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NIVELAMENTO

DE BIOLOGIA

Professora Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei

GRADUAÇÃO
Unicesumar
02

Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
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Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
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Direção de Polos Próprios
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Direção de Desenvolvimento
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Direção de Relacionamento
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Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
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Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Mara Cecília Rafael Lopes
Design Educacional
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; KAMEI, Marcia Cristina de Souza Lara. Amanda Peçanha Dos Santos
Iconografia
Nivelamento de Biologia. Marcia Cristina de Souza Lara Isabela Soares Silva
Kamei.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Projeto Gráfico
116 p. Jaime de Marchi Junior
“Graduação - EaD”. José Jhonny Coelho
1. Nivelamento. 2. Biologia . 3.Vida. EaD. I. Título. Arte Capa
André Morais de Freitas
CDD - 22 ed. 570
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Editoração
Ellen Jeane da Silva
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Alisson Andre Pepato
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Marcelo Goto
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Diretoria de
transformamos também a sociedade na qual estamos
Planejamento de Ensino
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria Operacional
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
de Ensino
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores
e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR

Professora Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei


Doutora em Ciências Biológicas (Biologia Celular) pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM) em 2015, mestre em Ciências Biológicas (Biologia Celular)
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduada em Ciências
Biológicas pela mesma instituição. Docente dos cursos da área de saúde
do Centro Universitário de Maringá desde 1998, ministrando disciplinas de
Biologia Celular, Bioquímica, Histologia e Embriologia Geral e Oral. Realiza
pesquisa na área de genética animal (citogenética de peixes). Em sua
atividade docente, orienta trabalhos de iniciação científica e conclusão de
curso, participa de bancas e comissões científicas, além de ministrar tópicos
em cursos de especialização. Fez parte de comitê de ética em pesquisa em
Humanos e animais. Constantemente participa de cursos de atualização
em metodologias de educação no ensino superior. Para informações mais
detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo, disponível no endereço a seguir:
http://lattes.cnpq.br/2531311925087366
APRESENTAÇÃO

NIVELAMENTO DE BIOLOGIA

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caros Alunos,
Vocês iniciarão um curso que resgatará alguns conteúdos abordados no ensino médio
sobre os conteúdos de biologia e bioquímica. Essa abordagem tem como objetivo con-
solidar alguns conceitos fundamentais dessas áreas, a fim de colaborar no melhor rendi-
mento das disciplinas relacionadas em diferentes cursos de graduação.
Esse material foi elaborado da mesma forma que a lógica da vida.
Iniciaremos a unidade I conhecendo as características gerais da vida, bem como os as-
pectos que distinguem os seres vivos dos não vivos. Apresentaremos a teoria evolucio-
nista, que explica a origem da vida no planeta, além de nos dar uma visão geral sobre
a estrutura celular dos primeiros seres vivos - as células procariontes, atualmente pre-
sentes nas bactérias. Além disso, descreveremos a estrutura das células mais complexas
que formam todos os demais seres vivos - a célula eucarionte, que apresenta algumas
diferenças entre os animais e vegetais. Essa unidade nos dará também uma visão geral
da diversidade dos seres vivos e de suas características comuns, que nos permitem agru-
pá-los em reinos. Por fim, saberemos mais sobre os mecanismos pelos quais os seres
vivos obtêm energia para a manutenção da vida.
A unidade II será dedicada à bioquímica celular, abordando a estrutura de vários com-
postos orgânicos e inorgânicos que formam as células. As moléculas inorgânicas são
água e minerais, e as macromoléculas orgânicas, por sua vez, são: proteínas, carboidra-
tos, lipídios e ácidos nucléicos. Estudaremos também sobre os monômeros que consti-
tuem as células.
Na unidade III, abordaremos a estrutura morfológica da célula eucarionte, caracterizan-
do morfológica e funcionalmente cada uma de suas organelas. Conheceremos também
alguns mecanismos que permitem o intercâmbio de moléculas entre a célula e o meio
extracelular.
Terminaremos essa unidade abordando a reprodução celular, mecanismo que promove
a reprodução da célula. Abordaremos a divisão mitótica, responsável pela proliferação
celular e a divisão meiótica, responsável pela formação de gametas.
Espero que esses tópicos possam ajudá-lo a compreender melhor a organização da uni-
dade fundamental da vida: a célula.
Bom estudo!!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I
A LÓGICA DA VIDA

15 Introdução

16 Características dos Seres Vivos

19 Organização dos Seres Vivos

21 Diversidade dos Seres Vivos

22 Origem da Vida e Evolução das Células

24 Célula Procarionte

27 Célula Eucarionte Animal

29 Célula Eucarionte Vegetal

30 Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular

40 Considerações Finais

46 Referências

48 Gabarito

UNIDADE II

BASES MOLECULARES DA VIDA

51 Introdução

52 Composição Química das Células

53 Elementos Inorgânicos - Água e Sais Minerais

56 Elementos Orgânicos - Proteínas

62 Elementos Orgânicos - Carboidratos


10
SUMÁRIO

65 Elementos Orgânicos - Lipídeos

70 Elementos Orgânicos - Ácidos Nucléicos

75 Considerações Finais

80 Referências

82 Gabarito

UNIDADE III
COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES

85 Introdução

86 Membrana Citoplasmática

95 Organelas Citoplasmáticas

101 Elementos do Citoesqueleto Celular

103 Núcleo

110 Considerações Finais

115 Referências

117 Gabarito

116 CONCLUSÃO
Professora Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei

I
UNIDADE
A LÓGICA DA VIDA

Objetivos de Aprendizagem
■ Identificar as características que definem a vida.
■ Compreender os níveis de organização dos seres vivos.
■ Conhecer a teoria evolucionista sobre a origem da vida no planeta.
■ Reconhecer a célula como unidade fundamental da vida.
■ Identificar a classificação dos seres vivos.
■ Diferenciar células eucariontes e procariontes.
■ Caracterizar células eucariontes animal e vegetal.
■ Conhecer alguns princípios metabólicos que determinam a vida.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Características dos seres vivos
■ Organização dos seres vivos
■ Diversidade dos seres vivos
■ Origem da vida e evolução das células
■ Célula procarionte
■ Célula eucarionte animal
■ Célula eucarionte vegetal
■ Obtenção de energia para o metabolismo celular
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INTRODUÇÃO

Você já tentou definir vida? Não é nada fácil, certo?


Na verdade, mais do que definições, têm-se buscado à compreensão das
manifestações da vida em seres de complexidade tão distintas quanto uma bac-
téria e um animal superior, como o homem, ou até mesmo um organismo vegetal
complexo, como plantas angiosperma.
Todos os seres vivos apresentam a mesma arquitetura química da matéria,
ou seja, são formados por átomos que se agregam e formam moléculas. Porém,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

apesar de apresentarmos essa semelhança com os seres inanimados, temos algu-


mas propriedades especiais que nos diferenciam como seres vivos.
A organização molecular distinta ganha dimensões compatíveis com a vida
mediante a organização celular. A célula é a unidade fundamental da vida.
Um organismo unicelular como a bactéria, por exemplo, é capaz de man-
ter sua organização e reproduzir-se tanto quanto um organismo pluricelular,
composto por inúmeras células diferenciadas que agem integradamente, além
de serem capazes de se manterem organizadas e de reproduzirem essa organi-
zação coletiva.
A vida ultrapassa os limites individuais, pois os organismos unicelulares
ou pluricelulares constituem populações que se relacionam e interagem com o
ambiente. Não há vida isolada.
Para compreendermos as manifestações da vida, devemos estudá-las desde
o nível celular, identificando, caracterizando e classificando a diversidade dos
seres vivos, bem como a forma de suas estruturas internas e externas, seu fun-
cionamento, as moléculas que os constituem e a transmissão das características
de uma geração para outra.
Nesta unidade, abordaremos as características fundamentais dos seres vivos
e seus níveis de organização e diversidade, além de abordarmos os princípios
fundamentais de inter-relações metabólicas que garantem a disponibilidade de
recursos energéticos para os seres vivos.

Introdução
14 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CARACTERÍSTICAS DOS SERES VIVOS

Os seres vivos que habitam o planeta atualmente apresentam uma imensa diver-
sidade de formas. No entanto, todos seguem os mesmos princípios básicos que
definem a vida.
Toda matéria tem o mesmo princípio de organização: são formadas por áto-
mos que se agregam e formam moléculas. Biologicamente, somos um agregado
de moléculas.
Você já se perguntou o que nos diferencia dos seres inanimados?
Será que existem algumas propriedades que nos distinguem como seres vivos?
A resposta é sim. Algumas características estão presentes apenas nos seres
vivos. Vamos conhecê-las:

CONSTITUIÇÃO QUÍMICA

Somos formados por átomos que se agregam e formam moléculas. No entanto,


existem algumas moléculas que estão presentes apenas na composição dos seres
vivos, as chamadas moléculas orgânicas.
Moléculas orgânicas possuem grandes quantidades de átomos de carbonos
ligados entre si. Além do carbono, os átomos de hidrogênio, oxigênio e nitrogê-
nio também são abundantes nas moléculas orgânicas. Atualmente, as moléculas
orgânicas são produzidas apenas no metabolismo de seres vivos. Esses seres,

A LÓGICA DA VIDA
15

porém, não são formados exclusivamente por moléculas orgânicas, pois pos-
suem também moléculas inorgânicas com H2O (água), por exemplo. Entretanto,
moléculas orgânicas existem apenas na constituição dos seres vivos.

ORGANIZAÇÃO CELULAR

Moléculas orgânicas isoladas não definem a vida. É necessário que as moléculas


estejam organizadas em um sistema chamado célula, que é a unidade fundamen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tal da vida. Somente no contexto celular as moléculas orgânicas e inorgânicas


se relacionam para promover a atividade metabólica – característica fundamen-
tal da vida.

METABOLISMO

É o conjunto das reações químicas que ocorrem num organismo vivo, com o
objetivo de promover a satisfação das necessidades estruturais e energéticas.
O metabolismo tem quatro funções específicas:
■ Obter energia química pela degradação de nutrientes ricos em energia
oriundos do ambiente;
■ Converter as moléculas dos nutrientes em unidades fundamentais, pre-
cursoras das macromoléculas celulares;
■ Reunir e organizar essas unidades fundamentais em proteínas, ácidos
nucléicos e outros componentes celulares;
■ Sintetizar e degradar biomoléculas necessárias às funções especializa-
das das células.
As atividades metabólicas são classificadas em dois grupos, denominados ana-
bolismo (reações de síntese) e catabolismo (reações de degradação).

Características dos Seres Vivos


16 UNIDADE I

Anabolismo são reações químicas construtivas, ou seja, produzem nova


matéria orgânica nos seres vivos. Um exemplo é a síntese de proteínas no tecido
muscular a partir de aminoácidos.
Catabolismo são reações químicas destrutivas, ou seja, há uma quebra de
substâncias. A quebra da molécula de glicose que é transformada em energia e
água é um exemplo de catabolismo.

REPRODUÇÃO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Apesar de a atividade reprodutora pertencer às atividades metabólicas dos seres
vivos, temos que destacar essa característica, responsável pela propagação da vida.
Todo indivíduo tem um ciclo de vida – Ele nasce, cresce, envelhece e morre. A
vida individual se extingue, mas, pela propriedade de reprodução, produzimos
organismos idênticos ou semelhantes, e a vida desse modo se mantém.

MUTAÇÃO

Os seres vivos sofrem transformações em suas informações genéticas e adqui-


rem características novas. A mutação é a propriedade que permite que os seres
vivos se diversifiquem desde o início de sua origem, com células procarionte,
até à atualidade, com a imensa diversidade de seres vivos.

A LÓGICA DA VIDA
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS

Diante dessa compreensão sobre as propriedades dos seres vivos, entendemos


que essas características apenas se manifestam no contexto celular. As moléculas,
isoladamente, não apresentam essas propriedades. Portanto, a célula é a unidade
fundamental da vida. Existem organismos formados por uma única célula e orga-
nismos formados por uma grande população de células, e todos apresentam as
propriedades fundamentais da vida (Amabis e Martho, 2006).
Os organismos formados por uma única célula são chamados de unicelulares,
enquanto os que apresentam mais de uma célula são chamados de pluricelulares.
Os organismos pluricelulares apresentam diferenciação celular, tanto morfoló-
gica quanto funcional. Desse modo, as células se agregam formando tecidos, que
se organizam e formam órgãos, e os órgãos, por sua vez, formam os sistemas
A organização da vida ultrapassa o limite individual, pois os organismos
dependem uns dos outros e do ambiente para sobreviver. Indivíduos de uma
mesma espécie que habitam um determinado ambiente formam uma popula-
ção, várias espécies se inter-relacionando formam uma comunidade, a interação
das comunidades forma o ecossistema e, por fim, o conjunto de ecossistemas do
planeta formam a biosfera do planeta Terra.

Organização dos Seres Vivos


18 UNIDADE I

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Figura 1 - Níveis de organização dos seres vivos.


Fonte: adaptado de Biologia Net ([2017], on-line)1.

A LÓGICA DA VIDA
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DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS

Os seres vivos apresentam uma grande diversidade de formas. Todas as for-


mas de vida surgiram umas das outras, pelo evento de mutação e adaptação ao
ambiente. Perante toda a diversidade dos seres vivos, temos uma classificação
que os agrega em reinos, segundo suas semelhanças.
Os reinos que classificam os seres vivos são:
■ Monera – Inclui todos os seres vivos unicelulares procariontes, também
conhecidos como bactérias. São os únicos seres vivos formados por célu-
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las procariontes.
■ Protista – Inclui os seres vivos unicelulares eucariontes.
■ Fungi – Compreende os organismos eucariontes e heterotróficos que se
alimentam de nutrientes absorvidos do meio, com espécies unicelulares
e pluricelulares formadas por filamentos denominados hifas.
■ Plantae – Compreende os organismos pluricelulares eucariontes
autotróficos.
■ Animalia - Compreende os organismos pluricelulares eucariontes
heterotróficos.

Diversidade dos Seres Vivos


20 UNIDADE I

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Figura 2- Classificação dos seres vivos.
Fonte: adaptado de Toda Matéria ([2017], on-line)2.

ORIGEM DA VIDA E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS

Podemos observar, na figura 02, que todas as formas de vida se originaram de


um ancestral comum. Essa é uma teoria de pensamento conhecida como teo-
ria evolucionista.
De acordo com essa teoria, a vida se iniciou com o desenvolvimento de uma
forma de vida ancestral, um organismo unicelular, cuja organização celular era
muito simples e foi chamada de célula procarionte (esse tipo celular está presente
atualmente apenas no reino monera). Diversas mutações nessa forma primitiva
de vida deram origem a outras formas celulares, diversificando assim a vida.

A LÓGICA DA VIDA
21

Segundo a teoria evolucionista, a origem desse organismo ancestral foi pre-


cedida pelo desenvolvimento de moléculas orgânicas, que se formaram a partir
de reações químicas aleatórias e espontâneas entre os compostos orgânicos, que
formavam o planeta em formação e desprovido de vida.
Essa teoria é conhecida como teoria pré-biótica, e sugere que reações quí-
micas ocorridas entre os gases atmosféricos (água, amônia, metano, hidrogênio,
sulfeto de hidrogênio e gás carbônico), favorecidas com a ação do calor, radiação e
descargas elétricas constantes e aleatórias, formaram compostos orgânicos, como
proteínas e ácidos nucleicos. Essa teoria foi proposta por Oparim (JUNQUEIRA;
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CARNEIRO, 2012).
Oparin não chegou a testar sua hipótese de forma experimental. Todavia, em
1953, após ler o trabalho de Oparin, Stanley Miller resolveu elaborar um expe-
rimento para testar essa hipótese.

Figura 3 - Aparelho de Miller para comprovação da teoria pré-biótica.


