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CIÊNCIAS DO

AMBIENTE

Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus


Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Executiva de Ensino
Janes Fidélis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
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Direção de Relacionamento
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Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Márcia Pappa
Designer Educacional
Ana Claudia Salvadego
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação Arthur Cantareli Silva
a Distância; PISANO, Gustavo Affonso Pisano; CHATALOV, Editoração
Renata Cristina de Souza. Produção de Materiais EAD

Ilustração
Ciências do Ambiente. Gustavo Affonso Pisano Mateus; Rena-
Bruno Pardinho
ta Cristina de Souza Chatalov.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018.
256 p.
“Graduação - EaD”.

1. Ciências 2. Meio Ambiente . 3. Sustentabilidade 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1126-5
CDD - 22 ed. 363.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CURRÍCULO

Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus


Possui graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Cesumar
(Unicesumar), Especialização em Docência no Ensino Superior e Análise
Ambiental pela mesma instituição e Mestrado em Biotecnologia Ambiental
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Possui experiência nas áreas
de Fitossanidade, com ênfase em fungos fitopatogênicos e Tratamentos
Alternativos de Água e Efluentes, em especial com os temas: processos de
separação por membranas e coagulantes naturais. Atualmente é aluno do
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade
Estadual de Maringá em nível de Doutorado.

<http://lattes.cnpq.br/1379816809384173>.

Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov


Possui Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro
Universitário Cesumar. Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Possui especialização em
Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo
Mourão - FECILCAM. Tem Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade
Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência em pesquisa na área de Sistema
de Gestão de Qualidade, na Área Ambiental, com ênfase em Tecnologias
Avançadas de Tratamento de Efluentes, Gestão e Tratamento de Resíduos
Sólidos. Trabalha como Professora Formadora no curso de Gestão Ambiental,
Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Negócios Imobiliários, Segurança
do Trabalho no EAD no Centro Universitário Cesumar - UniCesumar.
Trabalhou como professora no curso de graduação em Administração na
Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da disciplina de Indústria
e Meio Ambiente na Pós-graduação em Gestão Ambiental na Faculdade
Metropolitana de Maringá. Professora da pós-graduação EAD - UniCesumar.

<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9>
APRESENTAÇÃO

CIÊNCIAS DO AMBIENTE

SEJA BEM-VINDO(A)!
Estima-se que a vida na Terra existe há cerca de 3,5 bilhões de anos, no entanto, apenas
há duzentos anos que a vida humana tornou-se mais confortável devido aos grandes
avanços na área tecnológica. Nesses duzentos anos, a população mundial aumentou
significativamente, a sociedade tornou-se cada vez mais consumista e com isso houve
um aumento no consumo de recursos naturais que estão se tornando cada vez mais
escassos.
A história do homem no planeta é diferente se compararmos com os demais, pois o ho-
mem se apropria da natureza para satisfazer suas necessidades, criando sistemas mais
elaborados, embasados em tecnologias que nem sempre são sustentáveis, que podem
ocorrer de forma tão acelerada que os sistemas naturais não conseguem repor tudo
com a mesma agilidade em que são consumidos.
Nosso planeta, a água, o ar e o solo estão deteriorando qualitativamente, colocando em
evidência o prejuízo biológico de muitas espécies, das quais o homem está incluído.
Como exemplos de degradação ambiental podemos citar: as queimadas, o consumo
de combustíveis fósseis, o desflorestamento, a poluição das águas, do ar, do solo, entre
outros, que na maioria das vezes têm origem antrópica.
Dessa forma, quando estudamos as questões ambientais, nós estudamos temas muito
importantes para a formação acadêmica, tanto que a interdisciplinaridade é essencial
para compreensão do tema e exige esforços de profissionais nas mais diversas áreas do
conhecimento. Nesse sentido, procuramos contribuir na disciplina de Ciências do Am-
biente para vocês que estão cursando conosco a Engenharia.
Diante desse contexto, trataremos dos nossos estudos de Ciências do Ambiente que
foram divididos em cinco unidades.
Na primeira Unidade, estudaremos o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável -
veremos os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, apresentando
seu histórico bem como as questões do meio ambiente no meio econômico com bens
e serviços ambientais.
Na segunda Unidade, estudaremos sobre o gerenciamento e tratamento de águas e
efluentes - abordaremos os conceitos de águas subterrâneas, as questões da qualidade
da água e as formas de tratamento de efluentes.
Na terceira Unidade, abordaremos a questão de resíduos sólidos, desde a geração, a
coleta, o acondicionamento, o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos
sólidos.
APRESENTAÇÃO

Na quarta Unidade, analisaremos o controle e qualidade de emissões atmosféricas


e conceituaremos a poluição atmosférica bem como suas formas de controle.
Na quinta unidade, estudaremos as questões da Política Ambiental no Brasil, apre-
sentando as legislações ambientais vigentes e a implementação de Sistemas de
Gestão Ambiental.
Desejamos a você ótimos estudos!
Professor Gustavo e Professora Renata
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

15 Introdução

16 O Meio Ambiente e as Alterações de Origem Antrópica

25 A Sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável

36 Dinâmicas Ambientais

56 Considerações Finais

68 Gabarito

UNIDADE II

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

70 Introdução

71 O Consumo e a Utilização da Água

79 Tratamento de Águas Residuárias

89 Os Diferentes Tratamentos e suas Aplicações

97 Considerações Finais

109 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

113 Introdução

114 Geração, Coleta e Transporte de Resíduos

126 Processamento e Disposição Final de Resíduos

134 Gestão de Resíduos Perigosos

136 Gestão de Resíduos Radioativos

137 Técnicas e Tratamentos de Resíduos Sólidos

141 Considerações Finais

150 Gabarito

UNIDADE IV

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

153 Introdução

154 Poluição do Ar e Fontes de Emissão

166 Métodos de Controle

175 Padrões de Qualidade

182 Poluição Sonora

186 Redução e Controle de Ruídos

190 Considerações Finais

198 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL

201 Introdução

202 Legislação Pertinente

210 A Gestão Ambiental de Empresas

229 Produção Mais Limpa

236 Auditoria Ambiental

243 Considerações Finais

252 Gabarito

253 Conclusão
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

I
O MEIO AMBIENTE E O

UNIDADE
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as vertentes históricas associadas às alterações ambientais
de origem antrópica.
■■ Conceituar Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável.
■■ Conhecer as diferentes dinâmicas ambientais naturais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O meio ambiente e as alterações de origem antrópica
■■ A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável
■■ Dinâmicas ambientais
15

INTRODUÇÃO

Olá caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do material didático


intitulado Ciências do Ambiente. Esta unidade denominada O meio ambiente e
o desenvolvimento sustentável tem por finalidade auxiliar na compreensão histó-
rica acerca das modificações ambientais de origem antrópica, em outras palavras,
tem como objetivo nos auxiliar a compreender a capacidade e a “necessidade” do
homem em modificar o ambiente a sua volta. Mediante a uma breve retrospec-
tiva histórica iremos discutir sobre alguns marcos históricos que influenciaram
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

os modelos sociais e que foram em parte responsáveis pelos processos produti-


vos como nós os conhecemos.
Em seguida, iremos conhecer algumas especificidades acerca dos conceitos de
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e discutir os motivos pelos quais
ambos conceitos são tão relevantes na atualidade e também em suas jornadas
acadêmicas e profissionais. Iremos, ainda, conhecer algumas de suas aplicações
em ambientes empresariais/coorporativos, representadas por algumas normas
de certificação socioambiental.
Em um último momento, ainda nesta unidade, iremos explorar alguns con-
ceitos relacionados a biologia e a ecologia conservacionista, a fim de conhecer e
conceituar corretamente os diferentes níveis ou hierarquias de organização eco-
lógica existentes. Iremos também conhecer algumas das dinâmicas ambientais
naturais que serão apresentadas a fim de elucidar suas finalidades e subsidiar a
compreender das mais amplas dimensões que os impactos ambientais podem
afetar, sendo estes relacionados à distribuição de recursos e/ou às alterações das
condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos indivíduos, ou ainda,
relacionadas às alterações nos ciclos biogeoquímicos existentes e observados na
biosfera terrestre. Sendo assim, convido você, caro(a) aluno(a), a uma leitura
não exaustiva acerca dos conceitos apresentados.
Boa leitura!

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM
ANTRÓPICA

As ciências do ambiente compreendem um campo acadêmico multidisciplinar


que integra as ciências físicas e biológicas e sua ampla gama de recursos para a
compreensão dos fenômenos ambientais existentes, visando o desenvolvimento
de soluções para as problemáticas ambientais atuais. Entretanto, antes de iniciar-
mos nossa discussão acerca das diferentes dinâmicas ambientais e das diferentes
formas de compensar os impactos causados, torna-se necessário compreender
como e porque as alterações ambientais ocorrem. Para tanto, iremos, inicial-
mente, realizar uma retrospectiva histórica para compreender e conhecer as
definições de meio ambiente existentes, bem como a intensidade e origem das
alterações e impactos ambientais.
É fato que as definições atuais de meio ambiente são resultado de uma série
de estudos, reflexões e eventos históricos acerca desse tema, que foram funda-
mentais para a compreensão deste conceito em sua totalidade. As preocupações
com o ambiente tomaram proporções internacionais em 1960, atingindo seu ápice

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


17

na década seguinte, com o relatório e marco histórico intitulado: Os limites do


crescimento (The limits to Growth), divulgado pelos intelectuais e empresários
que faziam parte do Clube de Roma.
Conforme Salheb et al. (2009), o relatório buscava a limitação do desenvol-
vimento econômico baseado na extração de recursos naturais, porém, para os
países em desenvolvimento, como o Brasil, as sugestões do relatório não foram
convenientes, uma vez que limitava a exploração de recursos, “restringindo”,
consequentemente, seu desenvolvimento econômico.
Uma das principais contribuições deste relatório consistiu no despertar da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

consciência ambiental coletiva, uma vez que, em sua conclusão, foram apresen-
tados indícios de que em uma projeção fictícia, caso fossem mantidos os níveis
de industrialização, poluição e exploração de recursos, o limite de desenvolvi-
mento do planeta seria atingido em até 100 anos.
Entretanto, apesar das discussões e controvérsias envolvendo o conceito de
meio ambiente, o mesmo somente foi disposto em nosso país no art. 3º, I, da Lei
nº. 6.938/81, que discorre acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, que
definiu meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e inte-
rações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a
vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, on-line). Porém, analisando esse
conceito, é comum nos remetermos apenas a ambientes naturais, paisagens, ecos-
sistemas e outros meios de obtenção de recursos naturais que sejam possíveis.
Apesar de correto, o conceito apresentado deveria ser mais abrangente,
englobando ambientes “naturais” oriundos da intervenção antrópica, conforme
postulado por Silva (2004, p. 20), o qual compreende que
[...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as
belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico
e arquitetônico.

Logo, passamos a considerar as alterações estruturais realizadas no meio ambiente


como parte de sua composição. Todavia, a Constituição Federal de 5 de Outubro
de 1988, alterou o conceito até então utilizado, conforme pode ser observado na
Tabela 1, passando a incluir uma vertente relacionada à prática laboral, como
reflexo ao advento dos direitos trabalhistas expressivos naquele período histórico.

O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA


18 UNIDADE I

Tabela 1 - Tipos de Ambiente definido pela Constituição Federal de 1988.

NATURAL ARTIFICIAL CULTURAL TRABALHO


(PATRIMÔNIO)

Fauna Conjunto de Cultural Conjunto de condi-


Flora edificações Artístico ções existentes no
particulares local de trabalho
Ecossistemas Arqueológico
ou públicas, relacionadas a qua-
Solo principalmente Paisagístico Mani- lidade de vida do
Água urbanas festações culturais e trabalhador
populares
Atmosfera

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(Art. 225, § 1°, (Art. 5°, XXIII, (Art. 225, § 1° e § 2 º) (Art. 7°, XXXIII, e art.
I e VII) art. 21, XX e art. 200)
182)
Fonte: Alencastro (2012).

Essa nova definição de meio ambiente que apresenta caráter amplo e generalista
nos leva a uma reflexão sobre nosso próprio posicionamento enquanto seres
humanos e como “parte” constituinte do meio ambiente. Em um contexto his-
tórico, a vertente teórica do homem enquanto centro do universo, surgiu e foi
evidenciada com o antropocentrismo, concepção criada em resposta ao posi-
cionamento teocentrista da idade média.
Na concepção antropocentrista, o homem passa a considerar a humanidade
como ponto central do universo, pressupondo que o meio ambiente e as demais
espécies existem para servir e satisfazer suas necessidades (PIRES et al., 2014).
Essa vertente, em um contexto moderno, está intimamente associada à desvalori-
zação e degradação do meio ambiente e das outras espécies, uma vez que dentro
de seu contexto e momento histórico, o antropocentrismo considera a natureza
e todos os seus componentes subordinados a espécie humana.
Assim, observa-se que a destruição intrínseca a presença humana no ambiente
está atrelada a um comportamento patológico, prejudicial à sobrevivência humana
e de outras formas de vida. Portanto, os impactos causados ao meio ambiente
não serão solucionados apenas com o advento do cenário tecnológico, mas por
uma ação conjunta de avanços no paradigma científico e mudanças comporta-
mentais (PIRES et al., 2014).
Nesse sentido, dentre as várias contribuições voltadas a esta perspectiva

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


19

crítica, destacam-se os valores ambientais sugeridos pelo ecocentrismo que se


refere ao grau de conscientização, interesse, esforços e engajamento sobre os pro-
blemas ambientais (DUNLAP, 2008).
Nesse entendimento, caro(a) aluno(a), podemos inferir que dependemos
diretamente do meio ambiente, uma vez que tudo o que nos cerca é considerado
parte fundamental e componente do meio ambiente. Assim, toda e qualquer forma
do ambiente está diretamente relacionada com o bem-estar da população e com
o desenvolvimento social, especialmente pelos recursos biológicos, químicos e
físicos que o meio ambiente em sua totalidade proporciona para a manutenção
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da vida em nosso planeta. Logo, um colapso ambiental resultaria em sérias con-


sequências para a saúde da população. Alguns exemplos de consequências das
alterações antrópicas serão abordados ao longo deste material didático.

Cabe ressaltar que, dentre as espécies que habitam nosso planeta, os seres humanos
(Homo sapiens sapiens) se destacaram em função de sua capacidade de transforma-
ção do ambiente. Tal fato não significa que as demais espécies, aqui presentes, não
sejam providas de intelecto, porém o ser humano em uma perspectiva evolutiva

O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA


20 UNIDADE I

apresentou características e habilidades que favoreceram seu pleno desenvolvi-


mento e sua capacidade de adaptação.

ALTERAÇÕES AMBIENTAIS E O ADVENTO TECNOLÓGICO

Segundo Ninis e Bilibio (2012), a separação da condição animal do homem ocor-


reu em função de uma série de fatores como o domínio do fogo, aquisição da
linguagem, a formação de sociedades, o advento da agricultura, dentre outros.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entretanto, independentemente da razão, ainda de acordo com os autores, o ser
humano apresenta certas características que os tornam únicos em um sistema
natural, sendo elas: crenças, consciência da própria morte; razão; moral; domí-
nio tecnológico apurado; capacidade de aprendizagem; adaptabilidade; cultura
e sociedade e, em especial, a capacidade de alteração ou modificação do meio
em que vive.
Seria de grande pretensão listar todos os fatos, acontecimentos e passos evolu-
tivos que garantiram ou possibilitaram o sucesso do ser humano até os dias atuais,
entretanto, minha intenção aqui é ressaltar que, independente do acontecimento
ou passo evolutivo, a capacidade de análise do ambiente a sua volta, sua capa-
cidade de modificá-lo e sua dinâmica com o mesmo é que promoveu tal passo.
Em face desta capacidade, a dinâmica do homem com o ambiente foi sendo
constantemente alterada, os meios naturais que já possuíam dinâmicas próprias,
inerentes a influência do homem e caracterizadas principalmente pela presença
de um fluxo de energia e matéria entre seus elementos constituintes, passaram a
ser substituídos por ambientes artificiais, voltadas à produção em ampla escala
de bens e serviços (CORTEZ; ORTIGOZA, 2009).
Findada uma explicação inicial e não extensiva sobre a capacidade do ser
humano de alterar o meio ambiente, torna-se essencial discorrer sobre os impac-
tos e modificações sobre uma perspectiva ambiental. É fato que, historicamente,
as ações antrópicas foram responsáveis por inúmeras modificações ambien-
tais e tais alterações apresentaram diversas vertentes positivas e negativas, um
exemplo notório desta afirmação é representado pela Revolução Industrial,
período no qual houve intensa e extensiva exploração de recursos naturais e,

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


21

consequentemente, elevada geração de resíduos persistentes, em contrapartida,


o mesmo período proporcionou amplo desenvolvimento de novas tecnologias
e vasto conhecimento sobre processos produtivos, bens e serviços que influen-
ciaram na melhoria da qualidade de vida da população no período, tal avanço
tecnológico se estende até os dias atuais e são responsáveis, de certa forma, pelo
modelo social e econômico como nós o conhecemos.
Incontáveis estudos atuais apontam que as modificações ambientais de origem
antrópica vêm alterando, significativamente, os ecossistemas naturais, consumindo
recursos desenfreadamente e causando alterações aos meios naturais, tornando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a associação destes fatores responsáveis pela diminuição da qualidade de vida


da população. Aliás, caro(a) aluno(a), me arriscaria a inferir que grande parte da
produção científica de nosso país, nas mais diversas áreas do conhecimento, são
voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e/ou técnicas relacionadas à dimi-
nuição de impactos, prevenção e recuperação ambiental.
Tal afirmação nos remete à necessidade de distinguir tais conceitos. Para
Verazsto et al. (2008), existe certa dificuldade em estabelecer uma definição
concreta para o termo “tecnologia”, uma vez que, historicamente, diferentes inter-
pretações ou considerações podem ser realizadas ou atreladas a este conceito.
Todavia, tais autores postulam:
[...] torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia tem
origem comum na palavra grega techné que consistia muito mais em
se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...] Na
técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar.
O significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma
das variáveis de um verbo que significa fabricar, produzir, construir,
dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teu-
chos que significa ferramenta, instrumento. [...] A palavra tecnologia
provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber
fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia é a razão do
saber fazer [...]. Em outras palavras o estudo da técnica. O estudo da
própria atividade de modificar, do transformar, do agir (VERAZSTO
et al., 2008, p. 62).

Logo, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias para otimização de quaisquer


processos produtivos, apesar de necessários para o atendimento das demandas
populacionais cada vez mais crescentes, tomaram vias contrárias ao equilíbrio

O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA


22 UNIDADE I

e manutenção ambiental. Diversos autores indicam que a crise ambiental da


modernidade é oriunda de um modelo societário pautado em metodologias
desenvolvimentistas e com visão exclusiva ao progresso científico e tecnológico,
resultando, assim, em uma sociedade extremamente consumista e utilitarista
que atrela a degradação ambiental apenas a uma mínima consequência de seus
processos (LEFF 2010).
Ainda nessa linha de raciocínio, para Sampaio et. al (2013), o estabelecimento
do sistema capitalista, no qual vivemos, se consolida por meio da degradação
ambiental e é baseado em teorias neoclássicas que buscam legitimar cientifica-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de
solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo.
A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva
Ambiental de Kuznets que estabelece uma relação direta entre a distribuição indi-
vidual de renda e a degradação ambiental. Mediante a informações referentes ao
crescimento e distribuição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha,
o autor Kuznets formulou uma curva em “U invertido”, que, teoricamente, indica
que a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do
desenvolvimento econômico, entretanto, fatores como alterações na composição
da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização
relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos,
em teoria, a partir de determinado ponto, resultam em tendências ambien-
tais favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja,
melhor distribuição de renda e, consequentemente, um consumo mais racio-
nal dos recursos naturais.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


23
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 1 - Curva de Kuznets


Fonte: o autor.

Em outras palavras, segundo Carvalho e Almeida (2008), o conceito descreve


a trajetória (em tempo) pelo qual a poluição de um país seguirá como resul-
tado do desenvolvimento econômico. Quando o crescimento ocorre em um
país extremamente pobre, a poluição inicialmente cresce drasticamente, espe-
cialmente em função do aumento na produção que geram emissões dos mais
variados poluentes e porque o país, dado sua pobreza, coloca uma baixa priori-
dade sobre o controle da degradação ambiental. Logo, uma vez que o país atinge
determinado grau de desenvolvimento, sua prioridade muda e se volta para a
para proteção da qualidade ambiental.
Em relação ao “comportamento” da curva, conforme Carvalho e Almeida
(2008), vários fatores podem ser indicados como “responsáveis” por seu for-
mato, dentre eles:
I. Favorecimento e apreciação da qualidade ambiental, ou seja, mediante
ao aumento de renda, a população tende a requerer maior qualidade
ambiental;

II. Alterações na composição da produção e do consumo;

O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM ANTRÓPICA


24 UNIDADE I

III. Aumento dos níveis de educação ambiental e conscientização das con-


sequências das atividades econômicas sobre o meio ambiente;

IV. Desenvolvimento de sistemas políticos mais abertos.

Dente outros fatores, como aumento na rigidez da regulação ambiental impul-


sionada pelo aumento da pressão social; melhorias tecnológicas e uma amplitude
comercial, também podem estar atreladas a este fenômeno.
Existem ainda, autores que desacreditam ou descredibilizam a teoria Kuznets,
especialmente em função de outras teorias ou hipóteses, como, por exemplo, a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
hipótese de poluição de portos. Tal hipótese gira em torno da relação entre o
comércio, desenvolvimento e o meio ambiente e, basicamente, segundo Feijó
(2001) e Azevedo (2009) sugerem que a utilização de políticas ambientais aumenta
os custos de produção e assim reduz a possibilidade de especialização de alguns
países na produção de bens que exigem atividades poluidoras, em outras palavras,
países com políticas ambientais menos rígidas apresentam vantagem comparativa
aumentada em relação à produção de bens ambientalmente sensíveis (produzi-
dos por indústrias “sujas” ou altamente poluidoras) (SIEBERT, 1977).
Historicamente, e pautadas nos princípios desta hipótese, as indústrias con-
sideradas poluidoras ou “sujas” deslocaram-se do norte para o sul, ou em uma
analogia plausível dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento. Porém,
evidências empíricas não sustentam essa hipótese, especialmente em relação à
competitividade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e a van-
tagens comparativas (AZEVEDO, 2009). Dentre os fatores que “desqualificam”
essa vantagem competitiva/comparativa em termos de mercado econômico
internacional figuram não somente os custos de controle ambiental, mas tam-
bém a estabilidade política, acesso ao mercado, qualificação e especialização de
mão de obra, custos com logística e transporte e incentivos fiscais (ANDERSON,
1996). Nessa perspectiva, independente do modelo teórico utilizado para a com-
preensão do desenvolvimento, é fato que deve haver uma harmonização entre
o desenvolvimento/crescimento econômico e a exploração de recursos naturais
ou, em outras palavras, sustentabilidade!

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


25
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Após nossa reflexão inicial sobre os o meio ambiente e as alterações de origem


antrópica, fica claro que é, cada vez mais, necessário discutir e se preocupar com
o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade. Além da vertente ambiental
direta de uma empresa ou indústria, representada pelas normas e regulamen-
tações ambientais vigentes, a sustentabilidade corporativa se dá pela junção de
diversos setores ou departamentos de uma empresa e envolvem desde ferramentas
de gestão utilizadas, até os indicadores de qualidade e em especial os proces-
sos. A organização de processos dentro de uma empresa/indústria se tornou um
desafio amplo e digno de muita discussão, sobretudo, quando a organização de
processos, aliada aos valores ambientais coerentes, poderá viabilizar a sustenta-
bilidade dentro de uma corporação.
Segundo Francisco (2015, on-line)1, a necessidade do aumento da produção

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


26 UNIDADE I

possibilitou o surgimento de diversos modelos de produção inicialmente aplicados


a indústria automobilística e que, posteriormente, foram adotados e adapta-
dos por indústrias dos mais variados segmentos, revolucionando o pensamento
administrativo e em especial o mundo industrial. Dentre eles, a teoria da admi-
nistração científica de Frederick W. Taylor que se baseia em métodos de ciência
positiva, racional e metódica em relação aos problemas administrativos, objeti-
vando maximizar a produtividade. Taylor propôs métodos e sistemas racionais
e disciplinados voltados ao operário colocando-o sob comando da gerência e
segundo Matos e Pires (2006, p. 509):

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] promovendo a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tare-
fas; a fragmentação e hierarquização do trabalho. Investiu nos estudos
de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e
propôs que as atividades complexas fossem divididas em partes mais
simples facilitando a racionalização e padronização. Propõe incen-
tivos salariais e prêmios pressupondo que as pessoas são motivadas
exclusivamente por interesses salariais e materiais de onde surge o ter-
mo ‘homo economicus’ [...].

Outra corrente teórica relevante foi desenvolvida por Henry Ford, por volta de
1913, pautada nos mesmos princípios de Taylor, entretanto, com uma abordagem
abrangente de organização da produção, contemplando extensa mecanização,
como o uso de máquinas e ferramentas especializadas em uma linha de montagem
e formato de esteira rolante e crescente divisão do trabalho (LARANJEIRA, 1999).
Tais modelos, apesar de relevantes, com o passar do tempo foram se tor-
nando insatisfatórios e deram espaço para o surgimento de diversos modelos de
gestão administrativas, em especial devido às singularidades e situações especí-
ficas de cada segmento.
Logo, as indústrias não teriam mais que se adaptar aos modelos sugeridos
pelos gestores, e sim os gestores passaram a se adaptar às necessidades dos pro-
cessos e das empresas, buscando torná-las competitivas e, sobretudo, lucrativas
(FRANCISCO, 2015, on-line)1.
Em face dos desafios existentes, os profissionais deste segmento passaram a
se deparar não somente às necessidades de cada empresa, mas também com as
peculiaridades do mercado consumidor, com as legislações voltadas à produção,
à segurança do trabalhador, à vigilância sanitária e, também, com as limitações

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


27

(sejam estas financeiras ou não) da própria empresa (COLOMBO, 2001). Dentre


os desafios existentes, destacam-se ainda as preocupações com o meio ambiente,
que consistem em alinhar as questões ambientais (legislações ambientais perti-
nentes) de forma a interferir minimamente nos lucros da empresa, buscando
assim a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Como posso diferenciar sustentabilidade de desenvolvimento sustentável?

Provavelmente a resposta, de sua reflexão, abordou, em sua grande maioria, a


vertente ambiental. Entretanto, apesar de estar correta, é necessário reconhecer
que ambos os conceitos possuem diversas outras vertentes que não se limitam
especificamente ao meio ambiente. Porém, caro(a) aluno(a), fique tranquilo(a),
iremos juntos conhecer as mais diversas definições, variáveis e aplicações rela-
cionadas a este conceito.

O QUE VEM A SER O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?

Em 1987 surge o conceito de desenvolvimento sustentável como resultado das


reflexões da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento patro-
cinada pela Organização das Nações unidas (ONU). O relatório publicado pela
comissão ficou conhecido como o “Relatório de Brundtland” em homenagem à
coordenadora da comissão Gro Harlem Brundtland.
O relatório intitulado “nosso futuro comum” ou “Our commom future” versava
sobre a desigualdade econômica entre os países e apontava a pobreza como uma
das grandes causas dos problemas ambientais, como solução o relatório apontou
detalhadamente os medidas, esforços e desafios que deveriam ser superados para
que fosse possível alcançar o desenvolvimento sustentável (XAVIER et al., 2015).

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


28 UNIDADE I

Nesse instante é que foi introduzida a ideia de que o desenvolvimento econô-


mico atual deve ocorrer sem comprometer as necessidades das gerações vin-
douras (SEIFFERT, 2009). Sendo considerado um marco inovador em raciocí-
nio ambiental da época, o relatório discorreu sobre:

[...] estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvi-


mento sustentável por volta dos ano 2000 e daí em diante; recomendar
maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se traduza em
maior cooperação entre os países em desenvolvimento e entre países
em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve
à consecução de objetivos comuns e interligados que considerem as

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento
(DRUMMOND, S. D. on-line)2.

Para alcançar esses objetivos, Filho (2008) sugere que os países em desenvolvi-
mento priorizem políticas que fomentem: a reciclagem, o uso eficiente de energia,
a conservação, a recuperação de áreas degradadas, a busca pela equidade, justiça,
redistribuição e geração de riquezas. Ao seguir tais recomendações o desenvolvi-
mento alcançado será diferente do crescimento econômico, indo além da “riqueza”
material, alcançando metas e reparando desigualdades passadas.
Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se ampara
nos pilares:
■■ Sustentabilidade social: que representada a equidade na distribuição
dos bens e da renda para melhorar os direitos e condições da população
e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas.

■■ Sustentabilidade econômica: representa a distribuição e gestão eficiente


dos recursos produtivos, bem como fluxo regular de investimentos público
e privado.

■■ Sustentabilidade ecológica: busca pela diminuição de carga de impactos


ou pressão exercida sobre o planeta para evitar danos ao meio ambiente,
principalmente os causados pelos processos do crescimento econômico.

■■ Sustentabilidade espacial: que se refere ao equilíbrio do assentamento


humano rural/urbano.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


29

■■ Sustentabilidade cultural: diz respeito a pluralidade de soluções parti-


culares específicas a cada ecossistema, cada cultura e cada local.

Considerando estas vertentes estruturantes do desenvolvimento sustentável, será


comum, ao longo de sua jornada acadêmica e profissional, encontrar bibliogra-
fias que os apresentem divididos em três dimensões básicas: a social, a econômica
e a ambiental.

E A SUSTENTABILIDADE?
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Em primeira instância, a sustentabilidade é um conceito antigo que vem sendo


discutido e aprimorado por décadas, sendo alguns eventos, encontros, mani-
festos e a própria realidade social, econômica e ambiental responsáveis pela
definição atual como a conhecemos. Segundo Almeida (1997), a noção de sus-
tentabilidade deve ser tomada como ponto de partida para a compreensão e
interpretação de processos sociais e econômicos e de suas relações com o equi-
líbrio dos ecossistemas.
As discussões iniciais sobre sustentabilidade foram de responsabilidade
do Clube de Roma em 1968. Segundo Kruguer (2001), o Clube de Roma cor-
respondia a uma organização formada por cientistas, pedagogos, economistas,
representantes da indústria e colaboradores reunidos com o objetivo de deba-
ter a crise da humanidade.
Antes de surgirem as discussões acerca de sustentabilidade e sobre o desen-
volvimento sustentável, veio à tona o termo ecodesenvolvimento idealizado por
Ignach Sachs, por volta de 1970 que antecipou a formalização dos ideais promo-
vidos pela sustentabilidade, porém, na época o autor discutia o papel do homem
no processo de desenvolvimento, como protagonista ou vítima (CHACON, 2007).
Ainda, segundo Chacon (2007), o ecodesenvolvimento significa um desenvol-
vimento socioeconômico equitativo e implica na escolha de um processo de
desenvolvimento ou crescimento que também contemple a dimensão ambiental
e reconheça sua importância; a problemática relacionada a este conceito ocorreu
em função da dicotomia entre os termos crescimento e desenvolvimento, uma
vez que o crescimento ocorre em termos econômicos em determinado tempo

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


30 UNIDADE I

em dado espaço territorial enquanto o desenvolvimento se dá em função da dis-


tribuição equitativa dos resultados do crescimento para a população.
Logo, somente o crescimento não induz espontaneamente a equidade social
e tão pouco a eficiência alocativa de recursos naturais, seria necessária a coor-
denação pública, presença da sociedade civil em um processo cooperativo para
alcançar o desenvolvimento equitativo que não degrade ambiente (MENEGETTI,
2004). Já a sustentabilidade, segundo a World Comission on Environment and
Development, propõe a estar diretamente ligada ao desenvolvimento econômico
sem a agressão do meio ambiente, utilizando recursos de forma inteligente, garan-

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tindo assim o desenvolvimento sustentável (WCED, 1987).
As mais diversas reflexões sobre desenvolvimento sustentável e sustentabi-
lidade buscam, em geral, possibilitar a construção de processos econômicos e
sustentáveis dentro dos mais variados segmentos, como por exemplo a agricul-
tura sustentável, indústria sustentável, sociedade sustentável, dentre outros. Em
uma analogia simples, Merico (2002), sugere que ser sustentável é tornar as “coi-
sas” permanentes ou duráveis.
Portanto, caro(a) aluno(a), a transição de uma simples consciência susten-
tável social para o desenvolvimento sustentável propriamente dito se caracteriza
como um processo bastante lento, que requer paciência, tempo e sobretudo,
participação ativa da sociedade na construção de projetos, leis e políticas públi-
cas. Exato, a cidadania e a ética se fazem mais que relevantes quando se discute
estas temáticas!
Desde a revolução industrial, tais temas têm sido enfoque de eventos, con-
ferências e debates, em especial por se tratar de um desafio coletivo e de escala
global. Tal afirmação se faz relevante, pois a coletividade, mencionada ante-
riormente, contempla os mais variados “setores” da sociedade, em especial o
coorporativo (XAVIER et al., 2015). Na Tabela 2 estão sumarizados diversos
marcos históricos relevantes para a definição destes conceitos:

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


31

Tabela 2 - Marcos históricos que contribuíram para o desenvolvimento dos conceitos sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável.

MARCO ANO DESCRIÇÃO


HISTÓRICO

Clube de 1968 Dentre outras funções citadas anteriormente o clube


Roma de Roma possuía por finalidade discutir sobre temá-
ticas ou complexo de problemas relevantes para o
período, como: a degradação ambiental; a crescente
pobreza em meio a riqueza; o crescimento urbano
descontrolado; a insegurança econômica e outras
questões monetárias. O clube de Roma ainda prega-
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va pela visão sistêmica de compreensão global, em


outras palavras, defendiam que era possível compre-
ender o mundo com um sistema único.
Conferência 1972 Esta conferência foi considerada um marco ambiental
de Estocolmo internacional contemporâneo, pois foi a primeira reu-
nião mundial a tratar da temática em escala global. As
temáticas lá debatidas continuam a influenciar a im-
portantes discussões e, principalmente, a formulação
de políticas ambientais por todo o mundo. A confe-
rência produziu a “Declaração sobre o Meio Ambiente
Humano”, que corresponde a uma declaração dos
princípios e responsabilidades que deveriam nortear
às decisões concernentes ao meio ambiente.
A criação do: 1972- Criada como uma agência da ONU voltada para as te-
Programa 1973 máticas ambientais e considerada uma “consequência”
das Nações a conferência de Estocolmo. A agência atua apoian-
Unidas do instituições em seus processos de governança
para o Meio ambiental, estando relacionada a uma ampla gama de
Ambiente instituições dos setores governamentais, não-gover-
(PNUMA) namentais, acadêmico e privado. A agência interna-
cional avalia as condições e tendências ambientais
globais; o desenvolvimento de instrumentos ambien-
tais nacionais e internacionais. Dentre seus objetivos
figuram o monitoramento do meio ambiente em
escala global; alertar as nações sobre os problemas
ambientais existentes e a recomendação de medidas
que auxiliem na qualidade de vida da população, bus-
cando o não comprometimento dos recursos naturais
e serviços ambientais para as futuras gerações.

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


32 UNIDADE I

Conferência 1992 Aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em


das Nações 1989, a Cnumad é também conhecida como Rio-92.
Unidas para o Dentre os efeitos mais efetivos da Rio-92 se desta-
Meio Ambien- cam a criação da Convenção da Biodiversidade e das
te e o Desen- Mudanças Climáticas (que posteriormente resultou no
volvimento Protocolo de Kyoto), a Declaração do Rio e a Agenda
(Cnumad) 21. A Declaração do Rio relaciona meio ambiente e
desenvolvimento, mediante a uma boa gestão dos
recursos naturais e sem comprometer o modelo
econômico expansionista da época. Já a agenda 21
caracteriza-se como um instrumento de planejamen-
to para a construção de sociedades sustentáveis em

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diferentes localidades geográficas, a agenda concilia
métodos de eficiência econômica, proteção ambiental
e justiça social.
Protocolo de 1997 Também considerado um grande marco, o protocolo
Kyoto estabeleceu metas para a redução da emissão de ga-
ses causadores do efeito estufa e propôs mecanismos
adicionais de implementação para que este objetivo
fosse alcançado. Dentre os mecanismos propostos en-
contrava-se o mecanismo de desenvolvimento limpo
(MDL), que possibilitava a participação de países em
desenvolvimento em cooperação com países desen-
volvidos. O objetivo deste mecanismo consistia na
redução das emissões mediante ao investimentos em
tecnologias eficientes, a substituição de fontes tradi-
cionais de energia fósseis por renováveis, a racionaliza-
ção do uso de energia, o reflorestamento, entre outros.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


33

A Cúpula 2002 O propósito desta conferência foi obter um plano de


Mundial ação factível. Dentre os desafios citados no documen-
sobre Desen- to, persistiam diversos problemas ambientais globais.
volvimento Entretanto, foram pela primeira vez mencionados os
Sustentável problemas relacionados à globalização, uma vez que
(CMDS) ou os benefícios e os custos a ela atrelados estão distribu-
Rio+10 ídos desigualmente. Foi apontado também o risco das
condições extremas de pobreza gerar a desconfiança
nos sistemas democráticos, resultando no surgimento
de sistemas ditatoriais. Como medidas detalhadas, fo-
ram sugeridos aumentar a proteção da biodiversidade
e o acesso à água potável, ao saneamento, ao abrigo,
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à energia, à saúde e à segurança alimentar. Bem como


priorizar o combate a diversas situações adversas:
fome crônica, desnutrição, ocupação estrangeira, con-
flitos armados, narcotráfico, crime organizado, corrup-
ção, desastres naturais, tráfico ilícito de armas, tráfico
de pessoas, terrorismo, xenofobia, doenças crônicas
transmissíveis (aids, malária, tuberculose e outras), in-
tolerância e incitação a ódios raciais, étnicos e religio-
sos. Para atingir os objetivos, o documento ressalta a
importância de instituições multilaterais e internacio-
nais mais efetivas, democráticas e responsáveis.
Rio + 20 Junho Realizada no Rio de Janeiro, a conferência teve por
de objetivo renovar o comprometimento dos líderes
2012 mundiais com o desenvolvimento sustentável. O docu-
mento confeccionando após o evento foi intitulado “O
Futuro que Nós
Queremos”, e retrata as principais ameaças ao pla-
neta, sendo alguns exemplos: a desertificação, o
esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação,
desmatamento, extinção de espécies e aquecimento
global.
Fonte: Kruger (2001); Alencastro (2012); Brasil (2004); Lopes (2002); PNUMA (2014); CDMAALC (1991);
Diniz (2002).

Torna-se interessante observar como se deu a trajetória histórica destes conceitos


e como diversas dificuldades foram superadas. Lembrando que não foram apenas
estes os eventos que influenciaram a temática ambiental em escala global como a
conhecemos, inúmeros outros tiveram grande relevância assim como inúmeros
outros serão responsáveis por alterar o cenário atual das condições ambientais.
Neste ponto de sua leitura você deve estar se perguntando, mas afinal o que

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


34 UNIDADE I

diferencia a sustentabilidade do desenvolvimento sustentável? Iremos elucidar!


Segundo Dovers e Handmer (1992), a sustentabilidade se caracteriza como
a capacidade de um sistema, seja ele humano, natural ou misto de se adaptar a
mudança interna ou externa por tempo indeterminado, já o desenvolvimento
sustentável é uma via de melhoria e mudança intencional que responde às neces-
sidades populacionais atuais. Ou seja, na primeira visão o desenvolvimento
sustentável trata do caminho para alcançar a sustentabilidade, sendo a susten-
tabilidade considerada o objetivo final a ser alcançado a longo prazo.
Entretanto, é válido destacar que pautado em algumas das discussões ambien-

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tais da época, em 1994, Elkington criou o termo “Triple Bottom Line” ou Tripé
da Sustentabilidade, definindo sustentabilidade como o equilíbrio os pilares:
ambiental, social e econômico. Dando origem à famosa imagem da sustentabi-
lidade amplamente utilizada no segmento empresarial.
No contexto empresarial, espera-se que as empresas contribuam de forma
progressiva com a sustentabilidade, sobretudo quando precisam de mercados
estáveis e, para tanto, elas devem possuir habilidades tecnológicas, financei-
ras e de gerenciamento, que possibilitem a transição rumo ao desenvolvimento
sustentável (ELKINGTON, 2001). Temos aqui, caro(a) aluno(a), uma segunda
visão, diferente da primeira: em que o desenvolvimento sustentável é o objetivo
a ser alcançado e a sustentabilidade é o processo para atingir, se atingir o desen-
volvimento sustentável.
Iremos explorar as ferramentas da sustentabilidade no contexto empresa-
rial em um segundo momento!
O relevante, aqui, é compreender que ambas as abordagens estão corretas e
que o amplo interesse e busca por estes conceitos fez com diversas abordagens
ambientais surgissem nos mais variados segmentos, como economia, engenharia,
ecologia, administração e outros, sendo as estratégias listadas a seguir, segundo
Glavi e Lukman (2007), “derivadas” destes conceitos:
■■ Produção mais limpa;

■■ Controle de poluição;

■■ Eco-eficiência;

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


35

■■ Gestão Ambiental;

■■ Responsabilidade Social;

■■ Ecologia Industrial;

■■ Investimentos éticos;

■■ Economia Verde;

■■ Eco-design;
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■■ Reúso;

■■ Consumo sustentável;

■■ Resíduos zero, e outros.

Todos estes conceitos citados serão muito relevantes e se farão presentes ao


longo de sua carreira como futuro profissional deste segmento, seja como um
desafio ou requisito de implementação ou como um objetivo a ser alcançado!
As ferramentas de sustentabilidade empresarial serão apresentadas na Unidade
V deste material.

Os diferentes selos ambientais existentes possuem como finalidade infor-


mar aos consumidores que determinados produtos passaram por auditorias
internas ou autorreguladoras e externas ou independentes de qualidade.
Saiba mais sobre os diferentes selos de qualidade acessando: <https://sus-
tentarqui.com.br/dicas/uma-breve-historia-sobre-os-selos-verdes/>.
Fonte: o autor.

A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


36 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DINÂMICAS AMBIENTAIS

Este tópico destina-se ao conhecimento de alguns conceitos básicos acerca das


dinâmicas ambientais existentes. Torna-se importante conhecer as dinâmicas
ambientais naturais para que seja possível compreender, efetivamente, a exten-
são dos impactos ambientais causados pelas ações antrópicas e também pelos
processos produtivos. Inicialmente iremos relembrar acerca da hierarquia dos
níveis ecológicos ou hierarquia dos níveis de organização ecológica.

HIERARQUIA E ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA

A hierarquia dos níveis ecológicos é representada pela seguinte cadeia inicial:


Átomo < Molécula < Organelas celulares < Célula < Tecido < Órgão < Sistemas <
Organismo. Assim, temos uma breve retomada evolutiva da formação dos indi-
víduos e com diferentes indivíduos, passamos a seguinte cadeia: Organismo <
Populações < Comunidades ou Biocenose < Ecossistemas < Biomas < Biosfera.
Lembrando que cada subconjunto apresentado é menor do que o próximo, sendo
a biosfera, considerada o maior nível. A Figura 1 representa todo o sistema de
hierarquização ecológico.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 2 - Sistema de Hierarquização Ecológico

Conhecer estes níveis hierárquicos se torna relevante, pois nos auxilia a com-
preender a dimensão dos impactos causados e a extensão biológica do mesmo.
Sendo assim, vamos às definições, com enfoque nos níveis superiores, iniciando
nos organismos!
Organismo: uma forma de vida individual e livre composta pela associa-
ção de sistemas, órgãos e tecidos que operam e realizam suas funções de forma
conjunta para proporcionar as condições favoráveis à vida. Para a ecologia, tra-
ta-se de uma unidade fundamental de estudos.
Populações: populações podem ser definidas como grupos de indivíduos
pertencentes a uma mesma espécie presentes e ocupantes de uma determinada
área por um período de tempo. Além disso, uma população apresenta como
característica uma ampla probabilidade de realiza cruzamento entre si, quando
consideramos fatores como localização geográfica e outros fatores favoráveis.

