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DESENHO TÉCNICO

PROFESSORES
Me. Patricia Bruder Barbosa Olini
Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes
Sandra G. Marques
DESENHO TÉCNICO

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


FURLAN, Ana Paula; OLIVEIRA, Denis Martins de; SANTOS, Vanessa
Barbosa dos.
Desenho Técnico. Patricia Bruder Barbosa Olini; Lucas Kauê Babetto
Mendes; Sandra G. Marques.
Reimpressão
Maringá - PR.:UniCesumar, 2018.
176p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Desenho. 2. Técnico. 3. Design EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0409-0
CDD - 22ª Ed. 720
Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Camargo,
Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi, Designer
Educacional Maria Fernanda Vasconcelos, Ana Claudia Salvadego Revisão Textual Yara Dias, Gabriel
Bruno Martins Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Mestre Patricia Bruder Barbosa Olini


Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de
Maringá, UEM (2005) e especialização pela Universidade Estadual de Londrina,
UEL (2008). Mestre em Arquitetura e Urbanismo, UEM/UEL (2016) atua, desde
2012, como docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universi-
tário de Maringá (Unicesumar).

Especialista Lucas Kauê Babetto Mendes


Possui graduação em Design de Interiores pelo Centro Universitário de Maringá,
Unicesumar (2013), e especialização em Metodologia do Ensino de Artes, tam-
bém pela Unicesumar. Atua, desde 2014, como docente do curso de Design de
Interiores do Centro Universitário de Maringá (Unicesumar).

Sandra G. Marques
Possui graduação em Design de Interiores pelo Centro Universitário de Ma-
ringá, Unicesumar (2012), curso profissionalizante em Decoração, Decoração
de Ambientes, pela Criart Escola de Artes Decorativas, em Porto Alegre (2010),
curso de Formação em Visual Merchadising/Vitrinismo, pelo Senac, Canoas-RS
(2010) e, atualmente, é aluna do curso de especialização em Gestão Ambiental
e Desenvolvimento Sustentável pelo Uninter - Centro Universitário Internacional.
apresentação do material

DESENHO TÉCNICO
Lucas Kauê Babetto Mendes; Patricia Bruder Barbosa Olini; Sandra G. Marques

Olá, aluno(a) de design de interiores! É com grande prazer que damos início
ao conteúdo de desenho técnico, tão importante para a sua futura prática
profissional.

Imaginamos que, quando você optou pela formação superior em design de


interiores, estava em busca do aprimoramento técnico, do diferencial de mer-
cado, entendendo que um título de graduação traz não apenas a satisfação
desta realização, mas também uma carga de conhecimentos que o(a) colocam
um patamar acima. O desenho técnico vem ao encontro desta busca, quando
apresenta para você uma forma profissional de apresentar os seus projetos,
não apenas aos seus futuros clientes, mas a todos os envolvidos no processo
de um projeto de interiores, da elaboração de ideias à execução delas.

Dessa maneira, na primeira unidade, você será introduzido(a) ao desenho téc-


nico, conhecerá os instrumentos utilizados para sua elaboração, as orientações
sobre como utilizá-los adequadamente. Conhecerá, também, as normas técnicas
referentes ao desenho do ambiente construído, aplicando-as ao desenho de
margens, carimbo e escrita técnica, além de receber recomendações para o
bom planejamento e a boa apresentação da prancha de desenho. Ainda nesta
unidade, aprenderá a reconhecer os diferentes tipos de traços e suas respectivas
aplicações no desenho técnico, os conceitos básicos referentes às escalas de
redução e ampliação bem como a cotagem de projetos.

Já na segunda unidade, apresentaremos a você as projeções ortogonais e a


perspectiva isométrica, definindo o que são estas técnicas de representação e
sua importância para o projeto de interiores. Você conhecerá os tipos de planos
e vistas ortogonais, assim como quando aplicá-las em seus projetos.
Na terceira unidade, entraremos nas especificidades do desenho técnico de
mobiliário, compreendendo os padrões de detalhamento de móveis a partir
de vistas ortogonais, a técnica de hachuras para representação de materiais
de construção e acabamento e o desenvolvimento de detalhamento tridimen-
sionais, com perspectivas isométricas explodidas.

Chegaremos, então, à quarta unidade, quando apresentaremos a você a planta


baixa, umas das representações mais importantes quando se trata de desenho
técnico de interiores. Para isso, você conhecerá e identificará as diferentes formas
de representação arquitetônica, ler e entender uma planta baixa, sendo capaz
de, interpretando suas convenções, formar uma imagem mental da edificação
representada, além de ter uma compreensão clara de escalas e cotas, que lhe
permitam dimensionar, corretamente, o projeto representado.

E, para finalizar, na última unidade, estudaremos a representação de paredes,


com as técnicas de cortes, vistas e perspectivas, que são diferentes maneiras
de representação de uma parede, aplicadas a cada situação de projeto, em que
você especificará elementos relacionados, incluindo materiais de acabamento
e revestimento dessas paredes.

E, assim, finalizaremos o livro de desenho técnico, produzido especialmente


para o curso superior de tecnologia em design de interiores da Unicesumar, com
a certeza de que, com estes conhecimentos, você estará mais próximo(a) das
etapas seguintes, que logo chegarão, do projeto de interiores em si, sabendo
como representá-lo de forma profissional e técnica.

Desejamos a você, aluno(a), sucesso profissional, cheio de plantasbaixas, cortes,


elevações, perspectivas, hachuras e cotas!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO PLANTA BAIXA
16 Material e Instrumentos de Desenho 118 Representação Gráfica: Breve Histórico
30 Normas Técnicas e Apresentação da Prancha 119 Desenho Arquitetônico
38 Linhas de Representação, Escalas e Cotas 127 Layout Técnico
48 Considerações Finais 132 Cotas e Especificações
135 Elementos de Construção: Portas e Janelas
UNIDADE II 137 Layout Humanizado
PROJEÇÃO ORTOGONAL E PERSPECTIVA 140 Considerações Finais
ISOMÉTRICA
64 Breve Histórico da Geometria Descritiva
66 Definição e Tipos de Projeção UNIDADE V

68 Projeção Ortogonal PAREDES: CORTES, VISTAS E PERSPECTIVAS


71 Vistas Ortogonais 152 Cortes e Vistas
72 Definição e Tipos de Perspectiva 159 Paginação de Paredes
74 Perspectiva Isométrica 163 Perspectiva Isométrica de Ambientes
79 Considerações Finais 167 Considerações Finais

UNIDADE III

DESENHO TÉCNICO DE MOBILIÁRIO 178 CONCLUSÃO GERAL


90 Vistas Ortogonais de Mobiliário
97 Hachuras
100 Perspectiva Isométrica Explodida
103 Detalhes
104 Considerações Finais
INTRODUÇÃO AO
DESENHO TÉCNICO

Professora Me. Patricia Bruder Barbosa Olini

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Material e instrumentos de desenho
• Normas técnicas e apresentação da prancha
• Linhas de representação, escalas e cotas

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o material e os instrumentos de desenho
técnico e dar orientações sobre como utilizá-los
adequadamente.
• Conhecer as normas técnicas referentes ao desenho do
ambiente construído e aplicá-las ao desenho de margens,
ao carimbo e à escrita técnica.
• Conhecer as recomendações para o bom planejamento e a
boa apresentação da prancha de desenho.
• Reconhecer os diferentes tipos de traços e suas respectivas
aplicações no desenho técnico.
• Conhecer e aplicar os conceitos básicos referentes às
escalas de redução e ampliação bem como para cotagem
de projetos.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Esta unidade tem
como objetivo introduzi-lo(a) nas práticas e recomendações
para o desenho técnico manual. A ideia é que você aprenda,
primeiramente, os conceitos e fundamentos básicos da comu-
nicação por meio do desenho para que, nas próximas unidades, possa
aplicá-los nas atividades propostas, voltadas à representação gráfica do
ambiente construído.
Independentemente se o desenho é realizado manualmente ou com o
auxílio do computador, é necessário que você aprenda as regras, conven-
ções e normas técnicas referentes a ele para, posteriormente, comunicar
suas ideias de projeto com clareza e de forma que possibilite fácil com-
preensão. Para que isso seja possível, você deve desenhar com frequência,
a exemplo de qualquer ofício que nos propomos a aprender, como tocar
um instrumento musical, que exige muita prática e persistência. Quan-
to mais se pratica, mais rigor você, aluno(a), desenvolve na confecção e
avaliação de desenhos técnicos, o que também o(a) levará ao domínio do
traço: o futuro designer deve saber se expressar por meio do desenho, o
que também o(a) auxiliará na concepção de novas ideias.
Antes de mais nada, é necessário conhecer quais são os instrumentos
de desenho técnico manual e como utilizá-los da forma mais adequada.
É importante ressaltar que esta unidade trabalhará com o desenho ex-
clusivamente manual, porém sempre com o auxílio de instrumentos – o
desenho à mão livre será abordado em outra(s) unidade(s). Em segui-
da, trataremos de recomendações para que a prancha de desenho tenha
boa apresentação, por meio das margens, carimbo e escrita técnica bem
como do reconhecimento dos diferentes tipos de traços e da distribuição
e do planejamento dos desenhos na folha. Como resultado, finalizaremos
esta unidade com a aplicação dos conceitos apresentados, por meio do
desenho de objetos com escalas distintas, com a respectiva indicação de
suas dimensões.
DESENHO TÉCNICO

Material e Instrumentos
de Desenho
Caro(a) aluno(a), para começar, você deve ter aces- cêpoderá aproveitar no dia a dia da profissão.
so aos instrumentos básicos de desenho manual para Alguns cuidados são necessários na aquisição,
desenvolver as atividades propostas. Portanto, inicial- manutenção e utilização dos instrumentos de dese-
mente, conheceremos quais são esses instrumentos e nho, o que influencia a execução e apresentação do
materiais, a finalidade de cada um bem como aprende- projeto como um todo. Yee (2014, p. 1) alerta que
remos a forma mais adequada de utilização deles. as “ferramentas de desenho devem ser tratadas com
Na era da computação gráfica, não há necessidade grande zelo, objetivando o aumento de sua vida útil”,
de investirmos em materiais de alto custo, por exem- tendo em vista, também, o investimento realizado.
plo, canetas de nanquim, gabaritos dos mais diversos, Para Bortolucci e Porto (2005, p. 55), “a forma cor-
entre outros instrumentos. O intuito é proporcionar a reta de manuseio dos instrumentos evita a impreci-
você os conhecimentos básicos, o que será realizado são, a lentidão, as dificuldades na construção do de-
com instrumental mais simples, muitos dos quais vo- senho e a baixa qualidade da apresentação gráfica”.

14
DESIGN

A listagem a seguir apresenta os instrumentos e que a folha, considerando o espaço necessário para
materiais básicos de desenho manual. Os primeiros a régua paralela ou régua T – abordadas a seguir – e
materiais apresentados são obrigatórios, necessá- para os instrumentos de desenho. As menores pran-
rios ao desenvolvimento das atividades propostas. chetas disponíveis no mercado, adequadas a esse
Alguns instrumentos, no entanto, são opcionais tamanho de folha, possuem, em média, 420 x 520
conforme indicação, ou seja, facilitam o desenvol- mm. O formato A3 é suficiente para as atividades
vimento do desenho, porém, caso você não os te- aqui propostas, todavia, há quem prefira pranchetas
nha, isto não o(a) prejudicará de forma alguma. É maiores, já que possuem maior superfície para os
importante que verifique, nas próximas páginas, as instrumentos de desenho.
recomendações referentes a cada material ou instru- Há, no mercado, pranchetas portáteis para co-
mento antes de adquiri-los. mercialização, que já vêm com a régua paralela ins-
• Lapiseira para desenho técnico – 0.3 mm talada, com valores mais acessíveis se comparados
(com grafite do tipo H). aos das mesas de desenho. Alguns modelos permi-
• Lapiseira para desenho técnico – 0.5 mm tem a regulagem da inclinação do tampo e possuem
(com grafite do tipo H). espaço para guardar papéis e demais materiais de
• Lapiseira para desenho técnico – 0.7 mm desenho em seu interior. Também há a possibilidade
(com grafite do tipo HB).
de confeccionar sua própria prancheta, reaprovei-
• Papel formato A3 (297 x 420 mm), com gra-
tando móveis e materiais disponíveis em casa. Use
matura de 90 g/m².
sua imaginação.
• Borracha macia plástica.
• Escalímetro triangular n. 1 (30 cm).
• Esquadro de 45° sem graduação.
• Esquadro de 30 e 60° sem graduação.
• Compasso.
• Flanela.
• Fita crepe.
• Pasta de plástico formato A3 (maleta com
alça) ou tubo de projetos, caso você necessite
transportar o material.

PRANCHETA

Para as atividades a serem desenvolvidas, será ne-


cessária uma prancheta com tamanho mínimo
adequado à folha formato A3, ou seja, com dimen-
sões mínimas de 420 x 297 mm, ou uma superfície
adequada à utilização da régua T. A prancheta ou
superfície de trabalho deve ser um pouco maior do

15
DESENHO TÉCNICO

Para que as atividades de desenho sejam reali- A boa postura ao sentar também contribui para o
zadas de forma confortável, devemos tomar alguns bom rendimento do trabalho e o seu bem-estar. Yee
cuidados quanto à iluminação e à postura, conside- (2014, p. 15) alerta que “projetar e desenhar requer
rando que, geralmente, são exercícios que exigem longas horas sentado na mesma posição” e, se isso for
horas de prática. A prancheta ou mesa deve ser ins- realizado com postura inadequada, “acarretará cansa-
talada em um local com boa iluminação, de forma ço, redução da capacidade de desenhar e prejudicará
que a fonte luminosa esteja do lado contrário à mão seu estado físico”.
que será utilizada para desenhar, ou seja, no caso Caso seja necessário, o transporte das folhas
dos destros, a iluminação deve estar do lado esquer- deve ser realizado em pasta apropriada, formato A3,
do. De acordo com Montenegro (2001, p. 4), “se a ou por meio de tubos de projetos, a fim de evitar
luz vem da direita, provoca sombra da mão e dos que sejam danificadas. A vantagem das pastas é que
esquadros, escurecendo o campo de trabalho e pre- já permitem guardar, também, os instrumentos de
judicando a visibilidade”, ou seja, “não deve haver desenho, além das folhas.
sombra da mão na ponta” da lapiseira. O mesmo
autor recomenda que a superfície de trabalho seja RÉGUA PARALELA OU RÉGUA T
fosca, já que as superfícies com brilho provocam o
cansaço visual. Além de uma mesa com superfície adequada, deverá
dispor de uma régua paralela ou régua T para auxi-
liar, fundamentalmente, no traçado de retas parale-
las horizontais bem como para apoio dos esquadros
ao traçar retas verticais ou oblíquas. É importante
ressaltar que todas as retas horizontais no desenho
devem ser traçadas, obrigatoriamente, com a utiliza-
ção da régua paralela ou régua T e nunca com uma
régua regular, sem apoio.
Tanto a régua paralela quanto a régua T possuem
a mesma finalidade e são encontradas no mercado
em tamanhos diversos. No entanto, apesar de a ré-
gua paralela exigir mais investimento e mais dificul-
dade para sua instalação, ela é a mais indicada para o
desenho técnico manual, já que nos permite mais fa-
cilidade em seu manuseio e propicia mais conforto e
precisão nos traços (BORTOLUCCI; PORTO, 2005;
CHING, 2011). A fim de manter a folha mais limpa,
ao deslizar a régua paralela para cima ou para baixo,
A3
mato
ca for procure levantá-la levemente para que não encoste
ast a plásti
a 2 -P
Figur no desenho.

16
DESIGN

Deslizar régua
Deslizar régua paralelaparalela
sem encostar no
sem encostar no
desenho, puxando as
desenho, puxando
duas extremidades ao as
mesmo tempo!
duas extremidades ao
mesmo tempo!

Figura 3 - Recomendações para a utilização da régua paralela


Fonte: os autores.

Quando não for possível dispor de uma pran- cuidados adicionais, já que a régua não é fixada na
cheta com régua paralela, você poderá utilizar uma mesa. De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p. 57),
régua T, desde que tenha disponível uma superfície o papel deve ser fixado na superfície de trabalho de
de trabalho com borda reta e nivelada na qual o cabe- forma que fique mais próximo ao cabeçote da régua,
çote da régua possa deslizar. Segundo Ching (2011, com aproximadamente, 5 cm de distância da borda da
p. 14), este cabeçote “desliza ao longo da borda de mesa, “para aproveitar a área de maior precisão da ré-
uma prancheta como um guia, para estabelecer e gua T” (BORTOLUCCI; PORTO, 2005, p. 57).No caso
desenhar linhas retas paralelas”. A maioria dessas dos destros, a régua deve ser “colocada no lado esquer-
réguas, a exemplo das réguas paralelas, contém uma do da prancheta” (BORTOLUCCI; PORTO, 2005, p.
“borda em acrílico transparente”, a fim de facilitar “a 57),já que o(a) aluno(a) deverá pressionar o cabeçote
visão do que está sendo trabalhado” (YEE, 2014, p. da régua contra a prancheta enquanto desenha com a
8). Existem opções com dimensões variadas no mer- mão direita, “evitando assim que a régua oscile”(BOR-
cado, porém, como trabalharemos com folhas de me- TOLUCCI; PORTO, 2005, p. 57). É importante salien-
nor dimensão, a régua com comprimento de 60 cm é tar que a régua T deve ser utilizada somente para tra-
suficiente para realizar as atividades aqui propostas. çar linhas horizontais e nunca verticais, o que deve ser
Para a utilização da régua T, são exigidos alguns feito somente com o uso dos esquadros.

17
DESENHO TÉCNICO

É errado empurrar
Éoerrado empurrar
traço voltando
o traço
para voltando
a esquerda.
para a esquerda.

Certo:
Certo:
Puxar o traço!
Puxar o traço!

Traça-se as horizontais de
Traça-se
cimaaspara
horizontais
baixo. de
cima para baixo.

Certo! Vem deslizando o


Certo! Vempara
esquadro deslizando
a direita.o
esquadro para a direita.

Certo:
Certo:
Puxar o traço!
Puxar o traço!

Figura 4 - Recomendações para o traçado das linhas


Fonte: Tamashiro (2010).

18
DESIGN

Papel deve estar próximo à


borda (aprox. 5 cm)

Pressionar contra a prancheta!

Evite utilizar esta


extremidade, já
que a régua pode
oscilar!

Figura 5 - Recomendações para a utilização da régua T


Fonte: os autores.

Ao desenhar, você, aluno(a), deverá traçar as linhas produção”. O papel manteiga, por exemplo, é indica-
horizontais sempre utilizando a parte superior da ré- do por Ching (2011, p. 22) para croquis e estudos à
gua paralela ou régua T, e nunca a borda inferior, visto mão livre, pois pemite “o uso de sobreposições”, fa-
que a régua pode fazer sombra na ponteira da lapiseira, cilitando o desenvolvimento mais rápido de novos
ou mesmo mover-se, no caso da régua T, provocando estudos e a comparação entre eles. O papel canson,
a imprecisão do desenho. Além disso, deve-se cuidar o por sua vez, é muito utilizado para o desenho à mão
correto direcionamento dos traços horizontais e verti- livre, pois é adequado ao uso de grafites mais macios
cais: o traço deve ser realizado da esquerda para a di- e de maior espessura. De forma geral, os papéis mais
reita, no caso da utilização da régua paralela ou régua lisos são mais adequados ao “trabalho com nanquim,
T, e de baixo para cima ao desenhar com os esquadros. enquanto papéis mais rugosos são melhores para o
trabalho com grafite” (YEE, 2014, p. 16).
PAPEL No caso das atividades a serem desenvolvidas
neste módulo, adotaremos o papel sulfite formato
De acordo com a NBR 6492 (1994), o desenho manu- A3 (420 x 297 mm), com gramatura de 90 g/m².
al com o uso de instrumentos pode ser realizado em Você deve tomar o cuidado em adquirir o papel com
papéis transparentes, como é o caso do papel man- gramatura mais adequada, poisse o papel for muito
teiga e do papel vegetal, ou em papéis opacos, como grosso, dificultará a dobragem da folha e, se muito
o sulfite grosso e o papel canson, desde que propor- fino, pode rasgar com mais facilidade. Esse papel
cionem “resistência e durabilidade apropriadas”. A também pode ser encontrado com margem, porém,
norma indica que a escolha do papel depende “dos geralmente, não atende às especificações da norma
objetivos, do tipo do projeto e das facilidades de re- técnica quanto ao tamanho da folha e das margens.

19
DESENHO TÉCNICO

LAPISEIRAS E BORRACHA

No desenho técnico produzido à mão, utilizamos la-


piseiras com grafites de diferentes espessuras. Os lápis
não são indicados, neste caso, já que são mais adequa-
dos ao desenho à mão livre, sem o uso de instrumentos.
O contraste entre as linhas é imprescindível ao bom en-
tendimento do desenho e, por este motivo, utilizaremos
lapiseiras com grafites de espessuras distintas: 0,3 mm,
0,5 mm, 0,7 mm e 0,9 mm, a fim de facilitar a represen-
tação de linhas finas, médias e grossas. A lapiseira, no
entanto, deve ser específica para desenho técnico, com
a ponta fixa metálica, a fim de facilitar a utilização dos
instrumentos de desenho e, consequentemente, permi-
tir mais clareza e precisão. A ponta metálica “deve ser
longa o bastante para não tocar nas bordas dos esqua-
dros e das réguas” (CHING, 2011, p. 10).
Além do tipo de lapiseira, também é importante
tomar cuidado com a escolha do grafite. Existem mi-
nas de grafite das mais diversas durezas e cada uma
delas é indicada para fins diferentes. Segundo Ching
(2011, p. 11),

a dureza das minas de grafite para se desenhar em superfícies de papel varia de 9H (ex-
tremamente duras) a 6B (extremamente macias). Sob uma mesma pressão, as minas mais
duras produzem linhas mais leves e finas, enquanto as minas mais macias produzem
linhas mais densas e grossas.

O mesmo autor indica que as graduações mais adequadas ao desenho técnico são F e H.
O grafite HB também pode ser utilizado, pois permite facilidade ao traçar e apagar linhas,
mas tende a borrar facilmente, podendo prejudicar o aspecto e alimpeza da folha. Quanto à
graduação 2H, ela pode ser utilizada no desenho técnico, porém com cuidado, já que produz
linhas que “não são apagadas com facilidade se desenhadas com uma mão pesada” (CHING,
2011, p. 11). Os grafites mais duros não são indicados, segundo Ching (2011), pois podem
danificar a folha, e os grafites mais macios são indicados somente para o desenho à mão livre.

