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ANATOMIA

HUMANA APLICADA
À EDUCAÇÃO FÍSICA

PROFESSORA
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


BARBOSA, Carmem Patrícia.
Anatomia Humana Aplicada à Educação Física. Carmem Patrícia Barbosa.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.
996 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Anatomia . 2. Educação Física . 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1754-0 CDD - 22ª Ed. 613.7


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine,
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki
Hey, Supervisora
Coordenador(a) dede ProjetosMara
Conteúdo Especiais
CecíliaYasminn Talyta Projeto
Rafael Lopes, TavaresGráfico
ZagonelJosé Jhonny Coelho, Editoração
Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Rossana Costa Giani, Revisão Textual Silvia Caroline
Gonçalves, Ariane Andrade Fabreti, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós


trabalhamos com princípios éticos e
profissionalismo, não somente para
oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma
conversão integral das pessoas ao
conhecimento. Baseamo-nos em
4 pilares: intelectual, profissional,
emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos
de graduação e pós-graduação. Produzimos e
revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500
mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as
necessidades de todos.
Para continuar relevante, a instituição de educação
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
coragem e compromisso com a qualidade. Por isso,
desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
metodologias ativas, as quais visam reunir o
melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a)


à Comunidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela
qual a Unicesumar tem sido conhecida
pelos nossos alunos, professores e pela
nossa sociedade. Porém, é importante
destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático,
repetitivo, local e elitizado, mas de um
conhecimento dinâmico, renovável
em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e
comunicação têm nos aproximado cada vez mais
de pessoas, lugares, informações, da educação
por meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets
aceleraram a informação e a produção do
conhecimento, que não reconhece mais fuso
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais
fatores de agregação de valor, de superação
das desigualdades, propagação de trabalho
qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a
nossa cultura e transformando a todos nós.
Então, priorizar o conhecimento hoje, por
meio da Educação a Distância (EAD), significa
possibilitar o contato com ambientes cativantes,
ricos em informações e interatividade. É um
processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
as portas para melhores oportunidades. Como
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a
pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar
se propõe a fazer.
boas-vindas

Janes Fidélis Tomelin Kátia Solange Coelho


Pró-Reitor de Ensino Diretoria de Graduação
de EAD e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leonardo Spaine


Leite Diretoria de
Diretoria de Permanência
Design Educacional

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)!


Você está iniciando um processo de
transformação, pois quando investimos
em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos
também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o
fazemos? Criando oportunidades e/
ou estabelecendo mudanças capazes
de alcançar um nível de desenvolvimento
compatível com os desafios que surgem no
mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante
o Núcleo de Educação a Distância, o(a)
acompanhará durante todo este processo, pois
conforme Freire (1996): “Os homens se educam
juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo
educacional, complementando sua formação
profissional, desenvolvendo competências e
habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma
aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma
possibilita o desenvolvimento da autonomia em
busca dos conhecimentos necessários para a sua
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente
o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes,
assista às aulas ao vivo e participe das discussões.
Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível
para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu
processo de aprendizagem, possibilitando-
lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua
trajetória acadêmica.
autora

Dra. Carmem Patrícia Barbosa


Possui graduação em Fisiotera-
pia pela Universidade Estadual de
Londrina (1997). Especialização em
Morfofisiologia Aplicada à Educa-
ção Corporal e à Reabilitação pela
Universidade Estadual de Maringá
(2000). Mestrado (2003) e doutorado
(2013) em Ciências Biológicas pela
Universidade Estadual de Maringá -
Área de Concentração em Biologia
Celular. Foi professora das discipli-
nas de Anatomia Humana, Fisiologia
Humana, Cinesiologia e Biomecânica
e Bases Neurofuncionais do Movi-
mento no Unicesumar (Centro de Ensino
Superior de Maringá) de 2002 a 2013. Pro-
fessora adjunta de Anatomia Humana na
Universidade Estadual de Maringá desde
2012. Tem experiência com os cursos de
Medicina, Educação Física, Odontologia,
Ciências Biológicas, Enfermagem, Nutri-
ção, Biomedicina e Estética. Foi membro
do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
Unicesumar e faz parte do corpo editorial
da Revista Saúde e Pesquisa, Revista de
Iniciação Científica do Unicesumar e da Re-
vista Arquivos do MUDI-UEM.

Link: <http://lattes.cnpq.br/9374304100882579>.
apresentação do material

Anatomia Humana Aplicada à


Educação Física
Dra. Carmem Patrícia Barbosa
A Anatomia Humana (que do grego sig-
nifica “cortar em partes”) estuda a cons-
tituição e o desenvolvimento do ser hu-
mano. O seu desenvolvimento esteve
diretamente relacionado ao ato de disse-
car, por meio do qual o corpo é metodi-
camente exposto por incisões cirúrgicas,
mantendo a sua organização natural e
possibilitando a associação entre forma
e função. O surgimento do microscópio
favoreceu estudos específicos e desenvol-
veu a embriologia, a citologia e a histo-
logia (ramos da Anatomia).
Embora o estudo anatômico fosse, inicial-
mente, feito por comparação com animais
(Anatomia Comparativa), na atualidade,
ele é realizado em cadáveres humanos
considerados “normais”, uma vez que as
doenças são estudadas pela patologia e
outras ciências. O conceito de normali-
dade em Anatomia deve considerar va-
riações anatômicas individuais e dife-
renças morfológicas em decorrência da
passagem do estado vivo ao cadavérico.
Assim, é necessário considerar os con-
ceitos idealístico e estatístico. Enquanto
o primeiro considera normal aquilo que
é melhor para o desempenho da função
da estrutura anatômica, o segundo afirma
ser normal aquilo que ocorre com a maio-
ria das pessoas (WATANABE, 2000). Por
exemplo, considera-se normal ter cinco
dedos em cada mão para que a função
de pinça fina seja possível (conceito ide-
alístico) e porque quase todos têm esta
quantidade de dedos na mão (conceito
estatístico).
Ao se comparar diferentes pessoas, no
entanto, pode-se observar que existem
várias diferenças entre elas. Quando estas
não prejudicam a função da estrutura,
diz-se que são apenas “variações anatô-
micas”. No entanto quando atrapalham
a função, são ditas “anomalias” e, inclu-
sive, podem ser chamadas de “monstru-
osidades” se impedirem que o indivíduo
permaneça vivo (WATANABE, 2000).
Os diferentes tons de pele são variações
anatômicas, um olho míope é uma ano-
malia e gêmeos siameses (xifópagos) re-
presentam uma monstruosidade. Fatores
como idade, sexo, grupo étnico e bióti-
po podem gerar variações corpóreas. É
normal, por exemplo, que um japonês
tenha cabelos lisos e pele clara, mas não
são normais tais características em uma
pessoa negra; é normal que um bebê não
tenha dentes, mas não é normal que isto
ocorra em um adulto.
Uma das maiores dificuldades encon-
tradas no estudo da Anatomia Humana
é a nomenclatura anatômica. Isto por-
que cientistas e profissionais da área da
saúde usam uma linguagem própria ao
se referirem às estruturas do corpo humano e
à forma como a dissecção é feita. Essa nomen-
clatura engloba termos normalmente origina-
dos do grego, do latim e de outras línguas e,
em conjunto, recebe o nome de Terminologia
Anatômica. O seu objetivo é padronizar os no-
mes dados às estruturas do corpo nos diversos
centros de estudos e pesquisas no mundo (DI
DIO, 2002). Ela consta de mais de 6 mil ter-
mos esporadicamente revistos e atualizados,
os quais podem ser abreviados para facilitar o
seu uso prático e que são traduzidos pelas so-
ciedades de Anatomia de cada país. No Brasil, a
terminologia é traduzida pela Comissão de Ter-
minologia Anatômica da Sociedade Brasileira
de Anatomia (SBA) (CFTA, 2001). Os termos
relacionam-se à forma da estrutura (músculo
deltoide, por exemplo), à sua situação (artéria
vertebral), à sua função (glândula lacrimal) e
outras peculiaridades (FREITAS, 2004; TOR-
TORA et al., 2010).
A fim de evitar erros em relação à nomenclatura
e ao posicionamento do corpo, a posição anatô-
mica de descrição, ou posição de referência, foi
instituída. Nela, supõe-se que o cadáver está em
posição ortostática (em pé), com a cabeça em
nível horizontal, olhos para frente, pés apoiados
no chão e voltados à frente, membros superiores
ao lado do corpo com as palmas voltadas para
frente (MOORE et al., 2014).
As várias regiões do corpo são denominadas
como cabeça, pescoço, tronco, membros superio-
res e inferiores. A cabeça apresenta o crânio facial
(viscerocrânio) e o crânio neural (neurocrânio).
Enquanto o facial é anterior, menor, constituído
por 14 ossos e cujas funções incluem abrigar e
proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar a
fonação e a mastigação, o crânio neural é poste-
rior, maior, constituído por oito ossos, os quais
se relacionam à proteção do sistema nervoso
(TORTORA et al., 2010). A parte posterior do
pescoço é chamada de nuca, e o tronco é sub-
dividido em tórax (superiormente ao músculo
diafragma), abdome (entre o músculo diafrag-
ma e a abertura superior da pelve) e pelve (entre
os ossos do quadril). Os membros superiores
e inferiores subdividem-se em cíngulo (região
conectada ao tronco) e parte livre. O cíngulo do
membro superior é a cintura escapular e a sua
parte livre inclui braço, antebraço e mão (sendo
palma a sua parte anterior, e dorso, a posterior).
O cíngulo do membro inferior é a cintura pélvica
e a sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo
o dorso a sua parte superior, e planta, a inferior)
(FREITAS, 2004).
A partir da posição anatômica de descrição, su-
põe-se a existência de planos imaginários que to-
cam externamente o corpo (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014). Os planos superior (cranial),
inferior (podálico), laterais (direito e esquerdo),
anterior (ventral) e posterior (dorsal) auxiliam
a denominar estruturas. Por exemplo, as claví-
culas são estruturas superiores ao joelho, pois
se localizam mais próximas ao plano superior;
o osso occipital é posterior em relação ao osso
frontal, uma vez que está mais próximo ao plano
posterior. Complementarmente, planos de sec-
ção (sagital, transversal e coronal) foram adota-
dos (FREITAS, 2004). Enquanto o plano sagital
divide estruturas em porções direita e esquerda
(antímeros), o coronal divide em porção anterior
e posterior (paquímeros), e o transversal divide
em porção superior e inferior (metâmeros).
Termos anatômicos como flexão, extensão, abdu-
ção, adução, rotação medial e lateral, supinação
e pronação descrevem movimentos (MOORE
et al., 2014; TORTORA et al., 2010). Tais movi-
mentos ocorrem em um plano (sagital, coronal
ou transversal) e por meio de linhas imaginárias
denominadas eixos, as quais são perpendiculares
aos planos. A flexão e a extensão, por exemplo,
ocorrem no plano sagital e no eixo coronal; a
abdução e a adução ocorrem no plano coronal e
no eixo sagital; as rotações medial e lateral ocor-
rem no plano transversal e no eixo longitudinal
(GRABINER et al., 1991).
Embora a Anatomia possa ser estudada do ponto
de vista radiológico, antropológico, de imagem,
artístico, regional, clínico e outros, neste livro,
estudaremos a Anatomia sistêmica (de cada sis-
tema do corpo) e a Anatomia voltada ao movi-
mento. Em cada unidade, será apresentada uma
introdução (apresentando inicialmente o tema),
um desenvolvimento (em que o conteúdo pro-
gramático será abordado), considerações finais
(que resumirão os estudos teóricos e práticos
do tema) e atividades de estudo (para reforço e
memorização do conteúdo apresentado).
Desejo que você se apaixone pela Anatomia Hu-
mana e que tenha a consciência de que é impos-
sível ser um bom profissional de Educação Física
sem conhecê-la profundamente. Esta ciência está
diretamente relacionada à constituição e ao fun-
cionamento do corpo humano. De igual modo,
desejo que você descubra que é possível gerar
modificações benéficas no corpo e minimizar as
maléficas a partir dele.
Bom estudo!
sum ário

UNIDADE I
APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO
24 Sistema Circulatório
90 Sistema Circulatório Linfático
136 Sistema Respiratório
183 Considerações finais
216 Referências
217 Gabarito
UNIDADE II
SISTEMAS DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO
228 Sistema Digestório
298 Sistema Endócrino
343 Considerações finais
372 Referências
375 Gabarito
sumário

UNIDADE III
APARELHO UROGENITAL
386 Sistema Urinário
416 Sistema Genital Masculino
462 Sistema Genital Feminino
507 Considerações finais
531 Referências
533 Gabarito
UNIDADE IV
APARELHO LOCOMOTOR
542 Sistema Esquelético
612 Sistema Articular
656 Sistema Muscular
754 Considerações finais
786 Referências
788 Gabarito
sum ário

UNIDADE V
NEUROANATOMIA APLICADA AO MOVIMENTO
800 Tecido Nervoso
818 Sistema Nervoso Central
878 Sistema Nervoso Periférico
918 Sistema Nervoso Autônomo
947 Considerações finais
973 Referências
975 Gabarito
977 Conclusão geral
APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO

Professora Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema circulatório
• Sistema linfático
• Sistema respiratório

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema circulatório: sangue, coração
e vasos sanguíneos.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema linfático: linfa, capilares,
vasos, ductos e troncos linfáticos, linfonodos, baço, timo e
tonsilas.
• Descrever os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema respiratório: nariz, faringe,
laringe, traqueia, brônquios/árvore brônquica, pulmões/
alvéolos pulmonares, pleuras, divisões do sistema
respiratório, cavidade torácica e mediastino.
unidade

I
INTRODUÇÃO

A
vida, de fato, é um mi-
lagre, e a sua continui-
dade depende da ma-
nutenção das células
em perfeito equilíbrio. Assim,
para que a homeostasia corpórea
seja possível, todos os sistemas do
corpo agem em conjunto, desem-
penhando funções específicas e
coordenadas. Neste contexto, o
aparelho cardiorrespira-
tório e o sistema nervoso
se destacam, pois permi-
tem que nutrientes e oxi-
gênio sejam encaminha-
dos às células ao mesmo
tempo em que delas são
retirados materiais re-
siduais produzidos pelo
metabolismo normal
(como metabólitos e gás carbôni-
co), mantendo o meio intracelu-
lar constante.
Para tanto, o sistema nervoso
controla as condições intracelu-
lares e possibilita adaptações no
aparelho cardiorrespiratório. Co-
ração, vasos sanguíneos e pul-
mões agem em conjunto, envian-
do sangue oxigenado ao corpo e
reoxigenando o sangue vindo do
corpo por meio da hematose que
ocorre no pulmão.
O objetivo desta unidade é es-
tudar detalhadamente as estru-
turas anatômicas que compõem
o aparelho cardiorrespiratório,
pormenorizando as suas funções.
Este conhecimento preparará
você para compreender as altera-
ções desencadeadas pela prática
de exercícios físicos, ou seja, en-
tender conceitos específicos que
você verá posteriormente na Fi-
siologia do Exercício.
De maneira geral, o aparelho car-
diorrespiratório é composto pelos
sistemas circulatório e respirató-
rio. No entanto o sistema circu-
latório é subdividido em sistema
circulatório sanguífero (destina-
do à circulação do sangue e com-
posto pelo sangue, pelo coração
e pelos vasos sanguíneos) e siste-
ma vascular linfático (destinado
à circulação da linfa e composto
pela linfa, pelos órgãos linfoides
e vasos linfáticos).
Nosso objetivo é que você se
conscientize de que o(a) profes-
sor(a) de Educação Física preci-
sa ter amplo conhecimento so-
bre esses sistemas, uma vez que
a contração muscular efetiva e,
consequentemente, a realização
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de movimentos harmônicos e
precisos necessários à prática do
exercício físico dependem inte-
gralmente da atuação de tais sis-
temas.

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Portanto, aproveite bem os co-


nhecimentos aqui oferecidos, de-
dique-se e tenha um ótimo estu-
do.

37
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Circulatório

Caro(a) aluno(a), o sistema cir-


culatório possibilita a circulação
dos líquidos, também chama-
dos humores corpóreos. Assim,
quando o líquido é representado
38
EDUCAÇÃO FÍSICA

pelo sangue, denomina-se siste-


ma circulatório sanguíneo; quan-
do o líquido é representado pela
linfa, denomina-se sistema circu-
latório linfático.

FUNÇÕES
O sistema circulatório sanguíneo
está relacionado a diversas fun-
ções, como nutrição, oxigenação
e drenagem de substâncias tóxicas
produzidas pelas células. Além
39
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

disso, o sangue contribui para o


controle da temperatura corpórea,
relaciona-se à defesa imunológica
(por meio das células brancas), à
coagulação sanguínea (pelas pla-
quetas), à distribuição de hormô-
nios pelo corpo e à administra-
ção de medicações endovenosas
(MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014).

40
EDUCAÇÃO FÍSICA

COMPONENTES
Sangue
O sangue apresenta uma colora-
ção avermelhada devido, prin-
cipalmente, à hemoglobina pre-
sente em uma de suas células, as
hemácias. Assim, ele é constituí-
do por uma parte líquida chama-
da plasma sanguíneo e uma parte
celular formada pelas hemácias
(eritrócitos ou glóbulos verme-
lhos), leucócitos (glóbulos bran-
41
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

cos) e plaquetas (trombócitos).


Enquanto as hemácias realizam
o transporte de gases pela corrente
sanguínea, os leucócitos possibi-
litam a defesa imunológica, pois
realizam fagocitose ou produzem
substâncias capazes de inviabili-
zar células invasoras ( por exem-
plo, vírus, bactérias ou mesmo
células anômalas). Por sua vez, as
plaquetas atuam na coagulação
do sangue (FREITAS, 2004).
42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Coração
Embora saibamos que a função de
controle geral do corpo é de res-
ponsabilidade do cérebro, muitas
pessoas ainda cometem o equívo-
co de atribuir ao coração funções
relacionadas às emoções (como
amor, ódio e perdão). Na verda-
de, este órgão estudado pela car-
diologia desempenha apenas a
função de atuar como uma “bol-
sa” ou um “saco” capaz de se dila-
43
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tar para se encher de sangue e de


se contrair para mandar o sangue
contido em seu interior a regiões
específicas.
É um órgão ímpar, localizado
no centro da cavidade torácica,
entre os dois pulmões (em uma
região chamada mediastino). Ele
fica posterior ao osso esterno e
às cartilagens costais, anterior às
vértebras torácicas e superior ao
músculo diafragma.
44
EDUCAÇÃO FÍSICA

A sua constituição é predomi-


nantemente muscular e ele é oco.
Apresenta 12 cm de comprimen-
to, 9 de largura e 6 de espessura,
e pesa 250 gramas nas mulheres e
300 gramas nos homens. Tem for-
ma de uma pirâmide, com o ápice
apontando para baixo e para a es-
querda, e a base apontando para
cima e para a direita. Os princi-
pais vasos sanguíneos que chegam

45
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

e saem do coração o fazem pela


base do órgão (DI DIO, 2002).

Figura 1 - Posição e forma do coração

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

O coração apresenta três cama-


das: endocárdio (internamente),
pericárdio (externamente) e mio-
cárdio (entre as anteriores). O en-
docárdio forra as cavidades e as
válvulas do coração. O pericárdio,
constituído por tecido conjunti-
vo fibroso e subdividido em pe-
ricárdio fibroso e seroso, tem por
função fixar e proteger o coração.
O miocárdio é o tecido muscular
estriado cardíaco e a sua espessu-
47
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ra varia de acordo com a câmara


cardíaca avaliada. Assim, é mais
fino nos átrios e mais espesso
nos ventrículos. Dele emergem
os septos cardíacos, os músculos
pectíneos e os músculos papilares
pelos quais as cordas tendíneas se
prendem (TORTORA; DERRI-
CKSON; WERNECK, 2010).
Os septos cardíacos dividem o
coração em quatro câmaras car-
díacas. Os átrios são superiores e
48
EDUCAÇÃO FÍSICA

menores; os ventrículos são infe-


riores e maiores. Na face anterior
dos átrios estão localizadas as au-
rículas, cuja função é aumentar
ligeiramente a capacidade de ar-
mazenamento de sangue do ór-
gão.
O septo atrioventricular é hori-
zontal e divide o coração em par-
te superior e inferior. Os septos
interatrial e interventricular são
verticais e dividem, respectiva-
49
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

mente, os átrios e os ventrículos


direitos e esquerdos. A face ex-
terna do coração apresenta uma
quantidade variável de gordura
e de sulcos que marcam o limite
externo entre estas câmaras car-
díacas.
É importante destacar que o trei-
namento físico pode modificar
a espessura do miocárdio, assim
como as doenças podem alterar a
sua estrutura exigindo, inclusive,
50
EDUCAÇÃO FÍSICA

transplante cardíaco (DÂNGE-


LO; FATTINI, 2011).

Figura 2 – Coração em corte coronal


51
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O sangue circula entre as câmaras


cardíacas, passando por orifícios
chamados óstios, os quais apre-
sentam dispositivos orientadores
da corrente sanguínea, chamados
valvas cardíacas. As principais são
as valvas atrioventricular direita,
atrioventricular esquerda, valva
do tronco pulmonar e valva da
aorta. Tais estruturas, por sua vez,
são constituídas por lâminas de
tecido conjuntivo chamadas vál-
52
EDUCAÇÃO FÍSICA

vulas, folhetos ou cúspides. Elas


impedem o refluxo de sangue e
se não estiverem em perfeito fun-
cionamento, podem desencade-
ar sopro cardíaco (WATANABE,
2000).

53
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Valva átrioventricular Valva átrioventricular


direita esquerda

Músculos papilares
Septo interventricular
Cordas tendíneas

Figura 3 – Valvas cardíacas, músculos papilares e cordas


tendíneas

54
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS

Bulhas cardíacas e sopro

O barulho característico do cora-


ção (“tum-tá, tum-tá, tum-tá”...)
ocorre devido aos fechamentos
consecutivos das valvas do cora-
ção. Durante a sístole, os ventrí-
culos se contraem comprimindo
o sangue que, devido à pressão
no ventrículo, tende a refluir do
ventrículo para o átrio. Assim, o
sangue turbilhona-se contra as
valvas atrioventriculares, as quais
se fecham fortemente para impe-
dir tal refluxo.

55
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS

O fechamento dessas valvas gera


uma vibração, que é convertida
em som pela caixa torácica. Este
som é chamado de primeira bu-
lha cardíaca (é o “tum”).
No entanto os ventrículos conti-
nuam a se contrair até que a pres-
são em seu interior seja maior do
que a pressão dentro do tronco
pulmonar e da artéria aorta. Isto
faz com que as valvas semilunares
pulmonares e aórticas se abram.
À medida que o sangue vai saindo
dos ventrículos para as artérias,
elas se distendem para acomo-
dar o sangue, e isto aumenta a
pressão dentro delas ao mesmo
56
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

tempo em que diminui a pressão


no ventrículo. Então, para impedir
que o sangue reflua das artérias
para o ventrículo, ocorre o forte
fechamento das valvas semiluna-
res. Este fechamento gera a se-
gunda bulha cardíaca (é o som
do “tá”).

Fonte: Pazin-Filho, Schmidt e Maciel


(2004).

57
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A circulação do sangue (ou seja,


sua passagem pelo coração e va-
sos sanguíneos) se faz por meio
de duas correntes que partem
ao mesmo tempo do coração. A
primeira é chamada de pequena
circulação, ou circulação pul-
monar, e tem por objetivo oxi-
genar o sangue. Para tanto, o
sangue sai do ventrículo direito
pelo tronco pulmonar e se diri-
ge aos pulmões, onde ocorre a
58
EDUCAÇÃO FÍSICA

hematose. O sangue oxigena-


do volta ao átrio esquerdo pelas
veias pulmonares e é lançado no
ventrículo esquerdo. A segun-
da é chamada de grande circu-
lação, ou circulação sistêmica,
e tem por objetivo distribuir o
sangue oxigenado e rico em nu-
trientes ao corpo e dele remo-
ver o CO2 e os produtos residu-
ais. Para tanto, o sangue sai do
ventrículo esquerdo pela artéria
59
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

aorta, se dirige aos tecidos do


corpo e retorna ao coração pelas
veias cavas que desembocam no
átrio direito do coração, de onde
o sangue é dirigido ao ventrículo
direito (TORTORA; DERRICK-
SON; WERNECK, 2010).

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em rosa, notar a circulação de sangue arterial


na grande circulação ou circulação sistêmica

Em azul, notar a circulação de sangue venoso


na pequena circulação ou circulação pulmonar

Figura 4 – Tipos de circulação

61
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A inervação do coração é dife-


rente daquela em outros órgãos
do corpo, uma vez que ela se dá
por duas maneiras: pela inerva-
ção extrínseca e pela inervação
intrínseca. A inervação extrínse-
ca é realizada pelo sistema ner-
voso autônomo (SNA) por meio
de seus componentes simpáticos
(que lhe causam taquicardia) e
parassimpáticos (que lhe causam
bradicardia). Essa inervação é ne-
62
EDUCAÇÃO FÍSICA

cessária às demandas do dia a dia,


pois, por ela, o SNA possibilita ao
coração adaptações e reações con-
forme ocorrem modificações do
ambiente (WATANABE, 2000).
A inervação intrínseca (sistema
de condução do coração ou com-
plexo estimulante do coração)
não é feita por elementos nervo-
sos, e sim, por fibras musculares
cardíacas especiais que formam o
tecido nodal capaz de gerar im-
63
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

pulsos eletroquímicos que, por


sua vez, se propagam pelo cora-
ção, causando a contração deste.
Esta inervação é considerada o
marca-passo do coração.
É interessante salientar que a ati-
vidade elétrica do coração gera
uma corrente elétrica que pode ser
detectada na superfície do corpo
e registrada pelo eletrocardiogra-
ma (ECG). Alterações neste exa-
me podem diagnosticar doenças
64
EDUCAÇÃO FÍSICA

cardíacas. Estas doenças também


podem ser previamente identifi-
cadas por meio da aplicação de um
teste de esforço, avaliando, assim,
a resposta do coração ao exercício
físico.

Vasos sanguíneos
As artérias, as veias e os capilares
possibilitam o transporte de san-
gue pelo corpo e, por isto, consti-
tuem os vasos sanguíneos. Artérias
65
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

e veias têm suas paredes formadas


por três camadas sobrepostas. A
mais externa, chamada de túnica
adventícia, dá resistência ao vaso;
a média apresenta músculo liso,
possibilitando vasoconstrição e
vasodilatação; a túnica íntima (ou
endotélio) é formada por uma ca-
mada de células que possibilitam
o deslizamento do sangue (FREI-
TAS, 2004).

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os vasos sanguíneos apresentam


particularidades estruturais dire-
tamente relacionadas às funções
que desempenham na mecânica
circulatória. Grande parte destas
diferenças se devem ao fato de que
o sangue que circula pelas artérias
transita com maior pressão do
que o sangue que circula no siste-
ma venoso. As veias, por exemplo,
têm paredes mais finas e maior luz

67
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

(ou seja, o espaço para o sangue


circular é maior) por que por elas
deve retornar ao coração o mes-
mo volume de sangue que saiu pe-
las artérias. Na circulação venosa,
todavia, a pressão é praticamen-
te irrelevante, e o retorno venoso
ocorre de modo passivo, ou seja,
sem um órgão análogo ao coração
para mandá-lo de volta para bom-
beá-lo contra a ação da gravidade.
As artérias são tubos cilíndri-
68
EDUCAÇÃO FÍSICA

cos, elásticos, de direção centrí-


fuga (pois levam sangue para fora
do coração) e responsáveis por
transportar sangue rico em O2 e
nutrientes para as células. Toda-
via as artérias pulmonares repre-
sentam uma exceção, pois condu-
zem sangue venoso aos pulmões
(DI DIO, 2002).
São menos numerosas do que as
veias, têm pulsação, normalmente
são mais profundas para ficarem
69
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

protegidas e evitar que uma rup-


tura cause um fluxo ininterrupto
de sangue ou uma hemorragia. No
entanto podem apresentar parte
do seu trajeto superficialmente
(como a artéria radial).
Podem ser acompanhadas por
veias satélites, se comunicar entre
si por anastomoses e se ramificar
emitindo ramos terminais (quan-
do a artéria deixa de existir) ou
ramos colaterais (quando a arté-
70
EDUCAÇÃO FÍSICA

ria continua a existir, mas emite


um ramo com direção oblíqua
ou a 90º; quando o ramo forma
um ângulo obtuso, é chamado de
ramo recorrente). Assim, as ar-
térias, geralmente, começam de
grande calibre e diminuem de di-
âmetro à medida que se ramifi-
cam.
Os capilares sanguíneos têm di-
âmetro microscópico e ligam as
arteríolas às vênulas. As suas pa-
71
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

redes são muito delgadas e, por


isso, permitem a passagem de
substâncias através de suas pare-
des, ou seja, permitem trocas en-
tre sangue e tecido por meio do
líquido intersticial (microcircu-
lação), sendo, por isso, conheci-
dos como vasos de troca.
Os capilares apresentam vaso-
motricidade, ou seja, fazem va-
sodilatação e vasoconstrição de
maneira influenciada por subs-
72
EDUCAÇÃO FÍSICA

tâncias químicas liberadas pelas


células endoteliais (óxido nítrico,
por exemplo). São considerados
os vasos mais numerosos do cor-
po, mas dependendo da atividade
metabólica do tecido, pode haver
mais deles ou menos. Assim, nos
músculos, no fígado, nos rins e
no SNC, os quais têm alta ativida-
de metabólica, há mais capilares
do que nos tendões e ligamentos.
Ademais, eles podem apresentar
73
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

poros (sendo chamados de fenes-


trados), podem ter interrupções
em suas paredes (sendo chama-
dos de sinusoides) ou podem ter
parede sem poros ou interrup-
ções (sendo chamados de contí-
nuos) (TORTORA; DERRICK-
SON; WERNECK, 2010).
As veias conduzem o sangue em
direção centrípeta, ou seja, por
elas o sangue chega ao coração.
Exceto pelas veias pulmonares,
74
EDUCAÇÃO FÍSICA

que conduzem sangue arterial


para o coração, as demais fazem
a drenagem (ou retorno venoso)
coletando sangue rico em CO2 e
metabólitos dos tecidos.
Estes vasos não têm pulsação,
normalmente são menos espessos
do que as artérias e, por isso, não
resistem a pressões muito altas e
tendem a colabar (as suas finas
paredes ficam aderidas). As veias
podem ser superficiais ou profun-
75
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

das, as quais se comunicam por


meio das veias comunicantes ou
perfurantes. O calibre das veias
pode aumentar gradativamente,
elas podem apresentar válvulas
para impedir o refluxo do sangue
e o leito venoso é praticamente o
dobro do leito arterial. Vale lem-
brar que veias, artérias e nervos
se unem formando feixes váscu-
lo-nervosos (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
76
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 5 – Diferenças entre artérias e veias

77
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

O sangue não se distribui igual-


mente a todos os órgãos do cor-
po, pois o fluxo sanguíneo depen-
de da demanda funcional. Desta
forma, em repouso, a maior parte
do volume de sangue (64%) per-
manece nas veias e vênulas sistê-
micas. As artérias sistêmicas têm
13%, os capilares sanguíneos têm
7%, os vasos pulmonares, 9% e o
coração, 7%. Todavia este esta-
do pode ser totalmente alterado
em condições específicas, como
exercício físico e estresse.

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Como visto, veias e vênulas sistê-


micas atuam como reservatório
de sangue a partir do qual este
sangue pode ser rapidamente re-
direcionado em casos, por exem-
plo, de hemorragia ou de ativida-
de muscular intensa. Para tanto,
ocorre venoconstrição para aju-
dar a contrabalancear a queda
na pressão arterial. As principais
veias e vênulas do corpo que rea-
lizam tal função são as do fígado,
do baço e da pele.

Fonte: Moore et al. (2014).

79
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Principais vasos sanguíneos do


corpo

Coração
De maneira geral, o coração é ir-
rigado pelas artérias coronárias,
ramos da parte ascendente da ar-
téria aorta. Geralmente, a coro-
nária esquerda é mais calibrosa e
tem maior área de distribuição de
sangue.

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

A drenagem do coração é feita


por várias veias cardíacas que se
abrem no seio coronário (a prin-
cipal veia do coração), o qual de-
semboca no átrio direito (WATA-
NABE, 2000).

Cabeça e pescoço
A vascularização da cabeça e do
pescoço depende das artérias
carótidas comuns e subclávias,

81
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

as quais se originam do arco da


aorta. O tronco braquiocefálico
(localizado à direita desse arco)
emite a artéria carótida comum
direita e a artéria subclávia direi-
ta. As artérias carótida comum
esquerda e subclávia esquerda
surgem do próprio arco da aor-
ta. As artérias carótidas comuns
se bifurcam em artéria carótida
interna (que entra no crânio ir-
rigando estruturas como a reti-
82
EDUCAÇÃO FÍSICA

na e o encéfalo) e artéria caróti-


da externa (que irriga estruturas
da face e do couro cabeludo). A
região posterior do encéfalo é ir-
rigada pelas artérias vertebrais
(ramos das artérias subclávias).
O retorno venoso da cabeça e
do pescoço depende dos seios
venosos da dura-máter e de veias
superficiais que desembocam na
veia jugular interna. Esta veia se
une à veia subclávia, formando
83
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

a veia braquiocefálica. As veias


braquiocefálicas direita e esquer-
da se anastomosam formando a
veia cava superior que, por sua
vez, desemboca no átrio direito
do coração (DANGELO; FATTI-
NI, 2011).

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 6 – Vascularização venosa da cabeça e do pescoço.

Tórax
A irrigação do tórax é feita pela
parte torácica da artéria aorta por
meio de ramos viscerais e parie-
85
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tais, como as artérias esofágicas,


pericárdicas, mediastinais, bron-
quiais, frênicas superiores, sub-
costais e intercostais posteriores.
As artérias subclávia e axilar tam-
bém participam da irrigação da
parede torácica.
A drenagem do tórax é feita por
várias veias que drenam para a
veia ázigo, a qual conduz sangue
venoso até a veia cava superior
(MOORE et al., 2014).
86
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 7 – Vascularização arterial da cabeça e do pescoço

Abdome
A irrigação do abdome é feita pela
parte abdominal da artéria aor-
ta que emite ramos viscerais e pa-
87
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

rietais, como as artérias epigástri-


ca superficial, epigástrica inferior,
musculofrênica, 10ª e 11ª artérias
intercostais posteriores, subcostal,
circunflexa ilíaca profunda, cir-
cunflexa ilíaca superficial, frênicas
inferiores, tronco celíaco, mesen-
térica superior, mesentérica infe-
rior, suprarrenais médias, renais,
gonadais e ilíacas comuns. Estas
últimas se ramificam em artérias
ilíacas externas (que vão aos mem-
88
EDUCAÇÃO FÍSICA

bros inferiores) e ilíacas internas


(que irrigam bexiga urinária, úte-
ro e próstata).
A drenagem venosa das vísce-
ras abdominais é feita, principal-
mente, pela veia porta e pela veia
cava inferior (DI DIO, 2002).

Pelve
A parede e vísceras da pelve são
irrigadas pela artéria ilíaca inter-
na. As principais artérias da pelve
89
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

são umbilical, obturatória, sacral


mediana, retal superior, gonadal,
do ducto deferente, ramos pros-
táticos, vesical superior e inferior
e uterina.
Os plexos venosos pélvicos são
formados por veias que circun-
dam as vísceras pélvicas (plexo
retal, vesical, prostático, uterino,
vaginal). As veias iliolombares,
sacral mediana e sacrais laterais
também são importantes nesta
90
EDUCAÇÃO FÍSICA

drenagem. Em última instância,


as veias ilíacas interna e externa se
unem na pelve para formar a veia
ilíaca comum. As veias ilíacas co-
muns direita e esquerda se anas-
tomosam formando a veia cava
inferior, que recebe outras tribu-
tárias e desemboca no átrio direi-
to do coração (FREITAS, 2004).

Membro superior
Os membros superiores são irri-
91
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

gados pelas artérias subclávias,


as quais, na região axilar, passam
a ser chamadas de artérias axila-
res, e no braço, são chamadas de
artérias braquiais. As braquiais
se ramificam em artérias ulnar e
radial (na altura da fossa cubi-
tal).
Veias profundas e superficiais
drenam o membro superior. Por
exemplo, as veias cefálica, basílica,
radial e ulnar. Por fim, e como já
92
EDUCAÇÃO FÍSICA

visto anteriormente, as veias sub-


clávias se unem às jugulares for-
mando as veias braquiocefálicas,
as quais se unem formando a veia
cava superior (TORTORA; DER-
RICKSON; WERNECK, 2010).

Membro inferior
Os membros inferiores são irri-
gados pelas artérias ilíacas ex-
ternas, as quais atravessam o li-
gamento inguinal e passam a ser
93
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

chamadas de artérias femorais.


Estas passam à região poplítea
(posterior ao joelho) e recebem
o nome de artérias poplíteas, as
quais se bifurcam em artérias ti-
bial anterior, tibial posterior e fi-
bular.
Veias profundas e superficiais
drenam o membro inferior, como
as veias tibial anterior, tibial pos-
terior, fibular, safena magna e sa-
fena parva. Em última instância,
94
EDUCAÇÃO FÍSICA

drenam para a veia femoral, atra-


vessam o ligamento inguinal e
passam a ser chamadas de veias
ilíacas externas. Estas se unem às
veias ilíacas internas formando as
veias ilíacas comuns, as quais se
unem formando a veia cava infe-
rior (DI DIO, 2002).

95
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 8 – Ilustração esquemática das principais veias


96
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 – As principais artérias do corpo humano


Fonte: Colicigno et al. (2009, p. 164-165).
97
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

CURIOSIDADES
O retorno venoso dos membros
inferiores ocorre contra a ação da
gravidade. É possibilitado por fa-
tores como o gradiente de pres-
são entre a cavidade torácica e a
abdominal durante a respiração,
a ação de “esponja venosa” das
plantas dos pés, a ação massage-
adora dos músculos do membro
inferior sobre os vasos e a pulsa-
ção das artérias adjacentes, trans-
98
EDUCAÇÃO FÍSICA

mitindo o pulso para a parede da


veia acompanhante (veia satélite).
Além disso, as veias dos membros
inferiores têm válvulas que aju-
dam no direcionamento do san-
gue. No entanto permanecer em
pé por muito tempo pode fazer
com que o sangue se acumule nas
veias, causando dilatação, insufi-
ciência valvular e varizes. Tal fato
faz com que haja refluxo do san-
gue, estase sanguínea e edema.
99
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A ressuscitação cardiopulmonar
(compressão cardíaca associada à
ventilação artificial dos pulmões)
é útil para manter o sangue oxi-
genado até que o coração volte a
bater. Isto porque o coração fica
posicionado entre a coluna ver-
tebral e o osso esterno, ou seja,
duas estruturas rígidas que po-
dem ser comprimidas, ajudando
o coração a bombear sangue para

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

a circulação sistêmica (FREITAS,


2004).
O envelhecimento altera pro-
gressivamente o sistema circu-
latório gerando, por exemplo, a
diminuição no tamanho das fi-
bras musculares cardíacas, a per-
da de força muscular do coração,
a redução da frequência cardíaca
máxima, o aumento da pressão
sistólica e a diminuição da com-

101
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

placência arterial. O exercício


físico tem sido apontado como
capaz de minimizar tais ocorrên-
cias e, por isto, ele é mundialmen-
te visto como uma das melhoras
formas de prevenção às doenças
cardiocirculatórias.

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

103
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Circulatório
Linfático

Como visto anteriormente, o sis-


tema linfático pertence ao sistema
circulatório. O que o diferencia
do sistema circulatório sanguíneo
104
EDUCAÇÃO FÍSICA

é o fato de que a linfa é o líqui-


do circulante no sistema linfáti-
co enquanto o sangue é o líquido
circulante no sistema sanguíneo.
Como o sistema sanguíneo foi
estudado na aula anterior, a pre-
sente aula enfatizará os compo-
nentes, as funções e os principais
detalhes do sistema circulatório
linfático.

105
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

DEFINIÇÃO
O sistema linfático auxilia o sis-
tema venoso a drenar a linfa dos
tecidos para a circulação sanguí-
nea. É constituído por uma vasta
rede de vasos (capilares, vasos e
ductos linfáticos) que se distri-
buem por todo o corpo captan-
do líquido tecidual que não re-
tornou aos capilares sanguíneos.
Assim, além da linfa, esse sistema
apresenta tecidos e órgãos linfoi-
106
EDUCAÇÃO FÍSICA

des, como baço,


timo, linfono-
dos e tonsilas, os
quais estão dis-
tribuídos por
pr at i c ame nte
todo o corpo
(MIR ANDA
NETO; CHO-
PARD, 2014;
MOORE et al.,
Figura 10 – Visão geral do
2014). sistema linfático

107
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÕES
A principal função do sistema
linfático é drenar o excesso de
líquido intersticial para os vasos
linfáticos mantendo, assim, a ho-
meostasia dos fluidos do corpo,
e também participar ativamente
da imunidade corpórea, uma vez
que esse sistema está relaciona-
do à produção e à maturação de
células imunológicas.
Adicionalmente, o sistema lin-
108
EDUCAÇÃO FÍSICA

fático se relaciona à absorção e


ao transporte das gorduras dos
alimentos por meio dos capilares
lácteos, os quais recebem todos
os lipídios e vitaminas liposso-
lúveis absorvidos pelo intestino.
Após essa absorção, o quilo (lin-
fa drenada do intestino delgado
com aparência leitosa) é condu-
zido pelos vasos linfáticos visce-
rais para o ducto torácico e o sis-
tema venoso. Em outros tecidos,
109
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

a linfa é um líquido amarelo-claro


translúcido (DANGELO; FATTI-
NI, 2011).

COMPONENTES
Linfa
A linfa é um líquido incolor pre-
sente no espaço intersticial, re-
sultante das trocas entre o sangue
dos capilares e o tecido. Em ter-
mos de composição, ela se parece
com o plasma sanguíneo, porém
110
EDUCAÇÃO FÍSICA

é mais rica em água, tem menos


proteínas e não tem hemácias ou
plaquetas.
Como o sistema linfático não
dispõe de um órgão central bom-
beador de linfa (como o coração),
a sua circulação depende dos mes-
mos mecanismos que auxiliam o
retorno venoso e, por isto, o seu
fluxo é lento nos períodos de ina-
tividade física, mas aumenta com
o exercício, o peristaltismo e os
111
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

movimentos respiratórios (TOR-


TORA; DERRICKSON; WER-
NECK, 2010).

Capilares, vasos e ductos linfáti-


cos
Quando a linfa intersticial é re-
colhida pelos capilares linfáticos,
ela passa a ser chamada de linfa
circulante. Embora estes capila-
res sejam os de menor calibre do

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

sistema linfático, eles são mui-


to importantes, pois recolhem
também diversas moléculas do
líquido intersticial que não re-
tornam aos capilares sanguíneos
(como proteínas, por exemplo).
Para tanto, são mais calibrosos
e têm maior permeabilidade do
que os capilares sanguíneos (são
fenestrados, pois apresentam es-
paço entre as suas células; não
têm membrana basal e as bordas
113
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de suas células endoteliais ficam


em posição diferenciada como
uma porta vaivém unidirecio-
nal). Além disso, para garantir
um fluxo unidirecional da linfa
em direção ao capilar sanguíneo,
eles terminam em fundo cego e
dispõem de válvulas que os es-
treitam, dando-lhes o aspecto de
“rosário” ou “colar de conta”.
Os capilares linfáticos são abun-
dantes na pele e nas mucosas,
114
EDUCAÇÃO FÍSICA

mas não existem nos dentes, nos


ossos, na medula óssea vermelha,
no sistema nervoso central, nos
tecidos avasculares (cartilagem,
epiderme e córnea do bulbo) e
no músculo estriado esquelético
(mas existem no tecido conjunti-
vo que os envolve). Eles se unem
para formar os vasos linfáticos.
Os vasos linfáticos podem ser su-
perficiais ou profundos. Os super-
ficiais anastomosam-se livremen-
115
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

te e drenam para os profundos, que


também recebem a drenagem dos
órgãos internos. Eles tornam-se
progressivamente maiores e atra-
vessam os linfonodos antes de de-
sembocar nos troncos linfáticos.
Os principais troncos linfáticos
são: intestinal (recebe linfa dos
órgãos abdominais), lombar (dre-
na membros inferiores e alguns
órgãos pélvicos), subclávio (drena
membros superiores, parte do tó-
116
EDUCAÇÃO FÍSICA

rax e do dorso), jugular (drena ca-


beça e pescoço) e broncomedias-
tinal (drena tórax). Estes troncos
drenam para o ducto linfático di-
reito ou para o ducto torácico.
O ducto linfático direito é um
pequeno vaso (1,0 cm de compri-
mento) formado pela união dos
troncos subclávio, jugular e bron-
comediastinal direito. Ele desem-
boca na junção da veias subclávia
direita e jugular interna direita.
117
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Já o ducto torácico é maior (45


cm de comprimento) e recebe a
linfa dos troncos lombares e in-
testinal, atravessa o músculo dia-
fragma e recebe vasos linfáticos
que drenam a metade esquerda
do tórax. Também recebe o tron-
co subclávio esquerdo e o tronco
jugular esquerdo e desemboca na
veia subclávia esquerda. Assim, o
ducto torácico recolhe a linfa de
todo o corpo, menos do membro
118
EDUCAÇÃO FÍSICA

superior direito e da metade di-


reita da cabeça, do pescoço e do
tórax (que é recolhida pelo ducto
linfático direito). Por fim, a lin-
fa é direcionada às veias e passa
a circular junto com o plasma,
retornando à corrente sanguínea
(FREITAS, 2004).

119
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 11 – Capilares, vasos e ductos linfáticos

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

Linfonodos
Os linfonodos são pequenas por-
ções de tecido linfoide localizadas
ao longo dos vasos linfáticos de
todo o corpo. Eles são envoltos por
uma cápsula fibrosa, se apresentam
em grupos superficial e profundo e
atuam como órgãos filtradores da
linfa antes de esta adentrar o siste-
ma venoso. Isto porque dentro de-
les existem células imunológicas
(como macrófagos e linfócitos) há-
121
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

beis em destruir microrganismos,


toxinas, células anômalas e par-
tículas estranhas (WATANABE,
2000).

