Você está na página 1de 106

NIVELAMENTO

ANATOMIA

PROFESSOR
Dr. Felipe Natali Almeida
NIVELAMENTO ANATOMIA

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


ALMEIDA, Felipe Natali.
Nivelamento Anatomia. Felipe Natali Almeida.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017.
106 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Anatomia. 2. Nivelamento EaD. I. Título.

CDD - 22ª Ed. 611


CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Supervisão de projetos especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Contéudo
Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia, José
Jhonny Coelho, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva, Ilustração
Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autor

Professor Doutor
Felipe Natali Almeida

Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (2006), mes-


trado em Ciências Biológicas pela mesma instituição, no ano de 2008 e doutorado
em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de
São Paulo (2012). Professor de Fisiologia Humana e do Exercício, Bioquímica e
Anatomia Humana, atuando em cursos de graduação e pós-graduação nas diversas
áreas da saúde e biológicas.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://busca-
textual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4504393Z8>.

6
apresentação

NIVELAMENTO ANATOMIA

Prezado(a) aluno(a), a disciplina de anatomia humana é de fundamental im-


portância para a formação do futuro profissional de Educação Física. Conforme
identificarão ao longo do curso, o movimento humano, em sua totalidade, faz
parte de seu aprendizado e inclui o estudo das estruturas anatômicas que reali-
zam esta atividade e todas as demais que dão suporte para que ele possa ocorrer.
Sabendo da importância deste conteúdo mas também reconhecendo o quão
difícil é este assunto, elaboramos este material de Nivelamento em Anatomia que
permitirá a você, que se preocupa em melhorar a sua formação, encontrar uma
base que sustente seus estudos futuros na unidade de Anatomia Humana aplica-
da à Educação Física e demais disciplinas.
Desta forma, você está diante de uma material que buscou agrupar conhe-
cimentos iniciais em Anatomia em sua Unidade I, fazendo referência à ideia de
normalidade e variação anatômica, posição anatômica, nomenclatura anatômica
e as divisões gerais do corpo humano. Somado a isto, realizamos uma discussão
sobre os elementos do sistema tegumentar (pele e anexos) assim como os três
sistemas diretamente envolvidos no movimento humano, o sistema esquelético,
o sistema muscular e o sistema articular.
Dando continuidade, nos próximos estudos, você, inicialmente, será levado
a conhecer os elementos formadores do sistema cardiovascular, analisará a sua
bomba propulsora, ou seja, o coração, que tem por função produzir a força que
impulsionará o sangue através de todas as estruturas do organismo, o sistema de
tubulação, ou seja, os vasos sanguíneos, por onde o sangue (elemento chave que
levará oxigênio e nutrientes aos tecidos) circula, e os elementos formadores do
próprio sangue.
Em seguida, passaremos a estudar os elementos formadores do sistema res-
piratório, que permite ao organismo direcionar o oxigênio da atmosfera para o
interior do corpo, assim como eliminar o gás carbônico. Encerrando esta uni-
dade, trabalharemos com os constituintes do sistema urogenital, envolvido na
purificação do organismo (auxiliando na regulação dos níveis de sais minerais,
remoção de impurezas, controle do volume de líquido no corpo, entre outros) e
na reprodução humana.
Por fim, estudaremos, num primeiro momento, dois sistemas fundamentais
para comandar e controlar o organismo humano, o sistema nervoso e o endó-
crino. No sistema nervoso trabalharemos com seus elementos denominados de
Sistema Nervoso Central (envolto pelo crânio e medula espinal) e periférico (res-
ponsáveis por levar informações até o sistema nervoso central e/ou enviar co-
mandos para estruturas corporais que estão fora do sistema nervoso central). Já
o estudo do sistema endócrino envolverá a discussão sobre suas principais glân-
dulas, ou seja, os principais tecidos produtores de hormônios no corpo humano.
Encerrando, trataremos do sistema digestório, de fundamental importância para
a obtenção de energia proveniente dos alimentos.
Sendo assim, abordaremos elementos-chave a respeito de todos os principais
sistemas do organismo humano e esperamos que você, aluno(a), possa aproveitar
ao máximo este conteúdo e se dedicar aos seus estudos a fim de que possamos
formar um profissional apto para atuar nos diversos seguimentos que a Educação
Física engloba.
Bons estudos!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE III


PROTEÇÃO, SUPORTE SISTEMA NERVOSO, ENDÓCRINO
E MOVIMENTO E DIGESTÓRIO
14 Introdução ao estudo da Anatomia 76 Sistema Nervoso
20 Proteção, suporte e movimento 86 Sistema Endócrino
92 Sistema Digestório
UNIDADE II
SISTEMA CARDIOVASCULAR,
RESPIRATÓRIO E UROGENITAL
42 Sistema Cardiovascular
50 Sistema Respiratório
56 Sistema Urogenital
PROTEÇÃO, SUPORTE E MOVIMENTO

Professor Dr. Felipe Natali Almeida

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Introdução ao estudo da Anatomia.
• Proteção, suporte e movimentação.

Objetivos de Aprendizagem
• Introduzir conceitos básicos em Anatomia.
• Abordar elementos envolvidos na proteção, suporte e
movimento humano.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, alunos(as), estamos iniciando o estudo do Nivelamen-
to em Anatomia Humana, em que nos depararemos com
vários sistemas corporais. Particularmente, neste estudo,
selecionei dois assuntos de grande importância para traba-
lharmos. Procuraremos ter como foco os conceitos básicos em anato-
mia, incluindo, aqui, as diferenças entre variações anatômicas, anoma-
lias e monstruosidade, conceitos sobre nomenclatura anatômica (que é
padronizado para evitar que cada pessoa e/ou país tenha nomenclatura
própria para determinadas regiões do organismo (assim, no Brasil ou em
qualquer outra região do globo terrestre, estômago é estômago), posição
anatômica (posição que imaginamos ser como a peça anatômica se en-
contra) e a divisão do corpo humano em variadas regiões/partes.
Logo em seguida, entraremos no tópico proteção, suporte e movi-
mento e nos depararemos primeiro com o estudo da pele. Conforme
veremos, a pele é formada por duas camadas denominadas epiderme
e derme (logo abaixo dela encontra-se a hipoderme, onde fica o tecido
gorduroso, porém não faz parte da constituição da pele), cada qual com
características próprias que darão à pele a resistência e a elasticidade ne-
cessárias para que realize suas funções, incluindo, aqui, servir como uma
barreira contra a entrada de patógenos.
Após o estudo da pele, veremos o conceito de sustentação e movi-
mento, sendo necessário o estudo de outros três sistemas corporais: o
esquelético, o articular e o muscular. O sistema esquelético é o responsá-
vel principal pela manutenção da sustentação corporal, e recebe a força
produzida pelos músculos que chegaram até ele por meio dos tendões e
ligamentos (sistema articular) e responde com movimento. Logo, per-
ceberemos que para o movimento ocorrer, necessitamos da integridade
destas três estruturas.
Assim, espero que aproveitem a jornada em nossos estudos.
Um abraço.
NIVELAMENTO ANATOMIA

Introdução ao estudo da
Anatomia
O termo anatomia deriva de duas palavras gregas: Importante salientar que o normal em anatomia
ana (em partes) e temmein (cortar), demonstran- provém de dois conceitos básicos: o Estatístico, signifi-
do a característica geral desta disciplina que é o cando que o normal é o que a maioria apresenta (como
estudo das partes que compõem o organismo hu- a maioria das pessoas tem cinco dedos nas mãos) e o
mano. Importante salientar que, na Anatomia, es- Idealístico, que considera normal aquilo que facilita a
tudamos o corpo humano considerado normal já realização de determinada função em uma estrutura
que a patologia (doença) apresentada pelas estru- anatômica (como ter cinco dedos nas mãos, que facili-
turas corporais é estudada por outras disciplinas ta a realização do movimento de pinça dos dedos para
(BARBOSA, 2017). pegar alguma coisa) (WATANABE, 2000).

14
EDUCAÇÃO FÍSICA

Porém, apesar da ideia: a maioria das pessoas apre- as estruturas corporais serão as mesmas, impe-
senta, é claro que existem diferenças morfológicas dindo que estruturas do corpo humano recebam
entre elas (por exemplo, a mão de todos os indiví- denominações diferentes de acordo com o centro
duos não são todas do mesmo tamanho, e seus de- de estudo específico. Por isso, estar atualizado em
dos também não), mas quando tais diferenças não relação à nomenclatura utilizada é fundamental.
prejudicam a realização da função da estrutura ana- Na anatomia, essa nomenclatura engloba termos
tômica (ou seja, mesmo tendo uma mão grande ou gerais e especiais originados da língua grega, lati-
uma mão pequena eles conseguem carregar, escre- na e outras. (DI DIO, 2002).
ver, entre outras funções realizadas pela mão), nós Considerada um documento oficial que deve
denominamos estas diferenças de Variações Ana- ser obedecido por professores e alunos da disciplina
tômicas. Agora, se estas diferenças atrapalharem o de Anatomia Humana, a terminologia anatômica é
desenvolvimento da função da estrutura (como um constituída por cerca de 6000 termos, esporadica-
indivíduo que nasceu com 3 dedos em cada mão e mente revisados e atualizados, os quais são tradu-
que não consegue segurar uma bola com a mesma zidos pelas sociedades de anatomia de cada país.
força que um indivíduo que nasceu com os 5 dedos), No Brasil, a terminologia é traduzida pela Comis-
chamamos esta variação de Anomalia. E por mais são de Terminologia Anatômica da Sociedade Bra-
que atrapalhem, ainda permitem que o indivíduo sileira de Anatomia (Barbosa, 2017). Logo, apesar
permaneça vivo. Porém, caso esta variação seja in- de inúmeras partes que compõem o corpo humano
compatível com a vida, ou seja, impede aqueles que a apresentarem terminologia popular (como bucha-
apresentam de permanecer vivo, denominamos esta da, banha, batata da perna, bucho, entre outros), a
variação de Monstruosidade (WATANABE, 2000). partir do momento que adentramos no universo da
ciência (e isso inclui todos vocês que estão cursan-
NOMENCLATURA ANATÔMICA do o Ensino Superior), obrigatoriamente, devemos
passar a adotar a nomenclatura correta, pois isto é
Cientistas e profissionais da área da saúde usam um dos quesitos que nos diferenciam do público
uma linguagem própria ao se referirem às estrutu- leigo em geral. Desta forma, especialmente nesta
ras do corpo humano e à forma como a dissecção etapa de nivelamento e na disciplina de Anatomia,
é feita. Se você notar, independentemente da lite- atente-se para a nomenclatura científica correta das
ratura adotada e da língua, a nomenclatura para estruturas corporais.

15
NIVELAMENTO ANATOMIA

POSIÇÃO ANATÔMICA

Antes de iniciarmos o estudo das denominações de ral ou mais medial, e assim sucessivamente. Logo,
partes específicas do organismo humano devemos temos como a posição anatômica a visão de um ca-
aprender o conceito de posição anatômica que é a dáver ereto, com a cabeça em nível horizontal, olhos
posição pela qual nos baseamos para determinar voltados para frente, pés plantados no chão e dire-
nomenclatura e posicionamento corporal e, assim, cionados para frente, membros superiores ao lado
facilitar a identificação do momento em que a visão do corpo com as palmas das mãos voltadas para
de uma estrutura é posterior ou anterior, mais late- frente (MOORE et al., 2014).

A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo são denominadas


como: cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores con-
forme Figura 1:
Cabeça

Tronco
Pescoço

Membro Superior

Membro Inferior

Figura 1: Posição anatômica

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

A cabeça é dividida em crânio facial (região anterior, menor, responsável por


abrigar os órgãos dos sentidos e possibilitar fonação e a mastigação) e crânio
neural (posterior, maior, diretamente relacionados à proteção do sistema nervoso
localizado em seu interior), conforme Figura 2:

Figura 2 - Subdivisão do crânio: crânio facial (à esquerda) e crânio neural (à direita)

O pescoço também é dividido em pescoço anterior e posterior, também chamado


de nuca, como apresentado na Figura 3:

Figura 3 - Subdivisão do pescoço: pescoço anterior (à esquerda) e pescoço posterior-nuca (à direita)

17
NIVELAMENTO ANATOMIA

O tronco também se subdivide em tórax (limi- Já os membros superiores e inferiores apresen-


tado, superiormente, pela clavícula e, inferiormente, tam uma parte fixa (denominada de cíngulo do
pelo diafragma), abdome (limitado, superiormente, membro superior e cíngulo do membro inferior,
pelo diafragma e, inferiormente, pela abertura supe- respectivamente) e uma parte livre. O cíngulo do
rior da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do membro superior é a cintura escapular, e a parte li-
quadril), conforme apresentado na Figura 4: vre engloba o braço, antebraço e mão (com sua parte
da frente conhecida como palma da mão e sua parte
posterior como dorso da mão), como apresentado
na Figura 5:

Torax
Cingulo do membro

Livre

Abdome

Pelve

Figura 4 - Tronco: tórax (superior), abdome (meio) e pelve (inferior) Figura 5 - Representação do membro superior (cíngulo e porção livre)

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

O cíngulo do membro inferior é a cintura pél- As articulações são as responsáveis por conectar
vica, e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo as variadas partes corporais, e temos como exemplo
sua parte superior denominada dorso e sua parte in- as articulações do tornozelo, do ombro, do quadril,
ferior planta). Veja na Figura 6: do pé, entre outras. Veja na Figura 7:

Cingulo do
membro

Livre

Figura 6 - Representação do membro inferior (cíngulo e porção livre) Figura 7 - Exemplos de articulações no corpo humano

19
NIVELAMENTO ANATOMIA

Proteção, suporte e
movimento
Neste primeiro momento, iniciaremos nossos es- O tecido mais externo, epitelial, é a epiderme. O mais
tudos com os tecidos envolvidos em nossa barreira interno, conjuntivo, é a derme, conforme Figura 8:
primária de proteção, a pele (ou tegumento), segui-
do de estruturas de fundamental importância para a
manutenção da nossa postura bípede e para realiza- Epiderme

ção do ato de se locomover, que englobam os ossos,


os músculos e as articulações.

REVESTIMENTO CORPORAL: TEGUMENTO


Derme

O ser humano apresenta um revestimento corpo-


ral que tem por função chave proteger o organis-
mo contra a entrada de corpos estranhos: o tegu- Tecido
Subcutâneo
mento (pele).
A pele dos vertebrados é formada por duas por- Figura 8 - Pele: estrutura formada pela epiderme
ções diferentes que estão firmemente unidas entre si. (camada mais superficial) e a derme (camada mais profunda)

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

A epiderme é formada por várias camadas, como ção à superfície do corpo. Conforme vão envelhe-
mostra a Figura 9, de células agrupadas umas sobre cendo, as células epidérmicas tornam-se achatadas
as outras. A camada epidérmica mais interna é a ca- e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma
mada basal, formada por células que se multiplicam proteína resistente, a queratina, que auxilia na resis-
continuamente, de modo que as células recém-ge- tência ao atrito a na alta impermeabilidade da água
radas empurram as mais velhas para cima, em dire- apresentada pela pele (AMABIS; MARTHO, 2007).

Figura 9 - Camadas da epiderme

21
NIVELAMENTO ANATOMIA

Já a derme, que se encontra logo abaixo da cidade à pele. Os vasos sanguíneos da derme são
epiderme, é um tecido conjuntivo que contém responsáveis pela nutrição e oxigenação tanto das
fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações células dérmicas quanto das células epidérmicas.
nervosas, órgãos sensoriais e glândula, conforme Nesta camada, também estão inseridos os vasos
apresentado na Figura 10. As principais células da sanguíneos e as terminações nervosas responsá-
derme são os fibroblastos, responsáveis pela pro- veis pelas variadas percepções corporais (AMA-
dução de fibras que conferem resistência e elasti- BIS; MARTHO, 2007).

Figura 10 - Derme: observar elementos presentes nesta camada da pele

Abaixo da pele há uma camada de tecido conjun- pele (podemos observar a localização da hipoder-
tivo frouxo – o tecido subcutâneo – rico em fibras me, na Figura 10, abaixo da derme). A gordura ar-
e em células que armazenam gordura (células adi- mazenada no tecido subcutâneo constitui reserva
posas). A camada subcutânea, às vezes chamada de energia e atua como isolante térmico (AMA-
impropriamente de hipoderme, não faz parte da BIS; MARTHO, 2007).

