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QUÍMICA GERAL E

INORGÂNICA

Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Marcia Fernanda Pappa
Design Educacional
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Camila Zaguini
Distância; BIGATÃO, Denise Maria Malachini Miotto.
Iconografia
Química Geral e Inorgânica. Denise Maria Malachini Miotto Isabela Soares Silva
Bigatão.
Reimpressão - 2018.
Projeto Gráfico
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Jaime de Marchi Junior
241 p. José Jhonny Coelho
“Graduação - EaD”.
Arte Capa

1. Quimica. 2. Geral . 3. Inorgânica 4. EaD. I. Título. Arthur Cantareli Silva
Editoração
ISBN 978-85-459-0333-8 Matheus Felipe Davi
CDD - 22 ed. 540
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Qualidade Textual
Hellyery Agda
Pedro Barth
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Danielle Loddi
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Ilustração
Impresso por: Luis Ricardo Prado
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores
e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORA

Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão


Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual
de Maringá (1999), mestrado (2002), doutorado (2005) e pós-doutorado
(2010) em Engenharia Química na área de Desenvolvimento de Processos
pela Universidade Estadual de Maringá, atuando principalmente em temas
relacionados ao reaproveitamento de resíduos e desenvolvimentos de novas
tecnologias. Atualmente é professora de Fundamentos da Química Ambiental
no Curso Superior de Gestão Ambiental e Química Geral e Inorgânica no
Curso de Engenharia de Produção na Unicesumar.
APRESENTAÇÃO

QUÍMICA GERAL E INORGÂNICA

SEJA BEM-VINDO(A)!
Este livro foi elaborado com o objetivo de fornecer os conceitos básicos da Química Ge-
ral, em suas diversas áreas, necessários não somente no estudo de outras disciplinas do
curso de Engenharia de Produção, como também na sua atividade profissional.
A disciplina de Química Geral e Inorgânica vislumbra proporcionar um aprendizado glo-
bal da química, por meio de linguagem acessível, e com exemplos práticos do nosso co-
tidiano, a fim de mostrar ao aluno(a) a presença constante dessa ciência nos fenômenos
da natureza, sejam eles espontâneos ou provocados pela ação do homem, bem como
nas atividades de pesquisa de laboratórios e na produção industrial.
Abordamos de forma gradativa as principais áreas da química. Iniciamos pela quími-
ca inorgânica, seguindo com a química orgânica, a físico-química, a termoquímica e,
finalmente, a eletroquímica. Alguns temas, de maior interesse, são apresentados mais
detalhadamente e com vários exemplos, enquanto outros, menos aplicados, são des-
critos de forma resumida, sempre buscando enfatizar a importância de cada conteúdo
à disciplina.
Os conteúdos abordados nas unidades foram selecionados de modo que os conheci-
mentos adquiridos na unidade anterior são direta ou indiretamente necessários aos
conceitos apresentados na unidade seguinte. Ao final de cada unidade, as atividades
de estudo visam memorizar os principais temas abordados. As leituras complementa-
res foram selecionadas com o objetivo de levar os aluno(a) a reflexões sobre aplicações
práticas da química nas diversas áreas de atividade profissional e assim despertar o inte-
resse por seu conhecimento. O material complementar fornece fontes alternativas que
abordam de formas diferentes as discussões envolvidas em cada unidade, com o objeti-
vo de estimular a interpretação e a curiosidade do aluno(a) ao conhecimento científico.
Convido você da disciplina Química Geral e Inorgânica a mergulharem no universo des-
sa ciência que se baseia na observação e simulação da natureza, e consequente quantifi-
cação e interpretação dos resultados observados. Assim, será possível entender a quími-
ca como uma grande aliada dos profissionais de Engenharia de Produção na resolução
de problemas do nosso cotidiano!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS

15 Introdução

16 O Átomo e Suas Características

31 Propriedades Periódicas

40 Ligações Químicas

52 Considerações Finais

58 Gabarito

UNIDADE II

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS

61 Introdução

62 Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.

80 Funções Orgânicas

104 Considerações Finais

110 Gabarito


10
SUMÁRIO

UNIDADE III

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO

113 Introdução

114 Reações Químicas

130 O Estado Gasoso

141 Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas

150 Considerações Finais

156 Gabarito

UNIDADE IV

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES

161 Introdução

162 Equilíbrio Químico

175 Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas

184 Termodinâmica das Reações

193 Considerações Finais

198 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE

203 Introdução

204 Reações de Oxirredução

219 Soluções

231 Considerações Finais

236 Gabarito

239 CONCLUSÃO
241 REFERÊNCIAS
Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

I
ELEMENTOS QUÍMICOS,

UNIDADE
PROPRIEDADES E LIGAÇÕES
QUÍMICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as teorias que originaram e descrevem o modelo atômico
atual.
■■ Aprender as principais propriedades dos elementos químicos.
■■ Entender o agrupamento e a classificação dos elementos químicos na
Tabela Periódica.
■■ Aplicar os conceitos assimilados para compreender as possíveis
ligações químicas entre os elementos químicos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O Átomo e suas Características
■■ Propriedades Periódicas
■■ Ligações Químicas
15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), a química é definida como a ciência que estuda a composi-


ção e estrutura da matéria e as transformações que ela sofre. E o que é matéria?
É tudo o que tem massa e ocupa lugar no espaço, ou seja, tem volume. Desta
forma, como tudo no universo é composto por matéria, a química é frequente-
mente chamada de ciência central.
Aprender química é envolver-se em um prazeroso estudo das substâncias
ao nosso redor, de onde vêm, quais suas propriedades, que utilidades possuem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e quais as vantagens ou os problemas que eventualmente podem trazer à huma-


nidade. A principal meta desse livro é ajudá-lo(a) a compreender melhor alguns
conceitos fundamentais da química e sua relação com o cotidiano.
A química possui caráter interdisciplinar e aplicado, pois, na resolução de
muitos problemas práticos, é necessário que seja utilizada juntamente com outras
ciências. Ao se aliar à Engenharia, por exemplo, a química tem propiciado a ela-
boração de novos materiais, como as cerâmicas que suportam altas temperaturas,
os plásticos altamente resistentes e os materiais supercondutores, entre outros.
Estamos iniciando nosso estudo de química, e abordaremos a trajetória de
conceitos e modelos teóricos que os cientistas realizaram até chegar aos con-
ceitos atuais sobre os elementos químicos. Como são constituídos e, em função
disso, como formam as moléculas que constituem os compostos químicos que
utilizamos no nosso dia a dia. Cozinhar, lavar roupa, tomar remédio, pintar a
casa, dirigir nosso carro, são todas atividades diárias que não seriam possíveis
sem o estudo da química.
Abordaremos as principais propriedades dos elementos químicos e, em fun-
ção de suas características comuns, como foram agrupados e classificados na
Tabela Periódica. Avaliaremos também a periodicidade das suas propriedades
mais importantes. E, finalmente, vamos entender como são realizadas as ligações
químicas entre os elementos químicos e quais os tipos de ligações mais comuns,
com suas características próprias.
Boa leitura!!!

Introdução
16 UNIDADE I

O ÁTOMO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Desde a primeira suposição da existência dos átomos, na Grécia Antiga, os filó-


sofos gregos não poderiam imaginar algo tão sutil como a estrutura dos átomos.
E por que precisamos estudar a estrutura atômica? Segundo Russel (1982), só é
possível compreender o comportamento físico e químico da matéria compreen-
dendo a maneira pela qual os átomos se ligam e reagem entre si.
Até o final do século XIX, a Teoria de Dalton, baseada em átomos indivisí-
veis, explicou satisfatoriamente muitos aspectos do comportamento químico. O

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
químico John Dalton (1766-1844) propôs que o átomo era parecido com uma
bola de bilhar, isto é, esférico, maciço e indivisível, e não poderia ser criado nem
destruído. E concluiu que uma alteração química consistia em uma combinação,
separação ou rearranjo de átomos. Entretanto, resultados de alguns experimen-
tos com eletrólise e tubos de descarga de gás levaram a vários questionamentos
sobre a teoria de Dalton.
O físico Joseph John Thomson (1856-1940) utilizou a ampola de Crookes,
que consistia em um tubo de descarga de gás à baixa pressão no qual gases eram
submetidos a voltagens elevadíssimas, produzindo raios catódicos. Submetendo
esse sistema à ação de um campo elétrico externo, o cientista observou que os
raios se desviavam em direção à placa positiva, o ânodo do tubo, o que signifi-
cava que as partículas do raio catódico possuíam carga elétrica negativa, e foram
denominadas elétrons.
A Teoria de Thomson finalmente propôs a estrutura atômica, na qual o átomo
era considerado uma esfera de carga elétrica positiva, não maciça, incrustada de
elétrons, de modo que sua carga total fosse nula. Esse modelo foi comparado a
um “pudim de passas”.
No início do século XX, o físico Ernest Rutherford (1871-1937) sugeriu que
o átomo era composto de um núcleo muito pequeno, carregado positivamente,
no centro, e circundado por uma região comparativamente grande, contendo os
elétrons, denominada eletrosfera. O átomo seria semelhante ao “sistema solar”,
em que o núcleo representaria o Sol e os elétrons girando ao redor do núcleo
seriam os planetas.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


17

Figura 01 - Modelo atômico de Rutherford


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007)

De acordo com De Boni e Goldani (2007), o modelo atual do átomo deriva da


proposição de Rutherford, composto por duas regiões: (1) o pequeno núcleo,
que compreende toda a carga positiva e praticamente toda a massa do átomo, e
(2) a eletrosfera, região extranuclear composta de elétrons.

“O Universo é tão grande quanto for seu conhecimento acerca dele”.


(Rogério Siqueira Chiacchio, Químico brasileiro)

NÚMERO ATÔMICO E NÚMERO DE MASSA

A carga positiva do núcleo é chamada número atômico, o Z. Esse número está


relacionado com a natureza do elemento. Por exemplo, cada átomo de enxofre
(S) tem um número atômico igual a 16, enquanto cada átomo de ferro (Fe) tem
número atômico 26. Assim, para identificar o átomo de um elemento, ou o pró-
prio elemento, basta identificar seu número atômico.

O Átomo e Suas Características


18 UNIDADE I

O núcleo é composto por dois tipos de partículas: o próton, que tem carga
positiva, e o nêutron, assim chamado porque é neutro, ou seja, não tem carga.
Como o átomo não tem carga elétrica, o número de prótons no núcleo é igual ao
número de elétrons na eletrosfera. Além disso, o número de prótons no núcleo
é igual ao número atômico.
Os prótons e nêutrons no núcleo de um átomo são quase totalmente respon-
sáveis pela massa do átomo, porque os elétrons são muito leves. Por esse motivo,
o número de massa, A, consiste na soma de prótons e nêutrons presentes no
núcleo. Se um determinado átomo possui 47 prótons e 60 nêutrons, por exem-

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plo, seu número de massa A será 47+60, igual a 107. Por outro lado, o núcleo é
muito compacto e o volume do átomo consiste praticamente do volume da ele-
trosfera. Simbolicamente, o átomo X, com número atômico Z e número de massa
A, pode ser representado da seguinte forma:
Figura 02 - Representação simbólica do átomo X.

A Número de massa
A
Z X ou
Z
X Número atômico

Fonte: adaptado de Feltre (2004 a, p.82).

ISÓTOPOS, ISÓBAROS E ISÓTONOS

Todos os átomos de um determinado elemento têm o mesmo número atômico e,


portanto, a mesma carga nuclear, e o mesmo número de elétrons na eletrosfera.
Entretanto, alguns átomos podem conter o mesmo número atômico, mas dife-
rentes números de massa. São chamados isótopos, e diferem entre si no número
de nêutrons (A-Z) no núcleo. Por exemplo, existem três isótopos do hidrogênio
que ocorrem naturalmente (Figura 03): o hidrogênio ou prótio (1H), que não
possui nenhum nêutron, o deutério (2H ou D), com 1 nêutron e o trítio (3H ou
T), com 2 nêutrons. Nos três casos, o núcleo possui apenas 1 próton e na ele-
trosfera há somente 1 elétron.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


19

A Figura 03 mostra ainda os quatro isótopos do hélio, nos quais o número


de nêutrons vai de 1 (3He) para 4 (6He).
Figura 03: Isótopos do Hidrogênio e do Hélio

1 2 3
1H 1 H = Deuterium 1 H = Tritium
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3 4 5 6
2 He 2 He 2 He 2 He

Fonte: adaptado de Russel (1982).

Segundo Russel (1982), muitos átomos possuem isótopos estáveis, de modo


que a maioria dos elementos consiste em uma mistura de isótopos. O boro, por
exemplo, ocorre na natureza como uma mistura de 10B (19,78%) e 11B (80,22%).
Essas porcentagens são em número. Isto é, de cada 10.000 átomos de boro, 1978
são 10B e 8022 são 11B.
É importante notar que os isótopos têm propriedades químicas iguais (que
dependem da estrutura da eletrosfera) e propriedades físicas diferentes (que
dependem da massa do átomo). Assim, embora o hidrogênio (1H) e o deutério
(2H ou D) sejam ambos gasosos, a densidade (propriedade física) do deutério é
o dobro da densidade do hidrogênio. Ambos reagem com o oxigênio, formando
água (propriedade química igual). No entanto, o hidrogênio forma a água comum
(H2O), de densidade igual a 1,0g/mL, enquanto o deutério forma a chamada água
pesada (D2O), pois tem densidade igual a 1,1g/mL.

O Átomo e Suas Características


20 UNIDADE I

Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos


químicos diferentes, mas que possuem o mesmo número de massa (A). Nesse
caso, o maior número de prótons é compensado por um menor número de nêu-
trons e vice-versa. Exemplo: Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e Potássio (K, A=40 e
Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas diferentes.
Isótonos são átomos de diferentes elementos químicos, com diferentes núme-
ros de prótons, diferentes números de massa, porém com mesmo número de
nêutrons (N). Os isótonos possuem propriedades químicas e físicas diferentes,
como por exemplo Cloro e Cálcio.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ex: (Cl, Z=17, A=37 e N=A–Z=20); (Ca, Z=20, A=40 e N=A–Z=20).

PESO ATÔMICO

A massa de um átomo é denominada peso atômico e é expressa em uma uni-


dade extremamente pequena chamada unidade de massa atômica (uma). Uma
unidade de massa atômica (1 uma) é definida como sendo exatamente um doze-
-avos (1/12) da massa de um átomo de carbono (12C). Isso equivale dizer que a
massa de um átomo de 12C é 12 uma. Desta forma, a escala de pesos atômicos é
uma escala relativa.

O MODELO DA MECÂNICA QUÂNTICA

Segundo o físico Niels Bohr (1885-1962), a mecânica clássica era inadequada para
prever o comportamento de pequenas partículas, tais como moléculas, átomos,
elétrons e núcleos. A mecânica quântica, por outro lado, teve grande sucesso.
Os efeitos quânticos observados na eletrosfera dos átomos consistem principal-
mente na quantização da energia dos elétrons.
O estudo dos espectros eletromagnéticos dos elementos realizados por Bohr
permitiu adicionar algumas observações ao modelo de Rutherford. Por isso, o
seu modelo passou a ser conhecido como modelo atômico de Rutherford-Bohr.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


21

O pesquisador iniciou seus experimentos considerando a existência de princí-


pios físicos que descrevessem os elétrons existentes no átomo estável, e concluiu
que os átomos possuem um conjunto de energia disponível para seus elétrons.
Ou seja, a energia de um elétron em um átomo é quantizada. Esse conjunto de
energias quantizadas foi posteriormente denominado “níveis de energia”.
Com essas conclusões, Bohr aperfeiçoou o modelo atômico de Rutherford
e chegou ao modelo do átomo como sistema planetário, no qual os elétrons se
organizam na eletrosfera na forma de camadas ou níveis de energia.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 04: Modelo atômico de Rutherford-Bohr

- Núcleo
Formado
por prótons
e nêutrons

-
- Eletrosfera
Formada por
elétrons
distribuídos em
várias camadas
Fonte: adaptado de Feltre (2004a, p.96).

NÍVEIS E SUBNÍVEIS DE ENERGIA

Uma camada consiste em um conjunto de um ou mais níveis energéticos quantizados.


As camadas são designadas de duas maneiras: (1) usando as letras K, L, M, N, O, P e
Q, e (2) especificando o número quântico principal n, como sendo 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.

O Átomo e Suas Características


22 UNIDADE I

Quanto mais próxima do núcleo está uma camada, seus elétrons permanecem
mais atraídos pelo núcleo e adquirem menor energia. Por outro lado, os elétrons das
camadas mais afastadas são menos atraídos pelo núcleo, adquirindo maior energia
potencial. Isso se explica porque os elétrons das camadas mais internas estão mais
presos ao núcleo, enquanto os elétrons das camadas mais externas encontram-se
mais livres. Assim, os elétrons da camada K (n = 1) possuem a menor energia per-
mitida, enquanto a camada Q (n = 7) possui os elétrons de maior energia.
A população eletrônica máxima de uma camada pode ser demonstrada na
Figura 05. Assim, a camada K (n = 1) pode conter até 2 elétrons, a camada L (n

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
= 2) até 8 elétrons e assim por diante.
Figura 05: Camadas de energia ao redor do núcleo

2 8 18 32 32 18 2

L
M M O P Q
Fonte: adaptado de Feltre (2004a, p.92).

Quando um elétron salta de um nível de menor energia para um nível mais ele-
vado, ele absorve energia e quando ele retorna para um nível menor, o elétron
emite uma radiação em forma de luz.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


23

Figura 06: Níveis e subníveis de energia


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004a, p.96).

Cada camada, ou nível de energia, contém um ou mais subníveis. Os subníveis


são representados pelo número quântico secundário ou azimutal l, que admite
os valores 0, 1, 2 e 3, e são identificados pelas letras s, p, d e f, respectivamente.
A população eletrônica máxima de cada subnível não é constante. No subnível
s pode haver até 2 elétrons, enquanto no subnível p até 6 elétrons; no subnível d
até 10 elétrons; e no subnível f até 14 elétrons.

O Átomo e Suas Características


24 UNIDADE I

ORBITAIS ELETRÔNICOS

Segundo o físico Werner Heisenberg (1901-1976), é praticamente impossí-


vel se prever a posição correta de um elétron na sua eletrosfera. Desta forma, o
físico Erwin Schrödinger (1887-1961) determinou a região do espaço que está ao
redor do núcleo, em que há máxima probabilidade de se encontrar um elétron.
Para essa região deu o nome de orbital. Os orbitais correspondem a regiões do
átomo com maior probabilidade de se encontrar determinado elétron, ou seja,
com maior manifestação eletrônica. Cada orbital acomoda no máximo dois elé-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
trons e, quando os elétrons ocupam um mesmo orbital, são ditos emparelhados
e devem possuir sentidos de rotação (spins) contrários.
O número quântico magnético (ml) indica a orientação de um orbital no espaço.
O termo magnético é atribuído pelo fato dos diferentes orbitais de um subnível
possuírem diferentes energias quantizadas na presença de um campo magnético.
O número quântico magnético (ml) pode ter valores inteiros desde um
mínimo de –l até um máximo de +l. O quadro 01 mostra as possibilidades de
orbitais para os diferentes subníveis s, p, d e f.
Quadro 01 - Números quânticos magnéticos e orbitais correspondentes

NÚMERO QUÂNTICO
SUBNÍVEL DE ENERGIA ORBITAIS POSSÍVEIS
MAGNÉTICO (ML)
s (l = 0) 0 1
p (l = 1) -1, 0, +1 3
d (l = 2) -2, -1, 0, +1, +2 5
f (l = 3) -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3 7
Fonte: elaborado pelo autor

SPIN ELETRÔNICO

Um orbital comporta no máximo dois elétrons. Eles não se repelem porque giram
em sentidos opostos, criando campos magnéticos que se atraem. Desta forma, a
força magnética de atração entre os elétrons é contrabalançada pela força elétrica

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


25

de repulsão entre eles. Portanto, os elétrons permanecem emparelhados e pos-


suem spins que se opõem, chamados spins opostos ou antiparalelos.
Os spins eletrônicos são descritos pelo número quântico de spin, ms, e admi-
tem os valores +½ ou -½.

CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA DOS ELEMENTOS

A maneira específica pela qual os orbitais de um átomo são ocupados pelos elé-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

trons é denominada “configuração eletrônica” do átomo. A distribuição eletrônica


dos orbitais é feita preenchendo-se totalmente um subnível antes de passar para
o próximo. No entanto, a ocupação dos subníveis não obedece aos limites dos
níveis. Os elétrons não vão se acomodando nos subníveis de uma mesma camada
até preenchê-la. Eles seguem uma ordem diferente, a ordem crescente de energia.
O químico Linus Pauling (1901 – 1994) elaborou um diagrama que permite
fazer a distribuição eletrônica segundo essa ordem crescente. O dispositivo ficou
conhecido como Diagrama de Linus Pauling (RUSSEL, 1982). A Figura 07 ilus-
tra o diagrama citado.
Figura 07: Diagrama de Linus Pauling

n=7 7s 7p

n=6 6s 6p 6d

n=5 5s 5p 5d 5f

n=4 4s 4p 4d 4f

n=3 3s 3p 3d

n=2 2s 2p

n=1 1s

s p d f

Fonte: adaptado de Russel (1982).

O Átomo e Suas Características


26 UNIDADE I

O diagrama apresenta os níveis de energia em ordem crescente, representados


pelos números de 1 a 7. Os subníveis que cada nível possui são representados
pelas letras s, p, d e f. As setas mostram o sentido no qual o diagrama deve ser
lido. Cada seta deve ser percorrida até o fim, para só então iniciar a próxima seta.
A leitura do diagrama fornece a seguinte ordem crescente de energia: 1s2 –
2s2 – 2p6 – 3s2 – 3p6 – 4s2 – 3d10 – 4p6 – 5s2 – 4d10 – 5p6 – 6s2 – 4f14 – 5d10 – 6p6
– 7s2 – 5f14 – 6d10 – 7p6.
Para determinar a configuração eletrônica de um átomo, é necessário obe-
decer a essa ordem e observar o número máximo de elétrons que cada subnível

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comporta. Por exemplo, o átomo de ferro, Fe (Z = 26), que contém 26 elétrons,
possui a seguinte configuração eletrônica: 1s2 – 2s2 – 2p6 – 3s2 – 3p6 – 4s2 – 3d6.
Notamos que o subnível 3d, o último a ser preenchido, tem capacidade para até
10 elétrons, mas possui apenas 6. Essa distribuição eletrônica segue a chamada
“ordem energética”, pois é desenvolvida em ordem crescente de energia.
Existe outra forma de representar a distribuição eletrônica por subníveis de
energia. É a chamada “ordem geométrica”. Nela, após fazer a distribuição con-
forme a ordem energética, os subníveis são agrupados em cada nível. No caso do
átomo de ferro, temos a seguinte ordem geométrica: 1s2 – 2s2 2p6 – 3s2 3p6 3d6 – 4s2.
A ordem energética permite identificar o subnível mais energético, que é o
último da sequência. No caso do ferro, é o subnível 3d6. Já a ordem geométrica
mostra o subnível mais externo, que no caso do ferro é o 4s2. Em alguns casos,
o subnível mais energético coincide com o subnível mais externo, mas trata-se
apenas de uma coincidência.
A camada de valência constitui o nível de maior número quântico princi-
pal, n. Normalmente, os elétrons pertencentes à camada de valência são os que
participam das ligações químicas, pois são os mais externos. No caso do ferro,
a camada de valência é o nível 4, referente à camada N.
As Tabelas 01 e 02 apresentam as configurações eletrônicas dos elementos
da Tabela Periódica. A distribuição eletrônica segue a ordem crescente de ener-
gia, mostrada no Diagrama de Linus Pauling.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


27

Tabela 01: Configurações Eletrônicas dos Elementos


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Russel (1982, p. 152).

O Átomo e Suas Características


28 UNIDADE I

Tabela 02 - Configurações Eletrônicas dos Elementos (continuação)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Russel (1982, p. 153).

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


29

OS ORBITAIS ATÔMICOS

Segundo Feltre (2004a), orbital representa uma região ao redor do núcleo atômico,
na qual a probabilidade de se encontrar um elétron é máxima. O comportamento
dos elementos químicos deve-se, em grande parte, aos seus elétrons de valência,
e aos tipos e respectivas formas de seus orbitais.

Orbitais tipo s
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em um átomo de hidrogênio, temos apenas um elétron situado no subnível 1s.


Logo, esse elétron ocupa um orbital tipo s. Isso significa que, se fosse possível
fotografar esse elétron em intervalos de centésimos de segundo, obteria uma
sequência de imagens mostrando várias posições desse elétron. A sobreposição
dessas imagens revelaria quais posições desse elétron ao redor do núcleo, ou seja,
qual a forma do orbital s.
A Figura 08 mostra a representação geométrica do orbital s. Vemos um orbital esfé-
rico e não direcional, que independe do nível (n = 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 7) ao qual pertence.
Figura 08 - Orbital s

©shutterstock

Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

Orbitais tipo p

O subnível p possui três orbitais. No átomo isolado, esses três orbitais têm a
mesma energia e a mesma forma de haltere, com dois lobos separados por um
nó. Eles diferem entre si pela sua orientação no espaço. Usando um sistema de
coordenadas tridimensionais cartesianas podemos representar os três como: px
, py e pz. A Figura 09 mostra os três orbitais mencionados.

O Átomo e Suas Características


30 UNIDADE I

Figura 09 - Orbitais p

©shutterstock
©shutterstock
©shutterstock

Orbital px Orbital py Orbital pz

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Cada orbital possui uma região chamada plano nodal, que consiste em um plano
que divide o orbital ao meio, no qual a probabilidade do elétron ser encontrado
é nula. O núcleo do átomo está nesse plano.

Orbitais tipo d

O subnível d possui cinco orbitais, representados por dxy , dxz , dyz , dx2- y2 e dz2
(Figura 10). No átomo isolado, todos eles têm energias equivalentes. A repre-
sentação gráfica desses orbitais sugere uma região espacial mais complexa do
que as regiões dos orbitais s e p.
Figura 10 - Orbitais d
©shutterstock

Orbitais tipo f

Os orbitais do tipo f possuem formas variadas e seu estudo torna-se importante


apenas para os elementos de transição interna da tabela periódica, chamados
lantanídeos e actinídeos.
Verificamos que os elementos químicos apresentam características específicas em
função de sua estrutura nuclear. Ou seja, de acordo com o número de prótons e nêu-
trons em seu núcleo e, consequentemente, o número de elétrons em sua eletrosfera.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


31

PROPRIEDADES PERIÓDICAS

TABELA PERIÓDICA

O conceito de periodicidade química deve seu desenvolvimento a dois químicos:


Lothar Meyer (1830 – 1895) e Dmitri Mendeleev (1834 – 1907). Trabalhando
independentemente, eles descobriram a lei periódica e publicaram tabelas perió-
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dicas dos elementos em ordem crescente do peso atômico. Atualmente, sabemos


que a periodicidade nas propriedades é melhor indicada se os elementos são
colocados em ordem crescente do número atômico. Essa diferença, entretanto,
afeta poucos elementos, uma vez que aumento do número atômico geralmente
significa aumento do peso atômico.
A repetição expressa na lei periódica é a base da Tabela Periódica moderna
(Figura 11). As linhas horizontais são chamadas “períodos”, e são numerados de
1 a 7, usando algarismos arábicos. As colunas verticais são chamadas “grupos”, e
cada um representa uma “família de elementos”. Os grupos “principais” contêm
cinco ou seis elementos, e são numerados de 1 a 7, usando números romanos e
a letra A. Os grupos pequenos são chamados “subgrupos” ou “grupo B”.
Os grupos ou famílias principais consistem em: Grupo IA (Metais alca-
linos), Grupo IIA (Metais alcalinos terrosos), Grupo IIIA (Família do Boro),
Grupo IVA (Família do Carbono), Grupo VA (Família do Nitrogênio), Grupo
VIA (Calcogênios), Grupo VIIA (Halogênios) e Gases Nobres.
Os elementos pertencentes aos subgrupos são denominados elementos de
transição, e são todos metais. Os elementos pertencentes ao grupo IIIB nos
períodos 6 e 7 representam os elementos de transição interna, e são chamados
lantanídeos e actinídeos, respectivamente. Todos os outros metais de transição
são chamados elementos de transição externa ou simples.

Propriedades Periódicas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
http://www.ptable.com/Images/tabela%20peri%C3%B3dica.png

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


I
UNIDADE

Figura 11 - Tabela Periódica


32
33

“Os símbolos dos elementos químicos são tão úteis ao estudo da química
como as notas musicais ao estudo da música”.
Fonte: o autor

Segundo De Boni e Goldani (2007), atualmente os elementos químicos dividem-se


em metais, não metais, gases nobres e hidrogênio. Os metais apresentam con-
dutividade elétrica e térmica, em geral são densos, refletem a luz, manifestando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

brilho típico, possuem elevados pontos de fusão e ebulição, são dúcteis (facil-
mente produzidos como fios) e maleáveis (facilmente produzidos como lâminas).
Exceto no caso do mercúrio, todos os metais são sólidos à temperatura ambiente.
Os não metais apresentam propriedades opostas às dos metais. São os ele-
mentos mais abundantes na natureza e, ao contrário dos metais, não são bons
condutores de calor e eletricidade, não são dúcteis nem maleáveis, e em geral
são opacos, ou seja, sem brilho.
Os gases nobres são todos gases à temperatura ambiente, e quimicamente
pouco reativos. O hidrogênio é considerado um grupo à parte, pois suas proprie-
dades são diferentes de todos os outros elementos: é inodoro, incolor e pode se
combinar com metais e não metais. Em temperatura, ambiente consiste em um
gás extremamente inflamável.

Na Tabela Periódica moderna existem elementos químicos naturais e tam-


bém elementos químicos artificiais. Os Elementos naturais são aqueles ex-
traídos da natureza, enquanto os elementos artificiais são produzidos em
laboratórios especializados. Dos elementos artificiais, podemos destacar
dois situados antes do urânio (92U), denominados elementos cisurânicos,
representados pelo tecnécio (43Tc) e o promécio (61Pm). Os demais ele-
mentos artificiais, por estarem localizados depois do urânio, são chamados
elementos transurânicos.
Fonte: Feltre (2004a, p.116).

Propriedades Periódicas
34 UNIDADE I

PERIODICIDADE NAS CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS

Quando se compara as configurações eletrônicas dos elementos (Tabelas 01 e


02) com a Tabela Periódica (Figura 11), verificamos que cada período começa
pela adição de um elétron a um novo nível de energia, previamente não ocupado
(Figura 12). Assim, o hidrogênio e os elementos do grupo IA têm configuração
ns1, onde n é o número quântico principal da camada mais externa, também
conhecida como camada de valência.
Os elementos do grupo principal (grupo A) têm a camada de valência pre-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
enchida com um a oito elétrons. Os grupos IA e IIA possuem configuração ns1 e
ns2, respectivamente; e os grupos IIIA até os gases nobres possuem distribuição
eletrônica ns2np1 até ns2np6, respectivamente. Esses elementos são denominados
“elementos representativos”. A configuração dos gases nobres é bastante estável,
o que resulta em baixa reatividade desses elementos.
Os elementos do grupo B são também conhecidos como “elementos de
transição”. Cada série horizontal de elementos de transição corresponde ao preen-
chimento do subnível d da camada (n - 1) desses átomos. Uma vez que qualquer
subnível d pode acomodar um total de 10 elétrons, o preenchimento dá origem a
10 elementos de transição nos períodos 4 e 5. Na série dos lantanídeos e actiní-
deos, a subcamada a ser preenchida é a f do nível (n – 2). O subnível f tem uma
população máxima de 14 elétrons e assim existem 14 lantanídeos e 14 actinídeos.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


35

Figura 12 - Último subnível ocupado em cada elemento da Tabela Periódica


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004a, p.120).

RELAÇÕES NAS PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS QUÍMICOS

Algumas propriedades dos elementos químicos mostram variações periódicas em fun-


ção do seu número atômico, ou seja, de acordo com sua posição na Tabela Periódica.
Dentre as principais propriedades, podemos destacar o raio atômico, a eletrone-
gatividade, a eletropositividade, a afinidade eletrônica e o potencial de ionização.

Raio Atômico

De acordo com Feltre (2004a), raio atômico consiste, basicamente, na distância


do núcleo de um átomo à sua eletrosfera na camada mais externa, a camada de
valência. Porém, como o átomo não é rígido, calculamos o raio atômico médio
definido pela média da distância entre os centros dos núcleos de dois átomos
vizinhos de um mesmo elemento numa ligação química em estado sólido.

Propriedades Periódicas
36 UNIDADE I

O raio atômico diferencia-se de um elemento para outro em função de sua


família e período na Tabela Periódica. Dentro de uma mesma família, o raio
atômico aumenta quando o número atômico dos elementos aumenta, ou seja,
de cima para baixo. Isso significa que o raio atômico cresce quanto maior for o
número de camadas eletrônicas dos átomos.
Por outro lado, em um mesmo período, o raio atômico aumenta da direita
para esquerda, no sentido de decréscimo do número atômico. Isso ocorre em
razão de todos possuírem o mesmo número de camadas eletrônicas. O que os
diferencia é a quantidade de elétrons nessas camadas, e quanto maior o número

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de elétrons na camada de valência, maior sua atração pelo núcleo, diminuindo
assim o raio do átomo.
O elemento de maior raio atômico conhecido é o Césio (55Cs), entretanto,
é provável que o Frâncio (87Fr) tenha um raio maior, porém isso ainda não foi
confirmado, em razão da raridade deste elemento na natureza. A Figura 13
apresenta o sentido de crescimento do raio atômico nas famílias e períodos da
Tabela Periódica.
Figura 13 - Sentido de crescimento do Raio atômico na Tabela Periódica

Raio Atômico

Fonte: Feltre (2004a, p.106).

Eletronegatividade

Eletronegatividade consiste na tendência que um átomo tem de atrair elétrons


para perto de si em uma ligação química, de modo que não pode ser calculada
a eletronegatividade de um átomo isolado.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


37

A escala de Pauling, largamente utilizada, define que a eletronegatividade


cresce nas famílias da Tabela Periódica de baixo para cima, no sentido da dimi-
nuição do raio atômico, resultante do aumento das interações do núcleo com
a eletrosfera. Nos períodos da Tabela Periódica, o aumento ocorre da esquerda
para direita, acompanhando o aumento do número atômico, e consequente redu-
ção do raio atômico.
O elemento mais eletronegativo da Tabela Periódica é o Flúor (9F). A Figura
14 apresenta o sentido de crescimento da eletronegatividade dos elementos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 14 - Sentido de crescimento da Eletronegatividade na Tabela Periódica

Eletronegatividade

Fonte: Feltre (2004a p.165).

Eletropositividade

Ao contrário da eletronegatividade, a eletropositividade consiste na tendência


que um átomo tem em perder elétrons em uma ligação química. Desta forma, a
eletropositividade aumenta no sentido oposto da eletronegatividade, crescente
de cima para baixo nas famílias, e da direita para a esquerda nos períodos da
Tabela Periódica.
Assim, a eletropositividade segue o mesmo sentido de crescimento do raio
atômico, pois quanto maior o raio de um átomo, mais facilmente pode perder
seus elétrons da camada de valência. O Frâncio (87Fr) é o elemento mais eletro-
positivo da Tabela Periódica, como mostrado na Figura 15.

Propriedades Periódicas
38 UNIDADE I

Figura 15- Sentido de crescimento da Eletropositividade na Tabela Periódica

Eletropositividade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004a, p.126).

Afinidade Eletrônica

Muitos átomos podem receber elétrons, tornando-se íons negativos, denominados


ânions. Quando um átomo isolado no estado gasoso recebe um elétron, há uma
liberação de energia, que é medida pela afinidade eletrônica ou eletroafinidade
do átomo, e sua intensidade mede quão fortemente o elétron se liga ao átomo.
A Equação X(g) + e- → X-(g) + energia mostra que o átomo X(g), ao receber um
elétron (e-), se transforma no ânion X-(g) e libera energia. Quanto maior a energia
liberada nessa reação, maior a afinidade eletrônica do átomo pelo elétron adicionado.
No entanto, a afinidade eletrônica é difícil de ser medida e, em razão disso,
foi determinada somente para alguns elementos. Entretanto, com os valores obti-
dos foi possível generalizar o comportamento dessa propriedade ao longo das
famílias e períodos da Tabela Periódica.
Em uma mesma família, quanto maior o período, menor será a eletroafinidade,
ou seja, ela cresce de baixo para cima. Por outro lado, em um mesmo período, quanto
maior a família, maior será a afinidade eletrônica, isto é, ela cresce da esquerda
para direita, tal qual observado com a eletronegatividade, na Figura 14. Assim, os
elementos que apresentam maior afinidade eletrônica são os halogênios (grupo
VIIA) e o oxigênio. O Cloro (17Cl) possui a maior afinidade eletrônica medida.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


39

Potencial ou Energia de Ionização

Se, por um lado, a afinidade eletrônica mede a energia liberada pelo átomo ao
receber um elétron, por outro lado o potencial de ionização ou energia de ioni-
zação determina a energia absorvida quando um elétron é removido de um
átomo isolado, no estado gasoso, dando origem a um íon positivo, um cátion.
A Equação M(g) + energia1 → M+(g) + e- mostra que, ao absorver energia, o
elétron pode ser transferido de um elemento para outro, e como mais de um elé-
tron pode ser removido do átomo, essa primeira energia é denominada primeira
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energia de ionização (energia1). A segunda energia de ionização (energia2), por


sua vez, é aquela necessária para remover o segundo elétron, da seguinte forma:
M+(g) + energia2 → M2+(g) + e-. Para a primeira retirada de elétron, a quantidade
de energia requerida (energia1) é menor que a segunda retirada (energia2), que
por sua vez é menor que a terceira retirada, e assim sucessivamente.
O potencial de ionização, em geral, apresenta o mesmo comportamento de
crescimento da afinidade eletrônica e eletronegatividade (Figura 14). Ao longo
do período, o aumento da carga nuclear e a redução do raio atômico fazem com
que os elétrons mais externos se tornem cada vez mais fortemente atraídos pelo
núcleo, o que resulta em energias de ionização cada vez maiores. Nas famílias,
por sua vez, o potencial de ionização decresce à medida que o raio atômico
aumenta, pois os elétrons da camada de valência, mais distantes do núcleo, apre-
sentam menor atração e são mais facilmente removidos. Os elementos Flúor (9F)
e Cloro (17Cl) apresentam as maiores energias de ionização da Tabela Periódica.
Verificamos, finalmente, que as principais propriedades dos elementos quí-
micos se inter-relacionam de forma direta, obedecendo à periodicidade da
Tabela que, por sua vez, depende principalmente da estrutura atômica dos ele-
mentos químicos.

Propriedades Periódicas
40 UNIDADE I

LIGAÇÕES QUÍMICAS

Segundo De Boni e Goldani (2007), na natureza, todos os sistemas buscam


alcançar a maior estabilidade possível. Por esse motivo, os átomos da maioria
dos elementos químicos não apresentam existência isolada, e se ligam a outros
átomos para aumentar sua estabilidade. No caso do oxigênio, por exemplo, seus
átomos isolados se combinam com outros átomos iguais a ele, formando O2 e
O3, ou se ligam a átomos diferentes, formando diversas substâncias (CO, CO2,
H2O, SO2, SO3 etc.). No entanto, átomos de oxigênio (O) não são encontrados

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
na natureza, por serem instáveis.
Os únicos elementos considerados estáveis são os gases nobres (He, Ne,
Ar, Xe, Kr e Rn), e podem ser encontrados na natureza como átomos isolados.
Isso porque sua camada de valência é completa, não necessitando perder nem
ganhar elétrons para alcançar uma configuração estável, ou seja, um estado de
menor energia.
Os demais elementos da Tabela Periódica, entretanto, necessitam ser estabi-
lizados por meio de ligações químicas, cuja natureza depende das configurações
eletrônicas dos átomos participantes. Os elétrons da camada de valência são res-
ponsáveis pelas ligações químicas que, por sua vez, são decorrentes de dois fatores:
a. A força de atração eletrostática existente entre cargas opostas;

b. A tendência dos elétrons em formar pares.

