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Ótica e Termodinâmica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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UNIFATECIE Unidade 1
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Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já
é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material
foram abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os
estudos do material de Física Termodinâmica, Óptica e Eletromagnetismo.
Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre diversos tópicos
os quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta da ementa é trazer
segurança em diversos ramos da física teórica para aqueles que optarem pela carreira
acadêmica, assim como para aqueles que atuaram diretamente no mercado de trabalho.
Na unidade I vamos nos dedicar exclusivamente a termodinâmica, ou seja, apren-
deremos as escalas termométricas, em seguida, os meios de transferência de calor e as
transições de fase. Depois, abordaremos a teoria dos gases ideias e juntas todos esses con-
ceitos para estudar a física termodinâmica das máquinas térmicas junto com seus postulados
teóricos. Finalizamos a unidade com o tópico de dilatação linear, superficial e volumétrica.
Já na unidade II estudaremos outro tópico, a óptica, iniciaremos com a diferença
entre fonte de luz e primária e secundária, bem como a formação de imagens em espelhos
planos e côncavos. Na sequência adentraremos a um fenômeno extremamente corriquei-
ro, a refração da luz e como uma onda eletromagnética pode mudar seu comportamento
migrando de um meio para outro com índice de refração diferente. Por fim, mas não menos
importante, encerramos a unidade com o estudo das lentes e suas várias classes.
Depois, na unidade III veremos outra vertente da física, a eletrostática, responsável
por explicar os efeitos causados por corpos carregados eletricamente em repouso e a ele-
trodinâmica, que analisa as causas e efeitos das cargas elétricas em movimento, incluindo
componentes eletrônicos, medidores elétricos, geradores e receptores elétricos.
Por fim, na última unidade, adentramos no eletromagnetismo e analisaremos como
é o campo magnético e as fontes de campo magnético, como as partículas imersas em
um campo magnético se comportam e os fios que conduzem corrente elétrica também.
Fechamos a unidade com a indução eletromagnética e a lei de Faraday.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Termodinâmica
UNIDADE II.................................................................................................... 78
Óptica
Plano de Estudo:
● Temperatura e Calor;
● Gases Ideais;
● Leis da Termodinâmica;
● Dilatação Térmica.
Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender a mensurar temperatura em diferentes escalar
e os processos de transferência de calor;
● Estudar os sistemas de gases ideais e as transformações termodinâmicas;
● Compreender a Lei Zero, Primeira Lei e a Segunda Lei da Termodinâmica, bem como
suas aplicações. Por fim, o fenômeno de dilatação e contração térmica.
3
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a), nesta primeira unidade vamos abordar todos os assuntos da
termodinâmica. Vamos começar aprendendo a manipular escalas termométricas e como
criar uma. Na sequência, iremos estudar os processos de transferência de calor. No segun-
do capítulo nosso foco será direcionado aos sistemas de gases ideais e como as variáveis
pressão, volume e temperatura afetam o cenário.
Posteriormente, no capitulo três, as leis que regem a termodinâmica e explicam o
funcionamento das máquinas térmicas, como por exemplo a máquina de Carnot. Por fim,
mas não menos importante, o fenômeno de dilatação e contração térmica.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.
Bons estudos!
UNIDADE I Termodinâmica 4
1. TEMPERATURA E CALOR
UNIDADE I Termodinâmica 5
Levando essa mesma situação para o mundo microscópico da matéria, vamos
supor que um recipiente contém um determinado número de partículas já com uma certa
velocidade, como ilustra a figura 1.
Note agora que a fig. 2 ilustra o mesmo sistema, mas com uma temperatura maior
em relação ao seu estado da fig. 1. Veja então que dizer “a temperatura é maior”, remete ao
fato de que a energia de movimento (também chamada de energia cinética) é maior.
Agora vamos supor um sistema formado por um corpo quente, como uma panela
quente de arroz e, do lado, colocamos uma garrafa gelada de refrigerante. Com o tempo,
não será surpresa para ninguém que o arroz vai esfriar e o refrigerante esquentar, mas até
que ponto? Até entrarem em equilíbrio térmico, ou seja, atingirem a mesma temperatura
ambiente. Dessa forma, vamos definir equilíbrio térmico da seguinte forma:
Equilíbrio térmico é quando dois corpos ou mais possuem a mesma temperatura.
Agora que entendemos o que é temperatura, vamos aprender como medi-la, e o
instrumento mais conhecido para essa função é o termômetro. Alguma vez na vida você já
deve ter se deparado com um termômetro como esse da figura abaixo:
UNIDADE I Termodinâmica 6
Nesta imagem temos um reservatório de vidro (um bulbo) e, dentro dele, uma
pequena porção de mercúrio. Mas porque especificamente esse elemento? O mercúrio é
uma substância química com alto poder de dilatação, ou seja, com uma breve alteração de
temperatura ele aumenta de tamanho dentro do bulbo. Essa sensibilidade a mudança de
temperatura é o que faz esse sistema ser usado para medidas termométricas.
Diante disso, podemos entender que um mesmo material pode variar sua tempera-
tura, mas pode também alterar seus estados? Se você está lendo este livro significa que já
deve conhecer os três estados da matéria: sólido, líquido e gasoso. Porém, existem mais?
A resposta é sim, no entanto são raramente abordados no ensino médio pois exigem um
grau mais avançado de física quântica.
Mas, para saciar sua curiosidade, aqui vão alguns exemplos de outros estados:
Condensado de Bose-Einstein, quando a determinada massa gasosa atinge temperaturas
incrivelmente baixas; o plasma que por outro lado, é o estado que caracteriza a estrutura
molecular da matéria quando está a temperatura altíssimas; cristais líquidos, um estado
que a matéria possui características do estado líquido e sólido (como se fosse um estado
entre esses dois), entre outros.
No entanto, o foco do nosso estudo serão os pontos fixos fundamentais, que são dois:
1) Ponto de fusão: Essa transição é caracterizada pela transformação do estado sólido
para líquido. Como por exemplo, o ponto de fusão da água é de zero graus Celsius (0 o C).
2) Ponto de ebulição: Transição do estado líquido da matéria para o estado gasoso.
Um exemplo é o ponto de ebulição da água a temperatura do mar, correspondente a 100
graus Celsius (100 o C).
Vamos incluir esses pontos fundamentais em nosso termômetro, graduado na
escala Celsius.
UNIDADE I Termodinâmica 7
Atente-se que entre o ponto de fusão e ebulição existem divisões, no caso da escala
Celsius, são 100 “tracinhos”, isso ajuda na medida de temperatura.
UNIDADE I Termodinâmica 8
Na imagem temos uma temperatura qualquer TC e TF . Para fazer a relação de equi-
valência vamos seguir os seguintes passos: primeiro subtraia essa temperatura aleatória
da temperatura de fusão, em seguida, divida esse valor pela subtração do valor do ponto
de ebulição menos o valor do ponto de fusão.
Ex. 01
Durante uma viagem para os Estados Unidos, Carlos foi a uma amostra de carros
de La Vegas. Quando entrou em um dos carros, notou que a temperatura do ar condiciona-
do registrava 77 o F. Qual era o valor na escala Celsius?
Resposta:
Utilizando a equação de conversão:
Ex. 02
Um viajante vai para os Estados Unidos e descendo do aeroporto ele se depara
com uma escala termométrica marcando 104 o F. Sabendo que o dia estava bem quente, ele
fez uma conta para descobrir a temperatura em graus Celsius, qual foi o valor encontrado?
UNIDADE I Termodinâmica 9
Ex. 03
Em um artigo acadêmico, a pesquisadora Vanessa encontrou dados termométricos
registrados da escala Celsius: T1= 5 o C , T2= 10 o C e T3 = 15 o C. Contudo, para fazer a
simulação no computador, o software matemático só aceita valores na escala Fahrenheit.
Quais os valores de cada temperatura?
1) Temperatura T1:
2) Temperatura :
3) Temperatura :
UNIDADE I Termodinâmica 10
1.1.2 Escala Kelvin
Além da escala Celsius e Fahrenheit, há também uma terceira escala bem conhe-
cida na literatura e utilizada em alguns países, denominada escala Kelvin. O seu ponto de
fusão é dado por 237 K já o ponto de ebulição é dado por 373 K. Comparada com a escala
Celsius, temos:
Olhando a figura podemos ver uma outra marcação, o zero absoluto. O que isso
significa? Já pensou que possa existir uma temperatura mínima na natureza? Um valor que
é o marco zero, nunca nada será menor do que esse número? Esse é o zero absoluto. Con-
tudo, ainda o ser humano não encontrou ou foi capaz de encontrar e reproduzir um sistema
a esse nível de temperatura, um cenário em que as micro partículas ficam praticamente
sem energia de movimento. O ponto chave é que o zero absoluto é registrado na escala
Kelvin, e não na escala Celsius e Fahrenheit.
Ademais, observe que comparando com a escala Celsius, TC = 0℃ → TK = 273K e
TC=100℃ → TK = 373 K e , ou seja, para ambas as escalas são 100 unidades que estão entre
os pontos fixos fundamentais. Isso facilita as contas de conversão entre as escalas:
UNIDADE I Termodinâmica 11
Ou também:
TK = TC + 273
Vamos à alguns exemplos:
Ex. 04
Em uma revista científica, uma tabela que constava medidas termométricas no solo
marcava os valores T1 = 100 K e T2 = 300 K . Qual o valor desses valores em Celsius?
1) Temperatura T1:
2) Temperatura T1:
UNIDADE I Termodinâmica 12
Observação, para simplificar uma fração, obrigatoriamente devemos fazer em todas
pelo mesmo valor. A expressão que calculamos é a forma mais simplificada de relacionar as
três escalas termométricas. Vamos ver alguns exemplos numéricos:
Ex. 06
UNIDADE I Termodinâmica 13
Vamos fazer o procedimento padrão para encontrar uma expressão matemática
para a escala de conversão: Primeiro, escolha uma temperatura qualquer na escala X e
então subtraia da temperatura de fusão, depois faça a divisão da temperatura de ebulição
menos a de fusão:
Ex. 07
UNIDADE I Termodinâmica 14
Vamos fazer agora um exemplo em que não precisamos dos pontos fundamentais,
mas apenas uma comparação entre dois pontos correspondentes.
Ex. 08
Suponha que uma escala desconhecida M quando comparada com algumas medi-
das da escala Celsius tenha a seguinte correspondência: TC = 10℃ → TM = -2°M e também
TC = 40℃ → TM = 60°M. Qual a equação de conversão entre as duas escalas?
Resposta:
Fazemos o mesmo processo, mas colocamos que os extremos de cada uma das
escalas seja e para a escala Celsius e e para a escala desconhecida M. Escolhemos uma
temperatura qualquer de cada uma delas e realizamos o mesmo processo dos outros exemplos.
UNIDADE I Termodinâmica 15
Simplificando o denominador por 10:
Com essa relação, obtemos a variação nas três escalas termométricas mais conhe-
cidas. Caso seja uma escala aleatória, é só adotar o mesmo procedimento.
FAHRENHEIT E KELVIN
Ex. 09
Após um dia de chuva e frio, a temperatura local sofreu uma variação de 11℃ .
Quanto corresponde essa variação na escala Fahrenheit e Kelvin?
UNIDADE I Termodinâmica 16
Resolução:
Primeiro vamos fazer entre Celsius e Fahrenheit.
Note que a variação de Celsius e Kelvin sempre será a mesma, uma vez que o núme-
ro de unidades entre o ponto de fusão e ebulição é de 100 unidades em ambas as escalas.
Ex. 10
Enquanto Rodrigo dirigia um carro em uma rodovia dos Estados Unidos, o painel
do carro informa que a temperatura diminuiu 22o F em relação ao dia anterior. Qual foi a
variação em graus Celsius?
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 17
1.3 Calor
Até o momento aprendemos a calcular a temperatura de um corpo em diferentes
escalas. Contudo, mensurar apenas o valor da temperatura é apenas um lado da moeda.
O outro vem nos fenômenos que ocorrem quando dois ou mais corpos a diferentes tempe-
raturas interagem entre si.
Suponha que dois corpos, com diferentes temperaturas, sejam postos próximos
um ao outro, como por exemplo em um almoço é colocado uma garrafa de refrigerante
gelada do lado de uma panela quente de arroz sob a mesa. Admita que o sistema seja
isolado, ou seja, não há interação do meio externo sobre os corpos. Depois de um tempo,
observamos que a pena de arroz tende a “esfriar”, enquanto a garrafa de refrigerante tende
a “esquentar”. A pergunta certa é: Até que ponto a temperatura dos dois objetos vai parar
de variar? Por que ela está mudando? E quando que não se altera?
Para entendermos isso, precisamos inicialmente definir o conceito de calor:
Calor é a energia térmica em trânsito de um corpo para outro quando possuem
temperaturas diferentes.
O nome energia térmica refere-se a energia dada pela agitação das partículas que
compõem a substância e, obviamente, também depende do número de partículas.
Dessa forma, um corpo que tem uma energia térmica elevada, é aquele que tem
alta temperatura e quando colocado em contato com outro à uma temperatura menor, vai
transferir sua energia, isso nos leva a mais uma afirmação muito importante:
O calor sempre flui naturalmente do corpo de maior temperatura para o de menor
temperatura.
Próximo ao fim do curso, no tópico de máquinas térmicas, vamos ver o caso oposto,
quando um corpo de menor temperatura cede calor para o de maior temperatura. No entanto,
isso não é natural e só ocorre com a presença de um agente externo realizando trabalho.
Agora que entendemos que o calor é uma energia que flui de um corpo para outro
quando a temperatura é diferente, vamos responder outra questão: Até quando isso ocorre?
Para responder essa pergunta, vamos definir equilíbrio térmico.
Equilíbrio térmico é quando dois ou mais corpos atingem a mesma temperatura.
Ou seja, existe um ponto final para esse fluxo de calor e ele corresponde ao equi-
líbrio térmico. A garrafa de refrigerante recebe calor da panela até que ambos os corpos
estejam a mesma temperatura. Ademais, podemos pensar no oposto: Não há troca de calor
entre corpos a mesma temperatura.
O próximo passo é como medir a quantidade de calor. Vamos então a definição:
UNIDADE I Termodinâmica 18
Uma caloria (cal) é a quantidade de calor que 1 grama de água pura deve receber,
sob pressão normal, para que sua temperatura seja elevada de 14,5 o C para 15,5 o C.
Além disso, é comum em alguns casos o calor ser mensurado em Joules. Para
converter Joules para calorias, basta fazer:
1 cal = 4,186 J
1.4 Condução
Quando estamos na cozinha preparando um belo almoço e temos que mexer a
comida na panela com uma colher, sempre é aconselhável uma colher de pau ou silicone
e devemos evitar preparar alimentos bem quentes, como uma sopa, usando uma colher
de metal. Sabemos isso, pois a colher de metal esquenta com muita facilidade enquanto
as outras feitas de material isolante não. Outro exemplo que temos em nosso dia a dia é
quando estamos dentro de uma sala fechada a qual a parede do lado de fora recebe muita
radiação solar. Colocando a mão na parte de dentro, sentimos a parede quente, como se
tocássemos do lado de fora uma churrasqueira. Como é possível que o calor se propague
por dentro do material? Esse fenômeno é denominado condução.
