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ESTÁGIO

SUPERVISIONADO:
SERVIÇO SOCIAL E
EMPREENDEDORISMO

Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha


Professora Esp. Daniela Sikorski
Professora Esp. Valéria Cristina da Costa

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel

Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina Araujo de Brito Cunha
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Designer Educacional
Distância; SIKORSKI, Daniela; CUNHA, Maria Cristina Araújo Nayara Garcia Valenciano
de Brito; COSTA, Valéria Cristina da. Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
Estágio Supervisionado: Serviço Social e José Jhonny Coelho
Empreendedorismo. Daniela Sikorski ; Maria Cristina Araújo
de Brito Cunha; Valéria Cristina da Costa. Editoração
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2017. Ellen Jeane da Silva
209 p. Qualidade Textual
“Graduação - EaD”. Daniela Ferreira dos Santos
1. Social. 2. Empreendedorismo. 3.Serviço. 4. EaD. I. Título. Ilustração
Bruno Cesar Pardinho

CDD - 22 ed. 658.4


CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Professora Especialista Daniela Sikorski


Especialista em Políticas Sociais e Gestão de Serviços Sociais pela
Universidade Estadual de Londrina (UEL/2005). Graduada em Serviço Social
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/2001). Especialização em
andamento em MBA Gestão de Pessoas pelo Centro Universitário Cesumar
(Unicesumar). Docente e Supervisora Acadêmica do Unicesumar, autora de
livros e materiais pedagógicos do Curso de Serviço Social. Gestora de Pessoas
e Relacionamento no Hospital Gastroclínica de Londrina. Experiência na área
de Serviço Social Educacional, Serviço Social Organizacional, Terceiro Setor,
Responsabilidade Social, Gestão de Voluntariado, Qualidade e Acreditação
Hospitalar.

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e


publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
http://lattes.cnpq.br/7555727127923107

Professora Mestre Maria Cristina Araújo de Brito Cunha


Mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC/2003). Especialista em Administração de Recursos Humanos
pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB/xxxx). Graduada em Serviço
Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM/1986). Coordenadora
do Curso de Serviço Social pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar)
Educação a Distância (EAD).

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e


publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:

http://lattes.cnpq.br/5055081415728722

Professora Especialista Valéria Cristina da Costa


Especialista em MBA de Recursos Humanos pelo Centro Universitário Cesumar
(Unicesumar/2000). Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual
de Londrina (UEL/1998). Coordenadora de estágio e Docente do curso de
Serviço Social pelo Unicesumar nos ensinos presencial e Educação a Distância
(EAD). Tem experiência na área de supervisão de benefícios sociais, gestão de
responsabilidade social e na gestão da política pública de Assistência Social.

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e


publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:

http://lattes.cnpq.br/0092522015363822
APRESENTAÇÃO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO: SERVIÇO SOCIAL E


EMPREENDEDORISMO

SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma etapa de novos conhecimentos que
o levará a agregar mais valor à sua formação acadêmica e profissional.
A proposta do Estágio Supervisionado: Serviço Social e Empreendedorismo consiste em
refletir sobre a importância da qualificação profissional para os desafios do mercado de
trabalho na sociedade contemporânea. E nesse momento do seu processo formativo,
temos o compromisso de prepará-los para o seu sucesso profissional.
Sendo assim, na unidade I, você terá acesso a um material que foi organizado como re-
sultado de uma vasta pesquisa bibliográfica que reúne importantes pesquisas que trata
do perfil profissional do assistente social e sua relação com o mercado de trabalho. Os
dados, aqui, apresentados vão possibilitar uma visão geral e ampliada do mercado de
trabalho conhecendo melhor os campos de atuação, qual o maior empregador, assim
como também se deve identificar novas oportunidades de trabalho, de ocupação.
Na unidade II, traremos uma reflexão acerca do Empreendedorismo, Empreendedoris-
mo Social e Intraeempreendedorismo, elementos relevantes para que você enquanto
futuro(a) assistente social chegue ao mercado de trabalho com conhecimentos atuali-
zados e que possibilite uma atuação com maior capacidade reflexiva, analítica e inter-
ventiva.
Em nossa unidade III, refletiremos sobre as metamorfoses do mundo de trabalho e a ca-
tegoria profissional. Esta unidade possibilita a inter-relação com as unidades anteriores,
vislumbrando o potencial da profissão frente aos desafios atuais e perspectivas para o
futuro.
Já na unidade IV, conheceremos as instâncias organizativas do Serviço Social como a
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), o Conselho Fe-
deral de Serviço Social (CFESS) e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), no qual
compreenderemos a relevância da participação social e interlocução com os movimen-
tos articulados à profissão compreendendo as atribuições das instâncias representativas
profissionais, tanto para o processo de formação, quanto para a realização do exercício
profissional do assistente social.
E, por fim, na unidade V, faremos uma apresentação no que diz respeito à docência em
Serviço Social, à prática de ensino e a relação docente-discente. Você perceberá que
este é um assunto merecedor de atenção nesta etapa da sua formação, nesta reta final,
devemos dar atenção aos planos profissionais.
Desde já, desejamos bons estudos e ótimo aproveitamento de aprendizado!

Profª Esp.ª Daniela Sikorski


Profª Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Profª Esp.ª Valéria Cristina da Costa
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO


ASSISTENTE SOCIAL

15 Introdução

16 A Pesquisa do CFESS Sobre os Campos de Atuação do Assistente Social

25 Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL

39 Considerações Finais

47 Referências

48 Gabarito

UNIDADE II

A METAMORFOSE DO ESPAÇO OCUPACIONAL E AS NOVAS


ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DE
EMPREENDEDORISMOS SOCIAL

51 Introdução

52 Questões Conceituais: O que é Empreendedorismo e Empreendedores


Sociais

54 Empreendedorismo e Empreendedorismo Social

72 Intraempreendedorismo

77 Considerações Finais

86 Referências

87 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL:


DESAFIOS E POSSIBILIDADES

91 Introdução

92 O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante


Crescimento

113 O Projeto Ético-Político Profissional

120 Considerações Finais

127 Referências

129 Gabarito

UNIDADE IV

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA


PROFISSIONAL

133 Introdução

134 Aspectos Históricos das Instâncias Representativas Organizadas da


Profissião de Assistente Social

140 Conjunto CFESS/CRESS

152 Considerações Finais

157 Referências

158 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL

163 Introdução

165 Reflexões Iniciais sobre a Docência

171 Docência em Serviço Social

174 A Prática de Ensino

190 A Sala de Aula – Espaço Privilegiado da Prática Docente: A Relação


Docente-Discente

194 Relação Docente-Discente

199 Considerações Finais

206 Referências

208 Gabarito

209 CONCLUSÃO
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha

I
PERFIL DOS CAMPOS DE

UNIDADE
ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL
DO ASSISTENTE SOCIAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer o perfil dos campos de atuação sócio-ocupacionais do
assistente social.
■ Analisar o perfil dos campos de atuação no qual os assistentes sociais
estão inseridos.
■ Contextualizar os acadêmicos quanto as possíveis áreas de atuação
dos profissionais de Serviço Social.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A Pesquisa do CFESS sobre os campos de atuação do assistente social
■ Pesquisa DIEESE/CUT – nacional
15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), parabéns por mais esta etapa de formação profissional, esse
mérito é seu.
Muitas situações já foram vivenciadas no campo de estágio, muitas relações teó-
ricas e práticas já foram estabelecidas, e muitas outras estão por vir, e digo a você:
teremos tantas outras a fazer, este é um caminho sem volta e absolutamente necessário!
Nesse sentido, nesta unidade, exploraremos o máximo de conhecimento e
aprendizado acerca dos trabalhos de pesquisas elaborados e desenvolvidos pelo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conjunto, Conselho Federal de Serviço Social (CFESS/2005) / Conselho Regional


de Serviço Social (CRESS/ANO) e do Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)/Central Única dos Trabalhadores (CUT)
- Nacional (2013), que sem dúvida alguma, será de grande contribuição para os
nossos alunos e alunas.
A unidade visa conhecer o perfil dos campos de atuação sócio-ocupacionais
do assistente social. Iremos analisar o perfil dos campos de atuação nos quais
os assistentes sociais estão inseridos. Dessa maneira, você será contextualizado
quanto as possíveis áreas de atuação dos profissionais de Serviço Social.
Os indicadores apresentados possibilitarão uma aproximação com a realidade
da categoria profissional de Serviço Social, quem são os assistentes sociais brasilei-
ros, como estão distribuídos pelo país, qual o maior empregador, média salarial etc.
Se aproximar dessas informações possibilita a você o contato com elemen-
tos necessários para entrar no mercado de trabalho com maior conhecimento
do perfil profissional, você perceberá ainda que muito dos dados apresentados
refletem influências históricas da profissão, e que outras características vêm se
modificando por meio dos tempos.
Certamente, você gostará muito do que vai estudar, conte conosco, dedique-
-se e aproveite este material, que está apenas no início. Ótimo estudo!

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A PESQUISA DO CFESS SOBRE OS CAMPOS DE
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) realizou, em 2004, um levanta-


mento sobre o perfil dos assistentes sociais no Brasil, e no ano de 2005 publicou
estes dados, possibilitando uma visão da profissão. Qual o objetivo desta pes-
quisa e por que foi realizada?
Esta pesquisa teve início em fevereiro de 2004, com a aprovação do
Projeto de Pesquisa pelo Conselho Pleno do CFESS, definindo-se como
objetivos da investigação: Elaborar um perfil da(o) profissional de Ser-
viço Social em atividade no Brasil (objetivo geral); mapear o universo
das(os) assistentes sociais nos âmbitos estadual, regional e nacional e
traçar o perfil atual do profissional de Serviço Social (objetivos específi-
cos). Na ocasião ficou definido que toda a execução da pesquisa ficaria
a cargo dos CRESS e Delegacias Regionais em todos os estados da Fe-
deração (CFESS, 2005, p. 12).

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


17

A seguir, você vai conhecer os dados que foram divulgados pelo próprio CFESS (2005).
Ao longo do curso, nós já pudemos verificar a abragência da profissão de
serviço social e agora que você está um pouco mais perto de fazer parte dessa
categoria profissional, poderá compreender melhor a abrangência da profissão
que escolheu, vamos lá?
Iniciamos analisando que, no nível nacional, 78,16% dos assistentes sociais
atuam em instituições públicas de natureza estatal, das quais 40,97% atuam no
âmbito municipal, 24% nos estaduais e 13,19% nas federais.
O assistente social, no Brasil, é,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

[...] majoritariamente um funcionário público, que atua predominan-


temente na formulação, planejamento e execução de políticas sociais
com destaque às políticas de saúde, assistência social, educação, habita-
ção, entre outras. O segundo maior empregador são empresas privadas
com 13,19% (o mesmo índice que as instituições federais), seguido do
“Terceiro Setor”, com 6,81% (englobando Organizações Não Governa-
mentais (ONGs), Associações, Cooperativas, entre outras que viabili-
zam a chamada “responsabilidade social”).

A grande maioria dos profissionais, 77,19%, possui apenas um víncu-


lo empregatício; 10,31% registram dois vínculos e apenas 0,76, três ou
mais. A ausência de vínculos é expressiva (11,74%), indicando a não
inserção no mercado de trabalho na área de Serviço Social (IAMAMO-
TO, [2016], p. 05, on-line)1.

Apresentaremos, a seguir, as informações acerca do perfil profissional do assis-


tente social, apresentado pelo Conselho Regional de Serviço Social (CRESS),
lembrando que essa pesquisa foi realizada em 2004 e publicada em 2005. Vários
itens foram levantados, por exemplo: tipo de vínculo empregatício, horas traba-
lhadas (jornada de trabalho), qualificação e formação profissional, entre outros.
Começaremos por meio do gráfico, representado pela figura 1, que contém
as informações obtidas pela pesquisa do percentual de homens e mulheres pro-
fissionais de serviço social:

A Pesquisa do CFESS Sobre os Campos de Atuação do Assistente Social


18 UNIDADE I

Figura 1 - Porcentual de homens e mulheres no Serviço Social

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

O gráfico anterior demonstra que a profissão é, ainda, predominantemente femi-


nina, representando 97% da categoria profissional, fato esse que gradativamente
vem diminuindo com o ingresso de homens no curso de serviço social em todo
o Brasil, o que rompe com a ideia de que, ser assistente social, é uma profissão
exclusivamente destinadas as mulheres.
Dando continuidade a apresentação quanto ao perfil da categoria levan-
tado pelo conselho, segue a representação quanto a idade dos profissionais de
serviço social:

Figura 2 - Porcentagem quanto à idade dos profissionais do Serviço Social

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 07, on-line)1.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


19

Foi possível perceber no gráfico anterior, que a idade não é totalmente discre-
pante, e que a escolha pela profissão vem se mantendo. O gráfico a seguir, nos
apresentará as informações coletadas acerca do estado civil dos profissionais de
serviço social.

Figura 3 - Porcentagem quanto ao estado civil


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 7, on-line)1.

Você sabia que até um certo tempo atrás os profissionais de serviço social
carregavam o estigma de “solteironas”, pois se preocupavam em demasia
com o próximo e renegavam a si mesmas, o gráfico anterior nos apresenta
o contrário. Ressaltamos contudo que ser ou estar casado não é uma neces-
sidade obrigatória, o que se propõe enquanto reflexão é a estigmatização
que se cria em torno da obrigatoriedade e de que todas as assistentes são
solteiras. Pense nisso!
Fonte: as autoras.

No que tange à religião, continuamos a ter a maior incidência acerca de profis-


sionais, que se denominam católicos (considerando a história do Serviço Social),
porém, isso também pode ser interpretado a partir do dado de que o Brasil é um
país predominantemente católico:

A Pesquisa do CFESS Sobre os Campos de Atuação do Assistente Social


20 UNIDADE I

Figura 4 - Porcentagem quanto à religião dos profissionais do Serviço Social

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 07, on-line)1.

Quanto à cor de pele dos assistentes sociais, a pesquisa também apresenta os


seus resultados:

Figura 5 - Porcentagem quanto à cor dos profissionais do Serviço Social

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 07, on-line)1.

Ressaltamos, que a cor da pele dos profissionais, em nada impede o seu desem-
penho, contudo, a informação é relevante no que tange o conhecimento da
categoria profissional.
Logo, será apresentado o gráfico que representa os resultados quanto à orien-
tação sexual dos profissionais que responderam à pesquisa:

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


21

Figura 6 - Porcentagem quanto à orientação sexual dos profissionais do Serviço Social


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 07, on-line)1.

No gráfico que segue, você poderá observar que o maior empregador da catego-
ria é o setor público, sob o regime estatutário que é o funcionário cujas funções
estão regulamentadas por um estatuto próprio e não pela Consolidação das Leis
de Trabalho. Seguido do regime celetista, ou seja, assistentes sociais que são
contratados seguindo as normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Figura 7 - Porcentagem quanto ao vínculo empregatício

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

No próximo gráfico, você poderá observar a distribuição dos profissionais,


levando em consideração o regime de horas contratadas: 30h, 40h ou mais de
40h. Ressaltamos que, no ano em que a pesquisa foi realizada, não se encon-
trava em vigor a Lei Federal que regulamenta a jornada de 30h para assistentes
sociais, esta só teve início em 2010.

A Pesquisa do CFESS Sobre os Campos de Atuação do Assistente Social


22 UNIDADE I

Figura 8 - Porcentagem quanto à jornada de trabalho dos profissionais do Serviço Social

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

Lei nº 12.317, de 26 de agosto de 2010


Acrescenta dispositivo à Lei no 8.662, de 7 de junho de 1993, para dispor
sobre a duração do trabalho do Assistente Social.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A Lei no 8.662, de 7 de junho de 1993, passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 5o-A:
“Art. 5º-A. A duração do trabalho do Assistente Social é de 30 (trinta) horas
semanais.”
Art. 2º Aos profissionais com contrato de trabalho em vigor na data de pu-
blicação desta Lei, é garantida a adequação da jornada de trabalho, vedada
a redução do salário.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 26 de agosto de 2010; 189º da Independência e 122º da República.
Fonte: Brasil (2010, on-line)2.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


23

Veremos a seguir, que o profissional de Serviço Social continua se qualificando após a


graduação, tanto por meio da especialização quanto investindo em um curso de mes-
trado, contudo este número poderia ser ainda maior, pois se somarmos o percentual
de profissionais que fizeram especialização-mestrado-doutorado-pósdoutorado, não
chega ao número total de profissionais que contam apenas com a graduação (57%).

Figura 9 - Porcentagem quanto à formação e qualidficação profissional


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

Quanto à participação em atividades políticas, a pesquisa apontou que 68% dos


assistentes sociais não registraram nenhum tipo de participação e 32% apresenta-
ram registros de que participam de alguma atividade política, as quais podemos
observar no quadro (figura 10):

Figura 10 - Porcentagem quanto á participação em movimentos sociais

Fonte: adapatda de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

Também foi levantado na pesquisa realizada pelo CFESS, o percentual de

A Pesquisa do CFESS Sobre os Campos de Atuação do Assistente Social


24 UNIDADE I

assistentes sociais que estão presentes e envolvidos junto a Conselhos de Direitos


e/ou de Políticas Sociais. De acordo com Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1,
esses profissionais estão “[...] envolvidos no exercício democrático do acompa-
nhamento de gestão e avaliação da política, dos planos que as orientam e dos
recursos destinados à sua implementação”.
A seguir, você observará o percentual de assistentes sociais envolvidos nos
mais diversos Conselhos. Foram apresentados os dados com maior incidência:

Figura 11 - Porcentagem quanto à participação em conselhos ou de políticas sociais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Iamamoto ([2016], p. 06, on-line)1.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


25

PESQUISA DIEESE/CUT – NACIONAL

Passemos, neste momento, para a pesquisa reali-


zada pela Subseção Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
/ Central Única dos Trabalhadores (CUT) -
NACIONAL, segundo os critérios estabelecidos
pela Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio
(PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Estatística (IBGE). De início, esta pesquisa já nos


apresenta informações bem interessantes e atuali-
zadas, por exemplo:

Figura 12 - Comparativo de Profissionais inseridos no mercado de trabalho


Fonte: adaptada de DIEESE/CUT-NACIONAL (2015, on-line)3.

De acordo com o resultado da pesquisa, observou-se que, em 2013, a distribuição


dos assistentes sociais por região do país havia uma considerável concentração
no Sudeste: 36,4%. Porém, em função da expansão das políticas públicas e do
crescimento do terceiro setor, houve expressiva desconcentração, já que nos mes-
mos estados da região Sudeste, em 2004, concentravam 48,8% dos assistentes
sociais. Foi avaliado que parte dessa desconcentração ocorreu, principalmente,
devido ao crescimento no Nordeste, que passou de 17,4% em 2004 para 29,4% em
2013. Contudo, no geral, ocorreu crescimento no número de assistentes sociais
no Norte e no Nordeste, com queda nas demais regiões, sendo mais evidente na
região Sudeste, conforme pode ser observado no gráfico a seguir:

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


26 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 13 - Distribuição dos assistentes sociais por região do país
Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 04, on-line)3.

Quanto à atividade econômica, há um destaque preponderante para o crescimento


do percentual na administração pública municipal no âmbito do emprego: em
2004, 36,0% dos assistentes sociais atuavam junto ao poder público municipal,
em 2013 esse percentual cresceu para 52,1%. Aliás, a maior parte do cresci-
mento do número de assistentes sociais ocupados entre 2004 e 2013 se deu no
setor público, sendo este responsável por mais de 66% do total do aumento do
número de assistentes sociais atuando nas políticas públicas.
Sendo assim, outro dado relevante que a pesquisa apresenta, refere-se ao
cenário do mercado de trabalho em geral, no qual as taxas de formalização avan-
çaram, ainda que mais discreta, justamente porque se trata de uma ocupação que
possui elevada taxa de formalização: em 2004, a atuação do assistente social no
setor público representava 66,0%, e cresceu para 70,2% em 2013. Sendo assim,
constata-se que não há como ignorar o fato de que o maior empregador para a
categoria seja o setor público. Em 2013, o emprego público, considerando todas
as esferas, representava mais de 72% do total do emprego.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CARTEIRA DE SEM
SEM
  TRABALHO ESTATUTÁRIO CARTEIRA DE EMPREGADOR TOTAL
RENDIMENTOS
ASSINADA TRABALHO

Administração do
Estado e da política
9.108 10.503 15.631 0 0 35.242
econômica e social
Municipal

Serviços Sociais 2.155 835 4.550 579 424 8.543

Administração do
Estado e da política
2.022 5.650 826 0 0 8.498
econômica e social
Estadual
2004
Outros Serviços
coletivos prestados
0 5.884 2.102 0 0 7986
pela administração
pública - Estadual

Saúde Pública 1.397 5.127 431 0 579 7.534


Outras atividades
13.517 8.006 5.476 0 2.183 29.182
econômicas
Total 28.199 36.005 29.016 579 3186 96.985
Tabela 1 - Distribuição dos assistentes sociais ocupados, por atividade econômica entre 2004 e 2013

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


27
28

CARTEIRA DE SEM
SEM
  TRABALHO ESTATUTÁRIO CARTEIRA DE EMPREGADOR TOTAL
RENDIMENTOS
ASSINADA TRABALHO
UNIDADE
I

Administração do
Estado e da política
16.264 56.813 33.603 0 0 106.680
econômica e social
Municipal

Serviços Sociais 13.180 5.859 11.059 321 2.431 32.850

Administração do
Estado e da política
4.273 8.418 1.521 0 299 14.511
econômica e social

Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 04, on-line)3.


Estadual
2013
Outros Serviços
coletivos prestados
1.155 10.631 1.658 0 0 13444
pela administração
pública - Estadual

Saúde Pública 962 6.002 1.260 0 0 8.224

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


Outras atividades
15.225 5.043 4.898 0 3.872 29.038
econômicas
Total 51.059 92.766 53.999 321 6602 204.747

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
29

Vamos ver a seguir, algumas características do perfil dos assistentes sociais ocu-
pados no período de 2004 a 2013. Apesar de ainda predominar o sexo feminino,
houve queda na participação das mulheres no total, caindo de 84,2% para 77,9%.
A idade média dos assistentes sociais passou de 372 anos em 2004, para 38,9
anos em 2013. A distribuição de raça aumentou expressivamente a participação
dos negros, que representavam 33,0% dos assistentes sociais. Em 2013, houve um
aumento para 44,8%. A taxa de sindicalização ou filiação à alguma entidade de
classe caiu expressivamente entre os assistentes sociais. Em 2004 era de 29,7%,
e passou para 18,5% em 2013.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Outro dado relevante é em relação aos rendimentos médios dos assisten-


tes sociais ocupados, na comparação entre os anos de 2004 e 2013, primeiro
se observa um crescimento significativo para o mercado de trabalho em geral
para os assistentes sociais, mesmo os que tiveram aumento bem mais discreto,
de 12,2% no mesmo período.
Quanto a análise da remuneração (rendimentos) média dos profissionais ocu-
pados, apresentaremos a seguir, uma tabela com os dados por regiões do Brasil.

Tabela 2 - Rendimento médio dos assistentes sociais ocupados, por região do país, e o geral do mercado de
trabalho brasileiro, em R$ de janeiro de 2015

REGIÃO 2004 2013 DIFERENÇA (%)

Norte 1.628,76 2.154,84 32,30%


Nordeste 2.010,85 1.812,45 -9,90%
Sudeste 2.023,92 2.659,25 31,40%
Sul 2.169,29 2.248,0 3,60%
Centro-Oeste 2.010,76 2.295,51 14,20%
Assistente Social - Geral 2.018,47 2.265,35 12,20%
Brasil - Geral 1.083,29 1.624,74 50%

Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 07, on-line)3.

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


30 UNIDADE I

Na região Norte e no Sudeste, o crescimento real dos rendimentos médios dos


assistentes sociais foi superior a 30%, por outro lado, no Nordeste (região que
apresentou maior crescimento no número de trabalhadores) houve uma queda
em termos reais de quase 10%. Nesse último caso, segundo o estudo apresentado
pelo DIEESE CUT/Nacional (2015, on-line)3, esse percentual se deve por haver
uma concentração importante de trabalhadores no serviço público municipal
(passando a maior parte do total). Isso pode ter colaborado para esta redução na
região, assim como o comportamento mais discreto como um todo da categoria.
Ainda, quanto aos rendimentos médios dos assistentes sociais, agora com foco

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nas atividades econômicas, foi apontado pela pesquisa que tanto no emprego do
serviço público municipal como diretamente na área de serviço social, o setor de
atividade econômica que pagava maior salário aos assistentes sociais era o ligado
diretamente à Seguridade Social Pública, porém com pouco mais de 2 mil assis-
tentes sociais conforme mostra a tabela seguinte.

Tabela 3 - Rendimento médio dos assistentes sociais ocupados, por atividade econômica, e o geral do
mercado de trabalho brasileiro, em R$ de janeiro de 2015 (deflator: INPC-IBGE)

ATIVIDADE ECONÔMICA 2004 2013 DIFERENÇA (%)

Administração do Estado e da 1.609,42 2.151,95 33,7%


política econômica e social
Municipal
   
Serviços Sociais 1.186,33 1.511,13 27,4%
   
Saúde Pública 1.801,43 2.991,90 66,1%
   
Administração do Estado e da 3.048,12 3.504,73 15,0%
política econômica e social
Estadual
   

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


31

Outros Serviços coletivos 3.045,14 3.175,39 4,2%


prestados pela administração
pública - Estadual
Assistente Social - Geral 2.018,47 2.265,35 12,2%

Brasil - Geral 1.083,29 1.624,74 50,00%

Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 07, on-line)3.

Os assistentes sociais que estão no mercado de trabalho formal estão distribuídos


por região. Em 2013, segundo RAIS/MTE, dos 66.601 asistentes sociais empre-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gados formalmente no país, 26,1% estavam no estado de São Paulo; 11,0% em


Minas Gerais; 10,1% no Rio de Janeiro; 6,6% no Paraná; e 5,1% no Rio Grande
do Sul. Ou seja, aproximadamente 60,0% dos assistentes sociais estavam con-
centrados em apenas 5 estados, sendo 3 da região sudeste e dois da região sul.
66,7% dos assistentes sociais estavam empregados no setor público e 33,3% no
setor privado. O que chama atenção na pesquisa quanto ao mercado de trabalho
formal, é que o estado com a maior presença de assistentes sociais no emprego
público é Roraima com 95,2%, enquanto que o estado com maior número de
assistentes sociais no emprego privado é São Paulo, com 46,0%, conforme pode
ser observado na tabela a seguir.

Tabela 4 - Distribuição dos assistentes sociais segundo unidade de federação e natureza jurídica em 2013

SETOR
UF TOTAL DIST. SETOR PRIVADO
PÚBLICO
São Paulo 17.397 26,10% 54,00% 46,00%
Minas Gerais 7.311 11,00% 63,70% 36,30%
Rio de Janeiro 6.746 10,10% 68,70% 31,30%
Paraná 4.403 6,60% 69,50% 30,50%
Rio Grande do Sul 3.427 5,10% 61,60% 38,40%
Bahia 3.342 5,00% 69,70% 30,30%
Santa Catarina 2.847 4,30% 76,90% 23,10%
Ceará 2.415 3,60% 72,70% 27,30%

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


32 UNIDADE I

Espírito Santo 2.267 3,40% 73,30% 26,70%


Pará 2.185 3,30% 86,50% 13,50%
Pernambuco 1.903 2,90% 62,80% 37,20%
Paraíba 1.631 2,40% 90,10% 9,90%
Amazonas 1.269 1,90% 78,30% 21,70%
Goiás 1.129 1,70% 67,80% 32,20%
Mato Grosso do Sul 1.101 1,70% 76,50% 23,50%
Piauí 1.004 1,50% 87,60% 12,40%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Rio Grande do 976 1,50% 78,10% 21,90%
Norte
Maranhão 801 1,20% 63,20% 36,80%
Tocantins 746 1,10% 93,70% 6,30%
Sergipe 746 1,10% 63,90% 36,10%
Mato Grosso 692 1,00% 81,40% 18,60%
Distrito Federal 687 1,00% 63,80% 36,20%
Alagoas 683 1,00% 70,70% 29,30%
Rondônia 376 0,60% 61,70% 38,30%
Acre 216 0,30% 77,80% 22,20%
Roraima 187 0,30% 95,20% 4,80%
Amapá 114 0,20% 86,00% 14,00%
Total 66.601 100,0% 66,7% 33,3%

Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 07, on-line)3.

Na tabela seguinte, temos os dados de distribuição dos assistentes sociais empre-


gados no mercado formal. Segundo a Unidade de Federação e Natureza Jurídica
(2013), 97,2% dos assistentes sociais estavam concentrados em dois setores:
administração pública e serviços. Na administração pública, com 60,0% dos
assistentes sociais, e no setor de serviços constavam 37,2% desses profissionais,
sendo que 18,2% estavam em serviços de alojamento e comunicação; 10,2% em
serviços médicos, odontológicos e veterinários; 5,0% em serviços de ensino; e

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


33

2,6% em administração técnica profissional. Outro dado a se destacar, é o número


de assistentes sociais empregados no setor privado. Eles estavam em maior quan-
tidade nos setores de comércio (96,9%) e serviços (83,8%).

Tabela 5 - Distribuição dos assistentes sociais segundo Unidade de Federação e Natureza Jurídica em 2013

SETOR
SETORES TOTAL DIST. SETOR PÚBLICO
PRIVADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Administração Pú-
39.978 60,00% 99,70% 0,30%
blica

Serviços 24.767 37,20% 16,20% 83,80%

Indústria de transfor-
579 0,90% 19,70% 80,30%
mação

Construção Civil 486 0,70% 21,60% 78,40%

Serviços industriais
393 0,60% 72,80% 27,20%
de utilidade pública

Comércio 196 0,30% 3,10% 96,90%

Extrativa mineral 114 0,20% 61,40% 38,60%

Agropecuária, extra-
ção vegetal, caça e 88 0,10% 19,30% 80,70%
pesca

Total 66.601 100,0% 66,7% 33,3%

Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 09, on-line)3.

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


34 UNIDADE I

Destaca-se, ainda, de acordo com informações da RAIS/MTE, que há maior


presença feminina em atividades relacionadas ao cuidado e proteção, como as
da área da saúde, educação e assistência social. Veja a seguir um dado apresen-
tado pela pesquisa:
Em 2013, 93,8% das pessoas ocupadas na área da assistência social
eram mulheres e recebiam uma remuneração média de R$ 3.868,82, ou
seja, 10,9% superior à dos homens e menos de 1,0% acima da remune-
ração média do total dos assistentes sociais (DIEESE/CUT-Nacional,
2015, p.10, on-line)3.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nota-se também que a participação das assistentes sociais manteve-se acima dos
90%, tanto no setor público quanto no privado, porém, a remuneração média
feminina, que era 13,6% maior do que a masculina no setor público, foi 0,2%
menor no setor privado. Essa diferença pode estar relacionada a maior perma-
nência das pessoas no emprego público, que favorece o aumento da renda, a
exemplo, dos planos de cargos e salários.
Por outro lado, revela também, que no setor privado, no qual existe uma
maior rotatividade do emprego, as assistentes sociais continuam ganhando menos
do que os homens, apesar de representarem 93,2% das pessoas que trabalham,
ou seja, esse é um fenômeno característico do mercado de trabalho brasileiro.
Sendo assim, no que diz respeito à distribuição dos profissionais de serviço
social quanto a natureza jurídica (público, privado), sexo e média de remuração,
observou-se os seguintes dados, apresentados na tabela a seguir:

Tabela 6 - Distribuição dos assistentes sociais segundo natureza jurídica, sexo e remuneração média em R$*
de maio de 2015, Brasil, 2013

Masculino Feminino Total


Natureza Trab Remuneração Trab Remuneração Trab Remuneração
Jurídica Média (R$) Média (R$) Média (R$)

Público 6,0% 3.858,68 94,0% 4.384,97 44.447 4.353,47


Privado 6,8% 2.830,81 93,2% 2.824,49 22.154 2.824,92
Total 6,2% 3.487,90 93,8% 3.868,82 66.601 3.845,02
Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 11, on-line) . 3

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


35

Quanto à faixa etária, veremos que a predominância de profissionais está nas fai-
xas de idade acima de 30 anos até 64 anos. Conforme identificado pela pesquisa
e apresentado na próxima tabela, o percentual de profissionais de serviço social
entre 30 e 39 anos foi de 33,9%; de 40 a 49 anos de 24,1%; e de 50 a 64 anos de
23,7%. Enquanto que a maior remuneração média, de R$ 5.601,86, foi obser-
vada entre os assistentes sociais de 50 a 64 anos:

Tabela 7 - Distribuição dos assistentes sociais segundo faixa etária e remuneração média em R$*, Brasil,
2013

FAIXA ETÁRIA TOTAL PART. REM. MÉDIA (R$)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

18 a 24 anos 1.859 2,8% 2.110,00

25 a 29 anos 9.557 14,3% 2.639,09

30 a 39 anos 22.564 33,9% 3.166,61

40 a 49 anos 16.047 24,1% 3.916,08

50 a 64 anos 15.752 23,7% 5.601,86

65 ou mais 822 1,2% 5.358,17


Total 66.601 100,0% 3.845,02
Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 12, on-line)3.

Quanto ao tempo de emprego, observa-se que com a maior presença de assis-


tentes sociais no setor público, isso contribuiu sobremaneira para uma maior
participação desses profissionais nas maiores faixas de tempo de emprego.
Os assistentes sociais que estavam empregados no mínimo por três anos em
2013 representavam 53,0%, sendo que 23,2% estavam no emprego há 10 anos ou
mais. E, concomitantemente, nota-se que o maior tempo de emprego foi acom-
panhado por um crescimento contínuo da remuneração média, enquanto um
assistente social com até 1 ano percebeu uma remuneração média de R$ 2.342,44,
um com 10 anos ou mais recebeu uma remuneração de R$ 6.408,90. Conforme
veremos nos indicadores apresentados na tabela 8:

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


36 UNIDADE I

Tabela 8 - Distribuição dos assistentes sociais segundo tempo de emprego e remuneração média em R$*,
Brasil, 2013

FAIXA TEMPO EMPREGO TOTAL PART. REM. MÉDIA (R$)

Até 2,9 meses 3.274 4,90% 2.539,96


3,0 a 5,9 meses 3.954 5,9% 2.644,11
6,0 a 11,9 meses 9.099 13,7% 2.342,44
12,0 a 23,9 meses 8.776 13,2% 2.783,40
24,0 a 35,9 meses 6.213 9,3% 2.945,66
36,0 a 59,9 meses 8.419 12,6% 3.320,16

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
60,0 a 119,9 meses 11.408 17,1% 4.053,95
120,0 meses ou mais 15.453 23,2% 6.408,90
Não identificados 5 0,0% 6.500,22
Total 66.601 100,0% 3.845,02
Fonte: DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 13, on-line) .
3

Quanto ao regime de contrato, observou-se que os assistentes sociais contrata-


dos pelo regime estatutário representavam 55,5%, e os celetistas 40,7%, sendo que
39,7% eram contratos por prazo indeterminado e 1,0% por prazo determinado.
Para fins de análise:
[...] quanto à relação da remuneração, segundo o tipo de vínculo, os
assistentes sociais estatutários percebiam a maior remuneração média,
R$ 4.380,72; seguida pelos celetistas por prazo indeterminado com uma
remuneração de R$ 3.301,42 (DIEESE/CUT - Nacional, 2015, p.10)3.

A pesquisa aponta algumas diferenças quanto à remuneração dos assistentes


estatutários e os assistentes sociais que atuam sob o regime celetista. Algumas
características do regime estatutário são os benefícios contemplados, por exem-
plo: Licença-prêmio, os triênios ou anuênios que são premiações pelo tempo de
serviço. Alguns benefícios comuns aos dois regimes são: férias e aposentadoria.
Quanto ao vínculo empregatício e remuneração média, podemos ver a seguir,
as informações registradas e apresentadas na tabela que segue:

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


37

Tabela 9 - Movimentação dos assistentes sociais, segundo vínculo empregatício e remuneração média em
R$, Brasil, 2013

TIPO VÍNCULO TOTAL PART. REM. MÉDIA (R$)

CLT 27.087 40,70% 3.279,36


Prazo Indeterminado 26.438 39,70% 3.301,43
Prazo Determinado 649 1,00% 2.380,16
Estatutário 36.996 55,50% 4.380,72
Outros 2.518 3,80% 2.059,13
Total   100% 3.845,02
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: DIEESE/CUT- Nacional (2015, p. 14, on-line)3.

No que se refere à movimentação dos assistentes sociais no mercado de tra-


balho formal, observa-se que no período de abril de 2014 a março de 2015, a
diferença entre admitidos e desligados resultou em um saldo positivo de 473
postos de trabalho.
O salário mensal médio desses profissionais nesse período foi de R$ 2.174,82,
analisando a tabela seguinte, você poderá constatar a movimentação dos assis-
tentes sociais junto ao mercado de trabalho:

Tabela 10 - Movimentação dos assistentes sociais, segundo setor econômico e salário médio (em R$, Brasil),
abr-2014/mar-2015

Admitidos Desligados Total


Setores Trab Remuneração Trab Remuneração Trab Remuneração
Média (R$) Média (R$) Média (R$)
Extrativa mineral 1 3.500,00 7 4.269,00 -6 4.172,88
Indústria de 73 2.538,66 113 3.382,12 -40 3.051,08
transformação
Serviços Industriais 34 4.182,88 29 3.884,62 5 4.045,59
de Utilidade Pública
Construção Civil 181 3.033,72 264 3.303,57 -83 3.193,81
Comércio 54 2.107,91 52 2.905,73 2 2.499,29

Pesquisa DIEESE/CUT – NACIONAL


38 UNIDADE I

Serviços 6.555 1.994,45 6.130 2.204,83 425 2.096,12


Administração 545 2.377,98 374 2.434,59 171 2.401,02
Pública
Agropecuária, ex- 26 2.138,19 27 2.424,00 -1 2.283,79
trato vegetal, caça
e pesca
Total 7469 21.873,79 6996 24.808,46 473 23.743,58
Fonte: DIEESE/CUT-Nacional (2015, p. 14, on-line)3.