DINÂMICAS AMBIENTAIS
38 UNIDADE I

Comunidades: consistem de populações que coexistem e habitam o mesmo


ambiente, interagindo de forma organizada é denominada comunidade. Sendo
cada indivíduo associado a seu respectivo nicho ecológico existente.
Ecossistemas: trata-se de um meio no qual os organismos interagem com
o meio ambiente, realizando trocas de matéria e energia pelas vias existentes.
Em outras palavras a interação dos seres bióticos (seres vivos) com os abióticos
(solo, água, recursos minerais, dentre outros).
Biomas: segundo Colinvaux (1993), um bioma é composto por um con-
junto de ecossistemas, em uma larga escala geográfica, no qual as plantas ou as

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formações vegetais se destacam como características, assim como suas as especi-
ficidades climáticas. São exemplos de biomas brasileiros: a Caatinga, o Cerrado,
a floresta amazônica, a mata atlântica, o Pantanal, os pampas, dentre outros.
Biosfera: a biosfera se caracteriza como a junção das interações que ocor-
rem entre a atmosfera, hidrosfera e a litosfera. Sendo cada uma delas, segundo
Rosa et al. (2003) correspondente às seguintes porções:
■■ Atmosfera: porção gasosa da Terra e seus componentes.

■■ Hidrosfera: porção aquosa da Terra e seus componentes.

■■ Litosfera: porção mineral da Terra e seus componentes.

O conhecimento apropriado sobre estes conceitos nos faz refletir sobre a propor-
ção dos impactos causados, não só em uma escala empresarial/industrial, mas
também como nossas atitudes cotidianas podem desencadear impactos mais
amplos e significativos do que o imaginado. Para realizar um manejo adequado
de uma atividade impactante, segundo Peroni e Hernandéz (2011), é essencial
considerar todas as características e dinâmicas das populações, comunidades e
ecossistemas envolvidos, especialmente quando as ações humanas podem favo-
recer o desenvolvimento de uma população, enquanto outras podem aumentar
o número de mortes.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


39

FATORES LIMITANTES AO DESENVOLVIMENTO DOS SERES


VIVOS

Quando pensamos em fatores limitantes ao desenvolvimento dos seres vivos


somos imediatamente direcionados aos recursos disponíveis. Claro que existe
uma relação entre disponibilidade de recursos e o desenvolvimento de uma
população, assim como a retirada de recursos pode levar à extinção de deter-
minada população. Segundo Santos (2006), a variação na densidade população
está relacionada aos fatores que influenciam nas taxas de natalidade, mortali-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dade, imigração e emigração.


Como mencionado anteriormente, os fatores ecológicos podem ser clas-
sificados em bióticos e abióticos, porém devemos levar em consideração que
a importância dos mesmos varia de acordo com o ambiente ou área estudada/
impactada e de acordo a pressão exercida sobre os recursos renováveis e não
renováveis. Para facilitar a compreensão, vamos conhecer um pouco mais sobre
os fatores ecológicos que são limitantes ao crescimento dos seres vivos.

Luz ou intensidade luminosa

Conforme Lovato (1993), a intensidade da luz solar incidente afeta a fotossíntese


dos vegetais, crescimento da parte aérea, distribuição da matéria seca e, conse-
quentemente, o rendimento fotossintetizante. Exercendo efeitos sobre outros
fatores ambientais, principalmente a temperatura.
Sobre ambientes aquáticos continentais e costeiros, o grau de intensidade
luminosa está relacionada à atividade de algas flutuantes e sésseis e da diversi-
dade de seres planctônicos. A intensidade da luz ainda serve como parâmetro
indicativo da quantidade de partículas em suspensão (turbidez).
Em relação aos animais, a luminosidade está diretamente relacionada a
hábitos de repouso ou atividade, uma vez que haverá atividade animal nos mais
variados nichos ecológicos diurnos, noturnos e crepusculares. A variação deste
fator relaciona-se com a hibernação de mamíferos, o metabolismo metabolismo
de seres exotérmicos e com a migração em aves (SANTOS, 2006).

DINÂMICAS AMBIENTAIS
40 UNIDADE I

Temperatura

O fator temperatura se destaca como um dos mais relevantes, pois afeta direta-
mente na distribuição de espécies animais e vegetais, influenciando todas as fases
do ciclo vital dos seres vivos. Atualmente, existe grande discussão acerca dos
efeitos que são observados e que serão observados no futuro devido às mudan-
ças climáticas geradas pela liberação excessivas de gases relacionados ao efeito
estufa na atmosfera.
Para os vegetais, a temperatura influi grandemente o rendimento de tubér-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
culos, uma vez que afeta a fotossíntese e respiração. A magnitude do seu efeito
depende de quanto influencia no desenvolvimento da parte aérea, na distribui-
ção da matéria seca produzida e, consequentemente, na qualidade de suporte
do solo (LOVATO, 1993).
No caso dos animais para a temperatura ambiente são definidas zonas de
conforto térmico e de termoneutralidade específicas para as diferentes espécies
de animais (PORTUGAL et al., 2000).

Umidade

É fato que a umidade e o acesso à água são dois fatores primordiais para a distri-
buição da fauna e da flora global. Porém a umidade é diretamente influenciada
pela disponibilidade de recursos hídricos, pela temperatura e pela intensidade
luminosa. Quando associado o fator temperatura, torna-se responsável pelo con-
forto térmico de animais e pelo fator determinante na respiração e transpiração
vegetal. Na agricultura de precisão, por exemplo, a umidade do solo torna-se
um fator limitante e imprescindível, especialmente quando se tem por objetivo
um manejo adequado do solo visando ao aumento na produção.

Recursos

A disponibilidade de recursos pode ser considerada o fator mais relevante para


a sobrevivência e desenvolvimento de espécies especialmente quando associada
à capacidade de adaptação ou tolerância às condições locais. Os organismos ou

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


41

indivíduos podem tolerar alterações bruscas no ambiente por um curto perí-


odo de tempo, ou seja, as condições para ao desenvolvimento de cada espécie
são sempre espécie-específicas.
Entretanto, os indivíduos e suas atividades não irão esgotar os recursos dis-
poníveis, via de regra, isso acontece sob condições de estresse populacional
(quando, por alguma razão, não natural eles são forçados a consumir outra fonte
de alimento ou quando há a introdução de uma espécie exótica no ambiente
em questão) e quando o ser humano esgota esses recursos ou passa a utilizá-los
de forma não racional. Um exemplo de estresse populacional podem ser com-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

petição intra e interespecífica devido à diminuição de espaço ou território útil.

pH e salinidade

A salinidade e o potencial de hidrogênio iônico (pH) são fatores primordiais


para a abundância dos seres vivos, especialmente em ambientes aquáticos con-
tinentais e costeiros. Com exceção de algumas bactérias que toleram condições
extremas, os demais seres vivos não toleram pHs extremamente ácidos (abaixo
de 3) ou extremamente alcalinos (acima de 9).
Esses parâmetros costumam sofrer alterações imediatas após o despejo de
efluentes ou substâncias sem o devido tratamento em corpos hídricos, alterando,
drasticamente, as condições favoráveis ao desenvolvimento da fauna e da flora
aquática e consequentes dos demais seres vivos que se utilizam da água dispo-
nível para sua sobrevivência/atividades.
Sobre os vegetais, estes parâmetros influência na absorção dos nutrientes pelas
raízes, limitam o desenvolvimento de fungos benéficos às plantas no ambientes
aquáticos. No solo, também levam a limitação da produção vegetal, dificultando
o desenvolvimento de culturas ou espécies vegetais.

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

Neste sub tópico, caro(a) aluno(a), iremos conhecer as dinâmicas elementares exis-
tentes na biosfera, mencionadas logo no início desta unidade. Desconsiderando

DINÂMICAS AMBIENTAIS
42 UNIDADE I

os eventos catastróficos isolados e específicos que acontecem de maneira espo-


rádica na história da humanidade, é possível afirmar, de forma grosseira, que
nosso planeta é constituído por um sistema químico/biológico/geológico fechado
cujas reações responsáveis pela manutenção da vida aqui existente, são influen-
ciadas e regidas pela energia solar.
Entretanto, historicamente, inúmeras alterações aconteceram na superfície
terrestre, modificando a biosfera e impulsionando o desenvolvimento da vida
como nós a conhecemos, dentre estas alterações, podemos destacar a interação
entre o oxigênio presente na atmosfera com a litosfera e a hidrosfera, e o advento/

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desenvolvimento dos seres fotossintetizantes. Neste contexto, e em face destas
alterações, a complexidade das reações e interações bioquímicas, ou ciclos bio-
geoquímicos, que acontecem na biosfera terrestre passaram a ser diferentes, ao
passo que pouquíssimas reações do nosso planeta ocorrem sem influência direta
ou direta da biosfera.
Por tanto, podemos definir ciclo biogeoquímico segundo Rosa et al. (2003,
p. 9):
[...]Os ciclos biogeoquímicos são processos que por diversos meios
reciclam vários elementos em diferentes formas químicas, do meio
ambiente para os organismos e depois, fazem o processo contrário, ou
seja, trazem esses elementos dos organismos para o ambiente. Desta
forma a água, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o fósforo, o cálcio e
outros elementos, percorrem esses ciclos, unindo todos os componen-
tes vivos e não vivos da Terra.

No contexto, anteriormente apresentado, um ciclo biogeoquímico pode ser enten-


dido como o movimento ou a ciclagem de elementos químicos específicos pela
biosfera, que podem ou não sofre influência antrópica.
Ainda, em uma perspectiva histórica, as alterações químicas e biológicas
que acontecem na biosfera e que têm origem natural passaram a acontecer de
forma “lenta”, sendo as alterações e reações que acontecem de forma acelerada,
fomentadas por uma pressão externa, destacando-se principalmente a interven-
ção antrópica. Devemos compreender e reconhecer que as reações bioquímicas
que ocorrem atualmente na superfície terrestre agora sofrem alguma influência
direta ou indireta do homem e dos processos desenvolvidos, sendo necessário que

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


43

a humanidade passe a contribuir com soluções para as diferentes problemáticas


ambientais existentes. Para tanto, inicialmente, torna-se necessário conceituar
e compreender os diferentes ciclos biogeoquímicos, que devido a sua relevân-
cia, irão nos orientar a uma compreensão sistemática da dinâmica na biosfera.

O Ciclo da Água

A água é de fundamental importância para a manutenção da vida na Terra, por-


tanto, discutir sua relevância, nas mais diversas dimensões, implica em discutir:
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a sobrevivência da espécie humana, o equilíbrio e a conservação da biodiversi-


dade e as relações de dependência dos seres vivos para com os ambientes naturais
(BACCI, PATACA, 2008).
Um ciclo biogeoquímico está intimamente relacionado aos diferentes
processos biológicos, hidrológicos e geológicos, sendo estes, referentes à dispo-
nibilização e redisponibilização de um elemento específico, no presente caso, a
água. A água pode ser representada quimicamente pela molécula H2O, na qual
os elementos hidrogênio e oxigênio se combinaram para dar origem ao elemento
fundamental para a existência da vida.
O ciclo da água ganha destaque uma vez que é responsável pela maior movi-
mentação de uma substância química pela superfície terrestre. No ciclo da água
inúmeros processos ocorrem para a redisponibilização da água, que podem
incluir os diferentes estados físicos desta matéria: Líquido, Sólido e Gasoso. Os
processos envolvidos no referido ciclo estão expressos na Tabela 3:
Tabela 3 - Estados físicos da água

PROCESSO FENÔMENOS QUE OCORREM NO PROCESSO

Liquefação Ou condensação, marca a transição do estado


gasoso para o estado líquido decorrente do resfria-
mento (arrefecimento). Como exemplo: O orvalho
das plantas.

DINÂMICAS AMBIENTAIS
44 UNIDADE I

Fusão Transição do estado sólido para o líquido, induzida


por diferentes fontes de energia, sendo a principal
a energia solar (em forma de calor). Esse proces-
so ocorre quando a energia na forma de calor é
superior ao ponto de fusão (0 ºC) da água em estado
sólido.
Solidificação Transição do estado líquido para o estado sólido
mediante a temperaturas iguais ou inferiores a 0 ºC.
Sublimação Transição do estado sólido para o estado gasoso,
via aquecimento. Também denomina a mudança do
estado gasoso para o estado sólido (ressublimação)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por arrefecimento.
Vaporização Transição do estado líquido para o gasoso, no qual
o ponto de ebulição da água é alcançado em 100
ºC. Dentro deste processo destacam-se também
a ebulição e a evaporação que relacionam-se a
velocidade de aquecimento, sendo rápida ou lenta,
respectivamente.
Fonte: adaptado de Peruzzo e Canto (2003).

Os diferentes processos deste ciclo em ambientes naturais podem ser observa-


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dos na Figura 3:

CONDENSAÇÃO

PRECIPITAÇÃO
TRANSPIRAÇÃO

EVAPORAÇÃO

PERCOLAÇÃO

Figura 4 - Ciclo da água em ambientes


ÁGUASnaturais
SUBTERRÂNEAS

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


45

Apesar da redisponibilização deste recurso mediante a um ciclo, sua utilização


e disponibilidade deve ser considerada, uma vez que nosso planeta possui dois
terços de sua superfície cobertos por água (360 milhões Km2 de um total de 510
milhões Km2) (GOMES, BARBIERI, 2004). Entretanto, cerca de 98% da água
disponível é salgada, imprópria para consumo direto sem tratamento adequado,
que apresenta alto custo, sendo somente os 2% restantes correspondentes a água
doce, desta porção (2%), valores superiores a 68,9% estão dispostos em geleiras,
29,9% em reservatórios subterrâneos de difícil acesso e apenas 1,2% está dispo-
nível em rios e lagos (SENRA, 2001).
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No que tange a sua utilização, segundo Garrido (2000, p. 58):


[...] A água doce é um recurso material limitado e com múltiplas fun-
ções; portanto, com diferentes tipos de usos. Para o abastecimento hu-
mano, a água é matéria-prima; para a atividade industrial e de irriga-
ção, a água pode ser insumo e matéria-prima; para a navegação, a água
é leito navegável; para atividades de recreação e lazer, a água é parte da
beleza cênica; para as atividades de pesca, a água é o meio onde vivem
as espécies; para o esgotamento de efluentes urbanos e industriais, a
água é corpo diluidor e para a produção de energia é necessário explo-
rar os movimentos da água transformando energia cinética em elétrica.

Ainda em relação às reservas de água, algumas estimativas de volumes armaze-


nados nos diferentes reservatórios estão dispostos na Tabela 4.

Tabela 4 - Diferentes reservatórios de água e seus volumes estimados

RESERVATÓRIO VOLUME ESTIMADO


Oceanos 1.350.000.000 Km3.
Geleiras 33.000.000 km3.
Águas subterrâneas 15.300.000 km3.
Solos 121.800 km3.
Atmosfera 13.000 km3.
Fonte: adaptado de Aduan et al. (2004).

A transição dentre os volumes presentes nos reservatórios citados acima também


se faz relevante, sendo os principais reguladores destes fluxos, os índices de preci-
pitação e a vegetação. Nesse sentido, a preservação da vegetação (responsáveis pelo

DINÂMICAS AMBIENTAIS
46 UNIDADE I

fenômeno evapotranspiração) e sobretudo, a manutenção das extensões territo-


riais recobertas de vegetação nativa remanescente se faz de extrema importância.
Além deste fator, a poluição atmosférica também é preocupante, visto que a qua-
lidade atmosférica pode resultar em alterações na qualidade das águas pluviais.
Historicamente, a presença ou ausência deste recurso, foi e será responsável
pela tramitação histórica da humanidade, pelo desenvolvimento de costumes e
hábitos sociais, pela determinação da ocupação de territórios, pela extinção de
espécies e, por fim, pelo futuro de gerações. O planeta Terra não seria propício à
vida caso não houvesse a disponibilidade deste recurso e, apesar de se caracterizar

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como um recurso abundante, sua ausência ou um déficit hídrico representaria
uma limitação na produtividade primária do planeta (SAUTCHUCK, 2004),
impactando também em sistemas agronômicos (BERNARDO, 2002), pecuários
e nos mais variados processos de beneficiamento.
Por fim, se faz relevante considerar a utilização e a reutilização que se dá a
este recurso, aliás, caro(a) leitor(a), essa preocupação ganhou espaço conside-
rável no cenário mundial nas últimas décadas “unificando” diversas áreas do
conhecimento, na busca/desenvolvimento de soluções interdisciplinares para
a recuperação/tratamento e soluções de problemáticas voltadas a este recurso.
Outras informações acerca das técnicas de tratamento de água serão exploradas
na Unidade II deste material didático.
O ciclo do Carbono: o carbono é o elemento mais essencial para a vida na
Terra, em específico por ampla sua disponibilidade e capacidade de associação/
formação de até 4 ligações covalentes. Essa capacidade possibilitou a esse elemento
constituir ou estar presente em uma ampla variedade de moléculas inorgânicas,
orgânicas e compostos essenciais, como proteínas, lipídios, carboidratos e pig-
mentos (SOUZA et al., 2012). Além das moléculas, o carbono está presente na
atmosfera terrestre em uma de suas associações mais simples, na forma CO2.
O que se faz muito relevante em relação ao ciclo do carbono, é que o mesmo
está presente nos inúmeros processos naturais que realizam interações com a
atmosfera, bem como nas interações dos processos do continente com os oce-
anos, ou seja, relacionam-se aos seres vivos quando os seres fotossintetizantes
utilizam o CO2 atmosférico ou os carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água
na síntese de compostos orgânicos que irão suprir suas necessidades (ROSA et al.,

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


47

2003). Ainda segundo os autores, da mesma maneira, as bactérias que realizam


a quimiossíntese, produzem compostos essenciais, normalmente carboidratos,
a partir do CO2 livre na atmosfera.
Outros processos naturais que estão envolvidos na ciclagem/movimentação
do carbono são a fotossíntese realizada pelos organismos planctônicos, a respira-
ção celular realizada pelos seres vivos, o processo de decomposição da matéria e
a dissolução oceânica, tal movimentação cíclica também pode ser definida como
ciclo global do carbono (ADUAN et al., 2004).
Portanto, caro(a) leitor(a), é fato que a vida na biosfera só foi possível graças
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

presença e a atividade dos seres clorofilados. Tal fato evidencia a necessidade de


preservação destes organismos, uma vez que um déficit na produção primárias
implicaria também na dificuldade de manutenção dos níveis de CO2 atmosféri-
cos e na ausência de um dos principais subprodutos da fotossíntese, o oxigênio.
Segundo Aduan e colaboradores (2004), ao contrário do que acontece com
o ciclo da água, em que as atividades antrópicas influenciam no fluxo ou índices
de ciclos já existentes, para o ciclo do carbono, a influência humana cria novos
fluxos, antes desconhecidos, como exemplo, a queima de combustíveis fósseis
como o carvão mineral e o petróleo, responsáveis por um excessivo aporte de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Este excessivo aporte se faz preocu-
pante, especialmente pelos efeitos negativos a manutenção da qualidade de vida
na Terra, pois conforme Pacheco e Helene (1990, p. 215):
[...] as moléculas de nitrogênio, oxigênio e argônio que constituem
quase a totalidade do ar são transparentes tanto às radiações infra-
vermelhas como à radiação solar visível, tendo um poder de absor-
ção praticamente nulo. Ao contrário, um certo número de moléculas
presentes no ar que não representam mais que uma pequena parte dos
componentes da atmosfera, em maior proporção vapor d›água (H2O)
e dióxido de carbono (CO2) e em menor proporção metano (CH4) e
outros compostos, têm a propriedade de serem opacos aos raios infra-
vermelhos do solo quando dissipados para o espaço e com isto aquecer
as baixas camadas da atmosfera. Graças a este processo, a temperatura
do ar que nos envolve é favorável às formas de vida existentes; este pro-
cesso natural é chamado de “efeito estufa”, por analogia às instalações
que protegem culturas vegetais frágeis do frio, onde meios de vidro que
deixam passar a radiação solar visível impedem a fuga dos raios infra-
vermelhos.

DINÂMICAS AMBIENTAIS
48 UNIDADE I

Estimativas globais sugerem que a poluição ambiental externa (outdoors)


cause 1,15 milhões de óbitos em todo o mundo (correspondendo a cerca de
2% do total de óbitos) e seja responsável por 8,75 milhões de anos vividos a
menos ou com incapacidade, enquanto a poluição no interior dos domicí-
lios cause aproximadamente 2 milhões de óbitos prematuros e 41 milhões
de anos vividos a menos ou com incapacidade.
Fonte: adaptado Oberg et al. (2011).

Ao analisarmos, de maneira isolada, o fluxo de energia em diferentes níveis

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tróficos, como no caso de uma cadeia alimentar, pode ser utilizado para exem-
plificar o fluxo de carbono em uma escala minimalista, conforme ilustrado no
fluxograma da Figura 5.

Figura 5 - Fluxo de Carbono


Fonte: adaptado de Rosa et al. (2003).

De forma generalista, o fluxograma apresentado ilustra a produção de compostos


orgânicos pelos produtores, que são consumidos pelos herbívoros ou consumi-
dores primários e, na sequência, por carnívoros de primeira ou segunda ordem,
até atingirem os seres decompositores. A abaixo representa o ciclo do carbono
em uma perspectiva globalizada e complexa e que compreende a ciclagem do
carbono orgânico e inorgânico. Nesse sentido, torna-se necessário enfatizar a
presença de processos antrópicos, antes desconhecidos à biosfera terrestre e que,
graças ao advento das modificações ambientais humanas, passam a ser mais efe-
tivas e impactantes na qualidade ambiental.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


49

CICLO DO CARBONO
LUZ SOLAR
CICLO DO EMISSÕES DE
FÁBRICAS E VEÍCULOS

FOTOSSÍNTESE
RESPIRAÇÃO
DAS PLANTAS
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RESPIRAÇÃO
ANIMAL

CARBONO RESPIRAÇÃO
ORGANISMOS
DECOMPOSITORES
ORGÂNICO DAS RAÍZES

MORTE DE INDIVÍDUOS E
DECOMPOSIÇÃO DE
REJEITOS METABÓLICOS.

FÓSSEIS E
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Figura 6 - Ciclo do Carbono

Em relação à quantidade de carbono existente em diferentes reservas, algumas


estimativas estão expressas na Tabela 5.

Tabela 5 - Estimativas acerca da quantidade de carbono em diferentes reservas

INFORMAÇÕES/FONTES QUANTIDADE

Incremento de C de origem an- 5,5 Pg (Da quantidade acima descrita, 3,5


trópica anual Pg permanecem na atmosfera e passam a
contribuir efetivamente para o efeito estufa,
sendo o restante dissolvido no oceano ou
sequestrado pela atividade fotossintética,
ficando retido como biomassa viva ou ma-
téria orgânica do solo).
C presente na superfície terrestre Cem quatrilhões ou 1023 toneladas

DINÂMICAS AMBIENTAIS
50 UNIDADE I

Conteúdo fóssil disponível para 4.000 Pg


captação humana
Carbono dissolvido nos oceanos 38.000 Pg
Carbono disponível no solo 40.000 Pg
Carbono estocado na cobertura 560 Pg
vegetal
Quantidade de Carbono na forma 120 Pg (sendo 60 Pg redisponibilizado para
de CO2 retirado da atmosfera pela a atmosfera em função da decomposição da
fotossíntese matéria e 60 Pg redisponibilizado a atmos-
fera pela respiração dos seres vivos).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fluxo de Carbono entre oceano e 90 Pg
atmosfera anualmente
1 Pg (peta grama) = 1 bilhão de toneladas.
Fonte: adaptado de Schlesinger, (1997); Grace, (2001); Aduan et al., (2004).

O ciclo do Nitrogênio: apesar da atmosfera da Terra ser composta por cerca


de 76% de gás nitrogênio (ADUAN et al., 2004), este nitrogênio não está dispo-
nível para a maioria das espécies vivas, pois o gás N2 é pouco reativo. A baixa
disponibilidade de nitrogênio como nutriente faz com que este elemento tenha
um importante papel nos processos de crescimento e reprodução de organis-
mos, especialmente vegetais, responsáveis pela produção primária terrestre ou
marinha (UGUCIONE et al., 2002), além de ser um dos principais componen-
tes das proteínas, das enzimas e do DNA (Ácido desoxirribonucleico). Tal fato,
faz com que o ciclo biogeoquímico deste elemento ganhe enfoque, especial-
mente se considerarmos que de todo o nitrogênio presente na Terra, conforme
Ugucione e colaboradores (2002), uma quantidade inferior a 2% está disponível
em associações com o Carbono, Hidrogênio e Oxigênio, componentes funda-
mentais da matéria orgânica.
Essa escassez ou dificuldade de obtenção de nitrogênio, apesar de sua ampla
disponibilidade em forma gasosa na atmosfera, pode ser atribuída a complexidade
da ligação covalente apolar, portanto, o desafio dos seres vivos que necessitam
desse macro nutriente, consiste em romper essa ligação covalente vias diferentes
mecanismos (o que requer consumo energético) para então “utilizá-lo” em suas
formas mais reativas: amônia (NH3), amônio (NH4) e nitrato (NHO3).
As taxas de nitrogênio são direta e indiretamente influenciadas por estes

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


51

mecanismos, que podem atuar disponibilizando nitrogênio por diferentes for-


mas, ao passo que também podem indisponibilizar este elemento. Os diferentes
mecanismos relacionados à disponibilização de nitrogênio estão expressos na
Tabela 6.

Tabela 6 - Mecanismos, ações e descrições de diferentes processos de disponibilização e indisponibilização


de nitrogênio

MECANISMO AÇÃO DESCRIÇÃO/OBSERVAÇÕES


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Transformação de N2 A principal via de fixação natural,


em amônia (NH3) ocorre pela ação de microrganis-
mos (do gênero Rhizobium), algas
azuis (do gênero Anabaena e Nos-
toc) e fungos (algumas espécies) as-
sociados (em relação de mutualis-
Fixação Disponibilização de mo) a leguminosas. Existe também
amônia (NH3) a fixação física que ocorrem em
função de eventos atmosféricos (fí-
sicos) como descargas elétricas. Por
fim, a fixação antrópica, como nos
processos realizados em indústrias
de fertilizantes.
Disponibilização de O processo de decomposição da
amônia (NH3) matéria orgânica nitrogenada por
Decomposição microrganismos libera NH3 em
conjunto com outros compostos ao
meio ambiente.
NH3 + H2O NH4OH A associação da amônia livre no
NH4+ + OH- solo proveniente da ação dos
microrganismos com a água pre-
sente no solo seguida de ionização
Indisponibilização
Amonização resulta no íon amônio (NH4+) e uma
de amônia (NH3)
hidroxila.

Disponibilização de
amônio (NH4+)

DINÂMICAS AMBIENTAIS
52 UNIDADE I

Os processos oxidativos sobre os íon amônio (NH4+) resultam em nitritos (NO2-)


que são ficam disponíveis no ambiente ou são novamente oxidados em nitratos
(NO3-).
Nitrificação Conversão de íons Ocorre pela ação de bactérias nitri-
amônio (NH4+) em ficantes (Nitrosomas, Nitrosococus,
nitrito (NO2-) e pos- Nitrobacter).
teriormente nitrato
(NO3-)
O processo de Nitrificação pode ser dividido em duas etapas: Nitração e Nitrosa-
ção.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nitração 2HNO2 + 2O2 Transformação da amônia em
2HNO3 + Energia nitrito.
Nitrosação 2NH3 + O2 Transformação do íon nitrito em íon
2HNO2 + 2H2O + nitrato, que podem ser absorvidos
Energia e metabolizados pelas plantas.
Denitrificação Devolução de nitrogênio já meta-
Transformação de bolizado para a atmosfera na forma
amônia (NH3) em N2 N2, normalmente realizado por bac-
térias ditas desnitrificantes (Pseu-
domonas desnitrificans), torna-se
necessária para não saturar o solo
Indisponibilização de com íons nitrogenados.
amônia (NH3)

Disponibilização de N2
A queima de matéria orgânica pelo fogo é responsável pela indisponibilização
de nitrogênio.
Amonificação Disponibilização de Degradação de produtos meta-
amônia (NH3) bólicos como uréia, ácido úrico,
proteínas e outros compostos por
microrganismos decompositores
para formação de amônia.
Fonte: adaptado de Hamilton (1976), Rosa et al., (2003), Aduan et al., (2004).

A figura a seguir contém uma representação do ciclo global do nitrogênio,


explicitando os diferentes mecanismos relacionados à disponibilização e

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


53

indisponibilização de nitrogênio em um ambiente natural.

Ciclo do Nitrogênio

Fixação por
fenômenos físicos Fixação biológica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ntes
iliza
Fert

Escoamento

Bactéria fixadora
de nitrogênio

Bactéria nitrificante Nitrogênio livre


Bactéria denitrificante

Figura 7 - Representação do Ciclo Global do Nitrogênio

Como é possível observar, o ciclo do nitrogênio é extremamente complexo e


conta com diversos mecanismos de ação para que esse elemento essencial à vida
possa ser disponibilizado/reaproveitado em outras formas. Vale destacar, con-
forme mencionado anteriormente, que as ações antrópicas atuam sobre esse
ciclo biogeoquímico, influenciando na disponibilidade de nitrogênio passível
de utilização para os seres vivos que necessitam deste elemento. O despejo de
efluentes sanitários e industriais, sem o devido tratamento, são uma das ativida-
des antrópicas mais impactantes relacionadas à alteração dos níveis de nitrogênio
e fósforo no ambiente.
O ciclo do Fósforo: o fósforo (P) é um nutriente essencial com fontes finitas
e não renováveis. Ainda sim, a exploração deste elemento, atualmente, é muito
superior às taxas de reposição em seu ciclo natural, especialmente se considerar-
mos que o ciclo deste elemento é muito lento. Portanto, a exploração desenfreada

DINÂMICAS AMBIENTAIS
54 UNIDADE I

e a escassez das reservas de fósforo podem nos direcionar a um colapso, resul-


tando em impacto econômicos, sociais e ambientais imensuráveis, pois, segundo
Cordell (2008), as reservas de rocha fosfática conhecidas e exploráveis estejam
extintas no período de 50 a 100 anos. A alteração da dinâmica desse nutriente
no meio ambiente ocorre, especialmente, em face da ocupação a desordenada
do solo, do desmatamento e do incremento das atividades industriais e agrícolas.
Este elemento se caracteriza como componente essencial dos fosfolipídios,
das coenzimas, dos ácidos nucléicos e dos elementos de transição energética
(Adenosina Tri Fosfato = ATP) que são indispensáveis para o funcionamento e

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manutenção dos sistemas biológicos dos organismos vivos. Este elemento tam-
bém é utilizado como base para síntese de diversos produtos industrializados
como fertilizantes e detergentes (QUEVEDO, PAGANINI, 2011).
Os reservatórios atuais existentes de fósforo (litosfera), foram formados ao
longo de eras geológicas e diferente de outros ciclos, em nenhum momento o
ciclo deste elemento resulta na formação de gás para manutenção de reservas
atmosféricas, sendo suas fontes naturais oriundas de processos erosivos da bacia
de contribuição, da decomposição dos organismos aquáticos e dos vegetais que
compõem as matas ciliares, do assoreamento do corpo d’água, do intemperismo
das rochas e da intensidade das trocas ocorridas entre o sedimento e a coluna
d’água (QUEVEDO, PAGANINI, 2011).
Para Aduan e colaboradores (2004), a maior parte do fósforo presente nos
ecossistemas é proveniente do intemperismo dos minerais, este processo pode
ser acelerado pela ação de substâncias provenientes das raízes de plantas associa-
das a microrganismos, entretanto no ciclo do fósforo, nenhuma ação biológica
(como as observadas no ciclo do hidrogênio) pode aumentar significativamente
a disponibilidade deste elemento em ambientes em que ele se encontra em bai-
xas quantidades.
Em face da escassez deste recurso os organismos presentes na biota terres-
tre contam com um eficiente ciclo de fósforo a partir de suas formas orgânicas.
O fósforo é liberado por meio de processos erosivos e intempéries, sendo este
elemento e suas formas fosfatadas (PO4-3) limitantes em sistemas agronômicos.
A figura a seguir representa as etapas do ciclo natural e de influência antró-
pica do fósforo.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


55

Ciclo de Fósforo

Deposição
atmosférica (poeira)
Colheitas

dejetos de animais
e biossólidos

resíduos de plantas

Fosfatos em solução
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fósforo orgânico Fert


iliza
ntes

-Microbiano Fertilizantes minerais


-Resíduos de plantas
-Húms
Absorção
pelas plantas minerais
Imo
bili primários (apatite)
zaç o
Min ão erism
era mp
liza Inte
ção superfícies minerais
(argilas, óxidos Fe e Al, carbonatos)
Fósforo solúvel dessorção
o
ad sorçã
lixiviação dissolução compostos secundários
(geralmente menor) (CaP, FeP, MnP, AIP)
preciptação

Figura 6 - Ciclo do Fósforo

O ciclo de influência, sobre influência antrópica, representado na figura supra-


citada, explicita a utilização do fósforo na síntese de fertilizantes amplamente
utilizados em sistemas agrícolas. Tal utilização apesar de impactante e de estar
associada a eutrofização, torna-se necessária uma vez que os sistemas agrícolas
que contam, somente, com o fósforo presente no solo, na produção de cultivares
não conseguiria obter a «eficiência» necessária para atender a demanda popu-
lacional emergente.
Ainda, os microrganismos exercem papel fundamental no ciclo biogeoquí-
mico do fósforo e na disponibilização deste elemento para as plantas, realizando
a solubilização do fósforo inorgânico, a mineralização do fósforo orgânico e a
associação entre plantas e fungos micorrízicos (PAUL, CLARK, 1996).
Por fim, é válido ressaltar que existem outros elementos essenciais que tam-
bém passam por ciclos biogeoquímicos, porém, os ciclos supracitados destacam-se
por estarem diretamente relacionados e interligados a problemáticas ambien-
tais atuais, coerentes e de interesse para aos diferentes processos de produção.

DINÂMICAS AMBIENTAIS
56 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, inicialmente, foi apresentada uma breve introdução pautada em


eventos históricos que discorreu sobre a capacidade do ser humano de alterar o
ambiente a sua volta. Tal discussão teve, por finalidade, não apenas apresentar as
características evolutivas que fizeram do homem o ser vivo capaz de modificar
o ambiente em que vive, de forma favorável ao seu desenvolvimento, mas, tam-
bém, explicitar que tais alterações ambientais foram necessárias para separar o
homem da condição animal e foram ainda responsáveis pela história como nós

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a conhecemos. Como visto, o advento da produção fomentada pela revolução
industrial e as conquistas sociais influenciadas por este período afetam positi-
vamente nosso modelo social até os dias atuais.
Em um segundo momento, conceituamos sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável e conhecemos algumas de suas normas de representação empresarial/
corporativa que correspondem, dentre outras normas, apresentadas, as tão dese-
jadas certificações ISO, voltadas à eficiência sócio-ambiental, representadas pelas
ISO da série 14000 e 26000. Já, em um último momento, exploramos alguns con-
ceitos voltados à ecologia, que nos proporcionaram uma noção mais realista da
amplitude de níveis hierárquicos que as ações antrópicas podem alcançar, sejam
estas associadas à alteração das condições ambientais próximas ou à diminuição
da capacidade de suporte de ambientes específicos, ecossistemas e/ou biomas.
Entretanto, todo o conteúdo apresentado nesta unidade objetiva iniciar uma
percepção ambiental sensibilizada e humana, que busca despertar, em você, futuro
profissional do segmento, uma visão holística dos mais variados processos pro-
dutivos, desde o consumo de insumos, dos possíveis impactos gerados pela sua
produção e o atendimento das legislações específicas para o descarte dos resíduos.

O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


57

Há hoje um conflito entre as várias compreensões do que seja sustentabilidade. Clássica


é a definição da ONU, do relatório Brundland, (1987) “desenvolvimento sustentável é
aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacida-
de das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações”. Esse conceito
é correto mas possui duas limitações: é antropocêntrico (só considera o ser humano)
e nada diz sobre a comunidade de vida (outros seres vivos que também precisam da
biosfera e de sustentabilidade). Tentarei uma formulação, a mais integradora possível:
Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informa-
cionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a co-
munidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as
necessidades da geração presente e das futuras de tal forma que o capital natural seja
mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução.
Expliquemos, rapidamente, os termos desta visão holística:
Sustentar todas as condições necessárias para o surgimento dos seres: estes só existem
a partir da conjugação das energias, dos elementos físico-químicos e informacionais
que, combinados entre si dão origem a tudo.
Sustentar todos os seres: aqui se trata de superar radicalmente o antropocentrismo. To-
dos os seres constituem emergências do processo de evolução e gozam de valor intrín-
seco, independente do uso humano.
Sustentar especialmente a Terra viva: a Terra é mais que uma “coisa” sem inteligência ou
um mero meio de produção. Ela não contém vida. Ela mesma é viva, se auto regula, se
regenera e evolui. Se não garantirmos a sustentabilidade da Terra viva, chamada Gaia,
tiramos a base para todas as demais formas de sustentabilidade.
Sustentar também a comunidade de vida: não existe, o meio ambiente, como algo se-
cundário e periférico. Nós não existimos: co-existimos e somos todos interdependentes.
Todos os seres vivos são portadores do mesmo alfabeto genético básico. Formam a rede
de vida, incluindo os microorganismos. Esta rede cria os biomas e a biodiversidade e é
necessária para a subsistência de nossa vida neste planeta.
Sustentar a vida humana: somos um elo singular da rede da vida, o ser mais complexo
de nosso sistema solar e a ponta avançada do processo evolutivo por nós conhecido,
pois somos portadores de consciência, de sensibilidade e de inteligência. Sentimos que
somos chamados a cuidar e guardar a Mãe Terra, garantir a continuidade da civilização
e vigiar também sobre nossa capacidade destrutiva.
Sustentar a continuidade do processo evolutivo: os seres são conservados e suportados
pela Energia de Fundo ou a Fonte Originária de todo o Ser. O universo possui um fim em
si mesmo, pelo simples fato de existir, de continuar se expandindo e se auto criando.
Sustentar o atendimento das necessidades humanas: fazemo-lo através do uso racional
e cuidadoso dos bens e serviços que o cosmos e a Terra nos oferecem sem o que sucum-
biríamos.
58

Sustentar a nossa geração e aquelas que seguirão à nossa: a Terra é suficiente para cada
geração desde que esta estabeleça uma relação de sinergia e de cooperação com ela e
distribua os bens e serviços com equidade. O uso desses bens deve se reger pela solida-
riedade generacional. As futuras gerações têm o direito de herdarem uma Terra e uma
natureza preservadas.
A sustentabilidade se mede pela capacidade de conservar o capital natural, permitir que
se refaça e ainda, através do gênio humano, possa ser enriquecido para as futuras ge-
rações. Esse conceito ampliado e integrador de sustentabilidade deve servir de critério
para avaliar o quanto temos progredido ou não rumo à sustentabilidade e nos deve
igualmente servir de inspiração ou de idéia-geradora para realizar a sustentabilidade
nos vários campos da atividade humana. Sem isso a sustentabilidade é pura retórica
sem consequências.
Fonte: Boff (2012, on-line)3.
59

1. A vida na superfície terrestre só foi possível em função da presença de determinados


elementos dispersos nas mais variadas esferas componentes da biosfera. Cada uma
destas esferas comporta e é responsável pelas interações naturais e de origem antró-
pica que nela ocorrem. Em face do exposto, assinale a alternativa que contempla as
três esferas componentes da biosfera.
a. Litosfera, Biosfera e Atmosfera.
b. Superfície terrestres, Litosfera e Atmosfera.
c. Núcleo, Manto e Atmosfera.
d. Litosfera, Hidrosfera e Atmosfera.
e. Litosfera, Hidrosfera e Hemisfera.

2. Os diferentes ciclos biogeoquímicos apresentam especificidades relativas aos ele-


mentos em questão. Em relação aos elementos: Carbono, Fósforo e Nitrogênio, ava-
lie as assertivas:
I. O carbono apresenta capacidade de formar até 4 ligações covalentes.
II. As reservas de fósforo possuem capacidade de renovação extremamente ágil.
III. O ciclo natural do fósforo, passa pelas etapas: Rocha, Indústria e Sistema agrícola.
IV. O processo que transforma amônia em nitrito é denominado nitrofilação.
Assinale a alternativa correta:
a. Nenhuma das afirmativas está correta.
b. Apenas II está correta.
c. Apenas III está correta.
d. Apenas IV está correta.
e. Apenas II, III e IV estão corretas.
60

3. Os níveis de organização ecológica ou níveis de hierarquia ecológica classifi-


cam corretamente as diferentes organizações populacionais quanto às suas
características: densidade ocupacional, distribuição e espaço. Cientes de sua
relevância, avalie as assertivas e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
( ) Uma população corresponde a um grupo de indivíduos pertencentes a uma
mesma espécie presentes e ocupantes de uma determinada área por um perí-
odo de tempo.
( ) Um ecossistema corresponde a meio no qual os organismos interagem com
o meio ambiente, realizando trocas de matéria e energia pelas vias existentes.
( ) A biosfera corresponde às populações que coexistem e habitam o mesmo
ambiente, interagindo de forma organizada.
( ) Uma organela celular pode ser conceituada como partícula única ou unida-
de fundamental em função de sua característica de indivisibilidade por proces-
sos químicos.
( ) Um bioma é composto por um conjunto de ecossistemas em uma larga es-
cala geográfica no qual as plantas ou as formações vegetais se destacam como
características, assim como suas as especificidades climáticas.

4. A vida na superfície terrestre sempre foi regida por um conjunto de caracte-


rísticas favoráveis ao seu pleno desenvolvimento. Dentre os motivos conside-
rados favoráveis, figuram os ciclos biogeoquímicos, devido a sua relevância e
amplitude. Considerando o exposto, assinale a alternativa que contém a corre-
ta definição de ciclos biogeoquímicos.
a. Correspondem a grupos de indivíduos pertencentes a uma mesma espécie
presentes e ocupantes de uma determinada área por um período de tempo.
b. Correspondem à associação da superfície terrestres com a Litosfera e Atmos-
fera.
c. Os ciclos biogeoquímicos são processos que, por diversos meios, reciclam
vários elementos em diferentes formas químicas, do meio ambiente para os
organismos e depois, fazem o processo contrário, ou seja, trazem esses ele-
mentos dos organismos para o ambiente.
d. São ferramentas de gestão que devem ser utilizadas visando alcançar a efeti-
vidade socioambiental de uma organização.
e. Compreendem uma partícula única ou unidade fundamental em função de
sua característica de indivisibilidade por processos químicos.
61

5. Quando pensamos em fatores limitantes ao desenvolvimento dos seres vivos,


somos imediatamente direcionados aos recursos disponíveis. Claro que existe
uma relação entre disponibilidade de recursos e o desenvolvimento de uma po-
pulação, assim como a retirada de recursos pode levar a extinção de determina-
da população. Neste contexto, cite os demais fatores que podem ser considera-
dos limitantes ao desenvolvimento dos seres vivo.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Introdução à Engenharia Ambiental: o desafio do


desenvolvimento sustentável
Benedito Braga, Ivanildo Hespanhol, João G. L. Conejo, José C.
Mierzwa, Mario T. L. de Barros, Mailton Spencer, Monica Porto,
Nelson Nucci, Nelsa Juliano e Sérgio Elger.
Editora: Pearson
Sinopse: escrito por um grupo de professores pioneiros no estudo
e no ensino do tema, este livro procura relacionar a engenharia
com outras áreas do conhecimento, já que transmite a visão da
engenharia em relação ao meio ambiente, além de apresentar a questão do conflito entre os aspectos
socioeconômicos e os ambientais como um dos grandes desafios da engenharia no futuro. Esta
nova edição leva em conta o dinamismo dos temas e dos próprios sistemas abordados, atualizando
dados e conceitos e incluindo um novo capítulo sobre métodos de gestão corporativa para o meio
ambiente e prevenção da poluição. Destinado aos cursos de engenharia, este livro também atende às
necessidades de profissionais de outras áreas interessados no presente e no futuro do meio ambiente.

