pos-
sui uso, principalmente, em calças e roupas
profissionais. O ligamento utilizado é a sarja
2/1, geralmente com diagonal à esquerda.
91
MATERIAIS TÊXTEIS
Veja na imagem a seguir a padronagem desta sarja. Nesta ligação, vemos uma diagonal formada da di-
reita para a esquerda, com a presença de três fios
de urdume por cima e um por baixo, justamente o
oposto da sarja 1/3 .
• Denim: provavelmente o tecido mais popular
atualmente. Trata-se de um tipo especial de
brim, no qual o fio de urdume é tinto (geral-
mente em azul índigo) e trama crua. A den-
sidade superficial é média ou pesada (entre
136 e 270 e superior a 271 g/m2), sempre em
algodão puro. Possui uso, principalmente,
em roupas casuais ou profissionais. Veja a pa-
dronagem a seguir.
Figura 10 - Ligação sarja 1/3
Fonte: Pereira (2008, p. 70).
92
DESIGN
Essa ligação forma uma diagonal da direita para es- pontos de cruzamento entre os fios. Características:
querda, com um fio por baixo e dois fios de urdume direito e avesso diferentes, sendo o direito com bri-
por cima. Essa ligação é o oposto da ligação do brim. lho” (PEZZOLO, 2013, p. 154).
Cabe lembrar aqui que existem ainda outras Como há poucos ligamentos, os tecidos constru-
variedades de sarja, mas são essas as mais comuns. ídos com essa padronagem normalmente apresen-
Além da sarja, temos ainda a ligação cetim: essa li- tam uma superfície com brilho que pode ser mais
gação “resulta em um tecido liso, sem qualquer efei- ou menos acentuada dependendo da trama. Veja a
to motivado pela trama, graças à disseminação dos seguir a padronagem base.
Na ligação cetim, vemos que os fios mais aparentes (inferior a 135 e até 270 g/m2), normalmente em
são os de trama, enquanto que o fio de urdume apa- algodão puro, ou misturas dessa fibra, ou de vis-
rece apenas algumas poucas vezes por cima, sendo cose com poliéster. Os fios podem ser cardados ou
representado pelo quadrado escuro. penteados.
Na verdade, esse tecido pode ser confeccionado Cetim de Trama 5 Quadros: tecido sempre fe-
de duas formas, sendo o cetim de urdume e o cetim chado, de densidade superficial leve (inferior a 135
de trama. Veja como Pereira (2008, p. 71) os descreve: g/m2), normalmente em algodão puro, ou misturas
Cetim de Urdume 5 Quadros: tecido sempre dessa fibra, ou de viscose com poliéster. Os fios po-
fechado, de densidade superficial leve ou média dem ser cardados ou penteados.
93
MATERIAIS TÊXTEIS
Cabe observar nesses dois exemplos que o cetim de ur- nados com esses ligações. Faça uma visita a uma boa
dume é aquele em que a maior quantidade de fios por loja de tecidos e aprenda um pouco mais sobre eles.
cima é o de urdume, enquanto que no cetim de trama Vejamos no próximo tópico como os tecidos são
a maior quantidade de fios por cima são os de trama. classificados.
Há uma grande variedade de cetins, cada qual
com sua gramatura e brilho. Este tecido é muito uti- REFLITA
lizado para confecção de peças finas, como camisas
sociais, saias e vestidos de festa dentre outros (PEZ-
Cada um desses tecidos tem seus usos e ca-
ZOLO, 2013). racterísticas devido à fibra que o compõem
Além desses tecidos aqui apresentados, há uma e a forma de ligação.
imensa variedade tecidos que podem ser confeccio-
94
DESIGN
95
MATERIAIS TÊXTEIS
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DESIGN
97
MATERIAIS TÊXTEIS
98
DESIGN
• Desempenho: o desempenho está ligado aos Caro(a) aluno(a), refletir sobre esses aspectos ao es-
tecidos inteligentes, que apresentam benefí- colher um tecido o fará encontrar a melhor opção
cios extras em relação aos tecidos comuns, para o modelo que desenha confeccionar. De acordo
como ser impermeável, por exemplo.
com Treptow (2013), escolher o tecido adequado é
• Modelagem: pensar a modelagem adequada
essencial para obter um bom resultado final em uma
para o tecido, principalmente em relação à
coleção.
elasticidade, gramatura e modelo desejado.
• Volume: caso deseje algo com muito volume,
deve buscar tecidos mais firmes, estruturados REFLITA
e grossos ou então tecidos que auxiliem na
armação. Se não deseja volume, deve escolher
tecidos mais fluídos e leves ou uma modela- Conhecer os tecidos é fundamental e isso
gem que elimine o volume. também depende de sua experiência ao usá-
-los. Manusear um tecido ajuda e entender
• Estrutura: refere-se ao fato de dar forma ao seu caimento e gramatura, portanto sempre
tecido, pensando em como obter um bom re- que necessário visite uma boa loja de tecidos.
sultado por meio da modelagem, com a téc-
nica da alfaiataria, visando explorar todas as
características do tecido.
• Elasticidade: refere-se à elasticidade do teci- Espero que a leitura tenha sido agradável e que você
do ou à falta dela, pois você deve adaptar a tenha aprendido um pouco mais sobre os tecidos.
modelagem aos tecidos mais ou menos elás- Na próxima unidade, veremos os tecidos de malha,
ticos para obter o resultado desejado. os não tecidos e os tecidos inteligentes. Até a próxi-
• Cor, tom e tendência: deve-se fazer pesqui- ma!
sas de tendências e cores para elaborar uma
coleção com uma estética visual adequada ao
estilo que está na moda.
• Padronagens: refere-se às estampas e efeitos
do tecido que você pode utilizar, lembre-se
de fazer uma pesquisa de moda e de mercado
para conhecer as possibilidades existentes, ou
então desenvolva a sua padronagem caso te-
nha a possibilidade de aplicar no tecido.
• Textura: elemento tátil do tecido que pode
valorizar uma peça, como texturas lisas, plás-
ticas, enrugadas, com brilho. Cada uma delas
tem uma finalidade e pode auxiliar no mo-
mento de dar o acabamento diferencial em
sua coleção.
99
considerações finais
Olá, caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura desta unidade. O objetivo
dela era apresentar a você o processo de fabricação dos tecidos planos, assim como
sua classificação em relação aos ligamentos e aos tipos de tecido.
Antes de seguirmos para a próxima unidade, cabe aqui chamar sua atenção para
algumas questões. Os tecidos planos são aqueles formados pelo entrelaçamento dos
fios de urdume e trama formando um ângulo de 90º, o que lhes confere pouca elas-
ticidade a não ser que se acrescente fibras ou fios que aumentem essa característica.
Os tecidos planos são muito usados para fabricação de roupas finas como alfaia-
taria e vestidos para festas. As peças de roupas mais comuns confeccionadas com
esses tecidos são: ternos, camisas e calça social, vestido social, além de jogos para
cama, mesa e banho.
A variedade de tecidos é muito grande e derivam basicamente de três ligações
básicas: a tela, sarja e cetim. É por meio dessas ligações que se formam os tecidos
que, compostos com diversas fibras, artificiais, sintéticas ou naturais, possibilitam a
confecção de uma infinidade de produtos.
