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DR.

CLAUDIO ROBERTO MAGALHÃES PESSOA

Engenharia
Econômica
Engenharia
Econômica
Dr. Claudio Roberto Magalhães Pessoa
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Distância; PESSOA, Claudio Roberto Magalhães. Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente

Engenharia Econômica. Claudio Roberto Magalhães Pessoa. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018.
208 p.
“Graduação - EAD”. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
1. Engenharia 2. Econômica 3. EaD. I. Título.
Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
ISBN 978-85-459-1252-1 Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
CDD - 22 ed. 330 e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Impresso por: Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues


Galan e Fabio Augusto Gentilin .
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Talita
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Dias Tomé.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Bruna Stefane Martins Marconato e
Isabela Mezzaroba Belido.
Ilustração Bruno Pardinho e Marcelo Goto.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
WILSON DE MATOS SILVA MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
WILLIAM DE MATOS SILVA dos celulares.
PRÓ-REITOR DE EAD As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Janes Fidélis Tomelin
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na DIRETORIA
transformação do mundo”. EXECUTIVA
DE ENSINO
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos Kátia Coelho
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar DIRETORIA
OPERACIONAL
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- DE ENSINO
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Prezado Aluno,
Seja bem-vindo à disciplina de Engenharia Econômica.
Ao longo de nossa disciplina, iremos abordar um tema que, a princípio,
pode parecer fora do contexto da engenharia, mas que, ao estudarem e
analisarem o conteúdo, perceberão que está totalmente ligada ao dia a dia
de nós engenheiros.
Ser engenheiro é ser um gestor nato. Não adianta um engenheiro ter somen-
te conhecimentos técnicos da área, pois estará sempre à frente de tomadas
de decisões gerencias e, caso esteja preparado para elas, terá um grande
diferencial como profissional da área.
É de suma importância para um engenheiro conhecer o mercado, entender
qual a sua relação com as organizações, com outras empresas, com outros
países, como elaborar orçamentos, análises de custos e de investimentos que
deverão ser realizados pela organização, na busca de melhores resultados.
Ao longo das unidades, teremos a oportunidade de conhecer o conceito de
economia e qual é o problema fundamental enfrentado por ela. Entende-
remos quais são os fatores de produção e como funciona um fluxo econô-
mico em uma sociedade e como isso afeta o mercado da engenharia. Após
conhecer esses conceitos, entenderemos o que é a engenharia econômica e
qual a sua importância na vida de um engenheiro. Estudaremos conceitos
importantes, como a microeconomia e macroeconomia, que nos permitirão
saber qual a relação entre organizações e mercados.
Após estudarmos uma parte conceitual do tema, aprenderemos ferramentas
da matemática que nos auxiliarão em tomadas de decisão em relação à
parte financeira de projetos, produtos e serviços da área. Serão analisados
o funcionamento de sistemas de amortização de possíveis dívidas empresa-
riais, sistema de capitalização (juros simples e compostos) praticados pelo
mercado. Aprenderemos como são feitas as análises de investimentos com
prazos fixo, variado, e qual é a influência do prazo na análise. Para completar,
conheceremos como fatores externos, como inflação e impostos, afetam o
dia a dia das organizações.
Estou certo que, ao final da disciplina, você estará apto para analisar pos-
síveis investimentos, pagamentos de dívidas, calcular amortização de pro-
dutos vendidos a clientes, entre outras análises que devem ser feitas por
um engenheiro que almeja alcançar melhores resultados operacionais na
sua organização.
Espero que aproveitem bem o conteúdo da disciplina, pois vai ajudá-lo(a)
a ser um profissional diferenciado.
Grande abraço!
Prof. Cláudio Pessoa
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Cláudio Roberto Magalhães Pessoa


Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com
um período de Doutorado Sanduíche na Universidade do Porto - Portugal, Mestre em Admi-
nistração de Empresas pela Universidade Fumec, MBA em Gestão de Negócios e Tecnologia
da Informação pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/BH e OHIO University - USA, Engenheiro
especialista em Sistema de Telecomunicações e Redes de Computadores pelo Instituto Nacio-
nal de Telecomunicações - INATEL, Especialista em Gestão de Sistemas de Telecomunicações
e Redes de Computadores pela Universidade Fumec e Graduado em Engenharia Civil pela
Faculdade de Engenharia da Universidade Fumec. Professor da EMGE - Escola de Engenha-
ria, possui pesquisas nas áreas de Gestão da Informação e do Conhecimento, Segurança da
Informação, Segurança e Infraestrutura de redes de dados e Governança em ferramentas de
Tecnologia das Informações e Comunicação (TIC) e Internet das coisas. Conselheiro da Câmara
Especializada de Engenharia Civil (CEEC) do CREA- MG. Atua como consultor em projetos de
telecomunicações, na área de comunicação de dados, Governança em TIC e alinhamento
estratégico da Gestão Estratégica com a Gestão de Informações e ferramentas TIC há mais
de 20 anos.
Introdução à
Economia

13

Fundamentos
da Engenharia
Econômica

35

Microeconomia

55
Macroeconomia Série de Pagamentos

77 143

Matemática Análise de
Financeira Investimentos

97 163

Sistema de Análise de
Amortização Externalidades

119 185
17 Necessidades humanas x fatores de
produção

40 Qual o valor do seu dinheiro ao longo


do tempo?
79 Macroeconomia
147 Fluxo de caixa

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Realidade Aumentada.
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Introdução à Economia

PLANO DE ESTUDOS

O Problema
Fundamental da Fatores de Produção
Economia

Conceitos Básicos Sistemas Econômicos Os Fluxos Econômicos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender o que é economia. • Definir quais são os fatores de produção.


• Compreender qual é o problema fundamental enfrentado • Compreender o que é e como o fluxo econômico afeta
pela economia. uma sociedade.
• Conhecer quais são os sistemas econômicos.
Conceitos
Básicos

Olá, prezado(a) aluno(a), é uma felicidade estar


aqui com você e poder conversar sobre um assun-
to tão instigante e importante para todos nós – a
economia. Nesta unidade, será possível conhecer-
mos um pouco mais sobre os conceitos básicos de
economia, seus problemas e como ela interfere em
nosso dia a dia. Então, vamos lá!
Todos os dias assistimos em telejornais, lemos
notícias na internet (ou até mesmo em jornais im-
pressos) uma seção inteira dedicada à economia.
Na correria do dia a dia, ou mesmo por falta de
interesse, nunca nos questionamos o porquê de
ser dada tanta importância a este tema. E você,
alguma vez já parou para pensar sobre o tema?
Para que seja possível entender bem o conceito
de economia, é importante analisar coisas simples
que fazemos em nosso cotidiano. Todos os dias,
saímos de casa para trabalhar para que possamos
ganhar dinheiro, não é mesmo? Mas, para quê?
Precisamos sobreviver e, para tal, adquirir co-
mida, roupas, veículos, casa etc., pois essas coisas,
além de nos dar conforto, mostram que todo o
esforço nos levou a algum lugar. Porporcionam a
sensação de dever cumprido.
Ao pensarmos nisso, começamos a introduzir
e entender um pouco de economia. Izidoro (2015)
mostra que a palavra economia pode ter vários
significados, a saber:
• Hábito de gastar apenas o necessário:
geralmente é aquela pessoa que gasta
pouco, economiza seu dinheiro e recur-
sos (como água, luz etc.) no dia a dia. São
pessoas que planejam e evitam gastar com
coisas que são supérfluas.
• Atividade que gera dinheiro: é uma ati-
vidade realizada por alguma pessoa visan-
do ganhar dinheiro, tal como trabalhar ou
aplicar dinheiro.
• Economia: segundo Izidoro (2015, p. 3), é
“ciência que estuda a atividade econômica”.

O conceito de economia poderá variar de acordo


com o enfoque e o autor que o define. O conceito
adotado neste livro será o defendido por Mendes
(2012, p. 3), “o estudo da utilização dos serviços
escassos na produção de bens e serviços para sa-
tisfação das necessidades ou desejos humanos”.

Economia é o estudo da utilização dos serviços


escassos na produção de bens e serviços para sa-
tisfação das necessidades ou desejos humanos.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)

Este conceito nos permite conhecer a importância


de se falar e entender economia, apresentando o
que foi dito anteriormente e mostrando claramen-
te a relação da economia com o nosso dia a dia.
Outra coisa que é interessante observar no
conceito é que ele já introduz o que estudaremos
no próximo tópico desta unidade, qual é o pro-
blema fundamental da economia? Vamos a ele?

UNIDADE I 15
O Problema
Fundamental
da Economia

Qual seria o problema fundamental estudado pela


economia? Ao lermos o conceito no tópico ante-
rior, já podemos notá-lo: estudo da utilização
dos serviços escassos na produção de bens e
serviços para satisfação das necessidades ou
desejos humanos.
Este é o grande problema que a economia tenta
solucionar. Ao olharmos para o mercado perce-
bemos, de um lado, as pessoas com suas necessi-
dades pela aquisição de bens e/ou serviços que
satisfaçam suas necessidades ou desejos. Do outro,
as empresas que precisam utilizar os fatores de
produção (matéria-prima, mão de obra, infraes-
trutura) com o objetivo de produzir os bens e/ou
serviços necessários para atender a demanda das
pessoas. Surge, portanto, um grande problema:
os recursos limitados x necessidades ilimitadas
das pessoas.
Mas o que seriam os bens e serviços?

16 Introdução à Economia
X

X BENS: são materiais tangíveis


provenientes de atividades
agropecuárias, industriais,
construção civil etc. (MENDES,
2012). Exemplos: automóveis,
imóveis, alimentos, eletrodo-
mésticos etc.

X
SERVIÇOS: “são produtos in-
tangíveis, resultantes de al-
guma atividade terciárias de
produção” (MENDES, 2012).
Exemplos: Serviço de Consumo
(alimentação, proteção), Servi-
ço de Conveniência (ônibus,
táxi), Serviços de Especialida-
des (dentista, advogado, cabe-
leireiro) etc.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)

Figura 1 - Necessidades humanas x fatores de produção

UNIDADE I 17
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao Pare e reflita! No caso das empresas de engenha-
vídeo. Para acessar, use seu ria que prestam consultoria, em qual dos setores
leitor de QR Code. produtivos você encaixaria?

Pensado dessa forma, é possível perceber que a


Outro conceito relevante para destaque é o dos seto- economia entra como fonte importante de “me-
res (atividades) de produção. É importante entender diação” nos momentos de conflito. Por exemplo,
que, quando vemos setores distintos, como agrope- imagine que você resolveu adquirir um carro.
cuária, indústria e serviços, eles estão separados para Hoje, temos no mercado várias marcas e mode-
que possamos classificá-los quanto ao setor de pro- los de carros que nos deixam em uma situação
dução. Segundo Mendes (2012), essa classificação é complicada para tomar a decisão. Tudo isso vem
necessária, pois apesar de todas estarem produzindo do desejo que existe em nós para aquisição de
bens ou serviços, não utilizam os recursos econômi- novos bens/serviços. Porém existe algo que irá
cos e as técnicas de produção na mesma proporção. limitar a sua capacidade de escolha: quanto você
Assim, o autor divide os setores como: tem para gastar?
• Setor Primário: engloba produtos oriundos Surgem, então, as grandes perguntas debatidas
da agricultura, pecuária e extração vegetal. por todos os autores da área da economia:
Exemplos: horticultura, lavouras, criação e • O que e quanto produzir?
abate de gado, porco, aves, reflorestamento etc. Devemos produzir mais bens de consumo
• Setor Secundário: engloba as indústrias em ou bens de capital? E quanto?
geral. Exemplos: construção civil, extração • Como produzir?
mineral, produtos alimentícios, química, fia- Aqui já se trata de uma questão de eficiên-
ção, tecelagem, calçados, telecomunicações, cia produtiva. Deve ser refletida pelas or-
transporte, bebidas, fumo etc. ganizações para poder atender a demanda
• Setor Terciário: engloba os serviços presta- ou, até mesmo, evitar desperdícios.
dos por pessoas e empresas. Exemplos: co- • Para quem produzir?
mércio, seguradoras, corretoras, hotéis, ba- Nesse caso, é importante entender como
res, lanchonetes, manutenção, cabeleireiro, será a distribuição de renda gerada pela eco-
barbeiro, assistência de saúde, educação etc. nomia e quais serão os setores beneficiados.

Essas perguntas são de extrema importância no mercado, pois tudo isso influencia diretamente na
economia. Para responder essas perguntas é importante entendermos os sistemas econômicos. Vamos
debater sobre eles a seguir.

18 Introdução à Economia
Sistemas
Econômicos

Muito ouvimos em conversas nos dias de hoje a


discussão sobre o melhor sistema a ser utilizado
pelo governo: socialista ou capitalista? Mas, e você,
já parou para pensar qual seria a diferença entre
os sistemas? Vamos analisá-los!
Segundo Mendes (2012, p. 12), o sistema eco-
nômico é “formado por um conjunto de organi-
zações cujo funcionamento faz com que os re-
cursos escassos sejam utilizados para satisfazer as
necessidades humanas”. Para Vasconcelos (2015),
os sistemas econômicos são como a sociedade se
organiza para do ponto de vista econômico. Por-
tanto, podemos entender que sistemas econômi-
cos funcionam para definir como a sociedade fará
para gerenciar os problemas básicos da economia.

Sistema econômico é formado por conjunto de


organizações, cujo funcionamento faz com que
os recursos escassos sejam utilizados para satis-
fazer as necessidades humanas.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)

UNIDADE I 19
Segundo Vasconcelos (2015), a economia de mer- como justiça e segurança. Segue a base do
cado poderá ser dividida, basicamente, em dois liberalismo econômico. Nesse caso, o pre-
sistemas: ço irá promover o equilíbrio do mercado
• Economia de mercado (ou descentralizada). (Figura 2).
• Economia planificada (ou centralizada). As críticas que existem sobre esse sis-
Ainda segundo Vasconcelos (2015), todos tema seriam: uma grande simplificação
os países possuem um tipo de economia de da realidade; o mercado sozinho não pro-
mercado, pois será ela que regulará o fun- moverá a perfeita alocação de recursos e
cionamento da economia. Vamos entender distribuição de renda; os preços poderão
como funciona cada uma? variar em função de sindicatos, poder de
monopólios e/ou oligopólios (VASCON-
Economia de Mercado - o sistema de economia CELOS, 2015).
de mercado se divide, ainda, em: Um bom exemplo a ser dado para
• Sistema de concorrência pura (sem in- o sistema de concorrência pura é o
tervenção do governo): esse sistema se ba- mercado hortifrutigranjeiro, pois nele
seia na ideia que o mercado deverá resolver são os produtores e seus clientes, basi-
as questões econômicas fundamentais. O camente, que irão definir o preço dos
estado seria responsável por outros setores produtos.

Figura 2 - Funcionamento da concorrência pura


Fonte: o autor.

20 Introdução à Economia
• Sistema de concorrência Mista: basica- vendidos no mercado (educação, jus-
mente, a diferença das duas é exatamen- tiça, segurança).
te a participação do governo para evitar • Compra de bens e serviços do setor
possíveis abusos no mercado. Segundo privado.
Vasconcelos (2015), depois da revolução • Economia Planificada (centralizada): no
industrial, perdurou por muito tempo o caso da economia centralizada, todo o con-
sistema muito similar ao de concorrência trole da economia está nas mãos do governo.
pura. Porém, no século XX, com o surgi- Segundo Vasconcelos (2015), é o governo
mento (e crescimento) dos sindicatos, mo- quem resolverá os problemas fundamen-
nopólios e oligopólios aliados, ainda, à crise tais da economia. Os meios de produção
financeira dos anos 30, foi possível perceber (máquinas, residência, terra, matéria-prima,
que o mercado sozinho não resolveria as entidades financeiras etc.) são do estado; já
questões primordiais da economia. Surge, os “meios de sobrevivência” (roupas, carros,
então, a necessidade da atuação do setor televisores) pertencem aos indivíduos.
público, que se dá de várias formas, a saber:
• Formação de preços (impostos etc). Sendo assim, a diferença básica entre os dois sistemas
• Complemento à iniciativa privada (in- econômicos se resume em dois aspectos básicos:
fraestrutura, energia, estradas etc). • Propriedade pública x propriedade privada
• Fornecimento de serviços públicos (ilu- dos meios de produção.
minação, água, esgoto etc). • Como resolver os problemas fundamentais
• Fornecimento de bens públicos não da economia: mercado x governo (Figura 3).

Figura 3 - Sistemas econômicos


Fonte: adaptada de Vasconcelos (2015).

UNIDADE I 21
Vários autores costumam tratar dos sistemas
econômicos como comunismo, capitalismo e
socialismo. Segundo Vasconcelos (2015), é im-
portante não confundir os sistemas econômicos
com regimes políticos, que são esses adotados pelo
governo de todos os países. Não é objetivo desse
livro comparar as formas de governo, o que seria
uma boa pesquisa para o aluno.
Você pode observar, no Quadro 1, uma forma
humorística de tratar os regimes políticos, apre-
sentada por Mendes (2012).

Socialismo Você tem duas vacas. O Estado


lhe toma uma e a dá a alguém.
Comunismo Você tem duas vacas. O Estado
lhe toma as duas e lhe dá o leite.
Facismo Você tem duas vacas. O Estado
toma as duas e lhe vende o leite.
Nazismo Você tem duas vacas. O Estado
lhe toma as duas e mata você.
Capitalismo Você tem duas vacas. Você ven-
de uma e compra um touro.

Quadro 1 - Regimes políticos


Fonte: Mendes (2012).

22 Introdução à Economia
Os Fatores
de Produção

Para entendermos, agora, como funciona o fluxo


econômico, é importante conhecermos quais são
os fatores de produção. Segundo autores como
Vasconcelos (2015), Mendes (2012), Silva (2014)
e Izidoro (2015), pode-se afirmar que os fatores de
produção são importantes para que as empresas
possam fornecer os bens e/ou serviços necessários
que atendam às demandas das pessoas. Basica-
mente são divididos da seguinte forma:
• Recursos naturais: são os elementos da
natureza que poderão ser utilizados de
alguma forma na economia. Como exem-
plos, temos a matéria-prima, rios, oceanos,
fontes de energia (água, sol, vento) etc.
• Mão de obra: no caso da mão de obra,
podemos considerar aquelas pessoas que
estão disponíveis para trabalharem. É im-
portante considerar, aqui, as populações
economicamente ativas (PEA). A mão de
obra poderá ser própria ou terceirizada.

UNIDADE I 23
PEA (População economicamente ativa) = Habi-
tantes - (crianças + idosos).

• Capital: são os bens materiais produzidos


pelo homem e que são utilizados na pro-
dução. Para Izidoro (2015), não existe o
fator capital sem o fator trabalho humano,
pois esse só será possível existir se existir
trabalho. Como exemplo, podemos citar
edificações, instalações, máquinas e equi-
pamentos, capacidade tecnológica, geren-
cial, financeira etc.

Os fatores de produção têm uma função primordial


na economia, pois são condição Sine qua non para
o bom funcionamento de qualquer organização. Por
conta disso, merecem uma atenção especial, por par-
te dos gestores, no momento de elaborarem as estra-
tégias da organização. Não adianta nada uma boa
estratégia sem que se faça uma análise da possibilida-
de de obter todos os fatores de produção necessários
para colocar em prática as estratégias escolhidas.

24 Introdução à Economia
Fluxos
Econômicos

Para que possamos fechar o nosso tópico de


Introdução à Economia, é necessário entender
como ela interage diretamente em nosso dia a
dia. Assim, será possível perceber como estamos
envolvidos com isso e nem percebemos, pois a
coisa acontece naturalmente.
Para ilustrar essa interação, a forma mais clara
de entendimento é analisar o fluxo que Ferreira
(2015) chamou de fluxo de troca do sistema eco-
nômico. Nós adotaremos, neste livro, o nome de
Fluxo econômico.
No fluxo econômico, é primordial que se avalie
o papel de cada agente econômico e como eles se
interagem. Os agentes econômicos são: as famí-
lias, as empresas, o mercado de bens e serviços,
o mercado de fatores produtivos, o governo, o
mercado financeiro etc., ou seja, todos aqueles que
estão envolvidos de alguma forma nesse contexto,
conforme mostrado na Figura 4.

UNIDADE I 25
Figura 4 - Fluxo Econômico
Fonte: o autor.

Conforme visto no Tópico 3 (Sistemas Econômi- uma vez que esses produtos e/ou serviços são
cos), nós vivemos em um país que adota o capita- demandados pelas famílias.
lismo como regime político. Este, por sua vez, está Por outro lado, para que as famílias adqui-
enquadrado no sistema de concorrência mista, ram os produtos e/ou serviços das empresas, é
em que o governo tem um papel importante para necessário ter dinheiro (renda). Surge, portanto,
regular o mercado, portanto a análise será feita a moeda (Fluxo Monetário). No momento em
sob essa óptica. que contratam as pessoas (famílias) como mão
Podemos notar que temos dois fluxos na de obra, torna-se possível pagá-las pelo serviço
figura, o fluxo real e o fluxo monetário. Co- prestado. Assim, gera-se a renda necessária para
meçaremos a análise pelo fluxo real. Segundo sobrevivência das famílias. Portanto, as famílias,
Ferreira (2015), o fluxo econômico se iniciará buscando satisfazer suas necessidades, irão até as
pelas famílias, que ofertam os fatores de pro- empresas demandando produtos e/ou serviços;
dução (trabalho, capital, terra) ao mercado, que retornando, portanto, a moeda (despesas) às em-
são fatores primordiais para que as empresas presas e permitindo, desse modo, que elas tenham
consigam produzir. As empresas demandam es- condições de pagarem as pessoas. Essa relação
ses fatores de produção e oferecem às famílias empresa/famílias funciona, portanto, como uma
os produtos e/ou serviços que são produzidos simbiose, em que um depende do outro, visando
por elas. Desse modo, fechar um primeiro ciclo, sua sobrevivência.

26 Introdução à Economia
Surge, também, dentro desse fluxo, o governo Veremos com detalhes na Unidade V, na qual
que, além de controlar o mercado evitando pos- estudaremos sistemas de capitalização.
síveis desajustes, tem, também, um papel central Ao analisarmos o fluxo econômico, é possível
na relação. O governo contrata mão de obra das perceber o quanto a economia influencia nossas
famílias e também contrata serviços e produtos das vidas e como estamos inseridos em um contexto
empresas. Com isso, é um grande contribuidor para importante para sobrevivência de uma socieda-
aumentar a renda e receita de empresas e famílias, de. Sem a existência do fluxo e de seus agentes, se-
mas, por outro lado, a maior parte da receita do ria praticamente impossível controlar o mercado
governo é oriunda dos tributos, mas os Estados e e fazer com que as relações aconteçam, de forma
Municípios recebem capital financeiro do governo quase que transparente, para todos os envolvidos.
Federal. Além disso, temos as empresas públicas que Chegamos, aqui, ao fim da nossa primeira
vendem bens e serviços. Ele é obrigado a cobrar unidade. Só recapitulando, nosso objetivo nesta
impostos sobre serviços e produtos, visando a sua unidade era conhecer um pouco mais sobre os
própria sobrevivência. Com isso, contribui para conceitos básicos de economia e qual é o pro-
diminuir a renda das famílias e receita das empre- blema fundamental enfrentado por ela. Tam-
sas. Portanto, é de suma importância que o governo bém procuramos conhecer quais são e como
ajuste os valores de impostos sob pena de, ao invés funcionam os sistemas econômicos existentes;
de ajudar a controlar a economia, pode ser fonte de saber quais são os fatores de produção que irão
problemas ao retirar o dinheiro do mercado. movimentar a economia, com seus problemas de
Por fim, como visto na figura, existe o mercado escassez e, por fim, foi possível perceber como
de capitais. Nesse mercado, encontram-se bancos funciona o fluxo econômico em uma sociedade
e instituições que permitam que, tanto as empresas e como estamos inseridos nele.
quanto as famílias possam aplicar o seu dinhei- Caso não esteja seguro que tenha assimila-
ro, buscando aumentar a renda com o mercado do bem esses conceitos, leia novamente o texto,
financeiro. Trata-se de um mercado em que a taxa buscando assimilar bem os conceitos que serão
de juros sobre o dinheiro aplicado fará com que o importantes ao longo do curso.
dinheiro renda (cresça) e gere mais receita para seu
investidor. Como isso acontece?

UNIDADE I 27
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Os três problemas econômicos relativos a “o quê”, “como” e “para quem” pro-


duzir existem:
a) Apenas nas sociedades de planejamento centralizado.
b) Apenas nas sociedades de “livre empresa” ou capitalistas, nas quais o problema
da escolha é mais agudo.
c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua
forma de organização política.

d) Apenas nas sociedades “subdesenvolvidas”, uma vez que desenvolvimento é,
em grande parte, enfrentar esses três problemas.

e) Todas as respostas anteriores estão corretas.

2. Leia atentamente as afirmações a seguir e faça o que se pede:


I) No fluxo monetário da economia, as famílias demandam produtos e serviços
das empresas que, por sua vez, demandam serviços (mão de obra das famí-
lias), fazendo com que o dinheiro circule e gire a economia.
II) O grande problema enfrentado pela economia é a produção de bens e servi-
ços, pois são eles que geram riquezas e fazem com que a sociedade sobreviva.
III) Dentro dos fatores de capital vistos, o mais importante é o capital, pois sem
ele a economia não teria verba e não seria possível manter o seu bom fun-
cionamento.
IV) O sistema de concorrência pura, em que a concorrência do mercado dita as
regras, é o mais comum de ser encontrado. No Brasil, por exemplo, vivemos
em uma democracia e esse sistema permite que as empresas concorram de
forma livre e plena na economia local.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

28
3. Após leitura do texto e reflexão sobre os conceitos básicos da economia, pense
em nosso país e faça uma classificação de nossa economia em relação a: sistema
econômico adotado; principais fatores de produção e os bens/serviços ofertados
por nós para economia mundial. Porque ainda não podemos ser considerados
um país desenvolvido? (Responda em, no máximo, 15 linhas).

29
LIVRO

Economia: Micro e Macro


Autor: Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos
Editora: Gen, Atlas
Sinopse: esse livro privilegia o aprendizado ativo do aluno com um texto com-
pacto e, ao mesmo tempo, abrangente. Todos os capítulos contêm questões de
revisão e perguntas com alternativas para serem escolhidas, retiradas de alguns
dos principais concursos públicos, como Receita Federal.

30
DA SILVA, A. O. Economia e Gestão. São Paulo: Pearson, 2014.

FERREIRA, P. V. Análise de Cenários Econômicos. Curitiba: Intersaberes, 2015.

IZIDORO, C. Economia e Mercado. São Paulo: Pearson, 2015.

MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 6. ed. São Paulo: Gen, Atlas, 2015.

31
1. C.

2. E.

3. Neste caso, é importante entender que, no Brasil, temos um grande problema na economia mundial por
exportarmos matérias-primas (fator de produção) e importamos os produtos e serviços que contêm um
maior Know-How. Esse fator nos coloca em posição desfavorável na economia mundial, pois o valor de
exportação da matéria-prima é baixa em comparação a um produto e/ou serviço que contenha um co-
nhecimento embarcado.

No caso de nosso sistema econômico, adotamos o sistema de concorrência mista, em que existe uma
dependência do governo para regular melhor o mercado.

32
33
34
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Fundamentos da
Engenharia Econômica

PLANO DE ESTUDOS

A importância da análise
Econômica

Fundamentos da O engenheiro e a engenharia


Engenharia Econômica econômica hoje

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender os fundamentos da engenharia econômica. • Entender como são feitas análises econômicas dentro de
• Entender como a engenharia econômica auxiliará nas cenários diferentes.
tomadas de decisão em análises financeiras.
Fundamentos da
Engenharia Econômica

Caro(a) aluno(a), na primeira unidade do livro,


os conceitos básicos de economia, os problemas
enfrentados, fatores de produção e fluxo econômi-
co permitiram perceber como estamos inseridos
dentro da economia de uma sociedade e como ela
nos afeta diretamente. É importante, doravante, co-
meçarmos a entender como esses conceitos serão
importantes em nossa vida profissional e pessoal.
Para tal, nesta unidade, vamos entender novos
conceitos ligados à Engenharia Econômica que
nos auxiliarão nas análises de investimentos, ta-
refa de extrema importância na vida de qualquer
engenheiro.
Na unidade anterior, pudemos perceber que
a principal preocupação da economia está foca-
da na escassez, ou seja, como será gerenciado o
mercado de modo que as necessidades ilimitadas
do seres humanos não acabem com os fatores de
produção que são escassos. Agora, é interessante,
uma vez que estamos em um curso de engenharia,
entender o que seria a engenharia econômica e
como ela irá influenciar a nossa vida profissional.
A engenharia econômica tem um papel fun- escolhido o mercado, são seus clientes que irão
damental na vida de um engenheiro. Ao analisar- definir o que e quando comprarem, uma vez que
mos as atividades desenvolvidas pelo engenheiro, o mercado está muito concorrido.
é possível notar que ele é um gestor nato, pois Ainda segundo Nakano (1967), não se pode
trabalhará a maior parte de seu tempo tomando esquecer que os fatores de produção são escassos,
decisões que afetarão o negócio de sua empre- como vimos na unidade anterior. Com isso, e com
sa; esteja ele na obra, departamento de projetos a dependência da demanda de mercado, a enge-
ou como executivo. É importante salientar que o nharia econômica ganhará força no momento da
impacto da tomada de decisão será maior (ou me- tomada de decisão dos gestores para atuarem no
nor) de acordo com o nível de responsabilidade mercado escolhido.
que estiver na mão desse profissional. Com essa ideia, Nakano (1967, p. 90) faz uma
Portanto é relevante conhecermos o conceito conexão interessante de conceitos, ao mostrar que
básico da engenharia econômica. Para Ferreira a engenharia, nesse contexto, tem a grande missão
(2017, p. 15), a engenharia econômica é de desenvolver uma solução “tentando controlar

““
e dirigir as forças físicas e materiais da natureza
um sinônimo, ou até mesmo uma área, da em benefício do Homem”. Por seu lado, a econo-
análise de investimentos, a qual, por sua mia fará todo um estudo em relação aos aspectos
vez, é uma área fundamental da atividade sociais de produção e distribuição de bens e/ou
empresarial. Afinal é pela execução de pro- serviços. Assim, temos a engenharia procurando
jetos de investimentos que as empresas e os a eficiência tecnológica e a economia procuran-
empreendimentos ampliam sua capacidade do a eficiência econômica. Desse modo, o autor
operacional, sua capacidade de realização conclui que a Engenharia Econômica terá esse
de negócios e seus resultados financeiros e papel fundamental de “harmonizar a eficiência
mercadológicos, assegurando, dessa forma, tecnológica à eficiência econômica”.
sua continuidade.