A condução é um processo de transferência de calor em que a energia térmica
passa de partícula para partícula do meio ou material.
Em outras palavras, a condução se comporta como uma onda humana em um
estádio de futebol cheio. A onda vai se propagando e sendo transmitida. Já dentro de um
cabo de colher, a vibração das partículas é transmitida de uma ponta a outra. Quanto maior
a vibração dessas partículas, maior a temperatura. Portanto, podemos afirmar outro fato
importante sobre esse meio de propagação de calor:
A condução não ocorre no vácuo. Uma vez que para haver condução é necessário
um meio material.
Como no vácuo não existem partículas, não existe uma “conexão” entre elas e com
isso o calor não é transmitido. Agora que entendemos como é o processo de condução,
vamos aprender a calcular a quantidade de calor transmitida.
UNIDADE I Termodinâmica 19
FIGURA 8 - PROCESSO DE CONDUÇÃO
O fluxo de calor ao longo da barra é dado pela quantidade de calor que atravessa
a mesma em um determinado intervalo de tempo:
UNIDADE I Termodinâmica 20
Além disso, existe outra forma de calcularmos o fluxo de calor em termos das ca-
racterísticas do material, a qual vamos chamar de coeficiente de condutibilidade térmica k.
Matematicamente, essa lei é chamada de Lei de Fourier, dada por:
Ex. 11
Veja que como a constante k tem a medida de comprimento e área dada em centí-
metros, devemos passar o comprimento para centímetros também. Ou seja, l = 0,8 m = 80 cm .
1.5 Convecção
Em nosso dia a dia frequentamos vários ambientes com ar condicionado. Em outras
ocasiões, quando por exemplo, viajamos para uma cidade muito fria, alguns quartos de hotéis
possuem aquecedores. Recordando desses dois cenários, existe um motivo pelo qual o ar
condicionado deve estar próximo ao teto do ambiente e o aquecedor em baixo. A resposta é
pelo fato do ar gelado ser mais denso do que o ar quente e, por isso, ele tende a descer.
UNIDADE I Termodinâmica 21
FIGURA 10 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO EM UM AMBIENTE FECHADO
Por outro lado, o ar quente é menos denso que o ar gelado, logo tende a subir.
Caso fosse o oposto, se o ar condicionado fosse colocado em baixo, o ar gelado não teria
força para subir e se o aquecedor fosse colocado em cima, o ar quente não desceria. Dessa
forma, podemos entender esse processo da seguinte forma:
A convecção é o processo de transferência de calor em que a energia térmica muda
de local junto com o material deslocado devido a diferença de densidade.
Outro exemplo é quando ao mergulhar em uma piscina, passando bem próximo
ao fundo, a água é mais gelada em baixo do que na superfície da piscina. Ou também
em uma geladeira tradicional em que o freezer fica na parte superior, temos dentro da
geladeira algumas partições. Armazenamos os alimentos que precisam de temperaturas
baixas na primeira partição, pois ali o alimento gela mais rápido. Já verduras e vegetais são
geralmente depositados em um gavetão ou partição que fica em baixo, pois não recebe
diretamente o ar gelado.
UNIDADE I Termodinâmica 22
As prateleiras devem ser levemente vazadas ou espaçadas para permitir a passa-
gem de ar que circular no interior da geladeira. Isso pode ser notado quando a geladeira
está muito cheia evitando a rede de convecção de ar e os alimentos passam ter dificuldades
para serem refrigerados.
Veja que então, assim como a condução, a convecção necessita de um meio ma-
terial. Uma vez que se trata do movimento de material aquecido e refrigerado devido a
diferença de densidade, no vácuo não há matéria, logo, não há convecção.
1.6 Radiação
O terceiro processo de calor é proveniente da radiação eletromagnética. Imagine
uma fogueira acessa e que você esteja próximo a ela, de alguma forma o calor consegue
se propagar da chama até você. Isso ocorre pois o fogo libera ondas eletromagnéticas, ou
seja, é uma fonte luminosa. Como vamos ver nas próximas unidades em óptica e eletro-
magnetismo, uma onda eletromagnética é composta de um campo elétrico com um campo
magnético. Ou seja, uma onda de energia e, como tal, pode se propagar em meios materiais
ou mesmo no vácuo. Dessa forma, vamos definir esse processo de calor:
A radiação é o processo de propagação de calor em que é transmitido por ondas eletro-
magnéticas e, quando interage com a matéria, essa onda altera a energia térmica do material.
Podemos pensar em um exemplo muito simples, quando saímos no sol, sentimos
nossa pele esquentar. Veja que a luz do sol é uma onda eletromagnética que chega e
interage com nosso corpo, alterando a temperatura.
Além disso, como já mencionado, o único processo que pode ocorrer no vácuo é a
radiação, diferente da condução e convecção.
UNIDADE I Termodinâmica 23
1.7 Calor sensível
Quando um corpo, esteja ele no estado sólido, líquido ou na forma de vapor, e de-
sejamos variar sua temperatura é necessário uma determinada quantidade de calor cedida
à amostra ou retirada da mesma. Esse calor é denominado de calor sensível:
O calor sensível é o calor fornecido ou retirado de uma substância em que o intuito
é variar sua temperatura mas sem modificar seu estado físico.
Matematicamente é escrito na forma:
Q = m. c. ∆T
Ex. 12
Suponha que uma dada quantidade de água m = 300 g esteja a uma temperatura
inicial 5o C e é aquecida por uma fonte térmica até 40o C. Sabendo que o calor específico é
c = 1,0 cal/ g, qual a quantidade de calor utilizada nesse processo?
Resolução:
O calor sensível é dado por:
UNIDADE I Termodinâmica 24
Note que o prefixo K é lido como “quilo” e ele significa que tem três casas decimais
após o número 9.
Ex. 13
Uma quantidade de água igual à m =1,2 Kg é foi resfriada de 90o C para 15o C, dado
calor específico da água c = 1,0 cal/ g, qual foi a quantidade de calor retirada?
Resolução:
Veja que como vamos retirar calor da amostra líquida, então o resultado será nega-
tivo na expressão matemática. Caso fosse um calo cedido, como o exemplo anterior, então
essa quantidade de calor é positiva. Portanto:
UNIDADE I Termodinâmica 25
Para que essa situação seja reproduzida no cenário, mas ideal possível é neces-
sário um recipiente em que isole a mistura de dentro do meio externo, para que não tenha
perdas de calor inesperadas. Ademais, ele deve permitir a entrada de um termômetro para
registrar a variação de temperatura. Esse recipiente é chamado de calorímetro.
Ex. 14
Em um calorímetro ideal, são misturados 100 g de água a uma temperatura de 5o C com
400 g de água à uma temperatura de 20o C. Dado o calor específico da água c = 1,0 cal/ g, qual
a temperatura final de equilíbrio térmico?
Resolução:
A quantidade de calor total trocada que o corpo mais quente cede e que o corpo
mais frio recebe, deve ser igual a zero. Ou seja:
Ou seja:
Q1 + Q2 = 0
Em que Q1 é a quantidade de calor da massa de água de 100g e Q2 referente a
outra massa de água.
UNIDADE I Termodinâmica 26
Chamamos aqui de TF a temperatura final de equilíbrio do conjunto. Fazendo a distributiva:
Isolando a variável:
Ex. 15
Q1 + Q2 + Q3 = 0
Fazendo a distributiva:
Isolando o parâmetro TF :
UNIDADE I Termodinâmica 27
FIGURA 14 - ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
Ademais, como você já deve saber, para cada transição existe um nome:
Sólido → Líquido: Fusão
Líquido → Sólido: Solidificação
Líquido → Vapor: Vaporização
Vapor → Líquido: Condensação
É possível também que ocorra uma transformação do estado líquido para o vapor
e vice-versa, denominada sublimação.
Contudo, existe uma diferença siginificativa em dar uma quantidade de calor para
alterar a temperatura de um corpo, como foi o caso estudado do calor sensível e agora na
situação em que queremos modificar o estado físico.
Quando desejamos alterar apenas a temperatura, o calor cedido ou retirado só
tende a alterar o estado de vibração das partículas que constituem a substância e, como
sabemos, a temperatura é uma grandeza física que mede o estado de agregação das
partículas e um corpo. Logo o calor sensível só permite um aumento ou diminuição do
movimento das partículas, em outras palavras, na energia cinética das moléculas.
Por outro lado, quando desejamos modficar o estado da matéria, é necessário alte-
rar o seu perfil de agregação. Como já dito, o estado sólido é aquele em que as partículas na
rede cristalina estão bem amarradas. Portanto, para separá-las é necessário uma energia
quebrar uma energia potencial de ligação para chegar no estado líquido.
UNIDADE I Termodinâmica 28
Sendo assim, o calor latente será uma quantidade bem alta comparada ao calor
sensível na maioria dos casos. Além disso, durante a transição de fase a temperatura do
corpo não altera, apenas seu estado de agregação. Logo, matematicamente, a expressão
do calor sensível não depende da variação de temperatura, apenas da massa m do corpo
e do coeficiente de calor latente L, que é uma constante bem definida.
Q=m.L
Vamos ver alguns exemplos do cálculo da quantidade de calor para mudar o estado
físico da matéria.
Ex. 18
Quanto de calor necessita receber 250g de gelo a zero graus Celsius para se trans-
formar totalmente em água? Dado calor latente de fusão L = 80 cal/g.
Resolução:
Ex. 19
Qual a quantidade de calor necessária em Joules para transformar 400g de água a
100o C totalmente em vapor? Dado calor latente de vaporização L = 540 cal/g.
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 29
FIGURA 16 - TRANSIÇÃO DE FASE DO SÓLIDO PARA VAPOR
Não podemos diretamente transformar o gelo em vapor, para isso, devemos passar
por todas as etapas:
1) Aumentar a temperatura do gelo até o ponto de fusão (calor sensível);
2) Mudar o estado físico (calor latente);
3) Agora no estado líquido, devemos aquecer a água até o estado de ebulição
(calor sensível);
4) Ocorre a transição de fase de líquido para vapor (calor latente);
5) Por fim, quando a substância está no estado gasoso, elevamos a temperatura
até 120o C (calor sensível).
Matematicamente, para encontrar a quantidade de calor total, é preciso somar as
cinco quantidades de calor:
UNIDADE I Termodinâmica 30
FIGURA 17 - GRÁFICO DE TRANSIÇÃO DE FASE
Ex. 20
Quanto de calor necessitam receber 150 g de gelo para serem aquecidos de - 20o C
a 40o C. A pressão atmosférica é constante e normal, e são dados:
calor específico do gelo 0,50 cal / g °C;
calor latente de fusão do gelo 80 cal / g;
calor específico da água 1,0 cal / g °C.
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 31
Observando a figura, temos que o sistema inicialmente está no estado sólido. Por-
tanto, para chegar na configuração final de água a 40o C é preciso: i) diminuir a temperatura
do gelo; ii) fazer a transição de fase; iii) elevar a temperatura da água. Assim, devemos
somas o calor sensível do gelo, o calor latente de fusão e o calor sensível na água:
Ex. 21
Para transformar 300 g de gelo a –10° C em água a 60° C. Sabe-se que o calor
específico do gelo vale 0,50 cal / g °C e o da água, 1,0 cal / g °C e que o calor latente de fusão
do gelo vale 80 cal / g. Quanto calor, em quilocalorias, devemos fornecer a esse cubo de gelo?
Resolução:
QT = 43,5 Kcal
UNIDADE I Termodinâmica 32
Ex. 22
Uma quantidade de água de 500g inicialmente a 80° C sofre uma perda de calor
reduzindo a temperatura até o estado sólido a - 30℃. Qual a quantidade de calor retirado?
Atenção para alguns pontos, o calor latente de fusão do gelo é o mesmo de solidifi-
cação, porém com sinal oposto. Além disso, a temperatura final na variação da água é zero
e do gelo é -30, o que vai proporcionar um resultado negativo.
UNIDADE I Termodinâmica 33
A interpretação física para o resultado negativo é que como se trata de um sistema
no qual o calor está sendo retirado, é convencional adotar a quantidade de calor negativa.
Ex. 23
Em um calorímetro ideal, encontramos 100 g no estado sólido a - 20℃, sob pressão
normal. Calcule a quantidade de calor que esse sistema deve receber até que toda a água
se transforme totalmente em vapor.
Dados: calor específico da água 1,0 cal/g °C;
calor específico do gelo 0,50 cal/g °C;
calor latente de fusão do gelo 80 cal/g;
calor latente de vaporização da água 540 cal/g.
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 34
2. GASES IDEIAIS
Em diversas áreas das ciências exatas lidamos com problemas que envolvem
sistemas os quais a pressão, volume e temperatura são características essenciais. Tais
problemas, em muitos casos são formados por recipientes, gases e pistões, que não mais
é do que a tampa do reservatório.
Estudar o comportamento dos gases permitiu um avanço significativo na ciência,
para o desenvolvimento de máquinas térmicas e frigoríficas, além de motores à combustão
que podem realizar trabalho até caldeiras que fazem o trabalho pesado em indústrias.
Para dar início, iremos adotar um sistema teórico simples, em que as moléculas
do gás são perfeitamente esféricas, as quais não realização interações químicas. Esse
sistema será batizado de gás ideal.
Sempre que estudarmos um recipiente contendo um gás ideal devemos levar em
conta o número de partículas. No entanto, é impossível contar com exatidão todas as molé-
culas do sistema. Assim, iremos trabalhar com a grandeza mol. Um mol de uma substância
gasosa é definido pelo número de Avogadro:
A = 6,02.1023 moléculas/mol
Outro detalhe importante para começarmos esse novo tópico é que a escala termo-
métrica de referência para medidas de temperatura é o Kelvin. Lembrando que TK = TC + 273.
UNIDADE I Termodinâmica 35
Ademais, outro parâmetro fundamento para estudo de gases perfeitos é a pressão.
Para entender de forma simples, suponha que uma panela de pressão, no começo as
moléculas de água estão a uma temperatura ambiente. Porém com o tempo, devido ao
aumento de temperatura e o volume constante, as moléculas ganham mais calor da fonte
térmica externa, elevando a energia cinética das partículas de água. Com isso, o choque
de partículas n parede do recipiente cresce cada vez mais, quanto maior o choque de
partículas, maior a pressão exercida sobre as paredes da panela. Por tanto:
A pressão é uma grandeza física escalar, dada pelo módulo da força resultante
aplicada perpendicularmente à uma superfície divida pela área da superfície.