Uma Verdade Inconveniente.


2006.
o cineasta Davis Guggenheim acompanha Al Gore, o ex-candidato à presidência dos EUA, no
circuito de palestras para conscientizar o público sobre os perigos do aquecimento global, e pede
uma ação imediata para conter seus efeitos destrutivos ao meio ambiente.
63
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2 Em: <https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-
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mar. 2018.
3 Em: <https://leonardoboff.wordpress.com/2012/01/15/sustentabilidade-tentati-
va-de-definicao/>. Acesso em: 12 mar. 2018.
GABARITO

1. D.
2. A.
3. V, V, F, F e V.
4. C.
5. pH e salinidade, umidade, temperatura, luz e recursos.
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

II
GERENCIAMENTO E

UNIDADE
TRATAMENTO DE ÁGUA E
EFLUENTES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os princípios de qualidade, captação e tratamento de água.
■■ Compreender as especificidades associadas aos efluentes sanitários e
industriais.
■■ Conhecer os diferentes tratamentos associados aos efluentes
sanitários e industriais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O consumo e a utilização da água
■■ Caracterização e especificidades das águas residuárias
■■ Os diferentes tratamentos e suas aplicações
INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo(a) caro(a) aluno(a) à segunda unidade do nosso material didá-


tico, intitulada gerenciamento e tratamento de água e efluentes. Esta unidade
tem por objetivo apresentar, a você, algumas informações pertinentes sobre o
tratamento de água e efluentes, com ênfase nos efluentes industriais, que são
resíduos líquidos do processo produtivo ou de beneficiamento que deverão ser
devidamente tratados antes de sua disposição final, seja esta realizada mediante
a um serviço de terceirização ou ainda destinada a uma estação de tratamento
de efluente própria da indústria.
Serão apresentados inicialmente alguns princípios básicos sobre a coleta,
tratamento e distribuição de água, que se fazem aqui relevantes em função da
utilização deste recurso, portanto, conhecer os inúmeros processos envolvidos
em sua utilização, poderá auxiliar na busca por formas de reduzir o consumo
deste recurso ou até mesmo reutilizá-lo na própria indústria.
Em um segundo momento iremos conhecer as características mais genera-
listas dos efluentes sanitários e industriais. Os efluentes sanitários aqui se fazem
relevantes, pois, muitas vezes, vocês poderão se deparar com estações de trata-
mento industriais que destinam seus efluentes sanitários ao mesmo local que
seus efluentes industriais, conferindo assim características diferentes ao efluente
final a ser tratado, portanto, conhecer suas especificidades assim como a legisla-
ção envolvida em seu despejo final é muito importante.
Por fim, iremos conhecer as diferentes etapas de tratamentos que podem ser
aplicadas, tanto para a água quanto para os efluentes industriais e sanitários, con-
siderando a necessidade identificadas antes do tratamento e também as legislações
pertinentes envolvidas. Sendo assim, caro(a) aluno(a), convido você a descobrir
novas informações e curiosidades sobre estes assuntos tão relevantes. Vamos lá?!
71

O CONSUMO E A UTILIZAÇÃO DA ÁGUA

Após uma breve introdução a alguns dos conceitos que se fazem relevantes
sobre meio ambiente e de conhecermos um pouco acerca de sua dinâmica na
Unidade I, este material didático em suas unidades seguintes irá apresentá-los
efetivamente às ações que devem ser realizadas no contexto empresarial/indus-
trial para que ocorra a redução dos impactos causados. Introduzindo assim, as
ferramentas sejam elas de gestão, manejo ou de tratamento pertinentes e condi-
zentes com as questões ambientais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

É de nosso conhecimento que água é uma substância insípida, incolor e


inodora, composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, que pode
ser encontrada dependendo das condições em estado líquido, sólido ou gasoso.
Sabemos também que a água recobre aproximadamente 70% da superfície do
planeta Terra e devido ao seu ciclo hidrológico, pode ser considerada um recurso
renovável. Conforme Barros et al. (1995), a água pode ser classificada conforme
sua utilização:
■■ Elemento de composição da natureza: meio de navegação, relativa à
regulação da umidade do ar e do clima na Terra, fonte de geração ener-
gética e transporte de despejos sanitários e industriais (líquidos);

■■ Ambiente para a vida aquática: habitat para organismos aquáticos;

■■ Fator indispensável à vida terrestre: irrigação do solo, abastecimento


público e industrial e dessedentação de animal.

Apesar de facilmente associamos a geração de resíduos a material sólido com


os líquidos (recursos hídricos) acontece o mesmo. A utilização que se faz destes
recursos é que determina as características finais, nesse caso, das águas residuá-
rias ou efluentes. O mesmo acontece para o atendimento das necessidades básicas
humanas, como no caso do esgoto sanitário.
Historicamente, o homem viu nos recursos hídricos formas de fomentar seu
desenvolvimento, além de atender suas necessidades voltadas à potabilidade, os
corpos hídricos ainda promovem desenvolvimento econômico desde a idade
média, quando povoados eram formados em regiões próximas à orla marítima

O CONSUMO E A UTILIZAÇÃO DA ÁGUA


72 UNIDADE II

ou a planícies de rios, possibilitando o surgimento das primeiras rotas comer-


ciais. Além do desenvolvimento econômico o homem ao longo de sua evolução
concluiu que o consumo ou a proximidade de águas impróprias, poderia resul-
tar na transmissão de doenças (RESENDE; HELLER, 2002).
Entretanto, por que devemos discutir sobre a água e o seu uso? Essa substân-
cia é indispensável para a manutenção da vida na Terra e para a sobrevivência
dos organismos, sendo, portanto, considerada um recurso primordial para a
vida, logo, podemos estabelecer uma relação na qual a quantidade de água dis-
ponível em uma região é diretamente proporcional ao conjunto de seres vivos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
presentes nessa mesma região. Além disso, discutir acerca da utilização cons-
ciente dos recursos naturais disponíveis e da necessidade de um manejo/gestão
adequados objetivam garantir o direito das gerações vindouras de acesso a um
ambiente equilibrado.
É fato que a dimensão ambiental, segundo Santos e Miguel (2002), vem
sendo incorporada aos diferentes processos produtivos das indústrias e à gestão
empresarial, inclusive como ferramenta para redução de custos e aumentos de
lucratividade, por meio de diferentes medidas para minimização, reuso e reciclo
dos efluentes líquidos gerados pelos diversos processos industriais.
Entretanto, apesar desse eminente despertar da consciência ambiental que
se observa nas últimas décadas, algumas atividades antrópicas figuram como
grandes consumidoras de elevado volume de água potável, uma vez que, lamen-
tavelmente, torna-se quase utópico afirmar que exista algum processo produtivo
ou de beneficiamento que não requer um grande volume de água em sua cadeia
produtiva.
Para Pena ([2018], on-line)1, conforme dados da Organização mundial das
nações unidas para a alimentação (FAO), a pecuária, e as atividades relacionadas
a ela, consome cerca de 70% da água do mundo, em uma perspectiva nacional,
esse número alcança 72% do volume consumido pelo nosso país que se des-
taca nesse setor da economia. Voltando à escala global, ainda segundo o autor,
depois do setor agrícola, a atividade das indústrias são responsáveis por 22% do
volume, seguido de 8% atribuído à utilização doméstica. A Tabela 1, apresenta
uma perspectiva do volume de água consumida nas indústrias.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


73

Tabela 1 - Consumo de água nas indústrias

TIPO DE INDÚSTRIA CONSUMO


Laminação de aço 85 m³ por tonelada de aço.
Refinamento de petróleo 290 m³ por barril refinado.
Indústria têxtil 1.000 m³ por tonelada de tecido.
Couro (curtumes) 55 m³ por tonelada de couro.
Papel 250 m³ por tonelada de papel.
Saboaria 2 m³ por tonelada de sabão.
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Usina de açúcar 75 m³ por tonelada de açúcar.


Fábrica de conservas 20 m³ por tonelada de conserva.
Laticínios 2 m³ por tonelada de produto.
Cervejaria 20 m³ por m³ de cerveja.
Lavanderia 10 m³ por tonelada de roupa.
Matadouros 3 m³ por animal abatido.
1 tonelada = 1000 Kg.
1m³ = 1000 L.
Fonte: adaptado de Barth (1987, on-line)2.

Apesar da vasta capacidade hídrica de nosso país, evidenciada pela gama de cor-
pos hídricos, aquíferos, mananciais e rios flutuantes, dados do instituto Trata
Brasil ([2018] on-line)3, indicaram que, em 2015, 35 milhões de brasileiros ainda
sofrem com a falta de abastecimento de água. Todavia, como em um país cuja a
extensão territorial é privilegiada com um grande potencial hídrico a população,
em sua totalidade, ainda não possui acesso a água de qualidade? As respostas
para esse questionamento giram em torno da gestão deste recurso e das políti-
cas que regulamentam o desenvolvimento de tecnologias e investimentos para
assegurar o direito a água com elevado grau de potabilidade a todos.

Quais ações posso tomar para reduzir o consumo de água potável em minha
residência?

O CONSUMO E A UTILIZAÇÃO DA ÁGUA


74 UNIDADE II

PRINCÍPIOS DE CAPTAÇÃO, QUALIDADE E TRATAMENTO DE


ÁGUA

Em um primeiro momento, podemos pensar que o abastecimento de água poderá


ser interminável, mediante a quantidade de água que recobre a superfície ter-
restre, porém, se considerarmos que desta superfície a maior parte da água é
salgada e, portanto, não pode ser utilizada para a agricultura, processos indus-
triais e consumo humano, esse panorama se inverte.
Historicamente, a captação e obtenção de água doce, com qualidade aceitá-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vel para atendimento das necessidades humanas, sempre foi uma preocupação.
Embora o conhecimento científico só tenha esclarecido/diferenciado padrões de
qualidade da água mediante ao advento da tecnologia. O homem nos primór-
dios da história já era capaz de distinguir a água de qualidade, sem cor, odor ou
sabor daquela que apresentava características atrativas.
O aporte pontual ou difuso de substâncias xenobióticas, organismos ou de
matéria orgânica em excesso a água podem resultar em uma série de agravos ao
meio ambiente, como, por exemplo, a poluição, contaminação e a eutrofização.
Como reflexo da evolução do conhecimento acerca da salubridade ambien-
tal, o abastecimento de água de fontes seguras e o despejo do esgoto passaram
a ocorrer em localidades diferentes dos corpos hídricos (manancial próximo a
cidade), essa mudança teve como principal objetivo evitar doenças relaciona-
das a condições impróprias de saneamento, caracterizando um período histórico
denominado higienista (TUCCI, 2008).

Substâncias xenobióticas se referem a substâncias químicas recalci-


trantes estranhas ao corpo humano, aos organismos e ao meio am-
biente. Referem-se a compostos sintéticos, sintetizados via técnicas de
engenharia química ou genética, como, por exemplo, pela transfor-
mação de microrganismos como fungos e bactérias. Alguns exemplos
são: fármacos, agentes saneantes ou tensoativos e defensivos agrícolas.
Fonte: o autor.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


75

Entretanto, qual fonte de água é utilizada para atender nossas necessidades atu-
ais? Os mananciais das águas urbanas são as fontes de água para abastecimento
que visam atender as necessidades humanas, animais e industriais. Essas fontes
podem ser superficiais (redes de rios da bacia hidrográfica da região) e sub-
terrâneas (aquíferos), cuja a disponibilidade de água, especialmente das fontes
superficiais, podem variar conforme sazonalidade, uma vez que a disponibili-
dade hídrica depende da capacidade do rio de se regularizar ao longo do tempo
(COSTA et al., 2012).
Outro questionamento que se faz relevante consiste em: como determinar
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se um corpo hídrico é apto para a captação de água? Além dos padrões de qua-
lidade, a disponibilidade hídrica é mensurada mediante uma série de fatores ou
condicionantes naturais, tais como: vazão, características da precipitação, eva-
potranspiração (total, variabilidade temporal e espacial) e da superfície do solo,
fatores considerados para uma distribuição estatística temporal.

A hidrologia e a mecânica de fluidos são áreas fundamentais para os estu-


dos de preservação dos recursos. Com o intuito de democratizar o acesso
à informação nestes segmentos a Agência Nacional de Água (ANA) dispo-
nibiliza em seu endereço eletrônico, inúmeros materiais que podem ser
consultados acerca dessas temáticas. Confira! Para saber mais, acesse o link:
<https://capacitacao.ead.unesp.br/conhecerh/handle/ana/240>.

Já as fontes subterrâneas, compõem a maior reserva de água doce do globo


(MINAYO-GOMEZ, 2011). Tais reservas se dividem entre aquíferos confinados
e não confinados, de acordo com a formação geológica, que fazem referência a
pressão exercida sobre os mesmos, ou seja, os confinados estão sobre influência
de pressão superior à atmosférica, ao passo que os não confinados não estão sobre
pressão e podem ser repostos por fluxos naturais de escoamento (RIBEIRO, 2008).
Ainda segundo Ribeiro (2008), normalmente, a água subterrânea é utilizada no
abastecimento de cidades de pequeno e médio porte, pois depende da vazão de
bombeamento que o aquífero permite retirar sem comprometer seu balanço de
entrada e saída de água. A captação em aquíferos merece uma atenção especial

O CONSUMO E A UTILIZAÇÃO DA ÁGUA


76 UNIDADE II

em função do risco de contaminação por substâncias xenobióticas e recalcitrantes


que podem se infiltrar/percolar no lençol freático e contaminar reservas de água.
Após abordarmos, brevemente, alguns conceitos sobre a captação de água,
discutiremos sobre tratamento e disponibilização. Após sua captação a água é
transportada até a estação de tratamento de água (ETA) e, posteriormente, dis-
tribuída à população, por uma rede. Esse sistema implica elevados investimentos,
geralmente públicos, para garantir água em quantidade e qualidade adequada.
Segundo Libânio (2010), as tecnologias envolvidas no tratamento de água
têm por objetivo adequar os parâmetros da água bruta aos limites estabelecidos

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pela portaria 2914 do Ministério da Saúde, considerando os custos de implemen-
tação, manutenção e operação mais viáveis possível. Além disso, para o autor,
a escolha da tecnologia deve ser permeada por algumas premissas, sendo elas:
a. As características da água bruta disponível para captação;

b. Os custos envolvidos;

c. Manuseio e confiabilidade dos equipamentos;

d. Flexibilidade operacional;

e. Localização geográfica e características da população.

Normalmente, os municípios adotam o modelo de ETA convencional, conforme


proposto pela resolução CONAMA 357/2005 e pela NBR 12216 de 1992. O
modelo de tratamento convencional ou de ciclo completo compreende as seguin-
tes etapas: Coagulação; Floculação; Decantação ou flotação; Filtração rápida
descendente; Ajustes finais - que envolvem desinfecção - Fluoretação, ajuste de
pH dentre outros processos necessários.
Cada uma das etapas possui uma finalidade no processo de tratamento de
água, sendo elas:
■■ Adição de Sais de Alumínio, Cal e Cloro: promovem a coagulação de impu-
rezas presentes na água como: matéria orgânica e sólidos dissolvidos ou em
suspensão que alteram o pH com o intuito de aumentar a eficiência dos agen-
tes coagulantes e atuam como agente saneante, respectivamente.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


77

■■ Floculação: a ação dos agentes coagulantes, da etapa anterior, provoca


uma desestabilização das cargas superficiais das impurezas presentes, desta
forma, ao serem submetidas ao processo de agitação intensa, as impurezas
irão se agregar, formando flocos de maior densidade que serão removi-
das na etapa seguinte.
■■ Decantação: os flocos formados irão decantar em função das forças gravi-
tacionais, gerando uma separação do líquido menos denso das impurezas
de maior peso e agregadas em função das etapas anteriores.
■■ Filtração: o processo de filtração granular descendente é relevante para
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a remoção dos parâmetros: turbidez, cor aparente, sólidos totais e densi-


dade de microrganismos como algas e coliformes.
■■ Adição de cal, cloro e flúor: o cloro e o flúor, adicionados nesta etapa,
atuam visando a eliminação de microrganismos patogênicos associados
a doenças transmitidas pela água, enquanto o Cal realiza o ajuste do pH
em faixa condizente com as legislações estabelecidas.

Entretanto, atualmente, métodos de tratamento de água vêm sendo repensados,


em especial, em função da utilização dos sais de alumínio como agentes coa-
gulantes. Quantidades de alumínio residual na água são mais aptas à absorção
biológica, do que as oriundas de outras fontes, o que pode resultar em deposi-
ções de alumínio em vias neuroquímicas, causando efeitos adversos indesejáveis,
dentre eles, destacam-se os efeitos desproporcionais sobre o mal de Alzheimer
(REIBER et al., 1995).
Em face de tais problemáticas e também da necessidade de garantia de for-
necimento de água de qualidade à população, o Ministério da Saúde elaborou
a Portaria 2914 de 2011 que dispõe sobre os parâmetros de qualidade da água
potável. Sendo alguns deles expressos na Tabela 2:

O CONSUMO E A UTILIZAÇÃO DA ÁGUA


78 UNIDADE II

Tabela 2 - Parâmetros de potabilidade estabelecidos pela Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde

PARÂMETRO SIGNIFICADO VALOR MÁXIMO


PERMITIDO
(VMP)

Presença de Grupo de bactérias que são indicadores de Ausência em


Coliformes contaminação ambiental 100 mL
Teor de Cloro Agente desinfetante, utilizado para eliminar 0,2 mg/L
microrganismos que possam estar presentes
nas águas e provocar doenças por via hídrica
Turbidez É a medida da quantidade de partículas em 5 UT (unidades

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suspensão (material insolúvel) presentes na de turbidez) ou
água e que impedem a passagem de luz NTU (Unidade
nefelométrica
de turbidez).
pH Indica a natureza ácida ou básica da água. É 6,0 a 9,5
monitorado durante as etapas de tratamento
e na rede de distribuição, evitando os proces-
sos de corrosão nas canalizações
Cor Parâmetro de aspecto estético de aceitação 15 Unidade
ou rejeição do produto. A cor indica a presen- Hazen (mg
ça de substâncias dissolvidas ou finamente PtCo/L).
divididas que conferem coloração específica
à água
Teor de Flúor Composto químico que é adicionado à água 1,5 mg/L
tratada para prevenção da proliferação de
microrganismos indesejados
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

Cabe ressaltar que existem outros parâmetros relacionados a potabilidade que


são expressos pela portaria. Tal portaria ainda discorre acerca das responsabili-
dades de fiscalização e monitoramento nas esferas federal, estadual e municipal.
Após o tratamento de água potável, a qualidade desta pode sofrer uma série
alterações após tratamento, fazendo com que a qualidade da água, destinada
à população, seja diferente da qualidade da água que deixa a estação de trata-
mento. Tais alterações podem ser causadas por variações químicas e biológicas
(DEININGER et al. 1992). Conforme Clark e Coyle (1989), dentre os possíveis
fatores que influenciam tais mudanças estão:

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


79

a. Qualidade química e biológica da fonte hídrica;

b. Eficácia do processo de tratamento, condições de armazenagem e sis-


tema de distribuição;

c. Idade, tipo, projeto e manutenção da rede;

d. Qualidade da água tratada.

Por fim, estes são apenas alguns dos temas principais associados ao tratamento
de água, esgotar esta temática em apenas um material didático seria muita pre-
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tensão em função de sua especificidade e da gama de assuntos relacionados que


podem ser abordados. Discutir tantos assuntos voltados ao tratamento de água
quando o objetivo é abordar o tratamento de efluentes é relevante, especialmente
quando muitos dos princípios aqui apresentados também são válidos para o tra-
tamento de efluentes.

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

Segundo a Resolução 430/2011 do Conama, efluente é o termo utilizado para


caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou proces-
sos, sejam estas atividades domésticas, comerciais ou industriais, sendo uma
composição um reflexo de seu processo ou destinação (BRASIL, 2011).
Desta forma, neste momento, iremos focar os efluentes domésticos ou sani-
tários e os industriais. Discutir sobre efluentes sanitários, mesmo no contexto
da produção, se faz relevante, pois, muitas vezes, as indústrias irão destinar seus
efluentes sanitários à mesma estação de tratamento de efluentes responsável pelo
tratamento de efluente líquido oriundo da produção, no caso das empresas que
realizam o tratamento de seus efluentes em seus próprios espaços físicos.

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


80 UNIDADE II

EFLUENTES SANITÁRIOS OU DOMÉSTICOS

Segundo Von Sperling (2005), os efluentes domésticos são compostos de, apro-
ximadamente, 99% de água, enquanto a fração restante corresponde a uma
associação de sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos ou dissolvidos, nos
quais são encontrados uma série de organismos e microrganismos patogênicos
como vírus, bactérias, protozoários e helmintos. A associação destes compostos
aos dejetos humanos faz com que esse tipo de efluente apresente características
próprias, como odor característico e temperatura levemente elevada, devido a

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atividade microbiológica.
A Tabela 3 apresenta as principais característica físico-químicas, comumente,
observadas nos efluentes domésticos/sanitários.

Tabela 3 - Características físico-químicas dos efluentes domésticos/sanitários

PARÂMETRO DESCRIÇÃO

Tempera- Normalmente possuem temperatura superior a da água de


tura abastecimento e está relacionada com a atividade dos microrga-
nismos, solubilidade de gases, velocidade das reações químicas e
viscosidade dos líquidos.
Cor A coloração dos efluentes domésticos normalmente é cinza, cin-
za escura ou preta, em função do material dissolvido. A cor deste
tipo de efluente é diretamente influenciada pela decomposição
da matéria orgânica.
Odor O odor dos esgotos domésticos é desagradável em função dos
gases sulfídricos liberados em função do processo de decompo-
sição da matéria orgânica.
Turbidez Influenciada pelos sólidos em suspensão, areia, argila, mate-
rial orgânico e inorgânico e microrganismos e faz referência a
dificuldade de difração da luz na água. Portanto, efluentes mais
concentrados possuem maior turbidez.
Sólidos Referem-se ao balanço de todos os sólidos presentes nos esgotos
Totais domésticos.
Sólidos em Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos suspensos no esgoto
suspensão que possuem dimensões específicas superiores, variando de >
0,45 a > 2,0 μm.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


81

Sólidos Representam os componentes minerais, não incineráveis e iner-


fixos tes dos sólidos em suspensão.
Sólidos Correspondem aos componentes orgânicos dos sólidos em
voláteis suspensão.
Sólidos Dis- Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos suspensos no esgoto
solvidos que possuem dimensões específicas inferiores, variando de <
0,45 a < 2,0 μm.
Sólidos Correspondem aos componentes minerais dos sólidos dissolvi-
fixos dos.
Sólidos Correspondem aos componentes orgânicos dos sólidos dissolvi-
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voláteis dos.
Sólidos Fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que possuem peso
Sedimentá- molecular suficiente para sedimentar em um período de 1 hora. É
veis analisado em cone Imhoff.
Matéria Refere-se aos compostos orgânicos, sendo os principais compo-
Orgânica nentes: Proteínas, Carboidratos e Lipídios. Para sua determinação
normalmente são analisadas as demandas químicas e bioquími-
cas de oxigênio ou via carbono orgânico total.
Nitrogênio Inclui as formas de nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato.
Total Componentes orgânicos da matéria orgânica, sua presença em
efluentes está relacionada à decomposição.
Fósforo É um nutriente essencial presente na composição de várias
substâncias orgânicas e inorgânicas. Sua presença em esgoto
doméstico está relacionada a decomposição destas substâncias
e a sua disponibilidade no meio é preocupante pois esses
nutrientes são essenciais para o desenvolvimento de microrga-
nismos, algas e plantas.
pH Indica se a característica do esgoto é ácida ou básica. A variação
neste parâmetro pode influenciar a eficiência dos tratamentos
para este tipo de efluente. Valores ácidos de pH tornam o efluen-
te corrosivos ao passo que valores ácidos aceleram a incrustação
destes efluentes pela tubulação do sistema de esgotamento
sanitário.
Alcalinida- Representa a capacidade de um sistema aquoso de neutralizar
de ácidos sem que haja a perturbação de forma extrema das ativida-
des biológicas que nele decorrem. Está relacionada a presença de
carbonatos, bicarbonatos e hidroxilas, sódio e cálcio.

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


82 UNIDADE II

Cloretos Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos humanos.


Óleos e Fração de matéria orgânica solúvel em hexano, no caso dos esgo-
Graxas tos domésticos estão relacionados aos óleos e gorduras utiliza-
dos no preparo ou na composição de alimentos.
Presença A presença dos microrganismos neste tipo de efluente é predo-
de Micror- minantemente em função dos dejetos humanos. São comuns a
ganismos este tipo de efluente os coliformes fecais, sendo estes um grupo
de bactérias comuns ao trato intestinal humano e de animais.
Este grupo compreende os gêneros Escherichia e em menor
grau, espécies de Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter (WHO,
1993).

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Fonte: adaptado de Von Sperling (2005) e Who (1993).

A legislação que dispõe especificamente sobre os padrões que devem ser atingi-
dos para o lançamento de efluentes é a Resolução do CONAMA 430/2011. Esta
legislação rege parâmetros, diretrizes e padrões para o despejo de efluentes domés-
ticos/sanitários e industriais em corpos receptores. O artigo 21º desta legislação
preconiza que o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de trata-
mento de esgotos sanitários deve atender os padrões expressos na tabela a seguir:

Tabela 4 - Parâmetros físico-químicos e valores máximos permitidos para o lançamento de efluentes


sanitários em corpos hídricos

PARÂMETRO VALOR MÁXIMO PERMITIDO (VMP)

pH Entre 5 e 9.

Tempera- Inferior a 40ºC.


tura
Sólidos Até 1 mL/L (Teste em cone Inmhoff ), caso a disposição ocorra em
Sedimentá- lagos/lagoa os sólidos sedimentáveis deverão ser ausentes.
veis
Óleos e Até 100mg/L.
Graxas
Materiais Ausentes.
Flutuantes

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


83

Demanda Máximo de 120 mg/L, sendo que este valor poderá ser ultrapassa-
Bioquímica do no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência
de Oxigênio de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de
(DBO5) autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
Fonte: Resolução Conama 430/2011 (BRASIL, 2011).

Lembrando que existem ressalvas para os efluentes sanitários, que recebem lixi-
viados de aterros sanitários, neste caso, o órgão ambiental competente deverá
indicar quais os parâmetros da Tabela I do art. 16, inciso II da Resolução 430/2011
do Conama que deverão ser atendidos e monitorados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os cuidados específicos com esse tipo de efluente se dá em função dos pos-


síveis impactos causados ao meio ambiente, além do aporte de matéria orgânica
que pode acelerar o processo de eutrofização a presença de microrganismos
patogênicos oriundos do trato digestivo dos seres humanos se tornar a princi-
pal preocupação. A presença destes microrganismos faz com que esse tipo de
efluente, na ausência de tratamento adequado, se torne agente de transmissão
de doenças relacionadas a falta de saneamento básico como a cólera, disente-
rias, febres tifóides, leptospirose, amebíase, dentre outras.
Na Tabela 4, fomos apresentados ao parâmetro demanda bioquímica de
oxigênio ou DBO, este parâmetro determina, de forma indireta, a quantidade
(concentração) de matéria orgânica degradável pela ação microbiológica pre-
sente em um efluente. Em outras palavras, trata-se da quantidade de oxigênio
consumida pelos microrganismos aeróbios facultativos e/ou aeróbios presentes
no efluente para que ocorra a degradação metabólica de toda a matéria biode-
gradável carbonácea presente (BROOKMAM, 1996). Este parâmetro indica a
taxa de degradação do efluente em questão, estabelecendo uma relação sobre a
taxa de consumo de oxigênio em função do tempo.
Em relação a demanda bioquímica de oxigênio, se faz relevante apresen-
tar a demanda química de oxigênio ou DQO, este parâmetro indicativo, assim
como a DBO, avalia o consumo de oxigênio, só que, neste caso, a DQO avalia o
consumo de oxigênio para a oxidação química da matéria orgânica, comumente
analisada utilizando um agente oxidante forte como o dicromato de potássio em
uma alíquota da amostra com pH ácido. Estes dois parâmetros, quando compa-
rados de forma conjunta, proporcionam informações sobre a biodegradabilidade

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


84 UNIDADE II

do efluente e, consequentemente, auxilia na escolha do método mais adequado


para o seu tratamento. Para estabelecer essa relação utiliza-se o seguinte cál-
culo: sendo “r” a relação entre DQO/DBO, o resultado desta equação indica
qual das frações envolvidas, a inerte ou a biodegradável do efluente, está elevada
ou não. A Tabela 5 contém informações sobre a relação entre estes parâmetros
que, segundo Von Sperling (2005), são imprescindíveis para a escolha do trata-
mento adequado.
Tabela 5 - Relação Demanda química de oxigênio/Demanda bioquímica de oxigênio em efluentes

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RELAÇÃO DQO/DBO INDICAÇÃO DE TRATAMENTO
Baixa (< a 2,5) A fração biodegradável do efluente é elevada podendo
ser indicado tratamento biológico.
Intermediária (entre A fração biodegradável não é elevada, sendo necessário
cerca de 2,5 a 3,5) realizar alguns estudos de tratabilidade para verificar a
viabilidade do tratamento biológico.
Elevada (entre cerca de A fração inerte (não biodegradável) é elevada, possível
3,5 a 4,0 ou superior) indicação para tratamento físico-químico.
Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).

Ainda sobre a Tabela 4, também, foram apresentados valores máximos permi-


tidos (VMP) para alguns parâmetros pautados em legislação, entretanto, como
mensurar se o tratamento proposto está sendo efetivo e está de acordo com os
valores previstos em legislação? Por meio do cálculo de eficiência de remoção,
representado pela fórmula:
Para tanto, utiliza-se o valor mensurado do parâmetro em questão antes do
tratamento, e o valor obtido após o tratamento aplicado. Algumas das técnicas
de quantificação de alguns parâmetros físico-químicos que podem ser aplicadas,
tanto para água como para efluentes, serão apresentados na leitura complementar
desta unidade. Já os diferentes tipos de tratamento existentes, serão explorados
mais adiante nesta unidade.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


85

EFLUENTES INDUSTRIAIS

Efluentes industriais são provenientes das atividades industriais diversas, e, além


de representarem um reflexo de sua utilização industrial (processos de benefi-
ciamento), compreendem esgotos sanitários, como dejetos humanos sólidos e
líquidos, agentes saneantes como produtos de limpeza, dentre outros tipos de
resíduos. A fração de esgoto sanitário, gerado nas indústrias, pode ser tratada
juntamente com os resíduos industriais ou de forma segregada.
As características são variadas em efluentes industriais e estão relacionadas
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aos processos produtivos realizados, a matéria prima e aos insumos utilizados


durante o processo, a intensidade das operações realizadas ou, ainda, ao período
de operação da indústria e ao consumo e reutilização de água.
Alguns efluentes industriais podem apresentar características tóxicas, podendo
causar efeitos danosos aos organismos que tiverem contato ou mesmo ao corpo
receptor. Alguns ramos industriais ainda devem controlar as emissões em cor-
pos receptores em função do potencial toxicológico, como indústrias químicas,
petrolíferas, de galvanoplastia, dentre outras (DEZZOTI, 2008).
Para saber se haverá a necessidade de realizar um tratamento prévio dos
efluentes industriais e a fim de caracterizar a carga poluidora, bem como propor
o tratamento mais adequado é necessário ter um conhecimento de todo o pro-
cesso, para definir as condições de amostragem. Para Giordano (2004), conhecer
as características da produção e todo o fluxograma do processo industrial é fun-
damental para lidar com os efluentes gerados. Ainda se destacam como fatores
relevantes para as características dos efluentes os produtos de limpeza utilizados
na indústria, a rotina de higienização dos equipamentos e instalações, horários
de manutenção e número de funcionários por turno.
Para a caracterização inicial do efluente (efluente bruto), devem ser consi-
derados parâmetros relacionados a carga poluidora e que sejam de relevantes
para a compreensão das características do mesmo, devendo ser consideradas a
frequência de amostragem, a forma de coleta, o acondicionamento, o armaze-
namento, a sazonalidade produtiva e as condições climáticas.

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


86 UNIDADE II

Alguns exemplos de efluentes industriais das mais variadas atividades e suas


composições estão expressos na Tabela 6.
Tabela 6 - Composição de alguns efluentes industriais

ATIVIDADE COMPOSIÇÃO DO EFLUENTE

Agropecuária Oriundos da bovinocultura, suinocultura estão relacionados a


intensiva quantidade de água utilizado nos processos, como limpeza de
estabelecimentos ou equipamentos. Apresentam elevados ín-
dices de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,
sódio, magnésio, ferro, zinco, sobre, dentre outros elementos
incluídos na dieta (SILVA, 2007).

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Provenientes Podem ser classificados em duas categorias, uma relacionada
dos Serviços aos usos rotineiros, de higiene e sanitários, enquanto a outra
de Saúde classificação refere-se a pesquisas e utilização de formulações
química e de fármacos. Normalmente possuem pH diferentes
em relação aos esgotos sanitários comuns, devido a presença
de excretas contaminadas, líquidos biológicos, resíduos de me-
dicamentos, solventes, corantes, dentre outros (BOILLOT et al.,
2008) O tratamento dos efluentes dos serviços de saúde estão
sujeitos a exigências especiais previstas por legislação.
Lixiviado Em geral em sua composição encontram-se matéria orgânica
(Chorume) dissolvida e solubilizada, produtos intermediários da digestão
anaeróbia de microrganismos, substâncias químicas per-
sistentes oriundas dos agrotóxicos ou demais xenobióticos
(BASSANI, 2010). A concentração dos metais nos lixiviados está
relacionada a composição dos materiais destinados aos aterros
ou aos lixões.
Indústria têxtil Grandes consumidores de água e de corantes sintéticos, gera-
dores de efluentes volumosos e complexos com elevada carga
orgânica, aliada ao elevado teor de sais inorgânicos (KAMIDA
et al., 2005).
Fonte: adaptado de Silva (2007); Boillot et al., (2008); Bassani, (2010); Kamida et al., (2005).

Quanto ao seu descarte, o artigo 16º desta legislação preconiza que os efluen-
tes de qualquer fonte poluidora poderão ser lançados em corpos hídricos, desde
que atendam os parâmetros na Tabela 7:

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


87

Tabela 7 - Parâmetros físico-químicos e valores máximo permitido de efluentes em corpos hídricos,


segundo a resolução Conama

Parâmetro Valor máximo permitido (VMP)


PH ENTRE 5 E 9.

Tempera- Inferior a 40ºC.


tura
Sólidos Se- Até 1 mL/L (Teste em cone Inmhoff ), caso a disposição ocorra em
dimentáveis lagos/lagoa os sólidos sedimentáveis deverão ser ausentes.
Regime de Vazão máxima de até 1,5 da vazão média do agente poluidor,
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lançamento podendo ser superior em casos permitidos por autoridades


competentes.
Óleos e Óleos Minerais até 20mg/L e Óleos Vegetais e Gordura Animal
Graxas até 50mg/L.
Materiais Ausentes
Flutuantes
DBO5 Remoção mínima de 60% podendo ser alterado somente me-
diante a estudo de autodepuração.
Fonte: Resolução Conama 430/2011 (BRASIL, 2011).

Reparem que estes padrões são muito próximos aos padrões estabelecidos pela
mesma resolução para o despejo de efluentes sanitários em corpos receptores.
Entretanto, cabe destacar que, tanto para os efluentes industriais como para os
domésticos, a legislação estadual ou municipal podem apresentar variações em
relação aos valores impostos pelo Conama, devendo ser atendida sempre aquela
legislação que se apresentar mais restritiva.
Ainda sobre a resolução 430/2011 do Conama, em um segundo momento,
ainda no artigo 16, são apresentados os padrões de lançamento de efluentes em
relação aos parâmetros inorgânicos e orgânicos, expresso na Tabela 8:

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


88 UNIDADE II

Tabela 8 - Padrões de lançamento de efluentes - parâmetros orgânicos e inorgânicos

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO PERMITIDO


Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total (não se aplica a águas salinas) 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 1,0 mg/L CN

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Cianeto livre 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total 5,0 mg/L Zn
Parâmetros orgânicos Valor máximo permitido
Benzeno 1,2 mg/L
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatório de 1,1 + 1,2cis + 1,2 1,0 mg/L
trans)
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


89

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-ami- 0,5 mg/L C6H5OH
noantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L

Fonte: Resolução Conama 430/2011 (BRASIL, 2011).


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OS DIFERENTES TRATAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES

Você se recorda que, anteriormente, foi dito que os tratamentos de água e de


efluentes possuem algumas características em comum? Pois bem, neste tópico des-
tinado ao tratamento de efluentes, iremos, novamente, comentar sobre algumas
destas técnicas, porém com um enfoque especial aos efluentes e suas peculiarida-
des. O tratamento de efluentes destina-se à aplicação de técnicas e procedimentos
necessários para adequar as águas residuárias a legislação pertinente. A eficiên-
cia do tratamento está associada ao nível/complexidade de tratamentos aos quais
os efluentes estão submetidos. As etapas do tratamento de efluentes podem ser
classificada em:
■■ Tratamento Preliminar ou Pré-tratamento.

■■ Tratamento Primário.

■■ Tratamento Secundário.

■■ Tratamento Terciário.
Sendo cada uma destas etapas caracterizadas por uma série de processos, espe-
cificados a seguir. Porém, inicialmente, vamos apresentar uma planta modelo
de uma estação de tratamento de efluentes. Lembrando que a estação de trata-
mento de uma indústria pode variar quando a proporção não ficar localizada

OS DIFERENTES TRATAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES


90 UNIDADE II

no mesmo espaço físico que a indústria, podendo ocorrer o armazenamento e


transporte para posterior tratamento ou ainda a terceirização deste serviço para
empresas especializadas.

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Figura 01 - estação de tratamento industrial

Neste modelo de planta de estação de tratamento industrial ocorrem basica-


mente os mesmo processos descritos na estação de tratamento de água, porém
com algumas variações. Notem que neste modelo ainda ocorre a captação dos
gases gerados nos digestores e sua conversão em energia elétrica, infelizmente
tal modelo ideal não se aplica com tanta frequência em nosso país, visto que a
geração de efluentes de alta carga poluidora ocorre, em geral, em instalações
improvisadas de pequeno a médio porte, muitas delas conduzidas por recicla-
dores informais, sem licenciamento para seu funcionamento e sem qualquer
compromisso com a legislação ambiental (BORDONALLI; MENDES, 2009).
O que se observa, normalmente, são pequenas estações de tratamento com-
postas por um sistema de gradeamento prévio ao espaço ou tanque destinado à
equalização e correção de pH, seguido de um tanque de coagulação/floculação/

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


91

sedimentação e uma única lagoa de estabilização biológica, onde ocorrerá a degra-


dação biológica da carga poluidora. A realidade ambiental das indústrias, muitas
vezes, é bem diferente do que a imagem transmitida pela mesma, fiquem aten-
tos! Neste sentido, vamos dar sequência a descrição das etapas do tratamento de
efluentes.

TRATAMENTO PRELIMINAR OU PRÉ-TRATAMENTO


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O tratamento preliminar tem por objetivo a remoção de sólidos e materiais que


são descartados nas vias fluviais como, por exemplo, plástico, madeiras, ou qual-
quer outro tipo de resíduos sólido estranho a composição do efluente industrial.
O princípio do aplicado na remoção destes materiais é física e pode ser realizado
via gradeamento e/ou peneiramento. Ambas metodologias consistem em barrei-
ras físicas com grandes ou peneiras com espessuras variadas que retém materiais
inapropriados e que devem ser retirados manualmente.
Nesta etapa do tratamento ainda ocorre a separação de materiais flutuan-
tes como espumas com densidade menor que a da água nas chamadas caixas de
gordura e também a equalização que visa minimizar o fluxo impossibilitando o
aporte excessivo no sistema de tratamento e por fim, a correção do pH ou neu-
tralização pela adição de ácido ou base ao volume armazenado objetivando
potencializar as etapas sequenciais.

TRATAMENTO PRIMÁRIO

Após o tratamento preliminar o efluente ainda apresenta grande parte de sóli-


dos em suspensão e elevada carga de matéria orgânica que podem ser separados
do efluente pelo processo de separação de sólido-líquido baseado na diferença
de densidade das substâncias presentes na água que sofrem influência da força
gravitacional, denominada sedimentação/decantação. Essa etapa ocorre em
decantadores ou sedimentadores (clarificadores) que são reservatórios circula-
res ou retangulares.

OS DIFERENTES TRATAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES


92 UNIDADE II

O processo mais comum e mais utilizado é o de coagulação/floculação/


sedimentação especialmente pelos países em desenvolvimento, nesta etapa do
tratamento primário reagentes químicos coagulantes são adicionados e possi-
bilitam a formação de flocos de carga positiva e com alto peso molecular. Desta
forma, os flocos formados ficam sujeitos à ação gravitacional durante a sedi-
mentação. Este processo é comumente aplicado no tratamento de água e os
coagulantes mais utilizados são os sais férricos e o policloreto de alumínio. Outro
tratamento primário que pode ser utilização é a flotação, que consiste na injeção
de ar comprimido na parte inferior do tanque o que faz com que as impurezas

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sejam impulsionadas para a parte superior do tanque após a coagulação, pos-
sibilitando a retirada mecânica das mesmas por pás ou sistema automatizado.

