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SUMÁRIO

1 EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DA ESCOLA PARA O ENSINO


FUNDAMENTAL II: ASPECTOS HISTÓRICOS. ......................................................... 3

2 EDUCAÇÃO FÍSICA, HISTÓRIA, EVOLUÇÃO E SUAS CONCEPÇÕES. . 3

3 HISTÓRIA DO ESPORTE NO BRASIL....................................................... 7

4 ESPORTE DA ESCOLA: REALIDADE E CONTRADIÇÕES NA


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. .............................................................................. 10

5 ESPORTE ESCOLAR: PERPECTIVAS ATUAIS NO CAMPO DA


EDUCAÇÃO FÍSICA. ................................................................................................ 10

6 REALIDADE E CONTRADIÇÕES TÉORICO-METODOLÓGICOS DO


ESPORTE ESCOLAR NO AMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................. 15

7 CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES ........................................................ 18

7.1 Origem................................................................................................ 19

7.2 Categorias .......................................................................................... 20

8 O ESPORTE COMO MEIO DE SOCIABILIZAÇÃO .................................. 21

9 A QUESTÃO DO ENSINAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE .. 23

10 PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO .................................................. 26

11 MODELO TRADICIONAL ...................................................................... 27

12 MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS ........................................ 32

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 36

2
1 EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DA ESCOLA PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL II: ASPECTOS HISTÓRICOS.

A Educação Física desde o seu surgimento é marcada por várias tendências


devido a sua amplitude de conceitos pré estabelecidos ao longo da história. Mediante
a essas questões, o esporte por ser uma atividade caracterizada como cultura
corporal, desde o seu surgimento, foi inserida como um dos conteúdos da Educação
Física que consequentemente, passou a ganhar forças no mundo atual, exercendo
contribuições importantes para a sociedade que pratica e reproduz esse esporte com
um olhar crítico.

Fonte: sto-blog.s3.amazonaws.com

2 EDUCAÇÃO FÍSICA, HISTÓRIA, EVOLUÇÃO E SUAS CONCEPÇÕES.

Com base nos dados históricos do surgimento e evolução da Educação Física


no Brasil, reconhecemos a presença de várias tendências Europeias que exerceram
influências marcantes no surgimento da Educação Física no Brasil. Este estudo tem
a necessidade em relatar o seu processo histórico que aqui se encontra dividido em
três fases.

3
De acordo com Melo (1999, p. 33), “a primeira fase é marcada pelo caráter
embrionário do estudo”, para o autor neste período as publicações eram de livros
importados, sendo que o primeiro autor a falar dos aspectos históricos da ginástica foi
Fernando de Azevedo.
Para Catelani Filho (1998, p. 33-34), os marcos e publicações da história da
Educação Física Brasileira é devido ao professor Inezil Pena Marinho; publicações
estas editadas no primeiro período republicano, período onde são notadas as relações
próximas com o militarismo, época onde foi criada a escola militar pela carta Regina
de 04 de dezembro de 1810, com o nome de academia militar, após a chegada da
família real para o Brasil.
Para Ghiraldelli Júnior (2004, p.35), a primeira fase da história da Educação
Física foi absorvida pela concepção militarista, porém a concepção Higienista era
marcante nesse período da história.
De acordo com Ghiraldelli Júnior (2004, p.37):

“A Educação Física higienista foi em grande parte, absorvida pela concepção


militarista. Não podemos ignorar os primeiros esforços do Brasil republicano
no sentido de formar profissionais da área de Educação física partindo de
instituições militares. A primeira instituição propriamente voltada para a
formação de professores de Educação Física foi à escola de educação física
do exército fundada em 1933.

Percebe-se que neste período da história, começam a ter certa preocupação


com a formação do professor de Educação Física, pois nesta época as escolas tinham
como professor de Educação Física um militar de força policial.
Conforme Ghiraldelli Júnior (2004, p.22) “a Educação Física higienista é o
produto do pensamento liberal”.
Para o autor, existem ainda amarras do pensamento liberal, neste período.
Depositavam na escola as esperanças de que ela seria capaz de mudar os conflitos
sociais e seria capaz de construir uma sociedade mais democrática e livre de seus
problemas existente no mundo capitalista. Atualmente podem ser observadas nas
ruas academias de ginástica nas praças públicas, pessoas fazendo atividades para
obter o corpo perfeito; a questão da saúde da estética imposta pelos meios de
comunicação de massa, são essas relações que são resgatadas da concepção
higienista da história da Educação Física.

4
Segundo Saviani (1983 apud, GHIRALDELLI 2004, p. 22), “o liberalismo1 no
início do século XX em nosso país, acreditou na educação e particularmente na
escola, como “redentora da humanidade”. Sendo nesse período a figura do liberalismo
baiano, Rui Barbosa que por muitos foi caracterizado como “militarista”.

Fonte: www.ufsj.edu.br

De acordo com LOURENNÇO FILHO (1954 apud, Ghiraldelli Júnior 2004, p.


24), Rui Barbosa trás pensamentos em relação Educação Física.

[...] A ginástica não é agente materialista, mas pelo contrário, uma influência
tão moralizadora quanto higiênica, tão intelectual quanto física, tão
imprescindível a educação do sentimento e do espírito quanto á estabilidade
da saúde e ao vigor dos órgãos. Materialista de fato é sim, a pedagógica falsa,
que descurando do corpo, escraviza irremissivelmente a alma e a tirania
odiosa das aberrações de um organismo solapado pela debilidade e pela
doença. Nessas criaturas desequilibradas, sim é que a carne governará
sempre fatalmente o espírito, ora pelos apetites ora pela enfermidade [...].

1
Segundo Koshiba (2000, p. 342), “[...] O liberalismo descendo o iluminismo, sendo resultado
de sua população. O iluminismo antecedeu a Revolução francesa e o liberalismo sucedeu. [...]”.
Segundo o autor “[...] o liberalismo era produto da experiência prática vivenciada nos quadros dos
pensamentos iluminista [...]”.

5
Como menciona o autor, esse relato foi devido às acusações que Rui Barbosa
sofreu sendo caracterizado como “materialista”. Os depoimentos são devido a
influências militarista2 que se marcaram presentes por um bom período após o decreto
de 1921, quando se impôs como o método da Educação Física oficial, o método
Francês decretando a Educação Física como disciplina obrigatória nos cursos
secundários e o método francês sendo o único na rede escolar.
Para Melo (1999, p. 35), “A segunda fase é marcada pelo início de uma
produção e preocupação maior com os estudos históricos”. Sendo que o autor destaca
a obra de INEZIL Penna Marinho devido a sua qualidade teórico-metodológica.
Nesse mesmo período, segundo Ghiraldelli Junior (2004, p. 40), “A Educação
Física está intimamente ligada ao ensino público nos anos 50 e 60”. No Brasil a
concepção Pedagógicista ganha força no Governo de Juscelino Kubschk.
Para Silva (1950 apud GHIRALDELLI JUNIOR, 2004, p. 27-28), a concepção
pedagógicista se baseia nos modelos americanos e higiênicos ganhando força no
período pós-guerra de 1945 – 1964. Conforme o autor nesse período o pensamento
americano foi o mais marcante.

[...] Segundo a Associação Nacional de Educação Física dos Estados Unidos,


são os seguintes os fins da educação:
“Saúde, desenvolvimento de habilidades fundamentais para a vida, formação
de caráter e desenvolvimento de qualidades dignas de um bom membro de
família e bom cidadão, aproveitamento sadio das horas livres ou de folga e
finalmente, preparação vocacional (...)”.
Saúde: a Educação Física pode contribuir igualmente para a saúde física e
mental, através de atividades consideradas fisicamente saudáveis e
mentalmente estimulantes (...).
Habilidades fundamentais: dentre as habilidades fundamentais de toda sorte,
de que o indivíduo necessita para assegurar seu completo bem estar e
ajustamento, salientam-se as habilidades físicas como uma necessidade
fundamental em todas as idades (...).
Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e cidadão: a
Educação Física é uma fase de trabalho escolar que particularmente se
presta para o desenvolvimento do caráter (...).
Preparação vocacional: certos tipos de atividades físicas, especialmente as
competições desportivas, desenvolvem controle emocional e qualidade de
comando e liderança (...).
Uso contínuo das horas livres ou de folga: o mau aproveitamento desse
tempo pode destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além
de degradar a vida [...].