Desta forma, para que ocorra uma ligação química, os átomos podem ganhar
ou perder elétrons, ou compartilhá-los. A ocorrência de uma dessas possibili-
dades depende da natureza dos átomos envolvidos.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


41

LIGAÇÃO IÔNICA

Na ligação iônica, as forças eletrostáticas atraem partículas com cargas elétri-


cas opostas, geralmente obtidas entre metais e não metais. O metal tem grande
tendência a perder elétrons, formando um íon positivo denominado cátion.
Isso ocorre devido à baixa energia de ionização dos metais, ou seja, é necessá-
ria pequena quantidade de energia para remover um elétron da sua camada de
valência. Simultaneamente, um não metal possui grande tendência a ganhar
elétrons, formando um íon negativo chamado ânion. Isso se deve à sua elevada
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afinidade eletrônica. Finalmente, os dois íons formados, cátion e ânion, são atra-
ídos devido às forças eletrostáticas, resultando em uma ligação iônica.
Para exemplificar, consideremos o metal Sódio (11Na) e o não metal Cloro
(17Cl), com as seguintes configurações eletrônicas: 11Na – 1s2- 2s2 2p6- 3s1; 17Cl
– 1s2- 2s2 2p6- 3s2 3p5.
O sódio possui apenas um elétron no nível 3 (camada M). Basta perder esse
elétron (Na+) para adquirir uma configuração estável com oito elétrons no nível
2 (camada L). Já o cloro necessita receber apenas um elétron (Cl-) para preen-
cher o subnível p da camada M, e tornar-se estável. Sendo assim, é conveniente
ao sódio doar um elétron e ao cloro receber um elétron. Essa transferência de elé-
trons obedece à Regra do Octeto, condição fundamental para uma ligação iônica.
Para Feltre (2004a), os compostos iônicos apresentam algumas caracte-
rísticas em comum: são sólidos na temperatura ambiente e formam retículos
cristalinos; possuem elevados pontos de fusão e ebulição; quando fundidos ou
em solução aquosa são bons condutores de eletricidade; são solúveis em água;
são duros e quebradiços.
No sólido iônico formado NaCl, denominado cloreto de sódio, os íons Na+ e
Cl- estão ordenados em três dimensões, como visto na Figura 16, onde cada Na+
tem seis Cl- vizinhos próximos e, da mesma forma, cada Cl- é envolto por seis Na+.
A estrutura tridimensional organizada formada mostra um retículo cristalino.

Ligações Químicas
42 UNIDADE I

Figura 16 - Estrutura Tridimensional do Cloreto de Sódio

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Fórmulas dos Compostos Iônicos

A Regra do Octeto ajuda a prever a estequiometria dos compostos iônicos, ou seja,


a relação de combinação atômica. No exemplo do NaCl, um elétron foi transferido
de um átomo de Na para um átomo de Cl, conforme discutido anteriormente.
Para determinar as fórmulas dos compostos iônicos devemos primeiramente
observar a configuração eletrônica de cada átomo envolvido, e verificar quantos
elétrons precisam ser transferidos do cátion para o ânion.
No óxido de sódio, a situação é diferente do NaCl. O oxigênio (8O) tem con-
figuração 1s2- 2s2 2p4, na qual verificamos que são necessários dois elétrons para
completar a Regra do Octeto. Como o sódio (11Na) possui apenas um elétron
na camada de valência, são necessários dois átomos de Na para fornecer os dois
elétrons ao átomo de O. Assim, temos a ligação iônica entre 2Na+ e O2-, obten-
do-se o sólido iônico Na2O.
Para encontrar a fórmula do óxido de alumínio, composto por 13Al e 8O, temos
que 13Al - 1s2- 2s2 2p6- 3s2 3p1 possui três elétrons para doar em sua camada de
valência, enquanto 8O - 1s2- 2s2 2p4 necessita receber dois elétrons para comple-
tar a Regra do Octeto. Assim, para neutralizar a carga 3+ do Al e a carga 2- do
O, multiplicamos o alumínio pela carga iônica do oxigênio (2) e multiplicamos
o oxigênio pela carga iônica do alumínio (3), resultando em Al2O3.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


43

LIGAÇÃO COVALENTE

A ligação covalente ocorre quando dois átomos possuem as mesmas tendências


de ganhar e perder elétrons. Sob essas condições, a transferência total de um
elétron não acontece. Em vez disso, os elétrons ficam compartilhados entre os
átomos, de modo que um átomo possa “utilizar” os elétrons do outro.
Os pares eletrônicos que se formam são constituídos por um elétron de cada
átomo e pertencem simultaneamente a ambos os átomos ligados. Nesse caso,
não ocorre nem ganho nem perda de elétrons e as estruturas formadas são ele-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tricamente neutras. Os conjuntos formados por meio de ligações covalentes


apresentam-se como unidades isoladas e de grandeza limitada, chamadas molé-
culas, por isso a ligação covalente é também chamada ligação molecular. Assim,
as substâncias formadas por ligação covalente são chamadas substâncias mole-
culares e podem ser sólidas, líquidas e gasosas.
A ligação covalente geralmente ocorre entre não metal e não metal,
hidrogênio e não metal e hidrogênio com hidrogênio. O hidrogênio (1H) pos-
sui um elétron na sua camada de valência, e para adquirir a configuração do gás
hélio (2He), precisa de mais um elétron. Desta forma, dois átomos de hidrogê-
nio compartilham seus elétrons para ficar estáveis.
Na representação H – H, temos a fórmula estrutural plana da molécula de
hidrogênio, na qual o traço representa o par de elétrons compartilhados. Nesse
caso, os dois átomos compartilham os dois elétrons, resultando H2, a fórmula
molecular do hidrogênio. Um composto é considerado composto molecular ou
molécula quando possui apenas ligações covalentes.
Considerando o não metal cloro (17Cl), a camada de valência necessita de um
elétron para completar a Regra do Octeto. Assim, dois átomos de cloro podem
compartilhar um elétron, preenchendo sua camada M (n = 3), por meio de uma
ligação covalente, produzindo Cl – Cl (fórmula estrutural plana) e Cl2 (fórmula
molecular). A Figura 17 mostra a sua fórmula de Lewis, na qual verificamos o
par de elétrons compartilhados.

Ligações Químicas
44 UNIDADE I

Figura 17 - Fórmula de Lewis para Cl2.

x x
x
x Cl
x x
x Cl
Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

A ligação covalente pode ocorrer também entre átomos de diferentes elementos,


por exemplo, na molécula de água. O oxigênio (8O) necessita compartilhar dois
elétrons para completar a Regra do Octeto, enquanto o hidrogênio (1H) com-
partilha um elétron para estabilizar sua eletrosfera. Portanto, são necessários

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dois átomos de hidrogênio para estabilizar cada átomo de oxigênio. A fórmula
molecular resultante é H2O. As Figuras 18 e 19 apresentam, respectivamente, a
fórmula estrutural plana e fórmula de Lewis para água.
Figura 18 - Fórmula estrutural para H2O

Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

Figura 19 - Fórmula de Lewis para H2O


x x
x
x x

Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

A água, demonstrada nas Figuras 18 e 19, faz duas ligações covalentes, represen-
tadas de diversas maneiras. A fórmula molecular é a forma mais simplificada, na
qual se mostra apenas quais e quantos átomos compõem a molécula. Quando os
pares de elétrons são representados por traços, trata-se da fórmula estrutural plana
(Figura 18), na qual se mostra o número de ligações e quais os átomos estão ligados.
Finalmente, a fórmula de Lewis ou fórmula eletrônica (Figura 19) é representada
por símbolos (• e ×), e mostra os elétrons compartilhados na ligação molecular.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


45

LIGAÇÃO COVALENTE COORDENADA OU DATIVA

Existem casos especiais de ligações covalentes em que o par de elétrons compar-


tilhados é proveniente apenas de um dos átomos que já está estável, por haver
completado seu octeto. Esse tipo de ligação covalente é conhecido como coor-
denada ou dativa. Existem exemplos clássicos de moléculas que apresentam
essa ligação, tais como monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2).
No caso do monóxido de carbono (CO), o 6C possui configuração 1s2- 2s2 2p2,
ou seja, possui 4 elétrons na sua camada de valência. Segundo a Regra do Octeto,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para ficar estável, precisa receber mais 4 elétrons, totalizando 8. Já o 8O apresenta


configuração 1s2- 2s2 2p4, ou seja, possui 6 elétrons na camada de valência e pre-
cisa receber 2 elétrons para ser estabilizado de acordo com a Regra do Octeto.
Desta forma, primeiramente o carbono e o oxigênio compartilham dois pares
de elétrons para que o oxigênio fique estável. No entanto, o carbono permanece
instável, com apenas 6 elétrons na camada de valência. Por isso, o oxigênio, que
já está estável, compartilha um de seus pares de elétrons com o carbono, isto é,
realiza uma ligação coordenada ou dativa, tornando-o estável. A Figura 20 repre-
senta a fórmula de Lewis para a molécula de CO.
Figura 20 - Fórmula de Lewis para CO.

C O
Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

Na fórmula estrutural plana, a ligação covalente coordenada pode ser represen-


tada por um traço, assim como a ligação covalente comum (Figura 21).
Figura 21 - Fórmula estrutural plana para CO.

C O
112.8 pm
Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

Ligações Químicas
46 UNIDADE I

Para o dióxido de enxofre (SO2), cada átomo de 16S (1s2- 2s2 2p6- 3s2 3p4) e 8O
(1s2- 2s2 2p4) possuem 6 elétrons em suas camadas de valência, de modo que
eles precisam receber 2 elétrons cada um. Inicialmente, o enxofre realiza duas
ligações covalentes comuns, compartilhando dois pares de elétrons com um dos
átomos de oxigênio, ficando ambos estáveis com 8 elétrons.
Entretanto, o outro átomo de oxigênio não está estável, por isso, o enxofre
compartilha um par de seus elétrons com o segundo oxigênio por meio de uma
ligação covalente coordenada ou dativa. A fórmula de Lewis e fórmula estrutu-
ral plana para o SO2 podem ser verificadas nas Figuras 22 e 23, respectivamente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 22 - Fórmula de Lewis para SO2.

O S O
Fonte: De Boni e Goldani (2007).

Figura 23 - Fórmula estrutural plana para SO2.

Fonte: De Boni e Goldani (2007).

De um modo geral, as ligações iônica e covalente apresentam diferenças signi-


ficativas, as quais são resumidas no Quadro 02.
Quadro 02 - Ligação Iônica versus Ligação Covalente

LIGAÇÃO IÔNICA LIGAÇÃO COVALENTE


Ocorre entre metal e não metal Ocorre entre não metal e não metal
Transferência de elétrons Compartilhamento de elétrons
Elevados pontos de fusão e ebulição Baixos pontos de fusão e ebulição
Conduz corrente elétrica Não conduz corrente elétrica
Formam retículos cristalinos Formam moléculas
Sólidos, líquidos ou gases a temperatura
Sólidos a temperatura ambiente
ambiente

Fonte: De Boni e Goldani (2007, p. 133).

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


47

LIGAÇÃO METÁLICA

Os metais não exercem forte atração pelos elétrons de sua camada de valência,
apresentando tendência a doar seus elétrons e se tornarem cátions. Esses elé-
trons perdidos permanecem livres, sendo atraídos por outros átomos metálicos
que perdem seus elétrons, e assim por diante. Desta forma, os metais apresen-
tam uma estrutura eletricamente neutra, e um metal sólido é constituído por
átomos metálicos (cátions) em posições ordenadas com seus elétrons de valên-
cia livres para se movimentar por todo o metal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

De acordo com Feltre (2004a), os metais obedecem ao chamado Modelo do


mar de elétrons, no qual existe um amontoado organizado de íons metálicos posi-
tivos (cátions) mergulhados em um “mar de elétrons livres”. A Regra do Octeto
não explica a ligação metálica.
Os metais apresentam propriedades características, tais como: brilho caracte-
rístico, elevada condutividade elétrica e térmica, altos pontos de fusão e ebulição,
elevada densidade, maleabilidade (facilidade para se transformar em lâminas),
ductibilidade (facilidade para se transformar em fios), resistência à tração (no
caso do ferro sob a forma de aço em cabos de elevadores).

As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo ainda incluir
não metais, mas sempre com predominância dos elementos metálicos. Na
produção de ligas metálicas, os componentes metálicos e não metálicos são
fundidos, em seguida, resfriados e solidificados. O produto formado apre-
senta propriedades físicas e químicas muito diferentes de seus metais puros,
tornando-se mais resistentes para aplicações práticas em geral. As ligas de
maior aplicação no nosso cotidiano são o aço comum (liga de ferro e carbo-
no), o aço inoxidável (liga de ferro, carbono, cromo e níquel), o bronze (liga
de cobre e estanho), entre outras.
Fonte: Feltre (2004a, p.154).

Ligações Químicas
48 UNIDADE I

GEOMETRIA MOLECULAR

O modo como os átomos de uma molécula estão arranjados no espaço influencia


muitas de suas propriedades físicas e químicas como, por exemplo, o ponto de
fusão e ebulição. Nos sistemas biológicos, como o organismo humano, as reações
químicas que nos mantêm vivos dependem de um entrelaçamento muito preciso
entre as moléculas. Desta forma, a compreensão da geometria molecular e dos
fatores que a afetam é de grande importância para a nossa compreensão química.
Em uma molécula composta de um átomo central ligado covalentemente

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a vários átomos periféricos, as ligações e os pares de elétrons isolados se orien-
tam de maneira que as repulsões elétron-elétron sejam as menores possíveis,
enquanto que as atrações elétron-núcleo são as maiores possíveis. O método
que determina essa orientação é chamado Repulsão entre os Pares Eletrônicos da
Camada de Valência ou Método VSEPR.
A ligação covalente ocorre pelo compartilhamento de pares eletrônicos nas
camadas de valência dos átomos. Esses pares são chamados de “pares eletrôni-
cos ligantes”. Por exemplo, no caso do CH4, temos quatro pares ligantes, pois os
quatro elétrons da camada de valência do carbono (átomo central) estão ligados
aos quatro átomos de hidrogênio (átomos periféricos), mostrado na Figura 24.
Figura 24 - Molécula de CH4.

Fonte: adaptado de Feltre (2007).

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


49

No entanto, em muitos casos, alguns pares de elétrons sobram na camada de


valência sem participarem de ligação alguma, sendo chamados de “pares eletrô-
nicos livres” ou “pares não ligantes”. Isso ocorre no caso da H2O, por exemplo,
pois o átomo de oxigênio possui seis elétrons na camada de valência, mas apenas
dois participam das ligações com os dois hidrogênios, restando quatro elétrons,
ou dois pares de elétrons, sem se ligarem, como mostrado na Figura 25.
Figura 25 - Molécula de H2O.

O
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

H H

Fonte: Feltre (2007).

Segundo o Método VSEPR, ao redor do átomo central, os pares eletrônicos ligan-


tes e os não ligantes se repelem, tendendo a ficar tão afastados quanto possível.
Com o afastamento máximo, a repulsão entre os pares eletrônicos será mínima
e, portanto, a estabilidade da molécula será máxima.

Ligações Químicas
50 UNIDADE I

Essa teoria explica as estruturas espaciais de muitas moléculas, pois con-


sidera que todas as moléculas possuem formas que podem ser consideradas
como derivadas de um conjunto básico de seis geometrias diferentes, indica-
das na Figura 26.
Figura 26 - Modelo VSEPR

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
linear trigonal planar tetrahedral
2 ligands 3 ligands 4 ligands

trigonal bipyramidal octahedral pentagonal biypryramidal


5 ligands 7 ligands

Fonte: adaptado de Feltre (2007).

As geometrias observadas dependem do número de átomos constituintes nas


moléculas.
a. Moléculas com 2 átomos ao redor do átomo central: apresentam estru-
tura linear plana. Exemplos: BeH2, CO2, BeF2, CS2.
b. Moléculas com 3 átomos ao redor do átomo central: apresentam estru-
tura trigonal plana. Exemplos: BF3, SO3, BCl3.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


51

c. Moléculas com 4 átomos ao redor do átomo central: apresentam estru-


tura espacial tetraédrica. Exemplos: CH4, CCl4, SiF4.
d. Moléculas com 5 átomos ao redor do átomo central: apresentam estru-
tura espacial de bipirâmide trigonal (de base triangular). Exemplos: PCl5,
MoCl5.
e. Moléculas com 6 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura
espacial octaédrica (bipirâmide de base quadrada). Exemplos: SF6, CrCl63-.
f. Moléculas com 7 átomos ao redor do átomo central: apresentam estru-
tura espacial de bipirâmide pentagonal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os elementos químicos apresentam características estruturais e propriedades


que dependem da sua estrutura atômica. De acordo com sua distribuição ener-
gética em níveis e subníveis, os elétrons dos átomos se ligam por transferência
ou compartilhamento de elétrons, formando compostos iônicos ou molecula-
res, respectivamente. Essas ligações entre elementos químicos ocorrem na busca
por um estado de menor energia, mais estável, e o tipo de ligação que realizam
interfere em sua geometria molecular.

Ligações Químicas
52 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade apresentamos os conceitos básicos da química inorgânica, mos-


trando as etapas envolvidas na descoberta do átomo, como partícula composta
por núcleo, com prótons e nêutrons, e eletrosfera, região com camadas de energia
preenchidas por elétrons. Foram abordados os principais conceitos relaciona-
dos à estrutura atômica, seu número atômico, número de massa, isótopos, entre
outras propriedades.
Com base nesses princípios, foi possível compreendermos como os diferen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tes elementos químicos podem ser agrupados e classificados na Tabela Periódica,
dividindo-os em metais alcalinos, metais alcalinos terrosos, família do boro,
família do carbono, família do nitrogênio, calcogênios, halogênios, gases nobres
e metais de transição. Suas principais propriedades, tais como raio atômico, ele-
tronegatividade, eletropositividade, afinidade eletrônica e potencial de ionização,
foram estudadas, e verificamos sua dependência com relação à periodicidade dos
elementos na Tabela. Na busca por um estado de menor energia, mais estável,
os átomos se ligam formando compostos iônicos ou moleculares. Os compostos
iônicos são formados quando ocorre uma ligação iônica entre os elementos quí-
micos, resultante da transferência de elétrons entre os átomos participantes da
ligação. Por outro lado, quando há compartilhamento de elétrons entre os átomos,
o que ocorre é uma ligação covalente, que resulta em compostos moleculares.
Compostos iônicos e moleculares se diferenciam em diversas propriedades
físico-químicas, podendo destacar seus pontos de fusão e ebulição, condução
de eletricidade e estado físico em temperatura ambiente.
O entendimento dos temas abordados é necessário para a compreensão das
próximas unidades, nas quais trataremos dos compostos e os classificaremos
quanto as suas características e aplicações no dia a dia.

ELEMENTOS QUÍMICOS, PROPRIEDADES E LIGAÇÕES QUÍMICAS


53

1. A eletrosfera é a região do átomo que:


a. Contém as partículas de carga elétrica negativa.
b. Contém as partículas de carga elétrica positiva.
c. Contém os nêutrons.
d. Concentra grande parte da massa do átomo.
e. Contém os prótons.
2. Um átomo que possui 19 prótons, 19 elétrons e 20 nêutrons apresenta, respecti-
vamente, número atômico e número de massa iguais a:
a. 19 e 19
b. 19 e 20
c. 20 a 19
d. 19 e 39
e. 39 e 19
3. Defina eletronegatividade e eletropositividade, e como variam na Tabela Perió-
dica.
4. A configuração eletrônica do átomo X é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3. Sabe-se também
que o átomo X tem 16 nêutrons, portanto o número atômico e a massa atômica
do átomo X será:
a. 15 e 16
b. 16 e 31
c. 15 e 31
d. 15 e 16
e. 31 e 15
5. Faça a associação correta dos grupos da Tabela Periódica com sua distribuição
eletrônica, sendo “n” o número quântico principal e “s e p” os números quânticos
secundários.
I – Metais alcalinos A – ns2 np5
II – Metais alcalinos terrosos B - ns2 np6
III – Calcogênios C – ns1
IV – Halogênios D - ns2 np4
V – Gases Nobres E - ns2
54

a. I – A, II – B, III – C, IV – E, V – D
b. I – C, II – E, III – D, IV – A, V – B
c. I – C, II – E, III – A, IV – D, V – B
d. I – A, II – D, III – E, IV – C, V – B
e. I – C, II – E, III – B, IV – D, V – A
6. Indique quantos elétrons o átomo ganhou ou perdeu em cada íon apresentado.
a. Ca+2
b. Na+
c. Cl-
d. Al+3
e. O2-
7. Para que os átomos Mg (Z = 12) e O (Z = 8) adquiriam a configuração estável dos
gases nobres e formem um composto iônico, é necessário que:
a. Mg doe 2 elétrons e O receba 2 elétrons.
b. Mg receba 2 elétrons e O doe 2 elétrons.
c. Mg receba 6 elétrons e O doe 2 elétrons.
d. Mg doe 2 elétrons e O receba 6 elétrons.
e. Mg receba 6 elétrons e O receba 2 elétrons.
8. Para os compostos abaixo, escreva se realizam ligação iônica ou covalente e ex-
plique porquê.
a. KCl
b. SiO2
c. CaO
d. CH4
55

VOCÊ SABE O QUE É NANOTECNOLOGIA?


Há mais de 2.500 anos, alguns filósofos gregos se perguntavam se a imensa variedade
do mundo que nos cerca não podia ser reduzida a componentes mais simples. A própria
palavra átomo vem daquele tempo e significa “indivisível”. A última fração da matéria,
segundo esses filósofos o “tijolo” fundamental de tudo o que existe, não poderia mais
ser dividida em outras partes mais simples. Podemos fazer uma comparação elementar,
para fins didáticos. Em uma padaria, você encontra uma grande variedade de pães, bo-
los, biscoitos, tortas, todos produzidos a partir de um pequeno número de ingredientes:
farinha, fermento, manteiga, óleo, açúcar, chocolate etc. Muitas vezes, os ingredientes
de pães diferentes são os mesmos, apenas mudam suas quantidades relativas e a forma
de preparação. Da mesma maneira, quando olhamos o mundo à nossa volta, vemos
uma variedade incrível de seres vivos e objetos inanimados, de um grão de areia à galá-
xia, de um vírus a uma baleia. Quantos tipos de “ingredientes” diferentes são necessários
para produzir esse mundo?
Os átomos são formados por um núcleo positivo, onde reside praticamente toda sua
massa, e por elétrons, negativos, que circulam em torno do núcleo. Sabemos também
que ocorrem naturalmente no universo apenas noventa e dois tipos de átomos diferen-
tes. Sabemos ainda que esses átomos podem não ser o fim da história, pois pode haver
no universo partículas ou alguma forma de energia ainda não descobertas, ou pode ser
que nossas teorias sobre o universo precisem algum dia ser revisadas, se esses novos in-
gredientes não forem encontrados. Tudo isso é parte do mundo fascinante da pesquisa
científica, cada pergunta respondida leva a novas perguntas. Em ciência, as respostas
raramente são definitivas, mas as perguntas perduram.
O problema é que átomos são muito pequenos, medem menos de um centésimo de
bilionésimo de metro, e obedecem a leis físicas bastante diferentes daquelas com as
quais estamos acostumados no nosso cotidiano. O seu tamanho é tal que não podem
ser vistos diretamente. Instrumentos especiais tiveram de ser desenvolvidos antes que
fosse possível “ver” um átomo. Um dos mais práticos desses instrumentos, o microscópio
de tunelamento, somente foi inventado na década de 1980. Seus inventores ganharam
o prêmio Nobel por seus trabalhos. O funcionamento desse microscópio depende das
leis da mecânica quântica, que governam o comportamento dos átomos e moléculas.
Portanto, a existência de átomos e as leis da natureza no mundo atômico tiveram de ser
pacientemente descobertas a partir de experimentos concebidos. Esse processo levou
décadas e envolveu grandes cientistas, dentre eles, Richard Feynman.
56

A ideia de Feynman é que não precisamos aceitar os materiais com que a natureza nos
provê como os únicos possíveis no universo. Da mesma maneira que a humanidade
aprendeu a manipular o barro para fazer dele tijolos e com esses construir casas, seria
possível, segundo ele, manipular diretamente os átomos e a partir deles, construir novos
materiais que não ocorrem naturalmente. Atualmente, qualquer toca-disco de CDs é
uma prova da verdade do que Feynman dizia. Os materiais empregados na construção
dos lasers desses toca-discos não ocorrem naturalmente, mas são fabricados pelo ho-
mem, camada atômica sobre camada atômica.
Seguindo a proposta de Feynman, o objetivo da nanotecnologia é criar novos materiais
e desenvolver novos produtos e processos baseados na crescente capacidade da tec-
nologia moderna de ver e manipular átomos e moléculas. A nanotecnologia não é uma
tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na física, na química,
na biologia, na ciência e engenharia de materiais, e na computação, que visam estender
a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo. Economia de
energia, proteção ao meio ambiente, uso reduzido de matérias-primas escassas são al-
gumas das possibilidades concretas de desenvolvimento em nanotecnologia que estão
ocorrendo hoje nos laboratórios especializados.
Fonte: Peruzzo e Canto (2010) apud Silva (NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA, 2002, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR

CD – Química no Dia a Dia


<http:www.soq.com.br>
Sinopse: A Química está presente em inúmeras situações de nossas vidas. No entanto, muitas
pessoas têm dificuldade em relacionar a teoria estudada com as aplicações práticas do conteúdo
em nosso cotidiano. O CD Química no Dia a Dia busca exemplificar os principais conceitos de
Química por meio de situações com as quais, mesmo
sem se dar conta, a maioria das pessoas está
acostumada a lidar. Ao utilizá-lo, leitores de todas
as idades irão encontrar mais de 100 histórias
envolvendo alimentos, plásticos, combustão,
elementos químicos, petróleo, entre outras, todas
apresentadas em forma de diálogos, relacionando
a teoria à prática. Os conteúdos abordados
são os mais variados, como termoquímica,
átomos, elementos químicos, química orgânica,
radioatividade, entre outros.

ISBN: 978-85-63411-06-8

Material Complementar
GABARITO

1. Resposta: (a)
2. Resposta: (d)
3. Resposta: A eletronegatividade consiste na tendência que um átomo tem de
atrair elétrons para perto de si em uma ligação química. Ela cresce à medida que
o raio atômico diminui, pois quanto menor o raio, maior a atração do núcleo por
elétrons. Nas famílias, a eletronegatividade cresce de baixo para cima, e nos pe-
ríodos, cresce da esquerda para direita. A eletropositividade, ao contrário da ele-
tronegatividade, consiste na tendência que um átomo tem de perder elétrons
em uma ligação química. Assim, a eletropositividade cresce no sentido oposto
ao da eletronegatividade.
4. Resposta: (c)
5. Resposta: (b)
6. Resposta: (a) perdeu 2 elétrons, (b) perdeu 1 elétron, (c) ganhou 1 elétron, (d)
perdeu 3 elétrons, (e) ganhou 2 elétrons.
7. Resposta: (a)
8. Resposta: (a) Ligação iônica, o K doa 1 elétron e o Cl recebe 1 elétron, (b) Ligação
covalente, o Si compartilha 4 pares de elétrons, 2 pares de elétrons com cada
átomo de O, (c) Ligação iônica, o Ca doa 2 elétrons e o O recebe 2 elétrons, (d)
Ligação covalente, o C compartilha 4 pares de elétrons, cada par com um átomo
de H.
Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

FUNÇÕES INORGÂNICAS E

II
UNIDADE
FUNÇÕES ORGÂNICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Classificar os compostos químicos quanto a sua função química.
■■ Compreender as características específicas de cada função estudada.
■■ Entender a importância química das diversas funções apresentadas.
■■ Aprender a aplicação de diversos compostos em nosso cotidiano.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Funções Inorgânicas
■■ Funções Orgânicas
61

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo sobre a classificação dos elemen-


tos químicos no que diz respeito às suas funções químicas. As classificações se
fazem necessárias para avaliar de modo conjunto o comportamento das diver-
sas classes de compostos químicos quando submetidos a determinadas situações
do nosso cotidiano.
Desde a metade do século XVIII, há uma classificação que divide as subs-
tâncias em inorgânicas (ou minerais) e orgânicas. Essa primeira classificação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

definiu que as substâncias inorgânicas, ou minerais, são aquelas que se origi-


nam de minerais. Por outro lado, as substâncias orgânicas têm sua origem nos
organismos vivos, ou seja, vegetais e animais.
Posteriormente, os pesquisadores verificaram que todas as substâncias orgâ-
nicas contêm o elemento carbono e, então, passaram a dizer que as substâncias
orgânicas são aquelas que contêm carbono, enquanto as substâncias inorgânicas
(ou minerais) são aquelas formadas por todos os demais elementos químicos.
Dentre as funções inorgânicas, apresentaremos os tipos de compostos inor-
gânicos mais importantes: ácidos, bases, sais e óxidos. Essa classificação se baseia
em características distintas que cada função apresenta quando em solução aquosa,
além de propriedades físicas e químicas específicas para cada uma delas.
Da mesma forma, abordaremos as principais funções orgânicas, que englobam
os hidrocarbonetos, álcoois, fenóis, éteres, aldeídos e cetonas, ácidos carboxíli-
cos, aminas e amidas. Cada função orgânica se diferencia por grupos funcionais
distintos, o que resulta em compostos dos mais variados, com ampla aplicação
em nosso cotidiano e na indústria química e petroquímica em geral.
Com base nas classificações mencionadas, detalharemos as funções quími-
cas mais corriqueiras no nosso dia a dia, indicando suas principais aplicações.
Boa leitura!!!

Introdução
62 UNIDADE II

FUNÇÕES INORGÂNICAS: ÁCIDOS, BASES, SAIS E


ÓXIDOS.

Levando-se em conta o grande número de compostos


inorgânicos, é conveniente dividi-los em quatro gru-
pos: ácidos, bases, sais e óxidos, também denominados
funções químicas inorgânicas. Cada função química
apresenta propriedades químicas semelhantes, deno-
minadas propriedades funcionais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para melhor compreender as funções químicas,
devemos entender a teoria desenvolvida pelo químico
Svante August Arrhenius (1859-1927), denominada
Teoria da Dissociação Iônica de Arrhenius.
©shutterstock

TEORIA DA DISSOCIAÇÃO IÔNICA DE ARRHENIUS

De acordo com Feltre (2004a), Arrhenius realizou muitas experiências com dife-
rentes soluções aquosas, e em todos os experimentos verificou se havia passagem
de corrente elétrica através das soluções, observando se a lâmpada acoplada ao
sistema acendia ou não, conforme a Figura 1.
Figura 1 - Experiência de Arrhenius

Fonte: Feltre (2004a P.188)

Na solução com água e açúcar, o pesquisador observou que a lâmpada perma-


necia apagada, enquanto na solução com água e sal, acendia. ou seja, houve
passagem de corrente elétrica apenas no segundo experimento.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


63

Arrhenius concluiu que o açúcar é um não eletrólito e, quando dissolvido


em água, decompõe-se em moléculas C12H22O11, que são eletricamente neutras
e, portanto, não conduzem eletricidade. Por outro lado, o sal, assim como outros
eletrólitos, quando dissolvido em água decompõe-se em íons, Na+ e Cl-, que per-
correm a solução no sentido oposto de suas cargas. Nesse caso, os cátions Na+
seguem na direção do polo negativo, enquanto os ânions Cl- caminham ao polo
positivo, de modo que o circuito elétrico não fica interrompido e a lâmpada acende.
Assim como o açúcar da experiência de Arrhenius, os não eletrólitos são
sempre substâncias moleculares. Já os eletrólitos, podem ser compostos iôni-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cos (provenientes de ligações iônicas) ou moleculares (provenientes de ligações


covalentes ou moleculares).
No caso do sal, NaCl, trata-se de um composto iônico, e em solução aquosa
ocorre apenas a separação de seus íons, Na+ e Cl-. Esse processo denomina-se
“dissociação iônica ou dissociação eletrolítica”.
Os eletrólitos que são compostos moleculares, ao serem dissolvidos em água,
produzem os íons pelo processo de “ionização”. Por exemplo, consideremos a molé-
cula de HCl. Em solução aquosa, essa molécula sofre ionização formando H+ e Cl-.

ÁCIDOS

Segundo De Boni e Goldani (2007), ácidos de Arrhenius são substâncias que


em solução aquosa se ionizam e liberam como íon positivo
(cátion) somente o hidrogênio (H+). Na prática, em
solução aquosa o cátion H+ se combina com uma
molécula de água formando o cátion hidrônio ou
hidroxônio (H3O+). Por exemplo, para o ácido HCl,
temos HCl + H2O → H3O+ + Cl-. Outros exemplos:
©shutterstock
HNO3 + H2O → H3O+ + NO3-; H2SO4 + 2H2O → 2H3O+
+ SO42-.
Apesar do cátion verdadeiramente formado em solução ser H3O+, para fins
didáticos consideraremos o cátion H+ como resultante da ionização dos ácidos
de Arrhenius.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


64 UNIDADE II

Classificação dos Ácidos

Os ácidos podem ser classificados de quatro formas distintas: quanto ao número


de hidrogênios ionizáveis (H+), quanto à presença ou não de oxigênio na molé-
cula, quanto ao grau de ionização e quanto ao número de elementos constituintes.
a. Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis (H+):
■■ Monoácidos: na ionização a molécula libera apenas 1 cátion H+.
Exemplos: HCl, HNO3, HCN.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Diácidos: na ionização a molécula libera 2 cátions H+. Exemplos:
H2SO4, H2CrO4.
■■ Triácidos: na ionização a molécula libera 3 cátions H+. Exemplos:
H3PO4, H3AsO4.
■■ Tetrácidos: na ionização a molécula libera 4 cátions H+. Exemplos:
H4P2O7, H4SiO4.
■■ Os ácidos com 4 ou mais hidrogênios ionizáveis são denominados
Poliácidos.
b. Quanto à presença ou não de oxigênio na molécula:
■■ Hidrácidos: não contêm oxigênio. Exemplos: HCl, HCN, H2S.
■■ Oxiácidos: contêm oxigênio. Exemplos: H2SO4, HNO3.
c. Quanto ao grau de ionização (a):
■■ Ácidos fortes: 50% < a < 100%. Exemplos: H2SO4, HNO3, HClO4, HBr,
HCl e HI são os únicos ácidos fortes existentes.
■■ Ácidos moderados: 5% < a < 50%. Exemplos: HF, H3PO4.
■■ Ácidos fracos: a < 5%. Exemplo: HCN, H2CO3.
d. Quanto ao número de elementos constituintes:
■■ Binários: apresentam dois elementos. Exemplos: HBr, HCl, H2S, HF.
■■ Ternários: apresentam três elementos. Exemplos: H2SO4, H3PO4.
■■ Quaternários: apresentam quatro elementos. Exemplos: HOCN, H4Fe(CN)6.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


65

Fórmulas dos Ácidos

Os ácidos são formados pela união do cátion H+ e por um átomo ou grupo de


átomos com carga negativa, que representam o ânion. Por exemplo: HCl (H+,
Cl-), HNO3 (H+, NO3-), H2SO4 (2H+, SO42-), H3PO4 (3H+, PO43-) etc.
Para representar um ácido, se considerarmos o ânion pela letra A com carga
(-x), podemos formular o ácido da seguinte forma:

+1 -x
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

H A ou seja: HX A
X 1

Observamos que a carga total positiva do cátion H+ deve anular a carga total do
ânion A-x para que a molécula resultante seja eletricamente neutra.
Para representar as fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, ou seja, que
contêm oxigênio, devemos considerar que os hidrogênios ionizáveis sempre se
ligam ao átomo central pelo átomo de oxigênio e os outros átomos de oxigênio
se ligam ao átomo central por ligações covalentes. Exemplos: H3PO4, H2SO4.

H O
H O P O
H O

H O O
S
H O O

Nomenclatura dos Ácidos

a. Hidrácidos: o nome do ácido é escrito sempre com a terminação “ídrico”,


da seguinte forma: Ácido + nome do ânion + ídrico.
Exemplos: HBr – Ácido bromídrico; H2S – Ácido sulfídrico; HF – Ácido
Fluorídrico; HCN – Ácido cianídrico.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


66 UNIDADE II

b. Oxiácidos: existem terminologias diferentes:


b.1. Se o elemento forma apenas um oxiácido, usamos apenas a terminação
“ico”, da seguinte forma: Ácido + nome do ânion + ico
Exemplos: H2CO3 – Ácido carbônico; H3BO3 — ácido bórico, H2MnO4
– Ácido mangânico; H2CrO4 – Ácido crômico.
b.2. Se o elemento forma dois oxiácidos, usamos a terminação “ico” para o
oxiácido com maior número de oxidação (NOx) e “oso” para o oxiácido
com menor número de oxidação (NOx).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplos:
■■ H2SO3 (NOx do enxofre (S) +4) – Ácido sulfuroso.
■■ H2SO4 (NOx do enxofre (S) +6) – Ácido sulfúrico.
■■ HNO2 (NOx do nitrogênio (N) +3) – Ácido nitroso.
■■ HNO3 (NOx do nitrogênio (N) +5) – Ácido nítrico.
b.3. Se o elemento é capaz de formar três ou quatro oxiácidos, a terminação
muda de acordo com o aumento do número de oxidação do elemento.
Esse caso é comum aos elementos do grupo VIIA, os halogênios.
Exemplos:
■■ HClO (NOx do cloro (Cl) +1) – Ácido hipocloroso
■■ HClO2 (NOx do cloro (Cl) +3) – Ácido cloroso
■■ HClO3 (NOx do cloro (Cl) +5) – Ácido clórico
■■ HClO4 (NOx do cloro (Cl) +7) – Ácido perclórico
b.4. Se o elemento possui sempre o mesmo número de oxidação, mas o grau de
hidratação da molécula varia, são usados prefixos diferentes (meta, orto e piro)
Exemplos:
■■ HPO3 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido metafosfórico
■■ H3PO4 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido ortofosfórico
■■ H4P2O7 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido pirofosfórico

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


67

BASES OU HIDRÓXIDOS

Para Peruzzo e Canto (2010), bases de Arrhenius são substâncias que em solução
aquosa sofrem dissociação iônica e liberam como
íon negativo o ânion hidroxila (OH-), responsá-
vel pelas propriedades comuns a todas as bases.
Exemplos: KOH → K+ + OH-; Ca(OH)2 → Ca2+
+ 2OH-; Al(OH)3 → Al3+ + 3OH-.
De modo geral, as bases são formadas por um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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metal, que constitui o cátion, ligado ao ânion hidro-


xila. A única base não metálica importante é o hidróxido de amônio (NH4OH).

Classificação das Bases

a. Quanto ao número de hidroxilas (OH-):


■■ Monobases: possuem apenas 1 hidroxila (OH-). Exemplos: KOH,
NaOH, NH4OH.
■■ Dibases: possuem 2 hidroxilas (2OH-). Exemplos: Ca(OH)2, Mg(OH)2,
Fe(OH)2.
■■ Tribases: possuem 3 hidroxilas (3OH-). Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3.
■■ Tetrabases: possuem 4 hidroxilas (4OH-). Exemplos: Pb(OH)4, Sn(OH)4.
■■ Não são conhecidas bases com mais de quatro hidroxilas por molécula.
b. Quanto ao grau de dissociação (a):
■■ Bases fortes: quando a ≈ 100%, ou seja, são compostos iônicos em
estado sólido, que quando dissolvidos em água se dissociam completa-
mente. Pertencem a esse grupo as bases formadas por metais alcalinos
(família IA) e metais alcalinos terrosos (família IA). Exemplos: NaOH,
KOH, Ca(OH)2, Ba(OH)2.
A base Mg(OH)2 representa uma exceção, pois apesar do Mg ser um
metal alcalino terroso, sua base é considerada fraca.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


68 UNIDADE II

■■ Bases fracas: quando a < 5%, ou seja, são compostos moleculares


pouco solúveis em água. Pertencem a esse grupo as bases formadas
pelos demais metais. Exemplos: NH4OH, Al(OH)3.
c. Quanto à solubilidade:
■■ Solúveis: são os hidróxidos dos metais alcalinos (família IA), por exem-
plo, NaOH, KOH, e o hidróxido de amônio (NH4OH).
■■ Pouco Solúveis: são os hidróxidos dos metais alcalinos terrosos (famí-
lia IIA), como por exemplo, Ca(OH)2, Mg(OH)2, Ba(OH)2. Os metais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desse grupo provocam o fenômeno conhecido como “água dura”.
■■ Praticamente Insolúveis: são os demais hidróxidos, que apresentam
uma solubilidade muito baixa. Exemplos: Fe(OH)3, Al(OH)3, Pb(OH)4,
Sn(OH)4.