Figura 6 - Lapiseiras de desenho técnico

20
DESIGN

Dureza dos Relativamente


Macio Médio Duro Duríssimo
grafites macio

6B-4B-2B-B HB F-H 2H 3H a 9H

Facilidade para Não utilizados


Mais utilizado Uso mais ade- Linhas não são
traçar e apagar, po- para o desenho
Utilização para desenhos à quado em dese- apagadas com
rém tende a borrar técnico: podem
mão livre. nhos técnicos. facilidade.
facilmente. danificar o papel.

Quadro 1 - Graduação dos grafites


Fonte: adaptado de Montenegro (2001, p. 11) e Ching (2011, p. 11).

De posse das lapiseiras com grafites mais adequados, Quanto à borracha, esta deve ser macia, de vinil
há algumas recomendações em sua utilização. Deve- ou de plástico PVC, pois estes materiais são flexí-
-se sempre incliná-las, levemente, no sentido do tra- veis, não abrasivos, não borram nem danificam a
ço, puxando-as da esquerda para a direita, no caso do superfície do papel (YEE, 2014; CHING, 2011).
traço de linhas horizontais, e de baixo para cima, para Também há disponível, no mercado, a borracha
as linhas verticais. A lapiseira nunca deve ser inclinada do tipo bastão, que auxilia ao apagar detalhes do
com relação à régua paralela. desenho.

1. Inclinar levemente a lapiseira 2. Não inclinar a lapiseira no 3. Não inclinar a lapiseira de


no sentido do traço – sempre sentido da régua paralela. forma que fique afastada da
puxar o traço, nunca empurrá-lo! régua ou mal apoaiada.

Figura 7 - Recomendações para a utilização das lapiseiras


Fonte: Tamashiro (2010).

21
DESENHO TÉCNICO

ESCALÍMETRO

No desenho do ambiente construído, sempre utili-


zamos escalas numéricas de redução, ou seja, pre-
cisamos reduzir, proporcionalmente, as dimensões
do objeto real para que seja possível representá-lo
em uma folha de papel. Para facilitar o desenho em
diferentes escalas, podemos utilizar um instrumen-
to denominado escalímetro, que nada mais é do que
uma régua em formato triangular com seis escalas
distintas, duas por face. Esse instrumento “facilita
a medição, leitura e elaboração de projetos, dispen-
sando a utilização de diversas réguas com diferentes
graduações de medidas” (BORTOLUCCI; PORTO,
2005, p. 58).
Para o desenho de projetos de arquitetura e de-
sign de interiores, utilizamos o escalímetro do tipo
triplo decímetro, especificamente, o escalímetro n.
1, já que possui as escalas mais adequadas ao dese-
nho de edificações, recomendadas pela norma técni-
ca de desenho: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:1251
(NBR 6492, 1994). Há disponível, no mercado, esca-
límetros com 15 e 30 cm, porém o último é o mais
indicado, pois abrange maior espaço da folha de de-
senho.
Este é um instrumento que pode ser utilizado
por todo o exercício da profissão, portanto, vale a
pena tomar cuidado para que não seja danificado
com o tempo. Para isso, não se deve utilizar o escalí-
metro para traçar linhas e muito menos para cortar
papéis, “pois acabam por perder as marcações e a
precisão” (BORTOLUCCI; PORTO, 2005, p. 58).
1
Das escalas citadas, a escala 1:125 é a única que não consta nas recomenda-
ções da NBR 6492 (1994).

Figura 8 - Escalímetro do tipo tripo decímetro

22
DESIGN

ESQUADROS

Em conjunto com a régua paralela ou régua T, o lapiseira. Alguns esquadros possuem este rebaixo
jogo de esquadros é imprescindível para o traça- para auxílio do desenho em nanquim, a fim de evi-
do de retas verticais e em ângulos específicos. Um tar que o traçado seja borrado com a tinta, porém
dos esquadros possui ângulo de 45°, o outro pos- este não é caso, já que os desenhos serão confeccio-
sui ângulos de 30° e 60°, além do ângulo reto (90°), nados com lapiseiras.
presente em ambos os instrumentos. É importante Além dos ângulos de 30°, 45°, 60° e 90°, quan-
ressaltar que você deverá tomar o cuidado de adqui- do utilizamos o jogo de esquadros, é possível traçar
rir esquadros transparentes e sem graduação, com retas em ângulos de 15° e 75°. A combinação dos
comprimento de, aproximadamente, 30 cm, pois esquadros também nos permite traçar retas parale-
possibilitam que o traço seja contínuo e uniforme las e perpendiculares, mesmo em ângulos desconhe-
em desenhos maiores, sem a necessidade de emen- cidos. Isso é possível mantendo um dos esquadros
das. Além disso, outra precaução ao adquirir os es- como apoio, fixando-o com uma das mãos, enquan-
quadros é certificar-se de que não possuem arestas to o outro é movimentado com a outra mão. Obser-
rebaixadas, para melhor apoio da ponta metálica da ve nos exemplos da página a seguir.

Figura 9 - Todas as linhas verticais ou em ângulos de 30°, 45° e 60° deverão ser traçadas com o esquadro sempre apoiado na régua paralela ou régua T
Fonte: os autores.

23
DESENHO TÉCNICO

2. Deslize este
quadro sobre o
outro, no mesmo
ângulo da linha a
ser copiada.

1.Mantenha um dos
esquadros fixo,
segurando-o firme
com uma das mãos.
Figura 10 - Traçado de retas paralelas com o jogo de esquadros
Fonte: os autores.

2. Encaixe o outro
esquadro logo acima
formando um ângulo de
90º.

1. Mantenha um dos
quadros fixo, segurando-o
firme com uma das mãos.

Figura 11 - Traçado de retas perpendiculares com o jogo de esquadros


Fonte: os autores.
90º - VERTICAL
75º

75º
60

º
60
º
45

º
45
º

30 º
º 30

15º 15º

HORIZONTAL 0º

Figura 12 - A combinação dos esquadros nos permite obter ângulos de 15° e 75°
Fonte: adaptada de Bortolucci et al.(2005, p. 61).

24
DESIGN

COMPASSO

Os círculos ou arcos com grande circunferência se- papel, primeiramente, com a lapiseira, para, depois,
rão realizados com o auxílio de um compasso, que colocar, ali, a ponta seca e girá-lo no sentido horá-
deve estar com o grafite bem apontado, alinhado rio, inclinando-o, levemente, no sentido do traço. É
com a ponta seca. A fim de evitar danificar o papel, importante salientar que a precisão do desenho não
o ajuste da abertura necessária deve ser realizado depende somente do manejo mais adequado, mas
fora do desenho, com a utilização do escalímetro. também da qualidade do compasso (BORTOLUC-
Em seguida, deve-se marcar o centro do círculo no CI; PORTO, 2005).

Inclinação da Inclinação
mão da mão

Giro do compasso
Giro do compasso

Sentido do traço
Sentido do traço
a mão

mpasso

aço
Figura 13 - Recomendações para a utilização do compasso
Fonte: adaptada de Bortolucci e Porto (2005, p. 62).

25
DESENHO TÉCNICO

MATERIAIS OPCIONAIS LIMPEZA DOS MATERIAIS E FIXAÇÃO DA


FOLHA
Além dos materiais já citados, necessários ao desen-
volvimento das atividades aqui propostas, existem A partir da próxima aula, todas as atividades suge-
outros instrumentos de apoio que podem facilitar e ridas serão realizadas com a utilização dos materiais
agilizar o desenho, mas que são opcionais neste caso, de desenho. Portanto, antes de começar a desenhar,
já que o intuito é aprender e praticar os conceitos bá- certifique-se de que a prancheta, a régua paralela ou
sicos do desenho técnico manual para, em seguida, régua T, os esquadros e demais instrumentos estejam
aplicá-los ao desenho executado por meio de siste- limpos, a fim de garantir, consequentemente, a lim-
mas computacionais. peza da folha. É por isso que, na lista de materiais,
Os instrumentos mais comuns são os gaba- constam itens como o álcool em gel e a flanela ou o
ritos: réguas plásticas transparentes com figu- pano de algodão. Além da limpeza inicial, t pode ser
ras e símbolos vazados, disponíveis em diversas utilizada a escova de limpeza, também conhecida
escalas, utilizadas para guiar o traçado de for- como “bigode”, que serve para manter a prancheta
mas padronizadas. O gabarito de planta baixa, e a folha de desenho livres de poeira, resquícios de
por exemplo, possui símbolos padronizados de borracha ou mesmo de grafite, enquanto o desenho
mobiliário e equipamentos hidráulicos, como é executado.
lavatório ou bacia sanitária. Outro exemplo é o Após a limpeza, o próximo passo será fixar a fo-
gabarito de círculos, também conhecido como lha de desenho na mesa ou prancheta, tomando o
“bolômetro”, que auxilia no desenho de círculos cuidado para alinhá-la com a régua paralela ou com
pequenos com diâmetro conhecido, expresso em a borda da mesa, no caso da régua T. No primeiro
milímetros. Yee (2014) indica que, ao utilizar caso, posicione a folha de forma que fique, aproxi-
um gabarito, se deve manter a lapiseira perpen- madamente, 2 a 3 cm acima da parte superior da ré-
dicular à superfície do papel, o que possibilita a gua paralela, para que haja espaço ao manuseio dos
uniformidade do desenho. instrumentos. No segundo caso, posicione a folha
Existem outros materiais que já foram muito próximo à borda esquerda da mesa, para que fique
utilizados enquanto o desenho à mão ainda era pre- mais próxima do cabeçote da régua T, cerca de 5 cm.
dominante no exercício da profissão, tais como as Em ambos os casos, o esquadro pode ser utilizado
canetas em nanquim, o normógrafo, a curva fran- para auxiliar no alinhamento da folha.
cesa, entre outros. Entretanto a maioria desses ins- De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p. 57),
trumentos já não é mais utilizado na elaboração de após alinhar a folha, você deve tomar o cuidado para
desenhos finais em arquitetura ou design de interio- fixá-la na prancheta ou mesa, com o uso de fitas ade-
res, em função da utilização do computador para sivas “dispostas no sentido das diagonais do papel”.
este fim, não sendo necessários para a execução dos A fita crepe é a mais indicada, uma vez que a fita
exercícios aqui propostos. transparente pode danificar o papel ao ser retirada.

26
DESIGN

28 30 32 35

25 22 20 18 16 15

6 7 8 9 10 12 14
1 2 3 4 5

Figura 14 - Gabarito de círculos


Fonte: adaptadade O Projetista (2016,on-line).

Figura 15 - Escova para limpeza do desenho


Fonte: Ching (2011, p. 19).

27
DESENHO TÉCNICO

Normas Técnicas e
Apresentação da Prancha
O desenho é uma forma de comunicação, assim Quanto ao desenho técnico, são inúmeras as normas
como a fala ou a escrita. E, para que seja bem com- que tratam sobre esse assunto. A principal delas é
preendido, deve fazer uso de símbolos e convenções, a NBR 6492 (1994), intitulada “Representação de
conhecidos pelos profissionais ligados ao projeto do projetos de arquitetura”, que “fixa as condições exigí-
ambiente construído como um todo, como arqui- veis para representação gráfica de projetos de arqui-
tetos, designers ou engenheiros. Ou seja, para que tetura, visando a sua boa compreensão”. No entanto
o projeto seja executado de forma adequada, todos temos muitas outras, conforme a lista que segue2:
devem falar a mesma língua. 2
A listagem apresenta as principais normas de desenho técnico, elaboradas
pelo Comitê Brasileiro de Máquinas e Equipamentos Mecânicos e, as-
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Nor- sim, mais voltadas ao desenho técnico mecânico. A NBR 6492 (1994) foi
elaborada pelo Comitê Brasileiro de Construção Civil e, portanto, reúne
mas Técnicas – ABNT tem a função de definir re- uma série de informações referentes ao desenho de edificações, inclusive
comendações e padronizar uma série de procedi- abordando alguns dos assuntos tratados nas demais normas citadas. Su-
gerimos que o(a) aluno(a) sempre consulte as normas em conjunto com
mentos das mais diversas áreas do conhecimento. a NBR 6492 (1994).

28
DESIGN

REFLITA

Seja um desenho feito à mão ou desenvolvido com o auxílio de um computador, os padrões e as avalia-
ções que se aplicam à comunicação efetiva das ideias em projetos da arquitetura continuam os mesmos.

Francis D. K. Ching

SAIBA MAIS

O conteúdo das normas técnicas é definido com a participação e representação de vários setores da
sociedade, como associações, entidades, universidades, empresas, entre outros. O projeto de uma
norma é sempre “submetido à Consulta Nacional pela ABNT, com ampla divulgação, dando assim
oportunidade a todas as partes interessadas para examiná-lo e emitir suas considerações. [...] Nesta
etapa, qualquer pessoa ou entidade pode enviar comentários e sugestões ou então recomendar a
sua desaprovação. As sugestões aceitas são consolidadas no Projeto de Norma, que é homologado e
publicado pela ABNT como Norma Brasileira, recebendo a sigla ABNT NBR e seu respectivo número”.

Fonte: adaptado de ABNT (2016,on-line)2.

• NBR 10067/1995: princípios gerais de repre- • NBR 10582/1988: apresentação da folha para
sentação em desenho técnico. desenho técnico.
• NBR 10068/1987: folha de desenho: leiaute e • NBR 13142/1999: desenho técnico – dobra-
dimensões – padronização. mento de cópia.
• NBR 8402/1994: execução de caracteres para • NBR 8196/1999: desenho técnico – emprego
escrita em desenhos técnicos – procedimento. de escalas.
• NBR 8403/1984: aplicação de linhas em de- • NBR 12298/1995: representação de área de
senhos – tipos de linhas – largura das linhas corte por meio de hachuras em desenho téc-
– procedimento. nico.
• NBR 10647/1989: desenho técnico – define • NBR 10126/1987: cotagem em desenho téc-
os termos empregados em desenho técnico. nico.

29
DESENHO TÉCNICO

ESCRITA TÉCNICA

Segundo Vizioli et al. (2009, p. 14), a representação Na escrita técnica manual, deve-se tomar cuida-
de letras e números “faz parte da boa apresentação do para que os textos sejam legíveis, uniformes e re-
do projeto”. Ao longo da profissão, o designer de in- gulares. Para que isso seja possível, é necessário que
teriores trabalhará com o auxílio de sistemas com- você faça o uso de linhas auxiliares horizontais, a fim
putacionais, no entanto o bom senso com relação de garantir que as letras e números tenham a mesma
ao tipo de letra a ser utilizada e ao tamanho desta é altura. Estas linhas de apoio devem ser finas e leves,
muito importante para o bom entendimento do pro- quase não aparentes, para que não seja necessário
jeto. Além do mais, ao longo da vida profissional, apagá-las posteriormente. É importante salientar
uma letra bem apresentável é sempre bem-vinda e que os textos nunca devem se apoiar nas linhas do
vista com bons olhos, especialmente pelo cliente. desenho, do carimbo ou das margens.
Para Bortolucci e Porto (2005, p. 66), a colo- Quanto ao tipo dos caracteres, a NBR 6492
cação de textos em uma prancha de desenho exi- (1994, s. p.) recomenda que as letras sejam “sempre
ge conhecimentos básicos da escrita técnica, assim maiúsculas e não inclinadas”, do tipo bastão (sem
como “alguma habilidade e experiência do dese- serifas). A norma indica que, no desenho à mão, as
nhista”, independentemente se o desenho será re- letras tenham 3 mm ou 5 mm, e que o espaço das
alizado à mão ou no computador. Esta tarefa im- entrelinhas seja igual ou superior a 2 mm. Já no de-
plica decidir o tamanho mais adequado das letras senho realizado em computador, são recomendadas
e algarismos e a melhor disposição dos textos com quatro alturas distintas, com espessuras de linhas
relação aos desenhos na folha, de forma ordenada, diferentes3. No caso das atividades aqui sugeridas,
legível e que possibilite a compreensão de todas as adotaremos as alturas do desenho à mão, sendo que
informações. Para isso, é necessário que os textos os textos menores, com 3 mm, serão representados
sejam organizados de acordo com uma hierarquia com linha fina, e os maiores, com linha média ou
visual: títulos com letras maiores, tópicos menos grossa.
importantes com letras medianas, textos em geral Com a prática, você terá mais controle e precisão
com letras pequenas e assim por diante. dos traços, de forma que as letras e os algarismos
Cabe ressaltar, porém, que o texto nunca deve tenham proporções e espaçamentos semelhantes,
competir com o desenho. Segundo Yee (2014, p. até o momento em que as linhas auxiliares não serão
25), “uma vez que o objetivo principal de um dese- mais necessárias. Segundo Yee (2014, p. 28), “uma
nho arquitetônico é a representação gráfica de um boa escrita arquitetônica reside na arte de dominar
objeto, qualquer escrita deve ser suficientemente os movimentos básicos: horizontais, verticais, incli-
pequena para não competir com a parte gráfica”. nados e curvilíneos”.

3
Para a escrita técnica com o uso de instrumentos, a norma ainda traz, como
referência, o número das réguas, antigamente, utilizadas, conhecidas
como normógrafos, com algarismos, letras maiúsculas e minúsculas va-
zadas, para direcionar a escrita.

30
DESIGN

Figura 16 - As linhas auxiliares devem corresponder aos limites superior e inferior dos textos e devem ser leves, quase não aparentes
Fonte: os autores41
1
Desenho elaborado pela aluna Luana Aparecida Bermudes (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

Além do cuidado com a regularidade dos carac- rentes indicações textuais, mas também com relação
teres, também deve-se atentar para o sentido de lei- aos próprios desenhos. Por convenção, os títulos de-
tura dos textos – considerando que a prancha é lida vem ser posicionados logo abaixo dos desenhos, de
da esquerda para a direita e de baixo para cima – e preferência, do lado esquerdo, conforme você pode
para o alinhamento desses, não somente entre dife- observar no exemplo a seguir.

SENTIDO INCORRETO

5,70
SENTIDO INCORRETO

1,90 1,90 1,90

SENTIDO CORRETO
1,75
5,25
1,75
1,75

SENTIDO CORRETO

LEGENDA

Figura 17 - Sentido correto de leitura da folha: da esquerda para a direita e de baixo para cima
Fonte: os autores.

31
DESENHO TÉCNICO

FORMATOS, MARGENS E DOBRAS DO


PAPEL

Os formatos do papel são indicados na NBR 10068 mensões, de preferência, com a utilização de for-
(1987), que adota como padrão a série A, com di- matos menores, que permitam melhor manuseio,
mensões em milímetros. Esta série tem, como base, não somente durante a elaboração dos desenhos,
a folha A0, com formato retangular de 1 m² de su- mas também na utilização destes no local de exe-
perfície, com lados medindo 841 mm x 1189 mm. cução do projeto. De acordo com a norma, caso
Os demais formatos são menores: o tamanho da fo- seja necessário utilizar papéis com formatos distin-
lha A1 equivale à metade da folha A0, a folha A2 é tos dos padrões da série A, recomenda-se adotar
correspondente à metade do formato A1, a folha A3 folhas com dimensões correspondentes a múlti-
equivale à metade da folha A2 e assim por diante. plos do padrão. Por exemplo, pode-se adotar uma
Dentro do possível, é recomendado que todas folha com a mesma altura da folha A3, porém com
as pranchas de um projeto tenham as mesmas di- maior comprimento.

A1
594 x 841

A0
841 x 1189 A3
A2
297 x 420

420 x 594
A4
210 x 297

Figura 18 - Formatos de papel – Série A


Fonte: os autores.

32
DESIGN

A NBR 10068 (1987) também define o tamanho Quando for necessário, as folhas devem ser dobra-
das margens, que diferem de acordo com o formato das considerando as dimensões do formato A4. As
do papel. A margem esquerda sempre é maior, com dobras devem ser realizadas de forma que a mar-
25 mm, para que seja possível sua fixação em pastas gem esquerda fique livre para a fixação da folha em
ou arquivos, e as demais (margem direita, superior e pastas ou arquivos e que as informações básicas do
inferior) devem ter 10 mm ou 7 mm, de acordo com carimbo estejam visíveis. A NBR 6492 (1994) tam-
o Quadro 2. bém recomenda indicar as posições das dobras nas
margens, para facilitar o dobramento.
Dimensões Margem
Formato
(mm) (mm)
Esquerda Demais
A0 841 x 1189 25 10 A3
297 x 420
A1 594 x 841 25 10

dobra

dobra
A2 420 x 594 25 7

297
A3 297 x 420 25 7
A4 210 x 297 25 7

Quadro 2 - Formatos da série A e respectivas margens


Fonte: NBR 10068 (1987). LEGENDA

No caso das atividades a serem desenvolvidas neste


130 105 185
módulo, adotaremos a folha formato A3 em função
da facilidade de manuseio e transporte.

420
A3
297 x 420
7
dobra

dobra

297

A3
297

277

LEGENDA

130 105 185


7

25 385 7

Figura 19 - Folha formato A3 Figura 20 - Dobramento da folha A3


Fonte: os autores. Fonte: os autores.

33
DESENHO TÉCNICO

LEGENDA OU CARIMBO

• Identificação da empresa e do profissional


A legenda ou carimbo deve estar posicionado no
responsável pelo projeto.
canto inferior direito da folha, de forma que seja pos-
• Identificação do cliente, nome do projeto ou
sível visualizar as informações básicas a respeito do do empreendimento.
projeto e o conteúdo da prancha. Isto se torna ainda • Título do desenho.
mais importante no manuseio de projetos maiores, • Indicação sequencial do projeto (números ou
compostos por muitas pranchas de desenho, possi- letras).
bilitando localizar, rapidamente, qualquer conteúdo • Escalas.
específico, sem que seja necessário desdobrar todas • Data.
as folhas. • Autoria do desenho e do projeto.
Segundo a NBR 10086 (1987, s. p.), a legenda • Indicação de revisão.
deve ter comprimento de 178 mm “nos formatos A4,
A3 e A2 e 175 mm nos formatos A1 e A0”. É impor- Além dessas informações, a norma recomenda que ou-
tante salientar que as normas técnicas não apresen- tros dados estejam próximos do carimbo, como escalas
tam um modelo específico de carimbo a ser seguido, gráficas, descrição da revisão do projeto, convenções
mas sim, quais informações mínimas devem constar gráficas, notas gerais ou desenhos de referência. Por
no mesmo, a fim de caracterizar o projeto de forma fim, no campo de atuação do designer de interiores,
mais clara e facilitar o manuseio e alocalização dos também é importante destacar a marca ou ologotipo
desenhos. As informações a seguir são recomenda- do profissional ou daempresa no carimbo, buscando
das pela NBR 6492 (1994): valorizar a identidade visual no projeto como um todo.