Ao misturar diferentes fibras e fios, as características dos tecidos podem ser am-
pliadas e melhoradas, possibilitando maior variedade para a confecção do vestuário.
Contudo, escolher um tecido e seu uso não é um tarefa fácil: é preciso conhecer
suas características, cores, estampas, peso, caimento dentre outros elementos para
então confeccionar uma peça. Uma boa forma de conhecer esses materiais é visitar
lojas de tecidos com grande variedades de materiais, tocar e sentir o peso de cada
tecido, observando estampas e caimento.
Agora que você já sabe como são feitos os tecidos planos, vamos ver na sequên-
cia, na próxima unidade, como são feitos os tecidos de malha e sua classificação, os
não tecidos e os tecidos inteligentes. Até breve!
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atividades de estudo
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atividades de estudo
102
atividades de estudo
103
LEITURA
COMPLEMENTAR
Do tramado feito pelo homem pré-histórico às tecelagens manuais de hoje, com seus fios
inteligentes, um longo caminho social e histórico foi percorrido em folhas, pelos, peles e
ossos, dentre outros materiais utilizados para cobrir o corpo e transmitir mensagens esté-
ticas.
Em suma, alguns indícios levam a crer que estes materiais – principalmente as peles – ocu-
param lugar de destaque na origem dos tecidos, uma vez que, por se tratar de um material
acessível ao homem pré-histórico, foram bastante utilizadas como vestimentas.
Segundo Boucher (2010), foram encontrados vestígios da forma de preparação dessas pe-
les: o recurso químico para curti-las era o sal de argila e os fios extraídos de nervos de
animais eram usados para costurá-las. Isso nos faz acreditar que o homem pré-histórico,
mesmo em nível inconsciente, já se preocupava com o conforto e a estética.
No entanto, apesar das pesquisas realizadas sobre a indumentária pré-histórica, não existe
consistência no que concerne sua origem e motivações para o uso e ditames.
Quanto à tecelagem, alguns historiadores confirmam que se manifestou inicialmente em
diversos momentos do período Paleolítico (ibid., p. 23) nas cavernas de Crimeia, onde “fo-
ram encontrados teares fabricados com placas de osso crivadas por pequenos orifícios”.
Outros registros apontam este surgimento no final do período Mesolítico, cerca de 5000
A.C.
Assim, é difícil precisar a data do aparecimento das tecelagens, uma vez que, nas escava-
ções, os materiais que se mantiveram íntegros foram os de maior resistência ao tempo,
como ossos, pedras, bronze, entre outros. Infelizmente os materiais que compõem os teci-
dos, como as fibras, são mais frágeis e também mais suscetíveis à ação do tempo.
Várias foram as descobertas arqueológicas acerca das formas de produção de tecidos na
antiguidade e, em suas pesquisas, Liger (2012) apresenta o tear como o meio mais antigo
para essa finalidade. O processo se dá pelo entrelaçamento de fios dispostos em sentidos
104
LEITURA
COMPLEMENTAR
105
MATERIAIS TÊXTEIS
106
referências
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das
Letras, 2006.
FRINGS, Gini. Moda: do conceito ao consumidor. 9. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
KUASNE, Ângela. Fibras têxteis. Ministério da Educação: Secretaria de Educação
Média e Tecnológica - Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina:
Unidade de Araranguá, 2008.
PEREIRA, Gislaine de Souza. Materiais e processos têxteis. Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina: Unidade de Araranguá, 2008.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual.
São Paulo: Senac São Paulo, 2013.
RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CE-
TIQT, 1984.
SILVEIRA, Maria Isabel S. C. A tecelagem manual e o design têxtil: um diálogo en-
tre o artesanal e o industrial. 9° Colóquio de Moda - 6. ed. Internacional. set. 2013.
Anais… Universidade Federal do Ceará. Disponível em: http://www.coloquiomoda.
com.br/anais/anais/9-Coloquio-de-Moda_2013/COMUNICACAO-ORAL/EIXO-
-6-PROCESSOS-PRODUTIVOS_COMUNICACAO-ORAL/A-tecelagem-manual-
-e-o-design-textil-um-dialogo-entre-o-artesanal-e-o-industrial.pdf. Acesso em: 05
jun. 2017.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o
design de moda. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. 5. ed. São Paulo:
Autora, 2013.
107
gabarito
1. A.
2. C.
3. C.
4. B.
5. Os ligamentos base são três: tela ou tafetá, sarja e cetim. Cada um deles usa
o processo de entrelaçamento de forma diferente, o que garante ao tecido
características específicas, como o brilho no caso do cetim.
A ligação tela ou tafetá é a mais simples de todas elas e representa mais de
70% de todos os têxteis produzidos atualmente. Essa ligação se refere a uma
estrutura na qual o fio de trama passa uma vez por cima e na sequência por
baixo de um fio de urdume, formando uma tela, por isso o nome tela.
Além do ligamento tela ou tafetá, temos também o ligamento sarja, que “é
reconhecido por suas linhas diagonais que formam um ângulo de 45º. A amar-
ração sarja resulta em um tecido com direito e avesso diferentes. Ritmo de
tecelagem: um sim, dois não”.
Além da sarja, temos ainda a ligação cetim: essa ligação “resulta em um teci-
do liso, sem qualquer efeito motivado pela trama, graças à disseminação dos
pontos de cruzamento entre os fios. Características: direito e avesso diferen-
tes, sendo o direito com brilho”.
6. C.
7. A.
108
UNIDADE
IV
MALHARIA E NÃO TECIDO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar o processo de composição da malha.
• Apresentar o que são os não tecidos, suas características e
uso.
• Apresentar os principais tecidos inteligentes e suas
características.
Objetivos de Aprendizagem
• Malharia
• Não-tecido
• Tecidos inteligentes
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Malharia
Além do tecido plano, existe também a malha. Esse [...] a laçada é o elemento fundamental des-
material é considerado extremamente confortável de- te tipo de tecido, constitui-se de uma cabeça,
duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é
vido à elasticidade, o que faz que o tecido se ajuste ao
a sucessão de laçadas consecutivas no sentido
corpo sem a necessidade de pregas, pences ou recortes. da largura do tecido. Já a coluna de malha é a
De acordo com Pereira (2008, p. 34), o tecido de sucessão de laçadas consecutivas no sentido do
malha é composto por: comprimento do tecido.
114
DESIGN
115
MATERIAIS TÊXTEIS
Observe, caro(a) aluno(a), que cada um dos pontos A combinação desses pontos é capaz de formar qua-
apresenta um grau de complexidade. Os pontos da tro estruturas básicas que possibilitam criar uma in-
malha equivalem às padronagens dos tecidos pla- finidade de tecidos de malha, são elas:
nos, que combinados formam estruturas básicas que a. Meia-malha ou Jersey;
determinam quais as características de cada tecido. b. Piquê;
Vejamos a seguir cada um dos pontos e sua utiliza- c. Rib; e
ção. d. Interlock.
