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O CONCEITO DE BEM E MAL NA HISTÓRIA DO MUNDO E NO

BRASIL

Aluno: Márcio Gomory Freire Pereira


Professora: Alessandra Silveira Borghetti Soares
Resumo

Desde o momento em que nascemos, somos oferecidos a um mundo organizado por pessoas
que implantam suas ideias e crenças. Até tomarmos consciência do mundo a nossa volta,
somos orientados e recebemos informações de um ambiente que nos prepara para esse
sistema: a família, a escola, a igreja etc. São instituições reguladoras que nos formam e nos
dão a visão de uma vida que muitas vezes acreditamos ser a resposta para tudo. Este trabalho
pretende demonstrar em como o poder dominante do sistema, desde os tempos remotos,
controla o pensamento humano e constrói os valores da sociedade por meio da polarização
“bem e mal”.

Palavras-Chave: Instituições reguladoras; Poder dominante; Bem e Mal.


1. Introdução

Buscar o conceito de "bem" e "mal", é um grande desafio. Porque, o que me instigou e


levou-me a questionar, foi devido a forma como as pessoas generalizavam essas duas
denominações, de acordo com seus pontos de vista. Talvez um ponto de vista generalizado
pela nossa tradição cristã. Mas o que realmente pode ser visto como o "bem" e visto como o
"mal"? Quem determina? Da mesma forma que me pergunto, essa questão já estava sendo
indagada em tempos remotos da Grécia antiga. O próprio Sócrates já desempenhava um
papel de despertar nos cidadãos o que poderia ser considerado certo e errado.

Através de leituras e pesquisas, fui convidado a mergulhar em tempos mais remotos da


nossa história, e, buscando cada vez mais entender as origens dos conceitos de "bem" e
"mal". Mas ao perceber que essas dicotomias estão ligadas a uma visão antiga, de influência
da natureza e religiosa, dediquei-me a busca de uma maior percepção, baseando-se nos
maiores poderes dominantes da humanidade.
A obra " Capitalismo para Principiantes" ( 1983 ) de Carlos Eduardo Novaes, foi o primeiro
passo para me ajudar a buscar perguntas e respostas, e numa dessas investigações, através da
leitura do livro, percebi que quem cria e determina o "certo" e "errado", ou o "bem" e "mal",
são os que concentram as grandes riquezas.

Este trabalho busca de alguma forma mostrar em momentos históricos, as representações de


"bem" e "mal" e o que eles representavam em determinados períodos da humanidade e
descrevendo as situações políticas e de poder.

Em primeiro momento, achei interessante investigar os povos persas, que foram os


responsáveis pela polarização do conceito "bem e mal". Assim como o ser humano criou
suas crenças e mitos através da observação dos fenômenos naturais, Zaratustra também se
utilizou desses fenômenos para chegar ao conceito. Ao perceber que a influência persa está
registrada na tradição judaica e cristã, como por exemplo, a crença em um único Deus, a luz
e trevas, o céu e inferno, quis examinar a interpretação bíblica em alguns períodos. Foi
partindo então dessas premissas que percebi que o conceito de "bem" e "mal" é mais
complexo do que podemos imaginar. Foi como entrar num diálogo socrático e se confundir
sobre os valores do que é justo e injusto. Por exemplo? De como em determinadas
circunstâncias, o ato de fazer o bem, em relação a busca pelo amor ao próximo, pode ser
prejudicial para uma sociedade (afinal desafia seu poder). De como certas ideias e teorias,
podem justificar um ato "mal" para determinados tipo de controle e repúdio sobre o outro,
como a escravidão, a submissão da mulher, o racismo e a homofobia.
Na lógica capitalista, que independente de tudo, o que importa é o lucro, o que parece ser
certo ou errado, vai depender do que os donos do capital irão tecer. Afinal se o Estado e as
leis são criações deles para proteger seus interesses, o povo em geral deve, então, se
submeter a essa lógica. Para os que não aceitam, estarão como o inimigo (mas de quem? Ah
sim, do sistema capitalista). E esse inimigo tem um nome "comunismo". É estranho quando
investigamos a origem desse termo, que abrange uma sociedade igualitária, sem diferenças.
Mas em certos momentos da história no século XX, está associada ao genocídio. Essas
contradições, de fato, estão associadas, também, às interpretações de como um determinado
grupo de pessoas faz em relação à uma ideologia e causa, que ao colocar em prática, não
concede com a ideia original. Não estou defendendo o comunismo, de forma alguma,
somente utilizei de uma investigação, para tentar entender, como essas ideias podem ser
perder dentro do conceito "bem" e "mal". Se por um lado, as ideias de Jesus Cristo, defende
uma causa de igualdade entre os seres humanos (cristianismo primitivo), por outro lado, a
igreja que adotou sua causa, criou uma Instituição e hierarquias para separar as pessoas em
classes.
Tudo isso foi uma forma de analisar, também, o Brasil, afinal, os valores cristãos estão
acoplados na formação do nosso povo. Numa visão mais panorâmica, a tradição cristã e a
base capitalista neo liberal no país, e se possível, incluir até uma "intervenção militar",
trazem a insígnia do "bem". E quanto ao "mal"? Qual seria o seu conceito aqui? Acho que
partindo da visão cristã e capitalista, dá para ter uma noção, não?
O BEM E O MAL

