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Estudo de

Caso

Gestão e Manejo
de Recursos Naturais
Professor Me. Lucas Henrique Xavier
Unicesumar
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estudo de
caso

Cubatão, o Vale da Morte


Um dos eventos mais famosos sobre a poluição e degradação do ar no Brasil é o caso de
Cubatão, município localizado a 57 quilômetros da capital do estado de São Paulo, e apenas
alguns minutos de distância de um dos maiores e mais movimentados Portos da América
do Sul, o Porto de Santos.
No início do século XX, o município de Cubatão tinha uma aparência muito diferente da
atual, um lugar bonito e com grande quantidade de matas. Possuía uma produção agrícola,
com plantações de bananas, olarias e engenhos. Entretanto, a região não demorou muito
a se modificar completamente. Na década de 70 e 80, Cubatão havia se transformado em
um moderno e rico centro industrial do Brasil. Em uma área de 160 quilômetros quadrados,
Cubatão passou a possuir um poderoso parque industrial, formado de muitas indústrias de
ponta, um dos maiores polos da América Latina. Entre estas, a construção da Companhia
Siderúrgica Paulista possuía refinaria, siderúrgica, fábricas de produtos químicos e de fertili-
zantes e refino de petróleo, mas seu desenvolvimento e riqueza se contrastava com a falta
de medidas de controle de poluição e com a grande pobreza do local.
A partir de então, Cubatão ficou famosa por ser um dos lugares mais poluídos e conta-
minados do mundo, chegando a ser chamado de “Vale da Morte”. Uma análise da poluição
do ar, para verificar a quantidade de poluição, indicou uma liberação de aproximadamen-
te 1000 microgramas por metro cúbico de poluentes particulados e gasosos, em 24 horas,
pelas fontes industriais de Cubatão.
Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb),
em 1980, o parque industrial emitia 30 mil toneladas/mês de poluentes, mas isso era apenas
na atmosfera, ou seja, partículas pequenas. Porém, poluição composta por partículas maiores
também era liberada em cerca de 1.500.000 toneladas/ano. De uma forma geral, havia aproxi-
madamente 75 tipos de poluentes ininterruptamente emitidos na atmosfera pelas indústrias
em Cubatão.
Um dos poluentes mais graves emitidos, sem dúvida, era o óxido de enxofre, que reage
com a umidade na atmosferas (com o hidrogênio da molécula de água), e assim resultava
em ácido sulfúrico, no qual se condensava na atmosfera e se transformava em chuva ácida.
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O enxofre reagindo com a hidrogênio da água é um exemplo claro das reações que
acontecem no local, onde as substâncias emitidas isoladas reagiam com as que se encon-
travam no ar e resultam em substâncias ainda mais perigosas e, dependendo das condições
de temperatura e umidade do ar, poderiam causar inúmeros danos à saúde e ao ambien-
te. Essas substâncias deixavam a atmosfera e chegavam ao solo, vegetação, água e animais,
contaminando toda a região.
Um exemplo disso era a Vila Parisi, um dos maiores bairros, com cerca de 40 quarteirões,
construído sobre um mangue, onde viviam operários de Cubatão. A poluição e contamina-
ção era tão grande, que o local chegou a ser classificado pela ONU como o pior lugar para
se viver no mundo. Contudo, grande parte da poluição emitida durante esse período não
foram identificadas e, por isso, é de difícil identificação pelos responsáveis seus danos eco-
lógicos e ao próprio homem.
A poluição do local causou uma sucessiva degradação do ambiente, a poluição matou
a vegetação ao redor das indústrias e atingiu a Serra do Mar, que ficava localizada atrás do
polo industrial. Depois que a vegetação foi atingida, o solo ficou exposto a processos erosivos,
promovendo deslizamentos e causando assoreamento de corpos d’água, comprometen-
do a população que vivia na região assim como o funcionamento das próprias indústrias.
Com a poluição impactando o solo, a vegetação e os animais, é óbvio que a mesma
também causaria impacto à saúde humana, na qual a ingestão de alimentos e água con-
taminadas começaram a provocar danos à saúde. Crianças começaram a nascer com má
formação do sistema nervoso, algumas apresentaram anencefalia, e houve registros de nas-
cimentos de crianças mortas. Todos esses eventos foram associados à poluição do ar.
No entanto, diante desse contexto catastrófico, o Governo do Estado de São Paulo, res-
ponsável por controlar a poluição e de realizar a preservação e conservação dos recursos
naturais, desenvolveu o Programa de Controle de Poluição de Cubatão e produziu a Comissão
Especial da Serra do Mar, visando seu reflorestamento e sua preservação, tentando assim
acabar com a poluição e contaminação de Cubatão.
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Dessa forma, foram realizadas as seguintes ações:


• Produção de cronogramas das práticas que visaram o controle e redução da
poluição do ar e das águas.
• Foi estipulado a necessidade da utilização de equipamentos específicos, instalações
e procedimentos para atender aos padrões ambientais.
• Medidas de contenção das encostas,
• Proteção das drenagens;
• Reflorestamento da Serra do Mar, por meio do plantio manual e de semeaduras aéreas;
• Foi criado o ‘’ Programas de Gerenciamento de Riscos e o Planos de Ação e
Emergência’’, para reduzir a frequência de acidentes ambientais.

Com a implantação dessas medidas, foram investidos mais de um bilhão de dólares pelas em-
presas de Cubatão, e essa ação resultou na redução de aproximadamente 98,8% da emissão
de poluição na atmosfera. Para a poluição hídrica, foram instalados sistemas de controle em
todas as fontes de poluição, revertendo resultados excelentes para os ecossistemas aquáti-
cos, assim como para a pesca na região.
A partir de então, a poluição foi considerada controlada, sendo um dos melhores exemplos
de ações de controle de poluição, transformando Cubatão, um local até então extremamen-
te poluído e degradado pela ação do homem, a um exemplo da capacidade brasileira de
reverter a situação de poluição ambiental.

Adaptado de:
ECP - CONSULTORIA AMBIENTAL. Case sobre a Viabilização do Polo Industrial de Cubatão.
Disponível em: <http://www.consultoriaambiental.com.br/>. Acesso em: 15 mai. 2017.

SIQUEIRA, F. SP vê poluição controlada em Cubatão. Folha de São Paulo. Disponível em:


<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2510200328.htm>. Acesso em: 18 mai. 2017.

PHILIPPI JR, A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2014.

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