34
DESIGN

PLANEJAMENTO DAS PRANCHAS

O planejamento das pranchas é importante para também devem seguir uma organização clara, o
assegurar que o projeto seja apresentado de forma que pode ser obtido por meio de um planejamento
clara e legível, o que implica o bom aproveitamen- prévio da localização dos desenhos na prancha e do
to das folhas e o planejamento da sequência e dis- alinhamento entre desenhos e textos. Esse planeja-
tribuição de todos os desenhos nas pranchas. Para mento se faz especialmente necessário no desenho
Ching (2011, p. 214), o excesso de informações pode à mão, já que, no desenho elaborado por meio do
dificultar o entendimento de um projeto e ofuscar computador, há a possibilidade de mover os dese-
“a intenção e a proposta da apresentação”. O autor nhos finalizados ou mesmo mudar as escalas antes
sugere que sejamos “econômicos” ao apresentar uma que o projeto seja impresso.
proposta, “utilizando apenas o necessário para co- Para organização da folha, recomenda-se mar-
municar uma ideia”. car, primeiramente, a localização e o tamanho de to-
dos os desenhos que comporão a prancha para, em
Com o mínimo de elementos, os desenhos de seguida, desenvolver cada um, com detalhamentos,
apresentação devem explicar um projeto cla-
indicações textuais e espessuras distintas de linhas.
ramente e com detalhes suficientes, de modo
que as pessoas não familiarizadas com ele se- Você deverá tomar o cuidado para centralizar os
jam capazes de entender a proposta de projeto desenhos na folha, de forma que os espaçamentos
(CHING, 2011, p. 204). entre os desenhos e com relação às margens fiquem
uniformes. Além disso, por convenção, os títulos
Os desenhos devem ser dispostos na prancha con- dos desenhos devem ser posicionados logo abaixo
siderando o sentido de leitura do projeto, ou seja, dos desenhos, de preferência, alinhados do lado es-
da esquerda para a direita e de cima para baixo, mas querdo.

35
DESENHO TÉCNICO

Linhas de Representação,
Escalas e Cotas
Um aspecto muito importante de ser observado no tinção dos elementos seccionados com relação aos
desenho técnico é a variação de tipos e espessuras de elementos em vista ou representar, de forma clara,
linhas, com o intuito de facilitar a leitura e o enten- quais elementos estão em projeção. No desenho ma-
dimento do projeto, independentemente se o dese- nual, essas variações são possíveis por meio da cor-
nho é realizado à mão ou por meio da computação reta utilização de lapiseiras com espessuras distintas.
gráfica. As linhas podem ter espessuras distintas, A seguir, serão apresentadas algumas recomen-
mas também diferentes configurações – contínuas, dações para aplicação dos diferentes tipos de linhas
tracejadas, entre outras –, de forma que os elemen- de acordo com a NBR 6492 (1994), mas também
tos do projeto sejam representados de acordo com com base em publicações mais recentes a respeito
sua natureza. Por exemplo, deve-se fazer clara dis- do tem545

4
T (2010); Y (2014); V et al. (2009).

36
DESIGN

a Linhas de contorno contínuas

As linhas mais grossas são utilizadas para a representação de objetos cortados e para o desenho das margens
da folha. Conforme a norma, a espessura das linhas varia de acordo com a escala e a natureza do desenho,
por exemplo, no desenho de uma planta baixa, as paredes seccionadas são sempre representadas com linha
grossa, por meio da utilização das lapiseiras 0.7 mm ou 0.9 mm. Quanto maior é a escala utilizada, maior será
a espessura das linhas. Isso, porém, será aprofundado na Unidade 3, quando trataremos do desenho da planta
da edificação.

b Linhas contínuas e finas

As linhas que representam elementos em vista devem ser finas, contínuas e bem definidas. É importante que
haja a hierarquia das linhas, de forma que o leitor identifique, rapidamente, quais são os elementos secciona-
dos ou em vista. No desenho à mão, pode-se utilizar a lapiseira 0.5 mm, porém tomando cuidado para que
fiquem mais leves do que as linhas executadas com as lapiseiras 0.7 ou 0.9 m65

Alguns alunos possuem dificuldade de executar traços finos. Se este for o seu caso, poderá substituir a lapiseira 0.5 mm pela lapiseira mais fina, com espessura
5

de 0.3 mm.

c Linhas tracejadas

Os elementos em projeção devem ser representados com linha tracejada, sempre mais fina, ou seja, com a
utilização da lapiseira 0.5 mm. Segundo Yee (2014), estas linhas expressam elementos ocultos, que o obser-
vador não consegue ver, por estarem acima de um plano de corte, como beirais de um telhado, ou mesmo
armários suspensos, no caso do desenho de ambientes internos. A norma não indica o tamanho dos traços,
mas recomendamos que estes tenham, aproximadamente, 2 a 3 mm cada, com espaçamento médio de 1,5
mm entre eles.

37
DESENHO TÉCNICO

d Linhas de eixo ou coordenadas

As linhas de eixo ou coordenadas são finas, representadas com traço longo e ponto. Os traços devem ter em
torno de 1 cm cada e podem ser desenhados com lapiseira 0.3 mm.

e Linhas de cota e de chamadas

Tanto as linhas de cotas quanto aquelas utilizadas para puxar indicações textuais devem ser finas e contínuas,
porém bem definidas e aparentes, a fim de não sobressaírem mais do que os desenhos. Neste caso, também
pode ser utilizada a lapiseira 0.3 mm.

f Linha de interrupção

Esta linha é representada com espessura fina, aplicada para interromper desenhos. Por exemplo, no detalha-
mento de uma esquadria, é possível mostrar somente o detalhe do batente, utilizando uma linha de interrup-
ção para indicar que não foi representado todo o comprimento da porta ou dajanela.

g Linhas auxiliares

A norma também recomenda a utilização de linhas auxiliares, com a função de guiar a construção do dese-
nho e da escrita técnica. Estas devem ser contínuas, porém muito finas e leves, quase não aparentes, o que
pode ser obtido com a utilização da lapiseira 0.3 mm. As linhas auxiliares devem ser leves o suficiente para
que não precisem ser apagadas, sem prejudicar a apresentação final do trabalho.

Figura 21 - Linhas
Fonte: os autores.

38
DESIGN

Além dessas aplicações, também utilizamos as linha fina. Esta hierarquia também pode ser apli-
diferentes espessuras de linhas para representar a cada no desenho de vistas de um ambiente inter-
proximidade ou distância de um objeto com rela- no ou mesmo na representação do mobiliário. Se-
ção ao observador. No desenho de uma fachada, gundo Yee (2014, p. 37), “quanto maior a variação
por exemplo, representamos os elementos mais na hierarquia dos pesos das linhas de grossa até
próximos com linhas grossas, enquanto aqueles fina, maior será a percepção de profundidade no
elementos mais ao fundo são representados com desenho”.

Figura 22 - Planta baixa de uma residência térrea, mostrando a diferença das linhas grossas e finas
Fonte: os autores.

39
DESENHO TÉCNICO

REVESTIMENTO EM
TIJOLO APARENTE

PINTURA
ACRÍLICA (COR:
BRANCO)

PORTA EM
MADEIRA

ELEVAÇÃO LATERAL - 02
7 ESCALA 1:50
Figura 23 - Exemplo da fachada de uma edificação com hierarquia de linhas
Fonte: os autores.

Figura 24 - Desenho realizado para aprendizagem da hierarquia de linhas e uso dos esquadros
Fonte: os autores71

1
Desenho elaborado pela aluna Jaqueline Aparecida de Jesus Saganski (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

40
DESIGN

Por fim, sejam finas ou grossas, contínuas ou não, as li- 1/250; 1/500. Na prática do desenho à mão, o escalí-
nhas devem ser uniformes. No desenho das linhas con- metro6 nos permite utilizar todas essas escalas, além da
tínuas, deve-se tomar o cuidado para que o traço não escala 1/125, sem a necessidade de fazer cálculos7.
tenha “emendas”, e nas linhas tracejadas ou com traço 1:5 1:75 1:10 1:125* 1:2 1:25
e ponto, os traços devem ter tamanhos e espaçamen- 1:50 1:100 1:20 1:250
tos regulares. O encontro das linhas também merece 1:500 1:200
atenção: deve-se evitar “cantos que não se interceptam”
Quadro 3 - Escalas mais usuais na representação de desenhos arquite-
bem como superposições exageradas, de forma que as tônicos
linhas apenas se toquem nas extremidades. Fonte: adaptado de NBR 6492 (1994).
* A escala 1:125 é a única que não é recomendada pela norma técnica,
porém é utilizada no dia a dia da profissão.
ESCALAS E DIMENSIONAMENTOS
As escalas podem ser numéricas – naturais, de redu-
De acordo com Bortolucci e Porto (2005, p. 68), “a ção ou ampliação – ou gráficas.
necessidade de usar escalas no desenho técnico exis-
te porque, na maioria dos casos, não é possível dese- ESCALA NATURAL
nhar os objetos no seu tamanho natural”. Por exem-
plo, quando vamos desenhar uma casa, precisamos Quando a escala é natural, significa que as dimen-
representá-la com tamanho reduzido, para que seja sões do desenho são iguais às dimensões reais do
possível fazê-lo em uma folha de papel. Da mesma objeto, ou seja, não há redução ou ampliação. Esta
forma, ao desenharmos os detalhes de um relógio, escala é representada como 1:1 ou 1/18
devemos representá-lo com dimensões ampliadas,
sempre de forma proporcional. Portanto, a escala
nada mais é do que a relação entre as dimensões do
desenho e o tamanho real do objeto.
Como saber, porém, qual é a escala mais adequa-
da? Isto dependerá do tamanho do objeto a ser repre- Figura 25 - Escala natural
sentado, das dimensões da folha de papel adotada, Fonte: os autores.

mas também do nível de detalhamento desejado na


6
Desde que seja utilizado o escalímetro n.1, do tipo triplo decímetro9
apresentação dos desenhos. Quanto maior for a escala 7
Para Montenegro (2001), o uso do escalímetro é “perfeitamente dispensá-
de um desenho, mais detalhes e informações ele deve vel”, pois “vicia o desenhista, que acaba por perder o hábito de passar as
medidas ou cotas de uma escala para outra”. Essa ferramenta faz com que
conter. De acordo com a NBR 6492 (1994), as escalas o desenho em diferentes escalas seja facilitado, porém é sempre importan-
te entender a relação de uma escala para outra, o que auxilia, até mesmo,
mais usuais na representação de ambientes construídos na utilização e configuração de desenhos desenvolvidos na computação
são: 1/2; 1/5; 1/10; 1/20; 1/25; 1/50; 1/75; 1/100; 1/200; gráfica.

41
DESENHO TÉCNICO

ESCALA DE REDUÇÃO ESCALA GRÁFICA

As escalas numéricas de redução são as mais utilizadas Segundo Montenegro (2001, p.32), “a escala gráfica
por profissionais ligados ao projeto do ambiente cons- é a representação da escala numérica”. Trata-se de
truído, como arquitetos, engenheiros ou designers de uma espécie de régua, em que são indicadas algumas
interiores. Neste caso, as dimensões do desenho são unidades para leitura ou medição do projeto, sempre
menores do que as do objeto real e, portanto, são re- com a mesma escala do desenho. Por exemplo, se um
presentadas da seguinte forma: 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, desenho original for reduzido para uma escala não
1:25, 1:50, entre outras. Por exemplo, quando utiliza- conhecida, a escala gráfica deve ser reduzida da mes-
mos a escala de redução 1:10, significa que cada 1 cm ma forma, de modo que possibilite tirar quaisquer
do desenho equivale a 10 cm do objeto real, ou seja, dúvidas de dimensões específicas não informadas.
o desenho será 10 vezes menor do que o objeto real.
0 1 2 5

ESCALA GRÁFICA
Figura 28 - A escala gráfica deve ter a mesma escala do desenho

Figura 26 - Escala de redução Fonte: os autores.


Fonte: os autores.

ESCALA DE AMPLIAÇÃO Ao utilizar o escalímetro, você deverá ter atenção na


correta leitura das medidas, já que cada escala é re-
A escala numérica de ampliação é muito utilizada presentada, neste instrumento, com intervalos distin-
para a representação de objetos com pequenos de- tos. Por exemplo, na escala 1:75, as menores marca-
talhes, como relógios, joias, entre outros. Neste caso, ções, geralmente, têm intervalos de cinco unidades,
as dimensões do desenho são maiores do que as do enquanto na escala 1:25, as menores graduações têm
objeto real e, portanto, são representadas da seguinte intervalos de duas unidades. Os exemplos a seguir fo-
forma: 2:1, 5:1, 10:1, entre outras. Por exemplo, quan- ram ampliados com relação ao tamanho real da escala
do utilizamos a escala de ampliação 5:1, significa que métrica para facilitar a leitura das subdivisões:
o desenho é cinco vezes maior do que o objeto real, ou
seja, cada 5 cm do desenho representa 1 cm do objeto.
1m
5 cm

Figura 27- Escala de ampliação Figura 29 - Leitura do escalímetro na escala 1:75


Fonte: os autores. Fonte: os autores.

42
DESIGN

1m Por fim, é importante ressaltar que a escolha da escala


6 cm a ser utilizada também está atrelada ao tamanho da fo-
lha adotada, especialmente no desenho à mão. Pode-se
escolher a escala e, depois, definir o formato de papel
padrão ou vice-versa, desde que a escala permita o cla-
ro entendimento de todos os detalhes representados.
Segundo Bortolucci e Porto (2005, p. 63), no desenho
Figura 30 - Leitura do escalímetro na escala 1:25
Fonte: os autores. feito por meio da computação gráfica, “esta preocupa-
ção inicial é desnecessária, visto que os programas de
CAD permitem a execução dos desenhos sem a defini-
Além dos exemplos apresentados, as escalas 1:2, 1:5, ção prévia da escala”, informação exigida somente no
1:10, 1:200 ou 1:500 também podem ser represen- momento em que o trabalho será impresso. No entanto
tadas com a utilização do mesmo escalímetro, entre isso não dispensa o planejamento sempre necessário,
muitas outras possibilidades. Por exemplo, no caso da considerando o tamanho dos desenhos na prancha, o
escala 100, 1 cm pode representar 0,1, 1, 10, 100 ou até espaço entre eles e as margens, o tamanho dos textos e
1.000 metros (YEE, 2014). Veja os exemplos a seguir: cotas ou a hierarquia de linhas.

COTAGEM
7,5 m (escala 1:100)
0,75 m (escala 1:10)
De acordo com Bortolucci et al.(2005, p.149), “as co-
tas são informações numéricas colocadas no desenho
e correspondem às dimensões reais do objeto repre-
sentado”, independentemente da escala utilizada. Es-
Figura 31 - A medida representa 7,50 metros na escala 1:100 e 0,75 me-
tros na escala 1:10 sas têm a função de informar todas as medidas neces-
Fonte: os autores. sárias para que um objeto seja construído, sem que
haja a necessidade de recorrer ao escalímetro. Seja no
desenho à mão, seja no computador, você deve ter co-
12 m (escala 1:200)
1,20 m (escala 1:20)
nhecimento das regras básicas de cotagem.
A NBR 6492 (1994) traz algumas recomen-
dações para a cotagem de projetos de arquitetura.
Primeiramente, os desenhos devem ser cotados em
Figura 32 - A medida representa 1,20 metros na escala 1:20, e 12,00
metros na escala 1:200 metros (m) para as dimensões iguais e superiores
Fonte: os autores. a 1 metro e em centímetros (cm) para as medidas
inferiores a 1 metro. Caso seja necessário indicar a
terceira casa decimal – os milímetros (mm) –, deve-
mos apresentá-la como expoente, conforme o exem-
plo da Figura 33.

43
DESENHO TÉCNICO

Figura 33 - Exemplo de cotagem, com medidas em metros, centímetros e milímetros


Fonte: NBR 6492 (1994).

tura, sempre com linha fina, com distancia-


A norma ainda recomenda uma série de cuidados,
mento acerca de 1,5 mm da linha de cota (os
representados na figura a seguir. números nunca devem se apoiar nas linhas de
• Dentro do possível, as linhas de cota devem cota).
estar sempre fora do desenho. Em projetos • De preferência, o valor numérico da cota
mais complexos, nem sempre isso é possível, deve estar centralizado, com exceção da co-
porém deve-se tomar o cuidado para que as tagem de pequenas dimensões, em que pode-
cotas internas não prejudiquem o entendi- mos representar o número ao lado ou acima,
mento do desenho. indicando com uma linha qual medida está
• As linhas de chamada não podem encostar sendo cotada.
no desenho, de forma que haja um espaça- • O(A) aluno(a) deve evitar ao máximo a du-
mento de, aproximadamente, 2 mm a 3 mm plicação de cotas, representando apenas as
do ponto dimensionado. informações necessárias para o entendimen-
• Os números das cotas devem ter 3 mm de al- to do desenho.

Figura 34 - Recomendações para o desenho das cotas


Fonte: adaptada de NBR 6492 (1994).

44
DESIGN

Observe que, nos exemplos dados, sempre há uma a primeira cota e de 6 ou 7 mm a partir da segun-
marcação dos limites da cota por meio de um pe- da linha de cota, independentemente da escala uti-
queno traço com inclinação de 45°. Outra forma lizada. É importante ressaltar que as cotas parciais
de destacar esse limite é com a utilização de um devem ser sempre representadas mais próximas do
pequeno círculo preenchido. Tamashiro (2010, p. desenho e, em seguida, as cotas totais, de forma que
185) ressalta que essas marcações devem ter tama- a linha de chamada fique contínua. O cruzamento
nho suficiente para indicar “claramente os limites de das linhas de cota deve ser evitado.
uma cota”, mas também não podem ser demasiada- Bortolucci et al.(2005, p. 150) indica que o texto
mente grandes, de forma que não interfiram no en- deve ser colocado sempre “sobre a linha de cota, sem
tendimento do desenho. O autor alerta que as setas tocá- la”, respeitando o sentido de leitura da folha, ou
não são recomendadas para o desenho de projetos seja, da esquerda para a direita na horizontal e de cima
do ambiente construído, mas sim, para o desenho para baixo na vertical. Quando for necessário, é possí-
técnico mecânico. Além da marcação, note que as vel descentralizar os algarismos da cota, para a esquer-
linhas de chamada e as linhas de cota sempre se cru- da ou direita, a fim de permitir melhor visualização de
zam, com um prolongamento de cerca de 2 mm. algum elemento do desenho. Para a cotagem de cír-
Quanto ao espaçamento entre a linha de cota e o culos ou desenhos curvilíneos, utilizamos o símbolo ø
desenho, este pode ser em torno de 10 a 15 mm para para indicar o diâmetro, ou a letra R para o raio.

0,46
0,56
0,76

0,10
0,20

0,20

0,20 0,26 0,20


ESC: 1:10 0,66
0 0,2 0,5 1,0

Figura 35 - Exemplo de um objeto cotado, mostrando cotas parciais e totais


Fonte: os autores.1
1
Desenho elaborado pela aluna Jaqueline Aparecida de Jesus Saganski (2016), do 1º ano do curso presencial de Arquitetura e Urbanismo do Unicesumar.

45
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, vimos alguns dos desenho. Caberá ao futuro profissional designer de
conceitos e das regras básicas do desenho técnico interiores aplicar os conceitos e as regras básicas
voltado à representação do ambiente construído. aqui apresentadas, porém imprimindo sua própria
Todas as informações aqui apresentadas serão apli- identidade visual, de forma que o conjunto de de-
cadas nas próximas unidades, na representação grá- senhos e a organização da prancha como um todo
fica de plantas, vistas ou cortes, sempre com a utili- tenham relação com os princípios mais importantes
zação dos instrumentos e materiais de desenho. para o profissional, aqueles aplicados em seus pró-
Vimos que as regras se aplicam ao desenho téc- prios projetos.
nico arquitetônico como um todo, seja aquele ela- Aluno(a), com a prática, você identificará os
borado à mão, seja executado no computador. Inde- próprios erros e desenvolverá mais senso crítico na
pendentemente do método utilizado, a hierarquia de avaliação de seus próprios desenhos. O desenho, as-
linhas é de extrema importância para o melhor en- sim como qualquer outra atividade que você se pro-
tendimento do projeto, de forma que os elementos ponha a fazer, deve ser praticado periodicamente, o
seccionados ou mais próximos da visão do obser- que lhe renderá melhores resultados com o tempo.
vador se destaquem com relação ao conjunto repre- Vale lembrar que não se trata somente de praticar a
sentado. Os diferentes tipos de linhas também têm técnica, mas este exercício também lhe permite me-
grande importância, e, nas próximas unidades, você lhorar habilidades relacionadas à percepção visual,
verá como aplicar cada uma delas: linhas grossas, fi- ao raciocínio de dimensões e de relações espaciais.
nas, contínuas, tracejadas, entre outras. O próximo passo será entender a planificação
Entender a relação entre as diferentes escalas de objetos tridimensionais em uma folha de papel,
também auxilia no planejamento das pranchas de a fim de treinar a visão espacial. Vamos em frente!