Fórmulas das Bases

As bases são formadas por um cátion, constituído por um metal ou NH4+, ligado
ao radical hidroxila (OH-). A carga positiva do cátion é neutralizada pela carga
negativa total da hidroxila, por exemplo: NaOH (Na+, OH-), Ca(OH)2 (Ca2+,
2OH-), Al(OH)3 (Al3+, 3OH-) etc.
Desse modo, se considerarmos o cátion pela letra B com carga (+y), pode-
mos formular uma base ou hidróxido da seguinte forma:

+y -1
B1 (OH) y ou seja: B(OH)y

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


69

Nomenclatura das Bases

a. Quando o elemento forma apenas 1 base: o nome da base é escrita da


seguinte forma: Hidróxido de + nome do elemento. Exemplos: NaOH –
Hidróxido de sódio, Ca(OH)2 – Hidróxido de cálcio, NH4OH – Hidróxido
de amônio, Al(OH)3 – Hidróxido de alumínio.
b. Quando o elemento forma 2 bases: o elemento apresenta números de oxi-
dação (NOx) distintos, então para o menor NOx acrescentamos o sufixo
oso, e para o maior NOx acrescentamos ico.
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Exemplos:
■■ Fe(OH)2 – Hidróxido ferroso ou Hidróxido de Ferro II (Fe2+, NOx
Fe = 2)
■■ Fe(OH)3 – Hidróxido férrico ou Hidróxido de Ferro III (Fe3+, NOx
Fe = 3)
■■ Sn(OH)2 – Hidróxido estanoso ou Hidróxido de Estanho II (Sn2+,
NOx Sn = 2)
■■ Sn(OH)4 – Hidróxido estânico ou Hidróxido de Estanho IV (Sn4+,
NOx Sn = 4)

A soda cáustica, NaOH, está presente nos limpadores de forno e desentu-


pidores de pia. É também aplicada na fabricação de sabão. A cal hidratada,
Ca(OH)2, é utilizada para preparar argamassa, para fazer pintura e para re-
duzir a acidez do solo antes do plantio. O hidróxido de magnésio, Mg(OH)2,
e o hidróxido de alumínio, Al(OH)3, são usados em alguns medicamentos
para combater a acidez estomacal. NaOH e Ca(OH)2 são sólidos brancos que
provocam queimaduras na pele e nos olhos. Não devem ser manipulados
sem orientação adequada e se ingeridos causam sérias lesões internas.
Fonte: Peruzzo e Canto (2010, p. 214).

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


70 UNIDADE II

As bases e os ácidos apresentam propriedades funcionais antagônicas, como mos-


trado no Quadro 01. De acordo com o quadro, o pH de soluções ácidas e básicas
apresentam valores opostos. Enquanto as soluções ácidas apresentam valores na
faixa de 0 a 7, as soluções com caráter básico possuem pH entre 7 e 14. Soluções
com pH próximo de 7 apresentam caráter neutro, como é o caso da água.
Na prática, o pH é facilmente medido com indicadores ácido-base, descri-
tos no Quadro 1. Indicadores são materiais que mudam de coloração em função
do pH do meio ao qual foram submetidos. Essa mudança de cor é usualmente
chamada de “viragem do indicador”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na Figura 2 apresentamos alguns valores de pH de líquidos e soluções conhe-
cidos e muito utilizados no nosso cotidiano.
Quadro 01 - Propriedades funcionais de Ácidos versus Bases

PROPRIEDADES ÁCIDOS BASES


A maior parte é insolúvel
Quanto à solubilidade em
A maior parte é solúvel (só os hidróxidos alcalinos
água
e o NH4OH são solúveis)
Os hidróxidos alcalinos e
os alcalino-terrosos são
Quanto à estrutura São moleculares
iônicos; os demais são
moleculares
Faixa de 0 a 7, quanto Faixa de 7 a 14, quanto
Valores de pH mais próximo de 0, mais próximo de 14, maior
maior a acidez a basicidade
Tornassol – Rosa Tornassol – Azul
Ação em relação aos indi- Fenolftaleína – Incolor Fenolftaleína – Vermelho
cadores Ácido-Base Alaranjado de metila – Alaranjado de metila -
Vermelho Amarelo
Fonte: o autor

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


71

Figura 2 - Variação de pH em função do caráter ácido e caráter básico (ou alcalino) das soluções.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004a p. 203).

Quando misturamos um ácido e uma base, ocorre uma reação. Esse processo é
denominado “reação de neutralização”, pois o ácido neutraliza as propriedades
da base, e vice-versa. A reação de neutralização tem como produto sal e água, e
pode ser visualizada no seguinte exemplo: HCl (ácido) + NaOH (base) → NaCl
(sal) + H2O (água).
Em nosso organismo pode ocorrer uma reação de neutralização. Nosso estô-
mago produz diariamente o suco gástrico, uma solução ácida que contém ácido
clorídrico (HCl). Se adquirirmos doenças estomacais, tais como gastrite, produ-
zimos suco gástrico em excesso, causando o sintoma conhecido como azia. Os
medicamentos indicados para o tratamento dessa doença possuem formulações
com bases fracas. Um deles é o leite de magnésia, cujo principal constituinte é o
hidróxido de magnésio (Mg(OH)2). Ao ingerir o medicamento, a base presente
no leite de magnésia neutraliza o ácido em excesso presente no suco gástrico,
reduzindo os efeitos da acidez gástrica.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


72 UNIDADE II

SAIS

Vimos anteriormente que uma reação de neutralização entre


um ácido e uma base de Arrhenius produz um sal e água
(Exemplo: HCl + NaOH → NaCl + H2O). Portanto, sais são
compostos iônicos que possuem pelo menos um cátion
diferente de H+ (no exemplo Na+) e um ânion diferente de
OH- (no exemplo Cl-). Na prática, podemos dizer que os
sais são formados quando misturamos ácidos e bases em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma solução. ©shutterstock

Exemplos: KCl (K+ Cl-), CaCO3 (Ca2+ CO32-), Al2(SO4)3 (2Al3+


3(SO4)2-), NaKSO4 (Na+ K+ SO42-), CaClBr (Ca2+ Cl- Br-).
Para Feltre (2004a), dizemos que uma reação é de neutralização total quando
reagem todos os cátions H+ do ácido e todos os ânions OH- da base. O sal assim
formado é chamado de “sal normal ou neutro”. A Figura 03 apresenta alguns
exemplos do processo mencionado.
Figura 03 - Exemplos de neutralização total.

Fonte: Feltre (2004a, p. 207).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


73

Nas reações apresentadas, os sais NaCl, Na3PO4 e Ca(NO3)2 são considerados


sais normais ou neutros. Observamos que ocorre a ligação entre o cátion H+
do ácido e o ânion OH- da base, formando a água (HOH ou H2O). Os íons que
restam possuem cargas opostas e se unem por ligação iônica para formar o sal.

Classificação dos Sais

a. Quanto à sua natureza:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Sais normais ou neutros: resultam da neutralização total de um ácido


e uma base de Arrhenius. Em sua fórmula química não aparecem os
íons H+ e OH-. Exemplos: NaCl (Na+ Cl-) ou cloreto de sódio, K2CO3
(2K+ CO32-) ou carbonato de potássio, CaCl2 (Ca2+ 2Cl-) ou cloreto de
cálcio, Al2(SO4)3(2Al3+ 3(SO4)2-) ou sulfato de alumínio.
■■ Hidrogeno-sal ou sal ácido: resultam da neutralização parcial de
seu ácido de origem. Apresentam dois cátions, sendo um deles H+, e
somente um ânion. Exemplos: NaHSO4 (Na+ H+ SO42-) ou monohidro-
genossulfato de sódio, NaH2PO4 (Na+ 2H+ PO43-) ou dihidrogenofosfato
de sódio.
■■ Hidroxi-sal ou sal básico: resultam da neutralização parcial de sua base
de origem. Apresentam dois ânions, sendo um deles OH-, e somente
um cátion. Exemplos: Ca(OH)NO3 (Ca2+ OH- NO3-) ou nitrato mono-
básico de cálcio, Al(OH)Cl2 (Al3+ OH- 2Cl-) ou cloreto monobásico de
alumínio, Al(OH)2Cl (Al3+ 2OH- Cl-) ou cloreto dibásico de alumínio.
■■ Sais duplos ou mistos: sais provenientes de duas bases ou dois áci-
dos diferentes. Exemplos: KNaSO4 (K+ Na+ SO42-) ou sulfato duplo de
sódio e potássio, CaClBr (Ca2+ Cl- Br-) ou cloreto-brometo de cálcio.
■■ Sais hidratados ou hidratos: sais que cristalizam com uma ou mais
moléculas de água. Exemplo: CuSO4.5H2O (Cu2+ SO42-) ou sulfato
cúprico penta-hidratado. A água presente nesses sais é chamada água
de cristalização ou água de hidratação.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


74 UNIDADE II

b. Quanto ao número de elementos:


■■ Binários: sais que possuem apenas 2 elementos. Exemplos: CaCl2,
KBr, NaCl.
■■ Ternários: sais que possuem 3 elementos. Exemplos: CaSO4, K2CO3,
CaClBr.
■■ Quaternários: sais que possuem 4 elementos. Exemplos: KNaSO4,
NaCNO.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fórmulas dos Sais

Para Feltre (2004a), os sais normais ou neutros são formados por um cátion B+y
proveniente da base, e por um ânion A-x, proveniente do ácido, da seguinte forma:

+y -x
Bx Ay

A carga total dos sais é nula, de modo que o índice de cada elemento deve con-
trabalançar sua carga, ou seja, para A: y.(-x) = -y.x e para B: x.(+y) = +x.y. Os
exemplos a seguir mostram o balanço de cargas citado.
2+ 1-
Ca1 (NO3)2 ou Ca(NO3)2

1+ 3-
Na3 (PO4) 1 ou Na3PO4

1+ 2-
Ca 23 (SO4) 21 ou CaSO4

Vemos que não é necessário mostrar o índice 1, e os demais índices são simpli-
ficados sempre que possível.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


75

Nomenclatura dos Sais

Para sais normais, De Boni e Goldani (2007) consideram que o nome do sal
deriva do ácido e da base que lhe deram origem, da seguinte forma: Nome do
sal = Nome do ânion + de + Nome do cátion.
O nome do ânion deriva do ácido que originou o sal, de acordo com as relações
apresentadas no quadro 02.
Quadro 02 - Nomenclatura de ácidos e ânions
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NOME DO ÁCIDO NOME DO ÂNION EXEMPLOS

Elemento + HCl – ácido clorídrico; Cl- – ânion cloreto


Elemento + eto
ídrico HF – ácido fluorídrico; F- - ânion fluoreto
HNO2 - ácido nitroso; NO2- - ânion nitrito
Elemento + oso Elemento + ito H2SO3 - ácido sulfuroso; SO32- - ânion
sulfeto
HNO3 - ácido nítrico; NO3- - ânion nitrato
Elemento + ico Elemento + ato
H2SO4 – ácido sulfúrico; SO42- - ânion sulfato
Fonte: o autor

O nome do cátion deriva da base que originou o sal. Exemplos: NaCl – cátion
Na+ (sódio); KBr – cátion K+ (potássio); CaCO3 – cátion Ca2+ (cálcio).
De modo geral, ao misturar um ácido e uma base, produzimos um sal e água,
e a nomenclatura do sal depende do ácido e da base, como nos exemplos a seguir:
■■ HCl (ácido clorídrico) + KOH (hidróxido de potássio) → KCl (clo-
reto de potássio) + H2O (água)
■■ HNO2 (ácido nitroso) + NaOH (hidróxido de sódio) → NaNO2 (nitrito
de sódio) + H2O (água)
■■ H2SO4(ácido sulfúrico) + Ca(OH)2(hidróxido de cálcio) →
CaSO4(sulfato de cálcio) + 2H2O (água)

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


76 UNIDADE II

Os chineses foram os primeiros a encarar a produção de sal como um ne-


gócio de grandes proporções. Desde o século IX a.C., eles obtinham cristais
de sal fervendo água do mar em vasilhas de barro. Essa técnica se espalhou
pelo mundo ocidental e, um milênio depois, no Império Romano, foi ainda
mais disseminada. O sal logo virou alvo de cobiça dos governantes, que pas-
saram a tributar seu comércio e produção, e a arrecadar grandes somas de
dinheiro com isso. Em várias civilizações, a extração de sal era monopólio es-
tatal. Da mesma forma que deveria estar disponível para o cidadão comum,
o sal era imprescindível para os legionários romanos, que conquistavam e
mantinham o gigantesco império. Tanto que os soldados chegavam a ser

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pagos em sal, de onde vêm as palavras “salário”, “soldo” (pagamento em sal)
e “soldado” (aquele que recebeu o pagamento em sal).
Fonte: Feltre (2004a, p.206)

ÓXIDOS

Segundo Russel (1982), óxidos são compostos binários formados pelo oxigênio e
outro elemento químico, no qual o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. Em
outras palavras, para se obter um óxido basta que o oxigênio se ligue a qualquer ele-
mento da Tabela Periódica, com exceção do flúor, que tem maior eletronegatividade.
O termo óxido tem origem na Grécia antiga (“oxys”) e significa “azedo”.
Os óxidos formam um grupo muito numeroso que está presente em nosso
cotidiano, pois até mesmo a água (H2O) é considerada um óxido. Outros exem-
plos: CO2 (dióxido de carbono ou gás
carbônico), CO (monóxido de car-
bono), SO2 (dióxido de enxofre), NO
(monóxido de nitrogênio), NO2 (dió-
xido de nitrogênio), CaO (óxido de
cálcio ou cal), MgO (óxido de mag-
nésio), SiO2 (dióxido de silício ou
sílica), Fe2O3 (óxido de ferro III ou
hematita), Al2O3 (óxido de alumínio
ou alumina).
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FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


77

Classificação dos Óxidos

a. Óxidos ácidos ou anidridos: são óxidos que reagem com a água, produ-
zindo um ácido, ou reagem com uma base, produzindo sal e água. São
compostos moleculares e, na sua maioria, solúveis em água. Exemplos:
■■ SO3 + H2O → H2SO4 (óxido + água → ácido)
■■ SO3 + 2NaOH → Na2SO4 + H2O (óxido + base → sal + água)

São óxidos formados por não metais (geralmente gasosos) ou por metais com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

números de oxidação elevados (geralmente +5, +6 ou +7). Exemplos: CrO3 (NOx


+6), Cl2O7 (NOx +7), I2O5 (NOx +5), MnO3 (NOx +6), Mn2O7 (NOx +7), P2O3
(não metal), N2O3 (não metal), SO2 (não metal).
b. Óxidos básicos: são óxidos que reagem com a água, produzindo uma base,
ou reagem com um ácido, produzindo sal e água. Exemplos:
■■ CaO + H2O → Ca(OH)2 (óxido + água → base)
■■ CaO + 2HCl → CaCl2 + H2O (óxido + ácido → sal + água)
São óxidos formados por metais com números de oxidação baixos (geralmente
+1, +2 ou +3). São compostos sólidos, iônicos, que possuem pontos de fusão e
ebulição elevados. Os óxidos de metais alcalinos (NOx +1) e alcalino terrosos
(NOx +2) reagem com a água, os demais são pouco solúveis em água. Exemplos:
Na2O (NOx +1), K2O (NOx +1), MgO (NOx +2), BaO (NOx +2), Cu2O (NOx
+1), FeO (NOx +2).
c. Óxidos anfóteros: são óxidos que podem se comportar ora como óxido
ácido ora como óxido básico. Reagem com ácidos ou bases fortes, pro-
duzindo sal e água. Exemplos:
■■ ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O (óxido anfótero + ácido forte → sal +
água)
■■ ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O (óxido anfótero + base forte →
sal + água)

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


78 UNIDADE II

São compostos sólidos, iônicos, insolúveis em água e formados por metais de NOx
intermediário (geralmente +3 ou +4), além do ZnO (NOx do Zn +2), e também
por não metais. Exemplos: Al2O3 (NOx +3), SnO2 (NOx +4), As2O3 (não metal).
d. Óxidos neutros: são óxidos que não reagem com água, nem com ácidos e
nem com bases, portanto não apresentam caráter ácido nem básico. Os
únicos óxidos neutros que existem são NO, N2O, SiO2 e CO. São com-
postos moleculares formados por não metais.
e. Óxidos duplos, mistos ou salinos: são óxidos que se comportam como se
fossem a mistura de dois óxidos do mesmo elemento químico. São com-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
postos sólidos, metálicos e iônicos, de fórmula geral M3O4, onde M é
um metal. Exemplos: Fe3O4 (mistura de FeO e Fe2O3), Pb3O4 (mistura de
2PbO e PbO2).
f. Peróxidos: são óxidos que reagem com água ou ácidos diluídos produzindo
água oxigenada (H2O2). Os peróxidos são sólidos iônicos que contém o
ânion O22-, nos quais o número de oxidação do oxigênio é -1 (NOx -1).
Apenas a água oxigenada é um líquido molecular. Exemplos:
■■ Na2O2 + 2H2O → 2NaOH + H2O2
■■ Na2O2 + H2SO4 → Na2SO4 + H2O2

Os peróxidos mais comuns são peróxido de hidrogênio (H2O2), peróxidos de


metais alcalinos (Na2O2, K2O2, Li2O2), e peróxidos de metais alcalinos terrosos
(BaO2, MgO2, CaO2).

A água oxigenada (H2O2) é o peróxido mais utilizado pelas indústrias quími-


cas, sendo empregada no processamento de madeira, celulose e papel, no
tratamento de despejos industriais e na fabricação de solventes e plásticos.
O peróxido de sódio (Na2O2) é utilizado no branqueamento industrial das
fibras de algodão destinadas à fabricação de tecidos.
Fonte: Peruzzo e Canto (2010, p.248).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


79

Fórmulas dos Óxidos

Quando um elemento químico E com número de oxidação +z, se liga ao oxigê-


nio, cujo número de oxidação é -2, obtemos um óxido que pode ser representado
da seguinte forma:

+z -2
E2 Oz ou seja: E2Oz
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Exemplos:
+1 -2
Na2 O1 ou Na2 O

+3 -2
Al2 O3 ou Al2O3

Nomenclatura dos Óxidos

De Boni e Goldani (2007) classificam a nomenclatura dos óxidos da seguinte


forma:
■■ Nomenclatura geral (aplicada para todos os óxidos), na qual utili-
zamos o esquema a seguir: prefixo + óxido de + prefixo + nome do
elemento ligado ao oxigênio

Nesse caso, os prefixos utilizados podem ser: 1 – mono (pode ser omitido em
alguns casos), 2 – di, 3 – tri, 4 – tetr, 5 – pent, 6 – hexa, 7 – hept.
Exemplos: CO2 – dióxido de carbono, CO – monóxido de carbono, SO2 –
dióxido de enxofre, SO3 – trióxido de enxofre, P2O5 – pentóxido de difósforo,
Br2O7 – heptóxido de dibromo.
■■ Nomenclatura para óxidos de metais, que pode ser subdividida em
metais com número de oxidação único (metais alcalinos, metais alcali-
nos terrosos, zinco, prata e alumínio) e metais com número de oxidação
variável.

Funções Inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais E Óxidos.


80 UNIDADE II

■■ Metais com NOx único: escrevemos apenas óxido + nome do metal.


Exemplos: Na2O – óxido de sódio, ZnO – óxido de zinco, Al2O3 – óxido
de alumínio, CaO – óxido de cálcio.
■■ Metais com NOx variável: acrescentamos o número de oxidação em algaris-
mos romanos, ou usamos a terminologia “oso” para menor NOx e “ico” para
maior NOx, similar à regra adotada para os ácidos. Exemplos: CuO2 – óxido
de cobre I ou óxido cuproso, CuO – óxido de cobre II ou óxido cúprico, FeO –
óxido de ferro II ou óxido ferroso, Fe2O3 – óxido de ferro III ou óxido férrico.

As classificações das funções inorgânicas se fazem necessárias tendo em vista

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a ampla variedade de compostos inorgânicos existentes. O conhecimento das
propriedades funcionais consiste em uma poderosa ferramenta tanto nas suas
aplicações industriais quanto no nosso cotidiano, já que utilizamos compostos
químicos diariamente nas diversas tarefas do dia a dia.

FUNÇÕES ORGÂNICAS

HISTÓRICO DA QUÍMICA ORGÂNICA

De acordo com Solomons e Fryhle (2001),


a utilização de compostos orgânicos é des-
crita desde a antiguidade. No entanto, até
o século XVIII havia pouco conhecimento
sobre as propriedades e composição desses
compostos. A importância das funções orgâ-
nicas estava mais relacionada a sua fonte de
obtenção, na época animal ou vegetal, e em
sua aplicabilidade em medicina do que na
sua composição e estrutura química.
©shutterstock

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


81

“A inteligência! É uma questão de química orgânica, nada mais.”


(Paul Léautaud, Pensador francês).

O químico Lavoisier (1743-1794) já havia relatado que os compostos orgâni-


cos eram constituídos principalmente de carbono e hidrogênio, e de nitrogênio
e fósforo em menores proporções. Por outro lado, os compostos inorgânicos,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

considerados do “reino mineral”, eram constituídos dos diversos elementos quí-


micos. Desta forma, a química inorgânica estava relacionada aos compostos
minerais, enquanto a química orgânica ficou conhecida como a “química dos
organismos vivos”, pois até então não se sabia que compostos orgânicos pudes-
sem ser sintetizados artificialmente. Essa ideia permaneceu por várias décadas,
e só começou a perder força quando o médico e químico Wohler (1800-1882),
em 1828, sintetizou em seu laboratório a ureia (substância isolada da urina
de animais) a partir do cianato de amônia, reação que ficou conhecida como
“Síntese de Wohler”.

{ {
NH4OCN

Cianato de
Calor
O C
NH2

NH2
amônio Uréia

À medida que novos compostos orgânicos foram sendo sintetizados artificial-


mente e identificados, a química orgânica deixou de ser a “química dos organismos
vivos” e passou a ser designada como “o ramo da química que estuda os com-
postos de carbono”. Essa afirmação está correta, contudo, nem todo composto
que contém carbono é orgânico, pois temos o dióxido de carbono (CO2), o car-
bonato de sódio (CaCO3), o ácido carbônico (H2CO3), entre outros compostos,
que são inorgânicos. Por outro lado, podemos afirmar que todo composto orgâ-
nico contém carbono.

Funções Orgânicas
82 UNIDADE II

Por conveniência, o termo “orgânico” se mantém até hoje, buscando classi-


ficar um grande número de compostos que possuem uma série de propriedades
em comum. Diferente dos outros elementos, o átomo de carbono tem a capaci-
dade de se ligar infinitamente entre si em um número ilimitado de combinações,
gerando, com essas ligações, milhares de compostos diferentes.
Existem muitos exemplos de compostos orgânicos de grande aplicação no
nosso cotidiano, dentre eles podemos citar o álcool comum (C2H6O) presente em
bebidas e muito usado como combustível para automóveis, o vinagre (C2H4O2)
largamente usado como tempero em nossas refeições, o éter (C4H10O) tem aplica-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção em farmácias e hospitais, o açúcar comum (C12H22O11) amplamente utilizado
na culinária, a gasolina (C8H18) é um dos combustíveis de maior uso no mundo
atual, e assim por diante. Com fórmulas mais complexas, poderíamos citar as
proteínas, as vitaminas, os hormônios, os medicamentos, entre outros.
Novos compostos estão sendo frequentemente criados em laboratórios de pes-
quisa com objetivo de atender nossas necessidades do cotidiano. Tais compostos
estão presentes em plásticos, tecidos, medicamentos, detergentes, corantes etc.,
nos proporcionando maior conforto, mais saúde e inúmeros outros benefícios.

A química orgânica é a química dos compostos de carbono que, por sua vez,
são o centro de vida neste planeta. Os compostos de carbono incluem os
ácidos desoxirribonucleicos (DNAs), as moléculas helicoidais gigantes que
contêm toda nossa informação genética.
Fonte: Solomon e Fryhle (2001).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


83

O ÁTOMO DE CARBONO

O átomo de carbono (6C) possui número atômico igual a 6 (Z = 6), o que sig-
nifica que no estado neutro possui 6 prótons em seu núcleo e 6 elétrons em sua
eletrosfera. Por esse motivo, sua configuração eletrônica é 1s2- 2s2 2p2, ou seja,
dois elétrons na camada K e quatro elétrons na camada L, sua camada de valência.
Tendo quatro elétrons em sua última camada eletrônica, o carbono os comparti-
lha com quatro elétrons de outros átomos, para completar seu octeto, atingindo
uma configuração estável. Formam-se, desse modo, quatro ligações covalentes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O metano (CH4) é um composto no qual o carbono compartilha seus quatro


elétrons com quatro átomos de hidrogênio, resultando nas fórmulas indicadas
na Figura 30.
Figura 4 - Fórmulas eletrônica e estrutural do Metano (CH4).

H H

H C H H C H

H H

Fórmula eletrônica ou de Lewis


Fórmula estrutural

Fonte: Feltre (2004c, p.12).

No exemplo do metano, vimos que o carbono faz quatro ligações simples com os
quatro átomos de hidrogênio. Em cada ligação simples há o compartilhamento
de um par de elétrons.
Entretanto, um átomo de carbono pode estabelecer duas ou três ligações com
apenas um elemento químico, formando nesses casos, respectivamente, ligação
dupla ou ligação tripla com o segundo átomo. Nas ligações duplas há o compar-
tilhamento de dois pares de elétrons e nas ligações triplas, compartilham-se três
pares de elétrons. O Quadro 03 apresenta as fórmulas mencionadas.

Funções Orgânicas
84 UNIDADE II

Quadro 03 - Fórmula estrutural e Fórmula eletrônica para ligações duplas e triplas do carbono

FÓRMULA ELETRÔNICA OU DE
TIPO DE LIGAÇÃO FÓRMULA ESTRUTURAL
LEWIS

Ligação dupla entre


dois átomos de
carbono
C C C C
Ligação dupla entre
um carbono e um
oxigênio
C O C O

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ligação tripla entre
três átomos de car-
bono
C C C C
Ligação tripla entre
um carbono e um C N C N
nitrogênio
Fonte: Feltre, (2004c, p. 13).

Segundo Feltre (2004c), o carbono localiza-se na Tabela Periódica entre os metais


e os não metais, ou seja, entre os elementos eletropositivos e os eletronegativos.
Uma vez que não possui caráter eletropositivo nem eletronegativo, o carbono
pode se ligar tanto a elementos eletropositivos, como o hidrogênio, como a ele-
mentos eletronegativos, como o oxigênio. Essa característica torna o carbono um
elemento com grande capacidade de se ligar a outros átomos, formando cadeias
curtas ou longas com disposições variadas, que consistem no “esqueleto” das
moléculas das substâncias orgânicas.

Hibridização do carbono

a. Hibridização sp3
Vamos considerar novamente a molécula de metano, CH4. Já vimos que
nesse caso o carbono faz quatro ligações simples com quatro átomos
de hidrogênio. A distribuição eletrônica do carbono está mostrada na
Figura 05.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


85

Figura 05 - Orbitais atômicos do carbono na Hibridização sp3.

2p

2s

1s
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de Feltre, (2004c).

Os quatro pares de elétrons compartilhados pertencem a orbitais atômicos dife-


rentes, um par de elétrons em cada um dos orbitais 2px e 2py, e dois pares no
orbital 2s. No entanto, a fórmula estrutural plana indica que as quatro ligações
s(C-H) são idênticas. Para explicar tal situação, os pesquisadores propuseram
um modelo denominado “Teoria dos orbitais moleculares”, que consiste em uma
hibridização dos orbitais, na qual os quatro orbitais atômicos do último nível
(2s + 2px + 2py + 2pz), circundados na Figura 31, formaram quatro novos orbi-
tais atômicos hibridizados idênticos. Como essa combinação ocorreu entre um
orbital s e três orbitais p, esses novos orbitais foram designados por sp3.
Podemos imaginar a molécula de metano (CH4) como uma estrutura tetraé-
drica tridimensional na qual o átomo de carbono está no centro e os quatro
átomos de hidrogênio estão nos vértices do tetraedro, separados por um ângulo
de aproximadamente 109,5°, conforme a Figura 06.
Figura 06 - Molécula do metano (CH4)

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Funções Orgânicas
86 UNIDADE II

b. Hibridização sp2
Para Solomons e Fryhle (2001), quando o carbono realiza uma dupla
ligação, como no caso do eteno (ou etileno, CH2 = CH2), é importante
salientar que as ligações C-C não são equivalentes entre si, ou seja, existe
uma ligação mais forte (ligação s) e uma ligação mais fraca (ligação p).
Nesse caso, os pesquisadores observaram o fenômeno da hibridização
dos orbitais (2s + 2px + 2py), formando três orbitais hibridizados e res-
tando um orbital p, conforme a Figura 07.
Figura 07 - Orbitais atômicos do carbono na Hibridização sp2.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2p

2s

1s

Fonte: adaptado de Feltre, (2004c).

Os orbitais híbridos sp2 são equivalentes, estão todos num mesmo plano, distan-
tes por um ângulo de 120°. O quarto elétron permanece no orbital p e fica em
posição perpendicular ao plano dos três orbitais sp2. A hibridização sp2 ocorre
somente no momento da formação da ligação dupla entre os átomos de carbono,
e a ligação entre os orbitais p forma um tipo de nuvem eletrônica, situada acima
e abaixo do plano da ligação dupla (Figura 08).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


87

Figura 08: Formação da ligação dupla entre os orbitais híbridos sp2 e os orbitais p.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

A molécula de eteno, ou popularmente chamado de etileno (C2H4) pode ser visu-


alizado de forma tridimensional na Figura 09.
Figura 09: Molécula do eteno ou etileno (C2H4).

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Funções Orgânicas
88 UNIDADE II

c. Hibridização sp
Para visualizar a hibridização sp tomaremos como exemplo a molécula
de etino, popularmente conhecido como acetileno (C2H2), na qual ocorre
uma ligação tripla, H-CLC-H.
Assim como acontece com as ligações duplas, é importante salientar que,
nas ligações triplas, as três ligações não são equivalentes entre si, pois há
uma ligação σ (mais forte) e duas ligações π (mais fracas).
Segundo a “Teoria dos orbitais moleculares”, apenas dois elétrons da
camada de valência do carbono se rearranjam (2s + 2px), formando
dois orbitais híbridos sp, restando dois orbitais p, conforme indicado na

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 10.
Figura 10: Orbitais atômicos do carbono na Hibridização sp

2p

2s Dois elétrons p

Dois elétrons nos


1s orbitais híbridos sp

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Os dois orbitais híbridos sp são equivalentes, distantes por um ângulo de 180°,


de modo que se situam em uma mesma reta, mas em direções opostas. Os dois
orbitais p permanecem perpendiculares entre si e também perpendiculares aos
orbitais sp.
Como mostrado na Figura 10, os orbitais híbridos sp se formam no momento
em que ocorre a ligação tripla entre os átomos de carbono, sendo que a ligação
central é chamada ligação σ, formada pelos orbitais sp. Uma ligação π se situa no
plano vertical, acima e abaixo da ligação σ, e a outra ligação π se situa no plano
horizontal, na frente e atrás da ligação σ. As ligações carbono-hidrogênio são rea-
lizadas também pelos orbitais híbridos sp do carbono e orbital s do hidrogênio.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


89

Figura 11: Formação da ligação tripla entre os orbitais híbridos sp e os orbitais p.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Assim como verificado com a molécula de etileno (C2H4), os orbitais p da molécula


de acetileno formam uma espécie de nuvem eletrônica, e a estrutura tridimen-
sional de C2H2 pode ser visualizada na Figura 12.
Figura 12: Molécula do etino ou acetileno (C2H2).

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

“A grande maioria dos compostos orgânicos de uso no nosso cotidiano são


atualmente sintetizados em laboratório, e quais seriam as principais maté-
rias primas para a sua produção?”
Fonte: o autor

Funções Orgânicas
90 UNIDADE II

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HIDROCARBONETOS

Os hidrocarbonetos são, por definição, compostos orgânicos que contêm exclusi-


vamente carbono e hidrogênio. Essa classificação engloba uma grande variedade
de compostos de uso cotidiano, podendo destacar principalmente os combustí-
veis, como a gasolina e o gás natural. São divididos em função do tipo de ligações
que os átomos de carbono realizam, e as principais classes de hidrocarbonetos
serão descritos a seguir.

Alcanos

Os alcanos são também conhecidos como parafinas, e consistem em hidrocarbone-


tos acíclicos e saturados, ou seja, são hidrocarbonetos com cadeias abertas e apenas
com ligações simples entre os átomos de carbono. Sua fórmula geral é CnH2n+2.
Para Solomons e Fryhle (2001), as principais fontes de alcanos são o petróleo e
o gás natural. Os alcanos com cadeias menores, como o metano (CH4), etano
(C2H6), propano (C3H8) e butano (C4H10) são gases em condição ambiente.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


91

Os alcanos de maior peso molecular são obtidos principalmente por meio do


refinamento do petróleo. São muito utilizados como combustíveis, podendo
destacar o gás de cozinha, a gasolina, o querosene, o óleo diesel, entre outros.

Alcenos

Os alcenos são também conhecidos como olefinas ou alquenos, e consistem em


hidrocarbonetos acíclicos que possuem apenas uma ligação dupla em sua cadeia
carbônica. Sua fórmula geral é CnH2n.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os dois alcenos mais simples, eteno ou etileno (C2H4) e propeno ou propileno


(C3H6) fazem parte do grupo dos produtos industrializados mais importantes
da indústria química. O etileno é o quarto produto químico mais fabricado no
mundo, sendo produzido, principalmente, a partir do craqueamento da nafta,
fração do petróleo obtida a partir de seu refino e do tratamento do gás natural.
Segundo Feltre (2004c), o etileno é usado na fabricação do polietileno, um
dos plásticos mais utilizados atualmente, com o qual são produzidos sacos para
embalagens, cortinas de banheiro, embalagens, garrafas de água mineral, entre
outros. O propileno, por sua vez, é utilizado na fabricação do polipropileno,
plástico que compõe barbantes e peças moldadas, como para-choques de auto-
móveis, e também na síntese de acetona e cumeno.
Quando ao invés de uma ligação dupla na cadeia carbônica observamos
duas ligações duplas, temos os chamados alcadienos, ou simplesmente dienos,
que são hidrocarbonetos de cadeia aberta com duas ligações duplas. Os dienos
têm grande aplicação na indústria petroquímica, principalmente na produção
de polímeros e borrachas sintéticas.

Alcinos

Os alcinos são também conhecidos com alquinos, e consistem em hidrocarbo-


netos acíclicos que possuem apenas uma ligação tripla em sua cadeia carbônica.
Sua fórmula geral é CnH2n-2.

Funções Orgânicas
92 UNIDADE II

O alcino mais simples é o etino (C2H2), popularmente conhecido como


acetileno. Quando queimado em temperaturas elevadas, o acetileno é usado
em maçaricos de solda e para corte de metais. Seus derivados são empregados
como matéria prima para as indústrias de plásticos, fios têxteis, borrachas sin-
téticas, entre outros.

Ciclanos

Os ciclanos são também conhecidos como cicloalcanos, e consistem em hidro-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
carbonetos cíclicos e saturados, ou seja, que possuem apenas ligações simples
na cadeia carbônica fechada. Sua fórmula geral é CnH2n.
De acordo com Feltre (2004c), os ciclanos estão presentes no petróleo de
várias regiões do mundo. O ciclo-hexano (C6H12) é o ciclano de maior aplica-
ção, sendo comumente usado como solvente e removedor de tintas e vernizes,
além de consistir em matéria prima na fabricação de náilon.

É importante não confundir gás natural, composto formado principalmen-


te por metano (CH4), com gás liquefeito de petróleo (GLP), que é uma das
frações obtidas nas refinarias de petróleo, formado principalmente por pro-
pano (C3H8) e butano (C4H10). O GLP é o gás engarrafado em botijões, para
uso doméstico, ou em garrafas maiores, para cozinhas industriais. É chama-
do de “liquefeito” porque, ao ser comprimido para dentro do botijão, parte
passa para o estado líquido.
Fonte: Feltre (2004c, p. 39).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


93

Hidrocarbonetos aromáticos

Os hidrocarbonetos aromáticos são compostos que possuem um ou mais anéis


aromáticos (ou benzênicos) em sua molécula. O composto mais simples formado
apenas por um anel aromático ligado a seis átomos de hidrogênio é denominado
benzeno (C6H6). A estrutura do benzeno, e de todos os hidrocarbonetos aromá-
ticos, possui uma particularidade no que diz respeito ao anel aromático. Trata-se
de seis átomos de carbono com alternância das ligações duplas, que resultam em
um par de estruturas em equilíbrio, conforme mostrado na Figura 13.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 13 - Estruturas em equilíbrio do benzeno.

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Os hidrocarbonetos aromáticos representam uma família bastante numerosa


dentro dos hidrocarbonetos, de modo que é impossível representá-los por uma
única fórmula geral. Eles possuem uma imensa variedade de derivados, em fun-
ção dos radicais anexados ao anel aromático em substituição ao hidrogênio da
molécula do benzeno.

Nomenclatura dos hidrocarbonetos

Alguns dos principais hidrocarbonetos acíclicos e ciclanos, com suas fórmulas


estruturais e moleculares, estão resumidos no quadro 04.

Funções Orgânicas
94 UNIDADE II

Quadro 04 - Nomenclatura e estrutura dos principais hidrocarbonetos

TIPO DE NOME CIENTÍFICO E/OU FÓRMULA FÓRMULA


HIDROCARBONETO POPULAR ESTRUTURAL MOLECULAR
Metano CH4 CH4
Alcanos ou Para- Etano H3C-CH3 C2H6
finas Propano H3C-CH2-CH3 C3H8
Butano H3C-CH2-CH2-CH3 C4H10
Eteno ou Etileno H2C=CH2 C2H4
Alcenos ou Ole-

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Propeno ou Propileno H2C=CH-CH3 C3H6
finas
Buteno ou Butileno H2C=CH-CH2-CH3 C4H8
Etino ou Acetileno HC≡CH C2H2
Propino ou Metil-ace-
Alcinos ou Alqui- HC≡C-CH3 C3H4
tileno
nos
But-1-ino ou Etil-aceti-
HC≡C-CH2-CH3 C4H6
leno

H2C CH2
Ciclo-butano C4H8
H2C CH2

CH2
H2C CH2
Ciclo-pentano C5H10
Ciclanos
H2C CH2

CH2
H2C CH2
Ciclo-hexano C6H12
H2C CH2
CH2
(Fonte: do autor).

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


95

Podemos observar que os hidrocarbonetos de modo geral apresentam sem-


pre as terminações “ano” para alcanos, “eno” para alcenos e “ino” para alcinos.
Os radicais se repetem, sendo “met” para um carbono, “et” para dois carbonos,
“prop” para três carbonos, “but” para quatro carbonos, “pent” para cinco carbo-
nos, “hex” para seis carbonos, e assim por diante.
Nas cadeias carbônicas com duplas e triplas ligações é necessário identificar
em qual carbono está a dupla ou a tripla ligação como, por exemplo, no caso do
But-1-ino, em que a tripla ligação está no carbono 1 (1-ino) da cadeia de quatro
carbonos (But). No caso dos ciclanos, colocamos o prefixo ciclo e em seguida
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

usamos as mesmas regras para os alcanos.


Os aromáticos, como já mencionado anteriormente, formam uma classe
muito ampla de hidrocarbonetos. Por esse motivo, a Figura 14 apresenta alguns
aromáticos frequentemente usados na indústria química e no nosso cotidiano.
Segundo Feltre (2004c), esses hidrocarbonetos podem ser obtidos por via car-
boquímica, nas indústrias de carvão mineral, ou via petroquímica, na indústria
petroquímica. Atualmente, os aromáticos mais simples, como benzeno, tolueno
e xilenos, são produzidos a partir de frações do petróleo, por representar uma
rota economicamente mais viável.
A maioria dos compostos orgânicos são tóxicos, mas a toxidez dos aromáti-
cos é, particularmente, uma das mais nocivas. Seu risco de intoxicação é muito
alto entre operários das indústrias químicas, devido a sua volatilidade. O ben-
zeno, por exemplo, é um líquido incolor, volátil, inflamável e muito tóxico.

