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PROJETOS COMERCIAIS,

INSTITUCIONAIS E
DE SERVIÇOS

PROFESSORA
Me. Larissa Siqueira Camargo
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


CAMARGO, Larissa Siqueira.
Projetos Comerciais, Institucionais e de Serviços. Larissa Siqueira
Camargo.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpressão - 2018.
157 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Projetos Comerciais. 2. Projetos Corporativos 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0724-4
CDD - 22ª Ed. 711
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Supervisão de projetos especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Conteúdo
Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer
Educacional Ana Claudia Salvadego, Agnaldo Ventura, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão
Textual Alessandra Sardeto, Ilustração Marta Kakitani, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade A apropriação dessa nova forma de conhecer


do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo


Doutoranda em Design pela Universidade Anhembi Morumbi, desenvolvendo
pesquisa sobre ensino de design. Mestre em Engenharia Urbana pela Universi-
dade Estadual de Maringá (UEM/2014), com pesquisa na área de funcionalidade
e qualidade habitacional. Especialista em Arte e Educação pela Faculdade de
Cruzeiro do Oeste (FACO/2012), em Docência do Ensino Superior pelo Centro
Universitário de Maringá (Unicesumar/2015), em Gestão Educacional pelo Centro
Universitário de Maringá (Unicesumar/2015) e EAD e as Tecnologias Educa-
cionais a Distância pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar/2015).
Graduada em Tecnologia em Design de Interiores pelo Centro Universitário
de Maringá (Unicesumar/2007). Atualmente, é coordenadora e professora
do curso de Tecnologia em Design de Interiores do Centro Universitário de
Maringá (Unicesumar) e coordenadora de cursos de especialização na área de
Design na mesma instituição. É integrante da Comissão Assessora de Área de
Tecnologia em Design de Interiores do Enade 2015-2017, no INEP; desenvolve
pesquisas na área de Design Social, Ergonomia, Design universal e materiais
para Designer de Interiores.
<http://lattes.cnpq.br/3951052633448090>.
apresentação

PROJETOS COMERCIAIS,
INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Seja bem-vindo(a) futuro(a) designer de interiores, iniciamos, aqui, o conteúdo


de Projetos Comerciais, Institucionais e de Serviços, com a certeza de que, com
todo o entusiasmo e a motivação, você começa esta nova disciplina, tão rica em
conteúdos práticos e informações que farão parte do seu dia a dia profissional.
Este material foi preparado para que você tenha todo o embasamento necessário
para iniciar sua prática, compreendendo que toda a base fundamental do design
já foi aprendida anteriormente, em especial, nas disciplinas cursadas no primeiro
ano de curso. Dessa maneira, o conteúdo abordado neste livro foi direcionado aos
projetos específicos em questão e suas singularidades, considerando a metodologia
projetual, os princípios e elementos do design, o processo de criação, enfim, no
livro, direcionarei a aplicação destes conceitos.
Assim, na Unidade 1, apresento as questões aplicadas aos projetos de lojas ou
pontos de vendas (PDV), demonstrando como desenvolver o pré-projeto a partir
do briefing, do levantamento do local e do processo criativo, pois, o que é apresen-
tado, aqui, deve ser o aplicado para o desenvolvimento de todos os outros tipos de
projetos apresentados nas unidades seguintes. Ainda, na Unidade 1, você apren-
derá as particularidades de um projeto de lojas, os pontos importantes, incluindo
circulação, mobiliários, cores, fachadas entre outros.
Na segunda unidade, explico os projetos de escritórios, estabelecendo as etapas
específicas do pré-projeto neste tipo de atuação, por meio do briefing e de defini-
ções prévias a serem realizadas. Sigo explanando as diferentes áreas possíveis em
um escritório, com as características de cada uma.
Projetos de cozinhas profissionais de restaurantes, lanchonetes, bares, padarias e
outros estabelecimentos, é o assunto da terceira unidade. Este conteúdo é bastante
técnico, por isso, primeiramente, falaremos sobre questões técnicas do projeto, seus
objetivos, suas necessidades e pontos principais. Sigo apresentando as diferentes
áreas de uma cozinha profissional/industrial e concluo a unidade com informações
sobre as áreas destinadas aos clientes.
apresentação

A atuação em projetos hoteleiros é o conteúdo da Unidade 4, considerando que esta


é uma área bastante ascendente em todas as regiões do país, é bastante importante
que você conheça questões específicas sobre esses projetos aplicados, com suas
diretrizes, incluindo pontos sobre lobbys e apartamentos.
Finalizo o livro apresentando os projetos voltados para o ramo da saúde, clínicas
médicas e odontológicas, sendo que estas, assim como no caso das cozinhas in-
dustriais, apresentam vários pontos bastante técnicos e até legais, que precisam ser
seguidos no desenvolvimento do projeto. Isto deve funcionar em conjunto com
soluções estéticas, pautadas em conceitos do design para soluções profissionais.
Tenho certeza que a leitura deste material abrirá novos horizontes quanto a sua
percepção de possíveis atuações de um designer de interiores. É importante com-
preender que podem surgir, na sua prática profissional, projetos diferentes dos
apresentados aqui, com situações bastante peculiares e pontuais. Mas estou certa
de que, com todo o embasamento disponível, qualquer projeto de cunho comercial,
institucional ou de serviço será desenvolvido por você.
Não se esqueça que é preciso uma constante atualização, em especial, quando
falamos de projetos comerciais, já que a própria demanda de mercado muda e,
assim, como tudo, existem tendências e inovações que você não pode deixar de
conhecer e aplicar aos seus projetos, oferecendo aos seus clientes uma solução
atual e assertiva.

Desejo a você uma ótima leitura!


sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
LOJAS E PONTOS DE VENDAS HOTELARIA
14 Pré-projeto 108 Projetos de interiores hoteleiros
19 Elaboração do projeto 110 Diretrizes do projeto
32 Outras questões 112 Lobby ou hall da recepção
116 Apartamentos ou suítes
UNIDADE II 122 Outros ambientes
PROJETOS CORPORATIVOS
52 Pré-projeto UNIDADE V
60 Áreas de um escritório SAÚDE - CLÍNICAS MÉDICAS E ODONTOLÓGICAS
136 Questões legais
UNIDADE III 138 Ambientes de clínicas
ALIMENTAÇÃO - COZINHAS PROFISSIONAIS
142 Equipamentos e acabamentos
82 O projeto
148 Cores e saúde
86 Espaços e áreas de trabalho e equipamentos
92 Área dos clientes 157 Conclusão Geral
LOJAS E PONTOS DE VENDAS

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar os detalhes do projeto de interiores de lojas e
pontos de vendas.
• Demonstrar a importância do pré-projeto para projetos de
lojas e pontos de vendas.
• Definir os elementos arquitetônicos que devem ser
considerados no projeto de interiores de lojas e pontos de
vendas.
• Identificar os mobiliários aplicáveis a projetos de interiores
de lojas e pontos de vendas.

Objetivos de Aprendizagem
• Pré-projeto
• Elaboração do projeto
• Outras questões
unidade

I
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a) e futuro(a) designer de interiores. Sem dúvidas, o projeto


comercial é um grande nicho para sua atuação futura, e, dentro desta
possibilidade, acredito que a mais comum seja o desenvolvimento de
projetos para lojas e pontos de vendas (ou PDV). Isto se dá, pois os em-
presários, proprietários destes comércios, enxergam, cada vez mais, o
projeto de interiores como um investimento para seu negócio.
Cabe a você, como designer qualificado, estudar e entender as particu-
laridades dos projetos aplicados a este tipo de ambiente. Neste momento, é
hora de retomar o que você aprendeu em todas as disciplinas-base, no seu
primeiro ano de curso, e aplicar, de forma prática, o conteúdo teórico, que,
muitas vezes, enquanto você o estudava, parecia pouco aplicável. Te digo
mais, é justamente toda essa base teórica que torna o projeto de um designer
algo de qualidade, fazendo a diferença na entrega final do seu trabalho!
Para tanto, nesta unidade, trataremos de projetos de lojas e PDVs,
aprenderemos o passo a passo desta metodologia específica a esses am-
bientes, o processo de elaboração de projetos, o que você deverá levantar
do ambiente a ser instalado, quais considerações, quais são as estratégias
que seu projeto pode oferecer. E, por fim, quais são os mobiliários utili-
zados para atender às necessidades deste perfil de cliente.
Mais do que atender um cliente, ao desenvolver um projeto comer-
cial, você deverá considerar os futuros clientes de seu cliente, o que pode
significar um perfil grande, possibilidades distintas, e caberá a você bus-
car a solução para satisfazer estes futuros usuários, além de encontrar a
melhor maneira de expor e armazenar os produtos.
Não custa retomar a importância de você buscar a legislação específica
de seu município a respeito das instalações comerciais. Cada local tem uma
definição, mas, em geral, são pautadas nas normas da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas. Então, fique atento(a) a questões como res-
ponsabilidade técnica, acessibilidade e segurança contra incêndio e pânico.
Desejo a você uma ótima leitura e um excelente aprendizado!
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

PRÉ-PROJETO
Olá, caro(a) aluno(a), assim como em qualquer ou- cliente não é apenas o “seu”, mas os futuros clientes
tro desenvolvimento de um projeto de interiores, na do seu próprio cliente. Parece confuso? Simplifica-
elaboração de um projeto aplicado a lojas ou pontos rei. De modo geral, o projeto deve ser pensado para
de vendas (PDV), o cliente deve ser o centro prin- atender ao perfil dos clientes que irão frequentar o
cipal nas tomadas de decisões, sendo a base para comércio, e não o proprietário (ou gerente, admi-
todas as escolas, dos materiais às cores, ao layout e nistrador, ou qualquer pessoa que esteja fazendo o
às dimensões. Porém entendemos que, neste caso, o contato com você).

14
DESIGN

Pensar assim pode parecer bastante confuso ini- abrir a sua loja. Cabe a ele traçar esta orientação
cialmente, já que aprendemos, na metodologia do inicial, dizer para você qual é o público-alvo que
projeto, que o briefing é algo personalizado, voltado ele espera alcançar. Um exemplo, se é uma loja
a atender às características do cliente, mas, agora, o de roupas feminina, masculina, infantil, mais que
cliente passa a ser não único, ou uma família, mas isso, se o perfil da mercadoria a ser vendida é para
sim, uma possibilidade indeterminada de pessoas. um público jovem, executivo, e, mais ainda, para
Porém, no momento quando o designer é contatado o trabalho, para passeio, casual, e assim vai, o seu
para a elaboração do projeto de uma loja ou PDV, cliente é quem te passará todas estas informações
este comércio já está “desenhado” pelo seu proprie- iniciais.
tário, as decisões sobre os produtos (ou serviços) que
ali serão comercializados já existem, assim como a Briefing
definição sobre qual é o público-alvo, quem consu-
mirá esse produto, quem são as pessoas que têm o Com essas informações em mãos, você desenvol-
perfil de ser um futuro consumidor nesse espaço – e verá o seu briefing, entendendo qual é o produto
isto chamamos segmentação de mercado. a ser exposto e qual é o perfil geral do cliente a ser
atendido por aquele espaço. Quando falamos do
produto, deve-se pensar: será uma loja que ven-
derá sapatos? Se sim, precisará de assentos para
que as pessoas provem, além de espelhos que per-
mitam que a pessoa veja os pés. Loja de roupas
necessitam de provadores, de joias, de móveis com
fechadura, de eletrodomésticos, tablados, e assim
por diante.
Quando se trata dos clientes, é preciso conside-
rar: é um público jovem, mas pertence a qual estilo?
Esportistas, que andam de skate, roupas de marca,
entre tantas outras informações. Uma loja de roupa
feminina pode ter, como foco, mulheres que gostam
de exclusividade, onde possam permanecer por um
longo período e fazer suas escolhas de forma tranqui-
la e personalizada, ou executivas que estão sempre de
Figura 1 - Segmentação de mercado passagem, que precisam de escolhas rápidas e obje-
tivas. Não vamos expor um sapato social masculino
Esta definição não cabe a você, designer, o de couro da mesma maneira que serão expostos tênis
empresário, proprietário da empresa, é quem esportivos, mesmo que as duas mercadorias sejam
deve estabelecer essa definição, pautado em di- vendidas em lojas dentro do mesmo shopping center.
versas ações que ele tomou antes da decisão de

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PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

O LOCAL

Conhecendo o produto para qual você deverá dar


as soluções de exposição e armazenamento, e os
clientes que irão frequentar o ambiente, é hora de
conhecer o espaço onde será instalado, por visita
in loco ou por projeto, no caso de uma edificação
ainda não existente. O seu objeto de trabalho será o
interior desse espaço, sendo que a definição do espa-
ço interno de uma edificação é formada pelos seus
componentes de arquitetura, como paredes, piso e
cobertura, além de instalações hidráulica, elétrica e
de telefonia. Conhecer estes elementos é o passo ini-
cial para dar início ao projeto (CHING; BINGGELI;
SALVATERRA, 2013).

SAIBA MAIS

E todo este apanhado de informações deverá ser uti- Importante que você conheça e se habitue
lizado como base para a elaboração do briefing des- com termos que fazem parte de prática pro-
te projeto, sendo que o briefing é o norte para todo fissional de sua futura profissão. Um exemplo,
é o termo in loco. Você sabe o que significa? In
o seu trabalho. Lembrando que ele – briefing – não loco é uma expressão em latim que significa
é algo imutável, determinado no início do projeto, “no lugar” ou “no próprio local”.
sem possibilidades de alterações, as definições es- Fonte: a autora.
tabelecidas nesse processo inicial podem sofrer al-
terações sempre que necessário, desde que por um
motivo plausível.
Gibbs (2015), indica o levantamento do local
REFLITA em duas diferentes etapas, sendo que, na primeira,
a autora defende que devam ser levantadas todas
as dimensões, começando pelas paredes – largura,
[...] as atividades de projeto não seguem uma
linha reta, mas são marcadas por avanços e comprimento e pé-direito – seguido pelos elementos
retornos, pois uma decisão tomada numa existentes na edificação, como tomadas, entradas de
determinada etapa pode afetar a alternativa rede, entradas e saídas hidráulicas, rodapé – se este
anteriormente adotada.
não for trocado, janelas e portas – larguras e alturas,
(Mike Baxter) e tudo mais que julgar necessário e que não for pas-
sível de alteração.

16
DESIGN

Seguidamente, Gibbs (2015) indica que seja SAIBA MAIS


realizada uma análise do espaço, observando de-
talhes, anotando informações sobre o estado dos A seguir, é possível lembrar:
acabamentos e das instalações. Também, há de- Elementos do Design
talhes que interferem nas decisões do projeto de • Ponto, linha e plano
interiores: incidência solar, que influencia as de- • Forma e espaço
finições sobre disposição de fechamentos, como • Direção
• Movimento
portas e janelas, para, assim, determinar a melhor
• Volume e dimensão
localização para todos os mobiliários e equipa- • Escala e proporção
mentos, evitando que, por exemplo, um equipa- • Textura e padronagem
mento elétrico fique disposto diretamente sobre • Luz e cor
o sol forte. Interessante realizar, neste momento, • Silhueta
Princípios do Design
registros fotográficos e até filmagens, para que
• Equilíbrio
possam ocorrer eventuais futuras consultas sobre • Contraste e harmonia
alguma dúvida. • Repetição e ritmo
• Gradação
PROCESSO CRIATIVO • Radiação
• Ênfase ou focos visuais
• Unidade
Com essas informações em mãos, junta-se tudo para
Fonte: a autora.
dar início ao processo de criação em si, com as de-
finições iniciais do projeto. Resgate as ferramentas
aprendidas na disciplina de Processo Criativo, e as
coloque em prática, tendo sempre, como referência Neste momento, são necessárias pesquisas sobre
norteadora, as informações do briefing. Retome, cada item do projeto, de todas as escolhas que serão
também, os elementos e princípios do design, eles necessárias quanto a materiais, desenho de mobili-
devem ser aplicados ao projeto em busca de um re- ários, soluções para disposição, enfim, buscar refe-
sultado de caráter mais profissional e de qualidade, rências e embasamentos para o seu trabalho. Den-
e aplicá-los dentro das primeiras decisões de criação tre as ferramentas que devem ser utilizadas e que
oferece mais garantia da finalização positiva do seu podem auxiliar nesse processo, estão os estudos de
projeto. correlatos, os quais auxiliam no processo de criação,
servindo como inspiração ou apontando uma solu-
ção ainda não encontrada.

17
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

SAIBA MAIS
Comece a desenhar as primeiras ideias para
o seu projeto e, novamente, reforço a você, alu-
O estudo de correlatos é a busca, em revistas, no(a), resgate as técnicas de criação aprendidas
internet ou in loco, de ideias que podem ser na disciplina de processo criativo e as aplique!
utilizadas e servir como base para a elabora-
ção do seu projeto. Importante lembrar que Recorra, também, a ferramentas da metodologia
um correlato não precisa ser encontrado em do projeto em Design. Perceberam, claramente,
um tipo de ambiente exato como o que você que, mesmo que você já tenha ideias para o pro-
está projetando, ou seja, a inspiração para
uma ótica, por exemplo, pode vir de uma loja jeto, estimulando a criatividade da forma correta,
de suprimentos para informática. Você pode novas soluções irão surgir. Faça painéis semânti-
buscar correlatos para questões estéticas, cos, brainstorms, croquis de layout e de todas as
funcionais ou de inovação.
ideias para o projeto.
Fonte: a autora.

18
DESIGN

Elaboração
do Projeto
Com as ideias estabelecidas, sabendo o que se de- que, com certeza, você registrou. Reveja, também,
seja ao projeto, é preciso dar o início à sua elabo- as ideias obtidas durante o processo criativo, os
ração, retomando todas as informações levantadas croquis e todos os desenhos já feitos. Agora, você
no processo do briefing. Resgate os objetivos esta- dará o start ao projeto e, com todas as informa-
belecidos, o perfil, os objetivos e a prioridades do ções retomadas, irá avaliar e fazer as definições
projeto e todas as outras informações já obtidas e para o ambiente.

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PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS

Entre os elementos arquitetônicos já existentes, o primeiro que deve ser


avaliado é o piso, considerando que ele é uma das maiores superfícies
em um ambiente, e o que mais influencia o resultado final do projeto.
Isto se dá não, simplesmente, por questões estéticas, mas também por
questões acústicas de reflexão de luz e da própria manutenção dos am-
bientes (que você conhecerá mais a respeito na próxima unidade). É pre-
ciso lembrar que, no caso de lojas e PDVs, o fluxo de pessoas pode ser
intenso, e o piso precisa ser resistente e seguro. Assim, o autor Gurgel
(2013) apresenta ideias semelhantes quanto à escolha e à definição do
piso a ser aplicado, ou seja, essa seleção deve ser pautada em diferentes
aspectos, tais quais:

Fluxo
Diz respeito à quantidade de pessoas que devem
circular no espaço. Uma loja de departamentos, por
exemplo, tem um número muito maior de clientes
durante um dia, andando por seus corredores, do
que uma loja de roupas final. Esta informação esta-
belecerá a “dureza” e resistência do piso a ser insta-
lado, além de determinar como será a manutenção
diária, já que locais com fluxo mais intenso tendem a
ter um desgaste maior do piso e precisam ser limpos
e até lavados com mais frequência.
Figuerola (2015) ainda lembra da possibilidade de
fluxo de carrinhos de compras, o que, certamente,
aumenta ainda mais o desgaste do piso, exigindo
um cuidado ainda maior na escolha. A autora indica,
para estes casos, pedras como granitos e porcelana-
tos. Em situações de fluxo menos intenso e menos
pesado, ela sugere o piso de PVC que, além de du-
rável, oferece diferentes acabamentos e resistência,
sendo, ainda, lavável.

20
DESIGN

Segurança Clima Tamanho do ambiente


A escolha errada do piso pode Pisos cerâmicos tendem a dei- Espaços maiores permitem a
causar acidentes, em especial, xar a sensação térmica com instalação de pisos maiores e
quedas, o que, certamente, seria temperaturas mais baixas, e vice-versa, sendo que, pisos de
um problema para o seu cliente pisos de madeira aumentam a dimensões muito grandes, em
e, consequentemente, para você. sensação de temperatura. As- espaços pequenos, podem criar
Como citamos anteriormente, o sim, deve-se considerar o clima a sensação de espaço ainda me-
tipo de projeto em questão deve da região, o tipo de ventilação nor, e pisos de dimensões pe-
considerar o alto fluxo de pesso- existente no espaço e se há ou quenas, em espaços muito gran-
as e, dependendo do produto a não ar-condicionado. Uma ade- des, podem compartimentar
ser comercializado, o movimen- ga, por exemplo, pode desejar ainda mais o espaço, poluindo o
to delas pode ter características que os clientes sintam a tempe- ambiente visualmente.
muito diferentes, como idosos e ratura mais baixa do que real-
crianças. Se este for o caso, é pre- mente está.
ciso considerar o uso de um piso
com mais aderência e menos es-
corregadio, para garantir mais
segurança. Não se esqueça, reto-
me as dados do briefing em que
estará determinado o produto a
ser comercializado e, assim, os
clientes que irão frequentar. Por
isto, é importante considerar as
características técnicas do piso e
buscar a indicação do fabricante.

21
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Além de, simplesmente, revestir a área que será Por isto, levante hipóteses, faça simulações, de-
“pisada” pelas pessoas, o piso tem outras funções no senhe e teste o quanto preciso, antes da especificação
espaço, como o de causar a sensação de aumento ou definitiva. Pesquise as informações do material com
diminuição do espaço, aproximando ou distancian- o fabricante e fornecedor e procure as indicações da
do uma parede, e isto ocorre dependendo da direção ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
que as linhas do piso seguirem, por isto a definição – a respeito do assunto (FIGUEROLA, 2015).
de como será sua instalação precisa ser muito bem De acordo com Gurgel (2013), o elemento da
pensada. Além disso, ele pode, também, estabelecer edificação que mais influencia o projeto de interio-
direções, servindo como um guia inconsciente dos res, após o piso, é a parede, sendo estas as limita-
clientes dentro do estabelecimento, fazendo, assim, doras físicas do espaço, não somente da edificação
com que a circulação ocorra por onde se deseja, de total, mas também das áreas dentro do comércio,
forma estratégica (GURGEL, 2013). estabelecendo diferentes áreas, como caixas, salão
de vendas, provadores, sala de espera etc. As pa-
redes, em especial, as que têm a função de deter-
minar espaços, não precisam ser até o teto, sendo
que diferentes alturas e formas podem ser pensadas
internamente, criando uma solução visual interes-
sante no espaço.
É importante, assim como no caso do piso, pen-
sar a melhor solução para revestir as paredes, esco-
lhendo o melhor material, sendo que, mesmo se a
escolha for, simplesmente, a pintura, existem inúme-
ras opções de tintas que podem ser utilizadas, des-
Figura 2 - Direção das linhas no piso causam diferentes sensações de sua base até seu acabamento e suas cores. Existe,
ainda, a possibilidade de revestimentos cerâmicos,
em especial, para áreas em que serão necessárias la-
vagens das paredes. Mais uma vez, retome as neces-
sidades e os perfis estabelecidos inicialmente, para
que a definição seja a mais assertiva possível.
Estabelecidos piso e parede, temos o teto e/ou
forro, que é o limitador superior do espaço. Ele é
grande influenciador em questões acústicas, suporte
e refletor da iluminação, além de suporte, também,
para outros elementos estéticos ou funcionais, como
móveis e elementos decorativos, dentro do projeto
Figura 3 - Piso utilizado como delimitador de espaços de interiores comercial (GURGEL, 2013).

22
DESIGN

Para Gurgel (2013), tetos muito altos podem ser será necessário o aval de outro profissional, como um
utilizados para deixar a loja com aspecto mais gla- engenheiro civil ou elétrico. Dessa maneira, a princí-
muroso e possibilitar a instalação de luminárias di- pio, deve se considerar a não alteração destes pontos,
ferenciadas e maiores, do tipo pendentes, ou outros levantar onde eles estão e tentar buscar disposição e
objetos decorativos, além de melhorar a qualidade ocupação do espaço, aproveitando o máximo possí-
de ventilação e possibilitar a estocagem de forma vel, sem alterações (CHING et al., 2013).
verticalizada. Além disso, podem, também, deixar o Importante, em caso de reformas, que essas ins-
ambiente frio e muito impessoal, diminuindo a sen- talações sejam vistoriadas, para a checagem se está
sação de aconchego, o que, para alguns segmentos, tudo certo e dentro dos padrões necessários. Esta re-
pode não ser interessante, quando, por exemplo, se visão diminui muito a chance de problemas futuros,
deseja que o cliente permaneça por mais tempo no como vazamentos, infiltrações, queda de rede, curto
estabelecimento. circuito, entre outros, o que, além de causar maiores
gastos posteriormente, pode comprometer a segu-
rança. Se julgar necessário, solicite a contratação de
um profissional da área para essa atividade.
É necessária a certificação de que a rede de ener-
gia existente suportará os equipamentos necessá-
rios, em algumas situações, por exemplo, uma loja
de bebidas ou um açougue, em que é indispensável
que muitos refrigeradores sejam ligados. Essa revisão
pode, inclusive, ser realizada antes mesmo da compra
ou locação do imóvel, em especial, para os comércios
que necessitam de muitos equipamentos elétricos.
Figura 4 - Tetos altos permitem a estocagem vertical O aumento dessa rede pode ser realizado, po-
rém, em algumas situações, não depende apenas
Apresentamos, anteriormente, que, além desses de ajustes na própria construção, mas também de
elementos, devem ser consideradas, para a elabora- solicitações às companhias de energia, que podem
ção do projeto, as instalações prediais existentes, ou não aceitar o pedido, cobrar taxas bem altas, ou
seja, a rede hidráulica, elétrica e de telefonia. Claro ainda, demorar longos períodos para a realização
que os pontos existentes podem ser alterados em uma (NISKIER; MACINTYRE, 2000).
reforma, objetivando melhor atendimento ao que se No caso das instalações hidráulicas, é interessan-
pretende para o espaço, mas, quanto menos se alte- te, também, a avaliação antecipada, verificando as
rar e mais se aproveitar do existente, menor será o condições existentes e relacionando-as às necessida-
custo de instalação do comércio, então, é importante des para atender, de forma plena, à nova instalação. É
essa avaliação. Além disso, dependendo da mudança, comum, por exemplo, a necessidade de alteração para

23
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

a adaptação, para que os banheiros se tornem acessí- limites da marcenaria de um armário”. Podemos, as-
veis, ressaltando que, praticamente, todos os municí- sim, entender o espaço como a área a ser considera-
pios/estados do país exigem o banheiro, conforme as da como livre no interior do comércio.
normas da NBR (Norma Brasileira) 9050/2015. Ao se iniciar os estudos de layout de uma loja ou
Em algumas situações, não é possível a adapta- PDV, é necessário considerar a setorização dos am-
ção, e é necessária a construção de um novo banhei- bientes e das atividades a serem desenvolvidas para
ro. Além disso, analisar a existência e quantidade de que, ao ser executado, o ambiente seja mais funcional e
sistemas de escoamento de água, considerando que, adequado aos processos que acontecerão ali. Um meio
dependendo do tipo de comércio, existe a necessi- de trabalhar o esquema de setorização é transformar
dade de lavação e o escoamento de água constantes as atividades ou os departamentos em organogramas,
(MACINTYRE, 1996). ligando e criando fluxos. Assim, ao observá-los, é pos-
sível definir quais são os setores necessários e como
seria a melhor distribuição deles no espaço.

Estoque Salão de vendas

Recebimento Refeitório/descanso
mercadoria funcionários

Caixa

Administração

Crediário
Figura 5 - O ar-condicionado exige instalação adequada

Figura 6 - Exemplo de um organograma de loja


Quando a situação for a construção da edifica- Fonte: a autora.