Fonte: adaptado de Info Escola ([2017], on-line)3.

Origem da Vida e Evolução das Células


22 UNIDADE I

As moléculas orgânicas, originadas pela síntese pré-biótica, foram se acumu-


lando em ambientes aquosos e se organizaram, formando o primeiro sistema
vivo – a célula procarionte.

CÉLULA PROCARIONTE

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A célula ancestral apresentava certa simplicidade estrutural e foi denominada de


célula procarionte. Esse tipo celular existe até a atualidade e forma as bactérias.
Uma célula procarionte é desprovida de membranas internas e não desen-
volve organelas citoplasmáticas. Todas as reações químicas ocorrem em um único
compartimento, denominado citoplasma.

A LÓGICA DA VIDA
23

Uma definição comum de célula procarionte afirma que elas são células
desprovidas de núcleo. Apesar de ser uma afirmação verdadeira, a definição é
incompleta pois, além do núcleo, estão ausentes todas as organelas envoltas por
membranas.
Algumas estruturas típicas de células procariontes estão relacionadas na
imagem abaixo:
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Figura 4 – Estrutura de célula procarionte


Fonte: adaptado de Desconversa… (2016, on-line)4.

Nucleóide – Região de localização da molécula principal de DNA.


Membrana citoplasmática – Bicamada lipídica com proteínas associadas.
Responsável pelo intercâmbio de moléculas entre o citoplasma e ambiente.
Mesossomos – Invaginação da membrana citoplasmática. Aumenta a super-
fície da membrana e favorece a fixação de enzimas respiratórias.
Parede bacteriana – Auxilia na manutenção do equilíbrio de entrada e saída
de água (equilíbrio osmótico).
Citoplasma – Único compartimento da célula procarionte em que estão con-
tidas todas as moléculas e ocorrem todas as reações químicas.
Ribossomos – Responsáveis pela síntese de proteínas.
Flagelo – Responsável pelo movimento. Não está presente em todas as célu-
las procariontes.

Célula Procarionte
24 UNIDADE I

Entre as bactérias, estão incluídas as Pleuropneumonias (PPLO) ou Micoplas-


ma e Rickettsias, que são as menores e mais simples tipos de células.
As bactérias são encontradas em todos os ambientes (água, ar, solo) e apre-
sentam as mais variadas formas de vida. Algumas bactérias são conhecidas
como decompositores dos cadáveres dos animais e das plantas, tendo gran-
de importância nas cadeias alimentares. Outras são simbiontes, vivendo em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
harmonia com indivíduos de outras espécies, como, por exemplo, as bac-
térias de nosso intestino. Existem também bactérias parasitas que causam
doenças nas plantas, animais e no homem. Tuberculose, pneumonia, tétano,
lepra, meningite e sífilis são exemplos de doenças causadas por bactérias na
espécie humana.
As cianofíceas são os procariontes de maior tamanho e não possuem cloro-
plastos, mas possuem clorofila e, por essa razão, podem realizar a fotossín-
tese. São seres de vida livre, encontrados no meio aquático e no solo úmido.
Fonte: a autora.

A LÓGICA DA VIDA
25

CÉLULA EUCARIONTE ANIMAL

As células eucariontes derivaram de células procariontes por sucessivas modifica-


ções na membrana plasmática, promovendo a formação de membranas internas
que delimitam as organelas. Cada organela apresenta uma constituição mole-
cular específica, e desempenha atividades metabólicas específicas. Atualmente
temos dois tipos distintos de células eucariontes - animal e vegetal.
Estudaremos os aspectos morfológicos e funcionais da célula eucarionte nas
próximas unidades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A imagem abaixo representa uma célula eucarionte animal, e o quadro que


se segue faz um resumo de suas funções:

Figura 5 - Estrutura de uma célula eucarionte animal


Fonte: adaptado de Vestibulandoweb (2017, on-line)5.

Célula Eucarionte Animal


26 UNIDADE I

Quadro 01: Organelas da célula eucarionte animal e suas funções.

ORGANELA/ESTRUTURA FUNÇÕES
Local de armazenamento do DNA. Controla as ativi-
Núcleo
dades metabólicas das células.
Síntese de macromoléculas – lípidios, proteínas. Duas
Retículo endoplasmático regiões: Retículo endoplasmático liso (REL) e Retículo
endoplasmático rugoso (RER).
Distribuição das macromoléculas produzidas em
Complexo de Golgi
conjunto com o RE. Secreção celular.
Lisossomos Digestão intracelular de macromoléculas.

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Contém enzimas oxidativas que transferem átomos
Peroxissomos de hidrogênio de diversos substratos para o oxigênio
formando os peróxidos.
Liberar a energia obtida da degradação de moléculas
orgânicas e transferir esta energia para a síntese de
Mitocôndrias
moléculas de Adenosina Trifosfato (ATPs), processo
conhecido como respiração celular.
Faz parte do citoesqueleto. Responsável pela estru-
Microfilamentos tura morfológica da célula e por todos os tipos de
movimentos que a célula realiza.
Responsável por organizar fibras de microtúbulos que
Centríolo se espalham por toda a célula e promove movimento
cromossômico durante a divisão celular
Maquinaria de síntese proteica. Encontrado no cito-
Ribossomos plasma, também é aderido à membrana do retículo
endoplasmático.
Fonte: Lara-Kamei (2017).

A LÓGICA DA VIDA
27
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CÉLULA EUCARIONTE VEGETAL

A célula eucarionte vegetal apresenta as mesmas estruturas encontradas na


célula animal, porém, algumas estruturas são específicas: plastos, vacúolos e
parede celular.
Plastos são organelas responsáveis pelo armazenamento de substâncias
diversas. Os plastos mais conhecidos são os cloroplastos, que armazenam um
complexo enzimático chamado clorofila. A clorofila tem pigmentação verde e é
responsável pela fotossíntese. A capacidade de realizar fotossíntese faz com que
células vegetais tenham metabolismos autotróficos. Plastos como os cloroplas-
tos, que armazenam substâncias coloridas, são classificados como cromoplastos.
Existem plastos que armazenam substâncias incolores, sendo chamados de leu-
coplasto; exemplo de leucoplastos são os amiloplastos (armazenam amido),
oleoplastos (armazenam lipídios).
A parede celular é um envoltório externo à membrana citoplasmática. Seu
principal componente é a celulose, mas pode apresentar outros elementos como
lignina ou suberina. As principais funções da parede celular são a proteção e a
sustentação mecânica.

Célula Eucarionte Vegetal


28 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 6 - Estrutura da célula eucarionte vegetal.
Fonte: adaptado de Simbiotica ([2017], on-line)6.

OBTENÇÃO DE ENERGIA PARA O METABOLISMO


CELULAR

Vimos que a característica fundamental da vida é a atividade metabólica, e, além


disso, a manutenção dessa atividade atividade requer o fornecimento constante
de energia.
A energia necessária para que ocorra tais reações metabólicas no ambiente
celular provém da degradação de moléculas de ATP (adenosina trifosfato).
O ATP é um nucleotídeo de adenina (base nitrogenada) ligado à ribose que,
por sua vez, está ligada a três grupamentos fosfatos. As ligações químicas entre
os grupamentos fosfatos são ligações de alta energia e, quando rompidas por
enzimas celulares, essa energia é liberada.

A LÓGICA DA VIDA
29

Veja as imagens abaixo, que representam a estrutura da molécula de ATP e


sua degradação:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 7 - Estrutura da molécula de ATP.


Fonte: adaptado de Só Biologia ([2017], on-line)7.

Fig. 8 - Esquema representando a quebra da molécula de ATP e a liberação de energia.


Fonte: adaptado de Educabras ([2017], on-line)8.

Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular


30 UNIDADE I

Como vimos, a degradação de ATP libera energia e essa energia será usada para
o metabolismo celular. Mas, como essa molécula é produzida?
Todos sabemos que os alimentos nos fornecem energia para vivermos.
Sabemos também que a ingestão de alimentos nos fornece matéria prima para
construir nossas estruturas celulares. Então, qual é a relação entre alimentos e
ATP?
Os alimentos são compostos orgânicos, que por sua vez possuem energia
armazenada em suas ligações químicas e, quando essas ligações são quebradas,
a energia é liberada, sendo então direcionada para a síntese de ATP.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O ATP é sintetizado ligando um grupamento fosfato a uma molécula que já
possui dois fosfatos - o ADP (adenosina monofosfato).
Em um processo contínuo dentro da célula, o ATP é produzido e degradado.

Figura 9 - Esquema da degradação e síntese de ATP.


Fonte: adaptado de Knoow. net ([2017], on-line)9.

Vimos, portanto, que a degradação dos compostos orgânicos (alimentos) libe-


ram energia armazenada em suas ligações químicas, e também são transferidas
para a molécula de ATP.
Mas, por que os compostos orgânicos possuem energia armazenada?
Vamos relembrar como esses compostos são produzidos.

A LÓGICA DA VIDA
31

SERES AUTOTRÓFICOS

A produção de matéria orgânica no planeta depende dos organismos autotróficos.


Organismos autotróficos são seres vivos capazes de converter compostos
inorgânicos em compostos orgânicos. A principal maneira para que os organis-
mos autotróficos produzam compostos orgânicos é a fotossíntese.
A fotossíntese é o processo pelo qual o gás carbônico (CO2) e água (H2O)
são convertidos em glicose (C6H12O6) e oxigênio (O2). A energia usada para que
as reações ocorram provém da luz solar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A glicose, produzida na fotossíntese, será usada pelo organismo autotró-


fico tanto para produzir ATP para suas atividades metabólicas, como também
servirá como matéria prima para construção de outras moléculas orgânicas. O
oxigênio é liberado no ambiente.
A fotossíntese garante aos seres autotróficos autossuficiência em nutrição
orgânica.

Figura 10: Esquema da fotossíntese


Fonte: adaptado de Oficina da Net (2014, on-line)10.

Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular


32 UNIDADE I

Os organismo autotróficos se diferenciam bioquimicamente por possuir


um complexo enzimático, responsável pela absorção da energia luminosa. Além
disso, esse complexo transfere essa energia para as reações químicas, que pro-
movem a formação de glicose a partir de gás carbônico e água. Esse complexo
enzimático é a clorofila.
Existem organismos autotróficos procariontes e também eucariontes, sendo
que nos organismos autotróficos eucariontes, a clorofila está localizadas em
organelas, chamadas de cloroplastos. A clorofila tem coloração verde, que é carac-
terístico da pigmentação das folhas, por exemplo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Certas espécies de bactérias e de arqueobactérias são autotróficas e reali-
zam a quimiossíntese, um processo de produção de substâncias orgânicas
que utiliza a energia liberada em reações de oxidação de substâncias inor-
gânicas simples.
Existem bactérias que obtêm energia a partir da reação entre gás hidrogê-
nio (H2) e gás carbônicos (CO2), produzindo gás metano (CH4). Essas bacté-
rias vivem em ambientes anaeróbios (sem oxigênio), tais como depósitos de
lixo, fundo de pântanos e no tubo digestivo de alguns animais.
No solo, vivem dois tipos de bactérias quimiossintetizantes, pertencentes
aos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, que participam da reciclagem do
nitrogênio em nosso planeta, disponibilizando os compostos nitrito (NO2)
e nitrato no solo.
As bactérias quimiossintetizantes conseguem viver em ambientes despro-
vidos de luz e matéria orgânica, visto que a energia necessária ao seu de-
senvolvimento é obtida de oxidações inorgânicas. Elas necessitam apenas
de um agente oxidante e de gás carbônico e água, matérias primas para a
produção de glicídios.
Autor: Amabis e Martho (2006).

A LÓGICA DA VIDA
33

SERES HETEROTRÓFICOS

Os organismos autotróficos são responsáveis por fornecer esses compostos orgâ-


nicos para os seres vivos que não os produzem, chamados de seres heterotróficos.
A degradação dos compostos orgânicos libera energia, que será usada para
a síntese de ATP.
Os compostos orgânicos podem ser degradados completamente, e a CO2 e
H2O, na presença do oxigênio (degradação aeróbica) liberam CO2 e H2O, em
um processo chamado respiração celular. Um exemplo disso é a degradação da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

molécula de glicose, combustível principal de toda e qualquer célula.


A completa degradação de glicose ocorre em etapas que envolvem o cito-
plasma e as mitocôndrias. A produção da maior parte das moléculas de ATPs
ocorre nas mitocôndrias, com o consumo de oxigênio.
A primeira etapa da degradação da glicose ocorre no citoplasma, e é conhe-
cida como glicólise. Nessa etapa, a molécula de glicose é convertida em duas
moléculas de ácido pirúvico (piruvato).
A segunda etapa ocorre com a entrada do ácido pirúvico na mitocôndria,
que, por sua vez, converte esse composto em acetil coenzima A.
Na terceira etapa, no interior da mitocôndria, a acetil Coenzima A é completa-
mente descarboxilada (retirada de CO2) e desidrogenada (retirada de hidrogênios),
liberando CO2 e H2O.
Em todas as etapas ocorrem desidrogenações. Os hidrogênios são transferi-
dos para compostos conhecidos como NAD e FAD, que são transformados em
NADH e FADH2.
Os NADH e FADH2 doam seus hidrogênios para movimentar a última etapa
- cadeia transportadora, que levará à fosforilação oxidativa, na qual ADP+Pi são
convertidos a ATPs.
Uma molécula de glicose, ao ser degradada aerobicamente, produzirá 34
moléculas de ATPs.
Vejam na figura o resumo do processo de respiração celular:

Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular


34 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 11 - Esquema resumido da respiração celular.
Fonte: adaptado de Educação.Biologia ([2017], on-line)11.

A degradação aeróbica dos compostos orgânicos envolve a mitocôndria, uma


organela citoplasmática da célula eucarionte. A mitocôndria transfere a ener-
gia, retirada da quebra dos compostos orgânicos, para fazer a ligação do terceiro
grupamento fosfato em uma molécula de ADP. Os ATPs produzidos nas mito-
côndria são transportados para o citoplasma, onde são degradados a ADP+Pi,
que retornam à mitocôndria.
A mitocôndria é uma organela envolta por duas membranas - membrana
interna e externa. A membrana interna possui invaginações chamadas de cristas
mitocondriais. Nela estão ancoradas os complexos enzimáticos formadores de
ATPs (complexos ATP sintetase). Além do mais, o espaço entre as duas mem-
branas é chamado de espaço intermembranoso.

A LÓGICA DA VIDA
35

O interior da mitocôndria, chamada de matriz mitocondrial, contém DNA


(DNA mitocondrial) e ribossomos.
Veja a imagem que representa a estrutura da mitocôndria:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 12 - Esquema da mitocôndria

Fonte: Wikiwand ([2017], on-line)12.

A vida no planeta depende dos seres autotróficos?


Fonte: Lara-kamei (2017).

Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular


36 UNIDADE I

Além da degradação aeróbica, a glicose pode ser degradada na ausência de


oxigênio (anaeróbica) e sem a participação da mitocôndria. Essa degradação
anaeróbica também é conhecida como fermentação.
Na fermentação, a glicose também é convertida em ácido pirúvico. O ácido
pirúvico, por sua vez, será convertido em álcool etílico (fermentação alcoólica),
ou ácido láctico (fermentação láctica).
O saldo final da degradação anaeróbica da glicose será de apenas duas molé-
culas de ATPs por molécula de glicose.
Vejam os resumos da fermentação alcoólica e láctica:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 13 - Fermentação alcóolica


Fonte: Blog do Enem ([2017], on-line)13.

A LÓGICA DA VIDA
37
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 14 - Fermentação láctica.


Fonte: Fonte: Blog do Enem ([2017], on-line)14.

A fermentação é realizada por células procariontes, porém, algumas células do


organismo humano, como as presentes no tecido muscular estriado esquelético,
também realizam esse processo.