Em um trabalho interessante desenvolvido por


Nakano (1967), é elaborado um raciocínio visan-
do fazer conexão entre a engenharia e a economia. A Engenharia Econômica procura subordinar a
Segundo o autor, o grande desafio no desenvolvi- técnica de produção, desenvolvida pela Enge-
mento econômico do país é fazer com que as em- nharia, aos fins da atividade econômica do Ho-
presas entendam que, no mercado atual, a gran- mem. Leva, assim, em consideração a maneira
de força do mercado está nas mãos do mercado. de satisfazer as necessidades humanas e o seu
Hoje, não são mais as empresas que decidem o que custo de satisfazê-la.
produzir e vender. Claro que todas as empresas (Yoshiaki Nakano)
possuem um foco de mercado; porém, uma vez

UNIDADE II 37
Segundo Ferreira (2017), a
Engenharia Econômica existe
desde o século XIX, porém, no
Brasil, só passou a ganhar força
nos últimos 50 anos engloban-
do conhecimento de economia,
matemática e estatística. Ela tem
como objetivo principal dar res-
postas aos problemas de toma-
da de decisão que resultem na
aplicação eficiente de recursos,
trazendo consigo um retorno do
investimento que atenda à de-
manda das organizações. Para o
autor, a Engenharia econômica
é tão importante nas organiza-
ções, como administração estra-
tégica, marketing, gestão de pro-
cessos, recursos humanos etc.,
pois, sem uma gestão efetiva dos
recursos das organizações, até
mesmo sua sobrevivência pas-
sará a ser um “evento de caráter
aleatório”, em que não poderá
prever quase nada.
Figura 1 - Funções da Engenharia Econômica
Fonte: adaptada de Nakano (1967).

A Engenharia Econômica utilizará os raciocínios matemáticos da engenharia, aliados aos conheci-


mentos da economia, para auxiliar os gestores em suas tomadas de decisão de investimentos que
serão realizados na busca de melhores resultados operacionais para as organizações.

Para o autor, todas essas funções podem ser resumidas como “o estudo da rentabilidade comparada
das alternativas” (MACHLINE, 1966, p. 99 apud NAKANO, 1967, p. 91). Sendo assim, é importante,
então, observarmos, nesse momento, as análises econômicas que são utilizadas nas tomadas de decisão.

38 Fundamentos da Engenharia Econômica


A Importância da
Análise Econômica

Ao estudarmos a primeira unidade e os conceitos


básicos da Engenharia Econômica, ficou claro, ao
falarmos de economia, que estamos sempre anali-
sando um problema básico que é a escassez de re-
cursos e fatores de produção. É, também, essencial
analisar, no momento da tomada de decisão, as
possíveis variáveis financeiras que permitirão ao
gestor ter uma noção do impacto de sua decisão.
Ao longo deste livro, iremos analisar vários mé-
todos e fórmulas que são utilizadas para esse fim.
Segundo Vasconcellos (2009), a Engenharia
Econômica aplica técnicas que permitem o tra-
tamento de informações, com análises econômi-
cas e matemáticas, e permite tomar decisão entre
alternativas de investimentos, como substituição
de equipamentos, compra ou aluguel de um de-
terminado imóvel etc. Segundo o autor, a análise
prévia do investimento permite a racionalização
dos fatores de produção. Para tal, utiliza-se a ma-
temática financeira que, por sua vez, descreve a
relação do binômio Tempo x Dinheiro.

UNIDADE II 39
A relação tempo x dinheiro é de suma importância na análise de investimentos, pois dará aos
gestores uma noção do dinheiro ao longo do tempo. Em outras palavras, ao analisarmos um investi-
mento, principalmente de médio e longo prazo, é necessários que façamos uma análise mais profunda
em relação às variáveis ao longo do tempo, pois, como veremos adiante, a inflação, taxa de juros etc.
poderão depreciar o seu dinheiro, mascarando possíveis perdas futuras. Por isso é mister analisar, em
caso de investimentos, contrair dívidas, o quanto iremos poupar e/ou gastar hoje, para fazer com o
que o retorno desse investimento seja proveitoso no futuro (Figura 2).

40 Fundamentos da Engenharia Econômica


Figura 2 - Qual o valor do seu dinheiro ao longo do tempo?
Para que seja feita uma análise com qualidade, Vasconcellos (2009) propõe que sejam
utilizados critérios para tomada de decisão, a saber:

Devem Haver Alternativas de Investimentos


Sem haver alternativas para análises, não faz sentido algum fazê-la. Para que busquemos um
resultado que realmente seja significante para a organização, é preciso que se consiga algumas
alternativas interessantes que nos permita avaliar qual seria a melhor naquele momento.

As alternativas devem ser expressas em dinheiro


Quando falamos em dinheiro, estamos falando uma língua universal. É muito perigoso, ao se
analisar possíveis investimentos, comparar grandezas ou coisas diferentes, como horas mensais
de mão de obra com Kwh de energia. Sem que se tenha uma linguagem única, a análise se torna
infrutífera, mas é, também, primordial lembrar que existem coisas que são intangíveis, impon-
deráveis. E essas serão complicadas de analisarem em uma tomada de decisão financeira, pois
quando tratamos de matemática, analisamos números de forma fria.

Só as diferenças entre as alternativas são válidas


É importante ter esse critério em mente para evitar perda de tempo com análises que não levarão
a nada. Foque sempre naquilo que diferencia duas alternativas. Se, por exemplo, você for ana-
lisar dois motores e, nesse caso, o consumo dos dois é o mesmo, esse critério perde o sentido
no momento da decisão. É preciso analisar outros fatores que farão a diferenciação entre eles.

Sempre serão considerado os juros sobre o capital empregado


Todas as vezes que se emprega um dinheiro, existe a possibilidade de se ganhar mais dinheiro com
os juros que renderão em cima desse capital inicial. Essa análise é primordial para se conhecer
e escolher qual seria a alternativa que traria um melhor retorno. Isso vale, também, para investi-
mentos em equipamentos, produtos ou serviços. Sempre é importante, nas tomadas de decisão,
analisar qual seria o retorno do capital caso fosse investido no mercado de capital e comparar
com o retorno do investimento desejado. Isso poderá ser um fator crucial na tomada de decisão.

Nos estudos econômicos, o passado geralmente não é considerado; interessa-nos


o presente e o futuro
No mercado financeiro não será levado em consideração os gastos passados com determina-
dos produtos ou serviços. Só será levado em consideração o valor de mercado desse bem. Por
exemplo, não adianta nada adquirirmos um carro, investir em diversos acessórios e querer, no
momento da venda, tentar recuperar esse valor gasto. Nem mesmo querer que o carro tenha o
mesmo valor que foi pago no momento da compra. O carro terá o seu valor de mercado daquele
momento. Nenhuma pessoa pagará mais por ele, mas é importante pensar, no momento de se
realizar um investimento, qual seria a perda financeira com esse bem no futuro, pois, caso essa
perda seja significativa, talvez não seja interessante desembolsar esse valor no momento. Talvez
possa existir outro investimento que se justifique nesse momento, por isso é importante analisar
todas as alternativas, como visto no primeiro critério.

UNIDADE II 41
Como visto na Figura 3, todo gestor, no momento de tomar uma decisão ficará com várias dúvidas
que o levarão a buscar informações que os auxiliem nesse momento. É de extrema importância criar
critérios, como os vistos anteriormente, para que, assim, possua um parâmetro que o guiará no sentido
de buscar melhores resultados. Além desses critérios citados, Vasconcellos (2009) chama a atenção,
também, para outros critérios de aprovação de um projeto. No caso dos projetos, o autor cita três di-
mensões que devem ser trabalhadas de forma isolada ou conjunta. São elas:
• Critérios financeiros: no caso dos recursos financeiros, é muito importante a análise dos custos
para prestação do serviço ou fabricação de um produto. Esse é um critério que, muitas vezes,
é esquecido e que, mais adiante, inviabiliza qualquer projeto. Se a empresa não tiver recurso
suficiente para “bancar” os seus custos até o fim, não adiantará em nada ter uma grande receita
a receber lá na frente, pois a empresa morrerá antes. Sua empresa poderá até contrair dívidas,
desde que seja possível amortizá-la em seu fluxo de caixa, mas se não tiver recurso necessário
para pagar as despesas recorrentes, não irá durar muito tempo.

42 Fundamentos da Engenharia Econômica


Figura 3 - Critérios para tomada de decisão
• Critério imponderáveis: os critérios im-
ponderáveis são aqueles que não temos
como transformá-los em valor financei-
ro (dinheiro). Como exemplo, podemos
O que matará sua empresa não é uma dívida, analisar a compra de uma geladeira em
mas o seu fluxo de caixa! lojas que a financiam em 36x. Utilizando
as fórmulas da matemática financeira (que
veremos mais adiante), é possível perceber
• Critérios econômicos: no caso dos recur- que, ao comparar com o valor à vista, o va-
sos econômicos, é fundamental conhecer lor pago daria para comprar mais de uma
qual será a rentabilidade do negócio, ou geladeira. Essa análise é fria e de critério
seja, qual a relação entre o lucro líquido puramente matemático. É preciso entender
em relação ao investimento realizado. Essa que, muitas vezes, somente desse modo o
análise permite conhecer, até mesmo antes cliente pode equacionar a dívida em seu
da realização do investimento propriamen- fluxo de caixa, comprando, assim, a gela-
te dito, qual seria o seu retorno. Com isso, deira. À vista, não teria dinheiro para tal
torna-se um critério muito importante na e ficaria sem o produto. Acho que, dessa
tomada de decisão. forma, fica mais claro de entender o que
seria o critério do imponderável. É pre-
ciso, muitas vezes, levar em consideração
situações que figuram dos dois primeiros
critérios. Às vezes, pode estar ali a resposta
Você sabe a diferença entre que procura para sua tomada de decisão.
Lucratividade e
Rentabilidade?
Para acessar, use seu leitor
Agora que já conhecemos os conceitos e a impor-
de QR Code. tância da engenharia econômica, é interessante
fazermos um paralelo entre ela e outras ciências.

UNIDADE II 43
O Engenheiro e a
Engenharia Econômica Hoje

Nos dias atuais, a profissão de engenheiro teve


uma mudança brusca, se compararmos aos en-
genheiros do século passado. Quando estudamos
teorias de gestão antigas, como as de Ford, Fayol
e Taylor, vistas em Chiavenato (2014), é possí-
vel perceber que, nessa época, o engenheiro era
responsável, única e exclusivamente, na área téc-
nica, ou seja, era o engenheiro o responsável por
aumentar a produção da empresa, uma vez que,
quando enfrentamos um cenário de pouca con-
corrência, produzir mais é sinônimo de vender
mais. Desse modo, aumentado a produção, con-
sequentemente, aumenta o resultado econômico
da organização.
Após várias décadas de evolução, Peter Druc-
ker, que também pode ser visto em Chiavenato
(2014) como principal autor da teoria neoclássica,
mostra-nos a inversão do mercado. O crescimento
do mercado trouxe consigo a concorrência. Uma
vez existindo concorrência, a inovação passa a
ser algo primordial para sobrevivência das orga-
nizações. O cliente passa a ter em mãos um poder
comparativo de produtos no mercado, o que fará
com que ele escolha aquele produto que melhor
atende às suas necessidade.

44 Fundamentos da Engenharia Econômica


Surge, então, a chamada era da informação. É importante para o engenheiro ter uma boa
Pessoa e Silva (2016) mostram, com isso, a im- base de conhecimento de economia, devendo
portância de se preocupar com a gestão da in- levar em conta coisas como: abordagem de cus-
formação, principalmente com aquela que está to-benefício, controle de custos e obtenção de
diretamente ligada à organização: a demanda de lucro, conhecimento de informações do merca-
seus clientes. Caso os gestores, engenheiros, não do consumidor (indivíduos, família, empresas) e
se atentem a isso, a organização estará condenada acompanhamento de índices de mercado (taxas
ao fracasso, pois não tem mais o poder de colocar de juros, investimentos, poupança). Isso dará a
no mercado aquilo que ela acha que deve. É aqui ele um diferencial competitivo, pois o habilita a
que a Engenharia Econômica deve ter um paralelo tomar decisões mais precisas.
bem definido, com uma relação saudável com Nesse aspecto, o engenheiro terá uma vanta-
todas as outras ciências. gem, em relação aos economistas, por exemplo,
Qual seria, então, o perfil esperado pelas orga- por possuir um pensamento lógico e o costume
nizações em tempos modernos? de gerenciar processos. Isso permite que sua
O engenheiro deve entender, portanto, que, mente tome decisões de investimento seguin-
hoje, ele irá: do um padrão lógico como o demonstrado na
• Tomar decisões de negócio: eu costu- Figura 4. Claro que não há, aqui, a intenção em
mo dizer que o engenheiro moderno tra- dizer que esse modelo é o ideal para tomadas de
balhará 70% do seu tempo com decisões decisão, porém poderá auxiliar os engenheiros,
gerenciais (administrativas e financeiras) e com menor experiência em gestão, a criarem
30% utilizando os seus conhecimentos téc- o seu próprio modelo que permita enxergar
nicos. É ele quem está à frente de áreas de como poderá agir na busca de decisões mais
produção das empresas. Sendo assim, deve precisas.
procurar conhecer muito bem do negócio Como veremos na Figura 4, é importante mu-
da organização. Não cabe mais somente se darmos o perfil do engenheiro. Hoje, os engenhei-
preocupar com área técnica. ros serão cobrados a serem muito mais participa-
• Ter uma exigência de conhecimentos, tivos em relação ao negócio da organização. Por
habilidades e competências: para po- mais que ela tenha um pensamento muito técnico,
der tomar decisões gerenciais, é preciso em que pretende trabalhar somente com projetos
aprender a gerenciar informações, de tal técnicos, é importante perceber que o nível de
forma que consiga utilizá-la corretamente conhecimento existente, hoje, é muito grande. Isso
no momento oportuno. torna impossível a qualquer engenheiro elaborar
projetos grandes (estradas, hidroelétricas, grandes
Após essa análise crítica de informações, o en- máquinas, sistemas de geração e distribuição de
genheiro deve realizar um estudo de viabilidade, energia etc.) sozinhos. Isso o torna dependente
utilizando todos os conceitos e fórmulas da en- de boas equipes. E, mais uma vez, somente os co-
genharia econômica que estudaremos neste livro, nhecimentos técnicos não serão suficientes, pois
conhecendo todas as alternativas de investimen- deverá saber lidar com gestão de equipes – mas
tos, para, assim, escolher a que adeque melhor às esse já é assunto de outra disciplina.
necessidades da organização.

UNIDADE II 45
Figura 4 - Fluxograma de processo de tomada de decisão
Fonte: o autor.

Nesta unidade, foi possível percebermos a impor- É claro que, para que possamos fazer essas aná-
tância da engenharia econômica na vida profis- lises, é preciso aprender também as ferramentas
sional dos engenheiros, em que conhecemos seus e fórmulas da matemática que nos conduzirão a
conceitos básicos, critérios e métodos, a importân- tomadas de decisões que realmente trarão melho-
cia da análise de situações, mercados, produtos, re- res resultados operacionais às organizações. E esse
cursos etc., no momento da tomada decisão. Ficou será o assunto das unidades de agora em diante.
claro que, para o engenheiro ser eficaz nas organi- Aguardo você, caro(a) aluno(a), lá!
zações, o seu nível de conhecimento deverá ir além
de conhecimentos técnicos da área da engenharia.

46 Fundamentos da Engenharia Econômica


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Leia as afirmações a seguir:


I) Segundo o que aprendemos no texto, ficou claro que, hoje, é importante que
as organizações se preocupem com a estratégia de atendimento à demanda
do mercado. Antes de falar em tecnologia, é preciso traçar estratégias eficazes
e somente depois adequar as tecnologias para suportar o negócio.
II) O mercado, hoje, não busca mais aquele engenheiro que tenha conhecimen-
tos técnicos suficiente para soluções dos problemas de engenharia. Esse
profissional será muito valorizado, pois, caso alinhe esses conhecimentos a
outros de análise de mercado, será possível criar um diferencial que, conse-
quentemente, trará melhores resultados operacionais.
III) A Engenharia econômica utilizará todos os conhecimentos matemáticos e
técnicos dos engenheiros, com fórmulas e pensamento lógico, em análises
econômicas na busca de melhores resultados operacionais.
IV) A Engenharia econômica ganhou força a partir do início do século XX, quando
os grandes engenheiros industriais passaram a ter uma importância ímpar
na busca de melhores resultados operacionais.
V) A grande preocupação da Engenharia econômica é fazer com que as organi-
zações busquem melhores resultados. Para tal, é preciso criar alternativas de
cenários, análises de mercado futuro e análises de problemas imponderáveis,
pois, somente assim, é possível tomar uma decisão de forma eficaz.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e III estão corretas.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas I, II e IV estão correta.
d) Apenas II, IV e V estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

47
2. Leia as afirmações a seguir e faça o que se pede:
I) No momento de uma análise de investimentos, é de suma importância que
se avalie todos os pontos e os compare com outras alternativas, como pontos
comuns, positivos, negativos, diferenças etc. Somente assim será possível
tomar uma decisão de qualidade.
II) O critério do imponderável é um dos mais importantes na tomada de decisão.
Ele poderá ser o critério de decisão no momento de se montar as formas de
pagamento de um produto.
III) No caso de análise financeira, um dos critérios de análises financeiras são
as taxas de juros. Elas podem fazer com que você perca dinheiro ao longo
do tempo.
IV) Como estudado nesta unidade, um dos fatores que devem ser muito bem
analisados são as dívidas. Porém uma dívida pode não ser o fator primordial
para fazer com que uma empresa venha a ter prejuízo.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Após leitura da unidade, faça uma pesquisa na internet sobre o tema da ren-
tabilidade e lucratividade. Qual seria, segundo os estudos realizados, a função
de cada uma dessas variáveis em uma análise econômica financeira de um
investimento? Qual das duas é mais importante sobre a óptica do investidor?

48
LIVRO

Coletânea Luso Brasileira VII: Gestão da Informação, Políticas Públicas e


Territórios
Autor: Cláudio R. M Pessoa, Armando Malheiro da Silva.
Editora: Universidade do Porto
Sinopse: esse texto mostra claramente como os gestores devem, hoje, preocupar
primeiro com as informações primordiais para o negócio da organização, para,
depois, planejar as estratégias e tecnologias que irão suportar o planejamento.
Disponível em: <http://www.observatorioueg.com.br/site/luso-brasileira.php>.

49
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração: Abordagens, perspectivas e normativas. 7. ed. Manole,
Barueri, São Paulo, 2014. Volume 1.

DA SILVA, A. O. Economia e Gestão. São Paulo: Pearson, 2014.

FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.

NAKANO, Y. Engenharia econômica e desenvolvimento. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 7, n. 22, p. 89-112,
mar. 1967. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v7n22/v7n22a05.pdf>. Acesso em: 20 Jul. 2018.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016.

SILVA, A. M.; FREITAS, C. C.; ALMEIDA, F. A. S.; FRANCO, M. J. B. (Orgs.). Gestão da informação, políticas
públicas e territórios. Porto (Portugal): Universidade do Porto, 2016.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.

50
1. D.

2. D.

3. Ambos os índices são muito importantes para o investidor, porém, no caso da rentabilidade, a análise é
mais abrangente, pois medirá a capacidade do produto/serviço bancar os investimentos realizados.

51
52
53
54
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Microeconomia

PLANO DE ESTUDOS

Demanda Mercado

Fundamentos da Oferta
Microeconomia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender o funcionamento de uma economia em um de- • Estudar a demanda de um determinado local


terminado mercado. • Compreender como essas variáveis afetam diretamente
• Estudar a oferta de um determinado local. o mercado.
Fundamentos da
Microeconomia

Prezado(a) aluno(a), após analisarmos anterior-


mente os conceitos de economia e engenharia
econômica, com a finalidade de criarmos um em-
basamento maior no tema, nesta unidade será
possível analisar o funcionamento de um mer-
cado de uma determinada região. Nesse contex-
to, analisaremos, também, as curvas de demanda
e oferta e, ainda, como elas interagem entre si e
com o mercado. Esperamos, ao fim da unidade,
estarmos aptos para entender o mercado e suas
variáveis.
Vamos entender, agora, como é o funciona-
mento de um mercado em relação a assuntos tão
difundidos: oferta e demanda. O que seriam essas
duas variáveis dentro do contexto econômico?
Como será que afetam o mercado? Ao final desta
unidade, seremos capazes de responder a essas
perguntas com facilidade. Vamos lá, então!
Ao tratarmos do tema economia, é importante
para elucidá-lo melhor e “dividi-lo” em dois con-
ceitos importantes: microeconomia e macroe-
conomia. Estudaremos os dois em detalhes nas
próximas duas unidades.
Segundo Baidya et al. (2014), a microeconomia Basicamente, a microeconomia estuda, portan-
possui uma função importante quando estamos to, a forma como os indivíduos e as famílias bus-
analisando o contexto de uma localidade especí- cam os bens e serviços, a forma como as empresas
fica (vila, cidade, estado, país). definem o que e quando produzir bens e serviços
e, por fim, a forma como o mercado relaciona a
busca e a produção.
Vasconcellos (2009) chama atenção para a
condição Coeteris Paribus, expressão que vem
A microeconomia estuda as ações de indivíduos do Latim e quer dizer “e tudo o mais constante”.
enquanto consumidores e de indivíduos como Lembra-se de quando estudava física na escola
proprietários de firmas. e em todas as demonstrações o professor falava:
(James D. Gwartney, Richard L. Stroup e José L. “Isso acontecerá em condições normais de tem-
Carvalho) peratura e pressão”. A condição Coeteris Pasi-
bus é similar para a análise da economia. É uma
condição fundamental para realização de análi-
Para os autores, a microeconomia é responsável ses de mercado, pois ela define que o mercado
pelo estudo do comportamento dos “tomadores” analisado não interfere e nem é interferido pelos
de decisão como “células unitárias”, sejam eles em- demais. Segundo o autor, servirá, também, para
presários, gerentes, engenheiros ou, até mesmo, analisarmos variáveis de forma isolada, tal como
como indivíduos (como pessoa física) na compra o preço de um bem em relação à sua procura,
de produtos ou serviços. Segundo Vasconcellos independentemente de outras variáveis, como
(2009) e Baidya et al. (2014), a microeconomia renda, gastos etc.
terá, ainda, como objetivo analisar a composição É importante, aqui, definirmos mercado.
de preços e a utilização dos recursos disponíveis Segundo Baidya et al. (2014), mercado é um
para o processo produtivo. A microeconomia, a bem abstrato, entretanto, pode-se afirmar que
quem Vasconcellos (2009) denomina teoria dos ele engloba todas as possibilidades de trocas e
preços, é a parte da teoria econômica que estuda negociações entre indivíduos, firmas e países.
o comportamento das famílias e das empresas e Segundo os autores, as partes que negociam são
os mercados na qual operam. denominadas agentes de mercado. Podemos dar
Para Vasconcellos (2009), é de suma impor- como exemplos de mercado diversas áreas, como
tância salientar que a microeconomia não tem mercado imobiliário, mercado de automóveis,
por seu foco principal o estudo das empresas em mercado de hortifrutigranjeiros etc.
si, pois senão seria fatalmente comparada à ad- Segundo Mendes (2012), baseado nos ele-
ministração de empresas. No entanto, terá como mentos essenciais da estrutura do mercado, o nú-
objetivo, portanto, analisar o mercado no qual mero de empresas e a diferenciação dos produtos,
as empresas e pessoas interagem, os fatores eco- é possível classificar o mercado em: competitivo,
nômicos que determinam o comportamento do pouco competitivo e sem competitividade, con-
consumidor e o comportamento das empresas. forme Quadro 1.

UNIDADE III 57
Número de
Tipo de produto Atividade da Empresa
Empresas
Venda Compra
Muitas Homogêneo Competição Pura Competição Pura
Muitas Diferenciado Competição Monopolística Competição Monopsonística
Poucas Homogêneo ou não Oligopólio Ologopsônio
Uma Único Monopólio Monopsônio

Quadro 1 - Classificação dos mercados


Fonte: Mendes (2012, p. 62).

Enfim, após conhecer os conceitos básicos da microeconomia, ficou claro que é preciso analisar as três
áreas citadas de forma isolada, a saber: demanda, oferta e mercado. Vamos a elas, então.

58 Microeconomia
Demanda

O conceito de demanda é um consenso entre os


autores da área, tais como Vasconcellos (2009),
Mendes (2012), Baidya et al. (2014) e Ferreira
(2017). A demanda definirá a quantidade de bem
ou serviço que um indivíduo deseja comprar, em
um determinado período, dada a sua renda, seus
gastos e em relação ao preço do mercado. É im-
portante salientar que demanda não expressa a
compra em si do bem ou serviço, mas a manifes-
tação do desejo da compra. Assim, pode-se definir
o que Vasconcellos (2009, p.38) denominou de lei
da demanda como “a quantidade de demanda de
um bem e/ou serviço diminui à medida que seu
preço aumenta na condição Coeteris Paribus”.
Para entender melhor esse conceito, é interes-
sante pensarmos em um exemplo prático. Mendes
(2012) traz um exemplo simples de se entender.
Imagine que você esteja querendo comprar uma
TV com tecnologias modernas (LED, LCD etc.),
quando essas televisões chegaram ao mercado, o
seu custo era muito alto devido à novidade e às
tecnologias que ela traz embarcada. Era possível
encontrar televisores custando algo em torno de
R$ 15.000,00. Devido a esse preço, poucas pessoas
eram capazes de adquirir esse bem, pois o preço

UNIDADE III 59
é considerado alto em relação à
renda e gastos das pessoas. Por-
tanto, a demanda por esse bem
era baixa. Com o passar dos
anos, com domínio da tecnolo-
gia e barateamento dos fatores
de produção, foi possível, para as
empresas, conseguirem abaixar
o preço de venda de seus televi-
sores. Hoje, é possível encontrar
os mesmos produtos nas lojas
por valores como R$ 1.500,00 e,
dependendo do tamanho e tec-
nologia, até mais baratos. Com
a queda dos preços, aumentou
consideravelmente a quantidade Figura 1 - Curva Hipotética de demanda para compra de um televisor
de pessoas que possuem condi- Fonte: o autor.
ções de comprar, aumentando,
consequentemente, a demanda É fundamental perceber que a curva de demanda será determinada
pelo produto. O exemplo mostra por todos os fatores que foram citados, ou seja, a curva será uma
o contrário do dito na lei da de- função definida por:
manda. Quanto menor o preço,
maior a demanda. No entanto, se Cd = ƒ (Pb, Pbs, Pbc, R, G) (1)
analisarmos o oposto, é possível
notar que é verdadeira a afirma- Sendo:
ção, ou seja, quanto mais cara a Cd= curva de demanda.
empresa colocar o custo de uma Pb= preço do Bem.
TV, menos pessoas terão con- Pbs= preço de bem substituto.
dições de comprá-la, definindo, Pbc= preço do bem complementar.
assim, uma demanda menor. R= renda.
Tudo isso que foi dito pode G= gostos, hábitos, preferências.
ser representado graficamente
pela curva de demanda (Figura Analisando as variáveis anteriores:
1). Essa curva, segundo Mendes • Curva de demanda: curva definida no gráfico em função
(2012, p. 29), define “a relação de todas as variáveis analisadas.
que descreve a quantidade de • Preço do Bem: preço determinado pelas empresas para
um bem que os consumidores venda dos bens produzidos.
estão dispostos a comprar, a di- • Preço do bem substituto: um bem substituto é aquele que
ferentes níveis de preço, em um poderá substituir o bem analisado por algum motivo, ou
determinado período de tempo, seja, o consumo deste elimina o consumo do outro. Exemplo:
dado um conjunto de condições”. manteiga e margarina.