Com esses dados apresentados, pudemos traçar um panorama geral da condição


do profissional do Serviço Social no Brasil. Para tanto, foram utilizadas tabelas e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
figuras com dados levantados a partir do documento “Quem são os assistentes
sociais no Brasil?” elaborado pelo DIEESE/CUT - Nacional (2015, p. 14, on-line)3.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, buscou-se apresentar o cenário do mercado


de trabalho dos assistentes sociais a partir de duas importantes pesquisas rea-
lizadas pelo DIEESE/CUT - Nacional e pelo conjunto CFESS/CRESS, em que
se procura reunir as principais características e analisar o perfil dos assistentes
sociais no Brasil, no que tange ao contingente do mercado formal e sua especi-
ficidade como trabalhador assalariado.
Nas análises aqui apresentadas, no caso específico do mercado de trabalho,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

alguns aspectos foram evidenciados tanto em uma pesquisa como na outra que
compreendeu o período entre 2004 e 2013. É possível observar com o cresci-
mento do número de assistentes sociais no setor público municipal que muito
se deve à descentralização das políticas públicas, pois esse número cresceu mais
que a média da ocupação do país.
Foram evidenciados crescimentos importantes quanto ao número de homens,
ainda que as mulheres sejam a maioria dentre os assistentes sociais, assim como
também em relação à raça, no qual a etnia negra teve um aumento considerável
em sua participação, ultrapassando 44% em 2013.
Por outro lado, há indicadores relevantes que tiveram baixa, como é o caso
dos rendimentos médios reais, de 2004 a 2013 os da categoria profissional tive-
ram crescimento inferior ao verificado no mercado de trabalho como um todo.
Essa informação reflete no dado que a pesquisa traz, relacionado ao fato do
emprego ter avançado para a categoria no serviço público municipal, e é exa-
tamente nessa esfera que na maioria dos casos, tem-se os menores salários em
comparação com a união e os estados.
A relevância das respectivas pesquisas nos possibilitou ainda o mapeamento
de onde há a maior concentração de assistentes sociais trabalhando no mercado
formal, que no último registro de 2013, em grande parte, estão concentrados nas
regiões sul e sudeste (60,0%) e no setor público (66,7%). Segundo o setor eco-
nômico, a administração pública e serviços concentravam 97,2% dos assistentes
sociais, sendo que no serviço 83,8% estavam no setor privado.

Considerações Finais
40 UNIDADE I

As mulheres ainda representavam a maioria na área da assistência social


(93,8%), confirmando também a maior presença delas em profissões relaciona-
das ao cuidado e proteção.
Sendo assim, a remuneração média dos assistentes sociais era cerca de 11,0%
superior a dos homens, exceto no setor privado, no qual a remuneração femi-
nina era, em média, 0,2% menor do que a masculina.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PERFIL DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL


41

1. De acordo com a pesquisa realizada pelo CFESS em 2004, qual o setor que mais
emprega assistentes sociais:
a. Setor Privado.
b. Setor Público.
c. Terceiro Setor.
d. Setor Autônomo.
e. Setor Internacional.

2. De acordo com a pesquisa realizada pelo CFESS em 2004, analise as sentenças a


seguir e escolha a alternativa correta:
a. A profissão apresenta um percentual de 97% para profissionais mulheres e
3% homens.
b. A média de idade de maior prevalência está entre a faixa de 35 e 44 anos,
representando 38% da categoria.
c. A pesquisa ainda desmistificou a ideia de que o Serviço Social é uma profissão
de pessoas solteiras, apresentando um indicador de estado civil no qual 53%
dos profissionais se declararam casados.
d. No que diz respeito a religião, continua predominando o número de Assisten-
tes Sociais que se denominam católicos que representam 67,65% da catego-
ria profissional.
e. Todas as alternativas acima estão corretas.

3. Lei nº 12.317, de 26 de agosto de 2010, acrescenta um dispositivo à Lei 8662 de


07 de junho de 1993 (Lei que Regulamenta a Profissão de Serviço Social). Esse
dispositivo dispõe sobre a duração do trabalho do Assistente Social. A partir des-
sa Lei Federal a duração da jornada de trabalho do Assistente Social passa a ser
de quantas horas:
a. 25 horas semanais.
b. 44 horas semanais.
c. 60 horas semanais.
d. 30 horas semanais.
e. 42 horas semanais.
42

4. Em 2013, a Subseção DIEESE/CUT - Nacional realizou uma pesquisa acerca dos


profissionais de Serviço Social inseridos no mercado de trabalho. De acordo com
a pesquisa, assinale a alternativa correta:
a. O número de profissionais inseridos no mercado de trabalho teve um aumen-
to de mais de 108 mil.
b. Quanto a faixa etária, a pesquisa demosntrou que o maior número de profis-
sionais encontra-se na faixa de 30 a 39 anos, representando 33,9%.
c. A região que concentra o maior número de Assistentes Sociais é a região Su-
deste com 36,40% dos profissionais, e a região com a menor concentração de
Assistentes Sociais é a região Norte com 8,90%.
d. Assim como na pesquisa realizada pelo CFESS em 2004, a área que mais em-
prega assistentes sociais continua sendo o setor público.
e. Todas as alternativas acima estão corretas.
5. De acordo com a Pesquisa realizada pela Subseção DIEESE/CUT - Nacional, qual
a média de tempo de emprego dos assistentes sociais:
a. 120,0 meses ou mais.
b. 60,0 a 119,9 meses.
c. 12,0 a 23,9 meses.
d. 6,0 a 11,9 meses.
e. 24,0 a 35,9 meses.
43

UMA VISÃO PANORÂMICA DAS ATUAIS TENDÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DO MERCA-


DO DE TRABALHO PARA O ASSISTENTE SOCIAL
Pesquisa recente disponibilizada pelo portal Aprendiz, organizada pelo jornalista Di-
menstein, no qual 178 profissionais, formadores de opinião (jornalistas, editores, publi-
citários, pesquisadores e especialistas em recursos humanos), apontaram as caracterís-
ticas de maior importância para o trabalhador do século XXI. Foram destacadas quatro
variáveis básicas: personalidade, formação, habilidades e atitudes.
No item formação, 46% consideraram “nunca parar de aprender”, como principal carac-
terística, sendo que 79% destes indicaram essa mesma característica como uma das cin-
co mais importantes; 64% domínio da língua inglesa; 60% cultura geral e 39% a necessi-
dade do trabalhador de ter uma “visão clara do que espera de si mesmo”.
No item habilidades, 50% destacaram o saber trabalhar em equipe; 62% administrar
o tempo; 61% compreender tudo de forma integrada; 40% ser generalista; 42% estar
aberto a negociações e 27% valorizar a participação em trabalhos comunitários.
Realizada nos Estados Unidos, a pesquisa feita por meio do Departamento de Trabalho,
listou os 340 principais empregos do país. Entre os 20 primeiros, destaca-se: Analista de
Sistemas, Engenheiro de Computação, Gerente nas Áreas de Matemática, Ciências Na-
turais e Engenharia, Vendedores de Serviços Financeiros, Gerentes de Marketing, Propa-
ganda e Relações Públicas, Cientistas de Computação, Gerentes de Serviços, Terapeutas
Corporais, Professores de Educação Especial, Gerentes Gerais e Executivos de Alto Esca-
lão, Programadores de Computação, Assistente em Gerência, Enfermeiras Registradas,
Advogados, Professores de Ensino Secundário, Engenheiro Eletrônico, Médicos, Geren-
tes Financeiros, Assistentes Sociais, Docentes de Faculdades e Universidades.
Tais indicadores apontam, em uma visão mais global que o profissional do século XXI
deve ter um perfil adequado a essas demandas ou estará excluído, mais do que em ou-
tros momentos da história da humanidade.
Em relação ao Serviço Social, podemos constatar a proliferação de pesquisas quanto ao
estudo das tendências e exigências do mercado de trabalho para os assistentes sociais,
mas principalmente de melhor formar e preparar os profissionais para as novas deman-
das. Vejamos a seguir alguns dados de maior importância para nossa reflexão.
44

Iamamoto (1999), refletindo sobre as condições e relações de trabalho do assistente so-


cial, aponta uma série de fatores, que sintetizam os resultados de várias pesquisas reali-
zadas em todo o país nos últimos anos.
Entre esses dados constata-se que o setor público ainda é o maior empregador dos
assistentes sociais, sendo as esferas Estaduais e Municipais os que mais contratam, e
isso devido a constante descentralização das políticas sociais. O constante processo de
transferência das responsabilidades do Estado para outros setores da sociedade, em
específico para o chamado terceiro setor, composto pelas organizações sem fins lucra-
tivos, fundações e ong’s, eleva os casos de subcontratação do assistente social, além
da invasão de outros profissionais nessa esfera, o que pode ser observado quanto aos
cargos de gerenciamento de políticas sociais.
Constata-se que, entre os espaços já consagrados de atuação profissional, o que mais
absorve a mão de obra e no RJ com cerca de 28%, depois São Paulo com cerca de 25%,
seguido de outras áreas tais como: assistência social, previdência, educação social e tra-
balho, além de apontar outros campos emergentes, entre eles o da filantropia empre-
sarial ou do desenvolvimento da responsabilidade social das empresas, do marketing
social e da qualidade de vida e treinamento na área de RH. Tal cenário e tendências “[...]
requer um amplo conhecimento das novas formas de produção e das expressões da
questão social que são objeto do trabalho profissional e postura crítica norteadora pelos
valores que embasam o projeto ético-político do Serviço Social” (idem, p. 149).
Outra pesquisa realizada por Silva e Junqueira (1998), junto a um grupo de profissionais
egressos no mercado de trabalho no Rio Grande do Sul, elucida vários dados de grande
importância quanto ao desafio e necessidade de se pensar sobre a empregabilidade
do assistente social. Constata-se que 63% do universo de 208 profissionais, sinalizaram
que em média levaram 8 meses para conseguir uma colocação no mercado de trabalho
após sua formatura, destes no momento da pesquisa, 82% estavam empregados e 18%
desempregados, 71% declaram que este era o seu primeiro vínculo profissional, 66%
45

não conseguiram emprego em sua área de estágio, 20,5% estavam atuando na área da
assistência social, e 41% na saúde, 79% declaram receber em média seis salários men-
sais, por 34 horas de trabalho semanais, 22% tem outra atividade além do Serviço Social
(professor, agente administrativo, pequeno empresário etc.), 90,6% são assalariados e só
6,3% autônomos, 55% são do setor público e 45% privado.
Quanto às tendências, exigências e desafios do mercado de trabalho para os assistentes
sociais, nos levam a constar dois elementos de maior importância. Primeiro que não
basta ter uma visão critica, somente, é preciso saber navegar conviver e melhor admi-
nistrar sua trajetória profissional em meio as profundas e rápidas mudanças do mundo
e do mercado de trabalho, a instabilidade e incerteza são fatores preponderantes nesse
contexto. Mais do que esperar que ocorra uma revolução, temos, antes de mais nada,
que nos revolucionarmos, para estarmos dentro dos espaços que devem ser ocupados e
melhor dimensionados a partir de valores e princípios ético-políticos melhor ajustados
para construção de uma cidadania justa e necessária aos nossos tempos.
É preciso ter estratégias efetivas de intervir nesse processo, para isso é que defende-
mos a necessidade de considerarmos que o assistente social deve pensar sobre sua
empregabilidade e o gerenciamento adequado de sua carreira profissional, pois se não
o fizermos, estaremos perdendo tempo e espaço num momento histórico onde a con-
corrência por espaços de trabalho requer o preparo e planejamento adequado para o
devido enfrentamento desses novos desafios, principalmente quanto à compreensão
e significado do trabalho, como sendo um espaço de intervenção e produção de no-
vos valores e trabalhar, ter e manter o emprego é intervir na vida como um todo como
bem assinalado por Boff (1998, p. 127) “Intervir é trabalhar. Ele não só cria instrumentos
e aparatos tecnológicos para transformar a natureza, mas também suscita linguagens,
conteúdos da consciência, formas de sentir, de valorizar, de relacionar-se com outros”.
Fonte: adaptada de Oliveira (2002, p. 51-57).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Saber profissional e poder institucional


Vicente de Paula Faleiros
Editora: Cortez
Sinopse: esta coletânea de escritos retoma uma temática
comum de grande repercussão nos meios profissionais, a
relação existente entre o saber profissional e o poder político.
Na perspectiva de análise aqui presente, considera-se que
saber profissional e poder institucional são formas históricas
da relação entre classes e forças sociais e da relação entre o
Estado e a sociedade. A produção e a organização do saber
profissional são processos de domínio e de legitimação
de classe, de controle e de direcionamento de dinâmica social. O saber é uma forma de enfrentar
desafios da natureza, como de contornar ou estimular conflitos, de justificar ou criticar a ordem social,
de articular a continuidade ou transformação da sociedade, e se coloca no processo da luta de classes
e da correlação de forças sociais. O saber é práxis, concepção de mundo em conflito, relativo às
relações de classes e forças sociais.
47
REFERÊNCIAS

CFESS - Conselho Federal de Serviço Social. Assistentes Sociais no Brasil: elemen-


tos para o estudo do perfil profissional / Organizado pelo Conselho Federal de Ser-
viço Social; colaboradores Rosa Prédes et al.-- Brasília: CFESS, 2005.
OLIVEIRA, E. M. Empregalidade e gerenciamento de carreira do assistente social
no século XXI: desafios e estratégias. Toledo/PR, 2002.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <https://www.unifesp.br/campus/san7/images/servico-social/Texto_introdu-
torio_Marilda_Iamamoto.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2016.
2
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2010/Lei/L12317.
htm>. Acesso em: 11 nov. 2016.
3
Em: <http://www.cntsscut.org.br/acontece/2493/cntss-cut-e-fena>. Acesso em: 11
nov. 2016.
GABARITO

1. B
2. E
3. D
4. E
5. A
Professora Esp. Daniela Sikorski

II
A METAMORFOSE DO ESPAÇO

UNIDADE
OCUPACIONAL E AS NOVAS ESTRATÉGIAS
DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA
DE EMPREENDEDORISMOS SOCIAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender os impactos das mudanças nos espaços sócio-
ocupacionais para o profissional de Serviço Social.
■ Conhecer os conceitos de empreendedor, empreendedorismo,
empreendedorismo social e intraempreendedorismo e suas relações
com o Serviço Social.
■ Refletir acerca do exercício profissional na contemporaneidade,
provocando pedagogicamente o acadêmico para uma prática
profissional de sucesso.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Questões conceituais: o que é empreendedorismo e
empreendedores sociais
■ Empreendedorismo e Empreendedorismo Social
■ Intraempreendedorismo
51

INTRODUÇÃO

Aluno(a), seja bem-vindo(a), estamos avançando cada dia mais, e vendo a relevân-
cia de como estarmos interados do cenário da nossa profissão contribui para nossa
atuação profissional. Olhar as possibilidades de atuação, bem como projetar novas
possibilidades é de extrema relevância para a construção histórica da nossa profissão.
Observar a realidade, seus problemas, suas relações, seus avanços e seus dasa-
fios pede a você, futuro(a) assistente social, uma nova postura. A realidade pede
hoje um assistente social proativo, propositivo, empreendedor, intraeempreende-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dor, ousado e inovador. E é sobre esse assunto que nós trataremos. Veremos que
as transformações na sociedade também provocam mudanças nos espaços sócio-
-ocupacionais, essas metamorfoses nos convidam a olhar novas possibilidades
de trabalho. Entenderemos os conceitos de empreendedorismo, empreendedo-
rismo social, intraempreendedorismo, entre outros conceitos.
As pesquisas realizadas pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
/ Central Única dos Trabalhadores (CUT) - Nacional, apresentadas na unidade
anterior, nos mostram que a profissão está em pleno crescimento e que os cam-
pos de atuação se ampliam a cada dia, pensem que daqui a pouco tempo vocês
estarão incorporando essa categoria enquanto profissional devidamente formado.
Esta unidade de estudo foi pensada especialmente para você, uma vez que o
mercado de trabalho exige a cada dia mais, profissionais capazes de olhar além da
realidade, um profissional criativo, interventivo, propositivo e proativo. Estender
os conceitos e exemplos de empreendedorismo lhe auxiliarão na compreensão
que é necessária para conhecer a realidade e ousar. Os conhecimentos sobre o
empreendedorismo social lhe aproximarão ainda mais do Serviço Social, pois
ele busca trazer soluções para situações que envolvam a coletividade, e os pro-
blemas sociais.
E, por fim, o Intraempreendedorismo, esse talvez seja um conceito novo para
você, mas trata-se justamente do diferencial que cada profissional apresenta e
que pode fazer a diferença enquanto profissional contratado, ou seja, um profis-
sional empreendedor dentro da instituição em que atua. Aproveite esta unidade.
Ótima leitura!

Introdução
52 UNIDADE II

QUESTÕES CONCEITUAIS: O QUE É


EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORES
SOCIAIS

Ao começar o estudo desta unidade, é importante


que você tenha em mente que, quando falamos em
empreender, estamos falando em experimentar,
tomar decisões, sair da zona de conforto e fazer
algo. Transformando, criando opções e oportuni-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dades, inovando na realidade na qual está inserido.
Nos dias atuais, empreender está ligado à busca
permanente por oportunidades que sejam ino-
vadoras, que estejam ligadas às necessidades das
pessoas.
A partir dessa breve explanação, você consegue
relacionar o Serviço Social com o empreendedo-
rismo? O que vem à sua cabeça quando ouve falar
em empreeendedorismo?
Muitas vezes você pode pensar que para ser um empreendedor é preciso
tem um dom divino, ser alguém superdotado de talento especial, além de ser
uma pessoa de muita sorte. Esse pensamento não existe mais, pois de acordo
com Dornelas (2002, p. 20), “[...] qualquer pessoa pode aprender o que é ser um
empreendedor de sucesso”.
A discussão acerca do que venha ser o empreendedorismo tem feito cada
dia mais parte do cotidiano de diversas organizações tanto do primeiro, quanto
segundo e terceiro setor. O empreendedorismo é o ato praticado por aquele que
deseja empreender.
Na maioria das vezes, o empreendedorismo está ligado à ideia de criação
de organizações/empresas, sempre relacionado ao que diz respeito à inovação
(SARKAR, 2007).

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
53

E do que se trata o empreendedorismo: arte, ciência, criatividade, sorte, ne-


gócios? Para encontrar essa resposta, é importante fazer, a princípio, uma
identificação da realidade em que estamos inseridos atualmente. Iniciar-se
na pesquisa no campo do empreendedorismo é como em um imenso bazar.
Encontra-se de tudo, para todos. Mas como encontrar o que mais nos con-
vém e que elementos serão de maior utilidade para o projeto que se quer
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

realizar? A maioria dos pesquisadores especializou-se em outras disciplinas.


Foi somente a partir dos anos 80 que se formaram doutores em empreende-
dorismo propriamente dito.
Fonte: Filion (1999, p. 21).

Vimos ao longo do curso e por inúmeras vezes discutimos como a sociedade


passa por transformações constantes e permanentes. Mudanças relacionadas ao
campo da tecnologia, mudanças sociais, econômicas e, inclusive, mudanças com-
portamentais; as pessoas mudam, a forma de se relcionarem também mudam.
Problemas novos nos pedem novas soluções e nos pedem criatividade, inova-
ção, ousadia e coragem. No campo profissional, é válido ressaltar, que o mercado
de trabalho pede cada vez mais profissionais ágeis para atuarem nessa realidade
competitiva, isso obviamente abrange o Serviço Social no qual procura assisten-
tes sociais capazes de buscar dados, analisar e propor soluções.
E não é só buscar – analisar – propor! O diferencial encontra-se na capa-
cidade do profissional em implantar, ou seja, colocar em prática suas ideias
obtendo assim um impacto positivo na realidade social na qual está inserido
profissionalmente.
De acordo com Sarkar (2007, p. 14),
[...] o mundo de hoje está feito para os empreendedores, com o desen-
volvimento das tecnologias, a globalização e a rede de comunicações.
O que os empreendedores fazem é aproveitar oportunidades, por vezes
pequenas, que podem ser criadas por um vazio de um produto.

Questões Conceituais: O que é Empreendedorismo e Empreendedores Sociais


54 UNIDADE II

E, ainda, temos a contribuição de Dolabela (2006, p. 26) que afirma que “[...] só
pode ser chamado de empreendedor aquele que gera valor positivo para a cole-
tividade, incluída aqui, evidentemente, toda a natureza”.
Um profissional empreeendedor tem sido considerado uma virtude relevante
para a decisão de contratação ou não do candidato. Ser capaz de empreender faz
parte da estratégia de gestão das organizações mais modernas.
De acordo com Dolabela (2006, p. 54): “[...] o empreendedor é um insatisfeito
que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para
si mesmo e para os outros. O empreendedor nunca para de aprender e de criar”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para auxiliar nos estudos sobre empreendedorismo social, no que tange os
conceitos difundidos no Brasil, buscou-se refletir a partir de diversas fontes biblio-
gráficas, que tratam do tema apoiados em vários autores da referida investigação.
Então, mãos à obra e vamos conhecer alguns conceitos a cerca do, que
se entende nos dias atuais por empreendedorismo. O que significa ser um
empreendedor?
Convido você a procurar entender os conceitos, buscando relacioná-los com
o exercício profissional do assistente social, vamos lá!

EMPREENDEDORISMO E
EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Vamos começar entendendo de onde vem o termo


empreendedorismo, qual a sua origem e como foi se
transformando ao longo dos tempos.
A palavra empreendedorismo deriva do fran-
cês “entre” e “prende” que significa qualquer
coisa como “estar no mercado entre o forne-
cedor e o consumidor” muitas vezes é dada
à palavra empreendedorismo uma conotação
diferente, devido à diversidade de signifi-
cados que tem sido utilizados há séculos
(SARKAR, 2007, p. 21).

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
55

Temos, ainda, a contribuição de Cho (2006, p. 36), que diz que empreendedo-
rismo é “[...] um conjunto de práticas institucionais que combinam a busca por
objetivos financeiros e a promoção de valores substantivos”.
Segundo Dornellas (2008), o Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas
e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O substantivo empreendedor apareceu pela primeira vez em texto escrito


na língua portuguesa, em 1563, no livro Imagem da Vida Christam ordenada
per diálogos como membros de sua composiçam; Compostos per Frey Hec-
tor Pinto, frade Ieronymo.
Fonte: Gomes (2005, p. 03).

Já no Séc. XVIII,
[...] quando o termo ganhou seu significado atual, entrepreneur era usa-
do para descrever uma pessoa que comprava matéria-prima, processa-
va-a e a vendia para outra pessoa. O entrepreneur era, então, uma pes-
soa que havia identificado uma oportunidade de negócio e assumido o
risco, decidindo processar e recender matéria-prima. Desta maneira,
o elemento risco apareceu nas descrições da atividade empreendedora
no início do século XVIII (FILLION, 1999, p.18).

É importante esclarecer também, que existe diferença entre os termos empreen-


dedorismo e empreendimento. O empreeendedor é alguém capaz de pensar
além do aqui e agora, ou seja, do imediato, o empreendedor é capaz de idealizar,
reunir informações e transfomar ideias em ações inovadoras. Já o empreendi-
mento é a construção em si. E hoje, como podemos compreender o que seja
empreeendedor? Vamos observar a seguir alguns conceitos que nos auxiliarão
nesse entendimento.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


56 UNIDADE II

Para Kirzner (1973 apud DORNELAS, 2005, p. 39), “[...] o empreendedor é


aquele que cria um equilíbrio, que encontra uma posição positiva e clara em meio
a um ambiente de caos e turbulência, ou seja, aquele que identifica oportunidades.
Figura 1 - Entendendo o empreendedor

Fonte: adaptada de Dornelas (2005).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com Alvord, Brown e Letts (2004, p. 262), o empreendedor, “[...] cria
soluções inovadoras para problemas sociais imediatos e mobiliza as ideias, capa-
cidades, recursos e arranjos sociais necessários para as transformações sociais
sustentáveis”.
Além do empreendedor, temos na atualidade um conceito novo, que está
relacionado à pessoa que é capaz de criar, inovar, identificar e detectar opor-
tunidades, considerando a resolução de problemas sociais. Ele é chamado de
empreendedor social, é aquele que pratica o empreendedorismo social, vamos
conhecer esses conceitos, pois no final você perceberá que está muito ligado ao
nosso exercício profissional enquanto assistentes sociais:

Quadro 1 - Conceitos de empreendedorismo

AUTOR(ES) DEFINIÇÃO EMPREENDEDORISMO SOCIAL


Empreendedorismo social é uma atividade ino-
Austin, Stevenson e vadora de geração de valor social que ocorre nos
Weiskillern (2006. p. 02). setores sem fins lucrativos, de negócios e gover-
namental.
Empreendedores sociais são pessoas com novas
ideias para resolver grandes problemas, que são
Bornstein (2004, p. 1-3). incansáveis na busca de suas visões […] que não
desistem enquanto não tiverem disseminado suas
ideias o mais longe possível.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
57

Um empreendedor social é qualquer pessoa, em


qualquer setor, que usa estratégias de ganho de
renda para perseguir um objetivo social. Empre-
Boschee e Mcclurg (2003,
sários sociais agem de forma socialmente respon-
p. 03).
sável, enquanto que Empreendedores tradicio-
nais são, principalmente, regidos pela busca de
retornos financeiros.
Empresa social difere do entendimento tradi-
Dart (2004, p. 411). cional da organização sem fins lucrativos em
termos de estratégia, estrutura, normas, valores, e
representa uma inovação radical no setor sem fins
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lucrativos.
Empreendedores sociais são uma espécie no
Dees (2001, p. 02). gênero empreendedor. Eles são empreendedores
com uma missão social.
Eles têm o mesmo temperamento dos empre-
endedores de suas indústrias [...]. O que define
um líder empreendedor social? Primeiro, não
existe empreendedor sem uma ponderosa e nova
Drayton (2002, p. 124).
ideia de mudança do sistema. Há outros quatro
ingredientes necessários: criatividade, impacto
generalizado, qualidade empresarial e fibra ética
forte.
Eles são ortodoxos empresários com objetivos
sociais cujos excedentes são principalmente rein-
Harding (2004, p. 41). vestidos para o efeito nos negócios ou na comuni-
dade, ao invés de ser conduzido pela necessidade
de maximizar o lucro para os acionistas.
Empresários cujo trabalho tem como objetivo a
transformação social progressiva [...]. Um negócio
para conduzir a mudança transformacional. En-
quanto os lucros são gerados, o principal objetivo
não é maximizar o retorno financeiro para os
Hartigan (2006, p. 45).
acionistas, mas crescer o empreendimento social
e alcançar mais pessoas necessitadas de forma
eficaz. Acumulação de riqueza não é uma priori-
dade – receitas além dos custos são reinvestidas
na empresa, a fim de financiar a expansão.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


58 UNIDADE II

Empresa social é um termo coletivo para uma


série de organizações que comercializam para um
propósito social. Eles adotam um de uma série de
diferentes formatos legais, mas têm em comum
os princípios de buscar soluções de negócios para
HAUGH (2006, p. 05). alcançar objetivos sociais, e o reinvestimento do
excedente para o benefício da comunidade. Seus
objetivos focam no socialmente desejada, metas
não-financeiras e seus resultados são as medidas
não financeiras da demanda implícita e prestação
de serviços.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O empreendedorismo social pode ser vagamen-
te definido como o uso de um comportamento
Hibbert, Hogg e Quinn empreendedor para fins sociais, em vez de para
(2005, p. 159). os objetivos de lucro, ou, alternativamente, que os
lucros gerados sejam utilizados em benefício de
um grupo específico de desfavorecidos.
Negócios com propósitos sociais são empresas
híbridas na fronteira entre as organizações mun-
diais sem fins lucrativos e organizações públicas e
Hockerts (2006, p. 145).
sem fins lucrativos com foco em missões sociais.
Porém, elas não se encaixam completamente em
nenhuma dessas esferas.
Empreendedores sociais são definidos como
indivíduos ou organizações privadas que tomam
a iniciativa de identificar e resolver problemas
Korosec e Berman (2006, p. sociais importantes em suas comunidades. Or-
448-449). ganizações e indivíduos que desenvolvem novos
programas, serviços e soluções para problemas
específicos e aqueles que atendem às necessida-
des de populações especiais.
Empreendedorismo social significa organiza-
Lasprogata e Cotten (2003, ções sem fins lucrativos que aplicam estratégias
p. 69). empresariais para se sustentar financeiramente,
tendo um maior impacto sobre sua missão social.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
59

Um empreendedor social é um indivíduo, grupo,


organização em rede, ou aliança de organizações
que visa mudança sustentável e em larga escala
Light (2006, p. 50). por meio das ideias de ruptura em quê e como
governos, organizações sem fins lucrativos, e as
empresas fazem para lidar com os problemas
sociais.
Um processo que envolve a utilização inovadora e
combinação de recursos para buscar oportunida-
Mair e Martí (2006, p. 37).
des para catalisar mudanças sociais e/ou atender
às necessidades sociais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Introduz a Matriz Social Empreendedora, baseada


em como a empresa tem mais missão mercadoló-
gica ou social e se exige ou não o lucro. A Matriz
Masseti (2008, p. 07).
Social Empreendedora combina fatores que dife-
renciam claramente o empreendedorismo social
do empreendedorismo tradicional.
Um construtor multidimensional que envolve a
expressão do comportamento empreendedor
virtuoso para atingir a missão social, uma uni-
dade coerente de propósito e ação em face da
Mort, Weerawardena e Car-
complexidade moral, a habilidade de reconhecer
negie (2003, p. 76).
oportunidades de criação de valor social e de
oportunidades chave de tomada de decisão com
características de inovação, proatividade, e assun-
ção de riscos.
Empreendedorismo social é exercido quando
alguma pessoa ou grupo: (1) visam a criação de
valor social, exclusiva ou, pelo menos, de alguma
forma proeminente. (2) mostram uma capacidade
de reconhecer e aproveitar as oportunidades para
criar esse valor (visualizar). (3) empregam inova-
Peredo e Mclean (2006, p. ção, que vão desde a invenção nova à adaptação
64). da realidade de outra pessoa, na criação e/ou dis-
tribuição de valor social. (4) está disposto a aceitar
um grau acima da média de risco na criação e
disseminação de valores sociais e (5) é extraordi-
nariamente engenhoso em não se intimidar com
recursos escassos na busca de seu empreendi-
mento social.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


60 UNIDADE II

Nós definimos Empreendedorismo Social como


um processo dinâmico criado e gerido por um in-
divíduo ou equipe (o empresário inovador social),
que se esforça para explorar a inovação social
Perrini e Vurro (2006, p. 04).
com uma mentalidade empreendedora e uma
forte necessidade de realização, a fim de criar
novos valores sociais no mercado e comunidade
em geral.
Pessoas que criam ou gerenciam organizações
empresariais inovadoras ou empreendimentos
Prabhu (1999, p. 140).
cuja missão principal é a mudança social e desen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
volvimento de seu grupo de clientes.
Empreendedorismo social é a construção, avalia-
Roberts e Woods (2005, p. ção, e busca de oportunidades para a mudança
49). social transformadora realizada pelo visionário
apaixonadamente dedicado aos indivíduos.
Eu defino o empreendedorismo social como um
processo que inclui: a identificação de um pro-
blema social específico e uma solução específica
para enfrentá-lo; a avaliação do impacto social, o
Robinson (2006, p. 95). modelo de negócios e a sustentabilidade do em-
preendimento; e a criação de uma missão social
orientada para fins lucrativos ou uma entidade
de negócios sem fins lucrativos que persegue o
double (ou triple) bottom line.
Empreendedorismo social combina a desenvol-
Seelos e Mair (2005, p. 241). tura do empreendedorismo tradicional com a
missão de mudar a sociedade.
O empreendedor social está agindo como um
agente de mudança para criar e manter valor
Sharir e Lerner (2006, p.3).
social, sem ser limitado aos recursos atualmente
em mãos.
O empreendedor social é uma pessoa que busca
Tan, Williams e Tan (2005, p. lucros para a sociedade ou um segmento por
358). meio de inovações que envolvem a sociedade ou
algum segmento dela.
Pessoas com qualidades e comportamentos que
associamos com o empresário, mas que atuam na
Thompson (2002, p. 413).
comunidade e estão mais preocupados em cuidar
e ajudar do que em ganhar dinheiro.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
61

Pessoas que percebem onde há uma oportuni-


dade para satisfazer alguma necessidade não
satisfeita que o sistema de previdência estadual
Thompson, Alvy e Lees
não atende ou não pode atender, e quem reúne
(2000, p. 328).
os recursos necessários (geralmente as pessoas,
muitas vezes voluntários, dinheiro e instalações) e
os usa para fazer a diferença.
Empresas sociais - definido simplesmente - são
Thompson e Doherty 9
organizações que procuram soluções de negócios
(2006, p. 362).
para os problemas sociais.
A noção de comercialização por um propósito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

social está no centro do empreendedorismo


social, que exige que os empreendedores so-
ciais identifiquem e explorem oportunidades de
Tracey e Jarvis (2007, p. 671).
mercado, e consigam os recursos necessários, a
fim de desenvolver produtos e/ou serviços que
lhes permitem gerar ‘lucro empresarial’ para um
determinado projeto social.
Um indivíduo que traz mudanças na percepção
das questões sociais [...]. Eles desempenham pa-
Waddock e Post (1991, p.
péis críticos em trazer mudanças catalisadoras” na
393).
agenda do setor público e na percepção de certas
questões sociais.
Qualquer iniciativa inovadora para ajudar as
pessoas pode ser descrito como empreendedo-
Yunus (2008, p. 32). rismo social. A iniciativa pode ser econômica ou
não econômica, com fins lucrativos ou sem fins
lucrativos.
Empreendedorismo social abrange as atividades
e processos realizados para descobrir, definir e
Zahra, Gedajlovic, Neubaum explorar as oportunidades a fim de aumentar
e Shulman (2009, p. 5). a riqueza social por meio da criação de novos
empreendimentos ou gestão de organizações
existentes de forma inovadora.

Fonte: Dacin, Dacin e Matear (2010).

O conceito de empreeendedorismo social vai assumindo significados que estão


em sintonia com a realidade de onde acontecem, ou seja, refletem o cotidiano
local, dessa forma apresentaremos alguns conceitos de organizações interna-
cionais que estudam o empreendedorismo social e o seu impacto na sociedade.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


62 UNIDADE II

Quadro 2 - Conceitos diversos sobre empreendedorismo social – visão internacional

ORGANIZAÇÃO DEFINIÇÃO

É alguém que trabalha de uma maneira empresarial,


mas para um público ou um benefício social, em
School Social
lugar de ganhar dinheiro. Empreendedores sociais
Entrepreneurship (SSE),
podem trabalhar em negócios éticos, órgãos governa-
UK - Reino Unido
mentais, públicos, voluntários e comunitários [...]. Em-
preendedores sociais nunca dizem não pode ser feito.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Um empreendedor social vem de qualquer setor, com
as características de empresários tradicionais de visão,
Canadian Center Social
criatividade e determinação, e empregam e focalizam
Entrepreneurship
na inovação social [...]. Indivíduos que combinam seu
(CCSE), Canadá
pragmatismo com habilidades profissionais, perspicá-
cias.
Empreendedores sociais são executivos do setor sem
fins lucrativos que prestam maior atenção às forças
do mercado sem perder de vista sua missão (social),
The Institute Social
e são orientados por um duplo propósito: empreender
Entrepreneurs (ISE),
programas que funcionem e estejam disponíveis às
EUA
pessoas (o empreendedorismo social é base nas com-
petências de uma organização), tornando-as menos
dependentes do governo e da caridade.
Os empreendedores sociais são indivíduos visio-
nários, que possuem capacidade empreendedora e
Ashoka, EUA criatividade para promover mudanças sociais de longo
alcance em seus campos de atividade. São inovadores
sociais que deixarão sua marca na história.
Empreendimentos sem fins lucrativos são o reconhe-
Erwing Marion, cimento de oportunidade de cumprimento de uma
Kauffman Foundation missão para criar e sustentar um valor social, sem se
ater exclusivamente aos recursos.
Fonte: Oliveira (2004,11).

Da mesma forma apresentada anteriormente, temos a seguir alguns conceitos


acerca do empreendedorismo social, agora, a partir da leitura de autores brasi-
leiros, de como conceituam o empreendedor e os impactos de sua atuação junto
a realidade brasileira. Os conceitos foram elaborados a partir de pesquisas e aná-
lises acerca dos trabalhos encontrados pelo país à fora.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
63

Analise cada conceito com atenção, procurando identificar se no seu muni-


cípio ou grupo de conhecidos, existem uma ou mais pessoas que possuem estas
características, vamos tentar!

Quadro 3 - Conceitos diversos sobre empreendedorismo social – visão nacional

ORGANIZAÇÃO DEFINIÇÃO
O empreendedor social é uma das espécies do gênero
Leite (2003) dos Empreendedores. São empreendedores com uma
missão social, que é sempre central e explícita.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os empreendedores sociais possuem características


distintas dos empreendedores de negócios. Eles criam
valores sociais por meio da inovação à força de recursos
financeiros em prol do desenvolvimento social, econô-
Ashoka e Mckin Sey mico e comunitário. Alguns dos fundamentos básicos do
(2001) empreendedorismo social estão diretamente ligados ao
empreendedor social, destaca-se a sinceridade, paixão
pelo que faz, clareza, confiança pessoal, valores centra-
lizados, boa vontade de planejamento, sonhar e uma
habilidade para o improviso.
Quando falamos de empreendedorismo social, estamos
buscando um novo paradigma. O objetivo não é mais
Melo Neto e Froes o negócio do negócio [...] trata-se, sim, do negócio do
(2002) social, que tem na sociedade civil o seu principal foco de
atuação e na parceria envolvendo comunidade, governo
e setor privado à sua estratégia.
Constituem a contribuição efetiva de empreendedores
sociais inovadores, cujo protagonismo na área social
Pádua e Rouere
produz desenvolvimento sustentável, qualidade de vida
(2002)
e mudança de paradigma de atuação em benefício de
comunidades menos privilegiadas.
Fonte: Oliveira (2004).

Então, você conseguiu identificar alguém com as descrições citadas? Como você
compreende a relevância de empreeendedores sociais para a sociedade brasileira?

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


64 UNIDADE II

Quadro 4 - Diferença entre empreendedorismo empresarial e empreendedorismo social

EMPREENDEDORISMO EMPRESARIAL EMPREENDEDORISMO SOCIAL


É individual É coletivo
Foco na busca de soluções para proble-
Tem foco no mercado.
mas sociais
Sua medida de desempenho é o im-
Sua medida de desempenho é o lucro.
pacto social
Visa satisfazer necessidades dos clien-
Visa respeitar pessoas da situação de
tes e ampliar as potencialidades do
risco social e as promovê-las.
negócio.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptada de Melo Neto e Froes (2002, p.11).

Vejamos um trecho que traz alguns pontos válidos para todas as pessoas, e,
sobretudo, para você, sujeito em formação profissional, futuro assistente social.
A citação a seguir, visa provocar em você a necessidade de entendermos que o
assistente social é, e deve ser, um empreendedor e de provocar o empreendedo-
rismo social nas realidades onde estivermos inseridos:
Quando se ouve falar em empreendedorismo, é comum associar o ter-
mo à iniciativa privada e pensar na ideia de lucro em primeiro lugar.
Mas não é disso que estamos falando quando o assunto é empreende-
dorismo social: na intenção de promover melhorias na sociedade, os
empreendedores sociais atuam como agentes de mudança da comuni-
dade.

