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TRABALHO EM
SERVIÇO SOCIAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro (a) aluno (a) bem vindo (a) a disciplina Processo de trabalho em Serviço Social, em
que vamos conhecer as particularidades que o conceito trabalho desenvolvida por Marx
para compreender seu significado ontológico, uma vez que o trabalho é o categoria
constituinte do Ser Social.
Na primeira unidade aborda-se o debate sobre o processo de trabalho, considerando o
processo capitalista de trabalho e o indivíduo social, o trabalho e a sociabilidade.
Em seguida apresenta a reestruturação produtiva, as transformações do capitalismo
contemporâneo, trabalho produtivo e improdutivo, o fenômeno da globalização e as
relações de produção e reprodução social
A terceira unidade o serviço social e reestruturação produtiva e a defesa do projeto éti-
co-político profissional, Serviço Social na divisão sociotécnica, processo de trabalho no
Serviço Social Serviço Social como especialização do trabalho coletivo A defesa do pro-
jeto ético-político profissional.
A quarta unidade desafios do mundo do trabalho na atualidade, desemprego, precari-
zação do trabalho e questão social, alienação e exploração do trabalho, o capitalismo e
o projeto neoliberal.
Para finalizar a última unidade desafios profissionais no capitalismo globalizado, altera-
ções no mundo do trabalho e repercussões no mercado profissional do Serviço Social,
as novas configurações para o mercado de trabalho do assistente social e o Serviço So-
cial nas novas conjunturas do mundo contemporâneo.
O conhecimento acerca dessa temática é de extrema importância para a formação aca-
dêmica e atuação profissional, pois elucida o conceito trabalho que fundante do ser
social.
Bons estudos!!!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
30 Trabalho e Sociabilidade
35 Considerações Finais
40 Referências
41 Gabarito
UNIDADE II
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
45 Introdução
55 O Fenômeno da Globalização
62 Considerações Finais
66 Referências
67 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
71 Introdução
93 Considerações Finais
98 Referências
100 Gabarito
UNIDADE IV
103 Introdução
124 Referências
126 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
127 Introdução
148 Referências
149 Gabarito
150 Conclusão
Professora Me. Daniele Moraes Cecilio Soares
O DEBATE SOBRE O
I
UNIDADE
PROCESSO DE TRABALHO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apreender a finalidade da ontologia do trabalho.
■■ Compreender a categoria trabalho e suas refrações para a formação
do Ser Social.
■■ Analisar os fundamentos do trabalho enquanto conceito primordial
para as relações sociais.
■■ Refletir sobre como o trabalho é a peça chave para o modo de
produção capitalista.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O Significado Ontológico do Trabalho
■■ Trabalho como categoria constituinte do Ser Social
■■ Processo capitalista de trabalho e o indivíduo social
■■ Trabalho e sociabilidade
15
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), a nossa primeira unidade de estudo do material da disciplina:
Serviço Social e Processo de Trabalho, tem os objetivos de buscar apreender a
finalidade da ontologia do trabalho, compreender a categoria trabalho e suas
refrações para a formação do Ser Social, analisar os fundamentos do trabalho
enquanto conceito primordial para as relações sociais e refletir sobre como o tra-
balho é a peça chave para o modo de produção capitalista.
Nesse sentido, o debate inicial acerca do significado ontológico do trabalho
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é a base fundante da teoria marxista, a qual nos brinda com a magnífica con-
cepção de que o trabalho como categoria constituinte do Ser Social, isto é, o
processo de transformação que passamos diariamente ao sermos considerados
como seres orgânicos. Tais elementos nos propiciarão refletir sobre como o tra-
balho é a peça chave para o modo de produção capitalista.
Em seguida, aborda-se o processo capitalista de trabalho e o indivíduo social,
o qual se constitui no processo de produção e reprodução das relações sociais.
Por isso, é fundamental compreender as diversas formas específicas que a divi-
são do trabalho assume, de acordo com as condições de produção sobre a qual
se baseia nos estágios de desenvolvimento do capitalismo.
O quarto tópico disserta sobre o trabalho e a sociabilidade, destacando-
-se a questão de que o trabalho não apenas produz mercadoria, mas também
constrói o modelo de homem burguês, isto é, no processo de formação do ser
orgânico para ser social, se molda o indivíduo conforme os ditames do capital.
Esses elementos nos propiciam a apreensão de como o conceito de trabalho está
intrinsecamente relacionado no cotidiano do exercício profissional e seus mean-
dros na sociedade de classes.
Por isso, convido(a) vocês para desvelar a importância do debate sobre o
processo de trabalho. Bons estudos!!!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O SIGNIFICADO ONTOLÓGICO DO TRABALHO
A ideia do autor apresenta que o homem é o primeiro ser que conquistou certa
liberdade de movimento em face da natureza, pois é por meio dos instintos e das
forças naturais, em geral, que a natureza dita para os animais o comportamento
que eles devem ter para sobreviver. Entretanto, o homem com o trabalho buscou
dominar em partes as forças da natureza, trazendo-as à seu serviço.
O trabalho aos olhos de Marx aparece como uma condição necessária para que
o homem seja cada vez mais livre, dono de si próprio, uma vez que é capaz de pro-
jetá-lo, tendo a capacidade de definir meios diversos que possibilitam o alcance de
seu objetivo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vale ressaltar, que para Marx o trabalho é compreendido como uma atividade
em que o indivíduo expressa em seu produto/arte aquilo que ele já havia pla-
nejado e visualizado em sua mente. Isso significa que o homem produz e tem a
capacidade de desenvolver suas atividades, colocá-las em prática, no concreto a
partir de suas idealizações.
[…] O trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um proces-
so em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu
metabolismo com a natureza. […] Não se trata aqui das primeiras formas
instintivas, animais, de trabalho. […] Pressupomos o trabalho numa forma
em que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa opera-
ções semelhantes às do tecelão e a abelha envergonha mais de um arquiteto
humano com a construção de favos de suas colméias. Mas o que distingue,
de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo
em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de traba-
lho obtém-se um resultado que já foi no início deste existiu em na imagi-
nação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma
transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na
matéria natural, o seu objetivo. […] Os elementos simples do processo de
trabalho são a atividade orientada a um fim ou o trabalho mesmo, seu ob-
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posições teleológicas a capacidade do trabalho é que dá a essência do humano
em suprir suas necessidades, diferentemente do trabalho alienado, que é a con-
dição pela qual o trabalho se expressa no capitalismo, em que volta-se a serviço
do capital e não das necessidades humanas, como observaremos mais adiante.
Frente a esse contexto, verifica-se que o processo de constituição do ser social está
intrinsecamente relacionado ao trabalho e à sua evolução ao longo dos séculos.
Em conformidade com os autores sobre o ser social ser o único que:
[...] realiza atividades teleologicamente orientadas; objetivar-se mate-
rial e idealmente; comunicar-se e expressar-se pela linguagem articu-
lada; tratar suas atividades e a si mesmo de modo reflexivo, consciente e
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autoconsciente; escolher entre as alternativas concretas; universalizar-
-se; e socializar-se (BRAZ; NETTO, 2008, p.41).
Com base nas ideias de Marx (1967) os autores pontuam que o ser social e a cons-
ciência social, são determinados pela vida e não ao contrário, pois são conceitos
estabelecidos para desvendar as mudanças ocorridas pela categoria trabalho.
Assim, caro(a) aluno(a), a relação de reciprocidade entre a teleologia e cau-
salidade que compõem o trabalho é de extrema importância para o processo de
transformação que o homem vivencia desde sua interação natural com o meio
ambiente, em virtude de sua necessidade de socialização e satisfação. Porém, a
história demarca que os processos de produção colocam a finalidade no fazer
humano, ou seja, determina os diferentes tipos de trabalho que devem ser rea-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que o homem só pode realizá-lo através da relação com outros homens
[...] (IAMAMOTO, 2012, p.43).
homens se organizam para a produção de bens, a qual engloba dois fatores: for-
ças produtivas e relações de produção.
Quadro 01 - Definição sobre os conceitos: forças produtivas e relações de produção
Segundo Tomazi, “[...] as mudanças ocorridas nas relações sociais fizeram com
que o trabalho passasse a ser visto como o criador de toda a riqueza, o que resul-
tou na discussão sobre seu significado” (TOMAZI, 2000, p. 48).
Conforme Braverman (1987), entre outros autores, a forma em que o traba-
lho e a força deste vêm se configurando no mundo capitalista, no qual o indivíduo
passa a vender essa força, não é possível medir ou pesar tal força, pois essa é
comprada e vendida de acordo com a produtividade expressa em cada produto
e/ou prestação de serviços.
Os autores destacam que o capitalismo fez com que a finalidade, isto é, a tele-
ologia colocada no trabalho em seu desenvolvimento, fosse deturpada, pois os
produtos são projetados conforme os ditames do modo de produção capitalista
e não mais a partir do interesse e determinação individual própria do homem,
uma vez que “o trabalho humano é consciente e proposital [...]”, (BRAVERMAN
1987, p.50), e por isso centra sua finalidade em realizar algo.