60 Microeconomia
• Preço do bem complementar: bem complementar é aquele que só será consumido caso seja
comprado um bem principal, ou seja, a sua compra depende da compra de outro. Exemplo:
cartucho de impressoras.
• Renda: é a renda das famílias que dará a elas o poder de compra.
• G: é o imponderável que já foi explicado anteriormente. Algo que é complicado de se medir,
mas que interfere na decisão de compra.

Figura 2 - Deslocamentos da curva de demanda


Fonte: o autor.

A curva de demanda, segundo Vasconcellos (2009), faz com que a curva se desloque para esquerda ou
poderá ser representada por uma reta (linear) ou direta (expansão ou retração, respectivamente). No
assumir a figura mostrada no gráfico da Figura 1 caso da expansão, segundo Vasconcellos (2009), por
(função potência). O que determinará o formato exemplo, podemos analisar a demanda de compra
serão as variáveis analisadas. de um refrigerante 1 em relação ao refrigerante 2.
A curva poderá, também, sofrer deslocamentos Caso o preço do refrigerante 1 aumente, fará com
positivos/negativos de acordo com as condições de que a demanda pelo refrigerante 2 aumente. A re-
mercado, por exemplo variação da renda, dos pre- tração também será possível perceber nessa rela-
ços, preferências, aumento do número de consumi- ção, por exemplo, o aumento do preço de carros
dores etc. O fato do aumento de preços, relacionado no mercado fará com que a demanda por gasolina
aos bens substitutos e complementares, também diminua, como visto na Figura 2.

UNIDADE III 61
Oferta

No caso do conceito de oferta, assim como no caso


da demanda, também há um consenso entre os
autores da área, como os que estamos utilizando
como referência neste livro, Vasconcellos (2009),
Mendes (2012), Baidya et al.(2014) e Ferreira
(2017).
No caso da demanda, foi possível perceber que
é feita uma análise da intenção de compra por
parte das famílias (indivíduo). Já no caso da oferta,
a análise passará a ser feita do lado da empresa. A
oferta, a grosso modo, é quantidade de bem/servi-
ço que a empresa deseja vender em um determi-
nado período de tempo. Assim como a demanda,
não representa a venda efetiva, mas a intenção da
venda de bens e produtos. Vasconcellos (2009) diz,
na lei da oferta, que a quantidade ofertada de um
bem aumenta à medida que seu preço aumenta
na condição Coeteris Paribus.
Você pode ter estranhado, ao ler a lei da oferta,
o fato de que ao se aumentar o preço, aumenta a
oferta, mas é que estamos acostumados a pensar

62 Microeconomia
sob a óptica do consumidor. Lembre-se que estamos aqui analisando o lado das empresas. Portanto, se
eu tenho um produto que eu quero vender, e seu preço aumentou no mercado por algum motivo, eu
quero ofertá-lo ao máximo, pois isso aumentará a receita, consequentemente, poderá aumentar o lucro.
É importante, também, analisarmos a curva de oferta. Segundo Mendes (2012), a curva da oferta é
uma relação que descreve quanto de um bem os produtores de todas as empresas estão dispostos a ofe-
recer, a diferentes níveis de preço, em determinado período de tempo, dado a um conjunto de condições.
A curva de oferta pode ser definida como (Figura 3):

(Kg)

Figura 3 - Curva Hipotética de Oferta


Fonte: o autor.

Co = ƒ (Pb, Pƒp, Pbs, T, A) (2)

Onde:
Co = curva de oferta.
Pb = preço do bem.
Pfp = preço dos fatores e produção.
Pbs = preço de bem substituto
T = tecnologia.
A = condições Ambientais.

Analisado as variáveis anteriores:


• Curva de oferta: curva que será definida pelo gráfico em relação a todas as variáveis.
• Preço do bem: preço em que o bem/serviço é ofertado no mercado.
• Preço dos fatores de produção: o preço dos fatores de produção é uma variável primordial,
pois ele estará diretamente ligado ao preço final do produto.
• Tecnologia: hoje, também é uma variável importante na produção e composição de um pro-
duto/serviço. Ela poderá contribuir e, em alguns casos, encarecer o valor da solução final. A
melhoria da tecnologia, por exemplo, pode mudar o modelo de produção, afetando diretamente
na produção final de bens/serviços.

UNIDADE III 63
• Condições Ambientais: essa variável, em toda a bibliografia sobre o tema, está diretamente
ligada às condições climáticas, mas eu ousarei, aqui, ir além e dizer que o ambiente (mercado)
também afetará a oferta. Algumas externalidades, que analisaremos em breve, podem fazer com
o que o preço altere, fazendo, com isso, que a curva também se altere.

(Kg)

Figura 4 - Deslocamento da curva de oferta


Fonte: o autor.

Para dar um exemplo prático e entender as variáveis, podemos pensar em algum produto agrícola, como
a cana. Imagine que, em um determinado período, o país sofreu com a safra da cana. O produto fica
escasso e o preço aumenta. No caso dos produtores, eles devem fazer escolha de, por exemplo, atender
o mercado de açúcar ou de combustível. Ele irá escolher aquele que lhe pagar melhor, assim, o aumento
do preço do produto, em fator de um problema climático, faz com que a oferta do produto aumente.
A curva de oferta também sofrerá variações com as mudanças de suas variáveis. A curva, assim
como a curva de demanda, poderá sofrer retração ou expansão. Por exemplo, no caso do aumento do
preço do açúcar, como visto anteriormente, fará com que a curva de oferta se expanda, ou seja, au-
mentará a oferta em função do aumento do preço. Em contrapartida, imaginemos que por um fator
favorável de mercado, como o uso de uma tecnologia nova, faça com que o preço caia no mercado.
Consequentemente, a curva de oferta irá retrair, pois as empresas terão seu faturamento reduzido com
a queda dos preços (Figura 4).

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

64 Microeconomia
Mercado

Após estudar as curvas de demanda e de oferta,


em que um lado tínhamos as intenções de com-
pra das famílias e do outro os produtos ofertados
pelas empresas, é primordial entendermos como
funciona o mercado quando essas duas curvas
funcionam em conjunto. Em outras palavras, é
preciso entender como funcionará o equilíbrio
do mercado. Esse conceito é o que define o que
sempre escutamos em relação ao mercado quando
dito popularmente em lei da oferta x procura.
Para Mendes (2012), mercado é o locus em que
a demanda e a oferta se unem para formar os pre-
ços do produtos e serviços. Isto é, para o autor, a
formação do preço dependerá do resultado direto
das condições das ofertas e da demanda.
Vasconcellos (2009) corrobora com esse pensa-
mento e diz que o preço de mercado é determinado
pela oferta e procura; e, segundo ele, ao colocarmos
essas duas curvas em um gráfico, será determinado
um ponto de equilíbrio, que define o preço ideal
para atender a demanda de mercado (Figura 5).

UNIDADE III 65
Figura 5 - Equilíbrio de Mercado
Fonte: o autor.

A curva de demanda x oferta nos faz refletir e permite que façamos diversas análises em relação ao
mercado. Por exemplo, é possível notar quando temos um excesso de demanda ou escassez de ofertas.
Vejamos a Figura 6.

Figura 6 - Excesso de oferta


Fonte: o autor.

66 Microeconomia
Ao analisarmos o gráfico, é possível notar que o preço para o ponto de equilíbrio seria o de R$ 6,00,
em que teríamos uma demanda de 40 produtos. Porém, ao olharmos para os pontos A e B, é possível
ver que se o preço do produto fosse de R$ 10,00, teríamos uma demanda de 20 produtos, uma oferta
de 60. O que nos daria um excedente de oferta de 40 produtos.
Já na Figura 7, será possível notar que teremos uma escassez de oferta, pois, ao abaixarmos o preço
do produto para R$ 4,00, fez com que tivéssemos uma demanda para 70 produtos; porém, a empresa
conseguiria produzir somente 10 produtos nesse preço. Assim, para essa nova realidade, teríamos uma
escassez de produção de 60 produtos.
Essa decisão de quanto deve ser produzido é, possivelmente, respondida quando se analisa o gráfico
da Figura 7, de oferta x demanda.

Figura 7 - Escassez de oferta


Fonte: o autor.

Vamos analisar um exemplo prático para entender como funciona a relação da curva de oferta e de-
manda. Imagine que tenhamos a curva de oferta e demanda construídas com as funções dadas a seguir.
Quais seriam o preço e quantidade necessária de produção para equilibrar o mercado?
Funções:
Curva de Demanda: D= 70 - 3P
Curva de Oferta: O = 20 + 2P
Onde: D=demanda; O=oferta; P=preço.

UNIDADE III 67
O equilíbrio existirá quando tivermos uma oferta exemplo, foi visto nas variáveis da demanda que,
igual a demanda. Portanto, uma forma de calcular caso a renda do consumidor cresça, haverá uma
seria igualar O e D. Assim, teremos: expansão da curva de demanda, pois teremos,
nesse caso, mais pessoas interessadas no produ-
D=O, assim: 70-3P=20+2P to, pois terão mais capacidade de compra. Isso
afeta diretamente o ponto de equilíbrio. Ao ana-
Portanto: 5P=50; então P=R$ 10,00. Este seria o lisarmos a Figura 8, fica clara a expansão da cur-
preço de equilíbrio. va com o aumento da renda. O gráfico mostra
Jogando o preço de equilíbrio em uma das que, mesmo que o preço do produto tenha um
duas funções, encontraremos a quantidade pro- aumento de R$ 6,00 para R$ 8,00, o ponto de
duzida necessária para o equilíbrio. equilíbrio teria um aumento da demanda de 40
para em torno de 53 produtos. Com isso, a em-
O=20+2P = 20+ 20 = 40 presa é capaz de visualizar, graficamente, quanto
deveria aumentar sua produção para continuar
Portanto, teríamos que ter uma oferta de 40 em equilíbrio. É claro que, como analisamos o
produtos para equilibrar o mercado a um preço fato da expansão, a retração também traz conse-
de R$ 10,00. quências para a curva de equilíbrio de mercado.
É importante lembrar que os fatores que afe- Porém, a análise seria realizada da mesma forma,
tam as curvas de demanda e oferta irão variar, obviamente com uma redução da demanda e do
também, o ponto de equilíbrio do mercado. Por ponto de equilíbrio.

Figura 8 - Mudança do ponto de equilíbrio


Fonte: o autor.

68 Microeconomia
algumas análises iniciais para tomada de decisão
nas organizações. Principalmente os conceitos
Tenha sua dose extra de de demanda, oferta e de equilíbrio de mercado
conhecimento assistindo ao já nos dão uma noção de como é possível iniciar
vídeo. Para acessar, use seu uma análise para um futura tomada de decisão de
leitor de QR Code. investimentos, consequentemente de melhoria de
resultados operacionais das empresas.
Claro que ainda nos faltam ferramentas e
Prezado(a) aluno(a), o objetivo desta unidade era análises mais apuradas de externalidades, como
de compreendermos como funciona a economia inflação, juros e fluxos de caixas, que iremos ana-
em um mercado local. Acredito que, com os con- lisar nas unidades seguintes. Em breve já estare-
ceitos de microeconomia, já é possível realizarmos mos aptos para tal.
Vamos em frente!

UNIDADE III 69
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. As curvas de oferta e demanda serão construídas devido às seguintes funções:


Curva de Demanda: D= 30 - 2P
Curva de Oferta: O = 15 + P

1.1 Qual é o preço de equilíbrio para essa realidade do mercado?


a) R$ 3,00.
b) R$ 4,00.
c) R$ 5,00.
d) R$ 6,00.
e) R$ 7,00.

1.2 Na mesma realidade do mercado, qual seria a quantidade necessária de


produção para equilibrar o mercado?
a) 15.
b) 20.
c) 25.
d) 30.
e) 35.

70
2. Lembrando do que foi dito para a condição Coeteris paribus, é possível afirmar que:
I) O aumento da oferta de um produto diminui o seu preço e aumentará, con-
sequentemente, a sua demanda.
II) Se a demanda aumentar, o preço do bem cairá, consequentemente aumenta
a sua oferta.
III) O aumento da demanda, aumenta o preço e, consequentemente, aumentará
a sua oferta.
IV) O aumento da oferta aumenta a demanda, consequentemente faz com que
o preço caia.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I está correta.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

71
LIVRO

Micro Economia e Comportamento


Autor: Robert H. Frank
Editora: Bookman
Sinopse: Microeconomia e Comportamento apresenta um conteúdo que vai além
das ferramentas técnicas essenciais para a análise da economia comportamental,
e lança aos estudantes uma provocação crítica de como desenvolver “o pensar
como um economista”, com base em fatos cotidianos. Com essa metodologia
desafiadora e a abordagem dos tópicos com grau de dificuldade crescente, Frank
propõe uma série de exercícios recolhidos de contextos conhecidos para que
a aplicação dos conceitos seja concreta.

72
BAIDYA, T. K. N.; AIUBE, F. A. L.; MENDES, M. R. C.; BATISTA, F. R. S. Fundamentos de Microeconomia.
Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.

MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.

73
1.

1.1. C.

1.2. B.

No caso da questão 1 dos exercícios, a resolução é:

Função demanda: D= 30-2P

Função oferta: O=15 + P

Como a curva é construída para o gráfico preço x quantidade, o que temos na fórmula como D e O são
o número de produtos demandados e ofertados respectivamente. P é o preço do produto.

Portanto para achar o equilíbrio de mercado é quando temos o número de produtos demandados igual
ao de produtos ofertados.

Assim, igualando as fórmulas, teremos como variável o preço de equilíbrio.

Portanto:

30-2P = 15 + P

Assim: P + 2P = 3-15

Portanto: 3P = 15 - Consequentemente P=R$ 5,00 (reais)

Ao jogarmos o valor em qualquer uma das fórmulas, teremos o número de produto para o preço de
equilíbrio.

O = 15 + P ou seja O= 15+5= 20 produtos.

2. D.

74
75
76
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Macroeconomia

PLANO DE ESTUDOS

Política Cambial
Política Fiscal
(comercial)

Fundamentos de
Política Monetária
Macroeconomia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender os Fundamentos da Macroeconomia. • Conhecer os conceitos de Política Monetária.


• Conhecer os conceitos de Política Fiscal. • Conhecer os conceitos de Política Cambial.
Fundamentos da
Macroeconomia

Olá, aluno(a)! Estudamos, na unidade anterior,


os conceitos básicos de microeconomia, ou seja,
como funciona uma economia em relação a um
local específico (vila, cidade, estado). No caso des-
ta unidade, analisaremos como funciona a econo-
mia de modo global, isto é, como é a economia de
um país e sua relação com os demais países do
mundo. Para isso, será muito importante conhe-
cermos os conceitos de macroeconomia e suas
políticas. Vamos a elas!
Após analisarmos o funcionamento de econo-
mias mais regionais, chegou a hora de entendermos
como funciona a economia de uma forma mais
ampla, ou seja, como podemos analisar a economia
de um país e sua relação com os demais países.
Você já se questionou, alguma vez, qual é a
relação entre as políticas econômicas de nosso
país com os demais? Já procurou saber o porquê
de as bolsas de valores de outros países afetarem
a nossa economia?
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

Na unidade anterior, nós estudamos a microeconomia e verificamos o comportamento de mercados,


empresas e famílias em relação à demanda, oferta etc., mas, se buscar pela memória, lembrará que lá
utilizamos uma condição coeteris paribus, isto é, tudo mais constante. Na microeconomia, o estudo é
feito de forma isolada, não levando em consideração variações de mercado, políticas (cambiais, fiscais,
de países etc.).
Agora, vamos tratar de um conceito de economia de forma mais ampla, a macroeconomia. Segundo
Vasconcellos (2009, p. 187), macroeconomia:

““
é o ramo da teoria econômica que trata da evolução da econo-
mia como um todo, analisando a determinação e o comporta-
mento dos grandes agregados, como renda e produto nacionais,
investimento, poupança e consumo agregados, nível geral de
preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de
juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio.

O conceito do autor é bem completo e demonstra a importância de


uma análise mais ampla, pois, hoje em dia, com o mundo globalizado,
os efeitos de mudanças em outros países e regiões afetam, de forma
significativa e rápida, a economia de um determinado local. Ainda se-
gundo Vasconcellos (2009), a macroeconomia preocupa em analisar
questões conjunturais de curto prazo, como desemprego e inflação.
Para Mendes (2012), é interessante o estudo da macroeconomia,
Macroeconomia
pois ela dará parâmetros e critérios que auxiliam na análise da eco-
nomia do país. Toda análise traz consigo a necessidade de se utilizar
critérios que permitam saber se o país, empresa, família, seja lá o que
for analisado, está bem ou mal. No entanto, para isso, é necessário
ter um parâmetro para comparação. O autor cita como exemplo
dois critérios de análises muito importantes para se conhecer o
nível de produção de um país e utilizados por todos os países do
mundo - o PIB e o PNB.

UNIDADE IV 79
Segundo Mendes (2012), conhecer e distinguir Isso representa uma parcela muito importante na
os conceitos é de fundamental importância pois, balança comercial e na economia do país.
apesar de ambos medirem o nível de produção de Porém a maioria dos países do mundo utiliza
um país, países como o Brasil, cujo o PIB é maior o PIB como critério de análise. É ele que permite
que o PNB, envia uma parcela de rendimentos analisar o crescimento, ou não, de uma econo-
muito maior para fora do país. Em países como os mia do país e comparar esse resultado aos demais
Estados Unidos, essa realidade é invertida, ou seja, países do mundo. Assim, as análises econômicas
o PNB é maior que o PIB, ficando, assim, maior se tornam mais eficazes, pois analisam critérios
parte do que é arrecadado dentro do próprio país. semelhantes.

PIB (Produto Interno Bruto): o PIB de um país é a soma de tudo que é produzido no país. Dentro
dessa produção, encontra-se o que foi produzido por empresa nacional e estrangeira.
PNB (Produto Nacional Bruto): o PNB (Produto Nacional Bruto) de um país é a semana de tudo que
é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no próprio país ou no exterior.

80 Macroeconomia
Segundo Vasconcellos (2009) e Mendes (2012), as metas de estudo da macroeconomia são:

1
Alto nível de empregos:

A política de empregos cresceu a partir dos anos 30, logo após a crise da bolsa dos Estados Unidos,
quando o produto nacional caiu em torno de 30% e a taxa de desemprego chegou a 25%. Foi ba-
seado nos estudos de John Maynard Keynes, considerado, inclusive, o pai da macroeconomia por
muitos autores.

2
Estabilidade de preços:

Segundo o autor, essa meta está muito relacionada à análise da inflação e seu impacto na economia.
Para ele, um pouco de inflação é inerente aos ajustes de uma sociedade dinâmica em crescimento.
Porém, a inflação irá acarretar distorções sobre as expectativas empresariais, mercado de capitais
e, sobretudo, na distribuição de renda. Por isso tudo, é importante que se desenvolva uma política
econômica que tenha por objetivo a estabilidade de preços para se conseguir um crescimento eco-
nômico contínuo e estável.

Distribuição de renda socialmente justa:


3
Para o autor, inclusive utilizando de justificativas de economistas da época do milagre econômico
brasileiro (60/70), o aumento da concentração de renda é inerente ao desenvolvimento capitalista.
Os autores afirmam que o problema disso é que, com o crescimento econômico, faz-se necessário
criar mão de obra cada vez mais qualificada. E por ser qualificada ela custa mais. Isso faz com que o
distanciamento dos mais qualificados para os menos cresça ainda mais, fazendo com que a distribui-
ção de renda não aconteça de forma considerada justa.

Crescimento econômico:
4
Nessa meta, o autor chama atenção para uma curiosidade de crescimento. Como exemplo ele cita
um país com uma taxa de desemprego alto, portanto, capacidade produtiva ociosa. Como solução
imediata, bastaria o governo incentivar a atividade produtiva, pois isso geraria emprego e renda. Po-
rém, para aumentar a atividade produtiva, é necessário investir em avanço tecnológico e utilização de
recursos produtivos que, como vimos, são escassos e limitarão a produção.

UNIDADE IV 81
Outro aspecto que deve ser levado em consideração para o desenvolvimento econômico de um país,
segundo o autor, é a renda per capita. Não adianta o país crescer o seu PIB com produção de produtos
e/ou serviços, sem que a renda da população cresça. É importante medir o crescimento econômico
de um país utilizando, também, outros critérios de crescimento social, como: pobreza, desemprego,
meio ambiente, moradia etc.
Ainda segundo Vasconcellos (2009), a macroeconomia divide a economia em duas áreas, a parte
real e a monetária, e, ainda, essas duas são divididas conforme mostrado no Quadro 1:

Mercados Variáveis determinadas


Produto Nacional
Parte real de economia Mercado de bens e serviços
Nível geral de preços
Nível de emprego
Mercado de trabalho
Salários Nominais
Taxa de Juros
Parte monetária de economia Mercado Financeiro
Estoque de moedas
Mercado de Divisas Taxa de Câmbio

Quadro 1 - Estrutura da análise Macroeconômica


Fonte: Vasconcellos (2009, p. 192).

No mercado de bens e serviços, ao agregar tudo trocas utilizando um elemento em comum para
que foi produzido (bens e serviços), forma o pro- critério de comparação, a moeda. O mercado mo-
duto nacional. Seu preço é representado por uma netário, portanto, determinará as taxas de juro, que
média de todos os preços, gerando, assim, o cha- estudaremos mais adiante, e a quantidade de moeda
mado nível geral de preços. necessárias para efetivar as transações econômicas.
O mercado de trabalho, também ao ser anali- Por fim, os países do mundo visando reali-
sado em nível geral, permite criar a taxa salarial zarem transações entre eles necessitam de uma
e o nível de emprego (ou desemprego) do país. taxa que faça um comparativo entre suas moedas.
Em paralelo a tudo isso, o autor chama atenção Surge, então, as taxas cambiais que permitirão
do mercado monetário, pois se faz necessário fazer relacionar moedas distintas.

82 Macroeconomia
Segundo Mendes (2012), há uma relação importante entre essas variáveis, e existem três formas de
se analisar as atividades econômicas de um país: PIB, óptica da despesa (dispêndio) e a renda. Sendo
que o PIB, segundo o autor, que é um dos principais índices como visto anteriormente, poderá ser
medido pela seguinte identidade macroeconômica:

DEMANDA = OFERTA AGREGADA (PIB) = RENDA

Corresponde aos gastos de um país em um determinado


DEMANDA ano. É composto por: consumo agregado, investimento
privado, gasto público e exportações.

OFERTA
AGREGADA Formada pela produção nacional mais as importações.

RENDA Composta pelos salários, lucros, juros e aluguéis.

A política macroeconômica, visando atender as metas que foram citadas anteriormente, precisa lançar
mão de instrumentos de controle que auxiliem o governo a atingir seus objetivos. Segundo os autores
da economia, os principais são: política fiscal, política monetária e política cambial. Que analisaremos
separadamente a seguir.

UNIDADE IV 83
Política Fiscal

Para falarmos da política fiscal, veremos, em pri-


meiro lugar, o seu conceito. Para Vasconcellos
(2009), a política fiscal se refere a todos os instru-
mentos de que o governo dispõe para a arrecadação
de tributos (política tributária) e controle de suas
despesas (política de gastos). Para Mendes (2012),
política fiscal é a atuação do governo em relação
a arrecadação de impostos e aos gastos públicos.
É interessante tratar do assunto imposto, no
Brasil. Ao falar nessa palavra, todo mundo já
pensa em problemas e começa a falar mal, mas
é importante analisar o contexto dos impostos e
sua importância na Macroeconomia.
Visando conhecer mais a fundo a política, é
importante analisarmos os gastos e receitas do
governo. É mister salientar a obrigação que qual-
quer governo público tem em investir para dar ao
povo saúde, educação, moradia e locomoção em
alto nível. No entanto, todo mundo esquece que,
para conseguir tudo isso, é necessário ter dinheiro
para investimentos e, no caso do governo, de onde
viria esse dinheiro? De impostos.

84 Macroeconomia
Mendes (2012) chama atenção que os gastos quanto tratamos da concorrência mista, quando
do governo são, geralmente, conhecidos. É com- o governo manipula as estruturas de alíquotas
posto por despesas correntes, como funcionários, dos impostos para controle da economia, por
pagamentos a empresas privadas na prestação de exemplo estimular produção, permitindo, assim,
serviços aos órgãos governamentais, juros de dí- um controle do desemprego, e também com a
vidas (interna e externa) e subsídios a produtores possibilidade de inibir gastos do setor privado e
e consumidores. consumidores para controle de inflação. Caso o
No entanto, no caso das receitas, não existe um governo pense, também, na meta de melhoria da
interesse da maioria em conhecer. O autor eviden- distribuição de renda, poderia criar uma política
cia, então, as principais fontes de recursos, a saber: de cobrança de impostos variáveis, de acordo com
• Impostos diretos: incidem diretamente o nível de renda, ou seja, quem fatura mais paga
sobre renda e propriedade (IPVA, IPTU, mais impostos.
Imposto de Renda, ITR (Imposto Territo- É importante, inclusive para estudos que fa-
rial Rural)). remos mais adiante, entender a diferença entre a
• Impostos Indiretos: gerados na produ- taxa nominal e taxa real de juros. Segundo Men-
ção, consumo e venda de mercadoria (IPI, des (2012), a taxa nominal de juros, conhecida
ICMS, ISSQN, Finsocial, PIS. pelo símbolo “i”, é aquela que representa o ganho
monetário de uma determinada aplicação finan-
Vasconcellos (2009) ressalta a importância da ceira, ou o custo monetário de um empréstimo. Já
política fiscal, não somente no momento da ar- o juros real, conhecido pelo símbolo “r”, é o juro
recadação de impostos que geram receitas para nominal descontado o valor da inflação. Veremos
o governo. Ela tem outro papel importante na mais adiante que esse conceito se fará importante
economia, que foi visto na primeira unidade, para entendimento de análises de investimentos.

UNIDADE IV 85
Política Monetária

Na política monetária, como vimos, é quando


a economia fala em moeda. É interessante pen-
sarmos que o funcionamento da economia não
dependeria de se utilizar moedas, poderia ser fei-
to como em outras épocas, locais ou ocasiões, a
utilização de troca de mercadorias e/ou serviços.
Porém, a política monetária vai tratar o assunto,
pois é a forma como o governo controlará a quan-
tidade de moeda existente no mercado (liquidez).
Para Vasconcellos (2009), a política monetária
se refere à atuação do governo sobre a quantidade
de moeda, de crédito e das taxas de juros.

86 Macroeconomia
Segundo o autor, o governo, por meio do banco central, utilizará das seguintes fer-
ramentas para realizar esse controle:

EMISSÃO DE MOEDAS RESERVAS COMPULSÓRIAS


Essa autonomia é única e Também conhecido como depósito
exclusiva do banco central, compulsório, refere-se à quantia
que controlará a quantida- que todos os bancos comerciais
de de moeda no mercado, são obrigados a fazer no banco
emitindo moedas quando central. É uma espécie de seguro
for necessário. para caso o banco tenha problema.

OPEN MARKET
Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo governo. Pode ser realizado em
dois momentos e com finalidades diferentes. No caso de venda de títulos públicos,
o interesse do governo é diminuir um pouco a liquidez, ou seja, parte do dinheiro
que está nas mãos da população em geral volta para os cofres do governo com o
pagamento desse títulos. Já no caso de compra dos títulos, o governo terá a intenção
inversa, isto é, ao comprar os títulos, o dinheiro irá para o mercado, aumentando a
liquidez e capacidade de compra dos consumidores. Podemos ver que essa é uma
ferramenta direta da quantidade de moeda no mercado.

REDESCONTOS
Essa ferramenta consiste em empréstimos realizados pelo Banco Central aos bancos
comerciais. Podem ser realizados por motivos de liquidez, para, por exemplo, uma
eventual compensação de cheques, ou podem ser realizados os chamados redescon-
tos especiais ou seletivos, que possuem como objetivo beneficiar setores específicos,
tais como financiamento de compra de máquinas agrícolas.

Outra ferramenta da política monetária importante, segundo Mendes (2012), são as taxas de juros. É
um assunto muito debatido e todas as vezes que assistimos, ou lemos, algo a respeito, ela aparece. No
Brasil, é a chamada Selic. Para Mendes (2012), essa é uma taxa básica da economia e referência para
toda as demais aplicações.