Na imagem temos um homem deitado em uma tábua a qual tem centenas de pregos
fixos. Como é possível que ele não se espete ou se machuque? A explicação é que a força
sobre a cama de pregos é o próprio peso da pessoa e esse peso está distribuído em uma
área grande de contato, o que faz com que a pressão seja bem pequena. Por outro lado,
se nessa cama só tivesse um único prego, no momento em que o homem deitasse, muito
provavelmente seria furado, pois todo seu peso (que é a força aplicada), seria depositada
em uma área muito pequena de contato.
UNIDADE I Termodinâmica 36
2.1 Equação de Clapeyron
A primeira equação característica de um gás ideal foi proposta pelo físico Benoît
Paul Émile Clapeyron, em que uma única expressão matemática conseguiu relacionar a
pressão de um sistema (P), o volume (V), o número de partículas (n), a constante universal
dos gases (R) e a temperatura (T), dada por:
PV=nRT
A constante universal dos gases é tabelada:
Na figura a cima, temos que a velocidade das partículas são iguais, ou seja, a
energia cinética delas não se altera, pois a temperatura é a mesma. Do ponto de vista da
equação de Clapeyron temos:
UNIDADE I Termodinâmica 37
Veja que o número de partículas não se altera, logo n é constante. A constante univer-
sal dos gases sempre é a mesma e nessa transformação a temperatura não se altera, então
o produto das três grandezas é constante, podendo ser reescrito por uma constante K1.
PV = K1
Ou seja:
UNIDADE I Termodinâmica 38
Nesse caso, colocamos do lado esquerdo da equação os parâmetros que variam,
no caso volume e temperatura, e no lado direito as constantes.
Portanto:
V = K2 T
Note que em uma transformação isobárica, o volume é diretamente proporcional a
temperatura e o que torna isso à uma igualdade é a constante . Além disso, como a razão
entre volume e temperatura é sempre a mesma ao longo da evolução do sistema, temos que:
Portanto:
P = K 3T
UNIDADE I Termodinâmica 39
FIGURA 23 - LEI DE CHARLES
Observe que nessa situação, o êmbolo (ou pistão, ou tampa) do recipiente não se
move, o que proporciona um volume constante. Dessa forma, podendo alterar a pressão e
temperatura, mantendo volume constante:
Suponha que uma dada quantidade de gás ideal esteja em um estado inicial ca-
racterizando os três parâmetros principais em que nenhum é constante: P1 ,V1 e T1 . Depois
de algumas transformações o mesmo sistema é dado por valores diferentes de pressão,
volume e temperatura: P2 ,V2 e T2.
Através da equação de Clapeyron temos os dois sistemas dados por:
Note que nas duas equações o lado direito é igual. Portanto, o lado esquerdo deve
ser igual também:
Essa análise pode ser feita quantas vezes for possível. Assim, quando qualquer um
desses três parâmetros é alterado, os outros dois também se modificam:
UNIDADE I Termodinâmica 40
FIGURA 24 - LEI GERAL DOS GASES
Essa relação entre antes e depois do sistema, é chamada de Lei Geral do Gases.
Vamos fazer alguns exemplos para entendermos na prática a aplicação dessas
transformações:
Ex. 01
Em uma transformação isotérmica, inicialmente sob pressão de 4,0 atm , passa de
5 litros para 20 litros. Determine a pressão final do gás.
Resolução:
Segundo a lei Geral dos Gases
Simplificando:
Substituindo os valores
UNIDADE I Termodinâmica 41
Ex. 02
Um recipiente contém um gás ideal com um volume de 300 litros a uma temperatura
de 10o C . Supondo que ocorra uma transformação isobárica, qual a temperatura final do gás
para que seu volume triplicar?
Resolução:
Segundo a lei Geral dos Gases
Simplificando:
Substituindo os valores:
O volume final V2 = 900 uma vez que o enunciado deixa claro que o mesmo é
triplicado. Logo:
Note que não foi necessário transformar a temperatura inicial para Kelvin para
depois encontrar em Celsius. Uma vez que temos que a escala de T1 e T2 são as mesmas,
esse processo pode ser pulado.
UNIDADE I Termodinâmica 42
Ex. 03
Um gás ideal confinado em um recipiente a uma pressão de 8 atm está a uma
temperatura de 400 K. Qual será a pressão do gás se o volume permanecer constante e a
temperatura for reduzida para 250 K ?
Resolução:
Simplificando:
Substituindo os valores:
Ex. 04
E um recipiente fechado um gás é armazenado, inicialmente os valores de volume,
pressão e temperatura são respectivamente dados por: V1 = 2L, P1 = 6 atm, e T1 = 50o C.
Supondo que uma força externa empurre o êmbolo para dentro do recipiente, compactando
o gás, reduzindo o mesmo em 60%. Qual a temperatura necessária para aquecer esse gás
para a pressão final ser P2 = 11 atm??
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 43
A redução de volume 0,6 .V1 = 0,6 .2 = 1,2. Logo, o valor do volume final V2 = 0,8 L. Assim:
Ex. 05
Qual a temperatura em Kelvin para que 3 mols de um gás perfeito armazenado
em um recipiente de volume igual a 10 L exerça uma pressão de 8 atm? Dada a constante
universal dos gases como R = 0,082 atm L/mol K.
Resolução:
Utilizando a equação de Clapeyron:
PV=nRT
Substituindo os valores:
Ex. 06
Suponha que uma quantidade de gás esteja armazenada em um recipiente de 10
L à uma temperatura de 30o C e, admitindo que esse gás exerça uma pressão de 3 atm nas
paredes do recipiente. Depois de um tempo, essa quantidade de gás é transferida para
outro reservatório, mas esse tem volume de 6 L e o gás passará a exercer uma pressão de
7 atm. Qual temperatura estará o gás no novo recipiente?
Resolução:
Utilizando a lei geral dos gases:
Veja que para realizar essa conta, primeiro devemos passar a temperatura para
Kelvin. TK = 30 + 273 = 303
UNIDADE I Termodinâmica 44
Ex. 07
Em um recipiente de 30 L são colocados 200 g de oxigênio, a uma temperatura de
37o C. Assumindo que o oxigênio nesse caso se comporte como um gás perfeito e que a
massa molar do oxigênio é de 32 g, qual o valor da pressão exercida por ele nas paredes
do recipiente? Dado: constante universal dos gases igual à .
Resolução:
Para determinar o número de mols, devemos calcular a relação entre massa molar
e massa de gás:
Ex. 08
O gás carbônico é uma composição de grande aplicação, dentre elas os extintores de
combate a incêndio. Suponha que em um extintor de 5 L, o gás contido em seu interior esteja
à uma pressão de 6 atm submetido a uma temperatura de 27o C, qual o número de partículas?
Resolução:
Segundo a equação de Clapeyron:
PV=nRT
Isolando a variável que buscamos, ou seja, o número de partículas:
UNIDADE I Termodinâmica 45
Ex. 09
Uma dada massa de gás perfeito em um estado inicial com os respectivos valores
de pressão, volume e temperatura: P1 = 2 atm, V1=3L e T1 = 27o C. Depois de sofrer algumas
transformações, o valor final de cada parâmetro é: P2 = 6 atm, V2= ? e T2 = 87o C. Qual o valor
do volume?
Resolução:
Usando a lei geral dos Gases
Veja que para realizar essa conta, primeiro devemos passar a temperatura para
Kelvin. TK = 27 + 273 = 300 e TK = 87 + 273 = 360
Ex. 10
Uma dada massa gasosa está inicialmente em um recipiente com pressão P, volu-
me V e temperatura T. Depois de sofrer algumas transformações, sua pressão diminui duas
vezes e seu volume triplica. Qual o valor da nova temperatura?
Resolução:
A partir do enunciado temos:
UNIDADE I Termodinâmica 46
2.5 Diagramas de mudança de fase e Equação de Van Der Waals
Até o momento, nosso objeto de estudo foi o modelo dos gases ideais. Contudo,
um dos fenômenos mais presentes na termodinâmica é a mudança de fase, ou seja, a mu-
dança do estado sólido para líquido e gasoso. Podemos entender como mudança de fase
como uma mudança descontínua nas propriedades de uma substância quando o ambiente
no qual está imersa se altera.
Aprendemos que quando um cubo de gelo a - 30 o C é aquecido até atingir - 5 o C,
ele permanece no mesmo estado, mas o estado de agitação das partículas que o compõe
se altera, fica mais agitado. Podemos dizer então que a energia cinética das partículas
aumentou e em física, o calor que altera essa energia é denominado calor sensível. Por
outro lado, ao transformar gelo em água líquida não há uma alteração de temperatura e
sim uma mudança da energia potencial de agregação das partículas. Em outras palavras,
a energia potencial de agregação de uma substância pura no estado sólido é muito maior
do que a mesma no estado líquido e que é maior do que tal substância no estado gasoso.
Quando temos uma quantidade de vapor de água e alteramos a temperatura am-
biente, é preciso levar em conta a interação entre as moléculas, uma vez que quando o va-
por condensa existe ali uma força de atração para aproximar as partículas. Esse fenômeno
de interação entre as partículas microscópicas não é explicado pelo modelo do gás ideal.
Antes de adentrarmos na reformulação da teoria dos gases ideais vamos primeiro aprender
como representar a mudança de fase em um diagrama.
Mais de uma variável afeta a mudança de fase, podemos notar isso quando ob-
servamos a água atingindo o estado gasoso a 100 o C a altura do nível do mar, na qual a
pressão é igual a 1 atm, bem como quando a água é aquecida no topo de uma montanha e
atinge a mudança de fase a uma temperatura menor do que 100 o C (isso acontece devido
a pressão ser menor em tal altitude). Logo podemos concluir que a pressão junto a tempe-
ratura são as duas variáveis intensivas que descrevem a mudança de fase de um sistema.
Uma maneira de representar as fases que uma substância pura pode assumir é através do
diagrama de fases. Esse gráfico mostra para cada par ordenado de pressão e temperatura,
o estado que a substância vai apresentar.
UNIDADE I Termodinâmica 47
FIGURA 25 – DIAGRAMAS DE FASE PARA A ÁGUA
Esse é o diagrama de fases da água. Cada curva são as fronteiras de fase. Nos
pontos indicados em preto indicam a coexistência de duas ou mais fases. Isso significa que
as fases estão em equilíbrio e a pressão desse ponto é chamada de pressão de vapor.
Podemos observar que na figura o ponto PT é o ponto triplo, ou seja, nesse ponto, a
dada temperatura e pressão, podemos encontrar a água nos três estados coexistindo paci-
ficamente. Note também que a fronteira entre líquido e gás termina em um ponto, chamado
de ponto crítico PC e a partir dai, as duas fases tornam-se indistinguíveis.
Em 1873 Van Der Waals propôs um modelo para o gás ideal no qual as moléculas
interagem entre si. Nesse caso, devemos considerar o volume ocupado pelas moléculas.
Ademais, deve ser incluso no modelo uma interação atrativa a curta distância, a qual é
representada através de uma energia potencial. Matematicamente a equação de Van Der
Waals é dada por:
UNIDADE I Termodinâmica 48
FIGURA 26 – ISOTERMAS DE VAN DER WAALS
UNIDADE I Termodinâmica 49
3. LEIS DA TERMODINÂMICA
UNIDADE I Termodinâmica 50
Vamos iniciar nosso estudo definindo três características fundamentais para com-
preender um sistema termodinâmico
A energia interna de um gás monoatômico é dada pela soma das energias cinética
de suas moléculas. Logo, para um sistema com n mols de partículas, a energia interna
matematicamente é dada por:
Essa expressão é conhecida na literatura como Lei de Joule para gases perfeitos,
em que a energia interna é uma função exclusiva de sua temperatura.
Em outros casos, temos que um gás ideal pode ser caracterizado do ponto de vista
microscópico por partículas agrupadas, formando moléculas, as quais além de translada-
rem, podem também rotacionar e vibrar em torno do seu centro de massa. Esse tipo de gás
é denominado gás diatômico e as moléculas tem um formado aproximado de um halter.
UNIDADE I Termodinâmica 51
FIGURA 28 - MOLÉCULAS DE UM GÁS DIATÔMICO
Vamos adotar em nossos estudos o modelo de gás monoatômico, o que vai nos
permitir uma maior facilidade para desenvolver os conceitos físicos, uma vez que não va-
mos levar em conta a rotação e vibração de moléculas.
Dessa forma, interpretamos que a energia interna de um gás é maior quanto maior
a temperatura do gás e, para elevar a temperatura do mesmo, uma fonte de energia interna
deve fornecer uma quantidade de calor Q para o sistema. Então:
A última relação deixa claro que, quando a temperatura do gás não varia, a energia
interna não se altera. Outra forma de interpretarmos a energia interna de um gás perfeito é
relacionar a lei de Joule com a equação de Clapeyron. Como
Na mecânica clássica, o trabalho é quando uma determinada força que atua sobre
um corpo é capaz de movimenta-lo por uma distância. Essa força pode ser um empurram em
uma caixa apoiada em uma superfície plana horizontal que é deslocada sendo empurrada.
No nosso estudo de termodinâmica temos um gás confinado em um recipiente o
qual tem uma tampa móvel. Suponha que por algum motivo o gás se expanda empurrando
o êmbolo para cima.
UNIDADE I Termodinâmica 52
FIGURA 29 - TRABALHO REALIZADO POR UM GÁS
Portanto, o gás realiza uma força sobre o pistão, deslocando o mesmo por uma dis-
tância d. Vamos adotar que quando o gás realiza trabalho será dito trabalho positivo (τgás > 0).
Por outro lado, imagine que uma força externa seja capaz de comprimir o gás,
empurrando o êmbolo para baixo:
Nessa situação, o trabalho realizado pela força é negativo (τgás < 0). Por fim, mas
não menos importante, se o gás passa por uma transformação termodinâmica em que seu
volume não varia, então τgás = 0.
3.3 Calor
No começo dessa unidade, logo após o estudo de escalas termométricas, foi abor-
dado o conceito de calor, que nada mais é do que a energia térmica em trânsito quando
dois corpos possuem diferentes temperaturas. Portanto, o calor pode ser cedido para um
corpo ou retirado dele. De maneira intuitiva, vamos definir que o calor é positivo quando for
recebido pelo sistema e negativo quando cedido pelo sistema.
UNIDADE I Termodinâmica 53
FIGURA 31 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR PARA UM SISTEMA COM GÁS CONFINADO
UNIDADE I Termodinâmica 54
Portanto, quando a temperatura não muda, a energia interna do sistema também
não se altera, em outras palavras ∆U = 0. Assim, a primeira lei da termodinâmica fica da
seguinte forma:
Podemos interpretar esse resultado de duas formas: Todo o calor recebido pelo
sistema é transformado em trabalho que o gás realizará.
O olhando pelo outro lado, se o sistema recebe trabalho (-τgás), então o gás cede
para o meio externo igual quantidade de energia em forma de calor (Q<0). Respectivamente
esses dois cenários são representados na figura (a) e (b).