46
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), leia o texto a seguir, extraído do livro Toda linguagem é estruturada sobre um código próprio
Desenho: teoria & prática, que aborda a importância de (conjunto de sinais que possuem regras específicas). Te-
conhecer a linguagem do desenho técnico. Boa leitura! mos de conhecer bem as regras para poder usá-las de
forma criativa. Isso justifica porque precisamos conhecer
São os diferentes tipos de representação por desenhos as regras do desenho geométrico, da geometria descri-
que permitem a compreensão das consequências de tiva, do desenho técnico. Sem esse conhecimento não
cada ato de decisão durante o procedimento de simula- podemos raciocinar como projetistas e também não con-
ção de ideias espaciais – o projeto – e os desenhos são seguiremos nos comunicar com os outros profissionais
o suporte de representação material deste raciocínio si- envolvidos na nossa área de atuação. A produção cria-
mulatório. Dessa forma, o projetista realizará uma série tiva depende de um pensamento flexível, capaz de pro-
de construções gráficas, procurando elaborar e descre- curar analogias, de recombinar, fazer novas associações,
ver as concepções mentais decorrentes do ato de criar. aventurar-se sobre o próprio conhecimento acumulado.
Isso porque o desenho, sendo linguagem, faz parte de E para o projetista, a habilidade do desenho, a capacida-
um processo complexo de raciocínio. de de visualização espacial adquirida com a prática do
Cada um dos tipos de desenho presta-se, em momentos desenho, a reflexão crítica sobre a própria linguagem do
diferentes do desenvolvimento de uma ideia, a auxiliar a desenho serão fundamentais para alimentar as opera-
visualização daquilo que pensamos: permite selecionar, ções mentais criativas e para favorecer o uso pleno de
eliminar e sintetizar produtos de nossa imaginação cria- qualquer instrumental de desenho.
dora. É o desenho que, aliado a conhecimentos técnico- Um simples esboço possui linhas carregadas de significa-
científicos, dá suporte à capacidade de inventar, transfor- do para aquele que usa a expressão pelo desenho como
mar o mundo. Por isso é uma forma de conhecimento, é forma de raciocínio, exercício de visualização. Materiali-
uma linguagem universal, no espaço e no tempo. za no papel a representação de suas ideias espaciais. Ao
Por sua vez, cada instrumental de construção do dese- enxergá-las, concebe-as melhor e alimenta seu próprio
nho é um organismo que se estrutura e se articula de processo imaginativo.
maneira diferenciada dos demais. Cada uma produz for-
mas distintas de conhecimento e descreve a represen- Fonte: Porto (2005, p. 25-26).
tação diversificadamente. Para fazer uso de um instru-
mento de representação, qualquer que seja, do lápis ao
computador, é necessário apropriar-se dos conceitos e
técnicas que fundamentam este instrumento.

47
atividades de estudo

1. Copie o texto a seguir utilizando a caligrafia técnica. Todas as letras devem ser maiúsculas,
não inclinadas, com alturas de 5,0 mm (título) e 3,0 mm (texto). Trace linhas auxiliares e
procure fazer com que todos os caracteres tenham proporções semelhantes.
SÍMBOLOS GRÁFICOS
OS SÍMBOLOS GRÁFICOS BASEIAM-SE EM CONVENÇÕES PARA TRANSMITIR
INFORMAÇÕES. PARA SEREM FACILMENTE RECONHECÍVEIS E LEGÍVEIS, MAN-
TENHA-OS SIMPLES E CLAROS – SEM DETALHES IRRELEVANTES E FLOREIOS ES-
TILÍSTICOS. AO RESSALTAR A CLAREZA E A LEGIBILIDADE DE UMA APRESEN-
TAÇÃO, ESTAS FERRAMENTAS TAMBÉM SE TORNAM ELEMENTOS IMPORTANTES
NA COMPOSIÇÃO GERAL DO DESENHO OU DA APRESENTAÇÃO (CHING, 2011, P.
210).
2. Em uma folha formato A3, desenhe as margens conforme as indicações da norma técnica, ou
seja, com 25 mm no lado esquerdo e 7 mm na margem direita, superior e inferior.
Para fins de aprendizagem, adotaremos um carimbo simplificado, com dimensões totais de
178 mm x 40 mm, que deve ser preenchido com letras e algarismos técnicos. O primeiro ca-
rimbo será utilizado para a terceira atividade de estudo (aula 3), referente à prática dos tipos
e espessuras de linhas. Observe que o carimbo deve ficar encostado nas margens inferior e
lateral direita.
Lembre-se de limpar a prancheta, a régua paralela e os instrumentos de desenho antes de
começar. Siga as dimensões e indicações apresentadas na figura a seguir:

178 margem 7
borda da folha!
NOME:
NOME COMPLETO DO ALUNO
10 10 10

MÓDULO: FOLHA
DESENHO TÉCNICO
40

CONTEÚDO:
TIPOS E ESPESSURAS DE LINHAS
DATA: ESCALA:
21/03/2016 1:100
7 10

borda da folha!
74 74 30
Figura 1 - Dimensões e indicações
Fonte: os autores.

48
atividades de estudo

3. Neste exercício, treinaremos a utilização dos esquadros e do compasso, os tipos e espessuras


distintas das linhas bem como o planejamento da prancha de desenho. Primeiramente, dese-
nhe as margens e o carimbo, conforme instruções da aula 2 – você poderá utilizar a folha da
atividade anterior, em que as margens e o carimbo já estão prontos.
Desenhe as figuras a seguir com o auxílio dos instrumentos de desenho – não faça nenhuma
linha à mão livre. Primeiramente, desenhe o contorno das duas figuras, tomando o cuidado
para centralizá-las na folha, de forma que fiquem alinhadas. A princípio, construa todo o
desenho com a ajuda de linhas auxiliares, com a lapiseira 0.3 mm, pois os erros poderão ser
corrigidos sem marcar a folha. Por último, trace as linhas médias e grossas sobre as linhas
auxiliares. Lembre-se que, quanto maior o contraste entre as linhas, melhor será o entendi-
mento do desenho.
a. Desenhe a figura a seguir utilizando o esquadro de 30° e 60°. Utilize a lapiseira 0.3 mm para
os traços finos; a lapiseira 0.5 mm para os traços medianos; e a lapiseira 0.7 mm para traçar
as linhas grossas. Para desenhar as linhas perpendiculares (90°), utilize o ângulo de 60° ou o
jogo de esquadros.

LINHA FINA

LINHA GROSSA
90º
5
5
7,00

LINHA MÉDIA

LINHA FINA

1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50


10,50

Figura 2 -Tipos e espessuras de linhas


Fonte: os autores.

49
atividades de estudo

b. Desenhe a figura a seguir utilizando o esquadro de 45°. Observe as espessuras das linhas.

1,00
2,00 LINHA FINA

LINHA GROSSA
7,00
2,00

LINHA MÉDIA
2,00

LINHA FINA

2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00


10,50
Figura 3 -Tipos e espessuras de linhas
Fonte: os autores.

4. Desenhe uma linha para cada medida indicada, com o auxílio da régua paralela e do escalí-
metro, com as seguintes escalas:
a. Represente 3,32 metros na escala 1:25.
b. Represente 4,58 metros na escala 1:50.
5. Como parte de um projeto de interiores para uma residência, um profissional precisou deta-
lhar um móvel que seria produzido sob medida para seu cliente. O desenho foi realizado na
escala 1:20 e, portanto, foi representado com 20,75 cm de comprimento no total. Consideran-
do a escala informada, qual é a dimensão real desse móvel?
a. 1,04 metros.
b. 4,15 metros.
c. 2,75 metros.
d. 10,37 metros.
6. Esta atividade tem como objetivo resumirmos todo o conteúdo dado ao longo desta unidade,
incluindo a prática da cotagem de projetos. Sendo assim, desenhe os dois objetos que seguem
nas escalas indicadas e indique as cotas parciais e totais de todos eles. Logo abaixo de cada
desenho, indique a escala utilizada bem como a escala gráfica. Lembre-se de planejar os de-
senhos na prancha, tomando o cuidado para alinhá-los e centralizá-los na folha. O carimbo e
as margens são sempre necessários, especialmente para o arquivamento e a identificação das
atividades propostas.

50
atividades de estudo

a. Desenhe o objeto a seguir na escala 1:50:

5,70
1,90 1,90 1,90

1,75
1,75
5,25
1,75

Figura 4 -Escalas e cotas


Fonte: os autores.

b. Desenhe o objeto a seguir na escala 1:200:

2,45
2,45

5,00
R=5

12,45
00,
10,00

5,00
5,00

2,45 10,00 2,45 10,00 2,45


27,35
Figura 5 -Escalas e cotas
Fonte: os autores.

51
DESENHO TÉCNICO

Desenho Arquitetônico
Gildo A. Montenegro
Editora: Blucher
Sinopse: o livro trata, de maneira bastante didática, a respeito
do desenho técnico manual, trazendo orientações a respeito dos
instrumentos a serem utilizados, traços distintos, escalas e cotas
– conteúdo abordado nesta unidade –além de ensinamentos re-
ferentes às peças gráficas do projeto arquitetônico: planta baixa,
implantação e cobertura, cortes e fachadas.

52
referências

ABNT. NBR 10068. Folha de desenho: leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
ABNT. NBR 6492. Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
BORTOLUCCI, M. A. P. C. S. et al. Desenho: Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP,
2005.
BORTOLUCCI, M. A. P. C. S.; PORTO, M. V. Material e Instrumentos. In: BORTOLUCCI, M.
A. P. C. S. et al. Desenho: Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP, 2005.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.
PORTO, M. V. Reflexões sobre o desenhar. In: BORTOLUCCI, M. A. P. C. S. et al. Desenho:
Teoria & Prática. São Carlos: SAP/EESC-USP, 2005.
TAMASHIRO, H. A. Entendimento técnico-construtivo e desenho arquitetônico: uma
possibilidade de inovação didática. 2010.Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)
– Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.
VIZIOLI, S. H. T.; MARCELO, V. C. C. et al. Desenho Arquitetônico Básico. São Paulo: Pini,
2009.
YEE, R. Desenho Arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. Rio de Janei-
ro: LTC, 2014.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.oprojetista.com.br/produto/201_gabarito-circulos-D-1.html>. Aces-
so em: 18 jul. 2016.
2
Em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/o-que-e>. Acesso em: 11 abr.
2016.
2016.

53
gabarito

1.
• Fixe a folha na prancheta seguindo as orientações dadas na aula 1.
• Trace a primeira linha auxiliar com a ajuda da régua paralela.
• Marque a altura das letras com o auxílio do escalímetro e trace a linha auxiliar superior
(utilize a escala 1:100).
• Tome cuidado para que as letras não fiquem inclinadas. Caso precise de ajuda, utilize o
esquadro para traçar as retas verticais.
2.
a. Após realizar a limpeza da superfície de trabalho e dos instrumentos e fixar a folha na pran-
cheta, marque o tamanho das margens com o auxílio do escalímetro, utilizando a escala
1:100.
b. Com a lapiseira mais fina (0.3 mm), trace as margens inferior e superior com o auxílio da
régua paralela e as margens esquerda e direita utilizando o esquadro, apoiado na régua
paralela.
c. Marque as dimensões do carimbo com o auxílio do escalímetro e trace todas as linhas do
carimbo, a princípio, com a lapiseira mais fina.
d. Ainda com a lapiseira mais fina, trace linhas auxiliares para guiá-lo na escrita técnica (lem-
bre-se que o texto nunca poderá encostar nas margens ou linhas do carimbo).
e. Escreva os textos menores – com altura de 3 mm – utilizando a lapiseira mais fina e os tex-
tos maiores com a lapiseira 0.5 mm, procurando fazer com que todas as letras e todos os-
números tenham o mesmo tamanho e proporções (observe no carimbo apresentado como
exemplo que os textos estão todos alinhados!).
f. É preferível que as linhas médias e grossas, referentes ao contorno do carimbo e margens,
respectivamente, sejam passadas somente após a elaboração da atividade de estudo 3, a fim
de manter a folha mais limpa.
3. Primeiramente, desenhe somente o contorno dos dois desenhos na folha com uma lapiseira
fina, com linhas auxiliares, procurando centralizá-los.

a b

Legenda

54
gabarito

a. No primeiro exercício, comece traçando com o esquadro de 30°. A princípio, trace todas
as linhas com lapiseira fina (0.3 mm), tomando cuidado para que a linha tracejada tenha
traços com tamanho e espessura uniformes. Lembre-se: o esquadro deve estar apoiado na
régua paralela.

Ponto de partida,
com esquadro
de 30º!

Após terminar o primeiro passo, desenhe as linhas perpendiculares com o jogo de esquadros,
conforme orientações na aula 1. Para finalizar, trace as linhas médias e grossas.

Utilize o jogo de 90º


esquadros para
traçar as retas
perpendiculares!

55
gabarito

No segundo exercício, comece pelas linhas verticais, sempre com a lapiseira fina (0.3 mm).

Em seguida, trace as linhas inclinadas com o esquadro de 45°, tomando o cuidado com os
encontros das linhas. Trace as linhas grossas somente ao finalizar o desenho.

56
gabarito

4.
a. 3,32 metros na escala 1:25.

b. 4,58 metros na escala 1:50.

5. b) A dimensão real desse móvel é de 4,15 metros. Na escala 1:20, cada centímetro do desenho equivale
a 20 cm do objeto real. Logo, se o desenho possui 20,75 cm, o objeto terá 415 cm ou 4,15 metros (o
objeto será 20 vezes maior do que o desenho).
6. Assim como no exercício 3, comece com o planejamento dos desenhos na folha, procurando centrali-
zá-los. Lembre-se de prever espaço para as cotas, a escala gráfica e o título do desenho!
Sugerimos que você desenhe os objetos, primeiramente, em um rascunho, a fim de identificar suas
dimensões finais na escala correta. Desenhe, então, na folha definitiva, com a lapiseira fina (0.3 mm),
tomando cuidado com a leitura do escalímetro.

57
PROJEÇÃO ORTOGONAL E
PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

Professora Sandra G. Marques

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Breve histórico da Geometria Descritiva
• Definição e tipos de projeção
• Projeção Ortogonal
• Vistas Ortogonais
• Definição e tipos de perspectiva
• Perspectiva isométrica

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as origens e os objetivos da representação
gráfica em Desenho Técnico.
• Definir projeção e perspectiva.
• Conhecer os diferentes tipos de projeções.
• Definir Projeção Ortogonal e sua importância para
entendermos um projeto.
• Conhecer os tipos de Planos e Vistas Ortogonais e quando
aplicá-los.
• Conhecer a perspectiva isométrica e seus métodos de
construção.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade do nosso


livro de Desenho Técnico.
A finalidade do Desenho Técnico é facilitar a comunicação entre
o projetista e o executor. Descreve os sistemas formais para represen-
tar objetos e espaços tridimencionais, que constituem a linguagem do
desenho no projeto.
Nesta unidade, compreenderemos os métodos mais utilizados na re-
presentação de objetos tridimensionais em planos bidimensionais. Co-
nheceremos os diferentes tipos de projeções e de perspectivas, enfocando,
especialmente, a Projeção Ortogonal e a Perspectiva Isométrica, métodos
consagrados e mais utilizados.
Começaremos com um breve histórico da representação gráfica. Vere-
mos como a Revolução Industrial trouxe o conceito da padronização dos
processos produtivos e dos produtos, tornando necessária a definição de
uma linguagem projetual igualmente padronizada. Lacuna que foi ocupada
pelo matemático francês Gaspard Monge, criador da geometria descritiva.
Dentro do estudo da Projeção Ortogonal, veremos sua definição e seus
elementos. Conheceremos o método, que se baseia na projeção das diversas
faces de um objeto sobre planos perpendiculares. Veremos, também, os ti-
pos de planos de projeção e de vistas ortogonais.
Definiremos, ainda, a perspectiva isométrica e seus métodos de cons-
trução. Ela é um dos métodos de perspectiva mais utilizados devido ao seu
traçado simples e por seu resultado ser o mais parecido com a percepção
do olho humano.
Hoje, em tempos de softwares que representam objetos, ambientes e
até cidades em 3D, não damos tanta importância às representações gráficas
feitas à mão, já que elas já vêm embutidas, calculadas e representadas au-
tomaticamente. No entanto, para a criação desses programas que facilitam
tanto nossa vida, foi preciso um início de muito estudo e experimentação.
Vamos ao trabalho? Desejo que o estudo desta unidade seja instigante
e muito proveitoso.
DESENHO TÉCNICO

Ilustração: Marcio Francisco Lopes - 2016

Breve Histórico da
Geometria Descritiva
No início do século XVII, com o advento da Revolu- O responsável por suprir esta demanda foi o
ção Industrial, a produção deixou de ser artesanal e matemático francês Gaspard Monge (1746-1818).
passou a ser padronizada em grandes quantidades, o Monge partiu das técnicas de representação gráfica
trabalho manual deu lugar às máquinas. Esta trans- usadas pelos egípcios, que representavam apenas a
formação dos meios de produção trouxe a necessida- planta, a elevação e o perfil. O método de Monge
de de uma representação gráfica definida e precisa, utiliza dois planos de projeção perpendiculares en-
que proporcionasse a padronização dos produtos, tre si (plano horizontal e plano vertical) e ilimitados,
além de uma forma universal de interpretação dos nos quais são feitas as projeções das figuras que se
projetos (MARQUES; CHISTÉ, 2015). quer representar em duas dimensões.

62
DESIGN

Monge criou, assim, a Geometria Descritiva, que é


a base matemática do desenho técnico. Na definição
do seu próprio criador, a Geometria Descritiva é a
parte da Matemática que tem por fim representar,
sobre um plano, as figuras do espaço, de modo a po-
der resolver, com o auxílio da Geometria Plana, os
problemas em que se consideram as três dimensões.
A Geometria Descritiva permite a construção de
vistas, que mostram as diferentes faces do objeto a
ser representado, em verdadeira grandeza, ou seja,
em suas medidas originais, sem distorções (BARI-
SON, 2016,on-line)1.
Figura 1 - Gaspard Monge, matemático francês
Fonte: Wikimedia (2008, on-line)2.

SAIBA MAIS REFLITA

Com destacada atuação política, Edgard Em tempos de softwares que represen-


Monge foi ministro e amigo pessoal de Na- tam, automaticamente, objetos e am-
poleão Bonaparte. Seu interesse no desen- bientes, não damos tanta importância às
volvimento da Geometria Descritiva teve representações gráficas, mas seu desen-
origem em seu desejo de tornar a França volvimento demandou muito estudo e
independente da indústria estrangeira. experimentação.

Fonte: adaptado de Barison (2016,on-line)1.

63
DESENHO TÉCNICO

Definição e Tipos
de Projeção
Projetar significa representar um objeto, graficamen-
te, em um plano. A projeção é formada pelos pontos TIPOS DE PROJEÇÃO
de interseção dos raios projetantes, que tangenciam
o objeto a se representar com uma superfície plana, De acordo com a posição do centro projetivo em
chamada plano projetivo (RABELLO, 2005). relação ao plano de projeção, as projeções se classi-
ficam em:
ELEMENTOS DA PROJEÇÃO • Cônicas – Quando o centro projetivo está a
uma distância finita do plano de projeção e os
raios projetantes são divergentes (Figura 2).

+
(P) • Cilíndricas – Quando o centro projetivo está
a uma distância infinita do plano de projeção
e os raios projetantes são paralelos (Figura 3).

(A) (C)
(B)

A C

(α) B

P: centro de projeção
Retas PA, PB e PC: raios projetantes Figura 3 - Exemplo de projeção cônica

Triângulo (A), (B), (C): objeto Fonte: os autores1.

Triângulo A, B, C: projeção do objeto


: plano de projeção
Figura 2 - Elementos da projeção
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 21). 1
Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).

64
DESIGN

Figura 4 - Exemplo de projeção cilíndrica


Fonte: os autores1.

Nas projeções cilíndricas, os raios projetantes são


paralelos entre si e, por isso, são também chamadas
de projeções paralelas. As projeções cilíndricas, ou
paralelas, se dividem em Oblíquas e Ortogonais.
(A) (C)

(B)
(A)
(C)
(B)

o A
A C
C
(α) B
(α) B

Figura 5 - Exemplo de projeção cilíndrica oblíqua Figura 6 - Exemplo de projeção cilíndrica ortogonal
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 22). Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 22).

1
Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).

65
DESENHO TÉCNICO

Projeção
Ortogonal
Segundo definição do vocabulário de termos relativos mensional projetando linhas perpendiculares ao
aos métodos de projeção da Associação Brasileira de plano do desenho. Para construirmos uma Projeção
Normas Técnicas (ABNT – NBR ISO 10209-2, 2005), Ortogonal, desenhamos linhas de projeções para-
Projeção Ortogonal é a projeção paralela na qual todas lelas a partir de vários pontos do objeto de modo
a projetantes interceptam o plano de projeção em ângu- que elas incidam, perpendicularmente, ao plano do
lo reto (ABNT, 2005). É a representação de um objeto desenho. A seguir, conectamos os pontos projetados
em vistas distintas, mantidas as dimensões, de forma na ordem adequada e, para obter vista do objeto ou
que o conjunto da vistas descreve o objeto no todo. da edificação no plano do desenho, referimo-nos à
Segundo Ching (2011, p. 38), a Projeção Orto- imagem resultante no plano do desenho como Vista
gonal representa uma forma ou construção tridi- Ortogonal (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 136).

66
DESIGN

2º DIEDRO 1º DIEDRO
(π’’)
A’ (A)

(π’)
(π’)

A
L (π)

(π)
3º DIEDRO 4º DIEDRO
Figura 7 - Ilustração para Projeção Ortogonal
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 35).

π = plano horizontal
π’= plano vertical
Com uma Vista Ortogonal, apenas, não é possível LT= Linha de Terra
descrever o objeto de forma tridimensional, por (A)= ponto no espaço a ser projetado
isso, faz-se necessário o emprego de um sistema de A= projeção horizontal do ponto (A)
A’= projeção vertical do ponto (A)
dois planos de projeção perpendiculares entre si, um
Figura 8 - Ilustração de diedros
na posição horizontal e, outro, na vertical. Método
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 23).
criado por Gaspard Monge, como vimos no início
desta unidade.
A intersecção entre o plano horizontal e o pla- No desenho técnico, utilizam-se apenas o 1º e o 3º
no vertical forma uma reta chamada Linha de Ter- diedros. O 1º diedro é também chamado de siste-
ra. Os planos ortogonais formam no espaço quatro ma europeu. O 3º diedro é conhecido como sistema
porções iguais, denominadas diedros. americano. No Brasil, adota-se o 1º diedro.

67
DESENHO TÉCNICO

ÉPURA PLANO DE PERFIL

Para que os dois planos de projeção sejam represen- Para definir, mais precisamente, a localização de um
tados em uma superfície plana, faz-se o rebatimento ponto no espaço, emprega-se um terceiro plano per-
de um plano sobre o outro, girando-o 90º sobre a Li- pendicular aos outros dois, o plano de perfil. Assim,
nha de Terra. A este processo de rebatimento dá-se o ponto será definido por três coordenadas (x, y, z)
o nome de Épura. que correspondem a: abscissa, afastamento e cota.
• Abscissa (x) = é a distância entre o ponto no
espaço e sua projeção no plano de perfil.
• Afastamento (y) = é a distância entre o ponto
no espaço e sua projeção no plano vertical.
• Cota (z) = é a distância entre o ponto no es-
paço e sua projeção no plano horizontal.

π'
A' (A) A'
T T
π
A
L
L REBATIMENTO
A
DIEDROS DE DO PLANO
PROJEÇÃO DE PROJEÇÃO

A' A'

L T

PLANOS A A
REBATIDOS ÉPURA
Figura 9 - Exemplos de Épura
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 24).