Obtenção de Energia para o Metabolismo Celular


38 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, você teve a oportunidade de iniciar sua revisão de conhecimen-


tos sobre a vida e sua estrutura fundamental, a célula.
A vida é maravilhosa, e conhecer suas raízes sempre fascinou a civilização
humana, desde o início do pensamento científico.
A compreensão das características dos seres vivos se faz fundamental para
estudar suas atividades metabólicas, assim como o conhecimento de que a vida é
dinâmica, que os seres vivos sofrem transformações genéticas e originam novas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
formas de vida. Esse processo fez com que a forma de vida primitiva, unicelu-
lar e procarionte desse origem a seres vivos cada vez mais complexos, como o
ser humano.
Alguns conceitos fundamentais foram introduzidos: metabolismo, teo-
ria pré-biótica, células procariontes, células eucariontes, células autotróficas e
heterotróficas, ATP e degradação aeróbica/anaeróbica. Esses conceitos são fun-
damentais para estudantes de qualquer área que tenha como objetivo trabalhar
com seres vivos.
É fundamental, para compreender a lógica da vida, os conhecimentos sobre
obtenção de energia pelas células. Os organismos autotróficos são os primeiros
no ciclo de transferência de energia. A fotossíntese resulta na formação de com-
postos orgânicos, usando a energia provocada pela excitação da luz solar, em
um complexo enzimático chamado clorofila. A partir dos compostos orgâni-
cos produzidos na fotossíntese, os organismos podem transferir a energia para
molécula de ATP.
A molécula de ATP representa um composto intermediário na utilização de
energia para as células. A degradação de compostos orgânicos libera energia, e
essa energia é transferida para a ligação do terceiro fosfato, rica em energia. A
degradação do ATP libera essa energia, que será usada para toda e qualquer ati-
vidade metabólica da célula. Essa dinâmica na obtenção de energia é responsável
pela manutenção da vida.
Continuaremos, em outras unidades, a rever conteúdos sobre a composição
e funcionamento da célula.
Até a próxima unidade.

A LÓGICA DA VIDA
39

1. O que garante à continuidade da vida em nosso planeta é a capacidade que os


seres vivos têm de:
a. Adaptação.
b. Mutação.
c. Reprodução.
d. Crescimento.
e. Movimento.

2. A teoria pré biótica defende a hipótese de que:


a. Os seres vivos vieram de outro planeta.
b. Os seres vivos foram criados por Deus.
c. Os seres vivos surgiram espontaneamente.
d. Antes da formação dos seres vivos, houve a formação de compostos orgânicos
a partir de reações químicas entre elementos inorgânicos.
e. Todas as formas de vida foram criadas ao mesmo tempo.

3. Atualmente, temos uma grande diversidade de seres vivos. Essa grande varie-
dade está classificada em reinos. Relacione os reinos com suas características
principais.
I. Reino Monera
II. Reino Protista
III. Reino Fungi
IV. Reino Plantae
V. Reino Animalia

a. Eucariontes, autotróficos, pluricelulares.


b. Procariontes unicelulares.
c. Eucariontes unicelulares.
d. Eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, decompositores.
e. Eucariontes, heterotróficos, pluricelulares.
40

Assinale a relação correta:


a. I-a, II-b, III-c, IV-d, V-e.
b. I-e, II-d, III-c, IV-b, V-a.
c. I-b, II-a, III-d, IV-c, V-e.
d. I-b, II-c, III-d, IV-a, V-e.
e. I-c, II-e, III-a, IV-d, V-b.

4. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


( ) Células procariontes não possuem núcleo e, portanto, não apresentam DNA.
( ) A célula procarionte apresenta apenas a membrana plasmática, sendo que
todas as reações metabólicas ocorrem no citoplasma.
( ) Todos os seres vivos atuais são formados por células eucariontes, sendo que
a célula procarionte está extinta atualmente.
( ) As células eucarionte animal e vegetal não apresentam nenhuma diferença
estrutural.

5. Assinale a alternativa correta:


a. V; V; F; F.
b. F; F; V; V.
c. V; F; V; F.
d. F; V; F; V
e. F; V; F; F.

6. As mitocôndrias são organelas citoplasmática responsáveis pela:


a. Respiração celular.
b. Síntese protéica.
c. Digestão intracelular.
d. Movimentação celular.

e. Síntese de lipídios.
41

FOTOSSÍNTESE
Prof. Dr. Ricardo Alfredo Kluge

Para a manutenção da vida, um constante fornecimento de energia é requerida. Uma


diferença fundamental entre plantas e animais é a forma como é obtida a energia para
a manutenção da vida. Os animais obtêm, nos alimentos, os compostos orgânicos, en-
quanto que a energia química é obtida através da respiração. Plantas verdes absorvem
energia em forma de luz a partir do sol, convertendo-a em energia química no processo
chamado Fotossíntese. Assim dizemos que as plantas, de maneira geral, são autotróficas,
ou seja se auto-alimentam, enquanto que os animais são heterotróficos. A Fotossíntese
está muito ligada a Respiração, ou seja pode-se dizer que a fotossíntese e a respiração
são espelho uma da outra, e, de maneira geral, há um balanço entre estes dois proces-
sos na biosfera (= soma de organismos na Terra). CO2 + H2O + energia ‡ (CH2O) + O2
Fotossíntese (CH2O) + O2 ‡ CO2 + H2O + energia Respiração Tanto a fotossíntese quanto
a respiração geram energia química utilizável (na forma de ATP), cuja síntese é media-
da por um gradiente de hidrogênio transmembrana. A respiração aeróbica envolve a
oxidação de moléculas orgânicas em CO2 com redução do O2 em H2O e dissipação de
energia em forma de calor. A fotossíntese envolve dois processos ligados: - a oxidação
de H2O em O2 mediada pela luz e produção de ATP – fase Foto - a redução do CO2 em
moléculas orgânicas, onde o ATP é utilizado – fase Síntese Oxidação e redução: Oxida-
ção é a remoção ou perda de elétrons ou átomos de hidrogênio (próton + elétron) ou
adição de oxigênio. Redução é a adição ou ganho de elétrons ou átomos de hidrogênio
ou remoção de oxigênio. O agente redutor ao doar elétron se oxida, enquanto que o
agente oxidante ao receber elétron se reduz. 1 1 SE A FOTOSSÍNTESE PRODUZ ATP, POR
QUÊ AS PLANTAS PRECISAM RESPIRAR? A razão é que o ATP proveniente da fotossíntese
é produzido apenas em células verdes (fotossintetizantes) e apenas na presença da luz.
Durante as horas de escuridão e em células não fotossintetizantes (como células de raiz),
a energia é suprida pela respiração, usando como substrato os compostos de carbono
produzidos pelas células verdes na parte síntese da fotossíntese. Outra razão porque as
plantas respiram é que durante o processo respiratório (principalmente na glicólise e
ciclo de Krebs) são produzidos muitos precursores essenciais para a biossíntese de ou-
tros compostos importantes, como aminoácidos e hormônios vegetais. O balanço entre
fotossíntese e respiração geralmente não deve ocorrer em plantas em crescimento, de-
vendo haver mais fotossíntese que respiração (R). Do contrário, não seria possível o cres-
cimento. Assim, o ganho de ATP gerado pela fotossíntese deve ser maior que a perda de
ATP. O total de energia ou CO2 fixado á chamado de fotossíntese bruta (FB). Em folhas
de alfafa (Medicago sativa) a proporção entre FB e R é, em média, de 7:1 durante o dia,
podendo alcançar até 9:1 ao meio-dia. Durante todo o ciclo da planta a proporção mé-
dia é de 2,5:1. A diferença entre FB e R chamamos de fotossíntese líquida (FL). Então: FL
= FB - R Lembre-se que: Fotossíntese = CO2 + H2O + energia ‡ (CH2O) + O2 e Respiração
42

= (CH2O) + O2 ‡ CO2 + H2O + energia Para medir ambos processos, podemos monitorar
a absorção ou a liberação de um dos gases envolvidos (O2 ou CO2), através da técnica
de trocas gasosas. Entretanto, devemos ter um cuidado, pois a fotossíntese deve ser
medida apenas na presença de luz e, devido ao fato de que a FB normalmente excede
R, deve-se medir a absorção de CO2 ou a liberação de O2. Exemplo: Suponhamos que a
produção de O2 por um tecido verde na luz foi de 10 cm3 g-1 min-1 . O que representa
este valor? Significa que a diferença entre a fotossíntese bruta, expressa como o total de
O2 produzido, e a respiração do produto, expresso como o total de O2 consumido foi
de 10 cm3 g- 1 min-1 . Em outras palavras, este valor representa a fotossíntese líquida
(FL). A absorção de CO2 ou liberação de O2 na presença de luz é, de fato, a definição
operacional da FL. Suponhamos agora que a absorção de O2 no escuro (quando não
ocorre fotossíntese) é de 2 cm3 g-1 min-1 . Qual será a FB? Se FL = FB + R, então FB = FL
+ R, portanto FB = 10 + 2 = 12 cm3 g-1 min-1 2 2 A FB é aparente (não real), pois a taxa
de respiração no escuro não é idêntica à verificada na luz, existindo o processo chamado
de Fotorrespiração, que opera na presença de luz e promove uma considerável liberação
(perda) de CO2 e consumo de O2. A fotorrespiração ocorre apenas em tecidos verdes,
em condições de altos níveis de luminosidade e temperatura. Este processo pode redu-
zir em até 50 a 60% a FL. Se a FL cai a zero (em situações em que a taxa respiratória é alta
ou a FB é muito baixa), temos que FB = R e este ponto é chamado de ponto de compen-
sação de luz, que significa que a fotossíntese compensa a respiração.
Para continuar a leitura, acesse: <http://www.academico.uema.br/DOWNLOAD/Fotos-
sinteseKluge[1].pdf>.

Fonte: Kluge ([2017], on-line).


MATERIAL COMPLEMENTAR

Fundamentos da Biologia Moderna


AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R.
Editora: Moderna
Sinopse: esta quarta edição do ‘‘Fundamentos da
Biologia Moderna’’ apresenta, ao lado dos conteúdos
básicos do currículo de Biologia para o Ensino Médio,
um panorama atualizado dos principais debates e
pesquisas na área biológica.
Temas antes restritos aos laboratórios de pesquisa -
como a clonagem, a análise de DNA, a fertilização in
vitro, alimentos geneticamente modificados etc. - hoje
despertam amplo interesse da sociedade e possibilitam
discussões sobre questões éticas envolvidas na tecnologia
aplicada aos seres vivos.
A Biologia, além de aprofundar nossa compreensão do fenômeno vida, também participa
decisivamente das soluções para preservar o planeta e legar um mundo habitável às gerações futuras.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: Volume único.


4. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 839 p.
FOTOSSÍNTESE Prof. Dr. Ricardo Alfredo Kluge – Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz - rakluge@esalq.usp.br
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I.
Biologia celular e molecular. 09. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. p.
364.
LARA-KAMEI. Biologia e Bioquímica Humana.CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARIN-
GÁ - UniCesumar, Maringá-PR. Núcleo de Educação a Distância, 2017.

Referências On-Line

1
Em:<http://biologianet.uol.com.br/ecologia/niveis-organizacao-ecologia.htm>,
Acesso em: 10 abr. 2017.
2
Em:<https://www.todamateria.com.br/classificacao-dos-seres-vivos/>, Acesso em:
10 abr. 2017
3
Em:<http://www.infoescola.com/evolucao/experimento-de-miller/>. Acesso em:
10 abr. 2017.
4
Em:<https://descomplica.com.br/blog/biologia/resumo-tipos-celulares-membra-
na/>. Acesso em: 10 abr. 2017.
Em:<http://www.vestibulandoweb.com.br/biologia/teoria/celula-eucarionte.asp>.
5

Acesso em: 10 abr. 2017.


Em:<http://simbiotica.org/celula.htm>. Acesso em: 10 abr. 2017.
6

7
Em:<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bioquimica/bioquimica2.php>.
Acesso em: 10 abr. 2017.
8
Em:<https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/biologia/citologia/au-
las/fermentacao>. Acesso em: 10 abr. 2017.
9
Em:<http://knoow.net/ciencterravida/biologia/adenosina_difosfato/>. Acesso em:
10 abr. 2017.
Em:<https://www.oficinadanet.com.br/post/13727-o-que-e-fotossintese>. Aces-
10

so em: 10 abr. 2017.


11
Em:<http://educacao.globo.com/biologia/assunto/fisiologia-celular/respiracao-
-celular-aerobica-e-fermentacao.html>. Acesso em: 11 abr. 2017.
45
REFERÊNCIAS

Em:<https://www.wikiwand.com/pt/Mitoc%C3%B4ndria>. Acesso em: 11 abr.


12

2017.
Em:<https://blogdoenem.com.br/biologia-enem-fermentacao-alcoolica-lacti-
13

ca/>. Acesso em: 11 abr. 2017.


Em:<https://blogdoenem.com.br/biologia-enem-fermentacao-alcoolica-lacti-
14

ca/>. Acesso em: 11 abr. 2017.


GABARITO

1. C
2. D
3. D
4. E
5. A
Professora Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei

BASES MOLECULARES DA

II
UNIDADE
VIDA

Objetivos de Aprendizagem
■ Caracterizar os elementos orgânicos e inorgânicos que formam as
células.
■ Caracterizar a água e suas funções.
■ Compreender o papel dos minerais no metabolismo celular.
■ Descrever a constituição química e estrutural das proteínas.
■ Entender o mecanismo de ação enzimática.
■ Caracterizar carboidratos.
■ Classificar os carboidratos.
■ Conhecer os diferentes tipos de lipídeos.
■ Caracterizar os nucleotídeos.
■ Compreender as estruturas moleculares dos ácidos nucleicos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Composição química das células
■ Elementos inorgânicos - Água e Sais minerais
■ Elementos orgânicos - Proteínas
■ Elementos orgânicos - Carboidratos
■ Elementos orgânicos - Lipídios
■ Elementos orgânicos - Ácidos Nucléicos
49

INTRODUÇÃO

Bem vindos, caros alunos.


Nesta unidade, abordaremos alguns conhecimentos fundamentais sobre as
moléculas que formam as células e, consequentemente, os seres vivos.
A matéria que forma os seres vivos é constituída de átomos, assim como nos
elementos não-vivos. Na matéria viva, porém, certos tipos de elementos quí-
micos estão sempre presentes, em proporções diferentes da matéria não-viva.
Esses elementos químicos são os átomos de carbono ( C ), Hidrogênio (H), oxi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gênio (O), nitrogênio (N) e, em menor proporção, o fósforo (P) e o enxofre (S).
Dezenas, centenas e até mesmo milhões desses átomos unem-se por meio
de ligações químicas e formam moléculas, que são encontradas apenas nos seres
vivos, genericamente chamadas de moléculas orgânicas.
As moléculas orgânicas assumem níveis complexos de organização, são gran-
des e, na maioria delas, existe uma organização em que uma unidade se repete
várias vezes. Esse padrão de organização é chamado de polímero, enquanto suas
unidades repetitivas são chamadas de monômeros.
Entre as macromoléculas que formam as células, estão as proteínas, os carboi-
dratos, os lipídios e os ácidos nucleicos. Dessas, apenas os lipídios não assumem
a organização de polímero.
Além de moléculas orgânicas, a organização celular conta também com a
presença de elementos inorgânicos. Entre os elementos inorgânicos, destaca-
-se a água.
A água é o elemento mais abundante das células, e suas atividades vão além
da propriedade de solvente que essa molécula apresenta, visto que ela participa
ativamente de várias reações químicas.
Além da água, o metabolismo celular também depende da presença de
minerais inorgânicos que, embora presentes em pequenas quantidades, são fun-
damentais para o metabolismo.
Todos esses aspectos moleculares serão abordados nesta unidade, comple-
mentando seus conhecimentos de biologia na área molecular, segmento conhecido
como Bioquímica.
Bom estudo!

