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MEIO AMBIENTE E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

 A Revolução Industrial e a invenção de máquinas afetaram o meio ambiente, causando


uma série de efeitos adversos para a natureza e o próprio homem. Esse processo de
industrialização afetou o meio ambiente com o aumento do desmatamento e da queima
de combustível para movimentar as máquinas. Esse desenvolvimento se espalhou pelo
mundo possibilitando a consolidação do capitalismo. O resultado foi o estímulo a
exploração dos recursos naturais de maneira excessiva.

 Percebe-se que muitos impactos ambientais causados são resultado da falta de


consciência e ações principalmente das indústrias que poderiam prevenir muitos danos
causados vistos atualmente. Com o aumento crescente da população e a necessidade de
cada dia produzir mais e mais, as indústrias exploram sem controle os recursos
materiais disponíveis no ambiente, buscando seus lucros e sua expansão, criando um
consumismo sem controle, devastando tudo a nossa volta.

 Estas transformações sociais trouxeram consigo riscos e alterações em todo sistema


ambiental, como aumento da poluição do ar, do solo e da água, extinção de muitas
espécies, resultado do desmatamento, da degradação do solo, destruição da
biodiversidade natural de muitos locais.

 A atual situação da transformação da natureza é a presença cada vez mais evidente dos
impactos ambientais que passaram a ocorrem em ritmo acelerado, chegando a provocar
desequilíbrios não mais localizados, mas em escala global.

 O impacto ambiental deve ser entendido como desequilíbrio por um “choque” ecológico,
resultante da ação antrópica sobre o ambiente local, regional e global em áreas rurais
ou urbanas. Nos aglomerados urbanos a população consome grande quantidade de
energia e matérias-primas, produzindo toneladas de resíduos (sólidos, líquidos e
gasosos), acumulando-se nos solos, nas águas e no ar, causando desequilíbrios no
ambiente.

 O conceito de meio ambiente, por seu turno, foi inserido em nossa ordem jurídica pela Lei
Federal 6.938/1981.A denominada Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em seu
art. 3º, I, conceituou meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”. Como se observa, o conceito de meio ambiente é o mais amplo
possível, “pois vai atingir tudo aquilo que permite a vida, que a abriga e rege”. Abarca ele,
por conseguinte, vida humana, animal e vegetal.

 A Constituição Federal de 1988, por seu turno, culminou por abraçar o princípio em seu
art. 225, caput, ao dispor ser incumbência do Poder Público e da comunidade a defesa e a
preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, “para as presentes e futuras
gerações”.

 A importância de incluir Meio Ambiente nos currículos escolares como tema


transversal, permeando toda prática educacional. É fundamental, na sua abordagem,
considerar os aspectos físicos e biológicos e, principalmente, os modos de interação do
ser humano com a natureza, por meio de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da
arte e da tecnologia.

 Por ocasião da Conferência Internacional Rio/92, cidadãos representando instituições de


mais de 170 países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da
educação para a “construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente
equilibrado”, o que requer “responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e
planetário”. E é isso o que se espera da Educação Ambiental no Brasil, assumida como
obrigação nacional pela Constituição promulgada em 1988.

 Antunes (2010), aborda o impacto ambiental como de forma positiva e negativa sendo
ambas resultado da intervenção humana sobre o meio ambiente. O impacto positivo
abrange a utilização das tecnologias da ciência para que os problemas ambientais sejam
resolvidos. Porém, essas tecnologias se utilizadas de forma preconceituosas acabam por
agravar a situação ambiental transformando-se em impacto negativo. Portanto, o impacto
ambiental se define por uma oscilação, uma transformação muito forte e profunda que tem
origem por diversos motivos e impactam sobre o meio ambiente, ou seja, sobre o que
envolve ou cerca os seres vivos.

 Diversos casos de acidentes ambientais já foram registrados na história da humanidade


e todas ocasionaram inúmeros prejuízos a população e ao ambiente em que ocorreram.

 ALAGUNS DOS MAIORES DESASTRES AMBIENTAIS DO BRASIL

 Incêndio na Vila Socó (São Paulo, 1984)


Em 1984, a cidade de Cubatão, em são Paulo, era uma área de segurança nacional, onde
cerca de seis mil pessoas viviam em terrenos próximos às instalações de tubos da Petrobrás,
utilizados para o transporte de derivados de petróleo.
No dia 24 de fevereiro, houve um erro de operação que acarretou em um dos
maiores desastres ambientais do país: cerca de 700 mil litros de gasolina vazaram,
causando um grande incêndio e sem nenhum plano de evacuação da área.
 O solo e parte do lençol freático da região foram contaminados e os números oficial são de
93 mortos. Ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo desastre e as famílias que
viviam na Vila Socó receberam uma pequena indenização e casas em um bairro vizinho.