2 Conforme Ghiraldelli Junior (2004, p. 25), “[...] A educação Física Militarista, coerente como
os principais autoritários de orientação fascista, destacava o papel da Educação Física e do Desporto
na formação de homem obediente e adestrado [...]”.
6
Como se apresenta a citação acima, a Educação Física nesse momento
histórico, tendo a visão do pensamento americano, não exercia nenhuma
intencionalidade pedagógica para formação humana, pois nesse período as
preocupações eram de desenvolver habilidades do cotidiano.
De acordo com Melo (1999, p. 39), a terceira fase é dada pelos estudos
históricos ligados ao Esporte e a Educação Física, devido às publicações já existentes
que na época o esporte e as modalidades esportivas eram desconhecidos para muitas
pessoas. Para este autor, esse período também é marcado “a partir de uma crítica
fundamental: a obra de Marinho e uma inspiração téorico-maxista, onde se destaca o
estudo de Lino Castellani Filho”, “Educação Física no Brasil: A História que não se
conta”.
Nesse período da história, conforme Ghiraldelli Junior (2004, p. 29-33), a
concepção competitivista ganhou forças no Brasil, onde o espírito competitivo, as
perfeições no esporte às marcas e medalhas, eram questões mais importantes e de
interesse da mídia em passar para a sociedade, que consumia marcas de produtos
expostos pelas propagandas de televisão etc. Para Ghiraldelli Júnior (p. 42 - 46), a
Educação Física competitivista ganhou corpo de fato com a ditadura militar, que se
manteve em rigor no período da história do Brasil na qual se compreende de 1964 até
1985. Segundo o autor após a década de 70 e 80 a Educação Física teve mudanças,
aumentando o número de professores, que começaram a discutir as práticas
educativas em reuniões e congressos, onde surgiram também, trabalhos científicos e
alguns livros que tratavam da disciplina Educação Física Escolar.

3 HISTÓRIA DO ESPORTE NO BRASIL

No Brasil é possível observar que a história do esporte está ligada com a


história da Educação Física.
Conforme Tubino (1996, p.15-18), desde o descobrimento até o período de
1930 no Brasil não existia esporte, para o autor, relatos de “Thomas Arnold” somente
no século XIX começaram a surgir algumas práticas esportivas que se confundiam
com Educação Física, pois no Brasil Colonial foram desenvolvidas pelos índios

7
algumas práticas esportivas a exemplo de: “O arco e a flecha 3 , a natação, a
canoagem, as corridas, as marchas e a equitação”. Todos esses elementos que hoje
fazem parte de modalidades esportivas que na época era utilizado como meio de
sobrevivência.
Segundo o autor, no Brasil Império, outras práticas esportivas eram
desenvolvidas como: “a esgrima, a equitação e a natação,” essas atividades eram
desenvolvidas desde a academia Real Militar em 1810. A capoeira também era
praticada na época pelos negros, escravos que não aceitavam as crueldades
impostas pelos senhores de engenho. Pois a luta era o único instrumento de defesa
utilizada para se libertar.
De acordo com Tubino (1996, p. 20-24), no período Republicano foram
introduzidas no Brasil diversas modalidades esportivas oriundas da Alemanha,
Suécia, e França. E no final do século XIX e no começo do século XX chegaram ao
Brasil “a Natação competitiva4, o basquetebol5, o tênis6, o futebol7 e a esgrima8.
Conforme Pena Marinho (1996 apud TUBINO 1978 p. 20-29), a ginástica alemã
já tinha chegado ao Brasil devido aos imigrantes alemães que vieram morar no Brasil.
Sendo assim começaram a implantar os métodos da ginástica alemã. De acordo com
o autor a ginástica alemã começou a perder forças devido à derrota dos alemães na
primeira guerra mundial, passando-se a implantar no país nas aulas de Educação
Física o método Francês e Sueco.
Para o autor a partir de 1920 as pessoas começaram a praticar as atividades
esportivas, mediante a isso, começou a surgir competições internacionais onde o

3
Segundo Tubino (p. 15), o arco e a flecha são os instrumentos que os índios utilizavam para caça, pesca
e pra guerra.
4
Segundo Pena Marinho (1996 apud TUBINO 1979, p. 22-23), “em 1898, no 1º Campeonato Brasileiro
de Natação prova de 1.500 metros entre Fortaleza de Villegagnon e a Praia de Santa Luiza no Rio de Janeiro.”.
5
Para Tubino (p. 23), “por sua vez o Basquetebol foi introduzido no país em 1898 por August Shaw que
trouxe dos Estados Unidos uma bola deste esporte iniciando sua prática no Mackenzie College de São Paulo, para
depois ACM do Rio de Janeiro difundir esta modalidade no Brasil sendo que o primeiro torneio, promovido por
esta entidade ocorreu em 1915”.
6
Segundo Tubino (p. 23), “o tênis que se manteve como um esporte de elite começou no Brasil através
do Tênis Clube Walhafa de Porto Alegre, em 1898, e em 1915 teve o seu primeiro torneio sob a direção da Liga
metropolitana de esportes terrestres”.
7
Conforme Gonçalves (1996 et al TUBINO1985, p. 23), o futebol chegou ao país em 1894. Tendo como
“Charles Miller e mais Manuel Gonzáles e Oscar Cox, os principais responsáveis pela sua introdução e divulgação
inicial de seus regulamentos”.
8
De acordo com Tubino (p. 23), “No século XX, a esgrima que já era praticada, recebeu grande impulso
com a criação na Brigada Policial de São Paulo, da Escola de Esgrima, em 1902”.
8
Brasil teve sua primeira participação nos jogos olímpicos de Antuérpia, local onde
aconteceu à sétima Olimpíada até então disputada.
Segundo Magalhães (1996 apud TUBINO 1986, p.41) “conclui-se que o esporte
brasileiro foi institucionalizado no estado novo sob a referência do controle do estado
após o decreto da lei nº. 3199”.

[...], E assim ocorreu em 14 de abril de 1941 o decreto nº. 3199, que


estabeleceu as bases da organização dos esportes no Brasil, e foi publicado
no Diário Oficial de 16 de abril de 1941 e ainda foi ratificado em 18 de abril
de do mesmo ano. O decreto-lei institucionalizou o esporte no país, logo no
seu primeiro capítulo trata da instituição do Conselho Nacional de Desportos
– CND, no Ministério da Educação e Saúde destinado a orientar, fiscalizar e
incentivar a prática dos esportes no país [...].

Entretanto, considera-se que após o decreto e a institucionalização dessa lei,


em incentivar, fiscalizar e orientar a prática dos esportes no Brasil, coloca-se em
questão quais as intenções do estado em proporcionar essas práticas esportivas no
país. Acredito que ao longo da revisão bibliográfica dos autores utilizados para
descrever as história do esporte e da Educação Física, esse decreto foi utilizado como
plano de marketing esportivo para a classe dominante.
Para Tubino (p. 45-57), no período do Estado Novo, o esporte no Brasil continua
associado à Educação Física; para ele nessa fase da política brasileira, o esporte
limitou-se a uma perspectiva competitiva centralizada do estado e que nesse período
de cinquenta anos conclui-se que não tivera nenhuma contribuição para o crescimento
do esporte como educação. O fim do estado novo foi marcado pela chegada das
loterias esportivas que por sua vista destinava um percentual do seu lucro ao esporte,
fase na qual aconteceram alguns movimentos para área do esporte a exemplo de:
“Esporte para Todos” oriundos da Noruega onde o Brasil começou a desenvolver
campanha em 1970.
De acordo com Tubino (1996, p. 91-93), o esporte a partir dos anos de 1990 se
livrou da ditadura imposta no período do Estado Novo, segundo o autor neste período
o então o Governo de Fernando Collor de Melo foi caracterizado na área esportiva
por: “Revogação da Lei de incentivos fiscais ao esporte; Criação da Secretaria de
Esportes junto à Presidência da República; O retorno do esporte-performance na
escola e O projeto Brasília - Olimpíadas Ano de 2000”. Com essas mudanças o
Presidente Fernando Collor de Melo revolucionou o que já existia a respeito do

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esporte, que no período do Estado Novo ficou estagnado, porém o então presidente
mexeu no esporte da escola ampliando o espírito competitivo dos estudantes sendo
que não era essa a intenção da escola de formar alunos competitivos.
Nesse período, como relata o autor (p. 93), o presidente Collor utilizou-se
também como estratégia de sua campanha eleitoral, o esporte como meio de ganhar
voto, e através do marketing esportivo de campanhas em trazer as olimpíadas para
Brasília; entre outros decretos que não melhoraram a prática do esporte nas aulas de
Educação Física a população continuou ainda sim, reproduzindo o esporte de alto
rendimento.
Portanto mediante a tantos interesses políticos, é necessário reconhecer, a
necessidade de que: professores entendam o esporte que se insere na sociedade
brasileira e que esse esporte é fruto do esporte de alto rendimento, pois esses
esportes praticados nas escolas públicas e privadas do Brasil tem a necessidade de
estabelecer um tratamento pedagógico, possibilitando a superação, desafios e
contradições que o esporte possui nos cunhos da Educação Física Escolar.

