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Física : Eletromagnetismo

Ótica e Termodinâmica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S586f Silva, Arthur Ernandes Torres da


Física: eletromagnetismo, ótica e termodinâmica / Arthur
Ernandes torres da Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
219 p. : il. Color.

1. Física. 2. Óptica física. 3. Eletromagnetismo. 4.


Eletrodinâmica. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 530


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTOR

Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

● Bacharel em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM)


● Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Mestre em Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Doutorando em Física - Universidade Estadual de Maringá (UEM)
● Professor Formador UniFatecie
● Professor de Física no Colégio Educacional Noroeste Paranavaí.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4605782782813159

Professor e pesquisador. Tem experiência na área de física da matéria condensa-


da, impedância elétrica (teórica e experimental) e dinâmica de íons em células eletrolíticas.
Possui experiência como docente no Ensino Médio e Ensino Superior. Nos cursos de
Engenharia Civil, Engenharia de produção e Arquitetura, já foi professor das disciplinas de
Cálculo Diferencial e Integral, Física Geral e Laboratório de Física Geral.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já
é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material
foram abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os
estudos do material de Física Termodinâmica, Óptica e Eletromagnetismo.
Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre diversos tópicos
os quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta da ementa é trazer
segurança em diversos ramos da física teórica para aqueles que optarem pela carreira
acadêmica, assim como para aqueles que atuaram diretamente no mercado de trabalho.
Na unidade I vamos nos dedicar exclusivamente a termodinâmica, ou seja, apren-
deremos as escalas termométricas, em seguida, os meios de transferência de calor e as
transições de fase. Depois, abordaremos a teoria dos gases ideias e juntas todos esses con-
ceitos para estudar a física termodinâmica das máquinas térmicas junto com seus postulados
teóricos. Finalizamos a unidade com o tópico de dilatação linear, superficial e volumétrica.
Já na unidade II estudaremos outro tópico, a óptica, iniciaremos com a diferença
entre fonte de luz e primária e secundária, bem como a formação de imagens em espelhos
planos e côncavos. Na sequência adentraremos a um fenômeno extremamente corriquei-
ro, a refração da luz e como uma onda eletromagnética pode mudar seu comportamento
migrando de um meio para outro com índice de refração diferente. Por fim, mas não menos
importante, encerramos a unidade com o estudo das lentes e suas várias classes.
Depois, na unidade III veremos outra vertente da física, a eletrostática, responsável
por explicar os efeitos causados por corpos carregados eletricamente em repouso e a ele-
trodinâmica, que analisa as causas e efeitos das cargas elétricas em movimento, incluindo
componentes eletrônicos, medidores elétricos, geradores e receptores elétricos.
Por fim, na última unidade, adentramos no eletromagnetismo e analisaremos como
é o campo magnético e as fontes de campo magnético, como as partículas imersas em
um campo magnético se comportam e os fios que conduzem corrente elétrica também.
Fechamos a unidade com a indução eletromagnética e a lei de Faraday.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Termodinâmica

UNIDADE II.................................................................................................... 78
Óptica

UNIDADE III................................................................................................. 122


Eletrostática e Eletrodinâmica

UNIDADE IV................................................................................................. 178


Eletromagnetismo
UNIDADE I
Termodinâmica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Temperatura e Calor;
● Gases Ideais;
● Leis da Termodinâmica;
● Dilatação Térmica.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender a mensurar temperatura em diferentes escalar
e os processos de transferência de calor;
● Estudar os sistemas de gases ideais e as transformações termodinâmicas;
● Compreender a Lei Zero, Primeira Lei e a Segunda Lei da Termodinâmica, bem como
suas aplicações. Por fim, o fenômeno de dilatação e contração térmica.

3
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nesta primeira unidade vamos abordar todos os assuntos da
termodinâmica. Vamos começar aprendendo a manipular escalas termométricas e como
criar uma. Na sequência, iremos estudar os processos de transferência de calor. No segun-
do capítulo nosso foco será direcionado aos sistemas de gases ideais e como as variáveis
pressão, volume e temperatura afetam o cenário.
Posteriormente, no capitulo três, as leis que regem a termodinâmica e explicam o
funcionamento das máquinas térmicas, como por exemplo a máquina de Carnot. Por fim,
mas não menos importante, o fenômeno de dilatação e contração térmica.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE I Termodinâmica 4
1. TEMPERATURA E CALOR

No estudo da calorimetria é abordado os primeiros tópicos com conceitos funda-


mentais da termodinâmica. Em suma, aprenderemos o que é temperatura e como medi-la,
ou seja, as diferentes escalas termométricas e como são relacionadas. Ademais, ainda
neste capítulo vamos estudar as formas de transferência de calor, bem como transições de
fase da matéria.

1.1 Temperatura e escalas termométricas


Em seu dia-a-dia, muito provavelmente você já se queixou da temperatura am-
biente, ora quando está muito quente como no verão, ora na chegada do inverno quando
a temperatura é baixa. Quando você está na cozinha fazendo um prato quente e deve pré
aquecer o forno a uma dada temperatura, ou quando contrai uma gripe e tem a tempera-
tura do corpo elevada. Mas se pudéssemos definir o que realmente é temperatura, como
podemos interpretar?
A temperatura é uma grandeza física que mede o grau de agitação térmica das
moléculas de um sistema. Ou em outras palavras, é uma grandeza que define o estado
térmico de um sistema.
Portanto, como isso se encaixa em nossos estudos? Suponha que você esteja
fazendo uma corrida matinal sem parar por meia hora. Com o tempo, cedo ou tarde, seu
corpo vai começar um processo de transpiração, com o intuito de equilibrar sua temperatura
corporal. Ou seja, durante o exercício você tende a esquentar seu corpo e, quanto mais
rápido se exercitar, mais rápido sentirá a sensação de calor.

UNIDADE I Termodinâmica 5
Levando essa mesma situação para o mundo microscópico da matéria, vamos
supor que um recipiente contém um determinado número de partículas já com uma certa
velocidade, como ilustra a figura 1.

FIGURA 1 – ESTADO DE AGITAÇÃO DAS PARTÍCULAS EM UM SISTEMA FECHADO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Note agora que a fig. 2 ilustra o mesmo sistema, mas com uma temperatura maior
em relação ao seu estado da fig. 1. Veja então que dizer “a temperatura é maior”, remete ao
fato de que a energia de movimento (também chamada de energia cinética) é maior.
Agora vamos supor um sistema formado por um corpo quente, como uma panela
quente de arroz e, do lado, colocamos uma garrafa gelada de refrigerante. Com o tempo,
não será surpresa para ninguém que o arroz vai esfriar e o refrigerante esquentar, mas até
que ponto? Até entrarem em equilíbrio térmico, ou seja, atingirem a mesma temperatura
ambiente. Dessa forma, vamos definir equilíbrio térmico da seguinte forma:
Equilíbrio térmico é quando dois corpos ou mais possuem a mesma temperatura.
Agora que entendemos o que é temperatura, vamos aprender como medi-la, e o
instrumento mais conhecido para essa função é o termômetro. Alguma vez na vida você já
deve ter se deparado com um termômetro como esse da figura abaixo:

FIGURA 2 - TERMÔMETRO GRADUADO NA ESCALA CELSIUS

UNIDADE I Termodinâmica 6
Nesta imagem temos um reservatório de vidro (um bulbo) e, dentro dele, uma
pequena porção de mercúrio. Mas porque especificamente esse elemento? O mercúrio é
uma substância química com alto poder de dilatação, ou seja, com uma breve alteração de
temperatura ele aumenta de tamanho dentro do bulbo. Essa sensibilidade a mudança de
temperatura é o que faz esse sistema ser usado para medidas termométricas.
Diante disso, podemos entender que um mesmo material pode variar sua tempera-
tura, mas pode também alterar seus estados? Se você está lendo este livro significa que já
deve conhecer os três estados da matéria: sólido, líquido e gasoso. Porém, existem mais?
A resposta é sim, no entanto são raramente abordados no ensino médio pois exigem um
grau mais avançado de física quântica.
Mas, para saciar sua curiosidade, aqui vão alguns exemplos de outros estados:
Condensado de Bose-Einstein, quando a determinada massa gasosa atinge temperaturas
incrivelmente baixas; o plasma que por outro lado, é o estado que caracteriza a estrutura
molecular da matéria quando está a temperatura altíssimas; cristais líquidos, um estado
que a matéria possui características do estado líquido e sólido (como se fosse um estado
entre esses dois), entre outros.
No entanto, o foco do nosso estudo serão os pontos fixos fundamentais, que são dois:
1) Ponto de fusão: Essa transição é caracterizada pela transformação do estado sólido
para líquido. Como por exemplo, o ponto de fusão da água é de zero graus Celsius (0 o C).
2) Ponto de ebulição: Transição do estado líquido da matéria para o estado gasoso.
Um exemplo é o ponto de ebulição da água a temperatura do mar, correspondente a 100
graus Celsius (100 o C).
Vamos incluir esses pontos fundamentais em nosso termômetro, graduado na
escala Celsius.

FIGURA 3 - PONTOS DE FUSÃO E EBULIÇÃO DA ESCALA CELSIUS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 7
Atente-se que entre o ponto de fusão e ebulição existem divisões, no caso da escala
Celsius, são 100 “tracinhos”, isso ajuda na medida de temperatura.

1.1.1 Escala Fahrenheit


A escala Celsius não é a única no mundo, existem diversas usadas em diferentes
países e em situações adversas. Caso você tenha viajado para os Estados Unidos ou
já assistiu algum vídeo que mostrasse um medidor de temperatura, com certeza já viu a
escala Fahrenheit.
A diferença é que nessa outra escala o ponto de fusão é de 32 graus Fahrenheit (32 o F).
Já o ponto de ebulição é de 212 Fahrenheit (212 o F). Portanto, diferente da escala Celsius,
existem agora 180 divisões iguais entre os pontos fundamentais. Veja a figura abaixo:

FIGURA 4 - PONTOS DE FUSÃO E EBULIÇÃO DA ESCALA FAHRENHEIT

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

O próximo passo agora será buscar matematicamente uma relação de conversão


entre a temperatura na escala Celsius e Fahrenheit, para isso, vamos aprender um proce-
dimento simples, que pode ser usado para qualquer escala.

FIGURA 5 - COMPARAÇÃO ENTRE PONTOS FUNDAMENTAIS

DA ESCALA CELSIUS E FAHRENHEIT

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 8
Na imagem temos uma temperatura qualquer TC e TF . Para fazer a relação de equi-
valência vamos seguir os seguintes passos: primeiro subtraia essa temperatura aleatória
da temperatura de fusão, em seguida, divida esse valor pela subtração do valor do ponto
de ebulição menos o valor do ponto de fusão.

Note que podemos simplificar a equação:

Dividindo o denominador em comum por vinte:

Essa então é a relação de conversão da escala Celsius para Fahrenheit. Vamos


fazer alguns exemplos.

Ex. 01
Durante uma viagem para os Estados Unidos, Carlos foi a uma amostra de carros
de La Vegas. Quando entrou em um dos carros, notou que a temperatura do ar condiciona-
do registrava 77 o F. Qual era o valor na escala Celsius?
Resposta:
Utilizando a equação de conversão:

Ex. 02
Um viajante vai para os Estados Unidos e descendo do aeroporto ele se depara
com uma escala termométrica marcando 104 o F. Sabendo que o dia estava bem quente, ele
fez uma conta para descobrir a temperatura em graus Celsius, qual foi o valor encontrado?

UNIDADE I Termodinâmica 9
Ex. 03
Em um artigo acadêmico, a pesquisadora Vanessa encontrou dados termométricos
registrados da escala Celsius: T1= 5 o C , T2= 10 o C e T3 = 15 o C. Contudo, para fazer a
simulação no computador, o software matemático só aceita valores na escala Fahrenheit.
Quais os valores de cada temperatura?
1) Temperatura T1:

2) Temperatura :

3) Temperatura :

UNIDADE I Termodinâmica 10
1.1.2 Escala Kelvin
Além da escala Celsius e Fahrenheit, há também uma terceira escala bem conhe-
cida na literatura e utilizada em alguns países, denominada escala Kelvin. O seu ponto de
fusão é dado por 237 K já o ponto de ebulição é dado por 373 K. Comparada com a escala
Celsius, temos:

FIGURA 6 - COMPARAÇÃO ENTRE PONTOS FUNDAMENTAIS

DA ESCALA CELSIUS E KELVIN

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Olhando a figura podemos ver uma outra marcação, o zero absoluto. O que isso
significa? Já pensou que possa existir uma temperatura mínima na natureza? Um valor que
é o marco zero, nunca nada será menor do que esse número? Esse é o zero absoluto. Con-
tudo, ainda o ser humano não encontrou ou foi capaz de encontrar e reproduzir um sistema
a esse nível de temperatura, um cenário em que as micro partículas ficam praticamente
sem energia de movimento. O ponto chave é que o zero absoluto é registrado na escala
Kelvin, e não na escala Celsius e Fahrenheit.
Ademais, observe que comparando com a escala Celsius, TC = 0℃ → TK = 273K e
TC=100℃ → TK = 373 K e , ou seja, para ambas as escalas são 100 unidades que estão entre
os pontos fixos fundamentais. Isso facilita as contas de conversão entre as escalas:

Simplificando o denominador que são os mesmos:


TC = TK - 273

UNIDADE I Termodinâmica 11
Ou também:
TK = TC + 273
Vamos à alguns exemplos:

Ex. 04

Foi registrado recentemente uma temperatura muito baixa no estado do Alaska, de


aproximadamente - 80 oC . Qual o valor na escala Kelvin?
TK = TC + 273
TK = - 80 + 273
TK=193 K
Ex. 05

Em uma revista científica, uma tabela que constava medidas termométricas no solo
marcava os valores T1 = 100 K e T2 = 300 K . Qual o valor desses valores em Celsius?
1) Temperatura T1:

2) Temperatura T1:

Podemos também relacionar três escalas simultaneamente. Vamos então buscar


uma conversão geral entre Celsius, Fahrenheit e Kelvin:

Simplificando os três denominadores por 10 e depois por 2:

UNIDADE I Termodinâmica 12
Observação, para simplificar uma fração, obrigatoriamente devemos fazer em todas
pelo mesmo valor. A expressão que calculamos é a forma mais simplificada de relacionar as
três escalas termométricas. Vamos ver alguns exemplos numéricos:

TABELA 1 - COMPARATIVO DE TEMPERATURAS NAS

ESCALAS CELSIUS, FAHRENHEIT E KELVIN

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

1.1.3 Escalas Arbitrárias


Até aqui relacionamos a temperatura entre três escalas termométricas, porém,
podemos construir uma escala termométrica aleatória? A resposta é sim e para isso preci-
samos de dois pontos certos para comparar com uma escala já conhecida. Veja o exemplo:

Ex. 06

Em uma escala termométrica X, o ponto de fusão do gelo é - 20° X e de ebulição é


de 80° X. Sabendo disso, qual o valor nessa escala termométricas quando o termômetro na
escala Celsius registra 40° C ?
Resposta:

UNIDADE I Termodinâmica 13
Vamos fazer o procedimento padrão para encontrar uma expressão matemática
para a escala de conversão: Primeiro, escolha uma temperatura qualquer na escala X e
então subtraia da temperatura de fusão, depois faça a divisão da temperatura de ebulição
menos a de fusão:

Simplificando o denominador por 10 e depois por 2:

Essa é a equação de conversão entre a escala X do exercício e a escala Celsius.


Vamos agora fazer o exercício, precisamos converter 40o C, para isso, basta substituir:

Ex. 07

Em uma escala termométrica A, o ponto de fusão do gelo é - 50°A e de ebulição é


de 100° X. Sabendo disso, qual o valor nessa escala termométricas quando o termômetro
na escala Celsius registra 12o C ?
Resposta:

Simplificando o denominador por 10 e depois por 5:

Usando os dados do exercício, ou seja, substituindo TC = 12o C, temos:

UNIDADE I Termodinâmica 14
Vamos fazer agora um exemplo em que não precisamos dos pontos fundamentais,
mas apenas uma comparação entre dois pontos correspondentes.

Ex. 08

Suponha que uma escala desconhecida M quando comparada com algumas medi-
das da escala Celsius tenha a seguinte correspondência: TC = 10℃ → TM = -2°M e também
TC = 40℃ → TM = 60°M. Qual a equação de conversão entre as duas escalas?
Resposta:
Fazemos o mesmo processo, mas colocamos que os extremos de cada uma das
escalas seja e para a escala Celsius e e para a escala desconhecida M. Escolhemos uma
temperatura qualquer de cada uma delas e realizamos o mesmo processo dos outros exemplos.

Simplificando ambos os lados o denominador por 6, temos:

Essa última equação, é portanto, a relação de conversão entre a escala M e a


escala Celsius.

1.2 Variação de temperatura


Nessa nova análise que vamos estudar é similar a seção passada em que calculá-
vamos uma temperatura específica. Nessa parte vamos calcular uma variação. A diferença
é que para encontrar a equação de conversão entre as escalas basta dividir o valor da
variação pela subtração do ponto de ebulição e fusão. Observe:

UNIDADE I Termodinâmica 15
Simplificando o denominador por 10:

Simplificando o denominador por 2:

Com essa relação, obtemos a variação nas três escalas termométricas mais conhe-
cidas. Caso seja uma escala aleatória, é só adotar o mesmo procedimento.

FIGURA 7 – PONTOS DE FUSÃO E EBULIÇÃO DAS ESCALAS CELSIUS,

FAHRENHEIT E KELVIN

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Vamos à alguns exemplos:

Ex. 09
Após um dia de chuva e frio, a temperatura local sofreu uma variação de 11℃ .
Quanto corresponde essa variação na escala Fahrenheit e Kelvin?

UNIDADE I Termodinâmica 16
Resolução:
Primeiro vamos fazer entre Celsius e Fahrenheit.

Agora fazendo em Kelvin.

Note que a variação de Celsius e Kelvin sempre será a mesma, uma vez que o núme-
ro de unidades entre o ponto de fusão e ebulição é de 100 unidades em ambas as escalas.

Ex. 10

Enquanto Rodrigo dirigia um carro em uma rodovia dos Estados Unidos, o painel
do carro informa que a temperatura diminuiu 22o F em relação ao dia anterior. Qual foi a
variação em graus Celsius?
Resolução:

UNIDADE I Termodinâmica 17
1.3 Calor
Até o momento aprendemos a calcular a temperatura de um corpo em diferentes
escalas. Contudo, mensurar apenas o valor da temperatura é apenas um lado da moeda.
O outro vem nos fenômenos que ocorrem quando dois ou mais corpos a diferentes tempe-
raturas interagem entre si.
Suponha que dois corpos, com diferentes temperaturas, sejam postos próximos
um ao outro, como por exemplo em um almoço é colocado uma garrafa de refrigerante
gelada do lado de uma panela quente de arroz sob a mesa. Admita que o sistema seja
isolado, ou seja, não há interação do meio externo sobre os corpos. Depois de um tempo,
observamos que a pena de arroz tende a “esfriar”, enquanto a garrafa de refrigerante tende
a “esquentar”. A pergunta certa é: Até que ponto a temperatura dos dois objetos vai parar
de variar? Por que ela está mudando? E quando que não se altera?
Para entendermos isso, precisamos inicialmente definir o conceito de calor:
Calor é a energia térmica em trânsito de um corpo para outro quando possuem
temperaturas diferentes.
O nome energia térmica refere-se a energia dada pela agitação das partículas que
compõem a substância e, obviamente, também depende do número de partículas.
Dessa forma, um corpo que tem uma energia térmica elevada, é aquele que tem
alta temperatura e quando colocado em contato com outro à uma temperatura menor, vai
transferir sua energia, isso nos leva a mais uma afirmação muito importante:
O calor sempre flui naturalmente do corpo de maior temperatura para o de menor
temperatura.
Próximo ao fim do curso, no tópico de máquinas térmicas, vamos ver o caso oposto,
quando um corpo de menor temperatura cede calor para o de maior temperatura. No entanto,
isso não é natural e só ocorre com a presença de um agente externo realizando trabalho.
Agora que entendemos que o calor é uma energia que flui de um corpo para outro
quando a temperatura é diferente, vamos responder outra questão: Até quando isso ocorre?
Para responder essa pergunta, vamos definir equilíbrio térmico.
Equilíbrio térmico é quando dois ou mais corpos atingem a mesma temperatura.
Ou seja, existe um ponto final para esse fluxo de calor e ele corresponde ao equi-
líbrio térmico. A garrafa de refrigerante recebe calor da panela até que ambos os corpos
estejam a mesma temperatura. Ademais, podemos pensar no oposto: Não há troca de calor
entre corpos a mesma temperatura.
O próximo passo é como medir a quantidade de calor. Vamos então a definição:

UNIDADE I Termodinâmica 18
Uma caloria (cal) é a quantidade de calor que 1 grama de água pura deve receber,
sob pressão normal, para que sua temperatura seja elevada de 14,5 o C para 15,5 o C.
Além disso, é comum em alguns casos o calor ser mensurado em Joules. Para
converter Joules para calorias, basta fazer:

1 cal = 4,186 J

Como o calor é uma energia em trânsito, existem algumas formas de transferência


de calor entre dois ou mais corpos, ou até mesmo no mesmo corpo. Vamos agora estudar
em detalhes os três processos de transferência de calor.

1.4 Condução
Quando estamos na cozinha preparando um belo almoço e temos que mexer a
comida na panela com uma colher, sempre é aconselhável uma colher de pau ou silicone
e devemos evitar preparar alimentos bem quentes, como uma sopa, usando uma colher
de metal. Sabemos isso, pois a colher de metal esquenta com muita facilidade enquanto
as outras feitas de material isolante não. Outro exemplo que temos em nosso dia a dia é
quando estamos dentro de uma sala fechada a qual a parede do lado de fora recebe muita
radiação solar. Colocando a mão na parte de dentro, sentimos a parede quente, como se
tocássemos do lado de fora uma churrasqueira. Como é possível que o calor se propague
por dentro do material? Esse fenômeno é denominado condução.
A condução é um processo de transferência de calor em que a energia térmica
passa de partícula para partícula do meio ou material.
Em outras palavras, a condução se comporta como uma onda humana em um
estádio de futebol cheio. A onda vai se propagando e sendo transmitida. Já dentro de um
cabo de colher, a vibração das partículas é transmitida de uma ponta a outra. Quanto maior
a vibração dessas partículas, maior a temperatura. Portanto, podemos afirmar outro fato
importante sobre esse meio de propagação de calor:
A condução não ocorre no vácuo. Uma vez que para haver condução é necessário
um meio material.
Como no vácuo não existem partículas, não existe uma “conexão” entre elas e com
isso o calor não é transmitido. Agora que entendemos como é o processo de condução,
vamos aprender a calcular a quantidade de calor transmitida.

UNIDADE I Termodinâmica 19
FIGURA 8 - PROCESSO DE CONDUÇÃO

Suponha uma barra de comprimento l e com uma área de seção transversal A.


Vamos assumir que os extremos da barra estejam a temperaturas diferentes, como se um
dos lados estivesse em contato com uma fonte térmica. Para o nosso exemplo, o ponto a
tem uma temperatura Ta, enquanto o ponto b uma temperatura Tb. O calor vai fluir de a para
b, uma vez que Ta > Tb. Supondo que a barra seja isolada ao longo de sua superfície, temos:
FIGURA 09 - LEI DE FOURIER PARA CONDUÇÃO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

O fluxo de calor ao longo da barra é dado pela quantidade de calor que atravessa
a mesma em um determinado intervalo de tempo:

Como a quantidade de calor é dada em cal e tempo em s , então .

UNIDADE I Termodinâmica 20
Além disso, existe outra forma de calcularmos o fluxo de calor em termos das ca-
racterísticas do material, a qual vamos chamar de coeficiente de condutibilidade térmica k.
Matematicamente, essa lei é chamada de Lei de Fourier, dada por:

Em que ∆T = Ta - Tb, ou seja, a variação de temperatura entre os extremos da barra.

Ex. 11

Durante um experimento, um estudante verificou que uma barra de latão de


comprimento l = 0,8 m e área de seção transversal igual a A = 2 cm2, com coeficiente de
condutibilidade térmica igual a conduz calor e uma extremidade a outra.
Sabendo que a diferença de temperatura entre esses pontos é de 50 o C, qual é o fluxo de
calor que passa pela barra?
Resolução:

Veja que como a constante k tem a medida de comprimento e área dada em centí-
metros, devemos passar o comprimento para centímetros também. Ou seja, l = 0,8 m = 80 cm .

1.5 Convecção
Em nosso dia a dia frequentamos vários ambientes com ar condicionado. Em outras
ocasiões, quando por exemplo, viajamos para uma cidade muito fria, alguns quartos de hotéis
possuem aquecedores. Recordando desses dois cenários, existe um motivo pelo qual o ar
condicionado deve estar próximo ao teto do ambiente e o aquecedor em baixo. A resposta é
pelo fato do ar gelado ser mais denso do que o ar quente e, por isso, ele tende a descer.

UNIDADE I Termodinâmica 21
FIGURA 10 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO EM UM AMBIENTE FECHADO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Por outro lado, o ar quente é menos denso que o ar gelado, logo tende a subir.
Caso fosse o oposto, se o ar condicionado fosse colocado em baixo, o ar gelado não teria
força para subir e se o aquecedor fosse colocado em cima, o ar quente não desceria. Dessa
forma, podemos entender esse processo da seguinte forma:
A convecção é o processo de transferência de calor em que a energia térmica muda
de local junto com o material deslocado devido a diferença de densidade.
Outro exemplo é quando ao mergulhar em uma piscina, passando bem próximo
ao fundo, a água é mais gelada em baixo do que na superfície da piscina. Ou também
em uma geladeira tradicional em que o freezer fica na parte superior, temos dentro da
geladeira algumas partições. Armazenamos os alimentos que precisam de temperaturas
baixas na primeira partição, pois ali o alimento gela mais rápido. Já verduras e vegetais são
geralmente depositados em um gavetão ou partição que fica em baixo, pois não recebe
diretamente o ar gelado.

FIGURA 11 - CONVECÇÃO EM UMA GELADEIRA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 22
As prateleiras devem ser levemente vazadas ou espaçadas para permitir a passa-
gem de ar que circular no interior da geladeira. Isso pode ser notado quando a geladeira
está muito cheia evitando a rede de convecção de ar e os alimentos passam ter dificuldades
para serem refrigerados.
Veja que então, assim como a condução, a convecção necessita de um meio ma-
terial. Uma vez que se trata do movimento de material aquecido e refrigerado devido a
diferença de densidade, no vácuo não há matéria, logo, não há convecção.

1.6 Radiação
O terceiro processo de calor é proveniente da radiação eletromagnética. Imagine
uma fogueira acessa e que você esteja próximo a ela, de alguma forma o calor consegue
se propagar da chama até você. Isso ocorre pois o fogo libera ondas eletromagnéticas, ou
seja, é uma fonte luminosa. Como vamos ver nas próximas unidades em óptica e eletro-
magnetismo, uma onda eletromagnética é composta de um campo elétrico com um campo
magnético. Ou seja, uma onda de energia e, como tal, pode se propagar em meios materiais
ou mesmo no vácuo. Dessa forma, vamos definir esse processo de calor:
A radiação é o processo de propagação de calor em que é transmitido por ondas eletro-
magnéticas e, quando interage com a matéria, essa onda altera a energia térmica do material.
Podemos pensar em um exemplo muito simples, quando saímos no sol, sentimos
nossa pele esquentar. Veja que a luz do sol é uma onda eletromagnética que chega e
interage com nosso corpo, alterando a temperatura.