UNIDADE IV 87
Mas o que seriam as taxas de juros? Basica- nais de bancos, inadimplência (risco) e os altos
mente, seria um valor pago pelo empréstimo percentuais de recolhimentos compulsórios.
do dinheiro realizado. De acordo com Mendes É importante salientar que os sistema bancário
(2012), a taxa de juros se forma na interação da comercial é formado por agentes que estão auto-
demanda e oferta de moeda. É como se pensásse- rizados, pelo BACEN, a receberem depósitos à
mos da seguinte forma: uma pessoa (ou empresa) vista: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal
precisa de dinheiro em espécie (liquidez) para e os Bancos Comerciais. Estes serão regulamen-
realização de algum investimento ou compra de tados e fiscalizados pelo governo. É preciso tomar
algum bem, porém ele não possui esse dinheiro. cuidado com agentes financeiros que aparecem
Ele poderá recorrer a um banco comercial (ou oferecendo empréstimos e taxas, a princípio, con-
agente financeiro) que fornecerá esse dinheiro vidativas, mas que poderão causar uma dor de
de imediato. Porém, será cobrada uma espécie de cabeça no futuro.
taxa de aluguel desse dinheiro, ou seja, no período
em que houver a dívida, é pago um valor do em-
préstimo, mais um pedaço de amortização dessa
dívida. Estudaremos isso com mais detalhes na As taxas de Juros definidas pelo Governo são:
Unidade 6 desse livro. Outra forma de pagamento
de juros seria na modalidade de investimentos. De • Sistema Especial de Liquidação e de Cus-
forma contrária ao que falamos, nos investimen- tódia (SELIC): taxa de negociação dos títulos
tos, as pessoas (empresas) possuem um dinheiro públicos que vimos anteriormente. Seu valor
que não utilizarão de imediato. Assim, podem em Julho de 2017 era de 10,15% ao ano, se-
ganhar mais no mercado financeiro. Procuram gundo o Banco Central.
bancos comerciais (ou agentes financeiros) e “em- • Taxa referencial de Juros (TR): utilizada na
prestam” o seu dinheiro para que seja aplicado no remuneração de caderneta de poupança,
mercado de capitais. Nesse momento, será pago FGTS. A taxa teve um rendimento acumulado
ao proprietário do dinheiro um valor de juros no ano de 2016 de 2,0125, segundo o Banco
durante o período em que o dinheiro ficou “em- Central.
prestado”. Vale salientar que nem sempre os valo- • Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP): essa é
res pagos em investimentos são os mesmos pagos a taxa utilizada pelo Banco Nacional de De-
em empréstimos. Geralmente, as taxas cobradas senvolvimento e Social (BNDES). A taxa, em
pelos bancos para que eles emprestem dinheiro julho de 2017, estava em 0,5833% ao mês,
são maiores que as taxas pagas em investimentos. segundo o site da receita Federal.
Segundo Mendes (2012), isso pode ser explicado Fonte: Mendes (2012).
por fatores como Impostos, altos custos operacio-

88 Macroeconomia
Política Cambial
(Comercial)

A política cambial terá uma função um pouco


diferente das políticas fiscal e monetária. As duas
vistas anteriormentes têm uma função de contro-
le da economia interna do país. A política cam-
bial terá uma função importante de controlar
relações comerciais existentes entre agentes de
países diferentes.

A política cambial está fundamentada na admi-


nistração da taxa de câmbio e no controle das
operações cambiais.
Fonte: Mendes (2012).

Vasconcellos (2009) divide o conceito em política


Cambial e Política Comercial. A política cambial
se refere ao controle do Governo sobre a taxa de
câmbio (câmbio fixo, flutuante etc.). A política
comercial diz respeito aos instrumentos de incen-
tivo às exportações e/ou estímulo/desestímulo às
importações, sejam fiscais, creditícios, seja esta-
belecimento de cotas etc.

UNIDADE IV 89
A política cambial é interessante para enten- O Brasil, em relação ao mercado mundial,
dermos algumas coisas importantes na economia. encontra-se numa posição desconfortável. Se-
Cada país, praticamente, possui sua moeda própria. gundo o site Comex do Brasil1, a nossa partição
É preciso criar um critério para se realizar rela- no mercado mundial ficou, pela primeira vez, em
ções comerciais com agentes cujas moedas não 2016, abaixo de 1%. Isso deve-se a vários fatores
são as mesmas, pois, caso contrário, não teremos importantes de se analisar. Dentre eles, segundo
como chegar a um consenso de valores. Mendes Mendes (2012), somente algo em torno de 0,7 %
(2012) chama atenção para um fato interessante: das empresas brasileiras exportam seus produtos.
seria fácil para o Brasil, por exemplo, ao obter uma Outro fator importante, que afeta diretamente na
dívida com países credores, emitir moeda (Real) produção e exportação de produtos, é a política
para saldar a dívida. Porém não é bem assim que cambial. Segundo diversos sites especializados
funciona. O Real não é uma moeda aceita interna- no assunto, 7 entre 10 produtos mais exportados
cionalmente como, por exemplo, acontece com o pelo Brasil vêm do agronegócio. E ainda existe
Dólar e o Euro, que são moedas fortes em todos os a exportação de matéria prima para indústria,
países do mundo. Para conseguir, então, saldar as como o minério. Isto é, exportamos muita ma-
dívidas externas, é necessário que sejam incorpo- téria-prima e produtos do agronegócio e impor-
radas ao mercado brasileiro moedas estrangeiras. E tamos produtos manufaturados, que geralmente
como fazer isso? As duas melhores formas seriam são mais caros por estarem embutidos no preço
a exportação de produtos brasileiros e captação de todo do Know How de produção.
investidores estrangeiros no mercado local.

E quais seriam as ferramentas para o mercado cambial? Segundo Mendes (2012), elas são:
• Intervenção no mercado cambial: nada mais do que um controle sobre a taxa de câmbio,
em que é possível valorizá-la ou desvalorizá-la, de acordo com as necessidades do mercado. A
taxa de câmbio é o valor correspondente da moeda estrangeira no país naquele momento. Pela
taxa de câmbio, é possível estimular a exportação e desestimular a importação de produtos, ou
o contrário. Segundo o autor, existem três regimes cambiais:
a) Taxas Fixas: predefinidas pelas autoridades monetárias.
b) Taxas Variáveis: taxas flutuantes formadas livremente pelo mercado.
c) Taxas administrativas: que seriam um meio-termo entre as duas primeiras.

• Políticas comerciais: neste caso, seria uma forma de proteção com imposição de tarifas, em
que é possível fixar uma cota de importação (ou exportação).

• Tratamento ao capital Estrangeiro: visa interferir no fluxo de mercadoria e serviços.

90 Macroeconomia
Todas as políticas analisadas são importantes e não funcionam de forma isolada. O conjunto de regras
criadas pelo governo é que fará o controle da economia, fazendo com que ela cresça ou não. É funda-
mental pensar que o excesso de moeda estrangeira na economia local faz com que a moeda nacional se
desvalorize, pois permite que as negociações estrangeiras se tornem frequentes, levando todo o capital
para o exterior. Assim, é necessário emitir mais moeda local.
Portanto, por tudo isso, faz-se necessário uma política governamental séria, muito bem planejada
para evitar uma derrocada da economia do país. Uma economia fraca gera consequências graves para
a população, como é possível perceber nos países do chamado terceiro mundo, onde não existe uma
infraestrutura básica para atender a população.
Nesta unidade, tivemos como objetivo principal conhecer os conceitos e ferramentas da macroe-
conomia. É importante entender a relação da nossa economia com os demais países do mundo, bem
como as ferramentas e políticas (fiscal, monetária e cambial) e que podem ser utilizadas pelo governo
na realização de fiscalização e controle da economia.
Com tudo isso, aliado ao que aprendemos na Unidade 3 (Microeconomia), é possível perceber
como funciona a economia do país. Apesar de se dizer que microeconomia e a macroeconomia são
coisas distintas, uma não funcionaria sem a outra, pois foi possível perceber que ambas possuem mé-
tricas, critérios e ferramentas que nos permitem entender como será possível gerar regras e fiscalizar
o funcionamento das relações econômicas e financeiras entre os agentes econômicos e entre países.

UNIDADE IV 91
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Assinale qual é a alternativa errada:


a) O PNB é constituído de tudo que é produzido no país.
b) A Política Monetária tem por função controlar o dinheiro do país.
c) A Política Tributária é um tipo de ferramenta da Política Fiscal. Por meio dela é
possível gerenciar os impostos que serão praticados no país.
d) Uma das ferramentas utilizadas pela Política Cambial se refere às alterações
na taxa de câmbio.
e) Todas as alternativas anteriores estão erradas.

2. Leias as alternativas a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


(( ) A Política Monetária trata dos recursos totais arrecadados, enquanto a Política
Fiscal trata dos impostos.
(( ) O desconto é uma ferramenta que é utilizada para controle de liquidez no
mercado.
(( ) As taxas de câmbio podem ser utilizadas para o controle comercial entre agen-
tes estrangeiros. Isso permitirá incentivar, ou não, as transações comerciais.
(( ) Os impostos são a única forma de arrecadação do governo de verbas para
custear suas despesas.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V-V.
b) V-F-F-V.
c) F-F-F-V.
d) F-V-V-F.
e) V-F-V-F.

3. Faça um resumo de quais serão os instrumentos do governos para controlar a


economia no país. Explique cada um deles.

92
LIVRO

O Monge e o Executivo
Autor: Cristiane A. J. Schimidt; Fábio Giambiagi
Editora: Campus
Sinopse: esse livro supre a lacuna entre a relevância do tema e o ensino da
macroeconomia conformada à nossa realidade e se destina a gestores e exe-
cutivos com interesses mais imediatos. Quais os determinantes das variáveis
macroeconômicas? Quais as escolhas possíveis dos instrumentos da política
econômica e seus impactos na gestão dos negócios? Quais as restrições à gestão
pública e as possibilidades e consequências de curto e longo prazo das escolhas
adotadas? Quais os seus impactos sobre a produção e a procura pelos produtos
produzidos domesticamente? Quais suas implicações sobre o nosso ambiente
de negócios? A opção por um tratamento acessível do tema e os exemplos
retirados da nossa realidade, aliados à análise cuidadosa e à interpretação dos
fatores e evidências disponíveis, tornam esse livro um instrumento útil para o
ensino dos fatos e restrições da macroeconomia para um público mais amplo.

93
BAIDYA, T. K. N.; AIUBE, F. A. L.; MENDES, M. R. C.; BATISTA, F. R. S. Fundamentos de Microeconomia.
Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.

REFERÊNCIAS ONLINE
1
Em <http://www.comexdobrasil.com/participacao-do-brasil-no-comercio-mundial-devera-ficar-pela-primei-
ra-vez-abaixo-de-1/>. Acesso em: 23 jul. 2018

94
1. A.

2. B.

3. Nesta questão, é esperado que o aluno leia, analise e escreva, de forma resumida, as políticas fiscal, mo-
netária e cambial, com todas as suas ferramentas de controle.

95
96
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Matemática Financeira

PLANO DE ESTUDOS

Capitalização Simples Desconto

Fundamentos da
Matemática Financeira Capitalização Composta

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Ver os fundamentos da Matemática Financeira e entender • Mostrar como funciona o sistema de capitalização com-
os principais conceitos. posta.
• Mostrar como funciona o sistema de capitalização simples. • Entender como são tratados os descontos em caso de
antecipação de pagamento de uma possível dívida.
Fundamentos da
Matemática Financeira

Até nesse momento do nosso material, aprende-


mos conceitos que nos ajudaram a entender o que
é e como funciona a economia. A partir de agora,
com a ajuda da matemática, nós poderemos fazer
análises que nos auxiliarão em tomadas de deci-
são, sejam elas pessoais, como na aquisição de car-
ros, imóveis, investimentos no mercado financeiro
etc., e também profissionais, em que teremos as
decisões de investimentos dos negócios em nos-
sas mãos, como comprar um novo equipamento,
investir em um novo produto, pagar aluguel ou
comprar uma sede própria, dentre outras. Para tal,
é importante conhecer o conceito da matemática
financeira.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
É interessante, ao tratar do assunto, chamar a aten- parcelado com juros (24 vezes de R$ 120,00). Se
ção para um fato citado por Wakamatsu (2012). somarmos as 24 prestações de R$ 120,00 teremos
Ao falarmos de Matemática Financeira, tratamos R$ 2.880,00. Esse valor cobrado a mais é exata-
de dois assuntos temidos por muitos, matemática mente o mercado financeiro funcionando. Por-
e economia. É muito importante aprendermos a tanto, é preciso entendermos alguns conceitos:
matemática financeira, pois por meio dela é pos-
sível enxergar melhor as alternativas de investi-
mentos e, com isso, tomar melhores decisões.
É importante salientar que, ao tomarmos de-
cisões, precisamos lembrar que o dinheiro não Matemática financeira é o ramo da matemática
terá o mesmo valor ao considerarmos a variável que estuda as variações do dinheiro ao longo
tempo. Vimos, nas unidades anteriores, vários mo- do tempo e as operações financeiras que se es-
delos econômicos nos quais o governo age para truturam por meio dessas variações, sendo de
tentar regulamentar o mercado, mas temos ain- fundamental importância para o estudo da en-
da fatores que irão interferir no valor da moeda, genharia econômica.
como os juros, inflação etc. (Marcelo Ferreira)
Para ficar claro, é interessante pensar na com-
pra de um bem no mercado, hoje. Vamos pensar
em lojas como Ricardo Eletro, Ponto Frio, Maga-
zine Luíza etc. Todas as vezes que entramos para Além do conceito da matemática financeira, é
comprar uma geladeira, por exemplo, podemos fundamental conhecermos outros que analisa-
ver que temos o preço a vista (R$ 2.000,00) ou remos ao longo do capítulo:

Quadro 1 - Conceitos Fundamentais

Valor de um fluxo futuro de recurso ou custos, em termo de valor


atual.
Valor Presente ou Principal (VP)
Isto é, quanto seria o seu investimento no momento zero de sua
análise.
É o valor pactuado para os fluxos de capital, em determinada data,
resultante da aplicação de certa taxa de juros, durante um deter-
Valor Futuro ou montante (VF) minado período de tempo.
Isto é, quanto será o montante do investimento realizado no mo-
mento zero em uma data futura.
É a taxa de remuneração de capital emprestado ou financiado
por seu proprietário a alguém que não tinha recursos e o tomou
emprestado durante um determinado tempo.
Taxa de Juros (i) ou (J)
Isto é, quanto uma pessoa, ou instituição financeira, cobra de “alu-
guel” de um montante de dinheiro durante o tempo em que ele
ficar com o devedor.
É o número de períodos em que a operação financeira irá perdurar.
Tempo (n) Em outras palavras, é o tempo em que a movimentação financeira
irá acontecer (1 ano, 1 mês, 10 anos etc.).
Fonte: adaptado de Ferreira (2017).

UNIDADE V 99
As operações financeiras são representadas por de caixa de alguma pessoa, ou empresa, que em-
um fluxo de caixa (receitas e despesas) ao longo prestou dinheiro. Isto é, no momento zero, houve
de um tempo predefinido. A matemática finan- uma saída de capital; portanto, no período 8, o
ceira permite analisar esse fluxo para auxiliar nas dinheiro volta ao caixa com os juros cobrados pela
tomadas de decisão. A representação de um fluxo operação. Se fossemos analisar o mesmo fluxo na
de caixa é feita conforme mostrado na Figura 1. óptica do devedor, ele estaria invertido, ou seja,
no momento zero, temos uma entrada de capital
(valor que foi pego emprestado) e, no período 8,
uma saída de capital para que, quitada a dívida,
0 conforme mostrado na Figura 2.

1 2 3 4 5 6 7

Figura 1 - Diagrama de Fluxo de caixa sob a óptica de um 0 1 2 3 4 5 6 7


financiador
Fonte: Wakamatsu (2012).

Figura 2 - Diagrama de Fluxo de caixa sob a óptica de um


Podemos notar que o diagrama representa o fluxo devedor
ao longo de períodos (0, 1, 2...8), que podem ser Fonte: Wakamatsu (2012).
meses ou anos, dependendo da análise realizada.
No caso das setas para baixo, representam uma Vistos esses princípios básicos, já é possível co-
saída de capital do caixa; as setas para cima en- meçarmos analisar as formas de capitalizações
tradas. Portanto, a Figura 1 representa um fluxo existentes no mercado.

100 Matemática Financeira


Capitalização
Simples

O processo de Capitalização é aquele em que um


montante de dinheiro aumenta durante um es-
paço de tempo em consequência da aplicação de
uma taxa de juros (FERREIRA, 2017).
Existem dois tipos de capitalização, simples e
composta. Nesse tópico, analisaremos a capitali-
zação simples, fundamentados em autores como
Samanez (2007), Wakamatsu (2012), Ferreira
(2017) entre outros.

Capitalização simples é aquela cuja taxa de juros


de cada período será sempre aplicada em cima
do valor inicial ou principal (VP).

Para entendermos melhor, vamos analisar a se-


guinte situação: imagine que você tenha aplicado
um valor de R$ 1.000,00 e o banco pagaria a você
uma taxa de juros de 5% ao mês, durante um pe-
ríodo de 6 meses. Quanto de dinheiro você teria
ao final desse período?

UNIDADE V 101
Para resolver essa situação, podemos lembrar o que foi dito no tópico anterior. Os juros de 5% são
o valor do “aluguel” que o banco está pagando para que você aplique o dinheiro que é seu com
eles. A representação gráfica da análise ficará conforme a Figura 3.

VF
J6
J5 J5
J4 J4 J4
J3 J3 J3 J3
J2 J2 J2 J2 J2
VP J1 J1 J1 J1 J1 J1

0 1 2 3 4 5 6

Figura 3 - Capitalização Simples


Fonte: o autor.

Na Figura 3, podemos notar que, a cada período que passa, é aplicada a taxa de juros do período em
cima do valor presente. Poderíamos calcular da seguinte forma:

VP = R$ 1.000,00; i = 5% a.m (ao mês); n = 6 meses.

Portanto: R$ 1000,00 x 5% a.m. (que pode ser representado em valor decimal por 0,05) = R$ 50,00
ao mês. Como na capitalização simples os juros são aplicados sempre em cima do valor presente
j1=j2=j3=j4=j5=j6 = R$ 50,00. Assim basta somarmos 6 x R$ 50,00 = R$ 300,00 ao final dos seis meses.

Portanto o valor Futuro:

Vf = 1000,00 + 300,00 = R$ 1.300,00

102 Matemática Financeira


Visando facilitar os cálculos, apresentaremos as fórmulas para cálculo de VP e J em capitalização
simples (Quadro 2):

Quadro 2 - Fórmulas para cálculos em capitalização simples

Valor Futuro VF = VPx (1 + ixn)


Juros J = VPxixn
Fonte: o autor.

Usando a fórmula para cálculo do exemplo dado, temos:

Cálculo do Montante ao final de 6 meses.


VF = VP. (1+ i x n) = 1000,00. (1+ 0,05 x 6) = R$ 1.300,00

Se quisermos saber qual o valor de juros embutido na operação financeira, temos:


J= VP x n x i = R$ 1.000,00 x 6 x 0,05 = R$ 300,00.

Por meio das fórmulas, é possível chegar às respostas de forma mais rápida. É importante salientar
que, no caso da capitalização simples, a visualização da resposta é mais fácil, pois os juros são aplica-
dos sobre o mesmo valor. O que não é verdade na capitalização composta, que veremos adiante. Para
elucidar melhor, vamos analisar outro exemplo.

Exemplo 1

Um investidor aplicou uma importância de R$ 150.000,00, em que o sistema de capitalização utilizado


é o simples. Ao final do período de um ano, ele recebeu uma remuneração de R$ 54.000,00. Qual foi
a taxa de juros ao mês aplicada nessa operação?

Analisando os dados, temos:


VP = R$ 150.000,00; n = 1 ano (12 meses); J = R$ 54.000,00; i=?

Usando a Fórmula de juros:


J = VP x i x n

Portanto:
i = J / VP x n

Assim, teremos:
i= 54.000,00 / 150.000 x 12 ⇒ i= 0,03, ou seja, 3% ao mês.

UNIDADE V 103
Importante lembrar de colocar as unidades de
medidas iguais. Isto é, o período foi dado em
ano, mas foi pedida a taxa de juros em meses.

Devemos sempre ficar atentos à proporção de


taxa de juros, pois o período analisado poderá
ser diferente dos dados. No caso de capitalização
simples, a proporção é direta, ou seja:

i a.m = i. a. t / 3 = i a. s. / 6 = i a. a. / 12

Sendo:

i.a.t. = taxa de juros trimestral


i a.m. = taxa de juros mensal.
i a.s. = taxa de juros semestral.
i a.a. = taxa de juros anual.

104 Matemática Financeira


Capitalização
Composta

Seria uma beleza para todos nós se o mercado só


utilizasse o sistema de capitalização simples, pois
é fácil para fazermos contas e verificar os valores
das operações financeiras. Porém, o sistema ado-
tado é o de capitalização composta. Assim como
no sistema de capitalização simples, existe um
consenso entre autores como Samanez (2007),
Wakamatsu (2012) e Ferreira (2017) em relação
a esse conceito.

Capitalização Composta é aquela cuja taxa de


juros será aplicada, a cada período, no montante
do final do período, acumulando, assim, ao longo
do período total.

No mercado, é comum escutarmos, quando é


adotado o sistema de capitalização composta
que é cobrado juros sobre juros. Isto é, ao final de
cada período, o juros será acrescido do valor do
principal mais o juros do período anterior. Para
entender melhor, vamos analisar a dedução da
fórmula de juros composto (SOBRINHO, 2001).

UNIDADE V 105
Período 1
VF1 = VP + VP x i = VP (1 +i)

Período 2
VF2 = VF1 + VF1 x n = VF1 x (1 x i) = VP (1 + i) (1 + i) = VP (1 + i)2

Período 3
VF3 = VF2 + VF2 x i = VF2 x (1 +i) = VP (1 + i)2 (1 + i) = VP (1+ i)3

Portanto, se quisermos generalizar para um período igual a “n”, teremos a seguinte fórmula:

VF=VP . (1 + i)n

Dessa fórmula, será possível deduzir todas as outras para cálculo no sistema de capitalização
composta, como podemos ver no Quadro 3.
Quadro 3 - Fórmulas para cálculos em capitalização composta

Valor Futuro VF = VP x (1+i)n


Juros J = VF - VP
Valor Presente VP = VF / (1 + i)n
Prazo (n) n = Log (VF/VP) / Log (1 + i)
Taxa de Juros (i) i = (VF/VP)1/n -1
Fonte: o autor.

É sempre importante fazermos uma comparação entre os dois sistemas visando entender o que seria a
aplicação de juros sobre juros. Conforme visto em Sobrinho (2001), podemos acompanhar a diferença
no exemplo a seguir:

Exemplo 3

R$ 1.000,00 aplicados em um período de 4 meses, com uma taxa de juros de 10% a.m., renderão:

Capitalização Simples

VP Juros Simples VF
1 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00
2 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.200,00
3 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.300,00
4 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.400,00

106 Matemática Financeira


Capitalização Composta

VP Juros Compostos VF
1 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00
2 R$ 1.100,00 R$ 110,00 R$ 1.210,00
3 R$ 1.210,00 R$ 121,00 R$ 1.331,00
4 R$ 1.331,00 R$ 133,10 R$ 1.464,10

Ao compararmos os dois sistemas, é possível perceber que o valor rendido no sistema de capitalização
simples foi de R$ 400,00; já o valor rendido no sistema de capitalização composta foi de R$ 464,10. Pode
parecer pequeno o valor, mas é importante lembrar que estamos analisando um período de 4 meses.
Quanto maior o período, maior seria a diferença. Podemos ver isso analisando para um período de 2 anos.

Utilizando as fórmulas dadas:

Simples: J = VP x n x i = R$ 1.000,00 x 24 (meses) x 10% (0,1) = R$ 2.400,00

Composta: J = VF - VP

VF = VP (1 +i)n = R$ 1000,00 (1 + 0,1)24 = R$ 9.849,73

Portanto: J = VF-VP = R$ 9.849,73 - R$ 1.000,00 = R$ 8.849,73

Nessa análise, é possível verificar perfeitamente a diferença dos dois sistemas. Enquanto no sistema de
capitalização simples rendeu R$ 2.400,00, o de capitalização composta rendeu R$ 8.849,73.

Vamos analisar outros exemplos:

Exemplo 4

Um investidor aplicou uma quantia de R$ 200.000,00, gerando uma remuneração de R$ 20.000,00 no


período de um ano. Qual a taxa de juros anual para a operação?

Solução: VP = R$ 200.000,00; n= 1 ano. J= R$ 20.000,00 ; i=?;

VF = VP + J = R$ 200.000,00 + R$ 20.000,00 = R$ 220.000,00

Como visto nas fórmulas: i = (VF/VP)1/n -1 = (220.000/200.000)1/1 -1 = 0,1

Portanto: i = 0,1 ou 10% ao ano.

UNIDADE V 107
Exemplo 5

Imagine que você queira adquirir um carro cujo valor de mercado é de R$ 60.000,00 e você quer fazer
isso em, no máximo, 2 anos. Quanto deverá poupar, hoje, em uma aplicação, se o banco paga uma taxa
de 1,3% ao mês?

Solução: VF = R$ 60.000,00; n=2 anos (24 meses); i=1,3% a.m.; VP=?

Conforme visto nas fórmulas: VP = VF / (1 + i)n = R$ 60.000,00 / (1 + 0,013)24

VP = R$ 44.007,28

Exemplo 6

Um capital de R$ 10.000,00 foi emprestado à uma taxa de juros composta de 10% ao ano, pelo prazo de
5 anos e 6 meses. Se pegarmos por base a capitalização anual, qual será o montante ao final do período?

É importante lembrar de colocar as unidades de medidas iguais. Isto é, o período foi dado em ano e
meses e a taxa de juros ao ano. E foi pedido uma análise para analisar sob a óptica da taxa anual.

No caso da capitalização composta, não existe proporção de taxa de juros; existe, sim, equivalência da
taxa de juros. Vamos analisar, então, como calcular essa equivalência analisando o exemplo visto em
Sobrinho (2001).

Sejam duas taxas efetivas:


1. Taxa ao mês analisada em 1 ano (12 meses) : VF=VP (1 + i mensal)12
2. Taxa ao ano analisada em 1 ano: VF = VP (1 + ianual)1

Para se fazer a equivalência das taxas, é necessário colocá-las em um mesmo período. Por esse motivo,
ambas devem ser analisadas ao ano. Assim, podemos compará-las e teremos:
(1 + imensal)12 = (1+ianual)1

108 Matemática Financeira


Consequentemente, podemos fazer a equivalência de taxa sempre usando a taxa e o período
como referência. Teremos, dessa forma:

(1+ianual)1 =(1 + isemestral)2 =(1 + iquadrimestral)3=(1 + itrimestral)4= (1 + ibimestral)6 =(1 + imensal)12

Uma vez visto isso, vamos à solução do Exemplo 6.

Solução: VP: R$ 10.000,00; i=10% a. a. ; n= 5 anos e seis meses; VF=?

Para resolver, podemos calcular o montante ao final de 5 anos (uma vez que a taxa é anual); com esse
montante VF1, calculamos o valor de VFt usando equivalência de taxa para 6 meses. Assim, teremos,
então:

VF1= VP (1 + i)n = 10.000 (1+0,1)5 = R$ 16.105,10

Cálculo da taxa para o semestre:

(1+0,1)1 = (1+is)2 ⇒ (1+is)2 = 1,1

is = (1,1)½ - 1 ⇒ is = 0,0488 = 4,88% a.s.

Portanto:

VFt = VF1 (1+ ia.s.)n = 16.105,10 (1 + 0,0488)1 = VFt = R$ 16.891,03

UNIDADE V 109
Descontos

A análise de desconto é de suma importância para


uma tomada de decisão nos negócios, pois pode
ser que uma organização (ou até mesmo a pes-
soa física) possa diminuir o valor de uma dívida
quitando-a ou minimizando o seu valor. Vamos
entender, então, o que seria.
Sobrinho (2001) chama atenção para o fato
de que toda dívida gera, por parte do credor, um
título de crédito, uma nota promissória, uma letra
de câmbio ou uma duplicata.

Nota Promissória: comprovante de aplicação


de um capital com vencimento predeterminado.
Usado entre pessoas físicas ou instituição finan-
ceira com pessoa física.
Duplicata: título emitido de uma pessoa jurídica
contra uma pessoa, seu cliente (física ou jurídica).
Letra de Câmbio: é um comprovante de uma
aplicação de capital com vencimento predeter-
minado, porém é um título ao portador, emitido
exclusivamente por uma instituição financeira.
(Jose Dutra Vieira Sobrinho)

110 Matemática Financeira


Todas as vezes que se quer descontar um título desses, ou até mesmo quitar (ou minimizar) uma dívida
antecipadamente, geralmente, para que valha a pena, deve-se negociar um desconto. Basicamente, para
haver um desconto deve conhecer o Valor Futuro (VF - aqui também conhecido como valor nominal),
no qual será incidido o valor dos juros a serem descontados. No mercado existem 2 tipos de desconto:
Simples (ou bancário, ou comercial) e Composto.

Desconto Simples (Bancário; Comercial): Desconto Composto:


No caso do desconto simples, a taxa de desconto A taxa de desconto é sempre aplicada no valor do
será aplicada no valor futuro diretamente. montante do período anterior.

D = VF x n x d Lembrando que D = VF-VP VP = VF (1 - d)n Lembrando que D = VF-VP


onde onde
D = Valor do desconto e moeda VP = Valor presente
VF = Valor Futuro (Valor nominal) VF = Valor Futuro (Valor nominal)
n = Período n = Período
d = Taxa de desconto (juros) d = Taxa de desconto (juros)

Exemplo 7

Imagina uma empresa que possua uma duplicata no valor de R$ 15.000,00, mas resolveu resgatá-las
antes do período final porque precisava de dinheiro. Uma instituição financeira ofereceu para realizar
a operação cobrando uma taxa de desconto do título de 2,5% ao mês. O vencimento final da duplicata
é de 120 dias. Qual será o valor que a empresa terá em mãos ao fim do processo?