TRATAMENTO SECUNDÁRIO

O tratamento secundário possui como essência a atividade biológica, visando a


remoção de matéria orgânica. Nesta etapa em reservatórios destinados exclusi-
vamente a esse tratamento, microrganismos como bactérias e fungos consomem/
degradam a matéria orgânica, gerando subprodutos não tóxicos, água e gás car-
bônico. Entretanto, para o sucesso deste tratamento, alguns fatores devem ser
controlados para otimizar a ação dos microrganismos, como temperatura, pH
e presença ou ausência de oxigênio. Os tratamentos mais comuns são: lagoas de
estabilização, reatores anaeróbios, formação de biofilmes e lodo ativado.
Para este processo, dependendo da aplicação, tratamentos preliminares são
dispensados, pois os sólidos são necessários para o acúmulo e a manutenção do
sistema biológico. Tratamentos secundários são constituídos por uma gama de
metodologias que apresentam vantagens específicas relacionadas aplicações e
aos resultados desejados e para auxiliar na comparação dos diversos tratamentos

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


93

secundários existentes, a Tabela 9 expressa algumas informações sobre os mesmos:


Tabela 9 - Vantagens e desvantagens associados aos tratamentos secundários

TRATAMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS


Lagoas Fa- Remoção da demanda bioquímica Necessita de grandes
cultativas e de oxigênio. extensões territoriais.
Anaeróbias-Fa- Fácil construção e Manutenção. Dificuldade em atender
cultativas os padrões de lança-
mento.
Proliferação de insetos.
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Sujeito a interferência
climática.
Lagoa Aerada Fácil construção, operação e manu- Elevado consumo ener-
Facultativa tenção. gético.
Não requer tanta extensão de terri- Necessidade de equi-
tório. pamento e maquinário.
Eficiente da remoção da demanda Baixa remoção de coli-
bioquímica de oxigênio. formes.
Manutenção para
remoção de lodo peri-
ódica.
Tanque Sép- Resistência à variação de carga. Baixa eficiência aos
tico Não requer extensão territorial nutrientes relacionados
elevada. à eutrofização.
Eficiente remoção da demanda bio- Gera odores fortes e
química de oxigênio. desagradáveis.
Necessita de pós trata-
mento.
Reator UASB Baixos requisitos de área e energia. Necessita de pós trata-
Eficiente para a remoção da deman- mento.
da bioquímica de oxigênio. Baixa eficiência aos
Possibilita reuso do Biogás. nutrientes relacionados
à eutrofização.

OS DIFERENTES TRATAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES


94 UNIDADE II

Lodos Ativa- Baixos requisitos de área. Elevados consumos de


dos Eficiente para remoção de fósforo, energia para operação.
nitrogênio e demanda bioquímica Problemática com
de oxigênio. ruídos.
Pouca eficiência para
remoção de coliformes.
Fonte: adaptado de Andreoli et al. (2001).

Em todos os tipos de tratamento secundário citados é necessário fazer a gestão


adequada do lodo gerado, sendo que o lodo resultante da atividade biológica
eventualmente e conforme a necessidade, deverá ser retirado da lagoa em que

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estiver sendo aplicado, preferencialmente quando sua atividade biológica for
reduzida devido a intensa utilização. Antes de seu descarte, todo esse lodo resi-
dual deverá ser tratado antes de receber uma destinação final adequada.

TRATAMENTO TERCIÁRIO

A última etapa do tratamento de efluentes consiste na última tentativa de ade-


quar os parâmetros que ainda não se enquadraram nos valores estabelecidos pela
legislação. Dentre as opções anteriores, o tratamento terciário se torna o mais
variável de acordo com a necessidade, logo, podemos relacionar esta etapa com
a composição inicial do efluente e suas necessidades específicas.
Alguns exemplos deste tratamento são a desinfecção, adsorção em carvão
ativado, processos oxidativos avançados, dentre outros processos que visam a
remoção de poluentes específicos como o nitrogênio e o fósforo que aceleram o
processo eutrofização em corpos hídricos. A desinfecção é realizada pela ação
de agentes saneantes ou energia na forma de radiação ultravioleta com o intuito
de eliminar microrganismos característicos do tratamento de esgotos e estra-
nhos ao meio ambiente. Estes microrganismos, normalmente, estão atrelados
a doenças de veiculação hídrica e serão abordadas em um encontro específico.
A adsorção consiste em um processo físico ou químico que induz aglome-
ração das substâncias de interesse em uma superfície, como exemplo é possível
citar o carvão ativado que apresenta sua superfície modificada para atrair subs-
tâncias específicas. A adsorção pode ser realizada utilizando resíduos da produção

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


95

que sirvam como suporte ou superfície para a adesão de moléculas elaboradas/


específicas, como pesticidas, corantes, hormônios, dentre outras.
Já os processos oxidativos avançados (POA) consistem em processos que
visam a eliminação de substâncias mediante a quantidade de radicais hidroxilos
(OH) disponíveis para oxidação da substância de interesse. Alguns exemplos de
POA são a fotocatálise, ozonização e fotólise. Para acelerar esses processos, uti-
lizam-se radicais oxidantes e pouco seletivos que podem ser obtidos por meio
de diferentes combinações entre a radiação ultravioleta, peróxido de oxigênio,
ozônio e fotocatalisadores.
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Fotocatálise

H20
CO2
Poluente orgânico

TiO2

lente

Poluente orgânico CO2 H20

Figura 02 - membranas utilizadas no tratamento de água

Outro tratamento terciário relevante é o tratamento por meio de membranas


filtrantes que são capazes de realizar a separação de partículas sólidas da água,
por meio de pequenas membranas porosas ou semipermeáveis, planas ou tubu-
lares. As membranas são capazes de remover moléculas e compostos iônicos
dissolvidos, atuando como barreira seletiva, retendo determinadas substâncias.

OS DIFERENTES TRATAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES


96 UNIDADE II

A filtração por meio de membranas, atualmente, tem sido objeto de grande aten-
ção nos processos de tratamento de água potável. Dentre os motivos para tal
atenção, destacam-se as legislações cada vez mais rígidas e a pressão social para
melhoria do padrão de saúde.
Dentre os diferentes tipos de membranas utilizadas no tratamento de água,
destacam-se as membranas de microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e a
de osmose reversa. Tais membranas podem ser diferenciadas pelo diâmetro dos
poros e resistência a pressão que promove a separação dos contaminantes. As
membranas de osmose reversa são mais seletivas e as de microfiltração são as

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menos seletivas.
A deposição de material em suspensão sobre a superfície da membrana oca-
siona a formação da torta, podendo ocorrer a acúmulo da solução na região,
contribuindo com a resistência devido a formação de um gel. Uma problemática
relacionada ao uso de membranas no tratamento de efluentes está relacionada
ao acúmulo de substâncias na superfície da membrana ocasionando o fouling
ou entupimento da membrana. Para solucionar tal problema, limpezas devem
ser incorporadas ao sistema de operação como forma de prevenir o fouling
(LAUTENSCHLAGER et al., 2009).
Para László et al. (2009), a filtração por membranas é um método eficiente
para redução de DQO, entretanto, amostras com elevado teor de matéria orgânica
ocasionam o fouling da membrana e reduzem drasticamente o fluxo de perme-
ado. Tal fato dificulta a utilização de membranas em escala industrial.
Porém países desenvolvidos já vêm aplicando com sucesso o tratamento
com membranas em amostras com menor teor de sólidos e menor carga orgâ-
nica, as membranas filtrantes ainda são encontradas nas indústrias alimentícias
como ferramenta para recuperação de insumos proteicos, demonstrando que
essa tecnologia emergente apresenta tendências de adaptabilidade e, em um
futuro próximo, poderão ser empregadas com sucesso no tratamento efluentes
(MATEUS et al., 2017a; MATEUS et al., 2017b).
Vale ressaltar que, dependendo do objetivo a ser alcançado, para o efluente
a ser tratado, nem todas essas etapas precisam ser realizadas, por exemplo, caso
você busque apenas alcançar os padrões especificados para o descarte de efluentes,
normalmente a associação de tratamentos preliminares, primário e secundário

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


97

proporcionarão os resultados esperados, agora, caso você almeje a reutilização


de água dentro da indústria, alguns cuidados devem ser tomados.
A reutilização de água dentro da indústria tem recebido grande atenção
nos últimos anos e se tornado foco de inúmeras pesquisas, entretanto, a maior
realização que se faz de água dentro das indústrias após o tratamento são reuti-
lização secundárias, destinados a processos que não requerem elevada qualidade
e que não prejudique a qualidade final do produto como a irrigação, higiene de
áreas de lazer, pátios e caminhões. Para que seja possível uma reutilização pri-
mária de água pela indústria, ou seja, como parte ou insumo no processo, a água
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

deve atender elevados padrões de qualidade, incluindo do ponto de vista micro-


biológico, sendo os processos terciários de nanofiltração ou osmose reversa
recomendados para tal ação.
Chegamos ao fim de nossa segunda unidade, cujo objetivo foi apresentar a
você algumas informações sobre o tratamento de água e efluentes em especial da
indústria. Espero ter contribuído, mesmo que minimamente, para sua jornada
acadêmica, desejo boa sorte em seus estudos e muito sucesso!
Um grande abraço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observamos, nesta unidade, informações sobre a qualidade, o abastecimento e


o tratamento de água, que nos possibilitaram uma visão mais ampla do processo
que envolve todo seu trajeto até a sua disponibilização. O tratamento de água é
composto por uma série de processos que muito vão se assimilar ao tratamento
de efluentes, porém, é claro, devemos considerar que a complexidade dos trata-
mentos destinados aos efluentes é maior.
Contudo, compreender o quão é trabalhoso é disponibilizar este recurso nos
faz refletir sobre a sua utilização e buscar por meios alternativos de evitar seu
uso excessivo em um contexto social e, sobretudo, industrial. Logo, discutir o

CONSIDERAÇÕES FINAIS
98 UNIDADE II

uso consciente deste recurso no meio acadêmico nunca será em vão!


Observamos também inúmeras informações sobre os efluentes industriais
e sanitários, desde limites para a disposição em corpo hídrico até a sua legisla-
ção específica e podemos compreender que ambos os efluentes são um reflexo
expresso de sua utilização, assim aprendemos que um efluente nunca apresentará
composição diferente daquela que está relacionada ao seu processo produtivo
ou de beneficiamento.
Podemos, por fim, conhecer os diferentes tipos de tratamento utilizados,
sendo eles o tratamento preliminar, primário, secundário e terciário, este que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se faz tão relevante para indústria, especialmente por ser a última etapa para
adequar os efluentes aos padrões desejados e esperados para seu despejo, possi-
bilitando ainda condições de reutilização do efluente tratado dentro da própria
indústria. Sendo assim, conhecer todos os processos da indústria nunca foi tão
importante, pois, desta forma, é possível conhecer a composição do efluente final
e buscar dentre as alternativas de tratamento disponível/existentes aquela que
melhor se adequa a realidade financeira e operacional da indústria.

GERENCIAMENTO E TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES


99

Ao longo deste material foram apresentadas inúmeras informações acerca do tratamen-


to de efluentes líquidos, como parâmetros quantitativos e qualitativos que devem ser
atendidos pelos diferentes tratamentos que visam a adequação destes efluentes as nor-
mas e padrões ambientais legislados. Entretanto, não discutimos acerca das metodolo-
gias envolvidas na análise destes parâmetros, logo, esta seção destina-se a apresentar
metodologias voltadas a análise de parâmetros físico-químicos dos efluentes líquidos
que nos indicaram se os tratamentos aplicados estão sendo eficientes ou não. A eficiên-
cia na remoção de um parâmetro pode ser calculada em função de uma forma básica
que considera a diferença do valor residual de um parâmetro antes do tratamento, com
o valor obtido após o tratamento, esse princípio se aplica a todos os parâmetros pre-
vistos na legislação, o que nos direciona a conclusão de que é necessário mensurar a
eficiência dos tratamentos de forma individual para cada parâmetro a fim de investigar
se a legislação foi atendida, o que possibilita ou não o descarte do efluente tratado no
corpo hídrico.
Visando proporcionar conhecimentos básicos acerca das metodologias empregadas na
quantificação dos parâmetros previsto na legislação, esta seção apresentará metodo-
logias e princípios sobre as técnicas específicas validadas internacionalmente, emba-
sadas nos princípios previsto pela bibliografia Standard Methods for the examination of
water and wastewater publicada pela American Public Health Association em 2005. Esta
publicação é considerada indispensável aos profissionais que atuam em saneamento
ambiental, e versa sobre métodos precisos de quantificação analítica dos inúmeros pa-
râmetros de qualidade para águas e efluentes.
Na sequência algumas metodologias relevantes, lembrando que a legislação estadual
e nacional específicas sempre deverão ser consultada para a análise de parâmetros de
qualidade sempre deverão ser atendidos pelo tratamento proposto.
Classificação da Matéria Sólida: Pode ocorrer em função da sedimentabilidade, ou seca-
gem da matéria em temperaturas médias ou altas.
1. Em função da sedimentabilidade: Sólidos Sedimentáveis.
Método: Volumétrico.
Princípio: o teor de sólidos sedimentáveis de um despejo é o volume de sólidos que
se deposita no fundo de um cone Imhoff após um tempo determinado de repouso do
líquido.
2. Em função da secagem em temp. média (103 a 105°C): Sólidos Totais, Sólidos
Suspensão Totais, Sólidos Dissolvidos Totais.
Método: Gravimétrico.
Princípio: O teste de sólidos totais é realizado para interpretar quantitativamente a pre-
sença total de matéria que não seja água, em um despejo, seja na forma de substâncias
dissolvidas, em forma coloidal ou em suspensão.
100

3. Em função da secagem a alta temp. (550 a 600°C): Sólidos voláteis (matéria


orgânica); Sólidos fixos (matéria inorgânica).
Método: Gravimétrico.
Princípio: O resultado obtido na determinação dos sólidos totais é submetido à incinera-
ção a 550-560ºC. A fração orgânica irá oxidar a essa temperatura e será eliminada como
gás, e a fração inorgânica permanecerá como cinzas.
Temperatura: Medida da intensidade de calor.
A temperatura da água afeta algumas características físicas e químicas da água. Exem-
plo: solubilidade dos gases (OD) e densidade. A temperatura também afeta o comporta-
mento dos microrganismos, alterando a velocidade com que os microrganismos degra-
dam a matéria orgânica.
Odor: Sua determinação ocorre de forma simples e direta, ou seja quando presente o
odor é objetável, quando ausente odor é não objetável.
Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no proces-
so de decomposição da matéria orgânica e outras substâncias adicionadas ao esgoto.
Além dos odores produzidos pela decomposição da matéria orgânica nos despejos in-
dustriais.
Cor: Resulta da existência, na água, de substâncias em solução. Pode ser dividida em real
e aparente. A análise deste parâmetro normalmente é realizada em um equipamento
específico denominado colorímetro ou em espectrofotômetro.
Cor Aparente: é a cor presente em uma amostra de água, devido a presença de substân-
cias dissolvidas e substâncias em suspensão.
Cor Verdadeira ou Real: é a cor presente em uma amostra de água, devido a presença de
substâncias dissolvidas.
Turbidez: Relacionada a presença de matéria em suspensão na água, como argila, silte,
substâncias orgânicas finamente divididas, organismos microscópicos e outras partícu-
las.
A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água,
conferindo uma aparência turva à mesma. Sua análise deve ser realizada em equipa-
mento específico denominado turbidímetro.
DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio): Retrata a quantidade de oxigênio requerida
pelos microrganismos para estabilizar a matéria orgânica. A estabilização é um processo
de simplificação da matéria orgânica através de microrganismos em substâncias mais
simples, tais como: amônia (NH3), gás carbônico (CO2), água (H2O) e sais minerais.
101

DQO (Demanda Química de Oxigênio): Teste tem duração de 5 dias à temperatura de


20ºC; considera a fração biodegradável através da taxa de desoxigenação.
Princípio: O método consiste em determinar a diferença entre o oxigênio da amostra no
dia e após um período de incubação de 5 dias a 20°C, diferença esta que corresponde ao
oxigênio gasto pelos microrganismos, para a mineralização da matéria orgânica.
Fonte: APHA (2005).
102

1. Os eventos e peculiaridades acerca do processo de tratamento de água são


diversos e apresentam-se necessários, pois, visam a garantia da qualidade da
água enquanto produto final de um processo de tratamento. A Portaria 2914
de 2011 elaborada pelo Ministério da Saúde dispõe sobre os parâmetros de
qualidade de água necessários para consumo humano, denominado de parâ-
metros de potabilidade. Em relação a estes parâmetros apresentados, associe
as duas colunas, relacionando os parâmetros com a sua correta definição/fina-
lidade.
(1) Cloro
(2) Turbidez
(3) pH
(4) Cor aparente
( ) Parâmetro relacionado a quantidade de partículas em suspensão (material
insolúvel) presentes na água e que impedem a passagem de luz.
( ) Indica a natureza ácida ou básica da água.
( ) Parâmetro utilizado na eliminação de microrganismos que possam estar pre-
sentes nas águas e que possam provocar doenças relacionadas a vias hídrica.
( ) Indica a presença de substâncias dissolvidas ou finamente divididas que con-
ferem coloração específica à água.
Assinale a sequência correta:
a. 2, 3, 1 e 4.
b. 1, 2, 3 e 4.
c. 2, 4, 1 e 3.
d. 2, 3, 4 e 1.
e. 3, 1, 4 e 3.

2. Os processos oxidativos avançados têm obtido grande atenção em função do


aumento da complexidade e dificuldade no tratamento de águas residuárias.
Tal fato resultou na intensificação da busca por novas metodologias visando
a remediação desses rejeitos. Em relação aos processos oxidativos avançados,
assinale a alternativa correta:
a. Os processos oxidativos avançados são componentes do tratamento primário.
b. Possuem como principal objetivo a eliminação de sólidos dissolvidos e em sus-
pensão.
103

c. São exemplos de processos oxidativos avançados o gradeamento e a coagu-


lação.
d. Processos oxidativos avançados são componentes do tratamento preliminar.
e. Visam eliminação de substâncias mediante a quantidade de radicais hidroxilos
(OH) disponíveis para oxidação.

3. As técnicas de tratamento terciário são responsáveis pela remoção de substân-


cias específicas como hormônios ou fármacos que não puderam ser removidas
nas etapas anteriores de tratamento. Dentre as técnicas destinadas ao trata-
mento terciário figuram a adsorção, os processos oxidativos avançados e a fil-
tração por membranas. Dentre os processos citados, a filtração em membranas
se destaca como uma técnica emergente que garante excelentes resultados
para a recuperação de insumo, tratamento de água e efluentes. Em face do
exposto, discorra sobre o processo de filtração em membranas, abordando
suas características e especificidades.

4. O tratamento secundário possui como essência a atividade biológica, visando


a remoção de matéria orgânica. Nesta etapa em reservatórios destinados ex-
clusivamente a esse tratamento, microrganismos como bactérias e fungos con-
somem/degradam a matéria orgânica, gerando subprodutos não tóxicos, água
e gás carbônico. Entretanto, para o sucesso deste tratamento, alguns fatores
devem ser controlados para otimizar a ação dos microrganismos, como tempe-
ratura, pH e presença ou ausência de oxigênio. Entretanto, todo tratamento se-
cundário resultará em um lodo residual da atividade microbiológica que deve
receber uma atenção especial. Considerando o exposto, discorra brevemente
sobre as medidas que devem ser tomadas em relação a esse novo resíduo.

5. A necessidade de criação de legislações ambientais específicas foi embasada


pela reforma sanitária de nosso país, por normas internacionais e pela grande
pressão social. Em relação à legislação específica existente para o despejo de
efluentes em corpos hídricos receptores, classifique as assertivas em verda-
deiras (V) ou falsas (F):
( ) A legislação que discorre sobre parâmetros para o lançamento de efluentes em
corpos hídricos é a Resolução 430/2011 do CONAMA.
( ) A legislação que discorre sobre parâmetros para o lançamento de efluentes em
corpos hídricos é a Portaria 2914 do Ministério da Saúde.
104

( ) Em relação ao regime de lançamento de efluentes, a vazão máxima é de até 1,5


da vazão média do agente poluidor, podendo ser superior em casos permitidos
por autoridades competentes.
( ) Em relação ao parâmetro DBO, para que seja possível o lançamento do efluente
em corpo hídrico deverá ocorrer uma remoção mínima de 60% deste parâmetro
em relação ao seu valor inicial podendo ser alterado somente mediante a estudo
de autodepuração.
( ) A legislação que discorre sobre parâmetros para o lançamento de efluentes
em corpos hídricos não prevê nenhuma restrição em relação ao parâmetro tem-
peratura.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Manual de tratamento de efluentes industriais


José Eduardo W. Cavalcanti
Editora: Oficina de Textos
Sinopse: a finalidade deste Manual é proporcionar aos profissionais
interessados em conhecer as nuances que envolvem o tratamento de efluentes
industriais um rol de informações acerca das potencialidades e limitações dos
vários processos e operações unitárias utilizados na depuração de diferentes
tipos de águas residuais industriais, ao mesmo tempo orientar na elaboração de estudos e projetos
visando a aquisição, implantação, reabilitação e operação de sistemas de tratamento. O Manual,
prioritariamente dirigido à indústria, é constituído por 18 capítulos abordando temas especialmente
selecionados em função das necessidades dos usuários industriais na condução do processo de
controle de poluição no que tange particularmente a tratamento de efluentes e reuso de água.

Ilha das Flores


1989
Este filme retrata a sociedade atual, tendo como enfoque seus problemas de ordem sociais, econômicas
e culturais, na medida em que contrasta a força do apelo consumista, os desvios culturais retratados
no desperdício, e o preço da liberdade do homem, enquanto um ser individual e responsável pela
própria sobrevivência. Através da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais
(lixo), o autor aborda toda a questão da evolução social de indivíduo, em todos os sentidos. Torna
evidente ainda todos os excessos decorrentes do poder exercido pelo dinheiro, numa sociedade onde
a relação opressão e oprimido é alimentada pela falsa ideia de liberdade de uns, em contraposição
à sobrevivência monitorada de outros.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

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disposição final. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambien-
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ta (UV) e ozônio. 2010. 127p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) - UEM,
Maringá, 2010.
BOILLOT, C.; TISSOT-GUERRAZ, F.; DROGUET, J.; PERRAUD, M.; CETRE, J. C.; TREPO, D.;
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of the Total environment, n. 403, p. 113-129, 2008.
BORDONALLI, A. C. O.; MENDES, C. G. N. Reuso de água em indústria de recicla-
gem de plástico tipo PEAD. Eng Sanit Ambient., v. 14, n. 2, p. 235-244, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914, de 12 de Dezembro de 2011.
Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília, 2011.
BRASIL. Resolução CONAMA nº 430/2011. Dispõe sobre condições e padrões de
lançamento de efluentes e altera a Resolução 357, de 17 de Março de 2005, do Con-
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2 Em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento275768/monica-barth-
-1987-curitiba-pr>. Acesso em: 20 mar. 2018.
3 Em: <http://www.tratabrasil.org.br/o-cenario-atual-do-saneamento-ambiental-
-no-brasil-marilia-notic>. Acesso em: 20 mar. 2018.
109
GABARITO

1. A.
2. E.
3. Dentre os diferentes tipos de membranas utilizadas no tratamento de água des-
tacam-se as membranas de microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e a de
osmose reversa. Tais membranas podem ser diferenciadas pelo diâmetro dos
poros e resistência a pressão que promove a separação dos contaminantes. As
membranas de osmose reversa são mais seletivas, e as de microfiltração são
as menos seletivas. A deposição de material em suspensão sobre a superfície
da membrana ocasiona a formação da torta, podendo ocorrer a acúmulo da
solução na região, contribuindo com a resistência devido a formação de um
gel. Uma problemática relacionada ao uso de membranas no tratamento de
efluentes está relacionada ao acúmulo de substâncias na superfície da mem-
brana ocasionando o fouling ou entupimento da membrana. Para solucionar
tal problema, limpezas devem ser incorporadas ao sistema de operação como
forma de prevenir o fouling. A filtração por membranas é um método eficiente
para redução de DQO, entretanto, amostras com elevado teor de matéria orgâ-
nica ocasionam o fouling da membrana e reduzem drasticamente o fluxo de
permeado. Tal fato dificulta a utilização de membranas em escala industrial.
4. Em todos os tipos de tratamento secundário citados é necessário fazer a gestão
adequada do lodo gerado, sendo que o lodo resultante da atividade biológica
eventualmente e conforme a necessidade, deverá ser retirado da lagoa em que
estiver sendo aplicado, preferencialmente quando sua atividade biológica for
reduzida devido a intensa utilização. Antes de seu descarte, todo esse lodo resi-
dual deverá ser tratado antes de receber uma destinação final adequada.
5. V, F, V, V e F.
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS

III
UNIDADE
SÓLIDOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar conceitos iniciais voltados à temática resíduos sólidos
e relacionar sua geração com mudanças culturais, tecnológicas e
comportamentais da sociedade.
■■ Conceituar e diferenciar aterro sanitário e aterro de resíduos
perigosos/inertes.
■■ Conceituar e classificar os resíduos perigosos.
■■ Conceituar resíduos radioativos e apresentar as diferentes formas de
manejo e disposição destes resíduos.
■■ Apresentar as diferentes técnicas utilizadas no tratamento dos
resíduos sólidos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Geração, Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos.
■■ Processamento e Disposição Final de Resíduos.
■■ Gestão de Resíduos Perigosos.
■■ Gestão de Resíduos Radioativos.
■■ Técnicas de Tratamento de Resíduos Sólidos.
113

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, abordaremos a questão dos resíduos sólidos


gerados por quase todas as atividades humanas e compreendidos por uma grande
diversidade de materiais, em que estão incluídos: orgânicos, papéis, plásticos,
garrafas, lâmpadas, bagaço de cana, entulho de construção civil, pneus, pilhas,
baterias, medicamentos vencidos, entre outros.
Se não bastasse a grande variedade na composição dos resíduos sólidos,
sua quantidade e qualidade mudaram no decorrer dos anos, acompanhando as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mudanças culturais, tecnológicas e comportamentais da sociedade, pois quanto


mais a população e a economia crescem, mais quantidades de resíduos são geradas.
Veremos também a definição de resíduos sólidos, de acordo com a NBR
ABNT 10.004/2004, a classificação dos resíduos sólidos bem como a sua tipolo-
gia. Essa norma classifica os resíduos sólidos em I - perigosos, II A - não inertes
e II B - como inertes, e é importante para se pensar na gestão de resíduos den-
tro de uma organização.
Além disso, estudaremos aspectos importantes do gerenciamento de resíduos
sólidos: a geração, a coleta, o acondicionamento, a coleta externa, o transporte, o
tratamento e disposição final adequada de resíduos sólidos. No que diz respeito
ao tratamento de resíduos sólidos, abordaremos algumas técnicas de tratamento,
tais como: compostagem, vermicompostagem, incineração, além do aproveita-
mento energético de resíduos sólidos.
E finalizaremos nossos estudos fazendo uma abordagem sobre o lixão, que
é a forma inadequada de disposição final de resíduos, além de definir e diferen-
ciar aterro controlado e aterro sanitário. Veremos, também, as particularidades
de aterros industriais. Dessa maneira, esperamos que compreendam todos os
aspectos referentes à gestão de resíduos sólidos.

Introdução
114 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS

A palavra lixo é derivada do latim lix, que significa cinza. No dicionário, ela
é definida como sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor.
De acordo com Rocha, Rosa e Cardoso (2009), lixo é considerado como sendo
restos das atividades humanas consideradas pelos geradores como inúteis, des-
cartáveis ou indesejáveis.
Enquanto para Philippi Jr. e Aguiar (2005), os resíduos constituem os subpro-
dutos da atividade humana com características específicas, definidas, geralmente,
pelo processo que os gerou. Já os rejeitos são todos os resíduos que não têm apro-
veitamento econômico por nenhum processo tecnológico disponível e acessível.
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), por meio da Norma
Regulamentadora NBR 10.004/2004, define resíduos sólidos como sendo:
aqueles que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição. Ficam incluí-
dos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento
de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle
de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


115

d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviá-


veis em face à melhor tecnologia disponível (p. 01).

GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos (Figura 1) são gerados por quase todas as atividades huma-
nas, compreendem uma grande diversidade de materiais, nos quais se incluem
restos de alimentos, computadores, garrafas, plástico, papelão, bagaço de cana,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lâmpadas queimadas, palha de milho, baterias, pilhas, lodos de estação de trata-


mento de esgoto (ETE), pneus, peças anatômicas, remédios vencidos, materiais
radioativos, sucata de metal, produtos químicos perigosos, trapos velhos e outros.

Figura 1 - Resíduos Sólidos

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


116 UNIDADE III

Outros fatores que influenciam a geração dos resíduos sólidos no meio urbano são:
■■ Variações sazonais;
■■ Condições climáticas;
■■ Nível educacional;
■■ Poder aquisitivo;
■■ Área relativa de produção;
■■ Sistematização na origem;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Número de habitantes do local;
■■ Segregação na origem;
■■ Leis e regulamentações específicas;
■■ Tipo de equipamentos de coleta;
■■ Hábitos e costumes da população.

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

As classificações mais utilizadas dos resíduos sólidos são quanto aos riscos poten-
ciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.

Classificação quanto aos riscos potenciais de contaminação do


meio ambiente

A ABNT NBR 10.004/2004 estabelece que a classificação dos resíduos pode ser
feita com base nos critérios de periculosidade. Podemos observar essa classifi-
cação na Figura 2:

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


117
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 2 - Classificação dos Resíduos Sólidos de acordo com a NBR 10.004/2004


Fonte: adaptado de NBR 10.004/2004.

Os Resíduos Classe I – Perigosos: são provenientes, principalmente, de proces-


sos produtivos, em unidades industriais e fontes específicas. No entanto podem
estar presentes também em domicílios e comércios (BRASIL, 2004). São resíduos
ou mistura de resíduos que por sua natureza (inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade) e por suas propriedades físicas, quími-
cas ou infectocontagiosas podem apresentar riscos à saúde pública, provocando
ou acentuando aumento da mortalidade por incidências de doenças e dos ris-
cos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de maneira inadequada
(DERÍSIO, 2012).
Como exemplos de resíduos classe I temos: pilhas, baterias, lâmpadas
fluorescentes, componentes eletrônicos de alta tecnologia (chips, fibra ótica,
semicondutores, tubos de raios catódicos), embalagens de agrotóxicos, resíduos
de tintas e solventes (BRASIL, 2006).

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


118 UNIDADE III

Os Resíduos Classe II - A (Não Inertes): podem ter como propriedades a


biodegradabilidade, a combustibilidade ou a solubilidade em água (BRASIL,
2004). Como exemplos destes resíduos temos: resíduos orgânicos, papéis, plás-
ticos, podas de árvores e outros.
Os Resíduos da Classe II - B (Inertes): não apresentam nenhum de seus cons-
tituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade
em água, com exceção dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor. Ocorrendo a
impossibilidade do enquadramento dos resíduos, em pelo menos um dos critérios
(tóxico, corrosivo, inflamável, reativo e patogênico), a mesma norma estabelece

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a necessidade de que amostras deles sejam submetidas a ensaios tecnológicos.

Classificação quanto à origem ou natureza

No que diz respeito em função de sua origem ou natureza, a classificação dos


resíduos sólidos pode ser: domiciliar ou doméstico, comercial, público, servi-
ços de saúde, agrícola, industrial e de construção civil. Os resíduos domiciliares
são provenientes de atividades residenciais, como restos de alimentos, jornais,
revistas, garrafas, embalagens, papel higiênico e uma variedade de outros itens;
os resíduos comerciais são originados a partir de atividades comerciais e de
serviços, por exemplo, papel, plásticos, embalagens e outros; os resíduos públi-
cos são oriundos de limpeza pública urbana, logradouros públicos, feiras livres
e outros. Como exemplos podemos citar: terra, areia, folhas, galhadas, e tam-
bém aqueles descartados de forma inadequada pela população, como entulho,
papéis, restos de alimentos e embalagens.
Os resíduos de serviços de saúde são aqueles comuns e especiais, produzi-
dos em serviços de saúde, tais como hospitais, laboratórios, farmácias, clínicas
veterinárias etc. Podemos observar essa classificação de acordo com a RDC
ANVISA nº 306/04 e a Resolução do CONAMA 358/05, no Quadro 1 a seguir:

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


119

Quadro 1 - Classificação dos Resíduos de Serviços de Saúde

CLASSE DEFINIÇÃO EXEMPLOS


A - Biológicos Resíduos com a possível pre- Culturas e estoques de
sença de agentes biológicos microorganismos, bolsas
que, por suas características contendo sangue, peças
de maior virulência ou con- anatômicas e outros.
centração, podem apresentar
risco de infecção.
B - Químicos Resíduos contendo substân- Resíduos de saneantes, de-
cias químicas que podem sinfectantes, efluentes de
apresentar risco à saúde processadores de imagem,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pública ou ao meio ambiente, reagentes para laboratório


dependendo de suas carac- e outros.
terísticas de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e
toxicidade.
C - Radioativos Quaisquer materiais resultan- Materiais resultantes de
tes de atividades humanas laboratórios de pesquisa e
que contenham radionuclíde- ensino na área de saúde,
os em quantidades superio- laboratórios de análises
res aos limites de eliminação clínicas e serviços de medi-
especificados nas normas da cina nuclear e radioterapia
Comissão Nacional de Ener- que contenham radionu-
gia Nuclear - CNEN e para os clídeos em quantidade
quais a reutilização é impró- superior aos limites de
pria ou não prevista. eliminação.
D - Comuns Resíduos que não apresen- Papéis, plásticos, resídu-
tem risco biológico, químico os orgânicos, papelão e
ou radiológico à saúde ou outros.
ao meio ambiente, podendo
ser equiparados aos resí-
duos domiciliares.
E - Perfurocortan- Materiais perfurocortantes ou Lâminas de barbear, agu-
tes escarificantes. lhas, escalpes, ampolas de
vidro, brocas, limas endo-
dônticas e outros.

Fonte: adaptado da Resolução 358/05 CONAMA e RDC 306/04.

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


120 UNIDADE III

O manejo dos resíduos de saúde é entendido como a ação de gerenciar os resíduos


em seus aspectos dentro e fora do estabelecimento, desde a geração até a dispo-
sição final (DUARTE, 2010). O seu manuseio está regulamentado pela norma
NBR 12.809/93 da ABNT e compreende os cuidados que se deve ter para segre-
gar os resíduos na fonte e para lidar com os resíduos perigosos. Monteiro et al.
(2001) afirma que o procedimento mais importante para manusear os resíduos
dos serviços de saúde é a hora de separar na própria origem o lixo infectante dos
resíduos comuns, uma vez que o primeiro representa apenas 10 a 15% do total
de resíduos, e o lixo comum não necessita de muitos cuidados.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Além disso, para manusear os resíduos infectantes, devem ser utilizados os
seguintes equipamentos de proteção individual (EPI): avental plástico, luvas,
bota ou sapato fechado, óculos, máscara. Os resíduos de serviços de saúde devem
ser acondicionados diretamente nos sacos plásticos regulamentados pela norma
NBR 9.191/2000 da ABNT, sustentados por suportes metálicos, para que não
haja contato direto dos funcionários com os resíduos, e os suportes são opera-
dos por pedais.
No gerenciamento dos resíduos de saúde, devem estar previstos, além do
manejo, a segregação, o tratamento, o acondicionamento, a identificação, coleta
e transporte interno, o armazenamento temporário, a coleta externa e a dispo-
sição final (DUARTE, 2010).
Os resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoviários, são gerados
em terminais, dentro de navios, aviões e veículos de transporte. Resíduos de
aeroportos e portos podem ser decorrentes do consumo dos passageiros e sua
periculosidade está no risco de transmissão de doenças que já foram erradicadas
no país. A transmissão pode ocorrer também por meio de cargas que podem estar
contaminadas, tais como animais, plantas e carnes (MONTEIRO et al., 2001).
Os resíduos agrícolas são compostos por embalagens de fertilizantes e defen-
sivos agrícolas, rações, resíduos de colheita e outros. Assim, o manuseio deles
deve seguir as mesmas rotinas e utilizar os mesmos recipientes empregados para
resíduos classe I (Perigosos), no caso de embalagens de agrotóxicos.
Os resíduos industriais são aqueles gerados pelas atividades industriais, são
muito variados e apresentam características diversificadas, pois estas dependem
do tipo de produto manufaturado. Portanto, devem ser estudados caso a caso e

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


121

é imprescindível o conhecimento prévio do processo industrial para classifica-


ção do resíduo.
Para isto, é adotada a NBR 10.004/04 da ABNT para se classificarem os resí-
duos industriais: Classe I (Perigosos), Classe II - A (Não-Inertes) e Classe II - B
(Inertes), que abordamos no início deste tópico.
No caso dos resíduos industriais, quando a sua origem é desconhecida, o
trabalho para classificá-lo se torna mais complexo. Nesse caso, a experiência e o
bom senso do técnico serão fundamentais. Muitas vezes, mesmo para resíduos
com origem conhecida, torna-se impossível conseguir uma resposta conclusiva, e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para estes casos, será necessário analisar parâmetros indiretos ou realizar bioen-
saios. A NBR 10.004/04 apresenta um fluxograma simples com etapas necessárias
para classificação de um resíduo, que podemos visualizar na Figura 3.

Figura 3 - Fluxograma NBR 10.004/2004


Fonte: adaptado de NBR 10.004/2004

A caracterização de um resíduo inicia-se durante o processo industrial que origi-


nou o resíduo. É importante que se obtenha informações suficientes do processo
que possam permitir a caracterização correta do resíduo, como por exemplo, revi-
sando fluxogramas, balanços de massa, localizando entradas e saídas. Além disso,
é importante observar as características físicas do resíduo, volume produzido

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


122 UNIDADE III

bem como sua composição. Baseado nestas informações pode-se definir se o


resíduo é ou não conhecido, e verificar se o mesmo é encontrado no Anexo A
ou B da NBR 10.004 (ABNT, 2004).
Caso seja encontrado o resíduo em uma destas listagens, ele é automatica-
mente classificado como perigoso (classe I). Se não for encontrado, é importante
verificar informações sobre esse resíduo, com o intuito de verificar se ele possui ou
não características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou
patogenicidade. Caso não consiga verificar essas características, é recomendado
que se faça coleta de amostras desse resíduo e encaminhe para um laboratório

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
especializado, para que façam testes que permitam verificar essas especificações
(SILVA, 2008).
Os Resíduos da Construção Civil são compostos por materiais de demo-
lições, entulhos, solos de escavações, além disso, podem conter componentes
tóxicos como resíduos de tintas, solventes e peças de Amiantos. São classifica-
dos de acordo com a Resolução do CONAMA 307/02, que podemos visualizar
no Quadro 2:
Quadro 2 - Classificação dos Resíduos de Construção Civil

CLASSE DEFINIÇÃO EXEMPLOS

A Resíduos reutilizáveis ou Tijolos, blocos, telhas, placas de revesti-


recicláveis como agrega- mento, argamassa, concreto
dos.
B Resíduos recicláveis para Plástico, papel, papelão, metais, vidros
outras destinações e madeiras
C Resíduos para os quais Gesso
não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis
que permitam a sua reci-
clagem/recuperação
D Resíduos perigosos Tintas, solventes, óleos e outros, ou
oriundos do processo de aqueles contaminados oriundos de
construção demolições, reformas e reparos de
clínicas radiológicas, instalações indus-
triais.
Fonte: adaptado de Resolução CONAMA 307 (2002).

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


123

Sobre a disposição dos resíduos de construção civil, a Resolução CONAMA n°


307/2002, afirma que os mesmos não poderão ser dispostos em aterros de resí-
duos domiciliares, em áreas de bota fora, em encostas, corpos d’água, lotes vazios
e em áreas protegidas por Lei. Mas infelizmente, em grande parte dos municí-
pios, esses resíduos são depositados clandestinamente em margens de rios ou
terrenos baldios.
A deposição irregular de entulho pode ocasionar proliferação de vetores de
doenças, entupimento de galerias e bueiros, assoreamento de córregos e rios,
contaminação de águas superficiais e poluição visual.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

COLETA E TRANSPORTE

Para Souto e Povinelli (2013) a coleta é o ponto-chave no gerenciamento de


resíduos sólidos. É a etapa em que os resíduos são recolhidos junto ao gerador
e encaminhados para a destinação final. A coleta dos resíduos sólidos urbanos
feita pelo município ou empresa concessionária recebe o nome de coleta regular.
A coleta de outros tipos de resíduos recebe o nome de coleta especial, quando
existe uma segregação prévia de acordo com a composição ou na constituição
dos resíduos, temos a coleta seletiva.
A segregação na fonte permite-nos otimizar os sistemas de tratamento e dis-
posição final dos resíduos. Quando se permite que um resíduo perigoso seja
misturado a resíduos não perigosos, o resultado é que a massa total de resíduo
acaba sendo classificada como perigosa, tratada e disposta como tal. Dessa
maneira, nunca devemos misturar resíduos perigosos com resíduos comuns.

É muito importante fazer corretamente a classificação dos resíduos sólidos.


Fonte: os autores.

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


124 UNIDADE III

Coleta regular

Geralmente, essa coleta é feita de porta em porta, com caminhões compactado-


res. Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) podem ser acondicionados em sacos
plásticos (Figura 4), como é feita aqui no Brasil, ou contêineres.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 4 - Sacos plásticos para acondicionamento de resíduos

Coleta especial

Existem vários tipos de resíduos que não devem ser misturados aos RSU, como:
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) e Resíduos da Construção Civil (RCC). Para
alguns resíduos, como é o caso dos RCC, pode ser aplicada a logística reversa,
que consiste no processo de retornar um material do consumidor ao fabri-
cante. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei nº
12.305/2010, a logística reversa é:
o conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para re-
aproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, on-line).

Outros exemplos de materiais que estão sujeitos à logística reversa são os agro-
tóxicos, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e outros.

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


125

Coleta seletiva

A coleta seletiva é muito importante para o sucesso de iniciativas, como a reci-


clagem, pois tende a aumentar a quantidade de matéria-prima disponível. Em
um programa de coleta seletiva, o acondicionamento dos resíduos recicláveis
pode ser feito de forma diferenciada. A Resolução CONAMA n° 275/2001 esta-
belece um código de cores para os diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva,
de acordo com o Quadro 3 (vide versão colorida no AVA):
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Quadro 3 - Código de cores para os diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva

CORES MATERIAL

Azul Papel/Papelão

Vermelho Plástico

Verde Vidro

Amarelo Metal
Preto Madeira
Laranja Resíduos perigosos

Branco Resíduos ambulatoriais e de saúde

Roxo Resíduos radioativos

Marrom Resíduos orgânicos

Cinza Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado,


não passível de separação
Fonte: adaptado da Resolução do CONAMA 275 (2001).

A coleta seletiva de lixo pode apresentar inúmeras vantagens, tais como:


■■ Aumento da vida útil no aterro sanitário;
■■ Redução no consumo de energia;
■■ Redução dos gastos com limpeza urbana;
■■ Diminuição na poluição da água e do solo;

GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS


126 UNIDADE III

■■ Geração de empregos;
■■ Renda para comercialização dos recicláveis.

Além disso, os resíduos recicláveis retornam ao ciclo de produção como maté-


ria-prima, reduzindo o consumo de energia e de recursos naturais, e a matéria
orgânica, após sua transformação em compostos orgânicos, é reintroduzida no
ciclo ecológico como condicionador de solos, rico em húmus (DUARTE, 2010).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRANSPORTE

Os resíduos, quando coletados, devem ser transportados até os pontos de des-


tinação final, sejam eles as indústrias de reciclagem, centrais de tratamento ou
aterros. Quando as distâncias e volumes são pequenos, o transporte pode ser
feito pelos próprios veículos de coleta.

PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE


RESÍDUOS

Dentre as técnicas para disposição final de resíduos sólidos, temos a forma ina-
dequada, que são os lixões, e as formas apropriadas e recomendadas, que são os
aterros sanitários e industriais, que veremos cada um deles, a seguir.