FIGURA 12 - PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Além disso, como já mencionado, o único processo que pode ocorrer no vácuo é a
radiação, diferente da condução e convecção.

UNIDADE I Termodinâmica 23
1.7 Calor sensível
Quando um corpo, esteja ele no estado sólido, líquido ou na forma de vapor, e de-
sejamos variar sua temperatura é necessário uma determinada quantidade de calor cedida
à amostra ou retirada da mesma. Esse calor é denominado de calor sensível:
O calor sensível é o calor fornecido ou retirado de uma substância em que o intuito
é variar sua temperatura mas sem modificar seu estado físico.
Matematicamente é escrito na forma:

Q = m. c. ∆T

Em que Q é a quantidade de calor, m a massa da substância, c o calor específico


e ∆T é a variação de temperatura. Dentre essas grandezas, a que ainda não estudamos foi
o calor específico, o que é esse parâmetro?
Vamos entender com base em um exemplo. Em uma viagem à praia, é comum que
a água do mar esteja fria no meio da tarde, mas no final do dia, ela tende a ficar mais quente.
Já a areia da costa, basta alguns minutos de sol que ela já fica quente a ponto de ser difícil de
caminhar sem chinelo. Contudo, enquanto uma nuvem sobre a luz solar já é suficiente para
esfriar a areia. A pergunta que devemos fazer é: Como é possível que uma substância altere
de temperatura mais rápido do que a outra? O que elas possuem de diferente?
A resposta está em uma característica da matéria chamada de calor específico.
Podemos definir da seguinte forma:
O calor específico de um corpo indica a quantidade de calor que cada unidade de
massa do corpo precisa receber ou ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Em outras palavras, a areia precisa de uma quantidade de calor muito menor para
variar a mesma temperatura que a água, a qual precisa de muita quantidade de calor. O
calor específico da areia é aproximadamente 0,2, enquanto o da água é de 1,0. Portanto,
quanto maior o calor específico, mais calor é necessário para variar a temperatura.

Ex. 12
Suponha que uma dada quantidade de água m = 300 g esteja a uma temperatura
inicial 5o C e é aquecida por uma fonte térmica até 40o C. Sabendo que o calor específico é
c = 1,0 cal/ g, qual a quantidade de calor utilizada nesse processo?
Resolução:
O calor sensível é dado por:

UNIDADE I Termodinâmica 24
Note que o prefixo K é lido como “quilo” e ele significa que tem três casas decimais
após o número 9.

Ex. 13
Uma quantidade de água igual à m =1,2 Kg é foi resfriada de 90o C para 15o C, dado
calor específico da água c = 1,0 cal/ g, qual foi a quantidade de calor retirada?
Resolução:
Veja que como vamos retirar calor da amostra líquida, então o resultado será nega-
tivo na expressão matemática. Caso fosse um calo cedido, como o exemplo anterior, então
essa quantidade de calor é positiva. Portanto:

Sabendo que podemos calcular a quantidade de calor transmitida de uma fonte


para um corpo. Vamos aplicar nossa gama de problemas e estudar a interação de troca
de energia térmica entre dois ou mais corpos. No entanto, para que possamos analisar um
sistema nessa configuração, precisamos estabelecer uma condição de equilíbrio térmico.
Imagine que você está com muita sede em um dia quente e anseia por uma água
gelada. A opção mais rápida é encher o copo de água e adicionar algumas pedras de gelo.
O que observamos? Que o gelo passa a derreter com o tempo e a água fica gelada. Do
ponto de vista termodinâmico, o gelo recebeu calor da água e, esta por sua vez, diminui
sua temperatura por perder calor. Além disso, depois de um tempo, é notável que a água
chega à um “limite” de resfriamento, em que ela não fica mais gelada e o gelo para de
derreter. O que isso significa? Que o estado chegou no ponto de equilíbrio térmico. Ou seja,
a temperatura inicial de ambas as substâncias era diferente, mas depois de um certo tempo
de mistura, a temperatura do conjunto é a mesma.

UNIDADE I Termodinâmica 25
Para que essa situação seja reproduzida no cenário, mas ideal possível é neces-
sário um recipiente em que isole a mistura de dentro do meio externo, para que não tenha
perdas de calor inesperadas. Ademais, ele deve permitir a entrada de um termômetro para
registrar a variação de temperatura. Esse recipiente é chamado de calorímetro.

FIGURA 13 - REPRESENTAÇÃO DE UM CALORÍMETRO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Vamos aprender a calcular a temperatura de equilíbrio térmico em um sistema isolado.

Ex. 14
Em um calorímetro ideal, são misturados 100 g de água a uma temperatura de 5o C com
400 g de água à uma temperatura de 20o C. Dado o calor específico da água c = 1,0 cal/ g, qual
a temperatura final de equilíbrio térmico?

Resolução:
A quantidade de calor total trocada que o corpo mais quente cede e que o corpo
mais frio recebe, deve ser igual a zero. Ou seja:

Ou seja:
Q1 + Q2 = 0
Em que Q1 é a quantidade de calor da massa de água de 100g e Q2 referente a
outra massa de água.

UNIDADE I Termodinâmica 26
Chamamos aqui de TF a temperatura final de equilíbrio do conjunto. Fazendo a distributiva:

Isolando a variável:

Ex. 15

Em um recipiente termicamente isolado são misturados 100g de água a uma tem-


peratura de 20o C, 400g de água a 5o C e um bloco de ferro de 300g a uma temperatura de
150o C. Sabendo que o calor específico da água ca = 1,0 cal/ g e do ferro igual a qual a
temperatura final de equilíbrio térmico?
Resolução:

Q1 + Q2 + Q3 = 0

Somamos então as respectivas quantidades de calor que cada parcela do sistema


fornece ou recebe e, a soma, deve ser zero, pois essa é a situação de equilíbrio térmico.

Fazendo a distributiva:

Isolando o parâmetro TF :

1.8 Calor latente


Sabemos que a matéria possui três estados físicos bem conhecidos: o sólido, em
que as partículas da estrutura cristalina estão bem agrupadas; o estado líquido, em que
as moléculas não ficam tão próximas; e o estado líquido, no qual as partículas não estão
fortemente interligadas entre si, permitindo uma facilidade de dispersão.

UNIDADE I Termodinâmica 27
FIGURA 14 - ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ademais, como você já deve saber, para cada transição existe um nome:
Sólido → Líquido: Fusão
Líquido → Sólido: Solidificação
Líquido → Vapor: Vaporização
Vapor → Líquido: Condensação
É possível também que ocorra uma transformação do estado líquido para o vapor
e vice-versa, denominada sublimação.
Contudo, existe uma diferença siginificativa em dar uma quantidade de calor para
alterar a temperatura de um corpo, como foi o caso estudado do calor sensível e agora na
situação em que queremos modificar o estado físico.
Quando desejamos alterar apenas a temperatura, o calor cedido ou retirado só
tende a alterar o estado de vibração das partículas que constituem a substância e, como
sabemos, a temperatura é uma grandeza física que mede o estado de agregação das
partículas e um corpo. Logo o calor sensível só permite um aumento ou diminuição do
movimento das partículas, em outras palavras, na energia cinética das moléculas.
Por outro lado, quando desejamos modficar o estado da matéria, é necessário alte-
rar o seu perfil de agregação. Como já dito, o estado sólido é aquele em que as partículas na
rede cristalina estão bem amarradas. Portanto, para separá-las é necessário uma energia
quebrar uma energia potencial de ligação para chegar no estado líquido.

FIGURA 15 - REPRESENTAÇÃO MICROSCÓPICA DOS ESTADOS DA MATÉRIA

UNIDADE I Termodinâmica 28
Sendo assim, o calor latente será uma quantidade bem alta comparada ao calor
sensível na maioria dos casos. Além disso, durante a transição de fase a temperatura do
corpo não altera, apenas seu estado de agregação. Logo, matematicamente, a expressão
do calor sensível não depende da variação de temperatura, apenas da massa m do corpo
e do coeficiente de calor latente L, que é uma constante bem definida.

Q=m.L

Vamos ver alguns exemplos do cálculo da quantidade de calor para mudar o estado
físico da matéria.

Ex. 18
Quanto de calor necessita receber 250g de gelo a zero graus Celsius para se trans-
formar totalmente em água? Dado calor latente de fusão L = 80 cal/g.
Resolução:

Ex. 19
Qual a quantidade de calor necessária em Joules para transformar 400g de água a
100o C totalmente em vapor? Dado calor latente de vaporização L = 540 cal/g.
Resolução:

1.9 Transições de fase


Agora vamos reunir tudo o que aprendemos nas duas últimas seções. Ou seja,
vamos calcular a quantidade de calor total necessária para levar uma substância no estado
sólido até ao estado líquido ou de vapor.
Para realizar os cálculos é preciso que você compreenda o passo a passo: Vamos
supor que você tenha que transformar um cubo de gelo que está a uma temperatura de
para a mesma quantidade em vapor a . Como fazemos?

UNIDADE I Termodinâmica 29
FIGURA 16 - TRANSIÇÃO DE FASE DO SÓLIDO PARA VAPOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Não podemos diretamente transformar o gelo em vapor, para isso, devemos passar
por todas as etapas:
1) Aumentar a temperatura do gelo até o ponto de fusão (calor sensível);
2) Mudar o estado físico (calor latente);
3) Agora no estado líquido, devemos aquecer a água até o estado de ebulição
(calor sensível);
4) Ocorre a transição de fase de líquido para vapor (calor latente);
5) Por fim, quando a substância está no estado gasoso, elevamos a temperatura
até 120o C (calor sensível).
Matematicamente, para encontrar a quantidade de calor total, é preciso somar as
cinco quantidades de calor:

Graficamente esse sistema pode ser representado da seguinte forma:

UNIDADE I Termodinâmica 30
FIGURA 17 - GRÁFICO DE TRANSIÇÃO DE FASE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Para interpretar as transições de fase em um gráfico de temperatura por quantida-


de de calor recebido é muito simples. Os segmentos de reta que possuem um coeficiente
angular não nulo, ou seja, a parte em que a curva em está inclinada no gráfico, indica uma
mudança de temperatura, ou seja, é um trecho de calor sensível. Já quando a curva está
na horizontal, representa a parcela do calor latente, o que é intuitivo, uma vez que o calor
latente não depende da variação de temperatura, a curva nesse momento deve permanece
constante conforme recebe calor da fonte externa.

Ex. 20
Quanto de calor necessitam receber 150 g de gelo para serem aquecidos de - 20o C
a 40o C. A pressão atmosférica é constante e normal, e são dados:
calor específico do gelo 0,50 cal / g °C;
calor latente de fusão do gelo 80 cal / g;
calor específico da água 1,0 cal / g °C.
Resolução:

FIGURA 18 - TRANSIÇÃO DE FASE DO SÓLIDO PARA LÍQUIDO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 31
Observando a figura, temos que o sistema inicialmente está no estado sólido. Por-
tanto, para chegar na configuração final de água a 40o C é preciso: i) diminuir a temperatura
do gelo; ii) fazer a transição de fase; iii) elevar a temperatura da água. Assim, devemos
somas o calor sensível do gelo, o calor latente de fusão e o calor sensível na água:

Atente-se no calor sensível do gelo que a variação de temperatura final é 0o C e a


inicial é - 20o C. Como a variação é a temperatura final menos a inicial, existe um jogo de sinal
nesse termo:

Ex. 21
Para transformar 300 g de gelo a –10° C em água a 60° C. Sabe-se que o calor
específico do gelo vale 0,50 cal / g °C e o da água, 1,0 cal / g °C e que o calor latente de fusão
do gelo vale 80 cal / g. Quanto calor, em quilocalorias, devemos fornecer a esse cubo de gelo?
Resolução:

Como o exercício pede em quilocalorias, fazemos

QT = 43,5 Kcal

Uma vez que K = 1000 = 103.

UNIDADE I Termodinâmica 32
Ex. 22
Uma quantidade de água de 500g inicialmente a 80° C sofre uma perda de calor
reduzindo a temperatura até o estado sólido a - 30℃. Qual a quantidade de calor retirado?

FIGURA 19 - GRÁFICO DE TRANSIÇÃO DE FASE DO ESTADO LÍQUIDO PARA O SÓLIDO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

calor específico do gelo 0,50 cal /g °C;


calor latente de fusão do gelo 80 cal /g;
calor específico da água 1,0 cal /g °C.
Resolução:
Seguindo a curva de resfriamento, temos respectivamente o calor sensível da água,
calor latente de solidificação e o calor sensível do gelo.

Atenção para alguns pontos, o calor latente de fusão do gelo é o mesmo de solidifi-
cação, porém com sinal oposto. Além disso, a temperatura final na variação da água é zero
e do gelo é -30, o que vai proporcionar um resultado negativo.

UNIDADE I Termodinâmica 33
A interpretação física para o resultado negativo é que como se trata de um sistema
no qual o calor está sendo retirado, é convencional adotar a quantidade de calor negativa.

Ex. 23
Em um calorímetro ideal, encontramos 100 g no estado sólido a - 20℃, sob pressão
normal. Calcule a quantidade de calor que esse sistema deve receber até que toda a água
se transforme totalmente em vapor.
Dados: calor específico da água 1,0 cal/g °C;
calor específico do gelo 0,50 cal/g °C;
calor latente de fusão do gelo 80 cal/g;
calor latente de vaporização da água 540 cal/g.

Resolução:

UNIDADE I Termodinâmica 34
2. GASES IDEIAIS

Em diversas áreas das ciências exatas lidamos com problemas que envolvem
sistemas os quais a pressão, volume e temperatura são características essenciais. Tais
problemas, em muitos casos são formados por recipientes, gases e pistões, que não mais
é do que a tampa do reservatório.
Estudar o comportamento dos gases permitiu um avanço significativo na ciência,
para o desenvolvimento de máquinas térmicas e frigoríficas, além de motores à combustão
que podem realizar trabalho até caldeiras que fazem o trabalho pesado em indústrias.
Para dar início, iremos adotar um sistema teórico simples, em que as moléculas
do gás são perfeitamente esféricas, as quais não realização interações químicas. Esse
sistema será batizado de gás ideal.
Sempre que estudarmos um recipiente contendo um gás ideal devemos levar em
conta o número de partículas. No entanto, é impossível contar com exatidão todas as molé-
culas do sistema. Assim, iremos trabalhar com a grandeza mol. Um mol de uma substância
gasosa é definido pelo número de Avogadro:

A = 6,02.1023 moléculas/mol

Outro detalhe importante para começarmos esse novo tópico é que a escala termo-
métrica de referência para medidas de temperatura é o Kelvin. Lembrando que TK = TC + 273.

UNIDADE I Termodinâmica 35
Ademais, outro parâmetro fundamento para estudo de gases perfeitos é a pressão.
Para entender de forma simples, suponha que uma panela de pressão, no começo as
moléculas de água estão a uma temperatura ambiente. Porém com o tempo, devido ao
aumento de temperatura e o volume constante, as moléculas ganham mais calor da fonte
térmica externa, elevando a energia cinética das partículas de água. Com isso, o choque
de partículas n parede do recipiente cresce cada vez mais, quanto maior o choque de
partículas, maior a pressão exercida sobre as paredes da panela. Por tanto:
A pressão é uma grandeza física escalar, dada pelo módulo da força resultante
aplicada perpendicularmente à uma superfície divida pela área da superfície.

Um exemplo dessa aplicação é um experimento da cama de pregos.

FIGURA 20 - CAMA DE PREGOS

Na imagem temos um homem deitado em uma tábua a qual tem centenas de pregos
fixos. Como é possível que ele não se espete ou se machuque? A explicação é que a força
sobre a cama de pregos é o próprio peso da pessoa e esse peso está distribuído em uma
área grande de contato, o que faz com que a pressão seja bem pequena. Por outro lado,
se nessa cama só tivesse um único prego, no momento em que o homem deitasse, muito
provavelmente seria furado, pois todo seu peso (que é a força aplicada), seria depositada
em uma área muito pequena de contato.

UNIDADE I Termodinâmica 36
2.1 Equação de Clapeyron
A primeira equação característica de um gás ideal foi proposta pelo físico Benoît
Paul Émile Clapeyron, em que uma única expressão matemática conseguiu relacionar a
pressão de um sistema (P), o volume (V), o número de partículas (n), a constante universal
dos gases (R) e a temperatura (T), dada por:

PV=nRT
A constante universal dos gases é tabelada:

Com base na equação de Clapeyron, percebemos que um sistema de gás ideal é


definido em torno de três grandezas fundamentais: pressão, volume e temperatura. Quan-
do uma delas é constante, o resto do composto fica em função das outro dois parâmetros.
Portanto, vamos definir três transformações termodinâmicas.

2.2 Lei de Boyle


Robert Boyle foi um físico e químico que trabalhava com transformações gasosas
e definiu um que levou seu nome, a lei de Boyle. Segundo ele, quando uma quantidade de
gás ideal realiza uma transformação em que a temperatura não varie, ou seja, a tempera-
tura final é a mesma da temperatura inicial, então essa transformação é classificada como
isotérmica (a palavra isso vem de igual e térmica para temperatura).

FIGURA 21 - LEI DE BOYLE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na figura a cima, temos que a velocidade das partículas são iguais, ou seja, a
energia cinética delas não se altera, pois a temperatura é a mesma. Do ponto de vista da
equação de Clapeyron temos:

UNIDADE I Termodinâmica 37
Veja que o número de partículas não se altera, logo n é constante. A constante univer-
sal dos gases sempre é a mesma e nessa transformação a temperatura não se altera, então
o produto das três grandezas é constante, podendo ser reescrito por uma constante K1.

PV = K1

Ou seja:

Logo, a pressão é inversamente proporcional ao volume em uma transformação


constante. Ademais, Como o produto de pressão e volume não altera com o tempo, pode-
mos dizer que em um instante de tempo futuro PV ainda é o mesmo. Logo:

2.3 Lei de Charles e Gay-Lussac


Os físicos e químicos Louis Joseph Gay-Lussac e Jacques A. C. Charles apresen-
taram os mesmos resultados para o estudo de um sistema em que a pressão não se altera
com o tempo, a qual foi chamada de transformação isobárica.

FIGURA 22 - LEI DE CHARLES E GAY-LUSSAC

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Analisando essa mudança pela equação de Clapeyron, temos:

UNIDADE I Termodinâmica 38
Nesse caso, colocamos do lado esquerdo da equação os parâmetros que variam,
no caso volume e temperatura, e no lado direito as constantes.

Portanto:
V = K2 T
Note que em uma transformação isobárica, o volume é diretamente proporcional a
temperatura e o que torna isso à uma igualdade é a constante . Além disso, como a razão
entre volume e temperatura é sempre a mesma ao longo da evolução do sistema, temos que:

2.4 Lei de Charles


Por fim, a terceira transformação foi definida pelo físico francês Jacques Alexandre
Cesar Charles. Nesse caso, quando um gás ideal passa por uma mudança e seu volume
não se altera, é dito que o sistema sofreu uma transformação isovolumétrica. Contudo,
na literatura, você pode encontrar outros nomes para essa mesma transformação, como
isométrica ou isocórica.
Verificando esse comportamento na equação de Clapeyron:

Portanto:
P = K 3T

UNIDADE I Termodinâmica 39
FIGURA 23 - LEI DE CHARLES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Observe que nessa situação, o êmbolo (ou pistão, ou tampa) do recipiente não se
move, o que proporciona um volume constante. Dessa forma, podendo alterar a pressão e
temperatura, mantendo volume constante:

2.4 Lei Geral dos Gases


Fonte: ID: 1406042474

Suponha que uma dada quantidade de gás ideal esteja em um estado inicial ca-
racterizando os três parâmetros principais em que nenhum é constante: P1 ,V1 e T1 . Depois
de algumas transformações o mesmo sistema é dado por valores diferentes de pressão,
volume e temperatura: P2 ,V2 e T2.
Através da equação de Clapeyron temos os dois sistemas dados por:

Note que nas duas equações o lado direito é igual. Portanto, o lado esquerdo deve
ser igual também:

Essa análise pode ser feita quantas vezes for possível. Assim, quando qualquer um
desses três parâmetros é alterado, os outros dois também se modificam:

UNIDADE I Termodinâmica 40
FIGURA 24 - LEI GERAL DOS GASES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Essa relação entre antes e depois do sistema, é chamada de Lei Geral do Gases.
Vamos fazer alguns exemplos para entendermos na prática a aplicação dessas
transformações:

Ex. 01
Em uma transformação isotérmica, inicialmente sob pressão de 4,0 atm , passa de
5 litros para 20 litros. Determine a pressão final do gás.
Resolução:
Segundo a lei Geral dos Gases

Contudo, em uma transformação isotérmica T1 = T2:

Simplificando:

Substituindo os valores

UNIDADE I Termodinâmica 41
Ex. 02
Um recipiente contém um gás ideal com um volume de 300 litros a uma temperatura
de 10o C . Supondo que ocorra uma transformação isobárica, qual a temperatura final do gás
para que seu volume triplicar?
Resolução:
Segundo a lei Geral dos Gases

Contudo, em uma transformação isobárica P1 = P2 :

Simplificando:

Substituindo os valores:

O volume final V2 = 900 uma vez que o enunciado deixa claro que o mesmo é
triplicado. Logo:

Note que não foi necessário transformar a temperatura inicial para Kelvin para
depois encontrar em Celsius. Uma vez que temos que a escala de T1 e T2 são as mesmas,
esse processo pode ser pulado.

UNIDADE I Termodinâmica 42
Ex. 03
Um gás ideal confinado em um recipiente a uma pressão de 8 atm está a uma
temperatura de 400 K. Qual será a pressão do gás se o volume permanecer constante e a
temperatura for reduzida para 250 K ?
Resolução:

Segundo a lei Geral dos Gases

Contudo, em uma transformação isobárica V1 = V2:

Simplificando:

Substituindo os valores:

Ex. 04
E um recipiente fechado um gás é armazenado, inicialmente os valores de volume,
pressão e temperatura são respectivamente dados por: V1 = 2L, P1 = 6 atm, e T1 = 50o C.
Supondo que uma força externa empurre o êmbolo para dentro do recipiente, compactando
o gás, reduzindo o mesmo em 60%. Qual a temperatura necessária para aquecer esse gás
para a pressão final ser P2 = 11 atm??
Resolução:

UNIDADE I Termodinâmica 43
A redução de volume 0,6 .V1 = 0,6 .2 = 1,2. Logo, o valor do volume final V2 = 0,8 L. Assim:

Ex. 05
Qual a temperatura em Kelvin para que 3 mols de um gás perfeito armazenado
em um recipiente de volume igual a 10 L exerça uma pressão de 8 atm? Dada a constante
universal dos gases como R = 0,082 atm L/mol K.
Resolução:
Utilizando a equação de Clapeyron:

PV=nRT
Substituindo os valores:

Ex. 06
Suponha que uma quantidade de gás esteja armazenada em um recipiente de 10
L à uma temperatura de 30o C e, admitindo que esse gás exerça uma pressão de 3 atm nas
paredes do recipiente. Depois de um tempo, essa quantidade de gás é transferida para
outro reservatório, mas esse tem volume de 6 L e o gás passará a exercer uma pressão de
7 atm. Qual temperatura estará o gás no novo recipiente?
Resolução:
Utilizando a lei geral dos gases:

Veja que para realizar essa conta, primeiro devemos passar a temperatura para
Kelvin. TK = 30 + 273 = 303

UNIDADE I Termodinâmica 44
Ex. 07
Em um recipiente de 30 L são colocados 200 g de oxigênio, a uma temperatura de
37o C. Assumindo que o oxigênio nesse caso se comporte como um gás perfeito e que a
massa molar do oxigênio é de 32 g, qual o valor da pressão exercida por ele nas paredes
do recipiente? Dado: constante universal dos gases igual à .
Resolução:
Para determinar o número de mols, devemos calcular a relação entre massa molar
e massa de gás:

Agora, passando a temperatura para Kelvin: TK = TC + 273 = 37 + 273 = 310 . Utilizan-


do a equação de Clapeyron:

Ex. 08
O gás carbônico é uma composição de grande aplicação, dentre elas os extintores de
combate a incêndio. Suponha que em um extintor de 5 L, o gás contido em seu interior esteja
à uma pressão de 6 atm submetido a uma temperatura de 27o C, qual o número de partículas?
Resolução:
Segundo a equação de Clapeyron:
PV=nRT
Isolando a variável que buscamos, ou seja, o número de partículas:

Substituindo os valores e passando a temperatura em Celsius para Kelvin TK = TC


+ 273 = 27 + 273 = 300:

Lembrando que cada mol corresponde a 6,02 .1023:

UNIDADE I Termodinâmica 45
Ex. 09
Uma dada massa de gás perfeito em um estado inicial com os respectivos valores
de pressão, volume e temperatura: P1 = 2 atm, V1=3L e T1 = 27o C. Depois de sofrer algumas
transformações, o valor final de cada parâmetro é: P2 = 6 atm, V2= ? e T2 = 87o C. Qual o valor
do volume?
Resolução:
Usando a lei geral dos Gases

Veja que para realizar essa conta, primeiro devemos passar a temperatura para
Kelvin. TK = 27 + 273 = 300 e TK = 87 + 273 = 360

Ex. 10
Uma dada massa gasosa está inicialmente em um recipiente com pressão P, volu-
me V e temperatura T. Depois de sofrer algumas transformações, sua pressão diminui duas
vezes e seu volume triplica. Qual o valor da nova temperatura?
Resolução:
A partir do enunciado temos:

Portanto, usando a lei geral dos gases temos:

UNIDADE I Termodinâmica 46
2.5 Diagramas de mudança de fase e Equação de Van Der Waals
Até o momento, nosso objeto de estudo foi o modelo dos gases ideais. Contudo,
um dos fenômenos mais presentes na termodinâmica é a mudança de fase, ou seja, a mu-
dança do estado sólido para líquido e gasoso. Podemos entender como mudança de fase
como uma mudança descontínua nas propriedades de uma substância quando o ambiente
no qual está imersa se altera.
Aprendemos que quando um cubo de gelo a - 30 o C é aquecido até atingir - 5 o C,
ele permanece no mesmo estado, mas o estado de agitação das partículas que o compõe
se altera, fica mais agitado. Podemos dizer então que a energia cinética das partículas
aumentou e em física, o calor que altera essa energia é denominado calor sensível. Por
outro lado, ao transformar gelo em água líquida não há uma alteração de temperatura e
sim uma mudança da energia potencial de agregação das partículas. Em outras palavras,
a energia potencial de agregação de uma substância pura no estado sólido é muito maior
do que a mesma no estado líquido e que é maior do que tal substância no estado gasoso.
Quando temos uma quantidade de vapor de água e alteramos a temperatura am-
biente, é preciso levar em conta a interação entre as moléculas, uma vez que quando o va-
por condensa existe ali uma força de atração para aproximar as partículas. Esse fenômeno
de interação entre as partículas microscópicas não é explicado pelo modelo do gás ideal.
Antes de adentrarmos na reformulação da teoria dos gases ideais vamos primeiro aprender
como representar a mudança de fase em um diagrama.
Mais de uma variável afeta a mudança de fase, podemos notar isso quando ob-
servamos a água atingindo o estado gasoso a 100 o C a altura do nível do mar, na qual a
pressão é igual a 1 atm, bem como quando a água é aquecida no topo de uma montanha e
atinge a mudança de fase a uma temperatura menor do que 100 o C (isso acontece devido
a pressão ser menor em tal altitude). Logo podemos concluir que a pressão junto a tempe-
ratura são as duas variáveis intensivas que descrevem a mudança de fase de um sistema.
Uma maneira de representar as fases que uma substância pura pode assumir é através do
diagrama de fases. Esse gráfico mostra para cada par ordenado de pressão e temperatura,
o estado que a substância vai apresentar.