4 ESPORTE DA ESCOLA: REALIDADE E CONTRADIÇÕES NA EDUCAÇÃO


FÍSICA ESCOLAR.

O esporte atualmente é cada vez mais presente e marcante no seu processo


de formação das pessoas que presenciam a escola como um meio de educação.
Consequentemente é discutida no âmbito da Educação Física como deve ser
abordado o esporte na escola e quais contribuições que o esporte pode exercer ao
longo da vida.

5 ESPORTE ESCOLAR: PERPECTIVAS ATUAIS NO CAMPO DA EDUCAÇÃO


FÍSICA.

Ao longo desta apostila nota-se que existe uma predominância das práticas
esportivas impostas pela sociedade capitalista. Desde o surgimento do esporte e do
início dos primeiros jogos olímpicos disputados; considerando a introdução das
modalidades esportivas nas indústrias e nos setores de produção. Existiu na época

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também o interesse do estado burguês em utilizar do esporte como meio para garantir
lucro. Em paralelo, existia a classe trabalhadora que praticava as modalidades
esportivas, consumia e utilizava esses produtos impostos pela classe burguesa, o que
pode ser observado nos dias atuais o poder dos produtos esportivos.
Conforme os dados históricos da Educação Física e do esporte, expostos no
capítulo II desta monografia, percebe-se que a origem da Educação Física se
entrelaçou com a origem do esporte e muitos caracterizam Educação Física como
uma prática esportiva.
À medida que a sociedade crescia e a população adquiria conhecimento
através da escola como vimos desde o período da Organização do Sistema
Educacional Brasileiro exposto e comentado anteriormente no capítulo I, o acesso à
informação da casse operaria aumentava gradativamente, consequentemente a
classe trabalhadora e os filhos da classe trabalhadora passavam a ter maiores
informações a respeito do que acontecia no mundo através da informação que a
escola lhe transmitia.
Baseando-se nessa linha de raciocínio, o esporte também passou a ser inserido
nas instituições escolares nas aulas de Educação Física, assim como outros
conteúdos que foram introduzidos na escola. Foram aplicadas nas aulas de Educação
Física concepções Europeias na qual compreende como esporte de rendimento.
A partir do presente momento em que começaram a introduzir o esporte na
escola seguindo os modelos de esporte de alto rendimento, tendo características
reprodutivistas, começaram a surgir estudos na perspectiva da cultura corporal e do
esporte considerando o seu processo de ensino-aprendizagem no âmbito escolar.
Com base no Coletivo de Autores (1992, p. 36):

[...] A perspectiva da Educação Física escolar, que tem como objeto de


estudo o desenvolvimento da aptidão física do homem, tem contribuído
historicamente para defesa dos interesses da classe no poder, mantendo a
estrutura da sociedade capitalista [...].

Conforme mencionado pode-se entender que existe um confronto de


perspectivas da Educação Física Escolar, possibilitando compreender que os alunos
ao praticarem as aulas de Educação Física desenvolviam exercícios e atividades
corporais para atingir a melhor agilidade aptidão das atividades diárias. Entretanto
nessa linha de raciocínio no qual o Coletivo de Autores faz análise crítica, evidenciam-

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se os que os alunos são meros reprodutores e que os conteúdos eram abordados de
uma forma sistematizada e técnica, escolhidos pela escola na qual o esporte era
escolhido porque garantia a questão do alto padrão de rendimento e performance.
Conforme o Coletivo de Autores (1992, p.50), caracteriza a Educação Física
mesmo sendo provisoriamente como:

[...] uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de


atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança ginástica,
formas estas que configuram uma área do conhecimento que podemos
chamar de cultura corporal [...].

Reforçando essa perspectiva no trato do conhecimento da cultura corporal


segundo Assis (2005, p. 11), a Educação Física escolar trabalha os conteúdos da
expressão corporal de forma pedagógica onde se destaca “o jogo 9 , a dança 10 , o
esporte, o malabarismo a mímica entre outros.” Conforme mencionado podemos
entender que o “esporte na escola” tem características distintas do “esporte da
escola”. Para Vago (1996, p. 4), “as práticas culturais do esporte vem sendo
escolarizadas ao longo deste século como um dos temas de ensino da Educação
Física”.
Conforme Vago (1996, p. 8), o esporte ganhou forças nos últimos cinquenta
anos até chegar às instituições de ensino, porém a preocupação do autor com base
no depoimento de Bracht é saber se o esporte praticado na escola é reprodução do
esporte de rendimento, devido ao esporte praticado pela sociedade capitalista
estabelecerem “valores culturais, econômicos e sociais”. Conforme o autor a escola
não fica isenta do mundo fora dela, pois a escola é uns dos espaços onde são
produzidos cultura.
A partir desta preocupação da forma como o esporte foi introduzido no âmbito
escolar foram dirigidas algumas críticas relacionadas ao esporte; entre elas destaco o
posicionamento do Coletivo de Autores (1992, p.70):

9
“O jogo (brincar e jogar são sinônimos em diversas línguas) é uma invenção do homem, um ato em que
sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e
o presente” Segundo o Coletivo de Autores (1999 p. 65-66).
10
“Considera-se a dança uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do Homem. Pode ser
considerada como uma linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida
das esferas da religiosidade, do trabalho dos costumes, hábitos da saúde da guerra etc” segundo Coletivo de
Autores (1999, p. 82).
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[...] O esporte caracteriza-se como uma prática social que “institucionaliza-se
temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de
fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que cria
e pratica”. “Por isso deve ser analisado nos seus valores aspectos, para
determinar a forma que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de
esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola”.

Conforme o coletivo de Autores (1992, p.71), ao se trabalhar o esporte como


conteúdo das aulas de Educação física é de fundamental importância resgatar e
estabelecer valores para crianças e adolescentes. No qual o papel do professor é de
extrema importância no processo da prática esportiva, onde permita que os mesmos
tenham uma análise crítica a respeito do esporte praticado no ambiente fora da escola,
fazendo referências ao esporte praticado na escola. Ou seja, para alguns críticos as
práticas da cultura corporal estão no processo de institucionalização.
Segundo Bracht (1997 apud SILVA et al, 2004, p. 59):

[...], O esporte moderno resultou de um processo de modificação ou de


esportivização de elementos da cultura corporal e de movimentos das classes
populares da nobreza inglesa. Assumindo características de alto
desempenho. Tomou de assalto o mundo da cultura de movimento, tornando-
se sua expressão hegemônica, ou seja, a cultura corporal do movimento
esportivizou-se [...].

Considerando a visão do autor, pode-se caracterizar que alguns elementos da


cultura corporal correm os riscos de se tornar esportes, devido aos interesses do
estado, das pessoas tentam legitimar cultura como uma prática esportiva para ter fins
lucrativos, é como vem acontecendo com a capoeira.
De acordo com o Coletivo de Autores (1992, p. 71), deve-se questionar a forma
como são exercidas as aulas de Educação Física no trato da cultura corporal para
isso deve analisar suas normas condições de adaptação à realidade social e cultural
da comunidade que cria e recria. Assim no processo de Transformação Didático-
Pedagógico da Escola, Kunz (2003, p.125), apresenta elementos do esporte para
pratica educacional:

1. O esporte como é conhecido na sua prática hegemônica,


nas competições esportivas e nos meios de comunicação
(televisão), não apresenta elementos de formação geral –
nem mesmo para saúde física, mais preconizada para essa
prática – para se construir uma realidade educacional.
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2. O esporte ensinado nas escolas enquanto cópia refletida do
esporte de competição ou de rendimento, só pode fomentar
vivência de sucesso para minoria e o fracasso ou a vivência
de insucesso para maioria.
3. Esse fenômeno de vivência de insucesso ou fracasso, para
crianças e jovens em um contexto escolar é, no mínimo,
uma irresponsabilidade pedagógica por parte de um
profissional formado para ser professor.
4. O esporte de rendimento segue os princípios básicos da
“sobrepujança” e das “comparações objetivas, os quais
permanecem inalterados mesmo para os esportes
praticados na escola onde por falta de condições ideais o
rendimento não se constitui no objetivo maior da aula”. Este
é um dos motivos que contribui para o ensino dos esportes,
também, venha a influenciar as crescentes “perda de
liberdade” e “perda da sensibilidade” do ser humano, pelo
“racionalismo” técnico-instrumental das sociedades
industriais modernas.