Funções Orgânicas
96 UNIDADE II

Figura 14 - Fórmulas estruturais dos principais hidrocarbonetos aromáticos.

CH3 CH3

CH3

Benzeno Tolueno Xilenos (o/m/p)

OH

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N
Fenol Piridina Naftaleno

NH3 CH3
OH

OH

Naftóis (α/β)
Anilina Cresóis (o/m/p)

Antraceno Fenantreno

Fonte: adaptado de Feltre, (2004c).

ÁLCOOIS

Álcoois são compostos orgânicos oxigenados, que possuem, além dos átomos
de carbono e hidrogênio, o grupo funcional hidroxila (OH), ligado diretamente
a um carbono saturado. Sua representação geral é R-OH. A hidroxila confere
propriedades químicas características aos álcoois.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


97

De acordo com Solomons e Fryhle (2001), os álcoois mais conhecidos são o


álcool metílico ou metanol (CH3-OH) e o álcool etílico ou etanol (CH3-CH2-OH).
O metanol (CH3-OH) é o mais tóxico dos álcoois, produzido principalmente a
partir do gás natural, num processo petroquímico de oxidação controlada do
metano, principal componente do gás natural, da seguinte forma: CH4 + ½O2 ®
CH3-OH. O metanol é muito usado industrialmente como solvente e na produ-
ção do aldeído fórmico, também conhecido como formol.
O etanol (CH3-CH2-OH) é o álcool comum de uso doméstico. No Brasil, o
etanol é produzido industrialmente por fermentação do açúcar da cana, e em
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

outros países, por fermentação do açúcar da beterraba, do milho e do arroz, e


recebe o nome de “álcool de cereais”. Possui extensa aplicação, podendo destacar
como combustível para automóveis, como solvente em tintas, vernizes e perfu-
mes, na síntese de compostos orgânicos como acetaldeído, ácido acético e éter,
além de grande utilização na preparação de bebidas alcoólicas.

FENÓIS

Fenóis são compostos orgânicos oxigenados, que possuem uma ou mais hidro-
xilas (OH) ligadas diretamente a um átomo de carbono do anel aromático. Os
fenóis são geralmente sólidos, cristalinos, tóxicos, corrosivos e pouco solúveis em
água. Seu representante mais comum é o hidroxibenzeno, popularmente conhe-
cido como fenol, cuja fórmula está indicada na Figura 14.
O cresol, também indicado na Figura 14, possui as orientações orto(o),
meta(m) e para(p) entre os radicais metil (CH3) e hidroxila (OH). Uma solu-
ção alcalina da mistura de cresóis (o/m/p) produz a “creolina”, um desinfetante
muito utilizado em agropecuária, que atua no mecanismo de coagulação das
proteínas dos microrganismos.
Os fenóis são utilizados também para a preservação da madeira, protegendo
contra o ataque dos insetos. Na indústria química, possuem aplicação como
matérias primas na produção de plásticos, perfumes, corantes, explosivos, resi-
nas, vernizes, desodorantes, adesivos, cosméticos e tintas.

Funções Orgânicas
98 UNIDADE II

ÉTERES

Éteres são compostos orgânicos oxigenados, nos quais duas cadeias carbônicas
estão ligadas por um oxigênio. De modo geral, a fórmula dos éteres é: R-O-R′, e
os radicais R e R′ podem ser iguais ou diferentes, de cadeia aberta, cadeia fechada
ou cadeia aromática.
Temos, por exemplo, o éter dietílico (R e R′ são cadeias abertas) e a vani-
lina (R é cadeia aromática e R′ é cadeia aberta).
Figura 15 – Éter etílico e Vanilina

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Vanillin
H O

CH3
O

H3 C O CH3 OH

Fonte: adaptado de Feltre (2004c).

Segundo Feltre (2004c), o éter comum (éter dietílico) é muito usado como solvente
apolar, tanto em laboratório como nas indústrias químicas, sendo empregado
em processos industriais de extração de óleos, gorduras, essências e perfumes.

ALDEÍDOS E CETONAS

Aldeídos e cetonas são compostos orgânicos que contêm o grupo “carbonila”


(-CO-), um grupo no qual um átomo de carbono se liga ao oxigênio por uma
ligação dupla.
Nos aldeídos, a carbonila está ligada a um átomo de hidrogênio e a um radical
R, enquanto nas cetonas, está ligada a dois radicais R e R´. Esses radicais podem
ser cadeias carbônicas abertas, fechadas ou aromáticas.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


99

Na Figura 16 apresentamos os grupos funcionais dos aldeídos e das cetonas


e exemplos desses compostos.
Figura 16 - Aldeídos e Cetonas

GRUPO CARBONILA ALDEÍDOS GRUPO CARBONILA CETONAS

O R C R’
R C
H O
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Formaldeído ou Acetaldeído ou Propanona ou aceto-


Ciclo-hexanona
formol etanal na comum
shutterstock

De acordo com Solomons e Fryhle (2001), o formaldeído ou formol é usado


como desinfetante, na conservação de cadáveres e de peças anatômicas, na fabri-
cação de plásticos, medicamentos e explosivos. O acetaldeído ou etanal é usado
na síntese de ácido acético, anidrido acético e resinas.
A acetona é usada como solvente de esmaltes, tintas, vernizes, na extração
de óleos de sementes vegetais, na fabricação de anidrido acético e medicamen-
tos. A ciclo-hexanona, por sua vez, é utilizada como solvente industrial e como
ativador em reações de oxidação.

Funções Orgânicas
100 UNIDADE II

ÁCIDOS CARBOXÍLICOS

Ácidos carboxílicos são compostos orgânicos que contêm o grupo “carboxila”


(carbonila + hidroxila) ligado à cadeia carbônica:

O
C
OH
Alguns dos ácidos carboxílicos mais comuns em nosso cotidiano são o ácido fór-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mico, ácido acético e ácido benzoico, mostrados na Figura 17.
Segundo Solomons e Fryhle (2001), o ácido fórmico é um líquido irritante
produzido por formigas vermelhas. Quando somos picados por essas formigas,
seu efeito em nosso organismo é inchaço e coceira. Industrialmente, o ácido
fórmico é utilizado no tingimento de tecidos e na produção de desinfetantes.
Figura 17 - Ácidos Carboxílicos
H

Formic acid
Acetic acid O O

H H

H H
H
Benzoic acid
O O HO O

H OH H3C OH

O ácido acético é a substância responsável pelo sabor azedo do vinagre, produ-


zido quando bactérias específicas fermentam o álcool etílico do vinho, causando
a oxidação do álcool pelo ar. O ácido benzoico é um conservante utilizado na
forma de sais de sódio, de potássio ou de cálcio.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


101

AMINAS

Segundo Feltre (2004c), aminas são funções orgânicas nitrogenadas, ou seja,


que possuem o nitrogênio além do carbono e hidrogênio, derivadas da amô-
nia, NH3, pela substituição de um, dois ou três hidrogênios por grupos alquila.
As aminas são classificadas como primárias, secundárias ou terciárias. Essa
classificação baseia-se no número de grupos orgânicos ligados ao nitrogênio,
da seguinte forma:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 18 – Classificação das Aminas

R R
R NH2 NH R’ N
R’ R’’
Amina primária Amina secundária Amina terciária
Fonte: adaptado de Feltre, (2004c).

Os radicais R, R´e R´´ podem ser cadeias carbônicas abertas, fechadas ou cadeias
aromáticas. Um exemplo de radical de cadeia aberta é a trimetilamina, e de radical
de cadeia aromática temos a fenilamina, ou anilina, ambas indicadas na Figura 43.
As aminas, por estarem presentes nos aminoácidos, formadores das proteí-
nas, representam componentes fundamentais dos seres vivos, e estão presentes
na decomposição de animais mortos. A trimetilamina, por exemplo, é o princi-
pal componente do forte cheiro do peixe podre.
Por outro lado, a anilina, assim como outras aminas aromáticas, tem aplica-
ção industrial na fabricação de corantes.

Funções Orgânicas
102 UNIDADE II

Figura 19 - Aminas
H H
N

H H

H H
H
Aniline

NH 2
CH3

H3 C
N
CH3 N

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trimetilamina Fenilamina ou Anilina

AMIDAS

Amidas são funções orgânicas nitrogenadas, derivadas da amônia, NH3, nas quais
um dos átomos de hidrogênio é substituído por um grupo “carbonila” (-CO-).
Sua fórmula geral pode ser representada da seguinte forma:

O
R C
NH2
O radical R pode ser uma cadeia aberta, fechada ou cadeia aromática, e os outros
dois hidrogênios ligados ao nitrogênio também podem ser substituídos por gru-
pos funcionais diversos.
A amida mais importante no nosso cotidiano é a diamida do ácido carbô-
nico, popularmente conhecida como ureia.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


103

Figura 20 - Fórmula Ureia

Urea

O
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

H 2N NH2

A ureia é um sólido branco, cristalino, solúvel em água, presente na urina dos


humanos e animais. Possui ampla aplicação como adubo, na alimentação de
bovinos e na produção de resinas e medicamentos.
Assim como as funções inorgânicas, as funções orgânicas apresentam uma
ampla variedade de compostos, que se distinguem por diferenças em suas com-
posições estruturais e químicas, e consequentemente apresentam as mais diversas
aplicações. A fonte desses compostos são matérias primas orgânicas, e em alguns
casos, como o petróleo, não renovável, o que mostra a temeridade em seu uso
indiscriminado.

Funções Orgânicas
104 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade classificamos os compostos químicos quanto à sua origem, como


funções inorgânicas, de origem mineral, e funções orgânicas, de origem animal
ou vegetal. Podemos ainda classificá-los em função da presença de carbono em
sua composição, sendo as substâncias orgânicas aquelas que contêm carbono,
enquanto as substâncias inorgânicas são aquelas formadas por todos os demais
elementos químicos.
Dentre as funções inorgânicas, foram apresentados os quatro tipos de com-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
postos inorgânicos: ácidos, bases, sais e óxidos. Segundo Arrhenius, ácidos são
substâncias que em solução aquosa se ionizam e liberam o cátion hidrogênio
(H+), enquanto as bases em solução aquosa sofrem dissociação iônica e liberam
o ânion hidroxila (OH-). Quando misturamos um ácido e uma base produzi-
mos um sal e água, por meio de uma reação de neutralização. Já os óxidos são
compostos binários formados pelo oxigênio e outro elemento químico, no qual
o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
Cada uma das funções inorgânicas descritas apresenta características especí-
ficas, as quais foram detalhadas como base para sua classificação e nomenclatura,
além de serem apresentadas suas principais utilizações em nosso dia a dia.
As funções orgânicas, assim como as funções inorgânicas, foram classifica-
das quanto à sua composição, visando agrupá-las em compostos de carbono e
hidrogênio, com grupos específicos como hidroxila, carbonila, carboxila, além
dos compostos nitrogenados.
As funções orgânicas englobam uma ampla variedade de compostos, que
vão desde a constituição dos seres vivos até produtos químicos elaborados, resul-
tantes de reações complexas realizadas em indústrias químicas e petroquímicas,
com larga aplicação industrial e em nosso cotidiano.
Com base nas funções apresentadas, é possível compreender a estrutura quí-
mica dos compostos, bem como suas funções em reações químicas desenvolvidas
tanto em atividades do cotidiano como em processos industriais, temas aborda-
dos nas próximas unidades.

FUNÇÕES INORGÂNICAS E FUNÇÕES ORGÂNICAS


105

1. Os ácidos são substâncias químicas sempre presentes no cotidiano do homem.


Por exemplo, a água boricada (solução aquosa que contém ácido bórico), é uti-
lizada para fazer assepsia de curativos; para limpezas mais fortes da casa, em-
prega-se ácido muriático (solução aquosa de ácido clorídrico); nos refrigerantes,
encontra-se o ácido carbônico; e no ovo podre, o mau cheiro é devido à presença
do ácido sulfídrico. Esses ácidos podem ser representados, respectivamente, pe-
las seguintes fórmulas moleculares:
a. H3BO3, HCl, H2CO2 e H2SO4
b. H2BO3, HCl, H2CO3 e H2S
c. H3BO3, HClO3, H2SO3 e H2CO2
d. H2BO3, HClO4, H2S e H2CO3
e. H3BO3, HCl, H2CO3 e H2S
2. Escreva as fórmulas moleculares dos seguintes ácidos:
a. Ácido clorídrico b. Ácido iodídrico
c. Ácido cianídrico d. Ácido sulfúrico
e. Ácido sulfuroso f. Ácido nítrico
g. Ácido nitroso h. Ácido fosfórico
i. Ácido fosforoso j. Ácido hipofosforoso
k. Ácido carbônico l. Ácido sulfídrico
3. Escreva o nome das seguintes bases:
a. LiOH b. Ba(OH)2
c. Fe(OH)2 d. Fe(OH)3
e. Pb(OH)2 f. Pb(OH)3
g. Cu(OH)3 h. Cu(OH)2
i. Al(OH)3 j. CsOH
4. Identifique a alternativa que contém apenas sais:
a. H2O2, Fe2O3, NaOH
b. NaCl, CaCO3, KMnO4
c. H2S, HCN, Al2O3
d. CaCl2, Ba(BrO)2, Zn(OH)2
e. KOH, NaBr, CaCO3
106

5. Uma solução obtida pela adição de sulfato de alumínio e nitrato de amônio só-
lidos em água contém os íons NH4+, Al3+, SO42- e NO3-. As substâncias citadas po-
dem ser representadas pelas fórmulas:
a. AlSO4 e (NH4)3NO3
b. Al2SO4 e (NH4)3NO3
c. Al2(SO4)3 e NH4NO3
d. Al3SO4 e NH4NO3
e. Al3(SO4)2 e NH4(NO3)2
6. Algumas substâncias químicas são conhecidas por nomes populares. Por exem-
plo, sublimado corrosivo (HgCl2), cal viva (CaO), potassa cáustica (KOH) e espírito
de sal (HCl). Esses compostos pertencem, respectivamente, às seguintes funções
inorgânicas:
a. ácido, base, oxido, ácido
b. sal, sal, base, óxido
c. ácido, base, base, sal
d. sal, óxido, base, ácido
e. ácido, base, sal, óxido
7. Em cidades poluídas, ocorre a formação de SO2 que reage com o oxigênio do ar,
formando trióxido de enxofre, que é um dos responsáveis pela formação da chu-
va ácida. A fórmula do produto da reação do trióxido de enxofre com a água é:
a. H2SO3
b. H2S2O3
c. H2S
d. H2SO4
e. SO3
8. Os compostos indicados na tabela a seguir representam quais funções orgânicas:

(III) (IV)

(I)
(II) H3C-CLC-CH3
H2C=CH-CH3
107

a. alceno, alcino, aromático, ciclano


b. alceno, alcano, ciclano, aromático
c. alcano, alceno, aromático, aromático
d. alcino, alcano, ciclano, ciclano
e. alceno, alcino, ciclano, aromático
9. A queima do eucalipto para produzir carvão pode liberar substâncias irritantes
e cancerígenas, tais como benzoantracenos, benzofluorantenos e dibenzoantra-
cenos, que apresentam em suas estruturas anéis de benzeno condensados. O
antraceno apresenta três anéis e tem fórmula molecular:
a. C14H8
b. C14H12
c. C18H14
d. C14H10
e. C18H12
10. Os grupos funcionais representados na tabela a seguir representam quais classes
de funções orgânicas?

(I) (II) (III) (IV) (V)


R-OH O O R
C R C NH C O
OH NH2 R’
Amina secundária

a. (I) Álcoois, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Ácidos carboxílicos
b. (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Aminas, (IV) Amidas, (V) Aldeídos e ceto-
nas
c. (I) Álcoois, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos e ce-
tonas
d. (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Aminas, (IV) Amidas, (V) Aldeídos e ceto-
nas
e. (I) Fenóis, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos
108

ÁCIDOS IMPORTANTES NA INDÚSTRIA E NO NOSSO COTIDIANO: ÁCIDO SULFÚ-


RICO (H2SO4), ÁCIDO CLORÍDRICO (HCL) E ÁCIDO NÍTRICO (HNO3)!!
O ácido sulfúrico é o produto químico mais utilizado na indústria; por isso costumamos
dizer que “o consumo de ácido sulfúrico mede o desenvolvimento industrial de um país”.
É um líquido incolor, oleoso, denso, corrosivo e extremamente solúvel em água, ferve a
338°C, que é um valor bem acima da temperatura de ebulição dos ácidos comuns; por
isso é considerado um ácido fixo, isto é, pouco volátil.
O ácido sulfúrico é produzido industrialmente por um processo denominado “catalítico”
ou “de contato”, de acordo com as seguintes etapas: (1) queima do enxofre: S + O2 → SO2;
(2) oxidação do SO2: 2SO2 + O2 → 2SO3, (3) reação do SO3 com água: SO3 + H2O → H2SO4.
Suas principais aplicações consistem em: produção de fertilizantes agrícolas, como os
superfosfatos; produção de compostos orgânicos (plásticos, fibras têxteis, celulose,
corantes, tintas, pigmentos), produção de outros ácidos, como ácido fosfórico e ácido
nítrico, limpeza de metais e ligas metálicas como o aço, refino do petróleo, baterias de
automóveis.
O HCl puro, também chamado de gás clorídrico ou cloreto de hidrogênio, é um gás in-
color, não inflamável, muito tóxico e corrosivo. Esse gás é muito solúvel em água e sua
solução aquosa é denominada ácido clorídrico. Trata-se de uma solução incolor que,
quando concentrada, contém cerca de 38% de HCl em massa, é fumegante (pois libera
vapores de HCl), sufocante, muito tóxica e corrosiva.
Industrialmente, sua preparação ocorre por síntese direta: H2 + Cl2 → 2HCl. Em laborató-
rio, pode ser produzido a partir de cloreto de sódio sólido e ácido sulfúrico, da seguinte
forma: 2 NaCl + H2SO4 → Na2SO4 + 2HCl. Na indústria, tem aplicação na hidrólise de ami-
dos e proteínas (indústria de alimentos); na produção de corantes, tintas e couros.
O ácido nítrico é um líquido incolor, volátil, muito tóxico e corrosivo. É muito solúvel
em água e, com o tempo e a influência da luz, sua solução fica avermelhada devido à
decomposição do HNO3 em NO2.
Industrialmente, o ácido nítrico é preparado a partir da amônia, NH3, em um processo
catalítico, que é composto das seguintes reações: (1) 4NH3 + 5O2 → 4NO + 6H2O; (2) 2NO
+ O2 → 2NO2; (3) 3NO2 + H2O → 2HNO3 + NO. Em laboratório, produzimos ácido nítrico
a partir de nitrato de sódio sólido e ácido sulfúrico, da seguinte forma: 2NaNO3 + H2SO4
→ Na2SO4 + 2HNO3.
O ácido nítrico é usado industrialmente na produção de compostos orgânicos (explo-
sivos, corantes e medicamentos), na produção de fertilizantes agrícolas (por exemplo,
NH4NO3) e na produção de nitratos.
Fonte: Feltre (2004a, p.204).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Química na abordagem do cotidiano – Volume 1 – Química


Geral e Inorgânica
Francisco Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto
Editora: Moderna
Sinopse: Com linguagem acessível, esse livro auxilia o(a) aluno(a) a
compreender conceitos, aprimorar o letramento científico e desenvolver
competências científicas desejáveis a qualquer cidadão. Cada capítulo
se inicia com uma foto relacionada ao tema, que tem relação com o dia
a dia, de modo a propiciar um ponto de partida motivador e instigar o
desejo de aprender uma ciência extremamente vinculada à realidade.
No desenvolvimento dos conteúdos são utilizadas imagens, exercícios e
leituras complementares que permitem um debate acerca dos assuntos
discutidos na teoria.

Material Complementar
GABARITO

1. Resposta: alternativa (e)


2. Respostas: (a) HCl, (b) HI, (c) HCN, (d) H2SO4, (e) H2SO3, (f )HNO3, (g) HNO2,
(h) H3PO4, (i) H3PO3, (j) H3PO2, (k) H2CO3, (l) H2S
3. Respostas: (a) Hidróxido de lítio, (b) Hidróxido de bário, (c) Hidróxido ferroso ou
de ferro II, (d) Hidróxido férrico ou de ferro III, (e) Hidróxido de chumbo II, (f ) Hi-
dróxido de chumbo III, (g) Hidróxido cúprico ou de cobre III, (h) Hidróxido cupro-
so ou de cobre II, (i) Hidróxido de alumínio, (j) Hidróxido de césio.
4. Resposta: alternativa (b)
5. Resposta: alternativa (c)
6. Resposta: alternativa (d)
7. SO3 + H2O → H2SO4. Resposta: alternativa (d).
8. Resposta: alternativa (a)
9. O antraceno tem fórmula molecular C14H10.

H H H

H C C C H
C C C C

C C C C
H C C C H

H H H

Resposta: alternativa (d)


10. Resposta: alternativa (c)
Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

III
REAÇÕES QUÍMICAS

UNIDADE
E SEU CÁLCULO
ESTEQUIOMÉTRICO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Aprender a expressar as reações químicas por meio de equações
balanceadas.
■■ Classificar as reações químicas com base em seus reagentes
consumidos e produtos formados.
■■ Compreender a importância do estudo dos gases, regidos por leis e
equações de estado.
■■ Entender as possíveis formas de quantificar reagentes e produtos,
bem como relacioná-los no desenvolvimento do cálculo
estequiométrico de reações químicas.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Reações Químicas
■■ O Estado Gasoso
■■ Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas
113

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo equacionando reações químicas, ou


seja, representando os elementos ou compostos que participam das reações, sejam
como reagentes ou produtos. As equações químicas expressam de modo quanti-
tativo, quando balanceadas, as substâncias envolvidas em uma reação química.
Com base em características comuns, as reações químicas são classificadas
como reações de síntese ou adição, reações de análise ou decomposição, reações
de deslocamento ou simples troca e reações de dupla troca ou dupla substituição.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O estudo das quantidades de reagentes e produtos que participam de uma


reação química exige o uso de grandezas e unidades adequadas. Os átomos e as
moléculas são muito pequenos para serem medidos em equipamentos de pesagem
convencionais, por esse motivo surgiram grandezas de ordem atômica, deno-
minadas massa atômica e massa molecular. Posteriormente, foi introduzido o
conceito de mol, que quantifica um número específico de átomos ou moléculas.
Um número significativo de processos químicos industriais ocorre no estado
gasoso. Além disso, os gases são importantes na vida dos vegetais, animais e do
homem. Os gases possuem propriedades físicas e químicas particulares, tais como
facilidade em se comprimir e também se expandir, além de ser altamente mis-
cível. São regidos por leis e equações específicas que relacionam seu volume a
outras grandezas como pressão e temperatura. Desta forma, o conhecimento de
suas características torna possível a compreensão de seu comportamento frente
a possíveis reações químicas desenvolvidas em processos industriais.
Todas as reações químicas, ao serem equacionadas, relacionam as quantidades
de reagentes consumidos e produtos formados. Essa relação nos fornece dados
importantes, não somente no aspecto teórico, mas também prático e até econô-
mico, dos processos químicos. Essa quantificação é determinada pelo cálculo
estequiométrico, de fundamental importância no estudo das reações químicas.
Boa leitura!

Introdução
114 UNIDADE III

REAÇÕES QUÍMICAS

Todos os dias, em nosso cotidiano, ocorrem reações químicas ao nosso redor, e


também em nosso organismo, de modo que podemos afirmar que a manuten-
ção da vida depende de várias reações químicas.
Segundo Feltre (2004a), na reação química, as moléculas iniciais são “des-
montadas” e seus átomos são rearranjados para “montar” outras moléculas.
Vejamos o exemplo da formação da molécula de água.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 01 - Representação esquemática da reação de formação da água.

Fonte: adaptado de Feltre (2004a)

Na reação química descrita na Figura 01, os átomos do reagente, no lado esquerdo


da seta, são desagrupados, sendo reagrupados de outra forma, no lado direito
da seta. Em outras palavras, as moléculas iniciais de H2 e O2 foram consumidas
para produzirem as moléculas finais de H2O, mantendo-se constante o número
de átomos presentes, 6 antes e 6 depois da reação química.

EQUAÇÕES QUÍMICAS

A reação de formação da água (Figura 01) pode ser representada de maneira


simplificada, escrevendo-se: 2H2 + O2 → 2H2O. Essa representação é denomi-
nada “equação química” da reação de formação da água. Desta forma, “equação
química” é a representação simbólica de uma reação química.
Nas equações químicas, os reagentes são escritos do lado esquerdo da seta
e os produtos, do lado direito. Os reagentes são consumidos e os produtos são
formados na reação.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


115

As fórmulas moleculares (H2, O2, H2O) indicam quais são as substâncias par-
ticipantes da reação química. Os coeficientes estequiométricos são os números
que indicam a proporção de moléculas que participam da reação, ou seja, “2”
moléculas de H2, “1” molécula de O2 e “2” moléculas de H2O. De modo geral,
o coeficiente 1 não é escrito pois subentende-se que seja apenas uma molécula.
As fórmulas representam de modo qualitativo, enquanto os coeficientes repre-
sentam de modo quantitativo as equações químicas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

“A equação química é uma forma de linguagem universal da química”.


Fonte: o autor

As equações químicas ainda fornecem outras informações importantes sobre as


moléculas ou átomos envolvidos em uma reação química. O estado da matéria,
por exemplo, sólido (s), líquido (l) ou gasoso (g), a presença de solução aquosa

(aq), o desprendimento de gás ( ), a formação de um sólido precipitado ( ), a

necessidade de aquecimento (Δ) e a ocorrência de reações reversíveis (↔).

EQUAÇÕES IÔNICAS

Quando uma reação química envolve substâncias iônicas ou ionizadas, podemos


escrever apenas os íons que nos interessam na explicação do processo químico.
No exemplo da reação de formação da água, podemos escrever a mesma reação
da seguinte forma: H+ + OH- → H2O.
Essa equação indica que um ácido forte (com cátion H+) reagiu com uma
base forte (com ânion OH-), formando água. Desta forma, “Equação iônica” é a
equação química que descreve a reação entre íons, além de átomos e moléculas.

Reações Químicas
116 UNIDADE III

BALANCEAMENTO DAS EQUAÇÕES QUÍMICAS

Uma equação química só está correta quando representa um processo químico


que realmente ocorre, descrito por fórmulas corretas no aspecto qualitativo, e por
coeficientes estequiométricos corretos, no âmbito quantitativo. Podemos veri-
ficar essa condição quando em uma reação química, o número total de átomos
dos reagentes é igual ao número total de átomos dos produtos. Ao verificarmos
essa igualdade, dizemos que a equação química está correta e balanceada.
No exemplo da reação de formação da água, percebemos que o número de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
átomos de H e O se mantêm constante antes e após a reação. De acordo com a
ilustração da Figura 01, nos reagentes temos a mistura de 2 moléculas de H2 e 1
molécula de O2, o que resulta em “4 átomos de H e 2 átomos de O”. No produto
obtemos 2 moléculas de H2O, que correspondem aos mesmos “4 átomos de H e
2 átomos de oxigênio” verificados nos reagentes. Podemos concluir que a equa-
ção química 2H2 + O2 → 2H2O está balanceada.
De acordo com Usberco e Salvador (2001), existem vários métodos de balan-
ceamento de uma equação química, dentre os quais o mais simples é o “Método
das Tentativas”. Esse método segue as seguintes regras práticas:
■■ Regra (1) – Iniciar pelo elemento ou íon que aparece apenas uma vez no
lado esquerdo ou direito da seta.
■■ Regra (2) – Preferir o elemento ou íon que possui maiores índices, ou
seja, o maior número de átomos.
■■ Regra (3) – Ao escolher o elemento ou íon, transpor seus índices de um lado
da equação para o outro da seta, usando seus índices como coeficientes.
■■ Regra (4) – Utilizar o mesmo raciocínio com os outros elementos ou íons,
até o final do balanceamento.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


117

Vamos resolver alguns exemplos para melhor compreendermos o balancea-


mento de equações químicas.

Exemplo 1 – Reação química: Al + O2 → Al2O3


Essa equação não está balanceada, portanto vamos seguir as regras do “Mé-
todo das Tentativas” para balanceá-la.
Regra (1) – é indiferente para o Al e O, pois ambos aparecem apenas uma
vez.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Regra (2) – O é o elemento com maiores índices (2 e 3), portanto preferimos


o elemento O.
Regra (3) – transpor os índices do O: Al + 3O2 → 2Al2O3
Regra (4) – acertar os índices do Al: 4Al + 3O2 → 2Al2O3
Concluindo, temos a “equação balanceada: 4Al + 3O2 → 2Al2O3”, na qual par-
timos de 4 átomos de Al e 6 átomos de O (3x2) e obtemos um produto com
4 átomos de Al (2x2) e 6 átomos de O (2x3).

Exemplo 2 – Reação química: N2 + H2 → NH3


Regra (1) – é indiferente para N e H, pois aparecem apenas uma vez.
Regra (2) – H é o elemento que possui os maiores índices (2 e 3), portanto
preferimos o elemento H.
Regra (3) – transpor os índices do H: N2 + 3H2 → 2NH3
Regra (4) – acertar os índices do N: 1N2 + 3H2 → 2NH3
Concluindo, temos a “equação balanceada: N2 + 3H2 → 2NH3”, já que o coefi-
ciente 1 é desnecessário.

Reações Químicas
118 UNIDADE III

Exemplo 3 – Reação química: CaO + P2O5 → Ca3(PO4)2


Regra (1) – devemos calcular primeiro com o Ca ou P, porque o elemento O
aparece duas vezes nos reagentes.
Regra (2) – o Ca possui índices 1 e 3, enquanto o P possui índices 2 e 1, por-
tanto preferimos o Ca, com índices maiores.
Regra (3) – transpor os índices do Ca: 3CaO + P2O5 → 1Ca3(PO4)2
Regra (4) – devemos observar que o P no lado direito da seta está sob a for-
ma (PO4)3-2, e possui índice total 2, assim como em P2O5, e não é necessário
acertar os índices do P: 3CaO + 1P2O5 → 1Ca3(PO4)2

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Os índices do O foram automaticamente acertados, pois no lado esquerdo
da seta temos 3+5=8 átomos de O, e no lado direito, temos 2x4=8 átomos
de O.
Finalmente, temos a “equação balanceada: 3CaO + P2O5 → Ca3(PO4)2”.

Exemplo 4 – Reação química: Zn + HCl → ZnCl2 + H2


Regra (1) – indiferente, pois Zn, H e Cl aparecem apenas uma vez.
Regra (2) – Zn possui índice 1, H e Cl possuem índices 1 e 2. Para desempa-
tar, verificamos os compostos nos quais os elementos estão presentes com
índice 2, ZnCl2 e H2. Em ZnCl2 há um total de 3 átomos, enquanto em H2 há
apenas dois átomos, portanto utilizamos nesse caso o elemento presente
no composto com maior número de átomos, ZnCl2, ou seja, o elemento Cl.
Regra (3) – transpor os índices de Cl: Zn + 2HCl → 1ZnCl2 + H2
Regra (4) – acertar os índices de H: Zn + 2HCl → 1ZnCl2 + 1H2. Em seguida,
devemos acertar os índices do Zn: 1Zn + 2HCl → 1ZnCl2 + 1H2
Concluindo, após retirar os coeficientes 1, podemos escrever a “equação ba-
lanceada: Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2”.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


119
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CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES QUÍMICAS

Segundo Usberco e Salvador (2001), existem várias maneiras de classificar as


reações químicas. Quando o critério adotado relaciona o número de substâncias
envolvidas e o número de substâncias produzidas, podemos agrupar as reações
da seguinte forma:
■■ reações de síntese ou de adição.
■■ reações de análise ou de decomposição.
■■ reações de deslocamento ou de substituição ou de simples troca.
■■ reações de dupla troca ou de dupla substituição.

Reações de Síntese ou de Adição.

São reações que ocorrem quando dois ou mais reagentes se combinam para ori-
ginar um único produto. De modo genérico, as reações de síntese ou adição
podem ser representadas por: A + B → C.

Reações Químicas
120 UNIDADE III

Podemos compreender melhor esse tipo de reação analisando alguns exemplos.


Durante a queima de uma fita de magnésio, ocorre a reação do elemento magnésio
(Mg) com o gás oxigênio (O2) presente no ar atmosférico, originando o óxido de mag-
nésio (MgO). A equação química que descreve essa reação é 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s).
Nessa reação, verificamos que ocorre uma grande liberação de luz branca,
que pode ser utilizada em lâmpadas de “flashes” fotográficos descartáveis e em
foguetes sinalizadores.
O segundo exemplo envolve as soluções aquosas de ácido clorídrico (HCl)
e de hidróxido de amônio (NH4OH), que liberam, respectivamente, dois gases,

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HCl e NH3. Quando aproximamos dois frascos abertos contendo, separadamente,
essas soluções, ocorre a formação de uma névoa constituída por cloreto de amô-
nio (NH4Cl), que é o produto da reação entre os gases liberados das soluções. Essa
reação pode ser representada pela equação química HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g).
No primeiro exemplo, 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s) temos uma reação de “síntese
total”, na qual partimos de apenas substâncias simples, Mg e O2. Já no segundo
exemplo, HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g), temos uma reação de “síntese parcial”, pois
entre os reagentes, há no mínimo uma substância composta.

Reações de Análise ou de Decomposição.

São reações que ocorrem quando um único reagente se decompõe, originando


dois ou mais produtos de estruturas mais simples. De modo genérico, podem
ser representadas por A → B + C.
Algumas reações desse tipo recebem nomes especiais. A pirólise, por exem-
plo, representa uma reação de decomposição induzida pelo calor, e na indústria
é também chamada de calcinação. Um exemplo de pirólise é a decomposição do
nitrato de cobre: 2Cu(NO3)2(s) → 2CuO(s) + 4NO2(g) + O2(g). Nessa reação, Cu(NO3)2
é um sólido azul, e após aquecimento, decompõe-se em CuO, um sólido preto,
liberando os gases NO2 e O2.
A fotólise consiste em uma reação de decomposição induzida pela luz.
Podemos citar a decomposição da água oxigenada como um exemplo desse tipo
de reação. A água oxigenada ou peróxido de hidrogênio se decompõe em água e
oxigênio, de acordo com a seguinte equação química: H2O2(aq) → 2H2O(l) + O2(g).

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


121

A eletrólise pode ser definida como uma reação de decomposição induzida


pela eletricidade. A reação de decomposição da água é um exemplo desse tipo
de reação. Nesse caso, H2O(l) → H2(g) + ½O2(g).

Reações de Deslocamento ou de Substituição ou de Simples Tro-


ca.

São reações que ocorrem quando uma substância simples reage com uma substân-
cia composta, deslocando da substância composta uma nova substância simples.
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De modo genérico, podemos representar esse tipo de reação de duas formas.


A + XY → AX + Y ou A + XY → AY + X
Para ilustrar esse tipo de reação, vamos analisar alguns exemplos. Quando
uma lâmina de zinco (Zn) entra em contato com uma solução aquosa de ácido
clorídrico (HCl), ocorre uma reação de formação de um sal, o cloreto de zinco
(ZnCl2) e o desprendimento de gás hidrogênio (H2). Essa reação pode ser repre-
sentada da seguinte forma: Zn(s) + HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g). Nessa reação, o
zinco deslocou o hidrogênio.
Quando adicionamos uma fita de cobre (Cu) em uma solução de nitrato
de prata (AgNO3), observamos que a fita vai se tornando prateada e a solução
de nitrato de prata vai se tornando azulada. Trata-se de uma reação de deslo-
camento ou simples troca, na qual a prata presente na solução é deslocada pelo
cobre presente na fita. Os íons cobre em solução são responsáveis pela colora-
ção azulada. Essa reação pode ser representada pela seguinte equação química:
Cu(s) + 2AgNO3(aq) → Cu(NO3)2(aq) + 2Ag(s).

Reações de Dupla Troca ou de Dupla Substituição.

São reações que ocorrem quando duas substâncias compostas reagem entre si,
trocando seus componentes e dando origem a duas novas substâncias compos-
tas. Genericamente, podemos representar esse tipo de reação como AB + XY →
AY + BX, em que A se liga a Y enquanto B se liga a X.

Reações Químicas
122 UNIDADE III

Uma reação de salificação ou neutralização (ácido + base) é exemplo de reação


de dupla troca, pois temos NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(s) + H2O(l). Outro exem-
plo de neutralização se dá ao misturarmos soluções aquosas de ácido sulfúrico
(H2SO4) e hidróxido de bário (Ba(OH)2), por exemplo, que reagem formando um
precipitado branco, sulfato de bário (BaSO4), além de água (H2O), equacionado
quimicamente da seguinte forma: H2SO4(aq) + Ba(OH)2(aq) ® BaSO4(s) + 2H2O(l).

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O vidro já era conhecido pelos egípcios desde 2500 a.C. Uma lenda conta
que, em 1500 a.C., marinheiros fenícios já usavam pedras de Na2CO3 natural
para fazer fogueiras nas praias e, com o fogo, pedaços de vidro eram pro-
duzidos (com o calor, o Na2CO3 reage com a areia, produzindo vidro). Atu-
almente, o vidro comum é produzido pela mistura de areia (SiO2), soda ou
barrilha (Na2CO3) e calcário (CaCO3), que é aquecida em fornos especiais, a
cerca de 1.500°C.
Em reações do tipo �Na2CO3 + 𝑦CaCO3 +𝑧SiO2 → (Na2O)�·(CaO)y·(SiO2)𝑧 +
(�+𝑦)CO2, o vidro incolor é produzido. Vidros coloridos são fabricados adi-
cionando-se à mistura inicial, pequenas quantidades de óxidos metálicos
como, por exemplo, Fe2O3 para dar cor verde e CoO para dar cor azul. O vidro
fabricado com 10 a 15% de Pb3O4 tem densidade e brilho elevados, é conhe-
cido como cristal e usado na fabricação de vasos e taças.
Fonte: Feltre (2004a, p.258).

Condições para ocorrer uma Reação Química

Quando duas ou mais substâncias são misturadas, nem sempre ocorre uma rea-
ção química. Para Feltre (2004a), só ocorre reação química quando:
a. As moléculas estiverem efetivamente em contato. Moléculas no estado
gasoso reagem mais facilmente porque possuem maior contato do que
as moléculas no estado líquido e estado sólido.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


123

b. Os reagentes tiverem certa afinidade química, isto é, tendência a reagir.


Para tanto, algumas características das moléculas permitem prever se
haverá afinidade química entre determinados reagentes.

De acordo com as características das substâncias envolvidas, as reações se divi-


dem em dois tipos principais: reações de oxirredução e reações que não envolvem
oxirredução.

Reações de Oxirredução
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Para que uma reação de oxirredução ocorra, um dos reagentes deve apresentar
a tendência de ceder elétrons, característica comum aos metais, e o outro rea-
gente, de receber elétrons, comportamento dos não metais.
Os metais se oxidam e agem como redutores, mas apresentam diferentes
tendências a se oxidarem. A fila da reatividade ou fila de tensões eletrolíticas
apresentam quais metais têm maior tendência e quais têm menor tendência para
ceder elétrons. Na figura 48 apresentamos parte da fila de reatividade dos metais.
Figura 02 – Fila de reatividade dos metais

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Nesta fila, qualquer metal mais reativo pode deslocar o menos reativo, ou seja,
qualquer metal pode ceder elétrons para outro metal situado à direita na fila.
A seguir apresentamos alguns exemplos. Verificamos que nos dois primeiros
casos, a reação ocorre porque o Mg está à esquerda do Hg e o Fe está à esquerda
do Cu na fila de reatividade, ou seja, Mg e Fe são mais eletropositivos do que
Hg e Cu, respectivamente. No entanto, a terceira reação é impossível porque a
Ag está à direita do Al, o que significa que o Al tem mais tendência em ceder
elétrons do que a Ag.