• O ponto simples é o ponto básico da malha-
ria, é também chamado de ponto liso. Essa A meia-malha se refere a um tecido com avesso e
malha é a base dos tecidos conhecidos como direito bem definido, pois as laçadas são tecidos em
meia-malha ou malha Jersey (STEIN, 2013,
apenas um lado do tecido. Esses tecidos caracteri-
p. 38).
zam-se por esticar em todas as direções (largura e
• O ponto omitido é criado quando uma ou
mais agulhas são desativadas e não se movem comprimento), apresentando pouca estabilidade di-
para aceitar o fio (STEIN, 2013, p. 38). mensional e enrolando nas bordas (STEIN, 2013).
• Por fim, o ponto retido é quando a agulha Para Stein (2013), o piquê é uma variação da
segura a laçada anterior e então recebe um meia malha e se caracteriza pelo ponto retido for-
novo fio, concentrando duas laçadas na cabe- mando um V ou U.
ça da agulha. A ação pode ser repetida várias Por outro lado, a Rib ou ribana e a Interlock são
vezes, mas os fios eventualmente devem ser confeccionadas em um mesmo maquinário. “Os te-
descarregados da agulha. Nesse caso, o resul-
cidos de malha Rib são caracterizados pelos pontos
tado é uma laçada alongada (STEIN, 2013, p.
38). simples e reverso, observáveis em ambos os lados do
tecido” (STEIN, 2013, p. 40), enquanto o Interlock:
116
DESIGN
117
MATERIAIS TÊXTEIS
118
DESIGN
Não Tecido
Você certamente deve estar se perguntando o que Pereira (2008, p. 74), afrique que:
são não tecidos ou sua utilização ou importância
para o campo da moda e mesmo para a indústria Não tecido é uma estrutura plana, flexível e
porosa, constituída de véu ou manta de fibras
em geral.
ou filamentos, orientados direcionalmente ou
Na verdade a utilização de não tecidos é bastante ao acaso, consolidados por processo mecânico
ampla como você verá a seguir. Vamos iniciar en- (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico
tendendo o que são para depois descobrir onde são (coesão) e combinações destes.
empregados.
119
MATERIAIS TÊXTEIS
120
DESIGN
Na Figura 5, observa-se inicialmente a composição do existe uma grande variedade de processos de classi-
tecido plano, na esquerda, composto por fios na ver- ficação e fabricação de não tecidos; no entanto, apre-
tical e horizontal, formando um ângulo de 90 graus sentarei a você, aluno, as três principais formas de
no processo de entrelaçamento dos fios. No centro, confecção desse material, para então entendermos
encontra-se a malha, formada por laçadas, e à direita sua vasta aplicação no setor industrial.
os não tecidos, formados pela aglomeração de fibras De acordo com Pereira (2008), há uma grande
de forma desordenada, pois esse processo não ocorre variedade de fibras que pode ser incorporada à fa-
por meio de tecelagem, mas sim por outros meios. bricação dos não tecidos; elas podem ser artificiais,
De acordo com a ABINT Associação Brasilei- naturais ou sintéticas. A Tabela 1 apresenta as fibras
ra das Indústrias de Não tecidos e Tecidos. (1999), que podem ser utilizadas.
Os não tecidos podem ser fabricados com qualquer Nesses três processos, as fibras são dispostas em
uma das fibras citadas na tabela acima. O processo um equipamento juntamente com substâncias quí-
de fabricação se dá por meio da formação da manta micas, que têm por objetivo formar a manta. Com
e consolidação da manta (PEREIRA, 2008). a manta já formada, inicia-se a segunda fase para a
O processo de formação da manta consiste em finalização da fabricação do não tecido, que é a con-
formar uma manta composta por uma ou mais ca- solidação da manta (ABINT, 1999).
madas de véu composto por fibras. Esse processo É no processo de consolidação da manta que temos
de formação pode ser feito de três maneiras: via as principais formas de confecção dos não tecidos que
seca, via úmida ou por via fundida (PEREIRA, são: mecânico, químico ou térmico. Vejamos a descri-
2008). ção de cada um deles segundo Pereira (2009, p. 78).
121
MATERIAIS TÊXTEIS
• O termo consolidação mecânica é dado para De acordo com as fibras utilizadas e o processo de
expressar a consolidação por forças friccio- formação e consolidação da manta, é possível obter
nais e o entrelaçamento das fibras por meio materiais com as mais variadas características e usos.
de agulhagem, hidroentrelaçamento e conso-
A ABINT (1999) aponta dez setores em que os
lidação coser-tricotar.
não tecidos são usados, são eles: automobilístico,
• A consolidação química compreende os mé-
comércio, construção civil/impermeabilização, do-
todos de aplicação de um agente ligante (ade-
sivo) ao Não tecido por meio de processos de: méstico, filtração, higiene pessoal, industrial, médi-
impregnação, aplicação por método de espu- co hospitalar, obras geotécnicas e vestuário.
ma, aplicação de sólidos. Você deve estar se perguntando como é possível
• A consolidação térmica está sendo cada vez utilizar materiais têxteis em tantos setores. Contu-
mais utilizada no lugar das caras consolida- do, há que se destacar que esses materiais podem ser
ções químicas devido a um grande número empregados na confecção de diferentes produtos.
de razões. A consolidação térmica pode ser
Berlim (2012) destaca que os têxteis fazem parte de
feita com grandes velocidades, enquanto que
grande parte dos produtos que consumimos, o que
na consolidação química a velocidade é limi-
tada pela secagem e pelo estágio da polimeri- inclui mobiliário, carros, decoração dentre outros.
zação. A consolidação térmica ocupa menos Vejamos a seguir como os não tecidos são em-
espaço em comparação com o processo de pregados nos dez setores descritos pela ABINT
consolidação química que necessita de calor (1999).
para evaporar a água do ligante. • AUTOMOBILÍSTICO: isolação térmica e
Em resumo, o que Pereira (2008) descreve no pro- acústica (anti-ruídos), base de peças mol-
cesso de consolidação da manta, que nada mais é dadas, acabamento superficial, primeira e
segunda base de tufting, tetos, separador de
do que a fixação das fibras entre si para a formação
bateria, revestimento interno de laterais, re-
do não tecido, é que esse processo pode ocorrer por forço de bancos, filtros e outras.
meio de entrelaçamento mecânicos das fibras, por
agentes químicos como colas ou por calor por meio
de fusão na qual as fibras se fundem umas com as
outras, por exemplo.
REFLITA
Figura 6 - Carro
122
DESIGN
123
MATERIAIS TÊXTEIS
124
DESIGN
Tecidos Inteligentes
Aluno(a), vamos falar agora sobre os tecidos inte- bras e tratamentos que podem ser aplicadas a elas ou
ligentes e como eles podem ser usados na moda. mesmo aos tecidos já finalizados.