Conforme o autor menciona com base nesses elementos citados acima se


posicionando que é imprescindível, uma transformação didático-pedagógico do
esporte, para que o mesmo seja exercido de forma crítica e emancipado na escola.
Para Kunz, o primeiro passo é identificar o significado de se – movimentar, ou seja,
jogar participar, em específico de cada esporte respeitando as limitações de cada
aluno dando oportunidade que o mesmo identifique-se, com a modalidade, e possa
realizar intervenções que contribuam para modificar o que de fato já existe. Sendo que
o autor não coloca como ponto principal essas questões e sim fazer com que o aluno
exercite com prazer satisfação, possibilitando uma nova transformação, pois não é o
papel da escola ensinar movimentos perfeitos, técnicas de determinadas modalidades
esportivas, regras oficiais, organizações de competições com caráter lucrativo e
formação de atletas, entretanto o que cabe a escola é dar um caráter pedagógico ao
esporte praticado na escola.

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Como base nas críticas referentes ao esporte escolar e a maneira como se vem
trabalhando e atribuindo valores que não condizem com a realidade da escola, tendo
influências externas do mundo capitalista que não são resignificadas, transformadas
e trabalhadas de forma pedagógica na escola o esporte, então se consideram que a
formação dos professores de Educação Física fica a desejar devido a não
transformação do esporte.
Pois é de Fundamental importância uma melhor informação no trato do
conhecimento dos conteúdos da Educação Física, em especifico a do esporte e seus
influências nas camadas sociais que o pratica e o reproduz, sendo uns dos principais
elementos trabalhados na educação Física Escolar no ensino fundamental II.

6 REALIDADE E CONTRADIÇÕES TÉORICO-METODOLÓGICOS DO ESPORTE


ESCOLAR NO AMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Conforme a perspectiva e os caminhos que o esporte vem percorrendo na


prática pedagógica escolar desenvolvida pelos professores de Educação Física,
podemos observar devido aos relatos dos autores fortes relações do esporte de
rendimento nas aulas de Educação Física. Segundo Kunz (2003, p. 16), na década
de 80 começaram as críticas relacionadas ao esporte. Essas teorias partiam da teoria
marxista.
De acordo com Kunz (2003, p. 23-24), “o esporte é atualmente um produto
cultural valorizado em todo mundo, pelo menos no sentindo econômico” Porém o autor
destaca que esse mesmo esporte onde são produzidas riquezas, transforma o homem
em máquina sendo que o ser humano está sempre em busca de um melhor
desempenho. De acordo com Betti (1991, apud ASSIS, 2005, p. 86), devido a uma
análise crítica do esporte o autor relata com base no pensamento de Brohm e
Laguillaumie:

[...] O esporte reproduz o fundamento das relações humanas no capitalismo,


já que sua essência é a competição, mas de uma maneira transformada.
Embora nutrindo-se das relações de produção capitalista, o esporte tende a
desenvolver outonomamente, converteu-se na lógica abstrata da competição,
no “modelo formal perfeito” das formas de competição do ser humano [p.50].

15
Como relata acima se entende que o esporte de rendimento não será banido
da população, devido ao poder e o prazer que os mesmo tem em competir, e também
devido aos interesses do capitalismo em se manter presente para utilizar o marketing
esportivo como fonte de renda. Como acontece com as loterias esportivas que utiliza
o esporte em prol do lucro, o surgimento dos canais fechados que selecionam as
modalidades e os jogos esportivos, na qual a população tem que pagar para usufruir,
as vendas de camisas entre outros meios que utilizam do esporte para deter lucro
questões essas que devem ser abordadas em sala de aula para que haja
transformação.
Na mesma perspectiva o próprio Bracht, citado por Vago (1996, p. 7), afirma:

[...] A Educação Física assume os códigos de uma outra instituição [a


instituição esporte], e de tal forma que temos então não o esporte da escola
e sim o esporte na escola, o que indica a sua subordinação aos códigos
/sentidos da instituição esportiva. O esporte na escola é um prolongamento
da própria instituição esportiva. Os códigos da instituição esportiva podem ser
resumidos em: princípio do rendimento atlético-desportivo, competição,
comparação de rendimentos e recordes, regulamentação rígida, sucesso
esportivo e sinônimo de vitória, racionalização de meios de técnicas. O que
pode ser observado é a transplantação reflexa destes códigos do esporte
para Educação Física. Utilizando uma linguagem sistêmica, poder-se-ia dizer
que a influência do meio ambiente (esporte) não foi /é selecionada (filtrada)
por um código próprio da educação física, o que demonstra sua falta de
autonomia na determinação do sentido das ações em seu interior. (Bracht,
1992, p.22;).

Podemos observar que o esporte invadiu o campo da educação brasileira e de


forma rápida, pois o capitalismo ditou as regras da sociedade e o elemento esporte
ganhou forças nas escolas públicas e particulares do Brasil e do mundo.
Sendo que o “esporte na escola” na qual tem como a figura do professor como
controlador e treinador das modalidades esportivas e a figura do aluno sendo o atleta
em potencial sempre em busca de altos resultados, reproduzindo a forma tradicional
tecnicista, concepção esta abordada no capítulo I.
Ou seja, a cada dia que passa se os professores de Educação Física não
reconhecerem que o esporte abordado na escola deve ter um caráter pedagógico e
se continuarem a reproduzir o esporte de rendimento imposto pelas vias de
comunicação de massa, o mesmo se tornará mais presente no âmbito escolar
trazendo concepções que não tem como objetivo a educação e a formação da criança
e do adolescente.

16
De acordo com Kunz (2003, p. 48), o treinamento de alto rendimento tem
diversos problemas a serem questionado como: o treinamento precoce especializado;
para o autor é quando são passadas cargas de treinamento planejado para crianças
antes da fase pubertária, a maiores preocupações é quando a criança tende de
encerrar a carreira esportiva. Para Kunz esses problemas destacam-se em:

[...]-- formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar


com êxito a carreira esportiva;
-- a unilaterização de um desenvolvimento que poderia ser plural;
-- reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil,
indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância. Em
dias que a criança treina, pode-se grosso modo, dividir o plano de atividades
da seguinte forma: de manhã das 8h às 12h, escola à tarde das 13h 30mim
as 15hs 30mim estudo e tarefas escolares e das 16h ás 18h treinamento [...].

Com base nesse referencial, em muitos casos e nas maiorias das escolas
particulares as crianças ficam isentas das aulas de Educação Física devido a
praticarem o esporte fora da escola ou alguma atividade esportiva. Nessa lógica
percebe-se a descaracterização e a importância da disciplina Educação Física, pois
que na maior parte das vezes por influência dos pais ou da má formação dos
professores no trato da metodologia e dos conteúdos aplicados nas aulas de
Educação Física deixam com que as crianças não participem da prática do processo
construtivo da aula. Sendo que a criança deixa de ter vivências educacionais para sua
formação.
Conforme Assis (2005, p. 91), apresenta reflexão que:

[...] O esporte não é mais aquele. A ideologia do “mais vale competir do quer
ganhar” deixou de refletir o interesse geral. É preciso vencer, sim, a qualquer
custo. As massas desejam recordes que igualam os esportistas aos super-
heróis patrocinados por grandes empresas, que investem em tecnologia para
esses homens aprimorados correrem cada vez mais os produtos que sãos
consumidos pela massa que aí se imaginam um pouco super também,
fechando-se o ciclo. Para garantir a sensação efêmera de potência dos
normais, os atletas da mídia tomam hormônios, deixam de ser esportistas e
viram máquina de rendimento (Bourg, 1995, p. 62).

Conforme o posicionamento do autor considera-se que o esporte em


determinadas esferas da sociedade tem o fator competição e esses requisitos muitas
fezes são interpretados de maneira equivocada, nota-se que a participação das
pessoas nas modalidades esportivas atualmente não representa nenhuns valores
sociais e sim valores financeiros, pois é possível observar a busca de do melhor

17
rendimento, utilização de substâncias ergo gênicas que de certa forma descaracteriza
a ética legal do competir. Mediante a esta análise considera-se que essas informações
devem-se chegar às vias de acesso da escola e que tem a figura do professor de
Educação Física em educar e mediar esses quesitos para que não sejam
reproduzidos esses atos inconsequentes dessas crianças e adolescentes que no
futuro poderão vir a ser futuros atletas e estarão um pouco mais informados dos
caminhos do esporte de rendimento.

