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SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO NO
SETOR PÚBLICO

Professora Me. Lilian Chirnev

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Executiva de Ensino
Janes Fidélis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Marcia de Souza
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Designer Educacional
Distância; CHIRNEV, Lilian.
Amanda Peçanha Dos Santos
Sistemas de Informação no Setor Público. Lilian Chirnev. Projeto Gráfico
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2018. Jaime de Marchi Junior
132 p.
“Graduação - EaD”. José Jhonny Coelho
Arte Capa
1. Sistemas. 2. Informação . 3. Setor Público 4. EaD. I. Título. Arthur Cantareli Silva
CDD - 22 ed. 362 Editoração
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Robson Yuiti Saito
Qualidade Textual
Cintia Prezoro Ferreira
Ilustração
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Marcelo Goto
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORA

Professora Me. Lilian Chirnev


Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2016)
e graduada em Comunicação Social, Bacharel em Jornalismo pelo Centro
Universitário Cesumar (Unicesumar/2002). Atualmente é professora do curso
de Gestão Pública do Unicesumar, também é consultora independente
em Comunicação Social e integra a equipe de pesquisadores principais do
Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá/UEM.
No foco de suas pesquisas, estão os seguintes temas: Dinâmicas Urbanas;
Políticas Públicas; Comunicação Social; Comunicação Pública e Direito à
Informação.

Para saber mais, acesse:

<http://lattes.cnpq.br/7694410953334688>
APRESENTAÇÃO

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR


PÚBLICO

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), convido você a iniciar os estudos da disciplina Sistemas de Informação
no Setor Público com o mesmo entusiasmo dedicado por mim a este trabalho. Nossa
proposta é exibir um amplo arcabouço voltado à apresentação sobre sistemas de infor-
mação, mas também inseri-los no contexto da realidade da gestão pública.
Para isso, e seguindo as premissas do pensamento crítico científico, o intuito é agregar
estudos desenvolvidos por meio das diversas disciplinas do saber, para proporcionar a
você a interpretação sobre o que seja sistema, informação e como ambos estão inseri-
dos na gestão pública.
Nossos objetivos constituem em: na Unidade I, intitulada “Abordagem Sistêmica nas Ci-
ências”, iniciarmos pela apropriação da Teoria Geral de Sistemas, cuja base está presente
em todos os nossos estudos; também contextualizamos como a teoria impregnou o
pensamento científico e tornou-se um referencial nas Ciências.
Ainda na primeira unidade nossa proposta é compreender como o pensamento sistê-
mico está presente na gestão e sua relevância na atuação profissional. Dominar esse
conhecimento é essencial para avançarmos na compreensão dos demais temas.
Assim, na Unidade II, intitulada “Sistemas de Informação”, conheceremos os conceitos
fundamentais de sistemas e sua classificação, assimilando como essa estrutura culmi-
nou em diversos sistemas de informação. Também vamos compreender como funciona
o ciclo de sistemas de informação e dominar as tipologias específicas.
Na Unidade III, intitulada “SI aplicado à gestão pública”, demonstramos as possibilida-
des de aplicação de sistemas de informações na gestão pública. Introduzimos a impor-
tância da pesquisa na realidade de sistemas, sendo esta uma ferramenta imprescindível
para os gestores, seja na prática de sistemas de informação ou na exploração de proces-
sos mais eficientes. Para concluir o tema, inserimos como a evolução da arquitetura de
dados pode ser aplicada a esta realidade.
A Tecnologia da Informação na Gestão Pública é o título da Unidade IV, cujo intuito é
frisar a importância da adoção de sistemas de informação na gestão pública e compre-
ender como a tecnologia da informação proporcionou mudanças significativas na admi-
nistração pública brasileira. Também vamos apresentar de maneira sucinta o programa
federal de governo eletrônico, além de destacar os desafios a serem enfrentados para
superar a exclusão digital no país.
Na Unidade V, intitulada “Comunicação Pública”, nossos objetivos a princípio é a apro-
priação do conceito Sociedade da Informação para avançarmos no domínio da concep-
ção de comunicação pública. Também descreveremos os principais aspectos relaciona-
dos ao Direito à Informação e o debate inicial a respeito de Cidades Inteligentes.
Desejo a você uma incrível trajetória rumo a novos conhecimentos! Ótimos estudos!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS

15 Introdução

16 Teoria Geral de Sistemas

19 Pensamento Sistêmico nas Ciências 

21 Teoria Sistêmica na Administração 

23 Pensamento Sistêmico como Visão de Atuação Profissional

24 Considerações Finais

33 Referências

34 Gabarito

UNIDADE II

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

37 Introdução

38 Conceituação de Sistemas e sua Classificação 

41 Sistemas de Informação

42 Ciclo de Sistemas de Informação

46 Tipologias de Sistemas de Informação

48 Considerações Finais

55 Referências

56 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA

59 Introdução

60 Sistemas de Informação para Gestão Pública

63 Pesquisa e Sistemas 

66 Processo de Implantação de Sistemas

69 Arquitetura de Sistemas de Informação - ASI

73 Considerações Finais

81 Referências

82 Gabarito

UNIDADE IV

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA

85 Introdução

86 Importância da Adoção de Sistemas de Informação na Gestão Pública

89 Novas Tendências da Administração Pública e a Função das Tecnologias

92 Governo Eletrônico: Avanços e Benefícios

94 Desafios para Superação da Exclusão Digital

97 Considerações Finais

104 Referências

105 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE V

COMUNICAÇÃO PÚBLICA

109 Introdução

110 Sociedade da Informação 

113 Comunicação Pública 

118 Direito à Informação

120 Cidades Inteligentes

123 Considerações Finais

129 Referências

131 Gabarito

132 CONCLUSÃO
Professora Me. Lilian Chirnev

ABORDAGEM SISTÊMICA

I
UNIDADE
NAS CIÊNCIAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apropriar o conhecimento sobre a Teoria Geral de Sistemas.
■■ Dominar os aspectos relacionados ao pensamento sistêmico nas
Ciências.
■■ Compreender a introdução da abordagem sistêmica na
Administração.
■■ Conhecer a importância da aplicação do pensamento sistêmico na
atuação profissional.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Teoria Geral de Sistemas
■■ Pensamento Sistêmico nas Ciências
■■ Teoria Sistêmica na Administração
■■ Pensamento sistêmico como visão de atuação profissional
15

INTRODUÇÃO

Olá aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Sistemas de Informação no Setor


Público. Para iniciar nossos estudos nesta unidade, gostaria de evidenciar a esco-
lha do conteúdo da primeira aula. Nossa premissa é oferecer a você conteúdo
científico multidisciplinar e crítico. Por isso, relacionamos a trajetória de como
este tema (Sistemas de Informação) foi definido como essencial para o curso de
Gestão/Administração.
Começamos pela Teoria Geral de Sistemas (TGS), apresentando a base
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

científica que desencadeou a inquietação dos cientistas – das ciências naturais


e sociais – em questionar os princípios praticados até então, defendendo a ado-
ção de novas abordagens teóricas para desenvolver seus estudos.
Essa visão do todo, como um amplo sistema interligado, impregnou as diver-
sas ciências, assim como a Administração . Essa abordagem sistêmica de mundo
é o objeto dos nossos estudos a seguir. Para compreender como essa constatação
chegou ao universo científico, partimos em uma breve jornada, cujo fio condu-
tor nos guiará até as próximas unidades.
O gestor público é um potencial agente de transformação e este não pode
ficar isolado somente com manuais técnicos e distantes da realidade social da
população. E, para isso ocorrer e atender à excelência esperada na prática profis-
sional, o papel do pesquisador e estudioso das Ciências deve ser uma constante,
independentemente do setor de atuação.
O aspecto tecnicista, quantitativo e estatístico não deve ser dissociado da inter-
pretação qualitativa, sob o viés da Sociologia, História, Antropologia, Filosofia,
Política, Economia, Comunicação etc. Aproprie-se de todo o conteúdo, utilize os
materiais complementares para ampliar seu arcabouço de conhecimento e apli-
que em sua realidade como estudante e cidadão da nossa nação.
Bons Estudos!

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TEORIA GERAL DE SISTEMAS

A Teoria Geral de Sistemas (TGS) foi desenvolvida dentro das Ciências Naturais
e depois incorporada às Ciências Administrativas. E qual a razão de acessar essa
base científica para contextualizar o conhecimento de interesse da nossa disciplina
que está inserida nas Ciências Sociais Aplicadas? Porque precisamos acessar as
bases iniciais de estudo para identificar e organizar esse conhecimento científico
sobre Sistemas até culminar no nosso foco de estudo, os Sistemas de Informação
e, posteriormente, os Sistemas de Informação no Setor Público.
Esse método de ensino e aprendizado é defendido por Edgar Morin e está
exposto na obra A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS


17

(2003). Essa mesma premissa compõe nossos estudos e segue a primeira fina-
lidade do ensino formulada por Montaigne, “mais vale uma cabeça bem-feita
que bem cheia” (MORIN, 2003, p. 21). Nesse sentido, a cabeça bem cheia faz
alusão à acumulação de saber sem nenhum propósito e, ao contrário, a “cabeça
bem-feita”, propõe-se a absorver uma aptidão geral para tratar e sanar proble-
mas, partindo de princípios organizadores que permitam interligar os saberes
e lhes conceder sentido.
Nas afirmações de Morin (2003, p. 22), “quanto mais desenvolvida é a inteligên-
cia geral, maior é sua capacidade de tratar problemas especiais”. Essa globalidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do pensar também incide em uma complexidade do pensar. Os componentes de


um todo envolve aspectos políticos, econômicos, psicológicos, sociológicos etc.
e estão inseridos em partes interdependentes, mas interagem entre si e se retro-
alimentam formando um todo, mesmo sendo constituídos de partes.
Pascal já formulará a necessidade de ligação, que hoje é o caso de intro-
duzir em nosso ensino, a começar pelo primário: “Sendo todas as coisas
causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e to-
das elas mantidas por um elo natural e insensível, que interliga as mais
distantes e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes
sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer, par-
ticularmente, as partes...” (Pensamentos, Éd. Brunschvicg, II, 72). Para
pensar localizadamente, é preciso pensar globalmente, como para pensar
globalmente é preciso pensar localizadamente (MORIN, 2003, p. 25).

Nesta “reforma do pensamento” também existe uma similaridade na relação


com o nosso enfoque inicial de estudo, a Teoria Geral de Sistemas (TGS), que
foi desenvolvida a partir da proposta de uma mesma teoria poder ser aplicada
em todas as Ciências, uma alusão ao ‘pensar globalmente’. A TGS foi fundada
pelo biólogo austríaco Karl Ludwig von Bertalanffy. Seus trabalhos começaram
na década de 20, o especialista criticou a visão de que há uma divisão no mundo
em áreas (biologia, química, física etc.) e sua sugestão era desenvolver estudos em
sistemas globalmente constituídos. Na visão do especialista, cada um dos elemen-
tos, ao serem reunidos, constituem uma unidade funcional maior, desenvolvendo
características que não podem ser encontradas quando seus componentes são
analisados de maneira isolada.
Em sua obra de 1950, The theory of open systems in physics and biology, o biólogo

Teoria Geral de Sistemas


18 UNIDADE I

demonstrava a preocupação com uma homogeneização das ciências, no sentido


de haver princípios comuns em cada uma delas. Bertalanffy fundou a TGS com
a finalidade de compreender o mundo como um macro organismo em interação
com o meio ambiente, retirando e devolvendo elementos para sua manutenção.
Não é o enfoque TGS buscar solucionar problemas práticos, mas produzir
teorias e formulações conceituais que possam proporcionar condições de apli-
cação na realidade. É importante conhecer os conceitos mais essenciais da TGS
para o domínio da utilização de Sistemas de Informação, alvo dos nossos estu-
dos. E a primeira definição feita por Bertalanffy sobre sistemas foi distinguir os

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Sistemas Naturais” de “Sistemas Feitos pelo Homem”. As características consi-
deradas universais de ambos os sistemas são (ROCHA, 1990, p. 50):
■■ Objetivo: todo sistema tem um objetivo a ser alcançado e, dessa forma,
atitudes são direcionadas com vistas a atingir tal propósito.
■■ Totalidade: uma mudança em um componente gera reflexos em todos os
demais componentes que integram esse todo.
■■ Entropia: os sistemas tendem a se desgastar, desintegrar e apresentar
mudança no padrão até então observado. A razão de aumento da entro-
pia é a ausência de informação no sistema ou deficiência na disseminação
das informações adquiridas.
■■ Homeostasia: estímulos externos produzem nos sistemas reações de
autorregulação.
■■ Sistema Aberto e Fechado: o sistema fechado não possui interação com o
meio ambiente, ou seja, continua com o mesmo ‘comportamento’ do início
ao fim. O sistema aberto interage com o meio ambiente, sendo influen-
ciado e influenciador desse ambiente externo, ou seja, está em constante
modificação e adaptação, sendo, no caso dos sistemas humanos, um acu-
mulador de experiências e, portanto, em aperfeiçoamento constante.

A partir desse conteúdo, podemos avançar no sentido de nos apropriarmos de


novos conhecimentos para compreender como as Ciências Sociais Aplicadas
(Administração/Gestão) moldaram esse mecanismo de Sistemas (fundado nas
Ciências Naturais), para explicar acontecimentos gerados dentro do ambiente
organizacional, como constataremos nos próximos tópicos.

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS


19

Karl Ludwig von Bertalanffy nasceu na Áustria, onde se formou em filosofia


e biologia. A partir de 1948, passou a lecionar biologia molecular em várias
universidades canadenses e americanas. Suas preocupações voltaram-se
para os trabalhos experimentais em biologia, fisiologia celular e embriolo-
gia. Interessou-se, também, pelos estudos de comportamento social, por
investigações filosóficas, tendo definido um novo quadro teórico utilizável
por todas as ciências modernas: a teoria geral dos sistemas. Esse empreendi-
mento, contido em seu General System Theory (1968), propõe, além de um
quadro unitário do conjunto diversificado das ciências contemporâneas,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

um verdadeiro programa filosófico, uma espécie de “visão do mundo” a ser


elaborada, tendo por base a categoria de sistema para pensar a vida. Como
suas ideias estavam descritas e disponíveis em língua inglesa, ao invés de
alemão, como ocorreu no início de sua carreira, a obra do biólogo por meio
da TGS ganha ampla e diversa visibilidade.
Fonte: adaptado de Japiassú e Marcondes (2001, p. 26 e 27).

PENSAMENTO SISTÊMICO NAS CIÊNCIAS

A TGS gerou imenso impacto nas Ciências (naturais e sociais) e lançou uma
teoria sobre a visão do todo, uma obra básica e fundamental dos chamados teó-
ricos sistêmicos. Nesta perspectiva, foi concebido o modelo de “sistema aberto”,
compreendido como um conjunto de elementos em interação e em intercâm-
bio constante com o ambiente.
A união entre a Cibernética e a Teoria da Comunicação, atrelada à pesquisa
geral de sistemas, impregnou as aplicações no campo das Ciências Sociais, que
utilizou a mesma metodologia para analisar fenômenos e situações, dando ori-
gem à Teoria Sistêmica. Todos os antecessores históricos dessa teoria estão
presentes na obra A teia da vida: uma nova compreensão científica dos siste-
mas vivos, de Fritjof Capra, 1996 (ver Material Complementar), que remonta
os acontecimentos responsáveis por influenciar a formulação de movimentos
que serviram como base de sustentação para o desenvolvimento do Pensamento
Sistêmico.

Pensamento Sistêmico nas Ciências


20 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Chiavenato (2014, p. 410) afirma que, por seu enfoque multidisciplinar (todas as
disciplinas), o pensamento sistêmico foi adotado para tratar os objetivos de estudo
em diversos segmentos do conhecimento. A Teoria Geral da Administração,
desde a sua abordagem clássica, sofreu mudanças significativas, evoluindo da
humanística, neoclássica, estruturalista, behaviorista, até alcançar e efetivar a
abordagem sistêmica na Administração.
A abordagem clássica da Teoria Geral da Administração, e a maioria das
ciências do século passado, havia sido influenciadas por três princípios intelec-
tuais dominantes: o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo.
Detalhamos, a seguir, de maneira sucinta, cada um dos três princípios:
■■ Reducionismo: o princípio se baseia na confiança de que todas as coisas
podem ser decompostas e reduzidas em seus elementos mais funda-
mentais e simples, até resultar em suas unidades indivisíveis. Segundo
Chiavenato (2014, p. 410), na Administração, o Taylorismo é um exem-
plo de reducionismo.

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS


21

■■ Pensamento analítico: é utilizado pelo reducionismo para explicar os acon-


tecimentos; sua análise consiste em decompor o todo, no máximo possível,
para depois pensar soluções parciais para essas partes e, por último, agre-
gar essas várias soluções em uma solução do todo.
■■ Mecanicismo: é o princípio baseado na relação de causa e efeito entre
dois fenômenos, ou seja, um fenômeno constituiu a causa do outro fenô-
meno. Essa relação utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente
para explicar as causas de seus estudos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A Teoria da Cibernética foi desenvolvida pelo matemático americano e


professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Norbert Wiener
(1894-1964). Já Gregory Bateson (1904-1980), antropólogo inglês, desenvol-
veu a Teoria da Comunicação.
Fonte: a autora.

A missão desse ensino é transmitir não o mero saber, mas uma cultura que
permita compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que favoreça, ao
mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre.
(Edgar Morin)

TEORIA SISTÊMICA NA ADMINISTRAÇÃO

Com o advento da TGS, a superespecialização e o isolamento entre as disciplinas,


inclusive os pensamentos contidos nos três princípios intelectuais - reducio-
nismo, mecanicismo e pensamento analítico - começaram a ser contestados. Os
questionamentos frisavam a necessidade de contrapontos efetivos, como a com-
preensão de que a reciprocidade entre as disciplinas e a integração entre elas são
essenciais para evolução das Ciências.

Teoria Sistêmica na Administração


22 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Diversos ramos do conhecimento, como a Administração, adotaram a abordagem
sistêmica para discutir seus objetivos de estudo. Princípios intelectuais opostos
foram adotados, como o expansionismo, o pensamento sintético e da teleologia,
que detalharemos a seguir (CHIAVENATO, 2014, p. 411):
■■ Expansionismo: todo o fenômeno é parte de um fenômeno maior e o
desempenho de seu sistema depende de como essa parte se relaciona com
o todo maior que a envolve e da qual faz parte.
■■ Pensamento sintético: é o fenômeno analisado como parte de um sistema
maior e é justificado a partir do papel que desempenha nesse sistema maior.
■■ Teleologia – é o princípio no qual a causa é necessária, mas nem sempre
é suficiente para determinar o efeito, ou seja, não é uma relação mecani-
cista, determinística, e sim probabilística.

Nas afirmações de Chiavenato (2014, p. 411), esses três princípios (expansionismo,


pensamento sintético e teleologia) permitiram “o surgimento da Cibernética e
desaguou na Teoria Geral da Administração, redimensionando suas concepções,
sendo uma revolução no pensamento administrativo”.

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS


23

PENSAMENTO SISTÊMICO COMO VISÃO DE


ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Insistimos nessa vertente mais teórica para destacar que um sistema de informa-
ção, quando aplicado à Administração, não pode ser interpretado somente como
informação aplicada a um sistema automatizado. A Gestão requer inúmeros vie-
ses de análises para constituir um processo de tomada de decisão.
Os critérios técnicos também serão apresentados nas próximas unidades e,
aliás, existem muitos autores empenhados em criar e manter manuais de siste-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mas, inserindo estruturas iguais ou com muitas semelhanças, com nomenclaturas


para esses mecanismos em inglês ou português, ou mesmo ambos. Um gestor
público, porém, mais do que o domínio das ferramentas e estruturas de sistemas
de informação, tem em seu propósito profissional ser um agente de transformação.
Como Rocha (1990, p. 14) enfatiza – e neste material relaciono suas cita-
ções também aos profissionais de gestão pública –, na execução de sistemas de
informação, o intuito é “melhorar a vida dos homens [...] e isto passa necessaria-
mente por processos de trabalho mais saudáveis, mais simples, mais coerentes,
mais justos, mais participativos, enfim, mais humanos. [...] é construir uma socie-
dade melhor e mais justa”.
A desigualdade entre os mais pobres (maioria da população) e os mais ricos
(apenas uma minoria), por exemplo, não deve ser naturalizada ou tornar um
argumento para dar mérito somente aos que têm e desqualificar os que não têm.
A pesquisa científica, empírica, a interpretação feita sob as diversas disciplinas
do saber, essas sim são subsídios reais para gerenciar a rotina de trabalho, fazer
planejamento e execução de ações voltadas a combater causas, ao invés de sanar
somente as consequências, quase sempre, urgências relacionadas a uma gestão
ineficiente.
Esta é somente a fase inicial dos nossos estudos, mas cada argumentação
proposta até o momento será fundamental para o desenvolvimentos das nossas
próximas unidades. Estamos consolidando as bases científicas que nos acompa-
nharão até o final da nossa disciplina. Até breve!

Pensamento Sistêmico como Visão de Atuação Profissional


24 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta primeira unidade, nosso propósito foi apresentar a você um conjunto de


informações relacionadas à concepção de sistemas enquanto teoria científica.
Destacar o contexto histórico dos primórdios desse pensamento e evidenciar
sua conceituação fez-se essencial para embasar todo os demais conhecimentos
a serem apresentados no decorrer da nossa disciplina.
Privilegiar essas informações logo no início dos nossos estudos em detrimento
de começar por apresentar o arquétipo da estrutura do sistema de informação é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conceder a você instrumentos intelectuais muito mais eficientes e eficazes para
a prática profissional.
Com o domínio teórico embasado nas razões pelas quais novos pensares
foram adotados pelas Ciências, a execução de projetos e a implementação de
quaisquer sistemas de informação serão embasados em escolhas feitas por meio
de raciocínio e debates, não uma consulta no manual técnico empoeirado na
prateleira ou destacado em um site para vender uma solução.
A Teoria Geral de Sistemas que fundou a Teoria Sistêmica e foi apropriada
pela Administração ultrapassa a academia é já é relacionado a uma forma de
pensar a vida como um todo, sem separar a vivência social, da laboral, da fami-
liar, enfim, da vida social.
Para continuarmos em nossos estudos, no entanto, precisamos compreender
como foram implementados os sistemas de informação tal qual a academia tem
apresentado em diversos espaços (físico e online). Será mesmo apenas um meca-
nismo, e aqui apresento esse termo como uma menção à velha prática mecanicista.
A única maneira de descobrirmos é avançarmos para a próxima unidade,
em que serão apresentados os sistemas de informação, desde as suas conceitua-
ções, classificações, tipologias e possíveis aplicações. Os Sistemas de Informação
(SI), apesar de poderem ser fisicamente instrumentalizados, continuam com o
mesmo princípio do pensamento sistêmico.
Bons Estudos!