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

Baço

Figura 12 - Localização in situ dos órgãos do sistema


digestório

123
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O baço é o maior órgão linfoide


(10 cm), com forma elíptica e cor
vermelho-escura. Localizado à
esquerda da cavidade abdominal,
fica quase completamente reco-
berto pelo estômago e é envolto
pelo peritônio visceral e por uma
cápsula de tecido conjuntivo fi-
broso. Internamente, apresenta
polpa vermelha (mais abundan-
te) e branca (por dentro da ver-
melha, com grande quantidade
124
EDUCAÇÃO FÍSICA

de linfócitos e macrófagos).
Ele atua produzindo linfócitos
e plasmócitos, maturando linfó-
citos B, armazenando plaquetas,
destruindo células sanguíneas ve-
lhas (hemocaterese), produzindo
células sanguíneas (hemopoiese)
e como reservatório de sangue (é
capaz de liberar cerca de 200 ml
para a circulação sistêmica em
situações de emergência, como
uma hemorragia, por exemplo).
125
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Normalmente, esse sangue fica na


polpa vermelha e é liberado pela
contração das células musculares
lisas presentes em sua cápsula.
Este órgão pode aumentar de
tamanho em decorrência de al-
gumas doenças infecciosas (es-
plenomegalia), pode ser rompi-
do devido a traumas abdominais,
obrigando a realização de sua re-
moção cirúrgica (esplenectomia)
a fim de evitar sangramento intra-
126
EDUCAÇÃO FÍSICA

peritoneal e morte por hemorra-


gia. Nesta situação em específico,
fígado, medula óssea vermelha,
linfonodos e tonsilas podem as-
sumir as suas funções, embora as
funções imunes possam perma-
necer debilitadas por algum tem-
po.
Quando se faz exercício físico
extenuante sem um bom preparo
físico, o baço pode causar dor na
região lateral esquerda do abdo-
127
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

me. Isto porque durante o exer-


cício, ele necessita cumprir várias
de suas funções ao mesmo tem-
po, ou seja, realizar hemocatere-
se, hemopoiese e liberar sangue
extra à circulação periférica para
suprir a necessidade dos múscu-
los em exercício. Todavia a con-
tinuidade do exercício muda a
constituição do sangue (aumen-
tando, por exemplo, a quantida-
de de eritrócitos e otimizando o
128
EDUCAÇÃO FÍSICA

transporte de O2 para os múscu-


los). Respirar intensamente e di-
minuir a intensidade do exercício
podem ajudar a melhorar o des-
conforto (DI DIO, 2002).

Figura 13 – Baço
129
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Timo
O timo é uma massa linfoide en-
volta por uma cápsula de tecido
conjuntivo, localizada, em parte,
na região inferior do pescoço (an-
terior e lateralmente à traqueia)
e em parte na cavidade torácica
(posteriormente ao osso esterno,
no mediastino). Linfócitos T ne-
cessitam dele para amadurecer e,
quando maduros, o deixam e são
transportados aos linfonodos, ao
130
EDUCAÇÃO FÍSICA

baço e aos outros tecidos linfáti-


cos. Este órgão também produz o
hormônio timosina, que estimu-
la o crescimento de linfócitos nos
tecidos linfáticos do corpo, atu-
ando, assim, como glândula en-
dócrina.
Embora algumas de suas célu-
las continuem a se proliferar du-
rante toda a vida, o timo é maior
na infância, pois, gradativamen-
te, é substituído por tecido con-
131
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

juntivo e gordura, de forma que


as suas funções são assumidas
por outros órgãos. Este fato jus-
tifica o pouco conhecimento
que a maioria das pessoas tem a
respeito deste órgão (FREITAS,
2004).

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 14 – Timo

133
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Nódulos linfáticos
Nódulos linfáticos são massas
de tecido linfático não revestidas
por tecido conjuntivo. Enquanto
alguns deles são pequenos e so-
litários, outros formam grandes
agregações (tonsilas, nódulos lin-
fáticos do íleo e do apêndice ver-
miforme).
Nos segmentos gastrointestinais,
eles são conhecidos como placas
de Peyer e podem estar espalhados
134
EDUCAÇÃO FÍSICA

pela mucosa que reveste os siste-


mas genital, digestório, urinário e
respiratório. Neste caso, são cha-
mados de tecido linfático associa-
do à mucosa (MALT) (TORTO-
RA; DERRICKSON; WERNECK,
2010).

Tonsilas
Tonsilas são pequenas massas de
tecido linfoide localizadas em vá-
rias regiões do corpo, por exem-
135
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

plo, na parte nasal da faringe (ton-


sila faríngea), próximo ao óstio
faríngeo da tuba auditiva (tonsila
tubária), na raiz da língua (tonsi-
la lingual), na fossa tonsilar (ton-
sila palatina) e na laringe (tonsi-
la laríngea). O conjunto destas é
conhecido como anel linfático, o
qual se relaciona à imunidade, re-
presentando a primeira defesa do
organismo.

136
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quando as tonsilas são ativa-


das, elas intensificam a produção
de anticorpos, ficam dolorosas e
hipertrofiadas. A hipertrofia da
tonsila tubária e faríngea, por
exemplo, recebe o nome de ade-
noide e pode dificultar o fun-
cionamento da tuba auditiva, da
qualidade da voz e da respiração
nasal. Assim, o indivíduo desen-
volve respiração bucal e passa a

137
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

roncar enquanto dorme. A hiper-


trofia da tonsila palatina (popu-
larmente chamada de amidalite)
também dificulta a deglutição
(WATANABE, 2000).

Tonsila
faríngea

Tonsila
palatina

Tonsila
lingual

Figura 15 – Tonsilas

138
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS LINFONODOS
DO CORPO

Figura 16 – Principais linfonodos do corpo humano


139
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Cabeça
Incluem os linfonodos occipital,
mastoideos, pré-auriculares, pa-
rotídeos e linfonodos da face (in-
fra-orbitais, mandibulares e buci-
natórios) (MOORE et al., 2014).

Pescoço
Incluem os linfonodos subman-
dibulares, submentuais, cervicais
superficiais, cervicais profundos
superiores, cervicais inferiores e
140
EDUCAÇÃO FÍSICA

cervicais superiores (FREITAS,


2004).

Tórax
Os linfonodos do tórax podem ser
parietais ou viscerais. Os parietais
incluem os linfonodos paraester-
nais, estercostais e frênicos. Os
viscerais incluem os mediastinais
anteriores e posteriores e os tra-
queobronquiais (MOORE et al.,
2014)
141
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Abdome e pelve
Os linfonodos do abdome e da
pelve também podem ser pa-
rietais ou viscerais. Os parietais
incluem os linfonodos ilíacos
comuns, ilíacos externos e inter-
nos, sacrais e lombares. Os visce-
rais incluem os celíacos, mesen-
téricos e inferiores (FREITAS,
2004).

142
EDUCAÇÃO FÍSICA

Membros superiores
Os principais linfonodos dos
membros superiores são os supra-
trocleares, deltopeitorais e axila-
res) (DI DIO, 2002).

Membros inferiores
Os principais linfonodos dos
membros inferiores são os poplí-
teos, os inguinais superficiais e
profundos (DANGELO; FATTI-
NI, 2011).
143
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

DISSEMINAÇÃO DO CÂNCER
Células cancerígenas podem se
disseminar pelo corpo por proxi-
midade ou por metástase (neste
caso, por meio do sangue ou da
circulação linfática). A dissemi-
nação pelo sangue (hematogêni-
ca) é a via mais comum de propa-
gação de sarcomas (tumores mais
malignos que ocorrem predomi-
nantemente no fígado e nos pul-
mões).
144
EDUCAÇÃO FÍSICA

A disseminação linfática é a via


mais comum de disseminação de
carcinomas (tumores menos ma-
lignos).
Quando a metástase ocorre por
via linfática, os linfonodos can-
cerosos ficam aumentados, mais
firmes, são insensíveis (pouco
dolorosos) e fixos às estruturas
próximas. É importante diferen-
ciar tais alterações daquelas que
ocorrem em decorrência de qua-
145
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

dros infecciosos, em que os lin-


fonodos tornam-se aumentados,
no entanto, moles, móveis e muito
dolorosos (MOORE et al., 2014).

LINFANGITE, LINFADENITE
E LINFEDEMA
Linfangite é caracterizada como a
inflamação secundária dos vasos
linfáticos. Linfadenite é a infla-
mação secundária dos linfonodos

146
EDUCAÇÃO FÍSICA

(conhecida popularmente como


íngua). Linfedema é um tipo de
edema que ocorre quando a lin-
fa não é drenada adequadamente
(MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014).

147
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

REFLITA

Você sabia que o envelhecimento


pode alterar o funcionamento do
sistema linfático? É comum, por
exemplo, que a produção de cé-
lulas imunológicas diminua e que
a produção de anticorpos contra
o próprio organismo aumente,
fazendo com que haja, respec-
tivamente, debilidade imunoló-
gica e maior índice de doenças
autoimunes.

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

149
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Respiratório

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste último conteúdo da unidade,


o sistema respiratório será abor-
dado de maneira correlacionada
aos sistemas sanguíneo e linfático.
Assim, será realizada uma abor-
dagem bem direcionada referente
à sua definição, função e divisão,
aos seus componentes e às suas
relações com o exercício físico.
Também serão citadas algumas de
suas aplicabilidades práticas. Será
muito bom se você puder realizar
151
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

a leitura do material complemen-


tar presente no final da unidade a
fim de enriquecer o seu aprendi-
zado.

DEFINIÇÃO E FUNÇÃO
O sistema respiratório é um con-
junto de estruturas anatômicas as
quais, em conjunto, captam o ar
do meio ambiente e o transpor-
tam ao órgão respiratório para
que a hematose ocorra (o O2 do
152
EDUCAÇÃO FÍSICA

ar inspirado difunde-se dos alvé-


olos pulmonares para as células,
e o CO2 resultante do metabolis-
mo celular é trazido das células
aos pulmões para ser eliminado
com o ar expirado) (DANGELO;
FATTINI, 2011).

DIVISÃO
As estruturas anatômicas que
compõem o sistema respiratório
podem ser dividas em porção de
153
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

condução e porção respiratória.


A porção de condução é
formada por órgãos tubulares
que levam o ar inspirado até a
porção respiratória e o trazem
de volta para ser expirado. Ela
é composta por nariz, faringe,
laringe, traqueia, brônquios e
todas as suas ramificações. Já a
porção respiratória é representada
exclusivamente pelos pulmões,

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

pois é onde ocorrem as trocas


gasosas ou hematose.

Figura 17 - Sistema respiratório

155
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Adicionalmente, as estruturas
anatômicas do sistema respirató-
rio podem ser agrupadas em via
aérea superior (do nariz à laringe)
e via aérea inferior (da traqueia
aos pulmões) (FREITAS, 2004).

COMPONENTES
Nariz
Como a primeira estrutura do sis-
tema respiratório, a sua função é
captar o ar do meio ambiente, fil-
156
EDUCAÇÃO FÍSICA

trá-lo, aquecê-lo e umidificá-lo.


Além disso, o nariz permite o ol-
fato, recebe e elimina as secreções
dos seios paranasais e do ducto
lacrimonasal.
Está localizado no plano me-
diano da face, acima do palato
duro, e é composto por uma par-
te externa e pela cavidade nasal.
Apresenta estrutura ósteo-carti-
lagínea, sendo que os seus ossos
externos incluem os nasais e as
157
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

maxilas, e os seus ossos internos


incluem o etmóide, o vômer e as
conchas nasais inferiores.
Externamente, o nariz é subdi-
vidido em raiz (superiormente),
base (inferiormente), ápice (pon-
to projetado mais anteriormente),
dorso (entre a raiz e o ápice), asa
(lateralmente) e narinas (abertu-
ras separadas por um septo que
fazem a comunicação da cavida-
de nasal com o meio externo).
158
EDUCAÇÃO FÍSICA

A cavidade nasal pode ser divi-


dida em vestíbulo (anteriormente
e com pelos chamados vibrissas),
região respiratória (inferiormen-
te) e região olfatória (concha na-
sal superior e terço superior do
septo nasal). A cavidade nasal é
dividida pelo septo nasal em por-
ções direita e esquerda. Este sep-
to apresenta uma parte cartilagí-
nea (cartilagem do septo nasal) e
uma parte óssea (formada pelos
159
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ossos etmóide e vômer). O ter-


mo cavidade nasal pode ser usa-
do para toda a cavidade ou para
cada parte.

160
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 18 – Cavidade nasal


Fonte: Colicigno et al. (2009, p. 172).

161
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Dentro da cavidade nasal existem


as conchas nasais, que delimitam
espaços chamados meatos. Toda
esta região é muito vascularizada
e nela, a ruptura de vasos pode
causar sangramento nasal, tam-
bém conhecido como epistaxe.
Os seios paranasais, ou seios
da face, desembocam nos me-
atos, lançando neles as suas se-
creções. Esses seios são cavida-

162
EDUCAÇÃO FÍSICA

des que alguns ossos do crânio


(frontal, maxila, esfenoide, et-
moide) apresentam e, por isto,
são chamados de pneumáticos.
Cada osso pneumático apresen-
ta o seu próprio seio (seio fron-
tal, seio maxilar, seio esfenoidal
e seio ou células etmoidais). Eles
tornam a cabeça mais leve, estão
relacionados à ampliação da voz
e ajudam a aquecer e a umidi-

163
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ficar o ar. Os seios contêm ar e


são recobertos por mucosa res-
piratória (DI DIO, 2002).

Faringe
É uma estrutura músculo-mem-
branácea que se inicia na base
do crânio e termina ao nível da
6ª vértebra cervical, onde con-
tinua com o esôfago e mantém
contato com a coluna vertebral.
Como a faringe fica localizada
164
EDUCAÇÃO FÍSICA

posteriormente à cavidade na-


sal, à cavidade oral e à laringe, ela
apresenta três partes sem limites
precisos entre elas: a parte nasal
(que se comunica com a cavida-
de nasal), a parte oral (que se co-
munica com a cavidade oral) e a
parte laríngea (que se comunica
com a laringe). Assim, a faringe
se associa aos sistemas respira-
tório e digestório, sendo um ca-
nal comum à passagem de ar e
165
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

alimento. Inclusive, os músculos


da faringe apresentam movimen-
tos peristálticos, possibilitando a
deglutição dos alimentos.
Na porção nasal da faringe exis-
te uma abertura chamada óstio
faríngeo da tuba auditiva, que
comunica a parte nasal da farin-
ge com a cavidade timpânica da
orelha média. Esta comunicação
serve para igualar a pressão do
ar atmosférico à pressão do ar de
166
EDUCAÇÃO FÍSICA

dentro da cavidade timpânica.


Também serve para drenar
muco e perilinfa dos canais se-
micirculares (TORTORA; DER-
RICKSON; WERNECK, 2010).

167
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 19 – Faringe e seus principais acidentes anatômicos

168
EDUCAÇÃO FÍSICA

Laringe
A laringe é um órgão que se loca-
liza no plano mediano e anterior
do pescoço, à frente da faringe,
entre a 3ª e a 6ª vértebras cervi-
cais. Ela dá continuidade à tra-
queia e serve como via aerífera,
permitindo a passagem do ar da
faringe para a traqueia. Além dis-
so, é considerada o órgão da fo-
nação, uma vez que dentro dela
estão as pregas vocais.
169
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ela é constituída por cartilagens,


ligamentos, membranas e mús-
culos estriados esqueléticos que
atuam sobre as pregas vocais ou
na movimentação da laringe du-
rante a deglutição. As suas nove
cartilagens são ímpares (como a
cartilagem tireoidea, a cricoidea e
a epiglótica) ou pares (como a ari-
tenóidea, a corniculada e a cunei-
forme). A cartilagem tireoidea é

170
EDUCAÇÃO FÍSICA

a maior delas. Ela é constituída


por duas lâminas que se unem,
formando, assim, a proeminência
laríngea (popularmente conhe-
cida como “gogó” ou “pomo-de-
-Adão”). A cartilagem epiglótica
lembra uma folha e protege a en-
trada da laringe contra a entrada
de alimentos durante a deglutição
(WATANABE, 2000).

171
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SISTEMA RESPIRATÓRIO HUMANO

Figura 20 – Sistema Respiratório Humano

172
EDUCAÇÃO FÍSICA

Traqueia
A traqueia é uma estrutura me-
diana no pescoço que representa
a continuação direta da laringe. A
sua função é servir como via ae-
rífera, conduzindo ar da laringe
até os brônquios principais. Ela
inicia na região cervical, mas se-
gue em direção ao tórax, passan-
do anteriormente ao esôfago.
A sua estrutura cilíndrica é fi-
brocartilagínea (anéis incomple-
173
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tos de cartilagem em forma de


“C” se sobrepõem e se ligam por
meio dos ligamentos anulares).
Enquanto tais anéis lhe dão rigi-
dez e impedem que as suas pare-
des colabam, o seu tecido elásti-
co lhe possibilita a mobilidade e a
flexibilidade necessárias à respi-
ração e à deglutição. A sua pare-
de posterior (parede membraná-
cea) é formada por músculo liso

174
EDUCAÇÃO FÍSICA

(músculo traqueal) e tecido con-


juntivo.
Antes de se dividir nos brôn-
quios principais direito e esquer-
do, a traqueia sofre um leve des-
vio à direita, fazendo com que
o brônquio principal esquerdo
seja mais longo do que o direi-
to. No ponto de sua bifurcação,
a traqueia apresenta uma crista
interna chamada carina. Inter-

175
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

namente, este órgão é revestido


por mucosa e apresenta células
ciliadas que auxiliam na limpe-
za das vias aéreas. O cigarro faz
com que as células ciliadas per-
cam a mobilidade de seus cílios
e que as glândulas traqueais se
tornem hiperativas e passem a
secretar muco em excesso. Por
isso, fumantes crônicos têm
muita secreção e dificuldade em
fazer a boa higiene traqueobrô-
176
EDUCAÇÃO FÍSICA

nquica (DANGELO; FATTINI,


2011).

Figura 21 – Traqueia, brônquios e pulmões

177
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Brônquios
Os brônquios possuem estrutu-
ras e funcionamento semelhan-
tes à traqueia, porém ao invés de
anéis cartilagíneos, eles apresen-
tam placas irregulares de carti-
lagem.
Após a sua origem, são chama-
dos de brônquios principais. As
suas primeiras ramificações são
os brônquios lobares (os quais
ventilam os lobos pulmonares) e
178
EDUCAÇÃO FÍSICA

depois os brônquios segmentares


(que vão até os segmentos bron-
copulmonares, sofrem várias di-
visões e terminam nos alvéolos,
formando a árvore brônquica). O
brônquio principal direito é mais
vertical, mais calibroso e mais
curto do que o esquerdo, de for-
ma que ele é mais facilmente obs-
truído por corpos estranhos que
passam pela traqueia (MOORE
et al., 2014).
179
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Pulmão
Os pulmões são os principais ór-
gãos da respiração, pois é dentro
deles que ocorre a hematose. In
vivo, são esponjosos, macios, le-
ves e elásticos. Ao nascimento, são
rosados, embora se tornem acin-
zentados e com manchas devido
à inalação de diversas partículas
durante a vida.
Eles ficam alojados na cavidade
torácica e entre eles há uma re-
180
EDUCAÇÃO FÍSICA

gião central chamada mediasti-


no, onde se localizam importan-
tes estruturas anatômicas, como
o coração e os seus grandes va-
sos, a traquéia,o esôfago, o timo,
os brônquios principais etc.
Este órgão tem forma cônica,
com uma região superior cha-
mada ápice e uma região infe-
rior chamada base (como esta se
apoia sobre o músculo diafrag-
ma, pode também ser chama-
181
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

da de face diafragmática). Além


dessa, o pulmão tem a face costal
(em contato com as costelas) e a
medial ou mediastinal (voltada
ao mediastino e com uma aber-
tura chamada hilo pulmonar, por
onde entram e saem estruturas
como brônquios, artérias, veias
e vasos linfáticos).
O pulmão direito é maior, mais
pesado, mais curto e mais largo
do que o esquerdo devido à posi-
182
EDUCAÇÃO FÍSICA

ção do coração (o pulmão esquer-


do chega a ser 10% menor do que
o direito). Além disso, o pulmão
direito apresenta três subdivisões
chamadas lobos (superior, médio
e inferior) enquanto o esquerdo
apresenta apenas duas (lobo su-
perior e inferior). A separação
dos lobos pulmonares ocorre por
fendas profundas chamadas fis-
suras (no pulmão direito existem
as fissuras oblíqua e horizontal, e
183
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

no pulmão esquerdo existe ape-


nas a fissura oblíqua). Por fim, o
pulmão esquerdo apresenta uma
projeção chamada língula do pul-
mão (DI DIO, 2002).

184
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 22 – Pulmão direito e esquerdo

185
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Pleura e cavidade pleural


Pleura é um saco seroso que re-
veste os pulmões. É constituída
por dois folhetos, a pleura pul-
monar ou visceral e a pleura pa-
rietal. A primeira reveste a su-
perfície do pulmão, penetrando,
inclusive, as suas fissuras. A se-
gunda recobre a face interna do
tórax e o músculo diafragma.

186
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ambas são contínuas entre si por


meio de um espaço chamado ca-
vidade pleural, onde existe uma
pequena quantidade de líquido
que permite o deslizamento en-
tre elas durante os movimentos
respiratórios (MOORE et al.,
2014).

187
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 – Pleuras e cavidade pleural

188
EDUCAÇÃO FÍSICA

MECÂNICA RESPIRATÓRIA
Para que a respiração normal em
repouso ocorra, a contração do
músculo diafragma é a única ne-
cessária. Ele se contrai, se projeta
em direção à cavidade abdomi-
nal comprimindo as vísceras ali
localizadas e aumentando a pres-
são nesta região. Por outro lado,
a pressão no tórax diminui, fa-
zendo com que o ar entre, a favor
do gradiente de pressão, do meio
189
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

externo (onde é maior a pressão)


para a cavidade torácica (onde a
pressão é menor). Assim ocorre
a inspiração. A expiração normal
ocorre na sequência e não necessi-
ta da contração de nenhum mús-
culo respiratório, pois a própria
elasticidade do tecido pulmonar
faz com que o ar saia quando a
pressão interna e externa se igua-
larem.

190
EDUCAÇÃO FÍSICA

Se a inspiração ou a expiração
forem forçadas (por exemplo, em
exercício físico intenso ou em caso
de doença respiratória), vários
outros músculos passam a agir,
como os intercostais externos e
alguns músculos do pescoço, a
exemplo do esternocleidomastoi-
deo e dos escalenos (ajudando na
inspiração) e dos músculos inter-
costais internos e dos abdominais
(ajudando na expiração).
191
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O sistema nervoso (controle


nervoso) e os estímulos quími-
cos (controle químico) contro-
lam a mecânica respiratória. O
controle nervoso depende da
medula espinal e do tronco en-
cefálico; o controle químico se
baseia na concentração dos ga-
ses O2 e CO2. Assim, modifi-
cações sobre a frequência e o
volume respiratório são respon-
sáveis por ajustes essenciais da
192
EDUCAÇÃO FÍSICA

mecânica respiratória que, por


sua vez, depende das condições
do indivíduo (como tempera-
tura ambiental, esforço físico e
doenças) (TORTORA; DERRI-
CKSON; WERNECK, 2010).

193
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 24 – Principais músculos da respiração

194
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Os problemas respiratórios são res-


ponsáveis pela má qualidade de vida
de muitas pessoas no mundo (no Bra-
sil, estima-se que um em cada cin-
co brasileiros possui alguma doença
respiratória). Dentre as mais comuns
estão a asma alérgica, a bronquite
crônica, a rinite e o enfisema pulmo-
nar. Embora a maioria das pessoas
com disfunção respiratória pense
que não pode fazer exercícios físi-
cos, o exercício supervisionado e bem
orientado ajuda a diminuir o cansa-
ço, a indisposição e a fadiga. Desta
forma, a adoção de um estilo de vida
mais ativo é importante para evitar
o agravamento dessas doenças.
Fonte: a autora.

195
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Assim finalizamos o nosso estu-


do sobre o sistema respiratório
em termos anatômicos e funcio-
nais. Lembre-se de que sua atua-
ção é essencial ao funcionamento
do corpo como um todo e deter-
mina a efetividade da prática do
exercício físico.

196
considerações finais

A manutenção das adequadas


oxigenação e nutrição tecidual,
e a drenagem efetiva das células
dependem do funcionamento do
sistema circulatório em atuação
conjunta com o sistema respira-
tório e sob o rigoroso controle do
sistema nervoso.
Embora tais sistemas possam ser
acometidos por diversas doenças,
pesquisas têm comprovado que
a prática de exercícios físicos es-
197
considerações finais

pecíficos e supervisionados têm


minimizado os danos morfofun-
cionais que esses sistemas podem
sofrer em decorrência da inati-
vidade física. Todavia é essencial
que os profissionais diretamente
ligados ao condicionamento físi-
co desses sistemas ( por exemplo,
o profissional de Educação Física
e o fisioterapeuta) tenham pleno
conhecimento histológico, ana-
tômico e fisiológico a fim de pre-
198
considerações finais

venir e tratar disfunções incapa-


citantes desses sistemas.
Ademais, faz-se necessário que
tais profissionais tenham total
conhecimento acerca das modifi-
cações que o exercício físico é ca-
paz de gerar sobre tais estruturas.
O coração é um bom exemplo de
órgão que pode ser modificado
pelo treinamento. Ele se fortale-
ce, aumenta a sua força de con-
tração, ejeta maior quantidade
199
considerações finais

de sangue a cada batimento car-


díaco (aumenta o volume de eje-
ção), podendo, inclusive, bater
menos vezes por minuto manten-
do a mesma quantidade de san-
gue ejetado (atletas, por exemplo,
têm menor frequência cardíaca e
maior volume de ejeção). Ao con-
trário, pessoas sedentárias têm
elevada frequência cardíaca para
manter o volume de ejeção, pois
o miocárdio é menos forte.
200
considerações finais

O exercício físico também está


relacionado às modificações que
ocorrem no funcionamento do
sistema linfático. Os movimen-
tos e as contrações musculares
estimulam a circulação da lin-
fa, ao passo que esta é lentifica-
da pelo imobilismo. Por isso, as
contrações musculares são ditas
auxiliares da drenagem linfática
e favorecedoras da homeostasia
corpórea.
201
considerações finais

O sistema respiratório é grande-


mente otimizado pela prática re-
gular do exercício. Tal fato pode
ser visto ao se comparar atletas
e indivíduos sedentários no que
se refere aos volumes e às capa-
cidades pulmonares, os quais são
avaliados por um exame chama-
do espirometria. Neste exame, é
possível mensurar as quantida-
des de ar que entram e saem dos
pulmões a cada inspiração e/ou
202
considerações finais

expiração normais ou forçadas.


Além disso, todos os músculos
respiratórios são fortalecidos pelo
exercício físico. Portanto, um(a)
bom(a) professor(a) de Educação
Física deve conhecer em profun-
didade o aparelho cardiorrespi-
ratório.

203
atividades de estudo

1. Em relação ao sistema cir-


culatório, leia as afirmações a
seguir:
I) A irrigação do membro su-
perior depende das arté-
rias carótidas comuns di-
reita e esquerda.
II) A irrigação do membro in-
ferior depende da artéria
aorta (parte descendente
abdominal), a qual se bi-
furca originando a artéria
ilíaca comum (direita e es-
querda). As artérias ilíacas
comuns se ramificam origi-
nando as artérias ilíacas ex-
terna e interna. A externa
204
atividades de estudo

passa o ligamento inguinal


e, na coxa, passa a ser cha-
mada de femoral. Na altura
da fossa poplítea, recebe o
nome de artéria poplítea, a
qual se bifurca em tibial an-
terior, tibial posterior e fi-
bular. Tais artérias irrigam
todo o membro inferior (in-
clusive os pés).
III) Na grande circulação, o
sangue sai do ventrículo es-
querdo pela artéria aorta e
transita pelo corpo oxige-
nando todas as células. Em
contrapartida, capilares te-
ciduais captam o CO2 produ-
205
atividades de estudo

zido pelo metabolismo das


células, se anastomosam,
originam vênulas e veias de
calibre cada vez maior até
retornarem ao átrio direito
do coração pelas veias ca-
vas superior e inferior.
IV) O vaso que mantém relação
com o ventrículo esquerdo
do coração é o tronco pul-
monar. Já o vaso que man-
tém relação com o ventrí-
culo direito do coração é a
artéria aorta.
V) A irrigação da cabeça de-
pende das artérias subclá-
vias direita e esquerda.
206
atividades de estudo

É correto o que se afirma em:


a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e V, apenas.
e) III e IV, apenas.

2. O sistema respiratório é es-


sencial à manutenção da vida
e, por isso, conta com estrutu-
ras especializadas responsá-
veis pelas funções de condu-
ção do ar e de trocas gasosas.
Com base nesta afirmação,
leia as afirmações a seguir:
I - É prática relativamente co-
207
atividades de estudo

mum a nível hospitalar a re-


alização de traqueostomia
em pacientes que apresen-
tem importante condição
clínica impossibilitadora da
respiração (o edema de glo-
te é um exemplo). Em caso
de traqueostomizar o pa-
ciente, um dos problemas
que este apresenta é a im-
possibilidade de fonação
em decorrência das pregas
vocais serem seccionadas
durante o procedimento ci-
rúrgico.
II - As tonsilas linguais, fa-
ríngeas, palatinas, tubárias
208
atividades de estudo

e laríngeas têm por função


produzir anticorpos para
proteger o corpo contra mi-
crorganismos que possam
causar malefícios. Juntas,
elas formam o anel linfáti-
co, uma importante estru-
tura do sistema linfático,
que se posiciona próximo
às cavidades nasal e oral, e
à farínge e à laringe.
III - Em ordem, as estrutu-
ras anatômicas que o ar
percorre dentro do sistema
respiratório são: vestíbu-
lo do nariz, cavidade nasal,
laringe, faringe, traqueia,
209
atividades de estudo

brônquios principais, brô-


nquios segmentares, brôn-
quios lobares, bronquíolos
e alvéolos pulmonares.
IV - As pleuras revestem e
protegem os pulmões. En-
quanto a pleura pulmonar
é mais externa e mantém
contato com a parede do
tórax, a pleura parietal fica
bastante aderida ao parên-
quima pulmonar, penetran-
do, inclusive, as fissuras do
pulmão.
V - O pulmão direito é maior
do que o pulmão esquerdo.
É correto o que se afirma em:
210
atividades de estudo

a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e V, apenas.
e) IV e V, apenas.

3. O sistema circulatório de-


pende da ação de bomba do
coração e da capacidade dos
vasos em conduzir sangue
arterial e venoso pelo corpo.
Assim, artérias e veias partici-
pam da grande e da pequena
circulação. Com base nesta
afirmação, leia as afirmações
a seguir:
I - A pequena circulação man-
211
atividades de estudo

da sangue aos pulmões a


fim de possibilitar a hema-
tose.
II - As principais artérias
que irrigam o coração são
as coronárias (direita e es-
querda).
III - A principal veia que dre-
na a cabeça e o pescoço é a
veia subclávia.
IV - Os átrios são as maio-
res câmaras cardíacas. A
sua função é ejetar sangue
para fora do coração e, por
isso, são chamados de câ-
maras de ejeção.
V - A pequena circulação
212
atividades de estudo

tem por objetivo oxigenar


e nutrir as células do corpo
e delas remover todo o gás
carbônico e as impurezas.
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e V, apenas.
e) III e IV, apenas.

4. O sistema linfático é auxiliar


do sistema venoso, uma vez
que ambos realizam a drena-
gem celular. Com base nesta
afirmação, leia as afirmações
213
atividades de estudo

a seguir:
I - O pulmão direito apresen-
ta apenas dois lobos e uma
única fissura.
II - Ao contrário do propos-
to anteriormente, o pulmão
esquerdo apresenta ape-
nas dois lobos e uma única
fissura.
III - Os linfonodos são es-
truturas de filtragem da lin-
fa. Eles dispõem de células
imunológicas (como os lin-
fócitos), as quais são capa-
zes de destruir microrga-
nismos, células anômalas

214
atividades de estudo

ou mesmo moléculas gran-


des e inúteis.
IV - Apesar de existir pou-
cos vasos linfáticos disper-
sos pelo corpo, eles são
muito abundantes nos os-
sos e nas cartilagens.
V - O ducto linfático direito
e o ducto torácico drenam
a linfa para as principais ar-
térias que chegam ao cora-
ção. Assim, o sistema linfá-
tico auxilia a irrigação que o
sistema arterial realiza.

215
atividades de estudo

É correto o que se afirma em:


a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e V, apenas.
e) III e V, apenas.

5. Observe a imagem a seguir,


leia as afirmações e assinale
a alternativa que contém as
proposições corretas:

216
atividades de estudo

217
atividades de estudo

a) A região representada
pelo número 1 é responsá-
vel pelo olfato.
b) O número 2 representa a
parte laríngea da faringe.
c) O número 3 representa a
faringe.
d) O número 4 representa o
brônquio principal esquer-
do.
e) O número 5 representa o
brônquio principal direito.

218
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o artigo a seguir que trata


da influência do exercício físi-
co sobre os parâmetros res-
piratórios de pacientes sub-
metidos à hemodiálise.

219
LEITURA
COMPLEMENTAR

RESUMO
Modelo do estudo: Estudo
experimental. Introdução: A
Doença Renal Crônica (DRC)
refere-se a um diagnóstico
sindrômico de perda progres-
siva e irreversível da função
renal. O paciente submetido
à hemodiálise pode apresen-
tar limitações na capacidade
funcional, função pulmonar e
força muscular respiratória,
com consequentes prejuízos
na qualidade de vida.

220
LEITURA
COMPLEMENTAR

Objetivo: Avaliar os efeitos


de um programa de exercí-
cio físico sobre a função pul-
monar, capacidade funcional,
qualidade de vida e dor, em
pacientes que realizam he-
modiálise.
Metodologia: Participaram
do estudo 28 pacientes de
ambos os sexos, com idade
entre 40 e 60 anos, em pro-
grama de hemodiálise no Ins-
tituto do Rim da Santa Casa
de Misericórdia de Presiden-
te Prudente-SP.

221
LEITURA
COMPLEMENTAR

A força muscular respiratória


foi avaliada pela manovacuo-
metria, a capacidade funcio-
nal, pelo TC6’, a qualidade de
vida, pelo questionário KD-
QOLSF, a função pulmonar,
pela espirometria e a dor,
pela EVA. Após as avaliações,
os pacientes iniciaram o pro-
grama de exercícios, que foi
desenvolvido três vezes por
semana, durante 40 minutos
em hemodiálise, por oito se-
manas. Ao final do programa,
222
LEITURA
COMPLEMENTAR

os pacientes foram reavalia-


dos. Resultados: Não hou-
ve diferença significativa dos
valores da CVF e VEF1 pré e
pós-programa de exercícios,
assim como do Índice de Tif-
fenau. O valor da PImax pós-
-programa foi significativa-
mente maior que o obtido na
avaliação pré-programa. Para
a variável PEmax, não foi en-
contrada diferença significati-
va. As avaliações da capacida-
de funcional inicial e final não
223
LEITURA
COMPLEMENTAR

apresentaram diferenças sig-


nificativas (p>0,05).
A avaliação da qualidade de
vida, quanto aos domínios
das áreas específicas da DRC,
mostrou que houve signifi-
cância estatística, ao compa-
rar a lista de sintomas e pro-
blemas com a sobrecarga da
DRC e papel profissional. Os
indicadores relativos à dor
foram reduzidos, após o pro-
grama (p<0,05).
Discussão: O DRC enfrenta si-
224
LEITURA
COMPLEMENTAR

tuações complexas de depen-


dência física, social e financei-
ra. Apesar de não apresentar
resultados estatisticamente
significativos em todas as va-
riáveis avaliadas, este estudo,
corroborando outros encon-
trados na literatura, sugere
um programa de exercício fí-
sico, com aspectos positivos
para essa população.
Conclusão: Embora a capaci-
dade pulmonar e a capacidade
funcional (TC6’) não tenham
225
LEITURA
COMPLEMENTAR

apresentado alterações ao fi-


nal do experimento, os níveis
reduzidos de dor, cansaço e
dispneia sugerem melhora do
desempenho funcional, após
programas de exercício físico
para DRC.
Palavras-chave: Hemodiálise.
Atividade Física. Espirome-
tria. Qualidade de Vida.
Boa leitura!
Fonte: Lima et al. (2013).
226
material complementar

Indicação para Assistir

A Vida Por Um Fio


Ano: 2008
Sinopse: Clayton
Beresford (Hayden
Christensen) tem
tudo o que poderia
sonhar. Está noivo da
bela Sam Lockwood
(Jessica Alba), tem um
trabalho bem-sucedi-
do, não enfrenta pro-
blemas financeiros
e se relaciona muito
bem com sua mãe,
Lilith (Lena Olin). Po-
rém a vida de Clayton
227
material complementar

muda quando ele descobre


que precisa passar por um
transplante de coração. Jack
Harper (Terrence Howard) é
o médico encarregado de sua
cirurgia, tendo acompanhado
o caso de Clayton desde que
os seus primeiros sintomas
surgiram. Enquanto eles não
encontram um doador que
seja compatível com o raro
tipo sanguíneo de Clayton,
Jack o aconselha a aproveitar
a vida ao máximo. Sam passa
então a pressioná-lo para que
se case logo com ela, o que
faz com que Lilith lhe ofereça
228
material complementar

dinheiro para que fique longe


de sua família. Clayton e Sam
decidem se casar às escondi-
das, mas neste mesmo dia, o
pager de Clayton dispara: foi
encontrado um doador com-
patível e a sua cirurgia precisa
ser realizada o quanto antes.
Comentário: é um filme emo-
cionante que mostra como a
sobrevivência do ser humano
depende totalmente do ade-
quado funcionamento do sis-
tema circulatório. Muito bom!

229
referências

COLICIGNO, P. R. C.; SACCHETTI, J. C. L.; MORAES,


C. A.; ARAÚJO, A. B. Atlas Fotográfico de Anatomia. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistê-
mica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada -
princípios básicos e sistêmicos: esquelético, articular e mus-
cular. 2. ed. v. 1. São Paulo: Atheneu, 2002.
FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
LIMA, F. F.; MIRANDA, R. C. V.; SILVA, R. C. R.; MON-
TEIRO, H. L.; YEN, L. S.; FAHUR, B. S.; PADULLA, S. A. T.
Avaliação funcional pré e pós-programa de exercício físico
de pacientes em hemodiálise. Medicina, Ribeirão Preto, n.
46, v. 1, p. 24-35, 2013. Disponível em: <http://www.perio-
dicos.usp.br/rmrp/article/view/62380/65181>. Acesso em:
19 nov. 2018.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia hu-
mana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2014.
230
referências

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO,


C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014.
PAZIN-FILHO, A.; SCHMIDT, A.; MACIEL, B. C. Ausculta
cardíaca: Bases fisiológicas - fisiopatológicas. Medicina, Ri-
beirão Preto, n. 37, p. 208-226, jul./dez. 2004.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L.
Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9.
ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

gabarito

1. C.
2. D.
3. A.
4. C.
5. A.
231
SISTEMAS DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO

Professora Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema digestório
• Sistema endócrino

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema digestório: boca/cavidade
oral, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
intestino grosso, órgãos anexos do sistema digestório,
divisões do sistema digestório, cavidade abdominal e
peritônio.
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema endócrino: glândula hipófise,
glândula tireoide, glândulas paratireoides, glândula pineal,
glândula suprarrenal, pâncreas, função endócrina do
testículo e do ovário, controle do sistema endócrino.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
ertamente você já se
perguntou sobre os de-
talhes de como ocorrem
os processos de digestão
e de liberação hormonal. Isto por-
que tanto a metabolização do que
comemos quanto a forma como
o nosso corpo se comunica por
meio dos hormônios são assuntos
relevantes que influenciam dire-
tamente a nossa qualida-
de de vida.
Como o ser humano
não é capaz de produzir
os seus próprios alimen-
tos (é heterótrofo), para
se manter vivo, ele ne-
cessita receber constante
suprimento de material
nutritivo. Para que tais
nutrientes se tornem utilizáveis
pelo corpo, deve haver um ade-
quado processo digestivo, ou seja,
ocorrem inúmeras modificações
químicas realizadas por enzimas
específicas. Assim, os alimentos
ingeridos devem percorrer as es-
truturas do canal alimentar, per-
manecendo nelas o tempo sufi-
ciente para serem submetidos às
secreções que tais estruturas pro-
duzem. Várias transformações fí-
sicas e químicas transformam os
alimentos em pequenas porções,
que são absorvidas (caem na cor-
rente sanguínea) e levadas às cé-
lulas para serem utilizadas duran-
te o metabolismo celular normal.
Este complexo mecanismo de-
pendente do controle feito pelos
sistemas endócrino e nervoso, os
quais regulam glândulas localiza-
das em diversos locais do corpo
e cujas secreções são lançadas na
corrente sanguínea (sendo, por
isso, chamadas de hormônios).
Por isso, esta unidade tem por
objetivo realizar um estudo es-
pecífico dos sistemas digestório
e endócrino, direcionando a sua
atenção para as modificações re-
lacionadas aos exercícios físicos e
a disfunções como anorexia, buli-
mia, hiper ou hipossecreção hor-
monal. Assim, serão descritos os
aspectos mais relevantes dos siste-
mas digestório e endócrino, bem
como as suas interações com os
outros sistemas do corpo, princi-
palmente o muscular.
Neste contexto, é importante que
você não se esqueça de que o(a)
professor(a) de Educação Física
precisa ter amplo conhecimen-
to sobre esses sistemas, uma vez
que sem o perfeito funcionamen-
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

to desses, nem mesmo a contra-


ção muscular é possível. Portanto,
aproveite bem os conhecimentos
transmitidos e tenha um ótimo
período de estudo!

226
EDUCAÇÃO FÍSICA

227
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Digestório

228
EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro(a) aluno(a), nesta unidade,


o estudo do sistema digestório
será feito apresentando a função
geral dele, as suas subdivisões, os
seus componentes e os principais
aspectos funcionais de cada es-
trutura que o compõe.

FUNÇÃO
O sistema digestório realiza a di-
gestão (suprindo de nutrientes
os seres vivos) e a eliminação de
229
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

substâncias inúteis ao organismo


(como restos do metabolismo ce-
lular).
Para tanto, apresenta estruturas
anatômicas que realizam a apre-
ensão do alimento (colocando-o
em contato com a boca), a mas-
tigação (por meio dos dentes),
a deglutição (da qual a língua
participa), a digestão (que se dá
na boca, no estômago e no duo-
deno), a absorção dos nutrientes
230
EDUCAÇÃO FÍSICA

e da água dos alimentos (com a


atuação dos intestinos) e a ex-
pulsão dos resíduos sob a for-
ma de fezes (ação do intestino
grosso) (DANGELO; FATTINI,
2011).

DIVISÕES
O sistema digestório divide-se
em canal alimentar e em órgãos
anexos. O canal alimentar é um
conjunto de órgãos situados na
231
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

cabeça, no pescoço, no tórax, no


abdome e na pelve, pelos quais o
alimento transita enquanto sofre
o processo de digestão. Inclui ór-
gãos como boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado e in-
testino grosso.
Órgãos anexos são estruturas
pelas quais o alimento não passa,
mas que são essenciais ao proces-
so de digestão, pois sintetizam se-

232
EDUCAÇÃO FÍSICA

creções com enzimas digestivas.


São eles: as glândulas salivares, o
fígado e o pâncreas (DANGELO;
FATTINI, 2011).

233
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 – Órgãos do sistema digestório (canal alimentar e


órgãos anexos)

234
EDUCAÇÃO FÍSICA

COMPONENTES

Boca
O canal alimentar tem início na
boca, cujas funções incluem apre-
ensão do alimento, mastigação,
deglutição, percepção dos sabo-
res, digestão e fonação. A apre-
ensão é realizada pelos lábios. A
mastigação depende dos dentes,
os quais exercem ação mecânica
sobre o bolo alimentar, modifican-
235
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do-o fisicamente para aumentar a


sua superfície de contato a fim de
expô-lo às enzimas. Enquanto a
deglutição e a percepção dos sa-
bores dependem da língua, a di-
gestão depende da enzima ami-
lase salivar (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
A boca comunica-se anterior-
mente com o meio externo e, pos-
teriormente, com a parte oral da
faringe. As bochechas represen-
236
EDUCAÇÃO FÍSICA

tam o seu limite lateral, o palato


duro e mole representam o seu li-
mite superior, e os músculos do
assoalho da boca representam o
seu limite inferior.
A boca é dividida em vestíbulo
e cavidade oral. O vestíbulo é o
espaço anterior que fica entre os
lábios, as bochechas e os dentes.
A cavidade oral é representada
pelo restante da boca, ou seja, é
o espaço onde a língua se aloja e
237
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

onde as glândulas salivares lan-


çam a saliva.

Figura 2 – Boca (vestíbulo e cavidade oral)

Lábios
Os lábios são compostos por mús-
238
EDUCAÇÃO FÍSICA

culo (orbicular da boca) e cober-


tos por pele (fina e sensível), sen-
do, por isto, considerados pregas
músculo fibrosas. São muito irri-
gados, apresentam glândulas sali-
vares labiais e embora os seus frê-
nulos limitem parcialmente a sua
mobilidade, são muito móveis a
fim de permitir a mastigação e a
fonação.
A junção dos lábios superior
e inferior forma anteriormente
239
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

uma fenda chamada rima da boca


e, lateralmente, as comissuras la-
biais ou ângulos da boca (WATA-
NABE, 2009).

Bochechas
As bochechas são estruturalmen-
te semelhantes aos lábios, pois
são compostas por pele, músculo
(bucinador) e mucosa, sendo, por
isto, consideradas cutâneo-mús-
culo-mucosa. Entre o músculo
240
EDUCAÇÃO FÍSICA

bucinador e a mucosa existem


várias pequenas glândulas bucais
e acima dele existe tecido adipo-
so (corpo adiposo da bochecha),
o qual é maior em crianças, rece-
bendo o nome de bola de “Bichat”
(FREITAS, 2004).

241
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 3 – Bochecha

Palato
O palato se posiciona entre a
cavidade nasal e a cavidade oral
(a sua face superior é voltada
242
EDUCAÇÃO FÍSICA

ao nariz e a sua face inferior é


voltada à boca, onde apresenta
várias glândulas palatinas). An-
teriormente, a sua constituição
é predominantemente óssea e
imóvel, sendo chamada de pa-
lato duro. Posteriormente, a sua
constituição é predominante-
mente muscular e com relativo
movimento, sendo chamada de
palato mole.