UNIDADE I Termodinâmica 47
FIGURA 25 – DIAGRAMAS DE FASE PARA A ÁGUA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Esse é o diagrama de fases da água. Cada curva são as fronteiras de fase. Nos
pontos indicados em preto indicam a coexistência de duas ou mais fases. Isso significa que
as fases estão em equilíbrio e a pressão desse ponto é chamada de pressão de vapor.
Podemos observar que na figura o ponto PT é o ponto triplo, ou seja, nesse ponto, a
dada temperatura e pressão, podemos encontrar a água nos três estados coexistindo paci-
ficamente. Note também que a fronteira entre líquido e gás termina em um ponto, chamado
de ponto crítico PC e a partir dai, as duas fases tornam-se indistinguíveis.
Em 1873 Van Der Waals propôs um modelo para o gás ideal no qual as moléculas
interagem entre si. Nesse caso, devemos considerar o volume ocupado pelas moléculas.
Ademais, deve ser incluso no modelo uma interação atrativa a curta distância, a qual é
representada através de uma energia potencial. Matematicamente a equação de Van Der
Waals é dada por:

Em que b é o volume ocupado por cada partícula e o segundo termo representa


a interação atrativa descrita pelo parâmetro a. Junto a esse enunciado, há também as
isotermas de Van Der Waals:

UNIDADE I Termodinâmica 48
FIGURA 26 – ISOTERMAS DE VAN DER WAALS

Fonte: Fonseca e Monte, s/d.

Em um gráfico de pressão por volume as curvas representadas são as isotermas,


que nada mais é do que curvas a qual a temperatura permanece constante. Nesse caso,
as isotermas de Van Der Waals não descrevem completamente o comportamento estável
do fluido. Determinados pontos descrevem situações instáveis do sistema modelo pela
equação de Van Der Waals. Por outro lado, alguns trechos das isotermas representam um
cenário metaestável do fluido.
Podemos ver na figura que os pontos A, C e D possuem a mesma pressão para
valores de volume diferentes.

UNIDADE I Termodinâmica 49
3. LEIS DA TERMODINÂMICA

Em nosso dia a dia estudamos vários conceitos que relacionam transformação


de energia e sua conservação. A energia mecânica pode ser caracterizada pelo ponto de
vista vetorial, em que toda força resultante diferente de zero aplicada em um corpo
de massa m, causa uma aceleração . Esse conceito se estende em diferentes análises
do movimento de corpos, desde sistemas conservativos até aqueles em que existe uma
força dissipativa presente, como atrito e resistência. Ademais, os problemas que envolvem
energia mecânica podem ser estudados do ponto de vista escalar, ou seja, como uma
composição de energia cinética, energia potencial gravitacional e energia potencial elástica
(quando houver alguma mola no problema).
Outras manifestações de energia bem corriqueiras nas ciências exatas são a ener-
gia elétrica, a qual veremos com mais detalhes na unidade III e IV e a energia luminosa, que
será estudado na unidade II.
O foco desse capítulo são as relações e transformações de energia mecânica e
energia térmica. Ou seja, a termodinâmica tratará do funcionamento de maquinas térmicas,
juntando o conceito de trabalho mecânico realizado por uma força externa ou do próprio
sistema em conjunto com uma quantidade de massa gasosa, confinada em um recipiente
que permite a variação da temperatura, volume e pressão do conteúdo.

UNIDADE I Termodinâmica 50
Vamos iniciar nosso estudo definindo três características fundamentais para com-
preender um sistema termodinâmico

3.1 Energia interna (U)


Suponha que uma determinada massa de gás perfeito esteja aprisionada em um
recipiente com uma tampa móvel. Sabemos que um gás perfeito as partículas tem dimensão
desprezível, isso significa que não há uma interação entre elas e por serem bem pequenas,
sua energia de rotação não é considerada. Portanto, a energia interna de um gás depende
diretamente do movimento de translação das partículas, ou seja, de sua energia cinética
de movimento.
De forma geral, as partículas que compõe um gás podem ser classificadas como
gás monoatômico, em que as moléculas são pequenos pontos materiais.

FIGURA 27 - MOVIMENTO DAS PARTÍCULAS EM UM SISTEMA FECHADO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A energia interna de um gás monoatômico é dada pela soma das energias cinética
de suas moléculas. Logo, para um sistema com n mols de partículas, a energia interna
matematicamente é dada por:

Essa expressão é conhecida na literatura como Lei de Joule para gases perfeitos,
em que a energia interna é uma função exclusiva de sua temperatura.
Em outros casos, temos que um gás ideal pode ser caracterizado do ponto de vista
microscópico por partículas agrupadas, formando moléculas, as quais além de translada-
rem, podem também rotacionar e vibrar em torno do seu centro de massa. Esse tipo de gás
é denominado gás diatômico e as moléculas tem um formado aproximado de um halter.

UNIDADE I Termodinâmica 51
FIGURA 28 - MOLÉCULAS DE UM GÁS DIATÔMICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A energia de um gás diatômico é dada pela expressão:

Vamos adotar em nossos estudos o modelo de gás monoatômico, o que vai nos
permitir uma maior facilidade para desenvolver os conceitos físicos, uma vez que não va-
mos levar em conta a rotação e vibração de moléculas.
Dessa forma, interpretamos que a energia interna de um gás é maior quanto maior
a temperatura do gás e, para elevar a temperatura do mesmo, uma fonte de energia interna
deve fornecer uma quantidade de calor Q para o sistema. Então:

A última relação deixa claro que, quando a temperatura do gás não varia, a energia
interna não se altera. Outra forma de interpretarmos a energia interna de um gás perfeito é
relacionar a lei de Joule com a equação de Clapeyron. Como

Na mecânica clássica, o trabalho é quando uma determinada força que atua sobre
um corpo é capaz de movimenta-lo por uma distância. Essa força pode ser um empurram em
uma caixa apoiada em uma superfície plana horizontal que é deslocada sendo empurrada.
No nosso estudo de termodinâmica temos um gás confinado em um recipiente o
qual tem uma tampa móvel. Suponha que por algum motivo o gás se expanda empurrando
o êmbolo para cima.

UNIDADE I Termodinâmica 52
FIGURA 29 - TRABALHO REALIZADO POR UM GÁS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Portanto, o gás realiza uma força sobre o pistão, deslocando o mesmo por uma dis-
tância d. Vamos adotar que quando o gás realiza trabalho será dito trabalho positivo (τgás > 0).
Por outro lado, imagine que uma força externa seja capaz de comprimir o gás,
empurrando o êmbolo para baixo:

FIGURA 30 - TRABALHO REALIZADO SOBRE UM GÁS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nessa situação, o trabalho realizado pela força é negativo (τgás < 0). Por fim, mas
não menos importante, se o gás passa por uma transformação termodinâmica em que seu
volume não varia, então τgás = 0.

3.3 Calor
No começo dessa unidade, logo após o estudo de escalas termométricas, foi abor-
dado o conceito de calor, que nada mais é do que a energia térmica em trânsito quando
dois corpos possuem diferentes temperaturas. Portanto, o calor pode ser cedido para um
corpo ou retirado dele. De maneira intuitiva, vamos definir que o calor é positivo quando for
recebido pelo sistema e negativo quando cedido pelo sistema.

UNIDADE I Termodinâmica 53
FIGURA 31 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR PARA UM SISTEMA COM GÁS CONFINADO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

3.4 Lei Zero e Primeira Lei da Termodinâmica


Nessa seção iremos juntar os conceitos de energia interna, trabalho e calor de
forma harmônica, ou seja, uma forma de correlacionar esses três parâmetros no sistema
termodinâmico. Começaremos com a Lei Zero da Termodinâmica:
A Lei Zero da Termodinâmica é conhecida como lei do equilíbrio térmico. Um siste-
ma composto por três corpos. Se o corpo A tem a mesma temperatura que o corpo B e se o
corpo A tem a mesma temperatura que o corpo C. Logo, B e C tem a mesma temperatura.
A primeira lei da termodinâmica relaciona a energia interna, o volume e o calor de
um sistema termodinâmico.
A variação da energia interna de um gás perfeito entre um estado inicial e final,
pode ser escrita pela diferença entre a quantidade de calor e o trabalho trocado com o meio
externo. Matematicamente:

A primeira lei da termodinâmica é conhecida como princípio da conservação da ener-


gia. Além, as transformações termodinâmicas envolvendo pressão, volume e temperatura
afetam diretamente essa expressão matemática. Vamos dedicar um tempo a essa análise.

3.4.1 Transformação isotérmica


Como já foi estudado, em uma transformação isotérmica a temperatura não muda, ou
seja, é constante. Além disso, como a energia interna está diretamente relacionada a tempera-
tura, uma vez que aumentando a temperatura é o mesmo que dizer que o estado de agitação
das partículas também aumentou, o que causa uma variação positiva na energia interna (o
oposto acontece quando a temperatura diminui, a variação da energia interna é negativa).

UNIDADE I Termodinâmica 54
Portanto, quando a temperatura não muda, a energia interna do sistema também
não se altera, em outras palavras ∆U = 0. Assim, a primeira lei da termodinâmica fica da
seguinte forma:

Podemos interpretar esse resultado de duas formas: Todo o calor recebido pelo
sistema é transformado em trabalho que o gás realizará.

FIGURA 32 - TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

O olhando pelo outro lado, se o sistema recebe trabalho (-τgás), então o gás cede
para o meio externo igual quantidade de energia em forma de calor (Q<0). Respectivamente
esses dois cenários são representados na figura (a) e (b).

3.4.2 Transformação isovolumétrica


Na transformação a volume constante (também chamada de isométrica, ou iso-
córica), o sistema começa preenchendo um determinado volume e acaba com a mesma
quantidade de volume, como se a tampa não se movesse.
Como a grandeza trabalho realizado pelo gás, ou em alguns casos, realizado so-
bre o gás, faz com que o pistão se movimente, é intuitivo pensar que se ele permanece
estático, o volume não se altera e, quando o êmbolo não varia de altura, é o mesmo que
pensar que não tem trabalho realizado pelo gás ou sobre o mesmo. Dessa forma, em uma
transformação isovolumétrica, o trabalho é nulo (τgás = 0). Matematicamente isso na primeira
lei da termodinâmica:

UNIDADE I Termodinâmica 55
Com isso concluímos duas coisas:
1) Caso o sistema gasoso receba calor (Q > 0), então sua energia interna vai au-
mentar em igual valor, ou seja, vai variar positivamente (∆U > 0).

FIGURA 33 - TRANSFORMAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Veja que na figura a temperatura aumenta de um sistema para outro, indicando que
a energia interna aumentou depois de receber uma quantidade de calor.
2) Se o sistema cede calor para o meio externo (Q<0), então a sua energia interna
vai diminuir, ou seja, variar negativamente (∆U<0).

FIGURA 34 - TRANSFORMAÇÃO ISOCÓRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na figura, o sistema inicialmente perde calor para o meio externo, o que leva a uma
diminuição de temperatura.

UNIDADE I Termodinâmica 56
3.4.3 Transformação isobárica
Em uma transformação isobárica, a pressão não se altera. Note que p = cte não
modifica diretamente nenhum dos parâmetros da primeira lei da termodinâmica. Dizer
que a pressão é constante não significa que o calor trocado é nulo, ou que a variação da
energia interna é igual a zero ou que o trabalho é zero. Logo, como podemos interpretar
esse resultado? Recorremos a equação de Clapeyron PV = nRT.
Como analisamos anteriormente, em uma transformação isobárica, o volume é
diretamente proporcional a temperatura. Sendo assim, podemos concluir que:
1) Se a temperatura do gás aumenta, então o seu volume deve aumentar também,
com o objetivo de manter a pressão do gás constante.

FIGURA 35 - TRANSFORMAÇÃO ISOBÁRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

2) Por outro lado, se a temperatura do sistema gasoso diminui, para que a pressão

não se altere, então o volume deve diminuir também.

FIGURA 36 - TRANSFORMAÇÃO À PRESSÃO CONSTANTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 57
Do ponto de vista fenomenológico, isso é intuitivo. A pressão é entendida como
a quantidade de choques das partículas de gás na parede do reservatório. Se a tempe-
ratura aumenta e o volume não, a pressão tende a aumentar, pois haverá mais colisões
de corpúsculos nas paredes. Contudo, se a temperatura aumenta e o volume aumenta
gradativamente, a quantidade de choques das partículas se distribui em uma área maior,
fazendo com que a pressão se mantenha inalterável.

3.4.4 Transformação adiabática


A última transformação diz respeito a quantidade de calor. Basicamente, se uma
transformação termodinâmica é muito rápida, o sistema gasoso não troca calor com o meio
externo. Concluímos então que (Q = 0). Esse resultado na primeira lei da termodinâmica fica
da seguinte forma:

Diante desse resultado podemos chegar a duas possíveis respostas:


1) Se o sistema recebe trabalho ( τgás< 0), sua energia interna vai aumentar posi-
tivamente (∆U > 0). Note que como o sistema não recebe calor, para que suas partículas
ganhem energia, basta restringir o volume a qual estão confinadas.

FIGURA 37 - TRANSFORMAÇÃO ADIABÁTICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

2) Caso sistema realize trabalho, empurrando o pistão para cima (τgás > 0), a sua
energia interna vai diminuir (∆U < 0). Ou seja, com um aumento de volume, as partículas de
gás tem mais liberdade para se moverem, levando a uma redução da energia interna.

UNIDADE I Termodinâmica 58
FIGURA 38 - TRANSFORMAÇÃO TERMODINÂMICA SEM

TROCA DE CALOR COM O MEIO EXTERNO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Vamos fazer alguns exercícios para compreender na prática todos esses conceitos:

Ex. 01
Um gás perfeito sofre uma expansão, realizando um trabalho igual a 500 J. Depois
de variar seu volume, a energia interna aumenta em um valor de 100 J. Qual foi a quantidade
de calor que o sistema recebeu?
Resolução:
Pela primeira lei da termodinâmica, temos:

Ex. 02
Uma dada amostra de gás perfeito sofre uma expansão isotérmica recebe do am-
biente 100 J de energia térmica em forma de calor. Qual o trabalho realizado pelo gás?
Resolução:
Em uma transformação isotérmica, a variação da energia interna é nula (∆U = 0). Ou
seja, a primeira lei da termodinâmica é escrita como:

UNIDADE I Termodinâmica 59
Note que nessa transformação, todo calor recebido pelo gás é transformado e igual
quantidade em trabalho.

Ex. 03
Um recipiente recebe uma transformação termodinâmica ligeiramente rápida a
ponto de não trocar calor com o meio externo. Contudo, sua energia interna varia 130 J.
Qual o trabalho realizado sobre o gás? E qual o nome dessa transformação?
Resolução:
Uma transformação tão rápida que não troca calor com o meio externo é chamada
de adiabática. Isso nos leva à:

O trabalho é negativo pois em uma transformação adiabática, para que a energia


interna aumente, o sistema deve ser comprimido, ou seja, receber trabalho do meio externo.

Ex. 04
Em uma dada amostra de gás perfeito, o sistema troca 300 J de calor com o meio
externo. Calcule em cal e joules, o trabalho trocado em: uma expansão isotérmica, com-
pressão isotérmica, aquecimento isovolumétrica e resfriamento isovolumétrica.
Resolução:
I. Expansão isotérmica: O gás expande, mas sem alterar a temperatura, ou seja, ∆U
= 0. Logo na primeira lei da termodinâmica:

UNIDADE I Termodinâmica 60
Para converter para calorias, basta dividir o resultado por 4,18. Logo τgás ≈ 72 cal.
II. Compressão isotérmica: Nessa situação o gás é comprimido de forma que é o
mesmo resultado da expansão isotérmica, porém, deve ser negativo. Portanto: τgás= -300J
≈ -72 cal.
III. e I.V. No aquecimento isovolumétrico e resfriamento isovolumétrico, o volume do gás
permanece constante, ou seja, não há trabalho sobre o sistema. Logo nos dois casos τgás= 0.

Ex. 05
Um gás perfeito sofre uma compressão isobárica, trocando com o meio externo
400 cal em forma de calor e 200 cal em forma de trabalho. Determine a variação da energia
interna do sistema.
Resolução:
Como se trata de uma compressão isobárica o trabalho é negativo, assim τgás = -200
cal. Lembrando da equação de Clapeyron, em uma transformação isobárica, se o volume
diminui, a temperatura também diminui, portanto, ∆U < 0. Concluímos então que o sistema
cede calor, ou seja Q = -400 cal. Portanto, pela primeira lei da termodinâmica:

3.5 Segunda Lei da Termodinâmica


Para iniciarmos nossos estudos sobre a segunda lei da termodinâmica, vamos
compreender primeiro o que é uma máquina térmica.
Suponha que um dispositivo operante, que pode realizar trabalho, precisa receber
energia de uma fonte, a qual vamos chamar de fonte quente (QQ). Uma vez que o dispositivo
utiliza essa fonte de potência, nem tudo o que consome é transformado em trabalho (τ),
sempre alguma parte é dissipada. A essa parcela, vamos chamar de fonte fria (QF).

FIGURA 39 - PRINCÍPIO DE UMA MÁQUINA TÉRMICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 61
Com base nisso vamos definir que uma máquina térmica é um dispositivo operando
que recebe calor de uma fonte quente para realizar trabalho e sempre dissipada uma parte
desse calor recebido, que é a fonte fria. Logo, o trabalho é a diferença entre o módulo da
fonte quente pelo módulo da fonte fria:

Ademais, usando o conceito de máquina térmica, podemos enunciar a segunda lei


da termodinâmica:
Não é possível construir uma máquina térmica em que todo calor recebido pela fonte
quente seja convertido integralmente em trabalho. Sempre há dissipação para a fonte fria.
Outra forma de enunciar esse mesmo princípio foi proposto por Rudolf Clausius da
seguinte forma:
Não é possível que uma máquina térmica, sem ajuda de um agente externo, condu-
za calor de uma fonte de menor temperatura para outro de maior temperatura.
Seguindo esse princípio, podemos também calcular o rendimento de uma máquina
térmica pela seguinte forma: Todo o trabalho que a máquina térmica pode realizar em razão
da fonte quente. Matematicamente

Observe que, para o rendimento de uma máquina térmica ser 100%, somente se a
quantidade de calor fria QF for nula. Em outras palavras, a máquina deve transformar todo
calor da fonte quente em trabalho. O que é impossível.
Diante dessa premissa, a qual não existe uma máquina térmica perfeita, em meados
de 1824 um jovem cientista chamado de Nicolas Léonard Sadi Carnot, propôs um modelo
com seu nome, o ciclo de Carnot. Segunda ele:
Nenhuma máquina térmica operando entre duas fontes fixas de calor quente e
fria, tem rendimento maior do que a máquina ideal de Carnot, operando entre essas duas
temperaturas.
Em outras palavras, como não há máquina térmica com η = 100%, Carnot inventou
um sistema em que tem um rendimento máximo. Para descrever esse sistema em um
gráfico de pressão por volume, são usadas 4 curvas: 2 adiabáticas e 2 isotérmicas.

UNIDADE I Termodinâmica 62
FIGURA 40 - CICLO DE CARNOT

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Além disso, no ciclo de Carnot, as temperaturas de cada fonte de temperatura são


proporcionais ao módulo da quantidade de calor que cada uma possui. Portanto, podemos
reescrever a equação do rendimento de uma máquina de Carnot da seguinte forma:

Note que essa nova forma de analisarmos o rendimento de uma máquina térmica,
permite concluir outro fato da termodinâmica, que não há zero absoluto! Veja, não há má-
quina térmica com rendimento de 100%. Para que isso ocorra, somente se |TF |=0. Assim:

Portanto, isso deixa claro que o zero absoluto seria a temperatura em que a máqui-
na ideal de Carnot teria seu rendimento máximo.

3.7 Entropia
A entropia é uma das grandezas mais importantes no cenário da termodinâmica,
em que seus conceitos se espalham para o estudo de sistemas gasosos simples até teo-
remas da física estatística em que ela descreve os ensembles canônico e micro canônico.
Contudo, para nosso estudo, podemos entender entropia da seguinte forma:
A entropia é uma grandeza física que mede o grau de desordem de um sistema.

UNIDADE I Termodinâmica 63
Ou seja, imagine uma cozinha limpa e então, uma pessoa resolve fazer um bolo.
Durante o processo de mistura de ingredientes, untar a forma, fazer a cobertura e decorar
o bolo, é quase inevitável que o ambiente não fique sujo. Portanto, comparando o sistema
inicialmente com o seu estado final, houve uma deserdem. Nesse caso, vamos dizer que a
entropia aumentou.
Em 1865 Rudolf Clausius percebeu em seus estudos que não é preciso saber a en-
tropia do sistema como grandeza física na forma potencial, mas sim a sua variação. Portanto,
no contexto termodinâmico, a entropia é definida matematicamente da seguinte forma:

Assim, temos três casos distintos:

Ex. 06
Uma máquina térmica teórica opera entre duas fontes térmicas, executando o ciclo
de Carnot. A fonte está a uma temperatura de 27° C e a fonte quente, a 357° C. Qual o
rendimento percentual dessa máquina?
Resolução:
O rendimento de uma máquina segundo um ciclo de Carnot é dado por:

A temperatura deve ser dada em Kelvin. Assim: TF = 27℃ → 27 + 273 = 300 ∴TK = 300 K.
Já a temperatura da fonte quente: TQ = 357℃ → 357 + 273 = 630 ∴ TK = 630K

Ex. 07
Uma máquina térmica ideal de Carnot opera entre duas fontes de calor. A fonte fria en-
contra-se à temperatura de 50 °C e a fonte quente, a 150 °C. Qual o rendimento dessa máquina?

UNIDADE I Termodinâmica 64
Resolução:
O rendimento de uma máquina segundo um ciclo de Carnot é dado por:

A temperatura deve ser dada em Kelvin. Assim: TF = 50℃ → 50 + 273 = 323 ∴TK =
323K. Já a temperatura da fonte quente: TQ = 150℃→ 150 + 273 = 423 ∴TK = 423K.

Ex. 08
Calcule a variação da entropia (∆S) de um sistema constituído de 250 g de gelo, a 0
°C, quando esse sistema passa por um processo de fusão.
Dado: calor latente de fusão do gelo =
Resolução:
Lembre-se que o calor utilizado na fusão do gelo é dado pelo calor latente:

Para calcular a entropia, fazemos:

Note que a temperatura é de 0℃ que equivale a 273 K. Logo:

Ex. 09
Considere um sistema constituído de 1,0 kg de água líquida a 100 °C. Mantendo-se
a pressão constante em 1,0 atm, calcule a variação de entropia do sistema para transformar
essa água em vapor, a 100 °C. Dado: calor de vaporização da água 540 cal/g.

UNIDADE I Termodinâmica 65
Resolução:
Lembre-se que o calor utilizado na vaporização da água é dado pelo calor latente:

QL = m.L
QL = 1000.540 = 540000 J

Para calcular a entropia, fazemos:

Note que a temperatura é de 100 °C que equivale a 373 K. Logo:

Ex. 10
Uma máquina ideal de Carnot realiza trabalho em que se alimenta de duas fontes
de calor. As temperaturas das fontes quente e fria são, respectivamente, 100 K e 400 K.
Qual o rendimento dessa máquina térmica?
Resolução:

UNIDADE I Termodinâmica 66
4. DILATAÇÃO TÉRMICA

A dilatação térmica é de grande aplicabilidade em diversas áreas das ciências e


para sua descrição não há mistério algum. Basicamente quando uma determinada amostra
tem sua temperatura elevada ela pode aumentar seu tamanho. Contudo, existem aqueles
materiais que se dilatam com mais facilidade do que outros.
Uma aplicação corriqueira desse fenômeno são os termômetros convencionais que
possuem um bulbo de vidro com mercúrio líquido em seu interior. Qual está a uma tem-
peratura ambiente, o mercúrio está ocupando uma certa quantidade do volume do frasco.
Porém, depois de colocar em contato o termômetro com algo mais quente, o calor da fonte
externa eleva a temperatura do mercúrio e este por sua vez tem seu volume aumentado,
dizemos então que a substância dilatou, fazendo com que suba na escala do termômetro.
Já no exemplo da figura do capítulo, as barras que compões os trilhos por onde o
trem se desloca são feitas de ferro, que é uma substância que se dilata facilmente. Portanto,
para que em dias de elevadas temperaturas, o trilho deve ter um espaço para que possa
trabalhar seu aumento de tamanho.
Caso os trilhos não estejam bem separados, devido a dilatação eles podem expan-
dir de tamanho e deformar a linha ferroviária, como é o exemplo da figura:

UNIDADE I Termodinâmica 67
FIGURA 41 - CONTENÇÃO DA DILATAÇÃO DE UM TRILHO DE METRO DILATADO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Dessa forma, podemos dizer de modo geral que o aumento da temperatura nos
corpos acarreta em um aumento de suas dimensões. Tal fenômeno é chamado de dilatação
térmica. Por outro lado, quando a temperatura diminui, as dimensões do corpo também
tendem a reduzir e, nesse caso, temos uma contração térmica.
A dilatação pode ocorrer de três formas: linear, superficial e volumétrica. Vamos
analisar os três casos:

4.1 Dilatação Linear


A dilatação linear consiste da dilatação de um corpo em uma única direção. Podemos
ter como exemplo uma barra de ferro que quando aquecida, tem seu tamanho aumentado. T0 T.
Matematicamente para calcular essa dilatação, ou seja, a variação do comprimento
desse corpo devemos relacioná-lo com uma propriedade que material possui, que é o coe-
ficiente de dilatação linear (α). A equação para a dilatação linear é dada por:

UNIDADE I Termodinâmica 68
FIGURA 42 - DILATAÇÃO LINEAR DE UMA BARRA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Em que ∆L é a variação o comprimento, L0 o comprimento inicial e ∆T a variação de


temperatura. Essa mesma equação pode ser escrita de uma outra forma:

Vamos ver alguns exemplos de dilatação linear.

Ex. 01
Uma barra de cobre, homogênea e uniforme, mede 5 m, a 15 °C. Calcule a variação
do comprimento dessa barra, centímetros, quando aquecida a 85 °C. Dado: coeficiente de
dilatação linear do cobre (1,6.10) -5℃ -1:
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:

Como 1 cm= (1.10)-3m, então:


∆L = 5,6 cm

UNIDADE I Termodinâmica 69
Ex.02
Um cabo de vassoura de latão de comprimento igual a 1,3 metros feito de latão,
está inicialmente a 20 °C. Depois de ser aquecido, ele chega à 100 °C. Calcule a variação
de seu comprimento, em metros, sabendo que o coeficiente de dilatação térmica do latão
vale (2.10)-5 ℃ -1.
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:

Ex.03
Uma régua de zinco à uma temperatura inicial de 10 °C possui um comprimento de
3 m de comprimento. Sabendo que depois de aumentar a temperatura o seu comprimento
aumentou (3.10)-3 m, calcule a temperatura final.
Dado coeficiente de dilatação térmica do zinco (2,6.10)-5 ℃ -1
Resolução:
A equação para a dilatação térmica é dada por:

UNIDADE I Termodinâmica 70
4.2 Dilatação Superficial e Volumétrica
A dilatação superficial é muito parecida com a linear. Contudo, a única diferença é que
nesse cenário a superfície do corpo sofrerá uma dilatação e não apenas seu comprimento.

FIGURA 43 - DILATAÇÃO SUPERFICIAL

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a dilatação superficial de um corpo é dada


matematicamente por:

∆A = A0 . β . ∆T

Em que β é o coeficiente de dilatação superficial, ∆A é a variação da área e A0 o valor


da área da superfície na temperatura inicial. Ademais, da mesma forma que encontramos
uma relação mais compacta para a dilatação linear, no caso da superficial é o mesmo:

Por fim, mas não menos importante, tem-se também a dilatação volumétrica, que
dessa vez, o volume completo está variando com a mudança de temperatura. A equação
que descreve a dilatação volumétrica é semelhante as a do caso linear e superficial.