Solução: d=2,5% a.m.; n= 4 meses; VF = R$ 15.000,00; VP=?

Caso seja utilizado para instituição desconto simples, teremos:

D = VF x n x d = 15.000,00 x 4 x 0,025 = R$ 1.500,00

Como D = VF-VP, teremos que:

VP= VF - D = R$ 15.000,00 - R$ 1.500,00 = R$ 13.500,00

Caso seja utilizado para instituição desconto composto, teremos:

VP = VF (1- d)n = 15.000,00 x (1 - 0,025)4 = VP = R$ 13.555.32

UNIDADE V 111
Como foi possível perceber, assim como no sis- Dessa forma, teremos:
tema de capitalização, quanto maior o tempo no
sistema desconto composto, o valor monetário do d = i / (1 + in) e i = d / (1 - dn)
desconto será menor, pois incidirá sempre em um
montante menor. Por isso, as instituições finan- Exemplo 8
ceiras geralmente utilizam o sistema de desconto
simples, que incidirá sempre sobre o montante e Seja um banco que realiza descontos de nota Pro-
o desconto será maior, o que beneficia o credor. missórias nos critérios (SOBRINHO, 2001):
Para finalizar esse capítulo, é interessante en- a. Prazo de operação 3 meses.
tender qual a relação entre a taxa de juros nos b. Taxa cobrada: 2% a.m.
sistemas de capitalização e de desconto. Em outras c. Juros pagos antecipadamente.
palavras, é importante entender qual a taxa de
desconto que seria correspondente aos juros em- Caso o cliente deseje uma operação de R$
butidos no momento da aquisição de uma “dívida”. 100.000,00, qual a taxa efetiva de juros?
Segundo Sobrinho (2001), a diferença que faz é
que os juros são acrescentados no valor presente, Solução: n = 3 meses; d = 2% a.m, com é desconto
já os descontos são aplicados no valor futuro ou simples 6% a. t.; VF = R$ 100.000,00
montante (Figura 4).
VP = VF (1 – dn) = 100.000,00 (1- 0,02 x 3) =
i
Valor R$ 94.000,00
Futuro
1 2 3 4 5 6
Portanto D = R$ 6.000,00
Períodos
Valor
Presente d
Para achar a taxa de rentabilidade efetiva, po-
Figura 4 – Relação entre taxa de juros e descontos demos usar a fórmula de capitalização simples
Fonte: Sobrinho (2001). com o valor recebido como valor presente, assim
teremos:
Para mostrar a relação entre elas, basta recorrer-
mos às fórmulas: VF =VP (1 + in) = 100.000,00 = 94.000,00 (1 +
3i) i = 0,02128 ou 2,128% a. m.
Em juros simples: VF = VP (1 + in); em Desconto
simples: VP = VF (1 – dn) Para conferir, usamos a fórmula de relação entre
as taxas:
Sendo: VP/VF = 1/(1 + in) e VP/VF = 1- dn
d = i/(1 + in) = 0,02128 / (1+ 0,02128 x 3) = 0,02
Portanto: (1 – dn) = 1/(1 + in) ou 2,0% a.m.

112 Matemática Financeira


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma empresa possui uma duplicata no valor de R$ 170.000,00 e quer descon-


tá-la. Ela precisa receber, em mãos, no mínimo R$ 146.000,00 para um inves-
timento interno. Sabendo que a instituição financeira cobra uma taxa de 3,5%
ao mês na operação, com quantos meses antes ele deve realizar a operação?

Marque a opção correta:


a) 4 meses.
b) 5 meses.
c) 6 meses.
d) 7 meses.
e) 8 meses.

2. Qual é o valor a ser pago em um investimento de R$ 130.000,00, cujo prazo é de


7 meses e 20 dias, e taxa de juros no período é de 15% ao ano, no sistema de
capitalização simples? OBS.: Considerar o mês com 30 dias e o ano com 365 dias.

3. Uma empresa deseja adquirir um terreno para construção de um galpão. Anali-


sando o mercado, encontrou um terreno que possui um custo a vista no valor de
R$ 370.000,00. Foi oferecido como possibilidade de pagamento uma entrada de
R$ 80.000,00 e mais uma parcela de R$ 320.000,00 ao final de 5 meses. Sabendo
que, no mercado, a taxa de uma aplicação pré-fixada é de 2,8% ao mês, analise
qual seria a melhor opção para aquisição do terreno. Justifique a resposta.

113
LIVRO

Matemática Financeira
Autor: José Dutra Vieira Sobrinho
Editora: Atlas
Sinopse: o conteúdo desse livro foi desenvolvido de acordo com uma sequên-
cia lógica, ou seja, do mais simples para o mais complexo, abrangendo Juros e
Capitalização Simples, Capitalização Composta, Descontos, Séries de Pagamen-
to, Métodos de Avaliação de Fluxos de Caixa, Classificação das Taxas de Juros,
Taxa Média e Prazo Médio, Sistema de Amortização, Operações Realizadas no
Sistema Financeiro Brasileiro, Diferimento de Receitas e Despesas Financeiras
e Utilização de Calculadoras Financeiras.

114
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.

WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.

115
1. A.

2. Solução: R$ 142.287,67.

3. Solução: A melhor opção é comprar a prazo, pois, caso pague os R$ 80.000,00 à vista, sobram R$ 290.000,00.
Aplicado no mercado em 5 meses a taxa de 2,8% ao mês, renderá R$ 332.938,16, ou seja, pagará os R$
320.000,00 restantes e ainda sobrarão R$ 12.938,16.

116
117
118
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Sistema de
Amortização

PLANO DE ESTUDOS

Sistema de Amortização Sistema de Amortização


Constante (SAC) Americano (SAA)

Sistema PRICE: Método de Sistema de Amortização


Amortização Francês Misto (SAM)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar quais são os sistemas de amortização de dívidas. • Conhecer os sistemas mais utilizados pelo mercado.
• Apresentar os conceitos básicos de sistemas de amor- • Compreender o conceito e aplicação dos sistemas Price,
tização. Sac, sistema de amortização Americano (SAA).
Sistema Price:
Método de
Amortização Francês

É muito comum em nossas vidas, seja pessoal ou


nas organizações, precisar contrair uma dívida
para que possamos realizar algum tipo de inves-
timento, tais como comprar um automóvel, casa,
equipamentos, terrenos, reformas etc. É muito
importante entender que o problema não é a dívi-
da, mas sim não sabermos planejar o pagamento
dessa dívida de forma que as prestações caibam
em nosso orçamento. Caso isso seja planejado e
consigamos pagá-las, não será problema nenhum
dever. Porém, caso esse planejamento não seja
bem feito, a dívida crescerá de forma exponen-
cial (conforme visto no sistema de capitalização
composta da unidade anterior) e poderá atingir
patamares que não será mais possível pagá-la.
Neste unidade, apresentaremos os sistemas de
amortização mais utilizados pelo mercado.
Para Ferreira (2017, p. 33), Para que possamos clarear, é simples entender

““
se utilizarmos como exemplo a aquisição de um
amortizar uma dívida é o ato de honrar com produto em um loja. Imagine que deseja com-
os compromissos financeiros assumidos, e prar uma televisão nova com tecnologia avan-
realizar reembolsos de um calor concedido çada. Suponha que ela custe, na loja, à vista, R$
por empréstimo ou financiamento, dentro 7.000,00. A loja, para te vender, diz que divide o
de certo espaço de tempo, a uma determi- pagamento em 24 prestações de R$ 350,00. Até
nada taxa de juros. aqui ok, sabemos que foi embutido nessa parcela
um percentual de juros e a dívida será quitada
em 24 meses. Mas quanto foi acrescido? Quanto
em cada parcela é de juros e quanto eu amortizo
Tenha sua dose extra de
a dívida existente? E se você quiser quitar a dívida
conhecimento assistindo ao antes de seu fim?
vídeo. Para acessar, use seu Para responder a essas perguntas, é preciso
leitor de QR Code. analisar os sistemas e amortização. Cada um deles
terá uma particularidade e, por isso, é de suma im-
portância saber qual será utilizado no momento
Em outras palavras, os sistema de amortização de adquirir a dívida. Começaremos, portanto, pelo
permitem saber como a pessoa (ou empresa) que sistema Francês (Price).
adquiriu uma dívida pagará o valor devido (prin-
cipal) e os juros que foram embutidos no ato do
empréstimo pelo credor.
Segundo Sobrinho (2001), os sistemas de
amortização nos permitem conhecer também o
quanto (em valores monetários) de determinada
dívida ainda é devido, a qualquer tempo.
Segundo o autor, toda parcela para pagamen-
to de uma dívida será composta das seguintes
variáveis:
PMT + A + J (1)

onde:

PMT (pagamento)= Valor da parcela paga no


período estipulado no momento da aquisição da
dívida (mês, bimestre, semestre, ano etc.).

A = Valor amortizado naquele período.

J = Parcela de pagamento dos juros.

UNIDADE VI 121
Esse sistema, segundo autores da área, como Sobrinho (2001), Ferreira (2017), é muito conhecido
como Tabela Price. No sistema Price, as parcelas possuem sempre o mesmo valor do início ao fim do
período. Com isso, o valor de pagamento dos juros irá decrescer e o valor do principal (dívida) aumenta
a cada parcela paga, conforme é possível perceber na Figura 1.

Empréstimo

1 n
0 Juros Prestação
Amortização (PMT)

Figura 1 - Evolução do pagamento do sistema PRICE


Fonte: Sobrinho (2001).

Quadro 1 - Fórmulas para elaborar tabela Price


Segundo Sobrinho (2001), para o cálculo do valor
das prestações, é utilizado o fator de recuperação Variável Fórmula

de capital (FRC), a parcela de juros multiplicando PMT  (1 + i )n i 


PMT = P .
a taxa definida pelo saldo devedor (a cada pe- (Prestação)  ((1 + i )n ) -1 
ríodo), e a amortização será a diferença entre a
Juros J=ixP
parcela e o juros do período. As fórmulas para
cálculo são mostradas no Quadro 1. Amortização A = PMT - J
Fonte: Sobrinho (2001).

Exemplo 1

Calcular o valor da parcela e da amortização referente à primeira prestação de um empréstimo de R$


9.000,00, a uma taxa de juros de 2% ao mês, que será liquidado em um ano, utilizando a Tabela Price.
Solução:
P= R$ 9.000,00; i= 2% a.m.; n= 12 meses
PMT= 9.000,00 x [(1+0,02)12 x 0,02 / (1+0,02) 12 -1] = R$ 851,04
J= 0,02 x 9.000,00 = R$ 180,00
Portanto: A = PMT - J = 851,04 - 180,00 = R$ 671,40

122 Sistema de Amortização


Exemplo 2

Calcular o valor da parcela e da amortização referente à segunda prestação de um empréstimo de R$


9.000,00, a uma taxa de juros de 2% ao mês, que será liquidado em um ano, utilizando a Tabela Price.
Solução: i=2%; n=12; P=R$ 9.000,
Porém, para cálculo do segundo período, teremos:
PMT=851,04 (não muda, pois, no sistema Price, a parcela é sempre igual em todos os períodos).
Cálculo do Principal: no segundo período, o Principal já será abatido do valor amortizado na pri-
meira prestação. Então, teremos:
P2 = P - A1 = 9.000,00 - 671,40 = R$ 8.328,60
Assim: J=0,02 x 8328,60 = R$166,57
Portanto A2 = 851,04 - 166,57 = R$ 684,47

A melhor forma de se trabalhar a Tabela Price e conhecer os valores de PMT, A e J é por meio de um
planilha, conforme mostrado na planilha da Tabela 1:
Tabela 1 - Sistema Price

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$9.000,00
1 R$180,00 R$671,04 R$851,04 R$8.328,96
2 R$166,58 R$684,46 R$851,04 R$7.644,51
3 R$152,89 R$698,15 R$851,04 R$6.946,36
4 R$138,93 R$712,11 R$851,04 R$6.234,25
5 R$124,69 R$726,35 R$851,04 R$5.507,90
6 R$110,16 R$740,88 R$851,04 R$4.767,02
7 R$95,34 R$755,70 R$851,04 R$4.011,33
8 R$80,23 R$770,81 R$851,04 R$3.240,52
9 R$64,81 R$786,23 R$851,04 R$2.454,29
10 R$49,09 R$801,95 R$851,04 R$1.652,34
11 R$33,05 R$817,99 R$851,04 R$834,35
12 R$16,69 R$834,35 R$851,04 R$0,00
Totais R$1.212,44 R$9.000,00 R$10.212,44
Fonte: o autor.

Exemplo 3

Você resolveu adquirir um carro, cujo valor à vista é R$ 60.000,00. Para que possa comprá-lo, preci-
sará fazer um financiamento em 24 meses. A financiadora cobra uma taxa de juros de 1,05% ao mês.
Montar uma planilha para conhecer os valores de parcela, amortização e juros ao longo do período.

UNIDADE VI 123
Caso queira quitar a dívida no décimo quarto mês e tenha pago tudo em dia até lá, qual o valor que
possibilitaria a quitação da dívida?
Solução: i=1,05% a. m. ; n=24 meses; P=R$ 60.000,00.

Montar a planilha:
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$60.000,00
1 R$630,00 R$2.211,25 R$2.841,25 R$57.788,75
2 R$606,78 R$2.234,47 R$2.841,25 R$55.554,28
3 R$583,32 R$2.257,93 R$2.841,25 R$53.296,35
4 R$559,61 R$2.281,64 R$2.841,25 R$51.014,72
5 R$535,65 R$2.305,59 R$2.841,25 R$48.709,12
6 R$511,45 R$2.329,80 R$2.841,25 R$46.379,32
7 R$486,98 R$2.354,27 R$2.841,25 R$44.025,05
8 R$462,26 R$2.378,99 R$2.841,25 R$41.646,06
9 R$437,28 R$2.403,97 R$2.841,25 R$39.242,10
10 R$412,04 R$2.429,21 R$2.841,25 R$36.812,89
11 R$386,54 R$2.454,71 R$2.841,25 R$34.358,18
12 R$360,76 R$2.480,49 R$2.841,25 R$31.877,69
13 R$334,72 R$2.506,53 R$2.841,25 R$29.371,16
14 R$308,40 R$2.532,85 R$2.841,25 R$26.838,30
15 R$281,80 R$2.559,45 R$2.841,25 R$24.278,86
16 R$254,93 R$2.586,32 R$2.841,25 R$21.692,53
17 R$227,77 R$2.613,48 R$2.841,25 R$19.079,06
18 R$200,33 R$2.640,92 R$2.841,25 R$16.438,14
19 R$172,60 R$2.668,65 R$2.841,25 R$13.769,49
20 R$144,58 R$2.696,67 R$2.841,25 R$11.072,82
21 R$116,26 R$2.724,98 R$2.841,25 R$8.347,83
22 R$87,65 R$2.753,60 R$2.841,25 R$5.594,24
23 R$58,74 R$2.782,51 R$2.841,25 R$2.811,73
24 R$29,52 R$2.811,73 R$2.841,25 R$0,00
Totais R$8.189,99 R$60.000,00 R$68.189,99

Analisando a planilha, temos:


PMT = R$ 2,841,24 fixa.
No 14º mês, para quitar, basta analisarmos o saldo devedor: R$ 26.838,30.

124 Sistema de Amortização


Sistema de Amortização
Constante (SAC)

Para entendermos como funciona o sistema SAC,


basta analisar o que diz a sigla: SAC - Sistema de
Amortização Constante. Como visto no sistema
Price, toda parcela paga periodicamente tem, na
sua composição, uma parte dos juros cobrados e
uma parte da amortização da dívida (principal).
No sistema Price, vimos que a parcela é fixa. Ago-
ra, no sistema SAC, como o próprio nome já diz,
o valor da amortização é constante.

O sistema SAC é um sistema que consiste em


uma sequência de prestações cujo valor dimi-
nui a cada pagamento realizado, pois o valor do
principal pago é sempre igual, ao passo que os
juros diminuem conforme o saldo devedor vai
diminuindo.
(Marcelo Ferreira)

UNIDADE VI 125
Portanto, no caso da SAC, segundo Sobrinho (2001), cada parcela será calculada com o valor da
amortização constante, mas acrescida dos juros sobre o saldo do principal no período, conforme
pode ser visto na Figura 2.

Empréstimo

1 n
0
Amortização Prestação
(PMT)
Juros

Figura 2 - Evolução do pagamento do sistema SAC


Fonte: Sobrinho (2001).

Quadro 2 - Fórmulas para elaborar tabela Price


Segundo Sobrinho (2001), no caso do sistema
SAC, para calcular o valor da amortização, divide- Variável Fórmula
-se o valor do principal pelo número de parcelas PMT (Prestação) PMT = A + Jn
do período acordado. A parcela de juros é calcu-
Juros J = i x Pn-1
lada multiplicando a taxa da operação pelo saldo
devedor do período anterior. Já para calcular a P
Amortização A=
n
prestação, basta somar a amortização ao valor dos
juros. As fórmulas são mostradas no Quadro 2. Fonte: Sobrinho (2001).

Exemplo 4

Calcular os valores de prestação e das parcelas de juros de um empréstimo de R$ 30.000,00, a uma


taxa de 1,5% ao mês, que será liquidado em 6 meses.
Solução: P=R$ 30.000,00; i=1,5%; n= 6 meses.
A = P / n = 30.000,00 / 6 = R$ 5.000,00
Parcela do período 1:
J1 = 0,015 * 30.000 = R$ 450,00
PMT1 = A + J1 = 5.000,00 + 450,00 = R$ 5.450,00
Parcela do período 2:
J2= 0,015.(R$ 30.000,00-R$ 5.000,00)=R$ 375
PMT2= A+J2=R$ 5.000,00+R$ 375,00=R$ 5.375,00

126 Sistema de Amortização


Assim como no sistema Price, a melhor forma de trabalhar o sistema SAC é utilizar uma planilha,
conforme mostrado na Tabela 2:
Tabela 2 - Sistema SAC

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - -
1 R$ 450,00 R$ 5.000,00 R$ 5.450,00 R$25.000,00
2 R$ 375,00 R$ 5.000,00 R$ 5.375,00 R$20.000,00
3 R$ 300,00 R$ 5.000,00 R$ 5.300,00 R$15.000,00
4 R$ 225,00 R$ 5.000,00 R$ 5.225,00 R$10.000,00
5 R$ 150,00 R$ 5.000,00 R$ 5.150,00 R$5.000,00
6 R$ 75,00 R$ 5.000,00 R$ 5.075,00 R$0,00
Totais R$1.575,00 R$30.000,00 R$31.575,00
Fonte: o autor.

Exemplo 5

Para a compra de um apartamento, o seu valor (1 +ia)1 = (1+im)12 = (1+0,13)1 = (1+im)12 com
à vista seria de R$ 350.000,00. Imagine que você isso i.m. = 0,010 ou 1,0%
tenha, em mãos, R$ 150.000,00 e precisa fazer um
empréstimo do restante do dinheiro para comprá- Analisando a Tabela 3, é possível perceber que o
-lo. Para tal, será necessário que o credor financie valor dos juros pago pelo financiamento em 10
o valor restante em período de 10 anos. Ele cobra- anos é alto: R$ 122.210,00. Porém, seria a única
rá uma taxa de juros de 13% ao ano para realizar a forma de pagar o apartamento. Tecnicamente,
operação. Montar uma planilha que demonstre o analisando somente os números, poderíamos
plano de amortização da dívida no período citado. chegar à conclusão que não compensaria, mas,
Qual seria o valor necessário a ser pago caso você caso não fosse dessa maneira, você ficaria sem o
resolva pagar a dívida após 6 anos e meio do início apartamento. Portanto, isso mostra que, no caso
do período? de compras para quem não tem o dinheiro à vis-
Solução: n = 10 anos (120 meses), i =13% a.a.; ta, existe a possibilidade do imponderável, que
P = R$ 350.000,00 - R$ 150.000,00 = R$ 200.000,00 não será avaliado pela matemática financeira.
Como para a amortização as parcela são men- Outra informação que tiramos da planilha é o
sais, é necessário fazer a equivalência de taxa de saldo devedor após 6 anos e meio. Para isso, basta
juros, que foi dado ao ano, com a taxa mensal. olhar ao final do período 78. P78 = R$70.000,00

UNIDADE VI 127
Tabela 3 - Planilha do exercício 5

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$200.000,00
1 R$2.020,00 R$1.666,67 R$3.686,67 R$198.333,33
2 R$2.003,17 R$1.666,67 R$3.669,83 R$196.666,67
3 R$1.986,33 R$1.666,67 R$3.653,00 R$195.000,00
4 R$1.969,50 R$1.666,67 R$3.636,17 R$193.333,33
5 R$1.952,67 R$1.666,67 R$3.619,33 R$191.666,67
6 R$1.935,83 R$1.666,67 R$3.602,50 R$190.000,00
7 R$1.919,00 R$1.666,67 R$3.585,67 R$188.333,33
8 R$1.902,17 R$1.666,67 R$3.568,83 R$186.666,67
9 R$1.885,33 R$1.666,67 R$3.552,00 R$185.000,00
10 R$1.868,50 R$1.666,67 R$3.535,17 R$183.333,33
11 R$1.851,67 R$1.666,67 R$3.518,33 R$181.666,67
12 R$1.834,83 R$1.666,67 R$3.501,50 R$180.000,00
13 R$1.818,00 R$1.666,67 R$3.484,67 R$178.333,33
14 R$1.801,17 R$1.666,67 R$3.467,83 R$176.666,67
15 R$1.784,33 R$1.666,67 R$3.451,00 R$175.000,00
16 R$1.767,50 R$1.666,67 R$3.434,17 R$173.333,33
17 R$1.750,67 R$1.666,67 R$3.417,33 R$171.666,67
18 R$1.733,83 R$1.666,67 R$3.400,50 R$170.000,00
19 R$1.717,00 R$1.666,67 R$3.383,67 R$168.333,33
20 R$1.700,17 R$1.666,67 R$3.366,83 R$166.666,67
21 R$1.683,33 R$1.666,67 R$3.350,00 R$165.000,00
22 R$1.666,50 R$1.666,67 R$3.333,17 R$163.333,33
23 R$1.649,67 R$1.666,67 R$3.316,33 R$161.666,67
24 R$1.632,83 R$1.666,67 R$3.299,50 R$160.000,00
25 R$1.616,00 R$1.666,67 R$3.282,67 R$158.333,33
26 R$1.599,17 R$1.666,67 R$3.265,83 R$156.666,67
27 R$1.582,33 R$1.666,67 R$3.249,00 R$155.000,00
28 R$1.565,50 R$1.666,67 R$3.232,17 R$153.333,33
29 R$1.548,67 R$1.666,67 R$3.215,33 R$151.666,67
30 R$1.531,83 R$1.666,67 R$3.198,50 R$150.000,00
31 R$1.515,00 R$1.666,67 R$3.181,67 R$148.333,33

128 Sistema de Amortização


Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
32 R$1.498,17 R$1.666,67 R$3.164,83 R$146.666,67
33 R$1.481,33 R$1.666,67 R$3.148,00 R$145.000,00
34 R$1.464,50 R$1.666,67 R$3.131,17 R$143.333,33
35 R$1.447,67 R$1.666,67 R$3.114,33 R$141.666,67
36 R$1.430,83 R$1.666,67 R$3.097,50 R$140.000,00
37 R$1.414,00 R$1.666,67 R$3.080,67 R$138.333,33
38 R$1.397,17 R$1.666,67 R$3.063,83 R$136.666,67
39 R$1.380,33 R$1.666,67 R$3.047,00 R$135.000,00
40 R$1.363,50 R$1.666,67 R$3.030,17 R$133.333,33
41 R$1.346,67 R$1.666,67 R$3.013,33 R$131.666,67
42 R$1.329,83 R$1.666,67 R$2.996,50 R$130.000,00
43 R$1.313,00 R$1.666,67 R$2.979,67 R$128.333,33
44 R$1.296,17 R$1.666,67 R$2.962,83 R$126.666,67
45 R$1.279,33 R$1.666,67 R$2.946,00 R$125.000,00
46 R$1.262,50 R$1.666,67 R$2.929,17 R$123.333,33
47 R$1.245,67 R$1.666,67 R$2.912,33 R$121.666,67
48 R$1.228,83 R$1.666,67 R$2.895,50 R$120.000,00
49 R$1.212,00 R$1.666,67 R$2.878,67 R$118.333,33
50 R$1.195,17 R$1.666,67 R$2.861,83 R$116.666,67
51 R$1.178,33 R$1.666,67 R$2.845,00 R$115.000,00
52 R$1.161,50 R$1.666,67 R$2.828,17 R$113.333,33
53 R$1.144,67 R$1.666,67 R$2.811,33 R$111.666,67
54 R$1.127,83 R$1.666,67 R$2.794,50 R$110.000,00
55 R$1.111,00 R$1.666,67 R$2.777,67 R$108.333,33
56 R$1.094,17 R$1.666,67 R$2.760,83 R$106.666,67
57 R$1.077,33 R$1.666,67 R$2.744,00 R$105.000,00
58 R$1.060,50 R$1.666,67 R$2.727,17 R$103.333,33
59 R$1.043,67 R$1.666,67 R$2.710,33 R$101.666,67
60 R$1.026,83 R$1.666,67 R$2.693,50 R$100.000,00
61 R$1.010,00 R$1.666,67 R$2.676,67 R$98.333,33
62 R$993,17 R$1.666,67 R$2.659,83 R$96.666,67
63 R$976,33 R$1.666,67 R$2.643,00 R$95.000,00
64 R$959,50 R$1.666,67 R$2.626,17 R$93.333,33

UNIDADE VI 129
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
65 R$942,67 R$1.666,67 R$2.609,33 R$91.666,67
66 R$925,83 R$1.666,67 R$2.592,50 R$90.000,00
67 R$909,00 R$1.666,67 R$2.575,67 R$88.333,33
68 R$892,17 R$1.666,67 R$2.558,83 R$86.666,67
69 R$875,33 R$1.666,67 R$2.542,00 R$85.000,00
70 R$858,50 R$1.666,67 R$2.525,17 R$83.333,33
71 R$841,67 R$1.666,67 R$2.508,33 R$81.666,67
72 R$824,83 R$1.666,67 R$2.491,50 R$80.000,00
73 R$808,00 R$1.666,67 R$2.474,67 R$78.333,33
74 R$791,17 R$1.666,67 R$2.457,83 R$76.666,67
75 R$774,33 R$1.666,67 R$2.441,00 R$75.000,00
76 R$757,50 R$1.666,67 R$2.424,17 R$73.333,33
77 R$740,67 R$1.666,67 R$2.407,33 R$71.666,67
78 R$723,83 R$1.666,67 R$2.390,50 R$70.000,00
79 R$707,00 R$1.666,67 R$2.373,67 R$68.333,33
80 R$690,17 R$1.666,67 R$2.356,83 R$66.666,67
81 R$673,33 R$1.666,67 R$2.340,00 R$65.000,00
82 R$656,50 R$1.666,67 R$2.323,17 R$63.333,33
83 R$639,67 R$1.666,67 R$2.306,33 R$61.666,67
84 R$622,83 R$1.666,67 R$2.289,50 R$60.000,00
85 R$606,00 R$1.666,67 R$2.272,67 R$58.333,33
86 R$589,17 R$1.666,67 R$2.255,83 R$56.666,67
87 R$572,33 R$1.666,67 R$2.239,00 R$55.000,00
88 R$555,50 R$1.666,67 R$2.222,17 R$53.333,33
89 R$538,67 R$1.666,67 R$2.205,33 R$51.666,67
90 R$521,83 R$1.666,67 R$2.188,50 R$50.000,00
91 R$505,00 R$1.666,67 R$2.171,67 R$48.333,33
92 R$488,17 R$1.666,67 R$2.154,83 R$46.666,67
93 R$471,33 R$1.666,67 R$2.138,00 R$45.000,00

130 Sistema de Amortização


Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
94 R$454,50 R$1.666,67 R$2.121,17 R$43.333,33
95 R$437,67 R$1.666,67 R$2.104,33 R$41.666,67
96 R$420,83 R$1.666,67 R$2.087,50 R$40.000,00
97 R$404,00 R$1.666,67 R$2.070,67 R$38.333,33
98 R$387,17 R$1.666,67 R$2.053,83 R$36.666,67
99 R$370,33 R$1.666,67 R$2.037,00 R$35.000,00
100 R$353,50 R$1.666,67 R$2.020,17 R$33.333,33
101 R$336,67 R$1.666,67 R$2.003,33 R$31.666,67
102 R$319,83 R$1.666,67 R$1.986,50 R$30.000,00
103 R$303,00 R$1.666,67 R$1.969,67 R$28.333,33
104 R$286,17 R$1.666,67 R$1.952,83 R$26.666,67
105 R$269,33 R$1.666,67 R$1.936,00 R$25.000,00
106 R$252,50 R$1.666,67 R$1.919,17 R$23.333,33
107 R$235,67 R$1.666,67 R$1.902,33 R$21.666,67
108 R$218,83 R$1.666,67 R$1.885,50 R$20.000,00
109 R$202,00 R$1.666,67 R$1.868,67 R$18.333,33
110 R$185,17 R$1.666,67 R$1.851,83 R$16.666,67
111 R$168,33 R$1.666,67 R$1.835,00 R$15.000,00
112 R$151,50 R$1.666,67 R$1.818,17 R$13.333,33
113 R$134,67 R$1.666,67 R$1.801,33 R$11.666,67
114 R$117,83 R$1.666,67 R$1.784,50 R$10.000,00
115 R$101,00 R$1.666,67 R$1.767,67 R$8.333,33
116 R$84,17 R$1.666,67 R$1.750,83 R$6.666,67
117 R$67,33 R$1.666,67 R$1.734,00 R$5.000,00
118 R$50,50 R$1.666,67 R$1.717,17 R$3.333,33
119 R$33,67 R$1.666,67 R$1.700,33 R$1.666,67
120 R$16,83 R$1.666,67 R$1.683,50 R$0,00
R$122.210,00 R$200.000,00 R$322.210,00

Fonte: o autor.