Retomando o conceito de trabalho em Marx, o autor afirma que:
[…] o produto é o trabalho que se fixou num objeto, que se transfor-
mou em coisa física, é a objetivação do trabalho. A realização do traba-
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lho aparece na esfera da economia política como desrealização do tra-
balhador, a objetivação como perda e servidão ao objeto, a apropriação
como alienação (MARX, 1975, p.130).
Para exemplificar esse contexto, vamos analisar a força de trabalho, a qual passa
a ser vendida como uma mercadoria, tendo o salário como seu valor, em que
se institui o trabalho assalariado. Esse, por sua vez, se estabelece em uma rela-
ção de oposição entre capital e trabalho, que se desdobra em uma divisão da
sociedade entre interesses inconciliáveis, a luta de classes entre burguesia e pro-
letariado. A análise da remuneração do capital e dos salários situam-se nesse
contexto mais amplo.
Para sobreviver, o homem precisa produzir os seus meios de subsistên-
cia e, para isso, tem que dispor dos meios necessário à sua produção.
Quando o trabalhador está desprovido dos meios de produção, está
também, desprovido dos meios de subsistência […] (IAMAMOTO;
CARVALHO, 1982, p.39).
Diante disso, o único elemento que pertence ao trabalhador é sua força de tra-
balho, a qual ele vende a partir dos ditames da lógica de produção, mas apesar
de ser responsável pela produção das mercadorias, é o modo de produção capi-
talista que determina sua função e remuneração.
O trabalhador torna-se mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto
mais a sua produção aumenta em poder e em extensão. O trabalhador torna-se
uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com
a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a desvaloriza-
ção do mundo dos homens.
Características que definem como o valor é determinado histórica e
socialmente:
Coros (as) alunos (as), verificas-se que com a passagem do modo de produção
feudal para o capitalista, no final do século XVIII, com a chamada Revolução
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Burguesa, a qual visou atender as necessidades da classe emergente em garantir
a propriedade privada, trouxe consigo o chamado mundo Moderno, para rees-
truturar as relações produtivas. A enfática frase de Marx define esse processo
claramente ao afirmar que “Cada modo diferente de produção cria diferentes
formas de relações sociais”.
De acordo com Marx e Engels, é:
[...] com a divisão do trabalho […] desde que trabalho começa a ser
repartido, cada indivíduo tem uma esfera de atividade exclusiva que lhe
é imposta e da qual não pode sair; é caçador, pescador ou crítico e não
pode deixar de o ser se não quiser perder os seus meios de subsistência
(MARX; ENGELS, 1975, p. 40).
Com base na constituição que a divisão social do trabalho pauta para a orga-
nização do processo de trabalho, esse por sua vez se apresenta como uma
característica humana, tornando-se portanto “[...] trabalho social, isto é, execu-
tado na sociedade e através dela” (BRAVERMAN, 1987, p. 72).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de um para o outro no final do século XVIII e início do século XIX.
O capitalismo concorrencial teve suas bases de organização pautado na lei do
mercado, isto é, da oferta e da procura de mercadorias; livre concorrência (mercado
– auto regulação, mão invisível); Estado Mínimo - não intervinha nas relações eco-
nômicas (guardião da propriedade privada) e a liberdade individual; em que cada
indivíduo é responsável pela sua própria subsistência. Essa conjuntura apresentava
um Estado não intervencionista junto às mazelas sociais e quando necessário uti-
liza-se a coerção; o uso da força para conter os “desajustados sociais”.
Já no capitalismo monopolista há uma superprodução, limites na relação
do mercado e intervenção estatal, com o início dos direitos à classe trabalha-
dora, aumento do exército industrial de reserva bem como investimentos em
tecnologias para o aumento da acumulação do capital, o que abordaremos minu-
ciosamente na segunda unidade do livro.
Por isso,
a livre concorrência constitui traço essencial do capitalismo e da pro-
dução mercantil em geral; o monopólio é exatamente o contrário da
livre concorrência, mas nós vimos esta última converter-se, sob os nos-
sos olhos, em monopólio, criando nela a grande produção, eliminando
dela a pequena, substituindo a grande por uma ainda maior, levando
a concentração da produção e do capital a um ponto tal que fez e faz
surgir os monopólios (LÊNIN, 1982, p. 87 apud Batista 2014 p.61 ).
2001, p. 20).
Assim, ressalta-se que:
[...] os limites colocados pelas contradições, que são intrínsecas ao
modo de produção capitalista, alertam, periodicamente, os donos dos
meios fundamentais de produção e apropriadores dos valores exceden-
tes sobre a necessidade de reavaliar a forma de produzir e acumular
[…] (BATISTA, 2014, p. 58).
TRABALHO E SOCIABILIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Marx (1967), precariza o trabalho na sociedade capitalista.
Segundo Antunes (2005), nesse momento há um estranhamento nesse pro-
cesso, pois ao invés de satisfazer as necessidades, o trabalho é apenas um meio
para alcançar seu objetivo principal, além de ser realizado fora da produção.
Isso ocorre porque o modo de produção capitalista visa apenas a acumulação
da riqueza socialmente produzida, para apropriar-se cada vez mais da proprie-
dade privada e dos meios de produção, condicionando o trabalhador a precárias
condições e tornando-o trabalho alienado, isto é, aquele que mutila e/ou exclui
o homem de seu pôr teleológico e escolha das alternativas para sua realização.
No entanto, ressalta-se que o
trabalho não produz apenas mer-
cadorias, produz-se também a si
mesmo e ao trabalhador como
uma mercadoria e, justamente, na
mesma proporção com que produz
bens. Semelhante fato implica ape-
nas que o objeto produzido pelo
trabalho, o seu produto, se lhe opõe
como ser estranho, como um poder
independente do produtor. Por isso,
a afirmação de Marx (1967) é inci-
siva ao declarar que o trabalho
alienado não realiza o trabalhador.
Na obra “Os Manuscritos de 1844”, Karl Marx faz uma crítica radical à socie-
dade capitalista centrada na análise da alienação, cuja matriz explicativa está na
alienação sócio-econômica. Uma vez que, para o autor a propriedade privada
é a força motriz dos meios produtivos, sendo intrínseca a alienação, por ser a
raiz dos antagonismos sociais e políticos, que delineiam a sociedade burguesa.
O capitalismo produz a concentração de riqueza que reduz os que vendem
o seu tempo de vida para sobreviverem - os proletários - a um estado de aliena-
ção. A teoria marxista, compreende que os processos econômicos determinam
toda a evolução social humana. Assim, a organização econômica de uma socie-
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Trabalho e Sociabilidade
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por isso, Marx é enfático quando diz que “[...] para produzir mercadorias
é preciso que não se produzam apenas valores de uso, mas valores de uso para
outrem, valores de uso sociais [...]” (MARX, 1967, p. 28-29). Essa é a lei que
rege o processo de circulação do modo de produção capitalista, e seu processo
de fortalecimento e acumulação dos bens e riquezas socialmente produzidos.
O capital se corporifica na forma de dinheiro para que haja a produção e a
circulação das mercadorias, bem como se expressa nas relações sociais huma-
nas que em detrimento desse processo de mercadorização se tornam reificadas.
Para Iamamoto, “ao mesmo tempo em que as expressam, as encobrem, pois as
relações aparecem invertidas naquilo que realmente são [...] relações entre clas-
ses sociais antagônicas [...]” (IAMAMOTO; CARVALHO 1982, p. 31).
Salienta-se que:
[...] o produtor só se confronta com o caráter social do seu trabalho no
mercado: sua interdependência em face dos outros produtores lhe apare-
ce no momento da compra-venda das mercadorias; em poucas palavras:
as relações sociais dos produtores aparecem como se fossem relações en-
tre as mercadorias, como se fossem relações entre coisas. A mercadoria
passa a ser, então, a portadora e a expressão das relações entre os homens.
Na medida em que a troca mercantil é regulada por uma lei que não
resulta no controle consciente dos homens sobre a produção (a lei do va-
lor), na medida em que o movimento das mercadorias se apresenta inde-
pendentemente da vontade de cada produtor, opera-se uma inversão: a
mercadoria, criada pelos homens, aparece como algo que lhe é alheio e os
domina; a criatura (mercadoria) revela um poder que passa a subordinar
o criador (homens) (BRAZ; NETTO, 2008, p. 41).
Trabalho e Sociabilidade
34 UNIDADE I
O homem faz sua história, mas não a faz sozinho, faz de acordo com a reali-
dade concreta que o circunda.
(Karl Marx)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-valia sua dedicação exclusiva, o que implica na corrosão do caráter, que está
intrinsecamente relacionada como às relações humanas contemporâneas estão
associadas à frieza e a exploração do outro, permeados pelo fascismo que estão
presentes e contribuem para a quebra dos vínculos, sendo a ausência freqüente
no ambiente familiar, fragmentando as relações sociais e familiares. Por isso, o
homem burguês é um subproduto do capitalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
refrações para a formação do Ser Social. Para isso, foi necessário, desvelar o con-
ceito de trabalho, que traz à luz do conhecimento a necessidade de diferenciação
entre os seres orgânicos3 e inorgânicos, isto é, aqueles dotados de consciência são
capazes de gerir a teleologia em seus pensamentos e no fazer da transformação
da natureza e de produtos, bens e serviços. O homem é privilegiado e ao ser con-
siderado um Ser Social, tem condições de conhecer os meandros que envolvem
as relações sociais de produção, as forças produtivas, dentre outros elementos
que possibilitam a engrenagem do processo de trabalho ser cíclico e constante.
