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GRADUAÇÃO

Unicesumar

SUSTENTABILIDADE
E RESPONSABILIDADE
SOCIAL

Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov


Professora Me. Natália Christina da Silva Matos

Acesse o seu livro também disponível na versão digital.


Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
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Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
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Diretoria de Graduação
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Diretoria de Pós-graduação
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Diretoria de Design Educacional
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Head de Curadoria e Inovação
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Gerência de Processos Acadêmicos
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Gerência de Curadoria
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Gerência de de Contratos e Operações
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Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Marcia de Souza
Designer Educacional
C397CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Bárbara Neves e Rossana Costa Giani
Distância; CHATALOV, Renata Cristina de Souza; MATOS, Natália
Christina da Silva. Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
Sustentabilidade e Responsabilidade Social. Renata Cristina de José Jhonny Coelho
Souza Chatalov; Natália Christina da Silva Matos. Arte Capa
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2020. Arthur Cantareli Silva
192 p.
“Graduação - EaD”. Ilustração Capa
1. Sustentabilidade. 2. Responsabilidade. 3. Social. 4. EaD. I. Título. Bruno Pardinho
Editoração
ISBN 978-85-459-1852-3 Robson Yuiti Saito
CDD - 22 ed. 333.91
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Qualidade Textual
Silvia Caroline Gonçalves
Ilustração
Rodrigo Barbosa da Silva
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somen-
te para oferecer uma educação de qualidade, mas,
acima de tudo, para gerar uma conversão integral
das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pi-
lares: intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento
compatível com os desafios que surgem no mundo
contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica,
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm
como principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
acadêmica.
CURRÍCULO

Professora Me. Natália Christina da Silva Matos


Mestre em Tecnologias Limpas pelo Centro de Ensino Superior de Maringá
(2018). Especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2015). Graduada em Agronegócio
pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2012).

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4850526Y9

Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov


Mestra em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e
Letras de Campo Mourão - Fecilcam. Graduada em Engenharia Ambiental e
Sanitária pelo Centro Universitário Unicesumar e em Tecnologia Ambiental
pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Professora no curso
de graduação em Administração na Faculdade Metropolitana de Maringá
e da disciplina de Indústria e Meio Ambiente na Pós-Graduação em Gestão
Ambiental na Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da Pós-
Graduação EAD - Unicesumar. Atualmente, é coordenadora dos cursos de
Gestão da Qualidade e Tecnologia em Segurança no Trabalho na modalidade
EAD - Unicesumar.

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9
APRESENTAÇÃO

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), estudaremos a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social, um tema
contemporâneo e de suma importância para várias áreas do conhecimento.
Dessa maneira, estudaremos a problemática ambiental, a origem do desenvolvimento
sustentável, a responsabilidade social, as práticas de gerenciamento ambiental, além
de conhecer algumas ferramentas importantes que refletem na sustentabilidade e na
responsabilidade social. Conheceremos também as ações de marketing voltadas à sus-
tentabilidade, bem como as certificações. Trabalharemos com as dimensões da respon-
sabilidade social e as divulgações de resultados de ações sustentáveis. Dessa forma, di-
vidiremos nossos estudos em cinco unidades.
Em nossa primeira unidade, cuja temática central é o Desenvolvimento Sustentável
como um novo modelo, iniciaremos nossa discussão relacionando a questão ambiental
com o crescimento populacional. Para isso, começaremos abordando o contexto históri-
co, desde os primórdios até a Revolução Industrial – que foi um grande marco no cresci-
mento –, e época que iniciaram alguns problemas ambientais. Discutiremos a origem do
Desenvolvimento Sustentável, apresentando seu conceito, que é difundido até os dias
atuais, além de apresentarmos a você os pilares do desenvolvimento sustentável, bem
como as suas dimensões e os seus objetivos.
Em nossa segunda unidade, trabalharemos com a questão das empresas e do meio am-
biente, em que apresentaremos a relação das organizações com a questão ambiental, os
acidentes ambientais de grande relevância em nível mundial e nacional, a questão das
indústrias e o meio ambiente. Tratando-se da relação das empresas com a sustentabili-
dade econômica, discutiremos a gestão e a distribuição eficiente de recursos naturais,
e conceitos como de economia ecológica e economia verde. Quanto às questões de
responsabilidade socioambiental, falaremos sobre os investimentos na área social e a
criação de políticas de Responsabilidade Social Empresarial.
Na Unidade 3, abordaremos a questão de marketing, sustentabilidade e certificações,
em que apresentaremos a você o conceito e a aplicabilidade do marketing verde, a
questão de normas e certificações voltadas à responsabilidade social, nas quais traba-
lharemos com a ISO 26000 e a NBR 16001, que é a norma brasileira de Gestão da Res-
ponsabilidade Social.
Na Unidade 4, falaremos sobre as dimensões da responsabilidade social, em que analisare-
mos questões relacionadas à ética empresarial e as políticas e práticas inclusivas.
Na Unidade 5, abordaremos as auditorias e os modelos de divulgações de ações sus-
tentáveis, apresentando os demonstrativos de natureza social e ambiental, os principais
modelos de balanço e relatórios de sustentabilidade, finalizando com algumas premia-
ções na área de sustentabilidade.
Esperamos que, após fazer a leitura deste livro, você aprofunde cada vez mais seus co-
nhecimentos nesta área, que é muito rica em detalhes. Desejamos que tenha ótima lei-
tura e bons momentos de aprendizado.
Bons estudos!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO

15 Introdução

16 Dinâmicas Fundamentais do Crescimento Populacional e o Uso Sustentável


de Recursos Naturais

22 Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland

31 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

34 Considerações Finais

39 Referências

42 Gabarito

UNIDADE II

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE

45 Introdução

46 Modelos de Sustentabilidade Empresarial

55 Empresas e Sustentabilidade Econômica 

73 Responsabilidade Socioambiental

78 Considerações Finais

83 Referências

86 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO

89 Introdução

90 Marketing Verde 

101 Normas e Certificações Voltadas à Responsabilidade Social 

108 NBR 16001: A Norma Brasileira de Gestão da Responsabilidade Social 

117 Considerações Finais

122 Referências

124 Gabarito

UNIDADE IV

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

127 Introdução

128 Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial

133 Dimensões da Ética Empresarial

144 Políticas de Inclusão e Responsabilidade Social

151 Considerações Finais

154 Referências

156 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS

159 Introdução

160 Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental 

171 Modelos de Balanço Social

179 Premiações na Área de Sustentabilidade

182 Considerações Finais

186 Referências

188 Gabarito

189 Conclusão
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Professora Me. Natália Christina da Silva Matos

I
DESENVOLVIMENTO

UNIDADE
SUSTENTÁVEL COMO UM
NOVO MODELO

Objetivos de Aprendizagem
■ Analisar os problemas ambientais contemporâneos.
■ Compreender o histórico do desenvolvimento sustentável.
■ Apresentar conceitos sobre a sustentabilidade e a responsabilidade
social, bem como os ODS.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ As dinâmicas fundamentais do crescimento populacional humano e
a sua relação com o uso sustentável de recursos naturais
■ Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland
■ Objetivos do desenvolvimento sustentável
15

INTRODUÇÃO

Prezado(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a). Nesta primeira unidade, você fará


um estudo que é de extrema importância para várias áreas do conhecimento:
o desenvolvimento sustentável. Para iniciarmos essa discussão, gostaríamos de
esclarecer você que o meio ambiente que conhecemos hoje sofreu muitas modifi-
cações ao longo dos séculos, e os conceitos hoje estudados nem sempre existiram.
Assim, o grande desafio desta unidade é resgatar brevemente o contexto histó-
rico ambiental, bem como entender e refletir os conceitos que são fundamentais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para o bem-estar de todos.


Dessa maneira, estudaremos que o desenvolvimento sustentável está rela-
cionado com a preservação dos recursos naturais utilizados pela nossa geração,
pensando nas gerações vindouras. Assim, buscaremos esclarecer algumas espe-
cificidades acerca dos conceitos que englobam o desenvolvimento sustentável,
como o crescimento populacional, os problemas causados ao meio ambiente
por falta de conscientização ambiental, as interferências das organizações não
governamentais (ONGs) na construção de um novo paradigma perante a huma-
nidade, assim como as interferências governamentais.
Ainda nesta unidade, você terá a oportunidade de ampliar sua visão sobre
uma cidadania sustentável. Isto significa riqueza de possibilidades, significa come-
çar a pensar de forma sistêmica, em que tudo tem conexão com tudo. Entretanto,
é preciso estar atento(a) – seja qual for a conexão estabelecida, deve estar em
conformidade com a concepção de sustentabilidade. À medida que as possibili-
dades são conduzidas, a ação é sempre em busca do bem comum, das pessoas,
de todos os seres vivos, da natureza e do planeta.
Finalizaremos nossos estudos abordando a questão dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se trata de 17 metas globais determi-
nadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DINÂMICAS FUNDAMENTAIS DO CRESCIMENTO
POPULACIONAL E O USO SUSTENTÁVEL DE
RECURSOS NATURAIS

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nossos estudos abordando a relação do crescimento


populacional e a sustentabilidade. Vejamos, a seguir, os problemas ambientais
e a população humana.

PROBLEMAS AMBIENTAIS E A SUA RELAÇÃO COM O


CRESCIMENTO POPULACIONAL

Para que o ensino da sustentabilidade alcance os objetivos propostos, é necessá-


rio que o conhecimento da atividade humana seja descrita. Segundo o historiador
Warren Dean (1995) em seu livro A Ferro e Fogo, a destruição da Mata Atlântica
teve início quando os portugueses tomaram conta do território brasileiro. A natu-
reza era vista como uma força contraditória ao desenvolvimento, um empecilho a
ser eliminado para o cultivo das plantações, baseadas na monocultura de exportação.
Outro marco histórico é o desenvolvimento das máquinas a vapor (por volta
de 1760). A grande Revolução Industrial e os avanços tecnológicos proporciona-
ram a exploração de recursos naturais em escala nunca vista antes. Esses avanços
foram muito maiores com a invenção do motor à combustão (1876), assim como

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


17

a eletricidade (1870). Esse crescimento tecnológico foi responsável por melho-


rias no crescimento econômico, mas também por grandes problemas futuros.
Imersos na mentalidade da época, a poluição das fábricas era encarada como um
símbolo de vitória e prosperidade, a falta de consciência acerca da necessidade
de crescimento ecologicamente viável e socialmente igual a todos era totalmente
inexistente. Surgiu uma sociedade baseada na produção e no consumo.
Nas décadas de 60 e 70, em meio às mudanças socioculturais que domi-
navam a sociedade a todo vapor, deu-se início às despertando reflexões sobre
os danos causados ao meio ambiente, havendo os primeiros esforços para uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

consciência ecológica e ativa. O grande sinal de alerta foi o lançamento da obra


Primavera Silenciosa, no ano de 1962, pela bióloga Rachel Carson, em que é dis-
cutido o uso indiscriminado de agrotóxicos. Este se tornou um dos livros mais
vendidos sobre a questão ambiental, em um contexto da organização da luta eco-
lógica. A autora afirmava que
De forma similar, os produtos químicos espalhados pelas terras de cul-
tivo, florestas ou jardins permanecem por um longo tempo no solo,
penetrando nos organismos vivos, transmitindo-se de um a outro em
uma cadeia de envenenamento e morte (CARSON, 1962, p. 22).

Neste contexto, a sociedade mundial ainda não possuía conhecimentos que con-
firmavam o que Carson descrevia em seu livro. Historicamente, a humanidade
passou por transformações devido ao crescimento populacional. Mais pessoas
significam aumento da demanda por energia, maior consumo de recursos não
renováveis, como petróleo e minerais, mais recursos renováveis, como peixes e
florestas, maior necessidade de produção de alimentos pela agricultura, e assim
por diante. O uso irracional desses recursos nos leva a impactos difíceis de resol-
ver (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010).
Diante desse cenário, com a intensificação de consequências ambientais,
sociopolíticas e econômicas, surge a percepção de que o desenvolvimento é
necessário, desde que atenda a um conjunto de princípios. Conforme a Comissão
Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento – cuja sigla correspondente,
em inglês, é WCED –, o conceito de desenvolvimento sustentável tem se difun-
dido como uma proposta para equilibrar necessidades atuais satisfatórias, sem
comprometer a manutenção das gerações futuras (WCED, 1987).

Dinâmicas Fundamentais do Crescimento Populacional e o Uso Sustentável de Recursos Naturais


18 UNIDADE I

A preocupação cada vez mais frequente dos políticos e do público em geral


são o tamanho e a distribuição da população e a sustentabilidade das atividades
humanas. Entre as grandes preocupações está o destino da Terra e das comunida-
des ecológicas que a ocupam. Todavia muitos fatores permanecem desconhecidos
e imprevisíveis, e este fato pode nos levar a uma situação pior, porém, avan-
ços da tecnologia podem tornar uma atividade insustentável em sustentável
(TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Neste sentido, o conceito de desen-
volvimento sustentável propõe um novo modo de vida: o que antes trazia uma
perspectiva puramente ecológica, agora incorpora condições econômicas e sociais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerando o tamanho e as taxas de crescimento exponencial da popu-
lação humana, encontram-se duas áreas nas quais a sustentabilidade é um tema
urgente: a extração de recursos biológicos da natureza e a produção, em agroe-
cossistemas não naturais, do alimento e das fibras necessárias aos seres humanos.
O crescimento populacional afeta diretamente a qualidade de vida das popu-
lações, quanto maior o crescimento demográfico, maiores os desafios a serem
enfrentados para permitir o crescimento econômico compatível com a pre-
servação ambiental (LIMA, 2001). A taxa de expansão populacional mundial
é insustentável, embora ela seja menor do que já foi – em um espaço finito e
com recursos finitos, nenhuma população pode continuar crescendo para sem-
pre. Seria interessante saber com que tamanho a população humana poderia
ser sustentada na Terra. Qual é a capacidade de suporte global? (TOWNSEND,
BEGON; HARPER, 2010)
Caro(a) aluno(a), para obter a sustentabilidade ou se aproximar dela, é neces-
sária a compreensão ecológica adquirida e aplicada.

Insustentável não é o tamanho da população humana, mas a sua distribuição


sobre a Terra [...]. Insustentável não é o tamanho da população humana mundial,
mas a sua distribuição de idade [...]. Insustentável não é o tamanho da popula-
ção humana global, mas a distribuição desigual de recursos dentro dela.
(Colin R. Townsend, John L. Harper e Michael Begon)

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


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CONSCIÊNCIA AMBIENTAL (PAPEL DE ONGS)

Antes de qualquer coisa, você sabe o que é a Organização das Nações Unidas
(ONU)? Vamos descobrir juntos!
A Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sigla ONU, é
uma organização internacional composta por países que se juntaram de livre e
espontânea vontade para buscar a paz e o desenvolvimento mundial.
No ano de 1969, a primeira foto do planeta Terra foi vista do espaço. Tocou
o coração de toda a humanidade ver, pela primeira vez, o “Planeta Azul”, cha-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mando a atenção de muitos e incitando a responsabilidade em protegê-la.


Em dezembro de 1972, foi criado o programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (ONU Meio Ambiente), que coordena os trabalhos da organização em
nome do meio ambiente global e tem como prioridades catástrofes ambientais,
substâncias nocivas, mudanças climáticas, gestão dos ecossistemas, governança
ambiental e eficiência dos recursos.
Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações
se tornou uma meta fundamental para a humanidade (ESTOCOLMO,
1972, p.2).

É precisamente na dignidade de todos os seres humanos que deve inci-


dir o esforço maior de oferecer uma tutela ecológica que se oponha aos
constantes danos à natureza, as práticas abusivas reduzem os recursos
naturais e causam mudanças climáticas responsáveis por milhões de
vitimados pelos danos ambientais. Não é surpresa que recentemente
ocorreu na ONU, em Nova York, a conferência para a proibição das
armas nucleares (BARROS; CAÚLA, 2017, p. 11).

O Brasil marca dois pontos positivos na inovação para melhorias no meio


ambiente, um foi com o posicionamento na 15° Conferência das Partes da
Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP15) em 2009, na cidade
de Copenhague, quando o país assume a meta voluntária de reduzir entre 36,1%
e 38,9% das emissões de gases do efeito estufa projetadas até 2020. Outro ponto
foi em 2012, quando ocorre, no Brasil, uma grande conferência na área de desen-
volvimento sustentável, a conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável – a Rio+20.

Dinâmicas Fundamentais do Crescimento Populacional e o Uso Sustentável de Recursos Naturais


20 UNIDADE I

Estudos apontam que o Brasil foi capaz de combinar crescimento sustentável


com inclusão social e avanços ambientais em um contexto de estabilidade política
e fortalecimento do arcabouço legal e institucional (SOBRE..., 2012). O Brasil que
sediou a Rio-92 era, de fato, bastante diferente do que se mostrava na Rio+20.
A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento
sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi a
renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável,
por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do trata-
mento de temas novos e emergentes (SOBRE..., 2012, on-line).

Em setembro de 2015, às vésperas da abertura da 70ª Assembleia Geral das Nações


Unidas, acontece, em Nova York, a nova agenda oficialmente adotada pelos Chefes
de Estado e de Governo na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável. Acordada pelos 193 estados membros da ONU, nasce, então a
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com seções sobre meios de
implementação e uma renovada parceria mundial (TRINDADE; LEAL, 2017).

Desde 2014, a ONU passou a contar com a Assembleia Ambiental das Nações
Unidas (Unea), cuja primeira edição ocorreu em 2014, e a segunda, em 2016.
A Unea é a mais importante plataforma da ONU para a tomada de decisões
sobre o tema e marcou o início de um período em que o meio ambiente é
considerado problema mundial – colocando, pela primeira vez, as preocu-
pações ambientais no mesmo âmbito da paz, da segurança, das finanças, da
saúde e do comércio. Em sua primeira edição, reuniu mais de 160 líderes de
alto nível.
Fonte: adaptado de ONU BR ([2019], on-line)1.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


21

As ONGs ambientais brasileiras

ONG é a sigla para  Organização Não Governamental. Uma ONG é


uma organização que não tem finalidades lucrativas e é formada com
o objetivo de fazer trabalhos de auxílio social ou outras questões im-
portantes para a sociedade. As ONGs são enquadradas no  Terceiro
Setor  da sociedade. Essa denominação se refere às instituições que,
embora não façam parte do Poder Público, executam atividades nessa
área. O Primeiro Setor é formado pelos governos e o Segundo Setor é
formado por entidades privadas (LENZI, 2019, on-line).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As ONGs têm atuado em várias áreas ligadas às necessidades sociais que exis-
tem, por exemplo: saúde, emprego, educação, assistência social, busca por direitos
políticos, questões ambientais, entre outros.
Como exemplo de ONGs, temos:
■ A fundação GAIA é uma ONG sem fins lucrativos criada em 1987.
■ A fundação O Boticário foi criada em 1990 com a principal missão de
promover e realizar ações para a conservação da natureza.
■ A Fundação SOS Mata Atlântica tem a missão de defender as áreas de
Mata Atlântica, preservar as comunidades que habitam a região e conser-
var seus riquíssimos patrimônios natural, histórico e cultural, por meio
do desenvolvimento sustentável.
■ A Conservação Internacional Brasil trabalha para preservar ecossiste-
mas ameaçados de extinção em mais de 30 países, distribuídos por quatro
continentes.
■ A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas),
fundada em 1999.
Existem muitas outras ONGs e você pode procurar pelas que atuam especifica-
mente em sua cidade, região ou estado. Vamos citar, por exemplo, o estado do
Paraná. Veja algumas, a seguir:

Dinâmicas Fundamentais do Crescimento Populacional e o Uso Sustentável de Recursos Naturais


22 UNIDADE I

■ Adeam – Associação Brasileira de Defesa Ambiental, em Maringá.


■ Curupira Ambiental – Associação Ambientalista Curupira, em Curitiba
(http://www.curupira.org.br/).
■ MAR – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária, em
Araucária (http://www.amarnatureza.org.br/).
■ Chico Mendes – Inpra – Instituto Internacional de Pesquisa e
Responsabilidade Socioambiental, em Borda do Campo (http://www.
institutochicomendes.org.br/).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caro(a) aluno(a), você sabe o que é o Conama (Conselho Nacional do Meio Am-
biente)? O Conama existe para assessorar, estudar e propor ao Governo as linhas
de direção das políticas governamentais para a exploração e preservação do
meio ambiente e dos recursos naturais. É o órgão consultivo e deliberativo do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, instituído pela Lei 6.938/1981,
regulamentada pelo Decreto 99.274/1990.
Fonte: adaptado de Ministério do Meio Ambiente ([2019], on-line).

NOSSO FUTURO COMUM - RELATÓRIO


BRUNDTLAND

Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida, publicou um


relatório inovador: “Nosso Futuro Comum” – que traz o conceito de desenvol-
vimento sustentável para o discurso público, considerado altamente inovador
para aquela época (ONU, [2019], on-line)2.
Uma das questões que este estudo ressalta refere-se à necessidade de admi-
nistrar o crescimento populacional e de controlar o esgotamento dos recursos
(OLIVEIRA, 2005).
De acordo com o Relatório Brundtland (1987), em um mundo onde a desi-
gualdade e a pobreza não são mais inevitáveis, o desenvolvimento sustentável deve
privilegiar o atendimento das necessidades básicas de todos, oferecendo oportuni-
dades de melhoria de qualidade de vida para a população no presente e no futuro.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Apesar de não definir quais são as necessidades do presente nem quais


serão as do futuro, o relatório chamou a atenção do mundo sobre a
importância de se encontrar novas formas de desenvolvimento econô-
mico, sem redução e danos ao meio ambiente. Além disso, o relatório
definiu três princípios básicos a serem cumpridos: desenvolvimento
econômico, proteção ambiental e equidade social. Colocando o de-
senvolvimento sustentável como um processo de mudança no qual a
exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orien-
tação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão
em harmonia e reforçam o futuro para satisfazer as necessidades hu-
manas. Mesmo assim, o referido relatório foi amplamente criticado por
apresentar como causa da situação de insustentabilidade do planeta o
descontrole populacional e a miséria dos países subdesenvolvidos, co-
locando como um fator secundário a poluição ocasionada nos últimos
anos pelos países desenvolvidos (BARBOSA, 2008, p. 20).

Todos esses levantamentos apresentados pela Comissão levaram à realização da


Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de Janeiro – a Rio-92.
A proposta central da Conferência foi a criação da Agenda 21, um pla-
no de ação para ser adotado em âmbito global, nacional e local por
organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade
civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambien-
te. O documento constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada,
cujo fim é orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o
século XXI, cujo alicerce é a integração da sustentabilidade ambiental,
social e econômica (NOVAES, 2008, p. 17).

Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland


24 UNIDADE I

OS PILARES DA SUSTENTABILIDADE

Após a ONU lançar, em 1987, o relatório “Nosso Futuro Comum” na comissão


Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o conceito de desenvol-
vimento sustentável na sociedade passa a ser assunto frequente. Anos depois,
em 1994, John Elkington criou o triple bottom line (tripé da sustentabilidade).
Agora você conhecerá os três princípios da sustentabilidade: o social, o
ambiental e o econômico. Esses fatores precisam estar integrados para que a
sustentabilidade de fato aconteça. Segundo Sachs (2003), o tripé do desenvolvi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mento é apresentado como algo que deve ser simultaneamente: includente, do
ponto de vista social; sustentável, do ponto de vista ecológico; e sustentado, do
ponto de vista econômico. Este método incorpora a visão ecológica nas empre-
sas como base nos três princípios (SACHS, 2003, p. 5):
■ Social: engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde,
violência, lazer, dentre outros aspectos.
■ Ambiental: refere-se aos recursos naturais do planeta e à forma como são
utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas.
■ Econômico: relacionado com a produção, a distribuição e o consumo de
bens e serviços. A economia deve considerar a questão social e ambiental.

Aprofundando um pouco mais esses conceitos de desenvolvimento, devemos


levar em conta os objetivos, que devem ser sempre éticos e sociais, em busca
do progresso, baseando-se na ética de solidariedade com as gerações presentes
e futuras, respeitando as condições ambientais. No entanto, para que isso possa
acontecer, é necessário que os investimentos sejam economicamente viáveis; por-
tanto, a viabilidade econômica é umas das condições indispensáveis, mas não o
suficiente para alcançar o caminho do desenvolvimento includente e sustentá-
vel (SACHS, 2007).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


25

Hoje, ser uma corporação sustentável é mais do que status – significa con-
quistar o respeito dos seus consumidores e parceiros.
É evidente que o objetivo de qualquer empresa é ser sustentável, embo-
ra essa visão de sustentabilidade seja puramente financeira; o pensamento
dos empresários é sempre do retorno que seu negócio pode dar no futuro. E
esse retorno econômico somente acontecerá em longo prazo se a empresa
obter uma vantagem competitiva que lhe possibilite crescimento. Poucos
empresários entendem que uma empresa somente será sustentável se com-
binar o retorno econômico com suas obrigações sociais e ambientais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: as autoras.

DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Como você pôde ver nos tópicos anteriores, o Relatório de Brundtland foi um
marco na evolução do desenvolvimento sustentável. E, de acordo com essa colo-
cação, temos o ecodesenvolvimento, que visa a conciliar a proteção ambiental
com o desenvolvimento socioeconômico, com o intuito de melhorar a qualidade
de vida para a humanidade.
A sustentabilidade leva em conta as necessidades humanas. E o grande
desafio hoje, para a humanidade, talvez seja encontrar um conjunto de transi-
ções interligadas para uma situação mais sustentável. Sachs (1993) aponta cinco
dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para planejar o desen-
volvimento. Adotaremos aqui a definição de Sachs (1993), presente no texto da
Agenda 21 brasileira (define sustentabilidade social e política separadamente,
fazendo também referência ao uso racional dos recursos no enfoque da susten-
tabilidade econômica).

Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland


26 UNIDADE I

O conceito descrito por Sachs (1993, p. 4) refere-se à sustentabilidade como:


Sustentabilidade ecológica, que se refere à base física do processo de
crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques dos recur-
sos naturais, incorporados às atividades produtivas.

Sustentabilidade ambiental, que se refere à manutenção da capaci-


dade de sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de
absorção e recomposição dos ecossistemas em face das agressões an-
trópicas.

Sustentabilidade social, que se refere ao desenvolvimento e tem por


objetivo a melhoria da qualidade de vida da população que, para o caso

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de países com problemas de desigualdade e de inclusão social, implica
a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento a
questões como saúde, educação, habitação e seguridade social.

Sustentabilidade política, que se refere ao processo de construção da


cidadania para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao proces-
so de desenvolvimento.

Sustentabilidade econômica, que se refere a uma gestão eficiente dos


recursos em geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos do in-
vestimento público e privado que implica a avaliação da eficiência por
processos macrossociais.

Caro(a) aluno(a), todo esse processo que envolve as dimensões da sustentabi-


lidade pode ser uma resposta aos anseios da sociedade, gerando cidades que
incorporam os elementos naturais e sociais. Assim como diz Sen (2010, p. 21),
“[...] o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liber-
dades reais que as pessoas desfrutam.”

Sustentabilidade urbana é o conceito utilizado para o desenvolvimento que


está diretamente ligado à vida das cidades. É o que está acontecendo na grande
maioria dos países, inclusive no Brasil.
Fonte: as autoras.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


27

DESAFIOS E OPORTUNIDADES - ECONOMIA VERDE


A expressão “economia verde”, que substituiu o conceito de “ecodesenvolvimento”,
foi implantada pelo canadense Maurice Strong, primeiro diretor-executivo do
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, estabelecido
em 1972, é a agência do Sistema ONU) e secretário-geral da Conferência de
Estocolmo (1972) e da Rio-92.
A conferência Rio+20 em 2012, além do tema de redução da pobreza, teve como
tema central a economia verde (ONU, 2011). Por meio da divulgação mundo afora
em relatório do PNUMA (UNEP 2011), tornou-se, em pouco tempo, uma expres-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

são aceita oficialmente pela comunidade internacional e popularizada no mundo


(BELINKY, 2011) e apresentando-se como alternativa ao desenvolvimento sustentá-
vel, que havia sido consagrada no Rio de Janeiro, em 1992 (MMA, [2019], on-line):
[...] foi absorvida por governos, empresas e pela sociedade civil, e em-
pregada na formulação e execução tanto de políticas públicas quanto de
iniciativas privadas ligadas à responsabilidade socioambiental.

Talvez a principal crítica seja a negação da possibilidade de atribuir valores


monetários a bens naturais, como árvores, fauna, água, ar.

Surge um conceito de economia verde que pode ser resumida em atividades ou pro-
jetos verdes tratados atualmente, tais como painéis fotovoltaicos, reciclagem de lixo,
hortas orgânicas, entre outros, com três características principais: baixa emissão de
carbono, eficiência no uso de recursos e busca pela inclusão social.
O que acontece, na realidade, é que a maioria dos projetos englobando a
economia verde necessita de recursos governamentais. Por exemplo: para pagar
todos os serviços ambientais existentes, como

Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland


28 UNIDADE I

[...] os fins de raciocínio, as Reservas Legais e APPs, previstas no Código


Florestal brasileiro, supondo que essas reservas fossem uma área total de
100 milhões de hectares e os donos recebessem R$ 200,00 por hectare
por ano, para não desmatar as áreas (valores conservadores), o total anu-
al seria R$ 20 bilhões de reais, mais que o Programa Bolsa Família que
custa por volta dos R$ 15 bilhões por ano (SAWYER, 2011, p. 20).

Encontramos, ainda, outros riscos, como nos casos dos PSA (Pagamento por
Serviços Ambientais), em que alguns produtores recebem por seus serviços
prestados à natureza. Isso sugere que outros que não receberem pagamentos
não são obrigados a se comprometer corretamente com a causa. Outro risco é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quem recebe o PSA, se deixa de receber, pode se achar no direito de destruir
(AMAZONAS, 2010).
Desta forma, pensando no planeta e nas gerações futuras, devemos promo-
ver tanto a economia verde como o desenvolvimento sustentável.

A fórmula para uma economia verde inclui: oferta de empregos, consumo cons-
ciente, reciclagem, reutilização de bens, uso de energia limpa e valoração da bio-
diversidade. Espera-se que seus resultados sejam a melhoria na qualidade de vida
para todos, diminuição das desigualdades entre ricos e pobres, conservação da
biodiversidade e preservação dos serviços ambientais.
Pesquise sobre as Cotas de Reserva Ambiental (CRA); é um bom exemplo da apli-
cação da economia verde e baseia-se no conceito de compensação.
Para saber mais, acesse ao link:
<https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28986-o-que-e-a-economia-
-verde/>.
Fonte: as autoras.

PROTOCOLO VERDE

O Protocolo Verde é um protocolo de intenções assinado por instituições financei-


ras públicas e pelo Ministério do Meio Ambiente no ano de 1995, revisada em 2008.
Tem como objetivo definir políticas e práticas bancárias, com a premissa de não
financiar empreendimentos e/ou projetos que possam causar problemas ambientais.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


29

O protocolo compromete-se a financiar o desenvolvimento com sustenta-


bilidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam qualidade
de vida da população e proteção ambiental.
Quando o setor bancário faz adesão ao protocolo verde, traz um importante
papel para o desenvolvimento sustentável, pois traz incentivo ambiental para
as empresas. O BNDES empenha-se continuamente em aprimorar as medidas
que já foram definidas no Protocolo Verde, que trazem: ações que evitem danos
ambientais, criação de equipes que tenham formação e consciência ambiental,
diminuição de desperdícios, utilização de materiais recicláveis e incentivo à efi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ciência energética.

Em 1995, o BNDES liderou os bancos públicos federais (além do BNDES,


participam Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da Amazônia e
Banco do Nordeste do Brasil) na formalização do Protocolo Verde. Mas, em
agosto de 2008, o BNDES e os bancos públicos federais celebraram, com o
Ministério do Meio Ambiente, o Protocolo de Intenções pela Responsabili-
dade Socioambiental, revisão atualizada do Protocolo Verde de 1995.
Fonte: BNDES ([2019], on-line)3.

PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR

Esse princípio traz a ideia de que aquele que polui deve pagar pelo seu ato. Isso
não quer dizer que o fato de pagar lhe dá o direito de poluir, o pagamento deve
ser feito para reverter possíveis danos ambientais. Portanto, conclui-se que não
se compra o direito de poluir, como já foi dito anteriormente.
O pagamento de tributo, tarifa ou preço público não isentam o polui-
dor ou predador de ter examinada e aferida sua responsabilidade resi-
dual para reparar o dano (MACHADO, 2009, p. 68).

Nosso Futuro Comum - Relatório Brundtland


30 UNIDADE I

O princípio em referência possui assento constitucional, previsto no §3º do Art.


225 da CF/1988.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida
pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados. (BRASIL, 1988, on-line).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Segundo Barbieri (2016), o princípio do poluidor-pagador atribui ao Estado o
dever de estabelecer um tributo ao agente poluidor. São dois os objetivos espe-
rados da aplicação desse princípio.
O primeiro é de natureza fiscal, o qual relaciona a necessidade de arrecadar
receita para custear os serviços públicos ambientais, evitando que os prejuízos
causados pelos poluidores privados recaiam sobre a sociedade.
O segundo é de natureza extrafiscal, cujo papel é interferir nas atividades
econômicas para estimular comportamentos socialmente desejados e desesti-
mular os indesejáveis.
Esses dois objetivos podem caminhar juntos, por exemplo, quando há a
cobrança de impostos sobre produtos que acabam gerando resíduos de natu-
reza tóxica, em que a receita gerada é utilizada para cobrir gastos com a gestão
pública desse resíduo, como a coleta, o tratamento e a disposição final adequada,
que pode diminuir o consumo destes produtos. Ou até mesmo diminuir ou isen-
tar a tributação de produtos com melhor desempenho ambiental, por exemplo,
uma geladeira que consome menos energia.