O conceito está relacionado à qualidade inovadora dos empreendedo-


res. Enquanto aqueles que atuam na iniciativa privada são capazes de
criar negócios do zero e garantir a sustentabilidade das empresas com
soluções inteligentes, os empreendedores sociais focam em problemas
da sociedade, encontrando alternativas para melhorar os sistemas e
promover mudanças em larga escala.

Assim, o empreendedorismo social utiliza técnicas de gestão, inovação


e criatividade para maximizar o chamado capital social de uma comu-
nidade, como bairros e cidades. Em outras palavras, o empreendedores
se propõem a transformar a vida das pessoas e agregar valor à comu-
nidade, utilizando técnicas presentes no cotidiano das empresas. Outra
característica do empreendedorismo social é o engajamento gerado por
quem se dedica à sociedade. Para potencializar os projetos e viabilizar
as próprias ideias, os empreendedores se transformam em recrutado-
res, buscando apoio generalizado da sociedade. A ideia é adotar ini-
ciativas em larga escala e difundir as melhorias ao máximo (DESTINO
NEGÓCIO, 2015, on-line).

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
65

Para contribuir ainda mais para esse entendimento, elaboramos um quadro


comparativo e com característas sobre empreendedorismo privado, responsabili-
dade social empresarial e empreendedorismo social. O quadro é uma das formas
didáticas de entendermos elementos novos e sistematizar nossas informações:

Quadro 5 - Características do empreendedorismo social, responsabilidade social empresarial e


empreendedorismo privado

EMPREENDEDORISMO RESPONSABILIDADE EMPREENDEDORISMO


PRIVADO SOCIAL EMPRESARIAL SOCIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

É individual com possí-


É individual. É coletivo e integrado.
veis parcerias.
Produz bens e serviços Produz bens e serviços
Produz bens e serviços
para si e para a comu- para a comunidade, local e
para o mercado.
nidade. global.
Tem o foco na busca de
Tem o foco no mercado
soluções para os problemas
Tem o foco no mercado. e atende à comunidade
sociais e necessidades da
conforme sua missão.
comunidade.
Sua medida de desem-
Sua medida de desem-
Sua medida de desem- penho é o retorno aos
penho são o impacto e a
penho é o lucro. envolvidos no processo
transformação social.
stakeholders.
Visa agregar valor es-
Visa resgatar pessoas da
Visa satisfazer neces- tratégico ao negócio e
situação de risco social e
sidades dos clientes e a atender expectativas
as promovê-las, e a gerar
ampliar as potencialida- do mercado e da per-
capital social, inclusão e
des do negócio. cepção da sociedade/
emancipação social.
consumidores.
Fonte: adaptada de Melo Neto e Froes (2002).

Vamos, nesse momento, conhecer um pouco sobre o perfil da pessoa que é um


empreededor social, quais os conhecimentos, habilidades, competências e pos-
turas que formam esse empreendedor:

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


66 UNIDADE II

Quadro 6 - Perfil do empreendedor social

CONHECIMENTOS HABILIDADES COMPETÊNCIAS POSTURAS


Saber aproveitar as Ter visão clara. Ser visionário. Ser inconforma-
oportunidades. Ter iniciativa. Ter senso de respon- do e indignado
Ter competência sabilidade. com a injustiça e
Ser equilibrado.
gerencial. desigualdade.
Ser participativo. Ter senso de solida-
Ser pragmático e riedade. Ser determinado.
Saber trabalhar
responsável. Ser sensível aos pro- Ser engajado.
em equipe.
Saber trabalhar de blemas sociais. Ser comprometi-
Saber negociar.
modo empresarial Ser persistente. do e leal.
para resolver pro- Saber pensar e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ser consciente. Ser ético.
blemas sociais. agir estrategica-
mente. Ser competente. Ser profissional.
Ser perceptivo Saber usar forças Ser transparente.
e atento aos latentes e regenerar Ser apaixonado
detalhes. forças pouco usadas. pelo que faz
Ser ágil. Saber correr riscos (campo social).
Ser criativo. calculados.
Ser crítico. Saber integrar vários
atores em torno dos
Ser flexível.
mesmos objetivos.
Ser focado.
Saber interagir com
Ser habilidoso. diversos segmentos
Ser inovador. e interesses dos
Ser inteligente. diversos setores da
sociedade.
Ser objetivo.
Saber improvisar.
Ser líder.
Fonte: Oliveira (2004).

Vamos, agora, conhecer alguns exemplos de empreendedorismo social?

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
67

Quadro 7 - Exemplos de Negócios Sociais no Brasil

Organização da Sociedade Civil (OSC), fundada em 1981,


desenvolve programas de educação complementar para
Grupo Primavera
meninas de 8 a 18 anos de idade, em Campinas, com re-
ceita proveniente da venda de seus produtos artesanais.
OSC, fundada em 1991, tem a missão de promover o
bem-estar biopsicossocial de crianças e suas famílias que
vivem abaixo da linha da pobreza. Sua atuação é base-
Associação Saúde
ada em metodologia própria, o Plano de Ação Familiar
Criança
(PAF), que engloba o atendimento das necessidades da
população-alvo em cinco áreas: saúde, profissionalização,
moradia, educação e cidadania.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

OSC, fundada em 1995, abriu a primeira Escola de In-


formática e Cidadania no Morro Dona Marta, no Rio de
Recode - Comitê para
Janeiro, que oferece cursos de informática por meio de
Democratização da
metodologia própria. Sua missão é melhorar a qualida-
Informática (CDI)
de de vida da população de baixa renda e fomentar a
cidadania.
OSC, fundada em 1998, pela Associação dos Moradores
do Conjunto Palmeira, em Fortaleza. Como banco comu-
nitário, sua missão é implementar projetos de geração
Banco Palmas
de renda, garantindo microcréditos para a produção
e o consumo local, com taxas de juros mínimos e sem
exigência de fiadores.
OSC e negócio social fundado em 2007, que transforma
os grupos comunitários de artesãs em negócios sustentá-
veis e promove a inclusão socioeconômica de mulheres
Rede Asta
de baixa renda. São 700 artesãos e 800 revendedoras de
produtos exclusivos, criados a partir de fibra de bananei-
ra e bambu.
Criada em 2008, é uma empresa social com distribuição
de lucro, que objetiva fortalecer a cadeia produtiva da
Sementes de Paz agricultura ecológica e do comércio justo, atuando como
um elo entre produtores e consumidores, por meio de
parceria com mais de 50 produtores.
Fundada em 2011, é uma empresa social com distribui-
ção de lucro que desenvolve a primeira plataforma de
ensino adaptativo no Brasil, para otimizar os estudos de
Geekie
cada aluno de forma personalizada e interativa. O aluno
é desafiado de acordo com suas habilidades em cada
matéria, para que seu aprendizado seja contínuo.
Fonte: Grupo Primavera ([2016], on-line)5; Associação Saúde Criança ([2016], on-line)6; Recode (CDI)
([2016], on-line)7; Instituto Banco Palmas ([2016], on-line)8; Rede Asta ([2016], on-line)9; Sementes de Paz
([2016], on-line)10 e Geekie ([2016], on-line)11.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


68 UNIDADE II

Após o que acabamos de ver na tabela já descrita, podemos perceber que é pos-
sível iniciar e dar seguimento a muitas ações em favor do desenvolvimento social
do nosso país.
Inclusive, existem premiações para os projetos de empreendedorismo
social, um deles é o Prêmio Laureate Brasil, que investiga, avalia e premia jovens
empreendedores sociais. O objetivo do Prêmio é:
Reconhecer jovens empreendedores sociais que promovam mudan-
ças significativas nas comunidades em que atuam. Esse é o propósito
maior do Prêmio Laureate Brasil, o qual, anualmente, selecionará 12

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
jovens candidatos dos programas regionais para participar de um curso
presencial e on-line de Empreendedorismo Social e integrar uma rede
internacional de empreendedores sociais. O Prêmio Laureate Brasil
integra o programa global YouthActionNet®, criado em 2001 pela In-
ternational Youth Foundation, com o objetivo de reconhecer, apoiar
e dar visibilidade às lideranças jovens que se dedicam ao empreendedo-
rismo e ao negócio social (NIM, 2016, on-line)4.

Um exemplo dos finalistas o seus projetos estão no quadro a seguir. Você pode
verificar e se inspirar:

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
69

Quadro 8 - Exemplo de Empreendedores Sociais

Danielle Ferreira Projeto: Ong Gerando Vida Fundada em 12 de outubro


Medeiro da Silva Site disponível em: <www. de 2008, a Ong Gerando
de Araújo - 28 onggerandovida.wix.com>. Vida tem por objetivo lutar
anos pela proteção integral de
Região: Rio de Janeiro/RJ e
crianças e adolescentes
Eunápolis/BA
em região de prostituição
no centro do Rio de Janeiro,
assim como promover a
inclusão socioeconômica
de mulheres em situação de
vulnerabilidade social.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

João Pedro Silva Projeto: Descarte Legal  A Descarte Legal iniciou as


Procópio – 28 Site disponível em: <www. atividades em 13 de outu-
anos descartelegal.com>. bro de 2014, com o objetivo
de auxiliar empresas gera-
Região: Belo Horizonte/MG
doras de resíduos sólidos a
encontrar, de forma rápida,
por meio de uma platafor-
ma, empresas receptoras
legalmente certificadas. 

Roger Friedrich Projeto: YouGreen Coope- A YouGreen é uma coo-


Werner Koeppl – rativa perativa de catadores que
27 anos Site disponível em: <http:// realiza o trabalho de coleta
www.yougreen.com.br>. seletiva, triagem, cons-
cientização, diagnóstico e
Região: São Paulo/SP
logística reversa de resíduos
recicláveis. Sua missão é
elevar a qualidade de vida e
renda dos trabalhadores da
coleta seletiva por meio da
gestão cooperativa e pres-
tação de serviços à socie-
dade, contribuindo com o
desenvolvimento de outros
grupos de catadores.

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


70 UNIDADE II

Sidinéia Apare- Projeto: Biblioteca Comuni- Fundada em 2009, a Biblio-


cida Chagas – 24 tária Caminhos da Leitura teca Comunitária Caminhos
anos Site disponível em: <https:// da Leitura é um Ponto de
www.facebook.com/bccami- Cultura localizada no Bairro
nhosdaleitura>. Colônia, região de Parelhei-
ros, na cidade de São Paulo.
Região: São Paulo/SP
A gestão é feita pelos cha-
mados “Jovens Escritureiros
– Aventureiros da Escrita”
pertencentes à comuni-
dade de Parelheiros e que
possuem como objetivo fo-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mentar a leitura e a cultura
por meio de diversas formas
de linguagens.
Anderson Henri- Projeto: RnDown Criado em outubro de 2011,
que de Araújo Dias Site disponível em: <www. o RnDown é um projeto de
- 24 anos facebook.com/rndown>. inclusão social para pessoas
com a Síndrome de Down.
Região: Natal/RN
Com foco no atendimento
de pessoas assistidas por
instituições de Natal e
região, o projeto já alcan-
çou mais de 200 famílias
e proporcionou a mais de
100 voluntários momentos
de contato direto com as
pessoas com a síndrome,
contribuindo para o reforço
do sentimento de apoio e
solidariedade
Milena Sampaio Projeto: Confort Baby Care Confort Baby Care (CBC),
Barbosa (Antigo: MommyBaby Care) que atua no segmento de
20 anos Site disponível em: <www. assistência especializada
facebook.com/confortbaby- em serviços de enferma-
care>. gem, por meio de ações
preventivas e assistenciais
Região: Salvador/BA
voltadas às gestantes e
recém-nascidos no pré-par-
to, pós-parto e primeiros
cuidados ao neonato.
Fonte: adaptado de Nim (2016, on-line)4.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
71

Para Santos (1983, p. 32), “[...] a ação empreendedora (entrepreneurship) com-


preende: iniciativa, inovação, gosto por mudanças, liderança, flexibilidade,
oportunismo, dedicação, controle, seleção e uso da competência”.
Você conseguiu identificar essas características nos exemplos citados ante-
riormente? Consegue identificar algum empreendedor em sua cidade?
Como foi a leitura até aqui? Foi possível vislumbrar a relevância para o assis-
tente social compreender o que é o empreendedorismo e o empreendedorismo
social? Como podemos identificar potencialidades em cada usuário, grupos de
trabalhos e comunidades?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sobretudo, você, enquanto futuro(a) assistente social também deve utilizar


os elementos até aqui apresentados no exercício da profissão, isso com certeza
fará muita diferença na sua carreira profissional.
No tópico a seguir, traremos mais um novo conceito, novas informa-
ções que certamente serão um diferencial na sua formação. Falaremos sobre
intraempreendedorismo!

Empreendedorismo e Empreendedorismo Social


72 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRAEMPREENDEDORISMO

Você já ouviu essa palavra antes? O que será que ela significa? Será que possui
alguma relação com o Serviço Social?
Ao longo do curso, fomos incorporando diversos conceitos novos, e esse é
mais um, que provavelmente acompanhará a sua jornada, caso você tenha em
mente ser um profissional de sucesso, e eu acredito que sim.
Você já deve ter escutado algumas vezes durante o seu processo de forma-
ção, que para sermos bons profissionais, não podemos deixar de aprender nunca,
que devemos estar sempre estudando e se capacitando.
Assim como você deve ter sempre em mente que não importa o local onde
trabalhamos ou trabalharemos, devemos sempre fazer o nosso melhor, entregar
nosso “serviço/trabalho” com a devida qualidade, responsabilidade, ética, trans-
parência etc. Destacando-se dos demais profissionais.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
73

A grande maioria dos empregadores busca


profissionais que tragam soluções, sejam pro-
positivos e ágeis, ou seja, profissionais que
sejam capazes de empreeender internamente
– dentro da própria empresa.
Nesse contexto é que aparece o con-
ceito de intraempreendedor. O profissional
intraempreendedor é aquele capaz de agir res-
ponsavelmente, assumindo riscos internos e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

levando a organização/empresa ao sucesso. O


intraempreendedor é o colaborador contra-
tado: pode ser um vendedor, um supervisor, um
estoquista e não necessariamente um diretor.
O Intraempreededorismo:
É uma modalidade de empreendedorismo praticado por funcionários
dentro da empresa em que trabalham. São profissionais que possuem
uma capacidade diferenciada de analisar cenários, criar idéias, inovar e
buscar novas oportunidades para estas empresas. São eles que ajudam
a movimentar a criação de idéias dentro das organizações, mesmo que
indiretamente (PERIARD, 2010, on-line)2.

Ter um profissional intraempreendedor dentro da empresa é um ganho certo.


Desde que as ações estejam em sintonia com os objetivos institucionais.
O profissional com perfil intraempreendedor contribuirá com a orga-
nização se houver consonância dos objetivos pessoais, profissionais e
institucionais. Isto facilita a ação, o desenvolvimento de ideias, projetos
etc. Por isso, a cultura da organização é importante.

Uma organização muito tradicional, sem abertura para ideias novas, pode não
se adaptar ao profissional intraempreendedor, pois a hieraquia rígida e as estru-
turas de poder podem ser um dificultador/limitador ao perfil profissional e sua
capacidade de inovar.
Empresas inovadoras e que buscam alto desempenho têm procurado con-
tar com profissionais intraempreendedores em seu quadro de colaboradores,
independente da área de atuação, pois o interempreendedor não se configura
enquanto categoria profissional.

Intraempreendedorismo
74 UNIDADE II

Este tipo de colaborador [intraempreendedor] tem sido muito valori-


zado pelas empresas, principalmente por agregarem valor ao trabalho
final executado pela organização. Eles são procurados pelas empresas
de recrutamento com uma  freqüência  cada vez maior, ocupando es-
paços importantes nas grandes corporações em todo o mundo (PE-
RIARD, 2010, on-line)2.

E como saber que um ambiente organizacional (empresa, indústria etc.), é


intraempreendedor?
O ambiente intraempreendedor possui as seguintes características: a
empresa opera nas fronteiras da tecnologia; novas ideias são encora-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
jadas; não há parâmetro para a oportunidade; abordagem de equipes
multidisciplinar; patrocinadores e defensores do modelo; apoio da alta
administração. Para que se desenvolva e estabeleça o intraempreende-
dorismo é necessário que haja o comprometimento da diretoria; dos
gerentes e de todos os colaboradores da empresa, nessa ordem hie-
rárquica e seguir na direção de entender o ambiente, ser visionário e
flexível; criar opções administrativas; estimular o trabalho em equipe;
incentivar a discussão aberta; construir uma coalizão de defensores e
persistir. Em virtude da realidade desses dois termos, que nada mais
é do que o exercício do empreendedorismo dentro e fora da empre-
sa, é salutar que as organizações que fomentam o empreendedorismo,
tenham a obrigação e a ousadia de dar o primeiro exemplo, que faça
jus ao que prega, criando programas de inovação de dentro pra fora,
usando suas habilidades de mandar fazer em benefício próprio. Aí sim,
pode-se chamar uma empresa de vanguarda, que a sociedade paga prá
ver e tanto espera (BARRETO, 1998, p. 03).

Você pode perguntar: será que eu sou uma pessoa empreendedora? Ou


ainda, estando empregado em alguma organização como assistente social,
será que eu sou ou serei um profissional intraempreendedor?
Fonte: as autoras.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
75

Trazemos assim uma breve explanação para lhe auxiliar nessa reflexão, veja a
seguir algumas características de um profissional intraempreendedor:

,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 2 - Características de um profissional intraempreendedor


Fonte: adaptada de Periard (2010, on-line)2.

Você gostou do tema proposto nesta unidade? Identificou-se com o assunto?


Visando contribuir com sua jornada e o seu futuro profissional de sucesso, com-
partilhamos com você os 10 mandamentos do intraempreeendedor, elaborados
pelo responsável pela introdução do termo no país, o consultor Gifford Pinchot:

Intraempreendedorismo
76 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 3 - Os 10 Mandamentos do Intraempreendedor – Gifford Pinchot


Fonte: adaptada de Periard (2010, on-line)2.

Assim, como desmontrado nas figuras, trabalhamos sobre empreendedorismo, e


vimos também sobre os dez mandamentos do intraempreendedor, como demons-
trado na figura anterior.

A METAMORFOSE DO ESPAÇO
77

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade, como você foi até aqui? A
unidade trouxe novos conhecimentos?
Encerrando nossa reflexão, deixo a seguinte análise: as organizações estão bus-
cando cada dia mais, profissionais positivos e carismáticos, capazes de ir além do
conhecimento técnico-operacional. Busca-se profissionais capazes de interagir com
os usuários, instruindo, indagando, demonstrando preocupação e comprometimento.
Lembre-se, sempre, que os usuários julgam sua experiência como assistente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

social pelo modo como foram tratadas enquanto pessoa e não pelo modo como
foram tratados por seus problemas.
O tempo é curto e os problemas são muitos! Em seu campo de estágio você
realmente pode constatar que a demanda do Serviço Social é numerosa e urgente,
contudo, o que apresentamos nesta unidade, no que diz respeito ao empreende-
dorismo social, mostrou que é possível.
Cada dia fica muito mais claro que existem muitos profissionais que buscam
desculpa para sua inércia e fracasso; os profissionais de sucesso procuram traba-
lhar as suas dificuldades e superar a condição opressora e “limitadora”.
O empreendedorismo, em sua essência, busca descobrir maneiras de se con-
seguir o que se quer, ao invés de viver procurarando desculpas e culpados para as
dificuldades diárias, pois a maneira como enfrentamos e lidamos com nossas difi-
culdades e problemas (pessoais e profissionais) é uma escolha nossa. Pense nisso!
Para isso, estamos aqui nos capacitando, estudando e nos dedicando, pois
acreditamos que proatividade, audácia, criatividade e preparo são combinações
que podem sim, fazer de você um profissional de sucesso!
E o que significa ter sucesso? Significa ser aquela pessoa que sobe na árvore
para colher os melhores frutos e não aquela que espera você subir e fica espe-
rando as frutas cairem facilmente. Ter sucesso é atingir os seus objetivos, mas
para isso você precisa saber quais são eles.
Os exemplos, aqui presentados, nos mostram histórias de pessoas que pos-
suem “brilho nos olhos”, concentradas e focadas. Na sua experiência de estágio,
o que fez seus olhos brilharem? Ele está te auxiliando no estabelecimento das
suas metas e objetivos? Espero que sim, pois o mundo precisa de profissionais
cada dia mais empreeendedores, Sucesso sempre!
Considerações Finais
78

1. De acordo com Dolabela (2006), quem pode ser chamado de empreendedor:


a. Aquela pessoa que gera valor positivo para a coletividade, incluindo, toda a
natureza.
b. Aquela pessoa que gera valor positivo para si e sua família somente.
c. Aquela pessoa que gera valor agregado, excluindo os bens naturais.
d. Aquela pessoa que gera valor negativo para a coletividade, excluindo, toda a
natureza.
e. Aquela pessoa que gera valor positivo para a individualidade, incluindo a
natureza animal.

2. Quanto ao empreendedorismo social, analise as sentenças a seguir, assinalando


(V) para verdadeiro e (F) para falso, em seguida, assinale a alternativa correta:
De acordo com Perede e Mclean (2006), o empreendedorismo social é exercido
quando alguma pessoa ou grupo:
( ) Visam a criação de valor social, exclusiva ou, pelo menos, de alguma forma
proeminente.
( ) Mostram uma capacidade de reconhecer e aproveitar as oportunidades para
criar esse valor (visualizar).
( ) Empregam inovação, que vão desde a invenção nova à adaptação da realida-
de de outra pessoa, na criação e/ou distribuição de valor social.
( ) Está disposto a aceitar um grau acima da média de risco na criação e dissemi-
nação de valores sociais.
( ) É extraordinariamente engenhoso em não se intimidar com recursos escassos
na busca de seu empreendimento social.
a. F-F-F-V-V.
b. V-F-F-V-V.
c. V-V-V-V-F.
d. V-V-V-V-V.
e. F-V-F-V-F.
79

3. A partir do exposto ao longo da unidade sobre as diferenças entre empreendedorismo


empresarial e empreendedorismo social, assinale nas alternativas a seguir (EE) para
as características do Empreendedorismo Empresarial e (ES) para Empreendedorismo
Social.
( ) Tem foco no mercado.
( ) Visa respeitar pessoas da situação de risco social e à promovê-las.
( ) É individual.
( ) É coletivo.
( ) Visa satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio.
( ) Sua medida de desempenho é o impacto social.
( ) Sua medida de desempenho é o lucro.
( ) Foco na busca de soluções para problemas sociais.
4. Analise o conceito a seguir, assinalando a alternativa a qual ele se refere: “[...] modali-
dade de empreendedorismo praticado por funcionários dentro da empresa em que
trabalham. São profissionais que possuem uma capacidade diferenciada de analisar
cenários, criar ideias, inovar e buscar novas oportunidades para estas empresas. São
eles que ajudam a movimentar a criação de ideias dentro das organizações, mesmo
que indiretamente” (PERIARD, 2010, on-line)2.
a. Empreendedorismo Social.
b. Empreendedorismo Individual.
c. Empreededorismo Empresarial.
d. Responsabilidade Social.
e. Intraempreendedorismo.

5. Como podemos definir empreendedorismo?

6. A partir da leitura da Unidade, como podemos definir empreendedor social?


80

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL


[...]
2.2 EMPREENDEDORISMO SOCIAL E INOVAÇÃO
[...]
No início do ano letivo de 2007, a Faculdade Batista de Vitória, por meio da Empresa
Júnior e do Núcleo de Iniciação Científica da instituição, estimulou iniciativas inovadoras
no campo das práticas sustentáveis de empreendedorismo social com a seleção crite-
riosa de alunos talentosos do curso de administração. Todos os projetos são focados na
cidadania e estão ativos na comunidade.

4.1 INDICE DE PREÇOS FABAVI


Em função da inexistência de um sistema de monitoramento de preços de alimentos
consumidos pela classe média capixaba, foi criado em fevereiro de 2007, o Índice de
Preços FABAVI. O sistema utiliza metodologia científica específica para o monitoramen-
to sistemático dos preços de 30 produtos de alimentação e pode ser considerada uma
cesta ampliada para satisfazer as necessidades mínimas de alimentação de uma família
padrão (2 adultos e 2 crianças) da classe média com renda familiar entre três a dez salá-
rios mínimos.
[...]
A pesquisa e a análise econômica fundamentada da cesta básica da classe média são
elaboradas por dois alunos bolsistas sob a coordenação da Empresa Júnior da Facul-
dade Batista de Vitória. Estima-se que esse sistema de monitoramento de preços e a
permanente veiculação dos resultados na mídia local, no médio e longo prazo, poderão
propiciar aos consumidores desse estrato social a otimização de suas compras, princi-
palmente as relacionadas aos itens de alimentação.
[...]
Atualmente, o projeto do índice está cadastrado como parceiro no Portal do Consumi-
dor, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior.

4.2 VIGILANTE$ DO$ PREÇO$


Criado em novembro de 2007, o projeto de cidadania VIGILANTE$ DO$ PREÇO$ tem
como objetivo principal proteger os consumidores capixabas de alguns procedimentos
de comercialização irregulares e abusivos no setor supermercadista e em outros estabe-
lecimentos comerciais da Região Metropolitana da Grande Vitória, com base nos artigo
6, item III e artigo 31 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078 de
11/09/1990).
81

Esse projeto pode ser considerado uma inspiração do “MONSIEUR PRIX” (conhecido
como “Senhor Preços”). Projeto similar criado na Suíça em 1986, com a característica de
ser o único órgão público no mundo que combate os preços altos tanto no setor priva-
do como no setor público. Nesse país, aquele órgão deve proteger os consumidores e a
economia de preços abusivos.
Uma das campanhas realizadas pelos alunos integrantes do projeto VIGILANTE$ DO$
PREÇO$ significou um alerta para a sociedade no que diz respeito à excessiva falta de eti-
queta de preço nas gôndolas dos supermercados capixabas, o seu mau posicionamento
e também a incômoda situação de divergência de preço registrado no caixa em compa-
ração com o preço fixado na gôndola dos estabelecimentos da amostra pesquisada.
Vale ressaltar que este projeto não é uma proposta de “guerra contra os empresários”,
muito pelo contrário, a meta é estimulá-los a agir de forma correta, pois essa prática lhes
traz dividendos muito maiores de que não respeitar os direitos do consumidor.
[...]
O projeto participou do Prêmio Nacional Trote da Cidadania 2008 da Fundação Educar
D’Paschoal de Campinas (SP) e obteve o 2º lugar geral. Esse projeto também recebeu o
Prêmio Nacional de Gestão Educacional 2009 (PNGE), da Confederação Nacional dos Es-
tabelecimentos de Ensino (CONFENEN), na categoria melhores práticas na gestão eficaz
de Responsabilidade Social, ficando em 2º lugar.
Para mas informações, pesquise sobre os projetos.

4.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A COMUNIDADE


Criado em junho de 2008, este projeto educativo e de cunho social tem como função
básica colaborar com a educação financeira da comunidade da Grande Vitória, principal-
mente as de baixa renda. Conceitos, dicas e opiniões serão sempre simplificadas, com
objetivos didáticos e práticos. Cabe ressaltar que o projeto não é focado na assessoria
ou consultoria financeira.
O objetivo principal é criar uma mentalidade adequada e saudável em relação ao di-
nheiro, ou seja, orientar de forma clara e objetiva sobre como as pessoas devem gastar,
poupar e ganhar dinheiro. Afinal, com o orçamento apertado as pessoas precisam se
reeducar financeiramente. [...]. Não devem ser entendidos como recomendação que se
aplique a qualquer caso. Desta forma, não cabe ou caberá aos responsáveis pelo projeto
qualquer participação ou responsabilidade sobre ganhos, lucros ou perdas advindos da
interpretação e uso dados pelas pessoas assistidas na gestão de suas finanças.
Assim, foram reunidos um conjunto de princípios e diretrizes que nortearam o compor-
tamento da equipe gerenciadora do projeto, valorizando preceitos éticos reconhecidos
pelos mesmos e pela sociedade, expressando a responsabilidade com a comunidade,
fornecedores, parceiros de trabalho e colaboradores.
82

É reconhecida a importância da imprensa, das associações e entidades de classe, aten-


dendo-as com transparência, respeito e civilidade, sendo especialmente solícitos na di-
vulgação de informações transparentes e conhecimentos específicos para o bem-estar
da população da Grande Vitória na área de educação financeira.
No início de 2009, os alunos envolvidos com o projeto iniciaram o “XÔ CRI$E”, uma abran-
gente campanha educativa para consumidores e pequenos empresários da Região Me-
tropolitana da Grande Vitória com dicas de como enfrentar o período de crise financeira
sem sentir maiores turbulências. Além de panfletagem e palestras, os universitários fize-
ram pesquisas específicas com esses públicos para verificar o impacto da crise.
Um dos diferenciais do projeto é o site exclusivo para quem quiser acompanhar as dicas
de gestão das suas finanças. A página na internet tem ainda um canal direto no ende-
reço <http://www.xocrise.rg3.net>, para tirar dúvidas básicas em educação financeira.
É importante destacar que a campanha educativa XÔ CRI$E conquistou o 1º lugar no
prêmio Trote da Cidadania 2009 e ao longo do ano servirá para levantar o astral e fazer
todo mundo encarar de frente essa crise financeira. Esse projeto também foi reconheci-
do pelo Instituto da Cidadania Brasil e o Ministério da Ciência e Tecnologia – Secretaria
de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, como uma das quatro melhores práticas
sociais na categoria Educação na Edição Nacional do Prêmio Cidadania Sem Fronteiras
2009.
Fonte: Silva ([2016], on-line)3.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Serviço Social e Sustentabilidade Humana:


o empreendedorismo como estratégia de
Efetivação dos Direitos
Edson Marques Oliveira
Editora: APRISS
Sinopse: historicamente, o Serviço Social é uma profissão
que pulsa conforme o contexto em que esta inserido. O atual
contexto é da sociedade da informação, do conhecimento, da
sustentabilidade, das novas tecnologias que impactam a vida
de toda a sociedade, dos grandes paradoxos, onde riqueza
e pobreza estão em um mesmo espaço. Nesse cenário, a luta
para garantir direitos historicamente conquistados, é uma luta constante, mas também, apresentam-
se outros desafios, que é pensar novos diretos face os novos contornos da sociedade e do cidadão
do século XXI. Como ver, entender e fazer Serviço Social nesse contexto? E o que você vai encontrar
nesse trabalho, que procura relacionar a práxis critica e transformadora buscada pelo Serviço Social,
por meio de ações contextualizadas e inerentes ao presente século, tais como: sustentabilidade
humana, cidadania planetária, empreendedorismo social, entre outros. Apresentando uma
forma inovadora e diferenciada de fazer Serviço Social na perspectiva e busca pela emancipação,
democratização e qualidade de vida e bem-estar para todos.

Empreendedorismo Social: da Teoria à Prática, do


sonho à realidade
Edson Marques Oliveira
Editora: Qualitymark
Sinopse: o autor propõe um modelo de empreendedorismo
social que fuja às tentações do assistencialismo do paternalismo
e da simples filantropia. Seu objetivo é buscar alternativas
viáveis para resolver os graves problemas sociais do nosso
país a partir da iniciativa das empresas unindo-se ao governo
e à sociedade como um todo. Nesse livro, encontramos casos
de sucesso e um modelo de aplicabilidade para as ideias que
expõe ao longo de toda a obra. O autor pretende ensinar o leitor a disciplinar o pensar sem com
isto restringir o sonhar, formando, portanto, um empreendedor que sonha com os pés no chão e é
capaz de transformar a realidade que o cerca. Este livro é, como seu autor mesmo diz, um manual
embora não seja demasiadamente técnico. Reflexivo sem ser por demais teórico e enfadonho. Trata-
se, portanto, de um livro de fácil leitura, útil tanto para leigos quanto para especialistas que desejam
enfrentar a questão social passando da teoria à prática, transformando seus sonhos em realidade.”

Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR

À procura da felicidade
Ano: 2007
Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta
sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas
em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua
esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa
cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas
5 anos. Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para
conseguir um emprego melhor, que lhe dê um salário mais
digno. Chris consegue uma vaga de estagiário em uma
importante corretora de ações, mas não recebe salário
pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do
programa de estágio, ele seja contratado e, assim, tenha um
futuro promissor na empresa. Porém, seus problemas financeiros não podem esperar para que isso
aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos,
estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de
que dias melhores virão.

Comentário: Chegar ao fundo do poço para muitos seria uma ótima oportunidade de vestir a camisa
do conformismo, e se entregar para sempre a uma vida medíocre e de lamentações. Para Chris
Gardner, empresário americano, as dificuldades serviram como oportunidade para ir atrás dos sonhos
e da felicidade.
85
REFERÊNCIAS

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a new theory and how we move forward from here. Academy of Management Pers-
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quenos negócios. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 34, n. 2, p.
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to local. REA nº 07 ano 2005. 07. ed., vol. 06, n. 02 - Julho/Dezembro 2005.
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2004. Tese (Doutorado)- Universidade Estadual Paulista - Unesp, Franca, 2004.
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a influência da tecnologia do processo. 1983. Tese (Doutorado em Administração) -
Universidade de São Paulo. São Paulo.
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REFERÊNCIAS ON-LINE

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Acesso em: 16 nov. 2016.
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10
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11
Em: <http://www.geekie.com.br/>. Acesso em: 16 nov. 2016.
87
GABARITO

1. A
2. D
3.
(EE) Tem foco no mercado.
(ES) Visa respeitar pessoas da situação de risco social e a promovê-las.
(EE) É individual.
(ES) É coletivo.
(EE) Visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do ne-
gócio.
(ES) Sua medida de desempenho é o impacto social.
(EE) Sua medida de desempenho é o lucro.
(ES) Foco na busca de soluções para problemas sociais.
4. E
5. Empreendedorismo é “[...] um conjunto de práticas institucionais que combi-
nam a busca por objetivos financeiros e a promoção de valores substantivos”
(CHO, 2006, p. 36).
Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto,
levam à transformação de ideias em oportunidades (DORNELLAS, 2008).
6. O aluno poderá escolher qualquer uma das definições apresentadas ao longo da
unidade. A seguir, alguns exemplos dentre os conceitos apresentados: “Empre-
endedorismo social é uma atividade inovadora de geração de valor social que
ocorre nos setores sem fins lucrativos, de negócios e governamental “ (AUSTIN;
STEVENSON; WEISKILLERN, 2006. p. 02) e “Nós definimos Empreendedorismo So-
cial como um processo dinâmico criado e gerido por um indivíduo ou equipe
(o empresário inovador social), que se esforça para explorar a inovação social
com uma mentalidade empreendedora e uma forte necessidade de realização, a
fim de criar novos valores sociais no mercado e comunidade em geral” (PERRINI;
VURRO, 2006, p. 04).
Professora Esp. Daniela Sikorski

III
TRABALHO E PROJETO
PROFISSIONAL DO SERVIÇO

UNIDADE
SOCIAL: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES

Objetivos de Aprendizagem
■ Contextualizar o acadêmico quanto aos desafios e possibilidades do
Serviço Social na contemporaneidade.
■ Possibilitar ao acadêmico a reflexão acerca das potencialidades da
profissão frente a competitividade do mercado de trabalho.
■ Estabelecer a relação exercício profissional e estágio obrigatório,
considerando o processo de formação profissional pelo qual o aluno
está passando.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ O Serviço Social enquanto categoria profissional em constante
crescimento
■ O Projeto Ético-Político Profissional
91

INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade deste livro! Neste momento,
a proposta é aprofundarmos nosso entendimento acerca do processo de traba-
lho e o serviço social.
Por meio da contextualização da discussão acerca do processo de trabalho
e o serviço social, trabalharemos a questão do processo de trabalho e o serviço
social, seus conceitos, sua relação com a profissão, bem como a explanação sobre
o assistente social como um profissional assalariado inserido na divisão social
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e técnica do trabalho.
Sinta-se à vontade para “dar asas à sua imaginação” refletindo, questionando
e levantando dúvidas, lembrando que cada disciplina possui uma íntima relação
com o exercício profissional e você, que já se encontra em estágio, pode agora
estabelecer as devidas relações teórico-prática.
O mesmo acontece com os conteúdos deste livro; eles se complementam e se
articulam, pois, conforme vamos encerrando uma unidade, outra vai surgindo
articulando nossas reflexões, ampliando nosso conhecimento.
Consideramos na elaboração desta unidade, a experiência que você já adqui-
riu na prática de estágio, inserido em uma ou mais organizações e intituições. A
convivência com assistentes sociais, equipes multidisciplinares, usuários e diver-
sas expressões da questão social já lhe forneceram subsídios para compreender
a complexidade da nossa profissão. Logo, esta unidade vem contribuir teorica-
mente para sua formação no que diz respeito ao trabalho do assistente social e
a realidade na qual estamos inseridos.
Na primeira unidade, conhecemos um pouco sobre o perfil da nossa cate-
goria, quem somos, em seguida, na segunda unidade, vimos a relevância de
sermos empreendedores e de fomentar o empreendorismo, e agora unimos estes
elementos de forma a nos situar no contexto e universo do mundo do trabalho.
Encerro deixando a dica de que sair da zona de conforto nos possibilita ir e
olhar além daquilo que poderíamos acreditar.
Vamos lá! Aproveite e bons estudos!

Introdução
92 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO CATEGORIA
PROFISSIONAL EM CONSTANTE CRESCIMENTO

Propomos que você se coloque em uma postura capaz de compreender o Serviço


Social como um dos tipos de especialização do trabalho, uma profissão particu-
lar inscrita na divisão técnica do trabalho, considerando o exercício profissional
no âmbito das relações entre Estado e sociedade civil, no marco de uma socie-
dade de classes.

O Papel regulador do Estado é a interferência do Estado nas relações sociais,


seja para favorecer a acumulação capitalista, seja para prestar serviços so-
ciais necessários ao atendimento de necessidades sociais dos trabalhadores.
Fonte: as autoras.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


93

Ao longo do curso, estudamos a história do Serviço Social, desde a sua


gênese até os avanços e desafios nos dias atuais. Retomando os estudos reali-
zados na disciplina de Fundamentos Histórios Teóricos e Metodológicos do
Serviço, lembre-se que foi a partir da década de 80 que o Serviço Social passa a
ser considerado como especialização do trabalho coletivo, no interior da divi-
são sóciotécnica do trabalho.
Nossa profissão, hoje, também enfrenta a crise de mercado como todas as
demais profissões inseridas neste mercado, pois se encontra como profissão devi-
damente reconhecida na divisão social do trabalho.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Segundo Lara (2008, p. 19, on-line, grifos do autor)1.