68
DESIGN

Vistas Ortogonais
No desenho técnico, as representações gráficas obti- VISTAS COMPLEMENTARES
das por meio da Projeção Ortogonal do objeto nos
planos de projeção corresponderão às três Vistas O número de Vistas Ortogonais necessárias para
Ortográficas principais (MICELI; FERREIRA, 2010, descrever a forma tridimensional de um objeto de-
p. 39): penderá de sua complexidade. Um recurso que pode
• Vista frontal: a projeção do objeto no plano ser aplicado na representação de um objeto muito
vertical. complexo é aumentar para seis o número de vistas.
• Vista superior: a projeção do objeto no plano Assim, são considerados dois planos em cada posi-
horizontal. ção (MICELI; FERREIRA, 2010, p. 41):
• Vista lateral esquerda: a projeção do objeto • Horizontal – Abaixo e acima do sólido.
no plano de perfil.
• Vertical – Atrás e à frente do sólido.
Na Arquitetura, segundo Ching e Juroszek (2012), • De perfil – À direita e à esquerda do sólido.
as Vistas Ortogonais principais recebem os nomes
de planta, elevação e corte. ESCOLHA DAS VISTAS
• Planta: corresponde à vista superior do obje-
to, ou seja, sua projeção no plano horizontal. A definição de quantas e quais vistas usar na repre-
• Elevação: corresponde à vista frontal do ob- sentação de um objeto deve seguir alguns critérios:
jeto, ou seja, sua projeção no plano vertical. • A vista frontal deve conter a face mais impor-
• Corte: corresponde à vista lateral do objeto, tante do objeto, a que tenha mais detalhes,
ou seja, sua projeção no plano de perfil. preferencialmente, a do comprimento.
• Limitar o quanto possível o número de vistas.
• Evitar vistas com repetição de detalhes (MI-
CELI; FERREIRA, 2010, p. 41).

INFERIOR SUPERIOR

LATERAL LATERAL LATERAL LATERAL


FRONTAL ESQUERDA POSTERIOR POSTERIOR
ESQUERDA FRONTAL DIREITA
DIREITA

SUPERIOR INFERIOR

Seis vistas no 1º diedro Seis vistas no 3º diedro


Figura 11 - Exemplo de vistas complementares
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 41).

69
DESENHO TÉCNICO

Definição e Tipos
de Perspectiva

70
DESIGN

A palavra perspectiva vem do latim perspicere e sig- PERSPECTIVA AXONOMÉTRICA


nifica “ver através de”. A perspectiva representa os OU AXONOMETRIA
objetos como eles aparecem a nossa vista, com três
dimensões. É a representação gráfica de um objeto A axonometria é um tipo de projeção cilíndrica
de modo que suas três faces principais sejam visíveis que usa, como referência, um sistema ortogonal de
em um único plano. três eixos que formam um triedro. O termo axo-
A perspectiva é resultado de uma projeção, sen- nometria vem do grego axon (eixo) e metron (me-
do assim, o centro de projeção é o olho do observa- dida).
dor; as projetantes correspondem aos raios visuais
e a projeção no plano é a perspectiva do desenho A perspectiva axonométrica pode ser:
(MICELI; FERREIRA, 2010, p. 60). • Isométrica.
De acordo com forma com que se projetam so- • Dimétrica.
bre o plano, as perspectivas se dividem em: • Trimétrica.
• Perspectiva cônica ou exata – Resulta da pro-
jeção cônica. Observação:
• Perspectiva cavaleira ou militar – Resulta da As perspectivas mais utilizadas na represen-
projeção cilíndrica oblíqua. tação de desenho técnico são a isométrica e a ca-
• Perspectiva Axonométrica – Resulta da pro- valeira.
jeção cilíndrica ortogonal.

71
DESENHO TÉCNICO

Perspectiva
Isométrica
Na perspectiva isométrica, o objeto é representado de A posição no papel do eixo OZ é vertical (eixo
tal maneira que permite demonstrar três de suas faces, das alturas) e os eixos OX (eixo dos comprimen-
geralmente, a frontal, a lateral esquerda e a superior. tos) e OY (eixo das larguras) formam ângulo de
As faces são montadas sobre três eixos, perpendicula- 30° com a reta horizontal (MICELI; FERREIRA,
res entre si, que servem de suporte para as três dimen- 2010, p. 62).
sões (altura, largura e comprimento) e são colocados, A perspectiva isométrica é a mais utilizada
obliquamente, em relação ao plano de projeção. por ser simples e de fácil compreensão. Outra
Os três eixos, chamados eixos isométricos, têm vantagem é que ela deforma menos o objeto, por
origem no mesmo ponto e são igualmente inclinados representá-lo em proporções iguais às suas re-
em relação ao plano de projeção, formando, entre si, ais dimensões. Por isso, vem o termo isométrica
ângulos de 120°. (mesma medida).

Z
12

12

30° 30°

120° X Y
Figura 12 - Eixos isométricos Figura 13 - Eixos isométricos em relação ao plano
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 61). Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 62).

72
DESIGN

LINHAS ISOMÉTRICAS LINHAS NÃO ISOMÉTRICAS

As linhas paralelas às semirretas que compõem o As linhas não paralelas aos eixos isométricos são li-
eixo isométrico são chamadas de linhas isométricas. nhas não isométricas.
As retas r e s são paralelas ao eixo y, enquanto as A reta v é um exemplo de reta não isométrica
linhas t e u são paralelas aos eixos z e x, respectiva- por não ser paralela a nenhum dos eixos isomé-
mente, logo, são linhas isométricas. tricos.

r v
X y
X y
t
u
0 0
s

Z Z

Figura 14 - Exemplo de linhas isométricas Figura 15 - Exemplo de linha não isométrica


Fonte: Souza e Machado (s. d.). Fonte: Souza e Machado (s. d.).

73
DESENHO TÉCNICO

TRAÇADO DE LINHAS NÃO CONSTRUÇÃO DA PERSPECTIVA


ISOMÉTRICAS
A construção da perspectiva isométrica de um obje-
Para traçar linhas não isométricas, deve-se conside- to é feita a partir de um sólido envolvente, cujas di-
rar o sólido envolvente (um retângulo ou quadrado mensões totais (altura, comprimento e largura) são
em que o objeto a ser representado esteja circuns- medidas sobre os três eixos. Sobre esse sólido, são
crito) como elemento auxiliar. Marca-se, nas linhas marcados os detalhes do objeto, traçando-se retas
isométricas, os pontos extremos das linhas não iso- paralelas aos três eixos.
métricas, unindo-os posteriormente. A representação em perspectiva isométrica pro-
Segundo Miceli e Ferreira(2010), os ângulos, as- voca uma pequena deformação visual. Nas medi-
sim como as arestas não isométricas, não são repre- das dos objetos, é aplicado um coeficiente de redu-
sentados em verdadeira grandeza em perspectiva; ção que corresponde a 0,816 do comprimento real.
para seu traçado, utilizamos o mesmo recurso das Para facilitar a execução do desenho, abandona-se
arestas não isométricas, ou seja, considerar o sólido o coeficiente de redução, aplicando as medidas em
envolvente como elemento auxiliar. verdadeira grandeza sobre os três eixos. Este pro-
cedimento tem o nome de desenho isométrico e é,
1
3 aproximadamente, 20% maior do que a perspectiva
isométrica (MICELI; FERREIRA, 2010, p. 62).
2

CIRCUNFERÊNCIA EM PERSPECTIVA
ISOMÉTRICA

1 A perspectiva isométrica de uma circunferência é


3
uma elipse. Para traçar a circunferência em pers-
2 pectiva isométrica, deve-se construir um quadrado
isométrico cujos lados tenham a mesma medida do
diâmetro da circunferência a ser perspectivada. Em
seguida, marcam-se os pontos médios dos lados do
quadrado. Eles serão os pontos de tangência da elipse.
1 Os vértices do quadrado isométrico que formam
3
sua diagonal menor serão os centros dos arcos a se-
2 rem traçados entre os pontos médios opostos. Estes
serão os arcos maiores da elipse.
Traçando-se retas entre os centros 1 e 2, determi-
nados no passo anterior, e os pontos médios opostos,
Figura 16 - Traçado de linha não isométrica obtêm-se, nas interseções dessas retas, os centros 3 e
Fonte: Miceli e Ferreira (2010, p. 63). 4 dos arcos menores que completam a elipse.

74
DESIGN

A construção de arcos de circunferência segue o


mesmo processo.

Figura 17 - Circunferência em perspectiva isométrica (primeiro passo)


Figura 19 - Circunferência em perspectiva isométrica (terceiro passo)
Fonte: Granato, Santana e Claudino (s. d.).
Fonte: Granato, Santana e Claudino (s. d.).

SAIBA MAIS

Nas perspectivas, não se consegue uma


1 visualização exata porque a representação
parte de um ponto de vista e é lançado
sobre uma superfície plana, enquanto a
2 imagem real é binocular e obtida na super-
fície curva do olho.

Fonte: adaptado de Góes (s. d.).

Figura 18 - Circunferência em perspectiva isométrica (segundo passo)


Fonte: Granato, Santana e Claudino (s. d.).

75
DESENHO TÉCNICO

PAPEL ISOMÉTRICO REFLITA

Para facilitar o traçado da perspectiva isométrica à


Se você se colocar atrás de uma janela envi-
mão livre, podemos utilizar o papel isométrico ou draçada e, sem se mover do lugar, riscar no
grade isométrica. Ele é composto por três conjun- vidro, o que está “vendo através da janela”
tos de linhas paralelas que representam as três di- terá feito uma perspectiva.
mensões (largura, altura e comprimento), formando (Maria Bernadete Barison)

uma grade de triângulos equiláteros.

Figura 20 - Papel isométrico


Fonte: Souza e Machado (s. d.).

76
DESIGN

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), como vimos nesta unida- todo tem a vantagem de representar, em verdadeira
de dedicada ao estudo da Projeção Ortogonal e da grandeza, todas as faces do objeto projetado.
perspectiva isométrica, a Geometria Descritiva sur- Estudamos, também, a perspectiva isométrica,
giu para atender a uma demanda da indústria em seus elementos e seus métodos de construção. Vi-
transformação no início do século XVII. A Revolu- mos que, em virtude da simplicidade do seu traçado
ção Industrial impôs a padronização dos produtos e por ser a forma de perspectiva em que a represen-
e dos métodos de fabricação, fazendo necessária a tação do objeto mais se assemelha à percepção da
adoção de uma linguagem gráfica padronizada. Pai vista humana, ela é a mais usada das formas de pers-
da Geometria Descritiva, o matemático francês Ed- pectiva.
gard Monge desenvolveu um sistema de planos per- Conhecemos os eixos isométricos, que são a
pendiculares no qual se projetam, ortogonalmente, base do desenho de objetos em perspectiva isomé-
as vistas do objeto a ser representado, a chamada trica. Vimos que os três eixos, em que se represen-
Projeção Ortogonal. tam as três dimensões dos sólidos a serem represen-
Conhecemos, ainda, as definições e os diferentes tados – a altura, a largura e o comprimento – partem
tipos de projeção e de perspectiva, enfocando, em es- de um ponto central em comum, e que forma, entre
pecial, a Projeção Ortogonal e a perspectiva isométrica. si, ângulos de 120º.
Vimos que a Projeção Ortogonal é a base das Apresentado o conteúdo, fica o incentivo para
representações ortográficas e que o desenho orto- que você, aluno(a), desenvolva os conhecimentos
gráfico é definido por linhas de projeção paralelas aqui abordados, experimentando as muitas possibi-
e perpendiculares aos planos de projeção. Este mé- lidades da representação gráfica.

77
LEITURA
COMPLEMENTAR

Harmonia
A harmonia se refere à consonância – a agradável con- Às vezes, queremos combinar um desenho feito à mão e
cordância das partes em um projeto ou uma composi- uma representação digital em uma única imagem com-
ção. Enquanto o equilíbrio atinge a unidade por meio da posta. Para tanto, é preciso ter o cuidado de controlar o
cuidadosa combinação de elementos tantos similares estilo, a variação e o contraste em pesos de linha e tonali-
quanto diferentes, o princípio da harmonia envolve a dades a fim de assegurar uma relação harmoniosa entre
seleção criteriosa de elementos que compartilhem um os desenhos analógicos e digitais.
traço ou uma característica: Ainda que os estilos analógico e digital não devam com-
• Tamanho comum. petir de maneira agressiva, podemos usar um contraste
• Formato comum. sutil no estilo para manter a ênfase no tópico de um de-
• Tonalidade ou cor comum. senho e esmaecer o contexto ou fundo.
• Orientação similar. A digitalização de um desenho à mão por meio de um
• Características similares de detalhes. programa de processamento de imagem nos permite
Talvez o modo mais natural de produzir harmonia em modificar sua cor e gama de tonalidades.
um desenho seja usar um meio ou uma técnica comuns Quanto à digitalização (também chamada de escanea-
em toda a composição. Empregar o princípio da harmo- mento) de um desenho à mão, precisa ser reduzida ou
nia muito rigorosamente pode resultar em composições ampliada.
unificadas, mas pouco interessantes. Os desenhos pre- Contudo os pesos de linha de um desenho a base de ve-
cisam de diversidade, como um antídoto à monotonia. tores podem ser ampliados ou reduzidos com ou sem
Contudo a variedade, quando levada ao extremo, pode mudança de escala simultânea nos pesos de linha.
resultar em caos visual e mensagem fragmentada. É de
uma tensão elaborada e artística entre ordem e desor- Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 356-357).
dem, entre unidade e variedade, que ressalta a harmo-
nia. Estabilidade e unidade se obtêm estimulando cons-
trastes, assim como unindo semelhanças.

78
atividades de estudo

1. De acordo com a posição do centro projetivo em relação ao plano, as projeções se classificam


em:
a. Cilíndrica ou paralela.
b. Cônica ou cilíndrica.
c. Ortogonal ou oblíqua.
d. Cavaleira ou exata.
e. Oblíqua ou exata.

2. Preencha as lacunas (A, B, C, D e E) com os elementos da projeção.

Figura 1 - Lacunas
Fonte: os autores1.

3. Qual a diferença entre desenho isométrico e perspectiva isométrica?

Cedido por Marcio Francisco Lopes (2016).


1

79
atividades de estudo

4. Assinale a alternativa que representa o objeto em perspectiva isométrica.

A B C
Fonte: Souza e Machado (s. d.).

a. Somente o dado A está em perspectiva isométrica.


b. Somente o dado B está em perspectiva isométrica.
c. Somente o dado C está em perspectiva isométrica.
d. Os dados A e B estão em perspectiva isométrica.
e. Nenhum dos dados está em perspectiva isométrica.

5. Conforme as afirmativas a seguirsobre o conteúdo estudado nesta unidade, assinale a alter-


nativa correta:
I. A perspectiva isométrica de uma circunferência é uma elipse.
II. A vista frontal corresponde à projeção do objeto no plano vertical.
III. A construção da perspectiva isométrica de um objeto é feita a partir de um sólido envolvente.
IV. A perspectiva cavaleira ou militar resulta da projeção cilíndrica ortogonal.
V. As linhas paralelas aos eixos isométricos são chamadas de linhas isométricas.
Podemos afirmar que:
a. Somente as alternativas I e II estão corretas.
b. Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
c. Somente as alternativas I, II, IV e V estão corretas.
d. Somente as alternativas I, II, III e V estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

80
DESIGN

Fábricas e Homens - A Revolução Industrial e o


Cotidiano dos Trabalhadores
Edgar De Decca
Editora: Atual
SinopseRetirar negrito a obra faz parte da coleção Histó-
ria Geral em Documentos, que trata de temas importantes
da história universal, utilizando vários tipos de documentos
de época – documentos raros, polêmicos, surpreendentes,
que ilustram, de maneira viva, acontecimentos e períodos
marcantes da história do mundo. Este volume aborda os
seguintes tópicos – as diferenças entre a vida tradicional no
campo e a vida na cidade nos primeiros tempos do capitalis-
mo; o dia a dia nas fábricas; os castigos aplicados em adultos
e crianças; as organizações sindicais e as greves na luta dos trabalhadores; o lazer e as festas
na vida dos operários.
Comentário: como vimos no início da unidade, a Revolução Industrial impulsionou o desen-
volvimento da Geometria Descritiva. Este livro permite a você, aluno(a), compreender mais
a fundo o cotidiano de quem viveu este momento histórico, com enfoque sobre os trabalha-
dores.

81
referências

ABNT. NBR ISO 10209-2:2005. Documentação Técnica de Produto - Vocabulário. Parte 2: Termos Relati-
vos aos Métodos de Projeção. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
____. Técnicas de Construção Ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
GÓES, R. T. Geometria no Ensino. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; Degraf, s. d. Disponível em:
<http://www.degraf.ufpr.br/docentes/anderson/pdf/GeometriaNoEnsino/
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GRANATO, M.; SANTANA, R.; CLAUDINO, R. Perspectiva Isométrica. Goiânia: PUC Goiás, s. d.
MARQUES, J. C.; CHISTÉ, P. S. A Aula de Projeção Ortogonal na Disciplina de Desenho Técnico: um exem-
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Espírito Santo, 2015.
MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho Técnico Básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2001.
RABELLO, P. S. B. Geometria Descritiva Básica. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005.
Disponível em: <http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_rossano/wpcontent/uploads/sites/16/2014/10/GE-
OMETRIA-DESCRITIVA-B%C3%81SICA-Paulo-S%C3%A9rgio-Brunner-Rabello.pdf>. Acesso em: 15 maio 2016.
SOUZA, P. C.; MACHADO, A. V. Perspectiva Isométrica. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, s.
d. Disponível em: <http://desenhobasicouff.weebly.com/uploads/7/1/0/5/7105339/slidesaula.pdf>. Acesso
em: 19 jul. 2016.

Referências On-Line

1
Em: <http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_3t.php>. Acesso em: 19 jul. 2016.
2
Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gaspard_monge_litho_delpech.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2016.

82
gabarito

1. B.
2. Por não empregar o coeficiente de redução, o desenho isométrico é cerca de 20%
maior do que a perspectiva isométrica.
3. A.
4. D.

83
DESENHO TÉCNICO DE MOBILIÁRIO

Professor Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Vistas ortogonais de mobiliário
• Hachuras
• Perspectiva isométrica explodida
• Detalhes

Objetivos de Aprendizagem
• Estabelecer os padrões de detalhamento de móveis a partir
de vistas ortogonais.
• Especificar as diferentes hachuras para representação de
materiais de construção e acabamento.
• Desenvolver detalhamentos tridimensionais com
perspectivas isométricas explodidas.
• Compreender a forma correta de expor características
específicas em outras escalas para melhor leitura de
projeto.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Nesta unidade, falaremos sobre a representação do mobi-


liário que ambientará nossos projetos e compreenderemos a importância
do detalhamento adequado para a produção e execução de móveis.
Como designer de interiores, você poderá atuar na criação e concep-
ção de móveis, produtos e utensílios em geral, para a adequação em am-
bientes internos. Hoje em dia, a personalização de móveis é praticamente
inevitável, por conta da redução dos espaços físicos, tanto em projetos
residenciais como comerciais, as edificações recentes tendem a ser cada
dia menores, obrigando-nos ao aproveitamento de espaço muito bem es-
tudado, com a inserção de móveis multifuncionais, ou seja, que atendam
a várias funções, por exemplo, os armários multiuso para áreas de servi-
ço que, além de armazenarem produtos e utensílios de limpeza, contêm,
ainda, cesto de roupas e tábua de passar. Para que tais produtos possam
ser executados, necessitamos de representações gráficas que reproduzam,
fielmente, cada detalhe de construção e funcionamento destas criações.
Ainda nesta unidade, você aprenderá as diferentes formas de deta-
lhamento de mobiliário, contemplando a produção de vistas ortogonais
que, como vimos na unidade anterior, expõe todas as faces de um ele-
mento, especificando aberturas e volumes, os quais contribuirão na in-
serção do mobiliário em plantas para elaboração de layouts, estudos de
circulação e fluxo nos ambientes. além dessas representações bidimen-
sionais, conceberá perspectivas isométricas explodidas, representando,
tridimensionalmente, cada elemento que compõe a elaboração desses
móveis, como gavetas, portas, puxadores e trilhos.
Todos estes desenhos, juntos, compõem o detalhamento necessário
para compreensão dos profissionais que executarão esses projetos, pois,
geralmente, o processo de fabricação é obtido por meio da mão de obra
de terceiros, como marceneiros, vidraceiros, tapeceiros, entre outros
profissionais que atuam com designers de interiores na ambientação de
espaços.
DESENHO TÉCNICO

Vistas Ortogonais
de Mobiliário

88
DESIGN

Aluno(a), como você viu, as vistas ortogonais são re- Ressalta-se que, para a concepção de mobiliários
presentações gráficas que possibilitam a reprodução e outros detalhes em desenhos técnicos, o ideal é
de elementos tridimensionais em superfícies planas. trabalhar escalas maiores, como 1:25 e 1:20, a fim de
Dessa forma, expondo, no desenho, todas as seis fa- facilitar a compreensão dos detalhes.
ces (frontal, lateral direita, lateral esquerda, poste- Ainda quanto a facilitar a leitura e compre-
rior, superior e inferior) deste elemento. Veja que, ensão dos desenhos, utilizamos, também, a hie-
quando trabalhamos com a criação de mobiliários, rarquia de linhas, anteriormente apresentada na
este procedimento é indispensável para a leitura e in- Unidade 2, para definirmos as distâncias referen-
terpretação do projeto, uma vez que, com as vistas, tes ao plano que observamos. Sendo assim, nas
podemos observar as diferentes aberturas, os encai- vistas de mobiliários, comumente, usamos, quan-
xes, componentes e vazios do móvel, auxiliando na do reproduzidos à mão, a lapiseira com espessura
confecção de cada parte que integra a fabricação do de 0,9mm para todos os primeiros planos, como
mesmo, como gavetas, portas, forros, tampos e pés. frentes de gavetas, puxadores e tampos, para os
Representaremos as vistas no 1º diedro como sen- segundos planos, como fechamentos, prateleiras
do a vista frontal, a mais representativa e de referência e nichos, utilizamos a lapiseira com espessura de
a outras cinco, posicionando a lateral direta à esquer- 0,5mm e, para componentes mais distantes, como
da da vista frontal, a lateral esquerda, à direita da vista pés e prateleiras internas, a lapiseira com espes-
frontal, a posterior, à direita da lateral esquerda, a su- sura de 0,3mm, além de linhas de projeção, como
perior, abaixo da frontal, e a inferior, acima da frontal. ilustrado na figura a seguir.