O conceito de poluidor é definido pelo Art. 3°, inciso IV, da Lei 6.938/1981 nos se-
guintes termos: “poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou priva-
do, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação
ambiental.”
Fonte: Souza ([2019], on-line)4.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


31

O poluidor que usa gratuitamente o meio ambiente para nele lançar po-
luentes invade a propriedade pessoal de todos os outros que não poluem,
confiscando o direito de propriedade alheia.
(Paulo Affonso Leme Machado)

OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que também podem ser


conhecidos como os Objetivos Globais, tratam-se de um chamado universal que
visa a ações contra a pobreza, proteção do planeta e busca garantir que as pes-
soas tenham paz e prosperidade. Os ODS deverão orientar as políticas nacionais
bem como as atividades de cooperação internacional nos próximos quinze anos,
decorrendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O Brasil teve papel importante e participou de todas as sessões da negocia-
ção intergovernamental. Dessa forma, chegaram a um acordo que contempla
17 Objetivos e 169 metas, as quais envolvem temáticas diferentes. Além disso,
o Brasil teve grande importância na implantação dos ODM, e tem mostrado
grande empenho quanto aos ODS, com criações de diversos comitês para apoiar
o processo pós-2015.
Dessa forma, os resultados de todas as conferências das Nações Unidas esta-
beleceram uma base sólida para o desenvolvimento sustentável e ajudaram a
moldar a nova agenda.
Os novos Objetivos entraram em vigor no dia 1° de janeiro de 2016, tendo
como principal foco a erradicação da pobreza extrema até 2030. Os temas dos ODS
[...] envolvem diferentes temáticas, tais como: erradicação da pobreza,
segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero,
redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões susten-
táveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentá-
veis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres,
crescimento econômico inclusivo, infraestrutura e industrialização, go-
vernança, e meios de implementação (EMBRAPA, 2017, on-line)5.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável


32 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conheça Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, a melhoria da nutrição e pro-
mover a agricultura sustentável.
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades.
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promover oportunida-
des de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade da água, a sua gestão sustentável e o saneamento para
todos.
Objetivo 7. Assegurar para todos o acesso confiável, sustentável, moderno e barato à energia.
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e susten-
tável, fomentar a inovação.
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis.
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos.
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos
para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação
da terra e deter a perda de biodiversidade.
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclu-
sivas em todos os níveis.
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desen-
volvimento sustentável (AGENDA 2030, 2015).

Fonte: adaptado de Unric ([2019], on-line)6.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


33

No ano 2000, o Pacto Global foi lançado pelo então secretário-executivo das
Nações Unidas, Kofi Annan, e surgiu da necessidade de mobilizar a comuni-
dade empresarial do mundo para a adoção de valores fundamentais e inter-
nacionalmente aceitos em suas práticas de negócios.
A iniciativa global é um avanço na implementação de um Regime de Direi-
tos Humanos e Sustentabilidade empresarial. Pacto Global não é um instru-
mento regulatório, um código de conduta obrigatório ou um fórum para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

policiar as políticas e práticas gerenciais. É uma iniciativa voluntária que


procura fornecer diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e
da cidadania, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inova-
doras. A sede do Pacto Global é em Nova York.
Para saber mais, acesse: <http://pactoglobal.org.br/o-que-e/>.
Fonte: as autoras.

Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo a


seguir.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável


34 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A definição aceita e difundida até os dias atuais sobre desenvolvimento sustentá-


vel trata da capacidade da geração atual em suprir suas necessidades, pensando
nas gerações vindouras. Dessa maneira, conseguimos associar que nossa jornada
rumo ao desenvolvimento sustentável teve início no Rio de Janeiro, em junho
no ano de 1992, quando a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Unced) foi realizada e adotou uma agenda para
o meio ambiente e o desenvolvimento (século XXI). Referida como Agenda 21,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a Unced convocou um Programa de Ação para o Desenvolvimento Sustentável
que continha a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e
reconheceu o direito de cada nação de progredir social e economicamente, além
de atribuir aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvol-
vimento sustentável e a Declaração de Princípios Florestais. Acordos também
foram alcançados na Convenção sobre Diversidade Biológica e na Convenção-
Quadro sobre Mudança do Clima.
Também abordamos, nesta unidade, os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que definem as prioridades, bem como aspirações globais
para o ano de 2030. Os ODS representam uma grande oportunidade que visa a
eliminar a pobreza e outras externalidades para colocar o mundo em uma tra-
jetória mais sustentável. Destacamos a participação do Brasil nas negociações
e nos acordos dos 17 Objetivos e 169 metas que envolvem diferentes temáticas.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento
e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos, e que esse desenvol-
vimento sugere a qualidade em vez da quantidade. E, por fim, o resultado desses
recursos depende não só da existência humana e da diversidade biológica, mas
também do próprio crescimento econômico.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM NOVO MODELO


35

1. O tripé da sustentabilidade, denominado de triple bottom line, está expresso


em três dimensões: capital humano, capital natural e benefício econômico,
que precisam estar relacionadas para que o desenvolvimento sustentável seja
alcançado. Mediante o exposto, explique o tripé da sustentabilidade.
2. O desenvolvimento sustentável é uma expressão usada para designar um mo-
delo que tente conciliar a parte econômica e a preservação dos recursos na-
turais que estão disponíveis. Diante desse contexto, defina desenvolvimento
sustentável.
3. O homem vive em aglomerações urbanas cada vez maiores, demandando
maiores quantidades de recursos e gerando grandes quantidades de resíduos
que se encontram crescentes em virtude dos maiores consumo e desperdício.
Mediante o exposto, como continuar a promover adaptações no ambiente na-
tural, sem esgotar os recursos naturais disponíveis?
4. Os problemas ambientais globais, muitas vezes, exigem respostas globais; as
iniciativas de gestão, nesse nível de abrangência, estão baseadas em acordos
intergovernamentais e na atuação dos organismos criados para administrá-los.
Diante disso, cite, pelo menos, dois problemas ambientais de ordem global e
explique as causas deles.
5. As questões ambientais dentro das organizações surgiram da necessidade
do homem em organizar melhor suas diversas formas de se relacionar com
o meio ambiente. Acerca desse assunto, quais práticas de gestão ambiental
uma organização pode implementar para reduzir e/ou controlar os impactos
ambientais?
36

A recente evolução do desenvolvimento sustentável


É bem recente a integração da ideia de desenvolvimento econômico social sendo delimi-
tada pela perspectiva de sustentabilidade ambiental, tendo por marco inicial as discussões
sobre o meio ambiente, ocorridas na cidade sueca de Estocolmo, datada no ano de 1972.
Portanto, são apenas quatro décadas. Até então, a perspectiva do desenvolvimentismo
atuava como solução humana. Em síntese, o que se tinha era uma produção crescente
movimentando recursos em termos planetários cada vez maiores que acabaram por le-
var a alterações do ecossistema com reflexos cada vez mais intensos. Já em Estocolmo,
chega-se à conclusão de que a produção é a maior responsável pela degradação. O que
fazer num mundo em expansão?
A questão passa a ganhar corpo e, em 1983, a ONU indica Gro Harlem Brundtland – a
primeira-ministra da Noruega – como chefe da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, cujo objetivo era o de analisar e refletir a questão ambiental em
termos globais. O resultado surgirá em 1987, quando o grupo apresentou o documento
Nosso Futuro Comum, que acabou conhecido como Relatório Brundtland e cujo texto
se consagrou no conceito de desenvolvimento sustentável.
O documento passou a utilizar a expressão “desenvolvimento sustentável”, com a se-
guinte definição: “forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessidades
sem, no entanto, comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem suas
próprias necessidades”.
O cenário atual do objeto de estudo é tema que institucionalmente encontra seu mo-
mento crucial no evento internacional realizado em 1992, na cidade do Rio de Janeiro,
batizada com a sigla de CNUMAD, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento, mas cuja denominação acabou popularizada como Rio-92
ou Eco-92, em que se protagonizaram a discussão e a reflexão da questão da proteção
ambiental, enfatizando como instrumento a meta de se ajustar ao desenvolvimento sus-
tentável. Resultante do encontro e lastreada por 179 países, foi produzida a Agenda 21,
que visava constituir um plano de trabalho baseado na hierarquização das prioridades
quanto às diretrizes em relação à integração do desenvolvimento do uso sustentável
dos recursos do meio ambiente.
O tema retoma a uma postura de destaque no ano 2000, a partir de um diagnóstico das
ações produzidas a partir do Rio-92, em torno do qual foram propostos os Objetivos de
Desenvolvimento para o Milênio – ODM, agora endossado por 199 nações, como impor-
tante documento produzido dentro da Cúpula do Milênio promovida pela ONU e dando
atenção especial aos países com menor e em desenvolvimento. Os ODM estabeleciam
levantamento de indicadores para o monitoramento das ações, assim definiu-se o prazo
para o segmento de tempo 2000 a 2015.
O ano de 2012 vai marcar os vinte anos de Rio-92, daí a ideia de retomada e de reen-
contro em torno da temática na agora denominada Rio+20, que teve por resultante a
37

confecção de documento que propunha a integração de lideranças políticas internacio-


nais em ação comum, visando o desenvolvimento sustentável. Ainda foi criado o Grupo
de Trabalho Aberto, que ao final de mais de ano de estudos propôs os 17 objetivos que
deveriam compor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS.
Assim o triênio 2012-2015 será caracterizado por um extenso e intenso processo
de consultas junto à sociedade civil, setores privados específicos e ao setor públi-
co dos diversos governos locais em relação aos ODS. O resultado será que no ano de
2015 a Cúpula das Nações Unidas, sobre o Desenvolvimento Sustentável, confirma
os 17 objetivos e suas metas. Tratam-se dos seguintes aspectos: erradicação da po-
breza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de quali-
dade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia acessível e limpa;
trabalho decente e crescimento econômico, indústria inovação e infraestrutura; re-
dução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção
responsáveis; ação contra a mudança global do clima; vida na água; vida terrestre; paz,
justiça e instituições eficientes e parcerias e meios de implementação.
Há que se destacar o diferencial entre o ODM, Objetivos para Desenvolvimento para
o Milênio do ano 2000, e ODS, Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Trata-
-se da participação e engajamento social desta última em contraposição ao primeiro,
elaborado de cima para baixo, desenvolvida por grupo de especialistas, que acaba por
ser a característica que se destaca na Agenda 2030. Esta, seguindo os princípios que a
constituíram, valoriza a participação da sociedade, seja na sua implementação, seja no
monitoramento de seu acompanhamento, visando estabelecer um novo período futuro
de planejamento; novamente se referirá a um segmento de tempo de 15 anos, entre
2016 – 2030.
Como se pode observar, no curto período histórico do encaminhamento proposto à
questão acima o problema é transformar intenções em prática, discurso em ação. Ou
seja, talvez o problema não seja diagnosticar os problemas ou de ter conhecimento das
práticas éticas que possam conduzir o ser humano a um futuro promissor, mas um gar-
galo entre o discurso e a operação, entre o que o sujeito diz e o que o sujeito faz.
Isto pode parecer fato secundário, porém, num sistema democrático é problema de pri-
meira ordem, pois que neste temos vontade representada e representante, e ação des-
conectada do almejado; coloca em xeque o sistema democrático, à medida que o rito
democrático das eleições não se converte em gestão democrática dos eleitos.
Se não enfrentarmos simultaneamente da discussão dos meios de financiamento destes
objetivos, vamos estar trabalhando apenas no plano da retórica. Sem dúvida a formu-
lação dos objetivos é muito importante, mas sem se dispor da origem dos recursos e
forma de alocá-los, a qualidade do gasto a produtividade deste investimento no enfren-
tamento no enfrentamento destes objetivos, nós não estaríamos proporcionando uma
abordagem integral completa para enfrentar este desafio.
Fonte: Marcon (2017, on-line)7.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Sustentabilidade: O que é – O que não é


Leonardo Boff
Editora: Vozes
Sinopse: a sustentabilidade representa, diante da crise socioambiental
generalizada, uma questão de vida ou morte. O autor faz um histórico
do conceito desde o século XVI até os dias atuais, submetendo a uma
rigorosa crítica os vários modelos existentes de desenvolvimento
sustentável.
39
REFERÊNCIAS

AMAZONAS, M. C. Pagamento por serviços ambientais: dilemas conceituais e nor-


mativos. Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza, 2010.
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Anual_2011/Capitulos/atuacao_institucional/o_bndes_e_protocolo_verde.html>.
Acesso em: 06 maio 2019.
⁴Em: <http://conteudojuridico.com.br/artigo,principio-do-poluidor-pagador-no-di-
reito-ambiental,51220.html>. Acesso em: 06 maio 2019.
⁵Em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/24070630/artigo-
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⁶Em: <https://www.unric.org/pt/17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel>.
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⁷Em: <http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/a-recente-evolucao-
-do-desenvolvimento-sustentavel/107557/>. Acesso em: 06 maio 2019.
GABARITO

1. O tripé da sustentabilidade é dado pelo: social, econômico e ambiental.


O social é referente ao capital humano, em que estão envolvidos os aspectos
como o cumprimento da legislação trabalhista, ambiente bom e saudável, rela-
cionamento com a sociedade no geral. O meio ambiente é referente ao capital
natural, em que devemos pensar em formas de diminuir e compensar os impac-
tos ambientais negativos.
O econômico trata-se na parte econômica, deve-se pensar no desenvolvimento,
analisando temas ligados à distribuição dos bens e consumos, à produção de
forma sustentável.
2. É aquele que busca atender às necessidades das gerações atuais, sem compro-
meter a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas necessidades e
aspirações.
3. É importante que a sociedade se paute em uma gestão ambiental consciente. A
conscientização e o reconhecimento das questões envolvendo a estreita trama
de variáveis que compõem a realidade das cidades podem ser a solução do pro-
blema; isso significa que o conhecer precede o agir.
4. Alterações climáticas são causas das atividades antrópicas, tais como: derrubada
de florestas para obtenção de madeira e lenha, espaço para agricultura, indús-
trias e assentamentos, lançamentos de gases na atmosfera; consequência do
aquecimento global.
Aumento de gases por emissões atmosféricas: geradas por atividades antrópi-
cas, aumentam a retenção das radiações infravermelhas e contribuem para ele-
var a temperatura média global do planeta. Podem causar o efeito estufa.
Aquecimento global: pode causar a elevação do nível dos oceanos pelo derreti-
mento das geleiras e pela expansão do volume de água, devido ao aumento da
temperatura. Queimadas florestais: emissões atmosféricas que podem ajudar no
efeito estufa.
5. A gestão ambiental deve pensar em práticas que estejam associadas à conser-
vação e à preservação da biodiversidade, à reciclagem das matérias-primas e à
redução do impacto ambiental de atividades antrópicas sobre os recursos na-
turais. Além disso, podem estar associados à gestão ambiental técnicas para a
recuperação de áreas degradadas, reflorestamento, métodos para a exploração
sustentável de recursos naturais, estudo de riscos e impactos ambientais para a
avaliação de novos empreendimentos ou a ampliação de atividades produtivas.
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Professora Me. Natália Christina da Silva Matos

EMPRESAS E O MEIO

II
UNIDADE
AMBIENTE

Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar os modelos de sustentabilidade empresarial.
■ Descrever a importância da sustentabilidade econômica para as
organizações.
■ Apresentar as formas de Responsabilidade Social Empresarial.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Modelos de sustentabilidade empresarial
■ Empresas e a Sustentabilidade Econômica
■ Responsabilidade socioambiental
45

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudaremos a relação entre as empresas e o


meio ambiente.
Iniciaremos nossos estudos abordando a questão das empresas e a contami-
nação ambiental, em que apresentaremos vários acidentes ambientais envolvendo
empresas no decorrer dos anos, tivemos dois acidentes trágicos aqui no Brasil,
o desastre de Mariana (MG) que aconteceu no ano de 2015, e o desastre em
Brumadinho (MG).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Será abordada a questão da industrialização e o meio ambiente, uma vez que


dependemos de muitas atividades industriais, mas devemos estar em consonância
com o meio ambiente, além de apresentar a declaração de princípios das indús-
trias e os 16 princípios da gestão ambiental que envolvem as empresas. Também
discutiremos as posturas das empresas no que diz respeito à questão ambiental:
preocupação básica, postura típica, ações típicas, áreas envolvidas, entre outros.
Além da questão ambiental, estudaremos a questão da Sustentabilidade
Econômica, uma dimensão que afeta todos os setores, pois uma atividade deve
ser rentável e economicamente viável.
Apresentaremos as economias da sustentabilidade (neoclássica e forte), e a
economia verde, postura que muitas empresas têm adotado, a de se preocupar
com a sustentabilidade em seus negócios.
No que diz respeito aos negócios, estudaremos que a sustentabilidade incorpo-
rada nas organizações tem um fator competitivo importante, pois essas empresas
têm um diferencial de mercado, a conquista de novos clientes, a obtenção de
ganhos indiretos, a melhoria da imagem perante a sociedade.
Se uma organização deve investir em sustentabilidade, de onde virão esses
recursos? Estudaremos a questão de investimentos e custos de empresas susten-
táveis. Investimentos em ecoeficiência, produção mais limpa (P + L), projetos
para o meio ambiente, licitações sustentáveis, custo ambiental e também incen-
tivos a práticas de sustentabilidade.
Finalizaremos nossos estudos com a questão da Responsabilidade Social
Empresarial, diferenciando empresas que têm ações filantrópicas daquelas que
realmente têm as práticas de Responsabilidade Social.

Introdução
46 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MODELOS DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Neste estudo, abordaremos a questão das empresas e a contaminação ambien-


tal, bem como apresentaremos alguns acidentes ambientais que tiveram
grande notoriedade.

EMPRESAS E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

Na nossa primeira unidade, vimos que a Revolução Industrial foi um marco


no que diz respeito aos problemas ambientais e, a partir dessa época, tivemos
crescimento na ordem de produção e, consequentemente, inúmeras catástrofes
ambientais, que tiveram grandes consequências regionais e globais.
Segundo Dias (2017), a expansão industrial e toda a prática predatória na
retirada de matéria-prima do meio ambiente ocorreram durante todo o século
XIX e parte do século XX. A visão nessa época era que os recursos naturais eram
infinitos e estariam disponíveis sempre para o homem. Foi somente a partir da
década de 70 que essa visão começou mudar, pois foi perceptível a possibilidade
de se esgotar os recursos naturais.
Dentre os problemas mais comuns decorrentes da industrialização, podemos
evidenciar a questão da destinação final adequada de resíduos sólidos, efluentes e
emissões atmosféricas, decorrentes de processos industriais que, se forem lançados
de forma inadequada, podem causar problemas ambientais e danos à saúde humana.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


47

De acordo com Barbieri (2016, p. 7),


[...] ao longo do século XX, foram os grandes acidentes industriais e a
contaminação resultante deles que acabaram chamando a atenção da
opinião pública pela gravidade do problema. Alguns problemas am-
bientais se tornaram assunto global e, pela visibilidade e facilidade de
compreensão quanto à causa e efeito, constituíram-se na principal fer-
ramenta de construção causados pela má gestão.

No decorrer dos anos, tivemos muitos acidentes ambientais, que trouxeram gra-
ves consequências para o meio ambiente, a saúde humana e até morte de pessoas.
Podemos observar os principais acidentes na Figura 1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dia 26 de abril, em
Chernobyl, antiga
URSS, houve um Uma série de
acidente na usina explosões de
Em San Carlos nuclear, causado grandes
(Espanha), um pelo desligamento proporções
Em Feyzin caminhão-tan- do sistema de ocorreu em uma
(França), um que carregado refrigeração com o fábrica de
vazamento de de propano reator ainda em produtos
GPT causou a explodiu, funcionamento. A químicos em Jilin,
morte de 18 causando 216 radiação na China. Houve
pessoas e mortes e espalhou-se, milhares de
deixou 65 deixando 200 atingindo vários vítimas, e o rio foi
intoxicadas. feridos. países. atingido também.

1966 1978 1986 2005

1956 1976 1984 2003 2010


Houve a No dia 10 de Em San Um incêndio Em outubro,
contaminação junho de Juanico provocado houve o
na baía de 1976, em (México), um em uma rompimento
Minamata, no Seveso incêndio de unidade de da barragem
Japão, que (Itália), a GLP, seguido enxofre da de rejeito de
ocorreu desde fábrica de explosão, Al-Mishraq, uma mina de
o ano de 1939 Hoffmann-La causou 650 perto de alumínio na
devido a uma Roche mortes e Mosul, no Hungria. A
indústria química liberou uma deixou 6.400 Iraque, se lama tóxica
instalada às nuvem de feridos. prolongou derramada na
margens. um durante um região de Ajka,
desfolhante mês, a 165 km de
conhecido liberando Budapeste, fez
como agente 910.000 com que a
laranja e que toneladas de Hungria
continha óxido de declarasse
dioxinas. enxofre. estado de
emergência.
Foram
despejados 1,1
milhões de
metros cúbicos
de lama tóxica
vermelha,
inundando três
vilarejos.

Figura 1 - Principais acidentes ambientais mundiais


Fonte: adaptado de Barbieri (2016); Dias (2017).

Modelos de Sustentabilidade Empresarial


48 UNIDADE II

Aqui no Brasil, no dia 5 de novembro


de 2015, em Mariana (MG), ocorreu
um grave acidente ambiental. O rom-
pimento de uma barragem de rejeitos,
provenientes da atividade de extração
de minério de ferro, fez com que a
lama tóxica fosse lançada. Isso causou
a morte de 19 pessoas e atingiu 35 cida-
des do estado de Minas Gerais, além de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
consequências ambientais (Figura 2).
Já se passaram mais de três anos
do acidente que ocorreu em Mariana
(MG) e os impactos ambientais
ainda não são totalmente conheci-
dos. Fazendo a menção desse grave
acidente em nossa disciplina de
responsabilidade social e sustentabi-
lidade, podemos fazer uma reflexão
e nos perguntarmos: e a dimensão
social, como foi afetada nessa tragédia?
Quais são os impactos sociais ocasio- Figura 2 - Desastre de Mariana
nados por esse acidente ambiental?
Além das 19 pessoas que morreram, a tragédia em Mariana provocou um
conjunto incalculável de prejuízos às cidades e aos povoados das margens do rio;
famílias que perderam suas casas; milhares de pessoas com futuro incerto; a ativi-
dade pesqueira, fonte de renda para muitas famílias ribeirinhas, foi comprometida;
a enxurrada com a lama metálica causou assoreamento no rio, comprometendo
também o abastecimento de água e provocando a mortalidade de peixes.
Além destes problemas sociais, será que a dimensão econômica também foi
afetada? Podemos pensar em prejuízos imensos que impactam a oferta de ser-
viços essenciais, como geração de energia, serviços de abastecimento de água,
saúde pública, transporte, educação, dentre outros. Além de pensarmos no pre-
juízo para “tentar” recuperar a área que foi completamente degradada.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


49

Ainda não foi possível medir completamente a proporção dos impactos


ambientais causados pelo acidente ocorrido em Mariana (MG), pois boa parte da
lama ainda está nas margens e na calha do rio, além disso, parte dos rejeitos ainda
está sendo transportado pelas correntes marinhas. As análises físico-químicas
e microbiológicas do monitoramento ambiental ainda não trazem dados segu-
ros quanto à potabilidade da água e se os peixes estão propícios para o consumo.
Com o acidente de Mariana, podemos perceber que houve um desequilíbrio
nas dimensões ambientais, econômicas e sociais, os prejuízos são incalculáveis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em novembro de 2015, no município de Mariana, ocorreu o rompimento da


barragem do Fundão, causando o maior desastre minerário ambiental ocor-
rido no Brasil. A população do município está exposta a uma série de riscos
decorrentes da degradação do meio ambiente e, por um longo período desde
o desastre. O derramamento dos rejeitos causou o revolvimento e o aumento
da biodisponibilidade de uma série de componentes tóxicos.
Dessa maneira, foi feita uma pesquisa em que foram aplicados questionários
estruturados de autoavaliação em saúde e as necessidades de assistência local
em saúde para 507 indivíduos participantes do estudo. Os dados de saúde
encontrados espelham o sofrimento da população em multivariadas queixas
e doenças e que a sua saúde está comprometida de diversas formas. Entre os
participantes, 37% deles referem a sua saúde como pior que antes do desastre.
Dentre os problemas de saúde que eles relatam espontaneamente, 40% são
respiratórios (para as crianças de 0 a 13 anos, o índice alcançou 60%); 15,8%
são afecções de pele; 11%, transtornos mentais e comportamentais; 6,8%,
doenças infecciosas; 6,3%, doenças de olhos; e 3,1%, problemas gástricos e
intestinais.
Para saber mais, acesse:
<http://www.greenpeace.org.br/hubfs/Campanhas/Agua_Para_Quem/docu-
mentos/RelatorioGreenpeace_saude_RioDoce.pdf>.
Fonte: adaptado de Greenpeace (2017).

Infelizmente, tragédias ambientais continuam acontecendo: três anos depois


do acidente ambiental que ocorreu em Mariana (MG), no dia 25 de janeiro de
2019, rompeu-se uma barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG), oca-
sionando a morte de muitas pessoas, além de problemas ambientais.
Modelos de Sustentabilidade Empresarial
50 UNIDADE II

Além de mortes de pessoas, outros primeiros reflexos do rompimento da bar-


ragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo
Horizonte, já são percebidos no Rio Paraopeba. A lama acumulada passou a
“represar” a água do rio, que ficou escassa e baixou de nível em determinadas
áreas, ocasionando a morte de peixes.
Para saber mais, acesse:
<https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/01/25/interna_ge-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rais,1024587/tragedia-em-brumadinho-provoca-morte-de-peixes-no-para-
opeba.shtml>.
Fonte: adaptado de Jornal Estado de Minas (2019, on-line)1.

INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Por isso, quando relacionamos as questões de responsabilidade social e susten-


tabilidade, temos que pensar qual é o papel das organizações na construção de
uma sociedade mais sustentável. E como relacionar o processo de industrializa-
ção com as formas sustentáveis de produção?
Dessa forma, podemos observar que a industrialização agravou os proble-
mas ambientais que ocorrem no planeta. Podemos evidenciar esse fato por meio
da contaminação do ar, da água e do solo, assim como o grande números de aci-
dentes ambientais mencionados anteriormente.
Atualmente, as indústrias precisam cumprir medidas de proteção ambien-
tal que são impostas pela legislação ambiental. Para Coral (2002), as empresas
têm feito mudanças com o objetivo de reduzir os impactos sociais e, ao mesmo
tempo, melhorar sua imagem perante a sociedade.
As empresas sustentáveis buscam modificar os seus processos produtivos.
Esse tipo de mudança implica em processos de produtos que não causam impac-
tos ambientais.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA INDÚSTRIA
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
51

1
Promover a efetiva participação pró-ativa do setor industrial, em
conjunto com a sociedade, os parlamentares, o governo e as
organizações não governamentais no sentido de desenvolver e
aperfeiçoar leis, regulamentos e padrões ambientais.

2 Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em


relação aos assuntos ambientais.

3
Incrementar a competitividade da indústria brasileira, respeitados
os conceitos de desenvolvimento sustentável e o uso racional dos
recursos naturais e de energia.

4
Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas
de gerenciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas
empresas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Promover a monitoração e a avaliação dos processos e parâmetros

5
ambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das
questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à
saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para
proteger o meio ambiente.

Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e

6
permanente dos trabalhadores, bem como a importância do
comprometimento da supervisão nas empresas, assegurando
Figura 3 - Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável

que esses trabalhadores tenham o conhecimento e o treinamen-


to necessários em relação às questões ambientais.

7 Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias


limpas, com o objetivo de reduzir ou eliminar impactos
adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade.

8
Estimular o relacionamento e as parcerias do setor privado com o
governo e com a sociedade, na busca do desenvolvimento
sustentável, bem como da melhoria contínua dos processos de
comunicação.

9 Estimular as lideranças empresariais a agirem permanentemente


junto à sociedade com relação aos assuntos ambientais.

10
Fonte: CNI (2002, p. 24).

Incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e


serviços que não produzam impactos inadequados ao meio
ambiente e à saúde da comunidade.

11 Promover a máxima divulgação e o conhecimento da Agenda 21


e estimular sua implementação.

Modelos de Sustentabilidade Empresarial


52 UNIDADE II

Dentro dos princípios de sustentabilidade, não podemos separar as ques-


tões sociais das ambientais. Por isso, quando uma organização é ecologi-
camente sustentável, ela também estará atuando de forma socialmente
responsável.
Fonte: Araújo et al. (2006).

Em 1998, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou a Declaração de


Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável (CNI, 2002). Essa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
iniciativa promoveu a divulgação da relação entre a economia e a questão ambien-
tal com o público empresarial. Podemos observar esses princípios na Figura 3.
Reconhecendo que a proteção ambiental está incluída entre as priori-
dades a serem buscadas por qualquer tipo de negócio, a Câmara de Co-
mércio Internacional, definiu em 27/11/1990, uma série de princípios
para uma gestão ambiental empresarial, que chama-se Business Char-
ter for Sustainable Development, que são constituídas por 16 princípios
para a Gestão Ambiental, que, sob a ótica das organizações, são essen-
ciais para atingir o Desenvolvimento Sustentável.

São eles (DIAS, 2017):


1. Prioridade Organizacional: estabelecer políticas, programas e práticas
no desenvolvimento das operações voltadas para a questão ambiental.
2. Gestão Integrada: tem como intuito integrar programas e práticas ambien-
tais nos negócios.
3. Processos de Melhoria: visa a melhoria contínua no que diz respeito às
questões ambientais.
4. Educação do Pessoal: trata-se de treinamento e motivação.
5. Prioridade de Enfoque: considerar as repercussões ambientais antes de
iniciar nova atividade ou projeto e antes de instalar novos equipamentos
e instalações ou de abandonar alguma unidade produtiva.
6. Produtos e Serviços: pensar em produtos e/ou serviços que não sejam
agressivos ao meio ambiente, além disso, fazer o uso consciente de maté-
ria-prima e energia.
7. Orientação ao Consumidor: caso haja necessidade, orientar e educar
consumidores e público em geral.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


53

8. Equipamentos e Operacionalização: projetar equipamentos utilizando


de forma consciente água, energia e matéria-prima, com o intuito de
minimizar impactos ambientais.
9. Pesquisa: visa apoio a projetos de pesquisas que estudem os impactos
ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos processos, das emis-
sões e dos resíduos associados ao processo produtivo da empresa.
10. Enfoque Preventivo: pensar em formas preventivas no que diz respeito
ao meio ambiente.
11. Fornecedores e Subcontratados: que os contratados também tenham a
sensibilização ambiental.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

12. Planos de Emergência: em áreas que são consideradas com risco poten-
cial, desenvolver e manter procedimentos e planos de emergência.
13. Transferência de Tecnologia: visa a contribuição, bem como a dissemi-
nação de tecnologias amigáveis ao meio ambiente.
14. Contribuição ao Esforço Comum: visa o desenvolvimento de políticas
públicas e privadas, de programas governamentais e iniciativas educacio-
nais com enfoque prevencionista quanto às questões ambientais.
15. Transparência de Atitude: visa a transparência e o diálogo com a comu-
nidade interna e externa.
16. Atendimento e Divulgação: medir a performance ambiental. Quando
necessário, realizar as auditorias ambientais regulares e averiguar se os
padrões da empresa cumprem os valores estabelecidos na legislação. Pro-
mover informações apropriadas para a alta administração, os acionistas,
os empregados, as autoridades e o público em geral.

Modelos de Sustentabilidade Empresarial


54 UNIDADE II

Além disso, de acordo com Barbieri (2016), as organizações podem abordar,


de diferentes maneiras, como lidarem com os problemas ambientais que estão
relacionados a suas atividades. Existem três formas de estratégia empresarial:
controle da poluição, prevenção da poluição e incorporação dessas questões nas
estratégias empresariais. Podemos observar suas características no Quadro 1.
Quadro 1 - Abordagens da gestão ambiental empresarial

PREVENÇÃO DA
CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA POLUIÇÃO ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO

Preocupação Cumprimento da legisla- Uso eficiente dos Competitividade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
básica ção e respostas às pres- insumos.
sões da comunidade.
Postura típica Reativa. Reativa e proa- Reativa e proativa.
tiva.
Ações típicas • Corretivas. • Corretivas e pre- • Corretivas, preventi-
• Uso de tecnologias ventivas. vas e antecipatórias.
de remediação e de • Conservação e • Antecipação de
controle no final do substituição de problemas e captura
processo (end-of- pipe). insumos. de oportunidades
• Aplicação de normas • Uso de tecnolo- em médio e longo
de saúde e segurança gias limpas. prazos.
do trabalho.
Percepção dos Custo adicional. • Redução do Vantagens competi-
empresários e custo. tivas.
administradores • Aumento de
produtividade.
Envolvimento da Esporádico. Periódico. Permanente e siste-
alta administração mático.
Áreas envolvidas Ações ambientais Crescente Atividades ambientais
confinadas nas áreas envolvimento disseminadas pela
geradoras de poluição. de outras áreas organização.
como produ- Ampliação das ações
ção, compras, ambientais para a ca-
desenvolvimento deia de suprimento.
de produto e
marketing.
Fonte: Barbieri (2016, p. 86).