Os tecidos inteligentes são aqueles que apresentam Em se tratando da fibra, ela recebe uma série de
maiores benefícios do que simplesmente a estética tratamentos durante sua produção ou processamen-
ou a proteção do frio. to com o intuito de aperfeiçoar suas características,
De acordo com Sánchez, há várias possibilidades como afirma Sánchez (2006). O autor prossegue
de obtenção desses tecidos devido à variedade de fi- afirmando que:
125
MATERIAIS TÊXTEIS
[...] uma “fibra inteligente” é aquela que pode Dentro dessa classificação, existe uma vasta quantia
reagir ante a variação de um estímulo, luz, ca- de produtos; vejamos agora cada um deles. Sánchez
lor, suor, ferida etc., no lugar onde se produz
(2006) faz uma extensa lista que será apresentada a
a variação do estímulo, mas que se comporta
como uma fibra normal no local onde este não você, aluno(a), a partir de agora.
se produz (SÁNCHEZ, 2006, p. 58). Tecidos antimicrobianos: esses tecidos têm por
efeito a destruição dos microorganismos que pene-
Em outras palavras, “uma fibra inteligente, ante a tram nos tecidos depois de uma curta utilização.
variação da intensidade de luz, altera sua cor, segun- Tecidos frescos: esses tecidos têm por finalidade
do a intensidade desta; outra, sensível ao suor, emi- aumentar o efeito de frescor, assim como o de ofe-
te substâncias capazes de combater os efeitos deste” recer um toque mais agradável e uma boa permea-
(SÁNCHEZ, 2006, p. 58). bilidade ao ar.
A definição e o exemplo apresentados por Sán- Cosmeto-têxteis: estes têm o mesmo objetivo
chez (2006) mostra apenas algumas das possibili- da cosmética, ou seja, a prevenção da pele contra
dades de variações da fibras inteligentes. Podemos os agentes externos, que produzem o ressecamento,
citar como exemplo ainda os tecidos que combatem rugas etc., para manter a boa saúde e a sensação de
bactérias e impermeáveis. bem estar.
O autor explica ainda que “quando se fabrica um Têxteis fotocrômicos: um têxtil fotocrômico é
tecido com essas fibras, este adquire as propriedades aquele que, quando é exposto à luz do sol, à luz ul-
das fibras que o compõe e torna-se conhecido como travioleta, luz negra ou outras fontes, sua cor se alte-
“tecido inteligente” (SÁNCHEZ, 2006, p. 58). ra. Quando a fonte luminosa desaparece, a cor volta
Existe uma grande variedade de tecidos inteli- a ser aquela original que é notada sob a luz do sol,
gentes disponíveis no mercado, essa diversa varie- efetuando-se rapidamente a alteração.
dade é classificada em três grupos. Sánchez (2006, p. Têxteis termocrômicos: um têxtil termocrômico
61) os descreve como: é aquele que, quando se altera a temperatura exte-
1. Passivos - são aqueles que mantêm suas ca- rior, se produz uma alteração de coloração. São ob-
racterísticas independentemente do ambien- tidos depositando determinados pigmentos, que são
te exterior. Ou seja, uma prenda isolante indicadores reversíveis de temperatura nas micro-
mantém suas características sem influenciar
cápsulas. Quando o pigmento colorido se aquece,
a temperatura exterior.
torna-se incolor e transparente.
2. Ativos - são os que atuam especificamente so-
bre um agente exterior. Por exemplo, um teci- Têxteis para segurança, saúde e comunicação:
do transpirável permite a passagem do suor, tecidos ou peças de roupa que protegem o corpo tais
mas impede a passagem das gotas de chuva. como: jaqueta air-bag, que infla quando o indivíduo
3. Muito ativos - são os tecidos que adaptam auto- cai.
maticamente sua funcionalidade às alterações
do ambiente. São aqueles que modificam suas
propriedades em relação ao estímulo exterior.
126
DESIGN
SAIBA MAIS
127
MATERIAIS TÊXTEIS
128
DESIGN
129
considerações finais
Olá, caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura desta unidade. Nela vi-
mos o que são os tecidos de malha e sua composição, o que são os não tecidos e seus
mais variados usos, inclusive no setor de vestuário e por fim o que são os tecidos
inteligentes.
Você deve ter percebido por meio da leitura desta unidade, que existe uma gran-
de variedade de tecidos, além dos planos, como as malhas, os não tecidos e os tecidos
inteligentes, que viabilizam inúmeras possibilidades criativas no setor de moda, já
que os tecidos são, na verdade, o suporte da roupa.
Cabe ressaltar aqui que as malhas têm como principal característica a elastici-
dade, o que proporciona conforto e peças que se ajustam naturalmente ao corpo,
devido às características desse tecido.
Os não tecidos apresentam processos de produção diferentes da malha ou do
tecido plano, por isso são enquadrados em outro grupo. Esses materiais podem ser
utilizados em diversos setores industriais além do vestuário, como hospitalar e auto-
mobilístico. Seu processo de fabricação é diferenciado, não envolve o cruzamento de
fios como a malha ou os tecidos planos, mas sim processos mecânicos que propor-
cionam a adesão das fibras.
Por outro lado, os tecidos inteligentes apresentam diferentes características em
relação ao tecidos planos e malhas, pois podem ser resistentes às chamas, imper-
meáveis, bactericida entre outros. Isso se deve ao fato de que esses tecidos recebem
tratamentos especiais no momento de sua confecção ou após o beneficiamento que
lhes garantem características especiais, além daquelas provenientes das fibras que os
originam.
Como exemplos de tecidos inteligentes, podemos citar aqueles utilizados para
roupas de segurança, como o antichamas ou luminosos, com efeitos visuais diferen-
ciados.
Conhecer essa variedade de materiais é fundamental para o desenvolvimento de
produtos de moda, pois eles são a base do vestuário.
130
atividades de estudo
131
atividades de estudo
132
atividades de estudo
133
LEITURA
COMPLEMENTAR
MALHARIA
Uma das atividades mais antigas, dentro da indústria têxtil, é o segmento de malharia. No
ano de 1589, William Lee projetou uma máquina para fabricar meias, sendo utilizada por
toda a Europa. Os primeiros tecidos de malha foram feitos de algodão por volta do século
XVIII. No início os produtos da malharia eram destinados à confecção de cortinas, cobertas,
anáguas, luvas e outros, sempre na cor branca. Entre os anos de 1920-1925 o tecido de ma-
lha foi introduzido na alta costura e, a partir de então, vem ocupando posição de crescente
importância na indústria têxtil.
Em nível mundial, a melhoria da qualidade no processo de tecimento do fio foi possível
com a modernização e adoção das novas tecnologias desenvolvidas para a indústria têxtil.
Em muitos países já é possível notar um parque industrial renovado com a substituição dos
equipamentos obsoletos por modelos mais avançados.
Em outro momento, na primeira revolução industrial, o setor têxtil era referência da in-
dústria moderna. No entanto, é considerado hoje simplesmente como uma referência das
indústrias de baixa tecnologia. Mas, com o passar do tempo, se atualizou e se transformou
com os avanços tecnológicos que, surgidos de áreas como a química, estimulou o desenvol-
vimento da indústria de corantes e pigmentos. Surgiram, assim, novas fibras e filamentos
sintéticos e artificiais, sistemas computadorizados de produção, o algodão colorido, entre
outras.
Em relação ao Brasil, sabe-se que a expressiva importação de máquinas modernas, que
ocorreu principalmente a partir da abertura da economia, não é suficiente para permitir
que a indústria têxtil nacional alcance a competitividade necessária para enfrentar os bai-
xos custos de produção de países como os asiáticos.
