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ESPORTES

COLETIVOS:
HANDEBOL
E BASQUETEBOL
PROFESSORES
Dr. Claudio Kravchychyn
Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

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ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


KRAVCHYCHYN, Claudio; COSTA, Luciane Cristina Arantes.
Esportes Coletivos: Handebol e Basquetebol. Claudio Kravchychyn;
Luciane Cristina Arantes da Costa.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpressão 2021.
168 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Esportes coletivos. 2. Handebol. 3. Basquetebol. 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1901-8 CDD - 22ª Ed.701.1


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

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William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e
Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de
Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo
Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Kaio Vinicius Cardoso Gomes, Revisão Textual Meyre
Barbosa da Silva, Ilustração Bruno Pardinho, Marta Sayuri Kakitani, Marcelo Yukio Goto, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Dr. Claudio Kravchychyn


Licenciatura em Educação Física pela Escola de Educação Física de Assis (1985). Especializa-

ção (lato-sensu) em Musculação e Preparação Física pela Universidade Gama Filho (1993)

e em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Maringá (1987). Mestrado

em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2006). Doutorado em Educação Física

pela Universidade Estadual de Maringá - Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL

(2014). Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual

de Maringá (UEM) e consultor do Ministério do Esporte - Secretaria Nacional de Esporte,

Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS/ME). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas

em Políticas Públicas para Educação Física e Esporte (GEPPEFE/UEM). Áreas de atuação:

Políticas Públicas para Educação Física e Esporte, Formação Profissional em Educação

Física, Pedagogia do Esporte e Educação Física Escolar.

<http://lattes.cnpq.br/1541630939742895>.

Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa


Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (1992). Mestrado

em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Doutorado em

Educação Física realizado pelo Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL. Atual-

mente é professora adjunta do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de

Maringá. Áreas de atuação: Educação Física Escolar, Formação Profissional, Pedagogia

do Esporte e Psicologia Educacional.

<http://lattes.cnpq.br/4373667750972554>.
apresentação do material

ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL


Claudio Kravchychyn; Luciane Cristina Arantes da Costa

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Esportes Coletivos: Handebol


e Basquetebol. Nos últimos anos, os pesquisadores de nossa área têm insistido
na necessidade de os acadêmicos e professores compreenderem o processo
de ensino dos esportes coletivos para que possam ensinar o esporte numa
perspectiva inovadora. É iminente a necessidade de superar o ensino dos es-
portes coletivos numa perspectiva tradicional que privilegia formas de ensino
marcadas pela prática mecanizada (tendência tecnicista). Tais formas, na maioria
das vezes, são descontextualizadas e não possuem relação com o jogo formal.
O que isto significa? Que os alunos aprendem os gestos técnicos, mas não con-
seguem transferir este aprendizado para o jogo, ou seja, não conseguem jogar.
Outro aspecto que se perpetuou no ensino dos esportes coletivos ao lon-
go dos anos é chamado, informalmente, de “rola-bola”. Nesta perspectiva, o
professor ou treinador deixa os alunos jogarem livremente, e são eles que
escolhem seus times e como desejam jogar. A consequência é que os alunos
com dificuldades acabam sendo excluídos, e o professor torna-se apenas um
monitor ou árbitro e organizador das atividades.
O nosso objetivo, neste livro, é apontar possíveis caminhos para o ensino
dos esportes coletivos, que possam levar à sua compreensão das modalidades
aqui apresentadas, o basquetebol e o handebol. Ainda desejamos mostrar o
porquê de essas modalidades serem denominadas esportes de invasão, mo-
tivo pelo qual foram propostas em conjunto nesta obra. Além disso, é muito
importante que você compreenda a necessidade de reavaliar as metodologias
ou modelos de ensino, ou seja, as formas de ensinar os esportes e suas dife-
rentes possibilidades.
Sabemos o quanto o esporte é necessário pois o gosto e o prazer dos alunos
em sua prática, mesmo com tantas dificuldades na aprendizagem, ainda estão
presentes. O esporte é parte integrante da cultura mundial, promovendo be-
nefícios físicos, psicológicos e sociais. Entretanto, deve ser ensinado de forma
gratificante e prazerosa, respeitando a individualidade e o interesse dos alunos.
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – CONHECENDO O HANDEBOL
BASQUETEBOL E HANDEBOL 114 Conhecendo o Handebol: Histórico
14 Esportes Coletivos de Invasão ou 116 Fundamentos Técnicos do Handebol
Jogos de Invasão
124 Regras Básicas do Handebol
16 Metodologias de Ensino dos
Esportes Coletivos 130 Modelos de Exercícios na Iniciação
ao Ensino do Handebol
22 Modelos Alternativos para o Ensino
dos Esportes Coletivos de Invasão 140 Referências
36 Referências 141 Gabarito
39 Gabarito
UNIDADE V
SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL
UNIDADE II
CONHECENDO O BASQUETEBOL 146 Introdução às Ações Táticas Ofensivas
44 Conhecendo o Basquetebol: Histórico 148 Sistemas Táticos Ofensivos do Handebol
46 Fundamentos Técnicos do Basquetebol 150 Sistemas Táticos Defensivos do Handebol
58 Regras Básicas do Basquetebol 154 Planos de Aula
66 Modelos de Exercícios na Iniciação 167 Referências
ao Ensino do Basquetebol 167 Gabarito
76 Referências
77 Gabarito 168 CONCLUSÃO GERAL

UNIDADE III
SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL
82 Introdução às Ações Táticas
86 Sistemas Táticos Ofensivos do Basquetebol
88 Sistemas Táticos Defensivos do Basquetebol
94 Planos de Aula
108 Referências
109 Gabarito
INTRODUÇÃO AOS
ESPORTES COLETIVOS –
BASQUETEBOL E HANDEBOL

Professor Dr. Claudio Kravchychyn


Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Esportes coletivos de invasão ou jogos de invasão
• Metodologias de ensino dos esportes coletivos
• Modelos alternativos para o ensino dos esportes coletivos
de invasão

Objetivos de Aprendizagem
• Entender as características dos esportes de invasão.
• Estudar as metodologias de ensino dos esportes coletivos.
• Compreender os modelos alternativos para o ensino dos
esportes coletivos de invasão e sua relação com o ensino
do basquetebol e handebol.
unidade

I
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), o basquetebol e o handebol são parte integrante
da matriz curricular da Educação Física e se caracterizam como
esportes coletivos de invasão, sendo esta a temática da Unidade
1 deste livro. Os esportes coletivos de invasão constituem uma
classe de modalidades esportivas em que a disputa é baseada na oposição
entre duas equipes. Neles existe um espaço comum de disputa, com o
objetivo principal de pontuar e impedir o adversário de atingir sua meta.
Uma equipe consegue atuar de forma adequada no sentido coletivo quan-
do as estratégias utilizadas contribuem para a aprendizagem da tática.
Investigações na área do esporte buscam descrever as ações táticas
de cada jogador. Elas funcionam como um manual teórico que descreve
aquilo que cada jogador deve fazer e em que momento deve fazer. Nesta
unidade, buscamos evidenciar estes aspectos a partir de subsídios teóri-
cos, para que você possa compreender as características dos esportes de
invasão e as metodologias utilizadas atualmente para o ensino dos espor-
tes coletivos, especificamente o basquetebol e o handebol.
Ao entender determinados aspectos e os relacionar com a prática
pedagógica, tais conhecimentos poderão facilitar o processo de ensino
e aprendizagem. Assim, por exemplo, ao ensinar por que um aluno ou
atleta dribla com a mão direita - e não com a esquerda - em algumas situ-
ações e posicionamentos em quadra, você será capaz de explicar os mo-
tivos desta escolha. Observe que o exemplo do drible (ato de empurrar
repetidamente a bola contra o solo) vale para ambos os esportes tratados
neste capítulo, ou seja, os esportes de invasão possuem conceitos e carac-
terísticas semelhantes.
Acreditamos que este é um dos caminhos para que você possa explicar
a seus futuros alunos ou atletas a necessidade do aprendizado de cada con-
teúdo, para que o ensino não esteja vinculado apenas a fundamentos técni-
cos dissociados das situações de jogo. Esta é nossa proposta na Unidade 1.
Esportes Coletivos de Invasão
ou Jogos de Invasão
EDUCAÇÃO FÍSICA

Olá, caro(a) aluno(a), antes de tratar das especifi- Se você observar com cuidado o parágrafo ante-
cidades de métodos alternativos que priorizam o rior, verá todas as características e ações apresenta-
ensino da tática, cabe evidenciar as características das sobre as possibilidades de ação de seu aluno ao
dos esportes coletivos de invasão ou jogos de in- receber a bola. Verá, também, que não se referem a
vasão. São, essencialmente, modalidades esporti- um esporte em específico. Isto acontece porque nos
vas cuja disputa é baseada na oposição entre duas esportes de invasão é comum a semelhança nas deci-
equipes, em um espaço comum e com o objetivo sões. Por isso, podemos dizer que a aprendizagem de
principal de pontuar e impedir que o adversário um esporte pode ser transferida para outro (trans-
pontue, por meio de táticas ofensivas e defensivas fer). Nos esportes coletivos de invasão, os adversá-
(LAMAS et al., 2012). rios interagem diretamente entre si, com a existência
Desta forma, os jogos coletivos de invasão pos- de muitos contatos físicos. Assim, tanto no basque-
suem ações específicas de ataque e defesa, em que tebol quanto no handebol, a necessidade de coope-
prevalecem as relações de cooperação e oposição, rar com os companheiros para marcar cestas e gols
com tentativas de finalização e organização do determina a mesma lógica de funcionamento, sob a
ataque e defesa cujo campo de jogo não é separa- qual o principal objetivo é invadir o espaço defendi-
do, como ocorre no voleibol ou no tênis de campo do pelo adversário para marcar pontos.
(MESQUITA; GRAÇA, 2006). Para Gallatti (2006), as regras de ação mais im-
Outros esportes considerados de invasão fazem portantes para os esportes de invasão estão defini-
parte da realidade brasileira, tais como o futebol e das da seguinte forma: comportar-se, taticamente,
o futsal. Outros estão menos presentes em nossa em jogos de equipe, a partir da estrutura e lógica
cultura, mas vêm ganhando espaço, por exemplo, o comum, ocupar os espaços da quadra, posicio-
polo aquático, o rúgbi e o futebol americano. Para nar-se para receber a bola de um companheiro e
aprender tais modalidades, quando o aluno recebe se posicionar para pressionar um adversário com
a bola, não pode simplesmente sair correndo com posse da bola.
ela. É necessário, inicialmente, que ele compreenda Durante o processo de ensino e aprendizagem
as regras de cada modalidade. A partir desta com- dos esportes de invasão, é necessário que o professor
preensão, sua primeira ação, ao receber uma bola se preocupe com a aprendizagem dos aspectos táti-
durante o jogo, é levantar a cabeça a fim de observar cos (o que e quando fazer) e dos aspectos técnicos
os colegas de equipe, os adversários, a sua meta (ces- (como fazer) de forma articulada, como veremos no
ta ou gol) e os espaços livres. próximo tópico desta unidade.

15
Metodologias de Ensino
dos Esportes Coletivos
EDUCAÇÃO FÍSICA

Desde a década de 60, o ensino dos esportes tem a es- gem da técnica e jogo formal. Como direcionamen-
truturação da técnica como prioridade inicial (GAR- tos pedagógicos, temos: primeiro, execução do exer-
GANTA, 1998), ou seja, os professores ou técnicos cício conhecido, depois, do desconhecido; execução
ensinam a técnica da modalidade para, em seguida, dos exercícios realizados em partes e, em seguida,
ensinar aspectos táticos. O objetivo do ensino da téc- de forma completa; e execução de exercícios mais
nica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos fáceis, seguidos de outros mais complexos. Nos es-
movimentos, melhorando os resultados alcançados. portes individuais, tal método ainda é bastante utili-
Neste sentido, o ensino consiste, inicialmente, na ex- zado, podendo ser muito útil no processo de ensino
plicação e demonstração dos exercícios. Na sequên- e aprendizagem.
cia, por meio do desmembramento do exercício, Nos esportes de invasão, entretanto, sob essa
deve-se evidenciar a execução prática pelos meios abordagem que privilegia o gesto técnico, a aprendi-
técnicos de ensino. Neste entendimento, a técnica é zagem do jogo somente acontecerá quando as habi-
meramente uma etapa da preparação, sendo uma das lidades motoras alcançarem o rendimento desejado
formas de obtenção de rendimento. Esta metodologia (GARGANTA et al., 2013). Apesar da vantagem de a
é denominada “método parcial”, ou “método analíti- habilidade motora ser realizada de forma apropria-
co-sintético”. A principal crítica a esta forma de en- da e da facilidade de implementação da abordagem
sinar o esporte é a descontextualização. Mas qual é a tradicional, algumas desvantagens devem ser consi-
consequência dessa descontextualização no processo deradas (GAMA FILHO, 2001):
de ensino e aprendizagem dos esportes coletivos? • Processos de tomada de decisão são deixados
Apesar de os alunos conseguirem realizar os para um segundo momento do processo de
exercícios técnicos de forma apropriada, caso o en- ensino e aprendizagem, com a justificativa de
que o aluno necessita de conhecimento ante-
sino priorize apenas o ensino da técnica, eles podem
cipado do movimento a ser realizado.
não compreender sua necessidade de utilização du-
• Exercícios repetitivos podem não estimular
rante o jogo. Essa forma de ensino, usualmente, re-
ou motivar os participantes.
cebe a denominação de modelo tecnicista, sob o qual
• Na maioria das vezes, os alunos não sabem
o professor acredita ser necessário o ensino da técni- em que momento os movimentos aprendidos
ca antes de se ensinar conceitos táticos. A utilização devem ser realizados no contexto do jogo,
destas abordagens tradicionais é bastante comum havendo pouca transferência do que o aluno
tanto nos treinamentos esportivos quanto em aulas realiza nos exercícios para a situação de jogo.
do componente curricular Educação Física.
Desta forma, segundo Costa e Nascimento Para ocorrer o transfer, situações de jogo devem ser
(2004), o método parcial, cujos movimentos são experimentadas pelo aluno desde o início do pro-
realizados em partes e somente depois articulados cesso de ensino-aprendizagem, partindo das mais
pelos alunos, é considerado um método tradicional. simples, com aumento gradativo de complexidade.
Uma aula ou sessão de treinamento utilizando o mé- Por isto, as tarefas ou exercícios devem ser realiza-
todo tradicional pode ser exemplificada da seguinte dos mediante a apresentação de sua utilização du-
forma: aquecimento, exercícios para a aprendiza- rante o jogo.

17
ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

Vamos a um exemplo: ao ensinar a bandeja - diram o método global com o “rola-bola”, prática já
progressão de dois passos com a posse da bola, em mencionada no início desta unidade, deixando os alu-
direção à cesta - no basquetebol, deve-se considerar nos jogarem sem nenhuma preocupação pedagógica.
que o aluno arremesse a bola tanto com a mão direita Em suma, o método parcial difere do global pela
quanto com a mão esquerda, dependendo da neces- apresentação de uma situação de jogo cujos elemen-
sidade. A escolha da mão utilizada depende de diver- tos técnicos e táticos são evidenciados. Os alunos
sos fatores, como o posicionamento na quadra em aprendem o intuito de realizar cada movimento,
relação à tabela ou em relação ao defensor. Assim, proporcionando elevado nível de motivação, mas
o professor não deve apenas ensinar os movimentos podem ter dificuldade na assimilação dos funda-
que compõem a bandeja, mas suas especificidades, mentos (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Apresen-
para que o aluno as considere no momento do jogo. tadas tais características, você deve estar perguntan-
As habilidades técnicas dos esportes de invasão do: Diante disso tudo, como devemos ensinar?
estão relacionadas às características do jogo formal. Algumas metodologias de ensino, alternativas às
Nos esportes coletivos, as situações que ocorrem du- duas já citadas, propõem o ensino contextualizado.
rante o jogo modificam-se a cada ataque, fazendo com Em primeiro lugar, não priorizam o ensino da téc-
que as habilidades técnicas estejam sujeitas a variações nica. Nessas metodologias, o ensino da tática deve
de ritmo, intensidade e amplitude (COSTA; NASCI- acontecer em conjunto com o ensino da técnica, prio-
MENTO, 2004). As experiências práticas nos fizeram rizando a primeira. Assim, devemos ensinar o porquê
acreditar que os movimentos realizados priorizando o e quando realizar determinado fundamento ou gesto
ensino da técnica perdem o sentido se não estiverem técnico. No contexto americano, o método denomi-
contextualizadas com o que ocorre durante o jogo. As- nado Teaching Games for Understanding (TGfU), des-
sim, ensinar a arremessar no basquetebol, por exem- de a década de 80, tem apresentado as vantagens de os
plo, requer muito mais do que a repetição sistemática. alunos compreenderem os movimentos que realizam,
Para Garganta (1998), um dos problemas evidentes bem como em que momento é adequado realizá-los
no método parcial é que, ao utilizar, prioritariamente, no contexto do jogo (BUNKER; THORPE, 1982). No
esta abordagem, os professores retardam a abordagem TGfU, o aluno está no centro do processo de ensino e
do jogo até que os alunos consigam realizar o funda- aprendizagem, e seu desenvolvimento ocorre a partir
mento técnico. É preciso salientar que muitos alunos de sua própria consciência tática.
não conseguirão executar, satisfatoriamente, todos os No Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruc-
gestos técnicos de determinada modalidade em um tion), proposto por Rink (2010), o ensino das habi-
curto espaço de tempo. Assim, ao insistir na aplicação lidades no contexto do jogo é ponto fundamental
desse método, o professor poderá não oportunizar ou- durante o ensino. Sob esse modelo, os professores
tras formas gratificantes de aprendizagem. trabalham com atividades que proporcionam a
Em contraposição encontra-se o método glo- compreensão do jogo, mas, assim que eles percebem
bal, no qual “[...] a aprendizagem é encarada como que os alunos não conseguem realizar algum funda-
a apreensão do todo, durante o jogo” (MESQUITA, mento (drible, passe, arremesso), voltam a realizar
2000, p. 74). Entretanto muito professores confun- exercícios que evidenciam o ensino do gesto técni-

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

co, retomando a aprendizagem dos fundamentos da ficadas de jogo. Esse objetivo foi estabelecido median-
modalidade esportiva. No Método Situacional, Gre- te a verificação de que, durante o jogo formal (5x5),
co (1998) evidencia o ensino da tática e da capaci- os alunos não conseguiam manter a superioridade
dade de jogo no ensino dos esportes coletivos por numérica (necessária no contra-ataque), ou seja, os
meio de estruturas funcionais, que são constituídas defensores têm conseguido voltar ao posicionamento
a partir das ações de jogo. defensivo adequado muito mais em função dos erros
Todos esses métodos priorizam o ensino da táti- de ataque do que da efetividade da defesa. O exercício
ca, além de demonstrar o “sentido” do ensino da téc- realizado foi o de 2x1 (dois atacantes e um defensor),
nica para o aluno (COSTA; NASCIMENTO, 2004). utilizando a quadra inteira. Logo após a recuperação
Segundo Rink (2010), esses modelos têm a preocu- da bola, o aluno deveria procurar o companheiro para
pação de ensinar “o que”, “por quê” e “quando” fazer trocar passes rápidos até a meta (cesta ou gol).
(tática), para depois ensinar “como” fazer (técnica),
tendo como principal objetivo a compreensão da SAIBA MAIS
modalidade. Nesta perspectiva, o objetivo do ensino
dos esportes coletivos é desenvolver a inteligência
Ensinando a arremessar
tática para que seja estimulada a tomada de decisão
O arremesso é um fundamento importante
por parte dos alunos. O que fazer, por que fazer e no ensino do basquetebol e no handebol.
quando fazer determinado movimento. Arremessar, além de ser um dos objetivos do
Questionamentos como os exemplificados não jogo, também é um dos fundamentos mais
motivadores para a prática das modalidades.
devem ser aprendidos com o tempo de prática, mas Uma aula sem nenhuma atividade que envol-
evidenciados a cada aula ou sessão de treinamento. va o arremesso pode gerar críticas de seus
De acordo com a metodologia que escolhemos uti- alunos. Mas, para exemplificar, antes gosta-
ríamos de apontar alguns questionamentos
lizar em nossas aulas, podemos instigar os alunos a que podem ser realizados aos alunos quando
buscarem as diferentes respostas possíveis. Estas são você estiver ensinando basquetebol:
de fundamental importância para o processo de en- Por que, em algumas situações, é mais ade-
quado arremessar saltando (jump)?
sino-aprendizagem em qualquer metodologia de en- Quando você deve realizar a bandeja?
sino, pois facilitam o processo de tomada de decisão, Por que aprender o arremesso com as mãos
necessário nas diferentes situações que ocorrem du- direita e esquerda é importante? Quando se
utiliza um ou outro?
rante o jogo (COSTA, 2012). Por que devo executar a bandeja iniciando a
As metodologias de ensino que priorizam o en- primeira passada com a perna direita do lado
sino da tática têm sido apontadas como aquelas que direito da quadra? Mas não posso iniciar a pas-
sada com a perna esquerda do lado direito?
possibilitam a compreensão da modalidade e, como Assim, ao ensinar o(a) aluno(a) a arremessar,
consequência, tornam a prática mais prazerosa. To- a prioridade é fazer com que ele compreenda
memos como exemplo de objetivo de uma aula ou ses- as ações que desenvolve, priorizando o ensino
da tática.
são de treinamento que prioriza o ensino da tática, es-
tabelecido e documentado por Costa (2012): realizar Fonte: adaptado de Costa (2012).

situações de contra-ataque por meio de formas modi-

19
ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

Sabemos que, neste exercício, os alunos


executam diversos fundamentos técnicos, Neste exercício (2x1), o professor poderá
como drible, passe, arremesso e outros. estabelecer alguns critérios de execução
Mas como o objetivo é priorizar o ensino para que os alunos realizem situações mui-
da tática, é preciso que os alunos com- to semelhantes às que acontecem num jogo
preendam o que fazer (ou não fazer) quan- (COSTA, 2012):
do ocorrer uma situação de contra-ataque • Somente driblar em condições de
(superioridade numérica). Evitar dribles e definição, ou seja, aquele aluno que
trocar passes rápidos, buscando a cesta ou driblar deve fazer a tentativa da ces-
ta ou do gol.
o gol o mais rápido possível é a alternativa
• A distância entre os atacantes deve
mais eficiente, mas ela precisa ser pensada e
ser a maior possível, dificultando a
compreendida pelos alunos. Algumas ques-
ação dos defensores (dependendo
tões podem estimular o pensamento tático da faixa etária dos alunos, podemos
durante o contra-ataque (COSTA, 2012): usar bolas mais leves ou reduzir o
• Driblar para a lateral da quadra é espaço de jogo).
uma decisão adequada? Na maioria • O arremesso deve ser realizado no
das vezes, não é. Se o aluno faz isso, espaço definido pelo professor ou
ele pode ficar “preso/encurralado” pelos alunos, pois a superioridade
nessa lateral. numérica dificulta a ação dos defen-
• Durante a realização de um contra- sores.
-ataque, é prioridade a realização de
dribles ou passes? A prioridade é a
realização de passes, que são mais
rápidos, desde que sejam realizados
corretamente.
• Quando ocorrem situações de con-
tra-ataque durante um jogo? Após
bolas recuperadas, erros dos adver-
sários e uma saída rápida dos ata-
cantes. Assim, o contra-ataque é ga-
rantia de realização de cesta ou gol
fácil, e deve ser estimulado durante
as aulas.

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

21
ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

Modelos Alternativos para o Ensino


dos Esportes Coletivos de Invasão

Apresentaremos dois modelos que podem ser traba- Modelo de Educação Esportiva, e de instrução, como
lhados em conjunto (que formam o modelo híbrido): o Modelo Desenvolvimentista.
o Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruction/
Developmental Model) e o Modelo de Educação Es-
REFLITA
portiva (Sport Education). A justificativa desta esco-
lha refere-se aos estudos realizados em uma revisão
sistemática (ARAÚJO et al., 2014), que aponta a im- Você sabia que muitos professores ensinam
os esportes coletivos de invasão (basquete-
portância de modelos híbridos que proporcionam a bol, handebol, futebol, rúgbi, futsal) utilizando
compreensão da complexidade do processo de ensi- ainda o método parcial, também denominado
no-aprendizagem. Os modelos em evidência a serem analítico?

trabalhados em conjunto são educacionais, como o

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

MODELO DESENVOLVIMENTISTA (DIRECT INSTRUCTION/DEVELOPMENTAL MODEL)

O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino


Estágio 2 - Exercício Tipo 2
dos esportes coletivos foi elaborado pela professora
Judith Rink, na década de 90, nos Estados Unidos Combinação de habilidades motoras.
Movimentos realizados em cooperação.
da América. O modelo foi divulgado em diversos
países, principalmente por Mesquita e Graça (2006). Exemplos de exercícios:
Esse modelo preconiza uma progressão de tarefas • Simples – driblar e realizar um arremesso.
tratadas, didaticamente, pelo professor. A seguir, po- • Complexo – driblar e trocar passes até a meta
demos observar os quatro estágios dos jogos esporti- (cesta ou gol) com variedade de movimentos.
vos (tipos de exercícios) elaborados por Rink (2010):

Estágio 1 - Exercício Tipo 1 Estágio 3 - Exercício Tipo 3

Preocupa-se com habilidades individuais. Estratégias básicas de defesa e ataque.


Capacidade de controlar a bola.
Exemplos de exercícios:

Ações – direcionar a bola com eficiência (com for- • Simples – um contra um, sem arremesso.
ça e direção), parado e em movimento. • Complexo – 5x5, com arremesso.
Exemplos de exercícios:
• Simples – passar a bola estendendo os braços.
• Complexo – passar a bola na direita ou na es-
querda, dependendo do posicionamento do
jogador receptor.
Estágio 4 - Exercício Tipo 4
Receber ações – obter a posse do objeto indo em
Jogos com regras modificadas.
sua direção, de qualquer nível, direção ou veloci-
Jogo propriamente dito.
dade, parado e em movimento.
• Simples – receber a bola do jogador de uma Exemplos de exercícios:
curta distância. • Simples – introdução das posições dos jogadores.
• Complexo – receber a bola do jogador de uma • Complexo – jogo completo com regras especí-
distância maior, na direita ou na esquerda. ficas.