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


55

Assim, as organizações devem estar cientes que seus produtos não são sua res-
ponsabilidade somente após saírem da empresa, mas o são no processo do
berço-ao-berço, ou seja, desde o planejamento, o uso, o descarte e o retorno ao
processo produtivo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

EMPRESAS E SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

Sabemos que o conceito apresentado pelo tripé da sustentabilidade tem três ver-
tentes básicas: econômica, ambiental e social.
A dimensão econômica atinge as organizações de todos os setores, já que
todas elas precisam ser rentáveis para suas atividades serem viáveis e, consequen-
temente, sustentáveis. Assim, é indiscutível que uma organização de qualquer
porte ou setor da economia necessite ser economicamente sustentável para atin-
gir a sua permanência no mercado.
É necessário que as organizações pensem e repensem suas formas de produ-
zir bens e oferecer serviços, prezando pelos recursos da terra ao invés de focar
somente na lucratividade empresarial em um curto espaço de tempo.
Para Mendes (2009), a sustentabilidade econômica vai além de acumular
riquezas, contempla a geração do trabalho de forma digna, que possibilita uma
distribuição de renda, promove o desenvolvimento das potencialidades locais e
a diversificação de setores.
A sustentabilidade econômica só é alcançada por organizações que trazem
uma melhor alocação e gerenciamento dos recursos, com um fluxo regular
de investimentos conjuntos dos setores público, privado e social, sendo que
os três devem ter em mente que a economia eficiente é aquela na qual o de-
senvolvimento de todos segue no mesmo ritmo, diminuindo as diferenças
econômicas e de acesso a bens e serviços (MENDES, 2009, p. 21).

Empresas e Sustentabilidade Econômica


56 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa forma, a sustentabilidade econômica está relacionada com a eficiente dis-
tribuição de recursos naturais dentro de uma escala apropriada, na qual podemos
fazer uma observação como se o mundo fosse analisado em termos de estoques
e fluxos de capitais, não apenas monetários, mas também em aspectos sociais e
ambientais. Rutherford (1997) nos lembra que muitos economistas associam a
sustentabilidade com a carteira de investimentos, em que se busca maximizar o
retorno mantendo o capital constante. Essa associação vale para a sustentabilidade
econômica: como aumentar as vendas mantendo constante a retirada de matéria-
-prima da natureza?

Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, finan-


ceiras e administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um
país ou empresa, preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção
dos recursos naturais para as futuras gerações.
Fonte: Sebrae (2017).

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


57

É importante salientar que


[...] algumas linhas teóricas divergem sobre como manter a quantidade
de capital na Terra, já que alguns teóricos e economistas têm em mente
que a variação de certas quantidades de recursos naturais podem ser
compensadas pela variação de outros recursos, apenas garantindo que
o estoque total se mantenha (CONSULIN, 2013, p. 34).

De qualquer maneira, economicamente, a organização precisa saber maximizar


o uso dos recursos naturais que estão disponíveis, de maneira sustentável, além
de respeitar a comunidade ao seu redor. De fato, é pensar constantemente na
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

forma de maximizar seus lucros sem colocar seus ativos em risco.


Para Foladori (2002), a análise da sustentabilidade econômica é mais compli-
cada do que a sustentabilidade ambiental, já que, para o capitalismo, o crescimento
econômico não é limitado, pois a economia está ligada aos recursos naturais do
planeta, os quais são recursos finitos.

ECONOMIAS DA SUSTENTABILIDADE (NEOCLÁSSICA - FRACA E


ECOLÓGICA - FORTE)

Para Romeiro (2003, p 17):


[...] uma economia da sustentabilidade é um problema de alocação inter-
temporal de recursos entre consumo e investimento por agentes econô-
micos racionais, cujas motivações são maximizadoras de utilidade.

O autor afirma ainda que o desenvolvimento sustentável só será alcançado com


perspectivas teóricas que incluam meio ambiente, cultura, ética e sociedade jun-
tos com a perspectiva econômica, além de que esse processo deve ser baseado
em ações coletivas, e não individuais (CONSULIN, 2013).
Segundo Romeiro (2003), uma economia de sustentabilidade trata-se de um
problema de alocação dos recursos que são investidos e o consumo. O autor ainda
afirma que o desenvolvimento sustentável só será alcançado mediante perspecti-
vas que passam a incluir questões como: meio ambiente, ética, cultura, sociedade
e que esses temas abordem ações coletivas.

Empresas e Sustentabilidade Econômica


58 UNIDADE II

Diante disso, surgem duas frentes teóricas que visam a explicar essa distribuição
intertemporal de recursos finitos: a economia convencional (neoclássica) denominada
também de sustentabilidade fraca, e a economia ecológica, ou sustentabilidade forte.
Segundo Veiga (2010), a economia convencional olha para a economia como
um todo, um sistema fechado, considerando o meio ambiente como parte ou
setor da macroeconomia, por exemplo, vê o meio ambiente como um setor turís-
tico, mineral, agropecuário e outros.
Nessa corrente, os recursos naturais não são limites à expansão da econo-
mia. Para Romeiro (2003), o fato de o sistema econômico ser muito grande faz

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
com que os recursos naturais sejam apenas restrições relativas, que conseguem
ser superados pelo avanço científico e tecnológico.
Esse avanço seria capaz de fazer outros recursos utilizáveis possuírem
a mesma finalidade que os recursos em extinção tinham, por enxer-
garem que os recursos naturais fossem substituíveis, ficou conhecida
como sustentabilidade fraca. A Economia Ecológica pensa diferente
sobre a não restrição econômica dos recursos naturais (CONSULIN,
2013, p. 47).

Para essa linha de pensamento, a macroeconomia é vista dentro de um sistema


maior, no entanto, finito, que tem entradas e saídas, que deve haver trocas com
outros sistemas, como é o caso do meio ambiente, que recebe matéria-prima e
devolve resíduos descartados após o uso do produto ou ao término de um pro-
cesso produtivo. Essa visão foi concebida como sustentabilidade forte, que viu a
relação entre o capital construído e o capital natural (VEIGA, 2010).
Para os adeptos da sustentabilidade forte, a possibilidade de as gerações futu-
ras exercerem suas atividades está relacionada com as atividades econômicas das
gerações atuais, pois os processos produtivos utilizam recursos naturais energéti-
cos e finitos e causam efeitos prejudiciais ao meio ambiente por meio da poluição.
Outra diferença entre a economia neoclássica e a economia ecológica é que,
na primeira, o crescimento econômico é medido exclusivamente pelo PIB. Em
contrapartida, na segunda, questiona-se essa medida, a qual avalia o crescimento
apenas em números monetários. Para entendermos melhor a diferença entre elas,
o Quadro 2 traz esse resumo.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


59

Quadro 2 - Diferença entre economia convencional e economia ecológica

ECONOMIA CONVENCIONAL ECONOMIA ECOLÓGICA

Sustentabili- Fraca. Forte.


dade
Sistema econô- Fechado. Aberto.
mico
• Vistos como setores da • Vistos como restrição para o
economia (exemplo: sistema econômico.
agricultura, mineral, • O fator mais escasso é o fator
ecoturismo, pecuário, limitante para a produção -
outros).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Recursos relação de complementaridade


naturais • Restrições relativas ao entre os recursos naturais e
crescimento, pois po- fatores de produção.
dem ser superadas pelo
avanço tecnológico.
• Não há fator limitante.
• Exclusivamente pelo PIB. • Questiona indicadores pura-
Indicador de mente monetários.
crescimento • Defende o uso de indicadores
ambientais e sociais.
Fonte: adaptado de Romeiro (2003); Veiga (2010).

Economia verde

Para Motta (2011, p. 179), o conceito de economia verde significa que:


[...] o crescimento econômico pode estar baseado em investimentos em
capital natural e, portanto, a estrutura da economia muda na direção
dos setores/tecnologias “verdes” ou “limpos”, que vão substituindo os
setores/tecnologias “sujos” ou “marrons”.

Trata-se de um modelo que não considera os ecossistemas como bens econô-


micos escassos e não utiliza métodos eficazes para administrar determinados
recursos naturais, como a água e o solo.

Empresas e Sustentabilidade Econômica


60 UNIDADE II

A economia verde produz baixas emissões de carbono, utiliza os recursos de


forma eficiente e socialmente inclusiva. A implantação de um modelo de econo-
mia verde tem como objetivo final melhorar a condição de vida dos mais pobres,
reduzir a desigualdade social e evitar a destruição dos recursos naturais. Segundo
Dias (2017), a proposta de economia verde não se contrapõe ao modelo atual,
na realidade, ultrapassa-o, incorporando variáveis sociais e ambientais. Dessa
maneira, podemos afirmar que a “economia verde” é uma evolução da “econo-
mia marrom” a patamares sustentáveis de produção e consumo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SUSTENTABILIDADE COMO FATOR COMPETITIVO

Podemos pensar que esse é um dos principais temas em palestras relacionadas


a empresas: como que uma empresa tem vantagem competitiva? Para liderar o
mercado? Muitos empreendedores têm encontrado na sustentabilidade a res-
posta a essas perguntas. Para Landrum e Edwards (2009, p. 4), [...] negócios que
praticam a sustentabilidade melhoram suas imagens e reputação, reduzem custos e aju-
dam a dinamizar a economia local.
Quando olhamos para o mercado empresarial de médio e grande porte, pode-
mos notar que a maioria das organizações já apresentam programas sustentáveis.
Certo que alguns são apenas por imposições legais, a grande parte tem apostado
na sustentabilidade como fator competitivo e de diferenciação no mercado para
consolidar sua marca e ampliar seus clientes.
São vantagens da sustentabilidade econômica, como fator competitivo
(SEBRAE, 2017):
■ Maior economia financeira em médio e longo prazos.
■ Aumento dos lucros e a diminuição dos riscos por meio do combate à
poluição e da melhoria da eficiência ambiental.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


61

■ Melhoria da imagem perante a sociedade, principalmente aos consumidores.


■ Obtenção de ganhos indiretos, pois terão um ambiente preservado, com
maior desenvolvimento econômico, além da garantia de qualidade de
vida melhor para as gerações vindouras.
■ Vantagem competitiva no mercado quando comparadas a suas concorrentes.
■ Conquista de novos mercados.
É importante salientar que ainda há estudiosos que consideram micro e peque-
nas empresas com mais vantagens para adotar mudanças que representarão
diferenciais competitivos, pois:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

[...] elas têm uma enorme capacidade de adaptação às necessidades do


mercado, já que podem tomar decisões mais rápidas do que grandes
empresas, reagindo de imediato às mudanças e às exigências do merca-
do (SEBRAE, 2017, p. 9).

Também não podemos nos esquecer que há grande pressão para que as empre-
sas pequenas se adaptem a essa visão originária de clientes com maior força de
mercado, isto é, as grandes indústrias. Ao integrar a cadeia de suprimento dessas
organizações, as micro e pequenas empresas não têm outra opção a não ser se ade-
quarem a essas exigências do mercado, com o intuito de se tornarem competitivas.

INVESTIMENTOS E CUSTOS EM EMPRESAS SUSTENTÁVEIS

Quando uma empresa planeja seus investimentos, precisa prever os custos com
treinamentos, ações, programas, equipamentos, dentre outros que permitirão a
integralização da sustentabilidade no dia a dia da organização.
Muitos fatores têm pressionado o mundo empresarial a tomar essa atitude:
a pressão dos consumidores, a necessidade da utilização de recursos de maneira
eficiente e a redução de custos, a busca de aumento das receitas pela criação de
novos produtos, dentre outros (SEBRAE, 2017).

Empresas e Sustentabilidade Econômica


62 UNIDADE II

O Forest Stewardship Council (FSC), ONG que promove o manejo florestal


responsável ao redor do mundo, fez uma pesquisa com mais de 9 mil pes-
soas, em onze países, incluindo o Brasil, sobre hábitos de consumo verdes.
De acordo com o levantamento, a maioria dos consumidores está disposta a
pagar mais por produtos verdes (59% no mundo, 61% no Brasil) e são menos
propensos a trocar de marca quando o produto é verde (53% no mundo, 60%
no Brasil). Além disso, a maioria acredita que suas compras podem fazer a di-
ferença (76% no mundo, 83% no Brasil) e muitos pretendem aumentar seus

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gastos com produtos verdes no próximo ano (60% no mundo, 69% no Brasil).
Para se orientar na hora da compra, cerca de 50% dos entrevistados afirmam
que confiam plenamente em selos de certificações, como o próprio FSC, e
rótulos de embalagens, enquanto apenas 20% acreditam nas propagandas
das empresas e 34% acreditam no que está escrito nos relatórios de susten-
tabilidade das empresas. Já 44% dão crédito a prêmios e ao reconhecimento
de terceiros, 43% confiam na opinião de amigos, familiares e colegas de tra-
balho e 34% acham válido ler resenhas, blogs e comentários.
Fonte: adpatdo de Abep (2015, on-line).

Além da conquista de novos clientes, as organizações que demonstram a sua


sustentabilidade social, ambiental e, principalmente, econômica, também têm a
maior facilidade na captação de recursos. Isso acontece porque a percepção dos
riscos, principalmente por parte dos investidores, é bem menor.
Os investidores já têm reconhecido que empresas que têm práticas sus-
tentáveis são mais lucrativas e duradouras ao longo do tempo, e que em-
presas que estão verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade
demonstram maior capacidade de enfrentar crises (MENDES, 2009, p. 21).

É importante que as empresas estejam cientes de que não é simplesmente


destinar recursos para boas práticas sociais e ambientais. Faz-se necessário
comprovar essas práticas de maneira palpável, séria e confiável. Assim, entre
os possíveis indicadores que podem ser utilizados, além de auxiliar a empresa
a elaborar o seu balanço social (documento de sistematização e comprovação

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


63

das ações realizadas), estão o Instituto Ethos, o Global Reporting Initiative


(GRI) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bovespa, que vere-
mos com detalhes mais para frente.
Diante de um cenário econômico em que há crises, incertezas e enorme con-
corrência, é importante que as empresas tenham um planejamento financeiro,
uma ferramenta fundamental para os gestores e também fundamental para a
sobrevivência da organização.
Dessa forma, é preciso que as decisões referentes às práticas sustentáveis por
parte das organizações estejam previstas como custos que devem ser conside-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rados. Assim, o Sebrae (2017) elenca alguns investimentos e custos que devem
ser planejados pelas organizações, a saber:
■ Compra de novos equipamentos.
■ Aquisição de novas matérias-primas.
■ Realização de estudos de viabilidade.
■ Contratação de colaboradores e/ou consultoria.
■ Realização de projetos sociais.
■ Elaboração de materiais de comunicação e campanhas.

Ao levantar esses custos, o gestor, antes de qualquer decisão a ser tomada, pre-
cisa ter informações precisas e confiáveis.

O equilíbrio financeiro não depende de quanto ganhamos, mas de como


gastamos o que ganhamos.
(Sebrae)

Empresas e Sustentabilidade Econômica


64 UNIDADE II

A seguir, veremos alguns programas que podem ser adotados pelas organizações.

Ecoeficiência

Nas últimas décadas, tem se comentado muito sobre ecoeficiência e


existe um incentivo para as organizações implementarem-na em seus
processos produtivos, por meio do gerenciamento sustentável desses
processos. O termo ecoeficiência foi introduzido por meio da publi-
cação do livro Changing Course, em 1992 (World Business Council for
Sustainable Development - WBCSD), sendo endossado pela Conferên-
cia Rio-92. Esse conceito foi definido por gestores ligados ao mundo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos negócios e se disseminou rapidamente no mundo, principalmente
junto a executivos (BARBIERI, 2016, p. 97).

A ecoeficiência busca o uso mais eficiente de matérias-primas e energia com o


intuito de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais, minimizando,
ainda, os riscos de acidente e melhorando a relação da organização com as par-
tes interessadas (SEBRAE, 2017).
A ecoeficiência tem como objetivo a utilização de matéria-prima e energia
de forma consciente e, ao mesmo tempo, a redução dos impactos ambientais
(SEBRAE, 2017).
Assim, desta forma, para Barbieri (2016), uma empresa torna-se ecoeficiente
quando ela tem as seguintes ações:
■ Minimização do consumo de materiais com bens e serviços.
■ Redução do consumo de energia com bens e serviços.
■ Diminuição da dispersão de substâncias tóxicas.
■ Intensificação da reciclagem de materiais.
■ Maximização do uso sustentável dos recursos naturais.
■ Prolongação da durabilidade dos produtos.
■ Agregação de valor aos bens e serviços.

A ecoeficiência está relacionada a três importantes objetivos (DIAS, 2017, p. 52):


1. redução do consumo de recursos;
2. redução no impacto na natureza;
3. maior aumento da produtividade e/ou do valor do produto.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


65

4. Os indicadores de ecoeficiência estão sendo introduzidos aos pou-


cos pelas organizações, na medida em que as grandes empresas
estão se sensibilizando a respeito de um comportamento ecoefi-
ciente reduzir impactos ambientais e aumentar a rentabilidade de
suas empresas.

A ecoeficiência pode ser medida por meio de indicadores. Dessa forma, os prin-
cípios do WBCSD apresentam alguns indicadores no Quadro 3.
Quadro 3 - Princípios do WBCSD para a definição e a utilização de indicadores de ecoeficiência

1. Serem relevantes e significativos na proteção do meio ambiente e da saúde


humana e/ou na melhoria da qualidade de vida.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2. Fornecerem informação aos tomadores de decisão, com o objetivo de melho-


rar o desempenho da organização.
3. Reconhecerem a diversidade inerente a cada negócio.
4. Apoiarem o benchmarking e monitorar a evolução do desempenho.
5. Serem claramente definidos, mensuráveis, transparentes e verificáveis.
6. Serem compreensíveis e significativos para as várias partes interessadas.
7. Basearem-se em uma avaliação geral da atividade da empresa, dos produtos
e dos serviços, concentrando-se, principalmente, nas áreas controladas direta-
mente pela gestão.
8. Levarem em consideração questões relevantes e significativas, relacionadas
com as atividades da empresa, a montante (ex.: fornecedores) e a jusante (ex.:
utilização do produto).
Fonte: adaptado de WBCSD (1999).

É importante a organização ter em mente que, quando ela busca a ecoeficiência,


ela também está mais protegida contra a ocorrência de possíveis riscos ambien-
tais, como a falta de água.

Produção mais limpa (P + L)

Para Dias (2017), a P + L trata-se de uma ação contínua em uma estratégia


ambiental, econômica e tecnológica, que é incorporada aos processos e produ-
tos com o objetivo de melhorar a eficiência na utilização das matérias-primas,
da água, dos recursos, dentre outros. Isso ocorre por meio da ordem: não gera-
ção, caso seja preciso gerar, tem-se a minimização ou a reciclagem.

Empresas e Sustentabilidade Econômica


66 UNIDADE II

Na P + L, a prioridade está à esquerda do fluxograma (Figura 4), referente à


busca por evitar a geração de resíduos e emissões (nível 1). Os resíduos que não
podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de
produção (nível 2). Na impossibilidade, medidas de reciclagem fora da empresa
podem ser utilizadas (nível 3).

P+L

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Minimização Reuso de
de resíduos e resíduos e
emissões emissões

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Redução na Reciclagem Reciclagem Ciclos


fonte interna externa biogênicos

Modificação Modificação Estruturas Materiais


no produto no processo

Substituição Mudanças de
Housekeeping
de materiais tecnologia

Figura 4 - Produção Mais Limpa - Níveis de intervenção


Fonte: adaptado de Barbieri (2016, p. 101).

De acordo com Barbieri (2016), as mudanças dentro de processos produtivos


têm por intuito minimizar as perdas nos processos produtivos por meio de:

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


67

■ Housekeeping (boas práticas operacionais): trata-se de processos que


visam o planejamento, a gestão de estoques, a limpeza, a organização,
dentre outros.
■ Substituição de materiais: visa a selecionar materiais com o intuito de
reduzir ou eliminar materiais, por exemplo, substituir um produto que
tenha compostos químicos por compostos à base de água.
■ Mudanças na tecnologia: buscam as inovações nos processos produtivo
para reduzirem emissões e perdas, podendo ser inovações incrementais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Projeto para o Meio Ambiente

Consiste em um modelo de gestão focado na fase de concepção dos pro-


dutos e em seus respectivos processos de produção, distribuição e utiliza-
ção, também denominado ecodesign, que busca integrar um conjunto de
atividades e disciplinas que, historicamente, sempre foi tratado separada-
mente, tanto em termos operacionais quanto estratégicos, como saúde e
segurança dos trabalhadores e consumidores, conservação de recursos,
prevenção de acidentes e gestão de resíduos (DIAS, 2017, p. 50).

Trata-se de uma forma de gestão com foco na concepção de produtos, cha-


mada também de ecodesign, que busca conservar recursos, prevenir acidentes
e gerenciar resíduos.
Barbieri (2016) explica que o ecodesign está baseado nas inovações dos pro-
cessos produtivos, diminuindo a poluição em todo o ciclo de vida do produto.

Licitações Sustentáveis

Discutimos anteriormente que já existem consumidores, a exemplo do próprio


governo, que obrigam seus fornecedores a adotarem estratégias dessa natureza.
São chamadas “licitações sustentáveis” que exigem que as empresas participantes
tenham programas como: reuso de água, energia solar, políticas para diminuir o
consumo energético, utilização de materiais biodegradáveis, comprovação legal
da origem de madeira utilizada, entre outros (AGÊNCIA NACIONAL DAS
ÁGUAS, [2019], on-line).

Empresas e Sustentabilidade Econômica


68 UNIDADE II

As denominadas “licitações sustentáveis” são aquelas que levam em consideração


a sustentabilidade ambiental dos produtos e processos a ela relativos. Um passo
significativo em direção a essa proposta foi dado com a Lei n. 10.520, de 17 de julho
de 2002, que instituiu a modalidade de licitação denominada pregão e previu a
possibilidade de realizá-lo por meios eletrônicos.
Apesar do mecanismo de pregão eletrônico, a Lei n. 8.666/1993, embora leve em con-
sideração o impacto ambiental do projeto básico de obras e serviços, não se refere
ao fator ambiental com relação a compras. Assim, é possível que as exigências de
produtos que contemplem o conceito de sustentabilidade ambiental estejam na dis-
criminação do produto a ser adquirido, porém, a lei não é regulamentada e, portanto,
obrigatória, o que seria um importante passo em direção às licitações sustentáveis.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Licitações que levem à aquisição de produtos e serviços sustentáveis represen-
tam melhor relação custo/benefício em médio ou longo prazo quando compara-
das às que se valem do critério de menor preço.
Fonte: adaptado de Agência Nacional das Águas ([2019], on-line).

As compras e licitações sustentáveis têm um papel estratégico para os órgãos


públicos, quando feitas de maneira adequada, propiciam a sustentabilidade em
atividades públicas. Assim, é importante que compradores públicos saibam deli-
mitar adequadamente as necessidades da sua instituição, além de conhecer a
legislação aplicável e as características dos bens e serviços que poderão ser com-
prados (MMA, [2019], on-line).
Quando há a decisão de fazer uma compra sustentável, não significa, neces-
sariamente, mais gastos de recursos financeiros, pois nem sempre uma proposta
de menor valor é lucrativa, uma compra sustentável traz alguns fatores, a saber
(MMA, [2019], on-line):
a) Custos ao longo de todo o ciclo de vida: é fundamental levar em con-
sideração os custos de um serviço e/ou produto ao longo de sua vida
útil, tais como: custos com a compra, manutenção e destinação final.
b) Eficiência: quando há compras e licitações sustentáveis, é permitido
satisfazer as necessidades da administração pública referente à utiliza-
ção mais eficiente dos recursos e com menor impacto socioambiental.
c) Compras compartilhadas: ocorre através de centrais de compras,
com isso, há otimização dos recursos públicos.
d) Redução de impactos ambientais e problemas de saúde: leva em
consideração, também, a qualidade dos produtos que são adquiridos.
e) Desenvolvimento e inovação: há o estímulo destes mercados.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


69

Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre a


Sustentabilidade no Setor Público.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CUSTO AMBIENTAL

Vimos que, por muito tempo, a economia era


pensada como se não tivesse dependência
dos recursos naturais; hoje, já se tem a visão
de que não podemos falar de economia sem
considerar a questão da sustentabilidade.
Para toda e qualquer ação organizacio-
nal, são necessários recursos ambientais, tais
como matéria-prima, água e energia. Dessa
forma, os limites da capacidade de produção
do homem são definidos por limites impos-
tos pelos ecossistemas.
É claro que é mais fácil pensar no valor de recursos ambientais, como
madeira, espécies medicinais, etc., quando esses itens já sofreram alguma
forma de operação comercial (já foram retirados das florestas, no caso da
madeira, ou transformados em medicamentos e vendidos, por exemplo).
Quando um bem ou ativo ambiental está intacto, ainda como um recurso
natural propriamente dito, é muito mais difícil valorá-los pelos métodos
convencionais (SEBRAE, 2017, p. 42).

Diante disso, há muitos estudos e pesquisas com o objetivo de encontrar novas


formas de valoração dos custos ambientais. Faz-se essencial aumentar a visão
dos custos ambientais, os quais a empresa poderá contabilizar questões como:

Empresas e Sustentabilidade Econômica


70 UNIDADE II

■ Exaustão de recursos ambientais.


■ Aquisição de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes.
■ Tratamento de resíduos gerados pela fabricação de produtos ou presta-
ção de serviços.
■ Tratamento e recuperação de áreas contaminadas ou desflorestadas.
■ Mão-de-obra utilizada para ações de controle ou recuperação de danos
ambientais (SEBRAE, 2017, p. 31).

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FINANCIAMENTOS E INCENTIVOS

Vimos que são muitas as aquisições que uma organização faz para se tornar sus-
tentável, e você já deve estar se perguntando: de onde tirar recursos financeiros
para tais investimentos?
Como já falamos anteriormente, muitas práticas sustentáveis podem gerar
alguma renda para a empresa, podem se pagar com o tempo, outras exigem inves-
timentos e o retorno vem em médio e longo prazo.
Caso os investimentos sejam grandes, entretanto, é importante saber que existe
uma ampla linha de incentivos do governo e dos bancos privados para que os ges-
tores possam investir na sustentabilidade do seu negócio, as quais são denominadas
de linhas de crédito para ações sustentáveis (SEBRAE, 2017) – entre os incentivos,
estão as condições de créditos mais favoráveis, juros mais baixos e carências maiores.
Esse tipo de financiamento pode ser procurado por aqueles que desejam montar um
novo negócio, para inovações em produtos que respeitem os aspectos sustentáveis.
Como exemplos de linhas de financiamento, temos o Programa Inova
Sustentabilidade, iniciativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que tem como objetivo apoiar Planos
de Negócio com foco em inovações que induzam a sustentabilidade no desenvol-
vimento brasileiro (FINEP, [2019], on-line). O Quadro 4 nos apresenta as linhas
de crédito do Programa Inova Sustentabilidade.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


71

Quadro 4 - Linhas temáticas do crédito do Programa Inova Sustentabilidade

• Eficiência energética no setor industrial.


• Produção sustentável mais eficiente de carvão vegetal.
• Prevenção e controle de emissões atmosféricas.
• Tratamento e redução no uso de substâncias tóxicas ou
Produção Sustentável perigosas.
• Coleta, tratamento, redução e reutilização de efluentes
líquidos industriais.
• Redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos
industriais e recuperação de áreas degradadas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• Soluções territoriais integradas para restauração de bio-


mas com espécies nativas e uso de sistemas de informa-
ções georreferenciadas.
Recuperação de biomas
brasileiros e fomento às • Madeira tropical:
atividades produtivas i. aumento da produtividade em unidades de manejo
sustentáveis de base florestal e serrarias;
florestal ii. mecanismos de rastreabilidade da madeira;
iii. novas espécies madeireiras para fins comerciais;
iv. agregação de valor aos produtos madeireiros.
• Tratamento, recuperação, reciclagem, aproveitamento
energético e disposição de resíduos sólidos urbanos.
• Água:
i. sistemas de abastecimento de água com foco em con-
trole de perdas e otimização das redes;
ii. tratamento de água em regiões de escassez hídrica,
Saneamento ambiental incluindo dessalinização e tratamento de água salobra;
iii. drenagem urbana;
• Tratamento e valorização dos subprodutos gerados no
tratamento de esgotos sanitários.
• Coleta, transporte, triagem, descontaminação e trata-
mento de materiais em sistemas de logística reversa.
• Remediação de solos contaminados.
• Sistemas de sensores ambientais aplicáveis a monitora-
Monitoramento am- mento e prevenção de desastres naturais, especialmente
biental e prevenção de para pluviometria e geotécnica.
desastres naturais • Sistemas para monitoramento de áreas de risco a partir
de sensores aerotransportados ou satelitários.
Fonte: Finep ([2019], on-line).

Empresas e Sustentabilidade Econômica


72 UNIDADE II

Além deste programa, a Caixa Econômica Federal está disponibilizando uma linha de
Crédito Verde Empresarial, que tem as taxas abaixo do que as que são cobradas pelo
mercado, para organizações que atuam em atividades sustentáveis (BRASIL, 2012).

Conheça outras linhas de financiamentos sustentáveis:


Linha Economia Verde, da Desenvolve São Paulo: é voltada para projetos sus-
tentáveis que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa e que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
minimizem o impacto da atividade produtiva no meio ambiente. Entre os exem-
plos de projetos que podem ser financiados por essa linha, estão aqueles que
reduzem o consumo de energia, promovem a troca de combustíveis fósseis por
renováveis ou, ainda, voltados para investimentos em reflorestamento e preserva-
ção dos recursos naturais.
BB Agro Energia, do Banco do Brasil: criada para atender os produtores rurais
que tenham projeto para a produção de energia renovável em atividades do agro-
negócio. Em 2017, foram disponibilizados R$ 2,5 bilhões para essas atividades. A
iniciativa, segundo a instituição, engloba pessoas físicas, empresas e cooperativas
do agronegócio.
Além destas, há a BRDE Energia, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo
Sul, e a CDC Eficiência Energética de Equipamentos, do Banco Santander.
Para saber mais, acesse: <http://atlaconsultoria.com/artigo/linhas-financiamento-
-projetos-sustentaveis/>.
Fonte: Atla Consultoria (2018, on-line).

Além destes financiamentos, podemos enfatizar que existe um número crescente


de subsídios governamentais em âmbito municipal, estadual e federal para orga-
nizações que têm atividades de forma mais sustentável. Como exemplos, temos:
O ICMS Ecológico é um mecanismo tributário que possibilita aos
municípios acesso a parcelas maiores que àquelas que já têm direito,
dos recursos financeiros arrecadados pelos Estados por meio do Im-
posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, em razão
do atendimento de determinados critérios ambientais estabelecidos em
leis estaduais. Não é um novo imposto, mas sim, a introdução de novos
critérios de redistribuição de recursos do ICMS, que reflete o nível da
atividade econômica nos municípios em conjunto com a preservação
do meio ambiente (ICMS ECOLÓGICO, 2018, on-line)2.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


73

Caro(a) aluno(a), no site da ICMS é possível conhecer informações de todos


os estados brasileiros que possuem legislação sobre ICMS Ecológico. Para
saber mais, acesse: <http://www.icmsecologico.org.br/site/>.
Fonte: as autoras.

Vários municípios também estão adotando o IPTU Verde, que visa a incentivar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

empreendimentos imobiliários residenciais, comerciais, mistos ou institucionais a


realizarem e contemplarem ações e práticas de sustentabilidade em suas construções.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Por que as organizações devem se preocupar com a Responsabilidade


Socioambiental? Porque nos ambientes de negócios, a reputação das orga-
nizações tem se tornado um fator preponderante para o reconhecimento
junto à sociedade, as transformações do ambiente apontam para estratégias
preocupadas com os stakeholders, o crescimento, a sustentabilidade e a trans-
parência nos negócios.
Em uma discussão sobre a responsabilidade empresarial, estão configurados
modelos em que se buscam o equilíbrio entre o social e o funcional. Ao pensar
em uma gestão social e ambientalmente responsável, é preciso ter o comprome-
timento, a aprendizagem e as práticas entre colaboradores e áreas organizadas,
caracterizando um desafio aos profissionais das empresas para articular interesses.
A preocupação com práticas ambientalmente sustentáveis, posturas social-
mente corretas e economicamente viáveis está cada vez mais presente nos temas
de gestão. É desta maneira que a responsabilidade socioambiental pode ser per-
cebida como um tema bem debatido na gestão empresarial e muito importante
na estratégia competitiva.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
74 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DA RESPONSABILIDADE SOCIAL À SUSTENTABILIDADE

Está cada vez mais evidente que as iniciativas de negócio proporcionam um


impacto sobre o lucro e o mundo. Dessa maneira, o desempenho social inade-
quado e a falta de políticas bem elaboradas de cunho social e ambiental podem
trazer sérias implicações organizacionais, acarretar prejuízos materiais e morais
com o intuito de aumentar os custos e perder as oportunidades de mercado. Não
tem como ignorar esse novo compromisso das organizações, pois não é apenas
sensibilização ética, mas, principalmente, econômica e mercadológica, a qual
discutimos na nossa Aula 2 desta unidade.
Para Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009), foi desenvolvido, nos últimos
tempos, a perspectiva da organização como um ator social, podendo ser sen-
sibilizada não somente pelas ações realizadas, mas, também, por resultados e
consequências destas.
A gestão empresarial, que predominou por parte do século XX e que res-
ponde unicamente aos interesses de acionistas, tem se revelado insuficiente neste
novo contexto empresarial, pois, cada vez mais, os negócios são considerados
responsáveis não só por suas próprias atividades, mas também pelos fornece-
dores, pela comunidade em que atuam e pelas pessoas que usam seus produtos.
Assim, uma discussão conceitual referente à responsabilidade das orga-
nizações pode ser vista como um contínuo que parte de pouca ou nenhuma
mudança em seu papel e em suas operações, dirigindo-se para configurações

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


75

mais radicais, voltadas para as políticas e as relações organizacionais, envolvendo


grande número de grupos de interesses.
O economista Friedman está de um lado desse contínuo, sustentando que
a posição da missão primordial da empresa é econômica. Para esta corrente, o
modelo de gestão deve focar exclusivamente o shareholder, ou seja, investidores
e proprietários da organização. Enfatiza que a obrigação legal ou o próprio bene-
fício é o único determinante para a responsabilidade social empresarial, baseado
na crença de que uma empresa lucrativa beneficia toda a sociedade ao pagar
impostos e gerar empregos (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Para os adeptos da corrente “postura tradicional”, os argumentos de Friedman


estão baseados nos seguintes termos (TEIXEIRA; SANTOS, 2009):
■ O objetivo das organizações, em um mundo em que a competitividade é
muito acirrada, é a maximização dos lucros.
■ As ações dos executivos das empresas precisam ser sempre voltadas para
o objetivo do lucro, com o intuito de remunerar melhor os acionistas.
■ Quando uma organização investe na área social, para qualquer tipo de
público (interno ou externo, colaboradores ou a sociedade) é uma forma
de reduzir os ganhos dos acionistas.