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

SISTEMA ESQUELÉTICO

Certos grupos de animais multicelulares desenvolve- Além da sustentação corporal, o esqueleto ós-
ram, ao longo da evolução, sistemas de sustentação seo desempenha outras duas importantes funções:
para seus tecidos e órgãos. A sustentação do corpo reserva de minerais e formação das células do san-
humano está a cargo do esqueleto, que também for- gue (AMABIS; MARTHO, 2007). Os ossos contêm
nece, em certos casos, proteção aos órgãos internos e reservas de sais minerais, principalmente, de cálcio e
ponto de apoio para a fixação dos músculos. fósforo. Esses elementos químicos são fundamentais
ao funcionamento das células e devem estar presen-
Ossos tes no sangue. Quando o nível de cálcio diminui no
Com exceção dos condrictes (uma classe de animais sangue, sais de cálcio são mobilizados dos ossos para
que não apresentam esqueleto ósseo), o esqueleto suprir a deficiência.
ósseo está presente em todos os adultos dos demais No interior de muitos ossos há cavidades pre-
grupos de vertebrados. Ossos são peças rígidas, com enchidas por um tecido macio, a medula óssea ver-
formatos variados (AMABIS;MARTHO, 2007). melha, conforme Figura 11, onde são produzidas as
A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas.
indivíduo adulto tem este número reduzido para Determinados ossos ainda possuem medula amare-
206. Isto ocorre, pois há uma fusão de vários ossos la, conhecida popularmente por tutano, constituída,
do corpo ao longo do processo de envelhecimento principalmente, por células adiposas, que acumu-
(BARBOSA, 2017). lam gorduras como material de reserva.

Figura 11 - Medula óssea e sua capacidade de produzir diferentes células do sangue

23
NIVELAMENTO ANATOMIA

Divisão do esqueleto Tipos de ossos quanto à forma


Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessura dos
O esqueleto pode ser dividido em duas partes fun- ossos, podemos agrupá-los em seis tipos principais:
damentais, porém interligadas: o esqueleto axial e o 1. Ossos longos: tem predomínio do compri-
apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos mento em relação à largura e à espessura,
localizados na região central do corpo, como aqueles com uma cavidade central que abriga a me-
dula óssea. Além disso, sua parte central é
da cabeça (ossos do crânio), pescoço (osso hioideo
chamada de diáfise e suas extremidades são
e das vértebras cervicais) e no tronco (demais vér- as epífises. Temos como exemplo desse grupo
tebras da coluna, esterno e costelas). Já o esqueleto o fêmur, osso localizado na coxa (figura 13):
apendicular é formado pelos ossos localizados nas
extremidades do corpo, ou seja, nos membros su-
periores e inferiores incluindo aqueles que formam
os cíngulos (escápula, clavícula e ossos do quadril).
Veja na Figura 12:

Figura 13 - Exemplo de osso longo: fêmur (destacado em vermelho)

2. Ossos laminares ou planos: são largos e com


pouca espessura, normalmente com função
de proteção. Temos como exemplo dessa clas-
se os ossos planos do crânio (parietal, frontal,
temporal, occipital), segundo Figura 14:

Figura 12 - Esqueleto axial (em azul) e apendicular (em amarelo) Figura 14 - Exemplo de osso laminar: osso temporal (destacado em amarelo)

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. Ossos curtos: têm os três diâmetros (com- 5. Ossos sesamoides: desenvolvem-se em alguns
primento, largura e espessura) semelhantes, tendões e são encontrados onde os tendões
apresentando uma forma cuboide. É o que cruzam as extremidades dos ossos longos.
ocorre com os ossos da mão e do pé, por Assim, eles protegem os tendões contra des-
exemplo, como na Figura 15: gastes. A patela é um exemplo. Acompanhe
pela Figura 17:

Figura 15 - Exemplo de osso curto: osso cuboide (destacado em azul) Figura 17 - Exemplo de osso sesamoide: patela

4. Ossos irregulares: como o próprio nome in- 6. Ossos pneumáticos: apresentam cavidades
dica, não apresenta predomínio específico contendo ar em seu interior. Localizam-se no
de nenhuma dimensão sobre a outra. Temos crânio, como o osso etmoide, esfenoide e ma-
como exemplo as vertebras. Veja na Figura 16: xilar. Observe na Figura 18:

Figura 16. Exemplo de osso irregular: vértebra Figura 18 - Exemplo de osso pneumático: osso maxilar (destacado em verde)

25
NIVELAMENTO ANATOMIA

Constituição dos ossos


O tecido ósseo, ao contrário do que parece, é vivo,
dinâmico, desenvolve-se e cresce por meio de um
metabolismo muito ativo. Para se ter uma ideia, os
ossos são renováveis, em média, a cada dois anos.
Isto significa que o fêmur ou o crânio que você tem
hoje, não são os mesmos que você tinha há dois anos
nem serão os mesmos que você terá daqui a dois
anos (BARBOSA, 2017).
A constituição do tecido ósseo envolve três com-
ponentes principais: água, matriz óssea orgânica e
matriz óssea inorgânica. A água representa, aproxi-
madamente, 25% da estrutura óssea. A matriz or-
gânica também representa mais ou menos 25% da
estrutura óssea, é constituída por dois elementos de-
nominados de proteoglicanos e colágeno e tem um
papel na maleabilidade óssea. Já a matriz inorgânica,
perfazendo os demais 50% restantes, é constituída
por sais minerais (principalmente fosfato de cálcio e Figura 19 - Osso compacto e esponjoso

carbonato de cálcio) os quais formam a hidroxiapa-


tita, que dá ao osso resistência a compressão (DAN- Arquitetura do esqueleto humano
GELO; FATTINI, 2011). O esqueleto humano pode ser, simplificadamente,
O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos dividido em três partes principais: cabeça, tronco e
principais de ossos: os compactos/corticais e os es- membros.
ponjosos/trabeculares, conforme apresentado na
Figura 19. No osso compacto, observamos uma es- Cabeça
trutura pouco porosa e com alta capacidade de resis- A cabeça humana apresenta a parte posterior arre-
tência para sustentação de peso. Em contrapartida, dondada e oca, o crânio, e uma parte anterior acha-
no osso esponjoso, nota-se “espaços” entre elemen- tada, a face. O crânio é uma sólida caixa, formada
tos ósseos que são preenchidos por ar, originando por ossos achatados e curvos, firmemente encaixa-
uma estrutura altamente porosa e adaptada à absor- dos entre si. Seu papel é abrigar e proteger o encéfalo
ção de impacto (BARBOSA, 2017). (AMABIS; MARTHO, 2007).

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os ossos da face, como os do crânio, também es- A caixa torácica é comparável a uma gaiola de
tão firmemente encaixados. O osso do queixo, deno- ossos e protege o coração, os pulmões e os princi-
minado mandíbula, é o único osso móvel da cabeça e pais vasos sanguíneos. Além disso, a musculatura
se prende à base do crânio por meio de articulações da caixa torácica é responsável, juntamente com o
que permitem abrir e fechar a boca. Veja Figura 20: diafragma, pelos movimentos respiratórios. A caixa
torácica é formada pelas costelas, ossos achatados e
curvos que se unem, dorsalmente, à coluna vertebral
e, ventralmente, ao osso esterno, no meio do peito.
A maioria das pessoas possui 12 pares de costelas.
Algumas, porém, têm uma costela extra, fenômeno
três vezes mais comum em homens que em mulhe-
res. Os dois últimos pares de costelas são ligados
apenas à coluna vertebral, ou seja, não se ligam ao
esterno. São, por isso, chamados costelas flutuantes
Figura 20 - Na visão anterior observamos os ossos da face e, na visão
(AMABIS;MARTHO, 2007).Veja Figura 22:
lateral, os demais ossos do crânio. Em destaque (amarelo), a mandíbula

Coluna
Tronco
Vertebral
O tronco representa o eixo corporal, onde se articu-
lam a cabeça e os membros. Ele é formado pela coluna
vertebral, pelas costelas e pelo osso esterno. O tronco
e a cabeça formam o esqueleto axial. Veja Figura 21:

Esterno
contela

Figura 22 - Costelas

Figura 21 - Ossos do esqueleto axial

27
NIVELAMENTO ANATOMIA

A coluna vertebral, popularmente chamada de osso curvo, situado na parte superior do peito, e a
espinha dorsal, é constituída por 33 ossos, chama- escápula, um osso grande e chato, localizado na par-
dos vértebras, que se articulam em sequência e estão te superior das costas, conforme Figura 24:
unidos por diversos ligamentos, de modo a formar
um eixo ósseo firme e flexível. A sobreposição dos
orifícios presentes nas vértebras forma um tubo in-
terno ao longo da coluna vertebral, onde se localiza a
medula nervosa (BARBOSA, 2017). Veja Figura 23:

Figura 24 - Osso do cíngulo do membro superior: clavícula e escápula

O membro superior é composto por braço, ante-


braço, pulso e mão. O osso do braço é o úmero e se
articula, no cotovelo, com os ossos do antebraço, o
rádio e a ulna. O pulso é formado por ossos peque-
nos e maciços, os carpos. A palma da mão é forma-
da pelos metacarpos, e os dedos, pelas falanges. Veja
Figura 25:

Figura 23 - Coluna vertebral

Membros superiores e inferiores


Os ossos dos membros superiores e inferiores li-
gam-se ao esqueleto axial por meio de cíngulos. A
cintura articular dos membros superiores é cíngu-
lo do membro superior; a dos membros inferiores é
cíngulo do membro inferior. O cíngulo do membro
superior é formado por dois ossos: a clavícula, um Figura 25 - Ossos do membro superior

28
EDUCAÇÃO FÍSICA

O cíngulo do membro inferior, popularmente


conhecida como bacia, é a parte do esqueleto que
conecta os membros inferiores ao tronco. A cintura
pélvica é formada pelo sacro, osso volumoso resul-
tante da fusão de cinco vértebras, por um par de os-
sos ilíacos e pelo cóccix, osso formado por quatro
a seis vértebras rudimentares fundidas. Esqueletos
de homens e de mulheres podem ser distinguidos
pela forma de cintura pélvica. Nas mulheres, esta
é mais larga, o que representa uma adaptação ao
parto. Veja Figura 26:

Figura 27 - Ossos do membro inferior

ARTICULAÇÕES

Quem nunca reclamou ou escutou alguém reclamar


de dor na junta? Junta é a nomenclatura leiga para
o que denominamos articulações, ou seja, o ponto
de encontro entre duas ou mais estruturas ósseas. Se
a articulação ocorrer entre apenas dois ossos, ela é
classificada como Simples, mas se acontecer entre
Figura 26 - Osso do cíngulo do membro inferior mais de dois ossos, é chamada de Composta (WA-
TANABE, 2000). As articulações podem ser de di-
O membro inferior é composto por coxa, per- versos tipos. Nos ombros, por exemplo, elas são do
na, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais tipo bola-soquete e possibilitam movimentos girató-
longo do corpo e possui uma extremidade arredon- rios dos braços. Nos joelhos e cotovelos, as articula-
dada, que se encaixa ao osso ilíaco. No joelho, o fê- ções são do tipo dobradiça e permitem movimentos
mur articula-se com os dois ossos da perna, a tíbia de dobramento em um único plano.
e a fíbula. A região frontal do joelho é protegida Na articulação, os ossos têm de deslizar um so-
por um pequeno osso circular, a patela. O torno- bre o outro suavemente, sem atrito, ou se desgasta-
zelo é formado por ossos pequenos e maciços, os riam. O perfeito funcionamento das articulações de-
tarsos. A planta do pé é formada pelos metatarsos, pende da proteção garantida por cartilagens macias
os artelhos (ou “dedos dos pés”) e pelas falanges, e lisas existentes nas pontas dos ossos e também por
conforme Figura 27: uma lubrificação constante, garantida por líquidos
viscosos, chamados sinoviais. Os ossos da articula-

29
NIVELAMENTO ANATOMIA

ção são mantidos em seus devidos lugares por meio dentro dos vasos sanguíneos entre outras funções.
de cordões resistentes, constituídos por tecido con- Em adição, os músculos dão forma ao corpo e são
juntivo fibroso: os ligamentos, que estão firmemente fonte de calor.
aderidos às membranas que revestem os ossos. Os músculos podem ser classificados considerando
A maioria das articulações relaciona-se à produ- diferenças relacionadas ao controle voluntário e à
ção de movimentos uma vez que as peças ósseas são presença de estrias em suas fibras ao microscópio.
tracionadas pelos músculos (durante a contração) e se Quanto ao controle voluntário, o músculo pode ser
movem ao redor dos pontos de junturas entre os ossos. voluntário, se sua contração ocorrer de acordo com a
Todavia algumas articulações não são muito móveis, vontade do indivíduo (tal qual a contração dos mús-
mas dão estabilidade às zonas de união entre os vários culos dos membros inferiores quando você decide
segmentos do esqueleto, ou seja, estão mais relaciona- andar) ou involuntário, se sua contração não depen-
das à postura e ao equilíbrio (BARBOSA, 2017). der do controle do indivíduo (tal qual o batimento
do seu coração, que é dependente de contração mus-
SISTEMA MUSCULAR cular, mas independe de sua vontade). Quanto à apa-
O sistema muscular é formado pelos músculos, ór- rência estriada, o músculo pode ser do tipo estriado
gãos constituídos, principalmente, por tecido mus- (aquele que apresenta estrias transversais) ou liso
cular, especializado em se contrair e realizar mo- (sem estrias transversais) (BARBOSA, 2017).
vimentos. É graças à contração muscular que os Logo, com base nestes dois critérios, os músculos
animais podem nadar, voar, andar, respirar, mover podem ser de 3 tipos: estriado esquelético, liso e es-
o alimento na cavidade digestiva, bombear o sangue triado cardíaco, conforme Figura 28:

Músculo cardíaco
Músculo cardíaco
Músculo
Músculoestriado
cardíaco
Músculoesquelético
estriado
Músculoesquelético
estriado
músculo
esquelético
lisomúsculo liso
músculo liso
(controle involuntário)
(controle involuntário)
(controle
(controle
involuntário)
voluntário)
(controle voluntário)
(controle
(controle
voluntário)
involuntário)
(controle involuntário)
(controle involuntário)

Figura 28 - Tipos de tecidos musculares no corpo humano

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Musculatura estriada esquelética Musculatura estriada cardíaca


O tecido muscular estriado esquelético apresen- O tecido muscular cardíaco está presente apenas no
ta, sob observação microscópica, faixas alternadas coração dos vertebrados. Ao microscópio, o tecido
transversais, claras e escuras. Essa estriação resulta muscular cardíaco apresenta estriação transversal, e
do arranjo regular de microfilamentos formados suas células são uninucleadas, com contração invo-
pelas proteínas actina e miosina, responsáveis pela luntária.
contração muscular. A célula muscular estriada,
também chamada fibra muscular, possui inúmeros
SAIBA MAIS
núcleos e pode atingir comprimentos que vão de 1
mm a 60 cm.
Apesar de a grande maioria dos indivíduos
ATENÇÃO acreditar que a involuntariedade do coração
é proveniente do controle deste pelo sistema
nervoso, saiba que este conceito está equivo-
Os músculos são formados por proteínas, cado. A capacidade de se contrair de forma
especificamente as proteínas contráteis. Logo, involuntária do coração resulta da atividade
ao aumentar o diâmetro transverso da fibra de um conjunto de células especializadas
muscular, significa que aumentou a quanti- presentes no coração, chamadas células au-
dade destas proteínas. torritmicas, que têm a capacidade de gerar
o impulso elétrico que estimulará a contra-
ção de todas as demais células do coração,
fazendo com que ele bata cerca de 70 vezes
Musculatura lisa por minuto. O papel do sistema nervoso é
O tecido muscular liso está presente em diversos ór- apenas acelerar ou desacelerar a produção
de estímulo por estas células.
gãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc.) e
também nas paredes dos vasos sanguíneos. As célu- Fonte: Hall (2011).

las musculares lisas são uninucleadas e os filamentos


de actina e miosina se dispõem em hélice em seu
interior, sem formar padrão estriado, como no te-
cido muscular esquelético. A contração dos múscu-
los lisos é, geralmente, involuntária, ao contrário da
contração dos músculos esqueléticos, que está sob o
controle da vontade.

31
considerações finais

O
lá, aluno(a), chegamos ao fim de nossa primeira unidade e tivemos
como meta a introdução de conceitos gerais sobre anatomia e a apre-
sentação de quatro porções importantes que fazem parte do organis-
mo humano: pele, ossos, músculos e articulações. Aprendemos que
o sistema esquelético tem um papel importante na sustentação corporal, possi-
bilitando-nos a manutenção da postura bípede. Somado a isto, tem um papel na
proteção de algumas vísceras (como o pulmão e o coração protegidos pela caixa
torácica). Em adição, notamos que juntamente com o sistema muscular e esque-
lético atuará na movimentação do corpo humano.
Lembre-se de que este assunto é de fundamental importância para todos da
área da Educação Física por trabalharem com o movimento humano. O correto
conhecimento dos ossos do esqueleto humano faz-se necessário. Conforme re-
latado anteriormente, os ossos requerem a conexão com o sistema muscular por
meio do sistema articular para conseguir realizar o movimento. As articulações
são as grandes responsáveis por fazer esta conexão. Conhecida popularmente
como junta, devemos saber que até podemos usar esta terminologia quando es-
tamos conversando com pessoas leigas, mas por sermos profissionais da área, a
terminologia correta faz-se necessária.
Ao estudarmos o músculo esquelético, devemos nos atentar ao seu papel
(produzir força que será transmitida para os ossos) no processo de geração do
movimento. Entramos em contato com uma grande quantidade de nomes de va-
riados músculos (somados ao nome dos vários ossos que vimos também) que
devem ser constantemente revisados para serem fixados. A leitura única reflete
a grande chance de falha no aprendizado. A repetição, neste ponto, faz-se neces-
sária. Também descobrimos que, somado ao músculo presente sobre os ossos
(músculo esquelético), existem também os músculos lisos (nas vísceras) e o car-
díaco (no coração).
Portanto, aluno(a), espero que aproveite bem a leitura, que se dedique, revise,
para, assim, ter êxito. Um abraço.