Reações Químicas
124 UNIDADE III

Figura 03 – Exemplos de reações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Os não metais têm tendência para receber elétrons, ou seja, se reduzem e agem
como oxidantes. Assim como os metais, os não metais apresentam diferentes
tendências a reduzirem, o que permite organizá-los em uma fila de reatividade.
Qualquer não metal dessa fila pode deslocar (receber elétrons) de outro não
metal situado mais à direita na fila.
Figura 04 – Fila dos não-metais

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Podemos observar alguns exemplos da possibilidade ou não de reações de deslo-


camento tendo a diferença de eletronegatividade como condição para a reação.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


125

Figura 05 – Exemplos de Reações dos não-metais

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

As duas primeiras reações foram possíveis devido à maior eletronegatividade do


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F em relação ao Br e do Cl em relação ao S. Mas a terceira reação não foi pos-


sível, uma vez que I está à direita de Cl na fila de reatividade dos não metais,
mostrando maior tendência do Cl em receber elétrons.

Reações que não envolvem Oxirredução

Podemos destacar nesses casos as reações de dupla troca ou dupla substituição.


Essas reações ocorrem principalmente em duas condições: quando tiverem rea-
gentes solúveis e ao menos um produto insolúvel, que formará um precipitado;
ou quando houver pelo menos um produto volátil.
Na figura 06 estão apresentados exemplos dos tipos de reações mencionados.
Figura 06 – Reações com precipitado

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Reações Químicas
126 UNIDADE III

Os povos antigos usavam gesso (CaSO4·2H2O) ou cal (CaO) em suas cons-


truções. O cimento, tal como o conhecemos atualmente, foi inventado em
1824, por Joseph Aspdin, na Inglaterra. É fabricado aquecendo, em um for-
no rotatório a 1.500 °C, uma mistura de calcário (CaCO3), argila e areia. Do
forno saem pedregulhos duros denominados clinquers que, quando moí-
dos, dão origem ao cimento. A composição do cimento é 60 a 67% de CaO,
17 a 25% de SiO2, 3 a 8% de Al2O3, 2 a 3% de MgO e 2 a 3% de FeO. Com água,
o cimento endurece devido à cristalização dos silicatos de cálcio e alumínio.
Junto com areia e pedras, o cimento endurece, formando o concreto.
Fonte: Feltre (2004a, p. 258)

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MASSA ATÔMICA, MASSA MOLECULAR E MASSA MOLAR

Massa Atômica

Tudo o que se deseja pesar ou medir precisa ser comparado a um padrão com
unidade conveniente. A massa do corpo de um homem, por exemplo, pode ser
determinada por comparação utilizando-se o quilograma (kg) como unidade
padrão. Se a balança indicar 80 kg, significa que a massa do homem pesado é 80
vezes maior do que o padrão escolhido, que é de 1kg. No entanto, para medir a
massa de uma formiga, por exemplo, esse padrão se torna inconveniente, pois
seria impossível medir por quilogramas a massa de um animal tão pequeno e leve.
Da mesma forma, para medir a massa dos diferentes átomos, os cientis-
tas procuraram por um padrão conveniente. A escala de massas atômicas está
baseada no isótopo mais comum do carbono, com número de massa igual a 12
(A=12), ao qual foi atribuída exatamente a massa de 12 unidades de massa atô-
mica (uma) ou (u). Adotaremos a sigla (u).

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


127

De acordo com Usberco e Salvador (2001, p. 373), temos que: “Unidade


de massa atômica (u) é a massa de 1/12 do átomo de carbono com número de
massa igual a 12 (12C)”.
As massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas experi-
mentalmente com grande precisão utilizando-se um equipamento denominado
Espectrômetro de Massa. O quadro 01 apresenta alguns exemplos de elementos
químicos com suas respectivas massas atômicas.
Quadro 01 - Massa Atômica de alguns Elementos Químicos
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Massa atômica do 42He 4,0030u @ 4u


Massa atômica do 199F 18,9984u @ 19u
Massa atômica do 27
13
Al 26,9815u @ 27u
Fonte: Usberco e Salvador (2001, p. 373).

Os valores de massa atômica quando arredondados são iguais aos números de


massa (A) dos átomos. Por esse motivo, usaremos os valores de número de massa
(A) para indicar a massa atômica dos átomos, pois são numericamente iguais.
Quando dizemos que a massa atômica do elemento 4He é igual a 4u, significa
que a massa de um átomo de He é 4 vezes maior do que a massa de 1/12 do 12C.
Na natureza, verificamos que a grande maioria dos elementos químicos são
misturas de isótopos com diferentes porcentagens em massa, chamadas de abun-
dâncias relativas. Por exemplo, todo o cloro da natureza é uma mistura dos isótopos
35 (35Cl) e 37 (37Cl), na seguinte proporção: 75,4% de 35Cl (34,969u) e 24,6% de 37Cl
(36,966u). Consequentemente, a massa atômica do elemento Cl que nós encontra-
mos nas tabelas é a média ponderada desses valores, calculada da seguinte forma:

Para arredondar o valor encontrado, dizemos que a massa atômica média do


Cl é 35,5u.

Reações Químicas
128 UNIDADE III

Massa Molecular

As moléculas são formadas por átomos unidos por ligações químicas. Desta
forma, a massa de uma molécula (massa molecular) é numericamente igual à
soma das massas dos átomos que a constituem. Sua unidade, assim como para
os átomos, é unidade de massa atômica (u).
Vamos observar alguns exemplos. A molécula de água (H2O) é constituída
por dois átomos de 1H e um átomo de 16O. Sua massa molecular pode ser calcu-
lada como: 2x1u (H) + 1x16u (O) = 2 + 16 = 18u. Já a molécula de ácido sulfúrico

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(H2SO4) é constituída por dois átomos de 1H, um átomo de 32S e quatro átomos
de 16O. Sua massa molecular pode ser calculada como: 2x1u (H) + 1x32u (S) +
4x16u (O) = 2 + 32 + 64 = 98u.

Massa Molar

No cotidiano, várias mercadorias são vendidas “em conjunto” ou “por atacado”.


Os ovos são comprados em dúzias (12 unidades), as folhas de papel são com-
pradas em resmas (pacotes com 500 folhas), e assim por diante.
Na química não é diferente. O átomo é tão pequeno que é impossível pesar
um único átomo. Amedeo Avogrado (1776 – 1856) foi o primeiro cientista a com-
preender a ideia de que uma amostra de um elemento, com massa em gramas
numericamente igual à sua massa atômica, apresenta sempre o mesmo número
de átomos, denominado “Número de Avogrado”. Esse número corresponde a
6,02x1023 átomos de um elemento.
Com base na definição do “Número de Avogrado”, surgiu um novo conceito
de quantificação da matéria. “Mol é a quantidade de matéria que contém 6,02x1023
entidades da matéria”. Dessa forma, 1mol de átomos representa 6,02x1023 áto-
mos, 1mol de moléculas representa 6,02x1023 moléculas, 1mol de íons representa
6,02x1023 íons, 1mol de elétrons representa 6,02x1023 elétrons.
A massa molar pode ser finalmente definida como a massa que contém 1mol
ou 6,02x1023 entidades da matéria. Sua unidade é grama/mol (g/mol).

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


129

Portanto, se a massa atômica do Cl é 35,5u, podemos dizer que sua massa


molar é 35,5g/mol. Da mesma forma, se a massa molecular da H2O é 18u, temos
que sua massa molar é 18g/mol.
Geralmente, as quantidades das moléculas e elementos são dadas em gra-
mas (g), mas para simplificar os cálculos químicos usamos as quantidades das
moléculas e elementos em mol. Portanto, é importante aprendermos a trans-
formar gramas em mol. Vejamos alguns exemplos desse cálculo da quantidade
de mols (n).
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Exemplo 1: Quantos mols correspondem a 100g de cálcio (Ca)?

A massa atômica do Ca é 40u. Então 1mol de átomos de Ca tem 40g. Para


sabermos quantos mols tem em 100g de Ca precisamos fazer a seguinte
associação:
678

40 g de Ca 1 mol de átomos de Ca n= 2,5 mols de


n= 100
40 átomos de Ca
100 g de Ca n

Exemplo2: Quantos mols correspondem a 88g de dióxido de carbono (CO2)?

As massas atômicas são: C = 12u e O = 16u. Então 1 mol de moléculas de CO2


tem: 1x12 + 2x16 = 12 + 32 = 44u = 44g.

Logo, 1mol de CO2 possui 44g de CO2. Para sabermos quantos mols tem em
88g de CO2 precisamos fazer a seguinte associação:
678

44 g de CO2 1 mol de moléculas de CO2 n= 2 mols de


n= 88
44 moléculas de CO2
88 g de CO2 n

Reações Químicas
130 UNIDADE III

Podemos observar a importância de se relacionar quantitativamente molécu-


las, elementos ou íons com unidades de medida padronizadas, objetivando
calcular quantidades de reagentes necessários para uma reação acontecer, bem
como prever a quantidade de produtos formados. Para isso, vemos claramente a
necessidade de equacionar as reações químicas, e balancear essas equações para
relacionar de forma correta os reagentes consumidos e os produtos formados.

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O ESTADO GASOSO

Para a química, o conhecimento dos gases e de suas propriedades é de grande


importância, uma vez que os mesmos estão presentes em nossa rotina diária. O
ar que respiramos é indispensável
para nossa vida, como também para
vida dos animais e vegetais.
Os gases são, na sua maio-
ria, compostos moleculares, com
grande capacidade para se com-
primir e também se expandir, pois
não apresentam um volume fixo,
ocupando o volume total do reci-
piente no qual estão confinados. ©shutterstock

Além disso, são miscíveis entre si em qualquer proporção.


As partículas constituintes dos gases encontram-se afastadas umas das outras
de modo que praticamente não ocorre interação entre elas, que possuem, desta
forma, alto grau de liberdade, e se movimentam em todas as direções e sentidos
dentro do recipiente que os contém.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


131

Por que os gases que saem das chaminés das indústrias sobem para a at-
mosfera?
Fonte: o autor

VOLUME, TEMPERATURA E PRESSÃO DOS GASES.

De acordo com Feltre (2004a), podemos afirmar que o volume de um gás coin-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cide com o próprio volume do recipiente que o contém. No estudo dos gases, os
volumes são medidos em metros cúbicos (m3), em litros (L), em mililitros (mL)
e em centímetros cúbicos (cm3). É importante relembrar algumas relações entre
essas unidades, tais como 1m3 = 1.000cm3; 1L = 1.000mL; 1mL = 1cm3.
A temperatura é uma medida do grau de agitação das partículas (átomos ou
moléculas) que constituem um corpo. No caso dos gases, a temperatura depende
do grau de agitação das moléculas que o constituem. Essa grandeza pode ser
medida por várias escalas termométricas diferentes.
No Brasil, a escala mais comumente usada é a escala Celsius (°C). Em tra-
balhos científicos, usamos a escala absoluta ou Kelvin (K), que é adotada pelo
Sistema Internacional de Unidades (SI). A relação entre essas duas escalas pode
ser visualizada na Figura 07.
Figura 07: Escala Celsius e Escala Kelvin.

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

O Estado Gasoso
132 UNIDADE III

Para transformar temperaturas da escala Celsius (q) em temperaturas absolu-


tas da escala Kelvin (T), é necessário utilizar a seguinte equação: T = q + 273.
A temperatura mínima da escala absoluta ou escala Kelvin é denominada
“zero absoluto” e corresponde a -273°C. Na prática, essa temperatura nunca foi
alcançada, apesar de pesquisadores americanos do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT) terem chegado a valores bem próximos.
Pressão, por sua vez, é definida como a relação entre a força exercida na dire-
ção perpendicular sobre uma superfície, e a área desta superfície. Isso equivale
a dividir a força total em forças menores distribuídas igualmente em cada uni-

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dade de área, conforme indicado na Figura 08.
A pressão exercida por um gás contido num recipiente fechado resulta dos
choques de suas partículas contra as paredes do recipiente, sendo proporcional
ao número de choques de suas partículas contra o recipiente.
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a pressão é medida em Pascal
(Pa), que é definido como a pressão exercida por uma força de 1N (1 Newton)
distribuída sobre uma superfície de 1m2 perpendicular à força, de modo que
1Pa = 1N/m2. A pressão dos gases também pode ser medida em mmHg ou torr
(Torricelli). A pressão atmosférica (atm) pode ser medida em barômetros de
mercúrio, e em locais situados ao nível do mar ela atinge o valor de 760mmHg
ou 760torr.
Essas unidades podem ser relacionadas da seguinte forma: 1atm = 760mmHg;
1atm = 760 torr; 1atm = 101,325 Pa (N/m2).
Figura 08 - Representação Esquemática da Pressão

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


133

EQUAÇÃO GERAL DOS GASES

Segundo Peruzzo e Canto (2010), as relações entre as variáveis de estado, volume,


temperatura e pressão, que caracterizam os gases, são expressas em equações
matemáticas, também denominadas “leis”. Essas leis são determinadas man-
tendo-se uma das variáveis fixa e analisando-se as duas restantes. Desta forma,
podemos dividir as transformações gasosas em três tipos: isotérmica (tempera-
tura constante), isobárica (pressão constante) e isométrica (volume constante).
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Transformação Isotérmica

Nessa transformação a temperatura é mantida constante. Os cientistas Boyle e


Mariotte, cada um no seu tempo, realizaram experimentos em que provocaram
a variação da pressão de uma determinada massa de gás dentro de um cilin-
dro, mantendo sua temperatura constante. Ao aumentar a pressão sobre o gás,
o volume deste diminuiu, conforme ilustrado na Figura 09.
Figura 09 – Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isotérmica.

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Foi observado que ao dobrar e triplicar a pressão sobre o gás obtiveram volumes
de gás reduzidos à metade e à terça parte, respectivamente, de modo que o pro-
duto entre as duas variáveis, pressão e volume, permaneceu constante.
Portanto observamos que volume e pressão são grandezas inversamente
proporcionais, que resultaram na Lei de Boyle-Mariotte: “Para uma massa fixa
de gás, mantida à temperatura constante, o volume ocupado pelo gás é inversa-
mente proporcional à pressão exercida sobre ele”.

O Estado Gasoso
134 UNIDADE III

A representação matemática para a “Lei de Boyle-Mariotte” pode ser feita


de duas formas: P1.V1 = P2.V2 ou P.V = constante. Na primeira representação, os
índices “1” e “2” se referem ao estado inicial e final, esquematizados na Figura 55.

Transformação Isobárica

Nessa transformação a pressão é mantida constante. Se aumentarmos a tem-


peratura de uma massa determinada de gás dentro de um cilindro (Figura 10),
mantendo-se a pressão do cilindro constante, observamos que o volume do gás

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também aumenta à mesma proporção.
Figura 10 - Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isobárica.

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Foi observado que dobrando e triplicando a temperatura absoluta do gás, seu


volume também dobrou e triplicou, permanecendo constante, porém, o quo-
ciente entre volume e temperatura.
Verificamos então que volume e temperatura absoluta são grandezas dire-
tamente proporcionais, que resultaram na Lei de Gay-Lussac: “Para uma massa
fixa de gás, mantida à pressão constante, o volume ocupado pelo gás é direta-
mente proporcional à sua temperatura absoluta”.
A representação matemática para a “Lei de Gay-Lussac” pode ser feita de
duas formas: V1/T1 = V2/T2 ou V/T = constante. Na primeira representação, os
índices “1” e “2” se referem ao estado inicial e final, apresentados na Figura 56.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


135

Transformação Isométrica (ou Isovolumétrica ou Isocórica)

Nessa transformação, o volume é mantido constante. Consideremos o cilindro


com gás representado na Figura 11, com a tampa travada de modo a manter o
volume do gás fixo. Notamos que aumentando a temperatura do gás, sua pres-
são também aumenta na mesma proporção.
Observamos que a temperatura absoluta do gás e sua pressão são grandezas
diretamente proporcionais, de modo que o quociente entre pressão e tempera-
tura se mantém constante, base para a Lei de Charles: “Para uma massa fixa de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gás, mantida a volume constante, a pressão exercida pelo gás é diretamente pro-
porcional à temperatura absoluta”.
A representação matemática para a “Lei de Charles” pode ser feita de duas
formas: P1/T1 = P2/T2 ou P/T = constante. Na primeira representação, os índices
“1” e “2” se referem ao estado inicial e final, indicados na Figura 11.
Figura 11 – Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isométrica

Fonte: adaptado de Feltre (2004a).

Reunindo as três fórmulas matemáticas resultantes das três transformações gaso-


sas, obtemos a chamada “Equação Geral dos Gases”:

P1V1 = P2V2 ou PV = Constante


T1 T2 T

O Estado Gasoso
136 UNIDADE III

Devemos lembrar que essa lei só é válida para uma massa constante de um mesmo
gás, e as temperaturas são absolutas, ou seja, devem ser expressas em kelvin.
Essa equação permite que, por exemplo, conhecendo o volume de um gás
em determinadas condições de temperatura e pressão, possamos determinar seu
novo volume em outras condições de temperatura e pressão.
As comparações das propriedades dos gases são realizadas com base em
certos referenciais, estabelecidos arbitrariamente e denominados “Condições
Normais de Temperatura e Pressão (CNTP)”. Os valores são: PNORMAL = 1atm =
760mmHg @ 100kPa e TNORMAL = 0°C = 273K.

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VOLUME MOLAR DOS GASES

Segundo Usberco e Salvador (2001), em 1811, Amedeo Avogrado enunciou sua


famosa lei também conhecida como “Lei de Avogrado”, na qual afirmava que
“Volumes iguais, de quaisquer gases, nas mesmas condições de pressão e tem-
peratura, apresentam a mesma quantidade de matéria em mol ou moléculas”.
Isso quer dizer que nas mesmas condições de pressão e temperatura, o volume
ocupado por um gás é diretamente proporcional à sua quantidade de matéria,
ou seja, ao seu número de mols. Se o número de mols de um gás for dobrado,
seu volume também dobrará, e a relação entre as duas grandezas, volume (V) e
número de mols (n), será sempre uma constante (K). Logo, V/n = K.
Desta forma, podemos definir “volume molar de gases” como sendo o volume
ocupado por um mol de qualquer gás, a uma determinada pressão e temperatura.
Nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) o volume molar foi
determinado experimentalmente, para P = 1atm e T = 273K, obtendo-se V =
22,4L/mol.
De acordo com a Lei de Avogrado, por exemplo, 1mol de gás hidrogênio
(H2), cuja massa é 2g, ocupa os mesmos 22,4L que 1mol de gás cloro (Cl2), cuja
massa é 71g.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


137

GASES IDEAIS

Independente das transformações sofridas por uma massa fixa de gás, a relação
descrita na Equação Geral dos Gases apresenta um valor constante que depende do
número de mols do gás. Quando essa quantidade de mols (n) for igual a 1, temos:

PV =R
T

A constante “R” é denominada “Constante universal dos gases ideais”. Na CNTP


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(P = 1atm = 760mmHg, T = 273K, V = 22,4L/mol), a constante resulta nos


seguintes valores:

1 atm 22,4L
PV = R=0,082 atm L
T 273K mol K
PV 760 mmHg 22,4L
= R=62,3 mmHg L
T 273K mol K

Considerando que o número de mols (n) de um gás é obtido dividindo-se a massa


de gás (m, em gramas) pela sua massa molar do gás (M, em g/mol), podemos
reescrever a “Equação dos Gases Ideais”, também conhecida como “Equação de
Clapeyron”.

PV = m RT
M

Qualquer gás que obedeça a essa lei será considerado um gás ideal ou gás per-
feito. Vejamos alguns exemplos de como utilizar a equação dos gases ideais.

O Estado Gasoso
138 UNIDADE III

Exemplo 1: Qual o volume ocupado por 48g de gás metano (CH4) a uma
temperatura de 27°C e pressão de 1,64atm?
Primeiramente é necessário determinar a massa molar do CH4. Dados a mas-
sa molar do C e H, (C = 12g/mol e H = 1g/mol), temos que a massa molar
do CH4 é igual a 12 + 4x1 = 16g/mol. É necessário deixar a temperatura na
escala absoluta, assim: T = 27+273= 300K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de CH4: P = 1,64atm,
T=300K, m = 48g, M = 16g/mol, R = 0,082 atm.L/mol.K.

m 48

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PV= RT 1,64 V= 0,082 300 V= 45 litros
M 16

É importante prestar atenção para que todas as unidades estejam em concor-


dância, e seja utilizada a constante R conveniente.

Exemplo 2: Qual o volume ocupado por 19g de flúor (F2) nas mesmas con-
dições do CH4?
Primeiramente é necessário determinar a massa molar do F2. Dado a massa
molar do F (19g/mol), temos que a massa molar do F2 é igual a 38g/mol.
É necessário deixar a temperatura na escala absoluta, assim: T = 27+273=
300K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de F2: P = 1,64atm,
T=300K, m = 19g, M = 38g/mol, R = 0,082 atm.L/mol.K.

m 19
PV= RT 1,64 V= 0,082 (273+27) V= 7,5 litros
M 38

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


139

Nos exemplos 1 e 2 verificamos que apesar de estarem nas mesmas condições de


temperatura e pressão, como os gases tinham número de mols diferentes, seus
volumes encontrados foram bastante diferentes.

DENSIDADE DOS GASES

De acordo com Feltre (2004a), para compreender a densidade dos gases é neces-
sário considerar duas definições importantes: densidade absoluta e densidade
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relativa. Vamos estudá-las.

Densidade Absoluta

Densidade absoluta ou massa específica de um gás, em determinada pressão e


temperatura, é o quociente entre a massa e o volume do gás, submetido às con-
dições de pressão e temperatura consideradas. Matematicamente, podemos
escrever a densidade absoluta da seguinte forma:

d= m
V

De modo geral, é expressa em (unidades de massa)/(unidades de volume), mais


comumente, g/L. Podemos ainda calcular a densidade absoluta de um gás utili-
zando a Equação dos Gases Ideais ou Equação de Clapeyron.

PV = m
M RT
m = PM
V RT
d = PM
RT
Observamos que a densidade absoluta de um gás é diminuída à medida que sua
temperatura é aumentada. Por outro lado, um resfriamento do gás provoca um
aumento da sua densidade.

O Estado Gasoso
140 UNIDADE III

O gás contido em um balão é o mesmo gás que o circunda, o ar atmosférico,


e por ser um sistema aberto, não há diferença de pressão. Quando o ar con-
tido no balão é aquecido, há uma diminuição na sua densidade, o que faz
com que o balão se eleve ao céu. Quanto maior o aquecimento, maior será
a altitude atingida pelo balão.
Fonte: adaptado de Usberco e Salvador (2001).

Densidade Relativa

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A densidade relativa entre dois gases é dada pela relação entre suas densidades
absolutas, medidas nas mesmas condições de pressão e temperatura. Identificando
os gases como “1” e “2”, a densidade relativa entre os gases 1 e 2 será dada por:

δ1,2 = d1
d2

Não possui unidade, apenas indica quantas vezes um gás é mais denso ou menos
denso do que o outro. Pode ser reescrita da seguinte forma:

m1
d1 V1 Quando V1 = V2, teremos: δ1,2 = m1
δ1,2 = d2 = m2 m2
V2

Substituindo as massas m1 e m2 pelas massas molares M1 e M2, bem como os


volumes V1 e V2 pelo volume molar VM, obtemos:

M1
d1 = VM M1 ou d1 = M1
δ1,2 = M
δ1,2 =d2 M2 2 d2 M2
VM

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


141

A partir dessa relação podemos concluir, em termos comparativos, que quanto


maior for a massa molar de um gás, maior será a sua densidade. Verificamos, por
exemplo, que se um gás é três vezes mais denso do que outro, podemos concluir
que cada molécula do primeiro gás pesa três vezes mais do que cada molécula
do segundo gás.
Analisando todos os aspectos abordados no estudo dos gases, observamos
a importância da compreensão de suas propriedades físicas e químicas, para
podermos prever seu comportamento em condições de reação empregadas com
frequência nos laboratórios e processos industriais.
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CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO DAS REAÇÕES


QUÍMICAS

Dentre as atividades realizadas nos laboratórios e indústrias químicas, podemos


destacar o cálculo das quantidades das substâncias que são consumidas ou produ-
zidas nas reações químicas realizadas diariamente. É fundamental para o controle
e a otimização de um processo químico saber antecipadamente a quantidade de
reagentes que deve ser utilizada para se obter a quantidade desejada de produ-
tos. Em qualquer indústria, o objetivo econômico reside no desenvolvimento
de processos que obtenham produtos em quantidade suficiente, consumindo
a menor quantidade possível de reagentes e com menor custo, resultando em
melhor relação custo/benefício.

Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas


142 UNIDADE III

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DEFINIÇÃO DE CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO

Para Feltre (2004a), o “Cálculo estequiométrico ou Estequiometria” é definido


como o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das reações quími-
cas realizado com o auxílio das equações químicas correspondentes.
Para melhor compreender a definição, tomemos a reação de formação da amônia
como exemplo, observando as relações estabelecidas a partir da sua equação química.

N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g)


1 molécula de N2 + 3 molécula de H2 2 molécula de NH3
1 mol de N2 + 3 mol de H2 2 mol de NH3
28g de N2 + 3 . 2 g de H2 2 . 17 g de NH3

Fazendo a relação em termos de mol de reagentes e produtos, verificamos que


partindo de 1mol de N2 e 3mols de H2 produzimos 2mols de NH3. Nesse caso,
o cálculo estequiométrico torna-se fácil, basta manter a relação estabelecida
na equação química. Por exemplo, se quiséssemos saber quantos mols de NH3

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


143

são produzidos quando partimos de 10mols de N2, podemos calcular esse valor
usando o seguinte raciocínio matemático:

123
1 N + 3 H
2 2
123
2 NH3

123
1 mol de N2 2 mol de NH3
1 . x = 2 . 10 x= 20 mol de NH3
10 mol de N2 X

Utilizamos a relação 1mol de N2 para 2mols de NH3, e encontramos que seriam


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produzidos 20mols de NH3. O raciocínio utilizado é chamado “regra de três”,


no qual se considera que entre grandezas diretamente proporcionais (como as
quantidades de N2 e NH3) a multiplicação em “cruz” resulta em produtos iguais.
Se fosse perguntado qual a massa de NH3, em gramas, produzida a par-
tir de 10g de N2, também poderíamos resolver a questão por meio da regra de
três, mas antes seria necessário verificar as massas de N2 e NH3 corresponden-
tes. Para isso precisamos calcular suas massas molares: N2 = 2x14 = 28g/mol e
NH3 = 14+3x1 = 17g/mol. Partimos de 1mol de N2, que resulta em 28g e obte-
mos 2mols de NH3, que corresponde a 2x17 = 34g. Portanto, teremos:

N2 + 3 H2 2 NH3
123
123
123

28g de N2 2 .17 g de NH3


28 . x = 2 . 10 . 2 . 17 x= 12,14 g de NH3
10g de N2 X

Para resolver cálculos estequiométricos, exemplificado na reação de formação


de amônia, devemos seguir três passos: (1) Escrever a equação química corres-
pondente à reação, (2) Balancear a equação química, (3) Estabelecer uma regra
de três entre os reagentes e produtos, utilizando os dados apresentados e rela-
cionando à pergunta do problema envolvido.

Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas


144 UNIDADE III

CASOS GERAIS DE CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO

Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidade de


massa.

Exemplo1: Na reação de oxidação do cobre (2Cu + O2 → 2CuO), quando


partirmos de 2,54g de Cu, qual a massa de CuO obtida? Massas molares: Cu
= 63,5g/mol e O = 16g/mol.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Primeiramente, determinamos a massa molar do CuO = 63,5+16 = 79,5g/
mol. Escrevemos então a equação balanceada com as relações em massa.

2 Cu + O2 2 CuO
PRODUZEM
2 mols de Cu
123 2 mols de CuO
123

2 . 63,5 g 2 . 79,5 g
2,54 g x

x= 2,54 . 2 . 79,5 x= 3,18 g de CuO


2 . 63,5
Portanto, quando partimos de 2,54g de Cu obteremos 3,18g de CuO.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


145

Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidade de vol-


ume.

Exemplo 2: Uma reação a 15°C e 720mmHg ocorre entre hidrogênio e cloro,


formando gás clorídrico (H2 + Cl2 → 2HCl). Qual o volume de HCl(g) produzido
quando partimos de 15L de H2?
Se os gases estiverem nas mesmas condições de temperatura e pressão, no
caso T = 15°C e P = 720mmHg, o cálculo estequiométrico entre os volumes
dos gases é direto, respeitando-se os coeficientes que os relacionam na
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

equação balanceada da reação química. Portanto, temos que:

H2(g) + Cl2(g) 2 HCl(g)


PRODUZ
1 volume de H2
123 2 volumes de HCl(g)
123

1L 2 L
15 L V

V= 15 . 2 V= 30 L de HCl (a 15°C E 720 mmHg


1
Portanto, quando partimos de 15L de H2 obteremos 30L de HCl (T=15°C e
P=720mmHg).

Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas


146 UNIDADE III

Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidades difer-


entes, um em massa e outro em mols.

Exemplo3: Na reação de formação do cloreto de sódio, NaOH + HCl → NaCl


+ H2O, quantos mols de HCl são necessários para produzir 23,4g de NaCl?
Nesse caso, manteremos as unidades diferentes, e devemos relacionar mols
de HCl consumidos para produzir massa (em gramas) de NaCl. Partimos
de Na = 23g/mol e Cl = 35,5g/mol, e obtemos: NaCl = 23+35,5= 58,5g/mol
(massa molar). Desta forma:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
HCl + NaOH NaCl + H2O
PRODUZ
1 volume de H2
123 1 mol de NCl
123

1 mol 58,5 g
n 24,4 g

n= 23,4 n= 0,4 mol de HCl


58,5
Portanto, são necessários 0,4mol de HCl para produzir 23,4g de NaCl.

CASOS PARTICULARES DE CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO

Quando são realizadas duas ou mais perguntas.

Para esses problemas, devemos responder a cada uma das perguntas separada-
mente, portanto se houver duas perguntas devem ser realizados dois cálculos
estequiométricos, se houver três perguntas realizamos três cálculos estequiomé-
tricos, e assim por diante.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


147

Exemplo 4: Na reação de formação do sulfato de sódio a partir de ácido


sulfúrico e hidróxido de sódio (H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O), quais as
massas de H2SO4 e NaOH necessárias para produzir 28,4g de Na2SO4? (Mas-
sas molares: H=1g/mol, O=16g/mol, Na=23g/mol, S=32g/mol).
Temos duas perguntas, portanto realizaremos dois cálculos estequiométri-
cos. Primeiramente devemos calcular as massas molares dos reagentes e
produto.
Reagentes: H2SO4 = 2x1 + 32 + 4x16 = 98g/mol, NaOH = 23 + 16 + 1 = 40g/
mol
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Produto: Na2SO4 = 2x23 + 32 + 4x16 = 142g/mol.


Escrevemos a equação balanceada com as relações em massa para os dois
reagentes.
a. Para obter a massa de H2SO4

H2SO4 + 2 NaOH
123 Na
1232SO4 + 2 H2O

98 g 142 g
123

x= 19,6 g de H2SO4
x 28,4 g
b. Para obter a massa de NaOH

H2SO4 + 123
2 NaOH Na
1232SO4 + 2 H2O

2 . 40 g 142 g
123

y= 16,0 g de NaOH
y 28,4 g
Portanto, é necessário adicionarmos 19,6g de H2SO4 e 16,0g de NaOH para
produzirem 28,4g de Na2SO4.

Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas


148 UNIDADE III

Quando ocorrem reações consecutivas

Um exemplo prático de reações consecutivas é a produção industrial de ácido


sulfúrico a partir do enxofre elementar. Nesse processo, ocorrem três reações
consecutivas, mostradas a seguir.

S + O2 SO2
SO2 + 1_2 O2 SO2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SO3 + H2O H2SO4
Ao somarmos algebricamente as reações, verificamos que alguns produtos inter-
mediários, com SO2 e SO3 são produzidos e em seguida consumidos, e no final
não aparecem na reação somada, o que simplifica a resolução de problemas com
reações consecutivas como essa.

Exemplo 5: Na reação industrial de produção de ácido sulfúrico a partir de enxofre


elementar, qual é a massa de H2SO4 produzida se partirmos de 8 toneladas de S?
Primeiramente é necessário determinar as massas molares de S e H2SO4. Massas
molares: S = 32g/mol, H2SO4 = 2x1 + 32 + 4x16 = 98g/mol.
Realizando a soma algébrica das reações consecutivas e obtendo-se a equa-
ção balanceada da reação final, podemos relacionar reagente e produto em
unidade de massa (tonelada).

S + O2 SO2
SO2 + 1_2 O2 SO2
SO3 + H2O H2SO4

S
123 + 3_2 O2 + H2O H 2SO4
123

32 t 98 t
123

x= 24,5 t de H2SO4
8t x
Portanto, partindo-se de 8 toneladas de enxofre produziremos 24,5 toneladas
de ácido sulfúrico.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


149

Os tipos de cálculos estequiométricos apresentados são comumente empregados


no controle dos processos industriais, nos quais são realizados diversos tipos de
reações químicas. Seu conhecimento representa muito além de informação teó-
rica, pois está diretamente relacionado ao custo dos produtos fabricados, uma
vez que fornece dados quantitativos de reagentes a serem adquiridos e produ-
tos a serem vendidos pelas indústrias químicas.
De modo geral, abordamos nesta unidade as reações químicas, no que diz
respeito ao seu equacionamento, balanceamento e cálculo quantitativo de
reagentes consumidos e produtos formados, por meio da sua estequiometria.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Todo o esforço envolvido teve como objetivo principal uma visão ampla dos
fatores a serem levados em conta no estudo das reações químicas.

Cálculo Estequiométrico das Reações Químicas


150 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade abordamos as reações químicas em diversos aspectos.


Primeiramente, equacionamos as reações químicas de forma balanceada para
representar qualitativa e quantitativamente os reagentes consumidos e os produ-
tos formados. Em seguida, classificamos as reações químicas com relação ao seu
comportamento químico, como reações de síntese ou adição, reações de análise
ou decomposição, reações de deslocamento ou simples troca e reações de dupla
troca ou dupla substituição.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O consumo dos reagentes e a formação dos produtos em uma reação quí-
mica são quantificados por meio de unidades de medida com grandezas atômicas,
tais como massa atômica, massa molecular e mol. Essas grandezas são utilizadas
no cálculo estequiométrico que relaciona quantidades de reagentes e produtos
envolvidos, não apenas com o intuito de informação teórica sobre uma reação
em particular, mas também objetivando informações práticas com enfoque na
minimização da relação custo/benefício do processo químico em questão.
Também foram apresentados os aspectos mais relevantes no estudo dos gases,
uma vez que muitas das reações químicas que ocorrem diariamente no ambiente
e a nível industrial são desenvolvidas no estado gasoso. Os gases obedecem a leis
de estado, que relacionam suas principais propriedades tais como temperatura,
pressão, volume e densidade, e são de extrema importância na previsão de seu
comportamento em condições reacionais específicas.
Finalmente, podemos observar que o estudo das reações químicas nos leva
a uma maior compreensão dos processos químicos, que ocorrem não somente
nas indústrias químicas, mas também em nossa vida diária, até mesmo quando
sequer percebemos.
O conhecimento dos conteúdos apresentados é de grande importância no
estudo das reações de equilíbrio e da termodinâmica das reações químicas, con-
ceitos que serão introduzidos na unidade a seguir.

REAÇÕES QUÍMICAS E SEU CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO


151

1. Realize o balanceamento das reações químicas a seguir.


a. KClO4 → KCl + O2
b. C12H22O11 → C + H2O
c. NaHCO3 → Na2CO3 + CO2 + H2O
d. Al + Cl2 → AlCl3
e. N2H4 + N2O4 → N2 + H2O
f. C4H10O + O2 → CO2 + H2O
2. Para tornar o pão mais fofo, as padarias adicionam bromato de potássio (KBrO3)
à farinha de trigo, que ao serem aquecidos liberam O2, produzindo brometo de
potássio (KBr). A equação química não balanceada dessa reação é escrita da se-
guinte forma: KBrO3 → KBr + O2.
a. Escreva a equação química balanceada dessa reação.
b. Como podemos classificar essa reação?
3. As reações: I) BaO + H2O → Ba(OH)2; II) Mg + 2AgNO3 → Mg(NO3)2 + 2Ag;
III) FeS + 2HCl → FeCl2 + H2S são respectivamente, de que tipo?
a. I) Síntese ou adição, II) Dupla troca ou dupla substituição, III) Simples troca ou
deslocamento.
b. I) Análise ou decomposição, II) Síntese ou adição, III) Dupla troca ou dupla
substituição.
c. I) Análise ou decomposição, II) Simples troca ou deslocamento, III) Dupla troca
ou dupla substituição.
d. I) Síntese ou adição, II) Simples troca ou deslocamento, III) Dupla troca ou du-
pla substituição.
e. I) Simples troca ou deslocamento, II) Dupla troca ou dupla substituição, III)
Análise ou decomposição.
4. Quantos mols correspondem às massas indicadas a seguir.
a. Em 84g de Fe?
b. Em 168g de CaO?
c. Em 29,6g de Mg(NO3)2?
152

5. Defina Transformação Isotérmica, Transformação Isobárica e Transformação Iso-


métrica? Qual o comportamento das grandezas que não são mantidas constan-
tes?
6. Um balão selado, quando cheio de ar, tem volume de 50L a 22°C e à pressão
atmosférica. O balão é aquecido, e mantendo-se a pressão dentro do balão cons-
tante, a que temperatura o balão estará quando seu volume atingir 60L?
7. No alto de uma montanha, o termômetro marca 15°C e o barômetro mede
600mmHg. Ao pé da montanha, a temperatura é de 25°C e a pressão é de
760mmHg. Se dividirmos os volumes ocupados pela mesma massa de gás no
alto da montanha e ao pé da montanha encontramos:
a. 1,8
b. 1,5
c. 12
d. 2
e. 1,2
8. Um dos poluentes mais comuns é o monóxido de carbono (CO). Uma amostra de
112g de CO exerce uma pressão de 2,46atm a 27°C. Nessas condições, o volume
ocupado pelo gás será:
a. 30L
b. 40L
c. 15L
d. 200L
e. 400L
153

9. O ácido fosfórico, presente em refrigerantes do tipo “cola”, pode ser formado a


partir da seguinte reação química: Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 → 2H3PO4 + 3Ca(SO4). Par-
tindo-se de 62g de Ca3(PO4)2 e utilizando-se quantidades estequiométricas de
H2SO4 qual será a massa, em gramas, de H3PO4 obtida?
a. 39,2g
b. 36,7g
c. 40g
d. 3,9g
e. 392g
10. Dada a equação química não balanceada: Na2CO3 + HCl → NaCl + CO2 + H2O.
Após balancear a equação, determine a massa de carbonato de sódio (Na2CO3)
que reage completamente com 0,25mols de ácido clorídrico (HCl).
a. 6,62g
b. 13,25g
c. 20,75g
d. 26,50g
e. 10,37g
154

PRESSURIZAÇÃO DE CABINES DE AVIÕES.


Grande parte dos aviões comerciais voa a altitudes entre 7.500 e 12.000 metros. A estas
altitudes a pressão atmosférica está abaixo de 0,50atm, muito menos do que a pressão
de 1atm à qual nossos corpos estão acostumados. Se uma pessoa fosse submetida a tal
queda de pressão, e à correspondente queda do nível de oxigênio, os efeitos fisiológicos
incluiriam vertigem, dor de cabeça, dificuldade de respiração e até mesmo inconsciên-
cia. Por essa razão, aviões comerciais pressurizam o ar no interior de suas cabines para
manter uma oxigenação adequada. Se, por algum motivo, a cabine do avião se despres-
surizar, os passageiros são orientados a respirar com o auxílio de máscaras de oxigênio.
A pressurização do ar da cabine é realizada por uma parte do sistema de circulação glo-
bal do ar. As turbinas agem empurrando o ar para trás e com isso impulsionam o avião
para frente. O ar injetado na cabine para pressurizá-la é drenado dos compressores das
turbinas para o interior das cabines de comando e de passageiros por meio das chama-
das “válvulas de sangramento”. É um ar quente que deve ser resfriado a uma temperatu-
ra em torno de 22°C para ser introduzido no interior da cabine.
Quanto mais ar for injetado no interior da cabine, maior será a pressão interna. Para que
a pressão do ar no interior da cabine fechada não aumente demais, parte do ar injetado
deve ser eliminada, de forma controlada, para que possa ser mantida, no interior da
cabine, a pressão desejada. Para isso existem válvulas cuja finalidade é regular o fluxo
de saída do ar.
Aeronaves a jato mantêm uma pressurização interna de 0,72atm, o que equivale à pres-
são atmosférica de um local com 2.438 metros de altitude. Nesse ambiente existem ape-
nas 72% do oxigênio disponível em um local no nível do mar.
O corpo humano está adaptado para viver sob certas condições de temperatura, pres-
são e oxigenação. Em se tratando da natureza humana, é sabido que o limite fisiológico
para uma pessoa que esteja em boas condições de saúde é a altitude de 3.048 metros.
De 3.048 a 3.657 metros de altitude, o organismo tem, ainda, certa capacidade de adap-
tação. Acima dessa faixa, o uso de fonte suplementar de oxigênio é necessário para que
se mantenham normais as funções fisiológicas humanas.
Fonte: Peruzzo e Canto (2010, p. 351).
MATERIAL COMPLEMENTAR

QUÍMICA 1 – QUÍMICA GERAL


João Usberco e Edgar Salvador
Editora: Saraiva
Sinopse: Com linguagem clara e objetiva, esse livro busca
aprofundar a relação entre os conteúdos da química e a vivência
cotidiana, mostrando a interdependência entre teoria e prática.
São apresentados leituras e artigos extraídos de jornais e revistas,
que relatam fatos vivenciados e interessantes do nosso dia a dia.