Existe, ainda, um grupo chamado de “progressiva”, em que algumas premissas


básicas parecem já aceitas de forma mais generalizada pelos integrantes dessa
corrente. Keith Davis (1978) destaca as posições a favor da Responsabilidade
Social (TEIXEIRA; SANTOS, 2009):
1. A responsabilidade social surge do poder social. Como as organizações
utilizam recursos da sociedade, é esperado que a sociedade receba esses
recursos de volta.
2. É necessário compreender as necessidades e os desejos sociais.
3. Os custos sociais devem ser levados em consideração.
4. O usuário deve pagar os custos sociais de suas atividades, por exemplo, a
sociedade não deve pagar pelos custos que são elencados contra a poluição.
5. A organização precisa reconhecer os problemas sociais e buscar formas
de resolvê-los.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
76 UNIDADE II

Para que uma organização realmente possa assumir uma posição definitiva refe-
rente à Responsabilidade Social, é necessário conhecer sua essência no contexto
contemporâneo; principalmente para que não seja confundida com filantropia,
que se trata de atividades eventuais de caridade, e é como a Responsabilidade
Social está configurada na maioria das organizações.
Dessa maneira, a política de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
precisa estar associada, em suas diretrizes, aos custos operacionais, e também
deve envolver todos os colaboradores da organização. Diante disso, a RSE, para
Ashley (2003, p. 56), pode ser definida como:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] compromisso que uma organização deve ter com a sociedade, ex-
presso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo
amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo pró-ati-
vamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na socie-
dade e a sua prestação de contas para com ela.

Assim, a organização deve assumir uma obrigação que vai além do que está esta-
belecido por leis; deve apropriar-se de obrigações de caráter moral com o intuito
de contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Para Kreitlon (2004, p. 3) a RSE trata-se do:
[...] compromisso empresarial de contribuir para o desenvolvimento
econômico sustentável, trabalhando em conjunto com os empregados,
suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar
sua qualidade de vida, de maneira que sejam boas tanto para as empre-
sas como para o desenvolvimento.

Isso significa que as organizações que têm RSE devem adotar uma cultura interna,
esse discurso de preocupação social deve estar refletido dentro da empresa, pois
não adianta uma empresa remunerar salários injustos aos seus funcionários, pagar
propinas a fiscais do governo, estabelecer condições de escravidão aos funcio-
nários, corromper as licitações e, ao mesmo tempo, realizar programas voltados
a entidades sociais da comunidade. Empresas que têm esse tipo de atitude não
são condizentes com a RSE.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


77

Outra definição é dada pelo Instituto Ethos (2011, p. 17), o qual aborda a
RSE como:
[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente
da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvol-
vimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e
culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promo-
vendo a redução das desigualdades sociais.

Essas definições apresentadas sobre a RSE nos mostram que estão relacionadas
com as preocupações da sociedade atual, isto é, com as questões de emprega-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

bilidade e ambientais. A partir disso, podemos afirmar que a RSE vai além de
expectativas econômicas e sociais que beneficiam o ser humano.
Infelizmente, a questão de RSE ainda é confundida com a filantropia. A RSE
está incorporada na estratégia das organizações, enquanto a filantropia é de cará-
ter pontual e com ações de assistencialismo. No Quadro 5, podemos observar
essas diferenças.
Quadro 5 - Diferenças entre Responsabilidade Social e filantropia

Fonte: adaptado de Ashley (2003).

Filantropia Responsabilidade Social


• Ações individuais e coletivas. • Ação coletiva.
• Fomento da caridade. • Fomento da cidadania.
• Base assistencialista. • Base estratégica.
• Restrita a empresários. • Extensiva a todos.
• Decisão individual. • Decisão consensual.

Rothgiesser (2004, p. 3) define filantropia empresarial como:


[...] investimento de uma organização em ações pontuais periódicas,
como campanhas de arrecadação de bens e alimentos, bem como as
doações de ordem material e/ou financeira. Comumente não obede-
cem a um processo sistematizado de atuação social, e sim, reativo, em
momentos de maior demanda da sociedade.
Dessa maneira, podemos observar que a principal diferença entre a RS e a filantro-
pia é que: esta trata-se de ações externas da organização, e a principal beneficiária
é a comunidade, enquanto a RS tem o foco na cadeia de negócios da organização
e abrange sua preocupação com um público que vai além da comunidade, tais
como acionistas, colaboradores, fornecedores, meio ambiente, governo, clientes
e prestadores de serviço.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
78 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), estudamos, nesta unidade, a questão das empresas e o meio


ambiente, em que discutimos, primeiramente, a questão da contaminação
ambiental, apresentamos a relação da industrialização com o meio ambiente
e os acidentes ambientais que trouxeram inúmeras consequências para o meio
ambiente e para a sociedade.
Apresentamos que, atualmente, os que investem em sustentabilidade econô-
mica têm um diferencial competitivo quando comparadas a empresas que não

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
são sustentáveis. Apresentamos que a sustentabilidade econômica está relacio-
nada com uma distribuição eficiente de recursos naturais dentro de uma escala
apropriada, e que é referente às práticas econômicas que visam o desenvolvi-
mento econômico da organização, buscando a preservação ambiental pensando
nas gerações vindouras.
Diferenciamos a economia neoclássica da economia ecológica, apresentando
que as empresas tendem a investir na economia verde, que se trata de investimen-
tos em capital natural, e apresentamos práticas de sustentabilidade econômica,
como vantagens para as organizações como uma maior economia financeira em
médio e longo prazo, aumento de lucros e diminuição de riscos, surgimento de
competitividade de novos mercados, e clientes.
Apresentamos práticas que estão sendo adotadas por empresas, como eco-
eficiência, que visa o uso mais eficiente de matérias-primas e energia, com o
objetivo de diminuir os custos econômicos e impactos ambientais; a produção
mais limpa, que visa a estratégia ambiental, econômica e tecnológica, integrada
aos processos e produtos com o intuito de aumentar a eficiência na utilização
de matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou
reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. Além disso, estuda-
mos os investimentos e custos ambientais.
Finalizamos nossos estudos apresentando as questões de Responsabilidade
Socioambiental incorporada pelas empresas, correntes contra e a favor da RSE,
e abordamos as práticas de filantropia e RSE.

EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE


79

1. Referente ao fornecimento de bens e serviços sustentáveis que são oferecidos


a preços competitivos, que visam a satisfazer as necessidades humanas, pro-
movendo a diminuição dos impactos ambientais e do consumo dos recursos
naturais, estamos tratando do(a):
a) Ecologia industrial.
b) Ecoeficiência.
c) Consumismo.
d) Ecossistema.
e) Meio ambiente.
2. Trata-se da estrutura da economia que tem mudado a direção de setores e/
ou tecnologias “verde” ou “limpos”, resultando na melhoria do bem-estar da
comunidade e a igualdade social, minimizando os riscos ambientais, trata-se
do(a):
a) Economia verde.
b) Economia marrom.
c) Ecossistema.
d) Ecoeficiência.
e) Ecologia.
3. Trata-se da busca de inovações em processos produtivos, que visam a mini-
mizar perdas e emissões, podendo ser inovações, tais como mudanças em
processos produtivos, novas instalações e novos equipamentos, essa prática
é referente a(s):
a) Ecologia.
b) Ecossistemas.
c) Housekeeping.
d) Substituição de materiais.
e) Mudanças na tecnologia.
4. Muitas empresas praticam responsabilidade social, mas, na verdade, estão fa-
zendo uma ação filantrópica, pois muitos gestores acreditam que ambas tra-
tam-se da mesma coisa. Diante disso, diferencie responsabilidade social de
filantropia.
5. A sustentabilidade econômica visa a gestão de recursos naturais e também a
sustentabilidade do negócio. Diante desse contexto, apresente as vantagens
da sustentabilidade econômica para as organizações.
80

A Tragédia dos Bens Comuns


Com apenas seis páginas, o breve ensaio do ecologista Garrett Hardin (1915 – 2003)
teve a façanha de ser uma das mais citadas obras nas ciências e humanidades no século
XX. O cenário descrito parece ser que a exploração de recursos comuns pela ganância
individual segue um caminho sem volta. Porém, há alternativas.
A premissa é simples. Hardin argumenta que quando os recursos, naturais ou do traba-
lho, são compartilhados a tendência lógica seria o abuso por parte dos interesses indi-
viduais. “Tragédia” no título refere-se a um destino inevitável, o “comuns” a propriedade
comunal típica na Idade Média, quando cada vila tinha seu bosque do qual dele os alde-
ões podiam caçar, coletar frutas e lenha, deixar os animais pastarem. O camponês que
coloca uma vaca a mais para pastar tem uma vantagem imediata em relação a outros
aldeões, mas também terá um prejuízo, pois no final, se todos compartilharem dessa
lógica, o pasto comunal vai ser destruído.
Mais um diagnóstico de um dilema e um apelo à reflexão moral que uma proposta de so-
lução técnica, o artigo de Hardin oferece algumas possibilidades de evitar a tragédia dos
comuns. A privatização seria uma delas. Com o princípio de escolha racional dos “vícios
privados, benefícios públicos” o loteamento dos comuns evitaria a superexploração por
cada camponês. Alternativamente, um mecanismo de controle ao externo aos comuns,
como o Estado, seria uma solução. É o que faz a estratégia do poluidor-pagador Quem
usasse mais o bem comum (com mais vaquinhas, por exemplo) faria alguma contrapres-
tação indenizatória. Há, porém, o custo de gerenciar quem usa mais o recurso. Por fim,
a regulamentação da pastagem restringindo o uso dos comuns com certas normas ou
cobrando pedágios para seu acesso. Também são sistemas onerosos e sujeitos a falhas.
Polêmico, o ensaio de Hardin teve repercussão em políticas ecológicas, em estratégias
econômicas, na gestão condominial e até mesmo para dividir a conta do restaurante.
Defensores do individualismo metodológicos e da teoria da escolha racional utilizam o
dilema da tragédia dos comuns para traduzir em políticas privatizantes. E anedotas da
vida real abundam, justificando essa estratégia privada.
O caso da Ilha Hispaniola, dividida entre o Haiti e a República Dominicana, ilustra bem
a tragédia. Os haitianos, embora compartilhando condições materiais semelhantes aos
dominicanos, tiveram instabilidade política nos últimos duzentos anos que impediu o
mínimo de desenvolvimento de suas infraestruturas. Consequentemente, a população
cresceu dependendo de lenha e recursos das florestas que, ou sendo pública, ou sendo
privada (mas sem efetiva proteção jurídica da propriedade), foram destruídas. Do lado
dominicano, as instituições se consolidaram, permitindo a continuidade das florestas e
a exploração racional dos recursos.
Com um exemplo assustador desses, a tragédia dos comuns parece ser inexorável. En-
tretanto, há outras premissas a serem consideradas.
Antropólogos que estudam relações ecológicas e econômicas (Julian Steward, Leslie
White, Marvin Harris e Marshall Sahlins) apontam para a existência de limitações insti-
81

tucionais para a exploração econômica do ambiente. Há ainda o debate entre substan-


tivistas e formalistas em antropologia econômica, além da Nova Economia Institucional
que relembram que há interesses que ultrapassam uma mera escolha racional. O estudo
de Rappaport (1984) entre os tsembaga da Papua Nova-Guiné ilustra isso. Nessa econo-
mia baseada na criação de porcos, o número das varas é limitado por obrigações rituais.
Os esporádicos rituais que implicam na redução dos suínos limitam que um dos tsemba-
gas acumule muitos porcos, pondo em risco os recursos comuns da aldeia.
O trabalho da cientista política Elinor Ostrom (1933 – 2012) (1990) ofereceu uma das mais
compreensivas críticas ao modelo das tragédia dos comuns. O sul da Califórnia vive em um
perigoso equilíbrio entre uma população numerosa, agricultura e pecuária extensivas, clima
desértico e poucos recursos hídricos perenes. Quem assistir ao filme de Polanski Chinatown
(1974) entenderá o conflito californiano. Ostrom investigou como que grupos locais se arti-
cularam para gestão do lençol freático. A congregação de recursos comuns (common-pool
resource, CPR) pelas partes interessadas são eficazes sem necessitar regulação vinda de cima
se atender alguns requisitos. Segundo o modelo de Ostrom haveria oito princípios funda-
mentais a serem observados para solucionar o dilema da tragédia dos comuns:
1. Limites claramente definidos;
2. Equivalência proporcional entre benefícios e custos;
3. Implantação das decisões coletivas;
4. Monitoramento;
5. Sanções gradativas;
6. Resolução rápida e justa de conflitos;
7. Autonomia local;
8. Relações apropriadas com outros níveis de autoridade reguladora (governança
policêntrica).
Esse modelo de gestão resultou no Prêmio Nobel de Economia de 2009 para Elinor Ostrom.
No sistema agroflorestal que estudei no Paraná, o sistema faxinal, representa uma solução
prática ao dilema da tragédia dos comuns. Nesse sistema camponês, a propriedade priva-
da (o sítio) coexiste com recursos comuns (o faxinal, o mutirão). Uma extensa rede de co-
laboração entre as diversas famílias garante a maximização dos ganhos coletivo do grupo
face a desafios internos e pressões externas (monocultura de floresta plantada, madeirei-
ra, privatização da terra, falta de investimento). Apesar de modificado e constante risco, o
sistema provou-se ser eficiente para manter as famílias ligadas à terra com certo conforto.
Como visto, o problema da superexploração individualista de recursos comuns obser-
vado por Garrett Hardin é um aviso. Os bens comuns deixados à exploração desregula-
mentada (talvez, deixados à mão invisível do mercado) tendem a sua destruição. Como
remédio, há alternativas desde pedágios, regulamentações ou privatizações até o inves-
timento na autogestão por parte dos grupos interessados – proposta de Ostrom.
Fonte: Ensaios e Notas (2016, on-line).
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Sal da Terra (2014)


Sinopse: o filme conta um pouco da longa trajetória do renomado
fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e apresenta seu ambicioso
projeto “Gênesis”, expedição que tem como objetivo registrar, a partir de
imagens, civilizações e regiões do planeta até então inexploradas.
83
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de econômica: como sua empresa pode ser mais lucrativa com a sustentabilidade.
Cuiabá: Sebrae, 2017.
TEIXEIRA, R. F.; SANTOS, L. M. L. Responsabilidade Social Empresarial: Percepção do
Consumidor Londrinense. Unopar Cient., Ciênc. Juríd. Empres., Londrina, v. 10, n.
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VEIGA, J. E. Indicadores de sustentabilidade. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, p. 39-
52, 2010.
WBCSD. World Business Council for Sustainable Development. Innovation, Experi-
mentation, Adaptation – Annual Review. Genève: WBCSD, 1999.
85
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/01/25/interna_ge-
rais,1024587/tragedia-em-brumadinho-provoca-morte-de-peixes-no-paraopeba.
shtml>. Acesso em: 07 maio 2019.
2
Em: <http://www.icmsecologico.org.br/site/>. Acesso em: 07 maio 2019.
GABARITO

1. B.
2. A.
3. E.
4. A principal diferença entre a RS e a filantropia é que: filantropia trata-se de ações
externas da organização, e a principal beneficiária é a comunidade, enquanto a
RS tem o foco na cadeia de negócios da organização e abrange sua preocupação
com um público que vai além da comunidade, tais como acionistas, colabora-
dores, fornecedores, meio ambiente, governo, clientes e prestadores de serviço.
5.
• Maior economia financeira em médio e longo prazo.
• Aumento dos lucros e a diminuição dos riscos por meio do combate à poluição
e melhoria da eficiência ambiental.
• Melhoria da imagem perante a sociedade, principalmente aos consumidores.
• Obtenção de ganhos indiretos, pois terão um ambiente preservado, com
maior desenvolvimento econômico, além da garantia de uma qualidade de
vida melhor para as gerações vindouras.
• Vantagem competitiva no mercado quando comparadas a suas concorrentes.
• Conquista de novos mercados.
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Professora Me. Natália Christina da Silva Matos

III
MARKETING VERDE,

UNIDADE
SUSTENTABILIDADE E
CERTIFICAÇÃO

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender a definição e a aplicação do marketing verde.
■ Entender as normas e as certificações voltadas à responsabilidade
social.
■ Entender a norma brasileira de responsabilidade social.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Marketing verde
■ Normas e certificações voltadas à responsabilidade social
■ NBR 16001: a norma brasileira de gestão da responsabilidade social
89

INTRODUÇÃO

Nesta unidade, você conhecerá a trajetória da história do desenvolvimento sus-


tentável, o marketing verde e o que solidifica sua existência e manutenção. Como
você já teve a oportunidade de estudar nas unidades passadas, o desenvolvi-
mento sustentável significa obter crescimento econômico necessário, garantindo
a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e
as gerações futuras.
O marketing verde, também conhecido como marketing ambiental, é ado-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tado pelas empresas como uma dessas estratégias que estão relacionadas ao
vínculo da marca, do produto ou do serviço oferecido com uma imagem ecolo-
gicamente correta e consciente.
Para que essas novas estratégias sejam usadas de acordo com a ética e a
boa conduta, algumas normas devem ser seguidas. Estas são criadas por orga-
nizações nacionais e internacionais, como ABNT NBR, representante da ISO
no Brasil. Dessa maneira, estudaremos duas normas, em especial a ISO 26000,
norma internacional de responsabilidade social, voluntária, não certificável, e
serve de base para as organizações que desejam implementar um sistema de ges-
tão de responsabilidade social. Também veremos a NBR 16001, norma brasileira
de responsabilidade social, que pode ser certificada e utilizada por qualquer tipo
de empresa, independentemente do ramo ou porte.
Veremos o ciclo PDCA, uma ferramenta eficaz para a implementação de sis-
temas de gestão, que nos permite visualizar sua melhoria contínua.
Vamos juntos! Bons estudos.

Introdução
90 UNIDADE III

MARKETING VERDE

Para entender o que, de fato, significa marketing, apresentamos a definição de


acordo com Sandhusen (2007, p. 5, grifos do autor), em seu livro Marketing
Básico, em que caracteriza funções básicas do marketing:
[...] sendo as funções troca (compra e venda), funções de distribuição
física (transporte e armazenagem) e funções de facilitação (sortimen-
to, financiamento, riscos e desenvolvimento de informações de marke-
ting). O marketing demonstra gran-
de influência em relação às pessoas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e também às empresas.

O marketing surgiu no início da década de 20,


com o intuito de procurar recursos para resolu-
ção dos problemas com venda e distribuição de
produtos. No decorrer dos anos, tornou-se uma
perspectiva mais humana por meio do surgi-
mento de outras filosofias, tais como: ética nos
negócios, foco em recursos humanos e marke-
ting social (PEATTIE; CHARTER, 2005).
Em consequência às mudanças ambientais, já
no final do século XX, surge o marketing societal,
por meio dele, as empresas recebem a orienta-
ção de que devem, além de entregar valor aos
clientes, buscar satisfazer às suas expectativas,
preocupando-se com a ética e o meio ambiente
(KOTLER,1995).
O pensamento meramente eco-
nômico predominante nas orga-
nizações voltou-se para as ques-
tões sociais e ambientais, segundo
Layrargues (2000, p. 20), desde o
ambientalismo, que foi um movi-
mento histórico originado a partir
do reconhecimento dos assustado-
res efeitos negativos causados na
biosfera, em que é criticado o mo-
delo civilizatório e dos paradigmas
da sociedade de consumo (LOPES;
PACAGNAN, 2014, p.117).

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


91

A sociedade do consumo é a denominação designada para definir o atu-


al estágio da sociedade contemporânea, o qual se encontra caracterizada
pelo consumo massivo de bens e serviços, dentro de um sistema industrial
capitalista altamente desenvolvido. Um aspecto importante dentro do sis-
tema capitalista é a harmonia entre oferta e demanda e o modo como este
processo ocorre.
Os paradigmas de consumo da sociedade contemporânea agem tanto posi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tiva quanto negativamente no cenário exposto, e a perspectiva é que tenha-


mos uma sociedade cada vez mais vinculada ao consumo.
Para saber mais, acesse:
<http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/a-sociedade-do-
-consumo-os-efeitos-da-inadimplencia/73871/>.
Fonte: adaptado de Ribeiro (2013, on-line).

O termo marketing verde teve origem na década de 70, quando a American


Marketing Association (AMA) iniciou as discussões referentes aos impactos do
marketing em relação ao meio ambiente natural (LOPES; PACAGNAN, 2014).
Assim, podemos afirmar que um produto tem um atributo verde quando ele
é concebido com preocupações ecológicas e sociais, que permitem esse produto
agregar valor comercial. Assim, os produtos ambientalmente corretos possuem
algumas características, tais como: devem ser fabricados com quantidade mínima
de matéria-prima renovável; devem ter eficiência energética; fazem uso racio-
nal de água e de quantidade mínima de efluentes; geram quantidade mínima
de resíduos; produzem embalagens que possam ser reutilizadas; entre outros
(GONZAGA, 2005).
Dessa forma, chamamos de marketing verde, marketing sustentável ou eco-
lógico, aquelas empresas que encontraram soluções para produção utilizando os
recursos naturais de forma sustentável e sem poluir o meio ambiente. A prática
envolve a divulgação de processos que alcancem o maior número de clientes por
meio da informação de produtos com baixo impacto ambiental.

Marketing Verde
92 UNIDADE III

Assim, podemos observar que as preocupações ambientais estão assumindo,


gradativamente, maior importância entre os consumidores, que passam a adqui-
rir produtos e serviços incorporados à variável ecológica. Dessa maneira, para
Dias (2017), as organizações buscam associar a variável “meio ambiente” como
estratégia competitiva junto aos consumidores e concorrentes.
Essa vertente do marketing – o “marketing verde” – nos traz preocupações
com as questões mercadológicas dos produtos que atendem à legislação ambien-
tal e às expectativas dos consumidores desses produtos.
Sob o ponto de vista do marketing ambiental, o cliente não é o único público-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-alvo; existem outros que são importantes, tais como: fornecedores, distribuidores,
governo, comunidade em geral, dentre outros.
Esse conceito de marketing verde está relacionado diretamente com a pre-
missa de que qualquer organização que desempenhe uma atividade na sociedade
é responsável, diante dela, pelos produtos ou serviços que presta, caso o produto
ou serviço seja prejudicial às pessoas, precisam ser eliminados ou ter reduzi-
dos, ao mínimo tolerável, os danos ocasionados. Dessa maneira, é preciso ter
um equilíbrio entre as necessidades dos seus clientes e aquelas da sociedade em
geral, mas que nem sempre são as mesmas (BARBIERI, 2016).
Assim, o conceito de marketing ecológico está (BARBIERI, 2016):
■ Baseado em um processo integral de gestão.
■ Responsável pela identificação, antecipação e satisfação dos clientes.
■ Responsável perante a sociedade, à medida que garante que o processo
produtivo seja rentável e sustentável.

Dessa forma, existem algumas empresas que são conhecidas por terem adotado
o marketing verde, a saber ( MARQUES, 2017, on-line)1:
■ Unilever: a empresa administra mais de 400 marcas e reduziu pela metade
a emissão de gases do efeito estufa nos últimos quinze anos, fabricando
produtos ecológicos e utilizando embalagens facilmente recicláveis ou
biodegradáveis.
■ Natura: a marca, que é pioneira em marketing verde no Brasil, lançou
uma linha de produtos que têm embalagens recicláveis, com redução na
emissão de carbono em sua fabricação.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


93

■ Johnson e Johnson: é a
segunda marca que faz uso
de energia solar nos Estados
Unidos e vem trabalhando
consistentemente, nos últi-
mos 20 anos, para reduzir os
desperdícios de produção.
Em janeiro de 2011, lançou
um plano de negócio para
se tornar a empresa mais
ambientalmente responsável
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do mundo.

Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo a


seguir sobre marketing verde.

Assim, o marketing verde é representado pelos esforços das empresas para


satisfazer aos desejos dos clientes por produtos que causem menores impactos
ambientais ao longo do seu ciclo de vida (GONZAGA, 2005).

MARCAS ECOLÓGICAS

Podemos dizer que um pequeno detalhe faz toda a diferença, afinal, quem nunca
comprou um determinado produto por conta da marca? Aqui abordaremos um
requisito bem popular: as famosas marcas dos produtos. Mas como o intuito é a
sustentabilidade, elas têm que ser ecologicamente corretas. Pois bem, vamos lá!

Marketing Verde
94 UNIDADE III

Você saberia dizer a definição da palavra marca? Para esclarecer esta questão,
veremos o que diz Kotler (1998, p. 20): “marca é um nome, termo, sinal, símbolo
ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens ou serviços
de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los de concorrentes”.
As marcas só são consideradas grandes (boas marcas) quando atingem um
alto número de consumidores, e este é o objetivo de muitas organizações: cons-
truírem uma marca sólida e forte. Entretanto, para alcançar esse objetivo, faz-se
necessário compreender os processos que envolvem as atitudes dos consumido-
res em relação à marca e este detalhe é o alvo do marketing. Para Keller (1993),

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
as atitudes dos consumidores em relação às marcas podem estar relacionadas
a crenças sobre os atributos e à funcionalidade e aos benefícios dos produtos.
O sucesso dos programas de marketing é um reflexo da criação de asso-
ciação com a marca, ou seja, os consumidores que acreditarem que a mar-
ca possui atributos e benefícios que satisfarão suas necessidades e desejos
formarão uma atitude positiva em relação à marca (KELLER, 1993, p. 5).

Uma das características é o que chamamos de imagem da marca, definida como a


percepção que os consumidores têm sobre as marcas a partir de suas associações
pela memória ou pelas atitudes em relação a elas. Uma marca pode ser esco-
lhida pelo status que ela representa, ou por estar associada a causas ambientais.
O uso de marketing social ou ambiental pode determinar sentimentos em
relação à marca por parte dos consumidores, como: aprovação social, que seria
o reconhecimento da sociedade em relação às marcas associadas a causas sociais;
autorrespeito, que acontece quando a marca faz o consumidor se sentir bem com
ele mesmo (senso de orgulho, satisfação pela escolha da marca) (HOEFFLER;
KELLER, 2002).
As marcas têm um peso crucial na tomada de decisão de compra pelo
consumidor, possibilitando a ele adquirir um produto com mais confiança e
credibilidade. Quando o consumidor identifica alguns atributos relacionados a
determinada marca, seja por experiências, boca a boca ou propagandas, esses
atributos se tornam conectados a ela. Assim, podemos concluir que a atitude
em relação a uma marca é derivada das atitudes em relação aos seus atributos e
benefícios (LUTZ, 1991).

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


95

Existem muitas vantagens quando adotamos uma marca, tais como: dife-
renciação dos produtos em relação aos concorrentes, consistência da quali-
dade do produto, eficiência da compra, entre outros.
Fonte: Dias (2009, p. 125).

MARKETING MIX ECOLÓGICO


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As estratégias específicas que serão desenvolvidas em cada uma das variáveis do


mix ecológico deverão estar vinculadas aos segmentos-alvo conhecidos, bem como
os serviços e/ou produtos que serão oferecidos. Conheceremos estes a seguir.

Produto “verde”

Segundo Kotler (apud DIAS, 2017, p. 171) produto é: [...] algo que se pode ser ofe-
recido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo para satisfazer a
um desejo ou necessidade.
Assim, no mercado, temos produtos que são bens físicos, tais como automóveis,
livros, geladeiras, sofás, computadores, entre outros; e serviços, como cortes de
cabelo, fornecimento de água; locais; organizações e ideias.
A essa ampla gama de produtos, pode ser agregada a variável “ecológica”,
e quando uma empresa faz isso, é preciso associar ao ciclo de vida do produto.
Dessa forma, o produto será considerado ecológico quando tiver um prejuízo
menor em todo o seu ciclo de vida, considerarando sua concepção, seu uso, con-
sumo e descarte final.
Dessa maneira, um produto verde é aquele que tem as mesmas funções de
um produto comum, no entanto, os danos ambientais são menores em todo o seu
ciclo de vida, isto é, faz-se necessário analisar sua composição, se é reciclável, se
agride ou não o meio ambiente, se o material de sua embalagem também pode
ser reaproveitado etc.
É preciso salientar que o conceito de produto ecológico envolve todo o pro-
cesso de fabricação, assim, são somados os atributos específicos do produto mais
os atributos de fabricação, os quais podemos observar na Figura 1.
Marketing Verde
96 UNIDADE III

Atributos do Atributos Atributos específicos


produto específicos do processo de
ecológico. do produto. fabricação.
Figura 1 – Produto verde
Fonte: adaptado de Dias (2017).

As decisões que devem ser tomadas sobre o produto precisam ser direciona-
das a projetar um bem ou serviço de maneira que haja a redução do consumo
dos recursos empregados e da geração de resíduos ao longo do ciclo de vida,
isto sem o comprometimento das características que satisfazem às necessida-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
des dos atuais clientes.
A gestão destes produtos deve se preocupar com todas essas variáveis que
envolvem o produto verde, podendo ser nas seguintes direções (BARBIERI, 2016):
■ Introdução de novos produtos que poderão ser direcionados a novos
mercados.
■ Melhoria de produtos existentes, que pode modificar os processos de pro-
dutos e/ou produtos que já estão no mercado.
■ Eliminação dos produtos existentes, na qual a empresa analisa o produto
e conclui que ele não será rentável em curto prazo, em função das exigên-
cias ecológicas de mercado e/ou legislação ambiental.

Sob o ponto de vista ambiental, o produto pode ser analisado por ferramentas,
tais como (DIAS, 2017):
■ As normas ISO 14001, que se referem ao Sistema de Gestão Ambiental
(SGA). São ações coordenadas dentro das empresas e auditadas externa-
mente, envolvendo uma análise da atuação em conjunto da organização,
e não somente do produto.
■ Análise do ciclo de vida do produto, que está pautada no impacto ambien-
tal dele ao longo das diferentes etapas do seu ciclo: produção, venda,
utilização e eliminação.

Um aspecto bem interessante a ser considerado, sob o ponto de vista do marke-


ting, são as certificações e os selos verdes, os quais constituem elementos tangíveis
que acompanham o produto, são fonte de informação objetiva aos consumido-
res e conferidos por organizações independentes que asseguram a qualidade
ambiental de produtos ou serviços.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


97

As normas da ISO 14000 estabelecem três tipos de rótulos: tipo I, tipo II e


tipo III. Segundo Barbieri (2016), os rótulos devem ser baseados em metodolo-
gias científicas com o intuito de dar suporte às afirmações, e os critérios utilizados
devem ser relevantes ao ciclo de vida do produto. O Quadro 1 nos apresenta os
tipos de rótulos ambientais.
Quadro 1 – Tipos de rótulos ambientais

TIPO I TIPO II TIPO III


NORMA NBR ISO 14024 NORMA NBR ISO 14021 NORMA NBR ISO 14025
Declaração que contém
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Autodeclaração feita por


informações quantifica-
Rótulo baseado em pro- fabricantes, comerciantes,
das sobre parâmetros
grama de terceira parte importadores e outros que
ambientais em produtos
de adesão voluntária. possam se beneficiar da
e serviços previamente
autodeclaração.
definidos.
Baseado em múltiplos Um ou mais critérios defi-
critérios, previamente nidos pelo interessado. Por
Critérios múltiplos pre-
definidos pelo pro- exemplo: autodeclaração
viamente definidos para
grama e válidos para do fabricante sobre o teor
categorias de produtos.
classes ou categorias de de materiais reciclados
produtos e serviços. contido no produto.
Produtos de categorias Produtos de categorias
previamente seleciona- Qualquer produto. previamente seleciona-
das pelo programa. das pelo programa.
Endereçados aos consu- Endereçado às empre-
midores finais. sas.
Considera o ciclo do Não considera o ciclo do Considera o ciclo do
produto. produto. produto.
Exige certificação de Não exige certificação de Exige certificação de
terceira parte. terceira parte. terceira parte.
Apresenta-se como
Apresenta-se como
Apresenta-se como texto texto contendo dados
texto e como símbolo
e como símbolo impresso da empresa, do produto,
do programa impresso
em produtos e suas emba- dos impactos ambien-
em produtos e suas em-
lagens, por exemplo: ciclos tais quantificados, do
balagens, por exemplo:
de Mödius. organismo de certifica-
símbolo do Anjo Azul.
ção etc.
Fonte: Barbieri (2016, p. 245).