32
atividades de estudo

1. A pele é um elemento fundamental que, entre 4. As articulações têm o papel de unir estruturas
outras funções, realiza a proteção externa, atu- ósseas, favorecendo o movimento entre elas.
ando como uma barreira contra a entrada de Sabemos que esta união pode ocorrer entre
patógenos. Sobre a pele, assinale a alternati- dois ou mais ossos. Baseado nesta colocação,
va que apresenta as suas camadas: assinale a resposta correta:
a. Somente a derme. a. Articulações Simples são aquelas que unem
mais de dois ossos.
b. Somente a epiderme.
b. Articulações Compostas são aquelas que
c. Somente a hipoderme.
unem dois ossos.
d. Epiderme e derme.
c. Articulações Simples são aquelas que unem
e. Epiderme, derme e hipoderme. apenas dois ossos.
d. Articulações Simples são aquelas que unem
2. Os ossos são estruturas fundamentais para a
até três ossos.
manutenção da postura humana, devido à sua
capacidade de sustentação do peso. Sobre os e. Articulações Compostas são aquelas que
ossos, indique a alternativa que representa unem dois ou mais ossos.
uma das formas de agrupá-los para seu es-
tudo: 5. Sabemos que, com base em características,
a. Cabeça e cíngulos. como a presença de estrias e a contração vo-
luntária ou involuntária, observamos três tipos
b. Cabeça e tronco.
de músculos em nosso organismo: músculo
c. Cabeça e membros. liso, músculo cardíaco e músculo esquelético.
Sobre o músculo esquelético, assinale a alter-
d. Cabeça, tronco e membros.
nativa correta:
e. Membros e tronco.
a. É caracterizado por ser involuntário e apre-
sentar estrias.
3. Sabemos que o crânio é uma estrutura óssea
b. É caracterizado por ser voluntário e não apre-
de grande importância, visto que seu interior
sentar estrias.
abriga um tecido nobre: o encéfalo. Dentre os
variados ossos que o compõe, um deles apre- c. É caracterizado por ser involuntário e não
senta grande mobilidade. Assinale a alterna- apresentar estrias.
tiva que indica a nomenclatura deste osso:
d. É caracterizado por ser involuntário ou volun-
a. Maxilar. tário (depende da região) e apresentar estrias.
b. Mandíbula. e. É caracterizado por ser voluntário e apresen-
c. Nasal. tar estrias.

d. Frontal.
e. Temporal.

33
LEITURA
COMPLEMENTAR

A atrofia muscular é a debilitação da musculatura, mais frequentemente encontrada na


musculatura esquelética. Sabemos que as fibras musculares individuais diminuem de
tamanho como resultado da perda progressiva de miofibrilas, um filamento formado
pela junção de vários sarcômeros. Já estes compreendem a forma como as proteínas
musculares estão agrupadas no citoplasma da célula. Logo, a atrofia representa uma
redução na quantidade de proteínas musculares, fato este que pode ser decorrente de
vários aspectos.
A atrofia que ocorre por inatividade dos músculos é denominada atrofia por desuso.
Esta modalidade de atrofia é muito comum ocorrer em indivíduos acamados ou enges-
sados, porque a quantidade de impulsos elétricos (potenciais de ação induzidos por
neurônios pela acetilcolina) que atingem o músculo esquelético inativo é muito redu-
zido em relação ao que ainda se encontra em atividade. Importante é o fato de esta
atrofia ser uma condição reversível, ou seja, basta novamente estimular a musculatura
esquelética com movimentos novamente que a tendência é que a musculatura volte a
aumentar seu teor proteico.
Já as condições em que a atividade neural deixa de atingir o músculo em decorrência de
uma lesão no nervo temos uma atrofia por desnervação, observada em indivíduos que
tiveram lesão na medula, por exemplo. Sabe-se que, durante um período de 6 meses
a 2 anos, o músculo diminui, aproximadamente, um quarto de seu tamanho original, e
as fibras musculares são substituídas irreversivelmente por tecido conjuntivo fibroso.
O oposto da atrofia é a hipertrofia muscular, ou seja, uma condição caracterizada pelo
aumento no tamanho das fibras musculares como consequência do aumento na pro-
dução de miofibrilas, mitocôndrias, retículo sarcoplasmático e outras organelas. Re-
sulta da atividade muscular muito vigorosa e repetitiva, como a musculação. Em de-
corrência desta quantidade aumentada de miofibrilas, logo, teremos uma quantidade
aumentada de sarcômeros e de proteínas musculares. Pelo fato de a força produzida
ser, entre outros aspectos, resultante da quantidade de proteínas presentes no mús-
culo esquelético, podemos esperar mais capacidade produtora de força deste tecido.

Fonte: adaptado de Hall (2011).

34
EDUCAÇÃO FÍSICA

Sobotta: atlas de anatomia humana


Paulsen F. e Waschke J.
Editora: Guanabara koogan
Sinopse: em sua última edição, o atlas traz uma gama variada
de ilustrações sobre os mais variados sistemas, porém chamo
atenção especial para os detalhes na apresentação dos siste-
mas muscular, esquelético e articular. Em adição, melhorou sua
parte teórica.

35
referências

AMABIS, J.M.; MARTHO, G.R. Fundamentos da biologia moderna. São Paulo:


Moderna, 2007.
BARBOSA, C.P. Anatomia humana aplicada à educação física. 1. ed. Maringá:
EAD Unicesumar, 2017.
DANGELO, J.G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3.
ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada: princípios básicos e
sistêmicos, esquelético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.
HALL, J.E. Guyton: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2011.
MOORE, K.L.; DALLEY, A.F.; AGUR, A.M.R.; ARAÚJO, C.L.C. Anatomia
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2014.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Athe-
neu, 2000.

Referência On-Line#
¹ Em: <https://br.pinterest.com/pin/101964379043637217/>. Acesso em: 02 out.
2017.

36
gabarito

1. D.
2. D.
3. B.
4. C.
5. .E

37
SISTEMA CARDIOVASCULAR,
RESPIRATÓRIO E UROGENITAL

Professor Dr. Felipe Natali Almeida

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema cardiovascular
• Sistema respiratório
• Sistema urogenitário

Objetivos de Aprendizagem
• Prover noções básicas sobre o estudo do sistema
cardiovascular.
• Introduzir conceitos sobre o sistema respiratório.
• Prover noções básicas sobre o estudo do sistema
urogenitário.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá alunos, estamos diante da Unidade II de nosso nivelamento em ana-


tomia, onde iremos abordar os seguintes tópicos: sistema cardiovascular,
sistema respiratório e sistema urogenital.
Iniciando com o sistema cardiovascular, você entrará em contato
com seus elementos formadores e deverá, ao final desta unidade, ser ca-
paz de diferencia-los e descrever seus respectivos papéis. Como órgão
mais nobre desse sistema, temos o coração, dotado de uma parede mus-
cular (miocárdio) que deve produzir força suficiente para impulsionar o
sangue (responsável, entre outras coisas, por levar oxigênio e nutrientes
para as células do corpo) ao longo de um sistema de tubos (os vasos san-
guíneos) até seu destino final.
Funcionando praticamente em conjunto com o sistema cardiovascu-
lar, temos o sistema respiratório, constituído de um sistema de elementos
responsáveis por canalizar o ar ambiente para dentro de seu principal
componente, os pulmões, para que este possa utilizar o ar para oxige-
nar o sangue, ao mesmo tempo que retira o gás carbônico do sangue
por meio de um sistema denominado de trocas gasosas. Essa etapa, que
ocorre durante a ida do sangue do ventrículo direito para o pulmão, é de
suma importância para que você possa suprir adequadamente as deman-
das por oxigênio de seu corpo, além de eliminar o gás carbônico, que em
grandes quantidades, pode ser nocivo.
E fechando nossa unidade, entraremos em contato com o sistema
urogenital, um sistema que podemos “fragmentar” em dois grandes con-
juntos: o sistema urinário e o sistema genital/reprodutor, ambos com
funções específicas, porém podem se inter-relacionar em tarefas espe-
cíficas. Ao abordarmos o assunto em sua porção urinária, devemos nos
lembrar dos rins, ureteres, bexiga e uretra, e finalizamos com os consti-
tuintes do sistema genital masculino e feminino.
Espero que aproveite ao máximo esta unidade, visto que é um tópico
que instiga muitas perguntas do público leigo em geral.
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Cardiovascular

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os animais têm de realizar, ininterruptamente, tro- O Sangue Humano


cas de substâncias com o ambiente, pois todas as O sangue humano é constituído por um líquido,
suas células precisam receber nutrientes e gás oxigê- o plasma, e por três tipos de elementos celulares,
nio e eliminar gás carbônico e outros resíduos tóxi- as hemácias (células vermelhas), os leucócitos
cos produzidos no metabolismo. Nos animais mais (células brancas) e as plaquetas. Cerca de 55% do
simples, como os celenterados e os platelmintos, as volume do sangue é devido ao plasma, sendo o
trocas de substâncias ocorrem diretamente entre restante às células. No corpo de uma pessoa de
as células do corpo e o ambiente. Isso só é possível mais ou menos 70 kg, há cerca de, aproximada-
porque todas as células do organismo se encontram mente, 5,6 litros de sangue (Figura 1) (AMABIS;
relativamente próximas, tanto da cavidade gastro- MARTHO, 2007).
vascular, de onde absorvem nutrientes, quanto da
superfície corporal, onde ocorrem as trocas gasosas.
Já nos animais mais complexos (como nós, seres
humanos), há órgãos especializados na absorção e
excreção de substâncias, as quais são conduzidas a
todas as células corporais por meio de um sistema células células vermelhas
de transporte: o sistema cardiovascular. brancas ou hemácias.
Além de funcionar para o transporte de substân-
cias, o sistema cardiovascular também apresenta ou-
tro papel de grande valia: a regulação térmica. Note
que, em geral, no local onde temos mais sangue se
apresenta mais quente.
plaquetas
COMPONENTES DO SISTEMA CARDIO-
VASCULAR

O sistema cardiovascular consiste de três partes fun- Figura 1 - Células sanguíneas presentes na constituição do sangue

damentais:
a. Sangue: fluido formado por células disper- No plasma sanguíneo, a água é responsável por
sas em um líquido. 92% de seu peso, sendo o restante devido à pre-
b. Vasos sanguíneos: tubos por onde o sangue sença de proteínas (albuminas, globulinas, entre
circula, atingindo todas as partes do corpo. outras), sais e substâncias diversas, tais como nu-
c. Coração: órgão musculoso, cuja contração trientes, gases, excreções e hormônios (AMABIS;
impulsiona o sangue, fazendo-o circular no
MARTHO, 2007).
interior dos vasos sanguíneos.

43
NIVELAMENTO ANATOMIA

As hemácias, também conhecidas por glóbulos As artérias são vasos que levam sangue do co-
vermelhos ou eritrócitos, são células especializadas ração para os órgãos e tecidos do corpo, sendo que
no transporte de gás oxigênio. Por meio dos vasos todas as artérias se originam direta ou indiretamen-
que irrigam a medula óssea, os eritrócitos maduros te da aorta ou do tronco pulmonar. A parede das ar-
entram na circulação sanguínea. Uma hemácia per- térias é espessa e contém três camadas de tecidos. A
manece cerca de 120 dias em circulação. Ao fim des- camada mais interna é o endotélio, um tecido epite-
se período, perde sua capacidade funcional e é fago- lial formado por um único estrato de células acha-
citada e digerida por células do fígado ou do baço tadas. A camada mediana é constituída por tecido
(AMABIS; MARTHO, 2007). muscular liso e a camada mais externa é constituída
Os leucócitos ou glóbulos brancos são células por tecido conjuntivo, rico em fibras elásticas (MO-
especializadas na defesa do organismo; combate ORE et al., 2014).
vírus, bactérias e outros agentes invasores que pe- Quando a musculatura da parede de uma arté-
netrem em nosso corpo. Em condições normais, há ria se contrai, seu diâmetro interno diminui; o re-
entre 5 e 10 mil leucócitos por milímetro cúbico de laxamento da musculatura arterial, por outro lado,
sangue (BARBOSA, 2017). leva ao aumento do diâmetro interno da artéria. A
Já as plaquetas são fragmentos esféricos ou contração e o relaxamento das artérias permitem
achatados de células chamadas megacariócitos, controlar a pressão sanguínea e o volume de sangue
formadas, originalmente, na medula óssea. Há, em circula em determinada região do corpo.
média, 300 mil plaquetas por milímetro cúbico de As artérias apresentam uma luz do vaso menor,
sangue humano. Elas participam ativamente do são menos numerosas, têm uma parede mais espes-
processo de coagulação do sangue dos vertebrados sa, têm pulsação e estão localizadas mais profunda-
(BARBOSA, 2017). mente do que as veias (BARBOSA, 2017) (Figura 3).

Vasos sanguíneos
Os vasos sanguíneos são habilitados ao transporte
de sangue, sendo os principais as artérias e as veias,
mas podemos incluir aqui as arteríolas, os capilares
e as vênulas (Figura 2).

Veia

Figura 3 - Artérias e veias


Vênulas Vênulas Artéria
Arteríola
Figura 2 - Vasos sanguíneos

44
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em geral, as artérias começam com grande ca-


libre e vão diminuindo conforme vão se ramifican-
do e se afastando do coração. Em relação ao seu
calibre, podemos dividi-las em artérias de grande,
médio e pequeno calibre, sendo esta última emitin-
do ramificações denominadas de arteríolas - vasos
veia normal veia com varicose
sanguíneos utilizados para direcionar o fluxo san-
Figura 4 - Veias normais e veias varicosas (notar que a válvula não segu-
guíneo para as áreas que mais necessitam de san- ra o retorno do sangue)
gue (BARBOSA, 2017).
Os capilares sanguíneos são vasos muito finos O coração
que ligam as arteríolas às vênulas. A parede dos capi- O coração é um órgão musculoso, do tamanho
lares é constituída por uma única camada de células, próximo de um punho fechado e com peso apro-
correspondente ao endotélio de artérias e veias. As ximado de 400 g. Ele se localiza no meio do peito,
células que formam a parede dos capilares deixam sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a
pequeníssimos espaços entre si, por onde extrava- esquerda (Figura 5).
sa o líquido sanguíneo. O líquido sanguíneo extra-
vaso, denominado fluido tissular, banha as células
próximas aos capilares que, por sua vez, eliminam
gás carbônico e outras excreções no fluido tissular
(AMABIS; MARTHO, 2007).
A maior parte do líquido que abandonou os va-
sos e banhou os tecidos é reabsorvida pelos próprios
capilares, reincorporando-se ao sangue. Assim, ao
passar pelos capilares dos tecidos, o sangue torna-se
mais pobre em nutrientes e em gás oxigênio, e mais
rico em gás carbônico e em outras excreções.
As veias são vasos que levam sangue dos órgãos
e tecidos de volta ao coração. A parede das veias é
formada por três camadas, equivalentes às das arté-
rias. Entretanto, as camadas mediana e externa das
veias são menos espessas que suas correspondentes
arteriais. As veias de maior calibre, no homem e
em muitos animais, possuem válvulas em seu inte-
rior que impedem o refluxo de sangue e garantem
sua circulação em um único sentido (BARBOSA,
2017) (Figura 4). Figura 5 - Localização do coração

45
NIVELAMENTO ANATOMIA

O coração é constituído por três camadas cha- monar, localizada entre o ventrículo direito e a
madas paredes ou túnicas: a interna (ou endocár- artéria que deixa essa câmara; e a valva aórtica,
dio), a média (ou miocárdio) e a externa (pericár- localizada entre o ventrículo esquerdo e a arté-
dio) (AMABIS; MARTHO, 2007) (Figura 6). ria que deixa essa câmara, denominada de aorta
(MOORE et al., 2014).
As câmaras do coração se contraem e se dilatam
alternadamente, em média, 70 vezes por minuto.
A contração de uma câmara cardíaca é denomina-
da sístole e seu relaxamento, diástole. A frequência
ENDOCÁRDIO de movimentos do coração, ou seja, a frequência
cardíaca, varia de acordo com a atividade e situa-
ção emocional em que nos encontramos. Durante o
sono, por exemplo, o coração de uma pessoa pode
bater entre 35 e 50 vezes por minuto; já durante um
exercício físico intenso, a frequência cardíaca pode
PERICÁRDIO ultrapassar 180 batimentos por minuto (AMABIS;
MARTHO, 2007).

MIOCÁRDIO
Figura 6 - Paredes do coração

O coração apresenta quatro cavidades internas, ge-


nericamente denominadas câmaras cardíacas. As
duas câmaras superiores são os átrios e as duas infe-
riores, os ventrículos.
O átrio direito se comunica com o ventrículo
direito por meio de uma valva denominada de valva
atrioventricular direita. O átrio esquerdo, por sua
vez, se comunica com o ventrículo esquerdo por
intermédio da valva atrioventricular esquerda. A
função dessas válvulas atrioventriculares é garantir
a circulação do sangue no coração em um único sen-
tido, sempre dos átrios para os ventrículos.
Além dessas duas valvas, podemos observar Figura 7 - Sístole e diástole
a presença de mais duas: a valva do tronco pul- Fonte: Momento Fisioex ([2017], on-line)1.