A polarização de “bem” e “mal”, ou melhor, o bem contra o mal, surge entre os


antigos povos persas. O sábio Zaratustra ensinou ao povo a ver o mundo de uma nova forma.
Dizia que não havia muitos deuses, como no politeísmo dos antigos impérios, mas um Deus
único. O dia e a noite são a dicotomia dessa filosofia. O sol do dia reina com a luz
abençoando o mundo com a sua energia e quando o sol se põe permite que a escuridão
controle a noite. O dia é uma referência ao bem enquanto a noite é uma referência ao mal,
talvez pela ausência da luz que abençoa. Mas ao mesmo tempo, um ponto interessante é que
Zaratustra dizia que um não poderia viver sem o outro porque eram aplicados para todos os
aspectos da vida e que o homem tinha o livre arbítrio e deveria optar por lutar
constantemente pelo bem contra o mal, já que todos seriam julgados após a morte. Se
tivessem lutado pelas forças do bem, iriam para o céu, caso contrário, iriam para o inferno.
Os persas viam como uma forma de o bem prevalecer no mundo inteiro acabando com
as guerras. Mas os reis persas achavam que para isso acontecer deveriam conquistar os
povos do mundo inteiro. Para alcançar a paz, eles deveriam governar todos no mundo. Essa
era a visão do persas: o verdadeiro caminho do “bem”. Posteriormente a religião cristã iria
adotar esse conceito.

1.1. Adad, o homem do Antigo Testamento

Na Bíblia, no 1º Livro dos Reis, em “Inimigos de Salomão”, o primeiro nome


designado como inimigo é Adad. “O Senhor suscitou um inimigo a Salomão: Adad, o
edomita da linhagem real de Edom”.Mas quem era Adad? Essa passagem da Bíblia diz que
ele era de Edom, um reino ao sul da Jordânia que esteve em guerra com o rei Davi. O general
Joab matou todos os varões de Edom. Adad foge e fica um bom tempo no Egito, onde é
adotado pelo faraó construindo, assim, uma vida e família. Quando recebe a notícia da morte
do rei Davi, Adad resolve voltar a Edom e se tornar rei, declarando Israel como inimigo.

1.2. Uma análise do contexto histórico

É preciso entender que no tempo dos relatos bíblicos, no Antigo Testamento, as


guerras eram comuns em busca de conquistas territoriais em nome de Deus ou Deuses de um
determinado povo. O trecho bíblico utilizado mostra que Adad era o inimigo do povo de
Israel. Mas e o rei Davi, não era também um inimigo para o reino de Edom? Quem estava
certo e quem estava errado?
Para os hebreus, que se consideravam o povo escolhido do Deus único, e tinham
certeza disso, quem estava fora da religião hebraica era considerado um inimigo do grande
criador. Nisso influi as leis de Deus que formam a política de domínio do império em
ascensão. E os reis desse império têm o poder para manter essas leis em vigor. Por isso,
quem tem melhores exércitos e recursos define o que é verdade e o que é errado. O trecho
em questão foi utilizado como profecia para os eleitores cristãos no Brasil que acreditam ver
o candidato a presidente Haddad como um inimigo do povo brasileiro. Já o personagem Jair
na Bíblia, foi um juíz de Israel.
“A este sucedeu Jair, de Galaad, que foi juiz em Israel durante vinte e dois anos. Tinha
trinta filhos que montavam em trinta jumentinhos, e possuíam trinta cidades que se chamem
Galaad”.

1.3. Jesus Cristo, um mal para o Império

Não há exemplo maior do que o homem que mudou a vida e os valores das pessoas no
mundo. A Bíblia, no Novo Testamento, relata que Ele foi torturado e crucificado. Mas por que
uma pessoa que propagou o amor e o bem entre todos foi punido de forma tão brusca? O
motivo da punição de Jesus estava atrelado à ameaça que causava a política vigente da época.
A Judéia (hoje Estado de Israel) era província do Império Romano. Mesmo judeu, Jesus tinha
atitudes bastante radicais, pois sua forma de propagar a palavra de Deus era muito diferente
da utilizada no Antigo Testamento, uma vez que desconstruiu a tradição hebraica defendida
por gerações. Jesus ensina e mostra que todos são seres amados pelo Deus criador,
independente da religião e da classes. De alguma forma, seu ensinamentos prejudicavam a
política e influência de poder da comunidade judaica, já que o povo, em sua maioria, se
identificava e seguia o novo profeta.
Em conclusão, o sumo sacerdote judaico entrega Jesus para ser julgado por Pôncio Pilatos,
o governador da província romana, pois Ele era um “mal” para o poder da época. Anos mais
tarde, o cristianismo, nascido das palavras de Jesus, se tornaria a religião do Império que o
mandou matar.
Desde a morte de Jesus, seus seguidores não pararam de aumentar e o Império Romano
que seguia uma religião politeísta de deuses trazidos da cultura grega acompanhou, dentro dos
domínios romanos, sua propagação. Os cristãos resistiam às pressões e muitos se entregavam
à tortura e à morte em nome de Jesus como exemplo de fé. Esses foram eternizados em
mártires.