Toda essa revolução de modernidade traz consigo tecnologias emergentes e, que estão
levando ao surgimento de novos produtos têxteis, agregando novas propriedades aos pro-
dutos existentes, principalmente, no segmento de fibras, mas que certamente causam al-
gum impacto, no longo prazo, à cadeia produtiva têxtil como um todo.
134
LEITURA
COMPLEMENTAR
135
MATERIAIS TÊXTEIS
Malharia
Juliana Sissons
Editora: Bookman
Ano: 2012
Sinopse: Malharia oferece uma apresentação prática e
ilustrada dessa técnica de confecção. Começando com
uma breve análise da malharia tradicional, este livro conduz o leitor por todo o processo de
produção da malha – da pesquisa e desenvolvimento às técnicas de modelagem, construção
e acabamento –, fornecendo inúmeras ideias criativas que possibilitam uma abordagem in-
dependente e experimental ao design. Alguns dos tópicos abordados são: fios e fibras; fer-
ramentas e máquinas; cores; amostra de tensão; textura de superfície; malhas padronadas;
efeitos tridimensionais; modelagem; produção de padrões, golas, bainhas e bordas; fixações
e ornamentação.
136
referências
137
gabarito
2. D.
3. C.
4. A.
5. A ABINT (1999) aponta dez setores em que os não tecidos são usados, são
eles: automobilístico, comércio, construção civil/impermeabilização, domésti-
co, filtração, higiene pessoal, industrial, médico hospitalar, obras geotécnicas
e vestuário.
6. Uma “fibra inteligente” é aquela que pode reagir ante a variação de um estí-
mulo: luz, calor, suor, ferida etc., no lugar onde se produz a variação do estí-
mulo, mas que se comporta como uma fibra normal no local onde este não se
produz (SÁNCHEZ, 2006, p. 58).
Em outras palavras, “uma fibra inteligente, ante a variação da intensidade de
luz, altera sua cor, segundo a intensidade desta; outra, sensível ao suor, emite
substâncias capazes de combater os efeitos deste” (SÁNCHEZ, 2006, p. 58).
7. C.
138
UNIDADE
V
BENEFICIAMENTO,
ACABAMENTOS E TECIDOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar como se dá o processo de beneficiamento e
acabamento dos tecidos.
• Apresentar como se dá a estamparia e lavagens dos
tecidos.
• Apresentar os símbolos de conservação dos artigos têxteis.
• Explicar quais os impactos e problemas causados pelo
setor têxtil.
Objetivos de Aprendizagem
• Beneficiamento e acabamento
• Estamparia e lavagens
• Simbologia de conservação de artigos têxteis
• Têxteis e meio ambiente
unidade
V
INTRODUÇÃO
Beneficiamento e Acabamento
O processo de beneficiamento e acabamento tem Acabamento propriamente dito: significa uma
como objetivo melhorar as características do tecido série de processos e tratamentos variados sub-
metidos a um tecido que dessa forma, torna-se
em relação à cor, textura, toque e demais elementos.
apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria
Com isso, espera-se melhorar a qualidade do produ- e a estampagem. Como o nome indica, é um
to e seu valor no mercado. processamento final com o objetivo de tornar o
Com o tecido pronto, ou mesmo durante o tecido adequado ao seu uso específico, além de
eliminar possíveis defeitos (CHATAIGNIER,
processo de escolha das fibras e fios, inicia-se o
2006, p. 53).
processo de beneficiamento, que é extenso e en-
volve uma série de tratamentos que buscam me- Todo o processo de beneficiamento do tecido envolve
lhorar as características do tecido, como a textura três etapas, são elas: beneficiamento primário, secun-
e, em seguida, são feitos os acabamentos finais do dário e beneficiamento terciário ou acabamento (PEZ-
tecido. ZOLO, 2013).
144
DESIGN
Como você pode observar, em cada uma das etapas de celagem; isso inclui uma série de processos como a
beneficiamento existe uma grande variedade de proces- adição de gomas, limpeza das fibras dentre outros.
sos, os quais serão apresentados a você individualmente. Essas operações objetivam preparar o substrato têx-
Para melhor expor alguns elementos, o benefi- til para a tecelagem. Depois de tecidos é que os têx-
ciamento secundário que se refere ao tingimento e teis passam pelo processo de beneficiamento e aca-
estamparia serão trabalhados no próximo tópico, bamento (PEZZOLO, 2013).
devido à extensão e à complexidade do conteúdo. De acordo com FEAM (2014), a primeira etapa
Assim sendo, neste tópico veremos o beneficiamen- do beneficiamento é denominada beneficiamento
to primário e o terciário. primário ou preparação, que tem como objetivo pre-
Cabe destacar que mesmo antes de se iniciar o parar o tecido para os outros processos de beneficia-
tecimento os fios e fibras são preparados para a te- mento. Essa etapa é composta por diversos processos.
145
MATERIAIS TÊXTEIS
SAIBA MAIS
146
DESIGN
Esses são os processos referentes ao beneficiamento A variedade de aplicações é grande. Pezzolo (2013)
primário. Após passar por todos eles, o tecido está descreve ainda outros processos:
pronto para seguir para a próxima etapa, que con- • Acabamento Crackant: confere toque ran-
siste no beneficiamento secundário, que se refere a gente à seda de acetato ou triacetato.
estamparia e tinturaria ou lavanderia. O beneficia- • Acabamento lave e use: permite que os teci-
mento secundário será explorado no próximo tópi- dos ou algodão e poliéster não amarrotem,
dispensando o ferro de passar.
co desta unidade.
• Antimanchas: tratamento que auxilia a repe-
Por fim, temos o beneficiamento terciário, que
lir a sujeira e impedir a fixação de manchas.
consiste em processos que alteram a aparência do
• Carregamento: tem por finalidade tornar o
tecido, adicionando novas propriedades a ele (PE-
tecido mais pesado.
ZZOLO, 2013).
• Impermeabilização: tratamento que cria uma
Em termos de beneficiamento terciário ou aca- camada sobre o tecido que impede a passa-
bamento, existe uma grande variedade de processos. gem de líquidos para a outra face.
Bastian (2009, p. 11), descreve os seguintes proces- • Matificação: retira o brilho de tecido com-
sos: postos por materiais brilhantes como acetato
• Calandragem: eliminar vincos e conferir bri- e poliamida.
lho (mais utilizada em tecido de malha).
• Felpagem: conferir aspecto de felpa à superfí- Existem ainda mais processos de beneficiamento
cie do material podendo atuar como isolante terciário ou acabamento. Pezzolo (2013) e Bastian
térmico (utilizado em moletons, malhas soft
(2009) apresentam algumas possibilidades dentre as
etc.) ou apenas alterar o aspecto (felpado).
muitas variedades existentes, principalmente devido
• Amaciamento: conferir toque agradável ao
à grande quantidade de tipos de tecidos no mercado.
material.
Vamos dar sequência ao estudo do beneficia-
• Acabamento antichama: evitar propagação
de chama. mento. Veremos no segundo tópico o beneficiamen-
to secundário: tintura e estamparia.
Esses são apenas alguns processos de acabamento
final, o acabamento antichamas, por exemplo, pode
ser utilizado em roupas para segurança e trabalho.