Figura 1 - Vistas ortogonais e hierarquia de linhas - Criado -mudo


Fonte: os autores.

89
DESENHO TÉCNICO

SAIBA MAIS Para desenhar as vistas ortogonais de um mobiliário,


você utilizará os mesmos princípios vistos na unida-
de anterior, o primeiro passo, após ter desenhado as
Móveis sob medida
margens e o carimbo, é descobrir o centro da folha
Personalização: quem não encontrou o para a reprodução do conteúdo de forma organizada
móvel com a cara que queria nas lojas de
mobiliário pronto pode ter na marcenaria
e, para isso, você poderá medir com o escalímetro
uma grande aliada. Junto com a empresa, o em escala natural e encontrar o centro da folha, ou
interessado pode desenhar qualquer mobi- ligando os vértices da margem opostos em diagonal,
liário imaginado.
como na Figura 2.
Ajuste ao ambiente: os móveis de marce- Assim, o ponto no qual se intersecionam as li-
naria são indicados também para tornar o
nhas diagonais é o centro da folha. Tendo encontra-
mobiliário bem ajustado às dimensões da
residência. Isso porque são feitos nas medi- do o centro, a primeira vista a ser desenhada deve
das dos ambientes que irão ocupar. Com os ser a frontal, pois é a de mais relevância e que re-
móveis prontos, esse ajuste perfeito nem
ferenciará as outras cinco. Ela deve ser inserida na
sempre é possível.
prancha centralizada referente às margens horizon-
Uniformidade: para quem procura unifor-
tais e 1 a 2 cm à esquerda do centro da folha refe-
midade de traços, estilos e cores no mobi-
liário de todo o ambiente ou residência, a rente às margens verticais, como mostra a Figura 3.
solução é projetá-lo com um marceneiro. Após a inserção da vista frontal, respeitamos 3
Com móveis prontos, essa combinação
cm para direita e reproduzimos a vista lateral es-
exige muitas procura e tempo.
querda, o mesmo acontece para a vista lateral direi-
Fontes: Loyola, Negri e Porfirio (2009, on-line).1
ta, que será reproduzida 3 cm à esquerda da vista
frontal, as principais linhas horizontais dessas vistas
devem ser extraídas das alturas referenciadas na vis-
ta frontal, com auxílio da régua paralela, como ex-
posto a seguir.

90
DESIGN

Figura 2 - Exemplo de centralização em prancha


Fonte: os autores.

Figura 3 - Primeiro passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

91
DESENHO TÉCNICO

Ao lado direito da vista lateral esquerda, respeita-se SAIBA MAIS


o mesmo espaço de 3 cm da extremidade da vista la-
teral esquerda para, ao desenvolver a vista posterior, Móveis prontos
novamente, se utiliza a régua paralela para referen-
Redução de custo: por serem feitos em
ciar as alturas da vista frontal. série, os móveis prontos têm, via de regra,
A vista inferior deve ser reproduzida acima da preços mais baixos que os sob medida.
vista frontal, respeitando um espaço de 4 cm da ex- Para orçamentos apertados, são a solução
mais econômica.
tremidade superior da vista frontal para a base da
vista inferior, o mesmo se repetirá para a vista su- Mudanças constantes: como os móveis de
marcenaria são feitos nas medidas de uma
perior, que deve ser desenhada 4 cm abaixo da ex- determinada residência (ou ambiente),
tremidade inferior da vista frontal. As larguras do famílias que costumam mudar de endereço
móvel devem ser referentes às apresentadas na vista constantemente devem optar pelos móveis
em série. Eles têm dimensões mais ajustá-
frontal, para isso, utiliza-se o ângulo reto do esqua- veis à maioria das residências brasileiras.
dro apoiado na régua paralela, como na Figura 6.
Fontes: Loyola, Negri e Porfirio (2009, on-line)1.
Tendo desenhado todas as seis vistas, concluí-
mos a prancha com cotas, linhas de chamada e le-
gendas pertinentes à compreensão do conteúdo,
estes elementos serão reproduzidos nos espaços dei-
xados entre as vistas.
Conclui-se, assim, uma representação gráfica
capaz de retratar cada face de um móvel e suas es-
pecificidades. Esta é uma das ferramentas de comu-
nicação com terceiros que farão parte da execução
desse projeto (visualize o passo a passo nas páginas
seguintes).

92
DESIGN

Figura 4 - Segundo passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

Figura 5 - Terceiro passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

93
DESENHO TÉCNICO

Figura 6 - Quarto passo: desenho de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

Figura 7 - Conclusão do passo a passo de vistas ortogonais


Fonte: os autores.

94
DESIGN

Hachuras

95
DESENHO TÉCNICO

Figura 8 - Padrões de hachuras


Fonte: os autores.

96
DESIGN

Caro(a) aluno(a), ainda falando de ferramentas que sucessões de linhas e pontos que formam um padrão,
possibilitem mais compreensão dos projetos e repre- propiciando, assim, a leitura visual como unidade. Para
sentações gráficas, temos a necessidade de reprodu- alguns materiais, existe um senso comum para repro-
zir, de forma simples e bidimensional, os materiais dução desses padrões, observe na Figura 8 uma repre-
que compõem cada peça e elemento de um projeto. sentação gráfica adequada para cada tipo de material.
Para isso, utilizamos as hachuras. Para os materiais que não possuem padrões es-
Hachura é conjunto de traços que cobre o papel tabelecidos, desenvolve-se um novo padrão e refe-
destinado a certos trabalhos de artes gráficas (HO- rencia-se por meio de legendas na apresentação do
LANDA, 1996). projeto, possibilitando, assim, infinitas representa-
Dessa forma, as hachuras são formas de represen- ções e mais clareza para a exposição do desenho,
tação gráfica de texturas e materiais, compostas por como exemplificado na Figura 9.

MÁRMORE
CARRARA

OSB
NAVAL

LACA
VISTA FRONTAL BANCADA BRANCA
ESCALA: 1:20

Figura 9 - Exemplo de aplicação e desenvolvimento de hachuras


Fonte: os autores.

97
DESENHO TÉCNICO

Perspectiva
Isométrica Explodida
Até o presente momento, trabalhamos representações técnicos, pois não possuem volume ou relevos. Para
gráficas técnicas para o detalhamento do mobiliário auxiliar na compreensão dos projetos por estes indiví-
bidimensionais, ou seja, que possuem apenas dois duos, que podem ser clientes ou, até mesmo, profissio-
eixos de dimensionamento: a altura e largura. Estas nais que executam tais criações, utilizamos represen-
representações tendem a dificultar a compreensão de tações tridimensionais, as quais possuem, então, três
indivíduos que nunca tiveram contato com desenhos eixos de dimensão: altura, largura e profundidade.

98
DESIGN

Como realizado anteriormente, na segunda uni- Para esse tipo de representação, inicia-se o de-
dade, para a perspectiva isométrica, trabalhamos os senho com os elementos que compõem as faces
eixos de largura e de profundidade com ângulo de das vistas frontais e a lateral esquerda do objeto,
30º, eles são oblíquos ao eixo vertical da altura com desenha-se todas as espessuras e detalhes de cada
ângulo de 90º, dessa forma, gerando equidistância de um dos componentes. O posicionamento de cada
120º para cada eixo, como expõe a figura que segue. elemento variará de acordo com as dimensões do
A representação explodida de um móvel é capaz objeto, de forma que todas as partes possam ser
de expor todos os elementos de construção deste contempladas, respeitando, então, espaços livres
produto, como encaixes e peças embutidas, facili- para auxiliar na compreensão de todos os ele-
tando, assim, a compreensão do processo de fabrica- mentos que fazem parte da construção do móvel.
ção e funcionamento do móvel.
12

12

30° 30°

Figura 10 - Esquema de ângulos emperspectiva isomé- Figura 11 - Primeiro passo: desenvolvimento de perspectiva explodida
trica Fonte: os autores.

99
DESENHO TÉCNICO

Os próximos elementos a serem desenhados são os Para finalizar, insere-se os componentes que fazem
das faces lateral direita e os da posterior; deve-se parte da face da vista superior, acima dos elementos
desenhar propiciando uma leitura da esquerda para já desenhados, e os da face da vista inferior, abaixo
direita, sendo, então, a vista posterior a última na de todo o conjunto, dessa forma, temos todas as par-
extremidade direita do desenho. tes que compõem a construção de um produto.

Figura 12 - Segundo passo: desenvolvimento de perspectiva explodida Figura 13 - Terceiro passo e conclusão do desenvolvimento de perspec-
Fonte: os autores. tiva explodida
Fonte: os autores.

REFLITA

Se o trabalho do profissional de design de interiores é referenciado, popularmente, pela precisão e


riqueza de detalhes, de qual maneira poderemos representar nossas criações se sempre desenvol-
vermos desenhos em escalas reduzidas?

100
DESIGN

Detalhes
Muitas vezes, a escala escolhida para projeto ou componente de sua cons-
o desenvolvimento do desenho de trução – em escala maior, possibilitan-
um projeto se adequa ao tamanho do a contemplação de partes menores e
das pranchas, fazendo com que tra- maiores detalhes, como espessuras dos
balhemos com escalas mais reduzidas materiais, elementos de fixação, cavi-
e impossibilitando um detalhamento lhas e parafusos, permitindo a cotagem
aprofundado. Para estas situações, é e especificação dos materiais por meio
indicado o recurso do detalhe – é cha- de linhas de chamada ou hachuras,
mado detalhe a exposição de parte do como ilustra a imagem que segue.

DETALHE
ESCALA: 1:10

VISTA LATERAL ESQ.


ESCALA: 1:10

Figura 14 - Exemplo de vista com detalhe de componente


Fonte: os autores.

101
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, aprendemos to- os leigos, assim como na leitura e interpretação de
dos os processos que compõem o detalhamento de desenhos técnicos, por possuírem a tridimensiona-
mobiliário, desenvolvemos, passo a passo, representa- lidade, ou seja, largura altura e profundidade. Rea-
ções gráficas bidimensionais, como as projeções orto- lizamos, assim, a perspectiva isométrica explodida
gonais, que servem para expor cada uma das faces de que enfatiza todos os componentes e partes de um
um móvel, permitindo, além da leitura e do desenvol- móvel, permitindo a contemplação de elementos de
vimento da peça por outros profissionais, como mar- fundamental importância para execução e monta-
ceneiros e metalúrgicos, a inserção desses mobiliários gem de um móvel, como trilhos de gavetas, parafu-
em plantas baixas, cortes e elevações. sos, dobradiças e puxadores que, muitas vezes, não
Estabelecemos padrões para representação de são referenciados em outras vistas ou perspectivas.
materiais por meio das hachuras, auxiliando a inter- Descobrimos a possibilidade da inserção do detalhe,
pretação dos desenhos e propiciando uma prospec- artifício para destacar e expor mais detalhes de um
ção do resultado final do produto executado, pois a móvel em escalas maiores às utilizadas no restante
representação de materiais nos desenhos técnicos os do conteúdo do projeto.
tornam mais próximos da realidade física e palpá- Concluímos, dessa forma, todas as possibilida-
vel. Ainda nesse contexto de aproximação do pro- des de detalhamento pertinentes para o desenvolvi-
duto real, desenvolvemos representações técnicas mento e a execução de projetos de móveis e produtos
tridimensionais, que facilitam na execução ou, até em geral, compreendendo a necessidade para que
mesmo, na exposição dos projetos para indivídu- projetos e ideias saiam do papel de forma exequível.

102
LEITURA
COMPLEMENTAR

Aluno(a), leia o texto a seguir, que aponta as vantagens no Outra vantagem é que, na fase do projeto, podemos visu-
desenvolvimento de móveis planejados e exclusivos. Boa alizar como ficará cada ambiente e, com isso, fazer altera-
leitura! ção, caso seja necessária, evitando atrasos na entrega e
Por que optar por Móveis Planejados? tendo o resultado final fiel ao seu pedido.
Frequentemente, ouvimos falar que é mais vantajoso finan- Qualidade e Durabilidade
ceiramente comprar móveis prontos que mandar fazer mó- Esse ponto é muito importante. A qualidade do material uti-
veis planejados. Essa afirmativa nem sempre é verdadeira lizado na confecção dos Móveis Planejados normalmente
e abaixo listamos ótimos motivos para que você tenha sua é muito superior aos móveis prontos. A matéria-prima utili-
casa decorada com móveis planejados. zada é de qualidade, sendo usado MDF, MDP, painéis de
Custo-benefício pibra e madeira, entre outros. Dessa forma, seu móvel terá
Nem sempre um projeto sob medida é mais caro que um uma durabilidade muito maior que um móvel pronto.
móvel pronto. Quanto maior for o seu projeto, maior será o Aproveitamento do espaço
seu desconto. Muitas vezes, é bem mais econômico padro- Outra grande vantagem. Como fazemos todo o projeto an-
nizar a mobília da sua casa. Uma encomenda de móveis tes, conseguimos adequar o móvel ao espaço existente,
para a cozinha, armários de quartos, estantes e outros mó- tendo, assim, um total aproveitamento do espaço. Isso é
veis pode lhe render ótimos descontos, além padronizar a muito útil, por exemplo, em apartamentos ou casas peque-
harmonizar a decoração dos ambientes. Além disso, o pa- nos, em que cada espaço tem que ser muito bem aprovei-
gamento pode ser facilitado, pois parcelamos sua compra. tado.
Personalização Outro ponto importante é a continuidade do projeto. Ao
Outra grande vantagem é a personalização dos seus mó- optar por móveis sob medida, você pode prever etapas
veis. Móveis planejados são adequados ao gosto do clien- posteriores ao projeto original, seguindo uma mesma linha
te, no qual pode ser escolhidas cores, materiais, desenhos e atendendo a novas necessidades que vão surgindo ao
e formas. Sua casa terá a decoração toda moldada ao seu longo do tempo.
gosto e estilo. Fonte: Meu Móvel Planejado (2016,on-line)2.

103
atividades de estudo

1. Como orientado quanto ao desenvolvimento de detalhamento de mobiliário nesta unidade, de-


senvolva, a partir da perspectiva isométrica apresentada a seguir, as seis vistas ortogonais em
escala 1:20, em folha de papel A3.

CÔMODA
ESCALA: 1:20
Figura 1 - Cômoda
Fonte: os autores.

2. Analise a perspectiva isométrica do bloco a seguir e relacione as afirmações quanto às vistas


ortogonais:

Figura 2 - Bloco
Fonte: os autores.

104
atividades de estudo

I – Vista frontal IV – Vista lateral direita

II – Vista lateral esquerda


V – Vista superior

III – Vista posterior


VI – Vista inferior

Figura 3 - Vistas ortogonais


Fonte: os autores.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I, II e V estão corretas.
b. Apenas II, III e VI estão corretas.
c. Apenas I, IV e V estão corretas.
d. Apenas I, IV e VI estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

105
atividades de estudo

3. Analisando as vistas frontal e superior da mesa expostas a seguir, desenvolva, em prancha A3, a
perspectiva isométrica em escala 1:10 do móvel e insira a hachura de madeira para a base e de
vidro para o tampo (superfície).

Figura 4 - Mesa (vistas frontal e superior)


Fonte: os autores.

106
atividades de estudo

4. Desenvolva, em prancha de papel A3, a perspectiva isométrica explodida da mesa realizada na


atividade anterior, inserindo, novamente, as hachuras pertinentes à compreensão do desenho.
5. Em prancha de papel formato A3, desenhe, em escala 1:10, apenas a vista lateral direita da gaveta
exposta em perspectiva isométrica a seguir e promova o detalhe do puxador de cava, esculpido
no componente em escala natural 1:1.

Figura 5 - Gaveta em vista isométrica


Fonte: os autores.

107
DESENHO TÉCNICO

Desenho técnico: Medidas e Representação Gráfica


Michele David da Cruz e Carlos Alberto Morioka
Editora: Érica
Sinopse: este livro apresenta as normas técnicas aplicáveis a de-
senhos técnicos de acordo com a ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas). Traz informações sobre os principais ins-
trumentos utilizados para a construção de desenhos, caligrafia
técnica, construções geométricas, perspectiva isométrica, proje-
ção ortogonal, escalas, cotagem, vistas seccionadas e hachuras.

108
referências

CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.


HOLANDA, A. B. de. Novo dicionário Aurélio de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Frontei-
ra, 1996.
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/mobiliario-sob-medida-bidpdnlgn18mp50b-
q6a6a9efi>. Acesso em: 28 maio 2016.
2
Em: <http://www.meumovelplanejado.com.br/dicas/porque-optar-por-moveis-planejados/>.
Acesso em: 19 jul. 2016.

109
gabarito

1.

2. C.

3.

110
gabarito

4.

5.

VISTA LATERAL DIREITA


DETALHE ESCALA: 1:10
ESCALA: 1:1

111
PLANTA BAIXA

Professora Sandra G. Marques

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Representação gráfica: breve histórico
• Desenho Arquitetônico
• Layout técnico
• Cotas e especificações
• Elementos de construção: portas e janelas
• Layout humanizado

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e identificar as diferentes formas de
representação arquitetônica.
• Ler e entender uma planta baixa, sendo capaz de,
interpretando suas convenções, formar uma imagem
mental da edificação representada.
• Ter uma compreensão clara de escalas e cotas, que
permitam dimensionar, corretamente, o projeto
representado.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, nos dedicaremos ao estudo das


plantas baixas, uma forma de projeção ortogonal em que os elementos
de construção de uma edificação, vistos de cima, são projetados em um
plano horizontal.
Inicialmente, daremos um breve passeio nas origens da representa-
ção gráfica e, mais especificamente, do desenho arquitetônico. Depois,
abordaremos, mais detalhadamente, o desenho arquitetônico e as várias
formas de representação. Veremos que, além do plano horizontal de pro-
jeção, em que se representam as plantas, temos o plano vertical, que per-
mite o desenho dos cortes e das elevações.
Abordaremos a necessidade de padronização da linguagem gráfica e
como essa padronização foi estabelecida com o advento de instituições
como a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, no Brasil,
e da International Organization for Standardization – ISO, em âmbito
internacional.
Conheceremos as especificações adotadas na padronização do de-
senho arquitetônico, tratando de conceitos como a escala, as linhas e as
cotas.
Veremos as formas de representação, em planta baixa, das portas e
janelas, elementos construtivos que devem ter medidas e localização bem
explicitadas nas plantas, com especial cuidado na diferenciação clara en-
tre espaços preenchidos e vazios.
Por fim, abordaremos um tipo de planta que deriva das plantas bai-
xas e que se tornou importante ferramenta de construtoras e incorpora-
doras para apresentar e conquistar compradores para seus empreendi-
mentos. Tratam-se das plantas humanizadas. Veremos que, com a adição
de cores, texturas, sombras, mobiliário e elementos decorativos, esse tipo
de representação dá ao observador a possibilidade de conceber, mental-
mente, o imóvel pronto para morar. Bons estudos!
DESENHO TÉCNICO

Representação Gráfica:
Breve Histórico
Desde os primórdios, o homem usa os desenhos No século XVII, como vimos na Unidade 2, Gaspar
para se comunicar. As primeiras representações grá- Monge introduziu as projeções ortogonais, dando ori-
ficas que conhecemos são as pinturas rupestres, cuja gem à Geometria Descritiva, base do Desenho Técnico.
mostra mais importante foi encontrada na caverna O passo seguinte foi a padronização internacio-
de Altamira, na Espanha. nal da linguagem utilizada no Desenho Técnico, a
As mais antigas representações de edificações fim de viabilizar o intercâmbio de informações tec-
em plantas e elevações que se tem conhecimento da- nológicas entre os países. Para tanto, foi criada, em
tam de 1490 e são de autoria do arquiteto italiano 1947, a Organização Internacional de Normatização
Giuliano de Sangalo, que viveu entre 1443 e 1516. – International Organization for Standardization –
Seus projetos encontram-se nos álbuns de desenhos ISO (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2013). No Bra-
da Livraria do Vaticano (HOELSCHER; SPRIN- sil, o órgão normatizador é a Associação Brasileira
GER; DOBROVOLNY, 1978). de Normas Técnicas – ABNT.

SAIBA MAIS

O caderno de rascunhos de Giuliano de Sangalo, referido por H, S E D, (1978) testemunha a prolífica


produção de desenhos do arquiteto e é uma fonte valiosa de conhecimento sobre seu trabalho. O
pequeno formato e o estilo dos desenhos indicam que o caderno era para estudo pessoal e uma ferra-
menta de trabalho. Extremamente variado, inclui esboços, principalmente com um tema arquitetônico
e, muitas vezes, acompanhados de medições e notas técnicas e ideias.

Fonte: adaptado de Biblioteca Digital Mundial (2016,on-line).1

116
DESIGN

Desenho Arquitetônico
O Desenho Arquitetônico é uma especialização do PLANOS VERTICAIS
desenho técnico normatizado, voltada para a execu-
ção e representação de projetos de arquitetura (XA- Quando o plano de representação corta a edificação
VIER, 2011). verticalmente, obtemos os cortes e as elevações.
Na representação gráfica de projetos arquitetô-
nicos, adotam-se planos de projeção que cortam a CORTES
edificação a ser representada, demonstrando seus
elementos construtivos, projetados, ortogonalmen- Um corte é uma projeção ortogonal de como ve-
te, nos planos. ríamos um objeto cortado por um plano vertical
Ching (2011) adota a expressão Desenhos em (CHING, 2011).
Vistas Múltiplas para se referir a este sistema de O corte complementa a planta baixa por acrescen-
planos horizontais e verticais. Os desenhos em tar a dimensão Minúscula, enquanto as plantas baixas
vistas múltiplas estabelecem campos bidimen- mostram apenas a largura e o comprimento dos ele-
sionais nos quais conseguimos estudar padrões mentos construtivos. Os cortes podem ser transversais,
formais e espaciais bem como relações de pro- quando o plano de projeção corta a edificação em sua
porção e escala em uma composição. menor dimensão da edificação, ou longitudinais, quan-
do o corte é feito na dimensão maior da edificação.

SAIBA MAIS

Já em 1978, na introdução de seu livro Itálico, o autor Gildo Montenegro dizia que “o Desenho Arqui-
tetônico é artesanato em plena era da Tecnologia”. O que dizer hoje, quase quatro décadas depois?
Mas a despeito de todo desenvolvimento tecnológico e dos avançados softwares disponíveis, o co-
nhecimento das técnicas e das normas utilizadas na elaboração de plantas e cortes é imprescindível
para a concepção de um bom projeto.