LIXÕES

Os lixões apresentam-se como o meio mais barato e o pior, ambientalmente, para


disposição final de resíduos sólidos, pois não implicam custos de tratamento e
controle. Em outras palavras, é apenas a disposição do resíduo a céu aberto em

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


127

terrenos baldios, que fica exposto sem nenhum tratamento, provocando intensa
proliferação de moscas, baratas e ratos, vetores de doenças por meio de organis-
mos patogênicos, poluindo o solo e os corpos d’água com o chorume, líquido
que, além de exalar mau cheiro pelos gases produzidos, é um detrimento visual
das cidades.
Phillip Jr. e Aguiar (2005) afirmam que os lixões são considerados locais ou
formas de disposição final e de tratamento totalmente inadequados do ponto
de vista social, sanitário e ecológico, pois, no conjunto, propiciam a proliferação
de vetores e o aparecimento de doenças em animais e em seres humanos, além
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da poluição atmosférica e das contaminações do solo e dos recursos naturais.

Figura 5 - Lixão

Além de todos os problemas ambientais que os resíduos podem causar ao meio


ambiente, outra questão deve ser levada em consideração, a questão social. É um
aspecto social degradante, nos serviços de limpeza pública, os catadores de reci-
cláveis misturados ao lixo, entre animais e máquinas, em condições insalubres.

PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS


128 UNIDADE III

ATERROS CONTROLADOS

Para Rocha, Rosa e Cardoso (2009), a disposição final de resíduos sólidos em


aterros sanitários é semelhante a dos lixões, cujos resíduos são colocados direto
no solo antes impermeabilizado. Diariamente, é feita uma cobertura com terra,
do resíduo depositado para minimizar os efeitos ambientais como os dos lixões.
O lixiviado (chorume), gerado da decomposição do resíduo, pode ser drenado
de forma controlada, podendo ou não ser tratado.
Dessa forma, podemos afirmar que o aterro controlado é uma fase interme-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
diária entre lixão e aterro sanitário. Neste caso, após a cobertura dos resíduos,
verifica-se que o impacto visual e o odor são muito menores se comparados ao
lixão, graças à cobertura que é feita. Além disso, essa cobertura contribui para
impedir a proliferação de insetos e outros animais que visitam o local em busca
de alimentos.

ATERROS

O aterro é uma forma de disposição de resíduos no solo, que, fundamentada


em critérios de engenharia operacionais específicas, garante um confinamento
seguro em termos de poluição ambiental e proteção a saúde pública. Como
vimos anteriormente, são inúmeros os problemas oriundos da disposição final
inadequada de resíduos sólidos, como odores, gases tóxicos, poluição da água,
do solo e outros. Estes problemas são eliminados em um aterro pela adoção de
seguintes medidas (SILVA, 2008):
■■ Localização adequada;
■■ Elaboração de projeto criterioso;
■■ Implantação de infraestrutura de apoio;
■■ Implantação de obras de controle de poluição;
■■ Regras operacionais específicas.

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


129

Os aterros podem ser chamados de aterros sanitários quando são projetados e


implantados, especialmente, para disposição de resíduos sólidos urbanos, ou aterros
industriais quando são projetados para disposição de resíduos sólidos industriais.

ATERRO SANITÁRIO

Os aterros sanitários consistem em um sistema de impermeabilização de base e


laterais, normalmente um filme plástico de polietileno de alta densidade, com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sistema de recobrimento diário do resíduo depositado e com cobertura final da


área quando saturada. É definido pela NBR 8.419/92 como sendo:
uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem
causar danos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos
ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao
menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra
na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores,
se necessário. O projeto deve ser elaborado para a implantação de um
aterro sanitário que deve contemplar todas as instalações fundamentais
ao bom funcionamento e ao necessário controle sanitário e ambiental
durante o período de operação e fechamento do aterro (BRASIL, 1992,
p. 1).

Para o IBGE (2007), o aterro sanitário consiste em uma técnica de disposição do


lixo fundamentada em critérios de engenharia e normas operacionais específicas,
que permite a confinação segura em termos de controle da poluição ambiental
e proteção à saúde pública (Figura 6). É uma forma adequada de disposição dos
resíduos no solo, logo, o aterro sanitário dispõe de impermeabilização de base, de
sistemas de tratamento de chorume e de sistemas de dispersão dos gases gerados.

PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS


130 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 6 - Aterro Sanitário

De acordo com Donha (2002), aterro sanitário é um método de disposição final


do lixo sob o solo, sem que se crie no meio ambiente incômodos ou perigos à
segurança e à saúde públicas, em que se utilizam princípios da engenharia para
confinar o lixo à menor área possível, reduzindo-o ao menor volume verificável
na prática e o cobrindo com uma camada de terra ao fim de cada dia de opera-
ção ou a menores intervalos.
Os aterros sanitários são construídos seguindo o que exige a legislação, ou
seja, distante das cidades. Esta exigência legal a ser respeitada serve para distan-
ciar os moradores dos diversos tipos de odores, da contaminação do solo e do
lençol freático provenientes da degradação dos materiais orgânicos (PHILIPPI
JR., 2005).
O resíduo enterrado sofre decomposição anaeróbia, gerando o produto
líquido, o chorume, grande quantidade de gases, o metano, além de dióxido de
carbono e sulfeto de hidrogênio e amônia, que são responsáveis pelo odor carac-
terístico destes locais (ROCHA, ROSA; CARDOSO, 2009).
O lixiviado, conhecido como chorume, é um líquido resultante do processo
de putrefação de matérias orgânicas, como característica, é viscoso, escuro, pos-
sui odor muito forte e desagradável. Em função da grande quantidade de matéria
orgânica presente no chorume, consuma atrair vetores e microrganismos que
podem contribuir com a proliferação de doenças aos seres humanos (BRAGA
et al., 2005).

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


131

Quando não tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando
a contaminação para estes recursos hídricos e interferindo na vida da fauna e
da flora. Nesta situação, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja
usada na irrigação agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos. A esco-
lha de um local para a implantação de um aterro sanitário não é tão simples,
pois, devido ao alto grau de urbanização das cidades, a ocupação intensiva do
solo pode restringir a disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração
de lixo e com as dimensões requeridas para se implantar um aterro sanitário
que atenda às necessidades dos municípios (MONTEIRO et al., 2001). Também
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

é preciso pensar no aspecto de vida útil do aterro, visto que é difícil encontrar
novos locais para disposição de resíduos sólidos urbanos.

Existem diferenças entre lixões, aterros controlados e aterros industriais. Li-


xões causam poluição no solo, na água, pois não oferece nenhum tipo de
tratamento aos resíduos, enquanto os aterros possuem critérios de enge-
nharia para sua projeção e operação. Acesse o link a seguir e saiba mais so-
bre a diferença entre lixões, aterro controlado e aterro industrial.
Fonte: Fogaça ([2018], on-line)1.

Tratamento do Lixiviado

O lixiviado pode conter matéria orgânica dissolvida ou solubilizada, nutrientes,


produtos intermediários da digestão anaeróbia dos resíduos, ácidos orgânicos
voláteis e substâncias químicas provenientes do descarte de inseticidas e agro-
tóxicos, além de microrganismos patógenos. Também podem ter compostos
xenobióticos, presentes em baixas concentrações, como: incluindo hidrocar-
bonetos aromáticos, fenóis e compostos alifáticos clorados; metais, como boro,
mercúrio, selênio, cobalto; substâncias húmicas (CHRISTENSEN et al., 2001).
Visto a recalcitrância desses efluentes, é preciso fazer um tratamento prévio
de remoção da carga poluidora, e esses componentes são específicos. Dependendo
das características, tem de ser empregadas técnicas acopladas de tratabilidade

PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS


132 UNIDADE III

para que o efluente adeque-se aos padrões de lançamento de efluentes determi-


nados pela legislação vigente.
Em aterro sanitário, o lixiviado é drenado para o tratamento, que pode ser
uma lagoa de estabilização aeróbia ou anaeróbia, para, em seguida, ser lançado
em um corpo receptor, desde que atenda à legislação ambiental vigente.

Biogás

Os gases gerados em aterro sanitário, se gerenciados de forma adequada, podem

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gerar energia para o próprio aterro ou serem vendidos para companhias elétricas.
Esses gases são compostos por metano, dióxido de carbono e outros em quanti-
dades em traços. Os gases presentes nos aterros de resíduos incluem o metano
(CH4), dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico
(H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O metano e o dióxido de carbono são os
principais gases provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos bio-
degradáveis dos resíduos orgânicos (PHILIPPI JR., 2005).
Diante disso, a captação e a utilização do gás produzido em aterros é uma
boa opção para a redução de gases do efeito estufa. Além disso, o metano possui
grande energia contida nos seus átomos que faz com que o gás possa ser usado
para a produção de energia elétrica por meio de sua combustão dentro de moto-
geradores que movem turbinas (SILVA; CAMPOS, 2008).
Projetos deste tipo são importantes, pois diferentes fontes de energia alterna-
tiva podem diversificar ou incrementar a matriz energética atualmente existente,
tais como a eólica, a solar, a biomassa e também a proveniente do biogás. Nesse
sentido, as vantagens da transformação do lixo energia são muitas, tais como:
■■ diminuição do volume de resíduos em aterros sanitários e em lixões;
■■ menor produção de gases poluentes;
■■ menores riscos ao meio ambiente e a saúde pública;
■■ mais economia e geração de empregos.

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


133

ATERROS INDUSTRIAIS

Os aterros industriais podem ser classificados nas classes I, II-A ou II-B, de acordo
com a periculosidade dos resíduos a serem dispostos, isto é, aterros Classe I
podem receber resíduos industriais; Classe II-A resíduos não-inertes, enquanto
aterro Classe II-B resíduos inertes. Esta classificação dos resíduos sólidos quanto
à periculosidade foi abordada no tópico anterior.
No Aterro Classe I, são destinados os resíduos considerados perigosos de
alta periculosidade, como resíduos inflamáveis, cinzas de incineradores, tóxi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cos e outros. Esse tipo de aterro precisa ser operado com cobertura total com o
intuito de evitar a formação de percolado, devido à ocorrência de águas pluviais,
para isso, possui sistema de dupla impermeabilização com manta polietileno
de alta densidade (PEAD), protegendo o solo e as águas subterrâneas. O aterro
Classe I deve estar de acordo com o estabelecido pela NBR-10157, que define
as exigências quanto aos critérios de projeto, construção e operação de aterros
industriais Classe I (SILVA, 2008).
O Aterro Classe II compreende a destinação final de resíduos não perigosos
e não inertes e tem as seguintes características: impermeabilização com argila e
geomembrana de PEAD, sistema de drenagem e tratamento de efluentes líqui-
dos e gasosos e completo programa de monitoramento ambiental.
O Aterro Classe II-B compreende a destinação final de resíduos inertes.
Devido à característica inerte dos resíduos dispostos, esse tipo de aterro dis-
pensa a impermeabilização do solo, no entanto, possui sistema de drenagem de
águas pluviais e um programa de monitoramento ambiental.

PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS


134 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Uma substância perigosa é definida como qualquer substância que:


em razão de sua quantidade, concentração, características físicas, quí-
micas ou infecciosas, pode causar ou contribuir consideravelmente
para um aumento na mortalidade, provocar um aumento no número
de casos de doenças graves irreversíveis ou incapacitantes reversíveis,
ou representar um risco substancial atual ou potencial à saúde humana
e ao meio ambiente quando tratada, armazenada, transportada, descar-
tada ou gerenciada inadequada (VESILIND; MORGAN, 2011, p. 351).

Resíduo perigoso é o nome dado ao material que, quando deve ser descartado,
atende a um ou dois critérios, a saber:
1. Contém um ou mais dos critérios de poluentes ou de substâncias quími-
cas que foram listadas como perigosas;
2. O resíduo pode ser assim definido (por testes de laboratório) como tendo
pelo menos uma das seguintes características:
a. Inflamabilidade;
b. Reatividade;

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


135

c. Corrosividade;
d. Toxicidade.

Segundo Vesilind e Morgan (2011), materiais inflamáveis são líquidos com


ponto de fusão abaixo de 60 ºC ou materiais que são facilmente incendiados e
queimam de forma vigorosa e persistente. Materiais corrosivos são aqueles que,
em uma solução aquosa, têm valores de pH fora da faixa de 2,0 a 12,5 ou qual-
quer líquido que mostre corrosividade ao aço a uma taxa superior a 6,5 mm por
ano. Resíduos reativos são classificados como instáveis e podem formar vapores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tóxicos ou explodir. A maior dificuldade em definir resíduos perigosos vem do


estabelecimento do que é ou não tóxico.
Para Davis e Masten (2016), a escala de prioridades na gestão de resíduos
sólidos consiste em:
1. Priorizar a redução da quantidade de resíduos perigosos gerados;
2. Estimular a criação de bolsas resíduos: os resíduos perigosos de uma
indústria podem ser utilizados como matéria-prima de outra indústria;
3. Reciclar materiais, aproveitar o conteúdo energético ou outros recursos
úteis contidos como resíduos perigosos;
4. Descontaminação e a neutralização de resíduos perigosos líquidos
mediante tratamento químico e biológico;
5. Redução do volume com a desidratação de lodos;
6. Destruição de resíduos perigosos combustíveis em incineradores especiais,
capazes de propiciar temperaturas de combustão elevadas e equipamentos
com dispositivos de controle e monitoramento de emissões atmosféri-
cas adequados;
7. Estabilizar lodos solidificados e de cinzas, no sentido de reduzir os índi-
ces de lixiviação de metais.
8. Descarte de resíduos tratados remanescentes em aterros especiais.

GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS


136 UNIDADE III

Outro aspecto importante na gestão de resíduos perigosos é a minimização na


geração de resíduos, para isso, esse tipo de programa deve incluir:
■■ O compromisso dos níveis hierárquicos mais altos da organização;
■■ Os recursos financeiros;
■■ Os recursos técnicos;
■■ A organização, as metas e as estratégias adequadas.

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GESTÃO DE RESÍDUOS RADIOATIVOS

Os Resíduos Radioativos são definidos como qualquer material resultante de


atividades humana, que contém radionuclídeos em quantidades superiores aos
limites de isenção especificados nas Instruções Normativas da Comissão Nacional
de Energia Nuclear - Norma CNEN-NE-6.02 - Licenciamento de Instalações
Radioativas, e para o qual a reutilização é imprópria ou não prevista. Existem
vários tipos de resíduos radioativos, tais como:
a. Líquidos: apresentam-se como solvente aquoso e solvente orgânico.
b. Gasosos: constituem-se de radionuclídeos gasosos ou subprodutos de
outros resíduos.
c. Sólidos: constituem-se de lixo radioativo em geral, como frascos, ponteiras
para pipeta, micro placas, luvas, papel toalha, membrana de nitrocelu-
lose, géis radioativos, animais, sangue.

A separação desses resíduos deve ser feita no mesmo local em que foram pro-
duzidos, levando em conta as seguintes características: se são sólidos, líquidos e
gasosos, meia vida curta ou longa; se são ou não compatíveis; orgânicos ou inor-
gânicos; putrescíveis ou patogênicos e outras características como explosividade,
combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxicidade
química (DUARTE, 2010).

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


137

TÉCNICAS E TRATAMENTOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Quando pensamos em uma técnica de tratamento para resíduos sólidos, a alter-


nativa a ser adotada deve adotar aos aspectos:
■■ Custo de implantação e operação;
■■ Disponibilidade financeira dos agentes envolvidos;
■■ Capacidade de atender às exigências legais;
■■ Quantidade e capacitação técnica de recursos humanos.
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Para Calijuri e Cunha (2013), o fato de uma alternativa apresentar um custo alto
em termos absolutos, como um incinerador, não é razão suficiente para que seja
descartada, pois talvez seja a mais barata e eficaz para tratar um determinado
resíduo industrial ou de serviços de saúde quando comparadas a outras tecno-
logias existentes.

COMPOSTAGEM

Para Bidone e Povinelli (2010), a compostagem é um processo de tratamento


biológico que transforma resíduos orgânicos em um material estabilizado, deno-
minado húmus ou composto. Essa técnica pode ser utilizada para tratar a parcela
orgânica dos resíduos sólidos urbanos. A compostagem pode ser feita pelo
método convencional, em que os resíduos são dispostos em leiras de forma
cônica ou prismática. Nesse processo, as leiras (pilhas) são removidas e ume-
decidas periodicamente (por pás carregadeiras ou escavadeiras) para se obter a
aeração necessária no processo (Figura 7).

TÉCNICAS E TRATAMENTOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS


138 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 7 - Aterro Sanitário

Já no processo de leiras aeradas, não há revolvimento por meio de pás ou car-


regadeiras, a aeração é obtida insuflando-se ar pela base da leira. Para Bidone e
Povinelli (2010) isso acelera o processo de compostagem, mas exige um maior
controle das condições da massa de resíduos.
A compostagem ocorre em 4 fases, sendo (CALIJURI; CUNHA, 2013):
1. A primeira fase ocorre com a decomposição da matéria orgânica pelas
bactérias e fungos, gerando um excedente de calor, e isso faz com que a
temperatura da leira de compostagem suba rapidamente, atinja a faixa
ótima do processo (entre 55ºC e 60ºC). Caso seja deixado ao natural, a
temperatura pode atingir 70ºC e, assim, os microrganismos podem mor-
rer, então, é preciso introduzir um fator externo de controle, por isso,
há a necessidade de fazer um revolvimento da leira de compostagem e
adição de umidade.
2. A segunda fase, com a temperatura ótima, a decomposição leva entre 60 a
90 dias (pelo método tradicional) e 30 dias (pelo método de leiras aeradas),
a manutenção de temperaturas elevadas por um tempo suficientemente
longo garante a eliminação dos patógenos (BIDONE; POVINELLI, 2010).
3. Após a fase mais ativa, a temperatura da leira começa a diminuir, retor-
nando à temperatura ambiente, e esse processo dura de 3 a 5 dias (fase 3).

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


139

4. Na quarta etapa, ocorre a fase de maturação ou cura do composto, com


a formação de ácidos húmicos, que leva de 30 a 60 dias.

A Figura 8 apresenta o composto final (húmus)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 8 - Composto ao término do processo de compostagem.

VERMICOMPOSTAGEM

De acordo com Calijuri e Cunha (2013), a vermicompostagem é um processo


complementar à compostagem, que há a adição de minhocas, que dependem de
determinadas condições para sobrevivência. Assim, o composto não pode ser
encharcado, pois afogaria as minhocas e também não pode ser ressecado. As lei-
ras não podem ser tão profundas (pois há a necessidade de ar) e a temperatura
deve estar entre 12º e 25ºC.
A Figura 9 apresenta-nos um processo de vermicompostagem:

TÉCNICAS E TRATAMENTOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS


140 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 9 - Vermicompostagem

INCINERAÇÃO

A incineração consiste na combustão dos resíduos em temperaturas elevadas,


acima de 800ºC, com injeção de ar para garantir a queima completa (conversão
total da matéria orgânica em CO2 e água). Praticamente toda matéria orgânica
e umidade são eliminados (CALIJURI; CUNHA, 2013). Os resíduos são con-
vertidos em cinzas e devem ser classificados com a NBR 10.004/2004 (BRASIL,
2004) e encaminhados para destinação final correspondente. Na incineração, os
gases gerados no processo devem ser tratados.

APROVEITAMENTO ENERGÉTICO

Alguns resíduos podem ser utilizados para obtenção de energia. O reaprovei-


tamento pode ser direto ou indireto. No reaproveitamento direto, os resíduos
são usados diretamente como fonte de energia, podem passar antes por alguns
processos simples de tratamento, como fragmentação ou moagem. No reaprovei-
tamento indireto, os resíduos são convertidos por via química ou biológica em
outros materiais, os quais são empregados como fonte de energia (CALIJURI;
CUNHA, 2013).

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


141

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos a problemática dos resíduos sólidos bem como suas
formas de gerenciamento. Vimos aspectos pertinentes à geração, estudamos que
a mudança de comportamento da população, a economia, a sazonalidade, hábitos
de consumo, mudanças tecnológicas, mudanças culturais, influenciam direta-
mente na geração de resíduos, pois à medida que há crescimento e mudança,
consequentemente, há uma aumento na quantidade de resíduos. Estudamos que
uma das formas de minimizar a quantidade de resíduos sólidos é a redução na
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

geração, coleta seletiva, reciclagem e outros programas para diminuir a quanti-


dade de resíduos.
Para melhor entendermos a gestão de resíduos, estudamos a classificação
dos resíduos sólidos de acordo com a NBR 14001/2004, como Classe I - peri-
gosos, Classe II - A não inertes e classe II - B inertes, que estas características
são fundamentais para o gerenciamento dos resíduos sólidos, pois um resíduo
perigoso é ideal que ele tenha um manejo e destinação final adequado, sendo
diferente de um resíduo comum. Devemos tomar cuidado no manejo e acon-
dicionamento de resíduos, pois um resíduo perigoso pode vir a contaminar um
resíduo comum, e este passa a ser tratado como resíduo perigoso.
Além disso, vimos que os resíduos sólidos são classificados de acordo com
sua origem em: domésticos, industriais, serviços de saúde, construção civil,
radioativos, públicos, comerciais, agrícolas e outros. O processo que os origi-
nou é fundamental para seu manejo e gerenciamento. Quanto ao gerenciamento,
tratamos das formas de coleta, segregação, programas de coleta seletiva, reci-
clagem, acondicionamento, tratamento e disposição final adequada de resíduos
sólidos urbanos e resíduos industriais.
Esperamos que você tenha compreendido todos estes aspectos, desde a gera-
ção até a disposição final, pois são fundamentais para a gestão de resíduos sólidos.
Bons estudos!

CONSIDERAÇÕES FINAIS
142

REAPROVEITAMENTO DE ENERGIA
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) acaba de patentear uma
inovação que possibilita aproveitar o calor gerado pelo sistema de refrigeração da gela-
deira para aquecer a água da torneira de cozinha e chuveiro. Concebido pelo professor
José Roberto Simões Moreira, coordenador do Laboratório de Sistemas Energéticos Al-
ternativos (SISEA), do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli, e pelo aluno de
graduação Lucas Zuzarte, o projeto resultou em dispositivo que pode ser usado tanto
em residências como em estabelecimentos comerciais.
“Basicamente, o sistema que desenvolvemos capta o calor que é naturalmente produzi-
do no processo de refrigeração”, resume Simões. Na prática, funciona assim: no processo
de circulação do gás refrigerante da geladeira, o gás é aspirado pelo compressor e com-
primido, o que resulta em aumento da pressão e temperatura do gás. Em seguida, ele
prossegue para um condensador – uma espécie de serpentina que fica na parte poste-
rior da geladeira doméstica, onde o calor é dissipado.
“O que fizemos foi aproveitar a energia térmica gerada no processo de compressão, que
atinge cerca de 60 °C”, explica o professor. “Inserimos um tanque de água entre o com-
pressor e o condensador, permitindo, assim, que o calor do gás quente fosse transferido
para a água em vez de ser dissipado para o ambiente em que se encontra a geladeira”,
acrescenta. Embora pareça simples, o desenvolvimento do dispositivo consumiu cerca
alguns meses de testes, tendo sido construído um protótipo de uma geladeira comercial
do tipo balcão vertical.
Economia e eficiência - Nos testes em laboratório, feitos com uma geladeira comercial
de 565 litros e um tanque de 25 litros de água acoplado ao sistema, a temperatura final
da água chegou a 55º C (média de aumento de 5º por hora). Comparando o custo de
aquecer este volume de água com aquecedores elétricos, a economia com o dispositivo
seria superior a R$ 35,00 ao mês. “Além de garantir água quente, a instalação do equi-
pamento melhora o desempenho da geladeira”, garante. Nos testes, o coeficiente de
performance do refrigerador (COP), que mensura sua eficiência energética, aumentou
mais de 13%. Já o consumo de energia do compressor caiu entre 7% e 18%.
A capacidade de aquecimento do equipamento, no entanto, depende de algumas va-
riáveis. “Da potência da geladeira e do regime de uso do refrigerador”, resume Simões.
Por outro lado, o custo de todos os equipamentos do sistema não é alto. No caso de um
sistema com tanque de 25 litros, o retorno do investimento ocorreria em, aproximada-
mente, um ano.
Simões pondera que o processo é mais eficiente em refrigeradores comerciais por cau-
sa da potência dos aparelhos. “Creio que para restaurantes, lojas de conveniência de
postos combustíveis e outros pontos comerciais do gênero será uma inovação muito
bem-vinda, porque pode otimizar a economia de energia de fato, mas em residências,
sua aplicação também pode ser viabilizada”. Além disso, o sistema tem como vantagem
ser fácil e barato de instalar. “Pode ser facilmente instalado por qualquer técnico de re-
143

frigeração”, diz. Compreende, basicamente, um tanque que, no caso dos testes, foi feito
em aço inox, mas pode ser confeccionado com material mais barato e alguns tubos de
cobre e de PVC. “Um técnico não cobraria mais do que R$ 400,00, incluindo material e
mão de obra, se o tanque for produzido em escala industrial”, calcula.
Simões tem planos mais ambiciosos para o sistema. “A princípio, a ideia é apresentar o
sistema aos fabricantes de geladeiras, que teriam condições de oferecê-lo como opcio-
nal na compra do aparelho”, conta. Potencial de mercado é o que não falta. Segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só no Brasil existem mais de 50
milhões de refrigeradores em uso.
Fonte: Acadêmica Agência de Comunicação. Reaproveitamento de energia. Disponível
em:<http://www.poli.usp.br/pt/comunicacao/noticias/destaques/1550-reaproveita-
mento-de-energia.html>. Acesso em: 22 mar. 2018.
144

1. Assinale a alternativa correta quanto à norma brasileira que define e classifica


os resíduos sólidos:
a. NBR 12.216/1992.
b. NBR 10.004/2004.
c. NBR 10.006/2004.
d. NBR 10.007/2004.
e. NBR 10.120/2007.

2. Consiste em uma área licenciada por órgãos ambientais, que é destinada a re-
ceber os resíduos sólidos urbanos, de forma planejada, em que os resíduos são
compactados e cobertos por terra, formando diversas camadas. Esta técnica
trata-se de:
a. Lixões.
b. Aterro sanitário.
c. Aterro industrial.
d. Compostagem.
e. Reciclagem.

3. Os resíduos são constituídos por subprodutos da atividade humana com carac-


terísticas específicas, definidas geralmente, pelo processo que os gerou. Sobre
os fatores que influenciam a geração dos resíduos sólidos, analise as afirma-
tivas a seguir:
I. A urbanização, bem como o aumento populacional, acompanha a série de
mudanças no estilo de vida e consumo da população e, consequentemen-
te, aumentam a geração de resíduos.
II. Os resíduos produzidos passaram a abrigar compostos sintéticos e prejudi-
ciais aos ecossistemas e à saúde humana, decorrente das novas tecnolo-
gias incorporadas ao cotidiano.
III. No Brasil, temos uma estimativa exata da quantidade de resíduos sólidos ge-
rados por habitante/dia.
IV. A maior parte dos resíduos sólidos gerados no Brasil é composta por resíduos
hospitalares.
145

É correto o que se afirma em:


a. I e II, apenas.
a. I e III, apenas.
a. II e III, apenas.
a. I, II e III, apenas.
a. II, III e IV, apenas.

4. A incineração é um processo de queima, na presença de excesso de oxigênio,


em que os materiais à base de carbono são decompostos, desprendendo calor
e gerando um resíduo de cinzas, gases e escória. Diante do exposto, leia as
afirmativas a seguir:
I. A incineração de resíduos sólidos é um tratamento eficaz para aumentar o seu
volume, tornando o resíduo absolutamente inerte em pouco tempo, se
realizada de forma adequada.
II. Na incineração, ocorre a decomposição térmica via oxidação à alta temperatu-
ra da parcela orgânica dos resíduos, em que é transformada na fase gasosa
e outra sólida, na qual é reduzido: o volume, o peso e as características de
periculosidade dos resíduos.
III. A incineração é um processo que, se não operado em condições adequadas,
pode liberar gases nocivos à saúde humana.
IV. A incineração é uma alternativa que resolveria integralmente todos os proble-
mas da destinação final de resíduos sólidos.
É correto o que se afirma em:

a. I e II, apenas.
a. I e III, apenas.
a. II e III, apenas.
a. I, II e III, apenas.
a. II, III e IV, apenas.
146

5. O aterro sanitário consiste em uma técnica de disposição do lixo fundamentada


em critérios de engenharia e em normas operacionais específicas. Sobre o aterro
sanitário, analise as afirmativas a seguir:
I. O projeto de um aterro sanitário deve incluir todas as instalações fundamentais
ao bom funcionamento e ao necessário controle sanitário e ambiental du-
rante o período de operação e fechamento.
II. O aterro sanitário é um método de disposição final do lixo sob o solo que mi-
nimiza a geração de incômodos ou perigos à segurança e saúde públicas.
III. Em um aterro são utilizadas técnicas da engenharia para confinar o lixo à menor
área possível, reduzindo-o ao menor volume.
IV. Aterro sanitário é indicado para disposição final de resíduos coletados apenas
em pequenas comunidades.
É correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. I e III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I, II e III, apenas.
e. II, III e IV, apenas.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Engenharia Ambiental
Maria do Carmo Calijuri; Davi Gasparini Fernandes Cunha
Editora: Elsevier
Sinopse: livro pioneiro na área, “Engenharia Ambiental:
Conceitos, Tecnologia e Gestão”, reúne material didático
proveniente de diversos campos de conhecimento para
oferecer uma boa base aos alunos de cursos de graduação
em Engenharia Ambiental. O livro busca uma transição
das engenharias “hard” para uma engenharia que leva
explicitamente em conta a vida no planeta e representa um acordar para a Engenharia Ambiental de
maneira fluida, reforçando a responsabilidade da engenharia para com o meio ambiente. Dividido
em cinco eixos temáticos, desde fundamentos até gestão ambiental, varrendo os ecossistemas,
impactos ambientais e ações mitigadoras, o livro apresenta de forma didática os conceitos modernos
como os da microbiologia e as suas técnicas. São ressaltados os serviços proporcionados por diversos
ecossistemas e as estratégias sustentáveis para os usos humanos.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306, de 07 de


dezembro de 2004. Disposição sobre o regulamento técnico para o gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde, 2004.
BIDONE, F. R. A; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos REENGE. São
Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, USP, 2010.
BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. G. L.; BARROS, M. T. L. de.; SPENCER, M.; PORTO,
M.; NUCCI, N.; JULIANO, N.; EIGER, S. Introdução a Engenharia Ambiental. 2. ed.
São Paulo: Prentice Hall, 2005.
BRASIL. ABNT NBR 10004. Resíduos sólidos – Classificação. Brasília, 2004.
BRASIL. ABNT NBR 9.191. Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Requi-
sitos e métodos de ensaio. Brasília, 2000.
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
BRASIL. ABNT NBR 10.004. Classificação de Resíduos sólidos. Brasília, 2004.
BRASIL. ABNT 12.809. Manuseio de resíduos de serviços de saúde - Procedimen-
to. Brasília, 1993.
BRASIL. ABNT NBR 8419. Apresentação de projetos de aterros sanitários de resí-
duos sóli- dos urbanos. Brasília, 1992.
BRASIL. ABNT NBR 10157. Aterro de resíduo perigoso – Critérios para projetos,
construção e operação. Brasília, 1987.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providên-
cias. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/
lei/l12305.htm> Acesso em: 20 mar. 2018.
CALIJURI, M. C.; CUNHA, D., Gasparini Fernandes. Engenharia Ambiental. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
CHRISTENSEN, T. H.; BJERG, P. P. L.; JENSEN, D. L.; J. B.; CHRISTENSEN, A.; BAUM, A.;
ALBRECHTSEN, H-J.; HERON G. Biochemistry of landfil leachate plumes. Applied Ge-
ochemistry. v. 16, p. 659-718, 2001.
CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 275, de 25 de abril
de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campa-
nhas informativas para a coleta seletiva. Publicada no Diário Oficial da União em
25/01/2001.
______. Resolução Nº 307, de 5 de julho de 2002. Ministério das Cidades, Secre-
taria Nacional de Habitação. Publicada no Diário Oficial da União em 17/07/2002.
149
REFERÊNCIAS

______. Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a


disposição final dos resíduos de serviços de saúde e dá outras providências.
DAVIS, M. L.; MASTEN, S. J. Princípios de Engenharia Ambiental. 3. ed. Porto Ale-
gre: AMGH, 2016.
DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo, SP:
Oficina de Textos, 2012.
DONHA, M. S. Conhecimento e participação da comunidade no sistema de ge-
renciamento de resíduos sólidos urbanos: o caso de Marechal Cândido Rondon/
PR. 2002. 113 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade
Estadual de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
DUARTE, M. C. Avaliação do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos do
Município de Floresta/PR. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) - Univer-
sidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010.
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mento Básico – PNSB. Contagem Populacional. Rio de Janeiro, 2007.
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PHILIPPI JR, A.; AGUIAR, A. O. Resíduos sólidos: características e gerenciamento. In:
PHILIPPI JR, Arlindo. Saneamento, Saúde e Ambiente. Fundamentos para um de-
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ROCHA, J. C.; ROSAM A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2. ed.
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SILVA, F. R. Gestão de Resíduos Industriais. 2. ed. São Paulo: Via Spaipa, 2008.
SILVA, T. N.; CAMPOS, L. M. de. Avaliação da produção e qualidade do gás de ater-
ro para energia no aterro sanitário dos Bandeirantes – SP. Revista de Engenharia
Sanitária e Ambiental. v. 13, n. 1, jan./mar., 2008.
CALIJURI, M. C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
VESILIND, P. A.; MORGAN, S. M. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.

REFERÊNCIAS ONLINE
1 Em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/diferenca-entre-lixao-ater-
ro-controlado-aterro-sanitario.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.
GABARITO

1) B
2) B
3) A
4) C
5) D
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov

CONTROLE E QUALIDADE DE

IV
UNIDADE
EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conceituar poluição atmosférica, apresentar os principais poluentes
atmosféricos e suas fontes.
■■ Apresentar os diferentes métodos de controle de emissão de
poluentes atmosféricos.
■■ Apresentar os diferentes parâmetros de qualidade presentes na
legislação.
■■ Conceituar Ruído e apresentar suas diferentes classificações.
■■ Correlacionar os diferentes ruídos existentes com a saúde laboral e
coletiva.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Poluição do Ar e Fontes de Emissão
■■ Métodos de Controle
■■ Padrões de Qualidade
■■ Poluição Sonora
■■ Redução e Controle de Ruídos
153

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, abordaremos a questão da poluição atmosfé-


rica e da poluição sonora. Veremos que, ao tratarmos de poluição do ar, temos
as fontes naturais e as fontes antrópicas. As fontes naturais são aquelas cuja ori-
gem está ligada diretamente à natureza, em que não há interferência humana,
como o vulcanismo; as fontes antrópicas ou antropogênicas têm a origem relacio-
nada a atividades humanas, como indústrias, automóveis e outras cujos impactos
ambientais das atividades tornaram-se mais significativos quanto à poluição do ar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A maior parte dos problemas relacionados à poluição atmosférica está relacio-


nada com a exploração e a utilização de energia em vários processos produtivos.
Poluição atmosférica, chuva ácida, destruição da camada de ozônio, efeito estufa,
destruição da fauna e da flora são alguns exemplos que podemos citar, causados
por processos produtivos.
Podemos classificar os agentes poluidores do ar em dois grupos principais:
os primários e os secundários. Os poluentes primários são os que saem direta-
mente da fonte emissora, enquanto os poluentes formados pela interação entre
componentes naturais e poluentes primários são chamados de secundários. Os
principais poluentes atmosféricos são: monóxido de carbono, dióxido de enxofre,
dióxido de carbono, chumbo, ozônio, clorofluorcarbonetos, materiais particu-
lados.Também apresentaremos alguns métodos de controle da poluição do ar, e
dividimos em: controle de particulados e controle de poluentes. Em seguida, estu-
daremos sobre os padrões de qualidade do ar bem como as legislações aplicáveis.
Além disso, abordaremos o conceito de poluição sonora, suas principais fon-
tes e seus efeitos sobre a saúde humana, além de métodos de controle de ruídos.

Introdução
154 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO

O ar que respiramos é essencial à vida. Dessa maneira, esperamos respirar um


ar limpo. Mas em que consiste esse ar limpo? Ele é uma mistura de gases e, de
acordo com Veslind e Morgan (2011), é composto por:
■■ 78,0% de nitrogênio;
■■ 20,1% de oxigênio;
■■ 0,9% de argônio;
■■ 0,03% de dióxido de carbono;
■■ 0,002% de neônio;
■■ 0,0005% de hélio.

No entanto esse ar não é encontrado na natureza e nos serve como referência.


Se isso é ar puro, então, é importante definir como poluentes aqueles materiais
(líquidos, gases ou sólidos) que, quando são adicionados ao ar puro em uma
concentração suficientemente alta, causarão efeitos adversos, como compostos
de enxofre emitidos na atmosfera, que reduzem o pH da chuva e resultam em

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


155

acidez de rios e lagos, ocasionando danos.


Para Derisio (2012), o uso básico do recurso natural ar é para manter a vida.
Todos os usos devem estar sujeitos à manutenção da qualidade de ar que não
degrada, aguda ou cronicamente, a saúde ou o bem-estar humano. Além disso,
é preciso levar em consideração os aspectos estéticos e os impactos econômicos
decorrentes da poluição do ar.

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O conceito de poluição atmosférica envolve uma série de atividades, fenômenos


e substâncias que contribuem para o desequilíbrio e a deterioração da qualidade
natural da atmosfera. A Lei nº 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA), por meio do seu art. 3º, III define poluição como a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que, direta ou indi-
retamente (BRASIL, 1981):
a. Prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b. Crie condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c. Afete, desfavoravelmente, a biota;
d. Afete as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente.

Para Dallarosa (2005, p. 5):


a poluição atmosférica é abordada como um fenômeno decorrente
principalmente devido à ação humana em vários aspectos, citando-se o
rápido crescimento populacional, industrial e econômico, a concentra-
ção populacional e industrial, bem como dos hábitos da população e as
medidas adotadas para o controle da poluição.

Dessa maneira, podemos afirmar que a atmosfera apresenta, naturalmente, certa


concentração típica de compostos químicos em sua composição, o que de uma
forma geral não afeta as condições normais de existência dos seres vivos e dos
materiais. Assim, a poluição atmosférica consiste na adição destes elementos
capazes de atingir concentrações que são nocivas ao ambiente.

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


156 UNIDADE IV

PRINCIPAIS POLUENTES DO AR

Os principais poluentes atmosféricos podem ser classificados, de maneira gené-


rica, em três grupos de substâncias: líquidas, sólidas e gasosas. No entanto, na
prática, eles podem ser apresentados de forma combinada entre si, de tal maneira
que conseguimos restringi-los em dois grupos: os gases e os materiais particula-
dos. Ao observarmos a origem dos poluentes, eles podem ser classificados como
primários ou secundários. Segundo Dallarosa (2005), são:
■■ Poluentes primários: aqueles emitidos diretamente na atmosfera.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Constituem esta classe: dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono
(CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC).
■■ Poluentes secundários: formados pela reação química entre poluentes
primários ou destes com constituintes naturais da atmosfera. Como exem-
plos pertencentes desta classe podemos citar: ozônio (O3), peróxido de
hidrogênio (H2O2), aldeídos (RCHO), peroxiacetilnitrato (PAN).

Materiais particulados

O material particulado é uma mistura de partículas líquidas e sólidas em sus-


pensão na atmosfera. Pode ser classificado como névoa, poeira, vapor, fumaça
ou spray. Sua composição e o tamanho das partículas vão depender de sua fonte
de emissão (SALDIVA; COELHO, 2013).
As faixas de tamanho dos poluentes são apresentadas a seguir (VESLIND;
MORGAN, 2011):
■■ Poeira: são partículas relativamente grandes, sendo definida como par-
tículas sólidas que são:
■■ Carregadas por gases de processo provenientes de materiais sendo
manipulados ou processados, como carvão, cinzas e cimento.
■■ Produtos diretos de um material básico, passando por operações mecâ-
nicas, como serragem de um trabalho com madeira.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


157

■■ Materiais carregados após a utilização em operações mecânicas, como


a areia utilizada no processo de jateamento.
■■ Vapor: consiste em uma partícula sólida, frequentemente, um óxido
metálico, formado pela condensação de vapores por sublimação, destila-
ção, calcinação ou processos de reações químicas, como: óxidos de zinco
e chumbo oriundos da condensação e oxidação de metal volatilizado em
um processo a uma alta temperatura. São partículas bem pequenas, com
diâmetros entre 0,03 a 0,3 µ.
■■ Névoa: consiste em partículas líquidas formadas pela condensação de um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vapor e uma reação química. Seu diâmetro varia de 0,5 a 3,0 µ.


■■ Fumaça: partículas sólidas formadas pela combustão incompleta de
metais carbonáceos. Embora hidrocarbonetos, ácidos orgânicos, óxidos
de enxofre e óxidos de nitrogênio sejam também produzidos por proces-
sos de combustão, apenas as partículas sólidas resultantes da combustão
incompleta de materiais carbonáceos são chamados de fumaça. Possuem
diâmetros de 0,05 até aproximadamente 1 µ.
■■ Sprays: consiste em partículas líquidas formadas pela atomização de um
líquido base e sedimentam sob o efeito da gravidade.

Poluentes gasosos

Os poluentes gasosos incluem substâncias que são gases a uma temperatura e pres-
são normais, assim como vapores de substâncias líquidas ou sólidas sob condições
normais. Dentre estes poluentes, os que apresentam maior relevância são: monó-
xido de carbono, hidrocarbonetos, ácido sulfúrico, óxidos de nitrogênio, ozônio
e outros. O Quadro 1 apresenta-nos alguns poluentes gasosos presentes no ar:

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


158 UNIDADE IV

Quadro 1 - Poluentes gasosos presentes no ar

PROPRIEDADES SIGNIFICÂNCIA COMO


NOME FÓRMULA
RELEVANTES POLUENTE DO AR
Dióxido de SO2 Gás incolor, provoca as- Perigo para propriedade,
enxofre fixia intensa, forte odor, Saúde e vegetação.
altamente solúvel em
água, formando ácido
sulfurosos, H2SO3.
Trióxido de SO3 Solúvel em água Altamente corrosivo.
enxofre formando o ácido
sulfúrico - H2SO4.

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Ácido sulfí- H2S Odor de ovo estragado Altamente venenoso.
drico em baixas concentra-
ções, inodoro a altas
concentrações.
Óxido nitroso N2O Gás incolor, utilizado Relativamente inerte;
como gás de transpor- não produzido na com-
te em produtos com bustão.
aerossol.
Óxido nítrico NO Gás incolor. Produzido em combus-
tão a altas temperaturas
e pressão, oxida para
NO2.
Dióxido de NO2 Gás de cor marrom a Principal componente
nitrogênio alaranjada. na formação de névoa
fotoquímica
Monóxido de CO Incolor e inodoro. Produtos de combustões
carbono incompletas, venenoso.
Dióxido de CO2 Incolor e inodoro. Formado durante com-
carbono bustões completas; gás
do efeito estufa.
Ozônio O3 Altamente reativo. Perigo para vegetações
e propriedades; produ-
zido, principalmente,
durante a formação de
névoa fotoquímica.
Hidrocarbo- CxHy ou HC Diversas. Emitido por automóveis
neto e indústrias, formado na
atmosfera.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


159

Metano CH4 Combustível, inodoro. Gás do efeito estuda.


Clorofluorcar- CFC Não reativo, excelentes Decompõe o ozônio
bonetos propriedades térmicas. na camada superior da
atmosfera.
Fonte: adaptado de Veslind e Morgan (2011, p. 279).