243
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O palato duro é formado pelas


maxilas e pelos ossos palatinos,
os quais se unem por meio das su-
turas palatina mediana e palatina
transversa. A sua coloração é ró-
sea devido à vascularização me-
nos expressiva do que a do palato
mole (que é vermelho). A sua mu-
cosa é intimamente aderida ao pe-
riósteo, podendo ser chamada de
mucoperiósteo e apresenta pro-
cessos alveolares (onde os dentes
244
EDUCAÇÃO FÍSICA

da maxila se fixam) e importan-


tes forames (pelos quais vasos e
nervos passam).
O palato mole é constituído por
músculos que atuam na degluti-
ção elevando o palato para que o
alimento não reflua em direção
à cavidade nasal. Em sua região
mediana e posterior, se localiza a
úvula palatina (conhecida como
“campainha” ou “sininho”), la-
teralmente a qual se encontra a
245
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tonsila palatina (conhecida como


“amídala” ou “amígdala”) (MA-
DEIRA, 2001).

Figura 4 – Palato duro e mole


246
EDUCAÇÃO FÍSICA

Istmo das fauces


O istmo das fauces é o espaço en-
tre a úvula palatina, os arcos pa-
latoglossos, o dorso da língua e a
cartilagem epiglótica da laringe.
Ele representa o limite posterior
da boca (ou seja, onde esta acaba
e onde começa a faringe) (MA-
DEIRA, 2001).

247
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 5 – Istmo das fauces

Língua
A língua é um órgão importante
para a mastigação e a deglutição,
e atua como órgão gustativo e fo-
nador. Localiza-se parcialmente
na cavidade oral e parcialmente
248
EDUCAÇÃO FÍSICA

na faringe, mantendo-se presa à


cartilagem epiglótica.
É muscular e revestida por mu-
cosa. Os seus músculos podem
ser intrínsecos (os quais lhe dão
forma) ou extrínsecos (os quais
lhe permitem movimento). A sua
mucosa apresenta receptores gus-
tativos chamados de papilas lin-
guais (circunvaladas, folhadas, fi-
liformes e fungiformes), as quais
lhe dão um aspecto rugoso, além
249
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de serem relacionadas à percep-


ção sensitiva da língua (inclusive
dos sabores).
A extremidade anterior da lín-
gua é chamada de ápice, as suas
regiões laterais são as margens
laterais, a sua região inferior é a
face inferior, e a sua face superior
é chamada de dorso da língua. O
dorso é marcado pelo sulco me-
diano, que a divide em metades
direita e esquerda. Além desse
250
EDUCAÇÃO FÍSICA

sulco, a língua apresenta o sulco


terminal, que a divide em corpo
da língua (anterior ao sulco) e raiz
da língua (posterior ao sulco). Ela
apresenta um septo visível quan-
do cortada transversalmente.
Embora apresente o frênulo da
língua, a língua tem importante
mobilidade necessária à mastiga-
ção e à fonação, e é bastante iner-
vada (em relação a tato, dor, tem-
peratura, pressão, propriocepção,
251
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

gustação e em relação à sua ca-


pacidade contrátil) (MADEIRA,
2001).

Figura 6 – Língua
252
EDUCAÇÃO FÍSICA

Gengiva
A gengiva é constituída por tecido
fibroso e é coberta por mucosa. A
gengiva livre é vermelha e a ade-
rida é rósea (MADEIRA, 2001).

Figura 7 – Gengiva
253
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Dentes
Os dentes ficam implantados em
cavidades (chamadas alvéolos
dentais) da maxila e da mandíbu-
la. São rígidos, esbranquiçados,
muito vascularizados e inervados.
Apresentam três partes: raiz (im-
plantada no alvéolo), coroa (par-
te mais evidente) e colo (região
entre a raiz e a coroa, circundada
pela gengiva).

254
EDUCAÇÃO FÍSICA

Enquanto a criança apresenta


20 dentes (oito incisivos, quatro
caninos e oito molares), o adulto
apresenta 32 (oito incisivos, qua-
tro caninos, oito pré-molares e 12
molares). A substituição da den-
tição primária (da criança) pela
dentição permanente (do adulto)
começa a partir dos seis ou sete
anos e pode durar até os 25 anos
de idade.

255
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Eles servem para triturar os ali-


mentos, deixando-os acessíveis
às enzimas digestivas. Para tan-
to, cada dente tem uma função
específica na mecânica da mas-
tigação. Enquanto os incisivos
cortam o alimento e os caninos
o rasgam, os pré-molares e os
molares fazem a sua trituração
(MADEIRA et al., 2014).

256
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 8 – Dentes

Assoalho da boca
O assoalho da boca é constituído,
principalmente, por músculos
como o platisma e os supra-hi-
óideos e representa o limite infe-
rior da boca (MADEIRA, 2001).
257
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Anel linfático
É um conjunto de tonsilas (pala-
tinas, linguais, faríngeas e tubá-
rias) localizado na parte poste-
rior da cavidade oral e na parte
oral da faringe. Ele diminui a
contaminação dos alimentos in-
geridos a partir da produção de
células imunológicas (MADEI-
RA, 2001).

258
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 – Anel linfático

FARINGE
A faringe é uma estrutura múscu-
lo-membranácea localizada pos-
teriormente à cavidade nasal, à
cavidade oral e à laringe. Ela se
inicia na base do crânio e termina
259
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ao nível da sexta vértebra cervical.


Apresenta, em sua constituição,
músculos estriados esqueléticos
(relacionados aos movimentos pe-
ristálticos) e mucosa.
Ela se associa tanto ao sistema
respiratório quanto ao digestório,
atuando como um canal comum à
passagem do ar e do alimento. As-
sim, apresenta três partes sem li-
mites precisos entre si: parte nasal,
oral e laríngea da faringe. Enquan-
260
EDUCAÇÃO FÍSICA

to a parte nasal tem função respira-


tória, a oral tem função digestória,
e a laríngea, função respiratória e
dá continuidade ao esôfago.
Na parte nasal da faringe existe
um importante acidente anatômi-
co chamado óstio faríngeo da tuba
auditiva, o qual marca a desembo-
cadura desta(ou seja, a tuba audi-
tiva comunica a parte nasal da fa-
ringe com a cavidade timpânica da
orelha média). Esta comunicação
261
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

permite que a pressão dentro da


cavidade timpânica e a do ar exter-
no se igualem, permite que muco
e perilinfa dos canais semicircula-
res sejam drenados, mas possibi-
lita também que uma infecção da
faringe se propague à orelha mé-
dia (DI DIO, 2002).

262
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 10 – Faringe

263
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ESÔFAGO
O esôfago é um tubo fibromuscu-
lar que dá continuação à faringe e
desemboca no estômago. Assim,
ele atravessa o músculo diafragma
(pelo hiato esofágico) e apresenta
uma parte cervical, uma parte to-
rácica e uma parte abdominal.
Com 25 cm de comprimento e 2
cm de diâmetro, ele não apresen-
ta função digestiva, produzindo
apenas muco para garantir que
264
EDUCAÇÃO FÍSICA

o bolo alimentar passe por meio


de suas contrações (movimentos
peristálticos, peristaltismo ou
peristalse), independentemente
da ação da gravidade (MOORE
et al., 2014).

265
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 11 – Esôfago

266
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar de refluxo


gastroesofágico?

O texto que segue é parte do


artigo intitulado “Doença do
refluxo gastroesofágico: uma
afecção crônica”, do autor Ethel
Zimberg Chehter, disponível na
revista Arquivos Médicos do ABC,
de 2004.
“A doença do refluxo gastroeso-
fágico (DRGE) pode ser definida
como uma afecção crônica de-
corrente do refluxo retrógrado
de parte do conteúdo gastro-
duodenal para o esôfago ou ór-
gãos adjacentes a ele,

267
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

acarretando um espectro va-


riável de sintomas e/ou sinais
esofagianos e/ou extra-esofa-
gianos, associados ou não a
lesões teciduais”. Para saber
mais, acesse: <https://www.por-
talnepas.org.br/amabc/article/
view/313/294>.

Fonte: adaptado de Chehter (2004, p.


12).

268
EDUCAÇÃO FÍSICA

ESTÔMAGO
O estômago é uma dilatação do
canal alimentar que segue o esô-
fago e dá continuidade ao intesti-
no. Localizado abaixo do músculo
diafragma, com a sua maior por-
ção à esquerda do plano mediano,
a sua principal função é realizar
a digestão química (por meio de
enzimas) e mecânica (por meio
de movimentos circulares e pe-
ristálticos) dos alimentos. Além
269
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

disso, ele pode atuar como um


reservatório para até três litros de
alimento e é capaz de absorver al-
gumas substâncias.
Internamente, o estômago apre-
senta pregas gástricas que se dis-
tendem ao receber o alimento. A
sua forma e posição podem variar
com a idade, com o tipo constitu-
cional e a posição do indivíduo,
com a alimentação e o estado fi-
siológico do órgão.
270
EDUCAÇÃO FÍSICA

A sua comunicação com o esôfa-


go se dá por meio da parte cárdia.
O seu fundo é superior e acima
da junção com o esôfago. O seu
corpo é a maior parte do órgão. A
parte pilórica é a sua porção ter-
minal que, por sua vez, se comu-
nica com o duodeno. Apresenta
face anterior e posterior, unidas
pelas curvatura gástrica maior (à
esquerda) e menor (à direita).

271
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Tanto na parte cárdica quanto


no piloro existem orifícios cha-
mados óstio cárdico e óstio pi-
lórico, onde feixes musculares se
condensam, permitindo um me-
canismo de abertura e fechamen-
to que regula o trânsito do bolo
alimentar. Normalmente, o pilo-
ro só se abre para o quimo passar
quando o duodeno está vazio e
pronto para digerir mais conteú-
do gástrico (DI DIO, 2002).
272
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 12 – Estômago

273
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você sabia que o estômago pode


dilatar se a quantidade de alimen-
tos ingeridos for excessiva? Você
sabia que o estômago pode re-
gredir de tamanho se uma ree-
ducação alimentar for feita?
A melhor maneira de evitar uma
dilatação gástrica é estar sempre
atento à quantidade de alimen-
tos ingeridos e manter uma dieta
balanceada e na quantidade ideal
para o seu nível de atividade física
e biótipo.

Fonte: a autora.

274
EDUCAÇÃO FÍSICA

INTESTINOS
Intestino delgado
Em relação ao intestino grosso, o
intestino delgado tem menor ca-
libre e é mais longo (mede de 4
a 6 metros de comprimento). Ele
se estende do piloro ao ceco, e é
subdividido em três segmentos:
duodeno, jejuno e íleo.
Ele age sobre o alimento de ma-
neira mecânica (misturando e
propulsionando o quimo por
275
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

meio de movimentos peristálti-


cos) e de maneira química (por
meio de enzimas). Assim, embo-
ra represente o principal local de
absorção dos alimentos, ele tam-
bém participa da digestão.
No intestino, agem secreções do
próprio intestino (suco entérico),
do pâncreas (suco pancreático)
e do fígado (bile) sobre o quimo,
formando o quilo na fase final
da digestão (quando substâncias
276
EDUCAÇÃO FÍSICA

podem ser absorvidas). Para tan-


to, desembocam no duodeno os
ductos do fígado e do pâncreas.
O duodeno mede 25 cm de com-
primento e é a primeira porção
do intestino delgado. Ele come-
ça no óstio pilórico, termina na
flexura duodeno-jejunal e man-
tém íntimo contato com a cabe-
ça do pâncreas. O jejuno mede
2,5 metros, e o íleo, 3,5 metros.
Não há nítida divisão anatômica
277
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

entre estas duas porções, poden-


do, assim, serem chamadas, em
conjunto, de jejuno-íleo (DAN-
GELO; FATTINI, 2011).

Figura 13 – Intestino delgado e grosso


278
EDUCAÇÃO FÍSICA

Intestino grosso
O intestino grosso mede 1,5 me-
tros de comprimento e difere-se
do intestino delgado por apresen-
tar faixas de músculo liso longi-
tudinal (tênias do colo), gordura
na serosa (apêndices omentais do
colo) e dilatações limitadas por
sulcos transversais (saculações
do colo).
Ele fica ao redor do intestino
delgado e representa a porção
279
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

terminal do canal alimentar, res-


ponsável pela absorção de água e
eletrólitos do quilo, determinan-
do, assim, a consistência do bolo
fecal. Ademais, atua na formação,
transporte e expulsão das fezes.
É subdividido em ceco, colo as-
cendente, colo transverso, colo
descendente, colo sigmoide, reto
e canal anal. Do ceco destaca-se
o apêndice vermiforme, um pro-
longamento cilindroide alongado
280
EDUCAÇÃO FÍSICA

com cerca de 6 a 10 cm de com-


primento, formado no ponto de
encontro das tênias. O apêndice é
rico em folículos linfáticos.
O reto tem 15 cm de compri-
mento e possui uma parte dila-
tada (ampola do reto) que arma-
zena temporariamente as fezes.
O canal anal é uma parte estreita
que se abre para o meio externo
por meio do ânus (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).
281
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você sabia que apendicite é gra-


ve e trata-se da inflamação do
apêndice vermiforme? Os sinto-
mas associados a esta condição
clínica são vários e, se ela não for
prontamente tratada, pode oca-
sionar a morte. Para saber mais,
acesse: <https://www.tuasaude.
com/apendicite/acesso>.
Fonte: a autora.

PERITÔNIO E CAVIDADE PE-


RITONEAL
As cavidades abdominal e pélvi-
ca, bem como as vísceras nelas lo-
282
EDUCAÇÃO FÍSICA

calizadas são revestidas por uma


membrana serosa transparente e
brilhante chamada peritônio. Ele
é formado por duas lâminas con-
tínuas, o peritônio visceral (que
envolve as vísceras) e o peritônio
parietal (que reveste as paredes
dessas cavidades). Entre essas lâ-
minas existe a cavidade peritone-
al, a qual contém uma pequena
quantidade de líquido peritoneal.

283
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Alguns órgãos (como rins e pân-


creas) se posicionam atrás do pe-
ritônio (são retroperitoneais) e,
por isto, ficam aderidos à parede
posterior do abdome (são fixos).
Outros se destacam da parede ab-
dominal e são acompanhados pelo
peritônio de modo que, entre eles
e a parede do abdome, se forma
uma lâmina peritoneal chamada
mesentério, meso ou ligamento.

284
EDUCAÇÃO FÍSICA

Às vezes, essas pregas se estendem


entre dois órgãos por uma lâmi-
na do peritônio chamada omen-
to (o omento maior sai do estô-
mago, recobre os intestinos e se
fixa ao colo transverso do intes-
tino grosso; o omento menor vai
do estômago ao fígado). Alguns
órgãos podem ser intraperitone-
ais (TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010).

285
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 14 – Peritônio e cavidade peritoneal

286
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você sabia que os alimentos que


ingerimos podem melhorar ou
atrapalhar os nossos movimen-
tos peristálticos? Além disso, você
sabia que os exercícios físicos es-
timulam muito a nossa peristal-
se? Pois é! Vale a pena estar infor-
mado(a) para garantir uma dieta
adequada e um bom padrão de
funcionamento intestinal. Para
saber mais, acesse: <http://www.
revistapenseleve.com.br/nutri-
cao-destaque/alimentos-estimu-
lam-o-intestino>.
Fonte: a autora.

287
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ÓRGÃOS ANEXOS
Fígado
O fígado se localiza abaixo do
diafragma e fica unido à parede
abdominal anterior, ao estôma-
go e ao duodeno. Ele é conside-
rado a maior glândula do corpo
e, depois da pele, é considerado o
maior órgão, pesando 1,5 kg.
Este órgão atua no metabolis-
mo de carboidrato, de gordura e
de proteína. Além disso, arma-
288
EDUCAÇÃO FÍSICA

zena glicogênio, sintetiza vários


compostos orgânicos, metaboli-
za e excreta substâncias tóxicas
(medicamentos e alimentos, por
exemplo), participa dos mecanis-
mos de defesa do corpo e secreta
a bile.
A bile é um líquido produzido
pelo fígado e armazenado na ve-
sícula biliar. De cor esverdeada e
de gosto amargo, tem ação deter-
gente sobre gorduras e favorece
289
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

a absorção de ácidos e vitaminas


lipossolúveis (sem bile, cerca de
40% da gordura seria excretada
pelas fezes, assim como as vita-
minas A, D, E e K).
O fígado apresenta uma face
diafragmática (que mantém con-
tato com o músculo diafragma)
e uma face visceral (que mantém
contato com as vísceras abdomi-
nais). Ele divide-se em dois lobos
anatômicos (direito e esquerdo) e
290
EDUCAÇÃO FÍSICA

dois lobos acessórios (quadrado e


caudado) (WATANABE, 2009).

Figura 15 – Fígado

Pâncreas
O pâncreas localiza-se atrás do
estômago e se divide em cabeça
(extremidade dilatada à direita),
291
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

colo (entre a cabeça e o corpo),


corpo (em posição transversal) e
cauda (extremidade afilada à es-
querda).
Este órgão é considerado uma
glândula mista, pois secreta insuli-
na e glucagon de maneira endócri-
na (no sangue) e suco pancreático
de maneira exócrina (no duodeno
para auxiliar a digestão) (FREI-
TAS, 2004).

292
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 16 – Pâncreas

Glândulas salivares
As glândulas salivares produzem e
liberam saliva na cavidade oral. A
saliva é um líquido viscoso, trans-
parente, insípido e inodoro que de-
293
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

sempenha diversas funções como


prevenção de cáries, lubrificação
do bolo alimentar, facilitação de
seu transporte e digestão do ami-
do. Além disso, mantém a cavida-
de oral limpa e com pH adequado,
permite a percepção dos sabores e
possibilita a excreção de algumas
substâncias.
Glândulas salivares menores lo-
calizam-se nas bochechas, nos
lábios, no palato e na mucosa da
294
EDUCAÇÃO FÍSICA

língua. Glândulas salivares maio-


res incluem as parótidas, as sub-
mandibulares e as sublinguais. A
parótida fica na porção lateral da
face e apresenta o ducto parotí-
deo, que perfura a bochecha e se
abre na boca. Ela pode ser infec-
tada por vírus, causando paroti-
dite (caxumba). A submandibular
fica abaixo da mandíbula e o seu
ducto submandibular se abre na
boca abaixo da língua. A sublin-
295
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

gual é a menor e a mais profun-


da delas, apresentando vários pe-
quenos ductos, os quais se abrem
no assoalho da boca (MADEIRA,
2001).

Figura 17 – Glândulas salivares


296
EDUCAÇÃO FÍSICA

297
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Endócrino

O sistema endócrino será aborda-


do nesta unidade apresentando as
suas generalidades, as principais
glândulas e os seus hormônios,
assim como as principais disfun-
298
EDUCAÇÃO FÍSICA

ções advindas de seu mau funcio-


namento. Também será realizada
uma correlação entre o seu fun-
cionamento e a prática de exercí-
cios físicos.

GENERALIDADES
Os hormônios são essenciais ao
funcionamento do corpo, e se as
suas concentrações estiverem alte-
radas, disfunções severas podem
aparecer. Para que isto seja evita-
299
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do, o sistema endócrino apresen-


ta várias glândulas macroscópi-
cas, as quais não possuem canais
excretores, mas lançam os seus
produtos (hormônios) na corren-
te sanguínea, fazendo com que
eles sejam distribuídos ao corpo
todo para agir em células-alvo
de vários órgãos. Estas glândulas
de secreção interna diferem das
glândulas exócrinas, uma vez que
estas últimas secretam para fora
300
EDUCAÇÃO FÍSICA

da corrente sanguínea (como as


glândulas lacrimais, salivares, su-
doríparas, sebáceas e mamárias).
O sistema endócrino apresenta
como principais glândulas a hi-
pófise, a tireoide, as paratireoides,
as suprarrenais, a pineal e as por-
ções endócrinas do pâncreas e das
gônadas. Todavia alguns órgãos
podem apresentar função endó-
crina, como é o caso da placenta,
do timo, do coração, dos rins, do
301
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

duodeno etc. Ademais, existem


várias glândulas endócrinas mi-
croscópicas representadas por cé-
lulas secretoras de hormônios que
ficam isoladas ou organizadas em
pequenos agregados, os quais se
distribuem pelo corpo, como na
mucosa do trato gastrointestinal.
Alguns hormônios são esteroi-
des derivados do colesterol, alguns
são proteicos e outros são deriva-
dos de aminoácidos. Eles podem
302
EDUCAÇÃO FÍSICA

agir na célula de várias maneiras.


Por exemplo, modificando a per-
meabilidade da membrana, agin-
do sobre segundos mensageiros,
influenciando o material genético,
agindo sobre enzimas etc. (MI-
RANDA NETO; CHOPARD,
2014).

303
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 18 - Visão geral do sistema endócrino

304
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS GLÂNDULAS E
OS SEUS HORMÔNIOS

Glândula hipófise
A glândula hipófise fica alojada na
fossa hipofisial do osso esfenoide
e está ligada ao hipotálamo, de
forma que existe uma íntima re-
lação entre o sistema endócrino e
o sistema nervoso.
Esta pequena glândula (com cer-
ca de 1 cm de diâmetro e 1 g de
305
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

peso) pode ser dividida em lobo


anterior (adeno-hipófise) e lobo
posterior (neuro-hipófise). Os
hormônios da adeno-hipófise in-
cluem o hormônio de crescimento
(popularmente conhecido como
GH), a corticotropina, a tireotro-
pina, a prolactina, o hormônio
folículo estimulante e o hormô-
nio luteinizante. Os hormônios
da neuro-hipófise incluem o hor-
mônio antidiurético e a ocitocina.
306
EDUCAÇÃO FÍSICA

O hormônio de crescimento in-


fluencia a síntese de proteína e
causa multiplicação e diferencia-
ção celular. A corticotropina e a
tireotropina controlam, respecti-
vamente, a secreção de hormônios
do córtex da glândula suprarrenal
e da glândula tireoide. A prolac-
tina desenvolve as glândulas ma-
márias e estimula a produção do
leite, e os hormônios folículo esti-
mulante e luteinizante controlam
307
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o crescimento das gônadas e as


suas atividades reprodutivas. Por
fim, enquanto a ocitocina ajuda
na liberação de leite pelas glân-
dulas mamárias e no trabalho de
parto, o hormônio antidiurético
(ou vasopressina) regula a excre-
ção de água pelo corpo.
Devido à atuação abrangente de
seus hormônios, a disfunção da
glândula hipófise pode causar se-
veros prejuízos (como no caso de
308
EDUCAÇÃO FÍSICA

hiper ou hipotireoidismo) e ser


tão severa a ponto de ocasionar
óbito. Além disso, os seus hor-
mônios são determinantes para a
boa prática de exercícios físicos,
pois estão relacionados ao meta-
bolismo e à homeostasia corpó-
rea (MOORE et al., 2014).

309
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 19 - Glândula hipófise

310
EDUCAÇÃO FÍSICA

Glândula pineal
A pequena glândula pineal (com
cerca de 150 mg de peso) está lo-
calizada no epitálamo. Seu nome
se deve ao seu formato de uma
pequena pinha, e o hormônio que
ela produz é a melatonina. Este
hormônio está relacionado ao ci-
clo de sono e vigília, atuando nos
relógios circadianos (que ocor-
rem durante o dia). Por isto, a sua
disfunção pode causar, por exem-
311
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

plo, alteração do ciclo sono-vigí-


lia. Adicionalmente, vale destacar
que a melatonina tem relação di-
reta com o exercício físico e com
o repouso após a sua prática.
A sincronização do ciclo sono-
-vigília depende da intensidade
da luz do ambiente. Variações nos
níveis de luz são detectadas por re-
ceptores localizados na retina dos
quais partem neurônios que che-
gam ao hipotálamo. De maneira
312
EDUCAÇÃO FÍSICA

geral, a ativação dos fotorrecep-


tores da retina reduz a produção
de melatonina e causa o despertar.
Ao contrário, a ausência de luz e a
consequente redução de ativação
desses fotorreceptores fazem com
que a glândula pineal aumente a
síntese e a liberação de melato-
nina na corrente sanguínea, cau-
sando sono (a sua síntese atinge
o nível máximo entre 2 e 4 horas
da manhã) (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014). 313
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 20 - Glândula pineal

Glândula tireoide
A glândula tireoide está localiza-
da na região anterior do pesco-
314
EDUCAÇÃO FÍSICA

ço, próximo à traqueia. Ela sin-


tetiza os hormônios calcitonina,
tiroxina (T4) e triiodotironina
(T3) usando o iodo como subs-
trato. A calcitonina reduz os ní-
veis de cálcio e fosfato no sangue,
e os hormônios T3 e T4 aceleram
o metabolismo de carboidratos,
estimulam a síntese de proteínas
e a degradação de gorduras, au-
mentam o metabolismo da água,
de sais minerais e de vitaminas.
315
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Quando T3 e T4 são secretados


de modo excessivo, ocorre uma
doença chamada hipertireoidis-
mo. Neste caso, há perda de ni-
trogênio pela urina, redução do
colesterol circulante, agitação
psicomotora, perda de peso cor-
poral, insônia, instabilidade afe-
tiva, tremor nas mãos, taquilalia
(fala rápida), taquicardia, palpi-
tação, hipertensão arterial, disp-

316
EDUCAÇÃO FÍSICA

neia, hiperfagia, fraqueza mus-


cular e osteoporose.
Ao contrário, a falta desses hor-
mônios causa hipotireoidismo.
Neste caso, ocorre aumento do
colesterol circulante, desacelera-
ção do metabolismo corpóreo,
cansaço, alterações menstruais e
deficiência cardíaca. Adicional-
mente, crianças com hipotireoi-
dismo têm atraso na maturação

317
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do esqueleto, podem desenvolver


nanismo, hipotonia muscular e
deficiência mental, uma vez que
os hormônios tireoidianos são
fundamentais para o crescimento
e o desenvolvimento físico e men-
tal. Em conjunto, estes sinais ca-
racterizam uma doença conheci-
da como cretinismo, a qual pode
se dar por ausência congênita da
glândula, por defeito genético em
sua função ou por falta de iodo
318
EDUCAÇÃO FÍSICA

na dieta. Por isto, Miranda Neto


e Chopard (2014) afirmam que
gestantes devem ingerir iodo dia-
riamente na quantidade mínima
necessária (em torno de 100 mi-
crogramas de iodo/dia).
Outro fato que merece desta-
que é que a ausência de iodo faz
com que a glândula tireoide fique
edemaciada (inchada), formando
um “papo” na região anterior do
pescoço (esta condição é chama-
319
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

da de bócio). Tal fato ocorre com


maior incidência em locais onde
o solo é pobre em iodo (em locais
longe do mar, por exemplo).
Desde 1955 iniciaram-se pro-
gramas de adição de iodo no sal
de cozinha no Brasil por reco-
mendação da Organização Mun-
dial de Saúde (OMS). No entan-
to iodo em excesso pode causar
hipertireoidismo induzido por
iodo (principalmente em idosos)
320
EDUCAÇÃO FÍSICA

e a elevação do número de pes-


soas com doenças autoimunes da
glândula tireoide (WATANABE,
2000).

Figura 21 - Glândula tireoide

321
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Glândulas paratireoides
As glândulas paratireoides locali-
zam-se na face posterior da glân-
dula tireoide e têm a função de
produzir o hormônio paratireoi-
diano (PTH) ou paratormônio.
Desta forma, estas quatro peque-
nas glândulas atuam no controle
dos níveis dos íons cálcio e fósfo-
ro do corpo. A glândula hipófise
controla tal secreção conforme a
concentração de cálcio nos flui-
322
EDUCAÇÃO FÍSICA

dos corporais (a diminuição dessa


concentração aumenta a secreção
de PTH, e o contrário é verdadei-
ro).
Quando o PTH é liberado, ele
ativa os osteoclastos, os quais re-
tiram cálcio dos ossos aumentan-
do a sua concentração no plasma
sanguíneo e diminuindo a sua
excreção na urina. Além disso, a
síntese de vitamina D pelos rins é
aumentada, melhorando a absor-
323
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ção de cálcio no trato gastrointes-


tinal.
Enquanto o PTH retira cálcio
dos ossos aumentando a sua con-
centração no plasma, a calcitoni-
na age antagonicamente levando
cálcio do plasma para os ossos.
Assim, o hiperparatireoidismo
faz com que haja excesso de PTH
no sangue, causando descalcifi-
cação óssea, fraturas, deformida-
des, osteoroporose e calcificação
324
EDUCAÇÃO FÍSICA

de tecidos moles. Ao contrário,


a deficiência de PTH diminui o
cálcio do sangue e aumenta a ex-
citabilidade do sistema nervoso,
causando câimbras e espasmos
(MOORE et al., 2014).

Figura 22 - Glândulas paratireoaides


325
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Glândulas suprarrenais
As glândulas suprarrenais rece-
bem este nome porque se loca-
lizam acima dos rins. São reves-
tidas por uma cápsula de tecido
conjuntivo e gordura, e passam
posteriormente ao peritônio.
Têm forma piramidal e enquan-
to a sua parte central é chamada
de medula, a sua parte periférica
é chamada de córtex. A medula
(20% da glândula) secreta epine-
326
EDUCAÇÃO FÍSICA

frina e noraepinefrina para aju-


dar o organismo a regular fun-
ções que lhe permitam adaptação
a situações de emergência (como
em casos de hemorragia, hipogli-
cemia, hipóxia, dor, exercícios in-
tensos, medo e raiva).
O córtex, por sua vez, secre-
ta mineralocorticoides, andro-
gênios e glicocorticoides. Os
mineralocorticoides (como a
aldosterona) controlam os ele-
327
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

trólitos (como sódio e potássio)


dos líquidos extracelulares. Os
androgênios são hormônios se-
xuais secretados em pequenas
quantidades e que causam os
mesmos efeitos da testostero-
na. Os glicocorticoides (como
o cortisol e a cortisona) podem
agir com ação anti-inflamató-
ria e antiestressante. Todavia o
estresse crônico eleva demais o
nível de cortisol, predispondo
328
EDUCAÇÃO FÍSICA

disfunções como acúmulo de


gordura na face e no pescoço,
depressão imunológica e debi-
lidade mental. Adicionalmente,
o aumento nos níveis de adre-
nalina e de cortisol pode gerar
sobrecarga cardíaca e inibir o
crescimento e a renovação dos
tecidos (WATANABE, 2000).

329
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 - Glândulas suprarrenais

Pâncreas
O pâncreas atua como uma glân-
dula mista, uma vez que ele é res-
330
EDUCAÇÃO FÍSICA

ponsável pela secreção de hormô-


nios (insulina e glucagon) e do suco
pancreático (lançado como secre-
ção exócrina no duodeno). Este ór-
gão se localiza atrás do estômago,
interposto ao baço e ao duodeno.
Enquanto as suas células alfa
produzem glucagon e as células
beta produzem insulina, as célu-
las delta produzem uma substân-
cia chamada somatostatina, que
atua como um neurotransmissor
331
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

inibitório da liberação dos dois


hormônios anteriores.
A insulina é liberada em estado
alimentado e a sua função é esti-
mular o transporte de glicose do
sangue para as células a fim de que
esta seja utilizada e armazenada em
forma de glicogênio. A glicose ex-
cedente é convertida em gordura
e armazenada no tecido adiposo.

332
EDUCAÇÃO FÍSICA

Adicionalmente, a insulina reduz


o uso de gorduras e de proteínas e
estimula a síntese proteica.
O glucagon age antagonicamen-
te à insulina, uma vez que dimi-
nui a quebra da glicose, promove
a hiperglicemia, estimula a de-
gradação do glicogênio hepáti-
co e a liberação de glicose para a
corrente sanguínea (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).

333
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 24 - Pâncreas

Gônadas
Os testículos e os ovários são,
respectivamente, as gônadas dos
sistemas genitais masculino e fe-
334
EDUCAÇÃO FÍSICA

minino. Tais órgãos, além de pro-


duzirem gametas, são também
responsáveis pela síntese de hor-
mônios sexuais testosterona, es-
trógenos e progestinas (o estróge-
no mais importante é o estradiol,
e a progestina mais importante é
a progesterona).
A testosterona é responsável pe-
las características sexuais secun-
dárias masculinas, como a forma-
ção de pelos dispersos pelo corpo,
335
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o aumento da laringe, a espessu-


ra da pele e os desenvolvimentos
ósseo e muscular. De igual modo,
ela atua na formação do pênis, da
bolsa escrotal, da próstata, das
glândulas seminais, dos ductos
genitais masculinos e participa da
descida dos testículos para a bolsa
escrotal. A sua atuação é bastan-
te importante na puberdade, pois
aumenta o tamanho do pênis, da
bolsa escrotal e dos testículos.
336
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os estrógenos (ou também co-


nhecidos como estrogênios) são
responsáveis pelo crescimento
dos órgãos sexuais. Estimulam a
síntese de colágeno e a renovação
da pele, das mucosas e dos teci-
dos conjuntivos de suporte. Têm
a sua produção reduzida após a
menopausa, fazendo com que a
renovação dos tecidos e a sínte-
se de colágeno sejam diminuídas.

337
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Assim, sinais de envelhecimen-


to (como perda do vigor da pele,
da massa muscular e óssea etc.)
passam a ser facilmente identifi-
cáveis. Ademais, fumar diminui
a produção estrogênica e, desta
forma, antecipa, prolonga e agra-
va os sinais característicos da me-
nopausa.
A progesterona prepara o útero
para a implantação do blastocisto,
estimula o desenvolvimento das
338
EDUCAÇÃO FÍSICA

mamas e aumenta a secreção mu-


cosa das tubas uterinas, ajudan-
do na nutrição do ovo em desen-
volvimento (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).

339
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 25 - Ovários e testículos

340
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você quer saber como o cigarro


pode modificar a sua produção
hormonal e antecipar a meno-
pausa? Pois bem! Todos os pro-
fissionais da saúde deveriam sa-
ber disto em detalhes para fins
de orientação e prevenção. Para
tanto, sugiro que você leia o arti-
go intitulado “Tabagismo e ante-
cipação da idade da menopausa”
dos autores José Mendes Aldrighi,
Israel Nunes Alecrin, Paulo Rogé-
rio de Olivei e Henrique O. Shi-
nomata, de em 2005. Para saber
mais, acesse: <http://www.scie-
lo.br/pdf/ramb/v51n1/a20v51n1.
pdf>.
Fonte: a autora.

341
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao término desta unidade, você


deverá ser capaz de associar as
diversas glândulas do corpo aos
hormônios por elas produzidos.
Lembre-se sempre de que o exer-
cício físico é capaz de causar efei-
tos benéficos na produção hor-
monal.

342
considerações finais

O sistema digestório está direta-


mente relacionado à manutenção
da vida, pois dele depende a obten-
ção de energia para o metabolis-
mo celular e, consequentemente,
para todas as atividades do corpo
(como crescimento, locomoção
e reprodução). Tal fato pode ser
dito, pois, sem o adequado supri-
mento energético, atividades di-
árias como contração muscular,
pensamento, aprendizado e di-
343
considerações finais

versas outras funções cognitivas


não seriam possíveis.
Complementarmente, o sistema
endócrino se encarrega de manter
a homeostasia corpórea, uma vez
que ele é responsável pela produ-
ção e liberação hormonal. Assim,
o controle necessário à manuten-
ção da vida é feito pelos sistemas
nervoso e endócrino, os quais
apresentam atuação conjunta e
sincrônica, influenciando, desta
344
considerações finais

forma, os outros sistemas.


Muitas doenças, no entanto, po-
dem acometer esses sistemas e
desregular o equilíbrio interno
do corpo. Como exemplo podem
ser citadas gastrite, esofagite, aca-
lasia, doença de Crohn, colite ul-
cerativa, hiper e hipotireoidismo
e muitas outras. A prevenção e o
tratamento para tais males depen-
de do pleno conhecimento mor-
fológico e funcional desses. Por
345
considerações finais

isso, o estudo anatômico é essen-


cial aos profissionais da área da
saúde.
Como várias dessas doenças po-
dem ser evitadas por meio de uma
vida fisicamente ativa e pelo de-
senvolvimento de hábitos alimen-
tares saudáveis (como a ingestão
diária e adequada de líquidos e
de alimentos pré e probióticos),
o profissional de Educação Físi-

346
considerações finais

ca deve ter o conhecimento ple-


no desses sistemas. Por isso, o
estudo pormenorizado deles e a
sua integração com o restante do
corpo é essencial. Além disso, o
profissional de Educação Física
comumente necessita responder
a questionamentos referentes ao
corpo humano e ao seu funcio-
namento, e, enquanto educador,
pode contribuir para minimizar

347
considerações finais

muitos distúrbios alimentares


(como anorexia e bulimia) e re-
alizar a detecção precoce de dis-
funções endócrinas. Sendo assim,
ótimo estudo para você!

348
atividades de estudo

1. O sistema digestório consta


de um tubo de 10 a 12 metros
de comprimento, localizado
adiante da coluna vertebral e
aberto em suas duas extre-
midades. Em relação a este
sistema, leia as afirmações a
seguir:
I - O fígado produz a bile e a
vesícula biliar a armazena.
II - A bile é produzida pela
vesícula biliar e é armaze-
nada no fígado.
III - São órgãos supradia-
fragmáticos do sistema di-
gestório: boca, faringe, la-

349
atividades de estudo

ringe, esôfago e glândulas


salivares.
IV - São órgãos anexos do
sistema digestório: baço, fí-
gado e glândulas salivares.
V - São órgãos anexos do
sistema digestório: pâncre-
as, fígado e glândulas sali-
vares.
É correto o que se afirma em:
a) I e IV, apenas.
b) I e V, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) II e V, apenas.

350
atividades de estudo

2. Considerando que existem


órgãos do sistema digestório
acima e abaixo do músculo
diafragma, assinale a alterna-
tiva que corresponde apenas
aos órgãos infradiafragmáti-
cos desse sistema:
a) Esôfago (parte cervical,
torácica e abdominal), es-
tômago, intestino delgado,
intestino grosso, fígado e
pâncreas.
b) Esôfago (parte torácica e
abdominal), estômago, in-
testino delgado, intestino
grosso, fígado e pâncreas.

351
atividades de estudo

c) Esôfago (parte abdomi-


nal), estômago, intestino
delgado, intestino grosso,
fígado e pâncreas.
d) Esôfago (parte abdomi-
nal), estômago, intestino
delgado, intestino grosso,
fígado, pâncreas e glându-
las salivares.
e) Os órgãos infradiafrag-
máticos incluem todos os
órgãos do tubo digestório.

3. Imagine uma refeição con-


tendo pão francês, hambúr-
guer de carne bovina e fatias
de bacon. Analise as afirma-
352
atividades de estudo

ções a seguir e assinale aque-


la que contém a descrição
dos locais onde ocorrerá a
digestão de cada um destes
alimentos:
a) A digestão do pão ocorre-
rá na faringe e no esôfago.
A carne será digerida no es-
tômago. O bacon será dige-
rido no duodeno.
b) O pão (constituído princi-
palmente por proteína) será
digerido no duodeno; a car-
ne bovina (constituída prin-
cipalmente por carboidrato)
será digerida no estômago;
o bacon (constituído princi-
353
atividades de estudo

palmente de gordura) será


digerido no duodeno.
c) O pão (constituído princi-
palmente por carboidrato)
será digerido na boca e no
duodeno; a carne bovina
(constituída principalmen-
te por proteína) será dige-
rida no estômago; o bacon
(constituído principalmente
de gordura) será digerido
na boca.
d) O pão (constituído princi-
palmente por carboidrato)
será digerido na boca e no
duodeno; a carne bovina
(constituída principalmen-
354
atividades de estudo

te por proteína) será dige-


rida no estômago; o bacon
(constituído principalmen-
te de gordura) será digeri-
do no duodeno.
e) A digestão da carne ocor-
rerá no esôfago. O pão
será digerido no estômago.
O bacon será digerido na
faringe.

4. Imagine a seguinte situa-


ção hipotética: você recebe
em sua academia uma se-
nhora de 65 anos de idade
que, embora sempre tenha

355
atividades de estudo

sido sedentária, te procurou


porque está interessada em
iniciar um programa de trei-
namento físico direcionado.
Em sua avaliação inicial, você
constatou que ela encontra-
-se em menopausa desde os
45 anos, que nunca fez tera-
pia de reposição hormonal e
apresenta várias alterações
endócrinas. Considere os
seus estudos sobre o tema e
analise as proposições a se-
guir:
I - Se a senhora apresentar
hipertireoidismo, a concen-
tração de hormônio tireoi-
diano calcitonina poderá
356
atividades de estudo

estar alta, predispondo a


descalcificação óssea. Isto
pode ser dito consideran-
do o fato de que esse hor-
mônio ativa os osteoclastos
e aumenta a calcemia a fim
de manter a concentração
fisiológica de cálcio para os
neurônios, o miocárdio e o
diafragma. Consequente-
mente, é bastante provável
que essa senhora apresen-
te ou venha a apresentar
severa osteoporose.
II - Se essa senhora apre-
sentasse disfunção das
glândulas suprarrenais, se-
357
atividades de estudo

ria possível que esta tivesse


um aumento na dosagem
do cortisol e da adrenalina.
Neste caso, é certo que ha-
veria contínua reabsorção
óssea, uma vez que o hor-
mônio corticotrófico (ACTH)
produzido pela glândula hi-
pófise estaria aumentado.
III - Se de fato essa senhora
apresentasse disfunção das
glândulas suprarrenais, se-
ria possível que esta tivesse
sinais e sintomas relaciona-
dos ao sistema circulatório,
uma vez que o excesso dos
hormônios produzidos por
358
atividades de estudo

essas glândulas (como o


cortisol e a adrenalina) po-
deriam causar sobrecarga
cardíaca e hipertensão ar-
terial. Tal fato é preocupan-
te se você prescrever para
a senhora exercícios aeró-
bios, os quais tendem a au-
mentar o funcionamento
do aparelho cardiorrespi-
ratório.
IV - Se o paratormônio ou
hormônio paratireoidiano
(PTH) estiver aumentado,
poderá haver aumento da
calcemia, da reabsorção ós-
sea e dentária. Isto porque,
359
atividades de estudo

em casos de hiperparati-
reoidismo, os osteoclastos
são ativados.
V - É bem provável que al-
guns hormônios dessa se-
nhora estejam em concen-
trações abaixo dos níveis
fisiológicos, uma vez que ela
já apresenta idade avança-
da, está na menopausa há
20 anos e nunca fez repo-
sição hormonal. Dentre tais
hormônios, pode-se citar o
hormônio de crescimento
(GH), o luteinizante (LH), o
folículo estimulante (FSH) e
os androgênios (produzidos
360
atividades de estudo

pela glândula suprarrenal).


Tal diminuição se relacio-
na a disfunções, como au-
mento na pressão arterial,
insônia, dificuldade na coa-
gulação sanguínea e insta-
bilidade emocional.
É correto o que se afirma em:
a) I e IV, apenas.
b) II e V, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) III e V, apenas.
e) IV e V, apenas.

361
atividades de estudo

5. As glândulas endócrinas são


glândulas especializadas na
secreção dos hormônios na
corrente sanguínea, sendo
as principais: pineal, hipófise,
tireoide, paratireoide e su-
prarrenais. Há glândulas mis-
tas que possuem uma parte
endócrina e outra exócrina,
como o pâncreas e as gôna-
das, ou seja, os ovários e os
testículos. Sobre esse siste-
ma, assinale a alternativa cor-
reta:

362
atividades de estudo

a) São hormônios da adeno-


-hipófise o hormônio anti-
diurético (ADH) e a ocitoci-
na.
b) São hormônios da glându-
la tireoide o paratormônio e
a melatonina.
c) São hormônios da glându-
la suprarrenal o hormônio
do crescimento e a prolac-
tina.
d) A melatonina é produzida
pela glândula pineal.
e) O hormônio do crescimen-
to é produzido pela glându-
la tireoide.

363
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o artigo indicado a se-


guir que trata da influência
do exercício físico sobre o sis-
tema endócrino.
INTRODUÇÃO
Todas as funções do corpo
humano e dos vertebrados de
uma maneira geral são per-
manentemente controladas
em estado fisiológico por dois
grandes sistemas que atuam
de forma integrada: o siste-
ma nervoso e o sistema hor-
monal (Guyton & Hall, 1997).
364
LEITURA
COMPLEMENTAR

O sistema nervoso é res-


ponsável basicamente pela
obtenção de informações
a partir do meio externo e
pelo controle das atividades
corporais, além de realizar a
integração entre essas fun-
ções e o armazenamento de
informações de memória. A
resposta aos estímulos (ou
informações provenientes
do meio externo ou mesmo
do meio interno) é controla-
da de três maneiras, a saber:

365
LEITURA
COMPLEMENTAR

1) contração dos músculos


esqueléticos de todo o cor-
po; 2) contração da muscula-
tura lisa dos órgãos internos
e 3) secreção de hormônios
pelas glândulas exócrinas e
endócrinas em todo o corpo
(Berne & Levy, 1996; Guyton
& Hall, 1997).
Diferentemente dos múscu-
los, que são os efetores finais
de cada ação determinada
pelo sistema nervoso, os hor-
mônios funcionam como in-

366
LEITURA
COMPLEMENTAR

termediários entre a elabora-


ção da resposta pelo sistema
nervoso e a efetuação desta
resposta pelo órgão-alvo. Por
isso, considera-se o sistema
hormonal o outro controla-
dor das funções corporais
(Guyton & Hall, 1997; Wilson
& Foster, 1988).
Para entendermos melhor
o funcionamento desse sis-
tema e o conceito de órgão-
-alvo, torna-se importante o
conhecimento do que é um

367
LEITURA
COMPLEMENTAR

hormônio. Um hormônio é
uma substância química se-
cretada por células especia-
lizadas ou glândulas endó-
crinas para o sangue, para o
próprio órgão ou para a linfa
em quantidades normalmen-
te pequenas e que provocam
uma resposta fisiológica típi-
ca em outras células especí-
ficas. Os hormônios são re-
guladores fisiológicos - eles
aceleram ou diminuem a ve-
locidade de reações e fun-

368
LEITURA
COMPLEMENTAR

ções biológicas que aconte-


cem mesmo na sua ausência,
mas em ritmos diferentes, e
essas mudanças de veloci-
dades são fundamentais no
funcionamento do corpo hu-
mano (Schottelius & Schotte-
lius, 1978).
Fonte: Canali e Kruel (2001).