ABORDAGEM SISTÊMICA NAS CIÊNCIAS


25

A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES


Fernando C. Preste. Motta
Professor-assistente do Departamento de Administração Geral e Relações Industriais da
Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas.

Estamos presenciando um movimento sui generis no desenvolvimento científico. Parece


que, repentinamente, todos os ramos do conhecimento, tornados estranhos uns aos
outros pela especialização extremada, começaram a ressentir-se do isolamento em que
se encontravam, passando a buscar mais e mais suas bases comuns. Talvez pela necessi-
dade crescente de estudos interdisciplinares, capazes de analisar a realidade de ângulos
diversos e complementares, talvez pela comunicação muito mais rápida e fácil entre es-
pecialistas em campos diferentes, começou-se a tomar consciência de que uma série de
princípios desenvolvidos nos diversos ramos do conhecimento científico não passavam
de mera duplicação de esforços, pois outras ciências já os haviam desenvolvido.
Isto não quer dizer, porém, que só haja uma ciência, ou que a física, a química e a psico-
logia tratem dos mesmos objetos. Seria tolice imaginar que todos os princípios e con-
clusões de uma aplicar-se-iam às demais. O que se foi percebendo é que muitos desses
princípios e conclusões valiam para várias ciências, na medida em que todas tratavam
com objetos que podiam ser entendidos como sistemas, fossem eles físicos, químicos,
psíquicos, etc.

Origens

Com base nessa constatação, alguns cientistas orientaram suas preocupações para o
desenvolvimento de uma teoria geral dos sistemas, que desse conta das semelhanças,
sem prejuízo das diferenças. Nesse particular, salienta-se a obra do biólogo Ludwig Von
Bertalanffy, que concebeu o modelo do sistema aberto, entendido como complexo de
elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente. Em seu livro Teoria
Geral dos Sistemas, esse autor apresenta a teoria e tece considerações a respeito de suas
potencialidades na física, na biologia e nas ciências sociais. No mesmo livro, Bertalanffy
lança os pressupostos e orientações básicos de sua teoria geral dos sistemas, como segue:
a) há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;
b) tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas;
c) essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não-físicos do
conhecimento científico, especialmente nas ciências sociais;
d) desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos
particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objetivo da unida-
de da ciência;
26

e) isso pode levar a uma integração muito necessária na educação científica.


Muitos são os estudiosos que têm procurado aplicar a teoria geral dos sistemas a seus
diversos campos. No caso particular das ciências sociais, o modelo do sistema aberto
tem revelado enormes potencialidades, quer pela sua abrangência, quer pela sua flexi-
bilidade. De grande importância são os trabalhos do psicólogo J. G. Miller, do economis-
ta Kenneth Boulding, do cientista político David Easton e do sociólogo Walter Buckley.
Embora o impacto da teoria geral dos sistemas venha sendo grande na sociologia, o
estágio em que se encontrava a teoria sociológica por ocasião dos primeiros contatos
com a nova abordagem fez com que se iniciasse um processo simbiótico, cujo desen-
volvimento é difícil prever. Com efeito, a predominância do funcionalismo de Talcott
Parsons na sociologia contemporânea tem possibilitado a essa ciência atingir níveis
sempre mais altos de sistematização, apesar das limitações indiscutíveis que tal método
apresenta. De qualquer forma, porém, a perspectiva funcionalista também é sistêmica,
embora bastante diferente daquela da teoria geral dos sistemas.
Para o estudo da aplicação do modelo do sistema aberto à teoria das organizações, a
percepção desse processo simbiótico é fundamental, já que se apresenta na maior parte
dos trabalhos essa linha. Fundamental, portanto, parece ser também o conhecimento
do funcionalismo. Muito do que dissemos no artigo “O Estruturalismo na Teoria das Or-
ganizações” vale para o funcionalismo, uma vez que este não deixa de ser uma forma
de estruturalismo. Algumas considerações adicionais, porém, fazem-se necessárias: este
método não nasceu na sociologia, embora tenha atingido, nessa área do conhecimento,
elevado nível de divulgação. Essa ciência social recebeu-o da antropologia e, mais es-
pecialmente, de Radcliffe-Brown e Malinovsky, antropólogos ingleses do período entre
guerras que, por sua vez, o importaram da biologia. Na sociologia, foi com Talcott Par-
sons que o funcionalismo atingiu seu mais alto nível de desenvolvimento. Sociólogos
como Spencer e Dürkheim, entretanto, já apresentavam em suas formulações numero-
sos exemplos de teorização funcionalista, o que demonstra que já existiam na sociolo-
gia precondições para a importação do funcionalismo. Foi a obra de Parsons, contudo,
que chegou à teoria das organizações, marcando-a profundamente e determinando seu
desenvolvimento futuro. Será a ela, portanto, que dedicaremos nossa atenção. O parso-
nismo, nome pelo qual nos referimos de agora em diante à obra de Talcott Parsons, está
muito longe de ser simples, e qualquer tentativa de tratá-lo em poucas linhas é arrisca-
da, senão impossível. O que procuraremos fazer será simplesmente seguir a evolução
do pensamento parsoniano nos seus aspectos básicos, voltando nosso interesse para
a passagem de uma visão micro para a macro, crucial para a consolidação da posição
destacada que o parsonismo passou a ocupar como método de análise dos fenômenos
sociais.
Alguns estudiosos da teoria sociológica chamam a microabordagem parsoniana de
acionismo social e sua macroabordagem de imperativismo funcional. O primeiro está
27

voltado para a explicação da ação, enquanto unidade, através de variáveis-padrão; já o


segundo para a explicação do sistema social, através de imperativos funcionais. Ambos
estão preocupados com o problema da seleção ou estabilização de escolhas, procuran-
do identificar os processos sociais internos e externos que por ela se responsabilizam.
Fonte: Motta (1971).
28

1. A Teoria Geral de Sistemas (TGS) foi fundada pelo biólogo austríaco Karl Ludwig
von Bertalanffy. Escolha a alternativa sobre a base dessa teoria.
a) A sugestão de Bertalanffy não era desenvolver estudos em sistemas global-
mente constituídos.
b) Na visão do biólogo, cada um dos elementos, ao serem reunidos, não consti-
tuem uma unidade funcional maior.
c) O especialista não criticava a visão de que há uma divisão no mundo em áreas
(biologia, química, física etc.).
d) A TGS foi desenvolvida a partir da proposta de uma mesma teoria poder ser
aplicada em todas as Ciências, uma alusão ao ‘pensar globalmente’.
e) A Teoria Geral de Sistemas foi desenvolvida dentro das Ciências Administrativas.
2. A abordagem clássica da Teoria Geral da Administração, e na maioria das ciên-
cias do século passado, havia sido influenciadas por três princípios intelectuais
dominantes: o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo. Escolha
a alternativa relacionada à compreensão sobre reducionismo.
a) O princípio baseia-se na confiança de que todas as coisas não podem ser de-
compostas e reduzidas em seus elementos mais fundamentais e simples, até
resultar em suas unidades indivisíveis.
b) O princípio baseia-se na confiança de que todas as coisas podem ser decom-
postas e reduzidas em seus elementos mais fundamentais e simples, até resul-
tar em suas unidades indivisíveis.
c) O princípio baseia-se na confiança de que todas as coisas podem ser decom-
postas e reduzidas em seus elementos mais fundamentais e simples, até resul-
tar em suas unidades divisíveis.
d) O princípio não se baseia na confiança de que todas as coisas podem ser de-
compostas e reduzidas em seus elementos mais fundamentais e simples, ape-
nas na possibilidade em resultar em unidades indivisíveis.
e) O princípio baseia-se na confiança de que todas as coisas podem ser amplia-
das em seus elementos mais fundamentais e simples, até resultar em suas uni-
dades indivisíveis.
29

3. Diversos ramos do conhecimento, como a Administração, adotaram a aborda-


gem sistêmica para discutir seus objetivos de estudo. Princípios opostos foram
adotados, como o expansionismo, do pensamento sintético e da teleologia.
Assinale a alternativa que corresponde a Teleologia:
a) É o princípio no qual a causa é necessária e sempre é suficiente para deter-
minar o efeito, ou seja, não é uma relação mecanicista, determinística, e sim
probabilística.
b) É o princípio no qual a causa não é necessária, mas nem sempre é suficiente
para determinar o efeito, ou seja, não é uma relação mecanicista, determinís-
tica, e sim probabilística.
c) É o princípio no qual a causa é necessária, mas nem sempre é suficiente para
determinar o efeito, ou seja, é uma relação mecanicista, determinística, e pro-
babilística.
d) É o princípio no qual a causa é necessária, mas nem sempre é suficiente para
determinar o efeito, ou seja, é uma relação mecanicista, determinística, e não
probabilística.
e) É o princípio no qual a causa é necessária, mas,nem sempre é suficiente para
determinar o efeito, ou seja, não é uma relação mecanicista, determinística, e
sim probabilística.
4. Como Rocha (1990, p. 14) enfatiza, na execução de sistemas de informação, o in-
tuito é “melhorar a vida dos homens [...] e isto passa necessariamente por proces-
sos de trabalho mais saudáveis, mais simples, mais coerentes, mais justos, mais
participativos”. Qual das alternativas complementam este raciocínio:
a) Constituir um sistema mais avançado.
b) Constituir uma nova maneira de interpretar a realidade.
c) Constituir uma sociedade melhor e mais justa.
d) Constituir uma nova abordagem científica.
e) Constituir um sistema mecanicista.
30

5. Entre as características consideradas universais da TGS estão objetivo, totalidade,


entropia, homeostasia, sistema aberto e sistema fechado. O sistema fechado não
possui interação com o meio ambiente, ou seja, continua com o mesmo ‘compor-
tamento’ do início ao fim. O sistema aberto interage com o meio ambiente. Qual
das alternativas são verdadeiras sobre as demais características:
I. Objetivo: todo sistema tem um objetivo a ser alcançado e, dessa forma, atitu-
des são direcionadas com vistas a atingir tal propósito.
II. Totalidade: uma mudança em um componente gera reflexos em todos os de-
mais componentes que integram esse todo.
III. Entropia: os sistemas tendem a se desgastar, desintegrar e apresentar mudan-
ça no padrão até então observado. A razão de aumento da entropia é a ausên-
cia de informação no sistema ou deficiência na disseminação das informações
adquiridas.
IV. Homeostasia: estímulos externos produzem nos sistemas reações de autor-
regulação.
São verdadeiras:
a) I e II, apenas.
b) I, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) I, II, III e IV.
e) II e III, apenas.
MATERIAL COMPLEMENTAR

A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o


pensamento
Edgar Morin
Editora: Bertrand Brasil
Sinopse: reformar o pensamento para reformar o ensino para reformar
o pensamento é o que preconiza Edgar Morin. Esses princípios levam
o pensamento para além de um conhecimento fragmentado que, por
tornar invisíveis as interações entre um todo e suas partes, anula o
complexo e oculta os problemas essenciais; levam, igualmente, para
além de um conhecimento que, por ver apenas globalidades, perde
o contato com o particular, o singular e o concreto. Eles permitem
remediar a funesta desunião entre o pensamento científico - que
desassocia os conhecimentos e não reflete sobre o destino humano
- e o pensamento humanista - que ignora as conquistas da ciência,
enquanto alimenta suas interrogações sobre o mundo e sobre a vida. Daí a necessidade de uma
reforma de pensamento referente a nossa aptidão para organizar o conhecimento que permita a
ligação entre as duas culturas divorciadas. A partir daí, ressurgiriam as grandes finalidades do ensino,
que deveriam ser inseparáveis: promover uma cabeça bem-feita, em lugar de bem cheia; ensinar a
condição humana, começar a viver; ensinar a incerteza, aprender a se tornar cidadão.

Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Ponto de Mutação (1990)


Sinopse: o filme “O ponto de mutação”, cujo roteiro cinematográfico foi
extraído da obra The Turning Point (1983), do escritor austríaco Fritjof
Capra (PhD em Física Quântica), foi dirigido por Bernst Capra. O filme
possui um enredo simples, perpassado por diálogos desenvolvidos
principalmente por três personagens: Sônia, uma cientista vivida por Liv
Ullmann; Jack, um político (Sam Waterston); e Thomas, um poeta (John
Heard ) em um castelo medieval, localizado no vilarejo de La Mont Saint
Michel, no litoral noroeste da França, próximo ao Canal da Mancha.
Todos os personagens, com conhecimentos em diferentes áreas,
tentam mostrar sua visão de mundo em vários aspectos. A trajetória
dos personagens passa-se em um dia, em que é invocado pensamentos
defendidos por Descartes, Einstein e Newton, além de abordar assuntos
da área da ecologia, política, física quântica, poesia, dentre outras.
A cientista é convidada a entrar na conversa que o poeta e o político estão tendo sobre o relógio.
Logo que entra na conversa, ela faz uma dura crítica sobre a maneira cartesiana em que os políticos
de modo geral veem a natureza. Ela afirma que os políticos descrevem a natureza assim como
Descartes descrevia: como um relógio, em que é possível reduzir ao monte de peças e, ao analisar
cada parte, é possível entender o todo. Ela critica dizendo que essa ideia é antiga e ultrapassada e
que devemos mudar essa visão de mundo.
O mundo tem que ser visto como um todo por meio das relações existentes entre cada objeto que
compõem a natureza e que fazemos parte dessas relações. A cientista afirma que se devem abrir
os horizontes para modelos sistêmicos, escapando do conforto dos processos, nos quais temos o
controle, mas muitas vezes não a compreensão.
Não se pode olhar separadamente os problemas globais, tentando entendê-los e resolvê-los
separadamente. Devem-se entender as conexões para depois resolver os problemas. A partir disso,
é possível pensar em um mundo com crescimento sustentável e melhores condições para todos.
Comentário: a visão sobre o todo é o nosso enfoque nesse filme, para compreendermos como
as diversas ciências podem estar integradas e interagindo como um sistema macro, com visões
multidisciplinares sobre um mesmo tema.

Escola de Design Thinking (EDT) foi criada em 2012 pela Echos – Laboratório
de Inovação –, a qual, na prática, tem como propósito formar a nova geração de
inovadores, como meio de colaboração e multidisciplinaridade, para criar uma nova
maneira de pensar.
Disponível em: <https://escoladesignthinking.echos.cc/a-escola/>.
33
REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, . Introdução à Teoria Geral da Administração. 9. ed. Barueri: Editora


Manole, 2014.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2001.
MORIN, A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução
Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
MOTTA, F. C. P. A Teoria Geral dos Sistemas na Teoria das Organizações. Revista
e Adm. Emp., Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 17-33, jan./mar., 1971. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v11n1/v11n1a03.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2017.
ROCHA, J. M. S. Análise de sistemas como atividade de mudança: uma perspecti-
va sociológica. São Paulo: Érica, 1990.
GABARITO

1. D.
2. B.
3. E.
4. C.
5. D
Professora Me. Lilian Chirnev

SISTEMAS DE

II
UNIDADE
INFORMAÇÃO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer conceitos fundamentais de Sistemas e sua Classificação.
■■ Assimilar o que seja Sistemas de Informação.
■■ Entender o Ciclo para o funcionamento de Sistemas de Informação.
■■ Compreender as Tipologias de Sistemas de Informação.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conceituação de Sistemas e sua Classificação
■■ Sistemas de Informação
■■ Ciclo de Sistemas de Informação
■■ Tipologias de Sistemas de Informação
37

INTRODUÇÃO

Olá aluno(a)! Para iniciar nossos estudos, destacamos a utilização de Sistemas


de Informação para repassar o conhecimento sobre o que seja Sistemas de
Informação. A aparente redundância, na verdade, é para incitarmos em você
o entusiasmo de um pesquisador prestes a apropriar-se de um conhecimento
gerado a partir do mesmo método já identificado.
Em outras palavras e respondendo à colocação desse parágrafo introdutório,
a Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos adquiridos pela pesquisa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e explicado por meio de métodos próprios” (BORBA, 2004, p. 280). O conceito


geral de Sistemas é considerado como sendo um conjunto de partes, estrutura-
dos de maneira lógica, com a finalidade de atender um determinado objetivo.
A informação, por sua vez, é o resultado de dados carregados de significados,
ou seja, a definição simples de Sistemas de Informação é um conjunto de dados
carregados de significados interagindo entre si, para atender a uma finalidade.
Eis que a própria Ciência é o exemplo mais evidente de Sistemas de Informação
e esta será utilizada como mecanismo de ensino e aprendizado. A partir da Teoria
Geral de Sistemas (TGS), apresentada na unidade anterior, cujo propósito foi
inserir os aspectos científicos iniciais para a organização desse conhecimento,
destacamos a atual Conceituação de Sistemas e sua Classificação (Tópico 1).
Com o domínio desse conhecimento, avançamos para apresentação sobre
Sistemas de Informação (SI) (Tópico 2) e a descrição dos Ciclos de Sistemas
de Informação (Tópico 3). E, por fim, elencamos as Tipologias de Sistemas de
Informação.
A conclusão dessa etapa é essencial para estruturar as bases de todas as
demais aulas. A apropriação desse conhecimento permitirá análises mais qua-
litativas e conhecimento para dar suporte crítico às decisões relativas à prática
de sistemas na gestão pública. Bons Estudos!

Introdução
38 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITUAÇÃO DE SISTEMAS E SUA
CLASSIFICAÇÃO

Caro(a) aluno(a), a atual definição de Sistemas é a união de elementos, concre-


tos e/ou abstratos, interligados e/ou interagindo em um processo de modo a
formar um aparelhamento para fins específicos, de acordo com um plano. Por
isso, diversas ciências sucederam a aplicação desse mesmo modelo para explicar
fenômenos, de acordo com objetivos estruturados. Albuquerque (2011, p. 16)
evidencia, a partir de Stair (1998) e Kenneth Laudon e Jane Laudon (2004), que
o termo “sistema” poderia ser definido como “um conjunto de partes, compo-
nentes, que interagem entre si, de forma ordenada, a fim de atingir um objetivo
comum”. Como exemplos concretos dessa dinâmica, podemos citar os diversos
sistemas, como o sistema respiratório, sistema econômico, sistema jurídico etc.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
39

Em cada um desses exemplos é possível categorizar o sistema, suas par-


tes, ordenamento e objetivo. Nesse sentido, vamos exemplificar de maneira
sucinta, dentro dessa perspectiva de Albuquerque (2011), o Sistema Tributário
Constitucional. Suas partes são impostos, taxas e contribuição de melhoria. O
ordenamento regido dentro desse sistema são os princípios constitucionais da
legalidade, da isonomia, da anterioridade etc. O objetivo desse sistema é regu-
lamentar a atividade tributária.
SISTEMA PARTES ORDENAMENTO OBJETIVO
Os princípios
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Impostos, taxas e constitucionais da Regulamentar a


Sistema Tributário
contribuição de legalidade, da iso- atividade tribu-
Constitucional.
melhoria. nomia, da anteriori- tária.
dade etc.
Quadro 1 - Sistema Tributário Constitucional.
Fonte: adaptado de Albuquerque (2011).

Outra proposta de análise de sistema, ainda de acordo com Albuquerque (2011, p. 17)
seria por meio de um mecanismo que é dividido em partes, sendo denominadas:
“entradas, componentes, saídas e retroalimentação, ou feedback”. Para esse autor, “as
entradas representam tudo o que o sistema precisa para operar” e, necessariamente,
“estes recursos são obtidos externamente” (ALBUQUERQUE, 2011, p. 17), como
no caso de uma indústria, a energia elétrica, recursos humanos, matéria-prima etc.
No caso dos componentes, estes correspondem a procedimentos internos do sis-
tema que são necessários para transformar os elementos de entrada, ou seja, trata-se
do processo de transformação que converte os elementos de entrada, como maté-
ria-prima em produto. Já as saídas estão relacionadas aos resultados que o sistema
entrega ao meio externo, como os produtos acabados ou os serviços prestados etc.
Por fim, a retroalimentação ou feedback representa os tipos de saídas que são
os subsídios referenciais para modificar as entradas e/ou processamento. No caso
da indústria, a alta ou queda nas vendas podem demonstrar as falhas de um pro-
cesso ou o sucesso de uma medida interna. Podemos demonstrar graficamente
um exemplo inspirado nesta estrutura conceitual sobre sistemas apresentada por
Albuquerque (2011, p. 18) em sua adaptação de Kenneth Laudon e Jane Laudon

Conceituação de Sistemas e sua Classificação


40 UNIDADE II

(2004). Veja a produção de refrigerantes exemplificada no modelo a seguir.

Entrada:
Colaboradores, Componentes
Saída:
energia elétrica, do sistema:
Vendas no
água, açúcar, gás Fabricação,
atacado
carbônico, comercialização,
e varejo.
equipamentos marketing etc.
etc.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Feedback: aumento das vendas em bares e restaurantes,
queda nas vendas nos mercados atacadistas.

Figura 1 - Modelo de funcionamento de um Sistema de Gerenciamento de Produção de Refrigerantes


Fonte: adaptado de Albuquerque (2011, p. 18).