UNIDADE I Termodinâmica 55
Com isso concluímos duas coisas:
1) Caso o sistema gasoso receba calor (Q > 0), então sua energia interna vai au-
mentar em igual valor, ou seja, vai variar positivamente (∆U > 0).
Veja que na figura a temperatura aumenta de um sistema para outro, indicando que
a energia interna aumentou depois de receber uma quantidade de calor.
2) Se o sistema cede calor para o meio externo (Q<0), então a sua energia interna
vai diminuir, ou seja, variar negativamente (∆U<0).
Na figura, o sistema inicialmente perde calor para o meio externo, o que leva a uma
diminuição de temperatura.
UNIDADE I Termodinâmica 56
3.4.3 Transformação isobárica
Em uma transformação isobárica, a pressão não se altera. Note que p = cte não
modifica diretamente nenhum dos parâmetros da primeira lei da termodinâmica. Dizer
que a pressão é constante não significa que o calor trocado é nulo, ou que a variação da
energia interna é igual a zero ou que o trabalho é zero. Logo, como podemos interpretar
esse resultado? Recorremos a equação de Clapeyron PV = nRT.
Como analisamos anteriormente, em uma transformação isobárica, o volume é
diretamente proporcional a temperatura. Sendo assim, podemos concluir que:
1) Se a temperatura do gás aumenta, então o seu volume deve aumentar também,
com o objetivo de manter a pressão do gás constante.
2) Por outro lado, se a temperatura do sistema gasoso diminui, para que a pressão
UNIDADE I Termodinâmica 57
Do ponto de vista fenomenológico, isso é intuitivo. A pressão é entendida como
a quantidade de choques das partículas de gás na parede do reservatório. Se a tempe-
ratura aumenta e o volume não, a pressão tende a aumentar, pois haverá mais colisões
de corpúsculos nas paredes. Contudo, se a temperatura aumenta e o volume aumenta
gradativamente, a quantidade de choques das partículas se distribui em uma área maior,
fazendo com que a pressão se mantenha inalterável.
2) Caso sistema realize trabalho, empurrando o pistão para cima (τgás > 0), a sua
energia interna vai diminuir (∆U < 0). Ou seja, com um aumento de volume, as partículas de
gás tem mais liberdade para se moverem, levando a uma redução da energia interna.
UNIDADE I Termodinâmica 58
FIGURA 38 - TRANSFORMAÇÃO TERMODINÂMICA SEM
Vamos fazer alguns exercícios para compreender na prática todos esses conceitos:
Ex. 01
Um gás perfeito sofre uma expansão, realizando um trabalho igual a 500 J. Depois
de variar seu volume, a energia interna aumenta em um valor de 100 J. Qual foi a quantidade
de calor que o sistema recebeu?
Resolução:
Pela primeira lei da termodinâmica, temos:
Ex. 02
Uma dada amostra de gás perfeito sofre uma expansão isotérmica recebe do am-
biente 100 J de energia térmica em forma de calor. Qual o trabalho realizado pelo gás?
Resolução:
Em uma transformação isotérmica, a variação da energia interna é nula (∆U = 0). Ou
seja, a primeira lei da termodinâmica é escrita como:
UNIDADE I Termodinâmica 59
Note que nessa transformação, todo calor recebido pelo gás é transformado e igual
quantidade em trabalho.
Ex. 03
Um recipiente recebe uma transformação termodinâmica ligeiramente rápida a
ponto de não trocar calor com o meio externo. Contudo, sua energia interna varia 130 J.
Qual o trabalho realizado sobre o gás? E qual o nome dessa transformação?
Resolução:
Uma transformação tão rápida que não troca calor com o meio externo é chamada
de adiabática. Isso nos leva à:
Ex. 04
Em uma dada amostra de gás perfeito, o sistema troca 300 J de calor com o meio
externo. Calcule em cal e joules, o trabalho trocado em: uma expansão isotérmica, com-
pressão isotérmica, aquecimento isovolumétrica e resfriamento isovolumétrica.
Resolução:
I. Expansão isotérmica: O gás expande, mas sem alterar a temperatura, ou seja, ∆U
= 0. Logo na primeira lei da termodinâmica:
UNIDADE I Termodinâmica 60
Para converter para calorias, basta dividir o resultado por 4,18. Logo τgás ≈ 72 cal.
II. Compressão isotérmica: Nessa situação o gás é comprimido de forma que é o
mesmo resultado da expansão isotérmica, porém, deve ser negativo. Portanto: τgás= -300J
≈ -72 cal.
III. e I.V. No aquecimento isovolumétrico e resfriamento isovolumétrico, o volume do gás
permanece constante, ou seja, não há trabalho sobre o sistema. Logo nos dois casos τgás= 0.
Ex. 05
Um gás perfeito sofre uma compressão isobárica, trocando com o meio externo
400 cal em forma de calor e 200 cal em forma de trabalho. Determine a variação da energia
interna do sistema.
Resolução:
Como se trata de uma compressão isobárica o trabalho é negativo, assim τgás = -200
cal. Lembrando da equação de Clapeyron, em uma transformação isobárica, se o volume
diminui, a temperatura também diminui, portanto, ∆U < 0. Concluímos então que o sistema
cede calor, ou seja Q = -400 cal. Portanto, pela primeira lei da termodinâmica:
UNIDADE I Termodinâmica 61
Com base nisso vamos definir que uma máquina térmica é um dispositivo operando
que recebe calor de uma fonte quente para realizar trabalho e sempre dissipada uma parte
desse calor recebido, que é a fonte fria. Logo, o trabalho é a diferença entre o módulo da
fonte quente pelo módulo da fonte fria:
Observe que, para o rendimento de uma máquina térmica ser 100%, somente se a
quantidade de calor fria QF for nula. Em outras palavras, a máquina deve transformar todo
calor da fonte quente em trabalho. O que é impossível.
Diante dessa premissa, a qual não existe uma máquina térmica perfeita, em meados
de 1824 um jovem cientista chamado de Nicolas Léonard Sadi Carnot, propôs um modelo
com seu nome, o ciclo de Carnot. Segunda ele:
Nenhuma máquina térmica operando entre duas fontes fixas de calor quente e
fria, tem rendimento maior do que a máquina ideal de Carnot, operando entre essas duas
temperaturas.
Em outras palavras, como não há máquina térmica com η = 100%, Carnot inventou
um sistema em que tem um rendimento máximo. Para descrever esse sistema em um
gráfico de pressão por volume, são usadas 4 curvas: 2 adiabáticas e 2 isotérmicas.
UNIDADE I Termodinâmica 62
FIGURA 40 - CICLO DE CARNOT
Note que essa nova forma de analisarmos o rendimento de uma máquina térmica,
permite concluir outro fato da termodinâmica, que não há zero absoluto! Veja, não há má-
quina térmica com rendimento de 100%. Para que isso ocorra, somente se |TF |=0. Assim:
Portanto, isso deixa claro que o zero absoluto seria a temperatura em que a máqui-
na ideal de Carnot teria seu rendimento máximo.
3.7 Entropia
A entropia é uma das grandezas mais importantes no cenário da termodinâmica,
em que seus conceitos se espalham para o estudo de sistemas gasosos simples até teo-
remas da física estatística em que ela descreve os ensembles canônico e micro canônico.
Contudo, para nosso estudo, podemos entender entropia da seguinte forma:
A entropia é uma grandeza física que mede o grau de desordem de um sistema.
UNIDADE I Termodinâmica 63
Ou seja, imagine uma cozinha limpa e então, uma pessoa resolve fazer um bolo.
Durante o processo de mistura de ingredientes, untar a forma, fazer a cobertura e decorar
o bolo, é quase inevitável que o ambiente não fique sujo. Portanto, comparando o sistema
inicialmente com o seu estado final, houve uma deserdem. Nesse caso, vamos dizer que a
entropia aumentou.
Em 1865 Rudolf Clausius percebeu em seus estudos que não é preciso saber a en-
tropia do sistema como grandeza física na forma potencial, mas sim a sua variação. Portanto,
no contexto termodinâmico, a entropia é definida matematicamente da seguinte forma:
Ex. 06
Uma máquina térmica teórica opera entre duas fontes térmicas, executando o ciclo
de Carnot. A fonte está a uma temperatura de 27° C e a fonte quente, a 357° C. Qual o
rendimento percentual dessa máquina?
Resolução:
O rendimento de uma máquina segundo um ciclo de Carnot é dado por:
A temperatura deve ser dada em Kelvin. Assim: TF = 27℃ → 27 + 273 = 300 ∴TK = 300 K.
Já a temperatura da fonte quente: TQ = 357℃ → 357 + 273 = 630 ∴ TK = 630K
Ex. 07
Uma máquina térmica ideal de Carnot opera entre duas fontes de calor. A fonte fria en-
contra-se à temperatura de 50 °C e a fonte quente, a 150 °C. Qual o rendimento dessa máquina?
UNIDADE I Termodinâmica 64
Resolução:
O rendimento de uma máquina segundo um ciclo de Carnot é dado por:
A temperatura deve ser dada em Kelvin. Assim: TF = 50℃ → 50 + 273 = 323 ∴TK =
323K. Já a temperatura da fonte quente: TQ = 150℃→ 150 + 273 = 423 ∴TK = 423K.
Ex. 08
Calcule a variação da entropia (∆S) de um sistema constituído de 250 g de gelo, a 0
°C, quando esse sistema passa por um processo de fusão.
Dado: calor latente de fusão do gelo =
Resolução:
Lembre-se que o calor utilizado na fusão do gelo é dado pelo calor latente:
Ex. 09
Considere um sistema constituído de 1,0 kg de água líquida a 100 °C. Mantendo-se
a pressão constante em 1,0 atm, calcule a variação de entropia do sistema para transformar
essa água em vapor, a 100 °C. Dado: calor de vaporização da água 540 cal/g.
UNIDADE I Termodinâmica 65
Resolução:
Lembre-se que o calor utilizado na vaporização da água é dado pelo calor latente:
QL = m.L
QL = 1000.540 = 540000 J
Ex. 10
Uma máquina ideal de Carnot realiza trabalho em que se alimenta de duas fontes
de calor. As temperaturas das fontes quente e fria são, respectivamente, 100 K e 400 K.
Qual o rendimento dessa máquina térmica?
Resolução:
UNIDADE I Termodinâmica 66
4. DILATAÇÃO TÉRMICA
UNIDADE I Termodinâmica 67
FIGURA 41 - CONTENÇÃO DA DILATAÇÃO DE UM TRILHO DE METRO DILATADO
Dessa forma, podemos dizer de modo geral que o aumento da temperatura nos
corpos acarreta em um aumento de suas dimensões. Tal fenômeno é chamado de dilatação
térmica. Por outro lado, quando a temperatura diminui, as dimensões do corpo também
tendem a reduzir e, nesse caso, temos uma contração térmica.
A dilatação pode ocorrer de três formas: linear, superficial e volumétrica. Vamos
analisar os três casos:
UNIDADE I Termodinâmica 68
FIGURA 42 - DILATAÇÃO LINEAR DE UMA BARRA
Ex. 01
Uma barra de cobre, homogênea e uniforme, mede 5 m, a 15 °C. Calcule a variação
do comprimento dessa barra, centímetros, quando aquecida a 85 °C. Dado: coeficiente de
dilatação linear do cobre (1,6.10) -5℃ -1:
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:
UNIDADE I Termodinâmica 69
Ex.02
Um cabo de vassoura de latão de comprimento igual a 1,3 metros feito de latão,
está inicialmente a 20 °C. Depois de ser aquecido, ele chega à 100 °C. Calcule a variação
de seu comprimento, em metros, sabendo que o coeficiente de dilatação térmica do latão
vale (2.10)-5 ℃ -1.
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:
Ex.03
Uma régua de zinco à uma temperatura inicial de 10 °C possui um comprimento de
3 m de comprimento. Sabendo que depois de aumentar a temperatura o seu comprimento
aumentou (3.10)-3 m, calcule a temperatura final.
Dado coeficiente de dilatação térmica do zinco (2,6.10)-5 ℃ -1
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:
UNIDADE I Termodinâmica 70
4.2 Dilatação Superficial e Volumétrica
A dilatação superficial é muito parecida com a linear. Contudo, a única diferença é que
nesse cenário a superfície do corpo sofrerá uma dilatação e não apenas seu comprimento.
∆A = A0 . β . ∆T
Por fim, mas não menos importante, tem-se também a dilatação volumétrica, que
dessa vez, o volume completo está variando com a mudança de temperatura. A equação
que descreve a dilatação volumétrica é semelhante as a do caso linear e superficial.
UNIDADE I Termodinâmica 71
∆V = V0 . γ . ∆T
Em que γ é o coeficiente de dilatação volumétrica, ∆V a variação de volume e V0 o
volume inicial da amostra. Podendo também ser escrita como:
Ex.04
Uma placa de cobre tem uma área de 80 cm2 à uma temperatura de 15 °C. Depois de
sofrer um aquecimento de 155° C, qual é o valor da dilatação superficial? Dado o coeficiente
de dilatação superficial do cobre (3,2.10)-5 ℃-1.
Resolução:
A equação para a dilatação térmica superficial é dada por:
Ex. 05
Um bloco de concreto tem um volume de 5L e é aquecido, sofrendo uma variação
de temperatura de 500° C. Dado o coeficiente de dilatação linear do concreto por (12.10)-6
℃-1. Calcule o seu volume final.
Resolução:
A equação de dilatação térmica para volume é dada por:
∆V = V0.γ.∆T
Contudo, sabendo que:
UNIDADE I Termodinâmica 72
Temos que γ = 3α, ou seja, o coeficiente de dilatação volumétrica é três vezes maior
que que o linear, assim γ = 3.(12.10)-6 ℃-1 = (36.10)-6 ℃-1. Temos então:
Logo, o volume final é o inicial mais o quanto dilatou. Portanto: VF = 5 + 0,09 = 5,09 L.
UNIDADE I Termodinâmica 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE I Termodinâmica 74
SAIBA MAIS
A dilatação, em sua forma geral, consiste em que toda vez que aumentamos a tempe-
ratura de um corpo, suas dimensões tendem a aumentar também. Mas, isso não é para
todos os casos! A água, a substância essencial para que haja vida animal, se comporta
de forma diferente.
Quando aquecida de 0°C a 4°C, ao invés do volume da água expandir, ele diminui. De-
pois de ultrapassar a marca dos 4°C ela volta a aumentar normalmente.
No gráfico podemos ver esse fenômeno anormal da água. Como em 4°C o volume da
água é mínimo, então sua massa específica é máxima. Isso é algo incrível! Devido a
esse fenômeno, a água de um lago em lugares extremamente frios congela apenas na
superfície, de tal maneira que a camada de gelo isola termicamente a água líquida do
resto do lago e permite que a temperatura seja maior do que zero graus Celsius. Isso
possibilita que a vida animal e vegetal exista em tais condições de lugares frios.
UNIDADE I Termodinâmica 75
REFLITA
UNIDADE I Termodinâmica 76
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: A história da Termodinâmica Clássica. Uma ciência Funda-
mental
Autor: Antônio Braz de Pádua.