369
material complementar

Indicação para Ler

To the Bone
Ano: 2017
Sinopse: uma jovem está
lidando com um problema
que afeta muitos outros
no mundo, ou seja, a ano-
rexia. Sem perspectivas
de se livrar da doença e
ter uma vida feliz e saudá-
vel, a moça passa os dias
sem esperança. Porém,
quando ela encontra um
médico não convencional
que a desafia a enfrentar
a sua condição e a abraçar
a vida, tudo pode mudar.

370
material complementar

Comentário: é um filme que


todo profissional de Educação Fí-
sica deveria assistir. Ele trata de
uma das desordens mais agres-
sivas que têm acometido muitos
adolescentes e jovens atualmen-
te, os quais, inclusive, optam pela
prática desenfreada e abusiva de
exercícios físicos.
Você deve assistir!

371
referências

ALDRIGHI, J. M.; ALECRIN, I. N.; OLIVEI, P. R.; SHINO-


MATA, H. O. Tabagismo e antecipação da idade da meno-
pausa. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 51, n.1, p. 51-53,
jan./fev. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ramb/v51n1/a20v51n1.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2018.
CANALI, E. S.; KRUEL, L. F. M. Respostas hormonais ao
exercício. Rev. Paul. Educ. Fis., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 141-
153, jul./dez. 2001. Disponível em: <https://www.revistas.
usp.br/rpef/article/viewFile/139895/135145>. Acesso em:
19 nov. 2018.
CHEHTER, E. Z. Doença do refluxo gastroesofágico: uma
afecção crônica. Arquivos Médicos do ABC, Santo André,
v. 29, n. 1, p. 12-18, 2004. Disponível em: <https://www.por-
talnepas.org.br/amabc/article/view/313/294>. Acesso em:
19 nov. 2018.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistê-
mica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

372
referências

DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada -


princípios básicos e sistêmicos: esquelético, articular e mus-
cular. 2. ed. v. 1. São Paulo: Atheneu, 2002.
FREITAS, V. Anatomia: conceitos e fundamentos. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
MADEIRA, M. C. Anatomia da face: bases anátomo-fun-
cionais para a prática odontológica. 3. ed. São Paulo: Sarvier,
2001.
MADEIRA, M. C.; RIZZOLO, R. J. C.; CARIA, P. H. F.;
CRUZ, R. S. M.; LEITE, H. F.; OLIVEIRA, J. A. Anatomia
do dente. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Sarvier, 2014.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia hu-
mana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2014.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO,
C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014.

373
referências

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L.


Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana.
9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

374
gabarito

1. B.
2. C.
3. D.
4. C.
5. D.

375
APARELHO UROGENITAL

Professora Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema urinário
• Sistema genital masculino
• Sistema genital feminino

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes dos sistema urinário: rim, ureter, bexiga
urinária e uretra.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema genital masculino: testículos,
epidídimos, ductos deferentes, glândulas seminais,
ducto ejaculatório, próstata, pênis, uretra, glândulas
bulbouretrais e bolsa escrotal.
• Abordar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema genital feminino: ovário, tuba
uterina, útero, vagina, estruturas do pudendo feminino:
monte do púbis, lábio maior do pudendo, lábio menor do
pudendo, vestíbulo da vagina, bulbo do vestíbulo, óstio da
vagina, glândula vestibular maior e glândulas vestibulares
menores. Cavidade pélvica e peritônio, períneo e mamas.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O
aparelho urogenital é
constituído pelos sis-
temas urinário, geni-
tal masculino e genital
feminino. Enquanto os sistemas
genitais agem em conjunto para
possibilitar a continuidade da
vida humana, o sistema urinário
garante a manutenção da home-
ostasia dos líquidos corpóreos.
O sistema urinário, por
exemplo, garante que
produtos residuais ge-
rados pelo metabolismo
corpóreo sejam elimina-
dos para o meio externo
evitando danos celulares
como alterações de pH
e mesmo morte celular.
Ele é constituído pelos
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

rins, ureteres, bexiga urinária e


uretra. Os rins são considerados
órgãos uropoiéticos, pois produ-
zem a urina a partir da filtragem
do plasma. Os ureteres e a uretra
são chamados de órgãos urocon-
dutores pelo fato de conduzirem
a urina. Já a bexiga urinária é um
órgão uroarmazenador, pois dela
depende a estocagem da urina até
o momento da micção ou diurese
(ou seja, o ato de urinar).
380
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os sistemas genitais possuem es-


truturas anatômicas específicas
que podem ser agrupadas em ór-
gãos gametógenos ou gônadas (os
quais produzem gametas e hor-
mônios sexuais), órgãos game-
tóforos ou vias espermáticas (os
quais permitem o deslocamento
dos gametas), órgãos de cópula
(os quais entram em contato du-
rante a cópula ou coito, ou seja, o
ato sexual propriamente dito), es-
381
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

truturas eréteis (as quais aumen-


tam de volume em decorrência da
retenção de sangue e melhoram,
assim, o acoplamento entre eles
durante a cópula), glândulas ane-
xas (as quais produzem secreções
que facilitam o coito ou a progres-
são dos gametas nas vias genitais)
e órgãos externos (os quais são vi-
síveis à superfície do corpo). Além
disso, apenas no sistema genital
feminino há um órgão que abriga
382
EDUCAÇÃO FÍSICA

o novo ser em formação até que o


período gestacional seja cumpri-
do (o útero) .
O objetivo desta unidade é des-
crever os aspectos mais relevantes
dos sistemas urinário e genitais,
bem como apresentar as suas in-
ter-relações e dependência com
os outros sistemas do corpo. Não
se esqueça que o profissional de
Educação Física precisa ter co-
nhecimento sobre esses sistemas,
383
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

pois ele será solicitado a responder


questões sobre o corpo humano.
Assim, aproveite a oportunidade
de entendê-los e bom estudo!

384
EDUCAÇÃO FÍSICA

385
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Urinário

386
EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro(a) aluno(a), o sistema uri-


nário será abordado nesta uni-
dade de forma a oferecer a você
uma visão geral das funções des-
se tão importante sistema em re-
lação ao corpo humano como um
todo. Além disso, serão apresen-
tados todos os seus componentes
anatômicos e serão pontuados os
seus principais aspectos funcio-
nais.

387
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÕES
O aparelho urogenital é compos-
to pelos sistemas urinário, geni-
tal masculino e genital feminino,
os quais, apesar de apresentarem
algumas semelhanças entre si, di-
ferem bastante em relação às suas
estruturas e funções.
O sistema urinário, ao contrário
do que muitas pessoas pensam,
não serve apenas para sintetizar
urina.
388
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 – Órgãos do sistema urinário

389
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ele é vital, pois a sua atuação está


diretamente relacionada à manu-
tenção da homeostasia corpórea
(o que justifica o grande número
de pessoas em hemodiálise e as
intermináveis filas de transplante
por conta de graves doenças re-
nais).
O sistema urinário é conside-
rado um sistema osmorregula-
dor que controla a composição
do sangue e dos líquidos in-
390
EDUCAÇÃO FÍSICA

tra e extracelular, monitoran-


do não só a quantidade de água,
mas também de sais minerais,
toxinas, excretas nitrogenadas
(ureia e ácido úrico, por exem-
plo), produtos da degradação da
hemoglobina, ácido carbônico,
metabólitos de hormônios etc.
Para tanto, o sistema urinário
possibilita a excreção de algu-
mas substâncias e a reabsorção
de outras. Ademais, influencia
391
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o volume de sangue do corpo


e, consequentemente, a pressão
arterial (TORTORA; DERRI-
CKSON; WERNECK, 2010).

COMPONENTES
Rim
O rim é o principal órgão do sis-
tema urinário, pois é ele que fil-
tra o plasma sanguíneo e forma a
urina (realiza a uropoiese). Além
disso, é responsável pela síntese
392
EDUCAÇÃO FÍSICA

da forma ativa da vitamina D, de


glicose em casos de jejum pro-
longado, de eritropoetina (glico-
proteína que atua na medula ós-
sea estimulando a produção de
hemácias) e de renina (uma enzi-
ma produzida por fibras muscu-
lares das artérias quando a pres-
são arterial cai).
De cor avermelhada, o rim é um
órgão par que apresenta a forma
de um grande feijão e se localiza
393
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

na cavidade abdominal. Ele pesa


de 125 a 170 g e apresenta cerca
de 10 cm de comprimento, 2 de
espessura e 5 de largura. Todavia
o rim esquerdo tende a ser um
pouco mais comprido e estreito
do que o direito, que fica ligeira-
mente mais baixo devido à posi-
ção do fígado.
Por fora, ele é revestido por uma
cápsula fibrosa de tecido conjun-
tivo e uma cápsula adiposa. Am-
394
EDUCAÇÃO FÍSICA

bas auxiliam na proteção e na


fixação do rim à cavidade abdo-
minal. Todavia os rins podem se
deslocar durante os movimentos
respiratórios e ao mudarmos a
posição corpórea.
Apresentam uma face ante-
rior e outra posterior, uma mar-
gem medial e outra lateral e um
polo superior e outro inferior.
O polo superior é mais espesso,
arredondado e próximo da li-
395
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nha mediana. Na margem me-


dial existe um fissura chamada
hilo renal por onde passam os
vasos, os nervos e a pelve renal.

Figura 2 – Rim

396
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em corte, o rim apresenta uma


porção central escura chamada
medula renal e outra periférica
mais clara chamada córtex renal.
O córtex se projeta em direção à
medula formando as colunas re-
nais que, por sua vez, separam
porções da medula chamadas pi-
râmides renais. As pirâmides se
estreitam inferiormente origi-
nando as papilas renais, as quais

397
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

apresentam forames para lançar a


urina nos cálices renais menores
(tais cálices se encaixam nas pa-
pilas à semelhança de uma taça,
justificando o seu nome). Os cá-
lices renais menores se unem for-
mando cálices renais maiores e
estes se abrem na pelve renal.
Dentro de cada rim há cerca de
1 milhão de néfrons, os quais ser-
vem para filtrar o sangue e formar
a urina. Eles atuam como filtros,
398
EDUCAÇÃO FÍSICA

separando o que deve ser excreta-


do ou reaproveitado pelo corpo.
Esta estrutura microscópica tem a
forma de um tubo sinuoso e é for-
mada por diversas porções (glo-
mérulo renal, cápsula glomerular,
túbulo contorcido proximal, túbu-
lo reto, túbulo contorcido distal e
ducto coletor). O ducto coletor re-
cebe a urina formada e a encami-
nha ao ureter, possibilitando que
os cerca de 1.500 ml de urina pro-
399
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

duzidos ao dia cheguem à bexiga


urinária (TORTORA; DERRICK-
SON; WERNECK, 2010).

Figura 3 – Néfron
400
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os cálculos renais (“pedras nos


rins”) podem se formar nos cáli-
ces, na pelve, no ureter e até na be-
xiga urinária, obstruindo o fluxo
de urina, provocando a contração
dos músculos do ureter e desen-
cadeando fortes dores e sangra-
mento ao urinar (hematúria). Isto
ocorre principalmente em pessoas
que tenham predisposição genéti-
ca e que ingerem pouca água, mas
muita carne, leite, queijo, vitami-
401
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nas C e D ou que tenham altera-


ção na reabsorção de cálcio. Além
disso, podem desenvolver doen-
ças como o hiperparatireoidismo,
que obriga o repouso prolongado.
O uso excessivo de antiácidos que
tenham cálcio pode aumentar a
incidência (DANGELO; FATTI-
NI, 2011).

402
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ureter
O ureter é um tubo muscular
estreito e longo (de 25 a 30 cm
de comprimento) que apresen-
ta capacidade contrátil (movi-
mentos peristálticos). Como a
sua função é conduzir a urina
produzida no rim até a bexiga
urinária, ele tem origem no hilo
renal e deixa de existir ao de-
sembocar na bexiga urinária.

403
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Em seu trajeto do rim à bexiga,


ele se justapõe às paredes abdo-
minal e pélvica, passando atrás
do peritônio. Assim, apresenta
uma parte abdominal, uma par-
te pélvica e uma parte intramural
(quando adentra a parede da be-
xiga urinária).
Os ureteres atravessam a parede
muscular da bexiga urinária de
maneira oblíqua, formando uma
válvula unidirecional que impe-
404
EDUCAÇÃO FÍSICA

de o refluxo da urina em direção


ao ureter. Além disso, a pressão
interna que o enchimento da be-
xiga causa e as suas contrações
atuam como um esfíncter, impe-
dindo, assim, tal refluxo (WATA-
NABE, 2000).

405
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 4 – Ureter (suas partes)

406
EDUCAÇÃO FÍSICA

BEXIGA URINÁRIA
A bexiga urinária é um órgão
ímpar que se localiza na cavi-
dade abdominal (no feto e no
recém-nascido) ou na cavidade
pélvica (após a puberdade). Ela
é constituída por músculo liso
capaz de se distender e possibi-
litar a sua função de armazena-
mento de urina (pode armaze-
nar de 350 a 1.500 ml de urina).

407
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Por isto é um órgão oco (MOO-


RE et al., 2014).
A idade, o sexo e as fases de vacui-
dade (se está cheia ou vazia) podem
influenciar a sua forma, o seu ta-
manho e a sua relação com órgãos
vizinhos. No adulto, por exemplo,
quando vazia, ela fica achatada con-
tra a sínfise púbica e, quando cheia,
fica ovóide e se salienta na cavidade
abdominal. No homem, ela locali-
za-se à frente do reto, e na mulher,
408
EDUCAÇÃO FÍSICA

o útero fica interposto entre essa


bexiga urinária e o reto (FREITAS,
2004).

Figura 5 – Bexiga urinária

409
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

URETRA
A uretra é um tubo muscular
ímpar e mediano que conduz a
urina até o meio externo. Este
órgão difere em relação aos se-
xos. Assim, enquanto a uretra
feminina é curta (cerca de 4 cm)
e destina-se apenas à passagem
de urina, a masculina é longa
(cerca de 20 cm) e destina-se à
passagem de urina e de sêmen
durante a ejaculação. Desta for-
410
EDUCAÇÃO FÍSICA

ma, a uretra masculina pertence


tanto ao sistema urinário quan-
to ao sistema genital masculino.
A uretra se abre para o meio ex-
terno por meio do óstio externo
da uretra, um pequeno orifício
que, na mulher, se localiza entre
os lábios menores do pudendo
(próximo ao clitóris e ao óstio da
vagina), e no homem, se localiza
na região central da glande.

411
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

No homem, ela é sinuosa e di-


vidida em quatro partes: uretra
pré-prostática ou intramural,
uretra prostática, uretra mem-
branácea e uretra esponjosa. A
uretra prostática é completa-
mente circundada pela próstata,
a qual nela lança a sua secreção.
A uretra membranácea penetra
a membrana do períneo e termi-
na ao entrar no pênis. As glân-
dulas bulbouretrais pertencentes
412
EDUCAÇÃO FÍSICA

ao sistema genital masculino se


localizam próximas a esta parte
da uretra. A uretra esponjosa é
longa, envolta pelo corpo espon-
joso do pênis e nela as glândulas
bulbouretrais se abrem (DI DIO,
2002).

413
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

414
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Você certamente já ouviu falar e


se preocupou com o câncer de
próstata. Mas você sabia que, no
Brasil, esse câncer é o segundo
mais comum entre os homens
(atrás apenas do câncer de pele
não-melanoma)? Para saber mais,
acesse: <http://www2.inca.gov.
br/wps/wcm/connect/tiposde-
cancer/site/home/prostata/defi-
nicao>.

Fonte: a autora.

415
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Genital Masculino

416
EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste tópico, serão apresentadas


as funções, a divisão e os com-
ponentes anatômicos do siste-
ma genital masculino. Para cada
componente, serão destacados a
localização, as principais caracte-
rísticas morfológicas e os aspec-
tos funcionais mais relevantes.

FUNÇÕES
O sistema genital masculino atua
junto com o feminino, possibili-
417
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tando a manutenção do número


de indivíduos da espécie huma-
na. O masculino é responsável
pela formação de gametas, pela
passagem destes pelos genitais,
pelo encontro deles (por meio da
cópula) e pela produção de hor-
mônios (especialmente a testos-
terona) que garantem as caracte-
rísticas sexuais secundárias.

418
EDUCAÇÃO FÍSICA

DIVISÃO
O sistema genital masculino apre-
senta órgãos genitais externos e
internos. Os externos são visíveis
à superfície do corpo e incluem
pênis e escroto. Os internos não
são visíveis à superfície do cor-
po e, na maioria da vezes, ficam
dentro da cavidade pélvica e in-
cluem testículo, epidídimo, ducto
deferente, glândula seminal, duc-

419
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

to ejaculatório, próstata, uretra e


glândula bulbouretral (MIRAN-
DA NETO; CHOPARD, 2014).

COMPONENTES
Testículo
Os testículos são órgãos pares, de
forma oval e achatados no senti-
do látero-lateral. Eles se desenvol-
vem dentro do abdome (perto aos
rins), mas à medida que a gesta-
ção da mãe avança, os testículos
420
EDUCAÇÃO FÍSICA

do bebê de sexo masculino des-


cem e se posicionam dentro do
escroto. Esta migração obrigato-
riamente deve se completar antes
da puberdade para que a sua fun-
ção na produção de gametas pos-
sa ser viável. Isto porque a tempe-
ratura intra-abdominal (36 a 37
°C) é maior do que a ideal para
a espermatogênese (que deve fi-
car em torno de 35 °C). Inclusi-
ve, quando o testículo não migra
421
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

para a bolsa escrotal (criptorqui-


dia) é necessária uma intervenção
cirúrgica. Vale lembrar que, além
da função de produção contínua
de gametas a partir da maturidade
sexual, os testículos também pro-
duzem hormônios sexuais como
a testosterona.
Os testículos esquerdo e direito
são separados por um septo de te-
cido conjuntivo (septo do escro-
to) visível externamente como
422
EDUCAÇÃO FÍSICA

uma espécie de “costura” mais


escura no escroto (rafe do escro-
to). Esta região é extremamente
inervada e, portanto, muito sen-
sível.
Internamente, a superfície do
testículo é revestida por uma cáp-
sula muito resistente de tecido
conjuntivo (túnica albugínea) e
por um saco seroso (túnica vagi-
nal) que emite septos para o seu
interior, dividindo-o em lóbulos.
423
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Nos lóbulos, os espermatozoides


são formados e deles tais gametas
saem em direção à cabeça do epi-
dídimo.
Como o testículo fica externo
à parede da pelve e os outros ór-
gãos do sistema genital masculi-
no estão em seu interior, várias
estruturas entram e saem da bol-
sa escrotal, formando o funículo
espermático. Este funículo per-
corre o canal inguinal, uma es-
424
EDUCAÇÃO FÍSICA

pécie de túnel através da parede


do abdome, o qual pode apre-
sentar hérnias inguinais. Den-
tre as estruturas que percorrem
o canal inguinal, destacam-se as
veias testiculares, as quais podem
apresentar varizes (varicocele),
levando ao acúmulo de sangue
no testículo e diminuindo a es-
permatogênese. Assim, dentro
da bolsa escrotal não fica apenas
o testículo, mas também o epidí-
425
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

dimo, parte do ducto deferente e


do funículo espermático (MOO-
RE et al., 2014).

Figura 7 – Testículo

426
EDUCAÇÃO FÍSICA

Epidídimo
O epidídimo é um órgão par que
se estende da borda posterior do
testículo até o ducto deferente.
Apresenta a forma de tubo eno-
velado e se divide em cabeça (re-
gião dilatada que fica na extremi-
dade superior do testículo), cauda
(parte inferior, contínua ao ducto
deferente) e corpo (entre as ou-
tras duas partes). A sua função é
armazenar temporariamente os
427
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

espermatozoides e permitir a sua


maturação (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).

Figura 8 – Epidídimo

428
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ducto deferente
O ducto deferente é um órgão par,
em forma de um longo tubo (tem
cerca de 30 cm de comprimen-
to), constituído de músculo liso
e, portanto, capaz de se contrair,
facilitando a expulsão dos esper-
matozoides no momento da eja-
culação.
A sua função é permitir que os
espermatozoides amadurecidos
passem da cauda do epidídimo à
429
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

próstata, sendo considerado o ca-


nal excretor do testículo. Assim,
ele se une aos ductos das glându-
las seminais e penetra a próstata,
originando o ducto ejaculatório
(DANGELO; FATTINI, 2011).

Figura 9 – Ducto deferente


430
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

A vasectomia é um procedimento
cirúrgico que impede que os es-
permatozoides subam pelo ducto
deferente e cheguem até o ducto
ejaculatório. Desta forma, ocorre
a esterilização do homem, assim
como a laqueadura na mulher.
É importante pontuar que após
a realização da vasectomia, o ho-
mem ainda ejacula normalmente,
porém eliminando apenas líqui-
do seminal, sendo os espermato-
zoides reabsorvidos. Para saber
mais, acesse: <https://www.tua-
saude.com/vasectomia>.
Fonte: a autora.

431
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Glândula seminal
A glândula seminal tem por fun-
ção (como o próprio nome suge-
re) secretar líquido seminal. Este
líquido é espesso, alcalino, rico
em nutrientes (frutose, princi-
palmente) e serve para nutrir os
espermatozoides e ativar o mo-
vimento destes. Em termos de
quantidade, ele equivale a cerca
de 60% do conteúdo líquido eli-
minado durante a ejaculação.
432
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esta glândula par tem cerca de


5 cm de comprimento e se lo-
caliza atrás da bexiga urinária,
acima da próstata, sendo consti-
tuída por músculo liso e tecido
conjuntivo fibroso. Ela apresenta
uma extremidade inferior estrei-
ta (ducto da glândula seminal),
que se une ao ducto deferente
formando, assim, o ducto ejacu-
latório dentro da próstata (WA-
TANABE, 2000).
433
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 10 – Glândula seminal

Próstata
A próstata é a maior glândula
acessória do sistema genital mas-
434
EDUCAÇÃO FÍSICA

culino (tem aproximadamente 3


cm de comprimento, 4 de largura
e 2 de profundidade). Todavia o
seu tamanho varia de acordo com
a idade. Por exemplo, ao nasci-
mento, ela é pouco desenvolvida;
na puberdade, ela aumenta de ta-
manho e cresce até em torno dos
30 anos; após os 40 anos, ela di-
minui gradativamente.
A sua função é secretar líqui-
do prostático para ativar o mo-
435
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

vimento dos espermatozoides e


neutralizar a acidez do líquido
proveniente do ducto deferente e
da vagina. Este líquido represen-
ta cerca de 30% do volume ejacu-
lado e dá o odor característico do
sêmen.
Este órgão é envolto por uma
cápsula fibrosa neurovascular e
é constituído por músculo liso,
tecido conjuntivo fibroso e glân-
dulas (apresenta de 30 a 50 glân-
436
EDUCAÇÃO FÍSICA

dulas). Assim, o músculo liso e a


cápsula que o reveste se contra-
em, forçando o líquido prostático
em direção à parte prostática da
uretra. Vale destacar que, como a
uretra atravessa a próstata, a se-
creção das glândulas prostáticas
é lançada diretamente na porção
prostática da uretra.
A próstata se localiza na pelve,
abaixo da bexiga urinária, em po-
sição mediana. Como ela fica pró-
437
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

xima ao reto, pode ser apalpada


por meio do toque retal a fim de
diagnosticar hiperplasia de prós-
tata (DI DIO, 2002).

Figura 11 – Próstata
438
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Quando o homem é diagnosti-


cado com câncer de próstata e
necessita ser submetido a uma
prostatectomia (tratamento con-
vencional da doença que consiste
na retirada do órgão), as chances
de haver impotência sexual real-
mente existem. Todavia quando
o diagnóstico é precoce e a cirur-
gia é bem-sucedida, os riscos de
disfunção erétil são bem meno-
res. Desta forma, a prevenção é o
melhor recurso. Para saber mais,
acesse: <https://www.androlo-
gia.com.br/cancer-de-prostata-
-causa-impotencia-sexual>.
Fonte: a autora.

439
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ducto ejaculatório
O ducto ejaculatório tem aproxi-
madamente 2 cm de comprimen-
to (é o menor segmento das vias
espermáticas). Este órgão ímpar
se forma pela união do ducto da
glândula seminal com o ducto
deferente, atravessa a próstata e
desemboca na parte prostática da
uretra (FREITAS, 2004).

440
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 12 – Ducto ejaculatório

Glândula bulbouretral
A glândula bulbouretral é um ór-
gão par que se localiza à direita
e à esquerda da uretra membra-
441
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nosa, junto ao bulbo do pênis.


Embora seja bastante pequena,
essa glândula desempenha uma
importante função, pois produz
uma secreção mucosa e alcalina
durante o período de excitação
sexual (antes da ejaculação). Esta
secreção, além de lubrificante,
ajuda a neutralizar o pH da ure-
tra e a eliminar resíduos de uri-
na (TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010).
442
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 13 – Glândula bulbouretral

443
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Uretra
A uretra masculina é um tubo si-
nuoso, mediano e longo (cerca de
20 cm de comprimento), consti-
tuído por tecido conjuntivo, mús-
culo liso e mucosa. Apresenta
uma parte pré-prostática (ou in-
tramural), uma parte prostática,
uma parte membranácea e uma
parte esponjosa. No homem, esta
estrutura anatômica é comum
tanto ao sistema urinário quanto
444
EDUCAÇÃO FÍSICA

ao sistema genital masculino.


A uretra prostática se localiza
na próstata e dela recebe secre-
ção prostática e sêmen. A uretra
membranácea penetra a mem-
brana do períneo e termina ao en-
trar no pênis. A uretra esponjosa
começa na extremidade distal da
uretra membranácea, termina no
óstio externo da uretra, é longa
e se localiza dentro do corpo es-
ponjoso do pênis. Nela se abrem
445
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

as glândulas bulbouretrais (MO-


ORE et al., 2014).

Figura 14 – Comparação entre as uretras masculina e feminina

446
EDUCAÇÃO FÍSICA

Pênis
O pênis é um órgão ímpar cuja
principal função é penetrar o sis-
tema genital feminino (por meio
da vagina) e assim permitir o coi-
to para que os espermatozoides
possam ter contato com os game-
tas femininos.
É constituído por três longas
massas cilíndricas de tecido eré-
til (dois corpos cavernosos e um
corpo esponjoso), os quais apre-
447
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

sentam pequenos espaços onde o


sangue fica retido, possibilitando
a ereção. Além desses corpos, o
pênis também apresenta muitos
vasos sanguíneos e linfáticos, e é
revestido por uma pele fina, sen-
sível, elástica e lisa.
O pênis apresenta três regiões
principais. A raiz é a sua porção
fixa, que representa onde esse ór-
gão se origina. O corpo é a sua
parte livre e móvel onde os cor-
448
EDUCAÇÃO FÍSICA

pos cavernosos e o corpo espon-


joso estão. A glande é a sua ex-
tremidade distal dilatada onde o
óstio externo da uretra se abre.
A glande é coberta por uma pele
fina (chamada prepúcio) que for-
ma uma prega retrátil e cuja mo-
bilidade é limitada pelo frênulo
do prepúcio (localizado inferior-
mente). Nela existem glândulas
prepuciais produtoras de esmeg-
ma (uma secreção sebácea de
449
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

odor característico que lubrifica a


glande). Se a abertura do prepú-
cio for estreita a ponto de impe-
dir a exposição da glande (fimo-
se), ocorre desconforto durante o
coito e a higienização do pênis fica
comprometida. Tal fato é maléfi-
co, pois devido à glande apresen-
tar inúmeras glândulas sebáceas e
prepuciais, as secreções podem se
acumular, fazendo com que haja
proliferação de microrganismos
450
EDUCAÇÃO FÍSICA

e, provavelmente, infecção (apa-


rece odor desagradável e prurido/
coceira) (WATANABE, 2000).

Figura 15 – Pênis

451
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Escroto ou bolsa escrotal


O escroto é um órgão ímpar que
se localiza inferiormente à sínfi-
se púbica, atrás do pênis, ficando
pendente na região urogenital.
Esta bolsa fibromuscular cutânea
tem por função principal conter
o testículo fora da cavidade pél-
vica, o que mantém a temperatu-
ra ideal para a espermatogênese
(35 ºC).
A pele do escroto é muito pig-
452
EDUCAÇÃO FÍSICA

mentada, com poucos pelos e


muitas glândulas sebáceas e su-
doríferas, cuja sudorese ajuda a
eliminar o calor. Ela é marcada
externamente por uma “costura”
chamada rafe do escroto. Interna-
mente, o septo do escroto o divi-
de em dois compartimentos onde
o testículo, o epidídimo e a parte
inferior do funículo espermático,
bem como seus envoltórios, ficam
contidos.
453
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Aderida à pele do escroto está


a túnica dartos, formada por fi-
bras musculares lisas fundamen-
tais à termorregulação. A contra-
ção dessas fibras gera um aspecto
enrugado na pele, ajudando os
músculos cremásteres a mante-
rem os testículos mais próximos
do corpo a fim de reduzir a perda
de calor. Isto ocorre com o frio,
por exemplo (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
454
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 16 – Bolsa escrotal

455
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

EREÇÃO E EJACULAÇÃO
A ereção é caracterizada pelo en-
rijecimento do pênis, o qual pas-
sa do estado de flacidez para o de
rigidez a fim de possibilitar o coi-
to. A ejaculação é a eliminação
do sêmen (espermatozoides e lí-
quido seminal) pelo óstio externo
da uretra, o que ocorre habitual-
mente no momento do orgasmo
ou durante o sono (polução no-
turna).
456
EDUCAÇÃO FÍSICA

A ereção é desencadeada por


estímulos físicos (com o toque,
por exemplo) e estímulos psíqui-
cos (por meio de um pensamen-
to relacionado à sexualidade).
Isto porque tais estímulos geram
uma resposta do sistema nervo-
so autônomo parassimpático que
desencadeia a secreção de óxido
nítrico (NO), o qual causa relaxa-
mento dos músculos das artérias
do pênis e, consequentemente, a
457
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

vasodilatação. Tal fato faz com


que o sangue flua rapidamente
para o pênis, ocupando o tecido
erétil de seus corpos cavernosos e
esponjoso.
A ejaculação é desencadeada
pelo sistema nervoso autônomo
simpático, o qual causa a vaso-
constrição arterial e a redução do
fluxo de sangue para os corpos
cavernosos, fazendo com que o
pênis volte ao estado de flacidez.
458
EDUCAÇÃO FÍSICA

O desempenho sexual pode ser


afetado por problemas psicológi-
cos, tensões emocionais e insufi-
ciências vasculares (comum em
idosos, diabéticos, hipertensos,
sedentários e fumantes). O fumo
se destaca por afetar diretamen-
te a função erétil, uma vez que
apresenta poderoso efeito vaso-
constritor. Além disso, quando
associado à predisposição gené-
tica, o fumo pode estar envolvido
459
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

em várias doenças degenerativas


da parede arterial (MOORE et
al., 2014).

460
EDUCAÇÃO FÍSICA

461
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Genital Feminino

462
EDUCAÇÃO FÍSICA

De igual modo ao sistema geni-


tal masculino, o sistema genital
feminino será apresentado nesta
aula com destaque para as suas
funções gerais, a sua divisão e os
seus componentes. Para cada es-
trutura anatômica que o forma,
serão pontuados localização ana-
tômica, principais características
morfológicas e aspectos funcio-
nais mais relevantes.

463
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÕES
O sistema genital feminino atua
junto ao masculino, possibilitan-
do a manutenção do número de
indivíduos da espécie humana. O
feminino é responsável pela for-
mação de gametas, pela passagem
destes pelos genitais, pelo encon-
tro deles (por meio da cópula)
e pela produção de hormônios
(especialmente estrógeno e pro-
gesterona) que garantem as ca-
464
EDUCAÇÃO FÍSICA

racterísticas sexuais secundárias.


Complementarmente, o sistema
genital feminino possibilita o pe-
ríodo gestacional e o trabalho de
parto.

DIVISÃO
O sistema genital feminino apre-
senta órgãos genitais externos e
internos. Os externos são visíveis
à superfície do corpo e incluem
as estruturas da vulva ou puden-
465
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do feminino. Os internos não são


visíveis à superfície do corpo, na
maioria da vezes, ficam dentro da
cavidade pélvica e incluem ová-
rio, tuba uterina, útero e vagina
(MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014).

COMPONENTES
Órgãos internos
Ovário
O ovário é um órgão alojado na
466
EDUCAÇÃO FÍSICA

fossa ovárica que mede cerca de 4


cm na vida adulta, embora tenda
a diminuir de tamanho com o en-
velhecimento. Este órgão par e de
forma oval apresenta consistên-
cia firme (inclusive, esta aumenta
com a idade) e a sua função é pro-
duzir gametas femininos (ovó-
citos) e hormônios (estrógeno e
progesterona) a partir da puber-
dade.

467
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O ovário é envolto por uma cáp-


sula de tecido conjuntivo chama-
da túnica albugínea. Nas mulhe-
res pré-púberes, a sua superfície
externa é lisa e rosada, porém as
sucessivas ovulações lhe causam
fibrose e distorções por cicatrizes,
além de lhe conferir um aspec-
to branco/acinzentado e rugoso
(DANGELO; FATTINI, 2011).

468
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 17 – Ovário

Tuba uterina
A tuba uterina é um órgão tubu-
lar com cerca de 10 cm de com-

469
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

primento e uma luz bastante es-


treita. A sua extremidade medial
se comunica com o útero e a sua
extremidade lateral se comunica
com a cavidade peritoneal.
Ela apresenta quatro partes prin-
cipais: infundíbulo, ampola, istmo
e parte uterina. O infundíbulo é
a sua extremidade distal, alonga-
da, justaposta ao ovário, móvel e
com franjas (fímbrias). A ampo-
la é a sua parte mais longa e lar-
470
EDUCAÇÃO FÍSICA

ga, móvel e onde normalmente a


fecundação ocorre. Istmo é uma
porção estreita, de parede espes-
sa e que penetra o útero. A parte
uterina atravessa a parede do úte-
ro e se abre na cavidade uterina.
Internamente, a tuba apresenta
pregas longitudinais (pregas tu-
bárias) que lhe dão um aspecto
labiríntico útil para a captação e o
transporte do ovócito e do esper-
matozoide por meio de seu com-
471
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

primento. Assim, a sua principal


função é transportar os ovócitos
e os espermatozoides (FREITAS,
2004).

Figura 18 – Tuba uterina (externa e internamente)

472
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

A laqueadura é um procedimen-
to voluntário de esterilização de-
finitiva da mulher. Esta técnica
promove a obstrução das tubas
uterinas, impedindo o processo
de fecundação. Para saber mais,
acesse: <https://minutosaudavel.
com.br/laqueadura/>.
Fonte: a autora.

Útero
O útero tem a forma de uma pera
invertida, se localiza na pequena
pelve (entre a bexiga urinária e
473
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o reto), onde é envolto pelo liga-


mento largo do útero. A sua for-
ma, o seu tamanho e a sua posi-
ção variam com a idade, com o
estado gestacional e a vacuidade
da bexiga e do reto.
Este órgão cavitário é eminen-
temente muscular e apresenta
aproximadamente 7 cm de com-
primento, 5 de largura e 90 g de
peso. Embora de dimensões pe-
quenas, ele pode aumentar o seu
474
EDUCAÇÃO FÍSICA

tamanho para abrigar o feto, in-


clusive gêmeos, trigêmeos etc.
Assim, as suas principais funções
são alojar o embrião para que este
se desenvolva durante o período
gestacional e, por meio de fortes
contrações de suas paredes mus-
culares, possibilite o parto natu-
ral ou normal (via vaginal).
O útero apresenta corpo (a sua
parte principal, em cujo interior
está a cavidade uterina) e colo (que
475
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

inferiormente se projeta para a


vagina). Estas partes são separa-
das pelo istmo do útero.
Perimétrio, miométrio e endo-
métrio são as três camadas da pa-
rede do corpo do útero. Enquanto
o perimétrio é externo, o miomé-
trio forma a maior parte de sua
parede (constituído de músculo
liso), e o endométrio é sua camada
mucosa interna que participa do
ciclo menstrual. Mensalmente, o
476
EDUCAÇÃO FÍSICA

endométrio se prepara para rece-


ber o zigoto, tornando-se espesso
e rico em capilares. Se a fecunda-
ção não ocorrer, este espessamen-
to se descama, fazendo com que o
sangue seja eliminado pelo óstio
da vagina (menstruação).
O útero e a vagina formam en-
tre si um ângulo de cerca 90º, e
ele se flete anteriormente em re-
lação ao seu próprio colo. Este
posicionamento é importante
477
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

para possibilitar o período ges-


tacional sem intercorrências, e é
mantido por ligamentos. Todavia
o envelhecimento e a menopausa
podem tornar esses ligamentos
menos resistentes e mais flácidos
(devido a menor produção de es-
trógeno e à redução na síntese de
colágeno), fazendo com que haja
prolapso uterino e/ou vesical (ou
seja, útero e bexiga urinária po-
dem sair de suas posições e mi-
478
EDUCAÇÃO FÍSICA

grarem a favor da gravidade). Em


alguns casos, cirurgias corretivas
são necessárias (DI DIO, 2002).

Figura 19 – Útero e vagina

479
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Vagina
A vagina (cujo significado é “bai-
nha”) é o órgão de cópula, pois a
sua função é abrigar o pênis du-
rante o coito. Adicionalmente, a
vagina é um tubo musculomem-
branáceo que forma um canal de
passagem para os produtos mens-
truais e representa a parte inferior
do canal de parto.
A vagina é um órgão interno, ím-
par, mediano, que mede aproxi-
480
EDUCAÇÃO FÍSICA

madamente 8 cm de comprimen-
to e cujas paredes normalmente
ficam colabadas (aderidas). Lo-
calizada à frente do reto e atrás
da bexiga urinária e da uretra, ela
tem direção oblíqua para baixo e
para frente e, por isto, a sua pare-
de anterior é mais curta do que a
posterior.
A sua comunicação com o meio
externo ocorre por meio do óstio
da vagina, e nas mulheres virgens,
481
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ele é parcialmente fechado pelo


hímen. O hímen é uma fina mem-
brana de tecido conjuntivo pouco
vascularizado, cuja ruptura não é
dolorosa e nem provoca hemor-
ragia. Após a sua ruptura, perma-
necem pequenos fragmentos cha-
mados carúnculas himenais.
A vagina é constituída por uma
túnica externa de tecido conjunti-
vo, uma média de músculo liso e,
internamente, por uma mucosa. A
482
EDUCAÇÃO FÍSICA

camada mucosa é resistente, elás-


tica, apresenta glândulas produto-
ras de muco e nela existem células
que, sob a ação do estrógeno, sin-
tetizam glicogênio e partículas de
gorduras que são utilizados por
lactobacilos da flora vaginal para
a produção de ácido lático. Este
ácido baixa o pH da vagina prote-
gendo-a contra microrganismos
e paralisando os espermatozoi-
des. Além disso, na mucosa exis-
483
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tem rugas vaginais que melhoram


a adesão ao pênis durante o coito.
Todavia tais rugas tendem a de-
saparecer com o envelhecimento
e com a fraqueza do músculo liso
que forma a sua camada média
(MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014).

ÓRGÃOS EXTERNOS
As estruturas anatômicas externas
do sistema genital feminino rece-
484
EDUCAÇÃO FÍSICA

bem o nome de vulva ou pudendo


feminino. São elas: o monte do pú-
bis, os lábios maiores e menores do
pudendo, o clitóris, o bulbo do ves-
tíbulo e as glândulas vestibulares
maiores e menores. Essas estruturas
orientam o fluxo da urina, evitam
a entrada de material estranho no
aparelho urogenital e atuam como
tecido sensitivo e erétil para a exci-
tação e a relação sexual (TORTO-
RA; DERRICKSON; WERNECK,
2010). 485
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 20 – Vulva

Monte do púbis
O monte do púbis é uma região
anterior à sínfise púbica, contí-
nua à parede abdominal, consti-
486
EDUCAÇÃO FÍSICA

tuída principalmente de tecido


adiposo e de pelos espessos. Os
pelos se formam após a puber-
dade e a quantidade de tecido
adiposo apresentada é significa-
tivamente maior na puberdade,
tendendo a diminuir após a me-
nopausa.

Lábio maior do pudendo


O lábio maior do pudendo é um
prega cutânea alongada no senti-
487
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do ântero-posterior, cuja princi-


pal função é dar proteção indire-
ta ao clitóris, ao óstio da uretra e
ao óstio da vagina. Ele é constitu-
ído de tecido conjuntivo frouxo e
músculo liso, e após a puberdade,
apresenta-se hiperpigmentado,
com glândulas sebáceas e pelos
(exceto em sua face interna, que
permanece sempre lisa e rosada).

488
EDUCAÇÃO FÍSICA

Lábio menor do pudendo


O lábio menor do pudendo tam-
bém é uma prega cutânea alon-
gada no sentido ântero-posterior
e que se posiciona medialmente
aos lábios maiores do pudendo.
Entre os lábios menores do pu-
dendo direito e esquerdo (região
chamada de vestíbulo da vagina)
se localizam o óstio externo da
uretra, o óstio da vagina e os ori-

489
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

fícios dos ductos das glândulas


vestibulares.
Esses lábios são constituídos de
tecido conjuntivo esponjoso con-
tendo tecido erétil, diversos vasos
sanguíneos pequenos, glândulas
sebáceas e terminações nervosas
sensitivas. A sua pele é lisa, úmi-
da e vermelha, e em crianças e
idosas, tendem a ser mais volu-
mosos do que os lábios maiores
devido a uma grande quantidade
490
EDUCAÇÃO FÍSICA

de tecido adiposo em sua estru-


tura.

Clitóris e bulbo do vestíbulo


O clitóris e o bulbo do vestíbulo
são formados por tecido especial
capaz de se ingurgitar de sangue
(ou seja, estas estruturas podem
se dilatar, tornando-se eréteis) e,
por isto, são considerados análo-
gos aos corpos cavernosos do pê-
nis. Tal ingurgitamento confere à
491
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

mulher uma sensação de edema


ou peso na região pudenda duran-
te o período de excitação sexual.
Em termos funcionais, o clitóris
é uma estrutura sensível e ligada
à excitabilidade sexual. Em ter-
mos constitucionais, ele apresen-
ta duas extremidades (ramos do
clitóris) que se unem formando
o corpo do clitóris. Este, por sua
vez, termina em uma dilatação
conhecida como glande do clitó-
492
EDUCAÇÃO FÍSICA

ris (visível à frente dos lábios me-


nores).
O bulbo do vestíbulo, em termos
funcionais, está relacionado à me-
lhora do contato entre o pênis e a
vagina durante o coito devido ao
seu ingurgitamento de sangue e à
sua consequente dilatação. Em ter-
mos constitucionais, ele é formado
por duas massas de tecido erétil,
alongadas e dispostas como uma
ferradura ao redor do óstio da va-
493
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

gina (não é visível à superfície ex-


terna do corpo, pois é profundo e
recoberto por músculos).

Glândulas vestibulares maiores


e menores
As glândulas vestibulares maio-
res são duas glândulas profundas
cujos ductos se abrem entre os
lábios menores do pudendo. Elas
produzem uma secreção mucosa

494
EDUCAÇÃO FÍSICA

que lubrifica esta região e a parte


inferior da vagina durante o perí-
odo de excitação sexual e o coito
(devido à sua compressão).
As glândulas vestibulares meno-
res apresentam-se em número va-
riável, e os seus minúsculos ductos
se abrem entre o óstio da uretra
e o óstio da vagina. É importan-
te enfatizar que as secreções das
glândulas vestibulares maiores e

495
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

menores tornam as estruturas da


vulva úmidas e propícias à pene-
tração.

MAMAS
As mamas não pertencem ao sis-
tema genital feminino, e sim, ao
sistema tegumentar (que estuda
estruturas como pele e unha). To-
davia as mamas se desenvolvem
junto com os órgãos do sistema
genital feminino, influenciadas
496
EDUCAÇÃO FÍSICA

pelos hormônios sexuais femi-


ninos e tendo o seu desenvolvi-
mento mais expressivo durante a
puberdade.
Assim, as mamas são anexos de
pele situados à frente dos múscu-
los da região peitoral. São cons-
tituídas por glândulas mamárias,
tecido conjuntivo (inclusive teci-
do adiposo) e pele. As suas glân-
dulas são especializadas na pro-
dução de leite após a gestação.
497
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O tecido conjuntivo dá susten-


tação à mama e o tecido adipo-
so está diretamente relacionado
ao tamanho e à forma dela. A sua
pele é fina e apresenta glândulas
sebáceas e sudoríparas (TORTO-
RA; DERRICKSON; WERNE-
CK, 2010).
Anatomicamente, elas apresen-
tam dois acidentes anatômicos
principais, a papila e a aréola. A
papila mamária é uma projeção
498
EDUCAÇÃO FÍSICA

composta principalmente de fi-


bras musculares lisas onde de-
sembocam os ductos lactíferos.
Ela é muito inervada e pode se
tornar rija em decorrência da
contração de seus músculos. A
aréola da mama é uma região
bastante pigmentada que fica ao
redor da papila e contém grande
número de glândulas sudorípa-
ras e sebáceas. Nela existem pe-
quenas saliências visíveis e pal-
499
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

páveis (chamadas tubérculos)


que marcam o ponto onde os
ductos lactíferos desembocam
(MOORE et al., 2014).
Durante a gravidez, é comum
que a aréola fique mais escura e
que o volume da mama triplique
em função dos hormônios libe-
rados neste período (prolactina e
ocitocina, por exemplo). Sucessi-
vas gestações e amamentações e
o envelhecimento fazem com que
500
EDUCAÇÃO FÍSICA

as aréolas se tornem peduncula-


das devido à perda de elasticida-
de das estruturas de sustentação,
causando ptose mamária.
Embora os homens apresentem
mamas, elas tendem a ser pouco
desenvolvidas em condições nor-
mais. Todavia, em caso patológi-
co, a ginecomastia faz com que as
mamas se desenvolvam, o que ne-
cessita, por vezes, de cirurgia re-
paradora. É importante pontuar
501
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

que o termo “seios” não deve ser


usado para se referir às mamas.

