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MATERIAIS

TÊXTEIS

PROFESSORA
Dra. Paula Piva Linke
MATERIAIS TÊXTEIS

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


LINKE, Paula Piva.
Materiais Têxteis. Paula Piva Linke.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2023.
178 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Materiais. 2. Têxteis. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-0863-0 CDD - 22ª Ed. 677


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head Produção de Conteúdo Rodolfo Pinelli, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Melina Belusse Ramos, Designer Educacional Yasminn
Talyta Tavares Zagonel, Agnaldo Ventura, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Felipe Veiga da
Fonseca Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora

Dra. Paula Piva Linke


Doutora em Ciência Ambiental pelo Procam (USP) com bolsa Capes, desenvolve
pesquisa na área do Moda e Sustentabilidade. Mestre em História pela Univer-
sidade Estadual de Maringá (UEM). Especialista em História e Sociedade (UEM)
e em Moda (Cesumar). Graduada em Moda pelo Cesumar. Professora do curso
de Moda, Artes Visuais e Jornalismo no ano de 2013, em 2014 atuou somente no
curso de Moda do Unicesumar nas disciplinas de História da Moda e Laboratório
de Criação. Atua na educação a distância da Unicesumar nas áreas de história
da moda e desenho de moda. Realiza pesquisas na área de sustentabilidade e
moda, bem como Moda e cultura.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
http://lattes.cnpq.br/1818751167908774
MATERIAIS TÊXTEIS
Paula Piva Linke

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de materiais têxteis. O obje-


tivo dessa disciplina é lhe apresentar a cadeia de produção do setor têxtil, que se
inicia com a produção da fibra até a confecção do tecido.
Para dar conta da conteúdo proposto, este livro foi dividido em cinco unidades,
são elas: ‘A cadeia de produção do setor têxtil: fibras e filamentos têxteis’; ‘Fiação’;
‘Tecelagem’; ‘Malharia e não-tecido’ e, por fim, ‘Beneficiamento’, acabamentos e
tecidos. Por meio da leitura dessas cinco unidades, você terá a oportunidade de
entender como funciona toda a cadeia têxtil.
Na primeira unidade, intitulada ‘A cadeia de produção do setor têxtil: fibras e
filamentos têxteis’, você terá uma apresentação breve de todo o setor têxtil e seus
processos, para então dar início ao processo de construção dos tecidos, que se
inicia com as fibras têxteis, classificadas em naturais, sintéticas e artificiais.
Após conhecer esses três grupos de fibras e as características de cada uma delas,
serão apresentados na segunda unidade os processos de fiação: como se dá a
transformação das fibras em fio. Na sequência, nessa mesma unidade você tam-
bém conhecerá alguns fios especiais e suas características, como o fio fantasia,
por exemplo.
Na terceira unidade, você verá como se dá a transformação dos fios em tecidos por
meio do processo de tecelagem, que produz os tecidos planos. Além disso, você
também conhecerá alguns tecidos e como estes são classificados, quanto à forma
de tecelagem e demais características.
Na sequência, na quarta unidade, será apresentada a malharia: processo responsá-
vel pela produção de tecidos com maior elasticidade. Também serão apresentados
os não tecidos, materiais têxteis provenientes de outros processos de fabricação.
Um ponto a ser destacado nessa unidade é os tecidos inteligentes, tecidos com
benefícios diferenciados como impermeabilização, antichamas etc.
Por fim, na última unidade, você será informado sobre os processos de beneficia-
mento e acabamento que proporcionam melhor aspecto comercial aos tecidos.
O tingimento, estamparia e lavanderia também serão abordados, assim como as
normas para etiquetagem e os símbolos usados, finalizando uma breve reflexão
sobre as questões ambientais que permeiam o setor têxtil. Boa leitura.
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR TÊXTIL MALHARIA E NÃO-TECIDO
FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS 114 Malharia
14 A Cadeia de Produção do Setor Têxtil 125 Tecidos Inteligentes
19 Fibras Naturais
29 Fibras Artificiais UNIDADE V

35 Fibras Sintéticas BENEFICIAMENTO, ACABAMENTOS E TECIDOS


144 Beneficiamento e Acabamento
UNIDADE II 148 Estamparia e Lavagens
FIAÇÃO 156 Simbologia de Conservação de Artigos Têxteis
54 Fios 163 Têxteis e Meio Ambiente
58 Fiação Penteada, Anel e a Rotor
62 Classificação de Fios
178 Conclusão Geral

UNIDADE III
TECELAGEM
82 Tecelagem
88 Padronagens
95 Tecidos e Suas Características
A CADEIA DE PRODUÇÃO DO SETOR
TÊXTIL: FIBRAS E FILAMENTOS TÊXTEIS

Professora Dra. Paula Piva Linke

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A cadeia de produção do setor têxtil
• Fibras naturais
• Fibras artificiais
• Fibras sintéticas

Objetivos de Aprendizagem
• Descrever todo o processo de produção da cadeia têxtil.
• Apresentar todas as fibras naturais e suas características.
• Mostrar todas as fibras artificiais e suas características.
• Apontar todas as fibras sintéticas e suas características.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo(a), aluno(a) de ensino a distância da Unicesumar. É


com imenso prazer que o recebo na disciplina de Materiais têxteis, ini-
ciamos nossa aula conhecendo o setor de produção da cadeia têxtil e em
seguida veremos todos os materiais utilizados na confecção dos tecidos,
elemento utilizado como suporte para dar forma à roupa.
O objetivo aqui é apresentar inicialmente toda a cadeia de produção
do setor têxtil, que se inicia com a produção da fibra e se estende à con-
fecção de produtos do vestuário e comercialização.
No entanto, nesta disciplina, não lhe será apresentado com mais de-
talhes o setor de confecção, a intenção é lhe mostrar a extensão do setor
produtivo que envolve a moda. Após conhecer a extensão da cadeia têx-
til, serão apresentadas as fibras que proporcionam a fabricação dos mais
variados tecidos e materiais têxteis, ou seja, de tecidos a cordas e tapetes.
Existe uma grande variedade de fibras têxteis que são classificadas em
três grupos: naturais, artificiais e sintéticas.
Na segunda parte desta unidade, você conhecerá quais são as fibras
naturais, como são classificadas e quais as características que apresen-
tam e que vão aparecer nos tecidos. Dentre essas fibras, destacam-se o
algodão e a lã, presentes em grande parte do vestuário.
Em seguida, partimos para as fibras artificiais, que são aquelas fabri-
cadas em laboratórios por meio de efeitos químicos. Essa fibras também
apresentam características específicas, sendo uma das mais famosas a
viscose. Assim como as naturais, essas fibras são largamente utilizadas
na fabricação de tecidos, podendo ser misturadas a outros materiais, os
sintéticos ou naturais.
Por fim, veremos as de material sintético, que são aquelas fabrica-
das com produtos oriundos do petróleo e/ou polímeros, por exemplo,
o poliéster e demais materiais. Tais fibras são empregadas na confecção
do vestuário em larga escala, principalmente em roupas para academia.
MATERIAIS TÊXTEIS

A Cadeia de Produção do Setor Têxtil


Caro(a) aluno(a), antes de explicar todo o processo Ao falar de moda, estamos nos referindo a um
de construção de um tecido, que é o objetivo desta processo que vai da produção e plantio de se-
mentes para a obtenção da matéria-prima dos
disciplina, você precisa conhecer a estrutura da ca-
substratos têxteis até a milhões de trabalhadores
deia têxtil, pois a partir dessa visão geral, cada tema e suas variadas funções em diversos países do
será abordado com mais facilidade. mundo – de lavadores a top-models. Enquanto
Não podemos nos esquecer de que a produção campo do fazer, é uma indústria que necessita
de insumos e produtos específicos, como linhas,
do setor têxtil se insere dentro do universo da moda,
agulhas, máquinas de lavar, teares industriais,
que apresenta outras questões que não apenas pro- óleos, adstringentes, solventes, branqueadores,
dução, que transcende a cadeia têxtil ao englobar lixas, tintas, corantes, resinas, metais, papéis,
outros setores que lhes fornecem suporte. plásticos, filmes, agentes, arados, pesticidas, fer-
tilizantes, etc. (BERLIM, 2012, p. 26).

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DESIGN

A afirmativa da autora parece exagerada, mas ex- Observa-se, portanto, que os produtos têxteis são
pressa muito bem a complexidade do setor de pro- variados e abrangem uma grande quantidade dos
dução têxtil. Ao falar de arados e pesticidas, por bens que consumimos. Essa produção não apenas
exemplo, Berlim (2012) se refere ao plantio das fi- gera uma grande variedade de produtos, que em
bras naturais como o algodão, portanto, pensar o muitos casos têm um ciclo de vida curto, mas, face
setor têxtil requer conhecer um pouco sobre todos à diversidade dessa produção, também pode causar
esses processos que envolvem os tecidos. impactos consideráveis sobre o meio ambiente.
Para Berlim (2012, p. 27), “o setor têxtil pode ser
definido como aquele que transforma fibras em fios, A produção de têxteis foi uma das atividades
mais poluidoras do último século e foi tema de
fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade
várias pesquisas que recaíram em especial so-
de produtos”. Essa infinidade de produtos vai muito bre seus principais impactos: a contaminação
além da produção de vestuário, ela consegue abarcar da água e do ar. Além de demandar muita ener-
outros setores e produtos, tais como: gia na produção e transporte de seus produtos,
a indústria têxtil polui o ar com emissões de
gazes de efeito estufa, as águas com as quími-
[...] peças de vestuário, roupas de cama e mesa,
cas usadas nos beneficiamentos, tingimentos e
substratos têxteis para a indústria automobilísti-
irrigação de plantações; e o solo, com pesticidas
ca usar em cintos de segurança e air-bags, sacos
de alta toxidade. Além disso, os resíduos que
de estocagem para a agricultura, roupas espe-
permanecem nos produtos podem contaminar
ciais para bombeiros, tendas, paraquedas, velas
quem os usa (BERLIM, 2012, p. 33).
de barco, gazes para uso hospitalar, estofados de
uso doméstico, etc (BERLIM, 2012, p. 27).

REFLITA
SAIBA MAIS

Normalmente se associa a indústria têxtil à


Os artigos têxteis estão em todos os setores
moda e passarelas, mas ela causa impactos
industriais, e têm significativa importância no
significativos sobre o meio ambiente. Lembre-
setor de decoração de interiores, pois é por
-se que é preciso refletir sobre os problemas
meio de tecidos que são estofados muitos
ambientais, visto que estamos em um mundo
móveis, como sofás, cadeiras, poltronas.
em crise e isso também faz parte do processo
Além disso, destacam-se também as corti- de atuação do profissional de moda.
nas, persianas e demais peças ligadas à cama,
(Lilyan Berlim)
mesa e banho que se apresentam nos mais
diversos espaços. O setor têxtil engloba muito
mais do que a simples produção de roupas.

Fonte: adaptado de Berlim (2012).

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MATERIAIS TÊXTEIS

A afirmativa da autora sobre os impactos que essa lar, vestuário e tecidos para sacaria, automotivos
cadeia provoca devido à sua produção demonstra dentre outros. Por fim, temos as vendas: exportação,
que ela é bastante complexa e também extensa. varejo físico, vendas por catálogo, vendas eletrônicas,
Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos e a chegada ao consumidor final (PRADO, 2014).
– que podem ser naturais, artificiais ou sintéticas – , Na figura abaixo, podemos observar toda a es-
fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de teci- trutura do setor têxtil e como se dá a sequência lógi-
dos, aviamentos, confecção que se divide em linha ca de produção.

Figura 1 - Diagrama da estrutura produtiva e de distribuição têxtil e de


confecção
Fonte: Pimentel (2013, p. 3).

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DESIGN

Nesta imagem, além da produção do tecido, en- sem elasticidade, tais como brim, fustão, veludo, li-
contra-se a confecção, fase final da cadeia têxtil, nho, cetim, tricoline dentre tantos outros.
responsável pela fabricação das roupas. No entan- A malharia é outro processo de tecelagem que
to, o que deve ser destacado nessa figura é justa- produz tecidos com elasticidade, as chamadas ma-
mente a quantidade de setores que dão suporte ao lhas. “Tecidos de malha são aqueles formados por
setor têxtil, como a indústria química, maquinário, laços que se interceptam e se apoiam lateral e verti-
escolas para formação de profissionais (PIMEN- calmente, proveniente de um ou mais fios, como por
TEL, 2013). exemplo, o jérsei e o tricô” (CHATAIGNIER, 2006,
Para você, aluno(a), o que interessa aqui é o setor p. 44). Esses tecidos apresentam como característica
de produção do fio ao tecido acabado, ou seja, todos a elasticidade que os permite expandir e retornar ao
os materiais como fibras têxteis utilizadas nos pro- tamanho normal sem alteração das dimensões.
cessos de fiação e transformação do fio em tecido. Após a finalização do tecido, inicia-se o processo
A cadeia têxtil se inicia com a produção de fi- de beneficiamento e acabamento dele. O beneficia-
bras, que são divididas em fibras sintéticas (nylon, mento é um processo extenso e envolve uma série de
poliéster, lycra e polipropileno), artificiais (viscose, tratamentos que buscam melhorar as características
acetato) e naturais, que se dividem em vegetal (algo- do tecido, como a textura, e, em seguida, são feitos
dão, rami, linho, juta), animal (seda, lã) e minerais os acabamentos finais do tecido.
(basalto e amianto) (CHATAIGNIER, 2006).
Após a obtenção da fibra, inicia-se o processo de Acabamento propriamente dito: significa uma
série de processos e tratamentos variados sub-
fiação, que consiste em unir fibras e transformá-las
metidos a um tecido que dessa forma, torna-se
em filamentos longos, que são os fios. Em muitos apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria
casos, ocorre a junção de diferentes fibras em um e a estampagem. Como o nome indica, é um
único fio, que passam a ser chamados de fios mistos. processamento final com o objetivo de tornar o
Deve-se ressaltar também que cada fibra exige um tecido adequado ao seu uso específico, além de
eliminar possíveis defeitos (CHATAIGNIER,
processo de fiação que se adapte às suas característi-
2006, p. 53).
cas (CHATAIGNIER, 2006).
Com os fios já prontos, inicia-se o processo Com o tecido finalizado e pronto para comerciali-
de tecelagem que consiste na junção de fios para a zação, inicia-se o processo de confecção do vestuá-
construção do tecido; esse processo pode ser feito rio, que consiste no desenvolvimento e construção
de duas formas: por meio da tecelagem ou da ma- de uma peça do vestuário. Junto com esse processo,
lharia. “Os tecidos planos são aqueles obtidos pelo vêm ainda outros acabamentos para a peça pronta,
entrelaçamento de dois conjuntos de fios (urdume como a lavanderia utilizada em tecidos jeans para
e trama) formando um ângulo de 90º” (CHATAIG- dar efeitos diferenciados à peça e a estamparia, apli-
NIER, 2006, p. 43). cada antes da sua montagem. Após a finalização do
De acordo com a forma de entrelaçamento dos produto, inicia-se o processo de comercialização.
fios, é possível obter tecidos com diferentes caracte- A estrutura do setor de confecção pode ser ob-
rísticas. Esse processo de tecelagem produz tecidos servado na figura a seguir.

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MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 2 - Fluxograma dos Principais Processos de Confecção


Fonte: Guimarães e Martins (2010, p. 192).

Ao apresentar esse fluxograma, a intenção é de fa- É de suma importância que você aprenda e com-
zê-lo perceber que todo o processo de produção do preenda como se dá a fabricação de tecidos e suas
tecido serve para abastecer a indústria da moda, res- características, pois um bom estilista deve conhecer
ponsável pela confecção do vestuário. os tecidos, suas características e saber como usá-los.

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DESIGN

Fibras Naturais
Primeiramente, antes de falarmos das fibras naturais, Essas fibras são classificados em três grandes grupos:
sua classificação e características, você precisa en- as fibras naturais, artificiais e sintéticas (CHATAIG-
tender que existe uma grande variedade de materiais NIER, 2006). Neste nosso tópico, preocuparemo-
que podem ser utilizados na fabricação de tecidos. -nos com as fibras naturais, que são aquelas fabrica-
das por meio de elementos encontrados na natureza.
Fibras têxteis são materiais filamentosos o que Para Sissons (2012), as fibras naturais são divi-
permite sua transformação em fios, e, portanto
didas em grupos, sendo as mais comuns as vegetais
em tecidos. São caracterizados por sua flexibi-
lidade e finura, possuindo um comprimento e animais. Para Chataignier (2006), existe ainda, no
muito maior que sua espessura, o que resulta grupo das fibras naturais, as minerais. Para a autora,
num produto que pode ser enrolado e desenro- as fibras se dividem em vegetal (algodão, rami, linho,
lado de forma organizada (CASSEL et al., 2002, juta), animal (seda, lã) e minerais (basalto e amian-
p. 01).
to). Observe na Tabela 1 a divisão dessas fibras.

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MATERIAIS TÊXTEIS

Animais Lã e pêlos Angorá

Cashemira

Coelho

Lã de Ovelha

Mohair

Pêlos grossos Cabra

Seda Seda Cultivada

Seda Silvestre

Minerais Amianto (asbesto) Crisotila

Crocidolita
FIBRAS NATURAIS
Vegetais De Caules Cânhamo

Juta

Linho

Malva

Ramí

De Folhas Caroá

Sisal

Tucum

De Frutos e Sementes Algodão

Côco

Tabela 1 - Fibras naturais


Fonte: Kuasne (2008, p. 09).

20
DESIGN

É possível observar que existe uma grande variedade (UDALE, 2015). Vejamos a seguir as especificidades
de fibras naturais, e algumas delas receberão maior de cada uma delas.
atenção. Primeiramente apresentam-se as fibras na- O algodão é a fibra natural mais utilizada no
turais vegetais como o algodão, linho, rami, cânha- mercado da moda. “O algodão é usado como fibra
mo, juta e sisal. Posteriormente serão apresentadas têxtil há mais de 7.000 anos, podendo dizer-se que
as fibras animais, como a lã e a seda, e, por fim, as está ligado à origem mais remota do vestuário e à
minerais, como o amianto e o basalto. evolução da produção de artigos têxteis” (KUASNE,
As fibras de origem vegetal são aquelas prove- 2008, p. 21).
nientes de plantas. Elas podem se originar de se- Ela “é uma fibra macia, felpuda e cresce em volta
mentes e frutas como as fibras de algodão; de cau- da semente da planta” (UDALE, 2015, p. 47). Obser-
les como linho, rami e juta; e de folhas como o sisal ve na imagem a seguir a planta de algodão.

Figura 3 - Planta de algodão


Fonte: Shutterstock.

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MATERIAIS TÊXTEIS

A planta do algodão solta pequenas plumas brancas, devido a essa característica, ela permite que a pele
como pode ser observado na Figura 3, e são dessas respire, sendo muito adequada para climas quentes
plumas que são extraídas as fibras do algodão. (CASSEL et al; 2002; SISSONS, 2012).
Udale (2015) ressalta que a grande utilização Outra fibra que merece destaque é o linho. As-
dessa fibra no mercado da moda se deve à sua gran- sim como o algodão, o linho foi utilizado desde os
de versatilidade, pois permite a fabricação de uma tempos mais antigos, mais especificamente pelos
grande variedade de tecidos, como, por exemplo, o egípcios que fabricavam belas peças na cor branca
jeans. com o linho que crescia em abundância na região
A fibra do algodão pode ser longa e uniforme (LAVER, 2001).
ou curta; quanto mais longa a fibra, melhor a quali- O linho também é uma fibra de origem vegetal
dade do algodão e mais caro o produto. Essa fibra é que se origina do caule de uma planta, possuindo
altamente hidrófila, o que proporciona uma boa ab- características bem próximas às do algodão (UDA-
sorção de água, secando com facilidade. Além disso, LE, 2015). Observe a planta na figura abaixo.

Figura 4 - Linho
Fonte: Shutterstock.

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DESIGN

Outra fibra comum é o Rami que é uma planta


SAIBA MAIS
de caule como o linho, mas que, ao contrário deste,
produz grandes quantidades.
O Linho era um dos tecidos mais utilizados no
Antigo Egito, sendo o tecido adequado para o
O rami é uma planta perene, isto é, de cultura
calor do deserto. As roupas mais caras eram
permanente, que pode produzir, sem renova-
feitas com linho, sendo esse um privilégio
do Faraós e sua corte usar o linho de melhor ção, por cerca de 20 anos. A planta apresenta
qualidade. uma cepa de onde partem as hastes que podem
atingir, em terrenos apropriados, entre 2 e 3
As roupas eram compostas por retângulos de metros de altura. Permite, em média, 3 a 4 cor-
tecido que eram plissados por meio de torção tes por ano (KUASNE, 2008, p. 28)
após a lavagem do tecido e então enrolados
sobre o corpo e presos por alfinetes dando
origem a diversos trajes. Essa fibra apresenta uma alta produtividade como
Fonte: adaptado de Laver (2001). ressaltou a autora, contudo Chataignier (2006) des-
taca que sua utilização apresenta-se restrita, princi-
palmente devido às suas características em relação
Observe que diferentemente do algodão, que produz ao toque, pois é mais rústica que o linho, mostran-
a fibra por meio de suas plumas, o linho é extraí- do-se áspera.
do do caule no início da floração, produzindo fibras As fibras de rami são longas, entre 1,5 e 2 m de
mais longas, entre 90 cm e 120 cm (KUASNE, 2008). comprimento e muito utilizadas para a confecção
Por se originar de um caule, essa fibra apresenta-se de tecidos para decoração, pois é mais resistente e
longa, com elevado brilho natural. A produção dessa longa, o que possibilita a fabricação de uma maior
fibra é anual, o que explica também o seu alto preço, quantidade de produtos (KUASNE, 2008).
visto que existem certos cuidados a serem considerados Kuasne (2008) destaca que essa fibra absorve
na produção, já que um caule de linho produz apenas corantes com facilidade o que possibilita cores vi-
¼ de sua massa em fibras, ou seja, apenas 25% da planta vas e intensas. Chataignier (2006) ressalta que o
será utilizada como fibra têxtil (KUASNE, 2008). rami pode ser um bom substituto para o linho, pois
Outro ponto a se destacar é o conforto: ela pos- quando os tecidos recebem os devidos acabamentos,
sibilita uma boa absorção de umidade, sendo muito apresentam as mesmas características que o linho,
utilizado no vestuário e em roupas de cama, contu- com maior qualidade devido ao comprimento da fi-
do amarrota-se com muita facilidade, o que exige bra e a sua alta produtividade. Observe na figura a
certos cuidados com o tecido, que sofre tratamentos seguir os fios de rami.
para evitar o amarrotamento (CASSEL et al, 2002).

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MATERIAIS TÊXTEIS

O rami é muito utilizado na confecção de barbantes.


Devido ao seu comprimento e resistência, essa fibra
também tem outros usos além da decoração e vestu-
ário, sendo muito utilizada na produção de barban-
tes e linhas de costura, como afirma Kuasne (2008).
Assim como o Linho e Rami, o Cânhamo tam-
bém é uma fibra vegetal. “Planta herbácea cultivada
pelo seu caule que fornece a fibra têxtil. Os métodos
de extração da fibra são semelhantes aos do linho,
embora mais rústicas possuem propriedades com-
paráveis às do linho” (PEZZOLO, 2013, p. 123).
Para Kuasne (2008, p. 27), “o cânhamo tem sido
usado em quase todas as formas de aplicação têx-
teis: tecidos finos, cortinas, cordas, redes de pesca,
lonas, etc., além de misturado a outras fibras, natu-
rais e/ou artificiais”.
Essa fibra é bastante longa, podendo ultrapas-
sar 2 m de comprimento. Sua rusticidade é marcada
pela presença de pequenas escamas e farpas que a
cobrem. Observe na figura 6 a fibra e sua planta.
Ao contrário das fibras que vimos até aqui, a juta
Figura 5 - Rami
é bem mais rústica, “proveniente do tecido externo
Fonte: Shutterstock. ao lenho de plantas, ela se destina essencialmente
à fabricação de sacos, embalagens, cordas, tecidos
para revestimento mural ou tapetes de baixo custo”
(PEZZOLO, 2013, p. 123).
Por ser extraída de um caule mais lenhoso, como
afirma Pezzolo (2013), a fibra de juta é mais rústica,
sendo bastante extensa e podendo variar entre 1,5 m
e 3 m de comprimento.
Kuasne ressalta que “a fibra de juta apresenta,
geralmente, um brilho sedoso e, quando compa-
rada ao linho, é mais quebradiça, o que a impede
de ser transformada em fios finos, já que os feixes
Figura 6 - Cânhamo
não se separam tão bem no sentido longitudinal”
Fonte: Shutterstock. (2008, p. 27).

24
DESIGN

Devido à sua pouca resistência, a juta permi-


te apenas a fabricação de materiais náuticos, pois é
necessário fios mais grossos para dar estabilidade à
fibra, assim ela é muito empregada na confecção de
sacaria. Observe na Figura 7 uma trama de juta.
As fibras do sisal são retiradas de suas folhas, uti-
lizadas para fabricação de cordas, barbantes e tapetes
rústicos devido à sua resistência (PEZZOLO, 2013).
Essa fibra apresenta aspectos rústicos o que di-
ficulta a sua utilização na fabricação de fios finos e
delicados, necessários para a fabricação de produtos
Figura 7 - Juta
mais nobres como os tecidos. Fonte: Shutterstock.

O comprimento varia entre 60 e 160 cm. Apre-


sentam excelente resistência à ruptura e ao
alongamento, além de notável resistência à
água. É usada notadamente em cordoalha, sola-
dos de alpargatas, indústria de colchões de mo-
las, sacolas, sandálias, cestos, escovas (KUAS-
NE, 2008, p. 28).

Observe na Figura 8 a planta da fibra de sisal e sua


fibra. A fibra do sisal também pode ser utilizada em
artesanatos variados, como mostra a imagem.
Essas são apenas algumas da fibras naturais ve-
getais existentes na indústria têxtil. Existem ainda
outras plantas que possibilitam a fabricação de fibras
têxteis, mas essas são as mais utilizadas, especial-
mente o algodão e o linho.

REFLITA

As fibras mais rústicas têm uma atuação im-


portante no setor têxtil, podendo ser utiliza-
Figura 8 - Sisal
das na decoração e mesmo na produção arte- Fonte: Shutterstock.
sanal ou tapeçaria. A forma de empregá-la é o
que garante a qualidade estética do produto.

25
MATERIAIS TÊXTEIS

Sua utilização ultrapassou séculos de história até


os dias atuais, sendo largamente utilizada na fabrica-
ção de roupas para inverno.

Dá-se o nome de lã ao revestimento piloso na-


tural dos ovinos vulgarmente chamado carnei-
ros, ovelhas, borregos ou cordeiros. Esta desig-
nação pode também ser utilizada em conjunto
com o nome de outro animal, em substituição
da palavra “pêlo”, como por exemplo, lã de al-
paca, lã de camelo, lã de vicunha, lã de moer
(KUASNE, 2008, p. 29).

Veja um exemplo de fibra de lã na imagem ao lado.


A lã é obtida por meio da pelagem da ovelha;
assim, ela precisa ser extraída de forma adequada,
ou seja, por meio da tosquia. Tosquiar a ovelha cor-
responde a retirar o velo, ou seja, toda a pelagem de
maneira a formar um tapete de pelos. Cada parte da
ovelha possui suas características que vão influen-
ciar na qualidade da lã (PEZZOLO, 2013).
Após retirada do animal, a lã apresenta-se ondu-
Figura 9 - Lã de ovelha lada, como mostra a Figura 9, sendo esta uma carac-
Fonte: Shutterstock.
terística comum da lã. Veja a seguir algumas outras
características desse material descritas por Kuasne
Além das fibras naturais vegetais, há também as na- (2008, p. 30).
turais animais, que são aquelas fabricadas por meio • O comprimento das fibras para lã cardada va-
do pêlo dos animais, sendo a mais conhecida delas a ria de 50 a 150 mm.
lã (SISSONS, 2012). • As fibras finas e médias apresentam um bri-
Chataignier (2006) destaca que a lã pode ser obtida lho superior ao das fibras grossas. Fibras com
elevado brilho têm aparência semelhante às
de outros animais além da ovelha como: lhama, alpa-
da seda.
ca, cabra, camelo e a vicunha. Cada um desses animais
• Apresentam excelente alongamento e elasti-
produz um produto característico, no entanto, a ovelha
cidade.
é a mais utilizada para a fabricação desse material.
• A lã é muito flexível, tem bom toque e é bas-
A Lã é a fibra animal mais antiga utilizada na tante confortável, possuindo uma boa reten-
história da humanidade, com datas por volta de ção de água.
9.000 a.C. A atividade de pastoreio se tornou co- • Deve-se evitar a lavagem dos artigos confeccio-
mum em civilizações como Mesopotâmia localizada nados com lã em máquinas de lavar, não fric-
no Oriente Médio (PEZZOLO, 2013). cioná-los, não torcê-los e usar sabões neutros.

26
DESIGN

Como dito pela autora, a fibra de lã é relativamente


pequena ao compararmos com as vegetais; no en-
tanto, ela permite um bom processo de fiação. Ela é
muito utilizada na confecção de roupas de inverno,
pois são excelentes isolantes térmicos, proporcio-
nando a manutenção do calor do corpo (KUASNE,
2008).
A seda, assim como a lã, é um fibra natural ani-
mal; no entanto, ela não se origina de um animal
propriamente dito, mas sim de uma pequena lagarta
(PEZZOLO, 2013).
A seda é feita por uma pequena lagarta que, ao
passar pelo processo de metamorfose, constrói um
casulo composto por um único fio. A seda é justa-
mente o fio que compõem o casulo da lagarta (CHA-
TAIGNIER, 2006).
Observe a Figura 10 ao lado com o casulo e o fio
de seda.
Os fios de seda podem apresentar a coloração
branca, amendoada ou amarelada dependendo da
alimentação da lagarta. A seda é um dos tecidos
mais antigos do mundo e teve sua origem na China
por volta de 2.500 a.C., havendo inclusive uma lenda
sobre seu surgimento (PEZZOLO, 2013).
Conta-se que uma princesa chinesa passeava em
um bosque de amoreiras e em seu passeio caiu sobre
ela um casulo com alguns fios brilhantes. Encantada
com a beleza do fio, que brilhava com a luz, a prin-
Figura 10 - Casulos de seda
cesa o levou ao palácio e a partir de então foi criado Fonte: Shutterstock.
o tecido de seda. Esse segredo foi guardado a sete
chaves, pois o tecido passou a ser comercializado e produtores de seda são: China, Índia, Coréia do Sul,
adquiriu importância no Oriente (CHATAIGNIER, Brasil, Itália e França (CHATAIGNIER, 2006).
2006). Chataignier (2006) afirma que dentre as princi-
Além da China, a civilização Bizantina se tornou pais características da seda pode citar:
uma importante produtora na Idade Média. Produ- • Tem resistência de razoável a forte.
ção essa que se estendeu para a Itália a partir do sécu- • Bom caimento.
lo XIII, depois para a França. Atualmente os maiores • Brilhante e agradável ao toque.