7 CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES

Fonte: canaldoensino.com.br

Ao longo do tempo o ser humano foi em busca de meios de organizar a sua


vida, sempre buscando uma forma de tornar mais fácil a busca e a localização de
objetos, de documentos, de informações.
Nós sempre estamos classificando as pessoas, os amigos, o que comemos, ou
seja, coisas do nosso cotidiano e que estão constantemente ao nosso redor. No
entanto, essas classificações são feitas de forma involuntária, sem nenhuma intenção.

18
Classificar é um processo mental pelo qual coisas, seres ou pensamentos são
reunidos segundo as semelhanças e diferenças que apresentam (p.13, .
Essa ação se desenvolveu ao longo de milhares de anos, desde os povos
primitivosaté os dias atuais, e consequentemente sofreram aperfeiçoamentos e
também divisões, pois elas podem ser tanto filosóficas (Bacon, Comte e Aristóteles)
ou bibliográficas (CDD, CDU ou Library of Congress).
Mas, diferentemente dessas classificações mais tradicionais e conhecidas
buscamos neste trabalho apresentar alguns tipos de classificações aplicadas muitas
vezes a áreas especificas e que são pouco estudadas e pouco utilizadas, como por
exemplo a Classificação dos esportes.

7.1 Origem

Esse tipo de classificação foi pensado por diversos autores (PARLEBAS, 1988;
RIERA; 1989; WERNER; ALMOND, 1990) sempre visando destacar os diferentes
aspectos e dinâmicas existentes entre os esportes.
O sistema de classificação dos esportes que iremos mostrar foi desenvolvido
por Fernando J. Gonzalez e está baseado na divisão dos esportes em categorias, que
por sua vez são baseadas em alguns critérios:
1. se existe ou não relações com o adversário;
2. se existe ou não interação direta com o adversário.
Segundo esse primeiro critério os esportes podem ser classificados como
individuais, ou seja, quando somente uma pessoa participa sozinha da ação do jogo
ou prova, como, por exemplo, no judô quando o atleta realiza sozinho a luta, ou pode
ser classificado como coletivo, ou seja, quando existe um número tal de atletas que
participam da ação do jogo.
Com base no segundo critério não existe uma definição clara dos tipos de
esportes resultantes, mas acredita-se que nos esportes coletivos existam uma maior
interação com o adversário.

19
7.2 Categorias

Quando se somam todas essas facetas chegam-se às seguintes classes ou


categorias:
 esportes coletivos em que há interação com o oponente;
 esportes individuais em que há interação com o oponente;
 esportes coletivos em que não há interação com o oponente;
 esportes individuais em que há interação com o oponente.

Fonte: www.somaticaeducar.com

Além destes tipos de facetas, existe uma outra que também foi levada em
consideração que é aquela com base ao local de realização do jogo, da prova, que
pode acabar por também influenciá-lo. O ambiente onde se é praticado o esporte pode
ser dividido em:
 esportes com local padronizado ou estabilidade ambiental;
 esportes sem local padronizado ou estabilidade ambiental;
Dentre as categorias de interação com o adversário e sem interação com o
adversário existe outra subdivisão referente aos esportes.
Sem interação com o adversário, dando ênfase ao desempenho:
 esportes de "marca": são aqueles nos quais o resultado da ação
motora comparado é um registro quantitativo de tempo, distância ou peso;
 esportes "estéticos": são aqueles nos quais o resultado da ação
motora comparado é a qualidade do movimento segundo padrões técnico-
combinatórios;

20
 esportes de precisão: são aqueles nos quais o resultado da ação
motora comparado é a eficiência e eficácia de aproximar um objeto ou atingir
um alvo.

Com interação com o adversário dando ênfase aos princípios básicos do jogo:
 esportes de combate ou luta: são aqueles caracterizados como
disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas,
táticas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de
um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa.
 campo e taco: compreendem aqueles que têm como objetivo
colocar a bola longe dos jogadores do campo a fim de recorrer espaços
determinados para conseguir mais corridas que os adversários.
 esportes de rede/quadra dividida ou muro: são os que têm como
objetivo colocar arremessar/lançar um móvel em setores onde o(s)
adversário(s) seja(m) incapaz(es) de alcançá-lo ou forçá-lo(s) para que
cometa/m um erro, servindo somente o tempo que o objeto está em movimento.
 esportes de invasão ou territoriais: constituem aqueles que têm
como objetivo invadir a setor defendido pelo adversário procurando atingindo a
meta contraria para pontuar, protegendo simultaneamente a sua própria meta.
Julgamos essa classificação um tanto quanto comum e de fácil compreensão
que não se sustenta em critérios diferenciados para classificar os esportes, é uma
classificação simples, e que serve mesmo ao seu propósito, que é o de diferenciar os
esportes, nada, além disso.
Mas por se tratar de uma classificação desconhecida para nós julgamos
interessante mostrá-la mesmo que ela não seja tão profunda nas suas colocações.

8 O ESPORTE COMO MEIO DE SOCIABILIZAÇÃO

Os motivos que levam crianças e adolescentes a praticarem uma determinada


atividade física e desportiva são muitos e a sociabilidade pode estar associada a esta
escolha. A necessidade de pertencer a um grupo é muito forte na adolescência e isto
pode ser um dos fatores primordiais para os jovens se envolverem com o esporte.

21
Segundo Weinberg e Gould (2001), as crianças apreciam o esporte devido às
oportunidades que o mesmo proporciona de estar com os amigos e fazer novas
amizades. Para Tubino (2005), não há menor dúvida de que as atividades físicas e
principalmente esportivas constituem-se num dos melhores meios de convivência
humana.
É por meio dessa convivência que as muitas oportunidades de contato social
são proporcionadas à criança, contribuindo para o seu desenvolvimento moral
(FARINATTI, 1995; FONSECA, 2000). Portanto, estar com amigos, fazer parte de um
grupo ou fazer novas amizades, tem um papel importante no desenvolvimento, tanto
psicológico quanto moral e ético de crianças e jovens.
A amizade, a sociabilidade e a competência constituem normas que regulam a
aceitação social e, constituem fatores para o desenvolvimento de competências
fundamentais para que a criança e o adolescente possam ser oportunizados a um
bom crescimento e adaptação à vida adulta. Segundo Papalia e Olds (2000), os
motivos dos adolescentes parecem estar associados à melhora da saúde e à
performance física, característicos da fase de busca de uma identidade e de uma
afirmação nos grupos.
Em estudo realizado por Paim e Pereira (2004) com adolescentes de 11 a 18
anos de idade, participantes de clubes escolares de capoeira em escolas públicas de
Santa Maria/RS verificou-se, através da análise de três categorias (competência
desportiva, saúde e amizade/lazer) os motivos para a prática deste esporte. Para os
autores, os motivos relacionam-se, primeiramente, à saúde; em segundo lugar,
amizade/lazer e, em terceiro lugar, à competência desportiva. Em outro estudo,
realizado por Juchem (2006) com tenistas brasileiros infanto-juvenis, constatou que
na categoria "até 16 anos", a dimensão sociabilidade obteve valores significativos para
que estes praticassem atividade física regular.
É preciso que professores e/ou treinadores tenham uma atenção especial a
esta dimensão, pois é possível perceber, por meio de resultados de pesquisas, que o
fato de estar com amigos, de fazer novas amizades, de participar de novos grupos
sociais, pode ser associado a um dos motivos que levam os jovens à prática regular
de atividade física e, também, pela busca de novos valores, tais como: o exercício da
disciplina; agir seguindo regras, ter respeito e ética; ser responsável (SALDANHA,
2007).
22
A respeito do que foi dito, Bento (2004, p. 49) afirma que os valores do jogo
não são apenas ensinados para terem "valimento no esporte, mas sim e
essencialmente para vigorarem na vida, para lhe traçarem rumos, alargarem os
horizontes e acrescentarem metas e meios de alcançá-las". Em outras palavras,
podemos dizer que tais valores tomam a direção da concretização dos princípios que
devem reger a educação de nossas crianças e jovens.
Segundo Juchem (2006), proporcionar a estas crianças e adolescentes um
ambiente (escolar ou "clubístico") em que os contatos e os valores afetivos e sociais
sejam oportunizados é de suma importância, podendo assim auxiliar na diminuição da
pressão por resultados e pela competição exacerbada.

