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JACQUES VALIER
Sinopse da capa:
Os debates que movimentam a vida econômica contemporânea
não podem ser entendidos de modo independente da forma que
assumiram no passado. Por exemplo, como apreender as
controvérsias atuais sobre o liberalismo econômico se ignorarmos
que a questão do intervencionismo do Estado dividia os fisiocratas
e os mercantilistas de outrora? Que essa questão iria opor mais
tarde os socialistas utópicos e Marx contra as teses de Adam Smith
e Ricardo e que, nos anos 1930, iria se refletir na nova ordem
keynesiana? Quando evocamos o comunismo, sabemos que em
sua época Platão defendia a propriedade comum, enquanto
Aristóteles era favorável à propriedade privada?
A história do pensamento econômico é uma necessidade, salvo se
imaginarmos que a economia política possa se reduzir, como é
tendência hoje em dia, a modelos matemáticos cujos fundamentos
ideológicos e teóricos permanecem velados.
O autor faz a aposta de uma obra curta. Uma história do
pensamento econômico que não se pretende exaustiva, mas que
permite a cada um adquirir uma visão conjunta das grandes
correntes de pensamento e a compreensão das filiações, das
oposições, dos avanços e recuos que permeiam essa história.
(Flammarion)
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SUMÁRIO
Introdução
Capítulo 1
As questões morais e sociais frente ao surgimento e desenvolvimento da
economia mercantil
Da Grécia antiga à Europa da Idade média
Capítulo 2
O nascimento do capitalismo na Europa: do pragmatismo mercantil ao
surgimento do liberalismo
Do século XVI ao fim do século XVIII
Capítulo 3
A revolução industrial e o desenvolvimento da economia política clássica
Fim do século XVIII – início do século XIX
Capítulo 4
A crítica socialista do capitalismo e da economia política clássica
Século XIX
Capítulo 5
A economia política neoclássica
Fim do século XIX – início do século XX
Capítulo 6
A ruptura keynesiana e o desenvolvimento do pensamento socialista
Início do século XX – Segunda Guerra mundial
Capítulo 7
As grandes correntes do pensamento contemporâneo
Da Segunda Guerra mundial aos dias nossos dias
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INTRODUÇÃO
Estudar história do pensamento econômico, as condições de seu
nascimento e desenvolvimento esclarecem uma característica
essencial da economia política. A economia política e as questões
as quais ela se esforça em responder nasceram com a produção
mercantil. Quando surge a produção para um mercado, quando as
bruscas flutuações de preços causam a ruína de inúmeros
produtores, quando o dinheiro necessário para o desenvolvimento
da produção mercantil dissolve as antigas relações sociais, as
primeiras questões de natureza econômica aparecem. Portanto,
não é por acaso que foi na Grécia antiga e na China, onde a
produção mercantil e a economia monetária parecem ter
progredido primeiro, que surge o pensamento econômico. Da
mesma forma, constata-se que a economia política apresenta um
extraordinário desenvolvimento na Europa ocidental a partir do
século XVII, isto é, exatamente no momento em que a produção
capitalista se desenvolve fortemente e torna-se predominante.
É justamente neste sentido que existe uma relação bem particular
entre o estado atual das idéias e das análises econômicas e as
histórias delas. Uma história que nos ajuda a compreender as
controvérsias atuais e o estágio atual da economia política.
Na Grécia antiga, Platão pronuncia-se a favor da propriedade
comum e da interdição de qualquer troca mercantil, enquanto
Aristóteles declara-se favorável à propriedade privada e, dentro de
certos limites, à troca mercantil, o que o leva à análise do valor e
da moeda. No século XVI os mercantilistas vangloriam os méritos
do sistema capitalista nascente, ao passo que Thomas More o
critica de forma loquaz e apresenta um projeto de sociedade
comunista. No fim do século XVIII e início do século XIX, Adam
Smith e David Ricardo apresentam uma teoria do valor e de
distribuição de renda, prenunciando a de Karl Marx, enquanto Jean
Baptiste Say defende uma teoria completamente distinta, que
anuncia a dos autores neoclássicos de fins do século XIX. Da mesma
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CAPÍTULO 1
As interrogações morais e sociais face ao surgimento e
crescimento da economia mercantil
Depois Aristóteles vai mais longe. Ele condena com rigor essa
crematística, essa acumulação de riqueza sem limites, pois vê nela
uma força destrutiva da unidade e da coesão da Cidade. Essa
condenação dá lugar a uma análise magistral sobre os efeitos do
desenvolvimento da economia mercantil sobre a crise da cidade
grega.