Tendo como base a relação intrínseca do trabalho com o homem – Ser Social,
a sociabilidade é constituinte dessa inserção, isto é, independentemente de suas
escolhas individuais, o ser orgânico está determinado a viver junto com os seus
pares, o que requer o convívio para suprir suas necessidades de sobrevivência,
sendo somente o trabalho que pode realizar esse objetivo principal.
Entretanto, verificamos que com a passar do avanço do modo de produção
capitalista, o trabalho é visto como o meio de garantir sua expansão, o que meta-
morfoseia sua finalidade, incorporando os princípios do capital para sua atividade.
Sendo assim, o processo capitalista vem formando não apenas riquezas,
bens e serviços, mas o próprio Ser Social que se forma com ideologias de um
homem burguês.
Considerações Finais
36
3. Com base nas afirmações de Marx sobre o trabalho, descreva como este con-
ceito é primordial para as relações sociais do modo de produção capitalista.
No vídeo sobre “A nova morfologia do trabalho”, Ricardo Antunes, faz uma análise de
como a categoria trabalho vem sendo apreendida e debatida com as configurações do
modo de produção capitalista frente a nova classe trabalhadora.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=0eOQ7ZfwJMs>.
Material Complementar
40
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.marilia.unesp.br/Home/Eventos/2014/viseminariointernacio-
nalteoriapoliticadosocialismo/a_categoria_georgea.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2017.
41
REFERÊNCIAS
GABARITO
1) De acordo com Marx, o sentido do trabalho será sempre para satisfazer as ne-
cessidades humanas, sendo libertador, uma vez que a realidade coloca a neces-
sidade em primeiro lugar, tornando-se a práxis fundante, isto é, ao ser formado
por posições teleológicas a capacidade do trabalho é que dá a essência do hu-
mano em suprir suas necessidades.
2) Forças produtivas: condição material de toda produção = matérias-primas; ins-
trumentos já transformados e adaptados pelo homem, como ferramentas e/ou
máquinas; o homem faz a ligação entre a natureza, a técnica e os instrumentos;
o desenvolvimento da produção determina a combinação desse elementos; a
produção existe em função do mercado.
Relações de produção: são as formas que os homens se organizam para execu-
tar a atividade produtiva, dentre elas: escravista, servis, capitalista, cooperativas.
Força produtiva mais relações de produção = modo de produção.
3) Conforme Braverman (1987), entre outros autores que elucidam sobre a forma
em que o trabalho e a força de trabalho vêm se configurando no mundo capita-
lista, em que o indivíduo passa a vender essa força. Mas que ao mesmo tempo,
não é possível medir ou pesar tal força, pois esta é comprada e vendida de acor-
do com a produtividade expressa em cada produto e/ou prestação de serviços.
Os autores destacam que o capitalismo fez com que a finalidade, isto é, a tele-
ologia colocada no trabalho em seu desenvolvimento, fosse deturpada, pois os
produtos são projetados conforme os ditames do modo de produção capitalista
e não mais a partir do interesse e determinação individual própria do homem.
4) Valor de uso: produto do trabalho humano
Valor de troca: mercadoria
Vale ressaltar que a criação dos valores de troca em relação ao valor de uso das
mesmas, em que a finalidade do produto em si não é o objetivo principal, mas
sim o valor de comercialização.
5) Conceitos elaborados por Marx:
Alienação: separação entre a força de trabalho e os meios de produção.
Mais- valia: horas trabalhadas e não pagas.
Materialismo histórico dialético: método de análise e corrente teórica e
metodológica do pensamento social.
Modo de produção: relações para executar a atividade produtiva.
Valor de uso: produto do trabalho humano.
Valor de troca: mercadoria.
Professora Me. Daniele Moraes Cecilio Soares
REESTRUTURAÇÃO
II
UNIDADE
PRODUTIVA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o movimento de transformação do modo de produção
capitalista.
■■ Identificar as diferenças nos conceitos de trabalho produtivo e
improdutivo.
■■ Desvelar a globalização e a mundialização do capital.
■■ Analisar as relações sociais no processo de trabalho.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As transformações do capitalismo contemporâneo
■■ Trabalho produtivo e improdutivo
■■ O fenômeno da globalização
■■ As relações de produção e reprodução social
45
INTRODUÇÃO
Introdução
46 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AS TRANSFORMAÇÕES DO CAPITALISMO
CONTEMPORÂNEO
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
47
Esse modelo de Estado Interventor, foi fundamental para a criação do Welfare State
- Estado de Bem Estar Social, sendo essa ideia expandida mundialmente pós 1945.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] As proposições de Keynes estavam sintonizadas com a experiência
do New Deal americano, e inspriraram especialmente as saídas euro-
péias da crise, sendo que ambas têm um ponto em comum: a sustenta-
ção pública de um conjunto de medidas anticrise ou anticíclicas, tendo
em vista amortecer as crises cíclicas de superprodução, superacumu-
lação e subconsumo, ensejadas a partir da lógica do capital. Mandel
sinaliza que tais medidas, nas quais se incluem as políticas sociais, ob-
jetivam amortecer a crise [...] (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.71).
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
49
capital lucrar ainda mais com os juros e taxas que são embutidos nessa rela-
ção de empréstimo que atrela o indivíduo cada vez mais aos ditames do capital
internacional.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
classe trabalhadora (ANTUNES, 2005, p. 49-50).
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
51
Destarte, “[...] a luta para melhorar o capitalismo é tão essencial quanto sem-
pre foi. Contudo, não devemos confundir essa luta com a busca do socialismo”
(SAGRA, 2005, p. 290). O posicionamento da autora, é incisivo ao nos dizer que
enquanto o capitalismo for voltado para a acumulação, não haverá mudanças
em suas engrenagens, sendo possível somente quando houver a retomada da
luta de classes com fins revolucionários.
É preciso mostrar que o que está em desenvolvimento é um proces-
so manipulatório por uma classe determinada, de um modo bastante
preciso, e que a manipulação parte de certos pretensos axiomas que
são incapazes de resistir a uma observação mais atenta (LUCKÁS, 1969
apud BATISTA, 2014, p. 75 ).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRABALHO PRODUTIVO E IMPRODUTIVO
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
53
tas e que lhes permite apropriar-se de uma parte da massa global de mais-
-valia produzida pela massa global de trabalho assalariado que produz va-
lor. [...] Todo trabalho assalariado contratado pela empresa capitalista – em
contraste com o trabalho doméstico [...] – entra nesta categoria (MAN-
DEL, 1985, p. 122-123 apud BRAZ; NETTO, 2008, p. 115; grifo nosso).
Assim,
[...] o trabalho produtivo é o que se troca por dinheiro enquanto capital
– ou, mais concisamente, troca-se diretamente por capital – , isto é, po di-
nheiro que está destinado a enfrentar, como capital, a força de trabalho.
Para o trabalhador, o trabalho produtivo limita-se a reproduzir o valor
previamente definido da força de trabalho [...] (IAMAMOTO, 2012, p. 75).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para exemplificar esse conceito, vamos analisar uma sessão de cinema. Uma pro-
dutora compra a força de trabalho dos atores e equipe técnica para gravação,
com a venda do filme se restitui o valor pago em salários e os custos e obtém o
lucro, finalidade pela qual os produtos sejam eles enquanto mercadoria ou pres-
tação de serviços é realizado.
Nesse sentido, Behring apresenta que:
[...] quanto a distinção entre trabalhadores produtivos e improdutivos,
a economia burguesa assume uma firme oposição. As atividades labo-
rativas são equalizadas ao adquirir um preço no mercado. Dessa forma,
a única diferença é a magnitude da remuneração entre entre os vários
tipos de trabalho. No entanto, o trabalho improdutivo, segundo Baran,
representa uma parcela significativa do trabalho empregado, que não se
relaciona diretamente com o processo de produção e se mantém por uma
parte do excedente econômico da sociedade (BEHRING, 2007, p. 54).
Desse modo, Iamamoto pautada nas ideias de Marx afirma que “[...] o trabalho
improdutivo é aquele que se troca diretamente por renda, isto é, salário e lucro
[...]” (IAMAMOTO, 2012, p. 83). Tendo em vista essa definição de trabalho
improdutivo e das demais abordadas sobre o trabalho produtivo, conclui-se que
o mesmo trabalho se classifica nessas duas categorias, uma vez que o critério de
análise está na forma em que o trabalho ou as relações de produção se realizam.