REFLITA
147
MATERIAIS TÊXTEIS
Estamparia e Lavagens
Dando continuidade ao estudo do beneficiamento como objetivo fixar a cor no tecido. Para que o teci-
dos tecidos, veremos agora o beneficiamento secun- do seja tingido, é possível utilizar o processo a frio
dário, que se refere ao processo de tingimento e es- ou quente. O processo com banho quente é mais
tamparia. Veremos inicialmente o tingimento e na utilizado, pois a água em altas temperaturas permi-
sequência a estamparia. te melhor diluição dos corantes e fixação no tecido,
Conforme salienta Pezzolo (2013), o processo de evitando manchas (Pezzolo, 2013).
tingimento se refere à aplicação de cor a tecidos, fios Esse processo pode ser aplicado a uma imensa
ou mesmo fibras. Esse processo pode ser feito por variedade de tecidos, contudo, alguns deles têm ou-
meio da aplicação de corantes naturais ou químicos. tras opções como é o caso do jeans, que passa pela
O processo de tingimento consiste em banhar lavanderia para obter diferentes colorações e efeitos
o tecido em um recipiente que contenha o corante presentes na peça (CHATAIGNIER, 2006). Observe
desejado e um mordente, uma substância que tem algumas variações de lavagem no jeans.
148
DESIGN
Como você pode observar, existe uma série de efei- [...] essas lavanderias industriais, que se encai-
tos que podem ser trabalhados no jeans após passar xam na parte final do processo produtivo de
empresas de confecção e de vestuário, vêm atu-
pela confecção. Esses efeitos são feitos na lavande-
ando para possibilitar a melhoria na qualidade e
ria, onde “há a atuação como parte final do processo gerar efeitos diferenciados nas peças confeccio-
produtivo de empresas de confecção e de vestuário nadas, os quais não são possíveis de se obter na
na etapa de lavagem e beneficiamento de seus pro- produção do tecido plano (FEAM, 2014, p. 24).
dutos, em especial de peças em jeans, brim e algo-
dão” (FEAM, 2014, p. 24). Para obter esses diferentes resultados, existem dois
A lavanderia faz parte do setor industrial da cadeia processos básicos desempenhados pela lavanderia: a
de produção têxtil e atua de forma significativa no tin- lavagem e a secagem da roupa. A FEAM (2014, p.
gimento do jeans, para fabricação de jaquetas, calças e 25) descreve esses dois processos da seguinte forma:
camisas dentre outras peças. A FEAM (Fundação Es- • Lavagem: a lavagem consiste no processo
tadual do Meio Ambiente) acrescenta ainda que: de limpeza que utiliza água juntamente com
149
MATERIAIS TÊXTEIS
produtos de higienização da linha líquida, • Gold wash: lavagens realizadas em jeans que
proporcionando um tratamento mais ade- tenham uma base estonada média com sobre-
quado para cada um dos diferentes tipos de tinta em tom cáqui, dando o efeito de enve-
artigos têxteis que, conforme as caracterís- lhecimento, mais indicada para peça pronta.
ticas de seus tecidos e acabamentos, devem • Ligth used: lavagem realizada em alvejantes
ser lavadas apenas por meio desse processo. químicos de alta densidade, provocando efei-
Também pode ser feita manualmente no caso tos de desgaste e envelhecimento em jeans
de artigos finos e delicados ou com a associa- claros.
ção de processos manuais e automatizados de • Medium distressed: lavagem realizada em je-
acordo com a especificação das peças. ans escuro com amaciamento prévio, sendo
• Secagem: é a operação de remoção da umida- que o tecido é lixado depois manualmente, o
de (água) das roupas. A água é removida me- que torna o produto final mais caro.
canicamente por meio de centrífugas e/ou por • Mud wash: lavagem realizada em jeans escu-
vaporização térmica por meio das secadoras. ro com sobretinta verde, algumas vezes pro-
duzindo efeito de camuflado.
Como dito pela FEAM (2014), esses processos são
• Overdie: lavagem realizada por múltiplos re-
básicos, no entanto, conforme são adicionados
cursos e tonalidades diferentes de corantes,
produtos, corantes e demais materiais necessários,
criando efeitos de sujeira.
obtêm-se diferentes efeitos no jeans. Veja a seguir
• Pré-washed: lavagem realizada com a finali-
algumas da principais lavagens do jeans e como dade de amaciar o tecido por meio de enzi-
Chataignier (2006, p. 59-61) as descreve. mas amaciantes ou silicone.
• Beached: lavagem realizada com alvejantes • Second hand: lavagem realizadas com pedras
e enzimas químicas que levam ao desbota- que proporcionam aspecto de roupa usada na
mento integral e uniforme do tecido jeans. É peça, como se fosse de brechó.
feita antes da confecção da peça do vestuário. • Soft rigid: lavagem realizada em tecido vir-
Quando é praticada com a peça pronta, rece- gem, visando um leve amaciamento.
be o nome de délavé.
• Destroyed: lavagem realizada com química
corrosiva, deixando rasgos nas peças e colo- Além desses processos existem outras opções, pois
ridos aleatórios conseguidos com superposi- há grandes investimentos no beneficiamento de te-
ção de tintas antes da lavagem. cidos jeans. Veja na Figura 4 um exemplo de lava-
• Dust wash: lavagem realizada e tecido esto- gem destroyed.
nado que recebe corantes acinzentados, indi- Observe que esta lavagem costuma provocar
cado para peças prontas. rasgos na peça, assim como partes desfiadas como
• Estonado: lavagens realizadas com pedras mostra a figura.
vulcânicas, pedras leves e porosas, causando
Além do processo de lavanderia pelo qual pas-
no tecido ranhuras desiguais quando batida
na máquina de lavagem industrial. sam os tecidos de jeans, há também a estamparia.
• Fire wash: lavagem realizada com jeans escuro Vejamos inicialmente qual é o conceito de estampa-
com corantes vermelhos que produzem tons ria, que consiste em:
próximos ao de fogo ou aos de terras barrentas.
150
DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
PROCESSO CARACTERÍSTICAS
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MATERIAIS TÊXTEIS
REFLITA
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MATERIAIS TÊXTEIS
Simbologia de Conservação de
Artigos Têxteis
A indústria têxtil, assim como qualquer outra, pre- O intuito de colocar a lei era normalizar o que
cisa apresentar as características do seu produto. deveria ser colocado nas etiquetas e como deveria
Isso inclui as etiquetas, nas quais devem constar as ser colocado. Isso garante que o consumidor possa
normas vigentes para orientação de manutenção do fazer bom uso do produtos devido às instruções de
produto e fabricante. manutenção e ao mesmo tempo identifica o produto
De acordo com a ABNT (2012), as etiquetas sur- e o consumidor.
giram no setor têxtil por volta de 1973, quando foi im- Cabe destacar que em muitos produtos do ves-
plantada a “Lei das Etiquetas na área têxtil, abrangen- tuário existe, além dessa etiqueta colocada na parte
do da fibra até a confecção, com o objetivo de melhor interna do produto, uma etiqueta da marca ou tag,
informar o consumidor, bem como garantir uma con- com design diferenciado, para chamar a atenção do
corrência leal entre fabricantes” (ABNT, 2012, p. 21). cliente.
