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LIÇÃO 1
O QUE É A BÍBLIA?.................................................................................9
LIÇÃO 2
A ESTRUTURA DA BÍBLIA..................................................................... 23
LIÇÃO 3
CONTEXTOS HISTÓRICOS DAS ESCRITURAS...................................... 43
LIÇÃO 4
CONTEXTOS GEOGRÁFICO DAS ESCRITURAS.................................... 63
LIÇÃO 5
O ASPECTO LITERÁRIO DAS ESCRITURAS........................................... 71
LIÇÃO 6
FORMAÇÃO DA COLEÇÃO DE LIVROS................................................ 83
LIÇÃO 7
CANONICIDADE DAS ESCRITURAS...................................................... 91
LIÇÃO 8
REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO...................................... 117
LIÇÃO 9
INFALIBILIDADE E INERRÂNCIA BÍBLICA.......................................... 123
LIÇÃO 10
DEFESA E INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS........................................ 131
LIÇÃO 11
SÍMBOLOS DA PALAVRA DE DEUS.................................................... 141
LIÇÃO 12
O CRISTÃO E O ESTUDO DAS ESCRITURAS....................................... 149
LIÇÃO 13
MANUSCRITOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO.............................. 165
LIÇÃO 14
MANUSCRITOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO................................. 177
LIÇÃO 15
TRADUÇÕES DAS ESCRITURAS.......................................................... 183
TEXTO INTRODUTÓRIO
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LIÇÃO 1
O QUE É A BÍBLIA?
A
s Escrituras são descritas como sendo: pura, perfeita, eterna,
certa, verdadeira, para sempre estabelecida nos céus; ela san-
tifica, provoca crescimento espiritual, é inspirada por Deus,
autoritativa; ela dá sabedoria para a salvação, torna sábio o simples, é viva e
ativa, é um guia, um fogo, um martelo, uma semente, a espada do Espírito,
ela dá conhecimento de Deus, é uma lâmpada para nossos pés, uma luz
para nossos passos, produz reverência por Deus, cura, torna livre, ilumina,
produz fé, regenera, converte a alma, traz convicção de pecado, refreia o
pecado, é alimento espiritual, é infalível, inerrante, irrevogável, sonda cora-
ção e mente, produz vida, derrota satanás, prova verdade, refuta o erro, é
santa, equipa para as boas obras, é o julgamento final para toda tradição, é a
palavra de Deus (Hb 4.12; Sl 119.9-11, 38, 105, 130, 133, 160; 111.7-8; Is 40.8;
Ef 5.26; 2 Tm 3.15-17; Jr 5.14; 23.29; Mt 13.18-23; Ef 6.17; Sl 107.20; Tt 2.5; 1
Pd 1.23; 2.2; At 20.32; Jo 8.32; 10.35; 17.17; Mt 15.2-9)
Existem muitos livros bons. Muitos escritores evangélicos têm produ-
zido literatura sadia, verdadeira e esclarecedora. Também temos ouvido
pregações baseadas na Bíblia que enriquecem nossa vida e trazem muito
crescimento espiritual. Isso sem dúvida. Todavia, nada disso pode substi-
tuir o papel da Bíblia em nossa vida. Ela deve ter um lugar central. Não
ter tempo para a Bíblia é não ter tempo para Deus. Esforçar-se por ler e
meditar nela trará enorme recompensa. Como já disse alguém:
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1. INFORMAÇÕES ELEMENTARES
Algumas informações sobre a Bíblia são indispensáveis. Sabemos que
para conhecê-la a fundo é necessário o esforço de uma vida inteira.
Mesmo assim não será suficiente. Como todo conhecimento, precisamos
conhecer de baixo, na base. Ninguém é capaz de aprender tudo de uma
vez e cada pessoa tem sua própria capacidade de aprendizado. Aqui vamos
ver algumas perguntas que geralmente ocorrem.
A Bíblia também é chamada de “Escritura” palavra derivada do latim
“scriptura” (Marcos 12.10; 15.28; Lucas 4.21; João 2.22; 7.38; 10.35; Ro-
manos 4.3; Gálatas 4.30; 2 Pedro 1.20) e de “Escrituras” (Mateus 22.29;
Marcos 12.24; Lucas 24.27; João 5.39; Atos 17.11; Romanos 1.2; 1 Corín-
tios 15.3-4; 2; 2 Pedro 3.16). Esses termos significam “escritos sagrados”.
O apóstolo Paulo usou “Sagradas Escrituras” (Romanos 1.2), “sagradas
letras” (2 Timóteo 3.15) e “oráculos de Deus” (Romanos 3.2). Um dos
nomes mais descritivos e satisfatórios é “Palavra de Deus” (Marcos 7.13;
Romanos 10.17; 2 Coríntios 2.17; 1 Tessalonicenses 2.13; Hebreus 4.12).
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pela infalibilidade. Ainda que seja um livro divino, toda revelação vem em
um contexto humano, com lugares, eventos e datas dentro da história,
envolvendo inúmeros personagens em inúmeros momentos. Os registros
desses fatos são definitivamente tão infalíveis quanto quaisquer outras
verdades reveladas. Os fatos históricos, os lugares onde ocorreram, os
eventos e pessoas correspondem à plena verdade.
Autoridade final, única e suprema de fé e conduta. A Bíblia e só a
Bíblia define de forma última e indiscutível aquilo que devemos crer e
como devemos agir. A autoridade suprema das Escrituras se antepõe
a qualquer outra. Devidamente interpretada e entendida, temos na
Bíblia a última palavra.
Apesar de uma definição concisa do significado das Escrituras ela
consegue apresentar a importância e o valor que encontramos na Bíblia.
Se olharmos outras tradições cristãs como o catolicismo romano ou a
ortodoxia grega, onde outros elementos competem com a autoridade da
Bíblia, vemos que as Escrituras não exercem função tão determinante.
Para nós a Bíblia é única, suprema, infalível.
3. SOLA SCRIPTURA
Foi no dia 31 de outubro de 1517, ao meio dia, que Martinho Lutero,
monge agostiniano, fixou na porta do Castelo de Wittemberg suas 95
teses contra a venda de indulgências (perdão). Ele não imaginava estar
dando início a um poderoso movimento que haveria de chamar os cristãos
em todo mundo para um retorno ao cristianismo bíblico. Na verdade, ele
não era o primeiro, nem seria o último e o único a defender a ideia que
revolucionaria a igreja e o mundo: toda crença e prática cristã, para ser
válida, precisa ser sancionada pela Palavra de Deus.
De fato, dentro de suas 95 teses, ele só mencionou a Bíblia em três delas
(18, 53, 54). Entretanto, em toda a sua obra, bem como na de seus anteces-
sores e sucessores, a ideia de Sola Scriptura (somente as Escrituras) como
fonte de autoridade divina estava presente. Só era possível avaliar como
correta ou incorreta qualquer ação ou pregação da Igreja, se houvesse
uma base divina e infalível para isso.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
1. Número de livros da Bíblia
2. Tempo que demorou para ser escrita
3. Número aproximado de autores inspirados
4. Vezes em que aparece a expressão “Deus disse” ou equivalente
5. Gêneros literários que estão representados na Bíblia
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Não só os originais são infalíveis. As cópias também são.
[ ] Antigo e Novo Testamento são as principais divisões das Escrituras
[ ] A Bíblia ensina que a justiça triunfará sobre o mal
[ ] A palavra Bíblia é de origem hebraica
[ ] “Bíblia” significa “coleção de pequenos livros”
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Lição 1 – Apêndice A
Algumas frases significativas sobre as Escrituras
uanto a esse grande livro, preciso dizer que ele é a melhor dádiva de Deus ao
Q
homem. Tudo o que o bom Salvador deu ao mundo foi comunicado por meio
desse livro.
Abraham Lincoln
inda que eu tivesse a língua dos anjos, mesmo assim não poderia expressar a
A
excelência da Bíblia.
Thomas Watson
F iz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos.
Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e
tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.
Martinho Lutero
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Uma pedra preciosa daquele oceano vale todos os pedregulhos dos regatos da terra.
Robert Murray M'Cheyne
Todo o conhecimento que você deseja ter está em um único livro: a Bíblia.
John Wesley
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REFERÊNCIAS
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KELLY, J.N.D. Doutrinas centrais da fé cristã. São Paulo: Vida Nova, 1994.
YER, Pearlman. Através da Bíblia livro por livro. São Paulo: Editora
M
Vida, 1996.
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LIÇÃO 2
A ESTRUTURA DA BÍBLIA
Q
uando olhamos a Bíblia também percebemos que ela é com-
posta por diversos livros diferentes. Alguns dos nomes desses
livros são nomes diferentes daqueles que ouvimos todos os
dias. No início geralmente ficamos confusos com a grande quantidade
de informações que ela nos oferece. Todavia, dividindo as Escrituras
Sagradas em várias partes e estudando seus livros separadamente, vamos
entendendo melhor o porquê dessa diversidade. À medida que vamos
conhecendo, as coisas ficam mais fáceis.
Estudaremos agora a estrutura ou composição da Bíblia, isto é, a sua di-
visão em partes principais e seus livros quanto à classificação por assuntos,
divisão em capítulos e versículos e, certas particularidades indispensáveis.
A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e NOVO TES-
TAMENTO, tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66
livros foram escritos num período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 es-
critores. Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenceram
às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países,
regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e condições
diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto
prova que um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus.
A palavra Testamento vem do termo grego "diatheke", e significa:
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ESTRUTURA GERAL
Jesus Cristo é o tema central de toda a Bíblia. Ele mesmo declara em
Lucas 22.27-42 e João 5.39, e assim sendo cada livro da Bíblia apresenta
a Cristo de uma forma diferente e direcionada a sua natureza humana e
divina, resumindo em cinco palavras, todos referentes a Ele.
1. Preparação – Todo o Antigo Testamento trata da preparação do
mundo para o Advento de Cristo;
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1. O ANTIGO TESTAMENTO
Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de
pequenos trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que
Israel trouxe do seu exílio babilônico. Há também algumas palavras per-
sas. Seus 39 livros estão classificados em 4 grupos, conforme os assuntos
a que pertencem: LEI, HISTÓRICOS, POÉTICOS, PROFÉTICOS. Este
último grupo se divide em Profetas Maiores e Profetas Menores.
Vale a pena lembrar que essa divisão é sistemática e tem a finalidade de
facilitar a abordagem dos livros. Não expressa uma ordem cronológica,
ainda que exista alguma cronologia específica de Gênesis a Ester.
Vejamos algumas informações a respeito de cada um dos grupos e seus
respectivos livros:
GÊNESIS – É uma palavra que significa “origem”. Tem esse nome porque
fala sobre a origem do céu e da terra, a origem da família, a origem do pecado
e da morte, a origem dos diversos idiomas, a origem da nação israelita, etc.
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Em seus cinquenta capítulos temos, além das diversas origens, a história dos
patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó, terminando com a belíssima história de José
que explica como os hebreus foram parar no Egito.
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JUÍZES – Juízes eram homens que foram levantados por Deus para
administrar a vida política de Israel, pois eles não tinham um rei. Os juízes
mais conhecidos foram Sansão, Gideão e Débora. Esse é um período
bastante caótico da história de Israel, conforme mostra Juízes 21.25. Um
resumo do período já é apresentado no capítulo 2 e a narrativa tem por
finalidade demonstrar essa situação na prática.
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vai até o final da vida de Davi. Conta apenas a história de Judá. Escrito
provavelmente após o cativeiro babilônico e provavelmente por alguém
da linhagem sacerdotal, concentra-se na história de Judá porque esta
representa a dinastia escolhida.
ESTER – Ester foi uma jovem judia escolhida para ser esposa do rei da
Pérsia. Em seu tempo houve uma tentativa de um dos príncipes persas
de exterminar todo o povo judeu. Graças a intervenção de Ester e seu
parente Mordecai isso não aconteceu. O livro serve para explicar a origem
da Festa do Purim. Sua característica marcante é não ter qualquer menção
a Deus, embora sua Providência seja inquestionável.
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SALMOS – Esse é o hinário de Israel. São 150 salmos sendo quase a me-
tade deles escrito por Davi, mas também existe a contribuição de muitos
outros. É um livro muito rico em ensinos de sabedoria, vida espiritual e
profecias. Uma simples leitura do Novo Testamento nos leva a perceber a
importância que os Salmos tinham para o pensamento e a fé judaica.
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desde o livro de Gênesis. Por toda a Bíblia vemos a presença dos pro-
fetas. Quando classificamos esse grupo das Escrituras de “profetas”,
estamos nos referindo àqueles que deixaram livros escritos. São 17
livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:
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JOEL – Pouca coisa se sabe a respeito desse profeta. Ele chamou o povo
para o arrependimento. Foi ele quem falou a respeito do derramamento
do Espírito Santo, que se cumpriu no Dia de Pentecostes, conforme está
descrito em Atos 2.
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AGEU – Junto com o profeta Zacarias, teve uma importância muito grande
na história dos judeus quando eles retornaram da Babilônia. O povo já estava
desanimado e a construção Templo em Jerusalém havia parado quando esses
dois profetas animaram o líder Zorobabel a continuar a obra.
MALAQUIAS – Foi o último dos profetas que escreveu seu livro sob
a inspiração do Espírito Santo de Deus. Ele falou não somente sobre o
Messias, mas até mesmo sobre o ministério de João Batista.
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2. O NOVO TESTAMENTO
Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eru-
ditos, mas no do povo comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também
estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem:
BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro grupo é
também chamado DOUTRINA.
MARCOS – Ele não fazia parte do grupo dos doze apóstolos, mas foi
companheiro e auxiliar de Pedro. Provavelmente escreveu seu livro com
as informações que Pedro narrou. Registrou mais dos seus milagres do
que seus ensinos, pois queria mostrar aos romanos o quanto Jesus era
poderoso e ainda assim, um servo.
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gido para pessoas de cultura grega e por isso ele apresenta Jesus como o
homem perfeito, pois era isso que os gregos buscavam.
ATOS DOS APÓSTOLOS – Quem escreveu este livro foi Lucas, o mes-
mo que escreveu o Evangelho que leva seu nome. Conta o início da igreja,
as dificuldades que os primeiros cristãos enfrentaram e como a pregação
do Evangelho se espalhou. Narra principalmente as viagens do apóstolo
Paulo pelo Império Romano. Sem este livro histórico fazendo ponte com
as epístolas paulinas ficaríamos com uma grande e misteriosa lacuna.
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HEBREUS – Existe muito dúvida sobre quem foi o autor desta carta.
Ela é dirigida aos judeus que haviam reconhecido em Jesus o Messias.
O principal assunto é o trabalho de Jesus como Sumo-sacerdote. É uma
exortação para que esses judeus, que haviam reconhecido em Jesus o seu
Messias, não retrocedessem diante das perseguições.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Gênesis fala dos começos
[ ] O apóstolo Paulo escreveu 21 epístolas
[ ] Atos dos apóstolos é o único livro histórico do Antigo Testamento
[ ] Os Salmos podem ser considerados o hinário do povo judeu
[ ] Talvez o livro de Jó tenha sido o primeiro a ser escrito.
Lição 2 – Apêndice A
Veja abaixo algumas curiosidades bíblicas
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O CONTEÚDO DA BÍBLIA
- 3.566.480 letras;
- 810.697 palavras;
- 31.173 versículos;
- 1.189 capítulos;
- 66 livros de inspiração divina;
- 370 classes de pecados praticados pelo homem;
- 3.294 perguntas;
- 1.260 promessas;
- 6.468 ordens ou mandamentos.