A contínua transformação que ocorre na base produtiva não se dá no
mesmo ritmo e intensidade nos vários ramos e esferas produtivas. Re-
produz “em sua forma capitalista, a velha divisão do trabalho com suas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
particularidades ossificadas”. A tendência do desenvolvimento do capital
na sua maturidade é atribuir um caráter científico ao processo inteiro
de produção, desvencilhando-o da dependência da habilidade direta do
trabalhador em favor da aplicação tecnológica da ciência. Essa tendência
expressa a contradição do próprio capital: colocar o tempo de trabalho - a
quantidade de trabalho vivo - como o princípio determinante da produ-
ção de valor, ao mesmo tempo que tende a reduzir o trabalho imediato
a proporções as mais exíguas a um momento subalterno - ainda que im-
prescindível - , ante a aplicação tecnológica da ciência e a estruturação
social da produção [...] (IAMAMOTO, 2012, p. 141-142).
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
55
Fonte: a autora.
O FENÔMENO DA GLOBALIZAÇÃO
O Fenômeno da Globalização
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que possibilitam produzir, distribuir e construir bens e serviços, independen-
temente das fronteiras. Um exemplo disso, são os blocos econômicos formados
pelos países para firmar alianças de importação e exportação de produtos entre
si, como o G8 que buscou liderar a economia mundial.
Considerando que a globalização pode ser definida como uma estratégia do
capitalismo enfrentar a crise, a partir da constituição de uma nova ordem mun-
dial para a acumulação do capital. Dessa forma, após o de 1970, com a inserção
da configuração do capitalismo imperialista ou tardio, houve a necessidade de
agregar os mercados internacionais para minimizar os custos do modo de pro-
dução, a exportação e importação de produtos de países desenvolvidos e em
desenvolvimento cresceu em uma escala longitudinal.
[...] O recente surto de globalização diminui significativamente a proteção
monopolista conferida historicamente pelos altos custos de transporte e
comunicação, embora a remoção das barreiras institucionais ao comércio
(protecionista) também tenha reduzido as rendas monopolistas a ser obti-
das por esse meio. No entanto, o capitalismo não pode existir sem poderes
monopolistas, e busca meios de reuni-los. Portanto, a ordem do dia é como
reunir os poderes monopolista numa situação em que foram muito re-
duzidas, quando não eliminadas, as proteções proporcionadas pelos assim
chamados “monopólios naturais” [...] (HARVEY, 2005, p. 224).
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
57
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O Fenômeno da Globalização
58 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por isso, a constituição da globaliza-
ção obedeceu à urgência de viabilizar o
acréscimo de lucros do capital por meio
do controle dos mercados, princípios da
organização monopólica.
Neste sentido, Harvey (2005) aborda
que “[...] o conceito de renda monopo-
lista dentro da lógica da acumulação do
capital, é que o capital não possui meios
de se apropriar e extrair excedentes das
diferenças locais [...]” (HARVEY, 2005,
p. 235). Essa organização do capital na
globalização trouxe a questão dos com-
modities, isto é, a matéria-prima das
mercadorias como primordiais para o
processo de produção capitalista da con-
temporaneidade, considerando que cada
país tem em suas riquezas naturais e mão
de obra, busca-se a unificação por meio
da globalização como fator indispensá-
vel para a massificação das mercadorias,
bens e serviços em prol da acumulação
do capital.
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
59
dinâmica.
Segundo Marx (2013), o que deter-
mina a vida do homem são as relações de
produção, pois são as bases que condicio-
nam as demais relações sociais, uma vez
que a produção é a raiz de toda estru-
tura social.
Considerando que as relações de produção formam as relações sociais, a
partir da perspectiva da totalidade, a qual Carvalho e Netto (2000), apresentam
como aquela que está “[...] em processo de estruturação e desestruturação. Ela
é histórica. Assim, é preciso captar o seu movimento e a sua direção enquanto
devir histórico”. (CARVALHO; NETTO, 2000, p.21).
Tendo em vista a ideia dos autores, identifica-se que é na vida cotidiana que as
relações de produção e a reprodução social realizam-se diariamente. “[...] O critério
de validez do cotidiano é o da funcionalidade” (CARVALHO; NETTO, 2000, p.25).
Nesse sentido, é preciso compreender que é na vida cotidiana que surgem
condições para a reprodução social, pois é nessa conjuntura que o homem a
reproduz como um dos instrumentos para sua sociabilidade.
As relações de produção se desenvolveram em torno do processo de traba-
lho, sendo fundamental para realizar a leitura da realidade, que segundo Marx
(2000), torna-se algo concreto, pois a sociedade é uma totalidade de máxima
complexidade. Esta por sua vez, precisa ser desvelada continuamente para que
suas especificidades sejam enfrentadas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
precedentes. Todas as relações sociais tradicionais e estabelecidas, com
seu cortejo de noções e idéias antigas e veneráveis, dissolvem-se; e to-
das as que as substituem envelhecem antes mesmo de poder ossificar-se
(MARX; ENGELS, 2000).
Segundo Marx e Engels (2000, p. 41) “[...] a história da sociedade até os nos-
sos dias tem sido a história da luta de classes.”.Por que enfatiza na contem-
poraneidade os rumos que o modo de produção capitalista percorreu desde
sua gênese.
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os estudos apontaram que a globalização é formada pelas grandes potên-
cias econômicas mundiais na gestão e articulação para a exploração dos países
em desenvolvimento, as quais são condições sine qua non para compreender a
influência que o modo de produção capitalista leva para cada espaço social, seja
ele familiar e/ou comunitário.
Assim, a compreensão acerca das transformações do capitalismo contem-
porâneo são primordiais para entender o movimento histórico e dialético do
capital, o que requer o aprendizado sobre os conceitos do trabalho produtivo e
improdutivo, elaborados por Marx para distinguir o trabalho que gera mais-va-
lia daquele que apenas realiza suas atividades sem a finalidade econômica direta.
As relações de produção e reprodução social foram fundamentais para apre-
ender como ocorre o movimento das engrenagens da categoria trabalho frente às
imposições do modo de produção capitalista. Vale ressaltar, que o objetivo pri-
mário do capitalismo monopolista refere-se ao acréscimo dos lucros, por meio
do controle dos mercados, esse processo ocorre das seguintes formas: fusão de
empresas, acúmulo de riquezas e bens socialmente produzidos pelo processo de
trabalho e exploração da mais-valia.
Por isso, a aprendizagem dos conteúdos abordados são elementos obrigató-
rios para o aprofundamento do conhecimento acerca dos processos de trabalho
na contemporaneidade.
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
63
Material Complementar
66
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/downlo-
ad/8640311/7870>. Acesso em: 26 abr. 2017.
67
REFERÊNCIAS
GABARITO
III
O SERVIÇO SOCIAL E
UNIDADE
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E A
DEFESA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO
PROFISSIONAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a inserção do Serviço Social na divisão sociotécnica do
trabalho.
■■ Analisar o processo de trabalho no Serviço Social.
■■ Desvelar como Serviço Social se desenvolve enquanto especialização
do trabalho coletivo.
■■ Debater sobre o projeto ético político da profissão.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Serviço Social na divisão sócio-técnica
■■ Processo de trabalho no Serviço Social
■■ Serviço Social como especialização do trabalho coletivo
■■ A defesa do projeto ético-político profissional
71
INTRODUÇÃO
Introdução
72 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SERVIÇO SOCIAL NA DIVISÃO SÓCIO TÉCNICA
OSERVIÇOSOCIALEREESTRUTURAÇÃOPRODUTIVAEADEFESADOPROJETOÉTICO-POLÍTICOPROFISSIONAL
73
Reitera-se que:
[...] o processo pelo qual a ordem monopólica instaura o espaço determi-
nado que, na divisão social (e técnica) do trabalho a ela pertinente, propi-
cia a profissionalização do Serviço Social tem sua base nas modalidades
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
através das quais o Estado burguês se enfrenta com a “questão social”,
tipificadas nas políticas sociais [...] suas medulares dimensões políticas,
se constituem também como conjuntos de procedimentos técnico-ope-
rativos; requerem, portanto, agentes técnicos em dois planos: o da sua
formulação e o da sua implementação [...] (NETTO, 2011, p. 74).
Por isso, com o passar dos anos a necessidade do Estado dar respostas às expres-
sões da questão social, criou políticas voltada para a assistência social e com
isso precisou da contribuição de técnico qualificados a executar, gestar e plane-
jar tais políticas.
Ressalta-se, que a prática profissional do Serviço Social sofreu - e sofre até
os dias atuais - intensamente com as influências econômicas do modo de pro-
dução capitalista, para pautar suas ações e intervenções, bem como as condições
sócio-históricas que estão intrinsecamente relacionadas ao desenvolvimento ver-
sus a exploração da mão de obra humana.
No texto “O Serviço Social na divisão do trabalho”, salienta-se a importân-
cia de:
[...] apreender o movimento da prática profissional como atividade social-
mente determinada pelas condições histórico conjunturais [...] é condição básica
para se apreender o perfil e as possibilidades do Serviço Social hoje, as novas
OSERVIÇOSOCIALEREESTRUTURAÇÃOPRODUTIVAEADEFESADOPROJETOÉTICO-POLÍTICOPROFISSIONAL
75
refletem minuciosamente sua prática e/ou cotidiano profissional, pois sem “que-
rer”, o mesmo acaba por mediar o canal de comunicação entre estes, fato que
outorga falhas e negligências.