FIGURA 44 - DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 71
∆V = V0 . γ . ∆T
Em que γ é o coeficiente de dilatação volumétrica, ∆V a variação de volume e V0 o
volume inicial da amostra. Podendo também ser escrita como:

Existe uma relação matemática que relaciona as três classificações de dilatação. Se


pensarmos em dimensões espaciais, a dilatação linear está para uma dimensão, enquanto
a superficial para duas e a volumétrica para três dimensões. Logo:

Ex.04
Uma placa de cobre tem uma área de 80 cm2 à uma temperatura de 15 °C. Depois de
sofrer um aquecimento de 155° C, qual é o valor da dilatação superficial? Dado o coeficiente
de dilatação superficial do cobre (3,2.10)-5 ℃-1.
Resolução:
A equação para a dilatação térmica superficial é dada por:

Ex. 05
Um bloco de concreto tem um volume de 5L e é aquecido, sofrendo uma variação
de temperatura de 500° C. Dado o coeficiente de dilatação linear do concreto por (12.10)-6
℃-1. Calcule o seu volume final.
Resolução:
A equação de dilatação térmica para volume é dada por:
∆V = V0.γ.∆T
Contudo, sabendo que:

UNIDADE I Termodinâmica 72
Temos que γ = 3α, ou seja, o coeficiente de dilatação volumétrica é três vezes maior
que que o linear, assim γ = 3.(12.10)-6 ℃-1 = (36.10)-6 ℃-1. Temos então:

Logo, o volume final é o inicial mais o quanto dilatou. Portanto: VF = 5 + 0,09 = 5,09 L.

UNIDADE I Termodinâmica 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encerramos um estudo bem elaborado dos tópicos da termodinâmica, iniciamos


com as relações entre as escalas termométricas Celsius, Fahrenheit e Kelvin. Depois como
o calor se propaga em três formas diferentes e que o meio material é necessário para a con-
vecção e condução. Além disso, aprendemos a calcular a quantidade de calor necessária
para variar a temperatura de uma dada amostra, bem como para mudar a fase.
No segundo capítulo vimos uma análise a respeito dos gases ideais e como esse
sistema se relaciona diretamente com pressão, volume e temperatura, o que nos levou as
transformações termodinâmicas. E para auxiliar nos cálculos, aprendemos a equação de
Clapeyron e a Lei Geral dos Gases.
No terceiro capítulo estudamos as três leis da termodinâmica e, com muito afinco,
como a primeira lei se altera com as transformações termodinâmicas. Ademais, estudando
as máquinas térmica e o ciclo de Carnot, e posteriormente, definimos uma grandeza física
muito importante, a entropia, que caracteriza qualquer sistema físico do ponto de vista
microscópico.
Na última parte, abordamos a dilatação térmica e como se aplica a materiais em
que a dilatação é linear, espacial e volumétrica. Esperamos que você tenha aproveitado ao
máximo esse momento de estudo. Até a próxima!

UNIDADE I Termodinâmica 74
SAIBA MAIS

A dilatação, em sua forma geral, consiste em que toda vez que aumentamos a tempe-
ratura de um corpo, suas dimensões tendem a aumentar também. Mas, isso não é para
todos os casos! A água, a substância essencial para que haja vida animal, se comporta
de forma diferente.
Quando aquecida de 0°C a 4°C, ao invés do volume da água expandir, ele diminui. De-
pois de ultrapassar a marca dos 4°C ela volta a aumentar normalmente.

FIGURA 45 - DILATAÇÃO ANÔMALA DA ÁGUA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

No gráfico podemos ver esse fenômeno anormal da água. Como em 4°C o volume da
água é mínimo, então sua massa específica é máxima. Isso é algo incrível! Devido a
esse fenômeno, a água de um lago em lugares extremamente frios congela apenas na
superfície, de tal maneira que a camada de gelo isola termicamente a água líquida do
resto do lago e permite que a temperatura seja maior do que zero graus Celsius. Isso
possibilita que a vida animal e vegetal exista em tais condições de lugares frios.

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Termodinâmica 75
REFLITA

O conhecimento da termodinâmica é essencial para qualquer área de atuação das en-


genharias e ciências exatas. Em pequenos detalhes do nosso dia a dia, diversos fenô-
menos que foram abordados nessa unidade atuam de forma direta e indireta. Por isso,
desde medir e temperatura em qualquer parte do planeta, compreende como o calor se
propaga, como uma máquina térmica opera e a forma com que os materiais se dilata-
ção, deve fazer parte da sua formação acadêmica.

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Termodinâmica 76
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: A história da Termodinâmica Clássica. Uma ciência Funda-
mental
Autor: Antônio Braz de Pádua.
Editora: EDUEL, 1ª edição.
Sinopse: Este livro apresenta uma revisão da história e da evo-
lução da Termodinâmica Clássica ou Termodinâmica do Equilíbrio
até o final do século XIX. Além disso também apresenta relatos de
fatos históricos e a discussão de desenvolvimentos conceituais e
formais mostrando suas influências tecnológicas políticas econô-
micas e sociais.

FILME/ VÍDEO
Título: Entenda de vez COMO FUNCIONA O MOTOR DO CARRO!
Ano: 2015
Sinopse: Neste vídeo, é apresentado em detalhes o funciona-
mento do motor de quatro tempos, aquele a combustão usado em
carros e diversos outros veículos a combustão.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=Ul1XuiJE0Dw

UNIDADE I Termodinâmica 77
UNIDADE II
Óptica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Luz e Imagem;
● Espelhos Esféricos;
● Refração;
● Lentes.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar a formação de imagem e os princípios da propagação da luz;
● Determinar matematicamente a posição da formação de
imagem em espelhos côncavos e convexos;
● Aprender o fenômeno da refração e formação de imagem em lentes.

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INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nesta unidade vamos começar um novo tópico da física, respon-
sável por estudar o comportamento da luz em diferentes meios materiais e sua propagação.
Começaremos com a explicação do que é a luz e a formação de imagem em espe-
lhos planos, na sequência veremos a formação de imagem em espelhos curvos, ou seja,
espelhos côncavos e convexos.
No terceiro tópico estudaremos o fenômeno da difração de raios luminosos quando
passam a se propagar em um meio diferente de onda estava. E no último tópico compreen-
deremos a formação de imagem e classificação das lentes.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 79
1. LUZ E IMAGEM

Para começarmos nossos estudos em uma nova vertente da física, a Óptica, na qual
estudamos a natureza e os fenômenos que envolvem os raios luminosos, vamos primeiro
compreender o que é uma onda para depois compreendermos o conceito de onda luminosa.
As ondas podem ser dividas em várias classes e a maioria delas é presente em
nossa vida. A mais comum é a onda sonora, que pode é produzida pela vibração da corda
de um violão, pelo assopro em uma flauta, uma batida em um tambor, uma caixa de som,
o atrito entre o pneu de um carro freando na pista ou até mesmo das nossas cordas vocais
vibrando para gerar um som. No ar, à uma temperatura de 20 °C, a velocidade de propaga-
ção do som é de v=300 m/s.

FIGURA 1 – AVIÃO SUPERSÔNICO

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 80
Por isso, aqueles aviões chamados de supersônicos ganham esse nome, pois eles
atingem uma velocidade maior do que a do som no ar. No momento em que atingem essa ve-
locidade, é emitido um som parecendo um estrondo e um cone de vapor ao redor é formado.
Além das ondas sonoras existem também outras ondas, como por exemplo a mi-
cro-ondas, infra vermelho, radiação ultra violeta, ultra som, radiação gama, entre muitas
outras. O que todos esses exemplos tem em comum? São classificadas como ondas ele-
tromagnéticas, formadas por um campo elétrico que oscila no tempo perpendicularmente à
um campo magnético.

FIGURA 2 – ONDA ELETROMAGNÉTICA

Contudo, os detalhes físicos das ondas eletromagnéticas ficam para as unidades


III e IV. Dentre esse grupo de ondas eletromagnéticas estão as ondas luminosas visíveis ao
olho humano. Na literatura as cores que podemos enxergam compõe uma faixa do espectro
eletromagnético chamado de espectro visível. Em toda onda temos duas características
fundamentais, o comprimento de onda , que é a distância entre dois topos de uma onda (os
topos são também chamados de cristas da onda) ou a distância entre dois fundos (vale de
uma onda). Já a frequência de uma onda mede o quão intensa ela está oscilando no tempo,
ou seja, quanto maior o número de oscilações, maior é a frequência da onda. Portanto,
é comum classificarmos as ondas em termos de frequência, medidas em Hertz (Hz) e o
comprimento de ondas em metros (m). Note então que as cores que compõe o espectro
visível varrem do violeta, que tem alta frequência, ao vermelho, que tem baixa frequência.
Ademais, note também que à medida que a frequência de uma onda aumenta, seu
comprimento de onda diminui e vice-versa. Essa proporção advém de uma relação matemática:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 81
v=λ.f
Em que v é a velocidade da onda. O detalhe é que como toda onda eletromagnética
deve ter a mesma velocidade, quando a frequência ( f ) diminui, o comprimento de onda (λ)
aumenta, com o intuito de manter o valor da v constante.

FIGURA 3 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Outro ponto importante das ondas eletromagnéticas é que se diferem da onda do


som por poderem se propagar no vácuo, onde não há matéria. À vista disso, resumindo
o cenário em que vamos adentrar da física ondulatória, podemos dividir em dois grandes
grupos as ondas:
I. as ondas mecânicas que necessitam de partículas para se propagarem, logo de
um meio material.
II. ondas eletromagnéticas, como os raios X, ondas de rádio, entre outras de mesma
natureza, as quais não necessitam de um meio material para se propagar, ou seja, podem
se propagar no vácuo.
Sendo assim, a unidade II será destinada ao estudo dos raios luminosos, a traje-
tória seguida pela luz, as leis que fundamentam sua natureza e os fenômenos que estão
relacionados.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 82
1.1 Fontes de luz
A luz é uma onda eletromagnética que tem velocidade no vácuo aproximadamente igual à

c = (3.10)8 m/s
É comum batizar a velocidade da luz pela letra c, ou invés de . Esse número é
extremamente grande, para termos uma noção, a distância da Terra ao Sol é de aproxima-
damente 149.600.000 km e a luz demora para 8 minutos e 20 segundos para percorrer tal
caminho. Já para sair da Terra e chegar até a Lua é de aproximadamente 1,3 segundos.
Outra curiosidade científica é uma medida chamada de ano luz. Por ser chama de
“ano”, é intuitivo esperar que seja uma medida de tempo, correto? A resposta é não! Sa-
bendo que a luz tem a velocidade de , imagine a distância que ela pode percorrer no tempo
de um ano. Essa distância é chamada de ano luz é aproximadamente igual a 9,46 trilhões
de quilômetros. Portanto, quando você ouvir uma notícia que um planeta foi descoberto a 5
anos luz da Terra, acredite, é muito longe!
Agora, vamos entender como a luz é “produzida”. A física distingue dois tipos de
fonte luminosa:
1) Fonte de luz primária: São os corpos que emite luz própria, como por exemplo
a chama de uma vela, a luz do Sol e de outras estrelas, as lâmpadas acessas e etc.
2) Fonte de luz secundária: É qualquer corpo capaz de difundir ou refletir a luz
que incide sobre ele, contudo não emite luz própria. Como por exemplo a Lua que reflete
a luz do Sol, uma pessoa, que só pode ser vista se a luz incidir sobre a mesma. Portanto,
qualquer objeto visível que não emite luz própria.

1.2 Princípios fundamentais da luz


Parte de nosso estudo consiste em compreender como a luz se propaga em deter-
minados meios. Para isso, vamos definir alguns conceitos que trazem resultados relevantes
a ótica física. O primeiro é a independência dos feixes luminosos.

FIGURA 4 – FEIXE LUMINOSOS SE CRUZANDO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
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Termodinâmica 83
Em festas e shows é comum como parte da decoração canhões de luz de altíssima
intensidade e, inevitavelmente eles tendem a cruzar seus raios de luz. Uma pergunta que
um bom observador faria é: No momento que esses feixes se cruzam, a intensidade no
cruzamento aumenta? O raio fica mais claro? A resposta é não!
A propagação dos feixes luminosos não é modificada pela propagação de outro na
mesma região. Portanto, os raios de luz executam trajetórias independentes caso se cruzem.
O segundo fenômeno muito corriqueiro é a reflexão. Suponha uma superfície po-
lida e refletora e que um feixe luminoso incide sobre ela. Então a reflexão consiste no fato
da luz incidir e retornar para o mesmo meio de origem.

FIGURA 5 – SUPERFÍCIE REFLETORA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A reflexão é ditada por duas leis, enunciadas da seguinte forma:


I. 1ª Lei da Reflexão: O raio incidente A, o raio refletido C e a reta normal no ponto
de incidência pertencem ao mesmo plano, ou seja, são coplanares.
II. 2ª Lei da Reflexão: O ângulo de incidência e o ângulo de reflexão são iguais.

1.3 Formação de imagem em espelhos planos


Suponha o espelho plano da figura a baixo e que, um ponto P seja uma fonte de luz
primária localizado no mesmo ambiente que um observador.

FIGURA 6 – FORMAÇÃO DE IMAGEM EM ESPELHOS PLANOS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
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Termodinâmica 84
A formação da imagem por reflexão do ponto P consiste em supor que os raios de
luz incidem sobre o espelho, refletem e chegam até os olhos do observador. Contudo a
imagem é formada atrás do espelho, dessa forma, é como se os raios que chegam até o
ponto observador se prolongassem por de trás do espelho, representado pela linha traceja-
da. Tratando-se de espelhos, quando a imagem está formada “atrás do espelho” e o objeto
está do outro lado, a imagem é denominada virtual.
Ademais, a imagem formada pelo espelho plano possui algumas sutilezas. A pri-
meira consiste em que a imagem é simétrica do objeto em relação ao espelho. Ou seja, se
uma bola está posicionada à um metro de um espelho plano, a imagem está um metro atrás
do espelho também.
Consequentemente, outro fato importante é que a velocidade com que um objeto
se move em relação ao espelho, a imagem executa o movimento com a mesma velocidade,
percorrendo a mesma distância.

FIGURA 7 – MOVIMENTO EM FRENTE A ESPELHO PLANO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Outra característica fundamental da imagem formada em um espelho plano é sua


qualidade chamada de enantiomorfismo, que consiste basicamente no fato da imagem ser
ao contrário, mas não superponível ao objeto de origem. Veja o exemplo da figura abaixo:

FIGURA 8 – EXEMPLO DE ENANTIOMORFISMO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 85
Essa particularidade da imagem formada desta forma justifica o letreiro de uma
ambulância ser escrito “ao contrário”.

FIGURA 9 – FRASE COM EFEITO DE ENANTIOMORFISMO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Em alguns casos podemos ter dois espelhos planos associados pelo mesmo ponto
de origem, como representa a figura abaixo:

FIGURA 10 – NÚMERO DE IMAGENS EM ESPELHOS FORMANDO UM ÂNGULO ENTRE SI.

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nessa situação, se o ponto P for uma fonte de luz primária, como por exemplo uma
vela acessa, então haverá múltiplas reflexões devido a associação dos espelhos. O número
de imagens formadas é determinado pela expressão matemática:

Em que o número de imagens é dado por n e θ o ângulo formado entre os dois es-
pelhos. É intuitivo pensar que quanto menor o ângulo entre as duas superfícies refletoras,
mais imagens deverão ser formadas.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 86
Ex. 01
Dois espelhos planos são associados de modo que suas superfícies refletoras
formem três ângulos diferentes: 30°, 60° e 90°. Um objeto luminoso é colocado diante da
associação. Calcule o número de imagens formadas em cada caso.
Resolução:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 87
2. ESPELHOS ESFÉRICOS

Além dos espelhos planos que estudamos anteriormente, frequentemente fazemos


uso de espelhos curvos em nosso dia a dia. Nos retrovisores de carros, espelhos de ma-
quiagem ou aqueles posicionados nos cantos dos ônibus. Porém esses espelhos formam
imagens de uma forma diferente dos espelhos planos. Em alguns casos as imagens são
ampliadas, ou são invertidas, reduzidas e distorcidas de diversas formas. Dessa forma, o
objetivo desse capítulo será estudar a formação de imagens nesses espelhos.
Para forjar um espelho curvo partimos do princípio de uma superfície esférica polida
e refletora. Repartindo uma fração dela, podemos cortar um lado usando uma superfície
plana, essa casca é chamada de calota esférica.

FIGURA 11 – CALOTA ESFÉRICA REFLETORA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 88
Através dessa calota esférica podemos construir os dois modelos de espelhos curvos.

2.1 Espelho Côncavo


Quando repartido a calota esférica e a superfície refletora que os raios incidentes
for a parte de dentro, nesse caso temos um espelho côncavo.

FIGURA 12 – ESPELHO CÔNCAVO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Os espelhos côncavos possuem três pontos fundamentais em relação ao eixo central:

1) Vértice

FIGURA 13 – VÉRTICE DE ESPELHO CÔNCAVO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Quando um raio luminoso incide sobre o vértice fazendo um ângulo θ com o eixo
central, então o raio refletido retorna para o meio com a mesma inclinação θ. Ou seja, ele
reflete simetricamente ao eixo central.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 89
2) Centro de Curvatura

FIGURA 14 – CENTRO DE CURVATURA DE ESPELHO CÔNCAVO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Todo raio luminoso que incide em um espelho côncavo pela linha do centro de cur-
vatura reflete sobre esse mesmo caminho. Como podemos interpretar o ponto C? Suponha
que o espelho côncavo se prolongue até fechar a esfera refletora. O centro de curvatura é
o ponto central dessa esfera, ou seja, a distância entre o centro de curvatura e o vértice é
igual ao raio da esfera espelhada.

3) Foco
Todo raio luminoso que incide paralelamente ao eixo central, reflete no espelho
côncavo e passa pelo foco. Assim como se o feixe luminoso incide no espelho côncavo
passando pelo foco, ele reflete executando uma trajetória paralela ao eixo central.

FIGURA 15 – FOCO DE ESPELHO CÔNCAVO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

As imagens nos espelhos curvos vão possuir novas características que os reflexos
do espelho plano não possuem, nesse caso são três:

UNIDADE II
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Termodinâmica 90
1) Direita ou inversa: Essa qualidade está vinculada ao fato de a imagem estar
de ponta cabeça em relação ao objeto. Caso uma pessoa fique parada na frente de um
espelho e sua imagem se forme ao contrário, ou seja, de ponta cabeça, então será dito que
a imagem é invertida. Por outro lado, se permanecer no mesmo sentido, ou seja, a cabeça
em cima e os pés em baixo, então a imagem é dita direita.
2) Real ou virtual: Essa descrição pode parecer um quanto pouco desconexa de
nossa realidade. Suponha que você esteja na frente um espelho e a sua imagem se forme
atrás do espelho, que é o caso comum. Nessa situação a imagem é dita virtual, pois o objeto
está de um lado e o objeto do outro. Contudo, imagine que parado na frente do espelho,
a sua imagem se forme do seu lado, como uma projeção 3D! Assim, quando a imagem se
forma do mesmo lado que o objeto, então é dito que a imagem é real.
3) Maior, igual e menor: Intuitivamente, podemos analisar que em alguns espelhos
nossa imagem é reduzida de tamanho, logo será chamada de menor. Já em outros casos,
como no espelho plano, ela não altera de dimensão, permanece do mesmo tamanho que
o objeto, então será denominada de igual. Em uma outra situação, a imagem amplia de
tamanho e fica maior que o objeto, portanto, será classificada como maior.
Como os espelhos côncavos possuem três pontos, centro de curvatura, foco e
vértice, podemos colocar o objeto em cinco diferentes posições: I) antes do centro de cur-
vatura; II) no centro de curvatura; III) entre o centro de curvatura e o foco; IV) no foco; v)
entre o foco e o vértice.
I) Quando o objeto é posicionado antes do centro de curvatura, então a sua imagem
vai surgir a baixo do eixo central do espelho entre o foco e o centro de curvatura. Caracte-
rizada como menor, invertida e real.

FIGURA 16 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO ANTES DO CENTRO DE CURVATURA.

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 91
II) No segundo caso, quando colocado o objeto no centro de curvatura, a imagem
será formada a baixo do eixo central, de igual tamanho, invertida e real.

FIGURA 17 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO NO CENTRO DE CURVATURA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

III) Ao colocar o objeto entre o centro de curvatura e o foco a imagem continua a


baixo do eixo central, porém situada mais a trás, antes do centro de curvatura, classificada
como maior, invertida e real.

FIGURA 18 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO

ENTRE FOCO E CENTRO DE CURVATURA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

IV) Nesse caso, quando colocado o objeto no foco do espelho os raios de luz que
refletem no espelho não se cruzam e, como sabemos, se os feixes luminosos não se en-
contram então não há formação de imagem. Outros autores gostam de especificar que
como os raios não se cruzam e após refletidos se propagam paralelamente um ao outro,
então esses raios se encontraram no “infinito”. Portanto, na quarta situação, a imagem é
classificada como imprópria.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 92
FIGURA 19 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO POSICIONADO NO FOCO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

V) Por fim, quando colocado o objeto entre o foco e o vértice, a imagem se formará atrás
do espelho, logo será denominada como virtual. Ademais, nesse caso, ela será maior e direita.

FIGURA 20 – FORMAÇÃO DE IMAGEM COM OBJETO

POSICIONADO ENTRE FOCO E VÉRTICE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Como exemplo de espelho côncavo, podemos pensar no espelho de maquiagem.


Caso você nesse exato momento possua um de fácil acesso faça essa análise. Posicione o
espelho a uma certa distância e gradativamente aproxime-o de você. No momento que seu
reflexo se formar no espelho, então você passou pelo foco do espelho.

2.2 Espelho convexo


No espelho convexo, diferente do côncavo, apenas um único tipo de imagem será
formado, não importa a distância que o objeto é posicionado em relação ao espelho. Para
você imaginar a situação, vamos lembrar de algumas situações em que você possa ter tido
a experiência de um espelho convexo.

UNIDADE II
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Termodinâmica 93
FIGURA 21 – FORMAÇÃO DE IMAGEM EM ESPELHOS CONVEXOS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Quando transitou de ônibus pela cidade e um espelho circular estava no canto próxi-
mo ao teto, que permitia uma visão ampla de dentro do veículo. Quando você está dentro de
um carro, dirigindo ou sentado no banco do passageiro da frente e busca enxergar o ambiente
atrás do carro pelos retrovisores. Esses são alguns exemplos de espelhos convexos.
Portanto, sua imagem é classificada como: direita, virtual e menor.

3) Equação de Gauss
A equação dos pontos conjugados, ou também conhecida na literatura como equação
de Gauss, relacionada a distância entre objeto e o espelho p (abcissa do objeto), com a distân-
cia entre a imagem do espelho p' (abcissa da imagem) e a distância focal f do sistema óptico:

Como estamos adotando o referencial atrás do espelho como sendo negativo,


vamos definir as atribuições a seguir para cada elemento:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 94
Ademais, podemos definir o aumento linear transversal quando um objeto é coloca-
do de frente para um espelho esférico.

Em que A é a ampliação ou redução da imagem, i a altura da imagem em relação


ao espelho e o a altura do objeto em relação ao espelho. Caso |A|>0 então a imagem foi
ampliada em relação ao objeto, se |A|=0 nada aconteceu e o reflexo do objeto tem o mesmo
tamanho. Contudo se |A|<0, então a imagem tem um tamanho reduzido em relação ao
objeto e é invertida.
Vamos fazer alguns exemplos:

Ex. 01
Um objeto é colocado a 1 metro do vértice de um espelho esférico e sua imagem
aumenta o dobro do seu tamanho. Calcule a distância focal do espelho e classifique se é
côncavo ou convexo.
Resolução:
Como a distância do objeto ao espelho é 1m, então p = 1. Já a imagem é ampliada
duas vezes, logo A =2. Dessa forma:

Como o módulo de p' é negativo, então é uma imagem virtual, ou seja, se forma
atrás o espelho. Para calcular agora a distância focal, basta fazer:

UNIDADE II
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Termodinâmica 95
Como o foco é positivo, então trata-se de um espelho côncavo.

Ex. 02
Uma pessoa fica parada na frente de um espelho a 50 cm de distância e sua imagem
é 3 vezes menor do que o seu tamanho. Determine que tipo de espelho é usado pelo indivíduo.
Resolução:
Como a imagem é reduzida três vezes, então A = -3. Além disso, a distância da
pessoa ao espelho é p = 50 cm. Logo:

Como o módulo da distância da imagem ao espelho é positivo, então a imagem é


classificada como real. Para determinar a distância focal, fazemos:

Multiplicando cruzado

O foco é positivo, logo então, trata-se de um espelho côncavo.

UNIDADE II
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Termodinâmica 96
Ex. 03
Um espelho esférico côncavo tem raio de curvatura igual a 1m. Um homem, de 1,80
m de altura, é colocado perpendicularmente ao eixo principal do espelho, a 2m do vértice.
Qual é a classificação da imagem?
Resolução:
Sabendo que o raio de curvatura vale um metro, então foi simetria do espelho
temos que:

Vamos determinar agora a posição da imagem:

Logo é uma imagem real.

UNIDADE II
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Termodinâmica 97
Como |A|<0 então a imagem é invertida e menor.

Logo a imagem é menor, com tamanho reduzido a um terço do tamanho do homem,


ou seja, 60 cm. Além disso é uma imagem real pois o valor de p' > 0.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 98
3. REFRAÇÃO DA LUZ

Em algum momento do seu cotidiano você passou por uma vitrine no comercio ou
em um shopping e conseguiu enxergar a o objeto por trás do vidro junto com seu reflexo.
Ou também, quando mexia um copo contendo água ou um algum outro líquido que fosse
possível enxergar a colher por dentro de uma forma “distorcida”. Quando você passa na
beira de uma piscina e consegue observar o fundo, mas tem a impressão de que não é tão
profunda. Todos esses fenômenos e muitos outros podem ser explicados por um processo
físico, o de refração da luz.
Vamos começar nossos estudos recapitulando a natureza de um feixe luminoso.
Como já vimos, a luz é uma onda eletromagnética, ou seja, é formada por um campo
elétrico e um magnético que oscilam de forma paralela, se propagando no espaço.

FIGURA 22 – ONDA ELETROMAGNÉTICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 99
Assim como toda onda, a luz possui uma velocidade bem definida, a qual pode ser
expressa matematicamente como v = λ . f, em que λ é o comprimento de onda, a distância entre
dois topos da onda, ou dois fundos e f a frequência. Essa última grandeza, a frequência, define
diretamente a essência de um feixe luminoso. Como veremos no final da unidade IV, uma luz
com baixa frequência, ou seja, voltada para a cor vermelha, é pouco energética. Porém, com
alta frequência, direcionada para região do azul e violeta, é uma luz com muita energia.
Diante disso podemos definir um grupo de ondas, as monocromáticas, que são
feixes luminosos de uma única cor, ou seja, de uma única frequência, como por exemplo
uma luz de um laser.
Outra grandeza de extrema importância na física óptica é o índice de refração.
Imagine que uma onda sonora é emitida por uma fonte no ar a uma temperatura de , ela
chega ao receptor à uma velocidade de 340 m/s. Contudo, se essa mesma fonte fosse
colocada em baixo da água, qual a velocidade de propagação do som? Com certeza seria
diferente! Portanto alterando o meio em que uma onda se propaga, afeta diretamente em
suas propriedades.
Voltando para o caso da luz, suponha agora que um feixe monocromático luminoso
esteja se propagando no vácuo com uma velocidade c e ao penetrar em um meio diferente,
como a água, a sua velocidade será v. Portanto, a relação entre a velocidade entre dois
meios é dado por:

Em que é o índice de refração. Portanto, o índice de refração é uma característica


do meio que mostra o quão difícil pode ser para a propagação de uma onda eletromagnética.
Vamos entender isso com alguns exemplos reais:
A velocidade de propagação da luz na água é de aproximadamente igual a vágua
= 225,4 .106 m/s. Sabendo que a velocidade da luz no vácuo é igual a c = (3.10)8 m/s =
(300.10)6 m/s, logo:

UNIDADE II
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Termodinâmica 100
Logo o índice de refração da água é igual a nágua ≈ 1,33. Vamos analisar outro caso.
O índice de refração do vidro é de aproximadamente igual a nvidro ≈ 1,5 (varia de vidro para
vidro, dependendo da sua composição). Sabendo disso, vamos calcular a velocidade de
propagação da luz nesse meio.