FONTES DE POLUIÇÃO
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Quando discutimos a origem da poluição atmosférica, devemos distinguir os


processos envolvidos na formação dos poluentes atmosféricos, que resultam
de processos naturais ou processos antropogênicos. As fontes de poluição con-
sistem em qualquer processo natural ou antropogênico que possa liberar ou
emitir matéria ou energia para atmosfera deixando-a contaminada ou poluída
(DALLAROSA, 2005).
As fontes naturais de
poluentes consistem em emis-
sões que ocorrem na natureza
sem a interferência humana,
como a emissão de gases
provocada por erupções vulcâ-
nicas (vulcanismo) (Figura 1), a
decomposição de vegetais e ani-
mais, a ressuspensão de poeira
do solo pela ação do vento, os
aerossóis marinhos, a formação
de ozônio devido a descargas elé- Figura 1 - Vulcanismo
tricas na atmosfera, os incêndios
naturais em florestas e os pólens de plantas (DALLAROSA, 2005).
As fontes antropogênicas (ou antrópicas) são aquelas que emitem poluentes a
partir atividades humanas, provenientes de transportes, atividades industriais,
fontes de descargas de resíduos sólidos. No que diz respeito a processos indus-
triais que podem ocasionar a poluição do ar, podemos destacar a queima de

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


160 UNIDADE IV

combustível por meio de veículos a álcool, à gasolina ou a outro combustível,


combustão industrial e à geração de energia.

Fontes Fixas ou Estacionárias

As fontes fixas de poluição atmosféricas são aquelas que ocupam uma área relativa-
mente limitada, que permitem uma análise direta na fonte. As fontes classificadas
como fixas são referentes às atividades industriais de transformação, mineração
e produção de energia através de usinas termelétricas (MMA, 2017a, on-line)1.

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Cada fonte industrial de poluição do ar apresenta problemas específicos de
poluição, pois as emissões são decorrentes de características inerentes do pro-
cesso de produção, das quais podemos citar: matérias-primas e combustíveis,
processos e operações adotados, produtos fabricados, eficiência do processo
industrial e medidas de controle utilizadas pela indústria.
De acordo com Derisio (2012), as indústrias, normalmente, são classificadas
em categorias (metalúrgicas, mecânicas, têxteis, bebidas, alimentícias, químicas
e outras) por meio das quais se pode calcular o potencial de poluição atmosfé-
rica por categoria. O Quadro 2 apresenta-nos os tipos de indústrias bem como
os tipos de poluentes emitidos por elas.
Quadro 2 - Tipos de indústrias e tipos de poluentes

TIPOLOGIA DA
NATUREZA DA ATIVIDADE TIPOS DE POLUENTES
INDÚSTRIA
Indústria de minerais Os principais processos e ope- Poeiras - principalmen-
não metálicos - rações poluidores são cons- te provenientes de
Incluem indústrias tituídos pelas operações de operações de redução
que fabricam pro- redução de tamanho, pela ma- de tamanho;
dutos de material nipulação e pelo transporte de Fumaça e fumos - prin-
cerâmico e refratá- matéria-prima, por processos cipalmente prove-
rio, cimento, vidro, de desidratação, calcinação, nientes dos processos
concreto, produtos de oxidação da matéria orgânica de combustão e de
gesso e abrasivos. e íon ferroso e formação de secagem e cozimento
silicatos em estufas e fornos, em fornos.
por operações e acabamento
como de esmaltação.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


161

Indústrias metalúrgi- Fundições primárias, que se Fumos de óxidos metá-


cas - fundições referem àquelas que produzem licos, poeira e produ-
o metal do minério, e as fundi- tos de combustão da
ções secundárias, que incluem operação de fusão,
aquelas que recuperam o dependendo da volati-
metal de sucatas e refugos e lidade e das impurezas
produzem ligas e lingotes. dos metais, sucata ou
minério;
Dióxido de enxofre, de-
pendendo do enxofre
no minério no carvão
e no combustível
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

utilizado.
Indústrias metalúrgi- Envolvem indústrias que pro- Fumos metálicos,
cas - produtos duzem peças forjadas, lamina- poeiras das fundições,
das, trefiladas e extrudadas. névoas e vapores de
solventes provenientes
da aplicação do reves-
timento de proteção
nos departamentos de
acabamento.
Indústria de madeira Indústrias de desdobramento, Material particulado,
e mobiliário compensação e produção de gotícula de tinta,
chapas de madeira prensada, solventes e fumaça
de fabricação de peças e estru- de equipamentos que
turas de madeira aparelhada, queimam resíduos.
fabricação de artigos de tan-
cara e de cortiça, fabricação de
artigos diversos de madeiras e
produtos afins.

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


162 UNIDADE IV

Indústrias químicas Incluem uma variedade de pro- Fabricação do ácido


e farmacêuticas dutos: elementos químicos e nítrico: por meio do
produtos químicos inorgânicos processo de oxidação
e orgânicos, matérias plásticas da amônia são emiti-
básicas e fios artificiais, pólvora dos cerca de 26 kg de
e explosivos, óleos brutos, óxidos de nitrogênio,
essências vegetais e matérias expressos em NO2,
graxas animais, preparados por tonelada de ácido
para limpeza e polimento, produzida.
desinfetantes, inseticidas, Fabricação de ácido
germicidas, tintas, esmaltes, sulfúrico: por meio do
vernizes, sabões, velas, produ- processo de contato,

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tos farmacêuticos e outros. estima-se uma emis-
são de 9 a 32 kg de
SO2 e de 0,14 a 3,40
kg de névoas ácidas
por tonelada de ácido
produzida.
Fabricação de ácido
fosfórico: por meio do
processo unido esti-
ma-se uma emissão de
compostos de flúor de
9 a 27 kg por tonelada
de P2O5 produzida.
Indústria de produ- Incluem beneficiamento, torre- Diferentes poluentes e
tos alimentares e fação e moagem de produtos odores podem ocorrer
bebidas alimentares, preparação de nas fases do processa-
conservas de frutas, legumes, mento dos produtos.
especiarias, pasteurização de Poeiras são emitidas
leite e fabricação de laticínios, das operações de
fabricação e refino de açúcar, beneficiamento e
fabricação de balas, produtos moagem.
de padaria e outros produtos.
Indústrias de papel e Fabricação de papel e papelão. Material particulado e
papelão substâncias odoríferas
(mercaptanas e sulfeto
de hidrogênio).
Fonte: adaptado de Derisio (2012).

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


163

Fontes móveis

São constituídos por veículos automotores, trens, aviões, embarcações marinhas,


denominadas de fontes móveis. Para Derisio (2012), os veículos são divididos
em leves, que utilizam gasolina, álcool e gás natural e pesados, que utilizam óleo
diesel. Independentemente do tipo do veículo, ele produz gases, vapores e mate-
riais particulados. Os principais gases tóxicos são o monóxido de carbono (CO),
compostos orgânicos chamados de hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogê-
nio (NOx), aldeídos e material particulado, que é constituído por partículas de
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dimensões diminutas, da ordem milésimos de milímetros, identificados como


fuligem ou poeira.

EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Os efeitos da poluição atmosférica são caracterizadas de acordo com a alteração


das condições normais da atmosfera ou pelo aumento de problemas já existen-
tes. Esses efeitos podem ser globais, locais ou regionais.
No que diz respeito à escala global, podemos citar a alteração da acidez das
águas de chuva (chuva ácida), aumento da temperatura do planeta, modificação
da intensidade da radiação solar (DALLAROSA, 2005).
De uma maneira geral, os efeitos causados pela poluição do ar são manifes-
tados por danos à saúde humana, às propriedades da atmosfera, à vegetação, à
economia bem como danos materiais.

Danos à saúde

Poluentes atmosféricos podem causar um impacto negativo na saúde humana. De


acordo com Derisio (2012), os efeitos da poluição atmosférica sobre o que pode
provocar na saúde são: doenças agudas ou morte, doenças crônicas, encurtamento
da vida ou dano ao crescimento, alteração de importantes funções fisiológicas,
tais como ventilação do pulmão, asma, bronquite, transporte de oxigênio pela
hemoglobina, irritação sensorial, fadiga e outros.

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


164 UNIDADE IV

É importante salientar que, no decorrer dos anos, a poluição atmosférica


provocou uma série de episódios agudos. O Quadro 3 apresenta-nos alguns epi-
sódios ocasionados pela poluição do ar.
Quadro 3 - Episódios provocados pela poluição do ar

ANO LOCAL HISTÓRICO Nº DE


MORTES
1930 Bélgica - Região que tinha muitas indústrias, na qual ocor- 60
Vale do reu uma inversão de temperatura, provocando
Rio Meuse congestão das vias respiratórias especialmente em

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crianças e pessoas idosas.
1948 Estados Região de indústrias metalúrgicas onde ocorreu 17
Unidos - inversão de temperatura, provocando congestão
Donnora das vias respiratórias.
1950 México - Compostos de enxofre emitidos por uma indústria 32
Poza Rica provocaram a internação de 320 pessoas acometi-
das de problemas respiratórios e nervosos, durante
uma inversão de temperatura.
1952 Brasil - Doenças respiratórias agudas em 150 pessoas, pro- 9
Bauru vocadas por alergia ao pó de semente de mamona,
utilizada na fabricação de óleo.
1957 Inglaterra Smog (mistura de fumaça com neblina). 1.000
1960 Inglaterra Smog 800
1962 Inglaterra Smog 700
Fonte: adaptado de Derisio (2012).

Em 5 de dezembro de 1952, um grande nevoeiro tomou conta da cidade


de Londres: era o começo do desastre de poluição atmosférica mais letal
da história britânica. Mais de 60 anos depois, uma equipe internacional de
químicos descobriu por que a névoa era fatal. Saiba mais acessando o link:
<http://gizmodo.uol.com.br/formacao-nevoeiro-londres/>.
Fonte: Stone (2016, on-line)2.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


165

Danos aos materiais

A poluição atmosférica também pode causar danos aos materiais, tais como: a
deposição sobre materiais, abrasão, remoção, ataques químicos diretos e indi-
retos e a corrosão eletroquímica.

Danos às propriedades da atmosfera

A falta de visibilidade é um dos principais problemas ocasionados pela poluição


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

atmosférica. Para Derisio (2012), a visibilidade urbana pode ser afetada, princi-
palmente, por fatores meteorológicos, a saber:
■■ Altura de inversão e velocidade dos ventos;
■■ Elevadas condições de umidade.

A diminuição da visibilidade ocorre em função das partículas líquidas e sólidas


que estão suspensas na atmosfera, que dispersam e absorvem a luz.

Danos à vegetação

As plantas podem ser afetadas por poluentes atmosféricos tais como: necrose
de tecidos de folhas, redução da penetração de luz (isso reduz a capacidade da
fotossíntese), penetração de poluentes pelos estômatos das plantas, redução da
taxa de crescimento, aumento na suscetibilidade de doenças, interrupções do
processo reprodutivo da planta (DALLAROSA, 2005).

Danos à economia

Para controlar e/ou remover a poluição atmosférica, os efeitos adversos são extre-
mamente onerosos para os habitantes de áreas urbanas industrializadas (DERISIO,
2012). O custo é complexo, entretanto podemos fazer certas estimativas.

POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO


166 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MÉTODOS DE CONTROLE

Vimos que as fontes de poluição do ar podem emitir poluentes gasosos ou par-


tículas, monóxido de carbono, hidrocarbonetos, dióxido de enxofre e óxidos de
nitrogênio, que são exemplos de poluentes gasosos. Já como exemplos de emis-
sões de partículas temos: fumaça, emissões de poeira e outros.
Segundo Marra Junior (2013), os poluentes existentes na atmosfera, lança-
dos pelas fontes de emissão, são denominados poluentes primários, por exemplo:
monóxido de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. Enquanto os
poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera como resultados de
reações, tais como: hidrólise, oxidação e oxidação fotoquímica, como névoas
ácidas e oxidantes fotoquímicos. No que diz respeito à gestão da qualidade do
ar, as principais estratégias estão voltadas ao controle da origem dos poluentes
primários, pois o meio mais eficaz de controlar os poluentes secundários é mini-
mizar os poluentes primários. Quando avaliamos os níveis de qualidade do ar
em uma região, devemos saber algumas informações importantes, como conhe-
cer a quantidade bem como as características das emissões.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


167

Dessa maneira, podemos dividir os métodos de controle da poluição do ar


em duas categorias: aquelas que realizam a remoção de material particulado em
suspensão, e aquelas que buscam a remoção de poluentes gasosos das corren-
tes gasosas.

CONTROLE DE PARTICULADOS

Primeiramente, começaremos nossos estudos com o controle de métodos para


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remoção do material particulado suspenso. São eles: câmara gravitacional, ciclone,


filtros de saco, precipitador eletrostático e Lavador Venturi. Veremos com deta-
lhes o funcionamento destes equipamentos a seguir.

Câmara gravitacional

É um modelo simples e um dos mais antigos para controle da poluição do ar, que
consiste, basicamente, em uma câmara de expansão, na qual ocorre a redução
da velocidade do gás até um ponto em que as partículas nele em suspensão são
capturadas pela ação da gravidade (sedimentação) (MARRA JUNIOR, 2013).
Quanto maior for a partícula, maior será a taxa de sedimentação. Em uma dada
corrente gasosa, as partículas maiores sedimentam mais rápido do que as maiores.

Ciclone

Conhecidos como separadores centrífugos (Figura 2), os ciclones são bem utili-
zados no controle de particulados, em especial quando partículas relativamente
grandes precisam ser coletadas (MARRA JUNIOR, 2013).

MÉTODOS DE CONTROLE
168 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Modelo de um ciclone

Apresentam baixo custo de instalação e manutenção, não possuem partes móveis,


podem ser confeccionados em vários materiais e ocupam espaço reduzido. Podem
se apresentar em muitas formas e tamanhos, mas o princípio básico da sepa-
ração consiste na atuação da força centrífuga sobre as partículas. Para Vesilind
e Morgan (2011), o esquema consiste no ar sujo que é forçado para dentro do
cone, como em uma centrífuga. Os sólidos pesados migram para a parede do
cilindro, onde reduzem a velocidade em função do atrito, deslizam pelo conte e
saem pelo fundo. O ar limpo fica no meio do cilindro e sai pelo topo.

Filtros de saco

Também conhecidos como filtros de tecido, utilizados para coletar a poeira, que
deve ser retirada do saco periodicamente. Segundo Marra Junior (2013), em
aplicações industriais, o meio material poroso é, geralmente, um tecido (pano),
com que se confecciona uma estrutura de formato tubular, semelhante a uma
manga de camisa.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


169

Precipitador eletrostático

O material particulado é removido após ser eletricamente carregado por elé-


trons, passando de um eletrodo de alta tensão para outro e, então, migra para o
eletrodo de coleta com carga positiva (VESILIND; MORGAN, 2011). Existem
vários mecanismos pelos quais partículas sólidas ou líquidas podem adquirir
cargas elétricas, e os mais comuns são: eletrificação por contato ou atrito (tri-
boeletrificação) por indução, por corrente corona e por ionização (MARRA
JUNIOR, 2013). Para Marra Junior (2013, p. 549):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uma corrente ou descarga corona é produzida quando uma alta volta-


gem é aplicada entre dois eletrodos, sendo um deles, normalmente, um
fio ou uma barra de diâmetro pequeno e outro, uma placa plana, geran-
do, assim, um campo elétrico não uniforme. Como resultado, o campo
elétrico nas proximidades do eletrodo fino é intensificado.

Lavador Venturi

Consiste em colocar em contato íntimo a corrente gasosa e um líquido atomizado,


geralmente água. O termo “lavadores”, de certa forma, é utilizado para remover
ou coletar materiais particulados (MARRA JUNIOR, 2013). Um dos lavadores
que são bem utilizados em indústrias para tratamento de efluentes gasosos é o
lavador tipo Venturi, um equipamento industrial que tem como principal obje-
tivo limpar a corrente gasosa dos contaminantes antes de sua emissão externa,
assim, trabalha com um aumento da velocidade da corrente de ar em sua gar-
ganta a fim de aumentar sua eficiência na coleta (COSTA, 2002).
O lavador Venturi é exigido em casos em que a eficiência precisa ultrapas-
sar 90% para partículas finas. É composto por um duto transversal (circular
ou retangular), sendo distinto em três partes: seção convergente, a garganta e a
seção divergente (ou difusor). Podemos observar o esquema do lavador Venturi,
na Figura 3:

MÉTODOS DE CONTROLE
170 UNIDADE IV

Figura 3 - Lavador Venturi e suas partes principais


Fonte: adaptado de Marra Junior (2013, p. 552).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O seu funcionamento ocorre da seguinte maneira: o líquido de lavagem é introdu-
zido com pressão na “garganta” (vena contracta), por meio de bicos atomizadores
em que são geradas pequenas gotas. O gás sujo, contaminado por materiais par-
ticulados, atravessa essa região em alta velocidade, em torno de 30 m/s a 120
m/s (MARRA JUNIOR, 2013), o que ajuda na dispersão das gotas de líquido e
na captura do material particulado.
Nesse equipamento, tem-se a necessidade de introduzir uma corrente gasosa
(que é a que será tratada) e uma corrente líquida (corrente de tratamento). Podem
ser empregados no controle de emissão de partículas oriundas de indústrias quími-
cas de produtos minerais, polpa e papel, alumínio, ferro e outros tipos de resíduos
sólidos de origem tóxica, abrasiva, corrosiva e até mesmo explosiva (COSTA,
2002). Em aplicações industriais há muitas vantagens, a saber (COSTA, 2002):
■■ Alta eficiência na coleta de partículas finas e ultrafinas (respiráveis);
■■ É compacto, exige pouco espaço físico nas indústrias;
■■ Capacidade de trabalhar com particulados explosivos, inflamáveis, pega-
josos e aderentes, pelo fato de operar como coletores úmidos;
■■ Pode-se trabalhar com a limpeza simultânea de gases tóxicos e particulados;
■■ Reaproveitamento do efluente líquido gerado, por trabalhar em um sis-
tema fechado;
■■ Pode trabalhar no tratamento de gases a altas temperaturas e altas
umidades.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


171

Costa (2002) também elenca algumas desvantagens na sua utilização, tais como:
■■ Pode necessitar de um sistema de tratamento de efluentes líquidos;
■■ O material é coletado a úmido dificultando a sua reutilização;
■■ Mais suscetível a problemas de corrosão;
■■ Perda de carga alta para altas eficiências de coleta;
■■ Pode apresentar problemas de incrustação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CONTROLE DE POLUENTES GASOSOS

Agora, estudaremos os métodos de controle de métodos para remoção de


poluentes gasosos, como: condensador, absorvedor, incinerador e separador
por membranas.

Condensador

Segundo Marra Junior (2013), a condensação consiste em um processo de con-


versão de um gás ou de um vapor líquido (ocorre a mudança de fase). Assim,
os condensadores, normalmente, utilizam água ou ar para resfriar e conden-
sar uma corrente gasosa ou um de seus componentes. São dispositivos que não
atingem temperaturas muito baixas (aproximadamente 30ºC), portanto, não
têm muita eficiência de remoção da maioria dos gases, apenas em casos que o
vapor se condense em altas temperaturas. A condensação pode ocorrer quando
a pressão parcial do poluente na corrente (mistura) gasosa é igual a sua pressão
de vapor como substância pura, na temperatura considerada.
As condições nas quais um determinado gás pode se condensar dependerá
de suas propriedades físicas e químicas, que podem ocorrer quando a pressão
parcial do poluente na corrente (mistura) gasosa é igual a sua pressão de vapor
como substância pura, na temperatura considerada. Em situações práticas, os
condensadores operam com remoção de calor da corrente gasosa (abaixamento
de temperatura). Os tipos mais comuns são: condensadores de contato (fluido

MÉTODOS DE CONTROLE
172 UNIDADE IV

resfriador ou fluido é colocado em contato direto com a corrente gasosa), mis-


turado com o gás e os de superfície (fluido do resfriador está confinado em um
compartimento distinto da corrente gasosa).

Absorvedor

Segundo Marra Junior (2013, p. 555):


absorção envolve a remoção de poluentes gasosos (chamados de absor-
vados ou solutos) de uma corrente de processos pela dissolução em um

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
líquido (chamado de absorvente ou solvente). A condição necessária
para a aplicação da absorção para o controle da poluição é a solubilida-
de dos poluentes no líquido. Em um processo de absorção, colocamos
em contato íntimo a corrente gasosa e o líquido, mais favorável é a con-
dição para a absorção, pois, sendo este um processo de transferência de
massa, a elevada área inferfacial líquido-gás colabora com o fenômeno.
O mecanismo principal de transferência de massa é a difusão entre os
constituintes das fases gasosa e líquida. Consequentemente, a taxa de
absorção é determinada pelas taxas de difusão nas fases. O processo
de transferência de massa ocorre até que o equilíbrio seja atingido
(equilíbrio de fases).

Para utilizar a absorção em seu dimensionamento, é preciso conhecer as caracterís-


ticas do solvente, que precisa ter as características, a saber (VESILIN; MORGAN,
2011):
■■ Alta solubilidade no gás;
■■ Baixa volatilidade;
■■ Baixa viscosidade e toxicidade;
■■ Alta estabilidade química e baixo ponto de congelamento;
■■ Baixo custo.

Segundo Marra Junior (2013), temos configurações de equipamentos diferentes,


sendo as mais utilizadas as colunas de recheio ou empacotadas (packed beds) ou
colunas de aspersão (spray towers).

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


173

Adsorvedor

De acordo com Veslind e Morgan (2011) a adsorção é um método importante


quando conseguimos colocar o poluente em contato com um adsorvente, como
o carvão ativado. A quantidade de moléculas (ou massa) que um adsorvente
é capaz de reter chamamos de adsorção, e é expressa pela razão entre a massa
de adsorvato e a massa de adsorvente, como por exemplo, g de adsorvato/ g de
adsorvente (MARRA JUNIOR, 2013).
Os adsorventes podem ter formas e tamanhos diferentes, e seu processo, nor-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

malmente, por meio de um sistema cíclico no qual o adsorvente é submetido a


uma etapa de adsorção, na qual os componentes adsorvidos são removidos e o
adsorvente é regenerado, esse tipo de operação chamamos de batelada cíclica.
Além disso, temos configurações de equipamentos (recheio ou empacotadas)
ou de leitos fixos.

Incinerador

De acordo com Marra Junior (2013) a combustão é um processo químico que


ocorre com a combinação do oxigênio com vários compostos químicos, que
liberam calor. O processo de combustão (oxidação térmica) é mais frequente
no controle de emissões de compostos orgânicos.
Além disso, pode ser empregado, quando os poluentes devem ser destruídos
de maneira mais eficiente, como é o caso de gases tóxicos ou perigosos. Os siste-
mas de combustão são relativamente caros, utilizam um sistema adicional para
queima dos poluentes e geralmente possuem algum dispositivo para recupera-
ção do calor gerado. Um processo ideal é aquele que a combustão é completa,
ou seja, os produtos da reação são apenas H2O e CO2. Se outros produtos são
gerados, como o CO ou óxidos de nitrogênio, a combustão é incompleta. Se a
combustão é incompleta, pode gerar problemas adicionais, resultando na for-
mação de aldeídos ou ácidos orgânicos.
A oxidação de compostos contendo enxofre ou halogênios produz compos-
tos indesejáveis, como dióxido de enxofre, ácido clorídrico, ou fosgênio (COCl2).
Sendo assim, um processo de absorção deve ser utilizado para tratamento das

MÉTODOS DE CONTROLE
174 UNIDADE IV

emissões. Para que seja alcançada a combustão completa, devemos colocar em


contato íntimo os poluentes, o combustível e o ar (oxigênio), proporcionando
as seguintes condições: temperatura elevada para ignição da mistura poluente/
combustível, mistura turbulenta dos reagentes e tempo de residência suficiente
para a reação ocorrer (MARRA JUNIOR, 2013).
Incineradores operam com temperaturas entre 600 e 650 ºC quando oxidam
a maioria dos compostos orgânicos, mas, em alguns casos, podem variar entre
1.800 e 2.200 ºC para poluentes mais perigosos. Podem ser utilizados gás natural
ou propano como combustíveis para manutenção das temperaturas adequadas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Figura 4 apresenta a forma simplificada de um incinerador:

Figura 4 - Esquema simplificado de um incinerador


Fonte: adaptado de Marra Junior (2013, p. 560).

O oxigênio é necessário para a combustão ocorrer e, para combustão completa


de um composto, uma quantidade de oxigênio deve estar presente para a con-
versão de todo carbono a gás carbônico.

No processo de incineração, se não houver oxigênio suficiente, a combus-


tão será incompleta. Quando trabalhamos a incineração no tratamento de
gases, é preciso que haja a quantidade de oxigênio adequada, senão a com-
bustão será incompleta.
Fonte: a autora.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


175

Separador de membranas

Esse processo tem como característica a passagem da mistura gasosa através


de uma membrana permeável, ocorrendo separação seletiva dos componentes
(esse processo também pode ser utilizado no tratamento de efluentes líquidos,
tratamento de águas).
As membranas comerciais são, normalmente, sintetizadas a partir de mate-
riais polimétricos. O polipropileno, a poliamida e o poliacrilonitrilo (MARRA
JUNIOR, 2013) são utilizados na fabricação de membranas. Também são uti-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lizados materiais inorgânicos, como alumina e sílica. Na limpeza dos gases, as


membranas são mais frequentemente utilizadas para o tratamento de correntes
gasosas que contém compostos orgânicos voláteis com concentrações acima de
1.000 ppm e vazões moderadas.

PADRÕES DE QUALIDADE

Para conhecer os padrões de qualidade, é preciso conhecer alguns conceitos


importantes, que, segundo Derísio (2012), são:
■■ Meteorologia: ciência que estuda os fenômenos atmosféricos que se
manifestam e ocorrem na natureza. É de suma importância, pois esses
fenômenos são fundamentais em relação à poluição do ar. As condições
meteorológicas possibilitam estabelecer uma forma de ligação entre a
fonte de poluição e o receptor, tendo como referência o transporte e dis-
persão dos poluentes.
■■ Estabilidade atmosférica: relacionada com os movimentos ascendentes
e descendentes de volumes de ar, depende da velocidade do vento, turbu-
lência atmosférica, insolação, chuva, neve e outras condições climáticas.

PADRÕES DE QUALIDADE
176 UNIDADE IV

■■ Inversões térmicas: Temos duas formas por radiação e subsidiência:


■■ Por radiação: acontece quando o solo esfria por radiação durante a
noite, isso impede a dispersão das emissões de poluentes na cidade,
à noite.
■■ Térmica: ocorre quando da existência do processo de afundamento e
compressão de massa de ar, quanto maior for a convergência em altitude,
maior o movimento descendente, havendo maior grau de compressão
da atmosfera, com isso há o aumento de temperatura.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A inversão térmica é um fenômeno que dificulta a dispersão dos poluentes
gerados nos centros urbanos. Ela é consequência do rápido aquecimento e
resfriamento da superfície. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente ou
ser causado pela maneira como a cidade está estruturada. Conheça melhor
o fenômeno da inversão térmica, acessando o link a seguir: <https://www.
ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambiente/4175-inver-
sao-termica-fenomeno-poluicao-do-ar-problemas-saude-centros-urbanos-
-fontes-emissoras-dispersao-chamine-fabricas-topografia-direcao-ventos-
-clima-transportes-combustao-poluentes-troposfera-temperatura-medi-
das-diminuicao.html>.
Acesso: 29/12/2017
Fonte: Equipe eCycle (2017, on-line)3.

QUALIDADE DO AR

Além das condições meteorológicas, a análise da concentração de poluentes pre-


sentes na atmosfera é fundamental para um programa de controle da poluição do
ar por parte da agência governamental responsável por esse controle. Segundo
Derisio (2012), os propósitos em avaliar são inúmeros, a saber:
■■ Ter conhecimento e fazer comparação da atual qualidade do ar na área
de jurisdição;

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


177

■■ Analisar tendências com o intuito de fixar padrões de qualidade do ar;


■■ Ativar ações de emergência com o objetivo de evitar episódios agudos
referentes à poluição atmosférica;
■■ Prover dados para o planejamento de uso e ocupação do solo;
■■ Estudar a viabilidade de modelos matemáticos utilizados na dispersão
atmosférica.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

INDICADORES DE QUALIDADE

Os indicadores de qualidade do ar são medidos pela quantificação de suas subs-


tâncias poluentes. Para Derisio (2012), a variedade de substâncias presentes na
atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classi-
ficação, no entanto podemos dividir em duas categorias, a saber:
■■ Poluentes primários: emitidos diretamente pelas fontes de emissão.
■■ Poluentes secundários: formados por meio da reação química entre
poluentes primários e constituintes naturais da atmosfera.

PADRÕES DE QUALIDADE DO AR

Os principais objetivos da avaliação da qualidade por monitoramento são:


■■ Avaliar a qualidade do ar com o intuito de proteger a saúde e o bem-es-
tar das pessoas;
■■ Fornecer dados para ativar ações de emergência durante períodos de estag-
nação atmosférica (quando os níveis de poluentes na atmosfera possam
representar risco à saúde pública);
■■ Acompanhar as tendências e mudanças na qualidade do ar.

Com o intuito de atender a esses objetivos, faz-se necessária a fixação de padrões


de qualidade ar, que, para Derisio (2012, p. 133):

PADRÕES DE QUALIDADE
178 UNIDADE IV

define legalmente um limite máximo para a concentração de um com-


ponente atmosférico, que garanta a proteção da saúde e do bem-estar
das pessoas. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos
científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixa-
dos em níveis que possam propiciar uma margem de segurança ade-
quada.

Os padrões de qualidade do ar (PQAr) podem variar de acordo com a aborda-


gem adotada para balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações
econômicas e vários outros fatores políticos e sociais que, por sua vez, depen-
dem, entre outras coisas, do nível de desenvolvimento e da capacidade nacional

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de gerenciar a qualidade do ar (MMA, 2017b, on-line)4.
Aqui no Brasil, os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pela
Resolução CONAMA nº 3/1990 sendo de acordo com esta resolução divididos
em padrões primários e secundários, a saber:
■■ São padrões primários de qualidade do ar: as concentrações de poluen-
tes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser
entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluen-
tes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo
(CONAMA, 1990c).
■■ São padrões secundários de qualidade do ar: as concentrações de poluen-
tes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre
o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora,
aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como
níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta
de longo prazo (CONAMA, 1990c).

PRONAR - Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar

A Resolução CONAMA nº 05 de 1989 instituiu o PRONAR como um dos ins-


trumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-estar das
populações e melhoria da qualidade de vida, que tem por objetivo permitir o
desenvolvimento econômico e social do país, de forma ambientalmente segura,
pela limitação dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmos-
férica, com vistas (CONAMA, 1989):

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


179

■■ À melhoria na qualidade do ar;


■■ Ao atendimento aos padrões estabelecidos;
■■ Ao não comprometimento da qualidade do ar em áreas consideradas
não degradadas.

A estratégia era limitar, em nível nacional, as emissões por tipologia de fon-


tes e poluentes prioritários, reservando o uso dos padrões de qualidade do ar
como ação complementar de controle, conceituando e propondo-se a estabele-
cer (CONAMA, 1989):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Limites Máximos de Emissão: a quantidade de poluentes permissível de


ser lançada por fontes poluidoras para a atmosfera, que serão diferencia-
dos em função da classificação de usos pretendidos para as diversas áreas
e serão mais rígidos para as fontes novas de poluição - aqueles empreen-
dimentos que não tenham obtido a licença prévia do órgão ambiental na
data da publicação da Resolução.
■■ Adoção de Padrões Nacionais de Qualidade do Ar: para uma avaliação
permanente das ações de controle estabelecidas são adotados padrões de
qualidade do ar, como ação complementar e referencial aos limites máxi-
mos de emissão estabelecidos. Foram estabelecidos dois tipos de padrões
de qualidade do ar: os primários e os secundários.
■■ Prevenção de Deterioração Significativa da Qualidade do Ar: para
implementar a política de não deterioração significativa da qualidade do
ar em todo o território nacional, previa que as áreas deveriam ser enqua-
dradas de acordo com a seguinte classificação de usos pretendidos:
■■ Classe I: áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Parques
Nacionais e Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias
Hidrominerais e Hidrotermais. Nestas áreas, deverá ser mantida a
qualidade do ar em nível o mais próximo possível do verificado sem a
intervenção antropogênica.
■■ Classe II: áreas onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja
limitado pelo padrão secundário de qualidade.
■■ Classe III: áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração da
qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade; por

PADRÕES DE QUALIDADE
180 UNIDADE IV

meio de Resolução específica do CONAMA serão definidas as áreas


Classe I e Classe III, sendo as demais consideradas Classe II.”
■■ Monitoramento da Qualidade do Ar: com base na necessidade de
conhecer e acompanhar os níveis de qualidade do ar, como forma de
avaliação das ações de controle estabelecidas, estabeleceu a criação de
uma Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade do Ar, que deveria
permitir o acompanhamento e a comparação com os respectivos padrões
estabelecidos.
■■ Gerenciamento do Licenciamento de Fontes de Poluição do Ar: esta-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
beleceu um sistema de disciplinamento da ocupação do solo baseado no
licenciamento prévio das fontes de poluição, por meio do qual o impacto
de atividades poluidoras deve ser analisado previamente, prevenindo a
deterioração descontrolada da qualidade do ar.
■■ Inventário Nacional de Fontes e Poluentes do Ar: estabeleceu a criação,
objetivando desenvolver metodologias que permitam o cadastramento e
a estimativa das emissões bem como o devido processamento dos dados
referentes às fontes de poluição do ar.
■■ Gestões Políticas: estabeleceu que o IBAMA coordene gestões junto aos
órgãos da Administração Pública Direta ou Indireta, Federais, Estaduais
ou Municipais e Entidades Privadas, no intuito de se manter permanente
canal de comunicação, visando viabilizar a solução de aplicação de medi-
das de controle da poluição do ar nos diferentes setores da sociedade.
■■ Desenvolvimento Nacional na Área de Poluição do Ar: promover junto
aos órgãos ambientais meios de estruturação de recursos humanos e labo-
ratoriais a fim de se desenvolver programas regionais que viabilizarão o
atendimento dos objetivos estabelecidos no PRONAR.
■■ Ações de Curto, Médio e Longo Prazo: definiu metas de curto, médio
e longo prazo para as ações, considerando:
■■ Curto Prazo: definição dos limites de emissão para fontes poluidoras
prioritárias; definição dos padrões de qualidade do ar; enquadramento
das áreas na classificação de usos pretendidos; apoio à formulação dos
Programas Estaduais de Controle de Poluição do Ar; capacitação labo-
ratorial e capacitação de recursos humanos.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


181

■■ Médio Prazo: definição dos demais limites de emissão para fontes


poluidoras; implementação da Rede Nacional de Monitoramento da
Qualidade do Ar; criação do Inventário Nacional de Fontes e Emissões;
capacitação laboratorial (continuidade) e capacitação de recursos
humanos (continuidade).
■■ Longo Prazo: capacitação laboratorial (continuidade); capacitação
de recursos humanos (continuidade) e avaliação e retroavaliação do
PRONAR.

Para que as ações de controle definidas pudessem ser concretizadas e como


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

meio de instrumentalizar tais medidas foram estabelecidos alguns instru-


mentos de apoio e operacionalização: limites máximos de emissão; padrões
de qualidade do ar; o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores (PROCONVE); o Programa Nacional de Controle da Poluição
Industrial (PRONACOP); o Programa Nacional de Avaliação da Qualidade do Ar;
o Programa Nacional de Inventário de Fontes Poluidoras do Ar e os Programas
Estaduais de Controle da Poluição do Ar que, sob uma perspectiva conceitual,
dá ao PRONAR uma ótica de gestão.

PNQA - Plano Nacional de Qualidade do Ar

No ano de 2009, o Ministério das Cidades, o Ministério da Saúde e o Ministério


do Meio Ambiente lançaram em conjunto o Plano Nacional de Qualidade do
Ar. De acordo com o documento (MMA, 2009, p. 1):
Ações de gestão são necessárias para prevenir ou reduzir as emissões
de poluentes e os efeitos da degradação do meio aéreo, o que já foi de-
monstrado ser compatível com o desenvolvimento econômico e social.
A gestão da qualidade do ar envolve, portanto, medidas mitigadoras
que tenham como base a definição de limites permissíveis de concen-
tração dos poluentes na atmosfera, a restrição de emissão dos mesmos,
bem como um melhor desempenho na aplicação dos instrumentos de
comando e controle, entre eles o licenciamento ambiental e o monito-
ramento.

Os objetivos estratégicos do PNQA são (MMA, 2009):

PADRÕES DE QUALIDADE
182 UNIDADE IV

■■ Reduzir as concentrações de contaminantes na atmosfera de modo a


assegurar a melhoria da qualidade ambiental e a proteção à saúde, com-
patibilizando o alcance de metas de qualidade do ar com desenvolvimento
econômico;
■■ Integrar políticas públicas e instrumentos que se complementam nas
ações de planejamento territorial, setorial e de fomento e na aplicação de
mecanismos de comando e controle necessários ao alcance de metas de
qualidade do ar temporalmente definidas;
■■ Contribuir para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Observa-se que, apesar da abordagem mais moderna sobre o tema, ainda per-
siste a ênfase no comando e controle. Complementarmente à legislação federal
vigente, os Estados também possuem uma série de instrumentos legais destinados
a medidas de controle da poluição e prevenção da degradação da qualidade do ar.

POLUIÇÃO SONORA

SOM

O som puro é descrito como ondas de pressão que se propagam em um meio (ar)
(VESILIND; MORGAN, 2011) e nos permite comunicar, faz-nos alertas ou pre-
vine em muitas circunstâncias. De acordo com Saliba (2009), o som é qualquer

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


183

vibração ou conjunto de vibrações ou ondas mecânicas que podem ser ouvi-


das. Essas ondas são transmitidas por meio de várias fontes (veículos, televisão,
conversa entre pessoas, eletrodomésticos etc.) e produzem no meio em que se
propagam uma variação de pressão no ar, no caso, pressão das ondas sonoras
ou, simplesmente, pressão sonora.
Dessa maneira, as fontes sonoras são os meios pelos quais as ondas de pres-
são são formadas no ar, podendo ser um equipamento em vibração, uma música,
o chiado de uma chaleira etc. Para Vesilind e Morgan (2011), os ouvidos huma-
nos saudáveis captam sons cuja frequência variam de aproximadamente 15 a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

20.000 Hz, uma ampla faixa. Os sons de baixa frequência são graves, enquanto
de alta frequência são mais agudos.
De acordo com Rosa (2007), as ondas sonoras são as que possuem frequên-
cia de vibração entre 20 e 20.000 Hz, sendo recebidas e processadas por nosso
sistema auditivo e se originam a partir de vibrações do ar que são captadas pelo
tímpano com frequência e amplitudes pré-definidas. Pessoas jovens e saudáveis
podem ouvir frequências muito altas, que geralmente incluem os sinais de por-
tas automáticas. Com a idade, infelizmente, com os danos causados, a habilidade
de detectar uma ampla faixa de frequências diminui.
A amplitude (A) representa a intensidade do som que percebemos. A sua
variação é proporcionalmente relativa à variação da pressão atmosférica causada
pela onda (pressão sonora) representada pela diferença de seus valores, máximo
e médio, no tempo e num determinado ponto do espaço, ou, também, ao longo
do espaço num determinado instante de tempo (SALIBA, 2009).
Frequência (f) é o número de oscilações (vibrações completas) por segundo
de uma determinada onda, sendo que a unidade de medida da frequência no
Sistema Internacional (SI) é o hertz (Hz), que corresponde à frequência de um
som que executa vibração completa ou um ciclo por segundo. Para uma onda
sonora em propagação, a frequência é o número de ondas que passam por um
determinado referencial em um intervalo de tempo (SALIBA, 2009).

POLUIÇÃO SONORA
184 UNIDADE IV

MEDIÇÃO DO SOM

O som é medido com um instrumento que converte a energia das ondas de pres-
são em um sinal elétrico. Um microfone capta as ondas de pressão, e um medidor
lê o nível de pressão sonora, diretamente calibrado para decibéis. Os dados obti-
dos dessa forma com um medidor de nível de pressão sonora representam uma
medição precisa do nível de energia do ar (VESILIND; MORGAN, 2011).
Mas esse nível de pressão não é necessariamente o que os ouvidos humanos
escutam, conforme já mencionado em tópico anterior, que o ouvido humano

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
detecta frequências entre 20 e 20.000 Hz. A escala decibel (dB) usa o limiar da
audição µPa como seu ponto de partida ou pressão de referência. Isso é definido
como ser igual a 0dB. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pa,
adiciona-se 20 dB; assim, 200 µPa corresponde a 20 dB; 2.000 µPa corresponde
a 40 dB e assim sucessivamente (DERISIO, 2012).

EFEITOS DE RUÍDOS NA SAÚDE HUMANA

Os efeitos do ruído, no homem, podem ser físicos, psicológicos e sociais. O


ruído prejudica a audição, interfere em comunicações, provoca fadiga, incô-
modo, aumenta produção de adrenalina, reações musculares e outros (DERISIO,
2012). Os efeitos quanto à saúde e bem-estar do homem são:
■■ Redução da capacidade auditiva;
■■ Resposta vegetativa, quer seja involuntária quer seja consciente;
■■ Cardiovascular;
■■ Incômodo;
■■ Alterações fisiológicas (como perturbação ao sono, aumento de riscos de
acidentes e outros);
■■ Medo, ansiedade.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


185

FONTES DE RUÍDO

As fontes de ruído, para Derisio (2012), podem ser classificadas em estacioná-


rias ou móveis, a saber:
a. Estacionárias: encontram-se fixas em certos locais, como indústrias, cons-
truções, casas noturnas e outros.
b. Móveis: movimentam de um lugar para outro, como exemplos: veícu-
los, aeronaves, trens.
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DEFINIÇÃO DE POLUIÇÃO SONORA

A poluição sonora é um dos grandes problemas ambientais dos centros urbanos.


Para Saliba (2009), a poluição sonora consiste na emissão de barulhos, ruídos e
sons em limites perturbadores da comodidade auditiva. Todo ruído que causa
incômodo pode ser considerado poluição sonora. A noção do que é barulho
(ruído) pode variar de pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos
para suportá-lo. Barulho em excesso pode provocar surdez e desencadear outras
doenças, como pressão alta, disfunções.

POLUIÇÃO SONORA
186 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REDUÇÃO E CONTROLE DE RUÍDOS

As técnicas de controle de ruídos podem ser realizadas na própria fonte, no


percurso entre a fonte e o receptor e podem ser utilizadas isolada ou simultane-
amente, e deve contemplar medidas, a saber (DERISIO, 2012):
■■ Substituição do equipamento por outro mais silencioso;
■■ Redução ou minimização das forças envolvidas, as quais podem compre-
ender uma correta lubrificação, alinhamento, equilíbrio das partes móveis
e ancoragem do equipamento em suportes antivibratórios;
■■ Alteração de processos produtivos, com a substituição de equipamentos
em períodos pré-estabelecidos, eliminação ou redução de atividades em
períodos noturnos.

Para Vesilind e Morgan (2011), podemos ter:


■■ Proteção do receptor: medidas que envolvem o uso de protetores auri-
culares ou outros tipos de proteção;
■■ Redução nas fontes do ruído: mudanças em motores utilizados, trocas
de equipamentos;

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


187

■■ Controle do caminho dos ruídos: aumento das paredes antirruídos ou


barreiras ao longo das estradas.