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

A frequência de batimentos cardíacos é controla- rias durante a sístole ventricular - a pressão sistólica
da por uma região especial do coração denominada ou máxima - é da ordem de 120 mmHg (120 milí-
nódulo sinoatrial ou marca-passo. O nódulo sino- metros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão
atrial é um aglomerado de células musculares espe- diminui, ficando em torno de 80 mmHg; essa é a
cializadas, localizado perto da junção entre o átrio pressão diastólica ou mínima.
direito e a veia cava superior. Aproximadamente, Depois de passar por milhões de arteríolas e
a cada segundo, as células do marca-passo emitem capilares, a pressão sanguínea cai muito, atingindo
um sinal elétrico que se propaga diretamente para a valores muito baixos no interior das veias. O retor-
musculatura dos átrios, provocando sua contração no do sangue ao coração deve-se, em grande parte,
(AMABIS; MARTHO, 2007). às contrações dos músculos esqueléticos. As veias se
situam entre feixes de músculos, de modo que a con-
CIRCULAÇÃO DO SANGUE NO ORGA- tração muscular as comprime, fazendo com que o
NISMO sangue se desloque em seu interior. Devido às válvu-
las, o sangue que se desloca nas veias somente pode
O sangue bombeado pelos ventrículos penetra nas seguir rumo ao coração (MOORE et al., 2014).
artérias sob alta pressão. Imediatamente, as paredes Ao se deslocar pelo corpo humano, o sangue
arteriais se relaxam, aumentando de volume, dimi- passa duas vezes pelo coração. Impulsionado pelo
nuindo a pressão interna. Se as artérias não relaxa- ventrículo direito, o sangue vai aos pulmões, de onde
rem o suficiente, a pressão do sangue em seu interior retorna ao coração. Por isso se diz que nossa circu-
pode subir a níveis perigosos, com possível ruptura lação é dupla, sendo o trajeto coração → pulmões
nas paredes arteriais (AMABIS; MARTHO, 2007). → coração denominado circulação pulmonar (ou
A pressão exercida pelo sangue contra a parede pequena circulação) e o trajeto coração → sistemas
das artérias é denominada pressão arterial. Em uma corporais → coração denominado circulação sistê-
pessoa jovem e com boa saúde, a pressão nas arté- mica (ou grande circulação) (BARBOSA, 2017).

47
NIVELAMENTO ANATOMIA

Circulação pulmonar Circulação sistêmica


O sangue chega ao átrio direito do coração por duas Dos pulmões, o sangue, agora oxigenado, retorna
grandes veias, a veia cava superior, que coleta san- ao coração pelas veias cavas pulmonares e penetra
gue da cabeça, dos braços e da parte superior do no átrio esquerdo, onde passa para o ventrículo es-
tronco, e a veia cava inferior, que coleta sangue das querdo, que o bombeia para a artéria aorta. Esta se
pernas e da parte inferior do tronco. Do átrio direi- divide em vários ramos, que levam o sangue oxige-
to, o sangue passa para o ventrículo direito, que o nado a todos os sistemas do corpo (Figura 8).
bombeia para a artéria pulmonar. Esta se divide em
duas (direita e esquerda), que levam sangue aos pul- REFLITA
mões. Lá, o sangue adquire gás oxigênio e libera gás
carbônico (Figura 8). Existe uma teoria de que quanto mais san-
gue chega ao coração, mais sangue sai do
coração. Logo, indivíduos obesos, por terem
um retorno venoso prejudicado, podem ter
menos sangue saindo de seu coração.

Figura 8 - Circulação pulmonar e sistêmica

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

49
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Respiratório
O sistema respiratório é constituído por um conjun- processo, o CO2, resultante do metabolismo celular,
to de estruturas anatômicas que, em conjunto, são é trazido pelo sangue aos pulmões e se difunde dos
responsáveis pela captação do ar do meio ambiente capilares teciduais para os alvéolos para ser eliminado
e transporte dele até o órgão respiratório para que a juntamente com o ar expirado. Ao mesmo tempo, o
hematose seja possível. O2 do ar inspirado difunde-se dos alvéolos para os
A hematose é um processo que implica em trocas capilares alveolares, onde se combina com a hemoglo-
gasosas entre o ar atmosférico e o meio interno. Nesse bina, originando o sangue arterial (BARBOSA, 2017).

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

O SISTEMA RESPIRATÓRIO Nariz


É a primeira estrutura do sistema respiratório cuja
O sistema respiratório humano é constituído por principal função é captar o ar ambiente. Contudo,
um par de pulmões e por vários órgãos que con- ele também filtra, aquece e umidifica o ar inspira-
duzem o ar para dentro e para fora das cavidades do, recebe e elimina secreções dos seios paranasais
pulmonares. Esses órgãos são o nariz, a boca, a e do ducto lacrimonasal e permite o olfato (BAR-
faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os BOSA, 2017).
bronquíolos (Figura 9). O nariz é subdividido em: raiz (superior, onde
inicia), ápice (ponta do nariz), dorso (entre ápice e
SISTEMA RESPIRATÓRIO raiz), asa e narina (aberturas) (Figura 10) (MOO-
RE et al., 2014).

Narina

Boca
Faringe

Laringe
Brônquio Traqueia

Figura 9 - Elementos do sistema respiratório Figura 10 - Nariz

51
NIVELAMENTO ANATOMIA

Faringe Laringe
A faringe é um canal comum aos sistemas digestivo A laringe é um tubo sustentado por peças de cartila-
e respiratório e se comunica com o nariz, com a boca gem articuladas, situado na parte superior do pesco-
e com a laringe. O ar inspirado pelas narinas ou pela ço, em continuação à faringe em direção à traqueia
boca passa, necessariamente, pela faringe, condu- (pois a faringe pode continuar com o esôfago e se
zindo até a laringe (Figura 11). direcionar para o sistema digestório). A entrada da
laringe é chamada glote. Acima dela existe uma espé-
cie de “lingueta” de cartilagem, denominada epiglo-
te, que funciona como válvula. Quando engolimos, a
laringe sobe e sua entrada é fechada pela epiglote, de
modo a impedir que o alimento engolido penetre nas
vias respiratórias (AMABIS; MARTHO, 2007).

Faringe
Figura 12 - Laringe
Laringe
Em adição, por abrigar as cordas vocais, a passagem de
Figura 11 - Faringe e laringe ar pela laringe pode produzir sons (BARBOSA, 2017).

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Traqueia, brônquios e bronquíolos


A traqueia é um tubo de, aproximadamente, 1,5 cm
de diâmetro e 10 cm de comprimento, cujas paredes
são reforçadas por anéis cartilaginosos em formato
de “C” em sua região anterior (Figura 13).

bronquíolos
traqueia

brônquios

bronquíolos
terminais

Figura 13 - Traqueia, brônquios e bronquíolos

Podem-se sentir os reforços cartilaginosos da


traqueia tocando, com os dedos, a região anterior da
garganta, logo abaixo do pomo de adão (AMABIS;
MARTHO, 2007).

53
NIVELAMENTO ANATOMIA

SAIBA MAIS Pulmões


Um pulmão humano (Figura 14) é um órgão es-
A entrada de ar para os pulmões é depen- ponjoso, com, aproximadamente, 25 cm de com-
dente de uma diferença de pressão existente primento e 700 g. O pulmão direito é ligeiramente
entre a atmosfera e o interior dos pulmões, maior que o esquerdo e está dividido em três lóbu-
com o ar entrando pelo sistema de tubos
disponível (nariz ou boca, chegando até os los; já o pulmão esquerdo tem apenas dois lóbulos.
pulmões pela traqueia). Porém, mediado por Na face interna de ambos os pulmões, existe uma
uma lesão, podemos abrir um furo na caixa abertura por onde passam os brônquios, as arté-
torácica e, se este tiver um diâmetro de ao
menos ⅔ do da traqueia, o ar dará preferência rias pulmonares e as veias pulmonares (AMABIS E
por entrar por essa perfuração, resultando MARTHO, 2007).
numa enfermidade denominada de pneu- O pulmão é envolto por duas membranas deno-
motórax.
minadas pleuras (Figura 15). A pleura interna está
Fonte: adaptado de Hall (2011). aderida à superfície pulmonar, enquanto a pleura
externa está aderida à parede da caixa torácica. En-
tre as pleuras, há um estreito espaço preenchido por
Na região superior do peito, a traqueia se bifurca, líquido. A tensão superficial desse líquido mantém
dando origem aos brônquios (Figura 13). Estes são unidas as duas pleuras, mas permite que elas desli-
dois tubos curtos, também reforçados por anéis de zem uma sobre a outra, durante os movimentos res-
cartilagem, que conduzem o ar aos pulmões (BAR- piratórios (BARBOSA, 2017).
BOSA, 2017).
Tanto a traqueia quanto os brônquios são inter-
namente revestidos por um epitélio ciliado, rico em
células produtoras de muco. Dessa forma, as partí-
culas de poeira e bactérias em suspensão no ar ina-
lado aderem ao muco, sendo “varridas” em direção
à garganta graças ao batimento dos cílios. Ao chegar
à faringe, o muco e as partículas aderidas são engoli-
dos com a saliva (MOORE et al., 2014).
Nos pulmões, os brônquios se ramificam profu-
samente, dando origem a tubos cada vez mais finos,
os bronquíolos (Figura 13). O conjunto altamente
ramificado de bronquíolos tem o aspecto de uma ár-
vore, denominada árvore respiratória. Cada bron-
quíolo termina em pequenas bolsas denominadas
alvéolos pulmonares (BARBOSA, 2017). Figura 14 - Pulmão humano

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

Inspiração
Traqueia
Brônquio principal esquerdo

Brônquio principal
direito

Pleura parietal

Pleura visceral

Cavidade pleural
direita Pulmão Pulmão Cavidade pleural
direito esquerdo esquerda

Músculo
diafragma

Mediastino

Parede do tórax Expiração


Pleura parietal Pleura visceral
Cavidade pleural Pulmão

Figura 15 - Pleura parietal e visceral

Pulmões de pessoas jovens têm cor rosada, escure-


cendo com a idade, devido ao acúmulo de impure-
zas presentes no ar e que não foram removidas pe-
los mecanismos de limpeza do sistema respiratório
(AMABIS E MARTHO, 2007).
A base de cada pulmão se apoia no diafragma,
uma membrana espessa e resistente formada por di-
versas camadas musculares. O diafragma, presente
apenas nos mamíferos, separa a cavidade torácica da
cavidade abdominal (Figura 16). Figura 16 - Diafragma e seus movimentos durante a ventilação pulmonar

55
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Urogenital

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

O sistema urogenital envolve a associação de dois Rins


grandes sistemas: o sistema urinário e o sistema ge- Os rins têm cor vermelho-escura, forma de grão
nital/reprodutor. O sistema urinário, além de sua de feijão e cada um mede pouco mais de 10 cm de
função de formador de urina, também apresenta pa- comprimento. Localizam-se na parte posterior do
pel chave na regulação dos sais minerais e pH, além abdome, logo abaixo do diafragma, um de cada lado
de secretar hormônios importantes para o correto da coluna vertebral. Nessa posição, estão protegidos
funcionamento do organismo. Já o sistema genital pelas últimas costelas e, também, por uma camada
tem como função chave a produção de gametas, pro- de gordura (AMABIS; MARTHO, 2007).
porcionando a cópula e reprodução, assim como a O rim possui uma cápsula fibrosa, que protege
produção de hormônios esteroides sexuais femini- o córtex, mais externo, e a medula, mais interna (Fi-
nos e masculinos. gura 18). Na região do córtex renal, estão os néfrons
- estruturas microscópicas responsáveis pela filtra-
Órgãos do sistema urinário ção do sangue e remoção das excreções. Cada rim
apresenta mais de um milhão de néfrons. Na porção
O sistema urinário humano é constituído por um renal mais interna, localizam-se tubos coletores de
par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária urina (Figura 19).
e pela uretra (Figura 17).

Rim

Ureter
Figura 18 - Rim e sua visão interior

Bexiga
O néfron é uma longa estrutura tubular que possui,
urinária
em uma das extremidades, uma expansão em for-
ma de taça, denominada cápsula de Bowman. Esta
Uretra se conecta com o túbulo contorcido proximal, que
continua pela alça de Henle e pelo túbulo contorci-
Figura 17 - Visão geral do sistema urinário do distal. Este desemboca em um ducto coletor.

57
NIVELAMENTO ANATOMIA

Túbulos renais (néfrons)


Ureteres
Córtex Os néfrons desembocam em dutos coletores de urina,
Medula
Artéria renal que se unem para formar canais cada vez mais grossos.
A fusão desses dutos origina um canal único, denomi-
nado ureter, que sai do rim em direção à bexiga uriná-
Veia renal
ria (no adulto, apresenta cerca de 25 a 30 cm de com-
Rim
Artéria interlobar primento) (Figura 20) (AMABIS; MARTHO, 2007).

Artéria Veia interlobar Rins


arqueada
Veia
arqueada

Néfron
Túbulo distal
Glomérulo
Capilares peritubulares Ureter Ureter
Cápsula glomerular
direito esquerdo
Arteríola aferente
Arteríola eferente
Artéria Bexiga
arqueada

Uretra
Direção do
Veia
fluxo sanguíneo Figura 20 - Ureteres
arqueada
Túbulo
proximal

Figura 19 - Néfron Duto coletor Bexiga urinária


A bexiga urinária (Figura 21) é uma bolsa de parede
Conforme mencionado previamente, uma das fun- elástica, dotada de musculatura lisa, cuja função é
ções dos rins é filtrar o sangue, removendo os re- acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia,
síduos nitrogenados produzidos pelas células e, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml) de
também, sais e outras substâncias em excesso. Além urina. Esta é eliminada periodicamente por meio da
dessa função excretora, os rins são responsáveis pela uretra (AMABIS; MARTHO, 2007).
osmorregulação em nosso organismo. Controlando
Ovário
a eliminação de água e sais na urina, esses órgãos Tuba uterina
mantêm a tonicidade do sangue adequada às neces-
sidades de nossas células. Essas funções são depen- Útero
dentes de três processos que ocorrem nos néfrons,
denominadas de filtração, reabsorção e secreção. Ao
Bexiga urinária Cérvix
final dessas três etapas, o que não for mais necessá-
Reto
rio ao organismo humano irá constituir a urina, que Uretra
será encaminhada dos rins até a bexiga por meio dos
ureteres e, posteriormente, será eliminada por meio Vagina Ânus

da uretra (BARBOSA, 2017). Figura 21 - Bexiga urinária

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Uretra Pênis
A uretra (Figura 22) é um tubo que parte da bexi- O pênis (Figura 22) é o órgão copulador masculino.
ga e que termina, na mulher, na região vulvar e, no É constituído por três cilindros de tecido esponjoso,
homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação os dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso,
com a bexiga se mantém fechada por anéis muscula- além de vasos sanguíneos e linfáticos, tecido nervo-
res (esfíncteres). Quando a musculatura desses anéis so e conjuntivo revestidos por uma pele. A região
relaxa e a musculatura da parede da bexiga se con- anterior do pênis forma a glande (a “cabeça” do pê-
trai, ocorre a micção (AMABIS; MARTHO, 2007). nis), onde a pele é fina e apresenta muitas termina-
ções nervosas, o que determina grande sensibilidade
à estimulação sexual. A glande é recoberta por uma
prega protetora de pele, prepúcio, às vezes, removi-
da cirurgicamente por meio da circuncisão. Além da
glande, podemos dividir o pênis em mais duas por-
ções, o corpo e a raiz (AMABIS; MARTGO, 2007).

Figura 21 - Uretra

Há diferenças entre a uretra masculina e femini-


na. A feminina é muito curta e se destina a passagem
apenas da urina. Em contrapartida, a uretra mascu-
lina é mais longa e se destina a passagem da urina e
Glande
de sêmen durante a ejaculação (sendo dividida em
quatro partes, uretra intramural, prostática, mem-
branácea e esponjosa) (BARBOSA, 2017).

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

O sistema reprodutor masculino humano compreende


os órgãos genitais externos (genitália externa) e órgãos
localizados no interior do corpo. A genitália externa é
formada pelo pênis e pelo saco ou bolsa escrotal. Os
órgãos reprodutores internos são os testículos, os duc-
tos condutores de espermatozoides (ductos deferentes,
ducto ejaculatório e uretra) e as glândulas acessórias
(vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais). Figura 22 - Pênis

59
NIVELAMENTO ANATOMIA

Saco escrotal Anatomia do testículo

O saco escrotal, ou escroto, é uma bolsa de pele situ-


ada abaixo do pênis, dentro da qual se aloja o par de Plexo pampiniforme

testículos, que são as gônadas masculinas (Figura 23). Artéria testícular

Epidídimo
Ducto deferente

Testículo

Figura 24 – Testículo

Epidídimo
Figura 23 - Testículos e saco escrotal (escroto) O epidídimo (Figura 25) é um enovelado de túbulos
localizado sobre o testículo, em comunicação direta
Os testículos humanos, por estarem localizados com os túbulos seminíferos. Os espermatozoides re-
no saco escrotal, permanecem a uma temperatura cém-formados passam para o epidídimo, onde termi-
cerca de 2 a 3° C inferior à temperatura corporal, nam sua maturação e ficam armazenados até sua eli-
o que é necessário para que os espermatozoides se minação durante o ato sexual (MOORE et al., 2014).
formem normalmente (BARBOSA, 2017).