Quanto às classificações de Sistemas, diversas definições podem ser encon-


tradas nos referenciais bibliográficos das Ciências Administrativas, mas, para
efeito dos nossos estudos, vamos utilizar apenas duas modalidades principais
de classificação: os Sistemas Abertos e os Sistemas Fechados. Como destaca-
mos anteriormente, esses dois tipos de classificação foram identificados desde
os primórdios da TGS e encontra, da mesma forma, na atualidade, as mesmas
designações. Como afirma Padoveze (1997, p. 36), “[...] os sistemas fechados
não interagem com o ambiente externo, enquanto que os sistemas abertos carac-
terizam-se pela interação com o ambiente externo, suas entidades e variáveis”.
O Sistema Aberto, portanto, corresponde à interação entre a instituição/
organização, a sociedade e o ambiente em que ela atua. Essa relação é constante
e mutável. O Sistema Fechado é independente do meio externo e seu funciona-
mento ocorre a partir da interação entre suas próprias partes.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
41
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Sistemas de Informação (SI) é a designação de um sistema utilizado para proces-


sar dados e gerar informações. O SI pode ser automatizado (computadorizado) ou
manual e o seu processo de funcionamento inclui pessoas (para gerenciamento da
informação), equipamentos, metodologia de coleta, dados, processamento, informa-
ção, transmissão e propagação das informações (resultado dos dados manipulados).
Quando o SI é automatizado, podemos atrelar a essa mesma lógica tecno-
logias da informação e comunicação (software de propósito geral, hardware do
computador) e componentes de telecomunicações (redes e instalações, incluindo
a internet) para efetuar o recolhimento, armazenamento (banco de dados), aná-
lise e distribuição da informação como recurso favorável à tomada de decisões
(OLIVEIRA; VIDOTTI; BENTES, 2015, p. 59).

Sistemas de Informação
42 UNIDADE II

Desde o século XX, mesmo antes das imensas máquinas de cálculos ou a


estruturação de setores apenas destinados a arquivamento de dados (envolvendo
muitas pessoas e, portanto, com maior potencial de erro no seu processamento), e
depois com a popularização dos computadores e o advento da internet, o processo
de sistemas continua sendo integrado e utilizado – primeiro pelos pesquisadores
e depois pelos gestores – com a mesma finalidade, armazenar e processar, seja
qual for o setor de atuação, o bem com maior potencial de desencadear evolu-
ção na instituição/organização, a informação.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O desenvolvimento de SI sofre influência não só em nível organizacional,
mas também se a decisão a ser tomada é estruturada ou não-estruturada.
As decisões estruturadas são utilizadas para resolver problemas recorrentes,
mesmo quando complexos ou simples, envolvendo procedimentos ou re-
gras padronizadas, feitas de acordo com as políticas da organização. Apesar
de restringir a liberdade de decisão, o objetivo é direcionar e, portanto, agili-
zar a tomada de decisões em situações recorrentes, descartando e definindo
alternativas viáveis com base nessas regras. Já as decisões não estruturadas
estão relacionadas ao tratamento de problemas excepcionais, ou seja, não
foram previstos em regras ou procedimentos dentro da organização, justa-
mente em razão de sua excepcionalidade ou mesmo baixa frequência de
ocorrência.
Fonte: Audy, Andrade e Cidral (2005, p. 127).

CICLO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

De acordo com Polloni (2000, p. 29), o SI é composto por três principais com-
ponentes: dados, sistemas de processamento de dados e canal de comunicações.
Confira, a seguir, a descrição de cada item.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
43
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dados:
Dados são considerados fatos isolados de qualquer contextualização, ou seja,
não possuem significado. Na prática, por exemplo, se o SI for estruturado para
o setor de saúde de atenção básica, geralmente de responsabilidade do governo
municipal, os dados podem ser representados pelo total de atendimentos reali-
zados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), datas dos atendimentos realizados,
descrição dos tipos de atendimento (consultas médicas, vacina, exame laborato-
rial) etc. Esses dados são coletados no ambiente onde ocorrem os atendimentos
de saúde e, quando esses dados são inseridos no sistema, representam o pro-
cesso de entrada dos dados.

Ciclo de Sistemas de Informação


44 UNIDADE II

Sistemas de processamento de dados:


Após o processo de entrada dos dados, o “sistema de processamento de dados
manipula (processa) e transforma os dados em conjuntos de informações rele-
vantes” (POLLONI, 2000, p. 30). No SI é possível verificar um panorama sobre
todos os itens (dados) inseridos nesse sistema e visualizar um relatório daquele
mês ou um relatório comparativo com os demais meses do ano. É claro, porém, a
complexidade e a profundidade de informações geradas dependente do modelo
de SI (definição de quais dados serão selecionados para atender a finalidade pro-
posta) ou de ferramentas tecnológicas adotadas pelo setor, temas estes que serão

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apresentados mais adiante.
Retomando as possíveis informações geradas pelo sistema, podemos citar,
por exemplo, os atendimentos realizados em cada UBS ou se em determinada
UBS houve menos atendimentos comparado à quantidade registrada nos meses
anteriores ou mesmo comparado às demais UBSs, ou até se a quantidade total
de um tipo de atendimento se sobrepôs, naquele mês, em relação aos demais.
Esse sistema, que é, por sua vez, um subsistema que compõe o SI, armazena, pro-
cessa e recupera os dados necessários ao funcionamento do SI. Portanto, “trata
[...] do processamento (armazenamento, reparação, reestruturação, classifica-
ção, agregação, reordenação, cálculo) de dados, com a finalidade de aumentar
sua utilidade e, consequentemente, seu valor, transformando-o em informação”
(POLLONI, 2000, p. 30).

Canal de comunicações:
Depois de processados os dados e transformados em informações, o canal de
comunicações fornece os meios de transmissão de informações de um com-
ponente do sistema para outro. Entre os exemplos, podemos citar circulares,
reuniões, correio, impressora, relatórios, terminais de computador, entre outros
(POLLONI, 2000, p.31).
Um SI apropriado para a organização deve atender com celeridade os requi-
sitos essenciais para seu funcionamento e eficácia, como armazenar, processar e
fornecer informações em formato e custos adequados à realidade proposta. Para
isso, é necessário, primeiro, pesquisa e planejamento para identificar os objetivos
de cada SI. A partir de cada objetivo, definir os dados considerados importantes

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
45

a serem processados. Esse levantamento também deve levar em consideração o


tempo ideal para seu processamento, desde a entrada dos dados até a saída da
informação que será utilizada para subsidiar o gerenciamento das atividades da
organização. E, como existe uma finalidade e tempos de resposta necessários a
cada objetivo, o formato de processamento deve estar de acordo com o custo
disponível para o funcionamento e eficácia de cada SI.
De maneira geral, elencamos a seguir algumas orientações básicas para um
SI eficiente, de acordo com as premissas apresentadas por Polloni (2000, p. 31):
■■ Resultar na produção de informações necessárias, confiáveis, em tempo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

hábil, custo adequado, dentro dos requisitos operacionais e gerenciais de


tomada da decisão.
■■ As diretrizes do SI devem assegurar a realização de todos os seus objeti-
vos de maneira direta, rápida, simples e eficiente.
■■ O SI deve estar integrado à estrutura organizacional para auxiliar na
coordenação dos diferentes setores (departamentos, diretorias, divisões)
dentro da organização, além de ser um instrumento de interligação entre
os mesmos.
■■ Manter um fluxo de procedimentos (internos e externos ao processa-
mento) integrado, racional, rápido e com menor custo admissível.
■■ Estruturar e manter dispositivos de controle interno para garantir a con-
fiabilidade das informações de saída e adequada proteção aos dados
controlados pelo SI.
■■ Os SI devem ser simples, rápidos e seguros em sua operação.

Na prática, os Sistemas de Informação fazem parte da rotina de trabalho do ges-


tor e compõem um instrumento de auxílio diário para interpretar a realidade
do seu setor de atuação e a complexidade atrelada a gestão pública como um
todo. As informações concedidas por meio dos sistemas estruturam a tomada
de decisões, permeiam o planejamento de curto, médio e longo prazo e ainda
contribuem diretamente para a administração de todas as atividades. As tipolo-
gias de SI, como estudaremos no próximo tópico, distinguem-se pela finalidade
de cada objetivo proposto.

Ciclo de Sistemas de Informação


46 UNIDADE II

“Há inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes
separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro
lado, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais,
multidimensionais, transnacionais, globais, planetários”.
(Edgar Morin)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TIPOLOGIAS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

A Gestão, foco dos nossos estudos acadêmicos, é a ciência social relacionada a


estudar e sistematizar as práticas utilizadas para gerenciar, direcionar, ou seja,
administrar. Ao aliar Sistemas de Informação à ação administrativa, podemos
instrumentalizar todas as ações gerenciais, sejam de recursos humanos ou finan-
ceiros, de modo a alcançar os objetivos idealizados.
Por isso, até o momento, nosso enfoque tem sido teórico – com exemplos
práticos – e deve se estender nesta fase para identificarmos a principal base
do conhecimento sobre SI e suas diversas aplicações na Gestão. Nesse sentido,
podemos destacar algumas tipologias utilizadas para auxiliar no processo de
tomadas de decisão.
Cada classificação está relacionada à finalidade desse processamento. Como
definem Camargo Júnior e Façanha (2011, p. 224), os Sistemas de Processamento
de Transações (SPT) são considerados os mais simples dos SI. Os SPT são res-
ponsáveis pela coleta de todo e qualquer dado considerado importante que seja
resultado de uma interação entre a organização e o ambiente de negócios ou
mesmo de processos operacionais internos.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
47
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os Sistemas de Informação Gerenciais (SIG), por sua vez, são mais complexos
e “responsáveis pela transformação dos dados obtidos pelos SPT em informa-
ções mais sucintas e consolidadas para acompanhamentos rotineiros e análise
de melhorias em processos pelos gerentes”.
Os autores Camargo Júnior e Façanha (2011, p. 224) evidenciam a tipologia
de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), também apresentados por alguns autores
como Decision Support Systems (DSS), sendo estes responsáveis por apoiar os ges-
tores em tomadas de decisões – estruturadas ou não-estruturadas (ver Saiba Mais)
–, seja qual for a área gerencial. Também é apresentada a tipologia de Sistemas de
Apoio aos Executivos (SAE) que, da mesma forma como o SAD, oferece suporte aos
executivos em análises subsidiadas por meio de informações internas e externas à
organização, buscando interagir com as análises setoriais produzidas internamente.

Tipologias de Sistemas de Informação


48 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossa proposta, nesta unidade, foi apresentar o contexto sobre a atual definição
de Sistemas e sua Classificação. A partir da contribuição das diversas ciências,
discorremos sobre como o conceito foi desenvolvido e, principalmente, destaca-
mos a base da compreensão que envolve o funcionamento de sistemas, em que
as partes constituem o todo.
Basicamente, evidenciamos que Sistemas é a união de elementos, sejam
estes concretos e/ou abstratos, interligados e/ou interagindo em um processo, de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
modo a formar uma estrutura para atender uma finalidade, de acordo com um
plano. Por isso, diversas ciências sucederam à aplicação desse mesmo modelo
para explicar fenômenos, de acordo com objetivos projetados.
Avançamos sobre a aplicação de Sistemas de Informação, um sistema utilizado
para processar dados e gerar informações. Demonstramos que o SI apresenta-se
em diversas modalidades, como automatizado (computadorizado) ou manual e o
seu processo de funcionamento inclui pessoas (para gerenciamento da informa-
ção), equipamentos, metodologia de coleta, dados, processamento, informação,
transmissão e propagação das informações (resultado dos dados manipulados).
A contribuição até o momento foi evidenciar um arquétipo básico de SI e
suas tipologias para compreender que existem modalidades simples e comple-
xas de aplicação, com entradas e saídas, algumas mais e outras menos avançadas
em tecnologia. E como cada classificação está relacionada a uma finalidade de
processamento, na próxima aula nossos objetivos são demonstrar com mais
profundidade as aplicações de SI na Gestão Pública. Avançamos, inclusive, em
uma perspectiva de proposição para o setor público, a partir da perspectiva da
Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI). Siga em frente e ótimos estudos!

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
49

Sistema de Informações Executivas – suas características e reflexões sobre sua


aplicação no processo de gestão.

Ilse Maria Beuren


Luciano Waltrick Martins

A última metade do século XX foi um período em que houve várias invenções que mar-
caram a história da humanidade. Certamente, parte disso é resultante de investimentos
significativos feitos, principalmente, na pesquisa. No âmbito tecnológico, nota-se uma
série de ferramentas inovadoras que impulsionaram muitos setores. Alguns exemplos
práticos são a invenção do satélite e o advento da informática. E, mais recentemente, a
vinda da Internet. São criações que mudaram as organizações nos seus aspectos estru-
tural, funcional, comportamental e de desempenho. Dessa forma, as instituições come-
çaram a valorizar um recurso primordial para sua sobrevivência: a informação. As empre-
sas perceberam que pela gestão da informação tornam-se competitivas, organizadas e
aptas a responder às mudanças exigidas pelo cenário mundial.
Numa perspectiva histórica, os sistemas de informação evoluíram de acordo com as
necessidades organizacionais. Primeiramente, esses sistemas eram desenvolvidos pela
própria empresa, em um local denominado Centro de Processamento de Dados (CPD), e
tinham como objetivo agilizar seus procedimentos internos e departamentos adminis-
trativos, limitavam-se, porém, a processar apenas as operações realizadas diariamente.
Em uma segunda fase, inicia-se o desenvolvimento de automação das linhas de produ-
ção da indústria e a preocupação em gerar sistemas que possibilitem suprir as necessi-
dades de informação de gerentes e executivos, para tomada de decisão.
Em um terceiro momento, já na década de 80, com o surgimento dos microcomputado-
res e das redes locais, nasceram diversas empresas ligadas exclusivamente ao desenvol-
vimento de sistemas de informação e de gerenciamento da tecnologia da informação.
Não demorou muito, essas empresas conseguiram seu lugar no mercado e substituíram,
muitas vezes, o papel antes exercido pelo CPD. As empresas resolveram terceirizar, dimi-
nuindo custos na locação de mainframes e pessoal, socializando os microcomputadores
e seus sistemas pela companhia, e criando uma cultura interna de informática.
Em uma quarta instância, nos anos 90, quando as empresas estavam com seus sistemas
equilibrados e funcionando adequadamente, surge a necessidade de levar a seus clien-
tes e fornecedores os benefícios resultantes da informática, gerando, assim, uma relação
mais íntima e de acesso facilitado. Como exemplo, as integrações on-line com fornece-
50

dores para reposição de estoque, o que possibilitou implementar a metodologia just-in-


-time, e atendimentos bancários eletrônicos, que permitiram a seus clientes acessar e
gerenciar suas contas em diversos locais além da agência, disponíveis 24 horas por dia.
Nos dias atuais, vive-se uma nova transformação. Com a chegada da Internet, as orga-
nizações estão se moldando a mais esta ferramenta. Os benefícios trazidos ainda estão
sendo implementados. Novas formas de negócio e prestação de serviços estão sendo
inventadas. Já existem os conceitos de e-business (negócios pela Internet) e e-commerce
(comércio eletrônico), que revolucionam as tradicionais maneiras de interagir com os
clientes. Caíram, definitivamente, as barreiras geográficas. Novas leis estão sendo cria-
das para legalizar e oficializar transações de compra e venda, defender direitos autorais
e regulamentar impostos. Uma nova era está surgindo.
Na área de desenvolvimento de sistemas de informação, aparece como opção para as
organizações um novo produto denominado ERP – Enterprise Resource Planning ou Pla-
nejamento de Recursos Empresariais, o qual foi concebido para atuar em todos os mo-
mentos do negócio, desde a concepção de um produto, compra de itens, manutenção
de inventário, área orçamentária e financeira, até auxiliar na gestão de recursos huma-
nos, interação com fornecedores e clientes e acompanhar ordens de produção.
Há, também, módulos específicos voltados para gerentes e executivos, nos quais as in-
formações são filtradas e resumidas, indicando tendências e visualizando padrões de
referência para tomada de decisões de cunho estratégico. Encontra-se entre os diversos
tipos de sistemas de informações, o denominado EIS - Executive Information System, o
qual foi traduzido como SIE – Sistema de Informações Executivas. Este tipo de sistema de
informação tem como objetivo primordial ampliar as possibilidades de alternativas para
problemas organizacionais, assim como permitir a exploração das informações disponí-
veis que possibilitem ao gestor traçar novos rumos e comportar-se de maneira proativa
face ao ambiente em que se encontra.
Fonte: Beuren e Martins (2001, p. 7).
51

1. Os Sistemas de Processamento de Transações (SPT) são considerados os mais


simples dos SI. Identifique qual alternativa corresponde á responsabilidade
dos SPT.
a) Pela coleta de todo e qualquer dado mesmo os não considerado importante
que seja resultado de uma interação entre a organização e o ambiente de ne-
gócios, ou mesmo de processos operacionais internos.
b) Pela coleta de todo e qualquer dado considerado importante que não, neces-
sariamente, seja resultado de uma interação entre a organização e o ambiente
de negócios, ou mesmo de processos operacionais internos.
c) Pela coleta de todo e qualquer dado considerado importante que seja resulta-
do de uma interação entre a organização e o ambiente de negócios, ou mes-
mo de processos operacionais internos.
d) Pela coleta de poucos dados – específicos – que sejam resultado de uma inte-
ração entre a organização e o ambiente de negócios, ou mesmo de processos
operacionais internos.
e) Pela coleta de todo e qualquer dado considerado importante que seja resul-
tado de uma interação entre a organização e o ambiente de negócios, ou seja,
somente de processos operacionais externos.
2. Sobre a atual definição de Sistemas, escolha as alternativas verdadeiras que cor-
respondem a sua conceituação:
I- Sistemas é a união de elementos, concretos e/ou abstratos, interligados e/ou
interagindo em um processo de modo a formar um aparelhamento para fins
específicos, de acordo com um plano.
II- O termo “sistema” poderia ser definido como “um conjunto de partes, compo-
nentes, que interagem entre si, de forma ordenada, a fim de atingir um obje-
tivo comum”.
III- Não são exemplos concretos dessa dinâmica os diversos sistemas, como o sis-
tema respiratório, sistema econômico, sistema jurídico etc.
IV- É possível categorizar o sistema, suas partes, ordenamento e objetivo.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I, II e IV estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) I, II, III e IV.
52

3. O Sistema de Informação (SI) é a designação de um sistema utilizado para pro-


cessar dados e gerar informações. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
I- O SI pode ser automatizado (computadorizado) ou manual.
II- O processo de funcionamento inclui pessoas, equipamentos, metodologia de
coleta, dados, processamento, informação, transmissão e propagação das in-
formações.
III- O SI automatizado inclui tecnologias da informação e comunicação.
( ) Afirmação 1.
( ) Afirmação 2.
( ) Afirmação 3.
Assinale a alternativa correta.
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
4. De acordo com Polloni (2000, p. 29), um Sistema de Informação é composto por
três principais componentes: dados, sistemas de processamento de dados e ca-
nal de comunicações. Nesse sentido, escolha a alternativa relacionado ao
significado de dados.
a) São considerados fatos interligados de qualquer contextualização, ou seja, não
possuem significado.
b) São considerados fatos isolados de qualquer contextualização, ou seja, não
possuem significado.
c) São considerados fatos isolados dentro de determinada contextualização, ou
seja, não possuem significado.
d) São considerados fatos isolados de qualquer contextualização, ou seja, pos-
suem significado por si só.
e) São considerados fatos interligados dentro de um contexto, ou seja, conce-
dem significado.
53

5. Escolha as alternativas que correspondem a um Sistema de Informação eficiente,


de acordo com as premissas apresentadas por Polloni (2000, p. 31):
I- Resultar na produção de informações necessárias, confiáveis, em tempo hábil,
custo adequado, dentro dos requisitos operacionais e gerenciais de tomada
da decisão.
II- As diretrizes do SI devem assegurar a realização de todos os seus objetivos de
maneira direta, rápida, simples e eficiente.
III- O SI deve estar integrado à estrutura organizacional para auxiliar na coorde-
nação dos diferentes setores (departamentos, diretorias, divisões) dentro da
organização, além de ser um instrumento de interligação entre eles.
IV- Manter um fluxo de procedimentos (internos e externos ao processamento)
integrado, racional, rápido e com menor custo admissível. Os SI devem ser
simples, rápidos e seguros em sua operação.
Assinale a alternativa correta.
a) I, II, III e IV estão corretas.
b) Apenas I, II e IV estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas III está correta.
e) Apenas I e II estão corretas.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Administrando Sistemas de Informação


Enrico G.F. Polloni
Editora: Futura
Sinopse: o livro apresenta um conceito muito importante para qualquer
profissional de processamento de dados: a natureza da informação dentro
da organização e sua estrutura para que os sistemas automatizados possam
atender às reais necessidades do meio, como ferramenta para manipulação
do conhecimento especializado dentro da empresa, estratégica para seu
sucesso operacional e administrativo.

Startup.com (2001)
Sinopse: quem nunca imaginou ser dono do seu próprio negócio ou criar
algo novo que facilitaria a vida das pessoas? Pois esse filme relata a inovação
dos amigos Kaleil Isaza Tuzman e Tom Herman em criar um sistema que
revolucionaria o processo de multas de trânsito das prefeituras, o GovWorks.
com. Startup.com é um documentário norte-americano estreado em 25 de
maio 2001 e foi dirigido por Chris Hegedus e Jehane Noujaim. Startup.com
acompanha a criação e a falência da empresa GovWorks.com durante os
anos de 1999 e 2000.