1.4. Gêneros, uma predominância do mal

Se voltarmos aos primórdios da humanidade, veremos que o gênero feminino era visto
como deusa. O homem a temia. Tudo porque a mulher tem o poder de gerar a vida assim
como a deusa terra gera os alimentos que sustentam a vida. Com o tempo, o homem
percebeu que a vida gerada pela mulher também tinha a sua participação e com isso ela é
colocada na secundarização. O homem se denomina superior pela sua força e guerras
conquistadas. Já assentado em sua cultura, o homem cria o “Deus homem”. No Antigo
Testamento há o predomínio do cunho machista. O Deus é masculino, semelhante a imagem
do homem hebreu, com barba. A história de Adão e Eva demonstra essa posição de
predomínio do homem em relação a mulher ao dizer que da costela de Adão se fez a
companheira Eva. A própria Eva é acusada de ser a culpada pela expulsão do homem do
paraíso por comer a maça do pecado que a serpente a ofereceu e ainda instigar Adão a comê-
la.
No período patriarcal dos homens na Bíblia, os pais tratavam suas filhas como bens
que possuíam, somente os filhos eram considerados como membros familiares. Qualquer
atitude fora dos deveres imputados à mulher, principalmente o religioso, era considerada
como bruxaria. Suas funções eram apenas a de servir ao homem e dar a luz. Essa questão
perdurou até o século XX. O homem sempre temeu a mulher e muitos reis ouviam suas
esposas antes de tomarem decisões políticas, mesmo que as reprimissem quando passavam
dos limites.
Desde o início das nossas grandes civilizações a mulher foi censurada e a igreja
católica quando se tornou a religião oficial da Europa também colaborou com a censura. Foi
criado um padrão familiar que manteve o homem como chefe e a mulher como serviçal da
instituição.
O filósofo Aristóteles, um grande ícone da filosofia clássica, foi um grande
responsável por contribuir com a desigualdade. Ele possuía ideias que justificavam a
escravidão do homem como, por exemplo, a estrutura corporal forte do escravo, adaptado
naturalmente ao trabalho servil. Ele diz que o homem livre tem o corpo ereto, inadequado ao
serviço braçal, mas útil à vida intelectual e cidadã. As teorias Darwinistas foram utilizadas
de forma distorcida, como meio de argumentação da natureza humana, ou seja, os fortes
sempre deveriam predominar sobre os mais fracos. O exemplo disso é o imperialismo
colonial no continente africano, uma vez que os africanos não haviam desenvolvido uma
sociedade industrial moderna, ela era bastante pastoril em sua economia. Com isso, era
justificável que as nações europeias com a sua tecnologia ocupassem os territórios para
colocar seu excedente de produção e buscar matérias-primas para novos produtos, sob a tese
de que os países atrasados deveriam aceitar a cultura industrial européia para se modernizar.
Mas na realidade não foi o ocorrido.
O negro carrega o grande fardo de “escravo” graças a herança das colônias americanas
e mercantilistas e a nossa “santa” igreja católica, com sua tese de proteger o lucrativo
comércio de escravo, que claro, beneficiou também a instituição católica. Simplesmente era
dito que o homem africano era amaldiçoado devido aos relatos bíblicos em que Noé lançou
uma maldição em um de seus filhos por assistir escondido ao pai bêbado e nu. Esse contou a
vergonha para os outros irmãos e foi transformado em um homem negro. Ou seja, a cor
negra como sinônimo de maldição, do mal.
O mesmo sinônimo do mal e de ameaça ocorre com o homossexual. Mas por quê? No
âmbito da Igreja Católica (conservadora) a homossexualidade ameaça a “família
tradicional”, a mesma que dos tempos antigos tinha o homem como o chefe familiar (dono
de terras, da mulher e dos filhos). Esse formato de família ainda é defendido como
instituição oficial por muitos ainda no século XXI. Porém, o homossexualismo existe desde
que a Grécia discutia a democracia. Homens livres e mais velhos tinham como criados
rapazes jovens, amantes que na maioria das vezes eram mais preferidos que suas esposas.
Esse tipo de relacionamento não se baseava apenas num afeto, mas era uma forma de
transformar os jovens em cidadãos intelectuais, que futuramente estariam atuando como
cidadãos da pólis. Como havia a rejeição das mulheres para a atuação política, então, esse
tipo de integração entre o homem velho e jovem, fazia parte de uma ritualização para a vida
adulta. Há relatos de que Júlio César, o primeiro imperador romano, teria esse tipo de
relacionamento com seu sobrinho Otávio Augusto, que posteriormente assumiria o trono.
Em uma recente versão da Guerra de Tróia, vemos Aquiles, o maior guerreiro da Ilíada, um
homem negro e assim como seu fiel companheiro Pátroclo, sendo amantes. Mas em pleno
século XXI, uma parcela acredita que o homossexualismo tem cura e vem de problemas da
criação familiar. Se observarmos os relatos históricos de casos do mesmo sexo, alguns dão a
impressão que eram mais afetivos que homossexuais. Em outros casos não. Podemos reparar
que muitos eram grandes guerreiros, líderes que enfrentavam grandes exércitos. Nos tempos
atuais o sinônimo de “gay”, bicha” pode ser assimilado como adjetivos pejorativos.