Editora: EDUEL, 1ª edição.
Sinopse: Este livro apresenta uma revisão da história e da evo-
lução da Termodinâmica Clássica ou Termodinâmica do Equilíbrio
até o final do século XIX. Além disso também apresenta relatos de
fatos históricos e a discussão de desenvolvimentos conceituais e
formais mostrando suas influências tecnológicas políticas econô-
micas e sociais.
FILME/ VÍDEO
Título: Entenda de vez COMO FUNCIONA O MOTOR DO CARRO!
Ano: 2015
Sinopse: Neste vídeo, é apresentado em detalhes o funciona-
mento do motor de quatro tempos, aquele a combustão usado em
carros e diversos outros veículos a combustão.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=Ul1XuiJE0Dw
UNIDADE I Termodinâmica 77
UNIDADE II
Óptica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva
Plano de Estudo:
● Luz e Imagem;
● Espelhos Esféricos;
● Refração;
● Lentes.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar a formação de imagem e os princípios da propagação da luz;
● Determinar matematicamente a posição da formação de
imagem em espelhos côncavos e convexos;
● Aprender o fenômeno da refração e formação de imagem em lentes.
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INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a), nesta unidade vamos começar um novo tópico da física, respon-
sável por estudar o comportamento da luz em diferentes meios materiais e sua propagação.
Começaremos com a explicação do que é a luz e a formação de imagem em espe-
lhos planos, na sequência veremos a formação de imagem em espelhos curvos, ou seja,
espelhos côncavos e convexos.
No terceiro tópico estudaremos o fenômeno da difração de raios luminosos quando
passam a se propagar em um meio diferente de onda estava. E no último tópico compreen-
deremos a formação de imagem e classificação das lentes.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.
Bons estudos!
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 79
1. LUZ E IMAGEM
Para começarmos nossos estudos em uma nova vertente da física, a Óptica, na qual
estudamos a natureza e os fenômenos que envolvem os raios luminosos, vamos primeiro
compreender o que é uma onda para depois compreendermos o conceito de onda luminosa.
As ondas podem ser dividas em várias classes e a maioria delas é presente em
nossa vida. A mais comum é a onda sonora, que pode é produzida pela vibração da corda
de um violão, pelo assopro em uma flauta, uma batida em um tambor, uma caixa de som,
o atrito entre o pneu de um carro freando na pista ou até mesmo das nossas cordas vocais
vibrando para gerar um som. No ar, à uma temperatura de 20 °C, a velocidade de propaga-
ção do som é de v=300 m/s.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 80
Por isso, aqueles aviões chamados de supersônicos ganham esse nome, pois eles
atingem uma velocidade maior do que a do som no ar. No momento em que atingem essa ve-
locidade, é emitido um som parecendo um estrondo e um cone de vapor ao redor é formado.
Além das ondas sonoras existem também outras ondas, como por exemplo a mi-
cro-ondas, infra vermelho, radiação ultra violeta, ultra som, radiação gama, entre muitas
outras. O que todos esses exemplos tem em comum? São classificadas como ondas ele-
tromagnéticas, formadas por um campo elétrico que oscila no tempo perpendicularmente à
um campo magnético.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 81
v=λ.f
Em que v é a velocidade da onda. O detalhe é que como toda onda eletromagnética
deve ter a mesma velocidade, quando a frequência ( f ) diminui, o comprimento de onda (λ)
aumenta, com o intuito de manter o valor da v constante.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 82
1.1 Fontes de luz
A luz é uma onda eletromagnética que tem velocidade no vácuo aproximadamente igual à
c = (3.10)8 m/s
É comum batizar a velocidade da luz pela letra c, ou invés de . Esse número é
extremamente grande, para termos uma noção, a distância da Terra ao Sol é de aproxima-
damente 149.600.000 km e a luz demora para 8 minutos e 20 segundos para percorrer tal
caminho. Já para sair da Terra e chegar até a Lua é de aproximadamente 1,3 segundos.
Outra curiosidade científica é uma medida chamada de ano luz. Por ser chama de
“ano”, é intuitivo esperar que seja uma medida de tempo, correto? A resposta é não! Sa-
bendo que a luz tem a velocidade de , imagine a distância que ela pode percorrer no tempo
de um ano. Essa distância é chamada de ano luz é aproximadamente igual a 9,46 trilhões
de quilômetros. Portanto, quando você ouvir uma notícia que um planeta foi descoberto a 5
anos luz da Terra, acredite, é muito longe!
Agora, vamos entender como a luz é “produzida”. A física distingue dois tipos de
fonte luminosa:
1) Fonte de luz primária: São os corpos que emite luz própria, como por exemplo
a chama de uma vela, a luz do Sol e de outras estrelas, as lâmpadas acessas e etc.
2) Fonte de luz secundária: É qualquer corpo capaz de difundir ou refletir a luz
que incide sobre ele, contudo não emite luz própria. Como por exemplo a Lua que reflete
a luz do Sol, uma pessoa, que só pode ser vista se a luz incidir sobre a mesma. Portanto,
qualquer objeto visível que não emite luz própria.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 83
Em festas e shows é comum como parte da decoração canhões de luz de altíssima
intensidade e, inevitavelmente eles tendem a cruzar seus raios de luz. Uma pergunta que
um bom observador faria é: No momento que esses feixes se cruzam, a intensidade no
cruzamento aumenta? O raio fica mais claro? A resposta é não!
A propagação dos feixes luminosos não é modificada pela propagação de outro na
mesma região. Portanto, os raios de luz executam trajetórias independentes caso se cruzem.
O segundo fenômeno muito corriqueiro é a reflexão. Suponha uma superfície po-
lida e refletora e que um feixe luminoso incide sobre ela. Então a reflexão consiste no fato
da luz incidir e retornar para o mesmo meio de origem.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 84
A formação da imagem por reflexão do ponto P consiste em supor que os raios de
luz incidem sobre o espelho, refletem e chegam até os olhos do observador. Contudo a
imagem é formada atrás do espelho, dessa forma, é como se os raios que chegam até o
ponto observador se prolongassem por de trás do espelho, representado pela linha traceja-
da. Tratando-se de espelhos, quando a imagem está formada “atrás do espelho” e o objeto
está do outro lado, a imagem é denominada virtual.
Ademais, a imagem formada pelo espelho plano possui algumas sutilezas. A pri-
meira consiste em que a imagem é simétrica do objeto em relação ao espelho. Ou seja, se
uma bola está posicionada à um metro de um espelho plano, a imagem está um metro atrás
do espelho também.
Consequentemente, outro fato importante é que a velocidade com que um objeto
se move em relação ao espelho, a imagem executa o movimento com a mesma velocidade,
percorrendo a mesma distância.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 85
Essa particularidade da imagem formada desta forma justifica o letreiro de uma
ambulância ser escrito “ao contrário”.
Em alguns casos podemos ter dois espelhos planos associados pelo mesmo ponto
de origem, como representa a figura abaixo:
Nessa situação, se o ponto P for uma fonte de luz primária, como por exemplo uma
vela acessa, então haverá múltiplas reflexões devido a associação dos espelhos. O número
de imagens formadas é determinado pela expressão matemática:
Em que o número de imagens é dado por n e θ o ângulo formado entre os dois es-
pelhos. É intuitivo pensar que quanto menor o ângulo entre as duas superfícies refletoras,
mais imagens deverão ser formadas.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 86
Ex. 01
Dois espelhos planos são associados de modo que suas superfícies refletoras
formem três ângulos diferentes: 30°, 60° e 90°. Um objeto luminoso é colocado diante da
associação. Calcule o número de imagens formadas em cada caso.
Resolução:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 87
2. ESPELHOS ESFÉRICOS
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 88
Através dessa calota esférica podemos construir os dois modelos de espelhos curvos.
1) Vértice
Quando um raio luminoso incide sobre o vértice fazendo um ângulo θ com o eixo
central, então o raio refletido retorna para o meio com a mesma inclinação θ. Ou seja, ele
reflete simetricamente ao eixo central.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 89
2) Centro de Curvatura
Todo raio luminoso que incide em um espelho côncavo pela linha do centro de cur-
vatura reflete sobre esse mesmo caminho. Como podemos interpretar o ponto C? Suponha
que o espelho côncavo se prolongue até fechar a esfera refletora. O centro de curvatura é
o ponto central dessa esfera, ou seja, a distância entre o centro de curvatura e o vértice é
igual ao raio da esfera espelhada.
3) Foco
Todo raio luminoso que incide paralelamente ao eixo central, reflete no espelho
côncavo e passa pelo foco. Assim como se o feixe luminoso incide no espelho côncavo
passando pelo foco, ele reflete executando uma trajetória paralela ao eixo central.
As imagens nos espelhos curvos vão possuir novas características que os reflexos
do espelho plano não possuem, nesse caso são três:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 90
1) Direita ou inversa: Essa qualidade está vinculada ao fato de a imagem estar
de ponta cabeça em relação ao objeto. Caso uma pessoa fique parada na frente de um
espelho e sua imagem se forme ao contrário, ou seja, de ponta cabeça, então será dito que
a imagem é invertida. Por outro lado, se permanecer no mesmo sentido, ou seja, a cabeça
em cima e os pés em baixo, então a imagem é dita direita.
2) Real ou virtual: Essa descrição pode parecer um quanto pouco desconexa de
nossa realidade. Suponha que você esteja na frente um espelho e a sua imagem se forme
atrás do espelho, que é o caso comum. Nessa situação a imagem é dita virtual, pois o objeto
está de um lado e o objeto do outro. Contudo, imagine que parado na frente do espelho,
a sua imagem se forme do seu lado, como uma projeção 3D! Assim, quando a imagem se
forma do mesmo lado que o objeto, então é dito que a imagem é real.
3) Maior, igual e menor: Intuitivamente, podemos analisar que em alguns espelhos
nossa imagem é reduzida de tamanho, logo será chamada de menor. Já em outros casos,
como no espelho plano, ela não altera de dimensão, permanece do mesmo tamanho que
o objeto, então será denominada de igual. Em uma outra situação, a imagem amplia de
tamanho e fica maior que o objeto, portanto, será classificada como maior.
Como os espelhos côncavos possuem três pontos, centro de curvatura, foco e
vértice, podemos colocar o objeto em cinco diferentes posições: I) antes do centro de cur-
vatura; II) no centro de curvatura; III) entre o centro de curvatura e o foco; IV) no foco; v)
entre o foco e o vértice.
I) Quando o objeto é posicionado antes do centro de curvatura, então a sua imagem
vai surgir a baixo do eixo central do espelho entre o foco e o centro de curvatura. Caracte-
rizada como menor, invertida e real.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 91
II) No segundo caso, quando colocado o objeto no centro de curvatura, a imagem
será formada a baixo do eixo central, de igual tamanho, invertida e real.
IV) Nesse caso, quando colocado o objeto no foco do espelho os raios de luz que
refletem no espelho não se cruzam e, como sabemos, se os feixes luminosos não se en-
contram então não há formação de imagem. Outros autores gostam de especificar que
como os raios não se cruzam e após refletidos se propagam paralelamente um ao outro,
então esses raios se encontraram no “infinito”. Portanto, na quarta situação, a imagem é
classificada como imprópria.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 92
FIGURA 19 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO POSICIONADO NO FOCO
V) Por fim, quando colocado o objeto entre o foco e o vértice, a imagem se formará atrás
do espelho, logo será denominada como virtual. Ademais, nesse caso, ela será maior e direita.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 93
FIGURA 21 – FORMAÇÃO DE IMAGEM EM ESPELHOS CONVEXOS
Quando transitou de ônibus pela cidade e um espelho circular estava no canto próxi-
mo ao teto, que permitia uma visão ampla de dentro do veículo. Quando você está dentro de
um carro, dirigindo ou sentado no banco do passageiro da frente e busca enxergar o ambiente
atrás do carro pelos retrovisores. Esses são alguns exemplos de espelhos convexos.
Portanto, sua imagem é classificada como: direita, virtual e menor.
3) Equação de Gauss
A equação dos pontos conjugados, ou também conhecida na literatura como equação
de Gauss, relacionada a distância entre objeto e o espelho p (abcissa do objeto), com a distân-
cia entre a imagem do espelho p' (abcissa da imagem) e a distância focal f do sistema óptico:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 94
Ademais, podemos definir o aumento linear transversal quando um objeto é coloca-
do de frente para um espelho esférico.
Ex. 01
Um objeto é colocado a 1 metro do vértice de um espelho esférico e sua imagem
aumenta o dobro do seu tamanho. Calcule a distância focal do espelho e classifique se é
côncavo ou convexo.
Resolução:
Como a distância do objeto ao espelho é 1m, então p = 1. Já a imagem é ampliada
duas vezes, logo A =2. Dessa forma:
Como o módulo de p' é negativo, então é uma imagem virtual, ou seja, se forma
atrás o espelho. Para calcular agora a distância focal, basta fazer:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 95
Como o foco é positivo, então trata-se de um espelho côncavo.
Ex. 02
Uma pessoa fica parada na frente de um espelho a 50 cm de distância e sua imagem
é 3 vezes menor do que o seu tamanho. Determine que tipo de espelho é usado pelo indivíduo.
Resolução:
Como a imagem é reduzida três vezes, então A = -3. Além disso, a distância da
pessoa ao espelho é p = 50 cm. Logo:
Multiplicando cruzado
UNIDADE II
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Termodinâmica 96
Ex. 03
Um espelho esférico côncavo tem raio de curvatura igual a 1m. Um homem, de 1,80
m de altura, é colocado perpendicularmente ao eixo principal do espelho, a 2m do vértice.
Qual é a classificação da imagem?
Resolução:
Sabendo que o raio de curvatura vale um metro, então foi simetria do espelho
temos que:
UNIDADE II
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Termodinâmica 97
Como |A|<0 então a imagem é invertida e menor.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 98
3. REFRAÇÃO DA LUZ
Em algum momento do seu cotidiano você passou por uma vitrine no comercio ou
em um shopping e conseguiu enxergar a o objeto por trás do vidro junto com seu reflexo.
Ou também, quando mexia um copo contendo água ou um algum outro líquido que fosse
possível enxergar a colher por dentro de uma forma “distorcida”. Quando você passa na
beira de uma piscina e consegue observar o fundo, mas tem a impressão de que não é tão
profunda. Todos esses fenômenos e muitos outros podem ser explicados por um processo
físico, o de refração da luz.
Vamos começar nossos estudos recapitulando a natureza de um feixe luminoso.
Como já vimos, a luz é uma onda eletromagnética, ou seja, é formada por um campo
elétrico e um magnético que oscilam de forma paralela, se propagando no espaço.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 99
Assim como toda onda, a luz possui uma velocidade bem definida, a qual pode ser
expressa matematicamente como v = λ . f, em que λ é o comprimento de onda, a distância entre
dois topos da onda, ou dois fundos e f a frequência. Essa última grandeza, a frequência, define
diretamente a essência de um feixe luminoso. Como veremos no final da unidade IV, uma luz
com baixa frequência, ou seja, voltada para a cor vermelha, é pouco energética. Porém, com
alta frequência, direcionada para região do azul e violeta, é uma luz com muita energia.