156
DESIGN
REFLITA
157
MATERIAIS TÊXTEIS
Como mostra a Figura 8, todos esses dados devem es- Um dos elementos de maior importância na
tar presentes em uma etiqueta, caso contrário a empresa etiqueta são as instruções de conservação, as quais
pode receber notificações e multas. Certamente você viu são representadas por uma série de símbolos. Veja
muitas desses etiquetas na parte interna de suas roupas, alguns desses símbolos na Figura 9.
desde camisetas, calças, blusas e vestidos. Qualquer pro-
duto de confecção deve apresentar essa etiqueta.
158
DESIGN
Certamente você já viu muitos desses símbolos nas Por outro lado, para “indicar que o tratamento a
etiquetas de suas roupas, mas você sabe o que cada ser aplicado deve ser mais suave deve ser usado um
um deles significa? Vejamos a seguir o que cada um traço sob o símbolo ou mesmo dois traços” (ABNT,
deles representa. 2012, p. 40). Outro fator a ser destacado é que “den-
De acordo com a ABNT (2012), existem 5 clas- tro do símbolo de lavagem doméstica em máquina,
ses de símbolos que representam a forma de manu- o número indica a temperatura adequada para a la-
tenção do produto, são elas: lavagem, alvejamento, vagem” (ABNT, 2012, p. 40). Ou então caso a lava-
secagem, passadoria e limpeza profissional. Veja gem seja feita à mão, deve aparecer a figura de uma
cada um desses símbolos na Figura 10. mão dentro do símbolo.
Cada uma dessas classes possui um símbolo especí- Esses são apenas alguns exemplos de variações,
fico para orientar o consumidor. Cabe ressaltar aqui que, veremos agora todas as 5 classes de acordo com as
quando o processo deve ser evitado, usa-se um X sobre o normas da ABNT (2012, p. 41-43).
símbolo, indicando que ele não deve ser realizado.
159
MATERIAIS TÊXTEIS
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DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
Secagem a sombra
Lavar separadamente.
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DESIGN
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MATERIAIS TÊXTEIS
temos a moda como responsável por essa indústria, A moda tem como intuito criar necessidades de
que apresenta duas importantes facetas: “a do pro- consumo para vender e continuar existindo. Essas
duto (roupas e acessórios) e a do conceito gerador necessidades são sanadas pelo consumo desses pro-
de tendências, que expressa nossas necessidades dutos que, após saírem de moda, são descartados,
emocionais e psicológicas” (BERLIM, 2012, p. 20). surgindo a necessidade de se criar uma peça que
A moda, assim como os objetos que a represen- substitua a anterior (BERLIM, 2012).
tam, está associada ao glamour, aos desfiles e lan- Desse modo, a vida útil desses produtos não está
çamentos de tendências, ao consumo. A Figura 16 relacionada à durabilidade ou utilidade da peça,
representa justamente essa dualidade: a apresenta- mas à estética, ao jugo alheio de pertença ou não da
ção de uma coleção e o público que a consome. Pro- moda. A moda sobrevive do consumo, alimenta-se
dução e incentivo ao consumo fazem parte do setor dele, encontrando vida no lançamento de novas ten-
de moda. dências.
Os lançamentos de tendência aceleraram de tal
maneira que em um mesmo ano as marcas lançam
até mesmo oito coleções, marcando a entrada de
cada estação e a estação propriamente dita, ou seja,
uma coleção marca a entrada do verão e a outra co-
leção marca o início do verão propriamente dito, e,
assim, sucessivamente (TREPTOW, 2005).
Junto com esses lançamentos constantes e essa
produção intensa, surgem também os impactos am-
bientais referentes à contaminação do solo, ar e água
ao longo de todo o processo produtivo que vai desde
a produção da fibra até a comercialização do produ-
to (BERLIM, 2012).
Os impactos se ampliam ainda mais em função
das mudanças constantes de coleção, o que acelera
a produção e os impactos ambientais. “A produção
de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras do
último século e foi tema de várias pesquisas que re-
caíram em especial sobre seus principais impactos:
a contaminação da água e do ar” (BERLIM, 2012, p.
33). A autora enumera alguns dos impactos ambien-
tais causados pelo setor têxtil.
• Contaminação do solo devido ao uso de
Figura 17 - Desfiles de moda
agrotóxico na produção de fibras naturais
como algodão.
164
DESIGN
• Larga utilização de água nas plantações de al- [...] material usado na confecção de vestuário
godão, por exemplo. está associado a todo tipo de impacto sobre a
• Alta utilização de energia elétrica na produção. sustentabilidade: mudanças climáticas, efeitos
adversos sobre a água, e seus ciclos; poluição
• Uso excessivo de água para o beneficiamento química; perda de biodiversidade; uso excessi-
têxtil: tingimento, estamparia e lavanderia. vo ou inadequado de recursos não renováveis;
• Águas contaminadas com as químicas utili- geração de resíduos, efeitos negativos sobre a
zadas no processo de tingimento, estamparia saúde humana; e efeitos sociais nocivos para as
e lavanderia. comunidades produtoras. Todos os materiais
• Emissões de gases de efeito estufa devido ao afetam de alguma forma os sistemas ecológicos
e sociais, mas esses impactos diferem de uma
transporte de mercadorias e produtos.
fibra para outra quanto ao tipo e à escala (FLE-
• Geração de resíduos sólidos: sobras de tecido. TCHER; GROSE, 2011, p. 13).
165
MATERIAIS TÊXTEIS
Levando em consideração todos os impactos Todos esses elementos auxiliam a se incorporar uma
que podem ser causados ao meio ambiente, “no caso visão mais sustentável dentro da produção do setor
dos materiais têxteis, a maioria das inovações em têxtil. As autoras afirmam ainda que:
sustentabilidade pode ser dividida, grosso modo,
em quatro áreas interligadas” (FLETCHER; GRO- [...] a intenção geral, na perspectiva ambien-
tal, é especificar formas de processamento que
SE, 2011, p. 13). Veja a seguir as quatro áreas citadas
usem o mínimo de recursos e causem o menor
pelas autoras (2011, p. 13). impacto possível. Às vezes, isso significará abrir
• Interesse crescente por materiais prove- mão de certo acabamento para inibir todos os
nientes de fontes renováveis, o que leva, por impactos de determinada etapa de processa-
exemplo, à adoção de fibras têxteis de rápida mento. No entanto, nem todos os processos
renovação. ou tratamentos químicos podem ser evitados;
• Materiais com nível reduzido de “insumos” de fato, muitos são essenciais à fabricação de
de produção, como água, energia e substân- produtos de moda práticos e utilizáveis (FLET-
CHER; GROSE, 2011, p. 34).
cias químicas, o que resulta em técnicas de
produção de fibras sintéticas com baixo con-
sumo de energia (às vezes descritas como de Pensar a produção sustentável e o meio ambiente no
baixa emissão de carbono) e no cultivo de fi- setor têxtil traz essa ambiguidade, citada pelas auto-
bras naturais orgânicas, por exemplo. ras, produção X meio ambiente: processo químicos
• Fibras produzidas em melhores condições de indispensáveis que causam impactos, escolhas de
trabalho para os agricultores e produtores, acabamentos dentre outros processos que devem ser
conforme ilustram os códigos de conduta dos
repensados ou substituídos para evitar agressões ao
produtores e as fibras com certificação Fair-
trade (Conceito Justo). meio.