Ou seja, o vidro, assim como a água, são meios materiais, que possuem partículas.
Uma vez que a luz sai de do vácuo, onde não há matéria e adentra em um meio formado por
pequenos corpos, a luz sente uma “dificuldade” para se propagar. Quando mais denso for o
meio, maior é o índice de refração. Vale destacar que o índice de refração no vácuo é n =1
e o ar tem um valor muito próximo do índice do vácuo, podendo também ser considerado
igual a um. Veja alguns valores tabelados.

TABELA 1 – ÍNDICE DE REFRAÇÃO DE DIVERSOS MEIOS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Podemos também calcular o índice de refração relativo entre dois meios. Suponha
um meio 1 com índice de refração em que a luz se propague com uma velocidade v1 e um
segundo meio n2 no qual a luz se propague com velocidade v2 . Temos então que o índice
de refração relativo entre o meio 2 e o meio 1 é dado por:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 101
Os índices de refração podem ser reescritos como: e . Portanto:

Utilizando a regra de matemática básica em que conservamos a fração do numera-


dor e invertemos a do denominador:

O fenômeno da refração é descrito por duas leis:


1) O raio incidente, o raio refratado e a reta normal determinada pelo ponto de
incidência, são coplanares, ou seja, pertencem ao mesmo plano.

FIGURA 23 – REFRAÇÃO DE UM RAIO LUMINOSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

2) Conhecida também como Lei de Snell:

Partindo da lei de Snell, é possível compreender a mudança de comportamento do


feixe luminoso quando vai de um meio para outro. Suponha a figura a baixo em que temos
dois meios, no qual n2 > n1.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 102
FIGURA 24 – REFRAÇÃO DE UM RAIO INDO DE UM MEIO

MENOS DENSO PARA UM MAIS DENSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

O ângulo de incidência entre o raio e a normal da superfície é dado por θ1. Ao entrar
no segundo meio mais denso, a luz sofre refração e diminui o ângulo com relação a reta
normal. A diferença entre o ângulo de refração θ2 e o de incidência pode ser calculado por
um desvio delta:

Além disso, a frequência de uma onda luminosa não deve mudar quando ela muda
de um meio para outro. Para alterar a frequência, somente se modificarmos a fonte, logo
ela deve permanecer inalterada. Partindo da relação v = λ . f → f = v / λ, ou seja, como a ve-
locidade diminui em um meio mais denso e a frequência é constante, então o comprimento
de onda da luz deve diminuir também.

FIGURA 25 – COMPORTAMENTO DA LUZ INDO DE UM

MEIO MENOS DENSO PARA OUTRO MAIS DENSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 103
Vamos agora analisar um segundo caso, quando a luz vai de um meio n1 mais
denso para um segundo meio n2 menos denso. É intuitivo pensar que o processo vai ser ao
contrário. Ou seja, quando a luz adentra em um meio menos viscoso, ela passa a se mover
com mais facilidade, logo a velocidade aumenta e, de forma oposta ao primeiro caso, o
ângulo de refração será maior que o ângulo de incidência .

FIGURA 26 – REFRAÇÃO DE UM RAIO INDO DE UM MEIO

MAIS DENSO PARA UM MENOS DENSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nesse caso o desvio será dado por:


δ = θ 2 - θ1
Como a velocidade aumenta e a frequência deve permanecer inalterada, então o
comprimento de onda deve aumentar também.

FIGURA 27 – COMPORTAMENTO DA LUZ INDO DE UM

MEIO MAIS DENSO PARA OUTRO MENOS DENSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 104
A terceira situação é quando o raio de luz incide na superfície fazendo um ângulo de
90° em relação a superfície, ou seja, perpendicular a mesma, ou paralela em relação a normal.

FIGURA 28 – LUZ PENETRANDO EM UM SEGUNDO MEIO SEM SOFRER REFRAÇÃO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nessa situação o ângulo θ1 = 0°, substituindo esse valor na lei de Snell:

Como , então:

sen(θ2) = 0

Para que o seno de um ângulo seja nulo, somente se esse ângulo for de 90°. Logo,
θ2 tem o mesmo valor de θ1 e isso significa que não há refração quando o raio é incidido
perpendicularmente a superfície. Consequentemente a velocidade não se altera e nem o
comprimento de onda.

Ex. 01
Um feixe monocromático sai do ar e passa a se propagar no diamante, que tem
índice de refração igual a . Calcule a velocidade de propagação da luz no
diamante.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 105
Resolução:

Ex. 02
Seguindo o mesmo cenário do exemplo anterior, em que a luz incide numa superfí-
cie de diamante e supondo que o ângulo de incidência seja de 30°, determine o ângulo de
refração e o ângulo de desvio.
Dado: sen (30°)=0,5
Resolução:
Pela Lei de Snell temos:

Para encontramos o ângulo, aplicamos a função arco seno, ou seja:

Portanto, o ângulo de refração é de θ2 = 12°. Como o desvio padrão é dado por:

Ex. 03
Um feixe luminoso monocromático que se propaga no ar incide em uma superfície
formando um ângulo de 53°. Sabendo que o ângulo refratado é de 37° no meio 2, calcule a
velocidade no segundo meio.
Dado: sen (37°) = 0,6 e sen (53°)= 0,8
Resolução:
Usando a lei de Snell:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 106
Nesse caso, assumimos que a velocidade da luz no ar é a mesma do que no vácuo.

3.1 Dualidade Onda Partícula


Até o início de 1900 acreditava-se que a luz era uma onda eletromagnética, ou seja,
uma onda que pode se propagar em um meio material e no vácuo com uma velocidade definida.
Podemos entender uma onda eletromagnética como um campo elétrico variável
com o tempo e que induz um campo magnético, em conjunto com um campo magnético
variável com o tempo que induz o surgimento de um campo elétrico.
A velocidade de propagação da luz no vácuo é representada pela letra c e foi calcu-
lada por Maxwell por meio da seguinte relação matemática:

Em que ε0 é a permissividade elétrica no vácuo e μ0 a permissi-


vidade magnética do vácuo . Quando substituídas na equação, o resultado é:

c = (2,99792.10)8 m/s

Ademais, uma característica intrínseca da luz é que seu campo elétrico e magné-
tico não interage com os respectivos campos do meio por onde passam, o que justifica o
princípio que os feixes de luz se cruzam sem interagir entre si.
Contudo, o eletromagnetismo clássico de Maxwell não respondia algumas per-
guntas, dentre elas porque uma luz monocromática de baixa frequência f (ou alto compri-
mento de onda λ), ou seja, aquelas de cor voltada para o vermelho não conseguem gerar
o efeito fotoelétrico.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 107
Brevemente, o efeito fotoelétrico trata-se do fenômeno da radiação eletromagné-
tica incidir sobre uma placa metálica condutora, sendo capaz de expelir elétrons e gerar
corrente elétrica.

FIGURA 29 – EFEITO FOTOELÉTRICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo assim, qual a explicação para que a luz vermelha não consiga realizar tal
feito? A explicação veio com o efeito fotoelétrico promovida por Albert Einstein em 1905. A
teoria explica que a luz é formada por partículas, denominadas fótons de luz, os quais po-
dem ser entendidos como pequenos pacotes de energia mas sem possuir massa alguma.
Quando uma onda se propaga é o mesmo que pensar em uma composição de
campo elétrico e magnético oscilando juntos, porém essa direção é aleatória? A resposta
é não e é calculada de acordo com o vetor de Poynting. Matematicamente é dado pelo
produto vetorial do campo elétrico e do campo magnético:

Em que é o vetor de Poynting. Essa grandeza física indica a densidade direcional


do fluxo de energia de um campo eletromagnético. Ou seja, é um vetor que nos mostra a
intensidade, direção e sentido de propagação de uma onda eletromagnética.

3.2 Polarização de um feixe luminoso


Você provavelmente já usou um óculos escuro e se perguntou o quão eficiente era
o mesmo para filtrar os raios de luz. Uma forma simples de testar a eficiência das lentes
é retirá-las da armação e colocar uma de frente com a outra sob a incidência de um feixe
luminoso. Ou seja, segure uma com a mão esquerda e a outra com a mão direita, alinhadas.
Na sequência, a lente que vai na frente da outra, gire noventa graus mantendo a primeira
parada e observe a intensidade da luz que passa.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 108
Caso a intensidade da luz diminua após a rotação de uma das lentes isso prova
que os óculos possuem alguma eficiência (esse experimento é para fins acadêmicos e não
deve ser usado para certificar a qualidade de um óculos, sempre consulte um profissional
na área). Isso acontece porque a lente de um óculos escuro funciona como um filtro, na
física é chamado de polarizador.

FIGURA 30 – REPRESENTAÇÃO DE ALGUMAS LINHAS

DE CAMPO ELÉTRICO DE UM FEIXE LUMINOSO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A luz se propaga como a imagem a cima, ou seja, o campo elétrico oscila em todas
as direções. Entretanto, suponha que um filtro permita que tal feixe luminoso ao passar por
ele tenha seu campo elétrico se propagando em uma única direção.

FIGURA 31 – FILTRO POLARIZADOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 109
Note então que o polarizador filtra e restringe a direção que o campo elétrico do
feixe luminoso vai se propagar. Ou seja, se temos um polarizador na direção vertical, então
de todas as componentes do campo elétrico da luz restará apenas a da direção vertical.
Vale observar que uma onda eletromagnética é formada por um campo magnético
e elétrico, porém tratando-se de polarizadores analisamos apenas o campo elétrico. Isso
acontece, pois, a intensidade de um feixe luminoso está relacionada ao campo elétrico e
não magnético.
Suponha que um feixe de luz não polarizado passa por um polarizador em que o
campo elétrico passa a ser . Na sequência por um analisador que permite a passagem
da mesma amplitude de campo E0 , porém pode estar rotacionado em relação ao eixo central.

FIGURA 32 – LUZ NÃO POLARIZADA PASSANDO POR POLARIZADOR E ANALISADOR.

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A intensidade do feixe luminoso é proporcional ao quadrado da amplitude do vetor


campo elétrico. Logo, chegamos a lei de Malus:

I = I0 cos 2 (θ)

3.3 Difração e Experimento de Young


Para entendermos a difração de uma onda é muito simples. Quando você vê uma foto
aérea de uma faixa litorânea em que a água contorna um trecho com rochas, podemos ver uma
diferença no comportamento da onda, como se ela se curvasse após passar pelas pedras.
Basicamente, a difração é a propriedade de uma onda de contornar obstáculos.
Isso pode ser representado esquematicamente na figura:

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 110
FIGURA 33 – ESQUEMA DE DIFRAÇÃO DA ONDA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na imagem, as linhas escuras representam o topo de uma onda, também conhe-


cido como crista da onda. A distância de uma crista a outra é chamado de comprimento
de onda λ. A onda sofrerá uma difração se a dimensão de λ for proporcional a abertura da
fenda d. Caso a fenda tenha uma abertura muito pequena ou muito grande comparado ao
comprimento de onda, então não haverá difração.
Uma curiosidade interessante é quando estamos escutando rádio no carro e sin-
cronizamos com a frequência FM (frequência modulada). As ondas de rádio desse grupo
possuem uma boa qualidade, porém um curto alcance, por isso não é possível conectar
o rádio a uma estação FM quando estamos passando de carro entre montanhas em uma
serra. Por outro lado, nesse caminho entre picos altos é possível conectar a rádio AM
(amplitude modulada), então qual é a diferença?
O comprimento de onda de uma rádio FM é da ordem de 3 metros, enquanto o
de uma AM é de 500 metros. Como a difração é o poder que uma onda tem de contornar
obstáculos somente quando λ é proporcional a d, então a rádio AM pode ser capitada nas
serras montanhosas.
Seguindo nesse mesmo caminho, Thomas Young em 1801 demonstrou a interfe-
rência de ondas usando o princípio da refração.

FIGURA 34 – REPRESENTAÇÃO DO EXPERIMENTO DE YOUNG

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 111
Nesse experimento foram utilizados três anteparos. No primeiro anteparo a luz é
difratada formando as ondas em formado de arcos de circunferência. No segundo anteparo
há dois orifícios em que novas difrações ocorrem. Por fim, no terceiro anteparo são proje-
tadas as manchas, que nada mais são do que a interferência das ondas difratas, exibindo
portanto, uma sequência de máximos e mínimos. O experimento clássico, esses orifícios
são fendas e as manchas são denominadas franjas de interferência.

FIGURA 35 – REPRESENTAÇÃO DO EXPERIMENTO DE YOUNG

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A franja do centro é a que possui maior intensidade, tanto no sentido positivo de x


como no negativo, as franjas intercalam entre máximos e mínimos. Esse resultado confirma
o comportamento ondulatório da luz.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 112
4. LENTES

Nesse último tópico vamos estudar uma parte de grande aplicabilidade da óptica
física, as lentes e diversos instrumentos que podem ser formados com elas. Dentre eles os
mais conhecidos são os microscópios, lunetas, câmeras fotográficas, óculos e entre outros.
Portanto, inicialmente vamos trabalhar com lentes esféricas e suas diferentes formas:

1) Lentes de bordas finas

FIGURA 36 – LENTES DE BORDAS FINAS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 113
Veja que as lentes de bordas finas são as convexas, o primeiro nome caracteriza
a outra parte, no desenho, o lado direito de cada lente. No primeiro caso, ambos os lados
são convexos, logo biconvexa. A segunda imagem um lado é convexo e o outro plano,
por isso plano-convexa, já a terceira lente um lado é côncavo e o outro convexo, assim
côncavo-convexa.

2 ) Lentes de bordas grossas

FIGURA 37 – LENTES DE BORDAS GROSSAS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

As lentes de bordas grossas são aquelas que possuem um comportamento côncavo.


O complemento da lente acompanha o começo do nome. A lente bicôncava os dois lados
são côncavos. A plano côncava um lado é plano e o outro côncavo e a convexo-côncava
um lado côncavo e o outro convexo.
Além dessas lentes existem as cilíndricas, prismáticas entre outras que vamos usar
para explicar alguns instrumentos ópticos. Contudo, de forma geral, as lentes possuem
duas funções, convergir os raios luminosos e divergi-los. Portanto, temos:

3 ) Lentes convergentes

FIGURA 38 – LENTES CONVERGENTES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 114
2) Lentes divergentes

FIGURA 39 – LENTES DIVERGENTES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo assim, em nossos estudos de lentes, os esquemas que vamos construir as


lentes de bordas finas e bordas grossas serão representadas respectivamente por:

FIGURA 40 – REPRESENTAÇÃO DE LENTES DIVERGENTES E CONVERGENTES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

As lentes possuem dois pontos importantes, diferente dos espelhos curvos que
possuem três. Eles são:
1) Foco do objeto F e foco da imagem F', a distância entre qualquer um desses dois
pontos até o ponto centro óptico O da lente é chamado de distância focal f.

FIGURA 41 – FOCOS DE UMA LENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 115
2) Pontos Antiprincipais correspondem a duas vezes o foco. Assim, temos o ponto
A, antiprincipal do objeto e A’, o ponto antiprincipal imagem.

FIGURA 42 – ANTIPRINCIPAL DE UMA LENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

A trajetória nesses três pontos é dada por:


I. Todo raio luminoso que passa pelo centro óptico refrata através dele sem sofrer desvio.

FIGURA 43 – RAIO LUMINOSO CRUZANDO UMA LENTE PELO CENTRO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

II. Todo feixe luminoso que incide o eixo óptico principal paralelamente, refrata
através da lente alinhado com o foco principal imagem F’

FIGURA 44 – RAIO LUMINOSO PASSANDO PELO FOCO DA LENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 116
O oposto também vale, ou seja, o raio luminoso que incide na linha do foco principal
objeto F, refrata paralelamente ao eixo principal.
III. Todo raio que incide alinhado com o ponto antiprincipal objeto A é refratado
alinhado com o ponto antiprincipal imagem A’.

FIGURA 45 – RAIO LUMINOSO PASSANDO PELO ANTIPRINCIPAL DA LENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Outra característica que toda lente possui é a vergência, ou também, pode ser
denominada de grau. Matematicamente, a vergência de uma lente é dada por:

Sendo assim, quando o raio luminoso incide na lente e é refratado, se o desvio


angular for muito grande, então a vergência é alta, caso contrário, é baixa:

FIGURA 46 – VERGÊNCIA DE UMA LENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Como as lentes convergentes a distância focal é positiva, ou seja f > 0 então a


vergência também é positiva V > 0. Já nas lentes convexas a distância focal é negativa f < 0,
logo a vergência será negativa V < 0.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 117
Agora, podemos ver o Teorema das Vergências, que permite que possamos asso-
ciar diferentes lentes, o que permite que os equipamentos que funcionam na formação de
imagem por lentes tornem-se mais sofisticados e elaborados, que é o caso dos telescópios
de hoje em dia.

FIGURA 47 – LENTES SOBREPOSTAS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

As lentes associadas podem ser convergentes ou divergentes, contudo, devemos


levar em conta os sinais algébricos de suas abcissas focais f e vergências V. Assim, para
um agrupamento de n lentes, temos:

Ex. 01
São justapostas três lentes delgadas com vergências , VA = +6 di, VB = + 1 di e VC = -3 di.
O comportamento óptico do sistema resultante é convergente ou divergente?
Resolução:

Vamos primeiro determina a vergência total:

Portanto, como a vergência do sistema resultante é de V= + 4 di, então a associação


tem um comportamento convergente.

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 118
SAIBA MAIS

No nosso cotidiano está se tornando cada mais vez mais corriqueiro as empresas de comu-
nicações usarem internet por transmissão via fibra óptica. Contudo, o que é a fibra óptica?
Diferente de um fio condutor que transmite sinal elétrico, o cabo de fibra óptica é um fio
flexível feito de vidro ou plástico, um pouco mais grosso que um fio de cabelo e permite
que o sinal de internet seja transmitido a velocidade próxima à da luz. Isso se dá ao fato
de o sinal ser propagado por raios laser e refletido ao longo do fio.

FIGURA 48 – CABO DE FIBRA ÓPTICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na imagem temos o caso de um cabo clássico de transmissão de internet e o segundo


um filamento de fibra óptica.

Fonte: O autor (2021).

REFLITA

Aprender sobre a propagação da luz e como esta interage com a matéria, nos responde
inúmeras questões da natureza. Como por exemplo por que o céu é azul? Por que a
cor verde é a única que não “cansa” o olho humano? Como a luz vermelha é a que mais
chama atenção, a lilás que tende fazer o olho deixar de observar mais rápido e a compo-
sições de diversas cores afetam diretamente nossos instintos? Apenas uma dica, a cor
característica do McDonald’s não é amarelo e vermelho por coincidência.

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 119
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encerramos mais uma unidade do nosso curso, no qual iniciamos com os estudos
da natureza da luz, caracterizando-a como uma onda eletromagnética e qual é sua diferen-
ça em relação a outras ondas. No mesmo tópico vimos a formação da imagem em espelhos
planos e as classificações da imagem.
Em seguida, dedicamos nosso foco a formação de imagens em espelhos côncavos,
os quais variam de acordo com a posição do objeto frente ao espelho e os espelhos convexos
que possuem grande aplicabilidade ao nosso dia a dia formando uma imagem de único tipo.
Na sequência, estudamos o fenômeno de difração e como a luz se comporta ao
atravessar uma fronteira de dois meios com diferentes índices de refração. Por fim, não
menos importante, aprendemos as diferentes classificações de lentes e a como a imagem
é formada usando esse instrumento óptico.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.

Até a próxima!

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 120
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Óptica
Autor: Isaac Newton.
Editora: Edusp.
Sinopse: Escrito por um dos cientistas que mais influenciaram a
ciência moderna, o livro descreve as principais descobertas do au-
tor relacionadas à óptica e às visões corpusculares e ondulatórias
da luz. As notas explicativas analisam aspectos específicos que
facilitam a compreensão do leitor, situando o texto em sua época
e apresentando esclarecimentos adicionais, fornecendo ainda
indicações bibliográficas complementares.

FILME / VÍDEO
Título: Como entortar raios de luz com açúcar
Ano: 2015
Sinopse: Neste vídeo, um apresentador enche um aquário com água
e adiciona uma grande quantidade de açúcar, suficiente para que
quando ele incida um feixe luminoso, seja possível observar a curva-
tura da luz e também observar o efeito da reflexão total da mesma.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=gqkSfAfyt30

UNIDADE II
I Óptica
Termodinâmica 121
UNIDADE III
Eletrostática e
Eletrodinâmica
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Força Elétrica e Campo Elétrico;
● Potencial Eletrostático;
● Circuitos Elétricos I;
● Circuitos Elétricos II.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender os processos de eletrização, como cargas elétricas
integram entre si e alteram o espaço a sua volta.
● Estudar o conceito de potencial elétrico e trabalho da força elétrica.
● Explorar a essência de circuitos elétricos, calcular os
principais parâmetros e como medi-los na prática.

122
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), vamos começar nossos estudos na primeira parte da física
elétrica, aquela em que estudamos a física dos corpos eletrizados em repouso. Através de
alguns conceitos físicos, iremos aprender como eletrizar um corpo e quando carregado,
como modifica o espaço a sua volta e interage com outras partículas.
Na segunda metade da unidade, vamos focar na eletrodinâmica, parte da física elé-
trica que estuda as cargas elétricas em movimento. Esse assunto é de grande importância
para outras futuras disciplinas, como por exemplo, instalações elétricas prediais, as quais
os conceitos de circuitos são essenciais para elaborar um projeto de planta elétrica.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 123


1. FORÇA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO

A física elétrica possui, de forma geral, três grandes vertentes. A primeira delas,

é a física eletrostática, que estuda o comportamento das cargas elétricas em repouso e

como estas modificam o espaço a sua volta. Ou seja, primeiramente vamos estudar a força

de interação entre um conjunto de partículas, calcular o campo elétrico gerado por elas, o

potencial elétrico e o trabalho que esses corpos carregados podem fazer em outros corpos

próximos a eles.

1.1 Carga elétrica, condutores e isolantes

Em sua jornada até aqui, provavelmente você já estudou sobre o modelo atômico

em que um átomo é formado por um núcleo, composto por prótons e nêutrons. No qual,

ao seu redor existe a eletrosfera em que elétrons orbitam em diferentes níveis de energia.

A ciência adotou que as partículas positivas são chamadas de prótons, aquelas que

possuem uma carga negativa são os elétrons e aquelas de carga nula são os nêutrons. Para

começarmos nossos estudos, vamos compreender alguns detalhes simples. De início saiba que

o elétron é uma partícula elementar, isso significa que, até hoje não foi possível dizer que um

elétron é divisível em partículas menores. Portanto, a carga dele é chamada de carga elementar

e todos os corpos tem cargas múltiplas da carga do elétron. O seu valor em módulo é:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 124


e = (1,6.10)-19C

Em que e é a carga elementar e C é a medida de carga elétrica, chamada de


Coulomb. Sendo assim, temos a seguinte relação:

TABELA 1 – CARGA ELEMENTAR

Partícula Carga
Elétron - e = -(1,6.10)-19
Próton + e = +(1,6.10)-19
Nêutron 0
Fonte: O autor (2021).

Outro ponto interessante é que a massa do próton é de aproximadamente 1836


vezes maior do que a do elétron, mesmo que tenham a mesma carga elétrica. Por fim, é
necessário que você conheça os possíveis prefixos em que o valor das cargas, assim como
outras grandezas da física elétrica, podem aparecer:

TABELA 2 - PREFIXOS

Submúltiplo Símbolo Valor


milicoulomb mC 10-3 C
microcoulomb μC 10-6 C
nanocoulomb nC 10-9 C
picocoulomb pC 10-12 C
Fonte: O autor (2021).

O próximo passo agora é compreender o que é um corpo carregado. Vamos enten-


der isso com base na figura abaixo:

FIGURA 1 – CORPOS ELETRIZADOS E NEUTRO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 125


Para definir a carga de um corpo vamos tomar como referência com base nas
partículas negativas. Portanto, um corpo carregado positivamente, corpo (a), tem falta, ou
deficiência, de cargas negativas. Já o corpo (c) está carregado negativamente pois tem um
excesso de cargas negativas. Por outro lado, o corpo (b) tem a mesma quantidade de carga
positiva e negativa, logo ela é nula e não caia na tentação de dizer “um corpo neutro não
tem carga”, apenas tem o mesmo valor de positivos e negativos.
A título de curiosidade, tomamos como referência as cargas negativas para classifi-
car os corpos carregados pois os elétrons possuem facilidade para se deslocarem, ou seja,
serem retirados da nuvem eletrônica. Já as partículas positivas estão tão bem coesas no
núcleo atômico que não podem “sair” de um corpo, ou serem “adicionadas” em outro corpo.
Como já foi dito, os corpos carregados possuem o seu valor da carga Q como um
número múltiplo da carga do elétron, também chamada de carga elementar. Sendo assim,
a carga de um corpo não nulo, pode ser determina por:
Q=n.e
Na qual é o número de elétrons em falta ou em excesso. Vamos fazer alguns
exemplos.

Ex. 01
Calcule o número de elétrons de um corpo que possui uma carga de - 2C.
Resolução:
Como a carga elementar é dada por e = 1,6 .10-19 C, então fazemos:

O que significa um número de partículas negativo? Esse cálculo deve ser feito em
módulo para que esse sinal não cause problemas, porém o significado do sinal negativo é
que a carga do corpo é negativa, ou seja, possui um excesso de elétrons. Caso o resultado
fosse positivo, então seria um corpo com fala de elétrons.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 126


Ex. 02
Determine a carga de um corpo que, inicialmente neutro, perdeu 4.1016 elétrons.
Resolução:
Sabendo que:

Em termos de prefixos:
Q = 6,4 mC
A eletrostática tem como um dos seus principais alicerces um princípio fundamen-
tal, o da ação e repulsão. Basicamente, definimos que cargas elétricas de mesmo sinal se
repelem entre si ao interagirem, já cargas de sinais opostos se atraem.

FIGURA 2 – INTERAÇÃO ELÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Com base nisso podemos definir os materiais em dois grandes grupos, os condu-
tores e os isolantes.
1) Condutores: São materiais os quais os elétrons de sua estrutura atômica pos-
suem facilidade para se moverem, no caso de sólidos. Como por exemplo o cobre ou ouro.
São dois bons condutores de corrente elétrica pois os elétrons se desprendem facilmente da
eletrosfera. No caso de líquidos condutores temos uma solução salina por exemplo (NaCl),
nesse exemplo temos partículas carregadas positivamente e negativamente, os íons. O
movimento dessas partículas é que define a corrente elétrica. Há também os condutores
gasosos, como por exemplo em uma lâmpada fluorescente em que as partículas de gás
são ionizadas o que permite o brilho da lâmpada.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 127


2) Isolantes: Por outro lado, aqueles materiais em que os elétrons não se despren-
dem da nuvem eletrônica, são denominados de isolantes. Um exemplo clássico é a madeira,
isopor ou borracha. Nesses casos os elétrons tem dificuldade para se movimentarem pelo
material, o que os tornam mal condutores de eletricidade.