Marketing Verde
98 UNIDADE III

Em relação aos selos ambientais, existem vários deles adaptados para cada setor
produtivo e que são comuns a todos. Para Dias (2017), os selos verdes:
■ Devem ser verificáveis a qualquer momento, com o objetivo de evitar fraudes.
■ Devem ser concedidos por empresas de idoneidade reconhecida.
■ Não devem criar barreiras comerciais.
■ Devem levar em consideração o ciclo de vida completo do produto.
■ Devem estimular a melhoria do produto e serviço.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Preço ecológico

Segundo Dias (2017), o preço é o indicador geral do valor atribuído ao produto


pelo consumidor e reflete os valores ambientais que o produto tem – isso inclui
os custos de fabricação. Aqui, os consumidores levam em consideração a rela-
ção custo-benefício dos produtos ecológicos.

Distribuição do produto ecológico

Essa variável leva em consideração as atividades referentes à transparência de


mercadorias dos fabricantes e fornecedores aos seus clientes, sejam eles pessoas
físicas ou organizações. É o instrumento de marketing que relaciona a produ-
ção e o consumo (DIAS, 2017).
Essa distribuição envolve algumas ideias básicas, tais como: escolha de canal
de distribuição, pontos de venda, merchandising, com o intuito de estimular a
aquisição do produto, além da logística e distribuição.
Sob o ponto de vista do marketing de Barbieri (2016), a distribuição implica
levar adiante uma série de atividades, tais como: promoção, apresentação, ponto de
venda considerando o ponto de vista ambiental, benefícios ecológicos, entre outros.
Em contrapartida, sob o ponto de vista ambiental, é preciso levar em conside-
ração a comercialização do produto ecológico, e que este possa ser encaminhado
para reciclagem após seu uso. A reciclagem é fundamental neste canal de distri-
buição, e há o estímulo da logística reversa.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


99

O que é logística reversa? Quais investimentos?


É o gerenciamento do retorno de produtos, embalagens ou outros produtos
desde o consumidor até a origem, por exemplo: garrafas retornáveis. De forma
simples, o maior desenvolvimento da logística reversa está ligado à questões
ambientais e ao déficit de reciclagem dos materiais. Além deste quesito legal,
as indústrias estão buscando se conscientizar sobre questões ambientais.
Para saber mais, acesse:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

<https://www.vendasexternas.com.br/tendencias-logistica-reversa-canais-
-de-distribuicao-e-novas-tecnologias/>.
Fonte: adaptado de Both (2017, on-line)2.

Além disso, temos que levar em consideração, na distribuição, o ponto de vista


do marketing ecológico:
■ A minimização do consumo de recursos, bem como a geração de resíduos.
■ A criação de um sistema eficiente na distribuição.

Comunicação do produto ecológico

Os objetivos da comunicação deverão ser: informar os atributos do produto, prin-


cipalmente os aspectos positivos com relação às questões ambientais, e repassar
a imagem da organização com essa questão.
Na comunicação, deve-se apresentar aos consumidores o fato de que o pro-
duto tem um valor agregado e que compensa adquiri-lo; algumas formas podem
ser: trabalho de sensibilização ecológica; informação sobre os produtos e o pro-
cesso de fabricação ambientalmente corretos; realização de ações de relações
públicas em torno de questões ecológicas, dentre outros.

Marketing Verde
100 UNIDADE III

Publicidade enganosa

Até agora, apresentamos a você toda forma de investimentos na questão ambien-


tal que podem estar associados ao marketing ambiental, os quais são aproveitados
competitivamente pelas organizações. No entanto, sabemos que isso pode não
acontecer, pois existem empresas que afirmam possuírem esses diferenciais de
âmbito ecológico quando, na verdade, não têm.
De acordo com Barbieri (2016), a prática de comercializar, posicionar e comu-
nicar um produto como se fosse um benefício para o ambiente com o objetivo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de projetar uma imagem ecológica que, na verdade não há, chamamos de gre-
enwashing ou lavagem verde.
A publicidade ambiental enganosa vem se disseminando como um proce-
dimento não ético adotado por muitas empresas e que procura, por meio da
“maquiagem ambiental” de seus produtos e/ou serviços, enganar os consumido-
res, fazendo-os crer que estão contribuindo com a proteção do meio ambiente.
Temos muitos exemplos de greenwashing, a saber:
■ Oferecer produtos cancerígenos em embalagens de plástico.
■ Cigarros orgânicos ou pesticidas orgânicos.
■ Garrafa de água divulgando que o líquido é biodegradável.
■ Produto 100% natural (porque temos muitos produtos naturais que ofe-
recem perigo, como arsênio, urânio).

Esse tipo de prática é prejudicial a empresas éticas e que se preocupam com a


sustentabilidade.
Agora que você já conhece um pouco sobre essas práticas enganosas, não
se deixe enganar!

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


101

Todos sabem que o setor automobilístico gera muitos impactos negativos,


como poluição do ar, consumo de energia e de recursos naturais. Um gran-
de fabricante de automóveis com sede no Japão promove o greenwashing
induzindo o consumidor a pensar que comprar o seu automóvel é fator
que contribui para preservar o ambiente e promover a sustentabilidade. Na
propaganda, veiculada em jornal, são apresentadas informações sobre uti-
lização de materiais reciclados na composição do carro, economia de água,
logística reversa e eliminação de metais pesados. Mas por que isso caracte-
rizaria um greenwashing?
Ao apresentar tais informações, a empresa comete, pelo menos, três dos sete
pecados da rotulagem ambiental. Os pecados do greenwashing são:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1. Pecado do custo ambiental camuflado.


2. Pecado da falta de prova.
3. Pecado da incerteza.
4. Pecado do culto a falsos rótulos.
5. Pecado da irrelevância.
6. Pecado do “menos pior”.
7. Pecado da mentira.
Para saber mais, acesse:
<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/2094-de-
finicao-o-que-como-traducao-greenwashing-estrategias-marketing-propa-
ganda-consumo-produtos-servicos-atitude-apelo-ambiental-enganosa-em-
presas-consciencia-ambiental-casos-exemplos-cuidados.html>.
Fonte: adaptado de eCycle ([2019], on-line)3.

NORMAS E CERTIFICAÇÕES VOLTADAS À


RESPONSABILIDADE SOCIAL

Agora que já falamos sobre a questão do marketing verde, da publicidade enga-


nosa e de como as organizações podem tirar vantagens competitivas acerca da
questão ambiental, podemos avançar em relação ao assunto. Existem empresas
que buscam a responsabilidade social empresarial por meio de certificações. Mas,
para que você possa entender como ocorreu esse desenvolvimento, iniciaremos
nossa discussão abordando a responsabilidade social empresarial em períodos
distintos: o primeiro período se deu no início do século XX até a década de 50;
e o segundo, representando a abordagem contemporânea, vai da década de 50
até os dias atuais.
Normas e Certificações Voltadas à Responsabilidade Social
102 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRIMEIRO PERÍODO

A sociedade experimentava a transição da economia agrícola para a industrial. A


ideologia econômica que predominava era o liberalismo e, de acordo com este,
a interferência do Estado na economia seria um obstáculo à concorrência. O
Estado deveria ser responsável pelas ações sociais, pela promoção da concorrência
e pela proteção da propriedade. E as empresas deveriam buscar a maximização
do lucro, a geração de empregos e o pagamento de impostos.
Segundo Friedman (1985, p. 23):
Em tal economia, só há uma responsabilidade social do capital – usar
seus recursos e dedicar-se a atividades destinadas a aumentar seus lu-
cros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa par-
ticipar de uma competição livre e aberta, sem engano ou fraude.

Até a década de 50, a responsabilidade social empresarial assume a dimensão


estritamente econômica.

SEGUNDO PERÍODO

Esse período é marcado pelo pensamento Keynesiano, pela intervenção do Estado


na economia. Com o Keynesianismo, reduziram-se, aos poucos as incertezas no
mercado, gerando condições para o investimento em tecnologia, o acúmulo de
capital e a consolidação do modelo de produção em massa
O que levou à mudança de valores da sociedade, segundo Toffler (1995), foi a busca

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


103

do sucesso econômico pela sociedade industrial, enquanto a sociedade pós-industrial


buscava o aumento da qualidade de vida, a valorização e o respeito ao meio ambiente
e ao ser humano, a valorização social e a organização empresarial em múltiplos meios,
tanto para empresas como para indivíduos. E todos esses fatores têm impulsionado a
responsabilidade social empresarial. As empresas não necessitam mais da força mus-
cular dos seus funcionários, mas do seu talento, de sua criatividade e motivação.

RESPONSABILIDADE SOCIAL NOS DIAS ATUAIS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Agora que você já sabe como surgiu a Responsabilidade Social Empresarial e


como ela chegou nos termos que temos hoje, nos aprofundaremos um pouco
mais neste conceito e nas ferramentas que permitem planejar, implementar e
avaliar a gestão socialmente responsável.
A responsabilidade, em termos gerais, refere-se à obrigação de responder
pelas consequências previsíveis das nossas ações em virtude de leis, contratos,
normas de grupos sociais ou de sua convicção íntima. Portanto, Responsabilidade
Social Empresarial refere-se à obrigação que o sujeito ou a empresa tem com seus
relacionamentos e sua sociabilidade, baseada na ética com as partes interessadas.

ISO 26000

Você, provavelmente, já deve ter se deparado com o termo “ISO” em leituras


acerca das normas de certificação, ou mesmo em pesquisas acerca de organiza-
ções (empresas ou indústrias), ou, ainda, teve acesso a essa informação mediante o
marketing realizado por alguma organização. Note que algumas organizações dos
mais variados ramos de atuação divulgam a obtenção das certificações ISO como
estratégia de marketing positivo, como no caso das certificações das ISO 9000 e
14000, que se referem a certificações com valia internacional em termos de gestão
da qualidade ou em relação a um sistema de gestão ambiental, respectivamente.
Mas, afinal, o que vem a ser uma “ISO”? Qual o significado desta palavra? A
palavra ISO corresponde a uma sigla em inglês para International Organization for

Normas e Certificações Voltadas à Responsabilidade Social


104 UNIDADE III

Standardization ou Organização Internacional de Normalização. Esta organiza-


ção foi fundada em 1946 como uma confederação de organismos de normalização
internacional, voltada à parametrização e ao desenvolvimento de padrões e normas
aceitos internacionalmente. A sua criação foi fundamental em um contexto histórico
do desenvolvimento das relações internacionais, de acesso ao mercado externo e,
consequentemente, de desenvolvimento da situação econômica atual (DIAS, 2017).
Segundo Costa (2011, p. 15), essa organização:
[...] atua como entidade não governamental, desvinculada formalmen-
te de empresas e governos, embora entre as suas afiliadas possam se

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
encontrar tanto os organismos estatais de normalização como organis-
mos com forte influência de setores empresariais e governamentais. A
ISO está sediada em Genebra, na Suíça, e reúne em torno de 157 países
desenvolvidos e em desenvolvimento, de todas as regiões do mundo.

Dessa maneira, passamos a compreender o que significa uma ISO e podemos


relacionar a importância de tais certificações e normas para o desenvolvimento da
sociedade e das relações “internas e externas” estabelecidas, sobretudo as relações
econômicas nacionais e entre nações, uma vez que uma organização detentora
de uma certificação ISO passa a regular e a fiscalizar as demais organizações com
as quais ela se relaciona, sendo um requisito quanto a processos e à qualidade.
O lançamento da norma ISO 26000:2010, em novembro de 2010, contribuiu
imensuravelmente para a difusão da responsabilidade social nas organizações,
consequentemente, atraindo crescente atenção da sociedade, da comunidade
científica e do setor empresarial (FREITAG; QUELHAS, 2016).
Essa norma, conhecida em nosso país como ABNT NBR ISO 26000:2010
(ABNT, 2010), trata de diretrizes sobre a responsabilidade social, mediante a um
amplo escopo que incorpora a dimensão social, ambiental e econômica do desen-
volvimento sustentável, versando acerca de questões relativas aos direitos dos
consumidores, à comercialização justa, aos direitos humanos e trabalhistas, ao com-
bate à discriminação e a práticas antiéticas, à proteção às populações vulneráveis e
ao relacionamento com as comunidades. Segundo Costa (2011), diante de visões
diferenciadas e práticas questionáveis, essa norma, em síntese, pelo seu conteúdo
e pela sua metodologia de construção, será referência para a definição de políticas
e para práticas das empresas e organizações em relação à responsabilidade social.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


105

Possivelmente, você está se questionando: como uma norma internacional


acerca da responsabilidade social pode influenciar positivamente o contexto
social? Este é um bom questionamento e será elucidado a seguir, mediante exem-
plos apresentados e reflexões sobre o tema. Vamos lá!?
Historicamente, toda a trajetória do desenvolvimento da humanidade e da
intensificação da globalização culminou em pressões resultantes do capitalismo
em relação à exploração da mão-de-obra, fato que ocorre devido à competiti-
vidade de mercado. Assim, as organizações passaram a exercer pressões sobre
os governos acerca dos direitos e das legislações trabalhistas, com o intuito de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

torná-las mais flexíveis, contribuindo e sendo fator de grande influência no pro-


cesso de precarização nas mais diversas regiões do globo. Aqui, cabe mencionar
casos históricos de infração de direitos trabalhistas, como aqueles envolvendo
marcas famosas, para dimensionar a repercussão de situações envolvendo prá-
ticas contrárias aos direitos humanos.
Associar a relação dos princípios do desenvolvimento sustentável e da res-
ponsabilidade social ao cenário social atual pode parecer complexo em função
do caráter abstrato de tais conceitos, porém, é possível extrapolarmos com a
seguinte reflexão:
A eliminação da pobreza requer a promoção da justiça social e do desen-
volvimento, que requer, consequentemente, o desenvolvimento econômico e,
também, a proteção do meio ambiente. Claro que, pensando em um cenário
positivo e otimista, isso é possível, porém, partindo de uma perspectiva rea-
lista, tais mudanças só podem ser alcançadas mediante estímulos apropriados.
Logo, uma certificação internacional, mesmo que de caráter “orientativo”,
como no caso desta ISO, poderá influir significativamente no desenvolvimento
social, vejamos: um fator que pode contribuir para a concretização da reflexão
anterior é a busca por espaço de mercado. Atualmente, as organizações estão
buscando, cada vez mais, atender às exigências do mercado atual, em especial
quando o público consumidor se tornou cada vez mais seleto e bem informado
(fatores que são reflexo do advento das mídias sociais), logo, as adequações a
normas de relevância internacional passam a atuar como ferramentas de marke-
ting que reduzem as pressões sociais, engajam o público interno da organização
e promovem sucesso e desempenho econômico (DIAS, 2017).

Normas e Certificações Voltadas à Responsabilidade Social


106 UNIDADE III

Um ponto importante da ISO 26000 é uma ferramenta voluntária, que pro-


vocará mudanças nas organizações. É uma norma não certificável, que oferece
orientações com responsabilidade social para diferentes tipos de empresas públicas
ou privadas, e também é válida para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Tem por objetivo tornar compreensível o que é a responsabilidade social e como
se relacionam os diferentes tipos de organizações, incluindo pequenas e médias
empresas (BARBIERI, 2016).
Uma de suas principais contribuições é a definição do que é responsabili-
dade social para as empresas de maneira geral. Assim, ela é a responsabilidade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que uma organização tem pelos impactos de suas decisões e atividades na socie-
dade e no meio ambiente, por meio de comportamento ético e transparente, que
(BARBIERI, 2016):
■ Visa a contribuir para o desenvolvimento sustentável.
■ Leve em consideração as expectativas dos stakeholders.
■ Esteja em conformidade com a legislação aplicável.
■ Esteja integrado com toda a organização.

A expressão stakeholder tornou-se comum nos textos administrativos brasi-


leiros a partir de meados dos anos 90. Stakeholder é alguém que tem direi-
tos em um negócio ou empresa, ou que nela participa ativamente, ou está
envolvido de alguma forma.
Fonte: Barbieri e Cajazeira (2009).

São inúmeros os benefícios que as empresas têm ao adotarem a responsabili-


dade social; de acordo com a ISO 26000, são:
■ Melhor compreensão das expectativas da sociedade.
■ Melhoria das práticas de gestão de risco.
■ Melhoria da reputação e confiança por parte do público.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


107

■ Suporte ao licenciamento ambiental, especialmente a licença de operação.


■ Melhoria na competitividade empresarial.
■ Melhoria no acesso ao financiamento, economia de recursos.
■ Fidelidade de clientes.
■ Melhoria na saúde e segurança dos colaboradores.

Os principais temas da responsabilidade social, de acordo com a ISO 26000, são


(ABNT, 2010):
1. Accountability.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2. Transparência.
3. Comportamento ético.
4. Respeito pelos interesses das partes interessadas.
5. Respeito pelo estado de direito.
6. Respeito pelas normas internacionais de comportamento.
7. Respeito pelos direitos humanos.

A estrutura da norma internacional ISO 26000 pode ser observada no Quadro 2.


Quadro 2 – Estrutura da ISO 26000

0. Introdução.
1. Escopo.
2. Termos e definições.
3. Compreensão da Responsabilidade Social.
4. Princípios da Responsabilidade Social.
5. Reconhecimento da Responsabilidade Social e engajamento das partes inte-
ressadas.
6. Orientações sobre temas centrais da Responsabilidade Social.
7. Orientações sobre a integração da Responsabilidade Social em toda a organi-
zação.
Anexo A (Informativo). Exemplos de iniciativas e ferramentas voluntárias relacio-
nadas à Responsabilidade Social.
Anexo B (informativo). Abreviaturas.
Bibliografia.
Fonte: adaptada de ABNT (2010).

Normas e Certificações Voltadas à Responsabilidade Social


108 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NBR 16001: A NORMA BRASILEIRA DE GESTÃO DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL

A Responsabilidade Social configurou-se em um modelo de gestão que aproxima


o relacionamento da organização com suas partes interessadas (público interno,
fornecedores, clientes, comunidade de entorno, entre outros).
Assim, você pode perceber que, nos dias atuais, as empresas têm sofrido pres-
sões da sociedade para buscar soluções ambientalmente corretas aos seus produtos
e serviços, bem como a incorporação da Responsabilidade Social no seu negócio.
Os empresários têm percebido que a gestão pela sustentabilidade é fundamen-
tal para garantir vantagem competitiva no mercado. Uma das formas de buscar
essa gestão é a implementação de um Sistema de Gestão de Responsabilidade,
no qual as empresas podem implantar seu sistema e também certificá-lo por
meio da NBR 16001.
A norma NBR 16001 utiliza as três dimensões da sustentabilidade, sendo
Pessoa, Planeta e Lucro como um dos seus fundamentos, e pode ser implemen-
tada em conjunto com outras normas, como as da família ISO 9000 (qualidade),
ISO 14000 (meio ambiente) e OHSAS 18000 (segurança do trabalho), que foi
alterada para ISO 45001 no ano de 2018. Cabe, porém, ao empreendedor deci-
dir qual estratégia sua organização adotará.
A ISO 16001 nos traz um conjunto de requisitos associados à ética, à cida-
dania, aos direitos humanos e ao desenvolvimento sustentável, é uma norma

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


109

aplicável a qualquer tipo e porte de organização (SORATTO et al., 2006). Assim,


os empresários podem se adequar, assumindo o compromisso contínuo por
parte das empresas, comportando-se com ética e contribuindo com o desenvol-
vimento econômico, a fim de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores
e suas famílias, bem como da comunidade local e da sociedade de modo geral.
A NBR 16001 teve sua primeira versão publicada em 2004, foi atualizada
em 2012, com base na ISO 26000 (norma internacional publicada no ano de
2010). A revisão da NBR 16001 ocorreu no âmbito nacional, e o Inmetro criou
o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social de acordo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com a NBR 16001, a qual teve um plano de transição para as empresas estabe-
lecendo que (INMETRO, [2018], on-line):
1. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004
podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação desta Portaria,
migrar para a versão atual da norma, mediante auditoria;

2. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser conce-


didas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze)
meses contados da publicação desta Portaria;

3. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas


com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e qua-
tro) meses contados da publicação desta Portaria;

4. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma


ABNT NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual
da norma ou serem canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses,
contar da data de publicação desta Portaria.

Ou seja, a partir de 2015, todas as organizações devem ter migrado para a ver-
são de 2012.

PRINCIPAIS PONTOS DA NBR 16001

Os principais pontos da ISO 16001 são os que levem em conta as exigências


legais, os seus compromissos éticos e a sua preocupação com a promoção da
cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência das suas ati-
vidades. Segundo Ursine e Sekiguchi (apud INMETRO, 2005), é uma norma:

NBR 16001: A Norma Brasileira de Gestão da Responsabilidade Social


110 UNIDADE III

■ Aplicável a qualquer tipo e porte de organização, desde a pequenas até


médias e grandes empresas.
■ Amplia o entendimento de Responsabilidade Social.
■ Há a necessidade de comprometimento dos funcionários e dirigentes de
todos os níveis e funções.
■ É preciso que haja uma política da responsabilidade social e o desenvol-
vimento de programas com objetivos e metas.

As organizações devem desenvolver programas (com objetivos e metas) que deve-


rão contemplar onze temas da Responsabilidade Social. São eles (ABNT, 2004):

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Boas práticas de governança.
■ Combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção.
■ Práticas leais de concorrência.
■ Direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho
infantil.
■ Direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a
remuneração justa e os benefícios básicos, bem como o combate ao tra-
balho forçado.
■ Promoção da diversidade e combate à discriminação (por exemplo: cul-
tural, de gênero, de raça/etnia, de idade, à pessoa com deficiência).
■ Compromisso com o desenvolvimento profissional.
■ Promoção da saúde e segurança.
■ Promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distri-
buição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviço,
entre outros.
■ Proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras.
■ Ações sociais de interesse público.

O atendimento aos requisitos da norma não significa que a organização é social-


mente responsável, mas que possui um sistema de gestão da Responsabilidade
Social. O Quadro 3 nos apresenta a estrutura da NBR ISO 16001.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


111

Quadro 3 – Estrutura geral da NBR 16001

0. Introdução.
1. Objetivo.
2. Definições.
3. Requisitos do Sistema da gestão da Responsabilidade Social.
3.1. Requisitos gerais.
3.2. Política da Responsabilidade Social.
3.3. Planejamento.
3.3.1. Aspectos da Responsabilidade Social.
3.3.2. Requisitos legais e outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3.3.3. Objetivos, metas e programas.


3.3.4. Recursos, regras, responsabilidade e autoridade.
3.4. Implementação e operação.
3.4.1. Competência, treinamento e conscientização.
3.4.2. Comunicação.
3.4.3. Controle operacional.
3.5. Requisitos de documentação.
3.5.1. Generalidades.
3.5.2. Manual do sistema de gestão da Responsabilidade Social.
3.5.3. Controle de documentos.
3.5.4. Controle de registros.
3.6. Medição, análise e melhoria.
3.6.1. Monitoramento e medição.
3.6.2. Avaliação da conformidade.
3.6.3. Não conformidade e ações corretiva e preventiva.
3.6.4. Auditoria interna.
3.6.5. Análise pela alta administração.
Anexo A – Bibliografia.
Anexo B - Outros termos.
Fonte: adaptado de Inmetro ([2018], on-line).

Um ponto relevante da ISO 16001 é a Política de Responsabilidade Social, que


deve ser definida pela alta administração, consultando as partes interessadas.
Esta política deve ser (ABNT, 2012, p. 3):

NBR 16001: A Norma Brasileira de Gestão da Responsabilidade Social


112 UNIDADE III

a) apropriada à natureza, à escala e aos impactos da organização;

b) inclua o comprometimento com a promoção da ética e do desenvol-


vimento sustentável;

c) inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a pre-


venção de impactos adversos;

d) inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e demais


requisitos subscritos pela organização;

e) forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e


metas da responsabilidade social;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
f) seja documentada, implementada e mantida;

g) seja comunicada para todas as pessoas que trabalham para ou em


nome da organização;

h) esteja disponível para o público; e

i) seja implementada por toda a organização.

Para a implementação de um sistema de gestão de responsabilidade social, pode-


mos utilizar a ferramenta baseada no ciclo PDCA – Plan-Do-Check-Act. O ciclo
PDCA fornece um processo iterativo utilizado pelas organizações para alcan-
çar a melhoria contínua.
Vamos conhecer como funciona o Ciclo PDCA?
■ P – Plan: é a etapa do planejamento.
■ D – Do: é a etapa do fazer. Aqui criamos os treinamentos, colocamos em
prática o que foi proposto.
■ C – Check: é a etapa de verificação. Aqui analisamos os resultados obti-
dos, se foram eficazes ou não.
■ A – Act: aqui é a etapa de agir, caso as metas terem sido atingidas. Esta é a
fase em que se adota o plano aplicado como padrão. Caso algo não tenha
saído como planejado, é hora de agir corretivamente sobre os pontos que
não possibilitaram o alcance de todas as metas estipuladas.

A Figura 2 nos apresenta esse ciclo para melhor visualização.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


113

PLAN

ACT DO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CHECK

Figura 2 – Ciclo PDCA


Fonte: as autoras.

PROCESSOS DE CERTIFICAÇÃO

O Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social (PBCRS) é:


[...] um processo voluntário, no qual a organização busca demonstrar aos
clientes e à sociedade, por meio de uma avaliação de terceira parte, que
o sistema de gestão atende aos princípios da responsabilidade social. Na
estrutura geral do PBCRS estão incluídas a gestão do Programa, a acre-
ditação de certificadoras e a normalização (INMETRO, [2018], on-line).

O fornecimento de produtos com mais qualidade aumenta a satisfação do cliente


e facilita a venda e a introdução do produto em novos mercados. Isso é mais
perceptível pela indústria. Os consumidores dos países desenvolvidos, mais cri-
teriosos no momento da compra, exigem a comprovação de origem e qualidade
dos produtos por meio do processo de certificação. Apesar de a certificação cons-
tituir uma agregação de valor e um diferencial para distinguir o produto junto
aos consumidores, muitos produtores a enxergam como encarecimento de custos.
O primeiro processo de avaliação da conformidade no Brasil, com creden-
ciamento de organismo acreditador reconhecido em fóruns internacionais, na
área do agronegócio, foi a Produção Integrada de Frutas (PIF), capitaneada pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com

NBR 16001: A Norma Brasileira de Gestão da Responsabilidade Social


114 UNIDADE III

o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),


com o Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade (Inmetro).
No Regulamento de Avaliação da Conformidade – RAC, elaborado pelo
Inmetro e aprovado em fevereiro de 2006, estão estabelecidos os critérios do
Programa de Avaliação da Conformidade de SGRS (Sistema de Gestão da
Responsabilidade Social), com base na ABNT NBR 16001:2004.
Para o processo de certificação, devemos ter as auditorias, que verificarão como
anda o sistema de gestão implantado pela empresa, o qual tem duas fases, a saber:
1) Auditoria fase 1: inicia-se com a análise crítica, que compreende a veri-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ficação das documentações.
2) Auditoria fase 2: trata-se da auditoria feita, em que são verificadas as ins-
talações da organização por meio de entrevistas com força de trabalho,
cujo objetivo é verificar os atendimentos aos requisitos da NBR 16001.
O Inmetro, portanto, define procedimentos de certificação e realiza a
acreditação de organismos de certificação que, por sua vez, realizam
auditorias nas organizações e emitem o certificado para aquelas que
estejam cumprindo os requisitos estabelecidos na norma. Esse certifi-
cado leva também a marca do Inmetro (INMETRO, [2018], on-line).

Talvez você, prezado(a) aluno(a), esteja se questionando o que exatamente se


avalia. Pois bem, vamos lá:
A certificação no Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (SGRS), base-
ada na NBR 16001, abrange as três principais dimensões da sustentabilidade, a
saber: econômica, social e ambiental. Assim, de acordo com a NBR 16001 (ABNT,
2012), são avaliados os princípios que as organizações devem seguir. São eles:
1) Accountability ou responsabilização.
2) Transparência.
3) Comportamento ético.
4) Respeito pelos interesses das partes interessadas.
5) Respeito pelo estado de direito.
6) Respeito pelas normas internacionais de comportamento.
7) Respeito aos direitos humanos.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


115

Além disso, para o Inmetro ([2018], on-line), as empresas devem tratar de temas
fundamentais da responsabilidade social, a saber: governança organizacional,
direitos humanos, práticas de trabalho, meio ambiente, práticas leais de operação,
questões relativas ao consumidor, envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em agosto de 2017, havia 16 organizações certificadas:


• ANGLOGOLD.
• ASSOCIAÇÃO BAIRRO SUSTENTÁVEL – SP.
• ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO.
• BN PAPEL CATARINENSE LTDA.
• CAMP-SBC CENTRO DE FORMAÇÃO E INTEGRAÇÃO SOCIAL.
• CAMPOS ADVOGADOS S/C.
• CCT CONCEITUAL CONSTRUÇÕES LTDA.
• COLMÉIA ARQUITETURA E ENGENHARIA LTDA.
• DUKE ENERGY INTERNATIONAL SP.
• ENESA ENGENHARIA LTDA.
• INSTITUTO MAXIMIANO CAMPOS.
• JBR ENGENHARIA.
• LÍDER TÁXI AÉREO S/A – AIR BRASIL.
• MAIA MELO ENGENHARIA LTDA.
• NORCONSULT PROJETOS E CONSULTORIA LTDA.
• SLC AGRÍCOLA – USIMINAS / CUBATÃO SIM.
O baixo número de empresas certificadas, infelizmente, reflete a relevância do
tema! A responsabilidade social ainda é incipiente na gestão, assim como as
prioridades estabelecidas, na grande maioria das organizações.
Fonte: adaptado de Hoffmann e Associados (2017, on-line)4.

NBR 16001: A Norma Brasileira de Gestão da Responsabilidade Social


116 UNIDADE III

A NBR 16001 é uma norma brasileira; para as organizações que desejam


obter a certificação, é importante buscar uma organização (para certificar) que
seja reconhecida pelo Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial.
Você pode observar que as certificações na área de sustentabilidade e responsa-
bilidade social são importantes para as organizações, e que ainda é muito baixo o
número de organizações certificadas pela NBR 16001. A boa notícia é que, cada
vez mais, podemos observar a adoção de práticas de responsabilidade social, e
também como o tema é cada vez mais entendido e difundido.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


117

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), podemos afirmar que a responsabilidade socioambiental


corporativa, por meio da perspectiva de geração de valor compartilhado entre
mercado, governo e sociedade, demonstra o surgimento de um novo tipo de rela-
cionamento que busca a harmonia de interesses entre os três pilares da sociedade
moderna: governo, empresa e sociedade.
As organizações empresariais têm demonstrado a crescente preocupação
com o impacto das suas ações na sociedade e, consequentemente, tem sido
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dada maior importância às estratégias de responsabilidade social das organiza-


ções. Apesar do nosso conhecimento sobre a motivação do envolvimento em
Responsabilidade Social Empresarial e do valor criado por ele serem limitados,
as investigações nesta área têm aumentado por meio da busca por estratégias e
normas para serem introduzidas de forma que, por sua vez, sejam diminuídos
os impactos gerados por atividades empresariais, compartilhando, assim, valo-
res, fortalecendo a competitividade entre as empresas.
Os interesses ainda divergem, mas o convite para que todos possam tomar
suas posições diante da injustiça ambiental e social é gradativamente aceito.
Mesmo que o todo não seja a soma das partes, trata-se de um tema cada vez mais
divulgado entre elas, nas quais observamos consumidores cada vez mais exigen-
tes, mercados cada vez mais competitivos e, assim, as organizações têm buscado
formas de obter a responsabilidade social e apresentá-las aos seus stakeholders,
e as certificações são uma das formas de demonstrar suas práticas sustentáveis;
por isso, estudamos como uma organização adota uma norma e como também
pode certificá-la. Dessa maneira, os requisitos estabelecidos pela NBR 16001
podem auxiliar as organizações de qualquer tamanho e qualquer porte a certi-
ficaram seus sistemas de responsabilidade social.