ção, um designer pode trabalhar, em paralelo, com o


Engenheiro Civil ou Arquiteto, ajudando a estabele- Repare que, ao observarmos o organograma,
cer esses pontos de maneira a atender, de forma mais podemos entender um pouco mais o fluxo de rela-
satisfatória, à instalação posterior. ções que existem dentro do comércio e, dessa forma,
fica mais fácil estabelecer qual é a melhor localiza-
ESPAÇO ção de cada setor, identificando quais setores devem
ser instalados de modo próximo. Além disso, nor-
Quando falamos de espaço, em se tratando de pro- malmente, setores de serviços interligados possuem
jetos de interiores, podemos utilizar a definição de necessidades semelhantes de estrutura física e, às
Gurgel (2013, p. 26), como “a área compreendida vezes, é possível compartilhar de algumas soluções
entre as paredes, o piso e o teto de determinados (GURGEL, 2013).
ambientes, ou ainda, a área compreendida entre os

24
DESIGN

Para ficar mais claro, continuamos a observar gir com o produto, e é nesta área que acontecem as
o organograma da loja (Figura 6). É possível en- maiores influências de compra. Esse espaço deve es-
tender o fluxo que a mercadoria segue dentro do timular os clientes, despertar o desejo para a compra
espaço, do recebimento ao estoque e, depois, ao e mexer com os sentidos. Uma das diversas técnicas
salão de vendas. Existe, ainda, a ligação entre área que podem ser empregadas é a do Marketing Senso-
de caixa com o crediário e estes dois com o admi- rial. A princípio, é o espaço apenas para a exposição
nistrativo. A gerência de produção seria a estrutu- do produto, mas, em alguns casos, serve, também,
ra de fabricação onde serão criadas e fabricadas as para o atendimento.
peças. Ali, serão instalados maquinários e atuará
a maior parte da mão-de-obra pesada da empresa.
A área destinada aos funcionários está ligada a di-
ferentes setores, para que todos tenham acesso a
esse espaço. SAIBA MAIS
A técnica utilizada para a setorização pode ser
aplicada em situações distintas, de uma pequena
O Marketing Sensorial é a técnica de estímulo
a uma grande empresa, independentemente da dos sentidos, capaz de despertar no consu-
quantidade de colaboradores e de áreas a serem midor desejos de compras e sentimento de
distribuídas. Interessante, também, entender que necessidade por determinados produtos. Seu
principal propósito está relacionado à fixação
setorizar não significa criar paredes dividindo da marca, utilizando-se dos estímulos dos
diferentes departamentos, uma vez que estes po- sentidos e, dessa forma, relacionando-se de
dem estar distribuídos dentro de um único espaço, maneira emocional com o cliente. A visão é
o sentido mais explorado, já que ocorre por
separados apenas por elementos como: diferen- meio de todos os elementos que compõem
tes pisos, mobiliários ou até tipos de mobiliários o espaço.
e equipamentos ou diferentes cores empregadas. O olfato ainda é pouco utilizado como recurso
mercadológico, mas os elementos escolhidos
Imagine, por exemplo, uma loja de departamentos para compor o espaço podem influenciar nes-
que atende o público adulto masculino, feminino, te sentido, como o cheiro da madeira, utili-
infantil, casual, esporte fino, confecções, calçados zada para os móveis, a disposição de plantas
naturais no ambiente, ou ainda, uma pequena
e acessórios. O fluxograma pode ser estabelecido a abertura da área em que se assa pães em uma
partir das necessidades de setorização, definindo o padaria. A audição está bastante associada
que deve e pode estar mais próximo, e o que deve ao conforto acústico e à qualidade de som
do espaço. O tato pode estar em tudo, todas
ficar mais distante. as escolhas de materiais, como exemplo, um
Radamarker (2012, on-line)1 indica que uma papel ou tecido aplicado em uma parede, que
loja varejista comece a ser setorizada a partir de três é mais confortável do que uma simples pintu-
ra, e traz a relação com o aconchego.
itens: exposição, serviço e circulação. A área de ex-
posição, ou salão de vendas, tem sua estrutura va- Fonte: adaptado de Leitão (2007, on-line)².

riada, dependendo do tipo de mercadoria que será


comercializada, mas é nele que o cliente irá intera-

25
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

O espaço determinado para serviços deve ser


destinado à estocagem de mercadorias, além de ser
o setor a serem instalados os balcões, o caixa e os
provadores, sendo que, em algumas situações, al-
guns desses elementos podem ser alocados na área
de exposição ao invés na de serviços, por exemplo,
de balcões e provadores inseridos no salão de ven-
das. A área de serviços é onde devem ser instalados
o estoque, os balcões, caixas e provadores, podendo
estar diretamente ligada com o salão de vendas ou Figura 7 - Circulação principal e secundária
separada e mais distante, dependendo da proposta Fonte: adaptada de Gurgel (2013, p. 27).

do PDV.
Com a setorização estabelecida a partir do flu- Outra questão em relação à circulação é a
xograma, pode-se simular a circulação dentro do partir do seu tipo de fluxo, que pode ser natural,
espaço, considerando as áreas a serem ocupadas quando nenhum elemento determina e bloqueia
pelos setores. Para a dimensão da circulação, exis- seu trajeto, quando a área de exposição, ou salão
tem algumas normas e legislações específicas. Neste de vendas, é um espaço aberto e sem muitos li-
momento, vamos entender a circulação como um mitadores que definem o fluxo. Este pode, ainda,
elemento do projeto. ser forçado, quando o cliente é conduzido por
Segundo Gurgel (2013), podemos classificar a elementos, os quais podem ser móveis, ou outros
circulação como principal ou secundária, conside- elementos, que definem qual é o trajeto a ser feito
rando a sua prioridade e intensidade de uso. A circu- (GURGEL, 2013).
lação principal é o trajeto por onde todos os clientes
da loja irão circular para chegar a outros setores, já
a circulação secundária diz respeito àqueles trajetos
específicos, que guiam os clientes a determinados e
definidos espaços.
No exemplo a seguir, vemos uma planta-baixa,
em desenho croqui simples, de uma loja de con-
fecções, onde estão marcados os dois tipos de cir-
culação: a principal, a partir da porta de entrada e
espalhando pelos outros setores araras, caixa e pro-
vadores; e a circulação secundária, que é o trajeto Figura 8 - Circulação natural sem bloqueios
para acessar cada um dos provadores. Fonte: adaptada de Gurgel (2013, p. 28).

26
DESIGN

SAIBA MAIS

Dicas para melhorar a circulação


De portas abertas: a porta deve ser percebi-
da com clareza, de preferência, sempre aber-
ta e com dimensões adequadas, atendendo
qualquer pessoa.
Espaçamento entre os mobiliários: o ideal é
que haja, no mínimo, 80 cm de distância entre
os mobiliários, para permitir boa circulação
aos clientes.
Figura 9 - A inserção elementos que forçam a circulação Produtos-chave: próximo às áreas de circu-
Fonte: adaptada de Gurgel (2013, p. 28). lação, coloque produtos que tenham maior
destaque no mix da loja.
Percurso de compra: determine a circulação
A circulação livre permite que o cliente estabeleça no salão de vendas com um percurso de com-
seu roteiro dentro da loja, andando e seguindo por pra. Utilize móveis e equipamentos pequenos
e crie corredores que conduzam o cliente.
onde definir, sem limitadores. A circulação forçada
Atraia o cliente para o fundo da loja: o fluxo
pode ser utilizada como estratégia de vendas, quan- de circulação tende a ser para a direita de
do pensada corretamente, ou virará uma armadilha quem entra, depois, centro-fundo, esquerda,
e retornar para a entrada. Coloque atrativos
anticlientes quando mal elaborada. É a circulação que
no fundo da loja, garantindo a circulação.
deve levar o cliente a observar mercadorias, podendo Misture produtos para atrair clientes para
parar, por alguns instantes, para apreciar algo (GUR- os pontos mais frios: uma estratégia é in-
tercalar as compras por impulso, compondo
GEL, 2013). Para Radamarker (2012, on-line)¹:
uma lógica de compra casada, compondo
produtos complementares.
Quanto mais convidativa, mais acessível e con-
fortável é uma circulação, maior será a profun- Fonte: adaptado de Sebrae Nacional (2015, on-line)³.

didade percorrida pelo consumidor dentro de


uma loja. E, segundo estudos, quanto maior a
distância percorrida por consumidores entre os
produtos expostos, maiores são as conversões
de venda.

Assim, a circulação deve proporcionar ao cliente o


contato com o maior número possível de produtos,
mas, sem excesso de informações e poluição visual,
de maneira a incentivar o consumo daquilo que ele
nem buscava inicialmente.

27
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

MOBILIÁRIOS E EQUIPAMENTOS REFLITA

Elemento essencial para qualquer projeto de interio- A escolha e a distribuição do mobiliário são
res, o mobiliário apresenta inúmeras funções dentro etapas-chave num bom resultado de projeto.
de um PDV. Além de armazenar e expor a mercado- (Miriam Gurgel)
ria, pode ser utilizado como complemento à identi-
dade e ao conceito que se deseja transmitir. Segundo
Ching, Binggeli e Salvaterra (2013, p. 319):
Após a definição do espaço necessário para a cir-
[...] além de atender a funções específicas, os culação, é possível definir a área que cada mobiliário
móveis contribuem para o caráter visual dos
irá ocupar, lembrando que os mobiliários devem ser
ambientes internos. A forma, as linhas, a textu-
ra e a escala das peças individuais, bem como a pensados em quantidade, qualidade e estética, para
organização espacial, desempenham um papel atenderem ao briefing estabelecido anteriormente.
essencial no estabelecimento [...]. Cada produto tem uma necessidade de armazena-
mento e exposição diferente, assim como cada perfil
As características de uso dos equipamentos e mo- de cliente que se pretende atender também precisa
biliários, assim como suas dimensões, devem acon- de um projeto específico.
dicionar, de maneira suficiente e segura, os objetos, Segundo Ramos (2016, on-line)4, um mobiliário
tornando o ambiente eficaz e funcional, atendendo desenvolvido sob medida é a melhor opção de ocu-
às atividades de circulação (ELY; PEZZINI, 2010). pação de qualquer ambiente, já que ele tende a pre-
Não é somente o tipo de mobiliário que é necessário encher a área de forma personalizada, aproveitando
levar em consideração, quando se elabora o projeto melhor, inclusive, elementos da arquitetura. Dentro
de interiores de uma loja, mas também o posiciona- dessa opção, o projeto é desenvolvido a partir do es-
mento de cada um dos móveis, tendo em vista sua paço a ser ocupado e da mercadoria a ser exposta.
utilização e o espaço para o uso. Por isso, as dimen- Afinal de contas, é possível aproveitar móveis proje-
sões são importantes. tados para expor determinado produto para o cliente,
mas o resultado, provavelmente, não será o mesmo.
O móvel planejado ou modulado nem sempre
atende, exatamente, à necessidade de exposição e ar-
mazenamento dos produtos, já que alguns deles exi-
gem áreas bem específicas, e este tipo de mobiliário
nem sempre aproveita, da melhor maneira, a área
disponível. No entanto vale a pena como opção, já
que pode oferecer alguns diferenciais de acessórios e
acabamentos e, às vezes, preço. Além disso, existem
muitas fábricas especializadas que podem oferecer
boas alternativas para seu negócio.

28
DESIGN

A opção por móveis prontos, por questões fi-


nanceiras, ou mesmo, por prazos de tempo, não
diminuirá a qualidade do seu projeto. Móveis
prontos bem escolhidos e pensados para o am-
biente podem, sim, trazer ótimos resultados ao
espaço. Existem, no mercado, muitas lojas espe-
cializadas em peças exclusivas para o comércio
em geral, que oferecem opções variadas e cabíveis
para um bom resultado. Porém, no caso de mobi-
liário industrializado, a produção é em série, o que
não permite ajustes por parte do usuário, já que
deve atender o maior número possível de usuários
(VALLI, 2011).

SAIBA MAIS

Um móvel sob medida é aquele projetado,


especial e exclusivamente, para o local, nas
medidas exatas, aproveitando todos os seus
espaços e considerando todos os seus pontos,
encaixando-se milimetricamente, permitindo
aproveitamento melhor.
O móvel planejado ou modulado é elaborado
a partir de uma modulação padrão de medi-
das que, encaixadas entre si, formam o todo.
A maioria das fábricas possui uma gama de
modulações que permitem o projeto de for-
ma bastante personalizada, adequando-se
ao espaço.

Fonte: adaptado de Revista do Zap Imóveis (2012,


on-line)5

29
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Os mobiliários de uma loja ou PDV, sob


medida ou comprados em modulações
prontas, normalmente - são os mes-
mos, já que existe um padrão de peças
para atender às necessidades diárias
(LOURENÇO; SAM, 2011).

Gôndolas
Peças comuns em lojas de de-
partamentos, de conveniência e
supermercados, podem ser com-
postas por ganchos, araras ou
prateleiras, com a possibilidade,
ainda, de serem móveis. Suas pon-
tas são ideais para a exposição de
produtos em promoção e, depen-
dendo da localização, podem ter
função de vitrine.
Figura 10 - Gôndolas

Figura 11- Balcão ou showcase Figura 12 - Pedestais Figura 13 - Praticáveis

Balcão ou showcase Pedestais Praticáveis


É o suporte para a venda, a base Peças móveis que podem ser Têm a função de elevar o produto,
utilizada pelo vendedor para de- movimentadas conforme o pro- como os pedestais, mas são peças
monstrar o produto. Algumas ve- duto a ser exposto, podendo ser maiores, que podem ser empilha-
zes, serve, também, como exposi- removíveis e guardados quando das. Muito utilizados para expor
tor, mas, segundo os autores, não necessário. Servem para elevar mercadorias nos corredores de su-
deve ser utilizado como depósito produtos do piso ou acima de ou- permercados, em lojas de departa-
para mercadorias. tras estruturas. mentos e de eletrodomésticos.

30
DESIGN

Figura 14 - Nichos Figura 15 - Displays Figura 16 - Prateleiras

Nichos Displays Prateleiras


Utilizados para aproveitar melhor Normalmente, são pequenas pe- Usualmente, utilizadas para esto-
o espaço da lojas, já que são pre- ças, utilizadas para o merchandi- que da mercadoria, podendo ser
sos à parede, ocupam áreas que sing de peças específicas, mas po- móveis, fixas ou pendentes. Con-
normalmente, não teriam outras dem ser, também, peças maiores seguem, ainda, expor a merca-
funções, como atrás do caixa, cre- que assumem o papel de mobiliá- doria, dependendo de como são
diário, corredores e colunas. rio e ocupam o espaço como tal. utilizadas e do que é o produto.

Figura 17 - Painéis Figura 18 - Gancheiras Figura 19 - Araras

Painéis Gancheiras Araras


Assim como os nichos, os painéis Fixas ou móveis, podem ser instala- Usadas em PDV de confecções,
aproveitam espaços vagos. Ne- das em painéis, telas e expositores podem ser feitas de diferentes
les, a mercadoria pode ser pre- perfurados ou em slatwall (parede maneiras e materiais, sendo uma
gada para ser exposta. Tendem de ripas). Utilizadas para produtos ótima opção para expor roupas
a desvalorizar o produto. que podem ser pendurados. em cabides.

Interessante compor, de forma personalizada, cada projeto, com diferentes mobiliários e elementos,
buscando atender às necessidades de cada situação, dependendo do espaço disponível, da mercado-
ria a ser exposta e do tipo de público. Somente desta maneira a instalação pronta atenderá tais neces-
sidades de forma plena.

31
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Outras
Questões
O projeto comercial é um tanto quanto complexo, espaço”. Podemos entender, aqui, que as cores são
então, além de aplicar toda a base de princípios, te- fundamentais em um projeto de interiores de uma
oria, fundamentos, elementos e metodologia do De- loja ou de um PDV, e que elas podem determinar a
sign, conhecer as questões do local, o organograma, qualidade do resultado final desses espaços.
a circulação e os mobiliários, existem outros pontos
a serem considerados. Dessa maneira, discorrere-
mos, agora, sobre estes apontamentos.

CORES

Segundo Gurgel (2013, p. 61), “a escolha correta de


um esquema de cores pode significar o sucesso de
um projeto, pois ele pode interferir diretamente no

32
DESIGN

A cor é um elemento presente em tudo que pode ser a melhor solução para o espaço. É necessá-
compõe o ambiente, do piso ao teto, dos móveis ao rio entender as sensações que cada uma delas pode
produto exposto. Deve ser pensada em conjunto, causar, avaliando se é a elas que você deseja associar
buscando uma paleta de cores que se complete e se seu projeto.
harmonize, equilibrando as essências e o significado
de cada uma delas. FACHADA
A estrutura de piso, parede e teto é a maior área
e, por isto, a que mais deve ser considerada quando Para Parente (2000), de nada adianta projetar e exe-
se pensa em cores, já que as tonalidades escolhidas cutar um projeto de interiores incrível para sua loja,
para esses elementos causam forte influência no re- oferecer um mix de produtos diferenciado e de qua-
sultado final do espaço. lidade e uma equipe bem treinada, se a fachada não
Sabemos que cores escuras tendem a diminuir o é capaz de atrair seu cliente. Para a autora, diferentes
objeto ou ambiente, isto porque elas absorvem luz, problemas podem comprometer a qualidade de uma
tornando a percepção da área menor; já cores claras fachada, como a falta de identidade, o excesso de in-
tendem a ampliar, por refletirem luz. Assim, é preci- formações, a utilização de cores inadequadas, entre
so definir qual a percepção que se deseja transmitir. outros.
Além da impressão de aproximação e de alterações Parente (2000, p. 294) afirma que:
nas dimensões do espaço, as cores provocam nosso
inconsciente, ocasionando efeitos emocionais diretos. [...] os aspectos externos da apresentação da loja
provocam um forte impacto em sua imagem
Estas percepções estão relacionadas, a princípio, com
e devem ser planejados cuidadosamente para
associações culturais e simbólicas que as cores repre- atrair o consumidor. Os aspectos externos de-
sentam (GURGEL, 2013), sendo que, em algumas si- terminam a impressão que a comunidade tem
tuações e culturas diferentes, pode-se entender ou uti- sobre a empresa, influenciando a percepção so-
lizar cores para diferentes representações. bre qualidade, atendimento e o tipo de loja. Por
meio de aspectos como visibilidade, tamanho,
Exemplo disso é o vermelho, que, na maior parte
estilo arquitetônico, cores, conservação da pin-
do Ocidente, simboliza amor, paixão, excitação, mas tura, das aberturas e materiais de acabamento da
também perigo e poder. Na Rússia, relaciona-se ao fachada, comunicação visual externa, vitrines, o
Partido Comunista e, em outras partes da Europa, à seu estabelecimento projeta uma imagem e cria
um conceito na mente das pessoas antes mesmo
masculinidade e até à morte. Na China, é a cor do ano
de conhecerem você e o que você oferece.
novo, utilizada como símbolo da prosperidade. Já na
Índia, simboliza pureza, mas, em qualquer parte do O projeto da fachada deve ser elaborado seguindo
mundo, é uma cor que sinaliza o alerta, despertando a a metodologia, ferramentas e princípios do projeto
atenção (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2011). de interiores, considerando, inicialmente, o briefing,
Por isso, é indispensável uma pesquisa sobre as para, assim, ser definido cada elemento, entre mate-
cores da marca da empresa e as que se deseja usar riais, cores, texturas e iluminação. Então, podemos
para o projeto, considerando que, nem sempre, entender que a fachada é o primeiro elemento que
simplesmente aplicar as cores da marca da empresa determina a identidade do negócio.

33
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

• Adeque a fachada à identidade visual: é es-


sencial que a primeira visão que o cliente te-
nha de seu PDV transmita a ele o máximo de
informações sobre o negócio, o que se vende,
o perfil desta mercadoria, além disso, deve-
mos evitar a poluição visual. A solução é a
escolha adequada de cada elemento que fará
a composição da fachada.
• Saia da caixinha: esteja aberto às propostas
do profissional responsável pelo projeto e,
também, exija dele a proposta de materiais e
volumes alternativos, novas tecnologias e so-
luções diferenciadas.

Após a definição da identidade e do perfil, é hora


de escolher os materiais a serem utilizados. Para o
Mota (2016, on-line)6, especialista em Marke- revestimento, existem, no mercado, inúmeros pro-
ting Empresarial, apresenta seis tópicos como dicas dutos. Vamos conhecer os três mais comuns e suas
para a elaboração de uma boa fachada: características básicas:
• Reconhecendo o local: para o especialista, 1. Tinta: normalmente, é a opção com menor
uma boa fachada deve se integrar com a vizi- custo, mas também é a que menos dá desta-
nhança, se destacar sem destoar do entorno. que à fachada e uma das que mais exigem ma-
• Saiba o que é proibido ou liberado: informe- nutenção em curto período de tempo, por se
-se sobre a legislação local, para que o pro- desgastar e se sujar com mais facilidade. Na
jeto seja elaborado dentro das especificações. escolha da tinta, opte por uma versão lavável,
Existem cidades que determinam até cores de primeira linha e, se possível, escolha co-
permitidas e proibidas para fachadas. res mais escuras, desde que combinem com a
• Entenda o comportamento das pessoas no logo (FAZENDA, 2009). A melhor opção de
local: conheça os transeuntes da vizinhança, tinta para a fachada, de acordo com Fazen-
do local, estes são possíveis futuros clientes, e da (2009), é a acrílica, de preferência, a 100%
entender o que eles olham, em quais lojas en- acrílica, que é mais resistente, impermeável e
tram, como se comportam perante os comér- retém melhor a cor.
cios pode ajudar na definição da sua fachada. 2. Textura ou grafiato: uma opção à tinta, tam-
• Fique atento à poluição visual: cuidado com bém com preço mais reduzido, é a textura, ou
o excesso de informação, textura, cores, ava- ainda, o grafiato, mas estes produtos apresen-
lie o que realmente é importante conter em tam dificuldade quanto à necessidade de ma-
sua fachada. Muitas vezes, a quantidade de nutenção, pois a pintura sobre eles pode não
elementos compromete a visão do que real- apresentar bom resultado. Cores escuras desses
mente importa. produtos costumam desbotar com o sol.

34
DESIGN

3. Revestimentos cerâmicos: são outra opção.


ou alumínio e, ter, ainda, diferentes acabamentos de
Mantêm a aparência de novo por mais tem-
po e são laváveis. É uma alternativa de valor cores e texturas. É uma opção, segundo a autora, que
mais alto do que as duas anteriores, já que o costuma deixar a fachada mais elegante do que a im-
produto é mais caro e exige muita mão-de- pressão digital (SCHIAVENIN, 2010, on-line)8.
-obra para a instalação. Outra questão a ser Para Parente (2000), a fachada merece atenção
analisada é quanto à substituição, já que, caso especial quanto à manutenção, sendo que uma fa-
decida-se por alterar posteriormente, será
chada suja, com painéis rasgados, lâmpadas queima-
necessário retirar o revestimento já instalado.
das ou informações desatualizadas pode ser um dos
Caso a escolha seja um revestimento cerâ-
mico, existe uma variedade no mercado, que maiores erros de um gestor de comércio varejista.
difere a partir da matéria-prima, a forma de
fabricação ou o acabamento, e cada variedade LEGISLAÇÃO APLICADA
apresenta suas especificidades, por isso, é im-
portante seguir orientações do fabricante na É indispensável pesquisar as leis locais aplicáveis
hora da escolha e da aplicação (ABCERAM,
ao caso da instalação de um novo comércio em seu
[2017], on-line)7.
município. Importante você compreender que, caso
Após a escolha do revestimento principal, deve-se ocorra alguma questão não cumprida, o seu cliente
decidir pela fachada comercial, que, de acordo com não receberá a licença para a abertura do negócio e,
Schiavenin (2010, on-line)8, é a comunicação visual assim, ficará impedido de atuar. Tenho certeza que
externa da empresa onde são incluídos seus dados, você não deseja isso, até porque, caso ocorra um
como nome, logo, telefone e site, de acordo com a problema como esse, você, certamente, seria respon-
proposta, como forma de identificação por parte dos sabilizado e teria que cobrir as despesas adicionais.
clientes. Ainda de acordo com a autora, existem di- Não entrarei no mérito das questões legais para
ferentes tipos de materiais e técnicas para a fachada a construção de uma nova edificação, porque não
comercial, sendo as duas mais comuns, a impressão caberá a você, como designer de interiores, qual-
digital e o letreiro em caixa alta. quer documentação e regularização quanto a isso.
A impressão digital, ou ainda, plotter, é um ter- Sua atuação acontecerá após a obra estar pronta ou,
mo utilizado para a técnicas de impressão em lona, ao menos, aprovada. Mesmo que você participe da
instalada em estrutura metálica, podendo ser ilumi- elaboração do projeto, será o Engenheiro Civil ou
nada na frente (front light), por holofotes, ou atrás Arquiteto que responderá por essa obra.
(back light), por lâmpadas fluorescentes. Este mate- No caso de você elaborar um projeto em que se-
rial pode ter a durabilidade de anos e ter grandes rão necessárias alterações estruturais, como quebra
formatos (SCHIAVENIN, 2010, on-line)8. de parede, também precisará buscar um profissional
A letra caixa é a técnica de reproduzir, com re- que possa responder sobre, já que, para esta decisão,
levo, o nome e/ou a logo da empresa. Pode ser pro- são necessários cálculos estruturais não compatíveis
duzida em diferentes materiais, como MDF, acrílico com a formação de um designer.

35
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Como designer, você poderá propor, por exem- Outra legislação em que é preciso estar aten-
plo, a adequação de um banheiro para que se torne to, ao projetar uma loja, é a norma de combate a
acessível, seguindo a lei de, praticamente, todos os incêndio e pânico. Existem especificidades sobre o
municípios brasileiros. Além disso, poderá criar ram- assunto quando se trata de projetos comerciais, por
pas de acesso e incluir corrimãos, caso seja necessá- isso, procure o corpo de bombeiro de sua cidade
rio, para atender, novamente, às leis de acessibilidade. para saber quais são as aplicações que se deve in-
Existem alguns locais que normatizam a largura cluir em seu projeto, considerando que as leis rela-
de corredores e até a altura de prateleiras, como for- cionadas a este conteúdo são municipais e variam
ma de oferecer mais acesso a todos. Existem, ainda, entre elas.
legislações sobre dimensão de trocadores e alturas Quando se tratar de um projeto em shopping
de bancadas, vagas para cadeirantes, plataformas ou center, estes estabelecimentos, normalmente,
elevadores de acesso, acesso a cães-guia. Enfim, é in- apresentam regras particulares, como quanto ao
dispensável conhecer as leis. Uma boa referência em horário liberado para obras (normalmente, após
se tratando de acessibilidade, sem dúvidas, é a NBR às 22h e antes das 9h), à liberação de entrada de
9050/2015. materiais, fornecedores e prestadores de serviços,
o padrão de revestimentos, entre outros. Não dei-
xe de se orientar na administração do shopping,
e, com isto, evite possíveis problemas.

Figura 20 - Banheiro acessível

36
considerações finais

E, assim, chegamos ao fim de nossa primeira unidade do livro de Projetos Co-


merciais, Institucionais e de Serviços. Espero que já tenha se apaixonado por este
tipo de projeto, assim como eu.
Como escrevi desde o início da unidade, esse tipo de projeto tem a especifi-
cidade de ser desenvolvido não apenas para um cliente, o seu contratante, mas
também para os clientes dele. Por isto, exige bastante cuidado nas tomadas de
decisão, já que é necessário projetar a partir de um briefing mais extenso.
Além do cliente, ainda existem as estrelas de seu projeto: os produtos a serem
expostos. As definições que você fará para o projeto afetarão, diretamente, a for-
ma como os futuros clientes do comércio perceberão as mercadorias ali disponí-
veis. É claro que o seu cliente, proprietário ou gestor desta loja deseja que o seu
projeto o ajude a vender ainda mais.
Dessa maneira, na unidade, apresentamos, justamente, as possibilidades, os
itens a serem considerados e os elementos que envolvem esse projeto, que pode
ser a sua futura especialidade. Dentre o que você aprendeu aqui, estão o conceito
de segmentação de mercado, os elementos a serem observados no local a ser ins-
talado, o negócio, os detalhes dos mobiliários comerciais, entre outros.
Certamente, você precisará de atualização constante, ser um profissional an-
tenado ao mercado e estar, constantemente, buscando correlatos para seus proje-
tos. Mesmo que não esteja em busca de algo específico, observe tudo ao seu redor,
às vezes, a inspiração para seu projeto surge de onde você menos espera.
Novamente, reforço a importância, a obrigatoriedade de você buscar a legis-
lação local sobre instalações comerciais, caso contrário, corre o risco de, após
tudo estar pronto, seu cliente não ter o alvará liberado por um desacordo com a
legislação local, o que, certamente, traria muito desconforto e prejuízo.
Bons estudos e que venham os projetos!

37
atividades de estudo

1. Conhecemos, na unidade do livro referente aos


projetos de lojas e pontos de venda, o uso da Direção

circulação como uma ferramenta de projeto.


Sobre a circulação, analise as assertivas e as-
Administração
sinale a alternativa correta.
I. A circulação forçada é aquela que estabelece
o roteiro a ser seguido pelo cliente no interior Produção Suprimentos Vendas
Assistência
Técnica
da loja.
Fonte: a autora.
II. A aplicação da circulação comercial se justifica
somente pela solução estética que ela oferece.
I. A administração deve ficar em um local estra-
III. Não devemos expor produtos no caminho da tégico, de acesso ligado a outros setores.
circulação forçada, considerando que é um lo-
cal apenas de passagem. II. Para facilitar a relação, a produção e a assis-
tência técnica não devem ficar próximas, já
IV. Quando mal elaborada, a circulação forçada que não possuem nenhuma ligação.
pode ser uma armadilha estressante ao cliente.
III. Os setores de produção e suprimentos ficam
V. A circulação principal é aquela que o cliente próximos para compartilharem equipamen-
faz ao entrar na loja até as regiões mais im- tos.
portantes do ambiente.
IV. O setor de assistência técnica poderia ser
a. Apenas I e II estão corretas. invertido com o de vendas, para ficar mais
b. Apenas I, II e IV estão corretas. próximo ao de suprimentos e, mesmo ao da
produção.
c. Apenas I, IV e V estão corretas.
V. A administração só precisa estar próxima à di-
d. Apenas II, III e V estão corretas.
reção e mais nenhum outro setor.
e. Todas as alternativas estão corretas.
a. Apenas I, II, III e V estão corretas.