Os problemas relativos aos níveis excessivos de ruídos estão incluídos entre os


sujeitos ao controle da poluição ambiental, em que a normatização e o estabele-
cimento de padrões compatíveis com o meio ambiente equilibrado e necessário
à sadia qualidade de vida, são atribuídos ao CONAMA, segundo o que está
disposto no inciso II, do artigo 6º, da Lei 6.938 (BRASIL, 1981). Vimos, ante-
riormente, que a identificação entre som e ruído é feita por meio da utilização
de unidades de medição do nível de ruído. Com isso, também são definidos os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

padrões de emissão aceitáveis e inaceitáveis, criando-se e se permitindo a veri-


ficação do ponto limítrofe com o ruído.
O nível de intensidade sonora é apresentado, geralmente, em decibéis (dB) e
é apurada com a utilização de um aparelho chamado decibelímetro. No que diz
respeito ao ruído, é regulado pela Resolução do CONAMA 001/1990 (CONAMA
1990a), na qual considera um problema os níveis excessivos de ruídos bem como
a deterioração da qualidade de vida causada pela poluição. Esta Resolução adota
os padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e pela
Norma Brasileira Regulamentar, NBR 10.151 (ABNT, 2000). A Resolução 001
do CONAMA (1990a, p. 1) determina que:
I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades indus-
triais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda po-
lítica obedecerá
no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e dire-
trizes estabelecidos nesta Resolução.

II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item


anterior aos ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis
pela norma NBR 10.152 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas vi-
sando ao conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.

III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edifica-


ções para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma
delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR 10.152
- Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando ao conforto da co-
munidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

REDUÇÃO E CONTROLE DE RUÍDOS


188 UNIDADE IV

IV - A emissão de ruídos produzidos por veículos automotores e os


produzidos no interior dos ambientes de trabalho, obedecerão às nor-
mas expedidas, respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito
- CONTRAN e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho.

V - As entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais)


competentes, no uso do respectivo poder de política, disporão, de acor-
do com o estabelecido nesta Resolução, sobre a emissão ou proibição
da emissão de ruídos produzidos por quaisquer meios ou de qualquer
espécie, considerando sempre os locais, os horários e a natureza das
atividades emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das ativi-
dades com a preservação da saúde e do sossego público.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A NBR 10.151 (ABNT, 2000) dispõe sobre a avaliação do ruído em áreas habita-
das, visando ao conforto da comunidade. Esta Norma fixa as condições exigíveis
para a avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, independentemente
da existência de reclamações.
Além da NBR 10.151, tem-se a NBR 10.152 (ABNT, 1987), que trata dos
níveis de ruídos para conforto acústico, estabelecendo os limites máximos em
decibéis a serem adotados em determinados locais. Exemplificando, em um res-
taurante o nível de ruído não deve ultrapassar os 50 decibéis estabelecidos pela
NBR 10.152. Vale lembrar que a NBR 10.152 referente à acústica de edificações
sofreu alterações no ano de 2017.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) considerando que o

A norma NBR 10152 Acústica – Níveis de Pressão Sonora em Ambien-


tes Internos a Edificações, foi revisada desde 2014, pelo Comitê Brasileiro
da Construção Civil (CB-002), da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), foi publicada, e esse texto substituirá a NBR 10152 – Níveis de Ruí-
do para Conforto Acústico, que está em vigor desde 1987. Saiba mais sobre
as mudanças na NBR 10.152, acessando o link a seguir:<http://techne.pini.
com.br/2017/12/nbr-10152-de-acustica-em-edificacoes -e-publicada-apos-
-revisao/>. Acesso em: 19 mar. 2018.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


189

crescimento demográfico descontrolado ocorrido nos centros urbanos acarreta


uma concentração de diversos tipos de fontes de poluição sonora, sendo fun-
damental o estabelecimento de normas, métodos e ações para controlar o ruído
excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da população, estabeleceu
a Resolução 2 (CONAMA, 1990b), que veio a instituir o Programa Nacional de
Educação e Controle da Poluição Sonora – Silêncio (12), com o seguinte obje-
tivo (CONAMA, 1990b, p. 01):
a) Promover cursos técnicos para capacitar pessoal e controlar os pro-
blemas de poluição sonora nos órgãos de meio ambiente estaduais e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

municipais em todo o país;

b) Divulgar junto à população, através dos meios de comunicação dis-


poníveis, matéria educativa e conscientizadora dos efeitos prejudiciais
causados pelo excesso de ruído.

c) Introduzir o tema “poluição sonora” nos cursos secundários da rede


oficial e privada de ensino, através de um Programa de Educação Na-
cional;

d) Incentivar a fabricação e uso de máquinas, motores, equipamentos e


dispositivos com menor intensidade de ruído quando de sua utilização
na indústria, veículos em geral, construção civil, utilidades domésticas
etc.

e) Incentivar a capacitação de recursos humanos e apoio técnico e lo-


gístico dentro da política civil e militar para receber denúncias e tomar
providências de combate para receber denúncias e tomar providências
de combate à poluição sonora urbana em todo o Território Nacional;

f) Estabelecer convênios, contratos e atividades afins com órgãos e en-


tidades que, direta ou indiretamente, possam contribuir para o desen-
volvimento do Programa SILÊNCIO.

Em relação a níveis de ruído em ambientes internos, a competência é exclusiva


do âmbito federal, a cargo do Ministério do Trabalho.

REDUÇÃO E CONTROLE DE RUÍDOS


190 UNIDADE IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudamos, nesta unidade, as principais fontes de poluição atmosférica, além


de classificar os poluentes em primários e secundários. Vimos que os materiais
particulados consistem em uma mistura de partículas líquidas e sólidas que
estão em suspensão na atmosfera e classificamos de acordo com seu tamanho
em: poeira, vapor, névoa, fumaça e sprays. Enquanto poluentes gasosos estão
incluídas as substâncias que são gases a uma temperatura e pressão normais, e
vapores de substâncias líquidas ou sólidas sob condições normais, por exemplo:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
monóxido de carbono, hidrocarbonetos, ácido sulfúrico, óxidos de nitrogênio,
ozônio e outros.
Vimos que as fontes fixas de poluição do ar são aquelas que ocupam uma área
relativamente limitada e que podem ser avaliadas diretamente na fonte, como
indústrias, mineração e produção de energia por meio de usinas termelétricas.
Enquanto as fontes móveis são aquelas que não podem ser avaliadas diretamente
na fonte, como veículos, aviões, trens e outros. Além disso, estudamos que os
efeitos da poluição do ar podem ser caracterizados de acordo com a alteração
das condições normais da atmosfera ou por aumento de problemas já existentes
e que de uma forma geral, os efeitos causados pela poluição do ar são manifes-
tados por muitos danos à saúde humana, materiais, propriedades da atmosfera,
vegetação e economia.
Também vimos as formas de controlar as emissões atmosféricas e os aspectos
legais, estudamos os indicadores de qualidade do ar, os padrões de qualidade do
ar e os programas de prevenção da qualidade do ar. Definimos, por fim, polui-
ção sonora como a emissão de barulhos, ruídos e sons em limites perturbadores
da comodidade auditiva, as suas consequências para a saúde humana e algumas
técnicas de controle para o controle de ruídos, que podem ser feitas na própria
fonte, percurso e receptor.

CONTROLE E QUALIDADE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


191

QUALIDADE DO AR
Os processos industriais e de geração de energia, os veículos automotores e as queima-
das são, dentre as atividades antrópicas, as maiores causas da introdução de substâncias
poluentes à atmosfera, muitas delas tóxicas à saúde humana e responsáveis por danos
à flora e aos materiais.
A poluição atmosférica pode ser definida como qualquer forma de matéria ou energia
com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar im-
próprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos
materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade e
à qualidade de vida da comunidade. De forma geral, a qualidade do ar é produto da in-
teração de um complexo conjunto de fatores dentre os quais se destacam a magnitude
das emissões, a topografia e as condições meteorológicas da região, favoráveis, ou não,
à dispersão dos poluentes.
Frequentemente, os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis comparados a
outros fatores mais fáceis de serem identificados. Contudo os estudos epidemiológicos
têm demonstrado correlações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos
de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite,
enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando as concen-
trações dos poluentes na atmosfera não ultrapassam os padrões de qualidade do ar
vigentes. As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que já
apresentam doenças respiratórias.
A poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde e à qualidade de vida das
pessoas, mas também acarretam maiores gastos do Estado, decorrentes do aumento
do número de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de medicamentos,
custos esses que poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do ar dos centros
urbanos. A poluição de ar pode também afetar, ainda, a qualidade dos materiais (corro-
são), do solo e das águas (chuvas ácidas), além de afetar a visibilidade.
A gestão da qualidade do ar tem como objetivo garantir que o desenvolvimento socio-
econômico ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura. Para tanto, fazem-se
necessárias ações de prevenção, combate e redução das emissões de poluentes e dos
efeitos da degradação do ambiente atmosférico.
Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente
A gestão deste tema no MMA é atribuição da Gerência de Qualidade do Ar (GQA), vin-
culada ao Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria. Esta gerência foi criada
com o objetivo de formular políticas e executar as ações necessárias, no âmbito do Go-
verno Federal, à preservação e à melhoria da qualidade do ar. A GQA tem como atri-
buições formular políticas de apoio e fortalecimento institucional aos demais órgãos
do SISNAMA, responsáveis pela execução das ações locais de gestão da qualidade do
ar, que envolvem o licenciamento ambiental, o monitoramento da qualidade do ar, a
192

elaboração de inventários de emissões locais, a definição de áreas prioritárias para o


controle de emissões, o setor de transportes, o combate às queimadas, entre outras.
Cabe, ainda, à GQA propor, apoiar e avaliar tecnicamente estudos e projetos relaciona-
dos à preservação e à melhoria da qualidade do ar, implementar programas e projetos
na sua área de atuação, assistir tecnicamente os órgãos colegiados de assuntos afeitos
a essa temática (CONAMA; CONTRAN), elaborar pareceres e notas técnicas sobre os as-
suntos de sua competência.
Entre os programas da Gerência, destacam-se os programas para fontes específicas
de poluição atmosférica, tais como o PRONAR, o PROCONVE, o PROMOT e o apoio aos
Estados para a elaboração dos Planos de Controle da Poluição Veicular - PCPVs e dos
Programas de Inspeção e Manutenção Veicular - I/M, conforme Resolução CONAMA nº
418/2009.

Fonte: Brasil (2009).


193

1. São chamados de poluentes originados diretamente na atmosfera. Estamos


falando de:
a. Poluentes primários.
b. Poluentes secundários.
c. Poluentes terciários.
d. Poluição atmosférica.
e. Poluição por atividades industriais.

2. Consiste em um tratamento para remoção de particulados, que também é de-


nominado de separador centrífugo. Trata-se de:
a. Câmara gravitacional.
b. Ciclone.
c. Filtros de saco.
d. Precipitador eletrostático.
e. Lavador Venturi.

3. Os padrões de qualidade do ar, aqui no Brasil, foram estabelecidos pela Reso-


lução CONAMA nº 3/1990. Diante disso, as concentrações de poluentes, que
sejam excedidas e que podem afetar a saúde da população são chamadas de:
a. Padrões primários.
b. Padrões secundários.
c. Padrões terciários.
d. Monitoramento de qualidade do ar.
e. Inventário Nacional de Fontes e Poluentes do Ar.
194

4. Consiste no número de vibrações completas por segundo de uma determina-


da onda. Trata-se de:
a. Ondas sonoras.
b. Amplitude.
c. Frequência.
d. Som.
e. Pressão.

5. É a norma que dispõe sobre a avaliação do ruído em áreas habitadas, visando


ao conforto da comunidade. Estamos falando de qual Norma?
a. NBR 10.151.
b. NBR 10.152.
c. NBR 10.155.
d. NBR 10.044.
e. NBR 10.066.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Introdução à Engenharia Ambiental


P. Aarne Vesilind eSusan M. Morgan
Editora: Cengage Learning
Sinopse: Introdução à Engenharia Ambiental traz discussões,
principalmente, sobre dois temas: o balanço de materiais e a
ética ambiental. A obra é dividida em três partes: a primeira parte
oferece exemplos de questões complexas que circundam a
identificação e a solução dos problemas ambientais. A segunda
parte introduz os conceitos fundamentais do balanço de materiais e reações que ocorrem em
reatores. Na terceira parte esses princípios são aplicados à engenharia ambiental e à ciência.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. NBR 10151. Acústica -


Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade -
Procedimento. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.
br/wp-content/uploads/2012/01/Avalia%C3%A7% C3%A3o+do+Ru%C3%AD-
do+em+%C3%81reas+Habitadas.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2018.
______. NBR 10152. Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro,
1987. Disponível em: < http://www.joaopessoa.pb.gov.br/portal/wp-content/uplo-
ads/2015/02/NBR_10152-1987-Conforto-Ac_stico.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras pro-
vidências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
Acesso em: 9 mar. 2018.
______. Resolução nº 003, de 28 de junho de 1990c. Dispõe sobre padrões de
qualidade do ar, previstos no PRONAR. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>. Acesso em: 19 mar. 2018.
______. Resolução nº 005, de 15 de junho de 1989. Dispõe sobre o Programa Na-
cional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/res/res89/res0589.html>. Acesso em: 19 mar. 2018.
______. Resolução nº 418, de 25 de novembro de 2009. Dispõe sobre critérios
para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular - PCPV e para a im-
plantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M pe-
los órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e determina novos limites de
emissão e procedimentos para a avaliação do estado de manutenção de veículos
em uso. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-
-do-ar>. Acesso em: 19 mar. 2018.
______. Resolução nº 001, de 08 de junho de 1990a. Dispõe sobre critérios de
padrões de emissão de ruídos decorrentes de quaisquer atividades industriais, co-
merciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0190.html>. Acesso em: 19
mar. 2018.
______. Resolução nº 002, de 08 de junho de 1990b. Dispõe sobre o Programa
Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora – <Silêncio>. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0290.html>. Acesso em: 19
mar. 2018.
COSTA, M. A. M. Eficiência de coleta de partículas em lavadores Venturi. 2002.
220 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Centro de Ciências Exatas e de
Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 2002.
DALLAROSA, Juliana Braga. Estudo da formação e dispersão de Ozônio Troposférico
em áreas de atividade de processamento de carvão aplicando modelos numéricos.
197
REFERÊNCIAS

Programa de Pós-graduação em Sensoriamento remoto (Dissertação de Mestrado).


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
DERISIO, José Carlos. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São
Paulo: Oficina de Textos, 2012.
MARRA JUNIOR, Wiclef Dymurgo. Tratamento de efluentes gasosos. In: CALIJURI,
Maria do Carmo; CUNHA, Davi Gasparini Fernandes (coord.). Engenharia Ambiental.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
ROSA, Rodrigo S. Ruído Urbano: Estudo de Caso da Cidade de Sapucaia do Sul - RS,
2007. Disponível em: <http://www.projetos.unijui.edu.br/petegc/wp-content/uplo-
ads/2010/03/TCC-Rodrigo-Silva-da-Rosa.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2018.
SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e
controle dos riscos ambientais, 2. ed.. Belo Horizonte. Astec. 2009.
SALDIVA, Paulo Hilário Nascimento; COELHO, Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio.
Poluição Atmosférica e Saúde Humana. In: CALIJURI, Maria do Carmo; CUNHA, Davi
Gasparini Fernandes. Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
VESILIND, P. Aarne; MORGAN, Susan M. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2011.

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1 Em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/fontes-fi-
xas>. Acesso em: 19 mar. 2018.
2 Em: <http://gizmodo.uol.com.br/formacao-nevoeiro-londres/>. Acesso em: 19
mar. 2018.
3 Em: <https://www.ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambien-
te/4175-inversao-termica-fenomeno-poluicao-do-ar-problemas-saude-centros-
-urbanos-fontes-emissoras-dispersao-chamine-fabricas-topografia-direcao-ven-
tos-clima-transportes-combustao-poluentes-troposfera-temperatura-medidas-
-diminuicao.html>. Acesso em: 19 mar. 2018.
4 Em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/padroes-
-de-qualidade-do-ar>. Acesso em: 19 mar. 2018.
GABARITO

1. A
2. B
3. A
4. C
5. A
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov

A POLÍTICA AMBIENTAL

V
UNIDADE
NO BRASIL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a legislação ambiental pertinente.
■■ Conceituar Gestão Ambiental Empresarial e suas diferentes
aplicações. Bem como as certificações da família ISO.
■■ Conceituar produção mais limpa.
■■ Apresentar e conceituar Auditoria Ambiental, bem como as
normatizações envolvidas nos processos de certificação.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Legislação Pertinente
■■ A Gestão Ambiental de Empresas
■■ Produção mais limpa
■■ Auditoria Ambiental
201

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a) nesta unidade, vamos estudar a legislação ambiental perti-


nente, trataremos de leis importantes que gestores precisam que são aplicáveis a
organizações e/ou indústrias. Iniciaremos tratando sobre a questão de Políticas
Públicas no Brasil, em seguida falaremos sobre os principais marcos da polí-
tica ambiental brasileira, abrangendo as leis: código das águas, código florestal,
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81), lei da política agrícola, lei
das águas, lei de crimes ambientais e Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Após, vamos falar sobre a importância da gestão ambiental para as organiza-


ções, além de apresentar um histórico da questão ambiental desde a publicação
do livro Primavera Silenciosa até os dias atuais.
Trabalharemos com as abordagens da questão ambiental, sendo a primeira:
controle da poluição, que consiste apenas em impedir os efeitos da poluição oca-
sionados por determinado processo produtivo. A segunda abordagem trata-se
da prevenção da poluição, que envolve ações organizacionais buscando evitar,
reduzir, modificar a geração da poluição, e a terceira abordagem, é a abordagem
estratégica, na qual os problemas ambientais são visto como uma questão estra-
tégica pela organização.
Também vamos abordar uma questão importante referente a legislação
ambiental que deve ser cumprida pelas organizações: o licenciamento ambien-
tal, definiremos a licença prévia, licença de instalação e licença de operação, cada
uma com suas particularidades. Além disso, vamos tratar sobre as normas e cer-
tificações ambientais, propostas pela ISO 14001:2015.
Falaremos sobre a produção mais limpa, seus aspectos, aplicações e impor-
tância para as organizações, e vamos finalizar nossos estudos definindo auditoria
ambiental, apresentando os diferentes tipos de auditorias ambientais e a audito-
ria ambiental mediante a norma ISO 19011:2012.

Introdução
202 UNIDADE V

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Para Testa (2015), a Legislação Ambiental consiste em um conjunto de leis, nor-


mas, regras e padrões criados para proteger o meio ambiente, buscando planejar
e controlar os impactos ambientais.
As atitudes relacionadas com a gestão ambiental só começaram a se manifes-
tar por meio dos governos estaduais, ao passo que os problemas iam surgindo,
isto é, eram medidas isoladas de caráter remediador ou reparador.
As iniciativas iniciais no que diz respeito à gestão ambiental, eram apenas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
corretivas e não preventivas, a partir da década de 1970, tiveram início algumas
medidas preventivas através de políticas governamentais.

POLÍTICA PÚBLICA AMBIENTAL BRASILEIRA

O Poder Público no Brasil começou a se preocupar com o meio ambiente na


década de 1930. Não que antes não houvesse nada a esse respeito, mas eram pou-
cas iniciativas e não eram tão eficazes.
Para Barbieri (2016) antes do século XX, o campo político e institucional
brasileiro não se sensibilizava com os problemas ambientais, embora não fal-
tassem problemas que os apontassem. A abundância de terras férteis, além de
outros recursos naturais, enaltecida desde a carta de Pero Vaz de Caminha ao
rei de Portugal, tornou-se uma espécie de dogma que impedia enxergar a des-
truição que vinha ocorrendo desde o período da colonização. A degradação de
uma área não era considerada um problema ambiental pela classe política. As
denúncias sobre a má gestão e uso de recursos naturais não se encontravam eco
na esfera política dessa época. Somente quando o Brasil começa a dar passos
firmes em direção à industrialização inicia-se o esboço de uma política ambien-
tal. Tomando como critério a eficácia da ação pública, e não apenas a geração
de leis, pode-se apontar a década de 1930 como início de uma política ambien-
tal mais efetiva.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


203

PRINCIPAIS MARCOS DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA

Agora, estudaremos os principais marcos da Política Ambiental Brasileira.

Código das Águas - Decreto nº 24.643/1934

Norma legal que disciplina o aproveitamento industrial das águas e o aprovei-


tamento e a exploração da energia elétrica, sendo dividida em duas partes. A
primeira é reservada às águas em geral e ao seu domínio; já a segunda parte esta-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

belece uma disciplina legal para geração, transmissão e distribuição de energia


elétrica.

Código Florestal - Decreto nº 23793/1934

O Decreto nº 23.793/1934 estabeleceu o Código Florestal, que tratava de regras


acerca de onde e de que forma a vegetação nativa do território brasileiro poderia
ser explorada. Determinava, também, as áreas que devem ser preservadas e quais
regiões podem receber diferentes tipos de produção rural. O Código Florestal
sofreu modificações importantes e, em 1965, se tornou mais exigente. Teve sua
última alteração em maio de 2012, por meio da Lei nº 12.521/2012.

O Código Florestal brasileiro institui as regras gerais acerca de onde e de que


forma o território brasileiro pode ser explorado, ao determinar as áreas de
vegetação nativa que devem ser preservadas e quais regiões são legalmen-
te autorizadas a receber os diferentes tipos de produção rural. Você já ouviu
falar no novo Código Florestal? Saiba mais ao acessar ao link disponível em:
<www. brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/11/entenda-as-principais-re-
gras-do-codigo-florestal>.

Fonte: BRASIL. Entenda as principais regras do Código Florestal. 06 nov. 2012.


Portal Brasil. Disponível em: <www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/11/
entenda-as-principais-regras-do-codigo-florestal>. Acesso em: 21 mar. 2018

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
204 UNIDADE V

Política Nacional de Meio Ambiente - Lei nº 6.938/1981

A Lei nº 6.938/1981 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).


A PNMA representou uma mudança importante no tratamento das questões
ambientais, na medida em que procura integrar as ações governamentais den-
tro de uma abordagem sistemática.
Tem como tem por objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar as condições de desen-
volvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dignidade humana. O meio ambiente como um todo é considerado patrimônio
público que deve ser protegido, tendo em vista o uso coletivo (BRASIL, 1981).
Com essa Lei, foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),
responsável pela proteção e melhoria do meio ambiente e constituído por órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Podemos
observar os componentes do SISNAMA no Quadro 1.

Quadro 1 - Componentes do SISNAMA

ÓRGÃO COMPONENTE

Órgão supe- Conselho de Governo que auxilia o presidente da República na


rior formulação de políticas públicas.

Órgão Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), presidido pelo


Consultivo e ministro do meio ambiente. Esse órgão analisa, delibera e propõe
Deliberativo diretrizes e normas acerca da política ambiental.

Órgão Cen- Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da


tral Amazônia Legal (MMA). Órgão responsável por planejamento,
coordenação, supervisão e controle da Política Nacional do Meio
Ambiente.

Órgãos Exe- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


cutores (IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
dade. Autarquias vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente que
executam e fiscalizam a política ambiental no âmbito federal.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


205

Órgãos Órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de


Seccionais programas e projetos e pelo controle e pela fiscalização de ativi-
dades capazes de provocar a degradação ambiental.
Órgãos Órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e
Locais pela fiscalização dessas atividades nas suas respectivas jurisdi-
ções.
Fonte: adaptado de Brasil (1981).

Ao se espelharem no SISNAMA, os estados criaram seus Sistemas Estaduais do


Meio Ambiente para integrar as ações ambientais de diferentes entidades públi-
cas nesse âmbito de abrangência. Outra inovação importante foi o conceito de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

responsabilidade objetiva do poluidor. O poluidor fica obrigado, independente de


existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros afetados por suas atividades (BARBIERI, 2016).
De acordo com Dias (2011) o princípio do poluidor-pagador é uma das prin-
cipais normas do direito ambiental e um importante instrumento de políticas
governamentais. O princípio torna a organização que contamina responsável
pelo pagamento do prejuízo que causou, dessa maneira, os custos de tratamen-
tos dos danos ou de recuperação de áreas poluídas não reincidem no governo.
O Art. 9º da Lei nº 6.938/81 aborda os instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente (BRASIL, 1981, p. 3):
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação


ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade am-
biental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Po-


der Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de De-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
206 UNIDADE V

fesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumpri-


mento das medidas necessárias à preservação ou correção da degrada-
ção ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser


divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambien-


te, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente polui-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
doras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão


ambiental, seguro ambiental e outros.

A Constituição Federal (CF) de 1988 estabelece que a construção, a instalação,


a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e de atividades utilizadoras
dos recursos ambientais, considerados efetivos ou potencialmente poluidores,
dependeriam de prévio licenciamento por órgão estadual integrante do SISNAMA,
sem prejuízo de outras licenças exigíveis (BRASIL, 1988).
Assim, também se torna importante conhecermos o capítulo VI, do art. 225
da Constituição Federal de 1998, o qual afirma que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impon-
do-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preser-
vá-lo para as presentes e futuras gerações.

Lei da Política Agrícola - Lei nº 8.171/1991

Essa lei tem com principal objetivo proteger o meio ambiente, define que o poder
público deve disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e
da flora. O Estado também deve realizar zoneamentos agroecológicos, buscando
ordenar a ocupação de atividades produtivas, desenvolver programas de educa-
ção ambiental e incentivar a produção de mudas de espécies nativas.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


207

Lei dos Recursos Hídricos - Lei nº 9.433/1997

Também conhecida como a Lei dos Recursos Hídricos ou Lei das Águas, que
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Segundo a Lei das Águas, a
Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis fundamentos. A água é consi-
derada um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de
valor econômico, sendo sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento,
energia, irrigação, indústria etc.) (BRASIL, 1997).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O instrumento legal prevê que a gestão dos recursos hídricos deve propor-
cionar os usos múltiplos das águas, de forma descentralizada e participativa,
contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunida-
des. O consumo humano e de animais é prioritário em situações de escassez
(BRASIL, 1997).

Lei de Crimes Ambientais - Lei nº 9.605/98

Condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente passaram a ser


punidas, de forma civil, administrativa e criminal. A lei não trata apenas de
punições severas, pois incorpora métodos e possibilidades de não aplicação das
penas, desde que o infrator recupere o dano, ou, de outra forma, pague sua dívida
à sociedade (BRASIL, 1998).

Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305/2010

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi um marco regulatório na


área de Resíduos Sólidos. A PNRS faz a distinção entre resíduo (lixo que pode ser
reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento),
além de se referir a todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, da construção
civil, eletroeletrônico, lâmpadas de vapores mercuriais, agrosilvopastoril, da área
de saúde e perigosos (BRASIL, 2010).

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
208 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 - Reciclagem e aproveitamento de resíduos

A PNRS instituiu o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo


de vida dos produtos, incluiu a chamada logística reversa, que refere ao con-
junto de ações para facilitar o retorno dos resíduos aos seus geradores, a fim de
que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos e estabeleceu princí-
pios para a elaboração dos Planos Nacional, Estadual, Regional e Municipal de
Resíduos Sólidos. Ainda propiciou oportunidades de cooperação entre o poder
público federal, estadual e municipal, o setor produtivo e a sociedade em geral
(BRASIL, 2010).
Dentre os principais instrumentos instituídos pela PNRS (BRASIL, 2010,
p. 3), destacam-se:
I - os planos de resíduos sólidos;

II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos;

III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramen-


tas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos;

IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de


outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis;

V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


209

VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e priva-


do para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos,
processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento
de resíduos e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;

VII - a pesquisa científica e tecnológica;

VIII - a educação ambiental;

IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de De-


senvolvimento Científico e Tecnológico;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos


Sólidos (Sinir);

XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Si-


nisa);

XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;

XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social


dos serviços de resíduos sólidos urbanos;

XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;

XVI - os acordos setoriais;

XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio


Ambiente, entre eles: a) os padrões de qualidade ambiental.

Os principais objetivos da PNRS são (BRASIL, 2010):


■■ não geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos;

■■ destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos;

■■ diminuição do uso de recursos naturais, no processo de produção de

■■ novos produtos;

■■ intensificação de ações de educação ambiental;

■■ aumento da reciclagem no país;

■■ promoção da inclusão social;

■■ geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis.


LEGISLAÇÃO PERTINENTE
210 UNIDADE V

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS

Agora que já estudamos as legislações ambientais pertinentes, conheceremos um


pouco sobre a gestão ambiental e suas formas de gestão dentro de uma empresa.

GESTÃO AMBIENTAL

Segundo Campos (2001, p. 116), a gestão ambiental é definida como sendo:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou
medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídi-
cos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos
e desenvolvimento social. Dessa maneira, temos uma sociedade e em-
presas mais preocupadas e conscientes de suas responsabilidades frente
à exploração dos recursos naturais, assim, surgiu a necessidade de uma
gestão mais especializada, com uma visão estratégica no que diz respei-
to à exploração dos recursos de maneira mais racional.

Dessa forma, podemos afirmar que a gestão ambiental iniciou a partir da necessi-
dade de o homem organizar sua maneira de relacionar-se com o meio ambiente.
De acordo com Valle (2002, p. 39), a gestão ambiental consiste em:
um conjunto de medidas e procedimentos definidos e adequadamente
aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por
um empreendimento sobre o meio ambiente.

Para segundo Barbieri (2016, p. 18), a gestão ambiental:


compreende as diretrizes e as atividades administrativas realizadas por
uma organização para alcançar efeitos positivos sobre o meio ambiente,
ou seja, para reduzir, eliminar ou compensar os problemas ambientais
decorrentes da sua atuação e evitar que outros ocorram no futuro.

As ações para combater a poluição começaram a ser efetivadas somente a par-


tir da Revolução Industrial, e de acordo com Barbieri (2016), embora desde a
Antiguidade diversas experiências já tivessem sido tentadas, com o intuito de reti-
rar o lixo urbano que se alastrava ruas e cidades, prejudicando o meio ambiente
e a saúde dos habitantes. Na segunda metade do século XIX, começou também
um intenso debate entre os membros da comunidade científica e artística para

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


211

delimitar as áreas do ambiente natural a serem protegidas e foram criados san-


tuários onde a vida selvagem pudesse ser preservada.
Assim, a questão ambiental era restrita a pequenos grupos de políticos e cien-
tistas e foi se espalhando devido ao grau de deterioração que o meio ambiente
estava sofrendo. O Quadro 2 apresenta-nos os marcos históricos da questão
ambiental.

Quadro 2 - Marcos históricos da questão ambiental


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ANO DESCRIÇÃO

1962 Publicação do livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, o qual


teve uma grande repercussão pública e expôs os perigos da utiliza-
ção do DDT.
1968 Clube de Roma - um grupo de cientistas, educadores e empresários
se reuniram em Roma e tiveram como objetivo discutir os dilemas
atuais e futuros do homem.

1972 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano


(Conferência de Estocolmo), que teve como resultado a declaração
de um plano de ação para o Meio Ambiente Humano. Foi a primeira
conferência que procurou preservar o meio ambiente, pois naquela
época, acreditava-se que o meio ambiente era uma fonte inesgotá-
vel e a relação homem-natureza era desigual - de um lado, os seres
humanos gananciosos tentando satisfazer seus desejos de conforto e
consumo; do outro, a natureza com toda a sua riqueza e exuberância,
sendo a fonte principal para as ações dos homens.

1987 Relatório Brundtland (ou Nosso Futuro Comum), que publicou a


definição de desenvolvimento sustentável utilizada até hoje, que
consiste no desenvolvimento que satisfaz às necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades.

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


212 UNIDADE V

1992 Rio 92 (ou Eco 92) que consolidou o conceito de desenvolvimento


sustentável e aprovou a Agenda 21.

1996 Emissão da norma ISO 14001 (primeira versão) - teve adesões sem
escala crescente por parte das empresas internacionais e nacionais.

1997 O Protocolo de Kyoto foi um tratado internacional que teve como


objetivo fazer com que os países desenvolvidos assumissem o
compromisso de reduzir a emissão de gases que agravam o efeito
estufa, para analisar os impactos causados pelo aquecimento global.
Também foram realizadas discussões para estabelecer metas e criar

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
formas de desenvolvimento que não sejam prejudiciais ao Planeta.

2002 Rio+10 (Joanesburgo - África do Sul) reuniu representantes de 189


países, além da participação de centenas de Organizações Não
Governamentais (ONGs). As discussões na Rio+10 não se restringiram
à preservação do meio ambiente, englobaram, também, aspectos
sociais.

2012 Rio + 20: uma das grandes discussões da Conferência foi acerca do
papel de uma instância global que seja capaz de unir as metas de
preservação do meio ambiente com as necessidades contínuas de
progresso econômico, isto é, progredir sem agredir o meio ambiente.

Fonte: adaptado de Silva e Crispim (2011).

Isso já começa a demonstrar que mostra que o número de pessoas preocupadas


com a questão ambiental e que começam a exigir das organizações uma postura
mais pró-ativa no que diz respeito ao meio ambiente.

ABORDAGENS DA GESTÃO AMBIENTAL

Existem três diferentes abordagens de que as empresas podem se valer para lida-
rem com problemas ambientais: controle da poluição, prevenção da poluição e
estratégica. O Controle da poluição, para Barbieri (2016), é caracterizado por
práticas administrativas e operacionais que têm por intuito impedir os efeitos
da poluição gerada por certo processo produtivo. Aqui as ações ambientais são

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


213

resultantes de uma postura reativa da organização.


As soluções tecnológicas buscam controlar a poluição gerada sem alterar
seus processos produtivos, tendo dois tipos: tecnologia de remediação e con-
trole no final do processo (end-of-pipe). A tecnologia de remediação procura
resolver problemas que já ocorreram, como tecnologia para remediação de um
solo contaminado, enquanto as tecnologias end-of-pipe (ou fim de tubo) pro-
curam captar e tratar a poluição resultante de seus processos produtivos, como
por exemplo, uma chaminé ou uma planta de tratamento de efluentes (Figura 2):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 2 - Planta de tratamento de efluentes

A prevenção da poluição envolve ações empresariais que buscam atuar sobre


os produtos e processos produtivos com o intuito de evitar, reduzir, modificar
a geração da poluição, isso requer mudanças em processos produtivos a fim de
reduzir ou eliminar os rejeitos na fonte, isto é, antes que eles sejam produzidos
e lançados ao ambiente. Suas prioridades são: reduzir na fonte, reciclagem (ou
reuso), recuperação energética, tratamento e disposição final. A abordagem estra-
tégica, os problemas ambientais são tratados como uma das questões estratégicas
da empresa, relacionadas com a busca de uma situação vantajosa no futuro, tais

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


214 UNIDADE V

como lucratividade, melhoria na imagem no mercado, entre outros. Para Barbieri


(2016, p. 90), a gestão ambiental traz os benefícios estratégicos:
a) melhoria da imagem institucional;

b) renovação do portfólio de produtos;

c) aumento da produtividade;

d) maior comprometimento dos funcionários e melhores relações do


trabalho;

e) criatividade e abertura para novos desafios;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
f) melhores relações com autoridades públicas, comunidade e grupos
ambientais ativistas;

g) acesso assegurado aos mercados externos;

h) mais facilidade para cumprir os padrões ambientais. (Barbieri, 2016,


p. 90).”

O Quadro 3 resume as abordagens da gestão ambiental empresarial.


Quadro 3 - Abordagens da gestão ambiental empresarial

ABORDAGEM DO
ABORDAGEM DA A B O R D A G E M
CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA
POLUIÇÃO ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO
Preocupação Cumprir legisla- Uso eficiente dos Ccompetitividade
básica ção e respostas insumos.
as pressões da
comunidade.
Postura reativa reativa e proativa reativa e proativa
Ações típicas Corretivas; uso de Corretivas e Corretivas, pre-
tecnologias de re- preventivas; ventivas e anteci-
mediação e fim de conservação e patórias.
tubo; aplicações substituição de
de normas de insumos; tecnolo-
saúde e segurança gias limpas.
do trabalho.
Percepção dos custo adicional Redução do custo; Vantagens compe-
empresários aumento de pro- titivas.
dutividade.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


215

Envolvimento da esporádico periódico permanente e


alta administração sistemático
Áreas envolvidas áreas geradoras crescente envolvi- atividades am-
da poluição mento de outras bientais dissemi-
áreas como pro- nadas pela organi-
dução, compras, zação; ampliação
desenvolvimento das ações ambien-
de produto e tais para a cadeia
marketing. de suprimentos.
Fonte: Barbieri (2016, p. 86).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente


(PNMA) que tem como objetivo agir preventivamente sobre a proteção do bem
comum do povo, o meio ambiente, além de compatibilizar sua preservação com
o desenvolvimento econômico-social, essencial para a sociedade (TCU, 2007).
O Licenciamento Ambiental pode ser definido como:
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreen-
dimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considera-
das efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental, considerando as dispo-
sições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso
(CONAMA, 1997, p. 1).

Dessa maneira, a Licença Ambiental pode ser entendida como:


Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece
as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão
ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para loca-
lizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utiliza-
doras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degra-
dação ambiental (CONAMA, 1997, p. 1).

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


216 UNIDADE V

De acordo com TCU (2007, p. 10), a licença ambiental é:


uma autorização emitida pelo órgão público competente, que é conce-
dida ao empreendedor para que possa exercer seu direito à livre inicia-
tiva, desde que sejam atendidas às precauções requeridas, com o intui-
to de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado.

O licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença: a licença prévia,


a licença de instalação e a licença de operação. Cada uma das licenças refere-se
a uma fase distinta do empreendimento e segue uma sequência lógica. É impor-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tante compreendermos que essas licenças não dispensam o empreendedor da
obtenção de outras autorizações ambientais específicas junto aos órgãos compe-
tentes, a depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais
envolvidos. Por exemplo, se temos uma indústria que for utilizar algum recurso
hídrico em sua atividade, também é necessária a outorga de direito de uso do
recurso hídrico, de acordo os preceitos da Lei 9.433/97, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos.

Tipos de Licenciamento Ambiental

Veremos a seguir os tipos de licenciamento ambiental: licença prévia, licença de


instalação e licença de operação.

Licença prévia (LP)

É a licença que precisa ser solicitada na fase preliminar de planejamento da ativi-


dade, deve conter os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais e federais de
uso do solo (CONAMA, 1997). Seu objetivo é definir as condições a partir das
quais o projeto se torne compatível com a preservação do meio que afetará.
Consiste no compromisso que o empreendedor assume de que irá seguir o pro-
jeto, de acordo com os requisitos determinados pelo órgão ambiental (TCU, 2007).
É importante salientar que as atividades que são consideradas efetivas ou
potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, a concessão da

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


217

licença prévia irá depender da aprovação de estudo prévio de impacto ambien-


tal e do respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA)
(CONAMA, 1997). Além disso, esses instrumentos também são essenciais para
a solicitação de financiamentos e obtenção de incentivos fiscais.
A licença prévia tem extrema importância no atendimento ao princípio da
prevenção (TCU, 2007).

Licença de instalação (LI)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A licença de instalação é a autorização para o início da implantação, de acordo


com as especificações constantes no projeto executivo aprovado. O início da
instalação do empreendimento ou da atividade só deve acontecer depois da expe-
dição da licença de instalação, em que são verificadas especificações constantes
nos planos, programas e projetos aprovados, bem como medidas de controle
ambiental, de compensação e outras consideradas importantes na fase anterior
(CONAMA, 1997).
Ao conceder a licença de instalação, o órgão gestor de meio ambiente terá (TCU,
2007):
■■ autorizado o empreendedor a começar as obras;
■■ concordado com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos ambientais, seus detalhamentos e respectivos cronogramas de
implementação;
■■ verificado o atendimento das condicionantes determinadas na licença
prévia;
■■ estabelecido medidas de controle ambiental, com vistas a garantir que a
fase de implantação do empreendimento obedecerá aos padrões de qua-
lidade ambiental estabelecidos em lei ou regulamentos.

Licença de operação (LO)

A licença de operação autoriza, após as verificações necessárias, o início da


atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle da

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


218 UNIDADE V

poluição, de acordo com o previsto na licença prévia e de instalação (CONAMA,


1997). A licença de operação é aquela que autorizará o início das operações do
empreendimento ou da atividade objeto do projeto, sua expedição depende da
verificação e do cumprimento das etapas anteriores e tem três características
básicas (TCU, 2007):
1. É concedida após a verificação, pelo órgão ambiental do efetivo cumpri-
mento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia
e de instalação);
2. Contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servi-

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rão de limite para o funcionamento do empreendimento ou da atividade;
3. Especifica as condicionantes determinadas para a operação do empre-
endimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou
cancelamento da operação.

Cada uma das licenças ambientais tem prazos de validade que estão apresenta-
das no Quadro 4.
Quadro 4 - Prazos de validade das Licenças ambientais

TIPO DE PRAZO
PRAZO MÍNIMO
LICENÇA MÁXIMO
Licença 5 anos Prazo estabelecido pelo cronograma de planos, pro-
Prévia (LP) gramas e projetos relativos à atividade ou ao empre-
endimento. Esse prazo poderá ser prorrogado desde
que não ultrapasse o prazo máximo da licença.
Licença de 6 anos
Instalação
(LI)

Licença de 10 anos Mínimo de 4 anos ou o prazo considerado nos planos


Operação de controle ambiental. Prazos específicos para empre-
(LO) endimentos ou atividades sujeitos a encerramentos
ou modificações em prazos inferiores.

Fonte: Barbieri (2016, p. 267).

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


219

Além disso, é importante entendermos que nem toda a atividade ou empreen-


dimento está sujeita ao licenciamento ambiental. Para saber qual atividade deve
passar por todo processo de licenciamento, a Resolução 237 (CONAMA, 1997),
no seu anexo 1, apresenta as atividades sujeitas ao licenciamento. No entanto,
caso você tenha dúvida de alguma atividade, deve ser feita uma consulta ao órgão
ambiental competente, pois a lista do anexo 01, não se trata de uma lista exaustiva.
São exemplos do anexo 01 da Resolução 237 de 1997, de atividades sujeitas
ao licenciamento ambiental (CONAMA, 1997):
■■ Extração e tratamento de minerais;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Indústria de produtos minerais não metálicos;


■■ Indústria metalúrgica;
■■ Indústria mecânica;
■■ Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações;
■■ Indústria de material de transporte;
■■ Indústria de madeira;
■■ Indústria de papel e celulose;
■■ Indústria de borracha;
■■ Indústria de couros e peles;
■■ Indústria química;
■■ Indústria de produtos de matéria plástica;
■■ Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos;
■■ Indústria de produtos alimentares e bebidas;
■■ Indústria de fumo;
■■ Indústrias diversas;
■■ Obras civis (rodovias, hidrovias, ferrovias, barragens, e outros)
■■ Serviços de utilidade (produção de energia termoelétrica, transmissão

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


220 UNIDADE V

de energia elétrica, estações de tratamento de água, interceptores, emis-


sários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário, tratamento e
destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos) e outros);
■■ Transporte, terminais e depósitos;
■■ Turismo (complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e
autódromos);
■■ Atividades diversas;
■■ Atividades agropecuárias;

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■■ Uso de recursos naturais (silvicultura, exploração econômica da madeira
ou lenha e subprodutos florestais, atividade de manejo de fauna exótica e
criadouro de fauna silvestre e outros).