Material Complementar
GABARITO

1. Respostas:
a) KClO4 → KCl + 2O2;
b) C12H22O11 → 12C + 11H2O;
c)2NaHCO3 → Na2CO3 + CO2 + H2O;
d) 2Al + 3Cl2 → 2AlCl3;
e)2N2H4 + N2O4 → 3N2 + 4H2O; f ) C4H10O + 6O2 → 4CO2 + 5H2O
2. Respostas: a) 2KBrO3 → 2KBr + 3O2; b) Reação de análise ou decomposição.
3. Resposta: alternativa (d)
4. Respostas: a) Fe = 56g/mol, então em 84g temos 84/56 = 1,5 mols Fe
b) CaO = 40+16 = 56g/mol, então em 168g temos 168/56 = 3 mols de CaO
c) Mg (NO3)2 = 24+2(14)+6(16) = 148g/mol, em 29,6g temos 29,6/148 = 0,20 mol
de Mg(NO3)2.
5. Resposta: Na transformação isotérmica, a temperatura é mantida constante, e
observamos que volume e pressão são grandezas inversamente proporcionais,
que resultaram na Lei de Boyle-Mariotte: “Para uma massa fixa de gás, mantida à
temperatura constante, o volume ocupado pelo gás é inversamente proporcio-
nal à pressão exercida sobre ele”.
Na transformação isobárica, a pressão é mantida constante, e verificamos que
volume e temperatura absoluta são grandezas diretamente proporcionais, que
resultaram na Lei de Gay-Lussac: “Para uma massa fixa de gás, mantida à pressão
constante, o volume ocupado pelo gás é diretamente proporcional à sua tem-
peratura absoluta”.
Na transformação isométrica, o volume é mantido constante, e observamos que a
temperatura absoluta do gás e sua pressão são grandezas diretamente proporcio-
nais, de modo que o quociente entre pressão e temperatura se mantém constante,
base para a Lei de Charles: “Para uma massa fixa de gás, mantida a volume constan-
te, a pressão exercida pelo gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta”.
6. Resposta: Pressão constante, temos que V1/T1 = V2/T2.
Dados: V1 = 50L e V2 = 60L, T1 = 22 + 273 = 295K (temperatura absoluta).
Logo: 50/295 = 60/T2 ⇒ T2 = 354K ⇒ 02 = 354 – 273 = 81°C.
Portanto o balão terá a temperatura de 81°C.
7. Consideramos que (P1.V1)/T1 = (P2.V2)/T2 . O volume de gás no alto da montanha
será V1 e o volume de gás ao pé da montanha será V2. Para obtermos (V1/V2) de-
vemos isolar essa relação na equação geral dos gases.
157
GABARITO

Lembrando que T1 = 15+273 = 288K; T2 = 25+273 = 298K (temperaturas abso-


lutas)
(V1/V2) = (P2/T2).(T1/P1), substituindo os valores de P e T dados temos:
(V1/V2) = (760/298).(288/600) = 1,2.
Resposta: alternativa (e)
8. CO = 12+16 = 28g/mol. Então temos: M = 28g/mol; m = 112g; P = 2,46atm;
T = 27 + 273 = 300K; R = 0,082(atm.L/mol.K). Usando a Equação dos Gases Ideais,
determinamos o volume desejado.

PV = m RT
M

2,46.V = (112/28).0,082.300 ⇒ V = (98,4)/(2,46) ⇒ V


= 40L
Resposta: (b)
9. É necessário determinar as massas molares dos compostos envolvidos na reação.
Ca3(PO4)2 = 3(40)+2(31)+8(16) = 310g/mol
H2SO4 = 2(1)+32+4(16) = 98g/mol
H3PO4 = 3(1)+31+4(16) = 98g/mol
Ca(SO4) = 40+32+4(16) = 136g/mol
Segundo a estequiometria, para cada 1mol (310g de Ca3(PO4)2) obtemos 2mols
(2.(98g) = 196g de H3PO4). Então partindo de 62g de Ca3(PO4)2 obteremos (m/62)
= (196/310) ⇒ m = 39,2g de H3PO4.
Resposta: alternativa (a)
10. Equação balanceada : Na2CO3 + 2HCl → 2NaCl + CO2 + H2O.
É necessário determinar a massa molar de Na2CO3 = 2(23)+12+3(16) = 106g/mol
Segundo a estequiometria, para cada 1mol (106g de Na2CO3) é necessá-
rio 2mols de HCl. Então para reagir com 0,25mols de HCl será necessário
n = (0,25mols HCl).(1mol Na2CO3/2mols HCl) = 0,125 mols de Na2CO3.
Para obter a massa de Na2CO3, fazemos: m = (0,125.106) = 13,25g Na2CO3
Resposta: (b)
Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

IV
REAÇÕES DE EQUILÍBRIO

UNIDADE
E TERMODINÂMICA DAS
REAÇÕES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar as características de uma reação reversível e entender
quando a reação atinge o estado de equilíbrio.
■■ Aprender as diferenças e semelhanças entre equilíbrio químico e
equilíbrio iônico.
■■ Compreender a utilização de parâmetros como pH e pOH no
equilíbrio iônico, bem como o funcionamento das soluções-tampão
no controle do pH de soluções.
■■ Classificar as transformações físicas e reações químicas quanto à
necessidade de liberar ou absorver energia, de acordo com a Lei da
conservação da energia.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Equilíbrio Químico
■■ Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas
■■ Termodinâmica das Reações
161

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo introduzindo a definição de reações


químicas muito particulares que ocorrem simultaneamente nos dois sentidos,
uma reação direta e uma reação inversa. Essas reações são denominadas reversí-
veis e não se completam, pois atingem um estado de equilíbrio químico, no qual
a quantidade de reagentes e produtos se mantém inalterada indefinidamente.
Nos sistemas em equilíbrio destacamos parâmetros importantes tais como
o grau de equilíbrio, que mede o rendimento da reação direta, e a constante de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

equilíbrio, uma relação entre as velocidades das reações direta e inversa, cujo
valor numérico depende da temperatura do sistema.
Um sistema em equilíbrio pode ser perturbado pela variação da tempera-
tura do sistema ou pela adição ou retirada de um reagente ou produto ao meio
reacional. Em qualquer situação de desequilíbrio, a reação reversível tende a se
deslocar no sentido de minimizar o efeito do agente externo, atingindo novo
estado de equilíbrio.
Verificamos que o equilíbrio iônico é um caso particular de equilíbrio quí-
mico, no qual estão dissolvidas espécies iônicas. De modo análogo, a constante
de equilíbrio passa a ser chamada de constante de ionização, da qual deriva um
parâmetro muito utilizado na análise de soluções ácidas e básicas, o produto iônico
da água. Mostramos ainda a origem dos potenciais hidrogeniônico e hidroxili-
ônico, conhecidos como pH e pOH, respectivamente, e discutimos o efeito das
soluções-tampão no controle do pH de soluções aquosas.
Finalmente, analisamos o caráter energético de toda e qualquer reação quí-
mica ou transformação física, classificando-a quanto à necessidade de liberar
energia para o ambiente, os chamados processos exotérmicos, ou a necessidade
de absorver energia do ambiente para o sistema, os denominados processos endo-
térmicos. Essas definições têm base na Lei da Conservação da Energia, na qual
a energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada.
Boa leitura!

Introdução
162 UNIDADE IV

EQUILÍBRIO QUÍMICO

Segundo Novais (1993) podemos melhor com-


preender o significado de equilíbrio químico
por meio de analogias. Em uma situação hipo-
tética, suponha que possuímos dois frascos
com mel e o conteúdo de um deles tenha
sido derramado em uma superfície. Se pró-
ximo ao local houver grande número de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
abelhas, elas serão atraídas pelo mel. Após
algum tempo, veremos que todo o alimento ©shutterstock

estará coberto por abelhas.


Imaginemos que o outro frasco com mel seja derramado ao lado do primeiro.
Observamos que algumas abelhas que estavam com dificuldade de se alimentar na
superfície da primeira amostra se dirigem para a segunda amostra, onde há menor
competição pelo mel. Com o tempo, o número de abelhas na segunda porção de mel
cresce ao mesmo tempo em que o número de abelhas na primeira porção decresce.
Ainda podemos observar algumas abelhas saindo da segunda porção e se
dirigindo a primeira e vice-versa. Chegaremos a uma situação de “equilíbrio
dinâmico” (Figura 01), no qual o número de abelhas em cada uma das porções
derramadas permanece constante, ou seja, o número de abelhas que saem e vol-
tam para cada uma das porções de mel é “constante”.
Figura 01 - Equilíbrio dinâmico

Primeira porção Segunda porção


Fonte: Novais (1993).

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


163

É importante notar que o fato de dizermos que o número de abelhas em cada


amostra é constante “não” implica que esses números sejam iguais. Na situação
hipotética considerada e exemplificada na Figura 01, podemos considerar que a
superfície de mel exposta na primeira porção é maior, de modo que no equilí-
brio esse fator resulte em maior número de abelhas na primeira amostra.
O equilíbrio atingido é considerado “dinâmico” porque estamos considerando que
as abelhas continuam se deslocando entre as porções de mel derramadas. O número
de abelhas em cada porção de mel é que ficou constante. Isso significa que “as veloci-
dades com que as abelhas são atraídas para cada uma das porções de mel são iguais”.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Por outro lado, se as abelhas permanecessem fixas em uma amostra e não se


deslocassem mais, estaríamos observando uma situação de “equilíbrio estático”.

REAÇÕES REVERSÍVEIS

Consideremos agora um exemplo de reação entre monóxido de carbono (CO)


e dióxido de nitrogênio (NO2), em um recipiente fechado a 600°C, no qual são
formados dióxido de carbono (CO2) e monóxido de nitrogênio (NO). A rea-
ção pode ser equacionada da seguinte forma: CO(g) + NO2(g) → CO2(g) + NO(g).
De acordo com Feltre (2004b), a mistura dos reagentes (CO(g) + NO2(g)) apre-
senta uma coloração vermelho-castanho intenso, enquanto a mistura final (CO2(g)
+ NO(g)) é incolor. Portanto, se misturarmos quantidades estequiométricas dos rea-
gentes e a reação for completa, a mistura resultante deve ser incolor. No entanto,
não é isso o que acontece, pois, após algum tempo, a mistura de produtos adquire
uma coloração vermelho-castanho fraco, permanecendo dessa cor indefinidamente.
Figura 02 - Equilíbrio dinâmico

Fonte: adaptado de Feltre, (2004b).

Equilíbrio Químico
164 UNIDADE IV

Por outro lado, se considerarmos a reação inversa à reação inicial, então tería-
mos: CO2(g) + NO(g) → CO(g) + NO2(g).
Para a reação inversa, a mistura de reagentes (CO2(g) + NO(g)) apresenta uma
coloração incolor, e se a reação for completa, a mistura de produtos deve pos-
suir coloração vermelho-castanho intenso. Entretanto, a mistura atinge apenas
a coloração vermelho-castanho fraco, a mesma cor atingida pela reação do pri-
meiro experimento.
Figura 03 - Equilíbrio dinâmico

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptado de Feltre (2004b).

Podemos concluir que à medida que a reação direta (CO(g) + NO2(g) → CO2(g) +
NO(g)) ocorre, os seus produtos, ao serem formados, passam a se comportar como
reagentes da reação inversa (CO2(g) + NO(g) → CO(g) + NO2(g)), formando novamente
a mistura inicial. As duas reações se contrabalançam, situação na qual o sistema
permanece inalterado, como se não estivesse ocorrendo nenhuma das reações.
Anteriormente, o experimento das abelhas nas porções de mel atingiu uma
situação na qual o número de abelhas em cada porção se mantinha constante,
como se as abelhas não estivessem se deslocando mais. Da mesma forma, nas
reações apresentadas percebemos que a quantidade de reagentes e produtos se
mantem constantes, como se não estivesse mais ocorrendo nenhuma reação,
pois o sistema atingiu o estado de equilíbrio, e a reação é considerada reversível.
Desta forma, podemos dizer que uma reação é considerada reversível quando
os reagentes são transformados em produtos pela reação direta e estes, simulta-
neamente, são convertidos em reagentes novamente segundo a reação inversa.
Em outras palavras, “uma reação é reversível quando a reação direta e sua rea-
ção inversa ocorrem simultaneamente”.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


165

Na reação exemplificada, podemos escrever: CO(g) + NO2(g) ↔ CO2(g) + NO(g).


A seta indicativa para os dois lados significa que a reação ocorre nos dois sen-
tidos. Da esquerda para a direita chamamos de “reação direta” e da direita para
esquerda, “reação inversa”.
Para entendermos melhor o conceito de reação reversível, vamos quanti-
ficar a reação exemplificada ao longo do tempo. Vamos partir de quantidades
estequiométricas dos reagentes CO e NO2, por exemplo, 1mol de CO e 1mol de
NO2, mantidos em um recipiente fechado com volume igual a 1L e à tempera-
tura constante. No início do experimento, teríamos 1mol/L de CO e 1mol/L de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NO2 e ainda não teríamos CO2 e nem NO. Ao longo do tempo, a reação direta
e, simultaneamente, a reação inversa, estariam ocorrendo, e as concentrações
das espécies químicas mudariam conforme os dados indicados no Quadro 01.
Quadro 01: Concentrações de reagentes e produtos na reação CO(g) + NO2(g) « CO2(g) + NO(g).

Fonte: Feltre (2004b, p. 182).

Podemos notar que, dos 40 aos 60 minutos, as concentrações das espécies quí-
micas não mudaram, levando-nos a entender que permanecerão inalteradas
indefinidamente.
Se utilizarmos os dados no Quadro 01 para construir um gráfico dessa reação,
obteremos as curvas apresentadas na Figura 04. Observamos claramente que
a partir de 40 minutos de reação as concentrações dos reagentes e produtos se
mantiveram constantes, como se não estivesse mais ocorrendo reação.

Equilíbrio Químico
166 UNIDADE IV

Figura 04 - Curvas da reação direta e inversa de CO(g) + NO2(g) ↔ CO2(g) + NO(g)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004b, p. 183).

Apesar de não haver mudanças nas concentrações das espécies químicas, a rea-
ção continua ocorrendo, por isso dizemos que o sistema atingiu um equilíbrio
dinâmico, no qual as velocidades da reação direta e da reação inversa são iguais.
Todas as reações reversíveis atingem um estado de equilíbrio, mesmo que
para isso seja necessário um longo tempo, de modo que uma reação reversível
nunca será completa.

“O equilíbrio químico nos ajuda a compreender porque algumas reações


propostas na teoria não se completam experimentalmente.”
Fonte: o autor

EQUILÍBRIO HOMOGÊNEO E EQUILÍBRIO HETEROGÊNEO

O sistema no qual ocorre uma reação reversível é fator determinante para o tipo
de equilíbrio químico obtido. Assim, em sistemas homogêneos, ou seja, nos
quais reagentes e produtos estão no mesmo estado físico da matéria, obtemos
um equilíbrio homogêneo. Esses sistemas geralmente ocorrem em fase gasosa
ou na forma de íons em solução aquosa. Alguns exemplos:

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


167

a. Fase gasosa: N2(g) + 3H2(g) ↔ 2NH3(g); 2SO2(g) + O2(g) « 2SO3(g).


b. Solução aquosa: HCl(aq) ↔ H+(aq) + Cl-(aq); NH4OH(aq) ↔ NH4+(aq) + OH-(aq).

Por outro lado, quando reagentes e produtos formam um sistema heterogê-


neo, ou seja, se apresentam em diferentes estados físicos da matéria, resulta em
um equilíbrio heterogêneo. Esses sistemas geralmente ocorrem em fase sólida e
gasosa como, por exemplo:
2C(s) + O2(g) ↔ 2CO(g); Fe2O3(s) + CO(g) ↔ 2FeO(s) + CO2(g).
Em função do tipo de sistema presente, obtemos equilíbrios químicos distintos que são
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

estudados separadamente, por isso é necessário distingui-los. Neste livro abordaremos


apenas os equilíbrios químicos homogêneos, resultantes de sistemas homogêneos.

GRAU DE EQUILÍBRIO

Consideremos novamente a reação reversível CO(g) + NO2(g) ↔ CO2(g) + NO(g).


De acordo com as concentrações de reagentes e produtos descritos no Quadro
01, observamos que a partir de 40 minutos de reação, o equilíbrio é alcançado.
Nesse instante, o meio reacional possui 0,20mol de CO e 0,20mol de NO2 não
reagidos, além de 0,80mol de CO2 e 0,80mol de NO formados. Essas quantida-
des são mantidas indefinidamente, pois a reação não se completa.
Tomando como base o reagente CO, podemos dizer que se a reação fosse com-
pleta, não haveria CO nos produtos, ou seja, 1mol de CO teria sido consumido. No
entanto, vemos que ainda resta 0,20mol de CO na mistura final, o que significa que foi
reagido apenas 0,80mol de CO (1mol inicial – 0,20mol restantes). Então temos que:

O valor encontrado nos permite avaliar o rendimento da reação, isto é, a exten-


são da reação até atingir o equilíbrio, parâmetro denominado “grau de equilíbrio”.
Para Feltre (2004b), o grau de equilíbrio (a) é calculado como o quociente
entre a quantidade de um reagente (em mols) que realmente reagiu, até o equi-
líbrio, e a quantidade inicial desse reagente (em mols). Assim:

Equilíbrio Químico
168 UNIDADE IV

α= ____________________________
(Quantidade de mols que reagiu)
(Quantidade inicial de mols)
Para a reação considerada, temos que:

0,80 mol de CO reagiu


α= ___________________ α= 0,80
1,00 mol inicial de CO
Obtivemos inicialmente o valor de 80% para o rendimento da reação até o equi-
líbrio. Para relacionar o grau de equilíbrio ao rendimento da reação, fazemos:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
α%= 100α, ou seja, α% = 100.(0,80) α%= 80%

Portanto temos que: 0 < a < 1 e 0 < a% < 100%. Quando o grau de equilíbrio está
próximo de 1 (ou 100%) significa que após atingir o equilíbrio, apenas pequena
quantidade dos reagentes não foi consumida, ou seja, na mistura reacional há
grande quantidade de produtos, levando-se em consideração a reação direta.
Nessa situação temos um rendimento alto.
Por outro lado, quando o grau de equilíbrio está próximo de 0 obtemos, após
o equilíbrio, uma mistura reacional com grande quantidade de reagentes que não
foram consumidos e pequena quantidade de produtos formados, novamente conside-
rando-se a reação direta. Dizemos nesse caso que o rendimento da reação foi baixo.

CONSTANTE DE EQUILÍBRIO

Na reação reversível CO(g) + NO2(g) ↔ CO2(g) + NO(g) abordada, podemos definir


a velocidade da reação direta e a velocidade da reação inversa a partir das con-
centrações das espécies químicas envolvidas.
A velocidade da reação direta é definida como v1 = k1[CO][NO2], ou seja, é
diretamente proporcional às concentrações dos reagentes da reação direta. Da
mesma forma, a velocidade da reação inversa é dada por v2 = k2[CO2][NO], dire-
tamente proporcional às concentrações dos produtos da reação direta.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


169

Até atingir o equilíbrio observamos nos dados do quadro 08 e gráfico da figura


05, que a concentração de CO e NO2 diminuem desde o início até 40 minutos,
permanecendo constantes a partir desse momento. Isso porque as espécies CO e
NO2 são os reagentes da reação direta e são principalmente consumidas no início,
até que passam a ser produzidas pela reação inversa, mas em menor quantidade.
Por outro lado, as concentrações de CO2 e NO aumentam até atingir o
equilíbrio, aos 40 minutos de reação, mantendo-se constante indefinidamente.
Conforme a reação direta ocorre, as espécies CO2 e NO são formadas, pois são
produtos dessa reação, e também são consumidas, porque também são reagen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tes da reação inversa, mas em menor proporção.


Concluímos, portanto, que a velocidade da reação direta (v1) diminui até o
equilíbrio, enquanto a velocidade da reação inversa (v2) aumenta até o equilí-
brio. Os gráficos da Figura 05 ilustram esse comportamento, mostrando que no
estado de equilíbrio as duas velocidades finalmente se igualam (v1 = v2).
Figura 05: Velocidades da reação reversível CO(g) + NO2(g) « CO2(g) + NO(g)

Fonte: Feltre (2004b, p. 183).

Reescrevendo v1 = v2, onde v1 = k1[CO][NO2] e v2 = k2[CO2][NO], obtemos:

k1 [CO] [NO2] = k2 [CO2] [NO] k___


1 [CO2] [NO]
______________
k2 = [CO] [NO2]

Considerando que k1 e k2 são constantes, podemos concluir que o quociente


entre eles também é constante, e pode ser representado por Kc, denominada
“constante de equilíbrio”.

k1
Kc = k___ [CO2] [NO]
Kc = ______________
Produtos
2 [CO] [NO2] Reagentes

Equilíbrio Químico
170 UNIDADE IV

A constante Kc é calculada a partir de dados experimentais. Se partirmos dos


dados listados na Tabela 08, considerando as concentrações obtidas no equilí-
brio, que ocorre aos 40 minutos, teremos os valores: [CO] = 0,20mol/L, [NO2]
= 0,20mol/L, [CO2] = 0,80mol/L e [NO] = 0,80mol/L. Podemos então calcular
Kc para a reação dada.

0,80 · 0,80 = 16
Kc = ______________
0,20 · 0,20
De acordo com Novais (1993), Kc é a constante de equilíbrio expressa em termos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das concentrações molares (mol/L), pois representa molaridade. Seu valor numé-
rico varia com a reação considerada e com a temperatura do sistema, e representa
uma relação entre as velocidades da reação direta e da reação inversa. Quanto maior
o valor de Kc, maior será a concentração dos produtos da reação direta, o que sig-
nifica maior rendimento da reação direta. Por outro lado, quanto menor o valor
de Kc, mais baixo o rendimento da reação direta e mais alto o da reação inversa.
Para uma reação genérica qualquer: aA + bB ↔ xX + yY, podemos calcu-
lar Kc da seguinte forma:
x y
[X] [Y]
_________
Kc = [A]a [B]b

Os expoentes a, b, x e y se referem, respectivamente, aos coeficientes das espé-


cies químicas A, B, X e Y na reação genérica considerada, e suas concentrações
são expressas por [A], [B], [X] e [Y]. A equação genérica de Kc representa a cha-
mada “Lei da ação das massas para o equilíbrio químico”.
Vejamos alguns exemplos de constantes de equilíbrio equacionadas a par-
tir de reações químicas distintas.
2
[HCl]
H2 (g) + Cl (g) 2 HCl (g) Kc = ____________
[H2] [Cl2]
2
[SO3]
2 SO2 (g) + O2 (g) 2 SO3 (g) Kc = _____________
2
[SO2] [O2]
2
[NH3]
N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g) Kc = _____________
3
[N2] [H2]

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


171

Como o próprio nome da constante diz, Kc se refere ao equilíbrio e não a qual-


quer situação anterior em que as velocidades das reações direta e inversa ainda
não se igualaram. Além disso, do modo como foi definida, a constante de equi-
líbrio só pode ser aplicada a sistemas homogêneos, em recipientes fechados e
com temperatura constante.

DESLOCAMENTO DO EQUILÍBRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Equilíbrio, desequilíbrio e retorno ao equilíbrio são etapas frequentes em fenôme-


nos físicos, químicos e biológicos. Para ilustrá-las, vamos retornar ao experimento
de equilíbrio entre as abelhas que disputam duas porções de mel derramadas.
A situação de equilíbrio dinâmico estabelecida pode ser perturbada por uma
ação externa. Por exemplo, se uma amostra com mais 10 abelhas fosse colocada
em contato com a primeira porção de mel derramada. A competição pelo mel
na porção que recebeu mais 10 abelhas ficaria mais intensa, sendo natural que
algumas abelhas dessa amostra se deslocassem para a outra amostra de mel, ten-
tando minimizar o excesso de abelhas naquela superfície. Com o tempo, nova
situação de equilíbrio dinâmico seria estabelecida, porém diferente da situação
de equilíbrio inicial.
A situação de equilíbrio inicial poderia ser rompida por outras ações exter-
nas, como a retirada de algumas abelhas de uma das porções de mel, ou a adição
de mais mel em uma das porções derramadas, entre outras ações. Em todos os
casos verificamos que quando um fator externo age sobre um sistema em equi-
líbrio, este se desloca, procurando minimizar a ação do fator aplicado.
Em uma reação química, por sua vez, podemos provocar alterações no sis-
tema em equilíbrio por várias ações externas, como mudança de temperatura,
adição de uma substância reagente ou produto, retirada de um reagente ou pro-
duto, entre outras.
Para compreender como um sistema em equilíbrio reage a alterações pro-
vocadas por um agente externo, consideraremos dois experimentos simples, o
primeiro com objetivo de entender a influência da temperatura e o segundo ana-
lisando a adição de um reagente ao sistema.

Equilíbrio Químico
172 UNIDADE IV

COMO A TEMPERATURA INFLUI NA COMPOSIÇÃO DE UM


EQUILÍBRIO?

Neste experimento, o gás NO2 de coloração castanha foi inserido em uma ampola
de vidro, que por sua vez, foi submersa em banhos de diferentes temperaturas,
0°C e 100°C. No banho de água quente (a 100°C), o gás manteve sua coloração
castanha, mas quando foi submersa no banho de gelo (a 0°C), a coloração do
gás mudou e tornou-se incolor.
A mudança de coloração do gás a 0°C mostrou que praticamente não havia

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais dióxido de nitrogênio (NO2) na ampola de vidro. Nesse experimento, o que
está sendo alterado é o equilíbrio de dimerização do NO2, indicado pela reação:
2 NO2 (g) N2O4 (g)

Por meio da observação experimental, compreendemos que a redução da tem-


peratura favoreceu a reação direta (formação de N2O4(g)), enquanto o aumento
da temperatura favoreceu a reação inversa (formação de NO2(g)).

Como a adição de um reagente influi na composição de um


equilíbrio?

No segundo experimento, vamos considerar a reação reversível a partir da mis-


tura líquida de ácido acético e álcool etílico, que produz acetato de etila e água:

CH3COOH(l) + C2H5OH(l) CH3COOC2H5(l) + H2O(l)

Se partirmos de quantidades estequiométricas, no exemplo, 1mol de CH3COOH


e 1mol de C2H5OH, mantendo-se a mistura em ebulição por várias horas, a reação
atinge o equilíbrio com as seguintes quantidades finais: (0,333mol ácido acé-
tico) + (0,333mol álcool etílico) « (0,666mol acetato de etila) + (0,666mol água).
Podemos calcular a Kc desse equilíbrio da seguinte forma:

[CH3COOC2H5] [H2O]
Kc = ____________________________ 0,666 ∙ 0,666
_________________
Kc = 4
[CH3COOH] [C2H5OH] 0,333 ∙ 0,333

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


173

Vamos supor que seja adicionado 1mol de ácido acético ao sistema em equilí-
brio. Imediatamente, o equilíbrio é perturbado, apesar da constante de equilíbrio
se manter inalterada, já que a temperatura do sistema foi mantida constante.
O sistema em desequilíbrio procura encontrar um novo estado de equilí-
brio. A princípio, a reação direta aumenta sua velocidade em relação à reação
inversa, formando novas quantidades dos produtos (acetato de etila e água), ao
mesmo tempo em que novas quantidades de reagentes (ácido acético e álcool
etílico) são consumidas. Após um período, o sistema alcança um novo equilí-
brio, no qual as quantidades de reagentes e produtos presentes no sistema são
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

diferentes do estado inicial: (1,154mol ácido acético) + (1,154mol álcool etílico)


↔ (0,845mol acetato de etila) + (0,845mol água).
Se calcularmos Kc, devemos encontrar o mesmo valor encontrado
anteriormente.
0,845 ∙ 0,845
Kc = _________________ Kc = 4
1,154 ∙ 1,154

O fato da constante de equilíbrio ter se mantido inalterada, uma vez que a tem-
peratura do sistema não foi alterada, nos mostra que o sistema atingiu realmente
novo estado de equilíbrio.
O experimento mostrou o comportamento do sistema após a adição de um
dos reagentes, o ácido acético. Se, por outro lado, tivéssemos adicionado qual-
quer outra espécie química dessa reação reversível, álcool etílico, acetato de etila
ou água, o raciocínio deveria ser análogo.
Podemos concluir da seguinte forma:

Equilíbrio Químico
174 UNIDADE IV

Se, ao invés de adicionarmos um reagente, nós retirarmos uma espécie química


do sistema, o comportamento observado será da seguinte forma:

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Essas observações representam as conclusões enunciadas pelo Princípio de Lei
Chatelier: “Se um sistema em equilíbrio for submetido a uma perturbação, haverá
um deslocamento nesse equilíbrio, no sentido de minimizar o efeito da mudança”.
Em outras palavras, adicionando qualquer espécie química, o equilíbrio se
deslocará no sentido de consumi-la para minimizar o efeito da sua adição. Por
outro lado, retirando qualquer espécie química, o equilíbrio se deslocará no sen-
tido de recoloca-la para minimizar o efeito de sua retirada.

O oxigênio do ar que respiramos, ao chegar aos pulmões, entra em contato


com a hemoglobina (Hem) do sangue, dando origem à oxi-hemoglobina
(Hem-O2), que é a responsável pelo transporte de oxigênio (O2) até as células
do nosso organismo. Assim, ocorre no sangue o seguinte equilíbrio: Hem(aq)
+ O2(g) ↔ Hem-O2(aq).
À medida que uma pessoa se desloca para locais de maior altitude, a quan-
tidade de oxigênio no ar vai diminuindo e esse equilíbrio vai se deslocando
para a esquerda. Com isso, reduz-se a quantidade de oxi-hemoglobina, o que
compromete a chegada de oxigênio às células do organismo, a pessoa sente
fadiga e tontura, e pode até morrer em casos extremos. O corpo tenta rea-
gir produzindo mais hemoglobina, mas esse processo é lento e somente se
conclui depois de várias semanas de ambientação da pessoa com a altitude.
Fonte: Feltre (2004b, p. 206).

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


175

Analisando os aspectos abordados sobre o equilíbrio de um sistema, seja em uma


reação química reversível ou mesmo em exemplos do nosso cotidiano, pode-
mos compreender a necessidade de se atingir o estado de equilíbrio, que mesmo
quando perturbado, se desloca no sentido de minimizar o efeito do seu deslo-
camento para equilibrar-se novamente.
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EQUILÍBRIO IÔNICO EM SOLUÇÕES AQUOSAS

DEFINIÇÃO DE EQUILÍBRIO IÔNICO

Equilíbrio iônico é o caso particular de equilíbrio químico


com a presença de íons, espécies presentes principalmente
nas soluções aquosas.
A ionização de ácidos e bases em solução aquosa
representa um dos equilíbrios iônicos mais conhecidos e
importantes. Vejamos os exemplos:
■■ Ácido cianídrico: HCN ↔ H+ + CN-

■■ Hidróxido de amônio: NH4OH ↔ NH4+ + OH- ©shutterstock

No equilíbrio iônico também são definidos o grau de


equilíbrio (a) e a constante de equilíbrio (Kc), que recebe o nome de constante
de ionização (Ki). Na ionização dos ácidos, usamos o termo Ka, e na ionização
das bases, Kb.
O grau de ionização pode ser expresso como:

α= ________________________________
(Quantidade de mols que dissociados)
(Quantidade inicial de mols)

Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas


176 UNIDADE IV

Quanto à constante de ionização, para os exemplos dados teremos:


+ -
HCN
+
H + CN
- [H ] [CN ]
Ka = ______________
[HCN]

+ -
[NH4 ] [OH ]
_______________
NH4 + OH Kb = [NH4OH]
+ -
NH4OH

Segundo Novais (1993), para os ácidos cuja constante de ionização (Ka) é alta, o
equilíbrio está deslocado para a direita, ou seja, no sentido de formação de íons
H+ e o ácido é dito forte. Por outro lado, quando a constante de ionização (Ka) é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
baixa, na situação de equilíbrio teremos mais moléculas de ácido e poucos íons
H+, evidências de que se trata de um ácido fraco.
De maneira análoga, podemos estender o raciocínio para as bases. Quando a cons-
tante de ionização (Kb) for alta, teremos muitos íons OH- no sistema em equilíbrio,
indicativo de base forte. Por outro lado, quando Kb for baixa, teremos uma base fraca.

LEI DA DILUIÇÃO DE OSTWALD

Agora, vamos aplicar nosso estudo sobre equilíbrio químico para os equilíbrios
de ionização. Supondo que uma espécie química genérica BA é adicionada em
água e sofre ionização (BA ↔ B+ + A-). Seu grau de ionização “a” e sua constante
de ionização “K” devem ser relacionados ao volume “V” da solução. Se partirmos
de “n” mols do eletrólito BA, sabemos que “na” mols se ionizam, então teremos:
Figura 06 – Quadro demonstrativo da Lei da diluição de Ostwald

Fonte: adaptado de Feltre (2004b)

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


177

Portanto:


__ nα
__
+ -
V V 2
[B ] [A ]
K= ___________ K= n(1-α) nα
K= _____
[BA] _____ V(1-α)
V

A equação obtida para a constante de ionização (K) é conhecida como “Lei da


diluição de Ostwald”. Essa equação nos mostra que quanto mais diluída for a
solução de um eletrólito (↑ volume), maior será seu grau de ionização (↑ a).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em outras palavras, podemos dizer que “o grau de ionização de um eletró-


lito aumenta, tendendo para 100%, à medida que a solução se dilui”.

DEFINIÇÃO DE PH E POH

Produto iônico da água

A água é um composto molecular e polar. No entanto, a água pura se ioniza de


acordo com a equação: H2O ↔ H+ + OH-. Essa reação é reversível e atinge o
estado de equilíbrio, que denotamos por “equilíbrio iônico da água”.
No equilíbrio iônico da água, temos o grau de ionização (a) e a constante de
ionização (K), que pode ser calculada como:

) )
+ -
[H ][OH ]
K= ________
[H2O]

A ionização da água pura é extremamente baixa, havendo em cada 1 litro de


água apenas 10-7 mol de íons H+ e 10-7 mol de íons OH-, a 25°C. A concentração
da água ([H2O]) se mantém praticamente inalterada, de modo que “K.[H2O]”
é um valor constante e recebe uma nova denominação, “Kw”, que significa pro-
duto iônico da água.

Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas


178 UNIDADE IV

O produto iônico da água é calculado da seguinte forma:

+ - -7 -7 -14
Kw= [H ][OH ] = (10 )(10 ) Kw= 1,0.10 (a 25°C)

A constante de ionização, assim como as constantes de equilíbrio, depende da


temperatura do sistema, e pode variar com a mudança de temperatura, con-
forme indicado no Quadro 02.
Quadro 02 - Valores de Kw para diferentes temperaturas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TEMPERATURA (°C) KW
0°C 0,114.10-14
10°C 0,295.10-14
20°C 0,676.10-14
25°C 1,00.10-14
40°C 2,71.10-14
50°C 5,30.10-14
100°C 51,3.10-14

Fonte: Novais (1993, p. 248).

Podemos também analisar o que acontece com as concentrações de H+ e OH-


em água pura, em soluções ácidas e em soluções básicas.

Água pura

Em água pura a 25°C, já mencionado, temos que Kw = 1,00.10-14 e [H+] = [OH-].


Fazendo Kw = [H+][OH-] = x.x = 10-14, encontramos x = [H+] = [OH-] = 10-7 mol/L.

Soluções ácidas

Em soluções aquosas ácidas, a concentração de H+ será mais alta do que na água


pura, já que o ácido é um fornecedor de H+. Dessa forma, temos que [H+] > 10-7
mol/L e consequentemente, [OH-] < 10-7mol/L, já que o produto [H+][OH-] deve
ser igual a 10-14 (a 25°C).

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


179

Soluções básicas

Em soluções aquosas básicas, de modo análogo, a concentração de OH- será mais


alta do que na água pura, já que a base fornece íons OH- ao sistema. Teremos
então [OH-] > 10-7 mol/L e [H+] < 10-7 mol/L, para que Kw se mantenha constante.
De forma resumida, podemos relacionar as concentrações das espécies iôni-
cas H+ e OH- com o caráter ácido ou básico das soluções segundo a Figura 07:
Figura 07: Acidez e basicidade de soluções
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004b, p. 228).

pH e pOH

A partir do esquema apresentado na Figura 07, é possível dizer se uma solução é


ácida ou básica (ou alcalina) a partir da sua concentração hidrogeniônica ([H+])
ou concentração hidroxiliônica ([OH-]), respectivamente. Assim, por exemplo,
uma solução com [H+] = 1,0.10-5 será ácida a 25°C, uma vez que 10-5 > 10-7. Por
outro lado se, por exemplo, uma solução possui [OH-] = 1,0.10-5, será básica a
25°C, já que 10-5 > 10-7.
Devido à dificuldade de se trabalhar com potências de 10 com expoentes
negativos, foi introduzido o conceito de pH e pOH, que podem ser calculados
da seguinte forma:
+
pH = - log ([H ]) pOH = - log ([OH-])

Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas


180 UNIDADE IV

Na expressão vemos que pH é o logaritmo negativo da concentração hidroge-


niônica, enquanto pOH é o logaritmo negativo da concentração hidroxiliônica.
Desta forma, chamamos o potencial hidrogeniônico de pH, e o potencial hidro-
xiliônico de pOH.
Ao utilizar a definição de produto iônico da água, Kw, encontramos uma rela-
ção importante entre pH e pOH.
+ -14
Kw = [H ][OH- ] = 10
Se extrairmos os logaritimos dos dois lados da igualdade e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mudarmos o sinal, teremos: - log [H+] - log [OH- ]=14
E encontramos: pH + pOH = 14

A expressão obtida é mais simples de ser utilizada do que a definição original


de Kw. Da mesma forma, os valores de [H+] e [OH-] em água pura, soluções áci-
das e básicas também se simplificam, da seguinte forma:
- Em água pura, temos que [H+] = [OH-] = 10-7 mol/L. Logo, pH = -log (10-
7
), o que resulta em pH = 7. De maneira análoga, pOH = -log (10-7) = 7. Portanto,
encontramos em água pura pH = pOH = 7.
- Em soluções ácidas, temos que:
+ -7 + +
[H ] > 10 log [H ] > - 7 - log [H ] < 7 pH < 7
- -7 - -
[OH ] < 10 log [OH ] < - 7 - log [OH ] > 7 pOH > 7

- Em soluções básicas, temos que:

+ -7 + +
[H ] < 10 log [H ] < - 7 - log [H ] > 7 pH > 7
- -7 - -
[OH ] > 10 log [OH ] > - 7 - log [OH ] < 7 pOH < 7
Todas essas observações podem ser mais bem visualizadas na escala de pH ou
escala de pOH, descritas na Figura 08.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


181

Figura 08 - Escala de pH e pOH


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004b, p. 230).

É importante mencionar que a escala de pH é mais comumente utilizada do que


a escala de pOH.