27
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 11 - Brilho do tecido de seda


Fonte: Shutterstock.

• Absorve água com facilidade.


É possível produzir uma imensa variedade de teci-
• Absorve corantes com facilidade.
dos de seda, que podem ser empregados no vestu-
• Não suporta alvejantes a base de cloro.
ário, decoração, cama, mesa e banho, e demais seg-
• Possui boa elasticidade.
mentos do vestuário.
• Não suporta a luz do sol, podendo manchar
Uma das principais características da seda é o
se exposta por longos períodos.
seu brilho. Observe A FIGURA 11 acima um exem-
• Pode ser atacada por traças.
plo de tecido.

28
DESIGN

Fibras Artificiais
Assim como as fibras naturais, existem também Assim como as naturais, existe uma grande va-
aquelas artificiais. Udale (2015, p. 53) descreve as riedade de fibras artificiais. São elas: Acetato, Algi-
fibras artificiais como: “fibras derivadas de celulose, nato, Borracha, Carbono, Caseína, Cupro, Metálica,
que por meio de processos de manufatura química Liocel, Modal, Triacetato, Vidro, Viscose, Raiom
são transformados em novas fibras”. (RIBEIRO, 1984). Nesta unidade você verá as ca-
O desenvolvimento e utilização dessas fibras se deu racterísticas e usos para cada uma delas.
somente no século XX, quando as tecnologias e pesquisa Uma grande quantidade dessas fibras (Acetato,
desenvolvidas possibilitaram o descobrimento de novas Cupro, Liocel, Modal, Triacetato, Viscose e Raiom)
tecnologias que foram aplicadas às diversas áreas do co- é produzida por meio da celulose, material prove-
nhecimento, inclusive ao setor têxtil (KUASNE, 2008). niente da madeira (PEZZOLO, 2013). Vejamos as

29
MATERIAIS TÊXTEIS

características de cada uma delas e posteriormente Recentemente foi desenvolvida uma fibra ecolo-
veremos as fibras não celulósicas (Alginato, Borra- gicamente correta e biodegradável, o Tencel, nome
cha, Carbono, Caseína, Metálica e Vidro). Observe comercial da fibra de Liocel (UDALE, 2015).
na figura a seguir a estrutura da celulose: De acordo com Kuasne (2008, p. 53), o Liocel é
uma nova “fibra natural, a primeira fibra nova em
mais de 30 anos. Ela é fabricada inteiramente da ce-
lulose natural encontrada na polpa da madeira, que
se origina de árvores cultivadas em fazendas espe-
ciais para este objetivo”.
Os materiais têxteis são responsáveis por gran-
des impactos sobre o solos e as águas. Pensando em
produtos sustentáveis, foi desenvolvida essa fibra,
cujas características incluem:
• resistência;
• apresenta baixo encolhimento na água;
• boa estabilidade;
• toque macio e suave;
Figura 12 - Celulose
Fonte: Shutterstock. • caimento fluido e flutuante, leve;
• absorve corantes com facilidade.
O Acetato, também conhecido como acetato de ce-
lulose, foi desenvolvido durante a Primeira Guerra Todas essas características permitem à fibra grande
Mundial como revestimento para asas de aeronaves versatilidade nos tecidos fabricados, pois o conforto
e depois transformado em fibras. Pode ser feito por e resistência são uma marca registrada. Ela pode ser
meio da celulose da madeira ou por restos das plu- empregada na confecção de peças de vestuário, na
mas de algodão, possui a mesma aparência da seda, decoração e na linha lar em roupas de cama.
mas não seu toque (UDALE, 2015). De acordo com Kuasne (2008, p. 51), a fibra de
De acordo com Kuasne (2008, p. 62), pode ser Modal são “fibras de celulose regenerada normalmente
utilizado em: forro de roupa, tecidos para vestidos, fabricadas pelo processo Viscose, que possuem elevada
panos para guarda-chuva, gravatas, fios de enfeites, tenacidade e alto módulo de elasticidade a úmido”. O
roupas finas. processo de fabricação segue o mesmo da viscose.
A fibra de Cupro é obtida por meio de um pro- As principais características desse material se re-
cesso de regeneração da celulose. Essa fibra possui ferem a conforto, maciez e suavidade. Além disso,
o aspecto e o toque da seda, maciez e brilho, assim essa fibra absorve água com muita facilidade e seca
como absorve corantes com facilidade. É muito in- mais rápido que o algodão, o que proporciona fres-
dicada para a produção de tecidos para vestuário e cor às peças confeccionadas com tecidos produzidos
para a decoração (AGUIAR NETO, 1996). com essa fibra (PEZZOLO, 2013).

30
DESIGN

Cabe destacar ainda que essa fibra pode ser As fibras e fios de viscose possuem “característi-
misturada a outras fibras com a finalidade de ob- cas bem próximas aos do algodão como: absorção de
ter tecidos com características diferenciadas. Como umidade, resistência, maciez ao toque e caimento”
exemplo, pode-se citar que a combinação do Modal (PEZZOLO, 2013, p. 129).
e do Algodão (50% de cada fibra do tecido) faz que o De acordo com Kuasne (2008), devido a essas
tecido de algodão ganhe brilho sedoso, maior viva- características, essa fibra é muito utilizada em uma
cidade nas cores e maciez (PEZZOLO, 2013). grande variedade de produtos, tais como:
Essa fibra também pode ser combinada com ou- • Tecidos para vestuário feminino, vestuário
tros materiais como: acrílico, strech, cotton, crepe, esportivo e forros.
linho e promodal. Cada uma dessas misturas garan- • Têxteis para o lar, como sejam toalhas de
te características diferenciadas ao tecido (PEZZO- mesa e tecidos de estofamento de mobiliário.
LO, 2013). Essa fibra pode ser empregada na fabri- • Aplicações técnicas e industriais, como, por
exemplo, telas para filtros, não tecidos e chu-
cação de materiais diversos, principalmente tecidos
maços.
finos e compostos.
Outra fibra relevante é o Triacetato, que também A autora prossegue afirmando os benefícios desse
é uma fibra de celulose. “Fibra artificial celulósica, material:
obtida da polpa de madeira ou dos linters de algo- • Maior conforto, especialmente em climas
dão, é um material termoplástico, podendo ser for- quentes. Em contato com o corpo, transmite
necido ao mercado na forma de fibra cortada, e/ou uma agradável sensação de suavidade e fres-
cor.
filamentos contínuos” (KUASNE, 2008, p. 63).
• Absorção de água elevada, importante em
Essa fibra apresenta características bastante
aplicações como toalhas de banho, artigos de
marcantes referentes ao brilho, calor e resistência. O
limpeza, absorventes higiênicos etc.
triacetato apresenta brilho elevado, que pode desa-
• Elevada transferência de calor, mais uma ca-
parecer se este for colocado em água muito quente. racterística que torna a viscose adequada ao
Quanto ao calor, cabe destacar que essa fibra é ideal clima quente.
para fazer drapeados, plissados e vincos permanen- • Em puro, apresenta um caimento fluido.
tes, pois o calor provoca modificações plásticas per- Quando utilizada em conjunto com outras fi-
manentes nessa fibra (KUASNE, 2008). bras, facilita a adequação do caimento à apli-
Outro ponto a ser destacado, ainda, é a resistên- cação.
cia às rugas, pois suas características se aproximam • Boa solidez das cores, por isso não desbota.
das fibras sintéticas, ou seja, o ferro de passar é pra- • Toque suave e macio, permitindo a fabrica-
ção de tecidos e malhas mais confortáveis.
ticamente dispensado (KUASNE, 2008).
Uma das fibras de celulose mais conhecidas é a Apesar de sua grande utilização e dos benefício
Viscose, cujo processo de fabricação foi descoberto anteriormente citados, há que se destacar algumas
em 1892, dando início à produção de fios somente questões. A viscose apresenta pouca resistência à
em 1905 (PEZZOLO, 2013). água e ao calor excessivo, assim deve-se evitar lavar

31
MATERIAIS TÊXTEIS

peças de viscose na máquina ou passar com ferro


muito quente (KUASNE, 2008). Assim, há que se ter
cuidado no processo de manutenção das peças de
vestuário confeccionadas com esse material.
O Raiom foi a primeira fibra artificial de celulose
desenvolvida em 1885, quando ainda era chamado
de seda artificial. O nome Raiom só foi estabelecido
em 1924 (UDALE, 2015).
Assim como as outras fibras de celulose, pos-
sui maciez, modela-se com facilidade e resistência.
Além disso, também absorve corantes com facilida-
de, o que permite que ela tenha cores vibrantes e não
desbote com facilidade (UDALE, 2015).

REFLITA

Figura 13 - Extração do látex Apesar de serem feitas com a celulose que é


Fonte: Shutterstock. um material orgânico, as fibras artificiais ce-
lulósicas ainda causam impactos ambientais,
pois necessitam de uma série de processos
químicos para ficarem prontas, o que gera
resíduos variados e o corte de árvores.

Além dessas fibras que foram descritas acima, que


são as fibras feitas a partir da celulose, existem ain-
da aquelas oriundas de outras substâncias, são elas:
Alginato, Borracha, Carbono, Caseína, Metálica e
Vidro. A seguir, cada uma delas será apresentada.
O Alginato não é um fibra empregada na con-
fecção de tecidos, seu uso se restringe ao hospitalar,
com a fabricação de curativos. A Algina é uma subs-
tância gelatinosa sem cor. Ela é extraída das algas
marinhas. Alginatos são transformados em curati-
vos não tecidos por meio de processos têxteis (RI-
BEIRO, 1984).
A fibra de borracha é muito utilizada no setor
Figura 14 - Roupa de látex
Fonte: Shutterstock. têxtil. Ribeiro (1984) afirma que essa fibra permite

32
DESIGN

a fabricação de uma fibra altamente elástica. Nor- De acordo com Kuasne (2008), as fibras de vidro
malmente é utilizada com outras fibras para fazer são muito utilizadas em cortinas devido às suas pro-
tecidos. O tecido de Látex tem propriedades de alta priedades térmicas e elétricas, pois são resistentes ao
impermeabilização e limpeza a seco. É resistente ao fogo e à eletricidade. A autora aponta as seguintes
calor e a luz. Veja na Figura 13 como ele é extraído características para os tecidos que contém fibra de
das árvores, especialmente da seringueira. vidro:
O tecido mais comum obtido a partir da borracha
é o Látex, cuja aparência apresenta um brilho exagera-
do, quase como vernis. Veja um exemplo na Figura 14.
As fibras de carbono possuem alta resistência a
abrasão e suportam altas temperaturas, podem ser
empregadas em materiais têxteis para minimizar a
possibilidade de incêndios; no entanto, ainda são
pouco empregadas (CHATAIGNIER, 2006).
A Caseína é uma fibra composta por proteínas
do leite. Para a fabricação deste material, são neces-
sários 100 litros de leite para a produção de 3 qui-
los de fibras. Contudo, o material tem potencial,
pois não possui corante, permite maior respiração
da pele e é tão confortável e elegante quanto a seda
(AGUIAR NETO, 1996).
As fibras de metal eram utilizadas para a confec-
ção de fios que eram aplicados às roupas por meio
de bordados. Em 1950, Lurex fez de uma fibra de
alumínio um tecido metálico (AGUIAR NETO,
1996). Observe a Figura 15.
A mulher presente na Figura 15 está com um
vestido cujo decote possui pedras preciosas em seu
bordado, assim como um pequeno contorno borda-
do com fios de ouro.
Além das fibras de metal, há ainda as fibras de vidro.
Estas fibras obtém-se por extrusão de vidro fundido.
“As fibras de vidro possuem grande resistência
mecânica, química e térmica, são de grande dureza,
mas quebradiças. Para as poder fiar e tecer é neces-
sário tratá-las com metilsilicone, que as torna flexí- Figura 15 - Bordados com pedras preciosas e fios de Ouro - Idade Média
veis” (KUASNE, 2008, p. 65). Fonte: Shutterstock.

33
MATERIAIS TÊXTEIS

• não inflamabilidade;
SAIBA MAIS
• não absorvência;
• impermeabilidade;
Os fios de metal parecem ser uma novidade • resistência.
recente, mas não são: desde a antiguidade
eram fabricados fios de ouro e prata com o
intuito de fazer bordados para adornar as Kuasne (2008, p. 65) destaca ainda que “o mais re-
roupas. Foram muito utilizados na Grécia e
em Roma, Bizâncio e até o século XVIII tanto
cente e importante desenvolvimento das fibras de
no vestuário feminino, quanto masculino. vidro para uso industrial é o cordão de pneu”.
Fonte: adaptado de Laver (2001).
Na imagem a seguir, você poderá observar um
tecido com fibra de vidro, que apresenta brilho ca-
racterístico.

Figura 16 - Tecido com fibra de vidro

34
DESIGN

Fibras Sintéticas
As fibras sintéticas são originárias do petróleo e tam- Existe uma grande variedade de fibras sintéti-
bém do carvão mineral. Ao contrário das naturais que cas, dentre as mais conhecidas destacam-se 8, são
possuem séculos de história, essas fibras foram desen- elas: Acrílico, Elastano, Poliamida, Microfibra,
volvidas recentemente, mais especificamente no final Tactel, Supermicrofibra, Poliéster e Polipropileno
do século XIX, no entanto, seu uso só se voltou ao (UDALE, 2015).
setor têxtil ao longo do século XX (PEZZOLO, 2013). A fibra de Acrílico foi desenvolvida na Ale-
Ao contrário das fibras naturais que possuem ca- manha em 1948, sendo esse material derivado do
racterísticas específicas, as sintéticas podem ser trata- petróleo, carvão mineral e cálcio. A marca res-
das durante o processo de fiação, de forma a obter di- ponsável pelo seu desenvolvimento foi a DuPont
ferentes texturas e acabamentos para uma única fibra (UDALE, 2015).
(CHATAIGNIER, 2006).

35
MATERIAIS TÊXTEIS

Esse material permite a confecção de tecidos O Elastano é uma das fibras mais conhecidas, pois
com boa estabilidade dimensional, solidez e vivaci- está associada à elasticidade, muito utilizada em
dade das cores. Pois suas características, possibilita a calças jeans para dar maior flexibilidade ao tecido
fabricação de tecidos variados, sendo considerado o (KUASNE, 2008). “É uma fibra química obtida do
substituto da lã, além de também poder ser utilizado etano, inventada e registrada pela DuPont com a
para a fabricação de peles falsas (PEZZOLO, 2013). marca Lycra (PEZZOLO, 2013, p. 135).
A fibra de Acrílico pode ser empregada em vá- De acordo com Udale (2015), o Elastano foi lan-
rios setores do vestuário, como adulto e infantil, çado no mercado em 1959 e desde então tem sido
contudo, há que se destacar que essa fibra forma utilizado em conjunto com outras fibras, com o in-
pilling, bolinhas e ranhuras nas roupas. Cabe desta- tuito de aumentar o potencial de elasticidade do te-
car, ainda, que por ser uma fibra sintética, o Acrílico cido, visto que essa fibra pode se estender por até
evita que a pele respire, tornando-se um pouco des- quatro vezes o seu tamanho sem se romper.
confortável (UDALE, 2015). Pezzolo (2013) ressalta que sua alta resistência a
abrasão e a diversos produtos químicos faz que ela
possa ser empregada em diferentes tecidos para usos
variados, dentre eles: lingerie, roupas para praia e gi-
nástica, em composição com algodão e outras fibras,
o que possibilita maior conforto aos tecidos, que
podem ser utilizados na confecção de roupas que se
ajustam ao corpo sem a necessidade de costuras ou
recortes extras.
A Poliamida, também conhecida como Nylon,
inicia sua história nos anos de 1935. É uma fibra
composta por uma resina, a resina de poliamida.
Logo que foi lançada essa fibra foi utilizada na con-
fecção de roupas íntimas e meia calça. No entanto,
devido à sua resistência ela também foi empregada
em outros setores, como na fabricação de paraque-
das, cordas, redes de pesca, telas, dentre outros pro-
dutos (PEZZOLO, 2013).
Esse material possui características que lhe pos-
sibilitam diversas aplicações sejam elas no setor têx-
til ou fora dele. Essa aplicações se devem aos diversos

Figura 17 - Fibra de acrílico imitando a lã


Fonte: Shutterstock.

36
DESIGN

tipos de tratamento que permitem a fibra se adaptar


a diferentes usos. Kuasne (2008, p. 67) apresenta as
seguintes características da fibra:
• Brilho e aparência: filamentos normais, re-
dondos, com aspecto levemente vítreo.
• Conservação do calor: boa.
• Elasticidade/resiliência: elevadas; maior que
a de qualquer fibra natural; ocupa o primeiro
lugar entre as fibras químicas.
• Intumescimento: reduzido, contudo maior
que nas fibras de poliéster. Por isso o tempo
curto para secar.
• Lavabilidade e solidez à fervura: as fibras
PA(s) soltam a sujeira com facilidade. Em ge-
ral, basta um banho morno com detergente.
As temperaturas de fervura são suportadas.
Devem ser evitadas as secagens por contato
ou ao sol, posto que estas fibras amarelecem
nestas condições.
• Temperatura de passar a ferro: 120 a 140ºC.
Passar com pano levemente umedecido ou
usar ferro de engomar a vapor. Figura 18 - Roupa de ginástica com Lycra
Fonte: Shutterstock.
• Teste de Combustão: ao aproximar fibras de
PA da chama, elas se contraem rapidamente
formando uma pequena bola de massa fun-
dida.
• Comportamento para com insetos nocivos:
não apodrecem, resistem ao bolor e não são
atacadas por insetos.
As características citadas por Kuasne (2008) permi-
tem a essa fibra, quando combinada a outras fibras
naturais, artificiais ou mesmo sintéticas, uma grande
variedade de usos. Observe na Figura 19 a fibra de
poliamida.

Figura 19 - Fibra de Poliamida ou Nylon


Fonte: Shutterstock.

37
MATERIAIS TÊXTEIS

SAIBA MAIS Todas essas características possibilitam a essa fi-


bra diversos usos, tais como: “malharia, tecelagem,
moda feminina, moda masculina e moda infantil,
A fibra de Poliamida revolucionou a Segunda
Guerra Mundial, pois passou a ser utilizada na incluindo roupas íntimas, peças esportivas, meias e
fabricação de paraquedas no lugar da seda. demais artigos” (PEZZOLO, 2013, p. 137).
Sem o estoque de seda que vinha do Japão, Cabe destacar aqui que o uso da Microfibra é
os Estados Unidos da América procuraram
uma fibra substituta e escolheram a poliamida bastante intenso na camisaria, principalmente em
devido a sua resistência. combinação com o algodão, pois essa fibra adicio-
A DuPont passou a fornecer todo o seu es- na ao algodão maior capacidade de secagem, maior
toque para a fabricação de equipamentos e maciez e principalmente minimiza o amarrotamen-
roupas militares. to (KUASNE, 2008; UDALE, 2015).
Fonte: adaptado de Pezzolo (2013). Udale (2015) ressalta ainda que, dependendo
da combinação da microfibra com outras fibras, ob-
tém-se diferentes resultados.
Tactel é uma marca registrada da DuPont, com-
A Microfibra é outra fibra de destaque e, como o posto unicamente por Poliamida que permite alta
nome já diz, “micro” se refere a filamentos extre- secagem e transpiração. Devido a essas caracterís-
mamente finos de poliamida, poliéster ou acrílico ticas é muito utilizado na confecção de roupas mas-
que foram lançados no mercado nos anos de 1990 culinas para banho ou mesmo bermudas, como cal-
(PEZZOLO, 2013). De acordo com Kuasne, essa fi- ções e shorts de banho (PEZZOLO, 2013).
bra pode ser utilizada em combinação com outros Cabe destacar ainda que Tactel podem ser em-
tecidos ou sozinha. A autora descreve as seguintes pregados na fabricação de uniformes, roupas espor-
características: tivas como calças e jaquetas para o público masculi-
• alta flexibilidade; no, feminino e infantil.
• brilho suave; A Supermicrofibra é uma variação da Microfi-
• alta absorção de água e do óleo; bra, ou seja é muito mais fino do que a Microfibra,
• alta agilidade de limpeza; o que lhe garante várias características específicas o
• grande área superficial e estrutura densa; que permite confeccionar tecidos extremamente le-
• alta isolação do calor; ves, macios e confortáveis (PEZZOLO, 2013).
• um tato especialmente suave e sedoso; De acordo com Pezzolo (2013, p. 137), as princi-
• uma elevada comodidade ao uso e uma boa pais características dessas fibras são:
atividade respiratória; • durabilidade;
• um aspecto sedoso e uma estrutura espessa; • facilidade de lavar;
• uma queda fluente, similar a das fibras natu- • secagem rápida;
rais; • dispensa ferro de passar;
• uma boa durabilidade. • mantém a coloração após várias lavagens;

38
DESIGN

• toque agradável à pele; como uma fibra de alto impacto ambiental, se ela for
• permite a respiração da pele, mantendo o utilizada sozinha para a confecção de peças, elas po-
equilíbrio térmico. dem ser recicladas. Além disso, também é possível
obter essa fibra por meio da reciclagem de garrafas
Assim como as demais fibras sintéticas, ela pode ser PET.
usada em conjunto com outras fibras ou sozinha, o Observe na imagem a seguir a aparência de uma
que permite obter tecidos com diferentes texturas e fibra de Poliéster.
usos.
O Poliéster é a fibra mais barata encontrada no
mercado, que tende a expandir seu uso devido ao
REFLITA
preço e à capacidade de adquirir diferentes texturas
e usos dentro e fora da cadeia têxtil, tornando-se a
mais utilizada nesse setor (PEZZOLO, 2013). Utilizar tecidos reciclados como o PET é uma
boa oportunidade de pensar a produção têxtil
“Desenvolvida em 1941 a fibra de Poliéster é ob- e minimizar os impactos ambientais e utili-
tida do petróleo bruto ou do gás natural por meio zação de materiais, buscando promover a
de recursos não renováveis” (UDALE, 2015, p. 54). sustentabilidade.

O autor afirma ainda que, apesar de apresentar-se

Figura 20 - Fibra de Poliéster


Fonte: Shutterstock.

39
MATERIAIS TÊXTEIS

Nesta imagem, observa-se que essa fibra tem a aparên- • Fibra Tergal-Algodão: fibra curta acrescida
cia de pequenas plumas, as principais características a tecidos 100% algodão, utilizada em todo o
desse material de acordo com Kuasne (2008, p. 69), são: setor de vestuário.
• As fibras de poliéster possuem alta elastici- • Fibra Tergal-Trech: fibra de poliéster utiliza-
dade e são excelentes pela ótima estabilidade da na fabricação de não tecidos, combinada
dimensional. a fibras naturais ou artificiais para a fabrica-
ção de cobertores, toalhas, tapetes, forrações
• São termoplásticas, resistentes à ruptura e ao
de carpetes, fronhas e lençóis hospitalares e
desgaste.
aventais.
• Sua solidez em estado úmido é igual à solidez
• Fibra Tergal-Lofty: desenvolvida para aplica-
em estado seco e apresentam alta resistência
ção em mantas de enchimento como: vestuá-
às influências da luz e condições climáticas,
rio, edredons, travesseiros e brinquedos.
bem como aos insetos nocivos e à formação
de bolor.
• Tem boa resistência aos agentes químicos Observa-se, portanto, que os usos do poliéster são
sintéticos e naturais. variados de acordo como é combinado a outras fi-
• Apresentam grande dificuldade ao tingimen- bras ou simplesmente modificado para ser utilizado
to e tem reduzido poder de absorver umida- para determinados fins.
de. A última das fibra sintéticas é o Polipropileno,
• As fibras para fio fiado têm tendência pode- obtido por meio do propeno. Essa fibra apresenta
rosa a formar “pilling”. Existem, todavia, ti-
pouca importância para o setor de vestuário. Sua
pos pobres em “pilling”.
maior utilização se dá na produção de sacarias, pois
Pezzolo (2013) afirma que devido a essas caracte- suas características proporcionam um bom armaze-
rísticas é possível desenvolver fibras para diferentes namento e acondicionamento de produtos (PEZZO-
usos. Veja a seguir quatro exemplos apresentados LO, 2013).
por Pezzolo (2013): Na próxima unidade, veremos a transforma-
• Poliéster/Meryl: microfibra de poliéster e po- ção de todas essas fibras em fios, classificando-os e
liamida - utilizado no vestuário em geral. apontando seus usos. Até a próxima.

40
considerações finais

Neste encontro sobre a apresentação da cadeia têxtil e as fibras, a intenção, aluno(a),


foi lhe apresentar a base para compreender como são confeccionados os tecidos,
material que dará corpo e forma às suas criações.
Ao lhe apresentar toda a estrutura do setor têxtil, desde a fibra à confecção, logo
no início desta unidade, buscou-se inseri-lo um pouco no mundo dos tecidos, para
então dar continuidade ao conteúdo, apresentando as fibras, o material base para a
confecção dos tecidos.
A cadeia de produção do tecido é extremamente ampla e complexa e se inicia
com a produção da fibra, para então dar sequência até o produto final que é a roupa.
Ao longo dessa disciplina, Materiais Têxteis, todos os processos até a elaboração do
tecido lhe serão apresentados.
As fibras são os materiais básicos que dão suporte aos tecidos, como vimos, elas
são divididas em naturais, artificiais e sintéticas. As fibras naturais são aquelas pro-
venientes da natureza, podendo ser de origem vegetal, como o algodão e o linho, ou
animal, como a seda e a lã.
As fibras artificiais são em sua maioria obtidas da celulose das árvores, como a
viscose, por exemplo, no entanto, não podemos esquecer que elas também podem
ser obtidas da borracha e de outros materiais (carbono e vidro). Essas fibras, assim
como as naturais, podem ser utilizadas na confecção de uma grande variedade de
tecidos, inclusive imitando outras fibras por meio de tratamentos.
Por fim, temos as fibras sintéticas, que são aquelas derivadas do petróleo. Ao
todo, foram-lhe apresentadas oito fibras com as mais variadas característica que po-
dem ser empregadas em diversos setores da cadeia têxtil. As fibras mais conhecidas
são a poliamida e o poliéster, por exemplo.
Cada uma dessas fibras possui um papel significante na produção têxtil e que
você verá ao longo dessa disciplina.

41
atividades de estudo

1. O setor têxtil apresenta uma cadeia de produção bastante longa. Defina o


que é o setor têxtil.

2. Ao contrário do que muitos imaginam, a produção de têxteis não envolve so-


mente a passarela e a beleza, mas todo um setor produtivo. Descreva as ati-
vidades que envolvem todo sistema produtivo têxtil.

3. As fibras são os materiais básicos para confecção do tecido. Marque a afirma-


tiva que apresenta a definição correta de fibra.
a. Fibras têxteis são materiais filamentosos o que permite sua transformação em
fios e, portanto, em tecidos.
b. Fibras são fios naturais que permitem sua transformação em fios e, portanto,
em tecidos.
c. Fibras têxteis são caules fibrosos o que permite sua transformação em fios e,
portanto, em tecidos.
d. Todas as alternativas estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

4. Existem diferentes tipos de fibras: as naturais, artificiais e sintéticas. Referen-


tes às fibras naturais, marque a alternativa correta.
I. Existem fibras naturais de origem animal e vegetal.
II. As fibras naturais vegetais são aquelas provenientes de plantas como algodão,
linho, sisal e viscose.
III. A seda é produzida por meio do casulo do bicho da seda.
IV. A lã pode ser obtida da ovelha e de outros animais como a lhama.

Marque a alternativa correta.


a. Apenas I, II e III estão corretas.
b. Apenas I e III estão corretas.
c. Apenas I, II e IV estão corretas.
d. Apenas II e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

42
atividades de estudo

5. Há uma grande variedade de fibras artificiais. Referente a essas fibras, mar-


que V para verdadeiro e F para falso.
( ) As fibras artificiais são divididas em celulósicas e não celulósicas.
( ) O Acetato pode ser utilizado para panos para guarda-chuva.
( ) O Triacetato é uma fibra obtida da polpa da madeira, assim se enquadra
nas fibras não celulósicas.
( ) As fibras não celulósicas são: Alginato, Borracha, Carbono, Caseína, Metálica
e Vidro.
Marque a alternativa correta:
a. V, V, V, F.
b. F, V, V, V.
c. V, F, V, V.
d. V, V, F, V.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

6. Uma das fibras mais relevantes e utilizadas no setor têxtil, em se tratando das
artificiais, é a viscose. Descreva as características e usos dessa fibra.

7. As fibras sintéticas são aquelas provenientes do petróleo. Marque a alterna-


tiva que apresenta a fibra mais barata e utilizada no setor têxtil.
a. Poliamida.
b. Triacetato.
c. Carbono.
d. Microfibra.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

43
LEITURA
COMPLEMENTAR

Desde a Pré-História que os Homens vêm confeccionando a sua própria roupa. Os seus
utensílios de costura eram principalmente sovelas e agulhas feitas em osso, espinhas, ma-
deira e mais tarde o bronze.
Com a racionalização do trabalho sentiu-se a necessidade de construir máquinas, máqui-
nas estas que foram se desenvolvendo ao longo dos séculos. Durante muitos anos as má-
quinas utilizadas eram a “Roca” e o “Fuso”, aparecendo mais tarde o “Rouet” (nos princípios
do séc. XVI).
No século XVIII, na Europa, antes do aparecimento do algodão, as fibras utilizadas eram
a lã, o linho e a seda. Mas já nos fins do mesmo século os Ingleses conseguiram fabricar
um tecido a que deram o nome de “JULINE”. Este tecido era composto de fios de algodão
e de linho, sendo o seu sucesso tal que a sua fabricação era insuficiente para consumo,
vendo-se as indústrias na necessidade de importar grande quantidade de fio produzido
em outros países.
Thomas Higgs foi o inventor da primeira fiandeira, a “Spinning-Jenny”, que tinha apenas
seis fusos. Tendo sido aperfeiçoada mais tarde por James Hargreaves, a nova máquina não
fabricava porém mais do que a trama (o urdume empregue nos tecidos era sempre um
fio de linho). Higgs vendo o seu sucesso, resolve aperfeiçoar o seu invento, conseguindo
inventar a “Fiandeira Contínua” para fiar o urdume, a qual deu o nome de “Throstte” ou
“Watter Frame”.
Em 1775, Samuel Compton, juntou as máquinas “Spinning Jenny” e “Throstte” e construiu a
“Mule-Jenny”. Mas só passados cerca de vinte anos depois da invenção, é que esta máquina
teve a sua verdadeira aplicação.