CURIOSIDADES
- O Texto Áureo de toda Bíblia é João 3.16
- O meio da Bíblia – Salmo 118.8;
- O Antigo Testamento é três vezes mais volumoso que o Novo;
- O maior livro é o de Salmos;
- O menor é II João;
- O maior versículo – Ester 8.9;
- O menor versículo – ARA ( Jó 3.2); ARC (Lucas 20.30); outras
( João 11.35, Êxodo 20.13).
- Aparece 117 vezes a palavra diabo e seus vários nomes;
- A expressão “Assim diz o Senhor” e equivalentes encontra-se cerca de
3.800 vezes na Bíblia;
- Sua vinda é referida 1.845 vezes, sendo 1.527 no Antigo Testamento e
318 no Novo Testamento;
- A palavra Senhor é encontrada 1.853 vezes;
-A expressão “Não temas” ocorre 366 vezes na Bíblia, que equivale um
para cada dia do ano; os números 3 e 7 predominam na numerologia
da Bíblia;
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- O Salmo 119 tem 22 seções de 8 versículos, cada uma das seções inicia
com uma letra do alfabeto hebraico, que tem 22 letras;
- O capítulo 19 de II Reis é igual ao 37 de Isaías;
- No Salmo 107 há quatro versículos iguais: 5, 8, 21 e 31;
- Todos os versículos do Salmo 136 terminaram da mesma maneira;
- O Antigo Testamento encerra citando a palavra Maldição; o Novo Testa-
mento encerra citando a palavra “A Graça do nosso Senhor Jesus Cristo”.
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Este clássico do autor judeu cristão Myer Pearlman leva o leitor a uma
viagem através de cada um dos 66 livros das Escrituras. Com uma abor-
dagem simples, porém relevante, você terá uma exposição direta e clara
do conteúdo das Escrituras. É um livro essencial para todos aqueles que
desejam começar uma leitura completa da Bíblia, mas se sentem confusas
com respeito às informações básicas sobre os livros. Leitura essencial.
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LIÇÃO 3
CONTEXTOS HISTÓRICOS DAS
ESCRITURAS
E
ste período se refere à História de Israel registrada no Velho Tes-
tamento. Israel e a figura central em todos os 39 livros, mesmo
quando estes livros façam referência a outros povos, fazem-no
em sua relação com a nação eleita. A porção histórica do Velho Testamen-
to vai desde o Livro de Gênesis ate o Livro de Ester. Os Livros Poéticos
( Jó, Salmo, Provérbios, Eclesiastes e Cantares) e os Livros Proféticos,
embora possam conter alguma porção histórica, foram escritos dentro
do período abrangido de Gênesis a Ester. Durou aproximadamente 1500
anos. A região onde o contexto histórico se desenvolve é primeiramente
chamada Oriente Próximo e mais tarde, com a expansão do cristianismo,
na região do Mar Mediterrâneo.
Podemos dividir a história nos seguintes períodos:
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diversos povos que ainda não haviam sido dominados e os derrotaram. Mas
Saul cometeu dois erros decisivos. O primeiro foi na guerra contra os Ama-
lequitas. A ordem de Deus era para exterminá-los completamente sem nada
deixar. Todavia Saul desobedeceu e não matou a Agague, bem como muitos
animais. Por isto foi repreendido por Samuel. Na segunda vez, como Samuel
demorasse, ele tomou para si o ofício sacerdotal, que não era permitido ao
rei e fez o sacrifício. Desta feita a repreensão de Samuel foi mais dura e ele
proferiu a sentença sobre Saul de que Deus já o havia rejeitado e escolhido
outro rei em seu lugar. Sua história está narrada no Livro de 1º Samuel.
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6. PERÍODO DE RESTAURAÇÃO
Este período é abrangido pelos livros de Esdras, Neemias e Ester, em-
bora a história de Ester tenha se passado fora da Palestina.
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PERÍODO PERSA
Vai de 539 a.C. até cerca de 333 a.C., quando Alexandre o Grande entra
em Jerusalém e é recebido pelo sumo-sacerdote Jadua.
A política religiosa Persa era de respeitar os deuses dos povos conquis-
tados. Por isso, Ciro, após conquistar Babilônia, permitiu aos judeus re-
tornarem a Jerusalém e reconstruir seu Templo, bom como levar de volta
os vasos sagrados que haviam sido levados por Nabucodonosor. Como
resultados disto, há uma grande consolidação do Judaísmo por essa época.
O cativeiro curou os judeus da idolatria, definitivamente. Sob a liderança
de Esdras, o estudo da Lei e dos profetas foi instituído, dentro de lugares
específicos chamados de sinagogas.
No geral foi um período calmo para os judeus, exceto por certas brigas
internas pelo cargo de sumo-sacerdote. Por causa disto o governo Persa
teve de intervir. Devastaram a cidade, impuseram pesada multa e perse-
guiram os judeus por algum tempo.
Também foi no final deste período que surge o culto rival dos samarita-
nos, povo misto que foi ali colocado pelos reis da Assíria.
PERÍODO GREGO
Começa com a entrada de Alexandre, o Grande, em Jerusalém, o
ano de 333 a.C. e vai até a sua morte prematura em 323 a.C. Como
líder Alexandre foi formidável. Durante suas conquistas ele não apenas
dominou politicamente os povos, mas os colonizou também cultural-
mente, de modo que a língua grega e a cultura helênica transforma-
ram-se nas bases intelectuais de todo o mundo mediterrâneo. Mesmo
quando conquistado pelo próximo império, o Império Romano, a
cultura grega não foi sobreposta, antes se sobrepôs. Essa foi a razão
pela qual o Novo Testamento foi escrito na língua grega, apesar do
domínio político romano naquele período.
Mas com a morte de Alexandre em 323 a.C., o Império Grego, que
então abrangia a Grécia, o Egito e todo o Oriente próximo, foi divido
entre 04 de seus principais generais. A Ptolomeu coube o Egito, fundando
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Com sua morte seu filho Lisias voltou com um exército de 120.000
homens. Judas e seu exército foram sitiados em Jerusalém e tiveram que
render-se. Quando tudo parecia perdido, uma revolta nas regiões da Síria
obrigou Lisias a fazer paz com os judeus e restabelecer sua religião.
Com todos os altos e baixos do governo Macabeu sobre a Judéia, o
poder permaneceu em suas mãos até o ano de 63 a.C., quando a região
passou a ser uma província Romana.
PERÍODO ROMANO
No ano de 63 a.C. Pompeu entra em Jerusalém, após um cerco
de três meses, fazendo da Palestina uma das províncias romanas.
Morreram cerca de 12.000 judeus quando da tomada da cidade, que
foi facilitada pelo fato dos judeus se recusarem a guerrear em dia de
Sábado, e nem mesmo a entrada dos exércitos romanos os impedi-
ram de continuar sacrificando.
Após apossar-se do trono de Roma, Júlio César nomeia Antípater, pro-
curador da Judéia. (47 a.C.).
Em 37 a.C. Herodes toma Jerusalém, mata Antígono Macabeu, que
havia sido colocado no lugar de Antipater pelos partas, e apodera-se do
trono. No ano de 19 a.C., após haver construídos enormes obras na Judéia,
Herodes resolve fazer uma grande reforma no Templo de Jerusalém. Este
foi o Templo que Jesus conheceu e no qual ele entrou, e sobre o qual ele
lançou sua profecia de destruição.
TRANSFORMAÇÕES RELIGIOSAS
Como já vimos, o cânon das Escrituras foi concluído e os judeus se
achavam agora em posse de uma coleção de livros sagrados, os quais lhes
permitiriam criar uma identidade nacional indestrutível. A Lei passou a
ser estudadas e guardadas zelosamente. Agora sim eles agiam como um
povo separado, que se guardava da corrupção ao seu redor. O pesado jugo
do exílio fez com que valorizassem suas tradições e sua religião.
Foi neste período que a sinagoga local ganhou enorme importância.
Nela as Santas Escrituras eram lidas e expostas, de acordo com a interpre-
tação e tradução dos escribas, que foram tornando-se mais e mais impor-
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tantes. É neste período que surge a Lei Oral, tão criticada por Jesus como
um sistema de mandamentos e regras que por muitas vezes suplantavam
até mesmo os mandamentos de Deus (Mt 15).
Outro movimento que neste período cresceu e tornou-se excessivamen-
te forte foi a fé na vinda do Messias. Mais uma vez sob o jugo estrangeiro,
Israel olhava para o horizonte aguardando a vinda do Prometido. Inúme-
ras interpretações sobre ele foram desenvolvidas com base nas Escrituras.
Ele era a esperança de Israel.
Além dos escribas, surgem outros dois grupos neste período: os fariseus
e os saduceus. O primeiro era um grupo extremamente rígido na observa-
ção da Lei. Seu nome significa separatistas, provavelmente dado pelos seus
inimigos. Buscavam obedecer a letra da lei. Provavelmente seu nascimento
se deu como uma reação contra a politização do sacerdócio judaico, que se
tornara um cargo cobiçado, vítima dos jogos de interesse com os governantes
romanos. Cresceram a ponto de tornar-se uma das mais poderosas seitas da
época, como prova sua influência quanto a crucificação de Jesus.
Os saduceus, por sua vez, têm seu título provavelmente dos filhos de Za-
doque, que retiveram o sumo sacerdócio a partir de Davi (2 Sm 8.17) ou de
um Zadoque que viveu cerca de 250 anos a.C. ou ainda da palavra hebraica
que significa justo, não sendo fácil de determinar com exatidão. Também
eram zelosos na guarda da lei, porem tinham uma visão bastante diferente
da dos fariseus. Só consideravam os cinco primeiros livros como regra e eram
cépticos quanto a certas idéias como anjos e espírito. Tinham bastante proe-
minência no Sinédrio e tornaram-se forte opositores de Jesus.
Também é por este tempo que surge a Mishna, ou Lei Oral. Tratava-se
de uma interpretação das leis e que era obedecida paralelamente a Lei
Escrita. Que depois passou a ser considerada mais importante do que a
última. Era dividida em Halachoth (exegese legal ou determinações) e sua
Haggadoth (expansões morais, práticas e extravagante). Após ser trans-
mitida oralmente durante muitos anos, foi colocada em forma escrita no
final do segundo século d.C. (pelo rabino Jehuda no chamado Talmude e
dividido em duas partes principais: a Mishna, ou lei oral; e a Gemara que
eram comentário sobre a Mishna. Era um tipo de Enciclopédia Judaica.
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RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
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Lição 3 – Apêndice A
Alexandre e os Judeus
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OUTRAS INDICAÇÕES
1. EBAN. Abba. A História do Povo de Israel. Rio de Janeiro: Bloch, 1982
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LIÇÃO 4
CONTEXTOS GEOGRÁFICO DAS
ESCRITURAS
DEFINIÇÃO
C
iência que trata da descrição da Terra e do estudo dos fe-
nômenos físicos, biológicos e humanos que nela ocorrem,
suas causas e relações.
Tanto a história quanto a geografia constituem itens de enorme impor-
tância no estudo das Escrituras. Por quê? As ações de Deus na história não
aconteceram apenas no interior dos indivíduos e grupos. Elas ocorreram
em tempos e espaços determinados. A abundância de lugares, cidades, aci-
dentes geográficos, povos, reinos e culturas mencionados nas Escrituras
são infindos. E todos estão relacionados com a revelação que Deus fez de
si mesmo.
Portanto, ao conhecer a respeito desses lugares e povos mencionados
nas Escrituras, estaremos constatando que não está baseado em ideias,
mas em fatos. Esses fatos se realizaram em lugares bem definidos. Isso
nos ajuda a entender que estamos lidando com coisas concretas, com um
Deus que fala e age neste mundo.
63
CURSO DE BIBLIOLOGIA
a) JAFÉ – Gn 10.2-5
• Gômer: Celtas e Cimbros (franceses / ingleses/ alemães / dinamarqueses)
• Magogue: Russos e Citas (Antigos países da URSS)
• Medal: Medos e Persas (iraniano)
• Javã: Gregos
• Tubal: Russos (Proximidades do Azerbaijão)
• Meseque: Russos
• Tiras: Trácios (bulgaros)
64
INSTITUTO TEOLOGAR
c) SEM – Gn 10.21-31
• Elão: Elamitas (Iranianos)
• Assur: Assírios (Iraquianos)
• Arfaxade: Caldeus (Iraquianos e kwaitianos)
• Lude: Lídia (Turcos)
• Arã: Sírios ou arameus (Sírios)
À PARTIR DE ABRAÃO
No entanto, ao começar a história de Abraão as referências a lugares,
acidentes geográficos e povos, se tornam abundantes e exatos, fornecendo
uma clara moldura espacial dentro da qual o quadro das ações divinas e
humanas vai sendo passo a passo formado. Muitos povos acima mencio-
nados estarão em seus respectivos espaços geográficos e serão constante-
mente citados ao longo dos livros bíblicos.
A história de Abraão começa na cidade de Ur, cidade do povo caldeu,
localizada na região que ficou conhecida como Mesopotâmia (significa
“terra entre rios”, pois ficava entre os rios Tigre e Eufrates). Nessa região
hoje é o Iraque. Antes de ir para Canaã, Abraão vai com seu pai, Tera, e
seu sobrinho, Ló, para a cidade de Harã, na região onde hoje é a Turquia.
Somente depois migrou para Canaã, pequena faixa de terra entre o Mar
Mediterrâneo e o Vale do Jordão. Essa região era habitada por diversos
povos e governada por muitas cidades-estados.
Foi nessa pequena faixa de terra que Abraão, Isaque e Jacó peregrinaram,
com breves incursões ao Egito. Até que, após uma grande fome todo o clã
mudou-se para o Egito durante o governo de José e ali permaneceu por qua-
65
CURSO DE BIBLIOLOGIA
trocentos anos. Até que por fim, escravizados, foram libertados por Moisés e
conduzidos à Canaã, terra que Deus prometera à descendência de Abraão.
Como podemos ver a história bíblica do Antigo Testamento se desen-
rola na região que foi descrita como “crescente fértil”, pois, abrangendo
os lugares férteis regados pelos rios Nilo, Tigre e Eufrates, formam o
desenho de uma meia-lua.
Essa região, por sua fertilidade, serviu de berço para grandes civilizações
ao longo da história. Egípcios, Sumérios, Sírios, Hititas, Caldeus, Medos e
Persas, ergueram imensos impérios à partir de cidades-estados que foram
dominando outras. Outras civilizações menos poderosas foram surgindo
na região e constituíram um pano de fundo étnico para a história de Israel.
Moabitas, Amonitas, Filisteus, Fenícios, Edomitas e diversos outros.
Sendo assim, o contexto geográfico das Escrituras, considerando o An-
tigo Testamento, pode ser descrito como uma moldura que vai do Egito
até o Irã, região conhecida como Oriente Próximo. Os últimos livros do
Antigo Testamento a serem escritos, Esdras, Neemias, Ester e Malaquias,
estão inseridos no Império Medo-Persa. Este império dominou desde a
Índia até o Egito (Ester 1.1, 2).
Foi nesse ambiente geográfico, histórico, étnico e cultural que os livros
bíblicos do Antigo Testamento foram escritos e neles encontramos um
retrato fiel de todos esses aspectos, como a arqueologia tem atestado.