Considerações Finais
118

1. Existem vários tipos de produtos que são ofertados no mercado; com isso, há o
surgimento de produtos verdes. Conceitue um produto verde.
2. Uma das formas demonstração de um produto verde é a rotulagem ambiental.
Descreva um rótulo do tipo I.
3. Quando falamos na distribuição dos produtos ecológicos, temos que levar em
conta todo o ciclo de vida, e há também o incentivo para a prática de logística
reversa. Acerca deste assunto, descreva a logística reversa.
4. Existem práticas publicitárias que enganam os clientes; dessa forma, explique
o que é o greenwashing.
5. A ISO 26000 é a norma internacional de responsabilidade social, e ela traz te-
mas que devem ser tratados pelas organizações. Diante desse contexto, quais
são os principais temas de responsabilidade social, de acordo com a ISO 26000?
119

No dia 1º de novembro de 2010, foi publicada a Norma Internacional ISO 26000 – Dire-
trizes sobre Responsabilidade Social, cujo lançamento foi em Genebra, Suíça. No Brasil,
no dia 8 de dezembro de 2010, a versão em português da norma, a ABNT NBR ISO 26000,
foi lançada em evento na Fiesp, em São Paulo.
Segundo a ISO 26000, a responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósi-
to das organizações em incorporarem considerações socioambientais em seus proces-
sos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas decisões e atividades na
sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento ético e transparente
que contribua para o desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com
as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento.
Também implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização,
seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes interessadas.
A norma fornece orientações para todos os tipos de organização, independentemente
de seu porte ou localização, sobre:
• conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade social;
• histórico, tendências e características da responsabilidade social;
• princípios e práticas relativas à responsabilidade social;
• os temas centrais e as questões referentes à responsabilidade social;
• integração, implementação e promoção de comportamento socialmente res-
ponsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro
de sua esfera de influência;
• identificação e engajamento de partes interessadas;
• comunicação de compromissos, desempenho e outras informações referentes à
responsabilidade social.
A ISO 26000:2010 é uma norma de diretrizes e de uso voluntário; não visa nem é apro-
priada a fins de certificação. Qualquer oferta de certificação ou alegação de ser certi-
ficado pela ABNT NBR ISO 26000 constitui em declaração falsa e incompatível com o
propósito da norma.
O desenvolvimento desta norma foi inovador, um processo multi-stakeholder. Apesar do
longo período de elaboração – cinco anos – o interesse na participação foi permanente
e crescente. O Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social da ISO (ISO/TMB WG-SR)
chegou ao seu final com a participação de cerca de 450 especialistas de 99 países do
mundo inteiro, além de mais de 200 observadores e de 42 organizações D-liaisons, que
120

são organizações regionais ou internacionais com relevância para o tema, por exemplo:
Organização Internacional do Trabalho, Organização Mundial da Saúde, Consumers In-
ternational, UN-Global Compact (Pacto Global da ONU). Do Brasil, o Instituto Ethos de
Responsabilidade Social participou como organização D-liaison pela Rede Interamerica-
na de Responsabilidade Social.
Os especialistas e observadores participaram do processo de construção da ISO 26000
de duas formas: por meio de delegações nacionais ou das chamadas organizações
D-liaison. As delegações nacionais foram compostas pelas seguintes categorias ou par-
tes interessadas (stakeholders) da sociedade:
• Trabalhadores;
• Consumidores;
• Indústria;
• Governo;
• Organizações não governamentais;
• Serviço, suporte e outros.
O ISO/TMB WG realizou 8 reuniões que definiram as principais resoluções a respeito da
ISO 26000. No Brasil a delegação brasileira, ao longo desses cinco anos de trabalho, pas-
sou por algumas alterações, mas sua configuração final teve a seguinte representação:
• IDEC (especialista) - Consumidor
• Inmetro (especialista) e Conselho Superior da Justiça do Trabalho - CSJT (obser-
vador) - Governo
• Petrobras (especialista) e Furnas (observador) - Indústria
• GAO Grupo de Articulação de ONGs (especialista) e Sistema de Apoio Institucio-
nal - SIAI (observador) - ONGs
• Fundação Vanzolini (especialista e UFF - Consultoria e Academia - Serviço, Su-
porte e Outros).
• Dieese (especialista) e Observatório Social (observador) – Trabalhadores.
O Instituto Ethos participou como organização - D’liaison. A ABNT, além da liderança do
Grupo de Trabalho da ISO em parceria com o organismo sueco de normalização, atuou
como organismo normalizador.
Fonte: Inmetro ([2018], on-line)⁵.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Marketing Verde
Ricardo Ribeiro Alves e Laércio Antônio Gonçalves Jacovine
Editora: Paco Editorial
Sinopse: este livro relaciona a discussão do marketing verde com as
teorias já estabelecidas e aceitas no marketing tradicional, auxiliando
administradores, empresários e demais interessados na importante
tarefa de incorporar as questões ambientais nas estratégias gerais das
organizações, em particular, na produção, na comercialização e no
descarte de produtos mais verdes.

Material Complementar
122
REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16001:2004 - Res-


ponsabilidade Social: Sistema da gestão: Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 26000:2010 -
Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro, 2010.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16001: 2012. Res-
ponsabilidade Social: Sistema da gestão: Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos,
4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade Social Empresarial e Empre-
sa Sustentável: da teoria à prática. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
COSTA, C. Verdes são os campos. A questão ambiental nas empresas. Dissertação
(Mestrado em Sociologia das Organizações)–Universidade do Minho, Braga, 2011.
DIAS, R. Marketing ambiental: ética, responsabilidade social e competitividade
nos negócios. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
FREITAG, A. E. B.; QUELHAS, O. L. G. ISO 26000: Fatores restritivos e requisitos para
adoção pela indústria de construção civil. Sistema e Gestão Revista Eletrônica.
v. 11, n. 2, 2016. Disponível em: <http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/
view/952/429>. Acesso em: 9 abr. 2019.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Nova Cultura. 1985.
GONZAGA, C. A. M. Marketing verde de produtos florestais: teoria e prática. Revista
Floresta, Curitiba, v. 3, n. 2, maio/ago. 2005.
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licy & Marketing, v. 21, n. 1, spring, p. 78-89, 2002.
INMETRO – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. A
Norma Nacional – ABNT NBR 16001. 2005. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.
br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp>. Acesso em: 8 abr. 2018.
INMETRO - INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. A
Norma Nacional - Programa Brasileiro de Certificação em Respponsabilidade
Social. [2018]. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabi-
lidade_social/programa_certificacao.asp>. Acesso em: 8 abr. 2018.
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v. 57, p. 1-22, 1993.
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26000. Diretrizes sobre responsabilidade social. Genebra, CH, 2010.
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Marketing: conceitos revistos e atualizados. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 517-537.
SANDHUSEN, R. L. Marketing básico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
SORATTO, A. N.; MORINI, A. A.; ALMEIDA, M. A. S.; KNABBEN, P. S.; VARVAKIS, G. Sis-
tema da gestão da responsabilidade social: desafios para a certificação NBR 16001.
Revista Gestão Industrial, v. 2, n. 4, p. 13-25, 2006.
RIBEIRO, L. A. A Sociedade do Consumo: os efeitos da inadimplência. Administra-
dores.com. 30 out. 2013. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/
artigos/cotidiano/a-sociedade-do-consumo-os-efeitos-da-inadimplencia/73871/>.
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g-verde/>. Acesso em: 5 abr. 2019.
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-de-distribuicao-e-novas-tecnologias/>. Acesso em 6 abr. 2019.
3
Em: <https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/2094-de-
finicao-o-que-como-traducao-greenwashing-estrategias-marketing-propaganda-
-consumo-produtos-servicos-atitude-apelo-ambiental-enganosa-empresas-cons-
ciencia-ambiental-casos-exemplos-cuidados.html>. Acesso em 6 abr. 2019.
4
Em: <https://shoffmann.com.br/responsabilidade-social-segundo-a-abnt-
-nbr-16001/>. Acesso em: 9 abr. 2019.
5
Em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.
asp>. Acesso em: 9 abr. 2019.
GABARITO

1. Um produto que possui um atributo verde pode ser considerado diferenciado,


aquele concebido com preocupações ecológicas e sociais permite agregar valor
comercial, tendo, por princípio, o potencial educacional e os valores que pro-
move, projetando uma imagem de alta qualidade, tanto dos produtos como
da organização. Os produtos ambientalmente corretos possuem características
próprias. Esses produtos verdes devem ser fabricados: com quantidade mínima
de matéria-prima renovável; com conservação de recursos naturais no processo
de extração; com a máxima eficiência energética e de utilização de água e com
o mínimo despejo de efluentes e resíduos; envasado em embalagens mais leves
e menos volumosas.
2. É baseado na norma NBR ISO 14024, em programa de terceira parte, com adesão
voluntária; baseado em múltiplos critérios, previamente definidos pelo progra-
ma e válidos para classes ou categorias de produtos e serviços; considera o ciclo
de vida do produto e exige certificação de terceira parte.
3. É um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou em outra destinação final ambien-
talmente adequada.
4. O greenwashing ou lavagem verde é quando uma empresa afirma oficialmente
que tem práticas ambientais sustentáveis quando, na verdade, faz uma propa-
ganda enganosa.
5. Os principais temas são:
1. Accountability.
2. Transparência.
3. Comportamento ético.
4. Respeito pelos interesses das partes interessadas.
5. Respeito pelo estado de direito.
6. Respeito pelas normas internacionais de comportamento.
7. Respeito pelos direitos humanos.
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Professora Me. Natália C. da Silva Matos

IV
DIMENSÕES DA

UNIDADE
RESPONSABILIDADE
SOCIAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Estudar as dimensões da Responsabilidade Social Empresarial.
■ Analisar as questões da ética empresarial.
■ Analisar as Políticas e Práticas Inclusivas.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial
■ Dimensões da Ética Empresarial
■ Políticas de Inclusão e Responsabilidade Social
127

INTRODUÇÃO

Neste estudo, abordaremos a questão da Responsabilidade Social Empresarial,


iniciando com o modelo do professor Archie Carroll (1979), o qual propôs um
modelo de pirâmide composta por quatro estruturas, analisadas de sua base
para o topo. Em sua base, temos a Responsabilidade Econômica, que é o pilar
de uma organização, a qual visa a lucratividade da empresa. O segundo pilar é
a Responsabilidade Legal, em que a organização deve estar consciente das leis e
suas aplicações dentro de suas atividades. Logo após, temos a Responsabilidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ética, em que a organização deve “fazer o que é certo”, ser justa, evitar danos; e
no topo, temos a Responsabilidade Filantrópica, que visa a contribuir com recur-
sos para a comunidade, melhorar a qualidade de vida.
Veremos que pesquisadores, analisando a pirâmide proposta por Carroll
(1979) e observando que ela pode gerar confusão entre as organizações, criaram
um novo modelo, utilizando círculos para indicar os campos da Responsabilidade
Social Empresarial econômico, legal e ético, onde são apresentadas interseções
entre os campos, e também quando ele é analisado separadamente.
Também estudaremos que a Responsabilidade Social Empresarial tem as
dimensões internas e externas. A dimensão interna é dentro da organização,
envolvem os colaboradores, fornecedores, os envolvidos em toda a cadeia pro-
dutiva. Enquanto a dimensão externa é além dos muros da empresa, sendo
contempladas as iniciativas que dão suporte à comunidade na qual a empresa
está inserida, podendo ser doações, participações em fóruns, programas educa-
cionais, dentre outros.
Além disso, estudaremos o conceito da ética empresarial, bem como sua rela-
ção com a Responsabilidade Social Empresarial e as cinco dimensões da Ética
Empresarial (Sustentabilidade; Respeito à Multicultura, Aprendizado Contínuo,
Inovação e Governança Corporativa).
Finalizaremos nossos estudos com a apresentação de programas de inclu-
são que mostram o comprometimento das organizações com a Responsabilidade
Social Empresarial.

Introdução
128 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL

O professor Archie Carroll (1979) foi o primeiro autor a construir um modelo que
avaliasse o desempenho das organizações ao nível social. O objetivo do modelo
proposto por Carroll era construir um enquadramento conceitual para outros
autores, com o intuito de os fazerem compreender que as várias definições de
Responsabilidade Social Empresarial incluem-se em um modelo de desempenho
social, e também criar um modelo para servir de guia para os gestores na aplica-
ção da responsabilidade empresarial (MACEDO; GADELHA; CÂNDIDO, 2014).
Esses debates referentes à criação de modelos sobre a responsabilidade social
empresarial ganharam notoriedade e profundidade a partir da explicação de
que a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) inclui as expectativas da
sociedade em relação às organizações, em aspectos econômico, legal, ético
e discricionário, em dado momento no tempo (CARROLL, 1979, p. 290).

Para Carroll (1979), a responsabilidade econômica é a primeira e também a princi-


pal responsabilidade social da empresa, pois, antes de implantar qualquer programa,
uma empresa precisa ser lucrativa. Logo, temos a responsabilidade legal, em que
as empresas, além de buscarem o lucro, precisam cumprir as leis e os regulamen-
tos estabelecidos pelo governo. Já a responsabilidade ética é referente à obrigação
da organização de fazer o que é certo e justo, evitando ou minimizando danos à
sociedade, enquanto a responsabilidade discricionária, diferente das menciona-
das anteriormente, aconteceu sem que fosse sinalizada pela sociedade, mas sim,
ocorrendo por meio de escolhas individuais. Assim, Carroll (1979) pensou se era
correto entender essa responsabilidade como sendo das organizações.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


129

Dando continuidade às suas pesquisas, Carroll (1991) concebeu as quatro


dimensões da RSE como uma pirâmide, em que a base era econômica, sendo o
pilar de toda organização, seguida pela responsabilidade legal, o cumprimento
da legislação vigente, a terceira é a responsabilidade ética da organização, ou
seja, esta deve fazer o que é certo, e no topo da pirâmide, Carroll chamou a
quarta dimensão de responsabilidade social filantrópica, na qual contempla as
ações em resposta às expectativas da sociedade. Podemos observar essa pirâ-
mide na Figura 1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sa
pre
Res Em adã.
po cid
fila nsabi e
ntr lida
óp com nidad a.
ica des uir u id
s trib com de v
Con ara a dade
p i
os qual
urs a
Res rec orar o. o,
po e lh étic ert
nsa m Se r éc
étic bilida o que
as des er
faz
de usto. os.
ção j n
b riga ta r da
O Evi
. to
Res leis cer
po
nsa r às do
ece ão de.
leg bilida Ob
e d
ific
a ç
da go.
ais de s cod ocie o jo
o é a ma s ras d
ã u re g
laç n
gis rado das
A le e er entro
g a rd
Res Jo . s
po iva ma
n rat riva
eco sabi luc
nô lida Ser u a l de es.
mic de q d
as s da lida
ide sabi
irâm on
d a p is resp
ase ema
Ab d

Figura 1 - Pirâmide da RSE


Fonte: adaptado de Carroll (1991, p. 42).

Com a construção da pirâmide proposta por Carroll (1979), todas as responsabi-


lidades dos negócios foram conferidas sobre sua base, isto é, a responsabilidade
econômica, a “razão de ser” da organização, que trata da questão da lucrativi-
dade da organização para seus acionistas e de atender às demandas da sociedade.
Com isso, todas as outras responsabilidades ocorrem depois que este princípio
fundamental é satisfeito.
Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial
130 UNIDADE IV

Esse modelo é um dos primeiros exemplos de como a estrutura de responsa-


bilidades deve estar dentro de uma corporação, além de ser amplamente usado.
Entretanto, esse modelo tem enfrentado inúmeras críticas pela afirmação de
que a raiz empresarial é maximizar o lucro e agir em nome dos interesses de
seus acionistas, o que pode impedir organizações de atuarem de forma social-
mente responsável.
Campbell (2007, p. 12) argumenta que:
[...] as organizações que estão vivendo momentos desfavoráveis eco-
nomicamente são menos propensas a se envolverem em atos de res-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ponsabilidade social, pois têm menos recursos para investimentos em
tempo, esforço e dinheiro. Portanto, essas empresas não são susceptí-
veis de atingir o patamar de comportamento socialmente responsável.

O autor ainda afirma que, a para a organização ter lucro em curto prazo, ela pre-
cisa agir de maneira socialmente responsável.
Garriga e Mele (2004, p. 56) relatam que:
[...] foi por meio do modelo de governança corporativa de desempe-
nho social, criado por Wood no ano 1991, que surgiu um novo desen-
volvimento da RSE. Esse modelo é composto por: princípios de res-
ponsabilidade social, processos de responsabilidade social corporativa
e resultados do comportamento empresarial.

Para Silva (2012), os princípios de Responsabilidade Social Empresarial devem


contemplar: princípios de responsabilidade social, que sejam divulgados por toda
organização; gestão de partes interessadas; divulgação de resultados da empresa,
que devem compreender a parte ambiental, políticas sociais e programas sociais.
Wood (1991) fortaleceu os trabalhos teóricos anteriores referentes à RSE, os
quais foram apresentados por Carroll (1979) e Wartick e Cochran (1985), e ela-
borou um modelo chamado de Desempenho Empresarial Social, que podemos
observar no Quadro 1, no qual foram contemplados os princípios que devem
ser avaliados para definir o perfil da RSE.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


131

Quadro 1 - Modelo de desempenho empresarial social


DIMENSÕES PRINCÍPIOS
Legitimidade: princípio institucional.
Princípios de RSE Responsabilidade Pública: princípio organizacional.
Arbítrio dos executivos: princípio individual.
Avaliação do ambiente.
Processos de RSE Gerenciamento dos stakeholders.
Gerenciamento das questões.
Impactos sociais.
Resultados das ações de RSE Programas sociais.
Políticas sociais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de Wood (1991).

Pineda e Cárdenas (2008) confirmam que é possível aplicar um modelo de com-


portamento social de três fases, em que cada uma tem seus objetivos, que servirão
de vínculo com a próxima fase; assim, a RSE fica qualificada por objetivos que
estejam em conformidade com as particularidades de cada organização, dando
um sentido prático para qualquer tipo de empresa.
Schwartz e Carroll (2007) perceberam que a pirâmide proposta por Carroll
(1979) poderia gerar confusões ou maneiras inadequadas de uso, então resolveram
criar um novo modelo, usando círculos para indicar os três campos ou domínios da
RSE: o domínio econômico, o legal e o ético, como podemos observar na Figura 2.

Exclusivamente ético

Econômico Legal
/ético /ético

Econômico/
legal/ético

Exclusivamente Exclusivamente
econômico legal

Econômico/
legal

Figura 2 - Modelo elaborado nos três domínios da RSE


Fonte: Schwartz e Carroll (2007, p. 509).

Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial


132 UNIDADE IV

Nesse modelo dos três domínios da RSE, a filantropia deixa de ser uma dimen-
são específica (como na pirâmide), porque os autores perceberam a dificuldade
das organizações em distinguir as atividades éticas e filantrópicas. E, ainda,
por casos da filantropia serem praticados somente por interesses econômicos
(SCHWARTZ; CARROLL, 2007).
Quando analisamos a Figura 3 e estudamos o campo exclusivamente econômico,
este é referente às atividades que proporcionam benefícios econômicos positivos,
diretos e indiretos. Aqui está a maximização do lucro. Já quando olhamos para o
campo exclusivamente legal, são as ações organizacionais que não oferecem nenhum

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
benefício, ou seja, trata-se do domínio da lei, da conformidade legal, evitar litígios
e ações para antecipar as mudanças das leis. Enquanto o domínio exclusivamente
ético é referente às responsabilidades empresariais com base em princípios morais,
são ações que não têm nenhuma implicação econômica ou legal direta ou indireta.
O que podemos notar de novidade nesse modelo é a sobreposição de domí-
nios da RSE, formando sete segmentos ou categorias. A superposição ideal está
localizada na interseção dos três domínios exclusivos, isto é, onde os três cam-
pos da RSE estão presentes ao mesmo tempo, em equilíbrio.

DIMENSÕES INTERNAS E EXTERNAS DA RSE

A RSE tem duas dimensões quando considerada a organização: interna e externa.


A dimensão considerada interna engloba as práticas responsáveis socialmente,
que dizem respeito, em primeiro lugar, aos colaboradores, e são referentes a inves-
timentos realizados para os recursos humanos, tais como: saúde e segurança do
trabalho, gestão de recursos naturais utilizados em processos produtivos e mudan-
ças nestes. Isso é estendido para ações, políticas, programas para os fornecedores,
distribuidores e todos aqueles que fazem parte da cadeia produtiva.
Enquanto que, na dimensão externa, a RSE vai além dos muros da empresa, estão
incluídas as comunidades locais e demais públicos, como: clientes, consumidores,
autoridades públicas e ONGs que defendem os interesses das comunidades locais e

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


133

o meio ambiente. Ficam incluídos programas, ações, políticas destinadas a qualquer


grupo ou problema que não esteja relacionado diretamente com a empresa por meio
de um contrato. Podem também ser incorporadas as iniciativas de suporte à comu-
nidade local, doações, participação em fóruns sobre meio ambiente, entre outros.
Tanto a RSE interna e externa têm a mesma importância para as organiza-
ções e devem estar sempre conectadas. O desenvolvimento de uma RSE precisa
ter respaldo por um amplo apoio de toda a organização, além disso, é preciso que
o quadro de funcionários esteja envolvido nos programas de RSE, isso demonstra
o fortalecimento da organização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DIMENSÕES DA ÉTICA EMPRESARIAL

A ética trata-se de algo que muda de acordo com a sociedade, com os costumes,
a época, e até o meio em que os indivíduos participam. E, quando falamos de
ética corporativa, com certeza, ela pode variar de acordo com a organização ou
o ambiente no qual está inserida, pois é reflexo da sociedade, dos produtos que
vende, da cultura interna, dentre outros fatores que comporão esse ambiente.
O conceito “ética” tem origem grega, da palavra ethos, que significa modo
de ser e representa as características de um grupo, portanto representa a
forma de agir de um coletivo, em relação à sua cultura e ao seu compor-
tamento nessa sociedade. O conceito de ética, porém, evoluiu na história,
podendo ser considerado caráter ou conjunto de princípios e valores mo-
rais que norteiam a conduta humana na sociedade (SANTOS, 2015, p. 4).

Dessa forma, podemos pensar que a ética melhora a vida da sociedade, a vida
em grupos e o respeito das pessoas dentro do contexto social. A ética é reflexo
da época, da sociedade, do avanço tecnológico, das relações e ações individuais,
enfim, de todo o desenvolvimento da sociedade (JACQUES et al., 2008).
Embora a ética influencie na construção de leis e normas, é importante salien-
tar que não pode ser confundida com elas, pois essas também são reflexos das
sociedades nas quais estão inseridas.

Dimensões da Ética Empresarial


134 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa forma, podemos analisar que a globa-
lização mundial e as diferenças individuais
são aspectos que se desenvolvem de maneira
associada e paralela, de maneira que as pes-
soas, as organizações e o Estado precisam se
unir com o intuito de construir uma socie-
dade mais justa, solidária, ética, sustentável
e com responsabilidade social (COSTA;
TEODOSIO, 2011).
As diferenças individuais mencionadas
anteriormente existem devido às diferenças
culturais, raciais e religiosas, às desigualdades
sociais e econômicas, aos comportamentos
diferentes e aos contextos históricos. Assim, não é possível continuar o desen-
volvimento e a construção de uma sociedade sendo indiferente a essas questões.
Dessa forma, faz-se necessária a criação de políticas públicas e institucionais
que contemplem as organizações, as entidades organizacionais, o terceiro setor,
enfim, toda a sociedade (SILVA, 2012).
Para Santos (2015) as cinco dimensões da ética empresarial são:
Sustentabilidade; Respeito à Multicultura, Aprendizado Contínuo, Inovação e
Governança Corporativa, e podemos observá-las na Figura 3.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


135

NTABILIDADE
SUSTE
s
tai

Governaça Aprendizado
bien

Asp
corporativa contínuo
Aspectos am

ectos s
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ética

ociais
Inovação Respeito à
multicultura

Asp
e c to s e co n ô m ico s

Figura 3 - Cinco dimensões da ética empresarial


Fonte: Santos (2015, p. 6).

Podemos observar, na Figura 3, que a sustentabilidade está amparada pelos pila-


res: econômico, ambiental e social, de acordo com o Triple Botton Line (Tripé da
Sustentabilidade), criado em 1990, pelo inglês John Elkington.
Dessa maneira, o grande desafio das organizações é atualizar suas polí-
ticas e práticas de forma rápida, de maneira que possam atender à sociedade
atual, que está em constantes transformações. Essas mudanças podem impactar
diretamente nas questões éticas e também na elaboração de novas legislações,
normativas e ações.
Como exemplo disso, podemos abordar o fato de alguns países criarem ou
fazerem revisões sobre leis referentes a temas atuais, tais como: plágio, ações dis-
criminatórias, questões ambientais e/ou responsabilidade social. No entanto, há
a necessidade de revisar a regulamentação de aspectos comportamentais relati-
vos a crimes comuns, direitos sociais e outros.

Dimensões da Ética Empresarial


136 UNIDADE IV

Essa necessidade legal de revisão é fruto desse desenvolvimento so-


cial, uma sociedade muito mais ágil, com muita rapidez de comuni-
cações e transportes, muitas influências e trocas culturais, com alta
tecnologia e com uma busca desenfreada de alguns pelo lucro e pelo
poder (SANTOS, 2015, p. 12).

Essa preocupação pode refletir diretamente nas organizações que, muitas vezes,
precisam rever alguns aspectos, tais como:
■ Políticas internas.
■ Códigos de Conduta Empresarial.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Processos produtivos, certificações e formas de preservar o meio ambiente.
■ Formas de avaliações dos profissionais.
■ Estratégias de marketing e a forma de se relacionar com a sociedade,
inclusive interna.
■ Meios de comunicação.
■ Relatórios e demonstrativos para divulgação das práticas éticas.
■ Ações sociais.

Quando uma organização revê estes aspectos, não deve ser algo formal; para
Santos (2009, p. 484-485) é preciso três fatores, a saber:
Com o desenvolvimento social, bem como a evolução da comunicação.
As organizações se deparam com novas situações, sendo que as leis e a
sociedade nem sempre estão preparadas para elas;

A ética e a responsabilidade social devem ser práticas cotidianas;

Existe a necessidade, não somente de tolerância, é preciso aceitar, res-


peitar, conviver, portanto, há muito para aprender com a multicultura.

Dentre os fatores citados e com as transformações sociais, surgem muitas deman-


das que requerem a questão da ética, às quais devemos nos adaptar. Por exemplo,
uma organização precisa ter políticas para:
■ Utilização de computadores para um colaborador realizar atividades pes-
soais: isso deve ser aceito? Quais são os limites?

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


137

■ O que deve ser considerado imoral em acessos à internet? E a fraudes?


■ E as participações em redes sociais, qual a postura da organização: deve
proibir, regular ou permitir?
■ Questões de competição desleal com concorrentes ou espionagem, qual
postura a organização deve ter? Quais as formas preventivas?
■ As questões de produtos eletrônicos e outros que agridem o meio ambiente:
qual a política da empresa quanto a isso? Quem regulamenta?
■ Quanto ao código de defesa do consumidor: este impacta nas políticas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da organização?
■ As questões de cidadania ou as ações sociais: a empresa incentivará? Qual
o real grau de comprometimento da organização e de seus colaboradores?
■ As questões de assédio moral, assédio sexual, discriminação racial ou
social: como uma organização regulamenta isso internamente, de forma
preventiva? O que fazer após a ocorrência?

São inúmeros exemplos que podemos mencionar, e as organizações devem ter


políticas preventivas, analisar as tendências sociais e, ao mesmo tempo, serem
ágeis para fazer ações eficazes e no tempo necessário. É importante salientar que
uma falta de postura ou de alguma ação da organização pode levar a magem da
empresa à crise ou ao desgaste.
As questões acerca da Responsabilidade Social devem fazer parte do coti-
diano das empresas, as quais devem ter políticas próprias – não adianta possuir
um código de ética rígido se, na prática, isso não acontece. Um exemplo disso
é uma empresa que afirma, em sua missão, ter responsabilidade social, mas no
seu dia a dia, não respeita nem a legislação trabalhista no que diz respeito a seus
colaboradores ou não faz ações preventivas de poluição. Essa postura ética deve
vir dos gestores e ser disseminada entre os colaboradores.

Dimensões da Ética Empresarial


138 UNIDADE IV

O assédio moral é um tema de notável relevância jurídica, haja vista tratar-se


de um fenômeno marcadamente presente na sociedade, podendo desenro-
lar sua trama nos meios escolar (nesse caso, mais conhecido como bullying),
familiar e, sobretudo, no âmbito das relações trabalhistas.
Também denominado mobbing, o assédio moral consiste em grave afron-
ta aos direitos fundamentais, especialmente à dignidade do trabalhador
coagido. Podendo partir tanto de superiores quanto de agressor ocupante

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de degrau hierárquico idêntico ou inferior ao da vítima, os atos de assédio
podem manifestar-se por meio de gestos, palavras, escritos ou qualquer
conduta abusiva e humilhante que possa trazer danos à personalidade, à
dignidade, ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, colocando em
risco seu emprego e degradando o ambiente de trabalho.
A implantação de um programa de responsabilidade comportamental im-
plica rigor na condução dos episódios de assédio, sem descuidar do propó-
sito educativo, que deve ser exercitado por meio do oferecimento de cursos
e cartilhas informativas destinados ao esclarecimento de todos os integran-
tes do corpo empresarial, da mais alta hierarquia ao “chão da fábrica”.
Fonte: adaptado de Tribuna (2011, on-line).

CONCEPÇÃO DAS DIMENSÕES ÉTICAS

Segundo Santos (2015), a ética empresarial não é implementada de maneira ime-


diata em uma organização ou por meio de uma determinação legal ou norma
interna. Essa ética empresarial é construída por meio da evolução histórica da
instituição, empresas familiares e pequenas também devem ser constituídas dessa
maneira. Não é fácil mudar a postura de uma organização, transformando-a em
ética e responsável. Isso pode trazer para as empresas demissões e problemas
legais, caso o processo não seja conduzido de forma adequada.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


139

Podemos ter, mesmo em empresas familiares, a Responsabilidade Empresa-


rial desde a concepção das organizações.

Infelizmente, ainda existem empresas e governos que pensam apenas em crescer,


sem se preocupar com as questões éticas e de responsabilidade social, mas também
existem muitas gestões corporativas que são exemplos de comprometimento com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a sociedade. Por isso, é importante que a organização deixe claro que a construção
de políticas éticas é um processo contínuo, que requer o desenvolvimento da prática
diária, ter avaliações internas, normativas, e também, manutenção. Quando uma
organização possui um ambiente ético e com compromisso social, isso se reflete na
autoestima dos funcionários e em uma sociedade mais justa (OLIVEIRA, 2003).
Dessa forma, para Santos (2015), é importante frisar que as cinco dimensões
éticas apresentadas não têm relação hierárquica, foram enumeradas apenas para
facilitar sua análise e devem estar integradas, pois foram criadas com o objetivo
de criar políticas éticas, portanto, não devem ser analisadas de maneira separada.
Dessa maneira, temos as cinco dimensões, como: 1 - Sustentabilidade, à 2 -
Respeito à Multicultura; 3 - Aprendizado Contínuo; 4 - Inovação e 5 - Governança
Corporativa. Veremos estas dimensões a seguir.

Sustentabilidade

Conforme mencionado anteriormente, a ética representa o conjunto de princí-


pios e valores morais que norteiam a conduta humana na sociedade. No que diz
respeito à sustentabilidade, uma empresa ética precisa contribuir para um pla-
neta mais sustentável, para isso, as organizações, já em sua concepção, devem
pensar na sustentabilidade.

Dimensões da Ética Empresarial


140 UNIDADE IV

As organizações devem se preocupar com os impactos ambientais decor-


rentes do seu processo, dos recursos usados pelos seus colaboradores, impactos
que suas atividades trazem junto a comunidade na qual está inserida. Exemplo
disso é uma organização que está preocupada em desenvolver um processo pro-
dutivo que poluaa pouco e gere a quantidade mínima de resíduos. O fato de agir
dessa maneira não significa que a sua fábrica não traga impactos ambientais, no
entanto, houve uma preocupação, por parte da organização, com o sistema de
produção. Essa organização também deve pensar além do processo produtivo,
considerar a geração de resíduos provenientes do escritório, das cozinhas, dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
seus fornecedores. Nesse caso, a empresa não se preocupou com sua relação glo-
bal com o meio ambiente, apenas com uma parcela.
É importante afirmar que, quando falamos em impactos ambientais dentro
de uma empresa, são necessárias várias ações, a saber:
■ Analisar se a matéria-prima e os insumos são altamente impactantes.
■ Verificar a maneira que os materiais são utilizados, se há qualificação dos
profissionais no seu manuseio.
■ Buscar maneiras de reaproveitamento dos resíduos.
■ Procurar melhorias em processos produtivos e/ou certificações.
■ Criar maneiras de mensurar os impactos ambientais e, caso não seja pos-
sível eliminá-los, buscar meios de minimizá-los.
■ Criar políticas para orientar os colaboradores com maneiras preventi-
vas ou corretivas.

Dessa forma, o impacto ambiental das organizações deve ser levado em consi-
deração na elaboração das políticas éticas.
No aspecto econômico da sustentabilidade, alguns pontos devem ser evita-
dos, tais como: ter sua missão voltada para a sustentabilidade econômica e não
ter toda a visão que engloba o negócio; quando a organização se preocupa de
maneira adequada com os aspectos econômicos e desperdiça recursos, pode
perder oportunidades de alavancagem financeira ou até encerrar as atividades
(MUELLER, 2005).

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


141

Para Santos (2015, p. 12):


[...] o fato de uma instituição ser filantrópica ou sem fins lucrativos,
por exemplo, não significa que não deva ter lucro, mas que a finalidade
central não é o lucro. Todas as instituições necessitam do lucro para a
sua manutenção. Um estudo adequado dos recursos, realizar projeções
econômico-financeiras ou mercadológicas, conhecer aspectos básicos
da empresa, da tributação, do comportamento do mercado e outros são
fundamentais para os gestores.

Quanto aos aspectos sociais, as organizações devem:


■ Promover a política interna e externa de maneira justa, com transparên-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cia e ética, envolvendo o crescimento profissional dos colaboradores, o


cumprimento da legislação, entre outros.
■ Criar ações que incentivem o convívio equilibrado entre fornecedores,
colaboradores, clientes, comunidade interna e externa.
■ Ter salários, remunerações e benefícios justos.
■ Ter políticas amplas no que diz respeito à questão social.

É importante frisar que a responsabilidade social em relação à sustentabilidade


não pode estar limitada aos portões da empresa; é preciso que a responsabili-
dade social contribua para a melhoria e para o desenvolvimento humano e do
meio ambiente.

Respeito à Multicultura

Uma organização, ao desenvolver um código de ética, que traz políticas, direitos e


deveres, dificilmente funcionará caso não tenha a participação dos colaboradores
e outros envolvidos. Por isso, para desenvolver as políticas éticas, é muito rele-
vante ter o envolvimento de funcionários, bem como o respeito pelas diferenças.
Esse respeito deve considerar as diferenças individuais e permear todas as
práticas éticas corporativas. Com esta visão, alguns aspectos são respeitados, tais
como: a vida, a valorização pessoal, o ecossistema, as diferenças religiosas, étni-
co-raciais, culturais, dentre outras.