44
LEITURA
COMPLEMENTAR

Durante cerca de dois séculos os progressos não pararam na Inglaterra, França e E.U.A.
Com o decorrer dos tempos surgiu a necessidade de se produzirem fibras artificiais. Tal
fato surgiu, devido a produção de fibras naturais não acompanhar o ritmo do seu consumo.
Estas fibras apareceram nos fins do século XIX.
O iniciador de tal proeza foi o “Conde Hilaire de chardonet” quando em 1889 apresentou
em paris amostras de seda artificial. Por volta de 1941, em Inglaterra, “J.R. Winfield” desco-
briu a fibra de poliéster intitulada comercialmente de “Terylene” neste país e de “Dacron”
nos E.U.A. A produção em grande escala desta fibra só começou em 1955 nas fábricas da
I.C.I. Outra fibra sintética de grande importância é a conhecida pelo nome genérico de fibra
acrílica.
As fibras de náilon ou poliamida, as fibras de poliéster e as fibras acrílicas são atualmente
as de maior utilização têxtil. Depois da Segunda Grande Guerra são introduzidas grandes
melhorias nos sistemas de estiragem que permitem obter fios de melhor qualidade e com
menos etapas de torção.

Fonte: Kuasne (2008).

45
MATERIAIS TÊXTEIS

Fio a fio: tecidos, moda e linguagem


Gilda Chataignier
Editora: Estação das Letras
Ano: 2003
Sinopse: é um livro repleto de informações sobre os te-
cidos. Suas histórias e origens, seus processamentos téc-
nicos, seus usos e costumes, o fascínio ou a surpresa de identificar uma textura são pontu-
ações importantes deste livro. O lado prático costura estética com comportamento e passa
noções da arte de escolher tecidos diante de tendências profissionais ou desejos pessoais.
Há indicações de quais os tecidos, cores e estampas eram utilizados em cada século da His-
tória da Moda. E muitos metros a mais. Uma viagem sobre o universo têxtil, guiada por Gilda
Chataignier, uma jornalista que possui o tecido em seu DNA.

A moda dos polímeros e fibras sintéticas


O vídeo faz uma apresentação de forma breve trazendo exemplos do que são as fibras sinté-
ticas e em que tipo de roupas elas estão presentes.

Em: <https://www.youtube.com/watch?v=t9D1fVAP65M>

46
referências

AGUIAR NETO, Pedro Pita. Fibras Têxteis. Rio de Janeiro: SENAI-DN: SENAI-CETIQT: CNPQ:
IBICT:PADCT: TIB, 1996. v 2.
BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das
Letras e Cores, 2012.
CASSEL, Gabriela Piageti; KINDLEIN JÚNIOR, Wilson; CHYTRY, Silvia; KUNZLER, Lizandra Ste-
chman Quintana. Revisão das Principais Propriedades das Fibras Têxteis e Compilação
de Inovações Geradas Devido ao Uso de Novos Materiais no Design de Moda. Congres-
so Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2002.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras,
2006.
GUIMARÃES, Bárbara; MARTINS, Suzana Barreto. Proposta de metodologia de prevenção
de resíduos e otimização de produção aplicada à indústria de confecção de pequeno e mé-
dio porte. Projética, v. 1, p. 184-200, 2010.
KUASNE, Ângela. Fibras têxteis. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Média e
Tecnológica - Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina: Unidade de Ara-
ranguá, 2008. Disponível em: <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/Apostila_fi-
bras.pdf>. Acesso em 08 jun. 2017.
LAVER, James; CARVALHO, Glória Maria de Mello. A roupa e a moda: uma história concisa.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Pau-
lo: Senac São Paulo, 2013.
PIMENTEL, Fernando Valente. Seminário Internacional de inovação no setor têxtil: de-
safios e novos rumos para a indústria da moda. ABIT. 2013. Disponível em: <http://www.
sinditextilce.org.br/pdf/nic/estudo/SIIT_PALESTRA%203%20ABIT_Estrat%C3%A9gias%20
para%20o%20Fortalecimento%20da%20Cadeia%20Produtiva%20T%C3%AAxtil.pdf>. Aces-
so em: 31 mai. 2017.
PRADO, Marcelo Vilin. Relatório Setorial da Indústria têxtil Brasileira. Brasil Têxtil. IEMI:
2014.
RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1984.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre. Bookman, 2012.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design
de moda. 2. ed. Porto Alegre. Bookman, 2015.

47
gabarito

1. O setor têxtil pode ser definido como aquele que transforma fibras em fios,
fios em tecidos planos e malhas em uma infinidade de produtos.

2. Essa cadeia se inicia com as fibras e filamentos, que podem ser naturais, ar-
tificiais ou sintéticas, fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento de tecidos,
aviamentos, confecção que se divide em linha lar, vestuário e tecidos para sa-
caria, automotivos dentre outros. Por fim, as vendas: exportação, varejo físico,
vendas por catálogo, vendas eletrônicas e a chegada ao consumidor final.

3. A.

4. C.

5. D.

6. As fibras e fios de viscose possuem “características bem próximas aos do al-


godão como: absorção de umidade, resistência, maciez ao toque e caimento”
(PEZZOLO, 2013, p. 129).
De acordo com Kuasne (2008), devido a essas características, essa fibra é mui-
to utilizada em uma grande variedade de produtos, tais como:
• Tecidos para vestuário feminino, vestuário esportivo e forros.
• Têxteis para o lar, como toalhas de mesa e tecidos de estofamento de
mobiliário.
• Aplicações técnicas e industriais, por exemplo, telas para filtros, não teci-
dos e chumaços.

48
gabarito

A autora prossegue afirmando os benefícios desse material:


• Maior conforto, especialmente em climas quentes. Em contato com o cor-
po, transmite uma agradável sensação de suavidade e frescor.
• Absorção de água elevada, importante em aplicações como toalhas de ba-
nho, artigos de limpeza, absorventes higiênicos etc.
• Elevada transferência de calor, mais uma característica que torna a viscose
adequada ao clima quente.
• Em puro, apresenta um caimento fluido. Quando utilizada em conjunto
com outras fibras, facilita a adequação do caimento à aplicação.
• Boa solidez das cores, por isso não desbota.
• Toque suave e macio, permitindo a fabricação de tecidos e malhas mais
confortáveis.

7. E.

49
FIAÇÃO

Professora Dr.ª Paula Piva Linke

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conceituar o que é fio e sua preparação para a fiação.
• Descrever como se dá o processo de transformação da
fibra em fio.
• Descrever os principais fios e sua classificação.

Objetivos de Aprendizagem
• Fios
• Fiação Penteada, Anel e a Rotor
• Classificação de Fios
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo a mais uma unidade da disciplina


de Materiais Têxteis. Nesta unidade, você dará continuidade ao apren-
dizado que leva à construção dos tecidos. Após conhecer as fibras, você
conhecerá os fios e como se dá a sua construção.
Esta unidade encontra-se dividida em três partes. Inicialmente você
compreenderá o que são os fios e como se dá o processo de preparação
para a fiação.
Em se tratando da fiação, você deve se lembrar que cada fibra tem
suas características que irão influenciar no fio e seu processo de tece-
lagem. Depois de conhecer esse processo, você entenderá como se dá o
processo de fiação, mais especificamente a fiação penteada, anel e a rotor.
Cada um desses processos tem suas características e particularidades e
proporcionam a produção de fios com diferentes qualidades.
Por fim, na terceira parte, você verá quais são os tipos de fios, sua
classificação e utilização no setor têxtil. A classificação dos fios envolve
uma série de questões como textura, formato dentre outros elementos.
Isso também envolve o tipo de fibra que compõem o fio e o tipo de pro-
cesso de fiação.
Muitas vezes são elaborados fios especiais com o intuito de atender a
uma determinada demanda de mercado ou então buscando desenvolver
um produto diferenciado. A intenção é que você conheça alguns desses
produtos e seus usos.
Outro elemento que precisa ficar claro é que é possível misturar di-
ferentes fibras para obter fios mistos, ou seja, fios de algodão e poliéster,
entre outras possibilidades. A variedade de fios é bastante grande, assim
serão apresentados aqui os mais representativos.
Nesta unidade, a intenção é que você adquira o conhecimento neces-
sário sobre os fios para que então possamos prosseguir para a tecelagem.
Espero que isso o ajude em sua jornada na busca de conhecer o setor
têxtil. Boa leitura!
MATERIAIS TÊXTEIS

Fios
Antes de começarmos a falar sobre o processo de dos pela origem, processo, regularidade, diâmetro
construção do fio, aluno(a), cabe aqui apresentar o e peso”.
que são os fios, o que se entende por um fio têxtil. A definição apresentada pela autora expressa
Em seguida, serão apresentados os processos de fia- não somente a ideia de que o fio é um elemento que
ção e como ocorrem. deriva de um processo produtivo, mas também de
De acordo com Cassel et al. (2002, p. 08), “os fios que ele está ligado às fibras, o que lhe garante as ca-
são materiais constituídos por fibras naturais, artifi- racterística da matéria utilizada ou da combinação
ciais ou sintéticas, e que são processados dentre as de mais de uma delas.
diversas operações de fiação. Esses são caracteriza-

54
DESIGN

Cabe ressaltar que as fibras possuem característi-


REFLITA
cas variadas, especialmente em relação ao seu com-
primento. Assim, um fio pode ser monofilamento,
É importante que você saiba quais são as fi- constituído por um único filamento, como o fio de
bras e suas características, pois elas são a
seda, que possui comprimento bastante extenso, po-
base dos fios e dos tecidos. Ao conhecê-las
você entenderá muito sobre os usos do tecido dendo chegar a 1.000 m. As fibras de nylon, acetato e
e como mantê-lo. poliéster também possuem quilômetros de compri-
mento e formam esse tipo de fio (PEZZOLO, 2013).

Figura 1 - Fio de seda


Fonte: Shutterstock.

55
MATERIAIS TÊXTEIS

O fio também pode ser multifilamento, ou seja, for- ordem e estrutura para se obter o fio. Basicamente
mado por um conjunto de dois ou mais filamentos, existem dois processos: a fiação anel e a fiação por
por exemplo, o fio de algodão, linho, juta, rami, den- rotor (open end) (RIBEIRO, 1984).
tre outras fibras curtas que precisam ser agrupadas Contudo, há ainda outros processos como a fia-
para formar o fio (PEZZOLO, 2013). ção penteada, como afirma Pereira (2009). No qua-
Existem diferentes processos para a fiação, uma dro abaixo, é possível visualizar os processos de fia-
sequência de atividades que deve obedecer a uma ção.

Abertura Automática ou Manual

Batedores
Preparação à Fiação
Cardas

Passadores

Fiação Penteada Reunideiras

Penteadeiras

Fiação Convencional Maçaroqueira

Filatórios de Anéis

Bobinadeiras/Conicaleiras

Retorcedeiras

Fiação Não Convencional (Open End) Filatórios Open End (Rotor)

Quadro 1 - Fluxograma do processo de fiação


Fonte: Pereira (2009, p. 20).

Vejamos na sequência, no próximo tópico, cada um Muitas fibras, principalmente as naturais, como
desses processos que aparecem no Quadro 1. Antes o algodão, por exemplo, após extraídas da planta são
de se iniciar o processo de fiação, há que se preparar armazenadas em fardos. Devido a esse processo de
a fibra para tal processo. O processo de preparação armazenamento, é preciso separar as fibras e abri-las
consiste em: abertura automática ou manual, bate- para a fiação. “A abertura é feita por um equipamen-
dores, carda e passadores (PEREIRA, 2009). to, automático ou manual, que coleta pequenas por-

56
DESIGN

ções de cada fardo e as submete a batimentos para São essas fitas que se transformarão em fio.
remoção de impurezas” (PEREIRA, 2009, p. 22). Esse processo deve ser realizado com todas
Ou seja, nesse processo o algodão entra na forma as fibras, pois é a partir dele que elas estão aptas à
de plumas e sai na forma de flocos, sem impurezas transformação em fio. As fibras sintéticas e artificiais
como sementes, pequenos galhos e folhas (RIBEI- apresentam algumas características diferenciadas;
RO, 1984). assim, são transformadas em fios por outros méto-
Em seguida, há a cardagem: “o principal objeti- dos, pois são filamentos contínuos. Vejamos a seguir
vo da cardagem consiste em separar as fibras umas como se dá a transformação da fibra em fio.
das outras, libertando-as das impurezas que ainda
possam estar na matéria-prima. A carda possibili-
ta ainda uma mistura mais íntima das fibras” (PE-
REIRA, 2009, p. 22), ou seja, as fibras curtas e mais SAIBA MAIS

alongadas que agrupam formando uma manta com


dois tipos de fibras curtas e longas. Essa manta passa Na pré-história o processo de fiação era rea-
pela carda onde é transformada em fitas ao invés de lizado manualmente, onde um chumaço de
permanecerem separadas. No processo de cardagem fibras (lã, algodão ou linho, por exemplo) era
estirado e depois torcido. Nas antigas Grécia
entre uma manta que é separada em fitas. e Roma o processo de fiação era realizado por
Ribeiro (1984) destaca que os passadores são o um aparelho chamado ROCA. Uma evolução
da roca primitiva foi a invenção da roca com
último processo da preparação para a fiação. Essa
tambor onde a fiadora podia ficar sentada.
etapa tem como “objetivo uniformizar o peso por Com a revolução industrial da Inglaterra, au-
unidade de comprimento, paralelizar as fibras por tomatizou-se o processo de fiação, transfor-
mando as rocas em máquinas que chamamos
meio da estiragem e misturar as fibras” (PEREIRA,
nos dias de hoje de Filatórios.
2009, p. 22). Durante esse processo, o passador pega
as 8 fitas que saem da carda e transforma em uma Fonte: Pereira (2009, p. 20).

única fita, uniforme em espessura, formato e peso.

57
MATERIAIS TÊXTEIS

Fiação Penteada, Anel e a Rotor


Neste tópico, veremos como se dá o processo de te transformadas em fitas e posteriormente em fios
fiação e veremos três possibilidade diferenciadas: a (PEREIRA, 2009).
fiação penteada, posteriormente a anel e, por fim, a Os fios penteados são aqueles confeccionados
rotor ou open end. com fibras longas, fios de melhor qualidade. As fi-
A fiação penteada é um exemplo de processo de bras curtas separadas pela penteadeira são utiliza-
fiação. Ela é composta por dois processos: a reuni- das na confecção de outros fios de menor qualidade,
deira e a penteadeira. A reunideira tem por objetivo mais irregulares, rústicos e grossos.
transformar as fitas em manta novamente e encami- Além da fiação penteada, há ainda a fiação anel
nhar a penteadeira (PEREIRA, 2009). ou convencional, a qual Pezzolo (2013) afirma que
Por sua vez, a penteadeira separa as fibras curtas pode obter fios cardados e penteados, ou seja, é uma
das longas por meio de um pente que retém as fi- fiação considerada mais cara em relação à fiação a
bras curtas. As fibras longas restantes são novamen- rotor.

58
DESIGN

Antes de iniciar a fiação anel, a fibra que já foi


preparada previamente necessita ainda passar por
outro equipamento para ser fiada no processo anel,
ou seja, a fibra passa ainda pela maçaroqueira.
De acordo com Pereira (2009), a maçaroqueira é
um equipamento que fará que a fita que sai da carda
torne-se mais fina, já que a fiação anel não consegue
transformar a fita da carda em fio, pois esta ainda é
muito espessa.
A autora ressalta ainda que “as maçaroqueiras
possuem por finalidade a transformação das fitas em
fios, ainda de grandes dimensões, chamados pavios,
Figura 2 - Fiação anel
com cerca de 3 a 5 mm de espessura” (PEREIRA, Fonte: Shutterstock.
2009, p. 25). É a partir desses pavios que a fiação
anel e a rotor irão trabalhar, transformando esse ma-
terial em fio.
Esse processo de fiação anel permite fazer entre
200 a 1100 bobinas simultaneamente, ou seja, apre-
senta uma produção elevada. Nesse tipo de fiação,
cada fuso é alimentado por uma mecha ou pavio
(fita constituída de fibras com uma ligeira torção).
Primeiramente essa fita será esticada para então ser
transformada em fio.
Veja um exemplo na Figura 2, em que cada fuso
pode ser visualizado.
A Figura 2 permite observar como se dá a trans-
Figura 3 - Carretéis de fios
formação do pavio em fio, mas, mais do que isso, ela Fonte: Shutterstock.
expõe a produtividade desse processo de fiação, em
que cada pavio alimenta um fuso que gera um fio. A Figura 3 mostra o processo de transferência de
Para esse processo de transformação em fio, em fios da espula para o cone. Na figura, cones já pron-
que o pavio alimenta o filatório anel, ocorre nele a es- tos e outros ainda em início de transferência, rece-
tiragem e a torção final, originando o fio pronto, que é bendo o fio.
enrolado em espulas e como etapa final o fio é repas- Depois de colocados em cones, os fios são arma-
sado da espula para o cone através da conicaleira. O zenados, observe o detalhe na Figura 4.
fio produzido por este método é denominado cardado.

59
MATERIAIS TÊXTEIS

SAIBA MAIS

Os fios, que podem ser produzidos a partir


de fibras naturais (algodão, seda, lã, entre
outras), sintéticas (químicas ou celulósicas),
ou ainda da mistura entre elas, são em geral
de dois tipos: cardado e penteado. No Brasil,
a predominância ainda é do tipo cardado,
enquanto na Europa predomina o fio pen-
teado - com eliminação de cerca de 20% das
fibras curtas - de melhor qualidade e valor
superior. Nos Estados Unidos, utiliza-se muito
o fio semipenteado, em que a eliminação das
fibras curtas é da ordem de 8%.

Fonte: Gorini e Siqueira (2016).

A autora prossegue afirmando que esse fio é


muito utilizado para aproveitar resíduos de outros
sistemas produtivos, sendo adequado para fazer fios
com fibras curtas. Os fios provenientes desse pro-
cesso apresentam maior elasticidades, sendo muito
utilizados na malharia, contudo apresentam proble-
mas estruturais como se esticar e não retornar ao ta-
Figura 4 - Cone de fios
manho original. Assim, eles precisam ser tratados e
Fonte: Shutterstock. bem trabalhados para utilização na malharia.
Em termos de produção, Pereira (2009) afirma que
Esses fios são armazenados e depois despachados às é possível fabricar em média 300 bobinas de uma única
tecelagens para a fabricação de vários tecidos. vez, com velocidade superior à produção da fiação anel.
Além do fio cardado, também é possível produ- Para Pereira (2009, p. 26):
zir o fio penteado. Esse processo consiste em adi-
cionar mais dois processos ao fio cardado, ou seja, [...] uma das maiores vantagens da fiação por
rotor é devida ao fato de a aplicação da torção
trata-se da reunideira de mechas e a penteadeira, efetuar-se em separado do enrolamento do fio,
maquinários que se referem a fiação penteada. o que permite altas velocidades no mecanismo
A fiação a rotor ou open end também é muito utiliza- de torção, enquanto o enrolamento acontece
da. Para Pezzolo (2013), esse processo de fiação apresen- a uma velocidade muito mais baixa, agredin-
do menos o fio e as fibras que o compõem. A
ta um custo menor, pois o processo de produção do fio é
fiação a rotor consiste na produção do fio di-
simplificado. O fio produzido é mais regular que aquele retamente da fita, o que evita a necessidade do
produzido na fiação anel, contudo é menos resistente. pavio produzido pela maçaroqueira.

60
DESIGN

Ou seja, a fita que sai da carda entra na máquina, e


então a fita é torcida depois enrolada e transforma-
-se em fio. Veja o maquinário na figura a seguir.
Observa-se na imagem que a fita que sai da car-
da entra na máquina e, na parte de cima, vemos o
fio sendo enrolado em um cone, já pronto para usos
posteriores.
Cabe destacar ainda que os fios de origem sin-
tética e mesmo artificiais são produzidos por outros
processos, visto que em sua maioria essas fibras são
fibras de filamentos contínuos, ou seja, muito longas
como o poliéster, por exemplo.
A transformação em fio ocorre por meio do
processo de extrusão, onde as fibras são aglomera-
das e enviadas a uma espécie de bomba, chamada
de bomba extrusora. Nesta bomba, elas podem ser
aquecidas, quando irão se fundir e formar uma mas-
sa unificada.
A partir desse momento a massa passa por outra
bomba, a de título, que começa a dosar por meio da Figura 5 - Fiação open end
pressão a quantidade de massa enviada a fieira, uma Fonte: Pereira (2009, p. 26).

espécie de “chuveiro” com aberturas extremamente


finas por onde a massa sai em formato de fio.
REFLITA
Em se tratando das fibras sintéticas e artificiais,
em muitos casos esse material é composto por fibras
de grandes comprimentos que precisam ser texturi- Lembre-se que cada um dos processos de
fiação acima descritos possuem suas caracte-
zadas após o processo de fiação (PEZZOLO, 2013). rísticas e utilização. Fios confeccionados com
Para Udale (2015), o processo de texturização fibras longas são mais caros e resistentes do
de fios sintéticos e artificiais é fundamental, pois os que aqueles feitos com fibras curtas.

fios são em sua maioria muito rígidos, irregulares e


longos, precisando ser amaciadas para transforma-
rem-se em fios, material adequado para a confecção Em seguida, você conhecerá os diferentes tipos de
do tecido. fios que podem ser confeccionados. Boa leitura!

61
MATERIAIS TÊXTEIS

Classificação de Fios
Olá, aluno(a), veremos agora como são classificados O fio penteado é aquele que passa por um equi-
os fios e como podem ser utilizados. Cabe ressaltar pamento chamado de penteadeira no qual são eli-
que também é possível produzir fios mistos, com minadas as fibras mais curtas. Portanto, esse fio é
mais de um tipo de fibra. Veremos a seguir todas es- composto apenas por fibras longas, aquelas de me-
sas caracterizações. lhor qualidade, o que garante ao fio também melhor
Pezzolo (2013) ressalta que existem quatro gru- qualidade, regularidade e resistência o que diminui
pos principais para a classificar os fios, são eles: fio a formação de pilling na malha acabada (PEZZOLO,
penteado, fio cardado, fio fantasia e fio tinto. Cada 2013).
um desses fios possui suas características específicas Sissons (2012) destaca que os tecidos produ-
e usos. zidos com esse fio tem maior durabilidade, sendo

62
DESIGN

mais estáveis e de melhor qualidade, principalmente do. São exemplos de fio fantasia: bouclé, chenille,
em relação à resistência. botonê e flamê dentre outros (PEZZOLO, 2013). Ve-
O fio cardado é aquele composto por fibras cur- jamos a seguir as características desses fios fantasia.
tas e longas. Devido à presença de fibras curtas, o fio Fio Bouclé: fio fantasia com pequenos anéis ou
se torna mais irregular o que favorece a formação de alças a intervalos regulares, mais ou menos próxi-
pilling no tecido (PEZZOLO, 2013). mos (PEREIRA, 2009, p. 35);
Existe ainda o fio fantasia, esse tipo de fio ad- O tecido de lã confeccionado com esse fio adqui-
quire diferentes características por meio do benefi- re maior volume e maciez devido aos anéis e alças do
ciamento após sua fiação, com o intuito de produzir fio. Esse fio pode ser fabricado com diversas fibras, a
diferentes efeitos no tecido e valorizá-lo no merca- lã é apenas um exemplo.

63
MATERIAIS TÊXTEIS

Fio Chenilha: tem o aspecto de veludo. Um dos


cabos é primeiramente enrolado sobre um gabari-
to de aço e, em seguida, cortado e assegurado entre
dois outros cabos retorcendo-se entre si. Eventual-
mente usado em tricotagem manual, tem seu uso
muito difundido para tecidos que são utilizados no
revestimento de móveis (PEREIRA, 2009, p. 35).
A Figura 7 traz um estofamento confeccionado
com lã a partir do fio de chenille. Observe com clare-
za o formato do fio, espiralado, com maior volume.
Fio Botonê: fio fantasia caracterizado por irre-
gularidades em forma de pequenas alças, dilatações
ou botões, a intervalos mais ou menos regulares.
Tais fios são obtidos por meio de um fio que vai en-
volvendo, de forma irregular, um outro fio (alma)
ou por adição intermitente de pequenas porções de
Figura 6 - Lã feita com fio bouclé.
Fonte: Shutterstock. fibras durante a fiação (PEREIRA, 2009, p. 35).
Fio Flamé: fio fantasia caracterizado por trechos
não cilíndricos ou com ausência de torção. Esses fios
são obtidos em filatórios anéis (PEREIRA, 2009, p.
35).
Além do fio fantasia, temos a última classifica-
ção, o fio tinto, que se refere àquele já colorido antes
da fabricação do tecido, ou seja, possui coloração
após transformar-se em fio (PEZZOLO, 2013).

REFLITA

Os fios fantasia são muito utilizados para dar


efeitos especiais ao tecido, com texturas e to-
que diferenciados. Eles podem proporcionar
maior maciez, volume ou texturas irregulares.
Figura 7 - Lã feita com fio chenille
Fonte: Shutterstock.

64
DESIGN

Figura 8 - Fio tinto


Fonte: Shutterstock.

Na Figura 8, observa-se uma grande quantidade de centual de impurezas, menor será a qualidade
cones com fios, esses fios já coloridos podem ser uti- do fio.
lizados para acabamentos ou confecção de tecidos. • Resistência: é a capacidade que o fio tem de
As cores são variadas e podem ser utilizadas com resistir aos esforços aos quais venha a sofrer
várias finalidades. nos processos posteriores para sua transfor-
mação em tecidos.
Cabe destacar que os fios apresentam algumas
• Flexibilidade: é a capacidade do fio de ser
características que influenciam na comercialização,
submetido a flexões e torções sem alterar suas
como afirma Pereira (2009), tais como: pureza, re- características.
sistência, flexibilidade, torção e título. Veja a seguir • Torção: tem grande influência na resistência
como Pereira (2009, p. 28) descreve cada uma delas. do fio. A regularidade, a uniformidade do fio
• Pureza: tanto o algodão como a lã contêm têxtil é uma das mais importantes proprieda-
uma elevada quantidade de impurezas que des de qualidade, pois ela determinará a qua-
são em grande parte removidas por processos lidade do tecido (barramentos) e do processo
de limpeza. Quanto mais elevado for o per- (paradas de máquinas).

65
MATERIAIS TÊXTEIS

• Título: o título do fio é uma expressão nu- tos como pureza, resistência, flexibilidade, torção e título.
mérica que define a sua espessura. Devido às Os fios podem ser fabricados com uma única fi-
variadas formas de seção dos fios e suas ir-
bra ou misturando mais de uma fibra, vejamos agora
regularidades, o diâmetro do fio não é o pa-
alguns exemplos.
râmetro mais indicado para exprimir a sua
espessura exata. Logo, como alternativa foi O algodão pode ser misturado a uma série de
criado um sistema que faz uma relação. outras fibras, mas a mistura mais comum é o poliés-
ter. De acordo com Pereira (2009, p. 29), as misturas
Essas variáveis apresentadas anteriormente são de mais comuns são:
extrema importância, pois são elas que garantem a • 67% poliéster/33% algodão;
qualidade do fio. Se um fio apresentar defeito em • 50% poliéster/50% algodão;
qualquer uma delas, pode comprometer a fabrica- • 50% poliéster/35% algodão/15% linho.
ção do tecido, ou mesmo não suportar o processo
de tecelagem se, por exemplo, o fio tiver pouca re- Observe que além do poliéster também é possível
sistência. colocar uma terceira fibra. Os tecidos de algodão
Portanto, é de suma importância que os fios sejam mais utilizados são: Popeline; Tricoline; Voile; Or-
desenvolvidos de forma equilibrada a atender os requisi- gandi; Cambraia; Brim.

Figura 9 - Voile

66
DESIGN

Na Figura 9, observamos o tecido Voile ou voal,


muito utilizado para dar movimento e leveza a di-
versas peças do vestuário.
A lã também permite uma série de misturas, em
especial com o poliéster, muito comum aqui no Bra-
sil. De acordo com Pereira (2009, p. 30) as misturas
mais comuns são:
• Poliéster/lã em misturas variadas: desde 80%
poliéster/20% lã;
• Até 50% poliéster/50% lã;
• Viscose/lã em percentuais de misturas seme-
lhantes ao poliéster/lã;
• 50% poliéster/35% viscose/15% lã.
Essas diversas misturas proporcionam a fabricação
de vários tecidos, sendo os mais usados: Tela; Crepe;
Camurça; Tweed; Gabardine; Tricô.
A seda também possui misturas ou pode ser uti-
lizada sozinha, assim como qualquer outra fibra. Ela
pode ser misturada com viscose e poliéster, produ-
zindo tecidos tais como: Tafetá; Shantung; Organza.
A organza possui um brilho característico que se
amplifica devido ao fio de seda, muito utilizado na
confecção de vestidos para festas.

Figura 10 - Tecido organza

67
MATERIAIS TÊXTEIS

A viscose pode ser misturada com uma grande


SAIBA MAIS
quantidade de materiais, sejam eles sintéticos, arti-
ficiais ou naturais. Eis alguns exemplos: poliéster/
A organza é um tecido feito de fibras de seda viscose, viscose/linho, viscose/lã, viscose/seda.
forte, torcidas em filamentos. A palavra surgiu
nos idiomas francês e italiano na Idade Mé- A poliamida, por exemplo, pode ser encontrada
dia como “organsin” e “organzano” devido à em pequenas misturas com a lã, para a produção de
cidade de Urgang no Turquestão, que tinha meias e vestuário em geral. A mistura da poliamida
um mercado de seda famoso.
com outra fibras proporciona a fabricação de tecidos
A organza é ideal para o casamento e a noite, completamente novos (PEREIRA, 2009).
especialmente quando os designers querem
adicionar um efeito bufante em um vestido. Esses são apenas alguns exemplos de fios mistos
A organza, como um forro, dá enchimento que podemos encontrar. Você certamente encontra-
às saias ou adiciona uma camada a tecidos rá outros exemplos, basta observar a composição
finos. No design de interiores, ela é um tecido
popular para tratamentos de janela, incluin- das peças do seu guarda roupas.
do forros, cortinas, sanefas e amarras. Ela Caro(a) aluno(a), terminamos nossa jornada so-
também pode ser utilizada como um forro bre os fios. Espero que a leitura tenha sido agradável
para lâmpadas de abajur de baixa voltagem.
e enriquecedora. Até a próxima!
Fonte: Delaney ([2017], on-line)1.