[...] o primeiro desafio dos profissionais do Serviço Social, no contexto
da reestruturação produtiva e de responsabilização do Estado com o
esgotamento do sistema de proteção social, é entender que as mudan-
ças no mundo do trabalho atingem toda a sociedade e não somente
as empresas e os trabalhadores. Não podemos restringir as práticas
profissionais e o entendimento sobre as transformações na esfera pro-
dutiva como resultado negativo somente para o espaço ocupacional
das empresas, mas para o conjunto das relações sociais. Mota (1999,
p. 47) afirma que, dentre as estratégias utilizadas pelo grande capital
para redefinir socialmente o processo de produção de mercadorias, os
mecanismos de externalização da produção, levados a efeito pela gran-
de empresa, ‘determinam um elenco de situações que afetam as esferas
do trabalho, da produção, da cultura, da vida privada, das práticas do
Estado e da sociedade civil e com os quais se defronta, na atualidade,
o profissional de Serviço Social que deve alertar-se para as novas de-
mandas sociais.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


94 UNIDADE III

Proteção Social: conjunto de ações coletivas voltadas para proteger os in-


divíduos e a sociedade dos riscos inerentes à condição humana ou atender
necessidades geradas em diferentes momentos históricos relativos a múlti-
plas situações de dependência. Associada às necessidades de segurança em
situações de risco e vulnerabilidade social.
Sistemas de Proteção Social: resultam da ação pública direcionada a prote-
ger a sociedade e os indivíduos de situações de dependência e insegurança

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
social como: a doença, a maternidade, a invalidez, a velhice, o desemprego,
a carência de alimentos e a exclusão (por renda, raça, etnia, gênero, cultura
etc.).
Fonte: adaptado de Iamamoto (1998).

No decorrer da história da humanidade, os homens, na realização de todo e qualquer


tipo de trabalho, têm contato com três elementos: força de trabalho, matéria-
-prima ou objeto e instrumento de trabalho, que constituem todo o processo de
trabalho. Conforme a concepção da Iamamoto (2007) e com o reconhecimento da
questão social, a profissão de Serviço Social especializou-se e se institucionalizou.
Sendo a questão social constituinte da base histórica da fundamentação do
Serviço Social, a matéria-prima ou objeto de atuação do assistente social, no
cotidiano dos sujeitos sociais, provoca a urgência da intervenção do profissional.
Para Serra (2000, p. 74), a questão social por si só não constitui a matéria prima
do serviço social. Esclarece que a razão da existência do serviço social como pro-
fissão não é a questão social, mas um “[...] trato dela pelo Estado capitalista em
determinada fase de desenvolvimento capitalista” por meio das políticas sociais.
Para Iamamoto (2007, p. 135), são as expressões da questão social que explicam
o surgimento do serviço social, ou seja, o serviço social surge e se instituciona-
liza a partir do momento em que se acirram as necessidades sociais. Serra (2000)
ainda enfatiza que a questão social por si só não constitui a base histórica do ser-
viço social, mas a forma como o Estado, por meio das políticas sociais, atende as
sequelas da questão social. A autora não descarta a questão, mas entende que “[...]

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


95

ela se tornou relevante a partir do


momento em que o Estado, por
meio das políticas sociais, vem
atender a questão social” (SERRA,
2000, p. 122).
Na realização de qualquer
tipo de trabalho, há dispêndio
da força humana por sujeitos que
vendem sua força de trabalho por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

um salário porque não possuem meios de produção. Portanto, no processo de


trabalho do serviço social, é relevante, também, pensar a categoria dos assisten-
tes sociais enquanto força de trabalho.
Na sociedade capitalista, Marx (2004) analisa duas classes fundamentais:
proletariado e burguesia. O proletariado (trabalhador), expropriado dos meios
de produção, é obrigado a vender sua força de trabalho a outra classe social, a
burguesia (constituída pelos capitalistas), possuidora dos meios de produção.
A força de trabalho é no capitalismo, uma mercadoria colocada no mercado
e comprada pelos capitalistas, sendo que não se iguala simplesmente com outras
mercadorias, por ser uma mercadoria especial. Somente ela pode criar outras
mercadorias. Como trabalho vivo, ela atua sobre as matérias primas, utilizando
os instrumentos de trabalho e criando novos produtos, novas mercadorias que
serão apropriadas pelos capitalistas e comercializadas no mercado para satisfa-
ção das necessidades dos consumidores.
Nessa relação, os trabalhadores produzem, simultaneamente, as mercadorias
e a riqueza por meio da apropriação de trabalho não pago ou excedente (base
da riqueza). O trabalho excedente possibilita o capitalista reinvestir no processo
de produção e extrair um número maior de mais valia, aumentando o capital,
afirma Granemann (2000). Na sociedade capitalista, a única mercadoria que o
trabalhador pode vender é sua força de trabalho em troca de salário para a sua
subsistência. O tempo que o trabalhador dedica ao trabalho está sob controle
do capitalista, não possuindo os meios de produção, o produto do seu trabalho
não lhe pertence, mas a quem o contratou, o capitalista.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


96 UNIDADE III

Compreende-se que cada profissão foi se inserindo no mercado de trabalho


gradativamente antes mesmo de sua formalização.
[...] a formalização das profissões é acompanhada por um reconhe-
cimento de reivindicações de um saber e competência exclusivos, no
qual as esferas dominantes daquela sociedade especifica ou o Estado
atribuem um mandato social para tomar decisões, realizar tarefas es-
pecíficas, controlar recursos e para atribuição de responsabilidade legal
em caso de problemas, cristalizando um patamar específico de divisão
social e técnica do trabalho (VASCONCELOS, 1997, p. 145).

Compreende-se que, apesar da profissão ser regulamentada legalmente como

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma profissão liberal, no decorrer do desenvolvimento da profissão, não é esse
o traço que tem sido assumido. Compreende-se que a força de trabalho do assis-
tente social encontra-se na mercantilização, ou seja, ele é um trabalhador que
vende a sua força de trabalho especializado por salário para seus empregados
(Estado, empresas, entidades não governamentais, entre outros), visando atin-
gir metas previstas pelo seu contratante.

Apesar da dependência das instituições empregadoras, cabe ao assistente


social mais que a mera execução de ordens, pois o assistente social se carac-
teriza como um intelectual, um técnico especializado que deve possuir um
saber a ser consumido no seu processo de trabalho.
Fonte: as autoras.

Partindo da compreensão de que o assistente social é um trabalhador improdu-


tivo exterior à produção, da mesma forma como os domésticos que vendem sua
força de trabalho como valor de uso, os autônomos e funcionários públicos que
vendem seus bens e serviços produzidos com meios próprios, embora trabalha-
dores assalariados, seu rendimento não deriva imediatamente das relações de
produção. Portanto, pertencem à classe dos trabalhadores assalariados, os tra-
balhadores que se situam no interior do processo de produção.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


97

O trabalho inerente ao ser humano é capaz de provocar a força criativa do


mesmo, para que dessa maneira, seja capaz de produzir e sanar suas necessida-
des. O trabalho gera o trabalho, que gera produtos e que, por consequência, gera
outras necessidades, por isso, falamos da capacidade criativa de transpor bar-
reiras e criar meios de sempre evoluir.
Há muito tempo se vem discutindo a questão do processo de trabalho e o serviço
social. Esta não é uma reflexão recente e também acreditamos que não se encerrará
em breve, considerando a dinamicidade da sociedade e o sistema que nela impera.
Quando falamos em processo de trabalho e a prática do assistente social, esta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

não se reduz para analisarmos a utilização ou não dos instrumentais e técnicas


que dela fazem parte. Compreender o processo de trabalho no bojo da profissão
não implica apenas em levantarmos questões sobre aprender a desempenhar a
prática. O processo de trabalho vai muito mais além.
O processo de trabalho caracteriza-se por ser um campo tenso, constituído
a partir de interesses contraditórios (trabalhadores/patrões) e de relações socio-
culturais dos atores nele congregados. E nós, enquanto assistente sociais, estamos
inseridos neste campo também!
Fique atento(a), pois entender o processo de trabalho aliado ao serviço social
implica em compreender toda a estrutura social que o cerca; compreender o
processo de globalização, as questões econômicas-sociais que cotidianamente
influenciam a vida das pessoas, questões políticas que, de uma forma ou de
outra são responsáveis pela organização e solução das problemáticas sociais que
assolam o país. É importante compreender, ainda, o papel do Estado, o geren-
ciamento das políticas sociais e outras questões.
Essa necessária ampliação analítica se deve ao fato de que não podemos
pensar o serviço social de forma isolada da realidade. É por meio de um
acompanhamento atento de seu movimento que poderemos ter clareza sobre
a filosofia que está por trás das terceirizações e da existência das Organizações
Não Governamentais (ONG’S), por exemplo.
O processo de trabalho/processo de produção de mercadorias é historica-
mente transformado; na sociedade capitalista ele se dá por meio da apropriação
da força de trabalho e do que ela produz: a mais valia, como já foi visto inúme-
ras vezes ao longo do curso. Diversos professores abordaram essa análise, você

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


98 UNIDADE III

se lembra? Como podemos definir a mais valia? Procure retomar esses concei-
tos articulando os conhecimentos apresentados.
A mais valia, enquanto motor da sociedade capitalista, só é conseguida/pro-
duzida quando os trabalhadores, por meio de sua força de trabalho, produzem
novas mercadorias. A relação entre o capitalista e o trabalhador se dá por meio
do regime de assalariamento, forma moderna de escravidão.
“No sistema capitalista, o trabalho assalariado dá a impressão de que, ao
receber o salário, o trabalhador está recebendo pelo conjunto do trabalho rea-
lizado, quando, na verdade, recebe apenas uma parcela da riqueza produzida”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(MARX, 2004, p. 12).
O processo de trabalho é o processo de valorização do capital e a força de
trabalho passa a ser mais uma mercadoria.
A força de trabalho do trabalhador, nesse processo de valorização do capi-
tal, torna-se alienada, pois não interfere em nenhum momento nesse processo:
o que fazer, como fazer, por que fazer, para que fazer, quando fazer. São deci-
sões tomadas pelos proprietários dos meios de produção e da força de trabalho.
O aumento da produtividade na produ-
ção se dá mediante a incorporação da ciência
e da tecnologia nesse processo. Com o uso da
tecnologia, é reduzida numericamente a classe
trabalhadora, pois as máquinas passam a ocupar
seus lugares. Isso se dá por conta da apropria-
ção privada dos recursos tecnológicos.
Podemos considerar alguns elementos pre-
sentes no processo de trabalho do serviço social,
como você pode ver a seguir:

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


99

■ Os assistentes sociais vendem sua força de trabalho, tendo sua base pro-
fissional assalariada.
■ Os assistentes sociais dispõem de certos meios de produção.
■ Os assistentes sociais geram um produto a partir de sua ação que, por
vezes, tem pouca visibilidade e/ou relevância social.
Outro aspecto fundamental para pensar esse processo de trabalho é que
consideremos alguns dos processos socioculturais que confirmam a pro-
fissão historicamente:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ A condição de gênero: a feminização da categoria que acaba por impri-


mir uma identidade de subalternidade/proletarização da profissão; na
qual podemos observar uma mudança nesse cenário, pois já se percebe o
ingresso de muitos homens no processo de formação. No entanto, a par-
cela feminina ainda é consideravelmente maior, porém, se considerarmos
o tempo histórico, veremos que, por um bom tempo, ainda, as mulheres
serão em maior número.
■ O avanço qualitativo para o serviço social em relação a sua inserção
universitária, possibilitou a construção de um perfil intelectual e, pos-
teriormente, uma maioridade em termos de produção teórica.

A instrumentalidade da intervenção não pode ficar restrita à operacionalidade;


há que se ampliar a leitura dos fenômenos, buscando superar a fragmentação e
a imediaticidade com que esses fenômenos comparecem em nosso cotidiano.
Dessa maneira, levantamos alguns aspectos para que possamos analisar o pro-
cesso de trabalho do Serviço Social e que devem ser consideradas:
■ A relativa autonomia do serviço social.
■ A maturidade política e intelectual.
■ A realidade sócioinstitucional.

Marx (2004) sinaliza que a melhor abelha ou o melhor João de Barro não pode
ser equiparado ao pior engenheiro, pois este humano tem uma capacidade teo-
lógica (projetar para um determinado fim), o trabalho humano é intencional;
Para o autor, o processo de trabalho e o processo de produção de valor constituem

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


100 UNIDADE III

uma unidade; no capitalismo, o produto deixa de responder somente as neces-


sidades sociais de reprodução (valor de uso), adquirindo valor de troca; a força
de trabalho e o produto são transformados em mercadorias.
Assim, a relação de assalariamento do assistente social (apropriação de sua
Força de Trabalho) pelo Estado capitalista, visa reforçar o processo de dominação
social (Por que reforçar? Que outros meios utilizam para manter sua hegemonia?).
Ao levarmos em conta o objetivo capitalista, é fundamental considerar que as
relações sociais são contraditórias, o que pode permitir ao profissional estabele-
cer e construir propostas de trabalho que apontem para o acesso e ampliação dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
direitos sociais (a relação entre estruturas e sujeitos profissionais faz-nos refletir
que os assistentes sociais fazem sua história, mas o fazem a partir de certas con-
dições que escapam a sua decisão).
Ou seja,
É nesta condição de trabalhador assalariado que o assistente social
se integra na organização do conjunto de trabalhadores afins, por
meio de suas entidades representativas e, com a coletividade de classe
trabalhadora. Portanto, essas relações interferem decisivamente no
exercício profissional, que supõe a mediação do mercado de trabalho
por tratar-se de uma atividade assalariada de caráter profissional (IA-
MAMOTO, 2008, p. 215, grifos do autor).

Pensar a profissão sendo construída a partir de elementos internos e externos a


ela é tarefa cotidiana que requer o acompanhamento atento da dinâmica social,
bem como o esforço individual de constituição da competência (teórica, técnica
e política-estratégica).
O trabalho do(a) Assistente Social é constitutivo de um processo de
trabalho construído historicamente e socialmente determinado pelo
jogo de forças que compõe uma dada totalidade social. A inserção do
trabalho do(a) Assistente Social no processo de trabalho coletivo é ca-
racterizada pela forma particular de serviço que se efetiva em espaços
institucionais (FONSECA, 2008, p. 18).

A pressão estrutural sobre o Processo de Trabalho do Serviço Social é integrante


de uma lógica estruturante do trabalho capitalista em geral. Esta supõe uma con-
versão de todas as formas de trabalho em trabalho assalariado – mercadorias -
fragmentado e parcelado em diferentes atividades laborativas.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


101

O trabalho do Assistente Social, então, passa a se constituir como fragmento


laborativo que conserva e que dá conta de uma parcela dos objetivos institucio-
nais daquele trabalho coletivo.
Essa forma de organização do trabalho do Assistente Social (e não só deste
profissional como vimos até agora) acaba por engendrar um processo de alie-
nação; o assistente social não consegue se ver no produto.
[...] a condição de trabalhador assalariado, regulada por um contrato
de trabalho impregna o trabalho profissional de dilemas da alienação e
de determinações sociais que afetam a coletividade dos trabalhadores,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ainda que se expressam de modo particular no âmbito desse trabalho


qualificado e complexo (IAMAMOTO, 2008, p. 215, grifos do autor).

Os sujeitos com os quais lidamos em nosso cotidiano, ao não terem o recurso da


reflexão teórica, podem não conseguir efetivar uma leitura crítica e transforma-
dora da sociedade. Os profissionais, ao não terem clareza sobre a funcionalidade
de seu processo de trabalho, acabam por reproduzir meramente a condição
subalternizada do Serviço Social e a subalternização dos sujeitos que são foco
de sua ação.
O assistente social, apesar de configurar como profissional liberal, não dispõe
dos meios para desenvolvimento de seu trabalho, por isso, tem relativa autono-
mia, visto que é no espaço das instituições públicas e nas políticas sociais que
ele encontra os meios e pode utilizar os instrumentos de trabalho.
Para reforçar essa colocação, temos a contribuição de Iamamoto (2008, p. 215):
[...] esta autonomia é tensionada pela compra e venda do trabalho es-
pecializada a diferentes empregadores: o Estado (e suas distintas esferas
de poder), o empresariado, as organizações de trabalhadores e de ou-
tros segmentos organizados da sociedade civil. [...] Os empregadores
determinam as necessidades sociais que o trabalho do assistente social
deve responder; delimitam a matéria sobre a qual incide esse trabalho.

Acreditamos que o fenômeno da alienação pode ser enfrentado quando saímos


de nosso espaço individual de intervenção e nos somamos a outras disciplinas
sociais; o objetivo é o de ampliarmos nossos olhares, compreensão, capacidade de
análise e, consequentemente, de formulação de propostas socioprofissionais que
auxiliem na superação da subalternidade dos sujeitos (trabalho multidisciplinar).

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


102 UNIDADE III

A apropriação do saber dos trabalhadores acaba por configurar uma distin-


ção entre concepção e execução do trabalho.
Distinguir concepção da execução faz parte da lógica que separa pensar
e fazer, decorrendo, daí, uma divisão sociotécnica do trabalho, no qual, quem
pensa, detém a direção do processo. Pensar e fazer aparecem assim como dois
processos distintos.
Na medida em que naturalizamos os fenômenos sociais, banalizamo-los.
A lógica capitalista em algumas vezes pode articular a desqualificação, a
fragmentação e a criação de um aparato de concepção, tendo como objetivo a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conformação de um trabalhador alienado, produtor da riqueza e não sabe-
dor de suas potencialidades.
Na compreensão sobre processo de trabalho/relação de trabalho, é funda-
mental considerarmos:
■ O papel do Estado (diferenciá-lo de governo) na reprodução das rela-
ções de trabalho.
■ Relação do Estado com os movimentos sociais.
■ Papel que cumpre na economia o setor em que se atua.
■ Como está organizado o Processo de Trabalho.
■ Dimensão tecnológica (recursos humanos, robótica).
■ Os valores vivenciados pelos trabalhadores.

No processo de trabalho do Serviço Social, é fundamental indicar suas


peculiaridades:
O assistente social possui mandato legal e científico (legislação profissional, código
de ética e associações profissionais); esse mandato é fruto não de um movimento
interno da categoria, mas resultante de enfrentamento e negociações permanentes.
A autonomia, segundo vários autores, é uma concessão legal de natureza
tanto científica quanto político-social; vista sob essa perspectiva, ela é sempre
constituída historicamente como processo.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


103

O trabalho desenvolvido em organizações complexas, em que a burocrati-


zação (burocracia; sujeito à hierarquia e regulamentos rígidos e a uma rotina
inflexível) manifesta-se como forte mecanismo de controle, sua racionalidade
(da burocracia) tende a se impor sobre qualquer trabalhador.
Dessa maneira, o que pode estar em jogo é o próprio monopólio do conhe-
cimento-ocupação, podendo ocasionar uma pressão para a desprofissionalização
e a emersão de um trabalhador de tipo comum ao conjunto dos campos de tra-
balho (trabalhador qualificado como força de trabalho descartável).
Cabe-nos fazer a seguinte pergunta: de que modo as atividades de serviços
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

participam do processo de acumulação capitalista e quais os efeitos do acelerado


crescimento do setor sobre o padrão produtivo contemporâneo?
Braverman (1980), estudioso do tema, sublinha que, no século XX, o capi-
talismo, para continuar se desenvolvendo (produção, circulação e consumo),
necessitava apontar continuamente para a transformação da estrutura ocupacional
com expressivo crescimento do trabalho dos serviços. Além disso, a complexi-
dade das relações sociais apontava para uma dissolução de formas comunitárias
de reprodução social e, consequentemente, maior inserção do Estado e dos ser-
viços privados neste campo.
O exercício profissional não foge a essas determinações sociais. O assis-
tente social ao ingressar no mercado de trabalho – condição para que
possa exercer a sua profissão como trabalhador assalariado – vende a
sua força de trabalho: uma mercadoria que tem valor de uso, porque
responde a uma necessidade social e um valor de troca expresso no
salário (IAMAMOTO, 2008, p. 217).

O surgimento da profissão no Brasil dá-se no momento em que se faz necessário


uma disciplina que atue na formação espiritual dos trabalhadores e suas famí-
lias na vida urbano-industrial.
A perspectiva moralizadora que cunha essa intervenção cumpre o objetivo
de escamotear a lógica que permeia a questão social. As necessidades sociais (tra-
vestidas de demandas) são a própria impossibilidade de se reproduzir material
e espiritual dos sujeitos. Essa impossibilidade, gestada pelas relações sociais de
produção, não é colocada em questão pelas políticas públicas.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


104 UNIDADE III

As atividades de produção de serviços possuem uma função subsidiária no pro-


cesso global de reprodução da estrutura social. Ao processar símbolos e informações,
certos profissionais, por meio de suas intervenções, colaboram para a segurança,
conservação, defesa, vigilância e certificação das formas de funcionamento da socie-
dade (é o caso dos Assistentes Sociais, médicos, advogados e professores).
A unidade de serviço e a política social constituem-se em dois elementos impor-
tantes para que possamos refletir sobre o processo de trabalho do serviço social.
A primeira é configurada pelo corpo de organizações onde são desenvolvi-
das as políticas públicas e privadas que darão contorno/concretude à cidadania.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Diante de uma postura governamental que cada vez mais subsidia os interes-
ses privados (Estado privatizado), o impacto de trabalhos nesse setor tende a
ser reduzido, consequência direta da diminuição do investimento financeiro e
da própria lógica de organização do setor. Essa lógica caracteriza-se a partir da
segmentação das demandas, descontinuidade das ações e tecnocratização dos
problemas sociais, que originam as demandas por serviços dessa natureza.
A política social trata-se de uma instituição social que vem sofrendo críticas
por não cumprir seus objetivos de cobertura social e reprodução ampliada das
condições de vida dos sujeitos. Os problemas são de ordem gerencial, ou seja,
como as políticas públicas estão sendo geridas. A ineficiência dos serviços revela
sua incapacidade de interferir na qualidade de vida dos sujeitos. O gasto social, ao
ser gerido de forma pouco eficiente, aponta para a perda de recursos financeiros.
Atualmente, vem sendo apontado alguns mecanismos que poderiam reverter
esse tipo de organização e gestão dos serviços: parceria com as ONG’s e con-
trole social a ser efetivado pelos Conselhos (de assistência social, de saúde, da
criança e do adolescente etc.).
Temos que ter clareza da diferença existente entre o público que não é esta-
tal e o público estatal. “Uma outra fatia do mercado profissional de trabalho
encontra-se hoje constituída pelas ONGs – um amplo e diversificado campo que
necessita ser melhor qualificado” (IAMAMOTO, 2007, p. 45).

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


105

Outro resultado do novo padrão de acumulação tem sido a desregulamen-


tação das relações de trabalho e dos direitos sociais, derivada da preocupação
com a necessidade de redução dos custos sociais do trabalho. Todavia, afirma
a autora, que esse custo da mão de obra no Brasil está entre os mais baixos do
mundo, que a rotatividade da mão de obra é de 37%, uma das maiores do mundo,
indicando não haver rigidez na fixação da mão de obra.
Esse processo vem repercutindo no mercado de trabalho do assistente
social de várias maneiras: vem aumentando a atuação do serviço social
na área de recursos humanos das empresas, na esfera da assessoria ge-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rencial e na criação dos comportamentos produtivos favoráveis para a


força de trabalho, também denominado “clima social”. Ampliam-se as
demandas ao nível da atuação nos círculos de controle de qualidade to-
tal, todos voltados ao controle da qualidade, ao estímulo de uma maior
aproximação da gerência aos trabalhadores do chão da fábrica, valo-
rizando um discurso de chamamento à participação. Verifica-se uma
sensível mudança nas formas de pagamento, centrado em premiações
e em sistemas meritocráticos de incentivos (MARTINS, 2003, p. 17).

Veja, a seguir, algumas reflexões acerca do que já foi exposto e a aproximação


com a profissão de serviço social:
a. A apropriação teórico-metodológica no campo das grandes matrizes do
pensamento social permitiria a descoberta de novos caminhos para o
exercício profissional.
b. O engajamento nos movimentos organizados da sociedade garantiria – ou
seria uma condição fundamental para tanto – a intervenção profissional
articulada aos interesses dos setores majoritários da sociedade.
c. O aperfeiçoamento técnico-operativo mostra-se como uma exigência para
uma inserção qualificada do assistente social no mercado de trabalho.

Cada elemento contido nesses pressupostos é fundamental e complementar


entre si. Porém, aprisionados em si mesmos, transformam-se em limites que vem
tecendo o cenário de algumas dificuldades, identificadas pela categoria profis-
sional: o teoricismo, o militantismo e o tecnicismo.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


106 UNIDADE III

Por que o trabalho é o selo distintivo


da atividade humana? O homem é o único
ser capaz de criar meios e instrumentos de
trabalho, afirmando essa atividade caracte-
risticamente humana. É pelo trabalho que
as necessidades humanas são satisfeitas, ao
mesmo tempo em que o trabalho cria outras
necessidades.
Portanto, a eleição da categoria traba-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lho não é aleatória, trata-se de um elemento
constitutivo do ser social que o distingue
como tal e, portanto, que dispõe de uma
centralidade na vida dos homens.
Qualquer processo de trabalho implica
uma matéria-prima ou objeto sobre o qual
incide a ação do sujeito, ou seja, o próprio trabalho requer meios ou instrumen-
tos para que possa ser efetivado. Em outros termos, todo processo de trabalho
implica uma matéria-prima ou objeto sobre o qual incide a ação, meios ou ins-
trumentos de trabalho que potenciam a ação do sujeito sobre o objeto; e a própria
atividade, ou seja, o trabalho direcionado a um fim que resulta num produto.
Ficam assim as seguintes questões a serem respondidas:
Qual é o objeto de trabalho do assistente social? Como pensar a questão dos
meios de trabalho do assistente social? Como pensar a própria atividade e/ou
trabalho do sujeito? E qual é o produto do trabalho do assistente social?
Vejamos: o objeto do trabalho é a questão social e suas múltiplas facetas,
por isso, pesquisar e conhecer a realidade é conhecer o próprio objeto de traba-
lho, junto ao qual se pretende induzir ou impulsionar um processo de mudança.
O conhecimento especializado e as habilidades são parte do acervo de
seus meios de trabalho. Entretanto, apesar de regulamentado como
profissional liberal, o assistente social não se realiza como tal. Isso sig-
nifica que o assistente social não detém todos os meios necessários para
a efetivação de seu trabalho: financeiro, técnicos e humanos necessá-
rios ao exercício profissional autônomo (IAMAMOTO, 2007, p. 43).

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


107

Parte dos meios ou recursos materiais financeiros e organizacionais são for-


necidos pelas entidades empregadoras. Portanto, a condição de trabalhador
assalariado não só enquadra o assistente social na relação de compra e venda
da força de trabalho, como também molda a sua inserção sócio institucional na
sociedade brasileira.
Ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu traba-
lho, o assistente social depende, na organização da atividade, do Esta-
do, da empresa, de ONGs que viabilizam aos usuários o acesso a seu
serviço, fornecem meios e recursos para sua realização, estabelecem
prioridades a serem cumpridas, interferem na definição de papéis e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

funções que compõem o cotidiano de trabalho institucional. Ora, se


assim é, a instituição não é um condicionante a mais no trabalho do as-
sistente social. Ela organiza o processo de trabalho do qual ele participa
(IAMAMOTO, 2007, p. 44).

Com isso, vale ressaltar a importância em saber estabelecer contatos e relações,


pois o profissional não age sozinho, ou seja, depende direta ou indiretamente
de contato com outros profissionais, situação que você já pode verificar no seu
campo de estágio. Sendo assim, podemos refletir sobre a interdisciplinaridade
que já discutimos em outras disciplinas. Assim, alguns profissionais se decep-
cionam quando se deparam com esse cenário, pois não percebem que o Serviço
Social age conjuntamente com tantas outras profissões, não decide nada sozi-
nho, não muda e não transforma as coisas, como se tivesse uma varinha mágica.
Precisamos, enquanto futuros profissionais, exercer mais a capacidade
e, autenticamente, entender que o enfrentamento das questões sociais e suas
expressões não é privilégio do assistente social.
O profissional que constantemente “bate de frente” nos diversos ambientes de
trabalho, possivelmente terá dificuldade em afirmar-se enquanto profissional, uma
vez que se dissemina a ideia de superioridade, da qual a sociedade está cansada.
A partir dessa perspectiva, a instituição não é um condicionante externo
e muito menos um obstáculo para o exercício profissional. Como trabalhador
assalariado, o assistente social depende de uma relação de compra e venda de
sua força de trabalho especializada em troca de um salário, com instrumentos
que demandam ou requisitam o trabalho profissional.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


108 UNIDADE III

O terceiro elemento do processo é o próprio trabalho. Alguns traços, apa-


rentemente dispersos, organizam o perfil social e histórico do assistente social.
Trata-se de uma profissão atravessada por relações de gênero enquanto tem uma
composição social predominantemente feminina, o que afeta sua imagem na
sociedade e as expectativas sociais vigentes diante da mesma.
Esse recorte de gênero explica, em partes, os traços de subalternidade que a
profissão carrega diante de outras de maior prestígio e reconhecimento social e
acadêmico. Por outro lado, a recorrência, a postura e o comportamento messi-
ânicos e voluntaristas têm a ver com a forte marca da tradição católica oriunda

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das origens da profissão. O compromisso com valores humanistas, presentes na
profissão, vem sendo, ao longo de sua história, depurado de um humanismo
abstrato por um humanismo histórico concreto, o que passa pela afirmação de
valores da democracia, dos direitos humanos e de cidadania para todos.
Fica, ainda, uma outra questão: o que o assistente social produz? Como o ser-
viço social contribui no processo de produção e reprodução da vida social, como
participa do processo de produção de valor e da mais valia e/ou de sua distribuição
social? O trabalho do assistente social tem um efeito no processo de reprodução da
força de trabalho, que é a única mercadoria que, ao ser colocada em ação, ao rea-
lizar trabalho, é fonte de valor, ou seja, cria mais valor que ela custou.
O assistente social é chamado, hoje, para atuar no âmbito dos conselhos de
políticas sociais (saúde/assistência social) e de direitos da criança e do adoles-
cente, de idosos e de pessoas com deficiência. Os profissionais estão, também,
contribuindo para a criação de formas de outro consenso – distinto daquele domi-
nante – ao reforçarem os interesses de segmentos majoritários da coletividade.
O assistente social é, neste sentido, um intelectual que contribui, junto
com inúmeros outros protagonistas, na criação de consensos na socie-
dade. Falar em consenso diz respeito não apenas à adesão ao instituído:
é consenso em torno de interesses das classes fundamentais, sejam do-
minantes ou subalternas (IAMAMOTO, 2010, p. 69).

O significado do trabalho do assistente social, na órbita do Estado e no campo


da prestação de serviços sociais, é diferente daquele efetivado na empresa. Aí
não existe criação capitalista de valor e mais valia, visto que o Estado não cria
riquezas ao atuar nesse campo. Ele recolhe parte da riqueza social, sob a forma de

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


109

tributos e outras contribuições, que formam o fundo público e redistribui parcela


dessa mais valia por meio de políticas sociais. Assim, a análise das característi-
cas assumidas pelo trabalho do assistente social e de seu produto depende das
características particulares dos processos de trabalho que se inscreve.
Dessa forma, o Serviço Social é participante do processo de produção e
reprodução das relações sociais, fundamental para preservação da lógica e sis-
tema capitalista. Marx (2004) afirma que o trabalho – enquanto organizador das
atividades humanas – é categoria central no corpo teórico citado.
Nos dias atuais, é visível a retração do trabalho industrial, configurando um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

fenômeno conhecido como desindustrialização e um crescimento acelerado do


setor financeiro (capital estéril) na economia.
O setor de serviços tem se caracterizado como aquele que mais tem absor-
vido mão de obra sobrante da indústria e do campo. Vem, também, ocorrendo
um aumento contingente de mulheres, jovens e crianças, enquanto população
economicamente ativa, pois são pessoas direta ou indiretamente consumistas por
meio do que a mídia nos apresenta como “necessidade”. Ficando claro a sobre-
posição do ter sobre o ser, pois, para ser aceito socialmente, o sujeito necessita
consumir e estar ajustado aos ditames da sociedade.
A tecnologia utilizada, poupadora do trabalho vivo, é resultante da trans-
formação da ciência enquanto força produtiva por excelência.
Ao se falar em prática profissional, tem-se o que faz o assistente social,
a saber, o conjunto de atividades que são desempenhadas por esse profissional
(SILVA, 2008). A leitura que prevalece, hoje, da prática profissional, é a de que
ela não deve ser vista de forma isolada em si mesma, mas em seus requisitos,
sejam internos ou externos. Estes dependem do desempenho profissional, e das
circunstâncias sociais nas quais se realiza a prática do assistente social.
Os primeiros são geralmente referidos a competências do assistente so-
cial, por exemplo, acionar estratégias e técnicas; a capacidade de leitura
da realidade conjuntural, a habilidade no trato das relações humanas, a
convivência em uma equipe interprofissional etc. Os segundos abran-
gem um conjunto de fatores que não dependem exclusivamente do su-
jeito profissional desde as relações de poder institucional, os recursos
colocados à disposição para o trabalho pela instituição ou empresa que
contrata o assistente social; as políticas sociais específicas, os objetivos e
demandas da instituição empregadora, a realidade social da população

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


110 UNIDADE III

usuária dos serviços prestados etc. Em síntese, a prática profissional é


vista como a atividade do assistente social na relação com o usuário,
os empregadores e os demais profissionais. Mas, como esta atividade é
socialmente determinada, consideram-se também as condições sociais
nas quais se realiza, distintas da prática e a ela externas, ainda que nela
interfiram (IAMAMOTO, 2008, p. 160).

Há que considerar que o Serviço Social, ainda que regulamentado como uma pro-
fissão liberal, não tem essa tradição na sociedade brasileira em sua alocação no
mercado de trabalho. Ainda assim, o Serviço Social dispõe de algumas caracte-
rísticas típicas de uma profissão liberal: a existência de uma relativa autonomia,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por parte do assistente social, quanto à forma de condução de seu atendimento
junto a indivíduos e/ou grupos sociais com os quais trabalha, o que requer os
compromissos com valores e princípios éticos norteadores da ação profissional,
explicitados no Código de Ética.
É importante analisar o exercício profissional no que diz respeito aos pro-
cessos e relações de trabalho, pois isso importa para a condição de trabalhador
livre, detentor de sua força de trabalho qualificada/especializada, envolvido
numa relação de compra e venda dessa mercadoria. É, portanto, a condição de
trabalhador assalariado, como forma social assumida pelo trabalho, que revela
a insuficiência da interpretação corrente da prática profissional, tal como ante-
riormente referida para explicar o exercício profissional no conjunto de seus
elementos constitutivos.
O assistente social deve enxergar-se também como mão de obra que atende
uma exigência do mercado, não sendo superior aos demais trabalhadores, pois
ele também se encontra na condição de assalariado.
Devemos estar sempre atentos para a dimensão política da prática profissio-
nal. Segundo Iamamoto (2010), apropriar-se da dimensão criadora do trabalho
e da condição de sujeito que interfere na direção social de seu trabalho é uma
luta a ser travada cotidianamente. O conteúdo da ação profissional é revelador
da perspectiva educativa que abraçamos. Toda intervenção está marcada por um
viés educativo na direção da democratização e reconhecimento da importância
dos sujeitos ou na direção do reforço da subalternidade do outro.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


111

Iamamoto (2007) sublinha a importância de acompanharmos atentamente o


movimento das classes sociais, da conjuntura, das expressões de resistência dos
usuários e das necessidades dos sujeitos. Dessa forma, poderemos construir uma
ação politicamente progressista e ampliadora de direitos sociais.
A autora ainda chama a atenção para o fato das profissionais, hoje, caracteri-
zarem-se por serem segmentos médios pauperizados, com um nítido recorte de
gênero: uma categoria profissional predominantemente feminina, uma profissão
tradicionalmente de mulheres para mulheres. Se a imagem social predominante
da profissão é indissociável de certos estereótipos socialmente construídos sobre
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a “[...] mulher na visão mais tradicional e conservadora de sua inserção na socie-


dade, o processo de renovação do Serviço Social é também tributário da luta pela
emancipação das mulheres na sociedade brasileira [...]” (IAMAMOTO, 1998, p.
105). O serviço social tem uma característica de ter, em seu corpo de profissionais,
uma grande e maioria parcela de mulheres; isso é histórico. Além disso, imprime-
-se na história profissional uma forte influência religiosa, o que de certa maneira
justifica a grande presença feminina na profissão, pois, enquanto o homem tra-
balhava fora, as mulheres deveriam cuidar da casa ou então se dedicarem a
trabalhos de caridade, conforme pudemos observar na unidade 01 deste livro.
Os traços atados podem estimular o cultivo de uma subalternidade profis-
sional, com desdobramentos na baixa-estima dos assistentes sociais diante de
outras especialidades. Favorecendo a internalização do estereótipo de “profissio-
nais de segunda categoria”, reforçando a ideia de algumas pessoas de que o que
os assistentes sociais fazem todos podem fazer ou, ainda, que o fazer profissional
do assistente social está relacionado ao que “sobra” de outras áreas profissionais.
Enfim, devemos romper com a ideia de que o Serviço Social é uma profissão
fácil, voltada a praticar caridade com os pobres, destituída de status e prestígio.
A profissão, para Iamamoto (2010), não foi criada para pensar, mas para
intervir, traço marcante até hoje, além da cisão entre academia e serviço (dico-
tomia fazer/pensar).
Pelos argumentos expostos, Felberg (2009, on-line)2 afirma que não se tem
um único e idêntico processo de trabalho do assistente social na esfera estatal,
na empresa, nas organizações não governamentais etc.

O Serviço Social Enquanto Categoria Profissional em Constante Crescimento


112 UNIDADE III

Não se trata de um mesmo processo de trabalho do assistente social e sim


de processos de trabalho nos quais se inserem os assistentes sociais. Para deci-
frar e entender o exercício profissional, há que se apreender as particularidades
dos processos de trabalho que, em circunstâncias diversas, vão atribuindo fei-
ções limites e possibilidades ao exercício da profissão, ainda que esta não perca
a sua identidade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Iamamoto (2007) chama nossa atenção quanto à necessidade de capacita-
ção continuada e utilização da criatividade no que se refere à ampliação das
fronteiras profissionais que historicamente foram delimitadas. Faz-se indis-
pensável a criação de novas competências; há uma exigência de olhar para além
das fronteiras imediatas das atividades executadas rotineiramente, para apreender
as tendências dos processos sociais e as mudanças macroscópicas que ocorrem
na contemporaneidade, para identificar, por meio delas, novas possibilidades e
exigências para o trabalho.
O processo de trabalho em que o assistente social se insere não é por ele orga-
nizado e nem é exclusivamente um processo de trabalho do assistente social,
ainda que nele participe de forma peculiar e com autonomia ética e técnica.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


113

Dessa forma,
O assistente social está inserido no trabalho coletivo, organizado den-
tro de condições sociais dadas, cujo produto, em suas dimensões ma-
teriais e sociais, é fruto do trabalho combinado ou cooperativo, que se
forja com o contributo específico das diversas especializações do traba-
lho (IAMAMOTO, 1997, p. 107).