Diante disso podemos definir um grupo de ondas, as monocromáticas, que são
feixes luminosos de uma única cor, ou seja, de uma única frequência, como por exemplo
uma luz de um laser.
Outra grandeza de extrema importância na física óptica é o índice de refração.
Imagine que uma onda sonora é emitida por uma fonte no ar a uma temperatura de , ela
chega ao receptor à uma velocidade de 340 m/s. Contudo, se essa mesma fonte fosse
colocada em baixo da água, qual a velocidade de propagação do som? Com certeza seria
diferente! Portanto alterando o meio em que uma onda se propaga, afeta diretamente em
suas propriedades.
Voltando para o caso da luz, suponha agora que um feixe monocromático luminoso
esteja se propagando no vácuo com uma velocidade c e ao penetrar em um meio diferente,
como a água, a sua velocidade será v. Portanto, a relação entre a velocidade entre dois
meios é dado por:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 100
Logo o índice de refração da água é igual a nágua ≈ 1,33. Vamos analisar outro caso.
O índice de refração do vidro é de aproximadamente igual a nvidro ≈ 1,5 (varia de vidro para
vidro, dependendo da sua composição). Sabendo disso, vamos calcular a velocidade de
propagação da luz nesse meio.
Ou seja, o vidro, assim como a água, são meios materiais, que possuem partículas.
Uma vez que a luz sai de do vácuo, onde não há matéria e adentra em um meio formado por
pequenos corpos, a luz sente uma “dificuldade” para se propagar. Quando mais denso for o
meio, maior é o índice de refração. Vale destacar que o índice de refração no vácuo é n =1
e o ar tem um valor muito próximo do índice do vácuo, podendo também ser considerado
igual a um. Veja alguns valores tabelados.
Podemos também calcular o índice de refração relativo entre dois meios. Suponha
um meio 1 com índice de refração em que a luz se propague com uma velocidade v1 e um
segundo meio n2 no qual a luz se propague com velocidade v2 . Temos então que o índice
de refração relativo entre o meio 2 e o meio 1 é dado por:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 101
Os índices de refração podem ser reescritos como: e . Portanto:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 102
FIGURA 24 – REFRAÇÃO DE UM RAIO INDO DE UM MEIO
O ângulo de incidência entre o raio e a normal da superfície é dado por θ1. Ao entrar
no segundo meio mais denso, a luz sofre refração e diminui o ângulo com relação a reta
normal. A diferença entre o ângulo de refração θ2 e o de incidência pode ser calculado por
um desvio delta:
Além disso, a frequência de uma onda luminosa não deve mudar quando ela muda
de um meio para outro. Para alterar a frequência, somente se modificarmos a fonte, logo
ela deve permanecer inalterada. Partindo da relação v = λ . f → f = v / λ, ou seja, como a ve-
locidade diminui em um meio mais denso e a frequência é constante, então o comprimento
de onda da luz deve diminuir também.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 103
Vamos agora analisar um segundo caso, quando a luz vai de um meio n1 mais
denso para um segundo meio n2 menos denso. É intuitivo pensar que o processo vai ser ao
contrário. Ou seja, quando a luz adentra em um meio menos viscoso, ela passa a se mover
com mais facilidade, logo a velocidade aumenta e, de forma oposta ao primeiro caso, o
ângulo de refração será maior que o ângulo de incidência .
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 104
A terceira situação é quando o raio de luz incide na superfície fazendo um ângulo de
90° em relação a superfície, ou seja, perpendicular a mesma, ou paralela em relação a normal.
Como , então:
sen(θ2) = 0
Para que o seno de um ângulo seja nulo, somente se esse ângulo for de 90°. Logo,
θ2 tem o mesmo valor de θ1 e isso significa que não há refração quando o raio é incidido
perpendicularmente a superfície. Consequentemente a velocidade não se altera e nem o
comprimento de onda.
Ex. 01
Um feixe monocromático sai do ar e passa a se propagar no diamante, que tem
índice de refração igual a . Calcule a velocidade de propagação da luz no
diamante.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 105
Resolução:
Ex. 02
Seguindo o mesmo cenário do exemplo anterior, em que a luz incide numa superfí-
cie de diamante e supondo que o ângulo de incidência seja de 30°, determine o ângulo de
refração e o ângulo de desvio.
Dado: sen (30°)=0,5
Resolução:
Pela Lei de Snell temos:
Ex. 03
Um feixe luminoso monocromático que se propaga no ar incide em uma superfície
formando um ângulo de 53°. Sabendo que o ângulo refratado é de 37° no meio 2, calcule a
velocidade no segundo meio.
Dado: sen (37°) = 0,6 e sen (53°)= 0,8
Resolução:
Usando a lei de Snell:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 106
Nesse caso, assumimos que a velocidade da luz no ar é a mesma do que no vácuo.
c = (2,99792.10)8 m/s
Ademais, uma característica intrínseca da luz é que seu campo elétrico e magné-
tico não interage com os respectivos campos do meio por onde passam, o que justifica o
princípio que os feixes de luz se cruzam sem interagir entre si.
Contudo, o eletromagnetismo clássico de Maxwell não respondia algumas per-
guntas, dentre elas porque uma luz monocromática de baixa frequência f (ou alto compri-
mento de onda λ), ou seja, aquelas de cor voltada para o vermelho não conseguem gerar
o efeito fotoelétrico.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 107
Brevemente, o efeito fotoelétrico trata-se do fenômeno da radiação eletromagné-
tica incidir sobre uma placa metálica condutora, sendo capaz de expelir elétrons e gerar
corrente elétrica.
Sendo assim, qual a explicação para que a luz vermelha não consiga realizar tal
feito? A explicação veio com o efeito fotoelétrico promovida por Albert Einstein em 1905. A
teoria explica que a luz é formada por partículas, denominadas fótons de luz, os quais po-
dem ser entendidos como pequenos pacotes de energia mas sem possuir massa alguma.
Quando uma onda se propaga é o mesmo que pensar em uma composição de
campo elétrico e magnético oscilando juntos, porém essa direção é aleatória? A resposta
é não e é calculada de acordo com o vetor de Poynting. Matematicamente é dado pelo
produto vetorial do campo elétrico e do campo magnético:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 108
Caso a intensidade da luz diminua após a rotação de uma das lentes isso prova
que os óculos possuem alguma eficiência (esse experimento é para fins acadêmicos e não
deve ser usado para certificar a qualidade de um óculos, sempre consulte um profissional
na área). Isso acontece porque a lente de um óculos escuro funciona como um filtro, na
física é chamado de polarizador.
A luz se propaga como a imagem a cima, ou seja, o campo elétrico oscila em todas
as direções. Entretanto, suponha que um filtro permita que tal feixe luminoso ao passar por
ele tenha seu campo elétrico se propagando em uma única direção.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 109
Note então que o polarizador filtra e restringe a direção que o campo elétrico do
feixe luminoso vai se propagar. Ou seja, se temos um polarizador na direção vertical, então
de todas as componentes do campo elétrico da luz restará apenas a da direção vertical.
Vale observar que uma onda eletromagnética é formada por um campo magnético
e elétrico, porém tratando-se de polarizadores analisamos apenas o campo elétrico. Isso
acontece, pois, a intensidade de um feixe luminoso está relacionada ao campo elétrico e
não magnético.
Suponha que um feixe de luz não polarizado passa por um polarizador em que o
campo elétrico passa a ser . Na sequência por um analisador que permite a passagem
da mesma amplitude de campo E0 , porém pode estar rotacionado em relação ao eixo central.
I = I0 cos 2 (θ)
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 110
FIGURA 33 – ESQUEMA DE DIFRAÇÃO DA ONDA
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 111
Nesse experimento foram utilizados três anteparos. No primeiro anteparo a luz é
difratada formando as ondas em formado de arcos de circunferência. No segundo anteparo
há dois orifícios em que novas difrações ocorrem. Por fim, no terceiro anteparo são proje-
tadas as manchas, que nada mais são do que a interferência das ondas difratas, exibindo
portanto, uma sequência de máximos e mínimos. O experimento clássico, esses orifícios
são fendas e as manchas são denominadas franjas de interferência.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 112
4. LENTES
Nesse último tópico vamos estudar uma parte de grande aplicabilidade da óptica
física, as lentes e diversos instrumentos que podem ser formados com elas. Dentre eles os
mais conhecidos são os microscópios, lunetas, câmeras fotográficas, óculos e entre outros.
Portanto, inicialmente vamos trabalhar com lentes esféricas e suas diferentes formas:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 113
Veja que as lentes de bordas finas são as convexas, o primeiro nome caracteriza
a outra parte, no desenho, o lado direito de cada lente. No primeiro caso, ambos os lados
são convexos, logo biconvexa. A segunda imagem um lado é convexo e o outro plano,
por isso plano-convexa, já a terceira lente um lado é côncavo e o outro convexo, assim
côncavo-convexa.
3 ) Lentes convergentes
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 114
2) Lentes divergentes
As lentes possuem dois pontos importantes, diferente dos espelhos curvos que
possuem três. Eles são:
1) Foco do objeto F e foco da imagem F', a distância entre qualquer um desses dois
pontos até o ponto centro óptico O da lente é chamado de distância focal f.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 115
2) Pontos Antiprincipais correspondem a duas vezes o foco. Assim, temos o ponto
A, antiprincipal do objeto e A’, o ponto antiprincipal imagem.
II. Todo feixe luminoso que incide o eixo óptico principal paralelamente, refrata
através da lente alinhado com o foco principal imagem F’
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 116
O oposto também vale, ou seja, o raio luminoso que incide na linha do foco principal
objeto F, refrata paralelamente ao eixo principal.
III. Todo raio que incide alinhado com o ponto antiprincipal objeto A é refratado
alinhado com o ponto antiprincipal imagem A’.
Outra característica que toda lente possui é a vergência, ou também, pode ser
denominada de grau. Matematicamente, a vergência de uma lente é dada por:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 117
Agora, podemos ver o Teorema das Vergências, que permite que possamos asso-
ciar diferentes lentes, o que permite que os equipamentos que funcionam na formação de
imagem por lentes tornem-se mais sofisticados e elaborados, que é o caso dos telescópios
de hoje em dia.
Ex. 01
São justapostas três lentes delgadas com vergências , VA = +6 di, VB = + 1 di e VC = -3 di.
O comportamento óptico do sistema resultante é convergente ou divergente?
Resolução:
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 118
SAIBA MAIS
No nosso cotidiano está se tornando cada mais vez mais corriqueiro as empresas de comu-
nicações usarem internet por transmissão via fibra óptica. Contudo, o que é a fibra óptica?
Diferente de um fio condutor que transmite sinal elétrico, o cabo de fibra óptica é um fio
flexível feito de vidro ou plástico, um pouco mais grosso que um fio de cabelo e permite
que o sinal de internet seja transmitido a velocidade próxima à da luz. Isso se dá ao fato
de o sinal ser propagado por raios laser e refletido ao longo do fio.
REFLITA
Aprender sobre a propagação da luz e como esta interage com a matéria, nos responde
inúmeras questões da natureza. Como por exemplo por que o céu é azul? Por que a
cor verde é a única que não “cansa” o olho humano? Como a luz vermelha é a que mais
chama atenção, a lilás que tende fazer o olho deixar de observar mais rápido e a compo-
sições de diversas cores afetam diretamente nossos instintos? Apenas uma dica, a cor
característica do McDonald’s não é amarelo e vermelho por coincidência.
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 119
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerramos mais uma unidade do nosso curso, no qual iniciamos com os estudos
da natureza da luz, caracterizando-a como uma onda eletromagnética e qual é sua diferen-
ça em relação a outras ondas. No mesmo tópico vimos a formação da imagem em espelhos
planos e as classificações da imagem.
Em seguida, dedicamos nosso foco a formação de imagens em espelhos côncavos,
os quais variam de acordo com a posição do objeto frente ao espelho e os espelhos convexos
que possuem grande aplicabilidade ao nosso dia a dia formando uma imagem de único tipo.
Na sequência, estudamos o fenômeno de difração e como a luz se comporta ao
atravessar uma fronteira de dois meios com diferentes índices de refração. Por fim, não
menos importante, aprendemos as diferentes classificações de lentes e a como a imagem
é formada usando esse instrumento óptico.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.
Até a próxima!
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 120
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Óptica
Autor: Isaac Newton.
Editora: Edusp.
Sinopse: Escrito por um dos cientistas que mais influenciaram a
ciência moderna, o livro descreve as principais descobertas do au-
tor relacionadas à óptica e às visões corpusculares e ondulatórias
da luz. As notas explicativas analisam aspectos específicos que
facilitam a compreensão do leitor, situando o texto em sua época
e apresentando esclarecimentos adicionais, fornecendo ainda
indicações bibliográficas complementares.
FILME / VÍDEO
Título: Como entortar raios de luz com açúcar
Ano: 2015
Sinopse: Neste vídeo, um apresentador enche um aquário com água
e adiciona uma grande quantidade de açúcar, suficiente para que
quando ele incida um feixe luminoso, seja possível observar a curva-
tura da luz e também observar o efeito da reflexão total da mesma.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=gqkSfAfyt30
UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 121
UNIDADE III
Eletrostática e
Eletrodinâmica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva
Plano de Estudo:
● Força Elétrica e Campo Elétrico;
● Potencial Eletrostático;
● Circuitos Elétricos I;
● Circuitos Elétricos II.
Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender os processos de eletrização, como cargas elétricas
integram entre si e alteram o espaço a sua volta.
● Estudar o conceito de potencial elétrico e trabalho da força elétrica.
● Explorar a essência de circuitos elétricos, calcular os
principais parâmetros e como medi-los na prática.
122
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), vamos começar nossos estudos na primeira parte da física
elétrica, aquela em que estudamos a física dos corpos eletrizados em repouso. Através de
alguns conceitos físicos, iremos aprender como eletrizar um corpo e quando carregado,
como modifica o espaço a sua volta e interage com outras partículas.
Na segunda metade da unidade, vamos focar na eletrodinâmica, parte da física elé-
trica que estuda as cargas elétricas em movimento. Esse assunto é de grande importância
para outras futuras disciplinas, como por exemplo, instalações elétricas prediais, as quais
os conceitos de circuitos são essenciais para elaborar um projeto de planta elétrica.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.
Bons estudos!
A física elétrica possui, de forma geral, três grandes vertentes. A primeira delas,
como estas modificam o espaço a sua volta. Ou seja, primeiramente vamos estudar a força
de interação entre um conjunto de partículas, calcular o campo elétrico gerado por elas, o
potencial elétrico e o trabalho que esses corpos carregados podem fazer em outros corpos
próximos a eles.