2. A seguir, você verá o organograma criado para b. Apenas I, III e IV estão corretas.
uma loja de informática. Observe o organo- c. Apenas II e IV estão corretas.
grama e, sobre a setorização deste comércio,
d. Apenas III, IV e V estão corretas.
analise as assertivas e, em seguida, assinale a
alternativa correta. e. Todas as alternativas estão corretas.

38
atividades de estudo

3. Explique o que é segmentação de mercado e Assinale a alternativa correta.


para que ela é utilizada no projeto de interiores
comercial. a. Apenas I, II e V estão corretas.
b. Apenas I, III e IV estão corretas.
4. A escolha do piso é uma definição bastante
c. Apenas II, III e IV estão corretas.
importante no projeto, considerando que se
refere a uma das maiores áreas do ambiente. d. Apenas III e V estão corretas.
Sobre os critérios a serem considerados para
e. Nenhuma alternativa está correta.
a escolha do piso, leia as afirmativas a seguir.
I. Para a escolha do piso, basta considerar o ta-
5. Apesar de diferentes possibilidades de fabrica-
manho do ambiente, a segurança e o fluxo.
ção – sob medida, modulado, pronto – os mo-
II. O fluxo é a análise do caminho que o cliente biliários para a instalação de uma loja ou PDV
deverá fazer no ambiente, assim, a escolha do são compostos, normalmente, pelas mesmas
piso deve ser feita a partir de seu desenho. peças, que atendem a maioria dos produtos
que são comercializados. Apresente quais são
III. A segurança deve ser reforçada no caso de
essas peças e suas características.
locais que tendem a ter a visita de idosos e
crianças.
IV. É necessária a verificação do clima, conside-
rando que pisos cerâmicos dilatam no verão
e, se forem instalados em locais quentes, po-
dem rachar.
V. A análise do tamanho do ambiente permite
que se escolha piso em tamanho mais ade-
quado.

39
LEITURA
COMPLEMENTAR

Circulação - Sua importância no layout da loja


[...]

O tamanho e o tipo adequado de acesso, a distribuição Um espaço destinado ao varejo pode ser dividido basica-
do mobiliário expositor e o posicionamento de elemen- mente em três grandes áreas: áreas de exposição, áreas
tos como o caixa são alguns destes pontos chave no de serviço e áreas de circulação. Dentro destas áreas al-
layout da loja. O conjunto no ordenamento destes pon- gumas porções merecem um destaque. Em uma distri-
tos define aquele que talvez seja um dos maiores fatores buição racional (ideal) na composição de um bom layout
de conforto do cliente dentro da loja: a circulação. de loja consideremos alguns tópicos:
Muitas limitações têm origem na tipologia dos imóveis Acesso: a porta de acesso à loja dever ser percebida com
encontrados na grande maioria das cidades brasileiras. clareza, ela deve ter dimensões compatíveis com o fluxo
Espaços nem sempre regulares (sem ângulos retos), pou- esperado de pessoas. A distinção do local de entrada na
ca largura, pé direito reduzido, muitas colunas e outros loja do restante de sua fachada ou vitrine influencia na
elementos estruturais ou instalações que normalmente percepção do cliente em relação ao “mundo exterior” e
estão localizados em pontos nobres do imóvel. A quan- o “ambiente de vendas”. Esta percepção é descrita por
tidade de imóveis que não se enquadram nestas carac- alguns autores como a sensação de um verdadeiro por-
terísticas é reduzida, sendo ocupados, geralmente, por tal, demarcando subjetivamente a transição do espaço
grandes redes varejistas e instituições bancárias. Fican- exterior, com suas dificuldades (sol, calor, frio, trânsito,
do a maior parcela dos estabelecimentos comerciais dis- aglomerações) para o espaço interior da loja, com suas
tribuída em imóveis que já de início apresentam determi- facilidades (temperatura agradável, amenidades, segu-
nantes para o layout e circulação das lojas. rança).
Assumidas estas determinantes iniciais dos imóveis, um Entrada: na primeira porção, os primeiros metros do
ambiente de varejo eficiente e agradável deve levar em percurso do cliente dentro da loja também são conheci-
conta a observação e interpretação das características dos como área de descompressão. Neste espaço, o cliente
dos produtos comercializados e do comportamento do ainda está adaptando seus sentidos à transição entre os
consumidor (público alvo). A concepção do layout de dois ambientes (exterior e interior). A disposição de pro-
uma loja pode levar em conta, também, um conjunto dutos neste trecho já pode direcionar o cliente para o
de outros pontos como conceito da marca, estratégias percurso desejado. Tomando o devido cuidado para não
corporativas, posicionamento no mercado, entre outros. colocar produtos ou comunicação visual em excesso que
Os padrões de comportamento dos seu público alvo e as torne a primeira impressão da loja confusa.
características do mix de produtos serão os pontos que Salão de vendas: zona que pode ser decomposta em
demandarão mais atenção em relação à ocupação e dis- trechos mais específicos dependendo da natureza da
tribuição espacial. loja. Mas em geral é onde o consumidor têm contato

40
LEITURA
COMPLEMENTAR

com o produto e é exposto aos estímulos da atmosfera estes contatos se concretizem no encontro de um pro-
da loja. Nesta parte do interior da loja é que se formam duto que se procura ou na aquisição de outros itens por
as mais importantes influências na experiência de com- impulso.
pra dentro do PDV. Todos os recursos para estímulo ao Ainda em relação às circulações, alguns padrões tam-
consumo são mais eficazes neste área como som, chei- bém devem ser observados na composição de um
ros, iluminação e o tato (experimentação e contato com layout como a preferência pela maioria da população
o produto). Intervalos na exposição de produtos ajudam em iniciar a circulação em uma ambiente pelo seu lado
o consumidor a visualizar melhor todo o sortimento e direito e continuar o percurso em sentido anti-horário.
melhoram a circulação. Os fatores comportamentais e biológicos que levam a
Serviços: áreas destinadas aos estoques (quando situa- estes padrões são estudados a tempos, mas ainda sem
dos no mesmo plano do salão de vendas), balcões, caixa chegar a uma conclusão definitiva. Por meio de pesqui-
e provadores. Dependendo do tipo de loja, a interligação sas sabe-se que 90% da população mundial é destra e
de alguns destes elementos – balcões e provadores, por nos países ocidentais a maioria apresenta este padrão
exemplo – com a área de exposição (salão de vendas) é de atenção e circulação. Outro padrão que influencia na
direta e essencial nas decisões de compra. ordenação dos layouts e das circulações é a estatura
Circulação: através dela é que são feitas as transições média do consumidor. Este fator está diretamente liga-
entre as diferentes áreas de uma loja. A partir das cir- do às faixas de visualização dos produtos nas gôndo-
culações é que são observados – nos expositores – os las e displays, e com a facilidade de tocá-los e pegá-los.
produtos. Por isso, devem permitir o fluxo de pessoas Produtos expostos a 1,60m do piso estarão localizados
dentro do percurso da loja e a parada por alguns instan- próximos à altura dos olhos dos consumidores em uma
tes para travar contato com as áreas expositoras. Quan- situação de visibilidade e acessos privilegiados. Já os
to mais convidativa, mais acessível e confortável é uma expostos acima de 2,00m de altura e abaixo de 0,50m
circulação, maior será a profundidade percorrida pelo a partir do piso estarão em situações desfavoráveis de
consumidor dentro de uma loja. E, segundo estudos, visualização. [...]
quanto maior a distância percorrida por consumidores
Fonte: Radamarker (2012, on-line)1.
entre os produtos expostos, maiores são as conversões
de venda. As circulações devem ser pensadas de for-
ma a guiar o consumidor por meio de um percurso, em
que a diferente exposição de produtos permitirá que
ele tenha contato com o máximo de itens do mix e que

41
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Design Shops - Diseño de Tiendas


Arian Mostaedi
Editora: Monsa
Ano: 2003
Sinopse: os espaços comerciais foram, no alvorecer do século,
o primeiro a conhecer novas técnicas de construção nascidas
no calor da Revolução Industrial. Os novos mercados e galerias
de capitais europeias têm representado o germe do que, hoje, é
um dos melhores expoentes das últimas tendências em termos
de linguagem e de materiais no campo de design de interiores.

Visual Merchandising - Vitrines e Interiores Comer-


ciais
Tony Morgan
Editora: GG
Ano: 2014
Sinopse: O Visual Merchandising é fundamental para qualquer
estabelecimento comercial, pois fortalece a imagem de marca
da loja e é capaz de aumentar, consideravelmente, as vendas.
Seja por meio de vitrines impactantes que atraem o público in-
centivando-o a entrar na loja, seja por meio de um layout especial e determinados recursos,
que orientam a circulação do consumidor pelo interior do estabelecimento, estimulando-o a
passar mais tempo, o Visual Merchandising pode tornar a experiência de compra inesquecível.

42
DESIGN

Uma das ruas comerciais mais luxuosas do Brasil – talvez a mais luxuosa – a Oscar Freire pos-
sui lojas de diversas grandes marcas mundiais, e cada uma delas com projetos de interiores
muito interessantes, personalizados e diferenciados. Acesse o link disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=3ZD8Mp4RLQo>.

Neste outro link, você encontrará uma cartilha com dicas sobre fachada, vitrine, mobiliário,
circulação de clientes, exposição de produtos e precificação, entre outros assuntos. Confira!
Acesse o link disponível em: <http://www.sebraemercados.com.br/guia-pratico-de-visual-de-
-loja/>.

Acesse o link e conheça o banco de imagens com quase 6.000 fotos de lojas. Elas podem ser-
vir como correlatos e virarem inspiração e base para novas ideias: <https://www.vivadecora.
com.br/decoracao/espacos-comerciais/pagina/2>.

43
referências

CHING, F. D. K.; BINGGELI, C.; SALVATERRA, A. Arquitetura de interiores


ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
ELY, V. H. M. B.; PEZZINI, M. R. Usabilidade de armários modulados em apar-
tamentos reduzidos. Revista Design & Tecnologia, Porto Alegre, v. 1, n. 01. p.
15-27, 2010.
FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunica-
ção. 6. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2011.
FAZENDA, J. M. R. Tintas imobiliárias de qualidade: livro de rótulos da ABRA-
FATI. 2. ed. São Paulo: Blücher, 2009.
FIGUEROLA, V. Os requisitos técnicos e subjetivos para o projeto de lojas co-
merciais. Revista AU – Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, ed. 254, maio 2015.
GIBBS, J. Design de Interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. São Pau-
lo: GG, 2015.
GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
comerciais. 4. ed. São Paulo: Senac, 2013.
LOURENÇO, F.; SAM, J. O. Vitrina: veículo de comunicação e venda. São Paulo:
Senac, 2011.
MACINTYRE, A. J. Instalações hidráulicas prediais e industriais. 3. ed. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1996.
NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. 4. ed. Rio de Janeiro: LTD,
2000.
PARENTE, J. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 200o.
VALLI, A. Armazenamento Residencial: uma análise dos projetos da produção
imobiliária da cidade de São Paulo no início do século XXI. 2011. 363 f. Dis-
sertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

44
referências

Referências On-line
¹Em: <http://www.arquitetarcomercial.com.br/site/news/?id=127>. Acesso em:
30 mar. 2017.
²Em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Poder_do_Marketing_
Sensorial.htm>. Acesso em: 10 dez. 2016.
³Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-melhorar-
-a-circulacao-em-sua-loja,a34d43d56b26f410VgnVCM1000004c00210aR-
CRD>. Acesso em: 30 mar. 2017.
4
Em: <http://www.gazetainformativa.com.br/moveis-planejados-e-sob-medi-
da/>. Acesso em: 10 dez. 2016.
5
Em: <http://revista.zapimoveis.com.br/qual-a-diferenca-entre-moveis-planeja-
dos-e-sob-medida-3934829-sc/>. Acesso em: 30 mar. 2017.
6
Em: <http://blog.wedologos.com.br/fachadas/design-de-fachadas-comer-
ciais/>. Acesso em: 30 mar. 2017.
7
Em: <http://www.abceram.org.br>. Acesso em: 11 dez. 2016.
8
Em: <http://chocoladesign.com/fachadas-e-placas-criatividade-na-hora-da-
-aplicacao>. Acesso em: 12 dez. 2016.
9
Em: <http://www.inovecomunicacaovisual.com.br/noticiaDetalhebaaa.html?-
not=62>. Acesso em: 22 mai. 2017.

45
gabarito

1. C.

2. B.

3. Segmentação de mercado é a definição do público que se pretende atender em


determinado comércio, considerando o produto a ser comercializado, o local onde
será instalada a loja, preços das mercadorias, entre outras informações. Para o de-
signer de interiores, é preciso saber esta informação para as tomadas de definição
sobre como será o projeto, já que as definições da segmentação é que indicam
para qual(is) cliente(s) o projeto será elaborado.

4. D.

5.
• Balcão ou showcase: é o suporte para a venda, a base utilizada pelo vendedor para
demonstrar o produto. Algumas vezes, serve, também, como expositor, mas, se-
gundo os autores, não deve ser utilizado como depósito para mercadorias.
• Gôndolas: peças comuns em lojas de departamentos, de conveniência e super-
mercados, podem ser compostas por ganchos, araras ou prateleiras, com a pos-
sibilidade, ainda, de serem móveis. Suas pontas são ideais para a exposição de
produtos em promoção e, dependendo da localização podem ter função de vitrine.
• Nichos: utilizados para aproveitar melhor o espaço da lojas, já que são presos à
parede, ocupam áreas que, normalmente, não teriam outras funções, como atrás
do caixa, crediário, corredores e colunas.
• Prateleiras: usualmente, utilizadas para estoque da mercadoria, podendo ser mó-
veis, fixas ou pendentes. Conseguem, ainda, expor a mercadoria, dependendo de
como são utilizadas e do que é o produto.
• Displays: normalmente, são pequenas peças utilizadas para o merchandising de
peças específicas, mas podem ser, também, peças maiores que assumem o papel
de mobiliário e ocupam o espaço como tal.
• Pedestais: peças móveis que podem ser movimentadas conforme o produto a ser
exposto, podendo ser removíveis e guardadas quando necessário. Servem para
elevar produtos do piso ou acima de outras estruturas.
• Painéis: assim como os nichos, aproveitam espaços vagos. Neles a mercadoria
pode ser pregada para ser exposta. Tendem a desvalorizar o produto.
• Praticáveis: têm a função de elevar o produto, como os pedestais, mas são peças
maiores, que podem ser empilhadas. Muito utilizados para expor mercadorias nos
corredores de supermercados, lojas de departamentos e de eletrodomésticos.
• Araras: usadas em PDV de confecções, podem ser feitas de diferentes maneiras e
materiais, sendo uma ótima opção para expor roupas em cabides.
• Gancheiras: fixas ou móveis, podem ser instaladas em painéis, telas e expositores
perfurados ou slatwall. Utilizadas para produtos que podem ser pendurados.

46
UNIDADE
II
PROJETOS CORPORATIVOS

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Compreender quais são os objetivos determinantes em um
projeto de escritório.
• Conhecer as definições prévias indispensáveis ao projetar
um escritório.
• Perceber as diferentes áreas possíveis dentro do escritório.
• Entender as especificidades de cada área dentro do
escritório.

Objetivos de Aprendizagem
• Pré-projeto
• Áreas de um escritório
unidade

II
INTRODUÇÃO

O projeto de interiores de um escritório diz respeito àqueles ambien-


tes de trabalho organizacional e corporativo, em que diferentes pessoas
atuam, normalmente, na administração de empresas e negócios. Habi-
tualmente, está mais associado à prestação de serviços, como contabili-
dade, advocacia, entre outros, mas está presente, também, em diferentes
situações e áreas, como em escolas, hospitais, consultórios, comércio e
indústrias em geral.
Independentemente de onde está instalado, as atividades que serão de-
senvolvidas em seu interior são, normalmente, as mesmas, e suas necessi-
dades de instalações também. Como em qualquer projeto desenvolvido por
um designer de interiores, o principal objetivo deve ser a funcionalidade.
Para alcançar este objetivo geral, é necessária a definição de outros
pequenos objetivos relacionados ao perfil da empresa e às atividades que
serão desenvolvidas nos ambientes. Sendo assim, na primeira aula desta
unidade, trataremos exatamente deste conteúdo, os objetivos a serem
definidos durante a elaboração do briefing do projeto: produtividade,
custos, flexibilidade, interação, criatividade, atrair e reter pessoas e mar-
ca. Todos estes são objetivos em que o projeto de interiores pode ter par-
ticipação.
Além disso, ainda existem definições prévias ao desenvolvimento do
projeto em si, mais uma vez, embasadas em definições do seu cliente. São
essas: local, uso, tipo de layout, aparência, necessidade de arquivamento
e padronização.
Na segunda aula, trataremos das áreas a serem desenvolvidas dentro
do escritório, considerando que, além dos espaços de trabalho propria-
mente, os escritórios podem ter salas de reuniões, espaços para arquiva-
mento, salas de café, de descanso, recepção, entre outros.
Te convido, agora, para ingressarmos no mundo dos projetos de escri-
tórios, lembrando, mais uma vez, que todo o conteúdo base do design deve
ser aplicado a qualquer projeto de um designer de interiores. Vamos lá!
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

PRÉ-PROJETO
Assim como em outros projetos de interiores, é preciso algumas definições mes-
mo antes de se iniciar, efetivamente, o projeto, para que todas as escolhas sejam
pautadas na busca da melhor solução para o ambiente, buscando corresponder
às reais necessidades do cliente e do espaço, atendendo aos objetivos a que se
propõe o escritório. Este levantamento inicial, realizado por meio de entrevista
com o(s) cliente(s), de observação e pesquisas, chamamos de briefing.
Isto sabemos que você já conhece, então, iremos aplicar outras ferramentas
e modos de montagem do briefing, buscando facilitar o processo de decisões do

52
DESIGN

seu projeto de escritório. Considerando as informações necessárias para traçar


o projeto, utilizaremos a tomada de decisão a partir dos objetivos.

BRIEFING - OBJETIVOS DO PROJETO

No geral, o principal objetivo do projeto de interiores de um escritório deve


ser “dar suporte aos seus ocupantes no exercício de suas funções e atividades"
(MEEL; MARTENS; REE, 2012, p. 19).

53
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Mas, a partir deste objetivo geral, podemos estabelecer objetivos específi-


cos, personalizados, considerando as necessidades do cliente e dos usuá-
rios em geral. Para que os objetivos possam ser alcançados, eles precisam
ser claros e bem estabelecidos, desta maneira, discorreremos sobre os
principais objetivos apresentados pelos autores citados anteriormente.

Melhorar a produtividade
Pode ser destacado como um objetivo geral, consi-
derando que todos os clientes deverão apresentar
este desejo ao procurar um designer para desenvol-
ver o seu projeto. Mas, apesar de comum, não é tão
simples de ser atendido. Avaliar produtividade não é
algo que cabe ao designer e, mesmo que ele observe
a rotina do escritório (no caso de ele já estar em fun-
cionamento), ou de outro com atividades semelhan-
tes, o resultado efetivo somente é mensurável pela
direção, ou ainda, por uma auditoria.
Mesmo assim, existem ações que podem ser aplica-
das em qualquer situação, ou pontualmente, quan-
do se identificar a necessidade. De acordo com Meel,
Martens e Ree (2012), a primeira observação deve
ser em relação aos preceitos básicos da Ergonomia,
seguida do conforto ambiental (térmico, acústico e
visual), considerando que diferentes atividades e
funções exigem diferentes soluções e níveis de adap-
tação.
Caberá ao designer analisar as atividades do escri-
tório, o perfil dos funcionários, e buscar as soluções
personalizadas. Uma atividade em que é necessária
bastante concentração, por exemplo, pede um am-
biente com um maior investimento na acústica, sem
muitos elementos e cores, com equilíbrio simétrico e
com o ponto de destaque próximo à área de traba-
lho. Assim como uma atividade de desenvolvimento
criativo pede um local com estímulos. Figura 1 - O layout pode melhorar a produtividade

54
DESIGN

Redução de custos
Cada estação de trabalho tem um custo não só
para sua montagem, mas também para sua manu-
tenção. De acordo com os autores, uma estação de
trabalho é ocupada, em média, entre 50 e 60% do
tempo de funcionamento diário da empresa. Dessa
maneira, certamente, a maximização das áreas de
trabalho é um dos objetivos fortemente desejados
por clientes que procuram um designer para a ela-
boração do projeto do escritório de sua empresa.
Propor multifuncionalidade dos espaços, comparti-
lhamento de mesas, estações de uso comum, são
algumas das sugestões que o designer pode fazer Figura 3 - O layout pode estimular a integração dos funcionários
visando esse objetivo. Padronização de dimensões
de mobiliários facilitam e diminuem os custos de Incentivar a interação
alterações futuras necessárias, considerando que De acordo com Meel, Martens e Ree (2012, p. 23),
a maior parte dos escritórios precisam passar por “A interação entre funcionários é considerada um
adaptações posteriores a sua instalação ou reforma. fator fundamental para o sucesso do desempenho
Importante que a busca pelo cumprimento desse organizacional”, e cabe, também, ao ambiente pro-
objetivo não impacte no objetivo de produtividade porcionar mais possibilidades de interação, além
apresentado anteriormente, considerando que os de estimular essas interações. Este objetivo é re-
custos de um funcionário são muito mais altos do fletido, principalmente, no layout do escritório, em
que o de manutenção de espaço. especial, naqueles do tipo plantas livres (entende-
remos nos próximos tópicos), em que não existem
barreiras físicas entre as pessoas.
Apesar de importante, nem sempre a interação é
desejada de forma tão plena pelos gestores da em-
presa e, assim, é necessário que o designer consiga
estabelecer, no briefing, qual é o nível de interação,
quem deverá interagir, com quem e com que tipo e
frequência haverá interação.
É importante ressaltar que, mesmo em empresas
nas quais a interação é bastante importante e in-
centivada, em determinados momentos, pode ser
necessário maior nível de privacidade e silêncio.
Dessa forma, pode ser proposto uma sala que per-
Figura 2 - Estações de trabalho que permitem o compartilhamento mita o atendimento a estes casos específicos.

55
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Aumentar a flexibilidade
Este objetivo está diretamente ligado à redução de
custos, considerando que os escritórios atuais pas-
sam por mudanças de estruturas e processos de
trabalho com bastante frequência. O seu interior
precisa atender essas mudanças e, quanto mais fle-
xíveis e mutáveis forem os ambientes, menor será
o custo nesses processos de adaptações.
Para que o designer possa propor um ambiente Figura 4 - Mobiliários multifuncionais maximizam o uso dos espaços

com seus elementos flexíveis, ou seja, que possam


ser alterados com facilidade, é preciso que se esta- SAIBA MAIS
beleça quais são as alterações possíveis de aconte-
cer. Para tanto, é necessário conhecer a dinâmica A caracterização de uma peça multifuncional
da empresa, qual é a rotatividade de funcionários e pode ser entendida por duas maneiras: uma
a possibilidade de mudança de atividades a serem delas é quando a peça é multifuncional por
ter tido diferentes funções definidas em seu
desenvolvidas por todos. É fundamental definir a projeto, sejam elas sobrepostas ou ocorrendo
dimensão das mudanças passíveis de ocorrerem. independentemente uma da outra. Por exem-
A flexibilidade é inserida de diferentes maneiras, plo, uma mesa que pode também ser usada
como cadeira ou como banco: as funções
começando pelas divisórias do espaço, que podem de mesa, cadeira e banco podem ocorrer ao
ser de gesso, de gesso acartonado, drywall, MDF mesmo tempo ou alternadamente. A segunda
ou de vidro, sendo que todos estes materiais per- maneira é quando a peça de mobiliário apre-
senta multifuncionalidade pela indetermina-
mitem alterações sem grandes reformas, e os dois ção de funções, ou seja, propositalmente seu
últimos são os mais versáteis. Além disso, pelo tipo projeto não define uma função, mas serve-se
de mobiliário escolhido, podem, inclusive, ser locais de um design que dá ao usuário condições
de conferir-lhe usos diversos.
de trabalho utilizados por diferentes funcionários,
se for necessário. Uma opção para a escolha dos Fonte: Tramontano e Nojimoto (2003, on-line)1.

móveis é o mobiliário multifuncional.

56
DESIGN

Estimular a criatividade
A criatividade, hoje, é aplicada a, praticamente, to-
dos os segmentos, sendo considerada uma forte
ferramenta na busca de soluções. Ela é amplamen-
te utilizada na busca de inovações. O ambiente em
que o profissional atua pode estimular de forma
bastante produtiva a criatividade, sendo que todas
as escolhas no projeto de interiores são itens en-
volvidos, como a distribuição no layout, o formato
de móveis e equipamentos, as cores (de tudo) e de-
mais itens que forem inseridos neste espaço.
As cores e formas são elementos amplamentes
utilizados para este fim, atualmente, encontramos
diferentes referências em espaços corporativos de Figura 6 - O escritório deve ser agradável aos usuários
grandes empresas, que acreditam na criatividade
como meio de produção. Existem, ainda, aquelas Atrair e reter pessoal
que, além desses elementos, incluem, no escritó- Este item também é algo que passou a ser valori-
rio, alguns itens mobiliários e equipamentos, como zado nos últimos anos, com a competitividade do
mesas de bilhar, jukeboxes e puffs. mercado disputando bons profissionais e devido
É claro que, para cada tipo de atividade desenvolvi- ao perfil da geração Y (que não se apega à empresa
da, se fazem necessários um tipo e uma quantida- e aceita a mudança de trabalho apenas pelo novo
de de estímulos visuais, é necessário avaliar qual desafio), proporcionar um ambiente que ajude na
é o grau de criatividade que se pretende alcançar, retenção destas pessoas é primordial. Sabemos
entender as tarefas e o perfil dos funcionários/usu- que os maiores responsáveis por manter um fun-
ários desse ambiente, e mais, saber o que o gestor cionário é um bom salário, boas condições de tra-
pensa e deseja com isso. balhos e possibilidades de crescimento, mas o pro-
jeto de interior pode, sim, ser mais uma ferramenta
nessa tarefa.
Para que isso se torne efetivo, é preciso criar am-
bientes de trabalho atraentes, envolvendo confor-
to e saúde e, para isto, aplicar conceitos de ergo-
nomia, conforto ambiental, com iluminação e clima
(temperatura) agradáveis. Novamente, é importan-
te saber o perfil dos funcionários da empresa, já
que bastante dessas percepções do ambiente são

Figura 5 - Escritórios do Google estimulam a criatividade


psicológicas e comportamentais, variando e de-
Fonte: Dobrica (2012, on-line)2. pendendo de quem são essas pessoas.

57
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Expressar a marca
Além da logo, papelaria, embalagem, sites e publi- Figura 7 - O uso da logo e das cores deve ser utilizado no projeto
cidade, a sede da empresa também compõe a ima-
gem particular dela e de seus produtos ou serviços
SAIBA MAIS
percebida por seus clientes ou outros públicos es-
tratégicos. A essa imagem, damos o nome de bran-
ding, que é considerado uma grande ferramenta do Branding ou gestão de marcas, como é muito
design. conhecido por aqui, é um conjunto de ações
estratégicas que, quando aplicadas de forma
Uma das maneiras de trabalhar esse objetivo no eficiente, contribuem para a construção da
projeto de interiores é utilizar a logo da empresa percepção de seu consumidor em relação
em diferentes aplicações no espaço, além de par- a sua empresa de forma positiva – ou seja,
como você gostaria que ele a interpretasse.
tida para o desenvolvimento de outros elementos, Ele corresponde à identidade, que precisa ser
por exemplo, uma empresa com logo em formas única em todos os pontos de contato, e deve
curvas, desenvolver mobiliários que sigam esse pa- ter ligação com os interesses e necessidades
do público que se pretende atrair. Por isso, é
drão, ou ainda, a aplicação das cores da logo. Inte- correto afirmar que branding é, na verdade,
ressante que a aplicação do branding em um proje- a percepção de seus clientes em relação a
to de interiores seja mais perceptível e direta nos sua marca, e não o que você gostaria que
ela fosse.
ambientes onde são recebidos clientes e visitantes,
e nos espaços destinados a funcionários, esse uso Fonte: Kruger (2015, on-line)3.

se torne mais sútil.

