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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE MAPUTO

CADEIRA: FILOSOFIA II: ANTROPOLOGIA FILOSOFICA

Tema: Homem & Religião

Natércia Sende

Licenciatura em Psicologia Social do Trabalho

Maputo, Outubro de 202


A Religião e a Natureza Humana

Este trabalho explora a relação entre a religião e a natureza humana por meio de uma análise
fenomenológica. O autor destaca a complexidade das definições de religião, discutindo como
várias visões têm sido propostas ao longo do tempo. No entanto, o autor oferece uma
definição própria, descrevendo a religião como a expressão do reconhecimento, dependência
e veneração em relação ao Sagrado.

O texto argumenta que a religião é intrínseca à natureza humana, decorrendo da finitude,


contingência e consciência moral do ser humano. A finitude leva o homem a refletir sobre a
mortalidade e a busca por significado. A contingência o leva a buscar uma ordem superior em
um mundo imprevisível. Além disso, a consciência moral o impulsiona a procurar uma
relação com o Sagrado.

A religião é vista como uma manifestação da autotranscendência humana, na qual o homem


transcende seu ser atual e a esfera do real. Ela também representa uma expressão da
liberdade, já que o homem pode escolher como responder ao Sagrado.

Essa análise não busca determinar a verdade da religião, mas enfatiza a importância da
religião na compreensão da natureza humana. A religião molda a compreensão da
humanidade e fornece uma estrutura única para a busca de sentido, transcendência e
autotranscendência. Ela influencia a forma como as pessoas se relacionam com o mundo e o
Sagrado, fornecendo uma base sólida para futuras investigações sobre a relação entre religião
e natureza humana.

História do Problema Religioso

O Problema Religioso em Diferentes Disciplinas

O problema religioso tem sido uma preocupação central em diversas disciplinas ao longo da
história, com maior destaque no século actual. As disciplinas que se dedicaram a essa questão
incluem:

1. Filosofia: Filósofos de todas as eras têm se envolvido na análise crítica da religião.


Eles questionaram a existência de Deus, a natureza da fé, a relação entre religião e
razão, e exploraram os fundamentos da moralidade religiosa. Filósofos como Søren
Kierkegaard, Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre ofereceram abordagens diversas e
influentes para o problema religioso.

2. Teologia: A teologia é uma disciplina que se debruça sobre questões religiosas, mas
de uma perspectiva mais interna, muitas vezes ligada a tradições religiosas
específicas. A teologia investiga a natureza de Deus, a doutrina, os dogmas e a relação
entre fé e razão. Ao longo da história, teólogos como Santo Agostinho, Tomás de
Aquino e Martinho Lutero contribuíram significativamente para a análise do problema
religioso.
3. Crítica Histórica: Historiadores das religiões têm desempenhado um papel vital na
compreensão das origens e desenvolvimento das tradições religiosas. Eles estudaram
textos religiosos, rituais e crenças ao longo do tempo, traçando as raízes das religiões
e identificando suas influências culturais.

4. Fenomenologia: A fenomenologia se concentra na experiência religiosa e nas


estruturas da consciência relacionadas à religião. Filósofos como Edmund Husserl e
Rudolf Otto exploraram a natureza do sagrado e o caráter único da experiência
religiosa.

5. Sociologia: A sociologia da religião investiga como a religião afeta a sociedade e


como as estruturas sociais influenciam as crenças religiosas. Auguste Comte, Émile
Durkheim e Max Weber foram pioneiros na análise sociológica da religião.

Definições de Religião

O texto inicia discutindo a questão da definição de religião, ressaltando a diversidade de


definições oferecidas por diversos estudiosos ao longo do tempo. Ele menciona que o autor
colectou cerca de quarenta e oito definições diferentes de religião, acrescentando duas por
conta própria. A diversidade de definições reflete a complexidade do fenômeno religioso e a
dificuldade em concordar sobre o que constitui a religião.

No entanto, o autor propõe uma definição própria, que descreve a religião como "o conjunto
de conhecimentos, ações e estruturas com os quais o homem expressa reconhecimento,
dependência e veneração em relação ao Sagrado". Essa definição enfatiza a dualidade do
fenômeno religioso, envolvendo o sujeito (o homem) e o objeto (o Sagrado). A partir daí, o
texto explora as características do aspecto subjetivo da religião, que incluem o
reconhecimento da realidade do Sagrado, o sentimento de dependência e a atitude de
veneração.

Natureza Humana e Religião

Uma das questões centrais do texto é a relação intrínseca entre a religião e a natureza
humana. O autor argumenta que o homem é naturalmente religioso, não apenas de fato, mas
de direito. Essa afirmação se baseia na ideia de que a finitude, a contingência e a dupla
consciência da moralidade levam o ser humano a buscar um Ser superior. A religião se
manifesta quando o homem reconhece a existência desse Ser e entra em contato com ele.

A finitude humana é um dos principais motores da busca religiosa. A consciência da


limitação do tempo e da própria mortalidade leva o homem a refletir sobre sua existência e
buscar significado para sua vida. A contingência, ou seja, a falta de controle sobre muitos
aspectos de sua vida, também o impulsiona a procurar uma ordem superior que dê sentido às
circunstâncias imprevisíveis.
A moralidade desempenha um papel crucial na busca do homem pelo Sagrado. A consciência
da moralidade, a noção do certo e do errado, leva o ser humano a refletir sobre sua relação
com um padrão superior, que é representado pelo Sagrado. A religião oferece um quadro no
qual o homem pode reconciliar sua consciência moral com a busca de uma ordem divina.

Religião e Autotranscendência

Uma das contribuições mais significativas do texto é a ênfase na autotranscendência do ser


humano por meio da religião. O autor argumenta que a religião é o ato de autotranscendência
por excelência, pois envolve a capacidade de transcender o próprio ser atual e a esfera do real
que o circunda. Isso ressalta a importância da religião como uma atividade que leva o ser
humano além de seus limites e o conecta com algo maior, o Sagrado.

A autotranscendência também é uma manifestação da liberdade humana. A capacidade de


escolher como responder ao Sagrado, de aceitá-lo ou rejeitá-lo, é uma expressão da liberdade
individual. A religião oferece ao homem a oportunidade de exercer sua liberdade de maneira
profunda e significativa.

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