68
considerações finais

Caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura referente aos fios, seu proces-
so de fiação e sua classificação. Como dito na introdução, o objetivo desta unidade
foi fazê-lo compreender o que são os fios, quais são os processo de fiação mais co-
muns e como eles são classificados.
A partir desse entendimento alguns pontos precisam ser ressaltados. O primei-
ro deles é que os fios podem ser feitos com qualquer tipo de fibra, assim como por
meio da mistura dessas fibras em um único fio. Isso proporciona maior variedade
de materiais e possibilidades no momento da confecção do tecidos, principalmente
melhorando características como toque, maciez e conforto.
Os fios podem ser multifilamento, quando são compostos por várias fibras, sejam
elas curtas ou longas. Os fios são, em sua maioria, compostos por vários filamentos
de fibras, mas existem também os fios monofilamento. Estes são compostos por uma
única fibra extremamente longa, como a seda, que possui até 1.000 m de compri-
mento.
As fibras que dão origem aos fios fazem com que eles adquiram suas caracterís-
ticas, já que são a base do fio. Ao misturar duas ou mais fibras, pode-se fazer um fio
com características destes materiais, como maciez e resistência.
Como dito no texto, os processos de fiação têm por objetivo transformar a fibra
em fio e basicamente são três: fiação penteada, anel e a rotor. Os fios que saem desses
processos têm diferentes usos e características. Cada um deles serve a um determina-
do objetivo, podendo ser empregado na confecção de diferentes tecidos para vários
usos, seja no setor de vestuário, mobiliário ou decoração, por exemplo.
É de extrema importância, aluno(a), que você conheça bem as fibras, pois elas
influenciam os fios e suas características, lembre-se sempre disso. Até a próxima!

69
atividades de estudo

1. Explique o que são fios.

2. Referente aos fios, marque a alternativa correta:


a. O fio também pode ser monofilamento, ou seja, formado por um conjunto de
dois ou mais filamentos.
b. A seda é um monofilamento.
c. Fios de seda e nylon são curtos.
d. Existem apenas dois processos de fiação: penteadas e anel.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. Em que consiste o processo de preparação para a fiação? Marque a alterna-


tiva correta:
a. O processo de preparação consiste sequencialmente em: abertura automáti-
ca ou manual, batedores, carda e passadores.
b. O processo de preparação consiste sequencialmente em: batedores, abertura
automática ou manual, carda e passadores.
c. O processo de preparação consiste sequencialmente em: abertura automáti-
ca ou manual, carda e passadores.
d. O processo de preparação consiste sequencialmente em: batedores e abertu-
ra automática ou manual.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

4. Quais são os processos de fiação?

70
atividades de estudo

5. Referente aos processos e fiação, leia as alternativas e marque a opção


correta:
I. A fiação penteada é composta por dois processos: a reunideira e a pentea-
deira.
II. A fiação anel também é conhecida como Open end.
III. Antes de iniciar a fiação open end, a fibra, que já foi preparada previamente,
necessita ainda passar por outro equipamento para ser fiada no processo
anel.
IV. A fiação a rotor apresenta um custo menor, pois o processo de produção do
fio é simplificado. O fio produzido é mais regular que aquele produzido na
fiação anel, contudo é menos resistente.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. I, II e IV estão corretas.
d. I e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

6. Quais são todos os grupos de classificação dos fios?


a. Fio penteado, fio cardado, fio fantasia.
b. Fio penteado, fio cardado, fio fantasia e fio bouclé.
c. Fio penteado, fio cardado, fio fantasia e fio tinto.
d. Fio penteado, fio cardado, fio fantasia, fio tinto e fio de filamento.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

7. Quais são as características dos fios que influenciam na comercialização?

71
LEITURA
COMPLEMENTAR

INDÚSTRIA TÊXTIL: DOS FUSOS E ROCAS AOS TEARES AUTOMÁTICOS

Para fabricar suas vestimentas, as fiandeiras entrelaçavam fibras de origem animal ou ve-
getal entre os dedos e depois enrolavam o fio obtido em um bastão. Daí teve origem o
trabalho com o fuso manual. O processo é retratado em ilustrações do antigo Egito, que
datam de 1.900 antes de Cristo.
Algumas dessas imagens integram o acervo da Fundação Bunge – Centro de Memória Bun-
ge, que forneceu as informações sobre a história da indústria têxtil no mundo para o Jor-
nal do Engenheiro. A entidade foi criada em 1955 em comemoração aos 50 anos da S.A.
Moinho Santista Indústrias Gerais. A companhia, que iniciou as atividades no setor têxtil
em 1924, com fiação e tecelagem, integra a memória do segmento no Brasil. Neste País, o
registro das primeiras fábricas data, segundo o professor do curso de engenharia têxtil da
FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), Paulo Alfieri, do começo do século XX, quando já
eram utilizados teares mecânicos.
Antes disso, um longo caminho foi percorrido. A fiação intermitente (em que o ato de fiar
e enrolar era feito sucessivamente) foi mecanizada na Índia entre os anos 500 a.C. e 750
d.C, acionada através da roca. Somente muito tempo depois, por volta de 1300, esses equi-
pamentos chegaram à Europa, popularizando-se rapidamente. Todavia, o processo só ga-
nhou um pouco mais de agilidade em 1530, com a invenção da roca a pedal. Na época, a
criação representou progresso notável, pois permitia a fiação contínua, como nas máqui-
nas modernas.

NA ORIGEM, UMA REVOLUÇÃO

A expansão do algodão, atrelada ao surgimento da máquina a vapor, inventada por James


Watt, impulsionou o desenvolvimento da indústria têxtil. O século era XVIII e o cenário, a
Inglaterra. O setor seria um dos marcos da Revolução Industrial.

72
LEITURA
COMPLEMENTAR

A primeira carda mecânica (máquina que desembaraça, destrinça e limpa fibras) foi criada
em 1750 por Paul Lewis. Mas foi um tecedor de algodão, James Hargreaves, que abriu o
caminho decisivo à ascensão que se seguiria. Acredita-se que a idéia surgiu com uma roca
que tombou acidentalmente, cuja roda continuou a girar. Isso inspirou-o a construir uma
máquina de fiar e ele fez a Spinning Jenny, de madeira, no ano de 1763. O acionamento
era manual, mas, mesmo assim, a produção se multiplicou sensivelmente. As pioneiras,
contudo, foram destruídas por trabalhadores que temiam ser substituídos pela novidade.
Algum tempo se passou ainda até surgir uma máquina capaz de ser utilizada na indústria:
a Waterframe, primeira fiadeira a trabalhar de forma contínua. Acionada com água, foi
patenteada em 1769 por um de seus criadores, Richard Arkwright. Dois anos depois, ele
montou a primeira fiação mecânica de algodão.
A tecnologia se difundiu para o restante da Europa e novos progressos técnicos beneficia-
ram a indústria. A invenção do tear mecânico por Cartwright, em 1784, foi uma contribuição
importante à produção de massa. No século XIX, houve outras, mas o ritmo das máquinas
ainda se manteve lento pelo menos até cerca de 1940. A partir de então, novos equipa-
mentos foram lançados, visando maior eficiência e rapidez. Hoje o processo é totalmente
automatizado.
No Brasil, levou mais tempo à modernização. Segundo a tecelã aposentada Hermine De-
mer, os teares utilizados nos anos 50 e 60 eram bem primitivos. E mesmo depois, quando
houve um desenvolvimento considerável, o professor Alfieri afirma que, no geral, a indús-
tria nacional continuou bastante atrasada em relação às de outros países até a década de
80. “E quando tivemos a abertura do mercado no Governo Collor, as indústrias têxteis se
viram numa situação muito ruim, muitas por estarem obsoletas. Inúmeras empresas desa-
pareceram, houve fusões e as que sobreviveram ou grande parte delas se modernizaram.
Atualmente, são competitivas em nível mundial.”

73
LEITURA
COMPLEMENTAR

INDÚSTRIA EXIGE PROFISSIONALIZAÇÃO

A expansão da indústria têxtil no Brasil a partir da década de 60 culminou com a profissio-


nalização desse setor. De acordo com Regina Aparecida Sanches, coordenadora do curso
de engenharia têxtil da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), o segmento verificou a
necessidade de aprofundar o nível técnico do pessoal. Conforme ela, o Sindicato das In-
dústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado de São Paulo reivindicou, então, a essa
faculdade que criasse um curso para formar engenheiros têxteis, o que foi feito em 1965.
Seria instituído o primeiro do Brasil.

Fonte: SEESP (2016, on-line)2.

74
DESIGN

Tecidos: história, tramas, tipos e usos


Dinah Bueno Pezzolo
Editora: Senac
Ano: 2007
Sinopse: este livro é uma pesquisa histórica bem costu-
rada que mostra a evolução da principal matéria-prima
da vestimenta, dos primitivos tramados feitos manual-
mente de galhos e folhas aos mais avançados métodos de tecelagem; das fibras naturais
aos fios inteligentes dos tecidos tecnológicos; das primeiras técnicas de tingimento, às mais
modernas formas de coloração; das estampas em voga nos séculos passados às tendências
mostradas pelos estilistas de hoje em dia.

Fiação do Algodão
O vídeo apresenta todo o processo de fiação do algodão, incluindo o maquinário e os proces-
sos necessário para transformar a fibra em fio.
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=NjWyiQJsX7M>

75
referências

CASSEL, Gabriela Piageti; KINDLEIN JÚNIOR, Wilson; CHYTRY, Silvia; KUN-


ZLER, Lizandra Stechman Quintana. Revisão das Principais Propriedades das Fi-
bras Têxteis e Compilação de Inovações Geradas Devido ao Uso de Novos Mate-
riais no Design de Moda. Congresso Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2002.
GORINI, Ana Paula Fontenelle; SIQUEIRA Sandra Helena Gomes de. O segmento
de fiação no Brasil. BNDS. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/
export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/bnset/fiacao.pdf>.
Acesso em: 30 mai. 2017.
PEREIRA, Gislaine de Souza. Materiais e processos têxteis. Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Araranguá, 2009.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual.
São Paulo: Senac São Paulo, 2013.
RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CE-
TIQT, 1984.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o
design de moda. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.ehow.com.br/sobre-tecido-organza-sobre_57240/>. Acesso em: 2 jun.
2017.
2
Em: <http://www.seesp.org.br/imprensa/je213memoria.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017.

76
gabarito

1. “Os fios são materiais constituídos por fibras naturais, artificiais ou sintéticas,
e que são processados dentre as diversas operações de fiação. Esses são ca-
racterizados pela origem, processo, regularidade, diâmetro e peso”.

2. B.

3. A.

4. A fiação penteada, posteriormente a anel e, por fim, a rotor ou open end.

5. D.

6. C.

7. Pureza, resistência, flexibilidade, torção e título.

77
TECELAGEM

Professora Dr.ª Paula Piva Linke

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Descrever como se dá o processo de tecelagem.
• Apresentar as principais padronagens do processo de
tecelagem.
• Apresentar os principais tecidos e sua utilização no mundo
da moda.

Objetivos de Aprendizagem
• Tecelagem
• Padronagens
• Tecidos e suas características
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade do livro de


materiais têxteis. Essa unidade, intitulada Tecelagem, tem como objetivo
apresentar a você o processo de construção dos tecidos, quais os mais
comuns e seus usos.
A intenção aqui é que você compreenda um pouco mais sobre o uni-
verso da moda, em específico o material que é o suporte da roupa, o te-
cido, visto que, dependendo de como ele é feito, pode se obter diferentes
resultados de texturas e caimentos.
Esta unidade encontra-se dividida em três partes. Na primeira delas,
será apresentada a tecelagem, como os fios são transformados em teci-
dos, o que inclui maquinário e processos utilizados para a fabricação do
tecido. O maquinário básico utilizado é o tear, responsável pelo proces-
sos de trama dos fios que proporciona formar o tecido.
Em seguida, na segunda parte você entenderá que processo de trama
proporciona a fabricação de um tecido, pois conforme os fios são trama-
dos obtêm-se diferentes materiais. O importante aqui é que você com-
preenda que o tipo de trama é a matriz do tecido, o que influencia no
caimento, gramatura, textura dentre outras características. As principais
tramas são: tela, sarja e cetim. É a partir dessas tramas que se confeciona
os tecidos existentes, variando-se as fibras e fios para se obter diferentes
resultados.
Por fim, serão apresentados a você os principais tecidos planos e
como podem ser empregados no campo da moda. Isso inclui usos, cai-
mentos, texturas e demais informações necessárias para que você saiba
qual tecido usar para confeccionar determinada peça.
Conhecer os materiais com os quais você vai trabalhar é fundamen-
tal, especialmente os tecidos, que são a base da roupa. Compreender
como são feitos o ajudará a usá-los de forma adequada ao valorizar todas
as suas características. Espero que goste da leitura.
MATERIAIS TÊXTEIS

Tecelagem
Olá, caro(a) aluno(a), vamos iniciar essa jornada fa- [...] o tecido é um material à base de fios de fi-
lando sobre os tecidos planos e como se dá a trans- bra natural, artificial ou sintética, que compos-
tos de diversas formas tornam-se coberturas de
formação do fio em tecido, ou seja, o processo de
diversos tipos formando roupas e outras vesti-
tecelagem. mentas e coberturas de diversos usos, como co-
Antes de começar o processo de tecelagem, pre- bertura para o frio, cobertura de mesa, limpeza,
cisamos entender o que é um tecido. De acordo com uso medicinal (como faixas e curativos), entre
outros.
Pereira (2008, p. 42):

82
DESIGN

A definição apresentada por Pereira (2008) aponta Os tecido podem ser classificados de acordo
para a diversidade de tecidos existentes, visto que a com o seu processo de fabricação. Cabe apresentar
autora destaca que eles dependem dos fios utiliza- aqui essa classificação, que se refere a tecido plano,
dos em sua fabricação. Assim, é possível obter uma tecido de malha e não tecido (SISSONS, 2012).
grande variedade de tecidos com texturas, cores e Observe na Figura 1 a estrutura deles:
estampas diversas.

Figura 1 - Classificação dos tecidos


Fonte: Pereira (2008, p. 42).

Nessa disciplina, veremos cada um deles. Esta uni- os fios de urdume, eles percorrem todo o compri-
dade em específico é focada nos tecidos planos, en- mento e formam o tecido. (UDALE, 2015).
quanto que na Unidade V serão apresentados a você Por sua vez, a ourela é uma pequena faixa entre
os tecidos de malha e os não tecidos. 0,5 e 1 cm localizada nas bordas do tecido ao longo
Portanto, vamos agora entender o que é um teci- de todo o seu comprimento, que tem a função de dar
do plano. O tecido plano é aquele no qual há o entre- estabilidade ao tecido, evitando que este se desmanche.
laçamento dos fios de urdume e trama formando um Ela é composta por uma maior densidade de fios de
ângulo de 90º, cuja a estrutura do tecido é composta urdume, tornando a trama mais fechada e dando aca-
por três elementos: fios de trama, fios de urdume e bamento às bordas do tecido (CHATAIGNIER, 2006).
ourela (RIBEIRO, 1984). A análise do fio de trama e urdume pode ser feita
Os fios de urdume são aqueles fios posiciona- com o tecido em duas posições: plano, estendido sob a
dos no sentido do comprimento do tecido (UDALE, mesa ou no rolo, pendurado no expositor/ em pé. En-
2015). tenda que sempre de ourela a ourela você terá o fio de
Os fios de trama são aqueles posicionados no trama e paralelo a ourela temos o fio de urdume, con-
sentido da largura do tecido, e ao se entrelaçar com forme pode ser observado na Figura 2.

83
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 2 - Estrutura dos tecidos


Fonte: Autora (2017)

Essa é a estrutura básica que dará formação ao te- Esses fios costumam sofrer muita tensão e abra-
cido plano. Vejamos então como se dá a tecelagem. são devido aos movimentos do tear e, se não pre-
Cabe destacar que os fios, quando saem do processo parados corretamente, podem se romper diminuin-
de fiação, ainda não estão prontos para a tecelagem, do a produção e qualidade do tecido. Levando em
é necessário fazer uma preparação para o processo consideração esses aspectos, Pereira (2008) salienta
que se segue (UDALE, 2015). que é fundamental preparar esses fios por meio da
A preparação da tecelagem consiste em urdi- engomagem.
mento e das fiações em cones ou outros tipos de A autora ressalta ainda que o processo de engo-
suporte para um rolo de urdidura que irá alimentar magem consiste em aplicar uma camada de goma
o tear (PEREIRA, 2008). sobre o fio para que este se torne mais resistente à
No entanto, não basta apenas passar os fios de tensão e à abrasão, evitando rompimento, descama-
urdume para a urdideira, é preciso prepará-los para ção do fio e outros problemas que possam vir a ocor-
a Tecelagem. Esses fios são a base do tecido, entran- rer (PEREIRA, 2008).
do em contato com as diferentes partes do tear o Assim sendo, antes da tecelagem os fios devem ser
tempo todo, já que eles alimentam o tecido no sen- engomados e colocados na urdideira para que o pro-
tido do comprimento, enquanto a trama é apenas cesso de tecelagem se inicie. O equipamento para tal
inserida esses fios (UDALE, 2015). processo é o tear, que pode ser observado na Figura 3.

84
DESIGN

SAIBA MAIS

Os primeiros estudos sobre máquinas a va-


por começaram com Leonardo Da Vinci, no
século XVI, mas foi somente no século XVII que
essa máquina foi criada por Thomas Savery. A
partir de então, ela foi aprimorada e utilizada
em diversos setores industriais, inclusive no
têxtil, fornecendo energia aos teares.

De acordo com Pezzolo (2013) o processo de


tecelagem foi se desenvolver de forma mais
intensa a partir do século XVIII, mas se auto-
matizou a partir da Revolução Industrial, mo-
mento em que surgiram os teares mecânicos.

Fonte: Pezzolo (2013).

Figura 3 - Tear

Como observa-se na Figura 3, o tear é um equipa- quadros responsáveis pela formação da cala
mento que permite a construção do tecido. Ele é (abertura formada por duas camadas de fios
composto por: rolo de urdume, quadro de liço, pen- de urdume).
te e rolo de tecido. • Pente: depois dos quadros de liços, os fios
Veja a descrição de cada um deles de acordo com passam por um pente que determina a largu-
ra e a densidade do urdume e é responsável
Pereira (2008, p. 37).
pelo remate da trama. Nos teares de lançadei-
• Rolo de Urdume: que contém os fios de urdi-
ra, o pente serve como guia para ela.
mento são rolos de fios paralelos.
• Rolo de Tecido: para enrolar o tecido pronto.
• Quadros de Liços: o urdimento passa pelo
olhal dos liços, que se acham dispostos em Veja esses elementos na figura a seguir:

85
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 4 - Componentes do tear


Fonte: Pereira (2008, p. 37).

São esses quatro elementos trabalhando juntos que alinhando e formando o tecido conforme os outros
possibilitam a transformação do fio em tecido e isso fios de trama vão sendo inseridos. É todo esse pro-
ocorre por meio de três processos, são eles: a forma- cesso que permite a formação do tecido.
ção da cala, a inserção da trama e o batimento do Para a realização do tecimento, existe uma gran-
pente (PEZZOLO, 2013). Veja a descrição deles de de variedade de teares tais como: teares de lançadei-
acordo com Pereira (2008, p. 63). ra, teares de lançadeira de pinça, teares de projétil,
• A formação da cala, que consiste na separa- teares de pinça unilateral, teares de pinça bilateral
ção dos fios da teia em duas folhas, formando com transferência, teares jato de ar e os teares bifási-
um túnel conhecido por cala. cos (PEREIRA, 2008).
• A inserção de trama, que consiste na passa- Todos esses teares apresentam algumas diferen-
gem do fio de trama no interior da cala, ao
ças em sua construção, principalmente na forma de
longo da largura do tecido.
inserção da trama, contudo realizam o processo de
• O batimento do pente, que consiste em em-
purrar a passagem inserida contra o tecido já fabricação do tecido conforme os três movimentos
formado, até um ponto designado por “frente básicos: abertura da cala, inserção da trama e batida
do tecido”. do pente.

Em outras palavras, o quadro de liço contém alguns REFLITA


dos fios de urdimento que serão levantados, fican-
do uma camada em cima e outra embaixo. Por meio Lembre-se que as características do tecido
desta abertura, será passado o fio de trama; assim dependem da forma de entrelaçar os fios e
que o fio passar, o quadro desce e então o pente vem das fibras e não somente do tear.

e empurra o fio para junto dos demais fios de trama,

86
DESIGN

Contudo, existe ainda um outro tear que produz • Leitura: operação que consiste em furar os
tecidos específicos, o Jaquard que tece tecidos com cartões ou o papel a partir do desenho pin-
desenhos formados pelo entrelaçamento dos fios de tado.
trama e urdume (PEZZOLO, 2013). • Tecimento: trabalho realizado pela máquina
que obedece à perfuração dos cartões.
O tear de Jaquard foi construído em 1800 pelo
francês Joseph Marie Jaquard. Este tear é muito uti- Todo esse processo permite a criação de diversas
lizado na produção de tecidos para estofados, por estampas direto na fabricação do tecido. Veja um
exemplo, ou seja, tecidos estampados durante tece- exemplo na Figura 5.
lagem (PEZZOLO, 2013). Cabe destacar que, além de estampas geométri-
Pezzolo (2013) destaca que este tear se orienta cas, também é possível produzir uma infinidade de
por cartões com perfurações que contém os dese- variedades, com várias cores e temas como florais,
nhos a serem tecidos. Veja como se dá o processo de geométricos, abstratos dentre outros.
acordo com Pezzolo (2013, p. 152). Agora que você já entendeu um pouco sobre o
• Esboço: representação gráfica e colorida, so- processo de confecção dos tecidos, é necessário en-
bre papel, do futuro desenho Jaquard. tender sua classificação. Veja no tópico seguinte es-
• Pintura: reprodução do esboço sobre papel ses elementos. Até breve!
quadriculado que representa o cruzamento
dos fios de urdume e da trama.

Figura 5 - Tecido Jaquard

87
MATERIAIS TÊXTEIS

Padronagens
Olá, aluno(a), vamos dar continuidade ao nosso obter tecidos com texturas e caimentos diferenciados.
aprendizado sobre os tecidos. Agora que você já en- Outra possibilidade é utilizar mais de uma fibra
tendeu como se dá o processo de tecelagem, veremos em um tecido, ou seja, as possibilidades são imensas.
quais os tipos de tecido que podem ser produzidos. Vejamos então quais são os ligamentos base.
A tecelagem consiste no entrelaçamento dos fios Os ligamentos base são três: tela ou tafetá, sarja
de trama e urdume formando um ângulo de 90º; as- e cetim. Cada um deles usa o processo de entrela-
sim sendo, é possível fazer uma grande variedade de çamento de forma diferente o que garante ao tecido
entrelaçamentos e cada um deles dará origem a um características específicas, como o brilho no caso do
tipo específico de tecido (SISSONS, 2012). cetim (PEZZOLO, 2013).
Devido a essa grande variedade de ligamentos e A ligação tela ou tafetá é a mais simples de to-
de tecidos existentes hoje em dia, cabe aqui apresen- das elas e representa mais de 70% de todos os têxteis
tar os ligamentos básicos e quais são os tecidos mais produzidos atualmente. Essa ligação se refere a uma
comuns que se formam a partir deles. estrutura na qual o fio de trama passa uma vez por
O que você deve ter em mente é que qualquer fi- cima e na sequência por baixo de um fio de urdume,
bra pode ser utilizada para fazer o tecido e com uma formando uma tela, por isso o nome tela (PEZZO-
mesma ligação, mas com fibras diferentes pode-se LO, 2013). Veja o exemplo a seguir:

88
DESIGN

Figura 6 - Ligação tela ou tafetá


Fonte: Pezzolo (2013, p. 154).

Você sempre deve ler as linhas do diagrama: os qua- • Cambraia: tecido bastante fino, sempre leve
drados escuros representam os fios de urdume e os (inferior a 135 g/m2), normalmente em algo-
claros os de trama. Observe em detalhes a Figura 6, dão puro, sendo também bastante apreciada
a cambraia de linho. Possui uso, principal-
na imagem da esquerda vemos a representação gráfi-
mente, em camisas masculinas e blusas femi-
ca do cruzamento, que lembra o tabuleiro de xadrez, ninas.
pois o entrelaçamento marca um fio por cima e ou- • Organdi: tecido bastante fino, sempre leve
tro por baixo, ficando visível em uma mesma linha, (inferior a 135 g/m2), normalmente em al-
que marca o sentido da largura, um fio de urdume e godão puro, sendo também utilizada a po-
outro de trama, ou seja, um de urdume por cima, ou- liamida, a viscose e o acetato, sendo bastante
tro por baixo e assim sucessivamente, até completar apreciado o organdi de seda, que recebe o
a linha e o fio retornar para continuar a amarração. nome especial de organza. Possui uso, prin-
cipalmente, em roupas femininas.
Na imagem da direita, conseguimos ver com cla-
• Voile: tecido bastante fino, sempre leve (in-
reza como se dá o cruzamento dos fios no tecido.
ferior a 135 g/m2), normalmente em algodão
Observe que os fios de trama, aqueles na horizontal puro, sendo também utilizadas misturas de
estão por baixo e por cima de um fio de urdume su- algodão com poliéster para artigos mais bara-
cessivamente, formando o tecido. tos. Possui uso, principalmente, em camisas
De acordo com Pereira (2008), esse entrelaça- masculinas e blusas femininas.
mento permite a confecção de tecidos com trama • Gaze Cirúrgica: tecido bastante fino, sempre
fechada, mais resistentes a abrasão, contudo apre- leve (inferior a 135 g/m2), sempre em algo-
sentam pouca elasticidade. dão puro, tratado para dar-lhe características
hidrófilas.
Os tecidos mais comum feitos com esse ligamento
• Tricoline: tecido fino, sempre leve (inferior
são: cambraia, organdi, voile, gaze cirúrgica, tricoline,
a 135 g/m2), em algodão puro. Possui uso,
popeline e flanela. Vejamos a seguir as características de principalmente, em camisas masculinas, blu-
cada um deles de acordo com Pereira (2008, p. 67-68). sas femininas, vestidos e saias.

89
MATERIAIS TÊXTEIS

• Popeline: são tecidos leves ou médios quanto Como dito pela autora, a flanela é muito utilizada
à densidade superficial (inferior a 135 g/m2, em camisas masculinas de inverno, em sua maioria
até 270 g/m2), sempre com estrutura fecha- as estampas são em xadrez e o tecido lembra um
da, em algodão puro, ou em misturas dessa
pouco a maciez da lã. Veja um exemplo de alguns
fibra com poliéster. Os fios são normalmente
padrões de xadrez que podem aparecer nesse tecido.
cardados, sendo utilizados os penteados para
artigos de melhor qualidade. Usado princi-
palmente para vestuário.
• Flanela: tecido leve (inferior a 135 g/m2),
SAIBA MAIS
em algodão puro. Utiliza-se uma trama que
possui um título aproximadamente o dobro
do respectivo urdume. O uso da trama mais Tecidos hidrófilos: são aqueles que têm muita
grossa justifica-se pelo acabamento que lhe facilidade em absorver água. O termo hidró-
será dado, no qual os pêlos serão levantados. filo é que carrega esse significado.
Feito com fio tinto, são utilizados em vestuá-
Fibra hidrófila: fibra que absorve água com
rio, como camisas masculinas para inverno, facilidade, exemplo: algodão.
por exemplo. Tinto em peça e produzido com
fios de baixa qualidade é utilizado para panos Fonte: Kuasne (2008).
de limpeza e polimento.

Figura 7 - Estampa xadrez para camisas em flanela

90
DESIGN

Além do ligamento tela ou tafetá, temos também o liga- Observe que na tela a padronagem forma um qua-
mento sarja, que “é reconhecido por suas linhas diagonais driculado, mas na sarja vemos a formação de linhas na
que formam um ângulo de 45º. A amarração sarja resulta diagonal, que é uma das características desse tecido.
em um tecido com direito e avesso diferentes. Ritmo de Essa ligação constrói tecidos mais firmes e resis-
tecelagem: um sim, dois não” (PEZZOLO, 2013, p. 154). tentes e é muito utilizada no vestuário, como exem-
Nesse tecido, o urdume passa por cima de dois plo temos o jeans. É possível fazer algumas variações
fios de trama e em seguida por baixo de um único fio da sarja que resultam em tecidos como: brim, sarja
de trama, por isso há formação de linhas com ângu- 1/2, sarja 3/1 e o denim (PEREIRA, 2008). Vejamos
lo de 45º. Veja o exemplo na figura abaixo. as características de cada um desses tecidos segundo
Pereira (2008, p. 68 e 69).
• Brim: tecido bastante popular, de densidade
superficial média, (entre 136 e 270 g/m2),
normalmente em algodão puro ou misturas
desta fibra, ou de viscose com poliéster. Pos-
sui uso, principalmente, em calças e roupas
profissionais. O ligamento utilizado é a sarja
2/1, geralmente com diagonal à esquerda.

Figura 8 - Ligação sarja


Fonte: Pezzolo (2013, p. 154).

Observe na Figura 8 na imagem da esquerda o de-


senho da padronagem com dois fios de urdume por
cima e um por baixo. Na imagem da direita, vê-se
como seria a trama no fios do tecido. Figura 9 - Ligação brim
Fonte: Pereira (2008, p. 68).