1.2 Processos de eletrização


Em um dia frio quando usamos blusas de lã, é comum levarmos algum choque
dependendo do material que tocamos. De alguma forma portanto, uma descarga elétrica
acontece, como isso é possível? Pela eletrização de corpos. Basicamente um corpo no
seu estado natural está neutro, ou seja, possui a mesma quantidade de cargas negativas
e positivas. Contudo, como foi visto, alterando o número de elétrons o objeto pode ficar
carregado positivamente ou negativamente. Vamos ver alguns processos de eletrização:
1) Eletrização por Atrito: De forma muito simples, a eletrização por atrito é quando
esfregamos um corpo diferente em outro e, depois do atrito, ambos possuíram a mesma
quantidade de carga elétrica, ou seja, o mesmo módulo, porém adquirem sinais opostos.
Exemplo: Suponha que inicialmente um bastão de vidro esteja neutro, assim como um
pedaço de seda. Depois de atritarmos um com o outro, a seda fica com excesso de cargas
negativas e o vidro com falta de cargas negativas.

FIGURA 3 – ELETRIZAÇÃO POR ATRITO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Veja que no desenho está explicito o número de cargas em cada um dos corpos após
o processo, para justificar que é a mesma quantidade em módulo, porém sinais contrários.
O processo de eletrização por atrito segue uma relação dos materiais que quando
atritados, qual deve ficar negativo e qual torna-se positivo, essa relação é chamada de
série triboelétrica.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 128


FIGURA 4 – SÉRIE TRIBOELÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

2) O segundo processo de eletrização se chama eletrização por contato, em que


dois ou mais corpos são colocados em contato e a carga elétrica entre eles é dividida. Após
o contato, ao separar os corpos a carga total se divide igualmente entre os corpos e claro,
assumindo que pelo menos um deles esteja carregado antes do contato, pois se todos
forem neutros, nada acontecerá. Esquematicamente temos:

FIGURA 5 – ELETRIZAÇÃO POR CONTATO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 03
Suponha que três corpos de mesma dimensão com cargas respectivamente iguais
à +4 q, -2 q e +10 q são colocados em contato simultaneamente, qual a carga final de cada
uma das partículas?

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 129


Resolução:
A carga total é a soma das três cargas divido pelo número de cargas:

Portanto, se a carga total vale +9q, esse valor deve ser divido igualmente entre as
três cargas, logo cada uma após o contato e serem separadas vão ter o valor de +3q.
3) O terceiro processo de eletrização é chamado de eletrização por indução, mas
antes vamos entender um detalhe, chamado aterramento.
De forma simplificada a terra é um grande neutralizador, qualquer corpo que entra
em contato com o mesmo é neutralizado. Se possuir excesso de cargas negativas essas
são atraídas para a terra, já se o corpo for positivo, elétrons são enviados ao corpo, sempre
com o intuito de deixar a mesma quantidade de cargas positivas e negativas.

FIGURA 6 – FIO TERRA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Agora, vamos estudar a indução eletrostática, para isso, vamos dispor de dois
corpos, um induzido que está inicialmente neutro isolado da terra por um suporte isolante e
um indutor que está eletricamente carregado (em nosso exemplo com uma carga negativa).

FIGURA 7 – INDUÇÃO ELÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 130


Note pela figura a cima que ao aproximar o indutor do induzido acontece uma
espécie de polarização, ou seja, ao se aproximar, o indutor atrai as cargas negativas para
a esquerda e mantem as positivas para o lado oposto.
Ainda próximos, vamos conectar um fio terra a direita do corpo induzido:

FIGURA 8 – FIO TERRA CONECTADO AO INDUZIDO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Uma vez que a terra está buscando neutralizar o corpo, o fio terra estava conectado
na região em que estava carregado positivamente do corpo, logo partículas negativas são
mandadas com o intuito de neutralizar. Porém o corpo está sendo carregado, uma vez que
antes estava globalmente neutro e apenas polarizado. Assim, sem afastar o indutor, corte
o fio terra:

FIGURA 9 – FIO TERRA ROMPIDO COM O INDUZIDO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Por fim, ao afastar o indutor, o induzido tende a reagrupar suas cargas que foram
polarizadas. Contudo, por receber partículas negativas do processo de aterramento, quan-
do é afastado do indutor fica um excesso de cargas distribuído pelo corpo uniformemente
na superfície.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 131


FIGURA 10 – ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

1.3 Lei de Coulomb


Quando duas ou mais cargas estão a uma determinada distância, a presença de
cada uma delas gera uma força de atração ou repulsão, dependendo do sinal das cargas.
Segundo Charles Augustin de Coulomb, a força de interação entre duas partículas tem
mesma intensidade e está na mesma direção que as une. Tal força é diretamente pro-
porcional ao módulo do produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre as cargas. Matematicamente é dada por:

Em que F_E é a força elétrica dada em newtons (N), q1 e q2 a carga dos dois corpos
em questão dada em coulombs (C), d a distância mensurada em metros e k a constante
eletrostática do meio, com um valor aproximadamente igual a k ≅ (9.10)9 N m2 C -2.
A constante eletrostática pode ser calculada em termos da permissividade absoluta
do meio , que no vácuo é dada por ε0=8,85.10-12 N-1 m-2 C 2.

Vamos fazer alguns exemplos:

Ex. 04
Calcule o módulo da força de interação entre duas partículas eletrizadas com 8,0 µC
e 2,0 µC, estando elas no vácuo à distância de uma da outra.
Resolução:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 132


Sabendo que a constante eletrostática é dada por k = (9.10)9 N m2 C-2, q1 = 8,0 µC, q2
= 2,0 µC e a distância, mas tem um fato importante, ela não pode ser dada em centímetros
ou milímetros, mas sim em metros! Portanto, vamos converter:

4,0 cm = 0,04 m

Contudo, sabemos que lidar com excesso de casas decimais após a vírgula torna
o cálculo um tanto exaustivo, ainda mais levando em conta que essa medida será elevada
ao quadrado. Então, vamos fazer algo mais simples, uma conversão em notação científica:

4,0 cm = 0,04 m = 4.10-2 m

Além disso, como estudamos, o prefixo micro (µ) refere-se a 10-6.


Substituindo todos esses valores:

Ex. 05
Duas cargas de sinais opostos com valores iguais a 5,0 µC e -5,0 µC estão a uma
distância de meio metro no vácuo. Qual o módulo da força de interação entre elas?
Resolução:
Os dados do exercício são:

Substituindo os valores da Lei de Coulomb

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 133


Veja que na conta não foi incluso o sinal da segunda carta, pois iremos apenas
determinar o módulo da força de interação.

Como são cargas opostas, então a força entre as duas cargas é atrativa.

Ex. 06

Um sistema eletrostático é montado da seguinte forma:

FIGURA 11 – SISTEMA ELETROSTÁTICO EM EQUILÍBRIO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sabendo que a carga Q1 = Q2 e que ao colocar a carga Q3 com o valor de q o sistema


permaneceu em equilíbrio estático, calcule o valor da terceira carga.
Resolução:
Para entendermos a situação, é necessário salientar que a carga colocada no meio
deve ser negativa. Pois caso seja positiva, então as três irem ser repelidas uma pela outra
e o sistema não permanecerá em equilíbrio.
Além disso, vamos escolher apenas uma delas para fazer um comparativo de for-
ças, por exemplo, vamos determinar a resultante das forças que atuam na carga 1.W

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 134


FIGURA 12 – FORÇA RESULTANTE NULA NA CARGA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Portanto, na carga Q1 temos:

F21 = F31

O primeiro termo F21 lê-se como “A força que a carga 2 faz na carga 1” e F31 como
“a força que a carga 3 faz na carga 1”. O primeiro número que executa a força e o segundo
o agente que recebe. Portanto, usando a lei de Coulomb

Simplificando a constante eletrostática em ambos os lados e substituindo os valores:

Simplificando a carga 1 em ambos os lados:

Dividindo os dois lados da igualdade por d2 resta apenas:

Logo, a carga que deve ser colocada entre a Q1 e Q2 deve ser negativa e ter módulo igual a:

|q|=4 Q2
1.4 Campos Elétricos
Sabemos que da física mecânica, a Terra cria um campo gravitacional em torno de
si, o qual atrai os corpos que estão a uma determinada distância dela. Ou seja, podemos
ter um planeta e um satélite interagindo através de uma “entidade física”, e que nesse caso
é o campo gravitacional. A pergunta é, como que as partículas interagem do ponto de vista
elétrico uma com a outra sem o contato físico? A respeito está no campo elétrico, cada
partícula carregada gera em torno de si um campo elétrico (como o campo gravitacional

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 135


em volta da Terra). Corpos carregados positivamente, as linhas de campo divergem do
mesmo, são apontadas para fora, já os corpos carregados negativamente, as linhas de
campo convergem para ele, ou seja, entram no corpo.

FIGURA 13 – CAMPO ELÉTRICO DE CARGA POSITIVA E NEGATIVA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na figura está representado esquematicamente as linhas de campo elétrico em


cada caso. Assim, para sabermos se em uma data região existe um campo elétrico é preci-
so um corpo teste imerso que possa sentir a ação desse campo, esse corpo será chamado
de carga de prova q. Assim, a força elétrica que atua em uma carga de prova q imerso em
um campo elétrico é dado por:

FE = q.E

Em que E é o campo elétrico (note que tanto a força elétrica como o campo estão
em negrito por serem grandezas vetoriais, porém você também pode encontrar na literatura
a seguinte representação ). Ademais, note a semelhança com a força gravitacional
peso de um corpo que de massa m na presença de um campo gravitacional:

P = m.g

Na qual P é a força peso e g a aceleração da gravidade. Ambas as equações


relacionam uma força (força elétrica e força peso) que é igual a propriedade do corpo (carga
elétrica e massa) com o respectivo campo (campo elétrico e campo gravitacional).
Podemos também escrever a expressão do campo elétrico de uma outra forma:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 136


Classificando a carga um como a geradora do campo (Q) e a carga dois como a
carga de prova (q):

Note que o campo elétrico também cai com o inverso do quadrado da distância,
assim como a força elétrica. Vamos fazer alguns exemplos

Ex. 07

Calcule a intensidade do campo elétrico gerado por uma carga pontual Q = 6μC no vácuo
em um ponto situado a uma distância de 2 cm de distância. Adote a constante eletrostática como
k = (9.10)9 N m2 C-2)
Resolução:

Lembre-se de passar a distância para metros e de preferência, para notação cien-


tífica para facilitar os cálculos (2cm=0,02m=(2.10)-2m).

Ex. 08

Suponha que uma carga puntiforme Q1=(9.10)-6 C esteja a 60 cm de uma segunda


carga de valor igual a Q2=(-4.10)-6 C. Admitindo que o sistema esteja no vácuo, calcule o
campo elétrico resultante no ponto P gerado por essas duas cargas.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 137


FIGURA 14 – RESULTANTE NO PONTO P NULA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

FIGURA 15 – CAMPO IGUAL A ZERO NO PONTO P

Fonte: Bôas N. V.; Doca R. H.; Biscuola G. J.; Tópicos de física: volume 3 – 19. Edição – São Paulo: Saraiva, 2012

Vamos calcular a intensidade do campo elétrico das duas cargas no ponto P.

Portanto, a resultante do campo elétrico nesse caso vai ser:

FIGURA 16 – RESULTANTE PARA A DIREITA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Logo, a resultante é para a direita com o calor de . Note


que para fazer o cálculo do campo elétrico resultante não levamos em conta o sinal gerado
pela carga dois, uma vez que isso significa apenas que o campo está para a direita
“entrando” na partícula 2, que está eletrizada negativamente. Logo a direção resultante é o
eixo que une as cargas e o sentido é de Q2 para Q1.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 138


1.5 Densidade superficial de cargas
Quando um corpo está eletrizado, o excesso de carga elétrica distribui-se uniforme-
mente pela superfície do corpo. Dessa forma, podemos definir uma nova grandeza física, a
densidade superficial de carga.

FIGURA 17 – DENSIDADE SUPERFICIAL DE CARGAS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Matematicamente, a densidade superficial de cargas (σ) de um condutor é dado


pela razão entre a carga Q do corpo e a área da superfície .
Vale ressaltar que quando um corpo não tem uma superfície uniforme, ou seja, ela
possui regiões mais pontudas, então a distribuição de carga não se da de maneira uniforme.

FIGURA 17 – PODER DAS PONTAS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Em tais regiões a densidade de carga é maior, esse fenômeno é conhecido como


poder das pontas.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 139


4. POTENCIAL ELETROSTÁTICO

Uma partícula carregada gera em torno de si várias linhas de força proveniente de


seu campo elétrico. Contudo, suponha que a carga geradora esteja fixa próximo a ela uma
carga de prova livre para se mover. Dependendo do seu valor, a carga de prova pode ser
atraída ou repelida. Em outras palavras, a partícula ganha uma energia potencial elétrica.
Matematicamente é dada por:

A energia potencial elétrica coloca a carga de prova em movimento, transformando


em energia cinética. Contudo, podemos relacionar o campo elétrico da carga geradora com
uma grandeza escalar denominado potencial elétrico (v). A relação é escrita da seguinte forma:

Esse mesmo potencial elétrico será usado no próximo capítulo para entendermos o
conceito de ddp de uma fonte de energia.
Combinado a expressão da energia potencial elétrica com a do potencial, chega-
mos em uma terceira relação:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 140


Como o potencial elétrico é uma grandeza escalar, a resultante do potencial de n
cargas elétricas é a soma algébrica de cada um (diferente de campo elétrico e força elétrica
que são grandezas vetoriais).
Além disso, podemos definir uma qualidade muito importante envolvendo o poten-
cial elétrico que são as superfícies equipotenciais. Toda carga de formato esférica gera em
torno de si linhas concêntricas de potencial elétrico. Cada linha dessa pode ser entendida
como uma superfície, como ilustra a figura.

FIGURA 19 – POTENCIAL ELETROSTÁTICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Assim, podemos definir as equipotenciais como linhas (no plano) ou superfícies (no
espaço) onde o potencial, em todos os pontos, assume o mesmo valor algébrico.
Ademais, uma característica intrínseca é que as superfícies equipotenciais são
perpendiculares as linhas de força do campo elétrico, o que é representado na imagem
como o ângulo reto entre as linhas azuis e as linhas tracejadas.
Como sabemos, não existem apenas linhas de campo de cargas esféricas, pode-
mos ter também duas placas eletrizadas com cargas opostas gerando entre si linhas de
campo elétrico.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 141


FIGURA 20 – SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Uma vez que as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares as linhas de


campo elétrico, então dessa vez, não são linhas concêntricas, mas sim na vertical (no caso
da imagem anterior).

Ex. 01

Uma região isolada da ação de cargas elétricas recebe uma partícula eletrizada com
carga de –3,0 μC. Considere um ponto A, a 10 cm dessa partícula. Calcule o potencial elétrico
em A e a energia potencial adquirida por uma carga puntiforme de 2 nC, colocada em A.

Resolução:
Utilizando a expressão do potencial elétrico no ponto A:

O sinal é negativo pois é o potencial elétrico gerado por uma carga negativa. Agora
para calcular a energia adquirida por uma carga de prova :

Ex. 02

No vácuo uma carga geradora de valor igual a Q = 4μC está fixa. Qual o valor do
potencial elétrico a distância D situado a 6 m de distância?
Resolução:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 142


2.3 Trabalho de força elétrica
Na física mecânica aprendemos que o trabalho realizado por uma força pode ser
escrita em termos da variação da energia potencial gravitacional.

FIGURA 21 – TRABALHO DA FORÇA PESO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ou seja, a energia potencial no ponto A menos a energia potencial no ponto B


equivale ao trabalho realizado pela força peso sob o corpo.

Transladando esse mesmo conceito para a física eletrostática, podemos supor


que uma carga de prova q, sob a presença de um campo elétrico, se desloque de um
ponto A de potencial vA até um ponto B de potencial vB . Então o trabalho realizado pela
força elétrica é dado por:

Como a energia potencial elétrica é escrita da forma EP = q.v, então:

A diferença de potencial vA - vB é chama de d.d.p. ou apenas U. Portanto:


τAB = q.U

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 143


É importante salientar que a força elétrica é conservativa e por isso, o trabalho
realizado pela mesma independe da trajetória.

FIGURA 22 – O TRABALHO POR UMA FORÇA

CONSERVATIVA INDEPENDE DA TRAJETÓRIA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ademais, como o trabalho depende da diferença de potencial entre dois pontos, en-
tão se uma partícula se deslocar, executar uma trajetória a qual tem ponto final na mesma
equipotencial do ponto inicial, então o trabalho será nulo.

FIGURA 23 – TRABALHO IGUAL A ZERO COM PONTO INICIAL E FINAL IGUAIS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 03

Qual o trabalho realizado pela força elétrica que atua em uma partícula eletrizada
com carga de 5,0 μC quando esta se desloca 2,0 m ao longo de uma equipotencial de 60 V?
Resolução:

Ao longo de uma equipotencial, o potencial inicial e final é o mesmo, ou seja, a


diferença de potencial U = 0. Com isso, o trabalho é nulo.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 144


Ex. 04

Uma partícula fixa, eletrizada com carga 5,0 μC é responsável pelo campo elétrico
existente em determinada região do espaço. Uma carga de prova de 2,0 μC é abandonada
em um ponto A à 10 cm da carga-fonte, recebendo desta uma força de repulsão. Calcule o
trabalho realizado para levar a partícula até um ponto B à 50 cm da carga geradora.
Resolução:
Vamos calcular o potencial elétrico no ponto inicial e final primeiro:

Portanto:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 145


5. CIRCUITOS ELÉTRICOS I

Nos dois últimos capítulos estudamos sistemas estáticos, ou seja, uma vertente da
física elétrica chamada de eletrostática. Agora, nesse capítulo, vamos adentrar na física
que estuda as causas e efeitos das cargas elétricas em movimento. Ou seja, na dinâmica
das cargas elétricas, área essa chamada de Eletrodinâmica.

5.1 Corrente elétrica


Suponha um fio constituído de material condutor como cobre por exemplo. Se
pudéssemos observar esse fio em um bom microscópico, iríamos ver que os elétrons se
movimentam em um sentido desordenado, em outras palavras, cada partícula se desloca
em uma direção diferente da outra. De tal maneira, que a resultante global do movimento
das partículas no fio é nula.
Quando conectamos os dois terminais do fio em uma tomada, os elétrons passar a
se movimentar no interior do condutor de forma ordenada, todos na mesma direção e sentido.

FIGURA 24 – CARGAS ELÉTRICAS EM MOVIMENTO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 146


Porém, porque ao ligar as extremidades do fio na tomada, essas partículas exe-
cutam tal movimento alinhado? A resposta está na diferença de potencial da tomada. Para
entender esse conceito, vamos recorrer à uma analogia com a mecânica.
Suponha que você esteja segurando uma bolinha rende ao chão, no momento que
você retirar a mão, ele tende a permanecer parada (assumindo que seja uma superfície
plana horizontal). Contudo, agora você está no terraço de um prédio a 20m de altura e solta
essa bolinha. Devido a atuação da gravidade da Terra, essa bolinha é atraída para o chão
e entra em movimento por ganhar uma energia, chamada energia potencial gravitacional
(Epg=m.g.h, em que Epg é a energia potencial gravitacional, m a massa, g a gravidade e h a
altura). Logo, quando a bolinha estava no chão, não tinha altura e por consequência ela não
tinha uma energia que causava movimento. O que levou ao movimento foi a diferença de
energia potencial gravitacional entre o chão e o terraço do prédio!
Retornando ao caso da eletrodinâmica, quando conectamos os extremos de um fio
condutor nos terminais da tomada, estamos submetendo ao fio uma diferença de potencial
elétrica, também conhecido como ddp. Podemos entender que um terminal é o polo positivo
de uma fonte, já o outro é o polo negativo. Como os iguais se repelem e os opostos se
atraem, haverá o movimento de elétrons no fio.

FIGURA 25 – CORRENTE ELÉTRICA EM UM FIO CONDUTOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo assim, a definição de corrente elétrica é:


A corrente elétrica é o movimento ordenado dos elétrons em um fio condutor, quan-
do este está submetida a uma diferença de potencial (ddp), ou tensão elétrica.
Entretanto, vamos à alguns pontos importantes. O primeiro é que quando o fio está
ligado aos terminais de uma bateria por exemplo, o fio condutor não está em equilíbrio
eletrostático, portanto, o campo elétrico no seu interior não é nulo. Dessa forma, quando o
circuito está fechado, um campo elétrico é estabelecido no fio que vai do polo positivo para
o polo negativo.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 147


FIGURA 26 – AS CARGAS ELÉTRICAS NEGATIVAS

SE MOVEM NO SENTIDO OPOSTO AO DA CORRENTE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Veja então que os elétrons vão do (-) para o (+) e o campo elétrico do (+) para o
(-). Sendo assim, a física estabeleceu que mesmo que os elétrons migrem do polo negativo
para o positivo, o sentido convencional da corrente elétrico é o do campo elétrico. Ou seja:
O sentido da corrente elétrica é oposto ao do movimento dos elétrons. Ou seja, a
corrente elétrica é do polo positivo para o polo negativo.

FIGURA 27 – SENTIDO CONVENCIONAL DA CORRENTE ELÉTRICA

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Porém, como vamos calcular a corrente elétrica? Para isso, vamos partir de um pres-
suposto muito simples. Imagine que você esteja à beira de um rio observando a natureza e,
por algum o fluxo de água passa a aumentar drasticamente. Ou seja, a quantidade de água
no mesmo intervalo de tempo aumentou, então é dito que a corrente de água aumentou.
Seguindo esse mesmo exemplo, suponha que um fio tenha uma dada área de
seção transversal, ou seja, uma dada espessura, e que em um dado intervalo de tempo,
uma quantidade n de elétrons passam por essa seção em um determinado intervalo de
tempo ∆s.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 148


FIGURA 28 – SECÇÃO TRANSVERSAL DE UM FIO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Então a corrente elétrica é dada por:

Em que i é a corrente elétrica calculada em ampères (A), |Q| é o módulo da carga


elétrica, Q = n.e determinado por .

Ex. 01

Um fio de cobre é percorrido por uma corrente elétrica constante, de intensidade


5A.Calcule o módulo da carga elétrica que atravessa uma seção transversal do condutor,
durante um segundo e a quantidade de elétrons que atravessa a citada seção, durante um
segundo. Dado: e = 1,6.10-19 C.
Resolução:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 149


5.2 Resistores e a primeira lei de Ohm
Quando um fio condutor é conectado aos terminais de uma bateria, com o tempo
ele começa a esquentar. Esse mesmo comportamento acontece quando um chuveiro é
ligado na rede elétrica de uma casa, ele esquenta quando acionado e água que sai pelo
chuveiro fica a uma temperatura maior. Ao ligar um forno elétrico, é possível ver alguns
filamentos de fio esquentando e brilhando. Então, qual é a relação entre a corrente elétrica
em um condutor e a sua variação de temperatura?
Esse fenômeno é explicado pelo efeito Joule. Quando um fio condutor conduz
corrente elétrica, os elétrons no caminho se chocam com a estrutura cristalina do material,
como se fosse um jogo de pinball. Assim, a estrutura atômica sofre uma maior agitação e,
como vimos na unidade I, o aumento na vibração de um corpo significa que sua temperatu-
ra aumenta. Logo, os inúmeros choques dos elétrons sendo conduzidos pela estrutura do
material provoca uma dissipação na energia potencial elétrica dos portadores de cargas a
qual é convertida em energia térmica. Assim:
O efeito Joule é a conversão da energia potencial elétrica em energia térmica.
Contudo, essa transformação de energia não é a mesma para todo fio, isso varia com
o comprimento, espessura, com as propriedades do material e com a resistência do fio.
Como o próprio nome diz a resistência elétrica é a capacidade que um condutor
tem de se opor a passagem de corrente elétrica, ou seja, quanto maior a resistência de um
fio, mais difícil o transporte de cargas elétricas pelo mesmo. Como relacionamos isso com
a corrente do sistema? Pela primeira Lei de Ohm.
U = R.i
No qual U é a tensão elétrica do sistema (a ddp), R a resistência e i a corrente. A
tensão elétrica é medida em volts (V), já a resistência em ohms (Ω). Segundo Ohm, quando
a tensão elétrica de um sistema varia linearmente com a corrente elétrica, será dito que
esse condutor é ôhmico.

FIGURA 29 – RESISTOR ÔHMICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 150


No exemplo da figura anterior, à medida que a tensão eleva 1,5 V , a corrente elétrica
aumenta 0,1 A. Portanto, o gráfico é uma reta (uma função de primeiro grau). Para calcular
a resistência, basta usar a primeira lei de Ohm usando dois pontos como referência:

Por outro lado, em algumas situações no dia a dia, encontramos resistores não
ôhmicos, isso significa que a tensão não varia linearmente com a corrente. Por exemplo:

FIGURA 30 – RESISTOR NÃO ÔHMICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Na situação descrita pelo gráfico da figura a cima, , logo a resistência não


é a mesma.
Para caracterizar um esquema de circuito elétrico que contenha uma fonte de ener-
gia e uma resistência, vamos usar os seguintes símbolos:

FIGURA 31 – SIMBOLOGIA DE FONTE E RESISTOR

Fonte: O Autor (2021).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 151


Ex. 02

Suponha que a bateria tenha uma tensão de 12 V e que a resistência seja de 2Ω,
qual a corrente passa pelo sistema?

FIGURA 31 – FONTE DE 12V

Fonte: O Autor (2021).

Resolução:
Aplicando a primeira lei de Ohm

Ex. 03

A resistência do circuito representado na figura vale R = 1Ω e a corrente que passa


pelo sistema é de . Qual é a tensão da fonte? Qual o sentido da corrente elétrica?

FIGURA 32 – ESQUEMA ELÉTRICO

Fonte: O Autor (2021).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 152


Resolução:
Usando a primeira lei de Ohm

Pelo esquema elétrico, o sentido da corrente elétrica é sentido horário.

5.3 Associação de resistores


Na grande maioria dos experimentos e aplicações da eletrodinâmica, temos que
lidar com mais de um resistor no mesmo circuito elétrico, vamos aprender agora como
estes são associados.

5.3.1 Associação em série


A definição dessa associação é simples, se um conjunto de dois ou mais resistores
estiverem associados de tal maneira que a mesma corrente passa por todos eles, será dito
então que os resistores estão associados em série.

FIGURA 33 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Contudo, vale ressaltar que a corrente é a mesma em todos os resistores, mas a


tensão elétrica não. Quando a corrente elétrica passa por um resistor há uma queda de
tensão, como se o resistor “consumisse” parte da ddp. O único caso em que a queda de
tensão é a mesma em todos os resistores é quando eles possuem o mesmo valor. Sendo
assim, a tensão total do sistema, é a soma da tensão em cada um dos resistores:

UT = U1+U2+U3

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 153


Já a corrente é a mesma:
IT = i1 = i2=i3
Para facilitar os cálculos e interpretar de forma mais clara um circuito formado por
várias resistências em série, podemos calcular a resistência equivalente do sistema, que
nada mais é do que juntar todas as resistências em uma só. O cálculo da resistência equi-
valente em série é dado pela soma algébrica de cada um dos resistores:

Req = R1 + R2 + R3

Vamos fazer alguns exemplos:

Ex. 04

Calcule a resistência equivalente do circuito abaixo:

FIGURA 34 – EXEMPLO DE ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Ex. 05

No circuito a baixo a corrente vale i = 4A e a tensão U=60V. Determine e .