O trabalho interprofissional, multiprofissional ou interdisciplinar é fruto do


fenômeno especialização do trabalho coletivo e parcelamento/fragmentação das
políticas sociais. É a visão de totalidade da organização do trabalho que torna
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

possível situar a contribuição de cada especialização do trabalho no processo


global de produção de um produto (a saúde, no caso da política de saúde).

O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO PROFISSIONAL

Posto rapidamente uma pequena reflexão acerca do serviço social, a profissão


que você escolheu, cabe-nos, agora, a discussão do denominado projeto ético
político profissional, afinal, do que se trata? Para que existe e qual a influência
na categoria profissional? O curto tempo em que se efetiva a profissão nos pata-
mares da leitura crítica do sistema capitalista, tem levado ao desconhecimento
do projeto ético-político pela categoria profissional.
O projeto ético-político envolve interesses diversos contidos em uma socie-
dade, diz respeito a interesses particulares presentes em determinados grupos
sociais (neste caso os Assistentes Sociais), não existe por acaso, independente
da realidade histórica. Ele é fruto do contexto em que se apresenta, por isso, está
vinculado à sociedade e a seus anseios por transformações e melhorias.
O projeto ético-político fornece o norte/direção das ações a partir dos obje-
tivos para o qual foi elaborado por determinada categoria ou grupo social, com
vistas ao favorecimento de uma dada demanda. Por isso, ao ser elaborado com

O Projeto Ético-Político Profissional


114 UNIDADE III

objetivos claros e direções quanto à aplicação, também diz respeito ao compro-


misso que deve ter o profissional que o assume.
O projeto ético-político:
[...] tem em seu núcleo o reconhecimento do recebimento da liberdade
como valor ético central - a liberdade concebida historicamente, como
possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um dos com-
promissos com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos
indivíduos sociais. Conseqüentemente, o projeto profissional vincula-
-se a um projeto societário que propõe a construção e uma nova ordem
social, sem dominação e/ou exploração de classe etnia e gênero (MELO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NETTO; FRÓES, 1999, p. 104-105).

Quando falamos em projeto, o que será que isso significa? Significa que se
baseia em ordenamento, uma certa sistematização (clara e objetiva) daquilo
que se almeja alcançar, por isso, vemos vigentes (aqui, em específico, do Serviço
Social) diversos projetos éticos-políticos, porque estes devem ser fruto de uma
consciência e consenso coletivo da categoria profissional no caso.
Quando falamos no termo ético, falamos na relação com a demanda, seus
anseios e perspectivas que, mesmo individuais, estão claramente vinculados aos
anseios e perspectivas do coletivo (societário), por isso, o termo político.
Esse coletivo (societário) se relaciona e se articula com os demais projetos
éticos presentes na sociedade, daí o termo profissional, uma vez que cada pro-
jeto expressa a particularidade da categoria profissional.
O projeto ético-político do serviço social tem como núcleo o reconhecimento
da liberdade como valor central, liberdade essa concebida historicamente. Os
componentes que materializam o projeto ético-político são articulados em três
dimensões, a saber:
a. A produção do conhecimento.
b. A dimensão político-organizativa.
c. A dimensão jurídico-política da profissão.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


115

A dimensão da produção do conhecimento se constitui pela reflexão do fazer profis-


sional, apresentada pela dimensão investigativa; a dimensão político-organizativa se
constitui pelas entidades representativas da profissão Conselho Regional de Serviço
Social (CRESS)/Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); Associação Brasileira
de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS); CA’s (Centros Acadêmicos) e
DA’s(Direitórios Acadêmicos) e pela Executiva Nacional dos Estudantes do Serviço
Social (ENESSO) e pressupõe um espaço democrático; todavia, a dimensão jurídi-
co-política se constitui no aparato jurídico formal da profissão que envolve a Lei nº
8662/93, que regulamenta a profissão; o código de ética; as novas diretrizes curricula-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

res; a Constituição Federal de 1988, bem como os demais instrumentos viabilizadores


dos direitos via políticas sociais: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
Estatuto do Idoso; Política Nacional do Idoso; Lei Maria da Penha; Lei Orgânica
da Assistência Social (LOAS); Lei Orgânica da Saúde; Código Civil; Estatuto da
Cidade; Código de Defesa do Consumidor; Lei de Execução Penal; entre outros.
Ressalta-se, então, que o projeto ético-político representa e se articula em relação
ao posicionamento e compromisso social que se materializa a partir do momento
em que se busca a construção coletiva em uma determinada direção social.
É importante, nesse momento da formação, e a partir da proposta desta dis-
ciplina, retomar algumas reflexões já feitas em outras oportunidades as quais
servirão de base neste momento. Ainda reforçamos a necessidade de trazer as
demais reflexões propostas pelas demais disciplinas do curso, pois não podemos
compreender o processo formativo como se fosse construído de forma fragmen-
tada, isolada ou independente, uma vez que:
A proposta básica para o projeto de formação profissional, a partir da qual
foi elaborada o projeto das diretrizes curriculares, analisa o Serviço So-
cial como uma das formas de especialização do trabalho coletivo, parte
da divisão sócio técnica do trabalho. Assim, o desvendamento de seu
significado sócio-histórico implica analisá-lo no quadro das relações
entre as classes sociais e destas com o Estado, no âmbito dos proces-
sos de produção e reprodução da vida social. Neste final de século, nos
marcos da globalização a profissão vem sendo afetada pelas profundas
transformações que processam no mundo da produção, na esfera públi-
ca e no campo da cultura (IAMAMOTO, 2007, p. 262, grifos do autor).

O Projeto Ético-Político Profissional


116 UNIDADE III

Faz-se mais que necessário a compreensão de que as disciplinas vistas ao longo


do processo de ensino-aprendizagem (neste caso, a graduação) são complemen-
tares e inter-relacionais e servem para um maior entendimento da profissão:
O reconhecimento da questão social como objeto de inter-
venção profissional (conforme estabelecido nas Diretrizes
Curriculares da ABEPSS), demanda uma atuação profissio-
nal em uma perspectiva totalizante, baseada na identificação
dos determinantes sócio-econômicos e culturais das desi-
gualdades sociais. A intervenção orientada por esta perspec-
tiva crítica pressupõe a assunção, pelo(a) profissional, de um
papel que aglutine: leitura crítica da realidade e capacidade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de identificação das condições materiais de vida, identifica-
ção das respostas existentes no âmbito do Estado e da socie-
dade civil, reconhecimento e fortalecimento dos espaços e
formas de luta e organização dos(as) trabalhadores(as) em
defesa de seus direitos; formulação e construção coletiva, em
conjunto com os(as) trabalhadores(as), de estratégias polí-
ticas e técnicas para modificação da realidade e formulação
de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os
recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos necessá-
rios à garantia e ampliação dos direitos (CFESS, 2009, p. 17).

O Serviço Social, enquanto profissão, encontra-se regulamentado pela Lei nº


8662, de 07/06/1993, e está orientado pelo Código de Ética do Assistente Social -
Resolução do CFESS nº 273/93. Sabe-se que: “Ao longo de seu desenvolvimento,
o Serviço Social foi requerido como uma profissão fundamentalmente interven-
tiva, situada no âmbito da prestação de serviços sociais, previstos pelas políticas
públicas e privadas” (KOIKE et al., 1997, p. 79).
O projeto ético-político do Serviço Social atualmente supera as concep-
ções corporativistas, individuais e passionais da profissão e assume os interesses
da coletividade. No exercício da profissão, não agimos em nome próprio, dos
sonhos particulares e aspirações pessoais, mas em nome de uma causa muito
maior (coletiva). Assim, devemos nos atentar para que nossas ações sejam justas
e éticas, pois respondemos eticamente, perante todas as nossas ações, a partir do
momento em que atendemos sob o princípio da equidade, uma vez que nossa
profissão assume relevância pública em meio a sociedade. Veja, caro(a) aluno(a),
a razão da existência do Código de Ética do Assistente Social.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


117

[...] o Código de Ética propõe a ampliação da liberdade, concebida


como autonomia, emancipação e pleno desenvolvimento dos indivídu-
os sociais; a consolidação da democracia, enquanto socialização da po-
lítica e da riqueza socialmente produzida e a defesa da equidade e jus-
tiça social enquanto universalização do acesso bens e serviços relativos
aos programas e políticas sociais e à sua gestão democrática (ABESS/
CEDEPSS,1996, p. 146-147).

Temos previsto enquanto categoria profissional o compromisso com a liberdade


como um dos valores éticos centrais. Esse compromisso implica em autonomia,
emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais, o que tem repercussões efe-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tivas nas formas de realização do trabalho profissional e nos rumos a ele atribuídos.
A partir do momento em que se assume publicamente que a ação profissio-
nal segue na direção consciente da defesa dos direitos humanos, pressupõe-se
que haverá a recusa imediata a todas as maneiras e formas de autoritarismo e
despotismo que se manifestarem na sociedade.
Sendo assim, “[...] o voluntarismo que quer o serviço social atrelado às orga-
nizações populares a qualquer preço como idealismo da bondade vem sendo
questionado” (FALEIROS, 2008, p. 28).
Quando falamos em categoria profissional, prática profissional, direitos
sociais, enfim, as mais diversas dimensões que abrangem o fazer profissional e
o cotidiano do assistente social, falamos necessariamente da atitude e identidade
desse profissional. Logo, o “[...] caráter ético do serviço social é dado de formar
concreta pela atitude profissional que entendemos como predisposição para pen-
sar, sentir, atuar junto ao [usuário]” (KISNEMAN, 1976, p. 71, grifos do autor).
Ao tempo em que as ações profissionais estarão sempre voltadas para a defesa
dos direitos sociais, em sua expressão legal, visando a manutenção e ampliação
das conquistas do coletivo já conseguidas, isso tudo implica em ser um profis-
sional comprometido com a cidadania.
De acordo com o Código de Ética do Assistente Social, o Serviço Social atua
na perspectiva da homogeneização dos espaços para garantir acesso aos direitos,
bem como no fortalecimento do acesso aos direitos como meio e não como fim.
Assim, expande-se a ideia de um perfil crítico do profissional, pois. além desse
perfil, necessitamos ampliar/construir uma consciência política.

O Projeto Ético-Político Profissional


118 UNIDADE III

A dimensão ético-política da profissão pode ser entendida como uma media-


ção necessária ao enfrentamento da barbárie e como suporte à prática profissional,
sendo defendida a formulação de estratégicas de reforço aos valores democráti-
cos e das políticas públicas com corte efetivamente social.
Quando nos propomos a estudar o processo de trabalho do assistente social,
também nos propomos a analisar a nossa prática profissional enquanto categoria.
Para tanto, faz-se mais que necessário, nesse processo de formação profissional,
a compreensão dos princípios fundamentais da profissão, pois esses princípios
não foram “inventados ou criados do nada”. O objeto de intervenção profis-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sional (questão social) foi estabelecido historicamente. E, a partir da realidade
e necessidades da sociedade, devemos ter conhecimento de que os princípios
fundamentais que regem a profissão de Serviço Social são frutos do consenso,
estudos e aspirações da categoria profissional, sem deixar de citar que revela o
amadurecimento da profissão.

Você já parou para pensar quem compõe a categoria profissional do serviço


social?

Compõem a categoria profissional todos os assistentes sociais de campo; as insti-


tuições formadoras (universidades, faculdades etc.), os pesquisadores, os docentes,
os discentes, seus organismos corporativos e sindicais. A categoria precisa estar
fortemente organizada para poder construir sua influência na sociedade.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


119

Os projetos profissionais também são mutáveis, assim como os sujeitos


profissionais e a realidade social. Vale lembrar que os diferentes contextos sócio-
-políticos influenciam sobremodo esses projetos.
Entretanto, a categoria profissional não é uma unidade homogênea, é uma
unidade de elementos diversos; nela estão presentes projetos individuais e socie-
tários diversos e, portanto, é um espaço plural do qual podem surgir projetos
profissionais diferentes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

E O QUE SERIAM PROJETOS PROFISSIONAIS?

Projetos coletivos de certas categorias profissionais dizem respeito à construção


de sua autoimagem. Os projetos profissionais são organicamente vinculados aos
projetos societários, que são aqueles:
[...] que apresentam uma imagem de sociedade a ser construída, que re-
clamam determinados valores para justificá-la e que privilegiam certos
meios (materiais e culturais) para concretizá-la”; e ainda, “constituem
estruturas flexíveis e mutáveis: incorporam novas demandas e aspira-
ções, transformam-se e se renovam segundo as conjunturas históricas
e políticas (NETTO, 1999, p. 93-94).

Abordamos um pouco sobre a categoria profissional e alguns desafios enfrenta-


dos no Serviço Social, bem como os órgãos de sua organização.

O Projeto Ético-Político Profissional


120 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a)! É muito importante que você esteja sempre antenado com
as discussões pertinentes ao exercício/prática profissional, uma vez que a profis-
são se preocupa com as transformações que ocorrem na sociedade.
Não se pode correr o risco de se tornar um profissional alienado, facilmente domi-
nado pelo sistema e até mesmo que seja facilmente manipulado pela lógica capitalista.
Não se pode ser ingênuo ao ponto de ignorar a competitividade de mercado
onde, em muitas regiões de nosso país, há uma demanda de profissionais muito

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
grande, ocasionando uma parcela de profissionais em situação de desemprego.
Destaca-se o profissional que é capaz de perceber o contexto, aquele que atua-
liza-se, capacita-se, considerando a prática profissional como um processo que
exige constante aperfeiçoamento. Essa é uma busca permanente não somente
para garantir espaço no mercado, como também representa um compromisso
com a seriedade e responsabilidade com a profissão.
Esteja antenado(a) sobre essas questões que acabamos de estudar e tenha
ciência de que a graduação é apenas a porta de entrada para o que chamamos
de formação profissional.
Nesta unidade, foi possível aprofundarmos a reflexão acerca dos processos de
trabalho e a profissão, considerando questões atuais e elementos significativos que
envolvem a prática do assistente social no sistema capitalista de produção. Ao longo do
curso, estamos trabalhando constantemente a questão do trabalho e a prática profis-
sional, o que nos leva a concluir que tal discussão é permanente no seio da profissão.
O primeiro elemento abordado no texto é que o assistente social é um profis-
sional asssalariado, inserido no universo capitalista de produção e que realiza sua
prática a partir do ingresso em instituições públicas ou privadas, as quais lidam com
o enfretamento das expressões da questão social, objeto de trabalho do serviço social.
Outro ponto é que o assistente social é um profissional que possui uma
capacitação teórico-metodológica e necessita estar em constante capacitação e
aperfeiçoamento, evitando alienações e abusos relacionados a sua intervenção.
E, por fim, você pode refletir que o assistente social deve manter sua ética
e não se deixar manipular, estando atento às leis e resoluções que permeiam a
ação profissional, sendo, ainda, participativo, crítico e criativo.

TRABALHO E PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES


121

1. Identifique nas alternativas a seguir e apresente corretamente o período em que


a profissão de Serviço Social passou a ser considerada uma profissão especializa-
da do trabalho coletivo, no interior da divisão sócio-técnica do trabalho.
a. A partir da década de 30.
b. A partir da década de 40.
c. A partir da década de 60.
d. A partir da década de 80.
e. A partir da década de 90.

2. De acordo com Iamomoto (2007), o que explica o surgimento do serviço social.


a. As contradições do sistema socialista, implantado no Brasil juntamente com a
chegada da família real ao Brasil.
b. As expressões da questão social cada vez mais acirradas.
c. A ascensão do proletariado e sua constante exploração da classe burguesa.
d. A criação de normas e legislações do trabalho que passaram a criar maior
igualdade entre os homens.
e. A necessidade do Estado em tratar os cidadãos devidamente registrados jun-
to ao INSS.

3. Complete a sentença a seguir:


A relação entre o capitalista e o trabalhador se dá por meio do regime de
______________________________.
a. Cotas.
b. Benefícios e Programas Sociais.
c. Consolidação do Trabalho.
d. Assalariamento.
e. Igualdade.

4. Sobre a reflexão acerca do trabalho enquanto selo distintivo da atividade huma-


na, analise as alternativas a seguir assinalando a correta.
a. O homem é o único ser que é capaz de criar meios e instrumentos de trabalho,
afirmando essa atividade caracteristicamente humana.
b. É pelo trabalho que as necessidades humanas são satisfeitas, ao mesmo
tempo em que o trabalho cria outras necessidades.
122

c. A eleição da categoria trabalho não é aleatória, trata-se de um elemento cons-


titutivo do ser social que o distingue como tal e, portanto, que dispõe de uma
centralidade na vida dos homens.
d. Qualquer processo de trabalho implica uma matéria-prima ou objeto sobre o
qual incide a ação do sujeito, ou seja, o próprio trabalho que requer meio ou
instrumentos para que possa ser efetivado.
e. Todas as alternativas acima estão corretas.

5. Quanto aos desafios da profissão de Serviço Social nos dias atuais, analise as
afirmativas a seguir, assinalando (V) para verdadeiro e (F) para as falsas:
( ) Iamamoto (2007) chama a atenção quanto à necessidade de capacitação
continuada e utilização da criatividade no que se refere à ampliação das frontei-
ras profissionais que historicamente foram delimitadas.
( ) Faz-se indispensável a criação de novas competências; há uma exigência
de olhar para além das fronteiras imediatas das atividades executadas rotinei-
ramente para apreender as tendências dos processos sociais e as mudanças
macroscópicas que ocorrem na contemporaneidade, para identificar, por meio
delas, novas possibilidades e exigências para o trabalho.
( ) Devemos romper com a ideia de que o Serviço Social é uma profissão fácil,
voltada a praticar caridade com os pobres, destituída de status e prestígio.
a. F-F-F.
b. F-V-V.
c. V-V-F.
d. V-V-V.
e. F-F-V.
6. Quem compõe a categoria profissional do Serviço Social?
123

[...]
4 - O DESAFIO DA QUALIDADE PARA A EMANCIPAÇÃO SOCIAL E DO DESENVOLVI-
MENTO HUMANO SUSTENTÁVEL
Por qualidade, estamos entendendo algo que vai além dos princípios preconizados
pela Qualidade Total. Pautamo-nos na proposta de Demo (1994), que propõe uma outra
perspectiva.
Para esse autor, “qualidade significa a perfeição de algo diante da expectativa das pes-
soas”. Mas esta expectativa, bem como sua execução, é antes de tudo um ato humano,
ou fruto da ação humana, ou seja, “com efeito, somente poderia ser intenso aquilo que
tem a marca do homem, por ser questão de vivência, consciência, participação, cultura
e arte.” É a partir dessa perspectiva que o conceito de desenvolvimento humano, criado
pela Organização das Nações Unidas (ONU), torna-se importante.
[...]
Sendo assim, Desenvolvimento Humano de fato só é possível com qualidade formal e
qualidade política, o que pode ser observado quando as pessoas não precisam mais de
“ajuda”, o que só ocorre quando alcançam a emancipação social.
Essa, segundo Souza Santos (2002, p. 27), “[...] só haverá emancipação social na medida
em que houver resistência a todas as formas de poder.” Poder aqui entendido que não
permite a solução dos problemas; mas, ao contrário, dá propositalmente manutenção, o
que impede o real desenvolvimento humano.
[...]
Este desafio de criar ações de desenvolvimento humano e de emancipação social é uma
tarefa que requer novos manifestos e busca de novos paradigmas, ações e leituras que
sejam mais propositivas e efetivamente transformadoras. Vemos que o contexto para-
doxal da sociedade global faz surgir novas manifestações de diversos espaços e segui-
mentos da sociedade em todo o planeta.
[...]
Por isso, tanto o desenvolvimento humano como a emancipação social deve ter um
entendimento de contextualização cultural e política, pois as prioridades, os meios, as
condições de reivindicações e luta, principalmente pela emancipação são diferentes, daí
o autor faz a seguinte indagação, “[...] todas as lutas contra a opressão, quaisquer que
sejam os seus meios e objetivos são lutas pela emancipação social?” Será que todas as
manifestações, mesmo aquelas que vêm de seguimentos como das empresas, são neo-
liberais? Tudo o que se produz no capitalismo é só para servir ao próprio capital?
O fato é que há varias manifestações, teóricas e práticas que buscam, de uma forma ou
de outra, um objetivo: reverter o curso presente de uma globalização perversa que se
alimenta da pobreza em suas múltiplas dimensões e, consequentemente, gera a de-
gradação da vida no planeta terra. O desafio é permitir que estas múltiplas ações não
124

percam de vista este paradigma do desenvolvimento como oportunidade e, portanto,


materializem-se na emancipação efetiva dos sujeitos.
[...]
[...] outras ações crescentes e alternativas, como do cooperativismo, de movimentos
como dos sem-terra, da criação de fóruns internacionais de manifestos de antiglobali-
zação, como exemplo, o Fórum Social, ações que compõem o que Souza Santos chama
de novos manifestos em busca da reinvenção da emancipação social (SOUZA SANTOS,
2002), em que a articulação e troca de novos saberes de diferentes partes do mundo e
em específico, dos blocos marginalizados pela economia mundial, que só poderão de
fato criar a emancipação social, a partir, da “[...] resistência a todas as formas de poder.”
(SOUZA SANTOS, 2002, p. 27).
Entre estas formas, identificamos outras ações e processos que se apresentam como
alternativos para lidar com os problemas derivados da globalização, e isso a partir de
mecanismos de mercado que utilizam tecnologias de gestão, outrora a serviço das gran-
des empresas e para acúmulo de capital individual, mas agora são aplicadas no campo
social. Alteram a forma de distribuição dos rendimentos e ganhos e socializam os re-
sultados, bem como causam impactos sociais e contribuem para o desenvolvimento
sustentável e para a emancipação social.
Uma delas é a chamada economia solidária que, no Brasil, surge, em meados da década
de 80, e que, segundo Paul Singer, apresenta a seguinte característica:
[...] a economia solidária compõe-se das empresas que efetivamen-
te praticam os princípios do cooperativismo, ou seja, a autogestão [...]
constitui um modo de produção que,ao lado de diversos outros modos
de produção – o capitalismo, a pequena produção de mercadorias, a
produção estatal de bens e serviços, a produção privada sem fins lucra-
tivos – compõe a formação social capitalista, que é capitalista porque
o capitalismo não só é maior dos modos de produção, mas a molda a
superestrutura legal e institucional de acordo com os seus valores e inte-
resses (SINGER, 2002, p. 86)

Este processo tem, de forma não muito alardeadora, provocado o que Mace (1999) cha-
ma de “revolução das redes e da colaboração solidária”.
125

Em virtude disto, chegamos a um ponto de nosso objeto de investigação que é o em-


preendedorismo social, que, a partir de todas as questões postas, emerge exatamente
deste contexto de múltiplas transformações e impactos da globalização, do enfrenta-
mento da pobreza e do desafio de produzir, neste presente século, ações que superem o
ciclo vicioso da dependência e manutenção da pobreza e que também produza de fato
o desenvolvimento humano e a emancipação social.
Essa, em um primeiro momento, caracteriza-se como uma derivação do empreendedo-
rismo empresarial que surge no bojo do crescimento do Terceiro Setor e do processo
de transferência de tecnologias de gestão do segundo setor e com adaptações para o
campo social. O objetivo principal é a busca de ações com alto impacto e auto sustenta-
bilidade destes projetos. Tal proposta vem do campo empresarial e de ações derivadas
da chamada Responsabilidade Social Empresarial (Cf. OLIVEIRA, 2002 e OLIVEIRA, 2003).
Verificamos que este processo e este fenômeno ainda não recebem o devido tratamen-
to investigativo, tendo, na atualidade, como uma das reflexões mais próximas do tema
o trabalho de Melo Neto e Fróes (2002), ou seja, este processo ocorre em meio a um dos
grandes paradoxos da globalização e tem tomado vulto e efetuando impactos significa-
tivos que necessitam de uma abordagem em que se aprofunde os seus fundamentos e
suas estratégias. É este o objetivo maior do presente trabalho.
Analisar, neste contexto, os processos e impactos da globalização, especificamente, as
ações de enfretamento à pobreza, o desafio da qualidade no desenvolvimento huma-
no e da emancipação social em que o empreendedorismo social surge como uma das
várias ações com esta finalidade. Surge um questionamento ou problemática, se o em-
preendedorismo social se apresenta como uma efetiva ação de combate à pobreza no
entendimento que hora apresentamos, ou se essa forma de atuação é historicamente
mais um elemento de mera manutenção do ciclo vicioso de pobreza e domesticação.
Logo, [...] o empreendedorismo social que apresenta as condições emergentes de uma
ação de enfrentamento à pobreza de modo a propiciar o desenvolvimento humano e a
emancipação social.
Nesta perspectiva, apresentamos os elementos constitutivos de nossa metodologia de
investigação, bem como os principais resultados, as conclusões e proposições que este
processo de conhecimento nos permitiram construir.

Fonte: Oliveira (2004, on-line)3.


MATERIAL COMPLEMENTAR

Este texto apresenta alguns elementos para a compreensão das particularidades


históricas do processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social na
sociedade brasileira, a partir da reconstrução teórica do significado social da profissão
na sociedade capitalista. Acesse e confira!

Disponível em: <http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/O_significado_socio-_


historico_da_profissao%20Yasbek.pdf>.
127
REFERÊNCIAS

ABEPSS/CEDEPSS. Proposta básica para o projeto de formação profissional. Revista Ser-


viço Social & Sociedade, n. 50, n. XVII, abr. 1996.
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século
XX. 05. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1980.
CFESS. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Série
Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais. Brasília: CFESS, 2009.
FALEIROS, V. P. Saber profissional e poder institucional. São Paulo: Cortez, 2008.
FONSECA, F. F. da. O processo de trabalho dos (as) assistentes sociais nos conselhos
de assistência social: ajustamentos e possibilidades. 2008. 149 f. Dissertação (Mestrado
em Política Social) - Política Social da Universidade Católica de Pelotas – PUC, Pelotas,
2008.
GRANEMANN, S. Processos de trabalho e serviço social. In: REPRODUÇÃO SOCIAL,
TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL. Programa de capacitação continuada para assistentes
sociais. Brasília: CFESS, ABEPSS, CEAD, 2000. Módulo 2.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de
uma interpretação histórico-metodológica. 19. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e conservadorismo no serviço social: ensaios críticos.
04. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
_____. O Serviço Social na Contemporaneidade: Trabalho e Formação Profisional. São
Paulo: Cortez, 1998.
_____. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 06.
ed. São Paulo, Cortez, 2007.
_____. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e ques-
tão social. 03. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
_____. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 09.
ed. São Paulo, Cortez, 2010.
KISNEMAN, N. Temas de serviço social. 02. ed. São Paulo: Cortez Moraes 1978, p. 71.
KOIKE, M. As novas exigências teóricas, metodológicas e operacionais da formação
profissional na contemporaneidade. In: Capacitação em Serviço Social e política so-
cial. Módulo 2: reprodução social, trabalho e Serviço Social. Brasília: CEAD, 1997.
MARTINS, M. D. de D. O significado de estágio curricular no processo de formação
profissional no curso de serviço social: realidade do Ceara. Dissertação de mestrado,
Universidade Federal de Pernambuco. Abril de 2003. 138p.
REFERÊNCIAS

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MELO NETTO, F. R. de; FRÓES, C. Empreendedorismo social: a transição para a
sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
SERRA, R. M. S. Crise de materialidade no serviço social: repercussões o mercado
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2
Em: <http://principo.org/escola-superior-de-teologia-i-simpsio-do-mestrado-pro-
fissional.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.
3
Em: <http://cac-php.unioeste.br/projetos/casulo/docs/prof_edson.pdf>. Acesso
em: 17 nov. 2016.
GABARITO

1. D
2. B
3. D
4. E
5. D
6. Compõem a categoria profissional todos os assistentes sociais de campo; as ins-
tituições formadoras (universidades, faculdades etc.), os pesquisadores, docen-
tes, discentes, seus organismos corporativos e sindicais A categoria precisa estar
fortemente organizada para poder construir sua influência na sociedade.
Professora Esp. Valéria Cristina da Costa

IV
O PROCESSO DE

UNIDADE
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA
CATEGORIA PROFISSIONAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer as instâncias organizativas do Serviço Social: ABEPSS/
CFESS/CRESS.
■ Estimular o aluno/estagiário a participação social e interlocução com
os movimentos articulados à profissão.
■ Viabilizar a compreensão do aluno/estagiário quanto às atribuições
das instâncias representativas profissionais, tanto para o processo
de formação quanto para a realização do exercício profissional do
assistente social.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Aspectos históricos das instâncias representativas organizadas da
profissão de Assistente Social
■ Conjunto CFESS/CRESS
■ ABEPSS
133

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, trataremos particularmente das principais


instâncias representativas do Serviço Social, tanto enquanto profissão como ao
processo de formação profissional.
A ideia é que conheçam os movimentos históricos e as lutas de classe até
chegarmos nos dias de hoje e as construções realizadas. Destacaremos, aqui, a
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e o con-
junto do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselho Regional de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Serviço Social (CRESS).


É importante destacarmos os instrumentos normativos construídos em defesa
da organização da profissão e normatização da formação profissional, desde os
eixos do ensino até as orientações do estágio supervisionado em Serviço Social,
tais como: a Lei de Regulamentação da Profissão; o Código de Ética; Diretrizes
Curriculares do Curso de Serviço Social; Política Nacional de Estágio.
Além disso, há Resoluções do CFESS que disciplinam variados aspectos, como
a Resolução 489/2006, que veda condutas discriminatórias ou preconceituosas,
por orientação e expressão sexual por pessoas do mesmo sexo, reafirmando o
importante princípio ético contido na formulação de 1993.
Já a Resolução 493/2006, dispõe sobre as condições éticas e técnicas do
exercício profissional que possibilita, aos profissionais e aos serviços de fiscali-
zação, a exigência do cumprimento das condições institucionais que possibilite
o desempenho da profissão junto aos usuários, de forma ética e tecnicamente
qualificada; e a Resolução CFESS Nº 533, de 29 de setembro de 2008, que regu-
lamenta a supervisão direta de estágio no Serviço Social.
Portanto, esta quarta unidade irá aproximá-lo(a) da construção histórica
vivenciada pelos profissionais que os antecederam e os alertam para a continui-
dade da defesa da democracia e participação social na construção não só de uma
formação de qualidade, pautado nos três pilares: ensino, pesquisa e extensão,
mas em defesa dos direitos da própria profissão, a qual nos propomos a seguir,
como de todas as diferentes classes trabalhadoras.
Bons estudos!

Introdução
134 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ASPECTOS HISTÓRICOS DAS INSTÂNCIAS
REPRESENTATIVAS ORGANIZADAS DA PROFISSÃO
DE ASSISTENTE SOCIAL

A primeira entidade acadêmica científica organizada da categoria profissional


foi em 1946, com a nomenclatura denominada Associação Brasileira de Ensino
de Serviço Social (ABESS), lembramos, portanto, que já fazia 10 anos que a pri-
meira Escola de Serviço Social foi instituída no Brasil, localizada em São Paulo,
na Pontifícia Universidade Católica.
A ABEPSS é uma entidade de caráter nacional que se organiza a partir de
um modelo de gestão democrático e participativo. Todas as deliberações e ações
da entidade são discutidas nas oficinas regionais e nacional e, depois, aprovadas
em assembleias que se efetivam, via de regra, logo após o Encontro Nacional de
Pesquisadores em Serviço Social. Nas assembleias, também são eleitas as direto-
rias nacional e regionais, cujo mandado é de 2 anos (ABEPSS, [2016], on-line)1.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


135

Entenda a composição da ABESS, segundo informações disponíveis no site


da entidade: direção nacional é composta de um(a) presidente(a), um(a) secretá-
rio(a), um(a) tesoureiro(a), um(a) coordenador(a) nacional de graduação docente,
um(a) representante discente de graduação e seu respectivo suplente, um(a) coor-
denador(a) de pós-graduação, um(a) representante discente de pós e seu respectivo
suplente, de dois (duas) suplentes de direção, seis vices presidentes(as) e um(a)
coordenador(a) de relações internacionais. Cada vice, além de integrar a direção
nacional, compõe, no âmbito de sua região, uma diretoria responsável pela efe-
tivação das ações da entidade nos estados de abrangência da respectiva regional.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nessa diretoria regional, participam: um(a) coordenador (a) regional de graduação


e dois discentes de graduação - um titular e outro suplente -, um(a) coordena-
dor(a) regional de pós-graduação e dois discentes - um (a) titular e outro suplente
-, um(a) suplente de direção e um representante dos supervisores de campo. 
Atualmente, a ABEPSS é dividida em 6 regionais, cuja composição não é a mesma
da divisão geográfica do Brasil, ainda que a nominação seja semelhante: Norte,
Nordeste, Centro-Oeste, Leste, Sul II e Sul I. Cada estado que integra a regional está
descrito nas informações das regionais. Cada diretoria regional da ABEPSS parti-
cipa e subsidia o planejamento nacional da entidade. Nesse processo, a partir de sua
demanda específica, estabelece as ações consideradas prioridades na sua regional. 
Vamos compreender historicamente a luta e a construção da atual ABEPSS, reto-
mando alguns aspectos relevantes. Nossa viagem pela história terá início somente
após a Convenção de 1979, conhecida como o Congresso da Virada, em que pas-
sou a ser Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social, tendo a atribuição de
coordenar e organizar o projeto de formação profissional. Logo após, na década
de 1980, criou-se o Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e
Serviço Social (CEDEPSS), inclusive em atender o até então inexistente, surgi-
mento dos Programas de Pós-Graduação, que só foi implantando a partir de 1972.
Com o desenvolvimento e amadurecimento da profissão, após ocorridos os
grandes momentos históricos, como o Movimento de Reconceituação e a pro-
mulgação do último Código de Ética Profissional de 1996, que foi mudado o
nome para ABEPSS, que significa Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa

Aspectos Históricos das Instâncias Representativas Organizadas da Profissão de Assistente Social


136 UNIDADE IV

em Serviço Social, em defesa do tripé de ensino, pesquisa e extensão e da arti-


culação entre graduação e pós-graduação, aliada à necessidade da explicitação
da natureza científica da associação, até mesmo da forma de organizar todo
processo de formação e a pesquisa que vinha crescendo e sendo estimulada no
interior dos cursos.
Como podemos observar, os cursos de graduação e pós-graduação são muito
recentes no Brasil, afinal, 80 anos, podemos chamar de “melhor idade”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 - Logo da ABEPSS
Fonte: ABEPSS ([2016], on-line)1.

A ABESS/ABEPSS, em toda sua trajetória, foi marcada como um espaço


democrático na luta pela participação dos atores envolvidos na formação pro-
fissional, promovendo debates nas unidades de formação acadêmica, de forma
descentralizada.
A ABEPSS instituiu o currículo mínimo no ano de 1982 e esse foi um grande
avanço, pois, direcionou socialmente, rumo à hegemonia acadêmica, dando con-
tinuidade de reestruturação do processo de formação, marcado por um momento
de renovação profissional. Entre 1994 e 1996, ocorreram diversos momentos cole-
tivos envolvendo a comunidade acadêmica e toda a categoria profissional em um
amplo e democrático debate sobre as Diretrizes Curriculares.
Segundo o documento da ABESS/CEDEPSS de 1996, foram, no total, 200
oficinas locais, em 67 unidades de formação acadêmicas filiadas à ABESS, 25
oficinas regionais e 02 nacionais, em meio a calorosas e comprometidas discus-
sões, elaboradas as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social, aprovada
em 1996 e aprimorada pela Comissão de Especialistas em documento de 1999 e
com a aprovação da Política Nacional de Estágio (PNE) em 2012.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


137

No que tange a prática profissional, essa renovação do processo de forma-


ção defendia a qualidade dos serviços prestados na competência profissional e
na viabilização dos direitos sociais e cidadania.
O desafio apresentado pela ABEPSS é realizar o acompanhamento da implan-
tação das Diretrizes Curriculares e da PNE, articulado um processo de formação
continuada aos docentes, discentes e supervisores de campo de todas as univer-
sidades e/ou faculdades que tenham, em seu quadro, o curso de graduação em
Serviço Social. Os espaços formativos e fóruns da ABEPSS são espaços funda-
mentais e estratégicos para o fortalecimento da formação profissional, de maneira
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a assegurar que a implementação das Diretrizes não seja fraturada em seus ele-
mentos mais relevantes e para que seus fundamentos não sejam diluídos em seus
aspectos mais importantes; para que o estágio se consolide como espaço forma-
tivo que contemple reflexão, sistematização e acompanhamento dos supervisores
de campo e acadêmicos, conforme prevê a PNE (ABEPSS, [2016], on-line)1.
Esse acompanhamento vem ocorrendo sistematicamente pelas várias dire-
torias da ABEPSS, tanto em âmbito nacional quanto por meio das direções
regionais e acontece nos seus fóruns coletivos: oficinas regionais e nacional de
Graduação e Pós-Graduação, Fóruns locais, regionais, estaduais e nacional de
Estágio, Projeto ABEPSS Itinerante,  pesquisas realizadas pela entidade ou pelos
membros dos Grupos Temáticos de Pesquisa (GTPs)  da ABEPSS e nos deba-
tes realizados nos encontros promovidos pela entidade, em especial o Encontro
Nacional de Pesquisadores em Serviço Social  (ENPESS), que se realiza a cada
dois anos (ABEPSS, [2016], on-line)1.

Aspectos Históricos das Instâncias Representativas Organizadas da Profissão de Assistente Social


138 UNIDADE IV

O projeto de formação profissional das Diretrizes Curriculares da ABEPSS aponta


para a formação de um perfil profissional com:
[...] capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operati-
va para a apreensão teórico-critica do processo histórico como totali-
dade. Considerando a apreensão das particularidades da constituição e
desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social na realidade bra-
sileira. Além da percepção das demandas e da compreensão do signifi-
cado social da profissão; e o desvelamento das possibilidades de ações
contidas na realidade e no exercício profissional que cumpram as com-
petências e atribuições legais (ABEPSS, 2014, p. 02-03).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa forma, a questão social é assumida como central, superando o tratamento
tecnicista, formalista e pragmático das respostas apresentadas quanto as suas
demandas e, assim, se torna o eixo fundamental do curso de Serviço Social, com
trato teórico, metodológico e histórico.
As Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996 apresentam a formação
articulada a três Núcleos de Fundamentos, os quais traduzem um conjunto de
conhecimentos constitutivos da formação profissional. “1. Núcleo de fundamen-
tos teórico-metodológico da vida social; 2. Núcleo de fundamentos da formação
sócio-histórica da sociedade brasileira; 3. Núcleo de fundamentos do trabalho
profissional” (ABEPSS, 1996, p. 08).
Tais núcleos se tornam eixos articuladores dos conteúdos necessários para
a formação e o trabalho profissional do assistente social e:
[...] se desdobram em áreas de conhecimento que, por sua vez, se tra-
duzem pedagogicamente por meio do conjunto dos componentes cur-
riculares, rompendo, assim, com a visão formalista do currículo, antes
reduzido a matérias e disciplinas (ABEPSS, 1996, p. 08).

