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Aluno; Paulo Ricardo Neres de Souza

História das Religiões


DA MATA, Sérgio. História
& Religião. Belo Horizonte:
Autentica, 2010 (Págs. 11-
70)
Fichamento; Tempo, consciência histórica e religião
Capítulo 1;
Historiadores da crença e crença dos historiadores;
Não é exatamente raro em nosso meio uma forma de pensar segundo a qual a
religião pertenceria senão ao “passado”. Religião, no sentido mais forte do
termo, só poderia existir antes da chegada da modernidade, ou naqueles
lugares onde a modernidade não pôde chegar. O desafio que temos diante de
nós é o de penetrar uma mentalidade religiosa que já não partilhamos ou que,
eventualmente, até mesmo nos parece fundamentalmente “errada”.
É válido o pensamento de Georg Simmel, de que “não é preciso ser César para
se compreender César”, a história das religiões não seria a mesma sem a
contribuição dos pesquisadores descrentes e agnósticos (não acredita em
Deus ou em outras divindades). Desse modo, ao descrente é dada a
possibilidade de compreender o crente, para isso, basta ele reconhecer no
“fenômeno religioso” aquilo que ele é, que seria a força capaz de gerar efeitos
sociais concretos, de regular com maior ou menor êxito uma conduta de vida,
ademais, de moldar com maior ou menor sucesso algumas das estruturas de
pensamento por meio das quais assimilamos e nos relacionamos com o
mundo. Pois se há uma coisa que as religiões demonstram, desde sempre, é a
capacidade de produzir efeito histórico-social das ideias. O holandês Gerardus
van der Leeuw, diz que pior que o dogmatismo, é a transformação da história
das religiões num espaço privilegiado do “pesquisador turista” ou seja, aquele
que diz saber, mas não mantém uma relação profunda com o objeto de estudo.
Para que o pesquisador não tenha o risco de ser simplificado como um
pesquisador turista, ele deve fugir à tentação de desqualificar rápido demais a
importância do trabalho daqueles especialistas que mantém uma relação de
proximidade existencial em relação à religião. O historiador da religião não está
no direito de dar as costas ao que escrevem os teólogos. Pois o diálogo entre a
história das religiões e teologia é importante e necessário, como Marx Weber já
tinha percebido. Marx em uma carta escrita em março de 1909, foi enfático ao
afirmar que no estudo de inúmeros problemas de história cultural a cooperação
dos estudos teólogos não podem ser substituída por qualquer saber oriundo.
Do eterno retorno à consciência histórica;
A religião nunca trata exclusivamente de fé, santidade ou salvação. Ela tende
a ampliar seu campo de influência para as mais diversas esferas da vida, da
sexualidade à política, estabelecendo ou pretendendo estabelecer a forma
como os indivíduos devem agir em tal ou qual circunstância. Haverá algo
semelhante a uma ética histórica das religiõesa? Um sistema de noções que
influenciem poderosamente a maneira por meio da qual o homem se relaciona
com o tempo e o processo histórico?
Além das possibilidades da nossa disciplina reconstruir de forma confiável
como se dava a relação entre crenças religiosas e representações temporais
nos primeiro estágios da vida da humanidade. O máximo a que se pode chegar
é compor um quadro relativamente precário a partir do estudo comparado das
civilizações. As obras de Edward Tylor, James Fraser, Max Muller e Pe, que se
esforçaram para descobrir o estagio da evolução da religião ou acreditavam
nisso, mostraram que os mitos configuram uma espécie de estrutura elementar
presente em todas as religiões e visões de mundo.
É no mito portanto que devemos buscar elementos para uma reconstituição
das formas primevas de representações do tempo como sagrado e profano. Na
prática, isso quer dizer que o homem experimenta espaço e tempo como
realidades que não é da mesma natureza. Não há sociedade humana sem
história. O que se trata de reconhecer, muito simplesmente, é que nem toda
cultura chegou a desenvolver uma concepção histórica de tempo. Onde esta se
ausenta, os indivíduos não concebem a existência coletiva como um perpetuo
estado de transformação. A religião de Israel, em seus primórdios era uma
monolatria/adoração de um so Deus ou ser, e não um monoteísmo, assim
surge o profeta que é o reverso do mito. O profetismo inaugura de forma
indubitável, uma concepção universal e linear de tempo.
A era axial;
O que foi a era axial?
É a linha divisória mais profunda da história da humanidade, na qual apareceu
a mesma linha de pensamento em três regiões do mundo; china, índia e o
ocidente.
O surgimento de uma concepção histórica das coisas humanas não implicou o
fim da consciência mítica de tempo, os judeus legaram-nos sua concepção
linear de tempo. Com o cristianismo e sua expansão, com o avanço do
letramento e posterior ocidentalização do mundo, o legado dos profetas
hebreus tornou-se o legado de boa parte da humanidade. Javé teria falado na
história pela boca de tais homens.

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