Fonte: os autores.

117
DESENHO TÉCNICO

Como em toda projeção ortogonal, os planos para-


lelos ao plano de desenho são representados em ta-
manho, forma e proporção reais (CHING; JUROS-
ZEK, 2012).
Figura 1 - Corte transversal
Fonte: Montenegro (1978, p. 55).

Figura 2 - Exemplo de corte: corte esquemático


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

118
DESIGN

ELEVAÇÕES PLANOS HORIZONTAIS

A elevação, ou fachada, também emprega um pla- Quando o plano de projeção representa um corte no
no vertical de projeção, porém, neste caso, o plano sentido horizontal, temos as plantas. Estas podem
vertical não corta a edificação, é uma vista externa. ser de quatro tipos:
A escala usada na planta baixa deve ser a mesma no • Planta de coberta ou cobertura.
corte e na elevação (CARMO, s. d.). • Planta de situação.
Obs.: embora os autores usem os termos elevação • Planta de locação.
e fachada como sinônimos, a ABNT define fachada • Planta baixa.
como representação gráfica de planos externos da
edificação e elevações como a representação gráfica
de planos internos ou de elementos da edificação.

Figura 3 - Exemplo de elevação: elevação esquemática


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

119
DESENHO TÉCNICO

PLANTA DE COBERTURA

Assim como na elevação, a planta de coberta, ou cobertura, não corta a edificação, mas está posi-
cionada acima dela. Ela descreve a forma, o volume e o material de uma cobertura ou o leiaute de
elementos de cobertura, como claraboias, terraços e casas de máquinas (CHING, 2011).

Figura 4 - Exemplo de planta de cobertura


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

120
DESIGN

PLANTA DE SITUAÇÃO

A planta de situação mostra o contexto externo em que se situa o terreno que contém a edificação
representada ou onde ela será construída. Geralmente, são desenhadas em escala 1:500, 1:1000 ou
1:2000. Ainda nesta unidade, estudaremos as escalas mais a fundo.

Figura 5 - Exemplo de planta de situação


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

121
DESENHO TÉCNICO

PLANTA DE LOCAÇÃO OU DE LOCALIZAÇÃO

A planta de locação mostra a posição e a localização da edificação dentro do terreno. Mostra, ainda,
elementos naturais do terreno, como desníveis, vegetação ou cursos d’água.

Figura 6 - Exemplo de planta de locação


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

122
DESIGN

PLANTA BAIXA

Uma planta baixa representa um corte de uma edificação feito no plano horizontal, removendo-se a por-
ção superior. A planta baixa é uma projeção ortográfica da porção que permanece (CHING, 2011, p. 53).
Por convenção, o corte horizontal é feito a 1,5 metros de altura acima do piso, mas esta medida
pode variar de acordo com as necessidades de representação específicas de cada projeto.
A planta baixa orienta todo o projeto. Ela mostra as dimensões do imóvel, a distribuição dos cômodos,
as configurações de paredes e pilastras e o padrão de aberturas (portas e janelas). É, também, a partir dela
que se elaboram as demais plantas, como projeto elétrico, telhado, projeto hidráulico, entre outros.

Figura 7 - Ilustração de corte horizontal


Fonte: Montenegro (1978, p. 47).

Figura 8 - Exemplo de planta baixa


Fonte: Montenegro (1978, p. 69).

123
DESENHO TÉCNICO

SAIBA MAIS

A fim de expressar a sensação de dimensão vertical e a existência de volume espacial (nas plantas
baixas), devemos utilizar uma hierarquia de pesos de linhas ou várias tonalidades. A técnica que em-
pregaremos dependerá da escala da planta, dos instrumentos de desenhos e do grau de contraste
necessário para distinguir sólidos de vazios.

Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 147).

REFLITA

Ler um desenho significa entender a forma espacial do objeto representado no desenho bidimensio-
nal resultante das projeções ortogonais.

(Antônio Clélio Ribeiro, Mauro Pedro Peres e Nacir Izidoro)

124
DESIGN

Layout
Técnico
Para possibilitar a compreensão entre projetistas e
os demais profissionais envolvidos nas diversas fases
e especialidades aplicadas a um projeto construtivo,
faz-se necessária a padronização da linguagem grá-
fica. Esta padronização é feita por meio de normas
técnicas seguidas e respeitadas internacionalmente
(RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2013).
Como vimos na aula sobre as origens da represen-
tação gráfica, as normas que regem a padronização do
desenho técnico são ditadas, em esfera internacional,
pela International Organization for Standardization –
ISO e, no Brasil, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT. As normas da ABNT são registra-
das pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrolo-
gia, Normalização e Qualidade Industrial) como nor-
mas brasileiras – NBR e estão em consonância com as
normas internacionais aprovadas pela ISO (RIBEIRO;
PERES; IZIDORO, 2013)

125
DESENHO TÉCNICO

Figura 9 - Exemplo de planta baixa layout técnico: Layout Projeto de Interiores de um apartamento em Maringá
Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2016).

126
DESIGN

NORMAS TÉCNICAS ESPESSURA MEDIDA TIPO EMPREGO


____ 0,5 a Principais/ Linhas que estão
1,0 mm secundárias sendo cortadas
Caro(a) aluno(a), acompanhe, a seguir, as principais
normas brasileiras aplicadas ao desenho arquitetô- _______ 0,25 a
0,45
Secundárias Linhas em vista
ou em elevação
nico (PUC GOIÁS 2016): mm
• NBR 6492/94 – Apresenta a regulamentação __________ 0,05 a Terciárias Linhas de cota
geral para a representação de projetos de ar- 0,2 mm Linhas auxiliares
quitetura. Quadro 1 - Tipos de linhas
• NBR 8196/99 – Define o emprego de escalas. Fonte: adaptado de Xavier (2011, on-line).
• NBR 8403/84 – Regula a aplicação de linhas
– tipos e larguras.
TIPOS DE LINHAS:
• NBR 10068/87 – Trata da folha de desenho –
• Linhas de contorno – Contínuas: a espessura
leiaute e dimensões.
varia com a escala e a natureza do desenho.
• NBR 13142/99 – Apresenta regras para o do-
• Linhas internas – Contínuas: firmes e menor
bramento e a cópia.
valor que as linhas de contorno.
LINHAS • Linhas situadas além do plano do desenho –
Tracejadas: mesmo valor que as linhas de eixo.
• Linhas de projeção – Traço e dois pontos: in-
As linhas são os principais elementos gráficos do de-
dicadas para representar projeções de pavi-
senho arquitetônico. Além de definirem o formato,
mentos superiores, marquises, balanços.
dimensões e posicionamento das paredes, portas, ja-
• Linhas de eixo ou coordenadas – Traço e
nelas, pilares, vigas, escadas etc., também informam ponto: firmes, definidas, com espessura in-
as características e dimensões de cada elemento pro- ferior às linhas internas e com traços longos.
jetado (XAVIER, 2011). • Linhas de cotas – Contínuas: firmes, defini-
As espessuras das linhas utilizadas no desenho das, com espessura igual ou inferior à linha
arquitetônico podem ser classificadas em grossas, de eixo ou coordenadas.
médias e finas. As espessuras variam conforme o • Linhas auxiliares – Contínuas: para constru-
uso, de acordo com a tabela a seguir: ção de desenhos, guia de letras e números,
com traço mais leve possível.

127
DESENHO TÉCNICO

Figura 10 - Exemplo de planta baixa layout e de mobiliários

128
DESIGN

FUNÇÃO Essa representação tem o objetivo de analisar a ocu-


O layout técnico é uma representação bastante im- pação do espaço e, principalmente, os espaços livres
portante para os projetos de interiores, já que é neste resultantes, considerando a importância da circula-
que são inseridos, tendo a planta baixa como base, ção e do espaço deatividade para o uso diário destes
os mobiliários e equipamentos propostos para o ambientes. Desta maneira, o layout técnico apresen-
projeto. Para Ching (2011), o layout técnico deve ser ta apenas contornos dos elementos a serem repre-
utilizado como base para o próprio projeto arquite- sentados, e se o projetista julgar necessário, detalhes
tônico, considerando, assim, a ocupação do espaço que ajudam na identificação do que está sendo re-
para as definições sobre este. presentado, por exemplo, retângulo na representa-
ção de uma cama, representando o travesseiro, ou os
ELEMENTOS assentos e braços de um sofá, reforçando que, neste
O layout de caráter técnico deverá apresentar a momento, a representação é para demostrar a ocu-
ocupação em planta dos mobiliários e equipamen- pação e não detalhes do projeto de interiores.
tos, ou seja, largura e comprimento da vista supe- Além dos mobiliários e equipamentos, devem
rior, não sendo necessário, neste momento, definir ser inseridas, no layout técnico, as cotas desses ele-
detalhes, como a forma de volumes, cores, texturas mentos, sempre que possível, externas à planta e,
e acabamentos. quando necessário, internamente (CHING, 2011).

129
DESENHO TÉCNICO

Cotas e
Especificações
a. As cotas devem ser, preferencialmente, exter-
As medidas no desenho técnico, seja arquitetônico
nas.
ou em qualquer outra área da engenharia, são apre-
b. As linhas de cota no mesmo alinhamento de-
sentadas por meio da cotagem. A cotagem dever ser vem ser completas.
clara, simples, sem omissões e deve obedecer a re- c. A quantidade de linhas deve ser distribuída
gras e padronizações. no entorno da construção, sendo que a pri-
Os padrões para a cotagem são estabelecidos meira linha deve ficar afastada 1,5 cm do
pela NBR 10126 (cotagem em desenho técnico) e último elemento a ser cotado e as seguintes
NBR 6492 (representação de projetos de arquitetu- devem afastar-se umas das outras por 1,0 cm.
ra). A cotagem deve seguir as seguintes indicações d. Todas as peças e espessuras de paredes devem
ser cotadas.
gerais (SCHULER; MUKAI, s. d.):

130
DESIGN

e. Todas as dimensões totais devem ser identi- são daquilo que está sendo cotado e na qual é
ficadas. posicionado o valor numérico da cota.
f. As aberturas de vãos e esquadrias devem ser • Linha de extensão (ou auxiliar ou de cha-
cotadas e amarradas aos elementos constru- mada): é a linha que liga a cota ao elemento
tivos. que está sendo cotado. Na representação de
g. As linhas mais subdivididas devem ser as arquitetura, são utilizadas linhas de extensão
mais próximas do desenho. de comprimento fixo, ao contrário das linhas
h. As linhas de cota nunca devem se cruzar. de comprimento variável utilizadas em pro-
jetos de outras áreas.
i. Identificar, pelo menos, três linhas de cota:
subdivisão de paredes e esquadrias, cotas das • Finalização das linhas de cota: é o encontro
peças e paredes e cotas totais externas. da linha de cota com a linha de extensão.
Usualmente, na representação dos projetos
A cotagem é composta pelos seguintes elementos de arquitetura, as linhas de cota e de ex-
(XAVIER, 2011): tensão se cruzam e são adotados pequenos
• Cota: valor numérico correspondente à me- traços inclinados a 45º ou pontos (com uma
dida representada. espessura mais grossa que as linhas de cotas
• Linha de cota: a linha que contém a dimen- e chamadas) neste cruzamento.

Linha de cota Cota Finalização


4,00
Linha de extensão

Figura 11 - Elementos de cotagem


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

131
DESENHO TÉCNICO

Figura 12 - Cotas e especificações de um totem para um mercado em Curitiba


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Thales Sinhorini (2015).

132
DESIGN

Elementos de Construção:
Portas e Janelas
Uma planta não revela, completamente, a aparência correr ou mesmo se ela é sanfonada (CHING; JU-
das aberturas. Para este tipo de informação, precisa- ROSZEK, 2012).
mos das elevações. O que uma planta baixa mostra, A representação mais comum de uma porta é o
na verdade, é a posição e a largura das aberturas e, desenho da vista de cima da sua lâmina, paralela à
em grau limitado, as esquadrias e ombreiras e o tipo parede, com um quarto de círculo indicando o sen-
de operação – se uma porta, por exemplo, é de abrir, tido em que ela se abre.

Figura 13 - Representações de portas


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

133
DESENHO TÉCNICO

As janelas também só têm representadas, na planta corte, indicando, em corte, a vidraça e a esquadria
baixa, a posição e a largura das aberturas e, até cer- da janela (CHING; JUROSZEK, 2012).
to ponto, as ombreiras e os caixilhos. No entanto a Conforme a escala adotada no desenho, as jane-
planta deve incluir o parapeito abaixo do plano de las podem ser assim representadas, observe:

Figura 14 - Representações de janelas


Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

134
DESIGN

Layout
Humanizado

135
DESENHO TÉCNICO

A base da planta humanizada é um desenho idêntico mas bidimensionais, como o Corel Draw e o Adobe
à planta baixa em que se suprimem referências téc- Photoshop, são muito usados na representação das
nicas e a cotagem e se acrescentam elementos como plantas humanizadas.
cores, luzes e sombras, texturização, móveis e deta-
lhes decorativos. O objetivo é permitir uma visuali- ELEMENTOS DE HUMANIZAÇÃO
zação dos ambientes acabados e prontos para morar.
São pensadas de forma estratégica para que possam Elementos como figuras humanas e veículos são
demonstrar, de forma organizada, a melhor ocupa- utilizados na representação das fachadas ou plantas
ção do espaço. humanizadas como elementos de proporção no de-
Os empreendimentos imobiliários e construtoras senho. Conhecendo, intuitivamente, o tamanho de
se utilizam da planta humanizada e, com muito ca- pessoas e veículos, e os relacionando visualmente
pricho, para mostrar seus empreendimentos com a com a edificação, o leitor do desenho tem uma no-
intenção de facilitar a compreensão de espaço e des- ção das dimensões proporcionais dos elementos de
pertar o desejo pela compra, constituindo-se em im- uma fachada (XAVIER, 2011).
portante papel na negociação de imóveis. Nas plantas A vegetação é outro elemento importante que
humanizadas, é importante mostrar quais paredes auxilia na composição estética da edificação.
podem ser removíveis para trazer ao comprador do
imóvel a facilidade emimaginar como será o lugar
onde se deseja morar. Nos projetos de fachada, tam- SAIBA MAIS
bém são utilizadas as plantas humanizadas.
As plantas humanizadas podem ser feitas à mão, Para os layouts técnicos ou humanizados, é
mas existem muitos softwares indicados para a ta- possível a utilização das hachuras, conforme
refa. Os programas que operam em 3D, como Au- as representações encontradas na Unidade
3 do livro.
toCAD, Sketchup, Max, Lumion e Revit, permitem
gerar a planta humanizada, salvando uma cena com Fonte: os autores.

uma vista superior do projeto. Além disso, progra-

136
DESIGN

Figura 17 - Planta humanizada


Fonte: Shutterstock.

137
DESENHO TÉCNICO

Considerações Finais
Muito bem, caro(a) aluno(a), encerramos, aqui, o apenas uma faceta da edificação, como as plantas
conteúdo desta unidade, na qual estudamos a planta de cobertura.
baixa. Vimos que planta baixa é uma forma de re- No estudo da planta baixa, detalhamos alguns
presentação de edificações ou terrenos, baseado no aspectos da elaboração das plantas, como as esca-
conceito da projeção ortogonal, que estudamos na las, e outros aspectos necessários à padronização
Unidade 2. Projetados em planos horizontais, no dos projetos, como as cotas e os diferentes tipos de
caso das plantas, ou em planos verticais, como no linhas.
caso dos cortes e das elevações, os elementos cons- Abordamos, também, as formas de representa-
trutivos de cada projeto podem ser apresentados de ção de dois dos mais importantes elementos cons-
forma clara e precisa. trutivos de uma edificação, as portas e as janelas, em
Iniciamos a unidade com um pequeno histó- seus diferentes tipos.
rico da representação gráfica, desde as pinturas Encerrando a unidade, falamos sobre as plan-
rupestres até a padronização internacional das tas humanizadas. Vimos como o uso de elementos,
normas. Antes de entrarmos no estudo específi- como cores, texturas, sombras, mobiliário e objetos
co da planta baixa, conhecemos outros tipos de decorativos, transforma uma planta baixa. Com o
plantas, seus empregos e suas peculiaridades. Vi- uso de programas de computador específicos, ela
mos que existem plantas que abrangem um con- deixa de mostrar apenas aspectos técnicos, para ser
texto mais amplo, mostrando a localização dos uma representação inspiradora do imóvel acabado e
terrenos onde se situam as edificações projetadas, pronto para morar.
outras que mostram a localização da edificação Espero que as informações trazidas lhe sejam
dentro do terreno; outras representam a edifica- úteis e motivadoras, abrindo horizontes para novos
ção como um todo, e outras, ainda, que mostram conhecimentos. Sucesso!

138
LEITURA
COMPLEMENTAR

Apoiando-se na intuição
Na busca de possibilidades e para esboçar escolhas, Desenhar de um modo muito cuidadoso nas etapas
apoiamo-nos na intuição como um guia. Todavia a in- iniciais do processo de projeto pode levar à hesitação
tuição se baseia em experiências incompletas. Não po- e interromper nosso pensamento sobre o problema. O
demos desenhar o que está dentro de cada um de nós. tempo e a energia gastos na criação do desenho podem
Desenhar exige a compreensão do que estamos repre- inibir o desejo de explorar outras possibilidades. Deve-
sentando. Por exemplo, é dificil desenhar de maneira mos compreender que os desenhos de estudos são um
convincente uma forma cuja estrutura não compreende- processo de tentativa e erro, no qual a etapa mais im-
mos. O ato de exteriorizá-la pode, contudo, conduzir ao portante é riscar os primeiros traços no papel. Não im-
entendimento e guiar a busca por ideias. porta o quão preliminares eles sejam. Devemos confiar
Os primeiros traços que desenhamos são os mais difí- na nossa intuição se desejamos avançar no processo de
ceis. Muitas vezes, temos medo de começar até que a desenho.
ideia esteja totalmente formada na nossa cabeça. Quan- Afluência no processo de criação equivale a ser capaz de
do encaramos uma folha de papel em branco, o que de- gerar um amplo repertório de possibilidades e ideias.
senhamos primeiro? Podemos começar com os aspectos Afluência no processo de desenho significa usar a intui-
específicos de uma forma ou um contexto em particular, ção ao colocar a caneta ou o lápis no papel, responden-
ou com a imagem mais generalizada de um conceito ou do às concepções próprias com desenvoltura e graça. É
cosntrução. Em qualquer caso, o ponto onde começa- importante que consigamos acompanhar nossos pensa-
mos não é tão importante quanto aquele em que termi- mentos, ainda que eles sejam fugazes.
namos.
Fonte: Ching e Juroszek (2012).

139
atividades de estudo

1. Considerando que a planta a seguir foi desenhada na escala 1:75, assinale a alternativa correta:

Figura 1 - Planta
Fonte: Montenegro (1978, p. 111).

I. Trata-se de uma escala de ampliação.


II. Cada centímetro na planta representa 7,5 m no objeto real.
III. Trata-se de uma escala de redução.
IV. 2 cm na planta representam 1,5 m no objeto real.
É correto o que se afirma em:
a. Todas as alternativas estão corretas.
b. Somente as alternativas I e II estão corretas.
c. Somentes as alternativas III e IV estão corretas.
d. As alternativas II, III e IV estão corretas.
e. Somente a alternativa III está correta.

140
atividades de estudo

2. Com base no desenho a seguir, assinale a alternativa correta:

Figura 2 - Desenho
Fonte: Montenegro (1978, p. 73).

É correto o que se afirma em:


a. Trata-se de uma planta de situação.
b. Trata-se de uma planta de situação e de cobertura.
c. Trata-se de uma planta baixa.
d. Trata-se de uma planta de localização e de cobertura.
e. Trata-se de uma planta de cobertura.

141
atividades de estudo

3. Um terreno de 12 m está representado em uma planta por 24 cm. Qual é a escala usada?

4. Com base em nossos estudos, assinale verdadeiro (V) ou falso(F):


( ) Nos planos verticais, representam-se as elevações e os cortes.
( ) As elevações pode ser transversais ou longitudinais.
( ) As plantas de situação são como mapas que mostram como chegar a um terreno.
( ) Plantas de cobertura mostram a topografia dos terrenos.
( ) As cotas são imprescindíveis nas plantas humanizadas.

5. Preencha as lacunas com os elementos de cotagem:

Figura 3 - Lacunas
Fonte: os autores1.

1
Cedido por Marcio Lopes (2016).

142
DESIGN

Desenho Para Arquitetos


Francis D. K. Ching e Steven P. Juroszek
Editora: Bookman
Sinopse: este é um manual didático e completo de desenho para
arquitetos. Ching não somente aborda os princípios, os meios e as
técnicas de desenho, como os insere no contexto dos temas dos
projetistas e das razões pelas quais desenham. Apresenta mais de
1.500 desenhos feitos à mão, ilustrações que reforçam os concei-
tos e as lições de cada capítulo.

Documentário de Sydney Pollack


Documentário de Sydney Pollack, que faz uma biografia do arquiteto canadense naturalizado
americano, Frank Ghery. Ganhador do prêmio Pritzker, em 1989, Frank mudou a imagem da
arquitetura, adicionado uma visão artística da obra, deixando de ser apenas um arquiteto e se
transformando em um arquiteto-artista.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=83oonypLyZQ>.

143
referências

CARMO, J. Representação de Projeto. Natal: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


do Rio Grande do Norte, s. d. Disponível em: <http://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/
aulas/desenhoarquitetonico/representacao-de-projetos/at_download/file>. Acesso em: 29 jun.
2016.
CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
_____. Técnicas de Construção Ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman. 2010.
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para Arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
HOELSCHER, R. P.; SPRINGER, C. H.; DOBROVOLNY, J. S. Expressão Gráfica e Desenho Técnico.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1978.
MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho Técnico Básico. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio,
2010.
MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. São Paulo: Edgard Blücher, 1978.
PUC GOIÁS. Normas Técnicas para o Desenho Arquitetônico. Goiânia: PUC Goiás, 2016. Dispo-
nível em: <https://desenhoarquitetonicosite.files.wordpress.com/2016/06/apresentaonormasab-
ntdesenhotcnico-140404112821-phpapp02.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016.
SCHULER, D.; MUKAI, H. O Desenho Arquitetônico. S. l.: s. n., 2011. Disponível em: <http://www.
ceap.br/material/MAT04102012160619.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2016.
XAVIER, S. Desenho Arquitetônico. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2011.