Testículo
O testículo é o órgão onde se formam os esperma-
tozoides. É constituído por tubos finos e enovelados,
os túbulos seminíferos, e por camadas envoltórias
de tecido conjuntivo. Além de produzir os esper-
matozoides, também é responsável por produzir a
testosterona - o hormônio sexual masculino (Figura
24) (MOORE et al., 2014).

Figura 25 - Epidídimo

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ducto deferente Próstata


O ducto deferente é um tubo musculoso que parte A próstata (Figura 28), localizada sob a bexiga uri-
do epidídimo e sobe para o abdome, contornando nária, é a maior glândula acessória do sistema repro-
a bexiga urinária. Sob a bexiga, os vasos deferentes dutor masculino. Sua secreção é viscosa e alcalina;
provenientes de cada testículo se fundem em um tem por função neutralizar a acidez da urina resi-
tubo único, o ducto ejaculatório, que desemboca na dual acumulada na uretra e, também, a acidez na-
uretra (AMABIS; MARTHO, 2007) (Figura 26). tural da vagina. A próstata envolve a porção inicial
Vesícula
da uretra, onde lança sua secreção por meio de uma
seminal série de pequenos dutos.

Ducto Glândulas bulbouretrais


ejaculatório As glândulas bulbouretrais, localizadas sob a prós-
tata, desembocam na uretra. Durante a excitação
sexual, elas liberam um líquido, cuja função acredi-
Ducto Próstata
deferente ta-se que contribua para a limpeza do canal uretral
antes da passagem dos espermatozoides (AMABIS;
MARTHO, 2007).

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

Epidídimo Testículo O sistema reprodutor feminino se compõe, como o


Figura 26 - Ducto deferente, ducto ejaculatório, vesículas seminais e próstata masculino, de órgãos genitais externos e internos. A
genitália externa feminina é composta pelos peque-
Vesículas seminais nos e grandes lábios vaginais e pelo clitóris que, em
As vesículas seminais (Figura 27) são duas glându- conjunto, formam a vulva. Os órgãos reprodutores
las, localizadas atrás e sob a bexiga urinária. Elas femininos internos são os ovários, as tubas uterinas,
produzem um líquido nutritivo, o fluido seminal, o útero e a vagina.
que contém o açúcar frutose e cuja função é nutrir
os espermatozoides. A secreção das vesículas semi- Ovários
nais é lançada no ducto ejaculatório e constitui cerca Os dois ovários (Figura 29) da mulher se localizam
de 60% do volume total do fluido eliminado durante na cavidade abdominal, na região das virilhas, um
o ato sexual (BARBOSA, 2017). em cada lado do corpo. Têm forma de uma peque-

61
NIVELAMENTO ANATOMIA

na azeitona, com cerca de 3 centímetros de compri- Útero


mento, e apresentam, em sua porção mais externa O útero (Figura 30) é um órgão musculoso e oco, de
(córtex ovariano), as células que darão origem aos tamanho e forma aproximados aos de uma pera. Em
óvulos. Em adição, também produzem os hormô- uma mulher que nunca engravidou, o útero tem cerca
nios esteroides sexuais femininos (estrogênio e pro- de 7,5 centímetros de comprimento por 5 centíme-
gesterona) (BARBOSA, 2017). tros de largura em sua porção mais ampla. O arran-
jo dos músculos na parede uterina permite grande
expansão do órgão durante a gravidez (o bebê pode
atingir mais de 4 quilos). A porção superior do útero
é larga e está conectada às tubas uterinas. Sua porção
inferior, denominada colo uterino, é estreita e se co-
munica com a vagina (AMABIS; MARTHO, 2007).

Ovário
Tuba uterina

Útero

Bexiga urinária Cérvix


Reto
Uretra
Figura 29 - Ovários, tubas uterinas, útero e vagina.

Vagina Ânus

Tubas uterinas Figura 30 - Útero e vagina

As tubas uterinas (Figura 29) são dois tubos curvos


ligados ao útero. A extremidade livre de cada tuba, O interior do útero é revestido por um tecido
alargada e franjada, situa-se junto a cada um dos ricamente vascularizado, chamado endométrio. A
ovários. É dividida em 4 porções: infundíbulo, am- partir da puberdade, todos os meses o endométrio
pola, istmo e uterina (MOORE et al., 2014). se torna mais espesso e rico em vasos sanguíneos,
O interior dos tubos é revestido por células ci- como preparação para uma possível gravidez. Essa
liadas. O batimento dos cílios cria uma forma de preparação só deixa de ocorrer por volta dos 50
sucção que o óvulo, liberado nas proximidades da anos, com a chegada da menopausa. Se a gravidez
abertura de uma trompa, é sugado para seu interior, não ocorre, a parte do endométrio que se desen-
juntamente com líquido presente na cavidade abdo- volveu se destaca e é eliminada, juntamente com
minal. No interior da tuba, o óvulo se desloca até sangue, como resultado da degeneração dos vasos
a cavidade uterina, impulsionado pelos batimentos sanguíneos. Esse processo é chamado menstruação
ciliares (AMABIS; MARTHO, 2007). (MOORE et al., 2014).

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

Vagina nores e mais delicadas - os pequenos lábios - que


A vagina (Figura 30) é um canal musculoso que protegem a abertura vaginal. Entre os pequenos
se abre para o exterior, na genitália externa. Até lábios, um pouco à frente da abertura da vagina,
a primeira relação sexual, a entrada da vagina é tem-se a uretra. Nas mulheres, ao contrário dos
parcialmente recoberta por uma fina membra- homens, a uretra é um canal independente do sis-
na, o hímen, cuja função é, ainda, desconhecida tema reprodutor.
(BARBOSA, 2017). O clitóris é um órgão de grande sensibilidade,
A vagina é revestida por uma membrana muco- de aproximadamente 1 a 2 centímetros de com-
sa, cujas células liberam glicogênio. Bactérias, nor- primento, correspondente à glande do pênis. Ele
malmente presentes na mucosa vaginal, fermentam se localiza na região anterior da vulva, na con-
o glicogênio, produzindo ácido lático, o que confe- fluência dos pequenos lábios, e é constituído por
re ao meio vaginal um pH ácido, que impede a pro- tecido esponjoso, que se intumesce durante a ex-
liferação da maioria dos microrganismos patogêni- citação sexual.
cos. Durante a excitação sexual, a parede da vagina
se dilata e se recobre de substâncias lubrificantes Monte do púbis

produzidas pelas glândulas de Bartolin, o que fa- Clitóris

cilita a penetração do pênis durante o ato sexual


Pequenos lábios
(AMABIS, MARTHO, 2007). Óstio da uretra
Grandes lábios
Vagina
Genitália feminina externa
Ânus
A genitália feminina externa (Figura 31) é de-
nominada vulva. Esta se compõe de duas pregas
de pele maiores cobertas por pelos pubianos - os
grandes lábios - que envolvem duas pregas me- Figura 31 - Genitália externa feminina

63
considerações finais

Caros alunos, chegamos ao fim desta Unidade II, e espero que possa ter absorvi-
do o máximo de informações possíveis sobre os três sistemas trabalhados.
Pudemos perceber o quão interessante é o papel do coração em nosso orga-
nismo, mas, ao mesmo tempo, tivemos a oportunidade de entender que sem os
demais elementos do sistema cardiovascular, ou seja, sem os vasos sanguíneos
para levar o sangue para os tecidos (sem as veias para devolver o sangue ao co-
ração e sem os capilares para realização das trocas gasosas) e sem o sangue - o
grande responsável por transportar gases, nutrientes e excretas metabólicas (en-
tre outros) - o trabalho do coração seria em vão.
Somado a este, estivemos diante do sistema respiratório, um sistema que
apresenta como órgão central o pulmão que, em sua estrutura menor (os alvéo-
los), responsabiliza-se por realizar o processo de renovação do sangue (adicionar
o oxigênio e remover o gás carbônico). Pudemos notar, também, que no sistema
cardiovascular, seu órgão mais importante não teria finalidade se não fossem os
demais elementos desses sistema (nariz, boca, faringe, laringe, traqueia, brôn-
quios e bronquíolos) que são capazes de conduzir o ar até as porções mais distais
da via respiratória para realização das trocas.
Já o sistema urogenital normalmente está relacionado a duas questões de
suma importância: a manutenção de um volume sanguíneo adequado por meio
da eliminação de elementos pela urina e/ou retenção de elementos no organismo
(processo de formação da urina); e pelo seu papel na perpetuação da espécie, por
meio da função reprodutora atrela aos genitais masculino e feminino. Lembran-
do que ao falarmos de genitália, a mesma apresenta elementos interno e elemen-
tos externo.
Diante disso, espero ter despertado, em você, o desejo de conhecimento, pro-
cure se aprofundar e estudar cada dia mais, um abraço!

64
atividades de estudo

1. O sistema cardiovascular é um sistema dotado da presença do coração,


dos vasos sanguíneos e do sangue. Esse sistema apresenta um papel de
grande relevância para manutenção da vida. Sobre esse papel, assinale a
frase que melhor define a função do aparelho cardiovascular.
a. Transformar compostos nitrogenados e resíduos metabólicos produzidos
pelas células.
b. Distribuir substâncias nutritivas por todo o corpo e recolher substâncias
tóxicas resultantes do metabolismo celular.
c. Transformar as substâncias alimentares em produtos assimiláveis pelo or-
ganismo.
d. Oxidar o alimento pelo O2, produzindo H2O, CO2 e energia.
e. Receber estímulos, processar, armazenar seus efeitos e gerar respostas.

2. As veias são importantes vasos sanguíneos que tem o papel de devolver o


sangue para o coração. Para favorecer essa sua função, as veias de maior
calibre apresentam válvulas. Sobre a função das válvulas, temos como
verdadeira a assertiva:
a. Retardar o fluxo sanguíneo.
b. Impedir o refluxo do sangue.
c. Acelerar os batimentos cardíacos.
d. Retardar as pulsações.
e. Reforçar as paredes dos vasos.

3. A entrada de ar da atmosfera até os pulmões se dá pela passagem de ar


por um sistema tubular contínuo, iniciando pelo nariz e/ou boca e fina-
lizando nos alvéolos pulmonares. A obstrução ocorrida em algum ponto
dessa via impede que o ar chegue na área subsequente. Sabendo disso, a
obstrução dos bronquíolos impede que o oxigênio atinja:
a. A faringe.
b. O esôfago.
c. A laringe.
d. A traqueia.
e. Os alvéolos.

65
atividades de estudo

4. Dentre os elementos da via respiratória, sabemos que os alvéolos pulmo-


nares são os locais onde as trocas gasosas ocorrem. Sendo assim, nos
alvéolos pulmonares, o sangue elimina:
a. Monóxido de carbono e absorve oxigênio.
b. Dióxido de carbono e absorve nitrogênio.
c. Oxigênio e absorve dióxido de carbono.
d. ) Dióxido de carbono e absorve oxigênio.
e. Monóxido de carbono e absorve hidrogênio.

5. Para a eliminação da urina produzida pelos rins, esta deve passar por um
conjunto de estruturas que a direcionarão para o ambiente externo. Logo,
uma obstrução nesse caminho impedirá ou dificultará esse processo. Sa-
bendo disso, aponte qual das estruturas a seguir receberá menos uri-
na caso o ureter esteja obstruído:
a. Rins.
b. Bexiga.
c. Testículos.
d. Vesícula seminal.
e. Próstata.

6. Sabemos que na constituição do sistema genital feminino e masculino


apresentamos elementos que são denominados de órgãos internos e ou-
tros denominados de órgãos externos. Dessa forma, assinale, a seguir,
a alternativa que contempla um elemento que compreende a porção
interna do sistema genital:
a. Lábio maior do pudendo.
b. Lábio menor do pudendo.
c. Clitóris.
d. Vagina.
e. Pênis.

66
LEITURA
COMPLEMENTAR

Um dos sintomas mais amplamente relatados pelas pessoas que têm o hábito de fu-
mar é a falta de “fôlego”. Realmente, o ato de fumar pode levar uma pessoa a ficar
rapidamente sem fôlego diante da realização de exercícios físicos ditos de intensidade
moderada e, em muitos indivíduos, até mesmo durante uma atividade cotidiana leve,
como passear com o cachorro ou lavar um carro e, dependendo do tempo de uso do
cigarro, podemos esperar dificuldades respiratórias até mesmo em situações de repou-
so absoluto.
Isto ocorre devido a uma série de fatores que irão influenciar direta ou indiretamente a
eficiência respiratória do fumante. Primeiramente, sabemos que a nicotina presente no
cigarro realiza a constrição do bronquíolo (fechamento dele), diminuindo a capacidade
do pulmão em levar o ar para dentro (ato da inspiração) e para fora (ato da expiração).
Uma segunda característica envolve o fato do monóxido de carbono (um dos produtos
presente na fumaça do cigarro) se ligar ao transportador de oxigênio no sangue (he-
moglobina), reduzindo a capacidade desse transportador em levar o oxigênio para os
diversos tecidos do organismo, com consequente diminuição da capacidade de produ-
zir energia desse tecido.
Além disso, também sabemos que os irritantes na fumaça causam aumento na se-
creção de muco pela mucosa (uma das camadas de células das vias aéreas) da árvore
traqueobrônquica, além de induzir um edema dessa mesma via, também contribuindo
para dificuldade em inspirar e expirar o ar dos pulmões. Esses mesmos irritantes da
fumaça do cigarro também inibem o movimento dos cílios e os destroem no reves-
timento do sistema respiratório. Consequentemente, o excesso de muco e resíduos
estranhos não são facilmente removidos, aumentando ainda mais a dificuldade de res-
piração e induzindo o “pigarro” presente em praticamente todos os fumantes.
Com o tempo, o fumo levará a destruição das fibras elásticas dos pulmões e isto é a
causa principal de enfisema pulmonar, levando a retenção de ar dentro dos pulmões
e a realização de trocas gasosas menos eficientes, ou seja, um organismo com menos
oxigênio e mais gás carbônico, que tornará a funcionalidade corporal diminuída am-
plamente.

Fonte: adaptado de Tortora e Derrickson (2010).

67
NIVELAMENTO ANATOMIA

Princípios de anatomia e fisiologia


Tortora, G. J; DERRICKSON, B.
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: esse livro procura atender duas grandes áreas do co-
nhecimento humano, a anatomia, ao realizar descrições precisas
sobre elementos anatômicos corporais, assim como a fisiologia,
a abordar questões referentes ao modo de funcionamento dos
sistemas trabalhados, proporcionando uma visão integrada
dessas duas grandes áreas.

68
referências

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. São Paulo:


Moderna, 2007.
BARBOSA, C. P. Anatomia humana aplicada à educação física. Maringá: EAD
Unicesumar, 2017.
HALL, J. E. Guyton: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2011.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 12. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

Referências On-line
1
Em: <https://momentofisioex.wordpress.com/tag/sistole-e-diastole/>. Acesso
em: 02 out. 2017.