O SAO – Sistema de Apoio à Ong´s – é uma ferramenta totalmente online, que tem o objetivo
de atender as rotinas do terceiro setor, apoiando os gestores em planejamentos e análises de
decisões estratégicas por meio de painéis e relatórios. Exemplo de sistema de informação.
Dispomível em: <http://www.saosistemas.org.br>
55
REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, J. C. M. Sistemas de informação e comunicação no setor públi-


co. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; [Brasília] CA-
PES: UAB, 2011.
AUDY, J. L. N.; ANDRADE, G. K.; CIDRAL, A. Fundamentos de Sistemas de Informa-
ção. Porto Alegre: Bookman, 2005.
BEUREN, I. M.; MARTINS, L. W. Sistema de Informações Executivas: suas característi-
cas e reflexões sobre sua aplicação no processo de Gestão. Revista Contabilidade
& Finanças FIPECAFI - FEA - USP, São Paulo, v. 15, n. 26, p. 6-24, maio/ago., 2001.
Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rcf/article/download/34053/36785>.
Acesso em: 21 fev. 2018.
BORBA, F. S. et al. Dicionário Unesp de Português Contemporâneo. São Paulo:
Unesp, 2004.
CAMARGO JÚNIOR, A. S.; FAÇANHA, S. L. O. Sistemas de apoio à decisão. In: SIN OIH
YU, A. (coord). Tomada de decisões nas organizações: uma visão multidisciplinar.
São Paulo: Saraiva, 2011.
LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de Informação. Rio de Janeiro: Livros Técni-
cos e Científicos, 2004.
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradu-
ção Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
OLIVEIRA, H. P. C.; VIDOTTI, S. A. B. G.; BENTES, V. Arquitetura da Informação Perva-
siva. São Paulo: Unesp, 2015.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque e sistemas de informação
contábil. São Paulo: Atlas, 1997.
POLLONI, E. G. F. Administrando Sistema de Informação. São Paulo: Futura, 2000.
GABARITO

1. C.
2. A.
3. E.
4. B.
5. A.
Professora Me. Lilian Chirnev

III
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

UNIDADE
APLICADO À GESTÃO
PÚBLICA

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a aplicação de sistemas de informações na gestão
pública.
■■ Assimilar a importância da pesquisa na perspectiva de sistemas.
■■ Conhecer o processo de implantação de sistemas.
■■ Apropriar-se da evolução da arquitetura de dados.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Sistemas de Informação para Gestão Pública
■■ Pesquisa e Sistemas
■■ Processo de implantação de sistemas
■■ Arquitetura de Sistemas de Informação - ASI
59

INTRODUÇÃO

Olá aluno(a)! Relembrando nossas discussões anteriores, iniciamos nossos


estudos com as premissas relacionadas à Teoria Geral de Sistemas (TGS), ao pen-
samento sistêmico, a importância de sua utilização na gestão pública, evoluindo
para definição do conceito de Sistemas de Informação e um arquétipo básico de
suas tipologias para compreender que existem modalidades simples de aplica-
ção, com entradas e saídas, mas avançadas também em tecnologia.
Nesta unidade, nosso enfoque é aprofundar nossas discussões sobre as diver-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sas aplicações de SI, evidenciando que a finalidade de sua implementação é na


Gestão Pública e com intuito de melhorar os processos administrativos, otimi-
zando o desempenho dos serviços públicos, com controle mais efetivo dos gastos
públicos, aprimorando a qualidade dos atendimentos à população.
Descreveremos quais os principais SIs e suas finalidades de aplicação na
gestão pública, bem como a integração de sistemas de informação, processos
de negociação, tecnologias e usuários, a partir da perspectiva da Arquitetura de
Sistemas de Informação (ASI), enquanto premissa de integração de demandas
e de superação de dificuldades peculiares aos SIs no setor público.
Mais uma vez, a visão sistêmica está impregnada em cada um dos elementos
expostos, no sentido de integração de todos os elementos para proporcionar o
aperfeiçoamento necessário ao atendimento das necessidades, seja na conceituação
dos termos, no propósito do efeito de seu planejamento ou mesmo na proposta
de execução de ações voltadas aos sistemas de informações na área pública.
Para complementar seus estudos, ainda dispomos de todos os materiais
complementares, porque esses espaços didáticos foram estruturados para serem
essenciais ao aperfeiçoamento do seu aprendizado. Fique atento a cada conteúdo
apresentado, visto que em tudo estão as oportunidades de possíveis aplicações
na gestão pública. Ótimos estudos!

Introdução
60 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO PARA GESTÃO PÚBLICA

Conhecido na literatura norte-americana como Management Information Systems


(MIS), os Sistemas de Informação Gerencial (SIG), como explica Chiavenato
(2003, p. 429), constituem sistemas computacionais capazes de proporcionar
informações como matéria-prima para todos os processos de tomadas de deci-
sões feitas pelos participantes tomadores de decisão dentro da organização.
Os SIG são formados por uma combinação de sistemas de computação, pro-
cedimentos, pessoas e ainda tem como base um banco de dados (um sistema de
arquivos interligados e integrados) e pode ser aplicado à gestão/administração
sob diversas modalidades. Nosso objetivo é apresentar o modelo mais recorrente,
geralmente implementado com a finalidade de aprimorar o processo de gestão,
seja com o intuito de melhorar o desempenho gerencial ou mesmo garantir o
cumprimento de objetivos estruturados.
É importante salientar que o gestor, por ocasião da sua demanda – seja esta a
implantação ou mesmo o aperfeiçoamento do um sistema já implantado – deve,
necessariamente, consultar um profissional de sistemas de informação para aten-
der à finalidade proposta. Este profissional pode ser um funcionário/servidor
da organização/instituição ou mesmo um consultor externo a ser contratado.
Para efeito dos nossos estudos, porém, vamos apresentar o que, na rotina de gestão

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


61

pública, é mais recorrente de aplicação de SI, geralmente identificado nos setores


envolvidos em processos de transações e de gerenciamento. Dessa forma, atrelamos
a este contexto o processo de tomada de decisões. De acordo com Sanches (1997, p.
69), essa atividade é exercida na dinâmica da rotina de trabalho, submetido a pres-
sões relacionadas ao ambiente público, em que o monitoramento das atividades é
essencial para tomada de decisões ou mesmo a avaliação de desempenho, justamente
para efeito comparativo de sucesso ou não das decisões anteriores implementadas.
Segundo o especialista Sanches (1997, p. 69), os ingredientes básicos para
ambas as atividades (tomada de decisão e avaliação da decisão tomada) são infor-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mação, preferências do decisor e intuição. A informação está relacionada à sua


disponibilidade para gerar o conhecimento (histórico, factual e prospectivo)
necessário ao processo de decisão e/ou avaliação. No que se refere às preferên-
cias do decisor, o processo de decisão inclui, além da informação, as experiências
vivenciadas do decisor. Geralmente, sua escolha está pautada também nas suas
referências de sucesso do passado. Quanto à intuição, esta engloba a informa-
ção e as preferências e, ainda, a “ação do lado criativo da mente – aquilo que De
Bonno (1970) chama de pensamento lateral –, por constituir a intuição uma qua-
lidade essencial aos bons decisores”(SANCHES, 1997, p. 69).
Como alerta Sanches (1997, p. 69), nem sempre o decisor possui todas as
informações necessárias para sua tomada de decisão; então, mesmo exercendo
seus julgamentos e seguindo sua intuição, é necessário atenção aos cinco está-
gios que caracterizam às tomadas de decisões, sendo: i) anúncio do problema
e significado daquele contexto; ii) pesquisa sobre as possíveis alternativas para
sanar o problema identificado; iii) pensar quais podem ser as possíveis conse-
quências de cada alternativa pensada para resolver o problema; iv) da mesma
forma, determinar os possíveis resultados a partir de cada alternativa; v) definir
a melhor alternativa sob a perspectiva de todo o curso de execução.
Apesar do ‘passo a passo’ descrito, outros fatores estão embasados no processo
de tomada de decisão e de avaliação da decisão, como a qualidade das informa-
ções concedidas ao decisor ou ao grupo de decisores, da capacidade deste (ou
destes) de interpretar de maneira correta as informações fornecidas e até a sua
capacidade (as suas capacidades) em aliar a sua experiência a cada alternativa
pensada para resolver o problema e seus possíveis efeitos.

Sistemas de Informação para Gestão Pública


62 UNIDADE III

Nas organizações públicas, outras dificuldades se impõem, por exemplo


exemplo, as decisões e avaliações ocorrem de modo mais fragmentado, por-
tanto, mais lento se comparado à área privada, seguindo premissas inerentes
à burocracia presente na administração pública, em que as decisões em geral
estão submetidas a vários departamentos e procedimentos. Por isso, um sistema
de informações de apoio à decisão, seja nas áreas de planejamento ou controle
operacional, pode antecipar problemas, agilizar processos e evitar agravantes
gerados por eventuais prejuízos.
Sanches (1997, p. 71) afirma que as áreas com maior demanda de decisões

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
críticas, ou seja, decisões a partir de demandas não estruturadas e com caráter
estratégico, são as administrativas, operacionais e de resultados. Nesses setores, o
risco é constante em relação a uma decisão errada provocar prejuízos irreparáveis
e até danos ao objetivo final proposto pelos colaboradores da organização. Este é
o argumento pelo qual se justifica a necessidade de implantação de sistemas de
apoio às decisões e/ou sistema de informação gerencial, sendo representado pela
implantação de um SIG, com a finalidade de proporcionar informações selecio-
nadas disponíveis, estruturadas de acordo com seu ambiente operacional e com
as obrigações dos decisores.
Os sistemas de informação gerencial têm assumido utilidade crescente
também pelo seu potencial para fundamentar o planejamento - em todas
as suas etapas -, para dar consistência às ações políticas (pelo fato de as
organizações modernas tenderem à complexidade em decorrência das
novas tecnologias e demandas do ambiente), para apoiar o exercício de
novas atribuições pelas gerências do setor público (cujas responsabilida-
des passaram a englobar preocupações com qualidade e produtividade)
e para ordenar de forma integrada o volume crescente de informações
tomado disponível na sociedade moderna (SANCHES, 1997, p. 70).

A importância dos sistemas de informações se justificam também por essa rela-


ção de estruturar modelos de separação de informações que são realmente
relevantes e de acordo com a atividade desempenhada, a partir do referencial
do trabalho desempenhado, armazenando somente os dados selecionados, evi-
tando interpretações erradas e, por consequência, reduzindo o potencial de erro
da tomada de decisão.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


63

E por onde começar? Como identificar a real necessidade ou não da implanta-


ção de um SI? Essas e outras questões serão apresentadas nas nossas subunidades
a seguir. Antecipamos, porém, que é o perfil do problema identificado que vai
direcionar suas decisões. Confira!

O universo está repleto de situações mágicas esperando pacientemente


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que o nosso espírito se torne mais perspicaz.


(Eden Phillpotts)

PESQUISA E SISTEMAS

Para atender à complexidade da administração pública, os gestores precisam de


instrumentos, métodos e técnicas eficientes para executar suas funções de tra-
balho. Os dados a serem interpretados e as respostas alcançadas nesse processo
estruturam o planejamento e a administração das atividades e competências de
projetos, programas ou o todo de determinada organização/instituição pública.
Por isso, a estruturação de um sistema de informação aplicado à gestão
pública nem sempre é necessário; por vezes, uma pesquisa supre a demanda
identificada. O ponto de partida para alcançar a decisão sobre a necessidade
ou não de implantação de um SI é a demanda por informações. Se há um ques-
tionamento específico a ser respondido no setor ou na organização como um
todo e, depois de gerada a resposta ou geradas as respostas, esta ou estas, ali-
cerçar outras novas questões, o indicativo é de viabilidade para estruturar um
banco de dados da própria da organização, como os Sistemas de Processamento
de Transações (SPT) e, dessa forma, nos sistemas mais avançados, compor um
Sistemas de Informação Gerenciais (SIG).

Pesquisa e Sistemas
64 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como afirmam Beuren e Martins (2001, p. 8), a ampla literatura sobre siste-
mas de informações contempla, em sua maioria, obras dedicadas aos sistemas
de informações nas áreas transacionais e gerenciais. No segmento transacional,
os sistemas de informações têm o objetivo de concretizar e armazenar as opera-
ções realizadas na organização. O pagamento de um boleto (parcela) do carnê
do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por exemplo, representa uma
transação. São os SPT responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado consi-
derado importante que seja resultado dessa interação entre a organização e o
‘ambiente de negócios’, ou mesmo de processos operacionais internos.
Os dados, basicamente, podem ser classificados como fatos e estatísticas,
porém, dependendo da pergunta a ser respondida, eles também podem ser
obtidos por meio de pesquisa. Um exemplo é a recorrente ausência de crianças
em escolas municipais do ensino fundamental no período da tarde. No SPT, os
dados demonstram estatisticamente ha falta na aula, mas os dados por si não
revelam a causa. De maneira comparativa, os dados apresentaram uma cres-
cente de falta de apenas um mês para o outro. As séries em que as ausências

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


65

estão ocorrendo, no entanto, não são as mesmas. Uma forma de descobrir o que
causou essa mudança pode ser uma reunião com os pais dos alunos. Em uma
conversa, que é um modelo de pesquisa, questões são feitas para entender as
causas relacionadas ao efeito.
Nesse caso citado, não é necessário estruturar, a princípio, um novo banco de
dados ou implantar sistemas de informações. A pesquisa pode ser uma alternativa
para responder ao problema identificado. A caracterização do problema é feita
em forma de pergunta, ou seja, a pesquisa responde qual é a razão do aumento
da ausência desses alunos em sala de aula somente naquela escola.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Este é um caso em que a pesquisa, como ferramenta esporádica, pode fazer


avaliações de curto prazo, sem a necessidade de alterar o SPT ou SGI já em uso,
ou mesmo implantar novos sistemas de informações apenas para responder a
uma questão. Entretanto, se, com a pesquisa, novas questões forem geradas, por
exemplo, a partir das entrevistas foi constatado que os resultados são diversos
e existe uma correlação entre as ausências em outras unidades escolares, esse
padrão relacionado às faltas pode indicar sim a necessidade de aplicar a pes-
quisa de maneira contínua, em razão desta ser uma demanda de investigação
mais complexa e caso de determinação em longo prazo.
A pesquisa, portanto, pode ser definida como o interesse planejado em obter
conhecimento para direcionar as decisões administrativas, determinando ade-
quações, oportunidades, tendências, antevendo adversidades e até impulsionando
novas atuações. A pesquisa deve ser desenvolvida a partir de fontes confiáveis
interna e/ou externa. Uma fonte de pesquisa interna pode ser desde os servido-
res atuantes em determinado setor ou os usuários do serviço público. As fontes
externas de pesquisa podem ser outros órgãos governamentais, institutos de pes-
quisa especializados, instituições de ensino etc.
Os dados também podem ser classificados como primários e secundários.
Os considerados primários são os coletados durante a execução da pesquisa,
direto com o objeto da pesquisa, apurados pela primeira vez. Os dados secundá-
rios são os que já estão publicados e disponíveis, coletados a partir do resultado
de uma pesquisa anteriormente realizada (KOTLER, 2007).
Portanto, os dados dispersos não produzem nenhuma informação. A organi-
zação dos dados que respondem às questões geradas caracteriza a informação. Nesse

Pesquisa e Sistemas
66 UNIDADE III

sentido, são os dados primários e secundários, coletados de fontes internas e exter-


nas que, após organizados e analisados, podem vir a estruturar um banco de dados
próprio da organização e, dessa forma, compor um SIG integrado a organização.

PESQUISA E PROSPECÇÃO
Os SIs podem oferecer subsídio permanente para realização de pesquisa e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
prospecção, aglutinando os estudos comprometidos em obter informações
a respeito de futuros acontecimentos para subsidiar as decisões no presen-
te. A utilização de sistemas de informações, como suporte prospectivo e
estratégico, fornece subsídios para a tomada de decisão e reduz a possibili-
dade de erros quando é necessário dar respostas estruturadas para projetar
ações e identificar os possíveis efeitos de curto, médio e longo prazo.
Fonte: Coelho (2003).

PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS

Com a decisão de implantação de um sistema ou um SIG, no caso de nossos


estudos, a organização ingressa no processo de desenvolvimento e implan-
tação deste, sucedendo, então, todos os processos a serem respeitados e
seguidos para obter-se sucesso em sua implantação. O desenvolvimento de
sistemas requer a criação de novos programas ou adaptar as mudanças a um
programa já existente.
Conforme Stair (1998), o desenvolvimento do sistema deve incluir a partici-
pação de todos os profissionais do setor ou mesmo da organização – dependendo
do sistema a ser implantado – porque este sistema será utilizado para controle
das atividades de rotina e até para tomada de decisões. Além disso, o profissio-
nal de cada setor ou no desempenho de suas atribuições profissionais, conhece
com profundidade sua realidade de trabalho e pode contribuir e muito para o
aperfeiçoamento do sistema a ser implantado.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


67
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Stair (1998) explica que o processo de planejamento para implantação de sistemas


de informações, utilizado na maioria das empresas, segue cinco fases. A primeira é
a avaliação, seguido de análise, depois a estruturação do projeto, a implementação
do sistema e manutenção e, por último, a revisão. Esse procedimento atribuído
em etapas é essencial por causa da necessidade da implementação ser institu-
ída dentro de prazos estipulados para construção do projeto, identificando em
tempo hábil as modificações e correções necessárias, bem como identificar na
aceitação dos usuários medidas mais viáveis de sua execução e funcionamento.
No caso de mudanças mais significativas no sistema durante essas fases, sendo
feitas as revisões e avaliações, confrontando os problemas e as possíveis soluções,
as ações de correções indicadas podem até serem inviabilizadas dependendo do
agravante identificado. Por exemplo, os usuários não conseguirem manipular os
dados ou mesmo não atender às metas estipuladas de geração de dados e infor-
mações. Nesse caso, um novo projeto de SIG pode ser a opção mais adequada.

Processo de Implantação de Sistemas


68 UNIDADE III

Lembrando que o SIG é constituído de equipamentos, pessoas, processo de


coleta de dados, classificação, análise e posterior distribuição de informações que
sejam necessárias, precisas e também atualizadas, para municiar os responsáveis
pela tomada de decisões (KOTLER, 2007). É importante enfatizar que o ciclo de
funcionamento do SIG começa e termina com os usuários das informações, ou
seja, os gestores, colaboradores e público atendido pela organização. São eles a
fazer os questionamentos que impulsionam novas pesquisas e cujas respostas,
que findam o ciclo do sistema, retornam a eles para contribuir com a tomada de
determinada decisão (KOTLER, 2007).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para modelar o sistema de classificação e análise, o mais indicado é recorrer
ao uso de tecnologias de informação. Existem inúmeras ferramentas de software
para o desenvolvimento de modelos, tanto livres quanto comerciais (KOTLER,
2007). A decisão sobre qual modelo é o mais adequado depende do tamanho
da organização, da quantidade de recurso disponível para investimento, pes-
soal habilitado para manipular os dados, nível de complexidade do sistema, a
frequência de demandas por informações, enfim, todos esses fatores devem ser
levados em consideração.
E como afirmado anteriormente, o ideal é consultar um profissional de
sistemas de informação para tomar a decisão mais adequada e garantir o aper-
feiçoamento necessário para manutenção e alimentação (com dados) do SIG.
Além disso, o quesito comportamento humano deve ser levado em considera-
ção na implantação dos sistemas de informações. É normal qualquer mudança
implicar em reações adversas no ambiente de trabalho.
O comportamento dos colaboradores, seja no sentido de rejeitar a nova fer-
ramenta de trabalho ou de contribuir para efetivação do projeto idealizado, devem
ser observados. De acordo com Cruz (1998), os colaboradores estão suscetíveis
a quatro estágios de comportamentos distintos em relação ao novo sistema. Um
deles é o estágio de rejeição, no qual o indivíduo não aceitou a mudança na forma
de trabalho e, portanto, não percebeu as vantagens proporcionadas pelo sistema.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


69

Outro estágio pode ser o de boicote, sendo a rejeição o gatilho negativo para
trabalhar com o sistema, utilizando-o de maneira errada para alterar o resultado
projetado. Após o boicote, os colaboradores iniciam a percepção dos benefícios
gerados pelas mudanças, o que não, necessariamente, significa sucesso do novo
empreendimento. Ainda é necessário o estágio de cooperação: mesmo passados
os estágios de obstáculos, um monitoramento contínuo garante a manutenção
e progresso do uso do SIG.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ARQUITETURA DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - ASI

Caro(a) aluno(a)! Nesta subunidade, avançamos nos nossos estudos sobre


SI, mas sob o viés da Tecnologia da Informação (TI). Essa discussão faz-se
necessária em razão da amplitude que envolve a utilização de Sistemas de
Informações (SIs) e, em especial, como afirmam Tait e Pacheco (1999), por
causa dos modelos tradicionais de administração de informática que foram
elaborados contemplando a iniciativa privada e não incluem aspectos especí-
ficos do setor público. Por isso, nossa preocupação em delinear as dificuldades
encontradas no setor público na área da informática. Uma delas refere-se, mui-
tas vezes, às condições estruturais precárias disponibilizadas na administração
pública como ferramentas ultrapassadas em termos tecnológicos. Outra parti-
cularidade é que o setor de sistemas de informações está inserido no contexto
de processos políticos de tomada de decisão, ou seja, submetidos às decisões que
nem sempre levam em consideração as informações demonstradas no sistema.
A criação e/ou a manutenção de sistemas de informações na administração pública

Arquitetura de Sistemas de Informação - ASI


70 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
convive também com maior rigidez dentro da estrutura organizacional, enfren-
tando, muitas vezes, escassez de recursos humanos e financeiros. Tait e Pacheco
(1999) chamam a atenção para outro inconveniente, a descontinuidade admi-
nistrativa a cada quatro anos, ou seja, convivendo a cada troca de governantes
com uma nova forma de pensar o setor de sistemas de informações. Em alguns
casos, novas demandas podem implicar em novos sistemas ou o aperfeiçoa-
mento dos mesmos e, em situações mais limitantes, até a inviabilização do setor.
Em contrapartida, existem gestores públicos que, conscientes dessas situa-
ções adversas e atentos às novas exigências de uso, tratamento e disseminação
da informação, podem propor a implementação de uma Arquitetura de Sistemas
de Informação (ASI), interligando todos os sistemas (seja de controle de ativi-
dades, de tomada de decisão, de controle gerencial, de atendimento à população
etc.) e viabilizando sua manutenção e aperfeiçoamento constante.
O termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceituação mais
abrangente sobre a arquitetura de dados; antes relacionada somente ao processa-
mento de dados na rotina de atividades de determinada organização, evoluiu para
os atuais sistemas de informações que dão conta de gerar informação e conhe-
cimento, incluindo, nesse processamento, uma visão organizacional integrada,
abrangendo a perspectiva de negócios públicos, da tecnologia disponível e dos
usuários internos (colaboradores) e externos (população) envolvidos (TAIT et
al., 1998, apud TAIT; PACHECO, 1999).