23
ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

Conforme vimos, no MD, as atividades são realizadas


em quatro estágios. No exercício tipo 1, representado
pelas Figuras 1 e 2, o professor deve trabalhar ativi-
dades em que os alunos realizam uma habilidade/um
fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de
controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio
desta, drible), executando as atividades com metas,
como número de execuções em um determinado
tempo ou número de execuções consecutivas.
No exercício tipo 2, representado pela Figura 3, as
atividades devem ser realizadas combinando habilida-
des/fundamentos. Assim, os alunos podem, por exem-
Figura 1 - Exercício tipo 1: os alunos arremessam de diferentes posições
plo, trocar passes e executar os arremessos. No exercício
ao redor do garrafão
tipo 3, representado pelas Figuras 4, 5 e 6, as atividades Fonte: González et al. (2014).
são realizadas em situações semelhantes àquelas que
ocorrem durante o jogo. Com esta perspectiva, os pro-
fessores devem realizar exercícios que utilizem o jogo:
5x5, no basquetebol, e 7x7, no handebol.
O exercício tipo 4 é a forma mais simples para
compreensão, pois equivale à prática do jogo formal,
no basquete, 5x5 e, no handebol, 7x7. Podem, ainda,
ser utilizadas, neste tipo de exercício, adaptações para
que os alunos consigam realizar o jogo, como diminui-
ção do espaço ou alteração do número de jogadores.
O exercício apresentado oferece a oportunidade Figura 2 - Exercício tipo 1: drible entre os cones
Fonte: Oliveira (2013).
da prática do fundamento e o reconhecimento de
espaços da quadra, incluindo ângulos de arremesso
diferenciados, com e sem o auxílio da tabela.
Embora sem oposição real, os cones oferecem a
possibilidade de simulação de situação de jogo, com
mudanças de direção e finalização.
A Figura 3 é um exemplo que demonstra a transfe-
rência de uma modalidade de invasão para outra (Figu-
ra 2: basquetebol; Figura 3: handebol). As mudanças de
direção com posse de bola visam a superar o adversário,
a criar superioridade numérica e a finalizar, característi- Figura 3 - Exercício tipo 2: drible entre os cones e arremesso ao gol
Fonte: Pedagogia do handebol ([2017], on-line)1.
cas comuns presentes nos diversos esportes de invasão.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

O coringa favorece a simulação de uma situação de


jogo frequentemente buscada nos esportes de inva-
são: a superioridade numérica.
Situações de 2x1, frequentemente ocorrem em
contra-ataques e após a ultrapassagem de um defen-
sor por um atacante.
A possibilidade de recepção - preferencialmente
para uma possibilidade de finalização - é facilitada
Legenda: quando o jogador receptor procura se deslocar para
Atacantes Defensores Coringas
um local da quadra onde o atacante com bola possa
Figura 4 - Exercício tipo 3: 3x3 com a presença de um coringa (que
participa do ataque, mas não deverá tentar o gol)
visualizá-lo. A estruturação da instrução e a didáti-
Fonte: González et al. (2014). ca empregada nas tarefas são elementos fundamen-
tais para a aquisição de novas habilidades motoras
pelos(as) alunos(as), facilitando a organização da
sequência dos exercícios ao longo das aulas. Além
disso, no MD existe a preocupação de que esta
abordagem assuma a responsabilidade nos diferen-
tes domínios da aprendizagem (psicomotor, afetivo
e cognitivo).
No domínio psicomotor, a preocupação é o
Legenda: ensino de habilidades motoras, como saltos, arre-
Deslocamentos
Atacantes Defensores dos jogadores messos e rolamentos, e também incluem atividades
como exercícios de força, flexibilidade e melhora
Figura 5 - Exercício tipo 3: 2x1 realizado em meia quadra com defensor
cardiorrespiratória. O domínio cognitivo assimila
Fonte: González et al. (2014).
a compreensão dos movimentos, princípios, estra-
tégias e táticas realizadas durante a aprendizagem.
Nessa abordagem, a preocupação é que o aluno
compreenda os motivos pelos quais realiza qual-
quer atividade. No domínio afetivo, os professores
devem ter como objetivo trabalhar o sentimento
dos alunos, suas atitudes, seus valores e comporta-
mentos sociais (RINK, 2010).
Legenda: Ao valorizar a estruturação do processo de ins-
Atacantes Deslocamentos dos jogadores trução, decorrente do entrelaçamento da matéria de
Defensores Trajetória da bola ensino com os princípios didáticos, o tratamento di-
Figura 6 - Exercício tipo 3: 2x1 com desmarcação para receber a bola
dático é crucial para o desenvolvimento instrucional
Fonte: González et al. (2014). e eficaz do conteúdo.

25
ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL

O MD apresenta uma tipologia de tarefas em complexidade crescente e cujo objetivo primordial é que os
alunos possam adquirir novas habilidades motoras. Segundo Rink (2010), para que os objetivos no processo
de ensino e aprendizagem sejam alcançados, os professores devem:

A B

Realizar o planejamento adequado,


Identificar os objetivos escolhendo as tarefas mais
da aprendizagem. apropriadas para atingir os
objetivos.

C D

Apresentar as atividades aos


Proporcionar a motivação aos
alunos de forma compreensível,
alunos por meio da organização
de modo a favorecer a motivação
adequada das atividades.
de todos.

E F

Realizar avaliação e feedback


Modificar os exercícios de acordo
durante o processo de ensino e
com as respostas dos alunos.
aprendizagem.

Avaliar se os objetivos estão


sendo alcançados, bem como a
efetividade do processo de ensino.

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

MODELO DE EDUCAÇÃO ESPORTIVA (SPORT EDUCATION MODEL)

No Modelo de Educação Esportiva (MED), o prin- Assim, os alunos precisam ser conduzidos ao cen-
cipal objetivo do processo de ensino e aprendizagem tro do processo de ensino-aprendizagem por meio
é investir no potencial educativo do esporte, na for- de tarefas em equipes, com o objetivo de desen-
mação de jovens desportivamente competentes, cul- volver o sentimento de inclusão e pertencimento,
tos e entusiastas (SIEDENTOP, 1994; SIEDENTOP, desempenhando as diversas funções peculiares aos
2002). O MED procura oferecer aspectos de reno- eventos esportivos (jogadores, técnicos, árbitros,
vação no ensino dos jogos, investindo em seu po- jornalistas etc.). As tradicionais unidades didáti-
tencial educativo (MESQUITA, 2012; MESQUITA; cas são transformadas em épocas esportivas, e, no
FARIAS; HASTIE, 2012). final de cada época, são realizados eventos culmi-
O MED busca reorganizar o ensino com um con- nantes. Tais eventos envolvem festividades espor-
texto que reproduza as situações que ocorrem no es- tivas em que são entregues prêmios, entre os quais
porte, principalmente aquelas que nos apresentam se destacam o de rendimento esportivo, o de fair-
fair-play e oportunidades de aprendizado educacio- -play, o de cooperação e participação, entre outros
nal, por meio da substituição de unidades didáticas definidos pelo professor.
de curta duração pelo conceito de época desportiva. O MED é um modelo que privilegia o potencial
Os procedimentos metodológicos utilizados no MED educativo, buscando formar alunos autônomos para a
são importantes para que os alunos possam vivenciar prática das modalidades esportivas, considerando os
a competição e sua organização sistemática, o registro aspectos técnicos, táticos, psicológicos e afetivos des-
de resultados e estatísticas dos desempenhos de seu sa prática (MESQUITA, 2012; MESQUITA; GRAÇA,
grupo, a atribuição de funções que compõem o envol- 2009; SIEDENTOP, 1994; 2002). Nesse modelo, os
vimento no esporte com os diferentes papéis, como o alunos realizam as tarefas em equipes com o objetivo
de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de, no final de cada época desportiva, realizar festi-
de árbitros, diretores e jornalistas (GRAÇA; MESQUI- vais no fim de cada conteúdo ou bimestre.
TA, 2013). Neste sentido, o ensino da competição é: Os estudos realizados com o MED revelaram a
[...] fundada numa ética de respeito pelo espírito de
sua importância na humanização do desporto, per-
jogo, num clima que favoreça a participação, o de- mitindo que os alunos assumam, gradativamente,
senvolvimento individual, que equilibre as oportu- responsabilidades no processo de ensino-aprendi-
nidades de aprender e de jogar de todos os partici- zagem (SIEDENTOP, 2012). Entretanto as investi-
pantes. Perfilhando uma orientação inclusiva, não
gações sobre o impacto do MED nos resultados de
elitista, o modelo de educação desportiva tem que
lidar criteriosamente com a tensão inevitável entre aprendizagem motora dos alunos ainda são escassos
vetores relativamente divergentes: por um lado, os (HASTIE; CALDERÓN; PALAO; ORTEGA, 2011).
interesses imediatos e pragmáticos da competição, Segundo Mesquita (2012), apesar da importância
isto é, garantir o melhor resultado possível e, por
dos valores efetivados pelo MED, a Educação Física
outro, os interesses individuais de cada um, ou seja,
garantir a oportunidade de participação efetiva no alcança o seu significado educacional ao desenvolver
jogo (GRAÇA; MESQUITA, 2013, p. 15). a competência e o desempenho motor dos alunos.

27
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa primeira unidade. Nela, apren-
demos a necessidade de superar o ensino dos esportes coletivos numa pers-
pectiva tradicional, que privilegia formas de ensino marcadas pela prática
mecanizada (tendência tecnicista e método parcial).
Buscamos enfatizar a importância de priorizar o ensino da tática, em que os alu-
nos sempre aprendem a necessidade de cada movimento realizado. Quando o aluno
entende o porquê de realizar um arremesso e em que momento ele deve ser realiza-
do, o ensino da técnica é uma consequência, uma necessidade. Observe que, nesta
última frase, não apresentamos a modalidade (esporte) com a qual você está traba-
lhando. Esse esporte pode ser qualquer um que possua características semelhantes
(esportes de invasão), como o basquetebol e o handebol, pois ambos possuem duas
equipes, atacam uma meta e defendem a outra. Essas metas, por sua vez, encon-
tram-se em espaços diferenciados, os quais as equipes tentam invadir quando estão
atacando. Nesta perspectiva, utiliza-se as mãos, os pés ou um bastão para jogar.
Buscamos enfatizar que em, todos os esportes de invasão, as decisões táticas são
semelhantes e, por isto, podemos dizer que o ensino desses esportes é parecido nas
diferentes modalidades. Em outras palavras, a aprendizagem de um esporte pode
ser transferida para outro (transfer), por exemplo, ao passar a bola ao companheiro
e decidir o momento mais apropriado para realizar esta habilidade. Desta forma, o
que aprendemos para o handebol pode ser utilizado para o basquete ou o futebol,
modalidades que exigem pensamento estratégico e tomada de decisão semelhantes.
Destacamos, ainda, a necessidade de compreender os modelos alternativos para
o ensino dos esportes de invasão, apontando a literatura nacional e internacional que
justificam a utilização de tais modelos.

28
atividades de estudo

1. O processo de ensino e aprendizagem dos esportes de invasão tem por objetivo


a sua compreensão de que, ao ensinar o basquetebol e handebol, poderá aplicar
elementos desse ensino também em outras modalidades. Assim, nos esportes
de invasão:
a) Ocorre a oposição entre duas equipes, em um espaço comum, divididas por
uma rede ou outro objeto que impeça o contato físico.
b) Ocorre em um espaço comum, com o objetivo principal de jogar em espaços
que imponham a divisão entre os adversários.
c) A disputa esportiva é baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço
comum, com o objetivo principal de pontuar e impedir que o adversário pon-
tue por meio de táticas ofensivas e defensivas.
d) As equipes trabalham em conjunto em um espaço comum, com objetivo de
pontuar por meio de táticas ofensivas.
e) São praticados jogos considerados, em alguns momentos, coletivos, e, em ou-
tros momentos, individuais.

2. O objetivo do ensino da técnica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos


movimentos, melhorando os resultados alcançados. Para tanto, o ensino inicia-se
com o método verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios;
a seguir, faz-se o desmembramento dos exercícios, repetindo-os. Em relação aos
conhecimentos do ensino da técnica (fundamentos técnicos) descritos, leia as
assertivas seguintes:
I - A técnica é, meramente, uma etapa da preparação, sendo uma das formas de
obter rendimento imediato.
II - Esta metodologia também é denominada método parcial. A principal crítica
dessa forma de ensinar o esporte é a sua descontextualização.
III - Apesar de os alunos conseguirem realizar os exercícios técnicos de forma
apropriada, caso o ensino priorize apenas a técnica, o professor pode dificul-
tar a compreensão da modalidade esportiva.
IV - Essa forma de ensino é também denominada modelo tecnicista, em que o
professor acredita que é necessário apenas ensinar a técnica.

Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:


a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) Todas as afirmações são verdadeiras.

29
atividades de estudo

3. No Modelo Desenvolvimentista (MD), proposto por Rink (2010), o ensino das ha-
bilidades no contexto do jogo é ponto fundamental durante o processo de ensi-
no e aprendizagem. Sobre esse modelo, podemos afirmar:
a) Nesse modelo (MD), os professores trabalham com atividades que visam a
compreensão do jogo, mas assim que percebem que os alunos não conse-
guem realizar algum fundamento (drible, passe, arremesso), voltam a realizar
exercícios que evidenciam o ensino do gesto técnico, retomando a aprendiza-
gem dos fundamentos da modalidade esportiva.
b) O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino dos esportes coletivos pre-
coniza a progressão de tarefas tratadas, as quais os alunos escolhem e direcio-
nam as atividades a serem realizadas na aula com a orientação do professor.
c) O tratamento didático dos conteúdos não é prioridade no ensino dos espor-
tes a partir do ensino no Modelo Desenvolvimentista (MD).
d) No início do processo de ensino e aprendizagem do Modelo Desenvolvimen-
tista (estágio 1), o professor deve trabalhar atividades em que os alunos reali-
zam uma habilidade com oposição (marcação).
e) No Modelo Desenvolvimentista (MD), as atividades são realizadas em quatro
estágios. Somente no final do processo de ensino e aprendizagem, estágio
quatro, é que o professor deve trabalhar atividades em que os alunos rea-
lizem uma habilidade/fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de
controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio desta, drible).

4. No Modelo de Educação Desportiva (MED), o principal objetivo do processo de


ensino e aprendizagem é investir no potencial educativo do esporte, na formação
de estudantes desportivamente competentes, cultos e entusiastas. Sobre o MED,
leia as assertivas a seguir:
I - Procura oferecer aspectos de renovação no ensino dos jogos, investindo em
seu potencial educativo.
II - O MED busca reorganizar o ensino com um contexto que reproduza as situ-
ações que ocorrem no esporte, principalmente aquelas que nos apresentam
fair-play e oportunidades de aprendizado educacional por meio da substitui-
ção de unidades didáticas de curta duração pelo conceito de época desportiva.
III - Os procedimentos metodológicos são utilizados para que os alunos vivenciem
a competição e sua organização sistemática, o registro de resultados e estatísti-
cas dos desempenhos de seu grupo, a atribuição de papéis e funções que com-
põem o envolvimento no esporte, como o de capitão ou técnico de seu grupo,
exercendo a função de árbitros, diretores e jornalistas.
IV - Os alunos são o centro do processo de ensino-aprendizagem, realizando as
tarefas em equipes com objetivo de desenvolver o sentimento de afiliação, de-
sempenhando diferentes papéis (jogadores, árbitros, jornalistas e dirigentes).

30
atividades de estudo

Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:


a) I e II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

5. Os procedimentos metodológicos utilizados no MED são importantes para que


os alunos:
I - Possam vivenciar a competição e sua organização sistemática.
II - Aprender a realizar o registro de resultados e estatísticas dos desempenhos
de seu grupo.
III - Consigam atribuir papéis e funções que compõem o envolvimento no espor-
te, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbi-
tros, diretores e jornalistas.

De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:


a) Somente a afirmação I.
b) Somente as afirmações I e II.
c) Somente as afirmações II e III.
d) Somente as afirmações I e III.
e) Todas as afirmações estão corretas.

31
LEITURA
COMPLEMENTAR

O ENSINO DA TÉCNICA

[...]

Atualmente muitos estudantes de Educação Física buscam a formação inicial com o intuito
de melhorar suas próprias habilidades. A diferença é que principalmente até a década de
1980, essa busca era legitimada na realidade brasileira. Aulas sob abordagens tradicionais
eram ministradas ao futuro professor para enfatizar a técnica como prioridade no ensino
dos esportes. Segundo Garganta (1998), desde a década de 1960 o ensino das modalidades
esportivas baseia-se na estruturação da técnica como prioridade no ensino dos esportes.
Na estruturação do treinamento técnico algumas variáveis devem ser consideradas: a es-
trutura temporal, quando se realiza o ensino da técnica, a frequência, como se apresentam
os exercícios e a precisão (GRECO, 1988).

Segundo Filin (1996), o objetivo da técnica é melhorar o resultado, permitindo uma ação
mais econômica e efetiva dos movimentos. Para tanto, segundo o autor, inicia-se com o mé-
todo verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios. A seguir, através do
desmembramento do exercício, deve-se evidenciar a execução prática através dos meios
técnicos de ensino. Nesse entendimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação,
sendo uma das formas de obtenção de rendimento. A descontextualização, característica
da tendência tecnicista, poderia dificultar o entendimento da modalidade esportiva.

A utilização de abordagens tradicionais para o ensino da técnica é bastante comum tanto


nos treinamentos quanto na realidade educacional. Durante os estágios iniciais do proces-
so ensino-aprendizagem, a atividade motora dos alunos é bastante imprecisa, possuindo
muitas vezes a aparência rígida. Talvez a necessidade do professor em transformar esses
movimentos rapidamente numa ação motora mais eficiente justifique a opção pela repro-
dução de movimentos considerados perfeitos, numa análise biomecânica. Dessa forma,
deve-se considerar que o ensino da técnica através do método parcial poderia de fato obter
resultados consideráveis. Para Weineck (1999), o método de ensino parcial é utilizado na
execução de movimentos complexos, sendo treinados em partes, que serão articuladas
quando forem dominadas.

32
LEITURA
COMPLEMENTAR

Segundo Garganta (2002), neste método, em que o gesto técnico é privilegiado, a aborda-
gem do jogo é retardada até que as habilidades alcancem o rendimento desejado. Outras
desvantagens, segundo Gama Filho (2001), é que não ocorrem os processos de tomada
de decisão, pois o aluno possui conhecimento antecipado do movimento a ser realizado.
Além disso, os exercícios repetitivos não estimulam a motivação dos participantes. Por ou-
tro lado, o mecanismo de execução é altamente evidenciado, possibilitando o domínio do
movimento.

A facilidade de implantação da abordagem tradicional e a possibilidade da execução per-


feita dos movimentos justificam a implantação desse modelo. Como aspecto negativo, há
pouca transferência do que o aluno realiza para a situação de jogo. Para que essa transfe-
rência de fato ocorra, deve-se valorizar novos aspectos no ensino da técnica, principalmen-
te no sentido da qualidade de sua implantação.

O ENSINO DA TÁTICA

Em contrapartida à tendência tecnicista, surge a preocupação com o processo de ensino da


tática nos esportes. Segundo Garganta (2000, p. 51), “a tática é entendida como algo que
se refere à forma como os jogadores e as equipes gerem os momentos do jogo”. Para o
autor, as experiências táticas devem ser orientadas inicialmente a partir da análise da es-
trutura do jogo, para configurar a especificidade de cada esporte e dessa forma realizar o
planejamento de acordo com os objetivos. Desse modo, o objetivo da aprendizagem tática,
segundo Greco (1997), é que o aluno aprenda a tomar decisões e resolver problemas que
ocorrem durante o processo.

Os esportes coletivos possuem características que não são totalmente previsíveis. Os acon-
tecimentos não se repetem sempre na mesma ordem cronológica, fazendo com que ati-
tudes tático-estratégicas sejam requeridas ao jogador (GARGANTA, 2000). Dessa forma, a
estruturação de um modelo de jogo previamente estabelecido pode facilitar o processo de
tomada de decisão.

33
LEITURA
COMPLEMENTAR

O processo da tomada de decisão é caracterizado pela capacidade de resolver com sucesso


as tarefas ou problemas que as atividades apresentam (GRECO, 2001). Segundo Paula et
al. (2000), todo processo de tomada de decisão é uma decisão tática, que pressupõe uma
atitude cognitiva do aluno e uma participação efetiva do professor como elo entre o conhe-
cimento e o desenvolvimento do aluno. Os processos cognitivos inerentes à tomada de de-
cisão tática se revelam importantes no contexto dos esportes coletivos. Segundo Schmidt e
Wrisberg (2001), a seleção da resposta (decisão) depende inicialmente da identificação do
estímulo, para que a seguir a resposta ou ação possa ser programada.

Mesmo que a dimensão tática não tenha sido totalmente efetivada, principalmente nas
aulas de Educação Física, estudos realizados evidenciam a importância da interação entre
a técnica e a tática no ensino dos esportes coletivos. Entretanto, quais seriam então as me-
todologias que dariam conta desses objetivos?

[...]

Fonte: Costa e Nascimento (2004).

34
material complementar

Indicação para Assistir

Um sonho possível
2009
Sinopse: Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro, não tinha onde mo-
rar. Um dia, ele foi avistado pela família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock)
andando em direção ao estádio da escola para dormir longe da chuva. Foi con-
vidado para passar uma noite na casa dos milionários. Aquele dia mudaria para
sempre a sua vida, e ele se tornou, mais tarde, um astro do futebol americano.

35
referências

ARAÚJO R.; MESQUITA I.; HASTIE, P. A. Review of the status of learning in re-
search on sport education: Future research and practice. Journal of Sports Science
and Medicine, n. 13, v. 4, p. 846-858, 2014.
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Education and Sports Science, University of Technology, 1986.
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dagens metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 1, p.
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GARGANTA, J.; GUILHERME, J.; BARREIRA, D.; BRITO J.; REBELO, A. Funda-
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referências

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37
referências

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TA, I. (Orgs.). Pedagogia do Desporto: Edições FMH, 2009. p. 39-68.
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MESQUITA, I. Fundar o lugar do desporto na escola através do Modelo de Educação
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OLIVEIRA, J. E. C. Manual acadêmico para o ensino dos fundamentos básicos do
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REFERÊNCIA ON-LINE

Em: <https://pedagogiadohandebol.com.br/2014/10/27/meios-taticos-no-handebol/#-
1

more-1604>. Acesso em: 22 abr. 2019.

38
gabarito

1. C.

2. C.

3. A.

4. E.

5. E.

39
CONHECENDO O BASQUETEBOL

Professor Dr. Claudio Kravchychyn


Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conhecendo o basquetebol: histórico
• Fundamentos técnicos do basquetebol
• Regras básicas do basquetebol
• Modelos de exercícios na iniciação ao ensino do
basquetebol

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar a história e as principais características da
modalidade.
• Conhecer os fundamentos técnicos do basquetebol.
• Reconhecer as regras básicas do basquetebol.
• Analisar os modelos de exercício na iniciação ao ensino do
basquetebol.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), como esporte institucionalizado e olímpico,
com regras internacionais, o basquetebol é um dos esportes
mais praticados e assistidos no mundo. Além da Federação In-
ternacional de Basquetebol (FIBA) e das confederações nacio-
nais, que promovem o esporte a nível mundial - especialmente por meio
dos campeonatos mundiais e jogos olímpicos -, também existe a National
Basketball Association (NBA), a liga profissional norte-americana, que
promove forte difusão midiática do esporte.
O basquetebol é um importante elemento da cultura corporal do mo-
vimento, integrando o currículo da Educação Física escolar brasileira.
Nesse sentido, o professor ou treinador é responsável por incorporar as
dimensões conceitual (o que se deve saber), procedimental (o que se deve
saber fazer) e atitudinal (como se deve ser) durante aulas ou sessões de
treinamento. A prática do basquetebol pode ser oferecida na forma de
lazer, exercício físico regular ou competição (escolar, em nível recreativo
ou, para alguns, em alto rendimento).
Na Unidade 2, você deverá adquirir conhecimentos e vivenciar esse
esporte, entendendo sua origem e seu desenvolvimento pelo mundo e no
Brasil, bem como suas características gerais, regras básicas e seus funda-
mentos técnicos e táticos, entendendo que ambos os aspectos precisam
ser trabalhados de forma conjunta.
Desejamos que o conteúdo desta unidade instrumentalize você para
o ensino seguro e eficiente da modalidade, bem como forneça os conhe-
cimentos básicos que possibilitem seu avanço na direção dos conheci-
mentos sobre a modalidade futuramente, se assim desejar.
Bem-vindo(a) ao mundo do basquetebol!


Conhecendo o Basquetebol:
Histórico

Olá, caro(a) aluno(a), aqui conheceremos


um pouco da história do basquetebol.
Sua criação deu-se em 1891, no Colégio
Internacional da Associação Cristã de
Moços (ACM) de Springfield, Massachu-
setts, Estados Unidos da América (EUA).
Nesta região, com invernos rigorosos e
longos períodos de incidência de neve,
a prática de esportes coletivos - especial-
mente o beisebol e o futebol americano,
que, naquela época, eram praticados ex-
clusivamente ao ar livre - restringia-se
a um curto período de verão. Assim, as
aulas de inverno eram compostas, exclu-
sivamente, de conteúdos ginásticos, que
não satisfaziam plenamente os alunos.

44
EDUCAÇÃO FÍSICA

Com o objetivo principal de sanar este inconve- puxar, empurrar, segurar ou derrubar um adversá-
niente, James Naismith, professor de Educação Físi- rio, além da limitação de faltas individuais (CON-
ca canadense que lecionava na ACM, dedicou-se a FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL,
elaborar um jogo que deveria ser praticado por um [2018], on-line)1. A partir daí, o novo esporte foi
grande número de alunos, que fosse prazeroso e capaz tomando corpo e ganhando em competitividade e
de se adaptar a espaços fechados (CONFEDERAÇÃO motivação. A prática popularizou-se rapidamen-
BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. te, nos EUA e, em 1896, apenas cinco anos após
Inicialmente, a maior preocupação de James a criação do esporte, foi constituída a primeira
Naismith foi a segurança. Deveria ser um jogo mo- liga profissional de basquetebol no país (VIEIRA;
tivante, mas que não tivesse embates físicos similares FREITAS, 2006).
aos do futebol americano. Assim, os contatos físicos O Brasil foi um dos primeiros países a conhecer
foram restringidos e a condução da bola só poderia a novidade, por meio do professor de Artes norte-a-
ser feita quicando ou rolando. Tais normas estimu- mericano Augusto Shaw, que veio lecionar no tradi-
laram o jogo coletivo pela necessidade de se passar, cional Mackenzie College, em São Paulo, trazendo,
constantemente, a bola, que deveria ser maior do que na bagagem, uma bola de basquetebol. Ele conseguiu
a de futebol (soccer) e quicar com regularidade. O montar a primeira equipe brasileira da modalidade
alvo também não poderia ser no chão, pois as paredes no próprio Mackenzie, em 1896 (CONFEDERAÇÃO
próximas poderiam provocar acidentes. Desta forma, BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1.
foram colocados dois cestos de colher pêssegos, um Os primeiros anos do século XX foram marcados
de cada lado do salão onde Naismith ministrava suas pela criação de federações em diversos países, entre
aulas, a uma altura de 3,05 m do chão (essa altura elas a brasileira, fundada em 1933. Este movimen-
permanece até hoje), o que dava certa dificuldade ao to de internacionalização culminou com a inclusão
jogo (KRAVCHYCHYN et al., 2011). da modalidade nos Jogos Olímpicos de Berlim, em
A primeira aula de basquetebol foi ministra- 1936. Na ocasião, James Naismith lançou a bola ao
da para 18 alunos, que foram separados em duas alto, simbolicamente, no primeiro jogo olímpico de
equipes de nove jogadores. Inicialmente, o jogo foi basquetebol (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Segun-
disputado sob treze regras simples. Algumas delas do a Confederação Brasileira de Basquetebol ([2018],
perduram até os dias atuais, como a impossibili- on-line)1, o esporte é praticado, atualmente, por mais
dade de correr com a bola nas mãos, socar a bola, de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.

REFLITA

Como você conheceu e praticou o basquetebol? Como você ensinará a modalidade? Lembre-se de
considerar interesses, necessidades e possibilidades de seus alunos em sua prática pedagógica!

45


Fundamentos Técnicos
do Basquetebol

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir dos embates e das transformações que en- -flexionadas; tronco ligeiramente inclinado à frente;
volveram a Educação Física, a partir da década de peso igualmente distribuído sobre as pernas; cabe-
80, observou-se a desvalorização da aprendizagem ça na posição vertical, campo visual dominando a
técnica ou de aprofundamento dos conhecimentos maior área de jogo possível; braços ligeiramente fle-
e das habilidades dos fundamentos dos esportes nas xionados; palmas das mãos e antebraços dirigidos à
aulas da disciplina. Atualmente, no entanto, verifica- frente e para dentro.
-se um movimento de resgate do ensino das técnicas
esportivas, favorecendo a aquisição de conhecimen- Posição básica em equilíbrio assimétrico
tos e habilidades necessárias ao desenvolvimento da
autonomia e competência para a prática esportiva Igual a posição anterior, mas com um pé à frente do
(VIANNA; LOVISOLO, 2009). outro. A posição dos braços e mãos acompanha a das
Neste sentido, entendemos que a identificação, pernas e dos pés, ou seja, se a perna esquerda estiver
a compreensão e o domínio da técnica e da tática do à frente, o braço esquerdo também deverá estar.
basquetebol são fatores essenciais para uma prática O jogador de basquetebol com posse da bola
autônoma e permanente. Portanto, desenvolver as ha- somente poderá se movimentar quicando-a, su-
bilidades técnicas envolvidas no jogo é condição fun- cessivamente, contra o solo, com uma das mãos
damental para a prática cotidiana tanto sob a forma de (drible). Não poderá, portanto, correr com a bola
lazer quanto de exercício físico regular, ou, ainda, como sob seu domínio. Desta forma, o domínio de corpo
prática competitiva. De forma ampla, os fundamentos é importante nas situações de posse de bola para
do basquetebol podem ser subdivididos em domínio evitar uma violação às regras comuns no jogo: an-
de corpo, manejo de bola, drible, passes, arremessos e dar com a bola. O pé de pivô e as paradas de um
rebotes (BÔAS, 2008; KRAVCHYCHYN et al., 2011). e dois tempos são itens de controle de corpo de
suma importância.
DOMÍNIO DE CORPO

É a capacidade de realizar os movimentos do basque-


tebol, “[...] controlando o corpo no tempo e espaço
exigidos pela dinâmica do jogo” (OLIVEIRA; PAES,
2012, p. 76). Os elementos principais do domínio de
corpo são: posição básica (em equilíbrio simétrico
ou assimétrico), pé de pivô e paradas bruscas (em
um ou dois tempos) (KRAVCHYCHYN et al., 2011).