58
DESIGN

DEFINIÇÕES PRÉVIAS

Ainda, antes de entrar na fase de projeto, é neces- Arquivamento: sem papel versus menos papel
sária a tomada de algumas decisões indispensáveis Os funcionários trabalham em um ambiente intei-
na busca por uma boa solução para sua proposta. ramente digital ou há espaços para livros e relatórios
Essas decisões são tomadas a partir do briefing e da físicos?
conversa com os gestores, já que eles decidirão sobre
o projeto. Meel, Martens e Ree (2012) apresentam os Padronização: soluções sob medida versus um
seguintes itens como escolhas cruciais antes de en- conceito único para todos
trar na fase de projeto: O conceito de escritório se aplica à organização
como um todo ou os diferentes departamentos têm
Local: o escritório versus outros lugares liberdade para fazer escolhas diferentes sobre os cin-
Os funcionários trabalham no escritório ou têm a li- co tópicos anteriores?
berdade para trabalhar em outros lugares, como em Torna indispensável estabelecer com o gestor
casa, no escritório do cliente ou em locais públicos, dá resposta para cada um dos itens, para, posterior-
como cafeterias? mente, dar início ao projeto.

Uso: estações de trabalho fixas versus indeter-


minadas
Os funcionários possuem suas próprias estações de
trabalho individuais ou fazem uso compartilhado de
vários espaços de trabalho indeterminados?

Layout: com paredes versus sem paredes


O layout do escritório fundamenta-se, principal-
mente, em espaços abertos ou fechados, ou é uma
combinação equilibrada de ambos?

Aparência: espaço neutro versus espaço ex-


pressivo
O escritório é um espaço neutro e prático para a re-
alização do trabalho ou tem uma aparência expres-
siva, visualmente arrebatadora?

59
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Áreas de um
escritório
Dentro de um escritório corporativo, são desenvol- Nesta aula conheceremos as possibilidades e al-
vidas várias atividades, que exigem diferentes espa- gumas informações a respeito de cada uma dessas
ços, dependendo das operações que ali acontecem. áreas.
Normalmente, as áreas necessárias são os espaços
de trabalho, em que os colaboradores realizam seus ESPAÇOS DE TRABALHO
trabalhos diários, espaços para reuniões, em que os
colaboradores se reúnem, e, ainda, alguns espaços A escolha do tipo de espaço de trabalho que será
de apoio, como sala de arquivo, de alimentação de projetado e instalado dentro de um escritório deve
descanso, recepção, entre outros. ser embasada em diferentes fatores: dimensões do

60
DESIGN

ambiente, tipo de atividade a ser desenvolvida, equi- Outra questão que influencia na decisão do pro-
pamentos necessários para a realização dessas ativi- jeto de escritório é o tipo de fechamento necessário,
dades, perfil dos funcionários, entre outros aspectos que dependerá das atividades a serem desenvolvi-
que o designer julgar necessário. das, já que algumas precisam de mais privacidade e
concentração do que outras.
REFLITA Como determinante para essas tomadas de deci-
sões, Meel, Martens e Ree (2012) apresentam o espa-
Passamos muitas horas do dia em nossos am- ço mínimo a ser destinado por estação de trabalho:
bientes de trabalho, pensar nesses espaços
e projetá-los está intimamente relacionado à
qualidade de vida de seus usuários.

Tabela 1 - Espaço mínimo para estação de trabalho

Espaço básico para escrever e digitar


4m²
(desktop ou laptop)

Espaço adicional para colocar papéis


1m²
(como bandeja de entrada)

61
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Espaço para arquivamento (por cada


1m²
arquivo)

Espaço para reuniões (para cada ca-


1,5m²
deira adicional)

Fonte: a autora.

Assim, subentendemos que, para atender, satis- tórios assumem, em seu espaço, o tipo “escritório
fatoriamente, o usuário, uma estação de trabalho aberto”, que serve de uso para mais de dez pessoas.
para o uso de computador, documentos e um arqui- Este tipo de escritório estimula a integração entre
vo ocupará um espaço mínimo de 6m². Se esse mes- todos os usuários, mas não é indicado, por exem-
mo espaço servir para atender os clientes em peque- plo, para atividades que exigem concentração. Nesse
nas reuniões, será necessário acrescentar mais 1,5m² caso, torna-se importante o cuidado com o confor-
por cadeira adicional, ou seja, para o atendimento to acústico e térmico, para melhorar o uso coletivo
de duas pessoas, o espaço total ficaria em 9m². do ambiente. Para esta opção, é recomendado a área
Atualmente, entre outros motivos, devido à mínima de 6m² por estação de trabalho.
diminuição das áreas dos edifícios, diversos escri-

62
DESIGN

Em situações em que é necessário ainda mais


concentração, mas mantendo alguma interação en-
tre os usuários, a opção indicada é a da estação ce-
lular, também conhecida como baia ou ilha. A área
mínima, para este caso, continua ser a de 6m², mas
é preciso cuidado para que não cause a sensação de
claustrofobia aos funcionários.

Figura 8 - Escritório do tipo aberto

Outra possibilidade de escritório é o do tipo es-


tação linear, em que não existem grandes limitadores
das estações, mas alguns elementos que estabelecem
um limite entre a área de um funcionário e outro,
proporcionando um local um pouco mais apropria-
do para atividades de nível médio de concentração,
sem diminuir a interação entre todos.
Esta opção continua a oferecer uso eficiente do
espaço, e, dependendo da escolha dos móveis, pode
promover uma facilidade na alteração do layout,
caso sejam necessárias mudanças e adaptações. Da
mesma maneira que o escritório aberto, é preciso Figura 10 - Escritório do tipo estação celular

cuidado com as questões térmicas e acústicas.


Existem, ainda, situações em que a atividade a
ser realizada exige mais concentração e confidencia-
lidade das informações compartilhadas e, com isto, é
preciso que o espaço de trabalho seja individual e fe-
chado. Neste caso, a área mínima recomendada pas-
sa a ser de 9m², considerando-se a alocação de uma
mesa para uma pequena reunião de até três pessoas.
Esta opção oferece melhor qualidade acústica e
térmica, já que o controle de temperatura passa a ser
individual e personalizado. O custo de sua instala-
ção é mais alto, e a possibilidade de alteração é mais
Figura 9: Escritório do tipo estação linear. limitada, e tem pouca flexibilidade.

63
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Figura 11 - Escritório do tipo individual Figura 12 - Escritório do tipo compartilhado

Quando determinada atividade é compartilhada ESPAÇOS DE REUNIÕES


entre dois ou três membros da equipe de trabalho,
é possível instalá-los dentro do mesmo escritório, Assim como para a definição das áreas destinadas
o que minimiza um pouco os custos em relação ao aos espaços de trabalho, para os espaços de reunião,
escritório individual. Para este uso, mantemos a di- é preciso conhecer as práticas e, assim, as necessi-
mensão mínima de 6m² por pessoa e, no caso de ser dades. Para algumas corporações, a sala de reunião
necessário atender outras pessoas, como um cliente, precisa ter televisão ou projetor, pode ser necessário
acrescentar 1,5m² adicional por usuário. Por exem- um quadro branco, aparador para pequenos coffees,
plo, para que um funcionário possa atender uma frigobar, mesa extensora, entre outras especificida-
pessoa, a sua área mínima passa a ser de 7,5m². des. Reforço, mais uma vez, que o briefing é a etapa
A disposição das mesas dentro do ambiente mais importante no desenvolvimento de um projeto
pode ser frontal ou lateral, mas nunca de costas de interiores.
um para o outro, sendo indicado que todos os ocu- Meel, Martens e Ree (2012), desenvolveram,
pantes tenham a visão direta da porta. Esta opção é também para a sala de reuniões, uma lista com as
bastante agradável aos colaboradores, já que man- áreas mínimas recomendadas, tendo, como base, o
tém certa privacidade, mas não os isolam indivi- tipo de espaço de reunião:
dualmente. Tabela 2 - Áreas mínimas para sala de reuniões
Quando a atividade é desenvolvida por uma Espaço de reunião aberto 1,5m² por pessoa
equipe de quatro a dez pessoas, o escritório pode ser Espaço de reunião fechado 2m² por pessoa
pensado para o grupo todo, e o tipo do escritório Espaço de reunião com
3m² por pessoa
pode ser o de estação ou linear, promovendo a inte- equipamento/mobiliário especial
gração e comunicação entre os pares. Ponto de reunião 1m² por pessoa
Fonte: a autora.

64
DESIGN

Para os autores, a principal diferença entre os ti- Atualmente, com o perfil de empresas que va-
pos de espaços de reunião está relacionada ao núme- lorizam a criatividade e a integração entre os seus
ro de participantes e ao grau de abertura desse espa- colaboradores, muitas corporações têm optado por
ço. Existe, também, o tipo de reunião que acontecerá espaços de reuniões abertos ou semiabertos, poden-
ali, podendo ser formal ou informal, planejada ou do ser áreas pequenas ou grandes, dependendo da
espontânea – e esse fator muda as necessidades do necessidade. Essas áreas também costumam ser uti-
ambiente. lizadas para brainstorm e workshops.
A sala de reunião pode ser pequena para atender
às pequenas conversas do dia a dia, entre duas a qua-
tro pessoas, ou pode ser uma grande sala, que com-
porte um grande número de pessoas, dependendo
da necessidade da empresa. Uma opção para ma-
ximizar o uso dos espaços, considerando que uma
sala de reuniões grande pode ficar ociosa por vários
períodos, é possibilitar sua repartição por meio de
divisórias móveis, e tornar a sala em pequenas salas
de reuniões, mas que sejam usáveis diariamente. As-
sim, quando houver necessidade, as divisórias po-
dem ser abertas, e ela, novamente, atende ao número
maior de pessoas.

Figura 13 - Sala de reuniões com painéis divisores Figura 14 - Espaço para reuniões integrado ao escritório

65
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

ESPAÇOS DE APOIO

REFLITA Para o funcionamento da empresa, não bastam as


áreas de escritório e de reuniões, existem outros
O ambiente interfere, diretamente, no bem- ambientes essenciais para o bom andamento das ati-
-estar de seus usuários, caberá a você, como vidades e o atendimento das necessidades de fun-
designer de interiores, oferecer as melhores cionários e clientes. Estes espaços dão suporte aos
soluções para os espaços dos escritórios,
buscando a satisfação não somente dos diferentes processos de trabalho que são desenvol-
proprietários e gestores, mas de todos os vidos no escritório. Desta maneira, neste tópico,
colaboradores e clientes. discorreremos sobre alguns desses ambientes, suas
especificidades e necessidades.
Independentemente do tipo da sala, Gurgel O primeiro ambiente apresentado é o de arqui-
(2013) indica que é interessante oferecer um siste- vamento ou armazenamento, que pode ser utiliza-
ma de iluminação com a possibilidade de criação do para documentos, materiais de escritórios, su-
de diferentes atmosferas, alterando de acordo com primentos, entre outros. Com o uso cada vez mais
a necessidade de cada reunião ou atividade que ali frequente de computadores, esse ambiente teve sua
for realizada. Por exemplo, para uma projeção de utilização diminuída, mas ainda não é dispensável
imagem, com a utilização do projetor, é necessário pela maioria das empresas. É muito importante sa-
uma luz mais baixa, menos intensa, que não interfi- ber qual é o material a ser guardado neste ambien-
ra na visualização da imagem refletida. No caso da te para determinar o tipo do móvel, que podem ser
utilização do quadro negro, branco, de vidro ou ou- gavetas para pastas suspensas, prateleiras, nichos e
tros, para anotações e apontamentos de quem esti- armários fechados.
ver apresentando o conteúdo, o ideal é uma luz mais Também pode ser instalado dentro do próprio
alta, com mais intensidade, direcionada ao quadro. escritório, como um espaço aberto e integrado ao
Outro item importante, conforme indicado por restante, ser formatado pelo próprio móvel que o
Dabus (2016, on-line)4, é o levantamento das neces- compõe, ou ainda, ser construído de forma isolada,
sidades de equipamentos e infraestrutura elétrica, já com divisórias e porta. Sua existência e seu acesso
que diferentes equipamentos podem ser utilizados e facilitado podem contribuir para a diminuição de
precisam de cuidados em sua instalação. materiais sobre as mesas de trabalho, mantendo o
Para o autor, a sala de reuniões é um local muito espaço mais organizado.
importante dentro da empresa e comumente utili-
zado para o atendimento de clientes, assim, deve in-
corporar a identidade da corporação, assumindo seu
perfil, incluindo logo e outros elementos definidos
como identidade, cores e formas.

66
DESIGN

suem recepção separada do restante dos ambien-


tes, tornando-a apenas uma extensão dos demais,
demarcada, muitas vezes, apenas por mobiliários.
É indispensável, neste espaço, uma mesa ou
um balcão para apoio, tanto para os que chegam
quanto para o funcionário responsável por re-
cepcionar, normalmente, um(a) secretário(a) que
tem outras funções, como a de atender telefone,
cuidar de agenda, às vezes, até preencher algum
tipo de documento, emitir notas, entre outros. É
indispensável saber quais serão essas atribuições,
para dimensionar o mobiliários e as instalações
necessárias.
Outro mobiliário importante no espaço, mas
não indispensável, dependendo do tipo de em-
presa, é o assento para os que irão aguardar, que
Figura 15 - Arquivo com móvel funcional podem ser poltronas individuais ou sofás para
mais pessoas. Interessante que seja confortável,
Outro espaço bastante importante dentro da mas nem tanto, evitando, por exemplo, que a pes-
instalação de um escritório, é a recepção ou área de soa relaxe demais e tenha sono durante a espe-
espera, é a partir dele que todos, inclusive, clientes e ra. Sempre que possível, os assentos individuais
futuros clientes, têm o primeiro contato físico com são os mais indicados, já que, na maior parte das
a corporação, se considerarmos o velho ditado po- vezes, as pessoas que compartilharão o ambiente
pular que diz: “a primeira impressão é a que fica”, a são desconhecidos ou com vínculos apenas pro-
recepção é o ambiente que merece muito cuidado fissional, e a poltrona proporciona maior priva-
com o projeto. cidade.
Com as reduções das construções, a necessida- Interessante avaliar a necessidade de um apoio
de de maximizar o uso dos espaços e, também, com para água, café ou outros agrados que os gestores de-
o perfil mais despojado das empresas, encontra- sejam oferecer para os que ali aguardam.
mos, atualmente, alguns escritórios que não pos-

67
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Figura 16 - A recepção deve ter a “cara” da empresa Figura 17 - Refeitório corporativo

Os funcionários também merecem e, muitas É necessário que todas as etapas do projeto,


vezes, têm um espaço para eles, que pode ser o considerando as ferramentas do pré-projeto, se-
refeitório, a cafeteria, a sala para descanso, entre jam aplicadas a cada um dos ambientes dentro de
outras possibilidades, que variam de acordo com uma corporação, em cada um desses ambientes, são
o perfil da empresa e o número de funcionários. realizadas diferentes atividades e, assim, diferen-
A definição deste ambiente depende da descrição tes especificações devem ser aplicadas. Caberá ao
exata de sua função, e isto é detalhado pelo gestor profissional, o designer contratado, analisar e saber
de forma minuciosa, já que uma sala de descanso identificar essas questões, considerando o perfil e a
pode ser entendida como um local para que os fun- identidade da empresa, assim como de seus funcio-
cionários sentem para um café, uma pausa, pode nários e clientes, interpretando, de forma plena, o
ser um ambiente com televisão ou pode ser um es- briefing, traduzindo-o em forma de um projeto de
paço para que as pessoas possam dormir durante interiores que, realmente, atenda aos objetivos reais.
seus intervalos.

68
considerações finais

E chegamos ao fim da Unidade 2 do livro de Projetos Comerciais, Institucionais e


de Serviços, no qual tratamos, especificamente, de projetos de escritórios e todas
as questões que englobam este tipo de criação própria.
Estabelecemos, nesta unidade, quais são os objetivos a serem definidos e que
podem ser alcançados com um bom projeto de interiores de escritório. Entende-
mos, também, quais são as áreas comuns dentro desta instalação corporativa, in-
cluindo não somente a área de trabalho, mas de reuniões, e áreas de apoio, como
arquivo, recepção, copa, descanso, entre outras.
Além destas considerações, é indispensável, ao projetar um escritório, a aplica-
ção dos conceitos básicos do design, aprendidas no primeiro ano de curso: teoria
e fundamentos, processo criativo, metodologia do projeto e ergonomia. É muito
importante, também, que as decisões sejam pautadas nos conhecimentos técnicos
sobre materiais, cores, enfim, quaisquer decisão e aplicação no projeto precisam ser
embasadas em técnicas, para, assim, seu projeto ser “completo e útil”.
Diferentes estudos e casos comprovam o quanto um projeto de interiores
pode potencializar a qualidade de trabalho dentro de um escritório, incluindo
a produtividade dos usuários do espaço e funcionários da empresa. Além disso,
um bom projeto é atrativo, também, aos clientes dessa empresa, estimulando a
fixação da marca e do conceito do empreendimento.
Com estas informações, cada vez mais, empresários fazem a opção por con-
tratar um designer de interiores para a elaboração do projeto de seu escritório,
buscando as qualidades que este investimento pode reverter ao seu negócio.
Esse mercado é importante e potencial, mas também é complexo, tanto que
existem designers de interiores que se especializam, exclusivamente, em projetos
de escritórios, por isto, é indispensável sua constante atualização teórica sobre o
assunto, mesmo que o projeto de escritórios não seja a sua única atuação. Bons
estudos!

69
atividades de estudo

1. O projeto de interiores de um escritório apresenta diferentes objetivos,


relacionados ao próprio negócio e às vantagens que uma boa solução no
ambiente pode proporcionar. Apresente quais são esses objetivos, indis-
pensáveis para um bom projeto de interiores.

2. Ainda sobre os objetivos a serem alcançados com um bom projeto de in-


teriores de escritório, leia as assertivas e, em seguida, assinale a alterna-
tiva correta.
I. A melhora da produtividade está diretamente relacionada à aplicação de
conceitos de ergonomia e de conforto ambiental.
II. A multifuncionalidade dos espaços está relacionada aos objetivos de redu-
ção de custos e aumento de flexibilidade.
III. Qualquer atividade necessita de criatividade, dessa maneira, ambientes
com muitos estímulos, como cores, cabe a qualquer projeto de escritório.
IV. As cores da logo de uma empresa sempre devem ser utilizadas em um
projeto de interiores.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas II, III e IV estão corretas.
d. Apenas III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. Existem definições prévias a serem estabelecidas antes do início do de-


senvolvimento do projeto de interiores de um escritório em si, definições
essas que serão apresentadas pelo gestor da empresa em questão. Des-
creva quais são essas definições e do que se trata cada uma delas.

4. Aprendemos, no conteúdo referente aos projetos de interiores de escritó-


rios, que existem áreas mínimas a serem atribuídas a um espaço de traba-
lho, dependendo das atividades que serão nele desenvolvidas. Dessa ma-
neira, apresente qual é a área indicada para escrever e digitar (desktop
ou laptop) para papéis e atendimento a uma pessoa.

5. Sobre os tipos possíveis de divisão de escritório, leia as afirmativas e assi-


nale a alternativa correta.
I. Para os escritórios do tipo aberto, a metragem individual indicada é de
3m².

70
atividades de estudo

II. O escritório do tipo baia ou ilha é a melhor opção quando a atividade a ser
desenvolvida exige concentração e privacidade.
III. No escritório do tipo estação linear, não existem grandes limitadores das
estações.
IV. O espaço individual e fechado é a opção quando a atividade exige mais
concentração e confidencialidade das informações.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas II, III e IV estão corretas.
d. Apenas III e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

6. Observe as imagens e indique qual ambiente de um escritório ela, representam:

a. b.

c.

71
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ambientes corporativos que estimulam a criatividade

A criação de ambientes flexíveis e que estimulam a criatividade e o relacionamento


entre os colaboradores é uma das tendências da arquitetura corporativa da última dé-
cada. Grandes empresas têm apostado na adoção de elementos recreativos no local de
trabalho, acreditando que um pouco de descontração torna o ambiente mais agradável
e aumenta o desempenho dos funcionários.
Como criar um ambiente dinâmico?
Para a criação de um ambiente de trabalho mais dinâmico e alegre, pequenos detalhes
podem fazer toda diferença, porém alguns cuidados devem ser tomados quanto: às
cores, os móveis e a iluminação, pois, se mal planejados, podem influenciar o compor-
tamento dos colaboradores, aumentando a tensão. O ideal é que o primeiro passo seja
a contratação de uma empresa especializada em arquitetura corporativa, cujos profis-
sionais possam orientar soluções para a execução da atmosfera desejada. O projeto
começa com um diagnóstico, com o objetivo de entender o relacionamento entre os
funcionários da empresa, as situações de encontro que se pretende gerar e de onde
pode vir a inovação no projeto arquitetônico.
A tendência é integração
Um bom projeto arquitetônico pode influenciar no desempenho, na motivação, na ins-
piração na e criatividade de sua equipe. Uma das soluções que vêm sendo adotadas
é a criação de áreas que possam ser utilizadas tanto para situações formais, quanto
para momentos de descontração entre os funcionários. Salas de reunião, por exemplo,
podem apresentar um mobiliário que seja adaptável a situações informais, de confra-
ternização entre os funcionários. A criação de espaços de descompressão, como salas
de convivência, áreas para café, salas de jogos e espaços para leitura, também contribui
para o estímulo à produtividade e à criatividade da equipe. Para estes espaços, podem
ser adotadas estratégias de projeto como a adoção de cores mais vibrantes nas pare-
des e no mobiliário, a inserção de plantas por meio de um projeto de paisagismo, e até
medidas de marketing olfativo.

72
LEITURA
COMPLEMENTAR

Para o estímulo à criatividade, o layout do mobiliário de escritório também aparece


como um fator importante. Cada vez mais, empresas vêm adotando mesas sem baias
de divisão, permitindo que os funcionários compartilhem espaços, ideias e informa-
ções. Uma maior possibilidade de interação e comunicação permite a fomentação de
novas ideias e o incentivo à inteligência coletiva. O uso de cores também é de grande
influência no comportamento das pessoas, podendo alterar o estado de humor dos
funcionários e direcionar o ambiente para um uso mais alegre e descontraído. Cores
vibrantes podem ser adotadas em mesas, luminárias, esculturas, quadros, papel de
parede, inclusive no piso, dependendo do projeto.
Design moderno, cores ousadas e artigos decorativos diferenciados devem ser proje-
tados de forma a estar em sintonia com a atmosfera pretendida pela empresa, e com
os valores que esta deseja passar para seus funcionários e para os clientes que visitam
este espaço. Pessoas necessitam de estímulos diferentes conforme as atividades que
exercem, e a associação de ambiente de trabalho a momentos de lazer e descontração
demonstram que a empresa valoriza e se preocupa com a qualidade de vida de seus
funcionários, inspirando-os e motivando-os a terem ideias e a se revigorarem.
Fonte: Radomille (2015, on-line)5.

73
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

À Procura da Felicidade
Ano: 2007
Sinopse: Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que en-
frenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tenta-
tivas em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua
esposa, decide partir. Chris, agora, é pai solteiro e precisa cuidar
de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas cinco anos.
Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para conseguir
um emprego melhor, que lhe dê um salário mais digno. Chris
consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe sa-
lário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja
contratado e, assim, tenha um futuro promissor na empresa. Porém seus problemas finan-
ceiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris
e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que
consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão.
Comentário: neste filme, é possível conhecer um pouco mais o interior de grandes escritó-
rios corporativos, as divisões internas, o tipo de escritório em espaço compartilhado, sala de
direção e de reuniões.

O site Arcoweb apresenta diferentes projetos relacionados à Arquitetura e Design de Interio-


res, e dispõe de uma grande biblioteca de projetos de escritórios, em que são apresentadas
imagens e informações sobre cada um deles. Acesse o link disponível a seguir e confira!
<https://arcoweb.com.br/>

Outro assunto interessante para conferir, caro(a) aluno(a), é este que apresenta um pouco
do funcionamento do escritório da Google em São Paulo. Acesse o link disponível a seguir e
confira.
<https://www.youtube.com/watch?v=jvb6gUUDDSE>

74
referências

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


comerciais. 4. ed. São Paulo: Senac, 2013.
MELL, J. V.; MARTENS, Y.; REE, H. J. V. Como Planejar os Espaços de Escritó-
rios: Guia Prático para Gestores e Designers. São Paulo: GG, 2012.

Referências On-line
¹Em:<http://www.nomads.usp.br/site/livraria/livraria_artigos_online05.htm>.
Acesso em: 01 mar. 2017.
²Em:<http://www.srednja.hr/Novosti/Jeste-li-znali/Fotogalerija-Googleovi-ure-
di#ad-image-3>. Acesso em: 03 abr de 2017.
³Em:<https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/o-que-e-uma-marca-e-o-
-que-e-branding/>. Acesso em: 03 abr de 2017.
4
Em: <http://www.dabus.com.br/blog/2014/10/7-dicas-de-arquitetura-corpora-
tiva-para-a-sala-de-reuniao/> Acesso: 03 abr de 2017.
5
Em:<http://www.radoarquitetura.com.br/blog/ambientes-corporativos-que-es-
timulam-a-criatividade>. Acesso em: 04 de abr. 2017.

75
gabarito

1. Melhorar a produtividade; redução de custos; aumentar a flexibilidade; incentivar a


interação; estimular a criatividade; atrair e reter pessoal; expressar a marca.
2. A.
3.
• Local: o escritório versus outros lugares
• Os funcionários trabalham no escritório ou têm a liberdade para trabalhar em ou-
tros lugares, como em casa, no escritório do cliente ou em locais públicos, como
cafeterias?
• Uso: estações de trabalho fixas versus indeterminadas
• Os funcionários possuem suas próprias estações de trabalho individuais ou fazem
uso compartilhado de vários espaços de trabalho indeterminados?
• Layout: com paredes versus sem paredes
• O layout do escritório fundamenta-se, principalmente, em espaços abertos ou em
espaços fechados? Ou é uma combinação equilibrada de ambos?
• Aparência: espaço neutro versus espaço expressivo
• O escritório é um espaço neutro e prático para a realização do trabalho ou é ex-
pressiva, visualmente arrebatadora?
• Arquivamento: sem papel versus menos papel
• Os funcionários trabalham em um ambiente inteiramente digital ou há espaços
para livros e relatórios físicos?
• Padronização: soluções sob medida versus um conceito único para todos.
• O conceito de escritório se aplica à organização como um todo ou os diferentes
departamentos têm liberdade para fazer escolhas diferentes sobre os cinco tópi-
cos anteriores?
4. 6,5m².
5. D.
6.
a. A) Arquivo.
b. B) Sala de reuniões.
c. C) Recepção.

76
UNIDADE
III
ALIMENTAÇÃO - COZINHAS
PROFISSIONAIS

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conhecer as especificidades do projeto de interiores de
cozinhas industriais.
• Compreender questões de instalações, iluminação,
ergonomia, escolha de materiais, entre outros, aplicadas a
projeto de cozinhas profissionais.
• Entender quais são as áreas e setorizações necessárias
em cozinhas industriais, assim como os equipamentos
necessários para cada uma delas.
• Aprender as indicações para a elaboração do projeto de
interiores da área destinada a uso dos clientes dentro de
um comércio do segmento alimentício.