1.5. O poder vigente dos nossos tempos

O capitalismo hoje é o sistema que domina o mundo. É antigo e vem desde o período
feudal. Quando surgiram os primeiros mercadores que compravam no oriente produtos
considerados luxuosos e exóticos, esses eram revendidos na Europa pelo dobro ou o triplo do
preço. Percebia-se, assim, que além de recuperar o valor que gastavam com os produtos, havia
um retorno maior do valor vendido. Assim podiam guardar uma parte e investir em mais
compras. Nasce aí o capital. O burguês, como é chamado quem trabalha e lucra, foi buscando
status social com o tempo. Financiou reis, a igreja, as expansões marítimas, a arte do
Renascimento, etc. Mas no século das luzes, o burguês exigiu direitos políticos, de liberdade
ao perceber que financiava a classe nobre parasitária que não colocava a mão na massa.
Afinal eram períodos de questionamentos, a igreja e nobreza estavam perdendo seu poder de
influência cada vez mais para o crescimento do sistema capitalista, pois queria movimentar a
economia sem a intervenção do Estado. A mudança de sistemas não aboliu as classes. O
escravo se torna o trabalhador assalariado e o senhor o dono das fábricas.
O poder vigente capitalista cria suas leis e um Estado Liberal para defender seus lucros.
Ao derrubar a monarquia, o Estado agora pertence aos donos do capital. O Estado, então
liberal, nasce com a Revolução Inglesa. Os calvinistas, sob o comando do revolucionário
Oliver Cromwell, em 1640, tomam o poder. O rei Carlos I perde sua autoridade assim como
sua cabeça e o parlamento criado pelos burgueses assume a política.
Com a burguesia no poder, o crescimento econômico toma rumos sem limites. Os
burgueses mais ricos dominam todo o mercado, desenvolvendo o monopólio e eliminando
concorrentes. O imperialismo vai tomando conta de continentes como a África, Ásia e
América Latina. O capitalismo impõe sua cultura aos países periféricos, obrigando-os a se
adaptarem ao sistema. Ou seja, adaptarem-se a receber o controle do sistema dominante
europeu e americano (hoje, o maior império do mundo).

2.6. Uma pequena análise em Karl Marx


É possível ver documentários e pronunciamentos criticando o filósofo que até é
chamado de anticristo. Olavo de Carvalho, o filósofo e guru da direita brasileira, já chegou a
dizer, por exemplo, que Marx tinha mais interesse em propagar o ateísmo utilizando o
capitalismo como pretexto. (Vídeo: Marx, o satânico. Youtube). O que segundo, o vídeo
parece passar, é que o estruturalismo de uma sociedade está em primeira base, Deus e a igreja
como fundamentais para a subsistência, e depois os meios produtivos. Mas a visão
materialista, de acordo com o pensamento de Marx: a forma como os indivíduos se
comportam, agem, sentem e pensam se vincula com a forma como se dão as relações sociais.
Essas relações sociais, por seu lado, são determinadas pela forma de produção de vida
material, ou seja, pela maneira como os homens trabalham e produzem os meios necessários
para a sustentação material das sociedades.
Karl Marx era um homem do século XIX. Para entendermos sua natureza, é preciso
perceber o ambiente que viveu e testemunhou. A Revolução Industrial trouxe grandes fábricas
para as cidades e, com isso, uma grande quantidade de trabalhadores que imigraram dos
campos para se tornarem proletariados. Com as cidades lotadas, as condições de moradias
para os trabalhadores eram bem precárias e insalubres, sem saneamento básico, ambientes
impróprios aos trabalhador. Não haviam leis trabalhistas, sindicatos, carga horária de mais ou
menos 16 horas por dia, salários que mal davam para o sustento, além de impostos altíssimos
cobrados pelo governo. E não podemos esquecer que as crianças também trabalhavam.
“Quanto menos habilidade e força exija o trabalho, ou seja, quanto mais desenvolvida
é a indústria moderna, maior é o número de crianças que substituem os homens, ganhando um
menor salário”(ENGELS; MARX, 1848, p.20 ).Não só Marx olhou para a classe trabalhadora,
seu amigo Friedrich Engels, que possuía com a família fábricas pela Inglaterra, aderiu a causa
em favor aos despossuídos. Juntos desenvolveram o Manifesto Comunista, uma obra para
expor ao mundo os conceitos, os fins e aspirações, para contrapor a lenda fantasmagórica do
comunismo. Na primeira parte, a abordagem é sobre os conflitos de classes que já vem
fazendo parte da nossa história desde a formação da civilização. Tanto na antiguidade e Idade
Média, existiam homens livres e escravos, e uma intensa luta entre essas duas classes.
“A moderna sociedade burguesa, das ruínas da sociedade feudal, não aboliu as
contradições de classe. Unicamente substituiu as velhas classes, as velhas condições de
opressão”(ENGELS; MARX, 1848, p.09 ). E as velhas classes (o poder dominante) da Europa
eram o Czar, a igreja católica e todos os nobres parasitas tradicionais do antigo sistema
monárquico, ameaçadas não só pelo o comunismo, mas também para a sociedade burguesa
moderna e capitalista.
2.7 – O comunismo