Nessa nova lógica, as matérias se desdobram em diferentes componentes curriculares


que ganham formas didático-pedagógica diferenciadas, como: disciplinas, seminários
temáticos, oficinas/laboratórios, atividades complementares, dentre outros; além das
atividades integradoras do currículo: o estágio supervisionado, que agora é forma-
lizado em 15% da carga horária total do curso, e o trabalho de conclusão de curso.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


139

A PNE da ABEPSS, aprovada em 2009, representa o resultado de um ama-


durecimento no processo de construção da formação profissional, pois consolida
as diretrizes gerais para o estágio em conformidade com as diretrizes curricu-
lares da ABEPSS de 1996.
A PNE expressa um momento de intensa participação das três enti-
dades ABEPSS, CFESS e ENESSO que é sigla da Executiva Nacional
dos Estudantes do Serviço Social e de construção democrática: foram
realizados, ao longo de 2009, 80 eventos, que envolveram 175 Unidades
de Formação Acadêmica (UFAs) e 4.445 participantes, entre docentes,
discentes e convidados/as (PNE, 2010, p. 02).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Vale ressaltar que a formação profissional de Serviço Social do Centro Universitário


Cesumar (Unicesumar), referente ao ensino, atividades complementares, pesquisa,
extensão, estágio supervisionado, trabalhos para conclusão de curso, prima pelo
ensino de qualidade e está constantemente atenta às necessidades dos atores envol-
vidos no processo, o aluno/estagiário, que é o nosso grande protagonista nessa
construção histórica, vindo de encontro às propostas da ABEPSS, que preveem a
qualificação do ensino e de sua universalização enquanto entidade nacional repre-
sentativa pelas Instituições de Ensino Superior (IES) no âmbito do Serviço Social.

Os estudantes de Serviço Social também possuem uma entidade represen-


tativa. Você já ouviu falar em ENESSO? A Executiva Nacional dos Estudantes
de Serviço Social (ENESSO) é a entidade máxima de representação dos es-
tudantes de Serviço Social do país, eleita anualmente no Encontro Nacional
dos Estudantes de Serviço Social (ENESS).
Para saber mais sobre a ENESSO e formas de participação, acesse: <https://
enessooficial.wordpress.com/>.
Fonte: as autoras.

Aspectos Históricos das Instâncias Representativas Organizadas da Profissão de Assistente Social


140 UNIDADE IV

CONJUNTO CFESS/CRESS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Logo da CFESS
Fonte: CFESS ([2016], on-line)2.

O CFESS é uma autarquia pública federal, suas atribuições estão previstas na


Lei que Regulamenta a profissão – 8662/93, sendo lhe atribuído: orientar, disci-
plinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício profissional do/a assistente
social no Brasil, em conjunto com os CRESS.
A profissão de assistente social e o curso de Serviço Social no Brasil foram mar-
cados por movimentos históricos e políticos da categoria, passando por desafios
constantes, exigindo, portanto, debates constantes na construção do Projeto Ético
Político da profissão, inseridos e apoiando as lutas sociais da classe trabalhadora.
O próprio conjunto CFESS/CRESS superou sua tipificação inicial corporati-
vista e burocrática de suas atividades, devido, às mudanças de cenários políticos
e econômicos conjunturais em que exigiu do profissional mudanças consubstan-
ciais quanto ao seu posicionamento e interlocução política, em defesa de políticas
públicas e da qualidade dos serviços prestados na perspectiva de direitos sociais.
Assim partiu para militância em defesa da democracia e da participação social,
ou seja, dos interesses da classe trabalhadora. 

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


141

A criação e funcionamento dos Conselhos de fiscalização das profissões


no Brasil têm origem nos anos 1950, quando o Estado regulamenta profissões
e ofícios considerados liberais. Nesse patamar legal, os Conselhos têm caráter
basicamente corporativo, com função controladora e burocrática. São entidades
sem autonomia, criadas para exercerem o controle político do Estado sobre os
profissionais, num contexto de forte regulação estatal sobre o exercício do tra-
balho (CFESS/CRESS, 2016, on-line)2.
Vamos compreender um pouco sobre a história e a regulamentação profis-
sional. Vale saber que o Serviço Social foi uma das primeiras profissões da área
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

social a ter aprovada sua lei de regulamentação profissional, a Lei 3252 de 27 de


agosto de 1957, posteriormente regulamentada pelo Decreto 994 de 15 de maio
de 1962. Foi esse decreto que determinou, em seu artigo 6º, que a disciplina e fis-
calização do exercício profissional caberiam ao Conselho Federal de Assistentes
Sociais (CFAS) e aos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS) (CFESS/
CRESS, 2016, on-line)2.
Esse instrumento legal marca, assim, a criação do então CFAS e dos CRAS,
hoje denominados CFESS e CRESS. Para efeito da constituição e da jurisdição
dos CRESS, o território nacional foi dividido inicialmente em 10 Regiões, agre-
gando em cada uma delas mais de um estado e/ ou território (exceto São Paulo),
que progressivamente se desmembraram e chegam em 2008 a 25 CRESS e 2
Seccionais de base estadual (CFESS/CRESS, 2016, on-line)2.
O CFESS passou por um processo de renovação de seus instrumentos nor-
mativos, como: O Código de Ética, a Lei de Regulamentação Profissional e a
Política Nacional de Fiscalização.
Destacamos o artigo 6º da Lei nº 8662, de 7 de junho de 1993, que dispõe
sobre a profissão de Assistente Social:
Art. 6º São alteradas as denominações do atual Conselho Federal de
Assistentes Sociais (CFAS) e dos Conselhos Regionais de Assistentes
Sociais (CRAS), para, respectivamente, Conselho Federal de Servi-
ço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS)
(BRASIL, 1993, on-line)3.

Conjunto CFESS/CRESS
142 UNIDADE IV

A concepção conservadora que caracterizou a entidade nas primeiras décadas


de sua existência era também o reflexo da perspectiva vigente na profissão, que se
orientava por pressupostos a-críticos e despolitizados face às relações econômico-so-
ciais. A concepção conservadora da profissão também estava presente nos Códigos
de Ética de 1965 e 1975: “Os pressupostos neotomistas e positivistas fundamentam os
Códigos de Ética Profissional, no Brasil, de 1948 a 1975” (BARROCO, 2001, p. 95).
Em 1979, realizou-se o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS)
em São Paulo, que, a partir de então, tanto a categoria como as instituições de Serviço
Social passaram a assumir um novo posicionamento já marcado pelo Movimento

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Reconceituação, por isso, é chamado o “Congresso da Virada”, devido ao “[...]
seu caráter contestador e de expressão do desejo de transformação da práxis polí-
tico-profissional do Serviço Social na sociedade brasileira” (CFESS, 1996).
Estando envolvida com as lutas pela redemocratização da sociedade, parte da
categoria profissional, vinculada ao movimento sindical e às forças mais progressistas,
organiza-se e disputa a direção dos Conselhos Federal e Regionais, com a perspectiva
de adensar e fortalecer esse novo projeto profissional. Desde então, as gestões que
assumiram o CFESS e imprimiram nova direção política às entidades, por meio de
ações comprometidas com a democratização das relações entre o Conselho Federal
e os Regionais, bem como articulação política com os movimentos sociais e com as
demais entidades da categoria, e destas com os profissionais (CFESS, 2016, on-line)2.
A partir o ano de 1983, o CFESS promoveu um processo de debates, com o
intuito de alterar o Código de Ética Profissional, que está em vigência desde o ano
de 1975, aprovando, portanto, somente no ano de 1986, pautado na “[...] pers-
pectiva a-histórica e a-crítica onde os valores são tidos como universais e acima
dos interesses de classe” (CFESS, 1986). Essa formulação nega a base filosófica
tradicional conservadora que norteava a “ética da neutralidade” e reconhece um
novo papel profissional competente teórica, técnica e politicamente.
Porém, embora já tenha sido avançada a perspectiva conservadora com o Código
de 1986, logo após, já em 1991, o Conjunto CFESS/CRESS apontava para a necessidade
de revisão desse instrumento para dotá-lo de “[...] maior eficácia na operacionalização

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


143

dos princípios defendidos pela profissão hoje” (CFESS, 1996). Essa revisão conside-
rou e incorporou os pressupostos históricos, teóricos e políticos da formulação de
1986 e avançou na reformulação do Código de Ética Profissional, concluída em 1993.
Mais uma vez, sob coordenação do CFESS, o debate foi aberto com os CRESS
e demais entidades da categoria em vários eventos ocorridos entre 1991/1993:
Seminários Nacionais de Ética, ENESS, VII CBAS e Encontros Nacionais CFESS-
CRESS (CFESS, 1993).
Mas não era somente em nosso Código de Ética que foi verificada a necessi-
dade de incorporar novos conceitos e ideias profissionais. Avaliou-se a necessidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de revisar a Lei de Regulamentação, que estava vigente desde 1957, data em que os
princípios profissionais ainda não estavam reestruturados, mas, de forma incipiente,
desde 1966, já se discutia a respeito, onde, no I Encontro Nacional CFESS-CRESS,
que incluía na pauta de discussão a normatização do exercício profissional, devido
à fragilidade da legislação em vigor em relação às atribuições profissionais.
Porém, somente em 1971 se discute o primeiro anteprojeto de uma nova lei
no IV Encontro Nacional CFESS-CRESS e apenas em 1986 o deputado Airton
Soares encaminha o PL 7669, arquivado sem aprovação, devido à instalação
da Assembleia Nacional Constituinte. O tema volta ao debate nos Encontros
Nacionais, nos quais se elabora a versão final do Projeto de Lei nº 7669 PL,
apresentado, pelas deputadas Benedita da Silva e Maria de Lourdes Abadia. O
processo legislativo foi longo em face da apresentação de um substitutivo, o que
retardou a aprovação final. O Conjunto CFESS-CRESS, no entanto, não se dei-
xou abater, tendo acompanhado e discutido o substitutivo nos seus fóruns até a
aprovação da Lei 8662, em 7 de junho de 1993 (CFESS, 1993).
Essa nova Lei ainda em vigor, a qual nos respalda enquanto atribuição pro-
fissional, assegurou, à fiscalização profissional, possibilidades mais concretas de
intervenção, pois define com maior precisão as competências e atribuições priva-
tivas do assistente social. Inova, também, ao reconhecer formalmente os Encontros
Nacionais CFESS-CRESS como o fórum máximo de deliberação da profissão (CFESS,
1993). Como podemos conferir por meio dos seguintes artigos da Lei 8662/93:

Conjunto CFESS/CRESS
144 UNIDADE IV

Art. 7º O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Conselhos


Regionais de Serviço Social (CRESS) constituem, em seu conjunto,
uma entidade com personalidade jurídica e forma federativa, com o
objetivo básico de disciplinar e defender o exercício da profissão de
Assistente Social em todo o território nacional.

1º Os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) são dotados de


autonomia administrativa e financeira, sem prejuízo de sua vinculação
ao Conselho Federal, nos termos da legislação em vigor.

2º Cabe ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e aos Conse-


lhos Regionais de Serviço Social (CRESS), representar, em juízo e fora
dele, os interesses gerais e individuais dos Assistentes Sociais, no cum-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
primento desta lei.

Art. 8º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), na


qualidade de órgão normativo de grau superior, o exercício das seguin-
tes atribuições:

I - orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da


profissão de Assistente Social, em conjunto com o CRESS;

II - assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário;

III - aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de


deliberação do conjunto CFESS/CRESS;

IV - aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais jun-


tamente com os CRESS, no fórum máximo de deliberação do conjunto
CFESS/CRESS;

V - funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional;

VI - julgar, em última instância, os recursos contra as sanções impostas


pelos CRESS;

VII - estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados;

VIII - prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos públicos ou


privados, em matéria de Serviço Social;

Art. 9º O fórum máximo de deliberação da profissão para os fins desta


lei dar-se-á nas reuniões conjuntas dos Conselhos Federal e Regionais,
que inclusive fixarão os limites de sua competência e sua forma de con-
vocação.

Art. 10. Compete aos CRESS, em suas respectivas áreas de jurisdição,


na qualidade de órgão executivo e de primeira instância, o exercício das
seguintes atribuições:

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


145

I - organizar e manter o registro profissional dos Assistentes Sociais e o


cadastro das instituições e obras sociais públicas e privadas, ou de fins
filantrópicos;

II - fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assistente Social


na respectiva região;

III - expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fixando a res-


pectiva taxa;

IV - zelar pela observância do Código de Ética Profissional, funcionan-


do como Tribunais Regionais de Ética Profissional;

V - aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional;


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

VI - fixar, em assembleia da categoria, as anuidades que devem ser pa-


gas pelos Assistentes Sociais;

VII - elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a exame


e aprovação do fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/
CRESS.

Art. 11. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) terá sede e foro
no Distrito Federal.

Art. 12. Em cada capital de Estado, de Território e no Distrito Federal,


haverá um Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) denominado
segundo a sua jurisdição, a qual alcançará, respectivamente, a do Esta-
do, a do Território e a do Distrito Federal.
1º Nos Estados ou Territórios em que os profissionais que neles atuam
não tenham possibilidade de instalar um Conselho Regional, deverá
ser constituída uma delegacia subordinada ao Conselho Regional que
oferecer melhores condições de comunicação, fiscalização e orientação,
ouvido o órgão regional e com homologação do Conselho Federal.

2º Os Conselhos Regionais poderão constituir, dentro de sua própria


área de jurisdição, delegacias seccionais para desempenho de suas atri-
buições executivas e de primeira instância nas regiões em que forem
instalados, desde que a arrecadação proveniente dos profissionais nelas
atuantes seja suficiente para sua própria manutenção.

Art. 13. A inscrição nos Conselhos Regionais sujeita os Assistentes So-


ciais ao pagamento das contribuições compulsórias (anuidades), taxas
e demais emolumentos que forem estabelecidos em regulamentação
baixada pelo Conselho Federal, em deliberação conjunta com os Con-
selhos Regionais.

Conjunto CFESS/CRESS
146 UNIDADE IV

Art. 14. Cabe às Unidades de Ensino credenciar e comunicar aos Con-


selhos Regionais de sua jurisdição os campos de estágio de seus alunos
e designar os Assistentes Sociais responsáveis por sua supervisão.

Parágrafo único. Somente os estudantes de Serviço Social, sob supervi-


são direta de Assistente Social em pleno gozo de seus direitos profissio-
nais, poderão realizar estágio de Serviço Social.

Art. 15. É vedado o uso da expressão Serviço Social por quaisquer pes-
soas de direito público ou privado que não desenvolvam atividades pre-
vistas nos arts. 4º e 5º desta lei.

Parágrafo único. As pessoas de direito público ou privado que se en-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
contrem na situação mencionada neste artigo terão o prazo de noventa
dias, a contar da data da vigência desta lei, para processarem as modifi-
cações que se fizerem necessárias a seu integral cumprimento, sob pena
das medidas judiciais cabíveis.

Art. 16. Os CRESS aplicarão as seguintes penalidades aos infratores dos


dispositivos desta Lei:

I - multa no valor de uma a cinco vezes a anuidade vigente;

II - suspensão de um a dois anos de exercício da profissão ao Assistente


Social que, no âmbito de sua atuação, deixar de cumprir disposições do
Código de Ética, tendo em vista a gravidade da falta;

III - cancelamento definitivo do registro, nos casos de extrema gravida-


de ou de reincidência contumaz.

1º Provada a participação ativa ou conivência de empresas, entidades,


instituições ou firmas individuais nas infrações a dispositivos desta lei
pelos profissionais delas dependentes, serão estas também passíveis das
multas aqui estabelecidas, na proporção de sua responsabilidade, sob
pena das medidas judiciais cabíveis.

2º No caso de reincidência na mesma infração no prazo de dois anos, a


multa cabível será elevada ao dobro.

Art. 17. A Carteira de Identificação Profissional expedida pelos Con-


selhos Regionais de Serviço Social (CRESS), servirá de prova para fins
de exercício profissional e de Carteira de Identidade Pessoal, e terá fé
pública em todo o território nacional.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


147

Art. 18. As organizações que se registrarem nos CRESS receberão um


certificado que as habilitará a atuar na área de Serviço Social.

Art. 19. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) será mantido:

I - por contribuições, taxas e emolumentos arrecadados pelos CRESS,


em percentual a ser definido pelo fórum máximo instituído pelo art.
9º desta lei;

II - por doações e legados;

III - por outras rendas.

Art. 20. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Conse-


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lhos Regionais de Serviço Social (CRESS) contarão cada um com nove


membros efetivos: Presidente, Vice-Presidente, dois Secretários, dois
Tesoureiros e três membros do Conselho Fiscal, e nove suplentes, elei-
tos dentre os Assistentes Sociais, por via direta, para um mandato de
três anos, de acordo com as normas estabelecidas em Código Eleitoral
aprovado pelo fórum instituído pelo art. 9º desta lei.

Parágrafo único. As delegacias seccionais contarão com três membros


efetivos: um Delegado, um Secretário e um Tesoureiro, e três suplentes,
eleitos dentre os Assistentes Sociais da área de sua jurisdição, nas con-
dições previstas neste artigo (BRASIL, 1993, on-line)3.

Dentre os instrumentos normativos, destacamos: a Lei de Regulamentação, o Código


de Ética, o Estatuto do Conjunto, os Regimentos Internos, o Código Processual de
Ética e o Código Eleitoral, devemos, portanto, também acompanhar as resoluções
do CFESS que disciplinam variados aspectos; destacam-se: a Resolução 489/2006,
que veda condutas discriminatórias ou preconceituosas, por orientação e expres-
são sexual por pessoas do mesmo sexo, reafirmando o importante princípio ético
contido na formulação de 1993; b) Resolução 493/2006, que dispõe sobre as con-
dições éticas e técnicas do exercício profissional, que possibilita aos profissionais e
aos serviços de fiscalização a exigência do cumprimento das condições institucio-
nais que possibilite o desempenho da profissão junto aos usuários de forma ética e
tecnicamente qualificada; c) Resolução CFESS nº 533, de 29 de setembro de 2008,
que regulamenta a supervisão direta de estágio no Serviço Social.

Conjunto CFESS/CRESS
148 UNIDADE IV

Estamos no curso de uma nova quadra da histórica política brasileira, e nada


será como antes! Por isso, retomo a minha velha preocupação sobre o modo
histórico como o Serviço Social se apropria e se insere nesta conjuntura de
retrocessos e regressão de direitos.
(João Paulo Netto)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esse conjunto de instrumentos legais constitui a base estruturante da fiscaliza-
ção do exercício profissional. Daí a importância de sua atualização para sustentar
a Política Nacional de Fiscalização conectada com o novo projeto profissional,
sintonizado com os anseios democráticos dos profissionais e seus usuários. A
partir dessa ótica, o Conjunto redimensiona a concepção de fiscalização, com-
preendendo a sua centralidade como eixo articulador das dimensões política,
formativa e normativa. A fiscalização passa a ter o caráter de instrumento de luta
capaz de politizar, organizar e mobilizar a categoria na defesa do seu espaço de
atuação profissional e defesa dos direitos sociais (CRESS, 2016).
As primeiras experiências de fiscalização, embora com diferenciações entre os
diversos CRESS, remontam a meados dos anos 1980. Inicialmente, os CRESS se pre-
ocuparam com sua organização administrativo-financeira, entendida como suporte
fundamental às ações da fiscalização; avançaram para a identificação das demandas
da categoria, conhecimento da realidade institucional, discutindo-se condições de
trabalho, autonomia, defesa de espaço profissional, atribuições e capacitação, assim
como a necessária articulação política do Conjunto com outros sujeitos coletivos.
Nesse momento, metade dos CRESS então existentes criaram suas Comissões
de Fiscalização, inicialmente formadas por conselheiros, sendo, posteriormente,
ampliadas com a contratação de agentes fiscais. Mas dificuldades se evidenciavam
nos limites dos instrumentos legais (as primeiras ações de fiscalização tiveram
lugar sob a vigência da Lei nº 3252/57) e financeiros.
A partir da gestão 1996-1999, instituiu-se os Encontros Regionais
Descentralizados do conjunto CFESS/CRESS, que, ampliando sua pauta, incluíram

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


149

a discussão de outras temáticas para além da fiscalização: ética, seguridade social,


administrativo-financeira, comunicação, formação e relações internacionais.
A Comissão Nacional de Fiscalização e Ética do CFESS (COFISET) assume a
responsabilidade de elaborar as diretrizes e estratégias para uma Política Nacional
de Fiscalização do Exercício Profissional do Assistente Social, incorporando as
principais demandas e discussões dos Encontros Regionais, que foram apro-
vadas no 25º CFESS/CRESS, em Fortaleza, em 1996. Nos Encontros Nacionais
dos anos seguintes (1997/1998), a discussão da Política Nacional de Fiscalização
(PNF) foi aprofundada, bem como outras normativas do Conjunto que se rela-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cionavam com a fiscalização do exercício profissional.


Esse processo culminou com a aprovação da Resolução CFESS 382, de
21/02/1999, que dispôs sobre as normas gerais para o exercício profissional e ins-
tituiu a Política Nacional de Fiscalização, sistematizada a partir dos seguintes eixos:
potencialização da ação fiscalizadora para valorizar e publicizar a profissão; capaci-
tação técnica e política dos agentes fiscais e Comissões de Orientação e Fiscalização
(COFIs) para o exercício da fiscalização; articulação com as unidades de ensino e
representações locais da ABEPSS e ENESSO; inserção do Conjunto CFESS-CRESS
nas lutas referentes às políticas públicas. Tais eixos se articulam em torno de três
dimensões, a saber: afirmativa de princípios e compromissos conquistados; polí-
tico-pedagógica; normativa-disciplinadora (CFESS/CRESS, 2016, on-line)2.
A PNF vem sendo utilizada como um instrumento fundamental para impul-
sionar e organizar estratégias políticas e jurídicas conjuntas e unificadas para a
efetivação da fiscalização profissional em todo o território nacional, levando-se em
consideração, no entanto, as particularidades e necessidades regionais (CRESS, 2016).
Os espaços de discussões do Conjunto relativos à Política de Fiscalização
têm sido ampliados, a exemplo dos Seminários Nacionais de Capacitação das
COFIs que acontecem a cada 2 anos (realizados a partir de 2002), além da conti-
nuidade dos Seminários Regionais de Fiscalização, que ocorrem juntamente com
os Encontros Descentralizados preparatórios para o Encontro Nacional. Outro
espaço previsto é a Plenária Ampliada para aprofundamento de alguma temática
e ainda o Projeto Ética em Movimento, espaço privilegiado para a ampliação do
debate e reflexão ética que ocorrem em todo país (CFESS/CRESS, 2016, on-line)2.

Conjunto CFESS/CRESS
150 UNIDADE IV

Você já ouviu falar na Revista Temporalis?


A revista foi criada em 2000 e editada pela ABEPSS. A revista destina-se a
publicação de trabalhos científicos sobre temas atuais e relevantes no âm-
bito do Serviço Social, áreas afins e suas relações interdisciplinares. Serão
considerados ainda os trabalhos apresentados nos ENPESS que tenham sido
recomendados por pareceristas como significativos para a Revista (os auto-
res desses trabalhos serão comunicados sobre tal indicação e consultados

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sobre o interesse e a disposição de ampliar e desenvolver o artigo, segundo
as normas de publicação e prazos estabelecidos pela Revista).
A editoria da revista pode também publicar artigos de autores(as) convida-
dos (as). A decisão final sobre a publicação caberá a Comissão Editorial, após
recebimento dos pareceres ad hoc. Os trabalhos submetidos à publicação,
quando não aceitos, ficarão à disposição dos autores.
Para saber mais sobre a Revista Temporalis, acesse: <http://www.abepss.org.
br>.
Fonte: adaptado de ABEPSS ([2016], on-line)1.

Em 2007, a PNF passou por um processo de atualização, a fim de incorporar os


aperfeiçoamentos necessários decorridos 10 anos da sua aprovação. O processo
envolveu as Comissões de Fiscalização e culminou com a aprovação da Resolução
CFESS 512, de 29/09/2007, que reformulou as normas gerais para o exercício
da fiscalização profissional e atualizou a Política Nacional de Fiscalização, após
intensas e profícuas discussões nos espaços deliberativos do Conjunto. Essa revi-
são manteve os pressupostos anteriormente definidos, conservando os eixos e
dimensões estruturantes e avançou, por exemplo, na elaboração de um Plano
Nacional de Fiscalização que se apresenta como um instrumento político e de
gestão (CFESS/CRESS, 2016, on-line)2.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


151

Podemos, dessa forma, concluir que a luta profissional foi marcada por uma
intensa construção renovadora político-profissional, institucionalizando-se
enquanto profissão, promovendo sua organicidade, reconceitualizou-se diante
do seu histórico tradicional e conservador, tendo sempre como cenário enfren-
tamentos, resistências e engajamento em defesa da classe trabalhadora.
Vale destacar, caro(a) aluno(a), que o envolvimento dos acadêmicos e pos-
teriormente enquanto profissionais se faz necessário; nossa história está aberta
para novas propostas, novos desafios, novas lutas e novas conquistas, para tanto,
é necessário dar continuidade e um amadurecimento profissional frente às novas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

perspectivas profissionais da sociedade. Não está tudo pronto, definido, romper com
velhas barreiras e incorporar novos conceitos é necessário e deve envolver todos os
interessados: categoria profissional, Instituições de Ensino Superior, alunos, ins-
tâncias organizativas do Serviço Social, para continuar escrevendo essa história.
Uma dica importante que eu deixo para você, caro(a) aluno(a), é que acesse
com frequência o site do Conselho Federal de Serviço Social e também do
Conselho Estadual de Serviço Social do seu Estado, para saber as notícias e even-
tos pertinentes e também podem acessar os dos demais Estados e conhecer o que
está acontecendo entre a categoria e a formação profissional de assistente social.

Conjunto CFESS/CRESS
152 UNIDADE IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), esperamos ter apresentado a altura as nossas instâncias


representativas. Gostaríamos muito que participassem dos debates, promovi-
dos por estas, dos eventos e capacitações.
A ABEPSS, em 2016, comemora 70 anos de existência, conforme discutimos
nesta Unidade, até sua nomenclatura sofreu reestruturações e, a partir de 1996,
passou a atual denominação ABEPSS e também incorporou o CEDEPSS, para
que, dessa forma, pudesse fortalecer a indissociabilidade entre ensino, pesquisa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e extensão na formação profissional; articular graduação e pós-graduação; forta-
lecer a natureza científica da entidade; dar maior organicidade a pesquisa, o que
culminou com a criação dos Grupos Temáticos de Pesquisa em 2010.
O conjunto CFESS/CRESS conta com estrutura colegiada, eleita pelos
profissionais devidamente registrados, que promovem frentes de lutas
das mais diferentes temáticas e conta com as comissões, como: Comissão
Administrativo-Financeira, Comissão de Ética e Direitos Humanos,
COFI, Comissão de Comunicação, Comissão Formação Profissional e Relações
Internacionais, Comissão de Seguridade Social e, além dessas comissões, conta
também com Grupos de Trabalhos (GTs) para o aprofundamento de temáticas
em pauta do Serviço Social.
Assim, todo material produzido nesta unidade, teve como propósito que
pudessem de fato aproximá-lo(a) do debate e ações estratégicas em torno da
valorização da ética, da socialização da riqueza e da defesa dos direitos condu-
zidos nacionalmente por nossas instâncias representativas, fazendo-se cumprir
as normativas construídas até o momento.
Mas, caro(a) aluno(a), reforço o convite para participação e construção de
novos debates rumo às novas perspectivas que nos são apresentadas, por exemplo,
nossa modalidade de ensino a distância, lutar na perspectiva do reconhecimento
e legitimidade da sua importância, qualidade e compatibilidade para o desen-
volvimento de um exercício profissional possível e competente.

O PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA CATEGORIA PROFISSIONAL


153

1. Qual foi a primeira entidade acadêmica científica organizada da categoria pro-


fissional? Como está denominada atualmente? Como podemos defini-la?
2. Como podemos definir o “Conjunto CFESS/CRESS”?
3. Para a habilitação do exercício da profissão, são necessários quais documentos?
4. O que quer dizer ENESSO e o que ela representa?
5. Qual a principal responsabilidade da Comissão Nacional de Fiscalização e Ética
do CFESS (COFISET)?
154

REGISTRO PROFISSIONAL
Uma das atribuições dos Conselhos Regionais de Serviço Social é quanto ao registro
profissional. Você está, concluindo o curso de Serviço Social, passou em todas as dis-
ciplinas, esta de posse da declaração emitida pela Unicesumar, que concluiu o Estágio
Supervisionado Obrigatório e obteve sucesso no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Além disso, está com o histórico de suas disciplinas e notas concluídas. Agora, acha que
já está habilitado para trabalhar? Sinto muito em dizer que não, claro que já está na reta
final, só falta um pouquinho; dessa forma, veja a seguir os documentos e a forma de
habilitação do(a) Assistente Social ao exercício da profissão:

Inscrição
A inscrição no Conselho, habilita o Assistente Social ao exercício da profissão e o sujeita
ao pagamento de anuidades, independentemente de exercer ou não a profissão.
Os documentos necessários para a inscrição no CRESS (você deve procurar a Seccional
mais próxima), são:
- Requerimento de Inscrição preenchido e assinado (formulário disponível no site do
CRESS).
- Declaração para Inscrição preenchida e assinada (formulário disponível no site do
CRESS).
- 3 fotos (3 x 4) recentes, não instantâneas.
- Fotocópia legível de: CPF – RG – Título de Eleitor – Certidão de Casamento ou averba-
ção de divórcio; (Não será aceita a fotocopia da CNH pois neste documento não constam
todos os dados necessários ao cadastro no sistema SISCAF-CRESS).
- Fotocópia legível do Comprovante de quitação com o Serviço Militar obrigatório (para
o sexo masculino).
- Comprovante original ou fotocópia autenticada do Tipo Sanguíneo (opcional).
- Fotocópia legível e autenticada do Diploma de Bacharel em curso de graduação em
Serviço Social, oficialmente reconhecido, expedido por estabelecimento de ensino su-
perior existente no país, devidamente registrado no órgão competente ou: Certidão de
Colação de Grau a ser substituída pelo documento no prazo de 1 ano (prorrogável por
mais 1 ano).
- 2 (duas) fotocópias do comprovante de depósito das taxas previstas no CRESS.
155

Atenção:  Profissionais que se formaram a partir de dezembro de 2011, deverão


apresentar juntamente com os demais documentos para inscrição, original ou cópia
autenticada da Declaração de Cumprimento de Estágio Curricular com base na
Resolução CFESS 588 de 16 de setembro de 2010 (os documentos constam abaixo). A
declaração deve ser firmada em papel timbrado da Unidade de Ensino, assinada pelo
supervisor de campo conjuntamente com o coordenador do curso e/ou coordenador
de estágio e/ou supervisor acadêmico. Nesta mesma declaração, deverá constar o nome
e endereço completo da instituição onde foi realizado o estágio, a carga horária total do
estágio e o período (mês e ano de início e mês e ano de termino do estágio).
Importante: Informamos que o pedido de Inscrição somente será homologado com o
protocolo de toda a Documentação solicitada, apresentada a este CRESS via Correio ou
pessoalmente, sob pena do mesmo ser Indeferido e/ou Arquivado.
Informamos também que a partir da data do recebimento de todos os documentos aci-
ma relacionados, o pedido é encaminhado para Parecer com Vistas à Homologação.
As homologações ocorrem nas reuniões de Diretoria, estabelecidas no calendário anual
de reuniões do CRESS, conforme dispõe a Resolução CFESS nº 582/10 e Regimentos dos
CRESS (cada Regional, possui seu regimento próprio).
Somente após homologação será fornecido o número de inscrição do profissional no
Conselho Regional de Serviço Social, quando o mesmo estará finalmente habilitado ao
exercício profissional.
Você receberá a Documentação (Carteira e Cédula de Identidade Profissional) posterior-
mente.
Cada CRESS, descentralizado em todo âmbito nacional possui um endereço eletrônico,
com informações específicas quanto ao registro profissional, como endereço, horário de
funcionamento, prazos para homologação, devido a agenda das reuniões da diretoria,
enfim, fique atento(a) quanto a estas informações.
Fonte: adaptado de CFESS/CRESS (2016, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Em maio de 2015, a TV ABEPSS entrou no ar. A ABEPSS criou um novo canal de


interlocução entre a diretoria nacional da entidade, as regionais, pesquisadores,
profissionais e estudantes. Link disponível em: <http://www.abepss.org.br/tv-abepss.
html>.

Veja o vídeo a apresentação da TV ABEPS, no link disponível em: <https://youtu.be/


DXmS5qGIqfc>.

Assista ao vídeo sobre “O Projeto ABEPSS Itinerante “que é uma iniciativa de entidade
que tem por objetivo “Fortalecer as estratégias político-pedagógicas de enfrentamento
à precarização do ensino superior”.
Link disponível em: <https://youtu.be/wPns1nQ5Gl0>.
157
REFERÊNCIAS

ABEPSS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL.


Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social - Com base no Currículo Mínimo
aprovado em Assembleia Geral Extraordinária de 8 de novembro de 1996. Rio de
Janeiro Nov. de 1996.
ABEPSS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL.
Política Nacional de Estágio da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social - ABEPSS, maio 2010. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/ar-
quivos/pneabepss_maio2010_corrigida.pdf>. Acesso em: 30 maio 2016.
ABEPSS. Projeto ABEPSS Itinerante. Estágio Supervisionado em Serviço Social:
desfazendo nós e construindo alternativas. Mimeo, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL ABEPSS- e
CFESS- CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. As entidades do Serviço Social
brasileiro na defesa da formação profissional e do projeto ético-político. Revista
Serviço Social e Sociedade, nº 108, out/dez. Seção Polêmicas e Debates. São Pau-
lo: Cortez, 2011.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. São Paulo, Cor-
tez, 2001.
BRASIL. Lei 8.662, de 7 junho de 1993. Dispõe sobre a profissão do Assistente So-
cial. In: Coletânea de Leis e Resoluções. Assistente Social: ética e direitos. 4. ed. Rio
de Janeiro: CRESS, 2004.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <http://www.abepss.org.br/>. Acesso em: 17 nov. 2016.
2
Em: <http://www.cfess.org.br/>. Acesso em: 17 nov. 2016
3
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8662.htm>. Acesso em: 17 nov. 2016.
GABARITO

1. A primeira entidade acadêmica científica organizada da categoria profissional


foi em 1946, com a nomenclatura denominada Associação Brasileira de Esco-
las de Serviço Social (ABESS), hoje está denominada como: Associação Brasileira
de Pesquisa e Ensino em Serviço Social (ABEPSS) e é uma entidade de caráter
nacional que se organiza a partir de um modelo de gestão democrático e parti-
cipativo.
2. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) é uma autarquia pública federal,
suas atribuições estão previstas na Lei que Regulamenta a profissão – 8662/93,
sendo lhe atribuído: orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exer-
cício profissional do/a assistente social no Brasil, em conjunto com os Conselhos
Regionais de Serviço Social (CRESS).

3. Os documentos necessários para habilitação do exercício da profissão são:


■ Requerimento de Inscrição preenchido e assinado (formulário disponível
no site do CRESS).
■ Declaração para Inscrição preenchida e assinada (formulário disponível no
site do CRESS).
■ 3 fotos (3 x 4) recentes, não instantâneas.
■ Fotocópia legível de: CPF – RG – Título de Eleitor – Certidão de Casamento
ou averbação de divórcio; (Não será aceita a fotocopia da CNH, pois nesse docu-
mento não constam todos os dados necessários ao cadastro no sistema SISCA-
F-CRESS).
■ Fotocópia legível do Comprovante de quitação com o Serviço Militar obri-
gatório (para o sexo masculino).
■ Comprovante original ou fotocópia autenticada do Tipo Sanguíneo (opcio-
nal).
■ Fotocópia legível e autenticada do Diploma de Bacharel em curso de gra-
duação em Serviço Social, oficialmente reconhecido, expedido por estabeleci-
mento de ensino superior existente no país, devidamente registrado no órgão
competente ou: Certidão de Colação de Grau a ser substituída pelo documento
no prazo de 1 ano (prorrogável por mais 1 ano).
■ 2 (duas) fotocópias do comprovante de depósito das taxas previstas no
CRESS.
■ Declaração de Cumprimento de Estágio Curricular.
159
GABARITO

4. A Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO) é a entidade


máxima de representação dos estudantes de Serviço Social do país, eleita
anualmente no Encontro Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESS).
5. A Comissão Nacional de Fiscalização e Ética do CFESS (COFISET) tem a respon-
sabilidade de elaborar as diretrizes e estratégias para uma Política Nacional de
Fiscalização do Exercício Profissional do Assistente Social.
Professora Esp. Daniela Sikorski

DOCÊNCIA – O ENSINO EM

V
UNIDADE
SERVIÇO SOCIAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Refletir acerca da docência no serviço social, enquanto possibilidade
de atuação para o assistente social.
■ Compreender a ação docente como corresponsável pela formação de
novos profissionais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Reflexões iniciais sobre a docência
■ Docência em serviço social
■ A prática de ensino
■ A sala de aula – espaço privilegiado da prática docente: a relação
docente-discente
■ Relação Docente-Discente
163

INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade propõe uma reflexão acerca da docência no
serviço social, ou seja, o ensino no serviço social. Um assunto que se faz perti-
nente nessa reta final do processo de graduação.
Como assim? Você pode estar se perguntando, por que discutimos a docên-
cia no serviço social se não estudamos na área da educação?
A docência no serviço social não é necessariamente tão discutida quanto deve-
ria. Isto não se constitui em uma crítica ou de dizer que essa discussão não existe
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

por esta ou por aquela razão; traremos mais uma possibilidade de ampliarmos
nossos olhares e contribuirmos com a prática do assistente social, enriquecendo e
contribuindo com a qualidade da prática pedagógica e da formação profissional.
O compromisso com a formação de novos profissionais representa também
o compromisso com a sociedade na qual estamos todos inseridos. Trabalhar no
intuito de contribuir com os objetivos da profissão, com a qualidade do aten-
dimento, é tão importante quanto a formação do acadêmico enquanto pessoa.
O objetivo do serviço social para o acadêmico no final do período de gradu-
ação é que este esteja, sobretudo e em linhas gerais, apto a intervir na realidade
social, de acordo com o objeto de intervenção profissional e, quando falamos do
trato com o usuário em seus diversos campos de intervenção profissional, não
podemos pensar que a relação entre o docente e o discente trilhe por princípios
alheios aos que buscamos estabelecer com eles.
Você logo encerrará o seu estágio obrigatório e alguns continuarão o seu
estágio não obrigatório; o que pretendemos, então, é disponibilizar a cada um a
oportunidade de refletir sobre a possibilidade de pensar no seu futuro enquanto
assistente social: você, enquanto futuro supervisor acadêmico ou de campo; você,
enquanto futuro docente do curso de serviço social ou de uma pós-graduação;
você, enquanto futuro mestrando [...], enfim, as possibilidades são muitas.