Portanto, essa busca ilimitada de riqueza deve ser proscrita da
Cidade, da mesma forma que o empréstimo a juros, que podemos
simbolizar pelo esquema D → D’: o dinheiro servindo a produção
de soma maior de dinheiro. No empréstimo a juros, a moeda
sequer é um instrumento de circulação de mercadorias; ela só
serve para acumular riqueza. Portanto, segundo Aristóteles, ela é a
forma mais condenável de buscar essa riqueza.
Finalmente, sob a mesma ótica de condenação da acumulação
ilimitada de lucro, Aristóteles pronuncia-se contra a compra/venda
da força de trabalho. Portanto, ele recusa a extensão da economia
mercantil à força de trabalho, recusa evidentemente facilitada
porque a seus olhos o trabalho produtivo deve ser realizado pelos
escravos.
A justiça na troca
Capítulo 2
O nascimento do capitalismo na Europa: do pragmatismo
mercantil ao surgimento do liberalismo
I – O pragmatismo mercantil
Os fatores do crescimento
Como se dá a circulação?
Capítulo 3
A revolução industrial e o desenvolvimento da economia política
clássica
O crescimento e as crises.
Capítulo 4
A crítica socialista ao capitalismo e à economia política clássica
Século XIX
I – O socialismo utópico
uns dos outros. O trabalho concreto para produzir uma cadeira não
é o mesmo que aquele necessário para produzir roupas. O produto,
na produção mercantil, é destinado à venda. A mercadoria define-
se como a forma social que esse produto assume na economia
mercantil. O valor de uso é aquele que, no interior da mercadoria,
é produzido, matéria que permite satisfazer uma necessidade,
qualquer que seja a forma social desse produto. Uma cadeira serve
para sentar-se, seja ela dada ou vendida.
Esse valor de uso, como diz Marx, é o apoio material do valor de
troca. Isto é, como Ricardo já notara, é uma condição necessária
para a existência do valor de troca. Se um produto não tem
qualquer utilidade para alguém, não será vendido e, portanto, não
terá valor de troca.
Finalmente, dizer que o valor de uso é o aspecto material da
mercadoria não significa, como específica Marx, que ela se reduza
a esse aspecto material. De fato, ela também tem um aspecto
social, no sentido que traz consigo o traço da produção mercantil.
O valor de uso de um produto é um valor de uso para si (auto-
consumo) ou para outro (doação ou entrega obrigatória). O valor
de uso de uma mercadoria, ao contrário, é unicamente um valor de
uso para o outro, já que uma mercadoria por definição é um
produto destinado a ser vendido. O valor de uso das mercadorias,
além de seu aspecto material, tem especificidades sociais em razão
das características da economia mercantil.
A mercadoria tem um valor de troca. Ela se define pela relação
quantitativa, a proporção pela qual ela é trocada por outra. Para
que essa relação de troca manifestada no mercado exista, é preciso
uma qualidade comum às duas mercadorias, como já havia
revelado Aristóteles. Essa qualidade comum não pode ser o valor
de uso, pois enquanto tais as mercadorias são diferentes uma das
outras. Essa qualidade comum é o valor, e o valor em si tem por
fundamento o trabalho. Mas isso não é tudo.
Esse trabalho, que cria o valor, deve ser o mesmo trabalho
quaisquer que sejam as mercadorias produzidas. As mercadorias
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A teoria da mais-valia
A força de trabalho
A criação de mais-valia
O desemprego
As crises
O socialismo
Capítulo 5
A economia política neoclássica
A distribuição
O desemprego
As crises
Capítulo 6
A ruptura keynesiana e o desenvolvimento do pensamento
socialista
I – A ruptura keynesiana.
O princípio keynesiano:
o papel motor exercido pela demanda global
A economia mundial
A construção do socialismo
Capítulo 7
As grandes correntes do pensamento contemporâneo.
I – A filiação neoclássica
O ultra-liberalismo
Os monetaristas
A economia da oferta
II – A filiação keynesiana
A teoria monetária
Mercado e Estado
O capitalismo monopolista
A regulação
Sub-desenvolvimento e dependência