Dimensões da Ética Empresarial


142 UNIDADE IV

Aprendizado Contínuo

São necessários a educação e o aprendizado contínuo para que as organizações


possam acompanhar as novas realidades sociais. Para Santos (2009), a inclusão
desta dimensão é importante porque surgem inúmeros impactos ambientais e
sociais que necessitam de profissionais qualificados.

Inovação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A inovação possibilita, para a organização, a criação de políticas capazes de pensar
as necessidades e as realidades das organizações, respeitando as suas diferenças.

Governança Corporativa

De acordo com o IBGC (2009, p. 19), Governança Corporativa é:


[...] o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre pro-
prietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle.
As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em
recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de
preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao
capital e contribuindo para a sua longevidade.

Para a implantação das políticas éticas, é necessário o desenvolvimento de políticas


de Governança Corporativa, portanto, a empresa deve criar, aplicar e desenvol-
ver o seu modelo de gestão. Para isso, é importante que sejam consideradas as
características de cada instituição, bem como o seu porte. Seus princípios bási-
cos podem ser analisados no Quadro 2.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


143

Quadro 2 - Princípios básicos da Governança Corporativa

PRINCÍPIO DEFINIÇÃO
Consiste no desejo de disponibilizar, para as partes interessa-
das, as informações que sejam de seu interesse e não apenas
aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
Transparência Não deve restringir-se ao desempenho econômico-finan-
ceiro, mas contemplar também os demais fatores (inclusive
intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que condizem
com a preservação e a otimização do valor da organização.
Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos
os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levan-
Equidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do em consideração seus direitos, deveres, necessidades,


interesses e expectativas.
Os agentes de governança devem prestar contas de sua
Prestação de atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempesti-
Contas (accoun- vo, assumindo integralmente as consequências de seus atos
tability) e omissões, atuando com diligência e responsabilidade no
âmbito dos seus papéis.
Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade
econômico-financeira das organizações, reduzir as externa-
lidades negativas de seus negócios e de suas operações e
Responsabilida-
aumentar as positivas, levando em consideração, no seu mo-
de Corporativa
delo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufa-
turado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional
etc.) em curto, médio e longo prazos.
Fonte: IBGC (2009, p. 19).

Podemos observar que existe uma ligação entre o conceito de Governança


Corporativa e as quatro dimensões anteriores, de forma a complementá-las.

Dimensões da Ética Empresarial


144 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
POLÍTICAS DE INCLUSÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

A política de inclusão é muito relevante em políticas sociais dos governos e das


organizações. Thorp (2014) fala que existem dois motivos para tratarmos de desi-
gualdade, que são: justiça e eficiência. Quanto à justiça, não é possível pensar em
inclusão sem considerar um aspecto básico dos direitos humanos: a vida digna.
No que diz respeito à eficiência, a autora menciona que um país não pode ter
crescimento com estruturas desiguais, que não possibilitam reduzir a pobreza
e nem fazem a inclusão.
Essas realidades podem trazer problemas, tais como violência e instabili-
dade. Olarte (2014, p. 36) destaca que:
A partir da perspectiva de desenvolvimento humano, podemos definir
a inclusão social como o conjunto de laços sociais que permite às pes-
soas terem aspirações e aproveitarem o que dão valor em suas vidas e,
ao mesmo tempo, sejam valorizados na sociedade em que pertencem.

No Art. 5º da Constituição Federal, consta o princípio da igualdade: “Todos são


iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


145

Para Santos (2015, p. 101):


[...] o conceito de que todas as pessoas são iguais pode levar a uma
conclusão de que todos devem ter direitos iguais. Observa-se, porém,
que isso não é fato, pois devem ser consideradas as desigualdades ou
diferenças. Os iguais devem ser tratados de forma igual, mas, conforme
o princípio da isonomia, os desiguais devem ser tratados de forma a
minimizar essas desigualdades.

Por esse motivo, a legislação brasileira é diferente para os desiguais. Dessa maneira,
podemos exemplificar esse tratamento diferenciado com o intuito de possibilitar
inclusão social e minimizar as diferenças de diversas formas, tais como:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ Cotas para negros, índios ou pessoas de baixa renda em universidades.


■ Cotas para a contratação de pessoas com deficiência em empresas.
■ Seguro-desemprego para desempregados recentes.
■ Alíquotas menores ou não tributação de Imposto de Renda (IR) para pes-
soas com menor renda.
■ Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a dura-
ção de 120 dias.
■ Licença-paternidade.
■ Diferenças entre direitos de trabalhadores rurais e urbanos.
■ Exigência de acessibilidade em instituições de ensino.

Diversos outros exemplos podem ser citados, porém, foram destacados apenas
alguns, devido à amplitude do tema.
A exclusão social pode ser classificada em cinco tipos, a saber:
■ Econômica.
■ Social.
■ Cultural.
■ Patológica.
■ Comportamentos autodestrutivos.
■ Outras formas de exclusão, tais como discriminação por orientação sexual.

Políticas de Inclusão e Responsabilidade Social


146 UNIDADE IV

O que podemos observar é que determinado tipo de exclusão é associado a outros


tipos, principalmente a exclusão econômica que, muitas vezes, está relacionada
a aspectos sociais, culturais ou outros.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

As pessoas com deficiência, muitas vezes, têm dificuldade até de estudar ou fre-
quentar determinados ambientes por causa de fatores limitantes, tais como: falta

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de planejamento das instituições ou falta de políticas públicas e privadas.
Na Constituição Federal de 1988, conforme o Art. 207, inciso III, passou
a ser dever do Estado a garantia de atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Assim, as organizações precisam não apenas prever procedimentos em suas
normas de conduta, mas também realizar um planejamento para melhor aten-
dê-los, além de conhecer a legislação específica.
Sendo assim, entre as ações possíveis das empresas para inclusão de pessoas
com deficiência, podemos evidenciar (SANTOS, 2015):

a) Planejamento da Infraestrutura: a infraestrutura contempla desde edifica-


ções até instalações ou objetos apropriados.
A infraestrutura pode prever aspectos, tais como: rampas, corrimãos,
elevadores, banheiros adaptados, barras de apoio e outros. Estes
exemplos estão voltados para cadeirantes ou outros deficientes com
dificuldade de locomoção, mas devem ser pensados também para defi-
cientes visuais, auditivos e com outras necessidades.
Destaca-se que o investimento para adaptação de um prédio para defi-
cientes, muitas vezes, é mais caro do que a construção dele adaptado,
por esse motivo, a contratação de um profissional no momento ante-
rior ao início das obras, sempre que possível, é o mais adequado.
b) Políticas e Práticas Cotidianas: as organizações devem ter uma política para
receberem as pessoas com deficiência de maneira adequada, propondo, além
de políticas de contratação, treinamento, inclusão e adaptação.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


147

Se uma organização possui deficientes, eles são as pessoas mais indicadas e


interessadas para auxiliar na elaboração dessas políticas. Portanto, é funda-
mental a participação dos deficientes na elaboração das políticas inclusivas.
Fonte: Santos (2015, p. 107).

As pessoas com deficiência não necessitam de um espaço específico para elas, pois
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

desejam que as escolas, empresas, clubes, academias, shoppings, meios de trans-


portes, vias públicas, órgãos públicos e outros espaços sejam comuns e adaptados
para as suas necessidades. As pessoas e as organizações, por sua vez, precisam
estar preparadas, pois não podem agir de forma assistencialista ou excludente.
Santos (2015) exemplifica ações inadequadas, a seguir:
■ Postura assistencialista ou incorreta: o grupo de funcionários da empresa
tem a concepção de que o deficiente é incapaz ou limitado e busca auxiliar
até em tarefas simples, como transportar um cadeirante sem consultar se
ele prefere deslocar-se sozinho ou ficar parado no local.
■ Política excludente: contratar deficientes para atividades menos relevantes,
por considerá-los potencialmente incapazes. O correto seria contratá-los
para cargos ou funções adaptadas às suas necessidades, pois é comum eles
se superarem e obterem alto rendimento.
c) Conhecer a legislação para pessoas com deficiência: as organizações preci-
sam deste conhecimento, pois, além de ser importante para a inclusão social,
pode evitar processos judiciais.
É importante salientar que, na própria Constituição Federal (1988), é
proibido qualquer discriminação no tocante a salário e a critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência.
Um exemplo que merece destaque é o Decreto n.. 3.298, de 20 de dezem-
bro de 1999, criado para a inclusão dos Portadores de Necessidades
Especiais no mercado de trabalho e que define percentuais mínimos
de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais:
Do Acesso ao Trabalho Art. 36. A empresa com cem ou mais emprega-
dos está obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos

Políticas de Inclusão e Responsabilidade Social


148 UNIDADE IV

com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa


portadora de deficiência habilitada, na seguinte proporção:

I - até duzentos empregados, dois por cento;


II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de mil empregados, cinco por cento.
§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quan-
do se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e
a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente po-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
derá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes.
§ 2º Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela
que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou
tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expe-
dida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo
Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certifica-
do de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional
fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 3º Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada
aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabi-
litação, esteja capacitada para o exercício da função.
§ 4º A pessoa portadora de deficiência habilitada nos termos dos §§ 2o e 3o
deste artigo poderá recorrer à intermediação de órgão integrante do siste-
ma público de emprego, para fins de inclusão laboral na forma deste artigo.
§ 5º Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer siste-
mática de fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem como
instituir procedimentos e formulários que propiciem estatísticas sobre
o número de empregados portadores de deficiência e de vagas preen-
chidas, para fins de acompanhamento do disposto no caput deste artigo
(BRASIL, 1999, on-line).

A Organização das Nações Unidas (ONU) batizou de A Acessibilidade (Figura


4) o novo desenho, que tem como proposta não tipificar nenhuma deficiência
específica. De acordo com a ONU, trata-se de uma figura simétrica conectada
por quatro pontos a um círculo, e que representa a harmonia entre o ser humano
e a sociedade, e com os braços abertos, simbolizando a inclusão de pessoas com
todas as habilidades, em todos os lugares. Para sua utilização, não há a necessi-
dade de autorização prévia, no entanto, percebe-se que é pouco utilizado.

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 4: A Acessibilidade
Fonte: Reflexão sobre rodas (2017, on-line)2.

PROJETOS QUE VISAM A INCLUSÃO SOCIAL

A seguir, vamos apresentar alguns projetos que buscam a inclusão social.


Projeto Espaço Cultural da Grota - O projeto acontece há mais de 20
anos na comunidade da Grota do Surucucu, em Niterói, onde cerca de
250 crianças e jovens têm aulas gratuitas de música, além de diversas
atividades recreativas e educacionais. O trabalho deu origem à Orques-
tra de Cordas da Grota, grupo reconhecido internacionalmente, e já
formou diversos músicos profissionais que atuam como instrumentis-
tas e professores. Além da unidade principal, há outros 11 polos espa-
lhados pelo Estado do Rio de Janeiro (GRUPO, [2018], on-line)3.

Qualificação profissional de pessoas com deficiência: o Projeto Construir,


desenvolvido pelo Senai, em Alagoas, oferece qualificação profissional e inclu-
são de pessoas com deficiência e em reabilitação. Atualmente, são atendidos 70
aprendizes de 20 construtoras alagoanas (SENAI, 2017, on-line)4.
Sociedade Benfeitora Jaguaré: é uma organização sem fins lucrativos que
atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, por meio
de projetos socioeducativos e de profissionalização. A organização foi fundada

Políticas de Inclusão e Responsabilidade Social


150 UNIDADE IV

por empresários que se reuniam na região do Jaguaré, os quais perceberam que


havia, nesse bairro industrial da Zona Oeste do município, grande demanda,
pois sua população era constituída, em grande parte, por pessoas com baixa ou
nenhuma renda e, em 1958, criaram uma organização sem fins lucrativos que
pudesse atender a seus moradores. A ONG oferece programas socioeducativos
às famílias que não têm acesso a outros recursos da comunidade. A instituição
desenvolve e implanta programas sociais, educativos e econômicos que vão ao
encontro das necessidades da população em situação de vulnerabilidade social.
Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD): é conhecida em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
todo o Brasil por meio da campanha Teleton, tem um dos melhores comple-
xos hospitalares da área, além de ser referência em qualidade no tratamento de
pessoas com deficiência física. Por meio do Teleton, que tem como mascotes
Tonzinho e Nina, inspirados nos usuários da ONG, doações são feitas por meio
do site AACD e via telefone, e toda renda é revertida à entidade.
O trabalho do terceiro setor e destas atividades de inclusão social são fun-
damentais para o desenvolvimento do país (SANTOS, 2015). Existem inúmeros
projetos de inclusão social no Brasil, cada um com sua finalidade e seu público
a ser atendido. Além desses projetos, podemos citar vários outros, com diferen-
tes objetivos, por exemplo, projetos para:
■ Ressocialização de apenados.
■ Pesquisa na área da saúde.
■ Minimização de desigualdades sociais.
■ Prestação de serviços de saúde para áreas isoladas.
■ Alfabetização e outros.

Desta forma, prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade,


conhecendo um pouco mais das muitas práticas de inclusão social realizadas
no Brasil. Podemos, então, pensar: o que realmente as organizações estão pro-
pondo para práticas inclusivas? Estão inseridas em todo contexto da organização?

DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


151

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudamos, nessa unidade, a pirâmide da Responsabilidade Social Empresarial


proposta pelo professor Archie Carroll (1979), que está dividida em quatro par-
tes: Responsabilidade Econômica, Responsabilidade Legal, Responsabilidade
Ética e Responsabilidade Filantrópica ou Discricionária.
Vimos, também, que a construção da pirâmide teve sua base na responsabilidade
econômica, levando em consideração os lucros da empresa e que, em algumas
vezes, as organizações com problemas financeiros têm dificuldades para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

implementar a Responsabilidade Social.


Também estudamos pesquisadores que propuseram um modelo com círcu-
los para apresentar os domínios da Responsabilidade Social Empresarial, sendo:
domínio econômico, legal e ético. Nesta representação, temos a interseção entre
os três domínios, e o desafio das organizações é essa interligação.
Foi abordada a questão da ética dentro das organizações, que ela vai além
de fazer o certo, e que uma empresa que busca a Responsabilidade Social deve
ter a ética em sua cultura. Suas cinco dimensões são: Sustentabilidade; Respeito
à Multicultura, Aprendizado Contínuo, Inovação e Governança Corporativa.
A sustentabilidade aborda a questão de minimização de impactos ambientais
causados pelas organizações, a proposta de programas voltados à área ambien-
tal, a promoção de políticas internas e externas, a transparência, entre outros. O
Respeito à Multicultura trata-se do respeito às diferenças entre as pessoas, da cria-
ção de um código de ética dentro da organização; o Aprendizado Contínuo visa
a qualificação dos profissionais na área de Responsabilidade Social; a Inovação
possibilita pensar em novas necessidades; e a Governança Corporativa trata do
sistema pelo qual as empresas são monitoradas, dirigidas e incentivadas, bus-
cando a longevidade da empresa.

Considerações Finais
152

1. Carroll criou a pirâmide da responsabilidade social, que está dividia em quatro


partes, a saber: Responsabilidade Econômica, Responsabilidade Legal, Res-
ponsabilidade Ética e Responsabilidade Filantrópica. Diferencie as quatro RSEs
propostas por Carroll.
2. De acordo com Santos (2015), as cinco dimensões da ética empresarial são:
Sustentabilidade; Respeito à Multicultura, Aprendizado Contínuo, Inovação e
Governança Corporativa. Diante desse contexto, explique sobre a dimensão:
Respeito à Multicultura.
3. Vimos, em nossos estudos, que a Responsabilidade Social tem Dimensões In-
ternas e Externas. Diante disso, cite algumas ações externas da RSE.
4. Governança Corporativa tem como intuito dirigir, monitorar, incentivar, envol-
ver a relação dos sócios das empresas, bem como as partes interessadas. Acer-
ca desse assunto, explique o princípio da equidade.
5. Quando falamos em inclusão social, temos que pensar nas ações cujo objetivo
é combater a exclusão da vida em sociedade, o que, muitas vezes, é provoca-
da por diferenças. Diante desse contexto, cite algumas formas de possibilitar a
inclusão social.
153

Roteiro de como se elaborar um código de Ética


O que é código de conduta e ética profissional?
Para compreendermos o que é ética profissional, precisamos viajar pela etimologia da
palavra ética primeiro. O termo é originário do grego, éthos, que significa “propriedade
do caráter”. Dessa forma, é possível concluir que a ética profissional é um conjunto de
regras que norteiam o comportamento dos indivíduos durante o exercício de seu ofício.
Como resultado, têm-se os códigos de ética e conduta, que são elaborados pelos conse-
lhos e federações que fiscalizam as profissões e pelas empresas que os contratam como
prestadores de serviços.
A ética profissional tem como objetivo a disciplina a moral e os costumes das pessoas,
sendo essa a base do exercício das suas funções. Por isso, mais do que meramente segui-
das durante o expediente de trabalho, ela deve fazer parte da consciência dos profissio-
nais inclusive em âmbito pessoal.
Saber mais sobre o que é ética profissional oferece as diretrizes adequadas para os funcio-
nários desempenharem com excelência as suas atividades dentro dos parâmetros culturais
que a empresa impõe. Além disso, o guia de conduta ajuda a estabelecer um relacionamen-
to com colegas de trabalho, clientes e fornecedores que tenham como referência alguns dos
valores mais importantes, tais como o respeito, a responsabilidade e a honestidade.
Apesar do código de ética e conduta abranger vários princípios que dependem de cada
grupo profissional e das diversas companhias existentes, existem algumas regras que
são universais para todos. Entre eles, está proceder bem, não prejudicar os colegas de
trabalho e cumprir os valores estabelecidos pela organização e pela sociedade.
Fonte: Marques (2018, on-line).
154
REFERÊNCIAS

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-promovem-a-acessibilidade-e-a-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia/>. Acesso
em: 09 maio 2019
GABARITO

1. A base desta pirâmide é a Responsabilidade Econômica, em que existe maior


responsabilidade, é a base do negócio onde está inserido os lucros da empre-
sa pela qual a organização existe. Gerar lucro ao máximo, ser competitivo no
mercado e eficiente. Na Responsabilidade Legal, as empresas devem ter um
comportamento exemplar de acordo com as leis e normas do país onde estão
inseridas. A Responsabilidade Ética são os comportamentos e atitudes da em-
presa. Da Responsabilidade Filantrópica é funcionamento consistente com as
expectativas filantrópicas e de caridade da sociedade, é esperado que a empresa
apoie a cultura, participe de voluntariado e atividades nas comunidades locais,
apoie as instituições educacionais, melhore a qualidade de vida em geral, na co-
munidade.
2. A dimensão Respeito à Multicultura e as políticas que consideram as diferenças
individuais devem permear todas as práticas éticas corporativas. Trata-se de res-
peitar as diferenças dentro da organização.
3. Desenvolvimento de projetos e programas sociais, parcerias com o governo, as
ONGs e a sociedade civil, aplicação de recursos em programas de preservação
ambiental, capacitação para o trabalho por meio de programas de voluntariado,
entre outros.
4. É um princípio caracterizado pelo tratamento justo e isonômico de todos os só-
cios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus
direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.
5. Cotas para negros, índios ou pessoas de baixa renda em universidades; cotas
para a contratação de pessoas com deficiência em empresas; seguro-desempre-
go para pessoas desempregadas recentemente; licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com a duração de 120 dias; licença-paternidade; dife-
renças entre direitos de trabalhadores rurais e urbanos; exigência de acessibili-
dade em instituições de ensino.
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
Professora Me. Natália C. da Silva Matos

V
AUDITORIAS E MODELOS DE

UNIDADE
DIVULGAÇÕES DE AÇÕES
SUSTENTÁVEIS

Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar os demonstrativos de natureza social e ambiental.
■ Demonstrar os principais modelos de Balanço Social e relatórios de
sustentabilidade.
■ Apresentar as premiações na área de sustentabilidade.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Demonstrativos de natureza social e ambiental
■ Modelos de Balanço Social
■ Premiações na área de sustentabilidade
159

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta quinta e última unidade da nossa disciplina de


Sustentabilidade e Responsabilidade Social, estudaremos as formas de demons-
trar os resultados de ações sustentáveis e de investimentos na área ambiental e
social. Mas as empresas podem fazer esse tipo de ação? Sim, podem, por meio de
balanços sociais, relatórios de sustentabilidade e premiações, que são as manei-
ras encontradas pelas empresas para apresentar esses investimentos.
Começaremos estudando os demonstrativos de natureza social e ambiental,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que se tratam de: Balanço social; Demonstração do Valor Adicionado (DVA);


Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15); Relato Integrado.
Analisaremos a diferença entre eles.
Veremos que o Balanço Social tem por objetivo apresentar a realidade eco-
nômica, social e ambiental de uma empresa, do governo ou de uma ONG.
Estudaremos os precedentes históricos do balanço social.
Dentre os modelos que estudaremos, você conhecerá o modelo Ibase, pro-
posto pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Este modelo é um balanço
de cunho social, lançado nos anos 90, o qual tem por objetivo publicar a
responsabilidade social empresarial, trazendo informações sobre projetos,
benefícios e ações sociais dirigidas aos colaboradores, investidores, acionis-
tas e à comunidade em geral.
Veremos o relatório GRI, pois, quando falamos em sustentabilidade empre-
sarial, aqui mesmo, no Brasil, há muitas empresas que já conhecem e aplicam
muito bem esse conceito. Entretanto, há empresas que têm um pouco de difi-
culdade em mensurar suas ações sustentáveis no impacto social e ambiental nas
operações no dia a dia da organização. Você verá que, nesse modelo, já existe o
“preenchimento online”, facilitando, para as organizações, a análise do modelo
proposto por esse relatório.
Finalizaremos nossos estudos apresentando a você algumas premiações que
são muito importantes na área de sustentabilidade e disseminação dos ODS.

Introdução
160 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEMONSTRATIVOS DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL

De acordo com Santos (2015), as organizações têm observado uma necessidade


maior do que se limitar aos demonstrativos de natureza ambiental e estão buscando
construir instrumentos de natureza social e ambiental. Esta abordagem possibilita per-
ceber a necessidade de associar dados contábeis e financeiros a esses demonstrativos.
Com esta concepção, foram construídos, entre outros, os seguintes
instrumentos:
■ Balanço social.
■ Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
■ Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15).
■ Relato Integrado.

Além disso, é preciso analisar o seguinte:


■ Existe uma proposta que está sendo desenvolvida, que se trata do rela-
tório integrado.
■ É preciso aperfeiçoar os instrumentos, criando indicadores que possibi-
litem comparabilidade entre períodos e entre empresas com diferentes
perfis, em especial, que sejam efetivos para as pequenas e médias empresas.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


161

Os demonstrativos de natureza social e ambiental consistem em instrumentos


que possibilitam (SANTOS, 2015):
■ Comparar períodos diferentes.
■ Divulgar o comprometimento e as ações sociais e ambientais das empresas.
■ Comparar empresas e segmentos.
■ Ampliar a transparência institucional.
■ As empresas prestarem contas para acionistas, funcionários, terceirizados,
fornecedores, parceiros, governo, comunidade externa e outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A responsabilidade social e ambiental, assim como os seus demonstrativos, são


muito relevantes para a sociedade atual e devem ser aprimorados e mais utili-
zados pelas empresas.
Segundo Vallaeys (2014, p. 133):
O Movimento de Responsabilidade Social das Empresas (RSE) se desen-
volveu fortemente durante as últimas décadas. As normas de qualidade in-
tegram agora os aspectos sociais e ambientais dos processos de produção.

Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo a


seguir:
Observatório Social, com Giuliana Lenzi.

BALANÇO SOCIAL

O Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade tem por intuito descrever a rea-


lidade econômica, social e ambiental de uma entidade (empresa, governos, ONGs).
O Balanço Social objetiva ser equitativo e comunicar informação que satis-
faça à necessidade de quem dele precisa (TINOCO, 2010). Esta é a missão
da Contabilidade, como ciência de reportar informação contábil, financeira,

Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental


162 UNIDADE V

econômica, social, ambiental, física, de produtividade e de qualidade, mas com


sustentabilidade, buscando o Desenvolvimento Sustentável.
Para Kroetz (2000, p. 68):
O Balanço Social, antes de ser uma demonstração endereçada à socieda-
de, é uma ferramenta gerencial que reúne dados quantitativos e qualita-
tivos sobre as políticas administrativas e as relações entidade/ambiente.

Sobre sua utilidade, Tinoco (2010) relata que as organizações precisam satisfa-
zer às necessidades de seus clientes e parceiros, divulgar e buscar transparência
aos agentes sociais e a toda sociedade no que diz respeito às relações econômi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cas, financeiras, sociais e ambientais, por meio de um Balanço Social, que é um
relatório específico para essa finalidade.
Para Tinoco (2001, p. 34):
A função principal do Balanço Social da organização é tornar público
a responsabilidade social da empresa. Isso faz parte do processo de pôr
as cartas na mesa e mostrar com transparência para o público em geral,
para os atentos consumidores e para os acionistas e investidores o que
a empresa está fazendo na área social.

A divulgação do desempenho social das organizações interessa a vários grupos


por inúmeras razões, por exemplo, a questão ética e os princípios da organização
em relação à qualidade de vida da sociedade onde essa organização está inserida.
Dessa maneira, podemos observar que o balanço foi criado para que, anual-
mente, as organizações publiquem dados sobre os seus projetos e ações sociais,
bem como os impactos e a sua relação com a sociedade interna e externa, além
de, buscarem descrever a sua relação com o meio ambiente.

As entidades devem satisfazer às necessidades de seus clientes e de seus


parceiros e, especialmente, divulgar e dar transparência aos agentes sociais
e a toda a sociedade.
(João Eduardo Prudêncio Tinoco)

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


163

Balanço Social - Breve Histórico

No final do século XIX, há registros de manifestações e documentos que citavam


a necessidade de ações sociais das empresas. No início do século XX, é possível
observar questionamentos de trabalhadores e citações de situações insalubres
ou de empresas que agrediam a natureza, não contribuíam com a sociedade ou
não tinham a contribuição social adequada. Na década de 30, com a depres-
são de 1929, e também com os movimentos no Brasil e no exterior em décadas
posteriores, foi possível identificar questionamentos sobre a ação e o compro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

metimento das empresas (SANTOS, 2015).


Apesar dessa realidade, a responsabilidade social das empresas, assim como
a necessidade de prestar contas, começa a ser fato relevante para os empresários
apenas na segunda metade do século XX (TINOCO, 2010).
Torres (2001) divide em três períodos as fases que antecedem o Balanço
Social. Conforme dados do autor os períodos são os seguintes:

a) Origem nos anos 60 e 70

Para Torres (2001), a concepção da responsabilidade social das empresas popu-


larizou-se na década de 70, na Europa. Neste período, tivemos os fatos a seguir:
■ 1971: a companhia alemã Steag produziu uma espécie de relatório social,
um balanço de suas atividades sociais.
■ 1972: a empresa Singer, na França, fez o que é considerado o primeiro
balanço social da história das empresas.
■ 1977: a ADCE (Associação de Dirigentes Cristãos do Brasil) organizou
o segundo Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas, e o tema cen-
tral foi o balanço social.

b) Anos 80 e fortalecimento da questão

Nos anos 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social


(Fides) chegou a elaborar um modelo de balanço social.

Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental


164 UNIDADE V

■ 1984: Tinoco apresentou o primeiro trabalho acadêmico sobre Balanço


Social no Brasil, na área contábil (TINOCO, 2010).
■ 1984: a empresa publicou relatório que denominou de balanço social. Foi
considerado o primeiro relatório social no Brasil.

Neste período, no Brasil, não houve muitas iniciativas voltadas ao Balanço Social,
mas, no mundo, aconteceram experiências interessantes, como na França, que,
segundo Tinoco (2010, p. 21), passou a exigir das empresas a Demonstração do
Valor Adicionado (DVA), que continha os seguintes indicadores:
■ Valor adicionado/produção realizada.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Valor adicionado/quadro efetivo (pessoal).
■ Custos de pessoal/valor adicionado.
■ Encargos financeiros/valor adicionado.
■ Valor adicionado/efetivo médio.
■ Valor adicionado/ativo fixo operacional médio.

O valor adicionado consiste na diferença entre o valor das vendas e os insumos


adquiridos de terceiros.
Assim, o valor adicionado demonstra a efetiva contribuição da empresa,
considerando o seu desempenho e a sua capacidade para a geração de riqueza
da economia.

c) Anos 90 e consolidação da Responsabilidade Social das Empresas e do


Balanço Social no Brasil

Nos anos 90, muitas empresas passaram a adotar ações de filantropia e assistên-
cia social (SANTOS, 2015).
O primeiro modelo de balanço social apresentado foi desenvolvido pelo
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em 1997, em parce-
ria com técnicos(as), pesquisadores(as) e representantes de instituições públicas
e privadas, que apresentou indicadores específicos ao setor educacional, porém,
seu foco principal era o pilar social, que não foi abordado na mesma intensidade
que as outras dimensões (TERMIGNONI, 2012).

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


165

Assim, o Balanço Social começou a ser realizado por várias empresas e pas-
sou a ser um instrumento institucional. No mesmo período, muitas organizações
passam a publicar relatórios de sustentabilidade e outros instrumentos. Algumas
organizações começam a se conscientizar de que é necessária a prestação de contas
para a sociedade; outras passam a elaborar por ser um instrumento de marketing,
pois a sociedade tende, cada vez mais, a exigir das empresas uma postura ética.
De acordo com o Ibase, citado por Santos (2015), desde meados de 1997, o
sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e o Instituto Brasileiro de Análise Sociais
e Econômicas (Ibase) destacavam a importância de realizar um balanço social
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

das empresas em um único e simplificado modelo. Por isso, além do modelo de


balanço social que foi desenvolvido, a instituição fornecia o “Selo Balanço Social”
para as empresas que aderiam à proposta. Este selo foi fornecido até o ano de
2008, mas, hoje, ainda há empresas que utilizam esse modelo (SANTOS, 2015).

Lançado nos anos 90, o Balanço Social Ibase teve como principal função
tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores
vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. Publicado anual-
mente pelas organizações que escolhem esse modelo, o Balanço Social re-
úne um conjunto de informações sobre projetos, benefícios e ações sociais
dirigidos aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à
comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multipli-
car o exercício da responsabilidade social corporativa.
A base de dados do Balanço Social Ibase é aberta a todas e a todos que quei-
ram pesquisar sobre o tema. Há, ainda, a publicação Balanço Social, o desafio
da transparência, publicado em 2008. O livro analisa mais de mil balanços
entre 1997 e 2005. Desde 2010, o Ibase produz seu próprio Balanço Social,
que é publicado junto com os relatórios anuais.
Fonte: Ibase ([2018], on-line)1.

Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental


166 UNIDADE V

DVA (Demonstração do Valor Adicionado)

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é parte integrante do Balanço


Social e, ainda que este não tenha se tornado obrigatório, com a publicação da
Lei 11.638/2007 (BRASIL, 2007), a DVA passou a ser obrigatória para as com-
panhias abertas, sendo normatizada pela NBC TG-09 (Norma Brasileira de
Contabilidade – Técnica Geral).
Segundo a NBC TG-09, a DVA:
■ É fundamentada em conceitos macroeconômicos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Busca apresentar a parcela de contribuição que a entidade tem na for-
mação do Produto Interno Bruto (PIB) do país onde essas operações
são realizadas e eliminados os valores que representam dupla contagem.

NBC T (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica - NBC 15 – In-


formações de natureza social e ambiental)

No ano de 2006, o Conselho Federal de Contabilidade, por meio da NBC T 15


(Norma Brasileira de Contabilidade – 15), estabeleceu procedimentos para a
evidenciação de informações de natureza social e ambiental. Tal norma objetiva
demonstrar, para a sociedade, a responsabilidade social das empresas.
O conteúdo é divido em quatro tópicos, a saber:
1) A geração e a distribuição de riqueza.
2) Os recursos humanos.
3) A interação da entidade com o ambiente externo.
4) A interação com o meio ambiente.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


167

A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, quando


elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e
ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com
os procedimentos determinados por esta norma.
A demonstração referida no item anterior, quando divulgada, deve ser efe-
tuada como informação complementar às demonstrações contábeis, não se
confundindo com as notas explicativas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptado de Conselho Federal de Contabilidade (2004).

Um aspecto que precisa ser melhorado é a inclusão de indicadores que possibilitem:


a) Relativizar, considerando as realidades das empresas. Por exemplo, quando
afirma-se o total de investimentos com saúde ou com educação, não pode-
mos comparar um grande grupo com uma microempresa. Relativizando
o porte, é possível fazer comparações.
b) Comparar períodos de forma mais clara.