9 A QUESTÃO DO ENSINAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE

Fonte: portal.ifrj.edu.br

Não raro, ainda nos deparamos nas escolas com métodos de ensino
tecnicistas, mecanicistas1 e, mesmo, biologistas da Educação Física. Tais discursos
e métodos, de um modo geral, caracterizam-se por uma preocupação excessiva no
desenvolvimento das habilidades físicas e motoras dos alunos - na busca pelos mais
"aptos" ao esporte. Em outras palavras, uma visão positivista de que o movimento
nada mais é que um comportamento, um gesto motor, onde o corpo é tido apenas
como uma "máquina perfeita", constituído por músculos, ossos, órgãos e tecidos.

23
O movimento deve ser compreendido, acima de tudo, como humano. O homem
deve ser encarado como um ser social. Sabendo disso (pelo menos deveria saber), o
professor de Educação Física tem a responsabilidade de preparar seus alunos para a
cidadania. Neste sentido, um desafio que se impõe ao professor e ao futuro
profissional da área está na superação da visão de desenvolvimento (do aluno) que
enfatiza simplesmente o mecânico, o rendimento, o alto nível (FLORENTINO, 2007b).
Não estamos querendo, com isso, abolir a competição entre os que praticam
esporte. Pelo contrário, sabendo dosar, a competição é extremamente sadia entre as
crianças e jovens. Gostaríamos apenas que o educador físico ciente de seu
compromisso social - pois, a Educação Física também contribui para a formação
cultural e moral - pensasse, em primeiro lugar, no seu aluno e não nos recordes, nos
rendimentos, nas vitórias. Que o futuro profissional da área pensasse na criança e no
jovem como um todo, como um ser em formação e não mais um corpo a ser
trabalhado.
Com relação a isso Roitman (2001, p. 150) afirma que:

O ensino é um processo complexo: abrange uma situação interativa, na qual


professores estão envolvidos em relações interpessoais e na interpretação
de comunicações não-verbais. As aulas de Educação Física constituem-se
em locais privilegiados, para o professor desenvolver hábitos, atitudes e
valores - objetivos da área afetiva - que contribuem para a formação de um
cidadão. Ao professor de Educação Física, dadas as características das
atividades que desenvolve, é facilitado atender às diferenças individuais dos
alunos e oferecer uma atmosfera social que estimule a cooperação, a
segurança, a criatividade e a autoestima.

Segundo Bento (1991), o ensinar na Educação Física e no esporte, não deve


se caracterizar numa simples transmissão de conhecimento ou imitação de gestos,
mas, sim, deve ser entendido como uma prática pedagógica que leve em conta o
sujeito, o seu contexto. O educando deve ser instigado a aprender esportes, por meio
de uma pedagogia desafiante, que possibilite uma busca pelo superar-se; o esporte
há de ser uma atividade instauradora e promotora de valores.
Hoje, há uma nova orientação, por assim dizer, na qual as áreas que se
relacionam com o movimento humano - incluindo o esporte - não podem estar isoladas
de seu contexto social, cultural e humanístico. De acordo com Queirós (2004), não se
pode mais ignorar as mudanças que ocorrem no sistema social e no sistema
tradicional do esporte, tendo em vista que o mesmo está inserido em uma mudança

24
de valores, tal como outros sistemas parciais da sociedade contemporânea. Para
tanto, devemos buscar compreender quais os valores que regem o desenvolvimento
do esporte na atual conjuntura social; qual o seu paradigma norteador no processo de
mudanças axiológicas as quais estamos vivendo contemporaneamente.
Os sistemas sociais, como um todo, e os diferentes sistemas sociais em
particular, desenvolvem-se a partir de uma ordem dominante de valores ou de
diferentes valores ao longo de nossas vidas; valores, estes, que derivam do tipo e das
características comunicacionais de cada agrupamento pertinente ao "sistema-
mundo". Portanto, podemos pensar que se todo e qualquer processo de formação do
ser humano visa o aperfeiçoamento ou o desenvolvimento pleno, não somente das
crianças e jovens, mas do grupo e da sociedade como um todo, então, o esporte
enquanto atividade social, desenvolvido à luz de princípios e referenciado por
objetivos, também se vê pautado por um quadro de valores, de mensagens e de
comunicações que serão importantes para a prática pedagógica (QUEIRÓS, 2004).
Para Bento (2004), o esporte apresenta um caráter normativo e prescritivo em
suas práticas, onde existam responsabilidades e direitos, quer tratamos do esporte no
setor da educação, da saúde, do lazer, da cultura ou do rendimento. O autor
complementa que o esporte comporta e deve assumir seu estatuto cultural e as
obrigações que esta circunstância lhe impõe, incluindo sua dimensão de tempo e
espaço.
Se considerarmos que estamos perante uma sociedade em que há uma crise
dos valores morais e sociais, os quais nos conduzem muitas vezes a uma situação de
incerteza e insegurança, especialmente, segundo Queirós (2004), entre grupos de
jovens que necessitam, por assim dizer, de um novo rumo no caminho da valorização,
das certezas e da inclusão social, é neste sentido o papel que o esporte deve
representar, o de agente, um meio ambiente ou entorno, possibilitador de novas
mensagens e de comunicações que venham alterar, "irritar" a construção de um novo
enquadramento axiológico nos diferentes grupos ou sistemas sociais.

25
10 PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO

Fonte: www.uscs.edu.br

A periodização do treinamento é definitivamente um dos principais ramos


dentro do complexo sistema do Treinamento Desportivo atual e, hoje, é uma das
principais condições para obter um resultado esportivo em qualquer esporte. A
Periodização oferece um quadro planejado e sistemático das variações dos
parâmetros do treinamento, culminando em adaptações fisiológicas que incidem com
os objetivos do treinamento (GAMBLE, 2006).
O crescente avanço científico principalmente nas áreas das ciências
fisiológicas e nos demais ramos que norteiam o conhecimento a cerca do sistema do
treinamento desportivo provocou grandes mudanças no esporte nos últimos anos, o
que levou alguns autores como Verkhoshanski (2001b), Gamble (2006), Bompa
(2002) ao estudo de diferentes formas de organização de programas de treinamento,
já que o tradicional modelo de periodização apresentava limitações em face dessa
nova realidade. Alguns outros autores destacam-se no treinamento de força
(STOPPANI, 2006; KRAEMER E FLECK, 2007; BOMPA, 2001).

26
A preparação de atletas de esportes coletivos diferisse muito daquela
executada em modalidades individuais. Nesse sentido, Grecco (2002) afirma que o
alto nível de rendimento esportivo desejado é alcançado pelos atletas/equipes em
situações de treinamento e competição, como produto de uma série multifatorial e
complexa de variáveis condicionantes que atuam e interagem, tanto em conjunto
quanto isoladamente. O processo de treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos
diferentes níveis de desempenho de uma equipe deve, portanto, contemplar um
adequado planejamento, sistematização, estruturação, execução, regulação e
controle científico das diferentes habilidades e capacidades que constituem a
modalidade em questão.
O principal fator que diferencia a preparação do esporte coletivo do individual,
talvez seja o período competitivo, uma vez que, nas modalidades coletivas pode
estender-se por até oito a dez meses. Nesse sentido, os modelos tradicionais de
periodização, parecem não atender as necessidades dos esportes coletivos, pois ao
preconizarem uma divisão específica proporcionam picos de performance na
temporada. Um outro aspecto importante a ser levado em conta é o amplo leque de
habilidades técnicas e táticas que precisam ser trabalhadas, somadas à preparação
física que muitas vezes exige o treinamento de mais de uma capacidade ao mesmo
tempo - força máxima, potência, resistência, capacidade aeróbia, agilidade – entre
outras. Todos esses objetivos necessitam de uma adaptação fisiológica específica
que muitas vezes não são compatíveis, causando conflitos (GAMBLE, 2006;
Mesmo tendo em vista as especificidades da periodização para o esporte
coletivo, a grande maioria dos estudos relacionados à periodização é direcionada ao
esporte individual. São escassos os achados que tratam do esporte coletivo. O que
se vê é uma tentativa de adaptação dos principais modelos às características de cada
modalidade coletiva.