66
INSTITUTO TEOLOGAR
O INTERVALO GREGO
A cultura do mundo na época do Novo Testamento, embora esteja sob
o domínio romano, é predominantemente grega. É fácil perceber isso
pela própria língua em que os autores escreveram. Isso foi o resultado da
situação que antecedeu o Império Romano.
67
CURSO DE BIBLIOLOGIA
CONCLUSÃO
Como podemos ver, aquela estreita faixa de terra no leste do Mediterrâ-
neo teve sobre o mundo uma influência maior do que aquela dos grandes
impérios. Reis e impérios desapareceram na história, muitas vezes sem
deixar rastro, muitas vezes depois de ter dominado grandes porções de
terra. O pequeno reino de Israel, contudo, tem sua marca em todo o
mundo através do domínio do Espírito.
Podemos encerrar com uma declaração do historiador Will Durant, em
sua monumental história das civilizações
Um Buckle ou um Monstesquieu, ansioso por interpretar a história
em termos geográficos, muito se desapontaria com a Palestina. Cento e
cinquenta milhas de Dan ao norte até Beersheba ao sul, e vinte e cinco a
oitenta milhas dos filisteus ao oeste até os sírios, arameanos, amonitas,
moabitas e edomitas ao leste: quem esperaria que tão exíguo território
desempenhasse tamanho papel na história ou deixasse atrás de si uma
influência muito maior do que a da Babilônia, Assíria, da Pérsia, talvez
mesmo maior que a do Egito ou da Grécia? (Will Durant, História da
Civilização, Vol I)
68
INSTITUTO TEOLOGAR
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Mesopotâmia significa “terra entre rios”
[ ] Edomitas, moabitas, amonitas e filisteus eram povos ligados à
terra de Israel
[ ] Os rios Nilo, Tigre e Eufrates estavam dentro do limite do assim
chamado “crescente fértil”
[ ] Na época de Jesus, Judeia, Galileia e Samaria eram provincias romanas
[ ] O Império Romano se estabeleceu ao redor do Mar Mediterrâneo.
OUTRAS INDICAÇÕES:
1. ATLAS VIDA NOVA. São Paulo: Vida Nova, 2010
2. MESQUITA, Antônio Neves de. Povos e nações do mundo antigo.
Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1973.
69
LIÇÃO 5
O ASPECTO LITERÁRIO DAS
ESCRITURAS
G
eralmente olhamos para a Bíblia como um único livro. E se
considerarmos sua unidade e coerência com certeza ela é.
Todavia, ela é bem mais do que isso. Na verdade ela é uma
biblioteca, pois é composta por 66 obras literárias distintas. São autores
distintos, com estilos distintos, abordando temas e assuntos diversos,
em épocas diferentes e lugares diferentes. Toda essa variabilidade se une
sob o selo da inspiração e revelação divina. Todavia, não perdem suas
características literárias.
Deus falou por um livro e esse livro é rico nos seus elementos literários.
Pois a inspiração divina não era mecânica, não anulava a personalidade e
as capacidades de cada um de seus autores. Não foi produzida à parte da
cultura circundante que a gerou. Falou a linguagem das pessoas a quem se
dirigia. Usou dos artifícios culturais e estilísticos do seu público alvo. Ao
invés de empobrecer, as Escrituras falam através das belezas da linguagem
de seus autores. Expressam a riqueza literária do contexto onde surgiram.
Isso é muito precioso e torna a Bíblia não apenas a revelação divina, mas
uma obra capaz de influenciar a cultura e moldá-la.
71
CURSO DE BIBLIOLOGIA
PROSA E POESIA
A POESIA HEBRAICA
72
INSTITUTO TEOLOGAR
SINOMÍNICO
“Porque a sua casa se inclina para a morte; E suas veredas para os espíritos
dos mortos”
Provérbio 2.18
ANTITÉTICO
“Porque o Senhor conhece o caminho dos justos. Mas o caminho dos ímpios perecerá”
Salmo 1.6
SINTÉTICO
Quando duas ideias são apresentadas nos dois primeiros versos e o
terceiro realiza uma conclusão:
73
CURSO DE BIBLIOLOGIA
HISTÓRIA
Podemos definir história como sendo a ciência que estuda o homem e sua
ação no tempo e no espaço, e paralelamente, analisa os processos e eventos
ocorridos no passado. Heródoto de Helicarnasso (Século V a.C.) é apontado
como sendo “o pai da história” por ter sido o primeiro a produzir uma história
abrangente sobre os povos e impérios de seu tempo. Isso, todavia, não anula o
fato de que a historiografia judaica já era bastante significativa.
The Cambridge Ancient History (A História Antiga, de Cambridge; v.
1, p. 222) afirma: “Certamente o povo israelita manifesta uma capacidade
excepcional para a interpretação da história, e o Antigo Testamento repre-
senta a descrição da história mais antiga que existe”.
Não é difícil perceber que a narrativa histórica abrange boa parte das
Escrituras e não se restringe somente aos chamados livros históricos. Na
verdade, temos narrativa histórica em toda a Bíblia. O conjunto dos cinco
primeiros livros que os judeus chamam de Torá (Lei), contém longas
narrativas históricas. Os livros históricos narram em detalhes desde a
tomada de Canaã ( Josué) até o tempo do Império Persa (Ester). Os livros
proféticos estão repletos de referências históricas. E o Novo Testamento
narra a história de Jesus e depois a história da Igreja Primitiva. É em meio
a essas narrativas históricas que Deus se revela – no tempo e no espaço.
LEGISLAÇÃO
74
INSTITUTO TEOLOGAR
LITERATURA SAPIENCIAL
75
CURSO DE BIBLIOLOGIA
BIOGRAFIA
Biografia é um gênero literário onde a história de uma pessoa é con-
tada. Geralmente conta-se a história de pessoas eminentes, sejam eles
políticos, artistas, cientistas ou alguém destacado em determinada área.
Isso não significa que alguém com um papel histórico menos significativo
não possa ter também sua história narrada.
Quando a própria pessoa conta sua história então temos uma autobio-
grafia, como é o caso de Confissões, de Agostinho. Geralmente a narrativa
se inicia em algum ponto da infância e vai até a vida adulta.
Ainda que alguns não classifiquem os Evangelhos como biografia
devido a aspectos distintos, trata-se de biografia no sentido de contar a
vida de Jesus. Claro que os autores dos quatro Evangelhos não tinham
em mente escrever uma biografia conforme os conceitos modernos desse
gênero. Eles tinham finalidades específicas e por isso selecionaram aquilo
que seria adequado. De qualquer forma, o que temos nesses livros é a vida
de Jesus Cristo, destacando somente os aspectos principais.
GÊNERO EPISTOLAR
O gênero epistolar é produto da cultura helênica (greco-romana) e
exemplos diversos podem ser encontrados nos escritores latinos, como
Horácio, Plínio, Ovídio e Sêneca.
Essa forma de escrita apresenta todas as características de uma carta,
com remetente, destinatário e saudações. Também não falta a interação
pessoal e os sentimentos inerentes a uma carta. Todavia, os assuntos vão
muito além dos assuntos individuais e procuram argumentar, convencer,
explicar e discorrer sobre assuntos de natureza diversa.
O apóstolo Paulo fez amplo uso desse gênero, não só em sua orientação
à igrejas como também a indivíduos como Timóteo, Tito e Filemon. Boa
parte do plano divino foi explicado através de suas epístolas. E não somen-
te ele. Também Pedro, João, Tiago e Judas usaram desse gênero literário
para exortar e ensinar seus destinatários.
76
INSTITUTO TEOLOGAR
LITERATURA APOCALÍPTICA
O gênero apocalíptico é produto da cultura judaica, principalmente
entre o segundo século antes de Cristo e o segundo século depois de
Cristo. É um tipo de literatura com suas características próprias. Entre as
principais características nós temos:
SERMÕES OU DISCURSOS
Um sermão é um discurso oral feito por um líder religioso sobre
temas bíblicos, teológicos, religiosos ou morais, normalmente sus-
77
CURSO DE BIBLIOLOGIA
PARÁBOLAS
Forma de literatura que usa fatos do cotidiano para ilustrar verdades
espirituais. Muito comum no oriente antigo. É preciso distinguir parábola
de fábula. A fábula contem elementos fantasiosos, como é o caso das ár-
vores falando no discurso de Jotão ( Juízes 9). Embora algumas edições da
Bíblia descrevam como a parábola de Jotão, na verdade o que temos é uma
fábula. É fácil perceber como as parábolas lidam apenas com elementos
naturais sem apelar para o fantasioso.
Embora as parábolas não sejam exclusivas a Jesus, sem dúvida ele as
usou abundantemente em seus ensinos. Essas parábolas tornaram-se
verdadeiras pérolas da literatura ocidental devido a sua capacidade de
encantar crianças pela sua simplicidade e de encantar adultos pela sua pro-
fundidade. O filho pródigo, o bom samaritano, o semeador, as dez virgens
e muitas outras foram incorporadas de modo absoluto em nossa cultura.
O fato é que as parábolas não precisam ser analisadas em seus detalhes.
Há uma lição central apresentada que deve ser compreendida, indepen-
78
INSTITUTO TEOLOGAR
LITERATURA PROFÉTICA
Não é muito fácil falarmos em um gênero literário “profético”, pois
os profetas bíblicos trabalharam com estilos e recursos literários diversi-
ficados. Todavia, podemos perceber na literatura por eles produzida um
tom solene, misterioso, hermético que era característica dominante. Sem
dúvida as figuras de linguagem abundam, a escrita é feita em verso, mas
há um tom diferenciado de outras literaturas, embora possamos falar em
“literatura oracular” onde a palavra é apresentada como divina.
Talvez a pessoa que mais nos faça enxergar o estilo profético como um gênero
literário seja alguém muito improvável. Friederich Nietzsche (1844 – 1900), o
filósofo da morte de Deus, escreveu um livro intitulado Assim falou Zaratustra.
Nesse livro, seu profeta, Zaratustra, fala imitando o estilo dos profetas.
FILOSOFIA
Ainda que, como vimos, a sabedoria hebraica possa não apresentar um
caráter tão especulativo como aquele encontrado na filosofia grega, temos
79
CURSO DE BIBLIOLOGIA
POESIA LÍRICA
Poesia lírica é a poesia que tem o amor romântico como seu tema
central. E sem dúvida o livro de Cântico dos Cânticos ou Cantares de Sa-
lomão preenchem essa definição. Nele temos o amor romântico descrito
de forma bela e envolvente. Independente de sua abordagem como uma
alegoria do amor de Deus por Israel ou do amor de Cristo pela Igreja, sem
dúvida, em seus versos, o amor romântico é apresentado.
Evidentemente que não podemos encaixar os livros da Bíblia em to-
das as definições estabelecidas. De qualquer forma, esses exemplos são
suficientes para mostrar que lidamos com um livro riquíssimo como
literatura, um aspecto que nem sempre foi devidamente utilizado.
CONCLUSÃO
80
INSTITUTO TEOLOGAR
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
81
CURSO DE BIBLIOLOGIA
“Entendes o que lês?” Essa pergunta foi feita por Filipe, há muito anos,
a um eunuco, alto oficial da rainha da Etiópia, que estava lendo o livro de
Isaías sem nada compreender. Lucas narra em Atos a resposta desafiante
do eunuco: “Como posso entender se não há ninguém para me explicar?”.
O tempo passou, mas o desafio continua, pois hoje não são poucos
que, a exemplo do eunuco, admitem não conseguir entender a Bíblia. Foi
pensando nessas pessoas que Gordon Fee e Douglas Stuart escreveram
este livro
A hermenêutica aqui proposta procura entender também o aspecto
literários dos livros bíblicos. Além dos demais contextos, o gênero do livro
a ser analisado também importa e muito. Sem dúvida um instrumento de
interpretação bastante precioso.
82
LIÇÃO 6
FORMAÇÃO DA COLEÇÃO DE LIVROS
1 – ANTIGO TESTAMENTO
O
s livros do Antigo Testamento foram sendo escritos num espaço
de mais de mil anos (+ - 1046 anos) de Moisés a Esdras. Moisés
escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de 1491
a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o último escritor
na formação do cânon do Antigo Testamento; os últimos foram Neemias e
Malaquias, porém, de acordo com os escritos históricos, foi ele que, na qua-
lidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o
cânon encerrado em seu tempo. Dentro da tradição judaica o papel de Esdras
foi fundamental para a consolidação da coleção dos livros inspirados. Suas
habilidades como escriba o levaram a reunir esses rolos e mais tarde fechar o
cânon, que é o conjunto dos livros sagrados. Devido ao movimento chamado
Alta Crítica, as datas e autorias dos diversos livros das Escrituras foram sendo
contestados. Todavia, após mais de dois séculos esses críticos não chegaram
a nenhum acordo e suas teorias permanecem confusas e contestáveis, apesar
da grande erudição envolvida.
Por outro lado, eruditos conservadores têm trabalhado no sentido de
defender as datas e as autorias tradicionais. Portanto, é mais seguro nos ater-
mos ao posicionamento conservador, uma vez que as muitas teorias sobre
83
CURSO DE BIBLIOLOGIA
2. Josué, sucessor de Moisés (1443 a.C), escreveu uma obra que colocou
perante o Senhor ( Js 24.26).
84
INSTITUTO TEOLOGAR
4. Isaías (770 a.C.) fala do "livro do Senhor" (Is 34.16), e "palavras do livro"
(Is 29.18). São referências às Escrituras na sua formação.
8. Daniel (553 a.C.) refere-se aos "livros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagra-
dos das Escrituras de então. Ele cita especificamente o livro de Jeremias e o
cumprimento de sua profecia. Logo percebemos que os livros bíblicos eram
conhecidos.
10. Neemias, nos seus dias (445 a.C), achou o livro das genealogias dos judeus
que já haviam regressado do exílio (7.5); certamente havia outros livros.
11. Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava sendo escrito (Et 9.32).
85
CURSO DE BIBLIOLOGIA
14. Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C) possuía todo o conjunto
dos livros do Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita quase todo o An-
tigo Testamento.
2 – NOVO TESTAMENTO
Como no Antigo Testamento, homens inspirados por Deus escreveram
aos poucos os livros que compõem o cânon do Novo Testamento, embora
nesse caso o intervalo de tempo tenha sido muito menor. Sua formação levou
apenas duas gerações: quase 100 anos. Em 100 d.C. todos os livros do Novo
Testamento estavam escritos. A ordem dos 27 livros do Novo Testamento
86
INSTITUTO TEOLOGAR
2. Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63 d.C, no fim dos dois anos da pri-
meira prisão de Paulo em Roma (At 28.30). Foi escrito por Lucas, o médico
amado que o acompanhou.
87
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
88
INSTITUTO TEOLOGAR
Lição 6 – Apêndice A
A ORDEM DA BÍBLIA HEBRAICA
89
CURSO DE BIBLIOLOGIA
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
ARCHER JR, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 2004
BRUCE, F.F. Merece confiança o Novo Testamento? São Paulo, 1965
90
LIÇÃO 7
CANONICIDADE DAS ESCRITURAS
O
que vem a ser “canonicidade”. A palavra vem de “cânon”,
que literalmente é uma vara, uma cana de medir. Quando
aplicada às Escrituras, a palavra refere-se ao conjunto de
livros que são aceitos como inspirados por Deus.