FIGURA 35 – TENSÃO ELÉTRICA DIFERENTE EM RESISTORES EM SÉRIE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 154


Resolução:
Como os três resistores estão associados em série, então a mesma corrente passa
por cada um deles. No segundo resistor, a tensão é de 60 V, então conseguimos calcular a
resistência R

Já no terceiro resistor, a resistência vale 20Ω e a corrente 4A, logo:

Ex. 06

FIGURA 36 – EXEMPLO 06

Fonte: O Autor (2021).

Dado o circuito da figura, determine a corrente total determine a resistência equiva-


lente do sistema, a corrente total, a tensão em cada resistor.
Resolução:
Req = R1 + R2 = 30 + 15 = 45Ω
Agora que calcularmos a resistência total, vamos calcular a corrente total, usando
a primeira lei de Ohm:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 155


Uma vez determinada a corrente total, sabemos que é esse valor em amperes que
atravessa cada resistor, vamos agora calcular a tensão consumida em cada um deles:
U1 = R1.i
Veja que não precisamos especificar a corrente no resistor 1, mas a tensão a e a
resistência sim, pois essas duas grandezas são especificas para cada um deles.
U1=30.2
∴U1=60V
Já para o segundo resistores fazemos o mesmo:
U2 = R2.i
U2=15.2
∴U2=30V
Note que o resultado está correto, pois em uma associação em série

Ex. 07

Sabendo que cada lâmpada, respectivamente, tem resistência de 3Ω e 4Ω. Calcule


a tensão em cada uma delas assumindo que a pilha que as alimenta tem uma tensão 14V.
Resolução:
A resistência equivalente é dada por: Req = 3 + 4 = 7Ω
Logo a corrente total é:
U = R .i → 14 = 7.i → i = 2A
Assim, a tensão em cada resistor é dada por:

Na segunda lâmpada:

Veja que U1 + U2 = 14V = UT.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 156


5.3.2 Associação em paralelo
Será dito que um conjunto de resistores estão associados em paralelo somente
quando a corrente elétrica se divide por eles. Veja a representação a seguir:

FIGURA 37 – ASSOCIAÇÃO EM PARALELO DE RESISTORES

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nessa situação, os resistores estão submetidos a mesma diferença de potencial.


Matematicamente, temos:

U T = U1 = U2 = U3

Já a corrente é a mesma:
IT = i1+ i2+ i3

Para simplificar o circuito, vamos reescrever as resistências em paralelo como uma


só. Para calcular a resistência equivalente de uma associação em paralelo fazemos:

Vamos fazer alguns exemplos.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 157


Ex. 08

Calcule a associação equivalente de resistores do circuito abaixo:

FIGURA 38 – EXEMPLO 08

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Para resolver esse problema, utilize a regra de matemática básica M.M.C.

Ex. 09

Determine a resistência equivalente do circuito abaixo:

FIGURA 39 – EXEMPLO 09

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 158


Resolução:

Para resolver esse problema, utilize a regra de matemática básica M.M.C.

Ex. 10

Calcule a intensidade da corrente i e a resistência R dos itens do circuito a baixo

FIGURA 40 – EXEMPLO 10

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
O ramo do meio temos a resistência e a corrente que passa, portanto vamos calcu-
lar a tensão usando a primeira lei de Ohm

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 159


Como os resistores estão associados em paralelo, é a mesma tensão em todos
eles. Logo, vamos aplicar a primeira lei de Ohm no primeiro e no terceiro:

No terceiro resistor R:

Logo, a corrente total é

Ex. 11

Calcule a corrente que passa no resistor de e a resistência R da figura abaixo:

FIGURA 41 – EXEMPLO 11

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
No resistor de baixo temos

Como a corrente se divide nos dois resistores do arranjo, então a tensão no resistor
de cima é 130V também. Assim:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 160


Veja que a soma da corrente nos dois ramos resulta em 12A, que é a corrente que
atravessa o resistor R. A tensão nesse último elemento é dada na imagem por 120V.

Ex. 12

Determine a resistência equivalente do circuito abaixo:

FIGURA 42 – EXEMPLO 12

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
Vamos começar da direita para a esquerda, junto o resistor de com o de em série,
pois a mesma corrente passa por eles.

FIGURA 43 – RESOLUÇÃO DO EXEMPLO 12

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 161


Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ou seja, podemos trocar por um resistor de 4Ω. Depois disso, no terceiro quadro,
note que temos o resistor de 4Ω em paralelo com outro de 4Ω . Logo a resistência equiva-
lente é dada por:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 162


No quinto quadro podemos ver que os dois resistores de 2Ω da direita estão asso-
ciados em série. Ou seja, trocamos esses dois por um só de 4Ω. No sexto circuito sobram
2 resistores de 4Ω em paralelo, resultando em um resistor de 2Ω. No circuito 9 observamos
que os dois resistores de 2Ω estão em série, podendo ser substituído por um de 4Ω. Na
sequência temos os dois últimos resistores de 4Ω que podem ser simplificados por um de
2Ω o qual fica em série com o de 1Ω , resultando no fim 3Ω.

5.3.3 Curto Circuito


Aprendemos que quando a corrente elétrica passa por um resistor haverá uma queda
de tensão no mesmo. Ou seja, suponha que duas lâmpadas que possuem uma determinada
resistência interna, estejam associadas em paralelo. O conjunto submetido a uma diferença
de potencial igual a 110V. Logo, assumindo que as resistências são as mesmas:

FIGURA 44 – ASSOCIAÇÃO DE LÂMPADAS EM SÉRIE

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Porém, suponha que a primeira lâmpada seja “contornada” por um fio condutor de
resistência nula, da seguinte forma:

FIGURA 45 – CURTO CIRCUITO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 163


Dessa forma, a corrente não vai passar por um caminho resistivo, pois tem a opção
de passar por outro que tem resistência nula. Sendo assim, é dito que a primeira lâmpada
está em curto circuito.

5.4 Potência Elétrica


A potência elétrica (Pot) dissipada em um resistor é calculada da seguinte forma:
Pot = i . U
Usando a primeira lei de Ohm podemos reescrever a potência dissipada em duas
formas diferentes:

A unidade de medida de potência é dada em Watt (W).

Ex. 13

Suponha que um dado aparelho elétrico opere seguindo as especificações de 100W


e 220V. Qual é a resistência elétrica do aparelho?
Resolução:

Multiplicando cruzado os termos:

Ex. 14

Em um laboratório um aluno precisa utilizar uma estufa a qual tem as seguintes


especificações: 26W e 127V. Determine o valor da resistência elétrica do aparelho e a
corrente aplicada sobre o mesmo.
Resolução:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 164


Multiplicando cruzado os termos:

Para determinar a corrente fazemos:

5.5 Medidores Elétricos e segunda lei de Ohm


Quando lidamos com a eletrodinâmica na prática, é importante saber medir as
principais grandezas que caracterizam um circuito elétrico. Ou seja, como medir a corrente
e a tensão de um sistema? Que aparelho devemos utilizar? Vamos ver agora

5.4.1 O Amperímetro, medidor de corrente elétrica


Como a medida de corrente é o ampere, então o aparelho que mede corrente é o
amperímetro. A representação esquemática dele é dado por:

FIGURA 46 – REPRESENTAÇÃO DE AMPERÍMETRO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

O medidor de corrente elétrica deve “sentir” a corrente mas ao mesmo tempo deve
ser “invisível” para ela. Isso significa que o amperímetro deve ter uma resistência interna nula.

FIGURA 47 – AMPERÍMETRO ASSOCIADO EM SÉRIE COM RESISTOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 165


Portanto, o amperímetro necessariamente deve ser associado em série, pois se ele
for associado em paralelo, como sua resistência interna é nula, em paralelo estaria fazendo
com que o resistor ficasse em curto circuito.

5.4.2 O Voltímetro, medidor de tensão elétrica


Por outro lado, o voltímetro é um dispositivo que deve medir a queda de tensão em
um elemento, como por exemplo um resistor. Porém é um medidor que não deve permitir
a passagem de corrente elétrica, se não parte da corrente passa pelo mesmo e não será
possível medir a queda de tensão com exatidão no resistor.
Esquematicamente ele é representado por:

FIGURA 48 – REPRESENTAÇÃO DE VOLTÍMETRO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Logo, como o voltímetro não deve “puxar” corrente para si, sua resistência interna
ideal é infinita.

FIGURA 49 – ASSOCIAÇÃO DE VOLTÍMETRO NO CIRCUITO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

5.4.3 Segunda lei de Ohm


Determinados instrumentos e aparelhos não funcionam em sua capacidade máxi-
ma quando plugados em uma tomada de 110V (ou em alguns casos 127V). Geralmente
são alguns modelos de chuveiros elétricos, geladeiras, máquinas de lavar roupas, forno
elétrico, ar condicionado e etc. Esses são alguns exemplos de aparelhos que funcionam
em uma tensão de 220V.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 166


Caso você alimente um aparelho de 220V em uma tomada de 110V, muito prova-
velmente com o tempo a tomada ou o plug do aparelho começaram a derreter ou mesmo
queimar. Logo, o jeito certo são as tomadas especificadas com 220V. Porém o que elas
possuem de diferente? Vamos entender esse problema através da segunda lei de Ohm.
Segundo Ohm, a resistência de um condutor é diretamente proporcional ao seu
comprimento e inversamente proporcional a área da seção transversal A do fio (ou seja, a
espessura). O que torna essas proporções uma igualdade é uma constante ρ denominada
resistividade elétrica do material. Matematicamente é escrito como:

FIGURA 50 – SEGUNDA LEI DE OHM

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Portanto, como isso explica o funcionamento das tomadas de 220V? Nesse caso,
um aparelho que funciona sob essa tensão tende a “puxar” mais energia da rede elétrica,
logo, a fiação que leva a corrente elétrica do quadro de luz para a tomada tem uma espes-
sura maior, ou seja, um fio mais grosso.
Através da segunda lei de Ohm, temos que quanto maior a área da seção transver-
sal, ou seja, mais grosso o fio, menor a resistência que o mesmo oferece a passagem de
corrente. Como oferece uma resistência menor, ele esquenta menos comparado à um fio
mais fino, suportando uma maior tensão elétrica. Por isso as tomadas de ar condicionado,
chuveiros, máquinas de lavar roupa devem ser interligados por fios mais grossos.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 167


6. CIRCUITOS ELÉTRICOS II

Até o momento nossos estudos da eletrodinâmica envolviam apenas a corrente


elétrica interagindo com os componentes do circuito. Para refinar nossos estudos vamos
agora considerar aspectos reais de uma fonte de energia, não tratando como uma fonte
simples, mas sim como geradores.

6.1 Geradores Elétricos


A função de um gerador elétrico é basicamente converter energia não elétrica em
energia elétrica. Contudo, nessa transformação, parte da energia é consumida. Um gerador
de tensão contínua é representado nos esquemas de circuitos pelo símbolo a seguir:

FIGURA 51 – GERADOR ELÉTRICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 168


Veja que um gerador possui uma resistência interna, em muitos casos designada
por r. Já a tensão total gerada é chamada de força eletromotriz ε.

FIGURA 52 – ASSOCIAÇÃO DE GERADOR COM DISPOSITIVOS

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo assim, um bom exemplo de gerador elétrico é uma pilha ou bateria, a qual
esquenta enquanto está gerando energia elétrica. Quando o circuito é constituído de um
gerador e componentes externos, como uma resistência R, toda a tensão que vai para fora
do gerador (U) é a energia total produzida (ε) menos a energia gasta dentre do gerador r.i.
Observe que o potencial gasto é o produto de uma resistência pela corrente, a qual tem
unidade de volts. Dessa forma, a equação do gerador é:
ε=U+r.i
Caso não existe nenhum componente externo acoplado ao gerador, será dito que
o mesmo está em curto circuito. Ou seja, toda a energia produzida pelo gerador “retorna”
para ele, gerando uma sobrecarga e podendo acontecer algum acidente grave.

FIGURA 53 – CURTO CIRCUITO EM GERADOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Nesse cenário como U = 0, então:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 169


Portanto, essa corrente será denominada corrente de curto circuito: . Por
outro lado, se o circuito estiver aberto, não há corrente i = 0 e assim ε = U. Com esses
resultados podemos construir a equação característica do gerador.

FIGURA 54 – GRÁFICO DE GERADOR

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 01

No circuito representado na figura, calcule a intensidade de corrente elétrica e a


tensão U entre os terminais do gerador.

FIGURA 55 – EXEMPLO 01

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
Vamos aplicar a primeira lei de Ohm usando a tensão total ε, a resistência equiva-
lente e corrente total:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 170


Já a tensão externa é dada por:

Ex. 02

Determine a força eletromotriz de um gerador de resistência interna igual a 0,2 Ω,


sabendo que a sua corrente de curto-circuito vale 30 A.
Resolução:
Segundo a relação da corrente de curto circuito

Ex. 03

Uma pilha tem f em igual a 1,5 V e resistência interna igual a 0,1 W. Se ela for ligada
a uma lâmpada de resistência igual a 0,4 W, qual será a ddp entre seus terminais?
Resolução:
Para calcular a corrente total fazemos

Já a tensão externa é dada por:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 171


Ex. 04

Um gerador de 36 V de força eletromotriz e 0,2 W de resistência interna alimenta


um resistor de 7,0 W, como mostra a figura ao lado: Determine a indicação do voltímetro
suposto ideal, isto é, de resistência infinita.

FIGURA 56 - EXEMPLO 04

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
Aplicando a primeira lei de Ohm temos que

Já a tensão no resistor do circuito é calculada por:

6.2 Receptores elétricos


Os receptores possuem um papel oposto aos dos geradores. Em outras palavras,
um receptor elétrico transforma energia elétrica em energia não elétrica. Portanto quando
se estabelece uma d.d.p. U entre os terminais de um receptor, uma parte dela é aproveitada
para fins não térmicos, por exemplo, para um motor produzir energia mecânica. Essa parte
útil da d.d.p. U é chamada de força contraeletromotriz ( fcem ) do receptor representada por ε'.

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 172


FIGURA 57 – REPRESENTAÇÃO DE RECEPTOR ELÉTRICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Em um receptor, a resistência interna é dada por r'. Sendo assim, para um receptor
funcionar é necessário que uma fonte de energia esteja alimentando-o, como por exemplo
o esquema abaixo:

FIGURA 58 – ESQUEMA DE RECEPTOR ELÉTRICO

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Porém, caso você esteja resolvendo um problema que envolva um gerador e um


receptor através do esquema da figura da direita, como saberia diferenciar um gerador de
um receptor? Muito simples, o gerador é aquele que possui a tensão maior. Ademais, a
corrente em um gerador flui no sentido do (-) para o (+) e, em um receptor do (+) para o (-).
A equação de um receptor é escrita da forma:

U = ε' + r'.i

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 173


Ex. 05

A equação característica que fornece a tensão em função da intensidade de cor-


rente nos terminais de um receptor é U = 30 + 6i.Determine, para esse receptor a força
contraeletromotriz e a resistência interna quando a corrente elétrica que o atravessa tem
intensidade de 5 A.
Resolução:
Comparando com a equação genérica do receptor

Ex. 06

Na figura, está representado um elemento de circuito elétrico:

FIGURA 59 – EXEMPLO 06

Fonte: Boas, Doca e Biscuola (2012).

Sabendo que os potenciais em A e B valem, respectivamente, 25 V e 5 V, calcule a


intensidade de corrente nesse elemento, especificando seu sentido.
Resolução:
A diferença de potencial entre A e B é maior do que 12V, logo o dispositivo é um
receptor. Assim:

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 174


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa unidade foi dedicada à eletrostática e eletrodinâmica. Até aqui, estudamos o


conceito de um corpo eletrizado, como o mesmo modifica o espaço a sua volta e interage
com outros corpos.
Ademais, estudamos também os circuitos elétricos, o que é uma fonte de energia,
resistores e como são associados, a primeira e segunda lei de Ohm que são essenciais
para os cálculos matemáticos, medidores elétricos, geradores e receptores. Todo esse
conjunto de informações condensados nessa unidade para lhe trazer um conhecimento
específico da física elétrica.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.

Até a próxima!

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 175


SAIBA MAIS

Já se perguntou por que em uma tempestade, se um raio cai em um carro, como a pes-
soa dentro do veículo não é eletrizada? A respeita que todo leigo em ciências diria é “por
causa da borracha dos pneus”, mas isso é errado.
Em 1836 Michael Faraday observou empiricamente que quando uma descarga elétrica é
descarregada em uma casca metálica fechada e oca, o campo elétrico no seu interior é
nulo. Qualitativamente o excesso de cargas responsável por carregar o corpo se distribui
ao longo da superfície externa da casca e mantem isolado qualquer coisa no seu interior.
Sendo assim, o carro é uma casca metálica oca, ou seja, toda sua carcaça e, quando o
raio incide, toda a descarga se espalha pela superfície externa e descarrega na terra. O
mesmo ocorre em um avião quando está sobrevoando e é atingido por um raio. Essas
“caixas” são chamadas na literatura de gaiolas de Faraday.

Fonte: O Autor (2021).

REFLITA

A física elétrica, responsável por explicar fenômenos de eletrização de corpos, gera-


dores e receptores de energia, bem como os conceitos fundamentais de qualquer sis-
tema elétrico, é indispensável para alunos das ciências exatas e principalmente para
acadêmicos das engenharias. Desde o funcionamento de um resistor até a produção
de energia em uma hidrelétrica segue os princípios apresentados nessa unidade. Você
consegue identificar 3 exemplos do uso de resistores em seu dia a dia?

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 176


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Eletrodinâmica de Ampère
Autor: André Koch Torres Assis e João Paulo Martins de Castro Chaib.
Editora: Unicamp.
Sinopse: Este livro analisa um dos temais mais importantes da
física, a saber, a interação entre condutores com corrente. Além de
apresentar a contraposição ao eletromagnetismo clássico baseado
na força de Grassmann e no conceito de campo elétrico.

FILME / VÍDEO
Título: Tema 09 – Corrente Elétrica e Lei de Ohm |
Experimentos - Efeito Joule
Ano: 2016.
Sinopse: Neste vídeo, é realizado um experimento em que é
demonstrado o efeito Joule. Ademais, de forma bem simplificada,
usando uma bateria e esponja de aço, podemos o fenômeno é
comprovado.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=voIcxwNj7qs

UNIDADE III Eletrostática e Eletrodinâmica 177


UNIDADE IV
Eletromagnetismo
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Campo magnético;
● Fontes de campo magnético;
● Força magnética;
● Indução eletromagnética.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar a essência do campo magnético e suas fontes;
● Mensurar a força magnética em partículas e fios;
● Aprender a lei de Faraday e o processo de indução eletromagnética.

178
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), em nossa última unidade do curso vamos começar abordado
campo magnético, como ele é gerado, como interage com a matéria e quais as fontes de
campo magnético.
Posteriormente, vamos ver a força magnética atuando em uma partícula, bem
como em fios que transportam corrente. Por fim, a lei de Faraday e o conceito de corrente
induzida serão os assuntos para fecharmos com chave de ouro nosso curso.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE IV Eletromagnetismo 179


1. CAMPO MAGNÉTICO

A ideia de campo magnético não deve ser nova para você que está lendo esse texto
neste exato momento. É comum lidarmos com essa grandeza física em nosso dia a dia.
Por exemplo, quando colocamos um ímã de geladeira como decoração de alguma viajem
ou talvez você já tenha frequentado algum lugar em que a tranca da porta fosse magnética,
então quando é destravada, as duas barras que fecham a porta deixam de se atrair. O caso
mais comum é o de uma bússola que nos permite orientar em um caminho desconhecido.
Todos esses casos e muito mais são descritos por campo magnético. Vamos entender
então o caso mais simples.

FIGURA 1 – LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO EM UM ÍMÃ

Fonte: Guimarães, Piqueira e Carron (2016).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 180


O caso mais simples é o de um ímã em formato de barra. Como podemos ver na
figura, as linhas de campo magnético divergem do polo norte e convergem no polo sul
e, passam por dentro do imã fechando o caminho fechado das linhas. Isso nos leva ao
primeiro princípio e um dos mais importantes:
As linhas de campo elétrico são fechadas.
Ademais, é impossível dividir um ímã ao meio separando polo Norte do polo sul.
Esse princípio da inseparabilidade dos ímãs deixa claro que ao dividir um ímã, criamos dois
novos ímãs e assim por diante.

FIGURA 2 – INSEPARABILIDADE DO ÍMÃ

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Logo, podemos concluir que:


Não existem monopólos magnéticos, ou seja, é impossível dividir um ímã separan-
do polo norte do polo sul.
Tratando-se de polo, o mesmo princípio fundamental da eletrostática pode ser
aplicado ao eletromagnetismo, o da atração e repulsão:

FIGURA 3 – ATRAÇÃO E REPULSÃO MAGNÉTICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 181


Ou seja, polos magnéticos de mesmo nome se repelem e de nomes diferentes se
atraem. Esse fato nos leva a concluir que a ponta da agulha de uma bússola que aponta para
o polo norte então está sendo atraída por um polo sul e, a ponta da agulha que aponta para
o polo sul, está sendo atraída por um polo norte. Com isso, podemos concluir que o norte
geográfico corresponde ao sul magnético e o sul geográfico corresponde ao norte magnético.

FIGURA 4 – MAGNÉTICO TERRESTRE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Dessa forma, as linhas de campo magnético circundam a Terra no sentido do polo


sul geográfico para o polo norte geográfico. Se usarmos um ímã como exemplo, as linhas
de campo magnético sempre estão orientadas do polo norte para o polo sul magnético e o
vetor indução magnética tangencia essas linhas em cada um dos seus pontos.

FIGURA 5 – VETOR INDUÇÃO MAGNÉTICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 182


Em paralelo a esse conceito vamos a mais uma definição, a de campo magnético
uniforme. Nesse outro cenário o vetor indução magnética tem o mesmo módulo, a mesma
direção e o mesmo sentido em todos os pontos do meio. Esquematicamente elas podem
ser representadas como:

FIGURA 6 – LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Contudo, diferente da força elétrica, a força magnética vai exigir de você caro (a)
leitor que utilize um plano 3D para descrever a força magnética (isso será bem visto no campo
gerado por um fio retilíneo). Portanto, existe uma representação muito útil nesses casos.

FIGURA 7 – CAMPO MAGNÉTICO SAINDO DO PLANO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A primeira representação que temos é a do campo magnético saindo de uma super-


fície. Para que você guarde na memória, imagine uma flecha que está indo na sua direção,
você irá enxergar um pontinho, ou seja, a ponta da flecha. Sendo assim, suponha que seja
o vetor viajando na sua direção.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 183


Por outro lado, existe a representação oposta a essa:

FIGURA 8 – CAMPO MAGNÉTICO ENTRANDO NO PLANO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Nesse caso, para representar o vetor indução magnético entrando no plano, supo-
nha que você esteja lançando uma flecha, então você verá a parte de trás, em formado de
cruz ou x.

1.1 Partículas submetidas a força magnética


Para entendermos como a força magnética atua sobre a partícula em movimento,
vamos imaginar o seguinte exemplo: Você já viu alguma mesa de air hockey? Quando
ela está funcionando, os furinhos da mesa expelem ar para que o disco se movimente
com facilidade entre os jogadores. De forma análoga, vamos imaginar que uma partícula
está prestes a ser lançada em uma superfície com campo magnético uniforme. Quando
isso acontecer uma força magnética passa a atuar no corpo, porém depende de alguns
parâmetros:

Em que Fm é a força magnética, q a carga da partícula, v a velocidade que a mesma é lan-


çada em uma região de campo magnético e sen(θ) o seno do ângulo entre a direção da velocidade
e do campo magnético. Portanto, existem quatro parâmetros para explorarmos na equação.
1) Carga elétrica (q): Se a carga elétrica for nula, ou seja q = 0, então a força
magnética também será nula . Porém o que significa uma carga nula? Seriam por
exemplo partículas neutras, aquelas possuem carga elétrica total igual a zero. Em outras
palavras, a força magnética só atua em partículas carregadas.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 184


2) Velocidade ( ): Para que a partícula sinta a força magnética, então ela deve ser
lançada na região de campo uniforme. Caso ela seja colocada na região sem velocidade
inicial, então .
3) Campo magnético ( ): Obviamente, se for uma região em que não há campo
magnético, não haverá força magnética sobre a partícula, logo .
4) Ângulo entre velocidade e campo magnético: Para explorarmos esse parâmetro
vamos primeiro relembrar da trigonometria básica.

Qualquer ângulo entre zero e noventa graus o seno assume um valor entre zero e um.
Dessa forma, dependendo do ângulo em que a partícula é lançada, a força pode ser máxima,
nula ou um valor intermediário entre máximo e zero. Vamos analisar essas situações.
I) Quando o ângulo entre a velocidade e o campo é igual a zero, então sen(0°)=0,
assim . Relembrando a mecânica básica, quando uma força resultante atua em um
corpo, ele ganha uma aceleração ( ). Portanto, se a aceleração é nula, a velocidade
não se altera. Concluímos que o movimento é retilíneo e uniforme.

FIGURA 9 – PARTÍCULA LANÇADA PARALELAMENTE AS LINHAS DE CAMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

II) Se a direção da velocidade for perpendicular a direção do campo magnético, ou


seja, formando um ângulo de noventa graus, então sen(90°)=1 e a força magnética tem seu
maior valor em módulo. Nesse caso devemos determinar a direção da força magnética e
para isso usamos a regra de Fleming (ou regra da mão esquerda).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 185


Devemos dispor o dedo indicador na direção e no sentido de , e o dedo médio
na direção e no sentido de . Assim, o polegar indicará a direção e o sentido da força
magnética .

FIGURA 10 – REGRA DA MÃO ESQUERDA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Na situação em que estávamos descrevendo, em que a partícula é lançada formando


um ângulo reto com o vetor indução magnética, pode ser esquematizada da seguinte forma:

FIGURA 11 – PARTÍCULA LANÇADA PERPENDICULARMENTE AS LINHAS DE CAMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Usando a regra da mão esquerda verificamos que a força magnética atua na


vertical e para baixo. Contudo, devido ao seu movimento, a partícula continua sentido a
mesma força, apontada para um ponto central, como se estivesse girando com uma corda
amarrada, executando um movimento circular e uniforme.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 186


FIGURA 12 – PARTÍCULA EXECUTANDO MCU

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Na física mecânica, quando uma força é capaz de alterar a trajetória do movimento


de tal maneira que sempre essa força aponta para o centro da trajetória, ela é chamada de
força centrípeta. Sendo assim, a força magnética nessa situação é a força centrípeta:

Simplificando a velocidade em ambos os lados:

Isolando o raio da trajetória R:

Portanto, o raio da trajetória descrita por uma partícula lançada perpendicularmente


ao campo magnético é dado pela equação a cima.
III) O caso que nos resta analisar é quando o ângulo entre e for então teremos
uma mistura dos dois movimentos vistos anteriormente. Ou seja, uma trajetória helicoidal.

FIGURA 13 – MOVIMENTO HELICOIDAL DE PARTÍCULAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 187


Sendo assim, quando maior o ângulo de lançamento, mais acentuada é a trajetória
curva, pois é a parcela responsável pelo movimento circular. Já quanto menor o ângulo de
lançamento, mais prolongada é a trajetória helicoidal.