Posição básica em equilíbrio simétrico

Pés fixados ao solo, paralelamente, distanciados


pouco mais que a largura dos ombros; pernas semi- Figura 1 - Posição básica

47


Pé de pivô Parada brusca de um tempo

Com a posse da bola, o jogador utiliza este funda- Recebendo um passe ou parando um drible, após a
mento para protegê-la, ocupar um espaço, girar o fase aérea de corrida (momento em que nenhum dos
corpo ou mesmo procurar uma posição melhor de pés está tocando o solo), o jogador para com os dois
passe, drible ou arremesso, fundamentos que vere- pés ao mesmo tempo. Neste caso, qualquer um dos
mos a seguir. Consiste em manter um dos pés fixos dois pés poderá ser o pé de pivô (pé de apoio).
no chão, podendo tirar o outro em qualquer direção,
quantas vezes for necessário. Parada brusca de dois tempos

Após a fase aérea da corrida, o jogador para com um


pé, depois com o outro. Neste caso, somente o pri-
meiro pé que tocar o solo poderá ser o de pivô.

Figura 2 - Pé de pivô Figura 3 - Parada brusca

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

MANEJO DE BOLA DRIBLE

O basquetebol é um esporte reconhecido por suas É o domínio do corpo e da bola quicando. Empurra-
jogadas de habilidade. Para que isto ocorra, é neces- se a bola com apenas uma das mãos de encontro ao
sário que o jogador execute a correta empunhadura, solo, amortecendo-a de baixo para cima, repetindo,
base para a recepção da bola e a execução do drible em seguida, o ato de empurrar, com movimentos
e de passes e arremessos. que podem ser lentos ou rápidos, estando o jogador
parado ou em corridas e paradas bruscas, sempre
Empunhadura visando o deslocamento eficiente e a proteção da
bola. A movimentação dos braços, dos antebraços e
As mãos devem esperar e/ou segurar a bola como das mãos deve ser suave, harmoniosa e cadenciada.
um cone imaginário ou em forma de concha, com Com a prática regular, o jogador passa a executar o
as pontas dos dedos e as partes calosas das mãos em drible sem olhar para a bola, condição ideal para o
contato com a bola. jogo coletivo. Pode ser executado alto ou baixo.

Drible baixo

Realizado com o tronco mais inclinado à frente, com a


bola subindo, aproximadamente, até a altura do joelho,
geralmente, em situações de marcação próxima, que
exigem do jogador maior proteção da bola e agilidade.

Figura 4 - Empunhadura Figura 5 - Drible baixo

49


Drible alto companheiro(a) que finalize a cesta em condições


favoráveis é denominado assistência, ação cada vez
Realizado na linha da cintura ou um pouco acima, mais valorizada não só no basquetebol, mas em to-
geralmente, em situações que exigem velocidade, dos os esportes de invasão.
como contra-ataques ou momentos em que o joga- Os diversos tipos de passes podem ser executa-
dor não é marcado de perto. dos em equilíbrio simétrico ou assimétrico, em mo-
vimento ou saltando. Os passes mais utilizados no
basquetebol são: passe de peito (com uma ou com as
duas mãos), acima da cabeça, de ombro, de gancho e
quicado. Passes especiais - de costas, por trás do cor-
po e entre as pernas, por exemplo - também fazem
parte do repertório dos jogadores, sendo utilizados
como recursos técnicos.

Passe de peito com as duas mãos

Com a empunhadura correta e com o olhar à frente,


é executado partindo da flexão dos braços, seguida
de extensão e soltura da bola. No momento da sol-
tura, o tronco se projeta levemente à frente, e os pu-
nhos são levemente abduzidos a fim de proporcio-
nar melhor direcionamento da bola. Pode também
ser realizado com uma das mãos, quando esta vai à
frente na fase final do movimento.

Figura 6 - Drible alto

PASSE

Como vimos no histórico da modalidade, desde sua


concepção, o basquetebol priorizou o passe como
fundamento essencial ao jogo coletivo pretendido
por seu criador. É realizado com a intenção de al-
cançar as melhores condições possíveis de transição
da defesa ao ataque, bem como de arremesso à ces-
ta (OLIVEIRA; PAES, 2012). O passe para um(a) Figura 7 - Passe de peito

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

Passe de peito com uma das mãos Passe de ombro

É uma variação do passe de peito com as duas mãos. Passe forte e longo, como o próprio nome sugere,
Até a fase da soltura da bola, a movimentação é é executado com uma das mãos à altura do ombro.
idêntica. Nesta fase, uma das mãos é destacada, com Com a bola segura nas duas mãos, o referido pas-
extensão do braço do passe e leve flexão do punho, se é realizado seguindo as etapas de empunhadu-
dando direção e força ao passe. ra, flexão e extensão dos braços, com a soltura da
bola. Pé contrário ao da mão do passe à frente e
uma leve rotação do tronco dão mais segurança e
velocidade ao passe.

Figura 8 - Passe de peito com uma das mãos

Figura 9 - Passe de ombro

51


Passe acima da cabeça Passe de gancho

Passe de curta ou média distância, executado com as Também é um passe longo cujo movimento é exe-
duas mãos, com empunhadura alta. Impulsiona-se a cutado com uma das mãos, lateralmente à direção
bola com um leve movimento de antebraço, flexão do passe. Pode ser efetuado com os dois pés fixos no
do punho e tronco à frente. Deve-se tomar o cuida- chão ou com a elevação do joelho correspondente à
do de, no impulso da bola acima da cabeça, não pro- mão que executa o passe. A finalização ocorre acima
jetá-la excessivamente para trás, o que ocasionaria da cabeça, com leve flexão do punho, e, geralmente,
uma desproteção dela. a trajetória da bola é parabólica.

Figura 10 - Passe acima da cabeça Figura 11 - Passe de gancho

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Passe quicado Passes especiais

Nesse tipo de passe, a bola toca o chão antes da re- Por baixo, laterais, por trás do corpo e/ou da cabe-
cepção. Em geral, é utilizado em condições espe- ça, de costas, entre as pernas, entre outras variações.
ciais, sob marcação rígida, podendo ser executado São recursos utilizados durante o jogo, geralmente
como uma variação do passe de peito com as duas em assistência a um companheiro em condição de
ou com uma das mãos, dificultando a interceptação finalizar e exigem maior tempo de treinamento e
pelo jogador adversário. aperfeiçoamento por parte dos praticantes.

Figura 12 - Passe quicado Figura 13 - Passe especial (assistência)

53


ARREMESSO

Ato de finalização de uma situação de ataque, o


arremesso é o fundamento técnico do basquete-
bol que requer maior concentração e precisão em
sua execução (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Os
tipos de arremesso mais executados são: parado
com uma mão, com salto (jump shot), bandeja e
gancho.

Arremesso parado com uma mão

Em equilíbrio assimétrico (perna da frente cor-


respondente à mão do arremesso), empunhadura
básica, olhar fixo no alvo, leve flexão e, em segui- Figura 14 - Arremesso parado com uma mão

da, extensão simultânea das pernas e do tronco.


Neste momento, o cotovelo da mão do arremesso
precisa ser posicionado embaixo da bola, o bra-
ço se estende e finaliza o movimento com a fle-
xão do punho e o dedo indicador na direção da
cesta. A mão contrária faz o apoio, lateralmente.
Esse tipo de arremesso é utilizado pela maior par-
te dos jogadores de basquetebol no momento do
lance livre. Contudo há jogadores que o utilizam
também nas tentativas de cesta de campo (jogo
em andamento).

Arremesso com salto/jump shot

Após a parada de um ou dois tempos, o jogador


salta de frente para a cesta, realizando movimento
idêntico ao arremesso anterior, soltando a bola no
ponto máximo do salto. Dependendo da circuns-
tância, o salto poderá ser realizado para frente,
para trás ou lateralmente. No Brasil, esse tipo de
arremesso é denominado popularmente apenas
como jump. Figura 15 - Arremesso com salto (jump shot)

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

Bandeja Gancho

É a única ação de jogo em que o jogador pode andar A mecânica desse tipo de arremesso é a mesma do
com a bola em mãos. Assim como o jump, a bandeja passe de gancho, com a diferença de a finalização ser
conjuga o salto e o arremesso, porém antecedidos de feita em direção à cesta. O gancho pode ser realizado
dois passos, dados em tempos rítmicos e em direção após o movimento do pé de pivô ou como finaliza-
à cesta. Fundamento muito utilizado em contra-ata- ção de uma bandeja.
ques e infiltrações na área restritiva (garrafão).

Figura 16 - Bandeja Figura 17 - Gancho

55


REBOTE jogador salta, procurando apanhar a bola no ponto


mais alto possível, trazendo-a junto ao corpo, apro-
Recuperação da posse de bola, após uma finalização ximadamente à altura da cintura, para a proteção da
(arremesso) não convertida. Classificam-se em re- posse de bola.
bote defensivo e rebote ofensivo (KRAVCHYCHYN
et al., 2011). Rebote ofensivo

Rebote defensivo Igual ao anterior, com diferença na fase final. Na


recuperação da bola, o atacante deverá mantê-la o
Quando o arremesso do adversário é realizado, o de- mais alto possível, finalizando à cesta com um jump.
fensor assume a posição básica, procurando tomar Outro tipo de rebote ofensivo é o tapinha, quando o
a frente do atacante em relação à cesta (bloqueio jogador toca na bola com a ponta dos dedos, devol-
defensivo). Após a bola tocar o aro ou a tabela, o vendo a bola à cesta.

Figura 18 - Rebote

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

57


Regras Básicas
do Basquetebol

A expressão regras básicas remete à ne-


cessidade de estudo das regras essenciais
para a prática do basquetebol. Trata-se
de um esporte dinâmico quanto ao aper-
feiçoamento de suas regras, que passam,
constantemente, por processos de revisão
pela Federação Internacional de Basque-
tebol (FIBA). Dificilmente veremos dois
Jogos Olímpicos seguidos sem mudanças
normativas, mas, certamente, a maioria
das regras se manterá – conforme já cita-
do, algumas vigoram desde a criação do
esporte –, por serem intimamente rela-
cionadas à técnica e à tática do jogo. Estas
serão o foco deste estudo.

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Não pretendemos, pois, ministrar um curso de Linha e círculo centrais


arbitragem, mas oferecer o aporte didático-peda-
gógico necessário ao futuro professor neste quesito. A linha central faz parte da quadra de defesa. O cír-
Fator que não o isenta da responsabilidade de cons- culo central marca o centro da quadra de jogo, com
tante atualização. raio de 1,80 m.
Organizamos nossa abordagem tomando como
fonte de pesquisa as regras oficiais em vigor (CON- Linhas de lance livre e áreas restritivas
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL,
[2018], on-line)1. Dividimos, didaticamente, as A linha de lance livre será traçada paralela a 5,80 m
principais regras em seis itens: quadra; formação da linha final. Um semicírculo deve ser traçado a
das equipes de jogo e de arbitragem; regras de tem- partir dessa linha, com raio de 1,80 m, cuja finalida-
po; bola viva e bola morta; violações mais comuns de é delimitar a área de arremesso dos lances livres.
e faltas. As áreas restritivas são retangulares, originadas nas
linhas limítrofes finais e terminando nas margens
QUADRA externas das linhas de lance livre. No interior das
restritivas, localizam-se as áreas semicirculares sem
Medindo 28 m de comprimento por 15 m de largura, carga, com raio de 1,25 m.
medidos desde a margem interna da linha limítrofe,
a quadra de jogo precisa apresentar superfície plana Área da cesta de campo de três pontos
e rígida. Divide-se em quadra de defesa e de ataque,
situação importante em algumas regras que veremos Linha em arco, com raio de 6,75 m, medida exa-
a seguir, especialmente nas regras de tempo. tamente do ponto no solo abaixo do centro do aro
(cesta) até a margem externa do arco. Essa linha se
Linhas limítrofes estende até 0,90 m da margem interna das linhas li-
mítrofes laterais, de onde são traçadas duas linhas
Não fazem parte da quadra de jogo. Ao contrário (uma de cada lado) até a linha limítrofe final.
do futebol e do voleibol, por exemplo, se a bola to-
car as linhas limítrofes da quadra de basquetebol, Tabelas
ela será considerada fora de jogo. Qualquer obstru-
ção (paredes, bancos, placas de propaganda etc.) Podem ser de madeira (cor branca) ou de vidro
deverá estar na distância mínima de 2 m da quadra (transparente), com suportes acolchoados. A distân-
de jogo. cia do aro ao solo deve ser de 3,05 m.

59


Figura 19 - Quadra de basquetebol


Fonte: Confederação Brasileira de Basquetebol ([2018], on-line)1.

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

EQUIPES DE JOGO E DE ARBITRAGEM

As equipes de jogo podem ser compostas de cinco A arbitragem é conduzida por dois ou três ofi-
até doze jogadores. Em quadra são cinco jogadores, ciais, sendo um árbitro e um ou dois fiscais. Todos
não havendo limite de substituições, os substituídos exercem a mesma função, apitando faltas e viola-
podem voltar ao jogo quantas vezes for necessário, ções e zelando pelas regras do jogo, mas o árbitro
desde que estejam aptos a jogar. Podem contar tam- é o detentor das decisões finais. Eles devem ser
bém com um técnico, um assistente técnico e até auxiliados pelos oficiais de mesa (apontador, cro-
cinco acompanhantes (gerente, médico, fisiotera- nometrista e operador de 24 segundos) e por um
peuta, estatístico, intérprete etc.). comissário, se presente.

Figura 20 - Equipe de basquetebol

REGRAS DE TEMPO

O basquetebol tem no controle do tempo de jogo e,


até mesmo, das situações de ataque e defesa duran-
te uma partida, um diferencial que proporciona di-
namismo e emoção ao jogo. Abordaremos algumas
Figura 21 - Oficiais delas neste tópico.

61


Tempo debitado

É a interrupção do jogo solicitada pelo técnico ou


assistente técnico a fim de instruir sua equipe. Dois
tempos debitados podem ser solicitados durante a
primeira metade do jogo; três durante a segunda
metade, com o máximo de dois deles nos últimos
dois minutos da segunda metade; e um durante cada
período extra. É importante ressaltar que tempos
debitados não utilizados não são acumulados para a
próxima metade do jogo ou período extra.
Figura 22 - Placar eletrônico

Tempo de ataque de uma equipe


Tempo de jogo
Sempre que uma equipe adquire a posse da bola,
As partidas de basquetebol são cronometradas, ou precisa tentar um arremesso para uma cesta de
seja, é contado somente o tempo, efetivamente, jo- campo dentro de 24 segundos. A bola tem que dei-
gado. Assim, o placar eletrônico é um importante xar a(s) mão(s) do jogador atacante antes que este
equipamento. O tempo total de jogo é de 40 minu- tempo expire. Caso um rebote ofensivo seja apa-
tos, divididos em quatro períodos de 10 minutos nhado pela equipe atacante, o tempo da segunda
cada, com intervalos de dois minutos entre o pri- oportunidade seguida de ataque é de 14 segundos.
meiro e o segundo (que correspondem ao primeiro Há um membro da equipe de arbitragem designado
tempo) e entre o terceiro e o quarto (que correspon- para o controle dessa regra de tempo, o operador de
dem ao segundo tempo). Entre o segundo e o tercei- 24/14 segundos.
ro período, os times trocam de lado, caracterizando
o intervalo de meio tempo. Tempo de passagem da defesa para o ataque
Como o basquetebol não prevê empates, se o
placar estiver empatado ao final do tempo de jogo, a Ao adquirir a posse de bola em seu campo de defe-
partida continuará com quantos períodos extras de sa, uma equipe precisa ultrapassar a linha central
cinco minutos forem necessários para que haja um no tempo máximo de oito segundos. Esse tempo
desempate, com as equipes atacando para o mesmo conta para o total de 24 segundos, descrito ante-
lado que finalizarem o quarto período. riormente.

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

Jogador na área restritiva (garrafão) em um jogador dentro da quadra (o cronômetro só


é acionado neste instante), e permanecerá viva até
A área restritiva é popularmente chamada, no Brasil, que saia de jogo, por meio do apito de um oficial
de garrafão, pela semelhança com o formato deste ou pelo sinal da mesa de controle, ao expirar o tem-
objeto. Com a bola em jogo, nenhum jogador pode- po de ataque de uma equipe (dispositivo de 24/14
rá permanecer por mais de três segundos no garra- segundos), ou no final de um período ou do jogo
fão adversário enquanto sua equipe está atacando. (cronômetro de jogo). Nestas situações, porém, caso
o tempo expire, e a bola esteja no ar, esta continuará
Jogador marcado de perto viva e, caso o arremesso seja convertido, os pontos
valerão. Contudo se ainda estiver nas mãos do joga-
Quando um jogador estiver de posse da bola e com dor, a bola será considerada morta, e os pontos não
marcação próxima e ativa (adversário demonstran- serão validados.
do que quer recuperar a posse da bola), este deverá
passá-la, arremessá-la ou iniciar o drible em menos VIOLAÇÕES
de cinco segundos.
Infringir as regras do jogo é considerado violação.
Reposição da bola e execução do lance livre Violações são punidas com a perda da posse de bola.
Algumas violações são, comumente, observadas nos
Em todas as situações de bola fora de jogo, os oficiais jogos de basquetebol, tais como andar ou correr com
precisam entregá-la a um jogador para a reposição a bola em mãos, drible ilegal (driblar, segurar e dri-
em lateral, fundo de quadra e na linha de lance livre. blar novamente), infringir regras de tempo, pisar ou
Nestes casos, o jogador deverá recolocar a bola em driblar sobre as linhas limítrofes, retornar a bola do
jogo em menos de cinco segundos. campo de ataque para o de defesa, entre outras.

BOLA “VIVA” E “MORTA” FALTAS

A bola torna-se “morta”, ou fora de jogo, quando As consequências das faltas pessoais ou coletivas,
uma cesta de campo ou de lance livre é convertida, geralmente, causam maior impacto na participação
ou quando o jogo é paralisado pelo apito de um ofi- de jogadores e, consequentemente, nos resultados
cial. Nenhuma cesta será validada com a bola morta dos jogos. As faltas são causadas tanto por contato
(na reposição de bola em lateral ou do fundo, por pessoal ilegal com um adversário quanto por com-
exemplo). No entanto ela estará “viva” quando tocar portamento antidesportivo.

63


Falta pessoal (bonificação), caso a cesta de dois ou três pontos seja


convertida. Assim como nas faltas técnicas, duas
É o contato físico ilegal com um adversário. Como faltas antidesportivas cometidas na mesma partida
penalidade, uma falta pessoal será marcada na súmula ocasionam a desqualificação do jogador.
para o jogador que a cometeu. Se o jogador que sofre
a falta não estiver no ato de arremesso, o jogo será Falta desqualificante
reiniciado com a reposição da bola no ponto mais
próximo do ocorrido (lateral ou fundo). Se estiver É a ação flagrantemente antidesportiva cometida
arremessando e a cesta não for convertida, o jogador por um jogador ou por um membro de banco da
que sofre a falta tem direito a dois ou três lances livres. equipe, por exemplo, agressão física ou ofensa gra-
Caso a cesta seja convertida, os pontos (dois ou três) ve. O jogador ou membro da comissão técnica des-
valem, e o jogador tem um lance livre de bonificação. qualificado deve deixar o recinto de jogo, imediata-
mente. No caso do jogador, outro pode substituí-lo
Falta técnica (note a diferença da expulsão adotada no futebol,
por exemplo, que exclui o jogador sem direito à
Não é um tipo de falta provocada por contato físico, substituição). No caso do técnico, o assistente téc-
mas de natureza comportamental. No caso de um nico pode substituí-lo. Lance(s) livre(s) será(ão)
membro da comissão técnica cometer uma falta si- concedido(s) a qualquer adversário, designado pelo
milar (que, geralmente, ocorre por reclamação), uma seu técnico no caso de uma falta sem contato, ou ao
falta técnica será marcada contra o técnico. Como jogador que sofreu a falta, no caso de uma falta com
penalidade, um lance livre (a ser cobrado por um contato. No caso de uma falta sem contato, serão
jogador livremente escolhido) é concedido à equipe dois lances livres, e, no caso de faltas com contato,
adversária, seguido por uma reposição em lateral, na a definição do número de lances livres e a reposição
linha central, do lado oposto à mesa de controle. de bola ao adversário seguem o mesmo critério da
falta antidesportiva.
Falta antidesportiva
Limites de faltas individuais (jogador e técni-
É uma falta com contato, cometida propositalmen- co) e por equipe
te contra o adversário e sem a intenção de disputa
da bola. Como penalidade, serão concedidos lances O jogador que cometer cinco faltas pessoais ao lon-
livres para o jogador que sofreu a falta e mais uma go de uma partida é desqualificado, deve ser substi-
reposição em lateral para sua equipe, na linha cen- tuído e não pode retornar ao jogo. Ao cometer uma
tral, do lado oposto à mesa de controle. A quantida- falta técnica ou antidesportiva, o jogador tem uma
de de lances livres dependerá da situação de jogo: falta individual anotada, contando para o limite de
dois, caso o jogador que sofra a falta não esteja em cinco. Contudo, ao cometer a segunda falta técnica,
ato de arremesso; dois ou três, dependendo de onde é desqualificado automaticamente, assim como ao
o arremesso de campo esteja sendo realizado; ou um cometer a segunda falta antidesportiva.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao técnico é possível apenas cometer


faltas de ordem disciplinar. Com duas fal-
tas técnicas no mesmo jogo, ele é desquali-
ficado e deve ser excluído do ambiente de
jogo. Vale frisar que faltas técnicas come-
tidas por membros da comissão técnica
(assistente, preparador físico etc.) são ano-
tadas para o técnico.
As faltas individuais acumuladas con-
tam para o número de faltas coletivas, con-
tadas em cada período de jogo. A partir
da quarta falta cometida por membros da
mesma equipe, haverá a cobrança de dois
lances livres pela equipe adversária: um,
dois ou três, nas situações de arremessos já
descritas; ou dois, mesmo que o adversário
não esteja em ato de arremesso.

65


Modelos de Exercícios na Iniciação


ao Ensino do Basquetebol

Os exercícios apresentados a seguir, propostos por contra dois, três contra três) e também provocando a
Moraes, Anselmo e Reis (2013), baseiam-se em es- superioridade com a utilização de um coringa. Nes-
truturas funcionais, que se configuram consideran- tas estruturas, os fundamentos técnicos são pratica-
do situações reais de jogo. Preconiza-se, assim, o dos em situações táticas individuais e coletivas.
princípio de “aprender a jogar jogando”, evitando o
desgastante processo pelo qual se repete, primeiro,
os gestos técnicos para que, depois, somente após seu
domínio, se possa jogar. Nesse processo, o professor
deve avançar gradativamente, “[...] com qualidade,
com paciência, com aumento da variabilidade das
atividades diariamente, passo a passo, com paixão e
coragem” (GRECO; SILVA; COSTA, 2013, p. 19).
Reforçamos, pois, que os modelos apresentados
não devem ser vistos como fórmulas prontas, mas
como exemplos para a atuação do professor, que deve
considerar as particularidades de seus alunos. Nesta
exposição, contemplaremos situações de ataque e Figura 23 - Passe e ataque
defesa em igualdade numérica (um contra um, dois Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 200).

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

Em duas fileiras: um aluno (com bola) de frente para


o outro (sem bola). O que está com a bola passa para
o que está à sua frente, que devolve e se posiciona
para defender. Ao receber novamente a bola, o aluno
que estiver de frente para o alvo (cesta) passa a ata-
car, e o de costas, a defender.

Figura 26 - Jogo de meia quadra


Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 218).

Figura 24 - Drible com duas bolas


Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 209).
SAIBA MAIS

Em fileira, no fundo da quadra, os alunos driblam


(correndo ou andando, conforme sua habilidade) Esta atividade configura o ataque e a defesa
com duas bolas, simultaneamente. posicionados, uma situação comum no bas-
quetebol e nos esportes de invasão. Por si só,
acertar o alvo, no basquetebol, já pode ser
considerado um desafio para os iniciantes
na modalidade. Não é raro alguém treinar
muitos arremessos por dia, individualmen-
te. Sem dúvida, aprender a arremessar de
forma eficiente e treinar esse fundamento
técnico é necessidade premente a qualquer
praticante da modalidade. Porém arremessar
em situação de jogo requer movimentos e
esforços específicos, que precisam ser prati-
cados. Esse exemplo ilustra bem o conceito
de que a dissociação de aprendizagem técni-
ca e tática não é aconselhável. A pedagogia
do esporte contemporâneo prioriza a tática,
Figura 25 - Posse de bola com coringa demonstrando que o ensino da técnica deve
Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 214). ter sentido para o aluno.

Fonte: Rodrigues e Darido (2012).


Ataque e defesa, em 3x3; 1 ou 2 coringas podem auxi-
liar o ataque, configurando a superioridade numérica.

67
considerações finais

O
s tópicos desenvolvidos na Unidade 2 abordaram especialmente a origem
e o desenvolvimento do basquetebol pelo mundo, seus principais funda-
mentos técnicos, as regras básicas e a indissociabilidade entre técnica e
tática que permeia a modalidade. Esta primeira viagem pelo mundo do
basquetebol, bem como as questões do elemento “Reflita” embasam nossas conside-
rações finais para esta unidade.
Ao criar o novo jogo, o professor James Naismith pensou em oferecer aos seus
alunos uma prática participativa, cooperativa e motivante, a ser realizada em locais
fechados, que os protegia do rigoroso inverno. Esta atividade rompeu rapidamente
os muros escolares, consolidando-se, com a mesma velocidade, como esporte olím-
pico e um dos mais praticados e assistidos no mundo, atualmente. As décadas de
60 e 70 foram de valorização dos conteúdos esportivos na Educação Física escolar.
No Brasil, adotou-se um modelo hegemônico que contemplava, prioritariamente, as
modalidades de futebol de salão (atualmente futsal), handebol, voleibol e basquete-
bol, jogadas em quadras poliesportivas, uma solução para a redução dos espaços es-
colares nos centros urbanos. Apesar disso, em grande parte delas Brasil afora, ainda
hoje, pode ser verificada a ausência de tabelas de basquetebol, um entrave que não
pode intimidar o professor no ensino da modalidade, uma vez que há locais onde se
ensina basquetebol até mesmo na terra batida (recomendamos assistir à reportagem
da série “Encontros do Pan”, vide Material Complementar - Web).
Nas décadas de 80 e 90, a área da Educação Física coloca em xeque a excessiva va-
lorização da técnica – origem do termo tecnicismo –, então considerada excludente
para a maioria dos alunos. Nos anos 2000, sob o discurso recorrente do tecnicismo e
a crescente adoção da reprovável prática do rola-bola, retoma-se o foco do ensino do
esporte na Educação Física e de uma nova concepção do ensino da técnica. Na Uni-
dade 2, você conheceu melhor o basquetebol e suas características. “Ensinar a jogar
jogando” é o ponto de transição para a Unidade 3. Vamos em frente!