Introdução
50 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS CÉLULAS

A estrutura da célula resulta da combinação de moléculas organizadas em uma


ordem muito precisa.
Os componentes químicos da célula são classificados em inorgânicos (água
e minerais) e orgânicos (ácidos nucléicos, carboidratos, lipídios e proteínas).
Deste total, 75 a 85% correspondem à água, 2 a 3% sais inorgânicos, e o restante
são compostos orgânicos, que representam as moléculas da vida.
As moléculas orgânicas que formam as células, em sua maioria, são macro-
moléculas e são polímeros, ou seja, formados por unidade menores (monômeros)
que se ligam para formar a molécula maior.
Os polímeros que formam as células são: proteínas, polissacarídeos e ácidos
nucleicos, cujos monômeros são, respectivamente, os aminoácidos, monossaca-
rídeos e nucleotídeos.
Os lipídios são macromoléculas, mas não são polímeros.
Observe a figura abaixo, que representa um esquema de macromoléculas
que são polímeros.

BASES MOLECULARES DA VIDA


51

M
M unidade monomérica

M
M
M
M
M
M M
M
M
M M
M cadeia polimérica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 1 - Esquema de polímero


Fonte: Colégio Web ([2017], on-line)1.

ELEMENTOS INORGÂNICOS - ÁGUA E SAIS MINERAIS

Os componentes inorgânicos estão presentes na constituição celular. Apesar


de serem inorgânicos, esses elementos desempenham papel fundamental no
metabolismo.

ÁGUA

A água é um dos compostos mais importantes, bem como o mais abundante,


sendo vital para os organismos vivos. Fora da célula, os nutrientes estão dissol-
vidos em água, o que facilita a passagem através da membrana celular e, além
disso, dentro da célula ocorre a maioria das reações químicas. Além do mais,
ela tem propriedades estruturais e químicas que a tornam adequada para o seu
papel nas células vivas, como:

Elementos Inorgânicos - Água e Sais Minerais


52 UNIDADE II

a) A água é uma molécula bipolar, pois tem distribuição desigual das cargas,
capaz de formar quatro pontes de hidrogênio com as moléculas de água vizinhas
e, por isso, necessita de uma grande quantidade de
calor para a separação das moléculas (100o C).

b) É um excelente meio de dissolução ou solvente. Quando um substância


se dissolve, passa a ter seus íons mais afastados, formando uma solução em que
a água é o solvente, e a substância que nela se dissolve é o soluto.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c) A polaridade facilita a separação e a recombinação dos íons de hidrogê-
nio (H+) e íons hidróxido (OH-), além de ser o reagente essencial nos processos
digestivos, em que as moléculas maiores são degradadas em menores. Ademais,
a polaridade faz parte de várias reações de síntese nos organismos vivos.

d) Atua no controle da temperatura (KAMEI, 2010).

SAIS MINERAIS

São compostos minerais, que desempenham função reguladora nas atividades


metabólicas das células. Podem ser encontrados na forma de íons dissolvidos (no
citoplasma e no meios extracelular) e também imobilizados, formando cristais.
Diversos tipos de íons de sais minerais são necessários para o bom funciona-
mento da célula e, consequentemente, do organismo. A falta de certos minerais
pode afetar seriamente o metabolismo, bem como causar a morte da célula.
Alguns dos principais minerais com suas respectivas funções estão apresen-
tados no quadro abaixo.

BASES MOLECULARES DA VIDA


53

Quadro 01: Os principais minerais e suas funções:

SAIS MINERAIS FUNÇÕES PRINCIPAIS ALIMENTOS


Cálcio (Ca) Forma ossos e dentes: atua no Laticínios e hortaliças de
funcionamento dos músculos, folhas verdes (brócolis, espi-
nervos e na coagulação do nafre, etc.).
sangue.
Fósforo (P) Forma ossos e dentes: participa Carnes, aves, peixes, ovos,
da transferência de energia e da laticínios, feijões e ervilhas.
molécula dos ácidos nucléicos.
Sódio (Na) Ajuda no equilíbrio dos líquidos Sal de cozinha e sal natural
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do corpo e no impulso nervoso e dos alimentos.


nas embranas da célula.
Cloro (Cl) Forma ácido clorídrico do estô- Encontra-se combinado ao
mago. sódio no sal comum.

Potássio (K) Age com o sódio no equilíbrio de Frutas, verduras, feijão, leite,
líquidos e no funcionamento dos cereais.
nervos e das membranas.
Magnésio (Mg) Forma a clorofila: atua em várias Hortaliças de folhas verdes,
reações químicas junto com cereais, peixes, carnes, ovos,
enzimas e vitaminas; ajuda na feijão, soja e banana.
formação dos ossos e no funcio-
namento de nervos e músculos.
Ferro (Fe) Forma a hemoglobina, que ajuda Fígado, carnes, gema de
a levar o oxigênio e atua na respi- ovo, pinhão, legumes e hor-
ração celular. taliças de folhas verdes.
Iodo (I) Faz parte dos hormônios da Sal de cozinha iodado, pei-
tireóide, que controlam a taxa de xes e frutos do mar.
oxidação da célula e os cresci-
mento.
Flúor (F) Fortalece ossos e os dentes. Água fluoretada, peixes e
chás.

Fonte: Biologia no vestibular ([2017], on-line)2.

Elementos Inorgânicos - Água e Sais Minerais


54 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ELEMENTOS ORGÂNICOS - PROTEÍNAS

Proteínas são macromoléculas e polímeros, como vimos anteriormente. Os monô-


meros que formam as proteínas são aminoácidos, e se ligam uns aos outros por
ligação peptídica. Existem 20 tipos diferentes de aminoácidos disponíveis para
a construção de proteínas nos seres vivos.
Aminoácidos são compostos que apresentam um grupo de ácido carboxílico
(COOH), um grupo amino (NH2), um hidrogênio (H) e um grupo R variável,
ligados a um átomo de carbono.

H α

R C NH2

COOH
Figura 2 - fórmula geral de aminoácidos
Fonte: Junqueira e Carneiro (2012, pg. 45).

A estrutura molecular das proteínas é descrita em quatro níveis hierárquicos de


organização:

BASES MOLECULARES DA VIDA


55

a. Estrutura primária é a seqüência de aminoácidos dispostos linearmente,


constituindo a cadeia polipeptídica. Essa estrutura é mantida pela liga-
ção covalente, chamada de ligação peptídica.
b. Estrutura secundária refere-se à conformação espacial que a proteína
assume, e que, por sua vez, depende da posição de certos aminoácidos,
a qual é estabilizada por pontes de hidrogênio. No entanto, quando as
pontes de hidrogênio estabelecem-se entre certos aminoácidos, o esque-
leto se dobra, dispondo-as em formas geométricas: a a-hélice e a lâmina
b pregueada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

c. Estrutura terciária resulta de interações hidrofóbicas, ligações dissulfeto


e interação hidrofóbica, que estabilizam a estrutura secundária, dando
uma compactação ou conformação à proteína (fibrosas ou globulares).
d. Estrutura quaternária resulta da combinação de dois ou mais polipep-
tídicos, chamados de subunidades, que originam moléculas com grande
complexidade, que se mantêm unidas e interagem, como a hemoglobina.
As cadeias peptídicas são mantidas unidas por pontes de hidrogênios.

A função da proteína é determinada por sua estrutura tridimensional, além da


capacidade de ligarem-se covalentemente a outras moléculas (ligantes). O local
de fixação dos ligantes nas proteínas e os ligantes correspondentes possuem alto
grau de especificidade, ou seja, são complementares.

Estrutura Estrutura Estrutura Estrutura


primária secundária terciária quaternária

Lys
Lys
Gly
Gly
Leu
Val
Ala
His

Sequência de Arranjo espacial da Enovelamento da Montagem das


aminoácidos cadeia polipeptídica cadeia polipeptídica cadeias polipeptídicas

Figura 3 - Estruturas moleculares das proteínas


Fonte: Blog do Enem ([2017], on-line)3.

Elementos Orgânicos - Proteínas


56 UNIDADE II

As interações que mantêm as estruturas secundárias, terciárias e quaternárias


podem ser perturbadas por fatores do ambiente, promovendo a desestabilização
de suas estruturas. Esse processo se chama desnaturação protéica, e faz com que
as proteínas percam suas atividades biológicas. Fatores que promovem a desna-
turação são as elevadas temperaturas, variações no pH (para ácido ou básico) e
elevadas concentrações de sais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 4 - Esquema da desnaturação protéica
Fonte: adaptado de Dicas de musculação (2014, on-line)4.

FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS

As proteínas exercem inúmeras funções no organismo, e devido as suas formas


distintas, podem executar funções diversificadas.
Algumas funções das proteínas serão discutidas:
a. Função estrutural - responsável pela construção de vários elementos no
organismo. Entre as proteínas estruturais, destacam-se o colágeno e a que-
ratina. O colágeno está presente na derme (camada da pele), nos ossos,
tendões, etc. É uma proteína de resistência à tração mecânica. Já a que-
ratina é uma proteína de impermeabilização, encontrada na epiderme
(camada da pele), formando unhas, pelos e cabelos.

BASES MOLECULARES DA VIDA


57

b. Função de transporte - Proteínas são responsáveis por promoverem o


transporte de diversas substâncias. Nas membranas celulares existem
vários tipos de proteínas transportadoras, responsáveis pelo intercâmbio
de substâncias entre a célula e o meio extracelular. Na corrente sanguínea,
temos a hemoglobina, que é responsável por transportar o gás oxigênio
para os tecidos.
c. Função de movimento - as proteínas actina e miosina são responsáveis
pela contração muscular, possibilitando o movimento do organismo. As
proteínas tubulinas, por sua vez, são responsáveis pela formação de cílios
de flagelos, encarregados da movimentação das células.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

d. Função de defesa - Proteínas formam os anticorpos (imunoglobulinas),


responsáveis por eliminar elementos estranhos do nosso organismo.
e. Função de coordenação - No nosso organismo, os elementos que regulam
nossas atividade de forma integrada são os neurotransmissores (subs-
tâncias produzidas pelos neurônios) e os hormônios (produzidos por
glândulas exócrinas). Os neurotransmissores são proteínas, assim como
a maioria dos hormônios. Existem alguns hormônios de constituição lipí-
dica (hormônios esteróides).
f. Função enzimática - Enzimas são proteínas com atividade catalítica, ou
seja, aceleram as reações químicas nas atividades metabólicas das célu-
las. Enzimas são proteínas fundamentais para a vida, e por esse motivo
serão abordadas em um tópico específico.

ENZIMAS

São as proteínas catalisadoras que permitem a aceleração das reações celulares,


aumentando a velocidade desse processo.
As enzimas se ligam a compostos que sofrerão a reação química (substrato
da enzima), através de regiões específicas (sítio ativo da enzima), formando um
complexo de enzima/subtrato. Durante a ligação do substrato no sítio ativo,

Elementos Orgânicos - Proteínas


58 UNIDADE II

ocorre a reação química exclusivamente com o substrato, que então se solta da


enzima e passa a ser seu produto.
Esse mecanismo de ação das enzimas, chamado de mecanismo chave-fe-
chadura, faz com que cada enzima tenha alta especificidade aos seus substratos,
além de depender da manutenção de sua estrutura tridimensional.
As enzimas só apresentam atividade catalítica quando estão associadas a
outros elementos, denominados de cofatores. Os cofatores podem ser um mine-
ral ou uma molécula orgânica (nesse caso chamado de coenzima). A molécula
completa da enzima (enzima + cofator) é denominada de holoenzima, enquanto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apenas a porção protéica chama-se apoenzima.

Glicose
Maltose

Enzima

Glicose

Sítio
Ativo

Figura 5 - Esquema do mecanismo de ação enzimática.


Fonte: Blog do Enem ([2017], on-line)5 .

BASES MOLECULARES DA VIDA


59

Desnaturação proteica e ação enzimática: As estruturas tridimensionais das


proteínas são mantidas por interações fracas, como pontes de hidrogênio e
interação hidrofóbica. Essas interações são desfeitas por ações do ambiente,
como altas temperaturas, por exemplo.
Como as enzimas são proteínas, estão sujeitas a desnaturação quando sub-
metidas a altas temperaturas. Os organismos vivos estão adaptados a uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

determinada temperatura e quando essa aumenta, a atividade metabólica


sofre consequências.
A hipertermia (febre) é um mecanismo de defesa de nosso organismo, pois
o aumento da temperatura corporal irá atrapalhar o metabolismos dos
agentes invasores (bactérias, por exemplo), matando-as ou impedindo sua
proliferação. Apesar de sua atividade benéfica, o aumento da temperatura
corporal deve ser monitorado, pois poderá ocasionar danos às enzimas das
nossas próprias células, causando danos metabólicos que, as vezes, podem
ser irreversíveis.
Fonte: Lara-Kamei, 2017.

Elementos Orgânicos - Proteínas


60 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ELEMENTOS ORGÂNICOS - CARBOIDRATOS

São substâncias orgânicas também conhecidos como açúcares, glicídios ou


hidratos de carbono. Trata-se de um grupo variável de moléculas que podem
ser classificadas por sua complexidade molecular. A função mais conhecida dos
carboidratos é a energética, visto que a glicose se constitui no principal com-
bustível usado pelas células para a produção de ATP, conforme abordado na
unidade I. Além da função energética, os carboidratos desempenham papel de
reconhecimento celular, pois estão associados à proteínas (glicoproteínas), que
por sua vez formam diversos tipos de receptores na superfície das membranas
celulares. Os carboidratos também atuam como elementos estruturais, uma vez
que formam a parede celular de células vegetais (celulose) e o exoesqueleto de
insetos e crustáceos.

TIPOS DE CARBOIDRATOS

Os carboidratos são classificados pelo tamanho de suas moléculas: monossaca-


rídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
a. Monossacarídeos - São os carboidratos mais simples, apresentando de
3 a t átomos de carbono, com fórmula geral Cn(H2O)n. Recebem nomes
genéricos, dependendo do número de carbono que possuem: triose (3C),
tetroses (4C), pentoses (5C), hexose (6C) e heptoses (7C). Glicose, frutose,

BASES MOLECULARES DA VIDA


61

galactose, ribose e desoxirribose são alguns dos monossacarídeos mais


comuns. A ribose e a desoxirribose são elementos estruturais dos ácidos
nucléicos, que serão abordados mais adiante.

6 6
CH2OH CH2OH
5 5
O O
HO H OH H H H
4 1 4 1

H OH H H HO OH H OH
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3 2 3 2

H OH H OH
galactose glicose

Figura 6 - Exemplos de monossacarídeos.


Fonte: FCFAR - Unesp ([2017], on-line)6.

b. Dissacarídeos - são formados por dois monossacarídeos ligados cova-


lentemente. Alguns dos dissacarídeos mais comuns são: sacarose (açúcar
da cana) e lactose (açúcar do leite).
Ligação Glicosídica

6 6
CH2OH CH2OH
5 5
O O
HO H H H H
4 1 O 4 1

H OH H H OH H OH
3 2 3 2

H OH H OH
lactose
(dissacarídeo)
Figura 7 - Exemplo de dissacarídeo
Fonte: FCFAR - Unesp ([2017], on-line)7.