Ex. 01

Um elétron é lançado, com velocidade de módulo 3,2.104 m/s,, perpendicularmente


às linhas de indução de um campo magnético uniforme e constante, de 9,1.10-6 T. Sendo
a massa do elétron igual a 9,1.10-31 kg e 1,6.10-19 C o módulo de sua carga, caracterize a
trajetória descrita por ele. Suponha que a força magnética seja a única atuante no elétron.
Resolução:
Vimos que:

Substituindo os valores:

Ex. 02

Na região existe um campo magnético uniforme de intensidade igual B=0,25 T.


Uma partícula eletrizada com carga q = 4.10-9 C é lançada perpendicularmente ao campo com
velocidade igual a 5.106 m/s. Calcule a força magnética atuante sobre a partícula.
Resolução:

Fm= q. v. B. sen(θ)

Substituindo os valores
Fm=(4.10)-9.(5.10)6.0,25.1
∴Fm=(5.10)-3 N

UNIDADE IV Eletromagnetismo 188


Ex. 03

Em dado instante, um elétron de carga q = 1,6.10-19 C se desloca com velocidade


v = 2.106 m/s, com direção e sentido indicados na figura. Na região em que o elétron se
desloca existe um campo magnético de intensidade 15 T, com direção e sentido também
representados na figura. Determine o módulo, a direção e o sentido da força magnética que
atua nessa partícula. Dados:

FIGURA 14 – EXEMPLO 03

Fonte: Guimarães, Piqueira e Carron (2016).

Resolução:

Ex. 04

Uma partícula eletrizada com carga de 1μC é lançada em um campo magnético de


intensidade 2 T, com velocidade 2,5 m/s. Determine a intensidade da força magnética para
os ângulos de lançamento igual a 30° e 90°.
Resolução:
Fm = q. v. B. sen(θ)
Para 30°, temos que sen(30°)=0,5

UNIDADE IV Eletromagnetismo 189


Para 30°, temos que sen(90°)=1

Veja então que a força magnética é o dobro quando o valor do seno é dobrado.

Ex. 05

Um íon de massa igual a 8.10-27 kg de carga 1,6.10-19 C entra em uma câmara de um


espectrômetro de massa com energia cinética de 1,6.10-16 J onde existe um campo magnéti-
co de 0,1 T, após ter sido acelerado por uma ddp. Depois de ter descrito a trajetória ilustrada
na figura, o íon atinge o ponto C, qual é a distância até o ponto A?
Resolução:
A energia cinética de uma partícula é dada por:

Vamos agora estimar o raio da partícula:

Pela imagem, temos que a distância entre o ponto A e C é nada mais do que o
diâmetro da trajetória, ou seja, 2R. Assim, a distância percorrida é de 0,2m.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 190


2. FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO

Agora que aprendemos a calcular a força magnética sobre partículas, vamos estu-
dar uma das possíveis origens de campo magnético e essa em específico tem grande valor,
pois não se trata de uma pedra magnetizada, mas sim de uma variação do campo elétrico.
A primeira observação desse fenômeno foi descrita por Hans Christian Oersted que
projetou o seguinte experimento:

FIGURA 15 – SISTEMA FECHADO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 191


Um fio condutor fecha o circuito ligando uma associação de geradores, ou seja,
um conjunto de pilhas, controlando o fluxo de corrente pela chave ora aberta, ora fechada.
A cereja do bolo de Oersted foi posicionar uma bússola próximo ao fio e perceber um
comportamento curioso na bússola quando o circuito fosse fechado.

FIGURA 16 - CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM FIO CONDUTOR

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O fato observado foi que quando a corrente elétrica percorria o condutor, a agulha da
bússola sofria um desvio e estabilizava em uma direção diferente. Para complementar sua aná-
lise, quando a corrente mudava de sentido, a deflexão da agulha da bússola também realizava
o mesmo comportamento, mas em uma direção oposta. O que Oersted havia descoberto?
Fios que conduzem corrente elétrica criam em torno de si um campo magnético que
os circundam. Dessa forma, a corrente elétrica em um fio é uma fonte de campo magnético.
Como podemos representar a direção desse campo em torno do fio? Usando a
regra da mão direita. Aponte seu dedo polegar no sentido da corrente elétrica e mantenha
os outros dedos juntos, levemente curvados. Logo, os outros dedos indicaram o sentido das
linhas de indução magnética.

FIGURA 17 – REGRA DA MÃO DIREITA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 192


Usando a mesma simbologia apresentada para diferentes direções de propagação
do vetor indução magnética saindo e entrando em um plano, podemos representar o campo
magnético gerado por um fio da seguinte forma:

FIGURA 18 – SENTIDO DO CAMPO MAGNÉTICO NO FIO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Matematicamente o campo magnético gerado por um fio condutor é dado por:

Em que μ é a permeabilidade absoluta do meio, no vácuo corresponde a μ0=4π.10-7


Tm/A, a corrente elétrica é i e a distância do fio até um ponto P qualquer é dado por
r.Determinadas situações podemos encontrar, ao invés de um fio condutor retilíneo, uma
espira circular condutora. O campo elétrico gerado por esse arranjo no centro é dado por:

Ex. 01

Um fio retilíneo muito longo, situado num meio de permeabilidade absoluta μ0= 4π.
10-7 Tm/A, é percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i = 5,0 A. Considerando o
fio no plano do papel, caracterize o vetor indução magnética no ponto P = 2,5 m, situado
nesse plano.
Resolução:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 193


Ex. 02

Um longo fio retilíneo é percorrido por corrente de intensidade igual a 9,0 A. Sendo μ0=
4π.10-7 Tm/A, calcule a intensidade do campo magnético criado pelo fio a 10 cm dele.
Resolução:

Ex. 03

Uma espira circular tem raio 2 cm e é atravessada por uma corrente de 0,5 A, no
sentido horário. Sendo μ0 = 4π.10-7 Tm/A, caracterize o campo magnético no centro da espira.
Resolução:

Ex. 04

Dois fios paralelos e longos, separados por 2 m, são atravessados por correntes de
2 A, no mesmo sentido. Determine a intensidade do campo magnético nos pontos equidis-
tantes dos fios.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 194


Ex. 05

Na figura, temos trechos de dois fios paralelos muito longos, situados no vácuo,
percorridos por correntes elétricas de módulos e sentidos indicados:

FIGURA 19 – EXEMPLO 05

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Determine o módulo do vetor indução magnética no ponto P, situado no mesmo


plano dos fios, sendo μ0 = 4π.10-7 Tm/A.
Resolução:

Veja que a distância do ponto P até o fio 1 é de 3 cm.

Para o fio 2:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 195


Logo, a resultante no ponto P é o campo maior menos o menor, ou seja:

2.1 Campo de Solenoides


Ademais, quando temos mais de uma volta, essa espira passa a ser chamada de
solenoide. O vetor indução magnética, no centro da bobina, tem intensidade dada por:

Em que n é o número de espiras.

FIGURA 20 - SOLENOIDE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 06

Uma espira circular de raio 2π cm situa-se no plano do papel e é percorrida por


corrente de intensidade igual a 5,0 A, no sentido indicado. Caracterize o vetor indução
magnética criado pela espira em seu centro, sendo μ0 = 4π.10-7 Tm/A.
FIGURA 21 – EXEMPLO 06

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 196


Resolução:

Ex. 07

Uma espira circular de raio R = 20 cm é percorrida por uma corrente i = 40 A. Sabe-


-se que o meio onde a espira se encontra tem permeabilidade absoluta μ0= 4π.10-7 Tm/A.
Calcule a intensidade do vetor indução magnética no centro O da espira.
Resolução:

Ex. 08

Duas espiras circulares, coplanares e concêntricas são percorridas por correntes


elétricas de intensidades i1 = 20 A e i2 = 30 A, cujos sentidos estão indicados na figura (fora
de escala). Os raios das espiras são R1 = 20 cm e R2 = 40 cm.

FIGURA 22 – EXEMPLO 08

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 197


Calcule o módulo do vetor indução magnética no centro C, sendo μ0 = 4π.10-7 Tm/A
a permeabilidade absoluta do meio.
Resolução:

Como o campo e tem a mesma direção e o mesmo sentido, logo a resultante


do campo total é dada por:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 198


3. FORÇA MAGNÉTICA

Estudamos recentemente que a força magnética sobre uma partícula imersa em


um campo magnético uniforme, dependia da sua velocidade, do campo magnético loca, da
carga da partícula e do seno do ângulo entre a direção da velocidade e do vetor indução
magnética. Contudo, vamos recordar um fato interessante, qual é a definição de corrente
elétrica? O movimento ordenado dos elétrons em um fio condutor é chamado de corrente
elétrica. Ademais, como o sentido da corrente elétrica é oposto ao do movimento dos elé-
trons, consideramos também que as cargas positivas se movessem no mesmo sentido que
a corrente, como se fosse uma “corrente positiva”.

FIGURA 23 – FORÇA MAGNÉTICA SOBRE FIOS QUE

TRANSPORTAM CORRENTE ELÉTRICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 199


É intuitivo pensar que da mesma forma que a força magnética atua sobre partícu-
las em movimento em um campo magnético uniforme, então um fio que conduz corrente
também sofre ação da força magnética, uma vez que corrente são várias partículas em
movimento. Diante disso, vamos considerar um trecho desse fio em que pudéssemos men-
surar a velocidade dessas partículas.

FIGURA 24 – FORÇA MAGNÉTICA EM FIOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Após um determinado intervalo de tempo, podemos calcular a velocidade das par-


tículas como:

Substituindo esse resultado na expressão da força magnética:

Recordando da definição de corrente elétrica, que é a quantidade de carga que flui


em um fio num certo intervalo de tempo

Então:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 200


Além disso, a mesma análise feita para determinar a direção da força magnética
sobre partículas pode ser usada em fios que conduzem corrente elétrica, ou seja, a regra
da mão esquerda. A situações são análogas também: Se a corrente elétrica tem mesma
direção que o vetor indução magnética, nenhuma força atuará sobre o fio.

FIGURA 25 – CORRENTE ELÉTRICA NO MESMO SENTIDO DO CAMPO MAGNÉTICO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Já se o fio está imerso formando um ângulo perpendicular entre a direção da cor-


rente no fio e a de indução magnética, então a força magnética é máxima.

FIGURA 26 – CORRENTE ELÉTRICA PERPENDICULAR AS LINHAS DE CAMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 01

Um condutor retilíneo, percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i igual


a 2,0 A, está imerso em um campo magnético uniforme de intensidade B, igual a 2.10-4 T.
Determine a força magnética num trecho desse condutor, de comprimento, igual a 0,20 m,
quando θ = 0° e θ = 90°.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 201


Resolução:

Quando for θ = 0°→ sen(0°)=0

Quando for θ = 90°→ sen(90°)=1

Ex. 02

No rotor de um motor elétrico de corrente contínua, os fios conduzem uma corrente


de 5 A e dispõem-se perpendicularmente a um campo de indução magnética, suposto uni-
forme, de módulo constante e igual a 1 T. Determine o módulo da força magnética atuante
em cada centímetro de fio.
Resolução:
Pelo enunciado, de forma implícita, temos que o comprimento do fio é de 0,01 m e
que θ = 90° → sen(90°) = 1. Substituindo os valores na equação:

Ex. 03

Entre os polos magnéticos representados na figura, temos um campo magnético


uniforme, com B = 5.10-2 T. Calcule a força magnética que atua em cada lado da espira
condutora quadrada, percorrida por uma corrente constante de 5 A, quando disposta com
seu plano paralelo às linhas de indução, como mostra a figura:
FIGURA 27 – EXEMPLO 03

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 202


Resolução:
No lado AB:
No lado DC:
Nos lados AD e BC:

3.1 Força magnética entre dois condutores retilíneos e paralelos


Consideremos dois longos fios retilíneos, dispostos paralelamente um ao outro, em
um meio de permeabilidade absoluta µ. Se houver corrente elétrica em ambos, surgirá uma
força magnética em cada um deles, pois um se submeterá ao campo magnético criado pelo
outro. Vamos verificar isso matematicamente.
Quando os fios conduzem corrente no mesmo sentido a força magnética é de atração
entre eles. Contudo, fios que conduzem corrente elétrica em sentidos opostos se repelem:

FIGURA 28 – INTERAÇÃO ENTRE FIOS QUE TRANSPORTAM CORRENTE ELÉTRICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A força entre eles é dada por:

Em que r é a distância entre os dois fios.

FIGURA 29 – ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE FIOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 203


Ex. 01

Dois fios metálicos retilíneos, paralelos e muito longos distam 1,5 m entre si, no
vácuo. Calcule a intensidade da força que age no comprimento, = 2,0 m de um dos fios,
quando em cada um deles circula uma corrente elétrica i = 0,51 A (μ0 = 4π.10-7 Tm/A unidades
do Sl). Determine ainda se essa força é de atração ou de repulsão.
Resolução:

Ex. 02

Dois condutores retos, extensos e paralelos estão separados por uma distância d =
2,0 cm e são percorridos por correntes elétricas de intensidades i1 = 1,0 A e i2 = 2,0 A. Calcule
a força magnética entre eles por unidade de comprimento, assumindo que μ0 = 4π.10-7 Tm/A.
Resolução:
Nesse caso, como buscamos a força por unidade de comprimento, então

Ex. 03

Três longos fios paralelos, de tamanhos iguais e espessuras desprezíveis, estão


dispostos como mostra a figura e transportam correntes iguais e de mesmo sentido. Se
as forças exercidas pelo fio 1 sobre o fio 2 e o fio 3 forem representadas por F12 e F13,
respectivamente, qual o valor da razão ?

UNIDADE IV Eletromagnetismo 204


FIGURA 30 – EXEMPLO 03

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
Vamos escrever a expressão para a interação do fio 2 com 1, e do fio 3 com o fio 1:

Portanto:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 205


4. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Depois que aprendemos que corrente elétrica gera campo magnético, vamos es-
tudar a situação oposta, é possível que de alguma forma usando campo magnético seja
possível gerar corrente elétrica? A resposta é sim, e esse princípio é chamado de indução
eletromagnética. Contudo, primeiro vamos estudar o conceito de fluxo de campo magnético.

FIGURA 31 – FLUXO MAGNÉTICO ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 206


Na figura são ilustradas três situações: (a) uma superfície que possui seu vetor
normal perpendicular a direção de campo magnético. Nesse caso, se a superfície fosse
uma peneira, então não haveria fluxo passando por dentro. No cenário (b) a superfície
foi levemente rotacionada de tal maneira que algumas linhas do vetor indução magnética
começam a atravessa-la, ou seja, o fluxo de campo magnético aumentou. Já na terceira
situação, quando a superfície está posicionada com seu vetor normal paralelo à direção do
vetor indução magnética, o máximo de linhas passa pela área.
Com base nisso, podemos mensurar o fluxo de campo magnético através de uma
espira pela seguinte equação:

ϕM = B.A.cos(θ)

Em que A é a área da superfície e cos(θ) o cosseno do ângulo formado pelo vetor


normal a superfície e a direção do vetor indução magnética B.
Segundo Michael Faraday, quando uma espira condutora está imersa em uma
região de campo magnético e o fluxo de varia através dessa espira, então uma corrente
elétrica surge no fio condutor. Porém, antes de analisarmos isso com mais detalhes, vamos
primeiro estudar como variar o fluxo de campo magnético através de uma espira.
Como a própria equação matemática sugere, existem três grandezas: Campo mag-
nético , área da seção transversal da espira A e o ângulo entre o vetor normal da área e
da direção do campo magnético. Variando apenas uma dessas três, consequentemente o
fluxo de campo vai variar também.
1) Variação de fluxo através da variação de :
Suponha que a espira condutora esteja fiz e que um ímã em formato de barra
periodicamente se aproxima e afasta dessa espira, realizando um movimento de vai-vem.

FIGURA 32 – VARIAÇÃO DE FLUXO MAGNÉTICO CAUSADO PELO MOVIMENTO DO ÍMÃ

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 207


Acoplado nas extremidades dessa espira é colocado um galvanômetro, que nada
mais é do que um medidor de variação de corrente elétrica. Assim, quando um ímã é apro-
ximado e afastado, o número de linhas por dentro da espira ora aumenta, ora diminui.
Portanto, esse movimento do ímã causa uma variação de fluxo magnético pelo condutor,
gerando uma corrente elétrica induzida (o nome induzida surge pelo fato de que se a varia-
ção de fluxo cessar, então não existirá mais corrente, ou seja, ela é induzida).
2) Variação de fluxo causado pela variação da área da espira:
Considere uma espira retangular condutora, disposta sempre perpendicularmente
a um campo magnético uniforme e constante, e conectada a um galvanômetro, como re-
presentado na figura a seguir.

FIGURA 33 – VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO

VARIANDO A ÁREA PERCORRIDA PELO CAMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Nesse caso a fonte de campo magnético permanece fixa e que se move é a espira.
Dessa forma, a área que permite a passagem de linhas de campo ora é maior, ora é menor.
Logo, essa variação de fluxo magnético pela espira gera também uma corrente elétrica induzida.
3) Variação do fluxo causada pela variação de θ:
Na figura a seguir temos uma espira imersa em um campo magnético uniforme.
Contudo, nesse cenário nem o campo ou a área da espira estão mudando, mas sim a
orientação do vetor normal da espira em relação a direção do campo magnético.

UNIDADE IV Eletromagnetismo 208


FIGURA 34 – VARIAÇÃO FLUXO MAGNÉTICO ROTACIONANDO A ESPIRA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Como consequência, varia o fluxo através da espira e surge uma corrente induzida.
Por outro lado, se a espira permanecer em repouso, não haverá variação de fluxo nem
corrente induzida.
Concluímos nossa análise com a lei de Faraday

A variação de fluxo magnético em um determinado intervalo de tempo produz uma


força eletromotriz, ou seja, uma corrente induzida na espira condutora. Entretanto, o que
significa o sinal negativo? Uma outra lei da física justifica esse sinal extremamente impor-
tante, a lei de Lenz
A lei de Lenz pode ser enunciada da seguinte forma:
A corrente induzida surge em um sentido tal que produz um fluxo induzido em
oposição à variação do fluxo indutor que lhe deu origem.
Podemos entender isso esquematicamente da seguinte forma:

FIGURA 35 – ESQUEMA DA LEI DE LENZ

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 209


Portanto, a medida que o fluxo de campo magnético aumenta através da espira
condutora, no fio é gerado uma corrente, mas essa corrente não tem um sentido aleatório.
O sentido da corrente induzida é tal que deve gerar um campo magnético induzido que
deve se opor, ou seja, apontar no sentido oposto à quele que o gerou.

FIGURA 36 – APROXIMAÇÃO E AFASTAMENTO DO POLO POSITIVO NA ESPIRA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A situação apresentada na figura a cima descreve o movimento de um ímã com a


face do polo norte apontada para a espira. No momento que o ímã é aproximado, as linhas
de campo magnético aumentam, então a corrente induzida na espira é tal sentido que
produz um campo induzido (use a regra da mão direita para determinar o sentido do campo)
que se opõem a variação do que o gerou. Assim, a primeira figura, as linhas de campo do
ímã entram na espira e o campo produzido pela espira está saindo. Por outro lado, quando
as linhas de campo estão saindo, o campo produzido na espira aponta para dentro.
Se usarmos a face do polo sul, o comportamento é invertido.

FIGURA 37 - APROXIMAÇÃO E AFASTAMENTO DO POLO NEGATIVO NA ESPIRA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 210


Aproximando o polo sul da espira as linhas de campo induzido no condutor apontam
para dentro e quando afastamos o polo sul as linhas de campo induzido apontam para fora.
Seguindo a Lei de Faraday, de que a variação de fluxo magnético na espira produz
uma corrente elétrica induzida, é o princípio do funcionamento básico do gerador de energia
de uma hidrelétrica.

FIGURA 38 – ROTAÇÃO DE UMA ESPIRA IMERSA EM UM CAMPO MAGNÉTICO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Esquematicamente podemos ver uma espira condutora imersa em um campo


uniforme. Basicamente a força da água que entra pela barragem, desce pela tubulação
ganhando energia cinética (energia de movimento) e produz uma rotação na turbina (que
são essas espiras dentro de um campo magnético). Essa rotação provoca a variação de
fluxo magnético e consequentemente a geração de uma corrente elétrica induzida.

Ex. 01

Do instante t1 = 1,0 s ao instante t2 = 1,2 s, o fluxo de indução magnética através de


uma espira variou de ϕ1 = 2 Wb a ϕ2= 8 Wb. Determine a força eletromotriz média induzida
na espira, no intervalo de tempo entre t1 e t2.
Resolução:
Através dos dados do enunciado temos que

Usando a Lei de Faraday:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 211


Ex. 02

Durante um intervalo de tempo de duração igual a 5.10-2 s, uma espira percebe uma
redução de fluxo de 5 Wb para 2 Wb. Calcule a força eletromotriz média induzida.
Resolução:
Substituindo os valores na Lei de Faraday

Ex. 03

Uma espira quadrada de 8.10-2 m de lado está disposta em um plano perpendicular


a um campo magnético uniforme, cuja indução magnética vale 5.10-3 T. Qual é o fluxo mag-
nético através da espira. Se o campo magnético for reduzido a zero em 0,10 s, qual será
o valor absoluto da força eletromotriz média induzida na espira nesse intervalo de tempo?
Resolução:
A área é dada por:

Portanto, o fluxo magnético pode ser calculado agora:

Veja que
θ = 0°→ cos(0°)=1
Assim:
ϕ = 3,2.10 -5 Wb

UNIDADE IV Eletromagnetismo 212


Para encontrar a o módulo da força eletromotriz fazemos:

UNIDADE IV Eletromagnetismo 213


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim de mais uma unidade, o conceito de campo magnético pode suar
em alguns momentos um pouco abstrato, porém ele é muito presente, desde os estudos de
fenômenos naturais, até a sua presença em aparelhos e equipamentos industriais.
Adentramos no conteúdo estudando campo elétrico, como é gerado e como influencia
o espaço a sua volta. Desde uma pequena pedra magnetizada que pode grudar na geladeira
até o campo gerado pelo planeta Terra. Vimos também a força que esse campo exerce em
partículas carregadas e como a força magnética é capaz de alterar a trajetória de movimento.
Depois, como a corrente elétrica gera campo magnético, como que os fios sobre a ação de
um campo externo e como interagem com outros fios portadores de corrente elétrica.
Na última parte, vimos a lei de Faraday, que explica como a variação de fluxo
magnético através de uma espira condutora pode gerar uma corrente elétrica induzida. Um
conceito um tanto complexo quando visto em essência, mas extremamente enriquecedor
para o avanço da ciência.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.

Até a próxima!

UNIDADE IV Eletromagnetismo 214


SAIBA MAIS

Sabemos que diversas partículas cósmicas proveniente de estrelas como o Sol ou mes-
mo de qualquer outro lugar do universo chegam até o nosso planeta. Algumas dessas
partículas, como os elétrons, interagem com o campo magnético da Terra, excitando o
oxigênio e o nitrogênio de nossa atmosfera. Isso faz com que uma luz seja emitida, va-
riando do espectro luminoso do azul ao verde.
Esse fenômeno ocorre nos polos, uma vez que nessa região é onde as linhas de campo
magnético convergem e divergem, como se fosse em formato de funil. Esse fenômeno
é chamado de aurora boreal (no hemisfério norte) e aurora austral (no hemisfério sul).

Fonte: O autor (2021).

FIGURA 39 – AURORA BOREAL E AUSTRAL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

REFLITA

O eletromagnetismo faz parte de nossa vida desde que nascemos. Boa parte dos exa-
mes, aparelhos usados no trabalho, eletrodomésticos, geradores de energia e muitos
outros, tem seu funcionamento fundamentado nas raízes do eletromagnetismo.

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE IV Eletromagnetismo 215


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Eletromagnetismo
Autores: Claudio Elias da Silva, Arnaldo José Santiago, Alan Frei-
tas Machado, Altair Souza de Assis.
Editora: Pearson Universidades.
Sinopse: Nesta obra, os autores apresentam todos os conceitos
do eletromagnetismo de modo simples e consistente, exemplifi-
cando-os com aplicações resolvidas detalhadamente, passo a
passo, com o intuito de oferecer aos estudantes um aprendizado
constante e efetivo

FILME/ VÍDEO
Título: Motor CC – Como funciona
Ano: 2017.
Sinopse: Neste vídeo é apresentado o funcionamento de um mo-
tor de corrente contínua, junto com a explicação dos fenômenos
físicos de indução por trás do funcionamento.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5s07bQcpEnA

UNIDADE IV Eletromagnetismo 216


REFERÊNCIAS

BÔAS, N. V.; DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J.; Tópicos de física. vol. 2. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.

FONSECA, W. T; MONTE, M. R. C.; Isotermas da Equação de Van Der Waals: Uma aplica-
ção do Geogebra. Faculdade de Ciências Integradas do Pontal, FACIP, UFU. Minas Gerais,
s/d.

GUIMARÃES, O; PIQUEIRA, J. R; CARRON, W. Física: Eletromagnetismo e Física Moder-


na. 2. ed. São Paulo: Ática, 2016.

HALLIDAY, Jearl David Walker; RESNICK, Robert. Fundamentos de física: volume 3: Ele-
tromagnetismo. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio
de Janeiro: LTC, 2000

WALKER, Jearl; HALLIDAY, David; RESNICK, Robert. Fundamentos de física: volume 2:


gravitação, ondas e termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

217
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material, busquei trazer para você os principais tópicos da física. Começa-

mos com um rico material em detalhes abordando os assuntos da física termodinâmica na

unidade I, o que é temperatura e como mensurar essa grandeza em diferentes escalas.

Depois o que é calor e como se propaga, na sequência, entramos em transições de fase,

na qual vimos o que é calor sensível, responsável por variar a temperatura de um corpo

e o calor latente, que causa a mudança de estado físico, mas sem alterar a temperatura.

Posteriormente estudamos os gases ideias e as equações que caracterizam um sistema

termodinâmico, como por exemplo a equação de Clapeyron e suas transformações ter-

modinâmicas, bem como a Lei Geral dos Gases. Na terceira parte da unidade entramos

na termodinâmica propriamente dita, estudamos as leis da termodinâmica, as máquinas

térmicas e finalizamos com o conceito de dilatação térmica, para corpos em uma dimensão,

para superfícies e volumes.

Na unidade II, estudamos a física óptica que explica os fenômenos luminosos da física,

as contes de luz primária e secundárias, a formação de imagem em espelhos planos, côncavos

e convexos e nas lentes também. Outro ponto abordado foi a refração, que explica a mudança

do comportamento de uma onda eletromagnética quando vai de um meio para outro.

Na unidade III começamos estudando a eletrostática, como é possível eletrizar um

corpo e como estes se interagem, por meio de uma força eletrostática, o campo elétrico

gerado e o trabalho que podem realizar em cargas a sua volta. Na sequência, estudamos a

eletrodinâmica, em que os objetos de estudo são a corrente elétrica, uma fonte de diferença

de potencial e resistores. Inúmeros conceitos foram abordados como o de efeito Joule,

associação de resistores, leis de Ohm, Geradores e Receptores, medidores de corrente e

de tensão, curto circuito, entre outros.

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Na última unidade, vimos o magnetismo, como os corpos magnéticos alteram o espaço

a sua volta e como partículas carregas sentem a presença do campo, alterando sua trajetória

dependendo da forma como são lançadas nessas regiões. Da mesma forma, foi estudado como

os fios que transportam corrente elétrica sente a presença de um campo magnético externo,

podendo se atrair ou se repelirem. Por fim, mas não menos importante, fechamos a unidade e

a disciplina com o princípio da indução eletromagnética, regido pela Lei de Faraday.

A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente

desenvolvendo ainda mais suas habilidades em física e suas aplicabilidades.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

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