Que ideia está por trás de chamar esses livros de “vara de medir”?
Tem a ver com aquilo que chamamos de “padrão”. Assim como havia
medidas e pesos padronizados, há também “verdades padronizadas”. A
revelação divina, contida no conjunto de livros inspirados, é o padrão,
a vara de medir com a qual as afirmações com respeito às coisas divinas
devem ser medidas.
Os critérios e os processos pelo qual os livros vieram a fazer parte do
Cânon das Escrituras Sagradas constituem a canonicidade.
Como vimos, a formação das Escrituras foi um processo bastante
longo, pois Deus foi se revelando dentro do espaço e do tempo de modo
gradativo. Sua vontade, seus planos e propósitos foram sendo mani-
festados ao longo dos séculos. E essa revelação foi registrada de modo
inspirado em diversos livros, através de pessoas diferentes, com formações
diferentes e em ocasiões diferentes. Em algum momento da história esses
91
CURSO DE BIBLIOLOGIA
92
INSTITUTO TEOLOGAR
duzidos no espaço de pelo menos mil anos. Ao lado deles outros livros
surgiram, mas que não gozaram desde o princípio da respeitabilidade
e reconhecimento necessários.
Devemos levar em conta que o processo de definição do cânon sempre
foi bastante controverso e demorado. Esse fato não é um argumento
negativo, mas a favor do cânon. Os critérios sempre foram muito rígidos e
tinha intenção de evitar que algum livro ganhasse um status imerecido de
autenticidade e autoridade.
Dentre os critérios adotados podemos citar:
93
CURSO DE BIBLIOLOGIA
O CONCÍLIO DE JAMNIA
Jâmnia, depois da destruição de Jerusalém (no ano 70 d.C.), tornou-
-se a sede do Sinédrio – o Supremo Tribunal dos judeus. Em 90 d.C.,
94
INSTITUTO TEOLOGAR
95
CURSO DE BIBLIOLOGIA
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INSTITUTO TEOLOGAR
1. MOTIVOS ECLESIÁSTICOS
Conforme instrução paulina em 1 Tessalonissenses 5.27 as epístolas
deveriam ser lidas nas igrejas. Por esse motivo a Igreja precisava saber
quais documentos eram verdadeiramente apostólicos e inspirados, bem
como distingui-los das inúmeras falsificações que iam surgindo (2 Ts
2.2). Essas falsificações foram comuns por todo o período. Evangelhos,
epístolas e mesmo apocalipses foram escritos usando o nome de algum
apóstolo. Esses escritos foram chamados de pseudo-epígrafe, que significa
algo como “falsa identificação”.
2. ESTÍMULO TEOLÓGICO
Indivíduos que não comungavam com a verdadeira doutrina da Igreja
estavam fazendo a sua própria lista de livros canônicos, geralmente usando
critérios nada coerentes. Um dos mais famosos foi Marcião, do segundo
século d.C. Ele era um gnóstico, uma corrente herética que quase destruiu
o cristianismo ortodoxo no segundo e terceiro século. Entre as distorções
surgidas dentro desse movimento, um deles foi o antissemitismo. A rejei-
ção de Marcião aos judeus o levou a formar um cânon que servisse para
seus propósitos antijudaicos.
3. RAZÕES POLÍTICAS
À partir do Imperador Marco Aurélio (161 d.C.) a perseguição aos
cristãos assumiu um caráter universal e oficial, quando até então havia
sido local e espontâneo. Como estratégia, pessoas que fossem encontra-
das com os livros sagrados dos cristãos podiam morrer por isso. Então,
tornou-se essencial saber quais livros eram ou não inspirados.
97
CURSO DE BIBLIOLOGIA
98
INSTITUTO TEOLOGAR
las de Pedro, João e Judas bem como quanto ao Apocalipse. Tudo isto
tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a responsabilidade que
envolvia a canonização. Antes do ano 400 d.C., todos os livros estavam
aceitos. Em 367, Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos
27 livros canônicos, os mesmos que hoje possuímos; essa lista foi aceita
pelo Concilio de Hipona (África) em 393.
Contudo, o fechamento definitivo do cânon vai acontecer pouco tempo
depois. Isso ocorreu no III Concilio de Cartago, em 397 d.C. Nessa ocasião,
foi definitivamente reconhecido e fixado o cânon do Novo Testamento.
Como se vê, houve um amadurecimento de 400 anos.
Isso não significa que até essa data a Igreja não dispunha de literatura sagra-
da para guiar suas atitudes. Muito pelo contrário. Os livros já estavam escritos
e circulavam nas Igrejas. Como vimos, muitas vezes a lista completa já era
conhecida e utilizada. A diferença era atuar dentro de um consenso.
TESTES DE CANONICIDADE
Também os livros do Novo Testamento, como os do Antigo, foram
adicionados ao cânon seguindo critérios definidos. E preencheram
esses requisitos, pois do contrário não teriam sido escolhidos com
relativa unanimidade.
APOSTOLICIDADE
Ou seja, o livro foi escrito por um apóstolo ou por alguém associado, de
perto, com os apóstolos?
Essa questão tinha especial importância com respeito aos evan-
gelhos de Marcos e de Lucas e dos livros de Atos e Hebreus, já que
Marcos e Lucas não se encontravam entre os doze e a autoria de
Hebreus era desconhecida.
CONTEÚDO ESPIRITUAL
O livro estava sendo lido nas igrejas e o seu conteúdo era um meio de
edificação espiritual? Esse era um teste muito prático.
99
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXATIDÃO DOUTRINÁRIA
O conteúdo do livro era doutrinariamente correto? Qualquer
livro contendo heresia ou fosse contrário aos livros canônicos já
aceitos era rejeitado.
USO
O livro foi universalmente reconhecido nas igrejas, sendo amplamente
citado pelos Pais da Igreja?
INSPIRAÇÃO DIVINA
O livro apresentava verdadeira evidência de inspiração divina?
LIVROS APÓCRIFOS
Embora a Igreja Católica Romana goste de denominar estes livros
como deuterocanônicos, tal designação apenas mascara o fato de que
não foram aceitos como sendo da mesma natureza que os demais das
Escrituras. Por isso os denominamos apócrifos, ou espúrios, devido sua
natureza não inspirada. O que temos abaixo é uma exposição desses livros
e sua rejeição como canônico.
1º MACABEUS
TÍTULO
O nome do livro vem dos Macabeus, designação dada a Judas e depois
a seus irmãos. Essa palavra deriva do vocábulo makabah, que quer dizer,
martelo. O livro trata do primeiro Macabeu, Judas, e do governo dos seus
dois irmãos, Jônatan e Simão. Este último teria dado origem ao que foi
chamado de dinastia dos hasmoneus.
AUTORIA E DATA
O autor é desconhecido, provavelmente um judeu palestino que imitou
o estilo dos demais livros históricos do Antigo Testamento. Provavelmen-
100
INSTITUTO TEOLOGAR
ASSUNTO
Trata-se de um livro com teor histórico, abrangendo um período de
cerca de quarenta anos, que vai desde o reinado de Antíoco Epifânio (175
a.C.) até o advento de João Hircano (134 a.C.). A história está relacionada
ao período helenístico (grego) dos judeus, mais precisamente durante ao
domínio selêucida. Seleuco foi um dos quatro generais de Alexandre, o
Grande, entre os quais ele dividiu o seu Império. A Judéia era vassala do
reino da Síria, sob domínio selêucida que reinava desde Antioquia.
REJEIÇÃO
O livro foi considerado apócrifo (espúrio) e nunca foi aceito como parte
das Escrituras pelos judeus, que não o incluíram no seu cânon. O mesmo
fez Jerônimo em sua Vulgata.
Apesar de não ser canônico, seu valor para defender certos aspectos da
fé cristã não podem ser ignorado.
Embora os eventos estejam no que algumas vezes é denominado
“período de silêncio” quando nenhum livro inspirado surgiu, muitos dos
acontecimentos nele narrados confirmam profecias do livro de Daniel.
Primeiramente vemos a ascensão do reino Greco-macedônico de Ale-
xandre, o Grande, que guerreando contra o Império o derrotou e venceu.
A visão de Daniel 8.1-7 é descrita em 1 Macabeus 1.1-5.
A morte prematura de Alexandre é prevista em Daniel 8.8 e cumprida
em 1 Macabeus 1.6-8.
Em seguida temos a descrição do governo de Antíoco Epifânio em
Daniel 8.9-12 que tem sua realização descrita em 1 Macabeus 1.11-57 com
grandes detalhes. A persuasão de alguns judeus pelas ações de Epifânio
que pretendia helenizar os judeus é descrita em Daniel 11.32, sendo
atestada em 1 Macabeus 1.12. E a purificação do Templo narrada em 1
Macabeus 4.41-44 foi o cumprimento de Daniel 8.14
101
CURSO DE BIBLIOLOGIA
Essas são apenas algumas das inúmeras profecias que tem seu re-
gistro histórico no livro do Macabeus e confirmam a inspiração das
Sagradas Escrituras.
2º MACABEUS
TÍTULO
Ao contrário do que se poderia pensar, este livro não é uma continuação
do primeiro. Na verdade equivale a uma espécie de história paralela, onde os
mesmos eventos são narrados com outros enfoques. Logo, não se trata de
uma segunda parte, mas uma segunda pretensa narrativa sobre os Macabeus.
AUTORIA E DATA
É descrito como sendo o resumo da obra de certo João de Cirene, com-
posta em cinco volumes. Ele teria escrito sua narrativa pouco depois dos
acontecimentos de 160 a.C. Seu alvo é despertar sentimentos fraternos
nos judeus de Alexandria (Egito) por seus irmãos da Palestina.
ASSUNTO
Sua abrangência cronológica é bem menor do que o primeiro livro,
aproximadamente quinze anos, o que equivaleria aos capítulos 1 ao 7 de
1º Macabeus.
Além da diferença cronológica temos a diferente literária. Este livro foi
escrito originalmente em grego. Seu estilo é menos de um historiador
do que de um pregador, apesar de demonstrar grande conhecimento das
instituições helenísticas.
Além dessas diferenças, o próprio sistema cronológico adotado por
ambos era diferente, causando certas dificuldades de harmonização.
REJEIÇÃO
De forma alguma podemos colocar o livro no mesmo patamar que os
livros canônicos e isso fica bem patente já na identificação do autor e da
102
INSTITUTO TEOLOGAR
103
CURSO DE BIBLIOLOGIA
JUDITE
TÍTULO
Judite, a protagonista da história que deu nome a este livro, foi
uma judia que usando de um estratagema salvou a pequena cidade de
Betúlia de um cerco feito por Holofernes, comandante de um exército
de Nabucodonosor.
AUTORIA E DATA
Trata-se de uma história fictícia composta para encorajar o povo a
resistir e lutar, escrita provavelmente em meados do séc. II AC, durante
a resistência dos Macabeus ou logo após. Alguns colocam a data dessa
narrativa para o século I A.C.
ASSUNTO
O livro relata a história de uma piedosa viúva sai da cidade cercada e
dirige-se ao acampamento do exército inimigo, com sua beleza envolve
o comandante Holofernes, que se embriaga durante um banquete e tem
sua cabeça cortada pela heroína desta história.
Estudiosos sustentam que o livro teria sido escrito no final do século II
AC, ou mais tarde, e que se baseia em fatos reais que teriam ocorrido du-
rante a Dominação Persa. Seria o que os judeus chamam de Midrash, uma
tradição oral que usa um núcleo histórico e o amplifica para apresentar
uma lição moral, utilizando-se de elementos fictícios.
REJEIÇÃO
A falta de historicidade do livro já é um elemento suficientemente
forte para deixá-lo fora do cânon. De acordo com a Enciclopédia Ju-
daica, o autor do livro demonstra farto conhecimento da geografia
mundial e mesmo das Escrituras. Entretanto, ele comete o erro crasso
de iniciar a história dizendo que ela se passa no décimo-segundo ano
de Nabucodonosor, rei dos assírios em Nínive, e em uma época depois
do retorno dos judeus do exílio; isto seria uma forma de dizer ao leitor
que o livro é ficção, e não história.
104
INSTITUTO TEOLOGAR
TOBIAS
TÍTULO
Tobias ou Tobit é o personagem principal do livro. O significado do seu
nome é “meu Deus”.
AUTORIA E DATA
Alguns acreditam que essa história teria sido escrita por volta do ano
200 a.C., ou seja, muito tempo depois do período no qual os eventos
teriam ocorrido.
105
CURSO DE BIBLIOLOGIA
ASSUNTO
O livro conta a história de duas famílias judaicas aparentadas deportadas
em Nínive, na Mesopotâmia e em Ecbátana na Pérsia. O chefe da família de
Nínive fica cego e envia seu filho Tobias para buscar certa importância em
dinheiro, guardada em casa de um amigo em uma cidade distante. Nessa
viagem, protegido pelo Arcanjo Rafael, Tobias encontra e casa com Sara,
sua prima em Ecbátana, que era atormentada por um demônio chamado
Asmodeu, que anteriormente matara sete maridos na noite de núpcias, antes
mesmo que tivessem relações sexuais. No retorno o chefe da família é curado.
O protagonista é um judeu justo e fiel a Deus, mostrando que a verda-
deira sabedoria, o caminho para a fidelidade, consiste em amar a Deus e
obedecer aos seus mandamentos, independentemente das circunstâncias.
O livro foi escrito na época da dominação decorrente das conquistas de
Alexandre que tentava impor a cultura, a religião e costumes helenistas,
ameaçando a identidade do povo judeu, logo o livro busca reafirmar esta
identidade ameaçada. Logo, sua finalidade é a mesma dos livros sapien-
ciais de Sabedoria e Eclesiástico.
REJEIÇÃO
Os estudiosos em geral assumem que não se trata de uma história real,
uma vez que os acontecimentos aí descritos, dificilmente se encaixam
com o contexto no qual ela é contada. Seria uma espécie de novela ou
romance com propósitos didáticos.
Os comentaristas da tradução ecumênica reconhecem que se trata de um
romance popular inspirado na tradição do mundo pagão circundante. Isso
põe em cheque qualquer valor canônico que se queria atribuir ao livro.
Um dos argumentos contra a fidelidade desse escrito é o fato de que
o Anjo Rafael mente acerca de sua identidade: Rafael apresenta-se como
"Azarias, filho do grande Ananias" (Cap. 5, ver. 18 de Tobias); revelando
sua verdadeira origem somente depois. O problema nesse texto é que
um verdadeiro anjo de Deus nunca utilizaria a mentira, que, segundo o
contexto geral da Bíblia, é uma característica diabólica, e não divina.
Além disso, o Anjo Rafael ensina a Tobias práticas de magia/feitiço
como forma de exorcismo, quando diz que, queimando o coração de um
106
INSTITUTO TEOLOGAR
peixe sobre brasas, a fumaça expulsará todo mau espírito (Cap. 6, ver. 8 de
Tobias). O demônio Asmoneu mencionado está mais para lendas judaicas
do que para revelação bíblica.
Outra ênfase do livro são as boas obras como meio de se conseguir
perdão e mérito. Mesmo que o Antigo Testamento não tenha a doutrina
da graça plenamente desenvolvida, o pecado só era perdoado mediante
arrependimento e apresentação do respectivo sacrifício. O livro só foi ado-
tado pelo catolicismo por causa dessa ênfase. Como ocorre com outros
escritos apócrifos, ele foi adotado para justificar doutrinas espúrias, ainda
que apresente ensinos comprometedores.