Até hoje, o nome comunismo parece assombrar como um fantasma o Brasil


conservador. Pensa-se em esquerda, logo associa-se ao comunismo. Mesmo não dando certo
como forma de governo e perdido para o sistema capitalista com a sua queda em 1989, ele
ainda assusta muita gente. Por quê? Afinal, ele nem chegou perto. O proletariado nunca
possuiu os meios de produção e nunca eliminou o Estado. Para que se alcance a ideia do
comunismo é preciso eliminar o Estado. Os únicos homens que viveram na história sem um
Estado, foram os homens das cavernas e os índios.
Karl Marx acreditava que o operário era o novo revolucionário, mas nunca houve essa
revolução nas mãos dele. A Revolução Russa de 1917 foi feita por homens de famílias ricas,
como Lênin. Até Marx veio de família abastada. Na história da humanidade, os filósofos
sempre vieram do alto escalão. Por isso tinham tempo para examinar suas teorias e ideias. O
escravo, o servo era analfabeto e trabalhava. Uma posição sustentava outra. Não haveria
homem livre para pensar o mundo se não houvesse escravo para carregá-los nas costas. Mas
de alguma forma, não se sabe como, alguém resolveu pensar na classe subalterna e
desenvolveu um pensamento científico para que no futuro os homens comuns pudessem lutar
pelo direito de igualdade. O comunismo não é um modelo bom para administração de
governo. Mas algumas de suas teorias ajudaram a criar organizações que defendem hoje o
direito do trabalhador, como sindicatos, participação em movimentos políticos. Coisas que o
sistema capitalista jamais tomou iniciativa por conta própria. É estranho ver um trabalhador
de direita achar que manifestações de trabalhadores é falta do que fazer. Afinal se ele tem
férias, décimo terceiro, salário melhor, oito horas de trabalho por dia, é porque vieram desses
movimentos.
Mas o comunismo é um “mal” universal para o sistema capitalista neoliberal. Quando o
capitalismo deu a luz ao próprio filho, o comunismo. Sim, o comunismo, o sindicalismo são
reações ao próprio capitalismo (Estado).
Há grandes exemplos de revoltas contra o Estado opressor. No Império Romano, um
escravo chamado Spartacus liderou uma legião de gladiadores que fugiram para viverem
livres em comunidades. Zumbi dos Palmares é outro exemplo. Liderou a revolta contra os
senhores de engenhos. Pode parecer estranho dizer isso, mas poderia não acontecer uma
Revolução Francesa se o Estado monárquico não fosse opressor. O interessante é que a
organização do movimento rebelde contra a monarquia de Luís XVI foi feita pelos burgueses.
É importante lembrar que na linha de frente estava o povo que pegou em armas e derrubou a
fortaleza da Bastilha, símbolo da queda do absolutismo. O povo simplesmente ajudou a classe
burguesa a chegar ao controle do Estado, porém as fatias do bolo não forma partidas em
pedaços iguais. O lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” não cabia ao povo que
continuou em condição de servo. E a classe burguesa que lutou contra o elemento opressor,
acabou se tornando o próprio elemento para oprimir uma classe que a ajudou. Principalmente
no século XIX com a Revolução Industrial.

3.O CONTEXTO DE BEM E MAL NA HISTÓRIA DO BRASIL

Já esclarecido anteriormente, o poder dominante define o certo e o errado, o bem e o mal.


Quando os portugueses chegaram em terras, hoje brasileiras, não só escravizaram os índios
(que até essa designação foi batizada pelos europeus, achando terem chegado nas índias)
como também lhes impuseram uma religião, que segundo os portugueses, era a verdadeira.
Viam os nativos como selvagens, sem lei, sem fé e sem rei. Eram comparados aos seres pré-
históricos devido aos seus costumes como os de andarem nus, não possuírem uma tecnologia
e não terem comportamentos iguais ao modelo europeu. Mas os jesuítas catequizaram e
protegeram os índios, uma proteção à moda européia, ou seja, civilizá-los para o progresso.
Houve grandes conflitos entre europeus e índios devido a resistência dos nativos, só que essa
resistência não poderia ser páreo para a tecnologia de força européia, então, aos poucos, os
indígenas seriam apenas parte na contribuição na formação do Brasil moderno. O que não
aconteceu com negro da África. Ao contrário, justificavam a escravidão como forma de
salvação divina por dizerem que o continente africano era um local amaldiçoado, governado
por demônios. E a escravização deles era um motivo para a salvação espiritual. Utilizaram
razões teológicas para justificar, mas a verdade é que se tratava de um compromisso com o
sistema colonial. Como os jesuítas não queriam os indígenas escravizados, com motivos de
aumentar o número de cristãos devido ao crescimento do protestantismo, optaram pelos
negros para servir ao sistema.

3.1. Tiradentes, de inimigo da monarquia a herói republicano


Se pararmos para pensar, Tiradentes e Jesus Cristo tiveram algumas semelhanças vividas e
construídas. Foram traídos por alguém dentro de um grupo. O delator de Jesus foi Judas
Iscariotes e de Tiradentes foi Joaquim Silvério dos Reis. Foram condenados a morte pelo
poder vigente. O Império Romano que matou Jesus posteriormente adotaria o cristianismo
como religião oficial. E o Brasil, Império que matou Tiradentes, posteriormente seria
transformado em herói pelo Brasil República. E por que isso? Quando os militares deram o
golpe para implantar a república no Brasil, eles precisavam de alguma referência e Tiradentes
era um grande exemplo, já que foi o primeiro na história do Brasil a querer implantar uma
república no final do século XVIII e, principalmente, por que ele era um militar. Esse é mais
um exemplo de como um regime transforma a imagem de um homem de acordo com seus
interesses políticos.