Mas como enfrentar o capitalismo de frente se esses profissionais precisam
vender sua força de trabalho, além de todos os indivíduos estarem inseridos
neste modo de produção?
Para tanto, ao analisar a profissão é necessário romper com a visão endó-
gena (ir além da profissão), entender as relações e condições de trabalho, como
essas afetam as atribuições, competências e os requisitos da formação profissio-
nal. Compreender que o atual quadro sócio-histórico perpassa e conforma o
cotidiano do exercício profissional e a população usuária dos serviços que este
presta, além de não desvincular a prática profissional do modo como o Estado
intervém na Questão Social – Políticas Sociais e Públicas.
Desse modo, é imprescindível a necessidade de se articular de maneira pro-
funda, em uma dinâmica de transformação das relações sociais que seja crítica
ao contexto, que se vincule ao processo de resistência à ordem dominante, em
busca da promoção da cidadania e democracia.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PROCESSO DE TRABALHO NO SERVIÇO SOCIAL
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77
Batista (2014) aborda que foram Iamamoto e Carvalho em 1982 que fizeram a
discussão dessa temática, ao renderem a compreensão da natureza do Serviço
Social, “[...] é uma disciplina que intervém na esfera da reprodução social, nos
espaços públicos ou privados, onde a atuação dos profissionais se caracteriza
como trabalho assalariado” (BATISTA, 2014, p. 150).
Pautando-se nessa compreensão dos autores, em que o profissional de Serviço
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O segundo pólo diz respeito aos campos de atuação que, por sua vez, “[...] expres-
sam modos de trabalha; dificuldades para implementar decisões sobre “como
fazer” profissional [...]” (GENTILLI, 1998, p. 29). Esta baliza pelo que Faleiros
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(2008) denominou de “Saber profissional e poder institucional”, obra em que
o autor discorre sobre os embates entre a categoria profissional dos assistentes
sociais e as instituições em que realizam seu trabalho, pois apesar de ser consi-
derada um profissional liberal, a mesma não se realiza com tal, por necessitar
dos aparatos para efetivação da garantia de direitos, sejam eles estatais, do ter-
ceiro setor e empresariais.
Destaca-se que “a intervenção profissional passa a ser enquadrada não em
função da problemática real da população, mas em função da perturbação da
ordem institucional” (FALEIROS, 2008, p. 61). Esse risco que o autor vislumbra
é o mais comum no cotidiano profissional e deve ser enfrentado com o conheci-
mento ético e político, articulando estratégias e conhecimento sobre o processo
de trabalho.
Iamamoto (2008), destaca que há duas implicações que precisam ser analisa-
das: a primeira refere-se “[...] não se tem um único e idêntico processo de trabalho
do assistente social [...] e sim de processos de trabalho nos quais se inserem os assis-
tentes sociais [...]” (IAMAMOTO, 2008, p. 106). E a segunda, apresenta que:
“[...] o processo de trabalho em que se insere o assistente social não é
por ele organizado e nem é exclusivamente um processo de trabalho do
assistente social, ainda que nele de forma peculiar e com autonomia
ética e técnica” (IAMAMOTO, 2008, p. 107).
OSERVIÇOSOCIALEREESTRUTURAÇÃOPRODUTIVAEADEFESADOPROJETOÉTICO-POLÍTICOPROFISSIONAL
79
social não detém todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho:
financeiros, técnicos e humanos necessários ao exercício profissional autônomo”
(CAMARGO, 2008, p. 02).
Corrobora-se da afirmação da autora, a profissão mesmo sendo considerada
liberal, não se vincula no processo de trabalho desvinculada de uma instituição,
seja ela pública ou privada.
Assim,
[...] a qualificação serve tanto ao processo de modernização tecnológica
quanto para atender aquelas situações em que as mudanças situam-se ape-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entretanto, Batista (2014), traz em sua obra “Trabalho, questão social e Serviço
Social”, que autores como Lessa (1999, 2000a, 2000b) e Costa (1999), consta-
tam que o Serviço Social é trabalho e que possui seu processo próprio. Por isso,
vamos compreender a análise por eles realizada:
[...] o Serviço Social é um complexo social da esfera da reprodução.
Não é trabalho, nem processo de trabalho, porque não efetua transfor-
mação da natureza nos bens materiais necessários à sociedade, antes
participa como uma das mediações que, indiretamente na maior parte
das vezes, organizam a sociedade de tal modo a tornar a produção ma-
terial (o trabalho) possível na sua forma contemporânea, capitalista.
Neste preciso sentido, embora seja um assalariado, o assistente social,
como todo outro assalariado não operário, vive da riqueza produzida
pela classe operária (LESSA, 2000b, p. 29 apud BATISTA, 2014, p. 157).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1999, p. 97 apud BATISTA, 2014, p. 158-159).
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81
Considerando que o trabalho é o que causa a ruptura entre o ser orgânico para
o ser social, o homem nesse processo para trabalhar precisa criar instrumen-
tos, meios que possam auxiliá lo nesse processo. Assim, o Serviço Social realiza
sua ação profissional por meio de vários instrumentos específicos a sua área ou
competência, uma vez que as propriedades sociais se evidenciam quando o assis-
tente social atribui capacidade ao instrumental, pelo pôr teleológico, potenciam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SERVIÇO SOCIAL COMO ESPECIALIZAÇÃO DO
TRABALHO COLETIVO
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83
Vamos exemplificar esse processo ao analisar por exemplo uma escola, o pro-
fessor, diretor, psicólogo e o assistente social tem a mesma finalidade, garantir
o acesso a uma educação de qualidade para o desenvolvimento intelectual dos
indivíduos, porém cada um tem sua competência privativa, mas que com “[...] a
visão da totalidade da organização do trabalho que torna possível situar a con-
tribuição de cada especialização do trabalho no processo global” (IAMAMOTO,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2008, p. 108).
[...] o controle do processo de trabalho assume progressiva importân-
cia, integrando-se à tecnologia à qual o trabalhador fica subordinado,
inclusive nos seus elementos subjetivos de conhecimento e habilidades,
implicando visões de mundo, sentimentos e comportamentos de con-
sentimento e resistência, de cuja construção o Serviço Social participa
(FREIRE, 2010, p. 76).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dução de projéteis, drogas estupefacientes ou pornográficas – inútil e
deletéria para os interesses gerais da sociedade humana – : como essas
mercadorias encontram ávidos compradores, a mais-valia incorpora-
das nelas se realiza e o capital se reproduz e amplia; o trabalho nelas
investido é, portanto, trabalho produtivo (MANDEL, 1998, p. 122 apud
BRAZ, NETTO, 2008, p. 114).
OSERVIÇOSOCIALEREESTRUTURAÇÃOPRODUTIVAEADEFESADOPROJETOÉTICO-POLÍTICOPROFISSIONAL
85
Por isso, nota-se, sobretudo, que inserida na divisão social e técnica do trabalho,
a profissão faz parte da classe trabalhadora assalariada, a qual vende sua força de
trabalho para o capital e perece como as demais das insídias impostas por esse
modo de produção capitalista.
[...] o serviço social desenvolve um movimento constante no conjunto
do trabalho coletivo, na medida em que acompanha as modificações
internas e políticas que se realizam fora e dentro da grande empresa [...]
(KARSCH, 1998, p. 37).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dimensões da profissão:
Para que a prática seja concebida em práxis profissional é necessário que pos-
samos compreender que ela é reflexiva e intencional, sendo constituída pelas
seguintes características:
■■ INVESTIGATIVA: ato de conhecer, em que é necessário unidade de arti-
culação entre teoria e prática;
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87
Em sua obra “O serviço social na era dos serviços”, Ursula M. S. Karsch (1998),
traz indagações pertinentes sobre a prestação de serviços que a profissão
realiza, uma vez que contribui indiretamente para o processo produtivo do
trabalho.
Fonte: a autora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A DEFESA DO PROJETO ÉTICO POLÍTICO
PROFISSIONAL
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89
mais diversos espaços sócios ocupacionais, para que a garantia de direitos seja
assegurada e se possam buscar uma nova sociabilidade sem a divisão de classes.
Segundo Netto (2013), não é mera coincidência que a liberdade seja o primeiro
princípio expresso no Código de Ética de 1993, pois “[...] com a centralidade
ética conferida à liberdade, vem oferecendo uma resposta profissional que [...],
atende às exigências históricas contemporâneas” (NETTO, 2013, p. 28).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MARTINELLI, RAICHELIS, 2008, p. 23).
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
trole das ações do Estado de forma qualificada, organizada e crítica.
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93
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a finalização dos estudos desta unidade, verifica-se ser de suma importância
sinalizar algumas questões que contribuíram ininterruptamente para a construção
deste. Primeiramente a discussão deste tema proporciona uma reflexão sobre o
Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho, o qual implica em um processo
histórico e ocorre a medidas que a satisfação das necessidades sociais se tornam
mediatizadas pelo mercado, ou seja, pela produção, troca e consumo de mercado-
rias. Além disso, quando a mercadoria passa a mediar as relações sociais, há uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
crescente divisão do trabalho, pois mais se produz sob a forma de valores de troca.