Objetivos de Aprendizagem
• O projeto
• Espaços e áreas de trabalho e equipamentos
• Área dos clientes
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a), iniciamos, agora, a Unidade 3 do livro de Projetos de In-


teriores Comerciais, Institucionais e de Serviços, na qual apresentarei a
vocês as questões relacionadas à atuação de um designer de interiores
em projetos comerciais, especificamente, do ramo alimentício, sendo que
este pode ser um restaurante, uma lanchonete, um bar, uma padaria, en-
tre outros.
Esse tipo de projeto apresenta muitas peculiaridades, que dizem
respeito não somente aos pontos comerciais, como já entendemos nas
unidades anteriores, relacionados a chamariz e permanência de clientes,
mas também às questões que garantem a qualidade da mercadoria, no
caso, aqui, alimentos, que serão oferecidos aos clientes. Dessa maneira,
a maior parte da unidade está dedicada ao projeto de cozinhas, em que
esses produtos serão preparados e armazenados, e, somente ao final da
unidade, trataremos da área destinada ao uso dos clientes.
Na primeira aula serão discutidos os assuntos que permeiam o pro-
jeto de cozinhas industriais/profissionais, quais são os pontos de partida
desse projeto, propostos como as questões mais importantes, e as indi-
cações quanto a cada item do projeto de interior, incluindo observações
sobre as instalações elétricas e hidráulicas, iluminação, ergonomia, a es-
colha de materiais, entre outros itens.
Também, nesta unidade, serão evidenciadas as áreas e os ambientes
necessários em uma cozinha profissional, tanto para atender aos pontos
de funcionalidade quanto para as questões legais e de higiene, evitando,
por exemplo, a contaminação cruzada.
Na última aula, explicarei os quesitos para a área utilizada pelos clien-
tes, em que os alimentos serão consumidos ou, ao menos, comercializa-
dos, considerando os fatores estéticos, mas, principalmente, as questões
funcionais a serem aplicadas, mais uma vez, entendendo a instalação de
um negócio como parte de sua estratégia de vendas.
Desejo que tenha uma ótima leitura!
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

O Projeto
O projeto de interiores de cozinhas profissionais é Quando o local for construído para a cozinha
bastante complexo, e exige do designer de interiores ser instalada, o ideal é que todo o layout de mobi-
diversos conhecimentos que vão além dos conceitos liários e equipamentos seja pensado e estabeleci-
básicos dos demais projetos comerciais. De acordo do, juntamente, com o projeto arquitetônico, o que
com Monteiro (2013), é necessária uma equipe mul- permitirá uma personalização mais adequada e de
tidisciplinar no desenvolvimento do planejamento melhor qualidade. Nos casos em que a instalação
físico de um serviço profissional de alimentação, de uma cozinha profissional ocorrer em edifícios
que inclui, além do profissional responsável pela já existentes, são necessários diferentes adaptações
elaboração do projeto, nutricionistas, chefes de cozi- e ajustes para que o espaço atenda às questões fun-
nhas e outros, para que todo o detalhamento atenda, cionais e legais.
de forma precisa, à real função de uso.

82
DESIGN

Para Monteiro (2013), os espaços da cozinha de- SAIBA MAIS


vem ser pensados a partir da disposição lógica dos
equipamentos, proporcionando: A contaminação cruzada ocorre quando os
• Flexibilidade e modularidade: com a escolha microorganismos de um alimento cru são
de mobiliários modulados, compatíveis entre transferidos para outro alimento já pronto
si, preferencialmente, com rodinhas ou pés para consumo. Uma carne crua, por exemplo,
tem grande quantidade de micro-organismos,
que permitam a remoção e facilitam a loco-
podendo, inclusive, veicular micro-organis-
moção para a limpeza ou quando for neces- mos patogênicos. Assim, se você corta uma
sária uma mudança no layout para atender ao carne e, na sequência usa a mesma faca – sem
novo processo de trabalho. Não é indicada a lavá-la – para cortar um legume, a contami-
criação de bancadas em alvenaria, o que in- nação é quase certa.
viabiliza possíveis alterações. Por isso, além de lavar bem as louças de co-
zinha, é necessário ter utensílios exclusivos
• Circulação e fluxos bem definidos: estabele- para manipulação e armazenamento de ali-
cer os fluxos necessários para a dinâmica da mentos crus. A tábua de corte, por exemplo,
cozinha, evitando a contaminação cruzada deve ser usada só para manipular carnes,
dos alimentos por bactérias nocivas à saúde, aves e peixes crus. Para vegetais, use outra.
como consequência de deslocamentos desne- Para alimentos prontos, idem. Esta regra vale,
também, para vasilhas onde se armazenam
cessários.
os alimentos. Lavar as mãos, entre uma ma-
• Espaços que facilitam a supervisão e a inte- nipulação e outra, também é essencial para
gração: a escolha por meia parede entre am- evitar a contaminação cruzada.
bientes, entre 1,10 e 1,20m permite que exista
Fonte: adaptado de Alimentos sem Mitos [2017], (on-
a definição dos espaços e que os equipamen- -line)1.
tos sejam instalados sem que os ambientes
sejam totalmente isolados.
No momento da elaboração do briefing, existem
questões a serem respondidas que influenciarão no
planejamento e no projeto. De acordo com Montei-
ro (2013), são estes os principais fatores:
• Número de refeições diárias, por tipo de re-
feição: desjejum, almoço, jantar, ceia e lanche.
• Número e tipo de população aos quais a re-
feição se destina.
• Tipo de cardápio.
• Tipos de instalações que serão utilizadas: gás,
eletricidade, água e esgoto.

83
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

• Nível de habilidade da mão-de-obra a ser nárias e lâmpadas nesses ambientes devem ser do tipo
contratada. seguras e estarem protegidas, evitando possível con-
• Capital a ser investido. taminação dos alimentos, caso venha a quebrar-se.
• Localização física do projeto. O projeto luminotécnico deve levar em conta o
• Localização territorial do projeto: tipo de re- grande número de superfícies refletoras existentes
gião. nesse tipo de instalação (aço inox, vidros etc.), defi-
• Utilização de produtos pré-processados. nindo a melhor localização para a instalação de cada
• Tipos de equipamentos a serem adquiridos. ponto de iluminação e especificando o tipo adequado.
• Legislação em vigor.
• Finalidade múltipla do espaço. ERGONOMIA

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS A ergonomia é um dos fatores mais importante na


elaboração do projeto da cozinha profissional, con-
Preveja todos os equipamentos que precisam de siderando que se trata de um ambiente de atividades
tomadas, entrada e saída de água, já definindo sua bastante intensas e complexas, por isto, é indispen-
localização, assim, as instalações serão dimensiona- sável a pesquisa sobre os aspectos funcionais aplicá-
das para atendê-los sem a necessidade de adaptações veis às atividades que ali serão desenvolvidas. Além
posteriores. As instalações prediais de edificações disso, fatores ambientais como ventilação, acústica
mais antigas precisam de revisão e manutenção, é e segurança também estão relacionados à qualidade
comum que sejam necessários ajustes para atender do espaço para os futuros usuários.
a esta nova demanda, como fios mais adequados ou Dimensionamento das circulações, dos acessos,
a troca de antigos canos de ferro por canos de PVC. de todos os mobiliários e equipamentos são etapas
indispensáveis do pré-projeto. Procure bibliografias
ILUMINAÇÃO específicas e atualizadas sobre as medidas adequa-
das. Monteiro (2013) apresenta algumas medidas
A iluminação adequada está diretamente relaciona- que podem ser adotadas na busca de um ambiente
da à qualidade de uso de um ambiente, aumentando adequado ergonomicamente:
a eficiência do trabalho, diminuindo o risco de aci- • O dimensionamento dos equipamentos e dos
dentes, proporcionando limpeza com mais qualida- mobiliários deve assegurar a perfeita adapta-
de, além de facilitar a inspeção dos alimentos, tanto ção às dimensões corporais do manipulador.
na recepção quanto na produção. • A empresa deve disponibilizar assentos ade-
quados para a realização de tarefas que pos-
De acordo com a Associação Brasileira das Em-
sam ser executadas na posição sentada.
presas de Refeições Coletivas (2003 apud MONTEI-
• Alterações no processo e na organização do
RO, 2013), a iluminação em cozinhas profissionais
trabalho: modificações que visem a diminui-
deve evitar a alteração de cores naturais, evitando, ção da sobrecarga muscular gerada por ges-
assim, à distorção de avaliação de alimentos. As lumi- tos e esforços repetitivos, mecanizando ou

84
DESIGN

automatizando o processo, reduzindo o rit-


mo de trabalho e as exigências de tempo, o
que diversifica as tarefas.
• Adequação de equipamentos, máquinas, mo-
biliários, dispositivos e ferramentas de tra-
balho às características fisiológicas do traba-
lhador, de modo a reduzir a intensidade dos
esforços aplicados e corrigir posturas desfa-
voráveis na realização de gestos e esforços
repetitivos.

PISO

Para uma cozinha industrial, é indicada, a escolha


de pisos com alta resistência à abrasão (PEI 5), que
suporta grande fluxo de pessoas e equipamentos.
Além disso, deve ser resistente a agentes químicos,
utilizados para a higienização e, também, ser prove-
nientes dos próprios alimentos. O rejunte também
deve apresentar essa resistência, além de ser imper-
meabilizante. É indispensável que seja antiderrapan-
te, considerando que é um ambiente sujeito à pre- FORRO
sença de gorduras, óleos, água, detergentes etc.
A instalação deve prever o caimento direto para O forro pode ser de gesso, ou de outro material que
ralos e grelhas, evitando o empoçamento de água apresente a característica de isolamento térmico e
durante as lavagens. Não deve possuir frisos, ranhu- não seja condutor de chamas, além de oferecer qua-
ras ou quaisquer detalhes que possam acumular su- lidade acústicas, absorvendo ruídos. A altura deve
jeira, ou seja, deve ser de fácil higienização. permitir uma boa circulação de ar, mas não tão alta
que atrapalhe a limpeza periódica. Monteiro (2013)
PAREDES E DIVISÓRIAS indica que cozinhas de grande produção tenham
pé-direito entre 3,60 e 4,50m de altura, cozinhas de
As paredes devem ser revestidas com material à prova pequeno e médio porte tenham entre 3,00 e 3,60m,
d’água, que permite e facilita a limpeza. Os ângulos e despensas e circulações tenham 3,00 m de altura.
entre o encontro de paredes, paredes e teto, e paredes
e piso devem ser arredondados, facilitando a limpeza.
Além de lisas, as paredes devem apresentar cores cla-
ras (CODEX ALIMENTARIUS, 2016, on-line)2.

85
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Espaços,
Áreas de Trabalho
e Equipamentos
Para que a instalação de uma cozinha profissional e frutas, por exemplo, acarreta um acúmulo de sujei-
atenda, adequadamente, às demandas desse serviço, ra no piso, que deve possuir drenagem apropriada.
funcional e legalmente, é preciso que sejam estipula- Já a área de confeitaria possui muitas preparações
das áreas específicas, de acordo com o fluxo das ati- realizadas a seco”. Dessa maneira, a indicação é que
vidades e os alimentos envolvidos. Monteiro (2013, seja realizada a setorização, conforme listamos a se-
p. 103), exemplifica: “As áreas de preparo de vegetais guir.

86
DESIGN

RECEBIMENTO E PESAGEM DE MERCA-


DORIA

Nesta área, devem ser realizadas a verificação da A dimensão destinada a este espaço depende da
mercadoria, se esta apresenta a quantidade e quali- quantidade de refeições a serem servidas, o que in-
dade adequadas. Além disso, neste espaço, a merca- fluencia a quantidade de matéria-prima (alimentos)
doria é retirada da embalagem do fornecedor, que é e, também, da dimensão total do edifício, que deve-
substituída por uma embalagem do estabelecimento. rá comportar os outros setores. Para atender a sua
O ideal é que esteja localizada próxima à entrada de função, são necessários os seguintes equipamentos
serviços e, assim, com ligação à área externa. (Tabela 1).

Tabela 1 - Equipamentos necessários para área de


recebimento e pesagem de mercadorias

Carro em inox para


Balança do tipo
transporte de
plataforma digital (A)
mercadorias (D)

Balança digital de Cuba para


mesa (B) higienização (E)

Mesa para apoio da Carro para


balança (C) detritos (F)

Fonte: adaptada de Monteiro (2013).

87
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

PRÉ-HIGIENIZAÇÃO DE HORTIFRUTIS

Setor ligado, diretamente, ao recebimento de merca- e esteja livre de umidade. É aqui que são alocados
dorias, pode ser instalado junto, na sequência. Neste alimentos como açúcar, cereais, enlatados, farinhas,
espaço, são higienizados frutas e vegetais, e outros entre outros.
alimentos necessários, antes de sua estocagem. É im- Além de piso lavável e resistente, não deve pos-
prescindível que tenha ralo ou grelhas no chão, para suir ralos ou grelhas, eliminando, assim, a possibili-
o escoamento de água, além de paredes impermeá- dade de entrada de insetos. Precisa de janelas, prote-
veis. Necessita apenas de cubas para seu funciona- gidas por telas de proteção e da entrada direta de luz
mento, uma para higienização, e outra para detritos. solar. A temperatura interna não deve ser superior
a 26°C.
Para este ambiente são necessárias estantes lisas
ou gradeadas, podendo ser de aço inox ou outra ma-
téria não porosa. A primeira prateleira deve estar a,
no mínimo, 0,25m do chão, e a mais alta, a não mais
que 1,80m. A profundidade não deve ser superior
a 0,60m, e a preferência é por estantes modulares,
que permitem mudança conforme a necessidade de
armazenamento.
Também são úteis estrados para o armazena-
mento de sacarias e caixas, importante que esses
também sejam de material impermeável e não poro-
so, por exemplo, polietileno.

Figura 1 - Bancada para higienização


Fonte: Krasinox (2017, on-line)3.

ARMAZENAMENTO EM TEMPERATURA
AMBIENTE

Esta área é destinada à estocagem de materiais se-


cos, que não necessitam de refrigeração. Denomi-
nada dispensa, estoque ou almoxarifado, deve ser
instalada em um ambiente bem arejado e ventilado, Figura 2 - Estrados de polietileno
que não passe por muitas variações de temperatura Fonte: Plastitalia ([2017], on-line)4.

88
DESIGN

Alimentos de gêneros perecíveis ou que se de- ção. Aqui, serão realizadas todas as atividades que
terioram rapidamente necessitam de armazenamen- antecedem o cozimento da carne, como limpeza, se-
to com controle de temperatura e, dependendo do paração, corte etc. Dessa maneira, cada uma dessas
volume a ser estocado, apenas refrigeradores e con- atividades deve ter um espaço específico, evitando,
geladores não são o suficiente, sendo necessário câ- assim, a contaminação cruzada dos alimentos. Esta
maras frigoríficas. Para a instalação destas, procure divisão deve prever:
a orientação de uma empresa especializada, sendo • Área de descongelamento.
que diferentes equipamentos apresentam distintos • Área de preparo de frutos do mar e de pes-
sistemas e necessidades para sua instalação. cados.
• Separação e limpeza das peças.
PRÉ-PREPARO E PREPARO • Desossa, corte e amaciamento.
• Porcionamento.
Áreas destinadas às operações preliminares no pre-
paro dos alimentos devem oferecer área e layout Os equipamentos necessários para essa atividade
eficientes, que proporcionem um bom fluxo de ser- são os mesmos que para o espaço anterior, acrescido
viço e economia de movimentos dos funcionários. de balança digital de mesa e utensílios para corte e
Os alimentos diferenciam-se e, assim, necessitam desossa. Enfatizando que a temperatura dessa área
de subdivisões para o seu manuseio, com diferentes deve permanecer entre 12°C e 18°C.
equipamentos, conforme veremos a seguir:
Preparação de massas e de sobremesas – con-
Preparação de legumes, verduras, tubérculos, feitaria
frutas, entre outros Quando há preparação de doces e, também, de mas-
Tanto os vegetais que serão cozidos ou servidos sas em geral, é necessário que haja bancadas em
in natura serão manuseados nesta área. Monteiro inox, com cubas, mesa com tampo em granito, para
(2013, p. 110) afirma que “as principais operações abertura e manuseio de massas; bancada para ele-
executadas nesse polo são descascar, limpar, esterili- trodomésticos, como liquidificador e batedeira; for-
zar, cortar, picar, desfibrar, montar os recipientes de no específico, fogão e equipamentos de panificação,
saladas”. Para atender a essas demandas, são neces- quando for o caso.
sários bancada de inox, mesa de apoio e mesa com
cubas, também em inox, refrigerador horizontal e
utensílios como tábuas para corte, descascadores,
cortadores, facas etc.

Preparação de carnes vermelhas, de aves e de


pescados
A área destinada a este fim deve estar próxima aos
refrigeradores ou câmaras frias e ao setor de coc-

89
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

COCÇÃO

Depois de passar pelo pré-preparo, o alimento se- A disposição desses equipamentos deve ser
gue, então, para a confecção final, saindo desse se- baseada na dimensão e no formato do espaço, na
tor diretamente para a disponibilização aos clientes. busca de melhor aproveitamento, sendo as duas
Dessa maneira, deve estar localizada entre as áreas maneiras indicadas o agrupamento em ilha e a
de pré-preparo e a área de expedição aos clientes, colação alinhada junto à parede. No agrupamen-
seja ela uma janela de passagem, seja um balcão etc. to em ilha, os equipamentos são centralizados no
Para este ambiente continua a predominância de espaço, sendo considerada a forma mais funcio-
equipamentos em aço inox, o que garante uma hi- nal, mas a que depende de uma área maior, con-
gienização mais eficaz. Os equipamentos necessários siderando a necessidade de circulação em todo o
dependem do tipo de cardápio, mas, geralmente, são: redor.

• Fogão.
• Forno combinado.
• Caldeirão.
• Fritadeira.
• Chapa quente.
• Char-broiler.
• Sistema de exaustão.
• Bancada inoxidável com cubas.
• Bancada inoxidável lisa para apoio.
• Banho-maria.

SAIBA MAIS

O char-broiler é uma uma grelha que, ao


invés de utilizar carvão, funciona como uma
fonte de calor, normalmente, gás ou eletri-
cidade, aplicada sobre um material radiante
(pedras de argila expandida) que simula a
carbonização e temperatura do carvão. Na
prática, é uma grelha com menos bagunça,
que permite grelhar os alimentos sem o uso
de nenhum tipo de óleo. É muito utilizada
em restaurantes fast-food por seu tamanho
reduzido e por sua praticidade.

Fonte: Litwinski (2014, on-line)5.

90
DESIGN

HIGIENIZAÇÃO

O alinhamento junto à parede é a opção para áre- O ideal é que as áreas destinadas à lavagem dos
as mais reduzidas, sendo necessário um espaço me- utensílios estejam isoladas por uma parede alta
nor de circulação. O ideal é que, na área de cocção, dos outros ambientes, mas quando isso não for
em virtude das temperaturas mais elevadas, que não possível, que, ao menos, esteja setorizada o mais
sejam instalados refrigeradores ou congeladores. distante possível do manuseio de alimentos. Deve
ter, além da pia (preferencialmente, com água fria
e quente), a lava-louças, um local para o descarte
de resíduos, e um para armazenamento dos pro-
dutos de limpeza.

Figura 3 - Cozinha com colocação alinhada junto à parede

91
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Área dos
Clientes
A área destinada ao uso dos clientes deve ser dimen- desse projeto, sendo que é este o quesito que de-
sionada de acordo com o tipo de serviço que será termina sua permanência e seu retorno ao esta-
oferecido. O alimento a ser comercializado poderá belecimento. Para o autor, em comércios do ramo
ser consumido ali mesmo? Qual é a média de tempo alimentício, os clientes ativam os cinco sentidos
para o consumo deste tipo de alimento? São muitas físicos para a tomada de decisão de satisfação ou
as questões nesta definição. Uma pizzaria pode ter, não. A esta técnica damos o nome de marketing
como carro-chefe de suas vendas, o delivery, o con- sensorial, a qual conhecemos na Unidade 1 do li-
sumo no local, tipo à la carte ou rodízio. vro. Aplicada aos projetos de interiores do ramo
Para Silva Filho (1996), independentemente alimentício, podemos expressar (SILVA FILHO,
do ramo, o conforto deve ser o ponto primordial 1996):

92
DESIGN

• Visão: observando a higiene do local, a lim- Gurgel (2013) sugere que, para atender e agradar
peza, a aparência do ambiente, dos produtos às expectativas dos clientes, é preciso considerar
e dos funcionários. As escolhas dos revesti- itens como circulação, funcionalidade, praticidade,
mentos e das cores estão diretamente relacio-
problemas acústicos, segurança. Mais que isso, rela-
nadas a essa percepção.
cionar a identidade que o projeto de interior repre-
• Audição: o barulho que vem da copa, da co-
sentará com a identidade do negócio, estabelecendo
zinha, assim como os externos ao comércio,
estão relacionados ao conforto sentido no uma conexão entre o cardápio oferecido ao cliente
ambiente. Isolamentos acústicos, materiais e a estética adotada. Ainda, a mesma autora alega
com menos reverberação, instalação de equi- que “a maioria dos projetos ligados à alimentação
pamentos para som ambiente melhoram a é temático ou possui fortes características estéticas,
qualidade desse quesito. buscando proporcionar ao ambiente personalidade
• Olfato: o cheiro agradável de um pão assando e distinção" (GURGEL, 2013).
ou o odor do óleo quente, os cheiros de um
comércio do ramo alimentício são muitos, e
REFLITA
podem ser bons e/ou ruins. Aberturas estra-
tégicas levam o perfume agradável de alguns
alimentos até o cliente, assim como exausto- Projetar um estabelecimento agradável e de
res e isolamentos afastam deles os odores de- acordo com as necessidades acústicas e fun-
sagradáveis. cionais é um trabalho que necessita de muita
pesquisa e dedicação.
• Tato: além da sensação térmica, que pode ser
regulada por ar-condicionado ou aquecedo- (Miriam Gurgel)
res, o cliente sente, por meio do toque, a hi-
giene de balcões, mesas e utensílios. O ideal é
que os materiais escolhidos para os mobiliá-
rios sejam lisos, sem ranhuras e texturas.
• Paladar: mesmo antes de comer, o estímulo Ao encontro desse conceito, Dabus (2015, on-line)6
dos outros sentidos ativa o paladar, que “per- defende que o interior de um restaurante é vital na
cebe” o sabor. tarefa de criar uma identidade de marca para o ne-
gócio, sendo que a estabilidade desse comércio de-
pende muito da sua definição de estilo próprio, com
valores bem definidos e, assim, toda a instalação fí-
sica faz parte do sucesso da empresa.

93
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Um projeto estabelecido com esse conceito refletirá a perspec-


tiva do negócio, transmitindo ao cliente, de forma atrativa, a
imagem adequada do negócio. Dabus (2015, on-line)6 apresenta
cinco fatores que contribuem para evidenciar a identidade do
restaurante por meio de suas instalações, são estes:

Os tipos de materiais
Com suas cores, texturas e for-
mas refletem o estilo da ambien-
tação. Materiais mais naturais,
como pedras, madeiras, reme-
tem a um ambiente mais rústico,
assim como materiais reflexivos,
mais finos, como vidro, metais,
remetem a um estilo futurista e
mais moderno, entre outras pos-
sibilidades. Figura 4 - O material reflete o estilo

Figura 5 - Iluminação mais clara e branca Figura 6 - As cores transmitem mensagens e identidade

Iluminação As cores
É responsável por criar conforto visual e, também, São o item mais expressivo em um projeto de in-
a atmosfera que se deseja para o espaço, sendo teriores, estão presentes em todos os outros ele-
que uma luz mais branca (fria) tende a deixar o cli- mentos. Também precisam se relacionar direta-
ma mais formal, enquanto uma iluminação mais mente com o público-alvo, quando utilizadas em
amarelada (quente), cria a sensação de acolhimen- uma instalação comercial, além de se relacionarem
to e relaxamento. com a identidade do negócio.

94
DESIGN

SAIBA MAIS

As cores transmitem identidade e sensações


e, aplicadas às instalações do ramo alimentí-
cio, devem ser escolhidas a partir de alguns
quesitos: comunicação visual e identidade,
diferenciação da concorrência, referência
aos alimentos, e, em se tratando do ramo
de alimentação, sempre bom lembrar que to-
Figura 7 - Mobiliário transmite o estilo do negócio nalidades claras tendem a deixar o ambiente
com a sensação de limpeza. A decisão deve
considerar o estilo do ambiente.
Design do mobiliário
• Para ambientes sofisticados: branco,
Exprime, diretamente, a proposta do local, os mó- preto, cinza, pérola, dourado e azul
veis remetem ao estilo e à personalidade da empre- marinho.
• Para criar uma atmosfera aconche-
sa, por meio de suas formas, cores e materiais.
gante: marrom, bege, amarelo, verde
claro e vermelho.
• Para uma estética futurista: branco,
preto, cinza, azul, prata e verde.
• Para uma estética retrô: vermelho,
marrom, rosa, azul claro, amarelo e
laranja.
• Para negócios especializados em co-
mida natural: verde, laranja, amarelo
e branco.
• Para restaurantes com pratos típicos:
cores da bandeira ou da cultura pró-
Figura 8 - Ambiente amplo, limpo visualmente
pria do país representado.

Fonte: adaptado de Dabus (2015, on-line)7, (2016,


Dimensão dos ambientes
on-line)8.
Podem ser estabelecidos pela integração ou divi-
são dos espaços, altura do pé-direito e cores, que
transmitem a sensação de maior ou menor. Quan-
to maior o ambiente, menos poluído visualmente, o
que transmite a sensação de calma.

Para o sucesso do negócio, seja ele um restaurante de rua, ou que está dentro de um shopping, ou ainda,
de um hotel, ou ainda, um bar ou lanchonete, é preciso uma combinação de boas soluções, tanto na área
destinada ao uso dos clientes, que é o salão de uso, onde as prioridades são a estética e o bem-estar dos
clientes, quanto na cozinha, onde o mais importante é atender à legislação da vigilância sanitária, o que
também garante que esse ambiente corresponderá a sua função de forma higiênica e funcional.

95
considerações finais

E assim chegamos ao final da Unidade 3 de nosso livro, na qual trabalhamos


com o conteúdo específico sobre projetos de interiores para o comércio do ramo
alimentício, a saber, restaurantes, lanchonetes, bares, padarias, entre outros. É
importante destacar que, muito do que já foi visto no livro, em especial na Uni-
dade 1, também é aplicado aos projetos desta unidade, como a importância do
briefing, a aplicação dos conceitos de base científica do design, a necessidade de
buscar a legislação local a respeito, entre outras questões que não foram descritas.
A ideia central foi apresentar, aqui, as questões específicas desse tipo de ins-
talação, em especial, no que diz respeito à cozinha industrial ou profissional, que
apresenta muitas peculiaridades, as quais fogem completamente das competên-
cias básicas que fazem parte do dia a dia de atuação de um designer de interiores.
Nas cozinhas, esquecemos da estética, e prevalecem, a funcionalidade e a preocu-
pação com aspectos de limpeza e manutenção.
Quando tratarmos da área a ser utilizada pelos clientes, é possível entrar
em cena, novamente, aqueles conhecimentos mais cotidianos para um designer,
aprendidos em toda a sua formação e, também, durante a elaboração de seus
projetos. Cabem, aqui, todas as questões de aplicação de princípios e elementos,
escolha de materiais adequados, preocupação com a ergonomia, e sim, o apelo
estético que também faz parte de um projeto comercial.
Importante salientar que, a cada novo projeto, se faz necessária uma nova
busca por informações, uma atualização, com muita pesquisa e interpretação
do briefing. Te desafio, agora, a observar, com outros olhos, os ambientes que
frequentar, mesmo aqueles em que já tinha o hábito de ir. De agora em diante,
passe a visualizá-los, com um olhar mais profissional e crítico, na busca de boas
referências a serem utilizadas ou na identificação do que não aplicar em seus
projetos.
Desejo excelentes aprendizado e aproveitamento.

96
LEITURA
COMPLEMENTAR

A importância do ambiente para os negócios de restauração

Para Madeira Junior (2016), a ambientação do restaurante, bar ou lanchonete é tão im-
portante quanto seu cardápio e atendimento, sendo que a contratação de um profissio-
nal qualificado para a elaboração de um projeto personalizado, bastante importante,
mesmo que o gestor do empreendimento esteja bastante engajado e disponível para
essa tarefa. Claro que as opiniões do cliente são bastante importante, mas caberá ao
designer aplicar os conceitos técnicos e estabelecer a melhor opção.
De acordo com o autor, qualquer cliente prefere estar em um ambiente bonito e acon-
chegante, mais do que isso, gosta de ser visto em lugares assim. Dessa maneira, é
essencial que o público alvo esteja bem estabelecido, para que as escolhas sejam cer-
teiras. Em casos que o estabelecimento adota cardápios com comidas típicas de ou-
tras regiões ou países, a ambientação se torna ainda mais importante na criação dessa
identidade.
Para que essa identidade seja estabelecida, seja ela de uma cantina italiana, uma cerve-
jaria no estilo alemã, um pub irlandês ou um restaurante francês, além do cardápio, os
elementos que compõem o espaço devem tender a esses estilos, incluindo mobiliário,
decoração, materiais de revestimentos e cores. O autor exemplifica citando as cantinas
típicas do sul da Itália, que tem como padrão a utilização de fotos como elementos de-
corativos, além de muitos quadros, bandeiras e outros objetos, incluindo até alimentos
como queijos, embutidos, garrafas de vinho e até camisas de clubes de futebol, criando
um clima informal e descontraído, que remete à alegria. Já se partirmos para o norte da
Itália, encontraremos restaurantes com decoração mais discreta e sóbria.
Na França, o autor destaca dois tipos de restaurantes, os bistrôs, que normalmente
apresentam uma decoração mais informal, intensa e em cores quentes, e os restau-
rantes mais clássicos, com cardápio mais requintado. O autor ainda cita os cafés pari-
sienses, com seus toldos externos, integrando o interior com o exterior, com cadeiras e
mesas estilizadas, para permanência rápida, apenas para um café.
No caso dos restaurantes ingleses, os ambientes são mais fechados, escuros, com
muita madeira, grandes balcões, e nas paredes quadros típicos, miniaturas e objetos
pendurados, jogos de dardos, caixas de música movidas à fichas, grandes chopeiras e
prateleiras com variedade de marcas de uísque, e ainda, quando são do tipo mais luxu-
osos, a utilização de emblemas heráldicos e poltronas de couro.