Introdução
164 UNIDADE V

Falaremos sobre essa relação entre docente (professor) e discente (aluno,


acadêmico), como compreender a prática de ensino acontece no processo for-
mativo do serviço social, enfim, ninguém nasce assistente social, assim como
ninguém nasce professor!
Pensar a docência e a prática de ensino em serviço social neste momento
será muito tranquilo, pois todas as unidades anteriores lhe trouxeram elementos
e informações que farão com que você vislumbre novas possbilidades profissio-
nais e faça a diferença!
Bons estudos!

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


165
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

REFLEXÕES INICIAIS SOBRE A DOCÊNCIA

Sabemos que o processo de ensino-aprendizagem não depende única e exclusiva-


mente do professor, bem como os resultados da interação entre professor-aluno são
desconhecidos em seu início, aliás, toda relação é imprevisível; temos metas, objeti-
vos, currículos, conteúdos já definidos, mas quando a relação se inicia e se desenrola
em sala de aula, todo esse trabalho se traduz numa construção única e irrepetível.
Nesse sentido, se faz relevante a compreensão das particularidades de cada
acadêmico, as suas limitações e as suas potencialidades.
Quando falamos da atenção ao discente, estamos considerando o ser
humano enquanto possibilidade infinita de aprender.
Isso não significa um fardo a mais ao professor; a compreensão disso con-
tribui para um professor atento, sendo capaz de fazer, de sua prática-pedagógica
e do processo de ensino-aprendizagem de seus alunos, um êxito. A partir disso
nos vem os questionamentos:

Reflexões Iniciais sobre a Docência


166 UNIDADE V

■ A vontade de ensinar vem de onde?


■ Basta apenas boa vontade para exercer a docência?
■ A docência vem satisfazer um sonho ou uma vontade?
■ Quais são os conhecimentos necessários para um assistente social que
deseja atuar na docência na graduação?

Junto a essas indagações, somam-se outras que podemos considerar em nossa


reflexão:
■ O que caracteriza a docência no serviço social e no que se apoia

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pedagogicamente?
■ Todo assistente social pode ser professor?
■ Quais os referenciais da ação docente que pautam a ação pedagógica do
assistente-social docente?
■ Quais os saberes que fundamentam a docência no ensino em serviço social?

Esses questionamentos são levantados com vistas a tra-


zer à tona a discussão de que ser um docente no curso de
serviço social não significa reproduzir conteúdos, imi-
tando as ações lhe foram passadas pelo seu professor
na sua graduação. Sem planejamento, sem leitura prévia,
sem elaboração teórica suficiente.
São problematizações necessárias para que consi-
gamos, ao longo desta unidade, estabelecer e alavancar
descobertas.
Não bastam as leituras de textos e as resenhas, pois a
formação de novos profissionais vai muito além. A docên-
cia implica em conhecimentos e técnicas específicas que, na grande maioria
das vezes, passam despercebidas, sem deixar passar que a criatividade pedagó-
gica e didática tem grande valia nesse processo.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


167

Existe um parâmetro de julgamento para dizer se este ou aquele assistente


social está apto a exercer a docência e assumir, junto a outros assistentes
sociais e também docentes, a responsabilidade de formar novos e bons pro-
fissionais?

Poderíamos até trazer presente a lógica do mercado competitivo que exige cada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vez mais capacitação, mas vamos seguir pela lógica de que, a partir do momento
que uma instituição opta por ofertar este ou aquele curso de formação profis-
sional, está atenta à qualidade e capacitação dos docentes, para que a educação
cumpra com seu papel e que a demanda dessa profissão tenha sempre o melhor
possível, profissional ético, comprometido e atento.
A qualidade deve existir independente do curso, pois toda profissão surgiu
para suprir determinada necessidade do ser humano em determinado momento
histórico. E o serviço social não é diferente: surge para atuar junto a uma necessi-
dade social; por essa razão, dizemos que estamos inseridos na divisão social e técnica
do trabalho. E mais ainda, como docente, trazemos a responsabilidade pela forma-
ção desses profissionais que darão continuidade a história dessa profissão.
O indivíduo, quando se torna professor ,deve estar consciente de seu papel
na sociedade, sabendo de sua real importância na mediação do processo de
amadurecimento do seu aluno. Deve, ainda, saber que, como educador, deve
transcender o papel de mero instrutor e se preocupar em ampliar caminhos para
a própria emancipação e dos acadêmicos.
O docente-educador, ao longo do processo histórico, sempre se encon-
trou como figura central no processo de ensino-aprendizagem, concebido e
visto como detentor do poder e do saber absoluto em suas ações e decisões;
aquele que domina e administra os conteúdos necessários da maneira como
“bem entende e acredita”; visto ainda como o único responsável pela disciplina
e ordem dentro do espaço da sala de aula (seja este espaço presencial ou à distân-
cia). Contudo, atualmente, acredita-se e se entende a ação do educador como
aquele que media o processo de ensino-aprendizagem.

Reflexões Iniciais sobre a Docência


168 UNIDADE V

Essa concepção pode, em um primeiro momento, parecer simplista demais,


porém, ressaltamos que o professor dos dias atuais deve ser tão ou melhor preparado
que aquele mais tradicionalista, já que o domínio do conteúdo deve ser muito maior.
Por quê isso? A partir do momento em que entendemos o professor como
aquele responsável pela mediação do processo de ensino-aprendizagem, temos
ciência que esse processo compreende: interação, participação, relação direta e
aberta com o acadêmico; este passa a desempenhar um papel ativo e não somente
passivo. Logo, o docente deve procurar aprender a administrar os acontecimen-
tos, reflexões e discussões que surgem no ambiente educativo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O educador é aquele que media o processo de ensino-aprendizagem. Atu-
almente, o aluno desempenha um papel ativo e não somente passivo, pois
há interação no processo de ensino aprendizagem, ou seja, o aluno não é
mero espectador.
Fonte: as autoras.

Com relação ao conteúdo, considerando que o acadêmico é entendido como o


agente principal – responsável pela busca e aprimoramento das informações e
conteúdos – o aluno não precisa recebê-lo todo do seu professor, uma vez que
ele sabe como buscar informações e como produzir seu próprio conhecimento.
O conhecimento é de suma importância para que o docente forme um profis-
sional crítico, ético e uma consciência democrática forte, bem como a instituição
de ensino deverá caminhar no sentido de prever, em sua política, a formação
integral do indivíduo (independente do curso) para o desenvolvimento da sua
inteligência, do seu pensamento, da sua consciência, capacitando-o para viver
numa sociedade pluralista, em permanente processo de transformação.
O bom docente (pelo menos é o que acreditamos) é aquele que dialoga com o
acadêmico, mantendo a autoridade, mas com liberdade. Reinventa o conheci-
mento, sempre sintonizado com o tempo e a linguagem do aluno, é ativo para

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


169

O docente tem um o nobre papel, que é o de formar profissionais capazes de


coexistir em meio aos desafios do sistema sócio-econômico-institucional.

que o aluno seja reativo. Continua sendo diferente dos alunos, porém não é uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

diferença antagônica. Lidera um processo de transformação que não ocorreria


por si só. O docente deve ser um desafiador da doutrina dominante, porém ético.
O educador deve ser um árbitro atento à falta de criatividade, incitando
para que o conhecimento aconteça, marcando impedimentos quando a aquisi-
ção dos conhecimentos se dá de maneira errônea, correndo junto ao educando
para a grande vitória, que é o “gol” da aquisição do conhecimento.
Essa vontade que está dentro de nós chamamos de motivação. Assim, cos-
tumamos dizer que motivação é uma porta que se abre por dentro.
Ser um docente motivador é ter a capacidade de estimular e contagiar os acadêmi-
cos a quererem mais e mais conhecimento, apaixonando-se cada vez mais pelo estudo
e a profissão. Ser um catalisador que aglutina e acelerar as reações das aquisições de
conhecimentos. Contudo, o docente não motiva ninguém, ele apenas cria condições
favoráveis que despertem a vontade dentro de cada aluno; é necessário um querer.
A motivação envolve algumas questões essenciais: o saber fazer e o saber
usar as novas tecnologias, sejam elas informáticas ou não. Para motivarmos os
nossos alunos, precisamos também acreditar na ideia que estamos transmitindo,
comprometido com a profissão que escolheu. Precisamos acreditar que, do jeito
que está não dá mais para continuar. Temos de nos atualizar e introjetar as novas
ideias tecnológicas, mas sem perder a essência pedagógica e a formação cultu-
ral sólida, ou seja, a nossa disciplina.
Além de um conhecimento global, a sociedade pede que o docente seja:
■ Um conhecedor científico da sua disciplina, isso é, que, além de ser glo-
balizado (no sentido de estar interado acerca das inúmeras situações
e possibilidades postas pelo sistema), tenha também uma atualização

Reflexões Iniciais sobre a Docência


170 UNIDADE V

cientifica permanente em sua disciplina e área de atuação, fazendo com


que ela se integre com as demais áreas do conhecimento e com as ino-
vações tecnológicas.
■ Um docente criativo, no que diz respeito à ação pedagógica em sala de
aula, participante na instituição em que atua, não desempenhar apenas
um papel de proclamador de conhecimento, mas também um mediador
de conhecimento.
■ Um docente crítico, que esteja sempre de olhos nas novas teorias e práticas
educacionais, sabendo discernir o que é mais importante a ser conhecido,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
buscando sempre e deixando de lado seus parâmetros pessoais.
■ Um professor que saiba planejar bem suas aulas, usando e abusando dos
recursos pedagógicos existentes; que sua aula seja uma viagem rumo ao
conhecimento e não um mergulho na ignorância e no poder.
■ Um professor rigoroso no que diz respeito à atenção, pesquisa e colabo-
ração, mas flexível no trabalho.
■ Que seja coerente com o que diz e faz, que seja participativo na elabora-
ção do projeto educativo em que trabalha, que de opiniões, tome decisões
e fundamente toda e qualquer nova ideia.
■ Saber resolver e administrar problemas e conflitos.
■ Interagir com a diversidade, pois ela existe e está a todo o momento se
fazendo lembrar dentro da sala de aula ou fora dela.
■ Abandonar a postura de “todo poderoso”, ser compreensivo, mas exigente.
E que não tenha medo de errar, pois é por meio do erro que temos a
chance de refazer e começar de novo.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


171
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DOCÊNCIA EM SERVIÇO SOCIAL

O estudo que se propõe consiste, a princípio, em trazer a reflexão pautada em


três eixos principais, que seriam a prática de ensino no serviço social, o espaço
da sala de aula e a relação docente-discente. Contudo, considerando a citação a
seguir, uma vez que se trata em específico da formação em serviço social, não que
esta será a pesquisa na integra, mas servirá de base para nossas reflexões iniciais:
Trazer à luz a discussão sobre a dimensão pedagógica no processo for-
mativo do Assistente Social é fundamental para apropriar-se teorica-
mente deste espaço de trabalho profissional do Serviço Social que é
o da Educação Superior. [...] Publicizar o que chamamos de pistas é
essencial para que possamos avançar teoricamente na relação entre o
político e o pedagógico no processo de ensinar e aprender (FAUSTINI,
2006, p. 632).

Continuemos, pois, analisando o pensamento proposto pela autora:


A dimensão sócio-afetiva no processo pedagógico é potencializada
por uma qualidade na interação vivida na relação professor – aluno
viabilizada pela atenção à acolhida ao discente. Escutar com todos os
sentidos, utilizando uma linguagem adequada e uma atenção perma-
nente aos movimentos dos alunos em seu processo de interação com
o objeto do conhecimento. A materialização deste processo se dá por

Docência em Serviço Social


172 UNIDADE V

meio de um olhar, gesto que busca a construção conjunta de algo novo.


É começar a criação de vínculos que, aliás, como bem sabemos nos
Serviço Social, se consubstancia como essencial no desenvolvimento
de qualquer trabalho (FAUSTINI, 2006, p. 632).

A partir do que já foi exposto, apontaremos questões relevantes a serem aborda-


das ao longo desta unidade de estudo. Fique atento e aproveite a leitura!
Citamos, anteriormente, o termo processo pedagógico. Para a ação docente
é muito importante que se tenha compreensão do que esse termo significa e
representa para a prática. Podemos entender que o termo está atrelado à polí-
tica, (re)visão teórica e encaminhamentos de formas de ensinar e aprender, mais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e melhor, mais diferenciadas e condizentes com a nova re lidade.
Por processo, podemos entender que se trata de um ato de proceder; logo,
podemos dizer que é uma ação consciente, de ir por diante, seguimento, curso
– um caminho trilhado; uma sucessão de estados ou de mudanças, sequencias
de estados de um sistema que se transforma; evolução – dessa forma, espera-se
que uma transformação ou então uma série de transformações – caracterizadas
como uma evolução – no que está sendo objeto de ação. Para que esse caminho
seja percorrido, um processo se transforma na maneira pela qual se realiza uma
operação, segundo determinadas normas, métodos, técnicas, de acordo com as
demandas suscitadas (FERREIRA, 2014).
Já o termo pedagógico se aplica por estar
intrinsecamente ligado à teoria da educação e do
ensino, utilizando-se de um conjunto de princí-
pios e métodos de educação que nos encaminha
a um objetivo a ser atingido, a partir de uma
determinada concepção de vida e dos meios/pro-
cessos/técnicas mais eficientes para efetivar o ideal
perseguido. Compreende ainda, o interesse do
professor (a atenção), o incentivo ou a mobili-
zação do aluno para realizar análises e sínteses e
adequação das avaliações, o acolhimento dos sabe-
res que os acadêmicos trazem e, ao mesmo tempo,
dos conhecimentos modificados e adquiridos.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


173

Dessa maneira, podemos compreender que um processo, para ser peda-


gógico, envolve um planejamento, o desenvolvimento de uma ação ou de uma
série de ações e um momento de avaliação, ou seja, melhor colocando, em todo
processo pedagógico, tem-se uma fase, que, segundo Dias (2004) denomina-se
planejamento de gestão (pré-ativo), a gestão propriamente dita (momento ativo
ou interativo) e a retroação e a gestão (momento pós-ativo).
Todas as fases têm por objetivo procurar encontrar respostas a questões
importantes, dentre as quais, destaca a autora:
■ Como podemos tornar o ensino mais prazeroso e, ao mesmo tempo, com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

melhores resultados e atingindo um maior número de alunos?


■ Que recursos podem ser disponibilizados para que nossos objetivos sejam
alcançados de forma mais bem sucedida?
■ Como podemos enfrentar as diferentes situações do cotidiano na sala
de aula?
■ Quais referências teórico-práticas podem nos auxiliar nas decisões didá-
tico-pedagógicas que, sistematicamente, devemos tomar?
■ Para que serve o planejamento? Qual a sua importância?
■ Como avaliar (por quê, para quê; por quem, [...]?) (DIAS, 2004, p. 33-34).

Uma última consideração antes de prosseguir na leitura desta unidade: na


medida em que você for realizando a leitura, é possível e mais que normal que,
em sua mente, venham pensamentos acerca de professores com os quais já tenha
tido contato ao longo de sua vida escolar/acadêmica, assim como compara-
ções de professores que conhece e ainda sintetizar como seria o professor ideal
ou aquele que gostaria e/ou pretende ser. Isso é comum que aconteça. O que se
almeja é que você, a partir dessa leitura, esclareça algumas dúvidas, dê margem
para que outras aflorem e considere sua experiência enquanto discente e com-
preenda melhor a ação pedagógica no serviço social.

Docência em Serviço Social


174 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A PRÁTICA DE ENSINO

Ao pensarmos a ação docente do assistente social no ensino superior como


agente indispensável na formação de novos profissionais, apontamos que não
basta que este domine o conteúdo da sua disciplina, cabe a ele a capacidade
de saber conduzir a atividade, a prática pedagógica coerentemente alinhado a
um processo educativo, o qual deve ser claro e conciso. Isso implica na busca
por amparo metodológico eficaz, possibilitando que o docente e discente trans-
cendam a cópia, a repetição ou a reprodução de conteúdos.

O que significa transcender a cópia, a repetição ou a reprodução dos con-


teúdos?

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


175

Entende-se que, além de prática de ensino, o processo de ensino-aprendiza-


gem se constitui numa prática social que não se dá aleatoriamente, mas pautada
em objetivos definidos, possuindo uma intencionalidade na busca constante e
permanente de conhecimentos.
A ação docente deve superar as teorias, indo além do domínio da técnica. O
docente está inserido na sociedade, a mesma em que vivem seus alunos e usuá-
rios do serviço social; não vive a margem da mesma, não é maior ou melhor do
que aqueles com os quais estabelece relação em sua prática. A ação docente pos-
sui um caráter político, que é parte inerente do que entendemos por educação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

[...] todo ato educativo é essencialmente político [...] todas às vezes que
questionamos a educação, questionamos as formas de consciência, e
todo aquele que vai para uma universidade espera que ela forneça um
saber que lhe permita fazer política, isto é, assumir um compromisso
com a sociedade (ALMEIDA, 1984, p. 109-110).

Nesse sentido, a prática docente precisa atender a propósitos políticos e sociais,


vinculando, simultaneamente, teoria e prática.
A prática de ensino, de uma maneira geral, não somente no serviço social,
fala da prática educativa que contemple e entenda como protagonistas o docente
e o discente, de maneira articulada e integrada, onde um não sobrepõe o papel
do outro, mas existam e interajam organicamente; para tanto, é necessário que
todo o processo esteja fundamentado no projeto político, nesse caso, sim, espe-
cificamente, o do serviço social.
Os conhecimentos produzidos devem possibilitar a construção de novos
conhecimentos e possibilitar ao docente a produção de novos conteúdos, a possi-
bilidade de novas formas de fazer, a autoavaliação da sua ação, amadurecimento
e crescimento profissional.
Logo, deve-se ter claro que a formação do profissional de serviço social, o
ensino em serviço social no Brasil, atualmente, prega a formação de profissionais
críticos, criativos, capazes de responder de maneira propositiva e interventiva
junto às questões sociais e suas diversas manifestações. Assim, a formação exige,
do docente, a essencialidade de um ensino integrado, voltado aos valores éticos,

A Prática de Ensino
176 UNIDADE V

filosóficos, políticos, teóricos e metodológicos, contemplados nas diretrizes


curriculares do curso de serviço social, definidos pelas Diretrizes Curriculares
do Curso de Serviço Social.
A prática de ensino pauta-se na relação professor-aluno, condição pri-
meira para a existência da prática educativa, relação esta que faz do docente o
mediador no processo de formação profissional, favorecendo o crescimento do
discente, construindo e reconstruindo conhecimento. Uma relação de parceria,
na qual os objetivos são comuns e interdependentes, por isso, a importância
do movimento dialogal nessa relação. Quando falamos no processo conjunto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e que o processo de ensino aprendizagem se faz a partir de duas partes (docen-
te-discente), trazemos a rica contribuição de Freire (1997, p. 25):
[...] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado for-
ma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é trans-
ferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujei-
to criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado.
Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos,
apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de
objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender.

Para aqueles que já possuem alguma formação específica na área da educação


ou até mesmo que exercem o magistério, já estão familiarizados com os autores
e citações, bem como vários elementos apresentados, se você se enquadra nesse
grupo, peço que auxilie os demais colegas de turma nesse processo de entendi-
mento, pois não basta querer ser professor (não que a vontade não seja relevante),
é necessário que haja a abertura para aprender novos elementos, que contribuem
para a qualificação da ação docente do assistente social, ou seja, a aproximação
de saberes da educação com o serviço social. Pois,
Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto
de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Ver-
bo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto indireto – a
alguém. Do ponto de vista democrático em que me situo, mas também
do ponto de vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de
que decorre minha compreensão do homem e da mulher como seres
históricos e inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do
processo de conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


177

-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo


socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que
era possível ensinar (FREIRE, 1997, p. 23).

Destarte, o docente deve ter claro e buscar saber quais os pressupostos da for-
mação profissional e o que contempla a sua prática pedagógica que deve, entre
outras questões, considerar a concepção de formação profissional para então
desenvolver sua ação docente no serviço social.
1. O Serviço Social se particulariza nas relações sociais de produção
e reprodução da vida social como uma profissão interventiva no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

âmbito da questão moral, expressa pelas contradições do desen-


volvimento do capitalismo monopolista.
2. A relação do Serviço Social com a questão social – fundamento
básico de sua existência – é mediatizada por um conjunto de
processos sócio-históricos e teórico-metodológicos constituti-
vos de seu processo de trabalho.
3. O agravamento da questão social em face das particularidades
do processo de reestruturação produtiva do Brasil, nos marcos
da ideologia neoliberal, determina uma inflexão no campo pro-
fissional do Serviço Social. Essa inflexão é resultante de novas
requisições postas pelo reordenamento do capital e do traba-
lho, pela reforma do Estado e pelo movimento de organização
das classes trabalhadoras, com amplas repercussões no mer-
cado de trabalho.
4. O processo de trabalho do Serviço Social é determinado pelas
configurações estruturais e conjunturais da questão social e pelas
formas históricas de seu enfrentamento, permeadas pela ação
dos trabalhadores, do capital e do Estado, por meio das políti-
cas e lutas (ABEPSS, 1996, p. 05, on-line)1.

O assistente social-docente deve buscar superar a cultura do discurso, da ação


pedagógica descolada da realidade social, portanto, deve ter clareza do pro-
cesso pedagógico no serviço social e o que entende-se por educação:
As teorias educativas atuais e as recentes reformas apresentam novos e
imensos desafios para os educadores. Por um lado, exigem uma varie-
dade de decisões que devem ser tomadas: decidir sobre os conteúdos

A Prática de Ensino
178 UNIDADE V

curriculares para as suas aulas, as formas mais relevantes de apresentar


estes conteúdos para a sua avaliação. Ao mesmo tempo, o conceito de
trabalho docente se torna mais complexo: espera-se que os professores
sejam capazes de enfrentar a diversidade dentro da escola, que sejam
capazes de enfrentar a diversidade dentro da sala de aula e da escola,
que sejam capazes também de promover aprendizagens significativas e
de caminhos metodológicos que resultem na construção de aprendiza-
gem significativas para os estudantes (DIAS, 2004, p. 31).

Considerando a citação anterior, entendemos que essa realidade também se


aplica ao ensino superior, por consequência do serviço social. Parte-se do prin-
cípio de que:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos [...] sabe-se
que, diferentemente dos outros animais, que se adaptam à realidade
natural tendo sua experiência garantida naturalmente, o homem ne-
cessita produzir continuamente sua própria existência. Para tanto em
lugar de se adaptar à natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto
é, transformá-la. E isto é feito pelo trabalho (SAVIANI, 1995, p. 15).

Essa reflexão nos remete a Engels (1985, p. 71), que parte do pressuposto de que
o trabalho “[...] é a primeira condição fundamental de toda a vida humana e com
efeito, num grau tal, que, em certo sentido, temos que dizer: ele criou o próprio
homem”, pois é o trabalho que possibilita ao ser humano transformar a natureza
ao realizar suas atividades pensadas, pré-idealizadas (teleologia) criando os seus
instrumentos de trabalho e meios de sobrevivência.
Assim, o homem se diferencia dos demais animais pelo trabalho e esse tra-
balho já idealizado na consciência para depois concretamente realizar o que
foi pensado. Pode-se dizer que o trabalho do ser social é proposital, já ideado,
enquanto que, dos demais animais, são ações instintivas. Portanto, as ações do
ser social são conscientes, com intencionalidades e, com isso, ele se transforma
e adquire habilidades e conhecimentos para se apropriar e dominar a natureza.
O trabalho (além da consciência) é característica fundante do ser social; é o
que o distingue dos demais animais; o homem é o único animal que cria meios
e instrumentos para a concretização do seu objeto concreto. O trabalho visa
atender às necessidades do homem e, nesse processo, ao sanar tais necessida-
des, vão dando origem a outras. Sendo assim, dizemos que o trabalho constitui
o ser social, pois este dispõe de capacidade teleológica, projetiva e consciente.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


179

[...] o trabalho, enquanto objetivação fundante do ser social, contém


em si determinações materiais e ideais, as quais incorporam não apenas
o fazer, mas o porquê, o para que e o quando fazer, ou seja, a intencio-
nalidade das ações humanas (GUERRA, 2007, p. 14).

A partir desse entendimento acerca do trabalho, temos ainda a contribuição de


Saviani acerca da educação do homem e do conhecimento sistematizado: “A
Escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibili-
tem o acesso ao saber elaborado (ciência)” (SAVIANI, 1995, p. 19) fazendo-se
entender que é indispensável a existência da escola, ambiente de ensino-apren-
dizagem, onde o homem pode transcender o senso comum, apropriando-se de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conhecimentos necessários para que possa desempenhar suas ações profissionais


e produzir novos conhecimentos. Trata-se do saber elaborado e sistematizado.
A partir dessa apreensão e entendimento, podemos compreender melhor
a realidade e adequadamente agir sobre ela. Esse saber que tratamos acima é
imprescindível ao assistente social especificamente, pois, na história da profis-
são, temos registrado que o profissional não precisava de muita formação para
exercer suas atividades; para ser um assistente social, bastava ter “um bom cora-
ção e gostar de ajudar”, imprimindo, assim, o caráter assistencialista e caritativo.
Não se nega a história da profissão, mas, ao longo dos tempos, essa concep-
ção foi sendo combatida por meio de estudos, pesquisas, discussões, dando forma
a um profissional devidamente capacitado e habilitado criticamente a intervir
na sociedade, tornando claro as especificidades e atribuições da profissão. Para
isso, não bastava uma formação superficial, na qual os alunos estariam mais para
reprodutores de ideias e concepções do que para profissionais críticos e aptos
a entender, decodificar e propor ações pertinentes a sua área de atuação.
A tarefa pedagógica do intelectual educacional ou do professor crítico
é “orientar as consciências para a ação”. Deve contribuir para que, pelo
questionamento da conduta humana, “os homens possam reencontrar
a si mesmos, à sua conformação histórica e à sua capacidade de agir.
Sem tais questionamentos e posições é impossível compreender a si-
tuação e transformá-la (GARCIA apud RODRIGUES, 1987, p. 15-16)
(GARCIA, 2009, p. 230).

Como devemos ser assistentes sociais com alto nível de criticidade, é mais que
óbvio que o docente-assistente social deve proporcionar aos seus alunos, por

A Prática de Ensino
180 UNIDADE V

meio de sua prática, oportunidades para a construção e exercício do senso crí-


tico. Para tanto, o docente-assistente social deve buscar:
[...] construir uma prática educativa coerente com a ótica crítico-social
onde os conhecimentos produzidos historicamente devem ser confron-
tados com a prática social, reavaliando o saber sistematizado [...]. O
processo de transmissão/assimilação se dá pela relação dialética entre
os conteúdos culturais sistematizados e a experiência concreta trazi-
da pelo aluno. Em outras palavras, trabalhar com conteúdos culturais
historicamente situados, portanto, vivos e dinâmicos, implica partir da
prática social concreta dos alunos, reinterpreta-lo e ordená-lo junto
com o aluno, e assim, chegar às noções claras e sistematizadas pelo co-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nhecimento científico (LIBÂNEO, 1994, p. 71).

Cabe, dessa maneira, o entendimento de que o docente em sua prática pedagógica


estará possibilitando ao aluno a construção do conhecimento não somente teó-
rico, mas o conhecimento que é teórico-prático, pois a nossa referência de atuação
profissional é a realidade social, logo, não podemos desvincular a teoria da prá-
tica, muito menos priorizar uma ou outra. Para isso, o docente deve estar atento
aos princípios e diretrizes da formação profissional; estes estabelecem uma base
comum e ganham vida a partir da prática pedagógica do assistente social – profes-
sor, junto aos acadêmicos e a estruturação curricular da instituição onde leciona.
Tem-se conhecimento de muitos docentes que atuam em instituições junto
à demanda usuária do serviço social e que acabam por se tornar docentes, prio-
rizando, por vezes, apenas a dimensão técnica-operativa da profissão, e algumas
vezes desvinculando (mesmo que inconscientemente) a relevância da constru-
ção de um sólido referencial teórico, uma visão de homem e de mundo crítico.
Isso acaba por gerar a transposição dos conteúdos sistematizados do serviço
social para a sala de aula. Por falta de conhecimento suficiente, acerca de fundamentos
pedagógicos, reproduzem a prática que vivenciaram enquanto acadêmicos, trans-
pondo o “jeito do professor” que mais gostavam ou que foi um referencial nessa etapa.
Revelando, de certa maneira, o que podemos chamar de autodidatismo,
cada assistente social-docente imprime, em sua prática, aquilo que mais consi-
dera confortável, cria uma “zona de conforto”, perigando, muitas vezes, reprimir
o crescimento e a sede de conhecimento dos discentes. São hipóteses.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


181

A questão aqui reside em: em que momento o assistente social (com sabe-
res específicos da profissão já sabidos e internalizados) passa a ser docente (que
exige saberes específicos do processo de ensino para a realização dessa prática)?

Em algum momento da graduação você já vislumbrou a possibilidade de


se tornar um docente? Já pensou em dar aula no curso de serviço social em
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

alguma faculdade ou universidade?

Sugiro que, na primeira oportunidade, você converse com seus colegas sobre a
possibilidade de tornaram-se docentes, bem como o que priorizam nessa deci-
são para tornarem-se efetivamente bons profissionais.
Não se descarta aqui que o saber profissional e pessoal não fazem parte da
prática docente no serviço social, pois os saberes docentes se constituem com
várias fontes, as quais contribuem para a prática de ensino na área.
Inserido no que Tardif (2002, p. 14) chama de saberes experenciais que “[...]
se transforma muito cedo em certezas profissionais, em truques de artifícios, em
rotinas, e em modelos de gestão da classe e de transmissão”. Permite sim ainda a
autoavaliação acerca da prática, mas se percebe, contudo, a falta de uma devida
reflexão acerca dos fundamentos didático-pedagógicos na qual suas ações estão
pautadas. Somando-se a esse saber experencial, o auto ainda identifica na prá-
tica do docente outros saberes: epistemológicos, pedagógicos e curriculares. Tais
saberes que visam afastam o docente de um fazer alienado. Sabendo que os sabe-
res do serviço social não se esgotam em si mesmo.

A Prática de Ensino
182 UNIDADE V

De acordo com Tardif (2002, p. 43-44),


[...] saber alguma coisa não é mais suficiente, é preciso saber ensinar. O
saber transmitido não possui, em si mesmo, nenhum valor formador;
somente a atividade de transmissão lhe confere esse valor. Em outras
palavras, os mestres assistem a uma mudança na natureza da sua mes-
tria: ela se desloca dos saberes para os procedimentos de transmissão
dos saberes.

Como entendemos que não basta ser assistente social para ser um docente, tem
de saber ensinar, (fugir do discurso de que quem tem jeito, ensina) a formação
docente pede uma formação especializada; não se pode descobrir como é ser

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
docente em um curso de graduação sem entrar em contato com os alunos e espe-
rar o primeiro momento para ver como irá proceder.
O assistente social-docente deve buscar estabelecer um diálogo entre os sabe-
res advindos da Educação com o Serviço Social.
Onde temos a pedagogia como tecnologia da interação humana (TARDIF,
2002), ainda cabe ressaltar, nesse momento de clareamento da proposta de pes-
quisa, alguns conceitos, uma vez que estamos lidando com o processo de ensino
em serviço social. Primeiramente, alguns conceitos de pedagogia e didática:
A pedagogia é o conjunto de meios empregados pelo professor para
atingir seus objetivos no âmbito das interações educativas com os alu-
nos. Noutras palavras, do ponto de vista da análise do trabalho, a peda-
gogia é a ‘tecnologia’ utilizada pelos professores em relação ao seu obje-
to de trabalho (os alunos) no processo de trabalho cotidiano, para obter
um resultado (a socialização e a instrução) (TARDIF, 2002, p. 117).

Ainda é válido complementar que:


[...] a pedagogia corresponde, [...] à dimensão instrumental do ensino:
ela é essa prática concreta, essa prática que está sempre situada num
ambiente de trabalho, que consiste em coordenar diferentes meios para
produzir resultados educativos (TARDIF, 2002, p. 118).

O processo educativo pressupõe a interação entre pessoas, entre o aluno-professor


e aluno-aluno. Essas interações e relações ocorrem concretamente e simultanea-
mente. Implica numa atividade humana necessária ao processo de crescimento
do ser humano. Por consequência,

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


183

[...] a pedagogia, enquanto teoria do ensino e da aprendizagem, nunca


pode colocar de lado as condições e as limitações inerentes à interação
humana, notadamente as condições e as limitações normativas, afetivas,
simbólicas e também, é claro, aquelas ligadas às relações de poder. [...]
não existe trabalho sem técnica, também não existe processo de ensino-
aprendizagem sem pedagogia, embora se manifeste com freqüência
uma pedagogia sem reflexão pedagógica. (TARDIF, 2002, p. 118).

Almeja-se desconstruir a ideia de que, para ensinar e/ou ter sucesso na docên-
cia basta saber o conteúdo, ter boa intuição, levar jeito, ter bom senso ou ser um
ótimo profissional no campo de atuação profissional. Muitas vezes, a prática
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pedagógica do docente não é avaliada ou refletida, porque se faz da sala de aula


um ambiente privado e secreto da ação do professor, onde não se abre espaço
para reflexão sobre a prática pedagógica.
A tarefa do professor consiste, grosso modo, em transformar a matéria
que ensina para que os alunos possam compreendê-la e assimilá-la. Ora,
essa tarefa é essencialmente pedagógica, considerando que ela submete
o conhecimento à atividade de aprendizagem no intuito de produzir um
resultado no outro ou, para ser mais exato, num ‘outro coletivo’, confor-
me a expressão clássica de G.H. Mead (1982). (TARDIF, 2002, p. 120).

O ensino em Serviço Social poderia avançar muito na questão didático-pedagógica


se algumas atitudes fossem revistas. Não se trata de sair dispensando professo-
res, mas investindo na reflexão, de maneira que este enriquecesse sua prática
de ensino contribuindo para a efetiva formação dos futuros assistentes sociais.
[...] é fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de
educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos
deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais
escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo
que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em
comunhão com o professor formador (FREIRE, 1997, p. 35).

Quanto à questão didática, faz-se necessário citar que:


[...] a didática, assim como outros saberes da formação profissional dos
docentes, é uma tecnologia fortemente implicada na produção de mo-
dos de ser e fazer-se professor, professora. A didática propõe uma ética
e uma ascética para os docentes, interpela os aprendizes do trabalho
docente com discursos e exercícios que confirmam o que Michel Fou-
cault denominou as tecnologias de si, ou o cuidado de si, uma condição

A Prática de Ensino
184 UNIDADE V

indispensável a quem se designa ou arvora ao cuidado e à educação dos


outros (GARCIA, 2009, p. 226).

Ainda temos as contribuições de Ghiraldelli Júnior (2007, on-line)2 acerca do


termo “didática” e “pedagogia”; observe:
A didática é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua
utilidade é imensa, pois sem ela nossos meios escolhidos poderiam,
simplesmente, não serem os melhores disponíveis para o que se ensina
e se aprende e, então, estaríamos fazendo da educação não a melhor
educação possível. Mas a didática depende da pedagogia. Ou seja, de-
pende da área onde os saberes são, em última instância, normas, regras,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
disposições, caminhos e/ou métodos. O termo “pedagogia”, tomado em
um sentido estrito, designa a norma em relação à educação. “Que é que
devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nos-
sa educação?” – esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente
pedagógica [...].

A prática docente pede cuidado, zelo e atenção, não somente com os alunos mas
sobretudo, com o professor viabilizador do processo de ensino-aprendizagem,
uma vez que não se pode negar que, na sociedade, o professor é o que torna capaz
a existência de todas as demais profissões, já discutido que a realização do tra-
balho pede conhecimentos que são viabilizados pela escola.
[...] a pedagogia e a didática são tecnologias humanas que implicam
trabalho ético dos indivíduos sobre si próprios. Propõem aos indivídu-
os um conjunto de regras facultativas que configuram certo estilo e cer-
ta forma de existência e um conjunto de exercícios que tomam como
objeto de fabricação a matéria e a alma humana enquanto sujeitos de
conduta moral. A pedagogia e a didática são formas de poder-saber,
discursos disciplinares que exercem formas de governo dos indivíduos
e das populações à medida que os transformam em sujeitos e assujeita-
dos de certo tipo (GARCIA, 2009, p. 228).

Dessa maneira, o autor ainda complementa:


As pedagogias tratam de conduzir e determinar a conduta dos indiví-
duos e dos grupos que são alvos de suas ações e programas. Exercem
uma força de governo da conduta humana que implica uma relação
de forças entre sujeitos ‘livres’ e uma relação de forças que tentam agir
sobre as possibilidades de ação dos outros e de si, sejam essas ações
eventuais, atuais, presentes ou futuras (GARCIA, 2009, p. 228).

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


185

Sabe-se que no processo de graduação em Serviço Social, essa preparação para


a docência, pouco ou quase nada é falado, dessa maneira, é que, como falamos
anteriormente, muitos se autodidatam, na medida em que vão exercendo a docên-
cia. Devemos problematizar o processo de ensino-aprendizagem no curso de
serviço social, unindo-se a outros profissionais que assumiram essa discussão.
Logo nos vem a ideia de que nessa discussão, o docente-assistente social deve
ter consigo, junto aos seus alunos que irá ensinar a ensinar, ou seja, promover a
discussão da formação/preparação dos novos profissionais para a ação docente.
Sem entender o que compreende os saberes docentes e o que caracteriza a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ação profissional do assistente social na docência, não é possível ter clareza das
competências que a prática de ensino pede. A docência em serviço social é tam-
bém um campo privativo de atuação profissional, garantido, ao assistente social,
na Lei que Regulamenta a Profissão de Assistente Social (Lei nº 8662/93):
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

[...]

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de gra-


duação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam co-
nhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular.

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de


Serviço Social.

VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço


Social, de graduação e pós-graduação (BRASIL, 1993, on-line)3.