O processo de trabalho no Serviço Social está associado ao processo de
reprodução social e, sua especialização enquanto trabalho coletivo, se afirma
como uma instituição peculiar na e a partir da divisão sociotécnica do traba-
lho, a qual está intrinsecamente relacionada com a correlação de forças entre as
classes sociais, a posição da classe subalterna no enfrentamento das expressões
da questão social e do caráter das políticas públicas do Estado.
Tendo em vista esse contexto, fica evidente a necessidade da reflexão da prática
profissional, da conjuntura política e econômica que o profissional está inserido,
pois somente por meio de uma minuciosa análise de conjuntura o assistente
social poderá criar instrumentos que compactuem de seu projeto de sociedade
expresso em seu Código de Ética Profissional e no Projeto Ético Político. Por isso,
a defesa de uma sociedade sem exploração de uma classe sobre a outra é funda-
mental, em que se almeje uma sociedade para além do capital.
Destarte, como afirma Marx em 1848 “trabalhadores do mundo uni-vos”
(MARX, 2000) . Esta é a mensagem, os profissionais devem formar uma lutar
em defesa da qualidade da vida digna para todos os seres sociais.
Considerações Finais
94
Material Complementar
98
REFERÊNCIAS
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KAMEYAMA, N.; NOGUEIRA, C. L. As tendências da gestão da força de trabalho nas
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Serviço Social – ABEPSS – Temporalis. Brasília. Ano III, n. 6, p. 23 – 36, jul. 2002.
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gueira, Leandro Konder. 10 ed – Petrópolis: Vozes, 2000.
NETTO, L. E. O conservadorismo clássico: elementos de caracterização e crítica.
São Paulo: Cortez, 2011.
NETTO, J. P. A construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. In: MOTA, A. E.
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Cortez, 2009.
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135 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2009.
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REFERÊNCIAS ON-LINE
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nomicos-da-terceirizacao/>. Acesso em: 27 abr. 2017.
GABARITO
DESAFIOS DO MUNDO DO
IV
UNIDADE
TRABALHO NA ATUALIDADE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar o fenômeno do desemprego frente a precarização do
trabalho e as manifestações das expressões da questão social.
■■ Compreender o processo de alienação e exploração do trabalho na
contemporaneidade.
■■ Desvelar a ofensiva neoliberal.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Desemprego, precarização do trabalho e questão social
■■ Alienação e exploração do trabalho
■■ O capitalismo e o projeto neoliberal
103
INTRODUÇÃO
tão social; elementos esses que são fundamentais para a discussão a temática
central, uma vez que esses processos estão associados a dinâmica sócio-histó-
rica do modo de produção capitalista. Além disso, é importante apreender que
os reflexos da crise do trabalho na contemporaneidade estão imbricados com
os contextos econômico e políticos, sendo vivenciados na reprodução da vida
social da classe trabalhadora.
Em seguida apresenta-se o debate acerca da alienação e exploração do tra-
balho, conceitos elaborados por Marx para a compreensão da organização da
órbita do capital. Contudo, apesar de serem tradicionais da obra marxista, esses
conceitos são clássicos, pois explicam o movimento atual que os impactos da
exploração e da alienação que trabalho exerce sobre o trabalhador. Efeitos estes
que são expressos no cotidiano desde sua gênese enquanto trabalho produtivo
agregado de valor, isto é, mercadorias e processos de trabalho.
No último tópico discorre-se sobre o capitalismo e o projeto neoliberal, os
quais estão intrinsecamente relacionados pelo direcionamento político e econô-
mico que exercem, uma vez que esses processos instauram um amplo programa
voltado para o aumento das taxas de desemprego e a precarização dos direitos
trabalhistas.
Assim, proponho que façam a leitura e interpretação desses conteúdos com
muita atenção e dedicação. Bons estudos!!
Introdução
104 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESEMPREGO, PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E
QUESTÃO SOCIAL
O modo de produção capitalista germina a questão social, que é pré requisito das
contradições entre os interesses das classes sociais, K X T. Para seguir seu per-
curso de acumulação, o capital está fadado a crises cíclicas e constantes processo
de autofagio, isto é, auto -destruição para se fortalecer e retomar seus objetivos.
Nesse processo tem se propagado o desemprego e a precarização do trabalho,
bem como a polarização e secularização dos processos de reprodução social.
Tonet (2009) apresenta que a crise capitalista na atualidade tem sua raiz “[...]
nas relações que os homens estabelecem entre si na produção da riqueza mate-
rial. [...]” (TONET, 2009, p. 1). Paralelamente a isso, a reestruturação produtiva
que a crise que é global atinge as balizas da sociabilidade capitalista.
Nesse sentido, é necessário ter claro conceito que “[…] a expressão “questão
social” não é semanticamente unívoca: ao contrário, registram-se em torno dela a
compreensões diferenciadas e atribuições de sentidos diversos”. (NETTO, 2001,
p. 152). Por isso, os elementos fundamentais da questão social são o desemprego
e a pobreza, sua reprodução são consideradas como múltiplas expressões que se
manifestam no cotidiano e atingem a classe trabalhadora.
O texto “Cinco notas a propósito da questão social” de José Paulo Netto
(2001) elenca cinco características importantes sobre o objeto de trabalho do
assistente social:
■■ Pauperismo;
■■ Classe proletária;
■■ Lei geral da acumulação;
■■ Welfare State;
■■ Novas expressões da questão social.
Corrobora-se da ideia do autor, pois é neste mesmo período que o capital enfrenta
uma de suas maiores crises que intensificou a exploração dos trabalhadores, con-
forme vimos na Unidade II de estudo.
Nesse sentido, o Estado de Bem Estar Social tinha como:
[…] principal função seria de efetuar um microgerenciamento da eco-
nomia para assegurar crescimento sob condições de pleno emprego e
desenvolver uma série de políticas sociais incumbidas de redistribuir
os frutos do crescimento econômico; controlar os efeitos desse cresci-
mento sobre a população; e compensar aqueles que pagaram o preço
desse crescimento […] (PEREIRA, 2008, p.91).
Com base na ideia da autora sobre a questão social, verifica-se que na contempo-
raneidade os avanços tecnológicos, que cada vez mais substituem trabalhadores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por máquinas, há a diminuição do trabalho vivo, o que reduz o número de
assalariados, ocasionando na redução do consumo, o que não implica em sua
eliminação, mas que altera as engrenagens de circulação do capital.
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ALIENAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO TRABALHO
Com base nos apontamentos do autor, esse processo de representação traz também
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Por isso, a mais-valia é tão importante para o capital, porque somente ela pode
gerar sua acumulação e consequentemente sua expansão, domínio e poder, que
em suas amarras ocasiona a alienação, a qual tem sua raiz no processo de pro-
dução, em que os trabalhadores não têm acesso ao fruto do seu trabalho.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Concomitantemente a esse contexto verifica-se que:
[...] tal como o trabalho é alienado ao capital ao se converter em tra-
balho assalariado, também a reprodução social passa por um processo
de alienação ao se identificar com a reprodução do capital. Por dois
motivos. Em primeiro lugar, porque o capital só pode se expandir au-
mentando a exploração dos trabalhadores e, portanto, aumentando a
miséria. Em segundo lugar, como necessidades da reprodução amplia-
da do capital não se identificam com as necessidades humanas, cada
vez mais a sociedade reproduz não o que as pessoas necessitam, mas o
que dá lucro. [Por ex.] gasta-se trilhões de dólares fabricando bombas
atômicas e realizando guerras! Assim, a produção ampliada do capital
é cada vez mais a produção ampliada de desumanidades, de alienações,
pelo próprio homem (LESSA, 1999, p. 31, apud SILVA, 2008, p. 67-68).
Por isso, é
somente a partir do momento em que se expandiu a base crítica da
consciência dos agentes, através da ruptura da alienação, é que eles pu-
deram perceber o caráter conservador, subordinado e burguês de suas
práticas (MARTINELLI, 1997, p. 140).
Netto (2011) reitera que o conservadorismo é uma afirmação como prática bur-
guesa de dominação e controle, sendo que o pensamento conservador é uma
expressão cultural e particular de um tempo e um espaço sócio-histórico, bus-
cando sempre se remeter ao passado.
Assim, a ruptura com alienação ocorre a partir do Movimento de
Reconceituação do Serviço Social, em que vislumbra a consciência crítica dos
agentes,
“[…] como uma função do “pensamento crítico reflexivo”, “através
do qual criações fetichizadas no mundo reificado se dissolvem e per-
dem sua enganosa fixidez, permitindo que se revele o mundo real[...]”
(MARTINELLI,1989, p. 125 apud IAMAMOTO, 2012, p. 287).
Esse processo só foi possível com a aproximação da teoria social de Marx e com
o diálogo com outras áreas, como a Filosofia e a Sociologia. Por isso, Carvalho
e Netto (2000) afirmam que:
[...] separar o joio do trigo não é tarefa fácil. Aprender o caminho cole-
tivo da conquista, sem cair na alienação, exige dos assistentes sociais e
militantes políticos estratégias de ação baseadas na leitura desta mes-
ma realidade e poder de interferência sobre os sistemas que mantêm
este Estado (CARVALHO; NETTO, 2000, p. 55).