Solução-Tampão

Uma solução é dita “tamponada” quando resiste às variações de pH, pois uma
solução-tampão é aquela que não permite grandes variações de pH, mesmo
quando a ela se adiciona ácido ou base.
Para Feltre (2004b), as soluções-tampão têm grande importância nos pro-
cessos biológicos. Nosso sangue é tamponado para manter o pH em torno de 7,3
a 7,5, o suco gástrico do nosso estômago é tamponado para manter o pH entre
1,6 e 1,8, além das enzimas do nosso organismo, que só realizam suas funções
metabólicas em faixas muito estreitas de pH.
Nos laboratórios, são comumente utilizadas as seguintes soluções-tampão:
a. Mistura de um ácido fraco com um sal solúvel desse ácido, que produz um
tampão ácido. Exemplo: solução contendo ácido acético e acetato de sódio.
b. Mistura de uma base fraca com um sal solúvel dessa base, que produz
um tampão básico. Exemplo: solução contendo hidróxido de amônio e
cloreto de amônio.

Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas


182 UNIDADE IV

Mas o que ocorre com essas soluções, para que não haja variações do pH quando
adicionamos um ácido ou base?
Tomemos o exemplo do tampão ácido formado por ácido acético (CH3COOH),
um ácido fraco, e o sal acetato de sódio (CH3COONa). O ácido, por ser fraco, se
ioniza pouco: CH3COOH ↔ CH3COO- + H+, de modo que há maior concen-
tração das moléculas de CH3COOH não ionizadas. O sal, por outro lado, está
completamente dissociado da seguinte forma: CH3COONa ↔ CH3COO- + Na+.
Há, portanto, íons CH3COO- provenientes dos dois compostos. Quando se
adiciona um ácido à solução, os íons H+ serão consumidos pelo equilíbrio do

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ácido acético (CH3COOH ↔ CH3COO- + H+), e o equilíbrio se deslocará para
a esquerda, no sentido de formar as moléculas de CH3COOH, mantendo o pH
constante. Apesar da ionização do ácido acético ser limitada, há grande quanti-
dade de ânions CH3COO- disponíveis que são provenientes do equilíbrio do sal
dissociado, o que garante o deslocamento do equilíbrio do ácido para a esquerda
em grande extensão.
Se, por outro lado, adicionarmos uma base qualquer à solução-tampão, seus
íons OH- serão neutralizados pelos íons H+ da ionização do ácido acético (H+
+OH- → H2O). Com a neutralização dos íons OH- não haverá mudança do pH. À
medida que os íons H+ provenientes do ácido fraco forem consumidos pelos íons
OH- da base adicionada, o equilíbrio de dissociação do ácido será deslocado no
sentido de produzir mais íons H+, que continuarão sendo consumidos pelas hidro-
xilas, formando novas moléculas de água e mantendo o pH da solução inalterado.
Para soluções-tampão formadas por uma base fraca e um sal dessa base,
como exemplificado na mistura de hidróxido de amônio e cloreto de amônio, o
raciocínio é análogo.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


183

O sangue humano deve estar tamponado com pH em torno de 7,4. Um dos


sistemas de tamponamento do sangue é formado por H2CO3 e NaHCO3. Se,
por problemas respiratórios, a respiração se tornar lenta, haverá eliminação
deficiente de CO2, que provocará o deslocamento do equilíbrio CO2 + H2O
↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3- para a direita, aumentando a concentração de íons
H+ e tornando o sangue mais ácido. Com pH menor que 7,35, dizemos que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

há acidose sanguínea, cujo sintoma inicial é a desorientação, seguida de


coma e morte.
Ao contrário, se a respiração se tornar acelerada, devido a exercícios físicos
intensos ou escalada em grandes altitudes, ocasiões em que o organismo
absorve mais oxigênio, haverá maior eliminação de CO2, o que tornará o
sangue mais básico. Com pH maior do que 7,45, dizemos que há alcalose
sanguínea, cujo sintoma inicial são convulsões, que podem levar à morte.
Fonte: Feltre (2004b, p. 242).

Finalmente, podemos compreender que os equilíbrios iônicos são um caso par-


ticular de equilíbrios químicos, pois sempre tendem a se deslocar no sentido de
minimizar efeitos externos que afetem o equilíbrio atingido. As constantes de
equilíbrio de ácidos e bases são parâmetros de grande importância na identifi-
cação de soluções com caráter ácido ou básico, resultando em valores de pH e
pOH de soluções quaisquer, o que implica em informações relevantes sobre os
equilíbrios iônicos estabelecidos nesses sistemas.

Equilíbrio Iônico em Soluções Aquosas


184 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©shutterstock

TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES

“Todas as transformações que ocorrem no universo envolvem energia, seja


em nosso organismo, nas máquinas e equipamentos de que dispomos no
cotidiano, e também nas reações químicas.”
Fonte: o autor

ENERGIA ENVOLVIDA NAS REAÇÕES QUÍMICAS

Para Russel (1982), as transformações físicas e as reações químicas são na maio-


ria das vezes acompanhadas por absorção ou liberação de energia. Um exemplo
muito comum em nosso dia-a-dia são as transformações físicas da água, entre
os três estados físicos da matéria. Para a água líquida se aquecer e vaporizar é

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


185

necessário fornecer energia, na forma de calor, ao sistema. Já para transformar


a água líquida em gelo, ou seja, sofrer solidificação, é necessário retirar energia
do sistema. Em outras palavras, quando se passa de água líquida para vapor d´á-
gua ocorre uma absorção de calor, e quando há passagem da água líquida para
gelo ocorre liberação de calor.
De forma esquematizada, podemos verificar quando há absorção ou libe-
ração de energia, na forma de calor, para as mudanças físicas entre os estados
sólido, líquido e gasoso, exemplificado anteriormente pela água.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

De modo análogo, na maioria das reações químicas também há liberação ou


absorção de energia. Vejamos alguns exemplos, apresentados no Quadro 03.
Quadro 03 - Reações químicas que liberam e absorvem energia.

REAÇÕES QUÍMICAS QUE LIBERAM REAÇÕES QUÍMICAS QUE ABSORVEM


ENERGIA ENERGIA
Combustão do carvão libera energia Cozimento dos alimentos necessita de
térmica (calor) calor
Queima de uma vela produz energia Fotossíntese necessita da energia lumi-
luminosa (luz) nosa do sol
Reação química em uma pilha pro- Cromagem de um para-choque de auto-
duz energia elétrica móvel necessita de energia elétrica
No motor de um automóvel, a com-
Detonação de explosivos necessita de
bustão da gasolina ou álcool produz
energia mecânica
energia mecânica
Fonte: Feltre (2004b, p. 95).

Termodinâmica das Reações


186 UNIDADE IV

Devemos distinguir as reações químicas que liberam energia daquelas que


absorvem energia. As reações que liberam energia representam os “processos
exotérmicos”, enquanto as reações que absorvem energia recebem o nome de
“processos endotérmicos”. Vamos analisá-los separadamente.
Um processo exotérmico libera energia do sistema de reação para o ambiente,
portanto consideramos a energia um produto da reação. Podemos considerar
dois exemplos comuns, a combustão do carvão e a combustão do metano, que
representam possibilidades de obtenção de energia térmica ou calor.
■■ Combustão do carvão: C + O2 → CO2 + calor.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Combustão do metano: CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O + calor.

Um processo endotérmico absorve energia do ambiente para o sistema de reação,


portanto consideramos a energia um reagente da reação. Podemos considerar dois
exemplos, a decomposição do carbonato de cálcio e a síntese do óxido nítrico.
■■ Decomposição do carbonato de cálcio: CaCO3 + calor → CaO + CO2
■■ Síntese do óxido nítrico: N2 + O2 + calor → 2NO

Nos processos exotérmicos, após ser estimulada, a reação exotérmica se inicia e


ocorre naturalmente, liberando calor. Nos processos endotérmicos, entretanto,
é necessário o fornecimento contínuo de calor para que a reação endotérmica
continue ocorrendo.

DEFINIÇÃO DE ENERGIA INTERNA

De acordo com Feltre (2004b), existem basicamente dois tipos de energia, a ener-
gia cinética e a energia potencial. A energia cinética está associada ao movimento,
enquanto a energia potencial refere-se à energia armazenada por um sistema.
A energia cinética está presente no movimento de uma bola descendo mon-
tanha abaixo, no movimento da água na correnteza de um rio, no movimento
dos elétrons na corrente elétrica, no movimento do vento, enfim, em todo e qual-
quer sistema que se desloque.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


187

Já a energia potencial fica armazenada e pode ser posteriormente utilizada para


realizar um trabalho. Um corpo em determinada altura armazena energia potencial, a
água de um reservatório de hidrelétrica, antes de descer as comportas, armazena ener-
gia potencial. Enfim, toda e qualquer energia do sistema que pode ser reaproveitada.
Segundo essas definições, podemos compreender o calor liberado ou absor-
vido por uma reação química de forma simples. Consideramos que qualquer
substância que participa da reação possui determinada energia interna ou poten-
cial, parte armazenada na forma de energia química (energia das ligações químicas
entre os átomos) e parte armazenada na forma de energia térmica (nos movi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mentos de translação, rotação e vibração entre as moléculas).


Quando ocorre uma reação química, podemos supor duas hipóteses. Na pri-
meira hipótese, temos que a energia interna total dos reagentes é maior do que
a energia interna total dos produtos, ou seja, a energia inicial é maior do que a
energia final. Nesse caso, há sobra de energia, e consequentemente a reação libe-
rará energia, representando uma reação exotérmica.
Na segunda hipótese, temos que a energia interna total dos reagentes é menor
do que a energia interna total dos produtos, ou seja, a energia inicial é menor
do que a energia final. Nesse caso, a reação só ocorrerá se o sistema absorver a
energia que está faltando, o que representa uma reação endotérmica.
As duas hipóteses podem ser mais bem visualizadas no esquema da Figura 09.
Figura 09- Reação exotérmica x Reação endotérmica

Fonte: Feltre (2004b, p. 183).

Termodinâmica das Reações


188 UNIDADE IV

Podemos observar que a energia total do sistema antes da reação deve ser igual
à energia total do sistema após a reação. Essa afirmação foi enunciada como a
“Primeira Lei da Termodinâmica”, também conhecida como a “Lei da Conservação
da Energia”.
A primeira lei da termodinâmica também pode ser postulada de duas outras
maneiras: “A energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada”
ou “Em um sistema isolado, a quantidade total de energia é constante”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEFINIÇÃO DE ENTALPIA DA REAÇÃO

Comumente, não utilizamos o termo “entalpia de reação”, mas sim “variação de


entalpia da reação”, pois na prática não é possível medir a quantidade de ental-
pia dos estados inicial e final de uma reação química, mas somente a quantidade
de energia transferida durante a reação.
Desta forma, podemos dizer que a “variação de entalpia de uma reação é a
medida da quantidade de calor liberada (reação exotérmica) ou absorvida (rea-
ção endotérmica) por uma reação química, a pressão constante”.
Para compreendermos a definição de variação de entalpia de reação, vamos
considerar duas reações discutidas anteriormente, a combustão do carvão (C +
O2 → CO2 + calor) e a síntese do óxido nítrico (N2 + O2 + calor → 2NO).
Na reação exotérmica C + O2 → CO2 + calor, vemos que há liberação de
energia do sistema de reação para o ambiente, na forma de calor Q, pois a ental-
pia dos reagentes é maior do que a entalpia dos produtos. Assim, a variação de
entalpia da reação é negativa e pode ser definida como:

ΔHreação = Hprodutos - Hreagentes < 0

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


189

A Figura 10 mostra uma representação esquemática da reação de combustão


do carvão.
Figura 10 - Reação de combustão do carvão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004b, p. 103).

Em contrapartida, na reação endotérmica N2 + O2 + calor ® 2NO, é necessário


absorção de energia, na forma de calor Q, para que a reação ocorra. Nesse caso,
a entalpia dos reagentes é menor do que a entalpia dos produtos. Assim, a varia-
ção de entalpia da reação é positiva e pode ser definida como:

ΔHreação = ΔHprodutos - ΔHreagentes > 0

Termodinâmica das Reações


190 UNIDADE IV

Na Figura 11 temos um esquema da variação de entalpia da reação de síntese


do óxido nítrico.
Figura 11 - Reação de síntese do óxido nítrico

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004b, p. 228).

ENTALPIA (OU CALOR) DE REAÇÕES ESPECÍFICAS

Segundo Feltre (2004b), todo elemento ou composto químico está no estado


padrão quando se apresenta em seu estado (físico, alotrópico ou cristalino) mais
comum e estável na temperatura de 25°C e a 1atm de pressão.
A entalpia de um elemento ou composto químico em seu estado padrão é
chamada “entalpia padrão”, e esse termo será utilizado nas definições a seguir.

Entalpia (ou calor) padrão de formação (ΔH0f)

A entalpia ou calor padrão de formação de um composto químico é a variação


de entalpia associada à formação de 1 mol do composto químico, a partir dos
seus elementos constituintes, todos em seu estado padrão.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


191

Por exemplo, consideremos a reação de formação da água líquida:

H4 (g) + 1
_ O2 (g) H2O (l) ΔH = - 286,6 kJ/mol (25°C; 1 atm)
2

Como a variação de entalpia da reação é negativa, concluímos que a reação é


exotérmica, e libera 286,6 kJ de calor por 1mol de H2O formada. Tanto os rea-
gentes (H2 e O2), como o produto (H2O) estão em seu estado mais estável (estado
padrão). Além disso, por se tratar da formação da molécula de água a partir de
seus elementos constituintes, podemos afirmar que a variação de entalpia deter-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

minada é a “entalpia ou calor padrão de formação da água”.

Entalpia (ou calor) de combustão

A entalpia ou calor de combustão de um composto químico é a variação de ental-


pia associada à combustão total de 1 mol desse composto químico, desde que
todos os participantes da reação estejam em seu estado padrão.
É importante lembrar que reações de combustão são sempre exotérmicas,
de modo que sempre ocorrerá liberação de energia na forma de calor, e a varia-
ção de entalpia medida será sempre negativa.
Como exemplo, podemos considerar a combustão do metano, na qual ocorre
a liberação de 889,5kJ de calor para cada 1 mol de CH4 queimado.

CH4 (g) + 2 O2 (g) CO2 (g) + 2 H2O (l) ΔH = - 889,5 kJ/mol

Energia de ligação

Energia de ligação é a variação de entalpia associada à quebra de 1 mol de uma


determinada ligação química, desde que todos os participantes da ligação este-
jam no estado gasoso, a 25°C e 1 atm.
Para quebrar uma ligação química sempre é necessário adicionar energia, ou seja,
o processo é sempre endotérmico, e a variação de entalpia medida é sempre positiva.
A seguir, temos exemplos da energia consumida para quebrar1 mol de liga-
ções simples das moléculas de hidrogênio (H2) e 1 mol de ligações duplas das
moléculas de oxigênio (O2).

Termodinâmica das Reações


192 UNIDADE IV

H H ou H2 (g) 2 H (g) ΔH = + 435,5 kJ/mol

O O ou O2 (g) 2 O (g) ΔH = + 497,8 kJ/mol

A partir da “Lei da conservação da energia”, e de acordo com o tipo de reação


química equacionada, observamos que as reações químicas necessitam liberar
ou absorver energia para ocorrerem. Definimos ainda o conceito de entalpia de
reação, que na prática representa a medida da quantidade de calor transferido
e, portanto, deve ser denotada por “variação da entalpia de reação”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com base nos temas abordados, podemos compreender que as reações
químicas reversíveis tendem ao estado de equilíbrio que, quando perturbado,
se desloca no sentido de minimizar seu efeito. Nesse contexto, vimos que as
reações químicas, sejam elas reversíveis ou não, só ocorrem quando possuem
condições energéticas adequadas para tanto. Desta forma, o estudo da energia
liberada pelos processos exotérmicos, bem como da energia absorvida nos pro-
cessos endotérmicos, é de extrema importância na compreensão dos fatores que
limitam ou induzem as reações químicas em geral, e mostram porque algumas
equações propostas na teoria não ocorrem na prática.

REAÇÕES DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DAS REAÇÕES


193

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade abordamos o conceito de equilíbrio químico, suas particularida-


des, e a relação entre uma reação química e sua necessidade energética.
Inicialmente, introduzimos a definição de um tipo especial de reações quí-
micas, que não se completam, porque atingem um estado de equilíbrio e se
mantém inalteradas por tempo indeterminado, são as chamadas reações rever-
síveis. O estado de equilíbrio após ser atingido, só será alterado caso haja algum
fator externo que o perturbe, seja uma variação de temperatura, ou mudança
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

na quantidade de algum componente da reação. Após o desequilíbrio, a reação


química se desloca no sentido de buscar novo equilíbrio.
Em seguida, consideramos um caso particular de equilíbrio químico, deno-
minado equilíbrio iônico. Seu estudo nos mostrou a origem de parâmetros de
grande aplicação em soluções de caráter ácido ou básico, os potenciais pH e pOH,
respectivamente. Verificamos a importante função que as soluções-tampão pos-
suem no controle da acidez ou basicidade de soluções aquosas, e até mesmo em
sistemas vitais como nosso sangue, nosso suco gástrico e nossas enzimas.
Finalmente, compreendemos que transformações físicas como o derreti-
mento do gelo, e reações químicas como a combustão do carvão, são sistemas
que dependem da relação entre a sua energia interna e a energia do ambiente,
obedecendo à lei da conservação da energia. Desta forma, quando a entalpia dos
produtos é menor do que a entalpia dos reagentes, o sistema libera energia ao
ambiente para que as energias inicial e final sejam iguais, representando um pro-
cesso exotérmico. Por outro lado, quando a entalpia dos produtos é maior do que
a entalpia dos reagentes, o sistema necessita absorver energia do ambiente para
que a reação ocorra e a quantidade de energia se mantenha constante, expres-
sando um processo endotérmico.
Com base nos conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores e também
nesta, poderemos aprender os conceitos definidos na unidade a seguir.

Considerações Finais
194

1. Sobre as reações reversíveis, assinale a alternativa correta:


I) Nas reações reversíveis, quando o sistema atinge o equilíbrio, os reagentes pa-
ram de ser consumidos e os produtos deixam de ser formados.
II) Reações reversíveis são aquelas em que a velocidade da reação direta é igual
à velocidade da reação inversa.
III) O equilíbrio químico pode ser deslocado pela adição de um reagente ao sis-
tema reacional.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
e) Nenhuma das afirmativas está correta.
2. O que é equilíbrio homogêneo e equilíbrio heterogêneo?
3. Calcule a constante de equilíbrio, em termos da concentração, para a reação quí-
mica 2SO2(g) + O2(g) ↔ 2SO3(g), sabendo que no equilíbrio, na mesma tempera-
tura do sistema, as concentrações dos reagentes e produtos é: [SO3]=0,1mol/L;
[O2]=1,5mol/L; [SO2]=1,0mol/L.
4. Sobre o equilíbrio químico, assinale a alternativa correta:
I) Se um sistema em equilíbrio possui uma constante de equilíbrio “k” e o equilí-
brio é deslocado, quando o sistema atinge novo equilíbrio, a nova constante de
equilíbrio será diferente de “k”.
II) A constante de equilíbrio independe da temperatura do sistema.
III) O Princípio de Le Chatelier diz que “se um sistema em equilíbrio for submeti-
do a uma perturbação, haverá um deslocamento nesse equilíbrio, no sentido de
minimizar o efeito da mudança”.
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
d) Apenas a afirmativa II está correta.
e) Apenas a afirmativa III está correta.
195

5. Se uma solução aquosa possui [OH-] = 1,0.10-5 mol/L, qual será o pH dessa solu-
ção? Ela possui caráter ácido ou básico?
6. Defina solução-tampão e explique do que é constituída uma solução-tampão
ácida e uma solução-tampão básica?
7. Defina o que é processo exotérmico e o que é processo endotérmico, mostrando
suas diferenças.
8. Nas reações químicas, a quantidade de calor liberada ou absorvida pela transfor-
mação pode ser denominada calor de reação. Nesse contexto, assinale a alterna-
tiva correta:
I) Se uma reação é exotérmica, o sistema perde calor e o ambiente ganha a mes-
ma quantidade perdida pelo sistema.
II) Se uma reação é endotérmica, o sistema ganha calor e o ambiente perde a
mesma quantidade recebida pelo sistema.
III) Se uma reação é exotérmica, sua entalpia final é menor que sua entalpia ini-
cial, logo sua variação de entalpia (ΔH) é menor que zero.
IV) Se uma reação é endotérmica, sua entalpia final é maior que sua entalpia
inicial, logo sua variação de entalpia (ΔH ) é maior que zero.
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Todas as afirmativas estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma das afirmativas está correta.
9. Considere a reação abaixo:

a) Qual o valor da variação da entalpia (em kcal/mol)?


b) A reação é endotérmica ou exotérmica? Explique.
196

HIDROGÊNIO: O COMBUSTÍVEL DO FUTURO


O avanço tecnológico e o crescimento populacional mundial tornaram a energia fun-
damental e indispensável para produtividade e crescimento econômico. A humanidade
tem observado as consequências do uso de combustíveis fósseis, levando à descoberta
e aperfeiçoamento de fontes energéticas renováveis que possam vir a substituir os com-
bustíveis fósseis gradualmente, como, por exemplo, o uso de células a combustível de
hidrogênio.
O hidrogênio é o elemento mais leve de que se tem conhecimento. É também inodoro,
incolor, insolúvel em água e o elemento químico mais abundante do universo, entre-
tanto, sua disponibilidade na atmosfera terrestre é muito pequena. Contudo, podemos
encontrar hidrogênio na água (H2O), em álcoois como o etanol (C2H5OH), e em hidrocar-
bonetos, compostos mais abundantes.
Desta forma, o hidrogênio poderá substituir o carvão e o petróleo como principal fonte
de energia. A combustão do hidrogênio no ar ou numa atmosfera de oxigênio forma
água e libera uma grande quantidade de energia. Ao contrário dos combustíveis fósseis,
a queima de hidrogênio não forma substâncias poluentes como o dióxido de enxofre
(SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), responsáveis pela chuva ácida, ou como o gás carbô-
nico (CO2), responsável pelo efeito estufa. Assim, tem-se no hidrogênio um importante
combustível futuro para a produção renovável de energia.
Para o desenvolvimento e incentivo de pesquisas sobre o hidrogênio combustível, foi
criada a “Parceria Internacional para a Economia do Hidrogênio (IPHE)”, formada por 16
países, entre eles o Brasil. A IPHE tem o propósito de organizar e implementar as pesqui-
sas internacionais relacionadas ao hidrogênio e à tecnologia das células a combustível.
No âmbito nacional, o Ministério de Minas e Energia (MME) criou o Roteiro para Estru-
turação da Economia do Hidrogênio no Brasil. O programa do MME tem como principal
objetivo inserir, expressivamente, o hidrogênio na matriz energética brasileira até 2025.
Dentre as utilizações do hidrogênio combustível, destaca-se o uso em células a combus-
tível, as quais são dispositivos silenciosos que transformam energia química em energia
elétrica. As células a combustível de hidrogênio são pelo menos duas vezes mais eficien-
tes do que os processos tradicionais, mas, por outro lado, os altos custos financeiros e o
consumo energético de produção são significativos.
Fonte: Rocha (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICA, 2012, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Química vol. 2 - Físico-Química e Química Ambiental


Vera Lúcia Duarte de Novais
Editora: Atual
Sinopse: Com linguagem objetiva e com muitos exercícios propostos,
cujo grau de dificuldade é crescente, esse livro vislumbra incorporar os
conhecimentos de química ao estudo de temas corriqueiros em nossos
noticiários, especialmente no que diz respeito à química ambiental,
tema abordado nos últimos capítulos.

Material Complementar
GABARITO

1. Resposta: alternativa (d)


2. Resposta: O sistema no qual ocorre uma reação reversível é fator determinante
para o tipo de equilíbrio químico obtido. Assim, em sistemas homogêneos, ou
seja, nos quais reagentes e produtos estão no mesmo estado físico da maté-
ria, obtemos um equilíbrio homogêneo. Esses sistemas geralmente ocorrem em
fase gasosa ou na forma de íons em solução aquosa.
Por outro lado, quando reagentes e produtos formam um sistema heterogêneo,
ou seja, se apresentam em diferentes estados físicos da matéria, resulta em um
equilíbrio heterogêneo. Esses sistemas geralmente ocorrem em fase sólida e ga-
sosa.
3. Resposta: A constante de equilíbrio Kc para essa reação é:

[S03]2
Kc =
[SO2]2 [O2]

Substituindo as concentrações dadas temos: Kc = (0,1)2/[(1,0)2.(1,5)], resultando:


Kc = 0,00l67(mol/L)-1.
4. Resposta: alternativa (e)
5. Resposta: Sabemos que pOH = -log([OH-]), então temos que pOH = -log (10-5) = 5.
Como pOH + pH = 14, então pH = 14-5 = 9, pH = 9 e a solução é básica.
6. Resposta: Uma solução é dita “tamponada” quando resiste às variações de pH,
pois uma solução-tampão é aquela que não permite grandes variações de pH,
mesmo quando a ela se adiciona um ácido ou base. A mistura de um ácido fraco
com um sal solúvel desse ácido produz um tampão ácido e a mistura de uma
base fraca com um sal solúvel dessa base produz um tampão básico.
7. Resposta: As reações que liberam energia representam os processos exotérmi-
cos, enquanto as reações que absorvem energia recebem o nome de proces-
sos endotérmicos. Um processo exotérmico libera energia do sistema de reação
para o ambiente, portanto consideramos a energia um produto da reação. Em
contrapartida, um processo endotérmico absorve energia do ambiente para o
sistema de reação, portanto consideramos a energia um reagente da reação.
Nos processos exotérmicos, após ser estimulada, a reação exotérmica se inicia e
ocorre naturalmente, liberando calor. Nos processos endotérmicos, entretanto,
é necessário o fornecimento contínuo de calor para que a reação endotérmica
continue ocorrendo.
199
GABARITO

8. Resposta: alternativa (c)


9. Resposta: a) A variação da entalpia é ΔH = -68,3kcal/mol (não deve esquecer o
sinal negativo).
b) A reação é exotérmica, porque o calor de reação é liberado do sistema para o
ambiente, de modo que a entalpia dos produtos é menor do que a entalpia dos
reagentes, e sua variação é negativa.
Professora Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO

V
UNIDADE
E SOLUBILIDADE

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o conceito e as características das reações de
oxirredução.
■■ Aprender a balancear as reações de oxirredução a partir dos números
de oxidação.
■■ Entender o funcionamento das pilhas.
■■ Classificar as soluções quanto à relação soluto/solvente.
■■ Interpretar as curvas de solubilidade, utilizando os dados do gráfico
na preparação e cálculo de soluções.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Reações de Oxirredução
■■ Soluções
203

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo abordando as principais fontes de


eletricidade, que consiste na transmissão de corrente elétrica por fios metálicos.
A corrente elétrica, por sua vez, pode ser produzida por pilhas e baterias, que
funcionam a partir de reações químicas chamadas de reações de oxirredução.
As reações de oxirredução ocorrem graças à ação de dois elementos com
características antagônicas, o oxidante e o redutor. Nesse contexto, introduzimos
o conceito de número de oxidação, mostrando de que modo esse número deve ser
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

calculado e utilizado no balanceamento de equações de reações de oxirredução.


Dentre as reações de oxirredução espontâneas destacamos as pilhas, seu
funcionamento e suas particularidades. Nas pilhas, o fluxo de elétrons se dá a
partir do pólo negativo ou anodo em direção ao polo positivo ou catodo. Foram
descritas as principais características da Pilha de Daniel, Pilha de Leclanché e
Pilha Alcalina.
O conceito de soluções foi abordado a partir de experimentos de mistura
homogênea, nos quais foram definidos os componentes presentes em quaisquer
soluções: soluto e solvente. A relação entre as quantidades de soluto e solvente
produz diferentes tipos de soluções quanto à sua concentração, de modo que o
conceito de ponto de saturação se faz necessário para separar as soluções insa-
turadas das soluções supersaturadas. Graficamente podemos visualizar essa
separação em função da temperatura do sistema soluto/solvente, por meio das
curvas de solubilidade.
Acima das curvas de solubilidade observamos as soluções supersaturadas,
nas quais há excesso de soluto que se precipita, enquanto abaixo das curvas de
solubilidade temos as soluções insaturadas, aplicáveis na prática por serem mis-
turas homogêneas e estáveis.
As soluções, bem como sua concentração ou diluição, estão presentes em
nosso cotidiano de modo que sua compreensão vai muito além do conhecimento
da química, pois representa um aprendizado para o dia a dia.
Boa leitura!

Introdução
204 UNIDADE V

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO

Segundo Feltre (2004b), em


nossa casa, em nossa escola
ou em nosso trabalho pode-
mos acionar televisores,
computadores, lâmpadas,
aparelhos de ar condicio-
nado, fornos micro-ondas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e outros aparelhos eletrôni-
cos com um simples toque
no botão. Todas essas ações
se devem à eletricidade.
A eletricidade repre-
senta a passagem de uma
corrente elétrica por um fio
metálico. A corrente elétrica,
©shutterstock

por sua vez, consiste em um


movimento ordenado de elétrons ao longo do fio metálico, que pode ser produzida
por geradores elétricos que transformam energia mecânica em energia elétrica,
ou por pilhas e baterias, que transformam energia química em energia elétrica.
Os geradores elétricos são movidos por quedas d´água, por motores a die-
sel ou por vapor d´água produzido por caldeiras. A energia elétrica produzida
dessa forma é transmitida por meio de fios até a população. Já as pilhas e bate-
rias produzem energia elétrica por meio de reações de oxirredução, e consiste
em uma energia elétrica transportável.
Nas pilhas, temos que as reações químicas produzem corrente elétrica,
enquanto na eletrólise, a corrente elétrica que provoca uma reação química.
Nos dois casos, estamos tratando da “Eletroquímica”, ou seja, o estudo das
reações químicas que produzem corrente elétrica, ou são provocadas pela cor-
rente elétrica.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


205

Como seria viver sem eletricidade?


Fonte: o autor.

DEFINIÇÃO DE OXIDAÇÃO, REDUÇÃO, OXIDANTE E REDUTOR

Como já vimos anteriormente, em uma ligação iônica, na qual se forma um com-


posto iônico, um dos átomos participantes da reação doa elétrons para o outro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

átomo. O átomo que doa elétrons sofre um processo de oxidação, enquanto o


átomo que recebe elétrons sofre um processo de redução.
Consideremos o exemplo do composto iônico NaCl.

[Na[ [ Cl [
x + -
Na Cl x

Constatamos que o átomo Na doa 1 elétron para o átomo Cl, de modo que Na
sofre oxidação, enquanto Cl sofre redução, resultando nos íons Na+ e Cl-.
Podemos observar que os dois processos, oxidação e redução, ocorrem simul-
taneamente, e representam a chamada reação de oxirredução, ou redox.
De forma resumida, podemos dizer que “oxidação é a perda de elétrons por
um átomo”, enquanto “redução é o ganho de elétrons por um átomo”. Finalmente,
dizemos que “Reação de oxirredução é uma reação na qual ocorre a transferên-
cia de elétrons entre dois átomos”.
No exemplo de NaCl, temos que a oxidação do Na foi provocada pelo Cl,
então denominamos o cloro de “oxidante”. Por outro lado, a redução do Cl foi
induzida pelo Na, e chamamos o sódio de “redutor”.
Os conceitos de oxidante e redutor podem ser generalizados, “oxidante é o
elemento ou substância que induz à uma oxidação”, enquanto “redutor é o ele-
mento ou substância que induz a uma redução”. Nessas definições, podemos
considerar uma substância como oxidante ou redutor.

Reações de Oxirredução
206 UNIDADE V

DEFINIÇÃO DE NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX)

Para os compostos iônicos, como é o caso do NaCl, o número de oxidação cor-


responde à própria carga do íon considerado, ou seja, o número de elétrons que
o átomo perdeu ou ganhou em uma ligação iônica. Para o NaCl, temos que Na+
(perdeu 1 elétron) tem NOX = +1, enquanto Cl- (ganhou 1 elétron) tem NOX = -1.
Para os compostos moleculares, que realizam ligação covalente, não há
transferência, mas sim um compartilhamento de elétrons. Nesse caso, para
determinar o número de oxidação dos átomos consideramos a carga que o íon

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
teria se houvesse um rompimento da ligação covalente, de modo que os elétrons
pertenceriam ao elemento mais eletronegativo, enquanto o elemento mais ele-
tropositivo perderia elétrons.
Tomando como exemplo o composto HCl, sabemos que o Cl é mais ele-
tronegativo do que o H, e podemos considerar que o cloro atrairia os elétrons
compartilhados para o seu lado conforme a representação a seguir.
+

[[ [ [
-
xx
H x Cl x
x H + Cl
xx

Para o HCl, podemos considerar que H+ (perdeu 1 elétron) tem NOX = +1,
enquanto Cl- (ganhou 1 elétron) tem NOX = -1.
Finalmente, em uma molécula apolar, formada por dois átomos iguais, tais
como H2, O2, N2 etc., o número de oxidação dos elementos é zero, pois não há
diferença de eletronegatividade entre os átomos constituintes da molécula.
Levando em consideração qualquer tipo de composto em questão, podemos
ampliar o conceito de oxidação e redução com base na definição de número de
oxidação, da seguinte forma:
■■ Oxidação é a perda de elétrons ou o aumento do número de oxidação de
um elemento.

■■ Redução é o ganho de elétrons ou a diminuição do número de oxidação


de um elemento.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


207

O aumento do número de oxidação se dá da esquerda para a direita, ou seja, de


NOX negativos em direção a NOX positivos, e representa o processo de oxidação.
Analogamente, da esquerda para a direita temos uma diminuição de NOX, repre-
sentado pela seta indicativa de redução.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Alguns elementos químicos têm número de oxidação muito conhecidos,


como é o caso do hidrogênio (H, NOX = +1), do oxigênio (O, NOX = -2) e dos ele-
mentos pertencentes à família A da Tabela periódica, como mostra a Figura 01.
Figura 01 - Número de oxidação dos elementos da Família

(Fonte: Feltre, 2004b, p. 285).

Notamos que o número de oxidação dos elementos da família A da Tabela


Periódica pode, na maioria das vezes, ser deduzido a partir do número da coluna
na qual o elemento se encontra. Assim, na Família 1A os metais alcalinos possuem
geralmente NOX igual a +1, enquanto os metais alcalino terrosos, pertencentes à
Família 2A, possuem NOX igual a +2, e assim por diante.

CÁLCULO DO NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX)

Para calcular o número de oxidação de qualquer elemento que constitui uma


molécula, devemos considerar que a soma dos NOX de todos os elementos da
molécula é igual a zero. Fazemos uso dos números de oxidação conhecidos para
auxiliar no cálculo dos elementos cujo NOX é desconhecido.

Reações de Oxirredução
208 UNIDADE V

Por exemplo, vamos considerar a molécula de H3PO4. O NOX dos elementos


H e O são conhecidos e fixos, então queremos determinar o NOX do elemento P.
Temos que: NOX do H = +1 e NOX do O = -2. Podemos equacionar o cálculo do
NOX do P da seguinte forma:

123H3 P O4
123 123
3 • (+1) + X + 4 • (-2) = 0 x= +5 (Nox. do P)

Consideremos outro exemplo, o sal Na2CO3. Nesse caso, sabemos que NOX do

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O = -2 e NOX do Na = +1, pois o sódio (Na) faz parte da Família 1A da Tabela
Periódica, e seu NOX é conhecido. Portanto, precisamos determinar o NOX do C.
Fazemos então:

123Na2 C O3
123 123
2 • (+1) + X + 3 • (-2) = 0 x= +4 (Nox. do C)

Quando temos um íon de um composto, formado por mais de um elemento, o


NOX do composto deve ser igual à carga do íon. Tomemos como exemplo o íon
NH4+. Nesse caso, sabemos que NOX do H = +1, então calculamos o NOX do N
da seguinte forma:
+
N
123 H4
123
X + 4 • (+1) = +1 x= -3 (Nox. do N)

BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO

De acordo com Russel (1982), no balanceamento de equações de oxirredução


devemos levar em conta que o número de elétrons deve se manter constante
antes e após a reação, pois elétrons são apenas transferidos de um elemento
menos eletronegativo para outro mais eletronegativo. Dessa forma, balancear
uma equação de oxirredução se resume a igualar o número de elétrons doados
pelo redutor (aquele que é oxidado) ao número de elétrons recebidos pelo oxi-
dante (aquele que é reduzido).

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


209

Vamos considerar como exemplo a equação de formação da molécula PCl3.

xx xx xx
P x Cl
xx
x
x
x
x Cl
xx
x P x Cl x
x xx
x

x Cl x
x x
xx

Nessa molécula, vemos que o átomo de P doará 3 elétrons, enquanto cada átomo
de Cl receberá 1 elétron. Para igualar o número de elétrons doados pelo P (3
elétrons) ao número total de elétrons recebidos pelo Cl (3 átomos onde cada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

um receberá 1 elétron), é necessário adicionar o coeficiente 3 ao Cl, e a equação


resultante seria 1P + 3Cl → PCl3.
Entretanto, o elemento P é encontrado na forma P4 e o elemento Cl é estável
na forma Cl2. Devemos, portanto balancear a equação: P4 + Cl2 → PCl3.
Partimos novamente do número de elétrons doados pelo P. Nesse caso, temos
4 átomos de P doando cada um 3 elétrons, o que resultará em 4x3 = 12 elétrons no
total cedidos por P4. De forma análoga, para o Cl2, no qual temos 2 átomos de Cl
e cada um receberá 2 elétrons, temos 2x1 = 2 elétrons no total recebidos por Cl2.
Para igualar o número de elétrons doados e recebidos, precisamos realizar
uma multiplicação cruzada, da seguinte forma:

1 P4 cede 12 elétrons no total, então 2 P4 cederão 2 ∙ 12 elétrons


(24 elétrons)
1 Cl2 recebe 2 elétrons no total, então 12 Cl2 receberão 12 ∙ 2 elétrons

Assim, podemos balancear os coeficientes de P4 e Cl2 na equação de oxirredução


considerada, da seguinte forma: 2P4 + 12Cl2 ® PCl3. Resta ainda balancearmos
o composto PCl3.
Para balancearmos a equação por completo, é necessário recordarmos o
balanceamento de equações visto na Unidade III. O número de átomos de P
e Cl deve ser igual no lado esquerdo e lado direito da equação química. Desta
forma, teremos:

2 P + 12 Cl2
4
123 8 PCl3
2 ∙ 4 = 8 átomos de P 8 átomos de P

Reações de Oxirredução
210 UNIDADE V

De modo análogo, verificamos também que no lado esquerdo da equação temos


12x2 = 24 átomos de Cl, iguais aos 8x3 = 24 átomos de Cl encontrados no lado
direito da equação química.
Podemos ainda simplificar a equação balanceada dividindo todos os coe-
ficientes por 2, o que não modifica as relações entre os componentes da reação
química, mantendo a equação balanceada.
Encontramos então:

P4 + 6 Cl2 4 PCl3

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O balanceamento dessa equação pode ser também realizada utilizando-se o con-
ceito de número de oxidação (NOX) dos elementos. Esse procedimento pode ser
divido em etapas:
1ª Etapa: determinamos os NOX dos elementos e pela diferença desses valo-
res para cada elemento participante da reação calculamos a variação dos NOX.

P4 + Cl2 PCl3

Zero Zero +3 -1
Variação=3
Variação=1

2ª Etapa: determinamos a variação total dos NOX, indicado por D, multiplican-


do-se o número total de elétrons transferidos por cada elemento.

Δ = 3 ∙ 4 = 12 Δ=1∙2=2

P4 + Cl2 PCl3
3ª Etapa: pela multiplicação cruzada temos que o D do oxidante será o coefi-
ciente do redutor e vice-versa.
Δ = 12 Δ=2

2 P4 + 12 Cl2 PCl3

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


211

4ª Etapa: é necessário completar o balanceamento e, se possível, simplificar os


coeficientes.