Todos esses fatores somados mostram a inconsistência em manter no
cânon um livro que entra em conflito com ensinos bíblicos e que se aceito
negaria até mesmo a inerrância bíblica, uma vez que sequer se sustenta
diante de seu contexto histórico.
ECLESIÁSTICO
TÍTULO
Também chamado de Sabedoria de Jesus Ben Sirac. O título do livro vem
do latim Ecclesiasticus, utilizado por Cipriano que queria destacar seu uso na
Igreja, embora ele nunca tenha sido usado pelos judeus na sinagoga.
AUTORIA E DATA
Jesus ben Sirac, ou Sirácide, teria vivido em Jerusalém (50.27) no início
do séc. II a.C., como se pode deduzir do louvor que faz a Simão, Sumo
Sacerdote (50.1-21). Para a identificação de tal Simão com Simão II é de-
cisiva a notícia que nos é dada pelo tradutor grego da obra, que foi neto
ou descendente mais tardio do autor. Ele escreve por volta de 132 a.C.,
correspondente ao ano 38 de Ptolomeu VII Evergetes. Apesar de valorizar
a religião judaica, nada indica que ele pertencesse à classe sacerdotal.
O livro deve ter sido escrito por volta de 180 a.C. e antes da trágica
situação que começa com a destituição de Onias III, filho de Simão, em
174 a.C., a quando da violenta perseguição de Antíoco Epifânio (175 a.C.)
e da consequente sublevação dos Macabeus (167 a.C.). O próprio ECLESI-
107
CURSO DE BIBLIOLOGIA
ÁSTICO nos fornece alguns dados sobre a sua identidade e o seu trabalho.
Em 51.23 fala da própria escola e convida os ignorantes a inscreverem-se
para poderem adquirir gratuitamente a sabedoria (51.25).
ASSUNTO
O livro se encaixa nos moldes da literatura sapiencial judaica, com suas
máximas de sabedoria à semelhança de Provérbios e Eclesiastes. Seme-
lhante ao que fizera o autor de Livra de Sabedoria, Ben Sirac deseja forta-
lecer seus correligionários, agora vivendo no Egito sob o domínio grego.
De modo geral exalta os valores da religião judaica, como o sacerdócio e
o Templo.
REJEIÇÃO
Não podemos ignorar o grande valor do livro em termos de conselhos
sábios e mesmo de confirmação de verdades bíblicas. O autor com certeza
foi um judeu fiel e temente a Deus cujo propósito foi exaltar a herança
espiritual judaica.
As afirmações a respeito de sua tradução, juntamente com o fato de ter
sido rejeitado no cânon hebraico são fatores suficientes para perceber que
não atende as características de um escrito canônico.
Se considerarmos que o livro praticamente ficou esquecido por décadas
até ser traduzido, demonstra que seu próprio autor não atribuía a ele a
mesma importância das Escrituras canônicas.
De igual modo, a forma como o autor se refere às dificuldades em lidar
com o escrito, não manifestam de forma alguma o modo dos autores ins-
pirados. Ele fala da dificuldade que é criar máximas (13.26), demonstrando
um esforço humano para isso e não uma inspiração divina.
Algumas ideias não refletem de forma alguma os conceitos bíblicos,
como a crença de que o bem feito a um pai perdoa pecados (3.14, 15);
a recusa em ajudar um pecador (12.4, 5. 7); o nascimento de uma filha
visto como algo vergonhoso (22.3) ou mesmo um conceito à respeito da
tristeza (30.23) que se choca com as Escrituras (Ec 7.1- 4).
Um pouco chocante é a sanção que o livro dá ao episódio da necro-
mante de Endor (1 Sm 28). O autor assume que Samuel teria voltado e
108
INSTITUTO TEOLOGAR
SABEDORIA
TÍTULO
O título completo do livro é Sabedoria de Salomão, pois os capítulos
7 a 9 atribuem a ele seu conteúdo, ainda que não nominalmente. Ainda
assim é possível compreender que é uma referência clara ao rei Salomão,
escolhido por sua proverbial sabedoria.
AUTORIA E DATA
Apesar do nome, tudo indica que esse livro não foi escrito por Salomão
e sim por um judeu de Alexandria, por volta do século I antes de Cristo.
Isso era comum na época. Apoiar-se em uma personalidade conceituada
para conferir credibilidade ao escrito. Todavia, o nome do autor real per-
manece no anonimato. Alguns veem uma proximidade com as obras de
Fílon, judeu de Alexandria que tentou fazer uma síntese entre o Antigo
Testamento e a filosofia grega.
ASSUNTO
Alexandria era um importante centro político e cultural grego, e contava
com cerca de 200.000 judeus entre seus habitantes. A cultura grega, com suas
filosofias, costumes e cultos religiosos, além da hostilidade que, às vezes,
incluía perseguição aberta, constituíam uma ameaça constante à fé e à cultura
do povo judaico que habitava no Egito. Para não serem marginalizados da so-
ciedade, muitos deixavam os costumes e até mesmo a fé, perdendo a própria
identidade para se conformar a uma sociedade idólatra e injusta. A intenção
do autor era fortalecer a fé judaica dentro desse contexto.
109
CURSO DE BIBLIOLOGIA
REJEIÇÃO
Como nos demais apócrifos, o contraste com os livros canônicos é
visível, a começar pelo forte tom helenístico nele presente e pela ausência
de autoridade divina. É fácil perceber a mistura de ideias das Escrituras
canônicas e ideias da filosofia e religião gregas.
Da mesma forma, aqui surgem doutrinas completamente ausentes nos
livros canônicos. Uma pré-existência da alma (8.19, 20) e também um
aparente conceito de castigo do justo após a morte (purgatório) parece
transparecer (3.1-3).
Um contraste com a fé bíblica é apresentada em 9.15, onde o corpo é
mencionado como uma prisão para a alma. Essa ideia é platônica, exposta
principalmente em seu diálogo Fédon. A Bíblia, no entanto, entende o corpo
como parte do ser do homem e esta incluído no processo de redenção. Embo-
ra o autor lute para sancionar as crenças judaicas, ele constantemente tropeça
em noções gregas. Alguns especialistas chegam a ver contradições de ideias
entre a primeira e segunda partes (Capítulos 1 a 6 e 6 a 9), com a terceira parte
que parece tentar se aproximar mais das crenças judaicas (Capítulos 10 a 19).
Esse conflito entre a fé judaica e a filosofia grega se faz sentir não apenas no
vocabulário e estilo, mas ainda nas próprias crenças.
Mesmo comentaristas católicos reconhecem que o autor não faz refe-
rências à ressurreição física, o que é muito estranho para alguém que pre-
tende fortalecer a fé judaica. Parece haver mais base para uma ressurreição
espiritualizada, ao gosto da visão grega que atribui mal inerente à matéria.
Logo, sua inclusão no cânon pelo Concílio de Trento em 1546 cria
dificuldades para o próprio catolicismo. Para alegar alguma base na defesa
do purgatório, acolhe doutrinas que são espúrias para si, como doutrina
da pré-existência da alma e uma ressurreição que é espiritual e não física.
BARUC
TÍTULO
Diferente de outros personagens, Baruc ou Baruque é um personagem
bíblico bem conhecido, a quem é atribuído este livro apócrifo. Alguns enten-
dem que ele era mais do que um simples amanuense de Jeremias. Ele seria na
verdade um alto funcionário da administração babilônica na Judeia.
110
INSTITUTO TEOLOGAR
Baruc teria sido um homem erudito e de família nobre, que foi secretário
de Jeremias durante o Exílio na Babilônia do povo israelita na Babilônia. É
chamado de filho de Nerias, irmão de Seraías, amigo e secretário do profeta
Jeremias (Jr 36.4). Era homem erudito, de nobre família (Jr 51.59), tendo
servido fielmente ao profeta. Pelas instruções de Jeremias, escreveu Baruc as
profecias daquele profeta, comunicando-as aos príncipes e governadores. E
um destes foi acusar de traição o escrevente e o profeta Jeremias, mostrando
ao rei, como prova das suas afirmações, os escritos, de que tinham conse-
guido lançar mão. Quando o rei leu os documentos, foi grande o seu furor.
Mandou que fossem presos os dois, mas eles escaparam. Depois da conquista
de Jerusalém pelos babilônios (586 a.C.), foi Jeremias bem tratado pelo rei
Nabucodonosor. Mais tarde, Baruc foi acusado de exercer influência sobre
Jeremias a fim de não fugirem para o Egito (Jr 43.3). Mas, por fim, foram
ambos compelidos a ir para ali com a parte remanescente de Judá (Jr 43.6).
AUTORIA E DATA
Sua datação é semelhante à dos demais apócrifos: ano 100 a.C., apro-
ximadamente. Segundo a visão católica, o proveito desse livro estaria na
qualidade de testemunho que apresenta, como se fosse uma rememora-
ção do profeta.
ASSUNTO
A obra tem por objetivo mostrar como era a vida religiosa daquele
povo, seus cultos e tem o mérito de conservar a fé dos judeus dispersos
pelo mundo após a ruína de Jerusalém e a perda de quase todas as suas
instituições. Mostra como eles conservaram viva a consciência de ser
um povo adorador do verdadeiro Deus. Ao mesmo tempo, mostra a
consciência que tinham do desastre nacional: reconhecem sua culpa,
reconhecem que os males se originaram por culpa deles próprios. Mas,
ao lado dessa consciência de seus pecados, conservam uma viva espe-
rança, pois acreditam que Deus não abandona o seu povo e continua
fiel às promessas. Se houver arrependimento e conversão, poderão
confiar no perdão divino: serão reunidos de novo em Jerusalém, que é
para sempre a cidade de Deus.
111
CURSO DE BIBLIOLOGIA
REJEIÇÃO
Embora alguns trechos do livro possam de fato ter saído da pena de
Baruc, o livro em sua íntegra não é obra dele. Isso compromete sua histo-
ricidade e logo, seu valor como livro canônico.
O livro é curto e não apresenta discrepâncias históricas ou doutrinárias
com os canônicos. Contudo, nunca foi aceito como inspirado pelos judeus
e não faz parte de se cânon.
Por outro lado, ainda que o catolicismo insista em colocá-lo entre os
livros inspirados, ela deveria reconhecer que na verdade ele atesta contra
suas práticas, principalmente no que diz respeito à idolatria.
Esses deuses de madeira prateada ou dourada parecem pedras tiradas
do morro: quem se ocupa deles só vai passar vergonha. Como, então,
pensar ou dizer que são deuses?" (Baruc 6.35-39)
CONCLUSÃO
O caminho para reunir e autenticar a literatura inspirada, tanto do An-
tigo quanto do Novo Testamento, não foi um caminho rápido e simples.
E também não deveríamos esperar menos, visto se tratar da coleção de
livros mais importante da história da humanidade. Deus falou por um
livro, utilizando homens comuns como intermediários. A preservação
desse livro também foi resultado de processos comuns.
De qualquer forma podemos ter segurança de que não foram escolhas alea-
tórias isentas de critérios arbitrários que nos trouxeram até nós essa biblioteca
sagrada. Afirmações de que a Igreja selecionou determinados livros no intuito
de confirmar seu poder patriarcal não passa de delírio ingênuo de pessoas que
não desejam sobre si nenhuma autoridade divina. Na verdade, o cânon das
Escrituras constituem um critério moral e espiritual diante do qual nenhum
indivíduo ou instituição podem julgar aprovados.
112
INSTITUTO TEOLOGAR
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Marcião foi um judeu que detestava cristãos
[ ] O Imperador Marco Aurélio foi um grande simpatizante dos cristãos
[ ] Pais da Igreja foram auxiliares dos apóstolos.
[ ] Atanásio, bispo de Antioquia, foi um grande líder gnóstico
[ ] Um dos critérios para aceitar um livro era sua apostolicidade
113
CURSO DE BIBLIOLOGIA
Lição 7 – Apêndice A
LIVROS PSEUDO-EPÍGRAFOS
Estes livros foram escritos em nome dos apóstolos ou personagens de
destaque no início da Igreja. Apresentam os conteúdos mais absurdos e
são facilmente identificados como espúrios
O número exato desses livros é difícil de apurar. Por volta do século
XIX, Fótio havia relacionado cerca de 280 obras. A partir de então muitas
outras apareceram. Relacionamos abaixo alguns dos pseudepígrafos mais
importantes e das tradições a eles relacionadas:
EVANGELHOS
1. O Evangelho de Tomé (século I) é uma visão gnóstica dos supostos
milagres da infância de Jesus.
2. O Evangelho dos ebionitas (século II) é uma tentativa gnóstico-cristã
de perpetuar as práticas do Antigo Testamento.
3. O Evangelho de Pedro (século II) é uma falsificação docética e gnóstica.
4. O Proto-Evangelho de Tiago (século II) é uma narração que Maria
faz do massacre dos meninos pelo rei Herodes.
5. O Evangelho dos egípcios (século II) é um ensino ascético contra o
casamento, contra a carne e contra o vinho.
6. O Evangelho arábico da infância (?) registra os milagres que Jesus
teria praticado na infância, no Egito, e a visita dos magos de Zoroastro.
7. O Evangelho de Nicodemos (séculos II ou V) contém os Atos de
Pilatos e a Descida de Jesus.
8. O Evangelho do carpinteiro José (século IV) é o escrito de uma seita
monofisista que glorificava a José.
114
INSTITUTO TEOLOGAR
ATOS
1. Os Atos de Pedro (século II) contêm a lenda segundo a qual Pedro
teria sido crucificado de cabeça para baixo.
2. Os Atos de João (século II) mostram a influência dos ensinos gnósti-
cos e docéticos.
3. Os Atos de André (?) são uma história gnóstica da prisão e da morte
de André.
4. Os Atos de Tome (?) apresentam a missão e o martírio de Tome na índia.
5. Os Atos de Paulo apresentam um Paulo de pequena estatura, de
nariz grande, de pernas arqueadas e calvo.
6-8. Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu.
EPÍSTOLAS
1. A Carta atribuída a nosso Senhor é um suposto registro da resposta
dada por Jesus ao pedido de cura de alguém, apresentado pelo rei da
Mesopotâmia. Diz o texto que o Senhor enviaria alguém depois de sua
ressurreição.
2. A Carta perdida aos coríntios (séculos II, III) é falsificação baseada em
1Coríntios 5.9, que se encontrou numa Bíblia armênia do século V.
115
CURSO DE BIBLIOLOGIA
APOCALIPSES
1. Apocalipse de Pedro (também relacionado em "Apócrifos").
2. Apocalipse de Paulo.
3. Apocalipse de Tome.
4. Apocalipse de Estêvão.
5. Segundo apocalipse de Tiago.
6. Apocalipse de Messos.
7. Apocalipse de Dositeu.
Os três últimos são obras coptas do século III de cunho gnóstico, desco-
bertas em 1946, em Nag-Hammadi, no Egito.*
OUTRAS OBRAS
1. Livro secreto de João
2. Tradições de Matias
3. Diálogo do Salvador
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
BRUCE F.F. O cânon das Escrituras. São Paulo: Hagnos, 2011
GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica. São Paulo:
Vida, 1997
116
LIÇÃO 8
REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E
ILUMINAÇÃO
E
mbora essas três palavras estejam relacionadas com as Escritu-
ras, elas se distinguem. Deus é um Deus que se comunica e o
faz de modo que o homem possa compreender. Dentre todas as
formas de comunicação, a escrita é a mais abrangente e duradoura. Por
causa disso Deus comunicou-se conosco através de um livro.