A Resolução CONAMA Nº 001/86 define que o Estudo de Impacto Ambiental


(EIA) é o conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas,
com dados técnicos detalhados. O acesso a ele é restrito, em respeito ao
sigilo industrial. O relatório de impacto ambiental, RIMA, refletirá as conclu-
sões do estudo de impacto ambiental (EIA). O RIMA deve ser apresentado de
forma objetiva e adequada à sua compreensão, as informações devem ser
traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros,
gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam
entender as vantagens e desvantagens do projeto bem como todas as con-
sequências ambientais de sua implementação. Saiba mais sobre o EIA/RIMA,
acessando o link: <http://www.matanativa.com.br/blog/o-que-e-eia-rima-
-estudo-e-relatorio-de-impacto-ambiental/>.
Fonte: Mata Nativa ([2018], on-line)1.

NORMAS DA FAMÍLIA ISO 14000

As normas ISO 14000 são uma família de normas que procuram estabelecer
ferramentas e sistemas para gestão ambiental de uma organização, buscam a
padronização de algumas ferramentas-chave de análise, tais como a auditoria

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


221

ambiental e a análise do ciclo de vida (BRASIL, 2017). O Quadro 5 apresenta-


-nos as normas da família ISO 14000:
Quadro 5 - Família ISO 14000

NORMA DESCRIÇÃO

ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ISO 14010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais

ISO 14011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Audito-


rias
ISO 14012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação

ISO 14020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos

ISO 14021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições

ISO 14022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos

ISO 14023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação

ISO 14024 Rotulagem Ambiental - Guia para Certificação com Base em Análi-
se Multicriterial

ISO 14031 Avaliação da Performance Ambiental

ISO 14032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operações

ISO 14040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais

ISO 14041 Análise do Ciclo de Vida - Inventário

ISO 14042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos

ISO 14043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos

Fonte: ABNT (2017).

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


222 UNIDADE V

A principal norma da família ISO 14000 é a ISO 14001, que estabelece os requi-
sitos necessários para implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA),
que tem por objetivo gerir a organização dentro de um SGA certificável, estru-
turado e integrado à atividade geral de gestão, buscando apresentar requisitos
que sejam aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de organização (SEIFFERT,
2011). Segundo Barbieri (2016), de forma sucinta, o SGA proposto deve cum-
prir estes requisitos:
■■ Política Ambiental;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Planejamento;
■■ Implementação e Operação;
■■ Verificação e Ação Corretiva.

No que diz respeito à Política Ambiental, é preciso que a alta administração defina
sua política ambiental e assegure que ela (BRASIL, 2015, p. 8):
• seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de
suas atividades, produtos ou serviços;

• inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a pre-


venção da poluição;

• inclua o comprometimento com o atendimento à legislação, às


normas ambientais aplicáveis e aos demais requisitos da organi-
zação;

• forneça estrutura para o estabelecimento e a revisão dos objetivos


e das metas ambientais;

• seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos


os colaboradores;

• esteja disponível para o público.

ISO 14001

A ISO 14001 pode ser implementada e aplicada por qualquer tipo de organiza-
ção de todos os portes e segmentos. É uma norma aplicável para empresas que
desejam (ROBLES JR, 2003, p. 136):

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


223

• Implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental.

• Assegurar-se do atendimento a sua política ambiental.

• Demonstrar tal conformidade a terceiros.

• Buscar certificação/registro de seu SGA por uma organização ex-


terna.

• Realizar auto-avaliação e emitir declaração de conformidade à


norma (ROBLES JR, 2003, p. 136).

A primeira edição da ISO 14001 foi no ano de 1996, a segunda edição em 2004,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

quando se buscou esclarecer a edição de 1996 e alinhá-la melhor com a norma


ISO 9001:2000. Com isso, algumas seções não modificadas em seu conteúdo
foram reescritas para alinhar à ISO 14001:2004 com o formato, os termos e a
diagramação da ISO 9001:2000 e para aumentar a compatibilidade entre as duas
normas (SEIFFERT, 2011).

ISO 14001:2015

Após onze anos da publicação da última revisão da norma ISO 14001 (em 2004),
no segundo semestre de 2015, ocorreu o lançamento oficial da ISO 14001:2015,
que estabelece os requisitos para implementação e certificação do Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). Essa nova versão teve várias modificações que ocor-
reram para adaptar a norma de acordo com a estrutura do Anexo SL, que tem
por intuito criar uma estrutura padrão para todas as normas que orientam a
implantação e a certificação dos sistemas de gestão.

O prazo final para transição das empresas que têm a certificação ISO
14001:2004 é até o final de 2018. As empresas certificadas pela versão de
2004, da ISO 14001, precisam fazer a transição em 2018.
Fonte: adaptado de ABNT (2017).

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


224 UNIDADE V

Dessa maneira, de acordo com a ABNT (2015), a nova estrutura da ISO 14001,
também proposta no anexo SL é:
■■ Introdução;
■■ Escopo;
■■ Referência normativa;
■■ Termos e definições;
■■ Contexto da organização;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Liderança;
■■ Planejamento;
■■ Apoio;
■■ Operação;
■■ Avaliação de desempenho;
■■ Melhoria.

Essa estrutura da nova versão é a mesma ISO 9001 que aborda o Sistema de
Gestão de Qualidade (SGQ). A estrutura que sustenta um SGA é baseada no
ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). O ciclo PDCA fornece um processo interativo
utilizado pelas organizações para alcançar a melhoria contínua. Esse ciclo pode
ser aplicado a um sistema de gestão ambiental e a cada um dos seus elementos
individuais (ABNT, 2015). A Figura 3 apresenta-nos a estrutura da norma ISO
14001:2015 integrada ao ciclo PDCA:

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


225
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 3 - Modelo do Sistema de Gestão Ambiental


Fonte: Carpinetti e Gerolamo (2016, p. 159).

A Estrutura de Alto Nível distribui as cláusulas em 10 seções (ou seja, em 10


itens), alinhadas com a abordagem PDCA (Figura 1), de modo a dar sequência
lógica aos requisitos dos sistemas de gestão e propõe texto comum para requisi-
tos muito estáveis dos sistemas de gestão, tais como a informação documentada,
as ações corretivas, as auditorias internas, a revisão pela gestão, dentre outros.
Assim, a nova versão da ISO 14001 tem a estrutura apresentada no Quadro 6
(ABNT, 2015):

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


226 UNIDADE V

Quadro 6 - Estrutura da Norma ISO 14001:2015

0. Introdução

1. Escopo

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Contexto da organização:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4.1 Entendendo a organização e seu contexto.

4.2 Entendendo as necessidades e as expectativas de partes


interessadas.

4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão ambiental


(SGA).

4.4 Sistema de Gestão Ambiental


P
5. Liderança
L
5.1 Liderança e comprometimento
A

N 5.2 Política ambiental


E 5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais
J 6. Planejamento
A
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
R
6.1.1 Generalidades

6.1.2 Aspectos ambientais

6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos

6.1.4 Planejamento das ações

6.2 Objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los


6.2.1 Objetivos ambientais

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


227

6.2.2 Planejamento de ações para alcançar os objetivos ambien-


tais

7. Apoio

7.1 Recursos

7.2 Competência

7.3 Conscientização

7.4 Comunicação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

7.4.1 Generalidades

7.4.2 Comunicação interna

7.4.3 Comunicação externa

7.5 Informação documentada

7.5.1 Generalidades

7.5.2 Criando e atualizando.

7.5.3 Controle de informação documentada.

8. Operação

EXECUTAR 8.1 Planejamento e controle operacionais

8.2 Preparação e resposta a emergências

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESAS


228 UNIDADE V

9. Avaliação de desempenho

9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação

9.1.1 Generalidades

9.1.2 Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros


requisitos
AVALIAR
9.2 Auditoria Interna

9.2.1 Generalidades

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
9.2.2 Programa de auditoria interna

9.3 Análise crítica pela direção

10. Melhoria

10.1 Generalidades
AGIR
10.2 Não conformidade e ação corretiva

10.3 Melhoria contínua


Fonte: adaptado de ABNT (2015).

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


229
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Durante o ano de 1989, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) introduziu o conceito de produção mais limpa para definir a apli-
cação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integral que envolve
processos, produtos e serviços, de maneira que se previnam ou reduzam os ris-
cos de curto ou longo prazo para o ser humano e o meio ambiente (DIAS, 2017).
A produção mais limpa (P+L) adota os procedimentos, a saber:
■■ Processos de produção: conservando as matérias-primas e energia, eli-
minando aquelas que são tóxicas bem como reduzindo a quantidade e a
toxicidade de todas as emissões e resíduos.
■■ Produtos: buscando reduzir os impactos ambientais negativos ao longo
do ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima até a dis-
posição final.
■■ Serviços: incorporando as preocupações ambientais no projeto e forne-
cimento de serviços.

PRODUÇÃO MAIS LIMPA


230 UNIDADE V

■■ Além disso, podemos definir como sendo uma estratégia ambiental, de


caráter preventivo que é aplicada a processos, produtos e serviços empre-
sariais com o intuito de utilizar eficientemente os recursos e a diminuir o
impacto ambiental no meio ambiente (DIAS, 2017).

Para o CNTL (1999), a produção mais limpa é uma aplicação contínua de uma
estratégia ambiental, econômica e tecnológica que está integrada aos processos
e produtos, com o intuito de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,
energia, água, por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos
gerados. A Figura 4 apresenta-nos os níveis de P+L:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 4 - P + L - Níveis de intervenção


Fonte: adaptado de Barbieri (2016, p. 101).

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


231

Podemos observar, na Figura 4, que as alternativas do nível 1, que constituem


a prioridade máxima, envolvem modificações em processos e produtos com o
intuito de reduzir emissões e resíduos na fonte bem como para eliminar e redu-
zir sua toxicidade. Para Barbieri (2016), essas modificações ocorrem mediante
revisões de suas especificações para reduzir geração de resíduos, realizadas por
meio de:
• boas práticas operacionais (housekeeping): procedimentos admi-
nistrativos e operacionais usuais, como planejamento e programa-
ção da produção, gestão de estoques, organização do local de tra-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

balho, limpeza, manutenção de equipamentos, providências para


evitar acidentes nos deslocamentos de materiais, coleta e separa-
ção de resíduos, padronização de atividades, elaboração e atualiza-
ção de manuais, fichas técnicas, treinamento e outros.

• substituição de materiais: avaliação e seleção de materiais para re-


duzir ou eliminar materiais perigosos nos processos produtivos ou
na geração de resíduos perigosos, por exemplo, substituir solven-
tes químicos por solventes à base de água, selecionar matérias-pri-
mas e materiais auxiliares que gerem menos resíduos;

• mudanças na tecnologia: inovações nos processos produtivos para


reduzir emissões e perdas, podendo ser inovações incrementais,
como mudanças nas especificações do processo ou no layout, ou
radicais, como novos equipamentos, instalações e outros compo-
nentes do processo (BARBIERI, 2016, p. 100).

Emissões e ruídos que continuam sendo gerados nos processos devem ser reu-
tilizados internamente, como apresentado no nível 2. Já no nível 3, quando não
existe a possibilidade do resíduo ou da emissão ser utilizado na própria uni-
dade produtiva que o gerou, pode ser feita a reciclagem externa, por meio de
doações ou venda. Caso isso ainda não seja possível, podem ser tratados para
serem assimilados no meio ambiente, como a compostagem (ciclos biogênicos)
(BARBIERI, 2016).

PRODUÇÃO MAIS LIMPA


232 UNIDADE V

OUTROS MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Veremos agora outros modelos de gestão ambiental.

Administração da Qualidade Total (TQM)

No ano de 1990, 21 empresas multinacionais formaram a Global Environmental


Management Initiative (Gemi), que criou o conceito de Total Quality Environmental
Management (TQEM), uma extensão dos conceitos da Administração da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualidade Total (TQM). A Administração da Qualidade Total (TQM) tem
como meta o defeito zero, e a Administração da Qualidade Ambiental Total tem
como meta a poluição zero. Para alcançar seus objetivos ambientais, a TQEM
utiliza ferramentas típicas da qualidade, como diagrama de causa e efeito, ben-
chmarking, diagramas de fluxos de processos, gráfico de Pareto e ciclo PDCA
(BARBIERI, 2016). Veja no Quadro 7:

Quadro 7 - Ferramentas da qualidade

FERRAMENTA DESCRIÇÃO
Ciclo PDCA Do inglês, plan, do, check, act, propõe a análise dos processos
com vistas à sua melhoria.
Diagrama de Sua representação é comparada a uma espinha de peixe, em
causa e efeito que, na coluna do meio, sinalizada por uma seta, é representado
o efeito ou a consequência e, na parte lateral, acima e abaixo da
seta, estão as causas que interferem no processo.
Gráfico de Pode ser utilizado, para classificar causas que atuam em um pro-
Pareto cesso com maior ou menor intensidade, ou, ainda, com diferen-
tes níveis de importância.
Lista de É um método pelo qual se faz a constatação de quantas vezes
verificação algo ocorre e mostra a frequência de sua ocorrência. Também,
(checklist) é conhecida como folha de checagem. É uma das ferramentas
mais simples e mais eficientes para analisar o desenvolvimento
de atividades ao longo de um processo.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


233

Gráficos de Buscam trabalhar com as variações de um processo e estão


controle restritos a áreas determinadas do processo. Como regra geral, os
gráficos de controle são instrumentos para separar causas alea-
tórias das causas assinaláveis, verificam se o processo é estável,
se o processo está sob controle e se permanecem assim e, ainda,
permitem a análise das tendências do processo.
Fonte: Carvalho e Paladini (2012, p. 358).

Os custos de prevenção estão associados a ações para evitar problemas ambien-


tais futuros, os custos de avaliação consistem nas ações para verificar como a
organização está em relação aos cumprimentos das normas legais. Os custos de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

falhas internas estão relacionados às ações para controle de impactos ambien-


tais, já os custos de falhas externas relacionam-se às ações para controlar, reparar
e mitigar impactos produzidos fora da empresa (DIAS, 2017).

Ecoeficiência

A ecoeficiência tem por intuito o uso mais eficiente de matérias-primas e ener-


gia, com o objetivo de reduzir os custos econômicos, os impactos ambientais e
os riscos de acidente, melhorando a relação da organização com as partes inte-
ressadas (DIAS, 2017). Assim, uma empresa torna-se ecoeficiente para Barbieri
(2016) quando:
■■ reduz o consumo de materiais com bens e serviços;
■■ reduz o consumo de energia com bens e serviços;
■■ reduz a dispersão de substâncias tóxicas;
■■ intensifica a reciclagem de materiais;
■■ maximiza o uso sustentável dos recursos naturais;
■■ prolonga a durabilidade dos produtos;
■■ agrega valor aos bens e serviços.

A ecoeficiência é baseada na ideia de que a redução de materiais e energia, ao


longo do sistema produtivo, aumenta a competitividade da empresa ao mesmo
tempo que reduz as pressões sobre o meio ambiente (DIAS, 2017). A ecoeficiência

PRODUÇÃO MAIS LIMPA


234 UNIDADE V

está relacionada a três importantes objetivos (DIAS, 2017):


1. Redução do consumo de recursos;
2. Redução no impacto na natureza;
3. Aumento de produtividade ou do valor do produto.

Os princípios para a definição e para a utilização dos indicadores de ecoeficiên-


cia estão apresentados a seguir:
1. Serem relevantes e significativos na proteção do meio ambiente e da saúde

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
humana e/ou na melhoria da qualidade de vida.
2. Fornecerem informação aos tomadores de decisão, com o objetivo de
melhorar o desempenho da organização.
3. Reconhecerem a diversidade inerente a cada negócio.
4. Apoiarem o benchmarking e monitorarem a evolução do desempenho.
5. Serem claramente definidos, mensuráveis, transparentes e verificáveis.
6. Serem compreensíveis e significativos para as várias partes interessadas.
7. Basearem-se em uma avaliação geral da atividade da empresa, dos produ-
tos e dos serviços, concentrando-se, principalmente, nas áreas controladas
diretamente pela gestão.
8. Levarem em consideração questões relevantes e significativas, relacio-
nadas com as atividades da empresa, a montante (ex.: fornecedores) e a
jusante (ex.: utilização do produto) (BARBIERI, 2016).

A P+L e a Ecoeficiência são modelos de gestão que têm muitas semelhanças


entre si. Assim, a reciclagem interna e externa é muito valorizada pela ecoefici-
ência, diferentemente da P+L, na qual essa reciclagem é uma opção de segundo
e terceiro nível.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


235

Projeto para o Meio Ambiente

É um modelo de gestão focado na fase de concepção dos produtos e em seus res-


pectivos processos de produção, distribuição e utilização, também denominado
ecodesign, que busca integrar um conjunto de atividades e disciplinas que, histori-
camente, sempre foi tratado separadamente tanto em termos operacionais quanto
estratégicos, como saúde e segurança dos trabalhadores e consumidores, con-
servação de recursos, prevenção de acidentes e gestão de resíduos (DIAS, 2017).
Barbieri (2016) explica que o ecodesign baseia-se em inovações de produtos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e processos que reduzam a poluição em todas as fases do ciclo de vida e exige a


participação de todos os segmentos da empresa, bem como de fornecedores e
outros membros do canal de distribuição, podendo, por isso, ser considerado
um modelo de gestão, pois não se trata da realização de atividades isoladas nem
episódicas.
Para organizar as atividades diante de várias possibilidades de atuação em
projeto, temos quatro estratégias (BARBIERI, 2016):
■■ Projeto para desmaterialização: busca a redução da quantidade necessá-
ria de materiais para um produto, assim como a energia correspondente,
considerando seu ciclo de vida.
■■ Projeto para desintoxicação: busca reduzir ou eliminar a toxicidade, a
periculosidade ou outras características prejudiciais ao produto.
■■ Projeto para revalorização: busca recuperar, reciclar e reutilizar resíduos
materiais e energia gerados em cada fase do ciclo de vida do produto.
■■ Projeto para a renovação e a proteção do capital: busca garantir a segu-
rança, a vitalidade, a integridade, a produtividade e a continuidade de
recursos naturais, humanos e econômicos para manter o ciclo de vida
do produto.

PRODUÇÃO MAIS LIMPA


236 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AUDITORIA AMBIENTAL

Agora que vimos as formas de gestão ambiental, veremos como funciona a cer-
tificação e a auditoria ambiental.

CERTIFICAÇÃO

O SGA pode ser criado e implementado para alcançar diversos objetivos. A norma
ISO 14001 pode ser aplicada a qualquer organização que deseja (DIAS, 2017):
■■ Estabelecer, implementar e aprimorar um SGA;
■■ Assegurar sua conformidade com a Política Ambiental;
■■ Demonstrar conformidade com essa norma ao: fazer uma autodeclaração
ou autoafirmação; buscar confirmação da sua conformidade por partes
interessadas na organização; buscar confirmação de sua autodeclaração
por meio de uma organização externa; buscar certificação ou registro de

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


237

seu SGA por uma organização externa.

A autodeclaração de conformidade é realizada por meio de avaliações que são


conduzidas pela própria organização que criou o SGA ou por uma organização
externa em seu nome (BARBIERI, 2016).
A certificação é o procedimento em que uma terceira parte garante por escrito
que o SGA está em conformidade com os requisitos especificados; a terceira parte
é a pessoa ou o organismo, reconhecida como independente das partes envolvi-
das no que se refere a um dado assunto. O registro é o procedimento pelo qual
um organismo indica as características pertinentes de um produto, processo ou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

serviço, ou as características particulares de um organismo ou pessoa, em lista


apropriada e disponível ao público (ABNT, 2015).
O SGA pode ser certificado por organizações que estão relacionadas com
ele em seu ambiente de negócio, por exemplo, bancos, clientes e outros agentes
financeiros. Também é possível que a organização cliente avalie o SGA dos seus
fornecedores (DIAS, 2017). Barbieri (2016) analisa que em situações práticas,
a preferência das organizações são certificações de terceira parte por empresas
acreditadas.
O Organismo de Certificação Credenciado (OCC) tem que atender a crité-
rios previamente estabelecidos em documentos normativos estabelecidos pelo
órgão governamental competente. Cada país tem esquemas próprios para acre-
ditar e controlar as atividades de certificação de terceira parte, embora haja
amplo esforço internacional para harmonizar critérios e procedimentos tendo à
frente a ISO, a International Electrotechnical Commision (IEC) e o International
Accreditation Forum (IAF) (DIAS, 2017).
A acreditação consiste no reconhecimento formal por parte do órgão gover-
namental competente de um organismo, pessoa ou organização que atende aos
requisitos previamente definidos por leis e regulamentos para realizar ativida-
des específicas de modo confiável. Um desses requisitos é a independência dos
organismos acreditados, o que impede que eles sejam contratados para auxiliar
a organização em relação ao objeto da certificação, com vistas a facilitar a ava-
liação da conformidade (ONA, 2017). Os principais objetivos de certificar um
SGA pela ISO 14001 são (DIAS, 2017):

AUDITORIA AMBIENTAL
238 UNIDADE V

■■ Uma organização que tem um SGA implementado e certificado poderá


equilibrar e integrar interesses econômicos e ambientais e alcançar van-
tagens competitivas significativas;
■■ Contribuir para eliminar as barreiras técnicas;
■■ Papel importante nos processos de produção e distribuição, podendo faci-
litar o comércio internacional;
■■ Aumentar a visibilidade no mercado nacional e internacional;
■■ Facilitar o acompanhamento da legislação e busca da conformidade legal;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Simplificar e uniformizar procedimentos administrativos e operacionais;
■■ Consolidar a credibilidade junto a clientes, fornecedores e colaboradores.

No que diz respeito às dificuldades que as organizações têm para a certificação


pela ISO 14001, Barbieri (2016) apresenta as seguintes:
■■ Alto custo que representa para micro e pequenas empresas;
■■ Desprendimento de capital para a área ambiental;
■■ Relacionamento com os órgãos ambientais;
■■ Estruturação do setor ambiental na empresa.

TIPOS DE AUDITORIAS AMBIENTAIS

Para Moraes (2011, p. 2), a auditoria ambiental consiste em:


Uma atividade administrativa e documentada que compreende uma
sistemática avaliação de como a organização se encontra em relação
à questão ambiental, e visa facilitar a atuação e o controle da gestão
ambiental da empresa.

Em auditorias ambientais, os critérios devem ser realizados com base na ISO NBR
14001 e também na resolução do CONAMA 306/2002, que estabelece os requi-
sitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais.
Quanto aos tipos, as auditorias ambientais podem ser: de conformidade legal,

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


239

due diligence, auditoria pós-acidente, auditoria de fornecedor, auditoria focada


em questões específicas.
A auditoria de conformidade legal tem por intuito verificar o cumpri-
mento da legislação ambiental e correlata aplicável à organização. É possível que
incluam avaliações de diferentes origens, tais como: exigências legais atuais ou
futuras, normas e diretrizes dos setores industriais, políticas ambientais e normas
internas, melhores práticas ambientais e outros (PUGLIESI; MORAES, 2014).
A auditoria due diligence (devido cuidado) teve um caráter reativo, uma
vez que as primeiras normas legais quase sempre eram do tipo comando e con-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

trole (BARBIEIRI, 2016). Seu principal intuito é evitar assumir responsabilidades


por riscos ambientais em potencial ou por algum tipo de passivo ambiental
(PUGLIESI; MORAES, 2014).
A auditoria Sistema de Gestão Ambiental: é aquela auditoria realizada em
organizações que possuem ou estejam implementando um SGA, de acordo com
a ISO 14001. Ela é utilizada para determinar se as atividades de gestão ambiental
da organização estão em conformidade com a documentação do sistema e se as
práticas são implementadas de acordo com o planejamento ambiental e com a
política ambiental da organização. Essas auditorias podem ser de quatro tipos,
segundo Publiesi e Moraes (2014):
■■ Auditoria pré-certificação ou auditoria inicial: tem por objetivo ajustar
o sistema antes da auditoria de certificação e não é obrigatória.
■■ Auditoria de certificação: obrigatória em processos de certificação do
SGA, o resultado é a recomendação, ou não, da certificação do sistema.
■■ Auditoria de manutenção: é realizada, semestral ou anualmente, entre
a auditoria de certificação e a recertificação.
■■ Auditoria de recertificação: ocorre três anos após a auditoria de certifi-
cação para renovação do certificado, apresenta maior nível de exigência,
pois busca a consolidação do SGA no período avaliado.

A auditoria pós-acidente tem por objetivo verificar se os procedimentos para


evitar emergências ou acidentes ambientais foram seguidos de acordo com nor-
mas e manuais apropriados (BARBIERI, 2016).
A auditoria de fornecedor é utilizada em processos de seleção e avaliação

AUDITORIA AMBIENTAL
240 UNIDADE V

de fornecedores.
As auditorias focadas em questões ambientais, para Barbieri (2016), são
específicas e utilizadas para detectar problemas e oportunidades em áreas ou
atividades, a saber:
■■ Fontes de controle de poluição;
■■ Uso de energia;
■■ Pesquisas e desenvolvimento;
■■ Uso, armazenagem, manuseio, transporte de produtos controlados;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Subprodutos e desperdícios;
■■ Sítios contaminados;
■■ Estações de tratamento de águas residuárias;
■■ Reformas e manutenções de prédios e instalações;
■■ Panes, acidentes e medidas de emergência;
■■ Saúde ocupacional e segurança do trabalho.

O Quadro 8 apresenta-nos os tipos de auditorias ambientais bem como exemplos:


Quadro 8 - Tipos de auditorias ambientais

TIPO DA PRINCIPAIS INSTRUMENTOS


OBJETIVO
AUDITORIA DE REFERÊNCIA

Conformidade Verificar o grau de conformida- Legislação ambiental,


legal de com a legislação ambiental. licenças e processos de
licenciamento; termos de
ajustamento.
Due diligence Verificar a responsabilidade de Legislação ambiental,
uma empresa perante acio- trabalhista, civil e outras;
nistas, credores, fornecedores, contrato social; títulos de
clientes, governos e outras propriedade e certidões
partes interessadas. negativas.

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


241

Pós-acidente Verificar as causas do acidente, Legislação ambiental e


identificar as responsabilidades trabalhista; normas técni-
e avaliar os danos. cas; plano de emergência;
normas da organização;
programas de treinamento.
Fornecedor Avaliar o desempenho do for- Legislação ambiental; acor-
necedor atual e também para dos voluntários subscritos;
seleção de novos fornecedores. normas técnicas; normas da
própria empresa; licenças,
certificações e premiações.
Questões Verificar a ocorrência de proble- Legislação ambiental; acor-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

específicas mas ambientais específicos e dos voluntários subscritos;


localizados. normas técnicas; especifica-
ções dos fabricantes.
Sistema de Avaliar o SGA, seu grau de con- Normas que especificam
gestão am- formidade com os requisitos e a SGA (ISO 14001), legislação
biental (SGA) política da empresa. aplicável, requisitos de par-
tes interessadas, informação
documentada do SGA; crité-
rios de auditoria do SGA.
Fonte: Barbieri (2016, p. 171).

AUDITORIA AMBIENTAL DE ACORDO COM A NBR 19011

A Norma Técnica 19011 (ABNT, 2012) consiste nas Diretrizes para Auditorias
de Sistemas de Gestão. Essa norma tem como escopo fornecer as orientações
acerca das auditorias de sistemas de gestão. Nela, estão incluídos os princípios
de auditoria, a gestão de um programa de auditoria, a realização de auditorias
de sistema de gestão, assim como orientação acerca da avaliação da competência
de pessoas envolvidas no processo de auditoria, incluindo a pessoa que gerencia
o programa, os auditores e a equipe de auditoria (BRASIL, 2012).
A ISO 19011:2012 não estabelece requisitos, entretanto oferece as diretrizes
a respeito da gestão de um programa de auditoria, do planejamento e da rea-
lização de uma auditoria de sistema de gestão bem como da competência e da
avaliação de um auditor e de uma equipe auditora (ABNT, 2012). Essa norma

AUDITORIA AMBIENTAL
242 UNIDADE V

pode ser aplicável a qualquer tipo de organização que necessita realizar audi-
torias internas e/ou externas de sistemas de gestão ou gerenciar um programa
de auditoria. A ABNT 2012 define auditoria como sendo “processo sistemático,
documentado e independente para obter evidência de auditoria e avaliá-las,
objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios da auditoria são
atendidos” (ABNT, 2012, p. 6).
De acordo com a norma ABNT NBR ISO 19011:2012, temos:
■■ Evidência de auditoria: registros, apresentação de fatos ou outras infor-
mações pertinentes aos critérios de auditoria e verificáveis.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Critério de auditoria: conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos
usados como uma referência na qual a evidência de auditoria é comparada.

É importante entendermos que as auditorias internas (também denomina-


das de primeira parte) podem ser feitas pela própria organização, com o objetivo
de analisar como está o sistema de gestão ou com o intuito de obter informa-
ções para melhorá-lo De acordo com a ABNT (2012), as auditorias internas
podem formar a base para uma autodeclaração de conformidade da organiza-
ção. A norma também nos apresenta conceitos de auditorias externas, em que
estão incluídas auditorias de segunda e terceira parte.
Auditorias de segunda parte são realizadas por partes que apresentam algum
interesse na organização, como por exemplo, clientes ou outras pessoas em seu
nome. Enquanto as auditorias de terceira parte são realizadas por organizações
de auditoria independentes, tais como organismos de regulamentação ou orga-
nismos de certificação (ABNT, 2012).
Existe ainda, a auditoria combinada, que se forma quando dois ou mais siste-
mas de gestão de disciplinas diferentes, por exemplo, qualidade, meio ambiente,
segurança e saúde ocupacional, são auditados juntos e quando duas ou mais orga-
nizações de auditoria cooperam para auditar um único auditado, isso é chamado
de auditoria conjunta (ABNT, 2012).

A POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL


243

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudamos, nesta unidade, as principais legislações ambientais que são aplicá-


veis às organizações cujo conhecimento é de suma importância para gestores.
Empresas que utilizam recursos naturais em seus processos e geram resíduos,
como efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas devem estar atentos à
legislação ambiental, pois elas definem padrões máximos aceitáveis e também
recomendações para as organizações.
Outro aspecto importante que estudamos é o licenciamento ambiental que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

empresas que estão no anexo 1, da Resolução 237/97 do CONAMA, atividades


como indústrias têxteis, de fumo, alimentícias e outras estão sujeitas ao licen-
ciamento ambiental. Vimos também que caso haja dúvida de gestores quanto à
determinada atividade, é importante consultar o órgão ambiental do seu estado.
Abordamos aspectos de gestão ambiental, que consiste na gestão de recur-
sos naturais por parte das organizações e que qualquer empresa, de qualquer
tamanho ou porte pode implementar um sistema de gestão ambiental que, pos-
teriormente, pode ser certificado por meio da ISO 14001, norma certificável e
voluntária, que traz muitas vantagens competitivas para as organizações.
Vimos que a ISO 14001 passou por atualização, no ano de 2015, e que sua
estrutura está de acordo com o proposto no Anexo SL cujo objetivo é facilitar a
integração entre as normas e que um SGA segue os princípios do ciclo PDCA.
Trabalhamos com a produção mais limpa, que busca adotar procedimentos
em processos de produção, produtos e serviços, visando ao aproveitamento de
recursos naturais e resíduos no processo produtivo. É uma ferramenta importante
de gestão ambiental. Também trabalhamos com outras ferramentas importantes:
administração da qualidade total, ecoeficiência e projeto para o meio ambiente.
Assim, finalizamos nosso estudo sobre o processo de certificação e os tipos
de auditoria ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
244

DO CONCEITO DE P+L PARA O CONCEITO DE PCS


Em consonância com os acordos multilaterais estabelecidos na Rio 92, o conceito de
Produção Mais Limpa foi definido conjuntamente pela Organização pelo Desenvolvi-
mento Industrial das Nações Unidas (UNIDO) e pelo Programa de Meio Ambiente das
Nações Unidas (PNUMA), no início da década de 1990, como a aplicação contínua de
uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços com
o intuito de aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos à saúde e ao meio ambiente.
Por meio das metodologias e tecnologias de PL, tem sido possível observar a maneira
pela qual cada processo de produção pode se tornar mais limpo e mais eficiente, seja na
economia de água, na redução da energia utilizada, na quantidade de matéria-prima,
seja, ainda, na geração intermediária ou final de resíduos. Hoje, os desafios estão antes e
depois do processo de produção, isto é, no ecodesign - no próprio desenho dos produ-
tos, na substituição de materiais e nas embalagens.
Ao longo da última década, o conceito de PL foi ampliado, devido às pressões de organi-
zações não governamentais (ONGs), dos consumidores, da competição de mercado e de
novos instrumentos de políticas públicas. Passou a incorporar novas variáveis, critérios e
princípios, incluindo as questões sociais que estavam relegadas em relação às ambien-
tais. A evolução do conceito de PL levou à ideia de “Produção e Consumo Sustentáveis”
(PCS), que reúne as duas pontas do processo produtivo com impacto direto na susten-
tabilidade.
Também contribuíram para isso as crescentes preocupações com o aquecimento global
e outras evidências de que o atual paradigma na produção e no consumo está ultra-
passando os limites da capacidade de suporte do nosso planeta. Além das variáveis já
clássicas (redução no consumo de matérias-primas, água e energia, além do tratamento
dos resíduos) o conceito de PL passou a incorporar a ideia de que a produção mais limpa
é um padrão que emite menos GEE (Gases do Efeito Estufa). Uma nova literatura propõe
que a produção mais limpa é a “produção de baixo carbono”.
Com a legislação cada vez mais restritiva à geração de externalidades, vem aumentando
a preocupação com o pós-consumo dos produtos, isto é, quando os mesmos não têm
mais vida útil ou se tornaram obsoletos. Todos estes novos conceitos levam, hoje, o setor
produtivo mais progressista ou mais competitivo a falar de ciclo completo dos produtos,
ampliando significativamente os níveis de intervenção que busca mais sustentabilidade
na produção de bens e serviços.
Assim, o conceito de PCS é mais que a soma das duas partes (produção e consumo),
trata-se da aplicação de uma abordagem integrada entre produção e consumo, com
vistas à sustentabilidade, entendendo-se que há relação de influência e dependência
recíproca entre essas duas dimensões da ação humana; a produção afeta o consumo
(por exemplo, por meio de design de produtos e dos apelos do marketing), mas também
o consumo afeta a produção (por exemplo, na medida em que as escolhas dos consumi-
dores influenciam as decisões dos produtores).
245

Há inúmeros casos relatados na literatura corrente sobre o assunto que mostra o


poder do consumidor. Casos de boicote a determinados produtos que poluem o
meio ambiente ou causam danos à saúde levaram as empresas a processos correti-
vos bem sucedidos.
Fonte: MMA (2017, on-line)2.
246

1. A Política Ambiental pode ser considerada um conjunto de ações que é orde-


nado e praticado por organizações ou governos com o intuito de preservar
o meio ambiente. Sobre a política ambiental proposta pela ISO 14001, leia as
afirmativas a seguir:
I. A Política Ambiental deve ser implementada pelo setor de Compra e Vendas
de uma organização.
II. A Política Ambiental deve ser documentada.
III. A Política Ambiental pode incluir aspectos, como inclusão de uso sustentável
dos recursos naturais, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, pro-
teção à biodiversidade e ecossistemas.
IV. Uma vez implementada, não existe a necessidade de atualização da Política
Ambiental.
É correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. I e III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I, II e III, apenas.
e. I, II e IV, apenas.

2. “Informação que se requer que seja controlada e mantida por uma organiza-
ção e ao meio no qual ela está contida”. Estamos falando do(a):
a. Informação documentada.
b. Risco.
c. Requisito.
d. Política Ambiental.
e. ISO 14001.
247

3. Consiste no principal elemento do processo de condução da auditoria ambien-


tal e é responsável por assegurar ao usuário a eficácia da auditoria de acordo
com o escopo e o plano de trabalho. Dentro do processo de auditoria ambien-
tal, quem é esse ator?
a. O auditado.
b. A ISO 14001.
c. A Política Ambiental.
d. A Organização.
e. O Cliente.

4. Na abordagem estratégica, os problemas ambientais são tratados como uma


das questões estratégicas da empresa. Sobre os benefícios que uma organiza-
ção tem, por meio dessa abordagem, assinale V para afirmativas verdadeiras e
F para falsas:
( ) Melhoria da imagem da organização.
( ) Renovação dos produtos.
( ) Conquista de mercados externos.
( ) Crescimento da produtividade.
A sequência correta é:
a. V, V, V, V.
b. F, F, F, F.
c. V, F, F, F.
d. V, F, F, V.
e. V, V, V, F.
248

5. O ciclo PDCA é uma ferramenta de qualidade que facilita a tomada de deci-


sões, visando garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência dos es-
tabelecimentos. Acerca do ciclo PDCA, numere a segunda coluna de acordo
com a primeira:
1. Planejar (Plan) ( ) Refere-se à implementação de processos.

2. Fazer (Do) ( ) Refere-se ao monitoramento dos processos com


relação à política estabelecida anteriormente.
3. Checar (Check)
( ) Refere-se à formulação da política, ao estabeleci-
mento de objetivos e metas a serem traçados.

4. Atuar (Act)
( ) Refere-se à correção de erros ou falhas.

A sequência correta é:
a. 1, 2, 3, 4.
b. 4, 3, 2, 1.
c. 3, 4, 2, 1.
d. 2, 3, 1, 4.
e. 2, 4, 1, 3.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Gestão Ambiental Empresarial - conceitos, modelos e


instrumentos
José Carlos Barbieri
Editora: Saraiva
Sinopse: a obra apresenta ampla discussão sobre os problemas
ambientais: contempla o conceito de gestão ambiental e suas diferentes
dimensões; discute as iniciativas de gestão ambiental global e regional
com base no enfrentamento do aquecimento global, da destruição da
camada de ozônio e da proteção à biodiversidade, nas experiências da União Europeia, Mercosul
e Nafta e discute os principais instrumentos de política pública ambiental e as polêmicas em
torno deles quanto à sua eficácia na resolução dos problemas ambientais e seus efeitos sobre a
competitividade das empresas. Também apresenta diversos modelos de gestão ambiental, como
Produção Mais Limpa, Ecoeficiência, Ecologia Industrial, entre outros.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Sistema de Gestão Ambiental.


ABNT. 2015. Disponível em: <http://abnt.org.br/paginampe/noticias/218-abnt-nbr-
-iso-14001-2015-sistemas-de-gest%C3%A3o-ambiental-%E2%80%94-requisitos-
-com-orienta%C3%A7% C3%B5es-para-uso>. Acesso em: 20 mar. 2018.
______. NBR 19011. Diretrizes para auditorias de sistema de gestão de qualidade e/
ou ambiental. Brasília, 2012.
______. NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão da Ambiental - Requisitos com orien-
tações para uso. 3. ed. Brasília, 2015.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Decreto nº 24.643. Código das Águas. 1934. Disponível em:<http://www.
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______. Decreto nº 23.793. Código Florestal. 1934. Disponível em:<http://www.pla-
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______. Lei nº 6.938. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponí-
vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 20 mar.
2018.
______. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Dis-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocom-
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8171.htm>. Acesso em: 20 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.433. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Siste-
ma Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 1997. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=370>. Acesso em: 20 mar.
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BRASIL. Lei nº 9.605. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília,
1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Aces-
so em: 20 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 12.305. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 2010. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.
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CAMPOS, L. M. S. SGADA – Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Am-
biental: uma proposta de implementação. 2000. Tese (Doutorado em Engenharia
da Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
251
REFERÊNCIAS

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quisitos e Integração com a ISO 14001:2015. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
CARVALHO, M. M.; PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Else-
vier: ABEPRO, 2012.
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plantação do Programa de Produção Mais Limpa. Porto Alegre, 1999.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de de-
zembro de 1997. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 20 mar. 2018.
DIAS, R. Gestão Ambiental. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MORAES, C. S. B. Gestão Ambiental Empresarial: análise da contribuição dos indi-
cadores ambientais. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,
2011, Porto Alegre. Anais… Porto Alegre: CBESA/ABES, 2011.
ONA - ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO. Acreditação. ONA. Disponível
em: <https://www.ona.org.br/Pagina/33/Acreditacao>. Acesso em: 02 jul. 2017.
PUGLIESI, É.; MORAES, C. S. B. (Orgs.). Auditoria e certificação ambiental. Curitiba:
InterSaberes, 2014.
ROBLES JR., A. Custos da qualidade: aspectos econômicos da gestão da qualidade
e da gestão ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 Sistemas de gestão ambiental: implantação objetiva
e econômica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SILVA, V. B.; CRISPIM, J. Q. Um breve relato sobre a questão ambiental. Campo
Mourão: Rev. GEOMAE, v. 2, n. 1, 2011, p. 163 - 175.
TESTA, M. (Org.). Legislação ambiental e do trabalhador. São Paulo: Pearson, 2015.
TCU – Tribunal de Contas da União. Cartilha de Licenciamento Ambiental. 2. ed.
Brasília: TCU, 4ª Secretaria de Controle Externo, 2007.
VALLE, C. E. Qualidade Ambiental ISO 14000. São Paulo: SENAC, 2002.
REFERÊNCIAS ONLINE
1 Em: <http://www.matanativa.com.br/blog/o-que-e-eia-rima-estudo-e-relatorio-
-de-impacto-ambiental/>. Acesso em: 20 mar. 2018.
2 Em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-
-consumo-sustentavel/do-conceito-de-pl-para-o-conceito-de-pcs>. Acesso em:
20 mar. 2018.
GABARITO

1) C.
2) A.
3) A.
4) A.
5) D.
253
CONCLUSÃO

Chegamos ao final do livro Ciências do Ambiente. Agora que já foram apresentados


os principais conceitos e temas relacionados à área ambiental, é possível compre-
ender a importância desse assunto para sua atuação profissional na área de Enge-
nharia.
Para isso, buscamos, na Unidade I, O Meio Ambiente e o Desenvolvimento Susten-
tável, apresentar as principais definições de meio ambiente e desenvolvimento
sustentável, além de descrever os processos que estão envolvidos nos ciclos bio-
geoquímicos, demonstrar os diferentes ecossistemas e conceituar habitat e nicho
ecológico, enfatizando a importância destes tópicos dentro das questões ambien-
tais.
Na Unidade II, Gerenciamento e Tratamento de Água e Efluentes, mostramos a vo-
cês a importância da água para os seres vivos, além de apresentar os padrões de
potabilidade para consumo humano, bem como os tratamentos existentes. Tam-
bém discorremos sobre os tipos de tratamentos de efluentes e a questão de reuso
de águas.
Na Unidade III, A Questão dos Resíduos Sólidos, apresentamos os tipos de resíduos
de acordo com sua origem, além da geração, coleta, transporte de resíduos, trata-
mentos e formas de destinação final de resíduos sólidos. Além disso, apresentamos
a gestão de resíduos perigosos e resíduos radioativos.
Na Unidade IV, Controle e Qualidade de Emissões Atmosféricas, destacamos os prin-
cipais poluentes atmosféricos bem como suas fontes. Além disso, apresentamos os
diferentes métodos de controle de emissões de poluentes atmosféricos e os pa-
drões de qualidade determinados pela legislação. Conceituamos a poluição sonora
bem como sua redução e o controle de ruídos.
Finalizando, a Unidade V, A Política Ambiental no Brasil, trouxe a legislação ambien-
tal pertinente, em que apresentamos as principais legislações da área. Conceitu-
amos a Gestão Ambiental Empresarial e as formas de certificação ambiental, por
meio da ISO 14001:2015. Conceituamos a produção mais limpa e outras ferramen-
tas de gestão ambiental e apresentamos as formas de auditorias de sistemas de
gestão ambiental.
Esperamos ter contribuído com sua formação e que você veja que realmente a
questão ambiental está presente em todas as formações, em especial, na área de
Engenharia.
Um forte abraço.
Professor Gustavo e Professora Renata
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