97
LEITURA
COMPLEMENTAR

Os restaurantes americanos exportam seu visual para todo o mundo, com uma deco-
ração limpa, moderna, com balcões de mármore, toalhas de linho brancas, corrimões
de latões e quadros no estilo despojados e pinturas abstratas. Apesar de estar sendo
muito utilizado em todo o mundo, para muitos brasileiros essa decoração é muito fria,
não transmitindo intimidade, como os europeus.
Para os restaurantes que não possuem serviço ou cozinha com estilo típicos de outros
países, prevalece o conceito de o que mais importa é o conhecimento do público alvo,
assim como as particularidades da região onde o estabelecimento é implantado. O au-
tor cita o exemplo de empreendimentos em cidades históricas, ou onde a região tem
apelo cultural, com pontos turísticos e também os à beira mar, que devem ter como
base de sua instalação, incluindo a decoração, os elementos e características dessa re-
gião, integrando e se identificando com essas características, seja por meio de quadros
e objetos que lembrem a região, sua cultura, seu povo, sua produção e seu modo de
vida.
Outro exemplo apresentado por Madeira Junior (2016), são os comércios alimentícios
instalados em cidades mais procuradas no inverno, como Campos do Jordão (SP), Pe-
trópolis (RJ) ou Gramado (RS), em que sua aparência deve estar relacionada a esse clima
de frio e paisagens montanhosas. Em cidades históricas, sempre que for pertinente,
integrar elementos e objetos que remetam aos casarios e cultura do tempo colonial,
exemplos dessas localizações são Parati (RJ), Ouro Preto (MG) e Salvador (BA).
O autor finaliza registrando que não existe um padrão, uma regra fixa que não pode ser
alterada, a contratação de um profissional qualificado deve criar uma identidade única,
e os elementos que direcionam para o seu estilo podem ser aplicados de forma mais
subjetiva e menos direta.

Fonte: adaptado de Madeira Junior (2016, on-line)9.

98
DESIGN

1. Entendemos que, de acordo com Monteiro II. É indicada a escolha de pisos com alta resis-
(2013), os espaços da cozinha devem ser pen- tência à abrasão (PEI 5).
sados a partir de uma disposição lógica dos
III. O forro pode ser de gesso ou de outro ma-
equipamentos, para que esses proporcionem
terial que apresente características acústicas.
diferentes vantagens de projeto, sendo as van-
tagens apresentadas pelo autor: IV. Para o armazenamento de sacarias e caixas,
é indicado o uso de estrados de polietileno.
I. Flexibilidade e modularidade.
V. O piso deve ser antiderrapante e liso, sem fri-
II. Beleza e apelo estético.
sos e ranhuras.
III. Circulação e fluxos bem definidos.
Diante disso, assinale a alternativa correta.
IV. Espaços que facilitam a supervisão e integração.
V. Instabilidade e predominância. a. Apenas I, II e III estão corretas.

É correto o que se afirma em: b. Apenas I, II, III e IV estão corretas.

a. Apenas I, II e III estão corretas. c. Apenas II, III, IV e V estão corretas.

b. Apenas I, III e IV estão corretas. d. Apenas III, IV e V estão corretas.

c. Apenas II, III e V estão corretas. e. Todas as alternativas estão corretas.

d. Apenas II, IV e V estão corretas.


5. O projeto de interiores de um comércio ali-
e. Todas as alternativas estão corretas. mentício, da área a ser utilizada pelos clientes,
deve expressar a identidade da empresa, con-
2. Quais são os principais fatores a serem res- ceituando o perfil do negócio e o tipo de pro-
pondidos com o briefing e que influenciarão duto e atendimento que será encontrado ali.
no planejamento e no projeto de um comércio Na unidade, foram apresentados cinco fatores
alimentício? que devem ser considerados e estão direta-
mente ligados a essa questão. Dessa forma,
3. Por que o aço inoxidável é indicado como ma- cite e explique-os.
téria-prima para grande parte dos materiais e
equipamentos a serem utilizados em uma co- 6. O marketing sensorial é a técnica de estimular
zinha profissional? o consumo por parte dos clientes por meio de
estímulos dos sentidos. Quais são os sentidos
4. Conhecemos, na unidade do livro, alguns apon- que podemos estimular em um projeto de in-
tamentos quanto à escolha dos materiais de teriores do ramo alimentício e como é possí-
acabamentos e especificações de equipamen- vel que ele ocorra?
tos a serem utilizados na instalação de uma co-
zinha industrial. Entre estas indicações, estão:
I. As luminárias e lâmpadas nesses ambientes
devem ser do tipo seguras e precisam estar
protegidas.

99
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Café com design: a arte de beber café


Eliana Relvas, Miriam Gurgel
Editora: Senac
Ano: 2015
Sinopse: mudam-se as circunstâncias, os interesses, o público-
-alvo e os cafés continuam a exercer seu fascínio. As coffee hou-
ses já foram lugares privilegiados, onde se reuniam intelectuais
e se discutiam as políticas de um país. Sem dúvida, a arquitetura
desses ambientes e o design de seus interiores, mesclados ao hábito do consumo de café,
foram e continuam a ser os ingredientes básicos dessa magia.
Os cafés são os lugares em que as pessoas interagem, conversam, trocam informações,
discutem e processam ideias. São espaços de socialização e de cultura e, por que não, um
ambiente de trabalho? Com as novas tecnologias, as cafeterias oferecem pontos de rede e,
assim, transformam-se em verdadeiros escritórios.
Reunir esses diferentes aspectos da vida contemporânea significa proporcionar ao consumi-
dor uma verdadeira viagem estética, repleta de sabor. Lançamento do Senac São Paulo, Café
com design: a arte de beber café busca atrair para seu universo não só os apaixonados por
essa bebida, já que o livro traz algumas receitas e dicas de harmonizações clássicas e exóti-
cas que podem ser experimentadas com o café, mas também todos os amantes da arte, da
arquitetura, do design e das novas tecnologias.

Hotéis, Bares e Restaurantes: Projetos e Detalhes


Jacques Rutman
Editora: J. J. Carol
Ano: 2016
Sinopse: no livro Hotéis, Bares e Restaurantes: Projetos e Detalhes,
27 escritórios de arquitetura apresentam projetos registrando
suas obras. Estas obras estão presentes em várias cidades e si-
tuações que vão do urbano ao campestre, da torre ao pequeno
edifício, do cosmopolita ao local, do grande público ao indivíduo, demonstrando que todas as
escalas e localidades podem estar abertas a promover bem-estar e satisfação.

100
DESIGN

O programa de TV “Pesadelo na Cozinha” consiste na tentativa de salvar restaurantes da fa-


lência e, entre os ajustes realizados nos empreendimentos, está o de readequação de suas
instalações.
Para conferir, acesse o link disponível em: <http://entretenimento.band.uol.com.br/pesade-
lonacozinha/>.

101
referências

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


comerciais. 4. ed. São Paulo: Senac, 2013.
MONTEIRO, R. Z. Cozinhas Profissionais. São Paulo: Senac, 2013.
SILVA FILHO, A. R. A. Manual Básico para Planejamento e Projeto de Restau-
rantes e Cozinhas Industriais. São Paulo: Varela, 1996.

Referências On-line
¹Em: <http://alimentossemmitos.com.br/o-que-e-contaminacao-cruzada> Aces-
so em: 04 abr. 2017.
²Em: <http://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/en/>. Acesso em: 04 abr.
2017.
³Em: <http://krasinox.com.br/archives/category/produtos/mobiliario/mesas?pa-
ge=2>. Acesso em: 22 maio 2017.
4
Em: <http://plastitalia.com.br/produtos/estrados-plasticos-piso-industrial/es-
trado-modular-master>. Acesso em: 05 abr. 2017.
5
Em: <http://www.casalcozinha.com.br/glossario/char-broiler>. Acesso em: 05
abr. 2017.
6
Em: <http://www.dabus.com.br/blog/2015/11/como-restaurante-expressar-
-marca-arquitetura-comercial/>. Acesso em: 05 abr. 2017.
7
Em: <http://www.dabus.com.br/blog/2015/11/qual-cor-perfeita-para-restau-
rante/>. Acesso em: 05 abr. 2017.
8
Em: <http://www.dabus.com.br/blog/2016/08/quais-cores-ideais-para-pada-
ria/>. Acesso em: 05 abr. 2017.
9
Em: <http://gastronomianews.com/gastronomia/importancia-de-um-bom-am-
biente>. Acesso em: 05 abr. 2017.

102
gabarito

1. B
2.
• Número de refeições diárias, por tipo de refeição: desjejum, almoço, jantar, ceia e
lanche.
• Número e tipo de população aos quais a refeição se destina.
• Tipo de cardápio.
• Tipos de instalações que serão utilizadas: gás, eletricidade, água e esgoto.
• Nível de habilidade da mão-de-obra a ser contratada.
• Capital a ser investido.
• Localização física do projeto.
• Localização territorial do projeto: tipo de região.
• Utilização de produtos pré-processados.
• Tipos de equipamentos a serem adquiridos.
• Legislação em vigor.
• Finalidade múltipla do espaço.
3. O aço inoxidável é um material não poroso, de fácil manutenção e limpeza, que não
acumula resíduos que podem gerar fungos e bactérias.
4. E.
5.
• Dimensões dos ambientes.
• Design do mobiliário.
• Iluminação.
• Os tipos de materiais.
• As cores.
6.
• Visão: observando a higiene do local, a limpeza, a aparência do ambiente, dos pro-
dutos e dos funcionários. A escolha dos revestimentos e das cores estão diretamen-
te relacionadas a essa percepção.
• Audição: o barulho que vem da copa, da cozinha, assim como os externos ao co-
mércio, estão relacionados ao conforto sentido no ambiente. Isolamentos acústicos,
materiais com menos reverberação, instalação de equipamentos para som ambien-
te melhoram a qualidade desse quesito.
• Olfato: o cheiro agradável de um pão assando ou o odor do óleo quente, os cheiros
de um comércio do ramo alimentício são muitos, bons e ruins. Aberturas estraté-
gicas levam o perfume agradável de alguns alimentos até o cliente, e exaustores e
isolamento afastam deles os odores desagradáveis.
• Tato: além da sensação térmica, que pode ser regulada por ar condicionado ou
aquecedores, o cliente sente, por meio do toque, a higiene de balcões, mesas e
utensílios. O ideal é que os materiais escolhidos para os mobiliários sejam lisos, sem
ranhuras e texturas.
• Paladar: mesmo antes de comer, o estímulo dos outros sentidos ativa o paladar,
que “percebe” o sabor.

103
HOTELARIA

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar as especificidades do projeto de interiores em
instalações hoteleiras.
• Direcionar quanto às diretrizes de um projeto de interiores
hoteleiro.
• Entender os requisitos para projetos de lobbies e
apartamentos em hotéis.
• Estabelecer parâmetros para os projetos de interiores de
hotelaria.

Objetivos de Aprendizagem
• Projetos de interiores hoteleiros
• Diretrizes do projeto
• Lobby ou hall da recepção
• Apartamentos ou suítes
• Outros ambientes
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Você já pensou que o ramo de projeto de interiores hoteleiro pode ser


um nicho de mercado para você, futuro designer de interiores? O turis-
mo cresce no Brasil e em todo o mundo. Os brasileiros, cada vez mais,
investem em viagens como forma de lazer, entendendo o que esta prática
oferece de benefícios em relação à saúde, cultura, experiências, entre tan-
tos outros motivos. Com isso, as estruturas para atender a essas pessoas
também aumentam, sendo o ramo hoteleiro o que mais cresce e investe
em melhorias em suas instalações.
Seja um hotel, uma pousada ou um hostel, quanto mais agradável for a
experiência de uso por parte dos clientes, maior a possibilidade de manuten-
ção e crescimento desse. Certamente, a instalação física é um dos principais,
senão o principal quesito quando se fala da qualidade deste tipo de negócio.
Um projeto de interiores de qualidade, que ofereça aos usuários boas
experiências, com conforto, funcionalidade e beleza, é um caminho para
o sucesso da empresa e os investidores da área já sabem disso, e enten-
dem a contratação de um profissional para a elaboração do projeto de
interiores como um investimento que vale a pena.
Dessa maneira, você, como futuro profissional, precisa conhecer
mais a respeito, saber quais são as particularidades deste tipo de projeto.
É claro que todas as questões que envolvem um projeto de interiores, e
que você já conhece: metodologia, processo criativo, ergonomia, uso das
cores, fatores estéticos, fundamentos e princípios do design, entre outros,
são todos aplicáveis aos projetos de hotéis também (e não cabe repetir
aqui, neste momento). Apresentarei para você o que está além disso, in-
dicando, de fato, requisitos específicos e importantes.
E não se esqueça: cada novo projeto sempre exige grande pesquisa
anterior a sua elaboração, no caso da hotelaria, isto não é diferente, por
isto, atualize-se constantemente e, caso assuma um trabalho nessa área,
busque novidade, referências e correlatos.
Preparados? Desejo a você uma ótima leitura.
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Projetos de
Interiores Hoteleiros
Diferentes motivos são indicados como respon- estímulo interno às viagens e, assim, os brasileiros
sáveis pelo crescimento do turismo no Brasil. O passaram a ocupar seu tempo vago de lazer com
Plano Real que, em seu início, fortaleceu a mo- passeios por diferentes partes do nosso território
eda interna e a economia nacional, a princípio, (FERREIRA, 2017, on-line)1.
tornou viável e interessante para os brasileiros as Com esse crescimento, a estrutura necessária
viagens ao exterior, e, posteriormente, tornou- para atender os turistas sofreu impacto direto, e sur-
-se atrativo à vinda de estrangeiros ao país com giram novos hotéis, pousadas, hostels, resorts etc., e
a desvalorização dessa moeda. Como efeito do os antigos investiram em reformas, para não deixar
crescente turismo estrangeiro no Brasil, ocorreu de ser competitivos no mercado.

108
DESIGN

SAIBA MAIS
de uma instalação hoteleira é o bom projeto de inte-
riores, com soluções agradáveis, de forma funcional
No Brasil, hostels também são conhecidos e estética, atendendo e agradando a todos os possí-
como albergues. Trata-se de um tipo de aco-
veis futuros frequentadores.
modação com custos reduzidos em relação
ao tradicional hotel, podendo oferecer desde
quartos individuais até a coletivos, com mais REFLITA
de dez camas, onde o hóspede compartilha o
espaço com diferentes pessoas, o que é bas-
tante interessante para viajantes solitários. Muitos turistas e viajantes escolhem onde
É comum que os banheiros também sejam se hospedar tanto pelo design de um hotel
compartilhados, e os serviços oferecidos são quanto por suas instalações e serviços.
menores do que em um hotel e, justamente
por isso, proporciona o menor preço. Bastan- (Gibbs)
te usado por jovens, os hostels são encontra-
dos em todo o mundo.

Fonte: adaptado de Decolar.com (2015, on-line)2.

O primeiro passo na elaboração de um projeto


de hotelaria, assim como de qualquer outro proje-
Neste mesmo período, ocorreu o aumento sig- to de interiores, é a elaboração do briefing, enten-
nificativo do número de móteis no país, que visam dendo todas as necessidades e objetivos do projeto.
a atender uma estada temporária, às vezes, por al- Assim como em qualquer outro projeto comercial,
gumas horas, e apresenta, algumas necessidades de institucional ou de serviço, o designer, ao elabo-
instalações diferenciadas em relação aos empreen- rar o briefing de uma instalação hoteleira, precisa
dimentos que servem como estada para pernoites. considerar o perfil possível do cliente que irá fre-
Com este cenário, Gibbs (2015) defende que se quentar o local. Estes dados serão adquiridos com
fortalece, também, a possibilidade de atuação de um o gestor responsável, o proprietário ou o gerente.
designer de interiores em projetos hoteleiros. Um Definindo-se isso, é possível dar início ao projeto
dos fatores que influenciam o resultado satisfatório em si.

109
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Diretrizes
do Projeto
Atualmente, os princípios fundamentais na elabo- Para Otto (2011, on-line)4, até os anos 80 e início de
ração de um projeto de interiores de hotelaria são, 90, os hotéis seguiam dois estilos básicos de instalações
de acordo com o site Hotelnews ([2017], on-line)3, e decorações, o Americano e o Europeu. O primeiro é
conforto, funcionalidade e equilíbrio visual, mesmo instalado em construções verticalizadas, que valoriza-
em hotéis de luxo e resorts. É claro que o público- vam a tecnologia, com materiais frios e pé-direito alto,
-alvo deve ser a base de tomada de decisões, e que, valorizando, sobretudo, a funcionalidade, em contra-
dependendo dele, pode-se oferecer um diferente es- partida ao afeto e ao luxo. O outro (Europeu) era mais
tilo de decoração, mas, hoje, os clientes de qualquer tradicional, com construções mais horizontais, térreas,
segmento buscam, acima de tudo, o bem-estar, e não pé-direito baixo, tapetes, plantas, valorizando mordo-
o luxo em suas estadas. mias e cerimônias, priorizando o conforto. A especia-

110
DESIGN

lista diz que o que está ocorrendo, hoje, é uma fusão integrar hóspedes com o próprio empreendimento e
dos dois conceitos, agregando os princípios de funcio- com a cidade onde está instalado. Os apartamentos
nalidade e conforto no mesmo projeto. devem seguir o estilo intimista, com foco no concei-
Entendemos que os projetos e as soluções cria- to “casa fora de casa”, oferecendo aos seus ocupan-
tivas superaram a ostentação, e que os designers tes sensação de segurança e alívio. Os mobiliários
precisam pensar no projeto como um todo, visua- e equipamentos dimensionados, a partir do perfil
lizando o futuro uso, considerando a satisfação dos de permanência média, devem buscar atender por
hóspedes e a manutenção por parte dos funcioná- meio do conforto ambiental e ergonômico.
rios. Por isso, são indispensáveis muitos estudos de O projeto de interiores de hotelaria inclui a ela-
layout e pesquisa de materiais, para que seja ofereci- boração de solução para diferentes ambientes: os de
da a solução mais assertiva. uso público, como lobby e/ou recepção, circulação,
Grandes nomes do design e da arquitetura se es- cozinha, restaurantes, administração e, em alguns
pecializaram no interior de hotelaria, seguindo es- casos, lojas, auditórios, áreas de lazer e os aparta-
sas premissas modernas de um bom projeto. Otto mentos ou suítes (quartos). Para nossa unidade,
(2011, on-line)4 apresenta um compilado das pre- contemplaremos o lobby e o apartamento, consi-
missas dos projetos de alguns desses profissionais, derando que cozinha, restaurante, administração
que são referências no segmento. As áreas de uso (escritório), lojas e auditórios são contemplados em
público comum devem proporcionar a socialização, outras unidades do livro.

111
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Lobby ou
Hall de Recepção
De acordo com Lawson (2003), é o primeiro con- médias ou pousadas priorizam layouts padrões,
tato físico que um hóspede tem com o local onde compostos por elementos básicos da instalação e
ficará hospedado, cabe a este ambiente apresentar que remetem à familiaridade e ao conforto. Já ho-
ao usuário a ideia do que lhe espera nos outros am- téis mais luxuosos primam pela grandiosidade,
bientes. Dependendo do tipo de empreendimento, tendendo ao clássico ou ao contemporâneo, com
apresenta diferentes características que visam a áreas de permanência e, às vezes, pequenos cafés
atender ao perfil de usuários, que serão os hóspe- e bares. No caso de resorts, interessante a vista das
des, já que cada caso apresenta diferentes neces- áreas externas, de uso comum, já que estes são os
sidades. Hotéis de cadeia econômicos e de tarifas atrativos destes empreendimentos.

112
DESIGN

Tabela 1- Área do lobby por tipo de hotel


Área do lobby por
Tipo de hotel
apartamento 9 (m²)
Hotéis econômicos, de estada
rápida (próximos a aeroportos 0,50
e rodoviárias) e hostels
Resorts e hotéis de centro de
1,00
cidades
Grandes hotéis de convenções
ou com muitas atividades (res- 1,20
taurantes, bares, lojas etc.)
Figura 1 - Lobby hotel de luxo Fonte: adaptada de Lawson (2003).

No caso de hostels, o ambiente tende a ser mais Dentre as atividades comuns dessa área e os
despojado, priorizando a liberdade de seus hóspedes equipamentos necessários para a realização dessas
e a possível interação entre eles, comum neste tipo está a de recepcionar os hóspedes, principal ativi-
de hospedagem. Motéis não possuem lobbies e re- dade desenvolvida nesses empreendimentos, todos
cepções para cliente. os hóspedes passam por esse espaço, considerando
a obrigatoriedade, ou ao menos, o padrão de check-
-in e check-out. É interessante que sua localização e
seu projeto possibilitem a visão do acesso principal,
dos elevadores e corredores principais. Importante,
também, um acesso direto ao(s) escritório(s) de ad-
ministração. Este espaço deve comportar um balcão,
onde se faz o atendimento dos clientes. Em geral, o
balcão precisa comportar computador(es), telefo-
ne(s), documentos e chaves ou cartões de acesso aos
apartamentos.
Também é importante que o balcão tenha um
Figura 2 - Recepção hostel recuo apropriado para uso dos funcionários, Law-
son (2003) indica o mínimo de 1,20m, podendo
A área total desse ambiente, assim como os chegar a 6m em empreendimentos muito grandes,
equipamentos que nele devem ser instalados, de- como resorts. Sua altura também deve ser adequada,
pende do tamanho e da categoria do hotel, do sendo que o total deve estar em torno de 1,07 mm
número e de quais atividades serão realizadas ali. do chão para o apoio ao atendimento e, internamen-
Lawson (2003, p. 209), apresenta a área indicada te, uma bancada com 0,76 m do chão para uso dos
por tipo de hotel: funcionários.

113
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Figura 3 - Projeto detalhado de balcão de trabalho


Fonte: Mariana Projetista (2012, on-line)5.

114
DESIGN

Os balcões, geralmente, são fabricados em ma- Outros elementos são interessantes e até impor-
deira ou similar (MDF, MDP etc.) ou metal, poden- tantes, como o suporte para chaves ou cartões de
do, ainda, ter partes em plástico, vidro, acrílico ou acesso aos quartos, para facilitar e maximizar o tra-
pedras naturais ou sintéticas. Não existe um padrão balho do recepcionista, luminárias e abajures, que
ou uma obrigatoriedade, mas é necessário avaliar permitem diferentes tipos de iluminação, aparador
resistência e manutenção do material antes da espe- para suporte de água e outras cortesias, como café,
cificação. Em hotéis de alto padrão e de luxo, esse chá, balas e biscoitos. Outro item bastante indicado
atendimento inicial pode, também, ser realizado em é o uso de plantas, mesmo que não sejam naturais,
mesas e cadeiras ao invés do uso do balcão. como forma de humanizar o ambiente.
As cores no lobby devem ser básicas, muito cui-
dado com o excesso e a mistura, já que o fluxo de
pessoas que circulam nesse espaço é muito grande,
e é menos arriscado agradar a todos com cores mais
sóbrias e menos impactantes. Pelo mesmo motivo,
cuidado, também, com texturas e estampas, assim
como o excesso de elementos decorativos. No caso
de hostels, essas escolhas são mais livres, já que o
perfil de frequentadores permite um pouco mais de
abuso nas escolhas.

Ainda no espaço da recepção, é comum a ins-


talação de assentos para que hóspedes ou visitantes
aguardem ou permaneçam por um período quando
desejarem. Esses podem ser poltronas individuais
ou sofás compartilhados e, mais uma vez, considerar
a resistência e a manutenção é indispensável antes
da especificação.

115
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Apartamentos
ou Suítes
No apartamento do hotel, o hóspede desenvolve di- REFLITA
ferentes atividades: dormir, tomar banho, vestir-se e
trocar de roupa, armazenar pertences, às vezes, tra- Sentir-se em casa nem sempre é o desejo dos
balha, entre outras possíveis atividades. Além disso, hóspede que, às vezes, deseja exatamente o
é preciso prever a circulação para que as atividades contrário.

desenvolvidas aconteçam de forma funcional e ergo-


nômica, sendo indispensável transformar os espaços
em multifuncionais, permitindo a realização de di-
ferente atividade na mesma área.

116
DESIGN

Para melhor aproveitar a área construída, relação a profundidade, existe uma possibilidade
prioriza-se a redução das metragens de cada apar- maior de variações, já que, normalmente, essa di-
tamento, tornando possível a instalação de um mensão não está relacionada ao número possíveis
número maior de unidades e, assim, de mais hós- de apartamento no hotel. O autor apresenta uma
pedes. Lawson (2003) diz que a largura de cada tabela com a largura mínima indicada para dife-
apartamento é o que mais influencia a quantidade rentes tipos de hospedagens:
deles que poderão ser instalados na edificação. Em

Tabela 2 - Larguras de apartamentos


Largura Metros Comentários

Adequado para uma cama de solteiro ao


Mínima 3,00 comprido. Nos demais casos, resulta em
apartamentos longos, estreitos e ineficientes.

Possibilita camas atravessadas, com mó-


Padrão 3,65 veis encostados nas paredes e espaço de
circulação. Mínimo de 3,50 m livre.

Permite espaçamentos generosos e o


Luxo 4,10 posicionamento das camas ao comprido
ou de canto.

Estar e quarto adjacentes, com espaços


Suíte 6,00
mínimos.

Fonte: adaptada de Lawson (2003, p. 233).

117
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

É importante destacar que essas dimensões não Para as paredes, além das tintas laváveis, existe a
contemplam o acesso à cadeira de rodas, e que, mes- possibilidade de revestimento em papéis de parede
mo no caso de atendimento a um número grande de do tipo vinílico que, além de mais durável, permite
idosos, a área mínima não é indicada, considerando a limpeza. Importante a proteção de arestas dos can-
a baixa mobilidade e probabilidade de pequenos aci- tos vivos, evitando acidentes.
dentes. O forro em gesso permite que um projeto de
Para os acabamentos dos quartos, permanece a iluminação com mais qualidade seja projetado, in-
premissa destacada para todas as escolhas do sistema cluindo mais pontos de luz, o que é bastante inte-
de hotelaria atual: resistência, considerando a dura- ressante, podendo oferecer diferentes “cenários” aos
bilidade, e manutenção, levando em consideração a ambientes, em especial, aos apartamentos de motéis.
limpeza. Os pisos podem ser, comumente, revesti- No caso da distribuição de mobiliários e equi-
dos em forração, mas esta opção não se enquadra a pamentos, Lawson (2003) diz que o maior determi-
empreendimentos do tipo resorts ou em regiões de nante, ao se estabelecer o layout dos apartamentos,
muito calor. A escolha por revestimentos cerâmicos é a quantidade e dimensão da(s) cama(s), e além do
também é uma boa opção, os porcelanatos oferecem tamanho, existem outros critérios a serem conside-
opções interessantes e com bastante apelo estético e rados na hora de escolher esse mobiliário, são eles:
de durabilidade. Os pisos laminados até podem ser • Conforto: qualidade dos estofamentos do
utilizados, mas é preciso que a escolha leve em con- colchão e da base.
sideração a qualidade, busque os apropriados para • Durabilidade: reforços nas bordas e manu-
alto tráfego. tenção das formas.
• Silêncio: ausência de juntas ou molas ruidosas.
• Segurança: nível de produção de chamas, ris-
co de combustão e produção de fumaça.
• Armazenamento: desmontagem, resistência
contra mofo.

Figura 4 - Revestimento de piso e de cabeceira em forração Figura 5 - Cama de hotel com boas dimensões

118
DESIGN

Para apartamentos de dimensões reduzidas, Outra facilidade interessante para as camas é a


como os de navios de cruzeiros, é comum a insta- escolha de peças com rodízios, ou mesmo, a instala-
lação de camas retráteis, que fecham e se recolhem ção posterior deles, isto facilita a limpeza e permite a
na parede quando não estão sendo utilizadas, per- multifuncionalidade dos apartamentos, que podem
mitindo que um número maior de pessoas utilize o ser compostos conforme a necessidade, ora por ca-
espaço. mas de solteiro, ora por uma cama de casal.
No caso de hostels, é comum a utilização de ca- Outros equipamentos e mobiliários dependem
mas do tipo beliches, como meio de potencializar o do padrão do hotel, sendo que os apartamentos po-
uso dos espaços, hospedando um número maior de dem ser equipados com criados-mudos, televisão,
hóspedes. Sempre que possível, é interessante pro- roupeiros, armários, escrivaninhas, mesas, poltro-
por soluções para que, mesmo compartilhando o nas, ou outros, dependendo, também, da dimensão
quarto, exista um pouco de privacidade ao menos disponível. Importante que, assim como a preocu-
na cama. Isto é viável a partir da distribuição das pação com a qualidade dos colchões, se realize uma
camas/beliches, com o uso de divisórias ou painéis, boa pesquisa sobre as melhores soluções. Lawson
instalação de cortinas, ou outras soluções que o de- (2003) indica alguns pontos de atenção especiais
signer pode propor. para a escolha e instalação dos mobiliários, conside-
rando que, na hotelaria, estes estão mais suscetíveis
ao desgaste do que em áreas residenciais:
• Superfícies: resistência a manchas e danos de
queimaduras, esmaltes, solventes, tintas etc.
As áreas vulneráveis devem ser protegidas
(vidros temperados, molduras).
• Apoio: os móveis e utensílios suspensos de-
vem ser ancorados nas paredes.
• Armários e portas: batentes, dobradiças e
trancas devem ser simples, sólidas e de fun-
cionamento silencioso.
• Manutenção: possibilidade de revisões e
substituições de componentes e reformas.
• Cabides: barras de náilon com cabides remo-
víveis, para facilidade de movimentos e redu-
Figura 6 - Cama de hostel tipo cápsula ção de ruídos.