68
atividades de estudo

1. O desenvolvimento das habilidades técnicas envolvidas no jogo é fundamental


para a prática cotidiana, como lazer, exercício físico regular ou prática competi-
tiva. Sobre os fundamentos do basquetebol (domínio de corpo, manejo de bola,
drible, passes, arremessos e rebotes), leia as assertivas que seguem:
I - Com a posse da bola, o jogador de basquetebol somente poderá movimen-
tar-se quicando-a contra o solo, sucessivamente, com uma das mãos (drible).
Não poderá, portanto, correr com a bola sob seu domínio.
II - O pé de pivô é utilizado para proteger a bola do adversário, ocupar um espa-
ço, girar o corpo ou mesmo procurar uma posição melhor de passe, drible
ou arremesso. Consiste em manter um dos pés fixos no chão, podendo tirar
o outro em qualquer direção, quantas vezes for necessário. O outro pé só
poderá ser deslocado após a bola sair das mãos do jogador.
III - Ao realizar o drible, empurra-se a bola com as duas mãos de encontro ao
solo, amortecendo-a de baixo para cima, repetindo, em seguida, o ato de
empurrar, com movimentos lentos e rápidos, estando o jogador parado ou
em corridas e paradas bruscas. Pode ser executado alto ou baixo.
IV - O ato de finalização de uma situação de ataque é denominado arremesso.
Os tipos de arremesso mais executados são: parado com uma mão, com
salto (jump shot), bandeja e gancho.

De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:


a) I e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) I e II, apenas.
e) I, apenas.

69
atividades de estudo

2. O rebote consiste na recuperação da posse de bola após uma finalização (arre-


messo) não convertida. Em relação ao rebote, assinale a alternativa incorreta:
a) O rebote defensivo ocorre quando o defensor salta após a bola tocar o aro
ou a tabela, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazen-
do-a à linha de cintura para a proteção da posse de bola.
b) No rebote ofensivo, o atacante deverá manter a bola o mais alto possível,
finalizando a cesta com um jump.
c) O “tapinha” é considerado um rebote ofensivo; ocorre quando o jogador toca
na bola com a ponta dos dedos, devolvendo-a à cesta.
d) O rebote defensivo ocorre quando o atacante salta após a bola tocar o aro ou
a tabela, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazendo-a
à linha de cintura para a proteção da posse de bola.
e) O rebote defensivo é considerado uma “obrigação tática”, pois os defensores
deveriam estar posicionados de modo a facilitar sua execução por meio do
bloqueio defensivo.

3. Sobre as regras oficiais do basquetebol, aprovadas pela FIBA (Federação Interna-


cional de Basquetebol), a afirmativa incorreta é:
a) A linha de lance livre será traçada paralela a 5,80 m de cada linha final. Um se-
micírculo deve ser traçado a partir dessa linha, com a finalidade de delimitar
a área de arremesso dos lances livres.
b) As áreas restritivas (garrafão) são retangulares, originadas nas linhas limítro-
fes finais e terminando nas margens externas das linhas de lance livre. No
interior das áreas restritivas, localizam-se as áreas semicirculares sem carga.
c) A área da cesta de campo de três pontos é constituída por uma linha em arco
com raio de 6,75 m, medida exatamente do ponto no solo abaixo do centro
do aro (cesta) até a margem externa do arco.
d) As tabelas podem ser de madeira (cor branca) ou de vidro (transparente),
com suportes acolchoados. A distância do aro ao solo deve ser de 3,05 m.
e) A quadra mede 18 m de comprimento por 9 m de largura, medidos desde a
margem interna da linha limítrofe, a quadra de jogo precisa apresentar su-
perfície plana e rígida. Divide-se em quadra de defesa e de ataque, situação
importante em algumas regras de tempo.

70
atividades de estudo

4. O basquetebol foi um esporte concebido para o ambiente escolar, mas teve rá-
pida expansão, com sua prática difundida mundialmente em poucos anos. Com
base nestas informações, assinale a alternativa incorreta sobre a história da mo-
dalidade:
a) A criação do basquetebol ocorreu em 1891, no Colégio Internacional da Asso-
ciação Cristã de Moços (ACM) de Springfield, Massachusetts, Estados Unidos
da América (EUA).
b) Os primeiros alvos do basquetebol foram cestos de colher pêssegos, que
foram colocados um de cada lado do salão onde o professor Naismith minis-
trava suas aulas.
c) A altura da cesta era de 3,05 m do chão, medida que aumentou ao longo dos
anos.
d) Várias regras do basquetebol, criadas desde seu início, permanecem até os
dias atuais. São exemplos: não poder correr com a bola em mãos e a limita-
ção do número de faltas pessoais dos jogadores.
e) A inclusão do basquetebol nos Jogos Olímpicos ocorreu em Berlim (1936). Na
ocasião, James Naismith lançou a bola ao alto, simbolicamente, no primeiro
jogo olímpico de basquetebol.

5. Os exercícios apresentados nesta unidade baseiam-se em estruturas funcionais.


Preconiza-se o princípio de “aprender a jogar jogando”, evitando o desgastante
processo no qual se repete primeiro os gestos técnicos, para que depois, somen-
te após seu domínio, se possa jogar. Sobre as estruturas funcionais, assinale a
alternativa incorreta:
a) Durante a elaboração dos exercícios, os fundamentos técnicos são praticados
em situações que priorizam a aprendizagem da tática individual e coletiva.
b) As estruturas funcionais são baseadas em contextos somente da exercitação
da técnica.
c) As estruturas funcionais podem ser realizadas em exercícios de 1x1, 2x2, 3x3,
que se caracterizam por igualdade numérica.
d) Os exercícios de inferioridade ou superioridade numérica são utilizados para
o ensino dos esportes coletivos, principalmente os jogos de invasão (basque-
tebol, handebol, futebol etc.).
e) O coringa é um participante que pode colaborar em situações ofensivas e
defensivas, favorecendo a aprendizagem do jogo ao diminuir ou aumentar a
sua dificuldade.

71
LEITURA
COMPLEMENTAR

O que ensinar do e sobre o basquetebol?

O referencial teórico

As aulas de basquetebol, na maioria dos casos, estão focalizadas exclusivamente no ensino


dos fundamentos básicos do esporte e na vivência do jogo. Aprender a jogar é um dos as-
pectos fundamentais, mas restringir-se a esses conhecimentos pode limitar uma compre-
ensão mais abrangente do basquete.

Nesse sentido, consideramos essencial que o aluno aprenda a jogar basquetebol, mas tam-
bém aprenda sobre o esporte e como se relacionar no âmbito de sua prática. Para melhor
definição dessa concepção, explicitamos o que entendemos por conteúdo, já que o seu
conceito é, na maioria das vezes, mal-entendido e mal interpretado.

O conceito de conteúdo é, frequentemente, compreendido de maneira simplista e reducio-


nista, como expresso nas palavras de Zabala (1998):

O termo “conteúdo” normalmente foi utilizado para expressar aquilo que deve se
aprender, mas em relação quase exclusiva aos conhecimentos das matérias ou dis-
ciplinas clássicas e, habitualmente, para aludir aqueles que se expressam no conhe-
cimento de nomes, conceitos, princípios, enunciados teoremas (ZABALA, 1998, p. 30).

Há uma proposta de superação desse conceito restrito de conteúdo, e o entendendo como


tudo aquilo que se deve aprender para alcançar objetivos de desenvolvimento de todas as
capacidades dos indivíduos, designando-o como o conjunto de conhecimentos cuja assimi-
lação e apropriação por parte dos alunos é considerada essencial para o desenvolvimento
e socialização (ZABALA, 1998; COLL et al., 2000).

72
LEITURA
COMPLEMENTAR

Para Libâneo (1994), os conteúdos retratam a experiência social da humanidade relaciona-


da a conhecimentos e modos de ação que englobam entre outros:

[...] conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades
cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de
estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes
(LIBÂNEO, 1994, p. 128).

Como podemos observar, os conhecimentos curriculares não se restringem a apenas fatos


e conceitos, mas a uma série de formas e saberes culturais essenciais para o desenvolvi-
mento e socialização dos educandos.

De acordo com Coll et al. (2000) há uma reivindicação frequente de que, sejam ensinados
e aprendidos outros conhecimentos considerados tão ou mais importantes do que fatos
e conceitos, por exemplo, certas estratégias ou habilidades para resolver problemas, se-
lecionar a informação pertinente em determinada situação, ou utilizar os conhecimentos
disponíveis para enfrentar situações novas ou inesperadas, ou ainda, saber trabalhar em
equipe, mostrar-se solidário com os colegas, respeitar e valorizar o trabalho dos outros, ou
não discriminar as pessoas por motivos de gênero, idade ou outro tipo de características
individuais.

Atualmente, há uma tentativa de ampliar o conceito de conteúdo e passar a referenciá-lo


como tudo quanto se tem que aprender que não apenas abrangem as capacidades cogni-
tivas, como incluem as demais capacidades. Dessa forma, poderá ser incluído de forma ex-
plícita nos programas de ensino o que antes estava apenas no currículo oculto. Esta classi-
ficação corresponde às seguintes questões: “O que se deve saber?” (Dimensão Conceitual),
“O que se deve saber fazer?” (Dimensão Procedimental), e “Como se deve ser?” (Dimensão
Atitudinal), com a finalidade de alcançar os objetivos educacionais (ZABALA, 1998).

73
LEITURA
COMPLEMENTAR

A diferenciação tipológica dos conteúdos em dimensões tem finalidade didática que só se


justifica quando utilizada para compreender o pensamento e comportamento das pessoas.
Esta divisão do conhecimento não é desejável no momento da prática pedagógica, já que a
análise e compreensão dos conteúdos devem ser realizadas de forma integrada.

No caso particular da Educação Física, o contexto de desenvolvimento dos conteúdos é di-


ferenciado dos demais componentes curriculares. Ao longo da história desse componente
curricular, priorizaram-se os conhecimentos numa dimensão procedimental, o saber fazer
e não o saber sobre a cultura corporal ou como se relacionar nas manifestações dessa cul-
tura (DARIDO; RANGEL, 2005).

Nesse sentido, um novo olhar para a prática pedagógica em Educação Física deverá estar
atento aos relacionamentos e aos conhecimentos no âmbito das manifestações da cultura
corporal de movimento, e não apenas à vivência dos movimentos.

Fonte: adaptada de Rodrigues e Darido (2012).

74
material complementar

Indicação para Acessar

Para ilustrar a possibilidade de superar a indisponibilidade de instalações adequadas à prática do bas-


quetebol, recomendamos assistir à reportagem da série “Encontros do Pan”.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=WpPIsoIm0cU>.

75
referências

BÔAS, M. S. V. Basquetebol brincando e aprendendo: da iniciação ao aperfeiçoa-


mento. 2. ed. Maringá: Eduem, 2008.
COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B.; VALLS, E. Os conteúdos na reforma. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
GRECO, P. J.; SILVA, S. A.; COSTA, G. C. Manual para o ensino dos esportes no PST.
In: GRECO, P. J.; CONTI, G.; MORAES, J. C. P. (Orgs.). Manual de práticas para a
iniciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013.
KRAVCHYCHYN, C.; MOLENA-FERNANDES, C. A.; LIMA, S. B. S.; OLIVEIRA,
A. A. B. Basquete. In: OLIVEIRA, A. A. B.; KRAVCHYCHYN, C.; MOREIRA, E. C.;
PEREIRA, R. S. (Orgs.). Ensinando e aprendendo esportes no Programa Segundo
Tempo. Maringá: Eduem, 2011. p. 95-136.
MORAES, J. C. P.; ANSELMO, A. S.; REIS, C. P. Basquetebol. In: GRECO, P. J.; CON-
TI, G.; MORAES, J. C. P. (Orgs.). Manual de práticas para a iniciação esportiva no
Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013.
OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J. L. L. (Org.).
Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2004.
OLIVEIRA, W.; PAES, R. R. Ciência do Basquetebol: Pedagogia e metodologia da
iniciação à especialização. 2. ed. Londrina: Sport Training, 2012.
RODRIGUES, H. A.; DARIDO, S. C. Basquetebol na escola: uma proposta didático-
-pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
VIANNA, J. A.; LOVISOLO, H. R. Desvalorização da aprendizagem técnica na Edu-
cação Física: evidências e críticas. Revista Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 883-889,
out./dez. 2009.
VIEIRA, S.; FREITAS, A. O Que é Basquete: história, regras, curiosidades. Rio de
Janeiro: Casa da Palavra, 2006.

REFERÊNCIA ON-LINE

1
Em: <http://www.cbb.com.br/a-cbb/o-basquete>. Acesso em: 23 abr. 2019.

76
gabarito

1. B.

2. D.

3. E.

4. C.

5. B.

77
SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL

Professor Dr. Claudio Kravchychyn


Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Introdução às ações táticas
• Sistemas táticos ofensivos do basquetebol
• Sistemas táticos defensivos do basquetebol
• Planos de aula

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar as ações táticas ofensivas no basquetebol.
• Compreender e analisar os sistemas táticos ofensivos no
basquetebol.
• Compreender e analisar os sistemas táticos defensivos no
basquetebol.
• Compreender, analisar e estruturar planos de aula para o
ensino do basquetebol.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a). Na unidade anterior, abordamos a origem
e as diversas características do basquetebol, bem como seus
fundamentos técnicos e suas principais regras, elementos in-
dissociáveis da dimensão tática do jogo. Nesta perspectiva, é
provável, por exemplo, que um aluno que converta nove em dez tentativas
de arremessos de campo (de dois ou três pontos) em exercícios repetiti-
vos, realizados sem a conexão com a realidade do jogo, tenha dificuldade
em encontrar os melhores posicionamento e momento dessa execução em
situações de jogo, caso não tenha treinado tal fundamento inserido nessas
situações.
Os gestos técnicos originam-se da dimensão tática, fazendo parte de um
complexo processo cognitivo que permite ao jogador fazer leituras de jogo
e tomar decisões, cabendo ao professor, pois, enfatizar a tática individual
no ensino no basquetebol (GONZÁLEZ et al., 2014), contrariando o senso
comum da tática associada somente a sistemas de jogo (tática coletiva).
Desta forma, nesta unidade, avançaremos da tática individual para
a coletiva, entendendo que, do aprimoramento da primeira, depende a
eficácia da segunda. Iniciar pelos conceitos e pelas atividades táticas indi-
viduais pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Assim, inicia-
remos com conceitos simplificados das táticas individuais para, em segui-
da, tratarmos das táticas coletivas. É necessário compreender elementos
básicos das ações táticas para que seus futuros alunos consigam realizar as
movimentações essenciais ao participar do jogo de basquetebol.
Temos como propósito evidenciar um processo que permita a você
estabelecer - em seus planejamentos de ensino e em suas ações pedagó-
gicas - a evolução em dificuldade e complexidade de conteúdos relativos
ao basquetebol ao longo dos anos, característica essencial ao componente
curricular Educação Física (OLIVEIRA, 2004). Para tanto, será impor-
tante considerar o estágio de desenvolvimento motor e cognitivo dos alu-
nos, bem como a possibilidade de inter-relação com outros conteúdos
da disciplina Educação Física e como conteúdos interdisciplinares, entre
outros fatores.


Introdução às
Ações Táticas

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Prezado(a) aluno(a), as situações táticas que ocor- Como professor(a), será muito importante você pro-
rem durante o processo de ensino e aprendizagem mover situações de aprendizagem que contemplem
do basquetebol são, em geral, similares a de ou- táticas ofensivas. González et al. (2014) sugerem al-
tros esportes de invasão. São ações individuais que gumas destas situações:
ocorrem, na maioria das vezes, no ataque, como • Atacante com a posse da bola: observar antes
passes e deslocamentos para desmarcação, deslo- de agir (ler a situação de jogo antes de pas-
camentos com bola (drible), mudanças bruscas de sar, driblar, arremessar); procurar ficar de
frente para a meta (cesta) adversária quando
direção (cortes) em “L” ou em “V”, com ou sem
receber a bola; passar e movimentar-se (não
bola, e coletivas, como passar e receber, realizar jo- ficar no lugar), utilizando os vários tipos de
gadas ensaiadas envolvendo fintas, deslocamentos passe; finalizar quando estiver em condições
e bloqueios. favoráveis; atacar o corredor vazio; executar
O contra-ataque, ação coletiva mais rápida de a bandeja (após o drible ou a recepção de um
transição da defesa para o ataque, ocorre após a passe); utilizar paradas, pé de pivô e proteção
recuperação da posse de bola (rebote defensivo ou da bola nessas situações.
roubo de bola) ou, até mesmo, em reposições rápi- • Atacante sem a posse da bola: solicitar a bola
com a mão; deslocar-se para receber a bola
das do fundo ou da lateral da quadra. Utiliza, prio-
(criar linha de passe); utilizar fintas para sair
ritariamente, passes e, ocasionalmente, o drible alto da marcação, cortes em “V” (ir e voltar) e
nessa transição, e a finalização dá-se, geralmente, em “L” (mudança brusca de direção), aproxi-
em bandejas. Para Oliveira e Paes (2012), elaborar mando-se ou afastando-se da bola.
sistemas de contra-ataque com posicionamentos
fixos (numerados, por posições na quadra) facili- No quesito bloqueios, o basquetebol apresenta o
ta a leitura defensiva pelos adversários, não sendo corta-luz como importante fundamento técnico-tá-
aconselháveis, especialmente nas fases de aprendi- tico de ataque, que depende de ação conjunta com o
zado. Corroborando a prioridade dos passes nessas companheiro, viabilizando a maioria das jogadas de
ações, os autores sugerem, após a recuperação da ataque de uma equipe. Trata-se de um recurso para
posse da bola: proporcionar a ação ofensiva de um companheiro,
um bloqueio para apoiá-lo na tarefa de se livrar da
[...] realizar o primeiro passe: longo, para exe- marcação, utilizado para proporcionar a progressão
cução da bandeja; para as laterais; se não hou-
com bola (corta-luz direto, feito no marcador do jo-
ver nenhuma dessas opções, passar a bola para
o primeiro jogador que preencher os espaços gador com a posse da bola) ou o deslocamento para
vazios mais próximos da bola; e somente após posterior recepção de um passe (corta-luz indireto,
esgotadas essas alternativas, utilizar o drible feito no marcador de um jogador sem a posse da
para fugir das marcações (OLIVEIRA; PAES, bola) (FERREIRA; MARKUNAS; NASCIMENTO,
2012, p. 157).
2005; OLIVEIRA; PAES, 2012).

83


SAIBA MAIS

A tática aplicada envolve os sistemas de jogo,


defensivos ou ofensivos, situações coletivas ou
individuais. O basquetebol evoluiu taticamen-
te e, por consequência, as táticas individuais e
coletivas aperfeiçoaram-se. Isto fez com que
as equipes de alto rendimento pudessem ser
mais competitivas. Sobre os aspectos táticos,
podemos observar uma diferença importan-
te entre as regras da FIBA (Federação Inter-
nacional de Basquetebol) e a NBA (National
Basketball Association, a federação nacional de
basquetebol profissional dos Estados Unidos
da América - EUA). Por exemplo, na NBA, os
jogadores, quando estão defendendo, não
podem ficar em formação passiva por mais
de três segundos. Já na FIBA, não existe tal
restrição, sendo comum observarmos equipes
fazendo diferentes tipos de defesa por zona.
Para saber mais, acesse: <http://www.efde-
portes.com/efd188/sistemas-de-defesa-e-a-
taque-no-basquetebol.htm>.

Fonte: os autores.

Ensinar a “ler” ou pensar o jogo utilizando funda-


mentos técnicos e táticos significa levar o aluno à
conquista da autonomia para a prática do basquete-
bol. Tal conquista possibilitará ao aluno a ampliação
do repertório de possibilidades de prática esportiva
como lazer, exercício físico regular ou, até mesmo,
como profissão (um caminho para poucos, mas que
não pode ser negligenciado). Proporcioná-la é res-
ponsabilidade do professor.
Neste sentido, situações de jogo em igualdade
numérica (1 contra 1, 2 contra 2, 3 contra 3 etc.) ou
superioridade numérica (2 contra 1, 3 contra 2 etc.),
em meia quadra ou quadra inteira, proporcionam o
desenvolvimento do pensamento tático individual e
coletivo para a prática do basquetebol.

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 - Corta-luz direto

85


Sistemas Táticos
Ofensivos do
Basquetebol

Como primeiro passo para a determinação de ações ocupa a região central da quadra, próximo à linha
táticas coletivas de uma equipe de basquetebol, é im- de três pontos. O lateral da posição 2 é denominado
portante que as posições dos jogadores em quadra ala-armador ou escolta, termo que sugere um ele-
sejam ensinadas e trabalhadas nas aulas. Os cinco mento ajudante nas ações de armação, assumindo
jogadores em quadra desempenham as funções de também características de finalização com maior
armadores, laterais (também denominados alas) e leveza e velocidade. O lateral da posição 3 é deno-
pivôs. A formação mais utilizada é com um arma- minado ala-pivô ou ala de força, normalmente mais
dor, dois laterais e dois pivôs (Figura 2). alto, com capacidade tanto de jogo próximo à cesta
Na estruturação ofensiva, exposta na Figura 2, quanto de arremessos de média e longa distância. O
considerada padrão no basquetebol, são aborda- pivô da posição 4 é também chamado pivô móvel,
das algumas especificações amplamente utilizadas jogando tanto de costas para a cesta, como tendo a
tecnicamente, que projetam uma formação hetero- liberdade de jogar também fora da área restritiva,
gênea e supostamente, atende às características de fator que exige percepção visual, habilidade e agi-
uma formação ideal. Nesta perspectiva, o armador lidade no jogo de infiltração. O pivô da posição 5
(posição 1) é o jogador responsável pela organiza- é comumente reconhecido como pivô fixo, jogando
ção das jogadas, devendo ser, necessariamente, bom de costas para a cesta, geralmente, efetuando mui-
e veloz driblador e passador, com ampla visão de tos bloqueios e apanhando a maioria dos rebotes da
jogo e bom arremesso. Na maior parte do jogo, ele equipe (OLIVEIRA; PAES, 2012).

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

Dependendo da disponibilidade, das caracterís- Conforme observado na Figura 3, a configuração


ticas físicas e técnicas das equipes de basquetebol e/ ofensiva com apenas um pivô caracteriza-se, ge-
ou das características da equipe adversária, podem ralmente, como: a) preocupação em tornar a equi-
ser utilizadas diferentes configurações. As mais em- pe mais veloz; b) solução, no caso de não haver
pregadas são: dois armadores, dois laterais e um muitos jogadores altos na equipe. Sob esta estru-
pivô, comumente denominada quatro abertos (Fi- tura, o jogo de infiltração e arremessos é favoreci-
gura 3); e dois armadores e três pivôs (Figura 4). do, diminuindo as possibilidades de jogo de costas
para a cesta e de forte contato físico, característico
dos pivôs.
2
Legenda: No esporte de alto rendimento, percebe-se
4
Armador uma crescente preferência por essa estruturação
(posição 1)
Laterais
(com apenas um pivô), como se pode observar na
1
(posições 2 e 3) formação adotada por diversas equipes da NBA,
Pivôs
5 (posições 4 e 5)
que, em sua essência, prioriza o jogo de enfrenta-
mento 1x1, exigindo mais velocidade e agilidade
3
dos jogadores. Vale frisar que, na NBA, atuam os
Figura 2 - Estrutura ofensiva com um armador, dois laterais e dois pivôs
Fonte: os autores.
melhores atletas de basquetebol do mundo.
Caso ocorra uma situação cuja necessidade é
reforçar o jogo próximo à cesta, é possível estabe-
lecer formação ofensiva com três pivôs, conforme
Legenda: demonstra a Figura 4. Um exemplo de utilização
Armadores
eficaz desse tipo de formação seria a disponibilida-
Laterais
Pivô
de de três jogadores altos na equipe, com a equipe
adversária contando com apenas um ou dois jo-
gadores com esta característica. É uma configura-
ção utilizada em situações específicas, geralmente,
Figura 3 - Estrutura ofensiva com dois armadores, dois laterais e um pivô
Fonte: os autores. não é utilizada em uma partida inteira.
Uma atividade que pode ser utilizada pelo
professor, ao organizar equipes para jogar duran-
te a aula, é apenas dividi-las com cinco jogadores
Legenda:
em cada time, solicitando que os próprios alunos
Armadores
identifiquem as características de cada jogador e
Pivôs
definam qual configuração de ataque é mais ade-
quada. Não importa se não há jogadores muito
altos ou habilidosos, mas sim, a definição da con-
Figura 4 - Estrutura ofensiva com dois armadores e três pivôs
figuração, segundo as características e limitações
Fonte: os autores. de cada um.

87


Sistemas Táticos
Defensivos do Basquetebol

Basicamente, os sistemas defensivos no


basquetebol são divididos em individual e
por zona (RODRIGUES; DARIDO, 2012).
Observa-se, contudo, variações envolven-
do esses dois sistemas: sob pressão, misto e
combinado (CARVALHO, 2001; OLIVEI-
RA; PAES, 2012). A seguir, você conhece-
rá melhor esses sistemas e suas variações.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

SISTEMA DEFENSIVO INDIVIDUAL

O sistema defensivo individual ocorre quando cada Alguns princípios defensivos fundamentais preci-
jogador de defesa fica responsável por marcar um sam ser ensinados e trabalhados pelo professor, es-
atacante específico da equipe adversária, acompa- pecialmente no sistema defensivo individual.
nhando-o independentemente da posição que ocupa Em geral, o defensor deverá:
na quadra (OLIVEIRA; PAES, 2012; RODRIGUES; a. Manter a posição básica defensiva.
DARIDO, 2012). Esse sistema deve ser priorizado b. Responsabilizar-se pelo adversário direto
para iniciantes. (não seguir a bola).
Entre as principais vantagens da utilização do c. Posicionar-se entre o atacante e a meta defen-
sistema defensivo individual, podemos citar: dida (cesta).
a. Definição de responsabilidades (cada um
marca um). Marcando o atacante com a posse da bola, o defen-
b. Exigência da correta execução dos funda- sor deverá:
mentos individuais de defesa (posição básica a. Manter a distância aproximada de um bra-
e deslocamentos rápidos). ço do atacante com a bola (possibilitando
c. Desenvolvimento da atenção e velocidade de mobilidade no caso do drible e proximida-
movimentos. de suficiente para bloquear ou dificultar o
d. Equilíbrio físico e técnico entre defensores e arremesso).
atacantes (por exemplo, o mais alto marca o b. Não tentar tomar a bola a qualquer custo, co-
adversário mais alto, o mais rápido marca o metendo faltas desnecessárias.
mais rápido etc.). c. Tentar levar o atacante para o seu lado de me-
e. Adaptabilidade a qualquer tipo de ataque nor habilidade, de preferência, para as late-
(com um, dois ou três pivôs). rais ou cantos da quadra, onde sua ação será
mais limitada.

Marcando o atacante sem a posse da bola, o defensor


deverá:
Legenda:
Atacantes
a. Procurar antecipar o passe.
b. Ajudar o companheiro (caso este seja supera-
Defensores
do pelo atacante com a posse da bola) quan-
do estiver próximo à bola.
c. Flutuar do lado oposto da bola, executando
a visão periférica (enxergando sempre o ata-
Figura 5 - Sistema defensivo individual
cante correspondente e a localização da bola)
Fonte: os autores. e mantendo o posicionamento em relação à
meta defendida (entre o atacante e a cesta).