91
MATERIAIS TÊXTEIS

Observa-se na Figura 9 o ligamento do brim; neste


ligamento, vê-se as diagonais formadas pelos fios de
trama e urdume se deslocando da esquerda para a
direita, característica básica desse tecido.
• Sarja 1/3: tecido de densidade superficial leve
(até 135 g/m2), nas estruturas relacionadas a
seguir, pode, entretanto, ser também de den-
sidade superficial média, normalmente em
algodão puro, ou mistura dessa fibra, ou de
viscose com poliéster. Os fios são cardados,
podendo ter grande variedade de títulos. É
um tecido pouco produzido, para uso, prin-
Figura 11 - Ligação sarja 3/1
cipalmente, em vestuário. Fonte: Pereira (2008, p. 70).

Veja na imagem a seguir a padronagem desta sarja. Nesta ligação, vemos uma diagonal formada da di-
reita para a esquerda, com a presença de três fios
de urdume por cima e um por baixo, justamente o
oposto da sarja 1/3 .
• Denim: provavelmente o tecido mais popular
atualmente. Trata-se de um tipo especial de
brim, no qual o fio de urdume é tinto (geral-
mente em azul índigo) e trama crua. A den-
sidade superficial é média ou pesada (entre
136 e 270 e superior a 271 g/m2), sempre em
algodão puro. Possui uso, principalmente,
em roupas casuais ou profissionais. Veja a pa-
dronagem a seguir.
Figura 10 - Ligação sarja 1/3
Fonte: Pereira (2008, p. 70).

Essa sarja se refere a 3 fios de urdume por baixo e


um fio de trama por cima, formando uma diagonal
que vai da direita para a esquerda.
• Sarja 3/₁: tecido bastante popular, de densi-
dade superficial média ou pesada (entre 136
e 270 e superior a 271 g/m2), normalmente
em algodão puro, ou mistura dessa fibra, ou
de viscose com poliéster. Para uso, principal-
mente, em roupas esportivas ou profissionais.
Figura 12 - Ligação denim
Veja a seguir a padronagem desta sarja. Fonte: Pereira (2008, p. 70).

92
DESIGN

Essa ligação forma uma diagonal da direita para es- pontos de cruzamento entre os fios. Características:
querda, com um fio por baixo e dois fios de urdume direito e avesso diferentes, sendo o direito com bri-
por cima. Essa ligação é o oposto da ligação do brim. lho” (PEZZOLO, 2013, p. 154).
Cabe lembrar aqui que existem ainda outras Como há poucos ligamentos, os tecidos constru-
variedades de sarja, mas são essas as mais comuns. ídos com essa padronagem normalmente apresen-
Além da sarja, temos ainda a ligação cetim: essa li- tam uma superfície com brilho que pode ser mais
gação “resulta em um tecido liso, sem qualquer efei- ou menos acentuada dependendo da trama. Veja a
to motivado pela trama, graças à disseminação dos seguir a padronagem base.

Figura 13 - Ligação cetim


Fonte: Pezzolo (2013, p. 154).

Na ligação cetim, vemos que os fios mais aparentes (inferior a 135 e até 270 g/m2), normalmente em
são os de trama, enquanto que o fio de urdume apa- algodão puro, ou misturas dessa fibra, ou de vis-
rece apenas algumas poucas vezes por cima, sendo cose com poliéster. Os fios podem ser cardados ou
representado pelo quadrado escuro. penteados.
Na verdade, esse tecido pode ser confeccionado Cetim de Trama 5 Quadros: tecido sempre fe-
de duas formas, sendo o cetim de urdume e o cetim chado, de densidade superficial leve (inferior a 135
de trama. Veja como Pereira (2008, p. 71) os descreve: g/m2), normalmente em algodão puro, ou misturas
Cetim de Urdume 5 Quadros: tecido sempre dessa fibra, ou de viscose com poliéster. Os fios po-
fechado, de densidade superficial leve ou média dem ser cardados ou penteados.

93
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 14 - Cetim de urdume e trama


Fonte: Pereira (2008, p. 70).

Cabe observar nesses dois exemplos que o cetim de ur- nados com esses ligações. Faça uma visita a uma boa
dume é aquele em que a maior quantidade de fios por loja de tecidos e aprenda um pouco mais sobre eles.
cima é o de urdume, enquanto que no cetim de trama Vejamos no próximo tópico como os tecidos são
a maior quantidade de fios por cima são os de trama. classificados.
Há uma grande variedade de cetins, cada qual
com sua gramatura e brilho. Este tecido é muito uti- REFLITA
lizado para confecção de peças finas, como camisas
sociais, saias e vestidos de festa dentre outros (PEZ-
Cada um desses tecidos tem seus usos e ca-
ZOLO, 2013). racterísticas devido à fibra que o compõem
Além desses tecidos aqui apresentados, há uma e a forma de ligação.
imensa variedade tecidos que podem ser confeccio-

94
DESIGN

Tecidos e Suas Características


Olá, aluno(a), os tecidos planos são ainda classifi- tampado (PEZZOLO, 2013). Vejamos como Pezzolo
cados de acordo com sua estrutura durante a tece- (2013) descreve cada um deles.
lagem e ainda em relação à coloração. Essas infor- • Tecido liso: esse tipo de tecido não apresen-
mações irão auxiliá-lo no momento de criação, pois ta estampas, é confeccionado com ligamento
é de suma importância que você conheça algumas tela, sarja ou cetim. Uma das características
mais importante desse tecido é o acabamento
características para então saber como usá-los de for-
que deve valorizar os fios, a padronagem e o
mas correta. toque final. Exemplos: cambria, cetim, crepe,
Os tecidos planos apresentam quatro variedades brim, gaze e veludo.
principais, são elas: liso, maquinetado, jacquard e es-

95
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 15 - Tecido liso

• Tecido maquinetado: tem aspecto mais fan-


A Figura 15 traz um exemplo de tecido liso; esses
tasioso, o qual pode ser obtido pela trama de
tecidos em geral possuem um toque muito agradável fios ou por meio de acabamentos e tratamen-
e acabamento impecável no que se refere à unifor- tos. Exemplo: xadrez, listrado, bordado shan-
midade da cor. tung.

Figura 16 - Tecido maquinetado, shantung

96
DESIGN

• Tecido Jacquard: esse tecido é feito em um


Observe com cautela, caro(a) aluno(a), a textura des-
tear especial que fora a estampa por meio do
se tecido, apesar de liso, ou mesmo quando apresen- entrelaçamento dos fios. De acordo com Cha-
tar textura, ele apresenta toque suave e macio com taignier (2006), pode ser utilizado na confec-
aspecto atoalhado nos fios, no caso dessa imagem. ção de tecidos para decoração ou vestuário.

Figura 17 - Tecido jacquard

Como dito anteriormente, esse tecido pode apresen-


SAIBA MAIS
tar estampas variadas, assim como usos.
• Tecido estampado: é aquele tecido que na
fase de acabamento recebe a aplicação de de- Em 1800, quando o tear de jacquard foi in-
senhos e cores fixados no tecido por meio de ventado, o processo de tecelagem era feito
técnicas diferentes. por crianças pequenas, por volta dos 5 a 7
anos de idade, pois seu tamanho de corpo
possibilita sua rápida movimentação sobre
o tear para mover os fios.

Além disso, para mover os fios, mãos peque-


nas eram adequadas, pois havia pouco espaço
e o tecido era delicado. Por muito tempo a
mão de obra infantil foi utilizada nas indús-
trias têxteis do século XIX.

Fonte: Pezzolo (2013).

97
MATERIAIS TÊXTEIS

• Tecidos mesclados: resultam da mistura de


fibras ou fios de diferentes colorações dispos-
tos irregularmente.
• Tecidos estampados: mostram desenhos ob-
tidos por meio da aplicação de corantes em
áreas específicas.
• Tecidos listrados: apresentam listras que po-
dem ser formadas somente pelo urdume ou
pela trama.
• Tecidos xadrezes: mostram a combinação de
listras formadas pelo urdume com listras for-
madas pela trama.

Essas classificações têm um papel importante, pois


o ajudam a entender como os tecidos podem ser
encontrados em lojas, as padronagens e efeitos que
Figura 18 - Tecido estampado podem apresentar.
Os tecidos planos, em sua maioria, apresentam
pouca elasticidade, devido ao processo de tecelagem
Esse certamente é um dos tecidos mais comuns, as- que proporciona a amarração de fios de trama e ur-
sim como o tecido liso, pois há uma grande varieda- dume, contudo isso pode ser melhorado inserindo
de de estampas, desde os étnicos aos florais e geomé- fios ou fibras de elastano, por exemplo (CHATAIG-
tricos. Treptow (2013) destaca que as tendências vão NIER, 2006).
influenciar muito no estilo da estampa, podendo Udale (2015) ressalta que devido à grande varie-
haver mudanças a cada estação. dade de tecidos existentes no mercado, é necessário
Chataignier (2006) destaca que, além dessa clas- estar atento a alguns elementos no momento de uti-
sificação, os tecidos planos ou mesmo malhas, tam- lizá-los.
bém podem ser classificados de acordo com a cor. Nesse aspecto, Frings (2012) destaca que antes
Veja as classes de tecido: crus, alvejados, tintos, mes- de pensar no tecido é preciso escolher o modelo que
clados, estampados, listrados e xadrezes. Vejamos você deseja confeccionar. Com o modelo em mãos,
cada um deles de acordo com Pezzolo (2013, p. 157 pense no caimento que deseja na modelagem e en-
e 158): tão comece a refletir sobre a escolha do tecido.
• Tecidos crus: não sofrem acabamento a úmi- Para Udale (2015), existem alguns elementos
do após serem tecidos. que devem ser levados em consideração no momen-
• Tecidos alvejados: passam pelo processo de to da escolha do tecido, são eles: desempenho, mo-
alvejamento, branqueamento. delagem, volume, estrutura, elasticidade, cor, tom e
• Tecidos tintos: recebem uma coloração úni- tendência, padronagens e textura. Vejamos a seguir
ca em toda a extensão.
como o autor descreve cada um deles.

98
DESIGN

• Desempenho: o desempenho está ligado aos Caro(a) aluno(a), refletir sobre esses aspectos ao es-
tecidos inteligentes, que apresentam benefí- colher um tecido o fará encontrar a melhor opção
cios extras em relação aos tecidos comuns, para o modelo que desenha confeccionar. De acordo
como ser impermeável, por exemplo.
com Treptow (2013), escolher o tecido adequado é
• Modelagem: pensar a modelagem adequada
essencial para obter um bom resultado final em uma
para o tecido, principalmente em relação à
coleção.
elasticidade, gramatura e modelo desejado.
• Volume: caso deseje algo com muito volume,
deve buscar tecidos mais firmes, estruturados REFLITA
e grossos ou então tecidos que auxiliem na
armação. Se não deseja volume, deve escolher
tecidos mais fluídos e leves ou uma modela- Conhecer os tecidos é fundamental e isso
gem que elimine o volume. também depende de sua experiência ao usá-
-los. Manusear um tecido ajuda e entender
• Estrutura: refere-se ao fato de dar forma ao seu caimento e gramatura, portanto sempre
tecido, pensando em como obter um bom re- que necessário visite uma boa loja de tecidos.
sultado por meio da modelagem, com a téc-
nica da alfaiataria, visando explorar todas as
características do tecido.
• Elasticidade: refere-se à elasticidade do teci- Espero que a leitura tenha sido agradável e que você
do ou à falta dela, pois você deve adaptar a tenha aprendido um pouco mais sobre os tecidos.
modelagem aos tecidos mais ou menos elás- Na próxima unidade, veremos os tecidos de malha,
ticos para obter o resultado desejado. os não tecidos e os tecidos inteligentes. Até a próxi-
• Cor, tom e tendência: deve-se fazer pesqui- ma!
sas de tendências e cores para elaborar uma
coleção com uma estética visual adequada ao
estilo que está na moda.
• Padronagens: refere-se às estampas e efeitos
do tecido que você pode utilizar, lembre-se
de fazer uma pesquisa de moda e de mercado
para conhecer as possibilidades existentes, ou
então desenvolva a sua padronagem caso te-
nha a possibilidade de aplicar no tecido.
• Textura: elemento tátil do tecido que pode
valorizar uma peça, como texturas lisas, plás-
ticas, enrugadas, com brilho. Cada uma delas
tem uma finalidade e pode auxiliar no mo-
mento de dar o acabamento diferencial em
sua coleção.

99
considerações finais

Olá, caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura desta unidade. O objetivo
dela era apresentar a você o processo de fabricação dos tecidos planos, assim como
sua classificação em relação aos ligamentos e aos tipos de tecido.
Antes de seguirmos para a próxima unidade, cabe aqui chamar sua atenção para
algumas questões. Os tecidos planos são aqueles formados pelo entrelaçamento dos
fios de urdume e trama formando um ângulo de 90º, o que lhes confere pouca elas-
ticidade a não ser que se acrescente fibras ou fios que aumentem essa característica.
Os tecidos planos são muito usados para fabricação de roupas finas como alfaia-
taria e vestidos para festas. As peças de roupas mais comuns confeccionadas com
esses tecidos são: ternos, camisas e calça social, vestido social, além de jogos para
cama, mesa e banho.
A variedade de tecidos é muito grande e derivam basicamente de três ligações
básicas: a tela, sarja e cetim. É por meio dessas ligações que se formam os tecidos
que, compostos com diversas fibras, artificiais, sintéticas ou naturais, possibilitam a
confecção de uma infinidade de produtos.
Ao misturar diferentes fibras e fios, as características dos tecidos podem ser am-
pliadas e melhoradas, possibilitando maior variedade para a confecção do vestuário.
Contudo, escolher um tecido e seu uso não é um tarefa fácil: é preciso conhecer
suas características, cores, estampas, peso, caimento dentre outros elementos para
então confeccionar uma peça. Uma boa forma de conhecer esses materiais é visitar
lojas de tecidos com grande variedades de materiais, tocar e sentir o peso de cada
tecido, observando estampas e caimento.
Agora que você já sabe como são feitos os tecidos planos, vamos ver na sequên-
cia, na próxima unidade, como são feitos os tecidos de malha e sua classificação, os
não tecidos e os tecidos inteligentes. Até breve!

100
atividades de estudo

1. Referente ao conceito de tecido, leia as afirmativas abaixo.


I. O tecido é um material à base de fios de fibra natural, artificial ou sintética.
II. Compostos de diversas formas, tornam-se coberturas de diversos tipos, for-
mando roupas e outras vestimentas e coberturas de diversos usos.
III. O tecido também pode ser usado como cobertura para o frio, cobertura de
mesa, limpeza, uso medicinal (como faixas e curativos) entre outros.
IV. As fibras não interferem na constituição do tecido.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. I, II e IV estão corretas.
d. I e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

2. De acordo com seu processo de fabricação, os tecidos podem ser classifica-


dos em:
a. Tecido plano, tecido de malha e não tecido e tecidos inteligentes.
b. Tecido plano, tecido de malha e tecidos inteligentes.
c. Tecido plano, tecido de malha e não tecido.
d. Tecido plano, tecido de malha.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

101
atividades de estudo

3. Referente aos fios de trama e urdume, leia atentamente as afirmativas.


I. O tecido plano é aquele no qual há o entrelaçamento dos fios de urdume e
trama.
II. Os fios de urdume são aqueles fios distribuídos no sentido horizontal do te-
cido.
III. O comprimento do fio de urdume determina a largura do tecido.
IV. Os fios de trama são aqueles posicionados na transversal, ou seja, no sentido
da largura do tecido.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. I, II e IV estão corretas.
d. I e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

4. Quais os elementos que compõem o tear?


a. Rolo de urdume, quadro de liço e pente.
b. Rolo de urdume, quadro de liço, pente e rolo de tecido.
c. Rolo de urdume, quadro de liço, pente, rolo de tecido, esticador.
d. Urdideira, rolo de urdume, quadro de liço, pente e rolo de tecido.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

5. Quais são os três ligamentos base? Cite e explique cada um deles.

6. Os tecidos planos apresentam quatro variedades principais. Leia atentamente


as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso e em seguida assinale
a sequência correta.

102
atividades de estudo

( ) Tecido liso: esse tipo de tecido não apresenta estampas, é confeccionado


com ligamento tela, sarja ou cetim.
( ) Tecido maquinetado: tem aspecto mais fantasioso, por meio de estampas
aplicadas no tecido, o qual pode ser obtido pela trama de fios ou por meio
acabamentos e tratamentos.
( ) Tecido Jacquard: esse tecido é feito em um tear especial que forma a estam-
pa por meio do entrelaçamento dos fios.
( ) Tecido estampado: é aquele tecido que na fase de tecimento recebe a aplica-
ção de desenhos e cores.

Marque a alternativa correta:


a. V, V, V, F.
b. F, V, V, V.
c. V, F, V, F.
d. V, V, F, V.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

7. Os tecidos podem ainda ser classificados em relação às cores. Leia as alterna-


tivas abaixo e marque a opção correta.
a. Crus, alvejados, tintos, mesclados, estampados, listrados e xadrezes.
b. Crus, alvejados, tintos, mesclados, estampados, listrados, xadrezes e borda-
dos.
c. Crus, alvejados, tintos, mesclados, estampados, listrados e bordados.
d. Crus, tintos, mesclados, estampados, listrados, xadrezes e jaquard.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

103
LEITURA
COMPLEMENTAR

A TECELAGEM MANUAL E OS PRIMEIROS TECIDOS.

Do tramado feito pelo homem pré-histórico às tecelagens manuais de hoje, com seus fios
inteligentes, um longo caminho social e histórico foi percorrido em folhas, pelos, peles e
ossos, dentre outros materiais utilizados para cobrir o corpo e transmitir mensagens esté-
ticas.
Em suma, alguns indícios levam a crer que estes materiais – principalmente as peles – ocu-
param lugar de destaque na origem dos tecidos, uma vez que, por se tratar de um material
acessível ao homem pré-histórico, foram bastante utilizadas como vestimentas.
Segundo Boucher (2010), foram encontrados vestígios da forma de preparação dessas pe-
les: o recurso químico para curti-las era o sal de argila e os fios extraídos de nervos de
animais eram usados para costurá-las. Isso nos faz acreditar que o homem pré-histórico,
mesmo em nível inconsciente, já se preocupava com o conforto e a estética.
No entanto, apesar das pesquisas realizadas sobre a indumentária pré-histórica, não existe
consistência no que concerne sua origem e motivações para o uso e ditames.
Quanto à tecelagem, alguns historiadores confirmam que se manifestou inicialmente em
diversos momentos do período Paleolítico (ibid., p. 23) nas cavernas de Crimeia, onde “fo-
ram encontrados teares fabricados com placas de osso crivadas por pequenos orifícios”.
Outros registros apontam este surgimento no final do período Mesolítico, cerca de 5000
A.C.
Assim, é difícil precisar a data do aparecimento das tecelagens, uma vez que, nas escava-
ções, os materiais que se mantiveram íntegros foram os de maior resistência ao tempo,
como ossos, pedras, bronze, entre outros. Infelizmente os materiais que compõem os teci-
dos, como as fibras, são mais frágeis e também mais suscetíveis à ação do tempo.
Várias foram as descobertas arqueológicas acerca das formas de produção de tecidos na
antiguidade e, em suas pesquisas, Liger (2012) apresenta o tear como o meio mais antigo
para essa finalidade. O processo se dá pelo entrelaçamento de fios dispostos em sentidos

104
LEITURA
COMPLEMENTAR

diferentes; os fios colocados no sentido transversal são chamados de trama e os longitu-


dinais, urdume. Como insumo para esses teares, os fios eram elaborados manualmente
e não existem dados históricos precisos a respeito dos tipos de fibras utilizadas. Segundo
Chataignier (2006) – que compilou costumes, tradições, arte, tecnologia e ciência – o que se
tem conhecimento é que as fibras mais antigas são as de lã (circa 7000 a.C.), seguidas pelo
linho, com fragmentos encontrados em escavações das mais antigas civilizações lacustres
da Ásia central e ocidental (6000 a.C.).
Liger relata que a extração da lã natural é feita de duas maneiras: “de tosquia, quando
originária de animal vivo, e pelada ou de concha, quando proveniente de animal morto”
(2012, p.123).
Após várias adaptações feitas ao tear manual, as quais fizeram com que ele funcionasse
automaticamente, sem ser conduzido por um tecelão, “[...] em 1785, Edmund Cartwright
apresentou o primeiro tear mecânico: era o fim da tecelagem manual como se praticava até
então [...]” (KUBRUSLY, IMBROISI, 2011, p. 17).
Mesmo diante das transformações sofridas desde o Paleolítico, a tecelagem manual persis-
tiu. Ainda hoje, há artesãos e designers adeptos de sua utilização. É aí que esses profissio-
nais unem técnicas tradicionais a fios industrializados, projetando tecidos que nutrem um
diálogo entre o design e o artesanato. O objeto produzido por esta mistura, segundo Moura
(2005 apud ROIZENBRUCH, 2009) pode ser chamado de design híbrido.

Fonte: Silveira (2013, on-line).

105
MATERIAIS TÊXTEIS

Tecidos e moda: explorando a integração en-


tre o design têxtil e o design de moda
Jenny Udale
Editora: Bookman
Ano: 2015 (2. ed.)
Sinopse: “Tecidos e Moda” apresenta os principais te-
cidos utilizados na fabricação de peças de vestuário e
suas características. Também são abordados os pro-
cessos do design têxtil, os diferentes tratamentos de superfície, a influência das cores e das
tendências sobre a moda e os tecidos e muito mais. Esta segunda edição inclui propostas de
projetos e entrevistas com talentosos designers têxteis e de moda, que discutem seus pro-
cessos de produção e o uso que fazem dos tecidos em seus trabalhos e projetos, ajudando
você a explorar e aprimorar seus conhecimentos sobre tecidos e moda. Com este livro, você
vai saber escolher o tecido certo para as roupas da sua coleção.

Tecelagem artesanal técnica Gobelin


O vídeo apresenta a técnica de tecelagem em um artesanato manual.
Em: <https://www.youtube.com/watch?v=6JvKWR7MBe4>
Trama Mineira apresenta questões de época e gênero nos fragmentos da narrativa de Joana
Pinta, “Tecelona” de Roça Grande, comunidade rural nos arredores de Berilo, Vale do Jequi-
tinhonha. Ela vai apresentando em meio a suas narrativas o processo de tecelagem manual,
desde a fiação do algodão à construção da peça pronta por meio de um tear manual. O mate-
rial pode ser assistido on-line pelo endereço: http://etnodoc.org.br/index6c26.html?option=-
com_content&view=article&id=10%3Atrama-mineira&catid=6%3Afilmes-2007&Itemid=42

106
referências

CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das
Letras, 2006.
FRINGS, Gini. Moda: do conceito ao consumidor. 9. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012.
KUASNE, Ângela. Fibras têxteis. Ministério da Educação: Secretaria de Educação
Média e Tecnológica - Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina:
Unidade de Araranguá, 2008.
PEREIRA, Gislaine de Souza. Materiais e processos têxteis. Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina: Unidade de Araranguá, 2008.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual.
São Paulo: Senac São Paulo, 2013.
RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: SENAI/CE-
TIQT, 1984.
SILVEIRA, Maria Isabel S. C. A tecelagem manual e o design têxtil: um diálogo en-
tre o artesanal e o industrial. 9° Colóquio de Moda - 6. ed. Internacional. set. 2013.
Anais… Universidade Federal do Ceará. Disponível em: http://www.coloquiomoda.
com.br/anais/anais/9-Coloquio-de-Moda_2013/COMUNICACAO-ORAL/EIXO-
-6-PROCESSOS-PRODUTIVOS_COMUNICACAO-ORAL/A-tecelagem-manual-
-e-o-design-textil-um-dialogo-entre-o-artesanal-e-o-industrial.pdf. Acesso em: 05
jun. 2017.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o
design de moda. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. 5. ed. São Paulo:
Autora, 2013.

107
gabarito

1. A.

2. C.

3. C.

4. B.

5. Os ligamentos base são três: tela ou tafetá, sarja e cetim. Cada um deles usa
o processo de entrelaçamento de forma diferente, o que garante ao tecido
características específicas, como o brilho no caso do cetim.
A ligação tela ou tafetá é a mais simples de todas elas e representa mais de
70% de todos os têxteis produzidos atualmente. Essa ligação se refere a uma
estrutura na qual o fio de trama passa uma vez por cima e na sequência por
baixo de um fio de urdume, formando uma tela, por isso o nome tela.
Além do ligamento tela ou tafetá, temos também o ligamento sarja, que “é
reconhecido por suas linhas diagonais que formam um ângulo de 45º. A amar-
ração sarja resulta em um tecido com direito e avesso diferentes. Ritmo de
tecelagem: um sim, dois não”.
Além da sarja, temos ainda a ligação cetim: essa ligação “resulta em um teci-
do liso, sem qualquer efeito motivado pela trama, graças à disseminação dos
pontos de cruzamento entre os fios. Características: direito e avesso diferen-
tes, sendo o direito com brilho”.

6. C.

7. A.

108
UNIDADE
IV
MALHARIA E NÃO TECIDO

Professora Dr.ª Paula Piva Linke

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar o processo de composição da malha.
• Apresentar o que são os não tecidos, suas características e
uso.
• Apresentar os principais tecidos inteligentes e suas
características.

Objetivos de Aprendizagem
• Malharia
• Não-tecido
• Tecidos inteligentes
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade da dis-


ciplina de Materiais têxteis. Após conhecer as fibras, os fios e como se
dá a transformação desse material em tecidos planos, você verá agora
quais são as outras possibilidades de fabricação de tecidos.
Nesta unidade, você verá o que são os tecidos de malha, sua classi-
ficação, não tecidos e tecidos inteligentes. A malha é um outro sistema
de tecelagem que se difere da tecelagem plana. Ela é composta de forma
a proporcionar maior elasticidade ao tecido, possibilitando-lhe maior
versatilidade.
Assim como os tecidos planos, a malha também possui suas pa-
dronagens, o que caracteriza cada um dos tecidos de acordo com o
formato do entrelaçamento dos fios. Nessa classificação, encontra-se a
malharia de trama e urdume, por exemplo.
As malhas são caracterizadas por sua elasticidade, ou seja, sua ca-
pacidade de se expandir e retornar ao tamanho original sem grandes
deformações. Isso proporciona ao tecido maior conforto e facilidade
no momento de vestir a peça.
Além da malha, existem ainda os não tecidos. Esse material é com-
posto por outros processos de fabricação que não incluem a tecelagem
ou a malharia. Normalmente envolvem prensas térmicas ou outros sis-
temas, sendo um exemplo de não tecido o TNT.
Existe uma grande variedade de tecidos e tem havido muito investi-
mento para o desenvolvimento de novas possibilidades; uma delas são
os tecidos inteligentes. Esses tecidos se referem a materiais que apresen-
tam características extras além das térmicas e de proteção, tais como:
impermeabilidade, resistência a chamas, bactericida. A intenção desses
produtos é oferecer novas possibilidades ao usuário e ao mercado.
Vejamos agora, caro aluno, como se dá a construção da malha, sua
classificação e os demais conteúdos propostos para essa unidade.
MATERIAIS TÊXTEIS

Malharia
Além do tecido plano, existe também a malha. Esse [...] a laçada é o elemento fundamental des-
material é considerado extremamente confortável de- te tipo de tecido, constitui-se de uma cabeça,
duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é
vido à elasticidade, o que faz que o tecido se ajuste ao
a sucessão de laçadas consecutivas no sentido
corpo sem a necessidade de pregas, pences ou recortes. da largura do tecido. Já a coluna de malha é a
De acordo com Pereira (2008, p. 34), o tecido de sucessão de laçadas consecutivas no sentido do
malha é composto por: comprimento do tecido.

114
DESIGN

Em outras palavras, o tecido de malha pode ex-


pandir-se e retornar ao seu formato original como
afirma Sissons (2012). Isso se deve ao fato de que as
laçadas permitem que haja expansão entre os fios.
De acordo com Chataignier (2006), há duas pos-
sibilidades de construção dos tecidos de malha: ma-
lharia de trama e malharia de urdume.
A malha de trama se refere ao tecido compos-
to por laçadas no sentido horizontal, no sentido da
trama do tecido, sendo que pode ser retilíneo ou
circular. A malharia retilínea é capaz de produzir
qualquer tipo de tecido, além de golas e punho para
camisas tipo polo. Os tecidos circulares, por sua vez,
produzem tecidos tubulares que podem apresentar
diferentes diâmetros, sendo muito utilizados na fa-
bricação de sacaria e meias, por exemplo (PEZZO-
LO, 2013).
Figura 1 - Tecido de malha
Fonte: Pereira (2008, p. 34). De acordo com Stein (2013, p. 37), “a utilização
mais usual para os tecidos de malha por trama é na
A Figura 1 ilustra a composição de um tecido de fabricação de camisetas, vestidos e roupas infantis,
malha. Cabe destacar que os tecidos de malha são tendo, contudo, aplicação em outras áreas”. O autor
feitos por laçadas, como dito por Pereira (2008), e prossegue afirmando ainda que existem diferentes
são essas laçadas que proporcionam ao tecido maior estruturas que dão forma à malha: o ponto.
elasticidade sem afetar drasticamente a estabilidade Cada tipo de ponto produz tecidos diferenciados
dimensional. e com várias finalidades. Os principais pontos são:
a. Ponto Simples (Normal);
REFLITA b. Ponto Omitido (Fang); e
c. Ponto Retido (Flutuante) (STEIN, 2013, p.
38).
A malha apresenta maior elasticidade que o
tecido plano devido ao entrelaçamento, que
no caso da malha se dá por meio de laçadas, É possível observar um exemplo desses diferentes
enquanto que no tecido plano os fios são te-
cidos em um ângulo de 90º. pontos na Figura 2.

115
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 2 - Pontos de malha


Fonte: Stein (2013, p. 38).