ELEMENTOS ORGÂNICOS - CARBOIDRATOS


62 UNIDADE II

c. Polissacarídeos - são grandes moléculas formadas por várias unidades


de monossacarídeos, além de serem polímeros. Exemplos importantes de
polissacarídeos são o amido, o glicogênio e a celulose. Amido e glicogê-
nio são polissacarídeos de reserva energética, sendo o amido encontrado
em células vegetais e o glicogênio em células animais. Celulose e quitina
são polissacarídeos estruturais. A celulose forma a parede de células vege-
tais, como visto na unidade I.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

BASES MOLECULARES DA VIDA


63

ELEMENTOS ORGÂNICOS - LIPÍDIOS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O termo lipídio designa alguns tipos de substâncias orgânicas, cuja principal


característica é a baixa solubilidade em água. Constituem um grupo diversificado
em termos de constituição química. Essa diversidade está relacionada às funções
que desempenham nos seres vivos. Os lipídios atuam como elemento de reserva
energética, sendo armazenados em células animais e vegetais. Apresentam fun-
ção estrutural, visto que formam as membranas celulares. Alguns hormônios
apresentam constituição lipídica (hormônios esteróis) e, desse modo, os lipí-
dios também tem função de coordenar as atividades biológicas do organismo.
Os lipídios compreendem os glicerídeos, as ceras, os fosfolipídios e esteróides.

GLICERÍDEOS

Os glicerídeos são moléculas de reserva energética de animais e vegetais. São


formados pela ligação de três cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula
de glicerol.
Ácidos graxos são ácidos carboxílicos de cadeias longas, tendo em uma das
extremidades o grupo carboxila. Os ácidos graxos são denominados saturados
quando só há ligações simples entre átomos de carbono, e insaturados quando
ocorre uma ou mais ligações duplas entre átomos de carbono.

Elementos Orgânicos - Lipídios


64 UNIDADE II

H H H H H H H H H H H H H H H H H O
H C C C C C C C C C C C C C C C C C C
H H H H H H H H H H H H H H H H H OH
Figura 8 - Ácido graxo saturado.
Fonte: adaptado de Info Escola ([2017], on-line)8.

H H H H H H H H O
C C C C C C C C C
H
H

OH
C

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H H H H H H H
H

C
H

H
H

H
H

H
H

H
H

H
H

H
C

H
H

Figura 9 - Ácido graxo insaturado.


Fonte: adaptado de Info Escola ([2017], on-line)9.

Formação dos Triglicerídeos

H H O
H
H O C R1 H C O C R1
H C OH O
H
H C OH + H O C R2
H C O C R2

H C OH O
H
H C O C R3
H
H O C R3
H
Figura 10 - Molécula de triglicerídeos.
Fonte: adaptado de Nutrição Protéica ([2017], on-line)10.

BASES MOLECULARES DA VIDA


65

ESTERÓIDES

Os esteróides são moléculas que apresentam quatro anéis hidrocarbônicos inter-


ligados, além de apresentar diversas funções, desempenhado papel fundamental
no metabolismo.
O exemplo mais comum é o colesterol, vastamente conhecido por estar asso-
ciado à desordens cardiovasculares. Todavia, o colesterol é matéria prima para
produção de vários hormônios, como a testosterona e o estrogênio (hormônios
sexuais), além de vitaminas. Ele também está presente na constituição das mem-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

branas celulares de célula animal, porém não é encontrado em células vegetais.

H 3C O CH2OH
CH3
H3C H3C C
O OH
CH3
H3C H3C

HO O
Colesterol Cortisona
CH3
H3C OH H 3C CH3
H3C
H3C CH3
H 3C

O
HO
Testosterona Vitamina D

Figura 11 - Estrutura da molécula de colesterol e alguns de seus derivados.


Fonte: adaptado de Colesterol, blog de BioBio (2013, on-line)11.

Elementos Orgânicos - Lipídios


66 UNIDADE II

FOSFOLIPÍDIOS

São moléculas de lipídios, parcialmente solúveis em água. Possuem grupamen-


tos que se solubilizam em água em determinadas regiões da molécula, enquanto
em outras regiões possuem cadeias de ácidos graxos, insolúveis. Esses lipídios
são considerados lipídios anfipáticos.
Os fosfolipídios são responsáveis por formar as membranas celulares, sendo
organizados em camada dupla, a conhecida bicamada lipídica.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CH2 — N+ (CH2)3
colina
Cabeça Hidrofílica

CH2
O
O P O fosfato
O
nitrogênio
CH2 CH CH2 glicerol
O O fósforo
C O C O oxigênio
CH2 CH2
carbono
CH2 CH2
hidrogênio
Cauda Hidrofóbica

ácidos
CH dupla graxos
CH ligação
CH2
CH2

CH3 CH3

Figura 12: Estrutura de um fosfolipídio, mostrando os grupamentos hidrofílicos e hidrofóbicos.


Fonte: adaptado de Teliga. net (2010, on-line)12.

BASES MOLECULARES DA VIDA


67

Membrana Plasmática Meio extracelular

Cabeças
Fosfolipídio hidrofílicas

Caudas
hidrofóbicas

Bicamada
lipídica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cabeças
hidrofílicas

Citoplasma

Figura 13 - Organização dos fosfolipídios para formação das membranas celulares: bicamada lipídica
Fonte: adaptado de BIOCHEMMANIA2014 (2014, on-line)13.

Gorduras são maléficas para o nosso metabolismo? Devem ser excluídas da


dieta?

Elementos Orgânicos - Lipídios


68 UNIDADE II

ELEMENTOS ORGÂNICOS - ÁCIDOS NUCLÉICOS

São moléculas de caráter ácido, por terem sido, primeiramente, encontradas no


núcleo de células eucariontes. A partir de 1940, os ácidos nucléicos começaram
a ser vastamente estudados, pois descobriram que eles formam os genes, res-
ponsáveis pela transmissão de características.
Os ácidos nucléicos são polímeros, formados pela associação de nucleotí-
deos. Cada nucleotídeo é formado por um radical fosfato, uma pentose e uma
base nitrogenada.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Base
Nitrogenada

NH2

Fosfato N

O
N O
O P O CH2
O
O

OH OH

Açúcar

Figura 14 - Esquema da molécula de nucleotídeo.


Fonte: adaptado de TdBio (2010, on-line)14.

Existem algumas variedades de nucleotídeos que se distinguem pela pentose, e


também por variar suas bases nitrogenadas.
Os nucleotídeos são classificados em dois grupos: Os que apresentam deso-
xirribose como pentose (desoxirribonucleotídeo), e os que possuem ribose como
pentose (ribonucleotídeos). A diferença entre as duas pentoses é a ausência de
um hidrogênio no carbono 2’ na desoxirribose.

BASES MOLECULARES DA VIDA


69

Os nucleotídeos de desoxirribose formam o ácido desoxirribonucléico (DNA),


enquanto os de ribose formam o ácido ribonucléico (RNA).
Os dois grupos de nucleotídeos apresentam tipos diferentes, dependendo
de variações nas bases nitrogenadas. Existem cinco tipos de bases nitrogenadas
- adenina, guanina, citosina, timina e uracila. As bases nitrogenadas são classifi-
cadas em dois grupos: bases púricas (adenina e guanina) e pirimídicas (citosina,
timina e uracila).
A base nitrogenada timina somente se liga em nucleotídeos de desoxirribose,
portanto só está presente no DNA. A base nitrogenada uracila só se liga em ribo-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nucleotídeos, portanto, só está presente no RNA. As demais bases nitrogenadas


estão presentes tanto no DNA quanto no RNA (AMABIS e MARTHO, 2006).

PENTOSES

O O
HOCH2 OH HOCH2 OH

H H H H H H H H

OH OH OH H
Ribose Desoxirribose
Figura 15 - Molécula de pentoses presentes nos ácidos nucléicos.
Fonte: adaptado de AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R., 2006.

Elementos Orgânicos - Ácidos Nucléicos


70 UNIDADE II

NH2 O

C C
N N
6 C 7
6 C 7
N 1 5 HN 1 5
8 CH 8 CH
2 4 2 4
HC 9 C 9
3 C 3 C
N N H 2N N N

H H

Adenina Guanina

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 16 - Bases nitrogenadas púricas
Fonte: La Biología en nuestra vida ([2017], on-line)15.

NH2 O O

C C C
4 4 4
N 3 5 CH HN 3 5 C CH3 HN 3 5
CH

2 6 2 6 2 6
O C 1
CH O C 1
CH O C 1
CH

N N N

H H H
Citosina Timina Uracilo
Figura 17 - Bases nitrogenadas pirimídicas.
Fonte:La Biología en nuestra vida ([2017], on-line)16

ESTRUTURA MOLECULAR DO ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLÉICO


(DNA)

A molécula de DNA é formada por duas cadeias polinucleotídicas, que ficam


paralelas uma à outra, porém com posicionamento invertido (antiparalelas). As
duas cadeias polinucleotídicas estão unidas por pontes de hidrogênio entre suas
bases. As pontes de hidrogênios ocorrem apenas entre as bases adenina/timina e
citosina/guanina, sendo duas pontes de hidrogênio entre A/T e três pontes entre
G/C. Desta forma, a sequência de nucleotídeos entre as duas cadeias polinucle-
otídicas são complementares.

BASES MOLECULARES DA VIDA


71

A dupla fita de nucleotídeos antiparalelas se torna levemente helicoidal,


sendo chamada da alfa-hélice.
A molécula de DNA é muito longa e é responsável por determinar as carac-
terísticas morfológicas e funcionais das células. As células transmitem a seus
descendentes a informação contida na molécula de DNA.

P = Fosfato D = Desoxirribose
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cadeias de nucleotídeos Duas cadeias pareadas, no plano Dupla-hélice Dupla-hélice

Figura 18 - Esquema da estrutura molecular do DNA.


Fonte: adaptado de Ebah ([2017], on-line).17.

ESTRUTURA DA MOLÉCULA DE ÁCIDO RIBONUCLÉICO (RNA)

A molécula de RNA é formada por uma única cadeia de nucleotídeos, e é mais


curta que a molécula de DNA. Existem vários tipos de RNA e, além disso, essas
moléculas estão envolvidas com a síntese de proteínas. Porém, as principais
moléculas de RNA são: RNA mensageiro (RNAm), RNA transportador (RNAt) e
RNA ribossômico (RNAr). Todas as moléculas de RNA são produzidas copiando
genes específicos, em um processo chamado de transcrição (AMABIS e
MARTHO, 2006).

Elementos Orgânicos - Ácidos Nucléicos


72 UNIDADE II

mRNA tRNA rRNA

Modificação + Proteínas
+ Aminoácidos
(processamento) ribossomais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 19 - Estruturas dos tipos de moléculas de RNA.
Fonte: adaptado de BioGeo 11A (2010, on-line)18.

A molécula de RNAm tem estrutura linear, enquanto o RNAt dobra-se sobre si,
assumindo uma conformação em forma de folha-de-trevo. Já o RNAr se associa
a diversas proteínas, além de formar partículas que se distribuem pelo citoplasma
da célula, denominadas de ribossomos.

BASES MOLECULARES DA VIDA


73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), terminamos essa unidade aprendendo um pouco mais sobre


a constituição química das células, suas funções e características.
Apesar de os seres vivos apresentarem os mesmos níveis de organização da
matéria, ou seja, a mesma constituição atômica e molecular, podemos compreen-
der que existem moléculas que são específicas dos seres vivos, diferenciando-se
das moléculas encontradas nos seres inanimados (não-vivos). Essas moléculas
são as moléculas orgânicas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Moléculas orgânicas apresentam predomínio de átomos de carbono, hidro-


gênio, oxigênio e nitrogênio. São maiores e mais complexas, muitas vezes
organizadas em polímeros.
Os polímeros são formados de unidades menores que se repetem, chama-
das de monômeros. Os monômero biológicos são: proteínas, polissacarídeos e
ácidos nucleicos.
Além dos polímeros citados acima, as macromoléculas orgânicas também
contam com os lipídeos, que são macromoléculas, e não polímeros.
No ambiente celular, as biomoléculas exercem suas funções de modo inte-
grativo, garantindo uma sequência de reações químicas responsáveis pelo
metabolismo.
Além das moléculas orgânicas, que lhes são exclusivas, os seres vivos tam-
bém são formados por moléculas inorgânicas: água e minerais. Esses elementos
inorgânicos são obtidos do ambiente e participam ativamente das reações quí-
micas que ocorrem no metabolismo celular.
Compreendemos, dessa forma, que a organização molecular da vida segue
os princípios fundamentais de formação da matéria. Porém, algo nos diferencia,
até mesmo na esfera molecular. As biomoléculas tornam os seres vivos exclusi-
vos, especiais.
Com a análise molecular, podemos compreender que a constituição da vida
nos remete a algo singular e extremamente importante. Vale ressaltar que o pro-
fessor de educação Física deve conhecer profundamente a constituição do ser
humano, pois age diretamente sobre ele.
Até a próxima!

Considerações Finais
74

1. Referindo-se à composição química das células, é correto afirmar que:


a. Lipídios são elementos altamente solúveis em meio aquoso, e tem função
energética.
b. A água apenas se constitui em um veículo em que diversas substâncias estão
dissolvidas.
c. Carboidratos são os principais elementos estruturais das células.
d. As proteínas são polímeros de aminoácidos, usados exclusivamente para fins
estruturais.
e. Os triglicerídeos são lipídios de reserva energética, altamente insolúvel em
água.

2. Além de serem as macromoléculas mais abundantes nas células vivas, as prote-


ínas desempenham diversas funções estruturais e fisiológicas no metabolismo
celular. Com relação às proteínas, é correto afirmar que:
a. são todas constituídas por sequências monoméricas de aminoácidos e mo-
nossacarídeos.
b. além de função estrutural, são também as mais importantes moléculas de re-
serva energética e de defesa.
c. são formadas pela união de nucleotídeos, por meio de ligações peptídicas.
d. as proteínas são polímeros de aminoácidos e desempenham funções estrutu-
rais, transporte, movimento, defesa imunológica, hormonal e enzimática.
e. sua estrutura é determinada pela forma, mas não interfere na função ou espe-
cificidade.

3. Marque a alternativa que contém apenas monossacarídeos.


a. Maltose e glicose.
b. Sacarose e frutose.
c. Glicose e galactose.
d. Lactose e glicose.
e. Frutose e lactose.
75

4. O colesterol é um tipo de lipídio muito importante para o homem, apesar de ser


conhecido, principalmente, por causar problemas cardíacos, como a ateroscle-
rose. Esse lipídio pode ser adquirido pelo nosso corpo através da dieta ou ser
sintetizado em nosso fígado.
Entre as alternativas a seguir, marque aquela que indica o tipo de lipídio no
qual o colesterol se enquadra:
a. glicerídios.
b. ceras.
c. carotenóides.
d. fosfolipídios.
e. esteroides.

5. Com relação aos ácidos nucléicos, observe as assertivas abaixo.


I. Apenas o DNA é encontrado no núcleo de células eucariontes.
II. Ácidos nucléicos são polímeros de aminoácidos.
III. Ácidos nucléicos são polímeros de nucleotídeos.
IV. Os nucleotídeos que formam o DNA se diferenciam dos nucleotídeos de RNA
apenas em sua pentose.
V. Adenina, guanina, alanina, timina e glicose são variedades de bases nitrogena-
das encontradas nos nucleotídeos.
Assinale:
a. se apenas a assertiva I estiver correta.
b. se apenas a assertiva III estiver correta.
c. se as assertivas II e III estiverem corretas.
d. se as assertivas III e V estiverem corretas.

e. se apenas a assertiva IV estiver correta.