Pensando essa relação entre produção e meio
• Materiais produzidos com menos desperdí-
cio, o que desperta interesse por fibras bio- ambiente, Fletcher e Grose (2011) desenvolveram
degradáveis e recicláveis provenientes dos alguns princípios gerais de boas práticas, que estão
fluxos de resíduos da indústria e do consu- descritos na tabela a seguir.
midor.
REFLITA
166
DESIGN
Objetivo Ação
Usar recursos naturais com critério Minimizar o número de etapas de processamento
Minimizar a quantidade e a toxicidade das substâncias
Reduzir o risco de poluição
químicas usadas e eliminar processos nocivos
Combinar processos ou usar processos que demandem
Minimizar o consumo de energia
baixa temperatura
Minimizar o consumo de água Eliminar os processos que consomem muita água
Reduzir o volume em aterros sanitários Minimizar a geração de resíduos em todas as etapas.
Quadro 4 - Princípios gerais para boas práticas
Fonte: Fletcher e Grose (2011, p. 34).
167
considerações finais
168
atividades de estudo
169
atividades de estudo
SÍMBOLO
170
atividades de estudo
7. Referente aos impactos ambientais causados pela indústria têxtil, leia atenta-
mente as alternativas.
I. Impactos sobre o ar, água e solo.
II. Contaminação do solo devido ao uso de agrotóxico na produção de fibras
naturais como algodão.
III. Alta utilização de energia elétrica na produção.
IV. Baixa geração de resíduos sólidos: sobras de tecido.
171
LEITURA
COMPLEMENTAR
ALGODÃO COLORIDO
Atualmente, o algodão responde por aproximadamente 80% das fibras utilizadas nas fia-
ções brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de algodão,
enquanto na Europa gira em torno de 50%. A fibra totaliza 3% das terras cultiváveis no
planeta, mas contabiliza 25% dos agrotóxicos consumidos no mundo (Zanesco, 2008). Sob
esse ponto de vista, novas formas de cultivo de algodão vêm sendo estudadas, como por
exemplo o Algodão Colorido, que dispensa uso de agrotóxicos e, ainda, dispensa processos
de beneficiamento extremamente poluentes.
O algodão colorido, em seu contexto histórico, é tão antigo quanto o algodão branco, sen-
do que muitas espécies nativas foram encontradas em escavações no Peru, datando 2500
a.C. Entretanto, vale ressaltar que essa fibra é curta e fraca, não aguentando processos de
tecelagem e fiação. Em virtude disso, empresas como a Embrapa Algodão, vem trabalhan-
do em pesquisas na busca de melhorar aspectos do algodão como a resistência e o com-
primento, processo esse, que recebe o nome de melhoramento genético do algodão. Esse
processo consiste no cruzamento de diversas variedades de plantas selvagens do algodão
172
LEITURA
COMPLEMENTAR
colorido. Essas plantas são encontradas no interior do nordeste brasileiro, vale ressaltar
que espécies internacionais também foram utilizadas nesse processo. À partir da obtenção
dessas, é formado um “Banco de Germoplasma”, com as mais diversas variedades de plan-
tas de algodão que, futuramente, vem a ser cruzadas.
Como resultado do cruzamento dessas flores, é obtido frutos, e dentro destes cresceram
sementes. As sementes resultantes desse cruzamento são plantadas, avaliadas e seleciona-
das para dar origem às plantas de algodão colorido que conhecemos. Foram desenvolvidos
cinco padrões de algodão colorido, todos sendo resistentes e adequados ao mais diversos
processos têxteis. Esses padrões de algodão, receberam seu nome conforme sua colora-
ção, sendo eles BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira, BRS Topázio e 200 Marrom. Conforme o
avanço das pesquisas, em futuro próximo teremos, ainda, o algodão natural nas cores azul
e preta.
A principal importância dessa fibra é o fato de não ser necessários processos de beneficia-
mento, como o tingimento, processo o qual utiliza-se corantes que degradam a natureza e
uma grande quantidade de água, da qual não é possível o reaproveitamento. Ressaltando
que o tingimento é uma das etapas mais poluentes da cadeia têxtil. Vale ressaltar que todas
essas variedades do algodão colorido reduzem os custos de produção na indústria têxtil. O
cultivo das variedades do algodão colorido é realizado, principalmente, no Sertão da Para-
íba, no nordeste brasileiro.
173
MATERIAIS TÊXTEIS
A lavanderia e o acabamento
O vídeo apresenta como são aplicados alguns acabamentos na lavanderia para as calças
jeans.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=JLLVCof-2P0>
174
referências
175
referências
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://portaldoconsumidor.wordpress.com/2013/03/27/mantendo-a-etiqueta/>.
Acesso em: 07 jun. 2017.
2
Em: <http://www.etiquetaslamar.com.br/wp-content/uploads/2012/05/Normas-T%-
C3%A9cnicas-Etiquetas.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.
176
gabarito
1. C.
3. C.
4. D.
6. A.
7. A.
177
MATERIAIS TÊXTEIS
conclusão geral
Caro(a) aluno(a), ao conhecer um pouco sobre o se- tricoline etc. A malharia produz tecidos com elas-
tor têxtil, seu processo de produção, desde a fibra à tano, aqueles que possuem maior elasticidade e são
finalização do tecido, tenho certeza que você perce- muito utilizados para fabricação de roupas de ginás-
beu que todo esse sistema é bastante amplo em ter- tica, por exemplo.
mos de extensão e ao mesmo tempo complexo, pois Outro grupo importante são os não tecidos, ma-
envolve diversos processos produtivos em cada um teriais têxteis confeccionados por outros métodos
dos setores: fibras, fios, tecelagem, malharia, benefi- que não a malharia e a tecelagem. Os tecidos inte-
ciamento e acabamento. ligentes também são importantes, pois representam
Em se tratando das fibras, é muito importante um grupo de materiais com características adicio-
conhecer as características básicas delas, pois cada nais como impermeabilização, secagem rápida den-
uma irá produzir um tecido diferente. É necessário tre outros.
também saber em que grupo estão inseridas, pois No que se refere aos acabamentos e beneficia-
cada grupo, natural, artificial ou sintético influencia mento, você precisa saber que existem muitos outros
nas características da fibra. processos além dos que foram apresentados. Depois
No que se refere aos processos de fiação, é preci- de finalizado o produto, é feita a identificação por
so conhecer as principais características e processo meio das etiquetas, que devem seguir as normativas
de cada tipo de fiação, mas, acima de tudo, conhecer Legais. Cabe ainda destacar que todo esse processo
os fios especiais que podem ser produzidos. Esses gera uma série de impactos sobre o meio ambiente,
fios são produzidos com o intuito de valorizar os te- o que exige uma reflexão sobre o assunto.
cidos e produzir efeitos diferenciados nele.
A tecelagem e a malharia, por sua vez, são pro-
cessos que transformam o fio em tecido. A tecelagem
produzirá os tecidos planos como o jeans, o crepe, a
178