REVELAÇÃO é o ato de Deus mediante o qual comunica diretamente
a verdade antes desconhecida para a mente humana — verdade que não
poderia ser conhecida de qualquer outra maneira. Através da revelação
Deus se faz conhecer ao homem e faz com que o homem conheça seu
plano e sua vontade.
INSPIRAÇÃO está ligada ao registro inspirado da revelação divina. Nem
todo conteúdo da Bíblia foi diretamente revelado aos homens. A Bíblia
contém registros históricos e muitas observações pessoais. Mas, estamos
seguros de que esses registros são verdadeiros porque foram feitos sob a
supervisão do Espírito Santo de Deus.
ILUMINAÇÃO é quando o Espírito Santo nos auxilia em compreender
o conteúdo do texto bíblico de modo a tornar a verdade revelada em
experiência compreendida e vivida.
117
CURSO DE BIBLIOLOGIA
1 – REVELAÇÃO
2 – INSPIRAÇÃO
118
INSTITUTO TEOLOGAR
119
CURSO DE BIBLIOLOGIA
3 – ILUMINAÇÃO
120
INSTITUTO TEOLOGAR
121
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
BRUCE F.F. O cânon das Escrituras. São Paulo: Hagnos, 2011
GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica. São Paulo:
Vida, 1997
122
LIÇÃO 9
INFALIBILIDADE E INERRÂNCIA
BÍBLICA
P
or diversas vezes vemos Deus ordenando aos seus profetas que
escrevam a Palavra (Ap 1.11, 21.5). Neste registro das Palavras
Divinas dois elementos estão ausentes: a sabedoria humana e a
vontade humana.
a) A vontade humana
“Pois a profecia nunca foi produzida pela vontade dos homens...”(2 Ped 1.21)
123
CURSO DE BIBLIOLOGIA
• A Bíblia fala dos pecados dos seus grandes heróis, não esconde
de maneira alguma. Mostra o pecado de Abrão, Jacó, Saul, Davi,
Salomão, Moisés, Pedro, Paulo, etc.
b) A sabedoria humana
“Disto também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as
que o Espírito ensina...”
(1 Cor 2.13)
124
INSTITUTO TEOLOGAR
125
CURSO DE BIBLIOLOGIA
126
INSTITUTO TEOLOGAR
127
CURSO DE BIBLIOLOGIA
8) Assumir que um relato parcial seja um relato falso. Se uma passagem diz
que Jesus curou um cego e na passagem paralela dizer que eram dois cegos,
não se trata de um relato falso do primeiro. É apenas um relato paralelo.
11) Presumir que a Bíblia aprova tudo o que ela registra. Textos histó-
ricos são narrativos, não normativos. Defender a monogamia e narrar a
poligamia e mesmo o concubinato não fere a inerrância bíblica, porque
não pressupõe aprovação.
14) Não observar que a Bíblia faz uso de diferentes recursos literários.
As licenças poéticas precisam ser levadas em conta. Do contrário, nenhu-
ma narrativa pode escapar desse escrutínio.
128
INSTITUTO TEOLOGAR
CONCLUSÃO
Claro que o mundo mudou muito desde que o cânon das Escrituras
foi concluído e dificuldades em harmonizar ambos os tempos definitiva-
mente vão existir. Todavia, isso também não significa que só porque um
conceito é novo ele seja a verdade definitiva e verdadeira, seja qual for o
ambiente que lhe dá o suporte. Plutão foi planeta durante muito tempo
até que deixou de sê-lo. Não sabemos se tal status voltará no futuro.
Aqueles que se apressam em negar os fundamentos das Escrituras
deveriam pensar duas vezes, pois a rejeição de algumas de declarações fo-
ram depois revistas. Não devemos nos deixar abalar por qualquer ataque
gratuito do qual elas tenham sido vítimas.
129
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Nós não possuímos os originais dos livros bíblicos
[ ] A vontade e a sabedoria humana determinam o texto bíblico
[ ] Números redondos são erros
[ ] Se as narrativas são diferentes então são falsas, não complementares
[ ] A Bíblia usa linguagem comum e não científica
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
GEISLER, Norman e HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas
enigmas e “contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
130
LIÇÃO 10
DEFESA E INSPIRAÇÃO DAS
ESCRITURAS
C
omo sei que a Bíblia é a Palavra de Deus? Há diversos pontos
através dos quais podemos perceber a singularidade, a confia-
bilidade e os aspectos sobrenaturais da Bíblia Sagrada. Cada
verdadeiro cristão tem experimentado nele o poder da Palavra. Mas essa
experiência só é possível devido ao fato de que o que temos na Bíblia é a
revelação e o registro inspirado da verdade divina.
Porque ela mesma se diz inspirada por Deus (2 Timóteo 3.16); não escrita
pela vontade humana (2 Pd 1.20,21), nem pela sabedoria humana (1 Cor 2.12),
mas pelo Espírito Santo (Zacarias 7.12). Por 2.500 vezes aparece a expressão
"Assim diz o Senhor", ou outras expressões semelhantes. Quando uma pessoa
faz uma declaração a cerca de si mesmo não podemos duvidar. Precisamos
investigar porque ela diz isso e se o que ela está dizendo está de acordo com a
verdade. Se a pessoa é confiável, isto já desperta em nós convicção.
Por diversas vezes ela se expressa reivindicando autoridade. Ne-
nhum outro livro ousa fazê-lo. Encontramos essa reivindicação nas
131
CURSO DE BIBLIOLOGIA
Porque ela apresenta um poder transformador, que tem falado ao mais pro-
fundo do coração humano por toda a Terra e em todo o decorrer da História.
Pessoas dos mais variados graus intelectuais, culturais e econômicos tem
lido, amado e obedecido suas palavras como a nenhum outro livro. Ela não
é o livro mais vendido e amado do mundo à toa. Muitas pessoas na história
aceitaram até mesmo morrer por acreditar no seu conteúdo.
132
INSTITUTO TEOLOGAR
Podemos mostrar para as pessoas que eles não devem ignorar o conteú-
do da Bíblia, pois ela é um livro único, sem igual na face da terra. Algumas
características que temos nela não teremos em nenhum outro livro.
ÚNICA EM CIRCULAÇÃO
A Bíblia é o maior best-seller de todos os tempos. Sem dúvida nenhuma
é o livro mais lido, pelo maior número de pessoas, durante mais tempo.
O famoso livro “A História da Bíblia”, escrito em Cambridge afirma que
"Nenhum outro livro tem experimentado uma circulação constante que
se aproxime da circulação da Bíblia".
Em certo período a Sociedade Bíblica Britânica tinha que imprimir uma
Bíblia a cada três segundos do dia ou da noite para atender a demanda.
Eram 32.876 cópias diariamente durante o ano todo. E isto somente uma
das muitas sociedades bíblicas existentes.
ÚNICA EM TRADUÇÃO
A Bíblia é também o livro mais traduzido, retraduzido e parafraseado do
mundo. Até 1966 a Bíblia havia sido traduzida para mais de 1.260 línguas. Hoje
esse número mais do que dobrou. Nenhuma outra literatura, dos tempos an-
tigos ou modernos, chegou a uma quantidade sequer aproximada como esta.
ÚNICA EM COERÊNCIA
É um livro harmonioso: Pois embora tenha sido escrito por uns qua-
renta autores diferentes, por um período de 1.600 anos, ela revela ser um
livro único que expressa um só sistema doutrinário e um só padrão moral,
coerentes e sem contradições.
Seria impossível nos dias de hoje reunir homens em condições, distân-
cias e épocas tão diversas, e com seus escritos formar um único volume
cujas ideias se harmonizassem umas com as outras.
133
CURSO DE BIBLIOLOGIA
ÚNICA EM INFLUÊNCIA
Nenhum livro influenciou as pessoas mais do que a Bíblia. Nós escu-
tamos falar de suas histórias em livros, revistas e filmes. Muitas obras
de arte foram feitas baseando-se nela. Direta e indiretamente as pessoas
aprenderam dela.
ÚNICA EM SOBREVIVÊNCIA
Nunca nenhum livro sofreu tantos ataques como a Bíblia Sagrada. Os
ataques têm surgido quer de dentro quer de fora da igreja.
Durante os três primeiros séculos, alguns imperadores romanos pensa-
ram cortar a raiz do cristianismo, destruindo a Bíblia. Por exemplo, no dia
23 de Fevereiro de 303 D.C., o imperador Diocleciano decretou que, cada
cópia da Bíblia devia ser entregue à polícia romana para ser destruída. Mi-
lhares de manuscritos bíblicos valiosíssimos foram destruídos em praças
públicas. Muitos cristãos perderam as suas vidas ao recusarem-se entregar
as suas Bíblias. O objetivo era eliminar a presença do cristianismo através
de uma autoridade normativa supressiva.
Com o surgimento do Islamismo no século sétimo, a Bíblia tem sido
proibida em países muçulmanos. Até este preciso momento, a distribuição
de Bíblias em países muçulmanos é expressamente proibida. Inúmeros cris-
tãos perderam as suas vidas, ao tentarem partilhar as verdades da palavra de
Deus. O sucesso do impiedoso governo muçulmano, em cortar a Bíblia e o
cristianismo, é evidente em países por ele conquistados. Por exemplo, bem
antes da conquista deste no século sétimo, os países norte africanos da Líbia,
Tunísia, Marrocos, Argélia, eram florescentes nações cristãs, que produziram
grandes lideres da igreja como Agostinho e Tertuliano. Hoje em dia, a Bíblia
e o cristianismo são praticamente inexistentes nestes países.
Historicamente, a igreja católica, sempre se opôs à tradução da Bíblia, na
língua comum do povo e sua respectiva circulação. Por exemplo, o sínodo
de Toulouse, no ano de 1229 D.C., proibia os leigos de possuírem cópias da
Bíblia. O direito de escrever e ensinar a Bíblia eram reservados aos monásticos.
Surpreendentemente, até os governantes protestantes e seus líderes de
igreja, tentaram impedir a transação e circulação da Bíblia. Por exemplo,
134
INSTITUTO TEOLOGAR
ÚNICA EM EFEITOS
Quantos milhões de pessoas que viviam à margem da sociedade, quantos
criminosos incorrigíveis, quantas pessoas escravizadas nos mais terríveis vícios
não foram transformadas após seu contato com a Bíblia Sagrada.
Basta ler um livro como Estação Carandiru, do Dr. Dráuzio Varela para
perceber o impacto que a Bíblia teve e tem no seio da sociedade. Pois os
casos ali narrados são apenas uma ínfima parte dos seus efeitos.
Na verdade, não só criminosos, mas pessoas de todas as classes sociais, de
todos os níveis intelectuais e de toda raça ou profissão já foram impactados
com a Bíblia. Os bilhões no mundo que acreditam na Bíblia como Palavra de
Deus acreditam porque esta operou mudanças significativas em suas vidas
HONESTIDADE
A Bíblia não esconde de forma alguma o pecado de seus maiores heróis.
Ela mostra a mentira de seu grande patriarca Abraão; a impaciência de
seu grande legislador Moisés; o adultério e homicídio de seu grande rei
Davi; a apostasia do sábio Salomão; a depressão e desejo suicida do profe-
135
CURSO DE BIBLIOLOGIA
VALOR HISTÓRICO
A Bíblia possui integridade topográfica e geográfica: As descobertas
arqueológicas provam que os povos, línguas, os lugares e os eventos men-
cionados nas Escrituras são encontrados justamente onde as Escrituras
os localizam, no local exato e sob as circunstâncias geográficas exatas
descritas na Bíblia.
A Bíblia possui integridade etnológica ou racial: Todas as afirmações
bíblicas sobre raças têm sido demonstradas como corretas com os fatos
etnológicos revelados pela arqueologia.
A Bíblia possui integridade cronológica: A identificação bíblica de povos,
lugares e acontecimentos com o período de sua ocorrência é corroborada
pela cronologia síria e pelos fatos revelados pela arqueologia.
Logo ela possui plena integridade histórica, pois o registro dos nomes
e títulos dos reis está em harmonia perfeita com os registros seculares,
conforme demonstrados por descobertas arqueológicas.
VALOR ARQUEOLÓGICO
136
INSTITUTO TEOLOGAR
QUANTIDADE DE MANUSCRITOS
O que são manuscritos? São textos escritos à mão. Os livros antigos che-
garam até nós escritos dessa forma, tanto a Bíblia como os livros clássicos.
Quantos manuscritos existem dos livros clássicos? Muito poucos. Mesmo
assim as pessoas os leem e jamais discutem a sua credibilidade.
Todavia, se formos fazer uma comparação com os manuscritos do
Novo Testamento e os manuscritos da Ilíada, o grande poema épico da
Grécia, ficaremos impressionados com a diferença.
Existem cerca de 643 cópias antigas da Ilíada, enquanto existem apro-
ximadamente 24.000 cópias antigas do Novo Testamento. Uma diferença
percentual de mais de 3700%. Qual dos textos oferece maior confiabilida-
de? Será que essa diferença gritante não significa nada?
Sem contar o fato que a ilíada foi escrita em 900 a.C. e o manuscrito
mais antigo é de 400 a.C., uma diferença de 500 anos nos quais pode ter
havido muitas alterações. No caso dos livros que compõe o Novo Testa-
mento, suas composições ocorreram entre o ano 40 d.C. e 100 d.C. O
manuscrito mais antigo é do ano de 125 d.C. uma diferença de apenas
algumas décadas. Não é preciso ser um especialista para perceber que o
texto que temos é muito mais confiável do que qualquer outro.
CONFIABILIDADE DE MANUSCRITOS
Exemplares do A.T. e do N.T. impressos em 1.488 e 1.516 d.C.,
concordam com os exemplares atuais. Portanto, a Bíblia, como a pos-
suímos hoje, já existia há 400 anos atrás. Quando essas Bíblias foram
impressas, certo erudito tinha em seu poder mais de 2.000 manuscritos.
Esse número é sem dúvida suficiente para estabelecer a genuinidade e
credibilidade do texto sagrado, e tem servido para restaurar ao texto
sua pureza original, e fornecem proteção contra corrupções futuras
(Ap.22:18-19; Dt.4:2;12:32).
Enquanto a integridade e confiabilidade da Bíblia se baseiam em mais
de 2.000 manuscritos, os escritos seculares, que geralmente são aceitos
sem contestação, baseiam-se em apenas uma ou duas dezenas de exem-
plares. As quatro Bíblias mais antigas do mundo, datadas entre 300 e 400
d.C., correspondem exatamente a Bíblia como a possuímos atualmente.
137
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] A Bíblia não demonstra poder transformador
[ ] As profecias cumpridas são prova da inspiração divina das Escrituras
[ ] Nenhum livro foi atacado como as Escrituras
[ ] Os meios educacionais tem favorecido a confiabilidade na Bíblia
[ ] A arqueologia tem mostrado a Bíblia é um livro confiável
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
ANKERBERG, WELDON E BURROUGHS, John, John e Dillon. Os
fatos sobre A Bíblia. Porto Alegre, Actual Edições, 2011
138
INSTITUTO TEOLOGAR
139
CURSO DE BIBLIOLOGIA
Lição 10 – Apêndice A
Profecias e probabilidade
140
LIÇÃO 11
SÍMBOLOS DA PALAVRA DE DEUS
A
s Escrituras são simbolizadas por diversos elementos diferen-
tes. Um símbolo nas Escrituras, não é uma afirmação sem
sentido. É uma forma de mostrar de uma maneira simples,
uma realidade profunda, que não seria entendida de outro modo. Eles
demonstram o que a Palavra de Deus significa para sua vida.