119
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Os tecidos para cortinas e roupas de cama, in-


cluindo almofadas, devem ser resistentes a: man-
chas, líquidos e amassados. Cores claras sempre re-
metem à limpeza e evitam a sensação de diminuição
do espaço.
Para a decoração, podem ser utilizados vasos,
quadros, esculturas ou outros que o designer julgar
necessário, desde que atenda aos requisitos de ma-
nutenção e durabilidade, tenha aparência leve, com
cores e formas que não conflitem com o estilo do
Figura 7- Interior do armário de apartamento de hotel empreendimento. Muito cuidado com os excessos.

Em relação à instalação fixa ou livre, a indica-


ção é de que, para os móveis maiores e mais pesados,
com exceção da cama, se opte pela instalação fixa ou
embutida, e para peças menores, a possibilidade de
movimentação é o ideal.
Além desses mobiliários, outros utensílios são
indicados por Lawson (2003) como importantes
em um apartamento de hotelaria, como espelhos,
que devem ser fixos e bem iluminados, de prefe-
rência, atendendo à visão do corpo inteiro; lumi-
nárias nas cabeceiras das camas ou ao lado delas,
caso o apartamento tenha penteadeira ou mesa, O quarto de um hotel deve oferecer conforto e
colocar o objeto de iluminação sobre elas também; facilidade de manutenção, não ser intimidador, mas
minirrefrigerador (frigobar), interessante que seja também não parecer, simplesmente, um quartos co-
embutido e faça composição com os armários do mum residencial, os hóspedes devem ser acolhidos,
ambiente; telefone junto à cama; cofre embutido gostarem de estar ali, sentindo-se à vontade, mas
no armário, para, dessa maneira, não interferir na não como na sua casa, o espaço deve oferecer um
ambientação; lixeiras, bastante importantes e em diferencial, tornando-o atrativo e interessante, in-
locais estratégicos. centivando a permanência.

120
DESIGN

121
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Outros
Ambientes
Assim como já citei no início da unidade, diferen- escalas, entre outras possibilidades. Existem, ainda,
tes instalações hoteleiras podem apresentar distintas as instalações que visam ao atendimento aos even-
necessidades de instalações. Alguns hotéis, em espe- tos corporativos, assim, oferecem auditórios, salas
cial, os praianos ou em regiões turísticas, oferecem de convenções e reuniões. Para cada situação desta,
grandes áreas de lazer, compostas por piscinas, sau- existe a necessidade de o designer buscar orientação
nas, parques infantis, em alguns casos, praticamen- e referenciais para o desenvolvimento do projeto
te um parque aquático. Outros empreendimentos para que foi contratado, entendendo as especificida-
oferecem academia, spas, pistas de caminhadas, de des em questão.

122
DESIGN

Existem, ainda, os hotéis que oferecem serviços


como os de minishoppings, por exemplo, muito co-
mum em navios de cruzeiros, verdadeiros hotéis de
luxo flutuantes. Nestes casos, as lojas podem e de-
vem seguir as mesmas orientações já apresentadas
na Unidade 1 do livro, em que apresentei, exatamen-
te, as orientações sobre projetos de lojas e PDVs.
Uma área comum dentro das instalações hotelei-
ras são os escritórios, onde são instalados os setores O mais importante, em qualquer um dos am-
administrativos, financeiros, de gestão de pessoas, bientes, é que a identidade do negócio esteja refle-
entre outros. Para estes espaços, considerar o conte- tida em cada elemento especificado no projeto, mas
údo disponibilizado na Unidade 2 do livro, referente respeitando as individualidades das atividades que
aos projetos corporativos – escritórios e áreas com- o espaço propõe. Por exemplo, o hotel pode ser de
plementares. luxo, seguir um padrão de estilo clássico no lobby,
Também existem algumas áreas que são comuns nos quartos e restaurantes, mas, em uma área desti-
entre todas as instalações do ramo hoteleiro, como o nada às crianças ou aos jovens, apresentar um estilo
caso da cozinha, que merece bastante atenção e deve mais despojado, porém mantendo o padrão de ma-
atender às legislações aplicáveis a cozinhas indus- teriais finos e acabamentos de alto padrão.
triais e às necessidades já apresentadas na Unidade Por isso, é indispensável que, para o desenvolvi-
3 do livro, aplicando as orientações de acordo com a mento de qualquer projeto de interiores, o designer
dimensão e as exigências de cada instalação, já que estude muito a respeito, busque referências e desen-
nem todos, por exemplo, oferecem refeições aos volva um bom briefing, capaz de traduzir as necessi-
hóspedes ou possuem áreas para refeições coletivas. dades e os objetivos do projeto.

123
considerações finais

Encerramos, aqui, a quarta unidade do livro de Projetos Comerciais, Institucio-


nais e de Serviços, em que apresentei informações a respeito de projetos de inte-
riores para o ramo hoteleiro. Você, como futuro(a) designer de interiores, precisa
compreender todas as possibilidades de diferentes projetos que podem surgir
para que você desenvolva, sendo o ramo de hotelaria uma dessas possibilidades.
Como já citei na introdução da unidade, o projeto hoteleiro envolve todas
as questões já aprendidas como base da atuação na ciência design de interiores,
assim como, praticamente, um pouco de cada uma das unidades deste livro e
alguns quesitos de um projeto residencial, quando pensamos no quarto (ou apar-
tamento, suíte), e, ainda assim, apresenta questões específicas, as quais busquei
apresentar na unidade.
Existem muitos profissionais que se especializam em determinadas áreas do
design, inclusive, em projetos para hotéis e afins, a ponto de seus escritórios tra-
balharem apenas com este nicho de mercado, e sim, existem casos assim no Bra-
sil, profissionais que se especializaram em projetos hoteleiros. Mesmo que este
não seja o seu caso, ainda sim, pode surgir a oportunidade de que você desenvol-
va algo no ramo, ainda que em dimensões pequenas. Fique atento(a), o turismo
só cresce no país e, com isto, a possibilidade de sua atuação com projetos de
interiores hoteleiros, em especial, para os que moram em regiões onde o turismo
é mais forte.
Espero que, com a base apresentada na unidade, você passe a entender e ob-
servar, de forma diferente, as instalações de um hotel, de forma mais crítica e pro-
fissional, e, no caso de vir a trabalhar na área, saiba os passos iniciais do projeto,
assim como a necessidade de buscar mais informações específicas e atualizadas.
E não se esqueça de assistir todas as aulas, realizar as atividades propostas na
unidade, potencializar seus conhecimentos por meio da leitura complementar
e das indicações de materiais complementares. E que venha o estudo da última
unidade!
Bons estudos!

124
LEITURA
COMPLEMENTAR

O Design na hotelaria

O conceito de Hotel Design surgiu em Nova York, no início da década de 90, com a
reforma de um antigo hotel na Broadway. Ian Schranger, proprietário do hotel, pediu
a Philippe Starck, designer francês, reconhecido mundialmente por sua ousadia, para
criar um espaço totalmente novo. O projeto deveria ser diferente de tudo o que mer-
cado hoteleiro já havia concebido. Surgiu então o Hotel Paramount, que logo se tornou
uma referência na cidade (NORMANDIE, 2004).
O arquiteto e designer, Riewoldt, cita que neste milênio os hotéis com arquitetura bur-
guesa estão sofrendo uma grande revitalização (...). O movimento de vanguarda do
design em meados dos anos 80 amadureceu incrivelmente rápido e desde então tem
influenciado as cadeias internacionais (...). O design está adquirindo uma importância
vital como caminho para distinguir e definir hotéis no contexto de competição global,
os melhores resultados são obtidos quando o arquiteto e o designer de interior é a
mesma pessoa (...). Atualmente é aceito como norma que os hotéis devem propor-
cionar mais do que conforto e acomodações padronizadas, eles devem ser espaços
públicos de convivência e observação onde o hóspede é um dos participantes de uma
peça teatral (...). Esse desenvolvimento vem redescobrindo os hotéis como pontos de
atividade social, não apenas para festivais, conferências, reuniões, mas também para
passagem de marcas do mundo urbano.
Restaurantes, bares, academias se transformaram em importantes fontes de renda (...).
A atmosfera e a ambientação do hotel são o carro chefe e estão definindo a qualidade,
um incremento competitivo no mercado. Os conceitos chave para o sucesso são hoje a
individualização e diversificação (...). A atenção para o produto e o acúmulo de objetos
cedeu lugar para o conceito minimalista e a valorização das experiências vividas, em
que impera a discrição e a simplicidade sofisticada (RIEWOLDT, 2001, p.8-10).
Dessa forma, entende-se que o design é peça fundamental para a arquitetura e am-
bientação dos hotéis, sendo utilizado como um instrumento que orienta o posiciona-
mento e a identidade do hotel no mercado.
O novo mercado começa a exigir que os produtos tenham personalidade e que possam
de fato ir ao encontro das características psicológicas de seu cliente, respeitando sua
individualidade.

125
LEITURA
COMPLEMENTAR

Esse entendimento pode ser chamado de diferencial competitivo. Algumas redes ho-
teleiras, e mesmo pequenos hotéis, estão em busca dessa diferença, como afirma a
empresa de consultoria DSR - Design Strategy & Research (2004). Os hotéis, hoje, ofe-
recem aos seus hóspedes, não só um quarto, mas a possibilidade de colher vivências
e experiências únicas. Por isso, as maiores cadeias de hotéis despendem um esforço
considerável a entender os usos e costumes locais, as tradições e o estilo de vida das
pessoas que utilizam os seus serviços.
A agência de pesquisas DSR ajudou uma das maiores redes de hotéis a compreender os
estilos de vida dos homens de negócios em diferentes cidades da América Latina, com
especial enfoque em pequenos hotéis.
Recorrendo a vídeo-etnografia, entrevistas contextuais e a desenvolvimento de cená-
rios com o staff com clientes e dirigentes na indústria do turismo, a DSR foi capaz de
decifrar os comportamentos, entender os valores, as necessidades e outras caracterís-
ticas dos homens de negócio quando viajam.
Nessa pesquisa, os Hotéis Design foram apontados como hotéis que surgem no merca-
do para atender ao apelo latente por produtos que supram as necessidades de busca
pelo moderno e arrojado, e criem uma identidade própria que se iguale ao perfil do
cliente que o busca.
A concepção de resorts segue esta tendência, os produtos que surgem no mercado
buscam oferecer ao público experiências e sensações diferenciadas, utilizam-se tam-
bém da concepção de espaços e objetos funcionais valorizando os hábitos e culturas
locais.

Fonte: Guia GPHR ([2017], on-line)6.

126
atividades de estudo

1. Até os anos 80 e início do 90, os hotéis seguiam, basicamente, dois estilos


em seus projetos de interiores. Quais eram esses estilos e suas principais
características?

2. Atualmente, os princípios fundamentais na elaboração de um projeto de


interiores de hotelaria são:
a. Briefing, programa de necessidades e brainstorm.
b. Perfil do cliente e tipo de negócio.
c. Conforto, funcionalidade e equilíbrio visual.
d. Beleza e funcionalidade.
e. Cores, texturas e estampas.

3. Otto (2011, on-line)4 compactuando com a ideia de que existem premis-


sas atuais quanto aos projetos de interiores de hotéis, apresenta uma lista
destas diretrizes para as áreas comuns e para os apartamentos. Descreva
quais são essas diretrizes apresentadas pelo autor.

4. Quais atividades costumam acontecer em um lobby de hotel e quais são os


equipamentos necessários para a realização destas?

5. Diferentes atividades devem ser consideradas na elaboração do projeto de


um quarto de hotel, dentre elas:
I. Dormir.
II. Vestir-se e trocar de roupa.
III. Armazenar pertences.
IV. Trabalhar com computadores portáteis.

Dessa maneira, assinale as alternativas corretas.

a. Somente I e II.
b. Somente I, III e IV.
c. Somente II, III e IV.
d. Somente III e IV.
e. Todas as alternativas.

127
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Pousadas e Hotéis: manual prático para planejamen-


to e projeto
Ronald de Góes
Editora: Blucher
Ano: 2015
Sinopse: o presente trabalho é uma iniciativa para proporcio-
nar conceitos, paradigmas e informações, como histórico da
evolução hoteleira no Brasil e no mundo, dimensionamento das
áreas do hotel, questões de ordem construtiva e administrativa e classificação dos meios de
hospedagem, conforme o Ministério do Turismo. Além disso, disponibiliza um amplo estoque
de modelos e plantas que formam o arcabouço de um empreendimento hoteleiro aos que
trabalham no setor, como empresários, agentes de viagens, arquitetos, engenheiros, admi-
nistradores de hotéis, estudantes, entre outros profissionais.

Hotel Design
Josep Minguet
Editora: Monsa
Ano: 2005
Sinopse: o design de hotéis converteu-se em um dos exercícios
mais atrativos para qualquer arquiteto ou designer. O conceito
que se tinha de um lugar luxuoso, que fazia alusão aos materiais
de alto custo, uma decoração carregada e um ambiente formal,
deu lugar a uma nova ideia, na qual o luxo é sinônimo de espaço confortável. Os amplos
espaços, inclusive, nas zonas mais íntimas, ambientes que buscam novas sensações, as últi-
mas tecnologias aplicadas ao design e, os entornos com grande caráter são predominantes
nestes lugares que se popularizaram por meio dos mais prestigiosos arquitetos e designers.

128
DESIGN

Esqueceram de Mim 2 - Perdidos em Nova York


Ano: 1992
Sinopse: um garoto (Macaulay Culkin) se vê, novamente, sozi-
nho, em virtude de uma confusão no aeroporto, que fez com
que ele partisse sozinho para Nova York ao invés de embarcar
com a família para a Flórida.
Mas como tinha o cartão de crédito do pai (John Heard), ele se
hospeda no melhor hotel da cidade, mas também encontra os
dois ladrões que ele tinha enfrentado no passado e que, agora,
planejam se vingar dele.
Comentário: Não há hotel cinematográfico, dos hotéis de filmes, mais representativo do que
O Plaza. O principal monumento de Midtown Manhattan, com seu estilo château da Renas-
cença francesa, é um gigante da cultura norte-americana, tendo aparecido no decorrer dos
anos, em inúmeros filmes (desde Trapaça, Perfume de Mulher, Intriga Internacional até Croco-
dilo Dundee 2), bem como obtendo lugar de destaque em uma das maiores obras literárias
dos Estados Unidos, O Grande Gatsby.

A revista Casa e Jardim realizou um levantamento sobre os melhores hotéis design do mun-
do, e disponibilizou em seu site de forma interativa.
Para conferir as informações, acesse o site disponível em: <http://revistacasaejardim.globo.
com/Revista/Common/0,,EMI109780-18066,00-HOTEIS+DESIGN+DO+PLANETA.html>

129
referências

GIBBS, J. Design de Interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. São Pau-
lo: GG, 2015.
LAWSON, F. Hotéis e Resorts: Planejamento, Projeto e Reforma. Porto Alegre:
Bookman, 2003.

Referências On-line
¹Em: <http://www.revistaturismo.com.br/artigos/crescimentobrasil.html>.
Acesso: 05 abr. 2017.
²Em: <http://www.decolar.com/blog/curiosidades/diferenca-entre-hotel-e-hos-
tel>. Acesso em: 05 abr. 2017.
³Em: <http://www.revistahotelnews.com.br/portal/materia.php?id_mate-
ria=425>. Acesso em: 06 abr. 2017.
4
Em: <http://gabrielaotto.com.br/blog/a-nova-era-da-arquitetura-e-decoracao-
-dos-hoteis/>. Acesso em: 06 abr. 2017.
5
Em: <http://mariana-projetista.blogspot.com.br/2012/04/desenho-mobiliario.
html>. Acesso em: 23 maio 2017.

130
gabarito

1. O Americano, instalado em construções verticalizadas, que valorizavam a tecnologia,


com materiais frios e pé direito alto, valorizando sobretudo funcionalidade, inclusive
em contrapartida ao afeto e luxo. E o Europeu, mais tradicional, com construções
mais horizontais, térreas, pé direito baixo, tapetes, plantas, valorizando mordomias
e cerimônias, priorizando o conforto.
2. C.
3. As áreas de uso público comum devem proporcionar a socialização, integrar hós-
pedes com o próprio empreendimento e com a cidade onde este está instalado. Os
apartamentos devem seguir o estilo intimista, com foco no conceito “casa fora de
casa”, oferecendo aos seus ocupantes sensação de segurança e alívio. Os mobiliários
e equipamentos dimensionados a partir do perfil de permanência média, buscando
atender com conforto ambiental e ergonomia.
4. A principal atividade desenvolvida nesses empreendimentos, todos os hóspedes
passam por esse espaço, considerando a obrigatoriedade, ou ao menos o padrão,
de check-in e check-out e, para a sua realização, é necessário um balcão de atendi-
mento. Ainda no espaço da recepção, é comum a instalação de assentos para que
hóspedes ou visitantes aguardem ou permanecem por um período quando deseja-
rem. Esses podem ser poltronas individuais ou sofás compartilhados.
5. E.

131
SAÚDE - CLÍNICAS MÉDICAS E
ODONTOLÓGICAS

Professora Me. Larissa Siqueira Camargo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Apresentar as questões legais relacionadas aos projetos de
clínicas médicas e odontológicas.
• Definir os ambientes obrigatórios e suas características
quanto ao projeto.
• Caracterizar os equipamentos e materiais de acabamentos
aplicados aos projetos de clínicas.
• Explicar a relação entre aplicação das cores e seus efeitos
na saúde humana.

Objetivos de Aprendizagem
• Questões legais
• Ambientes de clínicas
• Equipamentos e acabamentos
• Cores e saúde
unidade

V
INTRODUÇÃO

Iniciamos, aqui, aluno(a) e futuro(a) designer de interiores, a última


unidade do livro de Projetos Comerciais, Institucionais e de Serviços,
tratando de um conteúdo bastante complexo: os projetos de interiores
de clínicas de saúde, médicas e odontológicas. Para este tipo de projeto,
assim como em todos apresentados no livro, é preciso buscar as legisla-
ções locais para sua elaboração, mas, no caso das clínicas, ainda existem
normativas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que
regulamenta a instalação e o funcionamento destes serviços.
Elaborar projetos neste contexto está muito além das questões esté-
ticas e funcionais, as soluções propostas devem atender aos requisitos
relacionados ao bem-estar e à saúde de pessoas que, normalmente, estão
passando por alguma doença. Isto as torna mais frágeis, física e emo-
cionalmente, e um ambiente bem pensado pode oferecer qualidade em
relação ao conforto e à higienização, além de proporcionar bem-estar e
aconchego.
Por isso, nessa unidade, primeiramente, serão apresentadas as bases
inicias legais quanto a clínicas, fundamentando e introduzindo o conte-
údo, baseando-se nas regulamentações nacionais, que são a base para as
municipais. Também explicarei o papel e a função de um designer dentro
deste contexto. Na segunda aula, apresentarei os ambientes obrigatórios
dentro da instalação de uma clínica, indicando sua função e os equipa-
mentos e as instalações básicas necessárias para seu funcionamento.
Os equipamentos e materiais de acabamento serão tratados na tercei-
ra unidade, indicando os requisitos legais para sua escolha, quando for
o caso, e as indicações para cada um. Na última parte, o conteúdo apre-
sentado é o de cores aplicadas nas clínicas como aliadas na recuperação
de pacientes.
E, assim, acredito que vocês estarão com os embasamentos primor-
diais para a atuação com este tipo de público. Desejo uma ótima leitura!
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Questões
Legais
O projeto de interiores de ambientes relaciona- Em 1990, o Governo Federal criou o SUS (Siste-
dos à saúde está muito atrelado às questões legais, ma Único de Saúde), a fim de atender a Constituição
sendo que, normalmente, o cliente que procura o Federal de 1988, que definiu, como dever do Estado,
profissional para o desenvolvimento desse projeto a garantia de saúde para toda a população. Dessa ma-
busca, exatamente, alguém que conheça e aplique neira, a lei de criação do SUS estabelece que a saúde
as exigências de lei para a abertura de seu negó- pública deve ser oferecida por instituições federais,
cio. Dessa maneira, é indispensável ao designer estaduais e municipais, da administração direta e in-
que pretende ou tem a oportunidade de atuar na direta e das fundações mantidas pelo Poder Público.
área, conhecer e compreender os contextos legais Porém a mesma lei credencia e permite que os servi-
das instalações de empresas de prestadoras servi- ços de assistência à saúde também possam ser ofereci-
ços da saúde. dos pela iniciativa privada (BRASIL, 2002).

136
DESIGN

É importante ressaltar que a Resolução apresen-


ta que, para a construção de uma nova edificação ou
reforma de um prédio existente, é exigida a avalia-
ção do projeto físico pela vigilância sanitária local
(estadual ou municipal). Este projeto deve ser elabo-
rado por um arquiteto ou engenheiro devidamente
cadastrado em seus conselhos profissionais, somen-
Fonte: Blog da Saúde (2015, on-line)1.
te assim a instalação estará atendendo à legislação.
Como designers de interiores, é possível a ela-
Em fevereiro de 2002, a Anvisa (Agência Nacio- boração do projeto que, posteriormente, deverá ser
nal de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução da avaliado e viabilizado pelo profissional indicado, ou
Diretoria Colegiada (RDC) nº 50, que dispõe sobre ainda, em situações de reformas de caráter estético,
o Regulamento Técnico para planejamento, progra- em que não ocorreram mudanças em instalações,
mação, elaboração e avaliação de projetos físicos de cabíveis de aprovação pela vigilância sanitária.
estabelecimentos assistenciais de saúde, e esta pas-
sou a ser a normativa que regula os projetos arquite-
tônicos e de interiores de qualquer estabelecimento
que ofereça serviços à saúde, caso das clínicas e con-
sultórios (BRASIL, 2002).
Para que clínicas privadas possam oferecer seus
serviços, precisam atender aos princípios éticos e às
normas expedidas pelo órgão de direção do SUS,
tendo, como base, a resolução da Anvisa, que tem
não somente a função de autorizar, mas também de
fiscalizar essas instalações e, assim, para que sejam
liberadas suas aberturas e permitida sua manuten-
ção em funcionamento, é preciso que sejam obser-
vadas as exigências dos órgãos competentes (DA-
BUS, 2016, on-line)2.
Góes (2006) aponta que, durante muito tempo,
não ocorria a contratação de um profissional qualifi-
cado para a elaboração de projetos de clínicas parti-
culares, mas que, a partir dos anos 2000, passou a ser
mais frequente, não só pela fiscalização mais acirra-
da, como para atender a uma demanda de mercado,
considerando que os pacientes estão mais exigentes
quanto a sua estada nesses ambientes. Fonte: Fisa Incorporadora ([2017], on-line)3.

137
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Ambientes
de Clínicas
As clínicas privadas atendem às mais variadas espe- existem pequenos consultórios que atendem, espe-
cialidades médicas, podendo funcionar com ou sem cificamente, apenas uma área da medicina.
internação ou como apoio à diagnose e terapia. Para Com todas estas possibilidades, existe uma varia-
Dabus ([2017], on-line)2, hoje, no setor privado, são ção das necessidades de suas instalações, que são par-
mais comuns as clínicas com estrutura para inter- ticulares, dependendo do tipo de atendimento. A An-
namentos rápidos e com apoio para as diagnoses e visa estabelece, na RDC nº 50, quais são as instalações
terapias na mesma instalação. Mesmo assim, ainda mínimas para estabelecimentos assistenciais de saúde.

138
DESIGN

De acordo com a RDC 50, os ambientes obrigatórios para o


funcionamento dos consultórios são (BRASIL, 2002):

Sala de espera para pa-


cientes e acompanhantes
Pode ou não compartilhar o es-
paço com a recepção (área para
registro de pacientes/marcação).
Interessante que este ambiente
comporte, além de assentos con-
fortáveis, uma televisão ou som
ambiente, revistas para leitura,
água, e, em alguns casos, apoio
para café e até pequenos lanches. Figura 1 - Recepção e sala de espera

Figura 2 - Área para registro de pacientes/


marcação Figura 3 - Sala de utilidades

Área para registro de pa- Sala de utilidades


cientes/marcação Também conhecida como ex-
Normalmente, é a recepção, em purgo, deve estar equipada com
Figura 4 - Depósito de material de limpeza (DML)
que um funcionário faz o pri- bancada com pia, armário para Fonte: Lanfer. Arq (2011, on-line)4.

meiro atendimento do paciente. guarda de material limpo e desin-


Deve estar equipado com mesa fetado, além de dispensers para Depósito de material de
ou balcão para esse atendimen- papel, sabonete e lixeiras de acio- limpeza (DML)
to, além de assento para o fun- namento por pedal. Dependendo Como o próprio nome já diz, o lo-
cionário que atende no local. do tipo de atendimento, podem cal onde serão acondicionados os
ser necessários outros equipa- materiais de limpeza e todos os
mentos. equipamentos relacionados. Deve
comportar tanque e armário.

139
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

SAIBA MAIS
Figura 5 - Banheiro acessível

O número de banheiros necessários é es-


Sanitários para pacientes e público tabelecido em legislação local, por meio de
(masculino e feminino) cálculos que têm, como base, o número de
Próximos à sala de espera, em quantidade sufi- pessoas que frequentam ou frequentaram
o espaço.
ciente para atender ao fluxo da instalação. Lem-
brando da necessidade de sanitário adaptado, em Fonte: a autora.

número que atenda à legislação local.

140
DESIGN

Também há o consultório, onde os pacientes É indispensável ressaltar que os consultórios


serão atendidos. Para o atendimento médico, nor- odontológicos, assim como os consultórios médicos
malmente, o ambiente é composto por mesa para onde são realizados não apenas consultas, mas al-
pré-atendimento e maca para consultas e exames. gum tipo de exame ou intervenção que pode ocasio-
Para algumas especialidades, são necessários equi- nar risco de infecção aos pacientes, como os gineco-
pamentos específicos, por exemplo, em consultórios lógicos, por exemplo, são considerados pela Anvisa
de obstetrícia, pode ser instalado aparelho de ultras- (BRASIL, 2002) como locais de risco ou áreas críti-
som, além da necessidade de uma maca apropriada cas. Isto significa que as normas e os padrões aplica-
para exames ginecológicos; em um consultório para dos a eles são mais rígidas e seguem os princípios da
atendimento oftalmológico, existem equipamentos biossegurança, sendo que, anualmente, passam por
para exames de visão, ou seja, cada especialidade fiscalização para a manutenção do Alvará de Fun-
tem as suas necessidades. Além disso, em consultó- cionamento.
rios de ginecologia, proctologia e urologia, é obri-
gatória a instalação de sanitário para os pacientes,
anexo à área de atendimento.
Para instalações de atendimento de dentistas,
são necessários cadeira odontológica, mocho, Au-
toclave, Fotopolimerizador e Compressor, além de
bancada com pia e mobiliários de suporte para os
equipamentos.

SAIBA MAIS
Figura 6 - Consultório odontológico

O mocho é um mobiliário utilizado para que Além desses ambientes, a Anvisa (BRASIL,
o dentista se sente durante o atendimento
aos pacientes, pode ser do tipo cadeira, com 2002) apresenta como opcionais:
encosto, ou banqueta, sem encosto. Tem de- • Sanitários para funcionários.
sign e ajustes adequados para a utilização de • Depósito de equipamentos.
forma ergonômica.
• Área para guardar macas e cadeira de rodas.
Fonte: a autora. • Sala administrativa.
• Copa.