Em sua jornada até aqui, provavelmente você já estudou sobre o modelo atômico
em que um átomo é formado por um núcleo, composto por prótons e nêutrons. No qual,
ao seu redor existe a eletrosfera em que elétrons orbitam em diferentes níveis de energia.
A ciência adotou que as partículas positivas são chamadas de prótons, aquelas que
possuem uma carga negativa são os elétrons e aquelas de carga nula são os nêutrons. Para
começarmos nossos estudos, vamos compreender alguns detalhes simples. De início saiba que
o elétron é uma partícula elementar, isso significa que, até hoje não foi possível dizer que um
elétron é divisível em partículas menores. Portanto, a carga dele é chamada de carga elementar
e todos os corpos tem cargas múltiplas da carga do elétron. O seu valor em módulo é:
Partícula Carga
Elétron - e = -(1,6.10)-19
Próton + e = +(1,6.10)-19
Nêutron 0
Fonte: O autor (2021).
TABELA 2 - PREFIXOS
Ex. 01
Calcule o número de elétrons de um corpo que possui uma carga de - 2C.
Resolução:
Como a carga elementar é dada por e = 1,6 .10-19 C, então fazemos:
O que significa um número de partículas negativo? Esse cálculo deve ser feito em
módulo para que esse sinal não cause problemas, porém o significado do sinal negativo é
que a carga do corpo é negativa, ou seja, possui um excesso de elétrons. Caso o resultado
fosse positivo, então seria um corpo com fala de elétrons.
Em termos de prefixos:
Q = 6,4 mC
A eletrostática tem como um dos seus principais alicerces um princípio fundamen-
tal, o da ação e repulsão. Basicamente, definimos que cargas elétricas de mesmo sinal se
repelem entre si ao interagirem, já cargas de sinais opostos se atraem.
Com base nisso podemos definir os materiais em dois grandes grupos, os condu-
tores e os isolantes.
1) Condutores: São materiais os quais os elétrons de sua estrutura atômica pos-
suem facilidade para se moverem, no caso de sólidos. Como por exemplo o cobre ou ouro.
São dois bons condutores de corrente elétrica pois os elétrons se desprendem facilmente da
eletrosfera. No caso de líquidos condutores temos uma solução salina por exemplo (NaCl),
nesse exemplo temos partículas carregadas positivamente e negativamente, os íons. O
movimento dessas partículas é que define a corrente elétrica. Há também os condutores
gasosos, como por exemplo em uma lâmpada fluorescente em que as partículas de gás
são ionizadas o que permite o brilho da lâmpada.
Veja que no desenho está explicito o número de cargas em cada um dos corpos após
o processo, para justificar que é a mesma quantidade em módulo, porém sinais contrários.
O processo de eletrização por atrito segue uma relação dos materiais que quando
atritados, qual deve ficar negativo e qual torna-se positivo, essa relação é chamada de
série triboelétrica.
Ex. 03
Suponha que três corpos de mesma dimensão com cargas respectivamente iguais
à +4 q, -2 q e +10 q são colocados em contato simultaneamente, qual a carga final de cada
uma das partículas?
Portanto, se a carga total vale +9q, esse valor deve ser divido igualmente entre as
três cargas, logo cada uma após o contato e serem separadas vão ter o valor de +3q.
3) O terceiro processo de eletrização é chamado de eletrização por indução, mas
antes vamos entender um detalhe, chamado aterramento.
De forma simplificada a terra é um grande neutralizador, qualquer corpo que entra
em contato com o mesmo é neutralizado. Se possuir excesso de cargas negativas essas
são atraídas para a terra, já se o corpo for positivo, elétrons são enviados ao corpo, sempre
com o intuito de deixar a mesma quantidade de cargas positivas e negativas.
Agora, vamos estudar a indução eletrostática, para isso, vamos dispor de dois
corpos, um induzido que está inicialmente neutro isolado da terra por um suporte isolante e
um indutor que está eletricamente carregado (em nosso exemplo com uma carga negativa).
Uma vez que a terra está buscando neutralizar o corpo, o fio terra estava conectado
na região em que estava carregado positivamente do corpo, logo partículas negativas são
mandadas com o intuito de neutralizar. Porém o corpo está sendo carregado, uma vez que
antes estava globalmente neutro e apenas polarizado. Assim, sem afastar o indutor, corte
o fio terra:
Por fim, ao afastar o indutor, o induzido tende a reagrupar suas cargas que foram
polarizadas. Contudo, por receber partículas negativas do processo de aterramento, quan-
do é afastado do indutor fica um excesso de cargas distribuído pelo corpo uniformemente
na superfície.
Em que F_E é a força elétrica dada em newtons (N), q1 e q2 a carga dos dois corpos
em questão dada em coulombs (C), d a distância mensurada em metros e k a constante
eletrostática do meio, com um valor aproximadamente igual a k ≅ (9.10)9 N m2 C -2.
A constante eletrostática pode ser calculada em termos da permissividade absoluta
do meio , que no vácuo é dada por ε0=8,85.10-12 N-1 m-2 C 2.
Ex. 04
Calcule o módulo da força de interação entre duas partículas eletrizadas com 8,0 µC
e 2,0 µC, estando elas no vácuo à distância de uma da outra.
Resolução:
4,0 cm = 0,04 m
Contudo, sabemos que lidar com excesso de casas decimais após a vírgula torna
o cálculo um tanto exaustivo, ainda mais levando em conta que essa medida será elevada
ao quadrado. Então, vamos fazer algo mais simples, uma conversão em notação científica:
Ex. 05
Duas cargas de sinais opostos com valores iguais a 5,0 µC e -5,0 µC estão a uma
distância de meio metro no vácuo. Qual o módulo da força de interação entre elas?
Resolução:
Os dados do exercício são:
Como são cargas opostas, então a força entre as duas cargas é atrativa.
Ex. 06
F21 = F31
O primeiro termo F21 lê-se como “A força que a carga 2 faz na carga 1” e F31 como
“a força que a carga 3 faz na carga 1”. O primeiro número que executa a força e o segundo
o agente que recebe. Portanto, usando a lei de Coulomb
Logo, a carga que deve ser colocada entre a Q1 e Q2 deve ser negativa e ter módulo igual a:
|q|=4 Q2
1.4 Campos Elétricos
Sabemos que da física mecânica, a Terra cria um campo gravitacional em torno de
si, o qual atrai os corpos que estão a uma determinada distância dela. Ou seja, podemos
ter um planeta e um satélite interagindo através de uma “entidade física”, e que nesse caso
é o campo gravitacional. A pergunta é, como que as partículas interagem do ponto de vista
elétrico uma com a outra sem o contato físico? A respeito está no campo elétrico, cada
partícula carregada gera em torno de si um campo elétrico (como o campo gravitacional
FE = q.E
Em que E é o campo elétrico (note que tanto a força elétrica como o campo estão
em negrito por serem grandezas vetoriais, porém você também pode encontrar na literatura
a seguinte representação ). Ademais, note a semelhança com a força gravitacional
peso de um corpo que de massa m na presença de um campo gravitacional:
P = m.g
Note que o campo elétrico também cai com o inverso do quadrado da distância,
assim como a força elétrica. Vamos fazer alguns exemplos
Ex. 07
Calcule a intensidade do campo elétrico gerado por uma carga pontual Q = 6μC no vácuo
em um ponto situado a uma distância de 2 cm de distância. Adote a constante eletrostática como
k = (9.10)9 N m2 C-2)
Resolução:
Ex. 08
Resolução:
Fonte: Bôas N. V.; Doca R. H.; Biscuola G. J.; Tópicos de física: volume 3 – 19. Edição – São Paulo: Saraiva, 2012
Esse mesmo potencial elétrico será usado no próximo capítulo para entendermos o
conceito de ddp de uma fonte de energia.
Combinado a expressão da energia potencial elétrica com a do potencial, chega-
mos em uma terceira relação:
Assim, podemos definir as equipotenciais como linhas (no plano) ou superfícies (no
espaço) onde o potencial, em todos os pontos, assume o mesmo valor algébrico.
Ademais, uma característica intrínseca é que as superfícies equipotenciais são
perpendiculares as linhas de força do campo elétrico, o que é representado na imagem
como o ângulo reto entre as linhas azuis e as linhas tracejadas.
Como sabemos, não existem apenas linhas de campo de cargas esféricas, pode-
mos ter também duas placas eletrizadas com cargas opostas gerando entre si linhas de
campo elétrico.
Ex. 01
Uma região isolada da ação de cargas elétricas recebe uma partícula eletrizada com
carga de –3,0 μC. Considere um ponto A, a 10 cm dessa partícula. Calcule o potencial elétrico
em A e a energia potencial adquirida por uma carga puntiforme de 2 nC, colocada em A.
Resolução:
Utilizando a expressão do potencial elétrico no ponto A:
O sinal é negativo pois é o potencial elétrico gerado por uma carga negativa. Agora
para calcular a energia adquirida por uma carga de prova :
Ex. 02
No vácuo uma carga geradora de valor igual a Q = 4μC está fixa. Qual o valor do
potencial elétrico a distância D situado a 6 m de distância?
Resolução:
Ademais, como o trabalho depende da diferença de potencial entre dois pontos, en-
tão se uma partícula se deslocar, executar uma trajetória a qual tem ponto final na mesma
equipotencial do ponto inicial, então o trabalho será nulo.
Ex. 03
Qual o trabalho realizado pela força elétrica que atua em uma partícula eletrizada
com carga de 5,0 μC quando esta se desloca 2,0 m ao longo de uma equipotencial de 60 V?
Resolução:
Uma partícula fixa, eletrizada com carga 5,0 μC é responsável pelo campo elétrico
existente em determinada região do espaço. Uma carga de prova de 2,0 μC é abandonada
em um ponto A à 10 cm da carga-fonte, recebendo desta uma força de repulsão. Calcule o
trabalho realizado para levar a partícula até um ponto B à 50 cm da carga geradora.
Resolução:
Vamos calcular o potencial elétrico no ponto inicial e final primeiro:
Portanto:
Nos dois últimos capítulos estudamos sistemas estáticos, ou seja, uma vertente da
física elétrica chamada de eletrostática. Agora, nesse capítulo, vamos adentrar na física
que estuda as causas e efeitos das cargas elétricas em movimento. Ou seja, na dinâmica
das cargas elétricas, área essa chamada de Eletrodinâmica.
Veja então que os elétrons vão do (-) para o (+) e o campo elétrico do (+) para o
(-). Sendo assim, a física estabeleceu que mesmo que os elétrons migrem do polo negativo
para o positivo, o sentido convencional da corrente elétrico é o do campo elétrico. Ou seja:
O sentido da corrente elétrica é oposto ao do movimento dos elétrons. Ou seja, a
corrente elétrica é do polo positivo para o polo negativo.
Porém, como vamos calcular a corrente elétrica? Para isso, vamos partir de um pres-
suposto muito simples. Imagine que você esteja à beira de um rio observando a natureza e,
por algum o fluxo de água passa a aumentar drasticamente. Ou seja, a quantidade de água
no mesmo intervalo de tempo aumentou, então é dito que a corrente de água aumentou.
Seguindo esse mesmo exemplo, suponha que um fio tenha uma dada área de
seção transversal, ou seja, uma dada espessura, e que em um dado intervalo de tempo,
uma quantidade n de elétrons passam por essa seção em um determinado intervalo de
tempo ∆s.
Ex. 01
Por outro lado, em algumas situações no dia a dia, encontramos resistores não
ôhmicos, isso significa que a tensão não varia linearmente com a corrente. Por exemplo:
Suponha que a bateria tenha uma tensão de 12 V e que a resistência seja de 2Ω,
qual a corrente passa pelo sistema?
Resolução:
Aplicando a primeira lei de Ohm
Ex. 03
UT = U1+U2+U3
Req = R1 + R2 + R3
Ex. 04
Resolução:
Ex. 05
Ex. 06
FIGURA 36 – EXEMPLO 06
Ex. 07
Na segunda lâmpada:
U T = U1 = U2 = U3
Já a corrente é a mesma:
IT = i1+ i2+ i3
FIGURA 38 – EXEMPLO 08
Resolução:
Ex. 09
FIGURA 39 – EXEMPLO 09
Ex. 10
FIGURA 40 – EXEMPLO 10
Resolução:
O ramo do meio temos a resistência e a corrente que passa, portanto vamos calcu-
lar a tensão usando a primeira lei de Ohm
No terceiro resistor R:
Ex. 11
FIGURA 41 – EXEMPLO 11
Resolução:
No resistor de baixo temos
Como a corrente se divide nos dois resistores do arranjo, então a tensão no resistor
de cima é 130V também. Assim:
Ex. 12
FIGURA 42 – EXEMPLO 12
Resolução:
Vamos começar da direita para a esquerda, junto o resistor de com o de em série,
pois a mesma corrente passa por eles.
Ou seja, podemos trocar por um resistor de 4Ω. Depois disso, no terceiro quadro,
note que temos o resistor de 4Ω em paralelo com outro de 4Ω . Logo a resistência equiva-
lente é dada por:
Porém, suponha que a primeira lâmpada seja “contornada” por um fio condutor de
resistência nula, da seguinte forma:
Ex. 13
Ex. 14
O medidor de corrente elétrica deve “sentir” a corrente mas ao mesmo tempo deve
ser “invisível” para ela. Isso significa que o amperímetro deve ter uma resistência interna nula.
Logo, como o voltímetro não deve “puxar” corrente para si, sua resistência interna
ideal é infinita.
Portanto, como isso explica o funcionamento das tomadas de 220V? Nesse caso,
um aparelho que funciona sob essa tensão tende a “puxar” mais energia da rede elétrica,
logo, a fiação que leva a corrente elétrica do quadro de luz para a tomada tem uma espes-
sura maior, ou seja, um fio mais grosso.
Através da segunda lei de Ohm, temos que quanto maior a área da seção transver-
sal, ou seja, mais grosso o fio, menor a resistência que o mesmo oferece a passagem de
corrente. Como oferece uma resistência menor, ele esquenta menos comparado à um fio
mais fino, suportando uma maior tensão elétrica. Por isso as tomadas de ar condicionado,
chuveiros, máquinas de lavar roupa devem ser interligados por fios mais grossos.
Sendo assim, um bom exemplo de gerador elétrico é uma pilha ou bateria, a qual
esquenta enquanto está gerando energia elétrica. Quando o circuito é constituído de um
gerador e componentes externos, como uma resistência R, toda a tensão que vai para fora
do gerador (U) é a energia total produzida (ε) menos a energia gasta dentre do gerador r.i.
Observe que o potencial gasto é o produto de uma resistência pela corrente, a qual tem
unidade de volts. Dessa forma, a equação do gerador é:
ε=U+r.i
Caso não existe nenhum componente externo acoplado ao gerador, será dito que
o mesmo está em curto circuito. Ou seja, toda a energia produzida pelo gerador “retorna”
para ele, gerando uma sobrecarga e podendo acontecer algum acidente grave.