Figura 21 – Mama (vista anterior e lateral)

502
EDUCAÇÃO FÍSICA

PERÍNEO
Períneo é o conjunto de partes
moles (de forma losângica) que
fecha inferiormente a pelve ós-
sea, auxiliando na sustentação
das vísceras pélvicas. Na mulher,
ele é atravessado pela uretra, pela
vagina e pelo reto; no homem, ele
é atravessado apenas pela uretra
e pelo reto (DI DIO, 2002).
Considerando que o períneo
está relacionado à sustentação das
503
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

vísceras, é importante que ele seja


fortalecido a fim de evitar pro-
lapso visceral. Portanto, contrair
o períneo ao caminhar, ao fazer
exercícios físicos ou ao levantar é
essencial.

504
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 22 – Períneo

505
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao término desta unidade, você


deve estar apto(a) para listar to-
das as estruturas anatômicas que
compõem o sistema genital femi-
nino, as suas localizações, inter-
-relações e funcionalidades. Além
disso, é importante que você te-
nha em mente que, para a manu-
tenção do número de indivíduos
da espécie, o sistema genital mas-
culino deve agir em conjunto.

506
considerações finais

A manutenção adequada da com-


posição dos líquidos do corpo é
um processo complexo que deve
garantir que não haja perdas des-
necessárias ou acúmulos excessi-
vos de água, eletrólitos e não ele-
trólitos (como colesterol, glicose,
ureia, ácido lático, ácido úrico,
creatinina, bilirrubina e sais bi-
liares, por exemplo).
Desta forma, a homeostasia de-
pende diretamente da ação do
507
considerações finais

sistema urinário, o qual realiza


sucessivas filtragens do plasma
para formar e eliminar a urina
por meio da micção quando ne-
cessário, mantendo, assim, valo-
res normais de pressão arterial.
Por isto, anormalidades nesse
sistema podem causar a morte e
justificar a quantidade de pessoas
dependentes de hemodiálise ou
no aguardo de um transplante de
rim. Desta forma, o sistema uri-
508
considerações finais

nário exerce função vital.


Os sistemas genitais masculino
e feminino são responsáveis por
manter o número de indivídu-
os da espécie. Embora o sistema
genital feminino seja mais com-
plexo do que o masculino (pois
apresenta o útero para abrigar o
ser vivo em formação), as funções
do sistema genital masculino são
mais longínquas e apresentam
ação sinérgica e interdependente.
509
considerações finais

A integridade das estruturas


anatômicas que compõem esses
sistemas influencia diretamen-
te na viabilidade da reprodução
natural. Por isto, doenças vascu-
lares, disfunções hormonais, má
formação de órgãos, endometrio-
se, ovário policístico, doenças se-
xualmente transmissíveis (DSTs)
e etc. podem inviabilizar a repro-
dução.

510
considerações finais

O pleno conhecimento anatô-


mico e fisiológico das estruturas
que compõem tanto o sistema
urinário quanto os sistemas geni-
tais garante não só o tratamento
adequado para tais males, mas a
prevenção destes.
Por isto, todo o(a) profissional/
professor(a) de Educação Física
deve ser exímio(a) conhecedor(a)
dos aspectos de normalidade e
anormalidade de tais sistemas a
511
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

fim de garantir orientação ade-


quada. Neste contexto, o(a) pro-
fissional de Educação Física deve
se mostrar apto(a) a dar esclare-
cimentos sobre DSTs, prevenção
gestacional e vários outros aspec-
tos importantes desses sistemas.
Portanto, bom estudo para você!

512
atividades de estudo

1. “Vários produtos nocivos


para o organismo são levados
aos rins por meio do sangue.
Esses rins os retiram da cir-
culação e os expulsam pelas
vias urinárias. Rins e vias uri-
nárias constituem o sistema
urinário, o qual é de grande
eficácia na depuração do or-
ganismo. Sobre este sistema,
assinale a alternativa correta:
a) A uretra feminina e a ure-
tra masculina pertencem
tanto ao sistema urinário
quanto ao sistema genital
feminino e masculino, res-
pectivamente.

513
atividades de estudo

b) A uretra é considerada
uma estrutura urocondu-
tora, ou seja, faz parte das
vias urinárias.
c) O ureter pertence tanto
ao sistema urinário quan-
to ao sistema genital mas-
culino, pois é por ele que
passam a urina e o sêmen.
d) A bexiga urinária é consi-
derada uma estrutura uro-
poiética, pois apresenta re-
lação direta com a produção
da urina.
e) O rim é considerado uma
estrutura urocondutora e,
por isto, faz parte das vias
urinárias.
514
atividades de estudo

2. O sistema genital é um con-


junto de órgãos responsáveis
pela produção de gametas e
hormônios sexuais secundá-
rios, cuja finalidade é a repro-
dução da espécie. Sobre esse
sistema, assinale a alternativa
correta:
a) As glândulas seminais são
consideradas as principais
glândulas do sistema geni-
tal masculino, pois produ-
zem a maior quantidade de
líquido seminal eliminado
durante a ejaculação.
b) Ao contrário do propos-
to anteriormente, as glân-
dulas bulbouretrais são
consideradas as principais
515
atividades de estudo

glândulas do sistema geni-


tal masculino, pois produ-
zem a maior quantidade de
líquido seminal eliminado
durante a ejaculação.
c) Contrariando as alterna-
tivas anteriores, a principal
glândula do sistema genital
masculino é a próstata, pois
ela produz a maior quanti-
dade de líquido seminal eli-
minado durante a ejacula-
ção.
d) A vasectomia é uma ci-
rurgia na qual o ducto de-
ferente é seccionado bila-
teralmente. Embora este
procedimento seja de fato
útil para a esterilização do
516
atividades de estudo

homem, pacientes subme-


tidos a tal prática perdem a
capacidade de ejaculação,
embora a sensação de or-
gasmo seja mantida.
e) A parte esponjosa da ure-
tra percorre o corpo espon-
joso do pênis. Além deste
corpo, o pênis apresenta
outros dois (os corpos ca-
vernosos), os quais estão
diretamente relacionados
à capacidade de percep-
ção do orgasmo masculino.
3. O sistema genital engloba os
órgãos que produzem, trans-
portam e armazenam as cé-
lulas germinativas, que são as
517
atividades de estudo

responsáveis por originar os


gametas. Sobre esse sistema,
assinale a alternativa correta:
a) As secreções das glându-
las vestibulares maiores e
menores são lançadas no
monte do púbis.
b) Clitóris, óstio da vagina e
óstio externo da uretra são
estruturas da vulva ou pu-
dendo feminino. Em ordem,
se posicionam sequencial-
mente no sentido ântero-
-posterior.
c) Clitóris, óstio externo da
uretra e óstio da vagina são
estruturas da vulva ou pu-
dendo feminino. Em ordem,
se posicionam sequencial-
518
atividades de estudo

mente no sentido ântero-


-posterior.
d) Estrógeno (ou estrogênio)
e a progesterona são os
principais hormônios sexu-
ais femininos, pois determi-
nam vários acontecimentos
dos ciclos femininos, além
das características sexuais
secundárias. A produção
desses hormônios é reali-
zada pelo útero.
e) A produção dos hormô-
nios sexuais femininos é re-
alizada pela tuba uterina.

519
atividades de estudo

4. Ainda em referência aos sis-


temas genitais masculino e
feminino, assinale a alternati-
va correta:
a) O monte do púbis, os lá-
bios maiores e os lábios
menores do pudendo são
constituídos principalmen-
te por tecido ósseo.
b) A manutenção do pH va-
ginal básico é importante,
pois evita a proliferação de
microrganismos patogêni-
cos.
c) Durante o parto natural, é
necessário que o bebê pas-
se pelo ovário, pela tuba
uterina, pelo útero e, poste-
riormente, pela vagina.
520
atividades de estudo

d) A produção de esmegma
é realizada pelas glândulas
prepuciais. Tal secreção é
importante, pois possibilita
a adequada lubrificação da
glande.
e) O bulbo do vestíbulo e
o clitóris não apresentam
ereção.
5. Ainda em referência ao sis-
tema genital masculino, faça
a associação correta entre as
colunas a seguir:
I - Parte prostática da ure-
tra.
II - Ducto deferente.
III - Parte esponjosa da ure-
tra.
521
atividades de estudo

IV - Glândula seminal.
V - Glândula bulbouretral.
( ) Produz uma secreção
liberada previamente à ejacu-
lação a fim de limpar a uretra
de resíduos de urina e ajustar
o pH deste canal.
( ) Recebe as secreções
prostáticas que constituirão
o sêmen.
( ) Conduz os espermato-
zoides em direção ao ducto
ejaculatório.
( ) Recebe as secreções
das glândulas bulbouretrais.
( ) Produz grande quan-
tidade do líquido eliminado
durante a ejaculação.
522
atividades de estudo

A sequência correta para a


resposta da questão é:
a) I, II, III, IV e V.
b) V, I, II, III e IV.
c) II, I, IV, V e III.
d) V, II, I, IV e III.
e) IV, I, II, III e V.

523
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o artigo indicado que abor-


da como a prática regular e bem
orientada de exercícios físicos
pode beneficiar doentes renais
submetidos ao tratamento de
hemodiálise em relação ao con-
trole da hipertensão arterial, da
capacidade funcional, da função
cardíaca, da força muscular e,
consequentemente, da qualida-
de de vida.
Pacientes portadores de doença
renal crônica (DRC) submetidos a
tratamento dialítico apresentam
alterações físicas e psicológicas
que predispõem ao sedentaris-

524
LEITURA
COMPLEMENTAR

mo. Nesta população, a prescri-


ção rotineira de exercícios físicos
não é uma prática frequente, es-
pecialmente no nosso país. No
entanto, alguns autores têm de-
monstrado que um programa de
exercícios para estes pacientes
contribui para o melhor controle
da hipertensão arterial, da capa-
cidade funcional, da função car-
díaca, da força muscular e, con-
sequentemente, da qualidade de
vida. Além dos benefícios relacio-
nados ao sistema cardiovascular,
a realização do exercício traz be-
nefícios secundários, pois quebra

525
LEITURA
COMPLEMENTAR

a monotonia do procedimento,
melhora aderência e pode au-
mentar a eficácia da diálise. Na
presente revisão, os autores dis-
cutem aspectos da realização de
exercícios físicos em pacientes
portadores de DRC em diálise e
apresentam dados iniciais de sua
experiência com a aplicação de
exercícios supervisionados du-
rante as sessões de hemodiálise.
O número de pacientes com do-
ença renal crônica (DRC) em todo
o mundo tem aumentado em
proporções alarmantes, ocasio-
nando um importante problema

526
LEITURA
COMPLEMENTAR

de saúde pública. No Brasil, de


1994 a 2005, o número de pa-
cientes em hemodiálise (HD) e
diálise peritoneal elevou-se de
24.000 para 65.121. Como con-
seqüência, do número crescen-
te de doentes renais crônicos,
os gastos do Ministério da saúde
com a terapia renal substituti-
va são de aproximadamente 1,4
bilhão de reais por ano, quantia
esta correspondente a cerca de
10% do orçamento global desse
ministério.
Nessa população, as doenças car-
diovasculares (DCV) representam

527
LEITURA
COMPLEMENTAR

a principal causa de morbidade e


de mortalidade. Além disso, con-
tribuem sobremaneira para a di-
minuição da capacidade funcional,
para a baixa tolerância ao exercí-
cio e, conseqüentemente, para a
dificuldade de realização das ati-
vidades da vida diária. Além das
DCV, também contribuem para a
diminuição da capacidade funcio-
nal em pacientes renais crônicos,
a uremia, a anemia, a fraqueza
muscular, o sedentarismo, a des-
nutrição, entre outros. Utilizan-
do o consumo máximo de oxigê-
nio (VO2 máx) para avaliação da

528
LEITURA
COMPLEMENTAR

capacidade funcional, Painter et


al. verificaram que pacientes em
HD possuem um valor médio de
64% do VO2 máx da média de in-
divíduos sadios, sedentários e da
mesma faixa etária. Outros auto-
res demonstraram que o índice de
mortalidade nestes pacientes au-
menta quando o VO2 máx atinge
valores menores do que 17,5mL/
kg/min(4).

Fonte: Reboredo et al. (2007).

529
material complementar

Indicação para Acessar

O link do vídeo apresenta o pro-


cesso de ovulação, de fecun-
dação e as primeiras divisões
mitóticas responsáveis pela
formação do embrião. De igual
modo, apresenta o processo de
implantação do embrião no en-
dométrio uterino. É um filme
curto (tem menos de dois mi-
nutos de duração), porém mui-
to didático, pois retrata visual-
mente o milagre da concepção
e do início do desenvolvimento
da vida. Espero que você assista
e goste! Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=A-
vYFm3MXpQM>.

530
referências

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistê-


mica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada - prin-
cípios básicos e sistêmicos: esquelético, articular e muscular. 2.
ed. v. 1. São Paulo: Atheneu, 2002.
FREITAS, V. Anatomia: conceitos e fundamentos. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia hu-
mana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2014.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO,
C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014.
REBOREDO, M. M.; HENRIQUE, D. M. N.; BASTOS, M. G.;
PAULA, R. B. Exercício físico em pacientes dialisados. Rev.
Bras. Med. Esporte, v. 13, n. 6, p. 427-430, nov./dez. 2007.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v13n6/14.
pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L.

531
referências

Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2010.
WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9.
ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

532
gabarito

1. B.
2. A.
3. C.
4. D.
5. B

533
APARELHO LOCOMOTOR

Professora Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema esquelético
• Sistema articular
• Sistema muscular

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes do
sistema esquelético: generalidades dos ossos, funções do esqueleto, divisões
do esqueleto, tipos de ossos quanto à forma, à constituição e à arquitetura dos
ossos, crescimento ósseo, nutrição e inervação óssea, processo de ossificação,
fratura e reparo ósseo, acidentes anatômicos dos ossos e principais ossos do
corpo humano.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes
do sistema articular: definição, funções e classificação das articulações, tipos
e movimentos das articulações sinoviais, vascularização e inervação das
articulações, fatores que afetam o contato e a amplitude de movimento das
articulações sinoviais e envelhecimento articular.
• Elucidar os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes
do sistema muscular: funções musculares, tipos de músculos com ênfase
no músculo estriado esquelético (MEE), tipos de contração e classificação
funcional do MEE, vascularização e inervação muscular, generalidades do
sistema muscular, órgãos anexos do sistema muscular e principais músculos
do corpo humano.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

O
s sistemas esquelético,
articular e muscular
constituem o chama-
do aparelho locomo-
tor. Eles agem de maneira coor-
denada e dependente do sistema
nervoso para possibilitar os mo-
vimentos voluntários e involun-
tários, as correções posturais e o
equilíbrio do corpo.
Ossos e cartilagens for-
mam o sistema esqueléti-
co, o qual é estudado pela
osteologia. Por sua vez,
o sistema articular é for-
mado pelas articulações
(ou junturas), as quais
são estruturas que fazem
a conexão entre duas ou
mais partes rígidas do es-
queleto (como ossos, cartilagens
e dentes), sendo este sistema es-
tudado pela artrologia. Por fim,
o sistema muscular é constituído
pelos músculos do corpo e os seus
órgãos anexos (fáscias de revesti-
mento, bolsas sinoviais, bainhas
fibrosas e sinoviais que revestem
os tendões dos músculos) e é es-
tudado pela miologia. Os movi-
mentos do corpo humano são es-
tudados pela cinesiologia.
Quando ocorre a adequada atu-
ação desses três sistemas, é possí-
vel que ossos, articulações e mús-
culos se complementem a fim de
que o desempenho funcional seja
garantido. Adicionalmente, os os-
sos suportam e dão forma ao cor-
po, protegem os órgãos internos,
são movimentados pelos múscu-
los que neles se inserem, armaze-
nam íons (como cálcio e fosfato),
fabricam células do sangue (por
meio da medula óssea) e absor-
vem toxinas (evitando danos he-
páticos e renais, por exemplo).
A maioria das articulações rela-
ciona-se aos movimentos. Já os
músculos (que constituem quase
metade do peso corporal do in-
divíduo), além de gerarem ativa-
mente movimentos por meio da
tração óssea exercida nas arti-
culações, atuam na coordenação
motora, no tônus muscular, no
peristaltismo e na produção de
calor pelo corpo.
Nesta unidade, abordaremos os
principais aspectos dos sistemas
formadores do aparelho locomo-
tor relacionando-os à prática do
exercício físico. Assim, fique aten-
to(a) ao conteúdo programático e
aproveite. Bom estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Esquelético

542
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os ossos, em conjunto, pesam 12


kg no homem adulto, em média.
Eles têm formatos variados, e em-
bora rígidos, os ossos são plásti-
cos (se adaptam a estruturas vi-
zinhas). A sua quantidade varia
conforme a idade. Na criança,
por exemplo, existem 350 ossos,
os quais se fundem com o tempo,
fazendo com que o adulto apre-
sente apenas 206. Exemplo dessa
junção ocorre no sacro, no osso
543
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do quadril e no osso frontal. No


entanto pode haver variações se o
indivíduo tiver dedos ou costelas
a mais ou a menos e se os crité-
rios de contagem forem diferen-
ciados.
Além dos ossos convencionais
existem alguns ossos especiais,
por exemplo, os suturais, que se
posicionam entre as suturas do
crânio, e os ossos heterotópicos,
que se formam em meio a tecidos
544
EDUCAÇÃO FÍSICA

moles, como os músculos (MO-


ORE et al., 2014).

FUNÇÕES DO ESQUELETO
Os ossos desempenham funções
importantes, inclusive algumas
vitais. Assim, o esqueleto possibi-
lita movimentos (são tracionados
pelos músculos), suporta o peso
corporal, dá forma aos diferentes
segmentos do corpo, protege os
órgãos internos, armazena íons
545
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

(como cálcio, fosfato e magnésio,


os quais são essenciais à sinapse
e à contração muscular), sinteti-
za células sanguíneas (por meio
da medula óssea vermelha que se
localiza em seu interior) e absor-
ve toxinas, diminuindo os efeitos
deletérios destes compostos em
outros tecidos, como fígado e rins
(DANGELO; FATTINI, 2011).

546
EDUCAÇÃO FÍSICA

ESQUELETO AXIAL E ES-


QUELETO APENDICULAR
O esqueleto axial é formado por
ossos localizados na região cen-
tral do corpo como os ossos da ca-
beça (crânio), pescoço (osso hioi-
de e vértebras cervicais) e tronco
(osso esterno, costelas, vértebras
e sacro).
O esqueleto apendicular é for-
mado por ossos localizados nas
extremidades do corpo (membros
547
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

superiores e inferiores), incluin-


do os ossos dos cíngulos (escápu-
la, clavícula e ossos do quadril)
(MOORE et al., 2014).

548
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 – Esqueleto axial e esqueleto apendicular


549
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

TIPOS DE OSSOS QUANTO À


FORMA
Considerando o comprimento,
a largura e a espessura dos os-
sos, eles podem ser classificados
como longos (tubulares), curtos
(cuboides), laminares (planos),
irregulares, sesamoides ou pneu-
máticos.
Os longos têm o comprimen-
to maior em relação à largura e à
espessura, para abrigar a medu-
550
EDUCAÇÃO FÍSICA

la óssea, têm uma cavidade cen-


tral chamada cavidade medular
e apresentam uma parte central
chamada diáfise e duas extremi-
dades chamadas epífises. A epífise
proximal fica próxima ao cíngulo
do membro, e a distal se localiza
longe deste. Entre as epífises e a
diáfise está a metáfise. Fêmur, rá-
dio, ulna, tíbia e fíbula são alguns
exemplos deste tipo de osso. Vale

551
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

destacar que ossos cujo compri-


mento predomina, mas que não
têm cavidade medular, são cha-
mados de alongados.
Ossos curtos têm os diâmetros
equivalentes. É o que ocorre, por
exemplo, com os ossos carpais e
tarsais. Por outro lado, os ossos
laminares são largos e finos, e ge-
ralmente têm função protetora
como alguns ossos do crânio (pa-
rietal, por exemplo).
552
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os irregulares têm formatos va-


riados e nenhum diâmetro pre-
domina. É o caso das vértebras e
de alguns ossos da face. Já os se-
samoides (também chamados in-
tratendíneos ou periarticulares)
são encontrados onde os tendões
cruzam as extremidades dos ossos
longos a fim de protegê-los con-
tra desgastes, podendo, inclusive,
mudar o seu ângulo de inserção (a
patela é um exemplo característi-
553
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

co, mas algumas pessoas podem


apresentar outros ossos sesamoi-
des nas mãos e nos pés como va-
riação anatômica).
Os ossos pneumáticos locali-
zam-se no crânio (frontal, maxi-
la, esfenoide e etmoide), apresen-
tam cavidades (seios) revestidas
por mucosa e contendo ar. Es-
ses seios podem ser chamados de
seios da face ou seios paranasais,
pois drenam o seu conteúdo mu-
554
EDUCAÇÃO FÍSICA

coso para a cavidade nasal (WA-


TANABE, 2000).

Figura 2 – Comparação entre os tipos de ossos: a) exemplo


de osso irregular b) exemplo de osso sesamoide c) exemplo
de osso longo
555
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

CONSTITUIÇÃO E ARQUITE-
TURA DOS OSSOS
Os ossos são vivos, dinâmicos e
têm um metabolismo muito ati-
vo. Na verdade, eles se renovam,
em média, a cada dois anos. As-
sim, podemos inferir que o fêmur
que te sustenta hoje não é o mes-
mo que te sustentava há dois anos
nem será o mesmo que te susten-
tará daqui a dois anos.
O tecido ósseo é constituído por
556
EDUCAÇÃO FÍSICA

três componentes principais: água,


matriz óssea orgânica e matriz
óssea inorgânica. A proporção de
água é maior em recém-nascidos
e crianças e diminui à medida que
ocorre o envelhecimento, de for-
ma que equivale a 25% no adulto
(esta é uma das causas de os ossos
serem mais frágeis em idosos). A
matriz orgânica (também 25%) é
rica em proteínas (proteoglicanas
e colágeno). Ela dá resistência à
557
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tensão e à tração às quais os ossos


estão sujeitos, ou seja, é respon-
sável pela maleabilidade destes.
Se não estiver presente, doenças
como a dos ossos de vidro podem
surgir, fazendo com que os ossos
sejam frágeis, quebradiços e não
resistam à tensão e à tração que
os músculos lhes impõem. A ma-
triz inorgânica (cerca de 50% da
estrutura óssea) é constituída por
minerais como fosfato de cálcio e
558
EDUCAÇÃO FÍSICA

carbonato de cálcio, os quais dão


resistência à compressão. Assim,
a deficiência dessa matriz poderá
fragilizá-los.
As trabéculas ósseas podem se
dispor bem próximas ou mais
distantes umas das outras. No
primeiro caso, forma-se o tecido
ósseo compacto ou cortical, que
é bem resistente e, por isto, tem
alta capacidade de sustentação de
peso. No segundo caso, forma-se
559
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o tecido ósseo esponjoso ou tra-


becular, que é altamente poroso e
adaptado à absorção de impacto.

Figura 3 – Osso compacto e esponjoso

560
EDUCAÇÃO FÍSICA

A distribuição de substância ós-


sea compacta e esponjosa não é
uniforme para todos os ossos,
pois depende das solicitações
biomecânicas, ou seja, varia com
a função do osso, com a tração e
com a pressão a que está sujeito.
Assim, embora os ossos tenham
uma fina camada externa de teci-
do compacto e uma massa central
de tecido esponjoso, ossos longos
que suportam peso têm maior
561
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

quantidade de tecido compacto


próximo à parte média da diáfi-
se, onde tendem a se curvar (di-
ferentemente do que acontece em
outros ossos longos que não rece-
bem grandes descargas de peso,
ou nos ossos carpais e tarsais).
Tal fato deve ser considerado ao
prescrever exercícios físicos para
pessoas tetraplégicas que perde-
ram a capacidade de manter o or-
tostatismo. Por outro lado, atletas
562
EDUCAÇÃO FÍSICA

têm estrutura óssea diferenciada


em relação a indivíduos seden-
tários, pois são constantemente
submetidos à descarga de peso e à
tração óssea (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
Vale destacar que os ossos planos
do crânio têm a sua arquitetura
adaptada à proteção do encéfalo
alojado em seu interior. Assim,
entre as duas lâminas de substân-
cia óssea compacta que esses os-
563
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

sos apresentam, existe uma cama-


da de substância óssea esponjosa
interposta (chamada díploe) para
absorver impactos. Na díploe,
estão presentes a medula óssea
vermelha e os vasos sanguíneos
(DANGELO; FATTINI, 2011).

Figura 4 – Díploe
564
EDUCAÇÃO FÍSICA

As principais células ósseas são


os osteoblastos, os osteócitos e
os osteoclastos. Os osteoblastos
são células jovens que sintetizam
e secretam fibras colágenas e ou-
tros componentes orgânicos ne-
cessários à matriz extracelular.
Tais células iniciam a calcifica-
ção e, à medida que são recober-
tas por matriz, ficam presas em
suas secreções e se transformam
em osteócitos. Os osteócitos são
565
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

células maduras que mantêm o


tecido ósseo. Osteoclastos são cé-
lulas resultantes da fusão de até
50 monócitos, os quais liberam
enzimas e dissolvem as matrizes
ósseas, estando, por isto, direta-
mente relacionadas à renovação
óssea. A sua ação excessiva pode
causar osteopenia e osteoporose
(MOORE et al., 2014).

566
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 5 – Células ósseas

567
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Fatores como idade, hereditarie-


dade, nutrição, doença, trauma,
gravidez, esforço funcional e in-
fluência hormonal influenciam a
ação das células ósseas. Por exem-
plo, os ossos são influenciados pelo
hormônio do crescimento (GH),
pelos hormônios sexuais (testos-
terona, estrógeno e progestero-
na), pela calcitonina (hormônio
tireoidiano) e pelo paratormônio

568
EDUCAÇÃO FÍSICA

(ou hormônio paratireoidiano).


Exceto o paratormônio, que esti-
mula a degradação óssea por ati-
var os osteoclastos, os outros hor-
mônios citados são osteogênicos,
pois ativam os osteoblastos.
SAIBA MAIS

A osteoporose é uma doença que


torna os ossos progressivamente
mais porosos. É comum na ve-
lhice e em mulheres após a me-
nopausa, pois ocorre redução do
estrógeno e da renovação da ma-
triz orgânica.

569
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

A ação excessiva dos osteoclastos


causa osteólise, aumentando o ní-
vel de cálcio no sangue e gerando
complicações como depósito do
cálcio nas articulações e nos rins,
além de hipercoagulação sanguí-
nea (causando embolia pulmo-
nar, acidente vascular encefálico
isquêmico etc). Para saber mais,
acesse: <http://www.scielo.br/
pdf/aob/v9n2/v9n2a07.pdf>.
Fonte: a autora.

A medula óssea está presente


no interior de praticamente to-
dos os ossos do feto e em alguns
570
EDUCAÇÃO FÍSICA

ossos adultos (costelas, esterno,


crânio, ossos do quadril e dos
membros). Esta medula pode
ser vermelha ou amarela. Quan-
do vermelha, a medula é um ór-
gão hematopoiético, pois pro-
duz células sanguíneas. Quando
amarela, torna-se gordurosa e
perde esta função (tal fato está
normalmente associado ao en-
velhecimento). Se a medula ós-
sea tornar-se anormal ou can-
571
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

cerosa, ela pode ser substituída


por meio de um transplante de
medula óssea a fim de restabe-
lecer as contagens normais das
células sanguíneas (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).

Figura 6 – Tipos de medula óssea


572
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os elementos do esqueleto são


revestidos por camadas de teci-
do conjuntivo fibroso nominadas
pericôndrio, periósteo e endós-
teo. O pericôndrio reveste as car-
tilagens, nutrindo-as; o endós-
teo reveste o interior da cavidade
medular e contém células forma-
doras de osso; o periósteo reveste
externamente os ossos, protegen-
do e ajudando em sua nutrição e
inervação, atua na consolidação
573
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de fraturas e no crescimento ós-


seo e também ajuda na fixação dos
tendões e ligamentos (MIRAN-
DA NETO; CHOPARD, 2014).

Figura 7 – Pericôndrio, periósteo e endósteo


574
EDUCAÇÃO FÍSICA

CRESCIMENTO ÓSSEO
O crescimento ósseo depende do
periósteo e da lâmina epifisial. En-
quanto o periósteo atua no cres-
cimento em largura e espessura
dos ossos, a lâmina epifisial atua
no crescimento em comprimento
(esta é uma fina camada de carti-
lagem hialina localizada na metá-
fise). Quando o crescimento em
comprimento cessa (por volta de
18 anos nas mulheres e 21 anos
575
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nos homens), as células da lâmi-


na epifisial param de se dividir,
permanecendo apenas uma linha
epifisial (WATANABE, 2000).

Figura 8 – Periósteo e lâmina epifisial

576
EDUCAÇÃO FÍSICA

NUTRIÇÃO E INERVAÇÃO
ÓSSEA
Os ossos são muito vasculariza-
dos e inervados. Por isto, em caso
de fratura, eles sangram e doem
bastante. Tanto os vasos sanguí-
neos quanto os nervos penetram
o osso a partir do periósteo.
Os principais vasos dos ossos
incluem as artérias e as veias pe-
riosteais, metafisárias, epifisiárias
e nutrícias. Os nervos acompa-
577
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nham os vasos sanguíneos, desta-


cando-se os nervos periostais sen-
sitivos (alguns responsáveis pela
dor) e os nervos vasomotores que
possibilitam a vasoconstrição e a
vasodilatação, regulando o fluxo
sanguíneo para a medula óssea
(MOORE et al., 2014).

578
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 – Artérias ósseas

ACIDENTES ANATÔMICOS
Acidentes anatômicos são os ele-
mentos descritivos utilizados no
estudo dos ossos. Surgem, por
579
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

exemplo, onde tendões, fáscias e


ligamentos se inserem, ou onde
vasos e nervos penetram os ossos.
Podem ser do tipo saliência, de-
pressão ou abertura. Processos,
tubérculos, eminências, cristas e
espinhas são alguns exemplos de
acidentes do tipo saliência. Fos-
sas, sulcos e incisuras são alguns
exemplos de acidentes do tipo
depressão. Forames e canais são
alguns exemplos de acidentes
580
EDUCAÇÃO FÍSICA

do tipo abertura (WATANABE,


2000).
PRINCIPAIS OSSOS DO COR-
PO HUMANO
Ossos da cabeça
Os ossos da cabeça são chamados
de crânio. Ele protege o encéfa-
lo, abriga e protege os órgãos dos
sentidos, os quais ficam alojados
em cavidades, e possibilita a mas-
tigação e a fonação por meio dos
movimentos da mandíbula.
581
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A parte superior do crânio é cha-


mada de calvária, e o seu assoa-
lho é chamado de base. Ele apre-
senta 22 ossos, os quais apenas a
mandíbula é móvel. Dentro dos
ossos temporais, localizam-se os
três ossículos da audição (marte-
lo, bigorna e estribo).
A maioria dos ossos do crânio
(14 deles) formam o crânio facial
ou visceral: mandíbula, vômer, na-
sais, palatinos, maxilas, zigomá-
582
EDUCAÇÃO FÍSICA

ticos, lacrimais e conchas nasais


inferiores. O restante (oito ossos)
forma o crânio neural: osso fron-
tal, occipital, esfenoide, etmoide,
parietais e temporais. De forma
geral, o crânio apresenta muitos
forames pelos quais vasos e ner-
vos passam. A maxila e a mandí-
bula se destacam por apresentar
estruturas (os processos alveola-
res) para a sustentação dos dentes
(DANGELO; FATTINI, 2011).
583
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 10 - Crânio Figura 11 – Fontículos

Todos os ossos do crânio se arti-


culam entre si por meio de sutu-

584
EDUCAÇÃO FÍSICA

ras (exceto a mandíbula e o osso


temporal, que formam a articu-
lação temporomandibular). Tais
suturas não estão presentes desde
o nascimento, mas surgem com
o desenvolvimento, uma vez que
existe, no crânio fetal, entre os os-
sos, um tecido conjuntivo fibro-
so, o qual forma espaços popular-
mente chamados de “moleiras” e
anatomicamente nominados de
fontículos. Os fontículos permi-
585
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tem que o crânio fetal cresça sem


compressão e, após o crescimen-
to cessar, o tecido conjuntivo so-
fre ossificação (DI DIO, 2002).
Ossos do pescoço
Os ossos do pescoço incluem o
osso hioide, as vértebras cervicais,
o manúbrio do esterno e as claví-
culas. O manúbrio do osso ester-
no e as clavículas serão descritos,
respectivamente, com o esqueleto
do tronco e do membro superior.
586
EDUCAÇÃO FÍSICA

O osso hioide se localiza na parte


anterior do pescoço. Ele é móvel,
pois fica suspenso por músculos
e ligamentos. Assim, fixa múscu-
los da região anterior do pesco-
ço e ajuda a manter as vias aéreas
abertas. O hioide não se articula
com nenhum outro osso do cor-
po.
As vértebras cervicais são cha-
madas, respectivamente, de C1
(ou atlas), C2 (ou áxis), C3, C4, C5,
587
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

C6 e C7 (ou vértebra proeminen-


te) (MOORE et al., 2014).

Figura 12 – Ossos do pescoço

588
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ossos do tronco
O esqueleto do tronco é formado
por osso esterno, costelas, vérte-
bras torácicas, lombares, sacrais e
coccígeas.
O osso esterno se localiza na re-
gião anterior e central do tórax.
É um osso ímpar, plano, consti-
tuído por três partes antes da sua
ossificação, que ocorre até a meia
idade: manúbrio, corpo e proces-
so xifoide. O manúbrio é a sua
589
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

parte mais larga e superior e tam-


bém onde as incisuras clavicula-
res e a incisura jugular podem ser
identificadas. O corpo é central,
mais longo e estreito, e onde as
incisuras costais estão presentes.
O processo xifoide é a sua parte
inferior, menor e mais variável.
As costelas são ossos curvos, de
alta resiliência e que não contêm
medula óssea. Os 12 pares de cos-
telas se agrupam em costelas ver-
590
EDUCAÇÃO FÍSICA

dadeiras, falsas ou flutuantes. As


verdadeiras (do primeiro ao sétimo
par) conectam-se diretamente ao
osso esterno por meio de suas pró-
prias cartilagens costais. As falsas
(do oitavo ao décimo par) conec-
tam-se indiretamente ao osso ester-
no, pois as suas cartilagens costais
são unidas, formando a margem
costal. As flutuantes (décimo pri-
meiro e décimo segundo par) não
se articulam com o osso esterno.
591
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

As vértebras torácicas (T1 ,T2 ,


T3 ,T4 ,T5 , T6 , T7 , T8 , T9 , T10 , T11
a T12), as lombares (L1 , L2 , L3 , L4
a L5), as sacrais (S1 , S2 , S3 , S4 a S5)
e as coccígeas (Co1 , Co2 , Co3 a
Co4) formam a parte inferior do
esqueleto do tronco. As sacrais e
as coccígeas têm seus discos in-
tervertebrais ossificados, origi-
nando, respectivamente, o sacro
e o cóccix.

592
EDUCAÇÃO FÍSICA

As lombares são grandes e resis-


tentes, apresentam processos es-
pinhosos largos e espessos para a
fixação dos músculos do dorso. O
sacro se articula aos ossos do qua-
dril e apresenta morfologia dife-
renciada em relação ao sexo do
indivíduo para favorecer o parto
natural (DI DIO, 2002).

593
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 13 – Ossos do tronco

594
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Entre os corpos das vértebras


ficam interpostos os discos in-
tervertebrais. Estes discos são
constituídos pelo anel fibroso de
fibrocartilagem (externamente) e
núcleo pulposo (internamente).
Este é altamente hidratado e, por
isto, capaz de absorver impactos
impostos à coluna vertebral e per-
mitir movimentos.
Fonte: Kapandji (2000).

É importante salientar que embo-


ra a coluna vertebral (CV) deva
ser retilínea (ou seja, sem curva-
595
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

turas lateralmente), ela deve apre-


sentar curvaturas fisiológicas ân-
tero-posteriores a fim de melhor
distribuir o peso corpóreo e dar
equilíbrio.
Tais curvaturas começam a se
formar desde a vida embrioná-
ria, o que se segue durante o de-
senvolvimento corpóreo. Nas re-
giões cervical e lombar surgem
curvaturas côncavas chamadas
de lordose cervical e lombar, res-
596
EDUCAÇÃO FÍSICA

pectivamente. Nas regiões torá-


cica e sacral, as curvaturas são
convexas e chamadas de cifoses
torácica e sacral, respectivamen-
te. O aumento dessas curvaturas
(hipercifoses e hiperlordoses) é
patológico, assim como o desvio
látero-lateral da CV (escolioses).

597
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 14 – Curvas normal e patológica da CV

598
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ossos do membro superior


O membro superior tem 32 os-
sos. O seu cíngulo é composto
pela clavícula e pela escápula. A
sua parte livre apresenta um osso
no braço (úmero), dois no ante-
braço (rádio e ulna), 13 nas mãos
(oito ossos carpais e cinco ossos
metacarpais) e 14 ossos nos dedos
(cinco falanges proximais, quatro
falanges médias e cinco falanges
distais).
599
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A clavícula se articula com o


osso esterno e com a escápula,
e serve como ponto de fixação
para alguns ligamentos. A es-
cápula é um osso grande loca-
lizado posteriormente, de for-
mato plano e triangular, que se
articula com a clavícula e com o
úmero.
O úmero se articula com a es-
cápula, o rádio e a ulna. Enquanto
a ulna se localiza medialmente,
600
EDUCAÇÃO FÍSICA

o rádio se localiza lateralmente


no antebraço. O rádio e a ulna se
articulam entre si pela membra-
na interóssea do antebraço, e o
rádio se articula com três ossos
do carpo (semilunar, escafoide
e piramidal).
Os oito ossos carpais se dispõem
em duas fileiras de quatro ossos
cada. Na fileira proximal estão os
ossos escafoide, semilunar, pira-
midal e pisiforme; na fileira distal
601
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

estão os ossos trapézio, trapezoi-


de, capitato (maior) e hamato.
Os cinco ossos metacarpais são
numerados de I a V a partir da
posição lateral. Consistem em
uma base (proximal), um corpo
(médio) e uma cabeça (distal).
Os ossos metacarpais articulam-
-se proximalmente com os ossos
do carpo e distalmente com as fa-
langes.

602
EDUCAÇÃO FÍSICA

As falanges apresentam base,


corpo e cabeça e são chamadas de
proximal, média e distal. O pole-
gar tem apenas as falanges proxi-
mal e distal (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).

603
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 15 – Ossos do membro superior

604
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ossos do membro inferior


O membro inferior permite pos-
tura, suporte de peso, mobilidade
e equilíbrio do corpo. Os ossos do
quadril constituem o seu cíngulo,
e a sua parte livre apresenta um
osso na coxa (fêmur), dois ossos
na perna (tíbia e fíbula), um osso
no joelho (patela), 12 ossos no pé
(sete ossos tarsais e cinco ossos
metatarsais) e 14 ossos nos dedos
(cinco falanges proximais, quatro
605
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

falanges médias e cinco falanges


distais).
O osso do quadril do recém-
-nascido é formado por três os-
sos: ílio, ísquio e púbis, os quais
se unem completamente por vol-
ta da segunda década de vida. O
anel ósseo formado pelos dois os-
sos do quadril e pelo sacro com-
põe a pelve óssea que dá suporte
à CV e aos órgãos pélvicos.
O fêmur é o maior, mais pesado
606
EDUCAÇÃO FÍSICA

e mais resistente osso do corpo.


Articula-se com o osso do quadril
e com a tíbia e a patela. A patela é
um osso triangular que se desen-
volve no tendão do músculo qua-
dríceps femoral, aumentando a
sua força de alavanca, mantendo
a posição de seu tendão na flexão
do joelho e protegendo a articu-
lação.
A tíbia é o osso medial e susten-
tador de peso do membro inferior
607
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

que, por sua vez, se articula com o


fêmur, com o osso tálus e com a fí-
bula (pela membrana interóssea da
perna). A fíbula é paralela e lateral
à tíbia.
Os ossos tarsais (tálus, calcâ-
neo, navicular, cuboide, cunei-
forme medial, cuneiforme lateral
e cuneiforme intermédio) unem-
-se pelas articulações intertarsais.
Os metatarsais são numerados de
I a V a partir da posição medial e
608
EDUCAÇÃO FÍSICA

apresentam base (proximal), cor-


po (média) e cabeça (distal). Ar-
ticulam-se com os ossos tarsais e
com as falanges.
As falanges apresentam base,
corpo e cabeça, e as articulações
que formam entre si são chama-
das de interfalângicas. Vale lem-
brar que o hálux (popularmente
chamado de “dedão”) apresenta
apenas falanges proximal e distal
(DANGELO; FATTINI, 2011).
609
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 16 – Ossos do membro inferior

610
EDUCAÇÃO FÍSICA

611
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Articular

612
EDUCAÇÃO FÍSICA

O sistema articular será trabalha-


do nesta unidade de forma a con-
templar a sua definição, funções
e classificações, assim como os
seus tipos. Também será realiza-
dos um detalhamento em relação
às articulações sinoviais (pois são
estas as mais móveis do corpo) e
uma abordagem em relação aos
movimentos do corpo humano.

613
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

DEFINIÇÃO
As articulações ou junturas são
definidas como o conjunto de es-
truturas anatômicas que conec-
tam duas ou mais peças do esque-
leto. Se a articulação ocorrer entre
apenas dois ossos, ela é chamada
de simples, e se acontecer entre
mais de dois ossos, ela é chama-
da de composta (WATANABE,
2000).

614
EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÕES
A função da maioria das articu-
lações é possibilitar os movimen-
tos, uma vez que os ossos se mo-
vem tracionados pelos músculos
ao redor dos pontos de juntu-
ras entre eles. Todavia algumas
articulações dão estabilidade às
zonas de união entre os vários
segmentos do esqueleto, ou seja,
estão mais relacionadas à postu-
ra e ao equilíbrio (MOORE et al.,
2014). 615
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

CLASSIFICAÇÃO
Segundo a classificação funcio-
nal, deve-se considerar o grau e
o tipo de movimento que a ar-
ticulação permite. Assim, as ar-
ticulações podem ser chamadas
de sinartrose (quando a articula-
ção é fixa, sem movimento), an-
fiartrose (a articulação permite
pouco movimento) ou diartrose
(a articulação é muito móvel).
A classificação estrutural se ba-
616
EDUCAÇÃO FÍSICA

seia nas características anatômi-


cas da articulação. Por exemplo,
a presença ou a ausência de um
espaço (cavidade articular) entre
os ossos da articulação e no tipo
de tecido que une os ossos. Assim,
as articulações podem ser do tipo
fibrosa, cartilagínea ou sinovial
(GRABINER; GREGOR; VAS-
CONCELOS, 1991).
A articulação fibrosa permite
apenas pequenos deslocamentos
617
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

e movimentos vibratórios, não


têm cavidade articular entre os
ossos e alguns destes são unidos
por tecido conjuntivo fibroso. A
articulação cartilagínea tem os-
sos unidos por cartilagem hiali-
na ou fibrocartilagem, também
permite apenas pequenos deslo-
camentos e movimentos vibrató-
rios e também não tem cavidade
articular entre os ossos. Já a ar-
ticulação sinovial permite vários
618
EDUCAÇÃO FÍSICA

tipos de movimentos, tem cavi-


dade articular, os seus ossos são
unidos por tecido conjuntivo em
forma de cápsula articular e apre-
senta elementos característicos e
outros especiais.
As articulações fibrosas podem
ser do tipo sutura, sindesmose ou
gonfose. As suturas são funcional-
mente classificadas como sinar-
troses, existem entre os ossos do
crânio e podem ser planas (quan-
619
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do os ossos se encaixam de forma


retilínea, como no caso da sutura
internasal), serrilhada (quando os
ossos se encaixam um no outro,
como na sutura sagital) ou esca-
mosa (quando os ossos se sobre-
põem um ao outro, como ocorre
entre o parietal e temporal). A os-
sificação das suturas se inicia, ge-
ralmente, na segunda década de
vida e termina após os 80 anos,
recebendo o nome de sinostose.
620
EDUCAÇÃO FÍSICA

A sindesmose é classificada
funcionalmente como anfiartro-
se. Ela apresenta uma distância
maior entre os ossos, os quais são
unidos por mais tecido conjunti-
vo fibroso interposto entre eles. É
o caso, por exemplo, da membra-
na interóssea da perna (sindes-
mose tibiofibular) e do antebraço
(sindesmose radioulnar).
A gonfose é classificada funcio-
nalmente como sinartrose. Ocor-
621
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

re na junção das raízes dos dentes


com os processos alveolares da
maxila e da mandíbula. Apresen-
ta movimentos discretos de rebai-
xamentos ao sofrer fortes com-
pressões (durante a mastigação),
suavizando impactos e evitando
que os dentes se partam.
As articulações cartilagíneas
podem ser do tipo sincondrose
ou sínfise. A sincondrose é clas-
sificada funcionalmente como si-
622
EDUCAÇÃO FÍSICA

nartrose e tem cartilagem hialina


entre os ossos. Algumas dessas
articulações podem ser tempo-
rárias, uma vez que sofrem ossi-
ficação no decorrer da vida (sin-
condrose esfenocciptal e lâmina
epifisial são exemplos). Outras
podem ser permanentes (articu-
lações entre o osso esterno e as 10
primeiras cartilagens costais).
A sínfise é classificada funcio-
nalmente como anfiartroses. É
623
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

uma articulação onde os ossos


são unidos por um disco de fibro-
cartilagem (como ocorre nas sín-
fises púbica, manubrioesternal e
intervertebral).
As articulações sinoviais têm
elementos característicos (como
superfície articular, cartilagem
articular, cápsula articular e líqui-
do sinovial) e elementos especiais
(como lábios, discos articulares,
meniscos, ligamentos acessórios,
624
EDUCAÇÃO FÍSICA

bolsas e bainhas tendíneas).