76

GENOMA
Dentre todos os projetos e estudos possíveis devido à descoberta da estrutura do DNA,
o Projeto Genoma Humano (HGP, na sigla em inglês) foi o mais impactante. Fundado em
1990 e concluído em 2003, permitiu o primeiro sequenciamento completo do genoma
humano, composto por três bilhões de bases nitrogenadas.
Para Raskin, trata-se de um marco na história do ser humano. “Daqui a cem anos, as pes-
soas vão falar do Projeto Genoma Humano como um divisor de águas no conhecimento
sobre a vida. Perguntas que talvez sejam respondidas daqui a cem anos, como ‘Quem
somos?’, ‘De onde viemos?’, ‘Para onde estamos indo?’ terão o início de suas respostas
nas consequências do conhecimento trazido pelo Projeto Genoma Humano. Não houve
verba gigantesca melhor aplicada até hoje do que a do Projeto Genoma”.
Esse projeto científico, de colaboração internacional, permite que os médicos descu-
bram, por meio do sequenciamento do genoma, se uma pessoa tem determinada do-
ença genética ou predisposição para alguma doença cujo fator genético é importante.
Além disso, é possível verificar se existe algum risco elevado dessa pessoa vir a ter filhos
com uma determinada doença hereditária. “A classificação e compreensão das doenças
mudou muito, e áreas como a oncologia e a imunologia foram profundamente impac-
tadas e reformuladas. As pesquisas com células-tronco não poderiam ocorrer se não
conhecêssemos o nosso genoma e as proteínas que são produzidas em cada célula”,
aponta Raskin, um dos primeiros brasileiros a fazer parte do Projeto Genoma Humano.
Conforme Kevin Davies, doutor em genética e fundador do periódico Nature Genetics , o
sequenciamento do genoma nos últimos anos vem ajudando no diagnóstico molecular
de pacientes com câncer e doenças genéticas graves, na triagem de embriões durante a
fertilização in vitro e na identificação de defeitos genéticos do feto por amostragem do
DNA fetal circulante no sangue da mãe. Além disso, o Projeto Genoma Humano serviu
como base para outros importantes esforços internacionais, como o HapMap, o Cancer
Genome Atlas e o projeto Encode.

Fonte: Terra (2013, on-line)19.


MATERIAL COMPLEMENTAR

Biologia Celular e Molecular


Lorem JUNQUEIRA, L. C
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: tendo em vista a dificuldade de se explicar
exclusivamente em palavras muitos processos intra e
extracelulares, bem como a preocupação dos autores
em facilitar o processo de aprendizagem, esta edição de
Biologia Celular e Molecular contou com novo projeto
gráfico, que tornou a obra não somente mais aprazível,
como também funcional; os capítulos foram destacados
por cores que auxiliam na localização de diversos
assuntos, e as ilustrações foram aprimoradas a fim de
facilitar a compreensão da matéria explicada no texto

Homo sapiens 1900


Ano: 1998
Lorem documentário que mostra a pesquisa
sobre a eugenia, ou seja, sobre a seleção e a
purificação da raça humana, no início do século
20. O filme narra, principalmente, a busca de um
embasamento científico e a utilização de ética.
Apesar de abordar as leis de hereditariedade, o
filme faz refletir principalmente sobre as questões
éticas acerca da eugenia. A purificação racial
é algo eticamente aceitável? Além da questão
moral, quais seriam os riscos de diminuir a
variabilidade genética de uma espécie? Outro
ponto importante: como as teorias científicas,
tidas como verdadeiras num certo período,
podem ser utilizadas para embasar políticas
públicas e influenciar o comportamento de uma
sociedade.

No blog, você encontra alguns vídeos produzidos pelo professor Dorival sobre temas de biologia.
São 46 vídeos classificados em 8 áreas da biologia. Acesse <http://www.profdorival.com.br/
page13/page1/page1.html>. Acesso em: 13 abr. 2017.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: Volume único.


4. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 839 p.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I.
Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 364 p.
LARA-KAMEI, Márcia C.S. Curso de Nivelamento em Biologia. CENTRO UNIVER-
SITÁRIO DE MARINGÁ - Unicesumar, Maringá-PR. Núcleo de Educação a Distância,
2010.
LARA-KAMEI. Biologia e Bioquímica Humana.CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARIN-
GÁ - UniCesumar, Maringá-PR. Núcleo de Educação a Distância, 2017.

Referências On-Line

1
Em:<https://www.colegioweb.com.br/polimeros/reacao-de-polimerizacao.html>.
Acesso em: 11 abr. 2017.
2
Em:<http://biologia-no-vestibular.blogspot.com.br/2012/10/aula-bioquimica.
html>. Acesso em: 11 abr. 2017.
3
Em:<https://blogdoenem.com.br/proteinas-biologia-enem/>. Acesso em: 11 abr.
2017.
Em:<http://dicasdemusculacao.org/desnaturacao-proteica-o-cozimento-dos-ali-
4

mentos-altera-suas-proteinas/>. Acesso em: 11 abr. 2017.


5
Em:<https://blogdoenem.com.br/enzimas-biologia-enem/>. Acesso em: 12 abr.
2017.
6
Em:<http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/praticas_ch/oligossacaride-
os.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.
7
Em:<http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/praticas_ch/oligossacaride-
os.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.
8
Em:<http://www.infoescola.com/bioquimica/acidos-graxos/>. Acesso em: 12 abr.
2017.
9
Em:<http://www.infoescola.com/bioquimica/acidos-graxos/>. Acesso em: 12 abr.
2017.
Em:<https://www.nutricaoproteica.com.br/editorial/66/gorduras>. Acesso em: 12
10

abr. 2017.
11
Em:<http://colesterolunb2012.blogspot.com.br/2013/02/funcoes-do-colesterol-
-no-corpo-humano.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.
79
REFERÊNCIAS

12
Em:<http://www.teliga.net/2010/04/estrutura-da-membrana-plasmatica.html>.
Acesso em: 12 abr. 2017.
13
Em:<https://biochemmania2014.wordpress.com/2014/03/24/lipids-the-fats-we-
-need/>. Acesso em: 12 abr. 2017.
Em:<http://tdbio.blogspot.com.br/2010/03/dna.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.
14

Em:<http://bioet15.blogspot.com.br/p/blog-page.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.


15

Em:<http://bioet15.blogspot.com.br/p/blog-page.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.


16

Em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAghaYAC/acidos-nucleicos>. Acesso
17

em: 12 abr. 2017.


Em:<http://biologia-geologia11a.blogspot.com.br/2010/10/composicao-e-estru-
18

tura-do-rna.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.


Em:<https://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/ha-60-anos-descober-
19

ta-da-estrutura-do-dna-revolucionava-a-ciencia,6876124348e3e310VgnV-
CM3000009acceb0aRCRD.html>. Acesso em: 12 abr. 2017.
GABARITO

1. E
2. D
3. C
4. E
5. B
Professora Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei

III
COMPONENTES

UNIDADE
ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS
EUCARIONTES

Objetivos de Aprendizagem
■ Caracterizar a estrutura molecular da membrana citoplasmática.
■ Conhecer os mecanismos de transporte através das membranas
celulares.
■ Identificar a estrutura e as principais funções das organelas celulares.
■ Caracterizar os elementos que formam o citoesqueleto e suas
funções.
■ Reconhecer a estrutura do núcleo interfásico.
■ Caracterizar o mecanismo de divisão celular mitótica.
■ Caracterizar o mecanismo de divisão celular meiótica.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Membrana citoplasmática
■ Organelas citoplasmáticas
■ Elementos do citoesqueleto celular
■ Núcleo
83

INTRODUÇÃO

Caros alunos, bem vindos! Chegamos à última unidade desse programa de


revisão dos conteúdos de biologia celular.
Nesta unidade, aprenderemos sobre a organização estrutural da célula euca-
rionte, que é, por sua vez, mais complexa que a célula procarionte. Além de ter
se originado de células procariontes, a célula eucarionte desenvolveu um con-
junto de compartimentos celulares chamados de organelas.
Cada organela apresenta um conjunto próprio de proteínas e enzimas, o que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

permite que cada uma realize funções específicas. No conjunto, essas atividades
serão responsáveis pela manutenção do metabolismo celular.
As organelas celulares são mantidas em posições específicas, por um con-
junto de proteínas fibrosas que formam o citoesqueleto. O citoesqueleto é um
complexo de filamentos proteicos que se entrelaçam formando uma trama, que
se distribui por todo o citoplasma. Estudaremos os elementos que formam o
citoesqueleto e discutiremos suas funções.
Além disso, daremos enfoque aos mecanismos que promovem a entrada
e saída de substâncias da célula. Esse é um processo essencial, tendo em vista que
a célula precisa receber vários elementos necessários a seu metabolismo, além
de enviar ao meio extracelular seus refugos metabólicos.
O processo de divisão celular também será estudado. Veremos como as célu-
las originam outras células, para que ocorra a propagação da vida. Estudaremos
a mitose, responsável pela proliferação de células idênticas e também a meiose,
responsável pela formação dos gametas que serão usados na reprodução sexuada.
Esses tópicos nos darão uma visão geral da estrutura da célula eucarionte,
que por sua vez é a unidade fundamental da vida, encontrada em todos os seres
vivos, com exceção das bactérias.
Os conteúdos desta unidade são essenciais para sua formação inicial e con-
tinuada na área da Educação Física escolar. Aproveite!
Bom Estudo!!!

Introdução
84 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MEMBRANA CITOPLASMÁTICA

Todas as células são delimitadas do meio externo por uma película formada de
lipídios, proteínas e carboidratos, denominada membrana plasmática.
A membrana plasmática desempenha várias atividades fundamentais para
o metabolismo celular, além de delimitar os limites celulares.

FUNÇÕES DAS MEMBRANAS CITOPLASMÁTICA

Compartimentalização - as membranas definem os limites da célula e promo-


vem a formação de um microambiente distinto do meio extracelular.
a. Controla a entrada e saída de moléculas - as membranas possuem diver-
sos mecanismos que promovem o intercâmbio de moléculas entre os
meios intracelular e extracelular. Esses mecanismos promovem a seleção
de moléculas obedecendo a vários critérios. Por essa razão, acredita-se
que as membranas apresentam permeabilidade seletiva.
b. Reconhece e interpreta os sinais químicos que chegam em sua superfície
extracelular - as membranas possuem receptores para moléculas sinali-
zadoras (hormônios e neurotransmissores), enviando informações que
permitem às células responderem metabolicamente a esses sinais. Exemplo:
a célula muscular se contrai quando o neurotransmissor se liga aos recep-
tores de sua membrana plasmática.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


85

c. Adesão celular - as membranas desenvolvem várias estruturas, garantindo


que as células permaneçam fortemente aderidas umas às outras, ou em
substância extracelular. Essa função é responsável pela manutenção dos
tecidos dos organismos pluricelulares.
d. Atividade enzimática - as membranas são responsáveis pelo ancoramen-
tos de vários complexos enzimáticos, e várias atividades metabólicas das
células ocorrem ao nível de suas membranas citoplasmática (AMABIS e
MARTHO, 2006).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ORGANIZAÇÃO DAS MEMBRANAS

As membranas são formadas por duas camadas de lipídios anfipáticos. Esses


lipídios são chamados genericamente de fosfolipídios, e apresentam uma região
com afinidade pela água - a cabeça hidrofílica, e outra região insolúvel em água
- a cauda hidrofóbica.
No arranjo da membranas, esses lipídios ficam com as cabeças voltadas para
a periferia (meio intracelular e extracelular) e as caudas voltadas para o interior
das membranas.
Além da bicamada de lipídios, as membranas também possuem proteínas
que interagem com a bicamada.
As proteínas que formam as membranas são classificadas de acordo com seu
nível de interação com a bicamadas. As que ficam apenas na periferia da bica-
mada são chamadas de proteínas periféricas ou extrínsecas. As que mergulham
totalmente ou parcialmente são chamadas de proteínas integrais ou intrínsecas.
As que mergulham totalmente, atravessando integralmente a bicamada são cha-
madas de proteínas integrais (transmembrana).
Na superfície extracelular das membranas citoplasmáticas, existem radicais
de carboidratos que se ligam a determinadas proteínas e lipídios, formando as
glicoproteínas e glicolipídios.
Esse modelo de organização das membranas foi chamado de modelo do
mosaico fluído. Veja a imagem sobre a arquitetura das membranas citoplasmá-
ticas para facilitar a compreensão.

Membrana Citoplasmática
86 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 - Modelo da estrutura das membranas - Mosaico fluído.
Fonte: adaptado de Só Biologia ([2017],on-line)1.

TRANSPORTE ATRAVÉS DAS MEMBRANAS

As membranas compartimentalizam o ambiente celular, no entanto não podem


isolar esse ambiente, pois vários componentes do meio extracelular precisam
entrar na célula (oxigênio, glicose, água, etc) e sair dela (gás carbônico, uréia,
etc..). Dessa forma, compreendemos que há um intercâmbio constante de subs-
tâncias entre os meios intracelular e extracelular, promovido através de vários
mecanismos. Por permitir a passagem seletiva de moléculas, dizemos que as
membranas celulares são semipermeáveis ou possuem permeabilidade seletiva.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


87

Podemos classificar os mecanismos de transporte em duas modalidades:


transporte em massa e transporte de partículas. O transporte em massa envolve
a formação de vesículas que englobam as substâncias que entram ou saem da
célula. O transporte de partículas está relacionado com a passagem de íons e
pequenas moléculas através da membrana.

Transporte de Partículas

Existem duas modalidades para o transporte de partículas: transporte ativo e trans-


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

porte passivo. O transporte passivo não envolve gasto de energia pela célula, ao
contrário do ativo. Para compreender os mecanismos que regulam essas moda-
lidades de transporte, precisamos recordar alguns termos:
Solução - formada por dois elementos: soluto (substância que será dissol-
vida) e solvente (substância que dissolve).
Concentração - Proporção entre soluto e solvente em uma solução.
Solução hipertônica - quando comparadas duas soluções em relação às suas
concentrações, a que tiver maior concentração é denominada hipertônica.
Solução hipotônica - quando comparadas duas soluções em relação às suas
concentrações, a que tiver menor concentração é denominada hipotônica.
Soluções isotônicas - quando comparadas duas soluções em relação às suas
concentrações, e tiverem concentrações idênticas, são denominadas isotônicas.
Agora que já revisamos esses conceitos, vamos estudar os mecanismos.

Transporte Passivo

Várias moléculas atravessam as membranas sem que a célula gaste energia. Esse
mecanismo ocorre em função da diferença de concentração entre as soluções
dos dois meios separados pela membrana. As moléculas se transportam passi-
vamente para que as concentrações se tornem isotônicas. Esse mecanismo é a
favor do gradiente de concentração.

Membrana Citoplasmática
88 UNIDADE III

Quando a molécula que atravessa a membrana for um soluto, o processo é


chamado de difusão e, quando for um solvente, é chamado de osmose. O sol-
vente que está presente nas soluções biológicas é a água, portanto, difusão é o
transporte de água.

Difusão
O soluto irá atravessar passivamente a membrana, saindo do meio hipertônico
em direção ao hipotônico.
Para que atravesse a membrana, o soluto poderá passar pela bicamada de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lipídios, caracterizando a difusão simples, ou usar proteínas que favoreçam essa
passagem, caracterizando a difusão facilitada.
Observe as imagens abaixo, para ilustrar os processos de difusão simples e
facilitada.

Difusão
Difusão Facilitada
simples

Figura 2 - Esquema de difusão simples e facilitada.


Fonte: adaptado de Info Enem (2016, on-line)2.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


89

Osmose
A água se movimenta no sentido contrário ao soluto. Para que os meios se tor-
nem isotônicos, a água se movimenta do meio hipotônico em direção ao meio
hipertônico. Esse transporte, sem gasto de energia, é chamado de osmose.
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Isotônico Hipotônico Hipertônico

Figura 3 - Esquema da osmose em células animal.


Fonte: adaptado de Brasil Escola (2017, on-line)3.

Transporte Ativo

Apesar de várias moléculas passarem passivamente pela membrana, o transporte


de todos os elementos, de maneira que satisfaça a necessidade metabólica das
células não é favorecido. Portanto, é necessário que a célula gaste energia para pro-
mover o transporte de várias moléculas, caracterizando assim o transporte ativo.
O transporte ativo ocorre exclusivamente para transportar solutos, que por
sua vez se movimentam do meio hipotônico para o meio hipertônico, sempre
através de proteínas carreadoras. As proteínas carreadoras, que promovem os
transportes ativos, são conhecidas como bombas.