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


71

Dentro desse contexto e no decorrer da evolução do uso dos SIs, foram acres-
centadas à necessidade de seu planejamento a integração com a tecnologia de
informação e o envolvimento no ambiente organizacional, bem como a tecnolo-
gia de informação e negócios, modificando a visão dos sistemas de informações
de processador de tarefas rotineiras para uma posição de arma estratégica nas
organizações.
A ASI é a alternativa ao enfrentamento de problemas existentes, tais como
descritos, em sua amplitude, por Tait e Pacheco (1999), e podem ser agrupados
em três eixos: questões institucionais, questões ligadas aos SI e questões ligadas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

à cultura organizacional. Outros itens podem ser acrescidos na descrição dos


autores quanto aos problemas enfrentados, e neste espaço apenas alguns serão
citados, tais como:
■■ não integração dos SI com negócios da empresa e falta de pessoal qua-
lificado para planejamento de SI (TAIT, 1994 apud TAIT; PACHECO,
1999, p. 10);
■■ metodologias inadequadas de planejamento;
■■ SI subutilizados e não atendimento das necessidades dos usuários;
■■ fornecimento de dados inseguros e incompletos (LAUDON, K.; LAUDON,
J., 1996 apud TAIT; PACHECO, 1999, p. 10);
■■ não uso da informação para o processo decisório por parte de adminis-
tradores públicos;
■■ falta de integração dos SI;
■■ redundância de SI e informações;
■■ ausência de SI de apoio à decisão;
■■ SI abandonados/modificados/indefinidos por mudança de gestão e con-
sequente mudança de prioridade de governo;
■■ resistência de funcionários ligados aos mainframes com a mudança para
plataforma cliente servidor;
■■ influências políticas;
■■ desconfiança nos novos gestores e não observância da cultura organizacional.

Arquitetura de Sistemas de Informação - ASI


72 UNIDADE III

A partir do quadro de problemas tanto a nível geral de SI como específico


do setor público, torna-se premente a elaboração de uma ASI para poder via-
bilizar a adequada gestão da informação no setor público, adotando como base
as questões institucionais e de cultura organizacional, que sustentam as ativida-
des ligadas aos desenvolvimento e implantação de SI (TAIT; PACHECO, 1999).
Uma arquitetura de sistemas de informação (ASI) pode ser compreendida
como o estabelecimento de um conjunto de elementos, cuja finalidade é pro-
porcionar um mapeamento da organização, no que se refere aos elementos
envolvidos com o processo de desenvolvimento e implementação de um SI. Esta

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
arquitetura de SI, de acordo com Tait e Pacheco (1999), engloba desde os aspec-
tos organizacionais (estrutura, objetivos, missão e metas), os negócios públicos,
os SIs, a tecnologia disponível (configuradas como redes, software e hardware,
telecomunicações etc.) e também os usuários envolvidos (desenvolvedores, ope-
racionais e gerenciais).
No entanto, essa estruturação deve considerar quais as questões específi-
cas de cada organização, observando realmente quais são imprescindíveis para
a organização, seja para a identificação de barreiras ou mesmo de oportunida-
des na implantação de um modelo de ASI.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICADO À GESTÃO PÚBLICA


73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a)! Encerramos aspectos mais técnicos relacionados ao contexto


dos sistemas de informações e de sua aplicação na gestão pública. Elencamos as
dificuldades existentes no setor público, identificando os problemas enfrentados
pelos gestores e profissionais de sistemas de informações, descrevendo os desa-
fios de implementar um sistema ou aperfeiçoar um já existente.
Inserimos em nossos estudos, também, a existência de ferramentas com-
plementares para alimentação dos sistemas de informações, como a prática de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pesquisa pontuais e/ou contínuas. A alternativa é para suprir a demanda por


respostas para determinado problema e, caso seja gerada novas perguntas a par-
tir das primeiras respostas, a indicação é para criação de banco de dados com a
implementação de constantes pesquisas para aperfeiçoamento das informações
geradas pelo sistema.
Por último, apresentamos a evolução da arquitetura de dados, interligando
a esse avanço a necessidade de atendimento das atuais demandas da gestão
pública, em especial de integração dos sistemas de informações, com geração
de informações mais qualitativas, porque inclui, nesse processo, à perspectiva de
negócios, a tecnologia disponível e os usuários internos (colaboradores) e exter-
nos (população) envolvidos.
O termo relacionado às novas exigências de uso, tratamento e disseminação
da informação, é a Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI). A implemen-
tação de uma proposta de ASI na gestão pública é a oportunidade de reduzir os
danos causados pela realidade da gestão pública, suscetível aos reflexos da política
governamental, da influência de políticas de curto prazo, até mesmo da ausência
de capacidade gerencial para lidar com sistemas de informações.
Nossa proposta para a próxima unidade é contextualizar as mudanças ocor-
ridas nas últimas décadas na administração pública, evidenciando a razão pela
qual os sistemas de informações, as tecnologias de informação e comunicação
são tão essenciais a gestão pública. Bons estudos!

Considerações Finais
74

Implantação de sistema de informação em uma organização pública: um estudo de caso


no Tribunal de Contas de Sergipe
Autoria: Tiago Araujo de Souza, Maria Conceição Melo Silva

[...] Cinco regras para o desenvolvimento de um bom projeto de SI


Na literatura que trata da implementação de tecnologias da informação, destacam-se
quatro correntes: a política, a do processo de mudança, a de difusão da inovação tec-
nológica e a corrente dos fatores de sucesso (KWON; ZMUD, 1987 apud CASTELLANI,
REINHARD; ZWICKER, 1999).
A corrente dos fatores de sucesso, da qual mais se aproxima o presente estudo, determi-
na que fatores como o envolvimento da alta gerência nos esforços de implementação, a
qualidade do projeto técnico e a presença de usuários motivados e capacitados influen-
ciam e contribuem para o sucesso do projeto. As cinco normas para o desenvolvimento
de um bom projeto de sistemas de informações administrativas elencadas por Stoner
(1985) podem, seguramente, ser aplicadas ao desenvolvimento de qualquer outro tipo
de sistema de informação. São as seguintes:
• incluir o usuário na equipe do projeto, pois é o usuário quem sabe qual informação
é necessária, quando e como ela deverá ser usada. Os especialistas em informação
são apenas fabricantes de ferramentas (DRUCKER, 1998), são os usuários que têm
de decidir quais informações usar, para que e como;
• comparar os custos do sistema em termo de tempo e dinheiro para que não seja
instalado um sistema excessivamente caro;
• preferir o interesse e a seletividade à mera quantidade para que sejam fornecidas
informações suficientes para a tomada de decisão, mas nunca em excesso ou sem
utilidade;
• testar previamente o sistema antes de sua instalação para eliminar possíveis falhas
de programação;
• dar treinamento e documentação por escrito apropriados aos operadores e usuá-
rios do sistema. O usuário precisa saber como o sistema funciona para poder con-
trolá-lo ao invés de ser controlado por ele.
Walton (1998) descreve uma pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Techno-
logy (MIT) em cinco empresas montadoras norte-americanas procurando estabelecer
relações entre mudanças tecnológicas, mudanças organizacionais e a produtividade das
empresas. Foi observado que as empresas onde a implantação de novas tecnologias
era combinada com mudanças organizacionais (mecanismos de participação, padrões
flexíveis de alocação de pessoal, múltiplas habilidades, grupos para soluções de proble-
mas de qualidade e políticas similares) superaram significativamente em desempenho
aquelas que investiram em tecnologia mas mantiveram a organização tradicional.
75

Walton destaca que, apesar das conclusões terem sido obtidas de uma amostra muito
pequena de um tipo específico de fábrica, muitos administradores e outros observado-
res familiarizados com a indústria, acreditam que elas refletem um padrão global.
Tal evidência sendo aceita, é possível considerar que, se os aspectos organizacionais não
receberem a devida atenção, podem surgir sintomas como: pouca vontade de cooperar
e recusa por parte do usuário de participar no projeto e no funcionamento do sistema,
ocorrência de sabotagens resultantes do baixo moral entre os empregados, e a produ-
ção de resultados desapontadores devido a não realização do potencial do sistema.
Isso tudo leva a crer que:
[...] a eficácia na implementação depende crucialmente de (1) gestão
adequada (alinhamento entre estratégias de negócios, tecnologia e or-
ganização); (2) alto comprometimento organizacional, suporte dos líde-
res e aceitação do sistema; e (3) forte competência, em geral, e domínio
dos usuários em particular (WALTON,1998,197).
[...] - Fatores de resistência à implantação de um sistema de informação.
Dickson & Simmons (1970) apud Stoner (1985) destacam cinco fatores que podem indi-
car se e até que ponto a implantação de um SI poderá encontrar resistências. O primeiro
é a alteração dos limites departamentais já estabelecidos. Pessoas que trabalham ape-
nas para seus departamentos podem ficar aborrecidas por ter que mudar suas práticas
de trabalho ou por ter que trabalhar com outras pessoas de outros departamentos.
O segundo fator é a desintegração do sistema informal, uma vez que, normalmente, o
novo sistema de informação estabelece canais mais formais para levantar e distribuir
informações. Os membros da organização podem preferir os mecanismos informais.
Características individuais específicas como idade e tempo de serviço na organização,
por exemplo, podem contribuir para que as pessoas apresentem comportamento de
resistência a novos procedimentos.
Os referidos autores também defendem que um clima organizacional favorável pode
diminuir as resistências ao novo SI e destacam o papel da alta administração no estabe-
lecimento deste clima, uma vez que a alta gerência exerce uma força influenciadora so-
bre os demais participantes. Em função dessa força influenciadora, a alta administração
deve assumir o papel de patrocinador e protetor do projeto resolvendo os conflitos que
possam ameaçá-lo.
Um outro fator de resistência à implantação de um SI é o que Goldberg (1998) chama
de ‘tecnoangústia’, sentimento negativo despertado pelas mudanças tecnológicas. Se-
gundo a autora, o aspecto mais difícil da tecnologia consiste em aceitar o fato de que é
preciso mudar. A velocidade, a constância e o alcance das mudanças tecnológicas au-
mentam a ansiedade, mas o efeito mais aterrador é o da obsolescência. O novo sistema
tende a tornar o antigo obsoleto e fazê-lo desaparecer. Novas tecnologias exigem novas
76

habilidades e desenvolvimento do currículo dos profissionais. As mudanças tecnológi-


cas apavoram as pessoas porque destroem a sensação de segurança pessoal resultante
da instrução, do treinamento e da experiência.
A implantação de um SI visa ao aperfeiçoamento do processo da organização. Entenda-
-se processo como uma série de tarefas executadas para atingir um resultado pré-esta-
belecido.
A introdução ou modificação de um SI é causadora de mudanças na organização, uma
vez que o aperfeiçoamento do processo implica em alterações nas atividades, nas tare-
fas, nos relacionamentos e nas práticas de trabalho das pessoas.
Fonte: Souza e Silva (2002).
77

1. Identifique qual os itens combinados formam os Sistemas de Informações Ge-


renciais (SIG) que podem ser aplicados à gestão/administração sob diversas mo-
dalidades.
I- Sistemas de computação.
II- Procedimentos.
III- Pessoas.
IV- Banco de dados (um sistema de arquivos interligados e integrados).
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s):
a) Apenas a I.
b) Apenas a IV.
c) Apenas I, II e IV.
d) Apenas I e IV.
e) I, II, III e IV.
2. Os dados dispersos não produzem nenhuma informação. Identifique a asserti-
va que corresponde à forma como a informação é gerada.
a) A organização dos dados primários que respondem às questões geradas é
que caracteriza a informação.
b) A organização dos dados que respondem às questões geradas caracteriza a
informação.
c) A organização dos dados que respondem às questões não geradas caracteri-
za a informação.
d) A organização dos dados que não respondem às questões geradas caracteri-
za a informação.
e) A organização dos dados que respondem às questões geradas caracteriza
mais dados.
3. Importante enfatizar que o ciclo de funcionamento do SIG começa e termina
com os usuários das informações, que são:
a) Colaboradores e público atendido pela organização.
b) Gestores e público atendido pela organização.
c) Apenas os gestores da organização.
d) Gestores, colaboradores e público atendido pela organização.
e) Gestores, colaboradores e público desde que não atendido pela organização.
78

4. Identifique qual das assertivas está(ão) relacionada(s) à arquitetura de sistemas


de informação:
I- O termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceituação mais
abrangente sobre a arquitetura de dados, que antes estava relacionado so-
mente ao processamento de dados da rotina de atividades de determinada
organização.
II- A ASI é a evolução da arquitetura de dados e representa os atuais sistemas de
informações que dão conta somente de gerar informação e conhecimento.
III- Incluindo no processamento de dados, a ASI diz respeito ao processamento
de uma visão organizacional integrada, incluindo a perspectiva de negócios,
da tecnologia disponível e dos usuários internos (colaboradores) e externos
(população) envolvidos.
IV- Incluindo no processamento de dados, a ASI diz respeito ao processamento
de uma visão organizacional integrada, desprezando qualquer perspectiva de
negócios, da tecnologia disponível e dos usuários internos (colaboradores) e
externos (população) envolvidos.
Está correta a alternativa:
a) Apenas I e IV.
b) Apenas I, II e III.
c) Apenas I e III.
d) Apenas III e IV.
e) Apenas II.
79

5. Como alerta Sanches (1997, p. 69), nem sempre o decisor possui todas as infor-
mações necessárias para sua tomada de decisão; então, mesmo exercendo seus
julgamentos e seguindo sua intuição, é necessário atenção aos cinco estágios
que caracterizam às tomadas de decisões, sendo:
I- Anúncio do problema e significado daquele contexto.
II- Pesquisa sobre as possíveis alternativas para sanar o problema identificado.
III- Pensar quais podem ser as possíveis consequências de cada alternativa pen-
sada para resolver o problema.
IV- Da mesma forma, determinar os possíveis resultados a partir de cada alterna-
tiva e definir a melhor alternativa sob a perspectiva de todo o curso de exe-
cução.
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s):
a) I, II, III e IV.
b) Apenas I, III e IV.
c) Apenas I e II e IV.
d) Apenas II, III e IV.
e) Apenas III e IV.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Inovação no Setor Público: teoria, tendências e casos no Brasil


Organizadores: Pedro Cavalcante, Marizaura Camões, Bruno Cunha e Willber Severo
Editora: Enap/IPEA
Sinopse: esse livro consiste em uma inédita coletânea de capítulos
sobre inovação no setor público, e é fruto de um esforço conjunto do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Escola Nacional de
Administração Pública (Enap) com diversos pesquisadores e servidores
públicos de instituições que fazem parte da Rede Inova Gov, como também
colaboradores internacionais referências no campo. A obra inclui capítulos
com abordagens e estratégias metodológicas variadas que contribuem para
sistematizar o conhecimento acerca da teoria, das tendências atuais e de
casos de inovação de sucesso no governo federal brasileiro. Neste sentido, a
coletânea explora esse fenômeno complexo e cada vez mais estratégico no
setor público em suas diferentes esferas e setores. Assim, geram-se subsídios
que qualificam o debate e a prática inovadora e, sobretudo, contribuem para
a construção de uma cultura de inovação na administração pública brasileira.

Saneamento Básico, O Filme (2007)


Sinopse: os moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes
de colonos italianos, localizada na serra gaúcha, reúnem-se para tomar
providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento
do esgoto. Eles elegem uma comissão que é responsável por fazer o
pedido junto à subprefeitura. A secretária da prefeitura reconhece a
necessidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até
o final do ano. Entretanto, a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para
a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal e,
se não for usado, será devolvido em breve. Surge então a ideia de usar a
quantia para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que
teria o apoio da prefeitura. Porém, a retirada da quantia depende da
apresentação de um roteiro e de um projeto do vídeo, além de haver a
exigência que ele seja de ficção. Desta forma, os moradores se reúnem
para elaborar um filme, que seria estrelado por um monstro que vive nas
obras de construção de uma fossa.

O Politize é uma rede de pessoas e organizações comprometidas com a ideia de


levar educação política para cidadãos de todo o Brasil, acreditando que a tecnologia
é uma grande aliada na difusão de conhecimento e de forma fácil, divertida e sem
vinculações político-partidárias.
Disponível em: <http://www.politize.com.br>.
81
REFERÊNCIAS

BEUREN, I. M.; MARTINS, L. W. Sistema de Informações Executivas: Suas Caracterís-


ticas e Reflexões sobre sua Aplicação no Processo de Gestão. Revista Contabili-
dade & Finanças FIPECAFI - FEA - USP, São Paulo, FIPECAFI, v. 15, n. 26, p. 6 - 24,
mai./ago. 2001. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rcf/article/downlo-
ad/34053/36785>. Acesso em: 10 nov. 2017.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangen-
te da moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
COELHO, G. M. Nota técnica 14 - Prospecção tecnológica: metodologias e expe-
riências nacionais e internacionais. Rio de Janeiro: Projeto CTPETRO – Tendências
tecnológicas, coordenado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e sediado no
Instituto Nacional de Tecnologia (INT), 2003. Disponível em: <http://www.davi.ws/
prospeccao_tecnologica.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2017.
CRUZ, T. Sistemas de informações gerenciais: tecnologia da informação e a em-
presa do século XXI. São Paulo: Atlas, 1998.
KOTLER, P. Princípios de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
SANCHES, O. M. Estratégias para a implantação e gerência de sistemas de informa-
ção de apoio à tomada de decisões. Revista de Administração Pública (RAP). Rio
de Janeiro, v. 31, n. 4, p. 68-100, jul./ago. 1997. Disponível em: <http://bibliotecadigi-
tal.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/7881/6550>. Acesso em: 30 nov. 2017.
SOUZA, T. A.; SILVA, M. C. M. Implantação de sistema de informação em uma orga-
nização pública: um estudo de caso no Tribunal de Contas de Sergipe. In: ENANPAD
– ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO. 26, 2002, Salvador. Anais… Salvador: ANPAD, 2002. Disponível
em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2002-adi-1969.pdf>. Acesso
em: 30 nov. 2017.
STAIR, R. M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem gerencial. Tra-
dução de: Lúcia I. Vieira. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
TAIT, T. F. C.; PACHECO, R. C. S. Fundamentos para a modelagem de uma arquitetura
de sistemas de informação para o setor público. In: Enegep – Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, VICIE – International Congress of Industrial Engineering
e III Profundão – Encontro de Engenharia de Produção da UFRJ, 19., 1999, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Abepro, 1999. Disponível em: <http://www.abepro.
org.br/biblioteca/ENEGEP1999_A0117.PDF>. Acesso em: 1 dez. 2017.
GABARITO

1. E.
2. B.
3. D.
4. C.
5. A.
Professora Me. Lilian Chirnev

IV
FUNÇÃO DA TECNOLOGIA

UNIDADE
DA INFORMAÇÃO NA
GESTÃO PÚBLICA

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância da adoção de sistemas de informação na
Gestão Pública.
■■ Apropriar-se das mudanças ocorridas na administração pública
brasileira.
■■ Conhecer o programa federal de governo eletrônico.
■■ Assimilar os desafios a serem enfrentados para superar a exclusão
digital.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Importância da adoção de Sistemas de Informação na Gestão Pública
■■ Novas tendências da administração pública e a função das
tecnologias
■■ Governo Eletrônico: avanços e benefícios
■■ Desafios para superação da exclusão digital
85

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nossa missão, nesta unidade, é compreender a importância da


tecnologia da informação na gestão pública. Para tanto, iniciamos nossos estu-
dos com uma abordagem sobre os preceitos constitucionais do poder emanar
do povo e para o povo, e como a adoção de sistemas de informações na gestão
pública contribui para manutenção dessas garantias.
Nosso objetivo também é demonstrar como as Tecnologias da Informação
e da Comunicação (TIC) contribuem para o aperfeiçoamento das mudanças
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ocorridas na administração pública brasileira que, ainda em fase de transição,


estrutura um modelo impregnado de perspectivas social e sistêmica. As TIC
podem ser consideradas como sinônimo das Tecnologias da Informação (TI),
e o termo está associado ao papel da comunicação na moderna tecnologia da
informação, em que ingressam os sistemas de informações em todos os seus
aspectos tecnológicos.
Também vamos apresentar as ações do Programa de Governo Eletrônico
(Govbr), ação do governo federal que prioriza o uso das tecnologias da informa-
ção e comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação. O objetivo
é ampliar o debate, a participação popular, tanto para a construção das políticas
públicas, como também para aprimorar a qualidade dos serviços e informações
públicas prestadas.
Além disso, elencamos uma série de desafios a serem enfrentados para supe-
rar a exclusão digital, afinal, de nada adianta a implementação de sistemas de
informações e comunicação se o cidadão não possuir equipamento adequado
e conexão a internet ou, pior, não saber seu papel no uso dessas estruturas no
sentido de contribuir efetivamente para melhoria da gestão pública e eficiência
de prestações de serviços públicos.
Ao final dos estudos, aproveite para explorar a indicação de material com-
plementar Web. O site indicado está repleto de aplicações práticas relacionadas
a cada um dos temas tratados nas seguintes subunidades. Bons estudos!

Introdução
86 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IMPORTÂNCIA DA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo primeiro, dos princípios fun-


damentais, determina: “a República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito [...]”. No parágrafo único dos fundamentos deste
mesmo ordenamento jurídico está especificado: “todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” (BRASIL,1988).
Portanto, o Estado Democrático de Direito, que é a representação do poder
do povo, tem responsabilidades quanto às garantias sociais concedidas no ordena-
mento jurídico e às prestações de contas dos recursos que lhe foram acreditados
pela sociedade, adotando, nesse processo, todos os princípios constitucionais da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tal como pre-
visto na Constituição Federal de 1988, no Capítulo VII, Art. 37:

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


87

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
[...] (BRASIL, 1988) .

Após décadas de tentativas de reformas da administração pública brasileira,


sendo a de definição do papel do Estado na década de 90, denominada de
Reforma Gerencial do Estado Brasileiro, é importante ratificar que esse pro-
cesso de mudança está ainda em fase de execução. O modelo ‘ideal’, ainda
inacabado, está sendo construído e mantém influências de cada etapa de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

reforma administrativa (Ver Leitura Complementar) realizada ao longo das


últimas décadas.
O destaque mais recente na gestão pública atual é a integração entre admi-
nistração pública e a política com a participação popular, realizando e ampliando
espaços nos quais a população participa direta ou indiretamente de processos
decisórios (orçamento participativo, conselhos gestores de políticas públicas,
fóruns temáticos etc.). A referência histórica e propulsora desse ‘novo’ modelo
estruturado em uma gestão pública mais dialógica, participativa e até delibera-
tiva, chamado de modelo societal, são as lutas sociais ocorridas no Brasil nas
décadas de 70 e 80.
O modelo contemporâneo de administração pública, portanto, está em fase
de transição, mas os especialistas indicam que a tendência é a de estruturação
e manutenção de um modelo eficiente, participativo e integrado em rede. Por
isso, mesmo a literatura apresentando modelos básicos de gestão pública (patri-
monial, burocrática e gerencial), podemos direcionar nossos estudos para um
modelo mais societal (quarto modelo) e integrado ao que já referenciamos desde
o início dessa disciplina: o modelo sistêmico (quinto modelo).
Como afirmam Klering et al. (2010, p. 4), mesmo rudimentar na literatura e
ainda não institucionalizado no meio acadêmico, já é possível afirmar que exis-
tem importantes tendências recentes do governo brasileiro, que o direcionam
para a configuração de um modelo mais sistêmico, gerenciado por programas
multiesferas e multiníveis de governo.