69
gabarito

1. B.
2. B.
3. E.
4. D.
5. B.
6. D.

70
UNIDADE
III
SISTEMA NERVOSO, ENDÓCRINO E
DIGESTÓRIO

Professor Dr. Felipe Natali Almeida

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema nervoso
• Sistema endócrino
• Sistema digestório

Objetivos de Aprendizagem
• Introduzir conceitos sobre anatomia do sistema nervoso.
• Estudar os elementos fundamentais da anatomia do
sistema endócrino.
• Estudar os elementos fundamentais da anatomia do
sistema digestório.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, alunos. Chegamos a nossa terceira e última unidade de nosso nivela-


mento em anatomia humana, e, aqui, nos depararemos com três interessan-
tes sistemas: o sistema nervoso, o sistema endócrino e o sistema digestório.
Os sistemas nervoso e endócrino atuam em conjunto com o intui-
to de comandar o organismo humano. O primeiro, por meio de uma
ampla rede de células (denominadas neurônios) espalhadas por todo
o organismo, utiliza a geração de impulsos como meio para transmitir
informações às mais variadas partes do corpo. De uma forma geral, tra-
balharemos com a ideia de que o sistema nervoso possa ser subdividido
em dois grandes grupos de estruturas: as localizadas no sistema nervoso
central e as localizadas no sistema nervoso periférico.
O sistema endócrino (que estudaremos na segunda parte deste es-
tudo) é um sistema que, apesar de não conseguir acompanhar a mesma
velocidade de envio de informações que o sistema nervoso, tem grande
relevância neste quesito. Ele se utiliza de elementos químicos denomi-
nados hormônios que, ao se ligarem aos receptores específicos em de-
terminadas partes do organismo, conseguem entregar um sinal e alterar
o funcionamento da célula em questão. Diversas são as glândulas endó-
crinas e/ou tecidos responsáveis por secretar hormônios no organismo
humano, refletindo na grande gama de hormônios que também estão
dispersos em nosso sangue e/ou líquidos corporais.
Fechando este estudo, estaremos diante do sistema digestório, um
sistema que, se analisarmos bem, é um sistema tubular único que se
inicia na boca e finaliza no ânus, porém, que sofreu especializações ao
longo da evolução para torná-lo apto a digerir e absorver substâncias
ingeridas (sólidas ou líquidas). Desta forma, a capacidade de obtenção
de energia pelo organismo humano resulta do correto funcionamento
deste sistema.
Sendo assim, espero que você tenha um grande aprendizado com
este material, aproveite bem a leitura, um grande abraço.
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Nervoso
O sistema nervoso é responsável pelo ajuste do or- as mínimas variações que ocorrem em torno de si, re-
ganismo animal ao ambiente. Sua função é perce- agindo com uma alteração elétrica que percorre sua
ber e identificar as condições ambientais externas, membrana. Esta alteração elétrica é o impulso nervo-
bem como as condições reinantes dentro do próprio so. Somado a isso, as células nervosas estabelecem co-
corpo, e elaborar respostas que adaptem o animal a nexões entre si de tal maneira que um neurônio pode
essas condições. Por exemplo, o sistema nervoso de- transmitir a outros os estímulos recebidos do ambien-
tecta, a todo o momento, nossa temperatura corpo- te, gerando uma reação em cadeia (BARBOSA, 2017).
ral. Se esta superar determinado limite, seja devido O sistema nervoso atinge o mais alto grau de de-
ao calor do ambiente ou porque fazemos exercício senvolvimento nos vertebrados, cuja concentração
físico, o sistema nervoso estimula a eliminação de de neurônios na região da cabeça originou o encéfa-
suor pelas glândulas sudoríparas e a dilatação dos lo, que se liga a um cordão nervoso dorsal, a medula
vasos sanguíneos da pele, com irradiação de calor. nervosa (ou medula espinhal). O encéfalo e a medu-
Estas providências fazem o corpo esfriar. la constituem o sistema nervoso central dos verte-
A unidade básica do sistema nervoso é a célula brados, cuja função é analisar os impulsos recebidos
nervosa, denominada neurônio. O neurônio é uma dos nervos e elaborar as respostas mais adequadas a
célula extremamente estimulável: é capaz de perceber cada situação.

76
EDUCAÇÃO FÍSICA

CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO: NEURÔ-


NIOS E CÉLULAS DA GLIA

Um neurônio típico apresenta três partes distintas: Os neurônios que constituem o sistema nervoso
corpo celular, dendritos e axônio. formam uma intrincada rede, comparável, em cer-
No corpo celular, a parte mais volumosa da cé- tos aspectos, ao sistema telefônico de uma grande
lula nervosa, se localizam o núcleo e a maioria das cidade. A rede nervosa é formada pelos axônios e
estruturas citoplasmáticas. Os dendritos (do grego dendritos, que atuam como cabos de transmissão de
dendron, árvore) são prolongamentos finos e ge- impulsos nervosos, e por corpos celulares de neurô-
ralmente ramificados, que conduzem os estímulos nios, que atuam como estações de processamento e
captados do ambiente ou de outras células em dire- de transmissão de informações.
ção ao corpo celular. O axônio é um prolongamento Nos vertebrados, além dos neurônios, o sistema
fino, geralmente mais longo que os dendritos, cuja nervoso se apresenta constituído pelas células da
função é transmitir para outras células os impulsos glia, ou células gliais. A função dessas células é dar
nervosos provenientes do corpo celular, como na fi- sustentação aos neurônios e auxiliar o seu funciona-
gura 1 a seguir (AMABIS; MARTHO, 2007). mento. As células da glia constituem cerca de metade
do volume de nosso encéfalo (MOORE et al., 2014).

SISTEMA NERVOSO EM VERTEBRADOS

Nos vertebrados, a maioria das células nervosas se


localiza na cabeça, formando o encéfalo, que se liga
à medula espinal. Esta percorre a região mediana
dorsal do animal.
O encéfalo e a medula espinhal formam o sis-
tema nervoso central, ligado às diversas partes do
corpo por meio do sistema nervoso periférico, cons-
tituído pelos nervos e pelos gânglios nervosos.

Sistema nervoso central

O sistema nervoso central é organizado em encéfa-


lo (protegido pela caixa craniana) e medula espinal
(protegido pela coluna vertebral), como mostrado
Figura 1 - Neurônio e suas partes formadoras na figura 2 a seguir.

77
NIVELAMENTO ANATOMIA

cal e intumescência lombossacral) em que as raízes


nervosas que inervarão os membros superiores e in-
feriores fazem conexão, havendo maior quantidade
de neurônios (BARBOSA, 2017).

Figura 2 - Sistema nervoso central e periférico


Fonte: Barbosa (2017, p. 180).

Tanto o encéfalo quanto a medula espinal apre-


sentam, em sua constituição, corpos celulares (or-
ganizados na substância cinzenta) e fibras nervo-
sas (aglomerados em tratos na substância branca).
Porém, enquanto o encéfalo apresenta a substância
cinzenta por fora e a substância branca por dentro,
na medula espinal isto se inverte, com a substância
cinzenta por dentro e a substância branca, por fora
(BARBOSA, 2017).
Iniciaremos nosso estudo do sistema nervoso
central pela medula espinal, e depois, ascenderemos
pelas demais estruturas.

MEDULA ESPINAL

A medula espinal (figura 3) é uma massa cilíndrica


de tecido nervoso, ligeiramente achatada no sentido
ântero-posterior, e que se localiza dentro do canal
vertebral. Seu calibre não é uniforme, pois apresenta Figura 3 - Medula espinal
duas dilatações (chamadas de intumescência cervi- Fonte: Barbosa (2017, p. 181).

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

Superiormente, a medula espinal se limita com o TRONCO ENCEFÁLICO


bulbo e, inferiormente, termina se afilando para for-
mar o cone medular que continua como um delga- O tronco encefálico é localizado entre o encéfalo e a
do filamento de meninges, o filamento terminal, ao medula espinal, e ventralmente (em frente) ao cere-
nível da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto, belo, como apresentado na figura 4.
a medula não ocupa todo o canal vertebral, tendo,
aproximadamente, 45 cm no homem e 42 cm na
mulher (BARBOSA, 2017).
Em adição, para proteção da medula, existem
membranas fibrosas chamadas meninges, que a
revestem externamente. A dura máter é mais ex-
terna, espessa e resistente, a pia máter é mais de-
licada e interna, e se adere intimamente ao tecido
nervoso. Já a aracnóide máter se encontra entre as
duas. Essas meninges se estendem até o encéfalo,
fazendo o revestimento dele também (AMABIS; F igura 4 - Tronco encefálico, vista lateral
Fonte: Barbosa (2017, p. 183).
MARTHO, 2007).

SAIBA MAIS Ele se divide em três partes: bulbo, inferiormente;


ponte, no meio; mesencéfalo, superiormente (figura 5).
Apesar de, por longa data, termos associado
lesões na medula espinal com a incapacidade Mesencéfalo
de realizar movimentos ou apresentar sensa-
ções abaixo da linha da lesão, um pesquisador
brasileiro denominado Miguel Nicolelis tem
desenvolvido uma pesquisa com resultados
promissores em indivíduos paraplégicos. Oito
participantes voluntários de sua pesquisa vol-
taram a transmitir informações para regiões
abaixo da lesão e a apresentar retorno das
Ponte
sensações.

Fonte: adaptado de Donati et al. (2016).

Bulbo

Figura 5 - Bulbo ponte e mesencéfalo


Fonte: Barbosa (2017, p. 184).

79
NIVELAMENTO ANATOMIA

O mesencéfalo, por exemplo, recebe e coordena CEREBELO


informações referentes ao estado de contração dos
músculos e à postura do corpo, sendo responsável O cerebelo se situa entre o bulbo e a ponte (figura
por certos reflexos, por exemplo, o de contração da 6). É o responsável pela manutenção do equilíbrio
pupila do olho. A ponte é constituída principalmen- corporal. É graças a ele que podemos realizar ações
te por fibras nervosas mielinizadas que ligam o cór- complexas, como andar de bicicleta ou tocar violão.
tex cerebral ao cerebelo. O bulbo possui importantes O cerebelo recebe informações das diversas partes
centros nervosos, responsáveis pelos movimentos do encéfalo sobre a posição das articulações e o grau
da musculatura do coração, dos músculos respirató- de estiramento dos músculos, bem como informa-
rios e da musculatura do tubo digestivo. É no bulbo, ções auditivas e visuais. Com base nestas informa-
também, que se localizam centros nervosos respon- ções, ele coordena os movimentos e orienta a pos-
sáveis pelos reflexos de engolir, vomitar e tossir. O tura corporal. Quando uma parte do corpo se move,
bulbo participa, ainda, da coordenação de diversos o cerebelo coordena a movimentação das outras
movimentos corporais, entre eles o de caminhar e partes corporais, mantendo o equilíbrio (AMABIS;
correr. Um grupo de neurônios do bulbo, conhecido MARTHO, 2007).
como sistema reticular, mantém o cérebro alerta e
consciente (AMABIS; MARTHO, 2007).

Figura 6 - Cerebelo
Fonte: Barbosa (2017, p. 184).

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

CÉREBRO

O cérebro é a parte mais desenvolvida do encé- automáticos e das emoções, entre outras. No en-
falo, formado pelo diencéfalo e pelo telencéfalo tanto pouco ainda se sabe sobre os mecanismos
(figura 7). Nele acontecem os impulsos nervosos que regem o pensamento e a memória. Já se sabe,
que nos permitem pensar, relembrar fatos e falar. também, que os hemisférios cerebrais direito e
O cérebro é, portanto, o centro da inteligência e esquerdo controlam atividades diferentes. O he-
do aprendizado. Os cientistas já conseguiram ela- misfério direito está associado à criatividade e às
borar um mapa do cérebro, localizando diversas habilidades artísticas, enquanto o hemisfério es-
regiões responsáveis pelo controle da visão, da querdo está associado às habilidades analíticas e
audição, do olfato, do paladar, dos movimentos matemáticas.

LOBO FRONTAL LOBO


LOBO LÍMBICO PARIETAL

LOBO
OCCIPITAL

PONTE
BULBO

MEDULA ESPINAL CEREBELO

Figura 7- Cérebro
Fonte: Barbosa (2017, p. 185).

81
NIVELAMENTO ANATOMIA

O diencéfalo é subdividido em quatro regiões: pela motricidade) e o giro pós-central (responsável


tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Todas pela sensibilidade) (MOORE et al., 2014).
as mensagens sensoriais, com exceção das prove- Podemos dividir o telencéfalo em cinco regiões
nientes dos receptores de olfato, antes de atingir o ou lobos: de frente para trás temos os lobos frontal
córtex cerebral, passam pelo tálamo. Este é uma re- (responsável pela elaboração do movimento, lingua-
gião de substância cinzenta localizada entre o tronco gem falada, raciocínio lógico, tomada de decisões e
encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação memória recente); parietal (interações entre o indi-
retransmissora de impulsos nervosos para o córtex víduo e o ambiente, compreensão da linguagem e re-
cerebral. Ele é responsável pela condução dos im- conhecimento de objetos) e occipital (visão); o lobo
pulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles temporal (compreensão da linguagem, audição e vi-
devem ser processados (BARBOSA, 2007). são em cores e profundidade) nas laterais; e o lobo
O hipotálamo, também constituído por subs- da insula (interno) (BARBOSA, 2017).
tância cinzenta, é o principal centro integrador das Somado a isto, dentro do encéfalo podemos
atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos prin- observar quatro cavidades: os ventrículos laterais
cipais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz (duas); o terceiro ventrículo e o quarto ventrículo,
a ligação entre o sistema nervoso e o sistema endó- que produzem um líquido denominado líquido ce-
crino, atuando na ativação de diversas glândulas en- rebroespinal que dá proteção mecânica, evitando
dócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura traumatismo do sistema nervoso central com os os-
corporal, regula o apetite e o balanço de água no cor- sos que o revestem (AMABIS; MARTHO, 2007).
po, além de estar envolvido nas emoções e no com-
portamento sexual (AMABIS; MARTHO, 2007). NÚCLEOS DA BASE E CENTRO BRANCO
O epitálamo apresenta, como principal elemen- MEDULAR
to, a glândula pineal, responsável pelo controle do
ciclo circadiano, enquanto o subtálamo atua no Além da camada cinzenta do encéfalo, encontramos
controle e na modulação do movimento voluntário uma região central com substância branca, na qual
(BARBOSA, 2017). estão dispersos pequenas áreas de substância cin-
O telencéfalo ocupa toda a região mais externa zenta chamadas de núcleos da base (figura 8). Essa
do cérebro e podemos observar uma série de de- região apresenta, como principal função, o controle
pressões em sua constituição, denominada de sul- do movimento, mas também está associada ao con-
cos, que delimitarão os giros (as “cobrinhas”). Entre trole de informação sensitiva para a administração
todos os sulcos presentes, os dois mais importantes motora, assim como das funções cognitiva, emocio-
são o sulco lateral (responsável por dividir o lobo nal e de motivação (MOORE et al., 2014).
temporal do frontal e parietal) e o sulco central (res-
ponsável por dividir o lobo frontal do parietal). O
sulco central é ladeado por dois giros também de es-
pecial importância, o giro pré-central (responsável

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 - Meninges que envolvem o cérebro


Fonte: imagem ilustrativa
Figura 8 - Núcleos da base e o centro branco medular
Fonte: Barbosa (2017, p. 190).

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO


Já o centro branco medular (figura 8) é formado por
fibras mielinizadas de neurônios que podem ligar o O sistema nervoso periférico é constituído pelos
córtex a centros subcorticais ou ligar distintas áreas nervos e pelos gânglios nervosos, e sua função é co-
do córtex (BARBOSA, 2017). nectar o sistema nervoso central às diversas partes
do corpo e conectar a periferia ao sistema nervoso
MENINGES central.

Assim como a medula espinhal, o encéfalo também Nervos e gânglios nervosos


é protegido por três camadas de tecido conjuntivo, Nervos são feixes de fibras nervosas envolvidas por
genericamente denominadas meninges (figura 9). uma capa de tecido conjuntivo. Neles há vasos san-
A meninge externa, mais espessa, é a dura-máter; a guíneos, responsáveis pela nutrição das fibras ner-
meninge mediana é a aracnóide; e a mais interna é vosas. As fibras presentes nos nervos podem ser
a pia-máter, firmemente aderida ao encéfalo e à me- tanto dendritos como axônios, que conduzem, res-
dula. A pia-máter contém vasos sanguíneos, respon- pectivamente, impulsos nervosos das diversas regi-
sáveis pela nutrição e pela oxigenação das células do ões do corpo ao sistema nervoso central e vice-versa
sistema nervoso central (MOORE et al., 2014). (BARBOSA, 2017).