A partir disso é que trazemos a fala de Libâneo, na qual ele afirma que o que se
espera de um professor é que este detenha um conhecimento sobre os conteúdos
trabalhados de sua matéria, domine as formas de transmiti-los, preocupando-se
ainda, em adotar procedimentos que garantam a participação e o envolvimento
dos alunos. “A prática de ensino precisa recuperar a perspectiva integradora do
saber fazer e do saber ser” (LIBÂNEO, 1994, p. 44-45).
Logo se faz necessário um entendimento claro acerca das teorias sociais que
estão presentes no serviço social, visando superar a visão tecnicista, pois apenas
trazer “casos” para a sala de aula não tem sentido se não estiver fundamentado

A Prática de Ensino
186 UNIDADE V

por uma teoria. O embasamento teórico é que imprime cientificidade e profis-


sionalismo ao serviço social e o docente deve ter claro e buscar trabalhar as suas
limitações e bloqueios com relação a essa questão. Para isso, você pode retomar
o conteúdo sobre as teorias sociais visto nas disciplinas anteriores, ok?
Quando há superação da prática pedagógica depositária, o docente tem
a clareza suficiente do processo (auto) avaliativo, resultante do seu trabalho.
Dessa forma, cabe ao assistente social ter clareza do que consiste a (auto) avalia-
ção. Como mensurar os resultados? Estabelecer coerência no processo, uma vez
que este se encontra no processo emancipatório de sua formação profissional,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
com vistas a compreender a realidade na qual está inserido e ainda atuar sobre
ela? Dessa maneira, o processo de avaliação não consiste em medir o quanto o
aluno aprendeu ou decorou, mas sim o quanto avançou no processo de estabe-
lecer relação e na capacidade de identificar e avaliar a realidade social, processo
de elaboração mental.
Para isso, trazemos a concepção de talento:
[...] talento é muito mais que conhecimento; para se manifestar depen-
de de outros fatores que precisam estar presentes no contexto organi-
zacional. [...] tem como componentes em seu interior as capacidades
(saber e saber fazer), o compromisso (querer fazer) e a ação (poder e
conseguir fazer). [...] pessoas talentosas são as que põe em prática suas
capacidades para obter resultados [...] (ALMEIDA, 2008, p. 17).

Sendo assim, junto a reflexão mais geral das funções da Universidade, soma-se
a do serviço social, de que muitos docentes ainda precisam romper com a ação
conservadora e isso acontece a partir do conhecimento acerca da prática peda-
gógica e entendimento acerca da educação, superando a ideia de que estamos
apenas para formar “especialistas”.
O avançar do conhecimento acerca da prática pedagógica no Serviço
Social é essencial para garantir a formação de profissionais com os valo-
res ético-políticos, competências metodológicas e habilidades operativas
que apontem à inclusão, à igualdade, à justiça e à cidadania. Essas com-
petências não se constroem somente a partir do ensino de conhecimen-
tos formais, mas especialmente a partir da vivência da construção de
saberes pelos alunos, viabilizada pela ênfase em processos pedagógicos
que os instrumentalizem para irem, ao longo da vida, reconstruindo seus
saberes de forma crítica e criativa e enfrentando os desafios, cada vez
mais complexos, que o mundo deles demanda (FAUSTINI, 2006, p. 623).

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


187

Assim, pode-se dizer que a prática docente no interior do:


[...] serviço social implica em um tipo de sistematização que vai além
do conhecimento de um tipo de metodologia e/ou conteúdos específi-
cos, mas que caminha no sentido de revelar um eixo ideológico deter-
minado (ANDRADE, [2016], on-line)4.

Considerado que a educação não possui como objetivo proporcionar a formação


de cidadãos dependentes e autômatos, compreendemos que muito se aproxima
da ideia de formação profissional do serviço social. Nesta unidade, contando
como objetivo abordar a questão da docência no serviço social, citaremos a
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seguir algumas características educativas que visam formar profissionais nesse


perfil autônomo, crítico, livre e competente:
1. Humanizante, ou seja, criadora de um homem novo.
2. Aberta às aspirações do homem atual, à justiça [...].
3. Personalizante, capaz de desenvolver as dimensões da solidariedade, subs-
tituindo o espírito de competição pela participação.
4. Pluralista e aberta a cultura dos povos.
5. Conscientizadora, capaz de fazer do educando um sujeito responsável e
agente do seu processo educativo.
6. Renovadora, inspirando a nova ordem social.
7. Crítica, que busca uma nova compreensão da sociedade e de ser humano.

8. Antecipadora, no sentido de ser capaz de antecipar a nova ordem social,a


ser construída, imprimindo seu sentido democrático e comunitário às
estruturas educacionais.
9. Dialogal, enquanto realiza um esforço permanente de conversão, pos-
sibilitando a participação entre educadores e educandos (BENINCÁ,
2004, p. 44).

O processo de formação docente, de uma forma geral, mas aqui em especial, o


assistente social–docente precisa acontecer a partir de uma problemática espe-
cificamente pedagógica (sem desconsiderar as especificidades do ensino em
serviço social), para que o profissional não seja mero executor de programas

A Prática de Ensino
188 UNIDADE V

previamente estabelecidos, simples divulgador de ideias formuladas por outras


pessoas, transmissor de conteúdos culturais ou repetidor de textos, livros, artigos
já lidos e trabalhados por seus docentes na graduação e pós-graduação. Assim,
algumas questões são relevantes citar para que se consiga um profissional pro-
positivo, criativo e dinâmico (sem falar competente, teoricamente falando).
O assistente social-docente deve desenvolver a capacidade de reconstruir
conhecimentos e processos pedagógicos que condizam com sua condição de
sujeito capaz de fazer história e não apenas sofrê-la, copiá-la ou recebê-la pronta
e acabada. Ainda ter a compreensão da dinâmica da realidade e de seus novos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
valores e paradigmas culturais, sociais e econômicos, consciente de que a neces-
sidade de atualização é permanente, pois a educação é um processo dinâmico.
O docente caracteriza-se pela defesa, difusão e cultivo de valores relativos ao
respeito à diversidade, responsabilidade social, bem como a justiça e ética pro-
fissional e social do assistente social e da pessoa humana.
Quando falamos da ação pedagógica do assistente social-docente, devemos
ressaltar que se deve contemplar a formação humanística que lhe possibilite
uma visão mais global da realidade educacional, política, econômica e cultural,
na qual está inserido e na qual a profissão também se insere. E, ainda, ter sólida
formação teórica, técnica e científica, sendo capaz de estabelecer articulação
entre teoria e prática, contribuindo para a (re)construção de saberes e conhe-
cimentos, permitindo que possa atuar em diversas funções sócio-educacionais,
tais como na docência, gestão, pesquisa, supervisão, entre outras. Dessa forma,
poderá estabelecer um diálogo permanente entre a área de conhecimento com
a qual está comprometido, a área educacional, que diz respeito a ação do assis-
tente social na docência, e a prática profissional do serviço social.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


189

Muito se fala em liderança, interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no


serviço social. Quando tratamos da docência essa discussão não se afasta, uma
vez que se desenvolvem atividades acadêmicas junto a outros cursos de gradu-
ação, instituições e, ainda, dentro da própria grade de formação profissional,
temos a presença de profissionais docentes com formação em outras áreas, tais
como: psicologia, sociologia, economia, direito etc.
O diálogo e ação integrada visam uma formação mais completa e alinhada
aos princípios e objetivos da formação profissional, além de acarretar um cres-
cimento com as discussões e troca de ideias entre as diversas áreas de formação,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pois todos que se envolvem com a docência no curso de serviço social estão cla-
ramente envolvidos com uma sociedade mais justa e igualitária, minimizando as
desigualdades, exclusão e miséria (pelo menos acredita-se nessa ideia).
Por fim, o docente deve ter a capacidade de desenvolver processos pedagó-
gicos, metodologias e materiais didático-pedagógicos adequados e coerentes,
dominando, inclusive, os processos e os meios tecnológicos de comunicação e
de informação no desenvolvimento de sua prática.

A Prática de Ensino
190 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A SALA DE AULA – ESPAÇO PRIVILEGIADO DA
PRÁTICA DOCENTE: A RELAÇÃO DOCENTE-DISCENTE

É no espaço da sala de aula que acontece a transformação, a interação e a relação


necessária ao processo de ensino, no qual o professor e aluno caminham juntos
e em um movimento dialético de ensinar-aprender e aprender-ensinar, dando
forma ao futuro assistente social.
Na Educação a distância (EAD), como funciona a sala de aula? O espaço
das aulas ao vivo, sala do café, fóruns, chats são os momentos de interação que
também funcionam como espaço chamado, tradicionalmente, como sala de aula.
E quando se trata das relações e do processo de ensino-aprendizagem, que,
em sua essência, constitui o estabelecimento das relações entre aluno-aluno e
aluno-professor, gosto de trazer presente a citação de Freire (2005, p. 78), que
bem relata a importância desse contato: “Ninguém educa ninguém, ninguém
se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Esta (a sala de aula) constitui-se no lócus da formação profissional, do tra-
balho do docente e da vida do acadêmico. Não é apenas um espaço onde se
transmite ou reproduz teorias e técnicas necessárias ao fazer profissional, não é
um ambiente de mero imediatismo.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


191

A “sala de aula” assim deve ser entendida por ambos os envolvidos, como
um espaço de criação, de inovação e construção de conhecimentos. Um espaço
de interação pedagógica seja ela EAD ou presencial. De acordo com Morais
(1996, p. 85-86), a sala de aula é:
[...] um local específico destinado a atividades específicas de ensino-
aprendizagem de saberes também específicos, em níveis de complexi-
dade diferenciados, por meio de metodologias apropriadas, e que só
tem sua peculiaridade assegurada na medida em que professores e alu-
nos garantem, nela a execução real destes objetivos aos quais se destina.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cabe ao docente oportunizar aos seus acadêmicos um espaço dinâmico, interativo


e agradável, um ambiente onde seja possível o movimento de diálogo verdadei-
ramente democrático. Deve ocorrer a interação dialógica, pois, no ambiente de
sala de aula, entre todos os acontecimentos, ocorre inevitavelmente os víncu-
los afetivos, pois não se lida com máquinas ou seres frios, cada acadêmico traz
consigo sua história de vida, suas experiências, seus temperamento e sua perso-
nalidade. Os vínculos que se estabelecem entre os acadêmicos e entre estes e o
docente não se pode negar ou passar por cima, pois, de acordo com Vasconcellos
(1999, p. 60, grifos do autor):
É preciso uma ‘temperatura afetiva’, uma espécie de ‘catalisador do
processo de construção do conhecimento’, ‘aquecer’ a relação pata que
possa ocorrer mais interação: disposição de energias físicas e psíquicas
para o ato de conhecer. O sujeito só aprende dentro de um vínculo afetivo.

Uma vez que não somos dotados apenas de razão, somo seres afetivos e neces-
sitamos da interação com outros seres humanos,;nesse processo de interação se
dá a beleza da vida humana. Isso implica em abrir espaço para que o aluno possa
se expressar. A partir do momento em que se dá espaço e se estabelece um vín-
culo de confiança, o processo educativo se firma, garantido, também, as reflexões
necessárias, as construções e reconstruções cabíveis e de cada indivíduo, sabendo
que cada um avança dentro do seu tempo de amadurecimento intelectual.

A Sala de Aula – Espaço Privilegiado da Prática Docente: A Relação Docente-Discente


192 UNIDADE V

O processo de escuta se faz necessário, bem como a sensibilidade do docente


para que consiga sintonizar com seus alunos o melhor caminho a ser trilhado e a
escuta não é um exercício fácil e corriqueiro, exige atenção e cuidado. Logo, vale
citar que “[...] o cuidado é imanente à pedagogia: o ensinar e o aprender envolve o
cuidado dos outros e de si. A autoridade de quem ensina assenta-se em dupla obri-
gação: o governo da conduta alheia exige o governo de si” (GARCIA, 2009, p. 228).
Faustini (2006, p. 625) diz que:
O docente deve instigar o discente a pensar, valorizando, dando espa-
ço para debates e ouvindo diferentes pontos de vista, fazendo da sala

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de aula um espaço democrático, onde a horizontalidade deve persistir.
Junto disso os alunos sentem a necessidade que o professor demonstre
o acolhimento também por meio do olhar ou de um simples gesto ou
palavras. [...] A adequação de linguagem é ponto muito específico para
um diálogo emancipado em que todos tenham a oportunidade de re-
fletir sobre suas hipóteses e se deixar inquietar pelas hipóteses do outro.

Não podemos conceber o espaço da sala de aula como uma caixa fechada, onde
o que aprende e o que se ensina não possui conexão com a prática profissional,
para que não venhamos a ver reproduzido, na fala de nossos alunos, após con-
clusão da graduação o que muitas vezes ouvimos: “a teoria é uma coisa; a prática
é outra; completamente diferente”, isso demonstra, muitas vezes, a falta da esti-
mulação da reflexão, síntese e entendimento acerca das teorias e conhecimentos
trabalhados ao longo da graduação. Reflete, ainda, a concepção de que o aluno
compreendeu que aplicamos a teoria na prática, quando, na verdade, não se
aplica, se experencia; a teoria fundamenta a prática e a prática auxilia na refor-
mulação de novas teorias.
Esse processo de entendimento deve ser bem fomentado pelo docente, pois
a técnica e utilização dos instrumentos na prática profissional são de fácil enten-
dimento e operacionalização. O ponto crucial que trazemos é que, para aplicar
as técnicas e instrumentos na prática profissional, não exigem o processo de
formação de graduação; consiste aí o fazer leigo, pois sabemos que a técnica é
inerente ao trabalho, então se encontra justamente a real necessidade de se atri-
buir o conhecimento teórico-metodológico da profissão.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


193

Por isso é que o docente deve estar atento às assimilações do acadêmico,


oportunizando a fala, verbalizando o que foi internalizado a partir das aulas, das
leituras e dos exercícios. É importante que possamos trabalhar com os limites
para poder visualizar possibilidades de superar as dificuldades vividas no ensi-
nar e aprender no Serviço Social.
Percebe-se que o professor e o aluno têm papéis distintos no processo
formativo: cabe ao professor auxiliar no despertar o int eresse do aluno
para a tarefa, e cabe ao aluno buscar se vincular às dinâmicas e estraté-
gias propostas para a aprendizagem (FAUSTINI, 2006, p. 628).
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A ação pedagógica na sala de aula exige um desacomodar-se do docente e não


consiste em uma imitação de um modelo de docente que teve em seu processo
de formação. O espaço da sala de aula muda constantemente, pois, a cada grupo
de alunos que passa, muda-se também o perfil subjetivo e intelectual dos mes-
mos. Não posso formatá-los ou manter a concepção de que eles estão lá por
opção e que devem “se virar” para entender o que está sendo dito pelo docente.
Isso implica em oportunizar a problematização das questões propostas e traba-
lhadas. Inseri-las no mundo real.
Formar profissionais, numa perspectiva crítica, pressupõe ‘desacomodar’
e propor. Implica proporcionar ‘sucessivas aproximações’, ir se aproxi-
mando da totalidade social em suas dimensões de universalidade, parti-
cularidade, singularidade. Assim, é fundamental no movimento de pro-
blematizar o real buscar a essência, superar sua aparência, se desejarmos
formar profissionais comprometidos com valores e princípios do Código
de Ética dos Assistentes Sociais (FAUSTINI, 2006, p. 630, grifos do autor).

No espaço da universidade é que se mani-


festam todas as expectativas, bem como as
necessidades não somente dos acadêmi-
cos que almejam a formação profissional,
mas também dos docentes que trabalham
junto ao projeto de formação profissional
de serviço social. Logo, esse último atua na
mediação dessas expectativas e o projeto.

A Sala de Aula – Espaço Privilegiado da Prática Docente: A Relação Docente-Discente


194 UNIDADE V

RELAÇÃO DOCENTE-DISCENTE

Quando nos propomos a refletir acerca do ensino em serviço social, o seu pro-
cesso de formação, temos que contemplar seus diversos elementos e não deixar
de abordar os principais envolvidos: docente e discente. Pensar o contexto social,
econômico e político em que as relações entre as partes acontece, as influências
que exercem e que recebem.
Início essa nossa reflexão nesse pronto, citando Gaiarsa, pois o docente deve
ter claro que a educação constitui-se numa permanente mudança, do outro e de si:

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A mudança do outro me desorienta. Sua mudança compromete nosso
relacionamento atual. Eu não posso mais fazer com ele como sempre
fiz. Sua mudança me obriga a mudar. Um pouco antes, as coisas esta-
vam todas ‘nos seus lugares’, e eu podia caminhar sonambulicamente
de uma parte para a outra, sem prestar atenção. Agora que ele mudou,
tudo fica incerto (GAIARSA, 1976, p. 99).

Para Freire (1980), a responsabilidade social e política da ação educativa é a par-


ticipação dos educandos, por meio de sua práxis, na realidade histórica. Trazendo
a concepção de Kisnerman (1976, p. 56) acerca de que educação: “[...] é um pro-
cesso histórico-social, ao qual o homem toma
posse junto a outros homens da realidade
em que vive. Realidade, que historicamente,
outros homens construíram antes dele e, ao
mesmo tempo, ele a constrói”.
A relação entre o professor e o aluno não
é estática e imediata, não está e nem pode
estar distante da realidade; ao professor cabe
oportunizar esse encontro, para que o aluno
se encontre enquanto ser humano, cidadão
e futuro profissional, e bem como o docente
consiga estabelecer sua prática educativa
com clareza, proporcionando um processo
de ensino como coresponsável pela forma-
ção do futuro assistente social.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


195

Tornamos a expor que essa relação não deve se pautar na maioridade e supe-
rioridade docente sobre o acadêmico, caracterizando uma relação vertical, e sim
ao contrário, construir uma relação pautada na horizontalidade.
Quando a prática didática não permite essa relação de horizontalida-
de entre educador e educando [...] quando o discurso é unilateral [...]
quando o conhecimento é simplesmente transmitido sem discussão e
reflexão [...] e quando é dissociada das questões mais amplas presentes
no contexto social, essa relação se torna estéril, os integrantes não são
mais pessoas que aprendem conjuntamente, mas, “professores e alu-
nos”, em que o primeiro é o “dono” do saber e o segundo é o “receptor”
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desse saber promulgado pela ementa da Disciplina “X”. São “coisifica-


dos” sob a forma do “eles” e, provavelmente se instaura uma participa-
ção inautêntica do tipo autoritário, surgindo a relação de poder na qual
o conhecimento do professor é dogmatizado. Há de se ressaltar que ao
professor cabe sim o papel de dirigente e coordenador do processo de
ensino, garantindo as condições mínimas para a sua condução. Mas
isso não significa uma postura autoritária e dogmática enquanto deten-
tor único do saber (COSTA, [2016], on-line)5.

Fica claro que, a partir do exposto acima, a postura do docente não deve ser ade
detentor do saber, muito menos autoritária e dogmática. A relação que se estabe-
lece entre o docente e discente pode se dar de forma limitadora ou facilitadora,
como apontam diversos autores.
Ao analisarmos a história do serviço social em busca de uma formação vise
formar profissionais críticos e aptos a intervir na realidade. Vemos um grande
avanço e dizemos que, atualmente, há uma estruturação sólida nesse sentido,
claro, em permanente análise e discussão pela categoria.
A profissão de Serviço Social é constituída como um instrumento de escla-
recimento e conscientização sobre os direitos, os serviços, os benefícios da
instituição e forma de acesso a ela. O Serviço Social está situado entre a demanda
institucional (e a sua incapacidade em resolver as problemáticas dos indivíduos)
e diante da revolta e inconformismo da população.
A prática profissional torna-se cada vez mais complexa e não pode mais
ser reduzida ingenuamente a entrevistas, reuniões e visitas ou a um
militantismo partidário e sectário. Ele se torna um saber estratégico.
Ela se torna um saber tático. Um saber que precisa situar-esse em um
contexto político global e num contexto institucional particular visua-
lizando as relações de poder (NICOLAU, 2004, p. 85).

Relação Docente-Discente
196 UNIDADE V

O relacionamento que o futuro assistente social estabelecerá em sua vida pro-


fissional dependerá, em certo grau, do relacionamento que estabeleceu, aprendeu
e vivenciou em seu processo formativo.
Essa formação profissional ocorrerá se propiciar ao aluno, além dos funda-
mentos teóricos, metodológicos, ideológicos e filosóficos da profissão, a vivência
de um relacionamento autêntico entre colegas e professores, no qual há o reco-
nhecimento mútuo de que são sujeitos que se relacionam contemporaneamente
e que devem ser respeitados e valorizados em suas expectativas, idéias, valores e
concepções (COSTA, [2016], on-line)5.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O processo de ensino-aprendizagem dar-se-á a partir da relação pessoal,
pedagógica e inter-pessoal estabelecida, uma vez que as partes envolvidas pos-
suem objetivos comuns, uns estão com sede de aprendizado e outros dispostos
a contribuir com essa aprendizagem. Já citamos, anteriormente, Paulo Freire,
onde este aponta que não existe “docência sem discência”.
Se estiverem numa relação intersubjetiva, serão capazes de expor, discu-
tir e refletir as questões problematizadoras. Definindo objetivos serão capazes
de planejar e executar ações para o alcance dos mesmos. Vivenciando esse pro-
cesso educativo, o futuro assistente social irá se capacitar para instaurar uma
relação profissional intersubjetiva com a população, grupo ou pessoa com as
quais trabalhará. Pois quando o assistente social, na sua atividade profissional,
considera as pessoas tão somente pelas “funções” que exercem, pelo segmento
que participam, pelo serviço que buscam sem personalizá-las, sem singularizá-
-las, automaticamente, as “coisifica”, instaurando uma relação anônima, em que
o “eles” é a expressão máxima de referência (COSTA, [2016], on-line)5.
Tal compreensão demonstra a coerência do processo formativo, de acordo
com objetivos de formação profissional, previsto nas diretrizes curriculares da
profissão de serviço social. Essa prática comprometida por parte do decente
demonstra segurança, confiança e responsabilidade em sua ação. E essa ação
necessita de constante autorreflexão e autoquestionamento, pois os acadêmi-
cos enviam sinais de como as relações estão se desenvolvendo, cabe ao docente
a sensibilidade de entender tais sinais quanto a sua didática (sinais de insatis-
fação, falta de clareza quanto ao conteúdo e atividades propostas e, até mesmo,
quanto ao seu futuro profissional).

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


197

A relação estabelecida entre o professor e o acadêmico implica na autenti-


cidade das ações, do processo estabelecido, com vistas a motivar e propiciar um
ambiente sadio, participativo e agradável para a aprendizagem. É necessário reco-
nhecer o educando enquanto pessoa humana, inserido em uma realidade muito
mais ampla do que a sala de aula.
Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-apren-
der participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica,
gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve se achar
de mãos dadas com a decência e com a serenidade (FREIRE, 1997, p. 25).
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A autenticidade na relação professor-aluno nos diz que o professor não vê seu


aluno como mera mercadoria a ser produzida para o mercado capitalista, sina-
lizando compromisso com suas ações e tendo como resposta o compromisso de
seus alunos, pois o processo de ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla,
pois revela respeito aos saberes trazidos pelos alunos para dentro da sala de aula.
Chegando ao final desta unidade e já que você encerrou e cumpriu esta
proposta, espero que, realmente, você tenha sido capaz de relacionar as ideias
apresentadas, levantado questões, perguntando, questionando, partilhando e
conhecendo cada vez mais.
Conhecimento que envolve o autoconhecimento, que tenha sido possível
compreender os diversos momentos e áreas que envolvem a profissão.
Para encerrarmos esta unidade, proponho a leitura deste trecho da obra de
Paulo Freire; creio dispensar demais comentários, após a leitura feita acerca da
docência em Serviço Social:
Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liber-
dade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da
democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a
favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra
a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou pro-
fessor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração:
a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima
apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e
imobiliza. [...] Assim como não posso ser professor sem me achar ca-
pacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina
não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro en-
sino daqueles conteúdos. [...] Tão importante quanto [...], o ensino dos
conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensina-los. É a decência com

Relação Docente-Discente
198 UNIDADE V

que o faço. É a preparação científica revelada sem arrogância, pelo con-


trário, com humildade. É o respeito jamais negado ao educando, a seu
saber de experiência feito que busco superar com ele. Tão importante
quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência entre o que digo, o
que escrevo e o que faço (FREIRE, 1997, p. 113).

Espero, sinceramente, que toda essa explanação tenha contribuído para sua
formação e a compreensão da complexidade que a profissão de serviço social
apresenta. Seja muito bem-vindo(a) nesta maravilhosa profissão!

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DOCÊNCIA – O ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL


199

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), esta unidade desenvolveu uma nova proposta na graduação,


uma vez que pouco se discute a docência em serviço social nessa etapa da for-
mação e pouco se esclarece a função do assistente social enquanto professor.
Vimos muitos elementos novos que contribuíram para a expansão do seu
conhecimento. E você faz parte, também dessa construção, faz parte da histó-
ria da nossa profissão.
Vimos a responsabilidade do processo de formação de profissionais e de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

como a capacitação permanente se faz necessária, pois ensinar transcende a ideia


de que formar bons profissionais consiste apenas em transferir conhecimento.
O docente comprometido tem a clareza de que o processo formativo exige pes-
quisa, respeito as experiências e autonomia dos alunos, ética, aceitação do novo,
exige promover e exercitar a reflexão crítica, bom senso, tolerância e humildade.
Foi possível, ao longo da unidade, que a convicção de que a mudança é pos-
sível e absolutamente necessária e que mudar não significa não ter personalidade
e sim maturidade. A relação do serviço social com a docência perpassa pela con-
fiança, curiosidade em descobrir e apreender a relidade em constante transformação.
Tanto o professor quanto o aluno precisam desenvolver uma escuta atenta,
diálogo aberto e isento de julgamentos e o comprometimento com a escolha de
ambas as partes possibilitam a tomada consciente e segura das decisões.
Agora é com você! Nesta caminhada que se inicia, almejamos que consiga
estabelecer relações éticas, maduras e de qualidade.
Encerrando essa etapa do processo formativo, você se juntará a tantos outros
assistentes sociais que acreditam e que lutam pela profissão, pela sociedade e
pela vida. Conto com você e acredito no seu potencial, com certeza você é capaz!

Considerações Finais
200

1. Sobre a ação docente, o ser educador, analise as sentenças a seguir, assinalando


a alternativa correta.
a. O educador é aquele que media o processo de ensino-aprendizagem.
b. O docente tem um nobre papel, que é o de formar profissionais capazes de
coexistir em meio aos desafios do sistema sócio-econômico-institucional.
c. O docente deve ser um desafiador da doutrina dominante, porém, ético.
d. O docente deve ser um motivador e ter a capacidade de estimular e contagiar
os acadêmicos a quererem mais e mais conhecimento, apaixonando-se cada
vez mais, pelo estudo e a profissão.
e. Todas as alternativas acima estão corretas.

2. A partir da leitura desta unidade, analise as afirmativas a seguir, assinalando


(V) para verdadeiro e (F) para aquelas que forem falsas.
( )Todo ato educativo é essencialmente político [...] todas as vezes que questio-
namos a educação, questionamos as formas de consciência, e todo aquele que
vai para uma universidade, espera que ela forneça um saber que lhe permita
fazer política, isso é, assumir um compromisso com a sociedade.
( )A prática de ensino de uma maneira geral, não somente no serviço social fala
da prática educativa que contemple e entenda como protagonistas o docente e
o discente, de maneira articulada e integrada, na qual um não sobrepõe o papel
do outro, mas existam e interajam organicamente.
( )A formação exige do docente a essencialidade de um ensino integrado vol-
tado aos valores éticos, filosóficos, políticos, teóricos e metodológicos, contem-
plados nas diretrizes curriculares do curso de serviço social, definidos pelas Di-
retrizes Curriculares do Curso de Serviço Social.
a. F-F-V.
b. V-V-V.
c. V-V-F.
d. V-F-F.
e. F-V-F.
201

3. A prática de ensino pauta-se em uma relação importante e fundamental. Iden-


tifique, nas sentenças a seguir, qual delas apresenta a condição primeira para a
existência da prática educativa.
a. A condição primeira para a existência da prática educativa é a relação profes-
sor-aluno.
b. A condição primeira para a existência da prática educativa é saber que o su-
cesso do aprendizado depende única e exclusivamente do professor.
c. A condição primeira para a existência da prática educativa é saber que o su-
cesso do aprendizado depende única e exclusivamente do acadêmico.
d. A condição primeira para a existência da prática educativa é a relação hierár-
quica e tradicional, sem muito espaço para o diálogo.
e. A condição primeira para a existência da prática educativa é a relação profes-
sor-professor-coordenação.

4. Quanto aos conceitos de pedagogia e didática, é correto afirmar.


I. A pedagogia é o conjunto de meios empregados pelo professor para atingir
seus objetivos no âmbito das interações educativas com os alunos.
II. A pedagogia é a “tecnologia” utilizada pelos professores em relação ao seu
objeto de trabalho (os alunos) no processo de trabalho cotidiano, para obter
um resultado (a socialização e a instrução).
III. A pedagogia corresponde, [...] à dimensão instrumental do ensino: ela é essa
prática concreta, essa prática que está sempre situada num ambiente de tra-
balho, que consiste em coordenar diferentes meios para produzir resultados
educativos.
IV. Didática, assim como outros saberes da formação profissional dos docentes, é
uma tecnologia fortemente implicada na produção de modos de ser e se fazer
professor, professora.
V. A didática propõe uma ética e uma ascética para os docentes, interpela os
aprendizes do trabalho docente com discursos e exercícios que confirmam o
que Michel Foucault denominou as tecnologias de si ou o cuidado de si, uma
condição indispensável a quem se designa ou arvora ao cuidado e educação
dos outros.
VI. A didática não depende da pedagogia, ou seja, não depende da área onde os
saberes são e estão.
202

VII. A didática é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua utilidade


é imensa, pois, sem ela, nossos meios escolhidos poderiam, simplesmente,
não ser os melhores disponíveis para o que se ensina e se aprende e, então,
estaríamos fazendo da educação não a melhor possível.
a. Todas as afirmativas estão corretas.
b. Estão corretas somente as afirmativas II e III
c. Estão corretas somentes as afirmativas I, II, II e VII
d. Estão corretas somente as afirmativas I, II, III, IV, V e VII
e. Estão corretas as afirmativas III, IV, V e VI.

5. A Lei que Regulamenta a Profissão de Assistente Social (Lei nº 8662/93) apresen-


ta, em seu artigo 5º, as atribuições privativas do Assistente Social. Quais são as
atribuições relativas a prática da docência (magistério)?
203

[...]
2. A RELAÇÃO EDUCADOR-EDUCANDO ENQUANTO FACILITADORA OU
LIMITADORA  AO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SO-
CIAL
Essas breves reflexões sobre a maneira como a formação profissional  se relaciona com
a questão educacional e com a realidade social, e da importância da relação educador-
-educando nesse contexto, nos desafiam a pensar no processo de formação profissional
do assistente social.
As Escolas de Serviço Social têm se preocupado, primordialmente, em formar profis-
sionais que saibam atuar de forma coerente com as necessidades concretas da realida-
de estrutural e conjuntural, sabendo acompanhar as mudanças, renovar-se e atender,
em seu âmbito de ação, as demandas que se fizerem presentes. Em função disto estão
constantemente discutindo suas disciplinas, promovendo encontros e convenções, re-
formulando currículos. É a busca de uma contextualização histórica, social, política e
ideológica do ensino da profissão visando capacitar o educando para uma ação profis-
sional comprometida com as classes populares, reconhecidas enquanto sujeitos do seu
processo histórico.
Nesse sentido, muito tem se discutido e refletido sobre a necessidade fundamental do
assistente social estar capacitado para estabelecer um relacionamento profissional com
as demandas que se apresentarem levando-as a participarem autenticamente do alcan-
ce dos seus objetivos e do projeto transformador da sociedade, no exercício pleno da
cidadania.
Mas, acontece que é frequente o fato do assistente social não saber instaurar e desen-
volver um relacionamento intersubjetivo (entre sujeitos) com a população com a qual
trabalha. Não o sabe por que, em muitos casos, não o aprendeu. A convivência na so-
ciedade, na família, na escola não propiciou esse aprendizado. Como o assistente social
vai facilitar esse processo de conscientização e participação das pessoas na discussão,
reflexão e solução das problemáticas presentes, se ele mesmo não o vivenciou?
Portanto, a proposta de uma educação libertadora torna-se a mais coerente para o al-
cance dos objetivos da formação profissional do assistente social. O relacionamento in-
tersubjetivo necessita ser vivido concretamente durante todo o processo educativo, a
partir da relação educador-educando.
Esta formação profissional ocorrerá se propiciar ao aluno, além dos fundamentos teó-
ricos, metodológicos, ideológicos e filosóficos da profissão, a vivência de um relaciona-
mento autêntico entre colegas e professores, no qual há o reconhecimento mútuo de
que são sujeitos que se relacionam contemporaneamente e que devem ser respeitados
e valorizados em suas expectativas, idéias, valores e concepções.
204

Quando há o reconhecimento mútuo entre sujeitos que se relacionam em um dado con-


texto que, no caso, é o ensino do Serviço Social, e com finalidade definida (a formação
profissional), a postura de educador e educados estará voltada para a busca comum do
“saber”, na qual não há “donos do saber” e nem “ignorantes absolutos”, mas pessoas em
“busca de conhecimento”.
O posicionamento do educador se dará a partir da convicção de que a relação pedagó-
gica interpessoal e intersubjetiva constitui-se no meio mais eficaz para a efetivação do
processo de ensino-aprendizagem, estando preocupado em dinamizá-la. Por sua vez,
os educandos necessitam corresponder a tal postura não esperando passivamente do
professor “receitas sociais” prontas para atuarem na realidade.
Nesse sentido, a forma pela qual a prática didático-pedagógica é conduzida durante o
processo de formação profissional do assistente social, tanto no âmbito das disciplinas
teóricas como práticas, é de vital importância. A participação dos educandos é funda-
mental desde a formulação dos objetivos do ensino, que necessitam ser baseados nas
expectativas e necessidades expostas pelos mesmos, e não apenas nas ementas das
disciplinas.
Se estiverem numa relação intersubjetiva, serão capazes de expor, discutir e refletir as
questões problematizadoras. Definindo objetivos serão capazes de planejar e executar
ações para o alcance dos mesmos. Vivenciando esse processo educativo, o futuro as-
sistente social irá se capacitando para instaurar uma relação profissional intersubjetiva
com a população, grupo ou pessoa com as quais trabalhará. Pois, quando o assistente
social, na sua atividade profissional, considera as pessoas tão somente pelas “funções”
que exercem, pelo segmento que participam, pelo serviço que buscam [...] sem perso-
nalizá-las, sem singularizá-las, automaticamente as “coisifica”, instaurando uma relação
anônima, em que o “eles” é a expressão máxima de referência.
Portanto, quando o professor não se preocupa ou não consegue estabelecer com os
alunos uma relação direta, face-a-face, a ação educativa torna-se massificadora, sob a
forma do “eles”, em que o processo de formação profissional não passa pela motivação e
pela cooperação. O professor impõe a ementa, os objetivos e o tipo de avaliação. Trata-
-se de uma ação educativa que se dá pela coerção, não facilitando a realização pessoal,
social e profissional.
[...]
Fonte: Costa ([2016], on-line)⁵.
MATERIAL COMPLEMENTAR

A Magia do Atendimento: as 39 regras essenciais


para garantir serviços excepcionais
Lee Cockerell
Editora: Saraiva
Sinopse: misturando sabedoria e histórias
interessantes, Lee traz ao conhecimento do leitor
aquilo que aprendeu em mais de quarenta anos
atendendo clientes com eficiência e criatividade. O
autor mostra também que esses princípios simples
e profundos são eficazes tanto em corporações
multinacionais, como a Disney, como em pequenas
empresas, além de possuírem um valor inestimável em todos os níveis de uma
organização.

Leia o artigo: “Alienação no trabalho docente? O professor no centro da contradição”,


de Denise Vieira da Silva Lemos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
pesquisa/PesquisaObraForm.do>.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

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Social. Coleção Temas Sociais nº 145. Rio de Janeiro. CBCISS, 1984.
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RODRIGUES, N. Lições do príncipe e outras lições: o intelectual, a política, a educa-
ção. 11. ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1987.
SAVIANI, D. Escola e democracia. 29. ed. Campinas, SP. Autores Associados, 1995, 704p.
TARDIF, M. Saberes docentes e saberes e formação profissional. Petrópolis/RJ:
Vozes, 2002.
VASCONCELLOS, C. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. 06. ed. São
Paulo: Libertad, 1999.

REFERÊNCIAS ON-LINE

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Em: <http://www.cressrs.org.br/docs/Lei_de_Diretrizes_Curriculares.pdf>. Acesso
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2
Em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/pdaguira.htm>. Acesso em: 18
nov. 2016.
3
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8662.htm>. Acesso em: 18 nov. 2016.
4
Em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v2n2_ensino.htm>. Acesso em: 18
nov. 2016.
5
Em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n1_frosard.htm>. Acesso em: 18
nov. 2016.
GABARITO

1. E
2. B
3. A
4. D
5. Art. 5: constituem atribuições privativas do Assistente Social:
V- Assumir, no magistério de Serviço Social, tanto a nível de graduação como
pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e ad-
quiridos em curso de formação regular.
VI- Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social.
VII- Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de gradu-
ação e pós-graduação.
209
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), após uma longa caminhada, chegamos ao final de mais uma etapa,
uma sucessão de articulação e relações teórico-prática.
Você, com uma vivência em campo por meio do estágio, já é capaz de perceber que é
muito necessário compreender a profissão como relevante na sociedade contemporânea.
Uma profissão que possui um arcabouço teórico-prático de peso, capaz de provo-
car imensos impactos positivos na sociedade brasileira. Esperamos que você tenha
aproveitado cada capítulo, percebendo que a inovação constrói um novo fazer pro-
fissional, assumindo novos desafios, novas áreas de atuação e manutenção das áre-
as já ocupadas pelo Serviço Social.
Contamos com um aparato legal suficiente para dar embasamento ao nosso exer-
cício profissional; os conselhos atuam de forma a dar suporte e aparato para a per-
manência da presença profissional no espaço sócio ocupacional; precisamos nos
interar, conhecer e recorrer a eles sempe que preciso.
Abrir-se para o novo, encarar novos desafios e estar antenado sempre faz toda a
diferença. Ser um profissional disputado no mercado é o reconhecimento da sua
competência e desempenho profissional.
A organização e planejamento são elementos significativos, além da habilidade
de comunicação. Finalizando como bom assistente social e empreeendedor, não
esqueça de comemorar cada vitória ou sucesso, seja com sua equipe ou com seu
usuário. Enalteça o positivo, cada passo dado em direção a autonomia; o caminho
se faz caminhando e não estático.
E lembre-se sempre, todos os grandes mestres começaram na condição de aprendi-
zes (e nunca deixarão de sê-lo), todos nós tivemos e temos momentos de incertezas
e inseguranças, aprender a administrar isso e buscar suporte é o que nos faz cada
dia melhor! Um grande abraço e sucesso sempre!
Profª Esp.ª Daniela Sikorski
Profª Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Profª Esp.ª Valéria Cristina da Costa

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