Importância da Adoção de Sistemas de Informação na Gestão Pública


88 UNIDADE IV

A partir do segundo período de governo FHC (1999-2002) e do gover-


no Lula (mandatos 2003-2006 e 2007-2010), ocorrem iniciativas que si-
nalizam para a constituição de um modelo de governo brasileiro mais
sistêmico, viabilizado por múltiplos programas intergovernamentais,
envolvendo ações de diferentes níveis e esferas de governo, e da socieda-
de civil. [...] experiências mais recentes, que ilustram a tendência para a
conformação de um governo brasileiro mais sistêmico, especialmente via
ampliação de programas federais tripartites ou n-partites, como o Siste-
ma Único de Saúde (SUS), Rede Integrada de Equipamentos Públicos de
Segurança Alimentar e Nutricional (REDESAN) e Territórios da Cidada-
nia, que são desenvolvidos ao mesmo tempo por diferentes atores gover-
namentais e sociais, visando a atingir assim maior sinergia e efetividade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nas ações (KLERING, PORSSE; GUADAGNIN, 2010, p. 4).

Nosso enfoque de estudos não é tratar somente sobre modelos de gestão pública
no país, mas essa breve contextualização faz-se essencial para evoluirmos nos
nossos estudos sobre Sistemas de Informação. Cada vez mais, esse instrumento
faz-se fundamental para atender à demanda dessa evidente mudança de modelo
com configurações entrelaçadas entre os modelos gerencial, societal e sistêmico,
cujas demandas devem ser pensadas em estruturas direcionadas a buscar solu-
ções para essa ‘nova’ administração pública.
Retomando, portanto, o SI e a gestão pública, o que se coloca é um desafio
aos gestores, no sentido de integrar as ferramentas disponíveis ou em elaborá-las
para atender às demandas necessárias. Seguimos nossos estudos com destaque
às ações existentes, evidenciando as tecnologias da informação e comunicação
(TIC) como alternativas estratégicas relativas à governança e à consolidação de
um modelo sistêmico.

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


89
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NOVAS TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


E A FUNÇÃO DAS TECNOLOGIAS

Para superar as então carências da administração burocrática, desde então, vários


diplomas legais e programas governamentais estão sendo instituídos com a fina-
lidade de alterar o modo de atuação do governo como um todo e de sua máquina
administrativa, direcionando a administração pública a “desempenhar funções
com qualidade e lisura, atendendo as atuais demandas sociais e incentivando o
controle social, a transparência e práticas anticorrupção” (NASCIMENTO et
al., 2012, p. 167).
É nessa conjuntura de mudanças e de estratégias rumo às novas tendências
da administração pública brasileira, à efetiva governança, que destacamos o papel
fundamental das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Considerada
como sinônimo das Tecnologias da Informação (TI), as TIC podem ser referen-
ciadas como um termo geral do papel da comunicação na moderna tecnologia
da informação, em que ingressam os sistemas de informações em todos os seus
aspectos tecnológicos.

Novas Tendências da Administração Pública e a Função das Tecnologias


90 UNIDADE IV

Nesse sentido, como afirma Takashi (2000, p. 176), TIC “são tecnolo-
gias utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informações”.
Complementando o conceito, Zanela (2007, p. 25) frisa TIC como o “conjunto
de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações, que produ-
zem, processam, armazenam e transmitem dados em forma de imagens, vídeos
textos ou áudios”.
A nova perspectiva de administração pública, como explica Fleury (2001) e
Paes de Paula (2003 apud KLERING et al., 2010, p. 9), baseada em uma nova rela-
ção Estado-Sociedade, com maior envolvimento da população na agenda política,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
corresponde a “um maior controle social sobre as ações estatais e a legitimação
da sociedade como participante do processo de formulação e implementação
de políticas públicas”. A gestão tradicional, portanto, tem um novo modelo de
contraponto, substituindo a gestão “tecnoburocrática e monológica (de um ator
único) por um gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo
de­cisório é exercido por meio de diferentes sujei­tos ou atores sociais” (KLERING
et al., 2010, p. 9). Essa vertente societal conceitua a gestão pública como uma
ação político-deliberativa, ou seja, o indivíduo participando, atuando e deci-
dindo a respeito do seu destino como cidadão, trabalhador, eleitor e consumidor.
Portanto, atrelados a arranjos institucionais de incentivo à participação
social, qualquer instrumentalização de TIC contribui para possibilitar e ampliar
os canais de comunicação e participação dos cidadãos, estreitando distâncias,
sejam estas de natureza política, intelectual, econômica e/ou física. É a conjun-
tura de mudanças e de estratégias, aliado às novas tendências da administração
pública brasileira, com desenvolvimento de novas tecnologias de informação e
comunicação, transformando rapidamente e continuamente o modelo de gestão
pública oportunizando o protagonismo do cidadão na gestão pública.
Dentre os exemplo práticos de experiências participativas e em execução nos
diversos níveis da administração pública brasileira, ou seja, com espaços volta-
dos ao debate amplo e público, de negociação e decisão conjunta entre governo

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


91

e sociedade, Klering et al. (2010, p. 10) citam os conselhos gestores de políticas


públicas, conferências de políticas (municipal, estadual e federal), mecanismos
de planejamento público participativo como a realização do orçamento partici-
pativo, conselhos de órgãos e de administrações públicas etc.
Em termos de promoção da transparência e instituição de melhores práticas
em gestão, o governo brasileiro tem se apropriado de medidas legais e institucio-
nais, a partir das TIC, oferecendo novas formas de participação social no que se
refere à gestão de recursos públicos, atribuindo maior transparência e legitimi-
dade às políticas públicas em favor de sua eficácia.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Conforme Nascimento et al. (2012, p. 171), entre os exemplos dessa conduta


de auxiliar o controle interno e a prevenção da corrupção estão a criação do Portal
ComprasNet (contém informações sobre licitações públicas), o Sistema Integrado
de Administração Financeira (SIAFI), a criação do Portal da Transparência
que é administrado pela Controladoria Geral da União (CGU) e torna público
diariamente (linguagem de fácil acesso e compreensão) dados da execução orça-
mentária federal de modo.
A utilização de recursos das TIC também estão presentes nos programas
de Governo Eletrônico (e-Governo), com finalidade de prestação de serviços e
informações úteis aos cidadãos. Este e outros assuntos serão contemplados na
nossa próxima subunidade.

Nada do que aprendemos nos livros tem o menor valor antes de confirmado
pela vida; só depois dessa confirmação é que o ensinado pelo livro afeta
nossa conduta e influencia nosso desejo.
(Will Durant)

Novas Tendências da Administração Pública e a Função das Tecnologias


92 UNIDADE IV

GOVERNO ELETRÔNICO: AVANÇOS E BENEFÍCIOS

O termo Governo Eletrônico nos nossos estudos está limitado ao conjunto de


práticas e aplicações de serviços governamentais mediados pelas TICs via inter-
net, cujas atividades podem estar relacionadas às seguintes perspectivas:
■■ de processos - repensar os processos produtivos existentes no governo;
■■ do cidadão - oferecer serviços de utilidade pública ao cidadãos contribuintes;
■■ da cooperação - integrar os órgãos governamentais entre si e, estes, com

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
outras organizações e seus atores;
■■ da gestão do conhecimento - permite ao governo e aos seus vários seto-
res criar, gerenciar e disponibilizar o conhecimento gerado e armazenado
em seus vários órgãos (NASCIMENTO et al., 2012, p. 176).

No Brasil, as ações do Programa de Governo Eletrônico (Govbr), conforme des-


crito no site institucional do governo federal, priorizam o uso das tecnologias da
informação e comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação, com
o objetivo de ampliar o debate, a participação popular, tanto para a construção
das políticas públicas, como também para aprimorar a qualidade dos serviços e
informações públicas prestadas.
A política de Governo
Eletrônico brasileira destaca
estar estruturada em um con-
junto de diretrizes com base em
três ideias fundamentais: melho-
ria do gerenciamento interno do
Estado; participação cidadã; e
integração com parceiros e for-
necedores. As mesmas diretrizes
servem como referencial para
um arcabouço integrado de:

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


93

[...] políticas, sistemas, padrões e normas que sustentam suas ações e


considera a gestão do conhecimento um instrumento estratégico capaz
de assegurar intencionalmente a habilidade de criar, coletar, organizar,
transferir e compartilhar conhecimentos estratégicos que podem servir
para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para
inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo (NAS-
CIMENTO et al., 2012, p. 177).

O objetivo do programa é aprimorar a comunicação, o fornecimento de informa-


ções e serviços prestados por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo Federal.
Nesse sentido, no portal institucional (Govbr), mais uma vez aliando às TIC e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

às mudanças na administração pública, um anúncio publicado na página prin-


cipal evidencia que o portal está sendo adaptado para o conteúdo da Estratégia
de Governança Digital.
Entre os benefícios do programa estão a interação entre usuários e governo,
sem a necessidade de intermediários, o que permite a economia de recursos e
tempo. O compartilhamento de dados entre órgãos do governo federal também
permitem uma visão do todo e, portanto, um planejamento e execução de polí-
ticas públicas mais assertivas. Também está disponível o portal brasileiro de
Dados Abertos1, que faz parte da Infraestrutura Nacional de Dados (INDA).
A utilização se dá pelas diversas ferramentas de navegação na página principal
para encontrar determinado conjunto de dados.
Até o momento, destacamos o programa da administração pública federal,
também sob o viés das informações concedidas e publicadas em seus canais de
comunicação. No entanto, a realidade da administração pública no Executivo nos
demais entes federados, como municípios e estados, pode não configurar-se da
mesma forma. Como tratamos anteriormente, as dificuldades a serem enfrenta-
das pelos gestores na adoção, implementação e execução de novas TIC aplicadas
à administração pública são muitas, como a falta de recursos humanos e finan-
ceiros para o desenvolvimento de um sistema básico de informações. Vamos
conferir, a seguir, quais são os demais desafios existentes para que as novas tecno-
logias de informação e comunicação sejam uma realidade e a razão pela qual esta
não pode ser dissociada da progressiva democracia participativa. Bons estudos!

Governo Eletrônico: Avanços e Benefícios


94 UNIDADE IV

O conceito de governança está relacionado à capacidade de ação estatal em


implementar políticas e conquistar metas estabelecidas. É nesse contexto
que surgem os mecanismos de accountability (obrigação dos membros de
órgãos públicos com a ética, transparência e prestação de contas) com o ob-
jetivo de construir mecanismos institucionais pelos quais os governantes e
servidores devem responder por seus atos ou omissões perante a sociedade
ou outros órgãos do governo.
Fonte: adaptado de Nascimento et al. (2012, p. 170).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DA EXCLUSÃO
DIGITAL

Nascimento et al. (2012, p. 174) cita Tarapanoff (2006) para explicar que, no con-
texto organizacional, a gestão da informação é definida como a “aplicação dos
princípios administrativos relativos à aquisição, organização, controle, dissemina-
ção e uso da informação”. Aplicado à gestão pública e a “governança eletrônica”;
nesse sentido, muitos outros desafios se impõem para alcançar tal finalidade,
como a superação da exclusão digital, que está relacionada à garantia de acesso
dos cidadãos às tecnologias da informação e comunicação, à conectividade e à
convergência tecnológica.
Nas dimensões elencadas por Sorj (2003, p. 63), a superação da exclusão digital
depende da superação de vários fatores, a começar pela instalação de infraestru-
turas físicas de transmissão, que podem ocorrer via satélite, rádio e telefone. Na
realidade, muitos municípios brasileiros estão situados em regiões de difícil acesso,
onde nem mesmo existem fiações elétrica, telefônica e de televisão a cabo. Além
disso, a instalação de infraestruturas físicas de transmissão para uma efetiva comu-
nicação por internet depende, ainda, de outro fator: a existência de operadoras da
iniciativa privada para explorar o serviço de concessão aos usuários.

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


95
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sorj (2003, p. 63) ainda destaca que se garantida a infraestrutura física básica de
transmissão, o desafio seguinte é garantir ao cidadão o acesso a equipamento
(computadores) conectado à internet. Na prática, atualmente, esse papel está
sendo desempenhado por muitas escolas públicas, igrejas, bibliotecas munici-
pais, organizações do terceiro setor, entidades representativas, entre outros, que
conseguem disponibilizar à comunidade espaços com computadores conectados
para uso em horários específicos e de maneira gratuita. Algumas dessas mes-
mas organizações também ofertam outra dimensão indispensável para superar
a exclusão digital, cursos de formação individual para utilização dos instrumen-
tos do equipamento (seja computador ou celular) e da internet.
Quanto ao usuário, sua inclusão digital ainda abrange sua inserção em
ações de capacitação intelectual, bem como sua inserção social, a partir do pro-
duto da sua profissão, dos seus níveis educacional e intelectual, e sua rede social.
São todos esses fatores descritos anteriormente e associados que determinam o
aproveitamento efetivo da informação concedida ao cidadão para atender suas
necessidades de comunicação pela internet.

Desafios para Superação da Exclusão Digital


96 UNIDADE IV

E para a apropriação devida da informação concedida, a produção e uso de


conteúdos informacionais pelos setores públicos também devem estar adequa-
dos e serem específicos às necessidades dos múltiplos segmentos da população.
Por isso, a elaboração de programas e projetos, com a finalidade de superar todas
essas dificuldades, são tão essenciais para assegurar a cada cidadão o acesso e a
participação dessa dimensão da vida democrática.
A verdadeira “democracia eletrônica”, em relação à prática democrática, con-
siste em acessar os saberes mínimos para manuseio das TIC, além de receber
também os estímulos necessários para fomentar o debate crítico e a participação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
popular. O que fica evidente, na perspectiva dos nossos estudos, é que a exclusão
digital está associada à exclusão social, mas a não superação da exclusão digi-
tal coopera muito mais para manutenção da exclusão social (NASCIMENTO
et al., 2012, p. 179).
É claro que no processo de fortalecimento da democracia não cabe apenas
sistemas públicos de informações, prestação de serviços e de contas ou do cida-
dão conseguir acessar equipamento, conexão e dominar essas ferramentas. É a
garantia dessas estruturas atreladas aos mecanismos de participação popular nos
processos decisórios, com a oferta de serviços públicos de qualidade nas áreas de
saúde, educação, mobilidade, habitação e segurança, que diminuem as desigual-
dades sociais e econômicas, proporcionando mais equidade e oportunidades à
maioria da população, portanto, cooperando para superação de qualquer exclu-
são, seja esta social ou digital.

FUNÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA


97

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desta unidade, aprendemos sobre os modelos de gestão pública no


país e conseguimos contextualizar a importância dos Sistemas de Informação
para atender à atual demanda de mudanças da administração pública brasileira.
Nos apropriamos de como as tecnologias de informação e comunicação
podem ser eficazes no auxílio de controle interno da gestão pública e, da mesma
forma, representar equipamentos de prestação de serviços públicos, de presta-
ção de contas e, portanto, de prevenção à corrupção.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Destacamos, também, as ações do governo federal por meio do programa


Governo Eletrônico, demonstrando a experiência de execução das propostas de
governança eletrônica dentro dos órgãos públicos federais, como o comparti-
lhamento de dados e publicação de informações de interesse público. Também
apresentamos as dificuldades encontradas na implementação desses recursos
nos demais entes federados.
Por fim, destacamos as diversas dificuldades relacionadas à efetivação dos
sistemas de informação e comunicação como instrumentos de fortalecimento
da democracia. Em especial no que se refere à superação da exclusão digital, já
que o cidadão, para dominar esses recursos, requer de estrutura mínima, tanto
para conseguir ter acesso ao aparelho de comunicação quanto ser capacitado a
utilizá-lo.
Frisando que o processo de fortalecimento da democracia não é apenas dis-
ponibilizar sistemas públicos de informações, prestação de serviços e de contas,
ou do cidadão conseguir acessar equipamento, conexão e dominar essas ferra-
mentas, mas de ter qualidade de vida com acesso a serviços públicos de qualidade
nas áreas de saúde, educação, mobilidade, habitação e segurança, que o colocam
em patamar de maior igualdade social, econômica e intelectual, para a popula-
ção efetivar seu direito de protagonista na administração pública. Outro conceito
abarca a maioria dos temas descritos nas nossas unidades: a comunicação pública,
tema da nossa próxima aula.

Considerações Finais
98

NOVOS CAMINHOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

[...] 3. A reforma gerencial do Estado brasileiro


A Reforma do Estado, implementada a partir de 1995, deve ser entendida dentro do
contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo
desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para for-
talecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento.
No plano econômico, o Estado é, essencialmente, um instrumento de transferências de
renda. Para realizar essa função redistribuidora ou realocadora, o Estado coleta impos-
tos e os destina aos objetivos clássicos de garantia da ordem interna e da segurança
externa, aos objetivos sociais de maior justiça ou igualdade e aos objetivos econômicos
de estabilização e desenvolvimento. As distorções e ineficiências que daí resultaram dei-
xaram claro que reformar o Estado significa transferir para o segundo setor (privado) e
terceiro setor (social) as atividades passíveis de serem realizadas pelos mesmos.
[...]
A Reforma do Aparelho do Estado surge num contexto de tecnologização e globalização
do mundo, em que são atribuídas crescentes competências ao poder público, que por isso
precisa buscar condições para tanto, bem como obter efetividade no processo, via busca
de novas soluções, medidas inovadoras, bem como novos colaboradores e parceiros.
Objetivando maior eficiência e qualidade nos serviços prestados aos cidadãos, o cenário
da Reforma empreendida no Brasil prevê diferentes estratégias e formas de descentraliza-
ção dos serviços públicos: via instituição de mecanismos de privatização, visando a reduzir
o tamanho do aparelhamento administrativo do Estado, bem como a dinamizar e flexibili-
zar sua atuação; a quebra de monopólios, para tornar competitivas as atividades exercidas
com exclusividade pelo poder público; o recurso a autorizações, permissões e concessões
de serviços públicos, delegando-se estes serviços ao Terceiro Setor e à iniciativa privada; o
estabelecimento de parcerias com entidades públicas ou privadas para a gestão associada
de serviços públicos, ou serviços de utilidade pública, por meio de convênios, consórcios
e contratos de gestão; a terceirização como forma de se buscar o suporte de entidades
privadas ao desempenho de atividades-meio da administração pública.
[...]
Com a reeleição de FHC, em 1999, o governo passou a direcionar seu foco para a pobre-
za e para o atingimento das metas internacionais de desenvolvimento, reafirmando o
Plano Real como estratégia para a estabilidade econômica. Outrossim, o novo governo
propõe, como novidade, a estruturação das atividades de administração pública federal
em 380 programas, com o objetivo de assegurar transparência e responsabilização ge-
rencial. Desta forma, perde força o apelo da “Reforma do Estado” frente ao novo desenho
da administração pública, calcado na gestão de programas, flexionando desta forma,
de maneira mais intensa, os esforços de dentro da administração pública para o atendi-
mento concreto e comum dos cidadãos.
99

Com relação ao governo Lula (mandatos 2003-2006 e 2007-2010), Fadul e Silva (2008)
consideram que as iniciativas atuais de reforma propostas nesse governo seguem as
políticas e ações empreendidas na reforma de 1995, sendo desdobramentos e dando
continuidade às reformas iniciadas no governo passado.
As reformas propostas pelo governo Lula agregam um conjunto de ações voltadas para
um Estado promotor da inclusão social, as quais envolvem três categorias que guardam
semelhanças com a reforma dos anos 90, na qual foram implantadas reformas estruturais
(Reforma do Estado e do seu aparelho) e reformas administrativas (da administração pú-
blica), sendo essas últimas voltadas para a retomada da performance e da qualidade dos
serviços públicos. A primeira categoria envolve uma reforma do modelo de gestão pública,
através de ações como a integração de programas governamentais e avaliação do desem-
penho administrativo. A segunda categoria se preocupa com a melhoria da performance
dos serviços públicos através da inovação gerencial, tal como na reforma anterior. A última
categoria abrange reformas na estruturação do executivo federal, tais como realização de
concursos públicos, valorização do servidor, qualidade de vida no trabalho, novas concep-
ções institucionais, integração entre planejamento e orçamento, accountability, questões
similares ao gerencialismo, como na reforma passada (FADUL; SOUZA, 2005).
Nesse contexto, os projetos da Reforma do Estado de 95 continuam sendo enfatizados
no governo Lula, mas com uma maior ênfase a programas sociais, em que o Governo
Federal busca acentuar seu papel de planejador e orientador, tendo como intermedia-
dores os Estados, e realizadores locais os municípios.
De fato, pode-se observar que os objetivos de reforma gerencial não foram atingidos
com a Reforma de 1995, mas serviram (especialmente como prática discursiva) para ins-
titucionalizar uma série de mudanças nos governos de todos os níveis e esferas. Como
heranças principais, podem ser elencadas:
• A introdução da noção de “agencificação” na administração pública, pela qual se
atribui ao gestor público maior autonomia, junto com uma maior autoridade e
correspondente responsabilidade administrativa;
• A intensificação da descentralização administrativa, via diferentes arranjos admi-
nistrativos;
• A introdução de mecanismos de regulação, especialmente via implementação de
agências reguladoras dos serviços públicos;
• A introdução de múltiplos atores que de forma direta ou indireta participam em
diferentes fases do processo de desenvolvimento de políticas públicas, ampliando
se assim o leque de grupos de interesse e pressão, como também as dificuldades
de conciliação desses variados e diferentes interesses.
Nesse novo contexto, o papel do Estado está sendo crescentemente demandado, em que
não pode ser entendido como empecilho à realização do seu papel, mas como solução, am-
pliando e profissionalizando sua esfera de atuação, como indutor, articulador, catalisador
e orquestrador principal do desenvolvimento, com a forte participação da sociedade, sem
clientelismo, mas com transparência e responsabilidades consensuadas e compartilhadas.
Fonte: Klering, Porsse e Guadagnin (2010, p. 8-9).
100