Ex. 01
FIGURA 55 – EXEMPLO 01
Resolução:
Vamos aplicar a primeira lei de Ohm usando a tensão total ε, a resistência equiva-
lente e corrente total:
Ex. 02
Ex. 03
Uma pilha tem f em igual a 1,5 V e resistência interna igual a 0,1 W. Se ela for ligada
a uma lâmpada de resistência igual a 0,4 W, qual será a ddp entre seus terminais?
Resolução:
Para calcular a corrente total fazemos
FIGURA 56 - EXEMPLO 04
Resolução:
Aplicando a primeira lei de Ohm temos que
Em um receptor, a resistência interna é dada por r'. Sendo assim, para um receptor
funcionar é necessário que uma fonte de energia esteja alimentando-o, como por exemplo
o esquema abaixo:
U = ε' + r'.i
Ex. 06
FIGURA 59 – EXEMPLO 06
Até a próxima!
Já se perguntou por que em uma tempestade, se um raio cai em um carro, como a pes-
soa dentro do veículo não é eletrizada? A respeita que todo leigo em ciências diria é “por
causa da borracha dos pneus”, mas isso é errado.
Em 1836 Michael Faraday observou empiricamente que quando uma descarga elétrica é
descarregada em uma casca metálica fechada e oca, o campo elétrico no seu interior é
nulo. Qualitativamente o excesso de cargas responsável por carregar o corpo se distribui
ao longo da superfície externa da casca e mantem isolado qualquer coisa no seu interior.
Sendo assim, o carro é uma casca metálica oca, ou seja, toda sua carcaça e, quando o
raio incide, toda a descarga se espalha pela superfície externa e descarrega na terra. O
mesmo ocorre em um avião quando está sobrevoando e é atingido por um raio. Essas
“caixas” são chamadas na literatura de gaiolas de Faraday.
REFLITA
LIVRO
Título: Eletrodinâmica de Ampère
Autor: André Koch Torres Assis e João Paulo Martins de Castro Chaib.
Editora: Unicamp.
Sinopse: Este livro analisa um dos temais mais importantes da
física, a saber, a interação entre condutores com corrente. Além de
apresentar a contraposição ao eletromagnetismo clássico baseado
na força de Grassmann e no conceito de campo elétrico.
FILME / VÍDEO
Título: Tema 09 – Corrente Elétrica e Lei de Ohm |
Experimentos - Efeito Joule
Ano: 2016.
Sinopse: Neste vídeo, é realizado um experimento em que é
demonstrado o efeito Joule. Ademais, de forma bem simplificada,
usando uma bateria e esponja de aço, podemos o fenômeno é
comprovado.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=voIcxwNj7qs
Plano de Estudo:
● Campo magnético;
● Fontes de campo magnético;
● Força magnética;
● Indução eletromagnética.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar a essência do campo magnético e suas fontes;
● Mensurar a força magnética em partículas e fios;
● Aprender a lei de Faraday e o processo de indução eletromagnética.
178
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a), em nossa última unidade do curso vamos começar abordado
campo magnético, como ele é gerado, como interage com a matéria e quais as fontes de
campo magnético.
Posteriormente, vamos ver a força magnética atuando em uma partícula, bem
como em fios que transportam corrente. Por fim, a lei de Faraday e o conceito de corrente
induzida serão os assuntos para fecharmos com chave de ouro nosso curso.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.
Bons estudos!
A ideia de campo magnético não deve ser nova para você que está lendo esse texto
neste exato momento. É comum lidarmos com essa grandeza física em nosso dia a dia.
Por exemplo, quando colocamos um ímã de geladeira como decoração de alguma viajem
ou talvez você já tenha frequentado algum lugar em que a tranca da porta fosse magnética,
então quando é destravada, as duas barras que fecham a porta deixam de se atrair. O caso
mais comum é o de uma bússola que nos permite orientar em um caminho desconhecido.
Todos esses casos e muito mais são descritos por campo magnético. Vamos entender
então o caso mais simples.
Contudo, diferente da força elétrica, a força magnética vai exigir de você caro (a)
leitor que utilize um plano 3D para descrever a força magnética (isso será bem visto no campo
gerado por um fio retilíneo). Portanto, existe uma representação muito útil nesses casos.
Nesse caso, para representar o vetor indução magnético entrando no plano, supo-
nha que você esteja lançando uma flecha, então você verá a parte de trás, em formado de
cruz ou x.
Qualquer ângulo entre zero e noventa graus o seno assume um valor entre zero e um.
Dessa forma, dependendo do ângulo em que a partícula é lançada, a força pode ser máxima,
nula ou um valor intermediário entre máximo e zero. Vamos analisar essas situações.
I) Quando o ângulo entre a velocidade e o campo é igual a zero, então sen(0°)=0,
assim . Relembrando a mecânica básica, quando uma força resultante atua em um
corpo, ele ganha uma aceleração ( ). Portanto, se a aceleração é nula, a velocidade
não se altera. Concluímos que o movimento é retilíneo e uniforme.
Ex. 01
Substituindo os valores:
Ex. 02
Fm= q. v. B. sen(θ)
Substituindo os valores
Fm=(4.10)-9.(5.10)6.0,25.1
∴Fm=(5.10)-3 N
FIGURA 14 – EXEMPLO 03
Resolução:
Ex. 04
Veja então que a força magnética é o dobro quando o valor do seno é dobrado.
Ex. 05
Pela imagem, temos que a distância entre o ponto A e C é nada mais do que o
diâmetro da trajetória, ou seja, 2R. Assim, a distância percorrida é de 0,2m.
Agora que aprendemos a calcular a força magnética sobre partículas, vamos estu-
dar uma das possíveis origens de campo magnético e essa em específico tem grande valor,
pois não se trata de uma pedra magnetizada, mas sim de uma variação do campo elétrico.
A primeira observação desse fenômeno foi descrita por Hans Christian Oersted que
projetou o seguinte experimento:
O fato observado foi que quando a corrente elétrica percorria o condutor, a agulha da
bússola sofria um desvio e estabilizava em uma direção diferente. Para complementar sua aná-
lise, quando a corrente mudava de sentido, a deflexão da agulha da bússola também realizava
o mesmo comportamento, mas em uma direção oposta. O que Oersted havia descoberto?
Fios que conduzem corrente elétrica criam em torno de si um campo magnético que
os circundam. Dessa forma, a corrente elétrica em um fio é uma fonte de campo magnético.
Como podemos representar a direção desse campo em torno do fio? Usando a
regra da mão direita. Aponte seu dedo polegar no sentido da corrente elétrica e mantenha
os outros dedos juntos, levemente curvados. Logo, os outros dedos indicaram o sentido das
linhas de indução magnética.
Ex. 01
Um fio retilíneo muito longo, situado num meio de permeabilidade absoluta μ0= 4π.
10-7 Tm/A, é percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i = 5,0 A. Considerando o
fio no plano do papel, caracterize o vetor indução magnética no ponto P = 2,5 m, situado
nesse plano.
Resolução:
Um longo fio retilíneo é percorrido por corrente de intensidade igual a 9,0 A. Sendo μ0=
4π.10-7 Tm/A, calcule a intensidade do campo magnético criado pelo fio a 10 cm dele.
Resolução:
Ex. 03
Uma espira circular tem raio 2 cm e é atravessada por uma corrente de 0,5 A, no
sentido horário. Sendo μ0 = 4π.10-7 Tm/A, caracterize o campo magnético no centro da espira.
Resolução:
Ex. 04
Dois fios paralelos e longos, separados por 2 m, são atravessados por correntes de
2 A, no mesmo sentido. Determine a intensidade do campo magnético nos pontos equidis-
tantes dos fios.
Na figura, temos trechos de dois fios paralelos muito longos, situados no vácuo,
percorridos por correntes elétricas de módulos e sentidos indicados:
FIGURA 19 – EXEMPLO 05
Para o fio 2:
FIGURA 20 - SOLENOIDE
Ex. 06
Ex. 07
Ex. 08
FIGURA 22 – EXEMPLO 08
Então:
Ex. 01
Ex. 02
Ex. 03
Dois fios metálicos retilíneos, paralelos e muito longos distam 1,5 m entre si, no
vácuo. Calcule a intensidade da força que age no comprimento, = 2,0 m de um dos fios,
quando em cada um deles circula uma corrente elétrica i = 0,51 A (μ0 = 4π.10-7 Tm/A unidades
do Sl). Determine ainda se essa força é de atração ou de repulsão.
Resolução:
Ex. 02
Dois condutores retos, extensos e paralelos estão separados por uma distância d =
2,0 cm e são percorridos por correntes elétricas de intensidades i1 = 1,0 A e i2 = 2,0 A. Calcule
a força magnética entre eles por unidade de comprimento, assumindo que μ0 = 4π.10-7 Tm/A.
Resolução:
Nesse caso, como buscamos a força por unidade de comprimento, então
Ex. 03
Resolução:
Vamos escrever a expressão para a interação do fio 2 com 1, e do fio 3 com o fio 1:
Portanto:
Depois que aprendemos que corrente elétrica gera campo magnético, vamos es-
tudar a situação oposta, é possível que de alguma forma usando campo magnético seja
possível gerar corrente elétrica? A resposta é sim, e esse princípio é chamado de indução
eletromagnética. Contudo, primeiro vamos estudar o conceito de fluxo de campo magnético.
ϕM = B.A.cos(θ)
Nesse caso a fonte de campo magnético permanece fixa e que se move é a espira.
Dessa forma, a área que permite a passagem de linhas de campo ora é maior, ora é menor.
Logo, essa variação de fluxo magnético pela espira gera também uma corrente elétrica induzida.
3) Variação do fluxo causada pela variação de θ:
Na figura a seguir temos uma espira imersa em um campo magnético uniforme.
Contudo, nesse cenário nem o campo ou a área da espira estão mudando, mas sim a
orientação do vetor normal da espira em relação a direção do campo magnético.
Como consequência, varia o fluxo através da espira e surge uma corrente induzida.
Por outro lado, se a espira permanecer em repouso, não haverá variação de fluxo nem
corrente induzida.
Concluímos nossa análise com a lei de Faraday
Ex. 01
Durante um intervalo de tempo de duração igual a 5.10-2 s, uma espira percebe uma
redução de fluxo de 5 Wb para 2 Wb. Calcule a força eletromotriz média induzida.
Resolução:
Substituindo os valores na Lei de Faraday
Ex. 03
Veja que
θ = 0°→ cos(0°)=1
Assim:
ϕ = 3,2.10 -5 Wb
Chegamos ao fim de mais uma unidade, o conceito de campo magnético pode suar
em alguns momentos um pouco abstrato, porém ele é muito presente, desde os estudos de
fenômenos naturais, até a sua presença em aparelhos e equipamentos industriais.
Adentramos no conteúdo estudando campo elétrico, como é gerado e como influencia
o espaço a sua volta. Desde uma pequena pedra magnetizada que pode grudar na geladeira
até o campo gerado pelo planeta Terra. Vimos também a força que esse campo exerce em
partículas carregadas e como a força magnética é capaz de alterar a trajetória de movimento.
Depois, como a corrente elétrica gera campo magnético, como que os fios sobre a ação de
um campo externo e como interagem com outros fios portadores de corrente elétrica.
Na última parte, vimos a lei de Faraday, que explica como a variação de fluxo
magnético através de uma espira condutora pode gerar uma corrente elétrica induzida. Um
conceito um tanto complexo quando visto em essência, mas extremamente enriquecedor
para o avanço da ciência.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.
Até a próxima!
Sabemos que diversas partículas cósmicas proveniente de estrelas como o Sol ou mes-
mo de qualquer outro lugar do universo chegam até o nosso planeta. Algumas dessas
partículas, como os elétrons, interagem com o campo magnético da Terra, excitando o
oxigênio e o nitrogênio de nossa atmosfera. Isso faz com que uma luz seja emitida, va-
riando do espectro luminoso do azul ao verde.
Esse fenômeno ocorre nos polos, uma vez que nessa região é onde as linhas de campo
magnético convergem e divergem, como se fosse em formato de funil. Esse fenômeno
é chamado de aurora boreal (no hemisfério norte) e aurora austral (no hemisfério sul).
REFLITA
O eletromagnetismo faz parte de nossa vida desde que nascemos. Boa parte dos exa-
mes, aparelhos usados no trabalho, eletrodomésticos, geradores de energia e muitos
outros, tem seu funcionamento fundamentado nas raízes do eletromagnetismo.
LIVRO
Título: Eletromagnetismo
Autores: Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago, Alan Frei-
tas Machado, Altair Souza de Assis.
Editora: Pearson Universidades.
Sinopse: Nesta obra, os autores apresentam todos os conceitos
do eletromagnetismo de modo simples e consistente, exemplifi-
cando-os com aplicações resolvidas detalhadamente, passo a
passo, com o intuito de oferecer aos estudantes um aprendizado
constante e efetivo
FILME/ VÍDEO
Título: Motor CC – Como funciona
Ano: 2017.
Sinopse: Neste vídeo é apresentado o funcionamento de um mo-
tor de corrente contínua, junto com a explicação dos fenômenos
físicos de indução por trás do funcionamento.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5s07bQcpEnA
BÔAS, N. V.; DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J.; Tópicos de física. vol. 2. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
FONSECA, W. T; MONTE, M. R. C.; Isotermas da Equação de Van Der Waals: Uma aplica-
ção do Geogebra. Faculdade de Ciências Integradas do Pontal, FACIP, UFU. Minas Gerais,
s/d.
HALLIDAY, Jearl David Walker; RESNICK, Robert. Fundamentos de física: volume 3: Ele-
tromagnetismo. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio
de Janeiro: LTC, 2000
217
CONCLUSÃO GERAL
Neste material, busquei trazer para você os principais tópicos da física. Começa-
na qual vimos o que é calor sensível, responsável por variar a temperatura de um corpo
e o calor latente, que causa a mudança de estado físico, mas sem alterar a temperatura.
modinâmicas, bem como a Lei Geral dos Gases. Na terceira parte da unidade entramos
térmicas e finalizamos com o conceito de dilatação térmica, para corpos em uma dimensão,
Na unidade II, estudamos a física óptica que explica os fenômenos luminosos da física,
e convexos e nas lentes também. Outro ponto abordado foi a refração, que explica a mudança
corpo e como estes se interagem, por meio de uma força eletrostática, o campo elétrico
gerado e o trabalho que podem realizar em cargas a sua volta. Na sequência, estudamos a
eletrodinâmica, em que os objetos de estudo são a corrente elétrica, uma fonte de diferença
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Na última unidade, vimos o magnetismo, como os corpos magnéticos alteram o espaço
a sua volta e como partículas carregas sentem a presença do campo, alterando sua trajetória
dependendo da forma como são lançadas nessas regiões. Da mesma forma, foi estudado como
os fios que transportam corrente elétrica sente a presença de um campo magnético externo,
podendo se atrair ou se repelirem. Por fim, mas não menos importante, fechamos a unidade e
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
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