UNIDADE VI 131
Sistema de Amortização
Misto (SAM)

O sistema de amortização misto, segundo Sobri-


nho (2001), foi criado em 1979, pelo antigo BNH,
que fazia financiamento de imóveis na época. O
sistema é um misto entre o sistema Price e o sis-
tema SAC, ou seja, para calcular o valor de PMT,
juros e amortização, é necessário calcular como
seriam os dois modelos citados (SAC e PRICE)
e tirar uma média entre eles. Assim, teremos as
fórmulas como mostrado no Quadro 3:
Quadro 3 - Fórmulas do sistema SAM

Variável Fórmula
PMT PMT =
PMT price + PMT sac
2
(Prestação)
Juros J price + Juros sac
J=
2

Amortização A price + A sac


A=
2

Fonte: o autor.

132 Sistema de Amortização


Para ilustrar o sistema SAM, analisaremos o exemplo 6:

Exemplo 6
Para um empréstimo de R$ 15.000,00, em um período de 10 meses, com uma taxa de juros de 2%
ao mês, calcular a primeira prestação, o valor dos juros e amortização para a primeira parcela no
sistema de capitalização SAM.

Solução: i=2% a.m.; n= 10 meses; P=R$ 15.000,00

1) CÁLCULO NO SISTEMA PRICE:

 (1 + i ) n xi 
PMT = Px  n −1 = 15.000 x [(1+0,02) x 0,02 / (1+0,02) -1] = R$ 1.669,90
10 10
 1 + i 

J = i x P = 0,02 x 15.000,00 = R$ 300,00


A = PMT - J = 1.669,90 - 300,00 = R$ 1.369,90

2) CÁLCULO NO SISTEMA SAC: 3) CÁLCULO NO SISTEMA SAM:


A = P/n = 15.000,00 / 10 = R$ 1.500,00 A = A price + A sac / 2 = 1.369,90 + 1.500,00 / 2 = R$ 1.434,95
J = i x P = 15.000,00 x 0,02 = R$ 300,00 J = Jprice + Jsac / 2 = 300,00 + 300,00 / 2 = R$ 300,00
PMT = A + J = R$ 1.800,00 PMT = PMT price + PMT sac / 2 = 1.669,90 + 1.800,00 = R$ 1.734, 95

Para melhor visualização de todas as parcelas e da operação de forma integral, assim como visto nos
dois sistemas anteriores, a melhor forma é criar uma planilha eletrônica, conforme demonstrado nas
Tabelas 4, 5 e 6.

UNIDADE VI 133
Tabela 4 - Tabela Price para o exemplo 4

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.369,90 R$1.669,90 R$13.630,10
2 R$272,60 R$1.397,30 R$1.669,90 R$12.232,81
3 R$244,66 R$1.425,24 R$1.669,90 R$10.807,56
4 R$216,15 R$1.453,75 R$1.669,90 R$9.353,82
5 R$187,08 R$1.482,82 R$1.669,90 R$7.871,00
6 R$157,42 R$1.512,48 R$1.669,90 R$6.358,52
7 R$127,17 R$1.542,73 R$1.669,90 R$4.815,79
8 R$96,32 R$1.573,58 R$1.669,90 R$3.242,21
9 R$64,84 R$1.605,05 R$1.669,90 R$1.637,15
10 R$32,74 R$1.637,15 R$1.669,90 R$0,00
Totais R$1.698,98 R$15.000,00 R$16.698,98

Fonte: o autor.

Tabela 5 - Tabela SAC para o exemplo 4

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.500,00 R$1.800,00 R$13.500,00
2 R$270,00 R$1.500,00 R$1.770,00 R$12.000,00
3 R$240,00 R$1.500,00 R$1.740,00 R$10.500,00
4 R$210,00 R$1.500,00 R$1.710,00 R$9.000,00
5 R$180,00 R$1.500,00 R$1.680,00 R$7.500,00
6 R$150,00 R$1.500,00 R$1.650,00 R$6.000,00
7 R$120,00 R$1.500,00 R$1.620,00 R$4.500,00
8 R$90,00 R$1.500,00 R$1.590,00 R$3.000,00
9 R$60,00 R$1.500,00 R$1.560,00 R$1.500,00
10 R$30,00 R$1.500,00 R$1.530,00 R$0,00
Totais R$1.698,98 R$15.000,00 R$16.698,98

Fonte: o autor.

134 Sistema de Amortização


Tabela 6 - Tabela SAM para o exemplo 4

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.434,95 R$1.734,95 R$13.565,05
2 R$271,30 R$1.448,65 R$1.719,95 R$12.116,40
3 R$242,33 R$1.462,62 R$1.704,95 R$10.653,78
4 R$213,08 R$1.476,87 R$1.689,95 R$9.176,91
5 R$183,54 R$1.491,41 R$1.674,95 R$7.685,50
6 R$153,71 R$1.506,24 R$1.659,95 R$6.179,26
7 R$123,59 R$1.521,36 R$1.644,95 R$4.657,90
8 R$93,16 R$1.536,79 R$1.629,95 R$3.121,10
9 R$62,42 R$1.552,53 R$1.614,95 R$1.568,58
10 R$31,37 R$1.568,58 R$1.599,95 R$0,00
Totais R$1.674,49 R$15.000,00 R$16.674,49
Fonte: o autor.

É interessante, ao analisarmos as três planilhas, salientar o fato de que, na tabela Price, em que temos
as mesmas condições de empréstimo, é a que se paga maior valor monetário dos juros. No entanto,
nem sempre é possível para a pessoa, ou empresa, que busca o empréstimo, escolher qual sistema será
utilizado. Isso será definido pelo credor. É muito comum para compra de automóveis utilizarem a
tabela Price, pois os valores são fixos. No caso de compra de imóveis, aplica-se a tabela SAC ou SAM.

UNIDADE VI 135
Sistema de Amortização
Americano (SAA)

Dentro dos sistemas utilizados, existe o sistema


que, segundo Ferreira (2017), é utilizado nos Es-
tados Unidos da América para realização de em-
préstimos. No sistema americano, a amortização
do Principal só acontecerá ao final do período
acordado, sendo que o devedor paga os juros ao
longo do período inteiro, ou poderá ser capitaliza-
do e pago ao final do período, dependendo, claro,
do acordo feito no momento do empréstimo. O
valor do juros é calculado e pago, a cada período,
dentro do valor do saldo que foi feito o emprésti-
mo. Isso na modalidade de pagamento dos juros a
cada período. Para ilustrar melhor, analisaremos
a planilha do exemplo a seguir.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

136 Sistema de Amortização


Exemplo 7
Desenvolver a planilha para amortização de uma dívida, que foi realizada no sistema americano,
de um valor de R$ 20.000,00, a uma taxa de juros de 3% ao mês e com o período para pagamento
de 6 meses.

Solução: i = 3% a.m; n = 6 meses; P =R$ 20.000,00

Cálculo da parcela de juros: i=0,03 x R$ 20.000,00 = R$ 600,00

Criar a planilha:

Tabela 7 - Sistema SAA

Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor


0 - - - R$20.000,00
1 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
2 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
3 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
4 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
5 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
6 R$600,00 R$20.000,00 R$20.600,00 R$0,00
Totais R$3.600,00 R$20.000,00 R$23.600,00
Fonte: o autor.

É possível perceber, pela planilha, que, nesse caso, Nesta unidade, aprendemos como funcionam
o valor do principal existe todo o tempo do pe- os sistemas de amortização de dívidas no mercado.
ríodo, sendo que o saldo devedor só se encerrará É bom salientar que os sistemas mais utilizados
ao final. Isso quer dizer que caso o devedor queira são o Price e SAC, porém é sempre importante
quitar sua dívida antes do período, deverá pagar entendermos como funcionam todos, e mesmo
todo o valor devido. Isso evitará que ele pague os que o credor vá utilizar algum que não conheça,
juros do restante do período. A diferença básica é interessante que peça para explicar o seu fun-
dos demais sistemas é que, nos demais, o saldo cionamento. Ao montar a planilha, além de ficar
devedor diminui com o passar dos períodos. Nes- claro e fácil de enxergar como serão as prestações,
se caso, se a dívida for quitada antes do tempo, o amortização e juros do período, permite fazer todo
saldo devedor é menor e também será evitado que um planejamento em seu fluxo de caixa para que
se pague os juros do restante do período. não existam surpresas ao longo do caminho.

UNIDADE VI 137
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Um empréstimo de R$ 40.000,00 deve ser amortizado utilizando o sistema de


amortização Price, em 24 parcelas mensais, com a taxa de juros de 2,05% ao
mês. Calcular o valor da amortização do 6o mês e qual seria o saldo devedor do
décimo sexto mês.
a) A= R$ 32. 101,48; Saldo=R$ 16.036,10.
b) A= R$ 1.433,98; Saldo= R$ R$ 1.790,84.
c) A= R$ 1.399,00; Saldo= R$ 32.101,48.
d) A= R$ 1.399,00; Saldo= R$ 1.790,84.
e) A= R$ 1.446,40; Saldo= R$ R$ 15.546,63.

2. Um terreno foi colocado à venda por um valor de R$ 60.000,00 de entrada e


mais 20 prestações trimestrais, calculadas no sistema SAC. Sabendo que a taxa
de juros é de 10% ao trimestre e que o valor da primeira prestação é de R$
24.750,00, calcular o valor do terreno à vista. Qual o valor dos juros pago?
a) VT= R$ 165.000,00 ; J= R$ 173.250,00.
b) VT= R$ 225.000,00 ; J= R$ 173.250,00.
c) VT= R$ 225.000,00 ; J= R$ 165.000,00.
d) VT = R$ 338,250,00 ; J= R$ 173.250,00.
e) VT= R$ 225.000,00; J= R$ 165.000,00.

3. A compra de um imóvel, no valor de R$ 500.000,00, será paga por meio de um


financiamento, utilizando o sistema SAM, em um período de 10 anos. A taxa
de juros do período é de 12% ao ano. Com os dados fornecidos, qual das res-
postas a seguir está correta para valor da Prestação do 14º mês? E o valor da
amortização no 112º mês?
a) PMT= R$ 7.001,20; A= R$ 6.552,82.
b) PMT= R$ 8.402,08; A= R$ 4.166,67.
c) PMT= R$ 7.701,64; A= R$ 5.298,37.
d) PMT= R$ 7.701,64; A= R$ 5.297,32.
e) PMT=R$ 7.697,22; A= R$ 5.297,32.

138
LIVRO

Matemática Financeira com HP 12C e Excel


Autor: Cristiano Marchi Gimenes
Editora: Pearson
Sinopse: o livro ensina utilizar a calculadora cientifica HP12C para calcular os
valores vistos nos sistemas de amortização, bem como de outras ferramentas
que utilizaremos ao longo do curso.

139
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.

WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.

140
1. E.

2. B.

3. D.

141
142
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Série de Pagamentos

PLANO DE ESTUDOS

Série de pagamentos iguais Série de pagamentos


com termos vencidos variáveis

Série de pagamentos iguais


Noção de Fluxo de Caixa com termos antecipados

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Analisar, em primeiro lugar, o conceito de fluxo de caixa, • Analisar o sistema de séries de pagamentos iguais com
que nos permitirá entender como é feito o controle de termos antecipados.
entradas e saídas de dinheiro na organização. • Analisar série de pagamentos variáveis.
• Analisar o sistema de séries de pagamentos iguais com
termos vencidos.
Noção de Fluxo
de Caixa

Olá aluno(a), nesta unidade, conheceremos como


funciona o fluxo de caixa de uma organização,
além de aprendermos como planejarmos possí-
veis pagamentos de dívida para não atrapalhar
esse fluxo. É sempre muito bom lembrar que o
que fará com que uma empresa tenha problemas
financeiros é o seu fluxo de caixa. Ao contrário
do que muitos pensam, dívidas, desde que sejam
planejadas e amortizadas em um fluxo de caixa
planejado, não farão com que a empresa feche.
Porém, caso ela não tenha condições de honrar
seus compromissos (água, luz, telefone, pessoal
etc), que sempre chegarão independentemente
de receitas, aí sim terá uma dificuldade real em
sobreviver no mundo dos negócios.
Portanto, antes de começarmos a entender
como a matemática financeira nos ajudará com
as séries de pagamentos, é importante conhecer e
entender o funcionamento de um fluxo de caixa.
Até o momento, toda nossa aná-
lise de juros, descontos e amor-
tização, está baseada em parce-
las únicas de saídas de capital.
Ao falarmos de fluxo de caixa, Fluxo de Caixa é um Instrumento de gestão financeira que projeta
a análise passa a ser de todo ca- para períodos futuros todas as entradas e as saídas de recursos
pital que entra e sai do caixa da financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa
organização. para o período projetado.
As informações obtidas em (Sebrae).
um fluxo de caixa permitirão
aos gestores conhecer o resulta-
do operacional da organização,
possibilitando, com isso, plane-
jar os gastos, visando evitar pos- R$ 150,00
síveis problemas de gastos maio-
R$ 50,00
res que a receita. Isso levaria a
empresa a uma dívida que, por
ventura, poderia não ter condi-
n
ções de sanar, consequentemen- 1 2 3 4 6
te, levando a empresa à falência.
O fluxo de caixa, nos estu-
R$ 100,00 R$ 100,00
dos da matemática financeira
de série de pagamentos (RYBA;
LENZI, E.; LENZI, M., 2016), é Figura 1 - Representação de um fluxo de caixa
representado por uma linha Fonte: o autor.
horizontal, dividida no núme-
ro de períodos da análise e setas Para representar o fluxo em análises realizadas nas organizações,
direcionais voltadas para cima geralmente são utilizadas planilhas eletrônicas em que estarão, me-
(representando as entradas de lhor detalhadas, as entradas e saídas de capital, bem como origem
capital, receita) e direcionadas da operação, seja ela de entrada ou saída. Isso permitirá saber, em
para baixo (representando as detalhes, onde está sendo gasto o dinheiro da organização e de onde
saídas de capital, despesas), con- vieram suas receitas. A Figura 2 demonstra uma planilha que foi
forme Figura 1. retirada do material do Sebrae (2011, on-line)1.

UNIDADE VII 145


NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

FATURAMENTO % 40.000,00 40.000,00 40.000,00 32.000,00 20.000,00 20.000,00 20.000,00 40.000,00

COMPRAS 12.000,00 12.000,00 12.000,00 9.600,00 6.000,00 6.000,00 6.000,00 12.000,00

FLUXO DE CAIXA

NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

à vista 0 - - - - - - - -

à prazo - 50% 20.000,00 20.000,00 20.000,00 16.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00


30 dias

à prazo - 50% 20.000,00 20.000,00 20.000,00 16.000,00 10.000,00 10.000,00


60 dias

I - TOTAIS
DAS 40.000,00 40.000,00 36.000,00 26.000,00 20.000,00 20.000,00
ENTRADAS

Compras 100% 12.000,00 12.000,00 9.600,00 6.000,00 6.000,00 6.000,00 12.000,00


à vista

Frete 3% 1.200,00 600,00 600,00 600,00 600,00 1.200,00

Impostos s/ 15,00% 6.000,00 6.000,00 4.800,00 3.000,00 3.000,00 3.000,00


Vendas

Comissões 10% 4.000,00 4.000,00 3.200,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00


s/ Vendas

Salários e 6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00


Encargos

Despesas 4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00


mensais

Retirada dos 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00


Sócios

II - TOTAIS
36.200,00 33.560,00 27.600,00 24.600,00 24.600,00 31.200,00
DAS SAÍDAS

II - RESULTADO OPERACIONAL 3.800,00 6.440,00 8.400,00 1.400,00 (4.600,00) (11.200,00)


Saldo inicial
2.500,00 6.300,00 12.740,00 21.140,00 22.540,00 17.940,00
IV - SALDO FINAL DE CAIXA
6.300,00 12.740,00 21.140,00 22.540,00 17.940,00 6.740,00

Figura 2 - Planilha de análise de Fluxo de caixa


Fonte: Sebrae (2011, on-line)1.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

146 Série de Pagamentos


Na planilha, é possível analisarmos as entradas e saídas de capital de
uma suposta empresa, em que os números negativos aparecem entre
parênteses, e os positivos sem nenhuma marcação. Assim, percebe-se
que o resultado operacional dos meses de janeiro a abril são positi-
vos; porém os meses de maio e junho possuem resultado negativo,
ou seja, nesses dois meses a empresa gastou mais do que faturou.
Para se fazer uma análise eficaz, é importante sabermos utilizar
planilhas eletrônicas. Assista nossa pílula de aprendizagem, em que
iremos discutir o uso e as análise que devem ser realizadas!
Ao sabermos analisar os fluxos de caixas, já podemos conhecer
como funcionam as séries de pagamentos que devem ser analisadas
para estudo do negócio da organização.

Fluxo de caixa

UNIDADE VII 147


Série de Pagamentos Iguais
com Termos Vencidos

Até o momento, nossos estudos estavam focados


em taxa de juros, amortizações, capitalização etc.
A partir de agora, será possível analisarmos os
índices financeiros de outra forma. Segundo So-
brinho (2001), as séries de pagamentos são mui-
to comuns em operações comerciais, tais como
financiamentos bancários, de imóveis, de carros,
eletrodomésticos etc. Com elas, será possível cal-
cular o prazo de pagamento com um determinado
valor de parcela, calcular a parcela com uma taxa
de juros e período definido (como vimos feito
em planilhas nos sistemas de amortização). Para
início dos estudos, analisaremos as séries de paga-
mento iguais com termos vencidos e antecipados.

148 Série de Pagamentos


As séries de pagamentos iguais e com termos ven-
cidos podem ser representadas conforme Figura 3.

VP As rendas certas, ou séries periódicas uniformes,


podem ser divididas em postecipadas, antecipa-
das e diferidas. Nas antecipadas, os pagamentos
0 1 2 3 4 ... n são feitos no início de cada período respectivo;
nas postecipadas, o pagamento acontecerá no
PMT PMT PMT PMT ... PMT final do período respectivo; e nas diferidas exis-
te uma carência para pagamento da primeira
FV parcela.
Figura 3 - Representação da série vencidas iguais (Carlos Patricio Samanez)
Fonte: Sobrinho (2001).

onde: Exemplo 1

PMT= parcela paga ao longo do período Determinar o montante de uma série de aplica-
ções por um período de 5 meses, com parcelas
VP= Valor presente ou atual iguais e consecutivas, no valor de R$ 500,00 cada
uma, a uma taxa de juros de 2% ao mês.
VF= Valor Futuro ou Montante Solução: em primeiro lugar, é interessante que
seja desenhado o fluxo de caixa para ilustrar o
i= Taxa de juros coerente com unidade de tempo período das aplicações.

n= é o prazo em número de prestações VF=?

Segundo Sobrinho (2001), para calcular o valor


futuro em uma série de pagamentos iguais com
termos vencidos (ou postecipados), o funciona- 0 1 2 3 4 5
mento é segundo a fórmula:

R$ 500,00 R$ 500,00
VF = PMTo x (1 + i)0 + PMT1x (1 + i)+...+PMTnx (1+i)

VF = PMT x [(1 + i)0 + (i + 1)1 + ...(1 + i)n] Figura 4 - Fluxo de caixa do exemplo 1
Fonte: o autor.

VF = PMT [(1 + i)n ]-1 Podemos solucionar de duas formas: utilizando a


i

UNIDADE VII 149


fórmula de juros compostos para todos os 5 períodos ou utilizando a fórmula de pagamentos contínuo.
Vejamos as duas formas:
Juros Compostos: VF = VP x (1+i)n como a primeira aplicação acontece ao final do primeiro
período, e lembrando que o cálculo é feito contando o número de período do pagamento até o último,
teremos:
VF1 = 500,00 x (1 + 0,02)4 = 541,22
VF2 =500 x (1 + 0,02)3 = 530,60
VF3 = 500,00 x (1 + 0,02)2 = 520,20 VF = Vf0+Vf1+Vf2+Vf3+Vf4 = R$ 2.602,02
VF4 = 500,00 x (1 + 0,02) = 510,00
1

VF5 = 500,00 x (1 + 0,02)0 = 500,00

Utilizando a fórmula de pagamentos iguais e contínuos:


VF = PMT x {[(1+ i)n - 1] / i} = 500 x {[(1+ 0,02)5 -1] / 0,02} = R$ 2.602,02

Para que possamos calcular todas as variáveis, dentro das séries de pagamentos iguais e com termos
vencidos, Sobrinho (2001) apresenta um resumo das fórmulas (Quadro 1) que auxiliam no momento
dos cálculos. Esses cálculos podem ser resumidos em:
a) Dado PMT achar VF – Fator de acumulação de capital, FAC (i,n).
b) Dado VF achar PMT – Fator de formação de capital, FFC (i,n).
c) Dado PMT achar VP – Fator de valor atual, FVA (i,n).
d) Dado VP achar PMT – Fator de recuperação de Capital, FRC (i,n).
Quadro 1 - Fórmulas para Série de pagamento iguais com termos vencidos

Fator Fórmula

 (1 + i ) n − 1 
Fator de Acumulação de Capital VF = PMT x  
 i 

 i 
Fator de Formação de Capital PMT = VF  
 (1 + i ) − 1 
n

 (1 + i )n − 1 
Fator de Valor Atual VP = PMT x  n 
 i (1 + i ) 

 i (1 + i )n 
Fator de Recuperação de Capital PMT = VP x  
 (1 + i ) − 1 
n

Fonte: Sobrinho (2001).

150 Série de Pagamentos


Exemplo 2

Imagine que você deseja comprar um automóvel cujo valor, à vista,


é R$ 70.000,00. Para adquiri-lo, você resolve investir em um fundo
de renda fixa, cuja taxa de juros é de 1,5% ao mês, durante 2 anos.
Daí surge a dúvida: qual seria o valor da parcela para que, ao final
do período, possa adquirir o automóvel à vista?
Solução: VF = R$ 70.000,00; n=24 meses; i =1,5% a.m.; PMT=?
Conforme vimos anteriormente: PMT = VF { i / [(1+i)n – 1]}
Assim teremos: PMT = 70.000,00 x { 0,015 / [(1+0,015)24 -1]}
PMT= R$ 2.444.70

Exemplo 3

Uma série de pagamentos no valor de R$ 3.500,00 cada, durante


um período de 24 prestações a uma taxa de juros de 5% ao mês,
corresponde a qual valor, hoje?
Solução:
PMT = R$ 3.500,00; n =24 meses; i = 5% a.m.; VP =?
Conforme visto no Quadro 1:
Assim, teremos:
VP = 3.500,00 x [ (1+ 0,05)24 -1 / 0,05 x (1+0,05)24 ]
VP = 3.500,00 x 13,79864
VP = R$ 48. 295,24

Exemplo 4

Uma empresa necessita de R$ 150.000,00 de empréstimo para rea-


lizar um investimento em um novo negócio. O banco com o qual
trabalha oferece o empréstimo para que seja quitado em 12 meses
e cobra uma taxa de juros de 2% ao mês na operação. Qual é o valor
da prestação que a empresa deverá pagar para que seja quitada a
dívida no período dessa operação financeira?
Solução: VP= R$ 150.000,00; n=12 meses; i= 2% a.m.; PMT=?
Conforme visto no Quadro 1:
Assim, teremos:
PMT = 150.000,00 x [ 0,02 x (1+0,02)12 / (1+0,02)12 – 1]
PMT = 150.000,00 x 0,09456
PMT = R$ 14.183,45

UNIDADE VII 151


Série de Pagamentos Iguais
Com Termos Antecipados

Parecido com a série de pagamentos vista no tó-


pico “Noções de fluxo de caixa”, a série de paga-
mentos com termos antecipados, segundo sobri-
nho (2001), diferencia-se, pois os pagamentos são
realizados no início de cada intervalo de tempo. A
representação gráfica pode ser vista na Figura 5.

VP

0 1 2 3 4 ... n

PMT PMT PMT PMT PMT ... PMT

FV

Figura 5 - Série de pagamentos iguais com termos antecipados


Fonte: Sobrinho (2001).

Onde:
PMT – Valor monetário de cada parcela.
VF – Valor futuro (montante).
VP – Valor presente (Atual).
i – Taxa de juros aplicada no período.
n – Prazo.

152 Série de Pagamentos


Para melhor entender as fórmulas que representam essa série, basta perceber que teremos um período
a mais, pois a primeira parcela será paga no momento zero da operação financeira, para tal, segundo
Sobrinho (2001), acrescentam-se às fórmulas o valor de (1+i) que corresponderá a esse período.
Quadro 2 - Fórmulas para Série de pagamento iguais com termos antecipados

Fator Fórmula

 (1 + i )n − 1 
Fator de Acumulação de Capital VF = PMT x (1 + i ) x  
 i 

 1   i 
Fator de Formação de Capital PMT = VF x   x  
 (1 + i )   (1 + i ) − 1 
n

 (1 + i )n − 1 
Fator de Valor Atual VP = PMTx (1 + i ) x  n 
 i (1 + i ) 

 1   i (1 + i ) 
n

Fator de Recuperação de Capital PMT = VPx   x  


 (1 + i )   (1 + i ) − 1 
n

Fonte: Sobrinho (2001).

Exemplo 5 Exemplo 6

Imagine que você deseja comprar um automóvel Uma série de pagamentos, no valor de R$ 3.500,00
cujo valor à vista é R$ 70.000,00. Para adquiri-lo, cada, durante um período de 24 prestações a uma
você resolve investir em um fundo de renda fixa, taxa de juros de 5% ao mês, corresponde a qual
cuja taxa de juros é de 1,5% ao mês, durante 2 valor hoje?
anos, e lhe foi exigido que os pagamentos sejam
realizados em termos antecipados. Daí surge a dú- Solução:
vida: qual seria o valor da parcela para que, ao final
do período, possa adquirir o automóvel à vista? PMT = R$ 3.500,00; n=24 meses; i= 5% a.m.; VP=?

Solução: VF = R$ 70.000,00; n =24 meses; i Conforme visto no Quadro 1:


=1,5% a.m.; PMT =?
Assim, teremos:
Conforme vimos anteriormente: PMT = VF x [1/
(1+i)] x { i / [(1+i)n – 1]} VP=3.500,00 x (1+0,05) x [ (1+ 0,05)24 -1 / 0,05
x (1+0,05)24 ]
Assim, teremos: PMT= 70.000,00 x [1 / (1+0,015)]
x { 0,015 / [(1+0,015)24 -1]} VP= 3.500,00 x 1,05 x 13,79864
PMT = 70.000 x 0,98522 x 0,03492
PMT = R$ 2.408,27 VP= R$ 50.710,00
UNIDADE VII 153
Série de Pagamentos
Variáveis

No caso de série de pagamentos variáveis, o próprio


nome já está dizendo uma das diferenças das duas
que foram vistas até o momento, os pagamentos
variam ao longo do período estipulado. É impor-
tante salientar o que Sobrinho (2001) nos mostra:
os valores poderão ser variáveis em seu valor de
forma crescente ou decrescente. Dessa forma, é
acrescido às fórmulas um gradiente (G), onde será
acrescido o valor das parcelas diferentes. Dessa
forma, as fórmulas ficam segundo o Quadro 3.

Exemplo 7

Observando a figura a seguir, qual o valor atual


da sequência em gradiente, se a taxa de juros será
de 1% ao mês?
1200
400
300
200
100

0 1 2 3 4 12

Figura 6 - Fluxo de caixa do exemplo 7


Fonte: o autor.

154 Série de Pagamentos


Para resolver o Exemplo 7, é preciso conhecer as fórmulas de série de pagamentos variáveis.
Quadro 3 - Fórmulas para Série de pagamento variável crescente

Fator Fórmula

G  (1 + i ) − 1 
n
Fator de Acumulação de Capital com termos VF = x  − n
antecipados. i  i 

G  (1 + i )n − 1 
Fator de Valor Atual com termos antecipados. VP = x − n
i (1 + i )
n
 i 

Fator de Acumulação de Capital com termos G   (1 + i )n − 1  


VF = x (1 + i ) x   − n
Vencidos. i   i  
 

G   (1 + i )n − 1  n 
Fator de Valor Atual com termos Vencidos. VP = x (1 + i ) x  n 
− n 
i   i (1 + i )  (1 + i ) 

Fonte: Sobrinho (2001).