89


SISTEMAS DEFENSIVOS POR ZONA

Nos sistemas defensivos por zona, os jogadores são quetebol, conforme observado, os sistemas defensi-
responsáveis por proteger regiões específicas da qua- vos 2-1-2, 2-3 e todos os demais (a serem descritos na
dra. Sendo assim, o defensor responsável por uma sequência) são configurados do ataque para a defesa.
determinada região deve estar atento à marcação Os sistemas 1-2-2 e 3-2 (Figura 7) retiram, res-
do atacante que nela estiver, bem como se orientar pectivamente, um e três jogadores da área restritiva
pela movimentação da bola e exercitar o sentido de e das proximidades, explicitando maior preocupa-
cobertura (OLIVEIRA; PAES, 2012; RODRIGUES; ção com arremessos de média e longa distância em
DARIDO, 2012). relação aos sistemas 2-1-2 e 2-3.
Como principais vantagens, os sistemas defensi-
vos por zona apresentam:
a. Posicionamento dos defensores em regiões,
de acordo com sua estatura (mais altos próxi-
mos da cesta defendida, facilitando o rebote
defensivo e o contra-ataque).
b. Dificuldade do atacante de infiltração e jogo
próximo à cesta. 2-1-2 2-3

c. Recomposição defensiva é facilitada, devido Figura 6 - Sistemas defensivos por zona 2-1-2 e 2-3
Fonte: os autores.
ao posicionamento predeterminado.

É necessário, todavia, que o professor reitere, cons-


tantemente, a necessidade de se manter a posição
básica de defesa e a atenção aos constantes desloca-
mentos, pois os sistemas defensivos por zona podem
ocasionar certa acomodação nestes quesitos.
A Figura 6 demonstra os sistemas defensivos 2-1- 1-2-2 3-2

2 (o sistema defensivo por zona mais utilizado) e 2-3, Figura 7 - Sistemas defensivos por zona 1-2-2 e 3-2
semelhantes em sua configuração. Em ambos fica cla- Fonte: os autores.

ra a preocupação com a proteção da área restritiva


(garrafão), fator que dificulta a infiltração e favorece
os arremessos de média e longa distância. Note que
há diferença em relação aos sistemas de jogo de ou-
tros esportes de invasão. No futebol (sistema de jogo)
e no handebol (sistema defensivo), por exemplo, a
configuração se estabelece da defesa para o ataque, 1-3-1 2-2-1

tais como o sistema de jogo 4-4-2 no futebol, e o siste- Figura 8 - Sistemas defensivos por zona 1-3-1 e 2-2-1
ma defensivo 5-1 no handebol. Ao contrário, no bas- Fonte: os autores.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao compararmos as Figuras 6, 7 e 8, percebemos Em relação ao formato, a defesa sob pressão


a progressão da preocupação com o jogo ofensivo, pode ser individual ou por zona. Já em relação ao
desenvolvido na porção mais distante da cesta de- espaço de desenvolvimento, pode ser em quadra in-
fendida. De fato, embora demonstrem desguarnecer teira, três quartos de quadra ou meia quadra. As Fi-
o garrafão, tais sistemas evidenciam uma projeção guras 9, 10 e 11 demonstram essas variações.
para a origem das jogadas, dificultando a progressão A Figura 9 exemplifica uma defesa sob pressão
da equipe atacante, fator que propicia dobras (dois em quadra inteira. No caso, configura-se como indi-
defensores no atacante com bola) em locais propí- vidual, mas poderia ser efetuada utilizando um dos
cios (cantos de quadra) e em momentos estratégicos tipos de sistemas defensivos por zona. Esta configu-
(após a parada do drible, por exemplo). Tais caracte- ração é utilizada em caso de reposição de bola no
rísticas credenciam a utilização desses dois sistemas fundo da quadra, não havendo tempo para uma or-
em defesas sob pressão em meia quadra. ganização defensiva efetiva no caso de um rebote de
defesa, ou roubo de bola por parte da equipe adver-
SISTEMA DEFENSIVO SOB PRESSÃO sária. Assim como casos de sucesso são registrados,
determinados riscos fazem parte da aplicação de
O que deveria ser feito, defensivamente, caso sua sistemas defensivos sob pressão. Os principais são:
equipe estivesse perdendo por 10 pontos de diferen- a. Mais distanciamento dos defensores, o que
ça e tivesse apenas dois minutos para tentar reverter ocasiona mais “buracos” na defesa.
esta situação? Algumas respostas seriam esperadas b. Aumento da possibilidade de cometer faltas
mediante tal questionamento, tais como “pressio- pessoais.
nar” ou “imprimir mais agressividade”, pois, assim, c. Mais desgaste físico dos jogadores.
a bola poderia ser recuperada rapidamente para as Estes são fatores que dificultam a manutenção do
tentativas de ataque. Tecnicamente, a resposta seria sistema por muito tempo de jogo. Para minimizar
“aplicar um sistema defensivo sob pressão”. tais riscos, a utilização da defesa sob pressão em es-
Conforme sugerido pela denominação, os sis- paços menores da quadra, como veremos a seguir,
temas defensivos sob pressão podem ser utilizados pode ser uma boa opção.
como fator surpresa para os oponentes, bem como
aplicados em momentos do jogo nos quais se apre-
senta a necessidade de alterar o ritmo e/ou padrão
de jogo da equipe adversária. Não se trata somente
de roubar a bola, mas a pressão pode levar a mo-
mentos de precipitação, ocasionando erros e viola-
ções por parte da equipe atacante. Situações de vira-
das de placar espetaculares sob esta condição fazem
parte da história do basquetebol e da memória de
Figura 9 - Sistema defensivo sob pressão individual, em quadra inteira
muitos praticantes. Fonte: os autores.

91


A Figura 10 demonstra uma defesa sob pressão em obter a posse de bola, devendo esse tempo ser con-
três quartos de quadra, configurada, no exemplo, siderado na projeção dos resultados da defesa. Com
como zona 1-2-2 (conforme já citado, podem ser o espaço reduzido, as possibilidades de dobras são
utilizadas outras configurações). Nessa configura- aumentadas, e as coberturas, otimizadas. Há possi-
ção, permite-se à equipe atacante repor a bola em bilidade de organização desse sistema mesmo após
jogo do fundo da quadra ou da lateral no quarto um rebote defensivo do adversário, desde que se di-
de quadra inicial. Quando a bola ultrapassa a linha ficulte uma transição rápida, e que a equipe tenha
imaginária do primeiro marcador, inicia-se o meca- agilidade na recomposição, situações que precisam
nismo de pressão na bola e nas coberturas, utilizan- ser exaustivamente treinadas.
do os princípios de ajuda do lado da bola e a flutua-
ção do lado contrário. SISTEMA DEFENSIVO MISTO
3/4 de quadra
Quando um ou dois jogadores da equipe adversária
destacam-se no ataque, é possível designar um ou
dois jogadores para a marcação deles, enquanto os
demais e os defensores marcam por zona.
Podemos apontar como vantagens desse sistema
defensivo:
a. Dificulta a ação do(s) melhor(es) atacante(s)
adversário(s).
Figura 10 - Sistema defensivo sob pressão por zona 1-2-2 em três quartos b. Altera o padrão de jogo do time adversário.
de quadra c. Força a adaptação do ataque à defesa, com
Fonte: os autores.
movimentações não treinadas.
1⁄2 quadra
Como em todos os sistemas, há também fatores de
risco a serem considerados, tais como:
a. Desguarnece o garrafão em função da retira-
da de um ou dois jogadores para a marcação
individual.
b. A movimentação dos marcadores por zona
precisa ser maior.
c. Exige maior atenção na movimentação da
Figura 11 - Sistema defensivo sob pressão por zona 1-3-1 em meia quadra bola e coberturas.
Fonte: os autores.
A Figura 12 apresenta as duas variações possíveis
Nas defesas sob pressão em meia quadra, vale fri- para o sistema defensivo misto, com um jogador
sar que a equipe adversária terá oito segundos para exercendo a defesa individual enquanto os demais
passar do campo de defesa para o de ataque, após defendem por zona.

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na formação apresentada na Figura 13 (destaque


para os jogadores que estão exercendo defesa indi-
vidual), observa-se a defesa por zona exercida em
forma de triângulo por três defensores, enquanto
dois são marcados individualmente. O triângulo
proporciona configuração possível para a defesa do
Box-and-one “quadrado” Box-and-one “diamante”
garrafão. Por isso, é também denominada “triângu-
Legenda:
Atacantes Defensores lo e dois” (BÔAS, 2008). Vale frisar que um sistema
Figura 12 - Sistema defensivo misto box and one defensivo misto com três ou quatro jogadores mar-
Fonte: os autores.
cando individualmente é considerado inviável, uma
A formação apresentada na Figura 12 (destaque vez que as zonas de defesa a serem cobertas por um
para o jogador que está exercendo defesa individu- ou dois jogadores apenas ficariam distantes demais.
al) é denominada box and one. O termo box (caixa)
simboliza o formato quadrado de proteção ao gar- SISTEMA DEFENSIVO COMBINADO
rafão. Dependendo da posição do jogador marcado
individualmente (armador, lateral ou pivô), pode Combinar dois sistemas defensivos consiste na uti-
haver maior preocupação de proteção do garra- lização destes, conforme a situação de jogo. Como
fão, caso propício para a utilização da configuração exemplos comuns, podemos citar: após um ataque
quadrada. Caso haja preocupação maior com arre- malsucedido - perda da bola ou rebote defensivo
messos de média e longa distância, pode-se lançar da equipe adversária, por exemplo - utiliza-se o
mão da configuração em forma de losango, também sistema defensivo por zona 2-1-2, mas se a cesta
denominada “diamante” (BÔAS, 2008). Quando for convertida, ocasionando reposição de bola no
dois jogadores da equipe adversária destacam-se no fundo da quadra, utiliza-se o sistema defensivo in-
ataque, pode-se utilizar a configuração conhecida dividual sob pressão.
como box and two (Figura 13). Pode-se também lançar mão da estratégia de-
nominada match up, que, neste caso, significa igua-
lar ou emparelhar. Consiste numa surpresa para o
adversário, como uma equipe defender por zona
até a bola sair para lateral. A partir daí, todos pas-
Legenda:
Atacantes
sam a marcar, individualmente, com mais pressão
no atacante com posse de bola (OLIVEIRA; PAES,
Defensores
2012). Quando utilizada essa combinação, espe-
ra-se que a rápida mudança confunda o ataque,
causando erros. Porém adotá-la como estratégia de
jogo exigirá muito treinamento para o entrosamen-
to entre os jogadores.
Figura 13 - Sistema defensivo misto box and two
Fonte: os autores.

93


Planos
de Aula

Na unidade anterior, apresentamos mode-


los de exercícios que podem ser utilizados
na iniciação do ensino do basquetebol.
Gostaríamos de que, nesta unidade, você
se preocupasse em como deve organizar
um plano de aula, estruturando a temáti-
ca principal e os seus objetivos, em fazer
reflexões didáticas e a estruturação da aula
ou da sessão de treinamento. Seleciona-
mos alguns modelos desenvolvidos por
González et al. (2014). As aulas escolhidas
procuram justificar a importância do tra-
balho com o ensino da tática, priorizando
os problemas táticos a serem resolvidos
durante a aula. A partir desses exemplos,
você poderá estruturar seus próprios pla-
nos de aula, contemplando os diversos
conteúdos estudados nas Unidades 2 e 3.

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

95


MODELO DE PLANO DE AULA 1 1. PRIMEIROS MOVIMENTOS

Problema tático Em duplas, cada uma com uma bola. Um aluno


Manter a posse da bola. lança a bola ao alto, e o outro esperará que ela qui-
que para saltar e pegá-la, tentando cair no solo com
Objetivos: apenas uma fase de contato (os dois pés ao mesmo
• Observar antes da ação. tempo). Depois, os alunos trocam de função. Na se-
• Parar ao receber a bola (em um e dois tempos). quência, a mesma ação é realizada, utilizando duas
fases de contato (um pé depois o outro, sem tirar
Roda inicial: o primeiro do chão). As duas ações correspondem,
Professor(a), no início do ensino da modalidade, é respectivamente, às paradas de um e dois tempos.
importante verificar os conhecimentos prévios dos Com a turma dividida em grupos de oito alunos
alunos sobre a modalidade: experiências, conheci- (número que pode ser adaptado conforme a quanti-
mentos das regras, características etc. Trata-se de dade de alunos da turma), ocorre um enfrentamento
contextualizar o basquetebol e aproveitar as infor- 4x4 em um espaço determinado da quadra. O jogo
mações que os alunos possuem sobre a modalidade. deverá se passar da seguinte maneira: a equipe que
Algumas questões devem compor esta contextuali- estiver com a posse da bola deverá tentar encostá-la
zação: será que é possível praticar esportes de in- em um jogador adversário e, a cada toque, é contabi-
vasão, como o basquetebol, sem pensar nas várias lizado um ponto e a posse passa para a outra equipe.
possibilidades de ação? Qual é a diferença entre o Vence quem chegar a cinco pontos primeiro. Não
basquete e o atletismo, por exemplo? No atletismo, é permitido lançar a bola no adversário, tampou-
ao realizar um lançamento ou um salto, o atleta pas- co progredir com ela. A bola também passa para a
sa pelas mesmas situações dos esportes de invasão? equipe adversária toda vez que se comete uma viola-
Não! Está claro que ele deve lançar o mais longe ção, como andar com a bola na mão ou deixá-la sair
ou saltar o mais alto ou o mais distante possível. Já do perímetro do espaço de jogo.
nos esportes de invasão, como o basquete e o han-
debol, o praticante possui muitas alternativas. Não 2. JOGO INICIAL
é possível sair driblando ou dar um passe sem ana-
lisar como está o jogo. Isto significa que sempre é Jogo: 3 contra 3, apenas em uma tabela, com 1 árbi-
necessário “ler o jogo” antes de agir. Exemplos dos tro/substituto por equipe.
próprios alunos, com experiências anteriores em di-
versas situações de jogo, podem ajudar a esclarecer Condições:
o conceito. Além disso, estas falas são bons indica- • Não é permitido driblar.
dores do nível de domínio que os alunos já possuem • Cada defensor marca um atacante direto.
sobre o tema da aula. • Não é permitido roubar a bola do atacante; só é
permitido interceptá-la na trajetória do passe.

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. CONSCIÊNCIA TÁTICA Descrição: numa quadra reduzida (por exemplo, a


quadra de vôlei), com duas equipes formadas pelo
Pergunta (P): qual é o objetivo do jogo? mesmo número de jogadores, realiza-se um jogo de
Resposta (R): fazer a cesta, sem driblar. passes, no qual pontua a equipe que conseguir que
um de seus jogadores receba a bola na linha/meta
P: o que é necessário fazer ao receber a bola? adversária ou após esta.
R: parar e ficar de frente para o alvo (cesta).
Condições:
P: é importante observar a situação do jogo antes de • Cada defensor marca um atacante correspondente.
decidir o que fazer? Por quê? • Não é permitido driblar.
R: sim, caso contrário, há mais possibilidade de • Não é permitido roubar a bola da mão do atacan-
cometer erros, como passar a bola para quem está te, somente é possível interceptar a bola na traje-
marcado, ou não passar para alguém livre e em con- tória do passe.
dição de pontuar. • Os atacantes não podem pisar na linha final da
equipe adversária sem a bola.
P: durante o jogo, alguém estava livre, e a bola foi
passada para quem estava marcado. Esta situação foi Descrição: os alunos executam, sob orientação do
observada por vocês? Como se pode observá-la? professor, paradas em um e dois tempos e o pé de
R: ao receber a bola, o jogador precisa parar em um pivô. Nas intervenções, o professor precisa salientar
ou dois tempos de frente para a cesta e observar a as regras (possibilidades) e técnicas (eficácia e efici-
situação. ência dos movimentos) para a utilização destes fun-
damentos.
P: como faço para não andar com a bola? Quais são
os recursos para não andar? Objetivo: executar, adequadamente, as paradas de
R: paradas de um ou dois tempos. um e dois tempos e o pé de pivô.

P: como faço para girar o corpo e ficar de frente para 5. JOGO FINAL
a cesta?
R: fixando um dos pés no chão e movendo o outro, Será repetido o mesmo jogo do início da aula. A in-
movimento chamado de pé de pivô. tenção, neste momento, é criar possibilidades para
professor e alunos observarem a aprendizagem e
4. TAREFA(S) os avanços conseguidos. Antes de iniciar, é impor-
tante recapitular alguns conceitos trabalhados em
Participantes: 3x3 ou 4x4, com 1 árbitro/substituto. aula, tais como a necessidade de observar antes de
agir, parar com a bola em um ou dois tempos, uti-
Objetivo do jogo: receber a bola atrás de uma linha lizar o pé de pivô e se orientar pela localização da
ou meta adversária. meta (cesta).

97


Roda final 1. PRIMEIROS MOVIMENTOS


Enfatizar junto aos alunos a importância dos fun-
damentos vivenciados em aula para a prática do Com os alunos divididos em pequenos grupos, cada
basquetebol. Apontar também as vantagens de ob- grupo com uma bola, estes realizam passes seguindo
servar antes de agir, quando se recebe a bola. Além uma sequência preestabelecida. Após passar a bola,
de reforçar a importância do que foi trabalhado cada aluno deve se movimentar por todo o espaço,
em aula, a roda final é, também, um momento evitando esbarrar nos colegas. Os passes devem ser
propício para encaminhar tarefas para casa sobre os mais variados. Os pequenos grupos se dividem
o conteúdo da aula. Os temas podem contemplar em dois, um deles com posse de bola, o outro não. O
as dimensões conceitual (regras e características grupo com bola tenta conseguir a maior sequência
dos fundamentos), procedimental (habilidades de passes, enquanto o outro grupo procura recupe-
com bola e domínio de corpo) e atitudinal (jogo rar a bola e iniciar a própria sequência. O jogo acon-
coletivo) dos conteúdos trabalhados. É impor- tece dentro das regras da modalidade, no entanto
tante, no entanto, evitar tarefas desinteressantes, não será permitido o drible.
como copiar textos. As tarefas de casa devem ser
pensadas com cuidado. 2. JOGO INICIAL

MODELO DE PLANO DE AULA 2 Participantes: 3x3 ou 4x4 com 1 Técnico/substituto


por equipe.
Problema tático
Atacar a cesta. Objetivo do jogo: pontuar, fazendo cestas.

Objetivo Descrição: jogo de basquetebol em meia quadra, com


• Receber o passe, ficar de frente para a cesta e ar- pontuação em uma única cesta, com substituições
remessar. dos jogadores a cada 2 ou 3 minutos.

Roda inicial Condições:


O basquetebol exige rapidez de raciocínio, de- • Anota-se um ponto para cada tiro tentado (que
mandando uma leitura ampla e veloz da situação bate na cesta com trajetória descendente) e dois
de jogo. Desta forma, é necessário dialogar com os pontos para cada cesta convertida.
alunos sobre as situações de jogo que serão traba- • Após a marcação de um ou dois pontos, o jogo é
lhadas, relacionando-as com os conteúdos e as ex- reiniciado na metade da quadra.
periências da aula anterior. • Não é permitido driblar.

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. CONSCIÊNCIA TÁTICA Descrição: todos os alunos arremessam três vezes de


cada ponto determinado (Figura 14). Um parceiro
Pergunta (P): de que lugar da quadra você conseguiu pega o rebote e passa ao companheiro de equipe.
pontuar com mais facilidade?
Resposta (R): próximo à cesta. Durante a realização do exercício, o arremessador
deve:
P: por que é melhor arremessar próximo à cesta? • Solicitar a bola com o braço estendido.
R: pelo melhor aproveitamento dos arremessos, que • Enquadrar a cesta antes de arremessar.
podem mais facilmente ser realizados com o auxílio • Durante o arremesso, recomenda-se: base firme;
da tabela. olhar a cesta por baixo da bola; cotovelo posiciona-
do abaixo da bola; estender completamente o bra-
P: o que fazer para aumentar as chances de fazer ces- ço; flexionar o punho; usar o “quadrado” na tabela
tas? Ficar de frente ou com o corpo de lado? Parado como guia ao arremessar de um dos lados da cesta.
ou em movimento? Marcado de perto ou de longe?
R: de frente; equilibrado; sem a pressão do marcador.

Legenda:
P: além disso, será que podemos arremessar de qual-
Pontos de arremesso
quer forma? Ou há uma forma mais eficiente?
R: usar uma forma adequada (técnica) de arremesso
e usar a tabela como apoio para acertar o alvo (cesta).

Roda final
Figura 14 - Ataque à cesta
Enfatizar a importância dos fundamentos trabalha- Fonte: adaptada de González et al. (2014).
dos, vivenciados em situações de jogo. Nesta aula,
foram trabalhadas algumas formas de arremesso. É 5. JOGO FINAL
fundamental que você discuta com os alunos esse
fundamento, indicando as formas mais eficazes de Será realizado o mesmo jogo do início. Antes, porém,
finalização à cesta. chamar a atenção dos alunos para a execução de ou-
tros fundamentos já trabalhados, como passes, drible,
4. TAREFA(S) paradas e pé de pivô, bem como para a localização e
os deslocamentos em quadra, buscando os melhores
Participantes: em grupos de três ou quatro alunos. posicionamentos para o arremesso. Algumas regras
especiais podem ser criadas para facilitar as movi-
Objetivo do jogo: conseguir cestas dos pontos de- mentações de ataque, tais como ampliar o tempo para
terminados. o arremesso ou criar uma superioridade numérica,
acrescentando um coringa (mais um atacante).

99


MODELO DE PLANO DE AULA 3 2. JOGO INICIAL

Problema tático Participantes: 3x3 com 1 árbitro/substituto por


Defender a cesta. equipe.

Objetivo Objetivo do jogo: fazer cestas.


Adotar um posicionamento entre o atacante a ser
marcado e a cesta. Descrição: jogo reduzido de basquetebol, em meia
quadra (numa única cesta), com substituições de jo-
Roda inicial gadores a cada três minutos.
No basquetebol, todos os jogadores atacam e de-
fendem. De nada adianta converter muitas cestas Condições:
se a equipe sofre tantas outras. Neste contexto, é • É proibido roubar a bola do atacante, sendo pos-
fundamental: conversar com os alunos sobre o po- sível apenas a interceptação de passes.
sicionamento adequado do defensor em relação ao • O drible é permitido somente para finalização à
atacante; explicar o funcionamento da marcação in- cesta.
dividual, orientando sobre a posição do atacante e
da cesta; e desafiar os alunos para que se posicionem 3. CONSCIÊNCIA TÁTICA
corretamente em todos os jogos dessa aula.
Pergunta (P): o que é necessário para diminuir as
1. PRIMEIROS MOVIMENTOS chances de uma equipe sofrer a cesta?
Resposta (R): marcar de forma eficiente.
Dividir a turma em duas equipes, cada uma com me-
tade do número de bolas em relação ao número de P: como fazer para executar uma boa marcação?
alunos (por exemplo, dez alunos com cinco bolas). O R: é necessário posicionar-se corretamente.
objetivo do jogo é conduzir as bolas, colocando-as no
garrafão adversário, sem entrar nele. Os integrantes P: qual é a posição adequada?
com posse de bola podem se deslocar driblando. Os R: entre o atacante correspondente e a cesta.
jogadores defensores poderão roubar a bola dos ata-
cantes, de acordo com as regras do basquetebol.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

4. TAREFA 5. JOGO FINAL

Participantes: 3x3, com três coringas. Com a intenção de verificar se os alunos melhoraram
seu desempenho defensivo, ocorrerá o mesmo jogo
Objetivo do jogo: fazer pontos (cestas). inicial. Antes de iniciar, é importante induzir os alu-
nos a se posicionarem entre o atacante direto e a cesta.
Descrição: jogo quadra reduzida (Figura 15). Os três
coringas poderão se deslocar apenas em um espaço Roda final
determinado. Quem ataca somente poderá progre- Ao encerrar a aula, alguns questionamentos deverão
dir driblando quando não houver um defensor entre ser apresentados aos alunos: Vocês compreende-
ele e a cesta. As equipes atacam, alternadamente. ram a necessidade de se posicionar entre o atacan-
te direto e a cesta? Perceberam a importância desse
Condições: posicionamento para as ações defensivas no bas-
• A cada três minutos, alterne as funções (atacantes quetebol? Concluir reafirmando que saber marcar
e defensores). o adversário eficientemente é imprescindível para
• É permitido roubar a bola do atacante, como no um bom desempenho nessa modalidade, visto que a
jogo propriamente dito. função defensiva (assim como a ofensiva) é de todos
os jogadores em quadra.

REFLITA

Legenda: Como você distribuiria os conteúdos estu-


dados nas Unidades 2 e 3 que trataram, es-
Atacantes
pecificamente, do basquetebol, ao longo da
Defensores formação básica? Talvez pareça uma tarefa
trabalhosa, mas é muito importante que,
Coringas
como futuro professor, você a realize.

Prezado(a) aluno(a), esperamos que os conteúdos


Figura 15 - Atacando a cesta com ajuda fixa apresentados possam contribuir com sua forma-
Fonte: adaptada de González et al. (2014).
ção inicial tanto quanto as informações relevantes
nesta unidade, como também na elaboração de
planos de aula que possam contribuir em sua prática
pedagógica.

101
considerações finais

N
esta unidade, você conheceu aspectos importantes das ações táticas que
ocorrem durante o jogo de basquetebol, compreendendo os sistemas tá-
ticos (ofensivos e defensivos) utilizados durante o processo de ensino e
aprendizagem. As ações táticas individuais e coletivas devem ser parte
integrante da modalidade em todo o percurso do processo ensino-aprendizagem,
compondo seu rol de conteúdos, considerando o aumento progressivo de dificulda-
de e complexidade ao longo dos anos.
Ao aprender ações táticas ofensivas, o aluno compreende o que fazer durante um
jogo, movimentando-se, desmarcando e realizando fintas para enganar o adversário.
É função do professor contribuir para que, a partir de seus objetivos de aprendiza-
gem, o aluno consiga praticar a modalidade de forma adequada. Para tanto, precisa
compreender e vivenciar tais ações, de acordo com seu desenvolvimento físico e in-
telectual.
Caso você tenha dificuldade em compreender as ações táticas realizadas na mo-
dalidade, procure assistir a jogos, entrar em contato com professores que trabalham
com esse conteúdo nas aulas ou, até mesmo, assistir a vídeos que possam contribuir
para sua aproximação com a modalidade. Lembre-se de que você não precisa saber
jogar com extrema habilidade uma modalidade para ensiná-la. A sua prática peda-
gógica deve ser permeada por ações que possam contribuir com a participação e o
entusiasmo de seus alunos.
Por vezes, a realização de festivais e de campeonatos de arremessos e a parti-
cipação de atletas e ex-atletas em suas aulas podem contribuir para que os alunos
sintam-se interessados pela prática do esporte. Quando você conseguir fazer com
que eles sintam interesse em aprender aquilo que você planejou, as aulas ficarão mais
motivantes, e eles participarão até de atividades mais complexas, envolvendo, com
mais profundidade, os sistemas táticos ofensivos e defensivos.
Você pode utilizar diferentes estratégias metodológicas para o ensino dos siste-
mas táticos, como as que propomos nesta unidade: textos, imagens, figuras e vídeos.
Esperamos que você possa aproveitar todas as informações!