Observe, caro(a) aluno(a), que cada um dos pontos A combinação desses pontos é capaz de formar qua-
apresenta um grau de complexidade. Os pontos da tro estruturas básicas que possibilitam criar uma in-
malha equivalem às padronagens dos tecidos pla- finidade de tecidos de malha, são elas:
nos, que combinados formam estruturas básicas que a. Meia-malha ou Jersey;
determinam quais as características de cada tecido. b. Piquê;
Vejamos a seguir cada um dos pontos e sua utiliza- c. Rib; e
ção. d. Interlock.
• O ponto simples é o ponto básico da malha-
ria, é também chamado de ponto liso. Essa A meia-malha se refere a um tecido com avesso e
malha é a base dos tecidos conhecidos como direito bem definido, pois as laçadas são tecidos em
meia-malha ou malha Jersey (STEIN, 2013,
apenas um lado do tecido. Esses tecidos caracteri-
p. 38).
zam-se por esticar em todas as direções (largura e
• O ponto omitido é criado quando uma ou
mais agulhas são desativadas e não se movem comprimento), apresentando pouca estabilidade di-
para aceitar o fio (STEIN, 2013, p. 38). mensional e enrolando nas bordas (STEIN, 2013).
• Por fim, o ponto retido é quando a agulha Para Stein (2013), o piquê é uma variação da
segura a laçada anterior e então recebe um meia malha e se caracteriza pelo ponto retido for-
novo fio, concentrando duas laçadas na cabe- mando um V ou U.
ça da agulha. A ação pode ser repetida várias Por outro lado, a Rib ou ribana e a Interlock são
vezes, mas os fios eventualmente devem ser confeccionadas em um mesmo maquinário. “Os te-
descarregados da agulha. Nesse caso, o resul-
cidos de malha Rib são caracterizados pelos pontos
tado é uma laçada alongada (STEIN, 2013, p.
38). simples e reverso, observáveis em ambos os lados do
tecido” (STEIN, 2013, p. 40), enquanto o Interlock:

116
DESIGN

[...] os tecidos de malha Interloque caracteri-


zam-se por possuir os dois lados iguais, exata-
mente pela disposição das agulhas. As colunas
do lado direito são exatamente opostas às colu-
nas do lado avesso do tecido de malha. Sendo
assim, esse tecido não pode ser estendido nos
dois sentidos (comprimento e largura) e apre-
senta uma estrutura mais firme, concebendo
artigos com maior estabilidade dimensional do
que os tecidos em Rib (STEIN, 2013, p. 41).

Essas quatro variações fazem parte da malharia de


trama e podem proporcionar a fabricação de uma
grande variedade de tecidos. Contudo, cabe lembrar
que, além da malharia de trama, há também a ma-
lharia de urdume.
De acordo com Pezzolo (2013), ela consiste em
um produto com entrelaçamento no sentido longi-
tudinal, comprimento do tecido, ou seja, do urdu-
me, são desenvolvimentos de tecidos lisos muito
utilizados na confecção de roupas íntimas, tecidos
elásticos, forros, veludos para estofamentos, tecidos
para toalhas de mesa. Se o maquinário empregado
for mais sofisticado, pode produzir tecidos rendados Figura 3 - Camisola
para lingeries e toalhas de mesa.
A malha de urdume é muito utilizada na confec-
SAIBA MAIS
ção de roupa íntima devido à elasticidade e resistên-
cia, assim como conforto e design, pois possibilita
uma grande variedade de combinações de rendas e A utilização da renda no vestuário é muito
antiga. Ela foi introduzida na França no século
detalhes (SISSONS, 2012).
XVI, sendo utilizada por homens e mulheres.
A malharia de trama e urdume são básicas, mas No vestuário feminino era empregada na de-
há também a malharia mista e a renda. A malha mis- coração dos vestidos e roupas íntimas, como
as camisolas.
ta é aquela obtida pela inserção de uma fio de trama,
produzindo mais estabilidade dimensional, também No que se refere ao vestuário masculino era
conhecida como malha lad-in. Há também o tecido muito empregada em golas e punhos de ca-
misas e casacos.
de laçada semelhante ao da malha e do tecido co-
mum formando nós ao invés de laçadas, possibili- Fonte: Laver (2001).

tando a formação das rendas, por exemplo.

117
MATERIAIS TÊXTEIS

Dependendo de como são feitas as laçadas e os


nós, é possível obter uma grande variedade de
rendas que podem ser empregadas em vestidos,
como na Figura 4, em lingeries e demais produ-
tos como toalhas de mesa, roupas infantis dentre
outros.
Os tecidos de malha são versáteis e confortá-
veis, possibilitam a confecção de uma grande va-
riedade de peças de vestuário. Sua principal ca-
racterística é a elasticidade (UDALE, 2015).
Além dos tecidos de malha, há também os
não tecidos, vejamos a seguir o que são e como
podem ser utilizados.

Figura 4 - Vestido de renda

118
DESIGN

Não Tecido
Você certamente deve estar se perguntando o que Pereira (2008, p. 74), afrique que:
são não tecidos ou sua utilização ou importância
para o campo da moda e mesmo para a indústria Não tecido é uma estrutura plana, flexível e
porosa, constituída de véu ou manta de fibras
em geral.
ou filamentos, orientados direcionalmente ou
Na verdade a utilização de não tecidos é bastante ao acaso, consolidados por processo mecânico
ampla como você verá a seguir. Vamos iniciar en- (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico
tendendo o que são para depois descobrir onde são (coesão) e combinações destes.
empregados.

119
MATERIAIS TÊXTEIS

SAIBA MAIS Em outras palavras, como afirma Chataignier


(2006), os não tecidos não passam por processos de
tecelagem convencionais como os tecidos planos e a
Quando citamos a indústria papeleira, o
primeiro produto a apresentar uma textura malha. A Figura 5 apresenta uma ilustração compa-
parecida com o Não tecido surgiu no Egito, rativa entre os tecidos planos, malhas e não tecido.
no ano de 2.400 a.C. No século XV, iniciou-se
o desenvolvimento da indústria papeleira e,
em 1.799, o francês Louis Robert inventou o
primeiro equipamento para a fabricação de
papel descontínuo.

Em 1.860, nos EUA, produziu-se a primeira


roupa de papel, Henry e Sealy Fourdrinier
desenvolveram a máquina de fabricação de
papel, que passou a ser contínua; o equipa-
mento é conhecido atualmente como Four-
drinier. Em 1.930 iniciaram-se nos EUA as
primeiras experiências para fabricação de
Não tecido de celulose consolidado com látex.

Fonte: Pereira (2008, p. 74).

Figura 5 -Tecido plano, malha e não tecido.


Fonte: Pereira (2008, p. 34) .

120
DESIGN

Na Figura 5, observa-se inicialmente a composição do existe uma grande variedade de processos de classi-
tecido plano, na esquerda, composto por fios na ver- ficação e fabricação de não tecidos; no entanto, apre-
tical e horizontal, formando um ângulo de 90 graus sentarei a você, aluno, as três principais formas de
no processo de entrelaçamento dos fios. No centro, confecção desse material, para então entendermos
encontra-se a malha, formada por laçadas, e à direita sua vasta aplicação no setor industrial.
os não tecidos, formados pela aglomeração de fibras De acordo com Pereira (2008), há uma grande
de forma desordenada, pois esse processo não ocorre variedade de fibras que pode ser incorporada à fa-
por meio de tecelagem, mas sim por outros meios. bricação dos não tecidos; elas podem ser artificiais,
De acordo com a ABINT Associação Brasilei- naturais ou sintéticas. A Tabela 1 apresenta as fibras
ra das Indústrias de Não tecidos e Tecidos. (1999), que podem ser utilizadas.

Artificiais Viscose, vidro, silicone, acetato/

Lã, algodão, coco, sisal, cashmere, asbesto, metálicas (ní-


Naturais
quel-cromo, césio-cromo) e cerâmicas;

Poliéster, polipropileno, poliamida, polietileno, policarbo-


Sintéticas
nato, acrílica.

Tabela 1 - Fibras para a produção de não tecidos.


Fonte: Pereira (2008, p. 75).

Os não tecidos podem ser fabricados com qualquer Nesses três processos, as fibras são dispostas em
uma das fibras citadas na tabela acima. O processo um equipamento juntamente com substâncias quí-
de fabricação se dá por meio da formação da manta micas, que têm por objetivo formar a manta. Com
e consolidação da manta (PEREIRA, 2008). a manta já formada, inicia-se a segunda fase para a
O processo de formação da manta consiste em finalização da fabricação do não tecido, que é a con-
formar uma manta composta por uma ou mais ca- solidação da manta (ABINT, 1999).
madas de véu composto por fibras. Esse processo É no processo de consolidação da manta que temos
de formação pode ser feito de três maneiras: via as principais formas de confecção dos não tecidos que
seca, via úmida ou por via fundida (PEREIRA, são: mecânico, químico ou térmico. Vejamos a descri-
2008). ção de cada um deles segundo Pereira (2009, p. 78).

121
MATERIAIS TÊXTEIS

• O termo consolidação mecânica é dado para De acordo com as fibras utilizadas e o processo de
expressar a consolidação por forças friccio- formação e consolidação da manta, é possível obter
nais e o entrelaçamento das fibras por meio materiais com as mais variadas características e usos.
de agulhagem, hidroentrelaçamento e conso-
A ABINT (1999) aponta dez setores em que os
lidação coser-tricotar.
não tecidos são usados, são eles: automobilístico,
• A consolidação química compreende os mé-
comércio, construção civil/impermeabilização, do-
todos de aplicação de um agente ligante (ade-
sivo) ao Não tecido por meio de processos de: méstico, filtração, higiene pessoal, industrial, médi-
impregnação, aplicação por método de espu- co hospitalar, obras geotécnicas e vestuário.
ma, aplicação de sólidos. Você deve estar se perguntando como é possível
• A consolidação térmica está sendo cada vez utilizar materiais têxteis em tantos setores. Contu-
mais utilizada no lugar das caras consolida- do, há que se destacar que esses materiais podem ser
ções químicas devido a um grande número empregados na confecção de diferentes produtos.
de razões. A consolidação térmica pode ser
Berlim (2012) destaca que os têxteis fazem parte de
feita com grandes velocidades, enquanto que
grande parte dos produtos que consumimos, o que
na consolidação química a velocidade é limi-
tada pela secagem e pelo estágio da polimeri- inclui mobiliário, carros, decoração dentre outros.
zação. A consolidação térmica ocupa menos Vejamos a seguir como os não tecidos são em-
espaço em comparação com o processo de pregados nos dez setores descritos pela ABINT
consolidação química que necessita de calor (1999).
para evaporar a água do ligante. • AUTOMOBILÍSTICO: isolação térmica e
Em resumo, o que Pereira (2008) descreve no pro- acústica (anti-ruídos), base de peças mol-
cesso de consolidação da manta, que nada mais é dadas, acabamento superficial, primeira e
segunda base de tufting, tetos, separador de
do que a fixação das fibras entre si para a formação
bateria, revestimento interno de laterais, re-
do não tecido, é que esse processo pode ocorrer por forço de bancos, filtros e outras.
meio de entrelaçamento mecânicos das fibras, por
agentes químicos como colas ou por calor por meio
de fusão na qual as fibras se fundem umas com as
outras, por exemplo.

REFLITA

Lembre-se que a característica das fibras in-


fluencia os tecidos, e ocorrerá o mesmo com
os não tecidos, pois cada fibra irá transmitir
suas características ao material.

Figura 6 - Carro

122
DESIGN

Ao trazer a imagem de um carro na Figura 6, a in-


tenção é a de fazê-lo entender, aluno(a), que muitos
não tecidos são utilizados no setor automobilístico,
especialmente em forros e enchimentos e mesmo
nos carpetes e forros dos casos ou estofamento. Você
deve se lembrar que há uma ampla aplicação desse
material.
• Comércio: embalagens, sacos e fitas decorati-
vas, invólucros de calçados e presentes, reves-
timento para estojos, decoração de vitrines e
outras.
• Construção Civil / Impermeabilização:
como armadura de sistemas asfálticos, na im-
Figura 7 - Decoração e cortinas
permeabilização de lajes, telhados e subsolos,
como isolante térmico e acústico de tetos e
paredes entre outras.
• Doméstico: pano de limpeza para polir, lim-
par ou enxugar; forração para carpetes, tape-
tes, cortinas, decoração de paredes, coberto-
res, toalhas de mesa, persianas, saches de chá
e café, filtros de óleo, guardanapos, proteção
das molas dos colchões e estofados, substrato
de laminados sintéticos para móveis, em en-
chimento de colchas, edredons entre outras.

Os não tecidos podem ser muito utilizados na de-


coração, seja em revestimentos, cortinas ou estofa-
mentos.
• Filtração: filtração de sólidos, líquidos (óleos,
solventes químicos) e outras impurezas. Fil- Figura 8 - Curativos e bandagens

tração de alimentos, ar, óleos, minerais, coi-


fas, exaustores, filtração de óleos de usinagem
e para indústrias.
• Higiene Pessoal: véu de superfície de fraldas,
fraldões (incontinência), absorventes femini-
nos, lenços umedecidos para limpeza de be-
bês e higiene de adultos e pacientes médicos.

123
MATERIAIS TÊXTEIS

Os não tecido também são muito usados em hospi-


tais, principalmente em produtos descartáveis, como
toucas, máscaras e aventais. Muitos desses produtos
podem ser feitos com o TNT.
• Obras Geotécnicas / Engenharia Civil: geo-
têxteis para estabilização do solo, drenagem,
controle de erosão, recapeamento asfáltico,
reforço, canais e contenção de encostas.
• Vestuário: entretelas de modo geral para con-
fecções, componentes e matérias-primas para
calçados e tênis, roupas infantis, enchimento
de jaquetas, ombreiras, roupas protetoras do
usuário e do ambiente.

Como você pode ver caro aluno, existe uma ampla


variedade de aplicações dos não tecidos. No setor do
vestuário os mais comuns são as entretelas, utiliza-
das para estruturar peças.
As entretelas são muito utilizadas em golas e car-
petes, ou outra parte do vestuário que necessitam ser
mais rígidas. Na Figura 9 está presente um blazer,
que possui entretela na gola, o que proporciona uma
Figura 9 - Entretela para estruturar a gola de blazers
estrutura mais firme.
Além desse material, você certamente já deve ter
• Industrial: elemento filtrante para líquidos e ga-
ouvido falar no TNT, sigla para definir tecido não
ses, cabos elétricos, fitas adesivas, plástico refor-
çado para barcos, tubulações e peças técnicas, tecido, que é muito utilizado para decoração e ou-
abrasivos, correias, etiquetas, disquetes para tros usos comuns.
computador, pisos plásticos, envelopes, outras. Essa variedade de usos permite a fabricação de
• Médico Hospitalar: produtos descartáveis muitos materiais. No entanto, além dos não tecidos,
tais como máscaras, gorros, toucas, aventais, há também os tecidos inteligentes, conteúdo que ve-
sapatilhas, ataduras, gazes e outros. Nas áreas remos a seguir.
éticas ou ambulatoriais: fronha, campos ope-
ratórios, bandagens e curativos.

124
DESIGN

Tecidos Inteligentes
Aluno(a), vamos falar agora sobre os tecidos inte- bras e tratamentos que podem ser aplicadas a elas ou
ligentes e como eles podem ser usados na moda. mesmo aos tecidos já finalizados.
Os tecidos inteligentes são aqueles que apresentam Em se tratando da fibra, ela recebe uma série de
maiores benefícios do que simplesmente a estética tratamentos durante sua produção ou processamen-
ou a proteção do frio. to com o intuito de aperfeiçoar suas características,
De acordo com Sánchez, há várias possibilidades como afirma Sánchez (2006). O autor prossegue
de obtenção desses tecidos devido à variedade de fi- afirmando que:

125
MATERIAIS TÊXTEIS

[...] uma “fibra inteligente” é aquela que pode Dentro dessa classificação, existe uma vasta quantia
reagir ante a variação de um estímulo, luz, ca- de produtos; vejamos agora cada um deles. Sánchez
lor, suor, ferida etc., no lugar onde se produz
(2006) faz uma extensa lista que será apresentada a
a variação do estímulo, mas que se comporta
como uma fibra normal no local onde este não você, aluno(a), a partir de agora.
se produz (SÁNCHEZ, 2006, p. 58). Tecidos antimicrobianos: esses tecidos têm por
efeito a destruição dos microorganismos que pene-
Em outras palavras, “uma fibra inteligente, ante a tram nos tecidos depois de uma curta utilização.
variação da intensidade de luz, altera sua cor, segun- Tecidos frescos: esses tecidos têm por finalidade
do a intensidade desta; outra, sensível ao suor, emi- aumentar o efeito de frescor, assim como o de ofe-
te substâncias capazes de combater os efeitos deste” recer um toque mais agradável e uma boa permea-
(SÁNCHEZ, 2006, p. 58). bilidade ao ar.
A definição e o exemplo apresentados por Sán- Cosmeto-têxteis: estes têm o mesmo objetivo
chez (2006) mostra apenas algumas das possibili- da cosmética, ou seja, a prevenção da pele contra
dades de variações da fibras inteligentes. Podemos os agentes externos, que produzem o ressecamento,
citar como exemplo ainda os tecidos que combatem rugas etc., para manter a boa saúde e a sensação de
bactérias e impermeáveis. bem estar.
O autor explica ainda que “quando se fabrica um Têxteis fotocrômicos: um têxtil fotocrômico é
tecido com essas fibras, este adquire as propriedades aquele que, quando é exposto à luz do sol, à luz ul-
das fibras que o compõe e torna-se conhecido como travioleta, luz negra ou outras fontes, sua cor se alte-
“tecido inteligente” (SÁNCHEZ, 2006, p. 58). ra. Quando a fonte luminosa desaparece, a cor volta
Existe uma grande variedade de tecidos inteli- a ser aquela original que é notada sob a luz do sol,
gentes disponíveis no mercado, essa diversa varie- efetuando-se rapidamente a alteração.
dade é classificada em três grupos. Sánchez (2006, p. Têxteis termocrômicos: um têxtil termocrômico
61) os descreve como: é aquele que, quando se altera a temperatura exte-
1. Passivos - são aqueles que mantêm suas ca- rior, se produz uma alteração de coloração. São ob-
racterísticas independentemente do ambien- tidos depositando determinados pigmentos, que são
te exterior. Ou seja, uma prenda isolante indicadores reversíveis de temperatura nas micro-
mantém suas características sem influenciar
cápsulas. Quando o pigmento colorido se aquece,
a temperatura exterior.
torna-se incolor e transparente.
2. Ativos - são os que atuam especificamente so-
bre um agente exterior. Por exemplo, um teci- Têxteis para segurança, saúde e comunicação:
do transpirável permite a passagem do suor, tecidos ou peças de roupa que protegem o corpo tais
mas impede a passagem das gotas de chuva. como: jaqueta air-bag, que infla quando o indivíduo
3. Muito ativos - são os tecidos que adaptam auto- cai.
maticamente sua funcionalidade às alterações
do ambiente. São aqueles que modificam suas
propriedades em relação ao estímulo exterior.

126
DESIGN

O uso de tecidos inteligentes para segurança inclui


o vestuário usado por pilotos, com resistência a cha-
mas e abrasão. Cabe destacar também as roupas usa-
das por bombeiros, como mostra a Figura 11.
Proteção contra a radiação ultravioleta: tecidos
desenvolvidos com o intuito de proteger a pele con-
tra a radiação solar.

SAIBA MAIS

Como conseqüência do aumento da radia-


ção UV, em virtude da diminuição da camada Figura 10 - Pilotos de Fórmula 1
de ozônio, a proteção contra a radiação UV
adquiriu grande importância em vários paí-
ses do hemisfério Sul, tais como Austrália e
Nova Zelândia. Na Austrália, o governo tenta
aumentar a proteção contra a radiação UV
(RUV) mediante campanhas de alerta para
a proteção das pessoas através do uso dos
cremes protetores, chapéus, óculos solares e
utilização de prendas protetoras para evitar
danos à pele e o conseqüente câncer de pele.

A preocupação com essa questão levou ao


desenvolvimento de tecidos que tem como
objetivo proteger o corpo dos raios UV.

Fonte: Sánchez (2006, p. 68).

Tecidos polisensuais: tecidos feitos a partir da com-


preensão das respostas sensoriais do corpo humano.
Utilizado em revestimentos de parede com o intuito
de imitar a aparência da epiderme e seu comporta-
mento.

Figura 11 - Vestuário para bombeiros

127
MATERIAIS TÊXTEIS

diferentes texturas, impermeabilidade e resistência


ao calor intenso.
Para Menegucci et al. (2011), o design tem um
papel importante na utilização de materiais tecno-
lógicos, pois estes propiciam muitas inovações no
setor, como, por exemplo, nos anos de 1960 quan-
do Paco Rabanne utilizou pastilhas plásticas para a
confecção de roupas. A autora afirma que:

[...] o design baseia-se na noção de que o ves-


tuário é a interface imediata com o meio am-
Figura 12 - Sistema nervoso biente e, portanto, são constantes transmissores
e receptores de emoções, experiências e signi-
ficados. As roupas possuem grande potencial
Há uma série de tecidos que imitam alguns elemen- expressivo que é ampliado por meio do uso
tos do corpo humano com estampas como a pele e da tecnologia podendo ser mediadoras da in-
formação e amplificadoras de ilusão (MENE-
o sistema nervoso; além disso, alguns desses tecidos
GUCCI et al., 2011, p. 06).
podem imitar mudanças de temperatura da pele hu-
mana, tornando o ambiente mais agradável. Ao reconhecermos que a roupa é composta por
Têxteis eletrônicos: os têxteis eletrônicos devem um material que é o tecido que permite diversas
ter as propriedades de receber, analisar, armazenar, possibilidades estéticas, é preciso refletir sobre
enviar e mostrar os dados de forma visível. O uso seus usos e infinitas possibilidades de transfor-
total depende da forma como se podem integrar no mação em produtos. Nesse aspecto, Rezende
tecido dois dispositivos: a miniaturização dos com- (2013, p. 4) salienta que moda “atualmente pode
ponentes eletrônicos e sua união com o tecido; e o se caracterizar não apenas pela sua produção, mas
desenvolvimento dos têxteis com funções eletrônicas. também pelas suas formas de criação e experimen-
Materiais com memória de forma: esses mate- tação. As experimentações são dados fundamentais
riais são aqueles que podem voltar da forma atual para a criação de uma moda inovadora”.
para a que tinham anteriormente, geralmente devi-
do à ação do calor.
Essas são as características dos tecidos inteli-
REFLITA
gentes que podem ser encontrados no mercado,
podendo existir ainda mais variedades, pois há uma
grande variedade de tecnologias que podem ser apli- Como matéria-prima da roupa, o tecido pode
ser trabalhado de diversas formas. Lembre-se
cadas aos tecidos. que, além da estética, é necessário escolher
Rezende (2013) e Menegucci et al. (2011) apon- o tecido correto para se obter o resultado
tam as contribuições dos tecidos inteligentes ao desejado.

mundo da moda, principalmente no que se refere a

128
DESIGN

Ao pensar no caráter inovador da moda, Rezende


(2013) destaca alguns designers que inovaram em suas
coleções utilizando tecidos inteligentes. Rezende (2013)
descreve o trabalho de Hussein Chalayan dentre outros
profissionais. Destaco aqui o trabalho de Chalayan
como exemplo na utilização de tecidos inteligentes.
Rezende (2013) afirma que Hussein Chalayan:

[...] é um designer de moda turco residente em


Londres que se utiliza de filmes, instalações e for-
mas estruturais para explorar diferentes perspec-
tivas e realidades da vida moderna, focando seu
interesse em identidades culturais, migrações, an-
tropologia, tecnologia, natureza e genética. O seu
trabalho é apresentado em desfiles de moda e em
galerias de arte (REZENDE, 2013, p. 4).

Esse designer tem uma preocupação muito grande


com a experimentação e busca na tecnologia algu-
mas possibilidade de reinventar a moda. Rezende
(2013) destaca que ele usa uma grande variedade de
tecidos inteligentes.
Na coleção de Outono/Inverno de 2007, apresen-
tada em Londres, Hussein Chalayan “trabalhou o cli- Figura 13 - Designer Hussein Chalayan
ma como uma metáfora e trabalha a reflexão dos sen-
timentos primários humanos a respeito da natureza
e de seus ciclos climáticos” (REZENDE, 2013, p. 05). Os tecidos inteligentes são normalmente mais
O estilista utilizou lâmpadas de LED e tecidos caros e em alguns casos de difícil acesso, no entanto,
luminosos com o intuito de produzir novos valores boas pesquisas de mercado e tendências podem aju-
estéticos. Em outra coleção em 2008, o estilista uti- dá-lo a encontrar o material certo para sua coleção.
lizou esses recursos novamente, fundindo tecidos Caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a
inteligentes com tecnologia. leitura deste capítulo. Até a próxima!

129
considerações finais

Olá, caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura desta unidade. Nela vi-
mos o que são os tecidos de malha e sua composição, o que são os não tecidos e seus
mais variados usos, inclusive no setor de vestuário e por fim o que são os tecidos
inteligentes.
Você deve ter percebido por meio da leitura desta unidade, que existe uma gran-
de variedade de tecidos, além dos planos, como as malhas, os não tecidos e os tecidos
inteligentes, que viabilizam inúmeras possibilidades criativas no setor de moda, já
que os tecidos são, na verdade, o suporte da roupa.
Cabe ressaltar aqui que as malhas têm como principal característica a elastici-
dade, o que proporciona conforto e peças que se ajustam naturalmente ao corpo,
devido às características desse tecido.
Os não tecidos apresentam processos de produção diferentes da malha ou do
tecido plano, por isso são enquadrados em outro grupo. Esses materiais podem ser
utilizados em diversos setores industriais além do vestuário, como hospitalar e auto-
mobilístico. Seu processo de fabricação é diferenciado, não envolve o cruzamento de
fios como a malha ou os tecidos planos, mas sim processos mecânicos que propor-
cionam a adesão das fibras.
Por outro lado, os tecidos inteligentes apresentam diferentes características em
relação ao tecidos planos e malhas, pois podem ser resistentes às chamas, imper-
meáveis, bactericida entre outros. Isso se deve ao fato de que esses tecidos recebem
tratamentos especiais no momento de sua confecção ou após o beneficiamento que
lhes garantem características especiais, além daquelas provenientes das fibras que os
originam.
Como exemplos de tecidos inteligentes, podemos citar aqueles utilizados para
roupas de segurança, como o antichamas ou luminosos, com efeitos visuais diferen-
ciados.
Conhecer essa variedade de materiais é fundamental para o desenvolvimento de
produtos de moda, pois eles são a base do vestuário.

130
atividades de estudo

1. Explique como é composto o tecido de malha.

2. No que se refere à malharia, leia as afirmativas abaixo.


I. A malha de trama se refere ao tecido composto por laçadas no sentido hori-
zontal, no sentido da trama do tecido, sendo que ela pode ser apenas retilínea.
II. A malharia retilínea é capaz de produzir qualquer tipo de tecido, além de golas
e punho para camisas tipo polo.
III. O tecido de malha pode expandir-se e retornar ao seu formato original.
IV. A malha de urdume é muito utilizada na confecção de roupa íntima devido à
elasticidade e resistência, assim como conforto e design.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
e. I, II e IV estão corretas.
f. II, III e IV estão corretas.
g. Nenhuma das alternativas está correta.

3. Observe a imagem abaixo e marque a alternativa que contém a sequência


com a nomenclatura correta das figuras.

131
atividades de estudo

a. Malha, não tecido, tecido.


b. Malha, não tecido, tecido plano.
c. Tecido plano, malha, não tecido.
d. Tecido plano, malha, tecido.
e. Nenhuma das opções está correta.

4. Referente ao processo de fabricação do não tecido, leia as alternativas e mar-


que V para verdadeiro e F para falso.
( ) O processo de fabricação se dá por meio da formação da manta e consolida-
ção da manta.
( ) O processo de formação da manta consiste em formar uma manta composta
por uma ou mais camadas de véu composto por tecidos.
( ) O processo de consolidação da manta pode ocorrer de três formas: mecâni-
co, químico ou por peso.
( ) O processo de consolidação da manta nada mais é do que a fixação das fi-
bras entre si para a formação do não tecido.

Marque a alternativa correta:


a. V, F, F, V.
b. F, V, V, V.
c. V, F, V, F.
d. V, V, F, V.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

132
atividades de estudo

5. Cite os setores em que os não tecidos podem ser usados.

6. Explique: o que é uma fibra inteligente?

7. Existe uma grande variedade de tecidos inteligentes. Verifique nas afirmativas


abaixo.
I. Proteção contra a radiação ultravioleta: tecidos desenvolvidos com o intuito
de proteger a pele contra a radiação solar.
II. Têxteis para a segurança têm por objetivo proteger o corpo contra a radiação
solar.
III. Tecidos frescos: esses tecidos têm por finalidade aumentar o efeito de frescor.
IV. Husein Chalyan utilizou tecidos inteligentes em suas coleções em 2007 e 2008.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. I, III e IV estão corretas.
d. II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

133
LEITURA
COMPLEMENTAR

MALHARIA

Uma das atividades mais antigas, dentro da indústria têxtil, é o segmento de malharia. No
ano de 1589, William Lee projetou uma máquina para fabricar meias, sendo utilizada por
toda a Europa. Os primeiros tecidos de malha foram feitos de algodão por volta do século
XVIII. No início os produtos da malharia eram destinados à confecção de cortinas, cobertas,
anáguas, luvas e outros, sempre na cor branca. Entre os anos de 1920-1925 o tecido de ma-
lha foi introduzido na alta costura e, a partir de então, vem ocupando posição de crescente
importância na indústria têxtil.
Em nível mundial, a melhoria da qualidade no processo de tecimento do fio foi possível
com a modernização e adoção das novas tecnologias desenvolvidas para a indústria têxtil.
Em muitos países já é possível notar um parque industrial renovado com a substituição dos
equipamentos obsoletos por modelos mais avançados.
Em outro momento, na primeira revolução industrial, o setor têxtil era referência da in-
dústria moderna. No entanto, é considerado hoje simplesmente como uma referência das
indústrias de baixa tecnologia. Mas, com o passar do tempo, se atualizou e se transformou
com os avanços tecnológicos que, surgidos de áreas como a química, estimulou o desenvol-
vimento da indústria de corantes e pigmentos. Surgiram, assim, novas fibras e filamentos
sintéticos e artificiais, sistemas computadorizados de produção, o algodão colorido, entre
outras.
Em relação ao Brasil, sabe-se que a expressiva importação de máquinas modernas, que
ocorreu principalmente a partir da abertura da economia, não é suficiente para permitir
que a indústria têxtil nacional alcance a competitividade necessária para enfrentar os bai-
xos custos de produção de países como os asiáticos.
Toda essa revolução de modernidade traz consigo tecnologias emergentes e, que estão
levando ao surgimento de novos produtos têxteis, agregando novas propriedades aos pro-
dutos existentes, principalmente, no segmento de fibras, mas que certamente causam al-
gum impacto, no longo prazo, à cadeia produtiva têxtil como um todo.