Solução: G =100; i = 1%a.m.; n =12; PV=? Exemplo 8

Conforme podemos ver na figura, os pagamentos Um financiamento deverá ser amortizado em sete
são todos ao final do período, isso significa que prestações mensais e crescentes, de acordo com
devemos utilizar a fórmula de termos vencidos. uma série variável. Sabendo-se que a primeira
prestação no valor de R$ 1.000,00 é devida no se-
Portanto: gundo mês do contrato, que G é igual ao valor da
G   (1 + i ) n − 1  n  primeira prestação, e que a taxa de juros compos-
VP = x (1 + i ) x  n 
− n  tos cobrada pela instituição financeira é de 4% ao
i   i (1 + i )  (1 + i ) 
mês, calcular o montante pago no financiamento
VP = 100/0,01 x {(1+0,01) x [(1+0,01)12 - 1/ 0,01 (SOBRINHO, 2001).
(1+0,01)12]-12/(1+0,01)12}
Solução: G = 1.000,00; i = 4%; n = 8 meses; VF =?
VP = 10.000,00 x {1,01 x [0,12682 / 0,011268] -
10,6494} Como no exemplo, a primeira prestação já é de-
vida, estamos tratando de série com termos an-
VP = R$ 7.180,30 tecipados.

UNIDADE VII 155


G  (1 + i ) n − 1 
Portanto: VF = x  − n
i  i 
VF = 1.000,00/0,04 {[(1+0,04)8 -1/0,04]-8}

VF = 25.000,00 x 1,2142

VF = R$ 30.355,66

Vimos, até agora, exemplos para gradiente crescente. Caso tenhamos


gradiente decrescente, as fórmulas a serem utilizadas são as que
podem ser vistas no Quadro 4.
Quadro 4 - Fórmulas para Série de pagamento variável decrescente

Fator Fórmula
Fator de
Acumulação G   (1 + i ) n − 1  
de Capital VF = x n (1 + i ) n −  
com termos i   i  
Vencidos
Fator de
Valor Atual G   (1 + i ) n − 1  
VP = x n −  n 
com termos i 
Vencidos  i (1 + i )  
Fonte: Sobrinho (2001).

Exemplo 9

Qual o montante de 9 aplicações mensais, feitas à taxa de 2,5% ao


mês, realizadas no final de cada período, sabendo-se que a primeira
é de R$ 9.000,00 e as demais de valores decrescentes, à razão de
R$1.000,00?

Solução: n = 9 meses; i = 2,5% a.m; G = 1.000,00; VF =?


G   (1 + i ) n − 1  
x n (1 + i ) − 
n
VF = 
i   i  

VF = 1000/0,025 x {9 (1,025)9 - [(1,025)9 - 1/0,025]}

VF =40.000 x {11,239 - 9,9545}

VF = R$ 51.400,00

156 Série de Pagamentos


Com essa série, encerramos as séries de pagamento. Poderíamos falar, ainda, das séries variáveis
com pagamentos antecipados. O que seria interessante é dar uma lida no livro de Sobrinho
(2001), mas por ser uma obra não muito comum em se ver no mercado, não foi tratado neste livro.
Foi possível perceber, neste capítulo, que as séries de pagamentos são muito utilizadas no
mercado para cálculo de pagamentos de possíveis dívidas, planejamento e compra de bens ou,
ainda, nos permite-nos saber o montante de um dinheiro aplicado a prazo. Isso nos permite
planejar o fluxo de caixa da organização (e até mesmo pessoal) para que não tenhamos surpresas.
Na próxima unidade, poderemos utilizar tudo que vimos anteriormente para analisarmos
viabilidade de investimentos. Te espero por lá.

UNIDADE VII 157


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Um veículo é anunciado na internet nas seguintes condições: Entrada de


R$ 20.000,00; Saldo em 36 parcelas de R$ 590,00. Sendo a taxa de juros cobrada
na venda de 1,45% ao mês. Qual é o valor do veículo a vista?

2. Qual o montante de 7 aplicações mensais, feitas à taxa de 1,5% ao mês, realizadas


no início de cada período, sabendo-se que a parcela é de $8.000,00?

3. Qual o montante de 5 aplicações, mensais, a uma taxa efetiva de juros compostos


de 6% ao mês, em que a primeira é de R$ 20.000,00 e as demais gradativamen-
te crescentes, formando uma série gradiente uniforme igual a R$ 20.000,00,
R$ 40.000,00, R$ 60.000,00, R$ 80.000,00 e R$ 100.000,00?

158
WEB

O Sebrae disponibiliza um documento online que permite conhecer mais sobre


a elaboração de planilhas de fluxo de caixa e traz um modelo que pode ser
preenchido para treinar e conhecer as análises da planilha.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

159
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf>. Acesso em: 21
maio 2018.

160
1. Como foi dado R$ 20.000,00 de entrada, é preciso conhecer, portanto, qual é o valor atual do saldo deve-
dor. Portanto:

VP = PMT x (1+i)n -1 / i x (1+i)n = 590,00 x (1,0145)36 - 1 / 0,0145 x (1,0145)36

VP = 16.456,49

Como já foi pago R$ 20.000,00, o valor à vista = VP + valor pago = 16.486 + 20.000.

Solução: R$ 36.486,00.

2. Como no caso do exercício dado as prestações são todas no início de cada período, deve-se utilizar a fór-
mula de série de pagamentos iguais e antecipados, onde:

VF = PMT x (1+i) x [(1+i)n -1 / i]

VF = 8.000 x (1,015) x [(1,015)7 -1/ 0,015] = R$ 59.462,71

Solução: R$ 59.462,71.
G .  (1 + i ) n − 1 
3. Para solucionar é preciso utilizar a fórmula de série de pagamentos variável crescente: VF = − n
i  i 
VF = 20.000/0,06 x {[(1,06)5-1/0,06] - 5} = R$ 212.364,32

Solução: R$ 212.364,32.

161
162
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Análise de Investimentos

PLANO DE ESTUDOS

Critérios econômicos para


Substituição de
análise de decisões (TMA,
equipamentos
VPL, TIR, VFL, Payback)

Introdução à Análise de Métodos de análise


Investimentos de investimentos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os conceitos básicos de análise de investi- • Conhecer os métodos de análise de investimento.


mentos. • Analisar a possibilidade de substituição de equipamentos
• Analisar os critérios básicos para análise de investimentos. nas organizações.
Introdução à Análise
de Investimentos

Nesta unidade, um dos principais assuntos é a


análise financeira em uma organização. Todas as
vezes que se pensar em fazer investimentos novos
em uma organização, deve ser (ou pelo menos
deveria) uma obrigação dos gestores e/ou toma-
dores de decisões analisar o contexto financeiro
para conhecer qual é o impacto de sua tomada de
decisão no negócio da organização.
Segundo Wakamatsu (2012), vantagem de se uti-
lizar as ferramentas de análise de investimentos é
conseguirmos colocar, por exemplo, dois investimen-
tos diferentes em condições de igualdade. É preciso
criar e utilizar um critério de comparação que os
deixa em condições de igualdade. Somente assim
será possível tomar uma decisão em relação aos dois.
Segundo o autor, os métodos nos permite ver se um
investimento será viável ou não, nos dando, assim,
condições favoráveis para decidir com segurança.
É importante entender qual seria a função do
investimento na organização.
O autor salienta que é importante para um pro-
jeto de investimento que sejam analisados todos
os detalhes financeiros e econômicos, bem como
o imponderável. É importante analisar o fluxo de
caixa (entradas e saídas de capital). Em relação ao
tempo, é importante analisarmos sempre dentro
do mesmo período de tempo e, segundo Ryba, Lenzi E. e Lenzi M.
(2016), é importante o presente o futuro, pois “passado é passado”.
Um investimento pode ser para um lançamento de um novo
produto, a modernização de sistemas, adequação ao mercado, subs-
tituição de equipamentos, aluguel, compra ou leasing de ativos ou
patrimônio, dentre outros.

Um investimento é definido como um gasto focando a melhoria


do processo de produção.
(Andréa Ryba, Ervin Kaminski Lenzi e Marcelo Kaminski Lenz)

Os critérios de análise, segundo Ryba, Lenzi E.e Lenzi M. (2016), são:


1. Econômicos: analisa a rentabilidade do investimento. As
principais ferramentas são: Taxa Mínima de Atrativida-
de (TMA); Valor presente; Taxa Interna de Retorno (TIR);
Tempo de Retorno (Payback).
2. Financeiro: analisa a disponibilidade de recursos.
3. Imponderável: existem alguns critério complicados de se
calcular, tais como a imagem da empresa na cabeça do clien-
te, histórico de manutenção, ergonomia, poluição sonora etc.

Todos esses critérios auxiliarão nas tomadas de decisão que poderão


seguir os seguintes passos:
• Identificação do Problema.
• Criação de alternativas que resolvam o problema identificado.
• Avaliar as alternativas e escolher a que melhor se adeque às
necessidades da empresa.
• Implementar a melhor alternativa.
Para se atender, agora, os critérios econômicos de avaliação, vamos
analisar os principais.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE VIII 165


Critérios Econômicos
para Análise de Decisões
(TMA, VPL, TIR, VFL, Payback)

Neste tópico, serão mostradas ferramentas que


nos permitirão conhecer variáveis que nos darão
subsídio para uma tomada de decisão segura e
baseada em cálculos matemáticos.

Taxa mínima de atratividade

Todas as vezes que vamos realizar uma tomada de


decisão, uma das principais coisas que precisamos
ter é um parâmetro, ou um critério, que nos levará
à decisão. Para Ryba, Lenzi E. e Lenzi M. (2016), a
TMA será a referência que teremos no momento
da tomada de decisão, ou seja, qual será o retorno
que queremos (em percentual de juros) em um
determinado investimento.
Porém, ainda segundo os autores, não existe
uma fórmula que nos permita calcular o TMA.
Essa taxa é uma análise pessoal (varia com os
profissionais e situações de suas empresas), mas
é possível seguir alguns critérios, e Ryba, Lenzi E.
e Lenzi M. (2016) cita os seguintes:
• Rentabilidade.
• Grau de risco da operação.
• Liquidez.

166 Análise de Investimentos


• Política de expansão da empresa.
• Cenário político e econômico do país.
• Inflação.
Tenha sua dose extra de
É importante comparar com outras operações conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
financeiras de mercado, para entender, também,
leitor de QR Code.
se a taxa de retorno trará o resultado desejado,
ou até mesmo se aplicamos o dinheiro em outro
local que poderia render mais com menores risco.
Nesse caso, o investimento de menor risco seria, A fórmula geral para cálculo do VPL é a seguinte:
por exemplo, caderneta de poupança. n
FCn
Então, vamos estudar os outros critérios que VPL = − I +∑
nos auxiliarão nas tomadas de decisão.
t =1 (1 + i )t
Onde:
• VPL = Valor Presente líquido.
• I = Investimento inicial.
• i = Taxa mínima de atratividade (TMA).
Taxa Mínima de retorno: É a menor taxa de juros • t = Período das parcelas.
que você deseja ganhar ao fazer um investimento. • FCn = Fluxo de caixa.
(Andréa Ryba, Ervin Kaminski Lenzi e Marcelo
Kaminski Lenz) Ao analisarmos um investimento, é importante
notar que teremos o investimento inicial, a soma
das parcelas ao longo do período analisado e um
Valor Presente Líquido (VPL) valor final que é chamado de valor residual. Esse
valor corresponde ao valor de venda, por exem-
Segundo Wakamatsu (2012), o VPL é utilizado plo, do bem (equipamentos, terrenos, imóveis) da
quando queremos comparar o fluxo de caixa de um organização ao final do período.
empreendimento com o investimento inicial. Para Para sabermos se o valor do investimento é
tal, capitaliza-se o fluxo de caixa em cada período interessante, teremos 3 possibilidades, a saber:
de interesse, faz-se a correção do custo de capital 1. VPL > 0 - O projeto seria aprovado, pois o
e se subtrai, disto, o valor do investimento inicial. seu retorno é maior que o fluxo de capital.
Wakamatsu (2012) salienta que, para cálculos 2. VPL = 0 - Como a taxa colocada na fór-
agora de análise de investimentos, as fórmulas se mula é o TMA, essa igualdade quer dizer
tornarão mais complexas, em que haverá uma que o retorno é exatamente igual ao míni-
dificuldade de se calcular de cabeça e, até mes- mo exigido para o investimento, portanto,
mo, com calculadoras comuns. Para isso, pode-se ainda assim, pode ser aprovado.
utilizar planilhas eletrônicas como Excel ou cal- 3. VPL < 0 - O retorno está abaixo do espe-
culadoras financeiras1. rado. Portanto seria reprovado o projeto.

1 Nos materiais complementares é sugerido um curso


Para entender melhor como funciona o VPL, va-
para utilização da calculadora 12c. mos analisar os exemplos a seguir.

UNIDADE VIII 167


Exemplo 1 portanto deve ser realizado o investimento. Po-
rém, essa afirmação está baseado simplesmente no
(Castanheira, 2012, p. 125) Uma empresa de ra- VPL, o que não leva em consideração em quanto
diotáxi está analisado a possibilidade de adqui- tempo e qual a taxa de juros real de retorno. Para
rir, para sua frota, veículos no valor unitário de isso, precisamos utilizar outras ferramentas que
R$ 40.000,00, sabendo que as receitas líquidas veremos a seguir.
estimadas, em cinco anos, são de R$ 18.000,00,
R$ 18.500,00, R$ 19.200,00, R$ 20.000,00, R$
21.200,00, respectivamente. Ao final dos cinco Taxa Interna de Retorno (TIR)
anos, o valor residual do veículo é de R$ 10.000,00.
Com uma taxa de retorno de 18% ao ano, a em- A TIR é um parâmetro dos mais importantes na
presa deveria, ou não, investir esse valor? análise de investimento.
Solução: representado o fluxo de caixa, teremos:

18.000 18.500 19.200 20.000 31.200


TIR: é a taxa de juros compostos (taxa de descon-
to) que anula o seu valor presente (valor atual).
(Nelson Pereira Castanheira)

40.000 Segundo Castanheira (2012), é preciso observar


o valor algébrico dentro das parcelas e seguir dois
Figura 1 - Fluxo de caixa do exemplo 1
Fonte: o autor. critérios:
1. Os valores de recebimento (crédito) serão
Note que no último período é preciso somar o sempre positivos, pois são entradas de caixa.
valor da receita líquida com o valor residual. 2. Os valores de pagamentos serão sempre ne-
Ao jogarmos na fórmula, teremos: gativos, pois, por sua vez, são saídas de caixa.

VPL = -40.000 + [18.000/(1+0,18)1] + [18.500/ Castanheira (2012), Wakamatsu (2012) e Ryba,


(1+0,18)2] + [19.200/(1+0,18)3] + [20.000/ Lenzi E. e Lenzi M. (2016) corroboram com a ideia
(1+0,18)4] + [31.200/(1+018)5] e dizem que a TIR será a taxa que irá zerar o fluxo
de caixa, ou seja, anula as parcelas com o VPL.
VPL= -40.000 + 14.254.24+13.286,41+11.685,71 Portanto, para deduzirmos a fórmula de cálcu-
+10.315,78+ 13.637,81 lo da TIR, usamos a fórmula de VPL, igualamos
o VPL a zero (conforme visto na teoria anterior)
VPL = R$ 24.179,95 e ficará da seguinte forma:
n
FCn
Como o VPL deu positivo, os cálculos mostram VPL = � −� I x � ∑ ;
que o retorno do investimento está além da TMA, t =1 (1 + i )t

168 Análise de Investimentos


Como VPL = 0: Solução: para entender, vamos, em primeiro lu-
n gar, desenhar o fluxo de caixa:
FCn
0 = − I +∑
t =1 (1 + i )t 1.000,00

Chegando, portanto, na fórmula Final:

n
FCn
I =� ∑
t =1 (1 + i )t
300,00 400,00
Onde: 500,00
• VPL = Valor Presente líquido. Figura 2 - Fluxo do caixa do exemplo 2
• I= Investimento inicial. Fonte: o autor.
• i = Taxa interna de retorno.
• t= Período das parcelas. Ao jogar na fórmula, teremos:
• FC = Fluxo de caixa. n
FCn
I =� ∑
Da mesma forma do VPL, podemos usar 3 crité- t =1 (1 + i )t
rios de avaliação da TIR para aprovação (ou não)
de um investimento: 1.000,00 = [300/(1+i)1] + [500/(1+i)2] + [500 / (1+i)3]
1. TIR > TMA - O projeto seria aprovado,
pois o seu retorno é maior que a taxa mí- OBS: o cálculo de i, caso queira fazer usando a
nima esperada. matemática, deve ser feito por interpolação. Por-
2. TIR = TMA - Essa igualdade quer dizer tanto, é interessante que se utilize uma planilha
que o retorno é exatamente igual ao míni- eletrônica, como o Excel ou uma calculadora fi-
mo exigido para o investimento, portanto nanceira.
ainda assim pode ser aprovado. Usando a planilha de Excel, basta colocar os
3. TIR < TMA - O retorno está abaixo do es- valores em coluna e utilizar a fórmula de TIR.
perado, portanto seria reprovado o projeto. Teremos a seguinte tela:
Fluxo TIR
Para entendermos melhor, vamos analisar o 1000
Exemplo 2. -300
9,26%
-500
-400
Exemplo 2
Figura 3 - Cálculo de TIR
Fonte: o autor.
Determinar a taxa interna de retorno correspon-
dente a um empréstimo de R$ 1.000,00 a ser li- Portanto: TIR = 9,26% a.m.
quidado em 3 pagamentos mensais de R$ 300,00, Observe que, ao utilizar a fórmula, já temos o
R$ 500,00 e R$ 400,00. resultado na coluna da direita.

UNIDADE VIII 169


Payback

Os demais parâmetros analisados até aqui não se preocuparam em


conhecer qual seria o tempo necessário, dentro de uma operação
financeira, para que o valor dos pagamentos (parcelas) se iguale ao
investimento inicial.

Payback é o tempo para o qual a somatória entre a relação do fluxo


de caixa e o custo do capital (parcelas) seja igual, ou superior, ao
investimento inicial.
(André Wakamatsu)

O cálculo do payback é feito segundo a fórmula a seguir:

Período ( dia mês ano ) x Investimento Inicial


Payback =
Total Recebido

É importante salientar que, no caso do payback, todo dinheiro ganho


após o tempo para igualar o investimento inicial não será conside-
rado. O critério de aceitação estará ligado ao que foi definido pela
empresa, mas é sempre bom lembrar que quanto menor, melhor.
Para entender melhor, vejamos o exemplo a seguir.

Exemplo 3
Considerando a compra de um novo equipamento para empresa no va-
lor de R$ 200.000,00 e que o retorno que ele trará para empresa será uma
economia anual de R$ 75.000,00, calcular o payback do investimento.
Conforme visto na fórmula:
Período ( dia mês ano ) x Investimento Inicial
Payback =
Total Recebido
, assim teremos: se
quisermos calcular em meses:

Payback = 36 (meses) x 200.000,00 / 225.000 = 32 meses


Foram considerados 3 anos por perceber que, antes disso, o valor
de recebimentos é menor que o investimento inicial.
Se quisermos calcular em dias:
Payback = 1095 (dias) x 200.000,00 / 225.000 = 973, 33 dias
Para calcularmos em anos:
Payback = 3 (anos) x 200.000,00 / 225.000 = 2,67 anos

170 Análise de Investimentos


Métodos de Análise
de Investimentos

Os critérios estudados anteriormente ajudam


muito nas análises para tomadas de decisão e são
os mais utilizados. Podem ser utilizados de forma
individual, porém, caso sejam usados de forma
conjunto, dão uma noção melhor de retorno e
tempo. Isso dará uma base melhor na análise.
Existem, também, outros critérios que podem
ser utilizados e que citaremos aqui. O primeiro é o
critério do Benefício-Custo (ou custo benefício).
Segundo Samanez (2007), ele nos permite compa-
rar, a qualquer momento, os ingressos de capital e os
custos para prestação de serviço. Muito usado, por
exemplo, em obras que demandam análise de im-
pactos sociais, como obras públicas. Para se calcular
o Benefício-Custo, utiliza-se a seguinte fórmula:
n b
∑ t =o
B
=
(1 + i )t
C n c
∑ t =o
(1 + i )t
Onde:
b = Benefício do período.
c= Custo do período.
n= Horizonte do planejamento.
i=Custo do capital.

Como critério de análise, caso B/C >1, o projeto


será viável.

UNIDADE VIII 171


Exemplo 4
Analisar a viabilidade econômica de um projeto com um custo
de capital de 5% ao ano e com o custo benefício apresentado no
quadro a seguir.
Ano 0 Ano 1 Ano 2
Custos (c) -R$ 300,00 -R$ 6.800,00 -R$ 15.000,00
Benefício (b) R$ 150,00 R$ 8.500,00 R$ 20.000,00
Fluxo de caixa Líquido -R$ 150,00 R$ 1.700,00 R$ 5.000,00

Solução: Podemos analisar de duas formas:


a) Calculando pelos benefícios/custos:
n b
∑ t =o
B
=
(1 + i )t
C n c
∑ t =o
(1 + i )t
B/C = {(150 + [8500/(1,05)1]+ [20.000/(1,05)2]} / {300 + [6.800/
(1,05)1] + [15.000/(1,05)2}

B/C= 1,29 - Portanto projeto Viável. AE

b) Calculando pelo Fluxo de caixa líquido.

B/C = [1700/(1,05)1] + [5000/(1,05)2] / 150 = 41,03 - Projeto Viável

OBS: notem que, no caso do fluxo de caixa, a análise é feita medindo


o resultado dos períodos em relação ao investimento no ano zero,
que, geralmente, será negativo.

Como visto anteriormente, um outro método de avaliação muito


utilizado é a análise do fluxo de caixa.
Segundo Wakamatsu (2012), existem ainda momentos em que
teremos que comparar investimentos que se manifestam em di-
ferentes unidades no tempo. O autor dá como exemplo a compra
de equipamentos em que um já tem retorno imediato de receitas,
porém já possui reposição imediata; a outra tem um desempenho
menor, porém constante. Daí, qual escolher?
Para essa análise, o autor lança mão do VPL, mas fazendo uma
análise do impacto ao longo do tempo. Para tal, utiliza um método

172 Análise de Investimentos


denominado de anuidade equivalente. Para calcular a anuidade
equivalente, utiliza-se a seguinte fórmula.
VPL
AE =�
VP
Onde:
VPL= Valor presente líquido do período.
VP = Valor presente (onde já vimos a fórmula na série de pa-
gamentos).
Somente para lembrar:

VP =
(1 + i ) n − 1
(1 + i )n xi

Exemplo 5
Uma empresa deverá escolher qual o melhor equipamento que deve
ser adquirido com os seguintes dados:
• Investimento inicial de ambos equipamentos: R$ 300,00;
custo de capital 10% ao ano.
• Equipamento 1: fluxo de caixa de R$ 700,00 logo no pri-
meiro ano, mas se torna inutilizável ao fim desse ano.
VPL
=� • Equipamento 2: tem um fluxo de caixa de R$ 300,00 ao ano
VP
e se torna inutilizável ao final do 3o ano.

VPL1= - 300 + [700/ (1,1)1] = R$ 336,36

VPL2 = -300 + [300 / (1,1)1] + [300 / (1,1)2] + [300 / (1,1)3] = R$


446,05

Analisando somente pela ótica do VPL, seria escolhida a opção 2,


por ter um retorno maior do investimento. Analisaremos, agora,
utilizando a fórmula de Anuidade equivalente.

AE1 = 336,36 / { [(1+0,1)1 -1] / [(1+0,1)1 x 0,1]} = R$ 370,00

AE2 = 746,05 / {[(1+0,1)3 -1] / [(1+0,1)3 x 0,1]} = R$ 300,00

Ao analisarmos considerando o tempo igual para ambos os investi-


mentos, foi possível perceber que a alternativa A se tornou a melhor
entre as duas. O que nos mostra que sempre devemos pensar e co-
locar todas as alternativas dentro de um mesmo período de análise,
evitando, assim, comparações entre tipos diferentes de investimento.

UNIDADE VIII 173


Substituição de
Equipamentos

A Análise de substituição de equipamentos em


uma organização é algo importante, pois toda or-
ganização precisa sempre analisar a atualização de
seu parque tecnológico,ou algum ativo (máquinas
industriais, equipamentos de uso técnico etc.).
Para Ryba, Lenzi E. e Lenzi M. (2016), é impor-
tante seguir critérios que definirão quando se deve
fazer, ou não, a troca dos equipamentos. São eles:
• Ampliação da capacidade de produção.
• Danos irreversíveis.
• Desgaste natural.
• Obsolescência.
• Falta de suporte ou manutenção do fa-
bricante.
• Perda de produtividade.
• Poluição sonora.
• Acidentes.

Segundo os autores, uma pergunta importante


deve ser respondida: a economia trazida com a
compra compensa o investimento?

174 Análise de Investimentos


Exemplo 6
Dado fluxo de caixa abaixo da operação de uma máquina (em mi-
lhares de reais), com um TMA de 10% ao ano, analisar a viabilidade
de troca (RYBA, LENZI, E.; LENZI, M. 2016, p.128).
Valor de
Ano Custo Operacional Receita Gerada
compra/venda
0 500 0 0
1 450 100 500
2 400 150 400
3 300 200 250
4 150 250 200
5 100 300 100

Solução: para responder à pergunta, é importante analisar o VPL


a cada período:

VPl1= - 500 + 850/(1,1)1 = 272,70

VPl2= - 450 + 650/(1,1)1 = 140,90

VPl3= - 400 + 350/(1,1)1 = -81,80

Na análise anterior, pudemos notar que, a partir do terceiro ano,


o VPL deu um valor negativo de R$ 81.800,00, o que nos mostra
que a máquina deverá ser trocada a partir do final do segundo ano.
Com os exemplos mostrados na unidade, foi possível perceber
a importância de serem realizados estudos utilizando os métodos
e critérios apresentados. Somente com a utilização desses métodos
e critérios é possível obter informações suficientes que servirão
de base para os gestores em tomadas de decisões precisas e com
menos erros.
Para análise de investimentos, é sempre bom escolher a sua TMA,
analisar em conjunto TIR, VPL, Payback, pois, assim, teremos sem-
pre resposta de retorno e tempo; e, caso seja preciso, utilizar, ainda,
os métodos apresentados para que sejam igualadas operações di-
ferentes, criando, com isso, critérios precisos nas análises.
Na próxima unidade, faremos análises com a intervenção de
fatores externos. Te espero por lá.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma lavanderia analisa duas alternativas para melhorar os seus serviços de


entrega:
a) Comprar uma caminhonete:
custo de aquisição: $ 40.000,00
vida útil: 6 anos
valor de venda após 6 anos (valor residual): $ 4.000,00
custos anuais de manutenção: $ 8.000,00
b) Alugar uma caminhonete:
custos anuais com o aluguel e manutenção: $ 15.000,00
em ambos os casos utilizar uma taxa de juros ao ano de 10%.

2. A Empresa XYZ estuda a compra de dois equipamentos A e B com as seguintes


características:
A B
Custo inicial $ 28.000,00 $ 23.000,00
Vida útil 5 anos 5 anos
Custos anuais $ 4.000,00 $ 5.000,00
Receitas anuais $ 12.000,00 $ 10.000,00
Valor residual $ 12.000,00 $ 10.000,00

Dadas as informações, analise VPL e a TIR para os equipamentos A e B, verifi-


cando por estes métodos se ambos os projetos são viáveis e, neste caso, qual
deles é o mais atrativo. A TMA da empresa é de 18% ao ano.

176
3. Uma empresa deseja trocar uma máquina velha e levantou os seguintes dados
da planilha a seguir:

Máquina Velha Máquina Nova


Investimento Inicial 0 R$ 25.000
Fluxo de caixa operacional R$ 12.000,00/ano R$ 8.000,00/ano
Vida útil 2 anos 4 anos
custo de capital 6% ao ano 6% ao ano

Com os dados anteriores, qual decisão você tomaria, trocar ou não o equipa-
mento?

177
WEB

Curso prático de Calculadora HP 12c


Para aqueles que trabalham, ou irão trabalhar, com a área de análises de in-
vestimentos, é de bom grado que adquira uma calculadora financeira. A mais
utilizada pelos profissionais da área é a HP 12C, que permite fazer os cálculos
vistos no capítulo com facilidade. Para conhecê-la e aprender a utilizá-la, esse
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e do Projeto Arrisque, o Sr. Waldir Kiel.
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178
CASTANHEIRA, N. P. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2012.

RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos da Engenharia Econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016.

SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. Pearson, São Paulo, 2007.

WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.

179
1. B.

Solução: Para solucionar o exercício, é preciso calcular o VPL dos dois casos. Para tal, pode-se fazer de
duas formas:
n
FCn
Utilizar a fórmula de VPL: VPL = − I+∑ (1 + i)t
t =1

Assim, temos que VPLa = -40000 - 8000/(1,1) - 8000/(1,1)2 - 8000(1,1)3 - 8000(1,1)4 - 8000(1,1)5 - 4000 (1,1)6
= - R$ 72.584,18

VPLb = -15000/1,1 - 15000/(1,1)2 - 15000/(1,1)3 - 15000(1,1)4 - 15000/(1,1)5 - 15000/(1,1)6 = - R$ 65.328,91

Ou pode ser utilizada a fórmula de VPL no Excel conforme visto na videoaula.