11 MODELO TRADICIONAL

Reconhecido como o pai da periodização, Matveiev, com base nos sistemas de


preparação dos atletas soviéticos, atualizou e aprofundou os conhecimentos

27
desenvolvidos anteriormente, estruturando os fundamentos teóricos de um sistema
de treino que se tornou hegemônico (ISSURIN, 2010).
Um dos conceitos fundamentais adotados por Matveiev baseia-se na Síndrome
Geral de Adaptação proposta por Hans Seyle, que pode ser entendido como o
princípio da supercompensação, o qual propõe que a adaptação do corpo passa por
três fases quando o organismo é defrontado com uma exigência, no caso, o estímulo
oferecido pelo treinamento físico. A primeira fase é conhecida como alarme: quando
o organismo recebe uma sobrecarga.
A segunda fase é a da supercompensação: quando o corpo adapta-se as novas
demandas impostas pelo estímulo. A fase seguinte é caracterizada pelo cansaço: o
estímulo persiste além da capacidade de recuperação do organismo. (HERNANDES
JR, 2002).
O caráter ondulante das cargas de treino é um outro princípio abordado por
Matveiev (1991). Baseia-se na dinâmica entre o volume e a intensidade do treino, com
particularidades dos valores máximos de cada uma não coincidirem. Quanto maior for
o volume do treino imposto menor a sua intensidade e vice-versa. Esse formato
permite combinar com êxito os elevados ritmos de incremento do volume e da
intensidade e, portanto, garantir a evolução positiva do nível de treino.
Além das leis já indicadas, todo o processo de treino desportivo caracteriza-se
por uma ciclicidade claramente expressa. Desde as partes elementares aos ciclos
plurianuais, as estruturas se repetem e retornam em uma continuidade recorrente. Um
certo número de sessões de treino constituem um Microciclo que frequentemente
apresenta a duração de uma semana. O conjunto de vários microciclos completa um
ciclo médio do treino, chamado de Mesociclo. O acúmulo de ciclos médios a longo
prazo são a base para a formação dos Macro ciclos, com duração de seis meses ou
um ano (MATVEIEV, 1991).
Ainda segundo Matveiev (1991) os ciclos são divididos em três períodos. O
Preparatório no qual devem ser criadas e desenvolvidas premissas para o
aparecimento da forma desportiva e envolve duas etapas: a de preparação geral e
específica, a geral, durante a qual se enfatiza a preparação física e o componente
geral do treinamento, além de haver predominância do volume sobre a intensidade; a
etapa específica caracteriza-se pelo aperfeiçoamento nas habilidades técnicas e
táticas e pela predominância da intensidade sobre o volume do treinamento. Em
28
sequência temos o período Competitivo, a orientação é que o atleta atinja o peak, ou
seja, o nível de desempenho máximo. O treino deve proporcionar a manutenção da
forma alcançada.
Por fim entra o período de Transição. Este deve possuir um caráter de
descanso ativo, proporcionando ao atleta uma recuperação física e psicológica. Em
síntese, a duração destes períodos pode variar de 3 a 5 meses para o período
preparatório, de 1 a 5 meses para o competitivo, e de 3 a 4 semanas para o período
de transição (MATVEEV, 1991).
Dantas (1998) mostra que a periodização pode ser simples, dupla ou tripla. A
escolha de cada uma dependerá de diversos fatores entre eles as qualidades física
de cada esporte (potência aeróbia, anaeróbia, velocidade, força), o número de peaks
no ano, o estado de treino do atleta.
Na criação do seu modelo de treino, Bompa (2002) o dividiu da mesma forma
que o modelo proposto por Matveiev, com período preparatório, subdividido em fase
geral e específica, e período competitivo, subdividido em fase pré-competitiva e
competitiva. Porém, para ele, o fundamental do treinamento são o microciclo e o
planejamento anual, o termo macro ciclo correspondente aos períodos de quatro a
seis semanas. Para ele o mesociclo russo se trata de mera formalidade.
No que se refere ao esporte coletivo, Matveiev (1991) apenas reconhece as
modificações em relação aos períodos de treino. Para este autor, o período
competitivo mais longo é típico das modalidades que envolvem os jogos coletivos e
que a forma esportiva de todo o grupo pode ser conservada por mais tempo que a
forma individual mediante a sistemática rotação dos jogadores.
A ideia de alternância dos jogadores também é usada por Dantas (1998). Ele
propõe para o futebol, a preparação de duas equipes que se alternam durante a
temporada, fato que pode diminuir o número de lesões e manter o desempenho do
time. Zakharov e Gomes (1992) são autores que também estendem o modelo
tradicional ao esporte coletivo. Para eles, o período preparatório para os jogos
desportivos é de geralmente três a quatro meses, na etapa básica inclui a preparação
física (40-50% do tempo), a preparação técnica (25-30%) e a tática (20-25%). A etapa
especial e de controle são orientadas para a formação para a competição com a
participação em torneios como forma de preparação para o objetivo final, incluindo
também o trabalho psicológico. Em relação ao período competitivo, os autores
29
afirmam que devido à diversidade de variantes em sua estrutura se torna difícil as
recomendações referentes a dinâmicas das cargas, sendo que essas podem ser
homogêneas ou que ao longo do calendário da competição sejam impostos
microciclos de “choque” nos treinos, visando à manutenção e/ou elevação das
capacidades físicas.
Bompa (2002) considera que os desportos coletivos são extremamente
complexos na utilização dos sistemas energéticos. Esses desportos sobrecarregam o
organismo e a mente para refinar as habilidades e para treinar a velocidade, a força e
a resistência. Dessa maneira, ele propõe a alternância dos sistemas energéticos
durante a semana. Por exemplo, se na segunda-feira o treinamento foi de alta
intensidade, na terça-feira deve ocorrer um treinamento tático e de resistência aeróbia.
O mesmo é valido para o período de competição, após cada jogo o treinador sugere
um treino levemente aeróbio de compensação, pois facilita a reposição dos estoques
de glicogênio antes do próximo jogo. O autor afirma que nos jogos coletivos o
glicogênio é depletado durante o jogo, assim, para uma competição com jogos nos
finais de semana, a única carga de maior demanda deve ser realizada no início da
semana.
Dois estudos recentes mostram o comportamento de duas equipes de elite no
handebol durante o ano. O primeiro estudo demonstrou os dados obtidos com uma
equipe masculina (GOROSTIAGA et al, 2006). O tempo de treino foi de 45 semanas,
no qual a equipe realizou 50 jogos. Os jogadores foram testados em quatro momentos
da temporada, sendo analisadas medidas antropométricas (estatura, massa corporal,
percentual de gordura corporal e massa magra) e as variáveis: força máxima (1RM no
supino), velocidade de arremesso, potência de salto vertical, resistência de corrida e
velocidade de sprint (5 e 15 metros).
O treinamento foi periodizado seguindo um modelo tradicional com volume alto
e intensidade baixa no período preparatório evoluindo para um baixo volume e alta
intensidade no período competitivo. Os resultados demonstraram aumentos
significativos na força máxima no supino, na velocidade do arremesso, na massa
magra, mas não nas ações dos membros inferiores. As correlações observadas
sugerem que o tempo de treinamento em baixa intensidade deve ser feito com menos
atenção, visto que os estímulos para a formação de endurance na corrida e potência
nos membros inferiores devem acontecer em alta intensidade. O segundo estudo,
30
realizado com uma equipe feminina (GRANADOS et al, 2008) seguiu a mesma
estrutura anterior e foram observadas as mesmas características ao longo do ano (45
semanas, 29 jogos). No entanto, a periodização adotada foi de volume baixo e baixa
intensidade durante o período preparatório para um alto volume e alta intensidade no
período competitivo. A equipe teve aumentos significativos na força máxima dos
membros superiores, na potência de salto vertical e na velocidade de arremesso. Não
houve mudanças nos sprints e na corrida.
O novo cenário do esporte, marcado pelo aumento no número de competições,
marketing e altas premiações, avanço nas tecnologias esportivas (equipamentos,
roupas, calçados), criou premissas para o questionamento quanto à aplicação dos
modelos tradicionais no desporto moderno. As críticas referem-se à excessiva
concentração de trabalho de preparação geral com desenvolvimento simultâneo de
diferentes capacidades em um mesmo período de tempo, uso rotineiro das cargas por
períodos prolongados, pouca importância atribuída ao trabalho específico. Outras
críticas baseiam-se na fundamentação do modelo clássico a partir de trabalhos
desenvolvidos com esportes individuais (BENELI, RODRIGUES e MONTAGNER,
2006; ISSURIN, 2007).
Entretanto, os modelos tradicionais ainda são válidos para atletas jovens, em
formação esportiva, pois necessitam de uma preparação básica e geral (BOMPA,
2002; ISSURIN, 2010).
Beneli, Rodrigues e Montagner (2006), propuseram uma periodização baseada
no modelo tradicional de Matveiev para uma equipe de basquetebol masculina com
12 atletas de 14/15 anos. O ciclo anual foi dividido em dois macrocliclos. Os aspectos
testados foram: impulsão vertical, agilidade e coordenação, força rápida de membros
superiores e inferiores.
Os atletas foram avaliados em cinco momentos distintos do planejamento
anual. Nos resultados, houve aumento em todos os indicadores analisados. Com isso,
conclui-se que o modelo tradicional, apesar de contestado, possui em sua base
pedagógico-metodológica uma grande segurança na administração do treinamento,
sobretudo, quando aplicada para desportistas iniciantes. Assim, o elevado volume de
trabalho de preparação geral, o desenvolvimento simultâneo de diferentes
capacidades físicas em um mesmo período de tempo e uso de cargas por períodos