3.2. Antônio Conselheiro, o inimigo da república

Assim como Jesus e Tiradentes, o religioso Antônio Conselheiro teve um fim trágico.
Acusado de ser o inimigo da pátria (do poder vigente), pois Conselheiro enxergava na
república, o anticristo e o fim dos tempos. A população nordestina que o seguiu, viu nele um
profeta que sabia tecer as palavras e conduzir o povo para uma nova Jerusalém, a região de
Canudos. Uma fazenda abandonada que se tornou a cidade dos inimigos da república. O povo
que continuava na miséria, viu a oportunidade de construir uma vida boa. A maioria
abandonava seus patrões para seguir o seu novo messias. Pode-se dizer que a comunidade de
Canudos basicamente colocou em prática um comunismo, talvez primitivo. Afinal não havia
distinção de classe e todos tinham direito de produzir na terra. A notícia de Canudos não
incomodava o sudeste, o centro da república, mas para a elite do nordeste era uma ameaça.
Foi preciso convencer o sudeste que a comunidade de Canudos era só o início de uma revolta
para acabar com a república brasileira. Depois de três tentativas fracassadas, na quarta,
Canudos é destruída. O poder vigente vence mais uma vez em nome da justiça, da ordem e do
progresso (para a elite).

3.3. Os movimentos sociais, um mal para a elite brasileira

Mesmo depois de abolir a escravidão e implantar a república, o Brasil mantém a


desigualdade. As formas de produções são as mesmas: a agricultura que exporta café para a
Europa e EUA. A indústria no início do século XX estava apenas engatinhando. A elite dos
donos de café mandavam. Os latifundiários detêm o mesmo poder desde a época da
monarquia. Não houve distribuição de terras, os trabalhadores e ex-escravos acabavam
voltando para seus antigos donos porque foram deixados à margem. Os cortiços que
abrigavam a população foram eliminados para dar lugar a moradia da elite, sob o processo de
modernizar os centros das cidades, urbanizando-a à moda europeia. Dos cortiços, o povo não
vê outra alternativa a não ser ocupar os morros. As primeiras mobilizações se devem aos
trabalhadores europeus (italianos, principalmente) que vieram com famílias para trabalhar nos
cafezais. Os movimentos sindicais já existiam na Europa, enquanto o Brasil lutava para abolir
a escravidão no final do século XIX. Com a Revolução Russa de 1917, o Brasil, a partir de
1920, tem uma crescente influência do comunismo que começou a ameaçar o poder da elite
que sempre predominou no Brasil. Podemos ter uma grande referência, e de Luiz Carlos
Prestes (o cavaleiro da esperança), que antes mesmo de abraçar a ideologia marxista, lutou
com a coluna dos tenentes contra o poder vigente dos latifundiários e a oligarquia (política do
café-com-leite). O povo que estava à deriva era forçado até mesmo a votar nos candidatos
escolhidos pela elite e o coronel regional. Muitos outros intelectuais contribuíram para ajudar
a derrotar o poder oligárquico: Jorge Amado, Dalcídio Jurandir, Graciliano Ramos, Carlos
Drummont de Andrade. O próprio Getúlio Vargas que com a revolução de 1930 (nova
república), colocou um fim a velha política, mas concentrou o poder em suas mãos, abriu as
portas para o investimento estrangeiro e proibiu as manifestações comunistas. Para que não
houvesse resistência, abraçou os pobres e deu privilégios aos trabalhadores. Getúlio Vargas
pode-se dizer que utilizou-se do método maquiavélico para manter o seu governo. Tinha uma
grande simpatia pelo fascismo, mas ao mesmo tempo utilizou-se de ideias esquerdistas em
nome da nação e controle da massa, como: estatizar empresas privadas (o que não agradou as
estrangeiras) e dar importância ao trabalhador.

E por que a esquerda é uma ameaça? Mesmo com o crescimento industrial na década de
50, nunca houve uma distribuição de renda para a população pobre. Havia também a
dependência do capital estrangeiro para financiar a indústria, mas a maior parte do lucro que
se desenvolvia aqui não pertencia ao Brasil. A esquerda defendia a distribuição de renda justa
para todos, a nacionalização das empresas estrangeiras e a cobrança de taxação dos ricos. Para
um Brasil que sempre foi controlado por essa classe, era uma grande afronta.
3.4 Uma análise sobre a influência dos Estados Unidos na América Latina