83
NIVELAMENTO ANATOMIA

Os gânglios nervosos são aglomerados de cor- As ações voluntárias resultam da contração de


pos celulares de neurônios localizados fora do sis- músculos estriados esqueléticos, que estão sob o
tema nervoso central. Os gânglios aparecem como controle do sistema nervoso periférico voluntário
pequenas dilatações em certos nervos (AMABIS; ou somático. As ações involuntárias, por sua vez,
MARTHO, 2007). resultam da contração das musculaturas lisa e cardí-
De acordo com os tipos de fibras nervosas que aca, controlada pelo sistema nervoso periférico au-
apresentam, os nervos podem ser classificados em tônomo, também chamado involuntário ou visceral
sensitivos (ou aferentes), motores (ou eferentes) e (MOORE et al., 2014).
mistos. Nervos sensitivos são os que contêm somen- O sistema nervoso periférico (SNP) voluntário
te fibras sensitivas, ou seja, que conduzem impul- ou somático tem a função de reagir a estímulos pro-
sos dos órgãos dos sentidos para o sistema nervoso venientes do ambiente externo. Ele é constituído por
central. Nervos motores são os que contêm somente fibras motoras que conduzem impulsos do sistema
fibras motoras, que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O cor-
nervoso central até os órgãos efetuadores (múscu- po celular de uma fibra motora do SNP voluntário
los ou glândulas). Já os nervos mistos contêm tanto é localizado dentro do sistema nervoso central, e o
fibras sensitivas quanto motoras e conduzem impul- axônio vai diretamente do encéfalo ou da medula,
sos nos dois sentidos, das diversas regiões do corpo até o órgão que inerva (BARBOSA, 2017).
para o sistema nervoso central e vice-versa (AMA- O SNP autônomo ou visceral tem por função re-
BIS; MARTHO, 2007). gular o ambiente interno do corpo, controlando a
atividade dos sistemas digestivo, cardiovascular, ex-
Divisão funcional do sistema nervoso periférico cretor e endócrino. Ele contém fibras motoras que
(SNP) conduzem impulsos do sistema nervoso central aos
Na espécie humana, diversas atividades do sistema músculos lisos das vísceras e à musculatura do cora-
nervoso são conscientes e estão sob o controle da ção (BARBOSA, 2017).
vontade. Pensar, movimentar um braço ou mudar a O SNP autônomo (SNPA) é dividido em dois ra-
expressão facial são exemplos de atividades volun- mos: simpático e parassimpático, que se distinguem
tárias. Muitas outras ações, porém, são autônomas tanto pela estrutura quanto pela função. Quanto à
ou involuntárias, isto é, ocorrem independentemen- estrutura, os ramos do SNPA simpático e parassim-
te de nossa vontade. Exemplos de atividades invo- pático diferem pela localização do gânglio na via
luntárias são os batimentos cardíacos, o processo de nervosa. Enquanto os gânglios das vias simpáticas
digestão, a excreção, entre outras. se localizam ao lado da medula espinhal, distantes

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

do órgão efetuador, os gânglios das vias parassim- como nas sinapses ganglionares. No SNPA simpá-
páticas estão longe do sistema nervoso central, mas tico, o neurotransmissor é, com poucas exceções, a
próximos, ou mesmo dentro, do órgão efetuador noradrenalina. Uma dessas exceções é a fibra paras-
(MOORE et al., 2014). simpática pós-ganglionar que inerva as glândulas
As fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas sudoríparas, cujo neurotransmissor é a acetilcolina
inervam os mesmos órgãos, mas trabalham, em ge- (MOORE et al., 2014).
ral, em oposição. Enquanto um dos ramos estimula
determinado órgão, o outro inibe. Esta ação anta-
gônica mantém o funcionamento equilibrado dos
órgãos internos. O SNPA simpático, de modo geral,
estimula ações que mobilizam energia, permitindo
ao organismo responder às situações de estresse.
Por exemplo, o sistema simpático é responsável pela
aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento
da pressão sanguínea e da concentração de açúcar
no sangue, e pela atividade do metabolismo geral do
corpo. Já o SNPA parassimpático estimula, princi-
palmente, atividades relaxantes, como as reduções
do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, entre ou-
tras (AMABIS; MARTHO, 2007).
Tanto nos gânglios do SNPA simpático como
nos do SNPA parassimpático, ocorrem sinapses quí-
micas entre os neurônios pré-ganglionares e pós-
-ganglionares. Nos dois casos, a substância neuro-
transmissora da sinapse é a acetilcolina (MOORE et
al., 2014).
Nas terminações dos neurônios pós-ganglio-
nares, que fazem sinapse com os órgãos efetuado-
res, porém, a substância neurotransmissora não é
a mesma para os dois ramos do SNPA. No SNPA
parassimpático, o neurotransmissor é a acetilcolina,

85
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Endócrino
O sistema endócrino é formado pelo conjunto de membrana ou no citoplasma, proteínas denomina-
glândulas endócrinas, as quais são responsáveis pela das receptores hormonais, capazes de se combinar,
secreção de substâncias denominadas, genericamen- especificamente, com as moléculas do hormônio. É
te, hormônios. Cada hormônio atua apenas sobre al- apenas quando a combinação correta ocorre que as
guns tipos de células, denominadas células-alvo. As células-alvo exibem a resposta característica da ação
células-alvo de determinado hormônio possuem, na hormonal (AMABIS; MARTHO, 2007).

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

A espécie humana, como os outros vertebrados,


possui diversas glândulas endócrinas, algumas delas
responsáveis pela produção de mais de um tipo de
hormônio (figura 10).

Figura 10 - Glândulas endócrinas


Fonte: Barbosa (2017, p. 206).

Hipotálamo
O hipotálamo se localiza na base do encéfalo, no
diencéfalo, e tem por função a secreção de uma série
de hormônios estimuladores ou inibidores da secre-
ção de outros hormônios que serão produzidos pela
hipófise (AMABIS; MARTHO, 2007).

87
NIVELAMENTO ANATOMIA

Hipófise
A hipófise é uma glândula um pouco maior do que um grão de ervilha, localizada
sob o encéfalo, ligada ao hipotálamo. É constituída por duas partes distintas: a
adenohipófise e a neurohipófise (figura 11).

OS HORMÔNIOS DA GLÂNDULA HIPÓFISE

Figura 11- Hipófise


Fonte: Barbosa (2017, p. 208).

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

A adenohipófise, também chamada lobo anterior Além de produzir hormônios com efeitos dire-
da hipófise, tem origem a partir de células epidér- tos sobre o organismo (como o hormônio do cres-
micas que migraram do teto da boca do embrião cimento, a prolactina etc.), a adenohipófise secreta
para a base do encéfalo; sua origem é, portanto, os chamados hormônios tróficos (do grego trofos,
epitelial. Já a neurohipófise, ou lobo posterior da nutrir, alimentar), cujo efeito é estimular e contro-
hipófise, é uma extensão do hipotálamo, e tem, lar o funcionamento de outras glândulas endócrinas
portanto, origem nervosa. A hipófise produz e li- (AMABIS; MARTHO, 2007).
bera diversos hormônios, entre eles, alguns que re- Os principais hormônios tróficos adenohipo-
gulam a atividade de outras glândulas endócrinas fisários são:
do corpo. (BARBOSA, 2017). a. hormônio tireotrófico (TSH) ou tireoide es-
O lobo posterior da hipófise libera dois hor- timulante, que regula a atividade da glându-
mônios principais, ambos produzidos pelas células la tireoide;
neurossecretoras do hipotálamo: a ocitocina (ou b. hormônio adrenocorticotrófico (ACTH),
que regula a atividade da região mais exter-
oxitocina) e o hormônio antidiurético, este último
na (córtex) da glândula suprarrenal;
também conhecido como vasopressina ou ADH (si-
c. hormônio folículo-estimulante (FSH), que
gla do inglês, antidiuretic hormone). atua sobre as gônadas masculinas e femini-
O termo ocitocina apresenta um efeito mar- nas (testículos e ovários);
cante: acelerar as contrações uterinas que levam ao d. hormônio luteinizante (LH), que atua sobre
parto. Outro efeito é promover o aleitamento. Esse gônadas masculinas e femininas (testículos
hormônio causa a contração da musculatura lisa e ovários).
das glândulas mamárias, o que leva à expulsão do
leite. O hormônio antidiurético (ADH) atua sobre Tireoide
os rins, aumentando a retenção de água pelo corpo A tireoide (figura 12) se localiza no pescoço, logo
(MOORE et al., 2014). abaixo das cartilagens da glote, sobre a porção inicial
Um importante hormônio da adenohipófise é o da traqueia. Os dois principais hormônios tireoidia-
hormônio do crescimento, ou somatotrofina, cujo nos são a tiroxina e a triiodotironina, que contêm,
efeito é promover o crescimento corporal. A soma- respectivamente, quatro e três átomos de iodo em
totrofina age pela estimulação geral da síntese de suas moléculas. Ambos são derivados do aminoáci-
proteínas nas células, o que leva ao crescimento ge- do tirosina. Os hormônios iodados da tireoide con-
neralizado de todos os tecidos. A prolactina, outro trolam a atividade metabólica de praticamente todas
hormônio produzido pela adenohipófise, tem im- as células do corpo. Outro hormônio tireoidiano
portante papel na estimulação da produção de leite importante é a calcitonina, que atua diminuindo a
pelas mulheres (MOORE et al., 2014). quantidade de cálcio no sangue (BARBOSA, 2017).

89
NIVELAMENTO ANATOMIA

As ilhotas pancreáticas apresentam dois ti-


Lobo esquerdo da pos mais importantes de células: células beta, que
glândula tireoide Laringe
constituem cerca de 70% de cada ilhota e produ-
zem o hormônio insulina, e células alfa, respon-
sáveis pela produção do hormônio glucagon. A
insulina é um hormônio de natureza proteica e
seu principal efeito é facilitar a absorção de glico-
se pelos músculos esqueléticos e pelas células do
tecido gorduroso, além de promover a formação
Traqueia
e a estocagem de glicogênio no fígado. A insulina,
Lobo direito da
glândula tireoide portanto, diminui a concentração da glicose que
circula no sangue. O glucagon tem efeito inverso
ao da insulina, aumentando o nível de glicose no
GLÂNDULA TIREOIDE
sangue (MOORE et al., 2014).
Figura 12 - Tireóide
Fonte: Barbosa (2017, p. 210).

Adrenais
Pâncreas As glândulas adrenais ou suprarrenais (figura 14),
O pâncreas (figura 13) apresenta tanto funções exó- localizadas uma sobre cada rim, são constituídas por
crinas como endócrinas, sendo, por isso, considera- dois tecidos secretores bastante distintos. Um deles
do uma glândula mista. A maior parte das células forma a parte externa da glândula, o córtex, enquan-
pancreáticas tem função exócrina, constituindo pe- to o outro forma sua porção mais interna, a medula.
quenas bolsas chamadas ácinos, que eliminam suco
pancreático no duodeno. A parte endócrina do pân-
creas é constituída por centenas de pequenos aglo- Cápsula
merados celulares denominados ilhotas pancreáti-
cas (AMABIS; MARTHO, 2007).

Estômago

Vesícula biliar

Medula Córtex

Duodeno Corpo do pâncreas


Figura 14 - Glândula adrenal

Figura 13 - Pâncreas e sua relação com demais órgãos

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

A medula adrenal produz dois hormônios essas glândulas, chamados genericamente hormô-
principais: a adrenalina (ou epinefrina) e a nora- nios sexuais, controlam o ciclo reprodutivo e o com-
drenalina (ou norepinefrina). Estes dois hormô- portamento sexual (AMABIS; MARTHO, 2007).
nios são quimicamente semelhantes, produzidos a
partir de modificações bioquímicas no aminoáci-
do tirosina. Quando uma pessoa vive uma situa-
ção de estresse (susto, situações de grande emoção
etc.), o sistema nervoso estimula a medula adrenal
a liberar adrenalina no sangue. Sob a ação desse
hormônio, os vasos sanguíneos da pele se contra-
em e a pessoa fica pálida, o sangue passa a se con-
Figura 15 - Gônodas
centrar nos músculos e nos órgãos internos, prepa- Fonte: Barbosa (2017, p. 214).

rando o organismo para uma resposta vigorosa. A


adrenalina também produz taquicardia (aumento O principal hormônio produzido pelos testículos
do ritmo cardíaco), aumento da pressão arterial e é a testosterona. Este hormônio começa a ser pro-
maior excitabilidade do sistema nervoso. Estas al- duzido, em pequena quantidade, ainda na fase em-
terações metabólicas permitem que o organismo brionária, é sua presença ou não, no início do desen-
dê uma resposta rápida à situação de emergência volvimento, que faz o embrião desenvolver o sexo
(AMABIS; MARTHO, 2007). masculino ou feminino. A partir da puberdade, os
Os principais hormônios produzidos pelo testículos passam a produzir grande quantidade de
córtex adrenal são os glicocorticoides e os mine- testosterona, o que determina o impulso sexual e o
ralocorticoides. Os glicocorticoides atuam na pro- aparecimento das características sexuais secundá-
dução de glicose a partir de proteínas e gorduras. rias masculinas, tais como barba, distribuição de
Esse processo aumenta a quantidade de glicose pelos corporais tipicamente masculinas, voz grave,
disponível para ser usada como combustível em entre outras (AMABIS; MARTHO, 2007).
casos de resposta a uma situação estressante. O Os ovários produzem dois hormônios princi-
principal glicocorticoide é o cortisol. Os minera- pais: estrógeno e progesterona. O estrógeno esti-
locorticoides regulam o balanço de água e de sais mula o impulso sexual e o aparecimento dos carac-
no organismo. A aldosterona, por exemplo, é um teres sexuais secundários femininos, tais como o
hormônio que estimula a reabsorção de sais pelos desenvolvimento de seios e a distribuição de pelos
rins (BARBOSA, 2017). corporais tipicamente feminina. A progesterona
prepara o organismo feminino para uma eventual
Gônadas gravidez. O efeito mais marcante desse hormônio é
As gônadas, denominadas testículos (nos machos), e estimular a proliferação de vasos sanguíneos e teci-
ovários (nas fêmeas), produzem hormônios esteroi- dos na mucosa uterina, criando condições para a fi-
des que afetam o crescimento e o desenvolvimento xação e o desenvolvimento do embrião (AMABIS;
do corpo (figura 15). Os hormônios produzidos por MARTHO, 2007).

91
NIVELAMENTO ANATOMIA

Sistema
Digestório
Como o próprio nome já diz, a função principal do passa e sofre as modificações necessárias para ser
sistema digestório é realizar a digestão dos alimen- absorvido, composto por boca, faringe, esôfago, es-
tos, absorvendo aquilo que é necessário ao organis- tômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus;
mo e eliminando por meio das fezes os elementos e as glândulas anexas, que não apresentam contato
não úteis. direto com o alimento consumido, mas são funda-
Para realização de sua função, o sistema diges- mentais para uma digestão adequada e incluem as
tório pode ser dividido em dois grandes grupos de glândulas salivares, o pâncreas, a vesícula biliar e o
estruturas: o sistema tubular, por onde o alimento fígado (Figura 16).

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

Glândulas salivares

Boca

Esôfago
Fígado
Estômago

Vesícula Pâncreas
biliar

Figura 17- Boca


Intestino Intestino Fonte: Barbosa (2017, p. 120).
delgado grosso

Durante a mastigação, a língua movimenta o ali-


Apêndice
vermiforme mento no interior da cavidade bucal, o empurrando
Reto Ânus
em direção ao fundo da garganta, para que seja en-
golido. Na superfície da língua existem dezenas de
papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem
os cinco sabores primários: umami, doce, azedo, sal-
gado e amargo (MOORE et al., 2014).
Figura 16 - Órgãos do sistema digestório
Fonte: Barbosa (2017, p. 118). A presença de alimento na cavidade bucal, bem
como sua visão e cheiro, estimula as glândulas sa-
A boca (figura 17) é a primeira porção do canal ali- livares a secretar saliva, uma solução aquosa, de
mentar e tem como função a apreensão do alimento, consistência viscosa, que contém a enzima amilase
a mastigação, a deglutição, a percepção dos sabores, salivar, além de sais minerais e outras substâncias. A
a digestão e a fonação. A porção mais externa da amilase salivar digere o amido e outros polissacarí-
boca é rodeada pelos lábios, que auxiliam a toma- deos (como o glicogênio, por exemplo), os reduzin-
da de alimento. No interior da boca se localizam os do a moléculas de maltose, um dissacarídeo. Diver-
dentes e a língua, que preparam o alimento para a sas glândulas do epitélio que reveste a boca secretam
digestão. Por meio da mastigação, os dentes redu- muco, que se mistura à saliva, a tornando viscosa.
zem o alimento a pequenos pedaços, o misturando A viscosidade da saliva protege o epitélio bucal e o
à saliva, o que facilitará a futura ação das enzimas faringeano do atrito com os alimentos e facilita a de-
(AMABIS; MARTHO, 2007). glutição (AMABIS; MARTHO, 2007).

93
NIVELAMENTO ANATOMIA

Depois de mastigado e misturado à saliva, o ali- O estômago (figura 19) é uma bolsa de parede
mento se transforma em um bolo alimentar, que é musculosa, localizada no lado esquerdo superior
empurrado pela língua para a orofaringe (após pas- do abdome, logo abaixo das últimas costelas. Quan-
sar pelo istmo das fauces). Durante a deglutição (o do está vazio, tem a forma de uma letra J. Quando
ato de engolir), o bolo alimentar é encaminhado está cheio de alimento, o estômago se torna ovoide
ao esôfago, e entra em ação um mecanismo reflexo ou arredondado. Na região de comunicação entre
para fechar a laringe, evitando, assim, que o alimen- o esôfago e o estômago, existe um anel muscular
to penetre nas vias respiratórias. O esôfago (figura denominado cárdia. Anéis musculares como esse,
18) é um tubo fibromuscular que liga a faringe ao genericamente chamados esfíncteres, também es-
estômago. Ele se localiza entre os pulmões, atrás do tão presentes na saída do estômago, na junção entre
coração, e atravessa o diafragma, que separa o tórax o intestino delgado e grosso, e no ânus. Quando a
do abdome. O bolo alimentar, impulsionado pelas onda peristáltica atinge a extremidade inferior do
ondas peristálticas, leva entre cinco e dez segundos esôfago, a cárdia se relaxa e permite a passagem do
para percorrer o esôfago (BARBOSA, 2017). bolo alimentar para o interior do estômago. Em se-
guida, a cárdia novamente se contrai, fechando a co-
municação com o esôfago (BARBOSA, 2017).
Faringe
FUNDO
Esôfago

CÁRDIA

Língua

Curvatura gástrica
menor
Óstio Esfíncter
pilórico pilórico

Traqueia Duodeno

CORPO

PILORO
Esôfago
Curvatura gástrica
maior

Esfíncter
Figura 19 - Estômago
Fonte: Barbosa (2017, p. 128).

No estômago, o bolo alimentar é misturado com a


secreção estomacal, o suco gástrico. Este é uma so-
Figura 18 - Esôfago
Fonte: Barbosa (2017, p. 126). lução aquosa, rica em ácido clorídrico e em pepsina.