102
atividades de estudo

1. O contra-ataque é a ação ofensiva coletiva mais rápida de transição da defesa


para o ataque, ocorrendo após a recuperação da posse de bola (rebote defensivo
ou roubo de bola) ou, até mesmo, em reposições rápidas do fundo ou da lateral
da quadra. Sobre as ações ofensivas, leia as assertivas a seguir:
I - O atacante com a posse de bola deve observar antes de agir (ler a situação
de jogo antes de passar, driblar, arremessar), ficando de frente para a meta
(cesta) adversária quando receber a bola; ao passar, deve se movimentar
(não ficar no lugar), utilizando os vários tipos de passe.
II - Quando o atacante estiver em condições favoráveis, deve tentar um arre-
messo ou executar a bandeja (após o drible e o passe).
III - Sem a posse de bola, o atacante deve solicitá-la com uma das mãos e se
deslocar para recebê-la (criar linha de passe).
IV - As fintas devem ser utilizadas pelo atacante para sair da marcação; os cortes
em “V” (ir e voltar) e em “L” (mudança brusca de direção) podem ser utilizados
para se desvencilhar do defensor.
De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) I e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

103
atividades de estudo

2. No basquetebol, os jogadores titulares ocupam cinco posições. Estas estão rela-


cionadas às funções que cada jogador exerce durante o jogo ofensivo. Sobre as
características de cada jogador, leia as assertivas a seguir:
I - O armador (posição 1) é o jogador responsável pela organização das joga-
das, sendo, necessariamente, bom e veloz driblador e passador, com ampla
visão de jogo e bom arremesso. Na maior parte do jogo, ele ocupa a região
central da quadra, próximo à linha dos três pontos.
II - O lateral (posição 2), é denominado ala-armador ou “escolta”, termo que
sugere um elemento ajudante nas ações de armação, assumindo, também,
características de finalização com maior leveza e velocidade.
III - O lateral (posição 3) é denominado ala-pivô ou ala “de força”. São, normal-
mente, jogadores mais altos, com capacidade tanto de jogo próximo à cesta
quanto de arremessos de média e longa distância.
IV - O pivô (posição 4) é também chamado de pivô “móvel”, jogando tanto de
costas para a cesta, como livre para jogar também fora da área restritiva, fa-
tor que exige percepção visual, habilidade e agilidade no jogo de infiltração.
De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) I, II e IV, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

3. No sistema defensivo individual, cada jogador de defesa fica responsável por


marcar um atacante específico da equipe adversária, acompanhando-o, inde-
pendentemente da posição que ocupa na quadra. Sobre o sistema defensivo
individual, é incorreto afirmar:
a) Esse sistema deve ser priorizado para alunos experientes, sendo indicado,
portanto, para compor os planejamentos dos anos finais de ensino dos con-
teúdos esportivos na escola (Ensino Médio).
b) Uma das vantagens da utilização do sistema defensivo individual é a definição
de responsabilidades (cada um marca um).
c) Durante o processo de ensino e aprendizagem da defesa individual, pode-se
exigir dos alunos a correta execução dos fundamentos individuais de defesa
(posição básica e deslocamentos rápidos).

104
atividades de estudo

d) No sistema defensivo individual, é possível adequar o equilíbrio físico e técnico


entre defensores e atacantes, em que o aluno mais alto marca o mais alto, o
mais rápido marca o adversário mais rápido etc., facilitando o processo de
ensino e aprendizagem.
e) A defesa individual pode ser utilizada contra qualquer tipo de ataque (com
um, dois ou três pivôs).

4. Nos sistemas defensivos por zona, os jogadores são responsáveis por proteger
regiões específicas da quadra; o defensor responsável por uma região da quadra
deve estar atento à marcação do atacante que nela estiver, bem como se orientar
pela movimentação da bola e exercitar o sentido de cobertura. Com base nestes
sistemas defensivos, leia as assertivas a seguir:
I - Posicionamento dos defensores em regiões, de acordo com sua estatura
(mais altos próximos da cesta defendida, facilitando o rebote defensivo e o
contra-ataque).
II - Menor esforço físico por marcar apenas uma região (zona).
III - Dificulta o atacante a realizar infiltrações e jogadas próximas à cesta.
IV - A recomposição defensiva é facilitada, devido ao posicionamento predeter-
minado.
De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

5. Os sistemas defensivos, no basquetebol, são definidos mediante configuração nu-


mérica, e podem acontecer em quadra inteira, em três quartos de quadra, em
meia quadra ou em um quarto de quadra. Entre as alternativas a seguir, apenas
uma corresponde a um desses sistemas. Sendo assim, assinale a alternativa que
apresenta um sistema defensivo por zona, utilizado no basquetebol:
a) Sistema por zona 3-3.
b) Sistema por zona 2-1-1.
c) Sistema por zona 3-2.
d) Sistema por zona 3-1-1.
e) Sistema por zona 3-2-1.

105
LEITURA
COMPLEMENTAR

Você conhece o basquetebol em cadeiras de rodas? Neste texto de Brancatti et al. (2015),
conheça um pouco desta modalidade e algumas de suas características.

O surgimento do basquete sobre rodas ocorreu como uma forma de reabilitação dos indiví-
duos que foram enviados para os campos de batalha durante a Segunda Guerra Mundial e
logo ganhou repercussão, pois além das melhorias física e psicológica dos praticantes, teve
um crescente número de praticantes com outros tipos de sequelas ou traumas medulares.
Em 1946, os veteranos de guerra dos Estados Unidos criaram o basquetebol em cadeiras
de rodas. No Brasil, a modalidade surgiu no ano de 1958, por intermédio de Sérgio Del
Grande e Robson Sampaio, em São Paulo e Rio de Janeiro. O esporte é praticado na mesma
quadra do basquetebol convencional, com o mesmo tempo de jogo, ou seja, quatro tem-
pos de 10 minutos cada. Suas regras são estabelecidas pela Federação Internacional de
Basquetebol em Cadeira de Rodas (International Weelchair Basketball Federation - IWBF) em
conformidade com as regras da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) e com as
adaptações pertinentes à utilização da cadeira de rodas.

[...]

No basquetebol sobre rodas estão presente os mesmos fundamentos do basquetebol con-


vencional, como o passe, o arremesso, o giro, o drible, o bloqueio, o rebote, acrescentando-
-se aqui um fundamento específico da modalidade: o manejo da cadeira de rodas.

[...]

Em vista das dimensões da cadeira de rodas, esta toma um amplo espaço na quadra e os
deslocamentos de cada jogador provocam muitos contatos entre as cadeiras, por vezes,
em grande intensidade, influenciando nas táticas utilizadas durante o jogo. A cadeira de
rodas para a prática do basquetebol é desenvolvida segundo as exigências desse esporte e
deve ser específica para cada atleta, considerando a sua classificação funcional, tendo sido
confeccionada com uma preocupação relacionada à sua funcionalidade durante o jogo, o
peso e a facilidade no seu transporte.

Fonte: adaptada de Brancatti et al. (2015).

106
material complementar

Indicação para Acessar

Os sistemas defensivos, no basquetebol, devem ser utilizados de acordo com as características da equipe
adversária. Neste vídeo, o professor apresenta as principais características dos sistemas defensivos por zona,
além dos posicionamentos dos jogadores. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=LMTdNciMX7E&t=1s>.

107
referências

BÔAS, M. S. V. Basquetebol brincando e aprendendo: da iniciação ao aperfeiçoa-


mento. Maringá: Eduem, 2008.
BRANCATTI, P. R. et al. Projeto basquetebol sobre rodas da FCT/Unesp. In:
CONGRESSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UNESP, 8., 2015, São Pau-
lo. Anais... São Paulo: unesp, 2015. p. 1-4. Disponível em: <http://hdl.handle.
net/11449/142349>. Acesso em: 25 abr. 2019.
CARVALHO, W. Basquetebol: sistemas de ataque e defesa. Rio de Janeiro: Sprint,
2001.
FERREIRA, M. C. M.; MARKUNAS, M.; NASCIMENTO, P. R. A prática na forma-
ção de atletas no basquetebol feminino. In: ROSE JUNIOR, D.; TRICOLI, V. Basque-
tebol: uma visão integrada entre a ciência e a prática. Barueri: Manole, 2005.
GONZÁLEZ F. J.; BORGES, R. M.; FERREIRA, A. F.; KRAVCHYCHYN, C. Basque-
tebol. In: GONZÁLEZ F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. (Orgs.). Esportes
de invasão: basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem,
2014.
OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J. L. L. (Org.).
Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2004.
OLIVEIRA, W.; PAES, R. R. Ciência do Basquetebol: Pedagogia e metodologia da
iniciação à especialização. 2. ed. Londrina: Sport Training, 2012.
RODRIGUES, H. A.; DARIDO, S. C. Basquetebol na escola: uma proposta didático-
-pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

108
gabarito

1. E.

2. E.

3. A.

4. D.

5. C.

109
CONHECENDO O HANDEBOL

Professor Dr. Claudio Kravchychyn


Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conhecendo o handebol: histórico
• Fundamentos técnicos do handebol
• Regras básicas do handebol
• Modelos de exercícios na iniciação ao ensino do handebol

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar a história e as principais características da
modalidade.
• Conhecer os fundamentos técnicos do handebol.
• Reconhecer as regras básicas do handebol.
• Analisar os modelos de exercício na iniciação ao ensino do
handebol.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), na Unidade 5, você deverá adquirir conheci-
mento sobre a história do handebol e os desafios de sua imple-
mentação na realidade escolar brasileira. Também conhecerá os
fundamentos técnicos da modalidade, entendendo a importân-
cia de conhecer tais elementos. Apesar de termos estudado, na Unidade
1, que os professores devem priorizar o ensino da tática em relação à
técnica, eles devem ter conhecimento de como os movimentos técnicos
devem ser realizados, facilitando a sua compreensão da modalidade, pois
os elementos técnicos são ensinados por meio dos fundamentos desta.
Com as novas perspectivas e os novos modelos de ensino, o termo
fundamentos poderia ser repensado pelos estudiosos da área da Educa-
ção Física, pois pode ser interpretado como algo que deveria vir antes de
tudo. Você já sabe que somos a favor de uma nova perspectiva de ensino
que prioriza o ensino da tática, mas com a técnica (fundamentos técni-
cos) ensinada de forma simultânea. Ou seja, priorizar a tática não signifi-
ca eliminar o ensino da técnica.
As regras da modalidade devem ser conhecidas e analisadas pelos
professores, reconhecendo que as atualizações são periódicas e que, por
isso, você deve atualizar sempre seus conhecimentos. Você aprenderá,
nesta unidade, as regras básicas do handebol, aquelas imprescindíveis
para a prática dele.
Agora que você já conhece o que será estudado nesta unidade, espe-
ramos que o estudo dos conteúdos permita que você possa estruturar este
amplo conhecimento em ações pedagógicas adequadas para o processo de
ensino e aprendizagem de seus futuros alunos. Esperamos que aproveite-
esta unidade para aferir ainda mais o seu conhecimento. Vamos lá?


Conhecendo o Handebol:
Histórico

Figura 1 - Beach Handball

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

O mundo conheceu as primeiras características do no mundial de 2013, a realidade brasileira ainda se


handebol por meio do professor dinamarquês Hol- apresenta, atualmente, apenas entre os 20 melhores
ger Nielsen, em 1948, que criou, no Instituto Ortrup, países no handebol masculino e feminino, sendo es-
um jogo que foi denominado Haandbold (DELGA- tes resultados pouco relevantes no contexto mundial
DO, [2019], on-line)1. Segundo o autor, neste mesmo (GRECO II, 2013).
período, na Tchecoslováquia, praticava-se o Hazena,
um jogo muito semelhante ao handebol daquele pe- SAIBA MAIS
ríodo. Entretanto, em 1919, o handball, como é de-
nominado até o momento, foi criado pelo professor
As memórias e investigações sobre o hande-
alemão Karl Schelenz. Na língua inglesa, hand sig- bol brasileiro foram elaboradas por Heloysa
nifica mão, e ball, bola. Desta forma, o significado Helena Baldy dos Reis, por meio de um pro-
original do handball é bola jogada com a mão. jeto de pesquisa realizado na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), em 2015.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) incluiu Em suas memórias, a pesquisadora verificou
o handebol nos Jogos Olímpicos, em Berlim (1936). que a disciplina de handebol foi incluída no
Em 1938, foi disputado o primeiro campeonato curso da então Escola de Educação Física do
Estado de São Paulo, atualmente Universida-
mundial, na Alemanha. Nesta época, era praticado de de São Paulo (USP), em 1959.
o handebol de campo e o de salão (SUA PESQUISA,
2011, on-line)2. Segundo Delgado ([2019], on-li- Variação da modalidade, o handebol de areia
(beach handball) teve origem na Itália, na
ne)1, no Brasil, o handebol foi, inicialmente, pratica- década de 90, sendo os primeiros torneios
do por imigrantes alemães, na cidade de São Paulo, realizados na Itália e na França. Em 1995, o
no início da década de 30, e seu desenvolvimento foi Comitê Olímpico Brasileiro (COB) realizou I
Torneio Internacional de Handebol de areia
intensificado com a fundação da Federação Paulista, masculino, sendo as primeiras regras oficiais
em 1940. Auguste Listello foi um dos incentivadores apresentadas em 1996, no Congresso Inter-
da prática da modalidade, na cidade de Santos-SP, nacional da Federação Internacional de Han-
debol (IHF), nos Estados Unidos.
ao lecionar na Apef (Associação dos Professores de
Educação Física) em 1952 (REIS, 2012). Fonte: Reis (2012).

A experiência do Brasil, na modalidade, ainda


necessita evoluir em comparação aos outros países
da Europa. O Brasil jogou seu primeiro campeonato Ao organizar, anualmente, o Encontro Nacional de
mundial em 1987, e sua experiência era tão inferior Professores de Handebol das Instituições de Ensino
em relação aos países europeus que somente o golei- Superior (IES) Brasileiras, a Confederação Brasileira
ro da seleção alemã possuía mais jogos internacio- de Handebol (CBHb) busca promover as discussões
nais do que todos os jogadores da seleção brasileira acerca dos conhecimentos existentes e produzidos
em conjunto. Assim, apesar das experiências posi- sobre o esporte, possibilitando a evolução da moda-
tivas do Brasil, na última década, principalmente a lidade no contexto brasileiro (REIS; CASTELLANI,
conquista da medalha de ouro da equipe feminina 2013).

115


Fundamentos Técnicos
do Handebol

Historicamente, a denominação funda-


mentos é utilizada para os gestos técnicos
em cada modalidade esportiva. A partir dos
estudos da pedagogia do esporte nas últi-
mas décadas, as produções científicas pas-
saram a apresentar o termo “técnico-tático”,
ampliando o conceito do que é mais impor-
tante na aprendizagem inicial dos esportes
coletivos (REIS; CASTELLANI, 2013).

116
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na primeira unidade desta obra, já apresentamos PASSES


a importância de a técnica (fundamentos) ser
ensinada em conjunto com o ensino da tática. Passar é a ação de lançar a bola ao companheiro de
Relembrando: além de decidir “o que e quando equipe, sendo considerado o fundamento mais impor-
fazer” (tática individual), o aluno deve saber realizar tante do handebol (TENROLER, 2004). É o elemento
a habilidade técnica, por exemplo, o arremesso ou o básico para a construção do jogo. A seguir, descreve-
passe (GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA, 2014). remos os tipos de passe mais utilizados no handebol.
Dessa forma, abordaremos, a seguir, cada habilidade
técnica. São elas: domínio de corpo, empunhadura da Passe acima do ombro
bola, passes, drible, arremessos, progressões, fintas e Como o próprio nome pressupõe, é realizado com
fundamentos defensivos. o cotovelo à altura ou acima do ombro, para frente ou
em trajetória oblíqua, podendo ser retificado (reto) ou
DOMÍNIO DE CORPO bombeado (parabólico) (REIS, 2006). Perna e ombro
opostos vão à frente, executa-se uma rotação interna e
Equilíbrio e domínio corporal necessários aos mo- a extensão do braço na direção do passe.
vimentos defensivos e ofensivos em geral, como
deslocamentos, saltos e aterrissagens, saídas rápidas,
paradas bruscas e mudanças de direção.

EMPUNHADURA DA BOLA

É a forma básica de segurar a bola de handebol com


uma das mãos, com as falanges distais dos cinco de-
dos abertos e com a palma da mão em uma posição
ligeiramente côncava (REIS, 2006). A empunhadura
correta permite ao jogador um manejo de bola ade-
quado nas ações técnicas de ataque.

Figura 3 - Passe acima do ombro

Figura 2 - Empunhadura da bola


117


Passe em pronação

Segurando a bola com a palma da mão apontada para baixo, é executado com a extensão do punho, em geral,
lateralmente ou para trás.

Figura 4 - Passe em pronação

Passes especiais

São passes realizados como recursos técnicos tanto


para proteção da bola quanto para enganar a defe-
sa adversária. No handebol, podemos citar como
exemplos mais comuns: passe por trás do corpo
(tronco), por trás da cabeça e para trás (de costas
para o receptor). Figura 5 - Passe especial (para trás)

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

Passe quicado RECEPÇÃO

O passe quicado é determinado por uma situação de A recepção, no handebol, deve ser feita sempre com
jogo, na qual é necessário executar qualquer tipo de as duas mãos paralelas e ligeiramente côncavas (em
passe com a bola tocando no chão antes da recepção forma de concha) e voltadas para frente. Tipos de
pelo companheiro. Em geral, é utilizado em condi- recepção: alta (na linha da cabeça ou acima), inter-
ções especiais, visando a dificultar a interceptação mediária (na linha do tronco, até a linha da cintura)
da bola pelo defensor. e baixa (abaixo da linha da cintura). Com aquisição
de mais habilidade, o jogador pode recepcionar o
passe com apenas uma das mãos, utilizando a em-
punhadura básica.

Figura 6 - Passe quicado Figura 7 - Recepção

119


DRIBLE ARREMESSO

Se o jogador pode ficar parado ou em movimento, Movimento de impulsionar a bola em direção à


o drible no handebol é realizado impulsionando a meta. É a finalização de um ataque, com o objetivo
bola com uma das mãos contra o chão, uma ou re- de pontuar (TENROLER, 2004). Os arremessos po-
petidas vezes. Sua utilização ocorre, principalmente, dem ser classificados em: arremesso com apoio, em
em contra-ataques, fintas e progressões. Para a re- suspensão e com queda.
alização do drible, o jogador não deve olhar para a
bola, e o ritmo de jogo coletivo não deve ser inter- Arremesso com apoio
rompido nestas ocasiões, ou seja, deve ser útil sem
reduzir a velocidade do jogo (ZAMBERLAN, 1999; Também denominado arremesso básico, é executa-
FERNÁNDEZ et al., 2012). do quando um ou ambos os pés do jogador estão
No handebol, são utilizados dois tipos de dribles: em contato com o solo. Nestes casos, a rotação do
o drible alto (para deslocamentos em velocidade) e tronco auxilia na potência do arremesso.
o drible baixo (para a proteção de bola). É impor-
tante conscientizar o praticante de que este recurso
somente deve ser utilizado quando extremamente
necessário. Em comparação ao basquetebol, no han-
debol, há a utilização muito menor deste fundamen-
to (VIEIRA; FREITAS, 2007; REIS, 2013).

Figura 8 - Drible Figura 9 - Arremesso com apoio

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

Arremesso em suspensão Arremesso com queda

Ocorre quando, no momento do arremesso, o atle- Quando o atleta se projeta com um salto para a fren-
ta não está em contato com o solo. Embora um ar- te, buscando a melhor situação de finalização (na
remesso em suspensão possa ser executado após maioria dos casos, dentro da área de seis metros),
um salto vertical, os arremessos mais potentes no há o arremesso com queda, que acontece após a bola
handebol ocorrem, geralmente, na situação em que ter deixado a mão do arremessador. É um arremes-
o jogador salta para arremessar após uma progres- so comum entre os pivôs e, eventualmente, entre os
são, movimento que oferece também um desloca- pontas. Eventualmente, os atletas se utilizam de ro-
mento vertical. lamentos, recurso para amenizar os efeitos do im-
As progressões que antecedem um arremesso pacto do corpo contra o solo.
em suspensão no handebol ocorrem em ritmo tri-
fásico (três passos que antecedem o arremesso) ou
em duplo ritmo trifásico (três passos, um drible si-
multâneo ao quarto passo, mais três e, em seguida,
o arremesso).

Figura 10 - Arremesso em suspensão Figura 11 - Arremesso com queda

121


FINTA FUNDAMENTOS DEFENSIVOS

Elemento utilizado no movimento de um contra um, Os fundamentos defensivos, no handebol, compre-


em que o atacante possui como objetivo enganar o endem: a posição básica de defesa e os deslocamen-
adversário, escapando dos defensores e ficando livre tos defensivos, o bloqueio defensivo, a marcação
para atuar ou para ficar acessível a outro atacante por impedimento e as técnicas de goleiro (SIMÕES,
(FERNÁNDEZ et al., 2012). A finta é utilizada para 2002; REIS, 2013).
enganar o adversário, melhorando as ações em ou-
tros fundamentos, como passe e arremesso, e é feita Posição básica e deslocamentos
com mudanças de direção realizadas pelo jogador
atacante (TENROLER, 2004). A posição básica defensiva assemelha-se às de outros
esportes de invasão: pernas afastadas pouco mais do
que a largura dos ombros, tronco ereto e levemente
inclinado à frente, mãos em posição de expectativa,
olhar à frente, no atacante correspondente.
O deslocamento básico defensivo consiste em se
deslocar no sentido de acompanhar o atacante cor-
respondente, com ou sem a bola, ou se deslocar em
direção ao espaço proporcionado por outro defen-
sor em fase de marcação, evitando oferecer espaços
vazios para o ataque da equipe adversária (SIMÕES,
2002; REIS, 2013).

Figura 12 - Finta Figura 13 - Posicionamento defensivo

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

Bloqueio defensivo Técnicas de goleiro

Considerado como o recurso final de um defensor A posição de goleiro, no handebol, exige do jogador
de linha, o bloqueio defensivo é uma técnica de in- muita velocidade de reação, devido à pouca distân-
terceptação de um arremesso ao gol (SIMÕES, 2002; cia e à grande força que os atacantes empreendem
REIS, 2013). nos arremessos. As defesas podem ser assim classifi-
cadas: defesa alta, de meia altura, baixa e em “X”. A
defesa alta intercepta os arremessos efetuados aci-
ma da linha dos ombros dos goleiros, podendo ser
efetuada com uma ou ambas as mãos, saltando ou
não. À meia altura, ocorre a defesa das bolas arre-
messadas entre as linhas do joelho e dos ombros dos
goleiros, efetuada com as mãos, pernas ou quadris
(GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA 2014).
A defesa baixa deriva das bolas arremessadas
abaixo da linha do joelho, podendo ser realizada
com os pés ou com as mãos. Já a defesa em “X” é
realizada por meio de um salto, seguido de um mo-
vimento de abdução de ombros e quadris, simulta-
Figura 14 - Bloqueio defensivo
neamente, para diminuir os espaços em arremessos,
geralmente, de curta distância ou de contra-ataque,
Marcação por impedimento podendo ser realizada, também, em tiros de sete
metros (SIMÕES, 2002; REIS, 2013).
A marcação por impedimento consiste em evitar as
ações do atacante, segurando o braço de arremesso com
uma das mãos, e o quadril, com a outra (REIS, 2013).

Figura 15 - Marcação por impedimento Figura 16 - Defesa à meia altura

123


Regras Básicas A seguir, apresentaremos algumas re-


gras do handebol para o conhecimento
do Handebol do(a) futuro(a) professor(a). Elas podem
auxiliar no processo de ensino e apren-
dizagem, pois, mesmo que os alunos não
necessitem conhecer todas as regras, as
básicas, pelo menos, são necessárias para
a compreensão do jogo. É importante
lembrar que essas regras foram adaptadas
e reorganizadas a partir do site da
Confederação Brasileira de Handebol -
CBHb ([2019], on-line)3.

QUADRA

A quadra de jogo mede 40 m de com-


primento por 20 m de largura, com duas
áreas de gol e uma de jogo, formadas por
linhas laterais de gol (embaixo da bali-
za) e de fundo. A baliza fica no centro
de cada linha de fundo, medindo 2 m de
altura por 3 m de largura. As linhas de
gol devem ter 8 cm de largura entre os
postes, enquanto as outras linhas me-
dirão 5 cm de largura. A linha de tiro
livre (linha de 9 m) é tracejada a 3 m de
distância da linha da área de gol; a linha
de tiro de 7 m possui 1 m e deve ser mar-
cada em frente à baliza, paralela à linha
do gol. Para a realização de uma substi-
tuição, existe uma linha de 4,5 metros da
linha central de cada equipe, denomina-
da zona de substituição (CONFEDERA-
ÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL,
[2019], on-line)3.

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 17 - Quadra de handebol


Fonte: CBHb (2016, p. 7).

125


REGRAS DE TEMPO

A duração de uma partida oficial para adultos é de dois


tempos de 30 minutos, com intervalo de 10 minutos,
com exceção de campeonatos mundiais cujo intervalo
é de 15 minutos. A prorrogação (tempo extra) ocorre
somente se uma partida terminar empatada, e um ven-
cedor tenha que ser determinado. Será jogada após 5
minutos de intervalo e pode possuir dois períodos de 5
minutos, com um intervalo de 1 minuto. Caso a parti-
da continue empatada depois do primeiro tempo extra,
um segundo tempo extra será jogado após intervalo de Figura 18 - Bola de handebol
5 minutos, e esse segundo tempo extra também tem
dois períodos de 5 minutos com intervalo de 1 minuto. EQUIPES
O tempo de jogo começa com o apito do árbitro auto-
rizando o tiro de saída inicial e acaba com o sinal de Uma equipe consiste em até 16 jogadores, mas so-
término automático do placar ou do cronometrista. Se mente sete (seis de linha e um goleiro) podem entrar
o sinal sonoro não soar, os árbitros apitam para indicar em quadra. Os demais jogadores são suplentes. O go-
que o tempo de jogo terminou (CONFEDERAÇÃO leiro pode se tornar um jogador de quadra a qualquer
BRASILEIRA DE HANDEBOL, [2019], on-line)3. momento. Um jogador de quadra pode se tornar go-
leiro, sendo que, no início da partida, uma equipe
BOLA deve ter, pelo menos, cinco jogadores em quadra
(quando faltar outros jogadores). Para a substituição
A bola pode ser confeccionada em couro ou mate- de jogadores (sem número limite e a qualquer mo-
rial sintético, devendo ser esférica, fosca e aderente. mento do jogo), estes devem sempre sair e entrar na
De acordo com a Confederação Brasileira de Han- quadra por meio da sua própria zona de substituição.
debol ([2019], on-line)3, a circunferência e o peso da
bola de cada categoria são:
a. Tamanho 3, entre 58 e 60 cm e 425 e 475 g
para homens (equipes adultas e juvenis, aci-
ma de 16 anos).
b. Tamanho 2, entre 54 e 56 cm e 325 e 375 g
para mulheres (equipes adultas e juvenis, aci-
ma de 14 anos) e equipes masculinas adoles-
centes (entre 12 e 16 anos).
c. Tamanho 1, entre 50 e 52 cm e 290 e 330 g
para equipes infantis femininas (8 a 14 anos)
e masculinas (8 a 12 anos). Figura 19 - Equipe de handebol

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

EQUIPE DE ARBITRAGEM GOLEIRO

Dois árbitros com igual autoridade serão os respon- Em relação à posição do goleiro do handebol, algu-
sáveis por cada partida. Eles são auxiliados por um mas ações diferentes dos demais jogadores em qua-
secretário e um cronometrista. dra são permitidas, tais como tocar a bola com qual-
quer parte do corpo, tentando se defender e se mover
com a bola dentro da área de gol (6 m). Entretanto,
entre as principais limitações desse jogador, pode-
mos destacar: colocar em perigo o adversário, em
busca de defesa, ou sair da área de 6 m com controle
da bola (ocasionando um tiro livre para o adversá-
rio); tocar a bola que está parada ou rolando no solo
do lado de fora da área de gol, estando ele dentro;
trazer a bola de fora para dentro da área de gol e, no
Figura 20 - Equipe de arbitragem tiro de 7 m, cruzar a linha de limitação do goleiro
(4 m) antes que a bola tenha sido arremessada pelo
UNIFORME adversário (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE
HANDEBOL, [2019], on-line)3.
Todos os jogadores de uma equipe, exceto o golei-
ro, devem vestir uniformes idênticos. As equipes
adversárias devem se apresentar para o jogo com
uniformes de cores e desenhos claramente distintos,
com números de 1 a 99 visíveis (pelo menos 20 cm
de altura nas costas e 10 cm na frente das camise-
tas de jogo) (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE
HANDEBOL, [2019], on-line)3.