31
prolongados, são fatores que proporcionam a base para o desenvolvimento múltiplo
de jovens atletas.
Nesse mesmo sentido, Borin et al (2007) buscou conhecer as alterações
provocadas por um treinamento de 24 semanas em atletas de voleibol feminino com
média de idade de 15 anos. Os dados revelaram aumentos significativos na maioria
das capacidades testadas. Infelizmente, os autores não especificam a forma como o
treinamento foi periodizado.

12 MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS

Para Oliveira, Sequeiros e Dantas (2005), provavelmente, o maior crítico do


modelo clássico de periodização de Matveiev seja o também russo Yuri
Verkhoshanski. Para este autor, a concepção de periodização tradicional não mais
atende as necessidades do treinamento atual. O modelo de treinamento em blocos
surge como uma moderna teoria e metodologia do treinamento desportivo
(VERKHOSHANSKI, 2001a).
Verkhoshanski não utiliza os termos planejamento ou planificação. O mesmo
defende a ideia de que o processo de treinamento deve basear-se em um sistema que
defina os conceitos de programação, organização e controle (GOMES, 2009).
Em síntese, esse modelo consiste em uma distribuição de cargas concentradas
no ciclo anual de treinamento. São três os blocos que reunidos em uma determinada
lógica, são estruturados na programação do treinamento. Contudo, de acordo com as
exigências e especificidades energéticas de cada modalidade esportiva, das
respostas do organismo aos efeitos do treino, do calendário de competições, do
objetivo concreto que se pretende obter, o ciclo de treinamento não precisa conter
necessariamente os três blocos (VERKOSHANSKI, 2001b).
O bloco A (etapa de base) é dedicado à ativação dos mecanismos do processo
de adaptação e à orientação deste à especialização morfofuncional do organismo na
direção necessária ao trabalho no regime motor especifico. O objetivo principal deste
bloco é o aumento do potencial motor do atleta. O bloco B (etapa especial) é
principalmente dirigido ao desenvolvimento do trabalho motor específico em
condições correspondentes àquelas de competição. O objetivo principal deste bloco

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consiste na assimilação da capacidade de utilizar o crescente potencial motor em
condições de intensidade gradualmente crescente de execução do exercício de
competição. Nesta etapa deve ser prevista a participação em competições, as quais
vão funcionar como exercícios específicos no treinamento do atleta. O bloco C prevê
a conclusão do ciclo de adaptação, é o momento em que o atleta apresenta níveis
máximos de desempenho e está apto a participar das competições de maior
importância (VERKHOSHANSKI, 2001b).
Em estudo realizado com oito atletas adultos participantes do campeonato
paulista da divisão principal de Basquete, Moreira et al (2004) verificaram os efeitos
do treinamento em bloco em oito etapas da preparação da equipe. A periodização foi
realizada de acordo com uma estrutura bicíclica (primeiro macro ciclo com 23
semanas e o segundo macro ciclo com 19 semanas). Os macros ciclos de treinamento
foram divididos em etapa básica (cargas concentradas de força), etapa especial e
etapa de competição. Os testes utilizados buscaram demonstrar as possíveis
alterações, além da dinâmica das manifestações de força medidas por quatro tipos de
saltos: salto vertical com contra movimento [SV], salto horizontal [SHP], salto
horizontal triplo consecutivo para a perna direita [STCD] e salto horizontal triplo
consecutivo para a perna esquerda [STCE]). Observou-se que as cargas
concentradas de competição exerceram diferentes efeitos para as medidas de força
explosiva vertical (SV) e horizontal (SHP), e que existe a necessidade de avaliar a
força rápida através dos exercícios de saltos consecutivos para as duas pernas de
forma diferenciada, em vista das ocorrências diversas verificadas para STCD e STCE.
Cargas de velocidade devem ser programadas ao longo do ciclo de preparação,
buscando evitar uma queda de rendimento dos atletas. Os autores salientam ainda a
eficácia do sistema de treinamento em bloco no basquetebol, evidenciada pela
expressão pontual do efeito posterior duradouro de treinamento (EPDT).
O modelo do treinamento em blocos é embasado pelo conceito da EPDT.
Também podem ser encontrados os termos Reserva Atual de Adaptação (RAA), Efeito
Cumulativo do Treinamento, Efeito Residual do Treinamento ou Efeito Retardado do
Treinamento (VERKOSHANSKI, 2001b; ISSURIN 2008 e 2010; FARTO, 2002). Nessa
revisão adotaremos o primeiro (EPDT).
Contudo, todas essas denominações dizem respeito à ideia de que os efeitos
obtidos depois de sucessivas cargas de treino permanecem por certos períodos de
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tempo depois do fim do treinamento, ou seja, sessões de treinamento em um bloco
concentrado criam bases condicionantes para o treinamento das demais capacidades
dos atletas e para o aperfeiçoamento da técnica. Em outras palavras, o treinamento
em blocos é baseado a partir do tempo em que o atleta ainda apresenta os efeitos do
bloco de treinamento anterior.
Oliveira e Silva (2001) analisaram os efeitos do treinamento de cargas
concentradas em uma equipe de voleibol. Participaram da pesquisa dez atletas do
sexo feminino com média de idade de 18 anos. Os testes acompanharam a dinâmica
da alteração das diferentes capacidades biomotoras: força explosiva de membros
inferiores (alcance máximo de bloqueio, alcance máximo de ataque), de membros
superiores (lançamento da medicine ball de 2 kg com os dois braços), velocidade
máxima de deslocamento (deslocamento frontal/9.3.6.3.9), deslocamento lateral/3
faixas. A aplicação dos testes ocorreu em 10 momentos do ciclo anual, dividido em
dois macros ciclos, ambos com etapas A, B e C.
Os resultados evidenciaram que as capacidades pesquisadas apresentaram
alteração positiva em todas as etapas e micro etapas do 1º macro ciclo, com o efeito
posterior duradouro de treinamento (EPDT) ocorrendo pontualmente nas etapas B e
C. As mesmas capacidades biomotoras pesquisadas apresentaram alteração
negativa (não significativa estatisticamente) nas micro etapas A1 ou A2, e alteração
positiva nas etapas B e C para a velocidade máxima de deslocamento e para força de
membros superiores; positiva (não significativa estatisticamente) da força explosiva
de membros inferiores nas etapas B e C do 2º macro ciclo do ciclo anual. A pouca
alteração revelada nos dados do segundo macro ciclo pode ter ocorrido devido a
menor influência dos fatores relacionados à aprendizagem dos gestos técnicos dos
testes. Os achados mostram que a EPDT possibilita a racionalização do processo de
treino.
Outros dois estudos encontrados sobre o treinamento em bloco mostram a
aplicação desse modelo na modalidade handebol. Souza et al (2006) submeteram
onze handebolistas masculinos a duas baterias de testes: a primeira no início do
segundo macro ciclo de treinamento e a segunda após 16 semanas. Os dados
demonstraram que ocorreram importantes adaptações, por meio de aumentos da
força rápida, força explosiva e da agilidade. Além disso, a estrutura do programa de
preparação proposta também permitiu que ocorressem adaptações metabólicas,
34
inferidas pelos aumentos da potência anaeróbia e aeróbia. Os autores afirmam que o
programa de treinamento utilizado, fundamentado no modelo de cargas concentradas,
possibilitou a evolução positiva das capacidades motoras, as quais foram observadas
pela manifestação do efeito posterior duradouro do treinamento.

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