O uso de metáforas na Bíblia não tem intenção de esconder sua revelação,
mas de torná-la mais compreensível ao nosso entendimento. É importante
que no processo de interpretação do símbolo utilizado para descrever o papel
da Palavra de Deus, compreendamos a intenção por trás do uso de determi-
nado símbolo. Do contrário, deixaremos de extrair a revelação pretendida.
Mesmo que abordemos somente os símbolos principais e deixemos
os secundários de lado, a exposição desses símbolos é suficiente para
demonstrar a riqueza por trás do uso de metáforas e símbolos.
ALIMENTO
A Palavra de Deus é realmente, alimento para o espírito. O que quero
dizer é que não é como se fosse, mas é de fato um elemento que faz com
que o espírito do homem regenerado se fortifique e cresça, tal qual o
alimento comum faz com o corpo. Da mesma forma que você precisa
141
CURSO DE BIBLIOLOGIA
comer para crescer fisicamente e ter força, precisa da Palavra de Deus para
crescer e adquirir forças espiritualmente (Mateus 4.4; 1 Pedro 2.2; 1 Cor
1.2,3; He 5.12; Jer 15.10)
Logo, podemos pensar em três efeitos reais e concretos da absorção da
Palavra pelo indivíduo crente:
• Sustento
• Força
• Sabor
ESPADA
Há um inimigo e este não pode ser vencido com armas humanas. E isto não
é apenas uma figuração bonita. De fato a Palavra de Deus, quando aplicada
com fé e utilizada com fé, tem poder para atuar sobre o mundo espiritual e
sobre o coração humano de forma eficaz (Efésios 6.17; Heb 4.12)
É importante perceber que nas duas passagens onde a metáfora é apre-
sentada, duas ações diferentes estão em vigor. Na primeira a espada se
volta contra as forças opositoras, contra as ações deste mundo tenebroso.
Na segunda passagem, todavia, a Palavra se volta para o próprio crente.
Sua função é agir na vida interior do cristão e separar aquilo que é huma-
no daquilo que é divino, produzindo discernimento.
NO CRISTÃO
• Exposição
• Dor
• Autoconhecimento
• Discernimento
142
INSTITUTO TEOLOGAR
LUZ
A luz possibilita ver e distinguir a realidade. Sem luz o homem tropeça
e se engana continuamente. Com a Palavra o homem é capaz de ver a
realidade das coisas e se orientar neste mundo (Salmo 119.105, 130; 2
Pedro 1.19).
Dentre os efeitos da luz que se harmonizam com os efeitos da Palavra
podemos citar:
• Compreensão
• Direção
• Sabedoria
• Perspectiva correta
SEMENTE
143
CURSO DE BIBLIOLOGIA
USANDO A BÍBLIA
A Bíblia, como revelação de Deus, não tem a intenção de nos dar todas as
informações que pudéssemos desejar nem de resolver todas as questões
com as quais a alma humana vive perplexa, mas a de transmitir o suficien-
te para ser um guia seguro para o porto do descanso eterno.
Albert Barnes
As pessoas hoje não sabem mais o que é certo e o que é errado. Praticam
muitas coisas condenadas por Deus. Às vezes fazem certas coisas, como
144
INSTITUTO TEOLOGAR
145
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
1. Comparações usadas nas Escrituras para tornar mais clara uma verdade
2. Quatro elementos usados como símbolo da Palavra
3. Símbolo da Palavra de Deus que exprime a ideia de suprimento
4. Símbolo da Palavra de Deus que exprime produção de autoconhecimento
5. Uma das ideias presentes no uso da semente como símbolo
VERDADEIRO OU FALSO
146
INSTITUTO TEOLOGAR
Lição 11 – Apêndice A
BÍBLIA - Influência e Poder
Nossa fé é alimentada pelo que está claro nas Escrituras e testada pelo que é obscuro.
Agostinho
Senhor não brilha sobre nós, exceto quando tomamos Sua Palavra como
O
nossa luz.
João Calvino
não ser que a Palavra de Deus ilumine o caminho, toda a vida dos homens estará
A
envolta em trevas e nevoeiro, de forma que eles inevitavelmente irão perder-se.
João Calvino
147
CURSO DE BIBLIOLOGIA
ão há diabo nos dois primeiros capítulos da Bíblia nem nos dois últimos.
N
Graças a Deus por um livro que elimina o diabo!
Vance Havner
lei divina, da maneira como é vista pelo cristão, exibe liberdade, propicia
A
liberdade e é liberdade.
Robert Johnstone
ma multidão de leigos que leia a Bíblia é a defesa mais eficiente de uma nação
U
contra o erro.
J. C. Ryle
síntese de todos os conselhos que lhes posso oferecer, necessários para reger o
A
comportamento de vocês para com Deus e o homem, em qualquer circunstância,
lugar ou condição da vida, encontra-se na bendita Palavra de Deus.
Isaac Watts, Senr
148
LIÇÃO 12
O CRISTÃO E O ESTUDO DAS
ESCRITURAS
C
hegamos agora a outra prática que deve ser considerada im-
prescindível para o bom viver cristão - o relacionamento com
a Palavra de Deus.
149
CURSO DE BIBLIOLOGIA
O QUE É MÉTODO?
150
INSTITUTO TEOLOGAR
prático da vida cristã, uma mensagem para alguma pessoa ou grupo? Estas
especificações são muito importantes, pois a meta determina o método.
Onde quero chegar determina o caminho que eu quero seguir.
Quanto mais específico nós formos, mais fácil será nossa definição do
método a ser aplicado e maior também será o nosso progresso.
Embora nossa pretensão não seja esgotar os métodos existentes, seria
interessante que cada um fosse capaz de desenvolver seu próprio método,
muitas vezes mesclando vários diferentes.
FERRAMENTAS ESPIRITUAIS
151
CURSO DE BIBLIOLOGIA
resolução séria e a fidelidade a ela, tem sido uma bênção em muitas vidas.
Muitas vidas que eram estéreis e insatisfatórias têm sido tornadas ricas e úteis,
através de iniciar um estudo diário, regular e perseverante da Bíblia.
Este estudo pode não ser muito interessante no início, e os resultados
podem não ser muitos encorajadores; mas, se você perseverar verá que a
longo prazo estes estudos iram mostrar seu valor no desenvolvimento do
caráter e no enriquecimento da vida toda.
Você não deve deixar nada interferir no seu estudo Bíblico diário,
pois o inimigo tentará colocar empecilhos. Muitos crentes, mesmo
muitos ocupados, tem deixado diariamente, pelos menos uma hora
para o estudo bíblico.
Quinze minutos é o mínimo possível, para um breve estudo bíblico.
Mesmo que comece com pouco, sempre será melhor que nada. Um
pouco com continuidade é melhor que um tempo muito longo que
acontecerá raramente.
Portanto, este estudo é possível para qualquer pessoa. Sendo a melhor
ocasião nas primeiras horas da manhã, você sozinho e Deus. Esse horário
é apenas sugestão.
152
INSTITUTO TEOLOGAR
FERRAMENTAS INTELECTUAIS
153
CURSO DE BIBLIOLOGIA
FERRAMENTAS FUNCIONAIS
154
INSTITUTO TEOLOGAR
é basicamente este objetivo, pois procura saber o que a Bíblia diz sobre
cada assunto.
O que a Bíblia diz sobre o pecado, sobre Deus, sobre a Trindade, sobre
Jesus Cristo, sobre o fim do mundo. Dentro de cada um desses temas
podemos pesquisar alguns temas ainda mais específicos. A divindade
de Cristo, o nascimento virginal, os milagres, sua morte expiatória, sua
ressurreição, etc.
Há vantagens em procurar conhecer um pouco do que já foi escrito
antes sobre estas doutrinas. Assim não corremos o risco de "inventar a
roda". Alguém já disse que somos "anões nos ombros de gigantes". Isto
é verdade também em teologia. Homens muito experientes e versados
nas Escrituras deixaram estudos aprofundados sobre diversos temas. Vale
muito conhecer o que eles escreveram.
A desvantagem em utilizar trabalhos anteriores é que muitas vezes nos
limitamos a aceitar tudo passivamente, sem refletir se é assim mesmo.
Muitas vezes somos “anti-bereanos”, ou seja, não vamos às Escrituras para
ver se as coisas são realmente assim. Confiamos apenas na autoridade de
quem escreveu como se ele não fosse passível de erro.
A solução é conhecer o ensino e analisar criticamente, aceitando so-
mente algo que nos convença totalmente.
2) Devocionais - Talvez essa seja a razão mais comum que nos leva a
estudar as Escrituras. Ter respostas para aspectos práticos da nossa vida,
norteando nossa conduta por princípios bíblicos.
É bom distinguir esse objetivo da simples leitura. Temos que ter
um plano de leitura bíblica, independente de algum método de estudo
que estejamos utilizando. A leitura pode seguir uma ordem própria,
mas os assuntos não estão dispostos em forma sistemática. Qualquer
assunto implica em analisar diversos lugares das Escrituras e, portanto
é algo diferente.
Podemos por exemplo querer estudar sobre humildade. Teremos
que utilizar diversas ferramentas para levar a cabo nosso estudo e
155
CURSO DE BIBLIOLOGIA
CONCLUSÃO
Cada um desses objetivos pode se utilizar de um método específico, o que
não significa que não possa estar se utilizando vários métodos diferentes.
Não devemos esquecer também que o objetivo homilético pode servir
para propósitos devocionais ou teológicos. Nós somos os primeiros minis-
trados pela mensagem, qualquer pregador sabe disso.
Estabelecidos os objetivos avancemos para a efetivação do Estudo. Que
seja o estudo das Escrituras nosso maior prazer.
OBJETIVOS TEOLÓGICOS
MÉTODO SISTEMÁTICO
Já falamos um pouco sobre Teologia Sistemática. Como o próprio nome
diz é os ensinos da Bíblia dentro de um Sistema. Dentre as definições de
"sistema" podemos tomar esta:
156
INSTITUTO TEOLOGAR
• Bíblia online
• Concordância
• Referências
• Bíblias de estudo específicas
A busca pode se dar por meio de palavras chaves ou de ideias afins. Tam-
bém a memória pode ser de grande valia neste método, pois nos possibilitará
buscar fundamentos em passagens onde a doutrina está subentendida.
Quem se propuser a estudar as doutrinas da Bíblia deve estar sempre
atento na hora das leituras livres para anotar e registrar algum assunto
que considere pertinente ao estudo de doutrinas em andamento.
157
CURSO DE BIBLIOLOGIA
autor diz sobre uma determinada doutrina. Ou indo mais além, o que
cada autor diz, em determinado livro sobre alguma doutrina específica.
Tomemos um assunto das Escrituras - o anticristo. O que cada autor/livro
fala sobre o assunto? Ao pesquisarmos vamos encontrar coisas interessantes.
OBJETIVOS DEVOCIONAIS
MÉTODO TEMÁTICO
Temático vem de tema. Este talvez seja o mais simples de se utilizar.
Qual assunto eu estou procurando? Que perguntas preciso fazer sobre
este assunto?
158
INSTITUTO TEOLOGAR
159
CURSO DE BIBLIOLOGIA
OBJETIVOS HOMILÉTICOS
MÉTODO TEMÁTICO
Como o próprio nome diz, este método para objetivos homiléticos está
ligado a um tema, um assunto, mais do que a um texto. Muitas vezes nossa
160
INSTITUTO TEOLOGAR
MÉTODO TEXTUAL
Como o próprio nome diz, o método textual se atém a um texto, mais
do que a um tema ou assunto e geralmente a um texto curto. No Temáti-
co você tem um tema e sai a procura de um texto. No Textual, você tem
um texto e dele extrai seu tema.
Neste caso o que temos em mãos é uma determinada passagem
bíblica, (um versículo ou dois no máximo), que será a matéria prima
de nossa mensagem.
161
CURSO DE BIBLIOLOGIA
• Leia com atenção o seu texto e relacione tudo o que pode ser
extraído a respeito dele. No Sermão Textual, cada palavra é
importante.
• Procure nas referências textos paralelos que podem ajudá-lo em sua
compreensão. Estes, porém não precisam ser citados.
• Forme o esboço sem sair do texto. Muito cuidado, pois é justamen-
te aqui que alguns pregadores citam o texto, saem do texto e não
voltam nunca mais para ele. O texto vira pretexto.
Alegrai-vos na esperança
Sede pacientes na tribulação
Perseverai na oração
Em um caso como este a ordem deve sempre seguir a ordem das pala-
vras, ou seja, o tópico quatro dever ser o último porque é a ultima frase.
162
INSTITUTO TEOLOGAR
MÉTODO EXPOSITIVO
O método expositivo, embora contenha semelhanças com o textual,
geralmente abrange uma porção mais longa da Palavra. Todo um acon-
tecimento é utilizado na exposição da mensagem ou mesmo todo um
capítulo ou ainda todo um livro.
Para iniciar seu estudo utilizando este método, dê os seguintes passos:
163
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Método é o caminho a ser seguido para se atingir determinado objetivo
[ ] Os objetivos para o estudo bíblico podem ser devocionais, teológicos
ou homiléticos
[ ] Só algumas partes da Bíblia estão relacionadas a Cristo
[ ] Usar diferente versões das Escrituras é uma atitude adequada
[ ] Um subsistema é uma sistema que faz parte de outro sistema
164
LIÇÃO 13
MANUSCRITOLOGIA DO
ANTIGO TESTAMENTO
O
s primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés, mais
ou menos 1.500 anos antes de Cristo. Os demais livros que
formaram o Antigo Testamento foram escritos em um
longo período que durou até mais ou menos 400 antes de Cristo. Depois
esse conjunto de livros foi reunido e era usado no culto, nos estudos e na
meditação do povo israelita. Essa era a Bíblia que Jesus lia.
À partir da vinda de Jesus começam a ser escritos os livros do Novo Tes-
tamento. Até aproximadamente o ano 90 depois de Cristo todos os livros
já estavam escritos e mais tarde foram reunidos. Assim, tanto o Antigo
quanto o Novo Testamento passaram a se constituir Escrituras Sagradas
para a Igreja, enquanto os judeus de um modo geral, por não haverem
reconhecido em Jesus o seu Messias, têm como Escrituras Sagradas so-
mente os livros daquilo que chamamos Antigo Testamento.
Esses livros foram escritos e conservados até os nossos dias, utilizando-
-se materiais diversos. Alguns desses materiais foram:
165
CURSO DE BIBLIOLOGIA
VELINO (vellum)
Era uma pele fina de antílope ou bezerro, grafada dos dois lados.
PERGAMINHO
Era de pele de ovelha ou de cabra, preparado para a escrita. Foi usado
pela primeira vez na cidade de Pérgamo, na Ásia Menor, no tempo do rei
Eumenes II (197-158 a.C.). Devido à falta de papiro, que recebia do Egito,
para formar sua biblioteca, foi-lhe necessário obter um novo material de
escrita. O resultado é conhecido como velino ou pergaminho.