Para entender como o Brasil ainda é assombrado pelo fantasma do comunismo, é preciso
também entender a situação dos Estados Unidos e a região da América.
Doutrina Monroe (1823) e sua a frase-síntese: “A América para os americanos”. Mais
tarde, no entanto, a nobre causa esboçada originalmente por aquela doutrina foi desvirtuada
pelas pretensões imperialistas dos Estados Unidos, levando alguns latino-americanos a
afirmarem que sua frase-síntese deveria ser: “A América para os norte-americanos”. ( BACIC
OLIC, Nelson. Geopolítica da América Latina. 09. São Paulo. Moderna, 1993).
Posteriormente, os americanos fecham o ciclo de domínio derrotando os espanhóis
tomando suas antigas colônias, como Porto Rico e Filipinas. Mais tarde faria intervenção em
Cuba (também domínio espanhol) para consolidar sua expansão e controle.
Quando a Segunda Guerra acaba, o mundo ficou dividido entre as duas maiores potências
da época: o capitalismo americano e o comunismo soviético. Havia disputas territoriais,
corrida espacial e investimentos tecnológicos em armas nucleares. Esse período foi chamado
de Guerra Fria porque nunca houve um conflito armado, apenas simulações de ataque. Os
EUA, já como a maior potência do mundo ocidental, criou o Plano Marshall para reconstruir a
política econômica dos países devastados pela Segunda Guerra Mundial, como a Europa
Ocidental e o Japão. “Por meio do Plano Marshall, iniciado a partir de 1947, os EU injetaram
cerca de 12 bilhões em um prazo de três anos e meio”. Uma forma também de afastar a
influência soviética.
O comunismo chegou ao continente americano, preocupando o tio Sam, principalmente
com a Revolução Cubana. O poder vigente do capitalismo americano se utilizou da Doutrina
Monroe para expandir seu império industrial, deixando muitos países dependentes e na
miséria. Quando o argentino Che Guevara presenciou a situação dos povos trabalhadores
durante sua viajem pela América Latina, revoltou-se e viu os EUA como um inimigo. Com a
Revolução Cubana muitos países da América Latina, de influência comunista, viram a
esperança de fazer as suas revoluções para combater o imperialismo do tio Sam. O problema
era o período da Guerra Fria. Se os latinos se tornassem regimes comunistas, os EUA
provavelmente perderia um grande mercado com seus vizinhos. A melhor medida, então, foi
apoiar as ditaduras.
A elite dos países latino-americanos sempre defendeu intervenções e o apoio americano,
justamente para defender seus lucros.
3.5 A Ditadura Militar (a proteção do poder das elites)

Nunca é tarde para a elite resolver seus problemas, não importar como: seja a forma
perversa que for, mas sempre com o intuito de proteger seus interesses, mesmo que seja uma
ditadura. O importante é o poder vigente se manter. Ou melhor, o Brasil se manter dependente
dos Estados Unidos. Mas se fosse o oposto? A influência comunista poderia implantar uma
ditadura, assim como foi na União Soviética, na China e Cuba? Ditadura não se justifica sob
qualquer regime. Tanto pelas ideias de direita ou de esquerda, pois sempre resultaram em
situações ditatoriais, medidas de um lado para proteger da influência imperialista do capital e
do outro da influência comunista que ameaça a propriedade privada e liberdade de mercado
dos patrões. Nenhuma se justifica. Há muitos exemplos também de contradições sob a
dicotomia direita e esquerda. Getúlio Vargas utilizou de medidas sociais para proteger seus
interesses. As reformas trabalhistas, que davam benefícios aos trabalhadores brasileiro, foram
formas de diminuir os movimentos sindicais crescentes e a influência comunista. Assim ele
pôde dar ênfase a sua ditadura. Da mesma forma, Fidel Castro condenou a todos que se
opusessem ao novo regime cubano. Eram presos, e até fuzilados, acusados de espionarem
para os Estados Unidos.

3.6 Analisando a ditadura no Brasil

Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, seu vice, João Goulart, conhecido
também como “Jango”, assumiu. Jango voltava de viagens pelos países de regimes
comunistas, como a China e a Rússia. Para os militares brasileiros que defendiam os
propósitos capitalistas americanos, enxergavam nessas viagens de Jango, uma atitude ruim.
Acreditavam que ele poderia implantar uma revolução. Mas tudo indicava que ele simpatizava
pelas ideias mais socialistas. Já estava desapropriando terrenos de ferrovias federais,
nacionalizando refinarias de petróleo que eram de propriedades particulares.

Reformas de Base do governo João Goulart:


1 - Reforma agrária

2 - Reforma educacional

3 - Reforma fiscal

4 - Reforma eleitoral

5 - Reformar urbana

6 - Reforma bancária

As medidas apresentadas por Jango foi visto pelos militares como um mal e uma
ameaça comunista para o Brasil. Fizeram manifestações com grupos conservadores com o
atual e já conhecido movimento: A MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA
LIBERDADE. Independência financeira, empresarial, educação e terra para todos não é uma
forma de LIBERDADE? Depende de liberdade para quem. Parece que nesse sentido a marcha
era para a elite. Então se é bom para a elite, é bom para os Estados Unidos que ajudou a
implantar o golpe, ou melhor, a ditadura no Brasil. Podendo, assim, colocar seu excedente de
mercado e manter o desenvolvimento industrial brasileiro dependente. Contribuir na caça aos
comunistas que sempre foram uma grande ameaça ao seus negócios.
Depois da redemocratização do Brasil em 85 e do novo modelo econômico neoliberal,
o país experimentou no governo de Lula uma diminuição das desigualdades sociais. O pobre
conseguiu promover-se a classe média, o filho da empregada ou do pedreiro tornam-se
doutores. Por um período, o país passa de devedor a credor e torna-se a sétima economia do
mundo. Mesmo o país experimentando um modelo de estado de bem estar-social, o presidente
responsável por esse governo é preso.
A promessa do futuro, da defesa da família tradicional e da ordem vem de Jair Messias
Bolsonaro, o mito. Parece que há uma grande semelhança com o episódio anterior ao golpe
militar. Bolsonaro também é militar. Acusa Lula e PT de implantar o comunismo no país e
utiliza o nome de Deus e da família para o seu governo. Defende a privatização das empresas
nacionais e reformas que prejudicam o trabalhador comum.
A conclusão que tiramos é que o povo (pobre favelado)é visto como o “mal” e deve
ser eliminado de formas sutis, como, por exemplo, privatizando hospitais e a educação. Sem
saúde e educação a população adoece apenas para servir. Assim a elite do bem pode prosperar
para um mundo melhor e um Brasil sem identidade própria, afinal os Estados Unidos é que
deve tomar conta de tudo.