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

A pepsina, principal enzima do suco gástrico, dige-


re proteínas, quebrando as ligações peptídicas entre
certos aminoácidos. Ela é secretada pelas glândulas
da mucosa gástrica na forma inativa, chamada pep-
sinogênio. Este, quando entra em contato com o áci-
do clorídrico, se transforma em pepsina. A própria
pepsina formada, por sua vez, estimula a transfor-
mação de mais pepsinogênio em pepsina (AMABIS;
MARTHO, 2007).
O ácido clorídrico torna o conteúdo estomacal
fortemente ácido (pH em torno de dois), o que con-
tribui para destruir micro-organismos, amolecer ali-
mentos e fornecer condições de acidez ideais para a
ação da pepsina, que atua em meio ácido. O alimen-
to pode permanecer no estômago por até quatro ho-
ras ou mais, e se mistura ao suco gástrico auxiliado
pelas contrações da musculatura estomacal. O bolo Figura 20 - Visão geral do intestino delgado

alimentar se transforma, então, em uma massa aci-


dificada e semilíquida, denominada quimo (AMA- A superfície interna do intestino delgado apresenta,
BIS; MARTHO, 2007). além de inúmeros dobramentos maiores, milhões de
A região de comunicação entre o estômago e o pequenas dobras, chamadas vilosidades. As mem-
intestino delgado se mantém fechada pela ação de branas das próprias células do epitélio intestinal
um esfíncter muscular denominado piloro. Assim apresentam, por sua vez, dobrinhas microscópicas
que a digestão estomacal começa a se completar, o denominadas microvilosidades. O intenso pregue-
piloro se relaxa e se contrai alternadamente, liberan- amento da mucosa do intestino delgado aumenta
do pequenas porções de quimo na região inicial do significativamente a superfície de contato entre as
intestino delgado (BARBOSA, 2017). células e a massa alimentar, o que garante a alta ca-
O intestino delgado é um tubo com pouco mais pacidade de absorção intestinal (AMABIS; MAR-
de 6 m de comprimento por 4 cm de diâmetro e THO, 2007).
pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca
de 25 cm), jejuno (cerca de 3 a 5 m) e íleo (cerca de
1,5 a 3 m), como podemos observar na figura 20.

95
NIVELAMENTO ANATOMIA

ATENÇÃO

O intestino delgado é preparado para absor-


ver ao máximo tudo o qual nos alimentamos,
pois nosso corpo apresenta uma grande capa-
cidade de armazenamento de todo o excesso
de alimento na forma de gordura.

Fonte: o autor.

A digestão do quimo ocorre predominantemente


Figura 21- Pâncreas
no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. Mi- Fonte: Barbosa (2017, p. 132).

lhares de pequenas glândulas localizadas na mucosa


intestinal produzem uma secreção rica em enzimas Outra secreção que atua no duodeno é a bile, pro-
digestivas, denominada suco intestinal ou entérico duzida pelo fígado (figura 22). Apesar de não conter
(MOORE et al., 2014). enzimas, a bile tem, entre outras, a importante fun-
No duodeno atua, também, uma secreção pro- ção de emulsificar gorduras, isto é, transformá-las
duzida pelo pâncreas (figura 21): o suco pancreático. em gotículas microscópicas, o que facilita a ação da
Este é uma solução aquosa, alcalina e contém diver- lipase pancreática (MOORE et al., 2014).
sas enzimas digestivas. A alcalinidade do suco pan-
creático se deve à presença de bicarbonato de sódio,
cuja função é neutralizar a acidez do quimo, elevan-
do seu pH até valores em torno de oito. Este é o pH
ideal para a atuação das enzimas dos sucos intestinal
e pancreático. As principais enzimas do suco pancre-
ático são a tripsina e a quimotripsina, que digerem
proteínas, a lipase pancreática, que digere lipídios,
e a amilase pancreática, que digere polissacarídeos.
Há, também, no suco pancreático, ribonucleases e
desoxirribonucleases, que digerem, respectivamen-
Figura 22 - Fígado
te, RNA e DNA (MOORE et al., 2014). Fonte: Barbosa (2017, p. 131).

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

Apenas umas poucas substâncias, como o álcool colo tem a forma de uma letra U invertida e se divide
etílico, a água e alguns sais, podem ser absorvidas em quatro regiões: colo ascendente, colo transversal,
diretamente no estômago. A absoluta maioria dos colo descendente e colo sigmoide. A última parte do
nutrientes é absorvida pela mucosa do intestino del- intestino grosso é o reto, que termina no ânus (BAR-
gado, de onde passa para a corrente sanguínea. Os BOSA, 2017).
aminoácidos e açúcares, resultantes da digestão de Os restos de uma refeição levam cerca de nove
proteínas e carboidratos, respectivamente, atraves- horas para chegar ao intestino grosso, onde per-
sam as células do revestimento intestinal e passam manecem, em média, de um a três dias. Durante
para o sangue, que se encarrega de distribuí-los a to- esse período, parte da água e dos sais da massa
das as células do corpo. Já o glicerol e os ácidos gra- de resíduos é absorvida. Na região final do colo, a
xos, resultantes da digestão de lipídios, são absor- massa de resíduos, ou massa fecal, se solidifica, se
vidos pelas células intestinais, onde são novamente transformando em fezes. Cerca de 30% da parte
convertidos em lipídios e agrupados, formando pe- sólida das fezes é constituída por bactérias vivas
quenos grãos. Em seguida, esses grãos lipídicos são e mortas e os 70% restantes são constituídos por
secretados nos vasos linfáticos das vilosidades intes- sais, muco, fibras de celulose e outros componen-
tinais, de onde atingem a corrente sanguínea. Logo tes não digeridos. A cor escura das fezes é devi-
após uma refeição rica em gorduras, o sangue adqui- da à presença de pigmentos provenientes da bile
re uma aparência leitosa, devido ao grande número (AMABIS; MARTHO, 2007).
de gotículas de lipídios em circulação (AMABIS; O reto, parte final do intestino grosso, se mantém
MARTHO, 2007). geralmente vazio, se enchendo de fezes pouco antes
O intestino grosso (figura 20) mede cerca de 0,5 da defecação. A distensão provocada pela presença de
m de comprimento e tem entre 6 e 7 cm de diâme- fezes estimula terminações nervosas do reto. Quando
tro. Ele se divide em três partes: ceco, colo e reto. O isso ocorre, o esfíncter interno do ânus, constituído
ceco é uma bolsa de fundo cego (daí seu nome), de por musculatura lisa, relaxa involuntariamente. O
mais ou menos 7 cm de comprimento, situado perto esfíncter anal mais externo, constituído por muscu-
da junção com o intestino delgado. A extremidade latura estriada, se mantém fechado até que seja volun-
fechada do ceco termina no apêndice vermiforme, tariamente relaxado. A contração da musculatura ab-
aproximadamente do tamanho de um dedo míni- dominal, combinada ao relaxamento dos esfíncteres,
mo. O ceco e o apêndice parecem não desempenhar permite a expulsão das fezes, processo denominado
nenhuma função importante nos seres humanos. O defecação (AMABIS; MARTHO, 2007).

97
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nosso terceiro e último estudo. Trabalha-


mos aqui importantes conceitos que darão a você, aluno(a), uma base para o en-
tendimento do módulo de anatomia humana e demais disciplinas relacionadas,
como a fisiologia do exercício, por exemplo.
O tópico de anatomia do sistema nervoso levou você a explorar os elemen-
tos formadores do sistema nervoso como um todo (neurônios e células da glia),
assim como os elementos que fazem parte de cada divisão do sistema nervoso.
Agora, sabemos que ele é dividido em sistema nervoso central, formado por tudo
que se encontra dentro do crânio e da coluna vertebral (cérebro, cerebelo, tronco
cerebral e medula espinal), e em sistema nervoso periférico, que apresenta uma
porção que leva informações até o sistema nervoso central (sistema sensorial) e
uma porção que leva informações do sistema nervoso central aos demais tecidos,
e assim, conseguimos integrar estímulo, integração e resposta.
No sistema endócrino, conhecemos as variadas glândulas endócrinas no or-
ganismo, assim como seus hormônios secretados e as funções realizadas por eles.
Espero que você tenha percebido a infinidade de ações e comandos enviados pe-
los hormônios, e também, os quão importantes esses comandos são para o bom
funcionamento corporal. Para entender o impacto, basta buscar informações so-
bre os variados distúrbios associados às secreções inadequadas ou excessivas de
determinados hormônios.
Encerramos a unidade com o sistema digestório, e notamos que esse é dotado
de um sistema tubular (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intes-
tino grosso e ânus) por onde o alimento passa e, em seguida, é processado, e pelas
glândulas acessórias (fígado, pâncreas e vesícula biliar) que auxiliam, por meio da
produção de secreções, no processamento adequado desses elementos.
Diante disso, espero que tenha aproveitado bem a leitura do material. Um
abraço.

98
atividades de estudo

1. Em acidentes em que há suspeita de comprometimento da coluna ver-


tebral, a vítima deve ser cuidadosamente transportada ao hospital em
posição deitada e, de preferência, imobilizada. Este procedimento visa
preservar a integridade da coluna, pois, em seu interior, se passa uma de-
terminada situação. Em relação a essa situação, assinale a alternativa
correta.
a. O ramo descendente da aorta, cuja lesão pode ocasionar hemorragias.
b. A medula óssea, cuja lesão pode levar à leucemia.
c. A medula espinhal, cuja lesão pode levar à paralisia.
d. O conjunto de nervos cranianos, cuja lesão pode levar à paralisia.
e. A medula óssea, cuja lesão pode levar à paralisia.

2. Quando você termina de jogar uma partida de futebol, com 90 minutos


de duração, você nota que há um aumento do número de batidas de seu
coração por minuto. O responsável por isto é o sistema nervoso. Sobre a
relação entre o aumento do número das batidas do coração e o sistema
nervoso, assinale a alternativa correta.
a. Somático.
b. Autônomo simpático.
c. Autônomo parassimpático.
d. Periférico.
e. Autônomo somático.

3. Sabemos que a hipófise libera uma série de hormônios em suas porções


anteriores e posteriores. Um desses hormônios age sobre a musculatura
uterina, facilitando a expulsão do feto na hora do parto. Em relação ao
nome desse hormônio, assinale a alternativa correta.
a. Ocitocina.
b. Vasopressina.
c. FSH.
d. ACTH.
e. HEC.

99
atividades de estudo

4. Se analisarmos o sangue de uma pessoa em situação de emergência ou


perigo, ou em um momento de raiva ou de susto, poderemos identificar o
aumento de um determinado hormônio. Sobre o nome desse hormônio,
assinale a alternativa correta.
a. Calcitonina.
b. Insulina.
c. Gonadotrofina.
d. Ocitocina.
e. Adrenalina.

5. Durante a passagem do alimento pelo trato gastrointestinal, variadas se-


creções são liberadas para favorecer o processo digestório. Sabendo as
características das secreções, há uma secreção que não tem ação enzimá-
tica. A respeito do nome dessa secreção, assinale a alternativa correta.
a. Suco gástrico.
b. Suco entérico.
c. Suco pancreático.
d. Saliva.
e. Bile.

6. Durante o processo de digestão, uma das substâncias secretadas é a bile,


produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, sendo utilizada para
digestão de um tipo de elemento específico. Sabendo disso, e se houver
paralisação da produção de bile no fígado, haverá distúrbio na digestão de
um determinado elemento. Em relação ao nome desse elemento, assinale
a alternativa correta.
a. Proteínas.
b. Açúcares.
c. Aminoácidos.
d. Gorduras.
e. Polipeptídios.

100
LEITURA
COMPLEMENTAR

Pacientes que tiveram um dos membros amputados ainda podem experimentar sen-
sações, como prurido (coceira), pressão, toques, formigamentos ou dor, mesmo na au-
sência do membro, como se ele ainda existisse. Este fenômeno é chamado de sensação
do membro fantasma e há uma série de teorias que tentam explicá-lo.
Uma destas explicações para a sensação do membro fantasma é que o córtex cerebral
(região cinzenta do cérebro) interpreta os impulsos que se originam de regiões pró-
ximas dos neurônios, que tinham o papel de levar a informação da sensação para o
córtex do local amputado, como provenientes do membro inexistente. Uma segunda
explicação para a sensação do membro fantasma trabalha com a ideia de o próprio
cérebro conter redes de neurônios que geram sensações de percepções do corpo. A
partir desta visão, os neurônios, presentes no córtex, que anteriormente recebiam im-
pulsos sensitivos provenientes do membro ausente, ainda estariam ativos, originando
falsas percepções subjetivas de sensibilidade.
Entre todas as sensações, a mais lamuriosa é a dor. Imagine sentir dor de elevada in-
tensidade em uma parte do seu corpo que não existe mais? Além de passar pela dor
psicológica de uma amputação, o indivíduo ainda continua experienciando uma dor
física. Muitos indivíduos mutilados relatam que a dor do membro fantasma é de tal
magnitude que, muitas vezes, ela não responde às terapias analgésicas tradicionais.
Entre estas terapias analgésicas tradicionais, podemos incluir medicamentos tal qual o
ibuprofeno, que atua diminuindo a quantidade de uma substância local produzida em
casos de estimulação dolorosa, denominada prostaglandinas (como o indivíduo não
apresenta um ponto de partida para a via dolorosa, esse é um procedimento de baixa
efetividade). Anestésicos locais não funcionarão pelos mesmos motivos, ou seja, atuam
bloqueando o início da via dolorosa que é inexistente nesse indivíduo. Logo, farmaco-
logicamente, um dos caminhos adotados e nem sempre com sucesso (conforme citado
anteriormente), é o uso de medicamentos antidepressivos e anticonvulsivantes. Porém,
em tais situações de reduzido efeito da medicação, tratamentos alternativos como a
estimulação nervosa elétrica, a acupuntura e o biofeedback são utilizados com relativa
eficácia em alguns indivíduos.
Fonte: adaptado de Moore et al. (2014).

101
NIVELAMENTO ANATOMIA

Neuroanatomia funcional
Angelo Machado e Lucia Machado Hartel
Editora: Atheneu
Sinopse: este livro apresenta, de forma bem didática, os ele-
mentos do sistema nervoso, assim como a função conhecida das
estruturas citadas. Inicia com uma visão geral de todos os ele-
mentos do sistema nervoso, e posteriormente, em um segundo
momento, passa a aprofundar o conteúdo. Logo, uma grande
leitura para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre esse sistema.

102
referências

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. São Paulo:


Moderna, 2007.
BARBOSA, C. P. Anatomia humana aplicada à Educação Física. 1. ed. Maringá:
EaD Unicesumar, 2017.
DONATI, A. R. C. et al. Long-Term Training with a Brain-Machine Inter-
face-Based Gait Protocol Induces Partial Neurological Recovery in Paraplegic
Patients. Nature, United Kingdom, n. 6, 11 aug. 2016. Disponível em: <https://
www.nature.com/articles/srep30383>. Acesso em: 3 out. 2017.
MOORE, K. L. et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.

103
gabarito

1. E
2. B
3. A
4. E
5. E
6. D

104
EDUCAÇÃO FÍSICA

conclusão geral

Ao preparar este material de Nivelamento em Ana- -chave dos variados sistemas corporais apresentados
tomia Humana, muitas recordações sobre meu tem- nesta etapa de nivelamento de anatomia.
po de primeiro ano de faculdade vieram-me à me- O estudo não pode parar nunca, o hábito da
mória. A anatomia humana é uma grande barreira leitura e da busca por conhecimentos começa ago-
a ser ultrapassada logo de início em nosso curso e, ra e deve ser trabalhado e estimulado diariamente.
muitas vezes, me perguntei qual a finalidade deste Como profissional da área de Educação Física você
conhecimento em minha carreira (que nem era uma não deve estar apto apenas para manter o corpo em
carreira ainda). Felizmente consegui ultrapassá-la, bom funcionamento, mas também para saber dar
mas foram horas e horas debruçado sobre livros, esclarecimentos sobre o correto funcionamento do
elaborando resumos e rascunhos de desenhos de es- corpo humano. Conhecimentos básicos em anato-
truturas anatômicas para conseguir o que, naquele mia humana fazem parte da grade de conteúdos mi-
momento, considerei uma grande vitória. nistrados em diversas escolas na disciplina de Edu-
Muito tempo passou, o rumo que tinha imagi- cação Física, desmistificando a ideia de que é apenas
nado inicialmente para minha carreira foi comple- um momento de relaxamento e de descanso, mas
tamente modificado. Hoje, depois de alguns anos sim uma disciplina formadora de conhecimento tal
de formado e tendo atuado em diversas áreas rela- qual todas as demais.
cionadas à Educação Física, consigo compreender a Portanto, aluno (a), independentemente do
importância dos conhecimentos anatômicos no dife- rumo que traçaram para seu futuro profissional,
rencial de um bom profissional da área. Desta forma, neste momento, você deve trabalhar na aquisição de
dedique-se a este material introdutório, fortaleça sua conhecimento dedicando-se ao máximo para isso.
base de conhecimento e aprenda sobre os elementos- Um forte abraço.

105

Você também pode gostar