Caro(a) aluno(a), este é o desafio que os profissionais têm para não se emaranhar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nos caminhos que a alienação envolve, pois o enfrentamento, ao modo de produção
capitalista, requer o exercício de uma análise minuciosa da conjuntura de explora-
ção e alienação que o trabalho e as relações de produção direcionam o indivíduo.
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com o processo de redemocratização e promulgação da Constituição Federal de
1988, a qual trouxe a legalização para a garantia dos direitos sociais e humanos
como elementos fundamentais para assegurar a dignidade da pessoa humana.
E o que isso pressupõe? Retoma-se que“[…] a idéia do Estado Mínimo é uma
consequência da utilização da lógica do mercado em todas as relações sociais,
não reduzidas somente ao aspecto econômico.” (BIANCHETTI, 1997, p. 88).
Ressalta-se que a:
[…] vinculação aos ditames do chamado “Consenso de Washington”,
que são: ajuste fiscal, redução do tamanho do Estado, fim das restrições
ao capital externo, abertura do sistema financeiro, desregulamentação,
reestruturação do sistema previdenciário […] a simples defesa do capi-
tal monopolista nacional ou estrangeiro instalado no país (COGGLIO-
LA, 1996, p. 196).
Tem portanto, o que Soares (2003, p. 30) elucida como uma marca “[...] das polí-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Neste sentido, o recorte e ajuste neoliberal presente desde este período até a con-
temporaneidade nas políticas sociais públicas, evidenciam condicionantes como
a fragmentação, focalização, precarização e sucateamento dos aparelhos estatais,
com o intento de apresentá-las como ineficientes propagando os programas, pro-
jetos e planos governamentais como ruins, mas, em contrapartida, financiam a
iniciativa privada para a conquista permanente do mercado.
Sendo assim, compreender a conjuntura que envolve o ideário neoliberal
frente ao minimalismo social que este impõe ao Estado é imprescindível para
conhecer a quais projetos que os representantes políticos se embasam para exercer
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a gestão de governar uma nação, que em sua grande maioria depende da garan-
tia de seus direitos para sobreviver em uma sociedade que faz questão de excluir
e segregar aqueles sujeitos que não tem acesso aos mecanismos legais da venda
de sua força de trabalho, isto é, desconsiderando os efeitos que as expressões da
questão social associados ao modelo de governo produzem na vida objetiva para
aqueles que estão inseridos na linha da pobreza, miséria e indigência humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), ao finalizar esta unidade de estudo almeja-se que você tenha
adquirido conhecimento sobre os desafios do mundo do trabalho na atualidade, em
que buscou-se analisar o fenômeno do desemprego frente a precarização do trabalho e
as manifestações das expressões da questão social, compreender o processo de aliena-
ção e exploração do trabalho na contemporaneidade e desvelar a ofensiva neoliberal.
Por isso, temos algumas considerações primordiais para ressaltar a impor-
tância desse debate, que perpassa diretamente as relações sociais de produção
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e reprodução da vida social de todos nós, pois estamos inseridos nesse modelo
e na sociedade de classes. Tendo em vista que o desemprego, a precarização do
trabalho, seu processo de alienação e exploração estão imbricado ao capitalismo
e ao neoliberalismo, é fundamental a compreensão dos determinantes sócio-his-
tóricos que trouxeram para a realidade contemporânea a conjuntura econômica,
política e social que se tem hoje.
Com relação ao Brasil, apesar desse processo ser tardio, iniciado especifica-
mente a partir da década de 90, no governo de Fernando Henrique Cardoso é
que passa a ser reconhecido, pela Reforma do Estado, com as privatizações das
estatais e abertura do mercado na prestação de serviços públicos.
Nossa recente história nos mostra que não houve, no país, um Estado de
Bem Estar Social, apesar da Constituição Federal de 1988, especialmente com
a expressa Seguridade Social, que engloba as políticas de saúde, previdência e
assistência social. Esse tripé, como é conhecido, tem sido alvo da precarização,
focalização que o Estado tem tratado as políticas públicas e sociais.
Sendo assim, destaca-se que o capitalismo e o neoliberalismo estão em pro-
cesso de efervescência nos dias de hoje com as discussões da terceirização e da
Reforma Previdenciária.
Considerações Finais
118
1. Com relação a questão social, Netto (2001), explica que há cinco elementos fun-
damentais para se compreender este conceito. Elabore um pequeno texto de
3 a 4 parágrafos dissertando cada um destes elemento.
O autor chama a atenção também para as novas formas de confrontação social que para
ele “são ações que articulam luta social e luta ecológica [...] são ações que articulam luta
de classes com luta de gênero, ação social com luta ética” (ANTUNES, 2005, p.37) e, em
seguida, lista vários exemplos desses tipos de ações.
Ao finalizar o autor defende que o processo de emancipação da classe trabalhadora não
pode ficar restrito aos âmbitos público e institucional. Mas que possa haver um movimento
de massas radical e extra parlamentar, que possa criar e inventar novas formas de atuação
autônoma, capazes de articular lutas sociais, que possibilitem o resgate em bases total-
mente novas da inseparável unidade entre o ‘trabalhador e seus meios de produção’.
Em síntese, a obra tem como ponto chave as discussões acerca da centralidade do tra-
balho na sociedade atual. O autor entende o trabalho como elemento ontologicamente
essencial e fundante, como condição para a existência do homem diferentemente das
teorias que tentam desconstruir a importância dessa categoria na atualidade. Mas alerta
sobre a necessidade de recusa de um trabalho alienado, que ‘explora e infelicita o ser
social’. Nessa direção argumenta que “uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe
uma vida dotada de sentido dentro do trabalho”. (ANTUNES, 2005 p. 91).
A obra em questão se torna referência pela riqueza das análises abordadas, podendo ser
de interesse de todos que conduzam estudos sobre as transformações no mundo
trabalho e seus desdobramentos.
Fonte: RICARDO (2005, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
122
REFERÊNCIAS
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democratização. Barueri: Manole, 2003.
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Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A,
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BRAZ, M.; NETTO, J. P. Economia Política: uma introdução crítica. 4 ed. São Paulo:
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123
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/downlo-
ad/8639543/7112>. Acesso em: 27 abr. 2017.
GABARITO
V
DESAFIOS PROFISSIONAIS
UNIDADE
NO CAPITALISMO
GLOBALIZADO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar as transformações do mundo do trabalho e seus reflexos no
Serviço Social.
■■ Compreender as novas configurações do mercado de trabalho para
os Assistentes Sociais.
■■ Debater as novas conjunturas sociais contemporâneas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Alterações no mundo do trabalho e repercussões no mercado
profissional do Serviço Social
■■ As novas configurações para o mercado de trabalho do assistente
social
■■ Serviço Social nas novas conjunturas do mundo contemporâneo
127
INTRODUÇÃO
Introdução
128 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ALTERAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO E
REPERCUSSÕES NO MERCADO PROFISSIONAL DO
SERVIÇO SOCIAL
ü expansão urbana;
ü crescimento das atividades de prestação de serviços;
ü expansão da educação formal;
ü novos circuitos da comunicação social.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
expressões da questão social que atingem as minorias.
Contudo, as mudanças também interferem na dinâmica cultural, em que
há uma translação da lógica do capital para todos os processos do espaço cultu-
ral, desqualificação da esfera pública e a supervalorização do indivíduo sobre a
sociedade. Esses elementos impõem a redefinição dos papéis e relações do Estado
e da sociedade civil, em que o Estado burguês tem um redimensionamento de
suas funções legitimadas, como o corte nas políticas sociais, propagando-se o
discurso e ações de desqualificar o Estado para tomar frente o processo de pri-
vatização dos aparelhos estatais.
Para isso, desenvolveu-se uma “cultura política” anti-Estado, isto é, desregu-
la-se como órgão gestor dos direitos sociais, apresentada pela modernidade para
promover a sociedade civil ao transferir as responsabilidades do Estado para a
mesma, objetivo do neoliberalismo em detrimento da valorização do voluntariado.
De modo geral, pode-se considerar que a configuração do capitalismo tardio
possui três elementos essenciais: crescente alargamento da distância entre o mundo
rico e o pobre, a ascensão da xenofobia e do racismo , bem como a crise ambien-
tal. Estes são os desafios que a sociedade enfrentará, devido a imposição capitalista
para a sobrevivência das espécies dos seres vivos inclusive a dos humanos, uma
vez que para expandir seu poder e dominação desconsidera a força da natureza,
a qual tem dado inúmeras respostas aos efeitos de degradação do meio ambiente.
A análise do processo de trabalho no Serviço Social [...], parte da concep-
ção marxiana clássica relativa ao trabalho, como espaço de interação do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ído por seus membros, mas sim pela própria indústria, que transforma tudo em
mercadoria, deixando os indivíduos como meros consumidores, os quais não
precisam se dar o trabalho de pensar, é só escolher.