Viva o complexo de vira-lata!!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Maria Nazareth Alvim de. As deusas, as bruxas e a igreja: séculos de perseguição.
8. ed. Rio de janeiro: Rosa dos tempos, 2001.

BRENER, Jayme. Regimes políticos: uma viagem. São Paulo: Scipione, 1994.

ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. O manifesto comunista. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra,
1848.

LONGO, Ângelo. Sociologia. 3. ed. Rio, 1975.

OLIC, Nelson Bacic. Geopolítica da América Latina. 5. ed. Rio de janeiro: Moderna, 1993.

1-Está relacionado sobre a dicotomia entre "bem" e "mal". São duas qualidades que oscilam
dependendo do ponto de vista. Por causa dessas ocorrências, investiguei a partir das origens,
que indicam, muitos estudos, através da cultura persa, o significado e suas mudanças
contraditórias dentro de uma análise histórica.

2 - O livro Capitalismo para Principiantes, me fez enxergar que a definições de "certo" e


"errado", "bem" e "mal", são ditados pelas classes que concentram as grandes riquezas. Seja
pelo Estado pré-capitalista ou capitalista. Assim como a obra Manifesto Comunista, me
orientou para entender as relações classes opressor e oprimido, ou seja, o escravo sempre
adaptando-se ao sistema do opressor. A bíblia me ajudou a compreender como o conceito
"bem" e "mal" foi reutilizado na visão cristã e propagada para a sociedade ocidental. Na qual,
organizou a visão que temos em comum sobre essa dicotomia. O livro A Geopolítica da
America Latina, me fez entender e trabalhar a visão e influência dos Estados Unidos de nos
entregar um olhar positivo neoliberal c e uma visão negativa do socialismo.

3 - Explicativa - Porque busco esclarecer, explicitando exemplos de registros históricos e até


de gêneros ( mulher, negro e homossexual ), como uma ideia ou princípio, pode dentro de um
Estado (poder vigente) transformado num instrumento de controle.

Estudo de campo ou caso: Porque mergulho bastante nesse conceito de "bem" e "mal",
buscando entender suas variações e interpretações.

4 - Acredito que esse trabalho, foi uma forma, antes de tudo, de buscar uma resposta para a
minha própria pergunta. Ao mesmo tempo, as investigações enriqueceram muito mais o meu
ponto de vista. Percebi que é preciso muito cuidado quando até queremos defender uma
ideologia,que muitas vezes, ela pode estar associada há um termo, que nós mesmo podemos
considerar "errado" ou "mal". Aprendi que para investigar, é preciso neutralidade e
aprofundamento nas análises.

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1 - O objetivo foi buscar em primeiro lugar a origem de "bem" e "mal", para que depois
pudesse associar essas duas dicotomias em períodos históricos comparando suas
denominações relativo à época.

2 - Com esse trabalho pretendo justificar, como algum tipo de conceito pode ser
transformado, distorcido e utilizado por um Estado (poder vigente), e assim, perder seu
significado original. Um meio de incentivar a pesquisa através da raiz de um conceito.
3 - O Conceito de Bem e Mal na História do Mundo e no Brasil.

Os grupos que concentraram e concentram as grandes riquezas, é o paradigma. Porque através


desse foco, conseguimos entender que são esses grupos que podem dentro de seus próprios
interesses, criar as leis, organizar o Estado e manipular, para que funcione de acordo com eles.
O "bem" e "mal", em muitas ocasiões dessas, podem ter seu significado, então, de acordo com
esse poder vigente.

4 - Nos textos finais, faço uma análise da Ditadura Militar no Brasil. O nosso país tem uma
influência cultural muito forte no âmbito cristão e americano. Ambos interligados à lógica
capitalista. A implantação da ditadura, foi justificada, através da influência americana, que o
comunismo "mal" iria ameaçar o Brasil ( na verdade, os negócios da elite brasileira), caso eles
chegassem ao poder, e também a hegemonia dos E.U.A na America Latina. Então, foi preciso
a elite vista como o "bem", proteger seus interesses e apoiar a intervenção. Ou seja, os E.U.A
é um país que tem uma poderosa ferramenta de dominação para determinar o que é certo e
errado para o Brasil.

Acredito que pude utilizar o conceito de ""bem" e "mal", dois simples adjetivos, para
estender num amplo campo de conhecimento.

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