134
LEITURA
COMPLEMENTAR

Muitas pessoas julgam que o campo da malharia se restringe à fabricação de camisetas,


blusas, camisas e vestidos, porque é isso que elas se acostumaram a ver no dia a dia. No
entanto, o campo das malhas é muito mais abrangente. É preciso citar que, atualmente, a
mulher e o homem podem vestir-se, praticamente, dos pés à cabeça, com artigos de malha,
como por exemplo, o chapéu e os sapatos. Após ganhar inúmeras contribuições na área
das camisas e “pull-overs”, o manequim masculino também foi agraciado com o surgimen-
to de ternos, calças e “blazers”.
Em áreas distintas do vestuário, a aplicação dos artigos de malha está encontrando fran-
co desenvolvimento, graças aos avanços técnicos introduzidos nas máquinas de malharia.
Dessa incursão na área industrial constituem bons exemplos os tapetes, as redes de pesca,
as telas destinadas à posterior impregnação com plástico, as telas para assentos de cadei-
ras, os veludos para estofamentos, enfim, artigos usados na medicina, na construção civil,
na agricultura, na indústria automobilística e outras.

Fonte: Stein (2013).

135
MATERIAIS TÊXTEIS

Malharia
Juliana Sissons
Editora: Bookman
Ano: 2012
Sinopse: Malharia oferece uma apresentação prática e
ilustrada dessa técnica de confecção. Começando com
uma breve análise da malharia tradicional, este livro conduz o leitor por todo o processo de
produção da malha – da pesquisa e desenvolvimento às técnicas de modelagem, construção
e acabamento –, fornecendo inúmeras ideias criativas que possibilitam uma abordagem in-
dependente e experimental ao design. Alguns dos tópicos abordados são: fios e fibras; fer-
ramentas e máquinas; cores; amostra de tensão; textura de superfície; malhas padronadas;
efeitos tridimensionais; modelagem; produção de padrões, golas, bainhas e bordas; fixações
e ornamentação.

Diferença entre Tecidos e Malhas

O vídeo explica a diferença entre tecidos planos e malhas.


Web: <https://www.youtube.com/watch?v=S_xK06z_WS8>

136
referências

ABINT. Classificação, identificação e aplicações de não tecidos. 1999.


BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Esta-
ção das Letras e Cores, 2012.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das
Letras, 2006.
LAVER, James; CARVALHO, Glória Maria de Mello. A roupa e a moda: uma histó-
ria concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MENEGUCCI, Franciele; MARTINS, Edna; MENEZES, M. S.; SANTOS FILHO,
A. G. Experimentações Têxteis e Inovação no Design de Moda. In: VII Colóquio de
Moda e VI Fórum de Escolas de Moda, 2011. En Moda Escola de empreendedores.
Maringá - PR: REDEModa - Rede de Ensino Superior de Moda do Paraná, 2011. v.
1. p. 01-10.
PEREIRA, Gislaine de Souza. Materiais e processos têxteis. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Unidade de Araranguá, 2008.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual.
São Paulo: Senac São Paulo, 2013.
REZENDE, S. C. Tecnologia vestível: a nanotecnologia na moda e indústria textil.
Achiote, v. 1, p. 4, 2013.
SÁNCHEZ, José Cegarra. Têxteis inteligentes. Química Têxtil n. 82. mar. 2006.
SISSONS, Juliana. Malharia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
STEIN, Vandré. Índice de proporcionalidade de cobertura: um fator para previsi-
bilidade das características da qualidade nos tecidos de malha. Universidade Tecno-
lógica Federal do Paraná: Campus Curitiba. Programa De Pós-graduação em Enge-
nharia Mecânica e de Materiais – PPGEM. Curitiba. 2013.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o
design de moda. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

137
gabarito

1. A laçada é o elemento fundamental deste tipo de tecido, constituindo-se de


uma cabeça, duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é a sucessão de la-
çadas consecutivas no sentido da largura do tecido. A coluna de malha, porém,
é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido.

2. D.

3. C.

4. A.

5. A ABINT (1999) aponta dez setores em que os não tecidos são usados, são
eles: automobilístico, comércio, construção civil/impermeabilização, domésti-
co, filtração, higiene pessoal, industrial, médico hospitalar, obras geotécnicas
e vestuário.

6. Uma “fibra inteligente” é aquela que pode reagir ante a variação de um estí-
mulo: luz, calor, suor, ferida etc., no lugar onde se produz a variação do estí-
mulo, mas que se comporta como uma fibra normal no local onde este não se
produz (SÁNCHEZ, 2006, p. 58).
Em outras palavras, “uma fibra inteligente, ante a variação da intensidade de
luz, altera sua cor, segundo a intensidade desta; outra, sensível ao suor, emite
substâncias capazes de combater os efeitos deste” (SÁNCHEZ, 2006, p. 58).

7. C.

138
UNIDADE
V
BENEFICIAMENTO,
ACABAMENTOS E TECIDOS

Professora Dr.ª Paula Piva Linke

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar como se dá o processo de beneficiamento e
acabamento dos tecidos.
• Apresentar como se dá a estamparia e lavagens dos
tecidos.
• Apresentar os símbolos de conservação dos artigos têxteis.
• Explicar quais os impactos e problemas causados pelo
setor têxtil.

Objetivos de Aprendizagem
• Beneficiamento e acabamento
• Estamparia e lavagens
• Simbologia de conservação de artigos têxteis
• Têxteis e meio ambiente
unidade

V
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), estamos chegando ao fim da disciplina de Materiais


Têxteis e o objetivo desta unidade é finalizar o processo de fabricação
de tecidos. Serão apresentados aqui conteúdos como: beneficiamento e
acabamento de tecidos, estamparia e lavagens, símbolos de conservação
de têxteis e, por fim, os impactos que o setor têxtil causa ao meio am-
biente.
A intenção dessa unidade é fazê-lo compreender o processo de fi-
nalização da fabricação que envolve o tratamento dos tecidos, pois ao
saírem dos teares eles ainda não estão completamente prontos para uso.
Um dos processos que auxilia na melhoria dos aspectos como tex-
tura e coloração são os acabamentos e beneficiamentos, que dão acaba-
mento ao tecido que acabou de sair do tear. Após esse processo, o tecido
está pronto para ser comercializado.
Outra forma de acabamento são as estampas e lavagens que os te-
cidos recebem. Em termos de estampas, temos a estampa corrida que
preenche todo o tecido. A lavagem, por sua vez, se refere a acabamentos
em tecidos de sarja, como o jeans; este processo proporciona diferentes
tipos de acabamento em termos de coloração.
Outro fator a ser considerado são as etiquetas, quais são as figuras
e nomenclaturas e seu significado, pois elas auxiliam na manutenção
dos artigos têxteis, fornecendo instruções de armazenamento, lavagens,
como passar dentre outras informações. A etiquetagem é obrigatória
por lei e tem seus padrões que devem ser seguidos para a orientação do
cliente.
Por fim, serão apresentadas algumas questões referentes aos impac-
tos causados pelos setor têxtil, pois esse setor afeta drasticamente o meio
ambiente, principalmente devido à poluição da água e do solo. As ques-
tões ambientais são fundamentais, pois nossa sociedade vem enfrentan-
do graves problemas ambientais devido à má conservação do ambiente,
sendo necessário uma maior reflexão sobre o assunto.
MATERIAIS TÊXTEIS

Beneficiamento e Acabamento
O processo de beneficiamento e acabamento tem Acabamento propriamente dito: significa uma
como objetivo melhorar as características do tecido série de processos e tratamentos variados sub-
metidos a um tecido que dessa forma, torna-se
em relação à cor, textura, toque e demais elementos.
apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria
Com isso, espera-se melhorar a qualidade do produ- e a estampagem. Como o nome indica, é um
to e seu valor no mercado. processamento final com o objetivo de tornar o
Com o tecido pronto, ou mesmo durante o tecido adequado ao seu uso específico, além de
eliminar possíveis defeitos (CHATAIGNIER,
processo de escolha das fibras e fios, inicia-se o
2006, p. 53).
processo de beneficiamento, que é extenso e en-
volve uma série de tratamentos que buscam me- Todo o processo de beneficiamento do tecido envolve
lhorar as características do tecido, como a textura três etapas, são elas: beneficiamento primário, secun-
e, em seguida, são feitos os acabamentos finais do dário e beneficiamento terciário ou acabamento (PEZ-
tecido. ZOLO, 2013).

144
DESIGN

Na imagem a seguir, você poderá visualizar cada


uma das etapas de beneficiamento e os processos
que ocorrem em cada uma delas.

Figura 1 - Principais operações que envolvem o beneficiamento têxtil


Fonte: FEAM (2014, p. 21).

Como você pode observar, em cada uma das etapas de celagem; isso inclui uma série de processos como a
beneficiamento existe uma grande variedade de proces- adição de gomas, limpeza das fibras dentre outros.
sos, os quais serão apresentados a você individualmente. Essas operações objetivam preparar o substrato têx-
Para melhor expor alguns elementos, o benefi- til para a tecelagem. Depois de tecidos é que os têx-
ciamento secundário que se refere ao tingimento e teis passam pelo processo de beneficiamento e aca-
estamparia serão trabalhados no próximo tópico, bamento (PEZZOLO, 2013).
devido à extensão e à complexidade do conteúdo. De acordo com FEAM (2014), a primeira etapa
Assim sendo, neste tópico veremos o beneficiamen- do beneficiamento é denominada beneficiamento
to primário e o terciário. primário ou preparação, que tem como objetivo pre-
Cabe destacar que mesmo antes de se iniciar o parar o tecido para os outros processos de beneficia-
tecimento os fios e fibras são preparados para a te- mento. Essa etapa é composta por diversos processos.

145
MATERIAIS TÊXTEIS

SAIBA MAIS

Ao sair da tecelagem, muitos tecidos são im-


próprios para uso devido à goma, textura,
toque, ou mesmo a cor. O beneficiamento e
o acabamento têm a finalidade de tornar o
tecido mais atrativo ao consumidor, ou seja,
amplia as características estéticas do mesmo.

Fonte: Chataignier (2006).

Figura 2 - Tecido em tom cru, sem tintura


Vejamos a seguir o que são esses processos descritos
por Pezzolo (2013).
O beneficiamento tem por objetivo: • Desengomagem: consiste na retirada da
goma que é aplicada aos fios de urdume para
[...] colocar o tecido em condições de receber o tecimento. Esse processo pode ser feito por
coloração parcial ou total e, consequentemente, meios químicos ou biológicos, permitindo
o acabamento final. Para chegar nessas condi- que o tecido possa receber tintura.
ções, os tecidos passam por diversos processos/ • Alvejamento: consiste em um processo com o
operações (chamuscagem, alvejamento, desen- objetivo de retirar o tom amarelado ou mar-
gomagem, mercerização, etc) para eliminar rom das fibras.
óleos, ceras, pigmentos, marcações e sujeiras
provenientes das etapas de fiação e tecelagem
• Branqueamento ótico: esse processo é reali-
(FEAM, 2014, p. 22). zado com o intuito de retirar o aspecto ainda
amarelado que resta no tecido, de modo a pro-
Como dito pelo autor, um dos objetivos do be- porcionar um branco mais branco, formando
neficiamento primário é preparar o tecido para o um pigmento branco quase fosforescente.
recebimento da tintura e da estampa. Isso signifi- • Navalhagem: muitos tecidos ainda tem pe-
quenas fibras e filamentos salientes em sua
ca, como afirma Pezzolo (2013), que o tecido, em
estrutura. Para eliminar essas saliências, é
sua maioria, é tecido sem cor, com a cor natural feito o processo de navalhagem com o intui-
da fibra, em tom cru, apresentando na maioria to de deixar a superfície lisa, para receber a
das vezes cores cruas, amareladas e com leves to- estampa.
nalidades de bege, como mostra a Figura 2. • Flambagem: elimina por queima as fibras sa-
A Figura 2 representa um tecido que acabou de lientes na superfície do tecido.
sair da tecelagem e como tal deve receber os pro- • Prefixação: processo realizado com o objetivo
cessos de beneficiamento primário, que são: desen- de evitar distorções no tecido, como encolhi-
gomagem, alvejamento, branqueamento ótico, nava- mento ou alongamento; proporciona maior
estabilidade dimensional.
lhagem, flambagem e prefixação (PEZZOLO, 2013).

146
DESIGN

Esses são os processos referentes ao beneficiamento A variedade de aplicações é grande. Pezzolo (2013)
primário. Após passar por todos eles, o tecido está descreve ainda outros processos:
pronto para seguir para a próxima etapa, que con- • Acabamento Crackant: confere toque ran-
siste no beneficiamento secundário, que se refere a gente à seda de acetato ou triacetato.
estamparia e tinturaria ou lavanderia. O beneficia- • Acabamento lave e use: permite que os teci-
mento secundário será explorado no próximo tópi- dos ou algodão e poliéster não amarrotem,
dispensando o ferro de passar.
co desta unidade.
• Antimanchas: tratamento que auxilia a repe-
Por fim, temos o beneficiamento terciário, que
lir a sujeira e impedir a fixação de manchas.
consiste em processos que alteram a aparência do
• Carregamento: tem por finalidade tornar o
tecido, adicionando novas propriedades a ele (PE-
tecido mais pesado.
ZZOLO, 2013).
• Impermeabilização: tratamento que cria uma
Em termos de beneficiamento terciário ou aca- camada sobre o tecido que impede a passa-
bamento, existe uma grande variedade de processos. gem de líquidos para a outra face.
Bastian (2009, p. 11), descreve os seguintes proces- • Matificação: retira o brilho de tecido com-
sos: postos por materiais brilhantes como acetato
• Calandragem: eliminar vincos e conferir bri- e poliamida.
lho (mais utilizada em tecido de malha).
• Felpagem: conferir aspecto de felpa à superfí- Existem ainda mais processos de beneficiamento
cie do material podendo atuar como isolante terciário ou acabamento. Pezzolo (2013) e Bastian
térmico (utilizado em moletons, malhas soft
(2009) apresentam algumas possibilidades dentre as
etc.) ou apenas alterar o aspecto (felpado).
muitas variedades existentes, principalmente devido
• Amaciamento: conferir toque agradável ao
à grande quantidade de tipos de tecidos no mercado.
material.
Vamos dar sequência ao estudo do beneficia-
• Acabamento antichama: evitar propagação
de chama. mento. Veremos no segundo tópico o beneficiamen-
to secundário: tintura e estamparia.
Esses são apenas alguns processos de acabamento
final, o acabamento antichamas, por exemplo, pode
ser utilizado em roupas para segurança e trabalho.

REFLITA

Dependendo do acabamento de um tecido,


a forma de uso dele pode mudar, como a
felpagem que aumenta a capacidade de iso-
lamento térmico do tecido.

147
MATERIAIS TÊXTEIS

Estamparia e Lavagens
Dando continuidade ao estudo do beneficiamento como objetivo fixar a cor no tecido. Para que o teci-
dos tecidos, veremos agora o beneficiamento secun- do seja tingido, é possível utilizar o processo a frio
dário, que se refere ao processo de tingimento e es- ou quente. O processo com banho quente é mais
tamparia. Veremos inicialmente o tingimento e na utilizado, pois a água em altas temperaturas permi-
sequência a estamparia. te melhor diluição dos corantes e fixação no tecido,
Conforme salienta Pezzolo (2013), o processo de evitando manchas (Pezzolo, 2013).
tingimento se refere à aplicação de cor a tecidos, fios Esse processo pode ser aplicado a uma imensa
ou mesmo fibras. Esse processo pode ser feito por variedade de tecidos, contudo, alguns deles têm ou-
meio da aplicação de corantes naturais ou químicos. tras opções como é o caso do jeans, que passa pela
O processo de tingimento consiste em banhar lavanderia para obter diferentes colorações e efeitos
o tecido em um recipiente que contenha o corante presentes na peça (CHATAIGNIER, 2006). Observe
desejado e um mordente, uma substância que tem algumas variações de lavagem no jeans.

148
DESIGN

Figura 3 - Possíveis acabamentos para o jeans

Como você pode observar, existe uma série de efei- [...] essas lavanderias industriais, que se encai-
tos que podem ser trabalhados no jeans após passar xam na parte final do processo produtivo de
empresas de confecção e de vestuário, vêm atu-
pela confecção. Esses efeitos são feitos na lavande-
ando para possibilitar a melhoria na qualidade e
ria, onde “há a atuação como parte final do processo gerar efeitos diferenciados nas peças confeccio-
produtivo de empresas de confecção e de vestuário nadas, os quais não são possíveis de se obter na
na etapa de lavagem e beneficiamento de seus pro- produção do tecido plano (FEAM, 2014, p. 24).
dutos, em especial de peças em jeans, brim e algo-
dão” (FEAM, 2014, p. 24). Para obter esses diferentes resultados, existem dois
A lavanderia faz parte do setor industrial da cadeia processos básicos desempenhados pela lavanderia: a
de produção têxtil e atua de forma significativa no tin- lavagem e a secagem da roupa. A FEAM (2014, p.
gimento do jeans, para fabricação de jaquetas, calças e 25) descreve esses dois processos da seguinte forma:
camisas dentre outras peças. A FEAM (Fundação Es- • Lavagem: a lavagem consiste no processo
tadual do Meio Ambiente) acrescenta ainda que: de limpeza que utiliza água juntamente com

149
MATERIAIS TÊXTEIS

produtos de higienização da linha líquida, • Gold wash: lavagens realizadas em jeans que
proporcionando um tratamento mais ade- tenham uma base estonada média com sobre-
quado para cada um dos diferentes tipos de tinta em tom cáqui, dando o efeito de enve-
artigos têxteis que, conforme as caracterís- lhecimento, mais indicada para peça pronta.
ticas de seus tecidos e acabamentos, devem • Ligth used: lavagem realizada em alvejantes
ser lavadas apenas por meio desse processo. químicos de alta densidade, provocando efei-
Também pode ser feita manualmente no caso tos de desgaste e envelhecimento em jeans
de artigos finos e delicados ou com a associa- claros.
ção de processos manuais e automatizados de • Medium distressed: lavagem realizada em je-
acordo com a especificação das peças. ans escuro com amaciamento prévio, sendo
• Secagem: é a operação de remoção da umida- que o tecido é lixado depois manualmente, o
de (água) das roupas. A água é removida me- que torna o produto final mais caro.
canicamente por meio de centrífugas e/ou por • Mud wash: lavagem realizada em jeans escu-
vaporização térmica por meio das secadoras. ro com sobretinta verde, algumas vezes pro-
duzindo efeito de camuflado.
Como dito pela FEAM (2014), esses processos são
• Overdie: lavagem realizada por múltiplos re-
básicos, no entanto, conforme são adicionados
cursos e tonalidades diferentes de corantes,
produtos, corantes e demais materiais necessários,
criando efeitos de sujeira.
obtêm-se diferentes efeitos no jeans. Veja a seguir
• Pré-washed: lavagem realizada com a finali-
algumas da principais lavagens do jeans e como dade de amaciar o tecido por meio de enzi-
Chataignier (2006, p. 59-61) as descreve. mas amaciantes ou silicone.
• Beached: lavagem realizada com alvejantes • Second hand: lavagem realizadas com pedras
e enzimas químicas que levam ao desbota- que proporcionam aspecto de roupa usada na
mento integral e uniforme do tecido jeans. É peça, como se fosse de brechó.
feita antes da confecção da peça do vestuário. • Soft rigid: lavagem realizada em tecido vir-
Quando é praticada com a peça pronta, rece- gem, visando um leve amaciamento.
be o nome de délavé.
• Destroyed: lavagem realizada com química
corrosiva, deixando rasgos nas peças e colo- Além desses processos existem outras opções, pois
ridos aleatórios conseguidos com superposi- há grandes investimentos no beneficiamento de te-
ção de tintas antes da lavagem. cidos jeans. Veja na Figura 4 um exemplo de lava-
• Dust wash: lavagem realizada e tecido esto- gem destroyed.
nado que recebe corantes acinzentados, indi- Observe que esta lavagem costuma provocar
cado para peças prontas. rasgos na peça, assim como partes desfiadas como
• Estonado: lavagens realizadas com pedras mostra a figura.
vulcânicas, pedras leves e porosas, causando
Além do processo de lavanderia pelo qual pas-
no tecido ranhuras desiguais quando batida
na máquina de lavagem industrial. sam os tecidos de jeans, há também a estamparia.
• Fire wash: lavagem realizada com jeans escuro Vejamos inicialmente qual é o conceito de estampa-
com corantes vermelhos que produzem tons ria, que consiste em:
próximos ao de fogo ou aos de terras barrentas.

150
DESIGN

[...] estampar ou imprimir designa de manei-


ra genérica diferentes procedimentos que têm
como finalidade produzir desenhos coloridos
– e também brancos ou monocromáticos – na
superfície de um tecido, como se fosse uma pin-
tura localizada que se repete ao longo da metra-
gem da peça e aplicada no seu lado conhecido
como lado direito. Essas figuras podem ou não
possuir contornos, variantes que estão intima-
mente ligadas aos modismos e tendências de
cada época (CHATAIGNIER, 2006, p. 82).

A definição de Chataignier (2006) se refere à apli-


cação de desenhos em um tecido, contudo a autora
ressalta que esses desenhos não são aleatórios, mas
estão voltados à estética de cada período, ou seja, se-
guem tendências.
A autora afirma ainda que:

[...] a palavra é inglesa, mais exatamente prin-


twork, ou seja, trabalho pintado. A arte de de-
corar um tecido, qualquer que seja a sua nature-
za ou qualidade, por meio de um motivo único
ou desenhos variados, que podem ou não ser
repetidos chegando mesmo à possibilidade de
criar telas grandes como um quadro, nas quais
exista uma espécie de cena com enredo. Consta
Figura 4 - Jeans Destroyed
que essa arte foi anterior à pintura realizada em
outros materiais e é antiquíssima (CHATAIG-
NIER, 2006, p. 82).
Pezzolo (2013) destaca que há uma série de pro-
De fato, como afirma a autora citada, há uma grande cessos de estamparia, são eles: estamparia a quadro
variedade de possibilidades, desde a construção de manual, estamparia a quadro automático, estampa-
cenas, ou desenhos que se repetem, listras, flores até gem a transfer (SILK), estamparia a quadro rotativo,
demais elementos decorativos que têm por objeto estamparia a rolo (cilindro gravado). Veja a descri-
enfeitar os tecidos. ção de cada uma deles no Quadro 1.

151
MATERIAIS TÊXTEIS

PROCESSO CARACTERÍSTICAS

O quadro é composto por uma tela coberta por verniz,


a exceção das partes correspondentes ao desenho.
Estampagem a Quadro Manual
A pasta de estampar é forçada a passar para o tecido
(SERIGRAFIA)
que fica fixo, e o quadro é movimentado por dois ope-
radores com o auxílio de uma racla.

O quadro utilizado é idêntico ao Quadro Manual, se


Estampagem a Quadro Automático diferenciando apenas por levantar automaticamente
quando o tecido se movimenta.

Utiliza um papel especial contendo a estampa como


substrato para transferir a cor ao tecido. O papel é,
Estampagem a Transfer (SILK) então, posicionado contra o tecido e submetido à
pressão e calor, permitindo a transferência da estam-
pa para o tecido via sublimação.

Este quadro é cilíndrico e gira em torno de seu eixo


Estampagem a Quadro Rotativo
quando o tecido se movimenta.

Técnica industrial mais comumente utilizada baseia-


Estampagem a Rolo -se na gravação em baixo relevo de cilindros de aço,
(CILINDRO GRAVADO) sendo que a pasta de estampar a ser transferida para
o tecido é depositada nos orifícios do cilindro.

Quadro 1 - Processos e características de estamparia


Fonte: FEAM (2014, p. 23).

Essa variedade de processos pode produzir estam-


pas com os mais variados formatos e cores. Observe
alguns exemplos na figura a seguir.

152
DESIGN

Figura 5 - Modelos de estampa

153
MATERIAIS TÊXTEIS

REFLITA

A estampa mais utilizada no setor têxtil para


preencher o tecido é a barrada ou corrida,
pois dá origem ao tecido estampado.

Como pode ser observado na Figura 5, a variedade


de temas e combinações é praticamente infinita, e,
como afirma Udale (2015), o design das estampas
vai depender da criatividade do desenhista ou de-
signer, pois é possível criar uma infinidade de temas
a cada estação.
Devido à grande variedade de estampas, elas são
classificadas em três grupos, são eles: estampas cor-
ridas, barradas e localizadas (BRYANT; CANÊDO,
2012).
Figura 6 - Estampa corrida, barrada e localizada

154
DESIGN

A estampa corrida se refere àquela que se estende


em toda a superfície do tecido, ou seja, ela é obtida
durante o processo de beneficiamento do tecido, sen-
do realizada por meio de rolos que aplicam a estam-
pa no tecido. Assim um rolo de tecido terá uma mes-
ma estampa em toda a sua extensão (SUONO, 2013).
Além da estampa corrida, há também a estam-
pa barrada que é aquela aplicada à barra das peças
como: vestidos, blusas, calças e saias. Nessa estam-
pa, é comum que sejam formadas barras com es-
tampas enquanto o fundo do tecido é liso ou com
estampas mais diluídas, assim você tem uma faixa
de tecido liso e, em seguida, com estampa e esse
padrão vai se repetindo ao longo de todo o rolo
(BRYANT, 2012).
Outra estampa bastante comum no vestuário é
a estampa localizada, que se refere à criação de um
desenho específico que será aplicado a um deter-
minado lugar de uma peça de roupa; a técnica mais
comum é a serigrafia (BRYANT; CANÊDO, 2012).
Observe um exemplo de cada modelo na Figura 6.
A Figura 6 apresenta um modelo de cada es-
tampa: a corrida, barrada e localizada. Todas elas
são aplicada no setor têxtil. Os temas dependem das
tendências da moda.
Agora que você conhece todos os processos de
beneficiamento, vamos ver como se dá a manuten-
ção dos têxteis.

155
MATERIAIS TÊXTEIS

Simbologia de Conservação de
Artigos Têxteis
A indústria têxtil, assim como qualquer outra, pre- O intuito de colocar a lei era normalizar o que
cisa apresentar as características do seu produto. deveria ser colocado nas etiquetas e como deveria
Isso inclui as etiquetas, nas quais devem constar as ser colocado. Isso garante que o consumidor possa
normas vigentes para orientação de manutenção do fazer bom uso do produtos devido às instruções de
produto e fabricante. manutenção e ao mesmo tempo identifica o produto
De acordo com a ABNT (2012), as etiquetas sur- e o consumidor.
giram no setor têxtil por volta de 1973, quando foi im- Cabe destacar que em muitos produtos do ves-
plantada a “Lei das Etiquetas na área têxtil, abrangen- tuário existe, além dessa etiqueta colocada na parte
do da fibra até a confecção, com o objetivo de melhor interna do produto, uma etiqueta da marca ou tag,
informar o consumidor, bem como garantir uma con- com design diferenciado, para chamar a atenção do
corrência leal entre fabricantes” (ABNT, 2012, p. 21). cliente.

156
DESIGN

As etiquetas apresentadas na Figura 7 são impor-


tantes, no entanto é necessário colocar uma série de
informações. As etiquetas decorativas são para iden-
tificar a marca, enquanto aquela que contém infor-
mações mais definidas do produto encontra-se na
parte interna da peça, sendo obrigatória.
Cabe destacar que a etiquetagem segue algumas
regras específicas, estipuladas por lei. Existem infor-
mações obrigatórias. São elas: nome ou razão social
ou marca registrada; país de origem; nome das fibras
têxteis ou filamentos têxteis e seu conteúdo expresso
em percentagem, em massa; tratamento de cuidado
para conservação de produto têxtil; uma indicação
de tamanho ou dimensão, conforme o caso (COME-
TRO, 2008).
Observe na Figura 8 um exemplo de etiqueta
Figura 7 - Etiquetas decorativas
com todas as informações necessárias.

REFLITA

As etiquetas têm por objetivo orientar o con-


sumidor e identificar o fabricante, portanto
devem sempre conter todas as informações
exigidas por Lei.

157
MATERIAIS TÊXTEIS

Figura 8 - Informações obrigatórios na etiqueta do produto.


Fonte: Diário do consumidor (2013, on-line)1.

Como mostra a Figura 8, todos esses dados devem es- Um dos elementos de maior importância na
tar presentes em uma etiqueta, caso contrário a empresa etiqueta são as instruções de conservação, as quais
pode receber notificações e multas. Certamente você viu são representadas por uma série de símbolos. Veja
muitas desses etiquetas na parte interna de suas roupas, alguns desses símbolos na Figura 9.
desde camisetas, calças, blusas e vestidos. Qualquer pro-
duto de confecção deve apresentar essa etiqueta.

158
DESIGN

Certamente você já viu muitos desses símbolos nas Por outro lado, para “indicar que o tratamento a
etiquetas de suas roupas, mas você sabe o que cada ser aplicado deve ser mais suave deve ser usado um
um deles significa? Vejamos a seguir o que cada um traço sob o símbolo ou mesmo dois traços” (ABNT,
deles representa. 2012, p. 40). Outro fator a ser destacado é que “den-
De acordo com a ABNT (2012), existem 5 clas- tro do símbolo de lavagem doméstica em máquina,
ses de símbolos que representam a forma de manu- o número indica a temperatura adequada para a la-
tenção do produto, são elas: lavagem, alvejamento, vagem” (ABNT, 2012, p. 40). Ou então caso a lava-
secagem, passadoria e limpeza profissional. Veja gem seja feita à mão, deve aparecer a figura de uma
cada um desses símbolos na Figura 10. mão dentro do símbolo.
Cada uma dessas classes possui um símbolo especí- Esses são apenas alguns exemplos de variações,
fico para orientar o consumidor. Cabe ressaltar aqui que, veremos agora todas as 5 classes de acordo com as
quando o processo deve ser evitado, usa-se um X sobre o normas da ABNT (2012, p. 41-43).
símbolo, indicando que ele não deve ser realizado.

Figura 9 - Símbolos de conservação de produtos têxteis.