Podemos observar que essa norma não é obrigatória para as empresas, não
há necessidade de um auditor e contador. Mesmo assim, você acha que é
importante sua adoção?
(Fernando de Almeida Santos)

Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental


168 UNIDADE V

RELATO INTEGRADO

Podemos observar que existe uma preocupação das organizações com os aspec-
tos éticos e com a transparência em relação à sustentabilidade. A preocupação é
elaborar um relatório que tenha informações financeiras e não financeiras, com
o intuito de possibilitar uma visão integrada. Assim, haverá a possibilidade de
analisar a organização de forma mais global. Esta visão possibilita agregar os três
pilares da sustentabilidade: aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Dessa forma, para Santos (2015), o mercado busca construir o relato inte-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
grado. Assim, no ano 2012, foi criada a Comissão Brasileira de Acompanhamento
do Relato Integrado, que tem por objetivo manter o mercado brasileiro atuali-
zado sobre essa iniciativa, além de contribuir com o processo de implantação e
estimular o engajamento das empresas brasileiras nesse processo.
No período de abril a julho de 2013, o modelo de Relatório Integrado ficou em
audiência pública. Há, também, o IIRC (International Integrated Reporting Council),
cujo objetivo é criar um modelo global, o IR (Integrated Reporting). No IIRC par-
ticipam: empresas, organismos reguladores e instituições para padronização, além
de investidores, organizações não governamentais e consultorias de quase 30 países.
Para Santos (2015), o relato integrado trata-se de uma comunicação concisa
sobre como a estratégia, a governança, o desempenho e as possibilidades de uma
organização, no contexto do seu ambiente externo, levam à criação de valor em
curto, médio e longo prazos.
De acordo com o IIRC ([2019], on-line)2, o Relato Integrado possibilitará:
■ Melhorar a articulação da estratégia para o negócio e como o seu modelo de
negócios está respondendo às novas necessidades e expectativas do mercado.
■ Permitir um melhor diálogo entre a empresa e os fornecedores do capi-
tal financeiro.
■ Desenvolver departamentos mais conectados e quebrar áreas fechadas.
■ Aprimorar processos internos.
■ Reduzir custo de capital.

O relato integrado representa grande avanço para o mercado, pois possibilitará


uma visão integrada, além de ampliar a transparência das empresas em relação

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


169

aos aspectos sustentáveis. Também podemos observar que se trata de um pro-


cesso em desenvolvimento e que merece regulamentação e apoio de instituições
públicas e privadas.

DEMONSTRATIVOS PARA MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Apesar de não serem obrigatórios no Brasil, estes instrumentos têm sido adota-
dos por inúmeras organizações, principalmente as de grande porte.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Este fato de ser mais adotado pelas grandes empresas se deve a dois fato-
res, a saber:
1. As empresas menores, muitas vezes, por terem menor infraestrutura,
podem ter dificuldade de acesso às informações.
2. Os indicadores não consideram o porte das empresas.

Como exemplo, Santos (2015) menciona: uma empresa pequena e criada para a
subsistência de uma família, como muitas no país, não tem interesse em elaborar e
divulgar demonstrativos de baixo gasto em educação ou em saúde, sem considerar
a sua realidade. Ao analisar a situação desta empresa, que tem quatro colaboradores
e gastos mensais com bolsas de estudos para três destes quatro colaboradores. Ao
apresentar os gastos reais, estes podem ter pouca representatividade, pois, ao com-
parar o número de estudo por colaborador, observa-se o índice de 75%.
Para relativizar à as empresas de pequeno porte, o autor sugere indicado-
res como:
■ Bolsas de estudo por ano/funcionário.
■ Gastos de treinamento/funcionário.
■ Gastos com alimentação e transportes/funcionário.
■ Gastos com saúde/funcionário.
■ Participação nos lucros e resultados/lucro líquido.
■ Demissões no ano/funcionários.
■ Estagiários/funcionários.

Demonstrativos de Natureza Social e Ambiental


170 UNIDADE V

■ Número de processos trabalhistas julga-


dos procedentes/funcionários.
■ Número de reclamações recebidas por
meio da justiça/número de clientes (no
caso de clientes correntistas ou assinantes).
■ Investimentos e gastos em projetos
ambientais/receita bruta.
■ Investimentos e gastos em projetos edu-
cacionais/receita bruta.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
CORPORATIVA

O conceito de responsabilidade social corporativa (RSC) é:


[...] está associado ao reconhecimento de que as decisões e os resulta-
dos das atividades das companhias alcançam um universo de agentes
sociais muito mais amplo do que o composto por seus sócios e acionis-
tas (shareholders). Desta forma, a responsabilidade social corporativa,
ou cidadania empresarial, como também é chamada, enfatiza o impac-
to das atividades das empresas para os agentes com os quais intera-
gem (stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores,
colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidades
(TINOCO, 2010, p. 153).

Esse conceito, demonstra os compromissos que vão além daqueles que são obriga-
tórios para as organizações, tais como o cumprimento das legislações trabalhistas,
tributárias e sociais, de leis ambientais, de usos do solo, dentre outros. Apresenta,
dessa maneira, a adoção e a disseminação de valores, condutas e procedimentos que
induzam e estimulem o aperfeiçoamento contínuo de processos empresariais, para
que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de vida das socie-
dades, sob o ponto de vista ético, social e ambiental.
O tema da responsabilidade social integra-se, portanto, ao da gover-
nança corporativa, ou seja, com a administração das relações contra-
tuais e institucionais estabelecidas pelas companhias e as medidas ado-
tadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos diversos
participantes envolvidos. Dessa forma, a responsabilidade social cor-
porativa está relacionada com a gestão de empresas em situações cada
vez mais complexas, nas quais questões como as ambientais e sociais
são crescentemente mais importantes para assegurar o sucesso e a sus-
tentabilidade dos negócios (SANTOS, 2015, p. 92).
AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS
171

MODELOS DE BALANÇO SOCIAL

A seguir, apresentaremos alguns modelos de balanços sociais, sendo eles o


Modelo Ibase, o Modelo GRI, os indicadores Ethos e a certificação social, outra
forma de verificar os resultados desses investimentos feitos nas áreas ambien-
tais e sociais. Vamos juntos!

MODELO IBASE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Betinho, fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),


apresenta a expressão “empresa pública e cidadã” em um artigo publicado na Folha
de S. Paulo (26/03/1997). Nesse artigo, Betinho aborda questões de natureza pública,
empresarial, comunitária e social para chamar a atenção da sociedade quanto à
necessidade de implantar o Balanço Social no Brasil (TINOCO, 2010).
Os primeiros passos que devem ser levados em consideração para que uma
empresa seja reconhecida como “pública e cidadã” são:
1. Desenvolver uma missão, uma visão e um conjunto de valores a serem seguidos.
2. Comprometimento das lideranças e stakeholders para que a responsabili-
dade social seja parte integrante de cada processo decisório.
3. Colocar seus valores em prática.
4. Promoção da gestão executiva responsável.
5. Comunicação, educação e treinamento.
6. Publicação de balanços sociais e ambientais.
7. Utilizar sua influência de forma positiva.
O modelo do balanço Ibase tem a forma de uma
planilha, na qual traz informações sobre a folha de
pagamento dos colaboradores, gastos com encar-
gos sociais, participação nos lucros, detalhes com
despesas de controles ambientais e investimentos
sociais externos em várias áreas, tais como: educação,
Figura 1: Selo Ibase
cultura, saúde, entre outras. Fonte: Ibase (2018, on-line)1.

Modelos de Balanço Social


172 UNIDADE V

Para seu preenchimento, não são necessários profissionais especializados na


área contábil, porque o próprio Ibase fornece essa planilha para preenchimento,
a qual podemos observar no Quadro 1.
Quadro 1 - Modelo Ibase de Balanço Social

1. BASE DE CÁLCULO VALOR (MIL REAIS)


Receita Líquida (RL)
Resultado Operacional (RO)
Folha de Pagamento Bruta (FPB)
VALOR (MIL % SOBRE
2. INDICADORES SOCIAIS INTERNOS % SOBRE RL
R$) FPB

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Alimentação
Encargos sociais compulsórios
Previdência privada
Saúde
Segurança e medicina no trabalho
Educação
Cultura
Capacitação e desenvolvimento profissional
Creches ou auxílio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total - Indicadores Sociais Internos
VALOR % SOBRE % SOBRE
3. INDICADORES SOCIAIS EXTERNOS
(MIL R$) RO RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Habitação
Esporte
Lazer e diversão
Creches
Alimentação
Combate à fome e segurança alimentar
Outros
Total das Contribuições para a Sociedade
Tributos (excluídos encargos sociais)

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


173

Total Indicadores Sociais Externos


VALOR % SOBRE % SOBRE
4. INDICADORES AMBIENTAIS
(MIL R$) RO RL
Investimentos realcionados com a produção/operação da empresa
Investimentos em programas e/ou projetos externos
Total dos Investimentos em Meio Ambiente
Quanto ao estabelecimento de metas anuais para minimizar os
resíduos e o consumo em geral na produção/operação, além de
aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, a empresa:

5. INDICADORES DO CORPO FUNCIONAL


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nº de empregados(as) ao final do período


Nº de admissões durante o período
Nº de empregados(as) tercerizados(as)
Nº de estagiários(as)
Nº de empregados(as) acima de 45 anos
Nº de mulheres que trabalham na empresa
Nº de cargos de chefia ocupados por mulheres
Nº de negros(as) que trabalham na empresa
Nº de cargos de chefia ocupados por negros(as)
Nº de portadores de deficiência ou necessidades especiais 46
6. INFORMAÇÕES RELEVANTES QUANTO AO
XXXXX METAS XXXXX
EXERCÍCIO DA CIDADANIA EMPRESARIAL
Relação entre a maior e a menor remuneração da empresa
Número total de acidentes de trabalho
Os projetos sociais ambientais desenvovidos pela empresa foram
definidos por:
Os padrões de segurança e salubridade no ambiente de trablaho
foram definidos por:
Quanto à liberdade sindical, ao direito de negociação coletiva
e à representação interna dos(as) trabalhadores(as), a empresa
contempla:
Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de res-
ponsabilidade social e ambiental adotados pela empresa:
Quanto à participação dos emrpegados(as) em programas de
trabalho voluntário, a empresa:
Númerações e críticas de consumidores(as):
% de reclamações e críticas soluncionadas:
Valor adicionado total a distribuir (em mil R$):
Distribuição do Valor Adicionado (DVA)

Fonte: Ibase (2018 on-line)3.

Modelos de Balanço Social


174 UNIDADE V

Além disso, até o ano de 2008, cada organização que divulgava seu balanço social
de acordo com a metodologia proposta pelo Ibase era reconhecida por meio de
um selo, representado na Figura 1. No entanto, este selo encontra-se desconti-
nuado desde aquele ano e, atualmente, encontra-se em fase de reformulação.

O “Selo Balanço Social Ibase/Betinho” não será fornecido às empresas de cigar-


ro, armas de fogo/munições e bebidas alcoólicas. O Ibase reserva-se ao direito

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de não conceder, suspender e/ou retirar o “Selo Balanço Social Ibase/Betinho”
de qualquer empresa envolvida, denunciada e/ou processada por corrupção,
violação de direitos humanos, sociais e ambientais relacionados com a “De-
claração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho”, de
1998; a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”; a “Convenção das Na-
ções Unidas para Eliminar todas as Formas de Discriminação contra as Mulhe-
res”; a “Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Infância e da Ado-
lescência”; as Diretrizes da OCDE, de 2000; a “Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento”, de 1992; bem como toda a legislação brasileira
relativa a esses direitos e deveres já estabelecidos.
Para saber mais, acesse: <www.balancosocial.org.br>.
Fonte: Ibase ([2018], on-line)1.

Tendo em vista estas limitações, bem como a publicação de modelos de balanço


social e relatórios de sustentabilidade vinculados a tratativas internacionais, os
registros e a concessão dos selos às empresas que publicaram seus balanços sob
esse modelo estão suspensos desde 2008, sem perspectivas de reformulação.

Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo a


seguir:
Balanço Social, com Francielli Muller

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


175

MODELO GRI

Figura 2 - GRI: Global Reporting Initiative


Fonte: Intedya ([2018], on-line)4.
A sigla GRI, no contexto da Sustentabilidade e da Responsabilidade
Social Corporativa, significa Global Reporting Initiative. Refere-se a
uma organização não governamental fundada em 1997 por iniciativa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e


pela ONG norte-americana CERES.
A GRI é uma organização internacional que ajuda empresas, governos
e outras instituições a compreender e comunicar o impacto dos negó-
cios em questões críticas de sustentabilidade. Mudanças climáticas, di-
reitos humanos e problemas de corrupção são algumas dessas questões
(CEBDS, 2017 , on-line)5.

As organizações podem utilizar os Padrões GRI para desenvolver seus relatórios


de sustentabilidade, entretanto, não é necessário fazer uso de todos eles; podem
ser empregadas partes específicas para relatar as informações que são válidas
para sua organização.
É preciso ter muita atenção, pois cada maneira de utilização dos padrões
requer uma declaração de uso correspondente, a que as organizações precisam
incluir em quaisquer relatórios com divulgação baseada nos modelos previstos
pelo documento.
As Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade da GRI
consistem de princípios para a definição do conteúdo do relatório e
da garantia da qualidade das informações relatadas. Incluem também
o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e
outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos
específicos e relativos à elaboração do relatório (GRI, 2015, on-line)6.

Modelos de Balanço Social


176 UNIDADE V

Para que serve a GRI


As diretrizes da GRI – chamadas G4 – na elaboração dos relatórios ajudam a
identificar os impactos das operações da organização sobre o meio ambiente,
economia e sociedade civil. O objetivo é apontar informações confiáveis, rele-
vantes e padronizadas para que sua empresa avalie oportunidades e riscos a
partir desses impactos e tome decisões mais embasadas sobre o assunto.
As diretrizes que compõem o G4 são universalmente aplicáveis a empresas de
todos os tamanhos, tipos e setores do mercado e foram reestruturadas em um
conjunto de padrões no final de 2016. Essa remodelagem originou os Padrões
GRI de Relatório de Sustentabilidade. Foram os primeiros padrões globais para
criação de relatórios de sustentabilidade. Os indicadores são dispostos em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
módulos inter-relacionados e representam as melhores práticas de relato dos
impactos econômicos, ambientais e sociais dos negócios.
Fonte: CEBDS (2017, on-line)5.

Os principais motivos pelos quais as grandes organizações no mundo implemen-


tam relatórios com base nos Padrões GRI são (CEBDS, 2017, on-line)5:
■ Demonstrar compromisso com os impactos ambientais e sociais.
■ Transparência nas relações.
■ Apresentar capacidade de participação em mercados competitivos.
■ Planejar atividades, tornar-se mais sustentável e posicionar a empresa.
■ Seguir a legislação.
Todos esses benefícios são adicionados como valores positivos à imagem da orga-
nização, aumentam as chances de fidelização e facilitam a análise de dados para
a comparação de desempenho com outras companhias.

INDICADORES ETHOS

Figura 3 - Indicadores Ethos


Fonte: Ecodesenvolvimento (2014, on-line)7.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


177

Os indicadores Ethos são uma ferramenta de gestão que tem por objetivo apoiar
as organizações para incorporar sustentabilidade e responsabilidade social em
estratégias de negócio.
Os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis têm
como foco avaliar o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade so-
cial têm sido incorporadas nos negócios, auxiliando na definição de es-
tratégias, políticas e processos. Embora traga medidas de desempenho
em sustentabilidade e responsabilidade social, esta ferramenta não se
propõe a medir o desempenho das empresas nem reconhecer organi-
zações como sustentáveis ou responsáveis.
A nova geração dos Indicadores Ethos foi criada para estar a serviço
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dos negócios, com aplicações e funcionalidades que permitem total fle-


xibilidade em sua aplicação pelas empresas e a geração de relatórios
mais próximos da realidade empresarial, que apoiam efetivamente a
gestão, com mecanismos para planejamento, compartilhamento de da-
dos com as partes interessadas e desenvolvimento da sustentabilidade
nas cadeias de valor (INSTITUTO ETHOS, 2018, on-line)8.

Essa ferramenta é composta por um questionário, que permite o diagnóstico da


organização, e um sistema de preenchimento online, que visa a obtenção de rela-
tórios, por meio dos quais é possível fazer o planejamento e a gestão de metas
para o avanço da gestão na temática da RSE/Sustentabilidade.

Sabia que você pode obter o questionário de Indicadores Ethos para Negócios
Sustentáveis e Responsáveis juntamente com uma amostra de como fazer seu
preenchimento online? Para saber mais, acesse:
<https://www3.ethos.org.br/cedoc/indicadores-ethos-para-negocios-susten-
taveis-e-responsaveis/#.W6eo0_ZReUl>.
Fonte: as autoras.

Essa geração atual dos Indicadores Ethos está sendo continuamente


aprimorada, nos apresenta uma nova abordagem para a gestão das em-
presas e procura integrar os princípios e comportamentos da RSE com
os objetivos para a sustentabilidade, baseando-se em um conceito de
negócios sustentáveis e responsáveis ainda em desenvolvimento. Além
de ter maior integração com as diretrizes de relatórios de sustentabili-
dade da Global Reporting Initiative (GRI), com a Norma de Responsa-
bilidade Social ABNT NBR ISO 26000, CDP, e outras iniciativas (INS-
TITUTO ETHOS, 2018, on-line)8.
Modelos de Balanço Social
178 UNIDADE V

Além desses modelos, existem outros que você pode pesquisar e analisar se sua
empresa está enquadrada nesse modelo.

AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO SOCIAL

Outra forma que a organização pode usar para verificar os resultados de inves-
timentos na área ambiental e social é por meio da auditoria e certificação social.
Para Tinoco (2010), a auditoria é de suma importância para a segurança dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
agentes sociais, referente às atividades que são desenvolvidas pelas organizações,
incluindo os gestores e controladores dessas entidades.
A auditoria preocupa-se, basicamente, com a análise de elementos contábeis e
sociais, bem como a determinação e exatidão das demonstrações e dos relatórios
contábeis, sociais e ambientais. Ademais, a auditoria procura determinar se as
demonstrações e os registros contábeis que lhe deram origem são de confiança.
Assim como as Normas ISO 9000 e ISO 14000 certificam empresas por sua capaci-
dade gerencial (qualidade do processo de produção) e pelo respeito ao meio ambiente,
temos as Normas BS 8800 e a SA 8000, que certificam, respectivamente, as empresas
que dão garantias adequadas para a segurança e a saúde do trabalhador e as que res-
peitam os direitos humanos e trabalhistas. A Social Accountability Standard (SA) 8000
possui estrutura similar à da ISO 9000 e enfatiza os direitos dos empregados, como
licença-maternidade, remuneração de horas extras e salários que garantam a cobertura
das necessidades mínimas dos trabalhadores, dentre outros. A norma é baseada nos
preceitos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e foi criada pelo Council on
Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), uma organização internacional afi-
liada ao Council on Economic Priorities (CEP) de Nova Iorque, que possui, como diretriz
central, a difusão das questões relativas a condições trabalhistas dentre os consumidores
de todo o mundo, conhecida por seu guia ao consumidor Shopping for a Better World.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


179

PREMIAÇÕES NA ÁREA DE SUSTENTABILIDADE

Além de demonstrar os resultados de investimentos


na área social e ambiental, as organizações podem
perceber que os stakeholders representados por
algumas entidades de elevada reputação buscavam
“premiar”, por assim dizer, por meio de diversos
mecanismos, aquelas companhias que tivessem
práticas reconhecidamente benéficas para a socie-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dade de acordo com critérios específicos de análise.


Dessa maneira, as premiações têm como obje-
tivo demonstrar aos stakeholders as boas práticas
sociais e ambientais. A seguir, você conhecerá alguns
prêmios importantes na área de sustentabilidade.

PRÊMIO INOVAÇÃO EM
SUSTENTABILIDADE

O Instituto Ethos e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento


Internacional (Usaid) têm editais para que empresas e ONGs possam apresen-
tar inovações em sustentabilidade.
Para concorrer ao prêmio, sustentabilidade é entendida como a busca
pela harmonia entre os três pilares: equilíbrio ambiental, justiça social
e viabilidade econômica. Dessa maneira, o prêmio será dado àquela
que tiver uma alternativa economicamente viável, ambientalmente
equilibrada e socialmente inclusiva que esteja em uso, nos temas: De-
senvolvimento de Cadeia de Valor, Educação, Meio Ambiente, Saúde e
Tecnologia da Informação (INSTITUTO ETHOS, 2018, on-line)8.

De acordo com o Instituto Ethos (2018, on-line)9, podem concorrer ao Prêmio


Inovação em Sustentabilidade pessoas e organizações, desde que estabelecidas
no Brasil, dentre:

Premiações na Área de Sustentabilidade


180 UNIDADE V

■ Associações comunitárias.
■ Empreendedores sociais.
■ Institutos de pesquisa.
■ Micro e pequenas empresas.
■ ONGs.
■ Universidades.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caso você tenha interesse em saber mais sobre o prêmio Inovação e Susten-
tabilidade, acesse o regulamento:
<https://ethos.org.br/PremioInovacaoemSustentabilidade/PDFs/Portu-
gues_PREMIOINOVACAOOEMSUSTENTABILIDADE_RegulamentointegralFI-
NAL.pdf>.
Fonte: as autoras.

Os temas estão apresentadas no Quadro 2.


Quadro 2 - Temas e objetivos a que as empresas podem concorrer às premiações em sustentabilidade
TEMAS OBJETIVOS
Desenvolvimento de
Apoiar expansão de projetos.
cadeia de valor
Estimular parcerias futuras entre empresas e ONGs; encorajar pesquisa em
Educação sustentabilidade; estimular o desenvolvimento de culturas alinhadas com o
desenvolvimento sustentável.
Reconhecer esforços em Responsabilidade Socioambiental de sucesso e
Meio ambiente
destaque.
Estimular abordagem preventiva em questões de saúde; estimular ações de
Saúde
ampliação de acesso ao serviço de saúde.
Tecnologia da Infor- Documentar estes esforços e apoiar sua disseminação; demonstrar como
mação a TI está auxiliando projetos sustentáveis.
Fonte: Instituto Ethos (2018, on-line)9.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


181

PRÊMIO OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ODS BRASIL

Trata-se de iniciativas brasileiras para apoiar o cumprimento dos ODS, da


Organização das Nações Unidas (ONU), sendo promovida pela Secretaria Nacional
de Articulação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República. A pre-
miação é voltada a governos, organizações da sociedade civil e instituições de ensino,
pesquisa e extensão que desenvolvam projetos que contribuam para melhorar con-
dições sociais, ambientais, econômicas e institucionais (BRASIL, 2018, on-line)10.
Como participar? Cada instituição pode se inscrever com até três ações
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

replicáveis; os melhores projetos serão apresentados em um banco de práticas


que servirão de referência para implementação e disseminação da Agenda 2030.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) integra a Comissão Nacional
para os ODS, que tem a missão de estruturar a agenda brasileira a partir da
agenda global proposta pela ONU.
Até 2030, o Brasil se comprometeu a alcançar os 17 objetivos de desenvol-
vimento sustentável e suas 169 metas que buscam erradicar a pobreza e a
fome, reduzir as desigualdades, combater a mudança climática, promover
o crescimento econômico inclusivo, entre outras (BRASIL, 2018, on-line)10.

Para saber sobre o regulamento do prêmio ODS Brasil, acesse:


<http://www4.planalto.gov.br/ods/menu-de-relevancia/premio-ods-brasil-1/
regulamento-premio-ods-brasil>.
Fonte: as autoras.

PRÊMIO SUSTENTABILIDADE - FECOMÉRCIO

Podem participar do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade quaisquer tipos de


organizações que tenham o pilar em evolução e sustentabilidade e, como obje-
tivo principal, estimular a prática dos ODS.
Apresentamos para você alguns prêmios na área de sustentabilidade e incen-
tivo aos desafios do ODS, mas é importante lembrar que esses prêmios não se

Premiações na Área de Sustentabilidade


182 UNIDADE V

esgotam por aqui; para participar, basta ler os editais e ver se sua organização
se encaixa dentro das categorias analisadas. É uma boa maneira de as empresas
demonstrarem suas práticas sustentáveis, concorda?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos nossa unidade estudando as demonstrações de investimentos na

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
área ambiental e social, pois as empresas que fazem esses investimentos podem
mostrar para os stakeholders e para sociedade suas práticas, que existem muitas
empresas em processo de apredizagem e que já têm essas práticas implementadas.
Vimos também que as empresas têm verificado que a sociedade está cada
vez mais exigente com as aplicações de natureza ambiental, assim, estão asso-
ciados os dados contábeis e financeiros a balanços sociais.
Estudamos os instrumentos: Balanço social; Demonstração do Valor
Adicionado (DVA); Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15)
e Relato Integrado. Vimos que esses demonstrativos de natureza ambiental e social
possibilitam a organização: comprar períodos diferentes, divulgar as ações das
empresas, fazer comparações a vários segmentos, prestar contas aos stakeholders.
Sobre a importância do balanço social, falamos de seu intuito de comuni-
car as informações para atender à necessidade de quem está interessado e que,
embora tenha fundamentos e princípios na contabilidade, pode ser aplicado para
informações de cunho social.
Dentre os principais modelos, falamos sobre o Ibase, que é modelo proposto
pelo sociólogo Betinho, de cunho social, e é uma planilha que pode ser preenchida
de forma simplificada (modelo já existente) sem a necessidade de um conheci-
mento aprofundado na área contábil; podemos, com ela, visualizar facilmente
o que foi aplicado. O modelo GRI também está disponível em um formulário
online como um modelo que as organizações possam seguir.
Finalizamos nossos estudos dizendo que outra maneira de as organizações
demonstrarem os resultados de suas ações sustentáveis é por meio da participação de
premiações na área sustentável, o que gera maior notoriedade perante a sociedade.

AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS


183

1. Cada vez mais as organizações estão comprometidas com a questão ambiental


e social, precisando de ética, transparência e compromisso ambiental/social.
Assim, tem-se os balanços sociais. Diante disso, qual objetivo do balanço social?
2. Um prêmio na área de sustentabilidade pode dar reconhecimento e exposição
para qualquer organização de qualquer porte, e também pode ser um argu-
mento para alavancar uma empresa. Mediante o exposto, explique qual o ob-
jetivo de um prêmio com o tema sustentabilidade.
3. As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constituem-se em um conjunto
de regras e procedimentos de conduta que devem ser observados como re-
quisitos para o exercício da profissão contábil. Diante disso, cite os principais
tópicos da NBC T 15.
4. Lançado nos anos 90, o Balanço Social Ibase tem como principal função tornar
pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos
entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. Diante disso, explique a for-
ma do modelo Ibase.
5. A GRI é uma organização internacional que ajuda empresas, governos e outras
instituições a compreender e a comunicar o impacto dos negócios em ques-
tões críticas de sustentabilidade. Mudanças climáticas, direitos humanos e
problemas de corrupção são algumas dessas questões (CBDES, 2018, on-line)11.
Diante disso, cite os principais motivos pelos quais as organizações buscam a
implementação do relatório dentro dos padrões GRI.
184

Práticas sustentáveis viram vantagens para empresas e meio ambiente


Podemos perceber que algumas práticas são vantajosas para as empresas, dessa forma
engana-se quem acha que adotar medidas mais ecológicas é apenas uma maneira de
proteger o meio ambiente, objetivando unicamente a qualidade de vida de gerações
futuras. É claro, esses motivos devem ser uma grande motivação, mas, além disso, a sus-
tentabilidade visa à redução de custos de produção e do valor final dos produtos e, prin-
cipalmente, ao fortalecimento da marca.
O impacto ambiental provocado pela ação industrial é, atualmente, uma pauta recor-
rente, assim como a busca por atitudes que evitem ou ajudem a reduzir as suas conse-
quências. Dados mostram efeitos da falta de consciência ambiental refletindo-se, por
exemplo, na crise hídrica que assola o país desde 2014, chegando a reduzir hoje o vo-
lume da principal barragem que abastece o Distrito Federal a 20% da sua capacidade.
Beleza sustentável
Atualmente, o número de consumidores conscientes que buscam por empresas de al-
guma forma sustentáveis é grande, o que indica a preocupação crescente em relação ao
bem-estar, à qualidade dos produtos e ao cuidado com o meio ambiente. Como conse-
quência, importantes mudanças vêm ocorrendo mundialmente na forma como as em-
presas concebem e incorporam princípios de sustentabilidade em seus negócios.
Inicialmente, esse conceito estava relacionado à produção das indústrias; agora, ocorre
a ampliação do tema para todas as áreas da sociedade. Desta consciência sustentável
surgiu, então, uma nova maneira de cuidar da aparência e da estética: o universo de
beleza “verde” ou Beleza Sustentável.
Os consumidores desse tipo de empreendimento buscam cuidar do corpo, da alma e,
principalmente, do planeta. Ações adotadas por salões sustentáveis são desde a insta-
lação de painéis solares até a utilização somente de produtos não testados em animais.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que 41% dos brasileiros “discordam ple-
namente” dos testes.
Fonte: Sebrae (2018, on-line)12.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Balanço Social e o Relatório da Sustentabilidade


João Eduardo Prudêncio Tinoco
Editora: Atlas
Sinopse: o livro objetiva, estruturalmente, estudar, evidenciar e dar
transparência aos aspectos econômicos, sociais, ambientais e de
responsabilidade pública que dizem respeito às atividades desempenhadas
pelas entidades econômicas.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos


da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de
1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração
e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 10 maio 2019.
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.003/04. Aprova a NBC
T 15. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1003.doc>. Acesso em:
10 maio 2019.
FECOMÉRCIO. Prêmio Sustentabilidade. Fecomércio [online], [s. d.]. Disponível em:
<http://www.fecomercio.com.br/premio/sustentabilidade/regulamento>. Acesso
em: 10 maio 2019.
INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis.
Instituto Ethos [online], [s. d.]. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/conteu-
do/indicadores/#.W6enJv-ZReUk>. Acesso em: 10 maio 2019.
KROETZ, C. E. S. Balanço social: teoria e prática. São Paulo Atlas, 2000.
SANTOS, F. A. Ética Empresarial: Políticas de Responsabilidade Social em 5 Dimen-
sões. São Paulo: Atlas, 2015.
TERMIGNONI, L. D. F. Framework de Sustentabilidade para Instituições de Ensi-
no Superior Comunitária. 2012. 145f. Dissertação (Mestrado em Administração e
Negócios) - Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia, Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
TINOCO, J. E. P. Balanço social e o relatório de sustentabilidade. São Paulo: Atlas,
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187
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS ON-LINE

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veis-viram-vantagens-para-empresas-e-meio-ambiente,5adaa7deccc0c510VgnV-
CM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 10 maio 2019.
GABARITO

1. O Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade refere-se a um conjunto de in-


formações que demonstram a realidade na qual as empresas estão relacionadas
e que tem por intuito descrever a situação econômica, social e ambiental de uma
entidade (empresa, governos, ONGs), em que são mostrados esse relacionamen-
to com a comunidade, bem como o resultado de sua responsabilidade social.
2. Uma empresa, quando concorre a um prêmio com o tema voltado para a susten-
tabilidade, tem como objetivo incentivar os investimentos e ações na área sus-
tentável, apresentando à comunidade as ações que são realizadas pela empresa;
assim, há um fortalecimento da marca no mercado e um diferencial.
3. Divididos em quatro tópicos, a saber:
• A geração e a distribuição de riqueza.
• Os recursos humanos.
• A interação da entidade com o ambiente externo.
• A interação com o meio ambiente.
4. O modelo do balanço Ibase tem uma forma de uma planilha, na qual traz infor-
mações sobre a folha de pagamento dos colaboradores, gastos com encargos
sociais, participação nos lucros, detalhes com despesas de controle ambientais
e investimentos sociais externos em várias áreas, tais como: educação, cultura,
saúde, entre outras.
5. Os principais motivos para uma empresa ou organização manter-se nos padrões
GRI são por demonstrar compromisso com os impactos ambientais e sociais; ter
transparência nas relações; para obter maior participação em mercados compe-
titivos, pelo planejamento de atividades, tornando-se uma empresa mais sus-
tentável e posicionada, assim como para seguir as legislações vigentes.
189
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), em nossa disciplina de Sustentabilidade e Responsabilidade Social,


que teve como intuito apresentar a importância da sustentabilidade e da responsa-
bilidade social, entre várias áreas do conhecimento, estudamos, em cinco unidades,
muitos conceitos, bem como exemplos de Responsabilidade Social.
Para isso, iniciamos nossos estudos abordando o desenvolvimento sustentável
como novo modelo, fazendo uma breve introdução dos problemas ambientais que
ocorreram no decorrer dos anos. Falamos sobre o Relatório Brundtland ou Nosso Fu-
turo Comum, que trouxe o conceito de Desenvolvimento Sustentável, abordamos o
tripé da sustentabilidade: econômico, ambiental e social e, em seguida, discutimos
as cinco dimensões da sustentabilidade: social; econômica; ecológica; espacial (ou
geográfica) e cultural. Nesse início, também apresentamos a você os 17 Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável.
Dando continuidade à nossa discussão, abordamos os modelos de sustentabilidade
aplicáveis às empresas, em que apresentamos a importância das organizações, da
gestão ambiental empresarial, da relação com a sustentabilidade econômica, e a
Responsabilidade Social Ambiental.
Em seguida, discutimos a questão do marketing verde, diferenciando esse conceito
das práticas de greenwashing ou lavagem verde. Falamos sobre a importância das
certificações de responsabilidade social, em que tratamos da norma internacional
ISO 26000, não certificável e que traz recomendações importantes na área de Res-
ponsabilidade Social. Também falamos sobre a NBR 16001, que é a norma Brasileira
de Responsabilidade Social, é certificável e pode ser aplicável a qualquer tipo de
organização, desde que a empresa atenda aos requisitos propostos pela norma.
Sobre a dimensão da Responsabilidade Social, abordamos a questão da ética e das
práticas inclusivas dentro das organizações, e finalizamos nossos estudos com as
auditorias e modelos de divulgações de ações sustentáveis, em que apresentamos a
você alguns tipos de balanços sociais e de premiações referentes à sustentabilidade.
Esperamos ter contribuído para seu crescimento como profissional na área de Sus-
tentabilidade e Responsabilidade Social, e que o conhecimento adquirido neste
material ajude você a se destacar no mercado de trabalho.
Até a próxima oportunidade!
Grande abraço!
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