A superfície articular é a porção
óssea que faz parte da articulação.
Ela é coberta por uma fina carti-
lagem articular do tipo avascular,
lisa e escorregadia. Assim, ela é
capaz de reduzir o atrito entre os
ossos e absorver impactos. Essa
cartilagem é nutrida pelo líquido
sinovial.
A cápsula articular é uma dupla
membrana de tecido conjuntivo
625
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

muito vascularizada e inervada


e que reveste a articulação. A sua
membrana externa, fibrosa e bem
resistente, tem a função de fazer a
coaptação articular, ou seja, unir
os ossos. Já a sua membrana in-
terna é chamada de sinovial, pois
faz a síntese do líquido sinovial.
Este líquido é constituído prin-
cipalmente por ácido hialurô-
nico, proteoglinas e glicosami-
noglicanas. A sua consistência é
626
EDUCAÇÃO FÍSICA

viscosa e de cor amarelo-clara. A


sua função é reduzir o atrito por
meio da lubrificação da articula-
ção, absorver os impactos man-
tendo os ossos levemente afasta-
dos e eliminar o calor produzido
nas articulações durante os mo-
vimentos. Além disso, ele nutre e
oxigena a cartilagem articular e
dela remove o CO2 e os resíduos
metabólicos. É importante des-
tacar que esse líquido é produ-
627
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

zido quando ocorre movimento


articular e, por isto, a imobiliza-
ção torna-o escasso. Se for pro-
duzido em excesso (durante uma
inflamação, por exemplo), causa
dor e deve ser aspirado para que
a pressão intra-articular diminua
(FREITAS, 2004).
Os lábios são estruturas de fibro-
cartilagem que ampliam a cavida-
de e conferem maior estabilidade
à articulação. Os discos articula-
628
EDUCAÇÃO FÍSICA

res e os meniscos também são de


fibrocartilagem e estão presentes
em articulações muito requisita-
das, como a temporomandibular
e o joelho. Os discos e os menis-
cos dão estabilidade, melhoram a
coaptação articular, diminuem o
atrito e os danos por impactos e
distribuem o líquido sinovial.
Os ligamentos acessórios podem
ser extracapsulares quando pre-
sentes fora da cavidade articular
629
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

(ligamentos colaterais do joelho)


ou intracapsulares quando dentro
da cápsula, mas fora da cavidade
articular (ligamento cruzado an-
terior do joelho). Eles aumentam
a coaptação articular.
As bolsas se localizam entre a
pele e o osso, entre o tendão e o
osso, entre o músculo e o osso ou
entre o ligamento e o osso. Elas
reduzem o atrito em articulações
muito requisitadas e, quando in-
630
EDUCAÇÃO FÍSICA

flamadas, causam bursite (bolsi-


te). São sacos de tecido conjun-
tivo revestidos por membrana
sinovial e preenchidos por uma
pequena quantidade de líquido
semelhante ao líquido sinovial.
Por último, as bainhas tendíneas
são bolsas que envolvem tendões
que sofrem atrito.

631
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

TIPOS DE ARTICULAÇÕES
SINOVIAIS
A forma dos ossos determina
quais movimentos a articulação
realizará e como as articulações
sinoviais serão nomeadas. Assim,
essas articulações podem ser: pla-
na, gínglimo, trocoide, elipsoide,
selar ou esferoide (TORTORA;
DERRICKSON; WERNECK,
2010).
Articulações planas, como o
632
EDUCAÇÃO FÍSICA

nome sugere, têm faces planas e


permitem movimentos de desli-
zamento de uma superfície sobre
a outra. Um exemplo ocorre entre
os ossos carpais e tarsais, nas arti-
culações sacroilíaca, acromiocla-
vicular, esternoclavicular, ester-
nocostais e vertebrocostais.
Articulações do tipo gínglimo
apresentam faces cilíndricas como
depressão em carretel em um osso
e saliência correspondente no ou-
633
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tro. Um exemplo ocorre nas arti-


culações interfalângicas do coto-
velo e do joelho.
Articulações trocoides permi-
tem movimento de rotação, pois
têm faces ósseas semicilíndricas
completadas por ligamentos. Um
exemplo ocorre nas articulações
radioulnar proximal e distal, e na
articulação atlantoaxial. Nas arti-
culações elipsoides, uma das su-
perfícies ósseas é oval e convexa,
634
EDUCAÇÃO FÍSICA

e a outra é oval e côncava. Um


exemplo ocorre nas articulações
radiocarpal e metatarsofalângica.
As articulações selares têm su-
perfície côncava em uma direção
e convexa em outra, com encai-
xe recíproco em outra superfície
óssea. Um exemplo ocorre na
articulação carpometacarpal do
polegar. Articulações esferoides
têm superfície esférica articu-
lando-se em uma cavidade cor-
635
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

respondente. Um exemplo ocor-


re nas articulações do quadril e
do ombro.

Figura 17 – Tipos de articulações

636
EDUCAÇÃO FÍSICA

MOVIMENTOS DAS ARTI-


CULAÇÕES SINOVIAIS
Os movimentos são pares de opos-
tos e apresentam extrema relevân-
cia ao profissional de Educação
Física. Eles ocorrem em um dos
planos (sagital, coronal ou trans-
versal) e por meio de linhas imagi-
nárias denominadas eixos, as quais
são perpendiculares aos planos
(GRABINER; GREGOR; VAS-
CONCELOS, 1991).
637
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Alguns fatores afetam a ampli-


tude de movimento articular. É
o que ocorre, por exemplo, com
a forma dos ossos, a resistência
das estruturas articulares, a ten-
são muscular, o contato de partes
moles próximas, a ação de alguns
hormônios e o próprio desuso
(GRABINER; GREGOR; VAS-
CONCELOS, 1991).
As articulações sinoviais podem
apresentar movimento de desliza-
638
EDUCAÇÃO FÍSICA

mento, dos tipos angular e de ro-


tação, ou ainda, movimentos es-
peciais. No deslizamento, as faces
planas dos ossos se movimentam
sem alterar significativamente o ân-
gulo entre eles, sendo a amplitude
de movimento limitada. Nos movi-
mentos angulares (flexão, extensão,
flexão lateral, abdução, adução e cir-
cundução), o ângulo entre os ossos
da articulação é alterado (GRABI-

639
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

NER; GREGOR; VASCONCELOS,


1991).
Na flexão, o ângulo entre os ossos
é reduzido, e na extensão, aumen-
tado. Ambos ocorrem no plano
sagital por meio do eixo coronal
(exceto o do polegar). Alguns au-
tores consideram a continuação
da extensão para além da posição
anatômica como hiperextensão.
Na flexão lateral (que ocorre, por
exemplo, no tronco), o segmento
640
EDUCAÇÃO FÍSICA

corpóreo se desloca em direção


ao plano lateral. Ocorre no plano
coronal por meio do eixo sagital.
Na abdução, o segmento corpó-
reo se move para longe da linha
mediana do corpo enquanto que,
na adução, ele retorna em direção
a esta linha. Ambos ocorrem no
plano coronal por meio do eixo
sagital (exceto o do polegar). Na
articulação radiocarpal, a abdu-
ção também recebe o nome de
641
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

desvio radial, e a adução, de des-


vio ulnar.
Na circundução, ocorre um mo-
vimento de círculo quando se
observa a extremidade distal do
segmento corpóreo que se move.
Representa o resultado de uma
sequência de movimentos: flexão,
extensão, abdução e adução.
Na rotação, o osso gira em torno
do seu próprio eixo longitudinal.
Na rotação medial, a face anterior
642
EDUCAÇÃO FÍSICA

do segmento é girada em direção


à linha mediana do corpo. Na ro-
tação lateral, esta face é girada
para longe da linha mediana.
Alguns movimentos são chama-
dos de especiais. Na elevação, por
exemplo, uma parte do corpo se
move para cima, e no abaixamen-
to, para baixo (ocorre na mandí-
bula, nas costelas, nos ombros, no
osso hioide etc.). Na protração (ou
protrusão), há o movimento an-
643
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

terior de uma parte do corpo no


plano transversal, e na retração
(ou retrusão), ocorre o movimen-
to de retorno (possível na mandí-
bula, na clavícula etc.). Inversão e
eversão ocorrem nas articulações
intertarsais de forma que, na in-
versão, as plantas se movimentam
medialmente, e na eversão, lateral-
mente. Na flexão dorsal (ou dorsi-
flexão), o dorso do pé se move em
direção à face anterior da perna, e
644
EDUCAÇÃO FÍSICA

na flexão plantar (ou plantiflexão),


a planta se move em direção à face
posterior da perna. A supinação e
a pronação ocorrem nas articula-
ções radioulnar proximal e distal.
Na supinação, a palma é girada an-
teriormente, e na pronação, a pal-
ma gira posteriormente. Oposição
é o movimento do polegar na arti-
culação carpometacarpal para to-
car as falanges dos dedos no mo-
vimento de pinça. Reposição é o
movimento oposto. 645
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

VASCULARIZAÇÃO E
INERVAÇÃO ARTICULAR
As articulações são muito iner-
vadas e vascularizadas. Recebem
sangue dos ramos das artérias que
passam ao redor da cápsula arti-
cular e são drenadas por veias que
acompanham as artérias. A maio-
ria dos nervos articulares deriva
de nervos que suprem os múscu-
los ao redor das articulações. A
cápsula e os ligamentos articu-
646
EDUCAÇÃO FÍSICA

lares têm vários tipos de sensibi-


lidade, como a dolorosa e a pro-
prioceptiva (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).

ENVELHECIMENTO
ARTICULAR
O envelhecimento pode afetar as
articulações de maneira individu-
al e, principalmente, pela heredi-
tariedade e pelo uso. É comum,
por exemplo, o envelhecimen-
647
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

to desencadear menor produção


de líquido sinovial, fragilidade
na cartilagem articular, perda de
flexibilidade ligamentar, aumen-
to do peso corporal e tendência
a deformidades corpóreas (prin-
cipalmente na coluna vertebral e
nos joelhos) (GRABINER; GRE-
GOR; VASCONCELOS, 2001).
É importante, no entanto, enfa-
tizar que os efeitos do envelheci-
mento podem ser atenuados pela
648
EDUCAÇÃO FÍSICA

prática regular e supervisionada


de exercícios físicos e por meio
de cuidados alimentares, como as
ingestões proteica e hídrica ade-
quadas.

PARTICULARIDADES DE AL-
GUMAS ARTICULAÇÕES DO
CORPO
Algumas articulações apresen-
tam características anatômicas
diferenciadas, as quais são in-
649
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

fluenciadas pelas demandas fun-


cionais. As articulações do joe-
lho e a temporomandibular, por
exemplo, apresentam meniscos e
discos em decorrência do fato de
receberem descarga de peso e de
serem constantemente requisita-
das. Por outro lado, embora não
sejam adaptadas à descarga de
peso, as articulações do tórax são
aptas à realização dos constantes
movimentos respiratórios.
650
EDUCAÇÃO FÍSICA

Como anteriormente men-


cionado, todas as articulações
se movem ao redor de eixos de
movimento, os quais são linhas
imaginárias que atravessam as
articulações de maneira perpen-
dicular ao plano realizado pelo
movimento. Assim, quanto mais
móvel for a articulação, mais ei-
xos de movimento passarão por
ela e mais movimentos essa ar-
ticulação realizará em diferentes
651
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

planos. As articulações do qua-


dril e do ombro, por exemplo, são
extremamente móveis, pois rea-
lizam movimentos em três pla-
nos e por meio de três eixos, ou
seja, são triaxiais. As articulações
do joelho e do cotovelo são me-
nos móveis, pois são monoaxiais
(ou seja, realizam movimento
em apenas um plano, e por elas
passa apenas um eixo de movi-

652
EDUCAÇÃO FÍSICA

mento). Já as articulações do pu-


nho e do tornozelo são biaxiais
e intermediárias em relação aos
movimentos que elas realizam
quando comparadas às articula-
ções tri e monoaxiais.
Normalmente, os movimentos
de flexão e extensão ocorrem no
plano sagital por meio do eixo co-
ronal. Já os movimentos de abdu-
ção e adução ocorrem no plano

653
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

coronal por meio do eixo sagital.


As rotações ocorrem no plano
transversal por meio do eixo lon-
gitudinal (GRABINER; GRE-
GOR; VASCONCELOS, 2001).

654
EDUCAÇÃO FÍSICA

655
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Muscular

656
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesta aula, você será direciona-


do(a) ao estudo da miologia no
que se refere às funções dos mús-
culos, aos seus tipos e aspectos
anatômicos (como inervação e
vascularização). Um enfoque es-
pecial será dado aos músculos es-
triados esqueléticos.

FUNÇÕES
A partir da contração muscular,
o músculo pode realizar várias
657
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

funções, como manter a postu-


ra e o tônus muscular, possibili-
tar a respiração, os movimentos
cardíacos e peristálticos. Adi-
cionalmente, os músculos dão
forma ao corpo, produzem calor
e permitem movimentos volun-
tários (MOORE et al., 2014).
TIPOS DE MÚSCULOS
Os diferentes tipos de músculos
do corpo apresentam variações
em relação ao controle voluntá-
658
EDUCAÇÃO FÍSICA

rio, à presença de estrias em suas


fibras (quando vistas ao micros-
cópio) e à localização. Por exem-
plo, o músculo pode ser volun-
tário se a sua contração ocorrer
conforme a vontade do indivíduo
ou involuntário se a sua contra-
ção ocorrer de maneira indepen-
dente deste controle. O músculo
pode apresentar estrias transver-
sais e ser classificado como es-
triado ou não apresentá-las e ser
659
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

dito liso. Por fim, o músculo pode


se localizar na parede do corpo
ou nos membros e ser chamado
de somático ou pode se localizar
nos órgãos ocos e nos vasos san-
guíneos e ser dito visceral.
Assim, de maneira geral, os mús-
culos podem ser: estriado esque-
lético, estriado cardíaco ou liso.
Enquanto o estriado esquelético
move ou estabiliza ossos e estru-
turas como os olhos, o estriado
660
EDUCAÇÃO FÍSICA

cardíaco forma a maior parte das


paredes do coração e dos grandes
vasos, e o liso forma a parede da
maioria dos vasos sanguíneos e
dos órgãos ocos. O primeiro é so-
mático e voluntário, e os outros
dois são viscerais e involuntários.
O músculo diafragma é um caso
especial, pois embora ele seja in-
voluntário, pode ter a sua contra-
ção influenciada voluntariamen-
te, permitindo, assim, alterações
661
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

na frequência e na intensidade da
respiração (FREITAS, 2004).

Músculo estriado Músculo estriado Músculo


cardíaco esquelético liso

Figura 19 – Tipos de músculos

MÚSCULO ESTRIADO
ESQUELÉTICO
Os músculos estriados esquelé-
ticos, além de extremidades que
servem para fixá-los, apresen-
662
EDUCAÇÃO FÍSICA

tam uma parte central carnosa,


avermelhada e contrátil chama-
da de cabeça ou ventre muscular.
Tais extremidades são compostas
principalmente por colágeno, têm
coloração esbranquiçada, não são
contráteis e são chamadas de ten-
dões ou aponeuroses conforme
o seu aspecto morfológico (en-
quanto os tendões são finos e lon-
gos, as aponeuroses têm aspecto
laminar). Tais fixações costumam
663
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ser descritas como origem e inser-


ção, sendo a origem a extremida-
de proximal que permanece fixa
durante a contração muscular, e
a inserção, a extremidade distal
que se move durante a contração
muscular.
A maioria dos músculos es-
triados esqueléticos está fixada
a ossos, cartilagens, ligamentos
ou fáscias, mas alguns deles po-
dem se fixar a órgãos (como os
664
EDUCAÇÃO FÍSICA

olhos), à pele (como os múscu-


los da face) ou à mucosa (como
os músculos intrínsecos da lín-
gua).

Figura 20 – Ventre, tendão e aponeurose

665
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O músculo é envolto por uma


membrana de tecido conjuntivo
chamada epimísio. Desta, septos
(perimísio) penetram o interior
do músculo envolvendo peque-
nos grupos de células muscula-
res. As células do músculo são
chamadas de fibras musculares e
o seu conjunto forma os fascícu-
los. Cada fibra muscular é envol-
ta por outra membrana de tecido
conjuntivo chamada endomísio
666
EDUCAÇÃO FÍSICA

e, por fora, o músculo como um


todo é revestido por mais uma ca-
mada de tecido conjuntivo, a fás-
cia muscular. Todos estes revesti-
mentos se prolongam para além
das fibras musculares e formam
as extremidades dos músculos.

667
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 21 – Perimísio, Epimísio, Endomísio e Fáscia


muscular

A fáscia sustenta o músculo, as-


sim como os seus vasos e nervos,
também preserva a sua anatomia
668
EDUCAÇÃO FÍSICA

funcional, permite o deslizamen-


to de músculos próximos e forma
septos intermusculares que com-
partimentalizam grupos muscu-
lares adjacentes. A aderência da
fáscia pode ocorrer devido a di-
versos fatores (como processos
inflamatórios ou traumáticos),
fazendo com que os músculos te-
nham o seu poder de contração
diminuídos. Por isso, atualmen-
te, a liberação miofascial tem sido
669
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

prescrita em casos de extremo en-


curtamento muscular ou em ca-
sos de treinamento de hipertrofia
(MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014).

TIPOS DE CONTRAÇÃO DO
MÚSCULO ESTRIADO
ESQUELÉTICO
A contração fásica ou ativa dos
músculos pode ser isométrica
ou isotônica (GRABINER; GRE-
670
EDUCAÇÃO FÍSICA

GOR; VASCONCELOS, 1991).


Na contração isométrica, embora
o músculo se contraia, o compri-
mento dele não é alterado (não
há movimento visível), mas é im-
portante para a manutenção da
postura. Na contração isotônica,
o músculo produz movimento e,
por isto, o seu comprimento é al-
terado.
A contração isotônica pode ser
concêntrica ou excêntrica. No
671
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

primeiro caso, o movimento gera


encurtamento do músculo (por
exemplo, ao contrair os múscu-
los flexores do cotovelo para le-
var até a boca um copo d’água
que se encontra apoiado em uma
mesa); no segundo caso, o mo-
vimento está associado ao alon-
gado do músculo (por exemplo,
fazer o caminho inverso do mo-
vimento anterior, ou seja, levar o
copo d’água da boca para a mesa
672
EDUCAÇÃO FÍSICA

pela contração dos mesmos mús-


culos flexores do cotovelo).
O tipo de contração que o mús-
culo exercerá depende da influ-
ência da gravidade. Por isto, o
profissional de Educação Física
precisar analisar biomecanica-
mente como a gravidade é capaz
de influenciar cada músculo du-
rante a execução de um determi-
nado movimento.

673
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

VASCULARIZAÇÃO E
INERVAÇÃO MUSCULAR
Tanto a vascularização quanto a
inervação dos músculos são abun-
dantes. Por meio dos vasos san-
guíneos ocorrem as adequadas
nutrição e oxigenação do tecido
muscular, bem como a drenagem
do gás carbônico e dos produtos
residuais produzidos durante o
próprio metabolismo deste teci-
do. Ademais, por meio dos ner-
674
EDUCAÇÃO FÍSICA

vos ocorrem a contração e os es-


tímulos sensitivos dos músculos,
sendo os estímulos dolorosos e
proprioceptivos os mais impor-
tantes (MOORE et al., 2014).

CLASSIFICAÇÃO FUNCIO-
NAL DO MÚSCULO ESTRIA-
DO ESQUELÉTICO
Os músculos podem ser classifi-
cados como agonista, antagonis-
ta, sinergista ou fixador. Agonista
675
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ou motor primário é o mais im-


portante músculo na realização
de um movimento (como o mús-
culo reto femoral na extensão do
joelho). Antagonista é o múscu-
lo que atua de maneira contrária
à ação de outro músculo (como
o músculo bíceps femoral na ex-
tensão do joelho).
Sinergista é o músculo que aju-
da o agonista na realização de um
determinado movimento (como
676
EDUCAÇÃO FÍSICA

o músculo vasto medial na exten-


são do joelho). Ele também pode
estabilizar uma articulação inter-
mediária para que o agonista aja
de maneira eficaz.
Fixador ou postural é o múscu-
lo que estabiliza as partes proxi-
mais de um membro por meio de
contrações isométricas enquanto
ocorrem movimentos nas partes
distais desse membro. O múscu-
lo deltoide, por exemplo, fixa a
677
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

articulação do ombro em abdu-


ção enquanto o movimento das
mãos pode ser realizado (GRA-
BINER; GREGOR; VASCON-
CELOS, 1991).

ÓRGÃOS ANEXOS DO SIS-


TEMA MUSCULAR
Os órgãos anexos do sistema mus-
cular são estruturas que mantêm
a integridade dos músculos e/ou
facilitam a ação deles. Incluem as
678
EDUCAÇÃO FÍSICA

bolsas sinoviais, os retináculos, as


bainhas fibrosas e sinoviais.
As bolsas sinoviais são sacos fi-
brosos revestidos de membrana
sinovial que contêm líquido sino-
vial em seu interior. Posicionam-
-se em regiões de atrito (como en-
tre um músculo e um osso, entre
dois músculos, entre um múscu-
lo e a pele suprajacente etc.). Tais
bolsas podem inflamar ou lesio-
nar por esforço repetitivo, desen-
679
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

cadeando um quadro clínico que


inclui edema e dor, popularmente
conhecido como bursite (bolsite).
As bainhas fibrosas são consti-
tuídas de tecido conjuntivo, re-
vestem tendões e fáscias de reves-
timento e se inserem nos ossos,
formando canais que mantêm
em posição os tendões de múscu-
los longos que passam no interior
desses canais.
As bainhas sinoviais ficam den-
680
EDUCAÇÃO FÍSICA

tro das bainhas fibrosas. Elas lo-


calizam-se, geralmente, na re-
gião dos ossos carpais e tarsais
e têm por função produzir um
líquido semelhante ao líquido
sinovial para, desta forma, faci-
litar o deslizamento dos tendões
durante os movimentos. Essas
bainhas são formadas por uma
camada interna (aderida ao ten-
dão) e por uma camada externa
(voltada à bainha fibrosa).
681
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os retináculos são constituídos


por tecido conjuntivo e represen-
tam espessamentos das fáscias
musculares. Eles servem para
manter os tendões bem posicio-
nados ao cruzarem as articula-
ções (FREITAS, 2004).

682
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 – Órgãos anexos do sistema muscular

GENERALIDADES SOBRE O
SISTEMA MUSCULAR
Segundo Moore et al. (2014), o
corpo humano apresenta 656
músculos estriados esqueléti-
683
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

cos nominados, cuja nomencla-


tura depende de critérios como
forma (deltoide e trapézio), lo-
calização (intercostais e subes-
capular), forma e localização
(quadrado da coxa e orbicular
da boca), ação (eretor da espi-
nha e extensor dos dedos), ação
e forma (pronador quadrado e
adutor longo), ação e localiza-
ção (flexor superior dos dedos e
flexor radial do carpo), origem e
684
EDUCAÇÃO FÍSICA

inserção (esternocleidomastoi-
deo) etc.
Outras classificações dos múscu-
los consideram a função que eles
desempenham, a aparência deles,
a direção de suas fibras, a locali-
zação que apresentam, o número
de pontos de origem, de inserção
e de ventres musculares que pos-
suem.
Quanto à função, os músculos
podem ser flexores, extensores,
685
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

abdutores, rotadores etc. Quan-


to à direção das fibras, eles po-
dem ser de fibras paralelas ou
oblíquas. Normalmente, mús-
culos de fibras paralelas (sar-
tório, por exemplo) têm bas-
tante amplitude de movimento
articular, mas pouca força. Ao
contrário, músculos de fibras
oblíquas (glúteo máximo, por
exemplo) têm muita força, mas
pouca amplitude de movimen-
686
EDUCAÇÃO FÍSICA

to e podem ser do tipo unipe-


nados (extensor longo dos de-
dos), bipenados (reto da coxa)
ou multipenados (deltoide).
Alguns músculos (como o pei-
toral maior) têm fibras que con-
vergem de uma larga faixa de
origem para um estreito e único
tendão de inserção, fazendo com
que o músculo tenha um arranjo
em forma de leque ou apresente
um aspecto triangular.
687
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 24 – Músculos de fibras paralelas e oblíquas, múscu-


los longos, curtos, planos e fusiformes

688
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quando a aparência é considera-


da, os músculos podem ser curtos
(como os da mão), longos (como
o sartório, que apresenta forma
de fita), planos/chatos (localiza-
dos, normalmente, no abdome ou
no dorso; o trapézio é um deles),
fusiformes (como o bíceps bra-
quial, que tem uma região cen-
tral de maior diâmetro do que as
suas extremidades) ou circulares/
esfincterianos (como o orbicular
689
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do olho, que circunda uma aber-


tura ou um orifício do corpo).
Se a localização for o critério de
classificação, eles podem ser su-
perficiais (se ficarem logo abai-
xo da pele e tiverem, pelo menos,
uma de suas inserções na derme,
sendo, desta forma, chamados de
músculos dérmicos, como os da
expressão facial) ou profundos
(se não tiverem inserções na der-
me, como é o caso dos músculos
690
EDUCAÇÃO FÍSICA

profundos do antebraço).
Bíceps, tríceps e quadríceps são
classificados quando à nomen-
clatura considera o número de
pontos de origem. Se o número
de pontos de inserção for o cri-
tério, os músculos são chamados
de bicaudado ou policaudado.
Por fim, se o número de ventres
musculares for o fator em ques-
tão, os músculos são chamados

691
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de digástrico (biventre) ou poli-


gástrico (poliventre).

Figura 26 – Músculos bíceps, tríceps, quadríceps, bi e


policaudado, digástrico e poligástrico
692
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
CORPO HUMANO
Principais músculos da cabeça e
do pescoço
Músculos da cabeça e do pescoço
podem ser da expressão facial, da
língua, do palato mole e da farin-
ge, mastigatórios, relacionados ao
osso hioide, superficiais do pes-
coço e relacionados à coluna ver-
tebral.

693
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os músculos da expressão facial


são responsáveis por expressar
emoções por meio de suas contra-
ções. Incluem os músculos occipi-
tofrontal (com seus ventres fron-
tal e occipital, os quais se unem
pela aponeurose epicrânica; a sua
função é elevar os supercílios e
enrugar a pele da fronte em uma
expressão de atenção), corruga-
dor do supercílio (que enruga a
pele entre os supercílios dando
694
EDUCAÇÃO FÍSICA

a expressão de braveza), prócero


(sinergista do corrugador do su-
percílio), orbicular do olho (fe-
cha a rima palpebral), nasal (abre
a asa do nariz, como ocorre, por
exemplo, em situações de esforço
respiratório), levantador do lábio
superior e da asa do nariz, levan-
tador do lábio superior (levan-
ta este lábio fazendo eversão ou
“bico” do lábio superior), levan-
tador do ângulo da boca (atua na
695
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

risada, tracionando o ângulo da


boca obliquamente para cima),
zigomáticos maior e menor (tra-
cionam o ângulo da boca obliqua-
mente para cima na risada), ri-
sório (traciona o ângulo da boca
horizontalmente no sorriso), or-
bicular da boca (fecha a rima bu-
cal), abaixador do ângulo da boca
(abaixa este ângulo dando a ex-
pressão de tristeza), abaixador do
lábio inferior (abaixa este lábio fa-
696
EDUCAÇÃO FÍSICA

zendo a eversão ou “bico” do lábio


inferior), mentual (protrai o lábio
inferior e enruga a pele do men-
to), bucinador (contrai a boche-
cha no assopro, no assovio e no
bocejo, e puxa o ângulo da boca
lateralmente) e platisma (abaixa a
mandíbula, traciona o ângulo da
boca para baixo e enruga a pele
do pescoço).

697
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 27 – Músculos da expressão facial

Os músculos da mastigação mo-


vimentam a mandíbula durante
a mastigação e a fala. São o tem-
698
EDUCAÇÃO FÍSICA

poral, o masseter, o pterigóideo


lateral e o pterigóideo medial.

Figura 28 – Músculos da mastigação

699
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os músculos relacionados ao osso


hioide podem ser supra ou infra-
-hioideos. Os supra-hioideos ele-
vam este osso durante a primei-
ra fase da deglutição e abaixam
a mandíbula contra a resistência
(são o digástrico, o estilo-hioideo,
o milo-hioideo e o gênio-hioi-
deo). Os músculos infra-hioideos
abaixam o hioide durante a segun-
da fase da deglutição (são eles o
omo-hioideo, o esterno-hioideo,
700
EDUCAÇÃO FÍSICA

o esternotireoideo e o tíreo-hioi-
deo).

Figura 29 – Músculos supra e infra-hioideos

701
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O músculo esternocleidomastoi-
deo (ECM) tem localização su-
perficial no pescoço. Quando ele
se contrai bilateralmente, possibi-
lita a flexão da cabeça; quando se
contrai unilateralmente, faz a fle-
xão lateral da cabeça para o mes-
mo lado do músculo que se con-
traiu, associada a uma rotação da
face para o lado contrário deste
músculo.

702
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 30 – Músculo ECM

A coluna vertebral apresenta mús-


culos pré, para e pós-vertebrais
conforme as suas localizações.
Os pré-vertebrais se posicionam
703
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

anteriormente à coluna e estão


relacionados à flexão da cabeça e
do pescoço. São eles: os múscu-
los longos da cabeça e do pesco-
ço, reto anterior da cabeça e reto
lateral da cabeça.
Os paravertebrais localizam-se
lateralmente à coluna e realizam
a flexão lateral (inclinação late-
ral) da cabeça e do pescoço. São
eles: os escalenos anterior, médio
e posterior.
704
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os pós-vertebrais ficam poste-


riormente à coluna e fazem a ex-
tensão da cabeça e do pescoço.
Incluem os músculos esplênio da
cabeça, esplênio do pescoço, se-
miespinal da cabeça, semiespinal
do pescoço, multífidos e suboc-
cipitais (músculos reto posterior
maior da cabeça, reto posterior
menor da cabeça, oblíquo supe-
rior da cabeça e oblíquo inferior
da cabeça). Músculos multífidos
705
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

também fazem rotação da coluna


vertebral (FREITAS, 2004).

Figura 31 – Músculos para e pós-vertebrais

706
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
DORSO
O dorso apresenta músculos for-
tes que se fixam às vértebras. Eles
podem movimentar os membros
superiores (trapézio, latíssimo do
dorso, levantador da escápula e
romboides, por exemplo), parti-
cipar dos movimentos respirató-
rios (serrátil posterior superior e
serrátil posterior inferior), sus-
tentar a postura ou mover a colu-
707
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

na (como os esplênios da cabeça


e do pescoço, o eretor da espinha,
o seminespinal, os multífidos e os
rotadores) (DI DIO, 2002).

Figura 32 – Músculo do dorso


708
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
TÓRAX
No tórax existem músculos que
unem o esqueleto axial ao apen-
dicular, músculos da parede ante-
rolateral do abdome, do pescoço,
do dorso e alguns que agem na
respiração. Os verdadeiros mús-
culos do tórax são os levantadores
das costelas (fazem a inspiração),
o transverso do tórax (fazem ex-
piração), os intercostais externos
709
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

(fazem a inspiração), os intercos-


tais internos (fazem expiração),
os intercostais íntimos (sinergis-
tas dos intercostais internos) e os
subcostais (sinergistas dos inter-
costais internos).
O diafragma separa o tórax do
abdome e é o principal músculo
da inspiração. A sua parte central
é aponeurótica e chamada de cen-
tro tendíneo; a sua parte muscu-
lar é dividida em parte esternal,
710
EDUCAÇÃO FÍSICA

costal e lombar, de acordo com as


suas fixações. O diafragma é atra-
vessado pela veia cava inferior,
pelo esôfago e pela artéria aorta,
os quais passam, respectivamen-
te, pelo forame da veia cava, pelo
hiato esofágico e pelo hiato aórti-
co (WATANABE, 2000).

711
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 33 – Músculos do tórax

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
ABDOME
Na parede anterolateral do ab-
dome existem cinco pares de
712
EDUCAÇÃO FÍSICA

músculos: reto do abdome, pi-


ramidal, oblíquo externo, oblí-
quo interno e transverso do ab-
dome. Pelo fato de apresentarem
fibras com diferentes direções,
tais músculos formam uma forte
sustentação e, juntos, sustentam
e protegem as vísceras abdomi-
nais e comprimem o conteúdo
abdominal. Além disso, eles se
opõem ao diafragma, movem o
tronco, ajudam a manter a pos-
713
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tura e atuam em diversas ativi-


dades diárias, como tossir, es-
pirrar, vomitar, assoar o nariz,
defecar e realizar um parto nor-
mal (MIRANDA NETO; CHO-
PARD, 2014).
Na parede abdominal posterior
do abdome estão os músculos
psoas maior, psoas menor, ilíaco
e quadrado do lombo. O psoas
maior fica lateral à coluna verte-
bral e parte de suas fibras se jun-
714
EDUCAÇÃO FÍSICA

tam ao tendão do ilíaco, formando


o músculo iliopsoas, considera-
do o principal flexor do quadril.
Ademais, ele é flexor lateral do
tronco e ajuda a manter a lordose
lombar.
O psoas menor é uma varia-
ção anatômica, pois ele pode não
existir. O ilíaco estabiliza a arti-
culação do quadril, e o quadrado
do lombo faz a flexão lateral e a
extensão do tronco.
715
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 34 – Músculos do abdome

716
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
MEMBRO SUPERIOR
Os músculos do membro supe-
rior incluem peitoral maior, pei-
toral menor, subclávio, serrátil
anterior, levantador da escápula,
romboide maior, romboide me-
nor, deltoide, redondo maior, re-
dondo menor, supraespinal, in-
fraespinal, subescapular e vários
músculos do braço, do antebraço
e da mão.
717
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O peitoral maior é um músculo


em forma de leque que possibi-
lita adução, rotação medial, fle-
xão e extensão do braço a partir
da flexão. O peitoral menor fica
abaixo do peitoral maior e age es-
tabilizando a escápula e ajudan-
do a elevar as costelas no movi-
mento de inspiração profunda.
O subclávio estabiliza a clavícula
nos movimentos do membro su-
perior. Enquanto o serrátil ante-
718
EDUCAÇÃO FÍSICA

rior é protrusor da escápula, o le-


vantador da escápula a eleva, e os
romboides maior e menor fazem
a sua retração e a rotação inferior.
O deltoide é um músculo for-
te que envolve o ombro, dando-
-lhe uma forma arredondada. Ele
apresenta partes clavicular, acro-
mial e espinal, as quais fazem,
respectivamente, flexão, abdução
e extensão do ombro. Além disso,
ele estabiliza esta tão importan-
719
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

te articulação. O redondo maior


também estabiliza o ombro e faz
a sua adução e rotação medial. O
redondo menor faz a rotação late-
ral desta articulação.
A escápula apresenta muitos
músculos cujos tendões se fun-
dem, reforçando, assim, a cápsula
articular do ombro, protegendo-o
e estabilizando-o. Enquanto o su-
praespinal começa a abdução do
ombro e o infraespinal faz a sua
720
EDUCAÇÃO FÍSICA

rotação lateral, o subescapular é o


seu rotador medial. Em conjunto,
supraespinal, infraespinal, redon-
do menor e subescapular formam
o “manguito rotador”, pois, exceto
pelo supraespinal, os outros são
rotadores desta articulação.

721
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 35 – Músculos relacionados à escápula

Os músculos do braço incluem os


flexores do cotovelo (bíceps bra-
quial, braquial e coracobraquial)
e os seus extensores (tríceps bra-
722
EDUCAÇÃO FÍSICA

quial e ancôneo). Os flexores são


mais fortes e, por isto, é mais fácil
puxar do que empurrar (MOO-
RE et al., 2014).
O bíceps braquial é um músculo
longo que apresenta uma cabeça
longa e outra curta. É triarticular,
pois atravessa as articulações do
ombro, cotovelo e radioulnar pro-
ximal. Ele realiza a flexão do om-
bro, a supinação da articulação
radioulnar e a flexão do antebra-
723
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

ço em supinação. Profundamente
a ele está o músculo braquial, que
é o principal flexor do antebraço.
O coracobraquial auxilia na fle-
xão, adução e estabilização da ar-
ticulação do ombro.
O tríceps braquial também aju-
da a estabilizar a articulação do
ombro. Ele é um músculo longo
com três cabeças (longa, curta e
medial). A longa atravessa o om-
bro, e a medial é a mais importan-
724
EDUCAÇÃO FÍSICA

te na extensão do cotovelo, sendo


recrutada principalmente em ati-
vidades de contrarresistência. O
ancôneo fica na face póstero la-
teral do cotovelo e é sinergista do
tríceps braquial na extensão do
antebraço.

725
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 36 – Músculos do braço

No antebraço existem 17 múscu-


los que cruzam a articulação do
cotovelo e agem nas articulações
do punho e dos dedos. O prona-
dor redondo faz pronação do an-
726
EDUCAÇÃO FÍSICA

tebraço; o flexor radial do carpo


faz flexão e abdução do punho;
o palmar longo faz flexão do pu-
nho; o flexor ulnar do carpo faz
flexão e adução do punho; o flexor
superficial dos dedos flexiona as
articulações interfalângicas pro-
ximais dos quatro dedos mediais;
o flexor profundo dos dedos fle-
xiona as articulações interfalân-
gicas distais dos dedos mediais; o
flexor longo do polegar faz a fle-
727
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

xão das articulações do polegar; o


pronador quadrado é o agonista
da pronação do antebraço e ajuda
a membrana interóssea a unir o
rádio e a ulna.
Os extensores do antebraço po-
dem fazer extensão e abdução ou
adução do punho (extensor radial
longo do carpo, extensor radial
curto do carpo e extensor ulnar
do carpo, por exemplo), podem
estender os quatro dedos mediais
728
EDUCAÇÃO FÍSICA

(como o extensor dos dedos, ex-


tensor do indicador e extensor do
dedo mínimo) ou podem fazer a
extensão ou abdução do polegar
(extensor longo do polegar, ex-
tensor curto do polegar e abdutor
longo do polegar).

Figura 37 – Músculos do antebraço e da mão

729
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os músculos da mão incluem


abdutor curto do polegar, flexor
curto do polegar, oponente do
polegar, abdutor do dedo míni-
mo, flexor curto do dedo míni-
mo, oponente do dedo mínimo,
lumbricais, interósseos e adutor
do polegar (DI DIO, 2002).

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO
MEMBRO INFERIOR
Os músculos do membro inferior
730
EDUCAÇÃO FÍSICA

permitem o equilíbrio, a susten-


tação do peso corpóreo, a ma-
nutenção da postura bípede, os
movimentos diversos e a marcha.
Agrupam-se em músculos ante-
riores e posteriores da coxa, me-
diais da coxa, músculos da região
glútea, músculos da região ante-
rior da perna, músculos da região
posterior da perna, músculos da
região lateral da perna e múscu-
los do pé.
731
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Na região anterior da coxa, loca-


lizam-se os músculos flexores do
quadril e/ou extensores do joe-
lho (pectíneo, sartório, iliopsoas,
quadríceps femoral e articular do
joelho). O pectíneo faz adução,
flexão e rotação medial do qua-
dril. O sartório é superficial, pa-
rece uma fita e é o músculo mais
longo do corpo. Ele é flexor das
articulações do quadril e do joe-
lho. O iliopsoas é o principal fle-
732
EDUCAÇÃO FÍSICA

xor do quadril e, em contração bi-


lateral, é flexor do tronco sobre o
quadril, podendo aumentar a lor-
dose lombar e agir na caminhada
em declive.
O quadríceps femoral é um dos
músculos mais fortes do corpo.
Ele é formado pelos músculos reto
femoral, vasto lateral, vasto me-
dial e vasto intermédio, os quais
se unem formando um tendão
único (tendão do músculo qua-
733
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

dríceps femoral), cuja continua-


ção é o ligamento da patela que
se prende à tuberosidade da tíbia.
O reto femoral é biarticular (per-
corre as articulações do quadril e
joelho), sendo mais eficiente em
movimentos que associam a flexão
do quadril e a extensão de joelho
a partir da hiperextensão do qua-
dril e da flexão do joelho (como
ao cobrar um pênalti no futebol).
O quadríceps femoral como um
734
EDUCAÇÃO FÍSICA

todo faz a extensão do joelho e,


individualmente, ajuda os vastos
medial e lateral a manterem a pa-
tela alinhada. O articular do joe-
lho é um músculo pequeno, de-
rivado do vasto intermédio que,
por sua vez, traciona a membra-
na sinovial na extensão da perna.

735
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 38 – Músculos anteriores e mediais da coxa

Os músculos adutor longo, adutor


curto, adutor magno, grácil e pec-
tíneo localizam-se na região me-
dial da coxa. Todos eles são adu-
736
EDUCAÇÃO FÍSICA

tores do quadril. Todavia o adutor


magno também tem uma parte
flexora do quadril e uma parte do
jarrete que é, por sua vez, exten-
sora desta articulação. O grácil
cruza as articulações do quadril e
joelho e se une aos músculos sar-
tório e semitendíneo para formar
uma inserção tendínea conhecida
como “pata de ganso”. Ele dá es-
tabilidade ao joelho estendido e é
flexor do joelho e rotador medial
737
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

da perna quando o joelho está fle-


xionado. Por fim, o obturador ex-
terno faz a rotação lateral do qua-
dril (DI DIO, 2002).
Na região glútea estão os múscu-
los glúteo máximo, glúteo médio,
glúteo mínimo, tensor da fáscia
lata, piriforme, obturador inter-
no, gêmeo superior e inferior e
quadrado femoral. O glúteo má-
ximo é extensor e rotador lateral
do quadril e a sua paralisia não
738
EDUCAÇÃO FÍSICA

afeta a marcha em superfície pla-


na, mas a afeta em aclive (prin-
cipalmente ao subir escadas). Os
glúteos médio e mínimo estabi-
lizam a pelve, aduzem e rodam
medialmente o quadril.
O tensor da fáscia lata, além de
flexor do quadril, tensiona a fás-
cia lata. Piriforme, obturador in-
terno, gêmeo superior, gêmeo
inferior e quadrado femoral esta-

739
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

bilizam a articulação do quadril e


a rodam lateralmente.

Figura 39 – Músculos da região glútea

740
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na região posterior da coxa loca-


lizam-se os músculos semitendí-
neo, semimembranáceo e bíceps
femoral. Todos são extensores do
quadril e flexores do joelho, exce-
to a cabeça curta do bíceps femo-
ral, que não passa pela articulação
do quadril e, por isto, age apenas
na flexão do joelho.

741
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 40 – Músculos da região posterior da coxa

Os músculos tibial anterior, ex-


tensor longo dos dedos, extensor
longo do hálux e fibular terceiro
742
EDUCAÇÃO FÍSICA

situam-se na região anterior da


perna. O tibial anterior é dorsi-
flexor do tornozelo e inversor do
pé. O extensor longo dos dedos
estende os quatro dedos laterais
e faz dorsiflexão do tornozelo. O
extensor longo do hálux esten-
de esse hálux e faz dorsiflexão do
tornozelo. O fibular terceiro faz
dorsiflexão do tornozelo e auxilia
na eversão do pé.
Na região lateral da perna estão
743
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

os músculos fibular longo e fibu-


lar curto, os quais são eversores do
pé.
Na região posterior da perna es-
tão os músculos gastrocnêmio,
sóleo, plantar, poplíteo, flexor
longo dos dedos, flexor longo do
hálux e tibial posterior. O gas-
trocnêmio apresenta cabeça late-
ral e medial, as quais se unem no
tendão do calcâneo (o mais forte
e espesso tendão do corpo). Este
744
EDUCAÇÃO FÍSICA

músculo é muito forte, forma a


parte mais proeminente da pan-
turrilha e é biarticular. Assim,
embora ele faça flexão do joelho
e plantiflexão do tornozelo, ele
não pode exercer toda a sua for-
ça concomitantemente nas duas
articulações, sendo mais eficaz
com o joelho estendido e, princi-
palmente, quando a extensão do
joelho é associada à dorsiflexão.
O sóleo fica abaixo do gastroc-
745
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nêmio e é o principal músculo da


flexão plantar do tornozelo. Isto
se deve ao fato de ele ser mono-
articular, podendo atuar inten-
samente apenas na articulação
do tornozelo. Além disso, é um
músculo antigravitacional im-
portante para manter a postura
ortostática e o equilíbrio, além de
possibilitar a marcha. Embora ele
seja de contração lenta, é forte e
capaz de se contrair por bastan-
746
EDUCAÇÃO FÍSICA

te tempo. O sóleo se une às cabe-


ças do gastrocnêmio, formando o
tríceps sural. As diferenças mor-
fofuncionais entre gastrocnêmio
e sóleo permitem afirmar que “se
passeia com o sóleo, mas se ganha
o salto à distância com o gastroc-
nêmio” (MOORE et al., 2014).
O plantar é um músculo peque-
no, de ventre curto e tendão longo,
que é ausente em cerca de 10% das
pessoas. É sinergista do gastroc-
747
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nêmio e, adicionalmente, é consi-


derado um órgão de propriocep-
ção, devido aos seus muitos fusos
neuromusculares. O seu tendão
pode ser usado em cirurgias de
enxertia (para reconstrução dos
tendões da mão, por exemplo) e
a sua retirada não causa incapa-
cidade.
Durante a flexão do joelho, o po-
plíteo ajuda a tracionar o menis-
co lateral posteriormente. Além
748
EDUCAÇÃO FÍSICA

disso, quando em pé e com o jo-


elho parcialmente flexionado, ele
se contrai para ajudar o ligamento
cruzado posterior, prevenindo o
deslocamento anterior do fêmur.
Em pé, com os joelhos estendi-
dos, o poplíteo faz a rotação late-
ral do fêmur, liberando o joelho
para fazer flexão.
Os flexores longos do hálux e
dos dedos são, respectivamente,
flexores das articulações do hálux
749
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

e dos dedos. Por fim, o tibial pos-


terior é inversor do pé e plantifle-
xor do tornozelo.

Figura 41 – Músculos da perna: a) região anterior b) poste-


rior c) lateral
750
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os vários músculos do pé atu-


am na fase de suporte da mar-
cha, mantendo os arcos do pé em
posição ideal e produzindo supi-
nação e pronação para permitir
ajustes ao solo. Incluem abdutor
do hálux, adutor do hálux, flexor
curto do hálux, abdutor do dedo
mínimo, flexor do dedo mínimo,
flexor curto dos dedos, quadrado
plantar, lumbricais, interósseos
dorsais e plantares, extensor cur-
751
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

to dos dedos e extensor curto do


hálux (FREITAS, 2004).

Figura 42 – Músculos do pé (planta e dorso)

752
EDUCAÇÃO FÍSICA

O sistema muscular é de fato fas-


cinante, e o mais incrível é que ele
pode ser modificado em função
de seu uso. Assim, o exercício fí-
sico tem a capacidade de moldá-
-lo e a ausência dele pode causar
atrofia. Portanto, o conhecimen-
to específico sobre os músculos
estriados esqueléticos é essencial
ao profissional de Educação Físi-
ca.