2 P4 + 12 Cl2 8 PCl3 ou

P4 + 6 Cl2 4 PCl3
Obtemos assim a mesma equação obtida anteriormente, mas nesse caso
realizamos o balanceamento a partir dos números de oxidação (NOX) dos
elementos.
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PILHAS

Para Novais (1993), pilha consiste em um gerador de corrente elétrica, pois em


qualquer pilha ocorre uma reação de oxirredução espontânea, na qual é produ-
zida energia elétrica.
Quando se mergulha uma lâmina de zinco metálico, de coloração cinza, em
uma solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), após 15 a 20 minutos é possível
notar que a porção da lâmina que ficou mergulhada na solução ficou coberta por
um material avermelhado, o cobre metálico, conforme ilustrado na Figura 59.
O processo de oxirredução verificado pode ser equacionado da seguinte
forma:
Zn0 + CuSO4 ZnSO4 + Cu0

Metal da Está presente Fica na própria Metal (vermelho) que


chapa na solução solução adere à chapa de zinco

Reações de Oxirredução
212 UNIDADE V

Figura 02 - Experiência entre zinco metálico e sulfato de cobre

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004b, p. 294).

Nessa reação espontânea, há uma transferência de elétrons direta, pois o zinco


(Zn0) fornece elétrons para os íons cobre (Cu2+), presente no sulfato de cobre.
A equação proposta pode ser desmembrada na forma iônica, da seguinte
forma:

Zn0 + Cu2++ SO42- Zn2+ + SO42- + Cu0

Simplificando, obtemos a equação iônica:

Zn0 + Cu2+ Zn2+ + Cu 0

2e-
Podemos subdividir a equação iônica em duas semirreações subsequentes, a pri-
meira semirreação de oxidação do zinco e a segunda semirreação de redução do
cobre, equacionadas a seguir.

Zn0 Zn2+ + 2e- Semi-reação de oxidação

Cu2+ + 2e- Cu0 Semi-reação de redução

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


213

Se somarmos as duas semirreações, cancelando os elétrons transferidos, retorna-


mos à equação iônica original. A reação Zn0 + Cu2+ → Zn2+ + Cu0 é espontânea,
pois verificamos que o Zn possui maior tendência em doar elétrons, enquanto
o cobre tem maior tendência em receber elétrons. Em outras palavras, pode-
mos dizer que o Cu tem maior eletronegatividade do que o Zn, e essa condição
é essencial para que a reação de oxirredução seja espontânea. Por isso, a reação
inversa Zn2+ + Cu0 → Zn0 + Cu2+ não é espontânea, e não ocorre naturalmente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PILHA DE DANIEL

Vamos considerar novamente a equação de oxirredução entre zinco metálico


(Zn0) e íons cobre (Cu2+).

Zn0 + Cu2+ Zn2+ + Cu 0

2e-

Se os elétrons transferidos circularem através de um fio externo, teremos cons-


truído uma pilha, chamada “Pilha de Daniel”. A representação esquemática da
Pilha de Daniel está ilustrada na Figura 03.
Figura 03 - Representação da Pilha de Daniel

Fonte: Feltre (2004b, p. 295).

Reações de Oxirredução
214 UNIDADE V

Observamos a existência de dois compartimentos, chamados meia-célula do Zn


e meia-célula do Cu, separados por uma porcelana porosa, que impede a mis-
tura das duas soluções (ZnSO4 e CuSO4), mas permite a passagem dos íons. Na
meia-célula do zinco ocorre a oxidação do Zn0 a Zn2+, que fornece os elétrons
que se movimentam através do fio externo até a meia-célula do cobre, na qual
ocorre a redução do Cu2+ a Cu0.
O fluxo de elétrons se dá a partir da chapa de Zn em direção à chapa de Cu.
Portanto, a chapa de Zn é denominada polo negativo ou anodo, enquanto a chapa
de Cu é denominada polo positivo ou catodo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
À medida que as duas semirreações ocorrem, começa a haver excesso de
cátions Zn2+ na meia-célula do Zn, e excesso de ânions SO42- na meia-célula do
Cu. Consequentemente, para manter o equilíbrio elétrico necessário, através da
porcelana porosa inicia-se a passagem de íons Zn2+ para a meia-célula do Cu
e, simultaneamente, a passagem de ânions SO42- para a meia célula do Zn. Essa
movimentação de íons representa a corrente elétrica dentro da solução.
Dessa forma, o circuito elétrico se fecha por meio de duas movimentações, a
circulação dos elétrons através do fio externo e dos eletrodos e, ao mesmo tempo,
a circulação de íons por meio das soluções.
Após certo tempo de funcionamento da pilha, percebemos que a solução de
CuSO4 se dilui, enquanto a solução de ZnSO4 se concentra. Além disso, a massa
do eletrodo de Cu aumenta, devido à formação de Cu0, enquanto a massa do
eletrodo de Zn diminui, porque sofre corrosão.
A representação esquemática da pilha (Figura 04) sofre modificações.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


215

Figura 04 - Pilha de Daniel após tempo de funcionamento


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004b, p. 296).

Observamos que a reação de oxirredução desenvolvida na pilha é reversível,


de modo que a voltagem diminui e atinge valor zero quando a reação atinge o
equilíbrio.
De modo geral, a Pilha de Daniel e todas as demais pilhas, ao serem represen-
tadas, devem indicar os metais utilizados como eletrodos, as soluções utilizadas
nas meia-células, com suas respectivas concentrações (mol/L), e a temperatura
(°C) de funcionamento da pilha. Um exemplo para a “Pilha de Daniel” desen-
volvida anteriormente seria:

Zn0 (s) | Zn2+ (1 mol/L) || Cu2+ (1 mol/L) | Cu0 (s) (25°C)

Do lado esquerdo indicamos o anodo, ou seja, o eletrodo negativo que sofre oxi-
dação. Analogamente, do lado direito, indicamos o catodo, ou eletrodo positivo,
no qual ocorre a redução. As barras duplas no centro mostram que as soluções
são separadas por uma parede porosa.

Reações de Oxirredução
216 UNIDADE V

PILHA DE LECLANCHÉ

De acordo com Feltre (2004b), a pilha de Leclanché tem esse nome em homena-
gem ao seu inventor, George Leclanché, e é conhecida como pilha seca comum.
Essas pilhas dão voltagem de 1,5V, são baratas e muito usadas em lanternas, apa-
relhos de som portáteis, brinquedos etc.
Nessas pilhas, o anodo ou polo negativo é o zinco, que constitui o próprio
corpo interno da pilha. O catodo, ou polo positivo, é formado por MnO2 em
pó, presente na pasta interna da pilha. As semirreações que ocorrem no anodo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e catodo não são simples e estão representadas a seguir, assim como a reação
global obtida.
2+ -
No anodo: pólo - { Zn Zn + 2e
2+
No catodo: pólo + { 2 MnO2 + 2 NH4 + 2e- Zn + Mn2O3 + 2 NH3 + H2O

2+
Reação Global: { Zn + 2 MnO2 + 2 NH4 Zn + Mn2O3 + 2 NH3 + H2O

Tendo em vista a complexidade das semirreações dessa pilha, verificamos que a


migração dos íons através da sua pasta interna é considerada lenta, impedindo
desta forma que esse tipo de pilha seja recarregada.

PILHA ALCALINA

As pilhas alcalinas possuem o mesmo catodo e anodo das pilhas secas comuns.
O que as diferencia é o eletrólito, pois enquanto nas pilhas secas o eletrólito é
ácido (NH4Cl), nas pilhas alcalinas é básico (KOH), motivo da sua nomenclatura.
As semirreações no catodo e anodo, bem como a reação global estão esque-
matizadas abaixo.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


217

São pilhas não recarregáveis, com voltagem de 1,5V. Em relação às pilhas secas
comuns, são consideradas mais duráveis, mantêm a voltagem constante por
mais tempo e produzem cerca de 50% a mais de energia, tudo porque o KOH é
melhor condutor eletrolítico do que o NH4Cl. São utilizadas em rádios portá-
teis, lanternas, máquinas fotográficas, brinquedos etc.
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Nos últimos anos, o grande aumento do uso de telefones celulares, compu-


tadores, filmadoras, aparelhos de som e outros aparelhos eletrônicos por-
táteis provocou um crescimento extraordinário no uso de pilhas e baterias.
Muitas dessas pilhas e baterias contêm metais pesados, como mercúrio, ní-
quel, cádmio etc. e seus compostos. Essas substâncias são altamente tóxicas
e de efeito cumulativo no organismo. Dependendo da concentração, po-
dem causar, a longo prazo, doenças no sistema nervoso, nos rins, nos ossos
e até câncer. O perigo surge quando essas pilhas e baterias são descartadas
de maneira inadequada e vão parar nos lixões comuns. Com o tempo, as
pilhas e baterias descartadas deixam vazar líquidos, que contaminam o solo,
as águas subterrâneas, podendo chegar a rios e lagos. Algumas soluções
para evitar o descarte inadequado de pilhas e baterias são reciclar esses me-
tais e criar lixões próprios para resíduos químicos perigosos.
Fonte: Feltre (2004b, p. 319).

CORROSÃO

Segundo Feltre (2004b), a corrosão é um pro-


cesso de deterioração dos metais provocada
por processos eletroquímicos, ou seja, por
meio de reações de oxirredução. O exemplo
mais comum de metal a sofrer corrosão é o
ferro, inclusive o termo “enferruja” deriva da
facilidade desse metal em ser corroído, e for-
mar o que chamamos de “ferrugem”.
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Reações de Oxirredução
218 UNIDADE V

O ferro contém outros metais em menor quantidade que são consideradas impu-
rezas. Assim, o ferro e as impurezas funcionam como dois polos de uma pilha
na qual ocorrem as seguintes reações de oxirredução.

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Podemos verificar que a reação no catodo depende da presença de oxigênio, pro-
veniente do ar, e água, de modo que a ferrugem só aparece em ambientes com
esses dois componentes da natureza. Quando há outros gases de caráter ácido,
como CO2 e SO2, por exemplo, a corrosão é acelerada, porque deslocam a rea-
ção do catodo para a direita, segundo o princípio de Le Chatelier. Em regiões
litorâneas, o ambiente salino também aumenta a condutividade elétrica entre
os polos da pilha, acelerando a corrosão de cascos de navios atracados e tubu-
lações em geral.
De modo geral, podemos concluir que as reações de oxirredução abordadas
ocorrem frequentemente em diversas situações do cotidiano. Se falarmos ao tele-
fone celular, ligarmos a televisão com um controle remoto, ou utilizarmos um
computador portátil no trabalho, estaremos fazendo uso de pilhas ou baterias,
que funcionam segundo duas reações simultâneas nas quais ocorre uma trans-
ferência de elétrons, as reações de oxirredução.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


219
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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SOLUÇÕES

DEFINIÇÃO DE DISPERSÕES

Vamos realizar duas misturas: na primeira, misturaremos água e sal de cozinha;


na segunda, água e areia, ilustradas na Figura 05. Podemos verificar que obte-
mos uma mistura homogênea no primeiro caso, e uma mistura heterogênea no
segundo experimento.
Figura 05 - Misturas homogênea e heterogênea

Fonte: Feltre (2004b, p.2).

Soluções
220 UNIDADE V

Dizemos que o sal se dissolveu completamente na água, mas a areia não se dis-
solveu. No primeiro caso temos uma dissolução total, enquanto no segundo caso
obtemos a separação total. Entretanto, pode haver casos intermediários entre as
duas situações apresentadas.
Se misturarmos água com partículas de diversos tamanhos e densidades e
deixarmos o sistema em repouso por um tempo determinado, podemos encon-
trar partículas depositadas no fundo e a presença de partículas que permanecem
em solução, deixando-a turva, conforme mostra a Figura 06.
Na ilustração, observamos a presença de camadas de partículas sedimen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tadas. As partículas maiores são as primeiras a sedimentarem, seguidas pelas
partículas intermediárias, e assim gradativamente, enquanto algumas partícu-
las menores e de baixa densidade não se depositam e permanecem em solução
deixando a água turva.
Figura 06 - Separação das partículas

Fonte: adaptado de Feltre (2004b).

Segundo Feltre (2004b), esse experimento nos apresenta a definição de disper-


são, pois dizemos que “Dispersão representa um sistema no qual uma substância
chamada fase dispersa está disseminada na forma de pequenas partículas, em
uma segunda substância, o dispersante”.
De acordo com o tamanho das partículas da fase dispersa em nanômetros
(1nm = 10-9m), as dispersões são divididas em soluções verdadeiras (entre 0 e
1nm), soluções coloidais (entre 1 e 1.000nm) e suspensões (acima de 1.000nm).
É importante lembrar que as soluções verdadeiras são chamadas simples-
mente de “soluções”.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


221

Em 1861 o cientista escocês Thomas Graham realizou experimentos com


amido, cola e açúcar em água. Ele colocou essas misturas em sacos constitu-
ídos de pergaminho e mergulhou-os em água, observando que no caso do
açúcar, a membrana do pergaminho era atravessada facilmente, enquanto
as substâncias pegajosas como o amido e a cola praticamente não passa-
vam pela membrana. Essa característica da cola e do amido deram origem
ao nome colóide, pois em grego significa cola. Na realidade, essas partícu-
las não atravessaram a membrana porque formaram agregados maiores do
que as moléculas e íons comuns. Atualmente o termo colóide tem seu uso
ampliado para as dispersões de partículas e que muitas vezes não tem nada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a ver com a característica pegajosa para a qual o termo foi inicialmente em-
pregado.
Fonte: Novais (1993).

DEFINIÇÃO DE SOLUÇÃO

Soluções são misturas homogêneas que podem ser obtidas a partir da mistura
de duas ou mais substâncias. O componente presente em menor quantidade
recebe o nome de soluto, enquanto o componente presente em maior quanti-
dade é chamado de solvente.
Na mistura homogênea composta de água e sal, ilustrada na Figura 06, temos
que o soluto é o sal e o solvente, a água.

CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES

Para Novais (1993), normalmente associamos o termo “solução” a um sistema


líquido, e isso se deve ao fato da natureza possuir grande quantidade de água e
ela ser capaz de dissolver muitas substâncias. Frequentemente, nos deparamos
com muitas soluções líquidas, como a mistura de água com açúcar comum (saca-
rose), a mistura de água com álcool (etanol), a água do mar etc.
O ar que respiramos, livre de partículas em suspensão, consiste num exem-
plo de solução gasosa, enquanto ligas muito aplicadas na indústria, como o aço,
consiste em uma solução sólida.

Soluções
222 UNIDADE V

REGRA DE SOLUBILIDADE

Antes de detalharmos as regras de solubilidade é necessário definirmos o con-


ceito de polaridade das moléculas. A polaridade das moléculas é uma propriedade
que resulta da diferença de eletronegatividade entre os elementos químicos que
compõem a molécula, gerando polos com cargas contrárias em sua estrutura.
Quando há diferença de eletronegatividade significativa na molécula dizemos
que se trata de uma molécula polar, e quando não há diferença de eletronegati-
vidade na molécula temos então uma molécula apolar.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os compostos iônicos formados por ligação iônica são polares, mas as molé-
culas obtidas por ligação covalente podem ser polares ou apolares, dependem
dos seus elementos químicos constituintes.
De forma geral, verificamos que um soluto polar se dissolve em um solvente
polar, enquanto um soluto apolar deve se dissolver em um solvente apolar. Em
outras palavras, costuma-se dizer que “semelhante dissolve semelhante”.
Podemos observar que muitas substâncias inorgânicas, como ácidos e sais,
que são polares, se dissolvem em água, que é um solvente polar. Por outro lado,
as moléculas orgânicas, geralmente apolares, dissolvem-se em solventes apola-
res, como solventes orgânicos em geral.
A água, por ser abundante e dissolver grande quantidade de substâncias, é
também conhecida como “solvente universal”. É um solvente de grande impor-
tância, uma vez que a vida humana e também a vida vegetal e animal, dependem
do ciclo da água, ou seja, do caminho que a água percorre na natureza, caindo
como chuva, percorrendo rios, mares e subsolo, sofrendo evaporação e precipi-
tando sob a forma de chuva novamente.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


223

SATURAÇÃO DE SOLUÇÕES

Consideremos a mistura homogênea composta por água e sal da Figura 06. Na


ilustração apresentada, temos uma mistura homogênea, na qual todo o sal, deno-
minado soluto, está dissolvido no solvente, a água. Entretanto, se continuarmos
adicionando mais sal à solução, verificamos que em um determinado momento,
o sal em excesso deixará de ser dissolvido e vai se depositar no fundo do reci-
piente. Nesse instante, obteremos uma solução saturada ou que atingiu o ponto
de saturação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O ponto de saturação é determinado pelo grau de solubilidade do soluto no


solvente e depende do soluto, do solvente e das condições do experimento, tais
como temperatura e pressão do sistema, no caso de misturas com gases.
O grau de solubilidade, por sua vez, representa a quantidade de uma subs-
tância necessária (em gramas geralmente) para saturar uma quantidade padrão
(geralmente 100g, 1.000g ou 1L) de solvente, em condições específicas de tem-
peratura e pressão.
Quando o grau de solubilidade é muito elevado, tendendo ao infinito, dize-
mos que o soluto é totalmente solúvel no solvente. Por outro lado, se o grau de
solubilidade do soluto for próximo de zero, temos um soluto praticamente inso-
lúvel no solvente.
Se considerarmos uma mistura de dois líquidos, dizemos que os líquidos
são imiscíveis se o grau de solubilidade for próximo de zero, como observado
com a mistura entre água e óleo. Em contrapartida, consideramos dois líquidos
totalmente miscíveis quando o grau de solubilidade tende ao infinito, ou seja, as
duas substâncias se misturam em qualquer proporção, como ocorre com a mis-
tura entre água e álcool.
Com base na definição do ponto de saturação das soluções, podemos clas-
sifica-las como soluções insaturadas ou não-saturadas (menos soluto do que
aquele estabelecido pelo grau de solubilidade), soluções saturadas (que atin-
giram o grau de solubilidade) e soluções supersaturadas (que ultrapassaram o
grau de solubilidade).
Muitas vezes é possível distinguir os três tipos de soluções apenas com a
observação visual, como indicado na Figura 07.

Soluções
224 UNIDADE V

Figura 07 - Classificação das soluções

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004b, p. 8).

Como a própria ilustração mostra, na solução insaturada do recipiente à esquerda,


todo o soluto está completamente dissolvido, pois o ponto de saturação ainda
não foi atingido. No recipiente do meio, podemos encontrar parte do soluto não
dissolvido, chamado de “corpo de fundo”, pois a solução atingiu o ponto de satu-
ração. Já no recipiente à direita, podemos ver maior concentração de soluto não
dissolvido, denominado “corpo de chão”, porque a solução está supersaturada,
ou seja, a concentração do soluto ultrapassou o ponto de saturação, e o solvente
não pode dissolver o soluto excedente.

CURVAS DE SOLUBILIDADE

As curvas de solubilidade de um sistema soluto/solvente são gráficos que des-


crevem a variação do grau de solubilidade do soluto no solvente em função da
temperatura do sistema. Feltre (2004b) considerou valores do grau de solubi-
lidade do sistema nitrato de potássio/água (em gramas de KNO3 por 100 g de
H2O) em várias temperaturas. Os dados obtidos estão apresentados na Figura 76.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


225

O gráfico apresentado mostra duas regiões separadas pela curva. Acima da


curva temos a região das soluções supersaturadas, nas quais há excesso de KNO3,
e são considerados sistemas instáveis. Abaixo da curva, por sua vez, vemos a
região das soluções insaturadas, nas quais há falta de KNO3, o que resulta em
um sistema estável.
Considerando a temperatura de 20°C, podemos verificar três pontos desta-
cados, denotados por X, Y e Z. O ponto X pertence à solução abaixo do ponto de
saturação, mostrando que é possível adicionar mais KNO3 à solução. No ponto
Y, temos o ponto de saturação, ou seja, a máxima concentração de KNO3 que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a solução pode dissolver nessa temperatura. Finalmente, o ponto Z pertence à


solução acima do ponto de saturação, na qual há KNO3 depositado no fundo do
recipiente sem se dissolver.
Figura 08 - Curva de solubilidade para KNO3/ H2O

Fonte: Feltre (2004b, p. 8)

Soluções
226 UNIDADE V

Na prática, devemos sempre trabalhar na região abaixo da curva de solubilidade,


pois na região acima da curva o excesso de soluto tende a precipitar e se depo-
sitar no fundo do recipiente.
As curvas de solubilidade são muito úteis em misturas entre sólidos e líqui-
dos, nas quais a temperatura é a única propriedade física que influi de modo
efetivo na dissolução dos solutos. De modo geral, a solubilidade dos solutos nos
solventes aumentam com o acréscimo da temperatura.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCENTRAÇÃO DE SOLUÇÕES

Para Russel (1982), o termo “concentração” de uma solução representa a razão


entre a quantidade de soluto e a quantidade de solvente, ou da solução total.
Essas quantidades podem ser expressas em unidades de massa (g. kg), de volume
(mL, L) ou ainda em mols, de modo que existem várias formas de representar
uma concentração.
Convencionamos usar o índice 1 para soluto, índice 2 para solvente e sem
índice para a solução total.

CONCENTRAÇÃO COMUM (C)

A forma mais comum de expressarmos concentração relaciona a massa de soluto


(em gramas) por volume (em litros) de solução, que nesse caso é igual ao volume
do solvente, sendo sua unidade em g/L.

Massa do soluto (gramas)


C= _______________________ m1
C= ___
Volume do solvente (litros) V

Para exemplificar, considere a adição de 20g de sal comum (NaCl) em 1L de


água. O soluto é representado pelo NaCl e o solvente ou solução consiste na água.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


227
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

No exemplo dado obtemos a concentração de 20g/L. Além da unidade g/L, a


concentração também pode ser expressa de outras formas, pois a massa pode
ser dada em mg, o volume de mL etc.

Concentração molar ou Molaridade (ɱ)

A unidade mol é amplamente utilizada para expressar quantidade de matéria,


de modo que foi desenvolvida uma concentração que relaciona a quantidade
de soluto dada em mols por litro de solução ou solvente. Desta forma, temos:

Quantidade de soluto (mols) n1


m= _________________________ m= ___
Volume da solução (litros) V
Para exemplificar, consideremos a adição de 0,5mol de açúcar em 1 litro de água,
ou 1 litro de solução. A molaridade dessa mistura é dada em mol/L.

Soluções
228 UNIDADE V

O número de mols do soluto (n1) pode ser expresso como a razão entre a massa
do soluto (m1) e a massa molar do soluto (M1). A concentração molar pode então
ser determinada de outra forma:

m1
m= _____
M1V

Fração molar (x)

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A fração molar do soluto (x1), em uma solução, é o quociente entre a quantidade
de mols do soluto (n1) e a quantidade total de mols na solução, ou seja, soluto
+ solvente (n1 + n2).
Analogamente, a fração molar do solvente (x2), em uma solução, é o quo-
ciente entre a quantidade de mols do solvente (n2) e a quantidade total de mols
na solução, soluto + solvente (n1 + n2).
Por se tratarem de razões entre número de mols, as frações são medidas de
concentração sem unidade, e variam entre 0 e 1.

n1 n2
x1= ______ e x2= ______
n1 + n2 n1 + n2

Concentração molal ou Molalidade (W)

Molalidade é a concentração que relaciona a quantidade de soluto (n1 em mols)


existente em 1kg de solvente (m2). Diferentemente das concentrações abordadas
anteriormente, a molalidade relaciona a quantidade de soluto apenas à quanti-
dade de solvente.
Para obter a expressão da molalidade, fazemos a seguinte relação:

m2 g de solvente n1 mol de soluto 1.000n1


W= _______
123

1 kg = 1.000 g de solvente W mol de soluto m2

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


229

O número de mols do soluto (n1) pode ser calculado por m1/M1, resultando então:

1.000m1
W= _______
m2M1
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Ao preparar um suco de limão, quando adicionamos açúcar estamos con-


centrando a solução e quando adicionamos água estamos diluindo a solu-
ção.
Fonte: O autor.

DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES

A diluição consiste em adicionar à uma solução uma quantidade do seu próprio


solvente puro. Consideremos a ilustração da Figura 09.
Figura 09 - Diluição de solução

Fonte: Feltre (2004b, p. 34).

Soluções
230 UNIDADE V

Vemos na Figura 09 dois recipientes em situações distintas. O primeiro possui


uma solução mais concentrada, com a concentração C, a massa de soluto m1 e
o volume da solução V, na qual está sendo adicionada uma porção de solvente
puro. A solução final apresenta a mesma massa de soluto m1 , mas o volume da
solução foi aumentado, passando para V´, assim como a concentração da solu-
ção diminuiu e tornou-se C´.
Podemos representar as duas condições observadas da seguinte forma:

m1
Solução inicial: C= ___ m1 = VC

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V
m1
Solução final: C’= ___ m1 = V’C’
V’

Podemos igualar a massa de soluto (m1) na solução inicial e solução final, pois
sua quantidade se manteve constante. Obtemos então:

VC= V’C’

Essa expressão nos mostra que quando o volume da solução aumenta (de V para
V´), consequentemente a concentração da solução diminui (de C para C´), na
mesma proporção, pois volume e concentração são inversamente proporcionais.
Na prática essa expressão nos mostra que concentrar (aumentar a concen-
tração) e diluir (aumentar o volume) são operações inversamente proporcionais.
Podemos observar que as soluções representam misturas nas quais a concen-
tração do soluto deve ser adequadamente calculada para a obtenção de sistemas
soluto/solvente homogêneos. Verificamos que há diversas maneiras de se cal-
cular as concentrações de soluto e solvente, indicadas para aplicações distintas.
Com base nos temas abordados, concluímos que as atividades do cotidiano
podem ser muitas vezes descritas pelo estudo da química. As reações de oxir-
redução desenvolvidas em pilhas e baterias são realizadas inúmeras vezes ao
longo do dia quando utilizamos celulares, computadores, eletrônicos em geral.
Da mesma forma, quando preparamos alimentos, concentramos e diluímos
sucos e cafés, estamos utilizando soluções, e manipulando suas concentrações
de modo a obtermos a relação soluto/solvente mais adequada à função proposta.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO E SOLUBILIDADE


231

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade abordamos as reações químicas conhecidas como reações de oxir-


redução, seu funcionamento e aplicações na produção de corrente elétrica, além
de apresentarmos vários conceitos relacionados às soluções, os principais tipos
e formas de concentração e diluição.
Inicialmente, nas reações de oxirredução, foram definidos os agentes indu-
tores da oxidação e redução, denominados respectivamente, oxidante e redutor.
Verificamos ainda o movimento dos elétrons que fluem do anodo ou polo nega-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tivo em direção ao catodo ou polo positivo. Introduzimos o conceito de número


de oxidação, bem como as formas de cálculo e utilização desse parâmetro no
balanceamento de equações químicas desse tipo.
Na descrição de alguns tipos de pilhas, tais como a Pilha de Daniel, Pilha de
Leclanché e Pilha Alcalina, foram apresentadas as particularidades das reações
de oxidação e redução que ocorrem simultaneamente nesses sistemas, indicando
as principais aplicações de cada uma delas.
Em seguida, foram apresentados experimentos relacionados à formação de
misturas homogêneas e heterogêneas, nos quais mostramos a formação das solu-
ções verdadeiras, denominadas apenas de soluções.
As soluções são classificadas quanto ao grau de saturação como soluções
insaturadas, soluções saturadas e soluções supersaturadas. As soluções insatu-
radas são mais estáveis, pois há uma concentração de soluto abaixo do ponto
de saturação, enquanto as soluções supersaturadas são instáveis uma vez que há
excesso de soluto, que se precipita no fundo do recipiente. As variações de solu-
bilidade são melhor visualizadas por meio das curvas de solubilidade, muito
aplicáveis na prática.
Foram definidas formas de representação da concentração de soluções, em
função da unidade de medida pelas quais as quantidades de soluto e solvente
estão apresentadas, e verificamos que diluição e concentração expressam efeitos
contrários, que podem ser facilmente observados no nosso cotidiano.

Considerações Finais
232

1. O que é oxidação, redução e reação de oxirredução?


2. O número de oxidação do elemento central do ácido sulfuroso (H2SO3), ácido
carbônico (H2CO3), ácido silícico (H2SiO3), ácido pirofosfórico (H4P2O7) e ácido per-
clórico (HClO4), são os valores, respectivamente:
a. +2, +4, +5, +5, +7
b. +1, +1, +1, +2, +3
c. +4, +4, +4, +5, +7
d. +3, +3, +3, +7, +4
e. +4, +4, +5, +5, +7
3. Quais os números de oxidação do enxofre (S) nos íons S2-, SO32-, SO42-?
a. -2, +4, +5
b. 0, +4, +6
c. 0, +4, +5
d. -2, +4, +6
e. 0, -2, -2
4. O fósforo branco (P4) é uma substância muito empregada para finalidades bé-
licas, na confecção de bombas incendiárias e granadas luminosas. Ele é obtido
pelo aquecimento, em forno elétrico, de fosfato de cálcio, areia e coque. A equa-
ção química não balanceada dessa reação é Ca3(PO4)2 + SiO2 + C → CaSiO3 + CO +
P4. Os coeficientes estequiométricos da equação, respectivamente, são:
a. 1, 3, 2, 3, 2 e 1
b. 1, 3, 5, 3, 5 e 1
c. 4, 12, 20, 12, 10 e 1
d. 2, 6, 10, 6, 8 e 1
e. 2, 6, 10, 6, 10 e 1
5. Descreva as meia-células da pilha de Daniel e explique seu funcionamento.
6. Descreva as principais características das pilhas de Leclanché e pilhas alcalinas.
233

7. As misturas homogêneas são soluções nas quais todo o soluto está dissolvido
no solvente, e em determinado instante pode se saturar. Sobre a saturação das
soluções, assinale a alternativa correta:
(I) A solução é considerada saturada quando atinge seu grau de equilíbrio.
(II) O ponto de saturação depende apenas do soluto presente na solução.
(III) Uma solução supersaturada possui excesso de soluto, que se deposita no
fundo do recipiente.
a. Apenas as alternativas (I) e (III) estão corretas.
b. Apenas as alternativas (I) e (II) estão corretas.
c. Apenas as alternativas (II) e (III) estão corretas.
d. Todas as alternativas estão corretas.
8. As curvas de solubilidade de um sistema soluto/solvente são gráficos que des-
crevem a variação do grau de solubilidade do soluto no solvente em função da
temperatura do sistema. Nesse contexto, assinale as alternativas corretas.
(I) Quando o grau de solubilidade é muito elevado, tendendo ao infinito, dize-
mos que o soluto é totalmente insolúvel no solvente.
(II) Em uma mistura de dois líquidos, dizemos que os líquidos são imiscíveis se o
grau de solubilidade for próximo de zero.
(III) Um exemplo de mistura de líquidos totalmente miscíveis é água e álcool.
a. Apenas as alternativas (I) e (II) estão corretas.
b. Apenas as alternativas (II) e (III) estão corretas.
c. Apenas as alternativas (I) e (III) estão corretas.
d. Todas as alternativas estão corretas.
234

A IMPORTÂNCIA DAS LIGAS METÁLICAS


Raros são os metais empregados puros. O cobre tem larga aplicação em estado de alto
teor de pureza, especialmente como condutor elétrico. O alumínio e o ferro (ferro doce)
podem ser usados em estado praticamente puro.
No entanto, a grande maioria dos metais é empregada em forma de misturas chamadas
ligas metálicas. As ligas são produtos metálicos obtidos, geralmente, pela solidificação
de dois ou mais metais misturados no estado líquido. Às vezes, são usados não metais,
como é o caso do carbono que, ao lado do ferro, é substância essencial em qualquer tipo
de aço. Os aços contêm de 0,5 a 0,7% de carbono.
Por que as ligas são tão empregadas?
Com exceção da densidade e da cor que, geralmente, têm a ver com os metais mistura-
dos para se obter uma liga, as demais propriedades podem ser muito diferentes das dos
componentes dela.
Mesmo assim, podemos encontrar cores surpreendentes em alguns casos. Assim, o latão
é amarelo, apesar de ser formado por cobre (avermelhado) e zinco (cinza quase branco).
Há ligas cobre-níquel com 75% de cobre de coloração cinza-prateado.
As resistências elétricas são sempre ligas nas quais se conseguem níveis de resistência à
passagem da corrente elétrica muito superior às dos metais que as constituem.
Os aços especiais têm uma resistência à corrosão muito superior à dos elementos que
os formam. Em todos os aços temos necessariamente ferro e carbono, porém, podemos
ter cromo, níquel, cobre, vanádio, manganês, entre outros, de acordo com a finalidade
para a qual serão empregados.
Chamamos amálgamas às misturas líquidas ou sólidas do mercúrio com outros metais.
Quase todos os metais formam amálgamas, com exceção do ferro e da platina.
Se deixarmos cair mercúrio, o único metal líquido nas condições ambiente, sobre ouro,
observaremos que a superfície do objeto ficará prateada devido à amálgama formada
pelo contato desses dois metais.
A amalgamação é uma técnica utilizada para se extrair metas de certos minérios. É o caso, por
exemplo, do ouro, que se encontra muitas vezes disperso na rocha em meio às substâncias
que o acompanham. O mesmo ocorre com a prata nativa da qual se deseja eliminar a ganga,
isto é, as substâncias sem valor econômico nas quais o metal se encontra disseminado.
Nesses casos, os metais são retirados das demais substâncias por dissolução no mercúrio.
O mercúrio pode ser, então, separado do metal por aquecimento, uma vez que seu ponto
de ebulição é muito menor que o do ouro ou da prata. Ao formar a amálgama, o mercúrio
reduz significativamente a reatividade do metal ao qual está misturado. Por esse motivo,
os dentistas usam amálgamas de prata do tipo Ag-Hg nas restaurações dentárias.
Fonte: Novais (1993).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Práticas de Físico-Química
Renato Nunes Rangel
Editora: Blucher
Sinopse: Cada vez mais e com maior intensidade, fazem-se
necessários conhecimentos na interface da Química com a Física,
ou seja, a Físico-Química. Conhecer Físico-Química é requisito
indispensável para exercer, com segurança, ocupações em
Química Industrial, Engenharia Química, Engenharia de Produção,
Engenhia de Alimentos, Química, Bioquímica, Farmácia, Física
e mesmo Biologia neste mundo do século XXI, interdisciplinar,
científico-tecnólogico e globalizado. Este livro é uma coletânea de
experimentos escolhidos a partir da longa vivência do professor
Rangel junto ao magistério superior em Química. Trata-se de
um texto ideal para as condições brasileiras, tanto pelo método
didático desenvolvido como pela simplicidade dos equipamentos
exigidos e os recursos financeiros demandados.

Material Complementar
GABARITO

1. Resposta: De forma resumida, podemos dizer que oxidação é a perda de elétrons


por um átomo, enquanto redução é o ganho de elétrons por um átomo. Reação
de oxirredução é uma reação química na qual ocorre a transferência de elétrons
entre dois átomos.
2. Resposta: alternativa (c)
3. Resposta: alternativa (d)
4. Equação balanceada: 2Ca3(PO4)2 + 6SiO2 + 10C → 6CaSiO3 + 10CO + P4.
Resposta: alternativa (e).
5. Resposta: Na Pilha de Daniel existe a meia-célula do Zn e a meia-célula do Cu,
separados por uma porcelana porosa, que impede a mistura das duas soluções
(ZnSO4 e CuSO4), mas permite a passagem dos íons. Na meia-célula do zinco
ocorre a oxidação do Zn0 a Zn2+, que fornece os elétrons que se movimentam
através do fio externo até a meia-célula do cobre, na qual ocorre a redução do
Cu2+ a Cu0.
O fluxo de elétrons se dá a partir da chapa de Zn em direção à chapa de Cu. Por-
tanto, a chapa de Zn é denominada pólo negativo ou anodo, enquanto a chapa
de Cu é denominado pólo positivo ou catodo.

De modo geral, a Pilha de Daniel pode ser representada da seguinte forma:

Zn0 (s) | Zn2+ (1 mol/L) || Cu2+ (1 mol/L) | Cu0 (s) (25°C)

Do lado esquerdo indicamos o anodo, ou seja, o eletrodo negativo que sofre oxi-
dação. Analogamente, do lado direito, indicamos o catodo, ou eletrodo positivo,
no qual ocorre a redução. As barras duplas no centro mostram que as soluções
são separadas por uma parede porosa.
237
GABARITO

6. Resposta: A pilha de Leclanché é conhecida como pilha seca comum. Essas pi-
lhas dão voltagem de 1,5V, são baratas, não recarregáveis e muito usadas em
lanternas, aparelhos de som portáteis, brinquedos etc. Nessas pilhas, o anodo ou
polo negativo é o zinco, que constitui o próprio corpo interno da pilha. O catodo,
ou polo positivo, é formado por MnO2 em pó, presente na pasta interna da pilha.
A pilha alcalina possui o mesmo catodo e anodo das pilhas secas comuns. O que
as diferencia é o eletrólito, pois enquanto nas pilhas secas o eletrólito é ácido
(NH4Cl), nas pilhas alcalinas é básico (KOH), motivo da sua nomenclatura. São
pilhas não recarregáveis, com voltagem de 1,5V. Em relação às pilhas secas co-
muns, são consideradas mais duráveis, mantêm a voltagem constante por mais
tempo e produzem cerca de 50% a mais de energia, tudo porque o KOH é me-
lhor condutor eletrolítico do que o NH4Cl. São utilizadas em rádios portáteis, lan-
ternas, máquinas fotográficas, brinquedos etc.
7. Resposta: alternativa (a)
8. Resposta: alternativa (b)
239
CONCLUSÃO

A disciplina de Química Geral e inorgânica tem como principal objetivo apresentar


os conceitos fundamentais da química, a fim de proporcionar o aprendizado global
dessa importante ciência muitas vezes observada em nosso cotidiano e certamente
utilizada em sua atividade profissional.
Abordamos de forma gradativa as principais áreas da química que são necessárias à
formação dos futuros engenheiros de produção. Introduzimos os conceitos básicos
da química inorgânica, definindo átomos e moléculas e classificando os elementos
químicos, para a compreensão das ligações químicas.
Apresentamos diferentes formas de classificação dos compostos químicos. Quanto
à sua origem, classificamos como funções inorgânicas e funções orgânicas. Quanto
à presença de carbono em sua composição, classificamos os compostos como inor-
gânicos ou orgânicos. O estudo das substâncias orgânicas representa a segunda
área da química abordada no livro, a química orgânica.
Por meio da estequiometria, pudemos compreender e equacionar as reações quí-
micas estabelecidas entre as substâncias químicas. O estudo dos gases foi realizado
separadamente por representar um estado da matéria no qual reações químicas
industriais de grande relevância são desenvolvidas.
A terceira área da química abordada foi a físico-química, na qual apresentamos o
conceito de equilíbrio químico nas reações químicas, discutindo de que forma e em
quais situações é alcançado. As variações de energia envolvidas nas reações quími-
cas foram relacionadas com a lei da conservação da energia, base para o estudo da
termoquímica.
Finalmente, por meio da eletroquímica, estudamos as chamadas reações de oxirre-
dução, que resultam na produção de corrente elétrica, e são base para o funciona-
mento das pilhas de nosso uso no cotidiano.
Concluímos, portanto, que os conceitos discutidos nessa disciplina serão de grande
aplicação, tendo em vista a contínua presença da química na observação dos fenô-
menos da natureza.
241
REFERÊNCIAS

CASTELLAN, G. W. Fundamentos de Físico-química. Rio de Janeiro: Editora LTC,


1986.
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre:
Ed. Tche Química Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química Volume 1. Química Geral. 6 ed. São Paulo: Editora Moderna,
2004a.
_______. Química Volume 2. Físico-química. 6 ed. São Paulo: Editora Moderna,
2004b.
______. Química Volume 3. Química Orgânica. 6 ed. São Paulo: Editora Moderna,
2004c.
NOVAIS, V. L. D. Química 2 – Físico-química e Química Ambiental. São Paulo: Edi-
tora Atual, 1993.
PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Química Geral
e Inorgânica Volume 1. 4 ed. São Paulo: Editora Moderna, 2010.
RANGEL, R. N. Práticas de Físico-Química. 3 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher,
2006.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica 1. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora
LTC, 2001.
USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química 1. Química geral. 9 ed. São Paulo: Editora Sa-
raiva, 2001.

Citação de Links

1 Em: <http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano10.htm>.
Acesso em: 13 de jun. de 2016.
2 Em: <http://www.abq.org.br/cbq/2012/trabalhos/5/1383-13338.html>. Acesso
em: 27 de out. de 2015.

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