166
INSTITUTO TEOLOGAR
Esses livros foram escritos em pelo menos duas línguas, que depois
foram traduzidas para os diversos idiomas conforme a Palavra de Deus ia
se espalhando:
Aramaico - era a língua dos sírios, tendo sido usada em todo o período
do AT. Na Babilônia falava-se o aramaico, motivo de que partes dos livros de
Daniel e Esdras estão nesse idioma, por causa do cativeiro babilônico, que du-
raram 70 anos. O hebraico permaneceu como língua dos sacerdotes, eruditos
e da literatura religiosa. Jesus e seus apóstolos falavam aramaico.
MANUSCRITOS
Esse termo vem de duas raízes latinas: manus (“mão”) e scriptus (“es-
crita”), cuja tradução, em português, fica assim: um “documento escrito
à mão”. Conforme usada hoje, essa expressão é restrita às cópias da Bíblia
feitas no mesmo idioma em que foram originalmente escritas.
Os originais autênticos escritos pelas mãos de um profeta ou após-
tolo, ou de um amanuense, sempre sob a direção do homem de Deus,
eram chamados de “autógrafos”, os quais não existem mais e, por essa
razão, precisaram ser reconstituídos a partir de manuscritos antigos
das Escrituras.
Na ocasião em que a Bíblia foi impressa (em 1455 a.D.), havia mais de
dois mil manuscritos nas mãos de alguns letrados, todavia, todos incom-
pletos. Atualmente, há cerca de quatro mil manuscritos das Escrituras.
167
CURSO DE BIBLIOLOGIA
168
INSTITUTO TEOLOGAR
(1) o rolo de uma sinagoga deve ser escrito em peles de animais puros,
(3) Essas peles devem ser presas por meio de barbantes feitos de ani-
mais puros.
(4) Cada pele deve conter um certo número de colunas, o qual deve
se manter igual por todo o códice.
(7) A tinta deve ser preta, e não vermelha, verde, nem qualquer outra
cor, e deve ser preparada de acordo com uma fórmula específica.
(10) E
ntre cada consoante deve haver o espaço de um fio de cabelo ou
de uma linha;
(11) E
ntre cada novo parashah, ou capítulo, deve haver a largura de
nove consoantes;
169
CURSO DE BIBLIOLOGIA
(14) Além disso, o copista deve estar vestido com trajes judaicos a rigor.
(16) não começar a escrever o nome de Deus com uma pena recém-
-mergulhada na tinta,
(17) E, caso um rei se dirija a ele enquanto está escrevendo o nome de
Deus, não deve dar atenção ao rei.
Os rolos que não eram feitos segundo essas especificações estão conde-
nados a ser enterrados ou queimados, ou ser banidos para as escolas para
serem usados como livros de literatura.
Isso demonstra que ao lidarmos, mesmo com cópias dos originais,
estamos lidando com materiais que eram copiados com cuidado extremo.
Esses profissionais eram possuídos de um temor que impedia que seu
trabalho fosse feito com desleixo. Era mais que um trabalho. Era uma
atividade sagrada que influenciava totalmente sua atividade.
170
INSTITUTO TEOLOGAR
171
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] Havia excessivo cuidado na confecção de cópias das Escrituras
[ ] O Pentateuco Samaritano é plenamente confiável
[ ] Os textos do Mar Morto estão relacionados à comunidade essênia
[ ] O principal livro encontrado em Qunram foi uma cópia do livro
de Ester
[ ] Além do texto hebraico do AT, existem versões gregas, latinas
e siríacas
172
INSTITUTO TEOLOGAR
Lição 13 – Apêndice A
Os manuscritos do mar morto
173
CURSO DE BIBLIOLOGIA
174
INSTITUTO TEOLOGAR
175
CURSO DE BIBLIOLOGIA
176
LIÇÃO 14
MANUSCRITOLOGIA DO
NOVO TESTAMENTO
A
língua utilizada na escrita do Novo Testamento é conhecida
como grego koiné, ou grego comum. Essa língua tinha duas
peculiaridades que a tornaram estrategicamente ideal para a
expressão da revelação cristã.
Primeiro era o grego comum e não o grego clássico ou erudito. Isso
facilitou bastante a receptividade dos textos. Vale lembrar que boa parte
dos convertidos vinha das classes baixas, ainda que houvessem eruditos
e senhores de escravos envolvidos. Uma linguagem mais usual facilita
bastante a comunicação.
Em segundo lugar, o grego era a língua universal do Império Romano.
Possibilitava o entendimento entre a diversidade étnica e linguística ali
existente. O grego naquele período era o equivalendo do Latim na Europa
medieval ou do inglês no mundo moderno.
Tal condição do grego e mesmo da cultura helênica que o acompanhou,
trazendo certa uniformidade intelectual ao Império, foi resultado da visão
177
CURSO DE BIBLIOLOGIA
PRINCIPAIS MANUSCRITOS
O Novo Testamento tem como característica principal uma imensa
quantidade de manuscritos e evidências externas. Alguns manuscritos,
entretanto, merecem destaque. São eles:
OS PAPIROS
Produzidos quando o movimento iniciado pelos discípulos de Jesus
ainda era ilegal. Os mais antigos datam dos séculos II e III d.C. e
constituem valioso testemunho da veracidade do Novo Testamento,
pois surgiram depois de uma geração dos autógrafos originais. Há,
também, manuscritos escritos em papiro dos séculos I ao VII, embora
na maior parte do mundo o papiro já tivesse sido substituído pelo per-
gaminho. Possuímos “cerca de” 76 papiros ao todo, que contém mais
de 75% do texto do Novo Testamento.
Dentre os mais antigos, cuja importância para a manuscritologia do
Novo Testamento é imensa, os mais importantes são:
2. p45, p46 e p47 ou Papiros Chester Beaty (250 d.C.) - contendo quase todo
o Novo Testamento (o p45 contém os Evangelhos e o livro de Atos dos Após-
tolos; o p46, a maior parte das cartas de Paulo; e o p47, parte do Apocalipse);
178
INSTITUTO TEOLOGAR
OS UNCIAIS
Os manuscritos unciais, isto é, escritos com caracteres maiúsculos, em
velino e pergaminho. Constituem os escritos mais importantes do Novo
Testamento, dos séculos III a V. Existem “cerca de” 297 Unciais escritos
entre os séculos IV a IX, entre eles:
OS MINÚSCULOS
Documentos escritos em caracteres minúsculos que datam dos séculos
IX ao XV, somando mais de 4000 documentos, entre manuscritos e lecio-
nários (livros muito utilizados nos cultos da Igreja, que continham textos
selecionados da Bíblia para leitura, incluindo o Novo Testamento).
OS LECIONÁRIOS
Eram escritos em pergaminho, preparados a fim de serem lidos nas
Igrejas. Trazem o texto do Novo Testamento em passagens selecionadas
179
CURSO DE BIBLIOLOGIA
FONTES CURIOSAS
Ainda existem pelo menos três fontes muito curiosas pelas quais os tex-
tos do Novo Testamento foram conservados e que merecem pelo menos
uma menção:
a) As ostracas
São pedaços quebrados de cerâmicas que contém trechos do Novo
Testamento. Eram utilizados pelas pessoas mais pobres que usavam a
argila como material de escrita. São fontes arqueológicas importantes,
pois diversas passagens foram conservadas por esse método, ainda que
não sejam necessariamente utilizadas para definições dos textos. Existem
pelo menos 25 delas que contém breves porções dos Evangelhos.
b) Os amuletos
Sim, textos do Novo Testamento foram usados como amuletos de boa
sorte. Isso aconteceu principalmente entre os séculos IV e XIII. Eram es-
critos em pergaminho, papiro, louça de barro e madeira. A finalidade era
espantar espíritos e a má sorte ou outra finalidade supersticiosa. Embora
o texto mais comum era a oração do Pai Nosso, diversas porções do Novo
Testamento eram utilizadas dessa forma.
De qualquer forma, independente de seu uso indevido, a conservação
de diversos textos pode ser feita desse modo.
180
INSTITUTO TEOLOGAR
CONCLUSÃO
Como vemos, há abundantes fontes dos escritos neotestamentários. Na
verdade, é que nenhum outro livro da antiguidade possui tantos manus-
critos quanto o Novo Testamento. Sem considerarmos as traduções, te-
mos cerca de 5.000 manuscritos gregos que podem fornecer informações
altamente confiáveis do conteúdo dos textos originais.
As alegações de que a Bíblia foi modifica, usada tanto por alguns grupos
religiosos como mórmons e islâmicos, não tem qualquer fundamento.
Não passa de estratégia para desacreditar as Escrituras e exaltar seus livros
sagrados. Essa mesma alegação é usada também por pessoas que nada
sabem sobre esses assuntos e que se investigassem saberiam que têm às
mãos um livro mais confiável do que qualquer outro.
181
CURSO DE BIBLIOLOGIA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] As ostracas eram fragmentos de cerâmicas contendo trechos do NT
[ ] Os cristãos usaram amuletos com trechos do NT para se proteger
[ ] Os pais da Igreja frequentemente citavam o Novo Testamento
[ ] Orígenes foi um pai da Igreja que nunca citou o Novo Testamento
[ ] Os escritos do Novo Testamento nunca eram lidos nas igrejas
182
LIÇÃO 15
TRADUÇÕES DAS ESCRITURAS
A
Bíblia é sem sombra de dúvida o livro mais traduzido do
mundo. Poucas são as línguas nas quais não encontraremos
ao menos uma pequena porção das Escrituras traduzidas.
A ordem de fazer discípulos de todas as nações sem dúvida é responsá-
vel por essa situação.
No entanto, nesta questão da tradução podemos fazer uma distinção
entre o Antigo e o Novo Testamento.
O primeiro, escrito em hebraico com trechos em aramaico, só passou
a ser largamente traduzido após o surgimento do Novo. Trata-se de um
livro produzido primeiramente dentro da comunidade judaica e para essa
comunidade não havia objetivo de divulgá-lo.
A SEPTUAGINTA
O significado dessa palavra é “setenta”. A abreviação dessa versão é
(LXX), sendo, às vezes, chamada de “Versão Alexandrina”, por ter sido
traduzida no reinado de Ptolomeu II Filadelfo, na cidade de Alexandria,
Egito (284 – 247 a.C.). Conta-se que setenta e dois eruditos, procedentes
da Palestina (seis de cada uma das doze tribos de Israel), que viajaram para
183
CURSO DE BIBLIOLOGIA
LATIM
Mesmo antes da Vulgata, que foi a versão oficial da Igreja Católica du-
rante muitos séculos, já havia traduções para o latim, língua falada pelos
soldados romanos. As primeiras traduções datam de 150 d.C. É possível
encontrar pelo menos 10 mil manuscritos em latim, o dobro dos manus-
critos em grego.
SIRÍACO
Há apenas dois manuscritos nesse idioma, mas são de grande importân-
cia. Foram datados dos séculos IV e V.
COPTA
O copta é uma língua que floresceu por volta do século III no Egito
Antigo. O alfabeto é uma versão modificada do alfabeto grego. Como lín-
gua cotidiana teve seu apogeu entre o século III e o século VI. Ainda hoje
permanece como língua litúrgica da Igreja Ortodoxa Copta e da Igreja
Católica Copta (Igreja Cristã no Egito e Etiópia). Existem duas variações
do texto do Novo Testamento nessa língua e constituem manuscritos
muito preciosos.
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INSTITUTO TEOLOGAR
ARMÊNIO
A Armênia foi o primeiro país a tornar o cristianismo sua religião oficial
no início do século IV. Com exceção do latim, há mais manuscritos na
língua armênia do que em qualquer outra língua.
GEORGIANO
A Geórgia caucásica fica entre os mares Cáspio e Negro. Embora os
manuscritos existentes sejam do século IX é provável que as primeiras tra-
duções sejam bem mais antigas, pois receberam o Evangelho na primeira
metade do século IX.
ETÍOPE
Embora essa tradição de manuscritas seja tardia, do século XIII, há
cerca de mil manuscritos nessa língua.
GÓTICO
Ulfilas foi o missionário que traduziu a Bíblia na língua dos godos,
bárbaros que habitavam ao norte da Europa, no século IV. Ele traduziu
a Bíblia inteira, com exceção dos livros de Reis e Crônicas, pois falam
de muitas guerras e Ufilas não queria estimular ainda mais um povo
tão belicoso.
ESLAVÔNICO
São traduções do século IX em diante. É o búlgaro antigo chamado de
eslavônico antigo.
ÁRABE E PERSA
Restam poucos manuscritos nesses idiomas e têm pouca importância
para a crítica textual. Os missiólogos, que analisam o surgimento do isla-
mismo, gostam de frisar que não havia tradução viável na língua árabe nos
tempos de Maomé, abrindo espaço para literatura apócrifa e toda sorte de
distorções da doutrina cristã.
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CURSO DE BIBLIOLOGIA
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CURSO DE BIBLIOLOGIA
Tradução de Figueiredo
Nascido em 1725, em Tomar, nas proximidades de Lisboa, o padre An-
tônio Pereira de Figueiredo, partindo da Vulgata Latina, traduziu integral-
mente o Novo Testamento, gastando dezoito anos nessa laboriosa tarefa.
A primeira edição do Novo Testamento saiu em 1778 em seis volumes.
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INSTITUTO TEOLOGAR
Matos Soares
Publicou uma tradução em 1930, baseada na Vulgata Latina, e incluiu
os apócrifos. Sua tradução contou também com comentários a favor dos
dogmas da Igreja Católica. Por isso, recebeu o apoio papal sendo a sua
tradução a mais popular da Igreja Católica.
Paráfrase
As paráfrases bíblicas mais conhecidas são Bíblia na Linguagem de
Hoje, Bíblia Viva e A mensagem. Elas não podem ser encaradas como
versões bíblicas modernas, pois elas não são traduções e sim uma apre-
sentação das ideias contidas nas Escrituras. Não estão preocupadas
com a precisão da tradução e sim em comunicar o pensamento pro-
posto. Ainda que não sejam adequadas para o uso litúrgico ou mesmo
teológico, podem ser usadas em leituras pessoais e devocionais, para
esclarecer ou fornecer algum sentido para as passagens difíceis nas
traduções clássicas.
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CURSO DE BIBLIOLOGIA
CONCLUSÃO
A Bíblia não somente é de longe o livro mais vendido e lido do
mundo, como também é o mais traduzido da história. Todos os que
entram em contato com o seu conteúdo compreendem sua linguagem
universal e a necessidade de todos os povos da terra de conhecerem
sua mensagem.
Nas últimas décadas o trabalho de tradução da Bíblia cresceu exponen-
cialmente. Não apenas pelo fato da Igreja ter enxergado quão vital é dar
aos povos a Bíblia em sua própria língua. Também pelo fato de que novas
ferramentas de tradução foram desenvolvidas.
Podemos dizer que hoje, poucos são os povos que não dispõe das Escri-
turas em sua própria língua.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
RESPONDA
VERDADEIRO OU FALSO
[ ] A Septuaginta foi traduzida por setecentos sábios
[ ] O latim nunca foi usado para traduzir as escrituras
[ ] A Septuaginta não continha os apócrifos
[ ] A tradução de Figueiredo é a tradução católica mais popular
[ ] A NVI é uma paráfrase
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