 Contaminação de Césio 137 (Goiás, 1987)


É um dos maiores desastres ambientais causados por radiação do mundo. Em setembro
de 1987, dois catadores de material reciclável abriram um aparelho radiológico que estava
abandonado em um antigo hospital na cidade de Goiânia e encontraram um pó branco, que
emitia uma luminosidade azul. Tratava-se do Césio, um dos materiais mais radioativos que
existem.
Eles levaram esse material para diversos pontos da cidade, causando a contaminação de
água, solo e ar. Pelo menos quatro pessoas morreram em decorrência da exposição e outras
centenas desenvolveram doenças.
A justiça condenou três sócios e um funcionário do hospital abandonado por descarte
incorreto de material perigoso e eles foram condenados a três anos de prisão, que foram
convertidos para prestação de serviços comunitários.

 Vazamento de óleo na Baía de Guanabara (Rio de Janeiro, 2000)


No dia 18 de janeiro de 200, um dos maiores desastres ambientais marítimos aconteceu
no Rio de Janeiro. Cerca de 1,3 milhões de litros de óleo foram lançados na Baía de
Guanabara, em decorrência de um problema originado em uma das tubulações da Refinaria
de Duque de Caxias.
O desastre teve proporções gigantescas, como a contaminação do espelho d’água da Baía
de Guanabara, causando destruição para a fauna nectônica e planctônica; contaminação
das areias e costões da Ilha do Governador e de Paquetá; prejuízos à vegetação do mangue;
prejuízos à avifauna e às atividades pesqueiras. O Ibama aplicou duas multas à Petrobrás:
uma de 50 milhões e outra de 1,5 milhão de reais.

 Vazamento da barragem em Cataguases (Minas Gerais, 2003)


Um dos maiores desastres ambientais envolvendo barragens aconteceu na cidade de
Cataguases, MG, em março de 2009. O acidente aconteceu na Fazenda Bom Destino,
localizada a 13 quilômetros da área urbana do município. Com o rompimento da barragem,
900 mil metros cúbicos de rejeitos industriais, composto basicamente por lignina e sódio,
foram lançados na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, um dos mais importantes do
estado. O abastecimento de água foi interrompido por mais de uma semana em diversas
cidades ribeirinhas e cidades do RJ que fazem divisa com MG, como Muriaé, também foram
atingidas. o Ibama aplicou uma multa de 50 milhões de reais à Floresta Cataguases e
Indústria Cataguases de papel.

 Rompimento da barragem de Mariana (Minas Gerais, 2015)


O acidente de Mariana é o maior dos desastres ambientais envolvendo barragens do
mundo inteiro. No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, na
unidade industrial de Germano, provocou uma onda de lama que devastou os municípios
próximos, sendo o de Bento Rodrigues o mais atingido. Foram 62 milhões de metros cúbicos
de rejeitos, formados por restos de minério provenientes de operações da empresa
Samarco, controlada pela Vale.
A lama atingiu a bacia do Rio Doce, que abastece diversas cidades de MG, e atingiu cerca
de 80 quilômetros do leito d’água na região. Houve alterações significativas nos padrões de
qualidade da água, causando a mortandade de animais terrestres e aquáticos. Além disso,
diversas espécies de vegetação foram atingidas, devido ao assoreamento dos rios e à
contaminação do solo pela alta quantidade de ferro e uma concentração de mercúrio,
encontrados a partir de amostras.
A Samarco, responsável pelas atividades de mineração na região, recebeu diversas multas
do Ibama, totalizando um valor aproximado de 250 milhões de reais, além de ser obrigada a
arcar com todos os custos indenizatórios individuais e coletivos dos moradores dos
municípios atingidos e ainda com a recuperação ambiental da área impactada que, além que
difícil, possui um tempo imprevisível de incansável trabalho de órgãos ambientais.
Ainda que alguns desastres ambientais no Brasil tiveram causas naturais, grande parte
deles poderiam ter sido evitados por meio de uma gestão ambiental mais efetiva nas
empresas, por meio de relatórios e mapeamentos de risco, além de estudos aprofundados
sobre as condições ambientais das regiões em que as empresas atuam.

 Óleo no litoral do Nordeste e do Sudeste (2019)

Manchas de óleo atingiram o litoral brasileiro no segundo semestre de 2019. Dados do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Marinha
Brasileira apontam que foram afetadas 1.009 localidades, em ao menos 130 municípios de 11
estados diferentes.
O evento prejudicou a biodiversidade marinha com a morte de animais, dano a arrecifes e a
áreas de proteção ambiental e a poluição das zonas costeiras. Além disso, o óleo
comprometeu atividades econômicas como a pesca e o turismo nas regiões afetadas.
Espaços como o berçário marinho do Delta do Rio Parnaíba, localizado entre o Piauí e o
Maranhão, e o arquipélago dos Abrolhos, área mais rica em biodiversidade da América do Sul,
foram atingidos pelas manchas de óleo do vazamento de petróleo cru.

Os resíduos foram espalhados a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira e


aproximadamente 5,3 mil toneladas foram recolhidas. Em junho de 2020, as manchas de óleo
voltaram a ser registradas no litoral do Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco e Bahia.