1. O destaque mais recente na gestão pública atual é a integração entre adminis-


tração pública e a política com a participação popular, realizando e ampliando
espaços nos quais a população participa direta ou indiretamente de processos
decisórios. Identifique, nas afirmações, quais são os verdadeiros exemplos inse-
ridos neste contexto:
I Orçamento participativo.
II Conselhos gestores de políticas públicas.
III Fóruns temáticos.
IV Orçamento proposto pelo Executivo.
É (são) verdadeira(s) a(s) alternativa(s):
a) Apenas I e IV.
b) Apenas I, II e IV.
c) I, II, III e IV.
d) Apenas I, II e III.
e) Apenas II e III.
2. A vertente societal conceitua a gestão pública como uma ação político-delibera-
tiva, ou seja, o que faz o indivíduo nesse sentido?
a) Participa, atua e decide a respeito do seu destino como cidadão, trabalhador,
eleitor e consumidor.
b) Participa, mas a decisão final a respeito do seu destino como cidadão, traba-
lhador, eleitor e consumidor fica a critério dos políticos.
c) Participa, atuando e decidindo a respeito do seu destino somente como ci-
dadão.
d) Participa, atua e decide a respeito do seu destino, mas somente no papel de
consumidor.
e) Não participa, mas, no final, decide a respeito do seu destino como cidadão,
trabalhador, eleitor e consumidor.
101

3. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) podem ser referenciadas


como um termo geral do:
a) Papel da comunicação na moderna tecnologia da informação, em que não in-
gressam os sistemas de informações em todos os seus aspectos tecnológicos.
b) O papel da comunicação na moderna tecnologia da informação, em que in-
gressam os sistemas de informações em alguns aspectos tecnológicos.
c) O papel da comunicação na moderna tecnologia da informação, em que in-
gressam os sistemas de informações em todos os seus aspectos tecnológicos.
d) O papel da comunicação na antiga tecnologia da informação, em que ingres-
sam os sistemas de informações em todos os seus aspectos tecnológicos.
e) O papel da comunicação na moderna tecnologia da informação, em que in-
gressam somente os sistemas de informações sem aspectos tecnológicos.
4. O desafio de superar a exclusão digital, nas dimensões elencadas por Sorj (2003,
p. 63), dependem de vários fatores, entre os quais a instalação de infraestruturas
físicas de transmissão, que podem ocorrer via satélite, rádio e telefone. Identifi-
que nas afirmações quais correspondem a essa dimensão.
I- Muitos municípios brasileiros estão situados em regiões de difícil acesso, onde
nem mesmo existem fiações elétrica, telefônica e de televisão a cabo.
II- Algumas pessoas não conseguem comprar um computador.
III- A utilização desses mecanismos depende do domínio dessas ferramentas.
IV- A comunicação por internet depende também da existência de operadoras
da iniciativa privada.
A(s) afirmação(ções) que corresponde(m) à dimensão da instalação de in-
fraestruturas físicas de transmissão é (são):
a) Apenas a I.
b) Apenas I e IV.
c) Apenas IV.
d) Apenas II.
e) Apenas II e III.
102

5. Qual é o objetivo do Governo Eletrônico?


a) O objetivo do programa é aprimorar a comunicação, o fornecimento de infor-
mações e serviços prestados por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo
Estadual.
b) O objetivo do programa é somente fornecer informações e serviços prestados
por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo Federal.
c) O objetivo do programa é aprimorar a comunicação e o fornecimento de in-
formações por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo Federal.
d) O objetivo do programa é aprimorar os serviços prestados por meios eletrôni-
cos pelos órgãos do Governo Federal.
e) O objetivo do programa é aprimorar a comunicação, o fornecimento de infor-
mações e serviços prestados por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo
Federal.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde


Tadao Takahashi
Editora: Ministério da Ciência e Tecnologia
Sinopse: o livro aponta para um conjunto de ações para o desenvolvimento
da Sociedade da Informação no Brasil. Discute os desafios que a sociedade
e o Governo precisa encarar para concretizar suas metas.

O Quinto Poder (2013)


Sinopse: com o foco nos grandes segredos de estado, exposição de notícias
bombásticas e no tráfico de informação altamente confidencial, a Wikileaks
mudou o mundo para sempre. A história começa quando o fundador da
Wikileaks, Julian Assange, e o seu colega, Daniel Domscheit-Berg, juntam-se
para vigiar, de forma anônima, pessoas influentes e poderosas. Com muito
poucos recursos financeiros, eles criam uma plataforma que permite aos
delatores expor, de uma forma anônima, informações confidenciais que
colocam a descoberto segredos obscuros dos governos e crimes praticados
por grandes corporações. Em pouco tempo, começam a libertar um maior
número de notícias bombásticas, do que as maiores empresas de mídia do
mundo juntas. Porém quando Assange e Berg têm acesso ao maior tesouro
de informação confidencial da história dos EUA, lutam entre eles sobre uma
questão essencial nos nossos tempos: quais são os custos de manter segredos
numa sociedade livre e quais são os custos de os expor?

As ações do programa de Governo Eletrônico (eGOV) priorizam o uso das tecnologias


da informação e comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação, visando
ampliar o debate e a participação popular na construção das políticas públicas.
Disponível em: <https://www.governoeletronico.gov.br>.

Material Complementar
104
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Bra-


sília: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
KLERING, L. R.; PORSSE, M. C. S.; GUADAGNIN, L. A. Novos caminhos da administra-
ção pública brasileira. Análise: Revista Científica de Administração, Contabili-
dade e Economia. Porto Alegre, v. 21, n. 1, p. 4-17, jan./jun. 2010. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/face/article/view/8231>. Acesso
em: 27 nov. 2017.
NASCIMENTO, S. G. V.; FREIRE, G. H. A.; DIAS, G. A. A tecnologia da informação e a ges-
tão pública. Revista do Mestrado Profissional Gestão em Organizações Apren-
dentes. João Pessoa, v. 1, n. 1, p. 167-182, 2012. Disponível em: <http://periodicos.
ufpb.br/index.php/mpgoa/article/view/1534>. Acesso em: 30 nov. 2017.
SORJ, B. Brasil@povo.com: a luta contra a desigualdade na sociedade da informa-
ção. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Brasília: Unesco, 2003.
TAKAHASHI, T. (Org.) Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Mi-
nistério da Ciência e Tecnologia, 2000. Disponível em: <https://www.governoeletro-
nico.gov.br/documentos-e-arquivos/livroverde.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2017.
ZANELA, M. O Professor e o “laboratório” de informática: navegando nas suas
percepções. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2007. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/11296>.
Acesso em: 5 dez. 2017.

Referencia on-line

1
dados.gov.br
105
GABARITO

1. D.
2. A.
3. C.
4. B.
5. E.
Professora Me. Lilian Chirnev

V
UNIDADE
COMUNICAÇÃO PÚBLICA

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apropriar-se do conceito Sociedade da Informação.
■■ Dominar a concepção de Comunicação Pública.
■■ Compreender os preceitos legais do Direito à Informação.
■■ Distinguir a base inicial do debate sobre Cidades Inteligentes.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Sociedade da Informação
■■ Comunicação Pública
■■ Direito à Informação
■■ Cidades Inteligentes
109

INTRODUÇÃO

Os sistemas de informações elaborados, alimentados, mantidos e aprimora-


dos na administração pública são reflexos das transformações nas dinâmicas da
sociedade, proporcionada pelo advento e aperfeiçoamento constante das novas
tecnologias de informação e comunicação (TICs).
A informação sempre constitui uma moeda potencial de transformação, mas
as tecnologias aliadas à conexão em rede pela internet mudaram a forma de pen-
sar sua coleta, processamento, armazenamento, transmissão e, principalmente,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a velocidade em executar cada uma dessas etapas e dar respostas às perguntas


geradas, transmitindo conhecimento e alterando continuamente as dinâmicas
sociais e econômicas.
Somos impactados, portanto, de maneira individual e como sociedade. A
forma de gestar a dimensão pública segue no mesmo progresso, instituindo a
chamada Sociedade da Informação, como forma de dirimir as desigualdades e
incluir os indivíduos nessa mesma evolução. Este tema será tratado com mais
profundidade na nossa primeira subunidade.
Em seguida, vamos contextualizar, sob o viés das ciências da Comunicação e
da Informação, como os sistemas de informações e comunicação estão inseridos
na Comunicação Pública, termo para designar o processo comunicativo entre
Estado, governo e sociedade, com objetivo de informar e construir a cidadania.
Também apresentaremos o que rege a legislação atual brasileira sobre o
Direito à Informação. Seu conteúdo, aplicação e como se dá a construção desse
processo, bem como a importância dos sistemas de informações e comunicação
no sentido de garantia de direitos.
Por último, um esboço sobre como o mercado tem se apropriado dessas fer-
ramentas sob o conceito de Cidades Inteligentes. Uma breve exposição destaca
como o mercado de informações públicas pode atuar e a importância de garan-
tir a proteção de dados dos cidadãos. Bons estudos!

Introdução
110 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

A expressão Sociedade da Informação, conforme Santos e Carvalho (2009), começou


a ser delineada desde as primeiras estruturas de informação do século XX. Anterior
a esse processo, as autoras evidenciam as revoluções operacionadas com as primeiras
tecnologias de produção, como a Primeira Revolução Industrial, no início do século
XVIII, a partir da invenção do motor a vapor, as primeiras indústrias foram origi-
nadas e as máquinas substituíram o homem em alguns dos processos de trabalho.
A eletricidade desencadeou a Segunda Revolução Industrial na metade do
século XIX e, mais uma vez, os meios de produção foram transformados e também
criou-se outros mecanismos de comunicação a distância. A Terceira Revolução
Industrial é destacada, por Santos e Carvalho (2009), como o marco de nasci-
mento da Sociedade da Informação, em razão da dependência da ciência e da
tecnologia; a expressão associada a esse marco foi a Sociedade Pós-Industrial.
Santos e Carvalho (2009, p. 46) citam Armand Mattelart (2002, p. 7) para
apresentar o raciocínio em relação à noção de sociedade global da informação
que, para ele, é o resultado direto de uma construção geopolítica. Portanto, se
o conhecimento e informação se tornaram recursos estratégicos e agentes de

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
111

transformação da sociedade Pós-Industrial, a combinação de energia, recursos


e tecnologias mecânicas foram os instrumentos de transformação da Sociedade
Industrial. Essa é a razão pela qual se justifica associar como sinônimos a expres-
são Sociedade da Informação e Sociedade Pós-Industrial.
Por outro lado, Santos e Carvalho (2009, p. 46) demonstram, a partir de
Kumar (1997, p. 21), que as expressões podem não significar sinônimos caso a
expressão Sociedade Pós-Industrial estabelecer-se como uma noção básica de
evolução de “uma sociedade de serviços e o rápido crescimento de oportuni-
dade de emprego para profissionais liberais e de nível técnico”. Nessa concepção
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

teórica, a Sociedade da Informação está relacionada à produção de “mudanças


em nível fundamental da sociedade, desde as relações de trabalho e produção
de bens e consumo”.
Nas afirmações de Werthein (2000, p. 71), nos últimos anos desse século, a
expressão Sociedade da Informação passou a ser substituta para o conceito mais
complexo de Sociedade Pós-Industrial, com foco na qualidade, quantidade e a
velocidade das informações, a partir dos avanços tecnológicos nas telecomuni-
cações e microeletrônica.
Para efeito dos nossos estudos, vamos nos apropriar do entendimento por
Sociedade da Informação como sendo de expressar uma sociedade em fase de
constituição, em que as tecnologias de armazenamento e transmissão de dados
e informação são “produzidas com baixo custo, para que possa atender às neces-
sidades das pessoas, além de se preocupar com a questão da exclusão, agora não
mais social, mas também digital” (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 46).
Nesse aspecto, Castells (1999) denomina o movimento que diminui as distân-
cias geográficas e tem a conexão à internet como principal veículo para viabilizar
o trânsito das informações de “sociedade em rede”. Essa Sociedade em Rede e essa
Sociedade da Informação culminam em uma nova realidade, em que a exclusão
digital é um agravante de cunho social, porque segrega a população mais pobre,
mais vulnerável, ou seja, a maioria dos cidadãos.
Por isso, todas essas mudanças afetaram os países de maneira global, no sentido
de despertar a necessidade de estruturar normas capazes de garantir acesso aos cida-
dãos às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Um movimento global
passou a pressionar as nações para implementar políticas públicas com tal finalidade.

Sociedade da Informação
112 UNIDADE V

Nessa perspectiva, o governo brasileiro criou e implementou o Programa


Sociedade da Informação - Livro Verde, em setembro de 2000, cujo manual está
indicado como leitura complementar da unidade anterior (IV). A descrição base
do programa brasileiro é de privilegiar o uso das tecnologias da informação e
comunicação como primordiais para alavancagem de setores importantes, como
o social, econômico e o tecnológico.
Na crítica de Santos e Carvalho (2009) – frisando que o artigo data de 2009
e, por isso, mudanças importantes podem ter ocorrido –, o programa brasileiro
foi construído com base no documento que apresenta falta de solidez, profundi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dade e subsídios científicos nas discussões para concepção do Livro Verde, que
trata a questão da exclusão digital como sendo meramente tecnológica.
Mais do que ligar pontos e abrir um canal de comunicação entre mi-
lhares de pessoas, a preocupação deve chegar à questão de conteúdo. O
processo [...] vem sendo chamado de inclusão digital, no qual são prio-
rizadas tão somente as condições de acesso à Internet, desprezando-se
o vasto contingente que frequenta a rede e dela não usufrui de maneira
potencial. Assim, teremos ainda mais excluídos sem políticas e ações
visando a combater o aprofundamento da brecha social trazida pelas
novas tecnologias (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 47).

Se o programa de inclusão digital federal não contempla com ênfase a relação


da importância da abordagem da questão dos conteúdos e da informação – atre-
lados às novas TICs –, sob o viés da Comunicação Social, um outro conceito
evidencia sua importância e, principalmente, coloca-se como um aglutinador de
todos os termos relacionados a sistemas de informações e comunicação e novas
tecnologias de informação e comunicação, a Comunicação Pública, tema cen-
tral da nossa próxima subunidade.

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
113

COMUNICAÇÃO PÚBLICA

De acordo com Brandão (2007, p. 9), a


Comunicação Pública “é um processo comu-
nicativo entre Estado, governo e sociedade
com o objetivo de informar e construir cida-
dania”. Duarte (2007, p. 59) destaca que entre
os compromissos da Comunicação Pública
estaria o de “privilegiar o interesse público
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

em relação ao interesse individual ou corpora-


tivo; centralizar o processo no cidadão; tratar
a comunicação como processo mais amplo do
que informação; assumir a complexidade da
comunicação, tratando-a como um todo uno”.
Assim, o propósito da Comunicação
Pública é a utilização da comunicação como instrumento de interesse coletivo
para fortalecimento da cidadania. Já o conceito de cidadania está ligado ao esta-
belecimento e exercício de direitos e deveres, com base na Constituição Federal
(1988). Barbosa (2009 apud BARBOSA, 2011, p. 163) evidencia que a definição
de Comunicação Pública passa por três requisitos base: prestação de informações
– sendo que essas informações devem ser relevantes – e participação popular. Os
três pontos constituem princípios da Lei de Transparência Administrativa pre-
sente na Constituição de 1988. Assim, a assessoria de comunicação na gestão
pública também sofreu transformações nas últimas décadas. Em sua fase inicial de
desenvolvimento, estava integrada basicamente à concepção de coletar e divulgar
informações pertinentes à organização assistida. Como identifica Andrade (1993),
tal atividade, denominada por ele de relações públicas, surgiu nos Estados Unidos,
em 1862, sendo considerada o primeiro emprego sistemático de um serviço infor-
mativo oficial no âmbito governamental.

Comunicação Pública
114 UNIDADE V

No Brasil, a criação de um setor especializado para prática comunicacional


se deu, primeiro, na esfera pública e foi identificada historicamente em 1911.
Ainda de acordo com Andrade (1993), a atividade de relações públicas foi ins-
tituída a partir do Decreto nº 9.195, do dia 9 de dezembro, com o serviço de
Informação e Divulgação do Ministério da Agricultura, sendo considerado o
primeiro informativo oficial brasileiro. Na sua obra Cronologia da Evolução
Histórica das Relações Públicas, Gurgel (1985) relata o início do funcionamento
do primeiro serviço regular de Relações Públicas no país, em 1914, denominado
Departamento de Relações Públicas da The São Paulo Tramway Light and Power

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Go, a atual AES Eletropaulo.
O modelo adotado intermediava a locução entre governo, mídia e sociedade,
mantendo um canal de comunicação permanente, mas somente para divulgar ações
governamentais e, por consequência, a propagação da imagem pública. Como
observou Wels (2006), mesmo com fronteiras pouco nítidas quanto às práticas desen-
volvidas pelos profissionais habilitados em Comunicação Social, entre os quais as
relações públicas, jornalistas e publicitários, as assessorias de comunicação consoli-
daram suas funções, legitimando-se como área estratégica nas instituições públicas.
A exemplo às prefeituras brasileiras que instituíram estruturas específicas
de comunicação social e devido à importância e reconhecimento atrelados aos
respectivos departamentos, a assessoria de comunicação foi alçada ao status de
Secretaria Municipal de Comunicação Social. Essa evolução atestada também
compõe um novo debate sobre qual o modelo ideal de gestão da referida pasta
municipal e como o seu perfil comunicacional pode ser conceituado.
Como demonstrou Lucatelli e Andrade (2011), no artigo “A Comunicação na
Esfera Pública”, baseado em publicações realizadas sobre o tema entre 1998 e 2008
no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação do Intercom (Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), as expressões utilizadas
para designar a comunicação desempenhada na esfera pública são: comunicação
governamental, comunicação política, comunicação pública, marketing político
e propaganda política.
De acordo com o trabalho dos autores, a comunicação política também pode
ocorrer durante os períodos eleitorais (DORNELLES, 2002) e seu objetivo “deve
desenvolver, em toda sua profundidade, a relação entre o processo político, com

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
115

suas distintas fases, ou seja, época de gestão e de período eleitoral” (MAICAS,


1992, p. 277), para trabalhar favoravelmente a opinião pública e, dessa forma,
justificar sua legitimidade e obter êxito no sufrágio almejado.
Já o marketing político é utilizado de maneira permanente e sistemática,
com a finalidade de aproximar o cidadão comum dos partidos ou políticos. A
estratégia é de desempenhar o papel de formação de futuros eleitores, criar um
vínculo que deve perdurar durante toda a vida, com os mais variados públicos
(GOMES, 2004). No entanto, a propaganda política é uma propaganda de cunho
ideológico, com o propósito de criar uma imagem simbólica de “transformação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da sociedade, mas sempre procurando envolver as massas na consecução de


determinados objetivos e realização de certos interesses” (PINHO, 2001, p. 142).
O conceito de comunicação governamental é mais abrangente e estabelece a
atuação de uma rede formal e estruturada de comunicação, geralmente em fun-
cionamento dentro das organizações governamentais, com o objetivo de repassar
informações à opinião pública (TORQUATO, 1985, p. 44), cuja premissa é de
prestação de contas e manutenção de linhas de comunicação com a sociedade.
Entretanto, em razão de atender somente aos interesses da organização, esse
modelo de comunicação implantado na área governamental passou a ser ques-
tionado. Debates incitaram a possibilidade da criação de uma nova diretriz de
interação entre o Estado, o governo e a sociedade, cujo vínculo primordial seja
o compromisso em privilegiar o interesse público. A esse processo foi associada
a expressão Comunicação Pública (DUARTE, 2007).
A Comunicação Pública, portanto, está diretamente relacionada ao direito
à informação, denota um viés de democratização da comunicação, imbuída de
diálogo e participação. E como observou Brandão (2007), mesmo com a nova
proposta, ainda existe uma tendência em identificar a comunicação pública, com
a comunicação elaborada pelos órgãos governamentais. Para ela,
A substituição dessas terminologias por comunicação pública é resul-
tado da necessidade de legitimação de um processo comunicativo de
responsabilidade do Estado e/ou Governo que não quer ser confun-
dido com a comunicação que se fez em outros momentos da histó-
ria política do país. Expressões como marketing político, propaganda
política, ou publicidade governamental tem conotação de persuasão,
convencimento e venda de imagem, em suma do que ficou conhecido
como “manipulação das massas” (BRANDÃO, 2007, p. 9 -10).

Comunicação Pública
116 UNIDADE V

Deste modo, é visível a pluralidade deste conceito (Comunicação Pública), uma


vez que, para promover a comunicação pública é indispensável a atuação de várias
instâncias que compõem o poder público, visto que a presença de apenas um des-
ses atores sociais não a promove. Em suma, a comunicação pública “promove o
fluxo de comunicação e informação entre as necessidades da sociedade e aque-
las disponíveis nas instituições públicas que são, por natureza, as portadoras do
interesse geral” (BRANDÃO, 2006 apud LUCATELLI; ANDRADE, 2011, p. 4).
Quase uma similaridade com a definição sociológica de Comunicação apre-
sentada por Melo (1977), entendido como elemento desencadeador e delimitador

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da interação social, um instrumento das relações sociais, sendo o processo pelo
qual o indivíduo é integrado na sociedade, um marco por meio do qual os seres
vivos se encontram em união com o mundo.
Isto também se assemelha ao conceito contemporâneo de esfera pública expli-
citada por Avritzer (1999). O autor enfatiza que os movimentos sociais são os
apresentadores de identidades em público, em razão de construírem espaços de
reconhecimento mútuo. E em termos de teoria democrática, compatíveis com o
conceito de deliberação pública, em que a esfera pública é um espaço na periferia
do sistema político, no qual é possível integrar as redes informais de comunica-
ção das associações civis e dos movimentos sociais. “Elas podem decidir através
do voto, mas o mais importante em relação à sua forma de decisão é que ela é
pública, transparente e conta com o consenso dos outros atores que participam
do processo deliberativo” (AVRITZER, 1999, p. 23). Portanto, a esfera pública se
configura por meio da ação comunicacional, desempenhada por diversos públi-
cos que estão organizados em redes de comunicação articuladas para debaterem
temas de interesse mútuo, defendendo seu ponto de vista e tornando público sua
opinião (MARQUES, 2008).
Trata-se, ainda, da concepção “habersiana” a respeito da esfera pública, fun-
damentada na perspectiva do discernimento que esfera pública não pode ser
representada por um espaço institucional concreto. A esfera pública está ligada
mais diretamente à sustentação de fluxos discursivos, para ouvir a vontade e a
opinião do outro, transformar a influência público e o poder comunicativo, que
se estabelecem entre indivíduos, em poder político (HABERMAS, 1997).