141
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Equipamentos
e Acabamentos

142
DESIGN

Para este tipo de projeto, você deverá conhecer e Dessa maneira, apresentarei, aqui, os principais
entender mais a respeito de equipamentos que não materiais e equipamentos utilizados, senão em todas
fazem parte de outras práticas de um designer de as situações, na maior parte delas, e caberá a você,
interiores. Por exemplo, para a lavagem das mãos, quando na atuação como designer, realizar pes-
existem três tipos básicos de equipamentos, que a quisas para o projeto em questão, que, certamente,
RDC 50 (BRASIL, 2002) apresenta: apresentará suas especificidades.
• Lavatório – Exclusivo para a lavagem das Para a escolha de todos os materiais, em espe-
mãos. Possui pouca profundidade, formatos cial, revestimentos de parede e piso, é indispensá-
e dimensões variados. Pode estar inserido em vel que sejam impermeáveis, não podendo ter ín-
bancadas ou não.
dice de absorção de água superior a 4% e, quando
• Pia de lavagem – Destinada, preferencial-
possuir rejunte, o índice deve ser o mesmo. As pe-
mente, à lavagem de utensílios, podendo ser
também usada para a lavagem das mãos. Pos- ças também devem ser lisas, com o menor número
sui profundidade variada, formato retangular possível de ranhuras ou frestas. O uso de cimento
ou quadrado e dimensões variadas. Sempre sem qualquer aditivo antiabsorvente para rejunte
está inserida em bancadas. de peças cerâmicas ou similares, é vedado tanto nas
• Lavabo cirúrgico – Exclusivo para o prepa- paredes quanto nos pisos das áreas críticas (BRA-
ro cirúrgico das mãos e do antebraço. Deve SIL, 2002).
possuir profundidade suficiente que permita
a lavagem do antebraço sem que toque no
equipamento. Lavabos com uma única tor-
neira devem ter dimensões mínimas iguais a
50 cm de largura, 100 cm de comprimento e
50 cm de profundidade. A cada nova torneira
inserida, deve-se acrescentar 80 cm ao com-
primento da peça.

Sendo que esses equipamentos devem ser dotados


de torneiras ou comandos que dispensem o contato
das mãos quando do fechamento da água. Próximos
a eles, devem ser instalados um dispenser para sabão
líquido degermante, e outro destinado ao papel para Figura 7- Exemplo de piso para consultórios
secagem das mãos. Fonte: EmBase (2011, on-line)5.

143
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Para as tintas, é indicada à base de epóxi, PVC, Quando entramos nos quesitos de mobiliários
poliuretano ou outras com resistência à água e e elementos de decoração, os requisitos continuam
umidade, tanto nas paredes e tetos quanto nos pi- embasados nas questões de manutenção e higiene.
sos, devendo ser resistentes às lavagens e ao uso Materiais que permitam a limpeza e higienização
de produtos químicos para limpeza e desinfecção. adequadas e completas são a base inicial para as
Quando utilizadas no piso, devem resistir, também, definições do designer. Outro quesito que pode ser
à abrasão e aos impactos aos quais serão submeti- agregado a essas escolhas é a humanização dos am-
das. A Anvisa (BRASIL, 2002) estabelece, em sua bientes, é natural que a maior parte das pessoas se
norma, que a paleta de cores de todos os revesti- sintam, de certa forma, incomodadas dentro de am-
mentos seja clara. bientes da saúde, seja uma clínica médica, seja um
Os rodapés devem ser instalados de maneira a consultório odontológico, por isso, as instalações
permitir a completa limpeza, sem que ocorra acú- desses espaços devem proporcionar o menor des-
mulo de sujeira ou outros. Na junção entre parede e conforto possível, sendo que o projeto de interiores
rodapé, é necessário que eles estejam alinhados, não pode proporcionar um ambiente mais agradável e
deixando o sobressalto que, normalmente, existe. confortável aos pacientes.

SAIBA MAIS

Humanizar significa “tornar humano, dar con-


dição humana, humanizar”. É também definida
como “tornar benévolo, afável, tratável” e ain-
da “fazer adquirir hábitos sociais polidos, civi-
lizar”. Já humano, vem de natureza humana,
significando também “bondoso, humanitário”.

Fonte: Ferreira (2009).

Dabus (on-line, 2016)6 apresenta cinco componen-


tes que tornam clínicas e consultórios mais agradáveis:
Figura 8 - Exemplo de modelo de rodapé
Mobiliário confortável, objetos familiares, elementos
Fonte: RCE - Representações ([2017], on-line)2. vivos, iluminação na medida certa e paleta de cores.

144
DESIGN

Em se tratando de mobiliários confortáveis,


baseamo-nos, primeiramente, nos conceitos da
ergonomia. Dimensões adequadas para cada uma
das peças é essencial, considerando qual é o pú-
blico que, normalmente, frequenta o espaço. O
balcão da recepção é o primeiro equipamento que
o paciente tem contato ao chegar, as dimensões
desta peça devem atender, confortavelmente, não
apenas os pacientes e acompanhantes, mas tam-
bém o funcionário que trabalha nela em toda a
sua jornada. A altura para o atendimento em pé
deve estar entre 0,90 e 1,05m a partir do chão, sen-
do que uma porção da área de atendimento deve
ser elaborada para o uso de pacientes cadeirantes,
estando entre 0,75 e 0,85m de altura. A largura
mínima da peça também é de 0,90 mts, permitin-
do a realização do trabalho (BRASIL, 2002).
Assim como em balcões de cozinha, é preciso
que seu rodapé tenha um recuo em relação à pro-
fundidade do tampo, sendo que este deve ter, no
mínimo, 20cm de altura e 10cm de profundidade,
permitindo que as pessoas se aproximem do móvel
sem que as pontas de seus pés fiquem pressiona-
dos. Ao invés do recuo de rodapé, é possível fazer
o tampo mais profundo que toda a base do móvel,
como podemos observar na figura a seguir. É im-
portante considerar a movimentação interna do
balcão, feita pelo funcionário para a realização de
suas atividades.

Figura 9 - Consultório com elementos que deixam o espaço mais agradável


Fonte: Blog do Luiz Alberto (2012, on-line)7.

145
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

acomodação de objetos, como livros, porém tam-


bém acumulam poeira e precisam de limpeza fre-
quente, o ideal é a instalação de armários fechados, a
opção são as portas em vidro, que continuam a exi-
bir o que está exposto.
A maca ou outro tipo de mobiliário utilizado
para o atendimento, deve ter altura suficiente para
que o médico não precise se abaixar para realizar o
exame, mas deve oferecer degraus para que o pacien-
Figura 10 - Balcão de recepção
te suba. Seu revestimento deve ser impermeável e,
Fonte: MesaVille (2017, on-line)8. mesmo assim, deve ter uma cobertura trocada a cada
novo atendimento, por isto, considere um mobiliário
Os assentos da sala de espera devem ser confor- para lençóis ou um suporte para o rolo de papel.
táveis, não muito duros, mas também não muito ma- São comuns, nas instalações da área da saúde, ele-
cios, podendo atrapalhar no momento de levantar. mentos e imagens relacionados à especialidade do lo-
Sempre que possível, oferecer assentos do tipo in- cal serem expostos como elementos decorativos, um
dividuais, não obrigando, assim, os usuários a com- exemplo disso, apresentado por Dabus (2016, on-li-
partilharem o espaço com desconhecidos. É preciso, ne)2, é o da clínica odontológica expor próteses e ima-
principalmente, por questões de higiene, que todo o gens de cirurgias em suas salas de espera, isto, certa-
material do móvel escolhido seja impermeável, sen- mente, deixa o paciente mais incomodado e nervoso.
do assim, o tecido simples, sem impermeabilização, Por isto, a autora indica a utilização de elementos
está descartado para o estofamento, pois absorve lí- familiares, mais neutros, que afastem o clima médi-
quidos e sujeira, e não permite a plena higienização. co-hospitalar. Imagens de paisagens, de pessoas feli-
Considerando a legislação de acessibilidade, não zes, abstratas, entre outras, são uma opção. Objetos
se esqueça dos assentos para obesos que, segundo a decorativos, como vasos, bombonières, esculturas,
Norma 9050/2015 da Associação Brasileira de Nor- luminárias, papéis de parede, são outra possibilidade.
mas Técnicas (ABNT), têm, como largura mínima Quanto aos elementos vivos, a autora se refere
para as poltronas acessíveis, 0,75m, além disso, a ao uso de plantas naturais sempre que possível, pois
norma indica que a profundidade do assento deve elas oferecem beleza e humanizam o ambiente, além
estar entre 0,47 e 0,51m. Dentro dos consultórios, de melhorarem a qualidade do ar e exalar o aroma
o mobiliário em MDF ou MDP em acabamentos agradável ao ambiente. A autora ainda relaciona à
e sem ranhuras, é uma boa possibilidade. Tampos exposição de plantas bem cuidadas com a percep-
de mesa em vidro facilitam a limpeza, mas também ção que os pacientes terão do estabelecimento, con-
ficam marcados rapidamente com o uso, a cadeira siderando que se os profissionais ali foram capazes
para uso do médico deve ser confortável e com re- de cuidar delas com sucesso, sendo sensíveis, estão
gulagens para que seja ajustada conforme seu físico. também preparados para o cuidado com humanos.
Prateleiras abertas são interessantes elementos para

146
DESIGN

A iluminação tem papel bastante importante,


SAIBA MAIS
pois, além de deixar o ambiente mais aconchegante e
transmitir a sensação de conforto, pode ser utilizada
Dicas para a escolhas das plantas: para decorar, quando bem empregada e, ainda, ser-
• Evite flores com folhas pequenas, pois
vir como aliada durante os procedimentos médicos
são mais fáceis de atrair poeira.
• Flores como lírio, de pólen aparente, e odontológicos. Por isto, é indispensável a escolha
também devem ser evitadas, pois, fa- correta. Em especial, dentro dos consultórios, não se
cilmente, podem causar alergias e irri-
tação nasal. pode alterar a cor dos elementos e pessoas, nem mo-
• Evite, também, espécies que precisam de dificar a temperatura do ambiente. Nas recepções e
muita água, pois, aos fins de semana e nas mesas dos consultórios, pode ser decorativa e ter
feriados, o consultório vai ficar vazio e a
planta pode secar ou até morrer. a função de iluminar as bancadas de trabalho.
Indicações: Dracena, Jiboia, Pau d'água, Pa-
A paleta de cores é um elemento complexo em
cová, Filodendro e Orquídea. qualquer tipo de projeto de interiores, em se tratan-
Fonte: adaptado de iClinic (2014, on-line)9.
do de ambientes da área da saúde, isto se intensifica
ainda mais, portanto, este conteúdo será abordado
na próxima aula.

147
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Cores e Saúde

Como já citei anteriormente, a Anvisa (BRASIL, mento indispensável, já que atuam sobre sentimentos
2002) estabelece que as instalações para atendimen- e emoções. Farina (1990, p. 27) afirma que:
to de saúde devem seguir uma paleta de cores claras,
mantendo, assim, assepsia de melhor qualidade, já [...] sobre o indivíduo que recebe a comunica-
ção visual, a cor exerce uma ação tríplice: a de
que qualquer sujeira que permanece aparecerá, con-
impressionar, a de expressar e a de construir. A
siderando a base clara. Porém a questão dessa indica- cor é vista: impressiona a retina. É sentida: pro-
ção vai além dos fatores de higiene e está relacionada, voca uma emoção. E é construtiva, pois, tendo
também, às sensações que os indivíduos que frequen- um significado próprio, tem valor de símbolo e
tam o espaço terão durante a sua permanência ali. capacidade, portanto, de construir uma lingua-
gem que comunique uma ideia.
Dentro deste processo de humanização e de oferecer
melhor qualidade nesses espaços, as cores são um ele-

148
DESIGN

Assim, fortalecemos o papel das cores dentro do


contexto médico, compreendendo-as como um ele-
mento forte dentro da composição e com funções
mais explícitas do que em outros ambiente. A huma-
nização, o bem-estar, podem ser explorados dentro
da paleta de cores aplicada.

REFLITA

Se temos a possibilidade de tornar mais fe-


liz e mais sereno um ser humano, devemos
fazê-lo sempre.
(Hermann Hesse)

Ressalto que definir uma tabela de cores para


uma clínica atendendo a esses princípios não signi-
fica, simplesmente, a aplicação do branco, ou ain-
da, azul e verde em tons pastéis. De acordo com Figura 11 - Consultório com aplicação da cor amarela
Fonte: C+A Arquitetura e Interiores (2009, on-line)10.
Dabus (on-line, 2016)2, atualmente, um novo ob-
jetivo foi adicionado à aplicação de cores desses
espaços, junto a outros elementos da composição, Claro que, na escolha da(s) cor(es) a ser(em)
o de oferecer um ambiente com menos aparência aplicada(s), é indispensável analisar seus princípios,
de hospital, amenizando a percepção desagradável as sensações e mensagens que elas transmitem, para,
dos pacientes. então, estabelecer se é isso que se deseja aos pacien-
É claro que, inclusive para atender à legislação, a tes que ali estarão.
base e os maiores elementos dentro desse espaço de- Além da estética e da função de humanizar os
vem seguir o princípio de cores claras e neutras, mas espaços, transmitindo sensações, as cores tendem
é possível, dentro dessa base neutra, adicionar cores a ajudar na criação de identidade das instalações,
em outros elementos, em especial, na recepção e sala Dabus (2016, on-line)2 diz que a determinação das
de espera, que podem até assumir proporção maior cores também deve levar em consideração o públi-
de outras cores, sendo que mesmo essas cores utili- co-alvo, já que tornará o ambiente mais sóbrio, ale-
zadas de forma pontual devem considerar a psico- gre, moderno, retrô, sofisticado, descontraído, entre
logia das cores e as mensagens que elas transmitem. outros. A autora exemplifica com a comparação en-
tre um consultório de pediatria, que deverá ter cores
mais alegres e atrativas, com um consultório gine-
cológico, que deve ter tons mais amenos e elegantes.

149
considerações finais

Assim, futuro designer, finalizamos, aqui, a última unidade do livro de Projetos


Residenciais, Institucionais e de Serviços, no qual tratei, especificamente, de pro-
jetos para clínicas e consultórios, entendendo que, assim como os conteúdos das
unidades anteriores, esta é mais uma possibilidade de atuação para nós.
Esse tipo de projeto, em especial, depende de muita pesquisa e dedicação do pro-
fissional responsável, já que apresenta muitas questões legais bastante sérias, pois es-
tamos falando do atendimento à saúde das pessoas e, certamente, como profissionais
capacitados e conscientes, entendemos nossa responsabilidade nesse caso.
Ao mesmo tempo em que o projeto de clínicas e consultórios apresenta este
peso de responsabilidade, é bastante encantadora a possibilidade de que nosso pro-
jeto e todas as especificações apresentadas nele possam oferecer aos futuros usu-
ários sensações agradáveis durante sua permanência, tornando seu momento ali
menos desagradável, como, normalmente, é a estada em atendimentos médicos.
Por isso, além de atender às questões legais, em especial as da Anvisa, para
propor um projeto de qualidade, é preciso a aplicação de soluções humanizado-
res, a escolha adequada de materiais, de mobiliário confortável, o uso de elemen-
tos decorativos, plantas naturais, e muito cuidado na escolha das cores a serem
utilizadas. E são exatamente estes contextos que vimos no decorrer da unidade.
Ressalto, também, que diversos conceitos apresentados nas unidades ante-
riores podem ser aplicados aos projetos de clínicas e consultórios, como técnicas
de mercado, uso de fluxograma, tipos de circulação, altura de tetos, entre tantos
outros conteúdos que você já teve contato e absorveu na leitura das unidades
anteriores.
Caberá a você, na elaboração de um projeto deste cunho, resgatar tudo o que
aprendeu, realizar novas leituras e selecionar o que e como você pode utilizar
estes conhecimentos.
Bons estudos e bom trabalho!

150
LEITURA
COMPLEMENTAR

FUNÇÃO DAS CORES NA CROMOTERAPIA

AZUL: É considerado a cor de maior propriedade terapêutica. Nas suas diversas fun-
ções, o azul é classificado como uma das cores mais importantes do espectro; princi-
palmente pela sua ação sobre o SNC (Sistema Nervoso Central), artérias, vasos, veias,
músculos, ossos e pele, provocando efeito calmante e refrescante. O azul estimula a
doçura, o equilíbrio, a ternura e a paz de espírito. É uma cor fria e elétrica e tem força
de contração.
VERDE: O verde é a cor média do espectro da luz. Está entre o verde e o violeta sendo
portanto a cor do equilíbrio e da harmonia do corpo físico, mental e emocional. É esti-
mulador da glândula pituitária que é responsável pelo bom funcionamento das demais
glândulas.
Tem participação e atividade em quase todas as áreas de tratamento justamente, pela
sua imensa faixa de penetração, podendo verificar-se a sua ação, desde a limpeza ener-
gética, além de funcionar também como um poderoso anti-infeccioso e isolante de área
(evitando infecções e lesões de algumas áreas). Reduz a tensão sanguínea e ajuda a
se livrar de problemas mentais ou emocionais importantes. O verde estimula o amor
próprio e o orgulho. Tudo revitaliza e reproduz.
AMARELO: É a cor predominante no período da manhã, pois é responsável pelo estí-
mulo mental. Representa a energia formada pela natureza cósmica que tudo revitaliza
e reproduz. É a mistura do vermelho com o verde por isso tem 50% da força estimulan-
te do vermelho e 50% da capacidade regenerativa do verde. Por isso, tem a capacidade
tanto de estimular como a de restaurar as células debilitadas.
Sua ação é dirigida principalmente, para o fortalecimento do corpo humano, onde fun-
ciona como revitalizador e estimulante dos campos nervosos e muscular. É a cor da vi-
vacidade, da alegria, do desprendimento e da leveza. Produz relaxamento, desinibição,
brilho, reflexibilidade, alegria espirituosa e espiritualidade. Sua propriedade expansiva
torna a mente mais clara e lógica, desenvolvendo a racionalidade e deixando o indiví-
duo aberto para novas ideias e interesses.

151
LEITURA
COMPLEMENTAR

LARANJA: É uma energia intermediária entre o amarelo e o vermelho, potencializando


a ação do amarelo e diminuindo a ação do vermelho, aumenta o tônus sexual e pro-
porciona otimismo. Seu poder de cura é maior que os das duas cores isoladamente;
como resultado da mistura das duas cores, estimula a respiração e a tireóide e também
é antidepressivo da paratireóide. Como o vermelho, o laranja também possui efeito
estimulante podendo ser aplicado na falta de vitalidade física e mental.
ROSA: É uma cor benévola que nos anima e vivifica; é vital para a beleza feminina, por-
que enaltece, vitaliza e estimula, causando a sensação de vida nova, com coragem para
enfrentar os obstáculos.
VERMELHO: É um vitalizador em potencial e desempenha importante função na cons-
tituição física humana. Atua diretamente na corrente sanguínea, onde os glóbulos ver-
melhos absorvem o ferro, e os rins eliminam o sal por meio da pele, fortificando assim
o sistema; reabastece o baço, que é o órgão que corresponde ao Chakra Esplênico, que
é a energia alimentadora dos outros chakras. Simboliza o princípio da vida.
LILÁS / VIOLETA: É o paralisador de infecções, pois possui uma vibração bem mais pro-
funda que o verde. Exerce uma função calmante sobre o coração e purifica o sangue.
Sua ação emocional contribui para eliminar o ódio, a irritabilidade, a cólera. Diminui o
medo e angústia.
O lilás é a mistura do vermelho mais o azul e mantém a propriedade das duas, embora
seja uma cor distinta, tenta unificar a conquista impulsiva do vermelho com a entrega
delicada do azul.
ÍNDIGO: Resulta na mistura do azul com uma pequena quantidade de vermelho. A com-
binação que surge é um azul escuro igual ao Jeans escuro; possui um efeito dissipador,
relaxante nas tensões e ao mesmo tempo, se encarrega de energizar o corpo físico. O ín-
digo tem um efeito tônico e vitalizante, por ter propriedade do vermelho e do azul. Traz
a capacidade de ampliar a compreensão, facilitando o que está por trás das questões
da vida, fazendo o intercâmbio entre os conhecimentos mais elevados da vida terrena.
DOURADO: É uma cor nobre, ligado ao afeto e ao amor, mais potente que o amarelo tem
a função de reconstituir tecidos lesionados principalmente quando se trata de tumores.
PRATA: Ligado à lua e ao mundo espiritual (interiorização), tem a função de destruir
tumores e restaurar tecidos.

Fonte: Marini (2011, on-line)11.

152
DESIGN

1. A RDC 50 da Anvisa (BRASIL, 2002) estabelece 5. Dabus (on-line, 2016)2, apresenta cinco compo-
que, para a construção e reforma de edifica- nentes que tornam clínicas e consultórios mais
ções onde serão instaladas estruturas de aten- agradáveis, são eles:
dimento à saúde, é necessária a atuação de a. Ergonomia, conforto ambiental, circulação e
um Arquiteto ou Engenheiro Civil. Dessa ma- iluminação adequada.
neira, qual é o papel do designer de interiores
b. Decoração atrativa, mobiliários de design,
neste processo?
layout interativo, ambientes integrados e ver-
satilidade.
2. A resolução da Anvisa estabelece quais são os
ambientes obrigatórios dentro de uma clínica, c. Mobiliários ergonômicos, decoração, cores vi-
entre eles: brantes e iluminação na medida certa.
I. Sala de espera. d. Mobiliário confortável, objetos familiares, ele-
mentos vivos, iluminação na medida certa e
II. Área para registro.
paleta de cores.
III. Sala de utilidades.
e. Nenhuma das alternativas.
IV. Depósito para material de limpeza.
6. Sobre o uso das cores em projetos de interio-
V. Sanitários.
res de clínicas, é correto afirmar que:
É correto o que se afirma em: I. A Anvisa estabelece que as cores predomi-
a. Apenas I, II e III estão corretas. nantes, especialmente em pisos e paredes,
devem ser claras.
b. Apenas I, II, III e V estão corretas.
II. As cores apresentam, exclusivamente, uma
c. Apenas II, III, IV e V estão corretas.
função estética dentro do projeto.
d. Apenas II, IV e V estão corretas.
III. As cores também fazem parte da criação de
e. Todas as alternativas estão corretas. identidade do negócio, estabelecendo estilo.
IV. A escolha das cores está relacionada à técni-
3. Um dos conceitos a ser considerado e de bas- ca de humanização dos ambientes.
tante importância na elaboração de um proje-
to de interiores na área da saúde é o de huma- V. Não devemos utilizar cores vibrantes em clí-
nização. De que maneira é possível tornar as nicas, nem ao menos em objetos decorativos.
instalações de uma clínica mais humanizada? Levando em consideração as assertivas
apresentadas, assinale a alternativa correta.
4. Existem requisitos legais, estabelecidos em
a. Apenas I, II, III e IV estão corretas.
resolução, sobre o tipo de piso a ser utilizado
em instalações de serviço de saúde. Quais são b. Apenas I, III e IV estão corretas.
esses requisitos? c. Apenas II, III, e IV estão corretas.
d. Apenas III e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

153
PROJETOS COMERCIAIS, INSTITUCIONAIS E DE SERVIÇOS

Medical and Dental Space Planning


Jain Malkin
Editora: Wiley
Ano: 2014
Sinopse: o planejamento de espaços para atendimento médico
e odontológico é essencial, e este guia, indicado para designers
de interiores e arquitetos, apresenta, de forma especializada, os
requisitos desafiadores de planejamento de espaço para con-
sultórios médicos e odontológicos.

O escritório Dabus é especializado em projetos corporativos e desenvolveu diversos projetos


de ambientes de saúde; para conhecê-los, acesse o conteúdo disponível em: <http://www.
dabus.com.br/>.

154
referências

ABNT. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos


urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
BRASIL. Anvisa. RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o regu-
lamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasil: D.O.U., 2002.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/2002/50_02rdc.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2017.
FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 1990.
FERREIRA, A. B. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. São Paulo:
Positivo, 2009.
GÓES, R. Manual Prático de Arquitetura Para Clínicas e Laboratórios. São Pau-
lo: Blücher, 2006.

Referências On-line
¹Em: <http://www.blog.saude.gov.br/in%20dex.php/35494-quando-voce-usa-%20
o-sus>. Acesso em: 06 abr. 2017.
2
Em:<http://www.dabus.com.br/blog/2016/11/componentes-tornam-conforta-
vel-ambiente-clinicas-consultorios>. Acesso em: 06 abr. 2017.
3
Em: <http://www.fisaincorporadora.com.br/jardim-parque-business/plantas>
Acesso em: 06 abr. 2017.
4
Em: <http://www.lanfer.arq.br/2011/01/enfermagem-utilidades-d-m-l.html>.
Acesso em: 06 abr. 2017.
5
Em: <http://embasearquitetura.blogspot.com.br/2011/05/consultorio-odonto-
logico-01.html>. Acesso em: 06 abr. 2017.
6
Em: <http://rcerepresentacoes.com.br/hospital/protetores-de-paredes-e-acaba-
mentos-em-pvc/>. Acesso em: 06 abr. 2017.
7
Em: <http://blogdoluizalberto.blogspot.com.br/2012/09/ambientes-seleciona-
dos-casa-cor-2012_14.html>. Acesso em: 06 abr. 2017.
8
Em:<http://www.mesaville.com.br/produto/conjuntos/>. Acesso em: 06 abr. 2017.
9
Em: <http://blog.iclinic.com.br/ideias-para-decorar-sua-clinica-e-deixa-la-
-mais-aconchegante>. Acesso em: 07 abr. 2017.
10
Em: <http://anasnacasacor.blogspot.com.br/2009/06/iluminacao-em-destaque.
html>. Acesso em: 07 abr. 2017.
11
Em: <http://meditacaonaeducacao.com.br/490/.490/>. Acesso em: 23 mai. 2017.

155
gabarito

1. Como designers de interiores, é possível a elaboração do projeto que, posteriormen-


te, deverá ser avaliado e viabilizado pelo profissional indicado ou mesmo desenvol-
ver o projeto em parceria com outro profissional e, ainda, em situações de reformas
de caráter estético, em que não ocorreram mudanças nas instalações cabíveis de
aprovação pela vigilância sanitária.
2. E.
3. São diversos itens que podem tornar um ambiente mais humanizado. No caso da
clínica, pode ser por meio da escolha dos mobiliários, que devem ser confortáveis e
considerar o uso de diferentes pessoas, o uso de elementos decorativos mais fami-
liares e menos chocantes, a utilização de plantas naturais nos ambientes, a escolha
das cores adequadas, entre outras possibilidades que podem ser estabelecidas de
forma personalizada para cada projeto.
4. Os pisos devem ser impermeáveis, não podendo ter índice de absorção de água su-
perior a 4%, e quando possuir rejunte, o índice deve ser o mesmo. As peças também
devem ser lisas, com o menor número possível de ranhuras ou frestas. O uso de
cimento sem qualquer aditivo antiabsorvente para rejunte de peças cerâmicas ou
similares, é vedado tanto nas paredes quanto nos pisos das áreas críticas.
5. D.
6. B.

156
conclusão geral

conclusão geral
Assim chegamos ao fim do nosso livro de Projetos Comerciais, Institucionais e
de Serviços, desejo, neste momento, que você tenha gostado do conteúdo tanto
quanto fiquei satisfeita em desenvolvê-lo. Fui bastante minuciosa, desde o mo-
mento de estabelecer quais seriam os assuntos abordados, para que eles atendes-
sem ao maior número possível de seus futuros projetos.
Desenvolver projetos de interiores quando o público-alvo é tão variável - não
trata-se apenas de seu cliente, mas sim, dos clientes de seu cliente - apresenta
uma grande responsabilidade, por isso, o seu comprometimento deve ser intenso:
estude, simule, teste, faça e refaça, para ter certeza da qualidade do produto que
está oferecendo.
Não se esqueça, também, das questões legais, já que o desenvolvimento desses
projetos deverá seguir normas e leis. Procure a prefeitura de sua cidade, pesquise
a respeito, não corra o risco de descobrir uma necessidade obrigatória depois do
projeto estar todo elaborado. E, claro, você, como profissional e criador, respon-
derá por esse projeto.
Para todos os variados projetos apresentados no livro, a ambientação do es-
paço faz parte da criação de identidade do negócio, ou seja, ao assumir a elabo-
ração desse projeto, você também assume um compromisso com seu cliente, de
propor algo de acordo com as necessidades da empresa, considerando o público-
-alvo, futuros usuários do espaço.
Lembre-se: para o projeto de uma loja ou PDV, sempre valorize o produto
ou serviço a ser comercializado. Para os escritórios, siga claramente os objetivos
estabelecidos. No caso das cozinhas profissionais, seja muito técnico. Nas instala-
ções hoteleiras, crie ambientes desejáveis. Em clínicas, a palavra-chave é saúde, e
os conceitos necessários para que ela seja atendida.
Os conceitos aprendidos aqui permearão toda a sua vida profissional, espero
que este livro te acompanhe sempre, certa de que você terá muitas oportunidades
de colocar em prática esse conteúdo.
Bons estudos!

157

Você também pode gostar