VPLA (15%) = - R$ 72.584,18; VPLB (15%) = - $ 65.328,91

A Melhor opção é, portanto, alugar caminhonete.

2. A.

Para solucionar o exercício, é preciso calcular, aqui, o VPL, que compara ambas opções no valor atual,
e a TIR, que nos permite conhecer a taxa de retorno do investimento. É importante lembrar que, para
analisar a TIR, devemos compará-la com o TMA (taxa mínima de atratividade) definida pela organização.
Para calcular, pode-se utilizar as fórmulas de VPL e TIR vistas ao longo da unidade, utilizar Excel ou, ainda,
calculadora financeira.

VPLa = -28000 + 8000/(1,18) + 8000/(1,18)2 + 8000/(1,18)3 + 8000/(1,18)4 + 20000/(1,18)5 = R$ 2.262,68

VPLb = -23.000 +5000/1,18 + 5000/(1,18)2 + 5000/(1,18)3 + 5000/(1,18)4 + 15000/(1,1)5 = - R$ 2.993,05

Para calcular TIR, é aconselhado utilizar as fórmulas de Excel ou calculadora.

TIRa = 21%; TIRb= 13%.

Analisados, então, os dados calculados, teremos:

Solução: VPLA (18%) = R$ 2.262,68; TIRA= 21% - Viável

VPLB (18%) = - R$ 2.993,05; TIRB=13% - Como o VPL < 0 - O retorno está abaixo do esperado.

Portanto seria reprovado o projeto. Além disso, a TIR é menor que a TMA,

Melhor Opção é A, pois o TIR está acima do TMA e o VPL positivo.

180
3. Solução: AEv= R$ 1.320,04; AEn= R$ 163,32 – Como, nesse caso, o valor de anuidade equivalente é maior
na máquina velha, não é aconselhável trocar o equipamento.

Para solucionar essa questão, podemos utilizar o método de anuidade equivalente, que nos permitirá
colocar ambas opções sob o mesmo critério. A fórmula para cálculo será:
VPL
AE =
VP
Onde VP= (1+i)n / (1+i)n x i

Assim teremos:

O cálculo do VPL pode ser feito conforme visto nos exercícios ao longo do capítulo

VPLv= 12000/(1,06) + 12000/(1,06)2 = R$22.000,71

VPLn= -25000 + 8000x(1,06) + 8000x(1,06)2 + 8000x(1,06)3 + 8000x(1,06)4 = R$ 2.720,84

AEv= 22.000,71 / [(1,06)2 / (1,06)2 x 0,06] = R$ 1.320,04

AEn=2.720,84 / [(1,06)4/(1,06)4 x 0,06] = R$ 163,32

181
182
183
184
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa

Análise de
Externalidades

PLANO DE ESTUDOS

Inflação Impostos

Investimento Correção Monetária

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Realizar análises para realização de investimentos nas • Saber como proceder para realização de correção mone-
organizações. tária (inflação e deflação).
• Compreender os conceitos de inflação e deflação. • Conhecer o impacto dos impostos no negócio da or-
ganização.
Investimento

Agora que já vimos várias técnicas e fórmulas que


nos permitem avaliar vários tipos de investimen-
tos e projetos financeiros, só nos faltou conhecer
como analisar possíveis investimentos, porém em
conjunto o fluxo de caixa financeiro da empresa,
ademais, é também importante conhecer a forma
como fatores externos, tais quais inflação, câmbio,
imposto de renda, podem influenciar nessas análi-
ses. Começaremos analisando investimentos, mas
não de forma isolada, dentro de um planejamento
que leva em consideração as condições financeiras
da organização.
Para analisar um investimento desse porte,
podemos fazer, nas organizações, uma análise de
sensibilidade, que nada mais é do que criar cená-
rios possíveis, por meio de simulações, que nos
darão uma visão melhor do que poderá acontecer
mais à frente. Projetamos, portanto, várias situa-
ções e podemos, com isso, escolher qual seria a
melhor opção para organização de acordo com
os resultados obtidos.
Analisar investimentos dentro do que apren- Somente para esclarecimento da planilha mos-
demos até o momento, por meio da TIR, VPL, trada na Tabela 1, a margem de contribuição,
Payback, de forma isolada, não leva em consi- segundo a literatura sobre o tema, refere-se à di-
deração as incertezas e risco do mercado. Te- ferença existente entre as receitas da organização
mos que lembrar que existem inflação, variações e seus custos variáveis, ou seja, quanto sobrará
cambiais e riscos econômicos que podem mudar para que sejam pagas as despesas fixas (salários,
o rumo do país e, consequentemente, dos resul- encargos, luz, água, aluguel etc.) e saber se ainda
tados operacionais da organização. deu lucro.
OK! Como começar, então, essa análise e de- No caso apresentado, é possível perceber
senhar possíveis cenários? que, no mês em questão, houve um resultado
Para iniciarmos as nossas análises, faz-se ne- operacional positivo de R$ 20.880,00. Não cha-
cessário ser bem criterioso na construção de um mei nesse momento de lucro, pois é importante
fluxo de caixa que reflita bem o que acontece no entender qual o momento da organização. Ela
dia a dia da organização. O fluxo de caixa real poderia estar, ainda, no seus primeiros meses de
nos mostrará o que aconteceu com a empresa de vida e não ter pago o seu investimento inicial. Daí
forma “histórica”, ou seja, será anotado tudo que a importância em se pagar esse investimento. A
entrou e saiu de capital da organização dentro um forma de pagamento seria definida pelos sócios,
período determinado. Vejamos, na Tabela 1, um mas só podemos entender como lucro caso já
exemplo de fluxo de caixa resumido (SEBRAE, tenha sido pago esse investimento.
2011, on-line)2. Para analisarmos cenários visando melhores
resultados operacionais, é importante entender
Tabela 1 - Fluxo de caixa real
que só podemos trabalhar com alguns parâme-
tros, como: as receitas, que poderão aumentar
Contas Valores
ou diminuir; e os custos que também poderão
1. Receitas Totais R$364.000,00
crescer ou diminuir. O custo variável dependerá
2. Custos Variáveis R$211.120,00 diretamente das receitas. Já o custo fixo pode ser
Compras R$109.200,00 trabalhado buscando adequar a realidade da or-
Fretes R$10.920,00 ganização. O raciocínio é mesmo matemático, ou
Impostos R$54.600,00
seja, para melhorar os resultados, é preciso existir
três possibilidades: ganhar mais sem alterar os
Comissões R$36.400,00
custos, ganhar mais reduzindo os custos, manter
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 a receita e baixar os custos.
4. Custos Fixos R$132.000,00
Salários e Encargos R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00

Fonte: o autor.

UNIDADE IX 187
Vamos analisar as tabelas a seguir (SEBRAE, 2011, on-line)2:
Tabela 2 - Cenário 1: aumento de receitas em 30%

Contas Valores % Mais 30% de receita %


1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$473.200,00 100,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$274.456,00 58
Compras R$109.200,00 R$141.960,00
Fretes R$10.920,00 R$14.196,00
Impostos R$54.600,00 R$70.980,00
Comissões R$36.400,00 R$47.320,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$198.744,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$132.000,00 28
Salários e Encargos R$78.000,00 R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$66.744,00 14

Fonte: o autor.

Tabela 3 - Cenário 2: queda das receitas em 5%

Contas Valores % Menos 5% receita %


1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$345.800,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$200.564,00 58
Compras R$109.200,00 R$103.740,00
Fretes R$10.920,00 R$10.374,00
Impostos R$54.600,00 R$51.870,00
Comissões R$36.400,00 R$34.580,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$145.236,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$132.000,00 38
Salários e Encargos R$78.000,00 R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$13.236,00 4

Fonte: o autor.

188 Análise de Externalidades


Tabela 4 - Cenário 3: queda de custos fixo em 8%

Contas Valores % Menos 8% despesa Fixa %


1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$364.000,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$211.120,00 58
Compras R$109.200,00 R$109.200,00
Fretes R$10.920,00 R$10.920,00
Impostos R$54.600,00 R$54.600,00
Comissões R$36.400,00 R$36.400,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$152.880,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$121.440,00 33
Salários e Encargos R$78.000,00 R$71.760,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$22.080,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$27.600,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$31.440,00 9

Fonte: o autor.

Tabela 5 - Resumo de cenários

Planilha
Resumo
Mais 30% Menos 5% Menos 8%
Contas Valores % % % %
receita receita despesas Fixas
Receitas
R$364.000,00 100 R$473.200,00 100 R$345.800,00 100 R$364.000,00 100
Totais
Custo
R$211.120,00 58 R$274.456,00 58 R$200.564,00 58 R$211.120,00 58
Variável
Custo
R$132.000,00 36 R$132.000,00 28 R$132.000,00 38 R$121.440,00 33
Fixos
Resultado
R$20.880,00 6 R$66.744,00 14 R$13.236,00 4 R$31.440,00 9
Líquido

Fonte: o autor.

Ao analisarmos a planilha resumo, é possível os custos variáveis. Assim, o crescimento, nesse


perceber as mudanças que aconteceriam no re- caso, foi de 8%, pois sai de 6% do valor da receita
sultado líquido da organização, de acordo com bruta, para 14%, mas o mesmo acontece também
as mudanças efetuadas. É interessante notar que quando abaixamos a receita. Ao abaixar em 5%, a
o fato de aumentar 30% de receita, não neces- receita caí apenas 2 pontos percentuais o resultado
sariamente significa que o resultado aumentará líquido do período, mas o mais interessante é ver
na mesma proporção, pois isso altera, também, que, ao abaixar os custos fixos em 8%, acontece

UNIDADE IX 189
um crescimento significativo de 3 pontos per- Calculado o valor da parcela, podemos olhar
centuais no resultado final. Isso nos mostra que na planilha de resultados para perceber se o fluxo
o melhor seria aumentar receitas e abaixar custos. de caixa atual comportaria um empréstimo nesse
O que nem sempre será possível. A decisão final valor.
ficará a cargo do gestor da organização, que terá Como temos um resultado líquido atual de R$
todos os índices a serem avaliados, bem como o 20.880,00, seria possível receber mais uma des-
objetivo da organização. Mas é mister salientar pesa fixa de R$ 15.861,33, o que ainda daria um
que a análise é de extrema importância, não só resultado operacional positivo de R$ 5.018,67.
para conhecer o que acontecerá com o resultado Porém, caso a receita caia em 5%, conforme vimos
devido aos cenários propostos, mas também para, na Tabela 3, o resultado líquido é de R$ 13.236,00.
ao longo do tempo, saber se os resultados da orga- Assim, caso a empresa assuma mais um custo fixo
nização estão seguindo conforme planejado. Sem de R$ 15.861,33 teria, nesse caso, um resultado lí-
critérios de análise, torna-se impossível saber se a quido (prejuízo) de R$ 2.625,33, comprometendo,
empresa está caminhando bem, ou não. assim, o resultado da organização.
Outra oportunidade é pensar em buscar novos Com a análise realizada, ficou claro como a
investimentos para organização. Para entender- “construção” de possíveis cenários é importante
mos melhor, vamos analisar o fluxo atual da or- na análise de investimentos realizados pela orga-
ganização (Tabela 1) e ver se seria possível buscar nização. Eles permitem ao gestor visualizar qual
um investimento de R$ 200.000,00 em uma ins- seriam os impactos de novos investimentos ou até
tituição financeira. Essa instituição cobrará uma mesmo de possíveis ações no sentido de corrigir
taxa de 2% ao mês e o empréstimo seria quitado possíveis problemas com os quais a organização
em 24 meses, no regime Price. esteja no momento.
Para essa análise, é necessário, em primeiro lu- No entanto, é bom lembrar também que es-
gar, saber como ficaria as parcelas na tabela price ses possíveis problemas podem ser causados por
para amortização. externalidades, como taxa de câmbio, inflação,
PMT= VP {[(1+i)n x i]/[(1+i)n - 1]} = PMT impostos etc. Vamos analisá-las, então.
= R$ 10.574,22

190 Análise de Externalidades


Inflação

Todos nós, ao assistirmos telejornais, lendo no-


tícias na internet, jornais, revistas especializadas
etc., sempre ouvimos falar da inflação. Todos os
especialistas da área dizem que o governo deve
adotar políticas firmes que combatam a inflação,
sob pena dela prejudicar, de forma sensível, a eco-
nomia do país. Mas então, o que seria a inflação e
qual o seu impacto sobre as organizações?
Para Castanheira (2012), o período inflacioná-
rio corresponde ao momento em que os preços se
encontram em elevação, ou seja, uma certa quan-
tidade de dinheiro não compra mais a mesma
quantidade de um produto, o que compraria antes.

Inflação é a desvalorização da moeda.


Ao contrário da inflação, deflação é a valorização
da moeda.

Porém, ainda segundo Castanheira (2012), existem,


também, os momentos de deflação, ou seja, aquele
momento em que, em um determinado período, os
preços caem e será possível comprar, com a mesma
quantidade de dinheiro, mais produtos.

UNIDADE IX 191
Assim, em ambos os casos, é importante ana-
lisar, no momento de análises financeiras, quais
seriam os seus impactos em relação ao seu negó-
cio. Para Wakamatsu (2012), trabalhar com isso é
ponderar qual será esse impacto no valor futuro
de uma aplicação, por exemplo, pois, caso exista
no mercado inflação, esse valor deverá ser corri-
gido a uma taxa proporcional à da inflação sob
pena de a empresa perder dinheiro, pois esse será
“consumido” pela taxa inflacionária.
Segundo o autor, existem duas maneiras de se
tratar isso, na primeira, aplica-se o valor da infla-
ção diretamente no fluxo de caixa; na segunda,
considera-se a taxa de juros em conjunto com a
taxa nominal, criando uma taxa única.

Exemplo 1

Pretende-se decidir sobre a viabilidade de uma


aplicação, utilizando o método de VPL, onde o
investimento inicial é de R$ 14.000,00; o resul-
tado operacional é positivo e de R$ 5.000,00 no
primeiro mês e de R$ 10.000,00 no segundo; a
taxa de juros do período é de 6% ao mês e a taxa
de inflação de 3%.
Solução: para resolver essa questão, utiliza-
remos a fórmula de VPL, porém considerando
que existe uma taxa de inflação que atuará no
resultado operacional da organização. Teremos,
portanto:
VPL = - 14.000 + {(5000/1,03)/(1,06)1} +
{(10.000/1,03)/(1,06)2} = - 779,67
Em um primeiro momento, ao notarmos que
temos dois resultados maiores que o valor in-
vestido, nos levaria a crer que o investimento é
viável. Porém, ao utilizarmos a fórmula de VPL,
percebemos que o valor da inflação faz com que
o dinheiro se desvalorize e o VPL dê negativo,
inviabilizando, portanto, o negócio.

192 Análise de Externalidades


Correção
Monetária

Como visto no item anterior, a inflação impactará


muito nos valores de análise de investimentos.
Assim, é necessário, ao realizar análises, levar em
consideração esses índices, que são dados pelo
governo.

Correção monetária é a recuperação ou atualiza-


ção do poder aquisitivo da moeda, conforme os
índices oficiais informados pelo governo.
(Nelson Pereira Castanheira)

O autor chama atenção da importância de se ter o


índice adotado formalizado em contrato e obriga-
toriamente se escolher outro que o substitua, caso
o primeiro que foi escolhido seja extinto.
A variação da correção monetária é dada pela
seguinte fórmula (CASTANHEIRA, 2012):

índice do período indicado


CM = −1
índice do período anterior

UNIDADE IX 193
Para calcular a média inflacionária de um perío- Solução: em primeiro lugar, é preciso calcular
do, pode-se, também, utilizar a fórmula (CASTA- qual é a correção monetária do período.
NHEIRA, 2012):
índice do período indicado
CM = −1
1 índice do íodo anterior
IM = (1 + CM ) n − 1
CM = (104,9207/100,0000) - 1 = 0,049207 ou
Onde: 4,9207% no período.

IM = Inflação média. Para calcular a média inflacionária, basta utilizar


a fórmula dada:
CM = Correção monetária.
1
IM = (1 + CM ) n − 1
n = Período de cálculo.
Assim, teremos:
Para entendermos melhor, vamos analisar um
exemplo dado por Castanheira (2012): IM = (1+ 0,049207)⅛ -1 = 0,006022 ou 0,6022%
ao mês.

Exemplo 2

Calcule a correção monetária e a média mensal


de inflação, de outubro/2004 a maio/2005, inclu-
sive, considerando os dados do INPC do IBGE,
conforme a Tabela 6:
Tabela 6 - Valores da inflação mensal

Período Mensal (%) índice


Setembro (2004) - 100,0000
Outubro (2004) 0,17 100,1700
Novembro (2004) 0,44 100,6107
Dezembro (2004) 0,86 101,4760
Janeiro (2005) 0,57 102,0544
Fevereiro (2005) 0,44 102,5035
Março (2005) 0,73 103,2517
Abril (2005) 0,91 104,1913
Maio (2005) 0,70 104,9207

Fonte: o autor.

194 Análise de Externalidades


Impostos

Outro índice que não poderá ser ignorado pelas


organizações são os impostos. Assunto também
muito comum nos noticiários e combatido por
muitos, os impostos podem levar a uma análise
errada, principalmente no momento da compo-
sição do preço de venda de um produto.
Segundo Vascocellos (2009), existem dois tipos
de impostos que incidem sobre a venda de um
produto: Impostos indiretos (ICMS, IPI), que in-
cidem sobre o preço das mercadorias; e impostos
diretos que incidem diretamente sobre a renda das
pessoas (Imposto de Renda).
É importante, para entender o impacto dos
impostos, analisarmos como se compõe um preço
de venda de produtos e/ou serviços. Segundo in-
formações obtidas no site do Sebrae, o preço final
de um produto é composto por quatro fatores:
• Custo fixo: gastos que não variam em fun-
ção dos volumes de produção.
• Custos Variáveis: gastos que variam em
função do volume de produção. Esses
custos englobam impostos, comissões etc.
Segundo informações do SEBRAE (2018,
on-line)1, os custos variáveis são os mos-
trados na Tabela 7.

UNIDADE IX 195
Tabela 7 - Custos variáveis de venda

Custos Variáveis de Venda (CVV)


ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) – federal. 17,0%
PIS (Programas de Integração Social e de Formação do
0,65%
Patrimônio do Servidor Público) – Federal.
COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social)
3,00%
– Federal.
Contribuição Social - Federal. 1,08%
IRPJ (Lucro presumido) - (Imposto de Renda Pessoa Jurídica). 1,20%
ISSQN - (Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza) –
2 a 5% - Depende da prefeitura
municipal.
Comissões. Depende da organização

Fonte: SEBRAE (2018, on-line)1.

No caso de ICMS e ISSQN, usa-se um ou outro. A fórmula para cálculo é:


Depende do que for vendido. No caso de serviços,
aplica-se ISSQN no caso de produtos ICMS. É  CFm 
CF % =   x100
bom salientar que ainda existem outros impostos  RBm 
que são ligados ao ramo da organização, tais como,
o IPI, (imposto sobre produtos industrializados), Onde:
FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de CF% = percentual do custo fixo.
Telecomunicações), entre outros. É preciso ficar CFm = Custo fixo médio da organização.
atento para conhecer se na sua área existe algum RBm = Receita Bruta média da organização.
que não constou no seu valor de venda.
• Custos diretos: gastos que podem ser É sempre importante lembrar no momento da
apropriados diretamente ao produto e/ou composição de um custo de venda três fatores:
serviço. quanto nos custa prestar o serviço (ou produzir
• Custos Indiretos: despesas que para se- um produto), quanto queremos ganhar de mar-
rem incorporadas ao produto e/ou serviço gem com esse produto e o quanto o mercado paga.
utilizarão um critério de rateio, pois tam- Não adianta nada queremos uma margem muito
bém são utilizados por outros produtos e grande se o mercado não estiver disposto a pagar
/ou serviços da organização. pelo que queremos vender.
Outro fator importante é a margem de lucro,
Para saber qual será sua contribuição no preço de pois aqui é que está a fatia que realmente sobrará
venda final, deve-se calcular a relação do custo para organização ao final de todo estudo. Esse
fixo em relação ao faturamento da organização. valor é chamado pelo Sebrae de Taxa de Marcação.

196 Análise de Externalidades


Para calcular, utiliza-se a fórmula: Exemplo 3
100 Imagine uma empresa que queira vender calças e
TM =
100 − ( CF % + CVV + ML ) camisas e fez compra das duas mercadorias com
seu fornecedor. Foram adquiridas 200 calças, no
Onde: valor unitário de R$ 30,00 e 300 camisas no valor
unitário de R$ 15,00. Além desses valores, a em-
CF% = Custo fixo médio percentual em relação presa que vendeu acrescentou um valor de IPI na
a receita bruta média. alíquota de 10%, ICMS de 17% e um valor de frete
de R$ 900,00. Considerando que a empresa tem
CVV = Custo variável de venda. um custo fixo médio de R$ 2.000,00 e uma receita
bruta média de R$ 20.500,00. Qual seria o preço
ML = Margem de lucro. de venda desses produtos se a empresa quiser ter
uma margem de lucro de 20% e ainda paga uma
Para um melhor entendimento, vamos analisar o comissão aos seus vendedores de 4% do valor de
exemplo a seguir: venda? (SEBRAE, 2011, on-line)2.

Solução: para montar o preço, é preciso saber, em primeiro lugar, qual foi o custo de aquisição da
mercadoria:
CAM= Preço de compra + IPI + ICMS + frete
Tabela 8 - Composição do Preço de venda

Produto P. Compra (R$) IPI (10%) Frete p/ peça (R$) SOMA (R$) ICMS (17%) CAM (R$)

Calça 30,00 3,00 1,80 34,80 5,92 40,72


Camisa 15,00 1,50 1,80 18,30 3,11 21,41

Fonte: o autor.

Note que o frete para composição de custo é aplicado no valor total do preço de compra mais IPI e
que o valor do frete é calculado por peça.
Agora que conhecemos o valor de aquisição, vamos calcular os valores adicionais para venda.

UNIDADE IX 197
Tabela 9 - Custo Variável de venda

Custos Variáveis de Venda (CVV)


Imposto Alíquota
ICMS 17,0%
PIS 0,65%
COFINS 3,00%
Contribuição Social - Federal 1,08%
IRPJ 1,20%
Comissões 4%
Total 26,93%

Fonte: Sebrae (2018, on-line)1.

A Tabela 9 mostra que teremos um acréscimo de 26,93% ao preço


para cobrir os custos variáveis.
Custo indireto Fixo: como visto na fórmula.
 CFm   2000 
CF% =   x100 =   x100 = 9, 76%
 RBm   20500 

A taxa de marcação (já constando da margem de lucro), que será


acrescentada, é composta de:

100 100
TM = = = 2, 31
100 − ( CF % + CVV + ML ) 100 − ( 9, 76 + 26, 93 + 20 ) 

Agora basta multiplicar a taxa de marcação pelos preços de aqui-


sição.
Tabela 10 - Cálculo do custo de venda

Produto CAM (R$) TM Preço de venda (R$)


Calça 40,72 2,31 94,06
Camisa 21,41 2,31 49,46

Fonte: o autor.

198 Análise de Externalidades


Pode-se notar que a taxa de marcação nos leva a um preço de venda
mais que o dobro do custo de aquisição. O que demonstra o que
comentamos no início do grande problema que teríamos se, ao
montarmos nossos preços, deixarmos de lado os impostos e outros
custos, como comissões.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

Bom, chegamos ao fim da nossa última unidade, em que pudemos


ver a importância de analisarmos como é preciso as chamadas ex-
ternalidades (inflação, deflação, impostos etc.), pois elas poderão
afetar, em muito, os resultados operacionais das organizações. Sendo,
portanto, primordiais nas tomadas de decisão.

UNIDADE IX 199
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Segundo o que foi visto ao longo do texto, existem vários tipos de impostos que
precisam ser levados em consideração no momento das análises financeiras,
sob pena de não colocarmos todos os custos necessários no momento de mon-
tar um preço de venda. Para uma empresa que presta serviço, todos, a seguir,
devem ser considerados, exceto:
a) ISSQN.
b) COFINS.
c) PIS.
d) ICMS.
e) CSSL (Contribuição Social).

2. Leia as informações, a seguir, e Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


(( ) Nos custos variáveis de uma organização, incluem-se salários e encargos, bem
como pró-labore que dependem diretamente do número de funcionários da
organização e de alíquotas do governo para sua composição.
(( ) Nos custos fixos, devemos levar em consideração água, luz, telefone e todos
os custos que a organização possui para prestação de serviços.
(( ) A correção monetária, conforme visto nos textos, tem por objetivo corrigir o
valor da moeda no tempo, visando uma análise mais precisa de investimentos
ao longo do tempo.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

200
3. Observando a tabela a seguir, calcule qual é a correção monetária e a inflação
média de setembro/2016 a agosto/2017.

Período Mensal (%) índice


Setembro (2016) - 100,0000
Outubro (2016) 0,26 100,26
Novembro (2016) 0,18 100,44
Dezembro (2016) 0,30 100,74
Janeiro (2017) 0,38 101,20
Fevereiro (2017) 0,33 101,45
Março (2017) 0,25 101,70
Abril (2017) 0,14 101,84
Maio (2017) 0,31 102,15
Junho (2017) -0,23 101,92
Julho (2017) 0,24 102,16
Agosto (2017) 0,19 102,35
Fonte: Trading Economic (2018, on-line)3.
a) CM= 2,35%; IM= 0,21%.
b) CM=2,16% ; IM= 0,19%.
c) CM=2,35% ; IM= 0,23%.
d) CM=2,35% ; IM= 0,19%.
e) CM= 2,16% ; IM= 0,21%.

201
WEB

Fluxo de caixa: o que é e como implantar


Esse link nos dá uma noção maior de como é composto um fluxo de caixa e
qual a sua importância no momento da análise financeira de um organização.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

202
CASTANHEIRA, N. P. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2012.

WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/custos-e-precodevendanocomercio,e-
195164ce51b9410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 25 maio 2018.
2
Em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf>. Acesso em: 25 maio
2018.

3
Em: <http://pt.tradingeconomics.com/brazil/inflation-rate-mom>. Acesso em: 24 jul. 2018.

203
1. D.

2. D.

3. Como Calcular?
índice do período indicado  102, 35 
CM = −1 =   − 1 = 0, 0235 = 2, 35%
índice do período anterior  100 

1 1
IM = (1 + CM ) n − 1 = (1 + 0, 0235 )11 − 1 = 0, 0021 = 0, 21%

Solução:

CM = 2,35% no período; Inflação Média = 0,21% ao mês.

204
205
206
CONCLUSÃO

Enfim, chegamos ao final do nosso livro!


Foi possível, ao longo das nove unidades, percebermos que, mesmo a eco-
nomia não sendo um assunto de nossa preferência, é muito importante
para analisarmos o contexto das organizações e planejarmos melhor como
investir, melhorando os resultados operacionais.
Tentei, ao longo do livro, mostrar a você, estudante de engenharia, o que
é importante para o dia a dia do trabalho de engenheiro. O livro não tem
pretensão de ser referência para profissionais da área da economia, onde as
análises deveriam ser mais profundas, mas dá aos engenheiros ferramentas
e técnicas necessárias, que nos permitem tomar decisões importantes em
nosso negócio.
Na sequência do livro, busco trazer uma linha de raciocínio mostrando os
conteúdos importantes para, ao final, fazer uma análise de investimentos
com segurança.
Na Unidade 1, foram conhecidos os conceitos de economia e os proble-
mas econômicos. Eles dão a base necessária para o bom entendimento de
todos as outras unidades. Na Unidade 2, foram analisados os conceitos da
engenharia econômica e como eles afetarão o dia a dia do engenheiro. Nas
Unidades 3 e 4, analisamos o que é a microeconomia e a macroeconomia,
qual é a diferença entre os conceitos e como isso afeta a organização. Na
Unidade 5, foram analisados as fórmulas e conceitos da matemática finan-
ceira. Ela nos deu ferramentas para, nas unidades seguintes, analisarmos
CONCLUSÃO

investimentos e tomarmos decisões. A Unidade 6 apresentou os sistemas de


amortização, onde podemos analisar impactos de, por exemplo, emprésti-
mos na saúde financeira da organização. Na Unidade 7, foram analisadas as
séries de pagamentos, ou seja, como serão pagamentos perante a possíveis
empréstimos e dívidas. E, por fim, nas Unidades 8 e 9, foram analisados
possíveis investimentos perante a tudo isso que foi visto, analisando, tam-
bém externalidades que afetam o dia a dia das organizações.
Estou certo de que, ao ler o livro, analisando os exemplos e dicas que foram
dadas, você estará apto a atuar de forma consciente e profissional.
Foi um imenso prazer contribuir, de alguma forma, na sua formação. Siga
sempre nessa linha de estudos e honestidade, pois, dessa forma, o sucesso
(pessoal e profissional) será inevitável.

Um grande abraço!
Prof. Cláudio Pessoa

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