753
considerações finais

Ao contrário do que algumas pes-


soas pensam, o sistema esqueléti-
co tem um metabolismo bastante
ativo. A formação desse sistema
tem início a partir do segundo
mês de vida intrauterina, período
no qual os ossos começam a ser
formados.
O sistema esquelético (estudado
pela osteologia), junto aos siste-
mas articular (estudado pela ar-
trologia) e muscular (estudado
754
considerações finais

pela miologia) constituem o apa-


relho locomotor. Desta forma, a
atuação conjunta desses três sis-
temas, em concordância com os
comandos deflagrados pelo siste-
ma nervoso (estudado pela neu-
rologia), garante a realização de
movimentos voluntários harmô-
nicos e coordenados.
Enquanto o sistema esqueléti-
co representa o elemento passi-
vo do movimento, pois além de
755
considerações finais

suportar e dar estrutura ao cor-


po, é tracionado pelos músculos,
o sistema muscular representa o
elemento ativo do movimento,
uma vez que é ele quem traciona
ossos como alavancas, movendo-
-os nas regiões onde estes se co-
nectam, ou seja, nas articulações.
Já o sistema nervoso é conside-
rado o idealizador, o realizador e
o corretor do movimento, pois a
programação motora, a ativação
756
considerações finais

de áreas executoras e das áreas de


controle estão a seu encargo.
A falha de qualquer um destes
sistemas, todavia, poderá impli-
car em graves distúrbios motores,
como hipertonia ou hipotonia
muscular, paralisias ou paresias,
discinesias, dentre outros. E isto
acontecendo, as atividades fun-
damentais do ser humano podem
ser prejudicadas, levando o indi-
víduo à perda da independência
757
considerações finais

funcional (incapacidade de reali-


zar cuidados pessoais, de se ali-
mentar e até de deambular).
Cuidados diários relativamente
simples podem garantir o pleno
funcionamento dos sistemas es-
quelético, articular, muscular e
nervoso. Uma dieta adequada rica
em colágeno, cálcio, vitamina B,
C e D, por exemplo, é essencial.
Adicionalmente, a prática regular
e supervisionada de exercícios fí-
758
considerações finais

sicos, uma boa qualidade de sono


e a reposição hormonal (quando
necessária) fazem toda a diferen-
ça.
Para tanto, é essencial que se te-
nha pleno conhecimento anatô-
mico e fisiológico das estruturas
que compõem tais sistemas a fim
de incentivar procedimentos pre-
ventivos e curativos adequados.
Como o profissional/professor
de Educação Física atua na área
759
considerações finais

da saúde, ele deve conhecer pro-


fundamente esses sistemas, pois
a sua ação profissional pode esti-
mulá-los. Desta forma, boa capa-
citação para você!

760
atividades de estudo

1. Leia atentamente o texto a


seguir sobre o sistema esque-
lético e analise as afirmativas.
O sistema esquelético envol-
ve os ossos e cartilagens que
compõem o corpo humano.
Ele faz a sustentação e auxilia
na forma do corpo, além de
proteger os órgãos internos.
Permitir que o corpo se movi-
mente é a sua principal função
e, ainda assim, também pro-
duz células sanguíneas e atua
como reserva de minerais (por
exemplo, do cálcio).
761
atividades de estudo

a) O crânio é constituído por


22 ossos. Estes se articulam
por meio das suturas e da
articulação temporomandi-
bular. A maioria deles tem
grande mobilidade e forma
o crânio neural.
b) Todos os ossos dos mem-
bros superiores são classi-
ficados como longos, exce-
to os ossos carpais, que são
curtos.
c) Todos os ossos dos mem-
bros inferiores são classifi-
762
atividades de estudo

cados como longos, exce-


to os ossos tarsais, que são
curtos.
d) Todos os ossos dos mem-
bros superiores e inferiores
são classificados como lon-
gos, exceto ossos carpais,
escápula, clavícula, ossos
tarsais e patela, que são,
respectivamente, curtos,
plano, alongado, curtos e
sesamoides.
e) A escápula e a clavícu-
la pertencem ao esqueleto
763
atividades de estudo

axial, pois se localizam no


tronco.
2. O estudo dos planos de sec-
ção e tangenciamento do cor-
po humano é essencial à Ana-
tomia Humana uma vez que
auxilia no corte anatômico e
na nomenclatura das estru-
turas estudadas. Sobre este
tema, está correta a seguinte
alternativa:
a) Estrutura mediana é a que
está próxima do plano sagi-
tal mediano, mas não exa-
tamente sob o mesmo.
764
atividades de estudo

b) Estrutura mediana é aque-


la mais próxima ao plano
anterior.
c) Estrutura média é a que se
posiciona entre uma estru-
tura lateral e outra estrutu-
ra medial.
d) Estrutura intermédia é
aquela entre uma estrutu-
ra lateral e outra estrutura
medial.
e) Estrutura intermédia é a
que se posiciona sob o pla-
no sagital mediano.
765
atividades de estudo

3. O estudo anatômico se preo-


cupa em elucidar a morfologia
(constituição), a localização e
as funções desempenhadas
pelas diversas estruturas que
compõem o corpo humano.
Ele considera o fato de que
cada indivíduo pode apresen-
tar pequenas variações ana-
tômicas, as quais podem ser
causadas por diversos fato-
res. Sobre este tema, analise
as afirmativas a seguir:
I - A sinostose do crânio é
exemplo de variação ana-
766
atividades de estudo

tômica causada pela idade.


II - O biótipo e a etnia são
fatores causadores de va-
riação anatômica. Enquanto
indivíduos longilíneos apre-
sentam tórax arredondado,
membros curtos em rela-
ção ao tronco e baixa es-
tatura corpórea, indivíduos
brevilíneos têm tórax alon-
gado, membros longos em
relação ao tronco e maior
estatura corpórea. Em re-
lação à etnia, é importante
767
atividades de estudo

salientar que as diferenças


anatômicas entre grupos
raciais são apenas externas
(cor de pele, cor de olhos,
aspecto do cabelo, do nariz
etc.), nunca internas.
III - A variação anatômica
também pode ser causada
pelas diferenças em relação
ao sexo. O crânio masculi-
no, por exemplo, apresenta
a fronte mais inclinada, tem
acidentes anatômicos mais
salientes (devido a maior
768
atividades de estudo

força muscular) e a pelve


desenvolvida no sentido
longitudinal.
IV - A anatomia legal se uti-
liza do fato de o sexo ser
um fator causador de varia-
ção para identificar cadáve-
res. O crânio feminino, por
exemplo, apresenta a fron-
te mais inclinada, acidentes
anatômicos mais salientes
devido aos hormônios fe-
mininos (estrógeno e a pro-
gesterona) e a pelve mais
769
atividades de estudo

desenvolvida no sentido
transversal.
V - Uma criança que nasce
sem o encéfalo (anencefá-
lica) é exemplo de variação
anatômica.
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) III e V, apenas.

770
atividades de estudo

4. Considerando os seus co-


nhecimentos em miologia,
analise as afirmativas a seguir
e identifique-as como verda-
deiras (V) ou falsas (F).
( ) Músculos digástricos (ou
biventres) têm dois ventres
musculares separados por um
tendão intermediário. O estilo-
-hioideo é um músculo assim.
( ) Músculos bíceps (como o
bíceps braquial), tríceps (como
o tríceps braquial) ou quadrí-
ceps (como o quadríceps fe-
771
atividades de estudo

moral) apresentam, respecti-


vamente, dois, três ou quatro
ventres musculares.
( ) Músculos mímicos são vo-
luntários, uma vez que são
classificados como estriados
esqueléticos. Além disso, são
dérmicos, pois estão aderidos
à camada profunda da pele.
Assim, a proximidade deles à
pele faz com que as suas con-
trações marquem a pele, ori-
ginando rugas de expressão
com o passar dos anos.
772
atividades de estudo

A sequência correta para a


resposta da questão é:
a) V, V, V.
b) F, F, F.
c) V, F, V.
d) F, V, F.
e) F, F, V.

773
atividades de estudo

5. Considerando os seus co-


nhecimentos referentes à
miologia, analise as proposi-
ções a seguir:
I - O miocárdio é classificado
como músculo estriado car-
díaco. Ele apresenta várias
estrias transversais e a sua
contração é involuntária.
Portanto, ele é classificado
como músculo somático.
II - O músculo estriado es-
quelético tem contração do
tipo voluntária e não apre-
774
atividades de estudo

senta estrias transversais


(sendo classificado como
músculo liso).
III - Os músculos tríceps
braquial e tríceps sural apre-
sentam três ventres muscu-
lares e se inserem por meio
de um único tendão.
IV - Um músculo policaudado
tem apenas um ventre mus-
cular e vários tendões de in-
serção.
V - O tendão de origem é
a extremidade do múscu-
775
atividades de estudo

lo que permanece mais fixa


durante o movimento. O
tendão de inserção é a ex-
tremidade do músculo que
se move durante o movi-
mento.
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) IV e V, apenas.
e) II e V, apenas.

776
LEITURA
COMPLEMENTAR

O artigo intitulado “Mo-


delo didático apli-
cado ao estudo de
conceitos introdu-
tórios à Anatomia
Humana” de auto-
ria de Itamar Cossi-
na Gomes, Juliana
Vanessa Colombo Figura 1 - Representação da boneca em
posição anatômica de descrição

Martins Perles e
Carmem Patrícia Bar-
bosa Lopes, publicado

777
LEITURA
COMPLEMENTAR

na revista Arquivos do MUDI,


aborda a utilização prática
dos planos que tangenciam e
seccionam o corpo humano,
bem como os eixos que per-
mitem os diversos movimen-
to do corpo humano.
Como toda ciência, a Ana-
tomia Humana tem sua lin-
guagem própria a qual, em
conjunto, recebe o nome de
Nômina Anatômica. Instituí-

778
LEITURA
COMPLEMENTAR

da a partir de 1955, esta ter-


minologia teve por objetivo
evitar que estruturas do cor-
po humano recebessem dife-
rentes denominações em di-
versos centros de estudos e
pesquisas em Anatomia Hu-
mana do mundo (DANGELO;
FATTINI, 2011).
A Nômina Anatômica atuali-
zada, publicada com o nome
de Terminologia Anatômica,

779
LEITURA
COMPLEMENTAR

foi aprovada pelas Associa-


ções de Anatomia de todo o
mundo e tornou-se oficial a
partir do ano de 1998 e é vá-
lida até a próxima edição re-
visada. Considerada um do-
cumento oficial que deve ser
obedecido pelos professores
e alunos da disciplina de ana-
tomia humana, é constituída
de cerca de 6.000 termos que
são expressos em latim e tra-

780
LEITURA
COMPLEMENTAR

duzidos pelas sociedades de


anatomia de cada país para a
língua vernácula. No Brasil, a
terminologia é traduzida pela
Comissão de Terminologia Ana-
tômica da Sociedade Brasileira
de Anatomia e o livro conta um
uma seção de termos gerais
e outras organizadas por sis-
temas. O sistema ósseo, por
exemplo, apresenta termos
anatômicos próprios que são

781
LEITURA
COMPLEMENTAR

empregados na osteologia (DI


DIO, 2002; SOCIEDADE BRA-
SILEIRA DE ANATOMIA, 2001;
FREITAS, 2004).
O estudo anatômico é sempre
realizado a partir da padroni-
zação dos termos de descrição
anatômica a fim de se possi-
bilitar uma comunicação sem
ambiguidades entre os estu-
diosos desta ciência. Neste
contexto, a posição anatômi-

782
LEITURA
COMPLEMENTAR

ca de descrição ou referência
foi instituída e tornou-se de
grande valia para evitar erros
na nomenclatura e no posicio-
namento do corpo humano a
ser estudado. Em tal posição
(Figura 1), supõe-se que o ca-
dáver está ereto, com a cabe-
ça em nível horizontal, olhos
voltados para frente, pés plan-
tados no chão e direcionados
para frente, membros supe-

783
LEITURA
COMPLEMENTAR

riores ao lado do corpo com


as palmas das mãos voltadas
para frente (MOORE, 2001;
TORTORA, 2010).
Após sua leitura, sugere-se
que a atividade prática pro-
posta seja realizada. Você
aprenderá muito com esta vi-
vência. Boa leitura!
Fonte: Gomes, Perles e Lopes (2014).

784
material complementar
Indicação para Acessar

Por meio deste documentário, é


possível entender um pouco so-
bre a realidade das pessoas que
nascem com osteogênese im-
perfeita, a doença dos ossos de
vidro, bem como a vida de seus
cuidadores. Etiologia, tratamen-
tos e vida diária são abordados
por especialistas e familiares. De
igual modo, são valorizados os
sonhos e as perspectivas daque-
les que precisam sobreviver com
esta rara doença. É um filme cur-
to que retrata sobre a realidade
de portadores de osteogênese
imperfeita e os seus familiares.
Grande lição de vida! Disponível
em: <https://www.youtube.com/
watch?v=2YiYMJRNeJM>.
785
referências

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistê-


mica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Lançamento oficial da Terminologia Ana-
tômica em São Paulo: um marco histórico para a medicina
brasileira. Rev. Ass. Med. Brasil., v. 46, n. 3, p. 191-193, 2000.
FREITAS, V. Anatomia: conceitos e fundamentos. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
GALI, J. C. Osteoporose. Acta Ortop. Bras., v. 9, n. 2, p.
3-12, abr./jun. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/aob/v9n2/v9n2a07.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.
GOMES, I. C.; PERLES, J. V. C. M.; LOPES, C. P. B. Práti-
ca de Laboratório: Modelo Didático Aplicado ao Estudo de
Conceitos Introdutórios à Anatomia Humana. Arquivos do
MUDI, Maringá, v. 18, n. 1, p. 5-17, 2014. Disponível em:
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/
view/24739/pdf_49>. Acesso em: 20 nov. 2018.
GRABINER, M. D.; GREGOR, R. J.; VASCONCELOS, M.
M. Cinesiologia e anatomia aplicada. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991.
786
referências

KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: esquemas comenta-


dos de mecânica humana. v. 3. 5. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 2000.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia hu-
mana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2014.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO,
C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014.
SBA. Sociedade Brasileira de Anatomia. Terminologia ana-
tômica. São Paulo: Manole, 2001.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L.
Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.

787
gabarito gabarito

1. C.
2. D.
3. B.
4. E.
5. D.

788
UNIDADE
V
NEUROANATOMIA APLICADA
AO MOVIMENTO

Professora Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Tecido nervoso
• Sistema nervoso central
• Sistema nervoso periférico
• Sistema nervoso autônomo

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a constituição do tecido nervoso.
• Estudar as principais correlações do sistema nervoso
central com o movimento humano: medula espinal, tronco
encefálico, cerebelo, diencéfalo, telencéfalo, meninges,
ventrículos encefálicos e líquido cerebrospinal.
• Descrever as principais correlações do sistema nervoso
periférico com o movimento humano: nervos espinais,
nervos cranianos, plexos nervosos, terminações nervosas e
gânglios nervosos, lesões nervosas.
• Entender as principais correlações do sistema nervoso
autônomo (SNA) com o movimento humano: apresentar
a função geral do SNA. Estudar, do ponto de vista
morfológico e funcional, o SNA simpático e o SNA
parassimpático em função do movimento.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Q uando movemos qualquer


parte do nosso corpo, deve-
mos ter em mente que este mo-
vimento começou bem longe de
onde ele de fato ocorreu. Assim,
um atleta que executa um arre-
messo ou um chute preciso deve
entender que este ato motor pode
ser aperfeiçoado ainda mais, pois
depende do planejamento, da atu-
ação, da correção e do
refinamento do sistema
nervoso que o desenca-
deou. Isto explica por
que os atletas repetem
tantas vezes os mesmos
movimentos que já pra-
ticam há tempos .
Uma das áreas estuda-
das pelas neurociências
enfoca detalhes acerca de como o
movimento humano é planejado,
executado, corrigido e aperfeiço-
ado. Assim, a neuroanatomia que
será descrita aqui intencionará
aplicar o conhecimento da ana-
tomia e da fisiologia do sistema
nervoso à prática do movimento
corpóreo. Para tanto, serão abor-
dadas as diversas estruturas for-
madoras desse tão precioso siste-
ma no sentido de relacioná-las ao
tema. A medula espinal, o tronco
encefálico (composto pelo bulbo,
pela ponte e pelo mesencéfalo), o
cerebelo, o diencéfalo e o telencé-
falo serão abordados anatômica e
fisiologicamente, objetivando en-
tender em profundidade o desen-
rolar do movimento.
Temas básicos que substanciam
o entendimento desse complexo
sistema deverão ser previamente
trabalhados a fim de prepará-los
para o pleno aproveitamento desta
temática. Desta forma, serão apre-
sentadas as células formadoras do
sistema nervoso (os neurônios e
as células da glia), os mecanismos
de comunicação entre o sistema
nervoso e o corpo (por meio das
sinapses) e a constituição estrutu-
ral básica desse sistema.
Considerando que o controle das
funções orgânicas, a realização de
funções voluntárias (como fona-
ção e deambulação) e involuntá-
rias (como salivação e respiração)
dependem diretamente da atuação
do sistema nervoso, o qual con-
trola e coordena as funções dos
demais sistemas do organismo e
permite que o corpo reaja a modi-
ficações do ambiente interno e ex-
terno a fim de manter a homeos-
tasia, justifica-se a sua relevância
e a importância de seu estudo. No
contexto profissional de atuação
do profissional de Educação Físi-
ca, onde o movimento, a coordenação
motora, o equilíbrio, o tônus muscular, a
aprendizagem motora e outras aptidões
são essenciais, este estudo é fundamen-
tal. Portanto, aproveite para entendê-lo
e dedique-se ao seu estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Tecido Nervoso

800
EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro(a) aluno(a), o movimento


humano depende da atuação pre-
cisa e coordenada das estruturas
que compõem o sistema nervoso
(SN). Assim, as estruturas forma-
doras do sistema nervoso central
(SNC), do sistema nervoso peri-
férico (SNP) e do sistema nervoso
autônomo (SNA) atuam em con-
junto para que a mobilidade seja
garantida de maneira harmônica.
Além disso, todas as células que
constituem o tecido nervoso de-
vem desempenhar as suas funções
801
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de modo preciso e coordenado


para que nada ocorra de maneira
indesejada. Neste contexto, esta
unidade abordará, além das célu-
las do tecido nervoso, cada por-
ção do SNC, do SNP e do SNA.
Como anteriormente mencio-
nado, as funções do SN estão di-
retamente relacionadas às células
que constituem o próprio tecido
nervoso, ou seja, os neurônios e
as células gliais.
Os neurônios são as principais
células nervosas, haja vista serem
802
EDUCAÇÃO FÍSICA

eles os responsáveis pela comu-


nicação intercelular, conhecida
como sinapse (do grego synapsis,
que significa conexão). Existem
vários tipos morfologicamente
diferentes de neurônios.

Figura 1 - Diferentes tipos de neurônios


presentes no corpo humano
803
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os neurônios são constituídos


por partes características com
funções específicas. Os dendritos,
por exemplo, são vários pequenos
prolongamentos que surgem do
corpo do neurônio e que servem
para receber o estímulo e enviá-lo
a esse corpo.
No corpo está localizado o nú-
cleo do neurônio, ou seja, é onde
o seu material genético está arma-
zenado. Por isto, o corpo é consi-
derado o “centro metabólico” do
neurônio, já que representa uma
804
EDUCAÇÃO FÍSICA

região de grande importância


funcional. Inclusive, uma lesão
na região do núcleo normalmen-
te causa a morte desse neurônio.
Do corpo (mais especificamen-
te de uma região chamada cone
de implantação) emerge um pro-
longamento maior e único deno-
minado axônio, em cuja extre-
midade final ocorre uma extensa
ramificação chamada terminação
axônica. A função do axônio é
conduzir o impulso nervoso até a
terminação axônica para que este
805
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

seja passado a outra célula duran-


te a sinapse. Nos neurônios mie-
linizados, o axônio é envolto pela
bainha de mielina, a qual é cons-
tituída por gordura, proteínas e
vitamina B12. Ela é formada por
células especiais chamadas célu-
las de Schwann (no SNP) e oligo-
dendrócitos (no SNC). A bainha
de mielina é interrompida espo-
radicamente, deixando pequenos
espaços denominados nódulos

806
EDUCAÇÃO FÍSICA

de Ranvier, onde essa bainha não


existe. Por isso, ela serve para au-
mentar a velocidade de condução
dos impulsos nervosos, haja vista
que a gordura atua como um iso-
lante elétrico e obriga o impulso
a “saltar” pelos nódulos de Ran-
vier. Assim, ao invés de o impul-
so ter que percorrer toda a exten-
são do axônio, ele salta de nódulo
em nódulo, acelerando, assim, a
transmissão elétrica.

807
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 2 - Dendritos, corpo celular, núcleo, axônio,


célula de Schwann, terminação axônica, nódulo de
Ranvier, bainha de mielina
808
EDUCAÇÃO FÍSICA

As sinapses podem ser entendidas


como ordens ou comandos que
ocorrem entre os neurônios, ou
entre um neurônio e uma célula
efetora (que pode ser, por exem-
plo, um músculo ou uma glân-
dula). Em vertebrados, esses co-
mandos dependem da liberação
de uma substância química cha-
mada neurotransmissor, que fica
armazenada em vesículas (as ve-
sículas sinápticas) localizadas no
neurônio pré-sináptico. Assim,
para que o impulso seja propaga-
809
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do, o neurotransmissor deve ser


liberado na fenda sináptica (um
espaço existente entre as células
que realizam a sinapse). Para isso,
o íon cálcio adentra o neurônio
pré-sináptico e sinaliza às vesícu-
las sinápticas para que ocorra a
exocitose do neurotransmisor.
Dependendo de alguns fatores
(por exemplo, o tipo de neuro-
transmissor liberado na fenda si-
náptica), as sinapses podem ser
excitatórias ou inibitórias. Vale
ressaltar que a sinapse entre um
810
EDUCAÇÃO FÍSICA

neurônio e uma célula muscular


é chamada de junção neuromus-
cular (ou placa motora), e o neu-
rotransmissor liberado nesta si-
tuação é a acetilcolina.

Figura 3 - Fenda sináptica. Observe os neurônios pré e pós-si-


nápticos, as vesículas sinápticas localizadas no neurônio pré-si-
náptico e a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica
811
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Uma disfunção grave chamada


epilepsia pode ocorrer quando
a sinapse é, de alguma maneira,
perturbada. Em grande parte das
vezes, a pessoa em crise de epi-
lepsia apresenta, dentre vários
acometimentos, alterações mo-
toras. É comum, por exemplo,
haver espasticidade (contração
muscular exacerbada) durante a
crise, seguida de hipotonia (re-
laxamento muscular exagerado)
após o episódio epilético.

812
EDUCAÇÃO FÍSICA

Depois de compreender como são


e como atuam os neurônios, é de
igual importância entender como
as células da glia agem. Estas célu-
las também podem ser chamadas
de neuroglia, células neurogliais
ou neurogliócitos. Embora cinco
vezes mais abundantes do que os
neurônios, as células da glia não
são excitáveis, ou seja, não fazem
sinapses. Todavia elas desempe-
nham funções importantes como
sustentação, isolamento e nutri-
ção dos neurônios.
813
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 4 - Aspectos morfológicos das principais células da


glia: oligodendrócitos, micróglia, células ependimárias,
células de Schwann e astrócitos

Existem quatro tipos de células da


glia no SNC (astrócitos, micró-
glia, células ependimárias e oligo-
814
EDUCAÇÃO FÍSICA

dendrócitos) e dois tipos no SNP


(células de Schwann e células sa-
télites ou anfícitos). Os astrócitos
controlam a nutrição dos neurô-
nios. A micróglia é responsável
pela defesa imunológica desses
neurônios, uma vez que ela é um
fagócito. As células ependimárias
produzem líquido cerebrospinal.
Os oligodendrócitos produzem a
bainha de mielina no SNC, e as
células de Schwann a produzem
no SNP. As células satélites prote-
gem os neurônios.
815
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Você pode estar se perguntando


qual é a correlação entre as célu-
las da glia e o movimento. A res-
posta é total e, se você conside-
rar que as funções dos astrócitos,
da micróglia e das células satéli-
tes são essenciais à sobrevivência
dos neurônios, fica ainda mais
fácil concordar com isso. Com-
plementarmente, os oligoden-
drócitos e as células de Schwann
garantem a rápida comunicação

816
EDUCAÇÃO FÍSICA

nas sinapses por meio da bainha


de mielina. Por isso, doenças des-
mielinizantes (como a esclerose
lateral amiotrófica, a adrenoleu-
codistrofia e tantas outras) são tão
incapacitantes e maléficas. Além
disso, se as células ependimárias
produzirem líquido cerebrospi-
nal demais ou de menos, a pressão
intracraniana pode ser afetada, e
os movimentos, comprometidos.

817
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Nervoso Central

818
EDUCAÇÃO FÍSICA

É considerado sistema nervoso


central (SNC) o tecido nervoso lo-
calizado na região central do cor-
po, ou seja, na cabeça e no tronco
(o próprio termo SNC enfatiza a
sua localização). Assim, o SNC é
constituído pela medula espinal
(abrigada no canal medular for-
mado pelas vértebras) e encéfalo
(abrigado na cavidade craniana).
A maioria das pessoas chama
o encéfalo de cérebro. Este ter-
mo está incorreto, pois o cérebro
é apenas uma parte do encéfalo.
819
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Isto porque o encéfalo apresenta


várias partes: tronco encefálico
(formado pelo bulbo, pela pon-
te e pelo mesencéfalo), cerebelo,
diencéfalo e telencéfalo. O cére-
bro nada mais é do que o diencé-
falo e o telencéfalo juntos. Desta
forma, se você disser que o cé-
rebro é o que está localizado na
cavidade craniana, você está ne-
gligenciando a existência das ou-
tras partes do encéfalo, ou seja, o

820
EDUCAÇÃO FÍSICA

tronco encefálico (bulbo, ponte e


mesencéfalo) e o cerebelo.
O objetivo desta unidade é abor-
dar a relação entre cada uma des-
tas estruturas formadoras do SNC
com o ato motor. Adicionalmen-
te, temas como as meninges, os
ventrículos encefálicos e o líqui-
do cerebrospinal serão abordados
devido à importância funcional
que apresentam.

821
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 5 - Sistema nervoso central e sistema nervoso periférico

FUNÇÕES GERAIS DO SISTE-


MA NERVOSO CENTRAL
De maneira geral, o SNC recebe,
analisa e integra informações ad-
822
EDUCAÇÃO FÍSICA

vindas do meio ambiente (meio


externo) e do meio interno (o
próprio corpo do indivíduo). As-
sim, ele representa o local onde
os estímulos chegam e são inter-
pretados, bem como o local onde
as decisões ocorrem, desencade-
ando ordens à periferia do corpo.
No entanto é importante ressal-
tar que o SNC age em conjunto e
de maneira dependente à ação do
SNP (MOORE et al., 2014).

823
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

CONSTITUIÇÃO DO SISTE-
MA NERVOSO CENTRAL
Tanto o encéfalo quanto a medula
espinal apresentam corpos celula-
res e fibras nervosas (axônios). O
aglomerado de corpos celulares
origina a substância cinzenta, e a
junção das fibras nervosas origina
a substância branca. As células da
glia estão presentes tanto na subs-
tância cinzenta quanto na branca.
Na medula espinal, a substância
cinzenta fica localizada por den-
tro da substância branca e se pa-
824
EDUCAÇÃO FÍSICA

rece com uma borboleta ou com


a letra H. No encéfalo, essa subs-
tância fica localizada predomi-
nantemente por fora da substân-
cia branca, constituindo, assim,
o córtex cerebral. A substância
branca do encéfalo é chamada de
centro branco medular do cére-
bro. Vale ressaltar que parte da
substância cinzenta do encéfalo
se localiza em meio à substância
branca, constituindo os núcle-
os da base (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
825
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Embora os núcleos da base tam-


bém tenham funções não motoras
(cognitiva, emocional, de motiva-
ção e seleção de informações sen-
sitivas para o controle motor), eles
atuam principalmente no contro-
le do movimento. Por isto, as suas
lesões podem causar vários distúr-
bios motores, como coréia, atetose,
balismo, distonia, tiques, síndro-
me de Tourette (tiques motores e
vocais) e distúrbios hipocinéticos
(como o Parkinsonismo).

826
EDUCAÇÃO FÍSICA

Dentre tais núcleos, pode-se citar


o caudado, o lentiforme (putame e
glóbulo pálido), o claustro, o corpo
amigdaloide (parte do sistema lím-
bico, é um importante centro regu-
lador do comportamento sexual e
da agressividade), o núcleo basal de
Meynert e o núcleo accumbens.

827
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 6 - Núcleos da base do cérebro e centro


branco medular do cérebro

828
EDUCAÇÃO FÍSICA

MEDULA ESPINAL
Sem dúvida, a medula espinal
(ME) é imprescindível ao movi-
mento. Por isto, quando ela é le-
sionada, quadros de paraplegia ou
de tetraplegia podem ocorrer.
Segundo Machado e Haertel
(2014), a ME é uma massa cilín-
drica de tecido nervoso que fica
localizada dentro do canal verte-
bral. O seu nome (medula) sig-
nifica justamente aquilo que fica
por dentro, o miolo.

829
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O seu calibre não é uniforme, pois


ela é mais calibrosa onde as raízes
nervosas que formam os plexos bra-
quial e lombossacral fazem cone-
xão. Estes plexos são aglomerados
de nervos (neurônios) que inervam
os membros superiores e inferiores.
A ME se comunica superiormen-
te com o bulbo (ao nível do fora-
me magno do osso occipital) e,
inferiormente, ela termina afilan-
do-se para formar o cone medular,
o qual continua com um delgado
filamento meníngeo, o filamento
830
EDUCAÇÃO FÍSICA

terminal, ao nível da segunda vér-


tebra lombar. Assim, no adulto, a
medula não ocupa todo o canal
vertebral, tendo 45 cm no homem
e 42 cm na mulher.
Tal fato tem importância clínica,
pois, abaixo da segunda vértebra
lombar, o canal vertebral não tem
mais ME, todavia, contém apenas
as meninges e as raízes nervosas
dos últimos nervos espinais que
formam a cauda equina. Isto por-
que ME e vértebras crescem em
ritmos diferentes.
831
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 7 - Medula espinal e os seus limites

832
EDUCAÇÃO FÍSICA

A ME apresenta sulcos longitudi-


nais onde se conectam os filamen-
tos radiculares que formam as raízes
dos nervos espinais. Estes nervos
trazem à medula informações sen-
sitivas da periferia do corpo para
serem conduzidas ao encéfalo, e
levam as ordens do encéfalo à pe-
riferia do corpo. Isto explica por-
que uma lesão na ME pode causar
perdas sensitivas e/ou motoras.
Para dar maior proteção à ME,
membranas fibrosas chamadas
meninges fazem o revestimento
833
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

externo. A dura-máter é a mais


externa das meninges, a mais es-
pessa e a mais resistente. A pia-
-máter é a mais delicada e inter-
na, e adere intimamente ao tecido
nervoso. Já a aracnoide-máter se
dispõe entre as outras duas, for-
mando um emaranhado de tra-
béculas aracnóideas.

834
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 8 - Sulcos da medula espinal e meninges

835
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

É importante ressaltar que além


das lesões medulares de origem
traumática (como acidentes au-
tomobilísticos, quedas, tiros, fa-
cadas etc.), a ME também pode
ser acometida por doenças neo-
plásicas (câncer) e degenerativas,
as quais são tão incapacitantes
quanto as traumáticas.
ENCÉFALO
Como vimos anteriormente, o
encéfalo é composto por tronco
encefálico (bulbo, ponte e me-
836
EDUCAÇÃO FÍSICA

sencéfalo), cerebelo, diencéfalo e


telencéfalo. Estudaremos a partir
de agora cada uma destas porções,
relacionando-as ao movimento
sempre que possível.
Tronco encefálico
O tronco encefálico fica acima
da ME, abaixo do diencéfalo e à
frente do cerebelo. Ele é composto
pelo bulbo (inferiormente), me-
sencéfalo (superiormente) e pon-
te (entre o bulbo e o mesencéfa-
lo). A sua grande importância é,
837
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

em parte, atribuída ao fato de 10


dos 12 pares de nervos cranianos
estarem conectados a ele. Por isto,
lesões bulbares podem ser muito
graves e com sintomas bastante
variados. Todo o texto que segue
foi escrito a partir das considera-
ções de Afifi e Bergman (2007),
Machado e Haertel (2014) e ou-
tros autores importantes da área.

838
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 - Visão geral do tronco encefálico

839
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Bulbo
O bulbo fica abaixo da ponte e
acima da ME (acima do forame
magno). A sua superfície tam-
bém apresenta sulcos longitudi-
nais como a medula espinal.
De cada lado do bulbo existe uma
eminência alongada chamada pi-
râmide, que é formada por um fei-
xe de fibras nervosas, as quais, por
sua vez, descem das áreas motoras
do cérebro até os neurônios moto-
res localizados na ME. Assim, as
pirâmides do bulbo são essenciais
840
EDUCAÇÃO FÍSICA

ao movimento e nelas ocorre um


cruzamento parcial dessas fibras,
formando a decussação das pirâ-
mides. Isto explica o fato de uma
lesão do lado direito do encéfalo
causar perda motora do lado es-
querdo do corpo (ou seja, o défi-
cit motor é contralateral à lesão).
Complementarmente, o bulbo
tem diversas outras funções. Ele é
considerado um importante cen-
tro nervoso, pois se relaciona às
funções respiratória e cardiovas-
cular, à tosse, ao vômito, à deglu-
841
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

tição e ao bocejo. Além disso, ele


ajuda a formar o IV ventrículo,
e em sua área posterior estão os
fascículos grácil e cuneiforme, os
quais são constituídos por fibras
nervosas ascendentes.

Figura 10 - Bulbo, ponte e mesencéfalo


842
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ponte
A ponte fica entre o mesencéfalo e
o bulbo e à frente do cerebelo. Em
relação às suas funções, ela ajuda a
formar o IV ventrículo e apresenta
amplas conexões com o cerebelo,
o que é essencial para a execução
e o refinamento do movimento.
Mesencéfalo
O mesencéfalo fica entre a ponte e
o diencéfalo. Ele é atravessado em
toda a sua extensão por um estreito
canal chamado aqueduto do mesen-
céfalo, que une o III ao IV ventrícu-
843
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

lo, permitindo, assim, a drenagem


do líquido cerebrospinal.
Além disso, o mesencéfalo apre-
senta uma área escura chamada
substância negra, onde existem
neurônios ricos em melanina e di-
retamente relacionados ao movi-
mento. Ele também participa das
vias da audição e da visão.
CEREBELO
O cerebelo situa-se atrás do bulbo
e da ponte e repousa sobre o osso
occipital. Ele se conecta à ME, ao
844
EDUCAÇÃO FÍSICA

bulbo, à ponte e ao mesencéfalo.


A sua porção mediana e ímpar é
chamada de verme, e as suas mas-
sas laterais são os hemisférios ce-
rebelares. Tanto o verme quanto
os hemisférios apresentam sulcos
transversais que delimitam finas
lâminas, estas chamadas de fo-
lhas. Os sulcos mais profundos
são chamados de fissuras.
À semelhança do cérebro, o ce-
rebelo é constituído por um cen-
tro de substância branca (corpo
medular do cerebelo) e revestido
845
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

por uma fina camada de substân-


cia cinzenta (córtex cerebelar).
Dentro do corpo medular exis-
tem quatro pares de núcleos de
substância cinzenta (os núcleos
centrais do cerebelo): denteado,
emboliforme, globoso e fastigial.
O cerebelo deve ser bem conhe-
cido pelos profissionais de Edu-
cação Física devido aos seus as-
pectos funcionais. Isto porque
ele está diretamente relacionado
ao equilíbrio, à coordenação dos
movimentos e à aprendizagem
846
EDUCAÇÃO FÍSICA

motora. Todavia é importante


ressaltar que estudos recentes têm
sugerido que o cerebelo também
apresenta funções não motoras.
Por exemplo, função autônoma,
de comportamento e de cogni-
ção, além de ajudar a formar o
IV ventrículo. Adicionalmente, é
descrito que autistas apresentam
hipoplasia cerebelar e que lesões
cerebelares podem causar sín-
dromes com diferentes sintomas
(GARCIA; MOSQUERA, 2011).

847
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 11 - Cerebelo inteiro

DIENCÉFALO
Como já mencionado, o diencé-
falo, junto com o telencéfalo, for-

848
EDUCAÇÃO FÍSICA

mam o cérebro, o qual representa


a porção mais desenvolvida e im-
portante do encéfalo e que ocu-
pa cerca de 80% da cavidade cra-
niana. Enquanto o telencéfalo se
desenvolveu mais nos sentidos
lateral e posterior, formando, as-
sim, os hemisférios cerebrais, o
diencéfalo ficou quase completa-
mente encoberto pelo telencéfa-
lo, permanecendo, assim, em si-
tuação ímpar e mediana.

849
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 12 - Diencéfalo e cérebro

850
EDUCAÇÃO FÍSICA

O pequeno volume ocupado pelo


diencéfalo não reflete a sua impor-
tância funcional, pois ele desempe-
nha inúmeras e importantes fun-
ções. O diencéfalo se relaciona ao
III ventrículo e compreende qua-
tro regiões principais: tálamo, hi-
potálamo, epitálamo e subtálamo.
O tálamo é uma grande massa
de substância cinzenta, disposta
uma de cada lado do diencéfa-
lo (estas massas são unidas pela
aderência intertalâmica). Ele re-
cebe impulsos motores e sensiti-
851
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

vos vindos da periferia do corpo


(exceto o olfato) e os encaminha
ao córtex cerebral. Relaciona-se
intimamente com a dor e, por isto,
uma lesão talâmica pode causar a
síndrome talâmica dolorosa, o dé-
ficit de memória e de linguagem e
vários outros sintomas.
O hipotálamo fica abaixo do tála-
mo e as suas funções se relacionam
principalmente com o controle da
atividade visceral. Ele é considera-
do um grande centro autônomo e
endócrino, atuando em processos
852
EDUCAÇÃO FÍSICA

como alimentação, ingestão de lí-


quidos, comportamento sexual e
emocional, regulação da tempera-
tura, memória e crescimento.
O epitálamo fica acima do sulco
hipotalâmico. A glândula pineal
é o seu elemento mais evidente,
atuando, portanto, no controle
do ritmo circadiano e na função
gonadal. Por isto, uma lesão nesta
região pode retardar ou adiantar
a puberdade, ou mesmo alterar o
ritmo circadiano.

853
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O subtálamo, que fica abaixo do


tálamo, é bem importante ao pro-
fissional de Educação Física, pois
o seu elemento mais evidente é o
núcleo subtalâmico, cuja função é
controlar e modular o movimento
voluntário. Por isto, quando esse
núcleo é lesionado, pode haver he-
mibalismo (uma doença cujos mo-
vimentos violentos e involuntários
ocorrem na metade do corpo con-
tralateral ao subtálamo lesado).

854
EDUCAÇÃO FÍSICA

Telencéfalo
O telencéfalo compreende os dois
hemisférios cerebrais e uma pe-
quena parte mediana situada na
porção anterior do III ventrículo.
Tais hemisférios são parcialmente
separados pela fissura longitudi-
nal do cérebro, cujo assoalho é for-
mado pelo corpo caloso (o prin-
cipal meio de união entre eles).

855
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 13 - Telencéfalo, dois hemisférios


e fissura longitudinal do cérebro

856
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ele possui duas cavidades cha-


madas ventrículos laterais onde
o líquido cerebrospinal se aloja.
Também apresenta três pontos
projetados (polos frontal, oc-
cipital e temporal), cinco lobos
(frontal, parietal, temporal, occi-
pital e da ínsula) e três faces (su-
perolateral, medial e inferior ou
base do cérebro). Estudaremos
os principais aspectos de cada
uma destas regiões.

857
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 14 - Polos, lobos e faces

A superfície do cérebro humano


apresenta vários sulcos e, assim,
delimitando vários giros. Os giros
aumentam a superfície do cére-
858
EDUCAÇÃO FÍSICA

bro sem aumentar o seu volume,


pois dois terços da área do córtex
cerebral estão “escondidos” nos
sulcos (o encéfalo humano é, por
isto, chamado de girencéfalo; en-
céfalos sem giros são chamados
de lisencéfalos).
Enquanto muitos sulcos são
inconstantes e não recebem no-
mes, outros são constantes e re-
cebem nomes especiais. É im-
portante salientar que o padrão
dos sulcos e dos giros pode ser
diferente nos dois hemisférios
859
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

de um mesmo indivíduo, e não


existe nenhum sulco ou giro que
seja característico de uma deter-
minada raça, sendo, assim, im-
possível a identificação da raça
pelo estudo do cérebro.
Os dois sulcos mais importantes
são o lateral e o central. O lateral
separa os lobos frontal e parietal
do lobo temporal. O sulco central
separa os lobos frontal e parietal
e é ladeado por dois giros parale-
los, o giro pré-central (anterior ao

860
EDUCAÇÃO FÍSICA

sulco) e o pós-central (posterior


a ele). Estes giros relacionam-se,
respectivamente, à motricidade e
à sensibilidade do corpo.

Figura 15 - Sulco lateral e central,


giro pré e pós-central

861
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Dos cinco lobos cerebrais, qua-


tro recebem a sua denominação
de acordo com os ossos do crâ-
nio com os quais se relacionam:
frontal, temporal, parietal e oc-
cipital. Todavia o quinto lobo si-
tua-se profundamente, não se re-
lacionando diretamente com os
ossos do crânio, sendo chamado
de lobo da ínsula. Este lobo asso-
cia-se a funções autônomas.
É importante ressaltar que o peso
do encéfalo depende do peso cor-
poral do indivíduo, da complexi-
862
EDUCAÇÃO FÍSICA

dade do encéfalo (coeficiente de


encefalização; K) e não tem rela-
ção com os estados cultural ou de
inteligência do indivíduo (o encé-
falo de Einstein, por exemplo, pe-
sava 1.230 g). O K é quatro vezes
maior no ser humano do que em
um chimpanzé.
No homem adulto brasileiro nor-
mal, o encéfalo pesa cerca de 1.300
g (1.200 g na mulher). O maior en-
céfalo humano registrado até hoje
pesou 2.850 g e o seu dono tinha
um nível normal de inteligência.
863
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Admite-se que o menor encéfalo


compatível com a inteligência nor-
mal deve pesar cerca de 900 g.
Aspectos funcionais das princi-
pais áreas encefálicas
Algumas áreas encefálicas têm
funções especiais. Mencionare-
mos a seguir as mais importantes.
Os giros frontal superior e frontal
médio relacionam-se à cognição,
ao raciocínio lógico e matemáti-
co, e à memória recente. O giro
frontal inferior do lado esquerdo
864
EDUCAÇÃO FÍSICA

do cérebro é chamado de giro de


Broca e é onde se localiza o cen-
tro da palavra falada.
Enquanto no giro pré-central se
localiza a área motora primária
do cérebro, no giro pós-central se
localiza a área sensitiva deste.
No giro temporal superior está
a área de Wernicke, envolvida na
compreensão da linguagem fala-
da. O giro temporal inferior está
envolvido na percepção visual de
cor e de forma. No giro tempo-
ral transverso anterior se localiza
865
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

o centro cortical da audição (área


acústica primária).
O lóbulo parietal superior está en-
volvido na interação do indivíduo
com o seu meio e, por isto, a pre-
sença de lesões, principalmente no
hemisfério não dominante, causam
negligência em relação a partes do
corpo. Nele existem os giros supra-
marginal e angular, os quais estão
envolvidos na integração de diver-
sas informações sensoriais quanto
à fala e à percepção. Assim, lesões,

866
EDUCAÇÃO FÍSICA

principalmente no hemisfério do-


minante, causam distúrbio na com-
preensão da linguagem e no reco-
nhecimento de objetos.
O corpo caloso une áreas simé-
tricas do córtex cerebral de cada
hemisfério. O giro do cíngulo faz
parte do sistema límbico e, por isto,
afeta o funcionamento visceral, as
emoções e o comportamento. No
lobo occipital está localizada a área
visual primária, e o giro reto está
relacionado ao olfato.

867
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ventrículos encefálicos e líquido


cerebrospinal
Nesta unidade, por várias vezes, os
termos “III ventrículo”, “IV ven-
trículo” e “ventrículos laterais” fo-
ram mencionados. Eles são cavi-
dades do encéfalo. Os ventrículos
laterais (direito e esquerdo) locali-
zam-se nos hemisférios cerebrais;
o III ventrículo fica no diencéfalo;
o IV ventrículo fica entre o bulbo,
a ponte e o cerebelo.

868
EDUCAÇÃO FÍSICA

Eles produzem líquido cerebros-


pinal e se comunicam entre si, per-
mitindo que este líquido circule.
Ele é absorvido pelas granulações
aracnoideas e é drenado para as
veias que drenam o encéfalo. Des-
ta forma, o líquido se mistura ao
sangue e sofre os mesmos proces-
sos de filtragem que ele.
O líquido cerebrospinal é um flui-
do aquoso e incolor que protege o
sistema nervoso central, reduzin-

869
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

do, desta forma, o risco de trau-


mas. Além disso, ele torna o en-
céfalo mais leve, fazendo com que
este flutue, e impede que o seu peso
comprima as raízes dos nervos cra-
nianos e dos vasos sanguíneos con-
tra a superfície interna do crânio.
O seu volume total é de 400 a 500
ml/dia, mas algumas pessoas po-
dem apresentá-lo em maior quan-
tidade (hidrocefalia). Ele se renova
completamente a cada oito horas.

870
EDUCAÇÃO FÍSICA

Meninges
Meninges são membranas con-
juntivas que envolvem o sistema
nervoso central, protegendo-o.
Todavia elas podem ser acome-
tidas por processos patológicos,
como infecções (meningites) ou
tumores (meningiomas).
A dura-máter é a mais externa.
Ela é muito vascularizada e iner-
vada (quase toda a sensibilida-
de intracraniana depende dela, a
qual é responsável pela maioria
871
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

das dores de cabeça).


A aracnoide-máter é intermedi-
ária e se relaciona à absorção do lí-
quido cerebrospinal por meio das
granulações aracnóideas (como
já mencionado).
A pia-máter é a mais interna,
aderindo intimamente à superfí-
cie do encéfalo, acompanhando
sulcos, giros e vasos que penetram
o tecido nervoso.