Membrana Citoplasmática
90 UNIDADE III

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ATP

Figura 4 - Esquema de transporte ativo através das membranas celulares.


Fonte: adaptado de Info Enem (2016, on-line)4.

Transporte em Massa

O transporte em massa é caracterizado pela formação de vesículas membrano-


sas, envolvendo grandes quantidades de moléculas grandes.
Esse transporte pode trazer macromoléculas do meios extracelular, incluindo
a entrada de outras células inteiras, em um processo chamado endocitose, ou
realizar a eliminação de grandes quantidades de substâncias do meio intracelular
para o meio extracelular, caracterizando a exocitose. A formação dessas vesícu-
las e sua movimentação consomem energia.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


91
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 5 - Esquema de endocitose.


Fonte: adaptado de Portal São Francisco ([2017], on-line)5.

Figura 6 - Esquema de exocitose.


Fonte: adaptado de Todo Estudo ([2017], on-line)6.

Há duas modalidades de endocitose: fagocitose e pinocitose. A fagocitose é reali-


zada com a movimentação da membrana citoplasmática, englobando partículas
sólidas. A vesícula formada é chamada de fagossomo. A fagocitose é usada por
organismos unicelulares para obtenção de alimentos.
A pinocitose é caracterizada pelo englobamento de grandes quantidades de
partículas pequena,s na forma de líquido ou partículas de lipídios. A vesícula
formada é chamada de pinossomo.

Membrana Citoplasmática
92 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 7 - Esquema de fagocitose e pinocitose.
Fonte: Wikiciências (2010, on-line)7.

No organismo humano, a endocitose não ocorre para a nutrição, pois o sis-


tema digestório já quebra as macromoléculas, liberando os monômeros que
serão transportados para o interior das células epiteliais.
Uma atividade mediada pela endocitose em nosso organismo é a defesa
imunológica. Temos células de defesa chamadas de macrófagos que fago-
citam agentes invasores, como bactérias e protozoários. As vesículas de en-
docitose que são formadas no processo são encaminhadas para digestão
intracelular, eliminado o agente invasor.
Fonte: Lara-Kamei (2017).

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


93

Em uma situação de emergência, podemos consumir a água do mar?

ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS

Citoplasma é o meio intracelular que fica


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

entre a membrana celular e o núcleo. Na


célula eucarionte, esse ambiente foi com-
partimentalizado em organelas. Entre as
organelas está o hialoplasma.
O hialoplasma é a substância homo-
gênea e transparente que preenche o
citoplasma. É formado por uma solução
(água, sais minerais e pequenas molé-
culas orgânicas) e por colóide (água e
macromoléculas orgânicas). É o meio
para as reações químicas intracelulares,
e serve de suporte para os demais com-
ponentes do citoplasma.
As organelas apresentam um interior distinto do hialoplasma e distinto uma
das outras. Cada organela apresenta uma constituição química específica e, por-
tanto, realiza funções específicas.
A seguir, discutiremos os aspectos morfológicos e funcionais dessas organelas.

RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO

É formado por um conjunto de membranas que delimitam cavidades (chamadas


cisternas, lúmen ou luz). Ele se estende a partir do envoltório nuclear e percorre

Organelas Citoplasmáticas
94 UNIDADE III

grande parte do citoplasma. Além de extenso, essa organela apresenta duas regi-
ões morfológicas e funcionais distintas:
■ RER (retículo endoplasmático rugoso) - possui ribossomos acoplados à
face citoplasmática de suas membranas. Mostram-se como lâminas acha-
tadas, e tem função de contribuir com a síntese protéica. Ribossomos são
partículas pequenas, contendo aproximadamente igual quantidade de
proteína e RNA. Cada ribossomo consiste de uma unidade grande e uma
pequena, que são produzidos no nucléolo e exportados para o citoplasma.
Os ribossomos são responsáveis pela síntese de proteínas. Além disso, na

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
célula eucarionte os ribossomos podem estar livres no citoplasma ou ade-
ridos a membrana do RER.
■ REL (retículo endoplasmático liso) não possui ribossomos e possui cavida-
des mais ou menos dilatadas (vesículas globulares ou túbulos contorcidos).
Podem ter continuidade com o RER. Apresentam função de síntese de
lipídios e degradação de substâncias tóxicas.

Figura 8 - Esquema do retículo endoplasmático evidenciando a região lisa e rugosa.


Fonte: adaptado de Thinglink (2017, on-line)8.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


95

COMPLEXO DE GOLGI

São sacos membranosos, achatados e empilhados. As pilhas de sacos normal-


mente apresentam-se em curvas. Cada pilha recebe o nome de dictiossomo.
Cada pilha de sáculos achatados apresenta uma superfície voltada para o com-
plexos de golgi, convexa, chamada de face cis, e outra voltada para a membrana
citoplasmática, côncava, chamada de face trans. Nas bordas dos sacos, podem
ser observadas vesículas em processo de brotamento.
As pilhas de membranas achatadas, que formam o complexo de golgi, atuam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

no processamento das macromoléculas que iniciaram a sua síntese no RER (pro-


teína) e no REL (lipídio). Ao terminar o processamento, essas moléculas serão
distribuídas para várias regiões dos citoplasma e meio extracelular. Como enca-
minha moléculas para o meios extracelular, o complexo de golgi é mais conhecido
por sua atividade de secreção. O transporte dessas macromoléculas até o meio
extracelular se dá pelo transporte vesicular de exocitose, discutido anteriormente.

Figura 9 - Estrutura do complexo de golgi e sua relação com o retículo endoplasmático.


Fonte: adaptado de Sala BioQuímica (2016, on-line)9.

Organelas Citoplasmáticas
96 UNIDADE III

LISOSSOMOS

São pequenas bolhas membranosas, repletas de enzimas hidrolíticas, que dige-


rem as macromoléculas orgânicas (proteínas, polissacarídeos e ácidos nucleicos).
Essas enzimas favorecem as reações de quebra de ligações químicas, com a adição
de moléculas de água. Essas organelas são responsáveis pela digestão de partí-
culas absorvidas pela célula pelo mecanismo de endocitose, e também digerem
organelas da própria célula que estejam velhas ou sem uso, em um processo
conhecido como autofagia. Os lisossomos se originam de vesículas, que brotam

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
na face trans da pilha de membranas que formam o complexo de golgi.

Figura 10 - Lisossomos e digestão intracelular.


Fonte: adaptado de Portal São Francisco ([2017], on-line)10.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


97

MITOCÔNDRIAS

Organela formada por duas membranas: a membrana interna e a externa. A


membrana interna sofre invaginações chamadas cristas mitocondriais. Na mem-
brana interna, também estão ancoradas as enzimas responsáveis pela síntese de
ATP. A função da mitocôndria é a degradação de compostos orgânicos e a trans-
ferência da energia para moléculas da ATP (adenosina trifosfato). Esse processo
gasta oxigênio e libera gás carbônico, sendo denominado respiração celular.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 11 - Estrutura de mitocôndrias.


Fonte: Wikilivros ([2017], on-line)11.

Organelas Citoplasmáticas
98 UNIDADE III

PEROXISSOMOS

São organelas vesiculares que contêm diversas enzimas oxidases. Essas enzimas
utilizam gás oxigênio (O2) para degradar moléculas orgânicas, processo que
forma o peróxido de hidrogênio (H2O2). O peróxido de hidrogênio é tóxico para
as células, porém o próprio peroxissomo o degrada em água e oxigênio. Os pero-
xissomos são muito importantes para a degradação de ácidos graxos.

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PLASTOS OU PLASTÍDEOS

Presentes somente em células vegetais, possuem organelas com forma e tamanho


diferentes. Existem três tipos de plastos: cromoplastos (com pigmentos), leuco-
plastos (sem pigmentos) e cloroplastos (que armazenam clorofila).
Os cloroplastos apresentam pigmentação verde chamada de clorofila, um
complexo enzimático que atua na fotossíntese.
Os cromoplastos, por sua vez, armazenam vários tipos de pigmentos, que
podem apresentar cores variadas: vermelho, amarelo, etc.
Os leucoplastos armazenam substâncias de reserva energética. Temos os
amiloplastos, que armazenam amido, os mais comuns em determinadas célu-
las vegetais.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


99
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 12 - Variedades de plastídeos em células vegetais


Fonte: adaptado de Só Biologia ([2017], on-line)12.

ELEMENTOS DO CITOESQUELETO CELULAR

Uma diferença marcante entre a célula procarionte e eucarionte é a presença do


citoesqueleto na célula eucarionte.
O citoesqueleto é um complexo de filamentos protéicos que se entrelaçam,
formando uma trama, que se distribui por todo o citoplasma. É formado por
microfilamentos de actina, microtúbulos e filamentos intermediários.
O Citoesqueleto desempenha diversas funções na célula:
a. Define a forma e organiza a distribuição de organelas.
b. Permite a adesão com células vizinhas e com a matriz extracelular.
c. Possibilita o deslocamento de materiais no interior das células, incluindo
vesículas e material genético durante a divisão celular.

Elementos do Citoesqueleto Celular


100 UNIDADE III

d. Promove movimento de deslocamento da célula, através da formação de


cílios, flagelos e pseudópodes.
e. Organiza os filamentos responsáveis pela contração da célula muscular.

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Figura 13 - Elementos do citoesqueleto e sua distribuição no citoplasma.
Fonte: adaptado de Toda Matéria ([2017], on-line)13.

Os microtúbulos formam uma estrutura específica do citoesqueleto, chamado


de centríolos. Os centríolos são pequenos cilindros ocos, formando nove con-
junto de três microtúbulos, mantidos unidos por proteínas adesivas.
Os centríolos organizam o crescimento dos microtúbulos e, a partir dos cen-
tríolos, os microtúbulos irradiam para o citoplasma da célula. As células possuem
um par de centríolos, normalmente localizado próximo ao núcleo da célula.
Durante a divisão celular, o par de centríolos duplicam-se e posicionam-se
em regiões equidistantes do citoplasma celular, formando os pólos de onde par-
tem os microtúbulos que movimentam os cromossomos.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


101
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 14 - Estrutura dos centríolos.


Fonte: adaptado de A biologia (2015, on-line)14.

NÚCLEO

O núcleo da célula eucarionte abriga o material genético - a molécula do


DNA. A atividade metabólica do DNA determinará as características morfoló-
gicas e funcionais das células.
Para que as células origem outras células idênticas, a molécula de DNA se
duplica, e a célula, por sua vez, faz a divisão celular.
O processo de divisão da célula é o momento específico em que duas molécu-
las duplicadas de DNA são transferidas para células filhas. Para que isso ocorra,
o núcleo se desorganiza.
Todo o restante do período da vida da célula, quando ela não está em divisão,
é chamado de interfase. Durante a intérfase, o núcleo é visível em microscopia
óptica, pois está devidamente organizado. Portanto, a estrutura do núcleo que
será abordada agora trata-se do núcleo interfásico.

Núcleo
102 UNIDADE III

O núcleo é revestido por duas membranas, chamadas de membrana interna


e externa. A membrana externa é contínua com a membrana do retículo endo-
plasmático, tendo inclusive ribossomos aderidos. Abaixo da membrana interna,
há uma rede de filamentos intermediários do citoesqueleto, chamado de lâmina
nuclear, responsável pela sustentação dos elementos do núcleo e manutenção de
sua forma. As membranas que envolvem o núcleo são interrompidas por vários
poros. Esses poros são organizados por complexos proteicos, e têm a função de
promover trocas de moléculas entre o interior do núcleo e o citoplasma.
No interior do núcleo, há uma ou mais regiões densas chamadas nucléolos,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
locais onde ocorrem a organização dos elementos que formam os ribossomos.

NÚCLEO

Poro nuclear Nucléolo

Cromatina Lâmina

Carioteca

Retículo
Cariolinfa Ribossomo Endoplasmático
Rugoso

Figura 15 - Estrutura do núcleo interfásico.


Fonte: adaptado de Resumo Escolar ([2017], on-line)15.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


103

DIVISÃO CELULAR

É o processo que permite que as células produzam outras células. Existem dois
mecanismos distintos de divisão celular, atendendo propósitos diferentes: a divi-
são mitótica e a divisão meiótica. Esses dois mecanismos acontecem com células
específicas.

Divisão Mitótica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Essa categoria de divisão ocorre com células somáticas (que formam o orga-
nismo). Na mitose, uma célula se divide e origina duas células idênticas, com a
mesma constituição genética e o mesmo número de cromossomos.
As funções da divisão mitótica são:
a. Promover a formação de um organismo pluricelular, a partir da prolife-
ração de uma única célula - o zigoto.
b. Permitir o crescimento do organismo.
c. Renovar as células de um organismo.
d. Regenerar órgãos e tecidos quando sofrem lesões.

No nosso organismo, as células apresentam um ciclo de vida que inclui a inter-


fase e a divisão mitótica. Esse ciclo é conhecido como ciclo celular, e sua duração
é variável nos diferentes tipos celulares.
Tanto a intérfase quanto a divisão meiótica são dividida em fases. Em cada
uma das fases ocorrem eventos específicos (JUNQUEIRA et al, 2005).

Intérfase

Os eventos que ocorrem na intérfase podem ser divididos em três períodos -


G1, S e G2.
O período G1 (G, do inglês gap = intervalo) compreende ao período de
crescimento celular. Para isso, a célula está constantemente sintetizando seus

Núcleo
104 UNIDADE III

componentes citoplasmáticos, especialmente a síntese proteínas. Nesse período


ocorre uma grande atividade metabólica no núcleo.
O período S (S de síntese) define o momento em que ocorre a duplicação
da molécula de DNA.
No período G2, ocorre uma intensificação da respiração celular e conseqüen-
temente uma maior produção de ATP, que será consumida durante a divisão. O
estágio G2 dura menos tempo que os dois anteriores.

Mitose

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Durante a mitose, o núcleo e DNA da célula sofrem sucessivas alterações
morfológicas. Para facilitar seu estudo, o fenômeno foi dividido didaticamente
em seis fases: prófase, prometáfase, metáfase, anáfase, telófase e citocinese.
Descreveremos os eventos de cada fase a seguir.

Prófase - A membrana nuclear se fragmenta, de modo que os componen-


tes do núcleo se misturam com os do citoplasma. Tem início a espiralização ou
condensação dos cromossomos, que começam a se tornar visíveis individual-
mente. Entre os dois pólos da célula, tem início a formação do fuso ou aparelho
mitótico. Nas células dos animais, os pares de centríolos migram para os pólos
opostos, surgindo ao seu redor os filamentos do áster, que formarão parte do
aparelho. Por essa razão, a mitose é chamada astral. Nas células vegetais, que não
possuem centríolos, o fuso não terá a contribuição dos ásteres do centro celular,
e por isso a mitose é chamada anastral.

Prometáfase - com a ausência do envelope nuclear, os filamentos que se


originam dos centríolos se fixam nos cromossomos, já altamente condensados.
Cada cromossomo se ligará a fibras oriundas dos dois pólos.

Metáfase - A célula não possui mais o núcleo. O fuso ou aparelho mitótico


está totalmente formado. Os cromossomos bem condensados, cada um com suas
cromátides, estão presos ao fuso pelo centrômero, e se localizam bem no meio
da célula, formando a placa equatorial.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


105

Anáfase - Ocorre o encurtamento das fibras em direção aos polos. Esse


encurtamento traciona as cromátides de cada um dos cromossomos para os
pólos opostos. Ocorre à divisão do centrômero e a separação das cromátides
que, ligadas às fibras do fuso, se deslocam para os pólos opostos, formando os
cromossomos filhos.