159
MATERIAIS TÊXTEIS

• A tina simboliza o tratamento doméstico de • Secagem natural: incluiu-se na norma ISO a


lavagem processo manual ou mecânico. Ela simbologia de secagem natural, além de con-
é usada para transmitir informações referen- tar com a secagem natural que predomina
tes à temperatura máxima de lavagem, bem em países do hemisfério sul, tem-se, adicio-
como os demais processos de lavagem. nalmente, o símbolo de secagem à sombra,
• Triângulo: o triângulo do alvejamento abran- que representa um cuidado importante para
ge os tratamentos com cloro ou substâncias determinados corantes, para peças tinturadas
com poder do oxigênio, permitindo bran- após a confecção e para fibras muito delica-
quear ou tirar manchas específicas. Muitos das.
produtos têxteis têm a presença do triângulo • Ferro de passar/passadoria: os símbolos de
cortado que não permite nem o uso do cloro, passadoria apresentam a indicação da tempe-
nem o uso do oxigênio para alvejar ou tirar ratura para passar a roupa por meio de pon-
manchas, porém há muitos corantes que re- tos. Um ponto indica passadoria até 110°C,
sistem bem ao uso dos produtos de limpeza dois pontos indicam passadoria até 150°C e
com oxigênio e podem oferecer à consumi- os três pontos indicam passadoria até 200°C.
dora uma boa alternativa de limpeza domés- • Limpeza profissional: finalmente, o último
tica. conjunto de símbolos indicam a limpeza pro-
• Secagem: nas instruções de secagem, há as fissional, que são os processos a serem segui-
opções de secagem à máquina ou de secagem dos quando se encaminha o produto têxtil a
natural. As secagens à máquina são repre- uma lavanderia profissional. Pode-se proce-
sentadas com um ou dois pontos, indican- der a limpeza com líquidos solventes ou sim-
do temperatura baixa ou alta, pode-se ainda plesmente efetuar uma lavagem a úmido com
proibir essa forma de secagem por causar os cuidados e conhecimentos especializados
encolhimento ou apresentar outras consequ- de um profissional da área de lavanderia.
ências.

160
DESIGN

SÍMBOLO PROCESSO DE LAVAGEM SÍMBOLO TIPO DE TRATAMENTO


- Temperatura máxima de lavagem 95°C Lavagem doméstica a máquina ou manual
- Processo normal

- temperatura máxima de lavagem 95°C Alvejamento


- processo suave
Secagem
- temperatura máxima de lavagem 70°C
- processo normal
Passadoria
- temperatura máxima de lavagem 60°C
- processo normal Limpeza Profissional
- temperatura máxima de lavagem 65°C
- processo suave SÍMBOLO TIPO DE TRATAMENTO PERMITIDO

- temperatura máxima de lavagem 50°C Pode usar agentes oxidantes.


- processo normal

- temperatura máxima de lavagem 50°C Alvejamento somente com oxigênio


- processo suave
Não alvejar
- somente à mão
- temperatura máxima 40°C
SÍMBOLO PROCESSO DE SECAGEM EM TAMBOR
- temperatura máxima de lavagem 40°C
- processo normal Secagem em tambor a temperatura normal

- temperatura máxima de lavagem 40°C


Secagem em tambor a baixa temperatura
- processo suave

- temperatura máxima de lavagem 40°C


Não secar em tambor.
- processo muito suave

- temperatura máxima de lavagem 30 °C SÍMBOLO PROCESSO DE PASSADORIA


- processo normal
Passar a ferro até 200°C
- temperatura máxima de lavagem 30 °C
- processo suave
Passar a ferro até 150°C
- temperatura máxima de lavagem 30°C
- processo muito suave Passar a ferro até 110°C, risco a “vapor” ou “prensa”

- não lavar Não passar a ferro e/ou não vaporizar

Quadro 2 - Simbologia para lavagem


Fonte: Lamar etiquetas (2012, on-line)2.

161
MATERIAIS TÊXTEIS

SÍMBOLO TIPO DE SECAGEM


SAIBA MAIS
Secagem em varal

Além dos símbolos de manutenção, outras


Secagem por gotejamento instruções podem ser adicionadas às etique-
tas, veja alguns exemplos:
Secagem na horizontal
Remover...antes de lavar.

Secagem a sombra
Lavar separadamente.

Lavar com cores similares.


SÍMBOLO PROCESSOS DE LIMPEZA PROFISSIONAL
Lavar antes de usar.
Limpeza a seco profissional P, normal
Não deixar de molho.
Limpeza a seco profissional P, suave
Não deixar de molho.

Limpeza profissional F, normal Passar somente com ferro.

Secar longe de calor direto.


Limpeza profissional F, suave
Passar ainda úmido.
Não limpar a seco
Fonte: ABNT (2012, p. 42).

Limpeza a úmido profissional, normal

Limpeza a úmido profissional, suave


Caro(a) aluno(a), o intuito dessa seção é lhe apre-
Limpeza a úmido profissional, muito suave
sentar os símbolos das etiquetas para que você sai-
ba como conservar tecidos e peças do vestuário. A
Quadro 3 - Tipos de tratamento, secagem, passadoria e secagem
seguir, vamos ver os impactos que a indústria têxtil
Fonte: ABNT (2012, p. 42). causa ao meio ambiente.

162
DESIGN

Têxteis e Meio Ambiente


Aluno(a), você deve estar se perguntando: por que é O século XX marcou a história da produção de rou-
importante pensarmos a relação entre moda e meio pas e também da moda, pois efetivou a indústria
ambiente? A resposta não é simples; primeiramente vi- têxtil por meio do sistema de produção em massa,
vemos em um mundo onde os problemas ambientais criando o setor da confecção. Formou-se aí uma
são evidentes. Segundo, a indústria têxtil abastece o duplicidade na concepção da moda. “De um lado
setor de moda por meio da fabricação de tecidos e in- temos o crescente desenvolvimento da indústria e
sumos necessários, o que inclui a confecção de roupas. a criação de tendências que geram mudanças sig-
Todo esse processo produtivo, assim como qualquer nificativas no design da roupa (seu feitio, material
outro, também gera impactos sobre o meio ambiente. e durabilidade)” (BERLIM, 2012, p. 20). Por outro,

163
MATERIAIS TÊXTEIS

temos a moda como responsável por essa indústria, A moda tem como intuito criar necessidades de
que apresenta duas importantes facetas: “a do pro- consumo para vender e continuar existindo. Essas
duto (roupas e acessórios) e a do conceito gerador necessidades são sanadas pelo consumo desses pro-
de tendências, que expressa nossas necessidades dutos que, após saírem de moda, são descartados,
emocionais e psicológicas” (BERLIM, 2012, p. 20). surgindo a necessidade de se criar uma peça que
A moda, assim como os objetos que a represen- substitua a anterior (BERLIM, 2012).
tam, está associada ao glamour, aos desfiles e lan- Desse modo, a vida útil desses produtos não está
çamentos de tendências, ao consumo. A Figura 16 relacionada à durabilidade ou utilidade da peça,
representa justamente essa dualidade: a apresenta- mas à estética, ao jugo alheio de pertença ou não da
ção de uma coleção e o público que a consome. Pro- moda. A moda sobrevive do consumo, alimenta-se
dução e incentivo ao consumo fazem parte do setor dele, encontrando vida no lançamento de novas ten-
de moda. dências.
Os lançamentos de tendência aceleraram de tal
maneira que em um mesmo ano as marcas lançam
até mesmo oito coleções, marcando a entrada de
cada estação e a estação propriamente dita, ou seja,
uma coleção marca a entrada do verão e a outra co-
leção marca o início do verão propriamente dito, e,
assim, sucessivamente (TREPTOW, 2005).
Junto com esses lançamentos constantes e essa
produção intensa, surgem também os impactos am-
bientais referentes à contaminação do solo, ar e água
ao longo de todo o processo produtivo que vai desde
a produção da fibra até a comercialização do produ-
to (BERLIM, 2012).
Os impactos se ampliam ainda mais em função
das mudanças constantes de coleção, o que acelera
a produção e os impactos ambientais. “A produção
de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras do
último século e foi tema de várias pesquisas que re-
caíram em especial sobre seus principais impactos:
a contaminação da água e do ar” (BERLIM, 2012, p.
33). A autora enumera alguns dos impactos ambien-
tais causados pelo setor têxtil.
• Contaminação do solo devido ao uso de
Figura 17 - Desfiles de moda
agrotóxico na produção de fibras naturais
como algodão.

164
DESIGN

• Larga utilização de água nas plantações de al- [...] material usado na confecção de vestuário
godão, por exemplo. está associado a todo tipo de impacto sobre a
• Alta utilização de energia elétrica na produção. sustentabilidade: mudanças climáticas, efeitos
adversos sobre a água, e seus ciclos; poluição
• Uso excessivo de água para o beneficiamento química; perda de biodiversidade; uso excessi-
têxtil: tingimento, estamparia e lavanderia. vo ou inadequado de recursos não renováveis;
• Águas contaminadas com as químicas utili- geração de resíduos, efeitos negativos sobre a
zadas no processo de tingimento, estamparia saúde humana; e efeitos sociais nocivos para as
e lavanderia. comunidades produtoras. Todos os materiais
• Emissões de gases de efeito estufa devido ao afetam de alguma forma os sistemas ecológicos
e sociais, mas esses impactos diferem de uma
transporte de mercadorias e produtos.
fibra para outra quanto ao tipo e à escala (FLE-
• Geração de resíduos sólidos: sobras de tecido. TCHER; GROSE, 2011, p. 13).

Esses são apenas alguns dos impactos que essa in-


dústria pode causar, mas a autora prossegue afir- Assim, o destino dado aos materiais que fazem parte
mando ainda que: dos produtos do vestuário são fundamentais para en-
tender e explicar os impactos e a forma de gerenciá-los.
[...] a indústria têxtil possui um elevado poten- Fletcher e Grose consideram que:
cial de geração de resíduos sólidos. Dentre as
etapas de maior impacto estão a tecelagem e o
[...] além de decisivos para a sustentabilidade,
corte do tecido, que geram um montante signi-
os materiais são cruciais para a moda, tornam
ficativo de pelos (sobras do processo de fiação
real sua produção simbólica e nos fornecem o
do fio), buchas (sobra dos fios no processo de
meio físico com o qual construir identidade e
tecelagem), e retalhos (gerados no corte). To-
agir como seres sociais e indivíduos. Nem toda
dos esses resíduos têxteis sólidos encontram
expressão de moda assume uma forma median-
mercado quando transformados em estopas ou
te fibras têxteis, mas, quando o faz, fica sujeita
enchimentos para travesseiros, edredons e bi-
às mesmas leis da física e aos mesmos limites
chos de pelúcia, entre outros (BERLIM, 2012,
naturais finitos (2011, p. 12).
p. 39).
Ao pensarmos nos limites da materialidade da rou-
Embora haja possibilidade de mercado para muitos pa, devemos lembrar que ela não é apenas composta
resíduos, como afirma a autora, há a necessidade de por fibras têxteis. Há, em uma peça de roupa, uma
se diminuir a geração e de resíduos e o consumo de série de elementos: o tipo de fibra, os produtos quí-
insumos naturais como energia e água. micos utilizados para tingimento e acabamento dos
No que se refere à moda, como já dito por Ber- tecidos, a confecção na qual são incorporados novos
lim (2012), muito se pensa em materiais que sejam tingimentos, estampas, bordados e aviamentos dos
menos agressivos. Outros pesquisadores que ressal- mais variados. Portanto, a roupa traz consigo uma
tam esse aspecto são Kate Fletcher e Lynda Grose, carga de elementos que tornam a sua produção uma
que trazem na obra Moda e sustentabilidade: design tarefa longa e complexa se pensarmos no processo
para mudança, de 2011, propostas acerca do tema e desde a obtenção da fibra aos diversos setores que
sua utilização na cadeia têxtil. Para as autoras: dão auxílio à cadeia têxtil.

165
MATERIAIS TÊXTEIS

Levando em consideração todos os impactos Todos esses elementos auxiliam a se incorporar uma
que podem ser causados ao meio ambiente, “no caso visão mais sustentável dentro da produção do setor
dos materiais têxteis, a maioria das inovações em têxtil. As autoras afirmam ainda que:
sustentabilidade pode ser dividida, grosso modo,
em quatro áreas interligadas” (FLETCHER; GRO- [...] a intenção geral, na perspectiva ambien-
tal, é especificar formas de processamento que
SE, 2011, p. 13). Veja a seguir as quatro áreas citadas
usem o mínimo de recursos e causem o menor
pelas autoras (2011, p. 13). impacto possível. Às vezes, isso significará abrir
• Interesse crescente por materiais prove- mão de certo acabamento para inibir todos os
nientes de fontes renováveis, o que leva, por impactos de determinada etapa de processa-
exemplo, à adoção de fibras têxteis de rápida mento. No entanto, nem todos os processos
renovação. ou tratamentos químicos podem ser evitados;
• Materiais com nível reduzido de “insumos” de fato, muitos são essenciais à fabricação de
de produção, como água, energia e substân- produtos de moda práticos e utilizáveis (FLET-
CHER; GROSE, 2011, p. 34).
cias químicas, o que resulta em técnicas de
produção de fibras sintéticas com baixo con-
sumo de energia (às vezes descritas como de Pensar a produção sustentável e o meio ambiente no
baixa emissão de carbono) e no cultivo de fi- setor têxtil traz essa ambiguidade, citada pelas auto-
bras naturais orgânicas, por exemplo. ras, produção X meio ambiente: processo químicos
• Fibras produzidas em melhores condições de indispensáveis que causam impactos, escolhas de
trabalho para os agricultores e produtores, acabamentos dentre outros processos que devem ser
conforme ilustram os códigos de conduta dos
repensados ou substituídos para evitar agressões ao
produtores e as fibras com certificação Fair-
trade (Conceito Justo). meio.
Pensando essa relação entre produção e meio
• Materiais produzidos com menos desperdí-
cio, o que desperta interesse por fibras bio- ambiente, Fletcher e Grose (2011) desenvolveram
degradáveis e recicláveis provenientes dos alguns princípios gerais de boas práticas, que estão
fluxos de resíduos da indústria e do consu- descritos na tabela a seguir.
midor.

REFLITA

A busca por soluções, materiais menos impac-


tantes e uma produção menos poluente deve
ser pensada por todo e qualquer profissional
do setor de moda.

166
DESIGN

Objetivo Ação
Usar recursos naturais com critério Minimizar o número de etapas de processamento
Minimizar a quantidade e a toxicidade das substâncias
Reduzir o risco de poluição
químicas usadas e eliminar processos nocivos
Combinar processos ou usar processos que demandem
Minimizar o consumo de energia
baixa temperatura
Minimizar o consumo de água Eliminar os processos que consomem muita água
Reduzir o volume em aterros sanitários Minimizar a geração de resíduos em todas as etapas.
Quadro 4 - Princípios gerais para boas práticas
Fonte: Fletcher e Grose (2011, p. 34).

As indicações das autoras se referem a uma produ-


SAIBA MAIS
ção mais consciente que incorpore o meio ambiente
ao sistema produtivo, refletindo sobre as melhores
práticas produtivas, aquelas que causam menos im- A Produção Limpa foi um conceito originado
na Rio92 e tem como princípio minimizar o
pactos ambientais.
desperdício de matéria-prima e de energia,
Caro(a) aluno(a), pensar a sustentabilidade na que geralmente ocorre devido a grande gera-
moda não é uma tarefa fácil, mas é necessária, pois ção de efluentes e rejeitos (lixo) – característi-
ca em todos os processos industriais atuais.
esse setor impacta sobre a qualidade do ambiente
Atualmente a PL pode ser definida como: “a
em que vivemos. Como designer, pense no meio aplicação contínua de uma estratégia econô-
ambiente quando estiver desenhando uma roupa, mica e tecnológica integrada ao processos
e produtos, a fim de aumentar a eficiência
basta pensar em minimizar os resíduos do proces-
no uso das matérias-primas, água e energia
so de corte, reutilizar papel e o máximo de resíduos pela não geração ou reciclagem de resíduos
que a empresa gerar. Ou seja, procure trabalhar com gerados em um processo produtivo.
uma produção mais limpa (P+L). Fonte: BERLIM (2012, p. 41).
Espero que tenha apreciado a leitura e que, ao
conhecer um pouco sobre os impactos que a indús-
tria têxtil pode causar, repense em como produzir.
Você está sendo formado para atuar no setor da
moda e deve refletir sobre os impactos ambientais
que ele causa e se possível ajudar a minimizá-los.

167
considerações finais

Caro(a) aluno(a), nesta unidade foram contemplados conteúdos voltados à finaliza-


ção dos tecidos como acabamento e beneficiamento, tinturaria e estamparia, normas
para etiquetagem têxtil e, por fim, algumas reflexões sobre os impactos ambientais
da indústria têxtil.
Este conteúdo em específico tem como objetivo mostrar a você que não basta
apenas produzir o tecido, é preciso dar os devidos acabamentos para que ele esteja
apto à comercialização. Dentre esses acabamentos, encontram-se o beneficiamento
primário, secundário e terciário.
Cada uma das etapas do beneficiamento tem um objetivo. A primeira é a pre-
paração para que o tecido receba a tintura, ou estamparia, ou no caso do jeans as
diversas lavagens.
A estamparia tem um papel importante no acabamento dos tecidos, pois possi-
bilita a criação de diferentes estampas com diversas temáticas, o que inclui figuras
geométricas, florais, abstratos dentre outros. A lavanderia faz o acabamento nas pe-
ças jeans, proporcionando diferentes efeitos no momento do tingimento ou após a
peça pronta.
O beneficiamento terciário envolve a alteração das propriedades do tecido como
maior maciez, resistência a chamas, impermeabilização, ou seja, processos que valo-
rizam ainda mais o tecido.
Após as três etapas de beneficiamento o tecido está pronto para ser comercializa-
do e deve ser identificado. Esse processo de identificação é válido para tecidos e peças
prontas, nos quais as instruções de manutenção, marca, identificação da composição,
fabricante e país de origem são fundamentais. As etiquetas são exigidas por lei e de-
vem seguir os padrões estabelecidos por ela.
Por fim, devemos levar em consideração que todo processo produtivo gera im-
pactos variados. No caso do setor têxtil, esses impactos se expandem para o ar, o solo
e a água, devido à complexidade e à extensão da cadeia de produção têxtil.

168
atividades de estudo

1. Referente ao processo de beneficiamento leia as alternativas e marque V para


verdadeiro e F para falso.
( ) A primeira etapa do beneficiamento é denominada beneficiamento primário
ou preparação, que tem como objetivo preparar o tecido para os outros pro-
cessos de beneficiamento.
( ) O beneficiamento secundário refere-se apenas à estamparia.
( ) O beneficiamento terciário consiste em processos que alteram a aparência
do tecido, adicionando novas propriedades a ele.
( ) Calandragem: eliminar vincos e conferir brilho (mais utilizada em tecido de
malha). Esse processo faz parte do beneficiamento primário.

Marque a alternativa correta:


a. V, F, F, V.
b. F, V, V, V.
c. V, F, V, F.
d. V, V, F, V.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

2. Explique: como se dá o processo de tingimento?

3. A Lavanderia faz o acabamento nas peças jeans. Marque a alternativa refe-


rente aos processos básicos da lavanderia.
a. Lavagem e tintura.
b. Lavagem, tintura e secagem.
c. Lavagem e secagem.
d. Lavagem, tintura, estamparia e secagem.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

169
atividades de estudo

4. Referente à estamparia leia atentamente as alternativas.


I. Existem vários processos de estamparia, são eles: estamparia a quadro manu-
al, estamparia a quadro automático, estampagem a transfer (SILK), estamparia
a quadro rotativo, estamparia a rolo (cilindro gravado).
II. Estampagem a Transfer (SILK): Este quadro é cilíndrico e gira em torno de seu
eixo quando o tecido se movimenta.
III. Existe uma grande variedade de temas em estampas.
IV. Devido a grande variedade de estampas, elas são classificadas em três grupos,
são eles: estampas corridas, barradas e localizadas.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. II, III e IV estão corretas.
d. I, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

5. Referente às leis de etiquetagem, descreva quais são as informações obri-


gatórias presentes na etiqueta.

6. Existe uma grande variedade de símbolos de etiquetagem. Observe a figura


abaixo e marque a opção com a sequência correta.

SÍMBOLO

170
atividades de estudo

a. Lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e limpeza profissional.


b. Lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e limpeza.
c. Lavagem, temperatura, secagem, passadoria e limpeza profissional
d. Lavagem, alvejamento, alvejamento, passadoria e limpeza.
e. Nenhuma das opções está correta.

7. Referente aos impactos ambientais causados pela indústria têxtil, leia atenta-
mente as alternativas.
I. Impactos sobre o ar, água e solo.
II. Contaminação do solo devido ao uso de agrotóxico na produção de fibras
naturais como algodão.
III. Alta utilização de energia elétrica na produção.
IV. Baixa geração de resíduos sólidos: sobras de tecido.

Marque a alternativa correta:


a. I, II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. II, III e IV estão corretas.
d. I, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

171
LEITURA
COMPLEMENTAR

FIBRAS TÊXTEIS SUSTENTÁVEIS

Os assuntos que envolvem sustentabilidade e degradação do meio ambiente vêm crescen-


do e gerando discussões entre consumidores e produtores em relação a uma conscienti-
zação de impactos ambientais. Com isso as grandes empresas precisam buscar produzir
produtos ecologicamente corretos e benéficos ao meio ambiente e à sociedade. As fibras
têxteis sustentáveis estão entre as matérias-primas que menos agridem o meio ambiente,
como “o algodão orgânico, cultivado sem o uso de fertilizantes e pesticidas” (Chavan, 2004)
que está se tornando o queridinho dos produtores de moda e de seus consumidores. Além
do algodão orgânico, tem-se também outras fibras que estão ganhando destaque no mun-
do da moda, como o algodão colorido, as fibras de bambu, as fibras derivadas de soja e de
milho.

ALGODÃO COLORIDO

Atualmente, o algodão responde por aproximadamente 80% das fibras utilizadas nas fia-
ções brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são produzidos a partir de fios de algodão,
enquanto na Europa gira em torno de 50%. A fibra totaliza 3% das terras cultiváveis no
planeta, mas contabiliza 25% dos agrotóxicos consumidos no mundo (Zanesco, 2008). Sob
esse ponto de vista, novas formas de cultivo de algodão vêm sendo estudadas, como por
exemplo o Algodão Colorido, que dispensa uso de agrotóxicos e, ainda, dispensa processos
de beneficiamento extremamente poluentes.
O algodão colorido, em seu contexto histórico, é tão antigo quanto o algodão branco, sen-
do que muitas espécies nativas foram encontradas em escavações no Peru, datando 2500
a.C. Entretanto, vale ressaltar que essa fibra é curta e fraca, não aguentando processos de
tecelagem e fiação. Em virtude disso, empresas como a Embrapa Algodão, vem trabalhan-
do em pesquisas na busca de melhorar aspectos do algodão como a resistência e o com-
primento, processo esse, que recebe o nome de melhoramento genético do algodão. Esse
processo consiste no cruzamento de diversas variedades de plantas selvagens do algodão

172
LEITURA
COMPLEMENTAR

colorido. Essas plantas são encontradas no interior do nordeste brasileiro, vale ressaltar
que espécies internacionais também foram utilizadas nesse processo. À partir da obtenção
dessas, é formado um “Banco de Germoplasma”, com as mais diversas variedades de plan-
tas de algodão que, futuramente, vem a ser cruzadas.
Como resultado do cruzamento dessas flores, é obtido frutos, e dentro destes cresceram
sementes. As sementes resultantes desse cruzamento são plantadas, avaliadas e seleciona-
das para dar origem às plantas de algodão colorido que conhecemos. Foram desenvolvidos
cinco padrões de algodão colorido, todos sendo resistentes e adequados ao mais diversos
processos têxteis. Esses padrões de algodão, receberam seu nome conforme sua colora-
ção, sendo eles BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira, BRS Topázio e 200 Marrom. Conforme o
avanço das pesquisas, em futuro próximo teremos, ainda, o algodão natural nas cores azul
e preta.
A principal importância dessa fibra é o fato de não ser necessários processos de beneficia-
mento, como o tingimento, processo o qual utiliza-se corantes que degradam a natureza e
uma grande quantidade de água, da qual não é possível o reaproveitamento. Ressaltando
que o tingimento é uma das etapas mais poluentes da cadeia têxtil. Vale ressaltar que todas
essas variedades do algodão colorido reduzem os custos de produção na indústria têxtil. O
cultivo das variedades do algodão colorido é realizado, principalmente, no Sertão da Para-
íba, no nordeste brasileiro.

Fonte: Muchinski e Sena (2015).

173
MATERIAIS TÊXTEIS

Moda & Sustentabilidade, Design Para


Mudança.
Kate Fletcher e Lynda Grose
Editora: Senac
Ano: 2011
Sinopse: nenhum produto recebe tanta divulgação e
é tão analisado quanto o de moda. Contudo, a super-
consciência sobre estilos, tecidos e cores não inclui o mundo por trás dos cabideiros, a tec-
nologia por trás do corte, a fibra por trás do tecido, a terra por trás da fibra ou a pessoa na
terra. O verdadeiro impacto de nossas escolhas de vestuário quase nunca é considerado ou
notado. Este livro revelador traz a reflexão sobre a criação de um modelo de mudança que
oriente as atividades na indústria da moda.

A lavanderia e o acabamento
O vídeo apresenta como são aplicados alguns acabamentos na lavanderia para as calças
jeans.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=JLLVCof-2P0>

174
referências

ABNT. Normalização: Caminho da qualidade na confecção [recurso eletrônico] /


Associação Brasileira de Normas Técnicas, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas. – Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE, 2012.
BASTIAN, Elza Y. Onishi. Guia técnico ambiental da indústria têxtil. São Paulo:
CETESB: SINDITÊXTIL, 2009. Disponível em: <http://www.sinditextilsp.org.br/
guia_p%2Bl.pdf.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2017.
BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Esta-
ção das Letras e Cores, 2012.
BRYANT, Michele Wesen; CANÊDO, Joana. Desenho de moda: técnicas de ilustra-
ção para estilistas. São Paulo: Senac São Paulo, 2012.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das
Letras, 2006.
COMETRO. Resolução n.º 02, de 6 de maio de 2008. Disponível em: <http://www.
inmetro.gov.br/legislacao/resc/pdf/RESC000213.pdf.> Acesso em: 07 jun. 2017.
FEAM. Guia técnico ambiental da indústria têxtil, 2014. Disponível em: <http://
www.feam.br/images/stories/producao_sustentavel/GUIAS_TECNICOS_AM-
BIENTAIS/guia_textil.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.
FLETCHER, Kate; GROSE, Lynda. Moda e sustentabilidade: design para mudança.
Editora SENAC: São Paulo, 2011.
MUCHINSKI, César Henrique; SENA, Taisa Vieira. Fibras têxteis sustentáveis: al-
godão colorido e orgânico, fibras de bambu, soja e milho. Iniciação - Revista de Ini-
ciação Científica, Tecnológica e Artística - v. 5, n. 1 - jun. 2015 - Edição Temática:
Comunicação, Arquitetura e Design
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual.
São Paulo: Senac São Paulo, 2013.
SUONO, C. T. A construção de parâmetros para o ensino do desenho de estamparia
corrida. In: Graphica 2013 - XXI Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e De-
senho Técnico e X International Conference on Graphics Engineering for Arts and
Design, 2013, Florianópolis-SC. Anais do Graphica 2013.
TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: Do
Autor, 2005.
UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o
design de moda. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

175
referências

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <https://portaldoconsumidor.wordpress.com/2013/03/27/mantendo-a-etiqueta/>.
Acesso em: 07 jun. 2017.
2
Em: <http://www.etiquetaslamar.com.br/wp-content/uploads/2012/05/Normas-T%-
C3%A9cnicas-Etiquetas.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.

176
gabarito

1. C.

2. Conforme salienta Pezzolo (2013) o processo de tingimento se refere à aplica-


ção de cor a tecidos, fios ou mesmo fibras. Esse processo pode ser feito por
meio da aplicação de corantes naturais ou químicos.
O processo de tingimento consiste em banhar o tecido em um recipiente que
contenha o corante desejado e um mordente, uma substância que tem como
objetivo fixar a cor no tecido. Para que o tecido seja tingido, é possível utilizar o
processo a frio ou quente. O processo com banho quente é mais utilizado, pois
a água em altas temperaturas permite melhor diluição dos corantes e fixação
no tecido, evitando manchas.

3. C.

4. D.

5. Existem informações obrigatórias. São elas: nome ou razão social ou marca


registrada; país de origem; nome das fibras têxteis ou filamentos têxteis e
seu conteúdo expresso em percentagem, em massa; tratamento de cuidado
para conservação de produto têxtil; uma indicação de tamanho ou dimensão,
conforme o caso.

6. A.

7. A.

177
MATERIAIS TÊXTEIS

conclusão geral

Caro(a) aluno(a), ao conhecer um pouco sobre o se- tricoline etc. A malharia produz tecidos com elas-
tor têxtil, seu processo de produção, desde a fibra à tano, aqueles que possuem maior elasticidade e são
finalização do tecido, tenho certeza que você perce- muito utilizados para fabricação de roupas de ginás-
beu que todo esse sistema é bastante amplo em ter- tica, por exemplo.
mos de extensão e ao mesmo tempo complexo, pois Outro grupo importante são os não tecidos, ma-
envolve diversos processos produtivos em cada um teriais têxteis confeccionados por outros métodos
dos setores: fibras, fios, tecelagem, malharia, benefi- que não a malharia e a tecelagem. Os tecidos inte-
ciamento e acabamento. ligentes também são importantes, pois representam
Em se tratando das fibras, é muito importante um grupo de materiais com características adicio-
conhecer as características básicas delas, pois cada nais como impermeabilização, secagem rápida den-
uma irá produzir um tecido diferente. É necessário tre outros.
também saber em que grupo estão inseridas, pois No que se refere aos acabamentos e beneficia-
cada grupo, natural, artificial ou sintético influencia mento, você precisa saber que existem muitos outros
nas características da fibra. processos além dos que foram apresentados. Depois
No que se refere aos processos de fiação, é preci- de finalizado o produto, é feita a identificação por
so conhecer as principais características e processo meio das etiquetas, que devem seguir as normativas
de cada tipo de fiação, mas, acima de tudo, conhecer Legais. Cabe ainda destacar que todo esse processo
os fios especiais que podem ser produzidos. Esses gera uma série de impactos sobre o meio ambiente,
fios são produzidos com o intuito de valorizar os te- o que exige uma reflexão sobre o assunto.
cidos e produzir efeitos diferenciados nele.
A tecelagem e a malharia, por sua vez, são pro-
cessos que transformam o fio em tecido. A tecelagem
produzirá os tecidos planos como o jeans, o crepe, a

178

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