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
117

Diante das questões anteriormente delineadas, evidenciamos que Comunicação


Pública está atrelada ao direito à informação, a superação da exclusão digital,
denota um viés de democratização da comunicação, imbuída de diálogo e par-
ticipação. É o compromisso com a accountability, que demonstra confiabilidade
e transparência na gestão dos negócios públicos (BRANDÃO, 1998).
Para Brandão,
[...] é preciso incutir o entendimento de que todos têm o dever de pres-
tar contas a seus públicos específicos, de acordo com as necessidades
de cada grupo e escolhendo os meios apropriados. Para isso, é indis-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pensável que a COMUNICAÇÃO PÚBLICA seja realizada por todos


que integram a área pública, de maneira autônoma e descentralizada
de acordo com suas características, buscando encontrar a melhor for-
ma de expressão da comunicação em cada setor das políticas públicas
adotadas pelo Estado (BRANDÃO, 1998, p. 15).

No âmbito governamental, esse vínculo com a população deveria ser gerido pelos
órgãos públicos representativos de comunicação social; no entanto, em muitos
municípios, a prática do setor ainda é destinada a oferecer um serviço unilate-
ral de informações, vinculado a propagandear as ações do Executivo, com foco
nos feitos de prefeitos e secretários municipais.
Por isso, a recomendação é que a conscientização sobre o que seja Comunicação
Pública comece com o público interno da administração pública (colaboradores/
servidores), incluindo desde os setores de tecnologia de informação e comu-
nicação, dos serviços de atendimento presencial nos balcões, os atendimentos
eletrônicos à comunidade (internet e telefone), entre outros, para que seja garan-
tido o intercâmbio de comunicação entre o poder público e a população. E para
além disso, é, ainda, garantir o cumprimento da Lei de Acesso à Informação (LAI),
garantindo aos cidadãos seu direito à informação, como estudaremos a seguir.

Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: nunca e sempre.
(Mario Quintana)

Comunicação Pública
118 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITO À INFORMAÇÃO

A teoria geral do direito à informação na Administração Pública, que rege o


acesso aos documentos administrativos, existe desde a Constituição de 1988, dis-
posto no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea b, item 12 da CR/88, no sentido de que
o direito à informação diz respeito somente às situações de interesse coletivo ou
difuso e, quando se tratar de direito individual, ter-se-á o direito à certidão. A
Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às informações
públicas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e criou mecanismos
que possibilitam, a qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apre-
sentar motivo, o recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.
O direito à informação é preceito constitucional que deve ser exercido em
todos os níveis de governo. “Não há como se falar em democracia participativa
se aqueles que devem participar não têm as informações necessárias para fazê-
-la” (VIEGAS, 1992, p. 671). E ainda,

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
119

[...] em regra o que está em jogo é o interesse geral sobre o individual. É


o interesse da coletividade em detrimento do segredo da administração,
que é pública. Este direito [...] é o de quarta geração, vez que é um pres-
suposto da democracia que os cidadãos tenham conhecimento dos atos,
das atividades da administração para que possam atuar fiscalizando, con-
trolando e participando do Poder Público (VIEGAS, 1992, p. 671 - 672).

De acordo com Viegas (1992), o que se pretende é defender uma administração


pública aberta, transparente, porque do contrário, uma administração pública
fechada representa autoritarismo, segredo, e isso afasta a participação dos cida-
dãos. O acesso à informação é a regra. O sigilo na administração pública é a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

exceção. Entre os principais aspectos da LAI estão:


■■ a Lei vale para os três Poderes da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, inclusive aos Tribunais de Conta e Ministério Público.
Entidades privadas sem fins lucrativos também são obrigadas a dar publici-
dade a informações referentes ao recebimento e à destinação dos recursos
públicos por elas recebidos;
■■ acesso é a regra, o sigilo, a exceção (divulgação máxima). O requerente
não precisa dizer por que e para que deseja a informação (não exigên-
cia de motivação);
■■ hipóteses de sigilo são limitadas e legalmente estabelecidas (limitação de
exceções). Fornecimento gratuito de informação, salvo custo de repro-
dução (gratuidade da informação);
■■ divulgação proativa de informações de interesse coletivo e geral (trans-
parência ativa);
■■ criação de procedimentos e prazos que facilitam o acesso à informação
(transparência passiva);
■■ todas as informações produzidas ou sob guarda do poder público são
públicas e, portanto, acessíveis a todos os cidadãos, ressalvadas as infor-
mações pessoais e as hipóteses de sigilo legalmente estabelecidas;
■■ a LAI deve ser cumprida por todos os órgãos e entidades da administra-
ção direta e indireta.

Direito à Informação
120 UNIDADE V

Os mecanismos para uma efetiva participação dos cidadãos na construção


de uma nova sociedade, como os contemplados na Lei nº 10.257, de 10 de
julho de 2001, o Estatuto da Cidade, não terão plena eficácia se as pessoas
que participam do processo não têm acesso às informações pertinentes aos
interesses da coletividade. É de suma importância que seja garantido o direi-
to à informação para que haja possibilidade de intervenção, pelos cidadãos,
na administração pública, sendo em maior escala no âmbito municipal.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Viegas (2003-2004, p. 671).

CIDADES INTELIGENTES

Com a premissa de superação da exclusão digital e de melhoria da prestação


de serviços públicos, utilizando as novas tecnologias de informação e comuni-
cação, bem como sistemas de dados avançados, o termo Smart City ou Cidade
Inteligente estará cada vez mais em evidência na gestão pública brasileira. E
como o conceito no país ainda está em fase de debate, incluímos, na última
subunidade da nossa Unidade V, o conceito para fazer uma breve apresentação
e destacar seus principais pontos.
Para iniciar, vamos à definição do termo Smart City que, segundo Rizzon
et al. (2017, p. 126), data do início de 1990, quando foi criado para conceituar
o fenômeno de desenvolvimento urbano dependente de tecnologia, inovação e
globalização, principalmente em uma perspectiva econômica. Em 2007, o con-
ceito ganhou repercussão no debate científico com o estudo de Giffinger, Fertner,
Kramar, Kalasek, Pichler-Milanović e Meijers.
Rizzon et al. (2017, p. 126) destacam que, na perspectiva dos autores, a
Smart City é composta por características estruturadas a partir da “combinação
inteligente de doações e atividades de autogerenciamento, cidadãos conscien-
tes e independentes e um método para medir e comparar a inteligência urbana”.
O estudo de Giffinger et al. (2007 apud RIZZON et al., 2017, p. 126) revela
que existem seis características para uma Smart City

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
121

[...] garantir alta performance que podem ser identificadas como: eco-
nomia inteligente; pessoas inteligentes; governança inteligente; mobi-
lidade inteligente; ambiente inteligente e; vida inteligente (RIZZON et
al., 2017, p. 126).

A Cidade Inteligente está


associada ao amplo uso
das TIC em infraestrutu-
ras tradicionais de saúde,
gestão de resíduos, segu-
rança pública, mobilidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

etc. Nesse sentido, a cidade


somente é considerada
inteligente quando os inves-
timentos em capital humano
e social e a tradicional e
moderna infraestrutura de
TIC são impulsionadores do
crescimento econômico sus-
tentável, de uma elevada qualidade de vida e de uma gestão prudente dos recursos
naturais mediante a governança participativa.
Rizzon et al. (2017, p. 131), a partir de Kitchin (2014) afirmam que a cidade inte-
ligente é “aquela cuja economia e a governança está sendo conduzida pela inovação,
pela criatividade e pelo empreendedorismo, sendo promulgada por pessoas inteligen-
tes”. Weiss et al. (2015) inserem Cidades Inteligentes sob a perspectiva de uma nova
dimensão da gestão pública que, mesmo se sustentando em infraestrutura digital,
[...] depende da capacidade de aprendizagem para a inovação e repli-
cação nos processos de gestão urbana (Hernández-Muñoz et al., 2011;
Komninos et al., 2011). Ela utiliza as capacidades da cidade digital para
implementar sistemas de informações que melhorem a disponibilidade
e a qualidade das infraestruturas e serviços públicos, incrementando
sua capacidade de crescimento e estimulando a inovação e o desenvol-
vimento sustentável. Isso significa que a cidade digital não é necessa-
riamente inteligente, mas a cidade inteligente tem, obrigatoriamente,
componentes digitais (Allwinkle & Cruickshank, 2011; Dutta, 2011;
Nam & Pardo, 2011b) (WEISS et al., 2015, p. 310).

Cidades Inteligentes
122 UNIDADE V

Na prática, de maneira simplificada, apenas como exemplo para ilustrar basi-


camente seu funcionamento, todos os usuários das redes de telecomunicações,
ao utilizarem seus equipamentos (conectados à internet) para se comunicar ou
buscar informações, produzem big data (volume de dados). Estes dados ficam
armazenados em um banco de dados na internet e, ao serem consultados, indi-
cam padrões de ocorrências na cidade, por exemplo, pontos de tráfego recorrentes
em determinado horário e localização na cidade.
O banco de dados demonstra um padrão durante dias e indica, com maior
rapidez e em tempo real, como a cidade se ‘movimenta’. Os dados são pesquisa-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos, o problema é identificado, informações são processadas e repassadas, um
novo planejamento é estruturado e implementado para mudar e/ou aprimorar
a prestação de serviços públicos.
Estes, contudo, são aspectos favoráveis do conceito Smart City. Existe muito
debate a ser realizado e pesquisas científicas a serem desenvolvidas para real-
mente atender a essa finalidade. Um importante debate é sobre os aplicativos
oferecidos por empresas privadas às instituições governamentais. A tecnologia é
concedida, mas a empresa também é favorecida com a produção irrestrita de um
banco de dados cuja posse está sob o seu domínio. Assim, a captação de poten-
ciais negócios com questões públicas são um aspecto a ser analisado.
Questionamentos surgem nesse sentido como: até que ponto os dados dos
cidadãos devem ser protegidos? Como garantir recurso para desenvolvimento
de tecnologia pelo setor público? Como evitar que mesmo com a “smartização”
das cidades, os projetos públicos continuem sendo direcionados para privile-
giar e valorizar determinados segmentos da cidade, como a valorização de áreas
favorecendo o mercado de terras? Os questionamentos ainda são muitos para
identificar como o conceito de Cidades Inteligentes está sendo aplicado nas cida-
des brasileiras e qual seria o ideal a ser implementado, mas, até o momento, o
que identificamos é a real necessidade de implementação de uma agenda pública
para atender a esse debate de maneira ampla e democrática.

COMUNICAÇÃO PÚBLICA
123

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, conseguimos nos apropriar, inicialmente, da compreensão sobre


a Sociedade da Informação como sociedade global da informação, que é o resul-
tado direto de uma construção geopolítica. Aprendemos que a informação
transformada em conhecimento se tornou recurso estratégico e agente de trans-
formação da sociedade.
Apropriamo-nos da ênfase em relação à importância da abordagem da ques-
tão dos conteúdos e da informação – atrelados às novas TICs –, sob o viés da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Comunicação Social, da Comunicação Pública, que aglutina todos os termos


relacionados a sistemas de informações e comunicações e novas tecnologias de
informação e comunicação.
Destacamos em nossos estudos a Lei de Acesso à Informação (LAI), que
garante aos cidadãos seu direito irrestrito às informações públicas, sob a Lei nº
12.527/2011 que regulamenta o direito constitucional de acesso às informações
públicas. O direito à informação é, ainda, o preceito constitucional que deve
ser exercido em todos os níveis de governo. É direito do cidadão solicitar, mas
é dever dos órgãos públicos promoverem as publicações pertinentes, com nível
de linguagem acessível à compreensão de todos os cidadãos.
Encerramos nossos estudos com a contextualização sobre Smart City ou
Cidade Inteligente, para evidenciar que o termo está cada vez mais presente nas
relações citadinas e apresentado como mais instrumento para gestão pública
brasileira, ou seja, está associada ao amplo uso das TIC em infraestruturas tra-
dicionais da realidade urbana.
Todos os itens apresentados a partir da contribuição das diversas discipli-
nas do conhecimento agregam mais para os nossos estudos e aperfeiçoamento
em relação à compreensão sobre sistemas de informações e sua aplicação na
gestão pública.
Os materiais complementares são mais uma oportunidade de absorver novas
informações e verificar as análises relacionadas aos temas apresentados nesta
unidade. Aproveite!

Considerações Finais
124

As transformações em direção à sociedade da informação, em estágio avançado nos


países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias
menos industrializadas e definem um novo paradigma: o da tecnologia da informação,
que expressa a essência da presente transformação tecnológica em suas relações com a
economia e a sociedade. Esse novo paradigma tem, segundo Castells (2000), as seguin-
tes características fundamentais:
• A informação é sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir
o homem atuar sobre a informação propriamente dita, ao contrário do passado
quando o objetivo dominante era utilizar informação para agir sobre as tecnolo-
gias, criando implementos novos ou adaptando-os a novos usos.
• Os efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilidade porque a informação
é parte integrante de toda atividade humana, individual ou coletiva e, portanto,
todas essas atividades tendem a ser afetadas diretamente pela nova tecnologia.
• Predomínio da lógica de redes. Esta lógica, característica de todo tipo de relação
complexa, pode ser, graças às novas tecnologias, materialmente implementada
em qualquer tipo de processo.
• Flexibilidade: a tecnologia favorece processos reversíveis, permite modificação por
reorganização de componentes e tem alta capacidade de reconfiguração.
• Crescente convergência de tecnologias, principalmente a microeletrônica, tele-
comunicações, optoeletrônica, computadores, mas também e crescentemente, a
biologia. O ponto central aqui é que trajetórias de desenvolvimento tecnológico
em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam-se as categorias
segundo as quais pensamos todos os processos.
O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingênua de determinismo tecnológico
segundo o qual as transformações em direção à sociedade da informação resultam da
tecnologia, seguem uma lógica técnica e, portanto, neutra, e estão fora da interferência
de fatores sociais e políticos. Nada mais equivocado: processos sociais e transformação
tecnológica resultam de uma interação complexa em que fatores sociais pré-existentes,
a criatividade, o espírito empreendedor, as condições da pesquisa científica afetam o
avanço tecnológico e suas aplicações sociais. [...]
Fonte: Werthein (2000, p. 72).
125

1. O Programa Sociedade da Informação tem como base:


a) Privilegiar o uso das tecnologias da informação e comunicação como primor-
diais para alavancagem de setores importantes, como o social, econômico e
o tecnológico.
b) Não privilegiar o uso das tecnologias da informação e comunicação como pri-
mordiais para alavancagem de setores importantes, como o social, econômi-
co e o tecnológico.
c) Privilegiar o uso das tecnologias da informação e comunicação como secun-
dários para alavancagem de setores importantes, como o social, econômico
e o tecnológico.
d) Privilegiar o uso das tecnologias da informação e comunicação como primor-
diais para alavancagem de setores menos importantes, como o social, econô-
mico e o tecnológico.
e) Privilegiar o uso das tecnologias da informação e comunicação como primor-
diais para alavancagem de setores importantes, como o de negócios.
2. Segundo Duarte (2007, p. 59), entre os compromissos da Comunicação Pública,
estaria o:
I- Privilegiar o interesse público em relação ao interesse individual ou corpora-
tivo.
II- Centralizar o processo no cidadão.
III- Tratar a comunicação como processo mais amplo do que informação.
IV- Assumir a complexidade da comunicação, tratando-a como um todo uno.
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s):
a) Apenas I, II e III.
b) Apenas III e IV.
c) Apenas II, III e IV.
d) I, II, III e IV.
e) Apenas I e II.
126

3. A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às infor-


mações públicas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e criou
mecanismos que possibilitam:
a) Somente pessoa jurídica, sem necessidade de apresentar motivo, o recebi-
mento de informações públicas dos órgãos e entidades.
b) A qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar motivo, o
recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.
c) A qualquer pessoa, física ou jurídica, sendo necessário apresentar motivo, o
recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.
d) A qualquer pessoa física, sem necessidade de apresentar motivo, o recebi-
mento de informações públicas dos órgãos e entidades.
e) A qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar motivo,
o envio de informações públicas dos órgãos e entidades.
4. Entre os principais aspectos da LAI estão:
I- A Lei não vale para os três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nicípios, somente para os Tribunais de Conta e Ministério Público. Entidades
privadas, sem fins lucrativos também são obrigadas a dar publicidade a infor-
mações referentes ao recebimento e à destinação dos recursos públicos por
elas recebidos.
II- O acesso é a regra, o sigilo, a exceção (divulgação máxima). O requerente não
precisa dizer por que e para que deseja a informação (não exigência de mo-
tivação).
III- Hipóteses de sigilo são limitadas e legalmente estabelecidas (limitação de
exceções). Fornecimento gratuito de informação, salvo custo de reprodução
(gratuidade da informação).
IV- Divulgação proativa de informações de interesse coletivo e geral (transparên-
cia ativa) e criação de procedimentos e prazos que facilitam o acesso à infor-
mação (transparência passiva).
É (são) verdadeira(s) a(s) alternativa(s):
a) Apenas a IV.
b) Apenas I e II.
c) I, II, III e IV.
d) Apenas II e IV.
e) Apenas II, III e IV.
127

5. Para Barbosa (2009), a definição de comunicação pública passa por três requisi-
tos básicos. Identifique nas afirmações a seguir quais são:
a) Prestação de informações, informação significativa e participação.
b) Prestação de projetos, informação significativa e participação.
c) Prestação de dados, informação significativa e participação.
d) Prestação de programas, informação significativa e participação.
e) Prestação de informações, informação insignificante e participação.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Poder da Comunicação
Manuel Castells
Editora: Paz e Terra
Sinopse: neste livro, o aclamado autor da trilogia A Era da Informação:
Economia, Sociedade e Cultura, Manuel Castells, oferece uma imagem
bem fundamentada e imensamente desafiadora sobre comunicação
e poder no século 21. A partir de pesquisas sobre processos políticos
e movimentos sociais, o autor apresenta informações enganosas
transmitidas ao público norte-americano sobre a Guerra do Iraque,
o movimento ambientalista global para evitar a mudança climática,
o controle da informação na China e na Rússia e as campanhas
eleitorais apoiadas na internet, tal como a de Obama nos Estados
Unidos. A partir de estudos de caso, Castells propõe uma nova teoria
do poder na era da informação, fundamentada no gerenciamento das
redes de comunicação. É o livro ideal para os interessados em como a
comunicação e a tecnologia afetam nossas vidas.

A cidade é uma só? (2011)


Sinopse: à época do cinquentenário de Brasília, em 2010, o
diretor Adirley Queirós propôs uma reflexão sobre a capital
brasileira. Partindo da Campanha de Erradicação de Invasões
(CEI), que retirou os barracos que circundavam Brasília em 1971,
o filme “A cidade é uma só?” leva o espectador a repensar o
processo contínuo de exclusão social em que o conceito de
Brasília se baseia.

Nexo é um jornal digital para quem busca explicações precisas e interpretações


equilibradas sobre os principais fatos do Brasil e do mundo. Para saber mais,
acesse: o link disponível em: <http://www.nexojornal.com.br>
129
REFERÊNCIAS

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social da ciência e tecnologia: contribuições para uma agenda. Campina Grande:
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______. Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações
previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216
da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga
a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de ja-
neiro de 1991; e dá outras providências. Presidência da República, 2011. Disponível
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d=S0100-19652000000200009&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 22 fev. 2018.
131
GABARITO

1. A.
2. D.
3. B.
4. E.
5. A.
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a)!
Encerramos nossos estudos sobre Sistemas de Informação no Setor Público. Que-
ro agradecer a oportunidade de poder compartilhar com você minha pesquisa e
incentivá-lo a continuar em busca de novos conhecimentos. A gestão pública é
uma incrível possibilidade de transformação da sociedade e, atrelado à inquietação
científica, pode culminar em novas propostas de pensar, repensar e atuar na gestão
pública.
Por isso, desde a nossa primeira unidade, a ênfase tem sido na contextualização da
essência de cada tema, para justificar a importância da apropriação daquilo que
realmente importa quando tratamos sobre administração pública.
Convidamos você a dedicar um tempo dentro de sua rotina para aperfeiçoar sua
leitura sobre o cenário atual da administração pública (no Brasil e em outros países),
acessando diversos canais de informação, inclusive os criados e alimentados pelas
organizações públicas representativas da sociedade civil. Os contrapontos de refe-
rências são essenciais para não limitar sua interpretação, inclusive para acompanhar
os processos de propostas de reformas já em andamento em nosso país.
Acredite! O conhecimento e a garantia do amplo debate – em um ambiente demo-
crático – podem frutificar em transformações essenciais à garantia de um Estado
Democrático de Direitos. Talvez não seja fácil e muito menos rápido, mas é possível.
Nossa recente democracia republicana tem nos revelado diversos avanços.
As tecnologias de informação e comunicação estão presentes em nossa vida para
serem usadas a nosso favor, portanto, não desperdice seu dia utilizando-as em fei-
tos vazios ou para distorcer boas práticas. Investigue como os sistemas de informa-
ções e comunicações se apresentam no seu estado e município, verifique os bons
e maus exemplos aplicados no Brasil e compare-os a outras experiências globais.
Seja inquieto(a) para alterar todos os dias sua forma de pensar, esse sim é um exer-
cício de aperfeiçoamento instigante para motivá-lo(la) a avançar. Fico muito feliz
pela oportunidade de poder, desde o início das primeiras páginas desse livro, ter
contribuído para incentivá-lo(la) a alcançar e trilhar mais outras tantas trajetórias do
saber. Muito obrigado pela companhia. Até a próxima!

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