Telófase - Quando os cromossomos filhos chegam aos pólos, termina a


anáfase e começa a telófase, que tem características opostas às da prófase: Os
cromossomos se desespiralizam, voltando à forma de longos e finos filamentos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O fuso ou aparelho mitótico se desintegra. Ao redor dos cromossomos, em cada


pólo, as membranas se organizam, originando dois núcleos de duas novas células.
A partir desse momento, reaparece o nucléolo, resultante da atividade dos orga-
nizadores nucleolares de certos tipos de cromossomos (JUNQUEIRA et al, 2005).

Citocinese - Finalmente, ocorre a citocinese ou divisão do citoplasma. Nas


células animais, o processo ocorre por estrangulamento de fora para dentro
(centrípeta). Nas células vegetais, devido a presença da parede celular, o pro-
cesso é realizado pela lamela média formada de pectina (polissacarídeo), que se
forma do centro para a periferia (centrífugo) a partir de secreções do C. Golgi.

Figura 16 - Eventos da divisão mitótica.


Fonte: adaptado de Algo Sobre([2017], on-line)16.

Núcleo
106 UNIDADE III

Divisão Meiótica

Meiose é um tipo especial de divisão celular, que tem por finalidade transfor-
mar célula diplóide (2n) em célula haplóide (n). Ocorre apenas em células que
se tornarão gametas, as mesmas células usadas na reprodução.
A divisão meiótica não tem ciclo de interfase e divisão celular, uma vez que,
ou a célula sofre meiose, ou é usada para a fecundação ou morre. Para originar
os gametas, temos sempre que partir de uma célula diplóide, que consequente-
mente fará a meiose.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A meiose compreende duas divisões sucessivas: meiose I e meiose II. A pri-
meira delas é uma divisão reducional, pela qual uma célula diplóide origina duas
células haplóides (com redução do número de cromossomos), e a outra é uma
divisão equacional (semelhante à mitose), em que cada uma das células hapló-
ides resultantes da primeira divisão origina duas outras, porém com o mesmo
número de cromossomos.
A divisão meiótica tem dois objetivos: reduzir o número cromossômico pela
metade e promover a variabilidade genética, uma vez que as células produzidas
nessa divisão serão geneticamente diferentes umas das outras.

Meiose I Meiose II

Replicação
do DNA

Figura 17 - Esquema da divisão meiótica.


Fonte: adaptado de Blog do Enem ([2017], on-line)17.

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


107

Cada uma das divisões meióticas serão divididas em fases. Assim, temos na
meiose I a prófase I, metáfase I, anáfase I, telófase I e citocinese I, e na meiose II
a prófase II, metáfase II, anáfase II, telófase II e citocinese II.
No final do processo, serão formadas quatro células haplóides (com a metade
do número cromossômico), e cada uma com uma constituição genética diferente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Núcleo
108 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros alunos, chegamos ao final desta unidade conhecendo um pouco mais sobre
a estrutura das células eucariontes.
Essa célula, assim como qualquer outra, é delimitada por uma membrana
de constituição lipoprotéica. Os lipídios formam a bicamada, enquanto as pro-
teínas se associam a ela de várias formas.
As membranas que delimitam as células executam várias funções, e entre essas
funções destaca-se o intercâmbio de moléculas. Essas moléculas são transporta-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das por meio da membrana, utilizando vários mecanismos. Alguns mecanismos
com gasto de energia pela célula, enquantos outros se processam sem que a célula
gaste energia.
O meio interno da célula apresenta-se compartimentalizado em estruturas
envoltas por membranas, denominadas organelas. Cada organela apresenta uma
constituição bioquímica específica, que permite que cada uma delas se ocupe de
algumas funções específicas.
A atividade conjunta de cada uma das organelas garante a atividade meta-
bólica da célula, que a mantém viva e disponibiliza condições para sua divisão.
A divisão celular garante que as células se multipliquem e ocorra a pro-
pagação da vida. A divisão mitótica garante, consequentemente, a formação e
crescimento do organismo, bem como a renovação e regeneração em caso de
injúrias. Por fim, a divisão meiótica produzirá células especiais, denominadas de
gametas, usados na reprodução sexuada. Essa categoria de reprodução garantirá
a diversidade genética necessária para a manutenção da vida em nosso planeta.
Encerramos a unidade III, mas não os estudos. Todo profissional necessita de
aperfeiçoamento constante, visto que novos conhecimentos são sempre produzi-
dos. Espero que considere isso e continue a estudar e aperfeiçoar. Sua realização
pessoal e profissional dependem de sua qualificação.
Até breve!!

COMPONENTES ESTRUTURAIS DAS CÉLULAS EUCARIONTES


109

1. O modelo abaixo representa a configuração molecular da membrana celular,


segundo o modelo do mosaico fluído. Acerca do modelo proposto, assinale a
alternativa incorreta:

a. O algarismo 1 assinala a extremidade polar (hidrofílica) das moléculas lipídicas.


b. O algarismo 2 assinala a extremidade apolar (hidrofóbica) das moléculas lipí-
dicas.
c. O algarismo 3 assinala uma molécula de proteína integral da membrana.
d. O algarismo 4 assinala uma molécula de proteína.
e. O algarismo 5 assinala uma proteína extrínseca à estrutura da membrana.

2. Uma célula animal que sintetiza e secreta proteínas deverá ter bastante desen-
volvidos o:
a. retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi.
b. retículo endoplasmático liso e o complexo de Golgi.
c. retículo endoplasmático rugoso e os lisossomos.
d. complexo de Golgi e os lisossomos.
e. complexo de Golgi e os peroxissomos.

3. Com relação à divisão celular, podemos afirmar que:


a. A mitose ocorre apenas em organismo com reprodução sexuada.
b. A mitose forma células com constituição genética diferente daquela que lhe
deu origem.
c. A mitose forma células geneticamente idênticas àquela que lhe deu origem.
110

d. A mitose ocorre para a formação de gametas.


e. A meiose ocorre para a proliferação celular.

Analise os eventos mitóticos relacionados a seguir:


I. Desaparecimento da membrana nuclear.
II. Divisão dos centrômeros.
III. Migração dos cromossomos para os pólos do fuso.
IV. Posicionamento dos cromossomos na região mediana do fuso.
Qual das alternativas abaixo indica corretamente sua ordem temporal?
a. IV - I - II - III.
b. I - IV - III - II.
c. I - II - IV - III.
d. I - IV - II - III.
e. IV - I - III - II.

4. Algumas moléculas e íons necessitam da ajuda de proteínas presentes na mem-


brana plasmática para entrar no interior das células, sem gasto de energia. Essas
proteínas recebem o nome de carreadoras ou permeases, e esse transporte é
chamado de:
a. difusão simples.
b. osmose.
c. difusão facilitada.
d. bomba de sódio-potássio
e. difusão complexa
111

ASPECTOS ESTRUTURAIS DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA


(Priscila Murador; Elenice Deffune)
Proteínas de membrana As proteínas que compõem a membrana eritrocitária são es-
truturalmente classificadas em integrais ou transmembranárias e periféricas ou extra-
membranárias. Essas proteínas do citoesqueleto membranário formam uma verdadeira
malha, que constitui quase uma concha para o material intracelular. Este esqueleto é
responsável pela forma, bicôncava normal ou anormal, em caso de defeitos genéticos,
dos glóbulos vermelhos, e representa por si só 60% da massa protéica de toda a mem-
brana. As proteínas integrais penetram ou atravessam a bicamada lipídica e interagem
com a porção hidrofóbica das moléculas lipídicas. Fazem parte destas as proteínas de
transporte, como a banda 3, denominada proteína transportadora de íons, e as glico-
forinas A, B, C, D, que possuem receptores de membrana e antígenos que participam
do reconhecimento célula-célula na extremidade externa e auxiliam na estabilização
do citoesqueleto através de ligações com a proteína 4.1 na face interna da membrana.
Das diferentes proteínas da membrana eritrocitária, o domínio citoplasmático da banda
3 se destaca como um grande centro organizacional que interage com muitas outras
proteínas periféricas ou ligantes: anquirina (a maior ponte para o citoesqueleto espec-
trina-actina), proteína 4.1, proteína 4.2, aldolase, gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase
(G3PD), fosfofrutoquinase (PFK), desoxihemoglobina, tirosinaquinase p72syk e hemicro-
mos, que regulam a interação do citoesqueleto com enzimas glicolíticas.
Proteínas integrais Banda 3 ou anion exchanger 1 (AE1).
As proteínas integrais da membrana ou transmembranárias estão incorporadas na par-
te mais profunda da bicamada lipídica. Seu domínio funcional pode se estender tanto
nas zonas extra como intramembranárias. Exemplos disso são: a banda 3 ou anion ex-
changer 1 (AE1), implicada no mecanismo de transporte de muitas moléculas e situa-
da no compartimento extramembranário, a citocromo-β -5-redutase, que participa do
mecanismo de redução da metaemoglobina.7,8 A banda 3 é considerada a principal
proteína integral da membrana e seu peso molecular é de 102kDa. Representa 25%-30%
de todas as proteínas da membrana e tem em torno de 106 cópias por hemácia. Seu
gene está localizado no cromossomo 17q21-q22. A banda 3 está expressa na membrana
plasmática de todos os eritrócitos e pode ser detectada também na membrana basola-
teral das células intercaladas nos túbulos distais e nas alças de Henle, proximal e distal.
A banda 3 tem, recentemente comprovada, atuação na retirada de CO2 dos tecidos, re-
gulando também o transporte de HCO3 - . Além disso, regula o metabolismo da glicose,
mantém a morfologia eritrocitária e remove células senescentes. Mutações da banda 3
têm sido associadas à esferocitose hereditária e acidose tubular renal. Outras mutações
foram identificadas no sudoeste da Ásia, determinando aumento da rigidez do eritróci-
to e resistência à infecção por malária associados à ovalocitose. Um caso registrado na
literatura relata ausência de banda 3 com esferocitose hereditária e nefrocalcinose. A
banda 3 tem sido considerada, ainda, como receptora para o Plasmodium. falciparum.
Fonte: Murador; Deffune (2007, p. 168-178).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Biologia de Campbel
REECE, Jane B. / CAIN, Michael L. / URRY, Lisa A
Ano: 2015
Editora: Artmed
Sinopse: traduzido em diversas línguas, Biologia de
Campbell tem sido uma referência acadêmica das
ciências biológicas há mais de 25 anos.A obra traz tanto
à visão científica e pedagógica de Neil Campbell quanto
às inúmeras contribuições da comunidade acadêmica
internacional, que ajudou a moldar e aperfeiçoar um livro
clássico para os padrões de ensino atuais.

House
Ano: 2004
Lorem a série traz a experiência da equipe médica
do hospital Princeton-Plainsboro, sob o comando
do ácido Dr. House. A cada episódio, existe
animações de fisiologia e citologia. Aprenda sobre
parasitoses, doenças degenerativas e, é claro: lúpus,
doença autoimune que é lembrada em quase todos
os episódios.

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vídeos de instrução e um painel de aprendizado que habilita os estudantes a aprender no seu
próprio ritmo, dentro e fora da sala de aula.
Acesse <https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-molecular-biology/mitosis/v/
mitosis>. Acesso em: 13 abr. 2017
113
REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: Volume único.


4. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 839 p.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I.
Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 364 p.
LARA-KAMEI. Biologia e Bioquímica Humana. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARIN-
GÁ - UniCesumar, Maringá-PR. Núcleo de Educação a Distância, 2017.

Referências On-Line

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Em:<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia/cito5.php>. Acesso em:
12 abr. 2017.
2
Em:<https://www.infoenem.com.br/biologia-no-enem-transporte-ativo-no-orga-
nismo>. Acesso em: 12 abr. 2017.
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Em:<http://brasilescola.uol.com.br/quimica/pressao-osmotica.htm>. Acesso em:
12 abr. 2017.
4
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nismo>. Acesso em: 12 abr. 2017.
5
Em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/endocitose>. Acesso em: 12
abr. 2017.
6
Em:<https://www.todoestudo.com.br/biologia/endocitose-e-exocitose>. Acesso
em: 12 abr. 2017
7
Em:<http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Fagocitose>. Acesso
em: 12 abr. 2017.
8
Em:<https://www.thinglink.com/scene/755035755595694080>. Acesso em: 12
abr. 2017.
Em:<http://salabioquimica.blogspot.com.br/2016/01/>. Acesso em: 12 abr. 2017.
9

Em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/lisossomos>. Acesso em: 12


10

abr. 2017.
11
Em:<https://pt.wikibooks.org/wiki/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_Biolo-
gia/C%C3%A9lula/Estrutura_e_organiza%C3%A7%C3%A3o_da_c%C3%A9lula/Ci-
toplasma>. Acesso em: 12 abr. 2017.
Em:<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bioquimica/bioquimica10.php>.
12

Acesso em: 12 abr. 2017.


13
Em:<https://www.todamateria.com.br/citoesqueleto/>. Acesso em: 12 abr. 2017.
REFERÊNCIAS

Em: <http://biologiaevida02.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12 abr. 2017.


14

Em:<https://www.resumoescolar.com.br/biologia/nucleo-celular-e-cromosso-
15

mos-importancia-estrutura-e-componentes/>. Acesso em: 12 abr. 2017.


Em:<https://www.algosobre.com.br/biologia/divisao-celular.html>. Acesso em:
16

12 abr. 2017.
Em:<https://blogdoenem.com.br/meiose-biologia-enem/>. Acesso em: 12 abr.
17

2017.
115
GABARITO

1. D
2. A
3. C
4. D
5. A
CONCLUSÃO

Chegamos aos final do curso de nivelamento em Biologia. Abordamos alguns as-


pectos fundamentais da vida, e concluímos que existem aspectos específicos que a
definem: metabolismo, constituição orgânica, reprodução, mutação e organização
celular.
A organização celular deu início às primeiras formas rudimentares de vida, a célula
procarionte. Essa célula se organizou pelo arranjo de moléculas orgânicas, que se
formaram espontaneamente pelas reações químicas entre os elementos inorgâni-
cos, pelo conceito da teoria pré - biótica, um segmento da teoria evolucionista.
Desde a sua origem, as formas de vida no planeta vêm se modificando, originando
uma diversidade biológica fascinante. Podemos encontrar semelhanças entre os
seres vivos, o que nos permite classificá-los em reinos: monera, protozoa, fungi, ani-
malia e plantae. Entre todos os integrantes dos cinco reinos, apenas o reino monera
é formado por células procariontes. Todos os demais são constituídos por células
eucariontes.
As células procariontes são estruturalmente mais simples, sem compartimentaliza-
ção em seu citoplasma. Todas as moléculas estão mergulhadas em um único com-
partimento, o citoplasma.
As células eucariontes possuem membranas internas que delimitam organelas.
Cada organela apresenta uma constituição enzimática, o que permite que ela exe-
cute funções específicas. As organelas das células eucariontes estão ancoradas em
uma rede de filamentos proteicos, denominado citoesqueleto.
Apesar das diferenças estruturais entre células eucariontes e procariontes, todas
apresentam um conjunto básico de moléculas orgânicas e inorgânicas que as cons-
tituem. Elementos inorgânicos como água e minerais estão presentes na constitui-
ção celular, bem como macromoléculas orgânicas que são as proteínas, carboidra-
tos, lipídios e ácidos nucleicos.
A atividade conjunta desses compostos, em cada uma das organelas, manterá a ati-
vidade metabólica das células, além de garantir sua reprodução por meio da divisão
celular.
Espero que a exposição dos tópicos durante o curso de nivelamento tenha contri-
buído para a compreensão da estrutura fundamental da vida, e que esses conheci-
mentos possam auxiliá-lo na compreensão de disciplinas correlatas em seus cursos.

Até breve!!

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