Figura 21 - Uniforme (destaque para a numeração e a distinção de cores) Figura 22 - Goleiro de handebol

127


PONTUAÇÃO O arremesso lateral, realizado com um pé sobre


a linha, ocorre quando a bola cruza completamente
Um gol é marcado quando a bola ultrapassa comple- a linha lateral, toca o teto ou algum objeto fixo sobre
tamente a linha de gol, abaixo da baliza. a quadra ou, ainda, quando um jogador defensor
tocar a bola antes de ela cruzar a linha de fundo de
INÍCIO E REINÍCIO DE JOGO sua equipe. Na execução, os jogadores adversários
devem respeitar a distância de 3 m do executante.
O tiro de saída (início do jogo) e a quadra de jogo que Já o tiro de meta é executado pelo goleiro, na re-
uma equipe defenderá no primeiro tempo são defini- posição da bola que sai pela linha de fundo, sendo
dos sob sorteio. A equipe que ganha o sorteio escolhe tocada, por último, pelo jogador em movimento de
ou a posse de bola inicial ou a quadra (CBHb, 2016). ataque.

Figura 23 - Gol

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

TIRO DE SETE METROS vez. Após isso, a punição deve ser, ao menos, a ex-
clusão por um tempo de 2 minutos. Com três exclu-
O tiro de sete metros é concedido quando uma cla- sões por 2 minutos ou por conduta antidesportiva
ra ocasião de gol for impedida de forma antirregu- grave, o jogador pode ser desqualificado, recebendo
lamentar ou for interrompida por fatores externos o cartão vermelho.
ao jogo (ação direta de um espectador, um apito ou
uma falha elétrica, por exemplo).
As regras de handebol devem ser conhecidas
para facilitar o processo de ensino e aprendizagem
da modalidade. Em geral, todas as modalidades es-
portivas alteram suas regras ao final de um ciclo,
como o ciclo olímpico. É importante estar atento(a)
a estas alterações.

SANÇÕES DISCIPLINARES

Condutas antidesportivas por contato físico ou des-


respeitosas (com a equipe de arbitragem ou entre
jogadores) são punidas com advertências, quando
o árbitro mostra o cartão amarelo. Uma advertên-
cia não deve ocorrer, individualmente, mais de uma Figura 25 - Sanção disciplinar (cartão amarelo)

Figura 24 - Tiro de sete metros

129


Modelos de Exercícios na Iniciação


ao Ensino do Handebol

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao exemplificar modelos de exercícios para o ensi- Dessa forma, essas orientações devem ser conside-
no do handebol, algumas orientações didáticas são radas na utilização dos modelos de exercícios que
necessárias durante o processo de ensino e apren- serão apresentados. Utilizaremos, inicialmente, al-
dizagem do esporte (GONZÁLEZ; DARIDO; OLI- gumas atividades propostas por Greco, Moraes e
VEIRA 2014). Costa (2013), que estimulam o desenvolvimento
das habilidades técnicas dos alunos, os quais devem
aprender a controlar e a conduzir a bola de forma
adequada, determinar o melhor momento para pas-
Reconhecer as regras básicas da moda-
A lidade.
sar a bola de forma precisa, definir o momento cer-
to para receber a bola e se preparar para recebê-la,
além de antecipar as posições dos defensores.

Ao trabalhar com o jogo formal, as tur- 1. Nome do exercício: passe aleatório.


B mas devem ser equilibradas, favorecen-
do a inclusão de todos os alunos. 2. Objetivos: fazer a cesta no arco por meio de um
arremesso.
3. Descrição: organizam-se os alunos em trios. Dois
Pode-se utilizar, como estratégia meto- desses alunos ficam frente, a uma distância apro-
ximada de 5 m. Entre eles estará um terceiro par-
C dológica, a participação de alunos em
ticipante segurando um arco em suas mãos. O
outras funções, como técnicos e árbitros. objetivo da dupla em posse da bola é arremessar
e fazer a cesta no arco. O objetivo do aluno que
está segurando o arco é mudar constantemente o
posicionamento deste para dificultar a marcação
Realizar jogos reduzidos, com adapta-
da cesta. O professor determinará o tempo para
D ção do espaço, número de alunos e ta- que os participantes possam trocar de posições
manho da meta. e funções.

4. Materiais: bolas e arcos.

Estimular o conhecimento dos concei-


E tos táticos para a compreensão do jogo.

Estimular a verbalização dos alunos so-


F bre suas próprias ações.

Controlar o tempo de cada atividade,


G estimulando a motivação dos alunos. Figura 26 - Passe aleatório
Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 157).

131


Desenvolver a precisão e a força do arremesso é fun- O trabalho coordenativo compõe o rol de atividades
damental para a prática do handebol. Trabalhar esta de iniciação esportiva. O exercício demonstrado na
ação de forma lúdica e prazerosa é a proposta do Figura 28 é um exemplo que combina atividades de
exercício descrito e demonstrado, graficamente, por coordenação motora a brincadeiras populares que já
meio da Figura 27. fazem parte do cotidiano dos alunos.

1. Nome do exercício: acerte o alvo. 1. Nome do exercício: amarelinha dos cones.

2. Objetivos: desenvolver a precisão e a força do 2. Objetivos: trabalhar o arremesso, o passe com o


arremesso. pé e a precisão na finalização.
3. Descrição: o exercício será realizado por dois alu- 3. Descrição: o aluno A deverá realizar o jogo da
nos, sendo que cada um estará em posse de uma amarelinha demarcada com o giz no chão do es-
bola. Haverá um cone ao final do espaço de jogo paço de jogo. Contudo, toda a vez que estiver em
em uma área delimitada que não poderá ser in- um quadrado, ele deverá realizar o passe para o
vadida pelos participantes. Os alunos deverão se aluno B que está ao lado, alternando passes com
deslocar aleatoriamente pela quadra e, ao sinal do o pé e com as mãos. Após completar a amarelinha,
professor, um desses alunos tentará derrubar o o aluno receberá o passe do colega B, em um local
cone com a bola, e o outro deverá lançar a bola determinado (denominado céu no jogo de amare-
que está em sua posse para impedir que seu cole- linha) e tentará derrubar cones dispostos a uma
ga derrube o cone o maior número de vezes. distância de 5 m. Ao final de atividade, invertem-se
as posições.
4. Materiais: cone e arcos.
4. Materiais: bolas, giz e cones.

Figura 27 - Acerte o alvo


Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 157). Figura 28 - Amarelinha dos cones
Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 158).

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

O passe é elemento fundamental nos esportes de REFLITA


invasão. O jogo demonstrado a seguir (Figura 29)
exemplifica uma estrutura funcional de 4x4, que
A mídia nacional e internacional, em 2016,
pode ser trabalhada para o desenvolvimento do pas- divulgou problemas com repasses financeiros
se em situação real de jogo no handebol, no basque- para algumas modalidades esportivas. Com
tebol e nos demais esportes de invasão. base nessa informação, verifique os proble-
mas que ocorreram e quais modalidades es-
portivas foram afetadas. Pense, ainda: quais
1. Nome do exercício: jogo dos passes. ações governamentais e de políticas públicas
poderiam ser implementadas para o desen-
2. Objetivos: determinar o momento espacial para volvimento do handebol no Brasil?
passar, chutar ou rebater uma bola de forma
precisa.
3. Descrição: os alunos deverão se dispor em meia
quadra para jogar em estrutura funcional 4X4.
É relevante observar que as ações pedagógicas, re-
Para marcar um ponto, a equipe deverá trocar
sete passes entre seus jogadores, enquanto a alizadas no processo inicial do aprendizado, reve-
outra equipe tenta recuperar a posse da bola. lam a importância de os alunos compreenderem o
4. Materiais: bolas e coletes. porquê de realizar cada ação desenvolvida, ou seja,
essas atividades não podem ser realizadas por meio
de repetições dos fundamentos/habilidades técni-
cas do handebol.

Figura 29 - Jogo dos passes


Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 161).

133
considerações finais

A
o conhecer o handebol, buscamos evidenciar aspectos históricos e técni-
cos, as regras e os princípios básicos na iniciação da modalidade. A his-
tória do esporte é parte integrante da história da humanidade. A compre-
ensão dos aspectos históricos é parte integrante do processo de formação
humana, possibilitando melhor compreensão da realidade e, consequentemente, de
sua ação social.
Ao conhecer o histórico do handebol, você pode utilizar diversos métodos de
ensino para que os alunos compreendam sua história: filmes, jogos antigos, drama-
tizações, estátuas vivas, depoimentos de ex-atletas. Contudo é importante que o en-
sino da história do esporte não se torne cansativo para o aluno. Esse ensino é um
elemento importante e pode contribuir para a compreensão de outros aspectos da
sociedade, por isso, o(a) professor(a) pode buscar relacionar este conteúdo com ou-
tras disciplinas. Na área de ciências humanas, por exemplo, estudar o contexto social
no qual o handebol foi criado pode contribuir para que o aluno compreenda outros
aspectos da história, filosofia e sociologia.
Em relação à aprendizagem da técnica, esperamos que você tenha adquirido co-
nhecimentos dos fundamentos técnicos para que possa ensinar seus alunos como
realizá-los. Entretanto, ao realizar a leitura da Unidade 1, você percebeu que a exe-
cução correta dos movimentos deve ser, prioritariamente, ensinada na contextuali-
zação do jogo, ou seja, durante a aprendizagem da tática. Se ainda encontrar dúvidas
sobre isso, aconselhamos que refaça a leitura da Unidade 1.
Encerramos a Unidade 4 com os modelos de exercícios que acreditamos ser es-
senciais à compreensão do que é necessário para que você, futuro(a) professor(a),
possa compreender os aspectos pedagógicos da modalidade. Assim, a Unidade 4
fornece aspectos importantes para a compreensão do processo de iniciação ao ensi-
no do handebol.

134
atividades de estudo

1. A popularização do handebol no Brasil é uma conquista, principalmente nas úl-


timas três décadas, com a participação em campeonatos mundiais e olímpicos.
Sobre a participação brasileira no cenário mundial do handebol, é correto afirmar
que:
a) O Brasil jogou seu primeiro campeonato mundial em 1987. Neste cenário, a
experiência brasileira era tão inferior que somente o goleiro da seleção alemã
possuía mais jogos internacionais do que todos os jogadores da seleção bra-
sileira em conjunto.
b) Apesar das experiências positivas do Brasil na última década, atualmente, o
país encontra-se entre os 20 melhores países no handebol masculino e femi-
nino. Esses resultados são pouco relevantes no contexto mundial.
c) A principal conquista do Brasil, no handebol, foi a medalha de ouro da equipe
feminina no mundial de 2013.
d) No contexto mundial, o handebol feminino possui melhor ranking que o han-
debol masculino.
e) Todas as afirmações anteriores estão corretas.

2. A denominação “fundamentos”, utilizada para os gestos técnicos, a partir dos es-


tudos da pedagogia do esporte, apresentaram o termo “técnico-tático”, amplian-
do o conceito do que é mais importante na aprendizagem inicial dos esportes
coletivos (REIS; CASTELLANI, 2013). Sobre o conceito da habilidade técnica “finta”,
utilizada no handebol, é incorreto afirmar que:
a) Ao utilizar a finta, o atacante tem como objetivo enganar o adversário, ficando
livre para atuar ou estar acessível a outro atacante.
b) A finta é utilizada para enganar o adversário, melhorando as ações em outros
fundamentos, como passe e arremesso.
c) A finta não deve ser ensinada no início do processo de aprendizagem, por ser
uma habilidade técnica complexa.
d) Os exercícios para a aprendizagem da finta podem ser realizados em situa-
ções de jogo, em que os alunos compreendem o seu contexto.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está incorreta.

135
atividades de estudo

3. O(A) professor(a) de Educação Física deve entender que as aprendizagens decor-


rentes das práticas pedagógicas do esporte como conteúdo da Educação Física
Escolar devem ser instrumento para a ampliação da compreensão dos alunos em
relação às práticas corporais e à sua própria cultura de movimento. Ao refletir
sobre este aspecto, como o professor deveria trabalhar a história do handebol?
Assinale a alternativa correta.
a) Por meio de provas teóricas e textos dissertativos.
b) Por meio de provas teóricas, pois é o único meio efetivo de compreensão da
história.
c) Por meio de imagens e produções coreográficas, relacionando a história do
esporte, a arte e a expressão corporal.
d) Não é necessária a avaliação do conteúdo relacionado às questões históricas.
e) Todas as afirmações anteriores estão corretas.

4. O conhecimento das regras pelo futuro professor auxilia no processo de ensino e


aprendizagem. Sobre as regras do handebol disponibilizadas pela Confederação
Brasileira de Handebol (2016), assinale a alternativa incorreta.
a) A quadra de jogo consiste em um retângulo de 40 m de comprimento e 20 m
de largura, composto de duas áreas de gol e uma área de jogo.
b) A baliza é uma proteção colocada no centro de cada linha de fundo e deve
estar firmemente fixada ao solo; mede 4 m de altura e 2 m de largura.
c) A linha de tiro livre (linha de 9 m) é uma linha tracejada a 3 m de distância da
linha da área de gol; a linha de 7 m é uma linha que possui 1 m e está marcada
em frente à baliza, paralela à linha do gol.
d) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 30 minu-
tos com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais,
em que o intervalo é de 15 minutos; a prorrogação (tempo extra) será jogada
após 5 minutos de intervalo.
e) Uma equipe é formada por até 16 jogadores; somente seis jogadores de linha
e um goleiro podem estar em quadra, os demais são suplentes.

136
atividades de estudo

5. Sobre as regras disponibilizadas pela Confederação Brasileira de Handebol


(2016), qual afirmação é correta?
a) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 20 minu-
tos, com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais,
cujo intervalo é de 15 minutos.
b) Não há prorrogação (tempo extra) quando uma partida termina empatada e
precisa haver um ganhador.
c) A prorrogação de um jogo ocorre em dois períodos de 10 minutos, com inter-
valo de 2 minutos.
d) Caso a partida continue empatada depois do primeiro tempo extra, um se-
gundo tempo extra será jogado após um intervalo de 5 minutos, e esse se-
gundo tempo extra também tem dois períodos de 10 minutos com intervalo
de 2 minutos.
e) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 30 minu-
tos, com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais,
cujo intervalo é de 15 minutos.

137
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ler o Manual de mini handebol

O projeto MiniHand foi criado pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) em 2000.
O objetivo é oferecer oportunidade de formação esportiva para crianças de 6 a 12 anos,
dando ênfase em atividades e exercícios lúdicos e proporcionando prazer e felicidade em
sua realização. Por meio dessas atividades, os jovens desenvolvem coordenação, motri-
cidade, educação do movimento, comportamento específico de jogo e fundamentos do
handebol, além de socializar e adquirir experiências em grupo.

As regras da modalidade foram adaptadas, desde o tamanho da quadra como as especifi-


cações da bola e regras mais simplificadas para que facilitem o processo de ensino aprendi-
zagem do esporte. Para participar do jogo uma equipe deve ter sete jogadores, no mínimo,
e dez jogadores, no máximo; poderão jogar por vez um goleiro e quatro jogadores, sendo
que todos podem jogar como goleiro ou jogador de campo, trocando a camisa do goleiro,
que é de outra cor. É obrigatório que, em cada período jogue um goleiro diferente. Todos
os jogadores inscritos devem jogar obrigatoriamente sete minutos em cada tempo de jogo.
As equipes podem ser mistas (meninos e meninas).

A quadra pode ser marcada em local que ofereça possibilidades de progressão com a bola
no tamanho de 20x13 m. Na altura da trave é sugerido que o travessão superior esteja a
uma altura mais baixa com o tamanho de 1,60 m de altura e 2,40 m de largura. A área de
goleiro tem raio de 5 m; o pênalti – que, no handebol é denominado tiro de sete metros -
marcado a 6 m da linha de gol.

O tempo de jogo será de 28 minutos, divididos em dois períodos de sete minutos, com dois
minutos de intervalo entre os dois períodos. Entre o primeiro e o segundo tempo de jogo,
haverá um intervalo de cinco minutos. Os participantes devem ser estimulados ao diverti-
mento e não aos resultados finais, sendo importante a valorização e premiação de todos.

Fonte: adaptada de CBHb ([2019], on-line)4.

138
material complementar

Indicação para Acessar

O vídeo Handebol: o pensamento leve faz a gente mudar apresenta a conquista do Mundial Feminino de
Handebol, na Sérvia, em 2013. O documentário procura fazer um panorama do esporte a partir de alguns
personagens que vivem intensamente a modalidade no Brasil.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=sQadmXF0ZaY>.

139
referências

CBHb. Confederação Brasileira de Handebol. Regras de Jogo. Aracaju: CBHb, 2016.


FERNÁNDEZ, J. J. et al. Fundamentos técnicos-táticos individuais no ataque. In: GRECO, P. J.; ROMERO, J.
J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. p. 97-106.
GONZÁLEZ, F.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, J. E. C. O ensino dos esportes. In: ______. Esportes de invasão:
basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014.
GRECO, J. P.; MORAES, J. C. P.; COSTA, G. C. T. Manual das Práticas dos Esportes no Programa Segundo
Tempo. Maringá: Eduem, 2013.
GRECO II, J. P. Entrevista para o Projeto Garimpando Memórias. [Entrevista cedida a] Suélen de Souza
Andres e a Silvana Vilodre Goellner. In: CENTRO DE MEMÓRIAS DO ESPORTE. Escola de Educação
Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Projeto Garimpando Memórias. Porto Alegre: Ceme;
Esef; UFRGS, 2013. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83581/000906811.pdf?-
sequen-ce=1>. Acesso em: 25 abr. 2019.
REIS, H. H. B. O Ensino do handebol utilizando-se do método parcial. EF Deportes, Buenos Aires, a. 10, n.
93, fev. 2006.
______. A Gênese do Handebol: primeiras aproximações. In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. Manual de Han-
debol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012.
REIS, H. B.; CASTELLANI, R. M. O perfil das disciplinas de handebol das instituições de ensino superior.
Kinesis, Santa Maria, v. 31, n. 1, p. 19-38, jan./jun. 2013.
SIMÕES, A. C. Handebol defensivo: conceitos técnicos e táticos. São Paulo, Phorte, 2002.
TENROLER, C. A. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
VIEIRA, S.; FREITAS, A. O que é Handebol: História, Regras, Curiosidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,
2007.
ZAMBERLAN, E. Handebol Escolar e Iniciação. 1. ed. Cambé: Imagem, 1999.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1
Em: <https://docplayer.com.br/11097805-Aula-01-7-ano-ensino-fundamental-handebol-prof-o-leonardo-del-
gado.html>. Acesso em: 25 abr. 2019.
2
Em: <https://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_do_handebol.htm>. Acesso em: 25 abr.
2019.
3
Em: <http://www.brasilhandebol.com.br/index.asp>. Acesso em: 25 abr. 2019.
4
Em: <http://brasilhandebol.com.br/Admin/Anexos/001713_baixa_minihand_manual.pdf>. Acesso em: 25
abr. 2019.

140
gabarito

1. E.

2. C.

3. C.

4. B.

5. E.

141
SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL

Professor Dr. Claudio Kravchychyn


Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Introdução às ações táticas ofensivas
• Sistemas táticos ofensivos do handebol
• Sistemas táticos defensivos do handebol
• Planos de aula

Objetivos de Aprendizagem
• Analisar as ações táticas ofensivas no handebol.
• Compreender e analisar os sistemas táticos ofensivos no
handebol.
• Compreender e analisar os sistemas táticos defensivos no
handebol.
• Compreender, analisar e estruturar planos de aula para o
ensino do handebol.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), na unidade anterior, foi possível analisar as
principais orientações para o ensino do handebol, utilizando
dimensões importantes para a aprendizagem da modalidade.
Mostramos, também, a importância dos aspectos táticos a se-
rem evidenciados durante os primeiros passos no ensino dos jogos e das
brincadeiras, estimulando o pensamento estratégico, no qual o aluno
precisa compreender o porquê da realização das atividades.
Nesta unidade, avançaremos buscando compreender os diferentes
tipos de sistemas ofensivos e defensivos utilizados no handebol, demons-
trando como podem ser ensinados aos alunos em aprendizagem. Inicia-
remos a compreensão dos principais componentes ofensivos ensinados
na iniciação ao handebol, como as movimentações sem bola, fintas, ta-
bela e jogos realizados em grupo. A necessidade do trabalho em grupo
nos esportes de invasão justifica-se pela dinâmica do jogo coletivo, cujas
ações ofensivas e defensivas ocorrem a todo momento.
O foco principal desta unidade é demonstrar como ocorre a distri-
buição dos conceitos táticos do handebol, ao longo do processo de en-
sino e aprendizagem. Serão evidenciados, especialmente, os aspectos
ofensivos e defensivos, de modo que você possa compreender como tra-
balhar esse conteúdo no ambiente escolar ou de treinamento. Trataremos
das posições dos jogadores no ataque, definidas como armador central,
armador direito (por vezes, denominado lateral direito ou meia direita),
armador esquerdo (por vezes, denominado lateral esquerdo ou meia es-
querda), ponta direita, ponta esquerda e pivô.
As funções de cada jogador são importantes para compreender as
posições de cada um deles no ataque, entretanto, será necessário compre-
ender que o conteúdo das aulas é, prioritariamente, a tática individual.
O(A) professor(a) deverá escolher os conteúdos por meio do conheci-
mento que os alunos possuem, de seu desenvolvimento motor e dos ob-
jetivos da aprendizagem.


Introdução às Ações
Táticas Ofensivas

Olá, caro(a) aluno(a). As situações táticas


ofensivas que ocorrem durante o processo
de ensino e aprendizagem do handebol po-
dem ser aprendidas e realizadas individual-
mente, em grupo ou em equipe. Estas ações
ocorrem com ou sem a posse de bola. As
táticas individuais acontecem em diferentes
situações e, a cada ataque:

Os atacantes sem a posse de bola de-


vem favorecer, em todo momento, o
jogo daquele que possuía bola, ofere-
cendo-lhe ocasiões e condições para
um passe eficaz após um desmarque
ou criando espaços para ele ou para
outros que possam ser beneficiados
por sua movimentação sem bola (FER-
NÁNDEZ et al., 2012, p. 161).

146
EDUCAÇÃO FÍSICA

As táticas de grupo são realizadas quando os alunos Os esportes de invasão necessitam do traba-
pretendem oferecer apoio aos colegas de equipe. Estas lho em grupo, pois as ações ofensivas e defensivas
ações de grupo dependem do quanto cada jogador, ocorrem a todo momento, e para que o atacan-
com e sem bola, consegue resolver os problemas te não perca a posse de bola sem antes tentar seu
táticos que ocorrem durante o jogo. Em resumo, alvo (gol, cesta etc.), as ações táticas, como a tabe-
os alunos devem compreender que as ações táticas la, devem ser realizadas em sincronia. Para tan-
ofensivas realizadas pelos jogadores (em grupo) to, a visão de jogo dos atacantes proporciona sua
dependem dos movimentos que eles realizam entre si. realização, desde que os alunos consigam obser-
Uma das ações táticas realizadas no handebol var as diversas movimentações que ocorrem nesse
é denominada tabela, utilizada quando o atacante jogo. Em poucos segundos, os jogadores podem
com bola não consegue superar o seu adversário e ser novamente marcados, deixando de ser opção
passa a bola a um companheiro de equipe que se de passe.
desmarca, iniciando uma movimentação ofensiva Existem outras formas de chamar a atenção do
(FERNÁNDEZ et al., 2012). Para que a tabela possa adversário, como as penetrações ofensivas, deno-
acontecer de maneira eficaz, é necessário que exista minadas engajamento (FERNÁNDEZ et al., 2012).
interação entre os alunos. Esta ocorre com a repeti- O objetivo dessa ação é realizar diversas penetra-
ção sistemática dos movimentos durante o proces- ções ofensivas, de modo que ocorra um espaço de
so de ensino e aprendizagem. Os alunos iniciantes superioridade numérica. Outras ações táticas ofen-
devem aprender e ser estimulados com movimenta- sivas que caracterizam os sistemas táticos ofen-
ções simples e exercícios que facilitem a realização sivos, como os cruzamentos com e sem bola e os
da tabela no decorrer da aprendizagem. bloqueios, também podem ser utilizadas para fa-
A atividade de manter a posse de bola, em que cilitar o ataque no handebol. O processo de ensino
os alunos realizam passes em grupos de três a quatro e aprendizagem das ações ofensivas deve ser apre-
pessoas, faz com que eles ocupem os espaços vazios sentado aos alunos durante um longo caminho de
e se movimentem individualmente, após a realiza- aprendizagem.
ção de cada passe. A tabela é um dos movimentos Na maioria das vezes, o ensino do handebol
mais simples realizados no handebol. Entretanto, ainda é muito incipiente. Os conteúdos limitam-
para os iniciantes dessa prática que desejam a posse -se às questões históricas, às regras básicas da
de bola, é importante que compreendam a necessi- modalidade e aos jogos institucionalizados. As-
dade de jogar sem ela, pois o jogo sem bola não é sim, ao ensinar o handebol, devemos relembrar a
fácil de ser ensinado. Quando o aluno compreende importância de trabalhar com os jogos reduzidos,
a necessidade do movimento constante, sem a posse estimulando a tomada de decisão e o pensamento
de bola, e aprende a sentir o prazer de realizar mo- estratégico, desde uma simples decisão de quando
vimentos e fintas para ajudar seu companheiro de e para quem realizar um passe, até a realização dos
equipe, estará apto a jogar em grupo. sistemas táticos ofensivos.

147


Sistemas Táticos Ofensivos


do Handebol

Os sistemas ofensivos no jogo de handebol


são definidos com a distribuição dos joga-
dores no campo de ataque. Esta organização,
em geral, é definida de acordo com o sistema
defensivo utilizado pelo adversário, pelas
características dos jogadores atacantes ou,
ainda, em função do momento do jogo, ou
seja, de situações que ocorrem no decorrer
de uma partida (FERNÁNDEZ et al., 2012).

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

No ataque, a criança possui dificuldades, prin- Para que os sistemas ofensivos possam ser estabe-
cipalmente quando está em posse da bola, pois não lecidos, algumas funções específicas são definidas
consegue ainda passar e driblar com desenvoltura. na modalidade: armador central, armador direito
Dessa forma, a proposta de Ehret et al. (2002) evi- (também denominado lateral direito ou meia direi-
dencia que, até a faixa etária de 12 anos, deve-se tra- ta), armador esquerdo (também denominado lateral
balhar, especialmente, o jogo coletivo simplificado, esquerdo ou meia esquerda), ponta direita, ponta
em superioridade numérica (dois contra um, três esquerda e pivô. Entretanto, mesmo que seja impor-
contra dois etc.) e igualdade numérica (um contra tante que os alunos compreendam as posições de
um, dois contra dois, três contra três etc.). cada jogador no ataque, é fundamental que o con-
Essas ações táticas, em conjunto com a apren- teúdo privilegiado nas aulas seja a tática individual,
dizagem das formas básicas das técnicas (arremes- e não habilidades isoladas, ou seja, os fundamentos.
sos, passes, recepção e fintas) podem ser ensinadas Dessa forma, os exercícios que envolvam a interação
entre 13 e 14 anos, quando, também, o jogo posi- entre os alunos e os jogos reduzidos devem ocupar
cional 3:3 (sistema ofensivo) pode ser trabalhado. a maior parte do tempo das aulas, e os sistemas de
Outros sistemas ofensivos configurados com um jogo podem ser realizados com a participação de pe-
ou dois pivôs, bem como movimentações de ataque quenos grupos (GONZÁLEZ, 2014).
contra defesa individual, podem ser trabalhados As ações táticas ofensivas devem ser conteúdo
nos últimos anos do Ensino Fundamental ou no da Educação Física. No Ensino Fundamental, os sis-
Ensino Médio. temas ofensivos podem ser conteúdos trabalhados
no Ensino Médio e, assim, os alunos aprenderão as
SAIBA MAIS movimentações básicas dos sistemas ofensivos. Um
dos sistemas ofensivos mais utilizados é o sistema
3:3, no qual os jogadores atacantes podem se posi-
O Segundo Tempo na Escola, programa do go-
verno federal, tem por objetivo democratizar cionar de forma mais aberta ou fechada em relação
o acesso à prática e à cultura do esporte, de à largura da quadra de ataque, como apresentamos
forma a promover o desenvolvimento integral na Figura 1.
de crianças, adolescentes e jovens como um
fator de formação da cidadania e melhoria
da qualidade de vida, prioritariamente, em
áreas de vulnerabilidade social. Apesar de
não abordar, diretamente, a Educação Física Legenda:
escolar, o referido programa possui propos- Armador central
ta pedagógica para crianças, adolescentes Lateral direito e esquerdo
e jovens em idade escolar, considerando as Ponta direita e esquerda
diferentes fases de desenvolvimento destes. Pivô

O material pedagógico construído para o pro-


grama pode, pois, ser útil na preparação de
aulas do componente curricular Educação
Física.
Figura 1 - Sistema ofensivo 3-3
Fonte: Darido, Oliveira e González (2014).
Fonte: os autores.