É de extrema importância deixar claro que o conceito de indústria cultural
não se refere aos veículos transmissores, mas sim ao uso de tal tecnologia por
parte da classe dominante. Portanto, a produção cultural e intelectual passa a ser
embasada e guiada pela possibilidade de consumo mercadológico.
Frente a esse contexto social, Iamamoto (2008) discute sobre as condições de
trabalho e as respostas profissionais, as quais implicam numa minuciosa reflexão
sobre a prática e práxis profissional. Tendo em vista que “a realidade torna-se
obstáculo, vista como o que impossibilita o trabalho” (IAMAMOTO, 2008, p.
162). Essa afirmação da autora remete a compreensão da forma como o trabalho
do assistente social está se desenvolvendo, por meio de precárias condições de
atendimento à população usuária de determinado serviço bem como das con-
dições e pressões do trabalho desse profissional.
Nesse sentido, convém ressaltar a importância dos profissionais estarem
descrevendo sua prática profissional com a finalidade de informar e produzir
conhecimento. Este exercício de produção está se desenvolvendo em um pro-
cesso moroso, tendo em vista que com a exigência de elaboração do trabalho
de conclusão de curso como requisito para a formação profissional, esse traba-
lho tem despertado em alguns acadêmicos e docentes o interesse pela produção
científica, o que é algo muito importante tanto para a academia quanto para a
categoria profissional se posicionar frente às novas configurações e proliferações
das expressões da questão social.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3º nossos colegas de profissão, dizem respeito a contribuição e até mesmo
ajuda que um profissional pode oferecer ao outro, um exemplo disso é a
inserção dos acadêmicos no campo de estágio, lugar este que contribui
de forma significativa para a formação técnica;
4º nossos parceiros, como o próprio diz, refere-se às oportunidades oferecidas
por nossos parceiros para execução de determinado programa e/ou projeto;
5º nossos clientes em potencial, são as empresas que, futuramente, pode-
rão contar com a colaboração do Serviço Social em sua gestão, para isso
é fundamental a venda de uma profissão que tenha dinamicidade e con-
trole das situações emergentes;
6º organizações metanólicas, referem-se a organizações que passaram por
mudanças, cujas quais precisam de uma gestão social para o fortaleci-
mento das relações.
Nesse sentido, houve, a partir da década de 90, uma expansão nas oportunida-
des de consultoria em Serviço Social. Essa, por sua vez, pode ser realizada tanto
interna como externa. A primeira diz respeito à prestação de um serviço em que
o profissional assessora as pessoas e a empresa na tomada de decisão apresen-
tando-lhes instrumentos de mudança; a segunda refere-se a um auxílio sobre os
processos de gestão da empresa.
Esse período também ficou marcado pela construção de uma prática pro-
fissional interdisciplinar, com a finalidade de aprimorar os serviços oferecidos.
Por isso, Battini (1994, p. 144) afirma que:
[...] pensar os fatos, os acontecimentos, as relações exige questionar, in-
vestigar a realidade, criticá-la, tornando-a evidente pela contínua recolo-
cação de questões, fazendo-a emergir de forma cada vez mais rica e viva,
recriando-a num contínuo percurso entre a aparência e a essência, entre
a parte e o todo, entre o universal e o particular, numa visão dialética.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vados e envolvidos com a empresa, a possibilidade de atrair e manter talentos,
diminuir a rotatividade e o absenteísmo.
Nesse sentido, as empresas são constituídas de pessoas e precisam delas
para atingir seus objetivos e missões, para as pessoas não é muito diferente,
pois o lugar/ambiente em que trabalha é o meio que usam para conseguir reali-
zar seus sonhos e desejos pessoais. Desse modo, devemos sempre lembrar que
o colaborador é um ser humano e precisa estar bem mentalmente, fisicamente,
espiritualmente e intelectualmente. Para tanto, é necessário que a organização e
o colaborador estejam sempre em sinergia, isto é, os dois precisam ligar esfor-
ços para alcançar seus objetivos.
Entretanto, é necessário compreender que;
[...] no caso das fusões, o emprego total das empresas incorporadas se
reduz. No caso das aquisições, o quadro de pessoal se torna mais he-
terogêneo. Na racionalização dos negócios, cresce a terceirização. No
mundo inteiro o emprego estável de longa duração se retrai e as novas
modalidades de trabalho se expandem: subcontratação, o trabalho por
projeto, a atividade autônoma, o tele-trabalho, o trabalho domiciliar
etc. (KAMEYAMA, NOGUEIRA, 2002, p. 28).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
respeito na forma da empresa atrair e manter o colaborador e, por última, a social
busca preencher deficiências da previdência social, bem como dos aparelhos estatais.
Desse modo, há três tipos de benefícios, são eles: flexíveis, legais e liberais.
Entretanto, estes são classificados de acordo com sua exigibilidade, quanto a sua
natureza e quanto a seus objetivos. Por isso estão denominados como:
■■ Benefícios Legais: são os benefícios exigidos e garantidos pela Consolidação
das Leis Trabalhistas – CLT ou previdenciárias, ou ainda por convenção
coletiva entre sindicatos. Exemplos: férias, aposentadoria, 13° salário,
auxílio creche, vale transporte, dentre outros;
■■ Benefícios Espontâneos ou Liberais: são os benefícios concedidos por
meio da liberdade da empresa, ou seja, não são exigidos por nenhuma
legislação nem por negociação coletiva. São, também, conhecidos e cha-
mados de benefícios marginais ou benefícios voluntários. Exemplos:
gratificações, refeições, transporte, complementação de aposentadoria,
dentre outros.
■■ Benefícios Assistenciais: são os benefícios que visam oferecer ao cola-
borador e a sua família certas condições de segurança e previdência.
Exemplos: assistência médico-hospitalar e odontológica, Serviço Social,
vantagens, dentre outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sificado e dinâmico, pois essa precisa basear sua atuação na garantia ao acesso
dos direitos sociais, políticos e econômicos, por meio de intervenção neutra base-
ada em princípios do Código de Ética e do Projeto Ético Político, sem deixar que
seus valores pessoais interfiram no desempenho de seu trabalho.
Portanto, é preciso que assistente social respeite as diferenças, o relativismo,
o pluralismo, o etnocentrismo, para que possa desempenhar uma atuação de
acordo com cada particularidade, singularidade de seus usuários, estando sem-
pre ligado à alteridade.
[…] o trabalho do assistente social está profundamente condicionado
pela trama de relações vigentes na sociedade e, sem dúvida, o atual ce-
nário do desenvolvimento capitalista coloca para o Serviço Social con-
temporâneo novas demandas e competências, quer no nível de conhe-
cimentos, quer no plano concreto da intervenção e negociação política
no âmbito das Políticas Sociais (YAZBEK, 2009, p. 139).
Considerar que as políticas públicas são a grande solução para a classe tra-
balhadora, é ficar de frente para o Estado e de costas para os trabalhadores e os
não trabalhadores (os que estão fora do mercado formal de trabalho).
As contradições ampliadas revelam-se na reestruturação produtiva,
que se insere na reestruturação política, social e econômica do novo
estágio de acumulação.Ela constitui o novo modelo de racionalização
das empresas, determinando modificações na sua estrutura, nas políti-
cas econômicas de expansão, nos processos de produção, organização
e gestão da força de trabalho, com ênfase no controle do processo de
trabalho e na criação de uma nova cultura pautada na competitividade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do mercado globalizado (FREIRE, 2010, p. 39).
Sendo assim, caro(a) aluno(a), Iamamoto (2008) sinaliza que é primordial conhe-
cer os modos de vida dos subalternizados, que são os protagonistas da história,
e que, por vezes, são menosprezados pelo Serviço Social. Se quisermos ganhar
visibilidade e legitimidade temos que buscar conhecer suas condições de vida,
trabalho, cultura, formas de resistência. Trazer esse conhecimento para o campo
Investigativo e Interventivo da atuação profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
144
Obtivemos uma grande vitória com a aprovação da jornada de 30 horas sem redução sa-
larial. Todos/as sabem que no tempo presente vem prevalecendo a restrição e redução de
direitos. Lutar e conquistar um direito trabalhista tão importante, nesse momento históri-
co, faz da nossa conquista uma vitória ainda mais saborosa. Nossa luta segue pela amplia-
ção de direitos para toda a classe trabalhadora. Como trabalhadores/as que somos, vamos
comemorar cada dia e cada minuto esse importante ganho, fruto da articulação, pressão
e mobilização dessa categoria aguerrida que são os/as assistentes sociais brasileiros/as. A
luta continua e conclamamos todos/as para ficarem “firmes e fortes” na defesa da imple-
mentação dessa Lei. A luta agora é de todos/as e de cada um/a, para fazermos valer esse
direito. Cada assistente social, em cada município desse país, deve divulgar esse direito em
todos os espaços e convocar os empregadores a implementar a Lei.
O Conjunto CFESS/CRESS está empreendendo todos os esforços legais e políticos para
garantir essa conquista!
Fonte: adaptado de Scielo (2011, on-line)1
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0101-66282011000100013>.
GABARITO