Referência On-Line
1
Em: <https://www.wdl.org/pt/item/10597/#q=Giuliano>. Acesso em: 19 jul. 2016.

144
gabarito

1. C.
2. D.
3. 1/50.
4. V, F, V, F, F.
5. 1- Linha de cota.
2- Cota.
3- Finalização.
4- Linha de extensão.

145
PAREDES: CORTES, VISTAS
E PERSPECTIVAS

Professor Esp. Lucas Kauê Babetto Mendes

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Cortes e vistas
• Paginação de parede
• Perspectiva isométrica de ambientes

Objetivos de Aprendizagem
• Estabelecer os padrões de detalhamento de vistas e cortes.
• Compreender a forma correta de representar e especificar,
graficamente, materiais de acabamento e revestimentos de
paredes.
• Desenvolver detalhamentos tridimensionais com
perspectivas isométricas de ambientes.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a) à última unidade do nosso livro que com-
põe o material de Desenho Técnico. Até o momento, temos trabalhado re-
presentações técnicas de ambientes que se limitaram a vistas superiores, ou
seja, plantas baixas, não permitindo a contemplação das alturas dos am-
bientes e elementos que os compõem.
Nesta unidade de estudo, você aprenderá os padrões referentes a pro-
jetos de planos verticais, isto é, planos bidimensionais que se baseiam em
perpendiculares de altura e largura, desenvolverá, então, cortes e vistas, re-
presentações gráficas que se referem às paredes, possibilitando a contem-
plação do eixo da altura dos elementos arquitetônicos e os de composição,
como revestimentos e mobiliário.
Você contemplará, também, a forma correta para detalhar e especi-
ficar materiais de acabamento e revestimento, aprendendo os padrões
estabelecidos para reprodução de paginações de parede, representações
gráficas fundamentais para execução de projetos de interiores, pois ex-
plicitam o posicionamento previamente planejado para a instalação dos
materiais de revestimento, com o intuito de promover, além de qualidade
estética, até mesmo a responsabilidade ambiental, visto que a compra e
a utilização consciente dos materiais de acabamento evitam o descarte e
desperdício de materiais.
Hoje, possuímos, por meio da tecnologia digital, softwares que desen-
volvem imagens com extrema realidade e proximidade com o resultado
final da criação de projetos, ou ainda, possibilitam a simulação de visitas
virtuais a ambientes por meio da realidade virtual, tudo em busca de per-
mitir ao espectador a prospecção idealizada por um criador. Ao final desta
unidade, você aprenderá a desenhar ambientes inteiros de forma tridimen-
sional, criando perspectivas isométricas que expõem desde elementos ar-
quitetônicos e materiais de acabamento a móveis e a objetos de decoração.
Estas perspectivas são pertinentes para aapresentação de nossos projetos a
clientes, que contemplarão representações mais próximas da realidade a ser
executada, por possibilitarem a aplicação de cores e texturas e ainda assim
poderão auxiliar na conferência de medidas por se tratarem de desenhos
técnicos em escala. Ótimo estudo!
DESENHO TÉCNICO

Cortes e Vistas
Caro(a) aluno(a), como você já estudou na segunda Na Figura 1, observa-se, com mais clareza, a que se
unidade, os cortes e as vistas são representações gráfi- referem essas seções verticais, o plano AB enfatiza
cas que reproduzem cortes feitos em planos verticais. as paredes e os componentes cortados pelo plano e
Em projetos desenvolvidos por planos e seções permite a contemplação da edificação daquele ponto
horizontais, ou seja, em planta baixa, contemplamos em diante em projeção ortográfica.
dois eixos, o da largura e o de comprimento, poden- Agora que compreendemos o que são essas pro-
do expor o dimensionamento de tudo que compõe o jeções, aprenderemos, passo a passo, a confecção de-
layout por meio de cotas. Essas representações nem las. A seguir, observa-se uma planta baixa referente
sempre são suficientes para compreensão e execução a uma quitinete; para indicarmos onde ficará a se-
de um projeto, uma vez que não permitem a indica- ção, utilizamos uma linha tracejada, composta por
ção do eixo da altura de todos os itens de composição longos segmentos de reta intercalados por pontos,
do projeto, salvo alguns elementos arquitetônicos, e nas extremidades dessa linha, setas que indicam
como portas e janelas, os quais expomos as três di- a direção da vista. Não é necessário desenhar essa
mensões por meio de legendas, as outras partes que linha atravessando toda a planta, mas, ao menos, as
elaboram os projetos de ambientes, como móveis e paredes externas; quanto à hierarquia de linhas, esta
revestimentos, só são apreciadas em cortes ou vistas. deve possuir a pena mais grossa do desenho.

Figura 1 - Esquema de corte em ambiente


Fonte: os autores.

150
DESIGN

151
DESENHO TÉCNICO

Figura 2 - Exemplo de representação de linha de corte em planta


Fonte: os autores.

Figura 3 - Esquema de posicionamento de pranchas em prancheta para execução de cortes


Fonte: os autores.

152
DESIGN

Figura 4 - Primeiro passo: desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

Para desenhar o corte, posicionamos, na prancheta, a rem- se portas, janelas e elementos fixos, como lou-
planta baixa acima e fixamos a plancha do corte sobre a ças e peças sanitárias. É essencial a reprodução cor-
linha de indicação da planta, como ilustrado na Figura 3. reta da hierarquia de linhas; para a compreensão dos
Isso servirá para facilitar na construção do corte, cortes, os elementos em primeiro plano que foram
visto que se utiliza o esquadro para transferir todas as seccionados pela linha de corte possuirão a mais alta
larguras estabelecidas na planta, otimizando o desen- espessura e, os mais distantes, as menores, quanto
volvimento do corte por permitir que o uso do escalí- mais distante, mais fina a pena para reproduzir.
metro seja referente, apenas, às dimensões das alturas.
Comumente, para projetos de interiores, repro- SAIBA MAIS
duzimos, com 10 cm de espessura, o contrapiso e a
laje. Desenha-se, primeiro, a Linha de Terra LT e, É muito comum confundir corte e seção ou
acima à altura do pé direito, as espessuras de laje e secção. A rigor, são representações diferen-
contrapiso serão sempre externas a esta delimitação. tes de uma mesma operação de cortar ou
secionar, na Geometria Descritiva. Assim,
Nesse momento, é importante observar se há dife- seção é a representação da parte seciona-
renças de níveis entre os ambientes cortados, pois da. Corte é a representação dos elementos
estas devem estar representadas no corte. secionados e mais as partes vistas adiante
dos planos de corte.
Após a reprodução das paredes, o contrapiso,
com os devidos níveis estabelecidos, e a laje inse- Fonte: Montenegro (2001, p. 60).

153
DESENHO TÉCNICO

Para concluir o corte, incluímos as cotas que vêm a tizam apenas os elementos que compõem o projeto
ser apenas na vertical, visto que as larguras e pro- de design de interiores, como nos cortes, são, tam-
fundidades dos elementos já estariam dispostas em bém, planos verticais, mas não expõem elementos
planta baixa e só poluiriam o desenho, dificultando a arquitetônicos, como paredes e contrapiso, dessa
leitura e compreensão. Também inserimos os níveis forma, possibilitando a ênfase em móveis e outros
de cada ambiente, com pequenas linhas que com- detalhes.
portam os números referentes ao nível, que possuem O desenvolvimento é semelhante ao dos cortes,
uma seta fixada na extremidade esquerda, pontada mas sem a reprodução das paredes, laje e contrapiso
para Linha de Terra. seccionados pelo plano de corte e acrescentando to-
As legendas a seguir do corte, como nas plantas, dos os móveis, revestimentos e outros componentes
indicam, em letras maiores, a que se refere o dese- que estão fixados na parede em vista, como exempli-
nho, no caso dos cortes, a referência do plano de ficado na Figura 7.
seção e, com letras menores, a indicação da escala As vistas podem ser representadas e indicadas
utilizada. na planta baixa com os cortes, mas, comumente,
Para a reprodução de um layout completo con- são indicadas por um símbolo composto por quatro
tendo móveis e componentes de acabamento, utili- setas indicando ângulos ortogonais equidistantes,
zamos as vistas. As vistas são representações gráficas como no exemplo a seguir, possibilitando o detalha-
pertinentes aos profissionais que atuam, justamente, mento de todas as paredes de cada ambiente indivi-
com a ambientação de interiores, uma vez que enfa- dualmente, para que facilite a compreensão.

154
DESIGN

Figura 5 - Segundo passo: desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

Figura 6 - Terceiro passo e conclusão do desenvolvimento de cortes


Fonte: os autores.

155
DESENHO TÉCNICO

Figura 7 - Exemplo de vista


Fonte: os autores.

Figura 8 - Exemplo de símbolo para indicação de vista


Fonte: os autores.

156
DESIGN

Paginação
de Paredes

157
DESENHO TÉCNICO

que o tamanho da parede seja múltiplo do ta-


A paginação de parede não difere em nada quan-
manho do revestimento. Exemplo: para uma
to à função da paginação de piso contemplada na parede de 3 m de largura com pé direito de
unidade anterior. Sendo, então, parte essencial do 2,5 m, um revestimento de 50 cm por 50 cm
detalhamento de um projeto, possibilitando des- possibilitaria um fechamento com aplicação
de orçamentos e compra dos materiais de revesti- de 30 peças inteiras, seis peças colocadas na
mento à aplicação e instalação destes no ambiente, largura para cinco peças na altura.
a paginação norteará os profissionais envolvidos no • Rodapé, rodameio e rodateto: se houver
processo, permitindo uma forma de comunicação qualquer um desses elementos compondo
junto com o revestimento aplicado, a altura
pertinente à leitura, interpretação e execução de um
desses deve ser descontada do total do pé di-
projeto. reito e as peças devem se adequar a estas di-
Já que é uma representação gráfica que tem fun- visões na aplicação, sempre priorizando me-
ção de apenas definir e posicionar os revestimentos lhor aproveitamento e menor perda possível
nas paredes, é interessante que se desenvolva, indivi- com recortes.
dualmente, cada ambiente, como no caso das vistas. • Recortes: quando não houver adequação do
Elementos arquitetônicos externos à vista da parede revestimento com o dimensionamento da
desenhada não influenciam sua compreensão, dessa parede, os recortes devem ser deixados em
pontos estratégicos, o mais longe possível do
forma, desenha-se a vista da parede e os elementos
olhar de quem adentra o ambiente; isso pode
arquitetônicos que aparecem em vista frontal, como variar muito dependendo de cada layout, haja
janelas e portas. vista que um recorte pode ser camuflado por
Para escolhermos o posicionamento da primeira um mobiliário fixo planejado em uma das
peça do revestimento a ser lançado, devemos levar extremidades da parede, propiciando que a
em consideração alguns critérios: aresta oposta tenha a peça inteira. Mas há um
• Tamanho das peças: existem, no mercado, consenso para muitos casos, como sempre
inúmeros padrões e tamanhos disponíveis de priorizar o lançamento de baixo para cima,
revestimentos, para que façamos uma boa es- pois o olhar do observador é mais frequente
pecificação desse material, devemos levar em abaixo de sua linha do horizonte do que para
consideração o dimensionamento da parede cima, e, quanto à largura da parede, prioriza-
a ser aplicada, devemos dar preferência aos se o vão de acesso ao ambiente para o lan-
revestimentos que possibilitem mais aprovei- çamento das peças. Seguem alguns exemplos
tamento, sem perdas com recortes, ou seja, que ilustram estas situações citadas.

158
DESIGN

Figura 9 - Primeiro passo: desenvolvimento de paginação de paredes


Fonte: os autores.

Figura 10 - Exemplos de paginações corretas e erradas


Fonte: os autores.

159
DESENHO TÉCNICO

Para conclusão do detalhamento das paginações, po-


demos inserir cotas pertinentes à compreensão dos
desenhos e das linhas de chamada ou legendas que
referenciem os revestimentos, como ilustrado a seguir.

Figura 11 - Conclusão do desenvolvimento de paginação de paredes


Fonte: os autores.

Como posso me comunicar por meio de desenhos


técnicos bidimensionais e monocromáticos, quanto
mais concorrer com imagens altamente realistas
obtidas pelo adendo de novas tecnologias digitais?

160
DESIGN

Perspectiva Isométrica
de Ambientes
Como comentado, anteriormente, nas unidades e para construção das larguras e profundidades perma-
tópicos que apresentaram as perspectivas isométri- necem os mesmos de 30º, e as alturas também conti-
cas como forma de representação gráfica e técnica nuam a 90º. Para facilitar a compreensão do ambiente,
do detalhamento de projetos, quando nos referimos removemos as paredes da vista frontal e da lateral di-
a projetos de interiores, é essencial alguma alterna- reita, mantendo apenas duas paredes, a posterior e a
tiva que aproxime o projeto técnico aos ambientes lateral esquerda, como ilustrado na Figura 12, eman-
posteriormente executados, para facilitar a com- temos a espessura como nos cortes para paredes, em
preensão deles pelos terceiros mencionados, como 15 cm e, para contrapiso, 10 cm. Após o levantamento
clientes e profissionais, que executam partes espe- dos elementos arquitetônicos, paredes, janelas e por-
cíficas desses projetos, como pintores e azulejistas. tas, desenvolvemos todo o mobiliário conforme o pla-
No caso de perspectivas de ambientes, os eixos nejamento do layout.

161
DESENHO TÉCNICO

Figura 12 - Primeiro passo: desenvolvimento de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

162
DESIGN

Figura 13 - Conclusão do desenvolvimento de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

163
DESENHO TÉCNICO

Tendo concluído o desenho, podemos acrescentar permanentes e giz pastel seco).


cores e texturas para valorização do desenho e apro- Essa representação gráfica auxilia na com-
ximação com o projeto executado, inserindo som- preensão do projeto e prospecta o resultado fi-
bras e reflexos, podemos ter resultados que simulem nal da execução sem deixar de ser um desenho
tanto o planejamento quanto a iluminação com ma- técnico com escalas e possibilitando a conferên-
teriais e técnicas para esta cromatização (que podem cia de dimensões nos três eixos: altura, largura
ser os mais variados, como lápis de cor, marcadores e profundidade.

Figura 14 - Exemplo de humanização de perspectiva isométrica de ambientes


Fonte: os autores.

164
DESIGN

Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, desenvolvemos Quanto às paginações de parede, você pôde as-
representações técnicas referentes às paredes. Estas similar todos os pontos relevantes e critérios que
possibilitam a interpretação do eixo da altura, eixo embasam desde a especificação do material até sua
que não havíamos trabalhado nas unidades anterio- aplicação no ambiente, tornando consciente as esco-
res referentes a ambientes. Compreendemos o que lhas, permitindo melhor aproveitamento e qualida-
são os cortes e, assim, também elaboramos, passo a de estética, evitando desperdícios, o que possibilita
passo, o processo de execução, desde a indicação em a minimização da geração de resíduos e outros in-
plantas, o posicionamento correto das pranchas na convenientes.
prancheta, a fim de otimizar o desenvolvimento, até o Por fim, desenvolvemos um ambiente tridimen-
detalhamento com cotas e legendas para o resultado sional, em perspectiva isométrica, considerando e
final. Entendemos a diferença entre planos verticais e estabelecendo padrões para esse tipo de represen-
horizontais e, também, quanto a secções e cortes. tação gráfica, que, mesmo sendo um artifício faci-
Percebemos a semelhança entre vistas e cortes, litador para a leitura e compreensão de leigos, por
mas entendemos as diferenças quanto ao foco e obje- possuir volumetria tridimensional e propiciar a in-
tivo de exposição das duas, a forma de representação serção de texturas, cores, luz e sombra, é também
dos elementos arquitetônicos, de inserir mobiliários ferramenta útil para conferência de medidas e con-
e materiais de acabamento bem como observamos templação de um resultado mais próximo do real a
as possibilidades de identificação por meio de sím- ser executado.
bolos em plantas baixas.

165
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), leia o texto a seguir que fala sobre a 1. Sempre faça um projeto da obra, mesmo rudi-
importância de projetar e construir de forma consciente mentar (esboço), ele facilita o orçamento e evita
o desperdício de materiais.
e planejada. Boa leitura!
2. A efetivação de uma pequena equipe de planeja-
As empresas de construção civil têm convivido com inú- mento e administração de materiais permite re-
meras críticas relacionadas ao desperdício de materiais duzir o desperdício, que chega a representar um
nas obras. O grande volume de entulho desprezado é custo adicional de 12% do valor da obra.
3. Faça uma lista de materiais e uma programação
algo que sempre aparece como notícia em jornais, em
das compras necessárias para toda a obra. Utilize
revistas e em outros meios de comunicação. Sabe-se que sempre a ajuda de um engenheiro ou arquiteto.
o desperdício de materiais possui um número significati- 4. Ao começar a obra, não faça as compras de mate-
vo nas construções. rial todas de uma vez. A grande quantidade pode
A construção civil nacional tem em média perda de 5%. levar ao desperdício.
Nesse percentual, não está incluso o mercado informal, 5. O canteiro deve estar bem organizado e limpo,
cuidado ao guardar o material e evite mudanças.
responsável por mais da metade das construções. Se em
6. O espaço do canteiro deve ser definitivo. Os cor-
percentagem esse desperdício não é tão grande, finan-
redores de passagem bem estabelecidos. Deslo-
ceiramente o número é outro, já que o custo da obra camento de material gera desperdício.
sempre envolve bastante dinheiro. 7. Quanto aos materiais de construção:
Para que uma construção ou reforma não desperdice • Tijolos e telhas, guardados em pilhas para evi-
muito material, estabelecemos aqui dicas a serem leva- tar quebras.
das em consideração, para um melhor aproveitamento e • Sacos de cimento e argamassas, armazena-
dos longe da umidade.
economia na obra.
• Material mais delicado deve ser transportado
em carrinhos de mão.
8. A argamassa para revestimento é um dos mais
frequentes fatores de desperdício nas obras, des-
de as péssimas condições de estocagem e de pre-
paração, até a aplicação.

Fonte: Redação do Fórum da Construção (on-line).1

166
atividades de estudo

1. Desenvolva, como abordado no conteúdo desta unidade, o corte A-B do seguinte ambiente
exposto a seguir, em folha de papel formato A3, em escala 1:25:

Figura 1 - Planta baixa


Fonte: os autores.

167
atividades de estudo

2. Ainda quanto ao ambiente anteriormente citado, desenvolva as quatro vistas referentes ao


seguinte layout, em prancha formato A3, em escala 1:25:

Figura 2 - Planta layout


Fonte: os autores.

3. Referente ao conteúdo de toda a presente unidade, é correto afirmar:


I. Corte e seção são ações que resultam em idênticas reproduções gráficas, as mesmas operações
expõem elementos secionados e mais partes ou elementos vistos adiante da linha de corte.
II. Ao desenvolvermos vistas, contemplamos no desenho móveis, revestimentos e outros com-
ponentes do layout proposto, reproduzimos apenas as arestas que limitam as dimensões da
parede em vista, sem representar paredes, contrapiso e laje secionados pela linha de corte.
III. As paginações de parede possibilitam mais aproveitamento e escolha consciente dos materiais
de revestimento, evitando perdas e geração indevida de resíduos.
IV. Ao humanizarmos uma perspectiva isométrica de ambiente, inserindo cores, texturas, luz e
sombra, perdemos o carater técnico do desenho, impossibilitando a conferência de dimen-
sões em escala.

168
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I, II e III estão corretas.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Apenas I, II e IV estão corretas.
4. Em prancha formato A3, desenvolva a paginação para a seguinte parede de 280 cm, com pé
direito de 260cm, compondo um rodapé em granito de 10 cm de altura, com revestimento
cerâmico 40 cm x 60 cm e um rodameio em pastilhas de 4 cm x 4 cm, em placas de 20 cm x
20 cm, em escala 1:25:

Figura 3 - Vista A: cozinha


Fonte: os autores.

169
atividades de estudo

5. Desenvolva a perspectiva isométrica para o layout de um home theater, exposto a seguir, em


prancha A3, em escala 1:50, promovendo a contemplação das paredes da janela e do painel
para TV:

Figura 4 - Layout home theater


Fonte: os autores.

170
DESIGN

O link a seguir mostra o vídeo de uma matéria feita pelo telejornal Tem Notícias, da Rede
Globo, em Sorocaba - SP, que fala da importância do planejamento e da orientação de profis-
sionais na execução de obras, para evitar desperdício e impactos ambientais.

Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/tem-noticias-1edicao/


videos/v/desperdicio-de-materiais-na-construcao-civil-tem-dados-alarmantes-em-soroca-
ba/2986884>.

171
referências

CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.


MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2001.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=43&Cod=1289>. Acesso em: 3
jun. 2016.

172
gabarito

1.

2.

173
gabarito

3. B.

4.

174
gabarito

5.

175
Conclusão Geral
Chegamos ao final do livro de Desenho Técnico, preparado especialmente para
você, aluno(a) do curso de Design de Interiores da Unicesumar. Desejamos que
os conhecimentos adquiridos com este material sejam muito aplicáveis a sua fu-
tura vida profissional.
Importante entender que o desenho é algo que deve ser sempre praticado e,
assim como quase todas as áreas de conhecimento de um designer de interiores,
atualizado. Lembre-se sempre que não é o diploma que o(a) torna um(a) pro-
fissional melhor colocado(a) no mercado, mas sim, os conhecimentos técnicos
apreendidos durante o curso, e certamente, o Desenho Técnico é um conteúdo
de extrema importância nesta colocação no mercado como profissional qualifi-
cado(a) e competente.
Talvez, mais importante do que saber, efetivamente, desenvolver desenhos
técnicos, é imprescindível para um(a) designer de interiores saber comofazer a
leitura desses desenhos quando os recebe de arquitetos, engenheiros, constru-
toras ou diretamente do cliente. Não tendo esse conhecimento, é praticamente
impossível a atuação profissional, pelo menos de forma eficaz, afinal de contas,
projetar interiores utilizando-se da “ciência” do design é muito mais do que so-
luções estéticas. É por meio das representações dos desenhos técnicos que o seu
projeto ganha formas profissionais e pode ser encaminhado para a execução.
Seja bem-vindo(a), então, ao mundo das plantas baixas, cortes, layouts, es-
calas, cotas, vistas, perspectivas etc. Você, agora, está pronto(a) não apenas para
pensar em seu projeto no aspecto conceitual, mas também para o tornar algo
executável, por meio de seus desenhos e representações técnicas. Parabéns pela-
sua escolha por uma formação de qualidade, sólida e completa, em alguns meses,
você estará pronto(a) e apto(a) para atuar como designer de interiores!

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