872
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 16 - Meninges encefálicas


873
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Vascularização da cabeça
e do pescoço
Embora o encéfalo represen-
te apenas uma pequena parte do
corpo, ele recebe muito sangue e
muito oxigênio. Isto por que as
suas estruturas nobres e especia-
lizadas exigem suprimento cons-
tante de glicose e oxigênio para o
seu metabolismo. Por isto, a para-
da da circulação cerebral por mais
de sete segundos leva à perda da
consciência, e após cinco minu-
tos, aparecem lesões irreversíveis.
874
EDUCAÇÃO FÍSICA

O fluxo de sangue tende a dimi-


nuir durante o sono e é maior em
áreas com mais sinapses. Assim,
a falta de oxigênio faz com que
áreas diferentes sejam lesadas em
tempos diferentes.
A irrigação do encéfalo depende
dos ramos das artérias carótida
interna e subclávia. As suas veias
não acompanham as artérias, são
maiores, mais calibrosas, têm pa-
redes muito finas, não têm válvu-
las e são praticamente desprovidas
de músculos. Os sistemas venosos
875
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

superficial e profundo se comuni-


cam e desembocam na veia jugu-
lar interna, a qual desemboca na
veia subclávia e, posteriormente,
no átrio direito do coração.
SAIBA MAIS

Você já ouviu falar de neuroplasticida-


de? Você sabia que a prática de ativi-
dades motoras (exercícios físicos es-
pecíficos) estimulam o nosso cérebro
de maneira fantástica, causando, in-
clusive, mudanças estruturais? Para
saber mais, acesse: <http://www.revis-
taneurociencias.com.br/edicoes/2009/
RN%2017%2002/14.pdf>.
Fonte: a autora.
876
EDUCAÇÃO FÍSICA

Círculo arterial
do encéfalo

Figura 17 - Artérias do encéfalo

877
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Nervoso
Periférico

878
EDUCAÇÃO FÍSICA

Estudaremos as principais corre-


lações do sistema nervoso perifé-
rico (SNP) com o movimento hu-
mano. Para tanto, abordaremos
todas as estruturas que o cons-
tituem e, adicionalmente, discu-
tiremos o que ocorre nas lesões
nervosas. Todo o texto a seguir
será baseado nas considerações
de Afifi e Bergman (2007), Ma-
chado e Haertel (2014) e outros
autores importantes da área.

879
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÃO DO SISTEMA NER-


VOSO PERIFÉRICO
O SNP, de maneira geral, conduz
estímulos da periferia do corpo
ao SNC e leva comandos deste aos
órgãos efetores (que podem ser
músculos ou glândulas) (MOO-
RE et al., 2014).
ESTRUTURAS DO SISTEMA
NERVOSO PERIFÉRICO
O SNP é formado por neurônios
localizados fora do SNC. De acor-
880
EDUCAÇÃO FÍSICA

do com Miranda Neto e Chopard


(2014), ele se organiza em quatro
estruturas principais: termina-
ções nervosas, gânglios (espinais
e autônomos), nervos espinais e
nervos cranianos. As terminações
nervosas são estruturas especiali-
zadas em captar os estímulos da
periferia do corpo; os gânglios
são constituídos por corpos de
neurônios; os nervos unem a par-
te central do SN às estruturas pe-
riféricas do corpo.

881
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Terminações nervosas
As terminações nervosas são ra-
mificações das extremidades das
fibras nervosas dos nervos. Elas
podem ser sensitivas ou aferen-
tes (chamadas de receptores) e
motoras ou eferentes (chamadas
de junção neuroefetora).
Os receptores são estimulados
por uma forma de energia (calor,
luz, pressão etc.) e então originam
um impulso nervoso que segue até
atingir o SNC para ser interpretado
em áreas cerebrais próprias (como
882
EDUCAÇÃO FÍSICA

o giro pós-central ou as áreas 3, 2 e


1 de Brodmann). As terminações
nervosas motoras fazem a contra-
ção muscular ou a secreção glan-
dular, pois trazem as ordens do
SNC até os órgãos efetores.
Existem receptores especiais
e gerais. Os especiais são mais
complexos, estão ligados a um
neuroepitélio (como retina e ór-
gão de Corti) e estão presentes
nos órgãos dos sentidos (visão,
audição, equilíbrio, olfato, gusta-
ção). Os gerais são mais simples,
883
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

espalham-se pelo corpo e po-


dem ser livres ou encapsulados,
conforme tenham ou não uma
cápsula de tecido conjuntivo que
os envolva. Assim, enquanto os
receptores gerais livres não têm
essa cápsula, os receptores gerais
encapsulados são mais comple-
xos, pois se ramificam dentro de
uma cápsula de tecido conjun-
tivo. Os simples são mais abun-
dantes, ramificam-se na pele e
relacionam-se ao tato e às sensi-
bilidades térmica e dolorosa.
884
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 18 - Tipos de receptores

885
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Dentre os receptores gerais encap-


sulados destacam-se o órgão ten-
dinoso de Golgi (OTG), o fuso
neuromuscular (FNM) e os cor-
púsculos sensitivos da pele. Os
corpúsculos sensitivos incluem o
corpúsculo de Meissner (receptor
de tato e pressão, localizado princi-
palmente na pele espessa das mãos
e dos pés), de Ruffini (receptor de
tato e pressão, presente principal-
mente na pele espessa das mãos e
dos pés e na parte pilosa do cor-
po) e de Vater-Paccini (receptor de
886
EDUCAÇÃO FÍSICA

sensibilidade vibratória, presente


principalmente no tecido subcutâ-
neo das mãos e dos pés, nos septos
intermusculares e no periósteo).
O FNM e o OTG são muito
importantes para a contração e
o alongamento muscular e, por
isto, devem ser bem compreen-
didos por você, enquanto dire-
tamente relacionados ao movi-
mento. O FNM é um receptor
proprioceptivo composto por
feixes de fibras musculares mo-
dificadas chamadas fibras intra-
887
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

fusais, uma vez que ficam loca-


lizadas dentro de uma cápsula
de tecido conjuntivo fibroso. Ele
fica paralelo às fibras muscula-
res extrafusais e se liga ao tendão
do músculo. É ativado quando
o comprimento das fibras mus-
culares varia (o que ocorre, por
exemplo, durante a contração e
o alongamento muscular). As-
sim, é importante para a manu-
tenção do tônus muscular e para
o reflexo miotático (por exem-
plo, o reflexo patelar).
888
EDUCAÇÃO FÍSICA

O OTG também é um receptor


proprioceptivo que se localiza na
junção da fibra muscular com o
tendão do músculo esquelético. Ele
permite ao SNC avaliar a força do
músculo e é muito sensível à alte-
ração na tensão deste (ao contrário
do FNM, que é mais sensível à alte-
ração do comprimento muscular).
De maneira geral, os receptores
podem ser classificados de acor-
do com o tipo de estímulo que
os ativa. Quimiorreceptores, por
exemplo, são ativados por estí-
889
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

mulos químicos como os do olfa-


to, da gustação e da artéria caró-
tida; osmorreceptores detectam
variações na pressão osmótica;
fotorreceptores são ativados pela
luz (bastonetes e cones da retina);
termorreceptores são ativados
por estímulos térmicos (termi-
nações nervosas livres); nocicep-
tores são ativados por estímulos
nocivos (terminações nervosas
livres); mecanorreceptores são
ativados por estímulos mecâ-
nicos (audição, equilíbrio, tato,
890
EDUCAÇÃO FÍSICA

pressão, vibração, barorrecepto-


res da carótida, OTG e FNM).
Além disso, os receptores tam-
bém podem ser classificados de
acordo com o local onde estão.
Ínteroceptores ou víscerocep-
tores estão nas vísceras e vasos,
e permitem sensações viscerais
pouco localizadas, como fome,
prazer sexual, sede e dor visceral.
Exteroceptores estão na superfí-
cie externa do corpo e são ativa-
dos por calor, frio, tato, pressão,
luz e som. Proprioceptores estão
891
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

nos músculos, tendões, ligamen-


tos e cápsulas articulares, e os
seus impulsos podem ser cons-
cientes ou inconscientes.
Por fim, a terminação nervosa
motora pode ser somática ou visce-
ral. A somática estimula o múscu-
lo estriado esquelético, formando
a placa motora onde há liberação
do neurotransmissor acetilcolina.
As viscerais terminam no múscu-
lo liso, no estriado cardíaco ou nas
glândulas, pertencem ao sistema
nervoso autônomo e o seu neuro-
892
EDUCAÇÃO FÍSICA

transmissor pode ser a acetilcolina


ou a noradrenalina.
Gânglios
Os gânglios são aglomerados de
corpos de neurônios localizados
fora do sistema nervoso central,
os quais são protegidos pelas cé-
lulas satélites. Existem gânglios
espinais e autônomos.
Os espinais são formados por
neurônios sensitivos e estão liga-
dos à raiz dorsal do nervo espi-
nal. Os autônomos pertencem ao
893
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

sistema nervoso autônomo e po-


dem ser constituídos por corpos
de neurônios simpáticos (gân-
glios simpáticos) ou parassimpá-
ticos (gânglios parassimpáticos).
Enquanto os gânglios simpáticos
estão localizados predominan-
temente nas cavidades torácica e
abdominal, os gânglios parassim-
páticos estão localizados princi-
palmente no interior dos órgãos
(gânglios intramurais).

894
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 19 - Gânglios

Nervos
Nervos são feixes de fibras nervosas
envoltas por tecido conjuntivo e que
se localizam fora do SNC. Os nervos
unem este sistema aos órgãos peri-
895
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

féricos e a sua função é conduzir im-


pulsos nervosos eferentes do SNC à
periferia do corpo, além de fazer o
trajeto contrário, ou seja, conduzir
impulsos nervosos aferentes da pe-
riferia do corpo ao SNC.
Alguns nervos têm apenas fi-
bras nervosas sensitivas (nervos
sensitivos), outros, fibras nervo-
sas motoras (nervos motores) e
outros podem ter ambos os tipos
(nervos mistos). Geralmente, os
motores são profundos, e os sen-
sitivos, superficiais.
896
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em um mesmo nervo podem


existir fibras inativas, já que estas
apresentam funcionamento inde-
pendente. Os nervos podem rear-
ranjar as suas fibras se anastomo-
sando ou se bifurcando, e próximo
à sua terminação, se ramificam
muito. São muito vascularizados,
mas quase não têm sensibilidade
(estímulos dolorosos causam dor
no trajeto do nervo e não no pon-
to onde o estímulo foi feito).
A velocidade de condução do
impulso nervoso varia depen-
897
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

dendo do calibre das fibras ner-


vosas que formam os nervos (em
média, de 1 a 120 m/s). Os nervos
são fortes, pois três membranas
de tecido conjuntivo sustentam e
protegem as suas fibras: o endo-
neuro envolve cada fibra nervosa;
o perineuro envolve um fascícu-
lo destas fibras; o epineuro une
os vários fascículos. Eles podem
ser espinais ou cranianos.

898
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nervos cranianos
São 12 pares de nervos cranianos
ligados ao encéfalo, nominados e
enumerados por algarismo roma-
no. Eles entram e saem do crânio
por forames. A maioria deles se
conecta ao tronco encefálico (ex-
ceto os nervos olfatório e óptico
que ligam-se, respectivamente, ao
telencéfalo e ao diencéfalo, e o ner-
vo acessório que se origina na par-
te superior da medula espinal).
Os nervos olfatório (I par) e óp-
tico (II par) são sensitivos, pois
899
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

são responsáveis, respectivamen-


te, pelo olfato e pela visão. Os ner-
vos oculomotor (III par), troclear
(IV par) e abducente (VI par) são
motores, pois são responsáveis
pelos movimentos dos músculos
extrínsecos do olho.
O nervo trigêmeo (V par) é mis-
to e recebe este nome porque as
suas fibras originam três nervos:
oftálmico, maxilar e mandibular.
De maneira geral, ele dá a sensi-
bilidade exteroceptiva (tempera-
tura, dor, tato e pressão) de gran-
900
EDUCAÇÃO FÍSICA

de parte da cabeça (face, dentes,


boca, cavidade nasal e dura-má-
ter craniana), a sensibilidade ex-
teroceptiva e proprioceptiva dos
músculos mastigatórios e da ar-
ticulação temporomandibular,
inerva os músculos mastigató-
rios, o milo-hioideo, o ventre an-
terior do digástrico, o tensor do
véu palatino e o tensor do tímpa-
no. Se este nervo for acometido
(nevralgia ou neuralgia do trigê-
meo), pode haver dor intensa no
couro cabeludo, na mandíbula, na
901
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

fronte, nos olhos, nariz e lábios.


O nervo facial (VII par) também
é misto. Os seus ramos motores
incluem o temporal, o zigomáti-
co, o bucal, o marginal da mandí-
bula e o cervical, os quais inervam
os músculos da expressão facial,
da orelha, do ventre posterior do
digástrico, do estilo-hioideo e do
músculo estapédio. O nervo facial
inerva as glândulas lacrimais e as
glândulas salivares sublingual e
submandibular. Adicionalmente,
ele dá sensibilidade gustativa aos
902
EDUCAÇÃO FÍSICA

dois terços anteriores da língua,


ao palato mole e a uma pequena
área de pele da orelha.
O nervo vestibulococlear (VIII
par) permite o equilíbrio, a orienta-
ção espacial e a audição. A sua lesão
pode causar enjoo, desequilíbrio,
nistagmo, vertigem e hipoacusia.
O nervo glossofaríngeo (IX par)
é misto. Ele dá movimento ao
músculo estilofaríngeo, permite
a inervação da glândula parótida
e dá sensibilidade ao terço poste-
rior da língua e da faringe.
903
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

O nervo vago (X par) é o nervo


mais longo e o de distribuição mais
extensa do corpo e, por isto, ele re-
cebeu este nome (derivado do la-
tim vagari, que significa “errante”).
Inerva palato, faringe, laringe, esô-
fago, brônquios, pulmões, coração,
estômago e intestinos. Ele é misto.
O nervo acessório (XI par) é for-
mado por uma raiz craniana (bul-

904
EDUCAÇÃO FÍSICA

bar) e outra espinal. Ele é motor e


inerva músculos da laringe e das
vísceras torácicas e os músculos
trapézio e esternocleidomastoideo.
O nervo hipoglosso (XII par) é
motor e dá movimento aos mús-
culos da língua. A sua lesão pode
causar desvio lateral da língua
quando se faz a protrusão.

905
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 20 - Nervos cranianos

906
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nervos espinais
São 31 pares de nervos espinais
ligados à medula espinal e que
inervam o tronco, os membros,
o pescoço e parte da cabeça. Eles
são identificados por uma letra
(que identifica a região da medula
à qual pertencem) e um número
(que identifica a sua ordem). Por
exemplo, o nervo T4 é o quarto
nervo da região torácica. Assim,
existem oito nervos cervicais, 12
torácicos, cinco lombares, cinco
sacrais e um coccígeo.
907
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 21 - Nervos espinais

908
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 22 - Formação dos nervos espinais

909
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Os nervos espinais emergem da


medula espinal por meio de radí-
culas que saem dos sulcos da me-
dula e formam as raízes ventral
e dorsal. Enquanto a raiz ventral
tem axônios de neurônios moto-
res e inerva órgãos efetores (mús-
culos e glândulas), a raiz dorsal
tem axônios de neurônios sensi-
tivos vindos das terminações sen-
sitivas da periferia e cujos corpos
estão nos gânglios espinais.
As raízes ventrais e dorsais
unem-se e formam o tronco do
910
EDUCAÇÃO FÍSICA

nervo espinal, que é misto e com


componentes viscerais e somáti-
cos. O tronco se divide em ramos
dorsal e ventral. O dorsal inerva
pele, músculos da região occipi-
tal, nuca, região dorsal do tronco
e articulações sinoviais da coluna
vertebral. São separados uns dos
outros e não formam plexos ner-
vosos (são unissegmentares).
O ramo ventral inerva pele, mús-
culos, ossos, articulações e vasos
da região ântero-lateral do pes-
coço, tronco e membros. Na re-
911
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

gião torácica, os ramos ventrais


têm trajeto paralelo às costelas
(são unissegmentares), mas em
outras regiões, se anastomosam
e formam plexos plurissegmen-
tares (com fibras de mais de um
segmento medular).
Os principais plexos são: cervi-
cal, braquial, lombar e sacral. No
entanto também é descrito o ple-
xo coccígeo, que inerva a articu-
lação sacrococcígea, o músculo
coccígeo e parte do músculo le-
vantador do ânus. Dele se origi-
912
EDUCAÇÃO FÍSICA

nam os nervos anococcígeos, que


inervam uma pequena área de
pele entre o cóccix e o ânus.
Resumidamente, o plexo cervi-
cal inerva a pele e os músculos
da cabeça, do pescoço, ombro e
tórax, e tem um ramo de cada
lado (o nervo frênico), que iner-
va o músculo diafragma. O ple-
xo braquial inerva o membro su-
perior. O plexo lombar inerva os
músculos abdominais, as regiões
inguinal e púbica e os membros
inferiores. O plexo sacral inerva
913
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

as vísceras pélvicas e o membro


inferior. Este plexo emite, além
de vários outros nervos, o nervo
isquiático. Este é popularmen-
te chamado de ciático e é consi-
derado o mais calibroso e longo
nervo do corpo (chega aos dedos
dos pés). O isquiático não inerva
estruturas da região glútea, mas
sim, os músculos posteriores da
coxa, da perna e do pé, a pele da
maior parte da perna e do pé e
todas as articulações do membro
inferior.
914
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 - Plexos
915
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

LESÃO NERVOSA
Uma lesão nervosa pode ocorrer
por diversas causas (trauma, faca-
da, tiro etc.) e pode gerar graves
danos, principalmente aos mo-
vimentos e à sensibilidade, pois
quando uma lesão ocorre, é co-
mum que o axônio se degenere.
Em casos específicos, todavia,
pode haver a regeneração dos axô-
nios e a reversão dos sintomas. Um
fator que pode contribuir para a re-
generação do neurônio é a presen-
ça de uma glicoproteína chamada
916
EDUCAÇÃO FÍSICA

laminina, produzida pelas células


de Schwann no SNP (no SNC, a la-
minina não é produzida). Ela atua
como um fator neurotrófico que
estimula o crescimento neuronal.
É possível, no entanto, que essa re-
generação não ocorra espontanea-
mente, podendo, inclusive, ocorrer
formação de neuroma (um cresci-
mento desordenado dos axônios,
formando uma estrutura sensível,
comum após amputações). Neste
caso, uma intervenção cirúrgica
pode ser necessária.
917
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Sistema Nervoso
Autônomo

918
EDUCAÇÃO FÍSICA

Para finalizarmos esta unidade,


estudaremos os principais aspec-
tos do sistema nervoso autôno-
mo (SNA), apresentando as suas
características gerais do ponto de
vista morfológico e funcional, as
principais diferenças entre SNA
simpático e parassimpático, fa-
zendo, quando possível, a corre-
lação de todo este conteúdo com
o movimento humano.

919
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

CLASSIFICAÇÃO
FUNCIONAL DO SN
Funcionalmente, o SNA pode ser
classificado em SN visceral e so-
mático. Enquanto o SN somático
(também chamado de SN de vida
de relação) permite ao organismo
se relacionar com o meio ambien-
te que o cerca, o SN visceral (ou
SN de vida vegetativa) permite ao
organismo manter o seu controle
interno (homeostasia corporal).
Para isto, tanto o SN somáti-
co quanto o visceral apresentam
920
EDUCAÇÃO FÍSICA

vias sensitivas (aferentes) e moto-


ras (eferentes). A via sensitiva no
SN somático origina-se em exte-
roceptores e, no SN visceral, ori-
gina-se em ínteroceptores ou vís-
ceroceptores. Exteroceptores são
receptores sensitivos localizados
na parte externa do corpo e cuja
função é levar informações da pe-
riferia ao SNC. Já os víscerocepto-
res são receptores sensitivos loca-
lizados nas vísceras e cuja função
é levar informações da parte in-
terna do corpo ao SNC.
921
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A via motora no SN somático


traz comandos do SNC ao mús-
culo estriado esquelético e a sua
função é possibilitar movimen-
tos voluntários. Já a via motora
do SN visceral leva comandos do
SNC aos órgãos (constituídos de
músculo liso ou estriado cardía-
co), às glândulas e aos adipócitos,
possibilitando, assim, ações invo-
luntárias como batimentos cardí-
acos, movimentos peristálticos e
secreção glandular.

922
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em resumo, se os aspectos fun-


cionais desempenhados pelo SN
forem voltados à sobrevivência do
indivíduo no meio que o cerca,
estamos falando do SN somático.
Mas se os aspectos funcionais de-
sempenhados pelo SN forem vol-
tados ao controle do ambiente in-
terno do corpo, estamos falando
de SN visceral.

923
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

REFLITA
Afinal, o que é o SNA? Ele nada
mais é do que a via motora (efe-
rente) do SN visceral. Desta forma,
a sua função é levar os comandos
do SNC às vísceras para manter
a homeostasia. Ele é subdividido
em SNA simpático, parassimpá-
tico e SN entérico.

SNA SIMPÁTICO E
PARASSIMPÁTICO
As vias eferentes do SNA simpá-
tico e parassimpático apresentam
dois neurônios. Um deles tem
924
EDUCAÇÃO FÍSICA

o corpo no SNC (neurônio pré-


-ganglionar), e o outro tem o cor-
po em gânglios motores do SNP
(neurônio pós-ganglionar).
O SNA simpático é considerado
toracolombar, pois os seus neurô-
nios pré-ganglionares estão loca-
lizados nos segmentos torácicos
e lombares da medula espinal. As
suas fibras pré-ganglionares geral-
mente são curtas e fazem sinapse
com neurônios pós-ganglionares
localizados em gânglios simpáti-
cos vertebrais e pré-vertebrais. As
925
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

suas fibras pós-ganglionares ge-


ralmente são longas, indo até os
órgãos efetores. O simpático é res-
ponsável por: constrição dos vasos
sanguíneos, dilatação da pupila,
secreção das glândulas sudorípa-
ras, ereção dos pelos, aumento do
ritmo cardíaco, dilatação dos brô-
nquios, diminuição do peristal-
tismo, fechamento dos esfíncteres
do tubo digestório, estimulação da
secreção da glândula suprarrenal,
aumento da contração da muscu-
latura lisa do sistema genital mas-
926
EDUCAÇÃO FÍSICA

culino e feminino e ejaculação.


O SNA parassimpático é consi-
derado craniossacral, pois os seus
neurônios pré-ganglionares lo-
calizam-se em núcleos do tronco
encefálico, anexos aos nervos cra-
nianos (III, VII, IX e X pares) e nos
segmentos sacrais da medula espi-
nal. As suas fibras pré-gangliona-
res geralmente são muito longas e
fazem sinapse com os neurônios
pós-ganglionares dos gânglios
motores viscerais, que estão loca-
lizados próximos ou dentro das
927
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

vísceras. Quando estimulados, fa-


zem as glândulas lacrimais e sali-
vares secretarem e causam cons-
trição da pupila e dos brônquios,
acomodação visual, bradicardia,
ativação dos movimentos peristál-
ticos, relaxamento dos esfíncteres
do tubo digestório, estimulação da
secreção das glândulas anexas dos
genitais e ereção.
Fatores como tabagismo e es-
tresse emocional estimulam exa-
geradamente o SNA simpático,
predispondo à elevação da pres-
928
EDUCAÇÃO FÍSICA

são arterial, à impotência sexual


e aos distúrbios do sistema diges-
tório. Por isto, se estes estímulos
forem persistentes ou frequentes,
pode haver sobrecarga em vários
órgãos, inclusive no coração. Tal
fato é extremamente maléfico e
está associado às alterações comu-
mente presentes no estresse, como
taquicardia, “frio na barriga”, dor
no estômago, alterações respira-
tórias e tantas outras relacionadas
à ativação do SNA simpático.
Os neurônios centrais do SNA
929
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

constituem núcleos viscerais na


medula espinal e tronco encefá-
lico, e obedecem a centros supe-
riores do diencéfalo, cerebelo e
córtex cerebral. Os gânglios ver-
tebrais localizam-se ao lado da
coluna vertebral, são unidos entre
si por feixes nervosos e formam
o tronco simpático (direito e es-
querdo), e estes se ligam aos ner-
vos espinais por meio dos ramos
comunicantes. Enquanto os gân-
glios pré-vertebrais ficam à frente
da coluna vertebral, os gânglios
930
EDUCAÇÃO FÍSICA

periféricos ficam muito próximos


ou dentro dos órgãos.

Figura 24 - Sistema simpático

931
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 25 - Sistema parassimpático

932
EDUCAÇÃO FÍSICA

SN ENTÉRICO
O SN entérico é constituído por
neurônios localizados entre as cé-
lulas da parede do tubo digestório.
Ele é formado por neurônios sensi-
tivos, motores e interneurônios. Os
seus principais componentes são o
plexo submucoso e o mioentérico.
A maior parte dos neurônios
motores são neurônios pós-gan-
glionares do SNA parassimpáti-
co. Os neurônios sensitivos são
estimulados por alterações na
tensão da parede dos intestinos
933
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

e por alterações químicas na luz


intestinal. Assim, pode-se dizer
que o SN entérico é fundamental
para o controle da motilidade do
intestino, da tonicidade dos va-
sos sanguíneos intestinais, da ve-
locidade de proliferação das cé-
lulas de revestimento epitelial do
tubo digestório, da secreção de
hormônios e para a absorção de
nutrientes (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).

934
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 26 - Sistema nervoso entérico

RELAÇÃO SNA E
MOVIMENTO HUMANO
Inicialmente, nesta unidade, abor-
damos as subdivisões do sistema
nervoso, as suas funções gerais, a
935
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

sua constituição em termos mi-


croscópicos (estudando as células
que o formam e as funções que de-
sempenham) e a sua constituição
em termos macroscópicos (estu-
dando cada estrutura que o forma,
bem como os seus aspectos funcio-
nais). Além disso, foi apresentada
uma visão geral de como o siste-
ma nervoso é capaz de controlar o
funcionamento do corpo ao man-
tê-lo em constante homeostasia.
Em um segundo momento, esta
unidade enfatizou que o SN somá-
936
EDUCAÇÃO FÍSICA

tico dedica-se à interação do in-


divíduo com o meio que o cerca,
possibilitando movimentos volun-
tários e sendo, por isto, denomina-
do sistema nervoso de vida de re-
lação. Por outro lado, o SN visceral
se encarrega de manter o adequa-
do funcionamento dos nossos ór-
gãos, sendo, por isto, chamado de
sistema nervoso de vida vegetati-
va. Ademais, é importante lembrar
que a parte eferente ou motora do
SN visceral é o chamado sistema
nervoso autônomo (SNA).
937
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Agora considerando o seu en-


tendimento sobre todos os tópi-
cos descritos anteriormente e a
sua capacidade de perceber a in-
tegração entre eles, é importan-
te que façamos uma correlação
de como o SNA age em situações
de realização do exercício físico.
Em primeiro lugar, é importan-
te pontuar que o SNA simpático
está mais relacionado ao exercí-
cio, uma vez que este, de maneira
geral, é responsável pela estimula-
ção dos nossos órgãos, enquanto
938
EDUCAÇÃO FÍSICA

que o SNA parassimpático tende


a diminuir tal estímulo. Assim,
enquanto o SNA parassimpático
tende a agir em situações de rela-
xamento (como quando dormi-
mos, por exemplo), o SNA simpá-
tico tende a agir em situações em
que nosso corpo é exigido com
maior intensidade (como duran-
te o estresse físico e psicológico e
a prática de exercícios físicos).
Isso acontece porque, durante o
exercício físico, o nosso coração
deve se contrair mais rapidamen-
939
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

te e com maior força para permitir


que um volume maior de sangue
seja encaminhado aos músculos
que estão se contraindo. Para tan-
to, o calibre dos vasos sanguíneos
deve ser ajustado a fim de que o
fluxo sanguíneo seja remanejado
das vísceras para o aparelho lo-
comotor. Vale pontuar que a ta-
quicardia inicialmente observa-
da na prática do exercício tende a
diminuir à medida que o indiví-
duo ganha condicionamento físi-
co. Assim, em alguém sedentário,
940
EDUCAÇÃO FÍSICA

ocorre grande aumento da frequ-


ência cardíaca. Já em alguém com
melhor preparo físico, a taquicar-
dia é compensada pelo aumento
da força de contração do coração.
Este passa a se contrair menos ve-
zes, porém, com maior volume de
ejeção (ou seja, de sangue ejetado
pelo coração quando este se con-
trai). Isto justifica o fato de um in-
divíduo com bom nível de treina-
mento aeróbio, por exemplo, não
ficar tão taquicárdico quanto um
indivíduo sedentário.
941
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

Ademais, os pulmões passam a


ter que oxigenar uma quantidade
maior de sangue a fim de deixá-lo
arterial (já que recebem grande
quantidade de sangue venoso ad-
vindo dos músculos). Para tanto,
ocorre broncodilatação (os brôn-
quios relaxam).
Complementarmente, como o
exercício físico é considerado um
fator que modifica a homeostasia
corpórea e causa certo estresse fí-
sico (tanto maior quanto maiores
forem a sua intensidade e dura-
942
EDUCAÇÃO FÍSICA

ção), outras alterações ocorrem.


As pupilas dilatam, e a salivação,
o peristaltismo e a contração da
bexiga urinária são inibidos. To-
davia, a fim de que haja um for-
necimento rápido de energia para
possibilitar a contração muscular,
o fornecimento de glicose é esti-
mulado, assim como a secreção
de adrenalina e noradrenalina.
Ao término da prática do exercí-
cio, no entanto, faz-se necessário
que haja uma atuação mais acen-
tuada do SNA parassimpático para
943
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

que o organismo retorne às suas


condições basais de funcionamen-
to. Assim, parte daquela sensação
agradável que sentimos após um
treino deve-se ao relaxamento in-
duzido pelo parassimpático.

944
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

A prática de modalidades específicas de


esporte requer um treinamento tam-
bém específico. Um exemplo pode ser
dado ao se trabalhar o condicionamen-
to de atletas de surfe: o planejamento
do treino físico deve ser baseado nas
exigências cardiorrespiratórias e meta-
bólicas impostas ao organismo durante
as diferentes fases que compõem uma
bateria competitiva de surfe.
Assim, é essencial ao profissional de Edu-
cação Física (por estar diretamente envol-
vido neste planejamento) compreender
todas as adaptações cardiorrespirató-
rias e metabólicas ocorridas durante os
diferentes eventos que compõem uma
bateria competitiva desta modalidade.

945
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA

A mediação das adaptações cardior-


respiratórias e metabólicas depende
diretamente da contribuição do siste-
ma nervoso autônomo. Portanto, o seu
conhecimento em termos morfológicos
e funcionais é essencial.
Para saber mais, acesse: <http://
books.scielo.org/id/tb94w/pdf/cam-
pos-9788523212209-08.pdf>.
Fonte: a autora.

946
considerações finais

O estudo desta unidade permitiu


a visão geral sobre as divisões di-
dáticas do SN e os seus principais
aspectos morfológicos e funcio-
nais. No desenvolvimento deste
estudo, foi enfatizado que as três
principais partes do sistema ner-
voso (sistema nervoso central, sis-
tema nervoso periférico e sistema
nervoso autônomo) agem em con-
junto para possibilitar o controle e
a integração das atividades sensiti-
vas, motoras, viscerais, cognitivas
e comportamentais do indivíduo.
947
considerações finais

Certamente, o estudo específico


das estruturas que o formam, das
funções que cada uma de suas es-
truturas desempenham e das for-
mas de organização do sistema
nervoso como um todo são pré-
-requisitos essenciais a quem tra-
balha com o movimento corpó-
reo, uma vez que este importante
sistema está diretamente envolvi-
do no planejamento, na execução,
na correção e no aprimoramento
deste movimento. É exatamente
por isto que um atleta, mesmo sa-
948
considerações finais

bendo como se faz um arremesso


ou um chute e já tendo praticado
isso inúmeras vezes, continua fa-
zendo indefinidamente até con-
seguir a perfeição do ato motor.
Além disso, é essencial entender
como ocorre a conectividade do
sistema nervoso com os outros sis-
temas do corpo humano para que
se tenha uma visão geral dos me-
canismos que possibilitam a ma-
nutenção da vida em condições
adequadas. pois embora o sistema
nervoso de fato seja responsável
949
considerações finais

pelos principais ajustes necessários


à homeostasia, ele não o faz de ma-
neira isolada, mas sim na base da
dependência e da coparticipação
em relação aos outros sistemas.
Por fim, este conhecimento apli-
cado ao sistema nervoso, além de
ser apaixonante, é extremamente
relevante à prevenção, ao diag-

950
considerações finais

nóstico e ao tratamento das mais


diversas desordens desse sistema.
Por isto, o seu estudo histológico,
anatômico e fisiológico é impres-
cindível a todo profissional da
saúde. Portanto, sugiro que você
se aplique em conhecê-lo e, quem
sabe, goste tanto do sistema ner-
voso a ponto de seguir nesta área.

951
atividades de estudo

1. As diferentes estruturas do
sistema nervoso, embora
ajam em conjunto, desem-
penham funções específicas.
Considere os seus conheci-
mentos sobre o tema e faça a
associação correta entre es-
trutura nervosa e função.
a) Medula espinal
b) Hipotálamo
c) Corpo caloso
d) Bulbo
e) Cerebelo
952
atividades de estudo

( ) Une partes semelhantes do


telencéfalo.
( ) Contém o segundo neurô-
nio da via motora.
( ) É responsável pelo equilíbrio,
pela coordenação e aprendi-
zagem motoras e pelo tônus
muscular.
( ) Relaciona-se ao controle
endócrino.
( ) Nele se localizam importan-
tes centros nervosos, como o
da respiração e o vasomotor.
953
atividades de estudo

A sequência correta para a


resposta da questão é:
a) c, a, e, b, d.
b) a, c, e, b, d.
c) b, d, e, c, a.
d) d, b, e, a, c.
e) e, c, a, b, d.
2. Os nervos cranianos po-
dem ser motores, sensitivos
ou mistos e exercem funções
específicas. Estão elencados
a seguir os nomes de alguns
pares de nervos cranianos.
954
atividades de estudo

Associe tais nomes às suas de-


finições.
I - I. Nervo facial
II - II. Nervo vago
III - III. Nervo trigêmeo
IV - IV. Nervo acessório
( ) Nervo misto cuja função é
complementada pelo VII par de
nervo craniano, uma vez que
auxilia na inervação sensitiva
da face. Além disso, é respon-
sável pela inervação motora
dos músculos mastigatórios.
955
atividades de estudo

( ) Nervo motor responsável pela


inervação dos músculos ester-
nocleidomastoideo e trapézio.
( ) Inerva importantes órgãos
do corpo, como o coração e os
intestinos.
( ) Nervo misto que dá parte
da inervação sensitiva à face e
a inervação motora dos mús-
culos mímicos (da expressão
facial).
A sequência correta para a res-
posta da questão é:
956
atividades de estudo

a) III, I, IV, II.


b) IV, III, II, I.
c) II, III, I, IV.
d) I, II, III, IV.
e) III, IV, II, I.
3. A imagem a seguir mostra
um fragmento do tecido ner-
voso com algumas de suas
células. Considerando que
neurônios e células da glia
coexistem tanto no sistema
nervoso central (SNC) quanto

957
atividades de estudo

no sistema nervoso periférico


(SNP), e que desempenham
funções específicas, preen-
cha o quadro com as funções
específicas das células da glia:

958
atividades de estudo

Célula Função
Astrócito
Micróglia
Células
ependimárias
Células satélites
Células de
Schwann

4. Anos de pesquisa em neu-


rologia têm mostrado que
cada área do encéfalo de-
sempenha funções específi-
cas, o que explica o fato de
que sintomas diferentes po-
959
atividades de estudo

dem aparecer em indivíduos


que sofreram traumatismo
crânio encefálico (TCE) em
diferentes regiões. Alguns
importantes pesquisadores,
como Paul Pierre Broca, Karl
Wernicke e Brodmann, iden-
tificaram alguns dos vários
centros nervosos atualmente
conhecidos. Preencha a tabe-
la a seguir com os nomes das
áreas encefálicas numeradas
de 1 a 5 e explique as suas
principais funções:
960
atividades de estudo

Estrutura Nome Função


1
2
3
4
5
961
atividades de estudo

5. Enquanto o sistema nervoso


somático cuida da relação do
indivíduo com o meio, o siste-
ma nervoso visceral é respon-
sável pelo funcionamento dos
órgãos. Considerando que o
sistema nervoso autônomo
(SNA) representa a parte efe-
rente ou motora do sistema
nervoso visceral, assinale a al-
ternativa correta:
a) O SNA simpático causa a
diminuição do diâmetro da
pupila.
962
atividades de estudo

b) O SNA parassimpático cau-


sa taquicardia.
c) O SNA simpático e parassim-
pático agem em concordância
para possibilitar a homeosta-
sia corpórea.
d) Durante o período que an-
tecede e prepara o organismo
para o sono, o SNA simpático
age de maneira expressiva.
e) O exercício físico ativa prin-
cipalmente o SNA parassim-
pático.
963
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o artigo indicado a seguir


que trata de como o exercício
físico pode modificar o fun-
cionamento do SNA. Neste
estudo, os autores apresen-
tam avaliações dos níveis de
atividade do sistema nervo-
so autônomo simpático e pa-
rassimpático em atletas de
alta performance pratican-
tes de atletismo. A avaliação
dos atletas do estudo foi feita
considerando a análise de va-
964
LEITURA
COMPLEMENTAR

riabilidade da frequência car-


díaca. A leitura vale a pena.
Apaixone-se pela neurologia!
COMPORTAMENTO
DO SISTEMA NERVOSO
AUTÔNOMO EM ATLETAS
DE ALTA PERFORMANCE
O exercício físico regular está
associado com uma taxa de
mortalidade global diminu-
ída. Os efeitos benéficos do
exercício físico regular contri-
965
LEITURA
COMPLEMENTAR

buem para a saúde de uma


forma global e para reduzir
a mortalidade cardiovascular
incluindo, por exemplo, influ-
ências no metabolismo lipídi-
co, melhora da resistência à
insulina, e tem também efei-
tos na função do sistema ner-
voso autônomo.
A variabilidade da frequência
cardíaca significa a oscilação
no intervalo entre sucessivos
batimentos cardíacos como
966
LEITURA
COMPLEMENTAR

também a oscilação entre su-


cessivos batimentos cardíacos
instantâneos e intervalos R–R.
A modulação cardíaca auto-
nômica é o principal regula-
dor da Variabilidade da FC
(VFC), sendo assim, a variabi-
lidade da FC é um indicador
indireto, qualitativo e quan-
titativo da função do sistema
nervoso autônomo.
A FC é primariamente con-
trolada pela atividade direta
967
LEITURA
COMPLEMENTAR

do sistema nervoso autôno-


mo na ritmicidade própria do
nódulo sino-atrial, pelos seus
dois ramos (simpático e pa-
rassimpático).
No repouso prevalece a ativi-
dade vagal (parassimpática),
que é progressivamente inibi-
da com o aumento do exercí-
cio onde passa a prevalecer a
atividade simpática. Imediata-
mente após o exercício o que
se encontra ainda é uma pre-
968
LEITURA
COMPLEMENTAR

valência de atividade simpática


e uma inibição parassimpática.
O treinamento esportivo utili-
zado neste estudo foi o treino
metabólico, que se caracteriza
por um estresse ao metabo-
lismo energético de forma ge-
ral e/ou sistema cardiorespira-
tório. Exemplo, trabalhos que
estimulem a geração de ener-
gia via sistemas aeróbicos ou
anaeróbicos láticos ou aláticos.
Este estudo teve como objeti-
969
LEITURA
COMPLEMENTAR

vo analisar o comportamento
do sistema nervoso simpático
e parassimpático em atletas de
alta performance praticantes
de atletismo através da varia-
bilidade da frequência cardía-
ca por sistema informatizado
específico, verificando-se tam-
bém a possibilidade de utiliza-
ção deste tipo de análise como
um teste de screening para a
presença de distúrbios autonô-
micos que possam interferir na
970
LEITURA
COMPLEMENTAR

fisiologia e consequentemente
na performance dos atletas.
O estudo se justifica pelos se-
guintes motivos: importância
da quantificação dos níveis de
recuperação do atleta após
treinamento, necessidade de
individualização de prescrição
de treinamento e recuperação
após esforço e necessidade
de praticidade para aferição
de condições de recuperação.
Fonte: Valio et al. (2005). 971
material complementar

Indicação para Assistir

Diário de uma paixão


Ano: 2004
Sinopse: na década de 40, na Carolina do
Sul, o operário Noah Calhoun e a rica Allie
estão desesperadamente apaixonados,
mas os pais da jovem não aprovam o na-
moro. Quando Noah vai para a Segunda Guerra
Mundial, parece ser o fim do romance. Enquanto
isso, Allie se envolve com outro homem. Quan-
do Noah retorna, anos mais tarde, perto da data
do casamento de Allie, logo se torna claro que a
paixão ainda não acabou. A história é narrada a
partir da atualidade por um homem idoso a uma
senhora portadora de um tipo de demência senil
e residente em um lar de idosos.
Comentário: é um lindo e emocionante filme
que você não pode deixar de assistir. Nele pode-
-se entender como uma degeneração do sistema
nervoso pode de fato destruir a memória de uma
vida toda. Ao mesmo tempo, é possível ver como
o amor verdadeiro não abandona o incapaz. É
uma valorosa lição de vida!

972
referências referências

AFIFI, A. K.; BERGMAN, R. A. Neuroanatomia funcional:


texto e atlas. São Paulo: Roca, 2007.
BORELLA, M. P.; SACCHELLI, T. Os efeitos da prática de
atividades motoras sobre a neuroplasticidade. Rev. Neuro-
cienc., v. 17, n. 2, p. 161-169, 2009. Disponível em: <http://
www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%20
17%2002/14.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018.
GARCIA, P. M., MOSQUERA, C. F. F. Causas neurológicas
do autismo. O Mosaico – Revista de Pesquisa em Artes da
Faculdade de Artes do Paraná. n. 5, jan./jun. 2011.
MACHADO, A. B. M.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia
funcional. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia hu-
mana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2014.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO,
C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2014.

973
referências

PALMEIRA, M. V.; WICHI, R. B.; CAMPOS, H. J. B. C.;


MIRANDA, J. M. Participação do sistema nervoso autôno-
mo nas alterações cardiorrespiratórias e metabólicas duran-
te a prática competitiva do surfe. Práticas investigativas em
atividade física e saúde, Salvador, p. 153-164, 2013.
VALIO, M. A.; PASTRE, C. M.; NETTO JR, J.; SERILO, T.
B.; OLIVEIRA, L. V. F. Comportamento do sistema nervoso
autônomo em atletas de alta performance. Revista Univap,
São José dos Campos, v. 12, n. 23, 2005.

974
gabarito

1. A.
2. E.
3. Astrócitos: controlam a nutrição neuronal
e o influxo de eletrólitos aos neurônios.
Micróglia: são células fagocíticas envolvi-
das na defesa do sistema nervoso central
e na eliminação de invasores (vírus, bacté-
rias etc.).
Células ependimárias: estão relacionadas
à produção do líquido cerebrospinal.
Células de Schwann: sintetizam a bainha
de mielina no sistema nervoso periférico.

4.
1 - Giro pré-central: Nesta área, localiza-se
a área primária do movimento. Uma lesão
pode causar plegia ou paralisia.

975
gabarito

2 - Giro pós-central: nesta área, localiza-se


a área somestésica responsável pela sen-
sibilidade do corpo. Uma lesão pode cau-
sar alterações sensitivas.
3 - Giro frontal inferior (área de Broca):
nesta área, localiza-se a área motora da
fala (do lado esquerdo do cérebro). Uma
lesão pode causar afasia motora.
4 - Giro temporal superior (área de Wer-
nicke): nesta região, localiza-se a área
da compreensão da linguagem. A sua le-
são causa afasia sensitiva, cujo indivíduo
ouve, mas não compreende o significado
da mensagem.
5 - Lobo occipital: neste lobo, localiza-se a
área primária da visão. A sua lesão pode
causar danos à acuidade visual.
5. C.
976
conclusão geral

Neste momento, eu espero que


você esteja feliz e satisfeito(a)
consigo mesmo(a), afinal, você
acabou de conhecer os principais
aspectos anatômicos e funcionais
de todos os sistemas que consti-
tuem o corpo humano. Também
acredito que, depois de adquirir
todo este conhecimento tão espe-
cífico, você já esteja concordando
comigo quando eu afirmo que a
constituição e o funcionamento
do nosso corpo é perfeito. De fato,
um milagre!
Hoje você é capaz de entender
como os sistemas circulatório e
respiratório agem em conjunto
para possibilitar que as nossas
células recebam sangue oxigena-
do e rico em nutrientes, ao mes-
mo tempo em que delas retiram
os seus produtos residuais. Com
o seu conhecimento adquirido,
você pode compreender como
ocorre o processo de digestão e
como o sistema endócrino atua
em concordância com o sistema
nervoso para coordenar todas
as funções do corpo. De igual
modo, você é capaz de entender
a interação e as particularidades
entre os sistemas urinário e ge-
nital. E o melhor de tudo: você
pode afirmar, sem medo de er-
rar, que sabe como o movimento
humano é planejado, executado,
corrigido e otimizado. Parabéns!
Sinta-se orgulhoso(a)!
Desejo que você bem utilize todas
as descobertas feitas sobre o cor-
po humano em sua vida profissio-
nal e, muito mais do que isso, que
você as transmita àqueles que não
puderam desfrutar dos mesmos
privilégios em relação às oportu-
nidades de aprendizado. Isto é, es-
tenda o seu conhecimento!
Ademais, espero sinceramente
que você seja profissionalmente
muito bem-sucedido(a). A meu
ver, o segredo para isto é nunca
perder de vista que o ser humano,
embora muito complexo, deve ser
visto com base em sua constitui-
ção e funcionabilidade. Para isto,
a sua dedicação e o seu estudo
em relação à sua “matéria-prima”
nunca deve parar. Nunca sabere-
mos tudo. Nunca poderemos pa-
rar de estudar e de nos dedicarmos
integralmente ao que fazemos.
Assim, certamente exerceremos a
nossa profissão com excelência e
de maneira grandiosa.

Grande abraço!

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