De acordo com a Marinha, o evento é “inédito e sem precedentes na nossa história, traz
ensinamentos, como a necessidade de se investir no aprimoramento do monitoramento dos
navios que transitam nas águas jurisdicionais brasileiras e nas suas proximidades, destacando
o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz)”.
A exposição com os resíduos pode causar irritações e erupções de pele, queimação e inchaço;
sintomas respiratórios, cefaleia e náusea, dores abdominais, vômito e diarreia. Segundo
pesquisadores da Fiocruz, o efeito mais temido de longo prazo é a ocorrência de câncer, já
que o benzeno, um dos hidrocarbonetos, é comprovadamente cancerígeno.

Os efeitos envolviam diretamente as comunidades atingidas e os grupos prioritários, como


pescadores, marisqueiras e grávidas, incluindo também profissionais e voluntários envolvidos
na retirada do óleo.

 Incêndio na Chapada dos Veadeiros (2017)

Durante o mês de outubro de 2017, a região da Chapada dos Veadeiros sofreu com incêndios
por duas semanas. A estimativa é de que 75 mil hectares tenham sido destruídos pelas
chamas, que chegaram a suspender as visitações ao Parque Nacional Chapada dos
Veadeiros.

As queimadas foram contidas por ações das equipes de brigadistas do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários. Além disso, a chuva que caiu na
região também ajudou a conter o fogo.

Amilton Sá, coordenador executivo da Rede Contra Fogo, comenta que, em 2017, a região
sofreu com uma grande crise hídrica, colaborando para a severidade dos incêndios florestais
que atingiram a Chapada dos Veadeiros à época. “Diversas pessoas tiveram problemas
respiratórios por conta da fumaça, diversas pessoas tiveram suas propriedades arrasadas pelo
fogo, queimando instalações, pomares, produções e também sofrendo risco de vida”, conta o
coordenador.

O auxílio da sociedade civil e de Organizações Não Governamentais (ONGs), como a Rede


Contra Fogo, foi essencial para controlar as chamas na região. Para Amilton, “existiu um clima
de enorme solidariedade e união que mobilizou centenas de pessoas diretamente e milhares
indiretamente (doações, divulgação), o que acabou sendo extremamente positivo para nossa
sociedade estar mais preparada para eventos desta natureza”.

“Acreditamos que, após esta tragédia, os órgãos responsáveis conseguiram dispor de mais
brigadas no território o que ajuda a melhorar o tempo de resposta e minimizar os impactos
causados por incêndios na região”, conta Amilton.

Para o coordenador, essas atitudes foram um bom avanço, mas ainda é necessário um amplo
trabalho de conscientização, fiscalização e de ações preventivas. Além disso, ele salienta “o
quão é importante valorizarmos os brigadistas como um todo, voluntários e contratados,
possibilitando assim melhores condições de trabalho”.

 Brumadinho (2019)

O rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na região de Brumadinho (MG), ocorreu em


janeiro de 2019. Ao menos 270 pessoas morreram e 10 continuam desaparecidas. A empresa
Vale foi a responsável pelo desastre que lançou resíduos de mineração diretamente nas águas
do Rio Paraopeba.

Segundo relatório da Fundação SOS Mata Atlântica, indicadores de qualidade revelaram que
água está imprópria e sem condições de uso por todos os 356km de rio percorridos. “Foram
encontrados metais pesados na água, como ferro, manganês, cobre e cromo em níveis muito
acima dos limites máximos fixados na legislação”, diz o documento.
Os metais e outros agentes contaminantes presentes na água não possibilitam vida aquática
em 11 pontos de coleta. Em comparação com 2019, o relatório apontou que a qualidade da
água piorou de ruim para péssima em nove pontos de coleta.

Uma publicação da Agência Nacional de Mineração (ANM) sobre a segurança das barragens
no país mostra que 50 estruturas foram classificadas sob "risco alto". O levantamento aponta
que boa parte delas foram abandonadas.

A mineradora Vale afirma que “reconhece, desde o dia do rompimento, sua responsabilidade
pela reparação integral dos danos causados''. A empresa tem prestado assistência às famílias
e regiões impactadas, buscando restaurar a dignidade e meios de subsistência, "seja através
de ações diretas nas regiões, seja através de acordos individuais com famílias das vítimas e
atingidos”.

A empresa comenta que mantém um “diálogo aberto com autoridades e pessoas afetadas” e
que “garante que ações e recursos efetivamente compensem indivíduos e comunidades,
recuperem o meio ambiente e possibilitem o desenvolvimento sustentável de Brumadinho e
arredores''.

“Além disso, a Vale segue comprometida em indenizar, de forma justa e célere, todas as
pessoas impactadas e entende que a indenização individual aos atingidos é a medida mais
adequada para tanto. Até o momento, foram pagos aproximadamente de R$ 2 bilhões em
indenizações individuais”, ressaltou a mineradora.

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