149


Sistemas Táticos Defensivos


do Handebol

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

Apesar de a maioria dos professores desconsiderar Quando uma equipe não possui a posse de bola,
esta informação no processo de ensino-aprendiza- seu objetivo principal é buscar a recuperação dela,
gem, acreditando na dificuldade de ensinar a defesa protegendo o gol de sua equipe. Para isto, os siste-
individual para os alunos, este é um princípio básico mas táticos defensivos buscam a organização do
no ensino dos esportes coletivos de invasão: ensinar espaço em quadra, aumentando a dificuldade dos
a defesa individual. adversários em atacar e a construção de ações ofen-
sivas que possam provocar o gol adversário. Em fun-
A marcação individual é considerada como ção da profundidade defensiva, é possível escolher
uma das mais relevantes no processo de ensi-
sistemas mais abertos, nos quais os defensores ficam
no-aprendizagem-treinamento de crianças e
jovens, sendo muito utilizada na iniciação e, em mais distantes da linha de 6 m; ou de sistemas fecha-
poucas situações, mas presentes, no alto rendi- dos, em que ocorre uma aglomeração próxima a essa
mento (FELDMANN et al., 2012, p. 194). linha (GONZÁLEZ et al., 2014).
Os sistemas defensivos também podem ser defi-
Para os atacantes, jogar contra uma defesa indi- nidos em função das características físicas, técnicas
vidual não é algo simples, evidenciando ainda e psicológicas dos adversários, podendo ser altera-
mais a importância de tarefas adequadas para que dos quantas vezes for necessário durante o jogo. Po-
os alunos possam aprender a realizar fintas e a se demos simular estas características dos adversários,
desmarcarem para receber a bola. As ações táti- permitindo que os próprios alunos escolham o me-
cas ofensivas evidenciadas no início desta unidade lhor sistema defensivo em cada situação. Para tanto,
podem favorecer a aprendizagem das movimenta- é necessário que os alunos conheçam os posiciona-
ções realizadas em grupos nas atividades de jogos mentos dos sistemas defensivos e as suas alterações
reduzidos. de acordo com a movimentação da bola.

SISTEMA 3-2-1

Legenda:
Esta é uma defesa mais fechada e densa, que pode fa-
Primeira linha defensiva
vorecer o contra-ataque da equipe adversária e, por Segunda linha defensiva
isto, é muito utilizada contra equipes que possuem Terceira linha defensiva

bons arremessadores na armação e nas laterais. Esse


Figura 2 -
sistema de defesa também impede a movimentação Sistema defensivo 3-2-1
do pivô na região mais central da quadra (Figura 2). Fonte: os autores.

151


SISTEMA 3-3

Legenda:
Neste sistema, temos apenas duas linhas defensivas.
Primeira linha defensiva
Apesar do espaço a se defender na zona central, os Segunda linha defensiva
pontas conseguem jogar com mais facilidade, prin-
cipalmente se os armadores e laterais tiverem boa
Figura 3 -
visão de jogo, soltando a bola para os pontas quando Sistema defensivo 3-3
eles se encontram sem marcação (Figura 3). Fonte: os autores.

SISTEMA 4-2

Legenda:
Apesar de possuir duas linhas defensivas, em que
Primeira linha defensiva
dois jogadores ficam mais próximos da linha dos 9 Segunda linha defensiva
m, esta defesa por zona é pouco utilizada em equipes
de alto rendimento, pois proporciona amplos espa-
Figura 4 -
ços vazios, facilitando a infiltração e, consequente- Sistema defensivo 4-2
mente, o ataque adversário, como apresenta a Figura Fonte: os autores.

4.

152
EDUCAÇÃO FÍSICA

SISTEMA 5-1

Legenda:
Na defesa 5-1, a segunda linha defensiva é formada
Primeira linha defensiva
por apenas um jogador mais avançado, que possui Segunda linha defensiva
a função de dificultar os passes entre os armadores
e laterais. Este sistema é muito utilizado quando o
Figura 5 -
armador central é habilidoso e distribui a bola com
Sistema defensivo 5-1
facilidade (Figura 5). Fonte: os autores.

SISTEMA 6-0

Legenda:
A defesa 6-0 é a mais utilizada nas equipes inician-
Primeira linha defensiva
tes, na qual defensores se posicionam próximos à li-
nha de 6 m. Uma das suas desvantagens é permitir
os lançamentos de longa distância, mas, por outro
Figura 6 -
lado, dificulta a penetração dos adversários com Sistema defensivo 6-0
bola (Figura 6). Fonte: os autores.

153


Planos Na unidade anterior, apresentamos modelos de


exercícios que podem ser utilizados na iniciação
de Aula ao ensino do handebol. Gostaríamos que, nesta
unidade, você se preocupasse em como deve or-
ganizar um plano de aula, estruturando a aula, a
temática principal e os seus objetivos, bem como
as reflexões didáticas.

REFLITA

Se estiver trabalhando numa escola, por


exemplo, e o conteúdo de uma unidade de
ensino for o handebol, como organizar os
tópicos de ensino para cada turma? Pense
que outros conteúdos devem ser trabalhados
durante o ano e organize o plano de unidade
para o ano letivo.

Esta percepção deve ser parte integrante das aulas


de Educação Física, mesmo que, no Ensino Funda-
mental, os alunos ainda não consigam desenvol-
ver todas as movimentações de forma eficiente. As
explicações do(a) professor(a) devem privilegiar a
compreensão e leitura do jogo, de forma que, no
futuro, eles possam ser, no mínimo, admiradores
da modalidade, espectadores conscientes ou gesto-
res esportivos que compreendam a importância do
ensino do esporte.
Selecionamos alguns modelos desenvolvidos
por González, Borges e Impolcetto (2014). As au-
las escolhidas procuram justificar a importância
do trabalho com o ensino da tática, priorizando
os problemas táticos a serem resolvidos durante
a aula.

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

155


MODELO DE PLANO DE AULA 1 do driblar. Após conseguir o número de passes de-


terminado, a equipe marca um ponto, e o jogo é rei-
Problema tático niciado da lateral pela equipe que estava defendendo.
Manter a posse da bola.
2. Jogo inicial
Objetivos
Reconhecer-se como atacante ou defensor e jogar Jogo: 5x5 + um árbitro ou substituto por equipe.
coletivamente.
Objetivo: passar a bola para um companheiro, pode
Roda inicial deslocar-se apenas por um corredor de 1 m de com-
Professor(a), no início do ensino da modalidade, se- primento, na linha final da quadra.
ria interessante verificar junto aos alunos quais são
suas experiências e seus conhecimentos sobre o han- Descrição: a equipe com posse da bola deve trocar
debol. Vale a pena reiterar a concepção do handebol passes até surgir uma possibilidade de passe ao re-
como esporte coletivo de invasão, que exige que to- ceptor. Se a bola for dominada pelo receptor, a equi-
dos os jogadores ataquem e defendam em coopera- pe marca um ponto. Caso a equipe da defesa inter-
ção. Isso exige que os alunos compreendam os prin- cepte a bola, recupera a posse e começa a atacar.
cípios de cada função, os momentos de aplicação
dos fundamentos técnicos ofensivos e defensivos e Condições:
os posicionamentos em quadra nas duas funções. • Não é permitido driblar nem roubar a bola do
atacante, somente interceptá-la.
1. Primeiros movimentos • Somente é permitido executar passes quicados
para o receptor.
Em grupos de três, quatro ou cinco integrantes, os
alunos trocam passes e se movimentam pelo espaço 3. Consciência tática
da quadra, desviando dos colegas e experimentando
os diferentes tipos de passes. Pergunta (P): qual é o objetivo do jogo?
Organizar estruturas funcionais em 3x3 ou 4x4, Resposta (R): passar a bola para o receptor.
com o objetivo de conseguir entre cinco e dez passes
consecutivos (conforme a possibilidade da turma), P: o que fazer quando alguém da minha equipe re-
respeitando algumas regras básicas do handebol, tais cupera a bola?
como não andar com a bola, evitar contatos físicos R: apresentar-me para receber a bola, pedi-la, pro-
irregulares e respeitar os limites da quadra. O tipo curar espaços vazios, abrindo o jogo.
de defesa recomendado é o sistema defensivo indivi-
dual, cuja característica fundamental é cada jogador P: o que é necessário fazer quando recebo a bola?
marcar um atacante correspondente. Não é permiti- R: procurar jogar coletivamente.

156
EDUCAÇÃO FÍSICA

P: vocês acham importante observar o jogo antes de


decidir o que fazer?
R: sim.

P: por quê?
R: para não passar para quem está marcado, ou não
enxergar o receptor em condição de receber o passe.

4. Tarefa

Participantes: 4x4 ou 5x5 com um coringa

Objetivo do jogo: desempenhar as funções de ata-


que e defesa.

Descrição: na mesma estruturação do jogo anterior, os


jogadores das duas equipes deslocam-se, aleatoriamen-
te, pela quadra, para receber a bola. O coringa não ataca
diretamente o gol, apenas passa a bola para qualquer jo-
gador. Neste momento, uma das equipes passa a atacar,
tentando passar a bola para o receptor. Já os membros
da equipe adversária organizam-se na defesa. Os alunos
da turma devem alternar-se na posição de coringa.

5. Jogo final

Idem ao jogo inicial.

Roda final
Nesta parte final, é importante chamar a atenção dos alu-
nos para a aplicabilidade das habilidades e dos conceitos
aprendidos e vivenciados em aula, ou seja, para a neces-
sidade de, efetivamente, utilizá-los durante o jogo. É im-
portante questioná-los sobre esta utilização, se foi efetiva,
suas dificuldades e facilidades. Assim, a compreensão do
que foi vivenciado poderá ocorrer com mais efetividade
(DARIDO; OLIVEIRA; GONZÁLEZ, 2014).

157


MODELO DE PLANO DE AULA 2 1. Primeiros movimentos

Problema tático Tarefa 1: em pequenos grupos, cada grupo com uma


Atacar a meta. bola. Após passar a bola, os jogadores devem movi-
mentar-se por todo a quadra. À medida que a troca
Objetivo de passes se desenvolve, os alunos vão aumentando
Finalizar em condições favoráveis. o espaço entre um e outro. Na sequência, solicitar
que realizem passes com salto (em suspensão) e
Roda inicial quicados, experimentando também outras possibi-
Conversar com os alunos sobre as aulas anteriores, lidades coordenativas (com um, dois ou três passos,
reforçando a importância de observar antes de to- por exemplo).
mar decisões durante o jogo. Avançando neste con- Tarefa 2: com a turma dividida em duas gran-
ceito, é muito importante perceber quando e em que des equipes, cada uma deve ocupar uma metade da
condições deve-se arremessar a gol. As condições quadra. O objetivo é lançar várias bolas em direção
ideais são, em suma: identificar espaços vazios e fi- à quadra adversária para que elas quiquem uma vez
car de frente para a baliza, visualizando o goleiro e e saiam pela linha do fundo. A outra equipe deve
os defensores. tentar defender as bolas lançadas e, na sequência,
atacar da mesma forma. O defensor, ao dominar a
bola, deve seguir as regras da modalidade para exe-
cutar o ataque (arremesso), ou passar a bola para um
colega e receber à frente para arremessar.

2. Jogo inicial

Jogo: 5x5 + um árbitro/substituto por equipe.

Descrição: jogo reduzido de handebol com mini


gols ou cones.

Condições:
• Não é permitido quicar a bola.
• Não é permitido roubar a bola do atacante, inter-
ceptar passes.
• Gol por erro de defesa vale 1 ponto.
• Gol sem marcação vale 2 pontos.

158
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. Consciência tática pe G pode defender de diversas formas (bloquear,


tomar ou interceptar a bola), e a vítima pode se
P: é mais fácil fazer o gol de longe ou de perto? movimentar livremente. Se a equipe G conseguir
R: de perto. o controle da bola, as equipes trocam de função
(A passa a ser G e vice-versa). Os pontos do jogo
P: como faço para arremessar de perto? são marcados cada vez que uma vítima é atingida
R: passar e receber avançando e utilizar a progressão pela bola.
de três passos.
Condições:
P: quando o gol vale mais? • Pode-se acertar a vítima apenas do joelho para
R: quando tiramos o defensor da jogada. baixo.
• Não é permitido driblar.
P: como é possível buscar sempre dois pontos neste
jogo? 5. Jogo final
R: ocupar os espaços vazios e observar companhei-
ros que estão bem colocados para finalizar. Igual o jogo inicial.

P: como devemos nos posicionar em relação aos Roda final


braços e às pernas para adquirir mais potência no Frisar aos alunos que a tônica da aula recai sobre a
arremesso? decisão de passar ou finalizar, dinâmica importante
R: a perna da frente precisa ser a contrária do braço na prática de esportes de invasão como o handebol.
para que a rotação do tronco dê mais força ao arre- Nesta perspectiva, os saberes e as vivências da aula
messo em fixação (sem salto). farão sentido para os alunos. O conceito de jogo
coletivo passa pela necessidade de passar, deslo-
4. Tarefa car-se e definir as jogadas (DARIDO; OLIVEIRA;
GONZÁLEZ, 2014).
Participantes: 3x3 ou 4x4 com um substituto/árbi- As estruturas funcionais e os jogos aqui apresen-
tro. tados são exemplos de atividades ministradas para o
desenvolvimento da tática individual e coletiva. Nes-
Objetivo do jogo: acertar a “vítima”. sa perspectiva de ensino, os alunos aprendem não
só os fundamentos técnicos da modalidade, mas a
Descrição: formar duas equipes: equipe A (atira- capacidade de empregá-los no momento adequado.
dores) e equipe G (guarda-costas). A equipe G es- Espera-se, desta forma, que os alunos conquistem a
colhe um companheiro para ser a vítima, a quem autonomia para a prática do handebol e dos demais
deve proteger dos arremessos da equipe A. A equi- esportes de invasão.

159
considerações finais

N
esta unidade, buscamos apresentar os aspectos táticos ofensivos e defen-
sivos, demonstrando como esses conceitos podem ser trabalhados na ini-
ciação ao handebol. O(A) professor(a) deverá escolher os conteúdos por
meio do conhecimento que os alunos possuem, de seu desenvolvimento
motor e dos objetivos da aprendizagem.
É preciso ficar claro que o confronto existente entre atacantes e defensores, no
handebol, revela um esporte com grande contato físico e, por isto, é importante que,
no início do processo de ensino e aprendizagem, o(a) professor(a) apresente as re-
gras da modalidade que permitem esse contato. É interessante que os alunos assis-
tirem a vídeos com jogos da modalidade para compreender o limite entre o contato
físico e a violência, discutindo e analisando esse contexto específico do jogo, ou seja,
suas ações táticas ofensivas e defensivas.
Gostaríamos que você compreendesse que a aula não deve ser elaborada a partir
de exercícios ou lista de exercícios, mas sim, de acordo com o plano de unidade do
conteúdo. Além disso, os(as) professores(as) devem elaborar antes os objetivos de
aprendizagem para apenas em seguida estruturar as tarefas que serão executadas
durante a aula.
Para isso, finalizamos esta unidade apresentando modelos de plano de aula. Ao
elaborar um plano de aula de handebol, utilizamos a descrição de todos os passos
descritos nos modelos apresentados: objetivo, roda inicial, primeiros movimentos,
jogo inicial, consciência tática, tarefa(s), jogo final e roda final. Estes passos são im-
portantes para que o(a) futuro(a) professor(a) esteja preparado(a) para sua interven-
ção na modalidade de handebol.
Esperamos que os conteúdos apresentados possam contribuir para que as aulas
de handebol sejam prazerosas para os alunos e que a Educação Física contribua para
a formação destes.

160
atividades de estudo

1. As táticas individuais são movimentos que os alunos e atletas realizam, indivi-


dualmente, durante um jogo ou uma atividade. Sobre essas táticas, assinale a
alternativa que apresente as situações em que elas ocorrem:
a) Quando os atacantes estão apenas sem a posse de bola.
b) Quando os atacantes estão apenas com a posse de bola.
c) Quando os atacantes estão com ou sem a posse de bola.
d) Apenas em situações defensivas.
e) Apenas em situações ofensivas.

2. As táticas de grupo são realizadas quando os alunos pretendem oferecer apoio


aos colegas de equipe. Estas ações dependem de quanto cada jogador, com e
sem bola, consegue resolver os problemas táticos que ocorrem durante o jogo.
De acordo com o conteúdo exposto, assinale a alternativa correta:
a) Os Alunos devem compreender que as ações táticas ofensivas realizadas pe-
los jogadores (em grupo) dependem somente do jogador atacante da equipe
que está na ofensiva.
b) Uma das ações táticas realizadas no handebol é denominada “tabela”, utiliza-
da quando o atacante precisa marcar o atacante adversário.
c) Os alunos iniciantes devem aprender e ser estimulados com movimentações
e exercícios complexos, como a tabela, no decorrer da aprendizagem.
d) O jogo sem bola não é fácil de ser ensinado, já que os iniciantes desejam a
posse dela. Quando compreendem a necessidade do movimento constante
sem a posse de bola e aprendem a sentir o prazer de realizar movimentos e
fintas para ajudar seu companheiro de equipe, eles estão aptos a jogar em
grupo.
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

161
atividades de estudo

3. Durante uma aula de handebol, as orientações do professor devem privilegiar a


compreensão e leitura do jogo, de forma que o objetivo das aulas do esporte nas
aulas de Educação Física seja:
a) Somente participar de jogos escolares, sendo representantes da escola nes-
ses jogos, pois o objetivo é a formação de bons atletas.
b) Formar equipes de esporte de rendimento, incentivando sua prática para a
evolução da modalidade e, em longo prazo, a melhoria do esporte olímpico
brasileiro.
c) Incentivar a prática de esportes para que, no futuro, os alunos possam ser
praticantes de uma modalidade esportiva, ou possam ser, no mínimo, admira-
dores da modalidade, espectadores conscientes ou gestores esportivos que
compreendam a importância do ensino do esporte.
d) Estimular a prática de exercícios físicos com a prática de esportes, avaliando a
melhora técnica e tática dos alunos, periodicamente.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4. Outras ações táticas ofensivas que caracterizam os sistemas táticos ofensivos,


como os cruzamentos com e sem bola, também podem ser utilizadas para fa-
cilitar o ataque no handebol. Sobre o ensino do handebol no ambiente escolar,
podemos afirmar que:
a) O processo de ensino e aprendizagem das ações ofensivas deve ser apresen-
tado aos alunos durante um longo caminho de aprendizagem.
b) No ambiente escolar, na maioria das vezes, no ensino do handebol, os conte-
údos limitam-se às questões históricas, às regras básicas da modalidade e aos
jogos institucionalizados.
c) Ao ensinar o handebol na escola, devemos trabalhar com os jogos reduzidos,
estimulando a tomada de decisão e o pensamento estratégico, desde uma
simples decisão de quando e para quem realizar um passe, até a realização
dos sistemas táticos ofensivos.
d) No início do processo de ensino e aprendizagem, a criança ainda não conse-
gue passar e driblar a bola. Assim, até a faixa etária de 12 anos, deve-se traba-
lhar, especialmente, o jogo coletivo simplificado, em superioridade numérica
(dois contra um, três contra dois etc.) e igualdade numérica (um contra um,
dois contra dois, três contra três etc.).
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

162
atividades de estudo

5. Os sistemas ofensivos no jogo de handebol são definidos com a distribuição dos


jogadores no campo de ataque. Esta organização, em geral, é definida de acordo
com o sistema defensivo utilizado pelo adversário, pelas características dos joga-
dores atacantes ou, ainda, em função do momento do jogo, ou seja, de situações
que ocorrem no decorrer de uma partida (FERNÁNDEZ et al., 2012).
Sobre as informações apresentadas a respeito dos sistemas ofensivos, leia as
assertivas a seguir:

I - As ações táticas em conjunto e a aprendizagem dos arremessos, dos passes,


da recepção e das fintas (fundamentos técnicos) podem ser organizadas no
plano de ensino para facilitar a organização das aulas.
II - Sistemas ofensivos podem ser trabalhados nos últimos anos do Ensino Fun-
damental ou no Ensino Médio.
III - Ao ensinar os sistemas ofensivos, os alunos devem compreender as funções
específicas do handebol, como o armador, o lateral de cima e de baixo e o
pivô.
IV - Os exercícios que envolvem a interação dos alunos com os jogos reduzidos
devem ocupar a maior parte do tempo das aulas, e os sistemas de jogo po-
dem ser realizados com a participação de pequenos grupos.

De acordo com as assertivas apresentadas, é correto o que se afirma em:


a) I e II, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III, apenas.

163
LEITURA
COMPLEMENTAR

ENSINANDO A DEFENDER NO HANDEBOL

Entre os principais cuidados na iniciação esportiva estão: não negligenciar as etapas de


desenvolvimento e evitar a especialização precoce. Nesse sentido, verifica-se, constante-
mente, a preocupação em alterar as regras dos esportes institucionalizados e em promover
adaptações nos regulamentos de competições de base, com o objetivo de favorecer o pro-
cesso de ensino-aprendizagem e treinamento dos iniciantes.

Especialmente nos esportes de invasão, alguns métodos de ensino contribuem para esta
perspectiva, tais como o global funcional e os jogos situacionais, visto que são alicerçados
na prática do jogo, sob elementos ofensivos (posse da bola, progressão e finalização) e
defensivos (proteção do alvo, bloqueio da progressão e retomada da bola). São conceitos
transferíveis de um esporte coletivo de invasão para outro. No handebol, contudo, há ca-
racterísticas específicas. Defensivamente, não é comum a utilização constante do sistema
defensivo individual, prevalecendo os sistemas defensivos por zona e mistos, em se tratan-
do de alto rendimento.

Já na iniciação esportiva, até os 12 anos de idade, há prioridade ao ensino da defesa indivi-


dual, pois tal dinâmica é baseada no “um contra um”, que envolve correta técnica corporal,
visão periférica, flutuação e posicionamento coletivo, entre outros fatores que tendem a
ser reproduzidos nos sistemas defensivos por zona. Em suma, a maior utilização da defesa
individual entre os iniciantes deve-se à prioridade dada ao desenvolvimento das habili-
dades técnicas e táticas dos jogadores. Os benefícios dessa aplicação são estendidos às
ações ofensivas, considerando que a utilização da defesa individual instigará o atacante a
movimentar-se com mais intensidade, lançando mão de fintas e mudanças de direção para
se desmarcar.

164
LEITURA
COMPLEMENTAR

Do ponto de vista individual, as marcações podem ser assim classificadas: a) de perto (mais
contato físico; proximidade); b) por vigilância (maior distância, mas mantendo o posiciona-
mento entre o atacante e o gol); c) por posicionamento (entre o atacante com posse de bola
e seu oponente direto, na linha de passe, para interceptação). Já do ponto de vista coletivo,
classificam-se em: a) quadra inteira; b) em metade da quadra; c) por aglomeração (em ¼
de quadra).

Na fase inicial do aprendizado, é indicado ao professor que aplique os jogos com número
reduzido de jogadores (dois contra dois, três contra três etc.), possibilitando a realização
mais intensa de elementos técnicos e táticos. O aumento da amplitude espacial (espaços
maiores na quadra, o que favorece a ação dos atacantes) deve ocorrer, paulatinamente, à
medida que ocorrer o aumento do nível de dificuldade estabelecido. Na sequência do pro-
cesso, as ações defensivas coletivas (dobras, ajudas etc.) vão, gradativamente, ganhando
mais importância, com os diversos conceitos e ações de marcação sendo reconhecidos e
incorporados no entendimento do jogador de handebol.

Fonte: adaptada de Krahenbühl e Leonardo (2018).

165
material complementar

Indicação para Acessar

Este vídeo apresenta como trabalhar o handebol com pouco espaço, materiais adaptados e atividades de
jogos reduzidos.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=oOPGHQkkDBg>.

O Segundo Tempo na Escola é um programa do governo federal que tem por objetivo democratizar o aces-
so à prática e à cultura do esporte.
Web: <http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-inclusao-social/segundo-
-tempo-na-escola/materiais-pedagogicos>.

166
referências

DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B.; GONZÁLEZ, F. J. Esportes de invasão: bas-


quetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014.
EHRET, A.; SPÄTE, D.; SCHUBERT, R.; ROTH, K. Manual de Handebol: Treina-
mento de base para crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2002.
FELDMANN, K. et al. Ataque contra defesa individual (da iniciação ao alto nível).
In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto
nível. São Paulo: Phorte, 2012. p. 194-195.
FERNÁNDEZ, J. J. et al. Meios táticos de grupo no ataque. In: GRECO, P. J.; ROMERO,
J. J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012.
GONZÁLEZ, F. J.; BORGES, R. M.; IMPOLCETTO, F. M. Handebol. In: DARIDO,
S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. (Orgs.). Esportes de invasão: basquetebol, futebol, futsal,
handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. p. 343-440.
KRAHENBÜHL, T.; LEONARDO, L. O ensino do sistema defensivo individual no
handebol e suas considerações para a iniciação esportiva. Pensar a Prática, Goiânia,
v. 21, n. 1, p. 194-206, jan./mar. 2018. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/
fef/article/view/46714/pdf>. Acesso em: 25abr. 2019.

gabarito

1. C.

2. D.

3. C.

4. E.

5. C.

167
conclusão geral

Prezado(a) acadêmico(a), encerramos mais uma Ao ensinar os conteúdos relacionados à prática


etapa de sua formação em Educação Física. O pro- do basquetebol e handebol, você deverá entender
cesso de formação do professor é uma construção que o ensino pode ser diferente daquilo que muitas
gradativa e continuada, que exige dedicação, estu- vezes observamos na prática. O esporte não pode
dos permanentes e inserção no mundo do trabalho. ser meramente uma prática esportivizada, deve ser,
Neste livro, buscamos evidenciar a importância do antes de tudo, um momento prazeroso de aprendi-
conhecimento pedagógico do conteúdo e sua inser- zagem de conceitos, movimentos e condutas ade-
ção no conhecimento das metodologias de ensino quadas na vida do nosso futuro aluno, no ambiente
dos esportes coletivos de invasão, especificamente, o escolar. Assim, a reprodução de contextos técnicos
basquetebol e handebol, justificando o ensino dessas ou movimentos repetitivos devem ser superados,
modalidades como algo importante e essencial no avançando para uma prática contextualizada em que
âmbito da Educação Física escolar. o aluno compreende o porquê da realização daquele
A nossa intenção foi garantir a reflexão sobre es- movimento e também a sua importância, podendo
ses conteúdos e proporcionar direcionamento para ser, no futuro, um praticante ou espectador naquela
que você possa trilhar os caminhos da docência com modalidade esportiva.
autonomia, em busca de novos conhecimentos. As Temos a certeza de que as informações contidas
referências utilizadas (livros, textos científicos, ví- neste livro ajudarão na sua formação enquanto pro-
deos etc.) foram escolhidos para facilitar seu apren- fessor(a) de Educação Física. Agradecemos a opor-
dizado e também para mostrar que a nossa preo- tunidade de participarmos de sua trajetória profis-
cupação é com a formação de um sujeito capaz de sional.
pensar, criticamente, analisando a sua própria prá- Um forte abraço.
tica pedagógica.

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